Harrison - Medicina Interna - 18Ed - Vol 1
May 10, 2017 | Author: Bernardo Ourives | Category: N/A
Short Description
HARRISON -Medicina Interna...
Description
18a edição
MEDICINA I N T E R N A de LONGO FAUCI KASPER HAUSER VOLUME 1
JAMESON
Mc Gravu Hill
LOSCALZO artmed
ALGORITMO PARA MANEJO DOS PACIENTES ALERGIA, IMUNOLOGIA, REUMATOLOGIA
NUTRIÇÃO CLÍNICA
FIG. 317-4 Investigação diagnostica e tratam ento da rin ite ............. 2717
FIG. 76-1
Tomada de decisão para indicar suporte nutricional especializado.......................................................................... 613
FIG. 79-1
Algoritmo para decisões terapêuticas básicas em relação a pacientes com anorexia nervosa ou bulim ia n erv o sa.....................................................................639
FIG. 319-2 Diagnóstico e terapia inicial do LES................................ 2729 F I6.324-1
Algoritmo de tratam ento para síndrom e de Sjõgren............................................................................. 2773
FIG. 326-1
Algoritmo para abordagem de um paciente com suspeita de diagnóstico de vasculite.......................2788
FIG. 329-8 Tratam ento do paciente com possível sarcoidose.......... 2811 FIG. 329-9 Tratam ento da sarcoidose a g u d a ............................. ......2812 FIG. 329-10 Abordagem à doença crônica.............................................2812 FIG. 331 -1
Algoritmo para o diagnóstico de queixas m usculoesqueléticas........................................................ 2819
FIG. 331 -2 Algoritmo para análise das condições musculoesqueléticas mais com uns.................................. 2820 FIG. 331 -6 Algoritmo para uso e interpretação da aspiração e da análise do líquido sinovial........................................ 2826
EMERGÊNCIA E TERAPIA INTENSIVA FIG. 223-1
Algoritmo para evacuação de vítimas em massa de acidente radioativo.........................................................1792
FIG. 223-3
Diretrizes gerais para tratam ento de vítimas de radiação..................................................................................1795
FIG. 267-2
Abordagem ao paciente em choque................................ 2198
FIG. 268-5
Algoritmo para tratam ento inicial da SD RA................ 2209
FIG. 272-2
Tratam ento de emergência para paciente com choque cardiogênico.......................................................... 2234
FIG. 273-3A Algoritmo para fibrilação ventricular.............................2244
CARDI0L0GIA
FIG. 273-3B Algoritmo para bradiarritm ia/assistolia.........................2244
FIG. 8.2
Algoritmo para avaliação de risco cardíaco e estratificação de pacientes subm etidos a cirurgia não cardíaca.............................................................................. 64
FIG. 275-4
FIG. 226.1
Abordagem alternativa à solicitação im ediata de ecocardiografia para avaliação de sopro cardíaco........ 1819
Predição de prognóstico em sobreviventes com atosos............................................................................. 2258
END0CRIN0L0GIA E METABOLISMO
FIG. 229.24 Fluxograma para escolha do exame inicial com estresse para pacientes com dor torácica........................ 1851
FIG. 49-2
Algoritmo para avaliação e diagnóstico diferencial de hirsutism o.......................................................................... 383
FIG. 234.4
FIG. 339-6
Tratam ento do prolactinom a........................................... 2889
FIG. 339-7
Tratamento da deficiência de horm ônio do crescimento em a d u lto s.....................................................2893
FIG. 339-9
Tratam ento da acrom egalia...............................................2895
FIG. 237.1 FIG. 237.4 FIG. 237.7
Algoritmo para tratam ento de pacientes com insuficiência cardíaca crônica e redução da fração de ejeção................................................................................ 1909 Estratégia para tratam ento para pacientes com estenose m itral e sintomas leves...................................... 1932 Estratégia para tratam ento de pacientes com insuficiência m itral não isquêmica crônica g rave........ 1935 Estratégia para tratam ento de pacientes com estenose aórtica crônica grave...........................................1940
FIG. 339-10 Tratam ento da síndrom e de Cushing..............................2899 FIG. 339-11 Tratam ento de massa hipofisária não fu ncionante.... 2901 FIG. 342-9
Avaliação do paciente com suspeita de síndrom e de C ushing............................................................................2947
FIG. 237.10 Estratégia para tratam ento de pacientes com insuficiência aórtica crônica grave.................................. 1945
FIG. 342-11 C onduta em pacientes com suspeita de excesso de
FIG. 243.1
Avaliação do paciente com cardiopatia isquêmica conhecida ou suspeita........................................................2002
FIG. 342-12 Conduta no paciente com massa suprarrenal
Algoritmo para tratam ento de pacientes com cardiopatia isquêm ica.........................................................2012
FIG. 342-15 Conduta no paciente com suspeita de
Algoritmo para avaliação da necessidade de implante de cardioversor/desfibrilador..........................2033
FIG. 344-11 Triagem para m icroalbum inúria..................................... 2983
FIG. 243.2 FIG. 245.6
m ineralocorticoides........................................................... 2950 incidentalm ente descoberta............................................. 2953 insuficiência su p rarren al...................................................2959
FIG. 344-13 Elementos essenciais no tratam ento abrangente do diabetes tipo 2................................................................ 2995
FIG. 344-14 Controle glicêmico do diabetes tipo 2 ........................... 2999
GENÉTICA CLÍNICA FIG. 63-3
Algoritmo para aconselham ento genético.........................522
FIG. 83-6
Algoritmo para teste genético em família com predisposição ao câncer....................................................... 670
FIG. 345-2
Falência autônom a associada à hipoglicem ia no diabetes com deficiência de insulina...............................3006
FIG. 346-5
Algoritmo para avaliação de paciente com ginecom astia........................................................................3020
FIG. 346-6
Algoritmo para avaliação de paciente com hipogonadism o....................................................................3021
FIG. 353-6 Algoritmo para avaliação de pacientes com
FIG. 115-3 Curso do desenvolvim ento da trom bocitopenia induzida por heparina........................................................... 968
hipercalcem ia......... ..............................................................3110
FIG. 357-3 Algoritmo para triagem da hem ocrom atose associada ao gene HFE........................................................3166
FIG. 118-1
Classificação dos fárm acos antitrom bóticos.....................988
FIG. 276-2 Investigação de pacientes com câncer e dor nas costas...............................................................................2270
FIG. 276-4 Abordagem ao paciente sob risco elevado de
GASTRENTEROLOGIA E HEPAT0L0GIA FIG. 38-2
Abordagem para avaliação de paciente com disfagia... 299
FIG. 40-2
Algoritmo para tratam ento da diarréia a g u d a...............312
FIG. 40-3
A lgoritm o para tratam ento da diarréia crônica............ 315
FIG. 40-4
Algoritmo para tratam ento da constipação ...................318
FIG. 41 -1
Algoritmo sugerido para pacientes com hem orragia gastrintestinal superior a g u d a ......................322
FIG. 41 -2
Algoritmo sugerido para pacientes com hem orragia gastrintestinal inferior aguda........................323
FIG. 42-1
Avaliação do paciente com icterícia..................................325
desenvolver síndrom e da lise tu m o ra l............................ 2275
DOENÇAS INFECCIOSAS E HIV/AIDS FIG. 124-4 Emprego das ecocardiografias transesofágica e transtorácica no diagnóstico.............................................1057
FIG. 127-3 Algoritmo para tratam ento de pacientes com abscessos intra-abdom inais utilizando drenagem percu tân ea............................................................................. 1081
FIG. 128-1 Algoritm o clínico para abordagem do paciente com diarréia infecciosa ou intoxicação alim entar bacteriana adquirida na co m u n id ad e ............................. 1086
FIG. 293-12 Visão global da dispepsia de início recente................... 2451 FIG. 301 -1 Algoritmo para avaliação das provas hepáticas
FIG. 151 -1
Esquema das relações entre a colonização por Helicobacter pylori e as doenças do trato gastrintestinal alto entre indivíduos de países desenvolvidos....................................................................... 1262
FIG. 151 -2
Algoritmo para conduta na infecção por Helicobacter pylori............................................................... 1264
FIG. 173-2
Algoritm o para tratam ento das várias manifestações agudas ou crônicas da borreliose de L ym e............................................................. 1405
an o rm ais............................................................................... 2525
FIG. 302-1 Algoritmo para avaliação dos testes hepáticos cronicam ente a n o rm a is.....................................................2528
FIG. 307-3 Algoritmo para tratam ento da hepatite alcoólica...........2591 FIG. 308-3
Controle da hem orragia por varizes reco rre n te .......... 2599
FIG. 308-5
Tratam ento da ascite refratária........................................2601
FIG. 312-1
Abordagem diagnostica gradativa por etapas ao paciente com suspeita de pancreatite crônica..........2631
FIG. 189-33 Síndrom e aguda do H IV ....................................................1543 FIG. 189-37 Algoritmo para investigação da diarréia dos
HEMATOLOGIA E0NC0L0GIA
pacientes H lV -positivos.....................................................1552
FIG. 195-5
FIG. 57-17 Classificação fisiológica da an em ia.................................... 454
Algoritmo para profilaxia pós-exposição contra a raiva........................................................................ 1615
FIG. 57-18 Abordagem ao diagnóstico de pacientes com policitem ia...............................................................................457
FIG. 86-2
Diagnóstico e tratam ento de pacientes com neutropenia febril.................................................................. 719
FIG. 88-1
Avaliação de paciente com adenopatia cervical............... 734
FIG. 89-3
Abordagem ao nódulo pulm onar solitário........................ 741
FIG. 89-4
Algoritmo para tratam ento de câncer de pulm ão de não pequenas células....................................................... 744
FIG. 89-6
Algoritmo de tratam ento de câncer de pequenas células.......................................................................................746
FIG. 90-1
Abordagem para m assa m am ária palpável........................755
FIG. 90-2
A técnica do “diagnóstico tríplice” ......................................756
FIG. 90-3
C onduta para tratam ento do cisto m am ário.....................756
FIG. 90-4
Abordagem para anorm alidades detectadas à m am ografia............................................. .............................. 756
FIG. 92-1
Algoritmo para tratam ento do carcinom a hepatocelular.......................................................................... 781
FIG. 95-2
Algoritmo para avaliação diagnostica de hom ens........... 798
FIG. 99-2
Algoritmo de tratam ento para CPO de adenocarcinom as e adenocarcinom as pouco diferenciados..........................................................................824
FIG. 99-3
NEFR0L0GIA FIG. 45-5
Abordagem diagnostica para hiponatrem ia...................345
FIG. 45-6
Abordagem diagnostica para hipern atrem ia .................349
FIG. 45-7
Abordagem diagnostica para hipopotassem ia...............355
FIG. 45-8
Abordagem diagnostica para h iperpotassem ia.............358
FIG. 48-2
Algoritmo para avaliação e tratam ento dos pacientes com disfunção erétil...........................................376
FIG. 282-2
Algoritmo padrão dos prim eiros cuidados pós-transplante em receptor de rim ...............................2332
FIG. 289-1
Abordagem diagnostica para obstrução do trato urinário na insuficiência renal inexplicável................. 2398
NEUROLOGIA E PSIQUIATRIA FIG. 369-2
Avaliação de paciente adulto com crise epiléptica.... 3259
FIG. 369-3
Tratam ento farmacológico do estado de mal epiléptico tônico-clônico generalizado em adultos.... 3268
FIG. 370-1
Tratam ento clínico do acidente vascular encefálico e do acidente isquêm ico tran sitó rio ............................. 3271
Algoritmo de tratam ento do CPO espinocelular...........825
FIG. 104-3 Fisiopatologia da crise falciform e........................................855 FIG. 109-2 Fluxograma para terapia da leucem ia mieloide aguda recém -diagnosticada.................................................911
FIG. 372-7
Algoritmo do tratam ento da doença de Parkinson.... 3327
FIG. 380-4
Tomada de decisão terapêutica na esclerose m últipla.................................................................................3406
Conduta em pacientes sob suspeita de infeção do sistema nervoso c entral................................................3411
FIG. 262-1 Com o decidir se há necessidade de exames de
FIG. 381 -2
Fisiopatologia das complicações neurológicas da meningite bacteriana..........................................................3413
FIG. 262-4 Exames de imagem para diagnóstico de trom bose
FIG. 384-1
Abordagem à avaliação diagnostica das neuropatias periféricas.......................................................3449
FIG. 262-5 Tratam ento agudo da trom boem bolia pulm onar..........2174
FIG. 386-2
Algoritmo para tratam ento da miastenia gravis..........3484
FIG. 381 -1
FIG. 387-2
Avaliação diagnóstica da fraqueza persistente.............3488
FIG. 391-1
Diretrizes para tratam ento clínico do transtorno depressivo m aior.................................................................3538
PNEUMOLOGIA FIG. 33-3
Algoritmo para avaliação do paciente com d isp n éia... 280
FIG. 34-2
Gráfico - avaliação da hem optise........ ............................ 286
FIG. 250-1
Algoritmo para avaliação de paciente com hipertensão pulm onar inexplicada................................. 2077
imagem para estabelecer o diagnóstico..........................2171 venosa profunda e embolia p u lm u n a r........................... 2174
FIG. 263-1 Investigação diagnóstica dos derram es pleurais............2178
APRESENTAÇÕES SISTÊMICAS FIG. 9-2
Evoluções clínicas com uns e incom uns nos últim os dias de pacientes term inais....................................................82
FIG. 18-1
Abordagem ao paciente com febre de origem obscura clássica......................................................................162
FIG. 22-3
Algoritm o para pesquisa diagnóstica inicial de um paciente com fraq u eza......................................................... 184
FIG. 30-2
Algoritmo para avaliação da perda auditiva.................... 249
FIG. 56-1
Algoritmo para diagnóstico de paciente com fotossensibilidade................................................................. 446
SUMÁRIO PARTE I: Introdução à Medicina Clínica 1
Prática da Medicina..........................................................................2
SEÇAO 2
16 Febre e Hipertermia....................................................................... 143
Os organizadores
2
Questões Globais em Medicina..................................................... 9
Charles A. Dinarello/Reuven Porat
17 Febre e Exantema...........................................................................148
Jim Yong Kim/Paul Farmer/foseph Rhatigan
3
Tomada de Decisão em Medicina Clínica..................................19
Elaine T. Kaye/Kenneth M. Kaye
©
Daniel B. Mark/John D. Wong
4
Triagem e Prevenção de Doenças.............................................. 29 Princípios de Farmacologia Clínica............................................ 33
18 Febre de Origem Obscura............................................................. 158 Jeffrey A. Gelfand/Michael V. Callahan
19
Dan M. Roden
6
Distúrbios Clínicos Durante a Gravidez..................................... 55 Robert L. Barbieri/John T. Repke
8
Avaliação Clínica do Paciente Cirúrgico....................................62 Wei C. Lau/Kim A. Eagle
9
Cuidados Paliativo e Terminal...................................................... 67 Ezekiel J. Emanuel
10
Segurança e Qualidade no Cuidado deSaúde.......................... 85 David W. Bates
e1 Atenção Primária em Países de Baixa e Média Rendas e2 Medicina Complementar, Alternativa e Integrativa Josephine P. Briggs/Stephen E. Straus
e3 Economia dos Cuidados Médicos Joseph P. Newhouse
e4 Disparidades Raciais e Étnicas no Cuidado de Saúde Joseph R. Betancourt/Alexander R. Green
&
SEÇÃO 3 20 21 22 23 24 »
12
DorTorácica..................................................................................102
25
Dor Abdominal............................................................................. 108 William Silen
14
Cefaleia..........................................................................................112 Peter J. Goadsby/Neil H. Raskin
15
Dor nas Costas e no Pescoço.....................................................129 John W. Engstrom/Richard A. Deyo
e8 Videoteca de Distúrbios da Marcha Confusão e D elirium ..................................................................... 196 S. Andrew Josephson/Bruce L. Miller
26
Afasia, Perda de Memória e Outros Distúrbios Cerebrais Focais.............................................................................202 M.-Marsei Mesulam
e9 Perda de Memória Bruce L. Miller/Indre V. Viskontas
e10 Afasia Progressiva Primária, Perda de Memória e Outros Distúrbios Cerebrais Focais Maria I.uisa Gorno-Tempini/Jennifer Ogar/Joel Kramer/Bruce Miller/Gil Rabinovici/Maria Carmela Tartaglia
27 Distúrbios do Sono..........................................................................213 Charles A. Czeisler/John W. Winkelman/Gary S. Richardson
SEÇÃO 4
Distúrbios de Olhos, Orelhas, Nariz e Garganta
28 Doenças Oculares...........................................................................224 Jonathan C. Horton
Thomas H. Lee
13
Equilíbrio................................. 192
Gail Kang?Nicholas B. Galifianakis/Michael Geschwind
SE Ç Ã 01 Dor: Fisiopatologia e Tratamento................................................93
Distúrbios da Marcha e do Lewis Sudarsky
e6 Neoplasia Durante a Gestação
James P. Rathmell/Howard L. Fields
Dormência, Formigamento e Perda Sensorial..........................186 Michael J. Aminoff/Arthur K. Asbury
&
11
Fraqueza e Paralisia......................................................................181 Michael J. Am inoff
e5 Questões Éticas em Medicina Clínica
PARTE II: Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Tontura e Vertigem........................................................................ 178 Mark F. Walker/Robert B. Daroff
Dan L. Longo
^
Síncope...........................................................................................171, Roy Freeman
Bernard Lo
(&
Disfunções do Sistema Nervoso
SUMÁRIO
Tim Evans/Kumanan Rasanathan
©
Hipotermia e Geladura..................................................................165 Daniel F. Danzl
Saúde da Mulher............................................................................50 Andrea Dunaif
7
e7 Atlas de Exantemas Associados à Febre Kenneth M. Kaye/Elaine T. Kaye
Gary ). Martin
5
Alterações na Temperatura Corporal
(&
e11 Vídeo Biblioteca de Neuro-Oftalmologia Shirley H. Wray
29 Distúrbios do Olfatoe do Paladar..................................................241 Richard L. Doty/Steven M. Bromley
30 Distúrbios da Audição....................................................................248 Anil K. Lalwani
xxix
31
32
Faringite, Sinusite, Otite e Outras Infecções do Trato Respiratório Superior..................................................................255
49
Michael A. Rubin/Larry C. Ford/Ralph Gonzales
50
Hirsutismo e Virilização..............................................................380 David A. Ehrmann
Distúrbios Menstruais e Dor Pélvica........................................384 Janet E. Hall
Manifestações Orais das Doenças........................................... 267 Samuel C. Durso
0
e12 Atlas de Manifestações Orais das Doenças Sistêmicas
SEÇÃO 9
Alterações Cutâneas
Samuel C. Durso/Janet A. Yellowitz
51
SEÇAO 5 33
Alterações nas Funções Circulatória e Respiratória
52
53
35 36
55
Farmacodermias.......................................................................... 432 Kanade Shinkai/Robert S. Stern/Bruce U. Wintroub
56
e13 Abordagem ao Paciente com Sopro Cardiaco Patrick T. 0 ’Gara/Joseph Loscalzo
37
Doenças de Pele Imunologicamente Mediadas.................... 424 Kim B. Yancey/Thomas J. Lawley
Edema............................................................................................. 290 Eugene Braunwald/Joseph Loscalzo
©
54
Hipoxia e Cianose..........................................................................287 Joseph Loscalzo
Manifestações Cutâneas das Doenças Sistêmicas..............405 Jean L. Bolognia/Irwin M. Braverman
34 Tosse e Hemoptise.........................................................................282 Patricia Kritek/Christopher Fanta
Eczema, Psoríase, Infecções Cutâneas, Acne e Outras Doenças de Pele Comuns............................................................395 Leslie P. Lawley/Calvin O. McCall/Thomas J. Lawley
Dispnéia..........................................................................................277 Richard M. Schwartzstein
Abordagem ao Paciente com Doença de Pele.......................389 Thomas J. Lawley/Kim B. Yancey
Fotossensibilidade e Outras Reações à Luz.......................... 440 Alexander G. Marneros/David R. Bickers
®
Palpitações....................................................................................295
e16 Atlas de Manifestações Cutâneas das Doenças Internas Thomas J. Lawley/Robert A. Swerlick
Joseph Loscalzo
S E Ç A 0 10
SEÇÃO 6 38
57
40
SUMÁRIO
43
60
Daniel S. Pratt/Marshall M. Kaplan
Dan L. Longo
^0
Aumento do Volume Abdominale Ascite...................................330
^
Alterações na Função Renal e no Trato Urinário
Azotemia e Anormalidades Urinárias........................................334
61
e14 Atlas de Biópsias Renais e Sedimentos Urinários
62 63
Prática da Genética na Medicina Clínica................................ 519 Susan Miesfeldt/J. Larry Jameson
e15 Desequilíbrios entre Líquidos e Eletrólitos e Desequilíbrios entre Ácido e Base
e18 DNA Mitocondrial, Doenças e Traços Hereditários Karl Skorecki/Hanna Mandei 64
Microbioma Humano.................................................................... 526 Jeffrey I. Gordon/Rob Knight
Hipercalcemia e Hipocalcemia.................................................. 360 Sundeep Khosla
47
Distúrbios Cromossômicos........................................................ 509
David B. Mount
David B. Mount/Thomas D. DuBose, Jr.
46
Princípios da Genética Humana.................................................486
Stuart Schwartz/Terry Hassold
Agnes B. Fogo/Eric G. Neilson
Distúrbios Hidreletrolíticos..........................................................341
PARTE III: Genética, Ambiente e Doenças /. Larry Jameson/Peter Kopp
Julie Lin/Bradley M. Denker
(&
Distúrbios de Granulócitos e Monócitos..................................472 Steven M. Holland/John I. Gallin
e17 Atlas de Hematologia e Análise de Esfregaços do Sangue Periférico
SEÇÃO 7
45
Linfadenopatia e Esplenomegalia.............................................465 Patrick H. Henry/Dan L. Longo
Icterícia...........................................................................................324
Kathleen E. Corey/Lawrence S. Friedman
44
59
Hemorragia Gastrintestinal................ ........................................320 Loren Laine
42
Sangramento e Trombose...........................................................457 Barbara Konkle
Diarréia e Constipação.................................................................308 Michael Camilleri/Joseph A. Murray
41
58
Náuseas, Vômitos e Indigestão...................................................301 William L. Hasler
Anemia e Policitemia...................................................................448 John W. Adamson/Dan L. Longo
Disfagia...........................................................................................297 Ikhuo Hirano/Peter J. Kahrilas
39
Alterações Hematológicas
Alterações na Função Gastrintestinal
^0
Acidose e Alcalose........................................................................363
e19 Biologia de Sistemas na Saúde e na Doença Joseph Loscalzo
Thomas D. DuBose, Jr.
SEÇÃO 8 48
Disfunção Sexual.......................................................................... 374 Kevin T. McVary
XXX
PARTE IV: Medicina Regenerativa
Alterações na Função Sexual e na Reprodução 65
Biologia da Célula-Tronco. Minoru S. H. Ko
.536
66
Células-Tronco Hematopoiéticas.............................................. 539
88
67
68
Aplicações da Biologia das Células-Tronco na Prática Clínica................................................................................ 543
89
John A. Kessler
90
69
Câncer de Mama........................................................................... 754 Marc E. Lippman
91
Câncer do Trato Gastrintestinal................................................. 764 Robert J. Mayer
Engenharia Tecidual.....................................................................552 David M. Hoganson/Howard I. Pryor, Il/Joseph P. Vacanti
Neoplasias de Pulmão................................................................. 737 Leora Horn/William Pao/David H. Johnson
Terapia Gênica na Medicina Clínica......................................... 547 Katherine A. High
Cânceres de Cabeça e Pescoço................................................. 733 Everett E. Vokes
David T. Scadden/Dan L. Longo
92
Tumores do Fígado e do Trato Biliar......................................... 777 Brian I. Carr
♦ 70
PARTE V: Envelhecimento Demografia Mundial do Envelhecimento................................ 556
93 94
Biologia do Envelhecimento......................................................562
95
Problemas Clínicos do Envelhecimento.................................. 570
Doenças Benignas e Malignas da Próstata............................ 795 Howard I. Scher
George M. Martin
72
Carcinomas de Bexiga e de Células Renais........................... 790 Howard I. Scher/Robert J. Motzer
Richard Suzman/John G. Haaga
71
Câncer de Pâncreas......................................................................786 Irene Chong/David Cunningham
96
Câncer de Testículo....................................................................... 806 Robert J. Motzer/George J. Bosl
Luigi Ferrucci/Stephanie Studenski
97
Cânceres Ginecológicos...............................................................8 10 Michael V. Seiden
* 73
PARTE VI: Nutrição
98
Necessidades Nutricionais e Avaliação da Dieta...................588
Shreyaskumar R. Patel/Robert S. Benjamin
Johanna Dwyer
74
Deficiência e Excesso de Vitaminas e Oligominerais...........594
99
Desnutrição e Avaliação Nutricional........................................ 605
100
Douglas C. Heimburger
76
Nutrição Enteral e Parenteral Terapêutica.............................. 612 Bruce R. Bistrian/David F. Driscoll
TI
Biologia da Obesidade................................................................ 622
78
Avaliação e Tratamento da Obesidade.................................... 629 Robert F. Kushner
79
J. Larry Jameson/Dan L. Longo
101
Síndromes Paraneoplásicas: Neurológicas............................. 833 Josep Dalmau/Myrna R. Rosenfeld
^
e20 Timoma Dan L. Longo
102 Conseqüências Tardias do Câncer e do seu Tratamento......838 Carl E. Freter/Dan L. Longo
Transtornos Alimentares.............................................................636 B.
80
Síndromes Paraneoplásicas: Endocrinológicas/ Hematológicas.................................................. ............................ 8 26
Timothy Walsh/Evelyn Attia
SEÇÃO 2
SUMÂRI0
Jeffrey S. Flier/Eleftheria Maratos-Flier
Carcinoma de Sítio Primário Desconhecido............................ 821 Gauri R. Varadhachary/James L. Abbruzzese
Robert M. Russell/Paolo M. Suter
75
Sarcomas Ósseos e das Partes Moles e Metástases Ósseas....................................................................... 81 7
Distúrbios da Hematopoiese
Emagrecimento Involuntário.......................................................641 Deficiência de Ferro e Outras Anemias Hipoproliferativas ..844
Russell G. Robertson/J. Larry Jameson
John W. Adamson
104
PARTE VII: Oncologia e Hematologia 105
SEÇÃO 1
Distúrbios Neoplásicos
Abordagem ao Paciente com Câncer...................................... 646 Dan L. Longo
82
Prevenção e Detecção Precoce do Câncer............................. 655
107
85
87
109
Câncer de Pele.............................................................................. 723
Leucemias Mieloides Aguda e Crônica.....................................905 Meir Wetzler/Guido Marcucci/Clara D. Bloomfield
110
Neoplasias das Células Linfoides..............................................919 Dan L. Longo
Infecções em Pacientes com Câncer...................................... 712 Robert Finberg
PolicitemiaVera e Outras Doenças Mieloproliferativas.......898 Jerry L. Spivak
Princípios do Tratamento do Câncer.........................................689 Edward A. Sausville/Dan L. Longo
86
10f
Biologia Celular e Angiogênese do Câncer............................. 672 Dan L. Longo
Anemia Aplásica, Mielodisplasia e Síndromes Relacionadas à Insuficiência da Medula Óssea..................... 887 Neal S. Young
Genética do Câncer...................................................................... 663 Pat J. Morin/Jeffrey M. Trent/Francis S. Collins/Bert Vogelstein
84
Anemias Hemolíticas e Causadas por Perda Sanguínea Aguda........................................................................... 872 Lucio Luzzatto
Jennifer M. Croswell/Otis W. Brawley/Barnett S. Kramer
83
Anemias Megaloblásticas........................................................... 862 A. Victor Hojfbrand
106 81
Hemoglobinopatias....................................................................... 852 Edward J. Benz, Jr.
^0
e 2 i Neoplasias Malignas Hematológicas Menos Comuns Dan L. Longo
Walter J. Urba/Carl V. Washington/Hari Nadiminti
xxxi
111
D is tú rb io s de P la s m ó c ito s ................................................................ 936 Nikhil C. Munshi/Dan L. Longo/Kenneth C. Anderson
112
Amiloidose.................................................................................... 945 David C. Seldin/Martha Skinner
113
130
Jeanne M. Marrazzo/King K. Holmes
^ 0 e23 Complicações Infecciosas de Queimaduras Lawrence C. Madoff/Florencia Pereyra
Biologia e Terapia Transfusionais............................................. 951
e24 Complicações Infecciosas de Mordeduras
Jeffery S. Dzieczkowski/Kenneth C. Anderson
114
Infecções Sexualmente Transmissíveis: Considerações Gerais e Abordagem Clínica.................................................... 1095
Lawrence C. Madoff/Florencia Pereyra
Transplante de Células Hematopoiéticas................................ 958 Frederick R. Appelbaum
SEÇAO 3 SEÇÃO 3 115
Distúrbios da Hemostasia
Infecções Associadas ao Tratamento Médico....................... 1112 Robert A. Weinstein
Distúrbios das Plaquetas e da Parede Vascular....................965 Barbara Konkle
116
131
Síndromes Clínicas: Infecções Nosocomiais
132
Infecções em Pacientes de Órgãos Transplantados............1120 Robert Finberg/Joyce Fingeroth
Distúrbios da Coagulação.......................................................... 973 Valder R. Arruda/Katherine A. High
117
Trombose Arterial e Venosa.......................................................983
SEÇÃO 4
Jane E. Freedman/Joseph Loscalzo
118
Agentes Antiplaquetários, Anticoagulantes e Fibrinolíticos...............................................................................988
133
Abordagem ao Tratamento das Doenças Bacterianas
Tratamento e Profilaxia das Infecções Bacterianas............1133 Gordon L. Archer/Ronald E. Polk
Jeffrey I. Weitz
SEÇÃO 5
PARTE VIII: Doenças Infecciosas 134
Doenças Causadas por Bactérias Gram-Positivas
Infecções Pneumocócicas.........................................................1151 David Goldblatt/Katherine L. 0 ’Brien
SEÇAO 1
Considerações Básicas sobre as Doenças Infecciosas
119 Introdução às Doenças Infecciosas: Interações Patógeno-Hospedeiro................................................................1007 Lawrence C. Madojf/Dennis L. Kasper
135 136 137 138
139
&
140
Tétano........................................................................................... 1197 C. Louise Thwaites/Lam Minh Yen
141
e22 Diagnóstico Laboratorial das Doenças Infecciosas Alexander J. McAdam/Andrew B. Onderdonk
Infecções por Listeria monocytogenes........................ ....... 1194 Elizabeth L. Hohmann/Daniel A. Portnoy
123 Recomendação de Saúde para Viagens Internacionais.......1042 Jay S. Keystone/Phyllis E. Kozarsky
Difteria e Outras Infecções Causadas por Corinebactérias e Espécies Relacionadas............................. 1188 William R. Bishai/John R. Murphy
122 Princípios de Imunização e Uso de Vacinas...........................1031 Anne Schuchat/Lisa A. Jackson
Infecções Enterocócicas........................................................... 1180 Cesar A. Arias/Barbara E. Murray
121 Abordagem ao Paciente Febril Infectado Agudamente Enfermo........................................................................................1023 Tamar F. Barlam/Dennis L. Kasper
Infecções Estreptocócicas.........................................................1171 Michael R. Wessels
120 Mecanismos Moleculares da Patogênese Microbiana........1013 Gerald B. Pier
Infecções Estafilocócicas......................................................... 1160 Franklin D. Lowy
Botulismo......................................................................................1200 Jeremy Sobel/Susan Maslanka
142
Gangrena Gasosa e Outras Infecções porClostridium.......1204 Amy E. Bryant/Dennis L. Stevens
SEÇAO 2
Síndromes Clínicas: Infecções Adquiridas na Comunidade SEÇÃO 6
124
Endocardite Infecciosa............................................................. 1052 AdolfW . Karchmer
125
Dennis L. Stevens
126
128
Infecção por Clostridium difficile, Incluindo Colite Pseudomembranosa................................................................... 1091 Dale N. Gerding/Stuart Johnson
Infecções Gonocócicas............................................................. 1220 Sanjay Ram/Peter A. Rice
145
Infecções por Haemophilus e M oraxella...............................1228 Timothy F. Murphy
146
Doenças Diarreicas Infecciosas Agudas e Intoxicação Alimentar Bacteriana..................................................................1084 Regina C. LaRocque/Edward T. Ryan/Stephen B. Calderwood
129
144
Infecções e Abscessos Intra-Abdominais............................. 1077 Miriam J. Baron/Dennis L. Kasper
Infecções Meningocócicas....................................................... 1211 Andrew J. Pollard
Osteomielite................................................................................. 1071 Alan D. Tice
127
143
Infecções da Pele, dos Músculos e dos Tecidos Moles......1064
Doenças Causadas por Bactérias Gram-Negativas
Infecções Causadas pelo Grupo HACEK e por Outras Bactérias Gram-Negativas...........................................1233 Tamar F. Barlam/Dennis L. Kasper
147
Infecções por Legionella........................................................... 1236 Miguel Sabria/Victor L. Yu
148
Coqueluche e Outras Infecções por Bordetella.................... 1241 Scott A. Halperin
149
150
Doenças Causadas por Bacilos Gram-Negativos Entéricos.......................................................................................1246
172
Thomas A. Russo/James R. Johnson
173
Febre Recorrente........................................................................ 1397 Mark S. Dworkin
Borreliose de Lyme..................................................................... 1401 Allen C. Steere
Infecções por Acinetobacter....................................................1258 David L. Paterson/Anton Y. Peleg
1 51
Infecções por Helicobacter p ylo ri........................................... 1261 John C. Atherton/Martin J. Blaser
152
Infecções Causadas por Espécies de Pseudomonas e Microrganismos Relacionados................................................. 1266
SEÇÃO 10 174 Riquetsioses.................................................................................1407 David H. Walker/J. Stephen Dumler/Thomas Marrie
Reuben Ramphal
153
Salmonelose...............................................................................1274
175 Infecções por Micoplasmas.......................................................1417 R. Doug Hardy
David A. Pegues/Samuel I. Miller
154
Shigelose..................................................................................... 1281
176 Infecções por Chlamydia............................................................1421 Charlotte A. Gaydos/Thomas C. Quinn
Philippe Sansonetti/Jean Bergounioux
155
Infecções por Campylobacter eMicrorganismos Relacionados...............................................................................1286 Martin J. Blaser
156
177 Virologia Médica..........................................................................1432
Cólera e Outras Vibrioses......................................................... 1289 Mattew K. Waldor/Edward T. Ryan
157 158
Fred Wang/Elliott Kieff
Brucelose.....................................................................................1296
Quimioterapia Antiviral, Excluindo os Agentes Antirretrovirais............................................................................. 1442
Michael J. Corbel/Nicholas J. Beeching
178
Lindsey R. Baden/Raphael Dolin
Tularemia..................................................................................... 1301 Richard F. Jacobs/Gordon E. Schutze
159
SEÇÃO 11
Peste e Outras Infecções por Yersinia................... >.............1305 Michael B. Prentice
SEÇÃO 12 179
Infecções
por Herpesvírus Simples................................1453
Lawrence Corey
160
Infecções por Bartonella, Incluindo a Doença da Arranhadura do Gato..................................................................1314
180
Michael Giladi/Moshe Ephros
161
Donovanose................................................................................ 1320
Infecções
por Vírus Varicela-Zóster................................1462
Richard J. Whitley
181
Nigel 0 ’Farrell
Infecções por Vírus Epstein-Barr, Incluindo a Mononucleose Infecciosa......................................................... 1467 Jeffrey I. Cohen
182 Citomegalovírus e Herpesvírus Humanos Tipos 6 ,7 e 8...1471
SEÇÃO 7
Martin S. Hirsch
162 Nocardiose....................................................................................1322 Gregory A. Filice
183 Molusco Contagioso, Varíola doMacaco e Outras Infecções por Poxvírus............................................................... 1476 Fred Wang
163 Actinomicose............................................................................... 1326 Thomas A. Russo
184 Infecções por Parvovírus............................................................1478
164 Infecções Causadas por Microrganismos Anaeróbios Mistos...................................................................... 1331
Kevin E. Brown
185 Infecções por Papilomavírus Humanos................................... 1481
Dennis L. Kasper/Ronit Cohen-Poradosu
SEÇÃO 8 165
SEÇÃO 13
Tuberculose................................................................................. 1340 Mario C. Raviglione/Richard J. 0 ’Brien
166
186
Infecções Respiratórias Virais Comuns..................................1485 Raphael Dolin
Hanseníase................................................................................. 1359 Robert H. Gelber
167
Richard C. Reichman
187
Influenza............................................................................................... .......1493 Raphael Dolin
Infecções MicobacterianasNão Tuberculosas...................... 1367 Steven M. Holland
168
Agentes Antimicobacterianos..................................................1371 Max R. 0 ’Donnell/Jussi J. Saukkonen
SEÇÃO 9 169
188
Treponematoses
189 Endêmicas......................................1389
Sheila A. Lukehart
171
Leptospirose...............................................................................1392 Joseph M. Vinetz
Retrovírus Humanos................................................................. 1500 Dan L. Longo/Anthony S. Fauci
Sífilis............................................................................................ 1380 Sheila A. Lukehart
170
S E Ç Ã 014
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência Humana: Aids e Distúrbios Relacionados............................ 1506 Anthony S. Fauci/H. Clifford Lane
SEÇAO 15 190
Infecções Causadas por Vírus de RNA
Gastrenterite Viral......................................................................1588
210 211
Umesh D. Parashar/Roger I. Glass
191
e27 Atlas de Esfregaços Sanguíneos de Malária e Babesiose
Enterovírus e Reovírus..............................................................1593 Sarampo......................................................................................1600
Nicholas J. White/Joel G. Breman
212
Rubéola (Sarampo Alemão).....................................................1605
213
Caxumba......................................................................................1608
214
Raiva e Outras Infecções Causadas por Rabdovírus........1611
215
Alan C. Jackson
197
Vírus Marburg e Ebola............................................................. 1633 Clarence J. Peters
Infecções Intestinais Causadas por Protozoários e Tricomoníase................................................................................. 1729 Peter F. Weller
196 Infecções Causadas por Vírus Transmitidos por Artrópodes e Roedores.............................................................. 1617 Clarence J. Peters
Infecções por Toxoplasma .............................................................. 1722 Kami Kim/Lloyd H. Kasper
Steven Rubin/Kathryn M. Carbone
195
Doença de Chagas e Tripanossomíase.................................. 1716 Louis V. Kirchhoff/Anis Rassi, Jr.
Laura A. Zimmerman/Susan E. Reef
194
Leishmaniose.............................................................................. 1709 Shyam Sundar
William J. Moss
193
Babesiose.................................................................................... 1706 Edouard Vannier/Jeffrey A. Gelfand
Jeffrey I. Cohen
192
Malária.......................................................................................... 1688 Nicholas J. White/Joel G. Breman
SEÇÃ0 19 216
Infecções Causadas por Helmintos
Triquinelose e Outras Infecções Teciduais por Nematódeos.................................................................................. 1735 Peter F. Weller
SE Ç Ã 016 198
Infecções Causadas por Fungos
200
218 219
Coccidioidomicose.....................................................................1643 Blastomicose..............................................................................1646
220
Infecções por Cestódios........................................................... 1759 A. Clinton White, Jr./Peter F. Weller
Stanley W. Chapman/Donna C. Sullivan
202
Esquistossomose e Outras Infecções por Trematódeos................................................................................. 1752 Adel A.F. Mahmoud
Neil M. Ampel
201
Filaríase e Infecções Correlatas............................................. 1745 Thomas B. Nutman/Peter F. Weller
Histoplasmose........................................................................... 1640 Chadi A. Hage/L. Joseph Wheat
Infecções por Nematódeos Intestinais..................................1739 Peter F. Weller/Thomas B. Nutman
Diagnóstico e Tratamento das Infecções Fúngicas............1637 John E. Edwards, Jr.
199
217
Criptococose...............................................................................1648 Arturo Casadevall
203
PARTE IX: Terrorismo e Medicina Clínica
Candidíase...................................................................................1651 John E. Edwards, Jr.
204
Aspergilose.................................................................................1655
221
David W. Denning
205
Mucormicose.............................................................................. 1661
222
Brad Spellberg/Ashraf S. Ibrahim
206
Micoses Superficiais e Micoses Sistêmicas Menos Comuns........................................................................... 1665
Bioterrorismo Microbiano...................................................... 176 8 H.
Clifford Lane/Anthony S. Fauci
Bioterrorismo Químico.............................................................. 1779 Charles G. Hurst/Jonathan Newmark/James A. Romano, Jr.
223
Terrorismo Nuclear.................................................................... 1 788 ZeligA. Tochner/Eli Glatstein
Carol A. Kauffman
207
Infecção por Pneumocystis.......................................................1671 A.. George Smulian/Peter D. Walzer
SE Ç Ã 017
Infecções Causadas por Protozoários e Helmintos: Considerações Gerais
e25 Diagnóstico Laboratorial das Parasitoses Sharon L. Reed/Charles E. Davis
208 Fármacos Usados no Tratamento de Parasitoses............... 1675 Thomas A. Moore
e26 Farmacologia dos Agentes Usados no Tratamento de Parasitoses Thomas A. Moore
SE Ç Ã 018
Infecções Causadas por Protozoários
209 Amebíase e Infecção por Amebas de Vida Livre................ 1683 Samuel L. Stanley, Jr.
PARTE X: Doenças do Sistema SEÇÃO 1
Introdução as Doenças Cardiovasculares
224 Biologia Básica do Sistema Cardiovascular......................... 1798 Joseph Loscalzo/Peter Libby/Jonathan Epstein
225 Epidemiologia das Doenças Cardiovasculares..................... 1811 Thomas A. Gaziano/J. Michael Gaziano
226 Abordagem ao Paciente com Possível Doença Cardiovascular.............................................................................1817 Joseph Loscalzo
SEÇÃO 2
Diagnóstico dos Distúrbios Cardiovasculares
227 Exame Físico do Sistema Cardiovascular Patrick T. 0'Gara/Joseph Loscalzo
1821
228
Eletrocardiografia....................................................................... 1831
245
Ary L. Goldberger
9 e28
Elliott M. Antman/Joseph Loscalzo
Atlas de Eletrocardiograma
Ary L. Goldberger
229
246
Métodos Não Invasivos de Aquisição de Imagem Cardíaca: Ecocardiografia, Cardiologia Nuclear eTC /R M ........................................................................................1840
9 e29 Atlas de Diagnóstico Cardíaco não Invasivo por Imagem Rick A Nishimura/Panithya Chareonthaitawee/Matthew Martinez
Cateterismo Cardíaco Diagnóstico e Angiografia Coronariana.......... ,....................................................................1853 Jane A. Leopold/David P. Faxon
SEÇÃO 3 231
Intervenções Coronarianas Percutâneas e Outros Procedimentos Intervencionistas............................... 2035 David P. Faxon/Deepak L. Bhatt
9 e33
Atlas de Revascularização Percutânea
Jane A. Leopold/Deepak L. Bhatt/David P. Faxon
Rick A. Nishimura/Panithaya Chareonthaitawee/ Matthew Martinez
230
Infarto do Miocárdio com Supradesnivelamento do Segmento de S T .................................................................... 2021
247
Doença Vascular Hipertensiva.................................................2042 Theodore A. Kotchen
248
Doenças da Aorta........................................................................2060 Mark A. Creager/Joseph Loscalzo
249
Doenças Vasculares dos Membros.........................................2066 Mark A. Creager/Joseph Loscalzo
250
Distúrbios do Ritmo
Hipertensão Pulmonar.............................................................. 2076 Stuart Rich
Princípios de Eletrofisiologia...................................................1860 David D. Spragg/Gordon F. Tomaselli
232
PARTE XI: Distúrbios do Sistema Respiratório
Bradiarritmias.............................................................................1867 David D. Spragg/Gordon F. Tomaselli
233
Taquiarritmias.............................................................................1878
SEÇÃ01
Francis Marchlinski
9
e30 Atlas das Arritmias Cardíacas
Diagnóstico dos Distúrbios Respiratórios
251 Abordagem ao Paciente com Doençado Sistema Respiratório.................................................................................2084
Ary L. Goldberger
Patricia Kritek/Augustine Choi
SEÇAO4 234
Distúrbios do Coração
252 Distúrbios da Função Respiratória..........................................2087
Douglas L. Mann/Muralli Chakinala
235
Transplante Cardíaco e Circulação Assistida Prolongada................................................................................... 1916
253 Procedimentos Diagnósticos nas Doenças Respiratórias................................................................................2094 Anne L. Fuhlbrigge/Augustine M. K. Choi
9
e34 Atlas de Imagens do Tórax Patricia Kritek/John J. Reilly, Jr.
Cardiopatias Congênitas no Adulto........................................ 1920 John S. Child/Jamil Aboulhosn
237
Cardiopatia Valvar...................................................................... 1929 Patrick 0 ’Gara/Joseph Loscalzo
238
254
Miocardiopatia e Miocardite....................................................1951 Lynne Warner Stevenson/Joseph Loscalzo
239 240
SEÇAO 2
Doenças do Pericárdio...............................................................1971
Pneumonite de Hipersensibilidade e Infiltrados Pulmonares com Eosinofilia.....................................................2 1 16
Eugene Braunwald
Alicia K. Gerke/Gary W. Hunninghake
255
Tumores e Lesões Traumáticas no Coração........................ 1979
256
e31 Manifestações Cardíacas de Doenças Sistêmicas
257
Doenças Vasculares
Patogenia, Prevenção e Tratamento da Aterosclerose
1983
259 260
e32 Atlas de Aterosclerose
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica.................................... 2151 John J. Reilly, Jr./Edwin K. Silverman/Steven D. Shapiro
1992
261
1998
262
243
Cardiopatia Isquêmica........................ .................................
244
Angina Instável e Infarto do Miocárdio sem Supradesnivelamento de Segmento ST............................. 2015
Doenças Pulmonares Intersticiais......................................... 2 1 60 Talmadge E. King, Jr.
Robert H. Eckel Elliott M. Antman/Andrew P. Selwyn/Joseph Loscalzo
Christopher P. Cannon/Eugene Braunwald
Fibrose Cística............................................................................ 21 47 Richard C. Boucher
Peter Libby
Síndrome Metabólica............................................................
Bronquiectasia e Abscesso Pulmonar.................................. 21 42 Rebecca M. Baron/John G. Bartlett
Peter Libby
242
Pneumonia.................................................................................. 2130 Lionel A. Mandell/Richard Wunderink
258
SEÇÃO 5
Doenças Pulmonares Ocupacionais e Ambientais.............. 2121 John R. Balmes/Frank E. Speizer
Eric H. Awtry/Wilson S. Colucci
9
Asma............................................................................................ 2 1 02 Peter J. Barnes
Eric H. Awtry/Wilson S. Colucci
241
Doenças do Sistema Respiratório
SUMÁRIO
Sharon A. Hunt/Hari R. Mallidi
236
Edward T. Naureckas/Julian Solway
Insuficiência Cardíaca e Cor pulm onale................................1901
Trombose Venosa Profunda e Tromboembolia Pulmonar....................................................................................... 21 70 Samuel Z. Goldhaber
263
Distúrbios da Pleura e do Mediastino................................... 21 78 Richard W. Light
XXXV
264
283 Doenças Glomerulares................................................................2334
Distúrbios da Ventilação...........................................................2182
Julia B. Lewis/Eric G. Neilson
John F. McConville/Julian Solway
265
284 Doença Renal Policística e Outros Distúrbios Tubulares Hereditários................................................................2355
ApneiadoSono.......................................................................... 2186 Neil J. Douglas
266
David J. Salant/Craig E. Gordon
Transplante de Pulmão.............................................................2189
285 Doenças Tubulointersticiais do Rim......................................... 2367
Elbert P. Trulock
Laurence H. Beck/David J. Salant
286 Lesão Vascular do R im ...............................................................2375
PARTE XII: Medicina Intensiva seção
1
Stephen C. Textor/Nelson Leung
287 Nefrolitíase.....................................................................................2382
W B B S B G IS B Ê S
267 Abordagem ao Paciente com Doença Crítica...............
John R. Asplin/Fredric L. Coe/Murray J. Favus
288 Infecções do Trato Urinário, Pielonefritee Prostatite.......... 2387
2196
Kalpana Gupta/Barbara W. Trautner
John P. Kress/Jesse B. Hall
268
Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo.............
e35 Cistite Intersticial/Síndrome da Bexiga Dolorosa
2205
John W. Warren
Bruce D. Levy/Augustine M. K. Choi
269
Suporte Ventilatório Mecânico.........................................
289 Obstrução do Trato Urinário.......................................................2396
2210
Julian L. Seifter
Bartolome R. Celli
!
1 Choque e Parada Cardíaca
270 Abordagem ao Paciente com Choque............................
\
^
PARTE XIV: Distúrbios do Sistema Gastrintestinal
2215
Ronald V. Maier
271
Sepse Grave e Choque Séptico........................................
2223
seção
1
Robert S. Munford
272
Choque Cardiogênico e Edema Agudo de Pulmão......
2232
290 Abordagem ao Paciente com Doença Gastrintestinal... ....2402 William L. Hasler/Chung Owyang
Judith S. Hochman/David H. lngbar
273
Colapso Cardiovascular, Parada Cardíaca e Morte Súbita Cardíaca......................................................
291 2238
Robert J. Myerburg/Agustin Castellanos
Louis Michel Wong Kee Song/Mark Topazian
9 292
Doenças do Esôfago............................................................. ....2427 Peter J. Kahrilas/Ikuo Hirano
Coma............................................................................................2247
293
Allan H. Ropper
275
e36 Endoscopia Gastrintestinal Louis Michel Wong Kee Song/Mark Topazian
SEÇÃO 3 274
Endoscopia Gastrintestinal................................................. ....2409
Doença Ulcerosa Péptica e Distúrbios Relacionados.... ....2438 John Del Valle
Terapia Intensiva Neurológica,IncluindoEncefalopatia Hipóxico-lsquêmica e Hemorragia Subaracnóidea............. 2254 J. Claude Hemphill, IlI/Wade S. Smith/Daryl R. Gress
294
Distúrbios de Absorção........................................................ ....2460 Henry J. Binder
9
e37 Teste de Schilling Henry J. Binder
SEÇÃO 4 276
j
295
Emergências Oncológicas........................................................2266 Rasim Gucalp/Janice Dutcher
Doença Inflamatória Intestinal........................................... ....2477 Sonia Friedman/Richard S. Blumberg
296 Síndrome do Intestino Irritável.......................................... ....2496 Chung Owyang
297
277
Biologia Celular e Molecular do R im ................................
298 Insuficiência Vascular Mesentérica.................................. ....2510 Susan L. Gearhart
2280
Alfred L. George Jr./Eric G. Neilson
278 Adaptação do Rim à Lesão Renal...................................... Lesão Renal Aguda............................................................... Doença Renal Crônica..........................................................
281
SEÇÃO 2 2308 301
Anil Chandraker/Edgar L. Milford/Mohamed H. Sayegh
Abordagem ao Paciente com Doença Hepática........
2520
Marc Ghany/Jay H. Hoofnagle
2322
302 Avaliação da Função Hepática.......................................
Kathleen D. Liu/Glenn M. Chertow
282 Transplante no Tratamento da Insuficiência Renal
300 Apendicite Aguda e Peritonite........................................... ....2516 William Silen
Joanne M. Bargman/Karl Skorecki
Diálise no Tratamento da Insuficiência Renal.................
Obstrução Intestinal Aguda................................................. ....2513
2293
Sushrut S. Waikar/Joseph V. Bonventre
280
299
William Silen
2289
Raymond C. Harris/Eric G. Neilson
279
Doença Diverticular e Distúrbios Anorretais Comuns.... ....2502 Susan L. Gearhart
PARTE XIII: Distúrbios dos Rins e das Vias Urinárias
2527
Daniel S. Pratt!Marshall M. Kaplan
2327 303
Hiperbilirrubinemias........................................................ Allan W. Wolkoff
2531
304
Hepatite Viral Aguda..................................................................2537
323
Jules L. Dienstag
305 306
324 325
308
326
£
9
e40 Atlas das Síndromes Vasculíticas Carol A. Langford/Anthony S. Fauci
e38 Atlas de Biópsias Hepáticas 327
Jules L. Dienstag/Atui K. Bhan
309
Doenças Genéticas, Metabólicas e Infiltrativasque Afetam o Fígado..........................................................................2603
328
Policondrite Recidivante........................................................... 2802 Carol A. Langford
Transplante de Fígado.............................................................. 2606
329
Sarcoidose................................................................................... 2805 Robert P. Baughman/Elyse E. Lower
Jules L. Dienstag/Raymond T. Chung
311
Síndrome de Behçet.................................................................. 2801 Haralampos M. Moutsopoulos
Bruce R. Bacon
310
Síndromes de Vasculite............................................................ 2785 Carol A. Langford/Anthony S. Fauci
Cirrose e suas Complicações..................................................2592 Bruce R. Bacon
Espondiloartrites......................................................................... 27 74 Joel D. Taurog
Hepatopatia Alcoólica............................................................... 2589 Mark E. Mailliard/Michael F. Sorrell
Síndrome de Sjõgren.................................................................27 70 Haralampos M. Moutsopoulos/Athanasios G. Tzioufas
Hepatite Crônica.........................................................................2567 Jules L. Dienstag
307
John Varga
Hepatite Tóxica e Induzida por Medicamentos.................... 2558 Jules L. Dienstag
Esclerose Sistêmica (Esclerodermia)e Distúrbios Relacionados............................................................................... 27 57
Doenças da Vesícula Biliar e dos Duetos Biliares.............. 2615
330
Norton J. Greenberger/Gustav Paumgartner
Febre Familiar do Mediterrâneo eOutras Febres Hereditárias Recorrentes.......................................................... 28 14 Daniel L. Kastner
SEÇÃO 3 312
Abordagem ao Paciente com Doença Pancreática.............2629
SEÇÃO 3
Norton J. Greenberger/Darwin L. Conwell/Peter A. Banks
313
Pancreatites Aguda e Crônica................................................. 2634
331
Norton J. Greenberger/Darwin L. Conwell/Bechien U. W u/ Peter A. Banks
Abordagem aos Distúrbios Articulares e Musculoesqueléticos..................................................................2818 John J. Cush/Peter E. Lipsky
332
Osteoartrite...................................................................................2828 David T. Felson
PARTE XV: Distúrbios das Articulações e Tecidos Adjacentes
333
Introdução ao Sistema Imune..................................................2650
335
Complexo de Histocompatibilidade Principal...................... 2685
336
337
Distúrbios Periarticulares das Extremidades........................ 2860 Carol A. Langford/Bruce C. Gilliland
e39 Imunodeficiências Primárias (ou Secundárias) Associadas a Outras Doenças Alain Fischer
♦
SEÇÃO 2 317
Artrite Associada à Doença Sistêmica e Outras Artrites.............................................................................. 2852 Carol A. Langford/Brian F. Mandell
Doenças de Imunodeficiências Primárias............................ 2695 Alain Fischer
9
Fibromialgia................................................................................. 2849 Leslie J. Crofford
Gerald T. Nepom
316
Artrite Infecciosa........................................................................2842 Lawrence C. M adojf
Barton F. Haynes/Kelly A. Soderberg/Anthony S. Fauci
315
Ralph Schumacher/Lan X. Chen
SUMÁRIO
334
SEÇÃ01 314
Gota e Outras Artropatias Associadas a Cristais................. 2837 H.
Alergias, Anafilaxia e Mastocitose Sistêmica.........
2707
PARTE XVI: Endocrinologia e Metabolismo
SEÇ Ã01
K. Frank Austen
318
Autoimunidade e Doenças Autoimunes..................
2719
338
Betty Diamond/Peter E. Lipsky
319
Lúpus Eritematoso Sistêmico....................................
2724
339
Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídio..................
2736
340
Artrite Reumatoide.......................................................
2738
341
Febre Reumática Aguda..............................................
2752
2876
Distúrbios da Neuro-Hipófise........................................
2902
Distúrbios da Glândula Tireoide...................................
2911
J. Larry Jameson/Anthony P. Weetman
Ankoor Shah/E. William St. Clair
322
Distúrbios da Adeno-Hipófise e do Hipotálamo........
Gary L. Robertson
Haralampos M. Moutsopoulos/Panayiotis G. Vlachoyi annopoulos
321
2866
Shlomo Melmed/J. Larry Jameson
Bevra Hannahs Hahn
320
Princípios de Endocrinologia........................................ /. Larry Jameson
342
Distúrbios do Córtex Suprarrenal................................
2940
Wiebke Arlt
Jonathan R. Carapetis
343
Feocromocitoma..............................................................
2962
Hartmut P. H. Neumann
xxxvii
UH
344
Diabetes Melito.......................................................................... 2968
365
345
H ipoglicem ia........................................................................................ 30 03 Philip E. Cryer/Stephen N. Davis
346
Distúrbios dos Testículos e do Sistema Reprodutor Masculino.....................................................................................3010
Defeitos Hereditários do Transporte de Membrana............3220 Nicola Longo
Alvin C. Powers
9 e41
Atlas de Manifestações Clínicas das Doenças Metabólicas
J. Larry Jameson
Shalender Bhasin/J. Larry Jameson
347
Janet E. Hall
348
Transição da Menopausa e Terapia Hormonal Pós-Menopausa.......................................................................... 3040 JoAnn E. Manson/Shari S. Bassuk
349
Tumores Endócrinos do Trato Gastrintestinal e do Pâncreas..............................................................................3056 Robert T. Jensen
351
SEÇÃO 1 366
Distúrbios que Afetam Múltiplos Sistemas Endócrinos................................................................................... 3072
367
9 9
353
Doenças das Glândulas Paratireoides e Homeostasia do Cálcio.............................................................. 3096
e42 Exame de Triagem Neurológica e43 Vídeo Atlas de Exames Neurológicos Detalhados Martin A. Samuels
368
Exames de Neuroimagem nos Distúrbios Neurológicos................................................................................ 3240 William P. Dillon
9 F. Richard Bringhurst/Marie B. Demay/Stephen M. Krane/ Henry M. Kronenberg
Abordagem ao Paciente com Doença Neurológica........... 32 33
Daniel H. Lowenstein
SEÇÃO 2 Osso e Metabolismo Mineral na Saúde ena Doença.........30 82
Biologia de Doenças Neurológicas........................................ 3224
Daniel H. Lowenstein/Joseph B. Martin/Stephen L. Hauser
Camilo Jimenez Vasquez/Robert F. Gagel
352
Diagnóstico de Distúrbios Neurológicos
Stephen L. Hauser/M. Flint Beal
Distúrbios do Desenvolvimento Sexual................................ 3046 John C. Achermann/J. Larry Jameson
350
PARTE XVII: Distúrbios Neurológicos
Sistema Reprodutor Feminino: Infertilidade e Contracepção...............................................................................3028
e44 Atlas de Neuroimagens Andre Furtado/William Dillon
9
e45 Exames Eletrodiagnósticos nos Distúrbios do Sistema Nervoso: EEG, Potenciais Evocados e EMG Michael J. A m inoff
9
e46 Técnica de Punção Lombar Elizabeth Robbins/Stephen L. Hauser
John T. Potts, Jr./Harald Jüppner
354
Osteoporose................................................................................ 3 1 20 Robert Lindsay/Felicia Cosman
SUMÁRIO
355
SEÇÃO 2 369
Doença de Paget e outras Displasias Ósseas..................... 3 1 3 6 Murray J. Favus/Tamara J. Vokes
Doenças do Sistema Nervoso Central
Crises Epilépticas e Epilepsia.................................................. 3251 Daniel H. Lowenstein
370
Doenças Vasculares Encefálicas............................................3270 Wade S. Smith/Joey D. English/S. Claiborne Johnston
SEÇÃO 3 356
372
Hemocromatose..........................................................................3162 Porfirias....................................................................................... 3167
373
Distúrbios do Metabolismo das Purinas e das Pirimidinas............................................................................ 3181
374
Doença de Wilson.......................................................................3188
375
Doenças de Depósito Lisossomal............................................3191
376
Robert Hopkin/Gregory A. Grabowski
362
Doenças de Depósito do Glicogênio e OutrosDistúrbios Hereditários do Metabolismo dos Carboidratos...................3198 Distúrbios Hereditários do Tecido Conectivo........................3204
37 7
Distúrbios Hereditários do Metabolismo dos Aminoácidos em Adultos...........................................................3214 Nicola Longo
Neuralgia do Trigêmeo, Paralisia de Bell e Outros Distúrbios dos Nervos Cranianos............................................ 3360 Distúrbios da Medula Espinal................................................. 3366 Stephen L. Hauser/Allan H. Ropper
378
Concussão e Outros Traumatismos Cranianos....................3377 Allan H. Ropper
Darwin J. Prockop/John F. Bateman
364
Distúrbios do Sistema Nervoso Autônomo........................... 3351
M. Flint Beal/Stephen L. Hauser
Priya S. Kishnani/Yuan-Tsong Chen
363
Esclerose Lateral Amiotrófica e Outras Doenças do Neurônio Motor..................................................................... 3345
Phillip A. Low/John W. Engstrom
George J. Brewer
361
Distúrbios Atáxicos.................................................................... 3335
Robert H. Brown, Jr.
Christopher M. Burns/Robert L. Wortmann
360
Warren Olanow/Anthony H.V. Schapira
Roger N. Rosenberg
Robert J. Desnick/Manisha Balwani
359
Doença de Parkinson e Outros Distúrbios dos Movimentos................................................................................. 3317 C.
Lawrie W. Powell
358
Demência..................................................................................... 3300 William W. Seeley/Bruce L. Miller
Distúrbios do Metabolismo das Lipoproteínas.................... 3145 Daniel J. Rader/Helen H. Hobbs
357
371
379 Tumores Primários e Metastáticos do Sistema Nervoso...3382 Lisa M. DeAngelis/Patrick Y. Wen
380
Esclerose Múltipla e Outras Doenças Desmielinizantes....3395 Stephen L. Hauser/Douglas S. Goodin
xxxviii
381
Meningite, Encefalite, Abscesso Cerebral e
Empiema...3410
395
382
Meningite Crônica e Recorrente.............................................3435
9
Doenças Devidas a Príons........................................................3441 Stanley B. Prusiner/Bruce Miller
PARTE XVIII: Intoxicação, Overdose de Drogas e Envenenamento
SEÇÃO 3 384
Síndrome de Guillain-Barré e Outras Neuropatias Mediadas Imunologicamente....................................................3473 Stephen L. Hauser/Anthony A. Amato
386
Howard Hu
9 396
Distúrbios Causados por Picadas de Serpentes Venenosas e Exposições a Animais Marinhos......................3566 Paul S. Auerbach/Robert L. Norris
397
Distrofias Musculares e Outras Miopatias............................3487
Infestações por Ectoparasitos e Picadas e Ferroadas de Artrópodes.......................................................... 3576 Richard J. Pollack
Anthony A. Amato/Robert H. Brown Jr.
388
e50 Intoxicação e Overdose por Fármacos ou Drogas Mark B. Mycyk
Miastenia Gravis e Outras Doenças da Junção Neuromuscular........................................................................... 3480 Daniel B. Drachman
387
e49 Intoxicação por Metais Pesados
Neuropatia Periférica................................................................ 3448 Anthony A. Amato/Richarcl J. Barohn
385
e48 Doenças Neuropsiquiátricas em Veteranos de Guerra Charles W. Hoge
Walter J. Koroshetz/Morton N. Swartz
383
Dependência de Nicotina......................................................... 3560 David M. Burns
Karen L. Roos/Kenneth L. Tyler
Polimiosite, Dermatomiosite e Miosite com Corpúsculos de Inclusão........................................................... 3509
PARTE XIX: Doença das Altas Altitudes e Doença Descompressiva
Marinos C. Dalakas
9
e47 Questões Especiais Relativas à Avaliação Neurológica para Pacientes Hospitalizados
&
S. Andrew Josephson/Martin A. Samuels
e51 Doença das Altitudes Buddha Basnyat/Geoffrey Tabin
e52 Medicina Hiperbárica e do Mergulho Michael H. Bennett/Simon J. Mitchell
SEÇÃO 4 389
Síndrome de Fadiga Crônica..................................................3519
Apêndice:
Gijs Bleijenberg/Jos W.M. van der Meer
SEÇÃO 5
Valores Laboratoriais de Importância Clínica........... 3585
Alexander Kratz/Michael A. Pesce/Robert C. Basner/ Andrew J. Einstein
9
e53 0 Laboratório Clínico em Cuidados de Saúde Modernos
390
Biologia dos Transtornos Psiquiátricos.................................. 3522 Robert O. Messing/John H. Rubenstein/Eric J. Nestler
391
Transtornos Mentais.................................................................. 3529 Victor I. Reus
SEÇÃO 6 392
9
Álcool e Alcoolismo................................................................... 3546
Maria A. Yialamas/William Corcoran/Gyorgy Frendl
9
394
Abuso e Dependência deOpioides......................................... 3552
e55 Tutorial de Procedimentos Médicos: Toracocentese Charles A. Morris Andrea Wolf
9
Marc A. Schuckit
393
e54 Tutorial de Procedimentos Médicos: Colocação de CateterVenoso Central
e56 Tutorial de Procedimentos Médicos: Paracentese Abdominal Maria A. Yialamas/Anna Rutherford/Lindsay King
9
Thomas R. Kosten
e57 Tutorial de Procedimentos Médicos: Intubação Endotraqueal
Cocaína e Outras Drogas Comumente Usadas.....................3556
Charles A. Morris/Emily Nelson Maher
Nancy K. Mello/Jack H. Mendelson
SUMÁRIO
Anthony A. Killeen
índice......................................................................................................... 1-1
xxxix
PARTE I Introdução à Medicina Clínica 1 Prática da Medicina ............................................ ............... 2
9 Cuidados Paliativo e Term inal..............................................
2 Questões Globais em Medicina ........................... .................9
10 Segurança e Qualidade no Cuidado de Saúde..................
3 Tomada de Decisão em Medicina Clínica................ ............. 19
9 9 9 9 9 9
4 Triagem e Prevenção de Doenças ....................... ............. 29 5 Princípios de Farmacologia Clínica....................... ............. 33
6 Saúde da Mulher................................................ ............. 50 7 Distúrbios Clínicos Durante a Gravidez................. ............. 55 8 Avaliação Clínica do Paciente Cirúrgico............... ............. 62
e1 Atenção Primária em Países de Renda Baixa e Média e2 Medicina Complementar, Alternativa e Integrativa e3 Economia dos Cuidados Médicos e4 Disparidades Raciais e Étnicas no Cuidado de Saúde e5 Questões Éticas em Medicina Clínica
e6 Neoplasias Durante a Gestação
CAPÍ TULO
1
Prática da Medicina Os organizadores ■ O MÉDICO MODERNO Não se pode conferir a um ser hum ano nenhum a oportunidade, ne nhum a responsabilidade ou obrigação m aior do que a de tornar-se médico. Ao cuidar de pessoas que sofrem, [o médico] precisa ter ha bilidade técnica, conhecimento científico e compreensão humana... Tato, solidariedade e compreensão são o que se espera do médico, pois o paciente não é um a mera coletânea de sinais, sintomas, f u n ções desordenadas, órgãos lesionados e perturbações das emoções. [O paciente] é humano, tem medos e esperanças, busca alívio, ajuda e tranquilização. — Harrisons Principies o f Internai Medicine, 1950 A prática da m edicina m udou de m aneira significativa desde que surgiu a prim eira edição deste livro há m ais de 60 anos. O advento da genética m olecular, biologia m olecular e fisiopatologia molecular, novas técnicas sofisticadas de obtenção de im agem e avanços na bioinform ática e na tecnologia da inform ação con trib u íram para um a explosão de inform ações científicas que m udaram fundam entalm en te a m aneira com o os m édicos definem , diagnosticam , tratam e p re vinem um a doença. Esse crescim ento do conhecim ento científico é contínuo e está acelerando. O uso dissem inado de prontuários eletrônicos e da In ternet al teraram a m aneira com o os m édicos praticam a m edicina e trocam inform ações. Assim com o a luta do m édico para integrar as grandes quantidades de conhecim ento científico na prática diária, é im p o r tante lem brar que o objetivo final da m edicina é evitar a doença e tratar os pacientes doentes. Apesar dos m ais de 60 anos de avanços científicos desde a prim eira edição deste livro, é fundam ental ressal tar que cultivar a estreita relação entre o m édico e o paciente ainda é a parte principal da assistência m édica bem -sucedida.
A ciência e a arte da medicina O raciocínio dedutivo e a tecnologia aplicada form am a base para a solução de m uitos problem as clínicos. Avanços espetaculares na bio química, na biologia celular e na genôm ica, juntam ente com técnicas de obtenção de im agem recém -desenvolvidas, possibilitam acesso às partes m ais internas da célula e propiciam u m a janela para os locais m ais rem otos do corpo. Revelações sobre a natureza dos genes e as células isoladas abriram as po rtas p a ra a form ulação de u m a nova base m olecular p ara a fisiologia dos sistemas. C ada vez mais, os m é dicos estão aprendendo de que m aneira m udanças sutis em m uitos genes diferentes podem afetar a função das células e dos organism os. Os pesquisadores estão com eçando a decifrar os com plexos m ecanis m os pelos quais os genes são regulados. Os m édicos desenvolveram um a nova análise do papel das células-tronco na função tecidual n o r m al e no desenvolvim ento do câncer, da doença degenerativa e de outros distúrbios, bem com o seu papel em ergente no tratam ento de determ inadas doenças. O conhecim ento a dquirido a p a rtir da ciên cia da m edicina já m elhorou, e sem dúvida m elhorará ainda mais, a com preensão dos m édicos com relação aos com plexos processos de doença e fornecerá novas abordagens para o tratam en to e a p re venção de doenças. Todavia, a capacidade de aplicação da tecnologia laboratorial mais sofisticada e de uso da m odalidade terapêutica mais m oderna não faz um bom médico. Q uando o paciente apresenta problem as clínicos desafiadores, o m édico eficaz deve saber reconhecer os elem entos cruciais de um a anam nese e exame físico complexos, para solicitar os exames labora toriais, de im agem e diagnósticos adequados e extrair os resultados
relevantes da extensa lista de dados que se im prim e do com putador, a fim de fu ndam entar sua decisão de “tratar” ou “observar”. D efinir quando um indício clínico deve ser m ais bem investigado ou des cartado com o um a “pista falsa”, e p o n d e rar se um exam e, m edida preventiva ou tratam ento proposto acarreta riscos m aiores do que a própria doença são avaliações essenciais que um m édico habilido so precisa realizar várias vezes ao dia. Essa com binação de conhe cim ento clínico, intuição, experiência e discernim ento define a arte da medicina, que é tão necessária à prática m édica quanto um a base científica sólida.
■ HABILIDADES CLÍNICAS Anamnese A história escrita de um a doença deve incluir todos os fatos da vida do paciente que tiverem im portância clínica. Os eventos recentes d e vem receber m ais atenção. Em algum m om ento no início, o paciente deve ter a o p ortunidade de relatar a sua própria história da doença, sem interrupções freqüentes, e, quando for conveniente, receber do m édico expressões de interesse, incentivo e empatia. Q ualquer fato a que o paciente se refira, p o r m ais trivial ou aparentem ente irrelevante que pareça, pode ser a chave da resolução do problem a clínico. Em geral, som ente os pacientes que se sentem à vontade com o m éd i co fornecerão inform ações com pletas e, portanto, fazer o paciente sentir-se o m ais à vontade possível contribui substancialm ente para a obtenção de um a história adequada. Um a história esclarecedora é m ais do que um a relação ordenada de sintom as; ao ouvirem o paciente, atentando para a m aneira com o ele descreve seus sintom as, os m édicos p odem ter um a percepção valiosa do problem a. As inflexões da voz, a expressão facial, gestos e atitudes, isto é, a “linguagem corporal”, pode revelar indícios im portantes acerca do significado dos sintom as para o paciente. Com o os pacientes variam em sua sofisticação clínica e sua capacidade de recordar fatos, a história clínica deve ser, sem pre que possível, confir m ada. A história social tam bém pode fornecer indícios im portantes acerca dos tipos de doença que devem ser levados em consideração. A história fam iliar não apenas identifica distúrbios m endelianos ra ros em um a família, com o tam bém revela, com frequência, fatores de risco para distúrbios com uns, tais com o doença cardíaca coronariana, hipertensão e asma. Um a história fam iliar com pleta pode exigir a colaboração de vários fam iliares para assegurar com pletude e exa tidão e, um a vez registrada, ela pode ser im ediatam ente atualizada. O processo de obtenção da anam nese oferece a o p ortunidade de se observar o com portam ento do paciente e de se detectarem aspectos que devem ser explorados em m ais detalhes ao longo do exame físico. O próprio ato de obter a anam nese proporciona ao m édico um a o p o rtu n id a d e de estabelecer ou intensificar a ligação singular que form a a base ideal da relação m édico-paciente. Esse processo ajuda o m édico a desenvolver um a ideia sobre com o o paciente percebe sua doença, suas expectativas com relação aos m édicos e ao sistem a de assistência m édica e as im plicações sociais e financeiras da doença do paciente. Em bora situações de assistência m édica possam im por p ro blem as de tem po nas consultas dos pacientes, é im portante não fazer a anam nese com pressa, pois isso pode levar o paciente a acreditar que o que ele está relatando não é im portante para o médico e, assim, ocultar inform ações relevantes. O sigilo da relação m édico-paciente não pode ser enfatizado em excesso.
Exame físico O objetivo do exam e físico é identificar os sinais físicos da doença. A im portância dessas indicações objetivas da doença é fortalecida quando elas confirm am u m a alteração funcional ou estrutural já su gerida pela anam nese do paciente. Em alguns casos, porém , os sinais físicos podem ser a única evidência de um a doença. Deve-se realizar o exam e físico de m aneira m etódica e cu id a dosa, levando em consideração o conforto e o p u d o r do paciente. Em bora a atenção m uitas vezes seja o rientada pela anam nese para
exames geralm ente são repetidos para se certificar de que a an o rm a lidade não representa um erro do laboratório. Se confirm ada, é im p o rtan te considerar o significado potencial dessa anorm alidade no contexto do estado do paciente e dos dem ais resultados laboratoriais. O desenvolvim ento de estudos de im agem tecnicam ente m elho rada com m aior sensibilidade e especificidade é um a das áreas da m edicina que avançam m ais rapidam ente. Esses exames fornecem in form ações anatôm icas notavelm ente detalhadas que podem ser c ru ciais na tom ada de decisão clínica. A ultrassonografia, as cintilografias com um a variedade de isótopos, a TC, a RM e a tom ografia p or emissão de pósitrons beneficiaram os pacientes ao superarem técni cas m ais antigas e invasivas e ao abrirem novas perspectivas de diag nóstico. Sabendo-se da capacidade e da rapidez com que os exames de im agem p odem conduzir a um diagnóstico, é ten tad o r solicitar um a série deles. Todos os m édicos tiveram experiências em que os exames radiológicos revelaram achados que levaram a um diagnós tico inesperado. Não obstante, os pacientes precisam subm eter-se a cada um desses exames, e o custo adicional de exam es desnecessários é considerável. Além disso, a pesquisa de um achado anorm al pode ser associada a risco e/ou gasto e pode levar ao diagnóstico de um problem a irrelevante ou incidental. O m édico hábil deve aprender a utilizar esses instru m en to s poderosos de diagnóstico de m aneira criteriosa, sem pre considerando se os resultados m odificarão o trata m ento e beneficiarão o paciente.
Exames diagnósticos
A m edicina baseada em evidências refere-se ao conceito de que as decisões clínicas são form alm ente sustentadas p o r dados, de prefe rência oriundos de experim entos clínicos prospectivam ente proje tados, random izados e controlados. Essa abordagem contrasta de m aneira drástica com a experiência pessoal isolada, que pode, m uitas vezes, ser tendenciosa. A m enos que tenham em m ente a im portância de se usarem estudos m aiores e m ais objetivos para a tom ada de deci sões, m esm o os m édicos m ais experientes podem ser influenciados p or experiências recentes com pacientes selecionados. A m edicina baseada em evidências to rn o u -se um a p arte cada vez m ais im p o r tante da prática rotineira da m edicina e tem levado à publicação de inúm eras diretrizes clínicas.
Os m édicos estão se to rn an d o cada vez m ais dependentes de um a am pla variedade de exam es laboratoriais para resolver problem as clínicos. E ntretanto, o acúm ulo de dados laboratoriais não exim e o m édico das responsabilidades de observar, exam inar e estudar cuida dosam ente seu paciente. Além disso, é essencial avaliar as lim itações dos exames diagnósticos. Em virtude da sua natureza im pessoal, da sua com plexidade e de sua aparente precisão, os exames laboratoriais costum am adquirir um a aura de autoridade, independentem ente da sua falibilidade, dos instrum entos utilizados e das pessoas que os rea lizam ou interpretam . Os m édicos devem p o n d erar os custos que os procedim entos laboratoriais envolvem, em com paração com o valor das inform ações que eles p oderão obter. R aram ente se solicita apenas um exam e laboratorial. Em vez disso, os m édicos costum am solicitar “baterias” de exames, os quais são, com frequência, com provadam ente úteis. Por exemplo, as anor m alidades da função hepática po d em fornecer a pista de sintom as inespecíficos com o fraqueza generalizada e fadiga fácil, sugerindo o diagnóstico de um a doença hepática crônica. Às vezes, um a única anorm alidade, tal com o um nível sérico do cálcio elevado, indica determ inada doença, com o hiperparatireoidism o ou câncer oculto. O uso criterioso dos exames de triagem , tal com o de colesterol da lipoproteína de baixa densidade, pode ser bastante útil. Um conjunto de determ inações laboratoriais pode ser realizado de m aneira conve niente em um a única am ostra, a custo relativam ente baixo. Os exa mes de triagem são mais inform ativos quando direcionados às d oen ças ou aos distúrbios com uns, e quando seus resultados orientam a necessidade de outros exames ou intervenções úteis que podem ser dispendiosos. De um lado, os exames bioquím icos com binados com testes laboratoriais simples, com o hem ogram a, exam e da urina e ve locidade de hem ossedim entação, com frequência oferecem indícios im portantes acerca da existência de um processo patológico. Por o u tro lado, o m édico deve aprender a avaliar anorm alidades ocasionais detectadas p or exames de triagem que nem sem pre significam um a doença im portante. A investigação aprofundada após a detecção de um a anorm alidade laboratorial isolada em um paciente que está bem quanto aos demais aspectos quase sem pre é inútil e im produtiva. Pelo fato de m uitos exam es serem realizados ro tineiram en te com o tria gem, não seria incom um se um ou dois deles apresentassem ligeiras alterações. Caso não haja suspeita de um a doença subjacente, esses
Prática da Medicina
o órgão ou parte enferm a do corpo, o exam e físico de um novo p a ciente deve estender-se da cabeça aos pés, em um a busca objetiva po r anorm alidades. Se o exam e físico não for sistem ático e for realizado de m aneira consistente de paciente em paciente, segm entos im p o r tantes podem ser inadvertidam ente om itidos. Assim com o acontece com os detalhes da anam nese, os resultados do exam e físico devem ser registrados no m om ento em que forem detectados, não horas de pois, quando estariam sujeitos a distorções provocadas p or falhas de m em ória. A habilidade de estabelecer o diagnóstico físico é fruto da experiência, m as não é som ente a técnica que determ ina o sucesso na detecção de sinais da doença. A identificação de algum as petéquias dispersas, de um sopro diastólico suave ou de um a pequena m assa no abdom e não é um a questão de olhos e ouvidos apurados ou dedos m ais sensíveis, m as de ter a m ente alerta a essas alterações. C om o os sinais físicos podem sofrer alterações com o tem po, o exam e fí sico deve ser repetido tantas vezes quantas a situação clínica exigir. Com o há exam es diagnósticos altam ente sensíveis, em especial as técnicas de obtenção de imagem, pode ser ten tad o r colocar m enos ênfase no exame físico. Na verdade, m uitos pacientes são atendidos pela prim eira vez após um a série de exam es diagnósticos já ter sido realizada e depois que os resultados já são conhecidos. Esse fato não pode im pedir o m édico de fazer um exam e físico com pleto, pois há achados clínicos que frequentem ente estão presentes e “escaparam ” aos exam es diagnósticos anteriores ao exam e físico. O ato de exam i nar (tocar) o paciente tam bém oferece um a oportu n id ad e para co m unicação e pode ter efeitos confortadores que alim entam a relação m édico-paciente.
■ PRINCÍPIOS DA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE Medicina baseada em evidências
Diretrizes clínicas Organizações profissionais e órgãos governam entais estão desenvol vendo diretrizes form ais para a prática clínica, na tentativa de ajudar os m édicos e outros profissionais de saúde a tom ar decisões d iagnos ticas e terapêuticas que sejam baseadas em evidências, tenham boa relação custo-benefício e sejam m ais apropriadas para um paciente e um a situação clínica em particular. À m edida que o conjunto de evidências da m edicina aum enta, as diretrizes p odem constituir um a estrutura útil para o tratam en to dos pacientes que apresentam d e term inados diagnósticos ou sintom as. As diretrizes podem proteger os pacientes - principalm ente os que não têm acesso adequado aos serviços de saúde - evitando que recebam um a assistência abaixo dos padrões ideais. T am bém podem proteger os profissionais conscientes de acusações indevidas de erro m édico; e po d em proteger a socie dade dos custos excessivos associados ao uso abusivo dos recursos m édicos. E ntretanto, há lim itações associadas às diretrizes clínicas, pois elas tendem a sim plificar excessivam ente as com plexidades da m edicina. Além disso, grupos com perspectivas diferentes podem desenvolver recom endações divergentes com relação a questões b á sicas com o a necessidade de se realizar triagem m am ográfica das m ulheres po r volta dos 40 anos ou ensaio do antígeno prostático es pecífico do soro de h om ens de m ais de 50 anos de idade. Por fim, as diretrizes não levam em conta - e não se espera que o façam —, as especificidades de cada pessoa e da sua doença. O desafio para o m édico é in co rp o rar à sua prática clínica as recom endações úteis oferecidas p or especialistas, sem aceitá-las às cegas ou ficar excessi vam ente constrangido p or elas.
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Tomada de decisão clínica
Introdução à Medicina Clínica
A tom ada de decisão clínica é um a responsabilidade im p o rtan te do m édico e ocorre em cada estágio do processo de diagnóstico e tratam ento. Envolve a solicitação de exam es adicionais, pedidos de pareceres e decisões acerca do prognóstico e do tratam ento. Esse p ro cesso requer conhecim entos profundos da fisiopatologia e da história natural das doenças. C onform e já descrevem os, a tom ada de deci são clínica deve basear-se em evidências, de m odo que os pacientes alcancem o benefício pleno do conhecim ento científico disponível para os médicos. A form ulação do diagnóstico diferencial requer não apenas conhecim ento amplo, m as tam bém a capacidade de avaliar as probabilidades relativas das diversas doenças. A aplicação do m étodo científico, incluindo a form ação de hipótese e a coleta de dados, é essencial no processo de aceitação ou rejeição de um d eterm inado diagnóstico. A análise do diagnóstico diferencial é um processo iterativo. À m edida que novas inform ações ou resultados laboratoriais são obtidos, o grupo dos processos de doenças que devem ser considera dos p ode ser reduzido ou am pliado de m aneira apropriada. A despeito da im portância da m edicina baseada em evidências, boa parte da tom ada de decisões m édicas baseia-se em um bom dis cernim ento clínico - processo que é difícil de quantificar ou m esm o de avaliar em term os qualitativos. Os m édicos devem recorrer ao seu conhecim ento e à sua experiência para p o n d erar os fatores conheci dos juntam ente com as incertezas inevitáveis e a necessidade de usar um julgam ento fundam entado; essa síntese da inform ação é p a rticu larm ente im portante quando não há bases de evidências disponíveis. Diversos instrum entos quantitativos podem ser valiosos para a sín tese das inform ações disponíveis, tais com o exames de diagnóstico, o teorem a de Bayes e os m odelos estatísticos m ultivariados. Os exames diagnósticos servem para reduzir a incerteza em torno de um diag nóstico ou prognóstico em um dado indivíduo e ajudam o m édico a decidir o m elhor tratam ento para o problem a em questão. A bateria de exames diagnósticos com plem enta a anam nese e o exam e físico. A precisão de um determ inado exam e é averiguada d eterm inando-se a sua sensibilidade (taxa de verdadeiros positivos) e a sua especifici dade (taxa de verdadeiros negativos), além do valor preditivo de um resultado positivo e negativo. O teorema de Bayes utiliza inform ações sobre a sensibilidade e a especificidade de um exame, bem com o a probabilidade pré-exam e de um diagnóstico, para definir m atem a ticam ente a probabilidade pós-exam e do diagnóstico. Problem as clínicos m ais complexos podem ser analisados p o r m eio de modelos estatísticos multivariáveis, que em geral fornecem inform ações alta m ente precisas até m esm o quando vários fatores estão atuando de m aneira individual ou conjunta para afetar o risco de um a doença, a evolução desta, ou a resposta ao tratam ento. E studos que com pa raram o desem penho de m odelos estatísticos com o desem penho de clínicos experientes docum entaram precisão equivalente, porém os m odelos tendem a ser m ais consistentes. Assim, os m odelos estatísti cos m ultivariados podem ser especialm ente úteis para clínicos m enos experientes. Ver o Cap. 3 p a ra um a discussão m ais com pleta sobre a to m a d a de decisões em m edicina clínica.
Prontuários eletrônicos A confiança cada vez m aior nos com putadores e a força da tecnologia da inform ação estão desem penhando u m papel cada vez m ais im por tante na m edicina. Os dados laboratoriais são obtidos quase univer salm ente p or m eio de com putadores. M uitos centros m édicos atuais dispõem de prontuários eletrônicos, prescrições com putadorizadas e distribuição de m edicam entos p o r código de barras. A lguns des ses sistem as são interativos e oferecem lem bretes ou alertas de erros m édicos potenciais. De m uitas m aneiras, o sistem a de cuidados de saúde está deixando para trás outras indústrias na adoção de tecnolo gia de informação. Os prontuários eletrônicos apresentam potencial extraordinário para fornecer acesso rápido a inform ações clínicas, estudos de imagem, resultados laboratoriais e m edicam entos. Esse tipo de inform ação tem valor inestim ável para os contínuos esforços para aum entar a qualidade e m elhorar a segurança do paciente. Em condições ideais, os prontuários do paciente devem ser facilm ente transferidos por m eio do sistem a de saúde, fornecendo acesso co n
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fiável a dados e inform ações relevantes da anam nese. E ntretanto, as lim itações da tecnologia e preocupações com a privacidade e o cus to continuam a lim itar a utilização em larga escala dos prontuários eletrônicos na m aioria dos locais de atendim ento. Deve-se tam bém enfatizar que a tecnologia da inform ação é m eram ente um a ferra m enta e nunca pode substituir as decisões clínicas que são m ais bem tom adas pelo m édico. C om relação a isto, o conhecim ento clínico e a com preensão das necessidades do paciente, com plem entados por instrum entos quantitativos, ainda parecem ser o m elhor m étodo de se tom ar decisões na prática da m edicina.
Avaliação de resultados Os clínicos geralm ente adotam parâm etros objetivos e facilm ente m ensuráveis para avaliar o resultado de um a intervenção terapêutica. Por exemplo, os achados do exam e físico ou um exame laboratorial - tais com o o valor da pressão arterial, a perviedade de um a artéria coronária à angiografia ou o tam anho de um a m assa em um exame radiológico - fornecem inform ações im portantíssim as. C ontudo, os pacientes geralm ente buscam auxílio p o r m otivos subjetivos, ou seja, desejam obter alívio da dor, preservar ou recuperar um a função e desfrutar a vida. Os com ponentes do estado de saúde ou da qualidade de vida do paciente incluem conforto físico, capacidade de realizar atividades físicas, funções pessoal e profissional, atividade sexual, função cognitiva e sensação geral de saúde. C ada um a dessas áreas im portantes pode ser avaliada por entrevistas estruturadas ou ques tionários especialm ente desenvolvidos. Essas avaliações tam bém for necem parâm etros úteis, pelos quais o m édico pode aquilatar a com preensão subjetiva do paciente acerca da sua lim itação e a resposta ao tratam ento, sobretudo em enferm idades crônicas. A prática da m e dicina deve considerar e integrar os resultados objetivos e subjetivos.
Saúde e doença da mulher Em bora estudos epidem iológicos e experim entos clínicos pregressos tenham predom inantem ente enfocado os hom ens, estudos mais re centes incluíram mais m ulheres, e alguns, com o o W om ens H ealth Initiative, abordaram exclusivam ente as questões de saúde da mulher. Existem diferenças significativas entre os sexos nas doenças que afli gem tanto hom ens com o m ulheres. A inda há m uito a aprender nessa área, e estudos em andam ento devem au m en tar a com preensão dos m édicos sobre os m ecanism os de diferenças de sexo no curso e no desfecho de determ inadas doenças. Ver o Cap. 6 para u m a discussão m ais com pleta sobre a saúde da m ulher.
Assistência ao paciente idoso A proporção relativa de indivíduos idosos nas populações de nações desenvolvidas tem crescido consideravelm ente nas últim as décadas e continuará a crescer. Nesse aspecto, a prática da m edicina continuará sendo bastante influenciada pelas necessidades de assistência médica dessa crescente população idosa. O m édico precisa com preender e avaliar o declínio da reserva fisiológica associado ao envelhecimento, a dim inuição das respostas dos idosos às vacinações, tais com o aque las contra a gripe, as diferentes respostas do idoso às doenças com uns e os distúrbios que com um ente ocorrem nessa população, com o de pressão, dem ência, fragilidade, incontinência urinária e fraturas. Ver Parte 5, Caps. 70,71 e 72.
Erro médico Um relatório do Institute o f M edicine propôs um a m eta ambiciosa de reduzir as taxas de erro m édico e au m en tar a segurança dos pacien tes com a criação e im plem entação de m udanças fundam entais nos sistem as de assistência m édica. Reações m edicam entosas adversas ocorrem em pelo m enos 5% dos pacientes hospitalizados, e a inci dência aum enta com o uso de um grande núm ero de fármacos. Seja qual for a situação clínica, é responsabilidade do m édico em pregar as m edidas terapêuticas com sabedoria, p o nderando sua ação bené fica, os perigos potenciais e o custo. T am bém é responsabilidade dos hospitais e das organizações de assistência m édica criar sistemas que reduzam o risco e garantam a segurança dos pacientes. Os erros de m edicação podem ser reduzidos p o r m eio de sistem as de prescrição
que elim inem equívocos de leitura ou escrita. A im plem entação de sistemas de controle de infecções, a adoção de protocolos de lavagem das m ãos e a supervisão cuidadosa do uso de antibióticos podem re duzir ao m ínim o as complicações de infecções hospitalares.
0 papel do médico no consentimento informado do paciente
Abordagem aos prognósticos sombrios e da morte N enhum problem a é m ais angustiante do que o diagnóstico de um a doença incurável, principalm ente quando a m orte prem atura for ine vitável. O que deve ser dito ao paciente e seus familiares? Q ue m edi das devem ser tom adas para se m anter a vida? O que pode ser feito para preservar a qualidade de vida? E m bora se possa argum entar em contrário, não há um a regra inflexível determ inando que o paciente deve saber “tudo” im ediata m ente, m esm o que seja um adulto com responsabilidades familiares significativas. Entretanto, a abertura e a honestidade com o pacien te são obrigatórias. Um paciente tem de saber o curso esperado da doença para fazer planos e preparações adequadas. O paciente deve participar da tom ada de decisão com um a com preensão dos objeti vos do tratam ento (cura ou paliação), os efeitos da doença e os p ro váveis efeitos do tratam ento. O m édico sensato e perspicaz geralm en te se orienta pela percepção do que e em que m om ento o paciente deseja saber. As crenças religiosas do paciente tam bém podem ser consideradas. O indivíduo precisa ter a o p o rtu n id ad e de conversar com o m édico e fazer perguntas. O paciente pode achar m ais fácil com partilhar seus sentim entos sobre a m orte com seu m édico, que provavelm ente é m ais objetivo e m enos em otivo do que os familiares. C om o disse W illiam Osler, “um a coisa é certa: não cabe ao m édico a tarefa de vestir a toga negra e, assum indo a função de juiz, aniquilar a esperança de nenhum paciente”. M esm o quando o paciente pergunta diretam ente “Estou m orrendo?”, o m édico deve tentar determ inar se isso é um pedido de inform ação ou de tranquilização. Só a com unica ção sincera entre m édico e paciente p ode sanar essa dúvida e orientar o profissional sobre o que e com o dizer. O m édico deve oferecer ou providenciar apoio em ocional, físico e espiritual e ser compassivo, tranqüilo e franco. H á m uito a ganhar com a tom ada de m edidas concretas. A dor deve ser adequadam ente controlada, a dignidade hum ana deve ser preservada e o isolam en to da fam ília e dos amigos íntim os deve ser evitado. Esses aspectos da assistência tendem a ser m enosprezados nos hospitais, nos quais a interferência dos aparelhos utilizados para su sten tar a vida pode distrair as atenções que deveriam estar voltadas para o indivíduo com o um todo e acabar concentrando as atenções na doença p o ten cialm ente fatal, em um a batalha que será perdida de qualquer m odo. D iante de um a doença term inal, o objetivo da m edicina deve passar de curar para cuidar, no sentido m ais am plo do term o. P rim um succurrere, prim eiram ente apressar-se para fornecer ajuda, é um p rin
■ A RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE A importância da estreita relação pessoal entre médico e paciente não pode ser enfatizada de maneira m uito forte, pois em um núm e ro extraordinariamente grande de casos tanto o diagnóstico quanto o tratamento dependem diretam ente dela. Uma das qualidades es senciais do médico é o interesse pelo ser humano, pois o segredo da assistência ao paciente está em cuidar dele.
Prática da Medicina
Os princípios fundam entais da ética m édica requerem que os m é dicos atuem de acordo com o m elhor interesse do paciente e respei tem a autonom ia dele. Isto é p articularm ente relevante na questão do consentim ento inform ado. A m aioria dos pacientes tem conhe cim ento m édico lim itado e depende das recom endações de seus m é dicos. Os m édicos precisam respeitar a autonom ia de seus pacientes, descrevendo totalm ente as alternativas de assistência e os riscos, os benefícios e as prováveis conseqüências de cada alternativa. Deve-se ter um cuidado especial para assegurar que um m édico que busca o consentim ento inform ado do paciente não tenha um conflito de interesse real ou aparente envolvendo ganho pessoal. Solicita-se que os pacientes assinem um form ulário de consenti m ento para essencialm ente qualquer procedim ento diagnóstico ou terapêutico. Nesses casos, é especialm ente im portante que o paciente entenda com clareza os riscos e os benefícios desses p ro ced im en tos; esta é a definição de consentimento informado. Ao m édico cabe a responsabilidade de explicar os procedim entos de m aneira clara e com preensível e certificar-se de que o paciente entende a natureza da intervenção e os riscos e benefícios a eles associados. O m edo do desconhecido, que é inerente à hospitalização, pode ser atenuado p o r essas explicações.
cípio norteador. Q uando estiver atendendo um paciente term inal, o m édico deve estar preparado para fornecer inform ações aos fam ilia res e para lidar com o sofrim ento deles e, às vezes, o sentim ento de culpa que eles têm. É im portante que o m édico tranqüilize a família de que foi feito o possível. Ver o Cap. 9 p a ra u m a discussão m ais com pleta sobre c u idado term inal.
— Francis W. Peabody, 1881-1927 Os m édicos jam ais devem esquecer que os pacientes são seres hum anos, são seres individuais, com problem as que quase sem pre transcendem suas queixas físicas. Os pacientes não são “casos” ou “adm issões” ou “doenças”. Os pacientes não fazem os tratam entos falharem ; os tratam e n to s falham em beneficiar os pacientes. Esse aspecto é p a rticu larm en te im p o rta n te nesta era de alta tecnologia na m edicina clínica. A m aioria dos pacientes é ansiosa e tem medos. Os m édicos devem in sp irar confiança e devem confortar, e nunca ser arrogantes. U m a atitude profissional, aliada ao calor h um ano e à franqueza, pode fazer m uito para aliviar a ansiedade e incentivar os pacientes a partilharem todos os aspectos de sua história clínica. Em patia e com paixão são as características essenciais de um m édico atencioso. Seja qual for a atitude do paciente, o m édico precisa con siderar a situação em que a doença ocorre - em term os não apenas do paciente em si, m as tam b é m de seus am bientes familiar, social e cultural. A relação m édico-paciente ideal baseia-se no conheci m ento com pleto do paciente, n a confiança m ú tu a e na capacidade de com unicação.
Dicotomia da medicina interna na internação e no ambiente ambulatorial O am biente h ospitalar m u d o u radicalm ente nas últim as décadas. Hoje, os setores de em ergência e as unidades de cuidados intensivos desenvolveram -se a p onto de identificar e tratar os pacientes critica m ente doentes, possibilitando a eles sobreviver a doenças antigam en te fatais. H á um a pressão crescente para se reduzir o tem po de estada no hospital e tratar distúrbios complexos em am bulatório. Essa tra n sição foi conduzida não apenas pelos esforços para reduzir os custos, m as tam bém pela disponibilidade de novas tecnologias no am bulató rio, tais com o cateteres de obtenção de im agem e cateteres percutâneos p ara infusão de antibióticos ou para nutrição de longo prazo, p ro cedim entos cirúrgicos m inim am ente invasivos e evidências de que os resultados frequentem ente m elhoram q uando se m inim iza a hospita lização do paciente internado. Os hospitais atualm ente consistem em m últiplos níveis distintos de cuidado, tais com o setor de emergência, salas de procedim entos, unidades de observação noturna, unidades de cuidados intensivos e unidades de cuidados paliativos, além dos leitos clínicos tradicionais. U m a conseqüência dessa diferenciação tem sido o surgim ento de novas especialidades, tais com o a m ed i cina de em ergência, intensivistas, hospitalistas e o cuidado term inal. Além disso, esses sistem as frequentem ente envolvem “transferências” do am biente am bulatorial para o am biente de internação, da unidade de cuidados intensivos para o an d ar de m edicina geral e do hospi tal para o am bulatório. O bviam ente, um dos im portantes desafios da m edicina in tern a é m an ter a continuidade do cuidado e o fluxo das inform ações du ran te as transições, que am eaçam a tradicional relação interpessoal entre o m édico e o paciente. No am biente atual, equipes de m édicos, especialistas e outros profissionais de saúde fre quentem ente substituem a interação pessoal entre m édico e paciente. O paciente pode beneficiar-se bastante da colaboração efetiva entre alguns profissionais de saúde; contudo, é dever do médico principal ou prim ário (o que fe z o prim eiro atendim ento) do paciente fornecer orientação coesa durante um a doença. Para vencer esse desafio, o
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m édico prim ário tem de estar fam iliarizado com as técnicas, as habilidades e os o bjeti vos dos m édicos especialistas e profissionais de saúde associados. O m édico prim ário tem de assegurar que o paciente será beneficiado pelos avanços científicos e pela qualificação dos especialistas quando estes são necessá rios, em bora detenha a responsabilidade das principais decisões relativas ao diagnóstico e ao tratam ento.
Introdução à Medicina Clínica
Avaliação da experiência do paciente no hospital Para a m aio ria dos indivíduos, o h o sp ital é u m am biente in tim id ad o r. O s p acientes hospitalizados veem -se cercados de jatos de ar, botões e luzes reluzentes; invadidos p o r tu b o s e fios; e im p o rtu n a d o s p o r inúm eros m em b ro s da equipe de assistência m édica - enferm eiros, auxiliares de enferm agem , auxiliares de m édicos, assistentes sociais, Figura 1.1 Uma típica cerimônia do “jaleco branco” em uma faculdade de Medicina onde os alunos tecnólogos, fisio terap eu tas, e stu d an tes de são apresentados às responsabilidades da assistência ao paciente. (Fotografia cortesia de Suzanne Camarata m edicina, m édicos residentes, m édicos de Photography, com autorização.) a ten d im en to e consultores e m uitos outros. Eles p odem ser tran sp o rtad o s para lab o ra tó ao lidar com pacientes cuja cultura, cujo estilo de vida, cujas atitudes rios especiais e locais para realização de exa e valores diferem daqueles do m édico, são apenas algum as das ca m es p o r m eio de im agem repletos de luzes piscantes, sons estranhos racterísticas de um m édico hum anitário. Todo m édico será, m uitas e profissionais desconhecidos; p odem ser deixados desacom panha vezes, desafiado pelos pacientes que evocam respostas em ocionais dos p o r algum tem po; podem ser obrigados a dividir o q uarto com fortem ente negativas ou positivas. Os m édicos devem estar alertas a o utros pacientes que já têm seus pró p rio s problem as. N ão ad m ira suas próprias reações com esses pacientes e situações e devem m oni que os pacientes possam perder seu senso de realidade. Os m édicos to rar e controlar de m aneira conscienciosa seu com portam ento, de que conseguem avaliar a experiência no hospital a p a rtir da p e rs m odo que o m aior interesse do paciente continue sendo a principal pectiva do paciente e fazem um esforço p ara desenvolver um a forte m otivação para suas ações em todos os m om entos. relação pessoal com ele, p o r m eio da qual são capazes de orientá-lo Um aspecto im p o rtan te do cuidado do paciente envolve um a d u ran te essa experiência, podem tran sfo rm a r um a situação estresavaliação da ‘qualidade de vida” do paciente, um a avaliação subjetiva sante em algo m ais tolerável. do que cada paciente valoriza m ais. Essa avaliação requer conheci m ento detalhado, às vezes íntim o do paciente, o que, em geral, só Tendências na prestação da assistência médica: um desafio para pode ser obtido p or meio de conversas ponderadas, sem pressa, e fre o médico humanitário quentem ente repetidas. As pressões de tem po sem pre am eaçam essas M uitas tendências na prestação de assistência m édica conduzem a interações, m as não devem dim inuir a im portância da com preensão um cuidado clínico im pessoal. Essas tendências, algum as das quais e da busca em atender as prioridades do paciente. já foram m encionadas, incluem ( 1) esforços vigorosos para reduzir os custos cada vez m ais altos da assistência m édica; (2) o núm ero ■ 0 MÉDICO DO SÉCULO XXI: A EXPANSÃO DAS FRONTEIRAS crescente de program as de assistência gerenciada, que têm a in te n A era da “ômica”: genômica, epigenômica, proteogenômica, ção de reduzir custos, m as nos quais o paciente p o d e ter poucas microbiômica, metagenômica, metabolômica opções de escolher u m m édico ou consultar esse m édico de m aneira constante; (3) confiança crescente em avanços tecnológicos e in fo r Na prim avera de 2003, foi anunciada a seqüência com pleta do genom atização para m uitos aspectos do diagnóstico e do tratam ento; (4) m a hum ano, dando-se início oficialm ente à era genômica. E ntretan necessidade de inúm eros m édicos envolvidos no cuidado da m aio to, m esm o antes dessa realização m arcante, a prática da m edicina h a ria dos pacientes que estão gravem ente doentes; e (5) aum ento do via se desenvolvido com o resultado de percepções obtidas a p artir de n ú m ero de ações judiciais p o r m á prática, algum as das quais são um a com preensão do genom a hum ano, assim com o dos genom as de justificáveis devido a erro m édico, m as outras refletem expectativa um a am pla variedade de m icróbios, cujas seqüências genéticas foram irreal p o r parte de m uitos pacientes de que a sua doença será curada se torn an d o am plam ente disponíveis com o resultado dos espetacu ou de que não haverá com plicações d u ran te o curso de doenças ou lares avanços das técnicas de sequenciam ento e da inform ática. Um procedim entos complexos. exemplo é a identificação rápida da influenza p o r H 1N 1 com o um a Em virtude dessas m udanças no sistem a de saúde, é um grande doença pandêm ica potencialm ente fatal e o desenvolvim ento rápido desafio para os m édicos m anter os aspectos hum anitários da assis e dissem inação de um a vacina protetora eficaz. Hoje, os perfis de ex tência m édica. O A m erican Board o f Internai M edicine, trabalhando pressão gênica estão sendo usados para orientar a terapia e inform ar juntam ente com o A m erican College o f Physicians - A m erican Soo prognóstico para inúm eras doenças; o uso de genotipagem está for ciety of Internai M edicine e European Federation o f Internai M edici necendo um novo m eio de avaliação do risco de determ inadas d oen ne, publicou um a Carta sobre o Profissionalismo Médico que ressalta ças, assim com o um a variação na resposta a inúm eros fármacos; e os três princípios m uito im portantes no contrato entre os m édicos e a m édicos estão com eçando a com preender m elhor o papel de deter sociedade: ( 1) a prim azia do b em -estar do paciente (2) autonom ia m inados genes na causalidade de determ inadas condições com uns, do paciente, e (3) justiça social. As faculdades de m edicina adequa tais com o obesidade e alergias. Apesar desses avanços, os cientistas dam ente enfatizam , de m aneira substancial, o profissionalism o do ainda estão engatinhando no que diz respeito à com preensão e utili m édico (Fig. 1.1). As qualidades hum anísticas de um m édico têm de zação de com plexidades da genôm ica no diagnóstico, na prevenção englobar integridade, respeito e compaixão. A disponibilidade, a ex e no tratam ento de doenças. A tarefa dos m édicos é com plicada pelo pressão da preocupação sincera, a vontade de dedicar um tem po para fato de que os fenótipos em geral são determ inados não pelos genes explicar todos os aspectos da doença e um a atitude sem julgam ento isoladam ente, m as pela interação de fatores genéticos e am bientais. 6
A globalização da medicina Os m édicos devem ser conhecedores das doenças e dos serviços de saúde além do local em que trabalham . As via gens internacionais têm im plicações na dissem inação de doenças e não é incom um que doenças endêm icas em d e te rm in a das regiões sejam observadas em outras regiões após um paciente ter viajado para esses locais e retornado. Os pacientes têm m ais acesso a especialidades exclusivas ou experim entos clínicos em centros m é dicos distantes e o custo da viagem po d e ser com pensado pela q u a lidade da assistência nesses locais distantes. Assim com o qualquer outro fator que influencia aspectos globais da m edicina, a Internet transform ou a transferência de inform ações clínicas em todo o m u n do. Essa m udança vem acom panhada da transferência de habilidades tecnológicas por m eio da telem edicina e consultas internacionais so
bre im agens radiológicas e am ostras patológicas. Ver o Cap. 2 p a ra u m a d iscussão com pleta das questões m undiais.
Medicina na Internet De m odo geral, a In tern e t teve um efeito m uito positivo na prática da m edicina; um a am pla variedade de inform ações está disponível, quase instantaneam ente, para m édicos e pacientes pelo com putador pessoal, a qualquer m o m en to e de q ualquer lugar do m undo. Esse m eio de com unicação abarca um e norm e potencial para distribuição de inform ações atuais, diretrizes de prática, conferências sobre as suntos atualíssim os, conteúdos de periódicos, livros (incluindo este texto) e com unicações diretas com outros m édicos e especialistas, expandindo a profu n d id ad e e a am plitude das inform ações d isp o níveis para o m édico sobre o diagnóstico e cuidado dos pacientes. Os periódicos m édicos atualm ente são acessíveis online, oferecendo fontes rápidas de novas inform ações. Esse m eio tam bém serve para reduzir a lacuna de inform ações percebida pelos m édicos e presta dores de serviços de saúde em áreas rem otas do m undo, trazendo-as para u m contato direto e o p o rtu n o com os últim os progressos da assistência m édica. Os pacientes tam bém estão se voltando para a In ternet em n ú m ero cada vez maior, a fim de a dquirir inform ações sobre sua doença e terapias e para p articipar de grupos de apoio. Os m édicos, cada vez m ais, deparam -se com a possibilidade de lidar com pacientes que chegam com inform ações sofisticadas sobre suas doenças. Com rela ção a isso, o m édico se vê desafiado de m aneira positiva a se m anter atualizado sobre as últim as inform ações relevantes e servir com o um “editor” para os pacientes na m edida em que eles navegam p or essas fontes de inform ação aparentem ente interm ináveis, cuja acurácia e validade não são uniform es. Um problem a bastante im portante é que quase tudo pode ser p u blicado na Internet, o que facilita a fraude no processo de revisão p or pares, processo essencial nas publicações acadêm icas. Os m édicos ou pacientes que entram na In ternet em busca de inform ações m édicas devem estar cientes desse risco. Apesar dessa lim itação, o uso apro priado da Internet está revolucionando o acesso às inform ações pelos m édicos e pacientes e, nesse aspecto, é um grande benefício que não estava disponível para os prim eiros profissionais.
Prática da Medicina
N a verdade, os pesquisadores apenas com eçaram um a investigação superficial das possibilidades que a era da genôm ica fornecerá à p rá tica da m edicina. Tam bém tem havido um rápido progresso em outras áreas da m edicina m olecular. A epigenôm ica é o estudo de alterações nas proteínas da crom atina e histona e m etilação de seqüências de DNA que influenciam a expressão gênica. As alterações epigenéticas estão associadas a inúm eros cânceres e outras doenças. O estudo de todo a biblioteca de proteínas produzidas em um a célula ou órgão e sua re lação com a doença é cham ada proteôm ica. A proteôm ica atualm ente é reconhecida com o m uito mais complexa do que era originalm ente considerada, aum entando o repertório dos 30.000 genes no genom a h um ano p or entrelaçam ento alternativo e processam ento pós-translacional, bem com o p or um núm ero crescente de m odificações pós-translacionais, m uitos deles com conseqüências funcionais exclusi vas. A presença ou ausência de proteínas específicas na circulação ou em células está sendo explorada para fins de diagnóstico e rastreio de doenças. A microbiômica é o estudo da flora bacteriana de um a pes soa. Pesquisas interessantes sugerem que a com posição da flora do colo pode desem penhar um papel na obesidade e em outras doenças. M etagenômica, da qual a microbiômica é u m a parte, é o estudo do genom a de espécies am bientais que têm o potencial de influenciar a biologia hum ana direta ou indiretam ente. Um exem plo é o estudo da exposição a m icroorganism os em am bientes de fazenda que poderia ser responsável pela m enor incidência de asm a entre crianças criadas em fazendas. A metabolômica é o estudo da gam a de m etabólitos nas células ou órgãos e as m aneiras com o são alterados em estados de doenças. O próprio processo de envelhecim ento pode deixar pegadas m etabólicas reveladoras que possibilitam a previsão (e possivelm ente a prevenção) de disfunção e doença. Parece provável que os padrões associados à doença serão p ro cu rad o s em lipídios, carboidratos, m em branas, m itocôndrias e outros com ponentes vitais das células e tecidos. Toda essa inform ação representa um desafio para a aborda gem reducionista tradicional ao pensam ento clínico. A variabilidade dos resultados em diferentes pacientes, juntam ente com o grande n ú m ero de variáveis que podem ser avaliadas, cria dificuldades na iden tificação de doenças pré-clínicas e definição dos estados de doença de m aneira inequívoca. Assim, as ferram entas da biologia de siste mas estão sendo aplicadas às inúm eras inform ações agora obtidas de cada paciente e pode fornecer novas abordagens para classificar as doenças. Para um a discussão m ais com pleta de u m a abordagem de sistem as com plexos a doenças h um anas, v er Cap. e l9 . A rapidez desses avanços pode parecer devastadora para a p rá tica do m édico. E ntretanto, ele tem um papel im p o rtan te a desem p e n h ar p ara assegurar que essas poderosas tecnologias e fontes de novas inform ações sejam aplicadas com sensibilidade e inteligência para o paciente. C om o a “ôm ica” é u m cam po de desenvolvim ento m uito rápido, os m édicos e outros profissionais de saúde têm de con tinuar a estudar a fim de que possam aplicar esse novo conhecim ento em benefício da saúde e do b em -estar de seus pacientes. O exam e genético requer aconselham ento sensato baseado na com preensão do valor e das lim itações dos exames, assim com o as im plicações de seus resultados para indivíduos específicos. Ver o Cap. 63 p a ra um a discussão m ais com pleta sobre o exam e genético.
Expectativas do público e responsabilidade O nível de conhecim ento e sofisticação com relação às questões de saúde por parte do público em geral tem aum entado rapidam ente nas últim as décadas. C om o resultado, suas expectativas para com o sis tem a m édico em geral e com os m édicos em particular aum entam . O público espera que os m édicos tenham a proficiência em seus cam pos, que estão em rápida evolução (a ciência da m edicina), e ao m es m o tem po considerem as necessidades específicas dos seus pacientes (a arte da m edicina). Assim, os m édicos são responsáveis não apenas pelos aspectos técnicos da assistência que prestam , m as tam bém pela satisfação dos seus pacientes com o serviço prestado e com os custos da assistência. Em m uitas partes do m undo, crescem as dem andas para que os m édicos justifiquem a m aneira com o praticam a m edicina, atenden do a certos padrões estabelecidos pelos governos federal e locais. A hospitalização dos pacientes cujos custos de assistência m édica são reem bolsados pelo governo e outros terceiros está sujeita a audito ria. Assim, o m édico vê-se obrigado a justificar a causa e a duração da internação de um paciente, caso esta fuja a certos padrões “m é dios”. A autorização para reem bolso baseia-se cada vez mais na do cu m entação da natureza e da com plexidade da doença, refletida pelos elem entos da anam nese e do exam e físico docum entados. Cada vez mais, cresce o m ovim ento pelo “pagam ento p o r desem penho”, que procura vincular o reem bolso à qualidade da assistência. O propósito desse m ovim ento é m elhorar os padrões da assistência m édica e con ter os custos explosivos da assistência médica. Tam bém se espera que os m édicos forneçam com provação da sua com petência, p or m eio de educação m édica continuada, que é obrigatória, revisão de p ro n tuários dos pacientes, m anutenção da certificação ou renovação da habilitação para exercer a profissão.
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Ética médica e novas tecnologias
Introdução à Medicina Clínica
O rápido andam ento dos avanços da tecnologia tem profundas im plicações para as aplicações clínicas que vão além de seus papéis tra dicionais de evitar, tratar e curar doenças. A clonagem , a engenharia genética, a terapia gênica, as interfaces hom em -com putador, a nanotecnologia e as drogas sintéticas têm o potencial de m odificar a predisposição herdada de desenvolver certas doenças, selecionar ca racterísticas desejadas em em briões, aum entar o desem penho “n o r m al”, substituir tecidos com defeitos e prolongar consideravelm ente o tem po de vida. Em razão de seu treinam ento exclusivo, os m édicos têm a responsabilidade de ajudar a dar form a ao debate sobre os usos apropriados dessas novas técnicas e os lim ites que devem ser coloca dos a elas.
0 médico como eterno estudante D esde o m om ento em que os m édicos term in am a graduação em M edicina seus destinos com o m édicos serão de “eterno estudantes”, e o m osaico de seu conhecim ento e experiências n ão term inam nunca. Esse conceito p ode ser ao m esm o tem po estim ulante e angustiante. É estim ulante porque os m édicos continuarão a am pliar o conhecim en to, que pode ser aplicado em seus pacientes; é angustiante porque os m édicos percebem que nunca saberão tanto q uanto querem ou precisam saber. Na m elhor das hipóteses, os m édicos transform arão esse sentim ento de angústia em energia para continuar a aperfeiço ar e concretizar seu potencial com o m édicos. C om relação a isto, é responsabilidade do m édico buscar sem pre novos conhecim entos, lendo, participando de conferências e cursos, e consultando colegas e a Internet. M uitas vezes, essa é um a tarefa difícil para um tra b a lhador ocupado; contudo, esse com prom isso com a aprendizagem c ontínua é parte integrante da prática m édica e tem de ser colocado com o prioridade.
0 médico como cidadão Ser m édico é um privilégio. A capacidade de aplicar as habilidades de alguém para o benefício de seres hum anos é um a vocação nobre. A relação m édico-paciente é inerentem ente desequilibrada na distribui ção de poder. À luz da influência de um médico, ele deve estar sempre consciente do im pacto potencial daquilo que faz e fala e deve sem pre se esforçar para despir-se de preconceitos e preferências individuais para encontrar o que é m elhor para o paciente. Na m edida do possí vel, um médico tam bém deve tentar atuar dentro de sua com unidade para prom over a saúde e aliviar o sofrim ento. O cum prim ento dessas m etas começa por um exemplo saudável e continua em ações que p o dem ser adotadas para prestar cuidados necessários, m esm o quando a com pensação financeira pessoal pode não estar disponível. G.H.T. Kimble escreveu: “Já basta [uma pessoa] ser ignorante, pois isto a ex clui do com ércio de m entes [das pessoas]. É, talvez, pior que [pes soa] seja pobre, pois isso a condena a um a vida de passagem e intrigas onde não há tem po para os sonhos e nem trégua para o cansaço. Mas o que certam ente é pior é que um a [pessoa] fique doente, pois isso im pede que faça algum a coisa pela [sua] pobreza ou ignorância.” Uma m eta para a m edicina e seus praticantes é esforçar-se para fornecer os m eios pelos quais o pobre possa deixar de ficar doente.
Aprendizagem da medicina Passaram -se cerca de 100 anos desde a publicação do Relatório Flexner, um estudo original que transform ou a educação m édica e enfa tizou os fundam entos científicos da m edicina, bem com o a aquisição de habilidades clínicas. Em um a era de crescente inform ação e acesso à sim ulação m édica e de inform ática, m uitas escolas estão im plem en tando novos currículos que enfatizem a aprendizagem ao longo da vida e a aquisição de com petências no trabalho em equipe, habili dades de com unicação, prática baseada no sistem a e profissionalis mo. Essas e outras características do currículo da escola de m edicina fornecem a base para m uitos dos tem as destacados neste capítulo e espera-se que possibilitem aos m édicos a evolução da com petência para a proficiência e depois para a m estria com experiência e apren dizagem progressivas.
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Em um m om ento em que a quantidade de inform ação que se deve dom inar para exercer a m edicina continua a se expandir, pres sões cada vez m aiores tanto dentro com o fora da m edicina tem p ro duzido restrições rigorosas sobre a quan tid ad e de tem po que um m édico em form ação pode passar no hospital. C onsiderou-se que os benefícios associados à continuidade dos cuidados m édicos e obser vação do progresso do paciente ao longo do tem po foram ultrapassa dos pelas tensões de longas horas sobre os estagiários e os erros rela cionados à fadiga que eles com eteram ao cuidar dos pacientes. Assim, os m édicos em form ação tinham lim ites estabelecidos no núm ero de pacientes que podiam atender de um a vez, o n úm ero de novos p a cientes que poderiam avaliar em um dia e o n úm ero de horas que poderiam dispender no hospital. Em 1980, os residentes de m edicina trabalhavam no hospital mais de 90 horas p o r sem ana, em m édia. Em 1989, suas horas foram restritas a não m ais que 80 p or sem ana. As horas dos m édicos residentes dim in u íram ainda m ais em cerca de 10% entre 1996 e 2008, e em 2010, o A ccreditation C ouncil for G raduate M edicai Education (ACGM E) im pôs restrições sobre horas de serviço contínuas no hospital para os residentes do prim eiro ano (16 horas/turno). O im pacto dessas m udanças continua sendo ava liado, mas há poucas evidências de que os erros m édicos dim inuíram com o conseqüência. Um subproduto inevitável de m enos horas no trabalho é um aum ento no núm ero de “transferências” de responsa bilidade p or um paciente de um m édico para outro. Essas transferên cias m uitas vezes envolvem a transição de um m édico que conhece bem o paciente, tendo avaliado o paciente na adm issão, a um m édico que conhece o paciente m enos bem . É im perativo que se lide com essas transições de responsabilidade com cuidado e rigor com todas as inform ações relevantes trocadas e reconhecidas. A questão sobre a cobertura não se lim ita aos m édicos em treinam ento de graduação. O m édico que tem um a prática m édia trabalhou 54 horas p o r sem ana no período de 1996-1998 e 51 horas p o r sem ana em 2006-2008.
Pesquisa, ensino e prática da medicina O título doutor provém do latim docere, “ensinar”, e os m édicos de vem com partilhar inform ações e conhecim entos m édicos com seus colegas, com estudantes de m edicina e profissionais afins, bem com o com seus pacientes. A prática da m edicina depende da som a dos conhecim entos m édicos que, p o r sua vez, estão baseados em um a cadeia inin terru p ta de descobertas científicas, observações clínicas, análises e interpretações. Os avanços da m edicina dep en d em da aquisição de inform ações novas, p o r m eio da pesquisa, e a m elho ra da assistência m édica exige a dissem inação dessas inform ações. C om o parte das responsabilidades sociais m ais am plas, o m édico deve estim ular seus pacientes a participarem das pesquisas clínicas éticas e rigorosam ente aprovadas, caso não lhes acarretem riscos, desconforto ou inconvenientes inaceitáveis. N o entanto, os m édicos que participam de pesquisas clínicas devem estar atentos aos po ten ciais conflitos de interesses entre seus objetivos de pesquisa e suas obrigações com cada paciente; o m elhor interesse do paciente sempre deve ter prioridade. Roubar da natureza os segredos que desconcertaram filósofos de todos os tempos, vasculhar em suas fontes as causas das doenças, correlacionar os grandes reservatórios de conhecimento, para que es tejam facilm ente disponíveis para a prevenção e a cura das doenças - estas são as nossas ambições. — W illiam Osler, 1849-1919
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K in g h o r n
CAPÍ TULO
Questões Globais em Medicina Jim Yong Kim Paul Farmer Joseph Rhatigan POR QUE SAÚDE GLOBAL? Tem -se enfatizado que a saúde global não é um a disciplina, e sim, na verdade, um a coleção de problem as. U m grupo im p o rtan te de estudiosos definiu saúde global com o o estudo e a prática preocupa dos em m elhorar a saúde de todas as pessoas e em atingir igualdade na saúde em todo o m undo, com ênfase na abordagem de proble m as que são transnacionais. N enhum a revisão pode fazer m ais do que identificar os principais problem as enfrentados ao se aplicar a m edicina baseada em evidências em locais de pobreza extrem a ou além das fronteiras nacionais. Esse capítulo apresenta os principais organism os internacionais que abordam esses problem as, identifica as barreiras m ais significativas à m elhora da saúde de pessoas que até hoje, de um m odo geral, ainda não tiveram acesso a m edicam entos m o dernos e resum e os dados baseados na população relacionados com os problem as de saúde m ais com uns enfrentados pelas pessoas que vivem na pobreza. Exam inar problem as específicos — principal m ente a Aids (Cap. 189), m as tam bém a tuberculose (TB, Cap. 165), m alária (Cap. 210) e doenças essenciais não transm issíveis — ajuda a avivar as discussões sobre as barreiras à prevenção, diagnóstico e assistência, assim com o sobre os m eios de superá-las. Em seguida, o capítulo discute o papel dos sistem as de saúde e o problem a da “fuga de cérebros” nesses sistem as. Ele encerra com a discussão sobre a equidade da saúde global, recorrendo a noções de justiça social que já foram fundam entais na saúde pública internacional, m as que, nas últim as décadas, deixaram de ter atenção.
BREVE HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE GLOBAL A preocupação com a saúde além das fronteiras nacionais teve início há m uitos séculos, antecedendo a peste negra e outras pandem ias. A prim eira organização fundada explicitam ente para resolver os p ro blem as de saúde além -fronteiras foi o Pan A m erican Sanitary Bureau, que foi form ado p o r 11 países das A m éricas em 1902. O principal objetivo do que mais tarde iria se to rn ar a Pan A m erican Health Organization era o controle de doenças infecciosas nas Am éricas. Uma preocupação especial era a febre am arela, que conduzia um percurso fatal por m eio de grande parte das A m éricas do Sul e Central, tendo representado um a am eaça à construção do C anal do Panam á. Em 1948, as Nações U nidas form aram a p rim eira instituição de saúde verdadeiram ente global: a O rganização M undial da Saúde (OM S). Em 1958, sob a égide da OMS e em consonância com um foco de longa data sobre as doenças transm issíveis que atravessam fronteiras, os líderes na saúde global iniciaram o esforço que levou ao que alguns veem com o o m aior sucesso da saúde internacional: a erradicação da varíola. Os opositores foram surpreendidos quando a cam panha de erradicação da varíola, que envolveu funcionários de saúde p ú blica em todo o m undo, m ostrou-se bem -sucedida em 1979 durante a G uerra Fria. A influência da OMS d im inuiu du ran te a década de
1980. No início da década de 1990, m uitos observadores argum enta ram que, com seus recursos financeiros m uito superiores e relações estreitas, se desiguais, com os governos dos países pobres, o Banco M undial suplantou a OMS com o a m ais im portante instituição m ultilateral que trabalha na área da saúde. Um dos objetivos declarados do Banco M undial era ajudar os países pobres a identificar intervenções “custo-efetivas” dignas de apoio público internacional. Ao m esm o tem po, o Banco M undial incentivou m uitas dessas nações a reduzir os gastos públicos em saúde e educação com o parte de program as, de ajuste estrutural, desacreditados que foram im postos com o condição de acesso ao crédito e assistência p or m eio de instituições financeiras internacionais com o o Banco M undial e o Fundo M onetário Interna cional (FMI). Ao m esm o tem po, houve um ressurgim ento de m uitas doenças, incluindo a m alária, tripanossom íase, esquistossom ose, na África. Tuberculose, um a doença em inentem ente curável, perm ane ceu com o principal causa infecciosa de m orte de adultos do m undo. Meio m ilhão de m ulheres p o r ano m orreu no parto durante a últim a década do século XX, e algum as das m aiores instituições filantrópi cas ou de financiam ento do m u n d o concentraram -se na saúde global. A Aids, descrita pela p rim eira vez em 1981, precipitou um a m udança. Nos EUA, o advento desta doença infecciosa fatal recen tem ente descrita m arcou o auge de um a série de eventos que tro u xeram descrédito à g randiloqüência do “fechar os livros” sobre as doenças infecciosas. Na África, que surgiria com o o epicentro glo bal da pandem ia, a doença pelo H IV posteriorm ente enfraqueceu os program as de controle da TB, enquanto a m alária continuou a ceifar m uitas vidas, com o sem pre. No início do século XXI, as estim ativas são de que estas três doenças sozinhas tenham m atado 6 m ilhões de pessoas p or ano. Novas pesquisas, novas políticas e novos m ecanis m os de financiam ento foram exigidos. Na últim a década, surgiram im portantes instituições de saúde global m ultilaterais com o o Fundo Global para a luta contra a Aids, Tuberculose e M alária (GFATM) e o Program a C onjunto das Nações U nidas sobre H IV /A ids (UNAIDS); esforços bilaterais, com o o U.S. P residents E m ergency Plan for Aids Relief (PEPFAR) e organizações filantrópicas privadas com o a Bill & M elinda Gates Foundation. Já com seus 193 países m em bros e 147 escritórios, a OMS continua p roem inente em questões relacionadas com a dissem inação além -fronteira de doenças infecciosas e outras am eaças à saúde. C om as conseqüências da epidem ia de Síndrom e do D esconforto Respiratório A gudo grave (SDRA) de 2003 o Regu lam ento Sanitário Internacional — que fornece um fundam ento legal para a investigação direta da OMS de am pla variedade de problem as de saúde global, incluindo a influenza pandêm ica, em qualquer país-m em bro — foi fortalecido e colocado em vigor em m aio de 2007. M esm o quando aum entam a atenção e os recursos para os p ro blem as de saúde em países com poucos recursos, a ausência de coe rência dentro das instituições de saúde global e entre elas pode m inar seriam ente os esforços para p roduzir u m a resposta m ais abrangente e eficaz. A OMS infelizm ente ainda está carente de recursos, apesar da necessidade sem pre crescente de envolver-se em um a faixa mais am pla e com plexa de questões de saúde. Em outro caso de im pac to paradoxal do sucesso, o rápido crescim ento da Gates Foundation, em bora obviam ente um dos m ais im portantes avanços na história da saúde global, levou outras fundações a questionar o fato de conti nuar a investir seus recursos m ais m odestos neste cam po. Podem os, na verdade, estar vivendo o que cham am os de a “era de ouro da saúde global”, m as os líderes das principais organizações, com o a OMS, a Fundo Global, o F undo das N ações U nidas para a Infância (U N ICEF), UNAIDS, PEPFAR e a G ates Foundation, têm de trabalhar
Questões Globais em Medicina
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DO et al: Trends in the hours of physicians in the United States. JAMA 303:747,2010 S t r a u s SE et al: Teaching evidence-based medicine skills can change practice in a community hospital. J Gen Intern Med 20:340, 2005
St a ig e r
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juntos para projetar um a arquitetura efetiva que aproveite as extraordinárias o p o rtu n i dades que hoje existem . C om este fim, n o vos e antigos participantes da saúde global têm de investir pesadam ente na descoberta (ciência básica relevante), no desenvolvi m ento de novas ferram entas (preventivas, diagnosticas e terapêuticas) e na distribuição para assegurar um a provisão igualitária de produtos e serviços de saúde para todos que deles precisam.
Introdução à Medicina Clínica
A ECONOMIA DA SAUDE GLOBAL
A lta re n d a A fric a A m é ric a s M e d ite rrâ n e o o rie n ta l E u ro p a S u d e s te a s iá tic o
Grupo I: D oenças transm issíveis, m aternas, p e rin a ta is e nutricionais Grupo II: D oenças não transm issíveis Grupo III: Lesões
P a c ífic o o c id e n ta l
As preocupações políticas e econôm icas fre 600 0 100 200 300 400 500 quentem ente têm guiado as intervenções de D ALY p o r 1.000 p e s s o a s d a p o p u la ç ã o saúde global. C om o m encionado a n te rio r m ente, as tentativas iniciais de con tro lar a Figura 2.1 Carga da doença, por causa am pla e região, 2004. [Fonte: Organização Mundial de Saúde. febre am arela foram vinculadas ao térm ino Reproduzida com autorização (http://www. who.int/healthinfo/global_burden_disease/GBD_report_2004update_ full.pdf; acesso em 10 jan., 2010)]. do C anal do Panam á. E n tretanto, a exata natureza da ligação entre econom ia e saú de continua sendo um a questão para debate. A lguns econom istas im pacto de condições específicas em um a população. Todavia, m es e dem ógrafos argum entam que a m elh o ra do estado de saúde das mo em 2004, apenas 112 das 192 nações pesquisadas apresentaram populações deve com eçar com o desenvolvim ento econôm ico; o u inform ações confiáveis sobre as causas de m ortes dentro de suas p ró tros asseguram que a saúde precária é o ponto inicial para o desen prias fronteiras. E essencial expandir os esforços para coletar os d a volvim ento nos países pobres. Em um ou outro caso, o investim ento dos m ais básicos de saúde; esta tarefa recai sobre a OMS, os governos nos cuidados de saúde, e especialm ente no controle das doenças nacionais e determ inadas instituições acadêm icas. A ausência de d a transm issíveis, deve levar a aum ento da produtividade. A questão é dos com pletos levou a considerável incerteza nas estim ativas de m o r onde en contrar os recursos necessários para iniciar o previsto “cír talidade geral. O nível de incerteza varia de apenas ± 1% para esti culo virtuoso”. mativas de m ortalidade p o r todas as causas nos países desenvolvidos Desde 1999, com o incentivo da liderança da Gates Foundation e até ± 20% para m ortalidade p o r todas as causas na Região Africana o crescente interesse em abordar novos e persistentes desafios com o da OMS. O nível de incerteza nas estim ativas de prevalência regional a Aids, os gastos com saúde nos países pobres aum entaram , tendo varia de ± 10% a ± 90%, com um valor m édio de ± 41%. C ontudo, sido destinados m ais de 80 bilhões de dólares novos recursos para com o os m étodos analíticos e a qualidade dos dados m elhoraram , as a descoberta e desenvolvim ento de fárm acos e diagnósticos d ire tendências im portantes podem ser identificadas em um a com para cionados às doenças dos pobres; para respostas abrangentes à Aids, ção das estim ativas de C G D de 1990 a 2004. TB e epidem ia de malária; para o desenvolvim ento e distribuição de Dos 58,8 m ilhões de m o rtes em todo o m u n d o em 2004, 30% vacinas; e m esm o para a m elhoria dos m étodos de coleta de dados foram causadas p o r doenças transm issíveis, condições m aternas e nos locais de poucos recursos. E ntretanto, visando a atingir os o b perinatais, bem com o deficiências nutricionais. Em bora a proporção jetivos de desenvolvim ento do m ilênio das Nações U nidas, que in de todas as m ortes atribuíveis a estas causas tenha dim inuído m argi cluem m etas para redução da pobreza, educação prim ária universal nalm ente desde 1990, a parcela das m ortes causadas p or H IV /A ids e igualdade entre os sexos, os gastos no setor de saúde terão de ser cresceu de apenas 2% para m ais de 3,5%. D entre a fração de todas as ainda m ais aum entados. Para determ in ar em quanto e p or quanto m ortes relacionados com doenças transm issíveis, condições m ater tem po, é im portante m elhorar a capacidade de avaliar a Carga G lo nas e perinatais e deficiências nutricionais, 97% ocorreram nos países bal de D oença (CGD) e de planejar intervenções m ais precisam ente de rendas baixa ou m édia. A principal causa de m orte entre adultos com patíveis com as necessidades. M elhorar os indicadores é um a em 2004 foi cardiopatia isquêm ica, responsável por 16,3% de todas as tarefa im portante para a saúde global: apenas recentem ente houve m ortes nos países de alta renda, 13,9% nos países de renda m édia e avaliações consistentes da CGD. 9,4% nos países de baixa renda (Q u ad ro 2.2). Em segundo lugar, es tava a doença cerebrovascular, responsável p o r 9,3% das m ortes nos MORTALDIADE E CARGA GLOBAL DE DOENÇA países de alta re n d a e 14,2% nos países de renda m édia e 5,6% nos países de baixa renda. E m bora a terceira principal causa de m orte D esde o final dos anos 80, foram feitos sérios esforços para calcu nos países de alta renda fossem os cânceres de traqueia, brônquios e lar a CGD. O prim eiro estudo, conduzido em 1990, estabeleceu as pulm ão (que responderam p o r 5,9% das m ortes), estas condições não bases para o prim eiro relatório sobre Prioridades no Controle de fazem parte do registro das 10 principais causas nos países de renda Doenças nos Países em Desenvolvim ento (D C P1) e para o Relató baixa. Das 10 principais causas de m orte nos países m ais pobres, 6 rio sobre o D esenvolvim ento M undial de 1993 do Banco M undial, eram doenças transm issíveis; contudo, nos países de alta renda, ape intitulado Investindo na Saúde. Estas iniciativas representaram um nas um a doença transm issível — infecção do trato respiratório infe grande avanço para a com preensão do estado da saúde nos países rior — foi classificada entre as 10 principais causas de m orte. em desenvolvim ento. Investindo na Saúde trouxe especial influên Um estudo recente descobriu que os núm eros de m ortalidade em cia: fam iliarizou um a am pla audiência com a análise custo-benefício todo o m u n d o entre crianças com m enos de 5 anos de idade caíram para intervenções específicas da saúde e com a noção de anos de vida de 11,9 m ilhões de m ortes em 1990 para 7,7 m ilhões em 2010. Das perdidos ajustados p or incapacidade (DALY, disability-adjusted life m ortes em 2010, 3,1 m ilhões (40%) ocorreram no período neonatal. years). O DALY, que se to rn o u um a m edida pad rão do im pacto de Cerca de 33% dessas m ortes entre crianças com m enos de 5 anos de um a condição de saúde específica em um a população, com bina, em idade ocorreram n o sudeste asiático e quase m etade na África Subsaum a única m edida, tanto os anos absolutos de vida perdidos com o ariana; m enos de 1% ocorreu em países de alta renda. os anos perdidos devido a incapacidade p o r casos relacionados de Entre as pessoas com 15-59 anos de idade, as doenças não tran s um a condição. (Ver Fig. 2.1 e Q u ad ro 2.1 para um a análise da CGD missíveis foram responsáveis p o r m ais da m etade das m ortes em to pelo DALY.) das as regiões, exceto na África Subsaariana, onde as doenças tra n s A análise m ais recente da OMS de C G D baseou-se em dados de missíveis, condições m aternas e perinatais e deficiências nutricionais saúde de 2004. Esse relato reflete o crescim ento dos dados d isponí ju n tas são responsáveis p o r 66% de todas as m ortes. N a verdade, a veis sobre saúde nos países m ais pobres e da capacidade para m edir o
10
QUADRO 2.1
Principais causas de carga de doença (DALY), com países agrupados por renda, 2004
Doença ou lesão Mundo 1 Infecções do trato respiratório inferior
DALY (milhões)
Porcentagem de DALY totais
94,5
6,2
1
DALY (milhões)
Porcentagem de DALY totais
Distúrbios depressivos unipolares
29.0
5,1
Doença ou lesão Países de renda média
2
Doenças diarreicas
72,8
4,8
2
Doença cardíaca isquêmica
28,9
5,0
3
Transtornos depressivos unipolares
65,5
4,3
Doença cerebrovascular
Doença cardíaca isquêmica
62,6
5
HIV/Aids
58,5
4,1 3,8
27,5 21,4
4,8
4
3 4
16,3
2,8
6
Doença cerebrovascular
46,6
3,1
6
DPOC
16,1
2,8
7
Prematuridade e baixo peso ao nascimento
44,3
2,9
7
HIV/Aids
15,0
2,6
8
Asfixia ao nascimento e traumatismo ao nascimento
41,7
2,7
8
Transtornos por uso de álcool
14,9
2,6
9
Acidentes automobilísticos
41,2 40,4
2,7
9
Erros de retração
13,7
2,4
2,7
10
Doenças diarreicas
13,1
2,3
10,0
8,2
1
Infecções do trato respiratório inferior
76,9
9,3
infecções neonatais e outras6
Países de alta renda 1 Distúrbios depressivos unipolares
Acidentes automobilísticos Infecções respiratórias do trato inferior
3,7
Países de baixa rendaa
2
Doença cardíaca isquêmica
7,7
6,3
2
Doenças diarreicas
59,2
7,2
3
Doença cerebrovascular
3,9
3
HIV/Aids
42,9
5,2
4
Alzheimer e outras demências
4,8 4,4
3,6
4
Malária
4,0
5
Distúrbios de uso de álcool
4,2
3,4
5
Prematuridade e baixo peso ao nascimento
32,8 32,1
6
Perda auditiva, início no adulto
4,2
3,4
6
Infecções neonatais e outrasb
31,4
3,8
7
DPOC
3,7
3,0
7
Asfixia ao nascimento e traumatismo ao nascimento
29,8
3,6
3,9
8
Diabetes melito
3,6
3,0
8
Transtornos depressivos unipolares
26,5
3,2
9
Cânceres de traqueia. brônquios, pulmão
3,6
3,0
9
Doença cardíaca isquêmica
26,0
3,1
Acidentes automobilísticos
3,1
2,6
10
Tuberculose
22,4
2,7
10
Questões Globais em Medicina
10
5
“Países agrupados por produto interno bruto per capita. "Essa categoria também inclui outras causas não infecciosas que surgem no período perinatal, excetuando-se a prematuridade, baixo peso ao nascimento, traumatismo ao nascimento e asfixia. Essas causas não infecciosas são responsáveis por cerca de 20% dos DALY mostrados nessa categoria.
Nota: DPOC, doença pulmonar obstrutiva crônica. Fonte: Organização Mundial de Saúde. Reimpresso com autorização. http://www.who.int/healtUinfo/global_burden_clisease/GBD_report_2004updateJull.pdf. taxa de m ortalidade p o r H IV entre 15 a 59 anos de idade na Á fri ca Subsaariana foi m aior que a taxa de m ortalidade devido a todas as causas entre adultos de países com alta renda. Nessa faixa etária, as lesões foram responsáveis p or 23% de todas as m ortes em todo o m undo. Em geral, as taxas de m ortalidade nessa faixa etária caíram entre 1990 e 2004 em todas as áreas exceto E uropa e Ásia C entral, onde as doenças cardiovasculares e lesões registraram taxas de m or talidade ainda m aiores e a Á frica Subsaariana, onde o im pacto do HIV /A ids nesta coorte etária foi particularm ente devastador. Há grande incerteza no cálculo dos anos de vida vividos com incapacidade e condições específicas do que no cálculo dos anos de vida perdidos. As m elhores estim ativas de 2004 revelam que em bora a prevalência das doenças com uns em populações m ais velhas (p. ex., dem ência e doença m usculoesquelética) fosse m aior em países com alta renda, a incapacidade sofrida com o resultado de doenças cardio vasculares, doenças respiratórias crônicas e im pacto de longo prazo de doenças transmissíveis foi m aior nos países de rendas baixa e m é dia. Na m aioria dos países de rendas baixa e m édia, as pessoas vive ram m enos e sofreram incapacidade e saúde precária durante grande parte de suas vidas. Na verdade, m ais de 50% da C G D ocorreram no sudeste da Ásia e África subsaariana, que juntas foram responsáveis por apenas 33% da população m undial. As doenças não transmissíveis foram responsáveis p or quase 60% das m ortes em 2004, mas, devido ao início tardio destas doenças, res ponderam por apenas 48% dos anos de vida perdidos. Em contrapar tida, pelo fato de elas ocorrerem m ais frequentem ente nas pessoas
mais jovens, as lesões foram responsáveis p o r 12% dos anos de vida perdidos, m as p or apenas 10% das m ortes. N otadam ente, 45% da carga de doença nos países de renda m édia em 2004 resultaram de doenças não transmissíveis; em 1990, o n úm ero foi de 35%. A pobreza continua sendo u m a das causas básicas m ais im por tantes de saúde precária em todo o m u n d o e a carga global de pobre za continua sendo alta. D entre os 6,8 bilhões de pessoas vivas hoje, 43% (aproxim adam ente 2,7 bilhões) vivem com m enos de 2 dólares por dia e 17% (aproxim adam ente 1,1 bilhão) vivem com m enos de 1 dólar por dia. A com paração entre indicadores de saúde nacionais e produto interno b ru to p e r capita entre nações m o stra um a relação clara entre p roduto interno b ruto m ais alto e m elhor saúde, com ape nas pequena discrepância. Inúm eros estudos tam bém d o cu m en ta ram a ligação entre pobreza e saúde nos países. O Estudo da Carga Global de D oenças descobriu que a sub n u trição era o principal fator de risco para saúde precária. Em um a era que viu a obesidade tornar-se um a preocupação de saúde m aior em m uitos países desenvolvidos, a persistência da subnutrição é certa m ente causa de grande consternação. A incapacidade de alim entar os fam intos fornece evidências de m uitos anos de projetos de desen volvim ento falidos e deve ser abordada com o um problem a de mais alta prioridade. N a verdade, n enhum a iniciativa de cuidados de saú de, em bora generosam ente p atrocinada e cientificam ente justificada, será eficaz sem a n utrição adequada. A segunda edição do Prioridades do Controle de Doenças nos Países em Desenvolvimento (DCP2), publicada em 2006, é um docum ento de
11
QUADRO 2.2
Causas principais de morte em todo o mundo, por grupo de renda, 2004
Doença ou lesão
Mortes (milhões)
Porcentagem total de mortes
Doença ou lesão
Mortes (milhões)
Porcentagem total de mortes
Países de renda média
Mundo
Introdução à Medicina Clínica
1
Doença cardíaca isquêmica
7,2
12,2
1
Doença cerebrovascular
3,5
14,2
2
Doença cerebrovascular
5,7
9,7
2
Doença cardíaca isquêmica
3,4
13.9
3
Doenças do trato respiratório inferior
4,2
7,1
3
DPOC
1,8
7,4
4
DPOC
3,0
5,1
4
Infecções respiratórias do trato inferior
0,9
3,8
5
Doenças diarreicas
2,2
3,7
5
Cânceres de traqueia, brônquios e pulmão
0,7
2,9
2,0
3,5
6
Acidentes automobilísticos
0,7
2,8
1,5
2,5
7
Doença cardíaca hipertensiva
0,6
2,5
1,3
2,3
8
Câncer de estômago
0,5
2,2
Tuberculose
0,5
2,2
Diabetes melito
0,5
2,1
6
HIV/Aids
7
Tuberculose
8
Cânceres de traqueia, brônquios, pulmão
9
Acidentes automobilísticos
1,3
2,2
9
Prematuridade e baixo peso ao nascimento
1,2
2,0
10
Doença cardíaca isquêmica
1,3
16,3
2
Doença cerebrovascular
0,8
3
Cânceres de traqueia, brônquios, pulmão
0,5
4
Infecções do trato respiratório inferior
5 6 7
10
Países de baixa renda3
Países de alta renda
1
Infecções do trato respiratório inferior
2,9
11,2
9,3
2
Doença cardíaca isquêmica
2,5
9,4
5,9
3
Doenças diarreicas
1,8
6,9
0,3
3,8
4
HIV/Aids
1,5
5,7
DPOC
0,3
3,5
5
Doença cerebrovascular
1,5
5,6
Alzheimer e outras demências
0,3
3,4
6
DPOC
0,9
3,6
Cânceres de colo e reto
0,3
3,3
7
Tuberculose
0,9
3,5
8
Diabetes melito
0,2
2,8
8
Infecções neonataisb
0,9
3,4
9
Câncer de mama
0,2
2,0
9
Malária
0,9
3,3
Câncer de estômago
0,1
1,8
10
Prematuridade e baixo peso ao nascimento
0,8
3,2
1
10
“Países agrupados por produto interno bruto per capita: baixa renta (825 dólares ou menos), alta renda (10.066 dólares ou mais). Observe que esses grupos de alta renda diferem ligeiramente daque les usados no Projeto de Prioridades para Controle de Doenças. 6Essas categorias também incluem outras causas não infecciosas que surgem no período perinatal, que são responsáveis por cerca de 20% das mortes mostradas nessa categoria.
Nota: DPOC, doença pulmonar obstrutiva crônica. Fonte: Organização Mundial de Saúde. Reimpresso com autorização. http://www.who.int/healthinfo/global_burden_disease/GBD_report_2004update_full.pdf amplitude e ambição impressionantes, que fornece análises de custo-benefício para mais de 100 intervenções e inclui 21 capítulos focados nas estratégias para fortalecim ento dos sistemas de saúde. As análises com custo-benefício que com param duas intervenções relativamente iguais e facilitam as melhores escolhas sob restrição são im portantes; contudo, como tanto os recursos como as ambições para a saúde global crescem, as análises de custo-benefício (particularm ente as baseadas em doenças pregressas) não podem restringir o com prom isso aum en tado de todo o m undo com o fornecim ento de recursos e serviços acessíveis a todos que precisam deles. Para ilustrar este ponto, é ins trutivo voltar-se para a Aids, que se tornou, no curso das últim as três décadas, a principal causa infecciosa de m orte durante a vida adulta.
■ AIDS O C apítulo 189 fornece um a visão geral da epidem ia de Aids no m undo hoje. Aqui, a discussão lim ita-se à Aids no m u n d o em d e senvolvimento. As lições aprendidas para enfrentar a Aids nos locais com restrição de recursos são altam ente relevantes para discussões sobre outras doenças crônicas, com o doenças não transm issíveis, para as quais terapias efetivas foram desenvolvidas. Ressaltam -se vá rias destas lições adiante. Nos Estados Unidos, a disponibilidade da terapia antirretroviral altam ente ativa (TAR) para Aids transform ou esta doença, de um a destruição inescapavelmente fatal da im unidade m ediada pela célula 12
em um a doença crônica tratável. Nos países em desenvolvim ento, o tratam ento foi oferecido m ais am plam ente apenas a p a rtir de 2003, e som ente na prim avera de 2008 o n úm ero de pacientes que rece beu tratam ento excedeu 40% do núm ero que no m om ento precisou dele. (Ainda é preciso observar quantos destes poucos felizardos es tão recebendo TAR regularm ente e com o indispensável suporte so cial.) Antes de 2003, surgiram m uitos argum entos para justificar não adiantar rapidam ente os program as de TAR para pessoas que vivem com H IV /A ids em locais com recursos lim itados. O argum ento p a drão incluía o preço da terapia com parado com a pobreza do pacien te, a com plexidade da intervenção, a ausência de infraestrutura para m onitoram ento laboratorial e a falta de prestadores de serviços de saúde treinados. Os argum entos relacionados com custo-benefício li m itado que criaram falsas dicotom ias - prevenção ou tratam ento em vez de am bos - m uito frequentem ente continuaram sem m udanças. O m aior obstáculo na época era a am bivalência, se não o absoluto si lêncio, dos líderes políticos e especialistas em saúde pública. O efeito cum ulativo destes fatores era condenar à m orte dezenas de m ilhões de pessoas pobres nos países em desenvolvim ento que ficaram do en tes com o resultado da infecção pelo HIV. A desigualdade entre países ricos e pobres em relação ao acesso ao tratam ento para o H IV produziu um a indignação m oral dissem i nada. Em vários países de renda m édia, incluindo o Brasil, progra m as visionários cobriram a lacuna do acesso. O utros projetos in o
identificadas. P rim eiram ente, o diagnóstico de TB baseado apenas na m icroscopia do esfregaço — m étodo que data do final do século XIX — não é sensível. M uitos pacientes com TB p ulm onar e todos os pacientes com TB exclusivam ente extrapulm onar não foram iden tificados pela m icroscopia do esfregaço, assim com o a m aioria das crianças com doença ativa. Segundo, o rastream ento oportunístico depende da disponibilidade dos serviços de cuidados de saúde, que é desigual em locais onde a TB é m ais prevalente. Terceiro, os pacientes com TB resistente a m últiplos fárm acos (RMF) são, p or definição, infectados com cepas do Mycobacterium tuberculosis resistentes a iso niazida e rifam picina; assim, a confiança exclusiva nestes fárm acos é ineficaz nos locais em que a resistência aos fárm acos é um problem a estabelecido. A crise da resistência a antibióticos registrada nos hospitais dos EUA não está restrita ao m undo industrializado ou a infecções bacte rianas. Em alguns locais, um a substancial m in o ria de pacientes com TB é infectada com cepas resistentes a pelo m enos um fárm aco anti-TB de prim eira linha. C om o um a resposta efetiva baseada na D OTS à TB RMF, as autoridades de saúde global adotaram a DO TS-Plus, que adiciona os diagnósticos e fárm acos necessários p ara tratar a doença resistente ao fárm aco. C ontudo, m esm o antes de a DOTS-Plus ser ativada nos locais com restrição de recursos, novas cepas do M. tuberculosis extensam ente resistentes a fárm acos (XRF) com e çaram a am eaçar o sucesso dos program as de controle da TB na já problem ática África do Sul, p or exemplo, onde altas taxas de infecção pelo H IV levaram a um a incidência dobrada de TB na últim a década.
Questões Globais em Medicina
vadores prom ovidos po r O rganizações N ão G overnam entais (ONG) internacionais em diversos locais estabeleceram claram ente que um a abordagem m uito sim ples à TAR, baseada em engajam ento intensivo e apoio da com unidade, pode atingir resultados notáveis. Em 2000, a Iniciativa de Aceleração ao Acesso das Nações U nidas finalm ente ativou as indústrias farm acêuticas genéricas e baseadas em pesquisas, e os preços dos m edicam entos para A ids caíram significativam en te. Ao m esm o tem po, fárm acos de com binação e doses fixas que são m ais fáceis de serem adm inistrados to rn aram -se m ais am plam ente disponíveis. A p artir destas lições, a OMS defendeu u m a abordagem de saúde pública ao tratam ento de pessoas com Aids em locais com recursos lim itados. Essa abordagem , que derivou de m odelos de cuidados fu n dados por Parceiros de O N G na Saúde e p or outros grupos, propôs esquem as de tratam ento padrão de prim eira linha baseados em um form ulário sim ples com cinco fárm acos, havendo um grupo m ais complexo (e, até hoje, m ais caro) de opções de segunda linha de re serva. Os protocolos clínicos com uns foram padronizados, e paco tes de treinam ento intensivo para funcionários do serviço de saúde e da com unidade foram desenvolvidos e im plem entados em m uitos países. Estas iniciativas foram sustentadas p o r recursos inéditos po r m eio do Banco M undial, o Fundo Global e a PEPFAR. Em 2003, a ausência de acesso à TAR foi declarada um a em ergência de saúde p ú blica global pela OMS e UNAIDS, e as duas agências lançaram a “ini ciativa 3 por 5”, estabelecendo um objetivo ambicioso: ter 3 m ilhões de pessoas nos países em desenvolvim ento em tratam ento até o final de 2005. M uitos países, desde então, estabeleceram m etas nacionais correspondentes e trabalham para integrar a TAR aos seus program as nacionais de Aids e sistemas de saúde, bem com o atrelar as ações em com um entre tratam ento para o H IV /A ids e atividades de prevenção. A eficácia da TAR é bem docum entada: nos E stados U nidos, essa te rapia prolongou a vida em estim ados 13 anos p o r paciente, em m é dia — um a taxa de sucesso que se com pararia favoravelm ente com a de quase qualquer tratam ento para câncer ou para com plicações da doença arterial coronariana. Lições adicionais com im plicações para a política e ação vieram de esforços que hoje estão em andam ento no m undo em desenvolvim ento. D urante a últim a década, po r m eio de experiências em m ais de 50 países até o m om ento, o m undo viu que objetivos de políticas ambiciosas, recursos adequados e conhecim en to sobre a im plem entação podem transform ar de m aneira drástica o futuro das pessoas que vivem infectadas pelo H IV nos países em desenvolvimento.
■ TUBERCULOSE E AIDS COMO DOENÇAS CRÔNICAS: LIÇÕES APRENDIDAS As estratégias efetivas contra a TB RMF têm implicações para o trata m ento da infecção pelo HIV resistente a fárm aco e m esm o a m alária resistente a fárm acos, que, p or m eio de infecções repetidas e ausência de terapia efetiva, tornou-se um a doença crônica em partes da África. Na verdade, exam inar a Aids e a TB ju n tas com o doenças crônicas possibilita-nos tirar algum as conclusões, m uitas delas pertinentes à saúde global em geral (Fig. 2.2). Prim eiram ente, cobrar taxas para a prevenção e cuidado da Aids trará problem as insolúveis p ara os que vivem na pobreza, m uitos dos quais serão sem pre incapazes de pagar m esm o quantidades m odes tas p or serviços ou m edicam entos. Assim com o os esforços para a luta contra a TB transm itida pelo ar, tais serviços deveriam ser con
■ TUBERCULOSE O C apítulo 165 oferece um a visão geral concisa da fisiopatologia e do tratam ento da tuberculose (TB), que está estreitam ente ligada à infecção pelo H IV em m uitos países. Na verdade, um a proporção su b stan cial do ressurgim ento da TB registrado no sudoeste da Á frica pode ser atribuída à coinfecção pelo HIV. Contudo, m esm o antes do advento do HIV, estim ava-se que m enos da m etade dos casos de TB nos países em desenvolvim ento eram diagnosticados, e um n ú m ero m enor ainda era tratado. Prim ariam ente devido à falha com um em d iag nosticar e tratar a TB, autoridades internacionais ide alizaram um a estratégia sim ples para reduzir a carga da doença. A estratégia DOTS, na sigla em inglês (te rapia sob vigilância direta que usa esquem as baseados em segm entos curtos de isoniazida e rifam picina), foi prom ovida no início dos anos 90 com o u m a ra zão custo-benefício alta pelo Banco M undial, OMS e outros organism os internacionais. O rastream ento oportunístico passivo de pacientes com esfregaço p o sitivo foi essencial para a estratégia, e o fornecim ento ininterrupto do fárm aco foi, obviam ente, considerado necessário à cura. A D OTS foi claram ente efetiva para a m aioria dos casos não com plicados de TB suscetí vel ao fárm aco, m as várias deficiências foram logo
13
siderados um bem público para a saúde pública. Inicialm ente, esta abordagem exigirá contribuições contínuas de doadores, m as m uitos países africanos estabeleceram m etas para aum ento dos investim en tos nacionais em saúde, u m a prom essa que p oderia p roduzir progra m as ambiciosos sustentáveis a longo prazo. Entretanto, à m edida que crescem os investim entos locais, o preço do cuidado da Aids cai. O desenvolvim ento de m edicam entos genéricos significa que a TAR pode agora custar m enos de 0,25 centavos de dólar p or dia, e os cus tos continuam a dim inuir para níveis acessíveis aos órgãos de saúde pública nos países em desenvolvim ento. Segundo, a am pliação efetiva de projetos-piloto irá requerer o fortalecim ento e, algum as vezes, a reconstrução dos sistem as de as sistência à saúde, incluindo os incum bidos de fornecer cuidados p ri m ários. No passado, a ausência de in fraestru tu ra para os cuidados de saúde foi citada com o barreira para o fornecim ento da TAR nas regiões mais pobres do m undo; entretanto, os recursos da Aids, final m ente consideráveis, podem ser orientados para a reconstrução dos sistem as públicos de saúde na África Subsaariana e em outras regiões onde a incidência da infecção pelo H IV é alta — precisam ente os lo cais nos quais a TB é ressurgente. Terceiro, a ausência de profissionais da área de saúde treinados, principalm ente médicos, é considerada um a razão para a falha do tratam ento da Aids em países pobres. A ausência é real e a “fuga de cérebros” (brain drain), discutida adiante, continua. Entretanto, um a razão pela qual os médicos deixam a África é que não há ferram entas para praticar seu trabalho lá. Os recursos para a Aids fornecem um a oportunidade não apenas para recrutar m édicos e enferm eiros para as regiões mal atendidas mas tam bém para fortalecer os sistemas de saúde construindo infraestrutura, fornecendo recursos diagnósticos e terapêuticos e treinando os profissionais de saúde da com unidade para supervisionar o cuidado da Aids e de várias outras doenças em suas com unidades. Este treinam ento deve ser realizado m esm o em locais onde há m uitos médicos, pois o cuidado supervisionado rigorosam en te, baseado na com unidade, representa o mais alto padrão de cuidado para doenças crônicas, seja no prim eiro ou no terceiro mundos. Q uarto, a extrem a pobreza to rn a difícil p ara m uitos pacientes aderir à terapia para doenças crônicas, sejam elas transm issíveis ou não. Na verdade, a pobreza em suas m uitas dim ensões é de longe a m aior barreira à am pliação dos program as de tratam en to e preven ção. E possível rem over m uitas das barreiras sociais e econôm icas à adesão ao tratam ento, m as apenas com os cham ados “serviços abran gentes”: suplem entação alim entar para os fam intos, ajuda com tran s porte para consultas, assistência às crianças e habitação. Em m uitas regiões rurais da África, a fom e é a principal condição coexistente nos pacientes com Aids ou TB, e estas doenças consuntivas não p o dem ser efetivam ente tratadas sem ingestão calórica adequada. Finalm ente, há necessidade de um renovado co m p ro m etim en to científico básico com a descoberta e o desenvolvim ento de vaci nas; de ferram entas para diagnóstico m ais confiáveis e m enos caras; bem com o de novas classes de agentes terapêuticos. Esta necessidade aplica-se não apenas às três principais doenças infecciosas fatais — contra as quais não existe vacina disponível — m as tam bém a m uitas outras doenças da pobreza negligenciadas.
■ MALÁRIA O C apítulo 210 revisa a etiologia, patogenia e tratam ento clínico da m alária, a terceira doença infecciosa que m ais m ata no m undo. O custo da m alária para os seres hum anos é enorm e, sendo que os m ais atingidos são as crianças, especialm ente crianças africanas, que vi vem na pobreza. E stim a-se que 250 m ilhões de pessoas sofram de m alária a cada ano, e a doença m ata anualm ente entre 1 m ilhão de pessoas, principalm ente crianças com m enos de 5 anos de idade. Os pobres sofrem de m aneira desproporcional as conseqüências da m alária: 58% das m ortes p or m alária ocorrem nos 20% m ais pobres da população m undial e 90% são registradas n a Á frica Subsaaria na. A m agnitude diferencial desta carga de m o rtalidade é m aior do que aquela associada a qualquer outra doença. D a m esm a m aneira, o diferencial de m orbidade é m aior p ara a m alária do que para as doenças causadas por outros patógenos, com o docum entado em um estudo da Zâm bia, que revelou um a prevalência 40% m aior de para-
sitem ia entre crianças abaixo de 5 anos no quintil m ais pobre do que no m ais rico. Apesar de sofrer as m aiores conseqüências da m alária, os pobres são precisamente os m enos capazes de ter acesso a ferram entas de pre venção e tratam ento efetivas. Os econom istas descrevem as interações complexas entre malária e pobreza a partir de um a perspectiva oposta, m as com plem entar: eles delineiam as m aneiras pelas quais a m alária im pede o desenvolvim ento econôm ico tanto para os indivíduos como para nações inteiras. As análises m icroeconôm icas que enfocam os custos diretos e indiretos estim am que a m alária pode consum ir até 10% de um a renda fam iliar anual. Um estudo de Gana que categori zou a população pelo grupo de renda ressaltou a natureza regressiva deste custo: a carga da m alária representa apenas 1% da renda de um a família abastada, m as 34% da renda de um a família pobre. Em nível nacional, as análises m acroeconôm icas estim am que a m alária pode reduzir em 50% o pro d u to in tern o b ru to per capi ta de um país com a doença endêm ica, se com parado com o de um país que não tem m alária. São causas de tal problem a altas taxas de fertilidade, desenvolvim ento cognitivo deficiente das crianças, baixa escolaridade, ganhos reduzidos, investim ento estrangeiro escasso e restrição da m obilidade do trabalhador. Devido a este enorm e custo, não é de adm irar que um a im portante revisão feita pelos econom istas Sachs e M alaney tenha concluído que, “onde a m alária m ais prospera, as sociedades hum anas prosperam m enos”.
Erradicação da malária Em parte devido às diferenças na distribuição do vetor e no clima, os países com grandes recursos oferecem poucos projetos para o con trole e tratam ento da m alária aplicáveis em locais de clim a tropical (e com poucos recursos). Em 2001, os governantes africanos apoiaram a cam panha da OMS Fazer R etroceder a M alária (RBM, do inglês Roll Back Malaria), que prescreve estratégias apropriadas para os paí ses da África Subsaariana. Em 2008, a parceria com a RBM lançou o Plano de Ação Global para a M alária (GM AP). Essa estratégia global estabeleceu um a abordagem coordenada para controlar e elim inar a doença e assegurar que ganhos em u m a nação não são perdidos devido à falha de m edidas de controle em países vizinhos. A GMAP recom enda inúm eras ferram entas essenciais para reduzir as taxas de m orbidade e m ortalidade relacionadas com a m alária: o uso de telas m osquiteiras tratadas com inseticida (TTI), pulverização residual em recintos fechados (PRF) e terapia de com binação baseada na artem isinina (TCA), bem com o tratam ento preventivo interm itente d u ra n te a gravidez, diagnóstico im ediato e outras m edidas para controle de vetores, com o tratam ento larvicida e am biental.
Telas mosquiteiras tratadas com inseticida
As T TI são um a interven ção de saúde pública eficaz e com boa razão custo-benefício. Uma m etanálise de experim entos controlados indica que a incidência da m alária é reduzida em 50% entre pessoas que d orm em sob T T I se com paradas com a incidência entre as que não usam as telas. M es m o as telas não tratadas reduzem a incidência da m alária em 25%. Em nível individual, a utilidade das T T I estende-se além da proteção da m alária. Vários estudos sugerem que a m ortalidade p or todas as causas é reduzida entre crianças abaixo de 5 anos de idade em m aior grau do que se pode a tribuir à redução da m alária isoladam ente. A m orbidade (especificam ente a causada p o r anem ia) que predispõe as crianças a doenças diarreicas e respiratórias, bem com o as gestantes a partos de bebês com baixo peso ao nascim ento tam bém é reduzida nas populações que usam TTI. Em algum as áreas, as T T I oferecem um benefício com plem entar ao evitar a transm issão de filaríase linfática, leishm aniose cutânea, doença de Chagas e febre recorrente transm itida pelo carrapato. Em nível com unitário, os pesquisadores sugerem que o uso de u m a T T I em apenas um a casa pode reduzir o núm ero de picadas do m osquito em casas a até vários m etros de distância. O custo da T T I p o r DALY poupado é estim ado em 10-38 dólares, o que qualifica as T T I com o um “uso m uito eficiente de re cursos e [um] bom candidato a apoio financeiro público”.1
1 Nuwaha F: The challenge of chloroquine-resistant malaria in sub-Saharan Africa. Health Policy Plan 16:1,2001.
Pulverização residual de recintos fechados A PRF é um a das in te r venções m ais com uns para evitar a transm issão de m alária em áreas endêm icas. O controle do vetor com uso de inseticidas aprovado pela OMS, incluindo DDT, pode efetivam ente reduzir ou até m esm o in terrom per a transm issão da m alária. E ntretanto, estudos indicaram que a pulverização é eficaz no controle da transm issão da m alária apenas se a m aioria (aproxim adam ente 80%) das estruturas na com u nidade alvo for tratada. Além disso, com o um program a bem -suce dido depende de equipes de pulverização bem treinadas, assim com o de m onitoram ento e planejam ento eficaz, é difícil em pregar a PRF e frequentem ente ela depende de sistem as de saúde com um a infraes trutura forte que torna a abordagem factível. Independentem ente das lim itações da PRF, a OMS recom enda seu uso em com binação com TTI. N enhum a intervenção isolada é suficiente p ara evitar totalm en te a transm issão da m alária.
Terapia de combinação à base de artemisinina
O surgim ento e a dis sem inação da resistência à cloroquina têm aum entado a necessidade de terapia com binada com antim aláricos. Para lim itar a propagação da resistência, a OMS agora recom enda apenas o uso de TCA para m alária falcípara não com plicada. C om o a de outras intervenções contra a m alária, o uso de TCA aum entou nos últim os anos, m as a cobertura continua m uito baixa em vários países da África subsaa riana. Em um estudo de 2007-2008, m enos de 15% das crianças com m enos de 5 anos de idade com febre recebiam TCA em 11 dos 13 países pesquisados, em bora o alvo da Assembleia M undial da Saúde seja 80%. Em resposta, a parceria com RBM tem concentrado investi m entos significativos na m elhoria do acesso às TCA facilitando a sua distribuição po r m eio dos setores de saúde pública e desenvolvendo m ecanism os inovadores de financiam ento (p. ex., o Affordable M edi cines Facility - m alária) p o r m eio do qual os preços ao consum idor para TCA podem ser reduzidos significativam ente e m onoterapias ineficazes com artem isinina podem ser elim inadas do m ercado. Nos últim os anos, a resistência aos m edicam entos antim aláricos e inseticidas tornou-se um problem a ainda maior. Em 2009, relatou-se a confirm ação de resistência à artem isinina. E m bora a OMS te n h a pedido o fim do uso de m onoterapia com artem isinina, a co m ercialização desse tipo de terapia continua em m uitos países. O uso contínuo de m onoterapia com artem isinina aum enta a probabilidade de resistência ao fármaco, um a perspectiva m ortal que tornará a m a lária m uito mais difícil de tratar. E nfrentar o desafio do controle da m alária continuará exigindo estudo cuidadoso de estratégias de prevenção e terapêutica adequa das no contexto de um a com preensão m olecular cada vez m ais sofis ticada do patógeno, vetor e hospedeiro. No entanto, um a avaliação da devastação econôm ica e estrutural provocada pela m alária - com o aquela im posta pela diarréia, Aids e TB - nas populações m ais vul neráveis devem reforçar o com prom isso com a análise crítica das for mas de im plem entação de estratégias com provadas para a prevenção e o tratam ento destas doenças.
■ DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS Em bora a carga de doenças transm issíveis — especialm ente infecção pelo HIV, tuberculose e m alária — ainda seja responsável pela m aio ria das m ortes em regiões pobres em recursos, com o a África Subsa
ariana, 60% das m ortes em todo o m u n d o em 2004 foram causadas por doenças crônicas não transm issíveis (DNT). Além disto, 80% das m ortes atribuíveis a D N T ocorreram em países de baixa ou m édia rendas, onde vivem 86% da população global. Em 2005, 8,5 m ilhões de pessoas no m undo m orreram de um a D N T antes do 60a aniversá rio — um núm ero que excede os núm eros totais de m ortes causadas po r Aids, TB e m alária com binados. Por volta de 2020, as D N T serão responsáveis por 80% da GBD e p o r 7 de cada 10 m ortes nos países em desenvolvim ento. O recente aum ento de recursos e a atenção vol tada para as doenças transm issíveis são bem -vindos, sendo m uito n e cessários, mas os países em desenvolvim ento ainda estão carregando um a “carga dupla” de doenças transm issíveis e de não transmissíveis.
Cardiopatias D iferentem ente da TB, infecção pelo H IV e m alária — doenças cau sadas p o r patógenos únicos que lesionam m últiplos órgãos —, as doenças cardiovasculares refletem lesão a um único sistem a orgânico posteriorm ente a um a variedade de ataques. A carga da doença car diovascular crônica nos países de baixa renda representa um a conse qüência de décadas de negligência ao sistem a de saúde; além disso, a pesquisa cardiovascular e o investim ento há m uito enfocam as con dições isquêm icas cada vez m ais com uns nos países de alta e m édia rendas. Entretanto, apesar do conhecim ento de seu im pacto na saúde durante o início do século XX, o dano cardiovascular em resposta à infecção e subnutrição era, até recentem ente, negligenciado. A percepção das doenças cardiovasculares com o um problem a das populações idosas nos países de m édia e alta rendas contribuiu para sua negligência pelas instituições de saúde global. M esm o na E uropa O riental e Ásia C entral, onde o colapso da U nião Soviética foi seguido de um surto catastrófico de m ortes po r doença cardio vascular (p. ex., a taxa de m ortalidade devido a cardiopatia isquê m ica quase dobrou entre 1991 e 1994 na Rússia), os m odestos fluxos de assistência estrangeira ao desenvolvim ento para o setor de saúde concentraram -se nas causas transm issíveis responsáveis p o r m enos de 1 em cada 20 m ortes durante este período. As previsões de um aum ento im inente n a parcela de m ortes e incapacidades provocadas p or D N T nos países em desenvolvim ento levaram à exigência de políticas de prevenção para restringir o uso de tabaco, m elhorar a dieta e au m en tar a prática de exercícios físi cos juntam ente com a prescrição de esquem as de m últiplos fármacos para pessoas com níveis altos de risco vascular. Em bora este progra m a possa fazer m uito para evitar a D N T endêm ica, será de pouca utilidade para ajudar aqueles com cardiopatia estabelecida originária de patologias não aterogênicas. A epidem iologia da insuficiência cardíaca reflete as desigualdades na prevalência dos fatores de risco e tratam ento. A insuficiência car díaca com o conseqüência de lesões pericárdica, m iocárdica, endocárdica ou valvar é responsável p or até 1 em cada 10 internações em todo o m undo. Os países têm relatado um a carga acentuadam ente sem e lhante deste distúrbio no nível de sistem a de saúde desde 1950, mas as causas da insuficiência cardíaca e a idade das pessoas acom etidas variam de acordo com os recursos e o m eio am biente. Nas populações com alto índice de D esenvolvim ento H um ano (IDH ), a doença arte rial coronariana e hipertensão entre os idosos são responsáveis pela m aioria dos casos de insuficiência cardíaca. C ontudo, entre o bilhão de pessoas m ais pobres do m undo, a insuficiência cardíaca reflete a exposição gerada pela pobreza de crianças e adultos jovens a cepas reum atogênicas de estreptococos e m icrorganism os cardiotrópicos (p. ex., HIV, Trypanosoma cruzi, enterovírus, M. tuberculosis), pressão arterial alta não tratada e deficiências nutricionais. Os m ecanism os de outras causas de insuficiência cardíaca com uns nestas populações — com o m iocardiopatia dilatada idiopática, m iocardiopatia periparto e fibrose endom iocárdica — continuam obscuros. Dos 2,4 m ilhões de casos anuais de cardiopatia reum ática pediá trica, m ais de 40% o correm na África Subsaariana. Esta doença leva a mais de 33.000 casos de endocardite, 252.000 AVE e 680.000 m ortes p or ano — quase todos nos países em desenvolvim ento. Pesquisa dores na Etiópia relataram taxas de m ortalidade anuais de até 12,5% nas áreas rurais. Em p arte pelo fato de a prevenção da cardiopatia
Questões Globais em Medicina
A OMS recom enda que todos os indivíduos que vivem em áreas endêm icas de m alária durm am sob T TI protetoras. Cerca de 140 m i lhões de T TI de longa duração foram distribuídas em países da África com alta carga em 2006-2008 e as taxas de dom icílios que possuíam um a T TI em países com alta carga aum entaram para 31%. E m bora a parceria com RBM tenha observado um sucesso m odesto, o Relató rio M undial sobre a M alária da OMS de 2009 afirm a que a p o rc en tagem de crianças com m enos de 5 anos de idade que usavam um a T T I (24%) continua bem abaixo da m eta da Assembleia da OMS de 80%. O sucesso lim itado da ampliação da cobertura com a T TI reflete as barreiras econôm icas inadequadam ente reconhecidas que evitam que o doente sem condições financeiras tenha acesso a tecnologias preventivas im portantes e os desafios de se projetar e im plem entar plataform as efetivas de distribuição desses produtos.
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Introdução à Medicina Clínica
reum ática não ter avançado desde o desaparecim ento desta doença nos países ricos, n enhum a parte da África Subsaariana erradicou a cardiopatia reum ática apesar dos exem plos de sucesso na C osta Rica, em Cuba e algum as nações do Caribe. As estratégias para elim inar a cardiopatia reum ática podem d e p e n d er do rastream ento o p ortunístico ativo confirm ado p o r ecocardiografia entre grupos de alto risco assim com o das tentativas de estender o acesso a intervenções cirúrgicas entre crianças com lesão valvar avançada. As parcerias entre program as cirúrgicos estabeleci dos e áreas sem locais adequados para este fim, ou com um núm ero lim itado deles, podem ajudar a desenvolver a capacidade e fornecer assistência aos pacientes que, de o utra form a, teriam um a m orte p re coce ou dolorosa. Um objetivo de longo prazo é o estabelecim ento de centros regionais de excelência equipados para fornecer serviços consistentes, acessíveis e de alta qualidade. Diferentem ente dos pacientes de países ricos, que têm excelen te atendim ento para tratar a m iocardiopatia isquêm ica, os pacientes jovens com m iocardiopatias não isquêm icas em locais com poucos recursos têm recebido pouca atenção. Estes distúrbios são responsá veis p o r até 25 a 30% das internações para insuficiência cardíaca na Á frica Subsaariana e incluem distúrbios precariam ente com preendi dos com o a m iocardiopatia periparto (que tem um a incidência nas áreas rurais do Haiti de 1 p or 300 nascim entos vivos) e m iocardiopa tia pelo HIV. Os esquem as com m últiplos fárm acos que incluem betabloqueadores, inibidores da Enzim a de Conversão da A ngiotensina (ECA) e outros antagonistas neurológicos horm onais podem reduzir drasticam ente o risco de m ortalidade e m elhorar a qualidade de vida para estes pacientes. As lições aprendidas na am pliação da assistência crônica para a infecção pelo H IV e TB podem ser ilustrativas à m e dida que se atinge o progresso no estabelecim ento de m eios para o fornecim ento de terapias para a insuficiência cardíaca. Pelo fato de a pesquisa sistêm ica das causas de AVE e insuficiên cia cardíaca na África Subsaariana ter com eçado apenas recentem en te, sabe-se pouco sobre o im pacto da pressão arterial elevada nesta p arte do continente. A pressão arterial m odestam ente elevada na ausência do uso de tabaco nas populações com baixas taxas de ob e sidade pode conferir pouco risco de eventos adversos em um curto período de tem po. Em contrapartida, a pressão arterial persistente m ente elevada acim a de 180/110, de um m odo geral, não é detectada, tratada e controlada neste caso. Na coorte de Fram ingham de h o m ens entre 45 e 74 anos de idade, a prevalência de pressões arteriais acim a de 210/120 caiu de 1,8% em 1950 para 0,1% nos anos 90 com a introdução de agentes anti-hipertensivos efetivos. E m bora c o n ti nue o debate sobre as estratégias de triagem apropriadas e os lim iares de tratam ento, os centros de saúde das áreas rurais com equipes de profissionais que não são m édicos devem ter, rapidam ente, acesso a m edicam entos anti-hipertensivos essenciais. Em 1960, Paul Dudley W hite e colaboradores fizeram um relato sobre a prevalência de doença cardiovascular na região próxim a do Hospital Albert Schweitzer em Lam baréné, no Gabão. E m bora o g ru po tenha encontrado poucas evidências de infarto do m iocárdio, con cluiu que “fl alta prevalência de estenose mitral [szc] é im pressionante ... Acreditam os fortem ente ser nosso dever ajudar a trazer para estas pessoas os benefícios de um a m elhor profilaxia com penicilina e de cirurgia cardíaca, quando indicado. A m esm a responsabilidade existe para aqueles com defeitos cardiovasculares congênitos corrigíveis”.2 Os líderes dos centros de tratam ento terciários na Á frica Subsaariana e em outros locais continuam a exigir prevenção e tratam ento das condições cardiovasculares das pessoas pobres. A reconstrução dos serviços de saúde em resposta a doenças infecciosas pandêm icas ofe rece um a oportunidade para identificar e tratar pacientes com lesão de órgão e adotar a prevenção de problem as cardiovasculares bem com o outras doenças crônicas da pobreza.
Câncer Os países de baixa ou m édia rendas foram responsáveis p o r 54% e 60%, respectivam ente, dos 12,4 m ilhões de casos e 7,6 m ilhões de 2 Miller DC et al.: Survey of Cardiovascular disease among Africans in the vicinity of the Albert Schweitzer Hospital in 1960. Am J Cardiol 19:432,1962.
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m ortes causados p or câncer em 2008. Por volta do ano 2020, o n ú m ero total de novos casos de câncer aum entará em 29% nos países desenvolvidos e em 73% nos países em desenvolvim ento. Tam bém po r volta do ano 2020, a m ortalidade geral p o r câncer aum entará em 104%, e o aum ento será cinco vezes m aior nos países em desenvol vim ento do que nos países desenvolvidos. As m udanças no estilo de vida “ocidental” serão responsáveis pelo aum ento da incidência de cânceres de m am a, colo e próstata, m as realidades históricas, fatores socioculturais e com portam entais, genética e a pobreza em si ta m bém terão um im pacto profundo nas taxas de m ortalidade e m orbi dade relacionadas com o câncer. E m bora as causas infecciosas sejam responsáveis p or m enos de 10% dos cânceres em países desenvolvi dos, elas são responsáveis p or 25% das neoplasias m alignas nos países de baixa ou m édia rendas. As causas infecciosas do câncer, com o o papilom avírus h um ano (câncer de colo uterino), vírus da hepatite B (câncer de fígado) e Helicobacter pylori (câncer de estôm ago), conti nuarão a ter um im pacto m uito m aior nos países em desenvolvim en to. Os fatores am bientais e dietéticos, com o a interna poluição do ar e dietas com alto teor de sal, tam bém ajudam a aum entar as taxas de determ inados cânceres (p. ex., cânceres de pulm ão e estôm ago). O uso do tabaco (tanto o existente nos cigarros com o o m ascado) é a fonte m ais im portante de aum ento da m ortalidade p o r cânceres de pulm ão e oral. Em contrapartida à redução do uso do tabaco em m ui tos países desenvolvidos, o núm ero de fum antes está crescendo nos países desenvolvidos, especialm ente entre m ulheres e pessoas jovens. Por m uitas razões, os desfechos das neoplasias m alignas são m ui to piores nos países em desenvolvim ento do que nos desenvolvidos. Os sistemas de saúde sobrecarregados nos países pobres sim plesm en te não são capazes de fazer a detecção precoce; 80% dos pacientes já apresentam neoplasias m alignas incuráveis ao diagnóstico. O tra ta m ento de cânceres está disponível apenas para um pequeno n ú m e ro de cidadãos m ais ricos na m aioria dos países pobres, e, m esm o quando o tratam ento está disponível, a faixa e qualidade dos serviços frequentem ente estão abaixo do padrão. Mas isso não precisa ser o futuro. Apenas há um a década, a TB RMF e a infecção p or H IV eram consideradas intratáveis p o r todos, excetuando-se os m ais ricos, da população m undial. A últim a década to rn o u clara a viabilidade de se criar program as inovadores que reduzam as barreiras técnicas e financeiras para a prestação do cuidado p ara doenças complexas para as populações m ais pobres do m undo.
Diabetes A International Diabetes Federation relata que há um a expectativa de que o n úm ero de pacientes diabéticos no m undo aum ente de 285 m i lhões em 2010 para 438 m ilhões em 2030. A tualm ente m ais de 70% dos pacientes diabéticos serão de países em desenvolvim ento, onde, pelo fato de a m aioria dos acom etidos serem pessoas com m enos de 65 anos, as com plicações p or doenças m icro e m acrovasculares terão um índice m uito m aior de vítim as. Em 2009 a Federação estim ou 4 m ilhões de m ortes decorrentes de doenças relacionadas com o d ia betes em 2010, sendo que m ais de 80% dessas m ortes ocorreriam em países de baixa ou m édia rendas.
Obesidade e tabagismo Em 2004, a OMS lançou a Global Strategy on Diet, Physical Activity and Health, que se concentrava na prom oção de um a dieta saudável e atividades físicas regulares para toda a população em um esforço para reduzir o crescente problem a global de sobrepeso e obesidade. Foi difícil passar esta estratégia na Assembleia M undial de Saúde devido à forte oposição da ind ú stria alim entícia e de alguns países-m em bros da OMS, com o os EUA. E m bora a globalização haja tido m uitos efei tos positivos, um aspecto negativo foi o crescim ento, tanto nos países desenvolvidos com o naqueles em desenvolvim ento, de lobbies que prom overam , de m aneira agressiva, alterações dietéticas não saudá veis e aum entaram o consum o de álcool e tabaco. O investim ento es trangeiro direto em tabaco, bebidas e produtos alim entares nos países em desenvolvim ento atingiu $ 327 m ilhões em 2002 — um núm ero quase cinco vezes m aior do que a quantia gasta d urante aquele ano para tratar as D N T por agências bilaterais de financiam ento, a OMS e o Banco M undial com binados.
Os três pilares da prevenção
■ SAÚDE AMBIENTAL Em um a publicação recente que exam inou com o doenças e lesões específicas são afetadas pelo risco am biental, a OMS determ inou que aproxim adam ente 24% da GBD total, 33% da GDB entre crianças e 23% das m ortes são causadas p o r fatores am bientais m odificáveis. M uitos destes fatores levam a m ortes p o r doenças infecciosas; outros levam a m ortes po r neoplasias malignas. C ada dia m ais, a etiologia e nosologia são difíceis de serem avaliadas. Até 94% das doenças diar reicas, ligadas à ingestão de água não potável e saneam ento precário, podem ser atribuídos a fatores ambientais. Os fatores de risco, com o a poluição do ar interna causada pelo uso de com bustíveis sólidos, exposição a fum o passivo e poluição do ar externa, são responsáveis por 20% das infecções do trato respiratório inferior em países desen volvidos e até 42% de tais infecções nos países em desenvolvim en to. Várias form as de lesão não intencional e m alária estão no topo da lista dos problem as de saúde para os quais os fatores am bientais contribuem . Cerca de 4 m ilhões de crianças m orrem todos os anos de causas relacionadas com am bientes não saudáveis, e o núm ero de m ortes infantis causadas p o r fatores am bientais nos países em desen volvim ento é 12 vezes o dos países desenvolvidos.
■ SAÚDE MENTAL A OMS relata que cerca de 450 m ilhões de pessoas em todo o m undo são acom etidas por problem as m entais, neurológicos ou com portam entais a qualquer m om ento e que aproxim adam ente 873.000 pes soas m orrem p or suicídio a cada ano. A depressão m aior é a principal causa de anos perdidos em decorrência de incapacidade no m undo hoje. Um em cada quatro pacientes que procuram o serviço de saúde tem pelo m enos um distúrbio m ental, neurológico ou c o m portam en tal, m as a m aior parte destes distúrbios não é diagnosticada nem tra tada. A m aioria dos países de baixa ou m édia rendas dedica m enos de 1% de seus gastos de saúde à saúde m ental. Existem terapias cada vez mais efetivas para m uitas destas causas principais de transtornos mentais. Os tratam entos efetivos para várias doenças neurológicas, com o os transtornos convulsivos, estão dispo níveis há m uito tem po. U m a das m aiores barreiras ao fornecim ento de tais terapias é a escassez de profissionais habilitados. Por exemplo, a m aioria dos países da África Subsaariana tem apenas alguns psiquia tras; a m aior parte deles trabalha nas cidades e não está disponível no setor público ou para pacientes que vivem na pobreza. Dos p o u cos pacientes que têm a sorte de ser atendidos p or um psiquiatra ou neurologista, ainda m enor quantidade é capaz de aderir aos esquemas
de tratam ento: várias pesquisas de pacientes já diagnosticados e que recebem terapia diária ostensiva revelaram que, entre os pobres, pou cos conseguem tom ar os m edicam entos com o prescrito. As m esmas barreiras que evitam que os pobres tenham acesso confiável à insulina ou TAR im pedem que eles se beneficiem dos agentes antidepressivos, antipsicóticos e antiepilépticos. Para aliviar este problem a, algum as autoridades estão propondo o treinam ento dos profissionais de saúde a fim de fornecer suporte para a adesão ao tratam ento, serviços de aconselham ento e encam inham entos p ara pacientes com necessidade de serviços de saúde m ental baseados nas com unidades. Saúde m ental mundial: problem as e prioridades nos países de baixa renda oferece um a análise abrangente da carga de problem as m entais, com portam entais e sociais nos países de baixa renda, bem com o relaciona as conseqüências da saúde m ental ligadas a proble m as sociais, com o violência, desvios, pobreza e negação dos direitos das m ulheres, com as preocupações econôm icas, políticas e am bien tais correntes.
■ ATENÇÃO BÁSICA Na C onferência Internacional sobre C uidados P rim ários de Saúde em A lm a-A ta (onde hoje fica o C azaquistão), em 1978, funcionários da saúde pública de todo o m undo firm aram um com prom isso com o “Saúde para Todos até 2000”, um objetivo a ser alcançado proporcio nando o acesso universal aos cuidados prim ários de saúde em todo o m undo. Os críticos argum entavam que a realização dessa m eta na data proposta seria impossível. N os anos seguintes, surgiu um a es tratégia de cuidados de saúde prim ários seletivos que incluía quatro intervenções de baixo custo conhecidas coletivam ente com o GOBI (sigla em inglês): m o n itoram ento do crescim ento, reidratação oral, aleitam ento m aterno e vacinação contra difteria, coqueluche, tétano, poliom ielite, tuberculose e saram po. GOBI m ais tarde foi expandido para GOBI-FFF, que tam bém incluiu a educação fem inina, alim entos e planejam ento familiar. A lguns n úm eros da saúde pública viram isso com o um a estratégia provisória p ara alcançar a “saúde para todos”, m as outros criticaram -na com o um recuo dos com prom issos de Al m a-A ta. Debates sem elhantes ainda estão em voga, com program as específicos para doenças “verticais” para HIV, TB e m alária frequen tem ente vistos com petidores, com esforços para cuidados prim ários de saúde, por recursos econôm icos, h um anos e políticos críticos. O cuidado global prim ário é analisado em detalhes no C apítulo e l.
Questões Globais em Medicina
A OMS estim a que 80% dos casos de doença cardiovascular e diabetes tipo 2, assim com o 40% dos cânceres podem ser evitados por m eio dos três pilares: dieta saudável, atividade física e evitar o tabaco. E m bora haja algum as evidências de que as m edidas focadas na popula ção podem ter algum im pacto nestes com portam entos, é preocupante notar que os níveis crescentes de obesidade não foram revertidos em qualquer população, incluindo as dos países com alta renda que p o s suem indústrias dietéticas robustas. Entretanto, na ilha M aurício, por exemplo, um a única m edida política que m udou o tipo de óleo de cozinha disponível para a população levou a um a queda nos níveis séricos m édios de colesterol. Evitar o tabaco pode ser a m odificação com portam ental m ais im portante e mais difícil de todas. No século XX, 100 m ilhões de pessoas m orreram em todo o m undo de doenças relacionadas com o tabaco; projeta-se que m ais de 1 bilhão de pessoas m orrerá destas doenças no século XXI, sendo a grande m aioria des tas m ortes nos países em desenvolvim ento. Hoje, 80% dos 1,2 bilhão de fum antes no m u ndo vivem em países de baixa ou m édia rendas, e, em bora o consum o de tabaco esteja caindo na m aioria dos países desenvolvidos, continua a crescer a um a taxa de aproxim adam ente 3,4% ao ano nos países em desenvolvim ento. A C onvenção-quadro da OMS sobre o controle do tabaco de 2003 representou um avanço im portante, com prom etendo todos os seus signatários a estabelecer m edidas políticas que com provadam ente reduziram o consum o do ta baco. Entretanto, a m aioria dos países em desenvolvim ento continua a adotar um a abordagem passiva para o controle do tabagismo.
SISTEMAS DE SAUDE E A “FUGA DE CEREBR0S” Uma significativa e frequentem ente citada barreira à assistência efetiva à saúde em locais de poucos recursos é a ausência de equipe médica. No que se cham a fuga de cérebros, m uitos m édicos e enferm eiros em i gram de seus países de origem para buscar oportunidades em outros países, deixando para trás sistem as de saúde que não possuem profis sionais suficientes e são mal equipados para lidar com doenças epidê micas que devastam as populações locais. A OMS recom enda um m í nim o de 20 médicos e 100 enferm eiros para cada 100.000 pessoas, mas relatos recentes desta e de outras organizações confirm am que m ui tos países, especialm ente na África Subsaariana, estão m uito aquém daqueles núm eros. Mais da m etade de tais países registra m enos de 10 m édicos por 100.000 habitantes. Em contrapartida, EUA e Cuba possuem 279 e 596 médicos p or 100.000 habitantes, respectivamente. De m aneira sem elhante, a m aioria dos países da África Subsaariana não tem nem m esm o m etade do núm ero m ínim o de enferm eiros re com endado pela OMS. Além deste conjunto de problem as nacionais aterradores, existem ainda desigualdades com relação ao núm ero de profissionais dentro do país. As disparidades entre áreas rurais e u r banas com relação aos profissionais de assistência de saúde espelham as disparidades tanto da riqueza quanto da saúde. Por exemplo, quase 90% da população de M alauí é rural, porém mais de 95% dos con sultórios funcionam na área urbana e 47% dos enferm eiros trabalham em locais de assistência terciária. M esmo os profissionais de saúde da com unidade, treinados para fornecer serviços de prim eira linha para populações rurais, frequentem ente transferem -se para a área urbana. Além da transferência inter e intranacional de profissionais, a epidem ia da Aids contribui para a escassez de profissionais na África.
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Introdução à Medicina Clínica
Em bora os dados sobre a prevalência da infecção pelo H IV entre p ro fissionais de saúde sejam escassos, os núm eros disponíveis sugerem im pactos substanciais e adversos em um setor de saúde já sobrecarre gado. Um estudo que exam inou as m ortes de pequena coorte de m é dicos de U ganda descobriu que pelo m enos 22 dos 77 m édicos que se graduaram pela M akerere University M edicai School em 1984 m o r reram p o r volta de 2004 — a m aioria, presum ivelm ente, de Aids. A falta de m édicos nas áreas m ais atingidas pelo H IV tem im plicações profundas nos esforços de prevenção e tratam ento nestas regiões. O ciclo de em pobrecim ento do setor de saúde, a “fuga de cérebros” e a falta de pessoal p ara preencher as vagas, quando estas estão disponí veis, conspiram contra os program as am biciosos de levar a TAR para pessoas que convivem tanto com a Aids quanto com a pobreza. Além disso, a form ação de m édicos estagiários está com prom etida, pois os núm eros das com unidades de saúde e acadêm icas continuam a d im i nuir com o resultado de m igração ou doença. As implicações de longo prazo são preocupantes. Um a análise biossocial adequada da “fuga de cérebros” confirm a que a saída de profissionais de saúde — quase sem pre, com o sugere a m aioria das revisões, de regiões pobres p ara outras m enos pobres — não é sim plesm ente um a questão de busca p or rem uneração mais justa. As tendências epidem iológicas e o acesso a ferram entas de tra balho tam bém são relevantes, assim com o as condições de trabalho em geral. Em m uitos locais que hoje perdem profissionais de saúde capacitados, o advento do H IV levou a um aum ento agudo da inci dência de TB; aos olhos dos profissionais de saúde, outras infecções oportunistas tam bém se tornaram desafios insuperáveis. Juntas, estas forças conspiraram para to rn ar a provisão de assistência adequada quase impossível. Um m édico residente queniano observou: “Antes do treinam ento, pensávam os nos m édicos com o su p e r-h o m en s... [Agora] som os apenas atendentes de um necrotério”.3 Dadas as condições difíceis sob as quais estes profissionais tra balham , seria surpreendente que o C oordenador do Global Aids do governo dos EUA percebesse em 2004 que havia m ais m édicos etíopes trabalhando em Chicago do que em toda a Etiópia? Q uando fornecer assistência aos doentes se to rn a um pesadelo para os que estão no início de seu treinam ento clínico, logo o m édico que trab a lha em locais em pobrecidos sofre um esgotam ento. Nas instituições do setor público instaladas para assistência à população m ais pobre, a confluência de doenças epidêm icas, a ausência de recursos e as taxas cobradas do usuário irrealisticam ente altas levaram a um esgotam en to dissem inado entre os profissionais de saúde. Os pacientes e seus familiares são os que pagam m ais caro pelo esgotam ento dos presta dores de serviços de saúde, pois carregam o peso da doença e — com a introdução das taxas para os usuários — de grande parte do custo da resposta, em bora de m aneira inadequada, às novas epidem ias e pragas persistentes.
CONCLUSÃO: EM DIREÇÃO A UMA CIÊNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO As estratégias de saúde pública recorrem am plam ente aos m étodos quantitativos — epidem iologia, bioestatística e econom ia. A prática clínica, incluindo a m edicina interna, pro d u z u m a base de conhe cim ento de rápida expansão, porém c ontinua con cen trad a na as sistência individual ao paciente; as intervenções clínicas raram ente são baseadas na população. Na verdade, nem a saúde pública nem as abordagens clínicas isoladam ente serão com provadam ente adequa das ao abordar os problem as da saúde global. A inda há um longo cam inho a ser percorrido antes de a m edicina in tern a baseada em evidências ser aplicada de m aneira efetiva entre os pobres do m undo. As doenças infecciosas complexas, com o a Aids e TB, provaram ser difíceis, m as não impossíveis, de tratar; a resistência aos fárm acos e a ausência de sistemas de saúde efetivos com plicaram este trabalho. Além das doenças transm issíveis, na arena das doenças crônicas (p. ex., doença cardiovascular), a saúde global é um em preendim ento em brionário. Os esforços para abordar um destes problem as em lo
3 Raviola G et al: HIV, disease plague, demoralization, and “burnout”: Residence experience of the medicai profession in Nairobi, Kenya. Cult Med Psychiatry 26:55, 2002.
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cais de grande escassez precisam ser integrados aos esforços m ais am plos para fortalecer os sistem as de saúde que falham e aliviar a crescente crise de profissionais em tais sistemas. Por estas razões, o trabalho e a prática eruditos no cam po antes conhecido com o saúde in ternacional e hoje frequentem ente desig nado com o equidade da saúde global estão m u d an d o com rapidez. Este trabalho ainda é p erm eado pela tensão entre prática clínica e intervenções baseadas na população, en tre análise e ação. C om a m elhora dos indicadores, com o elas p oderão perm ear esforços para dim in u ir as taxas de m o rtalidade e m orbidade p rem aturas entre os pobres do m undo? Assim com o no século XIX, as perspectivas dos direitos h u m an o s p ro v aram ser úteis p ara que se volte a atenção aos problem as do doente sem recursos; estas perspectivas tam bém po d em fazer parte das estratégias de distribuição de cuidados de m aneira igualitária. Vários hospitais universitários estão desenvol vendo program as de trein am e n to p ara m édicos com interesse em saúde global. Nas escolas de m edicina de todo o território dos EUA e em outros países ricos, o interesse pela saúde global tem aum entado m uito. U m a pesquisa inform al na H arvard M edicai School, em 2006, revelou que aproxim adam ente 25% dos 160 alunos que entraram na faculdade tin h a m experiência significativa em saúde global ou p la nejavam um a carreira em saúde global. U m a transform ação sem e lhante entre estagiários foi relatada em outras escolas de m edicina. Há 50 anos ou m esm o há um a década, níveis de interesse tão altos com o estes seriam inim agináveis. As epidem ias persistentes, os indicadores m elhorados e o cres cente interesse recente pela saúde global são as bases de um investi m ento sem precedentes na abordagem aos problem as de saúde das pessoas pobres no m u n d o em desenvolvim ento. Este é um m om ento de oportunidade. Para assegurar que a o p o rtu n id ad e não será p e r dida, os fatos básicos precisam ser apresentados igualm ente para os especialistas bem com o para os leigos. Mais de 12 m ilhões de pessoas m orrem a cada ano sim plesm ente porque vivem na pobreza. A m aio ria absoluta destas m ortes prem aturas ocorre na África e nas regiões mais pobres da Ásia. A m aior parte de tais m ortes, que ocorre porque as pessoas m ais pobres do m u n d o não têm acesso aos resultados da ciência, inclui as m ortes devido a doenças preveníveis p or vacinas; m ortes d urante o parto; m ortes p or doenças infecciosas que po d e riam ser curadas com antibióticos e outros m edicam entos essenciais; m ortes p o r m alária que seriam evitadas p o r telas e acesso a terapia; e m ortes decorrentes de doenças transm itidas pela água. O utro n ú m ero excessivo de m ortes é atribuível à inadequação de esforços p ara desenvolver novas ferram entas de prevenção, diagnóstico e terapêu tica. Os que financiam a descoberta e o desenvolvim ento de novas ferram entas negligenciam a necessidade concom itante de estratégias que as tornem disponíveis para os pobres. Na verdade, alguns p o d e riam argum entar que o m aior desafio enfrentado pelos que buscam abordar esta lacuna de resultados é a ausência de m eios práticos de distribuição nas regiões m ais intensam ente afetadas. O desenvolvim ento de ferram entas tem de ser im ediatam ente acom panhado p o r sua distribuição equitativa. Q uando são desen volvidas novas ferram entas terapêuticas e de prevenção sem atenção concom itante à distribuição ou im plem entação, encontra-se o que algum as vezes é cham ado de efeitos perversos: à m edida que novas ferram entas sejam desenvolvidas, desigualdades de resultados — m e nos m orbidade e m ortalidade entre os que podem pagar pelo acesso, com taxas de m orbidade e m ortalidade altas contínuas entre os que não podem — irão crescer na ausência de um plano igualitário para distribuir as ferram entas àqueles sob m aior risco. Evitar tal futuro é o objetivo m ais im portante da saúde global.
BIBLIOGRAFIA The new world of global health. Science 311:162,2006 R et al (eds): World Mental Health: Problems and Priorities in Low-Income Countries. New York, Oxford University Press, 1995 F a r m e r PE: Infections and Inequalities: The Modem Plagues, 2nd ed. Berkeley, University of Califórnia Press, 2001 F a u c i AS et al: Emerging infectious diseases: A 10-year perspective from the National Institute of Allergy and Infectious Diseases. Emerg Infect Dis 11:519, 2005 C o h e n J:
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L ancet
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Tomada de Decisão em Medicina Clínica Daniel B. Mark John B. Wong INTRODUÇÃO Para um estudante de m edicina que precisa de 2 horas para obter a anam nese e o fazer o exame físico do paciente e de várias horas adi cionais para organizar as inform ações obtidas em um a apresentação coerente, a capacidade dem onstrada p o r um m édico experiente em decidir sobre o diagnóstico e a intervenção terapêutica em um a fra ção desse tem po parece extraordinária. O que separa o desem penho do m édico experiente daquele do iniciante é um a qualidade indefi nida cham ada “perícia”. A prim eira parte deste capítulo irá fornecer um a introdução breve ao que já se sabe sobre o desenvolvim ento da perícia no raciocínio clínico. O utras tarefas que parecem m uito difíceis para o estudante são a utilização apropriada dos exames diagnósticos e a integração dos re sultados na avaliação clínica do paciente. Um aprendiz geralmente usa o m étodo de “atirar para todos os lados” ao solicitar exames, na espe rança de atingir um alvo sem saber exatam ente o que procura. Em contrapartida, o profissional experiente geralm ente tem em m ente um alvo específico e ajusta a estratégia de solicitação de exames a ele. A segunda parte deste capítulo irá revisar sucintam ente alguns co n ceitos estatísticos básicos e fundam entais, úteis para a interpretação dos exames diagnósticos. Tam bém serão abordados os instrum entos quantitativos disponíveis para ajudar na tom ada de decisão clínica. Medicina baseada em evidências (MBE) é a expressão usada para descrever a integração das m elhores evidências de pesquisa d isp o níveis com o raciocínio clínico e a experiência quando aplicados à assistência de pacientes isoladam ente. A terceira parte do capítulo irá fornecer um a introdução sucinta a alguns dos instrum entos da MBE.
■ BREVE INTRODUÇÃO A0 RACIOCÍNIO CLÍNICO Experiência clínica É surpreendentem ente difícil definir claram ente o que se entende por “experiência clínica”. O jogo de xadrez tem seus m estres, a m úsica seus virtuosos artistas e o atletism o seus atletas olím picos. Mas na m edicina, após a conclusão do curso e a aprovação nas provas de cer tificação, não existem m ais testes ou padrões de desem penho ou de capacidade que possam ser usados para identificar aqueles que atin giram o nível m ais alto de habilidades em seus papeis clínicos. Evi dentem ente, existem sem pre alguns m édicos que são considerados p or seus colegas com o tendo habilidades especiais para a solução de problem as: a “elite” que é consultada quando casos particularm ente difíceis ou obscuros confundiram todos os outros. Mas devido a toda sua experiência, estes m édicos norm alm ente não conseguem explicar quais processos e m étodos eles utilizam p ara alcançar seus resultados im pressionantes. Além disso, não está claro que o seu virtuosism o diagnóstico pode ser generalizado. Em outras palavras, um especia lista em m iocardiopatia hipertrófica pode não ser m elhor (e possi
velm ente pior) do que um residente de prim eiro ano no diagnóstico e tratam ento de um paciente com neutropenia, febre e hipotensão. Em term os gerais, a experiência clínica inclui não só a dim ensão cognitiva e a integração de indícios verbais e visuais ou inform ações, m as tam bém habilidades m o to ras com plexas que são necessárias para o desem penho de vários procedim entos e testes invasivos e não invasivos. Além disso, a capacidade de se com unicar de m aneira efi caz com os pacientes e trabalhar de m aneira eficaz com os m em bros da equipe m édica pode ser incluída com o aspectos im po rtantes do “pacote com pleto” de especialização em m edicina. N este capítulo, no entanto, o enfoque será sobre os elem entos cognitivos (raciocí nio clínico), especialm ente no tocante ao diagnóstico. Este enfoque é im pulsionado po r dois fatores. Prim eiro, as ações m ais im portantes em m edicina clínica não são p rocedim entos nem prescrições, m as raciocínios (tanto diagnósticos com o escolhas de tratam en to ) dos quais provêm todos os outros com ponentes dos cuidados clínicos. Em segundo lugar, em bora a pesquisa sobre experiência clínica seja relativam ente esparsa no geral, é m ais bem desenvolvida na área da tom ada de decisão diagnóstica. M uito m enos trabalho foi realizado sobre as decisões de tratam ento ou sobre as habilidades clínicas e n volvidas no desem penho de procedim entos. A dificuldade evidente envolvida no estudo do raciocínio clínico é que ele ocorre nas cabeças de m édicos e p o rtanto não é im ediata m ente observável. Além disso, os m édicos podem nem m esm o estar conscientes de com o eles raciocinam em m uitos casos e, portanto, eles podem ser incapazes de descrever os processos que utilizam. Para superar essa dificuldade, um a linha de pesquisa tem se concentrado na m aneira com o os m édicos devem fundam entar diagnosticam ente e não na m aneira com o eles de fato fazem . Além disso, devido às dificuldades da pesquisa em pírica nessa área, m uito do que se sabe sobre raciocínio clínico provém de estudos em píricos sobre o com portam ento durante a solução de problem as não médicos. O cam po foi influenciado pelo im portante trabalho da psicologia cognitiva, so ciologia, educação clínica, econom ia, inform ática e ciências de deci são. E ntretanto, devido a essa diversidade de perspectivas, não existe nenhum m odelo integrado de raciocínio clínico e, não raram ente, ter m os e m odelos diferentes são propostos para fenôm enos semelhantes.
Tomada de Decisão em Medicina Clínica
CAPÍ TULO
An assessment of interactions between global health initiatives and country health systems. Lancet 373:2137,2009 S a c h s J, M a l a n e y O: The economic and social burden of malaria. Nature 415:680, 2002 W o r l d H e a l t h O r g a n i z a t i o n : The Global Burden of Disease: 2004 Update. Geneva, World Health Organization, 2008 M a x im iz in g P o s itiv e S y n e r g ie s C o l l a b o r a t i v e G ro u p :
Raciocínio intuitivo versus analítico Um m odelo contem porâneo útil de raciocínio (teoria de processo dual) distingue dois sistemas gerais de processos cognitivos. A intuição (Sistema 1) fornece julgam entos fáceis, rápidos, a partir de associações m em orizadas - por exemplo, m ulheres afro-am ericanas e adenopatia hilar é igual a sarcoidose - ou a p artir da redução de dados complexos por meio de reconhecim ento de padrões e outra heurística. Em geral, o m édico é incapaz de dizer com o esses julgam entos foram form ula dos. A análise (Sistema 2), a outra form a de raciocínio no m odelo de processo duplo, é lenta, m etódica e difícil. Estes são, evidentem ente, extremos idealizados do continuum cognitivo. A form a como esses sis temas interagem em problem as de decisão diferentes e a forma como eles diferem entre especialistas e iniciantes continuam sendo objeto de debate considerável. M uito trabalho tem sido feito para identificar como cada um desses sistemas pode levar a erros de julgamento. O reconhecimento de padrões é um processo cognitivo complexo que parece grandem ente intuitivo. E possível reconhecer os rostos das pessoas, a raça de um cão, ou o m odelo de um autom óvel sem n e cessariam ente ser capaz de dizer que características específicas p o s sibilitaram o reconhecim ento. A nalogam ente, um m édico experiente m uitas vezes consegue reconhecer o p adrão de um diagnóstico com
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o qual está m uito fam iliarizado após um curto período de tem po com o paciente. O estudante, que não tem esse repertório arm azenado de padrões de diagnóstico, tem de usar um a abordagem analítica m ais trabalhosa, juntam ente com a coleta de dados m uito m ais intensa para chegar ao diagnóstico. Os três breves cenários de u m paciente com hem optise apresenta, três padrões distintos:
Introdução à Medicina Clínica
• H om em de 46 anos de idade p ro cu ra um clínico geral com a queixa principal de hem optise. Ele é saudável em outros aspec tos, não é fum ante e está recuperando-se de um a aparente b ro n quite viral. Para esse paciente, o padrão seria sugerir que a b ro n quite aguda é responsável pela pequena quantidade de escarro raiado de sangue relatado pelo paciente. Nesse caso, um a radio grafia de tórax pode ser suficiente para garantir que um a doença mais séria não está presente. • No segundo cenário, um h om em de 46 anos de idade com a m esm a queixa principal que relata história de tabagism o de m ais de 100 m aços p or ano, tosse m atinal produtiva e episódios de escarro raiado de sangue enquadra-se no padrão de carcinom a pulm onar. C onsequentem ente, além da radiografia de tórax, o m édico solicita exam e citológico do escarro e encam inha o p a ciente TC de tórax. • N o terceiro cenário, um paciente de 46 anos de idade com h e m optise provém de um país em desenvolvim ento e o m édico tam bém solicita um ecocardiogram a porque, à ausculta cardíaca, acredita ter auscultado um ruflar diastólico suave no ictus cordis, sugestivo de estenose m itral reum ática. O erro prim ário que pode resultar da confiança no uso livre de reconhecim ento do padrão no diagnóstico é um encerramento pre maturo: concluir que já se sabe o diagnóstico correto e, portanto, dei xar de concluir a coleta de dados que dem onstraria a falta de ajuste do padrão inicial selecionado. C onsidere o seguinte exem plo h ipoté tico. Um paciente de 45 anos de idade do sexo m asculino com um a história de 3 sem anas de um a infecção do trato respiratório superior (ITRS) “sem elhante à gripe” apresentou-se ao seu m édico com sin tom as de dispnéia e tosse produtiva. C om base na queixa de apre sentação, o m édico sacou de um “form ulário de avaliação de ITRS” para obter inform ações do paciente que poderiam ser benéficas para a m elhoria da qualidade e eficiência dos cuidados. O m édico rapida m ente concluiu os com ponentes do exame descritos nesse form ulário estruturado, registrando, em particular a ausência de febre e exame de tórax limpo. Ele então prescreveu um antibiótico para suposta bronquite, m ostrou ao paciente com o respirar em um saco de papel para aliviar sua “hiperventilação” e m andou-o para casa com a garan tia de que sua doença não era grave. D epois de um a noite sem d o r mir, com dispnéia significativa não aliviada pela respiração no saco, o paciente evoluiu para náuseas e vôm itos e entrou em colapso. Ele foi levado para o setor de em ergência em parada cardíaca e não pode ser ressuscitado. A autópsia m ostrou infarto do m iocárdio (IAM) de p a rede posterior e um trom bo recente em um a artéria coronária direita aterosclerótica. O que deu errado? O m édico decidiu, com base na aparência do paciente, m esm o antes de iniciar a anam nese, que as queixas do paciente não eram graves. Ele, p ortanto, sentiu-se confiante p ara realizar um exam e abreviado e focado usando o protocolo de avaliação da ITRS em vez de considerar um a gama mais am pla de possibilidades e realizar exa m es adequados para confirm ar ou refutar sua hipótese inicial. Em particular, concentrando-se na ITRS, o m édico não conseguiu obter a história com pleta de dispnéia, que teria sugerido um distúrbio m uito m ais grave, e ele foi negligente ao não pesquisar os outros sintom as que poderiam tê-lo dirigido ao diagnóstico correto. Os atalhos cognitivos, ou regras práticas, às vezes cham adas de heurística, são outro tipo de processo m ental intuitivo que pode ser invocado para com preender com o os especialistas resolvem proble mas complexos, do tipo encontrado diariam ente em m edicina clínica, com grande eficiência. O trabalho original sobre o uso da heurística na resolução de problem as foi feito em grande parte em experim entos de laboratório com estudantes de Psicologia. O objetivo do program a de pesquisa foi testar a intuição estatística desses indivíduos contra
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as regras de estatísticas para entender com o tais intuições podem ser tendenciosas. Assim, discussões sobre o uso de heurística na tom ada de decisões tendem a se concentrar-se m ais nas m aneiras como sua utilização pode levar a erros de julgam ento do que nos seus sucessos. Em bora existam m uitas heurísticas de possível relevância para o ra ciocínio clínico, apenas quatro serão m encionadas aqui. Q uando avaliam um paciente, os m édicos frequentem ente p o n deram a probabilidade de que as m anifestações clínicas daquele in divíduo sejam com patíveis com aquelas do grupo de pacientes que apresentam as principais hipóteses diagnosticas que estão sendo con sideradas. Em outras palavras, o m édico busca o diagnóstico para o qual o paciente pareça ser um exem plo representativo; esse atalho cognitivo é conhecido com o heurística de representatividade. Essa heurística é análoga ao reconhecim ento de padrões. No en tanto, se houver dois (ou m ais) diagnósticos concorrentes que pode riam explicar os sintom as do paciente, os m édicos que usam a h eurís tica de representatividade podem chegar a conclusões errôneas, caso não levem em consideração a prevalência intrínseca de dois diagnós ticos concorrentes (ou seja, as probabilidades prévias, ou pré-exame). O bserve um paciente com do r torácica pleurítica, dispnéia e febre baixa. U m clínico po d eria pensar em pn eu m o n ia aguda e em bolia pulm onar aguda com o as duas principais alternativas diagnosticas. Por m eio da heurística de representatividade, o clínico p oderia es tim ar que as duas possibilidades diagnosticas são igualm ente prová veis, m as essa suposição seria incorreta se a pneum onia fosse m uito mais prevalente na população de origem. E rros tam bém podem advir da incapacidade de se considerar que um padrão baseado na expe riência com um n úm ero pequeno de casos pregressos provavelmente será m enos confiável do que outro baseado em m aior experiência. Um segundo atalho cognitivo com um ente utilizado, a heurística de disponibilidade, envolve avaliações tom adas com base na facili dade com que casos ou resultados sem elhantes prévios podem ser trazidos à m ente. Por exemplo, o m édico experiente pode lem brar-se de 20 pacientes idosos atendidos nos últim os anos que se apresenta ram com dispnéia indolor de início agudo e receberam diagnóstico de IAM. Um m édico novato pode despender um tem po valioso bus cando um a causa pulm onar p ara os sintom as, antes de suspeitar e de pois confirm ar o diagnóstico do problem a cardíaco. Nessa situação, o quadro clínico do paciente não coaduna com o padrão esperado de IAM, m as a experiência com esse tipo de apresentação atípica e a capacidade de relem brá-la podem ajudar a orientar o m édico para o diagnóstico. Os erros da heurística de disponibilidade podem provir de d i versas fontes de viés de recordação. Por exem plo, catástrofes raras costum am ser lem bradas com clareza e força desproporcionais à sua im portância - p or exemplo, um paciente com d or de garganta no qual subsequentem ente descobre-se um a leucem ia ou um atleta jovem com dor na perna que subsequentem ente é diagnosticado com sarcom a - e experiências recentes são, evidentem ente, m ais fáceis de recordar e, portanto, m ais preponderantes nas avaliações clínicas. O terceiro atalho cognitivo em pregado, a heurística de ancora gem, envolve a estim ativa de um a probabilidade a p a rtir de um ponto conhecido (a âncora) e adaptação ao caso novo a p a rtir dessa pers pectiva. A ancoragem pode ser u m poderoso in strum ento diagnós tico, m as pode ser usada incorretam ente. Por exemplo, um m édico pode acreditar que a probabilidade de doença arterial coronariana (DAC) é m uito alta após um a prova de esforço com tálio positiva, porque a predição foi ancorada ao resultado do exame (“exame posi tivo = alta probabilidade de DAC”). Porém , conform e será analisado adiante, essa predição seria incorreta se o quadro clínico (pré-exame) do paciente indicasse baixa probabilidade da doença (p. ex., m ulher de 30 anos sem fatores de risco). C om o este exem plo m ostra, as â n coras não necessariam ente são iguais à probabilidade pré-exam e (ver M edidas da probabilidade de doenças e o teorem a de Bayes, adiante). A qu arta heurística, que p o d eria ser cham ada de heurística da simplicidade, afirm a que os m édicos devem utilizar a explicação mais simples possível que irá relatar adequadam ente os sintom as ou resul tados do paciente (a navalha de Occam ). E m bora este seja um princi pio atraente e frequentem ente útil, é im portante lem brar que não há nenhum a base biológica para ele.
nhecim ento, os m édicos não confiam sim plesm ente em casos espe cíficos m as construíram redes conceituais elaboradas ou m odelos de doença para chegar às suas conclusões. Isto é, a perícia envolve um a m aior capacidade de conectar sintom as, sinais e fatores de risco uns com os outros; relacionar esses achados com possíveis diagnósticos e identificar as inform ações adicionais necessárias p a ra confirm ar o diagnóstico. Mais recentem ente, a teoria de traço difuso colocou m aior ênfase no intuicionism o no qual a perícia envolve a capacida de de destilar a “substância” ou essência de diagnóstico processando m enos inform ação e descartando dados irrelevantes, com ênfase na m em ória e significado ou reconhecim ento e recuperação. E m bora não tenha surgido n enhum a teoria para explicar as p rin cipais características de especialização em diagnóstico clínico, os es pecialistas têm m ais conhecim ento sobre m ais coisas e um m aior re pertório de ferram entas cognitivas a serem em pregadas na resolução de problem as do que os novatos. U m a definição de perícia destaca a capacidade de fazer distinções poderosas. A m em orização p o r si só é insuficiente; em vez disso, a perícia envolve um conhecim ento prático das possibilidades de diagnóstico e quais as características que distinguem um a da outra. O que perm anece m enos claro é se existe algum program a didático que possibilitaria o desenvolvim ento acelerado de um novato para especialista ou garanta o m esm o nível elevado de conhecim entos entre m édicos m ais experientes. Algum as recom endações atuais incluem o uso de um a abordagem com binada de raciocínio clínico, isto é, enfatizar para os alunos a im portância de estratégias de raciocínio de reconhecim ento padrão tanto analítico e deliberativo consciente com o intuitivo e, assim , dando flexibilidade aos alunos para aplicar qualquer estratégia de raciocínio em particu lar para superar os pontos fracos de cada caso específico.
Tomada de Decisão em Medicina Clínica
Médicos experientes usam processos de raciocínio analítico (Siste ma 2) m uito mais frequentem ente quando o problem a que enfrentam é reconhecido como complexo ou envolve im portantes elem entos ou características desconhecidos. Em tais situações, o m édico prossegue m uito mais m etodicam ente no que foi cham ado de modelo hipotético-dedutivo de raciocínio. Desde o início, o m édico especialista está ge rando, refinando e descartando hipóteses de diagnóstico. As perguntas que ela pergunta na anam nese são dirigidas pelas hipóteses com as quais ela está trabalhando no m omento. M esmo o exame físico é foca do em questões específicas. O baço está aum entado? Q uão grande está o fígado? Está sensível? Ele tem algum a m assa ou nódulo palpável? Cada pergunta centra a atenção do exam inador na exclusão de todas as outras entradas até que seja respondida, possibilitando ao exam inador passar para a próxim a pergunta específica. C ada hipótese diagnóstica estabelece um contexto para as etapas de diagnóstico seguintes e for nece previsões testáveis. Por exemplo, se o fígado aum entado e bastan te sensível percebido ao exame físico for causado p or hepatite aguda (a hipótese), certos testes de função hepática específicos devem ser acentuadam ente elevados (a previsão). Se os testes voltarem ao norm al, a hipótese pode ter de ser descartada, ou substancialm ente modificada. Os resultados negativos frequentem ente são negligenciados, m as são tão im portantes quanto os positivos em estabelecer e aperfeiçoar as hipóteses diagnosticas. O desconforto no peito que não é provo cado ou agravado po r esforço em um paciente ativo reduz a p ro b a bilidade de que doença cardíaca isquêm ica crônica seja a causa sub jacente. A ausência de um a taquicardia de repouso e o aum ento da glândula tireoide reduzem a probabilidade de h ip ertireoidism o em um paciente com fibrilação atrial paroxística. A gravidade da doença de um paciente pode desem penhar um papel im portante nas considerações predom inantes de prevalência e as outras questões descritas anteriorm ente. Por exemplo, os m édicos são ensinados a considerar a dissecção aórtica rotineiram ente com o um a possível causa de desconforto torácico agudo grave, ju n ta m en te com IAM, em bora a história típica de dissecção seja diferente da de IAM e a dissecção seja m uito m enos prevalente (Cap. 248). Essa recom endação é baseada no reconhecim ento de que um d iagnós tico relativam ente raro, m as catastrófico, com o dissecção aórtica é m uito difícil de fazer, a m enos que seja explicitam ente considerada com o um im perativo de diagnóstico. Se o m édico não consegue obter qualquer das características de dissecção pela anam nese e encontra pressões arteriais equivalentes em am bos os braços e sem déficits de pulso, ele pode se sentir confortável d escartando a hipótese de dis secção da aorta. Se, no entanto, o raio X de tórax m ostra u m m ediastino possivelm ente alargado, a hipótese pode ser refeita e um teste de diagnóstico solicitado [p. ex., tom ografia com putadorizada (TC) torácica, ecocardiogram a transesofágico] para avaliá-lo de m aneira m ais completa. Em situações não agudas, a prevalência de potenciais diagnósticos alternativos deve d esem penhar um papel m uito m ais proem inente na geração de hipóteses diagnosticas. Os cientistas cognitivos que estudaram os processos do p en sa m ento de clínicos experientes observaram que eles agrupam dados em pacotes, ou “blocos”, que são arm azenados na m em ória e m aneja dos para se form ularem hipóteses diagnosticas. C om o a m em ória de curto prazo geralm ente guarda apenas 7 a 10 itens de cada vez, o n ú m ero de blocos que podem ser integrados ativam ente na form ulação de hipóteses tam bém é lim itado. Por esse m otivo, os atalhos cogniti vos analisados anteriorm ente p odem desem penhar um papel im por tante na form ulação das hipóteses diagnósticas, das quais m uitas são descartadas tão rapidam ente quanto são form uladas (dem onstrando assim que a distinção entre raciocínio analítico e intuitivo é arbitrária e sim plista mas, de qualquer m aneira, útil). Pesquisas sobre o m odelo hipotético-dedutivo de raciocínio ti veram um a dificuldade surpreendente em identificar os elem entos que distinguem especialistas de novatos. Isto levou a um a m udança do exam inar o processo de resolução de problem as de especialistas para analisar a organização de seu conhecim ento. Por exem plo, o diagnóstico pode ser baseado na sem elhança de um novo caso com exem plos isolados anteriores (exem plares). Os especialistas têm um estoque m aior de casos a serem lem brados, p o r exemplo, a m em ória visual em radiologia. No m odelo de p rotótipo m ais abstrato do c o
■ M0DIFICAD0RES IMPORTANTES DA TOMADA DE DECISÃO CLÍNICA Mais de um a década de pesquisas acerca das variações dos padrões de prática clínica delineou as forças que m oldam as decisões clínicas. Conceitualmente, esses fatores podem ser agrupados em três categorias su perpostas: (1) fatores relacionados com as características pessoais e com o estilo de prática do médico; (2) fatores relacionados com o contexto em que ele atua e (3) fatores relacionados com incentivo financeiro.
Fatores relacionados com o estilo da prática clínica Um dos papéis fundam entais do clínico na assistência m édica é atuar com o prom otor do paciente, no sentido de garantir que a assistência necessária seja prestada com alto nível de qualidade. Os fatores que influem nessa função são o conhecim ento, o treinam ento e a expe riência do médico. E óbvio que os m édicos não podem praticar a m e dicina baseada em evidências (MBE, descrita adiante neste capítulo) se não estiverem fam iliarizados com as evidências. C om o seria de se esperar, os especialistas geralm ente conhecem as evidências da sua área m elhor do que os clínicos gerais. Os cirurgiões podem ser mais entusiastas do que os clínicos ao recom endarem um a cirurgia, porque suas crenças nos efeitos benéficos da cirúrgica são m ais arraigadas. Pela m esm a razão, os cardiologistas invasivos são bem m ais propen sos a encam inhar os pacientes que têm d or torácica para cateterism o diagnóstico do que os cardiologistas conservadores ou os clínicos ge rais. As crenças do m édico que determ inam esses estilos de prática di ferentes baseiam -se na experiência, na recordação e na interpretação pessoais das evidências m édicas disponíveis. Por exemplo, é m uito mais provável que os especialistas em insuficiência cardíaca atinjam o alvo no tratam ento com inibidores da enzim a conversora de angiotensina (ECA) em pacientes que apresentam insuficiência cardíaca do que os clínicos gerais, porque estão m ais fam iliarizados com os alvos pretendidos (definidos p or ensaios clínicos grandes), conhecem m elhor os fárm acos usados (incluindo a dosagem e os efeitos colate rais) e são m enos suscetíveis de reagir indevidam ente aos problem as previsíveis do tratam ento, tais com o elevação dos níveis de creatinina ou hipotensão sintom ática. O utra pesquisa interessante m ostrou um a am pla distribuição dos intervalos de aceitação da antibioticoterapia para doença ulcerosa péptica, após a dissem inação generalizada das “evidências” n a literatura m édica. A lguns gastrenterologistas aceita ram esse tratam ento novo antes que as evidências fossem claras (tal 21
Introdução à Medicina Clínica
vez refletindo um estilo de prática agressivo), enquanto outros fica ram para trás (um estilo de prática conservador, neste caso associado aos m édicos m ais antigos). Com o grupo, os clínicos gerais ficaram vários anos atrás dos gastrenterologistas. Um exemplo de efeitos m istos nos desfechos do paciente associa dos a aceitação rápida de novas evidências envolve o caso de adicionar espironolactona (um antagonista do receptor de aldosterona) ao es quem a farm acológico para pacientes com insuficiência cardíaca sistólica. Em um ensaio clínico de grande porte, bem realizado (Randomized Aldactone Evaluation Study, RALES) publicado em 1999, essa terapia produziu um a redução significativa das taxas de m ortalidade por todas as causas. Durante os dois anos seguintes, o uso de espirono lactona aum entou cinco vezes na província de O ntario, Canadá. Essa rápida captação foi associada a um aum ento significativo das taxas de adm issão hospitalar tanto para m ortes associadas à hiperpotassem ia como à hiperpotassemia. Pelo m enos alguns desses efeitos adversos do uso dessa “m edicina baseada em evidências” parecem estar relaciona dos com o tratam ento de pacientes que não teriam sido elegíveis para o ensaio RALES e que tinham contraindicações ao uso do fármaco. A opinião dos líderes influentes tam bém pode ter um efeito im p ortante nos padrões da prática. Essa influência pode dar-se em nível nacional (p. ex., palestras de especialistas em congressos nacionais) e local (p. ex., program as de educação locais, consultas inform ais). Os líderes de opinião não precisam ser médicos. Q uando participam de sessões de debates com farm acêuticos clínicos, os m édicos têm m e nor probabilidade de com eter erros de prescrição e m aior propensão a utilizar níveis alvo dos tratam entos referendados p or evidências. O bem -estar do paciente não é a única preocupação que m otiva as decisões clínicas. A percepção do m édico acerca do risco de sofrer um a ação legal p or im perícia, resultante de um a decisão errônea ou de um a evolução desfavorável, gera um estilo de prática conhecido com o medicina defensiva. Essa atitude envolve o uso de exames e tra tam entos com taxas de retorno m uito baixas, de m odo a evitar críticas futuras caso haja um resultado adverso. Por exemplo, um a m ulher de 40 anos que tenha longo histórico de cefaleia interm itente e novo epi sódio de cefaleia intensa e diferente com exam e neurológico norm al tem baixíssim a probabilidade de apresentar um a patologia intracra niana estrutural. A realização de um a TC ou ressonância m agnética (RM) do encéfalo nessa situação seria m edicina defensiva. Entretanto, os resultados do exame poderiam tranqüilizar a paciente ansiosa.
Fatores relacionados com o contexto da prática clínica Os fatores incluídos nesse grupo estão relacionados com os recursos físicos disponíveis para a prática profissional e com o am biente de atuação. D em anda induzida pelo médico é u m a expressão que des creve a constatação freqüente de que alguns m édicos têm um a su r preendente capacidade de acom odar-se e usar os recursos m édicos que estão disponíveis. Um dos estudos básicos na pesquisa de resul tados m ostrou que os m édicos de Boston, onde a proporção entre leitos hospitalares e pacientes era alta, tinham taxas de hospitalização quase 50% mais altas do que os m édicos de New Haven, em bora não houvesse diferenças evidentes na saúde ou na taxa de m ortalidade re sultante dos habitantes das duas cidades. Os m édicos de New Haven não tinham consciência de que indicavam m enos internações para seus pacientes, nem os profissionais de Boston sabiam que utilizavam critérios m enos rigorosos para in te rn ar seus pacientes. Em am bas as cidades, os m édicos adaptaram inconscientem ente seus estilos de prática ao volume de leitos hospitalares disponíveis. O u tro s fatores am bientais que p o d em in flu ir na to m ad a de decisões são a disponibilidade local de especialistas para pareceres e procedim entos, recursos de “alta tecnologia”, com o equipam entos de angiografia, program as de cirurgia cardíaca e aparelhos de RM e fragm entação do cuidado.
Incentivos financeiros Os incentivos financeiros estão diretam en te relacionados com as outras duas categorias de fatores que interferem na prática m édica. As questões financeiras p odem exercer influências estim uladoras ou inibitórias na prática clínica. Em geral, os m édicos são pagos por serviços prestados, p or sistem a de captação, ou p o r salário. No sis 22
tem a de pagam ento p o r serviços prestados, quanto m ais o m édico produz, m ais ganha. Nesse caso, o incentivo financeiro é produzir mais. Q uando os honorários são reduzidos (pagam ento po r serviços prestados descontados), os m édicos tendem a aum entar o núm ero de serviços prestados. Por outro lado, no sistem a de captação estabelece-se um pagam ento fixo p o r paciente ao ano, o que estim ula os m é dicos a cuidar de m ais pacientes, m as prestar m enos serviços a cada um . Os serviços dispendiosos têm m aior probabilidade de serem afe tados p o r esse tipo de incentivo do que os serviços preventivos, mais baratos. Os planos de rem uneração assalariada pagam o m esm o valor aos médicos, independentem ente do volum e de trabalho realizado. O incentivo aqui é atender m enos pacientes. Em sum a, a tom ada de decisão clínica especializada pode ser entendida com o um a com plexa interação de processos cognitivos usados para sim plificar e organizar grandes quantidades de inform a ções e as particularidades do profissional concernentes à form ação, ao treinam ento e à experiência, todos m odulados por forças externas poderosas e, em alguns casos, perversas. N a próxim a seção irem os revisar alguns recursos e conceitos estatísticos que poderão ser úteis na tom ada de decisão clínica em casos difíceis.
INTERPRETAÇÃO DOS EXAMES DIAGNÓSTICOS NO CONTEXTO DA TOMADA DE DECISÃO Apesar dos grandes avanços tecnológicos na m edicina no últim o sé culo, a incerteza ainda continua sendo o principal desafio em todos os aspectos da tom ada de decisão clínica. Para com por esse desafio há a sobrecarga m aciça de inform ações que caracteriza a m edicina m oderna. O m édico experiente da atualidade precisa do acesso a 2 m ilhões de partes de inform ação p ara praticar a m edicina. De acordo com um a estim ativa, os m édicos assinam um a m édia de sete revistas, representando m ais de 2.500 novos artigos a cada ano. Obviamente, para ser útil, essa inform ação deve ser integrada com dados específi cos coletados em cada paciente que está sendo atendido. Em bora os com putadores pareçam oferecer a solução óbvia tanto para gestão da inform ação com o para u m a m elh o r quantificação e gerenciam ento das incertezas diárias do cuidado clínico, m uitos problem as práticos devem ser resolvidos antes de os com putadores poderem ser integra dos ao processo do raciocínio clínico de m aneira que com provadam ente m elhorem a qualidade do atendim ento. E m bora um sistem a com putadorizado de diagnóstico e gerencia m ento totalm ente integrado continue sendo um a possibilidade dis tante, existem ferram entas disponíveis atualm ente que podem ajudar em aspectos de m anejo do paciente. Além disso, com preender a na tureza das inform ações do exam e diagnóstico pode ajudar a tornar um m édico um usuário m ais eficiente desses dados. Essa secção do capítulo irá revisar alguns conceitos im portantes relacionados com os exames diagnósticos.
■ EXAME DIAGNÓSTICO: MEDIDAS DA ACURÁCIA DO EXAME O objetivo na realização de um exam e no paciente é reduzir a in certeza acerca do diagnóstico ou prognóstico e ajudar o m édico a tom ar decisões terapêuticas. E m bora os exam es diagnósticos sejam com um ente classificados com o exam es laboratoriais (p. ex., m edi ção do nível sérico de am ilase) ou procedim entos laboratoriais (p. ex., colonoscopia ou broncoscopia), qualquer tecnologia que altere a com preensão do m édico sobre o problem a do paciente pode ser classificada com o um exam e diagnóstico. Neste sentido, até m esm o a anam nese e o exam e físico p odem ser considerados exames diag nósticos. Em m edicina clínica, é com um reduzir os resultados de um exame a um veredicto dicotôm ico, tal com o positivo ou negati vo, norm al ou anorm al. Em m uitos casos, essa sim plificação leva ao desperdício de inform ações úteis. C ontudo, tal sim plificação facilita a dem onstração de algum as das form as quantitativas pelas quais os dados dos resultados dos exam es p o d em ser utilizados. A precisão dos exames diagnósticos é definida em relação a um “padrão ouro” aceito, que, pressupõe-se, reflete o verdadeiro estado do paciente (Q uadro 3.1). Para definir o desem penho diagnóstico de um novo exame, deve-se identificar um a população apropriada (o ideal é que sejam pacientes nos quais o novo exame será usado), e tanto os
QUADRO 3.1
Medidas de precisão do exame diagnóstico Estado da doença
Resultado do exame
Presente
Positivo
Verdadeiro positivo (VP)
Falso positivo (FP)
Negativo
Falso negativo (FN)
Verdadeiro negativo (VN)
Ausente
Identificação de pacientes com a doença
Identificação de pacientes sem a doença Taxa de verdadeiro negativo (especificidade) = VN/(VN + FP) Taxa de falso positivo = FP/(VN + FP) Taxa de verdadeiro negativo = 1 - taxa de falso positivo
exames novos quanto o padrão ouro são aplicados em todos os indiví duos (o uso de um a população inadequada ou a aplicação incompleta do exame de padrão ouro pode levar a estimativas tendenciosas do de sempenho do exame). Os resultados dos dois exames são então com pa rados. A taxa de sensibilidade ou de resultados verdadeiros positivos do novo exame é a proporção de pacientes com a doença (definida pelo padrão ouro) que apresenta um resultado positivo no exame (novo). Essa medida reflete com que eficácia o exame identifica os pacientes que têm a doença. A proporção de pacientes com a doença que apre senta exame negativo é a taxa de resultados falsos negativos e é calculada como (1 - sensibilidade). A proporção de pacientes sem a doença que apresentam exame negativo é a taxa de verdadeiros negativos, ou seja, a especificidade. Essa medida reflete a capacidade do exame de identificar corretam ente os indivíduos que não têm doença. A proporção de p a cientes sem a doença que apresentam exame positivo é a taxa de falsos positivos, calculada como (1 - especificidade). Um exame perfeito teria sensibilidade e especificidade de 100% e seria capaz de distinguir plena mente os pacientes que têm a doença daqueles que não a têm. O cálculo da sensibilidade e da especificidade exige a escolha de um valor de decisão para o exame para definir o valor lim iar no qual, ou acima do qual, o teste é considerado “positivo”. Para qualquer exa me, à m edida que esse ponto de corte se m odifica para aum entar a sensibilidade, a especificidade costum a dim inuir, e vice-versa. Essa compensação dinâm ica entre a identificação m ais precisa dos pacien tes que têm a doença versus aqueles que não a têm é representada gra ficamente por um a curva das características operatórias do receptor (COR) (Fig. 3.1). A curva COR representa a sensibilidade (eixo dosy) contra 1 - especificidade (eixo dos x). Cada ponto da curva representa um ponto de corte potencial, com valores de especificidade e sensibi lidade associados. A área sob a curva C O R geralm ente é usada com o m edida quantitativa do conteúdo inform ativo de um exame. Os valo res variam de 0,5 (nenhum a inform ação diagnóstica do exame; exame equivalente à definição no “cara ou coroa”) a 1 (exame perfeito). Na literatura sobre exames diagnósticos, as áreas das curvas COR costum am ser usadas para se com pararem exam es alternativos que possam ajudar a solucionar um d eterm inado problem a de diagnós tico. O exame com área m aior (ou seja, que m ais se aproxim a de 1) é considerado o m ais preciso. C ontudo, as curvas da CO R não fu n cionam com o panaceia na avaliação da utilidade dos exam es diag nósticos. Assim com o o teorem a de Bayes (descrito adiante), essas curvas geralm ente se baseiam em apenas um parâm etro possível do teste (p. ex., resposta do segm ento ST em prova de esforço na esteira rolante), em detrim ento dos outros dados p otencialm ente relevantes. Além disso, as com parações das áreas das curvas CO R não sim ulam o m odo com o as inform ações do exam e são usadas na prática clíni ca. Por fim, predisposições existentes na população subjacente usada para gerar as curvas COR (p. ex., relacionadas com um a avaliação do exame em indivíduos não representativos daqueles nos quais o exa me será usado clinicamente) podem interferir nas áreas dessas curvas e na validade da com paração entre exames.
Taxa de falso positivo
Figura 3.1
Cada curva COR ilustra a compensação que ocorre entre um aumento da sensibilidade do exame (detecção precisa de pacientes com a doença) e um au mento da especificidade do exame (detecção precisa dos pacientes sem a doença), à medida que varia o valor do exame que define quando o teste passa de “negativo” para "positivo” . Uma linha de 45° indicaria um exame sem valor preditivo (sensibi lidade = especificidade em todos os valores do exame). A área sob cada curva de COR é uma medida do conteúdo de informação do exame. Assim, uma área de COR maior significa aumento da acurácia diagnóstica.
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Tomada de Decisão em Medicina Clínica
Taxa de verdadeiro positivo (sensibilidade) = VP/(VP + FN) Taxa de faiso negativo = FN/(VP + FN) Taxa de verdadeiro positivo = 1 - taxa de falso negativo
MEDIDAS DE PROBABILIDADES DE DOENÇAS E TEOREMA DE BAYES
Infelizm ente, não existem exam es perfeitos. Após a realização de qualquer exame, ainda restam dúvidas q uanto à verdadeira doença do paciente. O teorem a de Bayes quantifica essa incerteza rem anes cente. Ele fornece um m étodo m atem ático sim ples para se calcular a probabilidade pós-exam e de um a doença a p a rtir de três parâm etros: a probabilidade pré-exam e da doença, a sensibilidade do exame e a especificidade do exame (Q u ad ro 3.2). A probabilidade pré-exam e é um a expressão quantitativa da confiança em um diagnóstico, antes de o exam e ser realizado. N a ausência de inform ações m ais relevan tes, isto geralm ente é estim ado com base na prevalência da doença
QUADRO 3.2
Medidas de probabilidade da doença
Probabilidade pré-exame da doença = probabilidade da doença antes de o teste ser realizado Pode usar prevalência da doença na população ou dados mais específicos do paciente para gerar esta estimativa de probabilidade Probabilidade pós-exame da doença = probabilidade de doença responsável tanto pela probabilidade pré-teste quanto pelos resultados do exame. Também chamado de valor preditivo do exame Versão computacional do Teorema de Bayes: Probabilidade pré-exame x sensibilidade do exame Probabilidade pos-exame = ----------------------------------------------------------------Probabilidade pré-exame x sensibilidade do exame + (1 - probabilidade pré-exame) x taxa de falso positivo Exemplo de Teorema de Bayes: com uma probabilidade pré-exame de 0,50 e um resultado do exame diagnóstico “ positivo” (sensibilidade do exame = 0,90, especificidade do exame = 0,90)]: (0,50) (0,90)
Probabilidade pós-exame =
(0,50) (0,90) + (0,50) (0,10) = 0,90
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Introdução à Medicina Clínica
na população específica. Para alguns distúrbios com uns, com o DAC, criaram -se nom ogram as e m odelos estatísticos para gerar estim ativas m ais precisas da probabilidade pré-exam e, com base nos elem entos da anam nese e do exame físico. Em seguida, a probabilidade pós-exa m e é um a expressão revisada da confiança no diagnóstico, levando em conta o que se sabia antes e após a realização do exame. A expressão valor preditivo frequentemente é usada como sinônimo de probabilidade pós-exame. Infelizmente, os médicos costum am inter pretar de m aneira errada os valores preditivos relatados como medidas intrínsecas do teste de precisão. Estudos de exames diagnósticos au m entam a confusão ao calcular os valores preditivos na mesma amostra usada para m edir a sensibilidade e a especificidade. Com o todas as pro babilidades pós-exame são função da prevalência da doença na popu lação examinada, tais cálculos podem confundir, a m enos que o exame seja subsequentem ente aplicado em populações que apresentem a m es ma prevalência da doença. Por estas razões, é m elhor evitar a expressão valor preditivo e usar probabilidade pós-exame, que é mais informativa. Para com preender conceitualm ente com o o teorem a de Bayes estim a a probabilidade pós-exam e da doença, é útil exam inar um a versão em nom ogram a do teorem a de Bayes (Fig. 3.2). Nesse nom ogram a, a precisão do exam e diagnóstico em questão é resum ida pela razão de probabilidade, que é definida com o a razão entre a p ro b a bilidade de um d eterm inado resultado de exam e (p. ex., “positivo” ou “negativo”) em um paciente que tem a doença e a probabilidade daquele resultado em um paciente que não tem a doença. Para um exame positivo, a razão de probabilidade positiva é calcu lada com o a razão entre a taxa de verdadeiros positivos e a taxa de ver
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■ APLICAÇÕES DOS EXAMES DIAGNÓSTICOS NA DAC C onsidere dois exam es usados com frequência no diagnóstico de doença arterial coronariana (DAC), a prova de esforço em esteira ro lante e um exam e de im agem da perfusão m iocárdica com TC por emissão de fótons únicos (SPECT) durante esforço (Cap. 229). Uma
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2 -
5-
dadeiros negativos [ou sensibilidade/(l - especificidade)]. Por exem plo, um exame com sensibilidade de 0,90 e especificidade de 0,90 tem um a razão de probabilidades de 0,90/(1 - 0,90), ou 9. Assim, para esse exame hipotético, um resultado “positivo” é nove vezes mais provável em um paciente que tem a doença do que em um indivíduo saudável. A m aioria dos exames em m edicina tem razões de probabilidade para um resultado positivo entre 1,5 e 20. Valores mais altos estão associa dos a exames que são m ais precisos na identificação de pacientes com a doença, sendo que valores de 10 ou mais são de especial interesse. Se a sensibilidade for excelente, m as a especificidade insatisfatória, a razão de probabilidades cairá significativam ente (p. ex., com sensibilidade de 90% mas especificidade de 60%, a razão de probabilidades é 2,25). Para um teste negativo, a razão de probabilidade negativa corres pondente é a razão entre a taxa falsa negativa e a taxa falsa positiva [ou (1 - sensibilidade)/especificidade]. Q uanto m enor a razão de pro babilidade (isto é, m ais p erto de 0), m elhor o desem penho do exame para se descartar a doença. O teste hipotético que consideramos ante riorm ente com um a sensibilidade de 0,9 e especificidade de 0,9 teria um a razão de probabilidade para um resultado de teste negativo de (1 - 0,9)/0,9 ou 0,11, significando um resultado negativo é quase 10 ve zes mais provável se o paciente não tiver a doença do que se ele a tiver.
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Figura £ 2 Versão em nomograma do Teorema de Bayes usado para se pre ver a probabilidade pós-exame da doença (escala à direita) usando a proba bilidade pré-exame da doença (escala à esquerda) e a razão de probabilida de para um exame positivo (escala do meio). Ver texto para informações sobre cálculo de razões de probabilidade. Para usar este nomograma, trace uma linha reta entre a probabilidade pré-exame e a razão de probabilidade e determine a probabili
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Probabilidade pré-exam e, %
R azão de p ro b a bilid a de
P robabilidade pós-exam e, %
dade pós-exame. A parte à direita da figura ilustra o valor de uma prova de esforço em esteira rolante positiva (razão de probabilidade 4, linha verde) e um estudo de perfusão com TC por emissão de fótons únicos com tálio sob esforço positivo (razão de proba bilidade 9, linha amarela tracejada) no paciente com uma probabilidade pós-exame de doença arterial coronariana de 50%. (Adaptada de Center for Evidence Based Medici ne: Likelihood ratios. Disponível em http://www.cebm.net/index.aspx?o=1043.)
Por fim, há m uito se afirm a que a sensibilidade e a especificidade são parâm etros de precisão do exam e independentes da prevalência, e m uitos livros ainda fazem essa afirm ação. C ontudo, essa pressu posição estatisticam ente válida é clinicam ente sim plista. Por exem plo, a prova de esforço em esteira rolante tem sensibilidade em torno de 30% em u m a população de pacientes com DAC de um vaso, e n quanto a sensibilidade em pacientes com DAC grave de três artérias aproxim a-se de 80%. Assim, a m elhor estim ativa de sensibilidade a ser usada em u m a decisão individual com frequência varia, de acordo com a distribuição dos estágios da doença na população exam inada. Em geral, um a população de pacientes hospitalizados, sintom áticos ou encam inhados tem prevalência m ais alta da doença e, em p a rticu lar, um a prevalência m ais alta de doença m ais avançada do que um a população am bulatorial. Por esse m otivo, a sensibilidade do exame tenderá a ser mais alta nos pacientes hospitalizados, enquanto a espe cificidade do teste será m aior n a população am bulatorial.
■ MODELOS DE PREDIÇÃO ESTATÍSTICA O teorem a de Bayes, tal com o apresentado anteriorm ente, aplica-se a um problem a de predição clínica que é irrealisticam ente simples em comparação com os problem as enfrentados por um médico. Os m ode los de predição, que se baseiam em m odelos estatísticos m ultivariados, podem avaliar problem as m uito mais complexos e aum entar sobrem o do a precisão preditiva em situações específicas. Sua vantagem especial é a possibilidade de levar em consideração m uitos elem entos inform a tivos sobrepostos e atribuir um peso relativo a cada um, com base em sua contribuição específica para a predição em questão. Por exemplo, um m odelo de regressão logística para se predizer a probabilidade de DAC considera todos os fatores independentes relevantes fornecidos pelo exame clínico e pelos exames diagnósticos e sua im portância, em vez de considerar o punhado de dados com os quais o m édico pode lidar m entalm ente ou aplicar no teorem a de Bayes. Entretanto, apesar dessa vantagem, esses m odelos são complexos demais em term os com putacionais para serem usados sem um a calculadora ou um com puta dor (em bora essa lim itação possa ser superada quando a m edicina for praticada em um a plataform a totalm ente inform atizada). Até o presente, existem poucos m odelos preditivos adequada m ente validados. A im portância da validação independente em p o pulação diferente daquela que foi usada para se desenvolver o m odelo é indubitável. Um m odelo preditivo invalidado deve ser visto com o ceticism o que se tem em face de um novo fárm aco ou dispositivo clínico que não passou p o r testes clínicos rigorosos. Q uando os m odelos estatísticos foram com parados diretam ente com clínicos experientes, eles se m ostraram m ais constantes, com o seria de se esperar, m as não foram significativam ente m ais precisos. Assim, a expectativa m ais prom issora seria ajudar os m édicos m e nos experientes to rnarem -se capazes de predições m ais precisas do prognóstico.
Tomada de Decisão em Medicina Clínica
m etanálise m ostrou que um a prova de esforço positiva de resposta de segm ento ST tem sensibilidade m édia de 66% e especificidade m édia de 84%, resultando em um a razão de probabilidades de 4,1 (0,66/[1 a 0,84]). Caso esse exam e seja usado em um paciente para quem a probabilidade pré-exam e de DAC é de 10%, a probabilidade pós-exam e de ter a doença após um resultado positivo aum enta para apenas cerca de 30%. Caso outro paciente para quem a probabilidade pré-exam e de DAC seja de 80% tenha um resultado positivo nesse exame, a probabilidade pós-exam e de ter a doença é de cerca de 95%. O teste de perfusão m iocárdica com SPECT d u ra n te esforço é um exam e m ais preciso no diagnóstico de DAC. D entro do q ue p re tendem os m ostrar, su p o n h a que o achado de um defeito reversível de perfusão induzido p o r esforço ten h a sensibilidade e especifici dade de 90%, resultando em um a razão de probabilidades para exa m e positivo de 9 (0,90/(1 - 0,90). Se m ais um a vez testarm os nosso paciente que tem baixa p robabilidade p ré-exam e e esse paciente tiver resultado positivo, usando a Figura 3.2 pode-se m o strar que a probabilidade pós-exam e de DAC aum enta de 10 para 50%. C o n tu do, do po n to de vista do processo de decisão, o exam e m ais preciso pode não m elhorar a confiança no diagnóstico a po n to de m odificar o tratam ento. Na verdade, esse exam e afastou o m édico da certeza de que o paciente não tin h a DAC e levou-nos a ficar absolutam ente em dúvida (probabilidade de 50:50 de doença). E m p aciente que tem probabilidade pré-exam e de 80%, o uso do exam e m ais p reci so da SPECT du ran te esforço eleva a probabilidade pós-teste para 97% (em com paração com 95% para a prova de esforço em esteira). Mais um a vez, o exam e m ais preciso não aum entou a confiança pós-exam e o suficiente p a ra justificar u m a alteração no tratam en to , e n en h u m dos dois exam es acrescentou m uito ao que já se sabia com base apenas nos dados clínicos. E m bora dependa da sensibilidade e especificidade, em geral, se a probabilidade pré-exam e for baixa (p. ex., 20%), até m esm o um re sultado positivo em um exame m uito preciso não alteraria a probabi lidade pós-exam e a um patam ar suficientem ente alto para se excluir a presença da doença (p. ex., 80%). As probabilidades pré-teste são m uitas vezes especialm ente baixas em situações de triagem em que os pacientes são assintomáticos. Em tais casos, a especificidade torna-se particularm ente im portante. Por exem plo, ao fazer a triagem , pela prim eira vez, de doadores de sangue do sexo fem inino sem fatores de risco para HIV, um teste positivo aum entou a probabilidade de HIV para apenas 67%, apesar da especificidade de 99,995%, pois a prevalência foi de 0,01%. Um m nem ônico útil é SpPin positivo: teste positivo com alta especificidade inclui a doença (tendo em m ente as ressalvas que acabaram de ser feitas sobre a probabilidade pré-teste). Por outro lado, com um a alta probabilidade pré-teste, um teste nega tivo pode não excluir a doença de m aneira adequada se não for su ficientem ente sensível. O outro m nem ônico é SnN out negativo: teste negativo com alta sensibilidade exclui a doença. Assim, o m aior ga nho na confiança diagnóstica de um exam e ocorre quando o m édico está mais inseguro antes da realização do exame (p. ex., probabilidade pré-exam e entre 30% e 70%). Por exemplo, se um paciente tiver um a probabilidade pré-exam e de 50% de DAC, um resultado positivo na prova de esforço com esteira aum entaria a probabilidade pós-exam e para 80%, enquanto o resultado positivo no exam e de perfusão com SPECT sob esforço a aum entaria para 90% (Fig. 3.2). C onform e m ostrado anteriorm ente, o teorem a de Bayes faz algu m as simplificações im portantes que devem ser levadas em considera ção. Prim eiro, poucos exames têm apenas dois resultados úteis (po sitivo ou negativo), e m uitos exam es fornecem m uitas inform ações acerca do paciente. A inda que esses dados possam ser integrados em um resultado resum ido, pode haver vários níveis de inform ações úteis (p. ex., fortem ente positivo, positivo, indeterm inado, negativo, fortem ente negativo). Em bora o teorem a de Bayes possa ser adaptado a esse form ato de resultados m ais detalhados, isto é com plexo em term os com putacionais. De m aneira sem elhante, quando vários exa m es são realizados, a probabilidade pós-exam e p ode ser usada com o a probabilidade pré-exam e para interpretar o segundo exame. E ntre tanto, essa simplificação supõe independência condicional - ou seja, que os resultados do prim eiro exame não afetam a probabilidade do resultado do segundo exame - e isso nem sem pre é verdade.
INSTRUMENTOS FORMAIS DE APOIO ÀS DECISÕES ■ SISTEMAS DE APOIO ÀS DECISÕES D urante os últim os 40 anos, foram feitas várias tentativas de desen volver sistemas com putadorizados para ajudar na tom ada de decisão clínica e no tratam ento dos pacientes. Em tese, os com putadores ofe recem um m eio bastante atraente de se lidar com o grande volum e de inform ações com que os m édicos se defrontam atualm ente. O com putador pode ajudar a fazer predições exatas do prognóstico, si m ular todo o processo de decisão, ou fornecer orientação algorítm i ca. As predições baseadas em sistemas inform atizados que utilizam o teorema de Bayes ou m odelos de regressão estatística esclarecem um a decisão clínica, mas na verdade não chegam a um a “conclusão” ou “re comendação”. Os sistemas de inteligência artificial tentam sim ular ou substituir o raciocínio hum ano por um análogo com putadorizado. Até a presente data, essas abordagens alcançaram apenas sucesso limitado. Os sistemas de rem em oração ou dirigidos por protocolos não fazem predições, mas usam algoritm os existentes, tais como as diretrizes clí nicas, para orientar a prática clínica. C ontudo, em geral, os sistemas de apoio às decisões produzem pouco im pacto na clínica médica. Os sistemas de rem em oração, em bora ainda não tenham aplicação ampla,
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Introdução à Medicina Clínica
Figura 3.3 Estrutura básica de modelo de decisão usado para avaliar estratégias de triagem para HIV na população geral. HIV, vírus da imunodeficiência humana; HAART, terapia antiretroviral altamente ativa. (Figura cedida por cortesia de G. Sanders, com autorização.) pareceram ser mais promissores, sobretudo para corrigir a dosagem de m edicam entos e prom over a adesão às recom endações terapêuticas. O im pacto pleno dessas abordagens só será explorado quando os com pu tadores estiverem totalm ente integrados à prática médica.
■ ANÁLISE DE DECISÕES Em com paração com os m étodos discutidos anteriorm ente, a análi se de decisões representa um a abordagem totalm ente diferente para dar suporte às decisões. Sua principal aplicação se dá nos problem as de decisão que são complexos e envolvem riscos significativos, grau elevado de incerteza em algum a área fundam ental, ou um aspecto idiossincrásico que não se “encaixe” nas evidências disponíveis. Um exemplo de árvore de decisão criada para avaliar as estraté gias de triagem para infecção pelo H IV é m ostrado na Fig. 3.3. Os indivíduos infectados que não têm consciência de sua doença podem provocar até 20.000 novos casos de infecção pelo H IV anualm ente nos EUA. Além disso, devido ao diagnóstico tardio, cerca de 40% dos pacientes HlV-positivos progridem para Aids em um período de um ano depois do diagnóstico inicial. A identificação precoce oferece a oportunidade tanto da prevenção da progressão para Aids, p or m eio do uso de contagens de CD4 seriadas e m ensurações da carga viral ligada ao uso seletivo de terapia com binada de antiretrovirais, quanto do estím ulo a reduzir o com portam ento sexual de risco. Os C enters for Disease C ontrol and Prevention (CD C) p ro p u seram em 2003 que o teste de HIV deveria fazer parte da assistência m édica padrão. Em um a exploração de um m odelo de decisão dessa estratégia proposta com parada com a assistência usual, pressupondo-se um a prevalência de 1% de infecção pelo HIV não identificada na população, a triagem de rotina de um a coorte de hom ens e m u lheres de 43 anos de idade aum entou a expectativa de vida em 5,5 dias e custou U$ 194 p o r sujeito subm etido à triagem . A razão custo-benefício para a triagem com parada com a assistência usual foi de U$ 15,078 por ano de vida ajustado à qualidade (o custo adicional para a sociedade para aum entar a saúde da população em um ano de saúde perfeita). Os resultados foram sensíveis às suposições sobre a efetividade da m odificação do c om portam ento no com portam ento sexual subsequente, os benefícios da terapia precoce da infecção pelo HIV, e a prevalência e incidência da infecção na população-alvo. Esse m odelo, que exigiu m ais de 75 pontos de dados separados, fornece novas perspectivas para o problem a do tratam ento clínico que não foi subm etido a experim ento clínico random izado. Em bora esses m odelos tenham sido desenvolvidos e usados para estim ar a sobrevida de curto e longo prazo para opções alternativas, o processo de construção e avaliação dos m odelos em geral é complexo dem ais para uso no tratam ento clínico em tem po real. O potencial para esse instrum ento repousa, portanto, no desenvolvim ento de u m grupo de m odelos publicados ou online que atenda algum a área espe cífica de decisão ou política que possa servir para ressaltar os pontos de tensão essenciais no problem a.
atualiza esse conceito dando ênfase bem m aior aos processos pelos quais os m édicos adquirem conhecim ento das pesquisas clínicas re levantes e m ais atualizadas para determ inar p ara si m esm os se inter venções clínicas alteram o curso da doença e m elhoram a duração ou a qualidade de vida. O significado da prática da MBE torna-se mais claro p or m eio de u m exam e de suas quatro etapas: 1. Enunciação das questões de assistência a serem respondidas 2. Pesquisa na literatura e nos bancos de dados online dos dados de pesquisas aplicáveis 3. Avaliação das evidências reunidas a respeito da sua validade e de sua relevância 4. Integração dessa avaliação com o conhecim ento dos aspectos singulares do paciente (incluindo as preferências do paciente sobre os possíveis desfechos) A etapa 1 envolve a geração de perguntas bem form uladas que envolvem quatro ou cinco com ponentes - PICOD: paciente ou popu lação, intervenção, com parador, desfecho (inglês outcome) e, algumas vezes, D para design do estudo, (p. ex., a intervenção coronariana percutânea rotineira m elhora a sobrevida em com paração com o trata m ento clínico inicial em hom ens de 60 anos de idade com angina está vel e DAC conhecida?) As etapas 2 e 3 são o coração da MBE pois ela é usada atualm ente na prática e está relacionada com o princípio fun dam ental subjacente de que a força da evidência clínica que sustenta a terapia ou estratégia é hierárquica. O processo de pesquisar a literatura m undial e avaliar a qualidade e a relevância dos estudos identificados pode dem andar m uito tem po e exigir habilidades e treinam ento que a m aioria dos clínicos não possui. Desse m odo, o m elhor ponto de par tida para a m aioria das pesquisas da MBE é a identificação de revisões sistemáticas recentes do problem a em questão (Q uadro 3.3). Em geral, os instrum entos da MBE citados no Q uadro 3.3 ofere cem acesso às inform ações de pesquisas de duas m aneiras. A prim ei ra, os relatos prim ários de pesquisas, é o trabalho de pesquisa original revisto por pares que é publicado em revistas médicas. O acesso ini cial a essas inform ações em um a pesquisa de MBE pode ser obtido por m eio do m e d l i n e , que proporciona acesso a um a enorm e quan tidade de dados em form a de resum os. E ntretanto, com frequência é difícil, p or m eio do m e d l i n e , localizar relatos que sejam oportunos no m ar de inform ações irrelevantes ou inúteis e ter razoável certeza de que relatos im portantes não foram om itidos. A segunda m aneira, revisões sistemáticas, sintetiza de m odo abrangente as evidências dis poníveis sobre u m determ inado tópico até determ inada data e fornece a interpretação do revisor e p o rtanto é o nível mais alto de evidência na hierarquia. C ritérios explícitos são adotados para se encontrarem todas as pesquisas científicas relevantes e graduar sua qualidade. O protótipo desse tipo de recurso é o C ochrane Database of Systematic Reviews. Um dos com ponentes essenciais de um a revisão sistemática é a metanálise. As duas próxim as seções, revisarem os alguns dos p rin cipais tipos de relato de pesquisa clínica disponíveis na literatura e o processo de agregação desses dados em um a metanálise.
MEDICINA BASEADA EM EVIDENCIAS A “arte da m edicina” é tradicionalm ente definida com o a com bina ção de conhecim ento m édico (incluindo-se as evidências científicas), intuição e discernim ento na assistência de pacientes (Cap. 1). A MBE
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■ FONTES DE EVIDÊNCIA: EXPERIMENTOS CLÍNICOS E REGISTROS A ideia de se aprender a p a rtir da observação dos pacientes é tão a n tiga quanto a m edicina em si. N os últim os 50 anos, a com preensão
QUADRO 3.3
Instrumentos selecionados para identificação das evidências na medicina baseada em evidências Endereço na Web
Disponibilidade
Revisões da medicina baseada em evidências
Banco de dados eletrônico abrangente que combina e integra: 1. The Cochrane Database of Systematic Revi ews 2 ACP Journal Club 3. The Database of Abstracts of Reviews of Effectiveness
www.ovid.com
Necessária assinatura; disponível por meio das bibliotecas de hospitais e outras instituições
Cochrane Library
Coletânea de bases de dados de MBE incluindo The Cochrane Database of Systematic Reviews artigos com textos na íntegra que revisam tópicos específicos de assistência à saúde
www.cochrane.org
Necessária assinatura; resumos de revisões sistemáticas disponíveis sem custos online, alguns países têm recursos financeiros para fornecer livre acesso a todos os residentes
ACP Journal Club
Coletânea de resumos de estudos originais e revisões sistemáticas. Publicado bimensalmente: todos os dados desde 1991 disponíveis no Website, atualizado anualmente
www.acpj.org
Necessária assinatura
Evidências clínicas
Diretório de sinopses concisas, atualizado mensalmente, de intervenções clínicas comuns
www.clinicalevidence.com
Necessária assinatura; acesso gratuito para Reino Unido e países em desenvolvimento
MEDLINE
Base de dados da National Library of Medicine com citações desde 1966
www.nlm.nih.gov
Gratuito via Internet
dos m édicos de qual é a m elhor m aneira de transform ar a observação rudim entar em evidências úteis desenvolveu-se consideravelm ente. Hoje se reconhece que relatos de casos, experiências pessoais isola das e séries de casos de centros únicos têm lim itações graves na v a lidade e generalizabilidade e, em bora possam gerar hipóteses ou ser os prim eiros relatos de eventos adversos, elas não têm um papel na form ulação de padrões m odernos de prática. As principais ferram en tas usadas para desenvolver evidências confiáveis consistem no ex perim ento clínico random izado e no grande registro observacional. Um registro ou banco de dados com um ente enfoca u m a doença ou síndrom e (p. ex., câncer, DAC, insuficiência cardíaca), um pro ced i m ento clínico (p. ex., transplante de m edula óssea, revascularização coronariana) ou um processo adm inistrativo (p. ex., dados de queixas usados para cobrança ou reem bolso). Por definição, nos dados observacionais, a assistência ao paciente não é controlada pelo pesquisador. D ados observacionais prospectivos coletados de m aneira cuidadosa podem atingir u m nível de quali dade sem elhante àquele dos dados de experim entos clínicos m aiores. Do outro lado do espectro, os dados coletados retrospectivam ente (p. ex., revisão de papeletas) são lim itados na form a e no conteúdo àquilo que os observadores anteriores consideraram im portante re gistrar, o que pode não servir para a pergunta da pesquisa em estudo de um a m aneira satisfatória. Os dados coletados de m aneira inespecífica p ara a pesquisa (p. ex., dados de queixas) frequentem ente terão lim itações im portantes que não conseguem ser superadas na fase de análise da pesquisa. As vantagens dos dados observacionais incluem a capacidade de abranger um a população m ais am pla do que aquela geralm ente representada nos experim entos clínicos devido aos crité rios de inclusão e exclusão. Além disso, os dados observacionais são a fonte prim ária de evidências para questões em que o experim ento random izado não pode ou não será realizado. Por exemplo, pode ser difícil ou antiético random izar pacientes para testar exames diagnós ticos ou estratégias terapêuticas que, m esm o não sendo com prova das, são am plam ente aceitas na prática. Além disso, os pacientes não podem ser random izados em sexo, grupo étnico/racial, condição socioeconôm ica ou país de residência. Os m édicos tam bém não estão querendo random izar pacientes em um a intervenção potencialm en te prejudicial, com o tabagism o ou excesso de ingestão de alim entos para desenvolver obesidade. A principal diferença entre um experim ento clínico random iza do bem -feito e um estudo observacional prospectivo bem -feito de um a determ inada estratégia de tratam ento é a ausência de proteção contra u m viés de seleção de tratam ento neste últim o. O uso de d a dos observacionais para se com pararem estratégias diagnosticas ou terapêuticas supõe que não se tem certeza suficiente de que, na p rá
tica, pacientes sem elhantes serão tratados de m aneira diferente por diferentes m édicos. Em sum a, a análise supõe que há u m elem ento de falta de m étodo (no sentido de distúrbio e não no sentido estatístico form al) no tratam ento clínico. Em tais casos, os m odelos estatísticos tentam ajustar desequilíbrios im portantes e “nivelar o cam po de tra balho” de m odo que se possa fazer um a com paração justa entre as opções de tratam ento. Q uando o tratam ento claram ente não é alea tório (p. ex., todos os pacientes elegíveis p ara doença arterial corona riana esquerda são encam inhados para cirurgia de revascularização), o problem a pode ser tam bém confundido com correção estatística e os dados observacionais podem não fornecer evidências confiáveis. Em geral, o uso de controles concom itantes é am plam ente pre ferível ao de controles históricos. Por exem plo, a com paração entre o tratam en to cirúrgico atual dos pacientes que apresentam DAC esquerda e dos pacientes com DAC esquerda tratados clinicam ente durante os anos de 1970 (a últim a vez em que tais pacientes foram rotineiram ente tratad o s apenas com m edicam entos) seria extrem a m ente equivocada, pois a qualidade da “terapia clínica” fez progres sos substanciais nesse intervalo de tem po. Experim entos clínicos controlados random izados incluem as ca racterísticas criteriosas do projeto prospectivo dos m elhores estudos de dados observacionais, m as tam bém incluem o uso de alocação random izada de tratam ento. Este projeto fornece a m elhor proteção contra a confusão causada p o r vieses na seleção do tratam ento (um aspecto principal de validade interna). E ntretanto, o experim ento random izado pode não ter boa validade externa (generalizabilidade) se o processo de recrutam ento no experim ento resultou na exclusão de m uitos sujeitos potencialm ente elegíveis. Os consum idores de evidências m édicas precisam estar cientes de que experim entos random izados variam am plam ente na prática em term os de qualidade e aplicabilidade. O processo de delineam ento de tal experim ento frequentem ente envolve m uitos ajustes. Por exemplo, os experim entos projetados para obter aprovação do U.S. Food and D rug A dm inistration (FDA) para um fárm aco ou um dispositivo experim ental têm de a ten d er determ inadas exigências reguladoras que podem resultar em um projeto de experim ento dife rente do que os clínicos considerariam útil.
Tomada de Decisão em Medicina Clinica
Descrição
■ METANÁLISE O prefixo grego meta significa algo em um estado de desenvolvim en to m ais recente ou avançado. M etanálise é um a pesquisa realizada com dados de pesquisa com o objetivo de com binar e resum ir as evidências disponíveis quantitativam ente. E m bora possa ser usa da para com binar estudos não random izados, a m etanálise é usada m ais para resum ir todos os experim entos random izados sobre um
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yA B B I
Introdução à Medicina Clínica
determ inado problem a terapêutico. De m aneira ideal, experim entos não publicados devem ser identificados e incluídos para evitar vieses na publicação (isto é, experim entos “negativos” podem não ser publicados). Além disso, algum as das m elhores m etanálises obtêm e analisam os dados não processados isolados no nível dos pacientes de todos os experim entos em vez de trabalhar apenas com o que está disponível nos relatos publicados de cada experim ento. N em todas as m etanálises publicadas são fontes confiáveis de evidências sobre um determ inado problem a. Sua m etodologia tem de scr cuidadosam ente exam inada para garantir um projeto de estudo e análise adequados. Os resultados de um a m etanálise bem -feita apresentam probabilidade de serem m ais persuasivos se elas incluírem pelo m enos vários ex perim entos random izados realizados de m aneira adequada, em larga escala. E m bora as m etanálises possam ajudar a d etectar benefícios quando experim entos isolados são inadequadam ente alim entados (p. ex., os benefícios da terapia trom bolítica com estreptoquinase no IAM agudo dem onstrados pelas ISIS-2 em 1988 eram evidentes no início dos anos de 1970 p or m eio de m etanálise), nos casos em que os experim entos disponíveis são pequenos ou precariam ente realizados, a m etanálise não deve ser visualizada com o solução p ara a deficiência nos dados de experim ento prim ários. As m etanálises costum am concentrar-se nas m edidas de b e n e fício terapêutico relativo, tais com o a odds ratio ou riscos relativos. Os clínicos tam bém devem exam inar qual redução absoluta do risco (RAR) se pode esperar do tratam ento. U m a m edida sucinta útil do benefício terapêutico absoluto é o n úm ero necessário de tratam entos (N N T) para se prevenir um evento adverso (p. ex., m orte, acidente vascular encefálico). O NN T é sim plesm ente 1/RAR. Por exemplo, se um a terapia hipotética tiver reduzido em 33% as taxas de m ortalida de ao longo de um p eríodo de acom panham ento de 5 anos (benefício terapêutico relativo), de 12% (ram o controle) para 8% (ram o de tra tam ento), a redução absoluta do risco seria 12% - 8% - 4% e o N N T seriam de 1/0,4, ou 25. Assim, seria necessário tra ta r 25 pacientes durante 5 anos p ara evitar 1 m orte. Se o tratam en to hipotético for aplicado a um a população de risco m ais baixo, digam os com m o rta lidade de 6% durante 5 anos, o benefício terapêutico relativo de 33% significaria um a redução absoluta de 2% na m ortalidade (de 6% para 4%), e o N N T para o m esm o tratam ento nesse g rupo de baixo risco de pacientes seria 50. Em bora nem sem pre explícitas, as com parações das estim ativas da N N T de diferentes estudos devem levar em conta a duração do acom panham ento usado para criar cada estimativa.
■ DIRETRIZES PARA A PRÁTICA CLÍNICA De acordo com a definição de 1990 do Institute o f M edicine, as d ire trizes da prática clínica são “afirm ações sistem aticam ente desenvolvi das para ajudar nas decisões dos m édicos e pacientes sobre a assistên cia de saúde apropriada para circunstâncias clínicas específicas”. Esta definição enfatiza várias características cruciais do desenvolvim ento da diretriz m oderna. Prim eiram ente, essas diretrizes são criadas por m eio das ferram entas da MBE. Em especial, a essência do processo de desenvolvim ento é um a busca sistem ática na literatura, seguida de revisão da literatura relevante revista pelos pares. Segundo, as d i retrizes em geral enfocam um distúrbio clínico (p. ex., diabetes no adulto, angina de peito estável) ou u m a intervenção da assistência de saúde (p. ex., triagem para câncer). Terceiro, o objetivo principal das diretrizes é m elhorar a qualidade da assistência m édica identificando áreas em que o cuidado deve ser padronizado, com base em evidên cias irrefutáveis. As diretrizes destinam -se a “ajudar” na tom ada de decisão, e não definir explicitam ente que decisões devem ser tom adas em um a determ inada situação, em p arte porque as evidências isola dam ente nunca são suficientes para a tom ada de decisão clínica (p. ex., decidir se intuba e adm inistra antibióticos para pneum onia em um indivíduo term inal, em um indivíduo com dem ência ou em um a m ãe de 30 anos de idade saudável em outros aspectos). As diretrizes são docum entos narrativos construídos p or um a equipe de especialistas cuja composição frequentem ente é determ ina da por organizações profissionais interessadas. Essas equipes variam quanto ao grau até o qual representam todas as pessoas interessadas relevantes. Os docum entos das diretrizes consistem em um a série de
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recom endações específicas de tratam ento, um resum o da indicação da quantidade e da qualidade das evidências que sustentam cada re com endação e um a discussão narrativa das recom endações. Muitas recom endações apresentam pouca ou nenhum a evidência de suporte e, portanto, refletem o consenso dos especialistas da equipe de elabo ração das diretrizes. Em parte para proteger contra erros de equipes isoladas, a etapa final da construção das diretrizes é um a revisão de pares, seguida de um a revisão final em resposta às críticas feitas. As diretrizes estão estreitam ente ligadas ao processo de m elhora da qualidade na m edicina p o r m eio de sua identificação das m elho res práticas baseadas em evidências. Tais práticas podem ser usadas com o indicadores de qualidade. Exem plos incluem a proporção de pacientes com IAM que recebem ácido acetilsalicílico à admissão em um hospital e a proporção de pacientes com insuficiência cardíaca com depressão da fração de ejeção que estão sendo tratados com ini bidor da ECA. A m ensuração de rotina e o relato de tais indicadores de qualidade podem pro d u zir m elhoras seletivas na qualidade, pois m uitos m édicos preferem não ser deixados de fora.
CONCLUSÕES Na era da MBE, é ten tad o r pensar que todas as decisões difíceis que os m édicos enfrentam hoje foram ou serão solucionadas em breve e equacionadas em diretrizes clínicas e sistem as de rem em oração inform atizados. C ontudo, a MBE oferece aos m édicos um conjunto de instrum entos ideais, m as não com pletos para tratar os pacientes. A contribuição significativa da MBE tem sido o desenvolvim ento de instrum entos m ais poderosos e de fácil controle que podem ser em pregados p or m édicos sem pre m uito ocupados. Esta é um a co n tri buição fundam ental que está lentam ente m udando a m aneira como a m edicina é praticada. U m a das advertências dos pioneiros da MBE era substituir a dependência do “especialista grisalho” local (que com frequência está errado, m as raram ente tem dúvidas) por um a pesqui sa e um a avaliação sistem áticas das evidências. Porém, a MBE não elim inou a necessidade de julgam entos subjetivos. Cada revisão sis tem ática ou diretriz de prática clínica apresenta a interpretação de “especialistas”, cujos vieses perm anecem invisíveis para os consum i dores da revisão. Além disso, m esm o com essas evidências, sem pre vale a pena lem brar que a resposta à terapia do paciente “m édio” re presentada pelo resum o dos desfechos do experim ento clínico pode não ser o que pode ser esperado para o paciente sentado na frente de um m édico na clínica ou hospital. Além disso, as m etanálises não podem gerar evidências quando não houver estudos random izados apropriados, e a m aioria das situações que o m édico enfrenta na prática jam ais será to talm ente testada em estudo random izado. No futuro previsível, habilidades excelentes de raciocínio clínico e expe riência com plem entadas p o r recursos quantitativos bem concebidos e um a percepção perspicaz das preferências individuais do paciente continuarão a ser fundam entais na vida profissional dos médicos.
BIBLIOGRAFIA C et al: Clinicai Thinking: Evidence, Communication and Decision Making, Malden, MA, Blackwell, 2006 G r a b e r ML et al: Diagnostic error in internai medicine. Arch Intern Med 65:1493, 2005 G r i m e s DA et al: Refining clinicai diagnosis with likelihood ratios. Lancet 365:1500,2005 K a s s i r e r JP et al. Learning Clinicai Reasoning. Baltimore, Lippincott Williams & Wilkins, 2009 N o r m a n G et al: Non-analytical models of clinicai reasoning: The role of experience. Med Educ41:1140, 2007 P e t e r s o n ED et al: Association between hospital process performance and outcomes among patients with acute coronary syndromes. JAMA 295:1912,2006 R e i l l y BM et al: Translating clinicai research into clinicai practice: Impact of using prediction rules to make decisions. Ann Intern Med 144:201,2006 S a n d e r s GD et al: Cost-effectiveness of screening for HIV in the era of highly active antiretroviral therapy. N Engl J Med 352:570, 2005 T r i c o c i P et al: Scientific evidence underlying the AHA/ACC clinicai practice guidelines. JAMA 301:831,2009; erratum in JAMA 301:1544,2009
D e i, M a r
CAPÍ TUL O
4
Triagem e Prevenção de Doenças
C.
Gary J. Martin
■ PRINCÍPIOS BÁSICOS DE TRIAGEM Em geral, a triagem é m ais eficaz quando aplicada a distúrk i° s relativam ente com uns que acarretam alto ônus à saúde (Q uadro 4.1) . As cinco m aiores causas de m ortalidade nos EUA são as cardiopatias, neoplasias m alignas, acidentes, doenças vasculares encefálicas e doença p ulm onar obstrutiva crônica. Assim, m uitas estratégias de prevenção têm com o alvo tais distúrbios. A par tir de um a perspectiva de saúde global, estas m esm as condições são prioridades, m as a m alária, m á nutrição, Aids, tuberculose e violên cia tam bém têm um a carga pesada de doença (Cap. 2). Um objetivo prim ário da triagem é a detecção precoce de um fa tor de risco ou um a doença em estágio tal que possa ser controlada ou curada. Por exemplo, a m aioria dos cânceres tem m elhor prognóstico quando identificada como lesões pré-m alignas ou quando ainda é resM
QUADRO 4.1
Risco cumulativo ao longo da vida
Câncer de mama em mulheres
10%
Câncer de colo
6%
Câncer de colo uterino3
2%
Violência doméstica contra mulheres
Até 15%
Fratura de quadril em mulheres brancas
16%
aPressupondo uma população não submetida a triagem.
Triagem e Prevenção de Doenças
Um objetivo im portante da assistência m édica é prevenir doenças ou detectá-las cedo o bastante para que as intervenções sejam mais eficazes. As estratégias de triagem e prevenção das doenças são guia das pelas evidências de que os exam es e as intervenções m ostram -se práticos e eficazes. A tualm ente, a m aioria dos testes de triagem tem disponibilidade im ediata e é barata. C om o exem plos, tem os os exames bioquím icos (p. ex., colesterol, glicose), fisiológicos (p. ex., pressão arterial, curvas de crescim ento), radiológicos (p. ex., m am ografia, densitom etria óssea) ou que envolvem am ostras teciduais (p. ex., preventivo). No futuro, espera-se que os testes genéticos venham a desem penhar um crescente papel na predição do risco de doenças (Cap. 63). C ontudo, esses testes não são am plam ente usados, exce to nos indivíduos sob risco de genes de alta p enetrância com base na história fam iliar ou ascendência étnica (p. ex., BRCA1, BRCA2). A identificação de genes de baixa penetrância, p o rém de alta fre quência, que causam distúrbios com uns, com o diabetes, h ip e rte n são ou degeneração m acular, oferece a possibilidade de novos testes genéticos. No entanto, qualquer novo m éto d o de triagem , baseado em testes genéticos ou outros, deve ser subm etido a u m a rigorosa avaliação da sua sensibilidade, especificidade, im pacto na doença e razão custo-benefício. M édicos e pacientes são continuam ente apre sentados a novos testes de triagem , m uitas vezes antes dessa avaliação completa. Por exemplo, o uso da TC corporal total foi preconizado com o m étodo de triagem de vários distúrbios. C ontudo, em bora o conceito seja atraente, atualm ente não há evidências que justifiquem essa abordagem , que encerra alto custo e substancial risco de resulta dos falsos positivos. Este capítulo revê os princípios básicos da triagem e prevenção no contexto da assistência prim ária. As recom endações sobre enfer m idades específicas, tais com o doenças cardiovasculares, diabetes e câncer são fornecidas nos capítulos dedicados aos referidos tópicos.
secável. De m odo sem elhante, a identificação precoce de hipertensão arterial ou hiperlipidem ia possibilita intervenções terapêuticas que reduzem o risco de longo prazo de eventos cardiovasculares ou vas culares encefálicos. Contudo, a detecção precoce não necessariam ente influi na sobrevida. Por exem plo, em alguns estudos de triagem do câncer de pulm ão, os tum ores são identificados em estágio precoce, porém a taxa de m ortalidade global não difere entre as populações que passaram p or triagem e as que não passaram . A m elhora evidente nas taxas de sobrevida após 5 anos é atribuída à detecção de tum ores m enores e não a um a m udança real na evolução clínica após o diag nóstico. Igualm ente, a detecção do câncer de próstata pode não levar a um a diferença na taxa de m ortalidade, um a vez que a doença frequen tem ente é indolente e m orbidades associadas, com o doença arterial coronariana (DAC), podem levar à m orte (Cap. 82). Os distúrbios que têm período de latência longo aum entam os ganhos potenciais associados à detecção. Por exem plo, o câncer de colo uterino tem um a longa latência entre a displasia e o carcinom a invasivo, oferecendo um a o p ortunidade para a detecção p o r triagem rotineira. E spera-se que a intro d u ção de novas vacinas antipapilom avírus forneça prevenção adicional co n tra a doença, finalm ente reduzindo a dependência à triagem para o câncer de colo uterino. Para o câncer de colo, um pólipo adenom atoso evolui para câncer invasivo durante 4 a 12 anos, abrindo a perspectiva de se detectarem lesões precoces p o r pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF) ou p or endoscopia. Em contrapartida, a triagem do câncer de m am a em m ulheres na pré-m enopausa é m ais desafiadora - e controversa - de vido ao intervalo relativam ente c urto entre o aparecim ento de câncer m am ário localizado e o envio de m etástases para os linfonodos regio nais (estim a-se em cerca de 12 meses).
■ MÉTODOS DE MENSURAÇÃO DOS BENEFÍCIOS À SAÚDE N ão seria prático realizar todos os procedim entos de triagem possí veis. Por exemplo, a triagem do câncer de laringe em fum antes não é recom endada atualm ente. E necessário analisar o peso das evidências em favor das m edidas de triagem em relação ao custo e ao risco de resultados falsos positivos. Por exem plo, deve-se u sar a ultrassonografia na triagem do câncer de ovário em m ulheres de risco m édio? A tualm ente, estim a-se que as laparotom ias desnecessárias, provo cadas pela detecção de m assas ovarianas benignas, causariam m ais dano do que o benefício auferido da detecção do eventual câncer de ovário curável. Usam -se diversos parâm etros para avaliar o ganho potencial das intervenções de triagem e prevenção: 1. O número de indivíduos subm etidos à triagem para modificar o resultado em um indivíduo. Por exem plo, estim a-se que é n e cessário realizar a triagem de 731 m ulheres de 65 a 69 anos por absorciom etria de raios X de energia dupla (DEXA) e, depois, tratá-las adequadam ente p ara prevenir um a fratura de quadril p or osteoporose. 2 . O impacto absoluto e relativo da triagem no resultado da doença. M etanálise de estudos suecos sobre m am ografia (faixa etária de 40 a 70 anos) concluiu que a realização de triagem durante um período de 12 anos produziria redução de cerca de 1,2 por m il m ulheres na m o rtalid ad e p o r câncer de m am a. Em com paração, a triagem do câncer de colo em um a população (faixa etária de 50 a 75 anos) p o r PSOF anual durante um período de 13 anos significaria a preservação de cerca de 3 vidas p o r 1.000. C om base nesta análise, a triagem do câncer de colo pode salvar a vida de m ais m ulheres do que a m am ografia. O im pacto da PSOF (8,8/1.000 versus 5,9/1.000) poderia ser enunciado com o 3 vidas p o r 1.000 ou com o u m a redução de 30% na m orte por câncer de colo; assim , é im portante considerar o im pacto relati vo e o absoluto no núm ero de vidas salvas. 3. O custo p o r ano de vida salva. Este p a râm etro é usado para avaliar a eficácia de m uitas estratégias de triagem e prev en ção. G eralm ente, as estratégias que custam < 30.000 a 50.000 dólares p o r ano de vida salva têm u m a razão custo-benefício
29
Introdução à Medicina Clínica
“favorável” (Cap. 3). Por exem plo, o uso de alendronato para tratar m ulheres de 65 anos que têm osteoporose aproxim a-se desse lim iar de cerca de 30.000 dólares/ano para cada ano de vida salva. 4. A um ento da esperança de vida média para a população. O Q u a d ro 4.2 cita os aum entos previstos da esperança de vida p or diversos procedim entos de triagem . C ontudo, deve-se ressal tar que o aum ento da esperança de vida é um a m édia que se aplica à população e não a um indivíduo. N a verdade, a grande m aioria dos com ponentes da população que passou p o r tria gem não extrai qualquer benefício, e possivelm ente corre um pequeno risco de resultados falsos positivos. No entanto, um p equeno subgrupo de pacientes beneficia-se sobrem odo da triagem . Por exemplo, os exam es preventivos não beneficiam os 98% de m ulheres que jam ais apresentam câncer de colo ute rino. Porém , para os 2% que teriam câncer cervical localizado, os exam es preventivos acrescentam até 25 anos às suas vidas. Alguns estudos sugerem que o ganho de 1 m ês na esperança de vida constitui m eta razoável para um a dada estratégia preventi va populacional. A U.S. Preventive Services Task Force (USPSTF) fornece reco m endações acerca da triagem baseada em evidências (Q uadro 4.3). Além dessas diretrizes populacionais, convém levar em conta as histórias fam iliar e social para identificar os indivíduos sob risco
QUADRO 4.3
QUADRO 4.2 Aumento médio estimado da expectativa de vida de uma população Procedimento de triagem
Aumento médio
Mamografia Mulheres de 40 a 50 anos
0 a 5 dias
Mulheres de 50 a 70 anos
1 mês
Preventivo, 18 a 65 anos
2 a 3 meses
Triagem com prova de esforço na esteira para homem (assintomático) de 50 anos de idade
8 dias
PSA e exame de toque retal para homem com mais de 50 anos
Até 2 semanas
Convencer fumante de 35 anos de idade a parar de fumar
3 a 5 anos
Começar exercícios regulares para homem de 40 anos de idade (30 min, 3x/semana)
9 meses - 2 anos
Nota: PSA, antígeno específico da próstata.
especial (www.ahrq.gov/clinic/uspstfix.htm). Por exemplo, quando há história fam iliar significativa de câncer de m am a, de colo ou de prós tata, é p ru d en te in stitu ir a triagem cerca de 10 anos antes da idade
Serviços de prevenção clínica para adultos sob risco normal recomendados pela U.S. Preventive Services Task Force
1 Exame ou distúrbio
População,3 anos
Frequência
Capítulo de referência 1
Pressão arterial, estatura e peso
>18
Periodicamente
77
Colesterol
Homens > 35
A cada 5 anos
241
Mulheres > 45
A cada 5 anos
Depressão
>18
Periodicamente1*
Diabetes
> 45 ou antes, se houver fatores de risco adicionais
A cada 3 anos
344
Preventivo6
Em um período de 3 anos após o início da atividade sexual ou 21 a 65
A cada 1 -3 anos
82
Chlamydia
Mulheres de 18-24
A cada 1 a 2 anos
176
Mamografia
Mulheres > 50
A cada 2 anos
82,90
Câncer colorretal3
>50
82,91
sangue oculto nas fezes e/ou
Todo ano
sigmoidoscopia ou
A cada 5 anos A cada 10 anos
colonoscopia
354
Osteoporose
Mulheres > 65; > 60 em risco
Periodicamente
Aneurisma aórtico abdominal (ultrassonografia)
Homens de 65 a 75 anos que já fumaram
Uma vez
Uso de álcool
>18
Periodicamente
392
Visão, audição
>65
Periodicamente
28,30
Tétano-difteria (Td)
>18
A cada 10 anos
Varicela (VZV)
Apenas suscetíveis, > 18
Duas doses
Sarampo, caxumba e rubéola (SCR)
Mulheres em idade reprodutiva
Uma dose
Pneumocócica
>65
Uma dose
Influenza
>50
Anualmente
Papilomavírus humano (HPV)
Até 26 anos de idade
Se não realizada anteriormente
122,123
Imunização do adulto
aA triagem é realizada mais cedo e mais frequentemente quando há história familiar forte. Estudos controlados, randomizados documentaram que a pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF) confere redução de 15 a 30% na mortalidade por câncer de colo. Embora os estudos randomizados de grande porte não tenham sido realizados para sigmoidoscopia e colonoscopia, estudos de casos-controle bem-planejados sugerem eficácia semelhante à ou maior que a da PSOF. "Se houver equipe de apoio disponível. cNo futuro, a frequência do preventivo poderá ser influenciada pelo exame de HPV e pela vacina anti-HPV.
Nota: 0 exame do antígeno específico da próstata (PSA) é capaz de aumentar a detecção de câncer de próstata em estágio inicial, mas as evidências são inconclusivas quanto à melhora dos resulta dos para a saúde. 0 exame de PSA é recomendado por várias organizações de profissionais e amplamente usado na prática clínica, mas atualmente não é recomendado pela U.S. Preventive Services Task Force (Cap. 85). Fonte: Adaptado de U.S. Preventive Services Task Force, Guide to Clinicai Prevention Services, 2009. http://www.ahrq.gov/clinic/upstfix.htm.
30
em que o fam iliar m ais jovem apresentou câncer. A triagem tam bém deve ser considerada para m uitos outros distúrbios com uns, e n q u an to se aguardam evidências adicionais. Três exemplos são a triagem do diabetes (por m eio da glicemia em jejum ), da violência dom éstica e de indivíduos assintom áticos sob risco interm ediário de DAC.
QUADR0 4.4
Aconselhamento para a revenção de doenças
Tópico
Capítulo de referência
Parar de fumar Uso de drogas e álcool
Razão custo-benefício
■ QUESTÕES COMUMENTE ENCONTRADAS A despeito das evidências convincentes de que as estratégias de pre venção podem trazer grandes benefícios à saúde, a im plem entação desses serviços é um desafio devido às dem andas conflitantes sobre o tem po dos m édicos e pacientes, bem com o às falhas no reem bolso do seguro-saúde. Além disso, os esforços para reduzir o risco de d o e n ças frequentem ente envolvem m udanças de com portam ento (p. ex., perda de peso, exercícios, uso do cinto de segurança) ou o tratam ento de uso abusivo de substâncias (p. ex., fum o e álcool) que tendem a ser recalcitrantes à intervenção. A educação pública e os incentivos econôm icos são úteis, além da orientação p or profissionais de saúde (Q uadro 4.4). Várias técnicas ajudam os m édicos a lidar com o crescente n ú m ero de exam es de triagem recom endados. U m pro n tu ário m édico eletrônico bem -configurado pode gerar lem bretes que facilitam o esforço dos m édicos de acom panhar e cu m p rir as diretrizes. Alguns sistem as oferecem aos pacientes acesso seguro a seus pro n tu ário s m édicos, constituindo um m eio adicional de a u m e n tar a adesão à triagem rotineira. Os sistem as que fornecem aos enferm eiros e o u tros profissionais prescrições p erm anentes são eficazes para a pre venção do fum o e as im unizações. A A gency for H ealthcare Rese arch and Q uality e os C enters for Disease C ontrol an d Prevention criaram m apas e ferram entas eletrônicas com o p arte do seu pro g ra m a “Put Prevention into Practice” (“Coloque a Prevenção em Práti-
Nutrição para manter o equilíbrio calórico e a ingestão de vitaminas Ingestão de cálcio em mulheres com mais de 18 anos Ácido fólico: mulheres em idade reprodutiva Saúde oral Uso de ácido acetilsalicílico para evitar doença cardiovascular em homens selecionados com mais de 45 anos de idade e mulheres com mais de 55 anos Quimioprevenção de câncer de mama em mulheres sob alto risco Prevenção de DST e HIV Atividade física Exposição ao sol Prevenção de lesão (arma de fogo carregada, cinto de segurança, capacete para bicicleta) Questões do idoso
Triagem e Prevenção de Doenças
As técnicas de triagem devem ter razão custo-benefício favorável para que sejam aplicadas a grandes populações. Os custos incluem não apenas o dispêndio do teste m as tam bém o tem po de afastam en to do trabalho, custos descendentes decorrentes de resultados falsos positivos e outros riscos potenciais. Q uando a razão risco-benefício é m enos favorável, devem -se fornecer inform ações ao paciente e levar em conta seu ponto de vista no processo de tom ada de decisão. Por exemplo, m uitos grupos de especialistas, incluindo a USPSTF, reco m endam um a discussão individualizada sobre a triagem do câncer de próstata, pois o processo de tom ada de decisão é complexo e depende m uito de questões pessoais. Em bora a detecção precoce do câncer de próstata pareça desejável intuitivam ente, os riscos incluem resulta dos falsos positivos que poderiam provocar ansiedade e um a cirurgia desnecessária. Experim entos random izados para triagem para câncer de próstata produziram resultados m istos e relativam ente m odestos. As complicações potenciais da cirurgia e da radioterapia incluem disfunção erétil, incontinência u rin ária e disfunção intestinal. Alguns hom ens podem não aceitar a triagem , e nquanto outros estão mais dispostos a enfrentar os riscos da estratégia de detecção precoce. O u tro exem plo de decisão com partilhada envolve a escolha das técni cas de triagem do câncer de colo (Cap. 82). Em estudos controlados, o uso da PSOF anual reduz as m ortes p o r câncer de colo em 15 a 30%. C om a sigm oidoscopia flexível, essa redução é de cerca de 60%. A colonoscopia oferece um benefício igual ou m aior que o da sig m oidoscopia flexível, m as seu uso implica custos e riscos adicionais. Tais procedim entos de triagem não foram diretam ente com parados na m esm a população, porém o custo estim ado para a sociedade é sem elhante - 10.000 a 25.000 dólares p o r ano de vida salva. Assim, enquanto u m paciente prefere a fácil preparação, o m enor tem po des pendido e o m enor risco da sigm oidoscopia flexível, outros preferem a sedação e pesquisa com pleta da colonoscopia. Ao considerar o im pacto dos testes de triagem , é im portante re conhecer que o uso de fum o e álcool, a dieta e a prática de exercícios constituem a grande m aioria dos fatores que influem nas m ortes preveníveis nos países desenvolvidos. Talvez a m aior m edida preventiva da assistência m édica seja ajudar os pacientes a ab an d o n ar o fum o (Cap. 395).
Uso de múltiplos fármacos Prevenção de quedas Aquecedor de água < 120° Avaliação da visão, audição e dos dentes Imunizações (pneumocócica, influenza) Nota: DST, doença sexualmente transmissível.
ca”) http://www.ahcpr.gov/clinic/ppipix.htm). O Q u a d ro 4.5 apresen ta recom endações para triagem e aconselham ento específicas para cada idade. Um exam e m édico de ro tin a deve se realizado a cada 1 a 3 anos antes de 50 anos de idade, e depois a cada ano. A anam nese deve incluir o uso de m edicam entos (prescritos e de uso livre), alergias, história alim entar, uso de álcool e fum o, práticas sexuais e história fam iliar m inuciosa, se não tiver sido obtida previam ente. As m ensurações rotineiras devem abranger a estatura, o peso (índice de m assa corporal) e a pressão arterial, além do exam e físico relevante. A inci dência crescente de câncer de pele enfatiza a im portância da triagem de lesões cutâneas sob suspeita. A audição e visão devem ser testa das após os 65 anos, ou antes, se o paciente descrever dificuldades. O Q uadro 4.3 cita outros exam es específicos p or sexo e idade. A o rien tação e as instruções sobre o autoexam e (p. ex., pele, “consciência” da m am a) podem ser fornecidas ao longo do exam e de rotina. M uitos pacientes vão ao m édico em busca de assistência contínua de enferm idades crônicas, e tais consultas oferecem a oportunidade de incluir “m edidas de prevenção” para outros problem as de saúde. Por exemplo, um a paciente atendida p ara tratam ento de hipertensão ou de diabetes pode ter a triagem do câncer de m am a incorporada em um a consulta e um a discussão da triagem do câncer de colo na consulta seguinte. O utros pacientes respondem m ais favoravelmente a um a consulta separada que aborda todas as intervenções relevantes de triagem e prevenção. Em alguns pacientes, em virtude da idade ou de com orbidades, pode ser apropriado descartar certas atividades de triagem e prevenção, em bora não haja dados sobre o “ocaso” desses serviços. O risco de determ inados cânceres, com o o de colo uterino, declina na idade avançada, e é razoável in terro m p er os exam es pre ventivos após os 65 anos, caso os exam es recentes tenham sido nega tivos. Para os cânceres de m am a, colo e próstata, convém reavaliar a necessidade de triagem após os 75 anos. Para alguns pacientes idosos que têm doenças em estágio avançado, tais com o doença pulm onar obstrutiva crônica grave e insuficiência cardíaca congestiva e para
31
QUADRO 4.5 Faixa etária 15 a 24
Causas de mortalidade específicas da idade e opções preventivas correspondentes Principais causas de mortalidade específica da idade 1. Acidente
Intervenções para triagem e prevenção a serem consideradas para cada população específica
2. Homicídio
• Aconselhar sobre o uso rotineiro do cinto de segurança, capacetes para bicicleta/motocicleta' quadriciclos (1)
3. Suicídio
• Aconselhar sobre dieta e exercícios (5)
4. Neoplasias malignas
• Discutir os perigos do uso de álcool enquanto dirige, nada, veleja (1)
5. Cardiopatias
• Perguntar sobre o estado vacinai (tétano, difteria, hepatite B, SCR, rubéola, varicela, meningite, HPV) • Perguntar sobre o uso e/ou posse de armas (2,3)
Introdução à Medicina Clínica
• Avaliar história de uso abusivo de substâncias, como o álcool (2,3) • Fazer triagem para violência doméstica (2,3) • Fazer triagem para a depressão e/ou ideias suicidas/homicidas (2,3) • Realizar preventivo para a triagem de câncer de colo uterino, discutir a prevenção de DST (4) • Discutir o autoexame da pele, mama e testículos (4) • Recomendar evitar a luz UV e usar filtros solares regularmente (4) • Medir a pressão arterial, estatura, peso e índice de massa corporal (5) • Discutir os riscos à saúde produzidos pelo tabagismo, considerar a ênfase de questões estéticas e econômicas para melhorar as taxas de abandono do vício para fumantes mais jovens (4,5) • Triagem para Chlamydia e aconselhamento sobre contracepção para mulheres sexualmente ativas • Realizar exame para o HIV, hepatite B e sífilis se houver comportamento(s) sexual(is) de alto risco ou qualquer história anterior de doença sexualmente transmissível 25 a 44
1. Acidente
Como anteriormente, além de considerar o seguinte:
2. Neoplasia maligna
• Abordar novamente o estado de tabagismo, estimular o abandono em cada consulta (2,3)
3. Cardiopatias
• Obter história familiar detalhada de neoplasias malignas e começar triagem/programa de prevenção precoces se o paciente estiver sob aumento significativo de risco (2)
4 Suicídio 5. Homicídio 6. HIV
• Avaliar todos os fatores de risco cardíacos (incluindo a triagem para diabetes e hiperlipidemia) e considerar a prevenção primária com o ácido acetilsalicílico para os pacientes com risco de mais de 3% em 5 anos de um evento vascular (3) • Avaliar uso crônico abusivo de álcool, fatores de risco para hepatite viral ou outros riscos para desenvolvimento de doença hepática crônica • Considerar triagem individualizada para câncer de mama com mamografia aos 40 anos de idade (2)
45 a 64
1. Neoplasia maligna 2. Cardiopatias 3. Acidente 4. Diabetes melito
• Considerar triagem para câncer de próstata com PSA anual e exame de toque retal aos 50 anos de idade (ou possivelmente mais cedo em pacientes afro-americanos ou com história familiar) (1) • Começar triagem para câncer colorretal aos 50 anos de idade, seja com pesquisa de sangue oculto nas fezes, sigmoidoscopia flexível ou colonoscopia (1)
5. Doença cerebrovascular
• Reavaliar estado vacinai aos 50 anos de idade e dar atenção especial às vacinas contra o Streptococcus pneumoniae, influenza, tétano e hepatite viral
6. Doença do trato respiratório inferior crônica
• Considerar triagem para doença arterial coronariana em pacientes sob risco mais alto (2,5)
7. Doença hepática crônica e cirrose 8. Suicídio >65
1. Cardiopatias
Como anteriormente, além de considerar o seguinte:
2. Neoplasias malignas
• Abordar novamente o estado de tabagismo, estimular o abandono do vício em cada consulta (1,2.3, 4)
3. Doença cerebrovascular 4. Doença do trato respiratório inferior crônica 5. Doença de Alzheimer
• Realizar ultrassonografia única para AAA em homens de 65 a 75 anos que já fumaram • Considerar exame de função pulmonar para todos os fumantes de longo prazo, a fim de avaliar se há desenvolvimento de doença pulmonar obstrutiva crônica (3,7)
7. Diabetes melito
• Vacinar todos os fumantes contra a influenza e S. pneumoniae aos 50 anos de idade (6)
6. Influenza e pneumonia
• Fazer a triagem de todas as mulheres na pós-menopausa (e de todos os homens com fatores de risco) para osteoporose
8. Doença renal 9. Acidentes 10. Sepse
• Reavaliar estado vacinai aos 65 anos de idade, ênfase para a influenza e S. pneumoniae (4,6) • Fazer triagem para a demência e depressão (5) • Fazer triagem para os problemas visuais e auditivos, questões de segurança doméstica e violência contra o idoso (9)
*Os números entre parênteses referem-se a áreas de risco na coluna de mortalidade afetadas pela intervenção especificada.
Nota: PM, aneurisma aórtico abdominal; HPV, papilomavírus humano; SCR, sarampo, caxumba e rubéola; PSA, antígeno específico da próstata; DST, doenças sexualmente transmissíveis; UV, ultravioleta.
32
aqueles que estejam imóveis, o benefício de alguns p rocedim entos de triagem é baixo, e outras prioridades surgem quando a expectativa de vida é de m enos de 10 anos. Essa m udança de ênfase deve ser em pre endida de m aneira delicada e perm ite m aior foco nos problem as que tendem a afetar a qualidade e duração da vida. A g r a d e c im e n t o
O autor agradece a Dan Evans, MD, pelas contribuições sobre este assunto no Manual de medicina de Harrison.
BIBLIOGRAFIA
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CAPÍ TULO
5
Princípios de Farmacologia Clínica Dan M. Roden Os fárm acos são a pedra angular da terapêutica m oderna. No e n ta n to, os m édicos e a com unidade leiga reconhecem que o resultado da terapia farm acológica varia am plam ente entre os indivíduos. E m bo ra tal variabilidade seja percebida com o um aspecto imprevisível, e portanto inevitável, da farm acoterapia, este não é o caso. O objetivo deste capítulo é descrever os princípios da farm acologia clínica que podem ser aplicados no uso seguro e ideal dos fárm acos disponíveis e dos novos. Os fárm acos interagem com m oléculas-alvo específicas, p ro d u zindo seus efeitos benéficos e adversos. A cadeia de eventos entre a adm inistração de um fárm aco e a produção desses efeitos no orga nism o pode ser dividida em dois com ponentes, am bos os quais con tribuem para a variabilidade nas ações m edicam entosas. O prim eiro com ponente abrange os processos que d eterm inam o transporte do fárm aco até os alvos m oleculares e sua rem oção destes. A descrição resultante da relação entre a concentração do fárm aco e o tem po denomma.-sefarmacocinética. O segundo com ponente da variabilidade na ação dos fárm acos com preende os processos que d eterm inam a variabilidade nas ações a despeito da liberação equivalente do fár maco até os locais efetores. Essa descrição da relação entre a concen tração e o efeito do fárm aco é cham ada de farm acodinâm ica. C o n form e se discutirá adiante, a variabilidade farm acodinâm ica pode advir com o resultado da variação na função da m olécula-alvo ou do contexto biológico geral em que a interação alvo-fárm aco ocorre de m odo a atingir os efeitos do fármaco. Dois objetivos im portantes da disciplina p ropriam ente dita de farm acologia clínica são ( 1) descrever as condições em que as ações dos fárm acos variam entre os indivíduos e (2) d eterm in ar os m eca nism os dessa variabilidade, com o objetivo de m elhorar a terapia com os fárm acos disponíveis, e com o apontar novos m ecanism os farm acológicos que possam ser eficazes no tratam en to da doença h u m a na. As prim eiras etapas da disciplina foram descrições em píricas da influência da doença X na ação do fárm aco Y ou de indivíduos ou famílias que apresentam sensibilidade incom um aos efeitos adversos dos m edicam entos. Esses im portantes achados descritivos estão sen do substituídos p or um a com preensão dos m ecanism os m oleculares que dão origem à variabilidade nas ações dos fárm acos. Assim, os efeitos de doenças, coadm inistração de fárm acos ou fatores fam ilia res na m odulação da ação farm acológica agora são reinterpretados com o variabilidade na expressão ou n a função de genes específicos,
cujos produtos d eterm in am a farm acocinética e farm acodinâm ica. No entanto, frequentem ente é a interação pessoal do paciente com o m édico ou outro profissional de saúde que prim eiro identifica um a variabilidade incom um nas ações dos fárm acos; a constante vigilân cia a respostas incom uns aos fárm acos continua a ser m edida crucial para aum entar a segurança deles. As respostas incom uns a fárm acos, que exibem segregação fam i liar, são reconhecidas há décadas e m otivaram a fundação do cam po da farmacogenética. Atualm ente, com o crescente reconhecim ento de polim orfism os com uns em todo o genom a hum ano, tem os a o p o rtu nidade de reinterpretar os m ecanism os descritivos da variabilidade na ação dos fárm acos com o um a conseqüência de variantes especí ficos do DNA, ou grupos de variantes do DNA, entre os indivíduos. Esta abordagem define o cam po da farm acogenôm ica, a qual talvez perm ita que os clínicos integrem a com preensão m olecular da o ri gem das doenças com a constituição genôm ica individual, a fim de prescrever tratam entos personalizados, altam ente eficazes e seguros.
Princípios de Farmacologia Clínica
MJ: Screening for prostate cancer—the controversy that refuses to die. N Engl J Med 360:1351,2009
B a rry
■ INDICAÇÕES DA TERAPIA FARMACOLÓGICA: RISCO VERSUS BENEFÍCIO E óbvio que os benefícios da terapia farm acológica devem sobrepu jar os riscos. Os benefícios se enquadram em duas categorias gerais: alívio dos sintom as e prolongam ento da vida útil. A crescente ênfa se nos princípios da m edicina baseada em evidências e técnicas, tais com o grandes ensaios clínicos e m etanálises, definiram os benefícios da farm acoterapia em populações am plas de pacientes. Estabelecer o equilíbrio entre risco e benefício nem sem pre é sim ples. Um corpo cada vez m aior de evidências sustenta a ideia, com a qual os profissio nais estão m uito fam iliarizados, de que os pacientes isolados podem exibir respostas que não são esperados de estudos populacionais de grande p o rte e frequentem ente têm com orbidades que os excluem de experim entos clínicos de grande porte. Além disso, terapias que oferecem o benefício da redução dos sintom as, m as abreviam a vida, poderiam ser oportunas em pacientes que têm doenças graves e alta m ente sintomáticas, com o insuficiência cardíaca ou câncer. Tais deci sões ilustram a natureza altam ente pessoal da relação entre terapeuta e paciente. A lguns efeitos adversos são tão com uns e tão claram ente asso ciados à terapia farm acológica, que logo são identificados durante o uso clínico de um fárm aco. Por outro lado, os efeitos adversos graves podem ser suficientem ente incom uns p ara escapar à detecção por m uitos anos após o uso am plo de um fárm aco. A questão de com o identificar efeitos adversos raros, m as graves (os quais podem afetar profundam ente a percepção do risco/benefício em um dado pacien te), não está resolvida de m aneira satisfatória. As soluções potenciais abrangem desde m aior com preensão das bases m olecular e genética da variabilidade nas ações dos fárm acos à expansão dos m ecanism os de vigilância pós-com ercialização. N enhum a dessas opções foi plena m ente eficaz; p or isso, os m édicos precisam m anter contínua vigilân cia à possibilidade de que sintom as incom uns estejam relacionados
33
100-1
P roporção
Efeito desejado E feito adverso
50-
| 2 tu c
a
CD O O
1 0 0 -1
50-
P roporção terapêutica estreita
D ose ou concentração — ►-
Figura 5.1 Conceito de razão terapêutica. Cada gráfico ilustra a relação entre aumento da dose e a probabilidade cumulativa de um efeito medicamentoso deseja do ou adverso. No alto. Fármaco com razão terapêutica alta, isto é, com ampla se paração das duas curvas. Embaixo. Fármaco com razão terapêutica estreita; aqui, a probabilidade de efeitos adversos com doses terapêuticas é aumentada porque as curvas não estão distantes uma da outra. Além disso, uma curva dose-resposta íngreme para efeitos adversos é especialmente indesejável, pois indica que mesmo pequenos aumentos da dosagem podem aumentar drasticamente a probabilidade de toxicidade. Quando há uma relação definível entre concentração do fármaco (em geral medida no plasma) e curvas de efeitos desejáveis e adversos, a concentração pode ser substituída na abscissa. Observar que nem todos os pacientes necessa riamente apresentam resposta terapêutica (ou efeito adverso) com qualquer dose e que alguns efeitos (notadamente alguns efeitos adversos) podem ocorrer de maneira independente da dose.
com determ inados fárm acos ou com binações de fárm acos, usados p or seus pacientes. As reações benéficas e adversas à terapia farm acológica podem ser descritas p o r um a série de relações de dose-resposta (Fig. 5.1). Os fárm acos b em -tolerados apresentam m argem am pla, d en o m in a da razão terapêutica, índice terapêutico ou janela terapêutica, entre as doses necessárias para p ro d u z ir um efeito terapêutico e as tóxi cas. N os casos em que há relação sem elhante entre a concentração plasm ática do fárm aco e seus efeitos, a m o nitoração das c oncentra ções plasm áticas pode ser um recurso altam ente eficaz no controle da farm acoterapia, p e rm itin d o que se m an te n h am concentrações acim a do m ínim o necessário para p ro d u z ir o efeito desejado e abai xo dos níveis que tendem a p ro d u z ir toxicidade. Essa m onitoração tem sido am plam ente adotada com fárm acos específicos, tais com o certos antiarrítm icos, anticonvulsivantes e antibióticos. M uitos dos princípios da farm acologia clínica e exem plos citados adiante - a m plam ente aplicáveis à terap êu tica - foram desenvolvidos em tais áreas do conhecim ento.
PRINCÍPIOS
de f a r m a c o c in e t ic a
Os processos de absorção, distribuição, m etabolism o e excreção denom inados coletivam ente disposição do fárm aco - determ inam a concentração de um fárm aco liberado até as m oléculas-alvo efetoras.
■ ABSORÇÃO Biodisponibilidade Q uando se adm inistra um fárm aco p o r vias oral, subcutânea, intram uscular, retal, sublingual ou diretam ente nos locais de ação deseja dos, a quantidade do fárm aco que de fato chega à circulação sistêmica pode ser m enor que a quantidade que chega p o r via intravenosa (Fig. 5.2A). A fração do fárm aco disponível na circulação sistêmica pelas outras vias denom ina-se biodisponibilidade, a qual se reduz a < 100% p or duas razões: ( 1) a absorção é reduzida, ou (2) o fárm aco sofre m etabolism o ou elim inação antes de e ntrar n a circulação sistêmica. Q uando um fárm aco é adm inistrado p o r um a via não intrave nosa, o pico de concentração ocorre m ais tarde e é m ais baixo do que após a m esm a dose adm inistrada por injeção intravenosa rápida, refletindo a absorção a partir do local de adm inistração (Fig. 5.2). O grau de absorção pode dim inuir porque o fárm aco é liberado incom pletam ente na sua form a de apresentação, sofre destruição no local de adm inistração ou tem propriedades fisicoquím icas, tais com o in solubilidade, que im pedem a absorção total a p a rtir do seu local de
Tem po
Figura 5.2 Curvas idealizadas de tempo-concentração plasmática após uma única dose do fármaco. A. Apresentação do curso de tempo de concen tração do fármaco após um bolo instantâneo intravenoso ou uma dose oral no mo delo de um compartimento. A área sob a curva tempo-concentração é claramente menor com o fármaco oral do que com o intravenoso, indicando biodisponibilidade incompleta. Observar que, apesar desta biodisponibilidade incompleta, a concentra ção após a dose oral pode ser mais alta do que após a dose intravenosa em alguns pontos do tempo. A figura menor mostra que o declínio das concentrações com o tempo é linear em um gráfico log-linear, típico da eliminação de primeira ordem, e que o fármaco oral ou intravenoso tem o mesmo curso de tempo de eliminação (paralelo). B. Declínio da concentração do compartimento central quando o fármaco é distribuído para, e a partir de, um compartimento periférico e eliminado a partir do compartimento central. 0 rápido declínio inicial da concentração reflete não a eliminação do fármaco, mas sua distribuição.
adm inistração. As taxas de absorção lenta são propositais nas apre sentações farm acológicas de liberação lenta ou liberação continuada, a fim de m inorar a variação das concentrações plasm áticas durante o intervalo entre as doses.
Efeito de “primeira passagem” Q u an d o é a d m in istrad o p o r via oral, o fárm aco deve atravessar o epitélio intestinal, o sistem a venoso p o rtal e o fígado, antes de ga n h a r a circulação sistêm ica (Fig. 5.3). D epois de e n tra r no enterócito, o fárm aco pode ser m etabolizado, tran sp o rta d o para a veia porta ou excretado de volta p ara o lúm en intestinal. T anto a excreção p ara o lú m en in testinal q u a n to o m eta b o lism o red u zem a biod isp o n i bilidade sistêm ica. D epois que tran sp õ e a ba rre ira do enterócito, o fárm aco pode ser captado pelo hepatócito, no qual a biodisponibi lidade ainda pode ser lim itada p o r m etabolism o ou excreção biliar. Esta elim inação no in te stin o e fígado, que reduz a quantidade de fárm aco d istrib u íd o p a ra a circulação sistêm ica, é cham ada de eli minação pré-sistêmica, extração pré-sistêmica ou eliminação de p ri meira passagem. O m ovim ento do fárm aco através da m em brana de qualquer cé lula, incluindo os enterócitos e hepatócitos, é um a com binação de difusão passiva e tran sp o rte ativo, m ediada p o r captação específica do fárm aco e m oléculas de efluxo. A m olécula transportadora de fár m acos m ais extensam ente estudada é a glicoproteína P, produto da expressão norm al do gene M D R1. A glicoproteína P se expressa na face apical do enterócito e face canalicular do hepatócito (Fig. 5.3); nos dois locais, atua com o bom ba de efluxo, lim itando, assim, a dis ponibilidade do m edicam ento para a circulação sistêmica. Também é um com ponente im portante da barreira hem atencefálica, discutida em mais detalhes adiante. O m etabolism o dos fárm acos gera com postos geralm ente mais polares e, portanto, m ais im ediatam ente excretados do que o fárm a co precursor. O m etabolism o ocorre predom inantem ente no fígado, mas tam bém pode ocorrer em outros locais, com o rim , epitélio intes tinal, pulm ão e plasm a. O m etabolism o da fase I envolve m odifica-
|C irc u la ç ã o sistêm ica
^ D (- 0,691 /(.„) C= — X e V
G licoproteína P O utro tra n sp o rta d o r
Figura 5.3 Mecanismo de depuração pré-sistêmica. Após o fármaco entrar no enterócito, pode sofrer metabolismo, excreção para o lúmen intestinal ou trans porte para a veia porta. De modo semelhante, o hepatócito pode realizar o metabolis mo e a excreção biliar antes da entrada do fármaco e dos metabólitos na circulação sistêmica. [Adaptada com autorização de DM Roden, em DP Zipes, J Jatife (eds.): Cardiac Electrophysiology: From Cell to Bedside, 4th ed., Philadelphia, Saunders, 2003. Copyright 2003 com autorização da Elsevier]
ção química, m ais frequentem ente oxidação realizada p o r m em bros da superfam ília de m onooxigenases do citocrom o P450 (CYP). As CYP especialm ente im portantes para o m etabolism o dos fárm acos (Q uadro 5.1) consistem nas CYP3A4, CYP3A5, CYP2D6, CYP2C9, CYP2C19, CYP1A2 e CYP2E1, e cada fárm aco pode ser substrato de um a ou mais dessas enzimas. O m etabolism o da fase II envolve a con jugação de com postos endógenos específicos a fárm acos ou a seus m etabólitos. As enzim as im plicadas nas reações da fase II incluem a glicuronil, acetil, sulfo e m etiltransferases. Os m etabólitos dos fár macos podem exercer atividade farm acológica im portante, conform e será descrito adiante.
Implicações clínicas da biodisponibilidade alterada Alguns fárm acos sofrem m etabolism o pré-sistêm ico quase total e, desse m odo, não podem ser adm inistrados p o r via oral. A nitroglicerina não deve ser usada oralm ente, p orque é to talm ente extraída antes de chegar à circulação sistêmica. Por isso, é usada por vias sublingual ou transdérm ica, as quais con to rn am o m etabolism o pré-sistêmico. Alguns fárm acos com m etabolism o pré-sistêm ico m uito extenso ainda podem ser adm inistrados p o r via oral, utilizando doses bem m ais altas do que as que se em pregam intravenosam ente. Assim, um a dose intravenosa típica de verapam il é de 1 a 5 m g em com pa ração com a dose oral habitual de 40 a 120 mg. A adm inistração de um a dose baixa de ácido acetilsalicílico pode resultar em exposição ao fárm aco da ciclooxigenase nas plaquetas presentes na veia porta, mas a circulação sistêm ica é poupada devido à desacilação do ácido acetilsalicílico na prim eira passagem pelo fígado. Este é um exemplo de exploração do m etabolism o pré-sistêm ico para obter vantagem terapêutica.
onde Vc é o volum e do co m p artim en to para o qual o fárm aco é transportado, e t m a m eia-vida de elim inação. Em conseqüência desta relação, o gráfico do logaritm o da concentração versus tem po é um a linha reta (Fig. 5.2A, em destaque). M eia-vida é o tem po neces sário para que 50% de um processo de prim eira ordem se complete. Assim, 50% da elim inação do fárm aco são atingidos após um a m eia-vida de elim inação do fárm aco; 75%, após 2 m eias-vidas; 87,5%, após 3 e assim po r diante. N a prática, os processos de prim eira o r dem , com o a elim inação, estão quase com pletos após quatro a cinco meias-vidas. Em alguns casos, o fárm aco é rem ovido do com partim ento cen tral não apenas p o r elim inação, m as tam bém p o r distribuição para os com partim entos periféricos. Nesse caso, o gráfico da concentra ção plasm ática versus tem po após um a dose em bolo pode m ostrar dois (ou m ais) com ponentes exponenciais (Fig. 5.2B). Em geral, a rápida queda inicial da concentração do fárm aco representa não a elim inação, m as a distribuição do fárm aco en tran d o e saindo dos tecidos periféricos (tam bém processos de prim eira ordem ), e nquan to o com ponente m ais lento representa a elim inação do fárm aco; o declínio abrupto inicial geralm ente é evidente com a adm inistração intravenosa, m as não p o r outras vias. As concentrações do fárm aco em locais periféricos são determ inadas p o r u m equilíbrio entre a dis tribuição do fárm aco para os tecidos periféricos e a redistribuição a p artir deles, além da elim inação. Depois que a distribuição está quase com pleta (quatro a cinco m eias-vidas de distribuição), as concentra ções plasm áticas e teciduais declinam paralelam ente.
Princípios de Farmacologia Clínica
Fárm aco adm inistrado por via oral
9 Fárm aco
■ DISTRIBUIÇÃO E ELIMINAÇÃO A m aioria dos processos farm acocinéticos é de prim eira ordem , ou seja, a taxa do processo depende da quantidade de fárm aco presen te. As exceções clinicam ente im portantes são discutidas adiante (ver Princípios da seleção da dose). N o m odelo farm acocinético m ais sim ples (Fig. 5.2A), um bolo do fárm aco (D) é ad m in istrad o in s tantaneam ente a um c om partim ento central, a p a rtir do qual a eli m inação do fárm aco ocorre com o um processo de prim eira ordem . O casionalm ente, o com partim ento central e outros com partim entos correspondem aos espaços fisiológicos (p. ex., volum e plasm ático), enquanto em outros eles são sim plesm ente funções m atem áticas usa das para descrever a disposição do fárm aco. A natureza de prim eira ordem da elim inação do fárm aco leva diretam ente à relação que des creve a concentração do fárm aco (c) em qualquer tem po (t) após a dose instantânea:
Implicações clínicas das medições da meia-vida A m eia-vida de elim inação não apenas determ ina o tem po necessário para que as concentrações do fárm aco caiam a níveis quase im ensu ráveis após um a dose única, com o tam bém é o determ inante-chave do tem po necessário até serem alcançadas concentrações plasmáticas em estabilidade dinâm ica após qualquer alteração nas doses do fár m aco (Fig. 5.4). Isto se aplica ao com eço da terapia farm acológica crônica (seja p or m últiplas doses orais ou p o r infusão intravenosa contínua), u m a alteração na dose crônica de um fárm aco ou no inter valo entre doses, ou suspensão do fármaco. A estabilidade dinâmica descreve a situação durante a adm inis tração crônica de um fárm aco, quando a quantidade de fárm aco a d m inistrada p or unidade de tem po é igual à do fárm aco elim inado p o r unidade de tem po. C om u m a infusão intravenosa contínua, as concentrações plasm áticas em estabilidade dinâm ica são estáveis, enquanto na adm inistração oral crônica de um fárm aco as concen trações plasm áticas variam durante o intervalo entre as doses, m as o perfil de tem po-concentração entre os intervalos perm anece estável (Fig. 5.4).
■ DISTRIBUIÇÃO D0 FÁRMACO Em um ser hum an o típico de 70 kg, o volum e plasm ático é de apro xim adam ente 3 L, o volum e sanguíneo de aproxim adam ente 5,5 L e a água extracelular fora da vasculatura de aproxim adam ente 20 L.
35
■
QUADRO 5.1
Vias moleculares que medeiam a disposição do fármaco
Molécula CYP3A
Substratos3
Inibidores3
Bloqueadores dos canais de cálcio
Amiodarona
Antiarrítmicos (lidocaína, quinidina, mexiletina)
Cetoconazol, itraconazol
Inibidores da HMG-CoA redutase (estatinas; ver texto)
Eritromicina, claritromicina
Ciclosporina, tacrolimus
Ritonavir
Indinavir, saquinavir, ritonavir CYP2D6b
Introdução à Medicina Clínica
Timolol, metoprolol, carvedilol
Quinidina (mesmo em doses ultrabaixas)
Fenformina
Antidepressivos tricíclicos
Codeína
Fluoxetina, paroxetina
Propafenona, flecainida Antidepressivos tricíclicos Fluoxetina, paroxetina CYP2C9b
Varfarina
Amiodarona
Fenitoína
Fluconazol
Glipizida
Fenitoína
Losartana CYP2C19b
Omeprazol
Omeprazol
Mefenitoína Clopidogrel Tiopurína S-metiltransferaseb
6-mercaptopurina, azatioprina
N-acetiltransferaseb
Isoniazida Procainamida Hidralazina Algumas sulfonamidas
UGT1A1b
Irinotecana
Pseudocolinesteraseb
Succinilcolina
Glicoproteína P
Digoxina
Quinidina
Inibidores da protease do HIV
Amiodarona
Muitos substratos CYP3A
Verapamil Ciclosporina Itraconazol Eritromicina
a0s inibidores afetam a via molecular e, portanto, podem afetar o substrato. bVariantes genéticas clinicamente importantes descritas. Ver Quadro 5.2.
Nota: Uma lista de substratos, inibidores e indutores de CYP é mantida em http://medicine.iupui.edu/flockhart/table.htm.
O volum e de distribuição de fárm acos extensam ente ligados às proteínas plasm áticas, m as não aos com ponentes teciduais, aproxi m a-se do volum e plasm ático; a varfarina é um exemplo. Em co n tra partida, para os fárm acos altam ente ligados aos tecidos, o volum e de distribuição pode ser b em m aior do que qualquer espaço fisiológico. O volum e de distribuição da digoxina e dos antidepressivos tricíclicos, p o r exemplo, é de centenas de litros, obviam ente excedendo o volum e corporal total. Estes fárm acos não são rapidam ente rem ovi dos por diálise, consideração im portante na overdose.
Implicações clínicas da distribuição do fármaco Em alguns casos, os efeitos farm acológicos requerem a distribuição do fárm aco para locais periféricos. Nesse caso, o curso de tem po de distribuição do fárm aco para esses locais e sua rem oção determ ina o curso de tem po dos efeitos do fárm aco. A digoxina tem acesso ao seu local de ação cardíaco lentam ente, d urante um a fase de distribuição de várias horas. Assim, após um a dose intravenosa, os níveis plasm áticos caem, enquanto os níveis no local de ação aum entam ao longo de horas. Apenas quando a distribuição está quase com pleta é que a concentração plasm ática de digoxina reflete o efeito farm acológico. Por esta razão, deve haver um a espera de 6 a 8 horas após a adm inis tração, antes de se m edirem os níveis plasm áticos de digoxina com o m onitoração do tratam ento. De m aneira sem elhante, a penetração do
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fárm aco anestésico no sistem a nervoso central (SNC) e sua rem oção determ ina o curso de tem po da anestesia. Os m odelos anim ais sugeriram , e os estudos clínicos confirm a ram , que a penetração lim itada de fárm acos no encéfalo, a barreira hematencefálica, com frequência representa um processo robusto de efluxo m ediado pela glicoproteína P das células endoteliais capilares na circulação cerebral. Assim, a distribuição do fárm aco no cérebro pode ser m odulada por alterações na função da glicoproteína P. Doses de ataque Para alguns fárm acos, a indicação pode ser tão u r gente que é necessária a adm inistração de dosagens “de ataque” para se atingir elevações rápidas da concentração do fárm aco e efeitos terapêuticos m ais cedo do que com a terapia de m anutenção c rô nica (Fig. 5.4). N ão obstante, o tem po necessário até a estabilidade dinâm ica verdadeira ser alcançada ainda é determ inado apenas pela m eia-vida de elim inação. Um a doença pode alterar as exigências para a dose de ataque: na insuficiência cardíaca congestiva, o volum e central de distribuição de lidocaína é reduzido. Por isso, em pregam -se esquem as com doses m enores que o norm al para obter concentrações plasm áticas do fár m aco equivalentes e evitar toxicidade. Taxa de administração intravenosa E m bora as sim ulações na Figura 5.2 utilizem u m a única dose intravenosa em bolo, na prática isso é
Mudança da terapia crônica
Início da terapia
■ DEPURAÇÃO
Tem po — ►
Figura 5.4 Acúmulo de fármaco até estabilidade dinâmica. Nesta simula ção, o fármaco foi administrado (setas) em intervalos = 50% da meia-vida de elimi nação. A estabilidade dinâmica é atingida durante o início da terapia após aproxima damente 5 meias-vidas de eliminação ou 10 doses. Uma dose de ataque não alterou a estabilidade dinâmica subsequente atingida. Uma duplicação da dose resultou em duplicação da estabilidade dinâmica, mas o mesmo curso de tempo de acúmulo. Quando se atinge a estabilidade dinâmica, mudança na dose (aumento, redução ou suspensão do fármaco) resulta em nova estabilidade dinâmica em aproximada mente 5 meias-vidas de eliminação. [Adaptada com autorização de DM fíoden, em DP Zipes, J Jalife (eds.): Cardiac Electrophysiology: From Cell to Bedside, 4th ed., phitadelphia, Saunders, 2003. Copyright 2003 com autorização da Elsevier.]
m uito raram ente apropriado, p orque p odem sobrevir efeitos cola terais relacionados com as concentrações tran sito riam en te m uito altas. De preferência, os fárm acos são m ais adm inistrados oralm en te ou com o um a infusão intravenosa m ais lenta. A lguns fárm acos são tão previsivelm ente letais quando infundidos de m aneira rápida demais, que se devem tom ar precauções especiais para prevenir in fusões rápidas acidentais. Por exemplo, as soluções de potássio para adm inistração intravenosa com > 20 m Eq/L devem ser evitadas em todas as circunstâncias, exceto nos casos m ais excepcionais e sob es treita m onitoração, o que m inora a possibilidade de parada cardíaca, causada p o r elevações acidentais nas taxas de infusão de soluções mais concentradas. E m bora a adm inistração p o r via intravenosa excessivam ente rápida possa ter conseqüências catastróficas, a concentração tra n sitoriam ente alta do fárm aco após adm inistração intravenosa pode, ocasionalm ente, ser vantajosa. O uso de m idazolam para sedação in travenosa, por exemplo, depende da sua rápida captação pelo cérebro durante a fase de distribuição para p ro d u z ir sedação rapidam ente, com subsequente egresso do cérebro durante a redistribuição do fár maco, quando o equilíbrio é alcançado. De m odo sem elhante, deve-se a d m in istrar a adenosina com o um bolo rápido no tratam ento das taquicardias supraventriculares reentrantes (Cap. 233), p ara prevenir a elim inação p o r captação m ui to rápida (tl/2 de segundos) nos eritrócitos e nas células endoteliais, antes que o fárm aco chegue ao seu local de ação clínica, o nódulo atrioventricular.
■ LIGAÇÃO COM AS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS Muitos fárm acos circulam no plasm a parcialm ente ligados às proteí nas plasmáticas. Com o apenas o fárm aco não ligado (livre) se distri bui para os locais de ação farm acológica, a resposta ao fárm aco está relacionada com a sua concentração plasm ática circulante total.
Implicações clínicas da ligação com as proteínas alterada Para os fárm acos que norm alm ente são altam ente ligados às proteí nas plasm áticas (> 90%), pequenas alterações no grau de ligação (p. ex., em virtude de doença) pode p roduzir um a grande alteração na quantidade de fárm aco livre e, portanto, no efeito do fármaco. O rea-
A elim inação do fárm aco reduz a quantidade de fárm aco presente no corpo ao longo do tem po. A bordagem im portante na quantifica ção desse declínio é considerar que as concentrações do fárm aco no início e no fim de um intervalo de tem po estão inalteradas, e que um volum e específico do corpo foi depurado do fárm aco d urante esse in tervalo, o que define a depuração com o volum e/tem po. A depuração inclui o m etabolism o e excreção do agente.
Implicações clínicas da depuração alterada E m bora a m eia-vida de elim inação determ in e o tem po necessário para alcançar concentrações plasm áticas em estabilidade dinâm ica (Ced), a m agnitude da estabilidade dinâm ica é determ inada apenas pela depuração (D) e dose. Para u m fárm aco adm inistrado com o in fusão intravenosa, essa relação é:
Princípios de Farmacologia Clínica
gente da fase aguda a,-glicoproteína ácida liga-se a fárm acos básicos, com o a lidocaína ou quinidina, e é aum entado em um a variedade de distúrbios com uns, tais com o infarto do m iocárdio, cirurgias, doenças neoplásicas, artrite reum atoide e queim aduras. O aum ento da ligação pode levar à redução dos efeitos farm acológicos em con centrações terapêuticas do fárm aco total. Por outro lado, distúrbios com o hipoalbum inem ia, doenças hepáticas e doenças renais, podem dim inuir o grau de ligação dos fárm acos, em particular dos fárm acos ácidos e neutros, com o a fenitoína. Nesta, a concentração plasm ática do fárm aco livre é aum entada e, p o r isso, a eficácia e toxicidade au m entam caso se use a concentração do fárm aco total (livre + ligado) para m onitorar o tratam ento.
C ed = frequência de doses/D o u frequência de doses - D X Ced Q uando o m edicam ento é adm inistrado p o r via oral, a concen tração plasm ática m édia d entro de um intervalo entre doses (Cméd ed) substitui a Ccd, e a dosagem (dose p o r unidade de tem po) deve ser aum entada se a biodisponibilidade (F) for m en o r que 1: Dose/tempo = D X Cméd ed/F Variantes genéticas, interações m edicam entosas ou doenças que reduzem a atividade das enzim as m etabolizadoras de fárm acos ou m ecanism os excretores p o d e m gerar u m a depuração m en o r e, as sim , a necessidade de reduzir a dose para prevenir toxicidade. Por o utro lado, algum as interações m edicam entosas e variantes genéti cas aum entam a função das vias de elim inação do fárm aco e, p or isso, pode ser necessário au m en tar a dose do fárm aco para m anter um efeito terapêutico.
■ METABÓLITOS ATIVOS DOS FÁRMACOS Do p onto de vista da evolução, o m etabolism o dos fárm acos pode ter-se desenvolvido com o u m a defesa contra os xenobióticos noci vos (substâncias estranhas, p o r exemplo, de plantas) aos quais nossos ancestrais se expuseram inadvertidam ente. A organização das b o m bas de captação e efluxo de fárm acos, assim com o a localização do m etabolism o no intestino e fígado antes da entrada dos fárm acos na circulação sistêmica (Fig. 5.3) fortalecem a ideia de um a função p ro tetora prim itiva. Entretanto, os m etabólitos dos fárm acos nem sem pre são farm acologicam ente inativos, p o d e n d o pro d u zir efeitos sem elhantes aos, sobrepostos aos ou diferentes do fárm aco original. Por exemplo, a N -acetilprocainam ida (NAPA) é um m etabólito im portante do antiarrítm ico procainam ida. Mas, em bora exerça efeitos antiarrítm icos, suas propriedades eletrofisiológicas diferem das do fárm aco origi nal. Com efeito, o acúm ulo de NAPA é a explicação habitual para o acentuado prolongam ento de Q T e a taquicardia ventricular com torsades des pointes (Cap. 233) d urante a terapia com procainam ida. Assim, a prática laboratorial com um de som ar as concentrações de procainam ida às de NAPA, para estim ar o efeito terapêutico total, é im própria. Pró-fárm acos são com postos inativos que exigem m etabolism o para gerar substâncias ativas que m edeiam os efeitos farmacológicos. São exem plos m uitos inibidores da enzim a conversora da angioten-
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sina (ECA), o bloqueador do receptor da angiotensina losartana, o antineoplásico irinotecana, o antiestrogênio tam oxifeno, o analgési co codeína (cujo m etabólito ativo m orfina provavelm ente ocasiona o efeito opioide d urante a adm inistração de codeína) e o fárm aco antiplaquetário clopidogrel. O m etabolism o dos fárm acos tam bém foi im plicado na bioativação de procarcinógenos e geração de m eta bólitos reativos que m edeiam certos efeitos adversos (p. ex., hepatotoxicidade do paracetam ol, descrita adiante).
■ CONCEITO DE FARMACOCINÉTICA DE ALTO RISCO
Introdução à Medicina Clínica
Q uando as concentrações plasm áticas de fárm aco ativo dependem exclusivamente de um a única via m etabólica, qualquer condição que inibe essa via (seja ela relacionada com a doença, genética ou devi do a um a interação m edicam entosa) pode levar a m udanças d rásti cas nas concentrações de fárm acos e em variabilidade acentuada da ação do fárm aco. Esse problem a de farm acocinética de alto risco é especialm ente p ro n u n ciad o em duas situações. Primeiramente, a variabilidade na bioativação de um pró-fárm aco pode levar a um a variabilidade notável na ação do fárm aco; exem plos incluem redução da atividade de CYP2D6, que evita analgesia pela codeína e redução da atividade de CYP2C19, que reduz os efeitos antiplaquetários do clopidogrel. A segunda situação é a elim inação do fárm aco que d e pende de um a única via. Nesse caso. A inibição da via de elim inação leva a elevação m arcante da concentração do fárm aco. Para fárm acos com um a janela terapêutica estreita, isso leva a um aum ento da p ro babilidade de toxicidade relacionada com o fárm aco. Um exem plo é a digoxina, cuja elim inação é dependente da glicoproteína P; m uitos fárm acos inibem a atividade da glicoproteína P (am iodarona, quini dina, eritrom icina, ciclosporina, itraconazol) e coadm inistração des ses com digoxina reduz a depuração de digoxina, e aum enta a toxici dade, a m enos que as doses de m anutenção sejam reduzidas. Q uando os fárm acos passam p o r elim inação p o r m etabolism o de m últiplos fárm acos ou vias excretoras, é m uito m enos provável que a ausência de um a via (devido a um a variante genética ou interação m edica m entosa) tenha um grande im pacto nas concentrações de fárm acos ou nas ações dos m esmos.
PRINCÍPIOS DE FARMACODINAMICA Ao alcançar seu local de ação m olecular, um fárm aco altera a função desse alvo molecular, com o resultado final de um efeito farm acológico que o paciente ou prestador de cuidado de saúde conseguem p e r ceber. Para os fárm acos utilizados no tratam ento urgente de sintom as agudos, espera-se (ou deseja-se) pouco ou n en h u m retardo entre a interação fárm aco-alvo e o aparecim ento do efeito clínico. São exem plos destas situações agudas a trom bose vascular, choque, h ip erten são arterial m aligna ou estado de m al epiléptico. Porém , para m uitos distúrbios, a indicação de tratam ento é m e nos urgente, e um retardo entre a interação do fárm aco com seu(s) alvo(s) farm acológico(s) e o efeito clínico é clinicam ente aceitável. Os m ecanism os farm acocinéticos que p odem c o n trib u ir para esse retardo incluem elim inação lenta (que resulta em acúm ulo lento no estado estacionário), captação para com partim entos periféricos ou acúm ulo de m etabólitos ativos. O u tra explicação com um para esse atraso é que o efeito clínico surge com o um a conseqüência a jusante do efeito m olecular inicial do fárm aco. Assim, a adm inistração de um inibidor da bom ba de prótons ou de um b loqueador do recep tor H 2 produz aum ento im ediato no pH gástrico, m as a resolução da úlcera é atrasada. A quim ioterapia do câncer m uito frequentem ente produz efeitos terapêuticos tardios, com frequência m uito tem po d e pois que o fárm aco é indetectável no plasm a e nos tecidos. Por isso, a tradução de ação m olecular dos fárm acos em efeitos clínicos pode ser altam ente complexa, dependendo dos detalhes do estado patológico que está sendo tratado. Tais com plexidades to rn aram a farm acodi nâm ica e sua variabilidade m enos acessíveis que a farm acocinética a um a análise m atem ática rigorosa. Não obstante, alguns princípios clinicam ente im portantes podem ser descritos. O efeito de um fárm aco frequentem ente d epende da presença de fisiopatologia subjacente. Assim, um fárm aco pode produzir um a ação nula ou um diferente espectro de ações nos indivíduos sadios
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em com paração com pacientes. Além disso, um a doença concom i tante pode com plicar a interpretação da resposta à terapia farm aco lógica, especialm ente dos efeitos adversos. Por exemplo, doses altas de anticonvulsivantes, com o a fenitoína, podem causar sintom as neurológicos, que podem ser confundidos com a doença neurológica subjacente. De m aneira semelhante, a piora da dispnéia em paciente com doença pulm onar crônica que está recebendo am iodarona pode originar-se do fármaco, de doença subjacente ou de problem a cardiopulm onar intercorrente. Assim, a presença de doença pulm onar c rô nica pode alterar a razão risco-benefício em um paciente específico para ser argum ento contra o uso de am iodarona. Em bora os fárm acos interajam com receptores m oleculares es pecíficos, os efeitos farmacológicos podem variar ao longo do tem po, ainda que se m antenham concentrações estáveis do fárm aco e seus m etabólitos. A interação fárm aco-receptor ocorre em um m eio bio lógico complexo que pode variar, m odificando o efeito do prim eiro. Por exemplo, o bloqueio de canais iônicos p or fárm acos, um efeito im portante dos anticonvulsivantes e antiarrítm icos, m uitas vezes é m odulado pelo potencial de m em brana, o qual é um a função de fa tores, com o o potássio extracelular ou a isquem ia local. Os recep tores podem ser suprarregulados ou infrarregulados pela doença ou pelo fárm aco em si. Por exemplo, os bloqueadores f$-adrenérgicos suprarregulam a densidade de (B-receptores durante a terapia crônica. E m bora geralm ente não acarrete resistência ao efeito terapêutico dos fárm acos, esse efeito poderá produzir efeitos graves m ediados por agonistas (como hipertensão ou taquicardia) se o agente bloqueador for suspenso abruptam ente.
PRINCÍPIOS DE SELEÇÃO DA DOSE A m eta desejável do tratam ento com qualquer fárm aco é elevar ao m áxim o a probabilidade de efeito benéfico e, ao m esm o tem po, m i norar o risco de efeitos adversos. A experiência prévia com o fárm a co, em ensaios clínicos controlados ou durante o uso pós-com ercialização, define as relações entre a dose (ou concentração plasmática) e esses efeitos duais, bem com o fornece um ponto de p artida para a instituição da terapia farmacológica. A Figura 5.1 ilustra as relações entre a dose, as concentrações plasm áticas, a eficácia e os efeitos adversos, assim com o transm ite várias implicações im portantes: 1. O efeito do fárm aco-alvo deverá ser definido quando o trata m ento medicamentoso fo r instituído. C om alguns fárm acos, é difícil m edir objetivam ente o efeito desejado, ou o início da eficácia pode dem orar sem anas ou meses; os fárm acos usados no tratam ento do câncer e dos transtornos psiquiátricos são exemplos. A lgum as vezes, um fárm aco é usado para tratar um sintom a, com o d or ou palpitações, e nesse caso será o paciente quem dirá se a dose selecionada é eficaz. Em outras situações, tais com o a anticoagulação ou hipertensão arterial, a resposta desejada pode ser repetidam ente e objetivam ente avaliada por exames clínicos ou laboratoriais simples. 2. A natureza da toxicidade prevista quase sempre determ ina a dose inicial. Se os efeitos colaterais forem leves, poderá ser aceitável com eçar p o r um a dose com alta probabilidade de ser eficaz e reduzi-la caso surjam efeitos colaterais. C ontudo, esta conduta raram ente será justificada se a toxicidade prevista for grave ou puser a vida em risco; nessa circunstância, será m ais apropriado com eçar a terapia pela m enor dose que possa p ro duzir um efeito desejado. 3. As considerações feitas anteriormente não se aplicarão se as rela ções entre a dose e os efeitos não puderem ser definidas, o que é especialm ente relevante para alguns efeitos adversos (descritos em m ais detalhes adiante) cujo aparecim ento não possui rela ção direta com a dose do fármaco. 4. Se um a dose do fárm aco não atingir o efeito desejado, o au m en to da dose será justificado apenas se não houver toxicidade e se a probabilidade de toxicidade grave fo r pequena. Por exem plo, alguns pacientes com convulsões precisam de níveis plasm áticos de fenitoína > 20 |xg/mL para atividade anticonvulsiva
ideal. D oses suficientes p a ra alcançar esse efeito p o d e rão ser apropriadas, se o paciente p u d e r tolerá-las. Por o u tro lado, a experiência clínica com a flecainida sugere que doses altas (p. ex., > 400 m g/dia) p o d em estar associadas a risco m ais alto de m o rte súbita; assim , aum entos da dose acim a desse lim ite não são apropriados, ainda que um a dose m ais alta pareça ser bem tolerada.
■ CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DO FÁRMACO COMO GUIA DO TRATAMENTO Fatores com o interações com o u tros agentes, alterações na elim i n ação e d istrib u iç ã o in d u z id a s p o r doenças, e variação genética na destinação do fárm aco, com bi nam -se para p roduzir am pla faixa
B
F unção da glico p ro te ín a P norm al
Princípios de Farmacologia Clínica
Tam bém se deve levar em conta outros m ecanism os que podem induzir à falha do efeito farm acológico; interações m edicam entosas e baixa adesão são exem plos com uns. Essa são situações em que a m edição das concentrações plasm áticas do fárm aco, se estiver dis ponível, será especialm ente proveitosa. A baixa adesão, quando o paciente não segue a terapia prescrita, é um problem a especialm ente freqüente no tratam ento a longo prazo de doenças, com o a h ip erten são e epilepsia, ocorrendo em 25% ou m ais dos pacientes nos a m bientes terapêuticos em que não se faz qualquer esforço especial para convencer os pacientes da sua responsabilidade sobre a sua própria saúde. Os esquem as com m últiplas doses de vários fárm acos p or dia são p a rticu la rm e n te propensos à baixa adesão. A m onitoração da resposta à terapia, p o r m eio de m edidas fi siológicas ou p o r d e te rm in a çã o das c o n c e n tra ç õ e s p lasm áticas, exige a com preensão das relações entre a concentração plasm ática e os efeitos previstos. Por exem plo, usa-se a m edição do intervalo QT durante o tratam en to com sotalol ou dofetilida para evitar o pro lo n gam ento acentuado do QT, o qual poderia desencadear arritm ias gra ves. Nesse contexto, a avaliação do eletrocardiogram a no m om ento da concentração plasm ática e do efei to m áxim os previstos (p. ex., 1 a 2 horas após a dose em estabilidade dinâm ica) é a m edida m ais ap ro priada. Níveis altos de am inoglicosídios persistentes encerram o risco de nefrotoxicidade, p or isso as d o ses devem ser ajustadas de acordo com as concentrações plasm áticas m edidas nos patam ares m ínim os (pré-dose). Por outro lado, garante -se a eficácia do am inoglicosídio ajustando a dose de m odo que suas co n ce n tra ç õ es m áx im as fiquem acim a da concentração antibacteriana m ínim a. D urante o ajuste da dose de outros fárm acos (p. ex., anticonvulsivantes), deve-se m e dir a concentração em seus valores m ínim os durante o intervalo entre doses, logo antes da dose seguinte em estabilidade dinâm ica (Fig. 5.4), a fim de garantir a m anutenção do efeito terapêutico.
de níveis plasm áticos em pacientes tratad o s com dose idêntica. A s sim, caso se estabeleça um a relação previsível entre a concentração plasm ática do fárm aco e os efeitos benéficos ou adversos, a m edição dos níveis plasm áticos constitui u m recurso valioso p ara orientar a seleção de um a dose ideal, o que é particularm ente verdadeiro q u a n do há um a faixa estreita entre os níveis plasm áticos que produzem efeitos terapêuticos e adversos, a exem plo da digoxina, teofilina, al guns antiarrítm icos, am inoglicosídios, ciclosporina e anticonvulsi vantes. Por outro lado, se não se pu d er estabelecer um a relação com o essa (p. ex., se o acesso do fárm aco a locais im portantes de ação fora do plasm a for altam ente variável), a m o nitoração da concentração plasm ática p oderá não fornecer u m a orientação precisa para a tera pia (Fig. 5.5A). A situação com um de elim inação de p rim eira ordem significa que, em estabilidade dinâm ica, as concentrações m édias, m áxim as e m ínim as possuem um a relação linear com a dose. Desse m odo, pode-se ajustar a dose de m anutenção com base na razão entre as
Tem po
64/m in
84/m in
C oncentração do agonista
Figura 5.5 A. A bomba de efluxo da glicoproteína P exclui fármacos do endotélio dos capilares no cérebro e, portanto, constitui um elemento-chave da barreira hematencefálica. Assim, a função reduzida da glicoproteína P (p. ex., devido a inte rações medicamentosas ou uma variabilidade geneticamente determinada na transcrição genética) aumenta a penetração do substrato dos fármacos no cérebro, mesmo quando as concentrações plasmáticas permanecem inalteradas. B. 0 gráfico mostra um efeito de um polimorfismo do receptor 1 na função do receptor in vitro. Os pacientes com variante hipofuncional (vermelho) podem apresentar menor alentecimento da frequência cardíaca ou redução da pressão arterial na exposição aos agentes de bloqueio do receptor.
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Introdução à Medicina Clínica
concentrações desejadas e as m edidas em estabilidade dinâmica-, por exemplo, caso se deseje dobrar a concentração plasm ática em estabi lidade dinâm ica, deve-se dobrar a dose. Em alguns casos, a elim ina ção fica saturada com altas doses, e o processo então ocorre em um a quantidade fixa p or unidade de tem po (ordem zero). Para os fárm a cos com esta p ropriedade (p. ex., fenitoína e teofilina), as concen trações plasm áticas m udam de m aneira desproporcional à alteração da dose. Nesta situação, as m udanças da dose devem ser pequenas a fim de m inorar o grau de imprevisibilidade, devendo-se usar, quando disponível, o m onitoram ento das concentrações plasm áticas para ga rantir que a nova dose atinja o nível desejado. Em geral, deve-se aum entar a dose total alterando as doses in d i viduais em vez de o intervalo entre as doses, como, p or exemplo, for necendo 200 m g 8/8 horas, em vez de 100 m g 8/8 horas. No entanto, esta conduta só será aceitável se a resultante concentração m áxim a não for tóxica e o valor m ínim o não cair abaixo da concentração efi caz m ínim a po r u m período de tem po indesejado. Com o alternativa, pode-se m odificar a estabilidade dinâm ica alterando a frequência das doses interm itentes em vez de aum entar o tam an h o de cada dose. Nesse caso, a m agnitude das flutuações em torno do nível m édio em estabilidade dinâm ica m udará - quanto m en o r o intervalo entre as doses, m enor a diferença entre os níveis m áxim o e m ínim o.
arquitetura hepática e derivações portocavas. A biodisponibilidade oral dos fárm acos que sofrem alta eliminação de prim eira passagem, tais com o a m orfina, m eperidina, midazolam e nifedipino, quase do bra nos pacientes cirróticos em comparação com os que têm função hepática norm al. Por isso, em tal contexto deve-se reduzir a dose oral dos referidos fárm acos.
■ INSUFICIÊNCIA CARDÍACA E CHOQUE Em condições de hipoperfusão tecidual, o débito cardíaco se redis tribui para preservar o fluxo sanguíneo do coração e encéfalo em de trim ento dos outros tecidos (Cap. 234). Em conseqüência, os fárm a cos podem ser distribuídos para um volume de distribuição menor, concentrações m ais altas do fármaco estarão presentes no plasma, e os tecidos m ais bem -perfundidos (o encéfalo e o coração) serão ex postos a concentrações m ais altas. Caso o cérebro ou o coração sejam sensíveis ao fárm aco, ocorrerá um a alteração da resposta. Além dis so, a perfusão reduzida do rim e fígado pode dim inuir a depuração do fárm aco. O utra conseqüência da insuficiência cardíaca grave é a redução da perfusão intestinal, que pode reduzir a absorção do fár m aco e, portan to levar a redução ou ausência de efeitos de terapias adm inistradas p or via oral.
■ USO DE FÁRMACOS N0 IDOSO EFEITOS DA DOENÇA NA CONCENTRAÇÃO E RESPOSTA DO FÁRMACO ■ DOENÇA RENAL A excreção renal do fárm aco original e seus m etabólitos geralm ente é realizada por filtração glom erular e p o r transportadores específicos que só agora estão sendo identificados. Se um fárm aco ou seus m eta bólitos forem excretados principalm ente pelos rins, e níveis elevados do fárm aco estiverem associados a efeitos adversos, deverá ser red u zida a dose em pacientes que apresentam disfunção renal a fim de prevenir toxicidade. Os antiarrítm icos dofetilida e sotalol sofrem ex creção renal predom inante e apresentam risco de prolongam ento do Q T e arritm ias se as doses não forem reduzidas nas doenças renais. Assim, na doença renal term inal, pode-se fornecer o sotalol, como 40 mg, após a diálise (a cada 2 dias), em com paração com a dose diária habitual de 80 a 120 m g a cada 12 horas. O analgésico narcótico m eperidina sofre extenso m etabolism o hepático, p or isso a insuficiência renal tem pouco efeito sobre sua concentração plasm ática. Contudo, seu m etabólito, a norm eperidina, sofre excreção renal, acum ula-se na insuficiência renal e provavelm ente responde po r sinais de excitação do SNC, tais com o irritabilidade, espasm os e crises convulsivas, que aparecem quando várias doses de m ep erid in a são adm inistradas a pacientes nefropatas. A ligação com as proteínas de alguns fárm acos (p. ex., fenitoína) pode ser alterada na urem ia, p o r isso a m edição da concentração do fárm aco livre pode ser desejável. Na doença renal não term inal, as alterações da depuração renal dos fárm acos geralm ente são proporcionais às da depuração de creatinina, a qual pode ser m edida diretam ente ou estim ada a p artir da creatinina sérica (Cap. 278). Essa estim ativa, com binada com o co nhecim ento da proporção do fárm aco excretada norm alm ente por via renal versus via não renal, possibilita deduzir o ajuste necessário da dose. Na prática, a m aioria das decisões acerca do ajuste da dose em pacientes que têm insuficiência renal utiliza recom endações p u blicadas sobre a dose ou seu intervalo de acordo com a intensidade da disfunção renal, indicada pela depuração de creatinina. Q ualquer m odificação da dose é um a aproxim ação inicial, devendo ser seguida p or dados das concentrações plasm áticas (se disponíveis) e observa ção clínica, para otim izar o tratam ento de cada paciente.
■ DOENÇA HEPÁTICA D iferentem ente do declínio previsível da depuração renal dos fárm a cos na disfunção renal, os efeitos de doenças, com o hepatite ou cir rose, sobre a destinação dos fárm acos variam de redução a aum ento da depuração, de m aneira imprevisível. As provas de função hepática habituais não ajudam no ajuste das doses. O m etabolism o de prim ei ra passagem pode dim inuir levando a aum ento da biodisponibilidade oral, com o conseqüência de disfunção dos hepatócitos, alteração da
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Nos idosos, m últiplas patologias e as medicações usadas para tratá-las resultam em m ais interações medicamentosas e efeitos adversos. O envelhecim ento tam bém modifica a função dos órgãos, especial m ente dos envolvidos n a distribuição dos fármacos. Doses iniciais devem ser m enores do que a dosagem usual para os adultos, devendo ser aum entadas lentam ente. O núm ero de medicações e as doses diá rias devem ser m antidos o m ais baixo possível. M esm o na ausência de doença renal, a depuração renal dim i nui em 35 a 50% nos pacientes idosos. Por conseguinte, é necessário ajustar as doses dos fárm acos eliminados principalm ente pelos rins. C om o a m assa m uscular e, portanto, a produção de creatinina é re duzida nos indivíduos idosos, um a concentração sérica de creatinina norm al pode estar presente em bora sua depuração esteja reduzida; devem -se ajustar as doses de acordo com a depuração de creatinina, conform e foi m encionado anteriorm ente. O envelhecimento tam bém reduz o tam anho do fígado, o fluxo sanguíneo deste órgão e, pos sivelm ente, a atividade das enzim as hepáticas metabolizadoras dos fárm acos; desse m odo, a depuração hepática de alguns fármacos é dim inuída no idoso. Assim com o nas doenças hepáticas, tais altera ções são imprevisíveis. Os pacientes idosos podem exibir alteração da sensibilidade aos fárm acos. São exem plos o aum ento dos efeitos analgésicos dos opioides, aum ento da sedação pelos benzodiazepínicos e outros depressores do SNC, bem com o aum ento do risco de sangram ento durante a terapia anticoagulante, ainda que os parâmetros da coagulação sejam bem -controlados. Respostas exacerbadas aos fárm acos cardiovas culares tam bém são com uns em virtude da m enor responsividade dos m ecanism os hom eostáticos norm ais. Por outro lado, o idoso m ostra um a sensibilidade reduzida aos bloqueadores dos receptores (3-adrenérgicos. As reações adversas são especialmente comuns em idosos, em decorrência da farm acocinética e farm acodinâm ica alteradas, uso freqüente de esquem as com múltiplos fármacos e doenças concom i tantes. Por exemplo, o uso de benzodiazepínicos de m eia-vida longa está associado à ocorrência de fraturas do quadril em pacientes ido sos, o que talvez reflita o risco de quedas com o uso desses fármacos (devido a aum ento da sedação) e a incidência aumentada de osteopo rose em pacientes idosos. Em pesquisas populacionais de idosos que não estão residindo em instituições de longa permanência, até 10% apresentaram pelo m enos um a reação adversa no último ano.
DETERMINANTES GENÉTICOS DA RESPOSTA AOS FÁRMACOS ■ PRINCÍPIOS DA VARIAÇÃO GENÉTICA E CARACTERES HUMANOS (Ver tam bém os Caps. 61 e 63.) O conceito de que variações geneti cam ente determ inadas no m etabolism o do fármaco poderiam ser as sociadas a níveis variáveis de fármacos e portanto, efeito, avançou no
Abordagens para identificação de variantes genéticas que modulam a ação do fármaco Uma m eta da genética m endeliana tradicional é identificar variantes de DNA associadas a um fenótipo distinto em vários m em bros da fa m ília relacionados (Cap. 63). A abordagem usual, análise de ligação, geralm ente não se presta a identificar variantes genéticas que co n tri buem para ações farm acológicas variáveis, porque é incom um para um fenótipo de resposta farm acológica ser m edido com precisão em m ais de um m em bro da família, quanto m ais em u m a geração. As sim, abordagens alternativas são usadas para identificar e validar va riantes de DNA que contribuem para ações farm acológicas variáveis. A m aioria dos estudos até o m om ento tem utilizado um a com preensão dos m ecanism os m oleculares m o dulando a ação do fárm a co para identificar genes candidatos nos quais as variantes poderiam explicar respostas farm acológicas variáveis. U m cenário m uito co m um é que as ações de fárm acos variáveis p o d e m ser atribuídas à variabilidade nas concentrações plasm áticas do fárm aco. Q uando as concentrações plasm áticas do fárm aco variam m uito (p. ex., m ais de um a ordem de m agnitude), especialm ente se a sua distribuição for não unim odal com o na Figura 5.6, variantes em genes individuais que controlam concentrações do fárm aco m uitas vezes contribuem . Neste caso, os genes candidatos m ais óbvios são aqueles responsáveis pelo m etabolism o e elim inação dos fárm acos. O utros genes candida tos são os que codificam as m oléculas-alvo com as quais os fárm acos interagem produzindo os seus efeitos ou m oléculas que m odulam essa resposta, incluindo aquelas envolvidas na patogenia da doença. Essa área tam bém tem tido algum sucesso com abordagens “sem viés”, com o a associação em todo o genom a (GWA) (Cap. 61). A GWA não faz suposições a priori sobre os loci genéticos quem m o dula a resposta variável ao fárm aco e, em vez disso, pesquisa em todo o genom a de um a m aneira “sem viés” para identificar loci ligados à resposta variável ao fármaco.
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DISPOSIÇÃO DO FÁRMACO GENETICAMENTE DETERMINADA E EFEITOS VARÍAVEIS
V ariantes genéticas clin icam ente im p o rta n te s foram descritas em m ú ltiplas vias m o lecu lares de d isp o sição de fárm aco s (Q u a d ro 5.2). U m a distrib u ição m u ltim o d a l d istin ta de disposição do fár m aco (Fig. 5.6) fortalece a ideia de efeito p re d o m in an te de v a ria n tes em u m único gene no m etabolism o daquele substrato. O s in d i víduos que têm dois alelos (variantes) que codificam um a p roteína não fun cio n an te co n stitu em u m grupo, d e n o m in a d o m etabolizadores fracos (fenótipo M F); m uitas variantes p o d e m p ro d u z ir essa p e rd a de função, o que com plica o uso da genotipagem na p rática clínica. O s in divíduos que p o ssu em u m alelo fu n c io n a n te c o n sti tu em u m segundo g rupo (metabolizaáores interm ediários), p o d e n do ou não ser distinguíveis dos que têm dois alelos funcio n an tes (metabolizadores vigorosos, M V ). Os metabolizaáores ultrarrápidos com atividade enzim ática especialm ente alta (ocasionalm ente cau sada p o r duplicações do gene; Fig. 5.6) tam b é m foram descritos para alguns caracteres. M uitos fárm acos de uso d issem in ad o p o dem in ib ir as vias específicas de d isposição do fárm aco (Q u ad ro 5.1) e assim as pessoas M V re c e b e n d o estes in ib id o re s p o d e m resp o n d er com o pacientes M F (fenocópia). O s p o lim orfism os nos genes que codificam a captação do fárm aco ou os tran sp o rta d o res de efluxo do fárm aco p o d e m ser outros c o n trib u in tes para a v aria b ilidade na d istrib u ição do fárm aco p a ra locais-alvo e, p o rtan to , para os efeitos m edicam entosos.
Princípios de Farmacologia Clínica
final do século XIX e foram observados exem plos de agrupam ento fam iliar de respostas incom uns a fárm acos na m etade do século XX. Cada vez mais se reconhecem variantes do genom a h um ano que m o dificam o nível de expressão ou função de m oléculas im portantes na farm acocinética e farm acodinâm ica. Podem ser m utações (variantes m uito raras, frequentem ente associadas a doenças) ou polim orfis m os, variantes bem m ais com uns na população. Podem ocorrer em um único nucleotídio [conhecidas com o polim orfism os de nucleotídio único (PN U)] ou envolver a inserção ou deleção de u m ou m ais nucleotídios, ocasionalm ente até centenas. Podem afetar os éxons (regiões codificadoras) ou íntrons (seqüências de intervenções não codificadoras) ou regiões intergênicas. Os polim orfism os exônicos podem ou não alterar a proteína codificada, e as proteínas variantes podem ou não exibir um a função alterada. De m odo sem elhante, os polim orfism os nas regiões não codificadoras podem ou não alterar a expressão do gene e o nível de proteína. Na m edida em que a variação no genom a hum an o é m ais bem -docum entada, estão se descrevendo associações entre polim orfism os e vários caracteres (incluindo a resposta à terapia farm acológi ca). Algum as destas associações baseiam -se em cadeias de evidências bem -docum entadas, com o estudos in vitro que dem onstraram a fu n ção da proteína variante, agregação fam iliar do alelo variante com a característica e estudos de associação em grandes populações. Em outros casos, as associações são m enos convincentes. A identificação das associações replicadas com conseqüências clínicas im portantes é um desafio que deve ser superado antes que o conceito de genotipagem , para identificar os fárm acos (ou doses) ideais nos pacientes antes da prescrição, seja contem plado na prática clínica dissem inada. As taxas de eficácia e de efeitos adversos dos fárm acos frequen tem ente variam entre grupos étnicos. M uitas explicações para tais diferenças são plausíveis; m étodos genôm icos já estabeleceram um m ecanism o que variantes fu n cionalm ente im p o rtan tes que d e te r m inam diferenças na resposta aos fárm acos m uitas vezes exibem distribuições distintas entre os grupos étnicos. Este achado pode ser im portante para a prescrição de fárm acos entre grupos étnicos assim com o para o desenvolvim ento de fárm acos.
Variantes CYP CYP3A4 é a CYP hepática e intestinal m ais abundante, sendo tam bém a enzim a responsável pelo m etabolism o do m aior núm ero de fárm acos em uso terapêutico. A atividade da CYP3A4 é altam ente variável (até um a ordem de m agnitude) entre os indivíduos, m as os m ecanism os subjacentes ainda não estão bem com preendidos. Um gene estreitam ente relacionado, que codifica CYP3A5 (a qual p a rti lha substratos com CYP3A4), não apresenta variantes com perda de função, especialm ente em populações africanas. A CYP3A refere-se a am bas as enzimas. A CYP2D6 vem depois da CYP3A4 no núm ero de fárm acos com um ente usados que ela m etaboliza. A CYP2D6 é polim orficam ente distribuída em cerca de 7% das populações europeias e africanas (mas m uito poucos asiáticos) apresentando o fenótipo MF (Fig. 5.6). Várias variantes com perda de função no gene CYP2D6 foram des critas; o fenótipo MF surge em indivíduos com dois destes alelos. Além disso, os m etabolizadores ultrarráp id o s com m últiplas cópias funcionais do gene CYP2D6 foram identificados, p articularm ente em indivíduos etiópios, eritreanos e sauditas. A codeína é biotransform ada po r CYP2D6 no m etabólito ativo potente m orfina, p o r isso seus efeitos são neutralizados nos MF e exagerados nos m etabolizadores ultrarrápidos. No caso dos fárm acos com propriedades b etabloqueadoras m etabolizados p or CYP2D6, são observados sinais m aiores de betabloqueio (p. ex., bradicardia) em indivíduos MF do que em MV. Isso pode ser observado não ape nas com betabloqueadores adm in istrad o s p o r via oral, com o m etoprolol e carvediol, m as tam b é m com o agente oftálm ico tim olol e com o an tiarrítm ico b loqueador dos canais de sódio propafenona, um substrato de CYP2D6 com p ropriedades betabloqueadoras. Além disso, nos indivíduos M V a elim inação da propafenona torna-se de ordem zero em doses m ais altas; assim, p o r exemplo, um a triplicação da dose pode levar a um aum ento dez vezes m aior de concentração do fárm aco. Os m etabolizadores ultrarráp id o s p odem exigir dosagens m uito altas de antidepressivos tricíclicos para atingir um efeito terapêutico e, com codeína, p odem apresentar euforia transitória e náuseas devido à rápida geração de m orfina. O tam oxifeno passa por biotransform ação m ediada p o r CYP2D6 para um m etabólito ativo, p o r isso sua eficácia p o d e ser em parte relacionada com este polim orfism o. Além disso, o uso dissem inado de inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS), para tratar as ondas de calor relacio nadas com o tam oxifeno, tam bém pode alterar os efeitos do fármaco, pois m uitos ISRS (principalm ente fluoxetina e paroxetina) tam bém são inibidores de CYP2D6.
41 J
r QUADRO 5.2
Variantes genéticas e respostas aos fármacos
1 Gene
Fármacos
Efeito das variantes genéticas*
Jj
Losartana
Redução da bioativação e efeitos (MF)
Varfarina
Redução das exigências de doses; possível aumento de risco de sangramento (MF)
Variantes no metabolismo de fármacos CYP2C9
CYP2C19
Introdução à Medicina Clínica
CYP2D6
Omeprazol, voriconazol
Redução do efeito em metabolizadores vigorosos (MV)
Celecoxibe
Efeito exagerado em MFP
Clopidogrel
Efeito reduzido em MF
Codeína, tamoxifeno
Efeito reduzido em MF
Codeína
Efeitos adversos semelhantes a MU
Antidepressivos tricíclicos
Aumento dos efeitos adversos em MF; redução dos efeitos terapêuticos em MU
Metoprolol, carvedilol, timolol, propafenona
Aumento de betabloqueio em MF
Diidropirimidina desidrogenase
Capecitabina, fluorouracil
Possível toxicidade grave (MF)
NAT2
Rifampicina, isoniazida, priazinamida, hidralazina, procainamida
Aumento do risco de toxicidade em MP
Tiopurina S-metiltransferase (TPMT)
Azatioprina, 6-mercaptopurina
*3A/*3A (MP): aumento do risco de aplasia de medula óssea; homozigoto tipo selvagem: possível redução da ação do fármaco em doses usuais
Uridina difosfato glicuronosil-transferase (UGT1A1)
Irinotecano
*281*28 homozigoto MP aumento do risco de efeitos adversos graves (diarréia, aplasia de medula óssea)
Glicose 6-fosfato desidrogenase (G6PD)
Rasburicase, primaquina, cloroquina
Aumento do risco de anemia hemolítica em indivíduos deficientes em G6PD
HLA-ET1501
Carbamazepina
Portadores (1 ou 2 alelos) em risco aumentado de toxicidade cutânea grave
HLA-B‘ 5701
Abacavir
Portadores (1 ou 2 alelos) em risco aumentado de toxicidade cutânea grave
Variantes em outros genes
IL28B
Interferon
Resposta variável na terapia para hepatite C
IL15
Terapia para leucemia infantil
Variabilidade na resposta
SLC01B1
Sinvastatina
Polimofirmos de nucleotídio único não sinônimo variante aumenta risco de miopatia
VK0RC1
Varfarina
Redução das exigências de dose com haplótipo de promotor de variante
Variantes em outros genes Receptor de quimiocina C-C motif
Maraviroc
Fármaco eficaz apenas em cepas de HIV com CCR5 detectável
c-KIT
Imatinibe
Em tumores estromais gastrintestinais, fármaco indicado apenas com casos positivos para c-kit
Receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR)
Cetuximabe
Ensaios clínicos conduzidos em pacientes com tumores positivos para EGFR
Superexpressão de Her2/neu
Trastuzumabe, lapatinibe
Fármacos indicados apenas com superexpressão do tumor
Mutação de K-ras
Panitumumabe, cetuximabe
Ausência de eficácia com mutação de KRAS
Cromossomo filadelfia
Sussulfano, dasatinibe, nilotinibe, imatinibe
Redução da eficácia na leucemia mieloide crônica negativa cromossomo Filadélfia
para
*Efeito do fármaco nos homozigotos a menos que especificado de outra forma.
Nota: MF, metabolizador fraco (homozigoto para alelo de perda de função ou função reduzida); MV, metabolizador vigoroso: atividade enzimática normal; MU, metabolizador ultrarrápido (atividade enzimática muito maior que normal, p. ex., com duplicação do gene, Fig. 5.6). Outros dados em U.S. Food and Drug Administration: http://www.fda.gov/Drugs/ScienceResearch/ResearchAreas/ Pharmacogenetics/ucm083378.htm ou Pharmacogenetics Research Network/Knowledge Base: http://www.pharmgkb.org.
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Maior
Menor
M etabolizadores u ltrarrápidos (M U)
M etabolizadores vigorosos (M V)
M eta bolizadores fra co s (M F)
D uplicação: > 2 a lelos do tipo selvagem
1 a 2 alelos do tipo selvagem
2 alelos m utantes
Terapia crônica
Dose única
Princípios de Farmacologia Clínica
A
A tividade de C Y P 2D 6
Tem po
Figura 5.6 A. Uma atividade metabólica de CYP2D6 foi avaliada em 290 indi víduos por meio da administração de uma dose-teste de um substrato-sonda e mensuração da formação urinária de metabólito gerado por CYP2D6. A seta escura indica antimodo nítido, que separa os indivíduos metabolizadores fracos (MF, verde) com dois alelos CYP2D6 com perda de função, indicados pelas estruturas íntron-éxon abaixo do quadro de barras. Os indivíduos com um ou dois alelos funcionais são agrupados juntos como metabolizadores vigorosos (MV, azul). Também são mos trados os metabolizadores ultrarrápidos (MU) com 2 a 12 cópias funcionais do gene (vermelho), mostrando a atividade enzimática maior. (Adaptada com autorização de M-L Dahl et al.: J Pharmacol Exp Ther 274:516,1995.) B. Estas estimulações mos-
tram os efeitos previstos do genótipo CYP2D6 na disposição de um fármaco subs trato. Com uma única dose (à esquerda), há uma relação inversa gene-dose entre o número de alelos ativos e as áreas sob as curvas tempo-concentração (a menor nos indivíduos MV, a maior nos indivíduos MF), o que indica que a depuração é maior nos indivíduos MU. Além disso, a meia-vida de eliminação é mais longa nos indivíduos MV. 0 painel da direita mostra que estas diferenças de única dose são exageradas durante a terapia crônica: a concentração de estabilidade dinâmica é muito mais alta nos sujeitos MF (depuração reduzida) assim como o é o tempo necessário para atingir a estabilidade dinâmica (meia-vida de eliminação mais longa).
O fenótipo de M F para CYP2C19 é com um (20%) entre os asiáti cos e m ais raro (3 a 5%) nas populações europeias. O im pacto do m e tabolism o polim órfico m ediado p or CYP2C19 foi dem onstrado com o inibidor da bom ba de prótons om eprazol, em que as taxas de cura de úlceras com dosagens-padrão foram acentuadam ente m ais baixas nos pacientes MV (29%) do que nos pacientes MF (100%). Assim, com preender a im portância deste polim orfism o teria sido im p o rtan te no desenvolvim ento do fárm aco e conhecer o genótipo CYP2C19 do paciente m elhoraria a terapia. CYP2C19 é responsável pela bioa tivação do fárm aco antiplaquetário clopidogrel e vários estudos de grande porte docum entaram dim inuição da eficácia (p. ex., infarto do m iocárdio aum entado após a colocação de stents coronarianos) entre indivíduos caucasianos com redução de alelos de função. Além disso, alguns estudos sugerem que o om eprazol e possivelm ente o u tros inibidores de prótons fenocopiam esse efeito. Há variantes alélicas com uns de CYP2C9 que codificam p ro teínas com perda da função catalítica. Estes alelos variantes estão associados a aum ento das taxas de com plicações neurológicas com fenitoína e hipoglicem ia com glipizida e dose reduzida de varfarina necessária para m anter anticoagulação estável (discutido adiante). O bloqueador do receptor da angiotensina losartana é um pró-fárm aco
bioativado pela CYP2C9; consequentem ente, os MF e os que rece bem fárm acos inibidores p odem apresentar pouca resposta à terapia.
Variantes da transferase Um dos polim orfism os da fase II m ais extensam ente estudados é o caráter MF para a tio p u rin a S-m etiltransferase (TPM T), a qual bioinativa o fárm aco antileucêm ico 6-m ercaptopurina. Além disso, a 6 -m ercaptopurina em si é um m etabólito ativo do im unossupressor azatioprina. H om ozigotos para alelos que codificam o T PM T inativo (1 em 300 indivíduos) previsivelm ente exibem pancitopenia grave e potencialm ente fatal nas doses-padrão de azatioprina ou 6-m ercap topurina. Por outro lado, os hom ozigotos para alelos com pletam ente funcionais podem apresentar efeitos anti-inflam atório ou antileucê m ico m enores com os fárm acos. A N -acetilação é catalisada pela N -acetil transferase hepática (NAT), que representa a atividade de dois genes, NAT-1 e NAT-2. A m bas as enzim as transferem um grupo acetil da acetilcoenzim a A para o fármaco; a atividade de NAT-1 geralm ente é constante, enquanto os polim orfism os em NAT-2 resultam em diferenças individuais na taxa de acetilação dos fárm acos e, assim , definem os acetiladores rápidos e os acetiladores lentos. Os acetiladores lentos constituem cerca de
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Introdução à Medicina Clínica
50% das populações europeias e afrodescendentes, porém são m enos com uns entre os asiáticos. Os acetiladores lentos apresentam um a incidência aum entada da síndrom e lúpica m edicam entosa durante a terapia com procainam ida e hidralazina, bem com o de hepatite com a isoniazida. A indução das CYP (p. ex., por rifam picina) tam bém eleva o risco de hepatite in d u zida por isoniazida, o que provavelmente reflete a geração de m etabó litos reativos da acetil-hidrazina, sendo esta m etabólito da isoniazida. Os indivíduos hom ozigotos para um polim orfism o de prom ovedor com um que reduz a transcrição da difosfato de u ridina glicuronosiltransferase ( UGT1A1) apresentam hiperbilirrubinem ia benigna (síndrom e de Gilbert; Cap. 302). Tal variante tam bém está associada à diarréia e m aior depressão da m edula óssea com o pró-fárm aco antineoplásico irinotecana, cujo m etabólito ativo é norm alm ente desin toxicado p or glicuronidação m ediada pela UGT1A1.
■ VARIABILIDADE DOS ALVOS MOLECULARES COM OS QUAIS OS FÁRMACOS INTERAGEM M últiplos polim orfism os identificados no receptor (32-adrenérgico parecem estar ligados a fenótipos específicos na asm a e in su fi ciência cardíaca congestiva, nas quais se esperaria que a função dos receptores (32 determ inasse o prognóstico. Os polim orfism os do gene do receptor p 2 tam bém estiveram associados à resposta a agonistas inalantes do receptor (32, enquanto os do gene do receptor Pj-adrenérgico estiveram associados a variabilidade na redução da frequência cardíaca e pressão arterial (Fig. 5.5B). Além disso, na in suficiência cardíaca, um polim orfism o com um no gene do receptor Pj-adrenérgico foi im plicado no desfecho clínico variável durante a terapia com o betabloqueador investigacional bucindolol. A resposta ao inibidor da 5-lipooxigenase zileutona na asm a foi correlacionada com os polim orfism os que determ inam o nível de expressão do gene da 5-lipooxigenase. Os fárm acos tam bém podem interagir com vias genéticas das doenças, suscitando ou exacerbando sintom as dos distúrbios subja centes. Nas porfirias, acredita-se que os indutores das CYP a u m en tam a atividade das enzim as proxim ais à enzim a deficiente, exacer bando ou desencadeando os episódios (Cap. 358). A deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6PD), m ais freqüente em indiví duos afrodescendentes ou oriundos do M editerrâneo ou do sudeste asiático eleva o risco de anem ia hem olítica em resposta à prim aquina e a um a série de outros agentes que não causam hem ólise em pacien tes que apresentam quantidades norm ais da enzim a (Cap. 106). Os pacientes que têm m utações no receptor da rianodina, que c o n tro la o cálcio intracelular no m úsculo esquelético e em outros tecidos, podem ficar assintom áticos até serem expostos a certos anestésicos gerais, que desencadeiam a síndrom e de hiperterm ia maligna. Certos a ntiarrítm icos e outros fárm acos po d em p ro d u z ir prolongam ento acentuado do QT e torsades des pointes (Cap. 233), e em alguns p a cientes esse efeito adverso representa o desm ascaram ento da síndro m e do QT longo congênita previam ente subclínica.
Genomas de tumor e agente infeccioso As ações dos fárm acos usados para tratar doença infecciosa ou neoplásica podem ser m oduladas p or variantes destes genom as não h u m anos germinativos. A genotipagem dos tum ores é um a abordagem de rápida evolução para terapias alvo para m ecanism os subjacentes e para evitar terapia potencialm ente tóxica em pacientes que nao te riam nenhum benefício (Cap. 83). O trastuzum abe, que potencializa a cardiotoxicidade relacionada com a antraciclina, é ineficaz em cân ceres de m am a que não expressam o receptor de herceptina. O im ati nibe tem com o alvo um a tirosinoquinase específica, BCR-Abll, que é gerada pela translocação que cria o crom ossom o Filadélfia típico de leucem ia m ieloide crônica (LMC). O BCRAbll não é apenas ativo, m as pode ser central para a patogenia da LMC; seu uso em tum ores positivos para tum ores BCR-Abll resultou em eficácia a ntitum or n o tável. Da m esm a m aneira, os anticorpos para o fator de crescim ento antiepidérm ico (EGFR) cetuxim abe e panitum um abe parecem espe cialm ente eficazes nos cânceres de colo em que K-ras, um a proteína G na via de EGFR, não é m utante.
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■ POLIMORFISMOS QUE MODULAM 0 CONTEXTO BIOLÓGICO DENTRO DO QUAL OCORREM AS INTERAÇÕES FÁRMACO-ALVO A interação de um fárm aco com seu alvo m olecular se trad u z em um a ação clínica em um m eio biológico com plexo, m uitas vezes pertu rb ad o pela doença. Assim, os polim orfism os que determ inam a variabilidade no m eio biológico p o d e m influ ir pro fu n d am en te na resposta aos fárm acos, em bora os genes im plicados não sejam alvos diretos da ação farm acológica. Os polim orfism os em genes im portantes para a hom eostase lipídica (tais com o o tran sp o rtad o r ABCA1 e a proteína transportadora de ésteres de colesterol) m o d u lam a resposta aos inibidores da 3-hidroxim etilglutaril-C oA (H M G -CoA) redutase, estatinas. Em um grande estudo, a com binação do uso de diurético com um a variante no gene da aducina (que codifica um a proteína do citoesqueleto im portante n a absorção tubular renal de sódio) reduziu o risco de acidente vascular encefálico ou infarto do m iocárdio, enquanto nenhum dos dois fatores isoladam ente teve qualquer efeito. Não obstante, polim orfism os com uns em genes dos canais iônicos que não são o alvo de fárm acos que prolongam o QT p odem influenciar o grau em que esses agentes afetam o eletrocardiogram a e produzem arritm ias. E rupções cutâneas graves durante o tratam ento com o anticonvulsivante carbam azepina e o antiretroviral abacavir foram associadas a variantes no agrupam ento do gene HLA (Q uadro 5.2).
■ MÚLTIPLAS VARIANTES QUE MODULAM OS EFEITOS DOS FÁRMACOS Os polim ofirm os em m últiplos genes candidatos podem ser asso ciados à variabilidade no efeito de um único fármaco. As variantes CYP2C9 com perda de função estão associadas a um a exigência de doses m enores de m anutenção do anticoagulante antagonista da vita m ina K varfarina. Em raros indivíduos (m enos de 2%) hom ozigotos para estes alelos variantes, as dosagens de m anutenção da varfarina podem ser difíceis de estabelecer, e o risco de complicações h em or rágicas parece aum entado. Além da CYP2C9, várias variantes na região prom otora de VKORC1, que codificam a vitam ina K epóxido-redutase (alvo da varfarina), preveem as dosagens de varfarina; tais variantes prom otoras estão em estreito desequilíbrio de ligação, isto é, a genotipagem em um local polim órfico neste bloqueio do haplótipo fornece inform ações confiáveis sobre a identidade dos genótipos em outros locais ligados (Cap. 61).
■ ASSOCIAÇÃO EM TODO 0 GENOMA E RESPOSTA VARIÁVEL AO FÁRMACO Um estudo GWA foi usado para com parar pacientes com m iopatia associada à sinvastatina com controles que toleram os fárm acos e identificou um PNU não codificador único em SLCO IBI, que codifi ca OATP1B1, um transportador de fárm aco conhecido po r m odular a captação de sinvastatina no fígado. O PN U estava em desequilíbrio de ligação com um a função do PN U não sinônim o conhecido que m odula OATP1B1, e estim ou-se que é responsável por 60% de risco de m iopatia. As abordagens do GWA tam bém envolveram variantes do interferon nas respostas antileucêm icas e na resposta a terapia na hepatite C (Q uadro 5.2).
■ PR0SPECT0S PARA INCORPORAÇÃO DE INFORMAÇÕES FARMACOGENÉTICAS NA PRÁTICA CLÍNICA A descrição das variantes genéticas ligadas a respostas variáveis ao fárm aco naturalm ente levanta a questão sobre utilizar ou não, e como utilizar, essa inform ação na prática. N a verdade, a Food and D rug A dm inistration com eçou a incorporar dados de farm acogenética às inform ações (“bulas”) com o intuito de o rien tar a prescrição. A de cisão de adotar um a dosagem farm acogeneticam ente orientada para um determ inado fárm aco depende de m últiplos fatores. Os mais im p ortantes são a m agnitude e im portância clínica do efeito genético e a força da evidência que liga a variação genética aos efeitos farm a cológicos variáveis (p. ex., casuística versus análise posthoc de dados de ensaio clínico versus ensaio clínico prospectivo random izado). A evidência pode ser reforçada se argum entos estatísticos de dados de ensaios clínicos forem com plem entados p o r um a com preensão de
INTERAÇÕES ENTRE FÁRMACOS As interações m edicam entosas p odem com plicar o tratam ento por aum entar ou d im inuir a ação de um deles; as interações podem advir de alterações na disposição ou resposta a um fárm aco na ausência de m udanças nos seus níveis. As interações devem ser levadas em con ta no diagnóstico diferencial de qualquer resposta incom um durante a terapia farmacológica. Os m édicos devem ter em m ente que m uitos pacientes os procuram com um legado de fárm acos adquirido d u ra n te experiências clínicas prévias, m uitas vezes com vários m édicos que nem sem pre tinham conhecim ento de todos os m edicam entos usa dos pelo paciente. A história m eticulosa dos fárm acos deve incluir um a inspeção dos fárm acos utilizados pelo paciente e, se necessário, telefonem as ao farm acêutico para identificar as prescrições. Tam bém deve abordar o uso de fárm acos que não costum am ser m enciona dos durante a entrevista, com o os fárm acos de venda livre adquiridos sem prescrição médica, suplem entos alim entares e fárm acos tópicos, tais com o as gotas oftálm icas. Listas de interações estão disponíveis em várias fontes eletrônicas. E m bora seja irreal esperar que o m éd i co prático as m em orize, determ inados fárm acos elevam o risco de interações de m aneira consistente, frequentem ente inibindo ou in duzindo a vias de elim inação específicas. Exemplos são apresentados adiante e no Q u ad ro 5.3. C onsequentem ente, quando o uso de tais fárm acos é introduzido ou suspenso, o m édico deve ficar especial m ente alerta à possibilidade de interações.
■ INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS QUE CAUSAM DIMINUIÇÃO DOS EFEITOS DO FÁRMACO A absorção gastrintestinal poderá ser reduzida se a interação m edi cam entosa resultar na ligação do fárm aco no intestino, assim com o ocorre com os antiácidos que contêm alum ínio, as suspensões de caulim -pectina ou sequestrantes do ácido biliar. Fárm acos, com o os antagonistas do receptor H 2 da histam ina ou os inibidores da bom ba de prótons que alteram o pH gástrico, podem reduzir a solubilidade e, portanto, a absorção das bases fracas, com o o cetoconazol. A expressão de alguns genes responsáveis pela elim inação do fárm aco, principalm ente o CYP3A e M D R1, é intensificada po r fár m acos indutores, tais com o a rifam picina, carbam azepina, fenitoína, erva-de-são-joão e glutetim ida, bem com o pelo fum o, p o r exposição a inseticidas clorados, com o o D D T (CYP1A2), e p or ingestão crô nica de álcool. A adm inistração de agentes indutores reduz os níveis
plasm áticos ao longo de 2 a 3 sem anas, quando a expressão gênica aum enta. Se a dose de um fárm aco for estabilizada na presença de um in d u to r cujo uso depois será interrom pido, p oderá ocorrer to xicidade significativa quando a depuração re to rn a r aos níveis pré-indução, e as concentrações do fárm aco subirem . Os indivíduos va riam no grau em que o m etabolism o dos fárm acos pode ser induzido, provavelm ente p or m eio de m ecanism os genéticos. As interações que inibem a bioativação dos pró-fárm acos irão, de m odo sem elhante, dim inuir os efeitos do fárm aco. O efeito analgési co da codeína depende do seu m etabolism o em m orfina p o r m eio de CYP2D6. Assim, espera-se que os inibidores da CYP2D6 (Q uadro 5.1) reduzam a eficácia analgésica da codeína nos MV. De m aneira sem elhante, o om eprazol, e talvez outros inibidores da bom ba de pró tons, reduzem a atividade de CYP2C19 e foram associados à redução da eficácia do clopidogrel. As interações que reduzem a distribuição para locais intracelula res de ação podem reduzir os efeitos do fárm aco: os antidepressivos tricíclicos podem em b o tar o efeito a nti-hipertensivo da clonidina por m eio da redução de sua captação nos neurônios adrenérgicos. A penetração reduzida no SNC de m últiplos inibidores da protease do H IV (com o risco concom itante de facilitar a replicação viral em um local im portante) parece atribuível à exclusão do fárm aco do SNC m ediada pela glicoproteína P; na verdade, a inibição da glicoproteína P foi proposta com o abordagem terapêutica p ara aum entar a entrada do fárm aco no SNC (Fig. 5.5A).
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Princípios de Farmacologia Clínica
m ecanism os fisiológicos subjacentes. O custo versus o benefício es perado tam bém pode ser um fator. Q uando a evidência é convincente e terapias alternativas não es tão disponíveis, há um forte argum ento para a im plantação de tes tes genéticos com o um guia para a prescrição. Os exem plos incluem associações entre as variantes UGT1A1 e toxicidade do irinotecano ou entre HLA-B*5701 e toxicidade cutânea grave com abacavir. Em outras situações, os argum entos são m enos atraentes: a m agnitude do efeito genético pode ser m enor, as conseqüências podem ser m enos graves, terapias alternativas podem estar disponíveis, ou o efeito do fárm aco pode ser passível de m onitoram ento p or outras abordagens. Experim entos clínicos em andam ento estão abordando a utilidade da genotipagem pré-prescrição em grandes populações expostas a fárm acos com variantes farm acogenéticas conhecidas (p. ex., varfa rina). De m aneira im portante, os avanços tecnológicos estão aum en tando a possibilidade de sequenciam ento genôm ico total com custo baixo. Incorporar toda a seqüência genôm ica de um paciente em seu prontuário eletrônico possibilitaria que a inform ação fosse acessada quando necessário para m uitas aplicações genéticas e farm acogené ticas. Há várias questões (p. ex., econôm icas, tecnológicas e éticas) que precisam ser abordadas, se tal paradigm a tiver de ser adotado (Cap. 61). Em bora os obstáculos que im pedem trazer inform ações de genôm ica e farm acogenôm ica para a beira do leito pareçam as sustadores, o cam po é m uito recente e está evoluindo rapidam ente. Com efeito, um resultado im portante da com preensão do papel da genética na ação dos fárm acos foi a m elhora da triagem de fárm acos durante o processo de desenvolvim ento a fim de reduzir a probabi lidade de m etabolism o altam ente variável ou toxicidade imprevista.
INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS QUE CAUSAM 0 AUMENTO DOS EFEITOS MEDICAMENTOSOS
O m ecanism o m ais com um aqui é a inibição da elim inação do fár maco. Diferente da indução, a síntese da proteína nova não é envolvi da, e o efeito surge à m edida que o fárm aco e quaisquer m etabólitos inibidores se acum ulam (função da sua m eia-vida de elim inação). C om o os substratos co m partilhados de um a única enzim a podem com petir pelo acesso ao local ativo da proteína, m uitos substratos de CYP tam bém são considerados inibidores. C ontudo, alguns fármacos são especialm ente potentes com o inibidores (e, às vezes, sequer são substratos) de vias específicas de elim inação do fárm aco) e, portanto, é durante o uso destes agentes que os clínicos devem ficar m ais em alerta para o potencial de interações (Q uadro 5.3). Os fárm acos de tal tipo com um ente envolvidos que sofrem interação são am iodarona, cim etidina, eritrom icina e outros antibióticos m acrolídios (claritrom icina, m as não azitrom icina), cetoconazol e outros antifúngicos azólicos, o agente a n tirretroviral ritonavir e altas concentrações de suco de pom elo (Q uadro 5.3). As conseqüências de tais interações dependerão do fárm aco cuja elim inação esteja sendo inibida; fárm a cos de alto risco são aqueles para os quais as vias alternativas de eli m inação não estão disponíveis e para os quais o acúm ulo de fárm aco aum enta o risco de toxicidade grave (ver O conceito da farm acoci nética de alto risco an teriorm ente). São exem plos os inibidores de CYP3A que aum entam o risco de toxicidade da ciclosporina ou de rabdom iólise com alguns inibidores da H M G -C oA redutase (lovastatina, sinvastatina, atorvastatina) e inibidores da glicoproteína P que aum entam o risco de toxicidade da digoxina. Essas interações podem ser exploradas para benefício terapêuti co. O antiviral ritonavir é um inibidor de CYP3A4 m uito potente que algum as vezes é adicionado a esquem as anti-HIV, não po r causa de seus efeitos antivirais, m as porque d im inui a depuração e portanto aum enta a eficácia, de outros agentes anti-HIV. De m aneira sem e lhante, os bloqueadores do canal de cálcio foram deliberadam ente coadm inistrados com ciclosporina para reduzir sua depuração e p o r tanto sua dosagem de m anutenção e seu custo. A fenitoína, indutora de m uitos sistem as, com o a CYP3A, inibe a CYP2C9. O m etabolism o de losartana em seu m etabólito ativo pela CYP2C9 é inibido pela fenitoína com perda potencial do efeito anti-hipertensivo. O suco de pom elo (m as não o de laranja) inibe a CYP3A, es pecialm ente em doses altas; p o r isso, os pacientes que recebem fár m acos com risco aum entado de efeitos adversos diante da inibição m esm o m odesta da CYP3A (p. ex., ciclosporina, alguns inibidores da H M G -C oA -redutase) devem evitar a ingestão de suco de pomelo.
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■ QUADRO 5.3
Fármacos com alto risco de interações farmacocinéticas
Fármaco
Mecanismo
Exemplos
Antiácidos
Absorção reduzida
Antiácidos/tetraciclinas
Sequestrantes do ácido biliar Inibidores da bomba de prótons
Colestiramina/digoxina pH gástrico alterado
Redução da absorção de cetoconazol
Indução do metabolismo hepático
Redução da concentração e efeitos da
Bloqueadores do receptor H2 Rifampicina
Introdução à Medicina Clínica
Carbamazepina
Varfarina
Barbitúricos
Quinidina
Fenitoína
Ciclosporina
Erva-de-são-joão
Losartana
Glutetimida
Contraceptivos orais Metadona
Antidepressivos tricíclicos
Inibidores da CYP2D6
Fluoxetina
Efeito aumentado de muitos p-bloqueadores Redução do efeito da codeína
Quinidina Cimetidina
Inibidor de múltiplas CYP
Aumento da concentração e efeitos da Varfarina Teofilina Fenitoína
Cetoconazol, itraconazol
Inibidor da CYP3A
Eritromicina, claritromicina
Aumento da concentração e toxicidade de alguns inibidores de HMG-CoA redutase
Bloqueadores dos canais de cálcio
Ciclosporina, cisaprida, terfenadina (retirada do mercado)
Ritonavir
Aumento da concentração e efeitos do indinavir (com ritonavir) Redução da depuração e da dose necessária para a ciclosporina (com bloqueadores dos canais de cálcio)
Alopurinol
Inibidor da xantina oxidase
Toxicidade da azatioprina e 6-mercaptopurina
Amiodarona
Inibidor de muitas CYP e da glicoproteína P
Redução da depuração (risco de toxicidade) para Varfarina Digoxina Quinidina
Genfibrazol (e outros fibratos)
Inibição da CYP3A
Rabdomiólise quando coprescrito com alguns inibidores da HMG-CoA redutase
Quinidina
Inibição da glicoproteína P
Risco de toxicidade da digoxina
Inibição do transporte tubular renal
Aumento do risco de toxicidade do metotrexato com salicilatos
Amiodarona Verapamil Ciclosporina Itraconazol Eritromicina Fenilbutazona Probenecida Salicilatos
A CYP2D6 é intensam ente inibida pela quinidina, p or um a série de fárm acos neurolépticos (clorprom azina e haloperidol) e os ISRS fluoxetina e paroxetina. As conseqüências clínicas da interação da fluoxetina com substratos de CYP2D6 p odem p erm an ecer inaparentes durante sem anas após o início do fárm aco, em virtude da sua m eia-vida m uito longa e geração lenta de um m etabólito inibidor da CYP2D6. A 6-m ercaptopurina é m etabolizada não apenas pela T PM T com o tam bém pela xantina-oxidase. Q uando o alopurinol, inibidor potente da xantina-oxidase, é adm inistrado com doses convencionais de azatioprina ou 6-m ercaptopurina, pode sobrevir toxicidade que põe em risco a vida (supressão da m edula óssea). Diversos fárm acos são secretados pelos sistem as de tran sp o rte tubular renal para ânions orgânicos. A inibição destes sistemas pode levar ao acúm ulo excessivo de fárm acos. O salicilato, po r exemplo,
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reduz a depuração renal do m etotrexato, interação que pode suscitar toxicidade pelo m etotrexato. A secreção tubular renal contribui subs tancialm ente p ara a elim inação da penicilina, que pode ser inibida (a fim de aum entar seu efeito terapêutico) pela probenecida. De m anei ra sem elhante, a inibição do sistem a de transporte tubular de cátions pela cim etidina dim inui a depuração renal da dofetilida e procaina m ida, bem com o do seu m etabólito ativo NAPA.
■ INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS NÃO MEDIADAS POR ALTERAÇÕES NA DISPOSIÇÃO DOS FÁRMACOS Os fárm acos podem atuar em com ponentes distintos de u m processo com um , gerando efeitos m aiores do que cada um isoladam ente. A terapia antitrom bótica com com binações de agentes antiplaquetários (inibidores da glicoproteína Ilb/IIIa, ácido acetilsalicílico, clopido grel) e anticoagulantes (varfarina, heparinas) frequentem ente é utili
REAÇÕES ADVERSAS AOS FÁRMACOS Os efeitos benéficos dos fárm acos são acom panhados do risco ine vitável de efeitos indesejados. As m orbidade e m ortalid ad e desses efeitos adversos m uitas vezes constituem problem as de diagnóstico porque podem acom eter qualquer órgão e sistem a corporal, p o d e n do ser confundidos com os sinais da doença subjacente. D a m esm a m aneira, algum as pesquisas sugeriram que a terapia m edicam entosa para um a gam a de condições crônicas com o doença psiquiátrica ou hipertensão não atinge sua m eta desejada em até m etade dos pacien tes tratados; assim, o efeito m edicam entoso “adverso” m ais com um pode ser ausência de eficácia. As reações adversas podem ser classificadas em dois grupos am plos. Um tipo resulta do exagero de um a ação farm acológica preten dida do fárm aco, com o o aum ento do sangram ento com anticoagulantes ou supressão da m edula óssea com antineoplásicos. O segundo tipo de reação adversa decorre de efeitos tóxicos não relacionados com as ações farm acológicas pretendidas. Estes últim os efeitos fre quentem ente não são previstos (especialm ente com novos fárm acos) e costum am ser graves, bem com o podem resultar tanto de m ecanis m os reconhecidos quanto de previam ente não descritos. Os fárm acos podem au m entar a frequência de um evento co m um em um a população geral, o que po d e ser especialm ente difícil de reconhecer; um excelente exem plo é o aum ento dos infartos do m iocárdio com o inibidor de COX-2 rofecoxibe. Os fárm acos tam bém podem causar efeitos adversos raros e graves, com o anorm alida des hem atológicas, arritm ias reações cutâneas graves ou disfunções hepática ou renal. Antes da aprovação oficial e da comercialização, os novos agentes são testados em relativam ente poucos pacientes, que tendem a estar m enos enferm os e ter m enos doenças concom itantes que os pacientes que depois os receberão d urante o tratam ento. D e vido ao núm ero relativam ente pequeno de pacientes estudados em
ensaios clínicos e à natureza seletiva desses pacientes, efeitos adversos raros geralm ente não são detectados antes da aprovação de um fár m aco; na verdade, se eles forem detectados, os novos fárm acos geral m ente não são aprovados. Portanto, os m édicos devem ter cautela na prescrição de fárm acos novos e alertar para a ocorrência de eventos adversos previam ente desconhecidos. A elucidação dos m ecanism os subjacentes aos efeitos m edica m entosos adversos pode auxiliar no desenvolvim ento de com postos mais seguros ou perm itir que um subgrupo de pacientes sob risco es pecialm ente alto seja excluído da exposição ao produto. Os sistemas nacionais de notificação de reações adversas, tais com o os operados pelo FDA (as reações adversas sob suspeita podem ser notificadas on-line em http://w w w .fda.gov/m edwatch/report/hcp.htm ) e pelo C om m ittee on Safety o f M edicines na G rã-B retanha, podem ser úteis. A publicação ou o relato de um a reação adversa recém -reconhecida podem , em curto tem po, estim ular m uitos relatos sem elhantes de reações que antes passaram despercebidas. Em algum as situações, os efeitos adversos são explorados para criar um a indicação inteiram ente nova do fárm aco. O crescim ento indesejado de pelos d urante o tratam ento com m inoxidil de pacientes gravem ente hipertensos levou ao desenvolvim ento do fárm aco para o crescim ento de cabelos. A sildenafila foi inicialm ente desenvolvida com o um antianginoso, m as seu efeito para aliviar a disfunção erétil não apenas levou a um a nova indicação farm acológica com o tam bém aum entou a com preensão do papel da fosfodiestease tipo 5 no tecido erétil. Tais exem plos reforçam o conceito de que os m édicos devem perm anecer atentos à possibilidade de que sintom as incom uns refli tam efeitos desconhecidos dos fárm acos. Cerca de 25 a 50% dos pacientes com etem erros na autoadm inistração de m edicam entos prescritos, e tais erros podem ser res ponsáveis p o r efeitos adversos. De m odo sem elhante, os pacientes com etem erros no uso de agentes porque não leem ou não obedecem às instruções do rótulo. Os m édicos devem reconhecer que fornecer instruções com a prescrição nem sem pre garante a adesão. Nos hospitais, os fárm acos são adm inistrados em am biente con trolado, e, em geral, a adesão do paciente é garantida. Não obstante, ocorrem erros - um fárm aco ou u m a dose errada p odem ser forne cidos, ou o fárm aco é fornecido ao paciente errado —, e m elhoras nos sistem as de distribuição e adm inistração dos fárm acos tentam resolver esse problem a.
Princípios de Farmacologia Clínica
zada no tratam ento de doenças vasculares, em bora tais com binações carreguem um aum ento do risco de sangram ento. Os anti-inflam atórios não esteroides (AINEs) causam úlceras gástricas, e, nos pacientes tratados com varfarina, o risco de sangra m ento p or um a úlcera péptica é quase triplicado pelo uso concom i tante de u m AINE. A indom etacina, o piroxicam e provavelm ente outros AINEs antagonizam os efeitos anti-hipertensivos dos bloqueadores dos recep tores (3-adrenérgicos, diuréticos, inibidores da ECA e outros agentes. A resultante elevação da pressão arterial varia de trivial a grave, efeito não observado com o ácido acetilsalicílico e sulindaco, m as que foi detectado com o inibidor da ciclooxigenase-2 (COX-2) celecoxibe. A taquicardia v entricular de torsades des pointes durante a adm i nistração de antiarrítm icos que prolongam o Q T (quinidina, sotalol, dofetilida) ocorre com frequência bem m aior nos pacientes que estão recebendo diuréticos, o que provavelm ente reflete hipopotassem ia. Em condições in vitro, a hipopotassem ia não apenas prolonga o in tervalo QT na ausência de fárm acos com o tam bém potencializa o bloqueio m edicam entoso de canais iônicos que resulta no prolonga m ento do QT. Além disso, alguns diuréticos têm ação eletrofisiológica direta que prolonga o QT. A adm inistração de suplem ento de potássio acarreta hiperp o tas sem ia m ais freqüente e mais intensa quando a elim inação de potássio é reduzida pelo tratam ento concom itante com inibidores da ECA, espironolactona, am ilorida ou triantereno. Os efeitos farm acológicos da sildenafila resultam da inibição da isoform a tipo 5 da fosfodiesterase, que inativa o G M P cíclico na vasculatura. A nitroglicerina e nitratos relacionados, usados no tra tam ento da angina, produzem vasodilatação p or elevação do GM P cíclico. Assim, a adm inistração concom itante desses n itratos com sildenafila pode causar hipotensão profunda, a qual seria catastrófica em pacientes coronariopatas. Às vezes, a com binação de fárm acos aum enta a eficácia global e/ ou reduz a toxicidade específica de determ inado fárm aco. Essas inte rações benéficas são descritas nos capítulos que abordam diferentes entidades.
■ ESCOPO DO PROBLEMA Os pacientes recebem , em m édia, 10 fárm acos diferentes durante cada internação. Q uanto m ais enferm o, m ais fárm acos o paciente recebe, e há um aum ento correspondente na probabilidade de rea ções adversas m edicam entosas. Q u ando < 6 fárm acos diferentes são fornecidos a pacientes hospitalizados, a probabilidade de u m a reação adversa é de aproxim adam ente 5%, m as se > 15 fárm acos forem ad m inistrados, a probabilidade será > 40%. Análises retrospectivas de pacientes am bulatoriais revelaram efeitos adversos dos fárm acos em 20%. Reações adversas graves tam bém foram detectadas com fitoterápicos e com postos de venda livre, são exem plos a hepatotoxicidade associada à cava-cava, eosinofilia-m ialgia associada à triptofana e acidente vascular encefálico associado à fenilpropanolam ina, cada um dos quais causou óbito. Um pequeno g rupo de fárm acos am plam ente usados responde por um núm ero desproporcional de reações. O ácido acetilsalicílico e outros AINEs, analgésicos, digoxina, anticoagulantes, diuréticos, antim icrobianos, glicocorticoides, antineoplásicos e agentes hipoglicem iantes respondem p o r 90% das reações, ainda que os fárm acos envolvidos difiram entre pacientes am bulatoriais e hospitalizados.
■ TOXICIDADE NÃO RELACIONADA COM A ATIVIDADE FARMACOLÓGICA PRIMÁRIA DE UM FÁRMACO Reações citotóxicas Fárm acos ou m ais com um ente m etabólitos reativos, gerados pelas CYP, podem ligar-se covalentem ente a m acrom oléculas teciduais (tais com o as proteínas ou DNA), causando toxicidade. Em virtude
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Introdução à Medicina Clínica
da natureza reativa desses m etabólitos, a ligação covalente m uitas ve zes ocorre próxim o ao local de produção, no fígado. A causa m ais com um da hepatotoxicidade m edicam entosa é a overdose de paracetam ol. N orm alm ente, os m etabólitos reativos são desintoxicados p or com binação com a glutationa hepática. Q uando há depleção da glutationa, os m etabólitos passam a ligar-se às p ro teínas hepáticas com a resultante lesão dos hepatócitos. A necrose hepática p roduzida pela ingestão de paracetam ol pode ser evitada, ou ao m enos atenuada, pela adm inistração de substâncias, com o a N -acetilcisteína, que reduzem a ligação dos m etabólitos eletrofílicos às proteínas hepáticas. O risco de necrose hepática relacionada com o paracetam ol é aum entado nos pacientes que estão recebendo fárm acos, com o o fenobarbital ou fenitoína, que aum entam a taxa de m etabolism o dos fárm acos, ou etanol, que exaure as reservas de glutationa. Essa toxicidade ocorreu m esm o em doses terapêuticas; p or isso, os pacientes sob risco p o r m eio de tais m ecanism os devem ser alertados.
Mecanismos imunológicos A m aioria dos agentes farm acológicos é de m oléculas pequenas com pesos m oleculares baixos (< 2.000) e, portanto, são im unógenos fra cos. Por isso, a geração de resposta im une a um fárm aco geralm ente requer a ativação in vivo e ligação covalente a um a proteína, a um carboidrato ou ao ácido nucleico. A estim ulação p or um fárm aco da produção de anticorpos pode m ediar lesões teciduais po r diversos m ecanism os. O anticorpo pode atacar o fárm aco quando este se en co n tra ligado covalentem ente a um a célula, d estruindo-a desse m odo, o que ocorre na anem ia hem olítica induzida pela penicilina. Os com plexos anticorpo-fárm aco-antígeno p odem ser adsorvidos passivam ente p o r um a célula espectadora, depois destruída p o r ativação do com plem ento, o que se dá na trom bocitopenia induzida p or quinina e quinidina. A trom bocitopenia induzida p o r heparina tem origem quando anticorpos contra complexos do peptídio fator plaquetário 4 e heparina geram im unocom plexos que ativam as plaquetas; assim, a trom bocitopenia é acom panhada de trom bose paradoxal e tratada com inibidores da trom bina. Os fárm acos ou seus m etabólitos ativos podem alterar um tecido do hospedeiro, to rn an d o -o antigênico e suscitando autoanticorpos. Por exem plo, a hidralazina e p rocainam ida (ou seus m e tabólitos reativos) podem alterar quim icam ente o m aterial nuclear, estim ulando a form ação de anticorpos antinucleares e, às vezes, cau sando lúpus eritem atoso. A aplasia eritroide p u ra induzida p or fár m aco (Cap. 107) advém de reação adversa de origem imune. A doença do soro (Cap. 317) resulta do depósito de complexos fárm aco-anticorpo circulantes nas superfícies endoteliais. O corre ati vação do com plem ento, fatores quim iotáticos são gerados localm en te, e surge resposta inflam atória no local de retenção dos complexos. Podem sobrevir artralgias, urticária, linfadenopatia, glom erulonefrite ou cerebrite. As proteínas estranhas (vacinas, estreptoquinase, anticorpos terapêuticos) e antibióticos são causas com uns. M uitos agentes, em particular os antim icrobianos, os inibidores da ECA e o ácido acetilsalicílico, podem desencadear anafilaxia, com a produção de IgE, que se liga às m em branas dos m astócitos. O contato com um antígeno do fárm aco desencadeia um a série de eventos bioquím icos no m astócito e resulta na liberação de m ediadores que acarretam a típica urticária, sibilos, rubor, rinorreia e (às vezes) hipotensão. Os fárm acos tam bém podem suscitar respostas im unes celulares. As substâncias de adm inistração tópica p o d em interagir com g ru pos sulfidrila ou am ino na pele, e reagir a linfócitos sensibilizados, produzindo o exantem a típico da derm atite de contato. O utros tipos de erupção tam bém podem decorrer da interação de fatores séricos, fárm acos e linfócitos sensibilizados.
■ DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DAS REAÇÕES ADVERSAS AOS FÁRMACOS As m anifestações das doenças induzidas p o r fárm acos frequente m ente se assem elham às das ou tras enferm idades, e u m d e te rm i nado conjunto de m anifestações po d e ser pro d u zid o p o r fárm acos distintos. O reconhecim ento do papel do(s) fárm aco(s) em um a
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doença depende da consideração das possíveis reações adversas aos fárm acos em qualquer doença, da identificação da relação tem p o ral entre a adm inistração do fárm aco e o aparecim ento da doença, bem com o da fam iliaridade com as m anifestações com uns dos fár m acos. U m a reação adversa suspeita a fárm aco que se desenvolve após a introdução de um novo fárm aco naturalm ente envolve aquele fárm aco; no entanto, tam bém é im portante lem brar que um a in tera ção m edicam entosa p ode ser a responsável. Assim, p or exemplo, um paciente sob tratam ento com u m a dose de varfarina estável crônica pode desenvolver um a com plicação hem orrágica após a introdução de am iodarona; isso não reflete um a reação direta à am iodarona mas sim seu efeito para inibir o m etabolism o da varfarina. D escreveram -se m uitas associações entre fárm acos e reações específicas, m as sem pre há u m a prim eira vez para um a nova associação, devendo-se suspeitar de todo fárm aco com o causa de um efeito adverso no con texto clínico apropriado. A doença relacionada com a ação farm acológica desejada de um agente m uitas vezes é reconhecida com m aior facilidade do que a doença atribuída à resposta im une ou a outros m ecanism os. Por exemplo, efeitos colaterais, com o arritm ias cardíacas em pacientes que estão fazendo uso de digitálicos, a hipoglicem ia em pacientes que estão recebendo insulina ou sangram ento em pacientes subm etidos a terapia com anticoagulantes são facilm ente correlacionados com um fárm aco do que sintom as, com o febre ou exantema, os quais podem ser causados p or m uitos agentes ou por outros fatores. As listas eletrônicas de reações adversas aos fármacos podem ser úteis. Porém , compilações exaustivas com frequência oferecem p o u co senso de perspectiva em term os da frequência e seriedade, as quais variam sobrem odo entre os pacientes. A obtenção da h istória de uso de fárm acos de cada paciente é im portante para o diagnóstico. Deve-se dar atenção aos fárm acos de venda livre e fitoterápicos, além dos fárm acos prescritos. C ada tipo pode ser responsável p o r reações adversas, podendo haver in te ra ções adversas entre fárm acos de venda livre e fárm acos prescritos. A perda da eficácia dos contraceptivos orais ou da ciclosporina com o uso concom itante de erva-de-são-joão é um exemplo. Além dis so, é com um que os pacientes sejam assistidos p or vários m édicos e, p or isso, eles podem receber fárm acos duplicados, aditivos, a n ta gonistas ou sinérgicos caso os m édicos não atentem para o histórico de fárm acos do paciente. Todo m édico deve tom ar conhecim ento dos fárm acos que o paciente tem utilizado no últim o m ês ou nos dois últim os, idealm ente, antes de prescrever qualquer medicação. Os m edicam entos suspensos p o r ineficácia ou efeitos adversos d e vem ser d ocum entados para evitar reexposição sem objetivo e p o tencialm ente perigosa. U m a fonte frequentem ente m enosprezada de exposição a agentes adicionais é a terapia tópica; p or exemplo, um paciente que se queixa de broncospasm o pode não m encionar que está usando um b etabloqueador oftálm ico, a m enos que seja in q u i rido especificam ente. H istória de reações adversas prévias é com um . Com o esses pacientes m ostraram predisposição a doenças induzidas p or fárm acos, história positiva deve au m entar a cautela ao prescre ver novos fárm acos. Os exam es laboratoriais p odem incluir a dem onstração de a n tico rp o s séricos em algum as pessoas que têm alergia a fárm acos envolvendo os elem entos celulares do sangue, tais com o agranulocitose, anem ia hem olítica e trom bocitopenia. Por exemplo, a qu in i na e q u inidina p o d em p ro d u z ir aglutinação plaquetária in vitro na presença de com plem ento e soro de u m paciente que tenha apresen tado trom bocitopenia após o uso desses fárm acos. A norm alidades bioquím icas, com o deficiência de G6PD, o nível sérico de pseudocolinesterase ou genotipagem , tam bém podem ser úteis para o diag nóstico, m uitas vezes após a ocorrência de efeito adverso no paciente ou em um familiar. Q uando há suspeita de reação adversa, a suspensão do uso do fárm aco suspeito, seguida do desaparecim ento da reação, é evidência presuntiva de doença induzida p or fárm aco. Podem -se tentar obter evidências confirm adoras com a reintrodução cautelosa do agente e observação para o reaparecim ento da reação. Contudo, só se deverá tentar a confirm ação se esta for útil no tratam ento futuro do paciente
e se a tentativa não encerrar risco excessivo. C om as reações adversas dependentes da concentração, a dim inuição da dose pode levar ao desaparecim ento da reação, e sua elevação pode fazer a reação re aparecer. C ontudo, quando se acredita que a reação seja alérgica, a readm inistração do fárm aco pode ser perigosa, pois pode ocorrer
RESUMO A farm acologia clínica m o d ern a visa a su bstituir o em pirism o no uso dos fárm acos pela terapia baseada no conhecim ento profundo do(s) fator(es) que determ ina(m ) a resposta do indivíduo à terapia farmacológica. A farm acologia molecular, a farm acocinética, a gené tica, os ensaios clínicos e o treinam ento do m édico contribuem para este processo. N enhum a resposta farm acológica jam ais deve ser de nom inada idiossincrásica; todas as respostas têm um m ecanism o cuja com preensão ajudará a orientar a terapia futura com aquele fárm aco ou seus sucessores. A rápida expansão do conhecim ento da variabili dade nas ações dos fárm acos torna o processo de prescrever fárm acos um desafio cada vez m aior para o m édico. C ontudo, princípios fu n dam entais devem nortear o processo: • Os benefícios da terapia farm acológica, em bora definidos, sem pre devem sobrepujar o risco. • Deve-se usar a m enor dose necessária para produzir o efeito de sejado. • Deve-se reduzir ao m ínim o o núm ero de m edicam entos e de d o ses p or dia. • Em bora a literatura esteja se expandindo rapidam ente, o acesso a ela está se torn an d o m ais fácil; instrum entos eletrônicos para consulta a bancos de dados da literatura e opiniões im parciais se tornarão cada vez mais comuns. • A genética exerce u m papel n a determ in ação da variabilidade na resposta aos fárm acos, p o d e n d o to rn ar-se p arte da prática clínica.
BIBLIOGRAFIA JP et al: Cytochrome P450 2C19 polymorphism in young patients treated with clopidogrel after myocardial infarction: a cohort study. Lancet 373:309, 2009 Ge D et al: Genetic variation in IL28B predicts hepatitis C treatment-induced viral clearance. Nature 461:399,2009 G i a c o m i n i KM et al: The pharmacogenetics research network: from SNP discovery to clinicai drug response. Clin Pharmacol Ther 81:328,2007 Ho PM et al: Risk of adverse outcomes associated with concomitant use of clo pidogrel and proton pump inhibitors following acute coronary syndrome. JAMA 301:937,2009 T h e I n t e r n a t i o n a l W a r f a r i n P h a r m a c o g e n e t i c s C o n s o r t i u m : Estimation of the warfarin dose with clinicai and pharmacogenetic data. N Engl J Med 360:753, 2009 K a r a p e t i s CS et al: K-ras mutations and benefit from cetuximab in advanced colorectal cancer. N Engl J Med 359:1757,2008 L i g g e t t SB et al: A polymorphism within a conserved (3l-adrenergic receptor motif alters cardiac function and (3-blocker response in human heart failure. Proc Natl Acad Sei (USA) 103:11288, 2006 L i n k E et al: SLCOlBl variants and statin-induced myopathy-a genomewide study. N Engl J Med 359:789,2008 M a l l a l S et al: HLA-B*5701 Screening for hypersensitivity to abacavir. N Engl J Med 358:568, 2008 M e g a JL et al: Cytochrome P-450 polymorphisms and response to clopido grel. N Engl J Med 360:354,2009 R o d e n DM, S t e i n CM: Clopidogrel and the concept ofhigh risk pharmacokineties. Circulation 119:2127, 2009 S i m o n T et al: Genetic determinants of response to clopidogrel and cardiovas cular events. N Engl J Med 360:363,2009 W e i s s ST et al: Creating and evaluating genetic tests predictive of drug res ponse. Nat Rev Drug Discov 7:568, 2008 W i l k e RA et al: Identifying genetic risk factors for serious adverse drug reactions: current progress and challenges. Nat Rev Drug Discov 6:904, 2007 W o o d c o c k J, L e s k o LJ: Pharmacogenetics—tailoring treatment for the outliers. N Engl J Med 360:811,2009 Y a n g JJ et al: Genome-wide interrogation of germline genetic variation asso ciated with treatment response in childhood acute lymphoblastic leukemia. JAMA 301:393,2009
C o lle t
Princípios de Farmacologia Clínica
anafilaxia. Se o paciente estiver recebendo m uitos fárm acos quando se su s peita de reação adversa, em geral podem -se identificar os fárm acos mais provavelm ente responsáveis, o que deve incluir tanto os p o ten ciais agentes culpados quanto os fárm acos que alteram sua elim ina ção. Todos os fárm acos podem ser descontinuados de um a vez ou, se isto não for possível, um de cada vez, com eçando pelos que desper tam m aior suspeita, com atenção aos sinais de m elhora do paciente. O tem po necessário para que um efeito adverso dependente da co n centração desapareça deriva do tem po decorrido até que a concentra ção caia abaixo da faixa associada ao efeito adverso, o qual decorre do nível sanguíneo inicial e da taxa de elim inação ou do m etabolism o do fármaco. Os efeitos adversos de fárm acos que têm m eia-vida longa ou dos não diretam ente relacionados com a concentração sérica p o dem levar um tem po considerável para desaparecer.
• O prontuário eletrônico e os sistem as de farm ácia irão cada vez m ais incorporar os conselhos de prescrição, com o m edicam entos indicados não utilizados; m edicam entos não indicados que são prescritos e potenciais erros de dosagem , interações m edicam en tosas ou respostas a fárm acos geneticam ente determ inadas. • Os m édicos devem ter especial cautela ao acrescentar ou suspen der o uso de fárm acos específicos especialm ente propensos a sus citar interações e reações adversas. • Os m édicos devem usar um núm ero lim itado de fárm acos, com os quais estejam plenam ente fam iliarizados.
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CAPÍ TULO
6
Saúde da Mulher Andrea Dunaif O estudo das diferenças biológicas entre os sexos surgiu com o um a disciplina científica distinta. Um relatório do Institute o f M edicine (IOM ) m ostrou que o sexo exerce grande im pacto nos processos bio lógicos e m órbidos, tendo concluído que o sexo faz diferença. Em 1990, o National Institutes o f Health estabeleceu o Office of Research on W om ens Health no intuito de organizar um program a para fa tu ras pesquisas no campo. Paralelam ente, a saúde da m ulher tornou-se um a disciplina clínica distinta, em que se destacam distúrbios cuja incidência é desproporcional no sexo fem inino. A integração da saú de da m ulher à m edicina interna e a outras especialidades foi acom panhada de novas abordagens de assistência m édica, incluindo m aior atenção à educação das pacientes e atuação na prevenção de doenças bem com o na tom ada de decisões m édicas. O relatório do IOM recom endou a expressão diferença sexual, p ara descrever os processos biológicos que diferem entre hom ens e m ulheres, e diferença de gênero, para referir-se a aspectos relacio nados com as influências sociais. Os distúrbios enfatizados aqui são revistos detalhadam ente em outros capítulos.
CL
O CO
RISCO DE DOENÇA: REALIDADE E PERCEPÇÃO As principais causas de m orte são iguais nos dois sexos: (I) cardio patia, (2) câncer (Q uadro 6.1; Fig. 6.1). A principal causa de m orte p o r câncer, o câncer de pulm ão, é a m esm a em am bos os sexos. O câncer de m am a é a segunda principal causa de m o rte p o r câncer em m ulheres, mas causa cerca de 60% m enos m ortes que o câncer de pulm ão. Os hom ens têm um a tendência bem m aior do que as m ulhe res a m orrer por suicídio, hom icídio e acidentes. O risco para m uitas doenças nas m ulheres aum enta na m enopausa, que ocorre na idade m ediana de 51,4 anos. Nos países in
QUADR0 6.1
dustrializados, as m ulheres passam 33% de sua vida no período pós-m enopausa. Os níveis de estrogênio sofrem queda abrupta na m enopausa, induzindo a várias respostas fisiológicas e m etabólicas. As taxas de doenças cardiovasculares aum entam , e a densidade ós sea com eça a dim in u ir rapidam ente após a m enopausa. Nos EUA, as m ulheres vivem, em m édia, 5 anos mais que os hom ens, com um a expectativa de vida ao nascim ento, em 2007, de 80,4 anos com parada com 75,3 anos nos hom ens. As m ulheres idosas são m ais num erosas do que os hom ens idosos, de m odo que as doenças relacionadas com a idade, com o a hipertensão arterial, exibem predom ínio feminino. Entretanto, a diferença na expectativa de vida entre hom ens e m ulhe res dim inuiu um a m édia de 0,1 ano a cada ano desde 1980 e, se esta convergência nos núm eros de m ortalidade continuar, estim a-se que as taxas de m ortalidade sejam sem elhantes em 2054. A percepção das m ulheres sobre o risco de doenças frequente m ente é incorreta (Fig. 6.2). As cam panhas de conscientização do público resultaram em quase 60% de m ulheres nos EUA que reconhe cem que as doenças cardiovasculares são a principal causa de m orte em m ulheres. Contudo, a doença que elas mais tem em é o câncer de m am a, a despeito do declínio nas taxas de m ortalidade por esta causa desde a década de 1990. Em qualquer década de vida específica, o ris co de câncer de m am a em um a m ulher jam ais ultrapassa 1 em 34. Em bora o risco de câncer de m am a em u m a m ulher seja de cerca de 1 em 9 se ela viver além de 85 anos, é m uito mais provável que ela m orra de doença cardiovascular. O u seja, m uitas m ulheres idosas apresentam câncer de m am a, mas m orrem por outras causas. De m odo sem elhan te, um a m inoria das m ulheres sabe que o câncer de pulm ão é a princi pal causa de m orte p or câncer em mulheres. Os médicos tam bém são m enos propensos a reconhecer o risco de doença cardiovascular em m ulheres. Esses conceitos errôneos são lamentáveis, visto que perpe tuam um enfoque inadequado para os fatores de risco modificáveis, com o dislipidemia, hipertensão e tabagismo.
DIFERENÇAS SEXUAIS NA SAÚDE E NA DOENÇA ■ DOENÇA DE ALZHEIMER (Ver tam bém Cap. 371.) A doença de Alzheim er (DA) acom ete apro xim adam ente duas vezes m ais m ulheres do que hom ens. Com o o ris-
Mortes e porcentagem total de mortes para as 15 principais causas de mortalidade por sexo nos EUA em 2006 Mulheres
Causa da morte
Homens
Posição
Mortes
Mortes (%)
Posição
Mortes
Mortes (%)
Cardiopatias
1
315.930
25,8
1
315.706
26,3
Neoplasias malignas
2
269.819
22,0
2
290.069
24,1
Doenças cerebrovasculares
3
82.595
6,7
5
54.524
4,5
Doenças do trato respiratório inferior crônicas
4
65.323
5,3
4
59.260
4,9
Doença de Alzheimer
5
51.281
4,2
9
21.151
1,8
Acidentes (lesões não intencionais)
6
42.658
3,5
3
78.941
6,6
Diabetes melito
7
36.443
3,0
6
36.006
3,0
Pneumonia
8
30.189
2,5
8
25.288
2,1
Insuficiência renal
9
22.229
1,8
10
21.115
1,8
Sepse
10
18.712
1,5
12
15.522
1,3
Hipertensão essencial e doença renal hipertensiva
11
14.440
1,2
16
9.415
0,8
Outras doenças do sistema respiratório
12
13.916
13.728
13
9.689
1,1 0,8
14
Hepatopatia crônica, cirrose
11
17.866
1,1 1,5
Doença de Parkinson
14
8.266
0,7
15
11.300
0,9
Pneumonite causada por sólidos e líquidos
15
7.971
0,7
17
8.916
0,7
Autoagressão intencional (suicídio)
17
6.992
0,6
7
26.308
2,2
Agressão (homicídio)
24
3.856
0,3
13
14.717
1,2
Fonte: Dados dos Centers for Disease Control and Prevention: National Vital Statistics Reports, Vol. 54. No 14,17 de abril de 2009, Quadro 12, http://www.cdc.gov/nchs/data/nvsr/nvsr57/nvsr54_14.pdf.
50
55-59
60-64
65-69
A cid e n te s C e re b ro va scu la r
70-74
75-79
80-84
>85
Idade (anos)
Idade (anos) DA
• — C a de m am a D R IC
-à c- Ca de pulm ão, traqueia, brô n q uio s DM
H IV
Cl
é aumentada no gráfico à direita se comparado com o da esquerda. Acidentes bem como HIV e Aids são as principais causas de morte entre mulheres jovens de 20 a 34 anos de idade. Acidentes, câncer de mama e cardiopatia isquêmica (Cl) são as principais causas de morte em mulheres de 35 a 49 anos de idade. A Cl torna-se a principal causa de morte em mulheres a partir dos 50 anos. Nas mulheres mais
velhas, a Cl continua sendo a principal causa de morte, a doença cerebrovascular torna-se a segunda causa de morte, e o câncer de pulmão é a principal causa de morte relacionada com o câncer. Aos 85 anos de idade ou mais, a DA torna-se a terceira principal causa de morte. DA, doença de Alzheimer; Ca, câncer; DRIC, doença do trato respiratório inferior crônica; DM, diabetes melito. (Dados adaptados dos Centers for Disease Control and Prevention, www.cdc.gov/nchs/data/Mortfinal2006_WorkTable210R.pdf.)
co de DA aum enta com a idade, parte dessa diferença sexual deve-se ao fato de que as m ulheres vivem mais. N ão obstante, outros fatores provavelm ente contribuem para o risco aum entado de DA nas m u lheres, com o diferenças sexuais no tam anho, na e strutura e na orga nização funcional do cérebro. Há evidências crescentes de diferenças específicas para o sexo n a expressão gênica não apenas dos genes nos crom ossom os X e Y com o tam bém de alguns genes autossôm icos. Os estrogênios têm efeitos genôm icos e não genôm icos pleiotrópicos no sistem a nervoso central, incluindo ações neurotróficas em áreas-chave envolvidas na cognição e m em ória. As m ulheres que têm DA apresentam níveis m ais baixos de estrogênios endógenos em com
paração com as que não têm a doença. Essas observações levaram à hipótese de que o estrogênio é neuroprotetor. Alguns estudos sugeriram que a a d m inistração de estrogênio m elhora a função cognitiva em m ulheres após a m enopausa sem dem ência bem com o em m ulheres com DA, e vários estudos o b servacionais tam bém sugeriram que a terapia h orm onal (TH ) pós-m enopausa dim inuiria o risco de DA. E ntretanto, ensaios clínicos de T H controlados com placebo não constataram qualquer m elhora na evolução da doença ou n a função cognitiva em m ulheres com DA. Além disso, o W om ens H ealth Initiative Study (W HIM S), um estudo com plem entar do W om ens H ealth Initiative (W H I), não encontrou
Figura 6.1 Taxas de mortalidade por 100.000 pessoas, para 2006, por fai xas etárias de 5 anos em mulheres nos EUA. Observe que a escala do eixo y
□ □ □ ■
C a rdiopatia/ ataque cardíaco
Figura 6.2 Tendências do maior problema de saúde percebido entre mu lheres por ano de pesquisa. Não há dados para obesidade disponíveis para 1997 e 2000. Um número significativamente maior de mulheres citou cardiopatía/ataque cardíaco como o maior problema para mulheres em 2006 comparado com os anos
O utros
1997 200 0 200 3 200 6
(n (n (n (n
= = = =
1.000) 1.004) 1.024) 1.005)
Não sabe /n ã o respondeu
de pesquisa anteriores. 0 câncer de mama continuou sendo o maior risco de saúde mais comumente identificado em todos os anos de pesquisa. (De Christian et al; com autorização.)
51
nenhum benefício, com parado com o placebo, pelo uso isolado de estrogênio [estrogênio equino conjugado contínuo (EEC), 0,625 mg todos os dias] ou de estrogênio com progestina [EEC, 0,625 m g todos os dias, e acetato de m edroxiprogesterona (AM P), 2,5 m g todos os dias] na função cognitiva ou no desenvolvim ento de dem ência em m ulheres de 65 anos de idade ou mais. Na verdade, houve um a u m ento significativo de risco tanto para dem ência com o para prejuízo cognitivo b rando em m ulheres que recebem terapia horm onal. As possíveis explicações para os resultados discrepantes entre os estudos observacionais e os estudos clínicos random izados continuam obs curas (Cap. 348).
Introdução à Medicina Clínica
■ DOENÇA CARDIOVASCULAR
vas de resultados falsos positivos e falsos negativos em m ulheres em com paração com os hom ens. As m ulheres têm m enor probabilidade de receber certos tipos de terapia, com o angioplastia, terapia trom bolítica, cirurgia de revascularização do m iocárdio (CRVM), betabloqueadores e ácido acetilsalicílico. Tam bém há diferenças entre os sexos nos resultados das intervenções terapêuticas em mulheres com DAC. As subm etidas a CRVM apresentam doença mais avançada, taxa de m ortalidade perioperatória m ais alta, m enos alívio da angi na e m enor perviedade do enxerto; contudo, as taxas de sobrevida após 5 e 10 anos são sem elhantes. As m ulheres subm etidas a angio plastia coronariana translum inal percutânea apresentam taxas mais baixas de sucesso angiográfico e clínico inicial do que os hom ens, m as tam bém têm taxa m ais baixa de reestenose e m elhor resultado a longo prazo. Elas podem extrair benefícios menores e ter com pli cações hem orrágicas graves m ais freqüentes da terapia trombolítica se com paradas com os hom ens. Fatores com o idade avançada, m aior núm ero de distúrbios com órbidos e DAC mais grave em mulheres no m om ento dos eventos ou procedim entos parecem explicar, em parte, as diferenças observadas entre os sexos. Níveis elevados de colesterol, hipertensão, tabagismo, obesida de, baixos níveis de colesterol H D L, D M e sedentarism o são fatores de risco im p o rtan tes de DAC tan to em hom ens quanto em m ulhe res. Os níveis totais de triglicerídios são um fator de risco in d ep en dente para DAC nas m ulheres, m as não nos hom ens. Baixos níveis de colesterol H D L e DM re p resen tam fatores de risco mais im por tantes nas m ulheres do que nos h om ens. O tabagism o é um fator de risco im p o rta n te em m ulheres - acelera a aterosclerose, exerce efeitos negativos diretos sobre a função cardíaca e está associado a m enopausa em idade m ais baixa. Os fárm acos hipolipêm icos são igualm ente eficazes em h o m en s e m ulheres na prevenção prim ária e secundária de DAC. E ntretanto, devido à percepção de que estão sob m en o r risco de DAC, as m ulheres são subm etidas a m enos in tervenções do que os h o m en s no que concerne aos fatores de risco m odificáveis. Ao contrário dos hom ens, estudos random izados m ostraram que o ácido acetilsalicílico não foi efetivo na prevenção prim ária de DAC em m ulheres; ele reduziu de m an eira significativa o risco de AVE isquêm ico. A prevenção secundária em m ulheres com DAC diag nosticada tam bém deixa a desejar. No início do estudo, apenas cerca de 30% das m ulheres recrutadas no H eart and Estrogen/Progestin Replacem ent Study (HERS), estudo clínico de prevenção secundária
(Ver tam bém Cap. 243.) Existem diferenças sexuais im portantes na doença cardiovascular, a principal causa de m orte em hom ens e m u lheres nos países desenvolvidos. Desde 1984, m ais m ulheres do que hom ens m orreram devido a doença cardiovascular. Os esteroides gonadais exercem efeitos im portantes no sistem a cardiovascular e no m etabolism o dos lipídios. O estrogênio aum enta a lipoproteína de alta densidade (HDL) e reduz a lipoproteína de baixa densidade (LDL), enquanto os androgênios têm efeito oposto. O estrogênio tem efeitos vasodilatadores diretos no endotélio vascular, aum enta a sensibilida de à insulina e tem propriedades antioxidantes e anti-inflam atórias. Há um aum ento notável de doença arterial coronariana (DAC) após a m enopausa natural ou cirúrgica, sugerindo que os estrogênios endógenos são cardioprotetores. As m ulheres tam bém apresentam inter valos Q T mais longos no eletrocardiogram a, o que aum enta sua suscetibilidade a determ inadas arritm ias. Estudos em anim ais sugerem que a diferença entre os sexos na duração do intervalo Q T é causada po r efeitos dos esteroides sexuais na repolarização cardíaca, em parte relacionada com os seus efeitos nos canais de potássio com acesso de voltagem; há um a densidade m ais baixa do com ponente rápido (IKr) da corrente de potássio retificadora tardia (IK) nas mulheres. A apresentação da DAC é diferente nas m ulheres, geralm ente 10 a 15 anos mais velhas que os hom ens acom etidos e que têm m aior probabilidade de com orbidade, com o hipertensão, insuficiência car díaca congestiva e diabetes m elito (DM ). No estudo de Fram ingham , a angina foi o sintom a inicial m ais com um de DAC em m ulheres, enquanto o infarto do m iocárdio constituir o achado inicial m ais co m um em hom ens. Com m aior frequência, as m ulheres exibem sin tom as atípicos, com o náuseas, vôm itos, indigestão e dor nas costas. As m ulheres com infarto do m io c á r dio são m ais propensas a sofrer p arad a 1994-95 Homens cardíaca ou choque cardiogênico, e n quanto os hom ens têm m aior probabilida 2004-06 Homens de de taquicardia ventricular. Além disso, 1994-95 M ulheres as m ulheres m ais jovens com infarto do 2004-06 M ulheres m iocárdio correm um risco de m o rre r m ais alto do que os hom ens de idade se m elhante. E ntretanto, essa diferença na m ortalidade d im inuiu substancialm ente 20nos últim os anos porque as m ulheres m ais jovens apresentaram m aior m elh o ra na sobrevida após infarto do m iocárdio em com paração com os hom ens (Fig. 6.3). A 10m elhora na sobrevida é am plam ente cau sada p or um a redução nas com orbidades, sugerindo um a m aior atenção para fatores de risco m odificáveis nas m ulheres. E ntretanto, os m édicos têm m en o r tendência a suspeitar de cardiopatia em m ulheres que se apresentam com d o r to Figura 6.3 Taxas de mortalidade hospitalares em homens e mulheres para infarto agudo do miocárdio rácica bem com o a efetuar procedim entos em 1994-95 comparado com 2004-06. Mulheres com menos de 65 anos de idade apresentaram mortalidade cardiológicos diagnósticos e terapêuticos substancialmente maior do que homens de idade semelhante em 1994-95. As taxas de mortalidade caíram acennas m ulheres. Além disso, existem dife tuadamente para ambos os sexos em todas as faixas etárias em 2004-06 se comparado com 1994-95. Entretanto, renças entre os sexos na precisão de certos houve uma redução mais notável na mortalidade em mulheres com menos de 75 anos de díade se comparadas com procedim entos diagnósticos. O eletrocar homens de idade semelhante. A redução da taxa de mortalidade foi maior em mulheres com menos de 55 anos de diogram a de esforço tem taxas significati díade (52,9%) e menor em homens com mesma idade (33,3%). (Dados adaptados de Vaccarino et al.)
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■ DIABETES MELITO (Ver tam bém Cap. 344.) As m ulheres são m ais sensíveis à insulina do que os hom ens. Apesar disso, a prevalência de DM tipo 2 é sem elhan te em hom ens e m ulheres. Há um a diferença entre os sexos na relação entre níveis de androgênio endógeno e risco de DM: níveis m ais altos de testosterona biodisponível são associados a risco aum entado nas m ulheres, em bora níveis m ais baixos de testosterona biodisponível estejam associados a um aum ento de risco nos hom ens. A sín d ro m e do ovário policístico e o DM gestacional - condições com uns nas m ulheres na pré-m enopausa - estão associados a um aum ento sig nificativo do risco para DM tipo 2. As m ulheres na pré-m enopausa com DM perdem o efeito cardioprotetor do sexo fem inino e têm ta xas de DAC idênticas às dos hom ens. Estas m ulheres apresentam pre juízo da função endotelial e respostas vasodilatadoras coronarianas reduzidas, que podem p redispor a com plicações cardiovasculares. Em indivíduos com DM , as m ulheres apresentam risco m aior para infarto do m iocárdio do que os hom ens. As m ulheres com DM são m ais propensas a hipertrofia ventricular esquerda. N a W H I, o uso de EEC m ais AM P reduziu significativam ente a incidência de DM, enquanto o uso isolado de EEC apresentou apenas um a tendência à redução da incidência de DM.
■ HIPERTENSÃO (Ver tam b ém Cap. 247.) A pós os 60 anos de idade, a hipertensão é m ais com um em m ulheres do que em hom ens norte-am ericanos, em grande p arte devido à elevada prevalência de h ipertensão nos g ru pos etários m ais avançados e à sobrevida m ais longa das m ulheres. A hipertensão sistólica isolada acom ete 30% das m ulheres de > 60 anos de idade. Os horm ônios sexuais afetam a pressão arterial. Tanto as m ulheres norm otensas quanto as h ipertensas apresentam níveis de pressão arterial m ais altos durante a fase folicular do que durante a fase lútea. No N urses H ealth Study, o risco relativo de hipertensão foi de 1,8 em usuárias de contraceptivos orais, m as esse risco é m enor com as preparações m ais recentes de contraceptivos de baixa dose. A T H não está associada a hipertensão. E ntre as causas secundárias de hipertensão, há um a preponderância fem inina de displasia fibrom uscular da artéria renal.
Os benefícios do tratam e n to da hip erten são têm sido notáveis tanto em m ulheres quanto em hom ens. U m a m etanálise dos efeitos do tratam en to da hipertensão, o Individual D ata A nalysis o f Antihypertensive Intervention Trial, constatou u m a redução do risco de acidente vascular encefálico e de eventos cardiovasculares nas m ulheres. A eficácia de vários agentes anti-hipertensivos parece ser com parável em am bos os sexos; todavia, as m ulheres podem apresen tar m ais efeitos colaterais. Por exemplo, elas são m ais propensas a ter tosse com inibidores da enzim a conversora de angiotensina.
■ DOENÇAS AUT0IMUNES (Ver tam b é m C ap. 318.) A m aio ria das doenças autoim unes é m ais c o m u m em m ulheres do que em ho m en s, in clu in d o d oenças a u to im u n es da tireoide e do fígado, lúpus, a rtrite re u m ato id e (AR), escleroderm ia, esclerose m ú ltip la (EM ) e p ú rp u ra tro m b o cito p ên ica idiopática. E n tre tan to , n ã o h á q u a lq u e r d iferença sexual n a incidência de D M tipo 1, e a e spondilite a nquilosante o co rre m ais com um ente em hom ens. Existem relativam ente poucas diferenças nas taxas de infecção b acterian a en tre h o m en s e m ulheres. Em ge ral, as diferenças en tre os sexos o bservadas em d oenças virais p o dem ser explicadas p o r diferenças de c o m p o rtam e n to , tais com o a exposição ou taxas de im unização. R elataram -se d iferenças entre os sexos tan to nas respostas im unes qu an to nas reações adversas a va cinas. Por exem plo, v erifica-se u m p re d o m ín io fem inino de artrite após vacinação. C ontudo, os m ecanism os im plicados nessas diferenças entre um e outro sexo perm anecem obscuros. As respostas im unes adaptativas são m ais potentes nas m ulheres do que nos hom ens, o que pode ser explicado pelas ações estim uladoras dos estrogênios e pelas ações inibitórias dos androgênios sobre os m ediadores celulares da im uni dade. Em concordância com o papel im p o rtan te dos horm ônios gonadais, observa-se um a variação das respostas im unes d urante o ciclo m enstruai, e a atividade de certas doenças autoim unes é alterada pela castração ou gravidez (p. ex., AR e EM podem rem itir durante a gra videz). Não obstante, a m aioria dos estudos realizados m ostra que os estrogênios e as progestinas exógenos, em form a de T H ou de contra ceptivos orais, não alteram a incidência ou atividade das doenças au toim unes. Especulou-se que a exposição a antígenos fetais, incluindo células fetais circulantes que p ersistem em certos tecidos, aum entaria o risco de respostas autoim unes. D ecerto existe um com ponente ge nético im portante na autoim unidade, conform e indicado pela agre gação fam iliar e associação de m uitas dessas doenças ao HLA. No entanto, os tipos HLA não são sexualm ente dim órficos.
Saúde da Mulher
em m ulheres com DAC estabelecida, tom avam betabloqueadores, e apenas 45% recebiam agentes hipolipêm icos. As diferenças sexuais na prevalência de DAC, os efeitos biológi cos benéficos do estradiol no sistem a cardiovascular e o risco reduzi do de DAC em estudos observacionais de m ulheres que recebem TH levaram ao uso dissem inado de T H para a prevenção de DAC. E ntre tanto, a W H I, que estudou mais de 16.000 m ulheres sob uso de EEC mais AM P ou placebo e mais de 10.000 m ulheres com histerectom ia apenas sob uso de EEC ou placebo, não dem onstrou benefício da TH para a prevenção prim ária ou secundária de DAC. Além disso, o uso de EEC m ais AM P foi associado a um aum ento do risco para DAC, particularm ente no prim eiro ano da terapia, enquanto o EEC isola dam ente não aum entou nem reduziu o risco para DAC. Tanto EEC com o AM P e EEC isolado foram associados a u m aum ento do risco de AVE isquêmico. Não houve evidências de efeitos cardioprotetores dos estrogênios em estudos random izados m enores que usaram es tradiol oral ou transdérm ico, opondo-se à hipótese de que o tipo de estrogênio ou sua via de adm inistração eram responsáveis pela au sência da redução de risco de DAC. Na W H I, houve um a sugestão de redução do risco de DAC em m ulheres que iniciaram TH perto da m enopausa. Este achado sugere que a época na qual a TH é iniciada é crucial para a cardioproteção, sendo compatível com a “hipótese da sincronização”. De acordo com esta hipótese, a T H tem efeitos diferenciais, d ependendo do estágio da aterosclerose; os efeitos adversos são observados com lesões avan çadas, instáveis. Tal hipótese está sob investigação em estudos clíni cos random izados, p o r exemplo, o Kronos Early Estrogen Prevention Study (KEEPS). E im portante observar que não há redução no risco de AVE isquêm ico quando T H é iniciada p erto da m enopausa. A T H é discutida em mais detalhes no Cap. 348.
■ INFECÇÃO PELO HIV (Ver tam bém Cap. 189.) As m ulheres representam quase 50% dos 40 m ilhões de pessoas infectadas pelo HIV-1 em todo o m undo. A Aids é um a causa im portante de m orte em m ulheres jovens (Fig. 6.1). O contato heterossexual com um parceiro de risco constitui a categoria de transm issão de crescim ento m ais rápido, e as m ulheres são mais suscetíveis à infecção pelo H IV que os hom ens. Este aum ento da suscetibilidade ocorre em parte devido a um aum ento da prevalência de doenças sexualm ente transm issíveis nas m ulheres. Alguns estudos sugeriram que os contraceptivos horm onais p odem aum entar o risco de transm issão do HIV. D em onstrou-se que a progesterona aum en ta a suscetibilidade à infecção pelo H IV em m odelos prim atas não hum anos. As m ulheres tam bém têm m aior probabilidade de serem infectadas p o r m últiplas variantes do vírus em com paração com os hom ens. As m ulheres infectadas pelo H IV apresentam reduções mais rápidas das contagens de células CD4 do que os hom ens. Em com pa ração com os hom ens, as m ulheres infectadas pelo HIV desenvolvem m ais frequentem ente candidíase, porém o sarcom a de Kaposi é m e nos com um nelas do que nos hom ens. As m ulheres têm m ais reações adversas, com o lipodistrofia, dislipidem ia e erupção cutânea, com te rapia antirretroviral do que os hom ens. Essa observação é explicada em parte p or diferenças sexuais na farm acocinética de determ inados fárm acos antirretrovirais, resultando em concentrações plasm áticas mais altas em m ulheres.
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■ OBESIDADE (Ver tam bém Cap. 78.) A prevalência de obesidade é m aior nas m u lheres do que nos hom ens. Além disso> m ais de 80% dos pacientes subm etidos a cirurgia b ariátrica são m ulheres. A gravidez e m e nopausa são fatores de risco para obesidade. Há diferenças sexuais im portantes n a distribuição da g ordura corporal. As m ulheres caracteristicam ente apresentam um a distribuição de g o rd u ra glútea e fem oral ou de padrão ginoide, enquanto os hom ens apresentam um padrão central ou androide. As m ulheres têm m ais gordura subcutânea do que os hom ens. Os esteroides gonadais parecem ser os principais reguladores da distribuição de gordura p o r m eio de vários efeitos diretos no tecido adiposo. E studos em seres hum anos tam bém sugerem que os esteroides gonadais desem penham um papel na m o dulação da ingestão de alim entos e no consum o de energia. Nos hom ens e m ulheres, a obesidade na parte superior do corpo, caracterizada p o r aum ento de gordura visceral, está associada a um aum ento do risco de doença cardiovascular e DM. Nas m ulheres, os níveis de androgênio endógeno são positivam ente associados a o b e sidade na parte superior do corpo, e a adm inistração de androgênios aum enta a gordura visceral. Em contrapartida, há um a relação in versa entre níveis de androgênio endógeno e obesidade central nos hom ens. Além disso, a adm inistração de androgênio reduz a gordura visceral em hom ens com obesidade central. As razões para tais d i ferenças entre os sexos, na relação entre gordura visceral e a n d ro gênios, são desconhecidas. A obesidade aum enta o risco da m ulher para determ inados cânceres, em particular os cânceres de m am a e de endom étrio pós-m enopausa, em p arte porque o tecido adiposo for nece um a fonte extragonadal de estrogênio p o r meio da arom atização dos androgênios suprarrenais e gonadais circulantes, especialm ente a conversão de androstenediona em estrona. A obesidade aum enta o risco de infertilidade, abortam ento e com plicações da gravidez.
■ OSTEOPOROSE (Ver tam b é m Cap. 354.) A osteoporose é cerca de cinco vezes m ais com um nas m ulheres pós-m enopausa do que nos h om ens da m es m a idade, sendo as fratu ras de q u a d ril o ste o p o ró tic o a prin cip al causa de m o rb id a d e em m ulheres idosas. O s h o m en s acu m u lam m ais m assa óssea e p erd em osso m ais len ta m e n te do que as m u lheres. São observadas diferenças en tre os sexos na m assa óssea desde a lactância. A ingestão de cálcio, a v ita m in a D e o estrogê nio desem penham papéis im portantes na form ação e p erda ósseas. E specialm ente d u ra n te a adolescência, a ingestão de cálcio é um de te rm in a n te im p o rta n te da m assa óssea m áxim a. A deficiência de vitam ina D é su rp reen d en tem en te co m u m em m ulheres idosas, o co rren d o em > 40% das m ulheres que vivem n o H em isfério N or te. Foram identificados receptores de estrogênios e de androgênios n o osso. A deficiência de estrogênio está associada a u m a u m e n to da atividade dos osteoclastos e redução do n ú m ero de unidades fo rm ad o ras de osso, resultando em p erda óssea efetiva. A enzim a arom atase, que converte androgênios em estrogênios, tam bém está presente no osso. O estrogênio é um d e te rm in a n te im p o rta n te da m assa óssea nos h om ens (derivado da arom atização dos a ndrogê nios) bem com o nas m ulheres.
■ FARMACOLOGIA Em m édia, as m ulheres têm m en o r peso corporal, órgãos m enores, m aior porcentagem de gordura corporal e m enos água corporal total do que os hom ens. Existem tam bém im portantes diferenças entre os sexos na ação e no m etabolism o dos fárm acos, que não podem ser explicadas p o r essas diferenças n o tam a n h o ou na com posição do corpo. Os esteroides gonadais alteram a ligação e o m etabolism o de vários fárm acos. Além disso, a fase do ciclo m en stru ai e a gravidez podem alterar a ação dos m edicam entos. C erca de 66% dos casos, induzidos p o r fárm acos, de torsades des pointes, u m a arritm ia rara e am eaçadora da vida, ocorrem em m ulheres porque elas têm um intervalo QT m ais longo e m ais vulnerável. Esses fárm acos, que in cluem determ inados anti-histam ínicos, antibióticos, antiarrítm icos e
antipsicóticos, po d em prolongar a repolarização cardíaca por m eio dos canais de potássio com acesso de voltagem , particularm ente IKr. As m ulheres necessitam de doses m ais baixas de neurolépticos para controlar a esquizofrenia. Elas acordam da anestesia m ais rápido do que os hom ens após receberem as m esm as doses de anestésicos. T am bém tom am m ais m edicação do que os hom ens, incluindo for m ulações e suplem entos adquiridos sem receita m édica. O m aior uso de fárm acos associado a essas diferenças biológicas pode explicar a frequência m ais alta relatada de reações m edicam entosas adversas nas m ulheres em com paração com os hom ens.
■ TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS (Ver tam b é m Cap. 391.) A depressão, a ansiedade bem com o os transtornos afetivos e alim entares (bulim ia e anorexia) são mais co m uns em m ulheres do que em hom ens. Estudos epidem iológicos, realizados em países desenvolvidos e em países em desenvolvimento, constataram repetidam ente que a depressão m aior é duas vezes mais com um em m ulheres, e essa diferença sexual evidencia-se no início da adolescência. O corre depressão em 10% das m ulheres grávidas e em 10 a 15% das m ulheres no puerpério. Existe alta probabilidade de recidiva da depressão puerperal em gestações subsequentes. A in cidência de depressão m aior d im inui depois dos 45 anos de idade e não aum enta com o início da m enopausa. A depressão fem inina parece ter um prognóstico m ais grave do que a depressão m asculina; os episódios são de m aior duração, e verifica-se um a taxa mais baixa de rem issão espontânea. A esquizofrenia e os transtornos bipolares ocorrem com frequência igual nos dois sexos, em bora possa haver diferenças sexuais nos sintom as. O s fatores biológicos e sociais são responsáveis pela m aior prevalência de tran sto rn o s depressivos nas m ulheres. Os hom ens apresentam níveis m ais elevados do n e u ro tra n sm isso r serotonina. O s esteroides gonadais tam b ém afetam o hum or, e as flutuações observadas du ran te o ciclo m en stru a i foram associadas a sintom as da tensão pré-m enstrual. O s h o rm ô n io s sexuais afetam de m an ei ra diferente as respostas hipotalâm ico -h ip o fisário -su p rarren ais ao estresse. A testosterona parece e m b o tar as respostas do cortisol ao h o rm ô n io de liberação da c o rtico tro p in a. T anto os níveis baixos com o os altos de estrogênio p o d e m ativar o eixo hipotalâm ico-hipofisário-suprarrenal.
■ DISTÚRBIOS DO SONO (Ver tam b ém Cap. 27.) H á diferenças sexuais notáveis no sono e seus distúrbios. D urante o sono, as m ulheres têm um aum ento da quan tidade de atividade das ondas lentas, diferenças na sincronização da atividade delta e um aum ento no núm ero de fusos do sono. A testos terona m o d u la o controle neural da respiração e a m ecânica da via respiratória superior. Os hom ens têm m aior prevalência de apneia do sono. A adm inistração de testosterona n os hom ens hipogonadais, assim com o nas m ulheres, aum enta os episódios apneicos durante o sono. As m ulheres com distúrbio hiperandrogênico, síndrom e do ovário policístico, têm aum ento da prevalência da apneia obstrutiva do sono, e os episódios apneicos são positivam ente correlaciona dos com seus níveis circulantes de testosterona. Em contrapartida, a progesterona acelera a respiração, e, n o passado, as progestinas eram usadas para o tratam ento da apneia do sono.
■ USO ABUSIVO DE SUBSTÂNCIAS E TABACO (Ver tam b ém Caps. 392 e 395.) O uso abusivo de substâncias é mais com um em hom ens do que em m ulheres. E ntretanto, 33% dos norte-am ericanos que sofrem de alcoolism o são m ulheres. As m ulheres alcoolistas apresentam m enor probabilidade de terem seu m al diag nosticado do que os hom ens. U m a proporção m aior de hom ens do que de m ulheres p rocura ajuda devido ao uso abusivo de álcool e de substâncias. Os hom ens são m ais propensos a pro cu rar um a institui ção para tratam ento pelo uso abusivo de álcool ou drogas, enquanto as m ulheres tendem a solicitar a ajuda de um m édico de assistência prim ária ou um profissional de saúde m ental sob o disfarce de um
problem a psicossocial. O alcoolism o em um a idade m ais avançada é m ais com um em m ulheres do que em hom ens. Em m édia, as m u lheres alcoolistas bebem m enos do que os hom ens alcoolistas, porém exibem o m esm o grau de com prom etim ento. Os níveis sanguíneos de álcool são mais elevados nas m ulheres do que nos hom ens após a ingestão de quantidades equivalentes de álcool ajustadas para o peso corporal. Essa m aior biodisponibilidade do álcool nas m ulheres d e ve-se ao m enor volum e de distribuição e m etabolism o gástrico mais lento do álcool em virtude da atividade m ais baixa da álcool desi drogenase gástrica nas m ulheres em com paração com os hom ens. Além disso, as m ulheres alcoolistas têm m aior propensão a fazer uso abusivo de tranquilizantes, sedativos e anfetam inas. Essas m ulheres apresentam m aior taxa de m ortalidade do que as m ulheres não alco olistas e os hom ens alcoolistas. As m ulheres tam bém parecem m a nifestar hepatopatia alcoólica e outras doenças relacionadas com o álcool após um m enor período de alcoolism o e com níveis inferiores de consum o de álcool. O uso abusivo de álcool tam bém apresenta riscos especiais a um a mulher, prejudicando a fertilidade e a saúde do bebê (síndrom e alcoólica fetal). Nas m ulheres, m esm o o uso m odera do de álcool eleva o risco de câncer de m am a, hipertensão e acidente vascular encefálico. O núm ero de fum antes é m aior entre hom ens do que entre m u lheres, porém a prevalência do tabagism o está declinando m ais ra pidam ente nos prim eiros. O tabagism o aum enta acentuadam ente o risco de doença cardiovascular em m ulheres antes da m enopausa e está associado a um a redução na idade da m enopausa. As m ulheres fum antes são mais propensas a ter doença pulm onar obstrutiva crô nica e câncer de pulm ão do que os hom ens, e com níveis mais baixos de exposição ao tabaco.
-m arido ou p o r um h om em conhecido do que p o r u m estranho. A violência dom éstica p ode constituir um aspecto não reconhecido de certas m anifestações clínicas, com o d or abdom inal crônica, cefaleias, uso abusivo de substâncias e transtornos alim entares, além das m ani festações m ais óbvias, com o traum atism o.
■ VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
U tia n W H et al: Estrogen and progestogen use in postmenopausal women: July 2008 position statement of the N orth American Menopause Society. Menopause 15:584, 2008
CAPÍ TULO
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Distúrbios Clínicos D u ra n te ^ Gravidez Robert L. Barbieri John T. Repke A cada ano, ocorrem cerca de 4 m ilhões de nascim entos nos EUA e m ais de 130 m ilhões em todo o m undo. U m a proporção signifi cativa deles é com plicada p or distúrbios clínicos. No passado, m u i tas afecções contraindicavam a gravidez. Os avanços em obstetrícia, neonatologia, anestesiologia obstétrica e m edicina aum entaram as expectativas de que a gravidez pode levar a resultados positivos para a mãe e o feto, apesar da m aioria dessas afecções. Uma gestação bem -sucedida exige adaptações fisiológicas im portantes, com o aum ento acentuado do débito cardíaco. Os problem as clínicos que interferem nas adaptações fisiológicas da gravidez elevam o risco de um resul tado insatisfatório; p or outro lado, em alguns casos a gravidez pode agravar um distúrbio clínico subjacente.
BIBLIOGRAFIA C h h is tia n AH et al: Nine-year trends and racial and ethnic disparities in womerís awareness of heart disease and stroke: An American Heart Association national study. J Womens Health (Larchmt) 16:68,2007 M osca L et al: National study of physician awareness and adherence to car diovascular disease prevention guidelines. Circulation 111:499,2005 P r e n tic e RL et al: Benefits and risks of postm enopausal horm one therapy when it is initiated soon after menopause. Am J Epidemiol 170:12, 2009
Distúrbios Clínicos Durante a Gravidez
A violência dom éstica é a causa m ais com um de lesão física em m u lheres, ultrapassando a incidência com binada de todos os outros tipos de lesão (com o estupro, roubo com agressão e acidentes auto m obilísticos). O ataque sexual é um dos crim es m ais com uns contra m ulheres. Um a em cada cinco m ulheres adultas nos EUA relata ter sofrido um ataque sexual d urante a sua vida. As m ulheres adultas têm m aior probabilidade de serem estupradas pelo m arido, pelo ex-
RESUMO A saúde d a m u lh er é hoje um a disciplina estabelecida, e reconhece-se a im p o rtâ n cia das diferenças en tre os sexos nos processos b io lógicos. H ouve um a redução notável n a taxa excessiva de m o rta li dade em d ecorrência de in farto do m io c á rd io em m ulheres m ais jovens. E ntretanto, percepções errôneas contínuas sobre o risco de doença não apenas entre m elhores m as tam bém entre seus m édicos resultam em atenção in ad e q u ad a a fatores de risco m odificáveis. As pesquisas sobre os m ecanism os fu n d am en tais dessas diferenças sexuais irão fornecer insights biológicos im p o rtan tes. Além disso, esses insights terão um im p acto ta n to n a saúde fe m in in a com o tam bém na m asculina.
Rossouw JE et al: Postmenopausal horm one therapy and risk of cardiovascu lar disease by age and years since menopause. JAMA 297:1465,2007
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HIPERTENSÃO ARTERIAL (Ver tam b é m Cap. 247.) N a gravidez, o débito cardíaco aum enta 40%, a m aior parte devido a um aum ento do volum e sistólico. A fre quência cardíaca aum enta cerca de 10 bpm d urante o terceiro trim es tre. No segundo trim estre, a resistência vascular sistêm ica dim inui, o que acarreta queda da pressão arterial. D urante a gestação, a pressão arterial de 140/90 m m H g é considerada anorm alm ente elevada e está associada a aum ento da m orbidade e m ortalidade perinatais. Em to das as m ulheres grávidas, deve-se m edir a pressão arterial na posi ção sentada, porque a posição em decúbito lateral pode resultar em pressão arterial m ais baixa que a registrada na posição sentada. O diagnóstico de hipertensão requer a m edição de dois valores elevados com um intervalo m ínim o de 6 horas. A hipertensão durante a gra videz geralm ente é causada p o r pré-eclâm psia, hipertensão crônica, hipertensão gestacional ou doença renal.
■ PRÉ-ECLÂMPSIA A proxim adam ente 5 a 7% do total de m ulheres grávidas apresentam pré-eclâmpsia, o início recente de h ip erten são (pressão arterial > 140/90 m m H g) e proteinúria (> 300 m g d urante 24 h) após 20 sem a nas de gestação. E m bora ainda se desconheça a fisiopatologia da pré-eclâmpsia, estudos recentes m ostram produção placentária excessi va de antagonistas do fator de crescim ento epitelial vascular (VEGF)
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VI
Introdução à Medicina Clínica
(tirosinoquinase 1 solúvel sem elhante a fm s e sflt-1) e fator de cres cim ento transform ador (3 (TGF-(3) (endoglina). Esses antagonistas ao VEGF e TGF-(3 desequilibram a função endotelial e glom erular renal resultando em edema, hipertensão e proteinúria. A caracterís tica histológica renal da pré-eclâm psia é endoteliose glom erular. As células endoteliais glom erulares dem onstram tum efação e obliteram a luz vascular. A pré-eclâm psia está associada a anorm alidades da autorregulação circulatória cerebral, o que aum enta o risco de acidente vascular encefálico (AVE) em níveis de pressão arterial quase n o r mais. Os fatores de risco para o desenvolvim ento de pré-eclâm psia incluem nuliparidade, diabetes m elito, história de doença renal ou hipertensão crônica, história prévia de pré-eclâm psia, extrem os etá rios m aternos (> 35 anos ou < 15 anos), obesidade, síndrom e dos anticorpos antifosfolipídios e gestação m últipla. Pré-eclâmpsia grave é a presença de hipertensão de início recente e proteinúria acom panhadas de lesão de órgão final. As m anifesta ções podem incluir elevação acentuada da pressão arterial (> 160/110 m m H g), proteinúria grave (> 5 g/24 h) ou evidências de disfunção do sistem a nervoso central (SNC) (cefaleia, visão turva, convulsões, com a), disfunção renal (oligúria ou creatinina > 1 ,5 m g/dL), edem a pulm onar, lesão hepatocelular (ALT > 2x o lim ite superior do n o r m al), disfunção hem atológica (contagem p laquetária < 100.000/L ou coagulação intravascular dissem inada) ou disfunção placentária (oligohidrâm inio ou restrição do crescim ento intrauterino grave). A síndrom e HELLP (hemólise, enzim as hepáticas elevadas e plaquetas baixas) é um subgrupo especial da pré-eclâm psia grave e causa im p o rtante de m orbidade e m ortalidade nessa doença. A presença de disfunção plaquetária e distúrbios da coagulação aum enta ainda mais o risco de AVE.
TRATAMENTO
Pré-eclâmpsia
A pré-eclâm p sia desaparece algum as se m an a s após o parto . Para m ulheres gravidas com pré-eclâm psia antes de 37 sem anas de gestação, o p a rto reduz a m o rb id a d e da m ãe m as expõe o feto ao risco de nascim ento p rem atu ro . O tra ta m e n to da pré-eclâm psia é desafiador porque exige que o m édico equilibre a saúde da m ãe e do feto sim ultaneam ente. Em geral, antes do ter m o, as m ulheres com pré-eclâm psia branda p o d e m ser tratadas de m aneira conservadora com repouso no leito, m on ito ram en to rigoroso da pressão arterial e da função ren al e vigilância fetal cuidadosa. P ara m ulheres com p ré-eclâm psia grave, o p a rto é re co m en d ad o a m en o s que a p aciente seja elegível p ara tra ta m en to ex p ectan te em um h o sp ital de c u id a d o s terciários. O tratam e n to expectante de pré-eclâm psia grave longe do term o confere alguns benefícios p ara o feto m as riscos significativos para a mãe. O tratam ento definitivo da pré-eclâm psia é o parto do feto e da placenta. Para as m ulheres com pré-eclâm psia grave, o tra ta m ento agressivo de pressões arteriais > 160/110 m m H g reduz o risco de AVE. O labetalol ou a hidralazina intravenosa são os fár m acos mais com um ente usados para tratar a pré-eclâm psia, m as o labetalol pode ser associado a m enos episódios de hipotensão m aterna. A nifedipina tam bém é com um ente usada na gravidez. Um a pressão arterial elevada deve ser reduzida lentam ente para evitar hipotensão e dim inuição do fluxo sanguíneo para o feto. Os inibidores da enzim a conversora da angiotensina (ECA) e os bloqueadores do receptor da angiotensina devem ser evitados no segundo e no terceiro trim estres da gravidez, devido aos seus efei tos adversos sobre o desenvolvim ento fetal. O sulfato de m agnésio é o agente de escolha p ara a prev en ção e o tratam en to das convulsões da eclâm psia. G randes e stu dos clínicos rand o m izad o s d e m o n stra ram a su p e rio rid a d e do sulfato de m agnésio sobre a fenitoína e o diazepam e a eficácia do sulfato de m agnésio na redução do risco de crise convulsiva
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e possivelm ente do risco de m o rte m aterna. O m agnésio pode evitar as convulsões interagindo com os receptores do N -m etil-d-aspartato (N M D A ) no SNC. D ada a dificuldade em prever as convulsões da eclâm psia com base na gravidade da doença, um a vez to m ad a a decisão de realizar o parto, a m aioria das p a cien tes diagnosticadas com pré-eclâm psia devem ser tratadas com sulfato de m agnésio. As m ulheres que tiveram pré-eclâm psia p a recem ter risco au m e n tad o de doença cardiovascular e doença renal m ais tarde na vida.
■ HIPERTENSÃO ESSENCIAL CRÔNICA A gravidez com plicada p o r h ip erten são essencial crônica está as sociada à restrição do crescim ento intrauterino e aum ento da m o r talidade p erinatal. As m ulheres grávidas com hipertensão crônica c o rrem m aio r risco de pré-eclâm psia superposta e descolam ento p re m a tu ro da placenta. As m ulheres com hipertensão crônica d e vem ser subm etidas a avaliação m inuciosa antes da gravidez a fim de identificar as causas rem ediáveis de hipertensão e g arantir que os anti-hipertensivos prescritos não acarretem um resultado adver so da gestação (p. ex., inibidores da ECA, bloqueadores do receptor da angiotensina). A a -m e tild o p a , o labetalol e a nifedipina são os m ed icam en to s m ais c o m u m en te usados no tratam en to da h ip e r tensão crônica na gravidez. A a -m e tild o p a é um fárm aco anti-hip ertensivo relativam ente fraco, m as tem um registro longo de uso seguro na gravidez. C om o desenvolvim ento de anti-hipertensivos m ais recentes, tam b é m com registros longos de uso seguro na g ra videz, e com a m elh o ria dos m étodos de vigilância fetal, não m ais recom endam os a -m etild o p a com o terapia de prim eira lin h a para o tratam e n to de h ip erten são crônica. A avaliação inicial da função renal é necessária p a ra ajudar a diferenciar os efeitos da h ip e rte n são crônica versus a pré-eclâm psia superposta, caso a hip erten são piore du ran te a gestação. N ão existem dados convincentes d em o n s tran d o que o tratam en to da hipertensão crônica leve m elhore o re sultado perinatal.
■ HIPERTENSÃO GESTACIONAL E o surgim ento de pressão arterial elevada durante a gravidez ou nas prim eiras 24 horas após o parto na ausência de hipertensão c rô n i ca preexistente ou proteinúria. A hipertensão gestacional leve sem com plicações que não evolui para pré-eclâm psia não está associada a resultados adversos da gestação nem a prognóstico desfavorável de longo prazo.
DOENÇAS RENAIS (Ver ta m b é m C aps. 278 e 286.) A gravidez norm al caracteriza-se p o r au m en to da taxa de filtração glom erular e da depuração de creatinina, o que d eco rre da elevação do fluxo plasm ático renal e do aum ento das pressões de filtração glom erular. As pacientes com doença renal subjacente e h ipertensão podem ter um a piora desta últim a du ran te a gravidez. Caso sobrevenha pré-eclâm psia, a lesão endotelial adicional resulta em um a síndrom e de extravasam ento capilar que p ode dificultar o tratam ento. Em geral, as pacientes com doença renal subjacente e h ipertensão beneflciam -se de u m tra ta m en to agressivo da pressão arterial. O aconselham ento pré-concepção tam bém é essencial para essas pacientes, de m odo que um a avaliação precisa do risco e alterações da m edicação possam ocorrer antes da gravidez. E m geral, um nível sérico de creatinina antes da gravidez < 1 3 3 |xm ol/L (< 1,5 m g/dL) está associado a prognóstico favorável. Q u a n d o a d o e n ça renal se agrava durante a gestação, a estreita colaboração entre o clínico geral e o especialista em m e d i cina m aternofetal é essencial para que as decisões acerca do p arto sejam p o nderadas no contexto das seqüelas da prem aturidade para o neonato versus as seqüelas de longo prazo para a mãe, no que diz respeito à função renal futura.
CARDIOPATIA ■ CARDIOPATIA VALVAR (Ver tam bém Cap. 237.) Este é o problem a cardíaco m ais com um na com plicação da gravidez.
Estenose mitral
Insuficiências mitral e aórtica e estenose C ostum am ser bem toleradas durante a gestação. A redução da resis tência vascular sistêmica induzida pela gravidez dim inui o risco de insuficiência cardíaca com esses distúrbios. C om o regra, o prolapso de valva m itral não acarreta problem as para a paciente grávida, e a estenose aórtica, se não for m uito grave, tam bém é bem tolerada. Nos casos m ais graves de estenose aórtica, pode-se indicar lim itação da atividade ou valvoplastia com balão.
■ CARDIOPATIA CONGÊNITA (Ver ta m b é m Cap. 236.) A presença de lesão cardíaca congênita na m ãe eleva o risco de cardiopatia congênita no recém -nascido. R ecom enda-se a triagem pré-natal do feto para cardiopatia congê n ita com ultrassonografia. A com unicação in teratrial ou interventricular em geral é bem tolerada d u ran te a gestação n a ausência de hipertensão pulm onar, desde que o estado cardíaco pré-gestacional da m u lh er seja favorável. R ecom enda-se o uso de filtros de ar em equipos intravenosos du ran te o trabalho de parto em pacientes com shunts intracardíacos.
Hipertensão pulmonar (Ver tam b é m Cap. 250.) A m o rta lid a d e m atern a no contexto de hipertensão p ulm onar grave é alta, e a gravidez é contraindicada na hipertensão pulm onar prim ária. A interrupção da gravidez pode ser recom endável nessas circunstâncias p ara preservar a vida da m ãe. N a síndrom e de Eisenm enger, isto é, a com binação de hipertensão pulm onar com shunt direita-esquerda devido a anorm alidades co n gênitas (Cap. 236), a m orte da m ãe e do feto é freqüente. Pode ocor rer hipotensão sistêmica após perda sanguínea, m anobra de Valsalva prolongada ou anestesia regional; a m orte súbita secundária a h ip o tensão é um a com plicação tem ida. O tratam ento dessas pacientes é desafiador, e recom enda-se m onitoração hem odinâm ica invasiva d u rante o trabalho de parto nos casos graves. Em pacientes com hipertensão pulm onar, o p arto vaginal é m e nos estressante do ponto de vista h em odinâm ico que a cesariana, a qual deve ser reservada às indicações obstétricas aceitas.
TROMBOSE VENOSA PROFUNDA E EMBOLIA PULMONAR
Distúrbios Clínicos Durante a Gravidez
É a doença valvar que apresenta m aior probabilidade de causar m o r te durante a gravidez. O aum ento induzido pela gravidez do volum e sanguíneo, débito cardíaco e taquicardia pode elevar o gradiente de pressão transm itral e causar edem a pu lm o n ar em m ulheres com es tenose m itral. A gravidez associada a estenose m itral de longa data pode resultar em hipertensão pulm onar. Foi descrita m orte súbita quando ocorre hipovolem ia. Um controle cuidadoso da frequência cardíaca, especialm ente durante o trabalho de parto, m inora o im pacto da taquicardia e dos tem pos de enchim ento ventricular red u zidos sobre a função cardíaca. As m ulheres grávidas com estenose m itral correm m aior risco de fibrilação atrial e outras taquiarritm ias. Recom enda-se o tratam ento clínico da estenose m itral grave e da fi brilação atrial com digoxina e betabloqueadores. A valvotom ia com balão pode ser realizada durante a gravidez. O perío d o pós-parto im ediato é um tem po de especial preocupação secundária a m u d an ças rápidas de volume. O m onitoram ento cuidadoso do estado car díaco e hídrico deve ser observado.
m ulheres grávidas com sín d ro m e de M arfan apresentam m anifes tação cardiovascular significativa d u ran te a gravidez, e quase todas as m ulheres sobrevivem . U m d iâm e tro da raiz aó rtica < 40 m m é considerado associado a u m resultado favorável da gravidez. Preconizou-se a terapia profllática com betabloqueadores, em b o ra n ão se ten h am realizado estudos clínicos em grande escala na gestação. A síndrom e de E hlers-D anlos (SED) po d e estar associada a trabalho de p a rto p re m a tu ro e n a SED do tip o IV há aum ento do risco de ru p tu ra uterina.
(Ver tam bém Cap. 262.) Um estado de hipercoagulabilidade é típico da gravidez, e a trom bose venosa profunda (TVP) ocorre em cerca de 1 em cada 2.000 gestações. A gravidez está associada a um aum ento de pró-coagulantes com o os fatores V e V II e um a redução da ativi dade anticoagulante, com o proteínas C e S. A em bolia pu lm o n ar é um a das causas m ais com uns de m o rte m atern a nos EUA. Em m u lheres grávidas, a TV P é bem m ais com um na perna esquerda do que na direita devido a com pressão da veia ilíaca esquerda pela artéria ilíaca e pelo útero. A resistência à proteína C ativada, causada pela m u tação do fator V de Leiden, eleva o risco de TV P e em bolia pulm onar durante a gestação. C erca de 25% das m ulheres com T V P durante a gravidez possuem o alelo do fator V de Leiden. O utras m utações genéticas associadas à T V P du ran te a gravidez incluem a m utação G20210A da protrom bina (heterozigotos e hom ozigotos) e a m utação C677T da m etilenotetraidrofolato redutase (hom ozigotos).
■ OUTRAS CARDIOPATIAS A taquicardia supraventricular (Cap. 233) é u m a com plicação car díaca com um da gravidez. O tratam ento é igual ao da paciente não grávida, e a tolerância fetal a m edicam entos com o a adenosina e blo queadores dos canais de cálcio é aceitável. Q uando necessário, pode-se realizar cardioversão farm acológica ou elétrica para m elhorar o desem penho cardíaco e reduzir os sintom as. Isso em geral é bem to lerado pela m ãe e pelo feto. A m io card io p atia p e rip a rto (C ap. 238) é u m d istú rb io in c o m um da gravidez associado a m iocardite, e sua etiologia perm anece desconhecida. O tratam en to visa ao alívio sintom ático e à m elh o ra da função cardíaca. M uitas pacientes recu p eram -se totalm ente; o utras perm anecem com m iocardiopatia d ilatada progressiva. Relatou-se recorrência em gestação subsequente, devendo-se aconse lh ar as m ulheres que não têm função ven tricu lar esquerda norm al no m om ento basal após um episódio de m io cardiopatia perip arto a evitarem a gravidez.
■ LESÕES CARDÍACAS ESPECÍFICAS DE ALTO RISCO Síndrome de Marfan (Ver ta m b é m Cap. 363.) É u m a d o e n ça autossôm ica dom in an te, associada ao alto risco de m o rb id ad e m atern a. C erca de 15% das
TRATAMENTO
Trombose venosa profunda
O diagnóstico e tratam en to agressivos da T V P e da suspeita de em bolia p ulm onar otim izam o resultado para a m ãe e o feto. Em geral, todas as m odalidades diagnosticas e terapêuticas oferecidas à paciente não grávida devem ser utilizadas na gravidez. A terapia anticoagulante com h ep arin a de baixo peso m olecular (HBPM ) ou heparina não fracionada está indicada às m ulheres grávidas com TVP. A HBPM pode estar associada a risco aum entado de hem atom a epidural nas m ulheres que recebem anestésico epidural no trabalho de parto. Q uatro sem anas antes do parto previsto, a HBPM deve ser m udada para h e p arin a não fracionada. A te rapia com varfarina é contraindicada no prim eiro trim estre em virtude de sua associação à condrodisplasia pontilhada (punctata) fetal. No segundo e no terceiro trim estres, a varfarina pode causar atrofia óptica e deficiência m ental fetais. Q uando a TV P ocorre no período pós-parto, a terapia com HBPM durante 7 a 10 dias pode ser seguida p or terapia com varfarina durante 3 a 6 meses. A varfarina não é contraindicada para m ulheres nutrizes. Para m u lheres com risco m oderado ou alto de TVP, a profilaxia m ecânica ou farm acológica é justificada caso elas tenham um parto cesáreo.
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DISTÚRBIOS ENDOCRINOS ■ DIABETES MELITO
Introdução à Medicina Clinica
(Ver tam bém Cap. 344.) N a gravidez, a unidade fetoplacentária induz grandes alterações m etabólicas, cuja finalidade é desviar glicose e am inoácidos para o feto, enquanto a m ãe usa corpos cetônicos e triglicerídios com o com bustível para suas necessidades m etab ó li cas. Essas alterações m etabólicas são acom panhadas de resistência m aterna à insulina, causada em p arte pela produção placentária de esteroides, um a variante do h o rm ônio do crescim ento e lactogênio placentário. E m bora tenha sido descrita com o um estado de “in a nição acelerada”, a gravidez é m ais bem caracterizada com o “cetose acelerada”. Na gestação, após jejum no tu rn o a glicose plasm ática é 0,8 a 1,1 m m ol/L (15 a 20 m g/dL) mais baixa que no estado não grávido, o que resulta do uso de glicose pelo feto. N o início da gravidez, o jejum pode acarretar concentrações de glicose circulantes na faixa de 2,2 m m ol/L (40 mg/dL) e estar associado a sintom as de hipoglicem ia. Diferente da redução da concentração m aterna de glicose, os níveis plasm áticos de hidroxibutirato e acetoacetato sobem para duas a qu a tro vezes o norm al após o jejum .
TRATAMENTO
Diabetes melito na gravidez
A gravidez com plicada po r diabetes m elito está associada a taxas de m o rbidade e m ortalid ad e m ate rn a s e pe rin a ta is m ais altas. O aconselham ento e tratam ento pré-concepção são im portantes para a paciente diabética que deseje engravidar e p o d em reduzir o risco de m alform ações congênitas bem com o m elh o rar o des fecho da gravidez. A suplem entação de folato reduz a incidência de defeitos do tu b o neu ral fetais, m ais freqüentes em fetos de m ães diabéticas. Além disso, a otim ização do co ntrole da glicem ia du ran te períodos cruciais da organogênese reduz outras anom alias congênitas, com o agenesia sacral, displasia caudal e com unicação interventricular. U m a vez estabelecida a gravidez, o controle glicêm ico deve ser m ais agressivo que no estado não grávido. Além de alterações alim entares, isso requer m onitoração m ais freqüente da glicemia e em geral abrange injeções adicionais de insulina ou conversão para bom ba de insulina. Os níveis de glicem ia em jejum devem ser m antidos < 5,8 m m ol/L (< 105 m g/dL ) sem qualquer valor acim a de 7,8 m m ol/L (140 m g/dL). A p a rtir do terceiro trim e s tre, um a vigilância regular do controle da glicem ia m atern a e avaliação do crescim ento fetal (ultrassonografia obstétrica) bem com o da oxigenação fetoplacentária (m onitoração da frequência cardíaca fetal ou perfil biofísico) otim izam o resultado da gesta ção. As pacientes diabéticas grávidas sem doença vascular correm m aior risco de dar à luz a um feto m acrossôm ico, daí a atenção ao crescim ento fetal po r m eio de exames clínicos e ultrassonográficos ser im portante. A m acrossom ia fetal está associada a m aior risco de tocotraum atism o m aterno e fetal, com o paralisia de Erb do recém -nascido. As m ulheres grávidas com diabetes estão sob risco mais alto de pré-eclâm psia, e aquelas com doença vascular apresentam m aior risco de desenvolver restrição do crescim ento intrauterino, o que eleva o risco de m orte fetal e neonatal. Resul tados excelentes da gravidez em pacientes com nefropatia diabéti ca e retinopatia proliferativa foram relatados com controle agres sivo da glicemia bem com o vigilância m aterna e fetal intensivas. O controle glicêmico pode tornar-se m ais difícil à m edida que a gravidez avança devido a um aum ento da resistência à insulina. Em virtude da dem ora da m aturação pu lm o n ar de fetos de mães diabéticas, deve-se evitar um parto prem aturo, a m enos que haja evidências bioquím icas de m aturidade pu lm o n ar fetal. Em geral, os esforços para controlar a glicem ia e evitar p arto pré-term o re sultam no m elhor desfecho global para a m ãe e o recém -nascido. Parto p ré-term o geralm ente é realizado apenas para indicações
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obstétricas usuais (p. ex., pré-eclâm psia, restrição do crescim ento fetal, teste fetal alterado) ou para piora de retinopatia renal m ater na ou proliferativa ativa.
■ DIABETES GESTACIONAL O diabetes gestacional ocorre em aproxim adam ente 4% das gesta ções. Todas as m ulheres grávidas devem subm eter-se à triagem do diabetes gestacional, a m enos que perten çam a um g rupo de baixo risco. As m ulheres de baixo risco para diabetes gestacional são aque las com idade < 25 anos, índice de m assa corporal < 25 k g/m 2, au sência de história m aterna de m acrossom ia ou diabetes gestacional, e nenhum diabético em parentes de prim eiro grau, bem com o as que não p ertencem a um g rupo étnico de alto risco (afrodescendentes, latinas, nativas norte-am ericanas). U m a estratégia típica em duas etapas para definir o diagnóstico de diabetes gestacional consiste na adm inistração de um a carga oral de 50 g de glicose com um a única m edição da glicem ia após 60 m in. Se a glicose plasm ática for < 7,8 m m ol/L (< 140 m g/dL), o teste é considerado norm al. U m a glicose plasm ática > 7,8 m m ol/L (> 140 m g/dL) justifica a adm inistração de carga oral de 100 g de glicose com m edições da glicem ia obtidas no estado em jejum e após 1, 2 e 3 horas. Os valores norm ais são co n centrações plasm áticas de glicose < 5,8 m m ol/L (< 105 m g/dL), 10,5 m m ol/L (190 m g/dL), 9,1 m m ol/L (165 m g/dL) e 8 m m ol/L (145 m g/ dL), respectivam ente. A lguns centros adotaram critérios m ais sen síveis, usando < 7,5 m m ol/L (< 135 m g/dL ) com o lim iar de triagem e valores de < 5,3 m m ol/L (< 95 m g/dL ), < 10 m m ol/L (< 180 m g/ dL), < 8,6 m m ol/L (< 155 m g/dL) e < 7,8 m m ol/L (< 140 m g/dL) com o norm as superiores para um exame de tolerância a glicose de 3 horas. Os desfechos adversos da gravidez para a m ãe e o feto parecem aum entar com glicose com o um a variável contínua, torn an d o desa fiador definir o lim iar ideal para estabelecim ento do diagnóstico de diabetes gestacional. M ulheres grávidas com diabetes gestacional correm m aior risco de natim ortalidade, pré-eclâm psia e de dar à luz neonatos grandes para a idade gestacional, com conseqüentes lacerações durante o par to, distócia de om bro e tocotraum atism o com o lesão do plexo braquial. Seus fetos ficam sob risco de hipoglicem ia, hiperbilirrubinem ia e policitem ia. O controle rigoroso da glicemia d urante a gravidez e o parto pode reduzir esses riscos.
TRATAMENTO
Diabetes gestacional
O tratam ento do diabetes gestacional com u m a estratégia em duas etapas, de intervenção nutricional seguida de injeções de insuli na caso som ente a dieta não controle a glicem ia adequadam ente [glicemia em jejum < 5,6 m m ol/L (< 100 m g/dL) e glicemia pós-prandial após 2 h < 7,0 m m ol/L (< 126 m g/dL)], está associado a um a redução do risco de tocotraum atism o para o feto. Os agentes hipoglicem iantes orais com o a gliburida e m etform ina tornaram -se m ais com um ente utilizados no tratam ento de diabetes gesta cional refratário a tratam en to nutricional. Para as m ulheres com diabetes gestacional, no p eríodo de 10 anos após a gestação índice há um risco de 40% de serem diagnosticadas com diabetes. Nas m ulheres com história de diabetes gestacional, exercício, perda de peso e tratam ento com m etform ina reduzem o risco de desenvol vim ento de diabetes. Todas as m ulheres com história de diabetes gestacional devem ser aconselhadas sobre as estratégias de p re venção e avaliadas regularm ente para o diabetes.
OBESIDADE (Ver tam bém Cap. 378.) As m ulheres grávidas que são obesas têm um risco aum entado de natim ortalidade, m alform ações fetais congê
nitas, diabetes gestacional, pré-eclâm psia, infecções do trato urinário e partos após a data. As m ulheres que pensam em engravidar devem tentar atingir um peso saudável antes da concepção. Para m ulheres com obesidade m órbida que não foram capazes de conseguir perder peso com m udanças no estilo de vida, a cirurgia bariátrica pode re sultar em perda de peso e m elhora dos desfechos na gravidez. Após cirurgia bariátrica, as m ulheres devem esperar u m ano para conceber para evitar gravidez durante um intervalo de m udanças m etabólicas rápidas.
■ DOENÇA DA TIREOIDE
A gravidez já foi descrita com o um estado de anem ia fisiológica. Par te da redução da concentração de hem oglobina é diluidora, m as as deficiências de ferro e folato são as principais causas de anem ia cor rigível durante a gestação. N as populações de alto risco p ara hem og lo b in o p atias (Cap. 104), deve-se realizar a eletroforese de hem oglobina com o parte da triagem neonatal. As hem oglobinopatias p odem estar associadas a um aum ento da m orbidade e m ortalidade m aternas e fetais. O trata m ento deve ser ajustado à hem oglobinopatia específica, sendo geral m ente igual para as m ulheres grávidas e não grávidas. O diagnóstico pré-natal das hem oglobinopatias no feto é p rontam ente disponível e deve ser discutido com os pais prospectivos antes ou no início da gravidez. A trom bocitopenia ocorre com um ente durante a gravidez. A m aioria dos casos é de trom bocitopenias gestacionais benignas, m as o diagnóstico diferencial deve incluir a trom bocitopenia im une (Cap. 115), p ú rp u ra trom bocitopênica trom bótica e pré-eclâm psia. A tro m bocitopenia m atern a tam bém po d e ser causada p o r coagu lação intravascular dissem inada (CID ), que é um a coagulopatia de consum o caracterizada p or trom bocitopenia, tem po de p rotrom bina prolongado (PT) e tem po de trom boplastina parcial ativada (TTPa), produtos de degradação da fibrina elevados e baixa concentração de fibrinogênio. Vários eventos obstétricos catastróficos estão associa dos ao desenvolvim ento de CID, com o retenção de feto m orto, sepse, descolam ento prem aturo da placenta e em bolia de líquido amniótico.
DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS TRATAMENTO
Hipertireoidismo na gravidez
O h ip e rtire o id ism o na gravidez deve ser avaliado e tra ta d o agressivam ente. É m ais c o m u m e n te c au sad o p o r d o e n ç a de Graves, m as nódulos de fun cio n am en to autônom o, d o en ça trofoblástica gestacional, tireoidite e hiperem ese gravídica tam bém devem ser considerados. O m etim azol cru za a p lacenta em g rau m aior que a propiltiouracila e está associado a aplasia cu tân ea fetal. E ntretanto, o p ropiltiouracil p o d e ser associado a in su fi ciência hepática. A lguns especialistas reco m en d a m p ro p iltio u racil no prim eiro trim e stre e o m etim azol em seguida. O iodo radioativo não deve ser usado d u ra n te a gravidez, seja em um a cintilografia, seja no tratam ento, em virtu d e dos efeitos sobre a tireoide fetal. E m circunstâncias de em ergência, o tra ta m e n to adicional com betabloqueadores e u m a solução satu rad a de iodeto de potássio pode ser necessário. O h ip ertireo id ism o é m ais difícil de controlar no prim eiro trim e stre de gravidez e m ais fá cil no terceiro trim estre. O exam e para hipotireoidismo com uso de m ensurações do TSH antes e no início da gravidez po d e ser justificado em m u lheres sintom áticas e em m ulheres com um a história pessoal ou familiar de doença tireóidea. U sando essa abordagem de busca de casos, cerca de 30% das m ulheres gravidas com hipotireoidism o leve continuarão sem diagnóstico, levando alguns a recom endar a triagem universal. As crianças nascidas de m ulheres com TSH sérico elevado (e tiroxina total norm al) d urante a gravidez têm um desem penho deficiente em testes neuropsicológicos. O objetivo da terapia para hipotireoidism o é m an ter o TSH sérico na faixa norm al e a tiroxina é o fárm aco de escolha. D urante a gestação, a dose de tiroxina necessária para m anter o TSH na faixa norm al aum enta. Em um estudo, a dose de reposição m édia de tiroxina necessária para m anter o TSH na faixa n orm al foi de 0,1 m g/dia antes da gravidez e aum entou para 0,15 m g/dia durante a gravidez. C om o a dem anda aum entada de tiroxina ocorre logo na quinta sem ana de gestação, um a abordagem de tratam ento é aum entar a dose de tiroxina em 30% assim que a gravidez for diagnosticada e depois ajustar a dose pela m ensuração seriada de TSH.
Distúrbios Clínicos Durante a Gravidez
(Ver tam b ém Cap. 341.) N a gravidez, o aum ento induzido p o r es trogênio da globulina de ligação à tiroxina eleva os níveis circulantes de T3 total e T 4 total. As faixas norm ais dos níveis circulantes de T 4 livre, T 3 livre e horm ônio estim ulante da tireoide (TSH) perm anecem inalteradas durante a gravidez. A glândula tireoide aum enta n o rm alm ente du ran te a gestação. O hipertireoidism o m aterno ocorre a um a taxa aproxim ada de 2 por 1.000 gestações e geralm ente é bem tolerado p or m ulheres grávidas. Os sinais e sintom as clínicos devem alertar o m édico para a ocor rência dessa doença. M uitas das adaptações fisiológicas à gravidez podem sim ular os sinais sutis de hipertireoidism o. E m bora as m u lheres grávidas sejam capazes de tolerar o hipertireoidism o leve sem seqüelas adversas, um hipertireoidism o m ais grave pode causar abor to espontâneo ou parto prem aturo, e a tem pestade tireoidiana está associada a risco significativo de m ortalidade m aterna.
DISTÚRBIOS HEMAT0LÓGIC0S
A cefaleia que aparece durante a gravidez geralm ente decorre de e n xaqueca (Cap. 14), distúrbio que po d e piorar, m elhorar ou não ser afetado pela gestação. U m a cefaleia nova ou progressiva, particular m ente se acom panhada de visão turva, pode indicar eclâm psia (ver anteriorm ente) ou p seudotum or cerebral (hipertensão intracraniana benigna) (Cap. 28); a diplopia causada p o r paralisia do sexto n e r vo sugere p seu d o tu m o r cerebral. O risco de crises convulsivas em pacientes com epilepsia aum enta no período puerperal, m as não de m aneira constante d u ran te a gravidez; o tratam en to é descrito no Cap. 369. Em geral, acredita-se que o risco de AVE aum ente durante a gestação, em virtude do estado de hipercoagulabilidade; no entanto, estudos sugerem que o p eríodo de risco ocorre principalm ente no p uerpério e que AVE isquêm ico e hem orrágico p o d em ocorrer ao m esm o tem po. As diretrizes para uso da terapia com heparina foram resum idas anteriorm ente (ver T rom bose venosa profunda e embolia pulm onar); a varfarina é teratogênica, devendo ser evitada. O início de um distúrbio do m ovim ento novo durante a gravidez sugere a coreia gravídica, variante da coreia de Sydenham , associada à febre reum ática e infecção estreptocócica (Cap. 322); a coreia pode recorrer em gestações subsequentes. As pacientes com esclerose m úl tipla (EM) preexistente (Cap. 380) apresentam redução gradual do risco de recidiva à m edida que a gravidez avança e, p o r outro lado, aum ento do risco de ataque durante o período puerperal. Os interferons (3 não devem ser adm inistrados a m ulheres grávidas com EM, m as recidivas m oderadas ou graves podem ser tratadas pela pulsoterapia com glicocorticoides de m aneira segura. Por fim, certos tu m o res, em particular o adenom a hipofisário e m eningiom a (Cap. 379), podem m anifestar-se durante a gravidez em virtude do crescim ento acelerado, possivelm ente im pelidos p or fatores horm onais. Os distúrbios dos nervos periféricos associados à gestação in cluem a paralisia de Bell (paralisia facial idiopática) (Cap. 384), cuja ocorrência é três vezes m ais provável d urante o terceiro trim estre e puerpério im ediato do que na população geral. A terapia com glico corticoides deve seguir as diretrizes estabelecidas para pacientes não grávidas. As neuropatias p o r aprisionam ento são com uns nos está gios subsequentes da gestação, supostam ente em virtude de retenção hídrica. A síndrom e do túnel do carpo (nervo m ediano) apresenta-se com dor e parestesia na m ão, com frequência piores à noite, e depois com fraqueza dos m úsculos tenares. O tratam ento geralm ente é con-
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■ servador; talas para os punhos podem ser úteis, e em geral podem -se a diar as injeções de glicocorticoides ou seção cirúrgica do túnel do carpo. A m eralgia parestésica (nervo cutâneo fem oral lateral) c o n siste em d or e dorm ência na face lateral da coxa, sem fraqueza. As pacientes devem ser orientadas de que tais sintom as são benignos e elas podem esperar sua rem issão espontânea ao fim da gravidez. A síndrom e das pernas inquietas é o distúrbio nervoso periférico e de m ovim ento m ais com um . O m etabolism o p e rtu rb a d o do ferro é a etiologia suspeita. O tratam ento é expectante na m aioria dos casos.
DOENÇAS GASTRINTESTINAIS E HEPÁTICAS
Introdução à Medicina Clínica
Até 90% das m ulheres grávidas apresentam náuseas e vôm itos d u ra n te o prim eiro trim estre. A hiperêm ese gravídica é um a form a grave que im pede a captação hídrica e nutricional adequada e pode exigir hospitalização para prevenir desnutrição. A doença de C rohn pode estar associada a exacerbações no se gundo e no terceiro trim estres. A colite ulcerativa sofre exacerbações no prim eiro trim estre e d urante o p eríodo puerperal imediato. O tra tam ento clínico dessas doenças durante a gravidez é idêntico àquele na ausência de gravidez (Cap. 295). A exacerbação de doenças da vesícula biliar é com um ente o b servada durante a gravidez, o que, em parte, advém da alteração no m etabolism o da bile e dos ácidos graxos induzida pela gestação. A colestase intra-hepática da gravidez geralm ente é um evento no te r ceiro trim estre. Prurido profundo pode acom panhar esse distúrbio e estar associado a aum ento da m ortalidade fetal. O depósito placentário de sais biliares contribuiria para a insuficiência uteroplacentária progressiva. Por isso, deve-se instituir vigilância fetal regular após a definição do diagnóstico de colestase intra-hepática. D escreveram -se resultados favoráveis com o ursodiol. A esteatose hepática aguda é um a com plicação rara da gravi dez. Frequentem ente confundida com a síndrom e HELLP (ver Pré-eclâm psia, anteriorm ente) e pré-eclâm psia grave, o diagnóstico de esteatose hepática aguda da gravidez pode ser facilitado p or exames de aquisição de imagem e avaliação laboratorial. A esteatose hepática aguda da gravidez geralm ente caracteriza-se p o r aum ento acentuado dos níveis de bilirrubina e am ônia, bem com o p o r hipoglicem ia. O tratam ento da esteatose hepática aguda da gravidez é de apoio; rela tou-se a recorrência em gestações subsequentes. Todas as m ulheres grávidas devem ser subm etidas à triagem da hepatite B. Essa inform ação é im p o rtan te p ara os pediatras após o nascim ento do neonato. Todos os lactentes recebem a vacina anti-hepatite B, e os recém -nascidos de m ães portad o ras do antígeno de superfície da hepatite B tam bém devem receber a im unoglobulina anti-hepatite B o mais cedo possível após o nascim ento e, de prefe rência, nas prim eiras 72 horas. A triagem para a hepatite C é reco m endada para os indivíduos em alto risco de exposição.
em paciente internada devido ao risco elevado de urosepse e síndro m e do desconforto respiratório na gravidez. D or abdom inal e febre d urante a gravidez criam um dilem a clí nico. O diagnóstico de m aior preocupação é o de infecção am niótica intrauterina. E m bora a infecção am niótica suceda m ais com um ente a ru p tu ra das m em branas, nem sem pre é esse o caso. Em geral, a antibioticoterapia não é recom endada com o m edida contem porizadora em tais circunstâncias. Caso se suspeite de infecção intrauterina, costum a-se indicar a indução do p arto com antibioticoterapia conco m itante. A infecção am niótica in trauterina é causada m ais frequente m ente po r patógenos com o a Escherichia coli e estreptococos do g ru po B. Em pacientes de alto risco a term o ou pré-term o, recom enda-se a profilaxia intraparto rotineira da doença p o r estreptococos do g ru po B (GBS). A penicilina G e a am picilina são os fárm acos de escolha. Em pacientes alérgicas à penicilina, com um baixo risco de anafilaxia, recom enda-se a cefazolina. Se a paciente estiver sob alto risco de anafilaxia, a vancom icina é recom endada. Se houver inform ações de que o m icrorganism o é sensível à clindam icina, esse antibiótico pode ser usado. Para a redução da m orbidade neonatal causada po r GBS, recom enda-se a triagem universal das m ulheres grávidas para GBS entre a 35a e a 37a sem anas de gestação, bem com o antibioticoterapia intraparto para as m ulheres infectadas. A infecção p uerperal é um a causa significativa de m orbidade e m ortalidade m aternas. A endom iom etrite pós-parto é m ais com um após parto cesáreo do que após um p arto vaginal e desenvolve-se em 5% das m ulheres após p arto cesáreo eletivo e em até 25% das p a cientes após um parto cesáreo de em ergência com trabalho de parto prolongado. D evem -se a d m in istrar antibióticos profiláticos a todas as pacientes subm etidas à cesariana e a adm inistração 30-60 m inutos antes da incisão na pele pode ser preferível à adm inistração no m o m ento do clam peam ento do cordão um bilical. C om o a m aioria dos casos de endom iom etrite puerperal é polim icrobiana, recom enda-se cobertura com antibióticos de am plo espectro com penicilina, aminoglicosídio e m etronidazol (Cap. 164). A m aioria dos casos resolve-se em 72 horas. As m ulheres que não respondem à antibioticoterapia da endom iom etrite puerperal devem ser avaliadas para trom boflebite pélvica séptica. Os exam es de aquisição de im agem podem ser úteis para definir o diagnóstico, principalm ente um diagnóstico clínico de exclusão. As pacientes com trom boflebite pélvica séptica geralm ente têm taquicardia desproporcional à febre e respondem rapidam ente à adm inistração intravenosa de heparina. Todas as pacientes são subm etidas a triagem pré-natal para gon orreia e infecção p o r clam ídias, e a detecção de um a das duas infec ções deve resultar em tratam en to im ediato. Ceftriaxona e azitrom icina são os agentes de escolha (Caps. 144 c 176).
■ INFECÇÕES VIRAIS Infecção por citomegalovírus
INFECÇÕES ■ INFECÇÕES BACTERIANAS Excluindo a vaginose bacteriana, as infecções bacterianas m ais co m uns durante a gravidez envolvem o trato urinário (Cap. 288). M ui tas m ulheres grávidas têm bacteriúria assintom ática, m ais provavel m ente devido à estase causada pelos efeitos progestacionais sobre os m úsculos lisos ureteral e vesical e, m ais adiante, na gravidez, em virtude dos efeitos compressivos do útero em crescim ento. Por si só, esse distúrbio não está associado a um resultado adverso da gravidez. C ontudo, se a bacteriúria assintom ática não for tratada, pode ocorrer pielonefrite sintom ática. De fato, aproxim adam ente 75% dos casos de pielonefrite associada à gravidez resultam de bacteriúria assinto m ática não tratada. Todas as m ulheres grávidas devem subm eter-se à triagem da bacteriúria assintom ática com u ro cu ltu ra na prim eira consulta de pré-natal. A triagem subsequente com fitas para nitrito/ esterase leucocitária é indicada para as m ulheres de alto risco, com o aquelas com caráter falcêm ico ou história de infecções do trato u ri nário. Todas as m ulheres com triagem positiva devem ser tratadas. As m ulheres grávidas que desenvolvem pielonefrite precisam de m o nitoram ento cuidadoso, incluindo adm inistração IV de antibióticos
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A infecção viral na gravidez constitui um desafio significativo. Nos EUA, a causa mais com um de infecção viral congênita é o citom egalo vírus (CMV) (Cap. 182). Até 50 a 90% das m ulheres em idade repro dutiva têm anticorpos antiCMV, mas apenas raram ente a reativação do CM V resulta em infecção neonatal. Mais com um ente, a infecção prim ária por CMV durante a gravidez gera o risco de CMV congênito. N enhum tratam ento atualm ente aceito contra a infecção pelo CMV durante a gravidez m ostrou-se capaz de proteger o feto de m aneira efi caz. Além disso, é difícil predizer qual feto contrairá infecção por CMV am eaçadora à vida. A doença grave causada pelo CM V no neonato caracteriza-se mais frequentem ente p or petéquias, hepatoesplenom egalia e icterícia. Tam bém podem ocorrer coriorretinite, microcefalia, calcificações intracranianas, hepatite, anem ia hem olítica e púrpura. Descreveu-se acom etim ento do SNC, que resulta em anorm alidades psicomotoras, oculares, auditivas e dentárias no decorrer do tempo.
Rubéola (Ver tam bém Cap. 193.) O vírus da rubéola é um teratógeno conhe cido; a rubéola no prim eiro trim estre encerra alto risco de anom a lias fetais, m as o risco dim inui sobrem odo m ais tarde na gestação. A rubéola congênita pode ser diagnosticada p o r coleta percutânea de
am ostra de sangue um bilical com a detecção de anticorpos IgM no sangue fetal. Todas as m ulheres grávidas devem subm eter-se à tria gem do estado im une contra a rubéola. De fato, todas as m ulheres em idade reprodutiva, seja qual for o estado da gravidez, devem ter sua im unidade contra a rubéola verificada e, se necessário, serem im u nizadas. A incidência de rubéola congênita é baixíssim a nos EUA.
Herpesvírus
Parvovírus (Ver tam b ém Cap. 184.) A infecção po r parvovírus (parvovírus h u m ano B19) pode ocorrer durante a gravidez. R aram ente causa sequelas, m as as m ulheres suscetíveis infectadas durante a gestação estão sob risco de hidropsia fetal secundária a aplasia eritroide e anem ia profunda.
■ CONSIDERAÇÕES GLOBAIS A taxa de m ortalidade m atern a n os Estados U nidos é cerca de 1 em 7.500 nascidos vivos. Em alguns países da África Subsaariana e Sudeste Asiático, a taxa de m ortalidade m a terna é de cerca de 1 em 100 a 1 em cada 200 nascidos vivos. A causa m ais com um de m o rtalidade m atern a nesses países é a hem orragia m aterna. A alta taxa de m ortalidade m atern a é causada, em parte, pela insuficiência de recursos, incluindo a falta de contraceptivos e serviços de planejam ento familiar, n úm ero insuficiente de parteiras qualificadas, disponibilidade lim itada de tocolíticos, m á nutrição e um a elevada carga de doenças infecciosas. A alta taxa de m orte p or hem orragia perip arto é devido, em parte, à falta de acesso aos re cursos de anestesia, serviços de transfusão de sangue, antibióticos e cirurgiões pélvicos qualificados. A m orte m atern a é um a tragédia de saúde pública global, que p o d eria ser reduzida com a aplicação de recursos m odestos.
Distúrbios Clínicos Durante a Gravidez
(Ver tam bém Cap. 179.) A aquisição de herpes genital durante a gra videz está associada a aborto espontâneo, prem aturidade bem com o herpes congênito e neonatal. Um estudo recente de coortes de m u lheres grávidas sem evidências de infecção h erpética prévia dem ons trou que cerca de 2% das m ulheres a dquiriram um a nova infecção herpética durante a gestação. C erca de 60% das m ulheres recém -infectadas não têm sintom as clínicos. A infecção ocorreu igualm ente nos três trim estres. Se a soroconversão do herpes tivesse ocorrido no início da gestação, o risco de transm issão para o recém -nascido seria m uito baixo. Nas m ulheres que adquiriram herpes genital logo antes do parto, o risco de transm issão era alto. O risco de lesões ativas do herpes genital a term o pode ser reduzido pela prescrição de aciclovir durante as últim as quatro sem anas da gravidez a m ulheres que tiveram seu p rim eiro episódio de herpes genital durante a gravidez. A infecção p or herpesvírus no recém -nascido pode ser devas tadora. O herpes neonatal dissem inado acarreta altas taxas de m o r bidade e m ortalidade pelo acom etim ento do SNC. R ecom enda-se que as m ulheres grávidas com lesões herpéticas genitais ativas no m om ento da apresentação em trabalho de p arto sejam subm etidas a um a cesariana.
m as não de acidente ou causas incidentais. A m ortalidade m aterna d im in u iu co nstantem ente d u ran te os ú ltim os 70 anos. A taxa de m ortalidade m aterna caiu de quase 600/100.000 nascidos vivos em 1935 p ara 13/100.000 nascidos vivos em 2006. As causas m ais co m uns de m orte m aterna atualm ente nos EUA são em bolia pulm onar, hem orragia obstétrica, hipertensão arterial, sepse, condições cardio vasculares, incluindo m iocardiopatia p eriparto e gravidez ectópica. C om os avanços das m odalidades de diagnóstico e tratam ento, bem com o do tratam ento da infertilidade, m ais pacientes com com plica ções clínicas solicitarão e estarão precisando de assistência obstétri ca complexa. A m elhora do resultado da gravidez nessas m ulheres é m ais bem alcançada com a união de u m a equipe de clínicos gerais, especialistas em m edicina m atern o -in fan til (obstetrícia de alto ris co) e anestesiologistas para aconselhar essas pacientes sobre os riscos da gravidez e planejar seu tratam en to antes da concepção. N unca é dem ais enfatizar a im portância do aconselham ento pré-concepção. E responsabilidade de todos os m édicos que assistem m ulheres em idade reprodutiva avaliar os planos de reprodução da paciente com o parte da avaliação de sua saúde global.
Infecção pelo HIV (Ver tam b é m Cap. 189.) A causa p red o m in an te de infecção pelo HIV em crianças é a transm issão do vírus pela m ãe ao recém -nascido durante o período perinatal. A infecção p o r H IV com alta carga vi ral m aterna, baixa contagem m aterna de células T C D 4+, trabalho de p arto prolongado, longa duração da ru p tu ra das m em branas e presença de outras infecções do trato genital, com o sífilis e herpes, elevam o risco de transm issão. Os avanços da terapia antirretroviral atualm ente tornam possível para m uitas m ulheres grávidas não apre sentar carga viral detectável à m edida que se aproxim am do term o. Essas m ulheres podem escolher tentar o p arto vaginal. Para reduzir o risco de transm issão da m ãe para o recém -nascido, as m ulheres devem ser tratadas durante o intervalo intrap arto com zidovudina e o recém -nascido tam bém deve ser tratado após o nascim ento. O alei tam ento m aterno tam bém pode tran sm itir o H IV ao recém -nascido sendo, p o r isso, contraindicado na m aioria dos países desenvolvidos para m ulheres infectadas pelo HIV.
RESUMO A m ortalidade m aterna é definida com o a m orte que ocorre d u ra n te a gravidez ou em um período de 42 dias do térm in o da gravidez em decorrência de causa relacionada com ou agravada pela gravidez,
BIBLIOGRAFIA CD et al: Migraines during pregnancy linked to stroke and vascular diseases: US population based case-control study. BMJ 338: b664,2009 H o g a n MC et al: Maternal mortality for 181 countríes, 1980-2008: A systema tic analysis of progress towards Millennium Development Goal 5. Lancet 375:1609, 2010 M a g g a r d M A et al: Pregnancy and fertility following bariatric surgery. JAMA 300:2286,2008 M a r i k PA, P l a n t e LA: Venous thromboembolic disease and pregnancy. N Engl J Med 359:2025,2008 R a t n e r R E et al: Prevention of diabetes in women with a history of gestational diabetes: effects of metformin and lifestyle interventions. J Clin Endocrinol Metab 93:4774,2008 R o w a n JA et al: Metformin versus insulin for the treatment of gestational dia betes. N Engl J Med 358:2003, 2009 S c h a t z M, D o m b r o w k s i M P : Asthma in pregnancy. N Engl J Med 360:1862, 2009 V a i d y a B et al: Detection of thyroid dysfunction in early pregnancy: univer sal screening or targeted high-risk case finding? J Clin Endocrinol Metab 92:203, 2007 V i s k e BE et al: Preeclampsia and the risk of end-stage renal disease. N Engl J Med 359: 800,2008 B u s n e i.l
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CAPÍ TULO
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Avaliação Clínica do Paciente Cirúrgico f l Introdução à Medicina Clínica
Wei C. Lau Kim A. Eagle As com plicações cardiovasculares e pu lm o n ares con tin u am sendo responsáveis p o r grandes m o rb id ad e e m o rta lid a d e em pacientes subm etidos a cirurgia não cardíaca. As práticas baseadas em evi dências que estão surgindo d itam que o clínico geral deve realizar u m a avaliação individualizada do paciente cirúrgico para fornecer avaliação e estratificação de risco p ré -o p e ra tó rias precisas, a fim de o rien tar estratégias ideais de redução de risco p erioperatório. Este capítulo revisa a avaliação p ré-o p erató ria de riscos p u lm o n a r e cardiovascular, usando terapias p erio p erató rias estrategicam ente orientadas para os pacientes de riscos interm ed iário e alto, a fim de m elhorar o desfecho. Ele tam bém revisa o tratam e n to perio p erató rio e a profilaxia do diabetes m elito, endocardite e trom boem bolism o venoso.
assim com o num aum ento do risco de com plicações pulm onares pós-operatórias. Várias m etanálises m ostraram que a m ortalidade geral foi mais baixa em pacientes que receberam anestesia neuroaxial. As taxas m ais baixas de trom bose venosa, em bolia pulm onar, pneum onia e depressão respiratória tam bém foram observadas em pacientes que receberam anestesia neuroaxial (epidural e espinal) se com parada com a anestesia geral (inalatória); entretanto, não houve diferenças significativas nos eventos cardíacos entre as duas abordagens. Uma com binação de bloqueio neuroaxial e anestesia geral é útil quando se deseja reduzir as dem andas da anestesia geral. As evidências de m e tanálise de experim entos controlados random izados tam bém susten tam a analgesia epidural pós-operatória com o propósito de aliviar a dor p or m ais de 24 h.
AVALIAÇÃO DE PACIENTES SOB RISCO INTERMEDIÁRIO A ALTO Q uestionários sim ples, padronizados, para triagem pré-operatória, com o o que é m o strad o no Q u a d ro 8.2, foram desenvolvidos com o objetivo de identificar os pacientes sob risco interm ediário ou alto que poderiam beneficiar-se de um a avaliação clínica mais detalha da. A avaliação de tais pacientes para cirurgia deve sem pre com eçar com um a anam nese e exam e físico com pletos, bem com o com um ECG em repouso de 12 derivações, de acordo com as recom endações das diretrizes do A m erican College o f C ardiology/A m erican Heart A ssociation (ACC/AHA). A anam nese deve enfocar os sintom as de
ANESTESICOS A m ortalidade é baixa com a adm inistração segura de anestésicos m odernos, especialm ente em pacientes de baixo risco subm etidos a cirurgia de baixo risco (Q u ad ro 8.1). Os anestésicos inalantes apre sentam efeitos circulatórios e respiratórios previsíveis; todos reduzem a pressão arterial de m aneira dose-dependente po r m eio da redução do tônus sim pático, vasodilatação sistêmica, depressão m iocárdica e redução do débito cardíaco. Tam bém causam depressão respiratória com respostas dim inuídas tanto à hipercapnia q uanto à hipoxem ia de m aneira dose-dependente e têm um efeito variável na frequência cardíaca. Em com binação com o bloqueio neurom uscular, os agentes anestésicos inalantes tam bém causam redução da capacidade p u l m onar residual funcional devido à p e rd a da função m uscular diafragm ática e intercostal, o que reduz o volum e pulm onar, podendo levar a atelectasias nas regiões pulm onares dependentes e resultar em hipoxem ia arterial devido à incom patibilidade ventilação-perfusão,
QUADRO 8.2
Questionário pré-operatório padronizado3
1. Idade, peso e altura 2. Você: É mulher e tem 55 anos ou mais, ou é homem e tem 45 anos ou mais? Em caso afirmativo, tem 70 anos ou mais? 3. Toma medicamentos anticoagulantes (afinadores do sangue)? 4. Tem ou teve qualquer das seguintes condições cardíacas? Cardiopatia Ataque cardíaco nos últimos 6 meses Angina (dor no peito) Batimento cardíaco irregular Insuficiência cardíaca 5. Tem ou já teve qualquer dos seguintes distúrbios?
QUADRO 8.1 Cirurgia: gradação de risco de procedimentos cirúrgicos não cardíacos comuns
Artrite reumatoide Doença renal Doença hepática
Mais alto
• Cirurgias de emergência de grande porte, especialmente nos idosos • Cirurgia vascular de grande porte aórtica e outras não carotídeas (endovascular e não endovascular) • Cirurgia prolongada associada a grande desvio de líquidos e/ou perda de sangue
Intermediário
• Cirurgia torácica de grande porte • Cirurgia abdominal de grande porte • Cirurgia de endarterectomia carotídea • Cirurgia de cabeça/pescoço
Mais baixo
7. Atualmente, está sob tratamento com oxigênio? 8. Tem tosse crônica que produz secreção ou líquido? 9. Apresenta problemas ou doenças pulmonares? 10. Você, ou qualquer membro consanguíneo da sua família, tem ou teve problema, diferente de náuseas, com qualquer anestesia? Em caso afirmativo, descrever: 11. Se mulher, há possibilidade de estar grávida?
• Cirurgia ortopédica
Exame de gravidez:
• Cirurgia de próstata
Favor listar a data do último período menstruai:
• Cirurgia de olhos, pele e superficial • Procedimentos endoscópicos
Fonte: De LA Fleisher et al.
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Diabetes 6. Tem falta de ar quando se deita?
“Relato de informações do paciente do sistema de saúde da Universidade de Michigan (EUA). Os pacientes que respondem sim a qualquer das questões 2 a 9 devem passar por uma avaliação clínica mais detalhada.
Fonte:Adaptado de KKTremper, P Benedict: Anesthesiology 92:1212,2000; com autorização.
doença cardíaca ou pulm onar oculta. Deve-se determ inar a urgência da cirurgia, pois os procedim entos verdadeiram ente de em ergência estão associados a m orbidade e m o rtalidade inevitavelm ente m ais altas. Os exames laboratoriais pré-operatórios devem ser realizados apenas para condições clínicas específicas, baseados no exame clíni co. Assim, os pacientes sadios de qualquer idade subm etidos a proce dim entos cirúrgicos eletivos sem condições clínicas coexistentes não exigem qualquer exame, a m enos que o grau de estresse cirúrgico possa resultar em alterações incom uns a p a rtir do estado de linha de base.
A avaliação da tolerância ao esforço na previsão de risco perioperatório no hospital é m ais útil em pacientes que relatam piora dos sintom as cardiopulm onares induzidos p o r esforço, os que podem beneficiar-se de exam e cardíaco não invasivo ou invasivo in d ep en dente de procedim ento cirúrgico program ado e aqueles com doença arterial coronariana (DAC) conhecida ou com m últiplos fatores de risco capazes de fazer exercícios. Para prever os eventos perioperatórios, a tolerância precária ao esforço foi definida com o a incapacida de para andar quatro quadras ou subir dois lances de escadas em um ritm o norm al, ou atingir um nível de quatro equivalentes m etabólicos (MET) (p. ex., carregando objetos de 7,5 a 10 kg ou jogando golfe ou tênis em duplas) devido ao desenvolvim ento de dispnéia, angina ou fadiga excessiva (Q uadro 8.3). Os estudos anteriores com pararam prospectivam ente vários ín dices de risco cardíaco. D adas a sua precisão e sim plicidade, o ín dice de risco cardíaco revisto (IRCR) (Q u a d ro 8.4) é o preferido. O IRCR depende da presença ou ausência de seis fatores preditivos identificáveis, que consistem em cirurgia de alto risco, cardiopatia isquêmica, insuficiência cardíaca congestiva, doença cerebrovascular, diabetes m elito e disfunção renal. A tribui-se um po n to a cada um destes previsores. O risco de eventos cardíacos m aiores - definidos com o infarto do m iocárdio, edem a pulm onar, fibrilação ventricular ou parada cardíaca prim ária e bloqueio cardíaco com pleto - podem , então, ser previstos. C om base na presença de nenhum , um , dois, três ou m ais destes previsores, a taxa de desenvolvim ento de um de tais eventos cardíacos m aiores é estim ada com o 0,5, 1, 5 e 10%, respecti vamente (Fig. 8.1). O IRCR 0 apresenta 0,4 a 0,5% de risco de eventos cardíacos; IRCR 1, risco de 0,9 a 1,3%; IRCR 2, risco de 4 a 6,6%; e IRCR 3 ou mais, risco de 9 a 11% de eventos cardíacos. A utilidade clínica do IRCR é identificar os pacientes com três ou m ais previsores que apresentam m aior risco (de 10% ou m ais) para complicações car díacas e que podem beneficiar-se da estratificação de risco adicional com exame cardíaco não invasivo ou iniciação de tratam ento clínico preventivo pré-operatório.
Marcadores clínicos de índice de risco cardíaco
Procedimentos cirúrgicos de alto risco Cirurgia vascular Procedimentos intraperitoneais ou intratorácicos de grande porte
Doença cardíaca isquêmica História de infarto do miocárdio Angina atual considerada isquêmica Com necessidade de nitroglicerina sublingual Prova de esforço positiva Ondas Q patológicas no ECG História de ACTP e/ou CABG com angina atual considerada isquêmica
Insuficiência cardíaca congestiva Insuficiência ventricular esquerda por exame físico História de dispnéia noturna paroxística História de edema pulmonar Galope de B3 na ausculta cardíaca Estertores bilaterais na ausculta pulmonar Edema pulmonar no exame de raios X do tórax
Doença cerebrovascular História de ataque isquêmica transitório
Avaliação Clínica do Paciente Cirúrgico
■ AVALIAÇÃO CARDÍACA PRÉ-OPERATÓRIA
QUADRO 8.4 revisto
História de acidente cerebrovascular
Diabetes melito Tratamento com insulina
Insuficiência renal crônica Creatinina sérica > 2 mg/dL Nota: ECG, eletrocardiograma; ACTP, angioplastia coronariana transluminal percutânea; CABG, bypass de artéria coronária com enxerto. Fonte: Adaptado de TH Lee et al., com autorização.
útil clinicam ente e ter m elhor razão custo-benefício. H á um benefício potencial na identificação de pacientes assintom áticos m as de alto risco, com o aqueles com DAC em tronco da coronária esquerda ou DAC tronco-equivalente, ou com o aqueles com DAC em três vasos com função ventricular esquerda precária que podem beneficiar-se
■ EXAME CARDÍACO PRÉ-OPERATÓRIO NÃO INVASIVO PARA ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO 15%
Há poucas evidências para sustentar a aplicação dissem inada do exa m e cardíaco pré-operatório não invasivo a todos os pacientes subm e tidos a cirurgia de grande porte. Em vez disso, um a abordagem discrim inativa baseada na categorização de risco clínico parece ser mais
QUADRO 8.3
10 %
Estado funcional
Maior• Dificuldade em atividades da vida diária de adultos 0
• Não consegue andar quatro quadras ou subir dois lances de escada ou se mostra incapaz de atingir o Risco
nivel Quatro d0 • Inativo, mas sem limitação • Ativo: faz tarefas vigorosas com facilidade Menor
Fonte: De LA Fleisher et aí.
• Realiza exercícios vigorosos regulares
B aixo risco
1
2
R isco in te rm e d iá rio
>3 A lto risco
índice de risco ca rd ía co revisto (IR C R )
Figura 8.1
Estratificação de risco com base no IRCR. Derivação e validação
prospectiva de um índice simples para previsão de risco cardíaco em cirurgia não cardíaca de grande porte. Os eventos cardíacos incluem infarto do miocárdio, ede ma pulmonar, fibrilação ventricular, assistolia cardíaca e bloqueio cardíaco completo. (Adaptada de TH Lee et al., com autorização.)
63
Introdução à Medicina Clínica
de revascularização coronariana (Cap. 243). E ntretanto, as evidên cias não respaldam as tentativas agressivas de identificar pacientes sob risco interm ediário com DAC assintom ática m as avançada, pois a revascularização coronariana parece oferecer pouca vantagem so bre a terapia clínica. U m escore de IRCR m aior ou igual a 3 em pacientes com isquem ia m iocárdica grave no exam e de estresse deve conduzir à consi deração da revascularização coronariana antes da cirurgia não car díaca. O exam e cardíaco não invasivo é m ais apropriado quando há previsão de que, em caso de um exam e fortem ente positivo, um paciente cum prirá as diretrizes para angiografia coronariana e revas cularização coronariana. Os exam es para estresse farm acológico são m ais úteis do que a prova de esforço em pacientes com lim itações funcionais. A ecocardiografia com dobutam ina e o exam e nuclear de perfusão com persantina, adenosina ou dob u tam in a (Cap. 229) apresentam valores preditivos negativos excelentes (próxim os de 100%), m as valores preditivos positivos precários (m enos de 20%) para identificação de pacientes sob risco para infarto do m iocárdio perioperatório ou m orte. Por isso, um estudo negativo é tran q u ili zador, m as um estudo positivo constitui um previsor relativam ente
fraco de evento cardíaco p erioperatório “pesado”. U m a abordagem em etapas é ilustrada na F igura 8.2.
■ MODIFICAÇÃO DE RISCO USANDO ESTRATÉGIAS PREVENTIVAS PARA REDUZIR 0 RISCO CARDÍACO Revascularização coronariana perioperatória A tualm ente, as opções potenciais p ara a redução do risco card io vascular perioperatório incluem revascularização da artéria coroná ria e/o u terapias preventivas clínicas p erioperatórias (Cap. 243). A revascularização coronariana profilática, seja com bypass de artéria coronária com enxerto (CABG), seja intervenção coronariana percutânea (ICP), não prom ove benefício de sobrevida de c urto ou m é dio prazo para pacientes sem DAC de tro n co da coronária esquerda o u DAC em três vasos n a presença de função sistólica ventricular esquerda precária. E m bora, em situação perioperatória, a ICP esteja associada a risco m ais baixo para o p rocedim ento do que a CABG, a colocação de um stent de artéria coronária em u m cu rto período de tem po antes da cirurgia não cardíaca pode au m en tar o risco de sangram ento d u ra n te a cirurgia se a terapia an tiplaquetária dupla
Algoritmo para avaliação de risco cardíaco 1 | |
□
N ecessidade de ciru rg ia ...... " j—|— — T------ ' U rgente E letiva
♦
Q
Em ergência
C irurgia
Em caso afirm ativo e nenhum sintom a recorrente
C irurgia
♦
R evascularização co ro n a ria na em 5 anos
Em caso negativo ou sin to m a s recorrentes
T A valiação co ro n a ria na recente p
A chados favoráveis - exam e adequado - a dequadam ente revisto
(sínT)
0
A valiação clínica - Idade > 70, < 4 M ETs - S inais de ICC, AS - A lterações no ECG — isquem ia ou infarto
C irurgia
A penas con tinu a r o tra ta m e n to em pacientes que requerem terapia clínica preventiva a longo prazo
C irurgia
(Sim) Estratificação do índice de risco cardíaco revisto h IR C R = 0 A penas con tinu a r o tratam ento nos pacientes que requerem te ra p ia clínica preventiva a longo prazo
C irurgia
IR C R = > 3
IR CR = 1 a 2 Identificar, in icia r o tratam ento em d o e nte s que necessitam de prevenção ou co n tinu a r a terapia clín ica preventiva a longo prazo
C a p acid a d e funcional precária, h istó ria de angina
E xam e cardíaco não invasivo
(jíirrP)
E xam e de estresse negativo
"
C irurgia
r
.....
Iniciar e/ou continuar o tra ta m e n to com terapia clínica preventiva ideal
D iretrizes da A C C /A H A para revascularização co ro n a ria na
C irurgia
C irurgia
Figura 8.2 Algoritmo para avaliação de risco cardíaco e estratificação de pacientes submetidos a cirurgia não cardíaca. Avaliação clínica em etapas: [1] cirurgia de emergência; [2] revascularização coronariana anterior; [3] avaliação
64
coronariana anterior; [4] avaliação clínica; [5] IRCR; [6] estratégias de modificação de risco. Terapia clínica preventiva = terapia com betabioqueador e estatina. IRCR, índice de risco cardíaco revisto. (Adaptada de LA Fleisher et al., and TH Lee et al.)
(ácido acetilsalicílico e tienopiridina) for adm inistrada, ou aum enta o risco p e rio p e rató rio de in farto do m io cárd io bem com o m o rte cardíaca causada p o r trom bose p o r stent caso esta terapia seja su s pensa p rem aturam ente (C ap. 246). R ecom enda-se que, se possível, a cirurgia não cardíaca seja adiada p or 30-45 dias após a colocação de um stent coronariano de m etal e po r 365 dias após um stent farm acológico. Para os pacientes que têm de subm eter-se a u m a c iru r gia não cardíaca precoce (m ais de 14 dias) após a ICP, um a angioplastia com balão sem colocação de stent parece ser u m a alternativa razoável, pois a terapia an tiplaquetária dupla n ão é necessária em tais pacientes.
Antagonistas p-adrenérgicos O uso de betabloqueio p e rio p e rató rio deve ser baseado em um a avaliação m inuciosa do risco cardíaco perioperatório de um paciente cardíaco (RCRI > 2). Para pacientes com ou sem doença das vias respiratórias reativa leve a m oderada, o beta-bloqueador cardioseletivo de escolha deve ser usado e titulado para um a frequência cardíaca alvo de repouso de 60-65 b atim entos/ m inuto. Em pacientes de risco in te rm ed iário a alto sem indicação de longo prazo p ara os b e ta-bloqueadores, os m ed icam en to s p o dem ser ad m in istrad o s p o r via intravenosa com o m edicação pré-operatória n o dia da cirurgia, com u m a frequência cardíaca alvo de 60-65 batim en to s/m in u to e c ontinuado p o r m ais 7 dias (de p re ferência 30 dias) no pós-operatório. As preparações intravenosas devem ser substituídas p o r m edicação oral se os pacientes forem incapazes de to m ar ou absorver pílulas no perío d o perioperatório. Os resultados do recente experim ento Avaliação Perioperatória Is quêm ica (POISE) m ostraram que, em bora a m o rte cardíaca, infarto do m iocárdio não fatal ou parada cardíaca ten h a sido reduzido em pacientes que receberam m etoprolol em com paração com placebo, houve um aum ento da incidência de m ortalidade e acidente vascu lar cerebral em pacientes que receberam m etoprolol devido a um a dose de ataque elevada e rápida de m etoprolol. O ex perim ento PO I SE destaca a im portância de um a clara avaliação de risco e benefício com iniciação e titulação cuidadosa p a ra a eficácia terap êu tica de betabloqueadores no pré-operatório em pacientes subm etidos a ci rurgia não cardíaca. As diretrizes da A CC/AH A recom endam o seguinte: (1) Beta-bloqueadores devem ser continuados em pacientes de alto risco que anteriorm ente receberam esses m edicam entos e subm etem -se a ci rurgia vascular, devendo ser adm inistrados em pacientes de alto risco identificados por isquem ia do m iocárdio na avaliação pré-operatória e que têm cirurgia vascular program ada; (2) betabloqueadores prova velmente são recomendados para pacientes de alto risco definidos p or previsores clínicos m últiplos que se subm etem a procedim entos de risco interm ediário ou alto. Eles podem ser considerados para pacien tes de risco interm ediário que se subm etem a procedim entos de risco interm ediário ou alto e para pacientes de baixo risco que se subm e tem a cirurgia vascular.
Inibidores da HMG-COA redutase (estatinas)
Inúm eros estudos prospectivos e retrospectivos sustentam o uso profilático perioperatório de estatinas para a redução de com plicações cardíacas em pacientes com aterosclerose estabelecida. O estudo D u tc h E chocardiographic C ardiac Risk Evaluation A pplying Stress E chod ardiography (DECREASE)-IV, além de confirm ar o benefício de bisoprolol p e rioperatório na redução do risco de m orte cardíaca o u infarto do m iocárdio em 30 dias, dem o n stro u um a tendência à redução dos eventos cardíacos em pacientes de risco interm ediário subm etidos à cirurgia não cardíaca que receberam terapia com fluvastatina. O uso de terapia perioperatória com estatinas para reduzir o risco cardíaco
Agentes antiplaquetários orais
Atualm ente, as recom endações basea das em evidências com relação ao uso perioperatório de ácido acetil salicílico e/ou tienopiridina para reduzir o risco cardíaco precisam ser esclarecidas. O bservou-se um aum ento substancial de sangra m ento perioperatório e necessidade de transfusão em pacientes que recebem terapia antiplaquetária dupla. A descontinuação da tien o piridina e do ácido acetilsalicílico p o r 5 a 7 dias antes de cirurgia de grande p orte para m inim izar o risco de sangram ento perioperatório e transfusão tem de ser contrabalançada com o aum ento potencial de risco de um a síndrom e coronariana aguda e de trom bose subaguda de stent em pacientes com im plante de stent coronariano recente. Se os m édicos elegerem a suspensão dos agentes antiplaquetários antes da cirurgia, estes devem ser reiniciados o m ais rápido possível após a cirurgia.
Bloqueadores dos canais de cálcio
Faltam evidências para sustentar o uso de bloqueadores dos canais de cálcio com o estratégia profilática p ara reduzir o risco perioperatório em cirurgia não cardíaca de grande porte.
Avaliação Clínica do Paciente Cirúrgico
Terapias clínicas perioperatórias preventivas A terap ia clínica p e rio p erató ria preventiva com antagonistas (3-adrenérgicos, in ib id o res da H M G -C oA redutase (estatinas) e ácido acetilsalicílico tem o objetivo de re d u zir a estim ulação p e rio p e ra tó ria ad ren érg ica, isquem ia e inflam ação, desencadeadas d u ran te o p e río d o p e rio p e ratório.
perioperatório deve, portanto, ser considerada em pacientes de risco interm ediário ou alto com doença cardiovascular aterosclerótica que se subm etem a cirurgia não cardíaca de grande porte. Inibidores da enzim a de conversão da angiotensina (ECA) Evi dências sustentam a descontinuação dos inibidores da ECA e dos bloqueadores do receptor da angiotensina p or 24 h antes da cirurgia não cardíaca devido aos efeitos circulatórios adversos após a indução de anestesia.
■ AVALIAÇÃO PULMONAR PRÉ-OPERATÓRIA As com plicações pulm onares p erio p erató rias ocorrem frequente m ente e levam a significativas m orbidade e m ortalidade. As diretrizes do A m erican College of Physicians recom endam o seguinte: 1. Todos os pacientes subm etidos a cirurgia não cardíaca devem ser avaliados para risco de com plicações pulm onares (Q uadro 8.5). 2. O s pacientes subm etidos a ciru rg ia de em ergência ou p ro longada (m ais de 3 h); reparo de aneurism a aórtico; cirurgia vascular; cirurgias abdom inal, torácica, neurológica, de cabeça e pescoço de grande porte; e anestesia geral devem ser consi derados sob risco m ais alto de com plicações pulm onares pós-operatórias.
QUADRO 8.5 pulmonares
Fatores de risco que predispõem a complicações
1. Infecção do trato respiratório superior: tosse, dispnéia 2. Idade > 60 anos 3. DPOC 4. Classe da American Society of Anesthesiologists >2 5. Funcionalmente dependente 6. Insuficiência cardíaca congestiva 7. Albumina sérica < 3,5 g/dL 8. VEF1 < 2 L 9. W M < 50% do previsto 10. PFE < 100 L ou 50% do valor previsto 11. PC02 > 45 mmHg 12. P02 < 50 mmHg Nota: DPOC, doença pulmonar obstrutiva crônica; VEF1, volume expiratório forçado em um se gundo; VVM, ventilação voluntária máxima; PFE, taxa de pico de fluxo expiratório; PC02, pressão parcial de dióxido de carbono; P02, pressão parcial de oxigênio. Fonte: Modificado de GW Smetana etal., e de DN Mohr e t a l Postgrad Med 100:247,1996, com autorização.
65
r r
■_____
_______________________________________________
• Redução do peso, quando apropriado
As evidências sustentam o controle glicêm ico perioperatório in te n sivo para atingir níveis de glicose próxim os do norm al (90-110 m g/ dL) versus controle glicêm ico m o d erad o (120-200 m g/dL ), usando infusão de insulina. Esta prática tem de ser contrabalançada com o risco de com plicações hipoglicêm icas. Os agonistas hipoglicêm icos orais devem ser suspensos na m anhã da cirurgia. A hiperglicem ia pe rioperatória deve ser tratada com infusão intravenosa de insulina de curta ação ou insulina subcutânea em escala progressiva. Os pacien tes que têm a glicemia controlada p o r dieta podem fazer a cirurgia com m onitoram ento pós-operatório rigoroso.
Intraoperatoriamente
■ PR0FILAXIA PARA END0CARDITE INFECCIOSA
• Duração limitada da anestesia
(Ver tam bém C apítulo 124.) Os antibióticos profiláticos perioperatórios devem ser adm inistrados em pacientes com doença congênita ou cardiopatia valvar, próteses valvares, prolapso de valva m itral ou outras anorm alidades cardíacas de acordo com as diretrizes práticas da ACC/AHA.
QUADRO 8.6 Modificação de risco para reduzir complicações pulmonares perioperatórias Pré-operatoriamente • Abandono do tabagismo • Treinamento em respiração adequada (espirometria de incentivo) • Terapia broncodilatadora por inalação • Controle de infecção e secreção, quando indicado
Introdução à Medicina Clínica
• Selecionar fármacos de bloqueio neuromuscular de curta ação quando indicado • Prevenção de aspiração • Manutenção de broncodilatação ideal Pós-operatoriamente • Continuação de medidas pré-operatórias com atenção especial para manobras de capacidade inspiratória mobilização de secreções deambulação precoce estímulo da tosse uso seletivo de sonda nasogástrica controle adequado da dor sem uso excessivo de narcóticos Fonte: De VA, Lawrence etal., e de WF Dunn, PD Scanlon, Mayo Clin Proc 68:371,1993, com autorização.
3. Os pacientes sob risco m ais alto de com plicações pulm onares devem receber exercícios de respiração p rofunda e/ou espiro m etria de incentivo, assim com o deve ser feito o uso seletivo de um a sonda nasogástrica para problem as pós-operatórios com o náuseas, vôm itos ou distensão abdom inal sintom ática, a fim de reduzir o risco pós-operatório (Q u ad ro 8.6). 4. A espirom etria pré-operatória de rotina e a radiografia de tó rax são m enos úteis para a previsão de risco de com plicações pulm onares pós-operatórias, m as podem ser apropriadas para pacientes com D oença P ulm onar O bstrutiva Crônica (DPOC) ou asma. 5. O cateterism o de artéria pulm onar, a nutrição parenteral total e a nutrição enteral total não devem ser estim ulados para redu ção de risco p ulm onar pós-operatório.
Outras estratégias pulmonares pré-operatórias de modificação de risco As estratégias de m odificação de risco para reduzir as complicações p ulm onares pós-operatórias devem ser im plem entadas, p a rtic u larm ente nos pacientes de m aior risco. Os pacientes com tosse ou dispnéia pré-operatória devem ser avaliados para determ inar a cau sa subjacente destes sintom as. Os pacientes que fum am devem ser aconselhados a deixar de fum ar pelo m enos oito sem anas antes da cirurgia eletiva. Os pacientes com asm a ou D O PC podem receber es teroides e broncodilatadores antes e depois da cirurgia para otim izar a função pulm onar. A infecção pulm onar bacteriana deve ser tratada durante o pré-operatório.
■ DIABETES MELITO (Ver tam bém C apítulo 344.) M uitos pacientes com diabetes m elito apresentam DAC sintom ática ou assintom ática significativa e podem ter isquem ia m iocárdica silenciosa devido a disfunção autonôm ica.
66
■ PROFILAXIA DE TR0MB0EMB0LISM0 VEN0S0 (Ver tam b é m C ap ítu lo 262.) A profilaxia p erioperatória de trom boem bolism o venoso deve seguir as diretrizes estabelecidas pelo A m erican College o f C hest Physicians. O ácido acetilsalicílico não é defendido com o agente único para trom boprofilaxia. Baixas doses de heparina não fracionada (5.000 ou m enos unidades subcutâneas 2x/dia), heparina de baixo peso m olecular (p. ex., enoxaparina, 30 m g 2x/dia ou 40 m g todos os dias) ou um pentassacarídio (fondaparinux 2,5 m g todos os dias) para pacientes com risco m oderado e heparina não fracionada (5.000 unidades subcutâneas 3x/dia) para pacientes de alto risco. As m eias de com pressão graduada e os dispo sitivos pneum áticos de com pressão constituem com plem entos úteis da terapia anticoagulante.
BIBLIOGRAFIA PJ et al: Bffects of extended-release metoprolol succinate in patients undergoing non-cardiac surgery (POISE trial): A randomized controlled trial. Lancet 371:1839,2008 D u n k e l g r u e n M et al: Bisoprolol and fluvastatin for the reduction of perioperative cardiac mortality and myocardial infarction in intermediate-risk patients undergoing noncardiovascular surgery: a randomized controlled trial (DECREASE-IV). Ann Surg 249:921,2009 F l e i s h e r LA et al: ACC/AHA guideline for perioperative cardiovascular evaluation for noncardiac surgery: A report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines (Writing Committee to Revise the 2002 Guidelines on Perioperative Cardiovascular Evaluation for Noncardiac Surgery). Circulation 116:1971, 2007 G e e r t s W H et al: Prevention of venous thromboembolism: The Seventh ACCP Conference on Antithrombotic and Thrombolytic Therapy. Chest 126:338S, 2004 L i p s h u t z AK, Gropper MA: Perioperative glycemic control: An evidence-based review. Anesthesiology 110:408, 2009 L e e TH et al: Derivation and prospective validation of a simple index for prediction of cardiac risk of major noncardiac surgery. Circulation 100:1043, 1999 L i n d e n a u e r PK et al: Perioperative beta-blocker therapy and mortality after major noncardiac surgery. N Engl J Med 353:349,2005 M c f a l l s EO et al: Coronary-artery revascularization before elective major vascular surgery. N Engl J Med 351:2795,2004 Q a s f .e m A et al: Risk assessment for and strategies to reduce perioperative pulmonary complications for patients undergoing noncardiothoracic sur gery: A guideline from the American College of Physicians. Ann Intern Med 144:575, 2006 S m e t a n a GW et al: Preoperative pulmonary risk stratification for noncardio thoracic surgery: Systematic review for the American College of Physi cians. Ann Intern Med 144:581,2006 D ev ereau x
CAPÍ TULO
9
Cuidados Paliativo e Terminal Ezekiel J. Emanuel EPIDEMIOLOGIA
QUADRO 9.1
Ano
Figura 9.1 Gráfico das tendências quanto ao local de morte nas últimas duas décadas. ♦ , percentual das mortes em ambiente hospitalar; ■, percentual dos óbitos registrados nas casas de apoio.
Cuidados Paliativo e Terminal
Em 2007, registraram -se 2.423.712 óbitos nos EUA (Q u a d ro 9.1). Mais de 72% dessas m ortes ocorreram em pessoas com m ais de 65 anos. A epidem iologia da m ortalidade é sem elhante na m aioria dos países desenvolvidos; as doenças cardiovasculares e o câncer são as causas predom inantes, um a notável m udança desde 1900, ano em que as cardiopatias causaram cerca de 8% do total de m ortes, e o cân cer respondeu p or m enos de 4%. Em 2006, ano com dados disponí veis m ais recentes, a Aids causou m enos de 1% das m ortes nos EUA, em bora continue sendo um a das cinco principais causas na faixa etá ria de 35 a 44 anos. Estim a-se que nos países desenvolvidos cerca de 70% das m o r tes sejam precedidas de um a doença ou situação que tornam sensata a decisão de preparar-se para a m o rte em um fu tu ro previsível. O câncer tem servido de paradigm a do cuidado term inal, m as não é o único tipo de doença com fase term in al reconhecida e esperada. C om o a insuficiência cardíaca, doença p ulm onar obstrutiva crônica (D PO C ), insuficiência hepática crônica, dem ência e m uitos outros distúrbios têm fases term inais reconhecíveis, um a abordagem sis tem ática do cuidado term inal deve integrar todas as especialidades m édicas. Em m uitos pacientes, o sofrim ento produzido pela doença pode, in d ependentem ente do prognóstico, ser m in o rad o pela as sistência paliativa. Idealm ente, o cuidado paliativo deveria ser c o n siderada parte integrante do cuidado global de todos os pacientes. Revisões da literatura recente encontraram evidências fortes de que o cuidado paliativo pode ser m elhorado p o r m eio da coordenação entre cuidadores, m édicos e pacientes para avanço do planejam ento do cuidado, assim com o equipes dedicadas de m édicos, enferm eiros e outros prestadores. Os aum entos rápidos da expectativa de vida nos Estados U nidos no últim o século foram acom panhados de novas dificuldades que in divíduos, famílias e a sociedade com o um todo enfrentam para aten der as necessidades de um a população envelhecida. Estes desafios incluem tanto condições m ais com plicadas com o tecnologias para
lidar com elas no final da vida. O desenvolvim ento de tecnologias que p odem prolongar a vida sem restau rar a saúde integral levou m uitos norte-am ericanos a buscar locais e abordagens para c uida dos term inais alternativos que aliviem o sofrim ento daqueles com doenças term inais. D urante as últim as décadas, nos EUA, ocorreu um a m udança significativa no local das m ortes, o que coincide com as preferências dos pacientes e suas famílias. Em 1980, quase 60% dos norte-am ericanos m orreram internados em hospitais. Em 2000, esta tendência se inverteu, e cerca de 40% dos norte-am ericanos m o rre ram em hospitais (Fig. 9.1). Tal m udança foi m ais notável entre os que m orreram de câncer e D PO C , bem com o para os indivíduos jo vens ou m uito idosos. Essa tendência associou-se, na últim a década, ao uso m ais freqüente da assistência em casas de apoio; em 2008, cer ca de 39% de todas as pessoas falecidas nos EUA receberam esse tipo de assistência. Os pacientes com câncer constituem atualm ente cerca de 38,3% dos usuários das casas de apoio. Cerca de 79% dos pacientes assistidos em casas de apoio m orrem fora do hospital e cerca de 41% desses que recebem atendim ento nas casas de apoio m orrem em suas casas. Além disso, em 2008, pela p rim eira vez, o A m erican Board of
As dez maiores causas de morte nos EUA e na Grã-Bretanha EUA
Grã-Bretanha
Causa de morte
Número de óbitos
Percentual do total
Número de óbitos entre pessoas > 65 anos de idade
Todos os óbitos
2.423.712
100
Número de óbitos
Percentual do total
1.759.423
538.254
100
Doença cardíaca
616.067
25,4
510.542
129.009
24
Neoplasias malignas
562.875
23,2
387.515
135.955
25,3
Doenças cerebrovasculares
135.952
5,6
117.010
57.808
10,7
Doenças respiratórias do trato inferior crônicas
127.924
5,1
106.845
27.905
5,2
Acidentes
123.706
5,1
36.689
10.979
2
Mal de Alzheimer
74.632
2,2
71.660
6.316
1,2
Diabetes melito
71.382
2,9
52,351
34.477
6,4
Influenza e Pneumonia
52.717
2,2
49.346
5.055
0,9
Nefrite, síndrome nefrítica, nefrose
46.448
1,9
37.377
3.287
0,6
Sepse
34.828
1.4
26.201
2.206
0,4
Fonte: National Center for Health Statistics (dados para todas as faixas etárias desde 2007; para idade > 65, desde 2006), http:/www.cdc.gov/nchs; National Statistics (Grã-Bretanha, 2003) http://www.statistics.gov.uk.
67
Specialties (ABMS) ofereceu certificação em casas de apoio e m edici na paliativa. Com a redução do tem po de perm anência nos hospitais, m uitas doenças graves estão sendo tratadas em casa ou em regim e am bulatorial. Por isso, a prestação de cuidados paliativo e term inal ideal requer a oferta de serviços apropriados em um a variedade de ambientes, incluindo instalações não institucionais.
CASAS DE APOIO E A ESTRUTURA DO CUIDADO PALIATIVO
Introdução à Medicina Clínica
É fundam ental para esse tipo de assistência a abordagem p o r parte de um a equipe interdisciplinar, incluindo geralm ente o tratam ento sintom ático e o controle da dor, a assistência espiritual e psicológi ca do paciente, bem com o apoio aos familiares cuidadores durante a doença do paciente e no período de luto. Os pacientes em fase term inal apresentam u m a grande varieda de de doenças avançadas, frequentem ente com vários sintom as que exigem alívio, e precisam de esquem as terapêuticos não invasivos que serão m inistrados em um am biente de assistência adaptado às circunstâncias. Para garantir a qualidade dos cuidados paliativo e ter m inal, é fundam ental m anter o foco em quatro dom ínios gerais: ( 1) sintom as físicos; (2) sintom as psicológicos; (3) necessidades sociais, incluindo as relações interpessoais, a prestação de cuidados e as p reo cupações econôm icas; e (4) necessidades existenciais ou espirituais. Um a avaliação abrangente deve pesquisar e avaliar as necessida des em cada um desses quatro dom ínios. Os objetivos da assistência devem ser estabelecidos em discussões com o paciente e/ou com a família, de acordo com a avaliação em cada um dos referidos d o m ínios. As intervenções deverão, então, ser planejadas de m odo a m elhorar ou controlar os sintom as e as necessidades. E m bora sejam responsáveis p or determ inadas intervenções, especialm ente as téc nicas, e pela coordenação das intervenções, os m édicos não podem responder pela prestação de todos os serviços. C om o a incapacida de de abordar qualquer um dos dom ínios provavelm ente im pedirá um a m orte tranqüila, um a equipe interdisciplinar bem -coordenada e cujos m em bros se com unicam de m aneira eficaz adquire im p o r tância especial no cuidado term inal. D e pendendo do contexto, os m em bros fundam entais da equipe incluem m édicos, enferm eiras, as sistentes sociais, capelães, auxiliares de enferm agem , fisioterapeutas, terapeutas p ara o luto e voluntários.
■ AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DA ASSISTÊNCIA Avaliação global Os m étodos padronizados para realizar a avaliação global baseiam -se na análise da situação do paciente em cada um dos quatro d o m ínios atingidos pela doença: físico, psicológico, social e espiritual. A avaliação dos sintom as físicos e m entais deve seguir um a versão m odificada da anam nese e do exame físico tradicionais, enfatizando os sintom as. As perguntas devem p ro c u ra r esclarecer os sintom as e determ inar as origens do sofrim ento, avaliando o grau com que estes sintom as interferem na qualidade de vida do paciente. O em prego de u m a avaliação padronizada é fundam ental. Som ente p ara o câncer, existem atualm ente 21 instru m en to s para a avaliação de sintom as. Mais pesquisas sobre essas ferram entas de avaliação, e sua validação, especialm ente considerando as perspectivas do paciente, poderiam m elhorar sua eficácia. Entre os instrum entos capazes de avaliar um a am pla variedade de sintom as e dotados de bom desem penho psicom étrico, estão a escala m em orial de avaliação de sintom as (MSAS), a lista de verificação de sintom as de Roterdã, o questionário de q u i m ioterapia de W orthing e o in stru m en to com putadorizado de ava liação de sintom as. Esses instrum entos são longos e podem ser úteis para avaliações clínicas iniciais ou para finalidades de pesquisa. Ins tru m en to s m ais curtos são úteis para os pacientes cujas condições de desem penho não perm item avaliações abrangentes. Instrum entos m ais curtos e adequados incluem a escala m em orial condensada de avaliação de sintom as, o sistem a de avaliação de sintom as de E dm onton, o inventário de avaliação de sintom as de M.D. A nderson e a es cala de desconforto sintom ático. O uso de tais instrum entos garante que a avaliação seja com pleta e não se concentre apenas na d or e al
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guns outros sintom as físicos. Os exam es invasivos devem ser evita dos no cuidado term inal, e m esm o exam es m inim am ente invasivos devem ser cuidadosam ente avaliados quanto à sua razão custo/bene fício para o paciente. Os p rocedim entos desconfortáveis do exame físico com pouca probabilidade de gerar inform ações úteis tam bém podem ser om itidos. No que diz respeito às necessidades sociais, os profissionais de saúde devem avaliar o estado das relações im portantes, o ônus fi nanceiro, as necessidades de cuidados diários e o acesso à assistência médica. Perguntas relevantes incluem as seguintes: com que frequên cia você tem um a pessoa íntim a p o r perto? O que a sua doença tem significado para a sua fam ília? Como afetou os seus relacionamentos? De quanta ajuda você precisa para realizar coisas como fa ze r refeições e movimentar-se? Você tem alguma dificuldade de obter a assistência médica de que precisa? N a área das necessidades existenciais, os p ro fissionais devem avaliar o grau de sofrim ento, o sentim ento de equilí brio em ocional e existencial, e se o paciente vê sentido ou significado em tudo. Perguntas de avaliação incluem as seguintes: você é capaz de ver significado em tudo desde que sua doença começou? Quais são as coisas mais importantes para você nesta fase? Além disso, pode ser proveitoso inquirir de que m aneira o paciente avalia a assistência que recebe: até que ponto você é respeitado pelos médicos e enfermeiros que o atendem? Qual o grau de clareza das informações que você recebe da equipe acerca do que esperar da sua doença? Você acredita que a sua assistência médica satisfaz seus objetivos? E conveniente aprofundar as perguntas da avaliação caso se detectem problem as em qualquer um a dessas áreas.
Comunicação Sempre que u m a doença põe a vida em risco, surgem m uitos m o m entos em ocionalm ente tensos e com o potencial de gerar conflitos. Nesses m om entos de más notícias, a habilidade de com unicar-se de m odo em pático e eficaz é essencial. Tais situações im plicam a reve lação, ao paciente e/ou à sua família, do diagnóstico de um a doença term inal, do prognóstico, das falhas do tratam ento, da m udança de ênfase na cura e no prolongam ento da vida para o controle e a paliação dos sintom as, para o planejam ento antecipado da assistência e para a morte do paciente. E m bora essas conversas possam ser difíceis e produzam tensão, as pesquisas indicam que as discussões de final de vida podem levar a encam in h am en to s m ais precoces a casas de apoio em vez do tratam en to excessivam ente agressivo, beneficiando a qualidade de vida para pacientes e m elhorando o processo de perda para os familiares. Assim com o os cirurgiões planejam e preparam grandes c iru r gias e os investigadores ensaiam a apresentação dos resultados de um a pesquisa, os m édicos e os dem ais profissionais de saúde que assistem os pacientes com doença grave ou avançada podem desen volver um a abordagem trein ad a para com partilhar inform ações im portantes e planejar intervenções. Além disso, as famílias valorizam tanto o bom preparo do m édico em com unicar m ás notícias quanto o am biente em que a com unicação se deu. Por exemplo, 27% das fam í lias que tom aram decisões críticas sobre os pacientes de um a unidade de terapia intensiva (UTI) desejavam um espaço físico m elhor e mais reservado para com unicar-se com os m édicos, e 48% consideraram reconfortante ter u m m em bro do clero presente. Um pro ced im en to em sete etapas o rganizado e eficaz para transm itir más notícias em sete etapas é apresentado pelo acrônim o POD-CRER: (1) preparar-se para a discussão, (2) obter um am biente adequado, (3) prom over um a discussão inicial para definir o que o paciente e/ou a família com preendem , (4) determ inar com o com pre enderão as inform ações novas e quanto desejam saber, (5) revelar os fatos novos necessários, (6) p erm itir respostas em ocionais e (7) resu m ir os planos para as próxim as etapas da assistência. O Q u a d ro 9.2 fornece um resum o dessas etapas juntam ente com as frases sugeridas e os princípios subjacentes de cada um a. O utras pesquisas que consi deram ainda a resposta dos pacientes a m étodos sistem áticos de co m unicação de m ás notícias p oderiam con stru ir a base de evidências para procedim entos de com unicação ainda m ais eficazes.
QUADRO 9.2 Acrônimo
Elementos para a comunicação de más notícias - A abordagem POD-CRER Passos
Objetivo da interação
Preparo, perguntas e frases
Preparação
Prepare-se mentalmente para a interação com o paciente ou com a família
Reveja as informações que requerem comunicação
Assegure um ambiente adequado para uma conversa séria e possivelmente tensa em termos emocionais
Assegure a presença do paciente, da família e dos apoios sociais adequados
Obtenção de um ambiente adequado
Planeje como dará o apoio emocional Ensaie os passos essenciais e as frases da interação Reserve tempo suficiente Assegure a privacidade e evite interrupções por pessoas ou pelo celular Leve uma caixa de lenços de papel
Inicie a conversa estabelecendo o que o paciente e a família já sabem, e se podem compreender as informações Alivie as tensões deixando que a família participe
Comece com perguntas abertas, para estimular a participação Frases que podem ser empregadas: O que você sabe sobre sua doença? Quando você teve pela primeira vez o sintoma X, o que pensou que poderia ser? O que foi que o D r.X lhe disse quando o enviou aqui? O que você acha que vai acontecer?
Compreensão sobre os questionamentos e a necessidade de informação
Descubra que necessidades de informação a família e o paciente têm, e que limites eles desejam estabelecer com respeito às más notícias
Revelação do seu conhecimento sobre o problema
Dê as más notícias com sensibilidade ao paciente e à sua família
Frases que podem ser usadas: Se isso que você tem for uma coisa séria, você vai querer saber? Você quer que eu lhe conte todos os detalhes do seu problema ? Se não quer, para quem você gostaria que eu contasse7
Cuidados Paliativo e Terminal
Discussão inicial sobre as percepções do paciente
Não despeje simplesmente as informações sobre o paciente e a família Verifique se o paciente e a família estão entendendo Frases que podem ser usadas: Sinto muito em ter de dizer isso, mas... Infelizmente, seus exames mostraram q u e .. Tenho medo de que as notícias não sejam boas...
Empatia e estudo da reação
Identifique a causa das emoções por exemplo, o mau prognóstico
Emoções fortes em reação a más notícias são normais
Seja empático com os sentimentos do paciente e da família
Lembre-os de que tais emoções são normais mesmo se assustadoras
Estude a situação por meio de questões abertas
Lembre ao paciente e à família que você não os abandonará
Certifique-se do que o paciente e a família estão sentindo Dê-lhes tempo para que possam responder Frases que podem ser usadas: Sei que é duro ouvir isso É natural que vocês estejam muito abalados. Podem desabafar comigo Eu queria que as notícias fossem outras Faremos por vocês tudo o que pudermos
Resumo e planejamento
Delinear para o paciente e para a família os próximos passos, incluindo novos exames e intervenções
0 que aumenta a ansiedade é o desconhecido e a incerteza Estabeleça um esquema com objetivos e marcos. Exponha o seu raciocínio para que o paciente e/ou a família o aceitem (ou o rejeitem) Se o paciente e/ou a família não estão dispostos a discutir os próximos passos, agende uma visita de acompanhamento
Fonte: Adaptado de Buckman.
Avaliação contínua dos objetivos Entre as principais barreiras à prestação de cuidados paliativo e ter m inal de qualidade, estão a dificuldade de oferecer um prognóstico preciso bem com o a resistência em ocional dos pacientes e de suas fam ílias em aceitar as im plicações de um pro g n ó stico reservado. U m a solução prática para tais obstáculos é integrar o cuidado palia tivo com o tratam ento curativo independentem ente do prognóstico. Desse m odo, o cuidado paliativo deixa de transm itir a m ensagem de fracasso, da im possibilidade de tratam en to ou de ter perdido a es perança. É fundam ental, para a integração do cuidado paliativo ao tratam ento curativo, incluir a avaliação contínua dos objetivos com o parte da reavaliação rotineira do paciente que ocorre na m aioria dos encontros m édico-paciente. Os objetivos da assistência são num erosos, abrangendo desde a cura de um a doença, o prolongam ento da vida, o alívio dos sinto
mas, o adiam ento da evolução de um a doença incurável, a adapta ção à incapacidade progressiva sem abalar a família, a prom oção de paz interior ou do senso de significado pessoal, até a m orte que se dá de m aneira que deixe, nos entes queridos, um a recordação posi tiva. A definição dos objetivos da assistência pode ser realizada por m eio de um protocolo de sete etapas: ( 1) garantir que as inform ações m édicas ou de outra natureza sejam tão com pletas quanto possível e com preendidas p or todas as partes relevantes (ver anteriorm ente); (2) procurar saber o que o paciente e/ou a família desejam , identifi cando, ao m esm o tem po, objetivos realistas e relevantes; (3) com par tilhar todas as opções com o paciente e a família; (4) responder com em patia à m edida que a fam ília se adapta às m udanças de expecta tiva; (5) traçar um plano, enfatizando o que pode ser realizado para alcançar objetivos realistas; (6) executar o plano; e (7) rever e refor m ular o plano periodicam ente, considerando, a cada encontro com
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o paciente e/ou com a família, se os objetivos da assistência devem ser revistos. C ontudo, não é necessário seguir estes passos com o um a rotina m ecânica, mas eles constituem um a estrutura útil sobre a qual se pode interagir com os pacientes e suas famílias no que diz respeito aos objetivos do tratam ento. Essa interação pode ser especialm ente difícil se o paciente, ou algum m em bro da família, tem dificuldade de abrir m ão de um objetivo irreal. Um a estratégia é ajudá-los a re considerar objetivos m ais realistas e sugerir que, em bora se m an te n h a a esperança, seria prudente ter um plano para outros possíveis resultados.
Planejamento antecipado da assistência
Introdução à Medicina Clínica
Práticas O planejam ento antecipado da assistência é o processo de planejar a assistência m édica futura para o caso de o paciente vir a tornar-se incapaz de tom ar decisões m édicas. Um estudo de 2010 de adultos de 60 anos de idade ou mais que m orreram entre 2000 e 2006 descobriu que 42% necessitaram de tom ada de decisão sobre o trata m ento nos últim os dias de vida mas 70% não possuíam capacidade de tom ada de decisão. D entre aqueles que não possuem capacida de de decisão, cerca de um terço não tem diretivas avançadas. Em condições ideais, este planejam ento deve ocorrer antes de um a crise que exija assistência m édica ou antes que advenha a fase term inal da enferm idade. Infelizmente, há para isso diversos obstáculos. Em bora 80% dos norte-am ericanos aprovem o planejam ento antecipado da assistência e a preparação de testam entos vitais (instruções sobre a sua futura assistência m édica), apenas 47% o fazem. A m aioria dos pacientes espera que os m édicos abordem o assunto e deem início ao planejam ento antecipado da assistência. Os pacientes tam bém desejam discutir o planejam ento antecipado da assistência com suas famílias. Porém, os pacientes com expectativas irreais são significa tivam ente m ais propensos a preferir tratam entos agressivos. M enos de 33% dos profissionais de saúde estabeleceram um plano antecipa do da assistência para si mesmos. Por isso, um bom com eço é fazer os profissionais de saúde preparem seu próprio plano antecipado da assistência, o que serve para conscientizá-los sobre as escolhas c ru ciais e questões especialm ente difíceis do processo, bem com o lhes possibilitar dizer honestam ente ao paciente que já concluíram , eles m esmos, os seus próprios planos. As etapas do planejam ento antecipado de assistência com preen dem ( 1) a apresentação do assunto, (2) a estruturação da discussão, (3) a revisão dos planos elaborados pelo paciente e sua fam ília, (4) a docum entação dos planos, (5) a atualização periódica dos planos e (6) a im plem entação das in stru çõ es antecipadas da assistência (Q u a d ro 9.3). D uas das principais b arreiras ao p lanejam ento a n tecipado da assistência são: a dificuldade de a b o rd ar o assunto e problem as para e stru tu ra r um a discussão sucinta. A apresentação do assunto pode ser de m aneira eficiente realizada com o se fosse um procedim ento de rotina, deixando claro que é algo que se reco m enda para todos os pacientes, com o a aquisição de um seguro ou a organização do patrim ônio. M uitos dos casos m ais difíceis são os que.envolvem episódios agudos e inesperados de lesão cerebral em indivíduos jovens. A estruturação de um a discussão objetiva requer um a especial capacidade de comunicação. Identifique o representante do paciente no processo de assistência m édica e recom ende a sua participação no processo de planejam ento antecipado da assistência. Selecione um m odelo prévio, dando preferência a um m odelo que tenha sido avaliado e se m ostrado capaz de produzir expressões fidedignas e vá lidas das preferências do paciente, e oriente o paciente e o seu repre sentante a respeito do teor do modelo. Existem m odelos assim tanto para as situações gerais quanto para doenças específicas. Descreva para o paciente e para o representante um cenário com o exemplo, a fim de m ostrar como pensar as questões. M uitas vezes, convém co m eçar p or um cenário pelo qual o paciente talvez tenha preferências definidas, com o perm anecer em estado vegetativo persistente. Um a vez que as preferências do paciente p o r intervenções nesse cenário estejam definidas, sugira que o paciente e seu representante discutam e com pletem o m odelo para as outras questões. Se for conveniente, p ro ponha que envolvam outros m em bros da fam ília na discussão.
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Em um a consulta de retorno, reveja as preferências do paciente, ve rificando e resolvendo quaisquer incoerências. Depois de o paciente e seu representante assinarem o docum ento, anexe-o ao prontuário m édico e lem bre-se de fornecer cópias aos fam iliares e locais de as sistência relevantes. Com o as preferências do paciente podem m udar, tais docum entos precisam ser revistos periodicam ente ou após um a doença ou experiência pessoal.
Tipos de documentos
Os docum entos de planejam ento antecipado da assistência são de dois tipos gerais. O p rim eiro tipo inclui testa m entos em vida e instruções; são docum entos consultivos que des crevem os tipos de decisões que devem orientar a assistência. Alguns são m ais específicos, delineando diferentes cenários e intervenções para orientar a escolha do paciente. Desses, alguns são para uso ge ral, e outros destinam -se a pacientes com um determ inado tipo de doença, com o câncer ou HIV. Instruções m enos específicas podem ser declarações gerais de não desejar intervenções para m anter a vida ou form ulários que descrevem os valores que devem nortear discussões sobre a assistência term inal. O segundo tipo de instrução antecipada perm ite a designação de um representante para a assistên cia m édica (às vezes, tam bém denom inado um p ro cu rad o r p e rm a nente), um indivíduo escolhido pelo paciente para tom ar decisões. A escolha não é do tipo isto ou aquilo; com frequência, utiliza-se a com binação de um a diretriz escrita com a designação de um repre sentante, e as instruções devem indicar claram ente se as preferências do paciente ou a escolha do representante devem prevalecer caso e n trem em conflito. Alguns estados nos EUA com eçaram a colocar em prática um paradigm a de “Solicitações do M édico para T ratam ento de Sustentação da Vida (POLST, do inglês Physician Orders fo r Life Sustaining Treatment)”, que constrói a com unicação entre os presta dores de cuidados e os pacientes, incluindo orientação para cuidado term inal de um a m aneira coordenada p o r cores que acom panha o paciente p or m eio dos locais de tratam ento. O s procedim entos para conclusão dos docum entos de planejam ento antecipado da assistên cia variam de acordo com a lei estadual. U m a distinção potencialm ente enganosa diz respeito aos do cu m entos estatutários em oposição aos consultivos. Os prim eiros são concebidos para satisfazer às leis estaduais relevantes. Os d o cu m en tos consultivos são concebidos para refletir os desejos do paciente. A m bos são legais, o prim eiro sob a lei estadual e o últim o sob a lei com um ou constitucional.
Aspectos legais
Nos EUA, até 2006, 48 estados e o D istrito de Colúm bia haviam sancionado legislação sobre instruções antecipadas de assistência. M uitos estados têm seus próprios form ulários estatu tários. M assachusetts, M ichigan e Nova Iorque não dispõem de leis específicas sobre testam entos vitais, em bora tenham leis sobre repre sentantes da assistência médica. Em 25 estados, as leis dispõem que um testam ento vital não é válido quando se trata de um a gestante. C ontudo, assim com o em todos os outros estados exceto o Alasca, esses estados prom ulgaram , sobre p rocuradores perm anentes para a assistência m édica, leis que p e rm item aos pacientes designarem um representante com autoridade para interrom per os tratam entos de m anutenção da vida. Som ente no Alasca as leis proíbem que os representantes ou procuradores suspendam os tratam entos de m a nutenção da vida. A legislação para reform a da saúde, a Affordable Care A ct de 2010, levantou um a controvérsia im portante quando as prim eiras versões da lei incluíam o reem bolso do M edicare para con sultas de planejam ento antecipado da assistência. As provisões foram revogadas devido a acusações de que elas levariam ao racionam ento do cuidado para o idoso. A Suprem a C orte dos EUA decretou que os pacientes têm o d i reito constitucional de decidir sobre a recusa e interrupção de inter venções m édicas, incluindo as que m antêm a vida, e que os pacientes m entalm ente incom petentes podem exercer esse direito fornecendo evidências claras e convincentes de suas preferências. C om o as in stru ções antecipadas de assistência possibilitam aos pacientes fornecer tais evidências, os com entaristas estão de acordo em que as in stru ções estão protegidas pela constituição. A m aioria dos com entaristas acredita que o estado é obrigado a respeitar quaisquer instruções an-
QUADRO 9.3
Passos no planejamento antecipado dos cuidados
Introdução do planejamento antecipado dos cuidados
Frases úteis e observações a serem feitas
Perguntar ao paciente se ele conhece o planejamento antecipado da assistência e se já escreveu suas instruções antecipadas de assistência Informar que você, como médico, já elaborou o seu próprio planejamento antecipado da assistência
Eu gostaria de abordar com você algo que tento discutir com todos os meus pacientes. É o planejamento antecipado da assistência. De fato, acho Isso tão importante que já fiz o meu. Você tem familiaridade com o planejamento antecipado da assistência ou com o testamento vital?
Informar que você tenta fazer o planejamento antecipado da assistência com todos os pacientes independente do prognóstico
Você já pensou no tipo de cuidado que desejaria receber se algum dia ficasse tão doente que já não pudesse se expressar? Esse é o objetivo do planejamento antecipado da assistência
Explicar que os objetivos do processo são dar poder ao paciente e assegurar que você e o representante dele lhe compreendam as preferências
Não há nada na sua saúde que já não tenhamos discutido. Estou tocando nesse assunto apenas porque é importante para todos, não importa quão bem ou mal você esteja, ou quão jovem ou velho seja
Fornecer ao paciente a literatura relevante, incluindo as instruções antecipadas da assistência que você prefere usar Recomendar que o paciente identifique um representante que possa tomar decisões, e que deverá estar presente ao próximo encontro Discussão estruturada dos cenários e do paciente
Afirmar que o objetivo do processo é seguir a vontade do paciente caso ele não esteja em condição de tomar decisões Explicitar os objetivos globais do paciente em relação aos cuidados de saúde Explicitar as preferências do paciente por determinadas intervenções em uns poucos cenários relevantes e comuns
Mantenha à disposição do paciente e das famílias vários exemplares das instruções antecipadas da assistência, inclusive na sala de espera Saiba onde obter formulários específicos para cada estado (disponíveis em www.nhpco.org, no caso dos EUA) Comece a discussão com o estado vegetativo persistente, considerando depois outros cenários, como a recuperação de um evento agudo com séria incapacidade, perguntando ao paciente as suas preferências em relação a determinadas intervenções, como respiradores, nutrição artificial e RCP. Aborde, em seguida, as intervenções menos invasivas, como transfusões de sangue e antibióticos
Cuidados Paliativo e Terminal
Objetivos a serem alcançados e medidas a tom ar
Ajudar o paciente a definir os limites para o término ou a suspensão das intervenções Definir as preferências do paciente sobre o papel do seu representante Use uma planilha estruturada com os cenários típicos Rever as preferências do paciente
Após o paciente ter escolhido as intervenções, revê-las para assegurar que são coerentes, e que o representante está ciente delas
Documentação das preferências do paciente
Preencher formalmente as instruções antecipadas de assistência e fazê-las assinar por uma testemunha Fornecer uma cópia ao paciente e ao seu representante Anexar uma cópia ao prontuário médico do paciente e resumi-lo numa anotação de evolução
Atualização das instruções
Rever as instruções com o paciente periodicamente e quando das principais modificações do estado de saúde, fazendo as modificações necessárias
Aplicação das instruções
As instruções entram em vigor apenas quando o paciente já é incapaz de tomar decisões médicas por si mesmo Reler as instruções para estar certo do seu conteúdo Discutir com o representante as ações que você propôs com base nas instruções
Nota: RCP, reanimação cardiopulmonar. tecipadas de assistência, estejam ou não escritas em um form ulário oficial. M uitos estados sancionaram leis que respeitam explicitam en te as instruções de outros estados. Se o paciente não tiver preenchido um form ulário estatutário, será aconselhável anexá-lo às instruções que estão sendo usadas. Form ulários específicos do estado (EUA) estão à disposição dos provedores de cuidados da saúde, pacientes e familiares no Website da N ational Hospice and Palliative Care O rga nization (http://w w w .nhpco.org).
INTERVENÇÕES ■ SINTOMAS FÍSICOS E SEU TRATAMENTO Tem -se dado grande ênfase à abordagem à d or do paciente agoni zante. A lgum as instituições, para enfatizar a im p o rtân cia da dor, transform aram -na no quinto sinal vital. Esta ideia tam bém tem sido defendida pelos grandes sistemas de assistência à saúde, com o a A d m inistração dos Veteranos (Veterarís A dm inistration), e pelos orga
nism os de acreditação, com o a C om issão C onjunta de A creditação das O rganizações de A ssistência à Saúde (Joint C om m ission on the Accreditation o f H ealth Care O rganization, JCAHO). E m bora a ado ção da d or com o um sinal vital tenha sido sim bolicam ente im p o rtan te, não há dados que m o strem que tenha m elhorado as práticas de controle da dor. E m bora a boa assistência term inal exija tratam ento eficaz da dor, tam bém exige mais. A frequência dos sintom as varia conform e a doença e outros fatores. Os sintom as físicos e psicológi cos m ais com uns entre os pacientes com doença term inal consistem em dor, fadiga, insônia, anorexia, dispepsia, depressão, ansiedade, náuseas e vôm itos. N os últim os dias de vida, o delirium term inal tam bém é com um . A avaliação de pacientes com câncer avançado m ostrou que eles apresentaram , em m édia, 11,5 sintom as físicos e psicológicos diferentes (Q u a d ro 9.4). As avaliações feitas para determ in ar a etiologia desses sintom as devem lim itar-se à anam nese e ao exam e físico. Em alguns casos, exames radiológicos ou outros testes de diagnóstico fornecerão, na
71
QUADRO 9.4 Sintomas físicos e psicológicos comuns nos pacientes em estágio terminal 1 Sintomas físicos
Sintomas psicológicos
Dor
Ansiedade
Fadiga e fraqueza
Depressão
Dispnéia
Desamparo
Insônia
Descrença
Boca seca
Irritabilidade
Introdução à Medicina Clínica
Anorexia
Dispersão
Náuseas e vômitos
Confusão
Obstipação
Delirium
Tosse
Perda da libido
Edema dos braços e das pernas Prurido Diarréia Disfagia Tonturas Incontinências urinária e fecal Dormência/formigamento nas mãos/pés
orientação do cuidado paliativo ideal, benefício suficiente para justi ficar os riscos, o desconforto e a inconveniência para o paciente gra vem ente enferm o. A penas alguns dos sintom as com uns, que geram situações de difícil controle, são discutidos neste capítulo. In fo rm a ções adicionais sobre o controle de o u tro s sintom as, com o náuseas e vôm itos, insônia e diarréia, p o d em ser en co n trad as n os Caps. 39 e 81, no Cap. 27 e no Cap. 40, respectivam ente.
Dor Frequência
A frequência de d or entre pacientes com doença term i nal varia am plam ente. Relatou-se que a proporção de pacientes com câncer avançado que sente do r substancial varia de 36 a 90%. No es tu d o SUPPORT de pacientes hospitalizados com diferentes d istú r bios e sobrevida estim ada em 6 m eses ou m enos, 22% queixaram -se de d or m o d erad a a grave, e os c uidadores desses pacientes relata ram que 50% tiveram níveis sem elhantes de d o r du ran te os últim os dias de vida. Um a m etanálise en co n tro u prevalência da d or de 58 a 69% em estudos que incluíram pacientes caracterizados com o tendo câncer avançado, m etastático ou term inal; 44-73% em estudos que incluíam pacientes caracterizados com o subm etidos a tratam en to p ara câncer; e 21-45% em estudos que in clu íram indivíduos pós-tratam ento.
Etiologia A d or nociceptiva resulta de estim ulação m ecânica ou quím ica direta dos nociceptores e sinalização neural no rm al para o cérebro. Tende a ser localizada, contínua, latejante e em cãibra. O exem plo clássico é o das m etástases ósseas. A d or visceral é causada p or nociceptores nos sistemas gastrintestinal, respiratório e outros. É um tipo de dor profunda ou em cólica classicam ente associado a p a n creatite, infarto do m iocárdio ou invasão tum oral de vísceras. A dor neuropática origina-se de sinais neurais e desordenados. E um a dor em queim ação elétrica ou sem elhante a um choque. Os casos clássi cos são a dor pós-acidente vascular encefálico, invasão tum oral do plexo braquial e neuralgia herpética. Avaliação
A dor é um a experiência subjetiva. De acordo com as cir cunstâncias, a perspectiva e o estado fisiológico do paciente, o m es m o tipo de lesão ou doença produz níveis diferentes de d or relatada e de necessidade de analgesia. A avaliação sistem ática inclui a defini ção do seguinte: ( 1) tipo: pulsátil, em cólicas, em queim ação etc.; (2) periodicidade: contínua, com ou sem exacerbações, ou eventual; (3) localização; (4) intensidade; (5) fatores m odificadores; (8) efeito dos
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:
tratam entos; (7) im pacto funcional; e (8) im pacto sobre o paciente. Podem -se usar várias m edidas validadas de avaliação da dor, com o a escala análoga da dor, o inventário abreviado da dor e o com ponente de dor de algum dos instrum entos m ais abrangentes de avaliação de sintom as. Reavaliações freqüentes são essenciais para que se possa analisar o efeito das intervenções.
Intervenções
As intervenções p ara a dor devem ser adaptadas a cada indivíduo, com o objetivo de prevenir a d or crônica e aliviar a dor em ergente. No fim da vida, não há razão para duvidar do relato de dor do paciente. Os analgésicos são a base do tratam ento. Se fracas sarem e houver necessidade de intervenções não farm acológicas com o radioterapia, procedim entos anestésicos ou neurocirúrgicos, com o o bloqueio de nervos periféricos ou m edicam entos epidurais —, será conveniente o parecer de um especialista em dor. As intervenções farm acológicas seguem a abordagem em três etapas da O rganização M undial de Saúde, envolvendo analgésicos não opioides, opioides leves e opioides fortes, com ou sem adjuvantes (Cap. 11). Os analgésicos não opioides, especialm ente os anti-inflam atórios não esteroides, são o tratam ento inicial da d or leve. Funcio nam inibindo as prostaglandinas periféricas, e reduzindo a inflam a ção, m as tam bém podem exercer efeitos no sistem a nervoso central (SNC). O efeito aum enta com a elevação das doses, até que se alcança um teto. O ibuprofeno, até 1.600 m g/dia, tem risco m ínim o de cau sar sangram ento e disfunção renal, sendo u m a boa escolha inicial. Deve ser evitado nos pacientes com história de sangram ento grave, gastrintestinal (GI) ou de outra natureza. Nos pacientes com histó ria de gastrite leve ou de doença por refluxo gastresofágico (GERD), deve-se introduzir um tratam en to p ara reduzir a acidez, com o um inibidor da bom ba de prótons. O acetam inofeno é um a alternativa em pacientes com história de sangram ento gastrintestinal, podendo ser usado com segurança até a dose de 4 g/dia em tom adas a cada 6 horas. Em pacientes com disfunção hepática, p or m etástases ou por qualquer outro m otivo e em pacientes com alcoolismo grave, as doses devem ser reduzidas. Se os analgésicos não opioides forem insuficientes, deverão ser fornecidos opioides, os quais atuam interagindo com os receptores opioides m u no SNC, ativando os neurônios inibidores da dor; a m aioria é de antagonistas do receptor. Os opioides sim ultaneam ente agonistas/antagonistas, úteis para a d or pós-aguda, não devem ser usados para a dor crônica na assistência term inal. Os opioides fra cos, com o a codeína, podem ser usados inicialm ente. Contudo, caso doses crescentes de opioides fracos não aliviem suficientem ente a dor, devem -se em pregar opioides fortes, com o a m orfina, 5 a 10 mg a cada 4 horas. Os analgésicos não opioides devem ser com binados com opioides porque potencializam os efeitos destes últimos. Para a d or contínua, os opioides devem ser adm inistrados de m aneira regular e in interrupta, num a frequência coerente com a d u ração da analgesia. Os opioides não devem ser m inistrados apenas quando o paciente sente dor; o objetivo é evitar que sintam dor. Os pacientes tam bém devem ter acesso a um m edicam ento de resgate, com o a m orfina líquida, para a do r em ergente, n um a dose que deve geralm ente corresponder a 20% da dose do opioide regular. Devem tam bém ser inform ados de que o uso do m edicam ento de resgate não im pede a necessidade de to m ar a próxim a dose regular de anal gésico. Se após 24 horas a d o r co n tin u ar sem controle, recorrendo antes da dose seguinte, exigindo que o paciente utilize a m edicação de socorro, a dose diária de opioide p o d e ser aum en tad a da dose total do m edicam ento de resgate usada pelo paciente ou em 50% da dose diária regular de opioide para a d or m oderada e 100% para a do r intensa. O tratam en to inicial não deve ser feito com preparações de liberação prolongada. Em vez disso, o artifício inicial de usar pre parações de ação rápida, com a finalidade de determ inar quanto é necessário nas prim eiras 24 a 48 h, possibilitará ao m édico estabele cer a dose adequada de opioide. Um a vez alcançado o alívio da dor m ediante o uso de preparações de ação rápida, pode-se m udar para as preparações de liberação prolongada. M esm o com um esquem a estável com preparação de liberação prolongada, o paciente pode ter dor incidente, tal com o durante m ovim ento ou tro ca de curativos.
caso dos pacientes que têm doença avançada, a necessidade de doses crescentes de opioides para analgesia geralm ente é causada pela p ro gressão da doença, e não p or tolerância. A dependência física é in d i cada p or sintom as decorrentes da suspensão abrupta dos opioides, não devendo ser confundida com adição. Os analgésicos adjuvantes são os não opioides que potenciali zam os efeitos analgésicos dos opioides. M ostram -se especialm ente im portantes no tratam ento da d o r neuropática. A gabapentina, um anticonvulsivante inicialm ente estudado no contexto da neuralgia p ós-herpética, é agora o trata m e n to de p rim e ira linha p ara a d or neuropática decorrente de u m a variedade de causas. E iniciada na dose de 100 a 300 m g 2 ou 3 vezes/dia, com increm entos de 50 a 100% nas doses a cada 3 dias. H abitualm ente, 900 a 3.600 m g/dia em 2 ou 3 doses são eficazes. A com binação de gabapentina e n o rtriptilina p ode ser m ais eficaz do que o uso da gabapentina isoladam ente. C onfusão e sonolência são possíveis efeitos colaterais da gabapen tina, p ara os quais se deve estar atento, especialm ente em idosos. O utros m edicam entos adjuvantes eficazes incluem a pregabalina, que tem o m esm o m ecanism o de ação que a gabapentina, m as é ab sorvida m elhor a p a rtir do trato gastrintestinal. A lam otrigina é um m edicam ento novo cujo m ecanism o de ação é desconhecido, m as que se m ostrou eficaz. R ecom enda-se iniciar com 25 a 50 m g/dia e aum entar até 100 m g/dia. A carbam azepina, um m edicam ento de prim eira geração, já se m o stro u eficaz em ensaios random izados para a d or neuropática. O u tro s anticonvulsivantes potencialm ente eficazes incluem o topiram ato (iniciar com 25 a 50 m g 1 ou 2x/dia e aum entar para 100 a 300 m g/dia) e a oxcarbazepina (iniciar com 75 a 300 m g 2x/dia e a um entar para 1.200 m g 2x/dia). Os glicocorticoides, de preferência a dexam etasona adm in istrad a 1 vez/dia, podem ser úteis na redução da inflam ação que causa dor, além de elevarem o hum or, a energia e o apetite. Seus principais efeitos colaterais in cluem confusão, sono difícil e retenção hídrica. O s glicocorticoides são especialm ente eficazes para as dores óssea e abdom inal p or dis tensão do trato gastrintestinal ou do fígado. O utros fárm acos, com o a clonidina e o baclofeno, p odem ser eficazes no alívio da dor. Esses agentes são adjuvantes, devendo ser geralm ente usados em associa ção com opioides - n ão em vez deles. A m etadona, em doses que devem ser cuidadosam ente calculadas em decorrência de sua m eia-vida imprevisível em m uitos pacientes, exerce atividade no receptor de N -m etil-D -aspartato (N M D A ), sendo útil para as síndrom es de d or com plexas e dor neuropática. A radioterapia trata a d or óssea das lesões m etastáticas solitárias. A dor óssea produzida p o r m últiplas m etástases pode responder ao em prego de radiofárm acos, com o o estrôncio 89 e o sam ário 153. Os bisfosfonatos [como o p a m id ro n ato (90 m g a cada 4 sem anas)] e a calcitonina (200 UI p o r via intranasal 1 ou 2x/dia) tam bém p ro m o vem o alívio da dor óssea, m as o início da ação pode levar dias.
Cuidados Paliativo e Terminal
As preparações de curta ação devem ser tom adas de antem ão, antes destes episódios previsíveis. Em bora isso seja m enos com um , alguns pacientes podem ter insuficiência do fin a l da dose com os opioides de longa ação, isto é, sentem dor após 8 horas no caso dos m edicam en tos adm inistrados a cada 12 horas. Nestes casos, é conveniente tentar dar a m esm a dose da m edicação a cada 8 horas. Em virtude de diferenças nos receptores opioides, a tolerância cruzada entre os opioides é incom pleta, e os pacientes p odem ter efeitos colaterais distintos com opioides diferentes. Por isso, se o paciente não obtiver analgesia ou apresentar efeitos colaterais em excesso, será conveniente m u d ar p ara o utra preparação opioide. Ao trocar, deve-se com eçar com 50 a 75% da dose equianalgésica publi cada do novo opioide. Ao c o n trá rio dos an ti-in flam ató rio s não esteroides, os efeitos dos opioides nunca alcançam um teto m áxim o; p o r isso, não existe dose m áxim a, seja qual for a dose em m iligram as que o paciente esteja recebendo. A dose a p ro p ria d a é a necessária p a ra aliviar a dor. Este é um aspecto im p o rtan te que os m édicos devem explicar aos pacientes e às suas famílias. A o co rrên cia de dep en d ên cia ou excessiva depressão respiratória é extrem am ente im provável n u m paciente com doença term inal; o m edo desses efeitos colaterais não deve im pedir o aum ento da dose dos opioides q u a n d o o paciente queixar-se de analgesia insuficiente; tam pouco justifica o uso de a n tagonistas opioides. Os efeitos colaterais dos opioides devem ser previstos e tratados preventivam ente. Q uase todos os pacientes m anifestam obstipação, que pode ser incapacitante (ver adiante). A incapacidade de evitar a obstipação m uitas vezes resulta em baixa adesão à terapia com opioi des. A m etilnaltrexona é um fárm aco que age sobre a obstipação in duzida pelos opioides, bloqueando os receptores opioides periféricos, ao m esm o tem po em que poupa os centrais, responsáveis pela analge sia. Em ensaios controlados por placebo, é possível m ostrar um efeito laxante 24 horas após a adm inistração. Cerca de 33% dos pacientes apresentam náuseas e vôm itos, mas, diferente do que ocorre com a obstipação, a tolerância surge habitualm ente em 1 sem ana. Por isso, no início do uso de opioides é com um prescrever profilaticam ente um antiem ético, com o a m etoclopram ida ou um antagonista da serotonina, e suspendê-lo após 1 sem ana. A sonolência, efeito colateral com um dos opioides, tam bém cede em 1 sem ana. Já se dem onstrou, igualmente, que a olanzapina tem propriedades antinauseantes e que pode ser eficaz no com bate ao delirium e à ansiedade, tendo ainda a vantagem de prom over algum ganho de peso. A sonolência, um efeito colateral c o m u m dos opioides, geral m ente cede em 1 sem ana. D u ran te esse perío d o , p o d e -se tra ta r a sonolência com p sicoestim ulantes, com o a d e x tro a n feta m in a, o m etilfenidato e m odafinila. Este ú ltim o tem a vantagem de p o d e r ser a d m in istrad o em dose ú n ica diária. R elatos p re lim in a res s u gerem que a donepezila tam bém p o d e ser útil p a ra a sonolência induzida p o r opiáceos bem com o no alívio da fadiga e ansiedade. Os m etabólitos da m orfina e da m aior p a rte dos opioides são d e p u rados pelos rins; p o d e rá ser necessário ajustar as doses se h ouver insuficiência renal. Os pacientes gravem ente doentes que necessitam de alívio crô nico da dor raram ente ou nunca apresentam drogadição. A suspeita de um a possível drogadição não é razão para suspender a analgesia de pacientes com doença term inal. Os pacientes e as famílias podem não adm inistrar os opioides prescritos p or receio de adição ou de pendência. Os m édicos e os dem ais profissionais de saúde devem tranqüilizar os pacientes e suas famílias sobre o fato de que o paciente não se tornará viciado em opioides se estes forem usados conform e prescritos para analgesia; tal receio não deve im pedir o paciente de usar a m edicação continuam ente. C ontudo, pode haver desvio dos fárm acos para uso po r outros fam iliares ou venda ilícita. Pode ser necessário avisar o paciente ou o seu cuidador sobre a necessidade de arm azenar com segurança os opioides. U m contrato escrito com o paciente e a família pode ser útil. Se isso falhar, poderá ser necessária a transferência para um a instituição segura. Tolerância é a necessidade de doses cada vez m aiores de m edica ção para obter o m esm o alívio da d o r sem alteração na doença. No
Obstipação Frequência
A obstipação é relatada em até 87% dos pacientes que requerem cuidado paliativo.
Etíologia
E m bora a hipercalcem ia e outros fatores possam causar constipação, esse sintom a n o rm alm en te é um a conseqüência p re visível do uso de opioides p ara o alívio da do r e da dispnéia, bem com o do em prego de antidepressivos tricíclicos, devido a seus efeitos anticolinérgicos, além da inatividade e da dieta precária com uns e n tre pacientes gravem ente enferm os. Se não for tratada, a constipação poderá causar d or substancial e vôm itos, associando-se tam bém a confusão m ental e delirium. Sem pre que se usam opioides e outros m edicam entos que sabidam ente causam constipação, deve-se insti tuir um tratam ento preventivo.
Avaliação
O m édico deve estabelecer os hábitos intestinais p ré vios do paciente, incluindo a frequência, a consistência e o volume. D evem -se realizar exam es abdom inal e retal para excluir a impactação ou o abdom e agudo. Inúm eras escalas de avaliação da obsti pação estão disponíveis, em bora as diretrizes publicadas no Journal o f Palliative M edicine não as recom endam para a prática rotineira. Q uatro escalas de avaliação com um ente usadas são a Bristol Stool
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QUADRO 9.5
Medicamentos para o controle da constipação
1 Intervenção
Dose
Comentário
Suco de ameixas
120 a 240 mL/dia
Estes agentes estimulam diretamente a peristalse, podendo reduzir a absorção de água pelo colo
Sena
2 a 8 comprimidos V0 2x/dia
Agem em 6 a 12 h
Bisacodil
5 a 15 mg/dia vias oral ou retal
Laxantes estimulantes
Laxantes osmóticos
Introdução à Medicina Clínica
Lactulose
15 a 30 mLVO c a d a 4 a 6 h
Estes agentes não são absorvidos. Atraem e retêm água no trato gastrintestinal
Hidróxido de magnésio (leite de magnésia)
15 a 30 mL/dia V0
A lactulose pode causar flatulência e distensão abdominal
Citrato de magnésio
125 a 250 m L/dia V0
A lactulose age em 1 dia; o magnésio, em 6 h
Docusato de sódio (Colace)
300 a 600 mg/dia V0
Estes medicamentos agem aumentando a secreção de água e como detergentes aumentando a penetração da água nas fezes
Docusato de sódio
300 a 600 mg/dia V0
Agem em 1 a 3 dias
Bisacodil
10 a 15 mg via retal 1x/dia
Dose fixa, 135 mL, Fleet-enema
Enema de fosfato de sódio
Via retal 1x/dia
Emolientes fecais
Supositórios e enemas
Form Scale, a C onstipation Assessm ent Scale, a C onstipation Visual Analogue Scale e a Eton Scale Risk Assessment. Exames radiológicos mais complexos que um a radiografia sim ples de abdom e raram ente são necessários nos casos em que se suspeita de obstrução.
Intervenção
A intervenção para restabelecer hábitos intestinais con fortáveis e alívio da dor e desconforto devem ser as m etas de quais quer m edidas que abordem a obstipação durante o cuidado term inal. Em bora a atividade física, hidratação adequada e dieta rica em fibras sejam úteis, essas m edidas têm eficácia lim itada nos pacientes m ais gravem ente enferm os, e os alim entos ricos em fibras podem exacer bar o problem a no contexto de desidratação ou se a etiologia for um a m otilidade deficiente. As fibras são contraindicadas d urante o uso de opioides. Laxativos estim ulantes e osm óticos, em olientes fecais, líquidos e enem as são as bases do tratam en to (Q u a d ro 9.5). Para a prevenção da constipação causada por opioides e outros m edicam en tos, deve-se utilizar um a com binação de um laxativo com um emoliente fecal (como a sena e o docusato). Caso o paciente não defeque após vários dias de tratam ento, será necessário um exam e retal para a rem oção de fezes im pactadas e a colocação de u m supositório. Para os pacientes que apresentam obstrução intestinal im inente ou estase gástrica, o octreotídio pode ser útil para reduzir as secreções. Para os pacientes em que o m ecanism o suspeito é a dism otilidade, a metoclopram ida pode ser útil.
Intervenção O tratam en to clínico das náuseas tem com o objeti vo agir sobre a causa anatôm ica ou m ediada p o r receptor que um a história e um exame físico cuidadosos revelam . Q uando um a ú n i ca causa específica não é encontrada, m uitos advogam com eçar um tratam ento com antagonistas da dopam ina, com o o haloperidol ou a proclorperazina. A proclorperazina é habitualm ente m ais sedativa que o haloperidol. Q uando há suspeita de redução da m otilidade, a m etoclopram ida pode ser um tratam ento eficaz. Suspeitando de in flamação do trato GI, os glicocorticoides, com o a dexam etasona, são um tratam ento apropriado. Para as náuseas que se seguem à quim io terapia ou radioterapia, recom endam -se os antagonistas do receptor 5-H T3 (ondansetron, granisetron, dolasetron). Os m édicos devem tentar a prevenção das náuseas pós-quim ioterapia em vez de forne cer tratam ento após o fato. As diretrizes clínicas atuais recom endam adaptar a potência dos tratam entos ao risco em ético específico re presentado p o r um fárm aco quim ioterápico específico. Q uando se suspeita de um a causa vestibular (com o a doença do m ovim ento ou labirintite), os anti-histam ínicos, com o a m eclizina (cujo principal efeito colateral é a sonolência), ou anticolinérgicos, com o a escopolam ina, podem ser eficazes. Nas náuseas antecipatórias, é indicado um benzodiazepínico, com o o lorazepam . Tal com o ocorre com os anti-histam ínicos, a sonolência e confusão m ental são os principais efeitos colaterais.
Dispnéia Náuseas Frequência
Até 70% dos pacientes com câncer avançado têm náuse as, definidas como a sensação subjetiva de querer vomitar.
Etiologia
As náuseas e os vôm itos são causados pela estim ulação de um de quatro sítios distintos: o trato GI, o sistem a vestibular, a zona quim iorreceptora do gatilho (CTZ) e o córtex cerebral. A ação dos tratam entos m édicos das náuseas p ro cu ra atingir cada um des tes sítios: o trato GI contém m ecanorreceptores, quim iorreceptores e receptores do tipo 3 para a 5-hidroxitriptam ina (5-H T3); o sistem a vestibular provavelmente contém receptores de histam ina e acetilcolina; e o CTZ contém quim iorreceptores, receptores do tipo 2 para a dopam ina e receptores de 5-HT3. U m exem plo de náuseas mais provavelm ente m ediadas pelo córtex é o das náuseas antecipatórias que ocorrem antes de um a sessão de quim ioterapia ou de outro es tím ulo nóxio. As causas específicas das náuseas incluem alterações m etabólicas (insuficiência hepática, urem ia p o r insuficiência renal, hipercalcem ia), obstrução intestinal, constipação, infecção, doença p or refluxo gastresofágico, doença vestibular, m etástases cerebrais, m edicam en tos (incluindo antibióticos, AINEs, inibidores da bom ba de prótons, opioides e quim ioterapia) e radioterapia. A ansiedade tam bém pode contribuir para as náuseas.
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Frequência A dispnéia é a experiência subjetiva de falta de ar. Quase 75% dos pacientes agonizantes sentem dispnéia em algum ponto de sua evolução. A dispnéia está entre os sintom as físicos mais aflitivos, no que pode superar a dor. Avaliação
Assim com o a dor, a dispnéia é um a experiência subje tiva que não se correlaciona com m edidas objetivas da P0z, Pcc,2 ou frequência respiratória. Em conseqüência, a m ensuração da satura ção de oxigênio p o r oxim etria de pulso ou p o r gasom etria arterial raram ente é útil para o rien tar o tratam ento. Apesar das lim itações dos m étodos de avaliação existentes, os m édicos devem avaliar e d o cum entar regularm ente experiência dos pacientes da dispnéia e sua intensidade. As diretrizes recom endam escalas visuais ou ana lógicas de dispnéia para avaliar a gravidade dos sintom as e os efeitos do tratam ento. As causas potencialm ente reversíveis ou tratáveis da dispnéia incluem a infecção, derram es pleurais, em bolia pulm onar, edem a pulm onar, asm a e obliteração das vias respiratórias p or um tum or. Contudo, a relação risco-benefício das intervenções diagnos ticas e terapêuticas em pacientes para os quais resta pouco tem po de vida deve ser cuidadosam ente avaliada antes que estas intervenções sejam levadas a cabo. C om frequência, nenhum a etiologia secundária é identificada, e a dispnéia advém da progressão da doença subjacen te, intratável. A ansiedade causada pela dispnéia e pela sensação de
asfixia exacerba significativam ente a dispnéia preexistente, em um círculo vicioso.
Avaliação
A fadiga é subjetiva; pode não haver alterações objetivas nem m esm o do peso corporal. Em conseqüência, a avaliação deve basear-se no relato do paciente. As escalas usadas para m ensurar a fadiga, tais com o o in stru m e n to de avaliação funcional de E dm onton, as Escalas de autorrelato de fadiga ou a Escala de fadiga de Rhoten, geralm ente são m ais apropriadas para fins de pesquisa do que para a prática clínica. Aqui, um a sim ples avaliação do desem penho, com o o estado de desem penho de K arnofsky ou a pergunta do Eastern Cooperative O ncology G roup (“Q ual a porcentagem do dia que o paciente passa no leito?”), pode ser a m elhor m edida. N a avaliação do estado do desem penho de 0 a 4,0 = atividade norm al, 1 = sin to m ático sem estar confinado ao leito, 2 = algum confinam ento, m as < 50% do tem po no leito, 3 = confinado ao leito m ais de m etade do dia, 4 = no leito o dia inteiro. Esta escala possibilita a avaliação ao longo do tem po e correlaciona-se bem com o prognóstico e a g ra vidade global da doença. U m a revisão de 2008 feita pela E uropean A ssociation o f Palliative Care tam bém descreveu várias ferram entas de avaliação mais longas com 9 a 20 itens, incluindo o Piper Fatigue Inventory, o M ultidim ensional Fatigue Inventory e o Brief Fatigue Inventory (BFI).
Cuidados Paliativo e Terminal
Q uando são diagnosticadas etiologias reversíveis ou tratáveis, deve-se tratá-las desde que os efeitos colaterais do tra ta m ento, com o a drenagem repetida de derram es ou anticoagulantes, sejam m enos incôm odos que a própria dispnéia. T ratam entos mais agressivos, com o a colocação de um stent em um a lesão brônquica, podem ser indicados quando se tem certeza de que a dispnéia se deve à invasão tum oral naquele local e quando o paciente e a fam ília e n tendem os riscos de tal procedim ento. Em geral, o tratam ento é sin tom ático (Q u ad ro 9.6). Um a escala de dispnéia e o m on itoram ento cuidadoso devem o rientar o ajuste da dose. Os opioides em baixas doses reduzem a sensibilidade do centro respiratório e a sensação de dispnéia. Caso os pacientes não estejam recebendo opioides, pode-se com eçar p o r um opioide fraco; se já estiverem recebendo, deverão ser usados m orfina ou outro opioide potente. Ensaios controlados não indicam o uso de opioides nebulizados para a dispnéia do final da vida. As fenotiazinas e a clorprom azina podem ser úteis quando com binadas com os opioides. Os benzodiazepínicos serão úteis se houver ansiedade, m as não deverão ser usados com o m edicam entos de prim eira linha nem ser usados isoladam ente para o tratam ento da dispnéia. Se o paciente tiver história de D PO C ou asm a, os broncodilatadores e corticosteroides inalatórios poderão ser úteis. Para o p a ciente que tem edem a pulm onar devido a insuficiência cardíaca, está indicada a diurese m ediante o em prego de um m edicam ento com o a furosem ida. Podem -se reduzir as secreções com escopolam ina p or vias transdérm ica ou intravenosa. Pode-se usar oxigênio, em bora este possa não passar de um placebo caro. Para alguns pacientes, o oxigê nio é aflitivo; para outros, tranquilizador. As intervenções m ais ge rais, que podem ser levadas a cabo pela equipe m édica, consistem em sentar o paciente ereto, rem over a fum aça ou outros irritantes, com o perfum es, garantir a circulação de ar fresco com u m idade suficiente e m inorar os outros fatores que possam aum entar a ansiedade. Intervenções
reoidism o e efeitos colaterais de m edicam entos. A lém da baixa in gestão calórica, a perda de m assa m uscular e as alterações das enzi m as m usculares podem d esem penhar papel im portante na fadiga da doença term inal. C om base nos relatos de fadiga p o r pacientes que receberam irradiação craniana, apresentaram depressão ou tiveram dor crônica na ausência de caquexia ou outras alterações fisiológicas, levantou-se a hipótese de que alterações no SNC, especialm ente no sistem a ativador reticular, têm atuação im portante. Por fim, a d e pressão e outras causas de sofrim ento psicológico podem contribuir para a fadiga.
Intervenções No fim da vida, a fadiga não será curada. O objetivo é m inorá-la e ajudar os pacientes e suas famílias a ajustar as expec tativas. Devem -se utilizar intervenções com portam entais para evitar culpar o paciente pela inatividade e esclarecer à fam ília e o paciente Fadiga que a doença subjacente causa alterações fisiológicas que produzem Frequência Mais de 90% dos pacientes com doença em fase term inal baixos níveis de energia. A com preensão de que o problem a é fisio apresentam fadiga e/ou fraqueza. A fadiga é u m dos sintom as m ais lógico e não psicológico ajuda a alterar as expectativas acerca do n í com um ente relatados de tratam ento de câncer assim com o no cu i vel de atividade física do paciente. N a prática, isso p o d e significar dado paliativo de esclerose m últipla, D PO C, insuficiência cardíaca reduzir as atividades rotineiras, com o tarefas dom ésticas e cozinhar, e HIV. A fadiga frequentem ente é citada entre os sintom as mais afli ou os eventos sociais fora do lar, e to rn a r aceitável receber visitas dei tivos. tado no sofá. Ao m esm o tem po, a instituição de program as de exer cícios e de fisioterapia aum enta as e ndorfinas e reduz a em aciação Etiologia As várias causas de fadiga no paciente term inal são classi m uscular bem com o o risco de depressão. A lém disso, a obtenção ficadas com o resultantes da doença subjacente; de fatores induzidos de um a boa hidratação sem p io rar o edem a ajuda a reduzir a fadi pela doença, com o o fator de necrose tu m o ral e outras citocinas; e de ga. Poderá ser o p o rtu n o su sp en d er os m edicam entos que agravam fatores secundários, com o a desidratação, anem ia, infecção, h ip o ti a fadiga, co m o agentes cardíacos, b e n z o d ia z e p ín ic o s , c erto s a n tid e pressivos ou opioides, se a dor estiver QUADRO 9.6 Medicamentos para o controle da dispnéia bem -controlada. O cuidado term inal Dose 1 Intervenção Comentários J prossegue p ara seus estágios finais, a Para os pacientes com dispnéia leve Opioides fracos fadiga pode proteger os pacientes de m ais sofrim ento, e o tratam ento co n Codeína (ou codeína com 30 mg V0 a cada 4 h Para o paciente que nunca fez uso de 325 mg de acetaminofeno) opioides tin u ad o po d eria ser prejudicial. 5 mg V0 a cada 4 h A penas alg u m a s in te rv en ç õ e s Hidrocodona farm acológicas abordam a fadiga e Opioides fortes Para os pacientes que nunca fizeram fraqueza. Os glicocorticoides elevam uso de opioides com dispnéia Morfina 5a10mgv0acada4h a energia e o hum or. A dexam etasomoderada a grave 30 a 50% da dose basal de na, p o r sua dose única diária e m í Para os pacientes que já tomam opioides a cada 4 h n im a atividade m ineralocorticoide, opioides para dor ou outros sintomas Oxicodona 5 a 10 mg V0 a cada 4 h é a preferida. O s benefícios, quando ocorrem , são habitualm ente observa 1 a 2 mg V0 a cada 4 h Hidromorfona dos no prim eiro mês. Os psicoestim uAnsiolíticos Dê uma dose a cada hora até lantes, com o a dextroanfetam ina (5 a que o paciente se sinta relaxado; Lorazepam 0,5 a 2,0 mg V0/sublingual/ 10 m g VO) e o m etilfenidato (2,5 a 5 forneça, em seguida, uma dose de IV a cada hora e depois a cada m g VO), p odem tam bém aum entar os manutenção 4a6h níveis de energia, em bora um ensaio Clonazepam 0.25 a 2,0 mg V0 a cada 12 h random izado não tenha dem onstrado Midazolam 0,5 mg IV a cada 15 min o benefício do m etilfenidato, quando
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com parado com placebo, na fadiga do câncer. As doses devem ser adm inistradas de m anhã e ao m eio-dia, para m inim izar o risco de insônia contraproducente. O m odafinila, desenvolvido para a narcolepsia, m ostrou-se prom issor no tratam ento da fadiga e tem a v an tagem de poder ser dado em dose única diária. Seu papel preciso na fadiga da fase term inal da vida ainda não foi determ inado. Evidências esparsas sugerem que a L-carnitina pode m elhorar a fadiga, a depres são e os distúrbios do sono.
■ SINTOMAS PSICOLÓGICOS E SEU TRATAMENTO Depressão
Introdução à Medicina Clínica
Frequência A depressão no fim da vida representa um a situação aparentem ente paradoxal. M uitas pessoas acreditam que a depressão é norm al entre pacientes seriam ente enferm os porque estão à beira da m orte. As pessoas com frequência perguntam : “Você não estaria deprim ido?” E ntretanto, a depressão não é um a p arte essencial da doença term inal, podendo contribuir para um sofrim ento desneces sário. E m bora a tristeza, a ansiedade, o ódio e a irritabilidade sejam respostas norm ais a um a enferm idade séria, são em geral de in te n sidade m odesta e transitória. Tristeza e ansiedade persistentes, bem com o os sintom as fisicam ente incapacitantes que p odem produzir, são anorm ais e sugestivos de depressão maior. Até 75% dos pacientes em fase term inal m anifestam sintom as depressivos, contudo m enos de 25% têm depressão maior. Etiologia H istória prévia de depressão, história fam iliar de depres são ou de distúrbio bipolar, e tentativas prévias de suicídio associam -se a m aior risco de depressão entre os pacientes term inais. O utros sintom as, com o a dor e fadiga, associam -se a taxas m ais altas de de pressão; a dor incontrolada pode exacerbar a depressão, e esta pode to rn ar os pacientes ainda mais afligidos pela dor. M uitos m edicam en tos usados nos estágios term inais, com o os glicocorticoides, e alguns antineoplásicos, com o o tam oxifeno, a interleucina 2, o interferon-a e a vincristina, tam bém se associam à depressão. Relatou-se que algu m as doenças term inais, com o o câncer de pâncreas, certos acidentes vasculares encefálicos e insuficiência cardíaca, associam -se a taxas mais altas de depressão, em bora isto seja controverso. Por fim, a d e pressão pode ser atribuível ao luto pela perda de um papel ou função, ao isolam ento social ou à solidão. Avaliação
O diagnóstico de depressão em pacientes seriam ente e n ferm os é com plicado porque m uitos dos sintom as vegetativos m en cionados nos critérios do D S M IV (Diagnostic and Statistical M anual o f M ental Disorders) para a depressão clínica - insônia, anorexia e p erda ponderai, fadiga, redução da libido e dificuldade de concen tração - associam -se tam bém ao próprio processo de m orte. Assim, a avaliação da depressão em pacientes seriam ente enferm os deveria enfatizar o h um or disfórico, o desam paro, a desesperança bem com o a falta de interesse e prazer nas atividades norm ais, além da incapa cidade de concentrar-se nelas. Perguntas sim ples, com o “C om que frequência você se sente abatido e para baixo?” (“M uitas vezes” ou respostas sem elhantes) ou “Você se sente deprim ido a m aior parte do tem po?”, são apropriadas para triagem . C ertos distúrbios podem ser confundidos com depressão. As endocrinopatias, com o o hipotireoidism o e a síndrom e de Cushing; as anorm alidades eletrolíticas, com o a hipercalcem ia; e a acatisia, espe cialm ente quando provocada p or antiem éticos antidopam inérgicos, com o a m etoclopram ida e proclorperazina, podem sim ular depres são, devendo ser excluídas.
Intervenções Os m édicos devem tratar qualquer sintom a físico, tal com o a dor, que possa estar causando ou exacerbando a depressão. Prom over a adaptação às m uitas perdas que o paciente está experi m entando tam bém pode ser útil. As intervenções não farm acológi cas, com o a psicoterapia individual ou em grupo, e as terapias comportam entais, com o o relaxam ento e im aginação, podem ser úteis, sobretudo em com binação com a terapia farm acológica. C ontudo, as intervenções farm acológicas c o n tin u am sendo a base do tratam ento. Para tratar a depressão em pacientes term inais, utilizam -se m edicam entos iguais aos dos pacientes não term inais.
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Os psicoestim ulantes p o d e m ser preferíveis para os pacientes com prognóstico reservado ou para os que apresentam fadiga ou so n o lência in d u zid a p o r opioides. Os psicoestim ulantes exercem ação com parativam ente rápida, em alguns dias, em vez das sem anas n e cessárias para que se dê a ação dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (SSRI). Deve-se com eçar pela dextroanfetam ina ou o m etilfenidato, na dose de 2,5 a 5 m g de m anhã e ao m eio-dia, as m esm as doses iniciais do tratam en to da fadiga. Pode-se au m entar a dose para até 15 m g 2 vezes/dia. O m odafinila deve ser iniciado na dose de 100 m g 1 vez/dia, p odendo ser aum entado para 200 m g se não houver efeito com a dose m ais baixa. A pem olina é um psicoestim ulante diferente das anfetam inas, com potencial m ínim o de uso abusivo. T am bém é eficaz com o antidepressivo a p a rtir de 18,75 m g de m anhã e ao m eio-dia. Por ser absorvida pela m ucosa bucal, é preferível p ara os pacientes que apresentam obstrução intestinal ou disfagia. Se for usada p or períodos prolongados, a função h e p á tica deverá ser m onitorada. Os psicoestim ulantes tam bém podem ser com binados com antidepressivos tricíclicos m ais tradicionais, e n q u an to se espera que os antidepressivos to rn em -se eficazes, e suspensos g radualm ente após algum as sem anas, se necessário. Os psicoestim ulantes têm efeitos colaterais, em p a rticu la r ansiedade inicial, insônia e raram ente paranóia, que podem exigir a redução da dose ou a suspensão do tratam ento. A m irtazapina, um antagonista dos receptores pós-sinápticos de serotonina, é um psicoestim ulante prom issor. Deve ser iniciada na dose de 7,5 m g ao deitar. Tem propriedades sedativas, antiem éticas e ansiolíticas, com poucas interações m edicam entosas. Seu efeito co lateral de ganho pon d erai pode ser benéfico para os pacientes gra vem ente enferm os; está disponível em com prim idos que se desinte gram na boca. Para os pacientes com expectativa de vida de vários m eses ou mais, os SSRI, com o a fluoxetina, sertralina, paroxetina e citalopram , e os inibidores de recaptação da serotonina e norepinefrina, com o a venlafaxina, são o tratam ento preferido por sua eficácia e aos efeitos colaterais com parativam ente poucos. C om o as doses baixas desses m edicam entos podem ser eficazes em pacientes seriam ente enfer m os, use a m etade da dose inicial habitual para os adultos sadios. A dose inicial de fluoxetina é de 10 m g 1 vez/dia. Na m aioria dos casos, é possível um a única dose diária. A escolha de qual SSRI usar deve ser feita com base ( 1) na prévia eficácia ou ineficácia da m edicação específica para o paciente, e (2) no perfil de efeitos colaterais m ais favorável de um determ inado agente. Por exemplo, para um paciente em que a fadiga é um sintom a im portante, um SSRI m ais estim ulante (fluoxetina) pode ser conveniente. Para os pacientes nos quais a a n siedade e insônia são sintom as im portantes, um SSRI m ais sedativo (paroxetina) seria conveniente. O s antidepressivos atípicos são recom endados apenas em algu m as circunstâncias, em geral com o auxílio de p arecer especializa do. A trazo d o n a p o d e ser um antidepressivo eficaz, m as é sedativa e p ode causar h ip o te n sã o orto stática bem com o, raram ente, priapism o. Por isso, deverá ser usada apenas q u ando for desejável um efeito sedativo, sendo frequentem ente em pregada em pacientes com insônia na dose inicial de 25 mg. Além de seus efeitos antidepressi vos, a b upropiona é energizante, o que a torna útil para os pacientes deprim idos que apresentam fadiga. C ontudo, po d e causar convul sões, o que im pede seu uso em pacientes sob risco de neoplasias do SNC ou de delirium term inal. Por fim, o alprazolam , um benzodiazepínico, na dose inicial de 0,25 a 1 m g 3 vezes/dia, pode ser eficaz em pacientes gravem ente enferm os que tenham u m a com binação de ansiedade e depressão. E m bora seja p o ten te e atue ra p id a m e n te, tem m uitas interações m edicam entosas e po d e causar delirium, especialm ente entre pacientes m u ito enferm os, em v irtude da sua forte ligação ao com plexo de receptores do ácido y -am in o b u tírico (G A B A )-benzodiazepínicos. A m enos que sejam usados com o adjuvantes no tratam ento da dor, os antidepressivos tricíclicos não são recom endados. D o m esm o m odo, nos inibidores da m onoam inoxidase (M AO) não são reco m endados devido aos seus efeitos colaterais e perigosas interações m edicam entosas.
Delírio (Ver Cap. 25) Nas sem anas ou m eses que antecedem a m orte, o deli rium é incom um , m as pode ser que seu diagnóstico passe significa tivam ente despercebido. C ontudo, o delirium to rn a-se relativam en te com um nas horas e dias que antecedem im ediatam ente a m orte. Até 85% dos pacientes que m o rrem de câncer m anifestam delirium term inal. Frequência
Avaliação
O delirium deve ser reconhecido em todo paciente term i nal com início recente de desorientação, cognição deficiente, so n o lência, níveis flutuantes de consciência ou ilusões, com ou sem agi tação. Deve ser distinguido da ansiedade e da depressão aguda, bem com o da dem ência. O aspecto diferencial fundam ental é a alteração da consciência, que habitualm ente não se verifica na ansiedade nem na depressão nem na dem ência. E m bora um delirium hiperativo, caracterizado p or confusão m ental e agitação francas, seja provavel m ente m ais com um , os pacientes tam bém devem ser avaliados q u a n to à presença de um delirium hipoativo, caracterizado p o r inversão sono-vigília e redução da atenção. Em alguns casos, o uso de in stru m e n to s de avaliação form ais, com o o m iniexam e do estado m ental (que não diferencia entre deli rium e dem ência) e a escala de classificação do delirium (que tam bém não os diferencia), pode ser útil para distinguir o delirium de outros processos. Deve-se avaliar cuidadosam ente a lista de m edicam entos do paciente. Não obstante, um fator etiológico reversível do delirium é encontrado em m enos de m etade dos pacientes com doença term i nal. Com o a m aioria dos pacientes term inais que apresenta delirium se encontra m uito próxim a da m orte e pode estar no lar, avaliações diagnosticas extensas, com o a punção lom bar ou exam e neurorradiológico, geralm ente são inoportunas.
Intervenções Um dos objetivos m ais im portantes da assistência ter m inal é proporcionar aos pacientes lucidez suficiente para que p o s sam despedir-se das pessoas que am am . O delirium dos dias finais, especialm ente quando acom panhado de agitação, é aflitivo para a fam ília e os cuidadores. Um forte determ inante de dificuldades d u rante o luto é o fato de se ter presenciado um a m orte difícil. Assim, o delirium term inal deve ser tratado vigorosam ente. Ao prim eiro sinal de delirium, com o a troca do dia pela noite com leves alterações do raciocínio, o m édico deve com unique aos m em bros da família que esse é o m om ento para que ela se certifique de que tudo o que deseja dizer ten h a sido dito. A fam ília deve ser inform ada de que o delirium é com um pouco antes da m orte. Caso haja suspeita de que m edicam entos sejam a causa do de lirium, os agentes desnecessários devem ser suspensos. D evem -se tratar as outras causas potencialm ente reversíveis, com o constipação, retenção urinária e anorm alidades m etabólicas. É preciso instituir m edidas de apoio que visem a oferecer u m am biente familiar, com o a restrição de visitas apenas aos indivíduos que o paciente conheça e a
Medicamentos para o controle do delirium Dose
à
Neurolépticos Haloperidol
0,5 a 5 mg a cada 2 a 12 h, VO/IV/SC/IM
Tioridazina
10 a 75 m g a c a d a 4 a 8 h , V 0
Clorpromazina
12,5 a 50 mg a cada 4 a 12 h, V0/IV/IM
Neurolépticos atípicos Olanzapina
2,5 a 5 mg 1 ou 2 vezes/dia, V0
Risperidona
1 a3mgacada12h,V0
Ansiolíticos Lorazepam
0,5 a 2 mg a cada 1 a 4 h, V0/IV/IM
Midazolam
1 a 5 mg/h em infusão contínua, IV/SC
Anestésicos Propofol
0,3 a 2,0 mg/h em infusão contínua, IV
elim inação de novas experiências; orientação do paciente, se possível providenciando relógio e calendário; e correção delicada das alucina ções ou equívocos cognitivos do paciente. O tratam ento farm acológico baseia-se no uso de neurolépticos e, em casos extrem os, anestésicos (Q u a d ro 9.7). O haloperidol co n tinua a ser a terapia de p rim eira escolha. Em geral, os pacientes são controlados com doses baixas (1 a 3 m g/dia), habitualm ente dadas a cada 6 h, m as há pacientes que precisam de até 20 m g/dia. O h a loperidol pode ser ad m inistrado p o r vias oral, subcutânea ou in tra venosa. Não se devem usar injeções intram usculares, exceto quando esse é o único m eio de m anter o paciente sob controle. A olanzapina, um neuroléptico atípico, m o stro u significativa eficácia na resolução com pleta do delirium em pacientes com câncer. Tem outros efeitos benéficos para os pacientes com doença em estágio term inal, com o os seus efeitos antinauseantes, ansiolíticos e de ganho de peso. É útil para os pacientes com expectativa de vida m ais longa, pois são m enos propensos a causar disforia e têm m en o r risco de reações distônicas. Além disso, com o é m etabolizada p o r m últiplas vias, a olanzapina pode ser usada em pacientes com disfunções hepática e renal. Tem a desvantagem de ser disponível apenas p o r via oral e de levar um a sem ana para atingir o estado de equilíbrio. A dose habitual é de 2,5 a 5 m g VO 2 vezes/dia. A clorprom azina (10 a 25 m g a cada 4 a 6 h) poderá ser útil se a sedação for desejável, e ser adm inistrada p or vias oral, venosa ou retal. As reações distônicas resultantes do bloqueio da dopam ina são um efeito colateral dos neurolépticos, m as se relatou que são raras quando esses fárm acos são usados para o tratam ento do delirium term inal. Caso os pacientes apresentem reações distônicas, deve-se adm inistrar benzotropina. Os neurolépticos podem ser com binados com o lorazepam para reduzir a agitação quando o delirium decorre de abstinência de álcool ou sedativos. Se não houver resposta ao tratam en to de prim eira linha, deve rá ser obtido um parecer especializado com troca da medicação. No caso de os pacientes não m elhorarem após um segundo n eurolép tico, poderão ser necessárias a sedação com um anestésico, com o o propofol, ou a infusão c o n tín u a de m idazolam . Segundo algum as estim ativas, no fim da vida até 25% dos pacientes que apresentam delirium, especialm ente o delirium agitado com m ioclonias ou crises convulsivas, precisam de sedação. A contenção física deve ser usada com grande relutância, apenas quando a violência do paciente estiver am eaçando a ele próprio ou aos outros. Se instituída, deve-se reavaliar sua conveniência a inter valos freqüentes.
Cuidados Paliativo e Terminal
Etiologia O delirium é um a disfunção cerebral global caracterizada por alterações da cognição e consciência. É frequentem ente precedi do de ansiedade, alterações nos padrões de sono (em especial, troca do dia pela noite) e redução da atenção. D iferente da dem ência, o delirium tem início agudo, é caracterizado p o r flutuação da consciên cia e desatenção, sendo reversível, em bora a reversibilidade possa ser mais teórica que real nos pacientes próxim os da m orte. U m paciente com dem ência pode ter delirium-, de fato, m uitos pacientes dem entes são m ais vulneráveis ao delirium. As causas de delirium incluem encefalopatia m etabólica oriunda de insuficiência hepática ou renal, hipoxem ia ou infecção; de desequi líbrios eletrolíticos, com o a hipercalcem ia; de síndrom es paraneoplá sicas; de desidratação; e de tum ores cerebrais prim ários, m etástases cerebrais ou dissem inação leptom eníngea do tum or. Com um ente, e n tre os pacientes agonizantes, o delirium pode ser causado por efeitos colaterais de terapias, incluindo a radioterapia para m etástases cere brais, e m edicam entos, com o os opioides, glicocorticoides, anticolinérgicos, anti-histam ínicos, antiem éticos, benzodiazepínicos e agen tes quim ioterápicos. A etiologia pode ser multifatorial; por exemplo, a desidratação pode exacerbar o delírio induzido por opioides.
QUADRO 9.7 | Intervenções
Insônia Frequência
Os distúrbios do sono - definidos com o a dificuldade de conciliar o sono ou de m anter-se dorm indo, com o dificuldade de d o rm ir p o r pelo m enos 3 noites p o r sem ana ou p o r dificuldade de d o rm ir que com prom ete as atividades diárias - ocorrem entre 19 e
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63% dos pacientes com câncer avançado. T rinta a 74% dos pacientes com outras condições term inais, com o Aids, cardiopatia, D PO C e doença renal, sofrem de insônia.
Etiologia Os pacientes com câncer podem ter alterações na eficiên cia do sono, com o um aum ento do sono do estágio I. O utra etiologia da insônia é a coexistência de doença física, com o doença tireoidiana e de doenças psicológicas, com o a depressão e ansiedade. M edica m entos, com o os antidepressivos, psicoestim ulantes, esteroides e ^-agonistas são, tal com o a cafeína e o álcool, im portantes determ i nantes dos distúrbios do sono. Avaliação
Deve incluir questões específicas a respeito do início e da continuidade do sono, bem com o sobre o d espertar m uito cedo pela m anhã, que trarão indícios dos agentes causais e das condutas. Os pacientes devem ser interrogados sobre seus problem as prévios de sono, investigados quanto à presença de depressão e ansiedade, e questionados quanto a sintom as de doença tireoidiana. A cafeína e o álcool são im portantes causas de problem as de sono, e um a cui dadosa história do uso destas substâncias deve ser obtida. Tanto o uso excessivo quanto a abstinência de álcool p odem ser causas de problem as de sono.
Intervenções As bases da intervenção consistem no aperfeiçoa m ento da higiene do sono (estim ulando horários regulares de sono, redução das distrações à hora de dorm ir, elim inação da cafeína e de outros estim ulantes, bem com o do álcool), um a intervenção para tra tar a ansiedade e depressão, e o tratam ento da própria insônia. Para os pacientes com depressão que têm insônia e ansiedade, um an ti depressivo sedativo, com o a m irtazapina, pode ser útil. N os idosos, a trazodona, com eçando com 25 m g ao deitar, é um auxílio eficaz para o sono em doses m ais baixas que as necessárias para o efeito antidepressivo. O zolpidem pode resultar em m en o r incidência de delirium em com paração com os benzodiazepínicos tradicionais, mas isso ainda não foi claram ente estabelecido. Q uando se prescrevem benzodiazepínicos, os de ação curta (com o o lorazepam ) têm prefe rência sobre os de ação prolongada (com o o diazepam ). Os pacientes que recebem estes m edicam entos devem ser observados quanto ao surgim ento de sinais de confusão m ental e delirium.
■ NECESSIDADES SOCIAIS E SEU CONTROLE
que relataram ter conversas sobre o fim da vida com os m édicos ti veram custos com cuidados de saúde significativam ente m enores em sua sem ana final de vida. Custos mais altos foram associados a qua lidade pior de m orte.” O auxílio de um assistente social, desde cedo se possível, pode ser útil p ara garantir acesso a todos os benefícios disponíveis. M uitas pessoas e profissionais de saúde desconhecem as opções de seguro para assistência de longo prazo, o direito de licen ça rem unerada para os cuidadores e a lei de licença m édica familiar (FMLA, Fam ily M edicai Leave Act, o direito à licença do trabalho para os familiares) e outras fontes de auxílio (existentes nos EUA). A lgum as destas opções (com o a licença rem unerada para os cuida dores) podem fazer parte de um program a form al de assistência em casa de apoio, m as outras (com o o direito de licença para os fam ilia res) não exigem a adm issão a um a casa de apoio.
Relações Frequência A resolução de questões pessoais e o encerram ento da história de relações vividas são necessidades universais. Q uando in quiridas sobre que tipo de m orte seria preferível: se a m orte súbita ou a m orte após u m a doença, as pessoas com frequência escolhem a prim eira, m as logo m udam para a últim a quando refletem sobre a im portância de se despedir dos entes queridos. Os familiares em luto que não tiveram a chance de dizer adeus m uitas vezes enfrentam um processo psíquico m ais difícil. Intervenções A assistência dos pacientes seriam ente enferm os exige esforços para facilitar os tipos de encontros e tem po despendido com a família e com os am igos que são essenciais para satisfazer essas n e cessidades. Pode ser preciso conceder aos familiares e amigos íntim os horários irrestritos de visita, o que pode incluir d o rm ir próxim o ao paciente m esm o em am bientes institucionais. Os m édicos e outros profissionais de saúde podem facilitar e resolver as interações tensas entre o paciente e outros familiares. A ajuda aos pacientes e familiares que estão em dúvida quanto ao m odo de criar ou de ajudar a preser var as lem branças, seja oferecendo insum os com o cadernos ou caixa de recordações, ou oferecendo-lhes sugestões e fontes de inform a ções, pode ser profundam ente apreciada. A obtenção das fotografias ou vídeos é especialm ente útil aos pacientes term inais que têm filhos jovens ou netos.
Encargos financeiros
Cuidadores familiares
Frequência
Frequência C uidar de pacientes term inais é um ônus pesado para a família. C om frequência, os fam iliares são instados a providenciar o transporte e a m anutenção do lar, bem com o outros serviços. G eral m ente, profissionais pagos, com o enferm eiros dom iciliares e cuida dores, com plem entam a assistência da família; apenas 25% do total de cuidados recaem sobre profissionais rem unerados. A tendência a um m aior núm ero de m ortes fora do hospital aum entará a participa ção das famílias na assistência da fase term inal. Os familiares estão, cada vez mais, sendo encarregados dos cuidados físicos (com o m o vim entar e b anhar os pacientes) e m édicos (com o avaliar sintom as e adm inistrar m edicam entos), além dos cuidados e apoio emocionais. C erca de 75% dos cuidadores fam iliares de pacientes term inais são m ulheres - esposas, filhas, irm ãs e m esm o cunhadas. Com o m ui tas são viúvas, as m ulheres tendem a receber m enos ajuda familiar e precisar de m ais assistência paga. Cerca de 20% dos pacientes term i nais relatam considerável insatisfação das necessidades de assistência de enferm agem e cuidados pessoais. O im pacto da prestação de cui dados na fam ília dos cuidadores é considerável: os cuidadores têm , tanto no m om ento dos cuidados quanto após o luto, m ortalidade m ais alta do que os controles não cuidadores.
A m orte pode im por aos pacientes e suas fam ílias um considerável ônus econôm ico, causando sofrim ento. N os EUA, país em que o sistem a de seguro-saúde é dos m enos abrangentes entre os países desenvolvidos, cerca de 20% dos pacientes em fase term inal e suas famílias despendem m ais de 10% da renda fam iliar em custos da assistência m édica, sem contar os prêm ios do seguro-saúde. Cerca de 10 a 30% das famílias vendem bens, usam suas econom ias ou as sum em um a hipoteca para cobrir os custos de assistência m édica do paciente. Q uase 40% dos pacientes term inais nos EUA relatam que o custo da sua doença é um a sobrecarga econôm ica m oderada ou grande para suas famílias. É provável que o paciente reduza o ritm o de trabalho e subse quentem ente pare de trabalhar. Em 20% dos casos, um fam iliar do paciente term inal para de trab alh ar para assum ir os cuidados. As principais causas do ônus econôm ico estão relacionadas com a fu n ção física precária, bem com o a necessidade de cuidados e de auxílio para a m anutenção do lar, assistência de enferm agem e cuidados pes soais. Os pacientes m ais debilitados e pobres sofrem m aior encargo econômico.
Intervenção O ônus econôm ico não deve ser encarado com o um as sunto particular, de interesse exclusivo do paciente. Está associado a um a série de resultados adversos à saúde, incluindo a preferência da assistência de conforto em vez da assistência para prolongar a vida e a consideração da eutanásia ou suicídio assistido p o r m édico. Os encargos econôm icos tendem a aum entar o sofrim ento psicológico das famílias e dos cuidadores de pacientes term inais, e a pobreza se associa a m uitos efeitos adversos à saúde. De m aneira im portante, estudos recentes descobriram que “pacientes com câncer avançado
Intervenções E obrigatório in q u irir sobre as necessidades insatisfei tas e ten tar garantir que sejam sanadas p o r m eio da fam ília ou de serviços profissionais rem unerados, quando possível. O auxílio da com unidade, da igreja ou de outros grupos locais, m uitas vezes pode ser acionado com telefonem as da equipe m édica para alguém que o paciente ou a fam ília identifiquem . Fontes de auxílio destinadas es pecificam ente aos cuidadores fam iliares podem ser identificadas re correndo a fontes locais ou nacionais, m ediantes recurso a grupos,
com o a N ational Family Caregivers Association (www.nfcacares.org), A m erican C ancer Society (ww w.cancer.org) e A lzheim er’s A ssocia tion (www.alz.org).
■ NECESSIDADES EXISTENCIAIS E SEU CONTROLE Frequência
Avaliação
M uitos profissionais de saúde h e sita m em p a rtic ip a r das experiências religiosas, esp iritu ais e existenciais de seus p a cientes, po rq u e podem parecer particu lares ou irrelevantes em re lação à doença. Porém , os m édicos e outros m em bros da equipe de cuidados devem estar atentos p ara ao m en o s d e te cta r as n ecessi dades espirituais e existenciais. C riaram -se p e rg u n ta s de triagem para que o m édico o b ten h a a histó ria espiritual. O so frim en to es piritual p o d e am pliar outros tipos de so frim en to e até m ascarar-se, p o r exem plo, com o d o r física intratável, ansiedade ou depressão. As p erg u n tas de triagem da avaliação ab ran g en te são geralm ente suficientes. U m a avaliação m ais p ro fu n d a e a in te rv en ç ã o de um m édico ra ra m en te são a propriadas, a m en o s que n e n h u m o u tro m em b ro da equipe de c u id ad o s esteja disponível ou habilitado. M em bros do clero p o d em ser úteis, seja da instituição m édica ou da c om unidade do p róprio paciente.
Intervenções Não se estabeleceu exatam ente com o as práticas reli giosas, a espiritualidade e questões existenciais podem ser facilitadas com a finalidade de m elhorar a assistência term inal. O que está cla ro é que, para os m édicos, um a im portante intervenção é interrogar sobre o papel e a im portância da espiritualidade e religião n a vida do paciente, o que o ajuda a sentir-se ouvido e os m édicos a id en ti ficar necessidades específicas. Em um estudo, apenas 36% dos e n trevistados indicaram que um m em bro do clero seria reconfortante. N o entanto, o aum ento do interesse religioso e espiritual entre um a parcela significativa dos pacientes que estão m o rren d o sugere que sejam interrogados sobre com o essa necessidade pode ser a ten d i da. Algum as evidências sustentam m étodos específicos de abordar as necessidades existenciais em pacientes, que vão desde o estabe lecim ento de am biente de grupo de apoio para pacientes term inais até tratam entos individuais que enfatizam a dignidade do paciente e fontes de significado.
CONTROLE DOS ÚLTIMOS ESTÁGIOS ■ TÉRMINO E SUSPENSÃO DO TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO DA VIDA Aspectos legais H á séculos, tem -se considerado ético suspender ou interro m p er as intervenções que prolongam a vida. A tualm ente, o consenso legal nos E stados U nidos e na m aioria dos países desenvolvidos é o de que os pacientes têm o direito m oral, assim com o garantido na C onsti tuição e nas leis com uns, de recusar intervenções m édicas. Os trib u nais nos EUA tam bém confirm aram que os pacientes incom petentes têm o direito de recusar intervenções m édicas. Para os pacientes incom petentes e term inais, e que não p reencheram um form ulário de instruções antecipadas de assistência, um parente pode exercer tal direito, em bora, em alguns estados dos EUA, isso dep en d a de quão claras e convincentes são as evidências das preferências do p a ciente. Os tribunais lim itaram a capacidade da fam ília de p ôr term o aos tratam entos de m anutenção da vida de pacientes conscientes e incom petentes, m as não term inais. Em tese, o direito dos pacien
Cuidados Paliativo e Terminal
A religião e espiritualidade são im portantes para m uitos pacientes que estão m orrendo. Q uase 70% dos pacientes relatam que se tornaram mais religiosos ou voltados para a espiritualidade qu an do contraíram um a doença term inal, e m uitos encontram conforto em diversas práticas religiosas ou espirituais, com o a oração. C on tu do, cerca de 20% dos pacientes term inais tornam -se m enos religio sos, frequentem ente sentindo-se traídos ou trapaceados pela doença term inal. Para outros pacientes, a necessidade é de significado e de finalidade para a vida, o que é distinto e talvez até a antítese da re ligião ou espiritualidade. Q uando interrogados, os pacientes e suas famílias frequentem ente externam o desejo de que seus cuidadores profissionais sejam m ais atentos à religião e espiritualidade.
tes de recusarem tratam en to m édico po d e ser lim itado p o r quatro interesses contrapostos: ( 1) preservação da vida, (2) prevenção de suicídio, (3) proteção de terceiros, com o crianças, e (4) preservação da integridade da profissão m édica. Na prática, tais interesses qua se nunca sobrepujam o direito dos pacientes com petentes nem dos pacientes incom petentes que ten h a m deixado explícitas instruções antecipadas de assistência. No que diz respeito aos pacientes incom petentes que escolhe ram um representante sem indicar especificam ente os seus desejos ou que jam ais com pletaram as instruções antecipadas de assistência, foram sugeridos três critérios para orientar a decisão de p ô r term o à intervenção m édica. Prim eiro, alguns com entaristas sugerem que a assistência ordinária deve ser adm inistrada, m as a assistência extra ordinária pode ser interrom pida. C om o a distinção o rdinária/extra ordinária é vaga dem ais, tribunais e com entaristas estão de acordo em que ela não deve ser usada para justificar decisões sobre a in terrupção do tratam ento. Segundo, m uitos tribunais preconizaram o uso do critério de discernim ento substituído, o qual propõe que o representante que tom ará as decisões deve ten tar im aginar o que o paciente incom petente escolheria se estivesse com petente. C o n tudo, vários estudos m ostraram que m uitos representantes, m esm o quando são familiares íntim os, não conseguem predizer o que o p a ciente desejaria. Por isso, o discernim ento substituído torna-se mais um jogo de adivinhação do que um m odo de satisfazer os desejos do paciente. Por fim, o critério de m elhor interesse sustenta que os p ro curadores devem avaliar os tratam entos ponderando benefícios e ris cos, e selecionando aqueles cujos benefícios sobrepujem ao m áxim o os ônus. Os m édicos têm um papel claro e fundam ental neste p ro cesso, ao explicar cuidadosa e serenam ente os benefícios e os ônus conhecidos de cada tratam ento. Porém , m esm o quando a inform ação é tão clara quanto possível, indivíduos diferentes podem ter pontos de vista m uito divergentes sobre o que seriam os m aiores interesses do paciente, e as famílias p odem ter discordâncias e m esm o conflitos declarados. Esse critério foi contestado porque não existe um único m odo de determ in ar o equilíbrio entre benefícios e ônus; depende dos valores pessoais de cada paciente. Por exem plo, para algum as pessoas que estão vivas m esm o que m entalm ente incapacitadas é um benefício, enquanto para outros po d e ser a pior existência possível. Na prática, os m édicos atribuem aos familiares a tom ada de decisões e só as contestam quando estas decisões parecem exigir tratam entos que os m édicos não consideram benéficos.
Práticas
A suspensão e o térm in o das intervenções m édicas que m antêm a vida de pacientes term inais são, atualm ente, práticas co m uns. Mais de 90% dos pacientes norte-am erican o s m orrem sem reanim ação cardiopulm onar (RCP), e igual parcela renuncia às o u tras intervenções que prolongam a vida. Por exem plo, nas U T I no período de 1987 a 1988, a RCP foi realizada 49% das vezes, mas foi realizada apenas 10% das vezes perío d o de 1992 a 1993. Em m édia, 3,8 intervenções, tais com o vasopressores e transfusões, foram sus pensas para cada paciente que m orreu em um a UTI. Entretanto, até 19% dos falecidos em hospitais receberam intervenções com o extubação, ventilação e cirurgia em 48 h anteriores à m orte. Entretanto, as práticas variam am plam ente entre diferentes hospitais e UTI, suge rindo um a im portante contribuição das preferências do m édico em vez de dados objetivos. A ventilação m ecânica talvez seja a intervenção m ais difícil de suspender. As duas abordagens são a extubação term inal, a re m o ção do tubo endotraqueal, e o desm am e term inal, a redução gradual da F i02 o u da frequência do respirador. C erca de 33% dos intensivistas preferem a d o ta r a técnica do d esm am e term in al, e nquanto 13% extubam ; a m aio ria dos m édicos utiliza am bas as técnicas. As diretrizes de políticas clínicas de 2008 d a A m erican T horacic So ciety destacam que n ão h á u m único processo correto de retirada do respirador e que os m édicos usam e devem ser proficientes em am bos os m étodos m as que a abordagem escolhida deve equilibrar cuidadosam ente os benefícios e cargas, assim com o as preferências do paciente e do cuidador. A avaliação, pelos m édicos, da probabili dade de sobrevida dos pacientes, sua previsão de possível dano cog nitivo e as preferências dos pacientes sobre o uso de suporte de vida
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Introdução à Medicina Clínica
são fatores prim ários na determ inação da probabilidade de retirada da ventilação m ecânica. A lguns recom endam o desm am e term inal p orque os pacientes não apresentam o bstrução das vias re sp irató rias superiores e o sofrim ento causado p o r secreções ou estridor; contudo, o desm am e term inal pode prolongar o processo da m orte e n ão p erm ite à fam ília do paciente acom panhá-lo sem o em b a ra ço de um tubo endotraqueal. Para garan tir conforto aos pacientes conscientes ou sem iconscientes antes da suspensão do respirador, devem -se su sp en d er os agentes b loqueadores neu ro m u scu lares e a d m in istrar sedativos e analgésicos. A rem oção dos agentes b lo queadores neurom usculares possibilita que os pacientes m ostrem desconforto, o que facilita a titulação das doses de sedativos e an al gésicos; tam bém possibilita interações entre o paciente e a família. U m a prática com um é injetar um bolo de m idazolam (2 a 4 mg) ou lorazepam (2 a 4 m g) antes da suspensão, seguido de 5 a 10 m g de m orfina e u m a infusão c o n tín u a de m o rfin a (50% da dose inicial p o r hora) d u ra n te o desm am e. E m pacientes com grande q u a n ti dade de secreção nas vias respiratórias altas, p o d e-se a d m in istrar escopolam ina intravenosa, na velocidade de 100 |xg/h. Se surgirem sinais de sofrim ento respiratório ou de dor, serão a d m in istrad o s bolos adicionais de m orfina ou acelerada a velocidade da infusão. Para os pacientes que já estejam recebendo sedativos e opioides, são necessárias doses m ais altas. As fam ílias precisam ser tran q ü iliz a das sobre os tratam en to s dos sintom as com uns após a suspensão do suporte ventilatório, com o dispnéia e agitação, e alertadas sobre a incerteza do p eríodo de sobrevivência após a retirad a do suporte ventilatório: até 10% dos pacientes sobrevivem in esp era d am e n te p o r 1 dia ou m ais após a suspensão da ventilação m ecânica.
■ ASSISTÊNCIA FÚTIL
para resolver disputas referentes a futilidade e aum entar a com uni cação com os pacientes e seus representantes, com o a concentração nos interesses e alternativas, e não posições opostas e geração de um a am pla gam a de opções. Alguns hospitais estabeleceram políticas uni laterais de não reanimar, perm itindo aos m édicos não reanim ar em casos em que não se pode chegar a um consenso com os familiares e em que a opinião m édica é de que a reanim ação seria fútil caso ten ta da. Esse tipo de política não é um substituto para um a cuidadosa co m unicação e negociação com o paciente, m as reconhece que um con senso nem sem pre pode ser alcançado. Nos últim os 15 anos, m uitos estados, com o o Texas, Virgínia, M aryland e C alifórnia sancionaram as cham adas leis de futilidade m édica, que dão aos m édicos um porto seguro em relação à im putabilidade legal, quando recusam a solici tação, de um paciente ou família, de intervenções de sustentação da vida. No Texas, por exemplo, quando surge entre a equipe m édica e a família um a discordância acerca do térm ino das intervenções, e essa discordância não pode ser resolvida p or um parecer ético, cabe ao hospital tentar transferir o paciente para outra instituição que deseje fornecer o tratam ento. Se isso não é possível em 10 dias, o hospital e o m édico podem , de m odo unilateral, p ôr term o aos tratam entos que se consideram fúteis. A família pode recorrer à corte estadual. Os dados iniciais sugerem que a lei aum enta as consultas sobre futilidade feitas ao com itê de ética e que, em bora m uitas famílias concordem , cerca de 10 a 15% das famílias recusam -se a p ôr term o ao tratam ento. A proxim adam ente 12 casos foram a julgam ento no Texas, nos sete anos que se seguiram à adoção da lei. Até 2007, houve 974 consultas ao com itê de ética sobre casos de futilidade e 65 nos quais os com i tês derem parecer contra as famílias e inform aram que o tratam ento seria encerrado. O tratam ento foi retirado p o r 27 desses pacientes e o restante transferiu para outros locais ou m orreram enquanto espe ravam a transferência.
A p artir do fim dos anos de 1980, alguns com entaristas propuseram que os m édicos poderiam suspender tratam entos fúteis quando soli ■ EUTANÁSIA E SUICÍDIO ASSISTIDO POR MÉDICO citados pela família de pacientes term inais. E m bora não exista um a definição ou um padrão objetivo de futilidade, várias categorias fo A eutanásia e o suicídio assistido por m édico são definidos no Q u a ram propostas. A futilidade fisiológica significa que um a in terv en dro 9.8. O térm ino da assistência de m anutenção da vida e a adm inis ção não terá qualquer efeito fisiológico. A lguns d efiniram com o tração de m edicam entos opioides para tratar os sintom as são desde futilidade qualitativa aplicada a p rocedim entos o que não solucio há m uito considerados éticos pela profissão m édica e legais pelos na a dependência total do paciente da assistência médica intensiva. tribunais, não devendo ser confundidos com a eutanásia ou suicídio A futilidade quantitativa ocorre quando os médicos concluem (por assistido p or médico. experiência pessoal, por experiências compartilhadas com colegas ou Aspectos legais A eutanásia é legal na H olanda, Bélgica e Luxem pela consideração de dados empíricos descritos) que, nos últimos 100 burgo. No Território N orte da Austrália, a eutanásia foi legalizada em casos, um tratamento médico fo i inútil. A definição encobre juízos 1995, m as essa legislação foi refutada em 1997. A eutanásia é ilegal de valor subjetivos sobre quando um tratam ento não é benéfico. A em todos os estados dos EUA. Sob determ inadas condições, na Suíça, decisão sobre se um tratam ento que proporciona 6 sem anas adicio um leigo pode auxiliar legalm ente em um suicídio. Nos Estados U ni nais de vida ou 1% de vantagem em term os de sobrevida é benéfico dos, o suicídio assistido p or m édico é legal no O regon e no estado de depende das preferências e dos objetivos do paciente. Além disso, as W ashington, m as apenas quando vários critérios são satisfeitos e após predições feitas pelos m édicos acerca da futilidade dos tratam entos um processo que inclui um período de espera de 15 dias. Em 2009, divergem sobrem odo da definição quantitativa. Q uando m édicos re a suprem a corte estadual de M ontana determ inou que a lei estadual sidentes acreditaram que a RCP seria quantitativam ente fútil, mais perm ite o suicídio assistido pelo m édico para pacientes term inais. de um em cinco pacientes tin h a probabilidade > 10% de sobrevida até a alta hospitalar. A m aioria dos estudos que p retendem orien tar d e term inações de futilidade baseia-se QUADRO 9.8 Definições de suicídio assistido e eutanásia em dados insuficientes para fornecer 1 Termo Definição Legalização confiança estatística para a tom ada de decisão clínica. A futilidade quantita tiva raram ente se aplica a am bientes de UTI. M uitos especialistas rejeitam o uso da futilidade com o critério para suspensão da assistência, preferindo considerar, em vez disso, situações de futilidade com o as que representam um conflito que exige negociação cui dadosa entre as famílias e os provedo res de cuidados de saúde. Após a ausência de consenso so bre as m edidas quantitativas de fu tilidade, m uitos hospitais a dotaram a b ordagens baseadas no p rocesso
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Eutanásia ativa voluntária
Administração intencional de medicamentos ou a prática de outras intervenções destinadas a levar o paciente à morte com seu consentimento esclarecido
Holanda Bélgica
Eutanásia ativa involuntária
Administração intencional de medicamentos ou a prática de outras intervenções destinadas a levar o paciente à morte quando o paciente tinha competência para consentir, mas não o fez - por exemplo, o paciente pode não ter sido interrogado
Em lugar nenhum
Eutanásia passiva
Suspensão ou término dos tratamentos médicos que mantêm a vida para permitir que o paciente morra (interrupção dos tratamentos que mantêm a vida)
Em qualquer lugar
Suicídio assistido por médico
Um médico fornece ao paciente medicamentos ou outro tipo de intervenção sabendo que o paciente pode usá-los para suicidar-se
Oregon (EUA) Holanda Bélgica Suíça
Em todos os outros países e nos dem ais estados dos EUA, o suicídio assistido po r m édico e a eutanásia são ilegais explicitam ente ou se gundo a lei com um .
■ ASSISTÊNCIA DURANTE AS ÚLTIMAS HORAS A m aioria das pessoas leigas tem experiência lim itada com o p ro cesso de m o rrer e com a m orte. C om frequência, não sabem o que esperar das horas finais e depois. Por isso, a família e outros cuidado res devem ser preparados, especialm ente se o plano do paciente for m orrer no lar. Nos últim os dias de vida, os pacientes geralm ente sentem fraque za e fadiga extrem as e ficam confinados ao leito, o que pode acarretar úlceras de decúbito. E ntretanto, a m udança de decúbito dos pacien tes que estão prestes a m o rrer deve ser confrontada com o potencial desconforto que o m ovim ento possa causar. Os pacientes param de com er e tom ar líquidos, o que acarreta o ressecam ento das mucosas e disfagia. Atenção cuidadosa à um idificação da boca, à aplicação de lubrificantes para os lábios e ao uso de lágrim a artificial pode subs titu ir as tentativas de alim entar o paciente. Com a perda do reflexo nauseoso e a disfagia, os pacientes tam bém podem apresentar acú m ulo de secreções orais, prod u zin d o ruídos durante a respiração, às vezes cham ados de estertores da morte. A adm inistração de escopolam ina pode reduzir as secreções. Os pacientes tam bém m anifestam alterações da respiração, com períodos de apneia ou um padrão de Cheyne-Stokes. A redução do volum e intravascular e do débito car díaco causa taquicardia, hipotensão, resfriam ento periférico e livedo reticular (pele m osqueada). Os pacientes p odem ter incontinência urinária e, m enos frequentem ente, fecal. As alterações na consciência e na função neurológica costum am in duzir a duas evoluções diferen tes até a m orte (Fig. 9.2). Cada um a dessas alterações term inais po d e afligir o paciente e a família, exigindo tranquilização e intervenções focais (Q u adro 9.9). A com unicação às fam ílias de que tais alterações podem ocorrer e o fornecim ento de um folheto de inform ações ajudam a prevenir problem as e m in o ra r o sofrim ento. A com preensão de que os p a cientes param de com er porque estão m orrendo, em vez de estarem m orrendo porque pararam de comer, reduz a ansiedade da família e dos cuidadores. De m odo sem elhante, a instrução da fam ília e dos cuidadores de que os estertores da m orte podem o correr e que não indicam sufocação, asfixia ou dor reduz a preocupação com os ruídos respiratórios. A fam ília e os cuidadores tam b ém p odem sentir-se culpados quanto à interru p ção dos tratam en to s, tem en d o que estejam m a tando o paciente, o que pode levá-los a solicitar intervenções, com o tubos para alim entação, que p o d em ser ineficazes. Em tais casos, o m édico deve rever com a fam ília e os cuidadores a inevitabilidade dos eventos e os objetivos paliativos As intervenções podem prolongar o processo de m orte e causar desconforto. Os m édicos tam bém devem enfatizar que a om issão de tratam ento é legal e ética, e que os fam i liares não estão causando a m o rte do paciente. Pode ser necessário oferecer esse esclarecim ento várias vezes. A firm a-se que a audição e o tato são os últim os sentidos a deixar de funcionar. Verdade ou não, devem -se estim ular a família e os cui dadores a se com unicarem com o paciente agonizante. Incentivá-los a falar diretam ente com o paciente, ainda que este se encontre in consciente, a segurar-lhe a m ão ou dem o n strar afeto de outro m odo pode ser um m eio eficaz de canalizar a necessidade deles d e fa ze r algo pelo paciente. Q uando o plano é possibilitar a m orte do paciente no lar, o m édi co deve inform ar a família e aos cuidadores sobre com o se certifica rem de que o paciente m orreu. Os sinais cardinais são a cessação da função cardíaca e da respiração; as pupilas tornam -se fixas; o corpo se torna frio; os m úsculos se relaxam ; e pode haver incontinência. Lem bre à fam ília e aos cuidadores que os olhos podem perm anecer abertos m esm o depois que o paciente m orreu, porque a gordura retroorbitária pode estar dim inuída, p erm itin d o que a órbita recue, o que im possibilita que as pálpebras cubram o globo ocular.
Cuidados Paliativo e Terminal
Práticas M enos de 10 a 20% dos pacientes term inais pensam na possibilidade de eutanásia e/ou suicídio assistido po r m édico para si mesmos. Na H olanda e no Oregon, m ais de 70% dos pacientes que utilizam essas intervenções estão m orrendo de câncer; m enos de 10% das m ortes por eutanásia ou suicídio assistido p or m édico envolvem pacientes com Aids ou esclerose lateral am iotrófica. Na H olanda, a quantidade de m ortes atribuíveis a eutanásia ou suicídio assistido por m édico caíram de cerca de 2,8% de todas as m ortes em 2001 para cerca de 1,8% em 2005. Em 2009, o últim o ano com dados completos, cerca de 60 pacientes no Oregon (0,2% de todas as m ortes) m orreram por suicídio assistido po r médico, em bora este núm ero possa estar subestimado. No estado de W ashington, entre m arço de 2009 (quan do a lei que perm ite o suicídio assistido pelo m édico foi aprovada) e dezem bro de 2009, 36 indivíduos m orreram em decorrência de doses letais prescritas. A d o r não é m otivação im p o rta n te p ara a solicitação ou pelo interesse dos pacientes pela eutanásia ou p o r suicídio assistido p or médico. E ntre os prim eiros pacientes que receberam suicídio assis tido p o r m édico no O regon, apenas 1 paciente em 15 tin h a controle inadequado da d or em com paração com 15 de 43 pacientes do g ru po de controle, que apresentava analgesia inadequada. A depressão, a desesperança e, m ais intensam ente, as preocupações sobre a perda da dignidade ou da autonom ia, ou com o fato de to rn ar-se u m fardo para os familiares, parecem ser os principais fatores que suscitam o desejo de eutanásia ou de suicídio assistido p or m édico. N o O regon, m enos de 25% dos pacientes citam d o r com o razão p ara desejarem o suicídio assistido pelo m édico. A m aioria cita a p e rd a da a u to n o m ia, dignidade ou de atividades agradáveis. M ais de 33% destacam ser um fardo para a família. U m estudo realizado na H olanda m o s trou que os pacientes de câncer com doença term in al e deprim idos tin h am probabilidade q u atro vezes m aio r de solicitar eutanásia, e confirm ou que a do r não controlada não se associava a m aior in te resse pela eutanásia. A eutanásia e o suicídio assistido p o r m édico não são garantia de m o rte rápida e indolor. D ados da H olanda indicam que, em até 20% dos casos, surgiram dificuldades técnicas e outros problem as, incluindo pacientes que despertaram do com a, outros que não e n traram em com a, regurgitação de m edicam ento e tem po prolonga do até a m orte. D ados de O regon indicam que entre 1997 e 2009, 20 pacientes (cerca de 5%) reg u rg itaram após to m a r a m edicação prescrita, 1 paciente acordou e n e n h u m teve convulsões. O s p ro blem as foram significativam ente m ais com uns no suicídio assistido p or m édico, às vezes exigindo que o m édico interviesse e realizasse a eutanásia. Independentem ente de clinicarem em um local onde a eutanásia seja ou não legalizada, entre 12 e 54% dos m édicos recebem , ao longo de suas carreiras, pelo m enos um pedido de eutanásia ou de suicí dio assistido p o r médico, p or parte de um paciente. A com petência para lidar com um pedido destes é essencial. E m bora desafiador, o pedido assim pode ser tam bém um a o portunidade para externar um sofrim ento intenso. Após receberem a solicitação de eutanásia e/ou de suicídio assistido p or m édico, os profissionais de saúde devem esclarecê-la cuidadosam ente com perguntas genéricas e em páticas para elucidar e identificar a sua origem , tais com o “O que leva você a considerar esta opção?”. A expressão de oposição m oral ou de apoio m oral ao ato tende a ser contraproducente, dando a im pressão de ser crítico, seja por endossar a ideia de que a vida do paciente é despre zível. Os profissionais de saúde devem garantir ao paciente que ele terá assistência e dedicação contínuas. O paciente deve ser instruído sobre alternativas m enos controversas, com o o controle dos sintom as e/ou a suspensão de tratam entos indesejados; sobre a realidade da eutanásia e do suicídio assistido p o r m édico, pois o paciente pode ter conceitos errôneos sobre a sua eficácia; e as im plicações legais da escolha. A depressão, a desesperança e outros sintom as de sofrim ento psicológico, b em com o o sofrim ento físico e os encargos econôm icos tendem a ser os prováveis fatores que m otivaram a solicitação, d e
vendo tais fatores ser avaliados e tratados vigorosam ente. Após essas intervenções e o esclarecim ento das opções, a m aioria dos pacientes adota um a outra abordagem , renunciando às intervenções que p ro longam a vida, possivelm ente incluindo a recusa de nutrição e hidratação.
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EVOLUÇÃO CLÍNICAS PARA PACIENTES TERMINAIS
Introdução à Medicina Clínica Figura 9.2 Evoluções clínicas comuns e incomuns nos últimos dias dos pacientes com doença terminal. (Adaptada de FD Ferris et al.: Module 4: Palliative care, in Comprehensive Guide for the Care of Persons with HIV Disease. To ronto: Mt. Sinai Hospital and Casey Hospice, 1995, em www.cpsonline.info/content/ resources/hivmodule4complete. html.)
O m édico deve estabelecer um plano sobre com quem a fam í lia ou os cuidadores entrarão em contato quando o paciente estiver m orrendo ou já tiver m orrido. Sem um plano, eles podem entrar em pânico e cham ar um a am bulância de socorro, desencadeando um a cascata de eventos indesejados, desde a chegada de socorristas e de reanim ação até a hospitalização. A família e os cuidadores devem ser instruídos a entrar em contato com a casa de apoio (se houver tal envolvim ento), com o m édico assistente ou com o m em bro de p lan tão da equipe de cuidado paliativo. Tam bém devem ser inform ados de que não é preciso telefonar para o Instituto M édico Legal (IML), a m enos que o estado assim o exija em todas as m ortes. Exceto se houver suspeita de atos ilícitos, a equipe de assistência tam bém não precisa contatar o IML. Logo após a m orte do paciente, m esm o a família m ais preparada sente o choque da perda e pode apresentar p erturbação em ocional. Os familiares precisam de tem po para assim ilarem o evento e serem confortados. Os profissionais de saúde podem ser propensos a achar significativo escrever um cartão ou u m a carta de pêsam es à fam í lia. A finalidade é com unicar-se a respeito do paciente, enfatizando talvez as virtudes do paciente, a honra de tê-lo assistido, e expressar preocupação com o m om ento difícil da família. Alguns m édicos vão aos funerais de seus pacientes. E m bora isso transcenda a obrigação m édica, a presença do m édico pode ser um a fonte de apoio para a fam ília em luto e oferece ao m édico a opo rtu n id ad e do fecham ento da experiência. A m orte de um cônjuge é um forte fator preditivo de saúde p re cária, e m esm o de m ortalidade, do cônjuge que sobrevive. Pode ser im portante alertar o m édico do cônjuge quanto à m orte, para que ele fique atento a sintom as que possam exigir auxílio m édico.
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SERVIÇOS DE CUIDADO PALIATIVO: COMO E ONDE A definição da m elhor conduta no cuidado paliativo depende das preferências dos pacientes, disponibilidade de cuidadores e serviços especializados acessíveis, recursos institucionais e reembolso. A casa de apoio é um m odelo im portante de serviços de cuidado paliativo, m as não o único. Nos EUA, um a grande parcela - 40,7% - dos cui dados paliativos é fornecida em clínicas residenciais. Em 2008, pouco mais de 20% dos cuidados de apoio eram fornecidos p o r casas de re pouso. Nos EUA, o M edicare (seguro-saúde federal) paga por servi ços paliativos cobertos na Parte A, o seguro de reem bolso hospitalar. Dois m édicos devem atestar que o paciente tem um a expectativa de vida de 6 meses ou m enos, se a doença seguir sua evolução habitual. Os prognósticos são, por natureza, probabilísticos; os pacientes não m orrerão obrigatoriam ente em 6 m eses, m as têm um a doença da qual m etade dos indivíduos m orre em 6 meses. Os pacientes assi nam um form ulário de adm issão na casa de apoio em que declaram sua intenção de renunciar aos serviços curativos relacionados com a sua doença term inal, m as que podem receber serviços m édicos para outros distúrbios com órbidos. Os pacientes tam bém podem deixar a casa de apoio e retornar depois; o benefício do M edicare para casa de apoio pode ser revogado depois, a fim de que os benefícios tradicio nais do seguro possam ser recebidos. Os pagam entos à casa de apoio são p or diária (ou p or pessoa) em vez de taxa p or serviço. Os paga m entos cobrem os serviços m édicos de supervisão da equipe de assis tência; as visitas dom iciliares regulares p o r enferm eiros e auxiliares de enferm agem certificados; os serviços de cuidadores e m antene dores dom iciliares; os serviços de capelão; os serviços de assistência social; o aconselham ento do luto e o equipam ento m édico, acessórios e m edicam entos. N enhum tratam ento é excluído, e o objetivo é que cada tratam ento seja considerado p or seu efeito sobre os sintomas (e não p or sua capacidade de m odificar a doença). A assistência clínica adicional, incluindo os serviços do m édico responsável, é coberta na Parte B do M edicare m esm o durante a vigência do benefício para a casa de apoio. A legislação para reform a da saúde aprovada em março de 2010 - a Affordable Care A ct - orienta a Secretaria de Saúde e Ser viços H um anos a colher dados sobre o reem bolso do M edicare para casas de apoio com o objetivo de reform ar as taxas de pagam ento que sejam responsáveis pelo uso de recursos durante um episódio com pleto de cuidado. A legislação tam bém exige avaliações adicio nais e revisa a eligibilidade para uso de casas de apoio por m édicos ou enferm eiros. Finalm ente, a legislação estabelece um projeto de dem onstração para cuidados concom itantes em casas de apoio no Medicare, que testariam e avaliariam a perm issão para os pacientes perm anecerem elegíveis para M edicare regular durante o atendim en to em casas de apoio. Em 2008, a duração m édia da internação nas casas de apoio era de cerca de 70 dias com m ediana de 21 dias. Essas internações curtas criam barreiras à prestação de serviços paliativos de alta qualidade no lar do paciente e im põem encargos financeiros aos provedores das casas de apoio, pois a avaliação inicial despende m uito m ais recur sos. Os m édicos devem fazer o encam inham ento precoce às casas de apoio, a fim de que haja m ais tem po para que os pacientes recebam cuidado paliativo. As casas de apoio têm sido o principal m étodo de prestação de serviços paliativos a pacientes term inais. E ntretanto, estão se envi dando esforços para garantir a continuidade do cuidado paliativo em diferentes ambientes e ao longo do tem po. Os serviços de cuidado pa liativo estão se tornando acessíveis sob a form a de pareceres e, mais raram ente, com o unidades de tratam ento paliativo em hospitais, clí nicas de perm anência diurna, am bulatórios e casas de repouso. Os pareceres de cuidado paliativo a pacientes não internados em casas de apoio podem ser cobrados com o outros pareceres cobertos na Parte B do M edicare, que é a parte de reem bolso dos m édicos. M ui tos acreditam que o cuidado paliativo deve ser oferecido ao paciente independentem ente de seu prognóstico. O paciente, sua família e os m édicos não devem ser obrigados a decidir entre cuidado curativo versus paliativo, porque raram ente é possível praticar esta decisiva m udança no contexto da m ortalidade.
QUADRO 9.9
Controle das alterações do estado do paciente nos dias e horas finais
Alterações do estado do paciente Fadiga profunda
Anorexia
Possíveis reações e questionamentos por parte da família
Aconselhamento e intervenção
0 confinamento ao leito faz surgir úlceras de pressão propensas a infecção, mau cheiro, dores, dores articulares
0 paciente é preguiçoso e está se entregando
Assegure à família e aos cuidadores que a fadiga terminal não responde a qualquer intervenção e não deve ser combatida
Nenhuma
0 paciente está se entregando; o paciente tem fome e definhará até a morte
Possível complicação
Use um colchão pneumático, se necessário
A alimentação forçada, seja oral, enteral ou parenteral, não reduz os sintomas nem prolonga a vida Desidratação
Ressecamentos das mucosas (ver abaixo)
Assegure à família e aos cuidadores que a desidratação no final da vida não causa desconforto, já que o paciente estará inconsciente antes de experimentar qualquer desconforto
0 paciente tem sede e morrerá de desidratação
A hidratação intravenosa pode piorar os sintomas de dispnéia por favorecer o edema pulmonar e o periférico, bem como prolongar o desfecho final Disfagia
Não force a ingestão oral
Impossibilidade de deglutir os medicamentos orais necessários ao tratamento paliativo
Interrompa os medicamentos desnecessários que possam ter sido mantidos, incluindo antibióticos, diuréticos, antidepressivos e laxantes
Cuidados Paliativo e Terminal
Assegure à família e aos cuidadores que o paciente não come porque está morrendo; não comer no final da vida não produz desconforto nem acelera a morte
Se há dificuldade em engolir comprimidos, substitua os medicamentos essenciais (analgésicos, antieméticos, ansiolíticos e psicotrópicos) por suas formulações em solução oral ou para uso bucal, sublingual ou retal Assegure à família e aos cuidadores que isto se deve à presença de secreções na orofaringe e que o paciente não está se afogando
0 paciente está se afogando ou sufocando
Estertores - não respira
Reduza as secreções com escopolamina (0,2 a 0,4 mg SC a cada 4 h ou 1 a 3 emplastros a cada 3 dias) Reposicione o paciente para permitir a drenagem das secreções Não aspire. A aspiração pode trazer desconforto ao paciente ou à família, sendo geralmente ineficaz Apneia, respiração de Cheyne-Stokes,
O paciente está sufocando
dispnéia
Assegure à família e aos cuidadores que os pacientes inconscientes não se sentem sufocar nem têm falta de ar Os episódios de apneia são com frequência uma alteração pré-mórbida Os opioides e ansiolíticos podem ser empregados para a apneia O oxigênio raramente alivia os sintomas, podendo prolongar o processo de morte
Incontinência urinária ou fecal
Lesãocutânea se decorrem dias até amorte
O paciente está sujo, com mau cheiro e fisicamente repulsivo
Possível transmissão de agentes infecciosos aos cuidadores Agitação ou delirium
Troca do dia pela noite Fere-se ou aos cuidadores
Recomende à família que empregue as precauções universais promova trocas freqüentes de lençóis e roupas de cama y se f ra|CjaSi cateteres urinários e tubo retal se existem alto débito urinário ou diarréia
0 paciente sente dores terríveis e está na iminência
Assegure à família e aos cuidadores que a agitação e o delirium nem sempre correspondem a dor física
de morte horrível
dependência do prognóstico e dos objetivos do tratamento, considere investigar as causas do delirium e substituir os medicamentos Controle os sintomas com haloperidol, clorpromazina, diazepam ou midazolam
Mucosas secas
Lábios rachados, ulcerações orais e candidíase também produzem dor
O paciente pode ter mau cheiro e estar fisicamente
Promova gargarejo com bicarbonato de sódio ou saliva artificial a cada 15 a 30 min
repulsivo
Nistatina tópica para a candidíase Cubra os lábios e a mucosa nasal com vaselina a cada 60 a 90 min Lubrificantes oftálmicos a cada 4 h ou lágrima artificial a cada 30 min
83
w
PERSPECTIVAS FUTURAS ■ MENSURAÇÂO DOS RESULTADOS A assistência no fim da vida não é m ensurável pela m aioria das m e didas validadas de resultados, pois o cuidado paliativo não considera a m orte um m au resultado. De m odo sem elhante, as fam ílias e os pacientes sob cuidado term inal po d em não desejar os elem entos ci tados nas m ensurações atuais da qualidade de vida. O controle dos sintom as, a m elhora das relações familiares e a qualidade do luto são difíceis de m ensurar e raram ente constituem o foco prim ário das m e didas de resultados cuidadosam ente desenvolvidas ou am plam ente adotadas. Não obstante, os resultados são tão im portantes no cuida do term inal quanto em outros cam pos da assistência médica. In stru m entos específicos estão sendo criados para a avaliação do cuidado term inal, com o o inventário breve da casa de apoio e o NEST (in stru m ento para a avaliação das necessidades próxim as ao fim da vida); para a m ensuração dos resultados, com o a escala dos resultados do cuidado paliativo; e para o prognóstico, com o o índice do p rognósti co paliativo. O cam po do cuidado term inal está pronto p ara entrar na era da prática baseada em evidências e do aperfeiçoam ento contínuo por m eio de estudos clínicos.
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CAPÍ TULO
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Segurança e Qualidade no Cuidado de Saúde David W. Bates A segurança e a qualidade do cuidado são duas das principais d i m ensões dos cuidados de saúde. C ada vez fica m ais claro que am bas poderiam ser m uito m elhores, e atualm ente tornou-se m ais fácil m ensurar a segurança e a qualidade. Além disso, o público está - com boas razões - exigindo m ensuração e responsabilização, e cada vez mais o pagam ento po r serviços será baseado no desem penho nessas áreas. Assim, os m édicos têm de aprender sobre esses dois setores, sobre com o eles podem ser m elhorados e sobre as relativas p o ten cialidades e lim itações da nossa atual capacidade para m ensurá-los. A segurança e a qualidade estão estreitam ente relacionadas, m as não se sobrepõem com pletam ente. O Institute o f M edicine sugeriu, em um a produtiva série de relatos, que a segurança é a prim eira parte da qualidade e que os cuidados de saúde prim eiram ente têm de ga rantir o fornecim ento de serviços seguros, em bora a qualidade ta m bém seja essencial. Finalm ente, é provável que haja m aior benefício clínico final decorrente da m elhora da qualidade do que da m elhora da segurança, em bora am bas sejam im portantes e a segurança, de m uitas m aneiras, seja mais tangível para o público. Assim, a prim eira seção deste capítulo abordará questões relacionadas com a segurança do cuidado, e a segunda cobrirá a qualidade do cuidado.
■ SEGURANÇA NO CUIDADO DE SAÚDE Teoria da segurança A teoria da segurança salienta claram ente que os indivíduos com e tem erros o tem po todo. Pense na volta do hospital para casa; você tenciona parar e com prar um litro de leite no cam inho, m as se vê entrando na garagem, sem perceber com o chegou lá. Todos usam um com portam ento sem iautom ático, quase im perceptível, em m uitas atividades diárias; esse tipo de erro é cham ado “deslize”. Os deslizes frequentem ente ocorrem durante o fornecim ento de cuidados; p or exemplo, quando alguém quer escrever u m a prescrição, m as se es quece por ter de concluir outra ação prim eiro. “Erros”, em contrapar tida, são falhas de um nível m ais alto; ocorrem em situações novas ou não estereotipadas nas quais decisões conscientes estão sendo tom adas. U m exem plo seria n a dosagem de u m m edicam ento com o qual o m édico não está fam iliarizado. As estratégias usadas para evitar deslizes e erros frequentem ente são diferentes. A teoria dos sistem as sugere que a m aioria dos acidentes ocorre em decorrência de um a série de pequenas falhas, que se organizam em um caso isolado de tal form a que possa ocorrer u m acidente (Fig. 10.1). Essa teoria tam bém sugere que a m aioria dos indivíduos em um a atividade tal com o o cuidado de saúde está tentando fazer a coi sa certa (p. ex., fornecer cuidados seguros) e a m aioria dos acidentes pode assim ser vista com o resultado de defeitos nos sistemas. A nalo gamente, os sistemas devem ser projetados tanto p ara to rn ar os erros m enos prováveis quanto para identificar aqueles que realm ente ocor rem, já que alguns inevitavelm ente irão ocorrer.
Fatores que aumentam a probabilidade de erros M uitos fatores onipresentes nos sistem as de cuidados de saúde p o dem aum entar a probabilidade de erros, tais com o fadiga, estresse, interrupções, com plexidade e transições. O s efeitos da fadiga em o u tras atividades são claros, m as seus efeitos nos cuidados de saúde, até recentem ente, têm sido m ais controversos. Por exem plo, a taxa de acidentes com m otoristas de cam inhões au m en ta drasticam ente se eles trabalharem durante determ inado n úm ero de horas em 1 sem a na, especialm ente em tu rn o s prolongados. U m estudo recente, feito
com m édicos residentes na u n id ad e de terapia intensiva, m ostrou que eles apresentavam u m a probabilidade de aproxim adam ente 33% de com eter erros quando estavam trabalhando em um tu rn o de 24 h do que quando estavam com u m a escala de plantão que perm itia que dorm issem 8 h na noite anterior. Para lidar com essa questão, o A m erican College o f G raduate M edicai E ducation (ACGME) adotou a sem ana de 80 h de trabalho. E m bora seja um passo à frente, ele não trata da causa m ais im portante de erros provocados p o r fadiga, isto é, turnos de plantões prolongados. Níveis altos de estresse e carga de trabalho tam bém aum entam as taxas de erros. Assim, em situações de pressão extrem am ente alta, tais com o paradas cardíacas, há m aior probabilidade de ocorrência de erros. Estratégias com o o uso de p ro tocolos nessas situações podem ser úteis, assim com o podem sim pli ficar o reconhecim ento de que a situação é estressante. As in terrupções tam bém aum entam a probabilidade de erro e frequentem ente ocorrem no fornecim ento de cuidados de saúde. E com um esquecer-se de com pletar um a ação quando se é interrom pi do no m eio de um trabalho p or um cham ado do pager, p o r exemplo. As abordagens que podem ser úteis nesta área incluem m inim izar o uso de interrupções e estabelecer ferram entas que ajudem a definir a urgência de um a interrupção. Além disso, a com plexidade representa u m a questão-chave que contribui para a o corrência de erros. O s prestadores de cuidados são confrontados com m uitos dados, tais com o exam es laboratoriais e sinais vitais, m uitos dos quais fornecem poucas inform ações úteis, m as alguns são im portantes e requerem iniciativa ou sugerem um diagnóstico específico. As ferram entas que enfatizam a n o rm alid a des específicas ou com binações de anorm alidades po d em ser úteis nessa área. As transições entre os prestadores e as situações tam bém são co m uns nos cuidados de saúde, especialm ente com o advento da sem a na de 80 h de trabalho, e geralm ente representam vulnerabilidades. As ferram entas que fornecem u m a e stru tu ra quando se trocam in form ações - p or exemplo, quando há transferência de cuidado entre prestadores - podem ser úteis.
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Frequência de eventos adversos nos cuidados de saúde A m aioria dos grandes estudos que enfocam a frequência e as con seqüências de eventos adversos foi realizada em pacientes hospitali zados; alguns dados estão disponíveis para asilos e há m uito m enos inform ações disponíveis p ara situações am bulatoriais. O H arvard M edicai Practice Study, um dos m aiores estudos que abordaram esta questão, foi realizado com pacientes hospitalizados em Nova Iorque. O desfecho prim ário foi o evento adverso, que é um a lesão causada p o r tratam ento clínico, e não a doença subjacente do paciente. N es se estudo, um evento resultou em m o rte ou incapacidade na época
D anos A lg u n s buracos ca usados por fa lh a s ativas
O u tro s buracos causados po r co n d içõ e s latentes (“p a tóg e n o s” residentes) Perdas C a m adas su ce ssiva s de defesas, b a rre ira s e m eio s de proteção
Figura 10.1
Diagrama do “queijo suíço”. Argumenta-se que a maioria dos acidentes ocorre quando, em um sistema, está presente uma série de "falhas la tentes” que se organizam de uma determinada maneira, resultando em acidente. Exemplos de falhas latentes no caso de uma queda podem ser que a unidade estava incomumente ocupada naquele dia e que o chão estava molhado. (Adaptada de J fíeason: Human error: Models and management. BMJ 320:768-770, 2000, com autorização.)
85
Introdução à Medicina Clínica
da alta, ou prolongou o tem po de estada em pelo m enos 2 dias. Os principais achados foram que a taxa de eventos adversos foi de 3,7%, e 58% dos eventos adversos foram considerados evitáveis. E m bora Nova Iorque não seja representativa do restante do país, o estudo foi repetido m ais tarde em C olorado e Utah, onde as taxas eram essen cialm ente sem elhantes. Desde então, outros estudos foram realizados em um a variedade de nações desenvolvidas p o r m eio de m eto d o logias análogas, e as taxas em países desenvolvidos parecem ser de aproxim adam ente 10%. A O rganização M undial de Saúde concen trou-se nessa área, form ando a World Alliance fo r Patient Safety, e taxas de questões de segurança em países em desenvolvim ento e em transição parecem ser ainda m aiores; assim , isso é claram ente um a questão de proporções globais. No Medicai Practice Study, eventos adversos causados p o r fárm a cos (EAF) eram o tipo mais com um , sendo responsáveis p o r 19% de eventos adversos, seguidos de infecções de feridas (14%) e com pli cações técnicas (13%). Quase m etade dos eventos adversos foi asso ciada a um procedim ento cirúrgico. Entre os eventos não cirúrgicos, 37% foram EAF, 15% foram contratem pos terapêuticos, 13% estavam relacionados com procedim entos e 5% foram quedas. Os EAF foram estudados m ais que q ualquer ou tra categoria. Estudos que enfocam especificam ente os EAF descobriram que eles parecem ser m uito m ais com uns do que foi sugerido pelo M edicai Practice Study, em bora a m aioria dos outros estudos use critérios m ais inclusivos. As abordagens para detecção no local da pesquisa constam de revisão da papeleta e uso de um m o n ito r c om putadori zado para EAF, um a ferram enta que explora a base de dados e iden tifica sinais que sugerem que p ode ter o corrido um EAF. Estudos que usam m últiplas abordagens encontraram m ais EAF do que qualquer abordagem individual, sugerindo que a verdadeira taxa subjacente na população é m ais alta do que seria identificado p o r um a abordagem individual. Cerca de 6 a 10% dos pacientes internados em hospitais nos EUA sofrem um EAF. Lesões causadas p o r fárm acos tam bém são com uns em situa ções am bulatoriais. Um estudo encontrou um a taxa de 21 EAF para cada 100 pacientes p or ano quando pacientes foram cham ados para se avaliar se tinham tido algum problem a com um de seus m edica m entos. O grau de gravidade foi m ais baixo do que no am biente de internação, mas aproxim adam ente 33% desses EAF eram evitáveis. O utra área que parece ser m uito arriscada é o período im ediata m ente após o paciente receber alta do hospital. Um estudo recente de pacientes hospitalizados em um serviço m édico encontrou um a taxa de eventos adversos de 19%; cerca de 33% desses eventos era evitável e outro terço era passível de m elhora, pois podiam ser tornados m e nos graves. Os EAF eram a única categoria proem inente.
Estratégias de prevenção A m aior parte dos trabalhos sobre estratégias de prevenção de even tos adversos alm ejava tipos específicos destes no am biente de in ternação, com infecções hospitalares e EAF tendo recebido a m aior parte da atenção. As taxas de infecção hospitalar foram grandem ente reduzidas em am bientes de cuidados intensivos, especialm ente p or meio do uso de listas de verificação. Para os EAF, foram encontradas várias estratégias para reduzir a taxa de erro p o r m edicação, em bora ten h a sido m ais difícil m o strar que elas reduzem a taxa de EAF, e ainda não foram publicados estudos com po d er adequado para apre sentar um a redução clinicam ente significativa. A im plem entação de listas de verificação que assegurem que ações específicas sejam realizadas tem um im pacto im portante sobre as taxas de infecções da corrente sanguínea associadas a cateteres e pneum onia associada ao respirador, duas das com plicações m ais gra ves que ocorrem nos cuidados intensivos. O conceito é que há várias ações específicas que podem reduzir a frequência dessas questões; quando essas ações são todas realizadas para todos os pacientes, o re sultado tem sido u m a redução extrem a da frequência da com plicação associada. Além disso, essas práticas foram dissem inadas p o r m eio de áreas amplas, em p articular no estado de M ichigan. D escobriu-se que as prescrições m édicas eletrônicas (CPO E, do inglês com puterized physician order entry) ju n ta m e n te com um 86
apoio à decisão clínica reduzem a taxa de erro grave p o r medicação; erros graves p o r m edicação são aqueles que causam danos a alguém ou têm o potencial de causá-los. Em um estudo, a CPO E, m esm o com apoio à decisão lim itado, red u ziu a taxa de e rro grave p or m edicação em 55%. A C PO E p o d e evitar erros p o r m edicação ao sugerir a dose-padrão, assegurando que todas as prescrições estão com pletas (p. ex., incluindo dose, via e frequência) e verificando as prescrições p ara controle de alergias, interações m edicam entosas e questões fárm aco-laboratoriais. A lém disso, o apoio à decisão clíni ca po d e sugerir a dose certa para u m paciente, ad ap tan d o -a para o nível de função renal e para a idade do paciente. Em um estudo sem apoio à decisão, os pacientes com insuficiência renal receberam a dose ap ro p riad a apenas em 33% dos casos, e n q u an to esta fração au m e n to u p a ra ap ro x im ad am en te 66% com apoio à decisão e os pacientes com insuficiência renal receberam alta do hospital m eio dia m ais cedo. A p a rtir de 2009, apenas cerca de 15% dos hospitais dos EUA im p lem en taram a CPO E, m as m uitos p lanejam fazer o m esm o e receberão incentivos financeiros im p o rtan tes para atingir esse objetivo. O utra tecnologia que pode m elhorar a segurança com a m edica ção é o uso de código de barras juntam ente com registro eletrônico da adm inistração de m edicam entos. O código de barras pode aju dar a assegurar que um d eterm inado paciente tom a o m edicam en to correto na hora certa. Os registros eletrônicos de adm inistração de m edicam entos podem facilitar m uito a d eterm inação de quais m edicam entos um paciente recebeu. Estudos de avaliação do im pac to do código de barras na segurança de m edicam entos estão em a n dam ento e os prim eiros resultados são prom issores. O utra tecnologia que pode ser usada para m elhorar a segurança da adm inistração do m edicam ento são as “bom bas inteligentes”. Essas bom bas podem ser program adas sobre qual m edicam ento está sendo adm inistrado é em que dose; se o enferm eiro tenta adm inistrar um a dose m uito alta, re cebe um aviso.
0 quadro nacional com relação à segurança nos EUA Várias organizações norte-am ericanas, com o o N ational Quality Fó rum (NQF) e a Joint Com m ission on Accreditation o f Healthcare Organizations (JCAHO), fizeram recom endações sobre com o m elhorar a segurança. Em particular, o N Q F liberou recom endações para os hospitais do país sobre práticas que irão m elhorar ainda m ais a segu rança dos cuidados; a expectativa é de que essas práticas sejam im ple m entadas em todos os hospitais (Q u a d ro 10.1). M uitas dessas práti cas surgem frequentem ente nos cuidados de rotina. Um exemplo é a “leitura de volta”, a prática de registrar todas as prescrições verbais e im ediatam ente lê-las de volta para o m édico para verificar a acurácia do que foi ouvido. O utro exem plo é usar apenas as abreviações e as designações-padrão das doses, pois algum as abreviações e designa ções de dosagens têm especial tendência ao erro; p o r exemplo, 7U pode ser lido 70.
Mensuração da segurança M ensurar a segurança dos cuidados é m uito difícil e caro, pois os eventos adversos felizm ente são raros. A m aioria dos hospitais d e pende do relato espontâneo para identificar erros e eventos adversos, m as esta abordagem tem um a sensibilidade m uito baixa, com apenas cerca de 1 em 20 EAF relatados. H á técnicas de pesquisa prom isso ras que envolvem a procura, no prontuário eletrônico, de sinais que sugiram que um evento adverso ocorreu, o que provavelm ente será rotina no futuro, m as essas técnicas ainda não são am plam ente usa das. D ados de reclam ações foram usados para identificar a frequên cia de eventos adversos; esta abordagem funciona m uito m elhor para cuidados cirúrgicos do que para cuidados clínicos e ainda requer va lidação adicional. O resultado final é que, exceto para alguns tipos específicos de eventos, tais com o quedas e infecções hospitalares, os hospitais têm um a vaga ideia sobre a verdadeira frequência das ques tões de segurança. E ntretanto, todos os prestadores têm a responsabilidade de rela tar problem as com segurança assim que eles são identificados. Todos os hospitais têm sistemas de relatos espontâneos e, se os prestadores
QUADRO 10.1
Práticas seguras para um melhor cuidado de saúde3
1. Criar uma cultura de segurança no cuidado de saúde. 2. Para procedimentos cirúrgicos eletivos de alto risco designado ou outro cuidado específico, os pacientes devem ser informados de modo claro do provável risco reduzido de um desfecho adverso em locais de tratamento que apresentaram desempenhos superiores e devem ser encaminhados para tais locais de acordo com a preferência declarada do paciente. 3. Especificar um protocolo explícito a ser usado para assegurar um nível adequado de assistência com base nos diferentes perfis de pacientes usuais na instituição e na experiência e treinamento de sua equipe de enfermagem. 4. Todos os pacientes nas unidades de terapia intensiva gerais (tanto a UTI adulta quanto a pediátrica) devem ser tratados por médicos com treinamento específico e habilitação em medicina para cuidados críticos (“ habilitado para cuidados críticos”).
6. As prescrições verbais devem ser registradas sempre que possível e imediatamente lidas para o prescritor - isto é, um prestador de cuidados de saúde que receba uma prescrição verbal deve ler ou repetir a informação que o prescritor transmite afim de verificar a precisão do que foi ouvido. 7 Usar apenas abreviações e designações de dose padronizadas. 8. Os resumos sobre o cuidado do paciente ou outros registros semelhantes não devem ser preparados de memória. 9. Assegurar que as informações sobre os cuidados, especialmente mudanças nas prescrições e nova informação diagnóstica, sejam transmitidas de forma oportuna, clara e compreensível para todos que estejam prestando cuidados de saúde ao paciente e que precisam daquelas informações para fornecer o cuidado. 10. Pedir a cada paciente ou procurador legal que conte novamente o que lhe foi dito durante a discussão do consentimento informado. 11. Assegurar que o registro por escrito sobre a preferência do paciente por tratamento mantenedor da vida seja mostrado com destaque na papeleta do paciente. 12. Implementar um sistema de prescrições médicas eletrônicas. 13. Implementar um protocolo padronizado para evitar designação errada das radiografias. 14. Implementar protocolos padronizados para evitar a ocorrência de procedimentos em local ou paciente errados. 15. Avaliar cada paciente submetido à cirurgia eletiva para risco de um evento cardíaco isquêmico agudo durante a operação e fornecer tratamento profilático com betabloqueadores para os pacientes de alto risco.
Segurança e Qualidade no Cuidado de Saúde
5. Farmacêuticos devem participar ativamente do processo de uso do medicamento, no mínimo estando disponíveis para os prescritores de medicamentos em caso consulta sobre prescrição de medicamento, interpretação e revisão das prescrições de medicamento, preparação dos medicamentos, dispensação dos medicamentos e administração e monitoramento dos medicamentos.
16. Avaliar cada paciente à admissão e em seguida regularmente para o risco de desenvolvimento de úlceras de pressão. Essa avaliação deve ser repetida a intervalos regulares durante o cuidado. Métodos preventivos clinicamente apropriados devem ser implementados subsequentemente à avaliação. 17. Avaliar cada paciente à admissão e em seguida regularmente quanto a risco de desenvolvimento de trombose venosa profunda (TVP)/tromboembolismo venoso (TEV). Utilizar métodos clinicamente apropriados para evitar TVP/TEV. 18. Utilizar serviços antitrombóticos especializados (anticoagulação) que facilitam a gestão de cuidados coordenada. 19. A admissão, e em seguida regularmente, avaliar cada paciente quanto a risco de aspiração. 20. Adotar métodos efetivos de prevenção de infecções da corrente sanguínea associadas a cateter venoso central. 21. Fazer avaliação pré-operatória de cada paciente com base em seu procedimento cirúrgico.planejado para detecção de risco de infecção no local cirúrgico e implementar profilaxia antibiótica apropriada e outras medidas preventivas com base naquela avaliação. 22. Utilizar protocolos validados para avaliar os pacientes que estão em risco de insuficiência renal induzida por meio de contraste e utilizar um método clinicamente apropriado para reduzir o risco de lesão renal com base na avaliação da função renal do paciente. 23. Avaliar cada paciente á admissão - e, em seguida, regularmente - para risco de má nutrição. Empregar estratégias clinicamente apropriadas para evitar má nutrição. 24. Sempre que um torniquete pneumático for usado, avaliar o paciente quanto a risco de uma complicação isquêmica e/ou trombótica e utilizar medidas profiláticas apropriadas. 25. Descontaminar as mãos com uma escova higiênica ou lavar com sabão desinfetante antes e após o contato direto com o paciente ou objetos imediatamente próximos dele. 26. Vacinar os profissionais de saúde contra influenza para proteger tanto a eles quanto os pacientes. 27. Manter limpos, organizados, iluminados e livres de aglomerações, perturbações e ruídos os locais de trabalho onde os
medicamentos sãopreparados.
28. Padronizar os métodos para rotulação, empacotamento e armazenagem dos medicamentos. 29. Identificar todos os fármacos “ potencialmente perigosos” (p. ex., agonistas e antagonistas adrenérgicos intravenosos, agentes quimioterápicos, anticoagulantes e antitrombóticos, eletrólitos parenterais concentrados, anestésicos gerais, bloqueadores neuromusculares, insulina e hipoglicêmicos orais, narcóticos e opiáceos). 30. Dispensar medicamentos em doses unitárias ou, quando apropriado, em forma de unidade de uso, sempre que possível. 3Estas 30 práticas são as recomendações do National Quality Forum (NQF) para melhora da segurança nos cuidados de saúde; o NQF acredita que elas podem ser universalmente implementadas em locais de cuidados aplicáveis para reduzir o risco de lesão ao paciente. Todas as práticas apresentam fortes evidências para seu suporte e probabilidade de apresentar benefício significativo.
relatam eventos logo que eles ocorrem , esses eventos podem ser usa dos com o lições p ara subsequente m elhora.
Conclusões sobre a segurança A tualm ente está bastante claro que a segurança nos cuidados de saú de pode ser m elhorada substancialm ente; à m edida que m ais áreas são rigorosam ente estudadas, m ais problem as são identificados. Em
com paração com o am biente am bulatorial, sabe-se m uito m ais sobre a epidem iologia da segurança no am biente de internação, e inúm eras estratégias efetivas p ara m elhora da segurança foram identificadas e estão sendo cada vez m ais adotadas. A lgum as estratégias efetivas tam bém estão disponíveis no am biente am bulatorial. As transições parecem ser especialm ente arriscadas. As soluções para m elhorar os cuidados frequentem ente envolverão técnicas sistem áticas com o lis-
87
tas de verificação e frequentem ente irão envolver o aproveitam ento da tecnologia da inform ação, m as tam bém incluirão m uitos outros setores, tais com o uso de técnicas de fatores hum anos, treinam ento da equipe e desenvolvim ento de um a cultura de segurança.
A do ta r ou aba nd o n a r estratégias baseadas em resultados
Identificar potenciais estratégias de m elhora
■ QUALIDADE DO CUIDADO DE SAÚDE A qualidade do cuidado tem sido de certa form a evasiva, em bora as ferram entas para m ensurá-la tenham m elhorado de m odo crescente. Selecionar o cuidado de saúde e m ensurar sua qualidade é um p ro cesso complexo.
Introdução à Medicina Clínica
Teoria da qualidade D onabedian sugeriu que a qualidade do cuidado de saúde pode ser classificada por tipo de m ensuração em estrutura, processo e desfe cho. A estrutura refere-se à existência ou não de u m a determ inada característica, com o, p o r exem plo, se u m hospital tem laboratório p ara cateterização ou se um a clínica usa p rontuários eletrônicos. O processo refere-se à m an eira com o o c uidado é fornecido, e exem plos de m edidas de processo são se um esfregaço de Papanicolaou foi realizado no intervalo recom endado ou se a dm inistrou-se ácido acetilsalicílico a um paciente sob suspeita de in farto do m io c á r dio. Os desfechos referem -se ao que realm ente acontece, com o, p o r exem plo, a taxa de m o rtalidade no infarto do m iocárdio. É im p o r tante n o tar que um a boa e stru tu ra e um b o m processo n em se m pre resultam em b o n s desfechos. Por exem plo, u m paciente pode apresentar-se com suspeita de infarto do m iocárdio em u m a in sti tuição que disp o n h a de laboratório para cateterização e receber o c u idado recom endado, incluindo ácido acetilsalicílico, m as a inda assim m o rrer devido ao infarto. A teoria da qualidade tam bém sugere que a qualidade geral será ainda m elhor no todo se elevar-se o nível de desem penho de todos os prestadores, e não encontrar alguns executores ruins e puni-los. Esta visão sugere que as m udanças nos sistem as podem ser especialm ente úteis para a m elhora da qualidade, pois inúm eros prestadores p odem ser envolvidos sim ultaneam ente. A teoria da m elhora contínua da qualidade sugere que as organi zações devem sem pre avaliar o cuidado que fornecem e fazer p eque nas m udanças continuam ente para m elhorar seus processos isolados. Esta abordagem pode ser de grande eficácia se for adotada ao longo do tem po. Inúm eras ferram entas específicas foram desenvolvidas para aju dar a m elhorar o desem penho do processo. U m a das m ais im p o r tantes é o ciclo planejam ento-execução-verificação-ação (Fig. 10.2). Esta abordagem pode ser usada para executar o que se cham a m e lhora rápida do ciclo para um processo, com o, p o r exemplo, o tem po para um paciente que tem pneum onia receber antibióticos após o diagnóstico. Frequentem ente, ferram entas estatísticas específicas, tais com o quadros de controle, são usadas em conjunto p ara se d e term in ar se está ou não havendo progresso. A m aioria dos cuidados m édicos inclui um ou m ais processos, o que to rn a esta ferram enta especialm ente im portante p ara a m elhora.
Fatores relacionados com a qualidade M uitos fatores podem reduzir o nível de qualidade, incluindo estres se dos prestadores, níveis altos ou baixos de pressão para produção e sistem as precários, apenas para citar alguns exem plos. O estresse pode ter um efeito adverso sobre a qualidade, pois pode levar os pres tadores a om itir etapas im portantes, assim com o o pode um alto nível de pressão para produção. Níveis baixos de pressão para produção às vezes podem resultar em piora da qualidade, pois os prestadores podem ficar entediados ou ter pouca experiência com um problem a específico. Sistemas precários podem ter grande im pacto na qualida de, e em geral m esm o os prestadores extrem am ente dedicados não conseguem atingir níveis altos de desem penho se estiverem tra b a lhando em um sistem a precário.
Dados sobre o estado de qualidade atual Um estudo RAND recente apresentou o quadro m ais com pleto de qualidade do cuidado fornecido nos EUA até hoje. Os resultados fo88
M edir efetividade das e stratégias
Testar e stratégias
Figura 10.2 Ciclo planejamento-execução-verificação-ação (PDCA, do inglês p la n -d o -c h e ck -a c tj. A abordagem do ciclo PDCA pode ser usada para melhorar rapidamente um processo específico. Primeiro, faz-se o planejamento e identificam-se várias estratégias potenciais para melhora. Depois, essas es tratégias são experimentadas em pequenos "testes de mudança” . "Verificação” significa medir se elas fazem diferença e “ação” refere-se a agir de acordo com os resultados.
ram preocupantes. Os autores d escobriram que, ao longo de um a am pla variedade de parâm etros de qualidade, os pacientes nos EUA re ceberam apenas 55% de todo o cuidado recom endado; houve pouca variação p or subtipo, com escores de 54% para cuidado preventivo, 54% para cuidado agudo e 56% para cuidado de condições crônicas, o que levou os autores a concluir que as chances de atingir cuidado de alta qualidade nos EUA foram , de m odo geral, pouco melhores do que as de ganhar um jogo de cara ou coroa. O trab alh o da D a rtm o u t Atlas que avalia a variação geográ fica na utilização e qualidade do cuidado dem onstra que apesar de grandes variações na utilização, não h á correlação positiva entre as duas variáveis no nível regional. U m a gam a de dados dem onstra, contudo, que os prestadores com volum es m aiores para condições específicas, especialm ente para condições cirúrgicas, realm ente têm m elhores desfechos.
Estratégias para melhorar a qualidade e o desempenho Inúm eras estratégias específicas p o d e m ser usadas p ara m elhorar a qualidade em nível individual, tais com o racionam ento, educação, feedback, incentivos e penalidades. O racionam ento tem sido efeti vo em algum as áreas específicas - tais com o p e rsu ad ir os médicos a prescrever com base em u m guia de p rescrição farm acológica —, m as em geral há resistência. A educação é efetiva a c urto prazo e necessária p ara a m u d an ç a de opiniões, m as seu efeito cai bem ra p id a m e n te com o tem po. O feedback do d esem p e n h o pode ser dado em nível coletivo ou individual. Ele é m ais efetivo se for in d i vidualizado e fornecido em g rande pro x im id ad e tem p o ral com os eventos originais. Os incentivos p o d e m ser efetivos e m uitos acre d itam que isto será a chave p ara a m elh o ra da qualidade, especial m ente se o pagam ento p o r desem p en h o com incentivos suficientes for am plam ente im p le m e n tad o (ver adiante). As penalidades cau sam ressen tim en to no p re sta d o r e ra ra m en te são usadas nos cui dados de saúde. O u tro g rupo de estratégias p ara m elhora da qualidade envolve a m u d an ça dos sistem as de c u idado. U m exem plo seria in tro d u zir lem bretes sobre que ações específicas devem ser adotadas em u m a visita a um paciente específico, estratégia que tem m ostrado m elh o ra do d e se m p e n h o em d e te rm in a d a s situações, com o, por exem plo, o fo rn ec im e n to de serviços preventivos. O u tra aborda gem que tem sido efetiva é o desenvolvim ento de “lotes” ou grupos de m edidas de q ualidade que p o d e m ser im plem entadas juntam en te com um alto grau de fidelidade. In ú m ero s hospitais atualm ente im p le m e n tara m u m lote p a ra p n e u m o n ia associada a respirador na u nidade de terapia intensiva, que inclui cinco m edidas, entre as
Comunidade Recursos e políticas
A poio à autogestão
Sistema de saúde Organização do cuidado de saúde
P rojeto do A poio à sistem a de d e cisão fo rn e cim e n to
S istem as clín icos de inform ação
<
Interações produtivas
Melhora dos desfechos
Figura 10.3 0 modelo de cuidados crônicos. 0 modelo de cuidados crônicos, que enfoca a melhora do cuidado nas doenças crônicas, sugere que o fornecimento do cuidado de alta qualidade exige uma variedade de estratégias que têm de envol ver e mobilizar rigorosamente o paciente e, além disso, que o cuidado da equipe é essencial. (De EH Wagner etal.)
quais, p o r exem plo, assegurar que a cabeceira da cam a está eleva da. O hospital descobriu que elas m elhoravam substancialm ente o desem penho. Talvez a necessidade m ais p rem ente seja m elh o rar a qualidade do cuidado para doenças crônicas. O M odelo para C uidados C rô nicos (C hronic Care M odel) foi desenvolvido p o r W agner e cola boradores (Fig. 10.3); esse m odelo sugere que será necessária um a com binação de estratégias, incluindo apoio em autogestão, m u d a n ças na estru tu ra do sistem a de fornecim ento, no apoio a decisões e nos sistem as de inform ações, e que essas estratégias têm de ser for necidas p or um a equipe experiente com posta de vários prestadores, não apenas um médico. E vidências recentes sobre a eficácia relativa das estratégias para redução da hem oglobina A lc (H b A lc) no c uidado am bulatorial do diabetes sustentam essa prem issa geral. É especialm ente notável que o desfecho tenha sido H b A lc, pois geralm ente tem sido m uito m ais difícil m elhorar as m edidas do desfecho do que as m edidas do p ro cesso (tal com o se foi ou não realizada H b A lc). N essa m etanálise, u m a variedade de estratégias foi efetiva, m as as m ais efetivas foram m udanças n a equipe e o uso de um d ireto r clínico. Q uando, além disso, o custo-benefício é considerável, parece provável que será n e cessária um a com binação de estratégias. E ntretanto, as estratégias m ais caras, com o o uso de diretores clínicos, provavelm ente só se rão im plem entadas am plam ente se o p agam ento p o r d esem penho for consolidado.
Relato público D e m o d o geral, o relato púb lico dos d a d o s de q u alid ad e está se to rn an d o cada vez m ais com um . A tualm ente, h á websites privados que têm dados relacionados com a q u alid ad e p a ra a m aio r parte das regiões do país, aos quais se p o d e ter acesso m ed ian te o p a g a m en to de u m a taxa. D e m a n e ira sem elh an te, os dados nacionais para hospitais estão disponíveis. As evidências até o m o m en to são de que os pacientes n ã o têm u sado os d ad o s com frequência, m as que tais dados tiv eram u m efeito im p o rta n te n o c o m p o rtam e n to do prestad o r e da organização. E m c o n tra p artid a, os pacientes c o n fiam n a rep u tação do p re sta d o r p a ra fazer escolhas. Essa p o stu ra se deve, em parte, ao fato de que até m u ito rece n te m en te poucas inform ações estavam disponíveis, e n ão estavam n ecessariam ente apresentadas de u m a m an e ira que fosse fácil p a ra os pacientes c o n sultarem . M uitos acred itam que, à m ed id a que m ais inform ações sobre a qualidade se to rn e m disponíveis, as escolhas sobre onde buscar dados sobre os cu id ad o s de saúde ficarão cada vez m ais fá ceis p ara o paciente.
Pagamento por desempenho A tualm ente, nos EUA, os prestadores recebem exatam ente o m es m o pagam ento p o r u m serviço específico, in d ep en d en tem en te da qualidade do cuidado que é fornecido. A teoria do pagam ento po r desem penho sugere que, se os prestadores receberem m ais p ara um cuidado de qualidade m ais alta, eles investirão em estratégias que possibilitem o fornecim ento desse cuidado. As principais questões atuais no debate sobre o pagam ento p o r desem penho estão relacio nadas com ( 1) quão efetivo ele é, (2) que níveis de incentivos são necessários e (3) que conseqüências ru in s são produzidas. As evi dências sobre efetividade são bem lim itadas até o m om ento, em bora inúm eros estudos estejam em andam ento. C om relação aos níveis, a m aioria dos incentivos p o r d esem penho relativo à qualidade é res ponsável p o r 1 a 2% do p agam ento total nesse país até hoje, m as recentem ente, no R eino U nido, 40% dos salários dos m édicos de fam ília e com unidade foram colocados em risco com base no d e sem penho ao longo de u m a am pla variedade de parâm etros. Isto tem sido associado a grandes m elhoras no d esem penho de q uali dade relatado, em bora ainda não esteja claro até que po n to isto re presenta m elhor desem penho versus m elhor relato. O potencial para conseqüências ruins existe com q ualquer esquem a de incentivo. Um problem a é que, se os incentivos forem vinculados a desfechos, isto introduz o incentivo de transferir os pacientes m ais doentes p ara o u tros prestadores e sistem as. O u tra preocupação é que os prestadores estarão m uito m ais atentos às m edidas de qualidade com incentivos e ignorarão o restante dos p arâm etros de qualidade. A validade des sas preocupações ainda está p o r ser determ inada.
Segurança e Qualidade no Cuidado de Saúde
P o fM o n to
inform ado, ativado
entre os hospitais. Análises feitas pela Joint C om m ission para indica dores m uito sem elhantes m ostraram que o desem penho nas m edidas tom adas pelos hospitais m elhorou com o tem po e que, com o seria de se esperar, aqueles que tiveram pior desem penho m elhoraram mais do que os que tiveram desem penho m elhor.
■ CONCLUSÕES Mensuração em âmbito nacional do estado da qualidade (nos EUA) No am biente de internação, a m ensuração da qualidade atualm ente está sendo realizada p or um a proporção m uito grande de hospitais para várias condições, incluindo infarto do m iocárdio, insuficiência cardíaca congestiva, pneum onia e prevenção de infecção cirúrgica; ao todo, 20 m edidas foram incluídas. Esse é o resultado do H ospi tal Q uality Initiative, que representa um a cooperação entre m uitas entidades, com o o H ospital Q uality Alliance, a JCAHO, o N Q F e a A gency for H ealthcare Research, entre outras. Os dados ficam no C enter for M edicare and M edicaid Services, que to rn a público o desem penho das m edidas no website cham ado H ospital Com pare. Esses dados são voluntariam ente relatados e estão disponíveis para um a alta proporção de hospitais do país. A nálises m o stram que há substancial variação regional na qualidade e diferenças im portantes
A segurança e a qualidade do cuidado nos EUA poderiam ser m elho radas substancialm ente. Hoje, há inúm eras intervenções disponíveis m ostrando m elhora da segurança do cuidado, e deveriam ser usadas mais am plam ente; outras estão passando p o r avaliação ou serão ava liadas. A qualidade tam bém po d eria ser m uito m elhor, e a ciência da m elhora da qualidade está cada vez m ais m adura. A im plem entação do pagam ento p o r desem penho deveria to rn a r m uito mais fácil para as organizações justificar investim entos na m elhora desses parâm e tros, incluindo a tecnologia da inform ação; entretanto, m uitas ainda precisarão m udar a estru tu ra do cuidado - m udando, p or exemplo, para um a abordagem m ais voltada para a equipe e assegurando que os pacientes estejam m ais envolvidos em seu p róprio cuidado. As m edidas de segurança ainda são relativam ente im aturas e podem fi car m uito m ais robustas; seria particularm ente útil se as organizações tivessem m edidas que pudessem ser usadas nos trabalhos rotineiros
89
■
para avaliar a segurança a um custo razoável. Em bora as m edidas de qualidade disponíveis sejam m ais robustas do que as m edidas de se gurança, elas ainda cobrem um a proporção relativam ente pequena de todo o setor da qualidade e m uitas precisam ser desenvolvidas. O público e os pagadores hoje exigem m elhores inform ações sobre segurança e qualidade, assim com o m elhor desem penho nessas áreas. A implicação clara é que esses setores necessitarão de um a aborda gem direta dos prestadores.
Introdução à Medicina Clínica 90
BIBLIOGRAFIA B a te s
DW
e t al: E f fe c t o f c o m p u t e r i z e d p h y s ic i a n o r d e r e n t r y a n d a t e a m in -
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PARTE II Principais Manifestações e Apresentações das Doenças SEÇ Ã01 11
Dor: Fisiopatologiae Tratam ento................................................... 93
12
Dor Torácica...............................................................................102
13
Dor Abdominal............................................................................ 108
32
Manifestações Orais das Doenças.......................................... 267
9
e12 Atlas de Manifestações Orais das Doenças Sistêmicas
SEÇÃO 5
14 Cefaleia.........................................................................................112 15
Dor nas Costase no Pescoço.....................................................129
SEÇÃO 2
33
D ispnéia..................................................................................... 277
34
Tosse e H em optise...................................................................282
35
Hipoxia e Cianose..................................................................... 287
36
E de m a ........................................................................................290
16
Febre e Hipertermia...................................................................143
9
e13 Abordagem ao Paciente com Sopro Cardíaco
17
Febre e Exantema..................................................................... 148
37
Palpitações.................................................................................295
$
e7 Atlas de Exantemas Associados à Febre
18
Febre de Origem Obscura........................................................158
19
Hipotermia e Geladura...............................................................165
SEÇÃO 6
SEÇÃO 3
38
Disfagia........................................................................................ 297
39
Náuseas, Vômitos e Indigestão............................................... 301
40
Diarréia e Constipação............................................................. 308
20
Síncope........................................................................................171
41
Hemorragia Gastrintestinal............................... ...................... 320
21
Tontura e V ertigem ................................................................... 178
42
Icterícia........................................................................................ 324
22
Fraqueza e Paralisia................................................................. 181
43
Aumento do Volume Abdominal e A s c ite ...............................330
23
Dormência, Formigamento e Perda Sensorial......................... 186
24
Distúrbios da Marcha e do Equilíbrio...................................... 192
9
e8 Videoteca de Distúrbios da Marcha
25
Confusão e Delirium ................................................................. 196
44
Azotemiae Anormalidades U rinárias...................................... 334
e9 Perda de Memória
9
e14 Atlas de Biópsias Renais e Sedimentos Urinários
26
Afasia, Perda de Memória e OutrosDistúrbios Cerebrais Focais.........................................................................202
45 Distúrbios Hidreletrolíticos.........................................................341
9
9
e10 Afasia Progressiva Primária, Perda de Memória e Outros Distúrbios Cerebrais Focais
46 Hipercalcemia e Hipocalcemia..................................................360
27
Distúrbios do S o n o .................................................................... 213
47 Acidose e Alcalose...................................................................... 363
1 Distúrbios de Olhos, Orelhas, Nariz e Garganta
SEÇÃO 7
in 1
e15 Desequilíbrios entre Líquidos e Eletrólitos e Desequilíbrios entre Ácido e Base
I Alterações na Função Sexual e na Reprodução
28 Doenças Oculares....................................................... ..............224
48 Disfunção Sexual.............................................. .........................374
9
49 Hirsutismo e Virilização.................................. .........................380
e11 Vídeo Biblioteca de Neuro-Oftalmologia
29 Distúrbios do Olfato e do Paladar.............................. ..............241 30 Distúrbios da Audição................................................ ..............248 31 Faringite, Sinusite, Otite e Outras Infecções do Trato Respiratório S uperior....................................... ..............255
50 Distúrbios Menstruais e Dor Pélvica.............. .........................384
,i
■
Alterações Cutâneas
■
1
w
Alterações Hematológicas
51 Abordagem ao Paciente com Doença de P e le .............. . . . . 389
57 Anemia e Policitemia........................................................... . . . 448
52 Eczema, Psoríase, Infecções Cutâneas, Acne e Outras Doenças de Pele Comuns.................................... . . . . 395
58 Sangramento e Trom bose.................................................. . . . 457
53 Manifestações Cutâneas das Doenças Sistêmicas. . . . . . . . 405
60 Distúrbios de Granulócitos e Monócitos........................... . . . 472
54 Doenças de Pele Imunologicamente M ediadas........... . . . . 424
9
55 Farmacodermias................................................................ . . . . 432 56 Fotossensibilidade e Outras Reações à L u z .................. . . . . 440
9
e16 Atlas de Manifestações Cutâneas das Doenças Internas
59 Linfadenopatia e Esplenomegalia.................................... . . . 465 e17 Atlas de Hematologia e Análise de Esfregaços do Sangue Periférico
r
SEÇÃO t
Dor
CAPÍ TULO
11
■ MECANISMOS PERIFÉRICOS 0 nociceptor aferente primário
Dor: Fisiopatologia e Tratamento James P. Rathmell Howard L. Fields
0 SISTEMA SENSORIAL PARA A DOR A d or é um a sensação desagradável localizada em algum a parte do corpo. C om frequência, é descrita em term os relacionados com p ro cessos penetrantes ou destrutivos dos tecidos (p. ex., em punhalada, em queim ação, em contorção, dilacerante, com pressiva) e/ou com um a reação corporal ou em ocional (p. ex., pavorosa, nauseante, debilitante). Além disso, qualquer dor de intensidade m oderada ou inten sa é acom panhada de ansiedade e do desejo de escapar da sensação ou de interrom pê-la. Essas p ropriedades ilustram a dualidade da dor: é tanto um a sensação quanto um a em oção. Q uando aguda, a dor está associada a um a reatividade com p o rtam en tal e a u m a resposta de estresse que consiste em elevação da pressão arterial, da frequência cardíaca, do diâm etro da pupila e dos níveis plasm áticos de cortisol. Além disso, m uitas vezes há contração de m úsculos locais (p. ex., flexão dos m em bros, rigidez da parede abdom inal).
Dor: Fisiopatologia e Tratamento
A m edicina tem p o r objetivos preservar e restau rar a saúde, bem com o aliviar o sofrim ento. O conhecim ento sobre a d or é essencial a esses dois propósitos. Por ser universalm ente considerada com o um sinal de doença, a d or é o sintom a que m ais com um ente leva um paciente a p rocurar auxílio médico. O sistem a sensorial relacionado com a d or tem a função de proteger o corpo e m anter a hom eostasia. Essa tarefa consiste em detectar, localizar e identificar os processos que estejam causando ou possam vir a causar lesão tecidual. C om o diferentes doenças produzem padrões típicos de lesão tecidual, o caráter, a evolução cronológica e a localização da d o r do paciente, constituem indícios diagnósticos im portantes. É obrigação do m édi co proporcionar o alívio rápido e eficaz da dor.
O nervo periférico é c o n stitu íd o pelos axônios de três tipos dife rentes de n eurônio: aferentes sensoriais p rim ário s, n eu rô n io s m o tores e n e u rô n io s p ós-ganglionares sim páticos (Fig. 11. 1). O s cor pos celulares dos aferentes sensoriais p rim á rio s localizam -se nos gânglios das raízes dorsais nos foram es vertebrais. O axônio afe rente p rim á rio possui dois ram os: u m se pro jeta centralm ente para a m edula espinal e o o u tro em se n tid o p eriférico p a ra in erv a r os tecidos. Os aferentes p rim á rio s são classificados com base no seu diâm etro, grau de m ielinização e velocidade de condução. As fibras aferentes de m aior diâm etro, A -beta (A(3), respondem em grau m á xim o a estím ulos de tato leve e/o u de m ovim ento, sendo e n co n tra das prin cip alm en te nos nerv o s que su p rem a pele. N os indivíduos n o rm ais, a atividade dessas fibras não provoca dor. E xistem duas ou tras classes de aferentes p rim á rio s: os axônios m ielinizados de peq u en o diâm etro A -delta (AÁ) e os axônios n ão m ielinizados (fi bras C) (Fig. 11.1). Essas fibras são e n co n tra d a s n o s nerv o s que suprem a pele b em com o as e stru tu ra s som áticas e viscerais p ro fundas. A lguns tecidos, com o a có rn ea, são in erv ad o s apenas p o r fibras aferentes AA e C que, em sua m aio ria, re sp o n d em em grau m áxim o apenas a estím ulos in te n so s (dolorosos) e, q u a n d o esti m uladas eletricam ente, p ro d u z e m a e xperiência subjetiva da dor, característica que as define com o nociceptores (receptores para dor) aferentes prim ários. A capacidade de d e te cta r estím ulos dolorosos é to talm en te abolida q u a n d o é b lo q u ea d a a con d u ção pela fibras axônicas AA e C são bloqueados. Os nociceptores aferentes p rim ário s individuais são capazes de responder a diferentes tipos de estím ulos nocivos. Por exemplo, a m aioria dos nociceptores responde a calor; frio intenso; estím ulos m ecânicos intensos, com o u m beliscão; alterações no pH , p a rtic u larm ente aos am bientes ácidos; e aplicação de substâncias quím icas irritantes com o adenosina trifosfato (ATP), serotonina, bradicinina e histam ina.
Sensibilização Q uando são aplicados estím ulos intensos, repetidos ou prolongados a tecidos lesados ou inflam ados, o lim iar de ativação dos nocicepto res aferentes prim ários é reduzido, e a frequência de descarga torna-
G â nglio da raiz dorsal N ervo periférico M edula espinal
___ r ____ pós-g a n g lio na r
Figura 11.1
Componentes de um nervo cutâneo característico. Má duas categorias funcionalmente distintas de axônios: aferentes primários com corpos ce lulares localizados na raiz do gânglio dorsal, e fibras simpáticas pós-ganglionares com os corpos celulares localizados no gânglio simpático. Dentre as fibras aferentes
S im pático pré-g a n g lion a r
primárias estão os axônios mielinizados de grande diâmetro (A0), mielinizados de pequeno diâmetro (AA) e axônios não mielinizados (C). Todas as fibras pós-ganglio nares simpáticas são do tipo não mielinizado.
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
-se m aior para estím ulos de todas as intensidades. Os m ediadores da inflam ação, com o a bradicinina, fator de crescim ento neural, algu m as prostaglandinas e os leucotrienos, co ntribuem para esse p ro cesso denom inado sensibilização. A sensibilização ocorre em nível da term inação n ervosa periférica (sensibilização periférica) assim com o em nível do corno posterior da m edula espinal (sensibilização central). A sensibilização periférica ocorre em tecidos lesados ou inflam ados, quando m ediadores inflam atórios ativam a transdução de sinais nos nociceptores intracelulares, determ in an d o o aum ento na produção, transporte e inserção na m em brana de canais iônicos ativados quim icam ente e ativados p or voltagem . Tais alterações a u m entam a excitabilidade dos term inais nociceptores e reduzem seu lim iar de ativação p o r estím ulos m ecânicos, térm icos ou quím icos. A sensibilização central ocorre quando a atividade, gerada p o r noci ceptores durante a inflam ação, aum enta a excitabilidade das células nervosas no corno posterior da m edula espinal. Após um a lesão com a sensibilização dela resultante a aplicação de estím ulos n orm alm ente inócuos pode produzir dor. A sensibilização é um processo clinica m ente im portante que contribui para a hipersensibilidade à palpação, sensibilidade dolorosa e hiperalgesia (aum ento de intensidade da dor em resposta a um m esm o estím ulo nocivo; p. ex., um a pressão m ode rada causando dor intensa). Um exem plo notável de sensibilização é a pele queim ada pelo Sol. Nesses casos, é possível produzir dor inten sa m esm o com um delicado tapinha nas costas ou com a passagem de água m orna do chuveiro. A sensibilização é particu larm en te im p o rtan te para explicar a dor e a sensibilidade nos tecidos profundos. Em condições norm ais, as vísceras são relativam ente insensíveis a estím ulos m ecânicos e tér m icos nocivos, em bora as vísceras ocas, quando distendidas, p ro d u zam desconforto significativo. Porém , quando afetadas p or processo m ó rbido com com ponente inflam atório, as estru tu ra s profundas, com o as articulações ou as vísceras ocas, caracteristicam ente adqui rem notável sensibilidade à estim ulação m ecânica. U m a grande proporção de fibras aferentes AA e C que inervam as vísceras é totalm ente insensível n o tecido n o rm al livre de lesão e sem inflam ação. O u seja, elas não são ativadas p o r estím ulos m ecâ nicos ou térm icos conhecidos, nem se e n co n tram espontaneam ente ativas. C ontu d o , na p resença de m ed ia d o re s in fla m ató rio s esses aferentes tornam -se sensíveis a estím ulos m ecânicos. Tais aferentes foram d e n o m in a d o s nociceptores silenciosos, e suas p ro p ried a d es características explicam com o e stru tu ra s p ro fu n d as relativ am en te insensíveis p o d e m , em condições patológicas, to rn a r-se fonte de hipersensibilidade e d o r intensas e debilitantes. O p H baixo, as p rostaglandinas, os leu co trien o s e o u tro s m ed ia d o re s in fla m ató rios, com o a b radicinina, d ese m p e n h am um papel im p o rta n te na sensibilização.
Inflamação induzida por nociceptores Os nociceptores aferentes p rim ário s tam bém d esem penham um a função neuroefetora. Q uando ativados, a m aioria dos nociceptores li bera m ediadores polipeptídicos de suas term inações periféricas (Fig. 11.2). Um exem plo é a substância P, um p eptídio com 11 am inoácidos, que é liberada dos nociceptores aferentes p rim ários e possui m últiplas atividades biológicas. É um vasodilatador potente, capaz de desgranular m astócitos e atuar com o q u im ioatrator para leucócitos, além de aum entar a produção e liberação dos m ediadores inflam ató rios. Curiosam ente, a depleção da substância P nas articulações dim i nui a intensidade da artrite experim ental. Os nociceptores aferentes prim ários não são simples m ensageiros passivos das ameaças de lesão tecidual, mas tam bém desem penham um papel ativo na proteção dos tecidos p o r m eio de suas funções neuroefetoras.
■ MECANISMOS CENTRAIS A medula espinal e a dor referida Os axônios dos nociceptores aferentes p rim ário s p en etram na m e dula espinal através da raiz dorsal e finalm ente chegam ao corno dorsal da substância cinzenta espinal (Fig. 11.3). As term inações dos axônios aferentes prim ários fazem contato com n eurônios m edulares que, p o r sua vez, transm item o sinal às áreas do cérebro envolvidas
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A
A tivação prim á ria
B
A tivação secu nd á ria
Figura 11.2 Eventos que levam à ativação, sensibilização e disseminação da sensibilização dos terminais nociceptores aferentes primários. A. Ativa ção direta por pressão intensa e conseqüente dano celular. A lesão celular reduz o pH (H+) e leva à liberação de potássio (K+) bem como à síntese de prostaglandinas (PG) e bradicininas (BC). As prostaglandinas aumentam a sensibilidade do terminal à bradicinina e às outras substâncias produtoras de dor. B. Ativação secundária. Os impulsos gerados no terminal estimulado se propagam não apenas para a medula espinal, mas também para outros ramos terminais onde induzem a liberação de peptídios, incluindo a substância P (SP), a qual produz vasodilatação e edema neurogênico com acúmulo adicional de bradicinina. Ela também provoca a liberação de histamina (H) pelos mastócitos e de serotonina (5HT) pelas plaquetas. com a percepção da dor. Q uando os aferentes prim ários são ativa dos po r estím ulos nocivos, liberam neurotransm issores em suas ter m inações que excitam os neurônios da m edula espinal. O principal neurotransm issor liberado é o glutam ato que rapidam ente estim ula os neurônios do corno dorsal. As term inações dos nociceptores afe rentes prim ários tam bém liberam peptídios, incluindo a substância P e o peptídio relacionado com o gene da calcitonina, que estim u lam os neurônios do corno dorsal de form a m ais lenta e prolongada. O axônio de cada aferente prim ário estabelece contato com m uitos neurônios m edulares, e cada um desses neurônios recebe impulsos convergentes de num erosos aferentes prim ários. A convergência de im pulsos sensoriais para um único neurônio m edular transm issor da d o r é m uito im portante, visto que está na base do fenôm eno da d o r referida. T odos os neurônios m edulares que recebem im pulsos provenientes das vísceras e estruturas m uscu loesqueléticas profundas tam bém recebem im pulsos da pele. Os p a drões de convergência são d eterm inados pelo segm ento m edular do gânglio da raiz dorsal que supre a inervação aferente de um a estru-
Pele
Figura 11 .3 A hipótese de projeção convergente para a dor referida. De acordo com esta hipótese, os nociceptores aferentes viscerais convergem para os mesmos neurônios de projeção da dor que os aferentes advindos das estruturas somáticas nas quais a dor é percebida. 0 cérebro não tem como saber qual é a verdadeira origem do impulso e equivocadamente “projeta” a sensação à estru tura somática.
Vias ascendentes para a dor A m aioria dos neurônios m edulares com os quais os nociceptores aferentes prim ários fazem contato em ite seus axônios para o tálam o contralateral. Esses axônios form am o trato espinotalâm ico contralateral, que se localiza na substância branca anterolateral da m edula espinal, na bo rd a lateral do bulbo bem com o na ponte e no m esencéfalo laterais. A via espinotalâm ica é de sum a im p o rtân cia para a sensação de d or nos seres h um anos. A interrupção dessa via provoca déficits perm anentes na discrim inação da d or e da tem peratura. Os axônios do trato espinotalâm ico ascendem p a ra várias re giões do tálam o. H á u m a enorm e divergência do sinal de d o r desses locais talâm icos para grandes áreas do córtex cerebral que p a rtici pam em diferentes aspectos da experiência da d o r (Fig. 11.4). U m a das projeções talâm icas é o córtex som atossensorial, projeção que m edeia os aspectos puram ente sensoriais da dor, isto é, sua localiza ção, intensidade e caráter. O utros n e u rônios talâm icos projetam -se para regiões corticais ligadas a respostas em ocionais, com o o giro do cíngulo e outras áreas dos lobos frontais, in cluindo o córtex in sular. Tais vias para o córtex frontal atuam na dim ensão afetiva ou em ocional desagradável da dor. A dim ensão afetiva da d o r provoca sofrim ento e exerce um potente controle sobre o com po rtam ento. Em razão dessa dim ensão, a d o r é constantem ente acom panhada de m edo. C om o conseqüência, as lesões traum áticas ou cirúrgicas em áreas do córtex frontal ativadas p or estím ulos dolorosos reduzem o im pacto em ocional da d o r ao m esm o tem p o em que preservam em grande parte a capacidade do indivíduo de reconhecer estím ulos n o civos com o dolorosos.
Figura 11.4
Transmissão da dor e vias moduladoras. A. Sistema de trans missão para mensagens nociceptivas. Os estímulos nocivos, por meio do processo de transdução, ativam as terminações sensoriais periféricas do nociceptor aferente primário. Em seguida, a mensagem é transmitida pelo nervo periférico até a medula espinal, onde faz sinapse com células originadas na principal via ascendente da dor, o trato espinotalâmico. A mensagem é retransmitida no tálamo para o giro do cíngulo anterior (C), bem como para os córtices insular frontal (F) e somatossensorial (SS). B. Rede de modulação da dor. Os impulsos vindos do córtex frontal e do hipotálamo ativam as células do mesencéfalo que controlam as células transmissoras da dor da medula espinal por meio das células bulbares.
Dor: Fisiopatologia e Tratamento
tura específica. Assim, p or exemplo, os aferentes que suprem a parte central do diafragm a têm origem nos terceiro e quarto gânglios das raízes dorsais cervicais. Os aferentes prim ários com corpos celulares nesses m esm os gânglios inervam a pele do om bro e da parte inferior do pescoço. Assim, os im pulsos sensoriais que se originam na pele do om bro e na parte central do diafragm a convergem para n e u rô nios transm issores da dor nos terceiro e quarto segm entos m edulares cervicais. Em razão dessa convergência e do fa to de que os neurônios medulares são frequentem ente, ativados por impulsos oriundos da pele, a atividade despertada nos neurônios medulares p o r impulsos prove nientes de estruturas profundas é equivocadam ente localizada pelo paciente em uma região aproxim adam ente correspondente à área de pele inervada pelo mesmo segmento medular. Logo, um a inflam ação localizada na proxim idade da região central do diafragm a é hab i tualm ente relatada com o um a sensação de desconforto próxim o ao om bro. Esse deslocam ento espacial da sensação da d o r em relação ao local da lesão que a produz é conhecido com o dor referida.
■ MODULAÇÃO DA DOR A dor provocada p o r lesões de intensidades sem elhantes varia no ta velm ente em diferentes situações e indivíduos. Por exemplo, sabe-se que os atletas sofrem fraturas graves com d o r m ínim a, e o estudo clássico de Beecher, realizado d u ran te a Segunda G uerra M undial, revelou que m uitos soldados em batalha não perceberam ferim entos que teriam provocado d o r excruciante em civis. Além disso, m esm o a sugestão de que um tratam ento irá aliviar a dor pode exercer um efei to analgésico significativo (o efeito placebo). Por outro lado, m uitos pacientes consideram lesões m ín im as (com o um a punção venosa) com o apavorantes e insuportáveis, e a expectativa de d o r é capaz de provocá-la m esm o na ausência de estím ulo nocivo. A sugestão de que a dor irá piorar com a adm inistração de u m a substância inerte pode aum entar a percepção de intensidade (o efeito nocebo). O p o d ero so efeito d a expectativa e de o u tras variáveis psico lógicas sobre a intensidade percebida d a d o r é explicado pela exis tência de circuitos cerebrais que m o d u lam a atividade das suas vias de transm issão. U m desses circuitos possui conexões n o h ipotála m o, m esencéfalo e bulbo, c o n tro lan d o seletivam ente os n e u rônios m edulares transm issores d a d o r p o r m eio de u m a via descendente (Fig. 11.4). E studos com im agens do cérebro h u m a n o relacio n aram esse circuito m o d u la d o r com o efeito de alívio d a d o r p ro d u z id o pela atenção, sugestão e m edicam entos analgésicos opioides (Fig. 11.5). A lém disso, cada um a das e stru tu ra s c o m p o n e n tes dessa via c o n tém receptores de opioides e é sensível à aplicação d ire ta de tais agentes. Em anim ais, as lesões pro d u zid as nesse sistem a m od u lad o r d escendente red u zem o efeito analgésico de opioides a d m in istra dos p o r via sistêm ica, com o a m orfina. Juntam ente com o receptor dos opioides, os núcleos c om ponentes de tal circuito de m odulação
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Padrão de A tividade C erebral D urante A na lg esia P roduzida p o r P lacebo
atividade nesse circuito durante episódios de enxaqueca. A existência de um circuito central facilitador explicaria a observação de que a dor pode ser induzida p or sugestão ou intensificada p o r expectativa, proporcionando um m odelo para com preenderm os com o os fatores psicológicos contribuem para a dor crônica.
■ DOR NEUROPÁTICA
30 -H m
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Figura 11.5 Imagem de ressonância magnética funcional (RMf) demons trando aumento da atividade cerebral ativado por placebo em regiões anatômicas correlacionadas com o sistema opioidérgico descendente de controle da dor. Painel superior, imagem de RMf frontal revelando aumento da ati vidade cerebral induzida por placebo no córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL). Pai nel inferior, imagens de RMf em corte sagital revelando aumento de resposta ativada por placebo no córtex cingulado anterior rostral (CCAr), bulbo ventral rostral (BVR), substância cinzenta periaquedutal (SCPA) e hipotálamo. 0 aumento de resposta in duzido por placebo em todas as áreas foi reduzido com a administração de naloxona, demonstrando haver uma ligação entre o sistema opioidérgico descendente e a res posta analgésico tipo placebo. (Adaptado com autorização a partir de Eippert et al.)
da d o r contêm p eptídios opioides endógenos, com o as encefalinas e a betaendorfina. A m aneira mais confiável de ativar esse sistem a endógeno de m o dulação m ediado p o r opioides é a sugestão de alívio da d or ou p or em oção intensa que desloca a atenção para longe da lesão causadora de d o r (p. ex., diante de um a am eaça grave ou em um a com petição atlética). De fato, os opioides endógenos que aliviam a d or são libe rados após procedim entos cirúrgicos, bem com o em pacientes que recebem placebo p ara alívio da dor. Os circuitos de m odulação assim com o p o d em sup rim ir a dor tam bém podem intensificá-la. Tanto os neurônios inibidores q u a n to os facilitadores da dor localizados no bulbo projetam -se para os neurônios transm issores da d or m edular e os controlam . C om o os neurônios transm issores da do r p o d em ser ativados p o r neurônios m oduladores, é teoricam ente possível gerar um sinal de dor sem es tím ulo nocivo periférico. De fato, estudos com exam es de im agem funcional realizados em seres h um anos d em o n straram aum ento da
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As lesões nas vias nociceptivas periféricas ou centrais caracteristicam ente resultam em perda ou redução da sensação dolorosa. Parado xalm ente, a lesão ou a disfunção dessas vias tam bém podem provocar dor. Por exemplo, a lesão de nervos periféricos, com o a que ocorre na neuropatia diabética, ou de aferentes prim ários, com o no herpes-zóster, pode resultar em d or referida p ara a região do corpo suprida pelos nervos afetados. A do r tam bém pode ser produzida por lesão do sistem a nervoso central (SNC), por exemplo, em alguns pacientes após traum atism o ou lesão vascular da m edula espinal, tronco encefálico ou regiões talâm icas contendo as vias nociceptivas. Essas dores neuropáticas com frequência são graves e caracteristicam ente resis tentes aos tratam entos convencionais. A d or neuropática tem um caráter incom um , sendo descritas com o em queim ação, form igam ento ou sem elhantes a choque elé trico, po d en d o ser desencadeadas p or um toque m uito leve. Essas características são raras em outros tipos de dor. Ao exam e físico, é freqüente encontrarm os um déficit sensorial na área de dor do p a ciente. A hiperpatia, um a sensação m uito exagerada de dor produzi da por estím ulos nociceptivos inócuos ou leves, tam bém é caracterís tica da dor neuropática; com frequência, os pacientes queixam -se de que estím ulos produzidos p o r m ovim entos m uito suaves provocam dor incom um (alodinia). Nesse aspecto, é clinicam ente interessante o fato de que um a preparação tópica de lidocaína a 5% sob a form a de adesivo é eficaz para os pacientes com neuralgia pós-herpética que apresentem alodinia acentuada. Diversos m ecanism os con trib u em p ara a d o r neuropática. A exem plo dos nociceptores aferentes p rim á rio s sensibilizados, os aferentes prim ários lesados, incluindo nociceptores, tornam -se alta m ente sensíveis à estim ulação m ecânica e podem com eçar a gerar im pulsos na ausência de estím ulos. O aum ento de sensibilidade e de atividade espontânea ocorre, em parte, pela m aior concentração dos canais de sódio. Os aferentes prim ários lesados tam bém podem de senvolver sensibilidade à norepinefrina. C uriosam ente, os neurônios m edulares transm issores da dor, m esm o isolados de seus im pulsos aferentes norm ais, tam bém po d em se to rn ar espontaneam ente ati vos. Por conseguinte, a hiperatividade de am bos os sistemas nervosos central e periférico contribui para a dor neuropática.
Dor mantida simpaticamente Os pacientes com lesão nervosa periférica ocasionalm ente m a n i festam do r espontânea (causalgia) na região suprida pelo nervo. A dor com frequência é descrita com o sensação de queim ação. A dor se inicia após um intervalo de horas a dias ou m esm o sem anas e é acom panhada de tum efação do m em bro, perda óssea periarticular e alterações inflam atórias nas articulações distais. A dor pode ser ali viada com bloqueio anestésico local da inervação sim pática do m em bro afetado. Os nociceptores aferentes prim ários lesados adquirem sensibilidade adrenérgica, p o dendo ser ativados p or estim ulação dos eferentes sim páticos. Essa constelação de dores espontâneas e sinais de disfunção sim pática após um a lesão foi d en o m in ad a síndrome dolorosa complexa regional (SDCR). Q uando isso ocorre após um a lesão nervosa identificável, a SDCR é dita do tipo II (tam bém conhe cida com o nevralgia pós-traum ática ou, quando intensa, causalgia). Q uando um quadro clínico sem elhante se instala sem qualquer lesão nervosa evidente, a SDCR é dita do tipo I (tam bém conhecida com o distrofia simpática reflexa). A SDCR pode ser produzida por diversas lesões, com o fraturas ósseas, traum atism o de tecidos moles, infar to do m iocárdio e acidente vascular encefálico (Cap. 375). A SDCR do tipo I caracteristicam ente se resolve com tratam ento sintomático; contudo, quando persiste, a investigação detalhada frequentem ente revela evidências de lesão de nervo periférico. E m bora a fisiopato logia da SDCR não tenha sido bem com preendida, a dor e os sinais
de inflam ação, quando agudos, po d em ser aliviados rapidam ente bloqueando-se o sistem a nervoso sim pático, pois a atividade sim pática é capaz de ativar os nociceptores não lesados na presença de inflam ação. Devem -se pesquisar sinais de hiperatividade sim pática em pacientes com dor e inflam ação pós-traum áticas sem outra ex plicação evidente.
TRATAMENTO
Dor aguda
O tratam ento ideal para qualquer d or é elim inar sua causa; p or essa razão, em bora o tratam ento possa ser iniciado im ediatam en te, devem -se envidar esforços para determ in ar a etiologia subja cente concom itante ao início da terapêutica. Algum as vezes, o tra tam ento do distúrbio subjacente não alivia im ediatam ente a dor. Além disso, alguns distúrbios são tão dolorosos que é essencial obter um a analgesia rápida e eficaz (p. ex., estado pós-operatório, queim aduras, traum atism o, câncer ou crise de anem ia falciforme). Os analgésicos são a prim eira linha de tratam ento nesses ca sos, e todos os m édicos devem estar fam iliarizados com o seu uso.
ÁCIDO ACETILSALICÍLICO, ACETAMINOFENO E ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDES (AINEs) Esses fárm acos são considerados em
ANALGÉSICOS OPIOIDES Os opioides são os agentes m ais p o ten tes para o alívio da d o r atualm ente disponíveis. Além disso, e n tre todos os analgésicos, são os que exibem a m aior am plitude de eficácia, e representam o m éto d o m ais confiável e eficaz para o alívio rápido da dor. E m bora com uns, os efeitos colaterais em sua m aioria são reversíveis: náusea, vôm itos, p ru rid o e constipação são os efeitos colaterais m ais freqüentes e incôm odos. A depres são respiratória é incom um com as doses analgésicas padrão, mas pode representar um a am eaça à vida. Os efeitos colaterais rela cionados aos opioides podem ser rapidam ente revertidos com o antagonista dos narcóticos naloxona. O m édico não deve hesitar em prescrever analgésicos opioides a pacientes com d o r aguda intensa. O Q u a d ro 11.1 lista os analgésicos opioides m ais com u m ente utilizados. Os opioides p roduzem analgesia atuando no SNC. Eles ati vam os n e u rônios inibidores da d o r e inibem diretam ente os neurônios que a transm item . A m aioria dos analgésicos opioides com ercialm ente disponíveis atua no m esm o receptor de opioides (receptor- p), diferindo principalm ente na sua potência, velocida de de início, duração da ação e via ideal de adm inistração. Alguns efeitos colaterais resultam do acúm ulo de m etabólitos não opioi des exclusivos de determ inados fárm acos. U m exem plo notável é o da norm eperidina, um m etabólito da m eperidina, que provo ca hiperexcitabilidade e convulsões que não são reversíveis com a naloxona. O acúm ulo de n o rm ep erid in a é m aior nos pacientes com insuficiência renal. O alívio m ais rápido com opioides é obtido com a adm inis tração intravenosa; a adm inistração p o r via oral produz alívio de form a bem m ais lenta. E ntre os efeitos colaterais m ais com uns, estão náusea, vôm itos, constipação intestinal e sedação. O efeito colateral m ais grave é a depressão respiratória. Os pacientes com q ualquer form a de co m p ro m etim e n to resp irató rio devem ser m antidos sob rigorosa observação após a adm inistração de opioi des, podendo ser útil a m onitoração da saturação de oxigênio. A depressão respiratória induzida p o r opioide é caracteristicam ente acom panhada por sedação significativa e p or redução da frequên cia respiratória. A queda na saturação de oxigênio representa um nível crítico de depressão respiratória com necessidade de inter venção im ediata a fim de p revenir a ocorrência de hipoxem ia potencialm ente fatal. Deve-se m an ter assistência ventilatória até que a depressão respiratória induzida pelo opioide tenha sido re solvida. O antagonista dos opioides naloxona deve estar im ediata m ente disponível, sem pre que sejam utilizados opioides em doses elevadas ou em pacientes com função pulm o n ar com prom etida. Os efeitos dos opioides estão relacionados com a dose, e observa-se grande variabilidade entre os pacientes quanto às doses que aliviam a d or e p roduzem efeitos colaterais. Em razão dessa varia bilidade, a instituição da terapia requer titulação para a determ i nação da dose e do intervalo ideais. O objetivo m ais im portante é obter alívio adequado da dor. Logo, é preciso determ inar se o fár m aco foi capaz de aliviar adequadam ente a d o r com reavaliações freqüentes para determ inar o intervalo ideal entre as doses. O erro mais frequentem ente cometido pelos médicos no tratamento da dor
Dor: Fisiopatologia e Tratamento
conjunto, por serem prescritos para problem as sem elhantes e pela possibilidade de terem um m ecanism o de ação análogo (Q uad r o l l . l ) . Todos esses com postos inibem a ciclo-oxigenase (COX) e, à exceção do acetam inofeno, exercem ação anti-inflam atória, sobretudo quando usados em doses m ais altas. São p a rticu la r m ente efetivos para a cefaleia leve a m o d erad a e p ara a d or de origem m usculoesquelética. C om o se m ostram efetivos para esses tipos com uns de d or e podem ser com ercializados sem prescrição m édica, os inibidores da COX constituem , sem dúvida algum a, os analgésicos m ais co m um ente utilizados. São bem absorvidos pelo trato gastrintesti nal e, se usados ocasionalm ente, apresentam efeitos colaterais m í nim os. Com uso crônico, a irritação gástrica passa a ser um efeito colateral com um tanto para o ácido acetilsalicílico quanto para os AINEs, sendo este o fator que m ais frequentem ente lim ita a dose que pode ser adm inistrada. A irritação gástrica é m ais grave com o ácido acetilsalicílico, que pode causar erosão e ulceração da m ucosa gástrica, levando ao sangram ento ou à perfuração. C om o o ácido acetilsalicílico acetila irreversivelm ente a ciclo-oxigenase plaquetária e, dessa form a, interfere com a coagulação do sa n gue, a hem orragia digestiva passa a ser um risco específico. Ida de avançada e história de doença gastrintestinal são fatores que aum entam os riscos relacionados com o AAS e os AINEs. Além da reconhecida toxicidade gastrintestinal dos AINEs, a nefrotoxicidade tam bém é um problem a significativo para os que utilizam esses fárm acos de form a crônica. Os pacientes sob risco de insufi ciência renal, particularm ente aqueles com contração significativa do volum e intravascular com o só o co rrer com o uso crônico de diuréticos ou nos casos com hipovolem ia aguda, devem ser m o nitorados de perto. Os AINEs tam bém p o d e m elevar a pressão arterial em alguns indivíduos. O tratam en to a longo prazo com AINEs exige m onitoração regular da pressão arterial e, se neces sário, tratam ento. Em bora seja hepatotóxico quando tom ado em altas doses, o acetam inofeno raram ente provoca irritação gástrica e não interfere na função plaquetária. A introdução de um a form a parenteral de AINEs, o cetorolaco, am pliou a utilidade dessa classe de m edicam entos no tra tam ento da dor aguda intensa. O cetorolaco é suficientem ente potente e rápido em seu início de ação para suplantar os opioides no tratam ento de m uitos pacientes com cefaleia e dor m usculoes quelética agudas intensas. Existem duas classes principais de COX: a COX-1 é expressa constitutivam ente, e a COX-2 ocorre nos estados inflam atórios. Os fárm acos seletivos para a COX-2 possuem ação analgésica se m elhante e provocam m enos irritação gástrica que os inibidores não seletivos da COX. O uso de agentes seletivos para a COX-
2 não parece reduzir o risco de nefrotoxicidade em com paração com os AINEs não seletivos. Por outro lado, os fárm acos seletivos para a COX-2 proporcionam significativos benefícios no tra ta m ento da d or pós-operatória aguda, u m a vez que não afetam a coagulação sanguínea. Os inibidores não seletivos da COX ge ralm ente são contraindicados no p eríodo pós-operatório, já que com prom etem a coagulação sanguínea m ediada p o r plaquetas e, portanto, estão associados a aum ento do sangram ento no local da cirurgia. Os inibidores da COX-2, com o o celecoxibe (Celebra), estão associados a aum ento do risco cardiovascular. E possível que seja um efeito relacionado com a classe dos AINEs exceto o AAS. Tais fárm acos estão contraindicados n os pacientes que estejam no período pós-operatório im ediato da instalação de bypass corona riano e devem ser usados com cautela naqueles com história de, ou fatores de risco significativos para, doença cardiovascular.
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QUADR011.1
Fármacos para alívio da dor
Nome genérico
Dose (mg)
Intervalo
Comentários
Disponível em preparações com revestimento entérico
Analgésicos não narcóticos: doses habituais e intervalos Ácido acetilsalicílico
650 VO
A cada 4 h
Acetaminofeno
650 VO
A cada 4 h
Raros efeitos colaterais
Ibuprofeno
400 VO
A cada 4 a 6 h
Vendido sem prescrição
Naproxeno
250 a 500 VO
A cada 12 h
Efeitos tardios podem ser causados por meia-vida longa
Fenoprofeno
200 VO
Indometacina
25 a 50 VO
A cada 4 a 6 h . j r* u A cada o n
DdU ÜUIIIUMS Uò tíltílLUò UUIdltíldlò ydbllIIIISÒUIIdlò
Cetorolaco
15 a 60 IM/IV
A cada 4 a 6 h
Disponível para uso parenteral
Celecoxibe
100 a 200 VO
A cada 12 a 24 h
Útil nas artrites
Valdecoxibe
10 a 20 VO
Acada12a24h
Retirado do mercado nos EUA em 2005
Nome genérico
Dose parenteral (mg)
Dose VO (mg)
Comentários
Contraindicado nos casos de doença renal 14.
, .
.
M
.
Analgésicos narcóticos: doses habituais e intervalos
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Codeína
30 a 60 a cada 4 h
30 a 60 a cada 4 h
São comuns as náuseas
Oxicodona
—
5a10acada4a6h
Geralmente disponível com acetaminofeno ou AAS
Morfina
5 a cada 4 h
30 a cada 4 h
Morfina de liberação prolongada
—
15 a 60 2 a 3 vezes/dia
Preparados VO de liberação lenta
Hidromorfona
1 a 2 a cada 4 h
2 a 4 a cada 4 h
Ação mais curta que a do sulfato de morfina
Levorfanol
2 a cada 6 a 8 h
4 a cada 6 a 8 h
Ação mais longa do que a do sulfato de morfina; bem absorvido porVO
Metadona
5a10acada6a8h
5 a 20 a cada 6 a 8 h
Sedação tardia em razão da meia-vida longa; o tratamento não deve ser iniciado com mais de 40 mg/dia e o aumento da dose não deve ser feito com intervalos inferiores a 3 dias
Meperidina
50 a 100 a cada 3 a 4 h
300 a cada 4 h
Mal absorvido porVO; o metabólito tóxico é a normeperidina; não se recomenda o uso rotineiro desse agente
Butorfanol
—
1 a 2 a cada 4 h
Spray intranasal
Fentanila
25 a 100 I^g/h
—
Adesivo transdérmico de 72 h
Tramadol
—
50 a 100 a cada 4 a 6 h
Ação mista opioide/adrenérgica
Bloqueio da captação Nome genérico
5-HT
NE
Ação sedativa
Ação anticolinérgica
Hipotensão ortostática
Arritm ia cardíaca
Dose média (mg/dia)
Variação (mg/dia)
75 a 400
Antidepressivos3 Doxepina
++
+
Alta
Moderada
Moderada
Menos
200
Amitriptilina
++++
++
Alta
A maior
Moderada
Sim
150
25 a 300
Imipramina
++++
++
Moderada
Moderada
Alta
Sim
200
75 a 400
Nortriptilina
+++
++
Moderada
Moderada
Baixa
Sim
100
40 a 150
Desipramina
+++
++++
Baixa
Baixa
Baixa
Sim
150
50 a 300
Venlafaxina
+++
++
Baixa
Nenhuma
Nenhuma
Não
150
75 a 400
Duloxetina
+++
Baixa
Nenhuma
Nenhuma
Não
40
30 a 60
Nome genérico
+++ Dose VO (mg)
Intervalo
Nome genérico
DoseVO (mg)
Intervalo
Anticonvulsivantes e antiarrítm icos3 Fenitoína
300
Diariamente ao deitar
Clonazepam
1
A cada 6 h
Carbamazepina
200 a 300
A cada 6 h
Gabapentina6
600 a 1.200
A cada 8 h
Oxcarbazepina
300
2 vezes/dia
Pregabalina
150 a 600
2 vezes/dia
S0s antidepressivos, anticonvulsivantes e antiarrítmicos não foram aprovados pelo U.S. Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento da dor. SA gabapentina está aprovada pelo FDA para ser usada em doses de até 1.800 mg/dia no tratamento da neuralgia pós-herpética.
Nota: 5-HT, serotonina; NE, norepinefrina.
98
sem penetração no SNC. A m bos os agentes atuam ligando-se aos receptores-|x periféricos, in ibindo ou revertendo os efeitos dos opioides nesses sítios periféricos. A ação de am bos os agentes é restrita aos sítios receptores fora do SNC; assim , esses fárm acos revertem os efeitos adversos dos analgésicos opioides que sejam m ediados pelos receptores periféricos sem reverter seus efeitos analgésicos. A m bos são efetivos para íleo paralítico persistente após cirurgia abdom inal na m esm a m edida em que os analgé sicos opioides co ntribuem para esse problem a grave. De form a sem elhante, am bos foram testados q uanto a sua efetividade no tratam ento de disfunção intestinal induzida p or opioide (consti pação intestinal) em pacientes que estejam fazendo uso crônico do m edicam ento. E m bora seja contraditório, o peso das evidên cias indica que o alvim opan é capaz de reduzir a incidência e a duração de íleo seguindo-se a cirurgia abdom inal de grande porte e a m etilnaltrexona é capaz de reverter rapidam ente a constipação em m uitos pacientes tratados cronicam ente com opioides.
Combinações de opioides e inibidores da ciclo-oxigenase
Q uando utilizados em combinação, opioides e inibidores da COX possuem efeitos aditivos. C om o é possível utilizar um a dose m enor de cada um para alcançar o m esm o grau de alívio da dor, e com o seus efei tos colaterais não se acum ulam , essas associações são utilizadas para reduzir a gravidade dos efeitos colaterais relacionados com a dose. E ntretanto, as com binações de opioide com acetam inofeno em proporções fixas encerram um risco especial. A elevação da dose em razão de aum ento na intensidade da dor ou de d im inui ção do efeito do opioide em conseqüência de tolerância desenvol vida ao fárm aco pode resultar em níveis de acetam inofeno tóxicos para o fígado. E m bora a hepatoxicidade relacionada com o aceta m inofeno seja rara, esse fárm aco continua sendo u m a das p rin cipais causas de insuficiência hepática. Assim, m uitos m édicos abandonaram o uso da associação opioide-acetam inofeno para evitar o risco de exposição excessiva ao acetam inofeno quando há necessidade de aum ento da dose analgésica.
Dor: Fisiopatologia e Tratamento
intensa com opioides é a prescrição de um a dose inadequada. Como muitos pacientes evitam se queixar, essa prática resulta em sofri mento desnecessário. Não havendo sedação no m om ento em que se espera atingir o efeito m áxim o, o m édico não deve hesitar em repetir a dose inicial para obter alívio satisfatório da dor. Um a abordagem inovadora para o p roblem a do alívio ade quado da dor é o uso da analgesia controlada pelo paciente (ACP). A ACP utiliza um dispositivo de infusão controlado p o r m ic ro processador capaz de fornecer um a dose co n tín u a basal de um opioide assim com o doses adicionais pré-program adas toda vez que o paciente a pertar um botão. O paciente pode, então, titular a dose até o nível ideal. Essa técnica é m ais am plam ente utilizada no tratam ento da dor pós-operatória, m as não há m otivo p ara que não seja utilizada p o r qualquer paciente hospitalizado com d or intensa e persistente. A ACP tam bém é utilizada no tratam ento dom iciliar a curto prazo dos pacientes com d o r refratária, com o a causada pelo câncer m etastático. É im portante com preender que o dispositivo para ACP for nece doses pequenas e repetidas para m anter o alívio da dor; nos pacientes com dor intensa, prim eiro é necessário controlar a dor com um a dose de ataque antes que se possa iniciar a ACP. A dose em bolo do fárm aco (com um ente, 1 m g de m orfina, 0,2 m g de hidrom orfona, ou 40 jxg de fentanila) pode, então, ser adm inistrada repetidas vezes de acordo com a necessidade. Para im pedir a superdosagem , os dispositivos para a ACP devem ser program ados para bloquear a adm inistração durante um d eterm inado período (5 a 10 m in) após cada injeção e lim itar a dose total infundida a cada hora. C onquanto haja quem defenda a infusão sim ultânea contínua ou basal do m esm o fárm aco usado para a ACP, tal p rá tica eleva o risco de depressão respiratória e não foi dem onstrado que aum ente a eficácia global dessa técnica. M uitos médicos, enferm eiros e pacientes têm certo receio de utilizar opioides em razão do m edo exagerado de possível adição. Na realidade, a probabilidade de um paciente se to rn a r d ependen te de narcóticos em conseqüência do seu uso clínico apropriado é m uito pequena. A disponibilidade de novas vias de adm inistração am pliou as possibilidades de utilização dos analgésicos opioides. A m ais im p ortante é a possibilidade de adm inistração espinal. Os opioides podem ser infundidos através de um cateter m ed u lar intratecal ou extradural. Ao aplicar opioides diretam ente n a m edula espinal ou no espaço epidural adjacente à m edula espinal, obtém -se anal gesia regional utilizando um a dose total relativam ente baixa. De fato, a dose necessária para a produção de analgesia localizada efe tiva quando se usa m orfina p or via intratecal (0,1 a 0,3 mg) é um a fração daquela necessária para produzir analgesia sem elhante por via intravenosa (5 a 10 mg). Dessa m aneira, é possível m inim izar efeitos colaterais, com o sedação, náusea e depressão respiratória. Essa abordagem vem sendo extensam ente utilizada em p rocedi m entos obstétricos bem com o para alívio da d or pós-operatória que se segue a procedim entos cirúrgicos realizados nos m em bros inferiores. A adm inistração intratecal contínua via im plante de sistem as de infusão espinal atualm ente é usada com frequência, particularm ente para tratam ento da do r relacionada com câncer que requereria doses sedativas para seu controle caso o fárm aco fosse adm inistrado p or via sistêmica. Os opioides tam bém podem ser adm inistrados p or via intranasal (butorfanol), retal e p or via transdérm ica (fentanila), evitando, assim , o desconforto de inje ções freqüentes em pacientes que não podem receber m edicação oral. O adesivo transdérm ico de fentanila tem a vantagem de p ro porcionar níveis plasm áticos bastante uniform es com o m áxim o de conforto para o paciente. U m acréscim o recente ao arsenal para tratam en to dos efei tos colaterais induzidos p or opioides são os antagonistas perifé ricos dos receptores opioides, alvim opan e m etilnaltrexona. O alvim opan está disponível para adm inistração p o r via oral e fica restrito à luz intestinal por lim itação da absorção; a m etilnaltrexo na está disponível para adm inistração subcutânea praticam ente
DOR CR0NICA O tratam ento dos pacientes com d o r crônica representa um desa fio intelectual e em ocional. C om frequência, é difícil ou impossível chegar a um diagnóstico de certeza; esses pacientes exigem bastante tem po do m édico e, m uitas vezes, parecem estar em ocionalm ente perturbados. A conduta m édica tradicional de p rocurar um a patolo gia orgânica obscura geralm ente é inútil. Por outro lado, a avaliação psicológica e os m odelos de tratam en to com base com portam ental costum am ser úteis, sobretudo quando realizados em u m centro m ultidisciplinar para tratam ento de dor. Infelizm ente, essa abordagem , em bora efetiva, perm anece subutilizada na prática clínica atual. H á diversos fatores capazes de causar, p e rp etu ar ou exacerbar a dor crônica. Em prim eiro lugar, o paciente pode ser p o rtad o r de um a doença caracteristicam ente dolorosa p ara a qual não existe atualm ente qualquer possibilidade de cura. São exem plos a artrite, o câncer, a enxaqueca, as cefaleias crônicas diárias, a fibrom ialgia e a neuropatia diabética. Em segundo lugar, é possível que existam fatores perpetuadores secundários que tenham sido desencadeados po r algum a doença e ten h a m persistido após a sua resolução. São exemplos a lesão de nervos sensoriais, a atividade eferente sim pática e a contração m uscular reflexa dolorosa. Por fim, diversos estados psicológicos podem agravar ou m esm o causar dor. Há certas áreas às quais devem os d edicar atenção especial na anam nese. C om o a depressão é o tran sto rn o em ocional m ais com um nos indivíduos com do r crônica, os pacientes devem ser inquiridos sobre hum or, apetite, padrões de sono e atividade diária. Um ques tionário padronizado sim ples, com o o Inventário de D epressão de Beclc, constitui um in stru m en to útil para triagem . Convém lem brar que a depressão m aior é um a doença com um , tratável e potencial m ente fatal. O utros sinais a in d icar que há um tra n sto rn o em ocional rele vante c o n trib u in d o p ara a queixa de d o r crônica são: ocorrência
99
3> 33 m
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 100
em m últiplos locais não relacionados; pad rão de episódios d oloro sos recorrentes, porém distintos, com início na infância ou na ad o lescência; o fato de a d o r ter-se iniciado em um a época de traum a em ocional, com o a perda de um dos pais ou do cônjuge; história de m aus-tratos físicos ou de abuso sexual; e uso abusivo, passado ou presente, de drogas. No exame físico, deve-se d ar atenção especial ao fato de o p acien te proteger a área dolorosa ou evitar certos m ovim entos ou p o stu ras em função da dor. A identificação de um com ponente m ecânico para a dor pode ser útil para o diagnóstico e o tratam ento. Devem-se exam inar as áreas dolorosas quanto à presença de hipersensibilidade profunda à palpação, observando se a dor é localizada em m úsculos, estruturas ligam entares ou articulações. A dor m iofascial crônica é m uito com um , e, nesses pacientes, a palpação profunda pode reve lar pontos desencadeantes altam ente localizados que consistem em faixas ou nós rígidos nos m úsculos. O alívio da d or após injeção de anestésico local em tais pontos desencadeadores confirm a o diagnós tico. O com ponente neuropático da d or é indicado p or evidências de lesão nervosa, com o deficiência sensorial, pele hipersensível, fra queza e atrofia m uscular ou perda dos reflexos tendíneos profundos. As evidências que sugerem com prom etim ento do sistem a nervoso sim pático são a presença de edem a difuso, alterações na cor e tem p eratura da pele, bem com o hipersensibilidade cutânea e articular em com paração com o lado norm al. O alívio da do r com bloqueio sim pático sela o diagnóstico. Um princípio norteador na investigação dos pacientes com dor crônica é avaliar os fatores em ocionais e orgânicos antes de instituir o tratam ento. A análise conjunta desses fatores, sem aguardar a ex clusão de possíveis causas orgânicas antes de considerar os aspectos em ocionais, m elhora a adesão do paciente ao tratam ento, o que em parte pode ser explicado pela tranquilização do paciente ao perceber que a avaliação psicológica não significa que o m édico esteja duvi dando da validade de sua queixa. M esm o quando se pode identificar um a causa orgânica para a d or do paciente, ainda é prudente investi gar outros fatores. Por exemplo, os pacientes com câncer e m etástases ósseas dolorosas tam bém podem apresentar do r decorrente da lesão nervosa e estar deprim idos. O tratam ento ideal exige que cada um desses fatores seja investigado e tratado.
TRATAMENTO
Dor crônica
U m a vez concluído o processo de avaliação e identificados os prováveis fatores etiológicos e agravantes, deve-se elaborar um plano terapêutico explícito. Um a parte im portante desse proces so é identificar objetivos funcionais específicos e realistas para o tratam ento, com o obter um a b o a noite de sono, ser capaz de sair para fazer com pras ou voltar a trabalhar. Pode ser necessá ria um a abordagem m ultidisciplinar que utilize m edicam entos, orientação psicológica, fisioterapia, bloqueio nervoso e m esm o cirurgia para m elhorar a qualidade de vida do paciente. Também há alguns procedim entos recentes e relativam ente invasivos que podem ser úteis para alguns pacientes com d or refratária. Entre esses estão intervenções guiadas por im agem com o a injeção epi dural de glicocorticoides para tra ta r d or radicular aguda, tra ta m ento p or radiofreqüência das articulações facetárias para a dor crônica ligada ao desgaste dessas articulações, tratam entos intradiscais p o r via percutânea p ara a dor radicular e axial e instalação de eletrodos intraespinais e de sistem as intratecais para adm inis tração de fárm acos para os casos de d o r intensa e persiste que não tenham respondido aos tratam entos convencionais. Não existem critérios estabelecidos para predizer quais pacientes responderão a tais procedim entos. Em geral, ficam reservados aos pacientes que não tenham tido um a resposta satisfatória aos tratam entos farm acológicos convencionais. O encam inham ento do paciente a serviços m ultidisciplinares para tratam ento de dor, a fim de que seja feita um a avaliação com pleta deve preceder quaisquer proce dim entos invasivos. Evidentem ente, esse encam inham ento não é necessário para todos os pacientes com dor crônica. Para alguns,
QUADRO 11.2 Distúrbios dolorosos que respondem aos antidepressivos tricíclicos Neuralgia pós-herpética3 Neuropatia diabética3 Cefaleia tensional3 Enxaqueca3 Artrite reumatoide36 Lombalgia crônica* Câncer Dor central após acidente vascular encefálico sEnsaios controlados comprovaram analgesia. ‘ Estudos controlados indicam benefícios, mas não analgesia.
o tratam en to farm acológico é suficiente para p roporcionar um alívio adequado.
MEDICAMENTOS ANTIDEPRESSIVOS Os antidepressivos tricíclicos (ATC), p articularm ente am itriptilina, im ipram ina, n o rtriptilina e desipram ina (Q uadro 11.1) são úteis no tratam ento dos pacien tes com dor crônica. E m bora desenvolvidos para o tratam ento da depressão, os ATC possuem um espectro de atividades biológicas relacionadas com a dose que inclui a analgesia em um a variedade de distúrbios clínicos crônicos. E m bora seu m ecanism o seja des conhecido, o efeito analgésico dos ATC tem início m ais rápido e ocorre com doses m ais baixas que as necessárias para o tra ta m ento da depressão. Além disso, os pacientes com d or crônica que não estão deprim idos obtêm alívio com antidepressivos. Há evidências de que os antidepressivos tricíclicos potencializam a analgesia dos opioides, p o r isso podem ser úteis com o adjuvantes no tratam en to da d o r intensa e persistente, com o a que ocorre na presença de tum ores m alignos. O Q u a d ro 11.2 lista alguns distúrbios dolorosos que respondem aos ATC. Os ATC são p a rti cularm ente úteis no tratam ento das dores neuropáticas, com o na neuropatia diabética e na neuralgia pós-herpética, para as quais existem poucas opções terapêuticas. Os ATC que se m ostraram capazes de aliviar a d or apresen tam efeitos colaterais significativos (Q u ad ro 11.1; Cap. 390), com o hipotensão ortostática, sonolência, retardo da condução cardíaca, perda de m em ória, constipação intestinal e retenção u rinária, particu larm en te problem áticos em pacientes idosos, e vários são aditivos aos efeitos colaterais dos analgésicos opioides. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina, com o a fluo xetina, apresentam efeitos colaterais m enos num erosos e m enos graves que os ATC; todavia, são m uito m enos eficazes no alívio da dor. É interessante assinalar que a venlafaxina e a duloxetina, antidepressivos não tricíclicos que bloqueiam a recaptação de se rotonina e norepinefrina, parecem m an ter a m aior parte do efeito analgésico dos ATC, com um perfil de efeitos colaterais mais p a recido com o dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina. Esses fárm acos p odem ser particu larm en te úteis para pacientes que não tolerem os efeitos colaterais dos ATC.
ANTICONVULSIVANTES E ANTIARRÍTMICOS Esses fárm acos são utili zados prim ariam ente em pacientes com dor neuropática. A fenito ína e a carbam azepina foram os prim eiros a produzir alívio da dor na neuralgia do trigêm eo. Esta dor tem as características de um choque elétrico breve e agudo. De fato, os anticonvulsivantes pare cem ser particularm ente úteis para o alívio das dores que possuem esse caráter lancinante. Os novos anticonvulsivantes, como gaba pentina e pregabalina, m ostraram -se efetivos no tratam ento de am pla variedade de dores neuropáticas. Além disso, em razão do perfil favorável de efeitos colaterais, esses novos anticonvulsivantes têm sido usados com frequência com o prim eira linha de tratam ento.
MEDICAÇÃO OPIOIDE CRÔNICA O uso de opioides a longo prazo é aceito para os pacientes com d or causada p o r câncer. E m bora a
TRATAMENTO DA DOR NEUROPÁTICA É im p o rta n te que o tra ta m ento dos pacientes com d or neuropática seja individualizado. H á diversos princípios gerais que devem no rtear a terapêutica; o prim eiro é agir rapidam ente para aliviar a dor; e o segundo é m i nim izar os possíveis efeitos colaterais. Por exemplo, nos pacientes com neuralgia pós-herpética e hipersensibilidade cutânea signi ficativa, o uso tópico de lidocaína (adesivos de lidocaína) pode pro d u zir alívio im ediato sem efeitos colaterais. Os anticonvul sivantes (gabapentina ou pregabalina, ver an teriorm ente) ou os antidepressivos (nortriptilina, desipram ina, duloxetina ou venlafaxina) podem ser usados com o m edicam entos de prim eira linha nos pacientes com d or neuropática. Os agentes antiarrítm icos de
adm inistração sistêm ica com o a lidocaína e o m exitileno têm m e nor probabilidade de serem efetivos, em bora a infusão intraveno sa de lidocaína proporcione analgesia previsível em pacientes com diversas form as de d or neuropática, o alívio geralm ente é transitó rio durando apenas algum as horas após a suspensão da infusão. O congênere da lidocaína para adm inistração oral, a mexiletina, não é bem tolerado p ro d uzindo efeitos adversos gastrintestinais fre qüentes. Não há consenso quanto a classe de fárm acos a ser usada com o prim eira linha de tratam ento para os diversos quadros de dor crônica. No entanto, considerando a necessidade de doses re lativam ente altas de anticonvulsivantes para que se obtenha alívio da dor, a ocorrência de sedação é m uito com um , sendo tam bém um problem a quando se utilizam ATC, m as é m enos problem á tica com o uso dos inibidores da recaptação de serotonina/norepinefrina (IRSN, p. ex., venlafaxina e duloxetina). Assim, nos p a cientes idosos ou naqueles cujas atividades cotidianas requeiram níveis de atenção elevados, tais fárm acos devem ser considerados os de prim eira linha. Já os opioides devem ser, nesses casos, consi derados m edicam entos de segunda ou terceira linhas. C onquanto sejam altam ente efetivos para m uitos quadros dolorosos, os opioi des são sedativos, e seus efeitos tendem a dim inuir com o tem po, levando a um a escalada de doses e, ocasionalm ente, à piora da d or em razão de dependência física. M edicam entos de diferentes classes podem ser utilizados em associações para otim izar o con trole da dor. Vale a pena enfatizar que m uitos pacientes, especialm ente aqueles com do r crônica, buscam a tendim ento m édico p rin ci palm ente porque estão sofrendo e porque som ente os m édicos podem fornecer os m edicam entos necessários ao alívio da dor. É responsabilidade p rim ária de todos os m édicos m inim izar o desconforto tanto físico quanto em ocional dos seus pacientes. O conhecim ento acerca dos m ecanism os da d or e dos m edicam en tos analgésicos é um passo im portante p ara que se possam atingir esses objetivos.
Dor: Fisiopatologia e Tratamento
utilização de opioides para a dor crônica de origem não m aligna seja controversa, é evidente que, para m uitos desses pacientes, tais fárm acos são a m elhor opção disponível, o que é com preensível, visto que são os mais potentes e têm a m aior faixa de eficácia entre todos os analgésicos. Em bora a adição seja rara nos pacientes que utilizam opioides pela prim eira vez para o alívio da dor, é provável que ocorra algum grau de tolerância e dependência física com o uso prolongado. Por conseguinte, antes de recorrer ao tratam ento com opioides, outras opções devem ser exploradas, e suas lim i tações bem com o os riscos relacionados com seu uso devem ser explicados ao paciente. Tam bém é im p o rtan te assinalar que al guns analgésicos opioides exibem propriedades m istas agonistas-antagonistas (p. ex., pentazocina e butorfanol). N a prática, isso significa que podem agravar a dor ao in d u zir síndrom e de abs tinência em pacientes com dependência física de outros analgé sicos opioides. Para o uso am bulatorial prolongado de opioides ad m in istra dos p or via oral, é desejável prescrever com postos de ação longa, com o o levorfanol, a m etadona ou a m orfina de liberação lenta (Q uadro 11.1). A fentanila transdérm ica é outra opção excelen te. O perfil farm acocinético desses agentes perm ite o alívio p ro longado da dor, m inim iza os efeitos colaterais, com o a sedação, associados à elevação dos níveis plasm áticos m áxim os e dim inui a probabilidade da d or de rebote associada à rápida queda na concentração plasm ática dos opioides E m bora as preparações de opioides de efeito prolongado possam proporcionar m aior alívio da dor em pacientes com padrão de dor crônica contínua, outros pacientes sofrem episódios interm itentes de d or intensa e obtém m elhor controle da d or e m enos efeitos colaterais com o uso p e riódico de analgésicos opioides de ação breve. A constipação in testinal é um efeito colateral virtualm ente universal dos opioides e deve ser tratado com conduta expectante. U m a evolução recente para pacientes com doenças debilitantes crônicas foi o desenvol vim ento da m etilnaltrexona, um antagonista dos receptores opioi des periféricos que bloqueia a constipação e o pru rid o associados ao uso crônico de opioides sem interferir com seu efeito analgési co; a dose recom endada é 0,15 m g/kg de peso corporal adm inis trados p or via subcutânea não mais do que um a vez ao dia.
BIBLIOGRAFIA Neuropathic pain: A maladaptive response of the nervous system to daraage. Annu Rev Neurosci 32:1, 2009 C r a i g AD: How do you feel? Interoception: The sense of the physiological condition of the body. Nat Rev Neurosci 8:655, 2002 D w o r k i n RH: Pharmacologic management of neuropathic pain: Evidence-based recommendations. Pain 123:237,2007 E i p p e r t F et al: Activation of the opioidergic descending pain control system underlies placebo analgesia. Neuron 63:533, 2009 F i e l d s HL: Should we be reluctant to prescribe opioids for chronic nonmalignant pain? Pain 129:233, 2007 M a c i n t y r e PE: Safety and efficacy of patient-controlled analgesia. Br J Anaesth 87:36,2001 O a k l a n d e r AL: Is reflex sympathetic dystrophy/complex regional pain syndrome type I a small-fiber neuropathy? Ann Neurol 64:629,2009
C o s tig a n M :
101
CAPÍ TULO
12
Dor Torácica Thomas H. Lee A d or torácica representa um desafio com um para m édicos no consultório e no pronto-socorro. O diagnóstico diferencial a b ran ge distúrbios que afetam órgãos em todo o tórax e o abdom e, com implicações que variam desde um prognóstico benigno a potencial m ente fatal (Q uadro 12.1). A incapacidade de reconhecer distúrbios potencialm ente graves, com o cardiopatia isquêm ica aguda, dissecção da aorta, pneum otórax hipertensivo ou em bolia pulm onar, pode re sultar em com plicações graves, incluindo a m orte. Já o tratam ento excessivamente conservador de pacientes de baixo risco resulta em internações, exames, procedim entos e ansiedade desnecessários.
■ CAUSAS DA DOR TORÁCICA Isquemia e lesão miocárdicas
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
A isquem ia m iocárdica ocorre q u an d o a oferta de oxigênio p a ra o coração não satisfaz as necessidades m etabólicas. Esse desequilíbrio pode o correr po r dim inuição na oferta de oxigênio, aum ento da sua d em an d a ou am bos. A causa subjacente m ais co m u m de isquem ia do m iocárdio é a obstrução das artérias coronárias p o r aterosclero se. Na presença dessa obstrução, os episódios isquêm icos tran sitó rios são h abitualm ente precipitados p o r u m aum ento na dem anda de oxigênio em conseqüência de esforço físico. E ntretanto, a isque m ia tam bém pode resultar de estresse psicológico, febre ou refei ções volum osas ou devido à redução do tran sp o rte de oxigênio p o r anem ia, hipoxia ou hipotensão. A h ip ertro fia ven tricu lar secu n d á ria a cardiopatia valvar, m iocardiopatia h ipertrófica ou hipertensão arterial po d e p re dispor o m iocárdio a isquem ia, devido à p e n e tra ção reduzida do fluxo sanguíneo das artérias coronárias epicárdicas para o endocárdio.
Angina do peito
(Ver tam bém o Cap. 243.) A dor torácica da isque m ia m iocárdica é um desconforto visceral, que costum a ser descri to com o um a sensação de peso, com pressão ou constrição (Q u ad ro
QUADRO 12.1 Diagnóstico diferencial em pacientes com dor torácica sem infarto do miocárdio I Diagnóstico Doença gastresofágica3
Percentual 42
Refluxo gastresofágico Distúrbios da motilidade esofágica Úlcera péptica Cálculos biliares Doença cardíaca isquêmica
28
Pericardite
4
Pleurite/pneumonia
2
Embolia pulmonar
2
Câncer de pulmão
1,5
Aneurisma da aorta
1
Estenose aórtica
1
Herpes-zóster
1
3Em ordem de frequência.
Fonte: P Fruergaard et al.; Eur Heart J 17;1028,1996.
10 2
31
Síndromes da parede torácica
12.2). O utros adjetivos com uns para referir-se à d or da angina in cluem a característica ardente e contínua. Alguns pacientes negam qualquer “dor”, mas adm item que têm dispnéia ou um a vaga sensação de ansiedade. Às vezes em pregam a palavra “aguda” para descrever mais a intensidade que o caráter da dor. A localização da angina do peito é geralm ente retroesternal; a m aioria dos pacientes não localiza a d or em qualquer área peque na. O desconforto pode irradiar-se para o pescoço, a m andíbula, os dentes, braços ou om bros, refletindo a origem com um dos neurônios sensoriais que suprem o coração e essas áreas a p artir do corno poste rior da m edula espinal. Alguns pacientes têm com o o único sintoma da isquem ia um a d or contínua nos locais da dor irradiada. O utros queixam -se de desconforto epigástrico durante os episódios isquêm i cos. A irradiação abaixo do um bigo ou p ara o dorso é m enos comum. Em geral, a angina do peito estável desenvolve-se gradualm ente durante um esforço físico, em caso de estresse em ocional ou após refeições pesadas. O repouso ou o tratam ento com nitroglicerina sublingual resulta em alívio, no decorrer de alguns m inutos. Em con traste, a dor transitória (duração de apenas alguns segundos) rara m ente é de origem isquêm ica. De m odo sem elhante, a dor que per siste po r várias horas tem pouca probabilidade de representar angina, em particular quando o eletrocardiogram a (ECG) do paciente não revela evidências de isquemia. Os episódios de angina p odem ser precipitados por qualquer estresse fisiológico ou psicológico capaz de induzir taquicardia. A m aior p arte da perfusão do m iocárdio ocorre d urante a diástole, quando é m ínim a a pressão em oposição ao fluxo coronário dentro do ventrículo esquerdo. A taquicardia, p o r exemplo, p or dim inuir a porcentagem de tem po na qual o coração fica em diástole, reduz a perfusão miocárdica.
Angina instável e infarto do miocárdio
(Ver tam bém Caps. 244 e 245.) Os pacientes com essas síndrom es isquêm icas agudas geralmente se queixam de sintom as cujas características se assem elham às da angi na do peito, estável porém prolongados e com m aior intensidade. O início dessas síndrom es pode ocorrer com o paciente em repouso ou m esm o acordá-lo do sono, e o alívio produzido pela adm inistração de nitroglicerina sublingual pode ser transitório ou nulo. Os sinto m as associados podem incluir sudorese, dispnéia, náuseas e tontura. O exame físico pode ser totalm ente norm al em pacientes com d or torácica de origem isquêm ica. A ausculta cuidadosa durante os episódios isquêm icos pode revelar um a terceira ou quarta bulha cardíaca, refletindo disfunção m iocárdica sistólica ou diastólica. Um sopro transitório de insuficiência m itral sugere disfunção isquêmica do m úsculo papilar. Os episódios graves de isquem ia podem resultar em congestão e até m esm o edem a pulm onares.
Outras causas cardíacas A isquem ia do m iocárdio causada por m io cardiopatia hipertrófica ou estenose aórtica resulta em angina do peito sem elhante àquela p roduzida p o r aterosclerose coronariana. Nesses casos, um sopro sistólico intenso ou outros achados suge rem habitualm ente que outras anorm alidades diferentes da ateros clerose coronariana p o d em estar contribuindo para os sintom as do paciente. Alguns, com d o r torácica e angiocoronariografia norm al, têm anorm alidades funcionais da circulação coronariana, variando desde espasm o da artéria coronária visível na angiocoronariografia a respostas vasodilatadoras anorm ais e respostas vasoconstritoras exa cerbadas. Usa-se a expressão “síndrom e cardíaca X” para descrever pacientes com dor torácica sem elhante à da angina e infradesnivelam ento do segm ento ST de aparência isquêm ica durante o estresse, apesar da angiocoronariografia norm al. Alguns dados indicam que m uitos desses pacientes têm alterações lim itadas do fluxo coronaria no em resposta ao estresse ou a vasodilatadores coronarianos. Pericardite (Ver tam bém o Cap. 239.) A credita-se que a dor da pericardite seja causada po r inflam ação da pleu ra parietal adjacente, visto que a
QUADRO 12.2
Manifestações clínicas típicas das principais causas de dor torácica aguda
Distúrbio
Duração
Qualidade
Localização
Aspectos associados
Angina
Mais de 2 e menos de 10 min
Pressão, aperto, compressão, peso, queimação
Retroesternal, com freqüente irradiação para o pescoço, mandíbula, ombros ou braços - frequentemente à esquerda, ou com desconforto isolado nessas localizações
Precipitada por exercício, exposição ao frio, estresse psicológico Galope com B4 ou sopro de regurgitação mitral durante a dor
Angina instável
10 a 20 min
Semelhante à da angina, mas frequentemente mais grave
Similar à da angina
Similar à angina, mas surge com níveis mais baixos de esforço e até mesmo durante o repouso
Infarto agudo do miocárdio
Variável, com frequência de mais de 30 min
Semelhante à da angina, mas frequentemente mais grave
Similar à da angina
Não é aliviada pela nitroglicerina
Estenose aórtica
Episódios recorrentes semelhantes a uma angina
A mesma descrita para angina
A mesma descrita para a angina
Sopro que se irradia para as carótidas, mais intenso no final da sístole
Pericardite
Horas ou dias; pode ser ocasional
Aguda
Retroesternal ou em direção ao ápice cardíaco; pode irradiar-se para o ombro esquerdo
Sentar-se ou inclinar-se para a frente pode aliviar a dor
Início súbito de uma dor implacável
Atrito pericárdico
Sensação de algo que se rasga ou é arrancado; como uma facada
Tórax anterior, frequentemente irradiando-se para as costas, entre as omoplatas
Associada a hipertensão e/ou doença subjacente do tecido conectivo, por exemplo, síndrome de Marfan
Dor Torácica
Dissecção aórtica
Pode associar-se a evidências de insuficiência cardíaca ou arritmias
Sopro de insuficiência aórtica, atrito pericárdico, tamponamento pericárdico ou perda dos pulsos periféricos
Embolismo pulmonar
Início súbito; vários minutos a umas poucas horas
Pleurítica
Frequentemente lateral, no lado do embolismo
Dispnéia, taquipneia, taquicardia e hipotensão
Hipertensão pulmonar
Variável
Pressão
Subesternal
Dispnéia, sinais de aumento da pressão venosa, incluindo edema e distensão das veias jugulares
Pneumonia ou pleurite
Variável
Pleurítica
Unilateral, frequentemente localizada
Dispnéia, tosse, febre, estertores, às vezes atrito
Pneumotórax espontâneo
Início súbito; várias horas
Pleurítica
No lado do pneumotórax
Dispnéia, diminuição dos sons respiratórios no lado do pneumotórax
Refluxo esofágico
10 a 60 min
Queimação
Subesternal, epigástrica
Piora ao recostar-se após as refeições Aliviada por antiácidos
Espasmo esofágico
2 a 30 min
Pressão, aperto, queimação
Retroesternal
Pode imitar bastante bem a angina
Úlcera péptica
Prolongada
Queimação
Epigástrica, subesternal
Aliviada por alimentos ou por antiácidos
Cólica biliar
Prolongada
Queimação, pressão
Epigástrica, quadrante superior direito, subesternal
Pode seguir-se a uma refeição
Dor musculoesquelética
Variável
Contínua
Variável
Agrava-se com o movimento Pode ser reproduzida por pressão localizada durante o exame físico
Herpes-zóster
Variável
Aguda ou em queimação
Distribuição dermatomal
Exantema vesicular na área do desconforto
Distúrbios emocionais ou psiquiátricos
Variável; pode ser transitória
Variável
Variável, pode ser retroesternal
Certas situações podem precipitar os sintomas Uma anamnese cuidadosa frequentemente detecta ansiedade e depressão
103
m aior parte do pericárdio é considerada insensível à dor. Por conse guinte, a pericardite infecciosa, que costum a acom eter as superfícies pleurais adjacentes, tende a associar-se à dor, enquanto as afecções que provocam apenas inflam ação local (p. ex., infarto do m iocárdio ou urem ia) e o tam ponam ento cardíaco tendem a ser indolores ou a provocar dor torácica leve. A pleura parietal adjacente recebe sua inervação sensorial de várias fontes, de m odo que a dor da pericardite pode ser percebida em áreas que incluem desde o om bro e o pescoço até o abdom e e o dorso. Em geral, a d or é retroesternal e agravada pela tosse, pela inspiração profunda ou p o r m udanças da posição do corpo - que resultam , todas elas, em m ovim entos das superfícies pleurais. A dor é frequentem ente m ais intensa em decúbito dorsal, sendo aliviada ao sentar-se e inclinar-se para a frente. C om m enor frequência, o p a ciente queixa-se de um desconforto contínuo que sim ula um infarto agudo do m iocárdio.
m enores resultam em infartos pulm onares focais que provocam dor lateral e pleurítica. Os sintom as associados incluem dispnéia e, em certas ocasiões, hem optise. Em geral, há taquicardia. Em bora nem sem pre presentes, certas alterações típicas do ECG podem confirm ar o diagnóstico.
Pneumotórax (Ver tam bém o Cap. 263.) O início súbito de dor torácica pleurítica e de dificuldade respiratória deve levantar a suspeita de p neum otó rax espontâneo. Tais episódios podem ocorrer sem um evento precipitante em pessoas sem doença pulm onar ou em conseqüência de pneum opatias subjacentes.
Pneumonia ou pleurite (Ver tam bém os Caps. 257 e 263.) As doenças pulm onares que cau sam lesão e inflam ação da pleura geralm ente provocam dor aguda em punhalada, agravada pela inspiração ou pela tosse.
Doenças da aorta
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
(Ver tam bém o Cap. 248.) A dissecção da aorta é um distúrbio p o ten cialm ente catastrófico causado por progressão de um hem atom a sob a túnica íntim a, na parede da aorta. O hem atom a pode com eçar com um a laceração na íntim a da aorta, ou com a ru p tu ra de vasa vasorum na túnica m édia. Essa síndrom e pode ocorrer p or um traum atism o da aorta, devido a acidentes autom obilísticos ou por procedim entos m édicos em que a íntim a da aorta é danificada p o r cateteres ou balão intra-aórtico. A dissecção não traum ática da aorta é rara na ausência de h ipertensão e/ou distúrbios associados à deterioração dos com po nentes elásticos ou musculares da túnica m édia, no interior da parede aórtica. A degeneração cística da m édia da aorta é um a característi ca de várias doenças hereditárias do tecido conectivo, incluindo as síndrom es de M arfan e a de Ehlers-D anlos. Cerca de 50% de todas as dissecções da aorta em m ulheres com m enos de 40 anos de idade ocorrem durante a gravidez. Quase todos os pacientes com dissecções agudas apresentam dor torácica intensa, em bora alguns com dissecções crônicas sejam iden tificados sem sintom as associados. Os sintom as na dissecção da aor ta, ao contrário da dor observada na cardiopatia isquêmica, tendem a atingir im ediatam ente sua gravidade m áxim a, m uitas vezes fazendo com que o paciente sofra colapso em virtude de sua intensidade. As clássicas descrições da dor refletem o processo que ocorre no in te rior da parede da aorta - “rasgam ento” e “dilaceração” - porém dados m ais recentes sugerem que a queixa m ais com um à apresentação é o súbito início de dor grave e aguda. Sua localização frequentem ente se correlaciona com o local e a extensão da dissecção. Assim, a dissec ção que com eça na aorta ascendente e segue p ara a aorta descendente tende a causar d or na frente do tórax, estendendo-se para o dorso, entre as escápulas. Os achados físicos tam bém po d em refletir a progressão da d is secção da aorta que acaba po r com prom eter o fluxo nas artérias que se ram ificam a p a rtir da aorta. Assim, as conseqüências catastrófi cas da dissecção da aorta podem incluir perda do pulso em um ou em am bos os braços, acidente vascular encefálico ou paraplegia. Os hem atom as que se estendem em direção proxim al e alcançam as ar térias coronárias ou o aparelho da valva aórtica p odem resultar em infarto agudo do m iocárdio ou em insuficiência aórtica aguda. A ru p tu ra do hem atom a para o espaço pericárdico provoca tam p o n a m ento pericárdico. O aneurisma da aorta torácica é o utra anorm alidade da aorta que pode provocar dor torácica. C om frequência, os aneurism as aórticos são assintomáticos, m as podem causar d o r torácica e outros sintom as ao com prim ir as estruturas adjacentes. A dor tende a ser contínua, profunda e, às vezes, intensa.
Distúrbios gastrintestinais (Ver tam bém o Cap. 292.) Pode ser difícil distinguir entre a dor das síndrom es m iocárdicas e a dor esofágica causada po r refluxo de áci do do estômago, espasm o, obstrução ou lesão. Em geral, o refluxo de ácido provoca desconforto em queim ação profundo, que pode ser exacerbado por álcool, ácido acetilsalicílico, ou por alguns alimentos; esse desconforto m uitas vezes é aliviado com antiácidos ou por outra form a de terapia que reduza o ácido gástrico. O refluxo de ácido ten de a exacerbar-se em decúbito e pode agravar-se nas prim eiras horas da m anhã, quando o estôm ago não contém alim entos que poderiam absorvê-lo. O espasm o esofágico pode ocorrer na presença ou ausência de refluxo de ácido e resulta em dor constritiva que pode ser in d istin guível da angina. C om frequência, obtém -se alívio im ediato do es pasm o esofágico com terapia antianginosa, com o nifedipina sublin gual, aum entando ainda m ais a confusão entre essas síndrom es. A d or torácica tam bém pode resultar de lesão esofágica, com o um a laceração de Mallory-W eiss provocada por vôm itos persistentes. Pode resultar tam bém de doenças do trato gastrintestinal abaixo do diafragm a, incluindo úlcera péptica, doença biliar e pancreatite. Em geral, essas afecções causam d or abdom inal, além de dor torácica, e os sintom as não tendem a associar-se ao esforço físico. A dor da úlcera surge 60 a 90 m in após as refeições, quando a produção pós-prandial de ácido não é m ais neutralizada pela presença de alim ento no estômago. A colecistite geralm ente causa um a dor descrita com o contínua, que ocorre 1 h ou m ais após as refeições.
Distúrbios neuromusculoesqueléticos A doença discai cervical pode causar d or torácica em virtude da com pressão de raízes nervosas. A dor com o um a m anifestação derm atom al tam bém pode ser causada po r cãibras dos músculos intercostais ou p or herpes-zóster. Os sintom as da d or torácica devida ao herpes-zóster podem ocorrer antes do aparecim ento das lesões cutâneas. As síndrom es costocondral e condroesternal c o n stitu e m as causas m ais com uns de d o r torácica m usculoesquelética anterior. Apenas em alguns casos observam -se sinais físicos de costocondrite, com o tum efação, e ritem a e calor (sín d ro m e de Tietze). A d or nessas síndrom es c o stu m a ser tran sitó ria e aguda, porém alguns pacientes apresentam d o r su rd a d u ra n te horas. A com pressão d i reta das junções c o n d ro estern al e c ostocondral pode rep ro d u zir a d or dessas e de outras síndrom es m usculoesqueléticas. A artrite do om bro e da coluna v ertebral e a b ursite tam bém p odem causar dor torácica. A lguns pacientes que apresentam esses distúrbios con co m itantes com a isquem ia do m iocárdio p o d em c o nfundir sintom as dessas síndrom es.
Embolia pulmonar (Ver tam b ém o Cap. 262.) A credita-se que a d or torácica causada p or em bolia pulm onar seja decorrente da distensão da artéria p u l m onar ou do infarto de um segm ento do pulm ão adjacente à pleura. A em bolia pulm onar m aciça pode resultar em do r subesternal, su gerindo infarto agudo do m iocárdio. Mais com um ente, os êm bolos
104
Transtornos emocionais e psiquiátricos Até 10% dos pacientes levados ao pro n to -so co rro com dor torácica aguda apresentam distúrbio do pânico ou outros transtornos em o cionais. O s sintom as nessa po p u lação de pacientes são altam ente variáveis, m as com frequência o d esconforto é descrito com o um a
sensação de aperto visceral ou d or co n tín u a que persiste p o r m ais de 30 m in. A lguns fornecem outras descrições atípicas, com o d o r tran sitó ria, aguda e /o u localizada em u m a p e q u en a região. Pode ser difícil in te rp reta r o ECG em pacientes com tra n sto rn o s e m o cionais se a hiperventilação p ro d u z ir a norm alidades do segm ento ST e da on d a T. U m a anam nese cuidadosa p o d e fornecer indícios de depressão, ataques prévios de pânico, som atização, agorafobia ou outras fobias.
Dor torácica
DOR TORÁCICA AGUDA Em pacientes com d or torácica aguda, o m édico deve avaliar inicialm ente o estado respiratório e hem odinâmico. Se qualquer um desses parâm etros estiver com prom eti do, o tratam ento inicial deve visar à estabilização do paciente an tes de continuar a avaliação diagnóstica. Entretanto, se o paciente não necessitar de qualquer intervenção de em ergência, o m édico deve obter um a anam nese dirigida, efetuar um exam e físico e so-
QUADRO 12.3 dor torácica
Considerações na avaliação do paciente com
1. A dor torácica se deve a um distúrbio agudo e potencialmente fatal que indique imediata admissão hospitalar para avaliação invasiva? Doença cardíaca isquêmica aguda
Embolia pulmonar
Dissecção aórtica
Pneumotórax espontâneo
2. Se não é o caso, a dor torácica deve-se a um estado crônico passível de complicação grave? Angina estável Estenose aórtica Hipertensão pulmonar 3. Se não é o caso, a dor torácica deve-se a um distúrbio agudo que requer tratamento imediato? Pericardite Pneumonia/pleurite Herpes-zóster 4. Se não é o caso, a dor torácica deve-se a outra doença crônica passível de tratamento? Refluxo esofágico
Doença discai cervical
Espasmo esofágico
Artrite do ombro ou da coluna
Úlcera péptica
Costocondrite
Doença biliar
Outros distúrbios musculoesqueléticos
Outros distúrbios gastrintestinais
Ansiedade
Dor Torácica
A avaliação do paciente com d or torácica deve aten d er a dois objetivos - definir o diagnóstico e avaliar a segurança do plano terapêutico im ediato. O segundo objetivo é, com frequência, o m ais im portante quando o paciente apresenta d or torácica aguda, com o os que são exam inados no pronto-socorro. Nesse contexto, o m édico deve concentrar-se prim eiro na identificação daqueles que precisam de intervenções agressivas para diagnosticar ou tra tar doenças potencialm ente fatais, com o a cardiopatia isquêm ica aguda, dissecção aórtica aguda, em bolia pu lm o n ar e p n e u m o tó rax hipertensivo. Se tais distúrbios forem im prováveis, o clínico deve considerar questões com o a segurança da alta do paciente, a internação em um a unidade de terapia não coronariana, ou um a prova de esforço im ediata. O Q u a d ro 12.3 apresenta um a seqüência de perguntas que podem ser form uladas na avaliação do paciente com desconforto torácico, ju ntam ente com as entida des diagnosticas m ais im portantes a considerar em cada estágio da avaliação.
licitar exames laboratoriais para avaliar o risco de distúrbios p o tencialm ente fatais. Os m édicos que avaliam pacientes no consultório não devem presum ir que eles não têm um a doença cardíaca isquêm ica aguda, m esm o que a prevalência possa ser m ais baixa. As ações legais p or erro m édico relacionadas com a om issão de infartos do m io cárdio durante avaliações em consultório estão se torn an d o cada vez m ais com uns e, em m uitas dessas ocasiões, um ECG deixou de ser realizado. A prevalência de pacientes de alto risco em um am biente de consultório pode estar aum entando em decorrência da sobrecarga dos prontos-socorros. Seja qual for o am biente de atendim ento, a anamnese deve incluir perguntas sobre o caráter e a localização da d or torácica (Q uadro 12.2). O m édico deve in q u irir o paciente sobre o tipo de início da d or e sua duração. Em geral, a isquem ia m iocárdi ca se associa a um a intensificação gradual dos sintom as, durante período de vários m inutos. A do r transitória ou que persiste p or várias horas sem acom panhar-se de alterações eletrocardiográficas provavelm ente não é de origem isquêm ica. Em bora a presença de fatores de risco de doença arterial coronariana (DAC) aum ente a preocupação com esse diagnóstico, a ausência de tais fatores não reduz o risco de isquem ia m iocárdica o suficiente para justificar a decisão de dar alta ao paciente. A am pla irradiação da d o r torácica aum enta a probabilidade de que ela decorra de infarto do m iocárdio. A irradiação da dor torácica para o braço esquerdo é com um na cardiopatia isquêm i ca aguda, m as para o braço direito tam bém é altam ente coerente com esse diagnóstico. A F igura 12.1 m ostra estim ativas obtidas em diversos estudos sobre a influência de vários dados clínicos da anam nese sobre a probabilidade de o paciente estar tendo um infarto agudo do m iocárdio. A dor no om bro direito tam bém é com um na colecistite agu da, m as essa síndrom e em geral se acom panha de d o r localizada no abdom e, e não no tórax. A d o r torácica que se irradia para entre as escápulas levanta a suspeita de dissecção da aorta. O exame físico deve incluir a m edição da pressão arterial em am bos os braços e a palpação dos pulsos em am bas as pernas. A perfusão deficiente de um m em bro pode advir de um a dissecção da aorta que com prom eteu o fluxo de um a artéria originária da aorta. A ausculta do tórax p ode revelar dim inuição do m urm úrio respiratório, ruído de atrito pleural ou evidências de pn eu m o tó rax, em bolia pulm onar, pneum onia ou pleurisia. O pneum otórax hipertensivo pode desviar a traqueia da linha m édia, para longe do pneum otórax. O exam e cardíaco deve pesquisar ruídos de atri to pericárdico, sopros sistólicos e diastólicos e a terceira ou quarta bulha cardíaca. Em pacientes com causas m usculoesqueléticas de dor torácica, a com pressão da parede torácica pode reproduzir os sintom as; é im p o rtan te que o clínico p ergunte ao paciente se a síndrom e de d or torácica está sendo totalm ente reproduzida, an tes de deduzir com excessiva confiança a ausência de um a doença subjacente m ais séria. O ECG é um exam e essencial para adultos com d o r torácica que não provenha de causa traum ática óbvia. Nesses pacientes, a presença de alterações eletrocardiográficas com patíveis com is quem ia ou infarto (Cap. 228) é associada a alto risco de infarto agudo do m iocárdio ou angina instável (Q u a d ro 12.4); tais p a cientes devem ser internados em um a unidade com m onitoração eletrocardiográfica e com condições de recuperar-se de um a para da cardíaca. A ausência dessas alterações não exclui a possibilida de de cardiopatia isquêm ica aguda, m as o risco de complicações potencialm ente fatais é baixo, q u ando os eletrocardiogram as são norm ais ou apenas com alterações inespecíficas do segm ento ST e da onda T. Se esses pacientes não forem considerados eletivos para alta im ediata, são candidatos a u m a prova de esforço precoce ou imediata. Os m arcadores de lesão do m iocárdio são frequentem ente ob tidos na avaliação da do r torácica aguda no pronto-socorro. Nos últim os anos, as troponinas cardíacas (I e T) substituíram a creati-
105
Irra d ia ç ã o p a ra o b ra ç o d ire ito o u p a ra o o m b ro Irra d ia ç ã o p a ra a m b o s o s b ra ç o s o u o m b ro s A s s o c ia d a a o e x e rc íc io Irra d ia ç ã o p a ra o b ra ç o e s q u e rd o A s s o c ia d a a d ia fo re s e A s s o c ia d a a n á u s e a s o u v ô m ito s P io r d o q u e a d a a n g in a p re e x is te n te ou s e m e lh a n te à d e um in fa rto p ré v io D e s c rita c o m o p re s s ã o
L o c a liz a ç ã o in fra m a m á ria R e p ro d u z ív e l p e la p a lp a ç ã o D e s c rita c o m o a g u d a D e s c rita c o m o p o s ic io n a i D e s c rita c o m o p le u rític a 1,5
2
2 ,5
3
3 ,5
R a z ã o de c h a n c e s p a ra um IA M
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Figura 12.1
Impacto das características da dor torácica sobre as chances de infarto agudo do miocárdio (IAM). (Figura preparada com dados de Swap e Nagurney:)
noquinase (CK) e a CK-MB com o os m arcadores de escolha para detectar lesão m iocárdica. Alguns dados confirm am o uso de o u tros m arcadores, com o a m ieloperoxidase e o peptídio natriurético tipo B (PNB), porém seus papéis na assistência rotineira não foram estabelecidos. Os valores isolados de qualquer um desses m arcadores não têm m uita sensibilidade para infarto agudo do m iocárdio ou para predizer suas complicações. Portanto, a deci são de dar alta a um paciente não deve basear-se som ente nos va lores negativos desses exames, incluindo as troponinas cardíacas. Os testes provocativos p ara DAC não são apropriados p ara pacientes com d or torácica em evolução, para os quais se pode considerar a realização de cintilografia de perfusão m iocárdica em repouso; a obtenção de u m a cintilografia n o rm al reduz a probabilidade de DAC e ajuda a evitar a hospitalização de pa-
QUADRO 12.4 Prevalência de síndromes de cardiopatia isquêmica aguda entre subpopulações de pacientes com dor torácica aguda no pronto-socorro Prevalência Infarto do miocárdio, %
Angina instável, %
Elevação de ST (> 1 mm) ou ondas Q recentes no ECG
79
12
Aparecimento recente no ECG de isquemia ao esforço (depressão de ST > 1 mm ou ondas T de isquemia)
20
41
Ausência das alterações precedentes no ECG, mas antecedentes de angina ou de infarto do miocárdio (história de ataque do coração ou de uso de nitroglicerina)
4
51
Ausência das alterações precedentes no ECG ou antecedentes de angina ou de infarto do miocárdio (história de ataque cardíaco ou de uso de nitroglicerina)
2
14
Achado
Nota: ECG, eletrocardiograma. Dados não publicados de Brigham e do Women’s Hospital Chest Pain Study, 1997-1999.
106
cientes de baixo risco. A angiografia tom ográfíca c o m p u ta d o rizada (ATC) está em erg in d o com o um a estratégia diagnóstica alternativa para pacientes em que a probabilidade de DAC não está clara. Com frequência, os m édicos em pregam provas terapêuticas com nitroglicerina sublingual ou antiácidos ou, no paciente es tável atendido no consultório, um inibidor da bom ba de prótons. Um erro com um é supor que um a resposta favorável a um a des sas intervenções possa esclarecer o diagnóstico. Em bora essa in form ação costum e ser útil, a resposta do paciente pode decorrer do efeito placebo. Portanto, jam ais se deve excluir a presença de isquem ia m iocárdica com base apenas na resposta à terapia com antiácidos. De m odo sem elhante, a incapacidade da nitroglicerina em aliviar a dor não exclui o diagnóstico de DAC. Se a história clínica ou o exam e físico do paciente forem com patíveis com dissecção da aorta, deve-se efetuar im ediatam ente exam es de im agem para m elhor avaliar a aorta, devido ao alto risco de com plicações catastróficas nesta patologia. Os exames apropriados incluem TC de tórax com contraste, RM cardíaca ou o ecocardiogram a transesofágico. D ados atuais indicam que a ele vação dos níveis de dím ero D deve levantar a suspeita de dissecção da aorta. Deve-se considerar a em bolia p u lm o n ar aguda em pacientes com sintom as respiratórios, dor torácica pleurítica, hem optise ou história de trom boem bolism o venoso ou anorm alidades da coa gulação. Em geral, os exames iniciais incluem um a angiografia ou im agem pulm onar p or TC, às vezes com binadas com ultrassonografia venoso dos m em bros inferiores e/ou teste do dím ero d . Se os pacientes com dor torácica aguda não exibirem qu al quer evidência de distúrbios potencialm ente fatais, o m édico deve contem plar os distúrbios crônicos com potencial de induzir com plicações sérias, dos quais o m ais com um é a angina estável. O uso precoce do eletrocardiogram a de esforço, do ecocardiogram a sob estresse, ou exam e de im agem da perfusão sob estresse para esses pacientes, seja no consultório ou no pronto-socorro, é um a estratégia aceita para o tratam ento daqueles de baixo risco. E n tretanto, a prova de esforço não é apropriada para pacientes que ( 1) se queixam de d or que se acredita ser isquêm ica e ocorra em repouso, ou (2) que apresentem alterações eletrocardiográficas re centes compatíveis com isquemia.
Os pacientes com d or torácica persistente que não apresentam evidências de distúrbios am eaçadores à vida devem ser avaliados à procura de patologias passíveis de responder ao tratam ento im e diato (Q uadro 12.3). A pericardite pode ser sugerida pela história clínica, pelo exam e físico e pelo ECG (Q uadro 12.2). O m édico deve avaliar cuidadosam ente os p adrões da pressão arterial e considerar, nesses pacientes, a necessidade de ecocardiogram a, para detectar qualquer evidência de tam ponam ento pericárdico im inente. Podem -se realizar radiografias de tórax para avaliar a possibilidade de doenças pulm onares.
■ DIRETRIZES E VIAS CRÍTICAS PARA A DOR TORÁCICA AGUDA
• Identificação rápida e tratam ento dos pacientes para os quais a terapia de reperfusão de em ergência, seja p or intervenções coronarianas percutâneas ou agentes trom bolíticos, provavelm ente m elhorará o prognóstico. • E ncam inham ento para unidades não coronarianas com m o n ito ração, com o as unidades de terapia interm ediária ou unidades de dor torácica, de pacientes sob baixo risco de com plicações, com o aqueles que não apresentam alterações isquêm icas recentes no ECG e não estão se queixando de d or torácica. Em geral, esses pacientes são encam inhados com segurança para unidades não coronarianas, e podem realizar um a prova do esforço em um a fase precoce e posteriorm ente receberem alta. A estratificação do risco pode ser auxiliada p or uso de algoritm os m ultivariados validados prospectivam ente e publicados para a cardiopatia is quêm ica aguda e suas complicações.
Dor torácica não aguda O tratam e n to de pacientes que não precisam de hospitalização ou que não necessitam m ais de observação em regim e de internação deve p ro c u ra r identificar a causa dos sintom as e a probabilidade de com plicações significativas. O s exam es não invasivos para a DAC servem tanto para diagnosticar esse distúrbio com o para identificar pacientes com form as de DAC de alto risco que p o d em beneficiar-se de revascularização. As causas gastrintestinais de d o r torácica p o d em ser avaliadas p o r e n d o sco p ia ou exam es radiológicos, ou p o r provas terapêuticas clínicas. O s tra n sto rn o s em ocionais e p si quiátricos justificam avaliação e tratam e n to apropriados; os dados de estudos clínicos ra n d o m iza d o s indicam que a terapia cognitiva e as intervenções em g ru p o resultam n a dim in u ição dos sintom as nesses pacientes.
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G ib b o n s
Dor Torácica
O A m erican College of Cardiology, a A m erican H eart Association e outras organizações estabeleceram diretrizes para a avaliação inicial dos pacientes com d or torácica aguda. Tais diretrizes recom endam a realização de um ECG em praticam ente todos os pacientes com dor torácica que não tenha um a causa não cardíaca óbvia, e um a ra d io grafia de tórax para os pacientes com sinais ou sintom as de insufi ciência cardíaca congestiva, cardiopatia valvar, doença pericárdica ou dissecção ou aneurism a da aorta. As diretrizes do A m erican College o f Cardiology e da A m erican H eart Association sobre os testes de exercício apoiam o seu uso em pacientes de baixo risco que se apresentam a um p ronto-socorro, bem com o em alguns pacientes de risco interm ediário. E ntretanto, essas diretrizes enfatizam que os testes de exercício devem ser rea lizados apenas depois que os pacientes foram cuidadosam ente ava liados com relação a achados de alto risco ou outros indicadores de internação hospitalar. M uitos centros m édicos adotaram fluxos para situações críticas e outros tipos de diretrizes para aum entar sua eficiência e acelerar o tratam ento dos pacientes com síndrom es cardíacas isquêm icas agu das de alto risco. Essas diretrizes enfatizam as seguintes estratégias:
• Recom endação para a redução do tem po de perm anência na u n i dade de terapia coronariana e no hospital. Nos últim os anos, as recom endações sobre o tem po m ín im o de estada em um leito m onitorado para pacientes que não apresentam sintom as adicio nais dim inuíram para 12 h ou m enos se houver disponibilidade da prova do esforço ou de outras tecnologias para estratificação do risco.
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CAPÍ TULO
13
Dor Abdominal W illiam Silen
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 108
A interpretação correta da dor abdom inal aguda constitui um desa fio. Poucas situações clínicas exigem m aior discernim ento, conside rando que o m ais catastrófico dos eventos pode ser antecipado por sinais e sintom as m uito sutis. A nam nese e exame físico m inuciosos e precisos são da m aior im portância. A classificação etiológica apre sentada no Q u a d ro 13.1, em bora incom pleta, proporciona um a base útil à avaliação dos pacientes com dor abdom inal. O diagnóstico de “abdom e agudo ou cirúrgico” é inaceitável em virtude de sua conotação m uitas vezes enganosa e incorreta. O caso m ais evidente de “abdom e agudo” talvez não exija qualquer interven ção cirúrgica, enquanto a mais discreta das dores abdom inais pode anunciar um a lesão que deve ser solucionada com urgência. Todo pa ciente com dor abdom inal de início recente necessita de investigação precoce com pleta e diagnóstico preciso.
■ ALGUNS MECANISMOS DA DOR DE ORIGEM ABDOMINAL Inflamação do peritônio parietal A dor de inflam ação do peritônio parietal tem u m caráter constante e incôm odo, localizando-se diretam ente sobre a área inflam ada, sendo possível estabelecer a sua referência exata, um a vez que é transm itida pelos nervos som áticos que inervam o peritônio parietal. A intensi dade da dor depende do tipo e do volum e do m aterial ao qual as su perfícies peritoneais são expostas em determ inado período de tem po. Assim, por exemplo, a súbita liberação de um a pequena quantidade de suco gástrico ácido estéril na cavidade peritoneal provoca m u i to m ais dor do que o m esm o volum e de fezes neutras m aciçam ente contam inadas. O suco pancreático contendo enzim as ativas suscita m ais dor e inflam ação do que a m esm a quantidade de bile estéril des provida de enzim as potentes. O sangue e a urina são, com frequência, de natureza não irritante a ponto de não serem detectados se o seu contato com o peritônio não tiver sido súbito e maciço. No caso de contam inação bacteriana, com o na doença inflam atória pélvica, a dor m uitas vezes tem baixa intensidade no início da doença, até que a m ultiplicação bacteriana tenha p roduzido substâncias irritantes. A velocidade com que o m aterial irritante entra em contato com o peritônio é im portante. A úlcera péptica perfurada pode estar asso ciada a quadros clínicos totalm ente diferentes de acordo com a rapi dez da entrada do suco gástrico na cavidade peritoneal. A dor da inflamação peritoneal sempre é agravada por compressão ou por alterações na tensão do peritônio, alterações essas produzidas p o r palpação ou p or algum m ovim ento, com o tosse ou espirro. O paciente com peritonite perm anece quieto no leito, preferindo evi tar m ovim entos, diferentem ente do paciente com cólica, que pode se contorcer incessantem ente. O utro aspecto típico da irritação peritoneal é o espasm o reflexo tônico da m usculatura abdom inal, localizado no segm ento corporal afetado. A intensidade do espasm o m uscular tônico que acom panha a inflam ação peritoneal depende da localização do processo inflam atório, da rapidez com que este evolui e da integridade do siste m a nervoso. O espasm o sobre u m apêndice retrocecal perfu rad o ou sobre um a úlcera perfurada no saco peritoneal m en o r pode ser m ínim o ou estar ausente, em razão do efeito p ro teto r das vísceras sobrejacentes. Em processos de evolução lenta m uitas vezes o espas m o m uscular se encontra bastante atenuado. As em ergências ab d o m inais catastróficas, com o a úlcera perfurada, podem estar associa das a d or ou espasm o m uscular m ínim os ou até indetectáveis em pacientes em botados, gravem ente enferm os, debilitados e idosos, ou em pacientes psicóticos.
Obstrução de vísceras ocas A dor da obstrução de vísceras abdom inais ocas é classicam ente des crita com o interm itente ou em cólica. Mas a ausência desse caráter em cólica não deve induzir ao erro, pois a distensão de um a víscera oca pode produzir dor constante com exacerbações apenas eventuais. Esse tipo de dor tem localização m enos precisa do que a dor de infla mação do peritônio parietal. A dor em cólica da obstrução do intestino delgado é h abitual m ente perium bilical ou supra-um bilical e difusa. À m edida que o intestino sofre dilatação progressiva com a perda do tônus m uscular, a característica em cólica da dor pode dim inuir. Na presença de obs trução com estrangulam ento superposto, a dor pode propagar-se à região lom bar inferior se houver tração da raiz do m esentério. A dor em cólica da obstrução do colo é m enos intensa que a do intestino delgado e, com frequência, localiza-se na área infraum bilical. A irra diação lom bar da dor é com um na obstrução colônica. A distensão súbita da árvore biliar provoca um tipo de d or m ais constante do que em cólica; logo, o term o cólica biliar é e n g an o so. A distensão aguda da vesícula biliar geralm ente acarreta do r no quadrante superior direito, com irradiação para a região posterior direita do tórax ou para a p o n ta da escápula direita, m as não rara localiza-se na linha m édia. A distensão do dueto colédoco está fre quentem ente associada a d or no epigástrio, com irradiação para a p a rte superior da região lom bar. C ontudo, variações expressivas são com uns, de m odo que a diferenciação entre esses tipos pode ser impossível. A dor subescapular típica ou a irradiação lom bar estão frequentem ente ausentes. U m a dilatação gradual da árvore biliar, com o a que ocorre no carcinom a da cabeça do pâncreas, pode não causar d or ou apenas p roduzir um a sensação incôm oda leve n o epi gástrio ou no hipocôndrio direito. A d or da distensão dos duetos pancreáticos assem elha-se à descrita para a distensão do colédoco, mas, além disso, é frequentem ente acentuada em decúbito e aliviada pela posição ereta. A obstrução da bexiga urinária resulta em d or suprapúbica su r da, habitualm ente de baixa intensidade. Inquietude sem queixa espe cífica de dor pode ser o único sinal de distensão vesical em paciente obnubilado. Por outro lado, a obstrução aguda da parte intravesical do ureter caracteriza-se p or dor intensa na região suprapúbica e no flanco que se irradia para o pênis, a bolsa escrotal ou a face m ediai da parte superior da coxa. A obstrução da junção ureteropélvica é sen tida com o dor no ângulo costovertebral, enquanto a obstrução das dem ais regiões do ureter está associada a d or no flanco, que m uitas vezes se estende ao m esm o lado do abdome.
Distúrbios vasculares Um equívoco freqüente, a despeito dos num erosos exemplos em con trário, é considerar que a dor associada aos distúrbios vasculares intra-abdom inais tenha caráter súbito e catastrófico. A dor da embolia ou da trom bose da artéria m esentérica superior ou a do r da ruptura im inente de um aneurism a da aorta abdom inal decerto podem ser intensas e difusas. Porém, com igual frequência, o paciente com oclusão da artéria m esentérica superior apresenta apenas d or contínua ou em cólica, difusa e leve durante dois ou três dias antes do apareci m ento de colapso vascular ou de achados de inflam ação peritoneal. O desconforto inicial e aparentem ente insignificante é causado mais por hiperperistalse do que p o r inflam ação peritoneal. De fato, a au sência de dor à palpação e de rigidez abdom inal na presença de dor difusa e contínua em paciente com suspeita de doença vascular é bas tante característica de oclusão da artéria m esentérica superior. A dor abdom inal com irradiação p ara região sacra, flanco ou genitália deve sem pre sinalizar ao médico a possibilidade de ru p tu ra de aneurism a da aorta abdominal. Essa dor pode persistir por vários dias antes que a ruptura e o colapso ocorram .
Parede abdominal A dor com origem na parede abdom inal é habitualm ente constante e incôm oda. Movimento, postura ereta prolongada e compressão acen
QUADRO 13.1
Algumas causas importantes de dor abdominal
Dor originada no abdome Inflamação no peritônio parietal Contaminação bacteriana Apêndice perfurado ou outra víscera perfurada Doença inflamatória pélvica Irritação química Úlcera perfurada Pancreatite Mittelschmerz Obstrução mecânica de víscera oca Obstrução dos intestinos delgado ou grosso Obstrução do trato biliar Obstrução ureteral
Distúrbios vasculares Embolia ou trombose Ruptura vascular Obstrução por compressão ou por torção Anemia falciforme Parede abdominal Torção ou tração do mesentério Traumatismo ou infecção nos músculos Distensão das superfícies viscerais, p. ex., por hemorragia Cápsulas hepática ou renal Inflamação de víscera Apendicite Febre tifoide Tiflite
Dor referida de origem extra-abdominal Cardiotorácica
Pleurodinia
Infarto agudo do miocárdio
Pneumotórax
Miocardite, endocardite, pericardite
Empiema
Insuficiência cardíaca congestiva Pneumonia Embolia pulmonar
Doença esofágica, espasmo, ruptura, inflamação Genitália Torção de testículo
Causas metabólicas Diabetes
Insuficiência suprarrenal aguda
Uremia
Febre familiar do Mediterrâneo
Hiperlipidemia
Porfiria
Hiperparatireoidismo
Deficiência da C’ 1 esterase (edema angioneurótico)
Causas neurológicas e psiquiátricas Herpes-zóster
Compressão medular ou de raiz nervosa
Tabes dorsalis
Distúrbios funcionais
Causalgia
Transtornos psiquiátricos
Radiculite por infecção ou por artrite
Causas tóxicas Saturnismo Envenenamento por animais ou insetos Aranha viúva-negra Picadas de cobra
Mecanismos desconhecidos Abstinência de narcóticos Intermação
tuam o desconforto e o espasm o m uscular. No caso de hem atom a da bainha do reto, atualm ente encontrado com m aior frequência em associação à terapia anticoagulante, é possível que haja um a m assa nos quadrantes inferiores do abdom e. O com prom etim ento sim ultâ neo de m úsculos em outras regiões do corpo geralm ente serve para diferenciar entre miosite da parede abdom inal e processo intra-abdom inal que cause dor na m esm a região.
■ DOENÇAS COM DOR REFERIDA AO ABDOME A d or referida ao abdom e proveniente do tórax, da coluna vertebral ou dos órgãos genitais pode ser um grande p roblem a para o d iag nóstico, visto que doenças da parte superior d a cavidade abdom inal,
com o colecistite aguda ou úlcera p erfu rad a, estão frequentem ente associadas a com plicações intratorácicas. U m aforism o de sum a im portância, porém m uitas vezes esquecido, reza que, em todo pacien te com dor abdom inal, deve-se considerar a possibilidade de doença intratorácica, sobretudo q uando a d o r se localiza na parte superior do abdom e. A in q u iriç ão sistem ática e a realização de um exa m e o rientado para a detecção de infarto m iocárdico ou pulm onar, pneum onia, pericardite ou doença esofágica (as doenças in trato rá cicas que m ais frequentem ente sim ulam em ergências abdom inais) m uitas vezes fornecem indícios suficientes para selar o diagnóstico correto. A p leurite d iafragm ática resultante de p n e u m o n ia ou de infarto p u lm o n a r pode causar d o r no qu ad ran te su p erio r direito e
F:
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
na área supraclavicular, devendo esta últim a irradiação ser diferen ciada da dor subescapular referida provocada p o r distensão aguda da árvore biliar extra-hepática. A decisão final quanto à origem da d or abdom inal pode exigir um a observação deliberada e planejada do paciente ao longo de várias horas, d u ra n te as quais a arguição e o exam e físico repetidos definirão o diagnóstico ou sugerirão os exam es apropriados. A dor referida de origem torácica é frequentem ente acom panha da de im obilização do hem itórax afetado, com retardo respiratório e dim inuição das excursões m ais acentuados do que os observados n a presença de doença intra-abdom inal. Além disso, o aparente es pasm o m uscular abdom inal p ro d u zid o pela d o r referida reduz-se du ran te a inspiração, m as persistem du ran te am bas as fases respi ratórias se a dor tiver origem abdom inal. A palpação da região com d or referida no abdom e não costum a acentuar a d or e, em m uitos casos, parece até aliviá-la. C om frequência, doenças torácicas e ab dom inais coexistem , p odendo ser difícil ou im possível diferenciá-las. Por exemplo, o paciente com um a doença conhecida do trato biliar m uitas vezes apresenta d o r epigástrica d u ra n te o infarto do m iocárdio, ou a cólica biliar pode ser referida ao precórdio ou ao om bro esquerdo em um paciente que já sofra de angina de peito. Ver n o C ap ítu lo 1 1 a explicação sobre a irra d ia ç ã o d a d o r p a ra u m a área p reviam ente enferm a. A d o r referida proveniente da coluna vertebral, que h abitual m ente envolve com pressão ou irritação de raízes nervosas, é intensi ficada p o r certos m ovim entos, com o tosse, espirro ou esforço, e está associada à hiperestesia nos derm átom os envolvidos. A dor referida ao abdom e a partir dos testículos ou das vesículas sem inais costum a ser acentuada pela m ais leve com pressão desses órgãos. O desconfor to abdom inal é de caráter surdo e difuso.
■ CRISES ABDOMINAIS METABÓLICAS A d o r de origem m etabólica pode sim ular quase todos os tipos de doença intra-abdom inal. D iversos m ecanism os p odem atuar. Em certas situações, com o na hiperlipidem ia, a própria doença m etabó lica pode ser acom panhada de um processo intra-abdom inal, com o pancreatite, que, a m enos que seja identificado, pode levar à realiza ção desnecessária de laparotom ia. A deficiência do inibidor de C ’l esterase associada ao edem a angioneurótico está frequentem ente re lacionada com episódios de d or abdom inal intensa. Toda vez que a causa da dor abdom inal for obscura, deve-se considerar um a origem metabólica. A dor abdom inal tam bém é um a das m arcas da febre fa m iliar do M editerrâneo (Cap. 330). O problem a do diagnóstico diferencial m uitas vezes não é solu cionado rapidam ente. Em geral, é difícil distinguir a d or da porfiria e da cólica saturnina daquela causada p o r obstrução intestinal, visto que o hiperperistaltism o intenso é um a característica p roem inente de todas. A dor da urem ia ou do diabetes é inespecífica, sendo que a dor e a hipersensibilidade frequentem ente m udam de localização e de in tensidade. A acidose diabética pode ser precipitada p o r apendicite aguda ou p o r obstrução intestinal, de m odo que, se a correção das anorm alidades m etabólicas não pro d u zir alívio im ediato da dor ab dom inal, deve-se suspeitar de algum problem a orgânico subjacente. As picadas de aranha viúva-negra p roduzem dor intensa bem com o rigidez dos m úsculos abdom inais e do dorso, região raram ente afeta da nas doenças intra-abdom inais.
■ CAUSAS NEUROGÊNICAS A causalgia pode acom panhar doenças que danificam nervos senso riais. A dor tem caráter em queim ação e geralm ente lim ita-se à dis tribuição de determ inado nervo periférico. Estím ulos norm ais como toque ou m udança de tem peratura, p odem ser transform ados nesse tipo de dor, frequentem ente observada no paciente em repouso. A constatação de dor cutânea em áreas irregularm ente espaçadas pode ser a única indicação da presença de lesão nervosa antiga subjacente à dor causálgica. E m bora a d or possa ser precipitada p or palpação suave, não há rigidez dos m úsculos abdom inais, e a respiração não é afetada. A distensão do abdom e é incom um , e a d or não apresenta relação com a ingestão de alim entos. 110
A d or que se origina de nervos ou raízes espinais aparece e de saparece subitam ente, sendo do tipo lancinante (Cap. 15). Pode ser causada p or herpes-zóster, com pressão p o r artrite, tum ores, hérnia de núcleo pulposo, diabetes ou sífilis. Não está associada a ingestão de alim entos, distensão abdom inal ou alterações na respiração. O es pasm o m uscular intenso, com o o observado nas crises gástricas do tabes dorsalis, é com um , sendo, porém , aliviado ou, ao m enos, não agravado pela palpação do abdom e. A d or é agravada pelo m ovim en to da coluna vertebral e, em geral, lim ita-se a poucos derm átom os. A hiperestesia é m uito com um . A d or provocada p o r causas funcionais não obedece a nenhum dos padrões anteriorm ente m encionados. É difícil definir o m ecanis m o implicado. A síndrom e do intestino irritável (SII) é um distúrbio gastrintestinal funcional caracterizado p or dor abdom inal e alteração dos hábitos intestinais. Faz-se o-diagnóstico com base em critérios clínicos (Cap. 296) e após a exclusão de anorm alidades estruturais dem onstráveis. Os episódios de dor abdom inal m uitas vezes são de sencadeados p or estresse, e a dor varia nas suas natureza e localiza ção. Náuseas e vôm itos são raros. As causas da SII ou dos distúrbios funcionais relacionados são desconhecidas.
Dor abdominal São poucos os distúrbios abdom inais que exigem um a interven ção cirúrgica tão urgente a p onto de ser necessário abandonar um a abordagem sistem ática, independente de quanto o paciente esteja enferm o. Apenas os pacientes com hem orragia in tra-ab dom inal exsanguinante (p. ex., ru p tu ra de aneurism a) devem ser levados im ediatam ente à sala de cirurgia, m as, nesses casos, são necessários apenas alguns m inutos para avaliar a natureza crítica do problem a. Em tais circunstâncias, devem -se rem over todos os obstáculos, obter u m acesso venoso adequado à reposição hídrica e iniciar a cirurgia. M uitos desses pacientes já m orreram no servi ço de radiologia ou no pronto-socorro enquanto aguardavam exa m es desnecessários, com o eletrocardiogram as ou TC de abdome. Não existe contraindicação à cirurgia na presença de hemorragia intra-abdominal maciça. Felizmente, essa situação é relativam en te rara. Tais com entários não se aplicam à hem orragia digestiva, m uitas vezes tratável por outros m eios (Cap. 41). Nada poderá suplantar um a anamnese sistem ática e cuida dosam ente detalhada, m uito m ais valiosa do que qualquer exame laboratorial ou radiológico. A obtenção desse tipo de história é trabalhosa e dem orada, o que não a torna particularm ente p o pular, em bora, na m aioria dos casos, seja possível estabelecer um diagnóstico razoavelm ente preciso com base apenas na anamnese. O diagnóstico de dor abdom inal auxiliado p o r com putador não oferece qualquer vantagem sobre a avaliação clínica. Nos casos de d or abdom inal aguda, o diagnóstico é prontam ente definido na m aioria dos casos, enquanto o sucesso é m enos freqüente em pacientes com dor crônica. A SII é um a das causas mais com uns de dor abdom inal, devendo-se sem pre tê-la em m ente (Cap. 296). A localização da dor pode auxiliar a restringir o diagnóstico di ferencial (Q u a d ro 13.2); entretanto, a seqüência cronológica de eventos na história do paciente é, com frequência, m ais im por tante do que a localização da dor. Se o m édico tiver um a postura suficientem ente im parcial e desapressada, se form ular as pergun tas apropriadas e souber ouvir, o paciente geralm ente oferecerá o diagnóstico. Deve-se dedicar atenção especial às regiões extra-abdom inais que possam ser responsáveis pela dor abdominal. Na m ulher, um a história m enstruai precisa é imprescindível. O uso de narcóticos ou analgésicos não deve ser retardado até que se tenha estabelecido um diagnóstico definitivo ou elaborado um plano final; é improvável que a analgesia adequada obscureça o diagnóstico. D urante o exame físico, a inspeção crítica simples do pacien te, com o, p o r exemplo, a fácies, a posição no leito e a atividade respiratória, fornece indícios valiosos. A quantidade de inform a
QUADRO 13.2
Diagnóstico diferencial da dor abdominal pela localização Epigástrica
Quadrante superior esquerdo
Colecistite
Doença ulcerosa péptica
Infarto esplênico
Colangite
Gastrite
Ruptura esplênica
Pancreatite
DRGE
Abscesso esplênico
Pneumonia/empiema
Pancreatite
Gastrite
Pleurite/pleurodinia
Infarto do miocárdio
Úlcera gástrica
Abscesso subdiafragmático
Pericardite
Pancreatite Abscesso subdiafragmático
Quadrante superior direito
Hepatite
Ruptura de aneurisma aórtico
Síndrome de Budd-Chiari
Esofagite
Quadrante inferior direito
Periumbilical
Apendicite
Apendicite inicial
Diverticulite
Salpingite
Gastrenterite
Salpingite
Hérnia inguinal
Obstrução intestinal
Hérnia inguinal
Gravidez ectópica
Ruptura de aneurisma aórtico
Gravidez ectópica
Quadrante inferior esquerdo
Nefrolitíase
Nefrolitíase
Doença inflamatória intestinal
Síndrome do intestino irritável
Linfadenite mesentérica
Doença inflamatória intestinal
Tiflite
Dor difusa não localizada Gastrenterite
Diabetes
Isquemia mesentérica
Malária
Obstrução intestinal
Febre familiar do Mediterrâneo
Síndrome do intestino irritável
Doenças metabólicas
Peritonite
Doenças psiquiátricas
Nota: DRGE, doença do refluxo gastroesofágico.
ções reunidas é diretam ente proporcional à gentileza e dedicação do m édico. Se um paciente com inflam ação peritoneal tiver sido exam inado bruscam ente, a avaliação acurada pelo m édico seguin te torna-se quase impossível. É desnecessário e cruel pesquisar a hipersensibilidade de rebote (sinal de Blum berg) pela liberação súbita da palpação profunda em paciente com suspeita de peritonite. O btém -se a m esm a inform ação p o r m eio da percussão delicada do abdom e (isto é, sinal de Blum berg em m iniatura), m anobra que pode ser m uito m ais precisa e capaz de localizar o problem a. Pode-se identificar a hipersensibilidade de rebote p e dindo ao paciente que tussa, sem a necessidade de tocar no abdo me. Além disso, a dem onstração forçada de hipersensibilidade de rebote assusta e induz espasm o p ro teto r em pacientes nervosos ou preocupados m esm o na ausência do sinal de Blumberg. Um a vesícula biliar palpável pode passar despercebida se a palpação for brusca a ponto de o espasm o m uscular voluntário superpor-se à rigidez m uscular involuntária. C om o na anam nese, deve-se dispensar o tem po que for n e cessário para a realização do exame. Os sinais abdom inais podem ser m ínim os; entretanto, se forem a com panhados de sintom as consistentes, talvez sejam excepcionalm ente significativos. Os si nais abdom inais podem estar prática ou totalm ente ausentes nos casos de peritonite pélvica, de m odo que um exame pélvico e toque retal cuidadosos são imprescindíveis em todo paciente com dor ab dominal. A hipersensibilidade ao exame pélvico ou retal na ausên cia de outros sinais abdom inais pode ser causada p o r patologias de tratam ento cirúrgico, com o apendicite perfurada, diverticulite, torção de cisto ovariano e m uitas outras. M uita atenção tem sido dispensada à presença ou ausência de ruídos peristálticos, seu caráter e frequência. A ausculta do abdom e é um dos aspectos m enos frutíferos do exam e físico de
pacientes com d or abdom inal. Podem ocorrer catástrofes, com o obstrução do intestino delgado com estrangulam ento ou apendi cite perfurada, na presença de peristalse norm al. Por outro lado, quando a parte proxim al do intestino acim a de u m a obstrução torna-se acentuadam ente distendida e edem atosa, os ruídos p e ristálticos podem p e rd er as características de borborigm o, tornando-se fracos ou inaudíveis, m esm o quando não há peritonite. Em geral, é a peritonite quím ica grave de início súbito que está associada a um abdom e verdadeiram ente silencioso. A avaliação do grau de hidratação do paciente tam bém é im portante. Os exam es laboratoriais podem ser im portantes na avaliação do paciente com d or abdom inal; todavia, com poucas exceções, eles raram ente estabelecem u m diagnóstico. A leucocitose jam ais deve ser o único fator decisivo para in dicar ou não a cirurgia. Pode-se observar um a contagem de leucócitos > 2 0 .0 0 0 / | jlL na perfuração de um a víscera; contudo, pancreatite, colecistite agu da, doença inflam atória pélvica e infarto intestinal são quadros que podem estar associados a leucocitose acentuada. Não é raro obter um a contagem n orm al de leucócitos em casos de perfuração de vísceras abdom inais. O diagnóstico de anem ia pode ser mais im portante do que a contagem dos leucócitos, particularm ente quando com binado com a história clínica. O exam e de u rin a po d e revelar o grau de hidratação ou ex cluir um a doença renal grave, diabetes ou infecção urinária. Os níveis sanguíneos de ureia, a glicem ia e a bilirrubina sérica podem ser úteis. Os níveis séricos de am ilase podem estar aum entados em conseqüência de m uitas outras doenças que não a pancreatite, como, p o r exem plo, úlcera perfurada, obstrução intestinal com estrangulam ento e colecistite aguda; logo, as elevações nos níveis de amilase sérica não afastam a necessidade de cirurgia. A dosa gem da lipase sérica é m ais específica do que a da amilase sérica.
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
As radiografias sim ples de abdom e em posição orto stática ou em decúbito lateral podem ser úteis nos casos de obstrução intestinal, úlcera p erfu rad a e vários outros distúrbios. Em geral, são desnecessárias em pacientes com apendicite aguda ou com h é rn ia e xterna estrangulada. Em raros casos, a seriografia do trato gastrintestinal superior com bário ou contraste hidrossolúvel p ode revelar um a obstrução intestinal parcial que ten h a esca pado do diagnóstico po r outros m eios. Se houver a possibilidade de obstrução do colo, deve-se evitar a adm inistração oral de su l fato de bário. Por o u tro lado, nos casos suspeitos de obstrução do colo (sem perfuração), o clister opaco pode ser diagnóstico. N a ausência de traum atism o, a u ltrassonografia, a T C e a laparoscopia substituíram o lavado peritoneal com o in stru m e n to diagnóstico. A ultrassonografia m o stro u -se útil na detecção de aum ento da vesícula biliar ou do pâncreas, cálculos biliares, aum ento de ovário ou gravidez tubária. A laparoscopia é p a rti cularm ente útil para o diagnóstico de afecções pélvicas, com o cistos ovarianos, gravidez tubária, salpingite e apendicite aguda. A cintilografia hepatobiliar com ácido im inodiacético (H ID A ) ajuda a distinguir entre colecistite aguda e p ancreatite aguda. A T C p o d e revelar um pâncreas aum entado, ru p tu ra de baço ou espessam ento da parede do colo ou do apêndice, e estriação de m esocólon ou de m esoapêndice, característicos de diverticulite ou apendicite. Às vezes, m esm o na situação ideal, com todos os recursos com plem entares disponíveis e o m áxim o de habilidade clínica,
CAPÍTULO
14
Cefaleia Peter J. Goadsby Neil H. Raskin A cefaleia encontra-se entre as razões m ais com uns que levam p a cientes a p rocurar auxílio m édico. O diagnóstico e tratam ento b a seiam -se em um a abordagem clínica que é am plificada pelo conhe cim ento da anatom ia, fisiologia e farm acologia das vias do sistem a nervoso que m edeiam as várias síndrom es de cefaleia.
PRINCÍPIOS GERAIS O sistem a de classificação desenvolvido pela In tern a tio n a l H eadache Society caracteriza a cefaleia com o p rim á ria ou secundária (Q u a d ro 14.1). As cefaleias prim árias são aquelas em que a cefa leia e suas m anifestações associadas constituem o distúrbio em si, e nquanto as cefaleias secundárias são causadas p o r distúrbios exógenos. A cefaleia p rim ária frequentem ente resulta em considerável incapacidade e redução da qualidade de vida do paciente. A cefaleia secundária b randa, com o a observada em associação a infecções do trato respiratório superior, é com um , m as ra ra m en te preocupa. A cefaleia am eaçadora à vida é relativam ente incom um , m as é neces sário ter vigilância a fim de reconhecer e tra ta r de m an eira a p ro p riada os pacientes.
■ ANATOMIA E FISIOLOGIA DA CEFALEIA A dor em geral ocorre quando nociceptores periféricos são estim u lados em resposta a lesão tecidual, distensão visceral ou outros fato
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é im possível estabelecer um diagnóstico definitivo no m om ento do exam e inicial. E ntretanto, apesar da ausência de um diagnós tico anatôm ico claro, pode ser evidente, para um m édico e um cirurgião experientes e ponderados, a indicação de cirurgia com base apenas em critérios clínicos. Se essa decisão for duvidosa, a espera vigilante com inquirição e exam e físico repetidos frequen tem ente elucidará a verdadeira natureza da doença e indicará a conduta apropriada.
BIBLIOGRAFIA PF: Suspected acute appendicitis: Trends in management over 30 years. Br JSurg 88:1570, 2001 L y o n C , C l a r k I ) C : Diagnosis of acute abdominal pain in older patients. Am Fam Physician 74:1537,2006 M e r l i n M A et al: Evidence-based appendicitis: The initial work-up. Postgrad Med 122:189, 2010 S i l e n W: Copes Early Diagnosis o fth e A cute A bdôm en, 21st ed, New York and Oxford: Oxford University Press, 2005 T h o m a s SH, Silen W : Effect on diagnostic efficiency of analgesia for undifferentiated abdominal pain. Br J Surg 90:5, 2003 Jones
QUADRO 14.1
Causas comuns de cefaleia Cefaleia secundária
Cefaleia primária Tipo
%
69
Infecção sistêmica
63
16
Traumatismo craniano
4
Em punhaladas idiopática
2
Distúrbios vasculares
1
Aos esforços
1
Hemorragia subaracnóidea
4 h diárias
< 4 h diárias
Secundária
Enxaqueca crônica3
Cefaleia em salvas crônica0
Pós-traumática Traumatismo craniano latrogênica Pós-infecções
Cefaleia tensional crônica3
Hemicrania paroxística crônica
Inflamatória, como, por exemplo, Arterite de células gigantes Sarcoidose Síndrome de Behçet
Hemicrania contínua3
SUNCT/SUNA
Infecção crônica do SNC
Cefaleia diária persistente nova3
Cefaleia hípnica
Cefaleia por uso excessivo de medicamentos3
"Pode ser complicada por uso excessivo de analgésicos. “Alguns pacientes têm cefaleia por mais de 4 h/dia.
Nota: SUNA, crises de cefaleia neuralgiforme unilateral de curta duração e com sintomas au tônomos cranianos. SUNCT, crises de cefaleia neuralgiforme unilateral de curta duração com hiperemia conjuntival e lacrimejamento;
gem da enxaqueca ou da cefaleia tensional. O s tricíclicos são iniciados em doses baixas (10-25 m g) diariam ente e p odem ser a d m in istrad o s 12 h antes da h o ra esperada p ara acordar, a fim de evitar excesso de sono na m an h ã seguinte. Os anticonvulsi vantes, com o o topiram ato, valproato e gabap en tin a, tam b ém são úteis aos pacientes com enxaqueca. A flu n arizin a tam bém é m uito eficaz p ara alguns pacientes, assim com o a m etissergida ou a fenelzina.
CEFALEIA POR USO EXCESSIVO DE MEDICAMENTOS O uso excessivo de analgésicos para cefaleia pode agravar a frequência da doença e induzir um estado de cefaleia diária ou quase diária refratária cham ada de cefaleia por uso excessivo de medicamentos. Um a p ro porção de pacientes que deixa de tom ar analgésicos tem substan cial m elhora na intensidade e frequência de sua cefaleia. E ntretan to, m esm o após a suspensão do uso, m uitos pacientes continuam a apresentar cefaleia, em bora possam sentir-se clinicam ente m e lhores de algum a form a, especialm ente se estavam usando codeí na ou barbitúricos regularm ente. Os sintom as residuais provavel m ente representam o distúrbio de cefaleia subjacente. Tratamento do uso excessivo de medicamentos: pacientes am bula toriais Para os pacientes que fazem uso excessivo de m edica m entos é essencial que a utilização de analgésicos seja reduzida e depois elim inada. Uma abordagem é reduzir a dose do m edica m ento em 10% a cada 1-2 semanas. A suspensão im ediata do uso de analgésicos é possível para alguns pacientes, desde que não haja contraindicações. A m bas as abordagens são facilitadas pelo uso de um diário m antido durante 1 ou 2 m eses antes da suspensão, o que ajuda a identificar o tam anho do problem a. U m a pequena dose de AINEs, com o naproxeno, 500 m g 2x/dia se tolerado, aju da a aliviar a d or residual à m edida que o analgésico é reduzido. O uso excessivo de AIN Es não costum a ser um problem a para pacientes com cefaleia diária quando a dose é tom ada 1 ou 2x/ dia; entretanto, problem as de uso excessivo p odem desenvolver-se com esquem as de doses m ais freqüentes. Após o paciente ter re duzido substancialm ente o uso do analgésico, deve-se introduzir um m edicam ento profilático. Deve-se enfatizar que os profiláticos geralmente não funcionam na presença de uso excessivo de anal gésicos. A causa m ais com um de refratariedade ao tratam ento é a utilização de um profilático enquanto os analgésicos continuam a ser usados regularm ente. Para alguns pacientes, a suspensão dos analgésicos é m uito difícil; m uitas vezes, a m elhor abordagem é inform ar diretam ente o paciente de que algum grau de d or é ine vitável durante este período inicial. Tratamento do uso excessivo de medicamentos: pacientes hospita lizados A lguns pacientes necessitam de hospitalização p ara de sintoxicação. Estes pacientes já ten ta ra m re tirar os m ed ic am en tos no tratam ento am bulatorial sem sucesso ou têm um distúrbio clínico significativo, com o diabetes m elito, que co m plicaria a suspensão dos m edicam entos em am bulatório. A pós a in te rn a ção, os m edicam entos agudos são com pletam ente retirad o s no p rim e iro dia, caso não haja contraindicações. O s antiem éticos e líquidos são ad m in istrad o s q u a n d o necessário; a clonidina é usada para os sintom as de ab stinência de opiáceos. Para a d or aguda intolerável d u ra n te as horas em que se está acordado, o ácido acetilsalicílico intravenoso, 1 g (não aprovado nos EUA), é útil. A clorprom azina intram uscular po d e ser útil à noite; os p a cientes têm de ser adequadam ente hidratados. Três a cinco dias após a adm issão, à m edida que o efeito da substância retirad a é estabelecido, pode-se utilizar um esquem a de diid ro erg o tam in a
I Primária
Secundária
Tipo enxaqueca
Hemorragia subaracnóidea
Sem manifestações (tensional)
Cefaleia por baixo volume de LCS Cefaleia por hipertensão liquórica Cefaleia pós-traumática* Meningite crônica
Inclui formas pós-infecciosas.
(D H E) intravenosa. A DH E, a d m in istrad a 8/8 h d u ran te 5 dias consecutivos, pode in d u zir significativa rem issão, possibilitando estabelecer um tratam e n to preventivo. A ntagonistas de 5-H T ,, com o o o n d an setro n ou g ranisetron, frequentem ente são neces sários com a D H E para evitar náuseas significativas e dom perido n a (não aprovado nos E stados U nidos) p o r via oral o u supositório pode ser útil. CEFALEIA DIÁRIA PERSISTENTE NOVA A cefaleia diária persistente nova (CD PN ) é um a síndrom e clinicam ente distinta; o Q u a d ro 14.11 cita suas causas.
CAPÍTULO 14
TRATAMENTO DA CEFALEIA DIÁRIA CRÔNICA INCAPACITANTE CLINICA MENTE INTRATÁVEL O tratam ento de cefaleia clinicam ente in tra tável é difícil. Neste m om ento, a única abordagem prom issora é a estim ulação do nervo occipital, que parece m od u lar o processa m ento talâm ico na enxaqueca e torna-se cada vez m ais prom issor para a cefaleia em salvas crônica, SU N CT/SU N A e h em icrania contínua (ver adiante).
QUADRO 14.11 Diagnóstico diferencial da cefaleia diária persistente nova
91
Apresentação clínica O paciente com C D PN apresenta-se com cefaleia n a m aioria dos dias, senão em todos, e o paciente co n segue lem brar claram ente, e de com frequência de m aneira vivi da, o m om ento do início. A cefaleia geralm ente com eça de m odo abrupto, m as o início pode ser m ais gradual; a evolução durante 3 dias foi proposta com o o lim ite m áxim o para esta síndrom e. Os pacientes lem bram o dia exato e as circunstâncias do início da ce faleia; a d or de cabeça nova e persistente não dim inui. A prim eira prioridade é distinguir entre causas prim árias e secundárias para esta síndrom e. A hem orragia subaracnóidea é a m ais grave das causas secundárias e tem de ser excluída pela história ou po r in vestigação apropriada (Cap. 275). CDPN secundária Cefaleia por baixo volume de LCS Nestas síndrom es, a cefaleia é posicionai: com eça quando o paciente se senta ou fica na posição ortostática, e desaparece q u ando se deita. A dor, que é occipitofrontal, costum a ser u m a d or m açante, m as pode ser latejante. Os pacientes com cefaleia crônica p o r baixo volum e de LCS apresen tam -se com história de cefaleia de u m dia p ara o outro, que geral m ente não está presente quando se acorda, m as piora durante o dia. Em geral a posição deitada m elhora a cefaleia em um período de m inutos, porém a d or leva apenas alguns m inutos até 1 h para retornar quando o paciente volta à posição ortostática. A causa m ais com um de cefaleia p o r baixo volum e de LCS persistente é o extravasam ento de LCS após punção lom bar (PL). A cefaleia pós-PL em geral com eça em um período de 48 h, m as pode ser retardada p o r até 12 dias. Sua incidência situa-se entre 10 e 30%. Bebidas com cafeína podem fornecer alívio tem porário. Além da PL, os eventos-índice p o d em incluir injeção extradural ou m anobra de Valsalva vigorosa, com o as de elevação, esforço, tosse, lim peza das tubas auditivas em u m avião ou orgasm os m úl tiplos. E xtravasam entos espontâneos de LCS são bem reconheci dos, e o diagnóstico deve ser considerado sem pre que a história de cefaleia for típica, m esm o quando não há evento-índice evidente. A m edida que o tem po passa, a p a rtir do evento-índice, a n a tu reza postural pode to rn ar-se m enos evidente; casos nos quais o evento-índice ocorreu vários anos antes do diagnóstico eventual foram reconhecidos. O s sintom as parecem resultar do baixo vo lum e e não da pressão baixa: em bora se identifiquem pressões de LCS baixas, 0 a 50 m m H 20 , um a pressão de até 140 m m H 20 foi observada com extravasam ento docum entado.
125
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Figura 14.5 Ressonância magnética mostra captação meníngea difu sa após administração de gadolínio em paciente com cefaleia por baixo volume de LCS.
A síndrom e de taquicardia ortostática postural [STOP (Cap. 375)] pode apresentar-se com cefaleia ortostática sem elhante à cefaleia de baixo volum e de LCS, e é um diagnóstico que precisa ser considerado aqui. Q u a n d o o exam e de im agem é indicado p a ra identificar a fonte de um suposto extravasam ento, a RM com gadolínio é o exam e inicial de escolha (Fig. 14.5). U m p a d rã o m arcante de captação difusa de co n traste pela m eninge é tão típico que no contexto clínico a p ro p ria d o o d iagnóstico é estabelecido. As m alform ações de C hiari às vezes são observadas na RM; nestes casos, a cirurgia para desco m p rim ir a fossa p o ste rio r em geral p iora a cefaleia. A RM de colu n a vertebral p o n d e ra d a em T2 po d e revelar um vazam ento e a RM da c oluna vertebral pode d em o n strar cistos m eníngeos espinais cujo papel nessas síndro m es a inda tem de ser elucidado. A origem do extravasam ento de LCS po d e ser identificada p o r RM da coluna vertebral, TC e cada vez m ais com m ielogram a p o r RM ou com estudos de LCS com In m -DTPA; na ausência de um local diretam en te identifi cado de extravasam ento, o esvaziam ento precoce do m arcador In lu -DTPA para a bexiga ou o avanço lento do m arcad o r por m eio do cérebro sugerem extravasam ento de LCS. O tratam ento inicial da cefaleia por baixo volum e de LCS é repouso no leito. Para os pacientes com dor persistente, a cafeína intravenosa (500 m g em 500 m - de solução salina adm inistra da durante 2 h) pode ser m uito eficaz. Deve-se realizar um ECG para triagem de arritm ia antes da adm inistração. É razoável a d m inistrar pelo m enos duas infusões de cafeína antes de realizar exames adicionais para identificar a origem do extravasam ento de LCS. Pelo fato de a cafeína ser segura e poder ser curativa, poupa m uitos pacientes da necessidade de investigações adicionais. Se não forem bem -sucedidas, um a cinta abdom inal pode ser útil. Se um extravasam ento pu d er ser identificado, um patch sanguíneo autólogo geralm ente é curativo. Um patch sanguíneo tam bém é eficaz para cefaleia pós-PL; neste caso, a localização é empiricam ente determ inada com o o local de PL. Nos pacientes com dor intratável, a teofilina oral é um a alternativa útil; entretanto, seu efeito é m enos rápido que o da cafeína. C efaleia p o r h ip e rte n s ã o liq u ó ric a A h ip e rte n s ã o liquórica é bem -reconhecida com o causa de cefaleia. U m exam e de imagem do cérebro com frequência revela a causa, com o u m a lesão ex pansiva. A C D P N causada p o r h ip erten são liquórica pode ser
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o sintom a de apresentação para pacientes com h ipertensão in tracran ian a idiopática (pseu d o tu m o r cerebral) sem problem as visuais, p a rticu la rm e n te q u an d o o exam e de fu n d o -d e-o lh o é norm al. A pressão in tracraniana persistentem ente elevada pode desencadear enxaqueca crônica. Estes pacientes apresentam -se com histó ria de cefaleia generalizada que está presente ao d es p e rta r e m elh o ra à m ed id a que o dia passa. G eralm ente piora em decúbito. O bscurecim entos visuais são freqüentes. O diag nóstico é relativam ente direto na presença de papiledem a, mas a possibilidade tem de ser considerada m esm o em pacientes sem alterações fundoscópicas. O exam e form al dos cam pos visuais deve ser realizado m esm o n a ausência de envolvim ento oftálm ico franco. A cefaleia ao se levantar de m an h ã ou a cefaleia n o tu rn a tam bém são típicas da apneia obstrutiva do sono ou de hipertensão arterial m al controlada. A avaliação dos pacientes suspeitos de hipertensão liquórica requer exame de im agem do cérebro. É m ais eficiente obter p ri m eiro um a RM, incluindo angiorressonância m agnética (ARM) venosa. Se não houver contraindicações, a pressão liquórica deve ser m edida à PL, o que deve ser feito quando o paciente está sinto mático, de m odo que tanto a pressão quanto a resposta à remoção de 20-30 m - de LCS possam ser determ inadas. U m a pressão de abertura elevada e m elhora da cefaleia após a rem oção do LCS são diagnosticas. O tratam ento inicial é feito com acetazolam ida (250-500 mg 2x/dia); a cefaleia pode m elhorar em um p eríodo de semanas. Se ineficaz, o topiram ato é o próxim o tratam ento de escolha; há m uitas ações que podem ser úteis neste caso, com o a inibição da anidrase carbônica, perda de peso e estabilização da m em brana neuronal, provavelm ente m ediada p or m eio dos efeitos nas vias de fosforilação. Os pacientes gravem ente incapacitados que não respondem ao tratam en to clínico requerem m onitoram ento da pressão intracraniana, podendo requerer derivação liquórica. Cefaleia p ó s-tra u m á tica Um evento traum ático pode desencade ar um processo de cefaleia que dura m uitos m eses ou anos após o evento. O term o traum atism o é usado em sentido bem amplo: a cefaleia pode desenvolver-se após um a pancada na cabeça, mas tam bém pode surgir após um episódio infeccioso, m eningite vi ral, doença gripai ou parasitose. As queixas de tontura, vertigem e perda de m em ória podem acom panhar a cefaleia. Os sintomas podem desaparecer após várias sem anas ou persistir durante m e ses e m esm o anos após a lesão. O exame neurológico é norm al, e a TC ou RM não é reveladora. H em atom a subdural crônico às vezes sim ula este distúrbio. Em um a série, 33% dos pacientes com CD PN relataram cefaleia que começa após um a doença gripai transitória caracterizada p o r febre, rigidez de nuca, fotofobia e m al-estar acentuado. A avaliação não revela nenhum a causa apa rente para cefaleia. N ão há evidências convincentes de que a in fecção po r Epstein-B arr persistente desem penhe um papel nesta síndrom e. Um fator com plicador é que m uitos pacientes se sub m etem à PL durante a doença aguda; a cefaleia iatrogênica por baixo volum e de LCS tem de ser considerada nestes casos. A cefa leia pós-traum ática tam bém pode ser observada após a dissecção da carótida e hem orragia subaracnóidea, bem com o após cirurgia intracraniana. O tem a subjacente parece ser que um evento trau m ático envolvendo as m eninges que produz dor p ode desencade ar um quadro de cefaleia que dura m uitos anos. O tratam en to é am plam ente em pírico. O s antidepressivos tricíclicos, sobretudo a am itriptilina, e anticonvulsivantes como o topiram ato, valproato e gabapentina foram usados com benefício relatado. O IM AO fenelzina tam bém pode ser útil em pacientes cuidadosam ente selecionados. A cefaleia em geral se resolve em 3-5 anos, m as pode ser bastante incapacitante. CDPN primária A CD PN prim ária ocorre em hom ens e m ulhe res. Pode ser do tipo enxaqueca, com características sugestivas, ou desacom panhada de m anifestações, surgindo com o CT de iní cio recente (Q uadro 14.11). As m anifestações de enxaqueca são
com uns e consistem em cefaleia unilateral e d or latejante; cada m anifestação está presente em cerca de 33% dos pacientes. N áu seas, fotofobia e/ou fonofobia ocorrem em m etade dos pacientes. Alguns pacientes têm história prévia de cefaleia; entretanto, a p ro porção de pessoas acom etidas pela CD PN com enxaqueca pree xistente não é m aior do que a frequência de enxaqueca na p o p u lação geral. Após 24 meses, aproxim adam ente 86% dos pacientes deixam de ter cefaleia. O tratam ento da C D PN prim ária do tipo enxaqueca consiste em usar as terapias preventivas eficazes para enxaqueca (Q uadro 14.7). A CDPN sem m anifestações é um a das form as de cefaleia prim ária m ais refratárias ao tratam ento. As te rapias preventivas com uns podem ser oferecidas, m as frequente m ente são ineficazes.
evitá-la p ro c u ra n d o não tossir ou ter outros eventos precipitantes, que podem incluir espirros, esforço, riso ou agacham ento. Em todos os pacientes com esta síndrom e, etiologias graves têm de ser excluí das antes que um diagnóstico de cefaleia prim ária da tosse “benigna” possa ser estabelecido. U m a m alform ação de C hiari ou qualquer le são que cause obstrução das vias de LCS ou desloque estruturas ce rebrais podem ser a causa da cefaleia. O utros distúrbios que podem apresentar-se com a cefaleia da tosse ou aos esforços com o sintom a inicial incluem aneurism a cerebral, estenose da carótida e doença vertebrobasilar. A cefaleia da tosse benigna pode assem elhar-se à ce faleia aos esforços benigna (adiante), porém os pacientes com o p ri m eiro distúrbio são m ais velhos.
TRATAMENTO ■ OUTRAS CEFALEIAS PRIMÁRIAS Hemicrania contínua As características essenciais da hem icran ia co n tín u a são d o r u n i lateral m oderada e contínua associada a oscilações de d or intensa; resolução com pleta da d or com indom etacina; e exacerbações que podem ser associadas a m anifestações autonôm icas, com o hiperem ia conjuntival, lacrim ejam ento e fotofobia no lado afetado. A idade de início varia de 11-58 anos; as m ulheres são acom etidas duas vezes mais frequentem ente que os hom ens. A causa é desconhecida.
TRATAMENTO
Hemicrania contínua
O tratam ento é com indom etacina; outros A IN E parecem trazer pouco ou n en h u m benefício. U m a injeção in tram u scu lar de 100 m g de indom etacina foi proposta com o recurso diagnóstico; e a adm inistração com um a injeção de placebo em m o d o cego pode ser m uito útil diagnosticam ente. C om o alternativa, u m a prova terapêutica com indom etacina oral, com eçando com 25 m g 3x/ dia, depois 50 m g 3x/dia e, em seguida, 75 m g 3x/dia, p o d e ser tentada. Podem ser necessárias até duas sem anas com dose m á xim a p ara avaliar se u m a dose é eficaz. O to p ira m ato é útil em alguns pacientes. A estim ulação do nervo occipital po d e ter um papel nos pacientes com h em icran ia c o n tín u a que n ão toleram a indom etacina.
Cefaleia primária em punhaladas As características essenciais da cefaleia p rim á ria em p u n h a la d as são d o r em punhaladas restritas à cabeça ou, raram ente, à face, que du ram de 1 a m uitos segundos ou m in u to s e o co rrem com o um a única punhalada ou um a série delas; ausência de características au tonôm icas cranianas; ausência de gatilhos cutâneos das crises; e um pad rão de recorrência em intervalos irregulares (horas a dias). As dores foram descritas de m aneiras variadas com o “dores do furador de gelo” ou “estocadas e solavancos”. São m ais com uns em pacientes com outras cefaleias prim árias, com o a enxaqueca, as CAT e a h e m i crania contínua.
TRATAMENTO
Cefaleia primária da tosse
A indom etacina, 25-50 m g, 2 ou 3x/dia, é o tratam ento de esco lha. A lguns pacientes com cefaleia da tosse obtêm alívio da dor com PL; esta é um a opção sim ples quando com parada com uso prolongado de indom etacina, sendo eficaz em cerca de 33% dos pacientes. O m ecanism o de tal resposta é obscuro.
Cefaleia primária aos esforços A cefaleia prim ária aos esforços tem características sem elhantes às da cefaleia da tosse e da enxaqueca. Pode ser precipitada p or qualquer form a de exercício; frequentem ente tem a característica de latejam ento da enxaqueca. A dor, que pode d u rar 5 m in ou 24 h, é bilateral e latejante no início; as características da enxaqueca podem desen volver-se em pacientes suscetíveis. A cefaleia p rim ária aos esforços pode ser prevenida evitando esforços excessivos, p articularm ente em climas quentes ou altas altitudes. O m ecanism o de cefaleia p rim ária aos esforços é desconhecido. A distensão venosa aguda provavelm ente explica um a das síndrom es, o início agudo de cefaleia com esforço e com a suspensão da respira ção, com o na cefaleia do halterofilista. C om o o esforço pode resultar em cefaleia em diversos distúrbios subjacentes graves, estes devem ser considerados em pacientes com cefaleia aos esforços. A dor da angina pode ser referida na cabeça, provavelm ente p or conexões cen trais de aferentes vagais, p o d e n d o apresentar-se com o cefaleia aos esforços (cefalgia cardíaca). A ligação com exercícios é o principal indício clínico de origem cardíaca. O feocrom ocitom a às vezes causa cefaleia aos esforços. As lesões intracranianas e estenose das artérias carótidas são outras etiologias possíveis.
TRATAMENTO
Cefaleia primária aos esforços
Os esquem as de exercícios devem com eçar m odestam ente e p ro gredir gradualm ente para níveis m ais altos de intensidade. A in dom etacina em doses diárias de 25-150 m g geralm ente é eficaz na cefaleia aos esforços benigna. A in dom etacina (50 mg), ergo tam ina (1 m g VO), d iidroergotam ina (2 m g p o r spray nasal) ou m etissergida (1-2 m g VO adm inistrados 30-45 m inutos antes do exercício) são m edidas profiláticas úteis.
Cefaleia primária em punhaladas
A resposta da cefaleia prim ária em punhaladas à indom etacina (25-50 m g 2 ou 3x/dia) costum a ser excelente. De um m odo ge ral, os sintom as vêm e vão, e, após u m perío d o de controle com indom etacina, é apropriado suspender o tratam en to bem com o observar o resultado.
Cefaleia primária da tosse A cefaleia prim ária da tosse é um a cefaleia generalizada que começa subitam ente, dura vários m inutos e é precipitada p o r tosse; pode-se
Cefaleia primária do coito A cefaleia associada à atividade sexual é precipitada pela excitação sexual. A d or em geral com eça com o cefaleia bilateral surda que subi tam ente se torna intensa no orgasm o. Pode ser evitada ou m elhorada com a interrupção da atividade sexual antes do orgasm o. Três tipos de cefaleia associada à atividade sexual são relatados: d o r surda na cabeça e pescoço que se intensifica à m edida que aum enta a excitação sexual; cefaleia súbita, explosiva e intensa que ocorre no orgasm o; e cefaleia postural que se desenvolve após o coito e é sem elhante à ce faleia da hipotensão liquórica. E sta últim a surge da atividade sexual vigorosa, sendo um a form a de cefaleia p o r pressão liquórica baixa.
As cefaleias que se desenvolvem no m om ento do orgasm o nem sem pre são benignas; 5 a 12% dos casos de hem orragia subaracnóidea são precipitados pela relação sexual. A cefaleia do coito é relatada p o r hom ens m ais frequentem ente que p o r m ulheres e pode ocorrer em qualquer m om ento durante os anos de atividade sexual. Pode d e senvolver-se em várias ocasiões em sucessão e depois não pertu rb ar m ais o paciente m esm o sem m udança evidente da atividade sexual. Nos pacientes que interrom pem a atividade sexual q u ando a cefa leia é observada pela prim eira vez, a d or pode desaparecer em um p eríodo de 5 m in até 2 h. Em m etade dos pacientes, a cefaleia do coito desaparece em 6 meses. M etade dos pacientes com cefaleia do coito apresenta história de cefaleia aos esforços, m as não há m aior frequência de cefaleia da tosse. A enxaqueca provavelm ente é m ais com um em pacientes com cefaleia do coito.
TRATAMENTO
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 128
Cefaleia primária do coito
As cefaleias do coito benignas recorrem de m an eira irregular e infrequente. O tratam en to frequentem ente pode ser lim itado à orientação e ao aconselham ento para interrom per a atividade se xual se surgir um a cefaleia branda, de advertência. O propranolol pode ser usado para evitar a cefaleia que recorre regularm ente ou com frequência, m as a dose necessária varia de 40-200 m g/dia. Uma alternativa é o agente b loqueador dos canais de cálcio diltiazém, 60 m g 3x/dia. A ergotam ina (1 mg) ou indom etacina (25-50 mg) adm inistradas 30-45 m inutos antes da atividade sexual p o dem ser úteis.
Cefaleia primária em raio O início súbito de cefaleia intensa pode ocorrer na ausência de qual quer provocação conhecida. O diagnóstico diferencial inclui o sangram ento-sentinela de um aneurism a intracraniano, dissecção arterial cervicocefálica e trom bose venosa cerebral. As cefaleias de início ex plosivo tam bém podem ser causadas pela ingestão de fárm acos simpaticom im éticos ou de alim entos que contêm tiram ina em um paciente que está usando IMAO, ou podem ser um sintom a de feocrom ocitoma. Não se sabe se a cefaleia em raio pode ser a apresentação de um aneurism a cerebral não rompido. Q uando os exames de neuroim agem e a PL excluem hem orragia subaracnóidea, os pacientes com cefaleia em raio em geral ficam bem po r um longo tem po. Em um estudo de pacientes cuja TC e achados de LCS foram negativos, aproxim adam en te 15% tiveram episódios recorrentes de cefaleia em raio, e quase m eta de depois manifestou enxaqueca ou cefaleia tensional. A prim eira apresentação de qualquer cefaleia grave de início sú bito deve ser vigorosam ente investigada com neuroim agem (TC ou, quando possível, RM com angiografia p o r RM) e exam e do LCS. A angiografia cerebral form al deve ser reservada aos casos nos quais nenhum diagnóstico prim ário está disponível e para situações clín i cas particularm ente sugestivas de aneurism a intracraniano. A vasoconstrição cerebral segm entar reversível pode ser observada na cefa leia em raio prim ária sem aneurism a intracraniano. N a presença de leucoencefalopatia posterior, o diagnóstico diferencial inclui angiite
cerebral, toxicidade de fárm aco (ciclosporina, m etotrexato/citarabina intratecal, pseudoefedrina ou cocaína), efeitos pós-transfusão e angiopatia pós-parto. O tratam ento com nim odipina pode ser útil, em bora por definição a vasoconstrição da cefaleia prim ária em raio resolva-se espontaneam ente.
Cefaleia hípnica Esta síndrom e de cefaleia com eça algum as horas após o início do sono. As cefaleias d uram 15-30 m inutos e, são m oderadam ente gra ves e generalizadas, m as p odem ser unilaterais e latejantes. Os p a cientes podem relatar volta ao sono apenas p ara serem acordados por um a nova crise algum as horas m ais tarde; até três repetições deste padrão ocorrem durante a noite. Cochilos durante o dia tam bém p o dem precipitá-la. A m aioria dos pacientes é do sexo fem inino, e o início em geral ocorre após os 60 anos de idade. As cefaleias, em sua m aioria, são bilaterais, m as podem ser unilaterais. A fotofobia ou fo nofobia e náuseas costum am estar ausentes. A principal consideração secundária neste tipo de cefaleia é a hipertensão arterial mal contro lada; o m onitoram ento da pressão arterial de 24 h é recom endado para detectar este distúrbio tratável.
TRATAMENTO
Cefaleia hípnica
Os pacientes com cefaleia hípnica geralm ente respondem a um a dose de carbonato de lítio (200-600 m g) na hora de dorm ir. Para os intolerantes ao lítio, verapam il (160 mg) ou m etissergida (1-4 m g ao dorm ir) podem ser estratégias alternativas. Uma ou duas xícaras de café ou cafeína, 60 m g VO, ao d o rm ir são eficazes em 33% dos pacientes. Os relatos de casos sugerem que a flunarazina, 5 m g todas as noites, pode ser eficaz.
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L ance
2005
CAPÍTULO
15
C urvatura cervical
C ervical (7) -<
Dor nas Costas e no Pescoço
V r
John W. Engstrom Richard A. Deyo A im portância da dor nas costas e no pescoço em nossa sociedade é ressaltada pelo seguinte: (1) nos EUA, estim a-se que o custo da dor nas costas ultrapasse 100 bilhões de dólares p o r ano; aproxim ada m ente uns 33% desses custos são despesas com assistência direta à saúde e o restante corresponde a custos indiretos resultantes da p e r da de salários e produtividade; (2) os sintom as relacionados com o dorso são a causa m ais com um de incapacidade em pacientes com m enos de 45 anos de idade; (3) a lom balgia é a segunda razão m ais com um para consultas m édicas nos EUA; e (4) cerca de 1% da p o p u lação norte-am ericana tem incapacidade crônica devido à dorsalgia.
C u rva tu ra torácica Torácica (12) -<
C urvatura lom bar
Lom bar (5) -<
C urvatura sacral
Sacro C óccix Vista anterior
Vista lateral direita
Figura 15.2 Coluna vertebral. (De A Gauthier Cornuelle, DH Gronefeld: Radiographic Anatomy Positioning. New York, McGraw-HilI, 1998; com autorização.)
Dor nas Costas e no Pescoço
ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL A parte anterior da coluna consiste em corpos vertebrais cilíndricos separados p or discos intervertebrais e m antidos unidos pelos liga m entos longitudinais anterior e posterior. Os discos intervertebrais com põem -se de um núcleo pulposo gelatinoso central, circundado por um anel cartilaginoso resistente, o ânulo fibroso. Os discos são responsáveis p or 25% da extensão da coluna vertebral e perm item que as vértebras ósseas m ovim entem -se com facilidade um as sobre as outras (Figs. 15.1 e 15.2). O ressecam ento do núcleo pulposo e a degeneração do ânulo fibroso aum entam com a idade e resultam em perda da estatura. Os discos são m aiores nas regiões cervical e lom bar, onde os m ovim entos da coluna se fazem m ais amplos. As funções da coluna anterior são absorver o choque dos m ovim entos corporais, com o a deam bulação e corrida, e proteger o conteúdo do canal espinal. A parte posterior da coluna consiste nos arcos e processos ver tebrais. C ada arco consiste em um par de pedículos cilíndricos a n teriorm ente e um par de lâm inas posteriorm ente. O arco vertebral tam bém dá origem a dois processos transversos lateralm ente, um processo espinhoso posteriorm ente, m ais duas facetas articulares su periores e duas inferiores. A justaposição de um a faceta superior em
um a inferior constitui a articulação facetária. As funções da coluna posterior são proteger a m edula espinal e os nervos dentro do canal vertebral, bem com o fornecer um a âncora para a inserção de m ú s culos e ligam entos. A contração dos m úsculos fixados aos processos espinhosos e transversos e lâm inas funciona com o um sistem a de polias e alavancas que resulta nos m ovim entos de flexão, extensão e inclinação lateral da coluna vertebral. Um a lesão de raiz nervosa (radiculopatia) é um a causa com um de d or no pescoço, no braço, na região lom bar, nas nádegas e pernas (Figs. 23.2 e 23.3). As raí Posterior Posterior Anterior zes nervosas saem em um nível acim a de seus respectivos corpos Incisura vertebral P rocesso a rticu la r vertebrais na região cervical (p. superior su p e rio r ex., a raiz nervosa C7 sai no n í Foram e vel de C6-C7) e abaixo de seus in tervertebral Lamina P rocesso respectivos corpos vertebrais nas transverso regiões torácica e lom bar (p. ex., a raiz nervosa T I sai no nível de T1-T2). As raízes nervosas cervi Processo e spinhoso cais seguem um trajeto intraverDisco tebral curto antes de saírem. Em in tervertebral contraste, com o a m edula espi P edículo P rocesso nal term ina no nível vertebral de transverso LI ou L2, as raízes nervosas lom C orpo bares seguem um longo trajeto in tra v e rte b ra l e p o d e m sofrer C orpo Canal espinal lesão em qualquer ponto, desde a coluna lom bar superior até sua Incisura vertebral P rocesso saída no foram e intervertebral. in fe rio r (faceta) inferior Por exemplo, um a hérnia de dis A Anterior b co no nível de L4-L5 pode oca sionar com pressão da raiz nervo Figura 15.1 Anatom ia vertebral. (De A Gauthier Cornuelle, DH Gronefeld: Radiographic Anatomy Positioning. New York, sa SI transversa (Fig. 15.3). McGraw-HilI, 1998; com autorização.)
129
4 o pedículo lom bar
C orpo da 4a v é rte b ra lom bar
R aiz L4
D isco L4-L5 em protrusão C o rp o da 5a vé rte b ra lom bar R aiz L5 D isco L5-S1 em protrusão R aiz S1
Cu
Figura 15.3 Compressão das raízes L5 e S1 por discos herniados. (DeAdams e Victor's Principies ofNeurology, 9th ed. New York, McGraw-HilI, 2009; com autorização.)
A s estruturas da coluna vertebral sensíveis à d o r incluem o periósteo do corpo vertebral, a dura-m áter, as facetas articulares, o anel fibroso do disco intervertebral, as veias e artérias epidurais e o liga m ento longitudinal posterior. A doença dessas estru tu ras diversas p o d e explicar m uitas causas de do r nas costas sem com pressão de raiz nervosa. O núcleo pulposo do disco intervertebral não é sensível à d or em condições norm ais. A sensibilidade à d o r dentro do canal vertebral é parcialm ente proporcionada pelo nervo sinovertebral, que se origina do nervo vertebral em cada segm ento da coluna e penetra novam ente no canal vertebral através do foram e intervertebral no m esm o nível.
lom bar superior, a do r tende a ser referida para a região lombar, virilha ou face an terio r das coxas. As doenças que acom etem a coluna lom bar inferior tendem a causar d or referida para as náde-
QUADRO 15.1 Lombalgia aguda: fatores de risco devido a causa estrutural importante História Dor piora em repouso ou à noite História anterior de câncer
Dorsalgia
História de infecção crônica (especialmente pulmonar, urinária, cutânea) História de traumatismo
TIPOS DE DORSALGIA
A com preensão sobre a natureza da d or d escrita pelo paciente é a p rim e ira etapa essencial. A atenção tam bém deve concentrar-se na identificação dos fatores de risco associados a doenças graves subjacentes; a causa da m aioria delas é radiculopatia, fratura, tum or, infecção ou dor referida em estru turas viscerais (Q uadro 15.1). A dor local é causada p or lesão de estruturas sensíveis à dor que com prim em ou irritam as term inações nervosas sensoriais. O local da dor é próxim o à parte acom etida do dorso. A dor referida ao dorso pode originar-se de vísceras abdom i nais ou pélvicas. Em geral, a do r é descrita com o prim ariam ente abdom inal ou pélvica, sendo, porém , acom panhada de d or nas costas e não costum a ser afetada pela postura. Às vezes, o paciente queixa-se unicam ente de dor nas costas. A dor de origem vertebral po d e ser localizada nas costas ou referida às nádegas ou pernas. Nas doenças que afetam a coluna
130
Incontinência Idade > 70 anos Uso de fármaco intravenoso Uso de glicocorticoide História de déficit neurológico rapidamente progressivo
Exame Febre inexplicada Perda de peso inexplicada Sensibilidade à percussão sobre a coluna Massa abdominal, retal ou pélvica Sinal de Patrick ou sinal de percussão do calcanhar Sinais de elevação da perna estendida ou da perna estendida inverso Déficit neurológico focal progressivo
EXAME DO DORSO
Recom enda-se um exam e físico que inclua o abdom e e reto. A dor nas costas referida de órgãos viscerais pode ser reproduzida d u ra n te a palpação do abdom e [pancreatite, aneurism a da aorta abdom inal (AAA)] ou percussão dos ângulos costovertebrais (pielonefrite). A coluna vertebral norm al exibe um a lordose cervical e lom bar, bem com o cifose torácica. A exacerbação desses alinham en tos norm ais pode resultar em hipercifose da coluna torácica ou hiperlordose da coluna lombar. A inspeção pode revelar um a c ur vatura lateral da coluna (escoliose) ou assim etria na proem inência dos m úsculos paravertebrais, sugerindo espasm o m uscular. A dor no dorso que se origina na coluna óssea costum a ser reproduzida po r palpação ou percussão sobre os processos espinhosos das vér tebras acom etidas. O espasm o dos m úsculos paravertebrais com frequência li m ita o encurvam ento para a frente, p o d en d o aplanar a lordose lom bar usual. A flexão dos quadris é norm al em pacientes com doença da coluna lom bar, porém a flexão da coluna lom bar se m ostra lim itada, sendo às vezes dolorosa. A inclinação para o lado contralateral ao elem ento vertebral lesionado po d e causar o estiram ento dos tecidos danificados, agravar a d o r e lim itar a m obilidade. A hiperextensão da coluna (com o paciente em decú bito ventral ou na posição ereta) é lim itada quando há com pres são de raízes nervosas, patologia da articulação facetária ou outra doença da coluna óssea. A dor decorrente de doença do quadril po d e sim ular a de doença da coluna lombar. A dor no quadril pode ser reproduzida pela rotação m ediai e lateral no quadril, com o joelho e o quadril em flexão (sinal de Patrick), e quando o m édico percute com a palm a o calcanhar enquanto o m em bro inferior está estendido (sinal de percussão do calcanhar). Com o paciente em supinação, a flexão passiva da p erna es tendida no quadril estira as raízes nervosas L5 e S l, assim com o o nervo isquiático. A dorsoflexão passiva do pé d urante a m an o bra aum enta o estiram ento. E m bora norm alm ente seja possível um a flexão de pelo m enos 80° sem causar dor, m uitos pacientes norm alm ente revelam um a sensação de aperto, estiram ento, nos m úsculos do jarrete, sem relação com a d or nas costas. O teste de elevação da perna estendida (EPE) será positivo se a m anobra reproduzir a dor habitual do paciente nas costas ou no m em bro. A produção do sinal da EPE na posição sentada pode ajudar a determ inar se o achado é reproduzível. O paciente pode descrever
a ocorrência de dor na região lom bar, nas nádegas, na parte poste rior da coxa ou na parte inferior da perna, porém a manifestação essencial é a reprodução da dor habitual do paciente. O sinal da EPE cruzado será positivo quando a flexão de um a perna repro duzir a d or na p erna ou nádega oposta. O sinal da EPE cruzado é m enos sensível, porém m ais específico, de h érnia de disco que o sinal da EPE. A lesão do nervo ou da raiz nervosa é sem pre no lado da dor. O sinal da EPE inverso é suscitado ao pedir-se ao p a ciente que fique de pé ao lado da m esa de exam e e estenda passi vam ente cada perna com o joelho com pletam ente estendido. Essa m anobra, que estira as raízes nervosas L2-L4, o plexo lom bossacro e o nervo fem oral, será considerada positiva se reproduzir a d or habitual do paciente nas costas ou no m em bro. O exam e neurológico inclui pesquisa de fraqueza focal ou atrofia m uscular, alterações reflexas focais, sensibilidade d i m inuída nas pernas ou sinais de traum atism o raquim edular. O m édico deve estar alerta q uanto à possibilidade de fraqueza de escape, definida com o força flutuante du ran te exam e m uscular. A fraqueza de escape pode decorrer de d or ou com binação de dor e fraqueza real subjacente. A fraqueza de escape sem do r quase sem pre advém da falta de esforço. Em casos incertos, um a eletrom iografia (EMG) pode d eterm in ar se há fraqueza real ou não decorrente de lesão do tecido nervoso. O s achados nas lesões de raízes nervosas lom bossacrais específicas são apresentados no Q u ad ro 15.2 e discutidos adiante.
EXAMES LABORATORIAIS, RADIOLÓGICOS E EMG
Os exam es labora toriais de rotina raram ente são necessários para a avaliação inicial da lom balgia aguda (m enos de 3 meses de duração) inespecífica. N a presença de fatores de risco associados a causa grave subjacen te (Q uadro 15.1), indicam -se exam es laboratoriais [hem ogram a completo, velocidade de hem ossedim entação (VHS) e exam e de urina (EAS)]. A TC é superior aos raios X de rotina para a detecção de fra turas que envolvem as estruturas posteriores da coluna, junções craniocervicais e cram otorácicas, vértebras C l e C2, fragm entos ósseos no canal vertebral ou desalinham ento; os exam es de TC estão sendo cada vez m ais usados com o m odalidade prim ária de triagem para traum atism o m oderado a grave. Na ausência de fa tores de risco, esses exam es de im agem raram ente são úteis nos casos de lom balgia aguda inespecífica. A ressonância m agnética (RM) e a m ielotom ografia com putadorizada (m ielo-TC ) são os exames radiológicos de escolha para a avaliação da m aioria das doenças graves da coluna. A RM é superior para a definição das estruturas das partes m oles, enquanto a m ielo-T C fornece im a gens ideais do recesso lateral do canal vertebral, sendo m ais bem tolerada p o r pacientes claustrofóbicos. E m bora o valor diagnós tico adicional da neuroim agem m o d ern a seja significativo, há a preocupação de que esses exam es possam ser utilizados em exces so em pacientes com lom balgia aguda benigna. Os exames eletrodiagnósticos podem ser usados para avaliar a integridade funcional do sistem a nervoso periférico (Cap. e45). Os estudos de condução nos nervos sensoriais são norm ais quan do a perda sensorial focal é causada p o r lesão de raízes nervosas, visto que as últim as se localizam proxim alm ente aos corpos ce lulares nos gânglios das raízes dorsais. A lesão ao tecido nervoso distai ao gânglio da raiz dorsal (p. ex., plexo ou nervo periféri co) resulta em redução dos sinais sensoriais. A EMG com agulha com plem enta os estudos de condução nervosa, ao detectar alte rações de desnervação ou reinervação em um a distribuição em m iótom os (segm entar). São obtidas am ostras de m últiplos m ús culos inervados p or diferentes raízes nervosas e nervos; o padrão do com prom etim ento m uscular indica a(s) raiz(raízes) nervosa(s) responsável(is) pela lesão. A EM G com agulha fornece inform a ções objetivas sobre a ocorrência de lesão de fibras nervosas m o toras quando a avaliação clínica de fraqueza é lim itada pela dor ou por um esforço deficiente. A EM G e os estudos da condução nervosa são norm ais quando a lesão ou irritação de raízes nervo sas sensoriais é a causa da dor.
Dor nas Costas e no Pescoço
gas, face posterior das coxas ou, raram ente, panturrilhas ou pés. A dor “esclerotom al” pode explicar circunstâncias em que a dor cruza m últiplos derm átom os, sem evidência de com pressão de raízes nervosas. A dorsalgia radicular é bem definida e irradia-se da região das costas para um a perna dentro do território de um a raiz nervosa (ver “D oença discai lom bar”, adiante). A tosse, um espirro ou um a contração voluntária dos m úsculos abdom inais (levantam ento de objetos pesados ou esforço à defecação) podem provocar dor irradiada. A dor pode aum entar com posturas que causam o estiram ento de nervos e raízes nervosas. O ato de sentar com a perna estendida faz tração sobre o nervo isquiático e as raízes L5 e Sl, visto que ele passa posteriorm ente ao quadril. O nervo fem oral (raízes L2, L3 e L4) passa anteriorm ente ao quadril e não sofre estiram ento com a posição sentada. A descrição isolada da dor m uitas vezes não perm ite distinguir com clareza entre dor escle rotom al e radiculopatia. A dor associada a espasmo muscular, em bora de origem obs cura, está com um ente associada a m uitos distúrbios da coluna vertebral. Os espasm os são acom panhados de postura anorm al, m úsculos paravertebrais retesados e dor surda. O conhecim ento das circunstâncias associadas ao início da dorsalgia é fundam ental para a análise das possíveis causas gra ves subjacentes da dor. Alguns pacientes que sofrem acidentes ou traum atism os no trabalho podem exagerar a dor que sentem com a finalidade de serem indenizados ou po r m otivos psicológicos.
131
QUADRO 15.2
Radiculopatia lombossacral - aspectos neurológicos Achados ao exame
Raízes nervosas lombossacrais
Reflexos
Sensoriais
L2a
—
L3a
Motores
Distribuição da dor
Face anterossuperior da coxa
Psoas (flexão de quadril)
Face anterior da coxa
Face anteroinferior da coxa
Psoas (flexão de quadril)
Face anterior da coxa, joelho
Parte anterior do joelho
Quadríceps (extensão de joelho) Adução da coxa
L4a
Quadríceps (joelho)
Panturrilha mediai
Quadríceps (extensão de joelho)0
Joelho, panturrilha mediai
Adução da coxa
Face anterolateral da coxa
Tibial anterior (dorsoflexão do pé) L5C
Superfície dorsal - pé
Fibulares (eversão do pé)6
Panturrilha lateral
Tibial anterior (dorsoflexão do pé) Glúteo médio (abdução de quadril)
Panturrilha lateral, dorso do pé, face posterolateral da coxa, nádegas
Dorsoflexores dos artelhos S1c
Gastrocnêmio/sóleo (tornozelo)
Superfície plantar - pé Face lateral - pé
Gastrocnêmio/sóleo (flexão das plantas dos pés)6 Abdutor do hálux (flexores dos artelhos)6
Planta do pé, panturrilha posterior, face posterior da coxa, nádegas
Glúteo máximo (extensão do quadril)
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 132
“Presença de sinal da elevação da perna inverso - ver "Exame das costas” . "Esses músculos recebem a maior parte da inervação a partir dessa raiz. c Presença de sinal de elevação da perna estendida - ver “ Exame das costas".
CAUSAS DA DORSALGIA (Q uadro 15.3)
■ ANOMALIAS CONGÊNITAS DA COLUNA LOMBAR A espondilólise é um defeito ósseo na p arte interarticular vertebral (um segm ento próxim o à jun ção do pedículo com a lâm ina) cuja causa em geral é um a m icrofratura p o r estresse em um segm ento congenitam ente anorm al, que ocorre em até 6% dos adolescentes. O defeito (geralm ente bilateral) é m ais bem visualizado em radiografias simples, TC ou cintilografia óssea e costum a ser assintom ático. Po dem ocorrer sintom as no contexto de traum atism o único, pequenas lesões repetidas ou crescimento. Espondilólise é a causa mais com um de lom balgia persistente em adolescentes e com frequência está asso ciada a atividades relacionadas com esportes. A espondilolistese é o deslizam ento an terio r do corpo vertebral, dos pedículos e das facetas articulares superiores, deixando para trás os elem entos posteriores. Pode estar associada a espondilóli se, anom alias congênitas, doença degenerativa da coluna ou outras causas de fraqueza m ecânica da p a rte (p. ex., infecção, o ste o p o rose, tum or, traum atism o, cirurgia an terio r) O deslizam ento pode ser assintom ático ou provocar d or lom bar e rigidez do m úsculo do jarrete, lesão de raízes nervosas (m ais frequentem ente, a raiz L5), estenose sintom ática da coluna o u síndrom e da cauda equina (SCE) nos casos graves. D or à palpação p o d e ser suscitada próxim o ao segm ento que “deslizou” para a frente (com m aio r frequência, L4 sobre L5 ou, às vezes, L5 sobre S l). Pode-se perceb er um “degrau” à palpação p rofunda dos elem entos posteriores do segm ento acim a da articulação espondilolistésica. O tro n co p o d e ficar e n cu rtad o e o abdom e p ro tu b era n te em conseqüência. T am bém p o d e ocorrer anterolistese ou retrolistese em outros níveis cervicais ou lom bares em adultos e ser a origem da d o r n o pescoço ou análise costas. Ra diografias sim ples com o pescoço ou a região lo m b ar em flexão e extensão revelam o m ovim ento no segm ento an o rm al da coluna. A cirurgia é considerada para os sintom as de d o r que não respondem a m edidas conservadoras (p. ex., fisioterapia)e nos casos com défi cit neurológico progressivo, deform idade postural, deslizam ento de m ais de 50% ou escoliose. A espinha bífida oculta é um a falha do fecham ento de um ou vá rios arcos vertebrais posteriorm ente; as m eninges e a m edula espinal
são norm ais. Pode haver um a depressão, ou lipom a pequeno, acima do defeito. A m aioria dos casos é assintom ática e descoberta por aca so durante a avaliação da dorsalgia. A síndrome da medula ancorada geralm ente apresenta-se como um distúrbio progressivo da cauda equina (ver adiante), porém um a m ielopatia tam bém po d e ser a m anifestação inicial. Com frequên cia, o paciente é um adulto jovem que se queixa de dor perineal ou perianal, às vezes após traum atism o leve. A RM m ostra um cone em posição inferior (abaixo de L1-L2) e um filam ento term inal curto e espessado.
■ TRAUMATISMO O paciente que se queixa de dor nas costas e incapacidade de mover as pernas pode estar com fratura ou luxação da coluna vertebral e, no caso das fraturas acim a de L l, com pressão da m edula espinal. É preciso ter cuidado para evitar qualquer lesão adicional da medula espinal ou de raízes nervosas por m eio da imobilização do dorso en quanto se aguardam os resultados das radiografias.
Entorses e distensões Entorse e distensão lom bar ou espasmo muscular induzido mecani camente referem -se a pequenas lesões autolim itadas associadas ao levantam ento de objetos pesados, queda ou desaceleração súbita, como a que ocorre em u m acidente autom obilístico. Esses term os são usados de form a im precisa e não descrevem com clareza um a lesão anatôm ica específica. A d or em geral lim ita-se à região lombar e não há irradiação para as nádegas ou pernas. Os pacientes com espasmo dos m úsculos paravertebrais costum am assum ir posturas incomuns.
Fraturas vertebrais traumáticas A m aioria das fraturas traum áticas dos corpos vertebrais lombares resulta de lesões que produzem acunham ento anterior ou com pres são. Em caso de traum atism o grave, o paciente pode sofrer fratura-luxação ou fratura “explosiva”, acom etendo o corpo vertebral e os elem entos posteriores. As fraturas vertebrais traum áticas são causa das por quedas de altura (é com um a ocorrência de fratura da parte interarticular da vértebra L5), desaceleração súbita em acidente de autom óvel ou lesão direta. A ocorrência de déficit neurológico é co m um , sendo o tratam en to indicado cirúrgico precoce. Nas vítimas
QUADRO 15.3
Causas da dor nas costas ou no pescoço
Congênitas/relacionadas com o desenvolvimento Espondilólise e espondilolistese Cifoescoliose Espinha bífida oculta Medula espinal ancorada
Traumatismo de pequeno porte Entorse ou distensão Lesão em chicotada
Fraturas Traumáticas - quedas, acidentes com veículos motorizados Atraumáticas - osteoporose, infiltração neoplásica, esteroides exógenos, osteomielite
Hérnia de disco intervertebral Degenerativas Estreitamento de forame intervertebral Ruptura discai interna Estenose da coluna com claudicação neurogênica Doença das articulações uncovertebrais Doença da articulação atlantoaxial (p. ex., artrite reumatoide) Artrite Espondilose Artropatia facetária ou sacroilíaca Neoplasias - metastáticas, hematológicas, tumores ósseos primários Infecção/inflamação Osteomielite vertebral Abscesso epidural espinal Disco séptico (discite) Meningite Aracnoidite lombar Autoimunes (p. ex., espondilite anquilosante, artrite reativa, antigamente conhecida como síndrome de Reiter) Metabólicas Osteoporose - hiperparatireoidismo, imobilidade Osteosclerose (p. ex., doença de Paget) Vasculares Aneurisma aórtico abdominal Dissecção da artéria vertebral Outras Dor referida de doença visceral Postural Transtornos psiquiátricos, simulação, síndromes de dor crônica
de traum atism o fechado, exames de TC do tórax, do abdom e ou da pelve podem ser reform ulados para d etectar fraturas vertebrais as sociadas.
■ DOENÇA DISCAL LOMBAR É um a causa com um de lombalgia e d or na p erna crônicas ou recor rentes (Figs. 15.3 e 15.4). A doença discai tem m ais probabilidade de ocorrer nos níveis de L4-L5 ou L5-S1, m as os níveis lom bares supe riores às vezes são acom etidos. A causa quase sem pre é desconhecida; o risco aum enta em indivíduos obesos. A h érnia discai não é com um antes dos 20 anos de idade, sendo rara nos discos fibróticos dos id o
Dor nas Costas e no Pescoço
Complexo disco-osteófito
sos. Fatores genéticos p odem desem penhar um papel na predisposi ção de alguns pacientes à doença discai. A d o r pode localizar-se na região lom bar ou ser referida para o m em bro inferior, a nádega ou o quadril. Um espirro, tosse ou algum m ovim ento trivial podem resul tar em prolapso do núcleo pulposo, em purrando o anel dilacerado e enfraquecido posteriorm ente. Na doença discai grave, o núcleo pode projetar-se p o r m eio do anel (herniação) ou ser expelido, aparecendo com o fragm ento livre no canal vertebral. O m ecanism o pelo qual a lesão de discos intervertebrais provoca dor nas costas é controverso. O anel fibroso interno e o núcleo p u l poso norm alm ente são desprovidos de inervação. A inflam ação e a produção de citocinas proinflam atórias no interior do disco em p ro trusão ou roto podem desencadear ou p erp etu ar a dor nas costas. A invaginação de fibras nervosas nociceptivas (para dor) nas partes in ternas do disco acom etido pode ser responsável pela dor “discogênica” crônica. A lesão de raízes nervosas (radiculopatia) p or herniação discai pode advir de com pressão, inflam ação ou ambas; em term os patológicos, geralm ente há desm ielinização e perda de axônios. Um disco roto pode ser assintom ático ou causar dor nas costas, p o stu ra anorm al, lim itação dos m ovim entos da coluna vertebral (particularm ente flexão), um déficit neurológico focal ou dor rad i cular. Um padrão em derm átom os de perda sensorial ou a redução ou abolição de um reflexo tendíneo profundo são mais sugestivos de lesão de raiz específica que o padrão da dor. O s achados m otores (fra queza focal, atrofia m uscular ou fasciculações) são m enos freqüentes que as alterações focais da sensibilidade ou dos reflexos. Os sinais e sintom as costum am ser unilaterais, p orém o com prom etim ento bi lateral ocorre nas grandes hérnias discais centrais que com prim em m últiplas raízes ou causam inflam ação de raízes nervosas dentro do canal vertebral. As m anifestações clínicas das lesões de raízes nervo sas específicas estão resum idas no Q uadro 15.2. Há evidência suge rindo que a h érnia discai lom bar com déficit radicular não progressi vo pode ser tratada de m aneira não cirúrgica. O diagnóstico diferencial cobre u m a variedade de distúrbios g ra ves e tratáveis, com o abscesso extradural, hem atom a, fratura ou tu mor. Febre, dor constante não influenciada pela posição, anorm alida des esfm ctéricas ou sinais de m ielopatia sugerem outra etiologia que não a doença discai lom bar. A ausência dos reflexos aquileus pode ser um achado norm al em pessoas com m ais de 60 anos de idade ou um sinal de radiculopatia Sl bilateral. A ausência de reflexo tendíneo profundo ou perda sensorial focal pode indicar lesão de raiz nervo sa, m as outros locais de lesão ao longo do nervo tam bém devem ser considerados. Por exem plo, a ausência do reflexo patelar pode de correr de neuropatia fem oral ou de lesão da raiz nervosa L4. Perda da sensibilidade sobre o pé e a p arte lateral inferior da p anturrilha pode resultar de neu ro p atia fibular ou isquiática lateral ou de lesão da raiz nervosa L5. A atrofia m uscular focal pode refletir lesão de raízes nervosas ou nervos periféricos, doença das células do corno anterior ou desuso. É necessário realizar um a RM ou m ielo-T C da coluna lom bar para estabelecer a localização e o tipo de patologia. A RM espinal fornece vistas notáveis sobre a anatom ia das partes m oles intraespinais e adjacentes. As lesões ósseas e o recesso lateral ou foram e in tervertebral são otim am ente visualizados na m ielo-TC. A correlação dos achados neurorradiológicos com os sintom as, em particular dor, não é simples. As lacerações do anel fibroso ou as protrusões discais que captam contraste são am plam ente aceitas com o fontes com uns de dorsalgia; contudo, estudos concluíram que m uitos adultos assintom áticos apresentam achados sem elhantes. As protrusões discais assintom áticas tam bém são com uns, e tais anorm alidades podem cap tar contraste. A lém disso, em pacientes com hérnia de disco conhecida tratada clínica ou cirurgicamente, a persistência da hérnia 10 anos de pois não tinha qualquer relação com o desfecho clínico. Em resum o, os achados à RM de protrusão discai, lacerações no anel fibroso ou cap tação de contraste são achados casuais com uns que, em si, não devem influenciar as decisões terapêuticas para os pacientes com dorsalgia. O diagnóstico de lesão de raiz nervosa é m ais seguro quando há concordância entre a anam nese, o exam e físico, os resultados de im a
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
e reduzem a hipertensão venosa intraespinal, re sultando em alívio da dor. Fraqueza focal, perda sensorial ou alterações dos reflexos podem ocor rer quando a estenose vertebral está associada a radiculopatia. Apenas raram ente ocorrem déficits neurológicos graves, com o paralisia e incontinên cia urinária. A ECVL pode ser adquirida (75%), congênita ou devida a u m a com binação desses fatores. As form as congênitas (acondroplasia, idiopática) caracterizam -se por pedículos curtos e espessos que acarretam estenose do canal vertebral e do reces so lateral. Os fatores adquiridos que contribuem para a estenose do canal vertebral incluem doen ças degenerativas (espondilose, espondilolistese, escoliose), traum atism o, cirurgia na coluna verte bral, distúrbios m etabólicos ou endócrinos (lipoA B m atose extradural, osteoporose, acromegalia, osteodistrofia renal, hipoparatireoidism o) e doença Figura 15.4 Radiculopatia L5 esquerda. A imagem sagital ponderada emT2, à esquerda, revela hér de Paget. A RM proporciona a m elhor definição nia de disco no nível L4-5. B. Axial T1 imagem ponderada mostra hérnia de disco paracentral com desloca da anatom ia anorm al (Fig. 15.5). mento do saco tecal medialmente e ele deixou a raiz nervosa L5 posteriormente no acesso lateral esquerdo. O tratam ento conservador da ECVL sintom á tica consiste em anti-inflam atórios não esteroides (AINEs), program as de exercícios e tratam ento gens e a EMG. A correlação entre TC e EMG para a localização da sintom ático dos episódios de do r aguda, há evidência insuficiente lesão de raiz nervosa fica entre 65 e 73%. que confirm e o uso de injeções epidurais de glicocorticoide. A tera Até cerca de 33% dos adultos assintom áticos têm um a protrusão pia cirúrgica deve ser considerada quando a clínica não alivia os sin de disco lom bar detectada à TC ou RM. tom as o suficiente para p erm itir as atividades cotidianas ou existem O tratam ento da doença de disco lom bar é discutido adiante. sinais neurológicos focais significativos. A m aioria dos pacientes com A síndrom e da cauda equina (SCE) é um a lesão de m últiplas claudicação neurogênica subm etida ao tratam ento cirúrgico apresen raízes nervosas lom bossacras d en tro do canal vertebral, distai ao ta alívio significativo da dor nas costas e pernas no período de seis térm in o da m edula espinal. Podem o co rrer lom balgia, fraqueza e meses após a cirurgia, e o alívio persiste p or pelo m enos dois anos. A arreflexia nas pernas, anestesia em sela e p erda da função vesical. m elhora em pacientes subm etidos a tratam ento não cirúrgico é inco O problem a deve ser distinguido dos distúrbios da m edula espi m um . Até 25% desses pacientes apresentam estenose recorrente no nal distai (síndrom e do cone m ed u lar), m ielite transversa aguda m esm o nível vertebral ou em um nível adjacente no decorrer de sete (Cap. 377) e síndrom e de G uillain-B arré (Cap. 385). Pode haver a 10 anos após a cirurgia inicial; os sintom as recorrentes costum am o envolvim ento com binado do cone m ed u lar e da cauda equina. responder a um a segunda descom pressão cirúrgica. A SCE advém com um ente de ru p tu ra de um disco intervertebral O estreitamento de foram e com radiculopatia é um distúrbio de lom bossacro, fratu ra de v értebra lom bossacra, hem atom a dentro generativo com um , causado com m aior frequência pelos m esm os do canal vertebral (p. ex., após p u n ção lom bar em pacientes com processos que causam estenose vertebral lom bar (Figs. 15.1 e 15.6), coagulopatia), tum ores com pressivos ou outras lesões expansivas. incluindo osteófitos, protrusão de disco lateral, calcificação de disco As opções de tratam en to são a descom pressão cirúrgica, às vezes com osteófitos, hipertrofia das articulações facetárias, hipertrofia de com o procedim ento urgente n a tentativa de restaurar ou preservar articulação uncovertebral (coluna cervical), encurtam ento congêni a função m otora ou a esfinctérica, ou radioterapia para os tum ores to de pedículos ou, frequentem ente, um a com binação desses p ro m etastáticos (Cap. 379). cessos. Neoplasias (prim árias ou m etastáticas), fraturas, infecções (abscesso epidural) ou h em atom as são ou tras considerações. Tais ■ DISTÚRBIOS DEGENERATIVOS A estenose do canal vertebral lombar (ECVL) descreve um estreitam ento do canal vertebral lom bar e frequentem ente é assintom ática. Claudicação neurogênica é o sintom a usual, que consiste em dor nas costas e nádegas ou nas pernas, induzida pela m archa ou posição ereta e aliviada na posição sentada. Os sin tom as nas pernas costum am ser bilaterais. A estenose lombar, em si, em geral é assin tom ática, e a correlação entre a gravidade dos sintom as e o grau de estenose do canal vertebral é precária. D iferentem ente da clau dicação vascular, os sintom as costum am ser provocados pela posição em pé sem deam bulação. Ao contrário da doença discai lom bar, os sintomas geralm ente são aliviados pela p o sição sentada. Os pacientes com claudicação neurogênica quase sem pre podem cam inhar distâncias m uito m aiores apoiados em um carrinho de com pras e podem p edalar um a bicicleta ergom étrica sentados com facili dade. essas posições em flexão aum entam o diâm etro anteroposterior do canal vertebral
134
A
Figura 15.5
B
Imagens axiais ponderadas em T2 da coluna lombar. A imagem mostra um saco tecal
normal, dentro do canal vertebral lombar. 0 saco tecal é brilhante. As raízes lombares são pontos escuros no saco tecal posterior, com o paciente em decúbito dorsal. 0 saco tecal não é bem visualizado devido a estenose do canal vertebral lombar severa, parcialmente o resultado de articulações hipertróficas.
P rocesso uncinado ype hipertrofia
O
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é C om p re ssã o da raiz C7
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Bojo do disco C 6-C 7
A
Figura 15.6
Sagittal T2 cervical spine
Radiculopatia C7 direito. A. Imagem sagital em T2 mostra no dis
condições p o d e m d esencadear sinais ou sin to m as unilaterais de raiz nervosa, devido à com pressão óssea no foram e intervertebral ou no recesso lateral; os sintom as em geral são indistinguíveis dos da radiculopatia relacionada com discos, m as o tratam e n to pode diferir, d ependendo da etiologia específica. A anam nese e o exam e neurológico apenas não são suficientes para se distinguir entre essas psbs, sendo necessária um p rocedim ento de neuroim agem (TC ou RM) p ara identificar a causa subjacente. Os achados neurológicos ao exam e e à EMG podem ajudar a direcionar a atenção do radiolo gista para estruturas nervosas ou radiculares específicas, m ais bem visualizadas em im agens axiais. No caso de hipertrofia de articulação facetária, a foram inotom ia cirúrgica resulta em alívio a longo prazo da do r nas costas e pernas em 80 a 90% dos pacientes. A utilidade dos bloqueios terapêuticos da articulação facetária para a dor não foi rigorosam ente estudada.
■ ARTRITE A espondilose, ou doença osteoartrítica da coluna vertebral, ocorre em um a época m ais tardia da vida e acom ete principalm ente as colu nas cervical e lom bossacra. Com frequência, os pacientes queixam -se de dor nas costas, que aum enta com o m ovim ento e está associada a rigidez. A relação entre os sintom as clínicos e os achados radiológi cos não costum a ser direta. A dor pode ser p roem inente quando os achados radiológicos, de TC ou RM são m ínim os, e pode-se observar doença vertebral degenerativa proem inente em pacientes assintom áticos. Osteófitos puros ou com binados com discos podem causar es tenose central do canal vertebral ou contribuir para ela, estenose do recesso lateral ou estreitam ento de foram e neural.
Espondilite anquilosante (Ver tam bém Cap. 325.) Essa doença artrítica diferenciada da coluna vertebral caracteriza-se p o r início insidioso de lom balgia e dor nas nádegas. C om frequência, os pacientes são hom ens com m enos de 40 anos de idade. As m anifestações associadas consistem em rigidez dorsal m atinal, dor noturna, dor não aliviada pelo repouso, elevação da VHS e o antígeno de histocom patibilidade HLA-B27. O início em idade jovem e dor nas costas que m elhora com o exercício são típicos. O correm perda da lordose lom bar norm al e exacerbação da cifose torácica à m edida que a doença avança. A inflam ação e a erosão das fibras externas do anel fibroso no p onto de contato com o corpo ver tebral são seguidas de ossificação e crescim ento de osso, que estabele
■ NEOPLASIAS A dor nas costas é o sintom a neurológico m ais com um em pacientes com câncer sistêmicoe o de apresentação em 20%. A causa geralm en te provém de m etástases dos corpos vertebrais, m as tam bém pode resultar da dissem inação de câncer pelo foram e intervertebral (espe cialm ente no caso de linfom a) ou de m eningite carcinom atosa. A dor relacionada com o câncer tende a ser constante, surda, não aliviada pelo repouso e pior à noite, diferente da lom balgia m ecânica, que costum a m elhorar com o repouso. A RM, a TC e a m ielo-TC são os exames de escolha nos casos em que se suspeita de m etástase verte bral. Assim que se detecta u m a m etástase, a im agem de toda a coluna revela depósitos tum orais adicionais em cerca de 33% dos pacientes. A RM é preferida para definição de tecido mole, p orém a m odalidade de im agem m ais rapidam ente disponível é m elhor, visto que o estado do paciente pode deteriorar rapidam ente. M enos de 5% dos pacientes que não estão deam bulando no m om ento do diagnóstico readquirem em algum m om ento a capacidade de andar, razão pela qual o diag nóstico precoce é essencial. O tra ta m e n to de m etástases vertebrais é discutido em detalhes no C apítulo 379.
Dor nas Costas e no Pescoço
co leve abaulamento em C6-C7 e um canal levemente estreitado espinal, mas não a compressão da raiz nervosa vasível. B. Imagem axial ponderada em T2. A combina ção de hipertrofia uncinado e hipertrofia faceta (espaço escuro ovoide imediatamente lateral às raízes de C7) restringe o forame C6-C7 direito intervertebral, resultando em certa compressão da raiz nervosa C7.
ce pontes entre os corpos vertebrais adjacentes e reduz a m obilidade da coluna em todos os planos. Tem -se utilizado a RM para avaliar a presença de inflam ação nas articulações e a resposta ao tratam ento, sendo m ais sensível que radiografias simples. Nos estágios tardios, as radiografias sim ples revelam junção dos corpos vertebrais, que resul ta na “coluna de b am bu” imóvel. Podem ocorrer fraturas p o r estresse após traum atism o m ínim o ou nenhum p or m eio dos elem entos ósseos posteriores espontanea m ente anquilosados da coluna osteoporótica rígida e p odem ocasio nar dor focal, instabilidade da coluna, com pressão da m edula espinal ou SCE. C om o tem po, pode o correr subluxação atlantoaxial com a com pressão da m edula espinal em até 20% dos pacientes. A anquilose das costelas à coluna e um a redução na altura da coluna torácica p o dem com prom eter a função respiratória. A terapia com agentes antifator de necrose tum oral é efetiva n a redução da atividade da doença e m elhorar a função. Sem elhante à espondilite anquilosante, m ovi m entos restritos po d em a com panhar a artrite reativa (antigam ente conhecida com o síndrom e de Reiter), a artrite psoriática e a doença intestinal inflam atória crônica.
■ INFECÇÕES/INFLAMAÇÃO Em geral, a osteomielite vertebral é causada p o r estafilococos, mas outras bactérias ou tuberculose (m al de Pott) podem ser implicadas. A fonte prim ária da infecção costum a ser o trato urinário, a pele ou os pulm ões. O uso de drogas intravenosas é um fator de risco bem conhecido. Sempre que se encontra osteom ielite piogênica, a possi bilidade de endocardite bacteriana deve ser considerada. Os achados mais com uns na osteomielite vertebral são a dor nas costas não alivia da pelo repouso, dor à palpação da coluna vertebral sobre o segmento acom etido e elevação da VHS. Em um a m inoria de pacientes, ocor rem febre ou leucocitose. A RM e TC são sensíveis e específicas para a detecção precoce da osteom ielite; a TC pode estar mais rapidam ente disponível em situações de em ergência e ser m ais bem tolerada por al guns pacientes com dorsalgia intensa. O disco intervertebral tam bém pode ser afetado por infecção (discite) e, m uito raram ente, p or tumor. O abscesso extradural na coluna vertebral (Cap. 377) apresenta-se com dor nas costas (agravada p or m ovim ento ou palpação, febre, ra diculopatia ou sinais de com pressão da m edula espinal. O desenvol vim ento subagudo de dois ou m ais desses achados deve aum entar a suspeita de abscesso epidural espinal. O abscesso pode estender-se ao longo de m últiplos níveis vertebrais, sendo m ais bem definido pela RM da coluna vertebral. A aracnoidite adesiva lombar com radiculopatia resulta de fibrose pós-inflam atória dentro do espaço subaracnóideo. A fibrose resulta em aderências das raízes nervosas e apresenta-se com o dor lom bar e nas pernas em associação a alterações m otoras, sensoriais ou dos reflexos. As causas da aracnoidite incluem m últiplas cirurgias lom ba res, infecções vertebrais crônicas (em especial tuberculose no m undo desenvolvido), trau m atism o raquim edular, h e m orragia intratecal,
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T m ielografia (rara), injeção intratecal de glicocorticoides, anestésicos ou outros agentes e corpos estranhos. A RM m ostra raízes n e rv o sas aglom eradas ou loculações de LCS no interior do saco tecal. A aglom eração de raízes nervosas tam bém pode ocorrer com polineuropatia desm ielinizante ou infiltração neoplásica. O tratam ento cos tum a ser insatisfatório. Lise m icrocirúrgica de aderências, rizotom ia dorsal, ganglionectom ia da raiz dorsal e esteroides epidurais foram tentados, m as os resultados se m ostraram insatisfatórios. A estim u lação da coluna dorsal para o alívio da dor tem produzido resultados variáveis.
■ CAUSAS METABÓLICAS Osteoporose e osteosclerose
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
A imobilização ou distúrbios subjacentes, com o a osteom alacia, o es tado após a m enopausa, doença renal, m ielom a m últiplo, hiperparatireoidism o, hipertireoidism o, carcinom a m etastático ou uso de gli cocorticoides, podem acelerar a osteoporose e enfraquecer os corpos vertebrais, levando a fraturas p or com pressão e dor. Até uns 66% das fraturas p o r com pressão vistas em im agens radiológicas são assintom áticas. As causas m ais com uns das fraturas não traum áticas de corpos vertebrais são a osteoporose pós-m enopausa ou a senil (Cap. 354). O risco de um a fratura vertebral adicional um ano após um a prim eira fratura vertebral é de 20%. A presença de febre, perda de peso, fratura em um nível acim a de T4 ou outras condições já com en tadas deve aum entar a suspeita de outra causa que não a osteoporose senil. Se houver suspeita de tum or, está indicada um a biópsia óssea ou pesquisa diagnóstica para tu m o r prim ário. A única m anifestação de um a fratura p or com pressão pode ser d or nas costas localizada ou dor radicular exacerbada com o m ovim ento e frequentem ente repro duzida à palpação do processo espinhoso da vértebra acom etida. O contexto clínico, os sinais neurológicos e o aspecto radiográfico da coluna vertebral estabelecem o diagnóstico. Em geral, é possível obter alívio da dor aguda com acetam ino feno ou um a com binação de opioides e acetam inofeno. O papel dos AINEs é m otivo de controvérsia. Tanto a d or com o a incapacidade m elhoram com a tração. M ostrou-se que os fárm acos antirreabsorção, especialm ente os bisfosfonados (p. ex., alendronato), reduzem o risco de fraturas osteoporóticas e são o tratam ento preferido para evitar outras fraturas. M enos de 33% dos pacientes com fraturas a n teriores p o r com pressão são adequadam ente tratad o s para osteopo rose, apesar do risco aum entado de futuras fraturas; m esm o alguns pacientes em risco sem antecedentes de fratura são tratados de m a neira adequada. Existem intervenções [vertebroplastia percu tân ea (VPP), cifoplastia] para as fraturas p o r com pressão osteoporóticas associadas a dor debilitante. E studos controlados sugerem um benefício na re dução aguda da dor, m as não em dois m eses, em com paração com o tratam e n to conservador. O alívio da do r após V PP tam bém foi descrito em pacientes com m etástases vertebrais, m ielom a ou hem angiom as. A osteosclerose, um a u m e n to a n o rm a l da d e n sid ad e óssea frequentem ente causado p o r doença de Paget, é facilm ente id e n tificável em radiografias de ro tin a e às vezes p o d e ser um a fonte de d o r nas costas. Pode estar associada a um a u m e n to isolado na fosfatase alcalina em u m a pessoa saudável nos dem ais aspectos. A com pressão da m edula espinal ou de raízes nervosas po d e resultar de invasão óssea. Não se deve pressu p o r que a doença de Paget é a causa da dorsalgia de um paciente até que outras etiologias tenham sido consideradas com cuidado. Ver ab o rd ag e m m ais com pleta nos C ap ítu lo s 353 a 355.
■ DOR REFERIDA POR DOENÇA VISCERAL As doenças do tórax, do abdom e ou da pelve p o d e m causar d o r referida à parte po sterio r do segm ento v ertebral que inerva o órgão enferm o. Em alguns casos, a d o r nas costas p o d e ser a p rim eira e única m anifestação. As doenças na p a rte su p erio r do abdom e cos tu m a m referir a d o r p ara a região torácica d istai ou lo m b ar proxim al (oitava vérteb ra torácica à p rim e ira e à se g u n d a vértebras lom bares), as doenças da p arte in ferio r do ab d o m e para a região
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lom bar m édia (segunda à q u a rta vértebras lom bares) e as doenças pélvicas para a região sacral. N ão h á sinais locais (dor à palpação da coluna, espasm o dos m úsculos paravertebrais) e os m ovim entos de ro tin a da coluna não estão associados a d or ou são acom panhados de pouca dor.
Dor torácica inferior ou lombar em doenças abdominais A úlcera péptica ou o tu m o r da parede po sterio r do estôm ago ou duodeno produzem dor epigástrica (Caps. 91 e 293), m as pode ocor rer dorsalgia na linha m ediana ou paravertebral se houver extensão retroperitoneal. Os alim entos gordurosos ocasionalm ente induzem dorsalgia associada às doenças biliares. As doenças do pâncreas p o dem causar dorsalgia paravertebral à direita (cabeça do pâncreas acom etida) ou paravertebral à esquerda da coluna vertebral (com acom etim ento do corpo ou da cauda). U m a patologia nas estruturas retroperitoneais (hem orragia, tum ores, pielonefrite) pode ocasioanr dor paravertebral, que se irradia para a parte inferior do abdom e, a virilha ou a face anterior das coxas. A presença de m assa na região do iliopsoas frequentem ente induz d or lom bar unilateral com irrad ia ção para a virilha, os lábios vulvares ou o testículo. O aparecim ento súbito de lombalgia em paciente tratado com anticoagulantes sugere hem orragia retroperitoneal. A lom balgia isolada ocorre em alguns pacientes com ru p tu ra contida de um aneurism a da aorta abdom inal (AAA). A tríade clí nica clássica de dor abdom inal, choque e dor nas costas é observada em m enos de 20% dos pacientes. O paciente típico em risco é um hom em idoso, fum ante e com d o r nas costas. Frequentem ente, o diagnóstico passa despercebido, visto que os sinais e sintom as podem ser inespecíficos. Os diagnósticos incorretos incluem lombalgia ines pecífica, diverticulite, cólica renal, sepse e infarto do m iocárdio. Um exame cuidadoso do abdom e que revela m assa pulsátil (presente em 50 a 75% dos pacientes) é um achado físico im portante. Os pacientes em que se suspeita de AAA devem ser avaliados com ultrassonogra fia, TC ou RM abdom inal (Cap. 248).
Dor sacral nas doenças ginecológicas e urológicas Os órgãos pélvicos raram ente causam lom balgia, exceto os d istú r bios ginecológicos que com prom etem os ligam entos uterossacrais. A dor é referida para a região sacral. A endom etriose ou os cânceres do útero podem invadir os ligam entos uterossacrais. A d or associa da à endom etriose é pré-m enstrual e, com frequência, continua até fundir-se com a dor m enstruai. A m á posição do útero pode causar tração do ligam ento uterossacral (retroversão, descida e prolapso) ou resultar em dor sacral após a posição ereta prolongada. A dor m enstruai pode ser percebida na região sacral. A dor mal localizada e em cólica p ode irradiar-se para as pernas. A dor causa da por infiltração neoplásica de nervos é contínua, de intensidade progressiva e não aliviada pelo repouso à noite. M enos com um ente, a radioterapia dos tum ores pélvicos provoca dor sacral devido à ne crose tardia de tecidos em decorrência de irradiação. D or lom bar que se irradia para um a ou am bas as coxas é com um nas últim as sem anas de gravidez. As fontes urológicas da d or lom bossacral incluem prostatite crônica, câncer de próstata com m etástase vertebral (Cap. 95), bem com o doenças do rim e do ureter. As lesões da bexiga e dos testículos geralm ente não provocam d or nas costas. As doenças renais infec ciosas, inflam atórias ou neoplásicas podem gerar d or lom bossacral ipsolateral, assim com o a trom bose da artéria ou da veia renal. Dor lom bar paravertebral pode ser um sintom a de obstrução ureteral se cundária à nefrolitíase.
■ OUTRAS CAUSAS DE DOR NAS COSTAS Dorsalgia postural Existe um grupo de pacientes com lombalgia crônica (LC) inespecífi ca nos quais é impossível detectar qualquer lesão anatôm ica específi ca, apesar de investigação exaustiva. Esses indivíduos queixam -se de dor vaga e difusa nas costas com a posição sentada ou em pé prolon gada, aliviada pelo repouso. Às vezes, os exercícios para fortalecer os m úsculos paravertebrais e abdom inais são úteis.
Doença psiquiátrica A LC p ode ser observada em pacientes que buscam indenização, em sim uladores ou naqueles com co n co m ita n te uso abusivo de su b stân cias. M uitos p acientes com LC a p rese n tam h istó ria de tra n sto rn o psiquiátrico (depressão, ansiedade,) o u trau m a de in fância (m au s-trato s físicos ou abuso sexual) que precede o início da lom balgia. A avaliação psicológica p ré-o p erató ria tem sido u ti lizada p ara excluir os pacientes com acentuado com p ro m etim en to psicológico que prognosticam resultado cirúrgico insatisfatório da cirurgia da coluna.
■ DOR IDIOPÁTICA A causa da lom balgia eventualm ente perm an ece obscura. A lguns pacientes foram subm etidos a m últiplas cirurgias p ara doença d is cai, m as continuam com d or persistente e incapacidade. As in d ica ções originais para a cirurgia p o d em ter sido duvidosas, com d or nas costas com o ún ico sintom a, ausência de sinais neurológicos definidos ou pequena protuberância discai observada à T C ou RM. F oram desenvolvidos sistem as de escores baseados nos sinais n e u rológicos, em fatores psicológicos, estudos fisiológicos e exam es de im agem para reduzir ao m ín im o a probabilidade de insucesso das cirurgias.
Dorsalgia
LOMBALGIA AGUDA (LA) SEM RADICULOPATIA É definida com o d or que dura m enos de 3 meses. Espera-se recuperação com pleta em 85% dos adultos com LA sem dor nas pernas. A m aioria exibe sintom as puram ente “m ecânicos” (isto é, dor agravada pelo m ovi m ento e aliviada pelo repouso). A avaliação inicial exclui as causas graves de patologia da co luna vertebral que exigem intervenção urgente, com o infecção, câncer ou traum atism o. Os fatores de risco para um a causa grave da LA são m ostrados no Q uadro 15.1. Os exam es laboratoriais e de imagens são desnecessários se não houver fatores de risco. TC ou radiografias simples da coluna vertebral raram ente são indica das no prim eiro mês de sintom as, a m enos que haja suspeita de fratura vertebral. O prognóstico em geral é excelente. M uitos pacientes não p ro c u ra m assistência m éd ica e, a p a re n te m e n te , m elh o ram . M esm o entre aqueles exam inados p o r clínicos gerais, cerca de 66% relatam m elhora substancial após sete sem anas. Essa m e lh o ra esp o n tân ea p o d e c o n fu n d ir os clínicos e p esq u isad o res quan to à eficácia das intervenções terapêuticas. Talvez em d e corrência disso, m uitos tratam e n to s p ro life rara m n o passado, com o repouso no leito, tração lom bar, fusão sacroilíaca e coccigectom ia. Os clínicos devem tranqüilizar os pacientes no sentido de que a m elhora é m uito provável, orientando-os a cuidar-se. A orientação é parte im portante do tratam ento. A satisfação do paciente e a probabilidade de acom panham ento aum entam quando os pacientes são orientados acerca do prognóstico, dos m étodos de tratam ento, das m odificações nas atividades e das estratégias em pregadas para evitar exacerbações futuras. Em um estudo, os pacientes que revelaram não terem recebido um a expli cação adequada para seus sintom as quiseram m ais exam es diag nósticos. Em geral, o repouso no leito deve ser evitado, ou m a n tido no m áxim o p o r um ou dois dias, para alívio dos sintom as graves. Vários ensaios random izados sugerem que o repouso no leito não acelera o ritm o da recuperação. G eralm ente, a m elhor recom endação quanto a atividade é para cam inhar e reassum ir o m ais cedo possível as atividades físicas norm ais, evitando ape nas trabalho m anual cansativo. As vantagens possíveis da deam bulação precoce na lom balgia aguda incluem a m anutenção do condicionam ento cardiovascular, m elhor nutrição do disco e da cartilagem , bem com o da força óssea e m uscular, além de níveis m aiores de endorfina. Exercícios específicos p ara as costas ou vigoroso precoce não m ostraram benefício na lom balgia aguda,
Dor nas Costas e no Pescoço
TRATAMENTO
mas podem ser úteis na d or crônica. A aplicação de com pressas ou cobertores quentes às vezes é útil. Diretrizes baseadas em evidência sugerem que m edicam entos vendidos sem prescrição m édica com o o paracetam ol e os AINEs são opções de prim eira linha para o tratam ento da LA. Os m iorrelaxantes, com o a ciclobenzaprinaou o m etocarbol, podem ser úteis, m as a sedação é um efeito colateral com um . Lim itar seu uso apenas à noite pode ser um a opção para alguns pacientes. Devido ao risco de abuso de alguns fárm acos dessa categoria, inclusive benzodiazepínicos e carisoprodol,em geral são recom endados es quem as curtos. N ão está claro se analgésicos opioides são mais eficazes que os AINEs ou paracetam ol no tratam en to da LA; a m aioria dos dados disponíveis sobre a eficácia refere-se ao trata m ento da lom balgia crônica. É m elhor reservá-los para pacien tes intolerantes ao paracetam ol ou aos AINEs, ou para aqueles com d or refratária grave. C om o no caso dos m iorrelaxantes, tais fárm acos costum am ser sedativos, de m aneira que pode ser útil prescrevê-los para uso apenas à noite. Os efeitos colaterais do uso de opioides a curto prazo incluem náuseas, constipação e prurido; os riscos do uso de opioides a longo prazo abrangem hipersensibi lidade à dor, hipogonadism o e dependência. Não há evidências em favor do uso de glicocorticoides orais ou injetáveis para a lom balgia aguda sem radiculopatia. Os fár m acos antiepil’\epticos, com o a gabapentina, não estão aprovados pelo FDA para o tratam en to da lom balgia aguda, havendo evi dência insuficiente que confirm e seu uso nesse contexto clínico. Os tratam entos não farm acológicos para a lom balgia aguda incluem m anipulação da coluna, fisioterapia, m assagem , acupun tura, estim ulação nervosa elétrica transcutânea, ultrassonografia, diaterm ia e ím ãs. A m anipulação da coluna parece ser um ta n to equivalente aos tratam entos clínicos convencionais e pode ser um a alternativa útil para pacientes que querem evitar ou não to leram o tratam ento m edicam entoso. Pouca evidência confirm a o benefício do uso de fisioterapia, m assagem , acupuntura, terapia a laser, ultrassonografia terapêutico, ímãs, coletes ou tração lombar. E m bora im portantes na do r crônica, os exercícios para as costas na dorsalgia aguda em geral não são apoiados p or evidência clíni ca. Tam bém não há evidência que com prove o valor da aplicação de gelo ou calor na LA; m uitos pacientes relatam alívio sintom á tico tem porário com gelo, e o calor pode proporcionar um a red u ção a curto prazo da d or após a prim eira sem ana.
LOMBALGIA CRÔNICA SEM RADICULOPATIA A lom balgia crônica é definida com o d or que dura m ais de 12 sem anas; ela representa 50% dos custos totais associados à d or nas costas. Os fatores de risco incluem obesidade, sexo fem inino, idade avançada, história pregressa de dor nas costas, m obilidade restrita da coluna verte bral, dor que se irradia p ara um a perna, altos níveis de sofrim ento psicológico, avaliação da própria saúde com o precária, atividade física m ínim a, tabagism o, insatisfação profissional e d or difusa. Em geral, os m esm os tratam entos recom endados para a lom bal gia aguda podem ser úteis em pacientes com lom balgia crônica. No entanto, nesse contexto, o benefício do tratam ento com opioi des ou m iorrelaxantes é m enos claro. Há evidência a favor do uso de exercícios, que pode inclusive ser um a das pedras fundam entais do tratam ento da dorsalgia crô nica. Os esquem as efetivos em geral incluíram um a com binação de exercício aeróbio gradual, exercícios de força e alongam ento. M otivar o paciente às vezes é um desafio e o exercício supervisio nado é m elhor, p or exemplo, com o apoio de um fisioterapeuta. Em geral, a tolerância à atividade é o principal objetivo, enquanto o alívio da d or é secundário. Os program as de exercício podem reverter a atrofia nos m úsculos paravertebrais e fortalecer os extensores do tronco. O exercício físico intensivo supervisionado ou esquem as de “trabalho duro” foram efetivos para os pacientes no sentido de retorno ao trabalho, aum ento da distância cam inhada e redução da dor. Além disso, algum as form as de ioga foram ava liadas em ensaios random izados e podem ser úteis para pacientes que estejam interessados.
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 138
As m edicações para a lom balgia crônica po d em incluir p a racetam ol, AINEs e antidepressivos tricíclicos. E nsaios com os últim os sugerem algum benefício, m esm o em pacientes sem evi dência de depressão. Os ensaios não confirm am a eficácia dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina para a dorsalgia. E ntretanto, depressão é com um em pacientes com do r crônica e deve ser tratada da m aneira apropriada. A terapia cognitivo-com portam ental baseia-se na evidência de que fatores psicológicos e sociais, bem com o patologia som áti ca, são im portantes na gênese da dor e da incapacidade crônicas. As atitudes e crenças do paciente, estresses psicológicos e padrões de com portam ento doentio podem influenciar as respostas à dor crônica. Assim, além de visar os m ecanism os fisiopatológicos, os tratam entos psicológicos têm p or objetivo reduzir a incapacidade m ediante a m odificação desde processos cognitivos e das co n tin gências do am biente do indivíduo. A terapia cognitivo-com portam ental inclui esforços para identificar e m odificar o que o p acien te pensa sobre sua dor e sua incapacidade, p or m eio de estratégias que possam envolver a im aginação, desvio da atenção ou m udar sentim entos e sensações de m á adaptação e crenças. Tal a borda gem inclui ensinar os pacientes a terem um a visão tridim ensional da dor, identificando pensam entos e sentim entos que a desenca deiam ou agravam, usando estratégias de enfrentam ento e técni cas de relaxam ento, até m esm o hipnose. Em um a revisão sistem á tica, concluiu-se que tais tratam entos são m ais efetivos que um grupo em lista de espera para alívio da dor a curto prazo; contudo, os resultados a longo prazo continuam incertos. Os tratam entos com portam entais podem ter efeitos de m agnitude sem elhante à terapia com exercício. A d or é a razão m ais com um para buscar tratam entos com plem entares e alternativos, sendo os m ais com uns para a d or nas costas a m anipulação da coluna, a a cu p u n tu ra e a m assagem . O papel das abordagens m edicinais com plem entares e alternativas, além da m anipulação da coluna, continua incerto. O biofeedback não foi estudado com rigor. C om o ocorre na dorsalgia aguda, a m anipulação da coluna pode, em m édia, oferecer benefícios sim ilares aos do tratam ento convencional. Ensaios rigorosos recentes sobre acupuntura suge rem que a acupuntura verdadeira não é superior ao seu sim ulacro, m as am bas podem ter um a vantagem sobre os cuidados rotinei ros. Não se sabe ao certo se isso decorre inteiram ente do efeito placebo ou da estim ulação proporcionada m esm o pela pseudoacupuntura. Alguns ensaios sobre a terapia com m assagem foram prom issores, m as o assunto tem sido m enos bem estudado que a m anipulação ou a acupuntura. E studos sobre a estim ulação nervosa elétrica transcutânea (ENET ou TENS) chegaram a conclusões conflitantes, m as um a diretriz recente baseada em evidência sugeriu que não havia evi dência convincente de sua eficácia no tratam en to da dorsalgia crônica. Várias injeções, inclusive epidurais de glicocorticoide, nas facetas articulares e no ponto de disparo, foram usadas para tratar a lombalgia crônica. Todavia, na ausência de radiculopatia, não há evidência de que os glicocorticoides epidurais sejam efe tivos no tratam ento da dorsalgia crônica. Vários ensaios ra n d o m izados sugerem que as injeções nas facetas articulares não são m ais efetivas que as de solução fisiológica, e diretrizes baseadas em evidência recente não recom endam seu uso. Da m esm a form a, há pouca evidência que confirm e o uso de injeções no ponto de disparo. Estudos sobre injeções às vezes são usados com finalida des diagnosticas para ajudar a determ inar a origem anatôm ica da dorsalgia. A reprodução da d or típica do paciente com discografia tem sido utilizada com o evidência de que a origem da d or está em um disco específico. O alívio da d or após um bloqueio de raiz nervosa do foram e ou injeção de glicocorticoide em um a faceta tem sido usado de m aneira sem elhante com o evidência de que a origem é a articulação facetária ou a raiz nervosa. Entretanto, em geral não se exclui a possibilidade de que a resposta à injeção
tenha sido um efeito placebo ou causada p o r absorção sistêmica dos glicocorticoides. O utra categoria de intervenção para a dorsalgia crônica inclui as terapias eletrotérm ica e de radiofreqüência. A terapia intradiscal foi proposta usando-se am bos os tipos de energia para term ocoagular e d estruir nervos no disco intervertebral, usando-se cateteres ou eletrodos projetados especialm ente para isso. Uma revisão sistem ática sugeriu que a evidência atual não apoia o uso dessas terapias intradiscais. Às vezes utiliza-se a desnervação por m eio de radiofreqüência para destruir nervos tidos com o os m ediadores da dor e a técnica tam bém tem sido em pregada para a dor em articulações facetárias (com o nervo visado sendo o ram o mediai do ram o dorsal prim á rio), para a dor que se crê surja de um disco intervertebral (ramo com unicante) e para a dorsalgia radicular (gânglios da raiz d or sal). Alguns pequenos ensaios deram resultados conflitantes so bre a dor na faceta articular. A evidência p ara a d or supostam ente discogênica e para a d or radicular tam bém é escassa. Um ensaio feito com pacientes que tinham d or radicular crônica não revelou diferença entre a desnervação p o r m eio de radiofreqüência dos gânglios da raiz dorsal e o tratam ento empírico. Revisões sistem á ticas recentes levaram à conclusão que não há evidência suficiente para avaliar de form a confiável essas terapias intervencionistas. A intervenção cirúrgica para a lombalgia crônica na ausência de radiculopatia foi avaliada em um pequeno núm ero de ensaios random izados, todos conduzidos na Europa. Cada um desses es tudos incluiu pacientes com dorsalgia e um disco degenerativo, m as não dor isquiática (ciática). Em três dos quatro ensaios, con cluiu-se que a cirurgia de fusão lom bar não foi m ais efetiva que a reabilitação altam ente estruturada e rigorosa, com binada com a terapia cognitivo-com portam ental. O q uarto ensaio revelou um a vantagem da cirurgia de fusão sobre os “cuidados habituais” fortuitos, que pareceram ser m enos efetivos que a reabilitação es tru tu rad a em outros ensaios. A nte a evidência conflitante, as indi cações unicam ente cirúrgicas para a dorsalgia crônica continuam controvertidas. D iretrizes tanto dos EUA com o britânicas suge rem considerar o encam inham ento para um a opinião sobre fusão vertebral para pessoas que tenham com pletado um esquem a de tratam en to não cirúrgico ótim o (incluindo fisioterapia e trata m ento psicológico) e continuaram a ter dorsalgia intensa para a qual considerariam um a cirurgia. O tratam ento cirúrgico m ais m oderno para discos degenera dos com dorsalgia é a substituição deles p or próteses, em geral projetadas com o placas m etálicas com um acolchoam ento de polietileno entre elas. N os ensaios que levaram à aprovação desses dispositivos, eles foram com parados com a fusão vertebral, concluindo-se que os discos artificiais “não foram inferiores”. C om plicações graves pareceram m ais prováveis com o disco artificial. Esse tratam ento para a lom balgia continua sendo polêmico. Os esquem as de reabilitação m ultidisciplinar intensiva p o dem envolver cuidados diários ou freqüentes que abrangem fi sioterapia, exercício, terapia cognitivo-com portam ental, um a avaliação do local de trabalho e outras intervenções. No caso de pacientes que não responderam a outras intervenções, tais esque m as parecem oferecer algum benefício. Revisões sistemáticas su gerem que a evidência é lim itada e os efeitos são m oderados. Alguns observadores levantaram a questão de que a dorsalgia crônica em geral po d e ser tratad a de m aneira excessiva. O uso de opioides, injeções epidurais de glicocorticoide, injeções na fa ceta articular e intervenção cirúrgica aum entou rapidam ente na últim a década, sem m elhora correspondente da dor ou funcional em nível populacional nos pacientes com dorsalgia. Em cada caso, ensaios random izados só forneceram suporte m ínim o para esses tratam entos no contexto da dorsalgia crônica sem radiculopatia. Para a lombalgia sem radiculopatia, as novas diretrizes britânicas são explícitas não recom endando o uso de inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), qualquer tipo de injeção, ENET
(TENS), apoios lom bares, tração, desnervação da articulação fa cetária p o r m eio de radiofreqüência, terapia eletrotérm ica intradiscal ou term ocoagulação intradiscal p or m eio de radiofreqüên cia. De m aneira sem elhante, esses tratam entos tam bém não são recom endados nas diretrizes do A m erican College o f Physicians e da A m erican Pain Society. Já a terapia com exercício e o tratam en to da depressão parecem ser subutilizados.
DOR NO PESCOÇO E NO OMBRO (Q uadro 15.4) A dor no pescoço, que geralm ente se origina de d oen ças da coluna cervical e dos tecidos m oles do pescoço, é com um . A dor cervical que se origina da coluna cervical é precipitada po r m o vim entos, podendo ser acom panhada de d or focal à palpação local e lim itação dos m ovim entos. A d o r que se origina no plexo braquial, n o om bro ou em nervos periféricos pode ser confundida com um a doença da coluna cervical, porém a história clínica e o exam e físico geralm ente identificam u m a origem m ais distai para a dor. T raum a tism o da coluna cervical, doença discai ou espondilose com estrei tam ento de foram e intervertebral podem ser assintom áticos ou d o lorosos e ocasionar m ielopatia, radiculopatia ou ambas. Acredita-se que os m esm os fatores de risco para um a causa séria de lombalgia se apliquem à dor no pescoço, além de tam bém poderem ocorrer sinais neurológicos de m ielopatia (incontinência, nível sensorial, pernas espásticas). O sinal de L herm itte, um choque elétrico num a região baixa da coluna com o pescoço em flexão, sugere acom etim ento da m edula espinal de qualquer causa.
Dor nas Costas e no Pescoço
LOMBALGIA COM RADICULOPATIA Um a causa com um de do rsal gia com radiculopatia é um disco hern iad o com invasão de raiz nervosa, resultando em dorsalgia que se irradia para a perna. O prognóstico da lom balgia aguda com radiculopatia devida a h e r niação de disco (ciática) em geral é favorável, com a m aioria dos pacientes dem onstrando m elhora substancial em questão de m e ses. Exam es de im agem seriados sugerem regressão espontânea da parte herniada do disco em cerca de 66% dos pacientes em seis meses. Apesar disso, há várias opções im portantes de tratam ento para proporcionar alívio dos sintom as enquanto esse processo de cura natural se desenvolve. O retorno ao m áxim o possível às atividades norm ais em geral é a m elhor recom endação em term os de atividade. Evidência de ensaio random izado sugere que o repouso no leito é inefetivo para tratar a ciática, bem com o para a dorsalgia isolada. O paracetam ol e os AINEs são apropriados para o alívio da dor, em bora a dor grave possa requerer esquem as curtos de analgésicos opioides. As injeções epidurais de glicocorticoide têm um papel no sentido de p roporcionar alívio tem p o rário do sintom a de ciáti ca decorrente de um disco herniado. E m bora evidência de ensaio random izado seja conflitante, parece haver algum benefício glo bal a curto prazo para o alívio da d or da ciática. No entanto, não parece haver benefício em term os de redução das intervenções cirúrgicas subsequentes. Os bloqueios diagnósticos de raiz n e r vosa foram defendidos para se determ in ar se a do r origina-se de um a raiz nervosa específica. E ntretanto, pode haver m elhora m es m o quando a raiz nervosa não é responsável pela dor; isso pode ocorrer com o um efeito placebo, devido a um a lesão causadora de dor localizada distalm ente ao longo de um nervo periférico, ou de anestesia do nervo sinovertebral. A utilidade dos bloqueios de raiz nervosa diagnósticos continua m otivo de debate. A intervenção cirúrgica está indicada para pacientes com fraqueza m otora progressiva, dem onstrada ao exam e clínico ou à EMG, com o resultado de lesão de raiz nervosa. A cirurgia de urgência é recom endada para pacientes que tenham evidência da síndrom e da cauda equina ou de com pressão da m edula espinal, geralm ente sugerida p or disfunção intestinal ou vesical, sensibili dade dim inuída em distribuição em sela, um nível sensorial, fra queza bilateral das pernas ou espasticidade bilateral das pernas. A cirurgia tam bém é um a opção im portante para os pacientes com dor radicular incapacitante, apesar do tratam ento conserva do r ideal. Talvez a ciática seja a razão m ais com um p ara recom en dar cirurgia da coluna. Com o os pacientes com um disco h e rn ia do e ciática em geral apresentam m elhora rápida em questão de sem anas, a m aioria dos especialistas não recom enda considerar a cirurgia, a m enos que o paciente não tenha exibido resposta de pois de seis a oito sem anas de tratam en to cirúrgico apropriado. No caso de pacientes que não tenham m elhorado, ensaios ra n dom izados indicam que, em com paração com o tratam ento não cirúrgico, a cirurgia resulta em alívio m ais rápido da dor. C o n tu do, após um ou dois anos de acom panham ento, os pacientes com ciática parecem ter praticam ente o m esm o nível de alívio da dor e m elhora funcional com ou sem cirurgia. Portanto, am bas as abor dagens de tratam ento são razoáveis, e as preferências do paciente devem ter um papel principal na tom ada de decisão. A lguns p a cientes vão querer o alívio m ais rápido possível e consideram os riscos cirúrgicos aceitáveis. O utros terão m ais receio dos riscos e serão m ais tolerantes aos sintom as, preferindo aguardar se e nten derem que a m elhora é provável no final.
O procedim ento cirúrgico habitual é um a hem ilam inectom ia parcial com excisão do disco prolapsado. A fusão dos segm entos lom bares envolvidos deve ser considerada apenas se houver insta bilidade significativa da coluna (i. e., espondilolistese degenerati va). Os custos associados à fusão entre corpos vertebrais lom bares aum entaram m uito nos ú ltim os anos. N ão há grandes ensaios prospectivos random izados com parando a fusão com outros tipos de intervenção cirúrgica. Em um estudo, pacientes com lom bal gia persistente apesar de um a discectom ia inicial não m elhoraram mais com a fusão vertebral que com um esquem a conservador de intervenção cognitiva e exercício. Na últim a década, foram usados discos artificiais na Europa; sua utilidade continua controvertida nos EUA.
■ TRAUMATISMO DA COLUNA CERVICAL O traum atism o da coluna cervical (fraturas, subluxação) subm ete a m edula espinal ao risco de com pressão. A cidentes com veículos m o torizados, crim es violentos ou quedas são responsáveis po r 87% das lesões da m edula espinal cervical (Cap. 377). A im obilização im e diata do pescoço é essencial para m in o ra r qualquer lesão adicional da m edula espinal em conseqüência do m ovim ento de segm entos instáveis da coluna cervical. A decisão de o bter im agens deve basear-se na natureza da lesão. Os critérios NEXUS de baixo risco esta belecidos que n o rm alm en te a lertam pacientes sem sensibilidade à palpação na linha m édia, intoxicação, déficits neurológicos e lesões dolorosas p or distração têm u m a probabilidade m uito baixa de lesão traum ática significativa da coluna cervical. A regra da coluna Canadian C recom enda que a im agem seja obtida após o traum atism o da região do pescoço se o paciente tiver m ais de 65 anos de idade, parestesia de m em bro ou um m ecanism o perigoso para a lesão (p. ex., colisão de bicicleta com árvore ou carro estacionado, queda de altura > 1 m ou cinco degraus, acidente de m ergulho). U m exam e de T C é o procedim ento diagnóstico de escolha para a detecção de fraturas agudas. Q uando se suspeita de lesão traum ática das artérias vertebrais ou da m edula espinal cervical, a visualização p o r RM com angiorressonância é preferida. A lesão em chicotada deco rre de flexão e extensão rápidas do pescoço, geralm ente em acidentes autom obilísticos, e causa entorse lesão m usculoligam entar, diagnóstico que não deve ser aplicado a pacientes com fraturas, hern iação de disco, trau m atism o craniano, achados neurológicos focais ou alteração da consciência. Até 50% das pessoas que relatam lesão em c h ico tad a aguda têm d o r p e r sistente no pescoço até u m ano m ais tarde. Q u an d o a indenização pessoal p ara d o r e so frim en to foi abolida do sistem a de saúde aus traliano, o prognóstico para a recuperação em um ano de lesão em chicotada tam bém m elhorou. A realização de exam es de im agem da coluna cervical não é custo-efetiva, m as útil para detectar hérnias de
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r QUADRO 15.4
Radiculopatia cervical - aspectos neurológicos Achados ao exame
Raízes nervosas cervicais
Reflexos
Sensoriais
Motores
Distribuição da dor
C5
Bíceps
Sobre o deltoide lateral
Supraespinhoso* (abdução inicial de braço)
Braço lateral, escápula mediai
Infraespinhoso* (rotação externa do braço) Deltoide* (abdução do braço) Bíceps (flexão de braço) C6
C7
Bíceps
Tríceps
Polegar, dedo indicador
Bíceps (flexão de braço)
Mão/antebraço radial
Pronador redondo (rotação interna de antebraço)
Dedos médios
Tríceps*3 (extensão do braço)
Dorso do antebraço
Extensores do punho*
Dedo mínimo
Abdutor curto do polegar (abdução D1)
Parte mediai da mão e antebraço
Primeiro interósseo dorsal (abdução D2) Abdutor do dedo mínimo (abdução D5)
Axila e parte mediai do braço
Abdutor curto do polegar (abdução D1)
Antebraço lateral, polegar, dedo indicador Parte posterior do braço, dorso do antebraço, lateral da mão
Extensor dos dedo* (extensão de dedo) C8
TI
Flexores dos dedos
Flexores dos dedos
Quarto e quinto dedos, antebraço mediai
Parte mediai do braço, axila
Primeiro interósseo dorsal (abdução D2)
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Abdutor do dedo mínimo (abdução D5) Tais músculos recebem a maior parte da inervação dessa raiz.
disco quando os sintom as persistem p o r m ais de seis sem anas após a lesão. Os sintom as graves iniciais têm sido associados a desfecho precário a longo prazo.
■ DOENÇA DISCAL CERVICAL A herniação de um disco cervical inferior é u m a causa com um de dor ou form igam ento no pescoço, no om bro, no braço e na mão. D or no pescoço, rigidez e lim itação da am plitude dos m ovim entos pela dor são as m anifestações habituais. Um a hérn ia de disco cervical é res ponsável po r aproxim adam ente 25% das radiculopatias cervicais. A extensão e a rotação lateral do pescoço estreitam o foram e interverte bral ipsolateral e podem reproduzir os sintom as radiculares (sinal de Spurling). Em pessoas jovens, a com pressão aguda de raízes nervosas p or um disco cervical roto frequentem ente decorre de traum atism o. Em geral, as hérnias discais cervicais são posterolaterais, próxim o ao recesso lateral. As raízes nervosas cervicais m ais com um ente aco m etidas são C 7 e C6. O Q uadro 15.4 resum e os padrões típicos de alterações sensoriais, m otoras e dos reflexos que acom panham lesões específicas de raízes nervosas cervicais. E m bora os padrões clássicos sejam clinicam ente úteis, ( 1) há superposição na função entre raízes nervosas adjacentes, (2) os sinais e sintom as podem ser evidentes em apenas parte do território da raiz nervosa acom etida e (3) a localiza ção da dor é a mais variável das m anifestações clínicas.
■ ESPONDILOSE CERVICAL A osteoartrite da coluna cervical pode provocar dor no pescoço que se irradia para a nuca, os om bros ou os braços, ou pode ser a o ri gem de cefaleias na região occipital posterio r (suprida pelas raízes nervosas C2-C4). Osteófitos, protrusões discais ou h ipertrofia das articulações facetárias ou uncovertebrais podem com prim ir um a ou várias raízes nervosas nos foram es intervertebrais (Fig. 15.6); essa com pressão é responsável p or 75% das radiculopatias cervicais. As raízes mais com um ente acom etidas são C7 e C6. O estreitam ento do canal vertebral por osteófitos, a ossificação do ligam ento longitudinal posterior (OLLP) ou um grande disco central podem co m prim ir a m edula espinal cervical. Pode haver com binações de radiculopatia e m ielopatia. Q uando a com pressão da m edula é acom panhada de pouca ou nenhum a dor no pescoço, o diagnóstico pode ser confun
dido com esclerose lateral am iotrófica (Cap. 374), esclerose m últipla (Cap. 380), tum ores da m edula espinal ou siringomielia (Cap. 377). A possibilidade de espondilose cervical deve ser considerada m esmo quando o paciente apresenta apenas sinais ou sintom as nas pernas. A RM é o estudo de escolha para definir as anorm alidades anatômicas, m as a TC simples é adequada para avaliar esporões ósseos, estreita m ento do forame, estenose do recessão lateral ou OLLP. A EMG e os estudos da condução nervosa podem localizar e estim ar a intensida de da lesão de raiz nervosa.
■ OUTRAS CAUSAS DA DOR NO PESCOÇO A artrite reumatoide (AR) (Cap. 321) das articulações apofisárias cervicais provoca dor, rigidez e lim itação dos m ovim entos do pes coço. Na AR avançada, a sinovite da articulação atlantoaxial (C1-C2; Fig. 15.2) pode lesar o ligam ento transverso do atlas, ocasionando u m deslocam ento anterior do atlas sobre o áxis (subluxação atlanto axial). São observadas evidências radiológicas de subluxação atlan toaxial em 30% dos pacientes com AR. C om o seria esperado, o grau de subluxação correlaciona-se com a gravidade da doença erosiva. Na presença de subluxação, a avaliação cuidadosa é im portante para identificar os prim eiros sinais de m ielopatia. A lguns pacientes de senvolvem com pressão da m edula espinal superior, resultando em tetraparesia, insuficiência respiratória e m orte. Deve se considerar a possibilidade de cirurgia quando há m ielopatia ou instabilidade da coluna. A RM é a m odalidade de im agem preferida. A espondilite anquilosante pode causar d or cervical e, m enos com um ente, subluxação atlantoaxial; a cirurgia pode ser necessária para evitar com pressão da m edula espinal. O herpes-zóster agudo apresenta-se com o dor cervical ou occipital posterior aguda antes do aparecim ento de vesículas. Neoplasias m etastáticas para a coluna cer vical, infecções (osteomielite e abscesso extradural) e doenças ósseas metabólicas tam bém podem causar d o r cervical. A do r no pescoço igualm ente pode ser referida a p a rtir do coração na doença arterial coronariana (DAC) isquêmica (síndrom e de angina cervical).
■ DESFILADEIRO T0RÁCIC0 O desfiladeiro torácico contém a p rim e ira costela, a artéria e a veia subclávias, o plexo braquial, a clavícula e o ápice pulm onar. U m a
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■ PLEXO BRAQUIAL E NERVOS A d o r em decorrência de lesão do plexo b raquial ou de nervos p e riféricos no braço às vezes sim ula a que provém da coluna cervical. A infiltração neoplásica do tronco inferior do plexo braquial pode provocar do r no om bro ou supraclavicular que se irrad ia pelo b ra ço, do rm ên cia dos q u a rto e q u in to dedos da m ão ou do an te b ra ço m ediai, bem com o fraqueza dos m ú scu lo s in trín seco s da m ão inervados pelos nervos u ln ar e m ediano. A lesão tard ia p o r irrad ia ção p ode pro d u zir achados sem elhantes, p o ré m a presença de dor é m enos freqüente e quase sem pre m enos intensa. U m tu m o r de Pancoast do pulm ão (Cap. 89) é ou tra causa e deve ser considerada, sobretudo q u ando a síndrom e de H o rn e r está presente. A neuro patia supraescapular pode causar d o r intensa no om bro, fraqueza e em aciação dos m úsculos supra e infraespinhoso. A neurite braquial aguda é m uitas vezes c o nfundida com radiculopatia; o início agudo de d o r intensa no om bro ou na escápula é seguido n o deco rrer de dias, p o r fraqueza da p arte proxim al do braço e dos m úsculos da cin tu ra escapular inervados pelo plexo braquial superior. O início freq u en tem en te é precedido p o r u m a infecção. O n e rv o torácico longo pode ser acom etido, caso em que resulta em escápula alada. Tam bém p ode haver neu rite braquial com o u m a paralisia isolada do diafragm a ou com acom etim ento de outros nervos do m em bro superior. A recuperação em geral é boa, m as p o d e levar três anos para ser com pleta. Casos esporádicos da síndrom e do túnel cárpico acarretam d or e parestesias que se estendem para o antebraço, o braço e o om bro, assem elhando-se a um a lesão das raízes C5 ou C6. As lesões dos nervos radial ou ulnar podem sim ular radiculopatia em C7 ou C 8, respecti vam ente. A EMG e os estudos da condução nervosa p odem localizar com precisão as lesões das raízes nervosas, do plexo braquial ou dos nervos periféricos. Ver u m a a bordagem m ais com pleta dos d istú r bios dos nervos periféricos n o Cap. 384.
■ OMBRO A dor que surge no om bro pode, algum as vezes, sim ular a da colu na. Na ausência de sinais e sintom as de radiculopatia, o diagnóstico diferencial deve incluir d o r m ecânica no om bro (tendinite, bursite, ruptura do m anguito rotador, luxação, capsulite adesiva e im pacto do m anguito sob o acrôm io) e d or referida (irritação subdiafragm ática, angina, tu m o r de Pancoast). A dor m ecânica costum a ser mais in ten sa à noite, associada à hipersensibilidade local do om bro e agravada p o r abdução, rotação m ediai ou extensão do braço. A d or de um a doença do om bro p ode irradiar-se para o braço ou a m ão, m as não há alterações sensoriais, m otoras e reflexas.
TRATAMENTO
Dor cervical sem radiculopatia
A evidência acerca do tratam en to da d or cervical é m enos com pleta que a da lombalgia. Com o n a últim a, a m elhora espontânea é a n orm a para a d or aguda no pescoço, e o objetivo da terapia costum a ser proporcionar alívio do sintom a enquanto o processo natural de cura se desenvolve. A evidência a favor de tratam entos não cirúrgicos para distúr bios associados à lesão em chicotada em geral é de baixa qualida de e não confirm a nem refuta a eficácia dos tratam entos com uns usados para o alívio da dor. A m obilização leve da coluna cervical, com binada com program as de exercício, pode ser m as benéfica que os cuidados habituais. A evidência é insuficiente para reco m endar ou não o uso de tração cervical, colares cervicais, ENET (TENS), ultrassonografia, d iaterm ia ou m assagem . O papel da acupuntura para a dor cervical tam bém perm anece ambíguo, com estudos de baixa qualidade e resultados conflitantes. Para pacientes com d or cervical não associada a traum atism o, o exercício supervisionado, com ou sem m obilização, parece ser efetivo. Os exercícios em geral incluem apoio para os om bros e extensores para o pescoço. E m bora haja relativam ente pouca evi dência sobre o uso de m iorrelaxantes, analgésicos e A INEs na dor cervical, m uitos clínicos usam esses m edicam entos praticam ente da m esm o m odo que na lombalgia. A terapia com laser de nível baixo direcionada para áreas de sensibilidade, pontos locais de a cu p u n tu ra ou um a grade de pontos p red eterm in ad o s é um a abordagem controversa para o tratam ento da dor cervical. Os supostos benefícios poderiam ser m ediados p o r efeitos anti-inflam atórios, redução da fadiga dos m úsculos esqueléticos ou inibição da transm issão nas junções neurom usculares. U m a m eta-análise de 2009 sugeriu que esse tra tam ento pode proporcionar m aior alívio da d or do que a terapia em pírica, tan to para a d o r cervical aguda com o para a crônica. A com paração com outras m edidas de tratam en to conservador é necessária. E m bora alguns estudos cirúrgicos tenham proposto um p a pel para a discectom ia e a fusão em pacientes com d or cervical, em geral não foram conduzidos com rigor. U m a revisão sistem á tica sugeriu que não havia evidência válida que apoiasse a fusão cervical ou a artroplastia de disco cervical em pacientes com dor cervical sem radiculopatia. Sim ilarm ente, não há evidência que favoreça a n eurotom ia p o r m eio de radiofreqüência ou injeções nas facetas cervicais para a d or cervical sem radiculopatia.
TRATAMENTO
Dor nas Costas e no Pescoço
lesão nessas e stru tu ra s p o d e re su lta r em d o r no o m b ro e n a re gião supraclavicular, in d u zid a pela p o stu ra ou pelo m ovim ento. A síndrom e do desfiladeiro torácico verdadeira (SDT) é um distú rb io in co m u m que resulta da com pressão do tro n co in ferio r do plexo braquial ou dos ram o s v entrais das raízes nerv o sas C 8 ou T I p o r u m a faixa an o rm al de tecido que conecta um processo transverso alongado em C7 com a p rim e ira costela. A d o r é leve ou ausente. Os sinais consistem em fraqueza dos m úsculos in trín seco s da m ão e sensação d im in u íd a na face pa lm a r do q u in to dedo. U m a ra d io grafia a n te ro p o sterio r da coluna cervical m o strará o processo C7 alongado, e a EM G e os estudos da condução n erv o sa co n firm am o diagnóstico. O tratam e n to consiste n a ressecção cirúrgica da fai xa anôm ala. A fraqueza e a em aciação dos m ú scu lo s in trín se c o s da m ão não m elhoram , p o ré m a cirurgia in te rro m p e a progressão in sid io sa da fraqueza. A SD T arterial re su lta de co m p ressão da a rté ria subclávia p o r u m a costela cervical, que p o r sua vezresulta em dilatação p ó s-e ste n ó tica da a rté ria e fo rm ação de tro m b o . A pressão a rte ria l fica re d u zid a no m em b ro acom etido, p o d e n do h aver sinais de em bolia n a m ão. N ão h á sinais neurológicos. A u ltrassonografia po d e c o n firm ar o d iagnóstico de m an e ira não invasiva. O tratam e n to consiste em tro m b ó lise ou anticoagulação (com ou sem em bolectom ia) e excisão cirúrgica da costela cervical que c o m p rim e a a rté ria subclávia. A S D T venosa deve-se a tro m bose da veia subclávia, re su lta n d o em inchaço do braço e dor. A veia po d e ser c o m p rim id a p o r u m a costela cervical ou u m m ú sc u lo escaleno anôm alo. A SD T controversa inclui g ra n d e n ú m ero de pacientes com d o r crônica no b raço e no om b ro de causa incerta. A ausência de achados sensoriais e específicos ao exam e físico ou de m arcad o res lab o ra to ria is p a ra esse d istú rb io freq u e n tem e n te resulta em incerteza diagnóstica. O papel da ciru rg ia n a SDT c o n troversa é duvidoso. O tra ta m e n to m u ltid iscip lin a r d a d o r é um a co n d u ta conservadora, e m b o ra o tra ta m e n to com freq u ên cia não ten h a êxito.
Dor cervical com radiculopatia
A história natural da dor cervical m esm o com radiculopatia é fa vorável e m uitos pacientes m elhoram sem terapia específica. Em bora não haja ensaios random izados sobre os AINEs na dor cervi cal, um esquem a com eles, com ou sem m iorrelaxantes, pode ser
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 142
um a terapia inicial apropriada. O utros tratam entos apropriados são com um ente usados, inclusive analgésicos opioides, glicocorti coides orais, tração cervical e im obilização com um colar cervical rígido ou flexível. Entretanto, não há ensaios random izados para estabelecer a efetividade desses tratam entos em com paração com a história natural isolada. Os colares cervicais flexíveis podem ter algum a utilidade, porque lim itam os m ovim entos cervicais es pontâneos e reflexos que exacerbam a dor. Com o na radiculopatia lom bar, os glicocorticoides epidurais p odem proporcionar alívio do sintom a a curto prazo na ra d ic u lopatia cervical. Se esta for devida à com pressão óssea decorrente de espondilose cervical com estreitam ento de forame, então a des com pressão cirúrgica em geral é indicada para evitar a progressão dos sinais neurológicos. O tratam en to cirúrgico pode p ro p o rcio n a r alívio rápido e substancial do sintom a, em bora não esteja claro se os desfechos a longo prazo são m elhores do que com a terapia não cirúrgica. Indicações razoáveis de cirurgia de disco cervical incluem um d é ficit m otor radicular progressivo, dor que causa lim itação funcio nal e não responde ao tratam ento conservador ou com pressão da m edula espinal cervical. Os tratam entos cirúrgicos incluem discectom ia cervical ante rior isolada, lam inectom ia com discectom ia, discectom ia com fu são e artroplastia de disco (im plantação de um disco cervical a rti ficial). As fusões podem ser feitas com um a variedade de técnicas. O risco de radiculopatia ou m ielopatia subsequente nos segm entos cervicais adjacentes à fusão é de aproxim adam ente 3% ao ano e 26% por década. Em bora às vezes seja considerado um a com plica ção tardia da cirurgia, esse risco pode refletir a h istória natural da doença degenerativa do disco cervical. A durabilidade das próteses de disco é incerta. Os dados disponíveis não confirm am de form a consistente um a técnica cirúrgica em favor de outra.
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B h a n g le
SEÇÃO 2
Alterações na Temperatura Corporal
CAPÍTULO
16
Febre e Hipertermia Charles A. Dinarello Reuven Porat
FEBRE VERSUS HIPERTERMIA ■ FEBRE A febre é um a elevação da tem peratura corporal que ultrapassa a va riação diária norm al e ocorre associada a aum ento do ponto de ajuste hipotalâmico - (p. ex., de 37 para 39°C). Essa alteração do ponto de ajuste do estado “norm otérm ico” para níveis febris assem elha-se bas tante ao reajuste do term ostato dom éstico para um nível maior, com o objetivo de elevar a tem peratura am biente em um côm odo da casa. Q uando o ponto de ajuste do hipotálam o está elevado, os neurônios do centro vasom otor são ativados dando início à vasoconstrição. Ini cialm ente, o indivíduo percebe essa vasoconstrição nas m ãos e nos pés. O desvio de sangue da periferia para os órgãos internos reduz a perda de calor através da pele e o indivíduo sente frio. Na m aioria dos pacientes com febre, a tem p eratu ra corporal aum enta 1 a 2°C. Os trem ores, que elevam a p rodução m uscular de calor, podem se iniciar nesse m om ento, m as serão desnecessários se os m ecanism os de conservação elevarem suficientem ente a tem peratura sanguínea. A term ogênese sem trem ores que ocorre no fígado contribui para elevar a tem peratura interna. Nos seres hum anos, as adaptações comportam entais (p. ex., vestir m ais roupas ou se cobrir) ajudam a elevar a tem peratura corporal ao reduzir a perda de calor. Os processos de conservação (vasoconstrição) e geração (trem o res e aum ento da term ogênese sem trem ores) de calor continuam até que a tem peratura do sangue que irriga os neurônios hipotalâm icos atinja o novo p onto de ajuste do term ostato. Q uando esse patam ar é atingido, o hipotálam o m antém a tem p eratu ra no nível febril pelos m esm os m ecanism os de equilíbrio do calor que funcionam no in d i víduo sem febre. Q uando o ponto de ajuste hipotalâm ico é reajustado para baixo (em resposta à redução da concentração dos pirogênios ou ao uso de antipiréticos), os processos de perda de calor p o r vasodilatação e transpiração são ativados. A p erda de calor po r transpiração e vasodilatação continua até que a tem peratura sanguínea no hipotála m o atinja o ponto inferior da regulação. Alterações com portam entais (p. ex., rem oção de roupas) facilitam a perda de calor. A febre superior a 41,5°C é descrita com o hiperpirexia. Essa febre extrem am ente elevada pode ocorrer em pacientes com infecções gra ves, porém é m ais com um em indivíduos com hem orragias do siste m a nervoso central (SNC). A ntes da era dos antibióticos, a febre cau sada pelas diversas doenças infecciosas raram ente passava de 41°C e, p or essa razão, alguns pesquisadores especulavam que esse “lim ite térm ico” natural seria m ediado p o r neuropeptídios que funcionam com o antipiréticos centrais. Em casos raros, o po n to de ajuste do h ipotálam o aum enta em conseqüência de traum atism o localizado, hem orragia, tum or ou dis função hipotalâm ica intrínseca. Em alguns casos, usa-se a expressão febre hipotalâmica para descrever as elevações da tem peratura causa das p or disfunção do hipotálam o. C ontudo, a m aioria dos pacientes com lesão hipotalâm ica tem tem p e ra tu ras corporais abaixo e não acima do norm al.
Febre e Hipertermia
A tem p eratu ra corporal é controlada pelo hipotálam o. Os n e u rô nios existentes no hipotálam o anterior pré-óptico e no hipotálam o posterior recebem dois tipos de sinais: o prim eiro dos nervos p e ri féricos que transm item inform ações obtidas dos receptores de frio/ calor na pele e o segundo proveniente da tem peratura do sangue que irriga a região. Esses dois tipos de sinais são integrados pelo centro term orregulador do hipotálam o, visando à m anutenção da tem pera tura corporal. Em um am biente neutro quanto à tem peratura, a taxa m etabólica dos seres hum anos sem pre p roduz m ais calor que seria necessário para m anter a tem peratura corporal central na faixa entre 36,5 e 37,5°C. Em geral, a tem peratura corporal norm al é m antida apesar das variações am bientais, tendo em vista que o centro term orregulador do hipotálam o equilibra a produção excessiva de calor derivado da atividade m etabólica dos m úsculos e do fígado p or dissipação do ca lor através da pele e dos pulm ões. De acordo com os estudos realiza dos em indivíduos sadios entre 18 e 40 anos de idade, a tem peratura oral m édia é de 36,8 ± 0,4°C, com níveis m ais baixos às 6h e m ais altos entre 16 e 18 h. A tem peratura oral norm al m áxim a é de 37,2°C às 6 h e 37,7°C às 16 h; tais valores definem o percentil 99 para os indivíduos sadios. De acordo com esses estudos, temperaturas acima de 37,2°C pela m anhã ou acima de 37,7°C à tarde definem o estado de febre. A variação diária no rm al da tem p eratu ra costum a ser de 0,5°C. C ontudo, em alguns pacientes que estão se recuperando de um a doença febril, a variação diária pode chegar a 1°C. D urante um a doença febril, as variações diurnas geralm ente são m antidas, porém em níveis m ais altos, febris. A variação da tem peratura ao longo do dia parece ser rígida na prim eira infância; p o r outro lado, é possí vel que indivíduos m ais idosos tenham m en o r capacidade de desen volver febre apresentando níveis m odestos de tem p eratu ra m esm o quando com infecções graves. Em geral, as tem peraturas retais são 0,4°C m ais altas que as afe rições orais e 0,8°C mais altas que as tem peraturas axilares. As leitu ras orais m ais baixas provavelm ente são atribuíveis à respiração oral, um fator a ser considerado nos pacientes com infecções respiratórias e aum ento da frequência respiratória. As tem peraturas do esôfago distai refletem com m aior precisão a tem p eratu ra central. Os ter m ôm etros para m em brana tim pânica (M T) m edem o calor radiante em itido pelo tím pano e canal auditivo adjacente, apresentando esse valor de form a absoluta (m odo sem ajuste) ou calculado autom a ticam ente a p a rtir da aferição absoluta, com base em nom ogram as que relacionam à tem peratura radiante m edida com as tem peraturas centrais obtidas em estudos clínicos (m odo ajustado). E m bora sejam convenientes, tais aferições podem ser m uito m ais variáveis que os valores retais, orais ou axilares determ inados diretam ente. Estudos realizados em adultos m ostraram que os valores aferidos são m en o res com os term ôm etros para M T em m odo não ajustado do que com os aparelhos em m odo ajustado; além disso, os valores aferidos por term ôm etros em m odo não ajustado são 0,8°C m enores do que as tem peraturas retais. Nas m ulheres que m enstruam , a tem p e ra tu ra n a parte da m a nhã geralm ente é m enor nas 2 sem anas que antecedem a ovulação; em seguida, a tem peratura aum enta cerca de 0,6°C com a ovulação e
perm anece nesse patam ar até que se inicie a m enstruação. A tem pe ratura corporal pode se elevar no p eríodo pós-prandial. Gravidez e disfunção endócrina tam bém alteram a tem peratura corporal.
■ HIPERTERMIA A inda que a m aioria dos pacientes que apresentam elevação da tem peratura corporal de fato tenha febre, há situações nas quais a eleva ção da tem peratura significa h ip erterm ia (tam bém cham ada intermação) e não febre (Q u ad ro 16.1). A h iperterm ia caracteriza-se por aum ento descontrolado da tem peratura corporal, que excede a capa cidade do corpo de perder calor. N ão há alteração no ajuste do centro term orregulador hipotalâm ico. Ao contrário do que ocorre com a fe-
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QUADRO 16.1
Causas das síndromes de hipertermia
Intermação Por esforço: exercícios em ambientes com calor e/ou umidade acima do normal Sem esforço: anticolinérgicos, incluindo anti-histamínicos; fármacos antiparkinsonianos; diuréticos; fenotiazínicos
Hipertermia induzida por fármacos Anfetaminas, cocaína, fenciclidina (PCP), metilenodioximetanfetamina (MDMA; ecstastf, ácido lisérgico-dietilamida (LSD), salicilatos, lítio, anticolinérgicos, simpaticomiméticos
Síndrome neuroléptica maligna Fenotiazinas; butirofenonas, incluindo haloperidol e bromperidol; fluoxetina; loxapina; dibenzodiazepínicos tricíclicos; metoclopramida; domperidona; tiotixeno; molindona; retirada de agentes dopaminérgicos
Síndrome da serotonina Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), inibidores da monoaminoxidase (IMAO), antidepressivos tricíclicos
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 144
Hipertermia maligna Anestésicos inalantes, succinilcolina
Endocrinopatia Tireotoxicose, feocromocitoma
Lesão no sistema nervoso central Hemorragia cerebral, estado de mal epiléptico, lesão hipotalâmica Fonte: FJ Curley et al. (eds): Intensive Care Medicine, 3rd ed. Boston, Little, Brown, 1996. bre nas infecções, a hip erterm ia não envolve a presença de m oléculas pirogênicas (ver Pirogênios, adiante). A exposição ao calor exógeno e a geração de calor endógeno são dois m ecanism os pelos quais a h i perterm ia pode pro d u zir tem peraturas internas perigosam ente altas. A produção excessiva de calor pode facilm ente causar hip erter m ia apesar dos controles fisiológicos e com portam entais da tem pera tura corporal. Por exem plo, o trabalho ou o exercício em am bientes aquecidos p odem gerar calor m ais rapidam ente do que os m ecanis m os periféricos conseguem dissipar. A interm ação associada a um am biente quente pode ser classi ficada com o relacionada com esforço ou sem relação com esforço. Nos casos típicos, a intermação por esforço ocorre em indivíduos que praticam exercícios sob tem peraturas e/ou um idade am bientais ele vadas. Em um am biente seco e com eficiência m áxim a, a sudorese é capaz de dissipar cerca de 600 kcal/h, exigindo a produção de m ais de 1 L de suor. M esm o nos indivíduos saudáveis, a desidratação ou o uso de fárm acos com uns (p. ex., anti-histam ínicos vendidos sem prescrição causadores de efeitos colaterais anticolinérgicos) podem desencadear a in term ação p o r esforço. Em geral, a intermação sem esforço ocorre em indivíduos m uito jovens ou idosos, principalm ente durante períodos de ondas de calor. Segundo os C enters for Disease C ontrol and Prevention, 7.000 m ortes foram atribuídas à lesão por calor nos EUA entre 1979 e 1997. Indivíduos idosos e acam ados, pes soas que usam anticolinérgicos ou antiparkinsonianos ou diuréticos e pacientes confinados em am bientes pouco ventilados e não equipa dos com condicionadores de ar são os m ais suscetíveis. A hiperterm ia m edicam entosa vem se to rn an d o cada vez m ais com um em razão do uso crescente de psicotrópicos controlados e drogas ilícitas. Pode ser causada p or inibidores da m onoam inoxidase (IM AO), antidepressivos tricíclicos e anfetam inas, m as tam bém pelo uso ilícito da fenciclidina (PC P), ácido lisérgico-dietilam ida (LSD), m etilenodioxim etanfetam ina (M D M A, ecstasy) ou cocaína. A hiperterm ia m aligna o co rre em indivíduos que apresentem um a an o rm a lid a d e h e re d itá ria no retículo sarcoplasm ático dos m úsculos esqueléticos que provoca aum ento rápido dos níveis in tracelulares de cálcio em resposta ao h alotano e outros anestésicos
inalados, ou à succinilcolina. Tem peratura alta, aum ento do m etabo lism o m uscular, rigidez m uscular, rabdom iólise, acidose e instabili dade cardiovascular ocorrem no espaço de m inutos. Esse distúrbio é raro e frequentem ente fatal. A síndrome neuroléptica maligna ocorre no contexto do uso de neurolépticos (antipsicóticos fenotiazínicos, haloperidol, proclorperazina, m etoclopram ida) ou da suspensão de dopam inérgicos e se caracteriza p o r rigidez m uscular “em cano de chum bo”, efeitos colaterais extrapiram idais, desregulação autonôm ica e hiperterm ia. Tal distúrbio parece ser causado pela inibição dos re ceptores dopam inérgicos centrais no hipotálam o, causando aum ento da geração e redução da dissipação de calor. A síndrome de serotonina observada com os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), com IMAO e com outros serotoninérgicos, apresenta m uitas m anifestações que se superpõem àquelas da síndrom e neuroléptica m aligna (incluindo a hip erterm ia), m as que pode ser distinguida pelas presenças de diarréia, trem o r e m ioclonia no lugar da rigidez em cano de chum bo. A tireotoxicose e o feocrom ocitom a tam bém podem aum entar a term ogênese. É im portante distinguir entre febre e hiperterm ia, tendo em vis ta que a últim a pode evoluir rapidam ente ao óbito e caracteristica m ente não responde aos antipiréticos. Entretanto, em um a situação de em ergência, tal distinção pode ser difícil. Por exemplo, na sepse a febre (hiperpirexia) po d e subir rapidam ente, e as tem peraturas podem passar de 40,5°C. A hiperterm ia costum a ser diagnosticada com base nos eventos que precederam im ediatam ente a elevação da tem peratura central - p or exemplo, exposição ao calor ou tratam en to com fárm acos que interfiram na term orregulação. Nos pacientes com síndrom es de interm ação e nos indivíduos que estejam usando fárm acos que im peçam a transpiração, a pele encontra-se quente e seca, enquanto nos casos febris a pele pode estar fria em conseqüên cia da vasoconstrição. Os antipiréticos não abaixam a tem peratura na hiperterm ia, enquanto nos casos de febre - e até m esm o na hiperpi rexia - doses adequadas de ácido acetilsalicílico ou de acetam inofeno geralm ente produzem algum a redução da tem peratura corporal.
PATOGENIA DA FEBRE ■ PIROGÊNIOS Usa-se o term o pirogênio p ara descrever qualquer substância que cause febre. Os pirogênios exógenos originam -se fora do paciente; a m aioria é com posta de produtos m icrobianos, toxinas m icrobianas ou m icrorganism os íntegros. O exem plo clássico de pirogênio exógeno é a endotoxina lipopolissacarídica, produzida por todas as bactérias G ram -negativas. Os p ro d u to s pirogênicos das bactérias G ram -positivas incluem as enterotoxinas do Staphylococcus aureus e as toxinas dos estreptococos dos grupos A e B, tam bém conhecidas com o superantígenos. U m a toxina estafilocócica com im portância clínica é aquela associada a cepas de S. aureus isoladas de pacientes com a síndrom e do choque séptico. Esses produtos dos estafilococos e estreptococos causam febre em anim ais de laboratório quando in jetados p o r via intravenosa em concentrações entre 1 e 10|xg/kg de peso corporal. A endotoxina é um a m olécula altam ente pirogênica nos seres hum anos. Q uando injetada p or via intravenosa em volun tários, um a dose de 2 a 3 ng/kg produz febre, leucocitose, proteínas de fase aguda e sintom as de m al estar generalizado.
■ CIT0CINAS PIROGÊNICAS As citocinas são pro teín as pequenas (peso m olecular de 10.000 a 20.000 D a) que regulam os processos im unes, inflam atórios e hem atopoiéticos. Por exem plo, a leucocitose intensa com neutrofilia absoluta observada em diversas infecções resulta da ação das citoci nas conhecidas com o interleucinas (IL) 1 e IL-6. Algumas citocinas tam bém causam febre; no passado eram conhecidas como pirogênios endógenos, sendo atualm ente cham adas citocinas pirogênicas. Entre as citocinas pirogênicas, estão a IL-1, a IL-6, o fator de necrose tu m o ral (FNT), o fator neurotrófico ciliar (FNTC) e o interferon (IFN) a (a IL-18, um m em bro da família da IL -1, não parece ser um a citocina pirogênica.) É provável que existam outras citocinas pirogênicas. Cada citocina é codificada po r um gene diferente, e alguns estudos
m ostraram que todas as citocinas pirogênicas causam febre nos ani m ais de laboratório e nos seres hum anos. A IL-1 e o FN T produzem febre quando injetados em doses baixas (10 a 100 ng/kg); já para a IL-6 é necessária um a dose de 1 a 10 |xg/kg para que se produza febre. Um am plo espectro de produtos bacterianos e fúngicos induz a síntese e a liberação das citocinas pirogênicas, assim com o fazem os vírus. E ntretanto, a febre pode ser um a m anifestação de doença m esm o na ausência de infecção m icrobiana. Por exemplo, processos inflam atórios, traum atism o, necrose tecidual ou com plexos antígen o-anticorpo podem estim ular a produção de IL -1, FN T e/ou IL-6, que - isoladam ente ou em conjunto - induzem o hipotálam o a elevar o ponto de ajuste até níveis febris.
■ ELEVAÇÃO DO PONTO DE AJUSTE HIPOTALÂMICO PELAS CITOCINAS
EVENTOS NECESSÁRIOS A INDUÇÃO DA FEBRE
Figura 16.1 Cronologia dos eventos necessários à indução da febre. AMP, 5'-monofosfato de adenosina; IFN, interferon; IL, interleucina; PGE,, prostaglandina E2; FNT, fator de necrose tumoral.
■ PRODUÇÃO DAS CITOCINAS NO SNC As citocinas produzidas no cérebro talvez sejam responsáveis pela hiperpirexia observada nos casos com hem orragia, traum atism o ou infecção do SNC. As infecções virais do SNC induzem a produção de IL-1, FNT e IL-6 pela m icróglia e, possivelm ente, p o r neurônios. Em anim ais de laboratório, para causar febre é necessária um a concen tração m uito m enor de citocinas quando é feita adm inistração direta na substância cerebral ou nos ventrículos cerebrais do que quando é utilizada a injeção sistêm ica. Portanto, as citocinas produzidas no SNC podem elevar o ponto de ajuste hipotalâm ico, sem acionar os órgãos cicunventriculares. As citocinas produzidas no SNC provavel m ente são responsáveis pela hiperpirexia associada à hem orragia, ao traum atism o ou à infecção do SNC.
Febre e Hipertermia
D urante a febre, os níveis de prostaglandina E2 (PGE2) ficam elevados nos tecidos hipotalâm icos e no terceiro ventrículo cerebral. As co n centrações de PGE2 são mais altas nas proxim idades dos órgãos vas culares periventriculares (órgão vascularizado da lâm ina term inal) redes de capilares dilatados que circundam os centros reguladores do hipotálam o. A destruição dessas estruturas dim inui a capacidade de os pirogênios causarem febre. C ontudo, a m aioria dos estudos reali zados com anim ais não m ostrou que as citocinas pirogênicas passam da circulação para o próprio cérebro. Assim, parece que os pirogênios endógenos e exógenos interagem com o endotélio desses capilares, e que essa interação é a prim eira etapa para a produção da febre - ou seja, para elevar o ponto de ajuste a patam ares febris. O s principais eventos na p ro d u ção da febre são ilustrados na F ig u ra 16.1. C onform e m encionado, vários tipos celulares p ro d u zem citocinas pirogênicas. As citocinas pirogênicas com o a IL-1, a IL-6 e o FN T são liberadas pelas células e e n tra m na circulação sistêm ica. E m bora os efeitos sistêm icos de tais citocinas circulantes pro d u zam febre in d u zin d o a síntese da PG E2, essa p rostaglandina tam bém é induzida nos tecidos periféricos. O aum ento da PGE2 na periferia explica as m ialgias e artralgias inespecíficas que costum am a co m p an h ar a febre. A credita-se que p a rte da PG E2 sistêm ica es cape da destru ição no pu lm ão e atinja o h ip o tá lam o via carótida interna. C ontudo, é a elevação da PG E2 n o cérebro que desencadeia o processo de elevação do ponto de ajuste hipotalâm ico para a te m peratu ra central. Existem q u atro receptores p ara a PG E2 e cada qual tran sm ite sinais às células p o r m ecanism os diferentes. E ntre esses qu atro re ceptores, o terceiro (EP-3) é fu n d a m e n ta l para a p ro d u ção da febre: qu a n d o o gene de tal recep to r é deletado em c am undongos, esses anim ais não apresentam febre após a injeção de IL-1 o u en d o to x i na. A deleção dos genes dos ou tro s receptores d a PG E2 não inter-
fere no m ecanism o da febre. E m bora seja essencial à febre, a PG E2 não funciona com o neuro tran sm isso r. E m vez disso, sua liberação pelo lado cerebral do e n dotélio h ip o talâm ico estim ula seus recep tores nas células gliais, e tal estim ulação d e te rm in a u m a elevação rá p id a n o 5 '-m o n o fo sfa to de a d e n o s in a cíclico (A M P cíclico), um n e u rotransm issor. C om o m o stra a Figura 17.1, a liberação de A M P cíclico pelas células gliais ativa as term in açõ es n euronais do centro term orregulador, que se estendem até essa área. A elevação do A M P cíclico parece explicar as alterações do p o n to de ajuste h ip o ta lâm ico d ireta ou in d ire ta m e n te (in d u z in d o a liberação de n e u ro tra n sm isso re s). R eceptores d istin to s p a ra p ro d u to s m icrobian o s localizam -se no en d o té lio h ip o talâm ico . Esses receptores são cham ados de receptores sem elhantes a portagem ( Toll-like) e se assem elham , em m uitos aspectos, aos receptores de IL-1. A ativa ção direta dos receptores Toll-like tam b é m resulta n a produção de PG E2 e em febre.
Febre ou hipertermia EXAME FÍSICO Deve-se estabelecer a cronologia dos eventos que precedem a febre (p. ex., exposição a indivíduos infectados ou a vetores de doenças). Os dispositivos eletrônicos para m edição da tem peratura oral tim pânica e retal são confiáveis, m as o m es m o local de m edição deve ser usado para o acom panham ento da doença febril. Além disso, os m édicos devem estar cientes de que neonatos e idosos, pacientes com doença hepática crônica e insu ficiência renal e aqueles que estejam fazendo uso de glicocorticoi des podem ter infecção sem apresentar febre. EXAMES LABORATORIAIS
A rotina deve incluir h em ogram a com pleto; a contagem diferencial deve ser realizada m anualm ente ou com um instrum ento sensível à identificação de form as jovens ou em bastão, granulações tóxicas e corpúsculos de Dõhle, sugestivos de infecção bacteriana. Em algum as doenças virais, é possível que haja neutropenia. A m edição das citocinas circulantes nos pacientes com febre não tem m uita utilidade u m a vez que os níveis de citocinas piro gênicas na circulação com frequência ficam abaixo do lim ite para o m étodo de detecção ou não coincidem com a febre. Em pacien tes com níveis baixos de febre, os parâm etros m ais im portantes são a proteína C reativa e a velocidade de hem ossedim entação. Esses m arcadores de processos infam atórios são particularm ente úteis na detecção de doenças ocultas O s reagentes de fase aguda serão d iscutidos no C apítulo 271.
FEBRE NOS PACIENTES SUBMETIDOS À TERAPIA ANTICITOCINA Com a crescente utilização de anticitocinas para reduzir a atividade das IL-1, IL-6, IL-12 ou do FN T em pacientes com doença de Crohn, artrite reum atoide ou psoríase, deve-se considerar o efeito po ten cial desses tratam entos sobre a resposta febril. A adm in istração crônica de anticitocinas para bloqueio da atividade da citocina im plica em um problem a clínico evidente, qual seja, a d im inuição das defesas do hospedeiro co n tra infec ções bacterianas tan to ro tineiras quan to o p ortunistas. As infec ções o p o rtu n ista s relatadas em pacientes tratad o s com agentes
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que neutralizam o F N T -a são sem elhantes àquelas associadas à população de pacientes infectados pelo HIV-1 (p. ex., infecções novas ou reativadas de M ycobacterium tuberculosis com disse m inação). Em praticam ente todos os casos relatados de infecção associa da à terapia anticitocina, a febre se encontra entre os sintom as de apresentação. Entretanto, não se sabe o grau de em botam ento da resposta febril nesses pacientes. Tal situação é sem elhante àquela de pacientes recebendo doses elevadas de glicocorticoides ou de agentes anti-inflam atórios com o o ibuprofeno. Portanto, deve-se dar im portância às febres baixas em pacientes que estejam rece bendo tratam ento com anticitocinas. O m édico deve proceder a um a investigação diagnóstica precoce e rigorosa nesses pacientes.
QUADRO 16.2
Doenças autoinflamatórias
Doença de Still juvenil e do adulto Síndromes periódicas associadas à criopirina (CAPS) Febre familiar do Mediterrâneo Síndrome de hiper IgD Síndrome de Behçet Síndrome da ativação de macrófagos Vasculite urticariforme hipocomplementêmica Miosite antissintetase Síndrome PAPA3 Síndrome de Blau Artrite gotosa
TRATAMENTO
Febre ou hipertermia
a Artrite piogênica, pioderma gangrenoso e acne
A DECISÃO DE TRATAR A FEBRE A m aioria dos casos de febre está
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
associada a infecções autolim itadas, tais com o as doenças virais com uns. Nessas infecções, o uso de antipiréticos não é contraindicado: não há evidências clínicas significativas de que os antipi réticos retardem a resolução das infecções virais ou bacterianas, tam pouco existem evidências de que a febre facilite a recuperação de infecções ou atue com o adjuvante ao sistem a im une. Em re sum o, o tratam ento rotineiro da febre e dos seus sintom as com antipiréticos não faz m al nem retarda a resolução das infecções virais e bacterianas comuns. Entretanto, com as infecções bacterianas a suspensão do antipirético pode ser útil na avaliação da efetividade de determ inada antibioticoterapia, particularm ente quando não há culturas posi tivas para identificação do organism o infectante. Portanto, o uso rotineiro de antipiréticos pode m ascarar a inadequação do trata m ento de um a infecção bacteriana. Em alguns casos, a não utili zação de antipiréticos pode facilitar o diagnóstico de um a doença febril incom um . A dissociação tem p eratu ra-p u lso (bradicardia relativa) ocorre na febre tifoide, brucelose, leptospirose, algum as febres induzidas p or fárm acos e na febre fictícia, N os recém -natos, nos pacientes idosos, naqueles com insuficiência renal ou he pática crônica e nos que fazem uso de glicocorticoides, pode não haver febre a despeito de existir infecção. A hipoterm ia pode ser observada em pacientes com choque séptico. A lgum as infecções apresentam padrões característicos nos quais os episódios febris ocorrem separados p o r intervalos com tem peratura norm al. Por exemplo, o Plasm oãium vivax causa fe bre a cada 3 dias, enquanto com o P. malariae a febre ocorre a cada 4 dias. O utra febre interm itente é a relacionada com a infecção p o r Borrelia, com dias de febre seguidos p or vários dias afebris para, em seguida, reaparecer a febre. No padrão de Pel-Ebstein, o período febril dura 3 a 10 dias e é seguido p or períodos apiréticos de 3 a 10 dias; este padrão é clássico para a doença de H odgkin e outros linfom as. Na neutropenia cíclica, as febres ocorrem a cada 21 dias e acom panham a neutropenia. Não há periodicidade nos pacientes com febre familiar do M editerrâneo. C ontudo, esses p a drões têm pouco ou nenhum valor diagnóstico com parados aos exames laboratoriais específicos e rápidos.
TRATAMENTO COM ANTICITOCINA PARA REDUZIR A FEBRE EM DOEN ÇAS AUTOIMUNES E AUTOINFLAMATÓRIAS A febre reco rren te é d ocum entada em algum m om ento na m aioria das doenças a u toim unes, m as em todas as doenças autoinflam atórias. E m bora a febre tam bém possa ser um a m anifestação das doenças autoim u nes, as febres recorrentes são características das doenças auto in flam atórias. Entre as doenças autoinflam atórias, (Q u a d ro 16.2) encontram -se a doença de Still do adulto e juvenil, a febre familiar do M editerrâneo e a síndrom e hiper-IgD , A lém das febres re correntes,, neutrofilia e inflam ação serosa são características das doenças autoinflam atórias. As febres associadas a essas doenças são significativam ente reduzidas b loqueando-se a atividade da
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IL-1 p. C onsequentem ente, as anticitocinas reduzem a febre em doenças autoim unes e autoinflam atórias. A inda que as febres nas doenças autoinflam atórias sejam m ediadas pela IL-13, esses p a cientes tam bém respondem aos antipiréticos.
MECANISMOS DOS AGENTES ANTIPIRÉTICOS A redução da febre po r m eio da dim inuição do ajuste hipotalâm ico anteriorm ente elevado varia diretam ente em função da redução do nível de PGE2 no centro term orregulador. A síntese de PGE2 depende da enzim a ciclo-oxigenase expressa naturalm ente, cujo substrato é o ácido araquidônico liberado da m em brana celular, sendo tal liberação o fator lim itante para a taxa de síntese da PGE2. Assim, os inibidores da ciclo-oxigenase são antipiréticos potentes. A potência antipirética dos diversos fárm acos está diretam ente relacionada com a inibição da ciclo-oxigenase cerebral. O acetam inofeno é um inibi dor fraco da ciclo-oxigenase nos tecidos periféricos e não possui atividade anti-inflam atória significativa; no cérebro, entretanto, este fárm aco é oxidado pelo sistem a do citocrom o p450, e a form a resultante inibe a atividade da ciclo-oxigenase. Além disso, no cé rebro, a inibição de um a o utra enzim a, a COX-3, pelo acetam ino feno pode explicar o efeito antipirético deste agente. Entretanto, a COX-3 não é encontrada fora do SNC. O ácido acetilsalicílico e o acetam inofeno orais são igual m ente efetivos para reduzir a febre em seres hum anos. Os anti-inflam atórios não esteroides (AIN Es), com o o ibuprofeno e os inibidores específicos da COX-2, tam bém são antipiréticos exce lentes. O tratam ento crônico com doses elevadas de antipiréticos com o o ácido acetilsalicílico ou de qualquer A IN E não reduz a tem peratura corporal central norm al. Assim, a PGE2 não parece d esem penhar q ualquer função na term orregulação norm al. Na qualidade de antipiréticos eficazes, os glicocorticoides atuam em dois níveis. Em prim eiro lugar, de form a sem elhante aos inibido res da ciclo-oxigenase, reduzindo a síntese da PGE2 e inibindo a atividade da fosfolipase A2, necessária à liberação do ácido ara quidônico da m em brana celular. Em segundo lugar, bloqueando a transcrição do m RNA para as citocinas pirogênicas. Há algum as evidências experim entais indicando que o ibuprofeno e os inibi dores da COX-2 reduzam a produção de IL-6 induzida pela IL-1 e talvez contribuam para a atividade antipirética dos AINEs. ESQUEMAS PARA 0 TRATAMENTO DA FEBRE Os objetivos do tra tam ento da febre são reduzir o p onto de ajuste hipotalâm ico ele vado e facilitar a p erda de calor. A redução da febre com a n ti piréticos tam bém atenua os sintom as sistêm icos, com o cefaleia, mialgias e artralgias. O ácido acetilsalicílico e os AINEs orais são efetivos para re duzir a febre, m as tam b ém p roduzem efeitos adversos sobre as plaquetas e o trato gastrintestinal. Portanto, deve-se dar preferên cia ao uso de acetam inofeno com o antipirético. Em crianças, o acetam inofeno ou o ibuprofeno oral devem ser usados porque o ácido acetilsalicílico aum enta o risco de desenvolvim ento da sín-
drom e de Reye. Caso o paciente não possa receber m edicam entos VO, devem ser usadas as preparações parenterais dos AIN Es ou os diversos antipiréticos sob a form a de supositórios retais. O tratam ento da febre é altam ente recom endável em alguns pacientes. A febre aum enta a dem anda de oxigênio (ou seja, para cada 1°C de elevação da tem peratura acim a de 37°C, o consum o de oxigênio aum enta 13%) e pode agravar o estado de pacientes com disfunções cardíacas, pulm onares ou do sistema nervoso p re existentes. C rianças com história de convulsões febris ou afebris devem ser tratadas rigorosam ente para abaixar a febre. C ontudo, não foi esclarecido o fator que desencadeia a convulsão febril e não há qualquer correlação entre a elevação absoluta da tem p e ratura e o início de um a convulsão febril em crianças suscetíveis. Na hiperpirexia, o uso de cobertores de refrigeração facilita a redução da tem peratura; contudo, nesses pacientes tais cobertores não devem ser usados sem antipiréticos orais. Nos pacientes com hiperpirexia causada po r doença ou traum atism o do SNC (san gram ento no SNC), a redução da tem peratura central atenua os efeitos nocivos da tem peratura alta sobre o cérebro.
TRATAMENTO DA HIPERTERMIA A tem peratura central elevada de
BIBLIOGRAFIA et al: Beneficiai response to anakinra and thalidomide in Schnitzlers syndrome. Ann Rheum Dis 65:542, 2006 D i n a r e i . l o CA: Immunological and inflammatory functions of the interleukin-1 family. Annu Rev Immunol 27:519, 2009 ------- : Infection, fever, and exogenous and endogenous pyrogens: Some concepts have changed. J Endotoxin Res 10:202, 2004 H a w k i n s PN et al: Spectrum of clinical features in Muckle-Wells syndrome and response to anakinra. Arthritis Rheum 50:607,2004 H o f f m a n HM et al: Prevention of cold-associated acute inflammation in familial cold autoinflammatory syndrome by interleukin-1 receptor antagonist. Lancet 364:1779,2004 K a s t n e r DL et al: Autoinflammatory disease reloaded: A clinical perspective. Cell 140:784; 2010 K e a n e J et al: Tuberculosis associated with infliximab, a tumor necrosis factor-a-neutralizing agent. N Engl J Med 345:1098, 2001 P a s c u a l V et al: Role of interleukin-1 (IL-1) in the pathogenesis of systemic onset juvenile idiopathic arthritis and clinical response to IL-1 blockade. J Exp Med 201:1479, 2005 S im o n A, van der Meer JW: Pathogenesis of familial periodic fever syndromes or hereditary autoinflammatory syndromes. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol 292:R86, 2007 ------- et al: Beneficiai response to interleukin-1 receptor antagonist in TRAPS. Am J Med 117:208, 2004 W a l l i s RS et al: Differential effects of TNF blockers on TB immunity. Ann Rheum Dis 64(Suppl 3): 132, 2005 ------- et al: Granulomatous infectious diseases associated with tumor necro sis factor antagonists. Clin Infect Dis 38:1261, 2004 D e K o n in g H D
Febre e Hipertermia
um paciente com história com patível (p. ex., exposição ao calor am biental ou tratam ento com anticolinérgicos ou neurolépticos, antidepressivos tricíclicos, succinilcolina ou halotano) e m anifes tações clínicas p ertinentes (pele seca, alucinações, delirium, m idríase, rigidez m uscular e/ou níveis elevados da creatinofosfoquinase) sugerem hiperterm ia. Os antipiréticos não são úteis no tratam ento da hiperterm ia. O resfriam ento físico com esponjas úm idas, ventiladores, m antas resfriadoras e até m esm o banhos de gelo deve ser iniciado im e diatam ente, com binado com a adm inistração de líquidos IV e fárm acos apropriados (ver adiante). Caso o resfriam ento externo não consiga abaixar suficientem ente a tem peratura, o resfriam en to interno pode ser realizado p or lavagem gástrica ou peritoneal com soro fisiológico gelado. Nos casos extrem os, podem -se reali zar hem odiálise ou m esm o circulação extracorpórea com resfria m ento do sangue. A h iperterm ia m aligna deve ser tratad a im ediatam ente p or interrupção da anestesia e adm inistração p o r via intravenosa do dantroleno sódico. A dose recom endada para esse fárm aco é de
1 a 2,5 m g/kg adm inistrados p o r via intravenosa a cada 6 h, pelo período m ínim o de 24 a 48 h - até que o paciente possa usar a preparação oral, se ainda for necessário. O dantroleno em doses sem elhantes é indicado no tratam ento da síndrom e neuroléptica m aligna e da hip erterm ia m edicam entosa e ainda po d e ser efi caz na h iperterm ia da síndrom e de serotonina e da tireotoxicose. A síndrom e neuroléptica m aligna tam bém pode ser tratada com brom ocriptina, levodopa, am antadina ou nifedipina, ou p or in dução de paralisia m uscular com curare e pancurônio. A overdose de antidepressivos tricíclicos pode ser tratada com fisostigmina.
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CAPÍTULO
17
Febre e Exantema Elaine T. Kaye Kenneth M. Kaye O paciente com enferm idade aguda caracterizada p or febre e exan tem a frequentem ente im põe um desafio diagnóstico aos m édicos. O aspecto típico da erupção e as m anifestações clínicas da síndrom e as sociada facilitam o diagnóstico im ediato e a instituição do tratam e n to salvador, ou as intervenções fundam entais ao controle da infecção. Im agens representativas de m uitos dos exantem as d iscutidos neste capítulo são apresentadas n o C apítulo e-7.
Febre e exantema
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Um a anam nese detalhada dos pacientes com febre e exantem a inclui as seguintes inform ações relevantes: estado im une, fárm a cos usados nos últim os 30 dias, h istória de viagens específicas, im unização, exposição a anim ais dom ésticos e outros, história de picadas de anim ais (incluindo artrópodes), existência de anorm a lidades cardíacas, uso de próteses artificiais, exposição recente a outros pacientes enferm os e contato com portadores de doenças sexualm ente transmissíveis. A história tam bém deve incluir o lo cal de início do exantem a bem com o sua direção e velocidade de disseminação. O exam e físico com pleto im plica n a atenção cuidadosa ao exantem a com avaliação e definição precisa das suas principais características. Em prim eiro lugar, é fu ndam ental d eterm in ar o tipo de lesão que constitui a erupção. M áculas são lesões planas definidas p or um a área de alteração da cor (p. ex., eritem a que em palidece sob pressão); pápulas são lesões sólidas e elevadas com diâm etro < 5 m m ; placas são lesões com diâm etro > 5 m m e superfície plana e elevada; e nódulos são lesões com diâm etro > 5 m m e configuração m ais arredondada. Placas urticadas (u rti cária) são pápulas ou placas de coloração rosa-claro, que podem assum ir configuração anular à m edida que crescem ; as placas urticadas clássicas (não vasculíticas) são transitórias, persistindo po r apenas 24 h em qualquer área definida. Vesículas (< 5 m m ) e bolhas (> 5 m m ) são lesões elevadas e circunscritas que contêm líquido. Pústulas são lesões elevadas que contêm exsudato p u rulento; distúrbios vesiculosos com o a varicela ou o herpes simples podem produzir pústulas. Púrpura impalpável é um a lesão plana decorrente de sangram ento intradérm ico. Se tiverem diâm etro < 3 m m , as lesões p u rpúreas são classificadas com o petéquias-, se > 3 m m , são descritas com o equimoses. Púrpura palpável é um a lesão elevada, p ro d u z id a p o r in flam ação da p ared e vascular (vasculite) com hem orragia subsequente. Úlcera é um a falha da pele que se estende pelo m enos até a cam ada superior da derm e, enquanto escara (tâche noire) é um a lesão necrótica coberta por um a crosta negra. O utras características im p o rtan tes dos exantem as são sua configuração (ou seja, anular ou em alvo), a disposição das lesões e sua distribuição (ou seja, central ou periférica).
P ara u m a abordagem m ais com pleta, ver os C apítulos 51, 53 e 121.
CLASSIFICAÇÃO DO EXANTEMA Este capítulo faz um a revisão dos exantem as causados po r doenças sistêmicas, m as não inclui as erupções cutâneas localizadas (p. ex., celulite, impetigo), que tam bém podem estar associadas à febre (Cap.
148
125). Nesse Capitulo não pretendem os abordar todas as possibilida des, mas sim aquelas doenças mais im portantes e com uns associadas à febre com exantem a. Os exantem as serão classificados com base na m orfologia e distribuição das lesões. Por m otivos práticos, esse sistem a de classificação baseia-se nas apresentações m ais típicas das doenças. Contudo, os aspectos morfológicos podem variar à m edida que o exantem a evolui, e as m anifestações clínicas das doenças que cursam com exantem as podem apresentar algum as variações (Cap. 53). Por exemplo, o exantem a petequial clássico da febre m aculosa das M ontanhas Rochosas (FM MR; Cap. 174) pode consistir inicial m ente em m áculas eritem atosas que empalidecem sob pressão, dis tribuídas pelos segm entos periféricos; às vezes, entretanto, o exan tem a associado à FM M R afeta predom inantem ente os m em bros, ou não se desenvolve em absoluto. As doenças que evoluem com febre e exantem a podem ser clas sificadas de acordo com o tipo de erupção: m aculopapulosa com distribuição central, periférica, eritem atosa descam ativa confluente, vesiculobolhosa, urticariform e, nodular, purpúrea, ulcerada ou com escaras. As doenças estão listadas segundo essas categorias no Q u a d ro 17.1, e m uitos estão destacadas no texto. Contudo, para um a des crição m ais detalhada de cada doença exantem ática, o leitor deverá consultar o capítulo dedicado àquele distúrbio. (Os capítulos de refe rência são citados no texto e relacionados no Q uadro 17.1.)
■ ERUPÇÕES MACULOPAPULOSAS COM DISTRIBUIÇÃO CENTRAL Os exantem as com distrib u ição central, aqueles em que as lesões p red o m in am no tronco, são a form a de erupção m ais com um . O exantem a do sarampo com eça na linha do couro cabeludo, 2 a 3 dias após o início da doença, e desce pelo corpo, preservando as palm as e as plantas (Cap. 192). A erupção começa com lesões eritem atosas isoladas, que confluem à m edida que o exantem a se expande. As m anchas de K oplik (lesões brancas ou azuladas de 1 a 2 m m com um halo eritem atoso localizadas na m ucosa oral) são patognom ônicas do saram po e geralm ente aparecem nos prim eiros 2 dias da doença. Essas lesões não devem ser confundidas com as m anchas de Fordyce (glândulas sebáceas ectópicas), que não têm halos eritem atosos e estão presentes nas cavidades orais de pessoas sadias. As m anchas de Koplik p o d em coexistir durante algum as horas com o exantem a do saram po. A rubéola (saram po-alem ão) tam bém se espalha da linha do cou ro cabeludo para baixo; contudo, ao contrário do saram po, o exante m a da rubéola tende a desaparecer das áreas acom etidas inicialm ente à m edida que se expande, e pode ser pruriginoso (Cap. 193). É p o s sível identificar as cham adas m anchas de Forchheim er (petéquias no palato), m as o sinal é inespecífico porque tam bém ocorre na m ononucleose (Cap. 181) e na escarlatina (Cap. 136). L infadenopatia retroauricular e suboccipital, bem como artrite são com uns em adultos com rubéola. Deve-se evitar o contato das gestantes com os indiví duos portadores da doença, um a vez que a rubéola causa anomalias congênitas graves. Várias cepas dos enterovírus (Cap. 191), p rin ci palm ente dos vírus Echo e Coxsackie, causam síndrom es inespecíficas com febre e erupção que podem sim ular a rubéola ou o saram po. Os pacientes com m ononucleose infecciosa causada pelo vírus Epstein-Barr (Cap. 181) ou com a infecção prim ária pelo H IV (Cap. 189) tam bém podem apresentar faringite, linfadenopatia e exantem a m aculopapular inespecífico. O exantem a do eritema infeccioso (quinta moléstia), causado pelo parvovírus B19 hum ano, acom ete principalm ente crianças de 3 a 12 anos; a erupção surge após a regressão da febre sob a form a de um eritem a brilhante que em palidece sob pressão nas m axilas (“b oche chas esbofeteadas”) e com palidez perioral (Cap. 184). No dia seguin te, surge um exantem a (com frequência pruriginoso) m ais difuso no tronco e nos m em bros que, em seguida, transform a-se rapidam ente em um a erupção reticular rendilhada, que desaparece e reaparece (principalm ente com as alterações da tem peratura) nas 3 sem anas seguintes. Os adultos com a q uinta m oléstia costum am ter artrite, e, em m ulheres grávidas, é possível haver hidropsia fetal associada a esta doença.
r
QUADR017.1
Doenças associadas à febre e ao exantema
Doença
Etiologia
Descrição
Grupos afetados/ Fatores epidemiológicos
Síndrome clínica
Capítulo
—
—
143
|
Erupções maculopapulosas com distribuição central Meningococemia aguda3
—
—
55
Síndrome de hipersensibilidade induzida por fármacos/ reação a fármacos com eosinofilia e sintomas sistêmicos (DIHS/ DRESSf Param ixovírus
Lesões isoladas que se tornam confluentes à medida que o exantema se dissemina para baixo a partir da linha do couro cabeludo, poupando palmas e plantas; duração > 3 dias; manchas de Koplik
Indivíduos não imunes
Tosse, conjuntivite, coriza, prostração intensa
192
Rubéola (sarampo alemão, terceira moléstia)
Togavírus
Dissemina-se para baixo a partir da linha do couro cabeludo, desaparecendo à medida que se espalha; manchas de Forschheimer
Indivíduos não imunes
Linfadenopatia, artrite
193
Eritema infeccioso (quinta moléstia)
Parvovírus humano B19
Mais comum em crianças Aspecto de “ bochechas esbofeteadas” entre 3 e 12 anos; ocorre vermelho-vivas, seguido por exantema no inverno e na primavera reticular rendilhado que vai e volta durante 3 semanas; raramente, síndrome papuloso-purpúrea nas mãos e pés, em “ luva e meia”
Febre baixa; artrite nos adultos; exantema após a resolução da febre
184
Exantema súbito (roséola, sexta moléstia)
Herpesvírus humano 6
Erupção maculopapulosa difusa (poupando a face); resolução em 2 dias
Geralmente afeta crianças < 3 anos
Exantema surge após o desaparecimento da febre; semelhante ao exantema de Boston (vírus Echo 16); é possível a ocorrência de convulsão febril
182
Infecção primária pelo HIV
HIV
Máculas e pápulas difusas inespecíficas; pode ter caráter urticariforme; úlceras orais ou genitais em alguns casos
Indivíduos recentemente infectados pelo HIV
Faringite, linfadenopatia, artralgias
189
Mononucleose infecciosa
Vírus Epstein-Barr
Adolescentes, adultos Erupção maculopapulosa difusa (5% jovens dos casos; 90% se for administrada ampicilina); urticária ou petéquias em alguns casos; edema periorbitário (50%); petéquias no palato (25%)
Hepatoesplenomegalia, faringite, linfadenopatia cervical, linfocitose atípica, anticorpos heterófilos
181
Síndromes virais inespecíficas
191
Febre e Exantema
Sarampo (primeira moléstia)
Outros exantemas virais Echoviroses 2,4, 9 ,1 1 ,1 6 ,1 9 e 25; coxsackievirosesA9, B1 e B5; etc.
Ampla variedade de sinais cutâneos que podem ser semelhantes aos da rubéola ou do sarampo
Mais comuns nas crianças do que nos adultos
Erupção exantemática induzida por fármacos
Fármacos (antibióticos, anticonvulsivantes, diuréticos, etc.)
Máculas e pápulas vermelhas e brilhantes, intensamente pruriginosas, simétricas no tronco e nos membros; podem confluir
Ocorre 2 a 3 dias após a Achados variáveis: febre exposição em indivíduos e eosinofilia previamente sensibilizados; ou após 2 a 3 semanas (mas pode ocorrer a qualquer momento, mesmo logo após a suspensão do fármaco)
55
Tifo epidêmico
Rickettsia prowazekii
Erupção maculopapulosa que surge nas axilas e se espalha pelo tronco e, mais tarde, pelos membros; geralmente poupa face, palmas das mãos e plantas dos pés; evolui de máculas que desaparecem à digitopressão para erupção confluente com petéquias; exantema evanescente no tifo recrudescente (doença de Brill-Zinsser)
Exposição ao piolho do corpo; o tifo recrudescente pode ocorrer após 30 a 50 anos
Cefaleia, mialgias; mortalidade de 10 a 40% nos casos não tratados; apresentação clínica mais branda na forma recrudescente
174
Tifo endêmico (murino)
Rickettsia typhi
Erupção maculopapulosa, geralmente poupando palmas e plantas
Exposição a pulgas de rato ou gato
Cefaleia, mialgias
174 (Continua)
149
QUADR017.1 Doenças associadas à febre e ao exantema (Continuação) Doença
Etiologia
Descrição
Grupos afetados/ Fatores epidemiológicos
Síndrome clínica
Capítulo
Erupções maculopapulosas com distribuição central (Continuação)
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Febre tsutsugamushi
Orientia tsutsugamushi
Exantema macular difuso que se inicia no tronco; escara no local da picada do ácaro
Endêmica no Pacífico Sul, Austrália, Ásia; transmitida por ácaros
Cefaleia, mialgias, linfadenopatia regional; mortalidade de até 30% nos casos não tratados
174
Febres maculosas por riquétsia
Rickettsia conorii (febre botonosa), Rickettsia australis (febre de Queensland), Rickettsia sibirica (tifo siberiano), entre outras
Comum a escara no local da mordida, erupção maculopapulosa (raramente vesiculosa e petequial) na região proximal dos membros, espalhando-se para tronco e face
Exposição a carrapatos; R. conorii nas regiões do Mediterrâneo, India, África; R. australis na Austrália; R. sibirica na Sibéria e Mongólia
Cefaleia, mialgias, linfadenopatia regional
174
Erliquiose monocrtica humanac
Ehrlichia chaffeensis
Erupção maculopapulosa (40% dos casos), envolvendo tronco e membros; pode ser petequial
Carrapato; com maior frequência, nas regiões Sudeste, Sul, Meio-oeste e Costa Média do Atlântico dos EUA
Cefaleia, mialgias, leucopenia
174
Leptospirose
Leptospira interrogans
Erupção maculopapulosa; conjuntivite; em alguns casos, hemorragia da esclerótica
Exposição à água contaminada com urina de animais
171 Mialgias, meningite asséptica; forma fulminante: síndrome febril ictero-hemorrágica (doença de Weil)
Doença de Lyme
Bonrelia burgdorferi
Pápulas que evoluem para lesões eritematosas anulares com a região central clara (eritema crônico migratório ou ECM; diâmetro médio de 15 cm), algumas vezes com anéis concêntricos, em outras com centro endurecido ou vesiculoso; em certos casos, múltiplas lesões secundárias de ECM
Mordida do carrapato vetor
Cefaleia, mialgias, 173 calafrio, fotofobia ocorrem na fase aguda; em alguns casos, semanas ou meses mais tarde, podem sobrevir doenças do SNC e miocárdio, ou artrite
Doença associada ao carrapato no sul (dos EUA) (STARI, doença de Master)
Borrelia lonestari
Semelhante ao eritema migratório da doença de Lyme, incluindo: menor probabilidade de haver múltiplas lesões secundárias; lesões tendendo a terem menor diâmetro, ~8 cm); maior probabilidade de área central clara
Mordida do carrapato vetor Amblyomma americanum frequentemente encontrado em regiões em que a doença de Lyme é rara, incluindo a região sul dos EUA
Em comparação com a doença de Lyme: menos sintomas constitucionais, maior chance de haver consciência da picada do carrapato; não há as seqüelas da doença de Lyme
173
Febre tifoide
Salmonella typhi
Máculas e pápulas eritematosas transitórias que desaparecem à digitopressão, de 2 a 4 mm, geralmente sobre o tronco (rosácea)
Ingestão de alimentos ou água contaminados (rara nos EUA)
Dor abdominal variável e diarréia; cefaleia, mialgias, hepatoesplenomegalia
153
Dengue"
Vírus da dengue (quatro sorotipos; flavivirose)
Ocorre nas regiões tropical Exantema em 50% dos casos; e subtropical; transmitida inicialmente difuso; no meio do por mosquito processo de doença, surge exantema maculopapular que se inicia no tronco e se espalha em direção centrífuga para os membros e a face; prurido; hiperestesia em alguns casos; após a defervescência, surgem petéquias nos membros em alguns casos
Cefaleia, dor musculoesquelética (“febre quebra-ossos”); leucopenia; ocasionalmente, febre bifásica (“ em dorso de sela” )
196
Febre da mordedura de rato (sodokif)
Spiríllum minus
Escara no local da mordida; a seguir, exantema violáceo ou vermelho amarronzado, envolvendo o tronco e os membros
Mordida de rato; encontrado principalmente na Ásia; raro nos EUA
Linfadenopatia regional, febres recorrentes nos casos não tratados
E24
Febre recorrente
Espécies de Borrelia
Exantema central no final do episódio febril; petéquias em alguns casos
Exposição a carrapatos ou ao piolho do corpo
Febre recorrente, cefaleia, mialgias, hepatoesplenomegalia
172
(Continua)
150
QUADRO 17.1 Doenças associadas à febre e ao exantema (Continuação) Doença
Etiologia
Descrição
Grupos afetados/ Fatores epidemiológicos
Síndrome clínica
Capítulo
Erupções maculopapulosas com distribuição central (Continuação) Estreptococos do grupo A
Pápulas e placas eritematosas anulares Pacientes com febre como lesões policíclicas que ocorrem em reumática ondas sobre o tronco e região proximal dos membros; evolução e resolução no período de horas
Faringite que precede poliartrite, cardite, nódulos subcutâneos, coreia
322
Lúpus eritematoso sistêmico
Doença autoimune
Eritema macular e papuloso, com frequência em regiões expostas ao sol; lesões do lúpus discoide (atrofia local, descamação, alterações na pigmentação); telangiectasias periungueais; exantema malar; vasculite que algumas vezes causa urticária, púrpura palpável; erosões orais em alguns casos
Mais comum em mulheres jovens e na meia-idade; exacerbações desencadeadas por exposição ao sol
Artrite; acometimentos cardíaco, pulmonar, renal, hematológico e vascular
319
Doença de Still
Doença autoimune
Pápulas eritematosas transitórias de 2 a 5 mm que aparecem sobre o tronco e a região proximal dos membros no pico febril; lesões evanescentes
Crianças e adultos jovens
Febre alta em pico, poliartrite, esplenomegalia; velocidade de hemossedimentação > 100 mm/h
337
Tripanossomíase africana
Trypanopsoma brucei/rhodesiense/ gambiense
Exantema eritematoso mosqueado ou anular maculoso e papuloso principalmente no tronco; prurido; é possível o surgimento de cancro no local da picada da mosca tsé-tsé precedendo o exantema em várias semanas
Picada da mosca tsé-tsé na África Oriental (T. brucei rhodesiense) ou Ocidental (T. gambiense)
Doença hemolinfática seguida por meningoencefalite; sinal de Winterbottom (linfadenopatia cervical posterior) (T. brucei gambienst)
213
Faringite arcanobacteriana
Arcanobacterium (Corynebacterium) haemolyticum
Erupção maculopapulosa eritematosa difusa que envolve o tronco e a região proximal dos membros; pode haver descamação
Crianças e adultos jovens
Faringite exsudativa, linfadenopatia
138
Meningococemia — crônica, infecção gonocócica disseminada3, infecção pelo parvovírus humano B19e
—
—
—
143,144, 184
Febre maculosa das Montanhas Rochosas
Rickettsia rickettsii
Exantema que se inicia nos pulsos e tornozelos, espalhando-se de forma centrípeta; surge tardiamente nas palmas e plantas; lesões que evoluem de máculas que desaparecem à pressão para petéquias
0 vetor é o carrapato; ocorre de forma disseminada, mas principalmente nas regiões Sudeste e Sudoeste-Central dos EUA
Cefaleia, mialgias, dor abdominal; a mortalidade chega a 40% nos casos não tratados
174
Sífilis secundária
Treponema paitidum
Cancro primário coincidente em 10% dos Sexualmente transmissível casos; erupção papulosa cor de cobre e descamativa, difusa embora concentrada nas palmas e plantas; nos adultos, o exantema nunca é vesiculoso; condiloma plano, placas mucosas e alopecia em alguns casos
Febre, sintomas constitucionais
169
Febre do chikungunya
Vírus chikungunya
Erupção maculopapular; particularmente Picadas dos mosquitos nos membros superiores e face, podendo Aedes aegypti e A. ocorrer em tronco e membros inferiores albopictus, principalmente na África e na região do Oceano Índico
Poliartralgia migratória intensa envolvendo pequenas articulações (p. ex., mãos, punhos e tornozelos)
196
Doença mão-pé-boca
A causa mais comum é o vírus Coxcackie A 16
Vesículas dolorosas, erosões na boca; pápulas de 0,25 cm nas mãos e nos pés com halo de eritema evoluindo como vesículas sensíveis ao toque
Febre e Exantema
Eritema marginado (febre reumática)
Erupções periféricas
Verão e outono; Febre transitória principalmente em crianças < 10 anos; em diversos membros da família
191
(Continua)
151
QUADR017.1
Doenças associadas à febre e ao exantema (Continuação)
Doença
Etiologia
Descrição
Grupos afetados/ Fatores epidemiológicos
Síndrome clínica
Capítulo
Erupções periféricas (Continuação)
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Eritema multiforme (EM)
Infecção, fármacos, causas idiopáticas
Lesões em alvo (eritema central circundado por área esbranquiçada seguida por outra área circular de eritema) com até 2 cm; simétricas em joelhos, cotovelos, palmas, solas; disseminação centrípeta; papular, algumas vezes vesicular; quando extensa e comprometendo mucosas é denominada EM maior
Infecção por herpesvírus simples ou por Mycopiasma pneumoniae', uso de fármacos (p. ex., sulfa, fenitoína, penicilina)
50% dos casos em menores de 20 anos; febre comum na forma mais graves, EM maior, que pode ser confundida com síndrome de Stevens-Johnson (mas nos casos de EM maior não há descamação de pele)
Febre por mordedura de rato (febre de Haverhill)
Streptobacillus moniliformis
Erupção maculopapular em palmas e solas e membros em geral; tende a ser mais intensa nas articulações; a erupção algumas vezes se generaliza; pode ser purpúrica; pode descarnar
Mordida de rato, ingestão de alimentos contaminados
Mialgia; artrite (50%); recorrência da febre em alguns casos
E24
Endocardite bacteriana
Estreptococos, estafilococos, etc.
Quadro subaguda nódulos de Osler (nódulos dolorosos rosados sobre a polpa dos dedos das mãos ou dos pés); petéquias na pele e nas mucosas; hemorragias puntiformes. Quadro agudo (Staphylococcus aureus): lesões de Janeway (máculas eritematosas ou hemorrágicas indolores, geralmente nas palmas e plantas)
Alteração em valva cardíaca (estreptococo), uso de droga intravenosa
Sopro cardíaco novo ou alterado
124
Mais comum em crianças entre 2 e 10 anos; geralmente, segue-se a uma faringite por estreptococo do grupo A
Febre, faringite, cefaleia
136
Eritemas descamativos confluentes Escarlatina (segunda moléstia)
Estreptococo do grupo A (exotoxinas pirogênicas A, B e C)
Eritema difuso que desaparece à digitopressão, iniciando-se na face e se espalhando pelo tronco e membros: palidez perioral, pele com textura de “ lixa” ; acentuação do eritema linear nas dobras cutâneas (linhas de Pastia); enantema da língua saburrosa que evolui para língua “ em framboesa” ; descamação na segunda semana
Doença de Kawasaki
Idiopática
Exantema semelhante ao da escarlatina Crianças < 8 anos (escarlatiniforme) ou eritema multiforme; fissura labial, língua “ em framboesa"; conjuntivite; edema das mãos e dos pés; descamação na fase tardia da doença
Linfadenopatia cervical, faringite, vasculite nas artérias coronárias
53,326
Síndrome do choque tóxico estreptocócico
Estreptococos do grupo A (associados às exotocinas pirogênicas A e/ou B, ou determinados tipos M)
0 exantema, quando presente, é com frequência escarlatiniforme
Pode ocorrer em situações de infecções graves por estreptococos do grupo A, (p. ex., fasciite necrosante, bacteremia, pneumonia)
Falência de múltiplos órgãos, hipotensão; taxa de mortalidade de 30%
136
Síndrome do choque tóxico estafilocócico
S. aureus (toma 1 da Eritema difuso que envolve as palmas; síndrome do choque eritema marcante nas mucosas; tóxico, enterotoxinas conjuntivite; descamação com 7 a 10 Bou C) dias de doença
Colonização com o S. aureus produtor de toxina
Febre > 39°C, 135 hipotensão, disfunção de múltiplos órgãos
Síndrome da pele escaldada estafilocócica
S. aureus, grupo de fagos II
Colonização com o S. aureus produtor de toxina; ocorre em crianças < 10 anos (denominada doença de Ritter nos neonatos) ou em adultos com disfunção renal
Irritabilidade; secreções nasal ou conjuntival
Eritema difuso doloroso, frequentemente com bolhas e descamação; sinal de Nikolsky
135
(Continua)
152
T
QUADRO 17.1
Doenças associadas à febre e ao exantema (Continuação)
Doença
Descrição
Etiologia
Eritemas descamativos confluentes
Grupos afetados/ Fatores epidemiológicos
Síndrome clínica
Capítulo
(Continuação)
Psoríase, eczema, erupção por fármacos, micose fungoide subjacentes
Eritema difuso (frequentemente esfoliativo) intercalado com lesões da doença subjacente
Geralmente ocorre em adultos acima dos 50 anos; mais comum nos homens
Febre, calafrio (isto é, dificuldade de termorregulação); linfadenopatia
52,55
DIHS/DRESS
Anticonvulsivantes aromáticos; outros fármacos incluindo sulfonamidas, minociclina
Erupção maculopapular (confundida com exantema por fármaco), algumas vezes evoluindo para eritroderma esfoliante; edema profundo, especialmente da fáscia; é possível haver pústulas
Indivíduos geneticamente incapazes de eliminar óxidos de areno (anticonvulsivantes), pacientes com redução da capacidade de efetuar /V-acetilação (sulfonamidas)
Linfadenopatia, falência de múltiplos órgãos (especialmente hepática), eosinofilia, linfócitos atípicos; quadro semelhante ao da sepse
55
Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ), necrólise epidérmica tóxica (NET)
Fármacos (80% dos casos; com frequência alopurinol, anticonvulsivantes, antibióticos), infecção, idiopática
Máculas eritematosas e purpúricas, algumas vezes em forma de alvo, ou eritema difuso que evolui com bolhas, descamação e necrose de toda a epiderme; sinal de Nikolsky; envolve as mucosas, NET (> 30% de necrose epidérmica) é forma extrema; SSJ-. envolve < 10%; a forma mista SSJ/NET envolve 10 a 30% da epiderme
Incomum nas crianças; mais comum nos pacientes com infecção pelo HIV LES, determinados tipos de ALH ou em acetiladores lentos
Desidratação, sepse algumas vezes como resultado da falta de integridade cutânea; mortalidade chegando a 30%
55
Febre e Exantema
Síndrome da eritrodermia esfoliativa
Erupções vesiculoboihosas ou pustulares Síndrome da mão, pé e boca;9 síndrome da pele escaldada estafilocócica; necrólise epidérmica tóxica6; DIHS/DRESS0
—
—
—
—
_i
Varicela (catapora)
Vírus varicela-zóster
Máculas (2 a 3 mm) que evoluem para pápulas e, em seguida, vesículas (algumas vezes, umbilicadas) sobre base eritematosa (“ gotas de orvalho em uma pétala de rosa”); formam-se, em seguida, pústulas e crostas; as lesões surgem em grupos; podem atingir o couro cabeludo e a boca; intensamente pruriginosas
Geralmente atingem crianças; 10% dos adultos são suscetíveis; mais comuns no final do inverno e na primavera
Mal estar; doença geralmente branda em crianças saudáveis; mais grave em caso de complicações em adultos e em crianças imunocomprometidas
180
Foliculite por Pseudomonas
Pseudomonas aeruginosa
Lesões pruriginosas, eritematosas foliculares, papulosas, vesículosas ou pustulentas que podem atingir axilas, nádegas, abdome e, especialmente, as regiões cobertas pelas roupas de banho; pode-se manifestar como nódulos isolados dolorosos sobre as superfícies palmares e plantares (esta última denominada “ síndrome do pé quente por pseudomonas'’)
Indivíduos que freqüentam banhos ou piscinas públicas; ocorre em surtos
Dor de ouvido, dor nos 152 olhos e/ou garganta; geralmente, autolimitada
Varíola
Vírus da varíola maior
Indivíduos não imunes Máculas vermelhas sobre a língua e palato que evoluem para pápulas expostos à doença e vesículas; máculas cutâneas que evoluem para pápulas, vesículas e, em seguida, pústulas ao longo de 1 semana, com a subsequente formação de crostas; as lesões aparecem inicialmente na face e se espalham centrifugamente do tronco para os membros; difere da varicela já que (1) as lesões cutâneas em qualquer região encontram-se no mesmo estágio de evolução, e (2) as lesões distribuem-se predominantemente sobre a face e os membros (incluindo palmas e plantas)
Pródromo de febre, cefaleia, dor nas costas, mialgias; vômitos em 50% dos casos
221
(Continua)
153
I QUADR017.1
Doenças associadas à febre e ao exantema (C on tinu ação )
Doença
Etiologia
Erupções vesiculobolhosas ou pustulares
Descrição
Grupos afetados/ Fatores epidemiológicos
Síndrome clínica
Capítulo
(Continuação)
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Infecção primária pelo herpesvírus simples (HSV)
HSV
Eritema rapidamente seguido pelas características vesículas agrupadas que podem evoluir para pústulas; lesões dolorosas que ulceram, especialmente sobre as mucosas; lesões no local de inoculação: comumente, gengivoestomatite para o HSV-1 e lesões genitais para o HSV-2; os episódios recorrentes são mais leves (p. ex., o herpes labial não atinge a mucosa oral)
A infecção primária é mais comum em crianças e adultos jovens para o HSV-1 e em adultos jovens sexualmente ativos para o HSV-2; não há febre na infecção recorrente
Linfadenopatia regional
179
Infecção disseminada pelo herpesvírus
Vírus varicela-zóster ou HSV
Vesículas generalizadas que podem evoluir para pústulas e úlceras; as lesões são semelhantes às da varicela-zóster e do HSV; zóster cutâneo disseminado: > 25 lesões distribuídas fora do dermátomo envolvido. HSV: lesões cutaneomucosas extensivas e progressivas que podem ocorrer na ausência de disseminação, algumas vezes se disseminam pela pele eczematosa (eczema herpético); pode haver disseminação visceral do HSV mesmo em casos com lesões mucocutâneas localizadas; na doença neonatal disseminada, as lesões cutâneas, quando presentes, ajudam no diagnóstico, mas o exantema está ausente em uma minoria substancial de casos
Indivíduos imunossuprimidos, eczema; neonatos
Envolvimento de órgãos internos (especialmente o fígado) em alguns casos; a doença neonatal é particularmente grave
179,180, 381
Riquetsiose variceliforme
Rickettsia akari
Escara encontrada no local da picada do ácaro; exantema generalizado que envolve face, tronco e membros; pode atingir palmas e plantas; < 100 pápulas e placas (2 a 10 mm); desenvolvem-se vesículas na parte superior das lesões que podem evoluir para pústulas
Encontrada em áreas urbanas; transmitida por ácaros de camundongos
Cefaleia, mialgias, linfadenopatia regional; doença leve
174
Pustulose exantemática Fármacos aguda generalizada (principalmente (AGEP) anticonvulsivantes ou antimicrobianos); também pode ser viral
Pequenas pústulas não foliculares estéreis sobre uma pele eritematosa e edemaciada; início na face e nas dobras corporais para, a seguir, generalizar-se
Surge 2 a 21 dias após Febre, prurido e o início do tratamento leucocitose agudos farmacológico, dependendo de haver sensibilização prévia
55
Infecção disseminada pelo Vibrio vulnificus
V. vulnificus
Lesões eritematosas que evoluem para bolhas hemorrágicas e, em seguida, úlceras necróticas
Pacientes com cirrose, diabetes, insuficiência renal; exposição por ingestão de água do mar ou frutos do mar contaminados
Hipotensão; mortalidade de 50%
156
Ectima gangrenoso
P. aeruginosa, outros bastonetes Gram-negativos, fungos
Placa endurecida que evolui para bolha ou pústula hemorrágica com descamação resultando na formação de escara; halo eritematoso; mais comum nas regiões axilar, inguinal e perianal
Geralmente acomete pacientes neutropênicos; ocorre em até 28% dos indivíduos com bacteremia por Pseudomonas
Sinais clínicos de sepse
152
Doença do soro, frequentemente causada por infecção (incluindo vírus da hepatite B, enterovírus, parasitos), fármacos; doenças do tecido conectivo
Placas eritematosas e edemaciadas “ urticariformes” , pruriginosas ou ardentes; diferentemente da urticária: lesões duram > 24 h (até 5 dias) e a lesão não desaparece completamente com compressão em razão de hemorragia
Pacientes com doença do soro (incluindo hepatite B), doença do tecido conectivo
Febre variável; artralgia/ artrite
32 6 r
Erupções urticariform es Vasculite urticariforme
(Continua)
154
r
QUADRO 17.1
Doenças associadas à febre e ao exantema (Continuação) Grupos afetados/ Fatores epidemiológicos
Etiologia
Descrição
Infecção disseminada
Fungos (p. ex., candidíase, histoplasmose, criptococose, esporotricose, coccidiodomicose); micobactérias
Nódulos subcutâneos (de até 3 cm); flutuação e drenagem são comuns nas infecções por micobactérias; nódulos necróticos (membros, regiões periorbital ou nasal) comuns com Aspergilius, Mucor
Hospedeiros imunossuprimidos (p. ex., receptores de transplantes de medula óssea, pacientes submetidos a quimioterapia, pacientes HlV-positivos, alcoolistas)
As manifestações variam de acordo com o microrganismo
Eritema nodoso (paniculite septal)
Infecções (p. ex., Nódulos subcutâneos grandes, não estreptococos, ulcerados, violáceos; extremamente fungos, dolorosos; geralmente na parte inferior micobactérias, das pernas, embora possam ocorrer nos Yersinia)-, fármacos membros superiores (p. ex., sulfas, penicilinas, contraceptivos orais); sarcoidose; idiopático
Mais comum em mulheres entre 15 e 30 anos
Artralgias (50%); as manifestações variam de acordo com a doença associada
Síndrome de Síndrome de Sweet (dermatose neutrofílica febril aguda)
Infecção por Yersinia; distúrbios linfoproliferativos; idiopática
Nódulos dolorosos, edematosos, avermelhados ou azulados, dando a impressão de vesiculação; geralmente na face, no pescoço e nos membros superiores; quando se localizam nos membros inferiores podem ser confundidos com eritema nodoso
Mais comum em mulheres e nos indivíduos entre 30 e 60 anos, em 20% dos casos, há associação com doenças malignas (neste grupo, homens e mulheres são igualmente afetados)
Cefaleia, artralgias, leucocitose
53
Angiomatose bacilar
Bartonella henselae, B. quintana
Diversas formas, incluindo nódulos vasculares eritematosos de superfície lisa; lesões friáveis e exofíticas; placas eritematosas (podem ser secas e descamativas); nódulos subcutâneos (podem ser eritematosos)
Geralmente em pacientes com infecção por HIV
Em alguns casos, há peliose do fígado e do baço; as lesões podem atingir vários órgãos; bacteremia
160
Doença
Síndrome clínica
Capítulo
Erupções nodulares
_f
t
Febre e Exantema
Erupções purpúreas t
Febre maculosa das Montanhas Rochosas, febre da mordedura do rato, endocardite;9 tifo epidêmico;® dengue," infecção pelo parvovírus humano B19 e Meningococemia aguda Neisseria meningitidis Inicialmente lesões maculopapulosas que evoluem para petéquias; estas últimas aumentam rapidamente de número, algumas vezes crescendo e se tornando vesiculosas; acometem mais comumente o tronco e os membros; podem surgir na face, mãos e pés; pode haver púrpura fulminante (ver adiante) secundária à coagulação intravascular disseminada
Mais comum entre as crianças, nos indivíduos com asplenia ou deficiência dos componentes terminais do complemento (C5-C8)
Hipotensão, meningite (algumas vezes precedida por infecção respiratória alta)
143
Púrpura fulminante
Coagulação intravascular disseminada grave
Grandes equimoses com formato bastante irregular que evoluem para bolhas hemorrágicas e, em seguida, para lesões necróticas negras
Indivíduos em sepse (p. ex., causada por N. meningitidis), doença maligna ou traumatismo grave; pacientes em asplenia sob risco elevado de sepse
Hipotensão
143,271
Meningococemia crônica
N. meningitidis
Diversas erupções recorrentes, incluindo maculopapulosa rosada, nodular (geralmente nos membros inferiores); petequial (às vezes, com centro vesiculoso); áreas purpúreas com centro pálido azul-acinzentado
Indivíduos com deficiências de complemento
Febres, algumas vezes intermitentes; artrite, mialgias, cefaleia
143
(Continua)
155
QUADRO 17.1
Doenças associadas à febre e ao exantema (C on tinu ação )
Doença Erupções purpúreas
Etiologia
Descrição
Grupos afetados/ Fatores epidemiológicos
Síndrome clínica
Capítulo
(Continua)
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Infecção gonocócica disseminada
Neisseria gonorrhoeae
Pápulas (de 1 a 5 mm) que evoluem ao longo de 1 a 2 dias para pústulas hemorrágicas com centros necróticos acinzentados; raramente, ocorrem bolhas necróticas; as lesões (geralmente menos de 40) distribuem-se perifericamente na proximidade das articulações (mais comumente nos membros superiores)
Indivíduos (com maior frequência do sexo feminino) sexualmente ativos, alguns com deficiência de complemento
febre baixa, tenossinovite, artrite
144
Exantema petequial enteroviral
Geralmente vírus Echo 9 ou Coxsackie A9
Lesões petequiais disseminadas (também podem ser maculopapulosas, vesiculosas ou urticariformes)
Frequentemente ocorre em surtos
Faringite, cefaleia; meningite asséptica por vírus Echo 9
191
Febre hemorrágica viral Arbovírus (incluindo dengue) e arenavírus
Exantema petequial
Residente ou viajante em áreas endêmicas, ou outra forma de exposição ao vírus
Tríade formada por febre, choque, hemorragia pelas mucosas ou pelo trato gastrintestinal
196,197
Púrpura trombocitopênica trombótica/síndrome hemolítico-urêmica
Idiopática, Escherichia coli 0157:H7 (toxina Shiga), fármacos
Petéquias
Indivíduos com gastrenterite pela £ coli 0157:H7 (especialmente crianças), em quimioterapia para câncer, infecção pelo HIV, com doenças autoimunes; gestantes ou puérperas
Febre (nem sempre presente), anemia hemolítica, trombocitopenia, disfunção renal, disfunção neurológica; provas de coagulação normais
53,106, 115,149, 154
Vasculite dos pequenos vasos cutâneos (vasculite leucocitoclástica)
Infecções (incluindo os estreptococos do grupo A, hepatite viral), fármacos, substâncias químicas, alergênios alimentares, idiopática
Lesões purpúreas palpáveis que surgem em grupos nas pernas ou em outras regiões inferiores; podem se tornar vesiculosas ou ulcerativas; geralmente, a resolução ocorre em 3 a 4 semanas
Ocorre em amplo espectro de doenças, tais como as doenças do tecido conectivo, crioglobulinemia, câncer, púrpura de Henoch-Schõnlein (PHS); mais comum nas crianças
Febre, mal-estar, artralgias, mialgias; vasculite sistêmica em alguns casos; na PHS, é freqüente o envolvimento de rins, articulações e trato gastrintestinal
53
Erupções com úlceras e/ou escaras f
Febre tsutsugamushi, febres maculosas ricketsiais, febre da mordedura do rato,e riquetsiose variceliforme, ectima gangrenoso" Tularemia
Francisella tuiarensis
Forma ulceroglandular: pápula eritematosa dolorosa que evolui para úlcera necrótica dolorosa com bordas elevadas; em 35% dos casos, ocorrem erupções (maculopapulosas, vesiculopapulosas, acneiformes, urticariformes, eritema nodoso ou eritema polimorfo)
Exposição a carrapatos, mosquitos e animais infectados
Febre, cefaleia, linfadenopatia
158
Antraz
Baciilus anthracis
Pápula pruriginosa que cresce para se transformar em úlcera indolor com 1 a 3 cm, circundada por vesículas, até que, finalmente, surge uma escara central com edema; cicatriz residual
Exposição a animais ou produtos animais infectados, ou qualquer outra exposição aos esporos de antraz
Linfadenopatia, cefaleia
221
‘Ver "Erupções purpúreas” . "Ver "Eritemas descamativos confluentes". CÉ raro haver exantema na erliquiose granulocitotrópica humana ou anaplasmose (causada pelo Anaplasma phagocytophila; mais comum no meio-oeste e nordeste dos EUA). ‘Ver “ Febre hemorrágica viral” em “Erupções purpúreas” , para dengue hemorrágico e síndrome de choque da dengue.
"Ver “Erupções maculopapulares de distribuição central.” Ver os capítulos das etiologias específicas.
V er “Erupções periféricas” . V er "Erupções vesiculobolhosas ou pustulosas.”
156
O exantem a súbito (roséola) é causado pelo h erpesvírus hum ano 6, sendo mais com um em crianças < 3 anos (Cap. 182). Assim com o ocorre com o eritem a infeccioso, o exantem a geralm ente aparece após a rem issão da febre. Consiste em m áculas e pápulas cor-de-rosa, de 2 a 3 m m , que raram ente coalescem , com eçando no tronco e, às vezes, nos m em bros (poupando a face) e desaparecendo em 2 dias. E m bora as reações m edicam entosas p ro d u z am m u itas m a n i festações, in cluindo u rticária, as erupções m edicam entosas exantem áticas (Cap. 55) são m ais com uns e com frequência difíceis de diferenciar dos exantem as virais. Em geral, as erupções provocadas por fárm acos são m ais eritem atosas e pruriginosas que os exantem as virais, m as essa diferenciação não é confiável. A h istória de novos fárm acos e a ausência de prostração ajudam a diferenciar entre farm acoderm ia e erupções de outras etiologias. Os exantem as podem persistir po r até duas sem anas após a interrupção do uso do fárm aco ofensivo. Algum as populações são m ais suscetíveis aos exantem as m edicam entosos que outras. Entre os pacientes H ÍV -positivos, 50 a 60% m anifestam exantem a em resposta às sulfas; 90% dos pacientes com m ononucleose causada pelo vírus E pstein-B arr apresentarão exantem a se receberem ampicilina. As riquetsioses (Cap. 174) devem ser consideradas na avaliação dos pacientes com erupções m aculopapulosas com distribuição cen tral. O contexto habitual no qual o tifo epidêmico se desenvolve é um a região de guerra ou desastre natural, na qual as pessoas são expostas ao piolho do corpo. O tifo endêmico ou a leptospirose (a últim a causa da p or um espiroqueta) (Cap. 171) podem ser encontrados em áreas urbanas onde os roedores proliferem . Fora dos EUA, outras riq u et sioses causam um a síndrom e de febre m aculosa, devendo ser consi deradas nos indivíduos que viveram ou viajaram para áreas endêm i cas. Da m esm a form a, a febre tifoide, que não é um a riquetsiose e sim um a doença causada pela Salmonella typhi (Cap. 153), geralm ente é adquirida durante um a viagem para fora dos EUA. O dengue, causa do p o r um flavivírus transm itido p or m osquito, ocorre nas regiões tropicais e subtropicais do m undo (Cap. 196). Algumas erupções m aculopapulosas com distribuição central têm aspectos típicos. O eritem a migratório, o exantem a da doença de Lyme (Cap. 173), se manifesta caracteristicamente sob a form a de placas anu lares isoladas ou múltiplas. Em geral, as lesões não tratadas do eritema m igratório desaparecem em um mês, mas podem persistir por mais de um ano. O exantema associado ao carrapato do sul (dos EUA) (STARI) se apresenta de forma semelhante ao eritem a m igratório, m as é m enos intenso e tende a ocorrer em regiões em que a doença de Lyme não é endêmica. O eritema marginado, o exantema típico da febre reumática aguda (Cap. 322), tem um padrão típico de lesões anulares transitórias que tendem a aum entar de tam anho e a m udar de lugar. As doenças vasculares do colágeno podem causar febre e exan tem a. Os pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (Cap. 319) ge ralm ente exibem u m a erupção eritem atosa bem definida, com dis tribuição em asa de borboleta na região m alar (exantem a m alar), m as tam bém m uitas ou tras m anifestações cutâneas. A doença de Still (Cap. 331) apresenta-se com um exantem a evanescente cor de salm ão no tronco e nas partes proxim ais dos m em bros que coincide com os picos febris.
■ ERUPÇÕES PERIFÉRICAS Esses exantem as são diferentes porque se distribuem predom inante m ente nos segm entos periféricos, ou com eçam nas áreas periféricas (acrais), antes de se espalharem em direção centrípeta. O diagnóstico e o tratam ento precoces são fundam entais na FM M R (Cap. 174), ten do em vista seu prognóstico som brio caso não seja tratada. As lesões evoluem de m áculas para petéquias, com eçam nos pulsos e to rn o zelos, espalham -se em direção centrípeta e aparecem nas palm as e plantas apenas nos estágios subsequentes da doença. O exantem a da sífilis secundária (Cap. 169), que pode ser generalizado, p orém é mais acentuado nas palm as e plantas, deve ser considerado no diagnóstico diferencial da pitiríase rósea, em especial nos pacientes sexualm ente ativos. A febre do chikungunya (Cap. 196), transm itida p o r picada de m osquito na África e em regiões do O ceano Índico, está associada a um a erupção m aculopapulosa com poliartralgia intensa de pequenas articulações. A doença da mão, pé e boca (Cap. 191), causada mais
com um ente pelo vírus Coxsackie A 16, caracteriza-se p o r vesículas dolorosas distribuídas na periferia e n a boca; os surtos costum am o correr d entro de famílias. As lesões em alvo típicas do eritema poli morfo aparecem sim etricam ente nos cotovelos e joelhos, nas palm as das m ãos, plantas dos pés e face. N os casos graves, essas lesões se espalham difusam ente e envolvem as m ucosas. Na endocardite, tam bém é possível ocorrer lesões nas m ãos e nos pés (Cap. 124).
■ ERITEMAS DESCAMATIVOS CONFLUENTES Tais erupções consistem em eritem a difuso, geralm ente seguido de descam ação. As erupções causadas p o r estreptococos do grupo A ou pelo Staphylococcus aureus são m ediadas p o r toxinas. Em geral, a escarlatina (Cap. 136) ocorre após um episódio de faringite; esses pacientes apresentam ru bor facial, língua “em fram boesa” e petéquias acentuadas nas dobras do corpo (linhas de Pastia). A doença de Kawasaki (Caps. 53 e 326) apresenta-se na população pediátrica com o fissuras labiais, língua em fram boesa, conjuntivite, linfadenopatia e, em alguns casos, anorm alidades cardíacas. A síndrome do choque tóxi co estreptocócico (Cap. 136) m anifesta-se com hipotensão, falência de m últiplos órgãos e geralm ente um a infecção grave p or estreptococos do grupo A (p. ex., fasciite necrosante). A síndrome do choque tóxico estafilocócico (Cap. 135) tam bém ocorre com hipotensão e falência de m últiplos órgãos, m as geralm ente com prova-se apenas coloniza ção, e não infecção grave, pelo S. aureus. A síndrome da pele escaldada estafilocócica (Cap. 135) ocorre principalm ente em crianças e adul tos im unocom prom etidos. O eritem a generalizado costum a aparecer durante o período prodrôm ico de febre e m al estar; nessa doença é característica a ocorrência de hiperestesia cutânea intensa. No está gio esfoliativo, é possível haver form ação de bolhas cutâneas quando se aplica pressão lateral suave (sinal de Nikolsky). Nas form as leves, um a erupção escarlatiniform e sim ula a escarlatina, m as o paciente não apresenta língua “em fram boesa” nem palidez perioral. D iferen te da síndrom e da pele escaldada estafilocócica, na qual o plano de clivagem é superficial na epiderm e, na necrólise epidérmica tóxica (Cap. 55), um a variante m áxim a da síndrom e de Stevens-Johnson, observa-se descam ação de toda a epiderm e, produzindo um quadro grave. A síndrome da eritrodermia esfoliativa (Caps. 52 e 55) é um a reação grave caracterizada p o r sintom as de toxem ia sistêmica, fre quentem ente causada po r eczem a, psoríase, reação m edicam entosa ou micose fungoide. A síndrom e da hipersensibilidade induzida por fárm aco (DIHS) causada p or antiepilépticos e antibióticos (Cap. 55) inicialm ente se parece com um a reação exantem ática ao fármaco, mas evolui com o eritro d erm a esfoliativo; acom panha-se de falência de m últiplos órgãos com taxa de m ortalidade que se aproxim a de 10%.
■ ERUPÇÕES VESICUL0B0L0SAS OU PUSTULOSAS A varicela (Cap. 180) é extrem am ente contagiosa e costum a ocorrer no inverno ou na prim avera. A q ualquer m om ento e em um a dada região do corpo, as lesões da varicela encontram -se em estágios d i ferentes de evolução. N os pacientes im unossuprim idos, as vesículas da varicela podem não ter a base eritem atosa típica, ou apresentar aspecto hem orrágico. As lesões da foliculite p or pseudom onas (Cap. 152) tam bém são p ruriginosas e p o d em ser sem elhantes às da va ricela. Porém , esta foliculite geralm ente ocorre em surtos após b a nhos em piscinas públicas, e as lesões ocorrem nas regiões cobertas pelas roupas de banho. As lesões da varíola (Cap. 221) podem ser sem elhantes às da varicela, porém exibem o m esm o estágio de de senvolvim ento em um a dada região corporal. As lesões da varíola são m ais proem inentes na face e nos m em bros, enquanto as da varicela são m ais evidentes no tronco. A infecção pelo herpesvírus sim ples (Cap. 179) caracteriza-se pela presença de u m grupo de vesículas so bre u m a base eritem atosa. A infecção p rim á ria é acom panhada p or febre e sintom as tóxicos, enquanto as recorrências são m ais suaves. A riquetsiose variceliforme (Cap. 174) m uitas vezes é encontrada em áreas urbanas e caracteriza-se p o r vesículas seguidas p or pústulas. D iferencia-se da varicela p o r u m a escara no local da m o rd ed u ra de cam undongo e pela presença de um a base na form a de pápula/placa para cada vesícula. A possibilidade de pustulose exantem ática aguda generalizada (AGEP) deve ser considerada em indivíduos com qua dro agudo febril que estejam fazendo uso de m edicam entos recentes,
especialm ente anticonvulsivantes ou antim icrobianos (Cap. 55). A infecção dissem inada pelo Vibrio vulnificus (Cap. 156) ou o ectima gangrenoso causado p or Pseudomonas aeruginosa (Cap. 152) são h i póteses a serem consideradas em pacientes im unossuprim idos que se apresentem com sepse e bolhas hem orrágicas.
■ ERUPÇÕES URTICARIFORMES Os pacientes com urticária clássica (“vergões”) geralm ente apresen tam um a reação de hipersensibilidade sem febre associada. Q uando há febre, as erupções urticariform es costum am ser causadas pela vas culite urticariforme (Cap. 326). Diferente das lesões isoladas da urticá ria clássica, que persistem por até 24 h, essa doença pode estender-se por 3 a 5 dias. D entre as etiologias estão doença do soro (frequente m ente causada po r fármacos, com o penicilinas, sulfas, salicilatos ou barbitúricos), doenças do tecido conectivo (p. ex., lúpus eritem atoso sistêmico ou síndrom e de Sjõgren) e infecções (p. ex., vírus da h epati te B, enterovírus ou parasitos). Os cânceres, principalm ente os linfomas, podem evoluir com febre e urticária crônica (Cap. 53).
■ ERUPÇÕES NODULARES
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Nos pacientes im unossuprim idos, as lesões nodulares costum am ser causadas p o r infecções dissem inadas. Os indivíduos com candidía se dissem inada (geralm ente causada pela Candida tropicalis) podem apresentar a tríade form ada p o r febre, m ialgias e nódulos eruptivos (Cap. 203). As lesões da criptococose dissem inada (Cap. 202) podem ser sem elhantes às do m olusco contagioso (Cap. 183). N ódulos necróticos devem sugerir a possibilidade de aspergilose (Cap. 204) ou mucormicose (Cap. 205). O eritema nodoso se apresenta com o n ó dulos extrem am ente dolorosos nos m em bros inferiores. A síndrome de Sweet (Cap. 53) deve ser considerada nos pacientes com vários nódulos e placas, às vezes tão edem atosos que assum em o aspecto de vesículas ou bolhas. A síndrom e de Sweet pode acom eter indivíduos sadios ou pacientes com doença linfoproliferativa.
■ ERUPÇÕES PURPÚREAS Nos casos clássicos, a meningococcemia aguda (Cap. 143) acom ete crianças e evidencia-se sob a form a de um a erupção petequial, m as as lesões iniciais p odem ser m áculas que em palidecem sob pressão ou urticária. A FM M R deve ser incluída no diagnóstico diferencial da m eningococcem ia aguda. A infecção pelo vírus Echo 9 (Cap. 191) tam bém pode p roduzir um quadro clínico sem elhante; tais pacien tes devem ser tratados com o se estivessem em sepse bacteriana, pois às vezes é impossível diferenciar em definitivo essas duas infecções. As extensas áreas equim óticas da púrpura fu lm in a n te (Caps. 143 e 271) estão associadas à coagulação intravascular dissem inada grave subjacente, que pode ser causada p o r processos infecciosos ou não
CAPÍTULO
18
Febre de Origem Obscura Jeffrey A. Gelfand Michael V. Callahan ■ DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO A febre de origem obscura (FO O ) foi definida p o r Petersdorf e Beeson, em 1961, com o ( 1) tem peraturas axilares > 38,3°C em várias ocasiões; (2) febre com duração de m ais de 3 sem anas; e (3) im possi bilidade de estabelecer um diagnóstico, apesar de 1 sem ana de inves tigação hospitalar. Em bora essa classificação tenha perm anecido p or m ais de 30 anos, D urack e Street propuseram um sistem a revisto de classificação da FOO, que abrange doenças não endêm icas e em er
158
infecciosos. As lesões da meningococcemia crônica (Cap. 136) podem assum ir diversos padrões m orfológicos, inclusive petéquias. Esses pacientes podem desenvolver nódulos purpúreos nas pernas, que se assem elham ao eritem a nodoso, m as não são m uito dolorosos. As lesões da gonococcemia disseminada (Cap. 144) são pústulas hem or rágicas bem definidas, esparsas e pouco num erosas, geralmente nas proxim idades das articulações. As lesões da m eningococcem ia crô nica e da gonococcem ia podem ser indistinguíveis quanto ao aspec to e à distribuição. A febre hemorrágica viral (Caps. 196 e 197) deve ser considerada nos pacientes com história compatível de viagens e exantem a petequial. A púrpura trombocitopênica trombótica (Caps. 53,106 e 115) e a síndrome hemolítico-urêmica (Caps. 115,149 e 154) estão estreitam ente relacionadas, sendo causas não infecciosas de fe bre e petéquias. A vasculite dos pequenos vasos cutâneos (vasculite leucocitoclástica) geralm ente se apresenta como púrpura palpável e tem diversas etiologias (Cap. 53).
■ ERUPÇÕES COM ÚLCERAS 0U ESCARAS O desenvolvim ento de um a úlcera ou escara em pacientes com erup ções m ais generalizadas pode ser um indício diagnóstico im portante. Por exemplo, o aparecim ento de um a escara pode sugerir o diagnós tico de febre tsutsugamushi ou riquetsiose variceliforme (Cap. 174) no contexto apropriado. Em outras doenças (p. ex., antraz; Cap. 221), a úlcera ou escara pode ser a única m anifestação cutânea.
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W o l f f K , J o h n s o n R A J: Fitzpatrick’s Color Atlas and Synopsis o f Clinical Dermato
logy, 6th ed. New York, McGraw-HilI, 2009 ------- et al (eds): Fitzpatricks Dermatology in General Medicine , 7th ed. New York, McGraw-HilI, 2008
gentes, m elhores tecnologias diagnosticas e reações adversas a novas intervenções terapêuticas. Tal classificação atualizada inclui: ( 1) a FO O clássica; (2) a FO O hospitalar; (3) a FOO neutropênica; e (4) a FOO associada a infecção pelo HIV. A FOO clássica aproxim a-se m uito da prim eira definição dessa entidade, diferindo apenas no que diz respeito ao critério de investi gação hospitalar durante 1 sem ana. A nova definição é mais ampla, estipulando três consultas am bulatoriais ou 3 dias no hospital sem elucidação de um a causa, ou 1 sem ana de investigação am bulatorial criteriosa e invasiva. Na FOO hospitalar, devem-se constatar tem pe raturas > 38,3°C em diversas ocasiões, em um paciente hospitalizado que esteja sendo subm etido a tratam ento agudo e no qual não haja infecção evidente ou ela esteja incubada por ocasião da internação. O requisito m ín im o para esse diagnóstico é um a investigação de 3 dias, com pelo m enos 2 dias de incubação das culturas. A FOO neutropênica é definida com o tem peratura > 38,3°C, constatada em várias ocasiões, em pacientes cuja contagem dos neutrófilos esteja < 500/(xL, ou nos quais haja expectativa de queda para tais valores em
r 1 a 2 dias. O diagnóstico de FO O n eutropênica p o d erá ser sugeri do se não for identificada qualquer causa específica após 3 dias de pesquisas, com a incubação das culturas pelo perío d o m ínim o de 2 dias. A FOO associada ao H IV é definida quando se constatam tem p eraturas > 38,3°C em várias ocasiões nos pacientes com infecção pelo HIV, ao longo de um período de m ais de 4 sem anas em pacien tes am bulatoriais ou superior a 3 dias nos hospitalizados. Esse diag nóstico é sugerido quando, após 3 dias de investigação apropriada, incluindo 2 dias de incubação de culturas, não se chega à conclusão sobre a origem de febre. A adoção de tais categorias de FO O na literatura perm itiu um a com pilação m ais racional dos dados relativos aos referidos grupos distintos. No restante deste capítulo, é enfocada a FO O clássica em pacientes adultos, salvo se especificado de outro m odo.
■ CAUSAS DA FOO CLÁSSICA
QUADR018.1
Febre de Origem Obscura
O Q u ad ro 18.1 resum e os achados de vários grandes estudos sobre a FO O realizados desde o advento dos antibióticos, incluindo um es tudo prospectivo com 167 pacientes adultos com FOO, abrangendo os oito hospitais universitários da H olanda e utilizando um protocolo padronizado, de acordo com o qual o p rim eiro autor procedeu a um a revisão do caso de cada paciente. C oncom itante ao uso dissem ina do de antibióticos, surgiram tecnologias diagnosticas cada vez m ais úteis - tanto invasivas quanto não invasivas. Os estudos m ais recen tes refletem não apenas as m udanças nos padrões das doenças, com o tam bém o im pacto das técnicas diagnosticas que possibilitam excluir da categoria de FO O m uitos pacientes com doenças específicas. O uso generalizado de antibióticos potentes de am plo espectro talvez tenha dim inuído o núm ero de infecções que provocam FOO. A am pla disponibilidade da US, da TC, da RM, da cintilografia com radionuclídios e da tom ografia p or em issão de pósitrons (PET) aum entou a detecção de infecções localizadas, bem com o de neoplasias e linfom as ocultos em pacientes que anteriorm ente seriam considerados portadores de FOO. De m odo sem elhante, a am pla disponibilidade de testes im unológicos altam ente específicos e sensíveis reduziu o núm ero de casos não detectados de doença de Still em adultos, lúpus eritem atoso sistêmico e poliarterite nodosa. As infecções, com o a tuberculose ex trapulm onar e - em áreas endêm icas - a febre tifoide e a m alária, continuam sendo a principal causa de FO O passível de diagnóstico. As síndrom es de m ononucleose prolongadas causadas pelo vírus Epstein-B arr, pelo citom egalovírus (CMV) ou pelo H IV são doenças cuja consideração com o causa de FO O às vezes é confundida p o r respostas hum orais tardias. Os abscessos intra-ab d o m in ais (às vezes, m al localizados) assim com o os abscessos renais, retroperitoneais e paraespinais continuam de difícil diagnóstico. A m alacoplaquia renal, com placas ou n ó d u los subm ucosos que afetam o trato urinário, pode causar FO O fatal e está associada a infecção bacteriana intracelular, sendo observada em pacientes com defeitos na capacidade de destruição bacteriana intracelular, e seu tratam ento consiste no uso de fluoroquinolonas ou trim etoprim a-sulfam etoxazol-. Em alguns casos, ou tro s órgãospo-
dem ser envolvidos. Deve-se considerar a possibilidade de osteom ie lite, particularm ente nos pacientes subm etidos a im plante de prótese. E m bora a endocardite infecciosa v erdadeira com cu ltu ra negativa seja rara, pode ser c o n fu n d id a com endocardite críptica causada po r m icrorganism os de crescim ento lento do grupo HACEK (H aemophilus aphrophilus, Aggregatibacter (antigam ente Actinobacillus) actinomycetem comitans, Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens e Kingella kingae), Bartonella spp. (antigam ente Rochalimaea), Legionella spp., Coxiella burnetii, Chlamydophila psittaci e fungos. A prostatite, os abscessos dentários, a sinusite e a colangite continuam sendo origens de febre oculta. As m icoses, m ais notavelm ente a histoplasm ose, que com pro m ete o sistem a reticuloendotelial, podem causar FOO, em particular fora de regiões endêm icas onde essas doenças podem ser reconheci das com m ais rapidez. A FO O após viagens para regiões neotropicais e o deserto do sudoeste dos EUA, m esm o p o r períodos m uito lim ita dos, deve ser subm etida a avaliação im ediata para paracoccidioidom icose e coccidioidom icose, respectivam ente. A m aior popularidade de viagens de aventura p o r p arte dos cidadãos de países ocidentais aum entou a incidência, nessas nações, da m anifestação de FO O em decorrência de infecções endêm icas incom uns em outros aspectos, transm itidas po r vetores, notavelm ente a febre C hikungunya e o tifo transm itido pelo contato com arbustos. A FO O com cefaleia consti tui indicação para o exam e do LCS à p ro c u ra de Cryptococcus neoform ans, Mycobacterium tuberculosis e tripanossom os adquiridos em viagens. A m alária (que pode resultar de transfusão, da não utilização do agente profilático prescrito ou de infecção p o r um a cepa de Plasm odium resistente a fárm acos) c ontinua sendo um a causa de FOO, em particular da variedade assincrônica. A FO O tam bém pode ser causada p o r um a infecção relacionada com um protozoário, a babe siose, cujas distribuição geográfica e incidência têm aum entado, so bretudo entre indivíduos idosos e im unossuprim idos. Na m aioria das séries m ais antigas, as neoplasias eram a segunda causa m ais com um de FO O depois das infecções (Q uadro 18.1). Nos estudos m ais recentes, a redução na porcentagem de casos de FOO causados p or neoplasias m alignas foi atribuída ao aperfeiçoam ento das tecnologias diagnosticas - em p a rticu la r a tom ografia de alta resolução, a RM, a PET e os ensaios para antígenos tum orais. Essa observação não dim inui a im portância de considerar a possibilidade de neoplasias durante a avaliação diagnóstica inicial de um paciente febril. Vários pacientes em tais estudos apresentavam arterite tem po ral, doença de Still do adulto, febre m edicam entosa e febre factícia. Em estudos recentes, 25 a 30% dos casos de FO O perm aneceram sem diagnóstico. A designação genérica doenças inflamatórias não infec ciosas aplica-se às doenças reum atológicas ou vasculíticas sistêmicas, com o a polim ialgia reum ática, o lúpus e a doença de Still do adulto, assim com o às doenças granulom atosas, com o a sarcoidose, a doença de C rohn e a hepatite granulom atosa. No indivíduo idoso, u m a doença m ultissistêm ica é a causa mais freqüente de FOO, sendo a arterite de células gigantes a principal e n tidade etiológica dessa categoria. N os pacientes com m ais de 50 anos,
FOO clássica em adultos
Autores (ano de publicação)
Anos do estudo
N°de casos
Infecções (%)
Neoplasias (%)
Doenças inflamatórias não infecciosas (%)
Outras causas (%)
Causas não diagnosticadas (%)
Petersdorf e Beeson (1961)
1952-1957
100
36
19
19a
19a
7
16a
11a
12 25,5
Larson e Featherstone (1982)
1970-1980
105
30
31
Knockaert e Vanneste (1992)
1980-1989
199
22,5
7
23a
21,5,
de Kleijn etal. (1997, Parte I)
1992-1994
167
26
12,5
8
30
Bleeker-Rovers etal. (2007)
2003-2005
73
16
7
24 22*
4
51
Dados brutos dos autores retabulados para ajustá-los às categorias diagnosticas alteradas. “Doença do tecido conectivo.
Fonte: Modificado de Kleijn et al., 1997 (Parte I).
159
■ CONSIDERAÇÕES GLOBAIS
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
tal doença é responsável p o r 15 a 20% dos casos de FOO. Nos idosos, a tuberculose é a infecção que m ais com um ente provoca FOO, sendo o câncer de colo um a causa im portante de FO O entre aqueles com doença m aligna nesse grupo etário. E m vário s estu d o s, m u ita s d o en ças fo ram a g ru p ad a s com o “ou tras”, lista em que estão incluídas a febre m edicam entosa, a em bolia pulm onar, a febre factícia, sín d ro m es h e red itá rias de febre p erió d ica (febre fam iliar do M editerrâneo, síndrom e de hiper-IgD , sín d ro m e p e rió d ica associada ao recep to r do fator de necrose tu m o ral (FN T; tam b é m c o n h ecid a com o TRAPS ou febre fam iliar da h ibernação), u rtic ária fam iliar pelo frio, sín d ro m e de M uckle-W ells) e doen ças lisossôm icas co n g ên itas do a rm a ze n a m e n to , com o a de Fabry. Deve-se considerar a possibilidade de um a etiologia relaciona da com fárm acos em todos os casos de febre prolongada. Q ualquer p a d rão febril p ode ser provocado p o r u m fárm aco. Praticam ente to d as as classes de fárm acos causam febre, p o ré m os an tim icro bianos (especialm ente os antibióticos beta-lactâm icos), fárm acos cardiovasculares (p. ex., quinidina), antineoplásicos e fárm acos que atuam no sistem a nervoso central (p. ex., fenitoína) são causas p a r ticularm ente com uns. O uso de inibidores do FN T no tratam en to de doenças inflam atórias tem levado a apresentações atípicas de t u berculose, histoplasm ose, coccidioidom icose e infecção pelo vírus JC associadas a FOO. Ê axiom ático que, à m edida que aum enta a duração da febre, a probabilidade de um a causa infecciosa dim inui, m esm o no caso das etiologias infecciosas m ais indolentes (p. ex., brucelose, paracoccidioidom icose, m alária causada p o r P lasm odium malariae). Em um a série de 347 pacientes encam inhados aos N ational Institutes of Health entre 1961 e 1977, apenas 6% apresentavam infecção (Q uadro 18.2). U m a proporção significativa (9%) tin h a febre factícia - isto é, febre decorrente de elevações falsas da tem peratura ou de doença autoinduzida. Um núm ero significativo desses casos factícios incluiu m ulheres jovens que exerciam profissões na área de saúde. Convém assinalar que 8% dos pacientes com febre prolongada (alguns com provas de função hepática totalm ente norm ais) apresentaram hepa tite granulom atosa e 6% tin h am doença de Still do adulto. Em 19% dos casos, não se havia estabelecido um diagnóstico específico após investigação prolongada. No total, 27% dos pacientes não apresenta ram febre verdadeira d urante a observação hospitalar ou tiveram um ritm o circadiano exagerado da tem peratura, sem calafrios, elevação do pulso ou outras anorm alidades.
QUADRO 18.2 duração
Causas de FOO com mais de 6 meses de
I Causa Nenhuma causa identificada
C asos(%) 19
Outras causas
13
Causas factícias
9
Hepatite granulomatosa
8
Neoplasia
7
Doença de Still
6
Infecção
6
Doença vascular do colágeno
4
Febre familiar do Mediterrâneo
3
Sem febre3
27
t)e fato, não se observou qualquer febre durante 2 a 3 semanas com o paciente internado, inclui os pacientes com ritmo circadiano exagerado. Fonte: De um estudo com 347 pacientes encaminhados aos National Institutes of Health, entre 1961 e 1977, com diagnóstico presuntivo de FOO com duração de mais de 6 meses (Dados de R. Aduan et al. Prolonged fever of unknown origin. Clin Res 26:558A, 1978).
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Mais de 200 doenças podem ser consideradas no diagnósti co diferencial da FO O clássica em adultos, estando as mais com uns listadas no Q u a d ro 18.3. Essa lista aplica-se predo m inantem ente a nações ocidentais com o os EUA. Ao se fazer o diag nóstico diferencial da FOO, é preciso levar em consideração o país de origem do paciente, viagem recente ou rem ota (inclusive o fato de ter participado de guerras em outros países no passado), exposições am bientais incom uns associadas a viagens ou passatem pos (p. ex., es cavações, caçadas e safaris) e anim ais de estimação. O núm ero cada vez m aior de pessoas que reto rn am de viagens curtas a lugares exó ticos subestim a a necessidade de um a história detalhada de viagem e atividades associadas no contexto da febre não diagnosticada, bem com o as alterações dem ográficas dos próprios viajantes. Por exem plo, um núm ero cada vez m aior de viajantes é im unossuprim ido, está sendo subm etido a intervenções que m odificam doesse com o supres são pelo FN T -a ou teve sua im unidade restabelecida recentem ente. Im igrantes com febre inexplicada, inclusive cidadãos naturalizados que tenham deixado seus países de origem décadas atrás, devem ser entrevistados m inuciosam ente com relação à exposição a crianças, incluindo a im unização com vacinas vivas não padronizadas ou não identificadas. Tanto em estrangeiros com o em veteranos de guerras em outros países, infecções subclínicas podem m anifestar-se décadas depois da exposição, p o r m eio de m alignidades novas ou condições im unossupressoras. O diagnóstico de FO O tam bém precisa conside rar alterações na variação de artrópodes vetores ou a possibilidade de que vetores perm issivos locais tenham se infectado com patógenos antes não endêm icos. A avaliação da FO O em contextos clínicos com poucos recursos requer anam nese e exam e clínico mais confiáveis. Pode ser necessário entrevistar os pacientes, m em bros da família dele e seus contatos profissionais próxim os. Se não puderem ser realiza dos exames laboratoriais e de im agens especializados, é possível che gar ao diagnóstico com m aior facilidade m axim izando a qualidade e a exatidão das abordagens disponíveis no local (p. ex., cultura de m aterial lisado, hem oculturas centrifugadas e microscopia feita por um técnica experiente). As doenças infecciosas emergentes podem incluir FOO, m anifestando-se prim eiro com o aglomerados de casos em regiões rem otas; pode-se obter inform ação útil fazendo contato com os epidem iologistas locais. A possibilidade de atividade terrorista internacional e doméstica, envolvendo a liberação intencional de agentes infecciosos, muitos dos quais provocando doenças que se m anifestam com febre prolongada, ressalta a necessidade de se obter a história ambiental, ocupacional e profissional detalhada, com notificação im ediata às autoridades de saúde pública dos casos com etiologia suspeita (Cap. 221). Além disso, a dissem inação global de tecnologias de engenharia genética aum entou a possibilidade de que agentes tradicionais - inclusive os das categorias A, B e C dos C enters for Disease Control; ver Quadro 221.2) - que escapam da im unidade adquirida com vacinas p ode riam ser desenvolvidos ou novos organism os recom binantes seriam criados p or engenharia para produzir respostas clínicas ou laborato riais que desafiam as abordagens diagnosticas atuais.
■ EXAMES DIAGNÓSTICOS ESPECIALIZADOS FOO clássica A Fig. 18.1 fornece u m fluxogram a para a avaliação diagnóstica e o tratam ento da FOO. Nesse fluxogram a, estão incluídos os indícios potencialm ente diagnósticos, conform e descrito por de Kleijn et al; tais indícios podem ser dados essenciais da história (p. ex., viagem), sinais de localização ou sintom as principais. Certas manobras diag nosticas específicas tornam -se im portantes quando lidamos com fe bres prolongadas. Se houver suspeita de febre factícia, a medição da tem peratura deverá ser supervisionada e feita sim ultaneamente na u rina e no corpo. Deve-se proceder ao exame de esfregaços sanguí neos espessos à p ro cu ra de Plasm odium ; os esfregaços finos, prepa-
QUADRO 18.3
Causas de FOO em adultos nos EUA Infecções por micoplasma
Infecções piogênicas localizadas Abscesso da bolsa omental menor Abscesso dentário Abscesso hepático Abscesso pancreático Abscesso prostático Abscesso subfrênico Abscesso tubo-ovariano Abscessos perinefrético/intrarrenal Apendicite Colangite Colecistite Diverticulite/abscesso Doença da arranhadura do gato Doença inflamatória pélvica Linfadenite mesentérica Malacoplaquia renal Osteomielite Sinusite Tromboflebite supurativa
Infecções por clamídias
Infecções intravasculares Aortite bacteriana Endocardite bacteriana Infecção de cateter vascular
Infecções bacterianas sistêmicas Bartonelose Brucelose Doença da arranhadura do gato/angiomatose bacilar (B. henselaé) Doença de Lyme Doença dos legionários Febre da mordedura do rato Febre recorrente Febre tifoide Gonococcemia Infecção por Campylobacter Infecção por Yersinia Leptospirose Listeriose Melioidose Meningococemia Salmonelose Sífilis Tularemia Vibriose
Infecções por micobactérias Infecções por M. avium/M. intracellulare Infecções por outras micobactérias atípicas Tuberculose
Outras infecções bacterianas Actinomicose Angiomatose bacilar Doença de Whipple Nocardiose
Riquetsioses Anaplasmose Erliquiose Febre maculosa das Montanhas Rochosas Febre Q Riquetsiose variceliforme Tifo murino Tifo causado pelo contato com arbustos (rural)
Infecção porTWAR (C. pneumoniae) Linfogranuloma venéreo Psitacose
Infecções virais Coriomeningite linfocítica Dengue Febre causada pelo carrapato do Colorado Febre Chikungunya Hepatites A, B, C, D e E Infecção pelo herpesvírus humano 6 Infecção pelo parvovírus B19 Infecção pelo picornavírus Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) Infecção pelo vírus Epstein-Barr Infecção por citomegalovírus Infecção por vírus Coxsackie do grupo B
Infecções fúngicas Aspergilose Blastomicose Candidíase Coccidioidomicose Criptococose Esporotricose Histoplasmose Infecção por Pneumocystis Mucormicose Paracoccidioidomicose
Parasitoses Amebíase Babesiose Doença de Chagas Estrongiloidíase Leishmaniose Malária Toxocaríase Toxoplasmose Triquinelose
Infecções presumidas, agente indeterminado Doença de Kawasaki (síndrome do linfonodo mucocutâneo) Linfadenite necrosante de Kikuchi
Neoplasias Malignas Câncer de colo Câncer pancreático Carcinoma da vesícula biliar Carcinoma de células renais Granulomatose linfomatoide Hepatoma Histiocitose maligna Leucemia Linfoma de Hodgkin Linfoma imunoblástico de células T Linfoma não Hodgkin Sarcoma
Benignas Angiomiolipoma renal Doença de Castleman Mixoma atrial
Hipertermia habitual (Ritmo circadiano exagerado)
Doenças vasculares do colágeno/de hipersensibilidade Aortite de Takayasu Arterite de células gigantes/polimialgia reumática Artrite reumatoide Doença de Behçet Doença de Still do adulto Doença de Weber-Christian Doença mista do tecido conectivo Eritema nodoso Eritema polimorfo Febre reumática Granulomatose com poliangiite (de Wegener) Lúpus eritematoso sistêmico Pneumonite por hipersensibilidade Poliarterite nodosa Policondrite recidivante Síndrome de Schnitzler Vasculite por hipersensibilidade
Doenças granulomatosas Doença de Crohn Granuloma da linha mediana Hepatite granulomatosa Sarcoidose
Distúrbios diversos Cirrose de Laennec Dissecção da aorta Embolia pulmonar recorrente Febre medicamentosa Gota Hematomas Hemoglobinopatias Infarto/necrose tecidual Síndrome PFPA: febre periódica, adenite, faringite e aftas Síndrome pós-infarto do miocárdio Tireoidite subaguda (de de Quervain)
Febre de Origem Obscura
Infecções
Doenças hereditárias e metabólicas Doença de Fabry Febre familiar do Mediterrâneo Hiperimunoglobulinemia D e febre periódica Hipertrigliceridemia tipoV Insuficiência suprarrenal Neutropenia cíclica Síndrome de Muckle-Wells Síndrome periódica associada ao receptor do fator de necrose tumoral Surdez, urticária e amiloidose Urticária familiar pelo frio
Distúrbios da termorregulação Centrais Acidente vascular encefálico Disfunção hipotalâmica Encefalite Tumor cerebral
Periféricos Feocromocitoma Hipertireoidismo
Febres factícias FOO afebril (< 38,3°C)
Fonte: Modificado de RK Root, RG Petersdorf, em JD Wilson et al. (eds.) Harrison's Principies of internai Medicine, 12th ed. New York, McGraw-HilI, 1991.
161
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Figura 18.1 Abordagem ao paciente com FOO clássica/ De acordo com de Kleijn et al. (1997, Parte II), os indícios potencialmente diagnósticos podem ser fatos fundamentais obtidos com a anamnese, sinais de localização ou sintomas im portantes. "A biópsia por agulha do fígado, assim como de qualquer outro tecido, deve ser indicada pelos indícios potencialmente diagnósticos. cOs exames invasivos podem incluir laparoscopia. rfA terapia empírica deve ser o último recurso, dado que o prognóstico é favorável na maioria dos pacientes com FOO que se mantenha sem diagnóstico. Nota: FAN, fator antinuclear; HC, hemograma completo; CMV, citomegalovírus; PCR, proteína C reativa; TC, tomografia computadorizada; Dif, diferencial; EBV, vírus Epstein-Barr; VHS, velocidade de hemossedimentação; AINEs, anti-infla matórios não esteroides; PET, tomografia por emissão de pósitrons; PPD, derivado proteico purificado; FR, fator reumatoide; EPS, eletroforese das proteínas séricas; TB, tuberculose; TIBC, capacidade total de ligação ao ferro; VDRL, teste do Venereal Disease Research Laboratory.
rados com técnica apropriada e corantes de qualidade, e exam inados p or profissional experiente, devem ser utilizados para estabelecer a espécie de Plasmodium e identificar Babesia, Trypanosoma, Leishmania, Leptospira, Rickettsia e Borrelia. A coloração especializada de células m ononucleares e granulócitos pode ajudar a identificar bac térias intracelulares, am astigotas de protozoários e corpúsculos de inclusão de erliquiose e anaplasmose. É preciso reexam inar qualquer tecido rem ovido durante cirurgia prévia relevante; devem -se solicitar lâm inas e, se necessário, repetir o exam e dos blocos de parafina de m aterial patológico fixado, efetuando exames especiais adicionais. As radiografias relevantes precisam ser reexam inadas; a revisão dos re latos radiológicos prévios pode ser insuficiente. O soro deve ser sepa rado no laboratório o m ais rápido possível e reservado para exames futuros na busca pela elevação dos títulos de anticorpos. A expressão aglutininas febris é vaga e, na m aioria dos labora tórios, refere-se a exames sorológicos para salm onelose, brucelose e
162
riquetsioses. Esses testes raram ente são úteis, apresentando sensibili dade baixa e especificidade variável. No laboratório, deve-se efetuar a cultura de m últiplas am ostras de sangue - com ou sem aum ento de C 0 2 - p or 2 a 3 sem anas, para assegurar tem po suficiente para o cres cim ento de quaisquer m icrorganism os do grupo HACEK (Cap. 146). É indispensável inform ar o laboratório que o teste destina-se a detec tar organism os incom uns. Devem ser utilizados m eios especializados se um a história de viagem ou exposição sugerir causas incom uns de endocardite, com o Histoplasma, Chlamydophila, Mycoplasma, Bartonella, Coxiella ou Tropheryma whipplei. Os m eios de hem ocultura devem ser suplem entados com i.-cisteína ou piridoxal para auxiliar no isolam ento de estreptococos nutricionalm ente variantes. Técnicas de hem ocultura que em pregam lise e centrifugação devem ser usadas antes da terapia antim icrobiana ou quando se suspeita de infecção fúngica ou m icobacteriana atípica. É preciso assinalar que as culturas seqüenciais positivas com m últiplos m icrorganism os podem refletir autoinjeção de substâncias contam inadas. Culturas de líquido sinusal e secreções pulm onares em m últiplas linhagens de células p erm is sivas podem ser úteis para identificar novos vírus respiratórios im plicados na FOO. São indicadas uroculturas, incluindo aquelas para m icobactérias, fungos e CMV. Em caso de febre recorrente com m e ningite linfocítica (m eningite de Mollaret), deve-se exam inar o LCS à procura de herpesvírus, por meio da reação em cadeia da polim erase (PCR), para am plificar e detectar o ácido nucleico viral (Cap. 179). Foi desenvolvido, m as ainda não aprovado para uso clínico, um microarranjo (microarray) de oligonucleotídios para m ultidiagnóstico bem variado, utilizando amplificação p or PCR e contendo ensaios para todas as espécies virais identificadas em vertebrados e até 135 gêneros e espécies de bactérias, 73 de fungos e 63 de parasitas. A vali dação clínica continuada de tais m icroarranjos dim inuirá as taxas de FOO sem diagnóstico de etiologia infecciosa. Em toda investigação de FOO, deve-se m ed ir a velocidade de hem ossedim entação (VHS). Com frequência, observam -se eleva ções significativas da VHS e anem ia de doença crônica associadas à arterite de células gigantes ou à polim ialgia reum ática - causas co m uns de FO O em pacientes com mais de 50 anos. Elevações da VHS, com leucocitose e anem ia, sugerem doença de Still, com frequência acom panhada de artralgias, polisserosite (pleurite, pericardite), lin fadenopatia, esplenom egalia e exantem a. A dosagem da proteína C reativa pode ser um a referência cruzada útil à VHS, sendo um indi cador m ais sensível e m ais específico de resposta m etabólica inflam a tória na fase aguda. D evem -se m edir o fator antinuclear, anticorpo anticitoplasm a neutrofílico, fator reum atoide e as globulinas séricas para excluir outras doenças vasculares do colágeno e vasculites. A presença de níveis séricos elevados da enzim a conversora de angio tensina pode indicar sarcoidose. Com raras exceções, deve-se efetuar o teste cutâneo com derivado proteico purificado (PPD) de concen tração interm ediária p ara a triagem da tuberculose em pacientes com FO O clássica. D evem -se utilizar testes de controle concom itantes, com o o antígeno do teste cutâneo para caxum ba (Aventis-Pasteur, Swiftwater, PA). É preciso ter em m ente que tanto o teste cutâneo com tuberculina (T C T )/PP D quanto os testes de controle podem produzir resultados negativos na tuberculose m iliar, na sarcoidose, na doença de H odgkin, na desnutrição ou na Aids. Dois ensaios de liberação de ITF 7 foram aprovados pela U.S. Food and Drug Administration para 0 diagnóstico da tuberculose. Tais testes - o ensaio QuantiFERO N-TB Gold In-Tube (QFT-GIT) e o ensaio T-SPOT TB - , m edem a produção de interferon 7 pelos linfócitos T ao serem expostos a antígenos do M. tuberculosis. Em com parações diretas, a sensibilidade do teste Q FT -G IT foi estatisticam ente sem elhante à do TCT para detectar infecção em pessoas com tuberculose confir m ada em cultura e não tratada. O teste QFT-G IT é mais específico, m enos influenciado p or infecção prévia po r bactérias que não a da tuberculose e não é afetado pela vacinação prévia com o bacilo de C alm ette-G uérin (BCG); os testes cutâneos com tuberculina são va riavelm ente afetados p o r esses fatores. A repetição do teste QFT-GIT não reforça a resposta in vitro, em bora a injeção de PPD para o TCT possa reforçar respostas subsequentes ao últim o, principalm ente em pessoas que tenham sido infectadas com m icobactérias que não a da
vezespode-se estabelecer um diagnóstico retrospectivo com base em estudos de am ostras patológicas fixadas há m uito tem po. No paciente com m ais de 50 anos de idade (ou, ocasionalm ente, em um pacien te m ais jovem ) com sintom as e achados laboratoriais apropriados, a realização de biópsia cega de um a ou am bas as artérias tem porais pode levar ao diagnóstico de arterite. A escolha do local de biópsia deve ser orientada pela sensibilidade à palpação ou dim inuição da pulsação, nos casos em que forem observadas. A biópsia dos linfonodos pode ser útil quando estes se m ostram aum entados; contudo, os linfonodos inguinais frequentem ente são palpáveis e raram ente úteis para o diagnóstico. A laparotom ia exploradora tem sido efetuada q u ando todos os outros procedim entos diagnósticos falham ; todavia, foi substituída, em grande parte, p o r exam es de im agem ou técnicas de biópsia d i recionada. Pode-se em pregar a lavagem p eritoneal com o um a a bor dagem m inim am en te invasiva para exam es citológicos peritoneais. A biópsia laparoscópica p o d e fornecer um a am ostra dos linfonodos ou do fígado o rientada m ais adequadam ente, com m en o r m o rb id a de invasiva.
FOO hospitalar (Ver tam bém Cap. 131.) A consideração básica no diagnóstico de FO O hospitalar é a suscetibilidade do paciente associada às com pli cações potenciais da hospitalização. O cam po cirúrgico ou do proce dim ento é o local para com eçar um exam e físico e laboratorial à p ro cura de abscessos, hem atom as ou corpos estranhos infectados. Mais de 50% dos pacientes com FO O hospitalar estão infectados, deven do-se suspeitar de abscessos intravasculares, de flebite séptica e das próteses. Nesse contexto, a m elhor abordagem é concentrar-se nos locais onde infecções ocultas possam estar seqüestradas, com o seios paranasais de pacientes intubados ou abscesso prostático nos hom ens com sonda urinária. A colite p o r Clostridium difficile pode estar as sociada a febre e leucocitose antes do início da diarréia. Em cerca de 25% dos pacientes com FO O hospitalar, a febre tem causa não infecciosa. Entre essas causas, destacam -se a colecistite acalculosa, trom boflebite venosa p ro fu n d a e em bolia pulm onar. A febre m edi cam entosa, as reações transfusionais, a abstinência de álcool/drogas, insuficiência suprarrenal, tireoidite, pancreatite, gota e pseudogota estão entre as num erosas causas possíveis a serem consideradas. Com o no caso da FO O clássica, são cruciais os exames físicos m eti culosos e repetidos, associados a técnicas diagnósticas direcionadas. A realização de m últiplas hem oculturas, culturas de feridas e de se creções é obrigatória. O ritm o dos exam es diagnósticos é acelerado, e o lim iar p ara p rocedim entos - TC, US, cintilografia com leucócitos m arcados com In 111, exam es venosos não invasivos - é baixo. M esm o assim, 20% dos casos de FO O hospitalar não são diagnosticados. A exem plo das m edidas diagnósticas, as m anobras terapêuticas devem ser rápidas e decisivas, visto que m uitos pacientes já estão gravem ente enferm os. O s acessos intravenosos devem ser trocados (e subm etidos à cultura), os fárm acos devem ser interrom pidos p or 72 h, devendo-se instituir terapia em pírica se houver am eaça de bacterem ia, fungem ia ou cargas virais persistentem ente elevadas. Em m uitos am bientes hospitalares, a an tibioticoterapia em pírica para a FO O h ospitalar inclui, atualm ente, v ancom icina para cobertura contra Staphylococcus aureus resistente à m eticilina, bem com o de am plo espectro p ara m icrorganism os G ram -negativos com piperacilina/tazobactam , ticarcilina/clavulanato, im ipeném ou m eropeném . As diretrizes práticas, relacionadas com m u itas dessas questões, foram publicadas em conjunto pela Infectious D iseases Society o f A m erica (IDSA) e pelo A m erican College o f Criticai Care M edicine, p o dendo ser acessadas n a página da IDSA (www.journals.uchigago. edu/ID SA/guidelines).
Febre de Origem Obscura
tuberculose ou vacinadas com BCG. Resultados negativos no teste Q FT-G IT - com o no TCT - não excluem definitivam ente um diag nóstico de tuberculose. Os procedim entos não invasivos devem incluir seriografia gas trintestinal superior contrastada com trânsito do intestino delgado e colonoscopia para exam e do íleo term inal e do ceco, para detectar evidência de linfom a ou doença de C rohn subclínica. A colonosco pia é especialm ente indicada nos idosos. As radiografias de tórax devem ser repetidas caso surjam novos sintom as. Deve-se in duzir a produção de escarro com um nebulizador ultrassônico para a coleta de m aterial para cultura, citologia e testes diagnósticos m oleculares. Se houver sinais ou sintom as pulm onares, deverá ser considerada a possibilidade de realizar broncoscopia com lavado broncoalveolar para cultura, PCR e citologia. TC helicoidais de alta resolução do tó rax e do abdom e devem ser realizadas com contraste intravenoso e oral. Não obstante, se houver suspeita de lesão da coluna vertebral ou paravertebral, deverá ser dada preferência à RM, que pode ser superior à T C na detecção de abscessos intra-abdom inais e da dis secção da aorta, porém a utilidade com parativa da RM e da TC no diagnóstico da FO O é desconhecida. No m om ento, deve-se utilizar a TC abdom inal com contraste, a m enos que a RM esteja especifica m ente indicada. A arteriografia pode ser útil para os pacientes com suspeita de vasculite necrosante sistêmica. Podem -se observar aneurism as saculares, m ais com um ente nos vasos renais ou hepáticos, e estabelecer o diagnóstico de arterite quando a biópsia for difícil. A ultrassonografia do abdom e é útil na investigação do trato hepatobiliar, dos rins, baço e pelve. O ecocardiogram a pode ser útil na avalia ção de endocardite bacteriana, pericardite, endocardite trom bótica não bacteriana e m ixom as atriais. O ecocardiogram a transesofágico é preferível para essas lesões. Os procedim entos de cintilografia com radionuclídios, utilizan do leucócitos m arcados com coloide de enxofre-tecnécio (Tc) 99 m, citrato de gálio (Ga) 67 ou índio (In) 111 podem ser úteis na id en tificação e/ou localização de processos inflam atórios, com o aortite ou abscesso. Em um estudo, a cintilografia com Ga forneceu infor m ações diagnósticas úteis em quase 33% dos casos, e foi sugerido que esse procedim ento poderia ser utilizado antes de outras técnicas radiológicas, desde que não haja suspeita de anorm alidade em algum órgão específico. Ê provável que a PET, capaz de produzir resultados m ais rapidam ente (horas versus dias), seja ainda m ais sensível e es pecífica que a cintilografia com Ga67 na FOO. A cintilografia óssea com T c" m deve ser efetuada à p ro cu ra de osteom ielite ou m etásta ses ósseas; pode-se utilizar a cintilografia com Ga67 para identificar sarcoidose (Cap. 329) ou infecção p or Pneumocystis (Cap. 207) nos pulm ões ou doença de C rohn (Cap. 295) no abdom e. Os leucócitos m arcados com In " 1 podem ser utilizados na localização de absces sos. C om essas cintilografias, são com uns resultados falsos, tanto positivos com o negativos. A PET com fluorodesoxiglicose (FDG) F18 parece ser superior às outras form as de im agem nuclear. A FDG usada nos exames de PET é acum ulada em tum ores e nos locais com inflam ação, tendo-se dem onstrado que se acum ula de form a confiá vel nos locais com vasculite. Por isso, onde houver disponibilidade, a PET com FDG deverá ser escolhida em detrim en to da cintilografia com Ga6' na investigação diagnóstica da FOO. As biópsias do fígado e da m edula óssea deverão ser considera das na investigação da FO O se os exames já m encionados não forem esclarecedores, e se a febre for prolongada. Foram diagnosticadas h e patites granulom atosas por m eio de biópsia hepática, m esm o em ca sos nos quais as enzim as hepáticas estavam norm ais e não se encon traram quaisquer indícios de hepatopatia. D evem ser feitas culturas para bactérias, m icobactérias e fungos de todas as am ostras obtidas com biópsias. Do m esm o m odo, na ausência de indícios ap o n tan do para a m edula óssea, a biópsia (e não a aspiração sim ples) desse tecido para histologia e cultura tem definido diagnósticos em eta pas tardias da investigação. Q uando possível, deve-se conservar um fragm ento do bloco de tecido para outros cortes ou colorações. Em alguns centros de pesquisa, a tecnologia da PCR to rn a possível, em alguns casos, identificar e definir a espécie de DNA m icobacteriano em tecidos m ergulhados em parafina e fixados. Por conseguinte, às
FOO neutropênica (Ver tam b é m Cap. 86.) Os pacientes neutropênicos são suscetíveis a infecções bacterianas e fúngicas focais, bacterêm icas e aquelas que envolvem cateteres (com o trom boflebite séptica), bem com o infec ções perianais. As infecções causadas p o r Candida e Aspergillus são comuns. As infecções pelo herpesvírus sim ples ou CM V são causas
163
eventuais de FO O nesse grupo. E m bora a duração da doença possa ser curta em tais pacientes, as conseqüências da infecção não tra ta da podem ser catastróficas; 50 a 60% dos pacientes neutropênicos com febre estão infectados e 20% apresentam bacterem ia. A IDSA publicou diretrizes práticas extensas para a cobertura desses pacien tes neutropênicos gravem ente eníerm os(www.journals.uchigago.edu/ IDSA/guidelines). Em tais pacientes, m ucosite grave, profilaxia com quinolona, colonização com S. aureus resistente à m eticilina, infec ção evidentem ente associada ao uso de cateter ou presença de h ip o tensão exigem o uso de vancom icina m ais ceftazidim a, cefepim a ou um carbapeném , com ou sem am inoglicosídio, para p roporcionar um a cobertura em pírica contra a sepse bacteriana.
FOO associada ao HIV
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 164
A infecção pelo H IV isolada pode ser um a causa de febre. A etiolo gia infecciosa varia com a extensão da im unossupressão e a região geográfica. A infecção p or M ycobacterium avium ou M. intracellulare, tuberculose, toxoplasm ose, infecção pelo CMV, infecção po r Pneumocystis, salm onelose, criptococose, histoplasm ose, estrongiloidíase, linfom a não H odgkin e (especialm ente im portante) febre m edicam entosa são causas possíveis de FOO. A infecção m icobacteriana pode ser diagnosticada p or hem oculturas e biópsias de fígado, m edula óssea e linfonodos. Deve-se efetuar u m a T C de tórax para identificar linfonodos m ediastinais aum entados. Os testes sorológicos podem revelar a presença de antígeno criptocócico, e a cintilo grafia com Ga67 pode ajudar a identificar a infecção pulm o n ar po r Pneumocystis. A FO O apresenta etiologia infecciosa em m ais de 80% dos pacientes infectados pelo HIV, m as a febre m edicam entosa e o linfom a continuam sendo possibilidades im portantes. O tratam ento da FO O associada ao HIV depende de m uitos fatores, sendo discu tido no Cap. 1 8 9 .
A resposta da febre reum ática e da doença de Still ao ácido acetilsalicílico e aos anti-inflam atórios não esteroides (AINEs) pode ser notável. Os efeitos dos glicocorticoides sobre a arterite tem poral, a polimialgia reum ática e a hepatite granulom atosa são igualmente marcantes. A colchicina é altam ente eficaz na preven ção das crises de febre fam iliar do M editerrâneo, porém de pouca valia quando a crise já se iniciou. A capacidade dos glicocorti coides e dos AINEs de m ascarar a febre, ao m esm o tem po que perm item a dissem inação da infecção, exige que o seu uso seja evitado, a menos que a possibilidade de infecção tenha sido em grande parte excluída e a doença inflam atória seja tanto provável quanto debilitante ou am eaçadora. Q uando é impossível identificar a fonte da FO O após obser vação prolongada (mais de 6 m eses), o prognóstico é geralm ente satisfatório, em bora a febre possa ser incôm oda para o paciente. Nessas circunstâncias, os sintom as debilitantes são tratados com AINEs, sendo os glicocorticoides utilizados com o últim o recurso. O início da terapia em pírica não significa o final da investigação diagnóstica; na verdade, leva o m édico a proceder a m inucioso reexame e m anter o paciente sob avaliação contínua. Paciência, compaixão, equanim idade, vigilância e flexibilidade intelectual são atributos indispensáveis para que o m édico ten h a sucesso diante da FOO.
A g r a d e c im e n t o s
Sheldon M. Wolff, MD, falecido, foi autor de uma versão anterior deste capítu lo. É em sua memória que dedicamos o capítulo. Agradecemos as contribuições substanciais feitas a este capítulo por Charles A. Dinarello, MD, nas edições an teriores.
BIBLIOGRAFIA TRATAMENTO
Febre de origem obscura
Consideram os aqui a FO O clássica. O utros fatores m odificadores da FO O - neutropenia, infecção pelo H IV e am biente hospitalar - afetam acentuadam ente a equação do risco e determ inam que o tratam ento seja feito com base na probabilidade das diversas causas de febre, bem com o nos riscos e benefícios calculados de um a abordagem em pírica orientada. A idade e o estado físico do paciente tam bém são fatores a considerar: o paciente idoso e debi litado pode exigir um a prova terapêutica em pírica m ais cedo que o adulto jovem e em boas condições de saúde. A ênfase nos pacientes com FO O clássica é a observação contínua e a repetição do exam e físico, devendo-se evitar um a terapia em pírica disparatada. A antibioticoterapia (m esm o para a tuberculose) pode alterar irrevogavelm ente a capacidade de obter culturas de bactérias exigentes ou m icobactérias, e estabe lecer a verdadeira causa. C ontudo, instabilidade dos sinais vitais ou neutropenia, p or exemplo, são indicações para iniciar terapia em pírica com um a fluoroquinolona associada a piperacilina ou com o esquem a anteriorm ente m encionado (ver FO O hospitalar). A presença de cirrose, asplenia, terapia biológica m odificadora de doenças, uso intercorrente de im unossupressores ou um a via gem para local exótico ou exposições am bientais (p. ex., interior de cavernas) podem inclinar a balança em favor de um a terapia anti-infecciosa em pírica m ais precoce. Se o T C T for positivo, ou se houver hepatite granulom atosa ou o utra doença gran u lo m atosa com anergia (e a sarcoidose parecer im provável), deverá ser efetuada um a prova terapêutica para tuberculose, devendo o tratam ento ser m antido habitualm ente p o r um p eríodo de até 6 sem anas. A ausência de resposta da febre nesse p eríodo sugere outro diagnóstico.
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CAPÍTULO
19
Hipotermia e Geladura Daniel F. Danzl HIPOTERMIA O corre hip o term ia acidental quando há redução involuntária da tem peratura corporal central para m enos de 35°C. Nessa tem peratu ra, m uitos dos m ecanism os fisiológicos com pensadores usados para conservar o calor com eçam a falhar. A hipotermia acidental p rim á ria resulta da exposição direta de indivíduos previam ente sadios a baixas tem peraturas. A taxa de m ortalidade é m uito m aior entre os pacientes que desenvolvem hipotermia secundária com o com plicação de distúrbio sistêmico grave.
■ CAUSAS
QUADRO 19.1
Fatores de risco para hipotermia
Extremos etários Idosos Recém-nascidos Exposição ao ambiente
Relacionados com distúrbios endócrinos Diabetes melito
■ TERMORREGULAÇÃO
Hipoglicemia
A perda de calor se dá p o r cinco m ecanism os: radiação (55 a 65% do calor perdido), condução (10 a 15% da perda de calor; porcentagens m uito m aiores na água fria), convecção (ventos fortes), respiração e evaporação (influenciadas pela tem peratura e pela um idade relativa do ambiente). N orm alm ente, o hipotálam o a n terior pré-óptico controla a ter m orregulação (Cap. 16). A defesa im ediata da term oneutralidade é ativada pelo sistem a nervoso autônom o, enquanto o controle a lo n go prazo é m ediado pelo sistem a endócrino. As respostas do sistema nervoso autônom o são a liberação de norepinefrina, aum ento do tônus m uscular e trem ores, que resultam em term ogênese e aum ento da taxa m etabólica basal. Os term orreceptores cutâneos para o frio induzem à vasoconstrição reflexa direta para conservar calor. A ex posição prolongada ao frio tam bém estim ula o eixo tireóideo, elevan do a taxa m etabólica.
Ocupacional
Hipotireoidismo
Relacionada com esportes
Insuficiência suprarrenal
Roupas inadequadas
Hipopituitarismo
Imersão Toxicológicos e farmacológicos Etanol Fenotiazínicos Barbitúricos Carcinomatose Anestésicos Bloqueadores neuromusculares Antidrepressivos Alimentação insuficiente Desnutrição Marasmo Kwashiorkor
Relacionados com distúrbios neurológicos Acidente vascular encefálico Distúrbios hipotalâmicos Doença de Parkinson Lesão medular Multissistêmicos Traumatismo Sepse Choque Insuficiência hepática ou renal Queimaduras e distúrbios dermatológicos esfoliativos Imobilidade ou debilitação
Hipotermia e Geladura
A hipoterm ia acidental prim ária tem distribuições sazonal e geográ fica difusas. Em bora a m aioria dos casos ocorra nos meses do inver no e nos clim as m ais frios, esse distúrbio tam bém é su rpreendente m ente com um nas regiões m ais quentes. M últiplas variáveis tornam os indivíduos das faixas etárias extrem as, idosos e recém -nascidos, particularm ente vulneráveis à hipoterm ia (Q u ad ro 19.1). Os idosos têm percepção térm ica reduzida e são m ais suscetíveis à im obilidade, à desnutrição e a doenças sistêmicas que interferem na produção ou na conservação do calor. D em ência, doenças psiquiátricas e fatores socioeconôm icos costum am agravar esses problem as, im pedindo que sejam tom adas m edidas apropriadas p ara evitar a hipoterm ia. Os recém -nascidos perdem m uito calor em virtude da m aior proporção entre superfície e massa, bem com o da ausência de respostas com portam entais adaptativas e trem ores eficazes. Em todas as idades, a desnutrição pode contribuir para a perda de calor. Graças à redução da gordura subcutânea e ao esgotam ento das reservas calóricas usa das p ara a term ogênese.
Indiv íd u o s cujas o cu p açõ es ou hobbies im plicam exposição pro lo n g ad a ao clim a frio c o rre m m aio r risco de h ip o te rm ia . A história m ilitar está repleta de tragédias causadas pela hipoterm ia. C açadores, m arin h eiro s, alpinistas e esquiadores tam bém correm m aior risco de exposição, seja p o r acidentes, alterações clim áticas ou despreparo. O etanol causa vasodilatação (que acentua a p erda de calor), reduz a term ogênese e a gliconeogênese, p o dendo prejudicar o dis cernim ento ou causar em botam ento. Os fenotiazínicos, barbitúricos, benzodiazepínicos, antidepressivos tricíclicos e m uitos outros fár m acos reduzem a vasoconstrição m ediada centralm ente. Até 25% dos pacientes internados nas unidades de terapia intensiva devido a overdose de m edicam entos têm hipoterm ia. Os anestésicos podem bloquear a resposta de trem or; seus efeitos são agravados quando os pacientes não são adequadam ente cobertos no centro cirúrgico ou nas salas de recuperação. Vários tipos de disfunção e ndócrina podem causar hipoterm ia. O hipotireoidism o - principalm ente quando m uito grave, com o no com a m ixedem atoso —, reduz a taxa m etabólica e interfere na ter m ogênese e nas respostas com portam entais. A insuficiência suprar renal e o hipopituitarism o tam bém podem aum entar a suscetibilidade à hipoterm ia. A hipoglicem ia, na m aioria dos casos causada pela insulina ou p or hipoglicem iantes orais, está associada a hipoterm ia, em parte com o conseqüência dos efeitos neuroglicopênicos sobre a função hipotalâm ica. O aum ento da osm olalidade e os distúrbios m etabólicos associados a urem ia, cetoacidose diabética e acidose láctica podem alterar a term orregulação hipotalâm ica. As lesões neurológicas causadas p o r traum atism o, acidente vas cular encefálico, hem orragia subaracnóidea ou lesões hipotalâm icas aum entam a suscetibilidade à hipoterm ia. A agenesia do corpo caloso ou síndrom e de Shapiro é um a das causas de hipoterm ia episódi ca, caracterizada p o r sudorese profusa, seguida de rápida redução da tem peratura. As lesões raquim edulares agudas interrom p em as vias autônom as que pro d u zem trem ores e im pedem as respostas vasoconstritoras reflexas induzidas pelo frio. A hipoterm ia associada à sepse é u m sinal de prognóstico desfa vorável. A insuficiência hepática dim in u i as reservas do glicogênio e a gliconeogênese, assim com o atenua a resposta do trem or. No in farto agudo do m iocárdio associado a débito cardíaco baixo, a h ip o term ia pode ser revertida após a reanim ação eficaz. Nos pacientes com queim aduras extensas, psoríase, eritroderm ias e outras doenças cutâneas, o aum ento da irrigação sanguínea periférica provoca perda excessiva de calor.
APRESENTAÇÃO CLÍNICA Na m aioria dos casos de hipoterm ia, a história de exposição a fatores am bientais, com o exposição prolongada ao ar livre sem roupas apro priadas, torna o diagnóstico inequívoco. C ontudo, nas áreas urbanas, a apresentação clínica costum a ser m ais sutil, e outros processos pa-
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
tológicos, exposições a toxinas ou diagnósticos psiquiátricos devem ser considerados. Após a estim ulação inicial pela hipoterm ia, há depressão p ro gressiva de todos os sistemas do organismo. O intervalo decorrido até o aparecim ento dessas m anifestações clínicas é m uito variável (Q u a d ro 19.2). Sem conhecer a tem peratura central, pode ser difícil inter pretar os dem ais sinais vitais. Por exemplo, taquicardia desproporcio nal à tem peratura central sugere hipoterm ia secundária causada por hipoglicem ia, hipovolem ia ou overdose de toxina. C om o a produção de dióxido de carbono dim inui progressivam ente, a frequência respi ratória deve estar reduzida; hiperventilação persistente sugere lesão do sistem a nervoso central (SNC) ou um a das acidoses orgânicas. A profunda depressão da consciência de um paciente com hipoterm ia leve deve levantar a suspeita de overdose ou disfunção do SNC devido à infecção ou traum atism o. Os achados ao exam e físico tam bém p odem ser alterados pela hipoterm ia. Por exemplo, a suposição de que a arreflexia é causada unicam ente pela hipoterm ia pode obscurecer e retardar o diagnósti co de lesão da m edula espinal. Os pacientes com hipoterm ia podem se m o strar confusos ou agressivos, sintom as que regridem m ais ra pidam ente com o reaquecim ento que com a utilização de contenção quím ica ou física. Exemplo clássico de com portam ento não adaptativo dos pacientes com hipoterm ia é o desnudam ento paradoxal, que significa a rem oção inadequada das roupas em resposta ao estresse do frio. íleo paralítico e espasm o do m úsculo reto abdom inal induzi dos pelo frio podem sim ular ou obscurecer as m anifestações clínicas de abdom e agudo (Cap. 13). Q uando o paciente em parada cardíaca p or hipoterm ia for aten dido pela prim eira vez, a reanim ação cardiopulm onar está indicada, a m enos que: ( 1) haja determ inação para não reanimar, (2) forem detectadas lesões absolutam ente fatais; ou (3) não for possível reali zar a com pressão da parede torácica congelada. À m edida que a re anim ação prosseguir, o prognóstico será grave se houver evidências
QUADRO 19.2
Sistema nervoso central
Branda
35°C a 32,2°C
Moderada
Grave
Cardiovasculares
Respiratórias
Renais e endócrinas
Neuromusculares
Depressão linear do metabolismo cerebral; amnésia; apatia; disartria; discernimento comprometido; comportamento mal-adaptado
Taquicardia seguida de bradicardia progressiva; prolongamento do ciclo cardíaco; vasoconstrição; aumento do débito cardíaco e da pressão arterial
Taquipneia seguida de redução progressiva do volume-minuto respiratório; redução do consumo de oxigênio; broncorreia; broncospasmo
Diurese; aumento das catecolaminas, esteroides suprarrenais, triiodotironina e tiroxina; aumento do metabolismo com tremores
Aumento do tônus muscular antes do tremor, seguido de fadiga
< 32,2°Ca 28°C
Anormalidades do EEG; depressão progressiva do nível de consciência; dilatação da pupila, tentativas paradoxais de tirar a roupa; alucinações
Redução progressiva do pulso e débito cardíaco; aumento das arritmias atriais e ventriculares; alterações sugestivas (onda J) do ECG
Hipoventilação; 50% de redução na produção de dióxido de carbono para cada queda de 8°C na temperatura; ausência de reflexos protetores da via respiratória
Aumento de 50% no fluxo sanguíneo renal; autorregulação renal íntegra; ação da insulina comprometida
Hiporreflexia; redução da termogênese induzida por tremor; rigidez
< 28°C
Perda da autorregulação cerebrovascular; declínio do fluxo sanguíneo cerebral; coma; perda dos reflexos oculares; redução progressiva no EEG
Redução progressiva da pressão arterial, da frequência cardíaca e do débito cardíaco; arritmias por reentrada; risco máximo de fibrilação ventricular; assistolia
Congestão e edema pulmonares; 75% de redução no consumo de oxigênio; apneia
Redução do fluxo sanguíneo renal proporcional à diminuição do débito cardíaco; oligúria extrema; pecilotermia; 80% de redução no metabolismo basal
Nenhum movimento; velocidade de condução nervosa reduzida; arreflexia periférica; nenhum reflexo da córnea ou oculoencefálico
Fonte: Modificado de DF Danzl, RS Pozos: N Engl J Med 331:1756,1994.
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■ DIAGNÓSTICO E ESTABILIZAÇÃO A hipoterm ia é confirm ada m edindo-se a tem p eratu ra central, de preferência em dois locais. As sondas retais devem ser introduzidas a um a profundidade de 15 cm e não nas proxim idades das fezes gela das. Um a sonda esofágica sim ultânea deve ser colocada 24 cm abaixo da laringe; sua leitura pode ser falsam ente alta d urante a terapia de inalação aquecida. Não é aconselhável confiar unicam ente na term ografia tim pânica infraverm elha. Um a vez definido o diagnóstico de hipoterm ia, devem -se iniciar a m onitoração cardíaca e as tentativas de reduzir a perda subsequente de calor. Se o paciente estiver em fibrilação ventricular, deverá ser fei ta um a tentativa de desfibrilação (2 J/kg). Se o ritm o não se converter, o paciente deve ser reaquecido a 30 a 32°C antes de serem repetidas as tentativas de desfibrilação. A adm inistração de oxigênio suplem entar sempre é indicada, pois a oxigenação tecidual é afetada negativam ente pelo desvio para a esquerda na curva de dissociação da oxiemoglobina. A oxim etria de pulso pode não ser confiável nos pacientes com vasoconstrição. Caso os reflexos protetores das vias respiratórias este jam abolidos, deve-se realizar um a intubação endotraqueal delicada. A pré-oxigenação adequada evita as arritm ias ventriculares. Em bora o uso de m arca-passo cardíaco para as bradiarritm ias hipotérm icas raram ente seja indicado, a técnica transtorácica é preferível.
Alterações fisiológicas associadas à hipotermia acidental
Temperatura corporal
Gravidade
de citólise generalizada, refletida p or níveis de potássio > 1 0 m m ol/L (10 m Eq/L). O utras anorm alidades que p odem im pedir a con tin u ação da reanim ação são tem peratura central < 10 a 12°C, pH < 6,5 ou sinais de trom bose intravascular com nível de fibrinogênio < 0,5 g/L (< 50 m g/L—). A decisão de interrom per a reanim ação antes de reaquecer o paciente até 33°C deve basear-se no tipo e na gravida de dos fatores precipitantes da hipoterm ia. N ão existem indicadores prognósticos validados para a recuperação da hipoterm ia. H istória de asfixia com resfriam ento secundário é o fator preditivo negativo m ais im portante da sobrevida.
aquecido (40 a 45°C) é um a opção conveniente p or m eio de m ásca ra ou tubo endotraqueal. E m bora forneça m enos calor que as outras técnicas de reaquecim ento central ativo, esse m étodo de reaqueci m ento suprim e a perda de calor com a respiração e acrescenta 1 a 2°C à taxa de reaquecim ento global. As soluções cristaloides devem ser aquecidas a 40 a 42°C, m as a quantidade de calor fornecida é sig nificativa apenas durante reposições m aciças de volum e. O m étodo m ais eficaz para o aquecim ento e a infusão de líquido ou sangue é a utilização de um p e rm u tad o r de calor de contracorrente acoplado em linha. A irrigação aquecida do trato gastrintestinal ou da bexiga transfere calor m ínim o porque a superfície disponível para contato é m ínim a. Tais m étodos devem ser reservados para os pacientes em parada cardíaca e, nesses casos, são usados em com binação com to das as técnicas de reaquecim ento ativo disponíveis. A lavagem toráci ca fechada é m uito m ais eficaz nos pacientes com hipoterm ia p rofun da em parada cardíaca. Os hem itóraces são irrigados p or dois drenos de toracostom ia calibrosos, introduzidos nos dois lados. Q uando o propósito for o reaquecim ento, os tubos de toracostom ia não deverão ser introduzidos no hem itórax esquerdo dos pacientes que estiverem p erfu n d in d o espontaneam ente. A lavagem peritoneal com solução de diálise aquecida a 40 a 45°C transfere quantidades suficientes de calor quando efetuada p o r dois cateteres ligados a um a bom ba de aspiração do efluente. C om o a diálise peritoneal, a hem odiálise con vencional é particularm ente útil para os pacientes com anorm alida des eletrolíticas, rabdom iólise ou ingestão de toxinas. O utra opção envolve a inserção venosa central de um dispositivo de aquecim ento endovascular rápido. O pções de reaquecim ento e x tracorpóreo do sangue (Q u ad ro 19.3) devem ser consideradas em pacientes gravem ente hipotérm icos, sobretudo aqueles com hipoterm ia acidental prim ária. A cir culação extracorpórea deve ser considerada nos pacientes que não estiverem perfu n d in d o , desde que não haja contraindicações d o cum entadas à reanim ação. O suporte circulatório pode ser a única opção viável para os pacientes com m em bros totalm ente congelados ou com destruição significativa dos tecidos e rabdom iólise associa da. Não há evidências de que o reaquecim ento extrem am ente rápido aum ente a sobrevida dos pacientes com b o a perfusão. Em geral, a m elhor conduta é um a com binação das técnicas de reaquecim ento passivo, ativo do tronco e central ativo.
Hipotermia e Geladura
A instalação de um a sonda gástrica im pede a dilatação secun dária à redução da m otilidade intestinal. As sondas vesicais p e rm a nentes facilitam a m onitoração da diurese induzida pelo frio. A desi dratação é com um na hipoterm ia crônica, e a m aioria dos pacientes m elhora com a infusão rápida de solução cristaloide. A solução salina é preferível à de lactato de Ringer, pois o fígado dos pacientes hipotérm icos m etaboliza o lactato de m aneira ineficiente. A instalação de cateter arterial pulm onar pode causar perfuração da artéria p u lm o n a r m enos complacente. Deve-se evitar o uso de um cateter venoso central no átrio direito frio, pois isso precipitaria arritm ias. Os gases sanguíneos arteriais não devem ser corrigidos p ara a tem peratura (Cap. 47). U m pH não corrigido de 7,42 e PCQ2 de 40 m m H g indicam ventilação alveolar apropriada e equilíbrio ácido-básico em q u alq u er tem p e ra tu ra central. O s d istú rb io s ácido-básicos devem ser corrig id o s grad u alm en te, pois o sistem a de tam p o n am en to do bicarbonato é ineficiente. U m erro com um é a hiperventilação excessiva no contexto de pro d u ção d e p rim id a de C 0 2. Q uando a PC02 cai 10 m m H g a 28°C, duplica o aum ento de 0,08 do pH que ocorre a 37°C. A gravidade da anem ia pode ser subestim ada porque o hem atócrito aum enta 2% para cada 1°C de redução da tem peratura. Seqües tro de leucócitos e supressão da m edula óssea são com uns, podendo obscurecer um processo infeccioso. E m bora a hipopotassem ia seja m ais com um nos pacientes com hipoterm ia crônica, tam bém pode haver hiperpotassem ia; as alterações eletrocardiográficas esperadas podem ser obscurecidas pela hipoterm ia. Os pacientes com insufi ciência renal, acidoses m etabólicas ou rabdom iólise correm m aior risco de distúrbios eletrolíticos. As coagulopatias são com uns, po rq u e o frio inibe as reações enzim áticas envolvidas na ativação da via intrínseca da coagulação. Além disso, a produção do trom boxano B2 pelas plaquetas depende da tem peratura, e a função plaquetária fica d eprim ida no frio. A s sim, a adm inistração de plaquetas e plasm a fresco congelado seria inútil. Os tem pos de protrom bina ou parcial de trom boplastina ou o INR (índice de norm alização internacional) podem ser ilusoriam ente norm ais e contrastam com a coagulopatia observada in vivo. Essa contradição ocorre porque, com o todos os testes da coagulação são realizados rotineiram ente a 37°C, as enzim as são reaquecidas.
■ MÉTODOS DE REAQUECIMENTO A prim eira decisão fundam ental é se o paciente poderá ser reaquecido passiva ou ativamente. O reaquecimento externo passivo envolve sim plesm ente cobrir e isolar o paciente em am biente aquecido. Com a cabeça coberta tam bém , a taxa de reaquecim ento costum a variar de 0,5 a 2°C p or hora. Essa técnica é ideal para os pacientes previam en te sadios que desenvolveram hipoterm ia acidental p rim ária branda e aguda. O indivíduo deve ter glicogênio suficiente p ara sustentar a term ogênese endógena. A aplicação de calor d iretam ente nos m em bros dos pacientes com hipoterm ia crônica grave deve ser evitada, porque pode in d u zir vasodilatação periférica e desencadear u m a queda secundária da tem peratura central - resposta caracterizada p o r declínio contínuo da tem peratura central após a rem oção do paciente do am biente frio. A aplicação de calor no tronco reduz o risco dessa reação. O reaq u ecim en to ativo é necessário nas seguintes c irc u n s tâncias: tem p eratu ra central < 32°C (peciloterm ia), instabilidade cardiovascular, extrem os etários, disfunção do SNC, insuficiência h o rm o n al e suspeita de h ip o te rm ia secundária. O reaquecimento externo ativo é realizado m ais facilm ente com cobertores de aque cim ento com ar com prim ido. O utras opções dispositivos em que a água circula por m eio de alm ofadas externas de troca de calor, fontes de calor radiante e com pressas quentes. A m onitoração do paciente com hipoterm ia em b anheira aquecida é ex trem am ente difícil. Os cobertores elétricos devem ser evitados porque a pele com vasocons trição é facilm ente queim ada. D ispõe-se de várias opções para o reaquecimento central ativo. O reaquecim ento pelas vias respiratórias com oxigênio um idificado e
TRATAMENTO
Hipotermia
Q uando um paciente está hipotérm ico, os órgãos-alvo e o sistema cardiovascular respondem m uito pouco à m aioria dos fárm acos adm inistrados. Em geral, m edicações IV são interrom pidas abai xo de 30°C. Se forem adm inistradas, um intervalo m aior entre as doses pode evitar toxicidade cum ulativa durante o reaquecim en to, tendo em vista a ligação mais ampla dos fármacos às proteínas, bem como a redução do m etabolism o e da excreção. Por exemplo, a adm inistração de doses repetidas de digoxina ou insulina seria ine ficaz enquanto o paciente estivesse hipotérm ico, mas os fármacos residuais seriam potencialm ente tóxicos durante o reaquecimento. A obtenção de pressão a rte ria l m éd ia de pelo m enos 60 m m H g deve ser um dos prim eiros objetivos. Caso a hipotensão não seja revertida com a infusão de soluções cristaloides/coloides e o reaquecim ento, deve-se considerar a adm inistração da do p a m ina em doses baixas (2 a 5 (xg/kg/m in) com o suporte. A perfu são do sistem a cardiovascular com vasoconstrição tam bém pode ser m elhorada com nitroglicerina IV em dose baixa. As arritm ias atriais devem ser inicialm ente m onitoradas sem qualquer intervenção, pois a resposta ventricular será lenta e, a m enos que preexistente, a m aioria dos distúrbios do ritm o será norm alizada espontaneam ente durante o reaquecim ento. O papel da profilaxia e do tratam ento das arritm ias ventriculares é proble mático. Um a ectopia ventricular preexistente pode ser suprim ida
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QUADRO 19.3 extracorpóreo
Opções para o reaquecimento sanguíneo
Técnica de reaquecimento extracorpóreo (REC) Venovenosa(W)
Considerações Circuito - cateter VC para cateter VC ou periférico
As m edidas preventivas devem ser debatidas com os in d i víduos de alto risco, com o, p o r exem plo, idosos e pessoas cujo trab a lh o as expõe freq u en tem en te ao frio extrem o. O m édico deve enfatizar a im p o rtân cia do uso de roupas e gorros forrados, proteção adequada, au m en to da ingestão calórica e abstinência de álcool, bem com o de assegurar o acesso aos serviços de sal vam ento.
Nenhum suporte circulatório/oxigenador Taxas de fluxo de 150 a 400 mlVmin TDR de 2o a 3°C/h Hemodiálise (HD)
Circuito - canulação de um ou dois vasos Estabiliza as anormalidades eletrolíticas ou toxicológicas Volumes do ciclo de troca de 200 a 500 mL/min TDR de 2o a 3°C/h
Reaquecimento arteriovenoso contínuo (RAVC)
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 168
Circuito - cateteres femorais n° 8,5 percutâneos Requer PA sistólica de 60 mmHg Nenhum perfusionista/bomba/ anticoagulação Taxas de fluxo de 225 a 375 mL/min TDR de 3o a 4°C/h
Circulação extracorpórea (CEC)
Circuito - suporte circulatório completo com bomba e oxigenador Gradiente de temperatura do sangue perfundido (5o a 10°C) Taxas de fluxo de 2 a 7 L/min (média de 3 a 4) TDR de até 9,5°C/h
Nota:PA, pressão arterial; VC, venoso central; TDR, taxa de reaquecimento.
pela hipoterm ia e reaparecer durante o reaquecim ento. N enhum dos agentes da classe I m ostrou-se seguro e eficaz. N ão há evidên cia de que o antiarrítm ico ventricular da classe III am iodarona seja seguro. A instituição de tratam ento em pírico para insuficiência su prarrenal geralm ente não se justifica, a m enos que haja história sugestiva de dependência de esteroides, hipoadrenalism o ou im possibilidade de reaquecer o paciente com o tratam ento conven cional. C ontudo, a adm inistração de levotiroxina parenteral aos pacientes com eutireoidism o e hipoterm ia é potencialm ente p eri gosa. Com o os resultados dos exames laboratoriais podem dem o rar e ser confundidos devido à presença da síndrom e do paciente eutireóideo enferm o (Cap. 341), o m édico deve buscar indícios de hipotireoidism o na anam nese ou no exam e físico. Q uando o m ixedem a for a causa da h ipoterm ia, a fase de relaxam ento do reflexo aquileu será mais prolongada que a fase de contração. A hipoterm ia obscurece a m aioria dos sinais e sintom as in fecciosos, principalm ente a febre e a leucocitose. Os calafrios p ro vocados pela infecção podem ser confundidos com os trem ores do frio. Com exceção dos casos brandos, culturas de várias am os tras e exames físicos repetidos são fundam entais. A m enos que o m édico detecte um foco infeccioso, a profilaxia em pírica com antibióticos é mais recom endável p ara os pacientes idosos, recém-nascidos e im unossuprim idos.
GELADURA As lesões periféricas pelo frio incluem as lesões de tecidos com e sem congelam ento. Os tecidos congelam rapidam ente quando em contato com condutores térm icos, com o m etais e soluções voláteis. O utros fatores predisponentes incluem roupas ou botas apertadas, im obili dade e m edicam entos vasoconstritores. A geladura ocorre quando a tem peratura tecidual cai abaixo de 0°C. Subsequentem ente, a form a ção de cristais de gelo distorce e destrói a arquitetura celular. Após a lesão do endotélio vascular, a estase evolui rapidam ente para tro m bose m icrovascular. D epois que os tecidos descongelam , há isquemia progressiva da derm e. A m icrovascularização com eça a e n tra r em colapso, o shunt arteriovenoso eleva as pressões teciduais, e o edem a se form a. Por fim, ocorrem trom bose, isquem ia e necrose superficial. A m um ificação e a dem arcação da área lesada podem dem orar se m anas a meses.
■ APRESENTAÇÃO CLÍNICA As m anifestações iniciais da geladura po d em ser enganosam ente be nignas. Todos os pacientes apresentam déficit sensorial envolvendo as sensibilidades tátil, térm ica e dolorosa. Na m aioria dos casos, as áreas acrais e partes distais dos m em bros são afetadas pela anestesia. Alguns pacientes queixam -se da sensação de que o m em bro está de form ado ou parece um “pedaço de pau”. As geladuras teciduais profundas podem ser evidenciadas com o áreas com aspecto céreo, m osqueado, am arelado ou violáceo. São sinais favoráveis à apresentação algum calor ou sensibilidade com coloração norm al. Em geral, a lesão será superficial se os tecidos sub cutâneos estiverem flexíveis ou se for possível m ovim entar a derm e sobre as proem inências ósseas. Clinicam ente, é m ais conveniente classificar as geladuras em su perficiais ou profundas. N o p rim eiro caso, não há perda de tecidos. A geladura superficial causa apenas anestesia e eritem a. O apareci m ento de vesículas im plica acom etim ento m ais profundo (Fig. 19.1). Vesículas hem orrágicas indicam lesão grave da m icrovascularização e indicam geladura grave. D anos aos tecidos subcutâneo, m uscular e ósseo podem resultar em am putação. As duas lesões periféricas não congelantes causadas m ais fre quentem ente pelo frio são o eritema pérnio e o pé-das-trincheiras (por imersão). O eritem a p érnio resulta de lesões neuronais e endoteliais provocadas p o r exposição repetida ao frio seco. As m ulheres jovens, principalm ente as que relatam ter o fenôm eno de Raynaud, são as que correm m aior risco. V asoconstrição persistente e vasculite p o dem causar eritem a, edem a leve e pru rid o . Por fim, surgem placas, nódulos azulados e úlceras. Nos casos típicos, essas lesões envolvem o dorso das m ãos e dos pés. Já o pé-das-trincheiras (lesão p or im er são) resulta da exposição repetida ao frio úm ido, em um a tem p era tura acim a do ponto de congelam ento. Inicialm ente, os pés parecem cianóticos, frios e edem atosos. O aparecim ento subsequente de b o lhas em geral é indistinguível da geladura. Essas vesículas evoluem rapidam ente para úlceras e gangrena de liquefação. Os pacientes com lesões m ais leves relatam hiper-hidrose, hipersensibilidade ao frio e dor à deam bulação durante m uitos anos.
TRATAMENTO
Geladura
Figura 19.1
Hipotermia e Geladura
Os tecidos congelados devem ser descongelados rápida e com pletam ente p o r im ersão em água circulante a 37 a 40°C. O re aquecim ento rápido m uitas vezes provoca h iperem ia inicial. A form ação im ediata de grandes bolhas distais transparentes é um indicador m ais favorável que a de pequenas bolhas proxim ais h e m orrágicas e escuras. Um erro com um é a interrupção prem atura do reaquecim ento, pois o restabelecim ento da perfusão é extre m am ente doloroso. Os pacientes com geladuras p rofundas d e vem receber narcóticos parenterais. Caso a cianose persista após o reaquecim ento, a pressão dos co m p artim en to s teciduais deve ser cuidadosam ente m onitorada. Vários estudos investigaram protocolos terapêuticos vasodilatadores e antitrom bóticos experim entais. Não h á evidências conclusivas de que o dextrano, a heparina, os esteroides, bloquea dores dos canais de cálcio, oxigênio hiperbárico ou inibidores da prostaglandina recuperem os tecidos. A trom bólise intra-arterial pode reduzir a necessidade de am putações de dedos e m ais proxi mais, quando adm inistrada até 24 h após lesões graves. O Q uadro 19.4 apresenta um protocolo de tratam ento das geladuras. A m enos que o paciente desenvolva um a infecção, o m édico deve postergar qualquer decisão relativa ao desbridam ento ou à am putação, até que d isp o n h a de evidências inequívocas de d e m arcação, m um ificação e descam ação. A angiografia p or resso nância m agnética pode m ostrar a linha de dem arcação m ais cedo que a dem arcação clínica. As seqüelas sintom áticas m ais com uns decorrem de lesões neuronais e anorm alidades persistentes do tônus sim pático, consistindo em parestesias, distúrbios da sensi bilidade térm ica e hiper-hidrose. As anorm alidades tardias são as deform idades ungueais, carcinom as cutâneos e lesões epifisárias em crianças. O tratam ento do eritem a p érnio em geral é de suporte. Com a perniose refratária, as alternativas incluem nifedipina, esteroides e lim aprosta, um análogo da prostaglandina E, Geladura com vesiculação, circundada por edema e eritema.
QUADR019.4
Tratamento para a geladura
Antes do descongelamento
Durante o descongelamento
Após o descongelamento
Remover do ambiente
Considerar a analgesia parenteral e cetorolaco
Secar suavemente e proteger o local; elevar; colocar pequenas compressas entre os artelhos, se macerados
Evitar o descongelamento parcial e recongelamento
Administrar ibuprofeno, 400 mg VO
Se as vesículas transparentes estiverem íntegras, aspirar de maneira estéril; se perfuradas, desbridar e fazer curativo com pomada de antibiótico ou de aloé vera estéril
Estabilizar a temperatura central e tratar a hipotermia
Imergir parte em água circulante a 37° a 40°C (monitorada por termômetro) contendo um sabão antisséptico até que reapareça o fluxo distai (10 a 45 min)
Deixar as vesículas hemorrágicas intactas para evitar dessecação e infecção
Proteger a parte congelada nenhuma fricção ou massagem
Estimular o paciente a mover o segmento suavemente
Continuar o ibuprofeno, 400 mg VO (12 mg/kg/dia), a cada 8 a 12 h
Avaliar as condições clínicas ou cirúrgicas
Se a dor for refratária, reduzir a temperatura da água para 35° a 37°C e administrar narcóticos parenterais
Considerar tétano e profilaxia estreptocócica; elevar o segmento Hidroterapia a 37°C Considerar a fenoxibenzamina ou trombólise nos casos graves
169
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A lfo n z o A
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 170
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SEÇÃO 3
Disfunções do Sistema Nervoso
CAPÍTULO
20
Síncope
QUADRO 20.1 Fatores de alto risco que indicam hospitalização ou avaliação intensiva de síncope Dor torácica sugestiva de isquemia coronariana Características de insuficiência cardíaca congestiva Valvulopatia moderada ou grave Cardiopatia estrutural moderada ou grave Aspectos eletrocardiográficos de isquemia
Síncope é um a perda transitória e autolim itada da consciência, d e corrente do com prom etim ento global agudo do fluxo sanguíneo cerebral. O início é rápido, a duração é breve e a recuperação, es pontânea e completa. O utras causas de perda transitória da consciên cia precisam ser distinguidas de síncope; elas incluem convulsões, isquem ia vertebrobasilar, hipoxem ia e hipoglicem ia. U m p ródrom o de síncope (pré-síncope) é com um , em bora possa o co rrer perda da consciência sem qualquer sinal de aviso. Os sintom as pré-síncope típicos incluem tontura, vertigem ou desm aio, fraqueza, fadiga e dis túrbios visuais e auditivos. As causas de síncope podem ser divididas em três categorias gerais: ( 1) síncope m ediada neuralm ente (tam bém conhecida com o síncope reflexa), (2) hipotensão ortostática e (3) sín cope cardíaca. A síndrom e m ediada neuralm ente com preende um g rupo h e terogêneo de distúrbios funcionais que se caracterizam p o r um a alteração transitória nos reflexos responsáveis pela m anutenção da hom eostasia cardiovascular. O correm vasodilatação episódica e bradicardia em com binações variáveis, resultando em falha tem porária do controle da pressão sanguínea. Em contraste, nos pacientes com hipotensão ortostática decorrente de insuficiência autônom a, esses reflexos cardiovasculares hom eostáticos ficam prejudicados de m a neira crônica. A síncope cardíaca pode ser decorrente de arritm ias ou cardiopatias estruturais que causam um a queda no débito cardíaco. Os aspectos clínicos, m ecanism os fisiopatológicos subjacentes, inter venções terapêuticas e prognósticos diferem acentuadam ente entre essas três causas.
EPIDEMIOLOGIA E HISTÓRIA NATURAL A síncope é um problem a com um , responsável p o r aproxim adam en te 3% de todos os com parecim entos de pessoas ao setor de em er gência e 1% de todas as internações hospitalares. O custo anula das hospitalizações relacionadas com a síncope nos EUA é de cerca de 2 bilhões de dólares. A síncope tem um a incidência cum ulativa d u rante a vida até de 35% na população geral. A incidência m áxim a em jovens ocorre entre os 10 e 30 anos de idade, com pico m ediano em torno dos 15 anos. A síncope m ediada neuralm ente é a etiologia da grande m aioria desses casos. Em adultos idosos, há um aum ento agudo na incidência de síncope após os 70 anos. Nos estudos baseados em populações, a síncope m ediada n e u ralm ente é a causa m ais com um do problem a. A incidência é ligeira m ente m aior em m ulheres do que em hom ens. Em indivíduos jovens, costum a haver antecedentes familiares em parentes de prim eiro grau. D oença cardiovascular devida a doença e stru tu ra l ou arritm ias é causa seguinte m ais com um na m aioria das séries, em particular nos setores de em ergência e pacientes idosos. A prevalência de h ip o te n são ortostática tam bém aum enta com a idade, p o r causa da redução na responsividade do barorreflexo e na com placência cardíaca, bem com o da atenuação do reflexo vestibulossim pático associada ao enve lhecim ento. Nos idosos, a hipotensão ortostática é substancialm ente m ais com um em indivíduos institucionalizados (54-68% ) que na com unidade geral (6%), observação m ais provavelm ente explicada
Antecedentes de arritmias ventriculares Intervalo QT prolongado (> 500 ms) Bloqueio sinoatrial repetitivo ou pausas sinusais Bradicardia sinusal persistente
CAPÍTULO 20
Roy Freeman
Bloqueio trifascicular Fibrilação atrial Taquicardia ventricular não sustentada História familiar de morte súbita Síndromes pré-excitação Padrão Brugada ao ECG
pela m aior prevalência de distúrbios neurológicos predisponentes, com prom etim ento fisiológico e uso de m ediação vasoativa entre p a cientes institucionalizados. O prognóstico após u m único evento de síncope em todos os grupos etários em geral é benigno. Em particular, a síncope de ori gem não cardíaca ou inexplicada em indivíduos jovens tem um prog nóstico excelente; a expectativa de vida não é afetada. Em contraste, a síncope de causa cardíaca, seja p o r cardiopatia ou arritm ia prim ária, está associada a risco elevado de m o rte súbita cardíaca e m ortalida de p or outras causas. Sim ilarm ente, a taxa de m ortalidade é m aior em indivíduos com síncope decorrente de hipotensão ortostática re lacionada com a idade e aquela associada a condições com órbidas (Q uadro 20.1).
FISIOPATOLOGIA A postura ereta im põe um estresse fisiológico único sobre os seres hum anos; a m aioria, em bora nem todos, dos episódios de síncope, o corre na posição ortostática. Tal p o stu ra resulta em um acúm ulo de 500-1.000 mL de sangue nas extrem idades inferiores e na circu lação esplâncnica. Há um a dim inuição no retorno venoso para o co ração e enchim ento v entricular reduzido, que resultam em redução do débito cardíaco e da pressão sanguínea. Essas alterações hem odinâm icas provocam um a resposta reflexa com pensatória, iniciada pelos barorreceptores no seio carótico e no arco aórtico, resultando em aum ento do efluxo sim pático e dim inuição da atividade nervosa vagai (Fig. 20.1). O reflexo aum enta a resistência periférica, o retorno venoso para o coração e o débito cardíaco, e portan to lim ita a queda na pressão sanguínea. Se essa resposta falhar, com o é o caso cronica m ente em hipotensão ortostática e transitoriam ente na síncope m e diada neuralm ente, ocorre h ipoperfusão cerebral. A síncope é u m a conseqüência da hip o p erfu são cerebral global e, assim , re p resen ta u m a falha dos m ecan ism o s a utorreguladores do fluxo sanguíneo cerebral. Fatores m iogênicos, m etabólitos lo cais e, em m e n o r extensão, o c o n tro le au to n ô m ico neurovascular são responsáveis pela au to rreg u lação do fluxo sanguíneo cerebral (Cap. 275). E co m u m o fluxo sang u ín eo cerebral variar de 50 a 60
171
Via aferente
Via eferente
B arorreceptor Vasopressina Seio carótico Barorreceptor M VLR
aortico
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 172
C oração G ânglio sim pático Vaso sanguíneo
Figura 20.1
0 barorreflexo. Uma queda na pressão arterial descarrega os barorreceptores - os terminais de fibras aferentes dos nervos glossofaríngeo e vago situados no seio carótico e no arco aórtico. Isso acarreta uma redução nos impulsos aferentes liberados desses mecanorreceptores através dos nervos glossofaríngeo e vago para o núcleo do trato solitário (NTS) na medula dorsomedial. A redução da atividade aferente barorreceptora causa uma queda no estímulo nervoso vagai para o nodo sinusal, que é mediado pelas conexões neuroanatômicas do NTS para o núcleo ambíguo (NA). Há um aumento na atividade eferente simpática, que é me diada pelas projeções do NTS para a medula ventrolateral caudal (MVLC, uma via
excitatória), e daí para a medula ventrolateral rostral (MVLR, uma via inibitória). A ativação de neurônios parassimpáticos da MVLR em resposta à hipotensão deve-se predominantemente, portanto, à desinibição. Em resposta a uma queda mantida na pressão arterial, a liberação de vasopressina é mediada pela projeções do grupo de células noradrenérgicas A1 na medula ventrolateral. Essa projeção ativa os neurônios que sintetizam vasopressina na porção magnocelular do núcleo paraventricular (NPV) e do núcleo supraóptico (NSO) do hipotálamo. Azul denota os neurônios simpáticos e verde, os parassimpáticos. {De R Freeman: New Engl J Med 358:615,2008.)
m L /m in /100 g de tecido cerebral e p erm an ecer relativam ente c ons tante, com as pressões de perfu são varian d o de 50 a 150 m m H g. A cessação do fluxo sanguíneo p o r 6-8 se gundos resulta em p e rd a da consciência, em bora o co rra c o m p ro m etim e n to da consciência q u ando o fluxo sanguíneo d im in u i para 25 m L /m in /1200 g de te cido cerebral. Do p onto de vista clínico, u m a queda na pressão sistólica sistê m ica para aproxim adam ente 50 m m H g ou m en o s resulta em sín cope. U m a queda no débito cardíaco e/o u na resistência vascular sistêm ica - os d e te rm in a n te s da pressão san g u ín ea p o rtan to , é a base da fisiopatologia da síncope. As causas com uns de co m p ro m etim en to do débito cardíaco incluem dim in u ição do volum e sanguíneo circulante efetivo, aum ento da pressão torácica, em bolia p u lm o n a r m aciça, b ra d ia rritm ia s e taq u ia rritm ia s cardíacas, car d iopatia valvular e d isfunção m iocárdica. A resistência vascular sistêm ica po d e estar d im in u íd a p o r doenças do sistem a nervoso p eriférico autonôm ico, m edicações sim paticolíticas e tra n sito ria m ente d urante um a síncope m ediada n euralm ente. O aum ento da resistência vascular cerebral, m ais freq u en tem en te devido à hipocarbia induzida pela hiperventilação, tam bém po d e co n trib u ir para a fisiopatologia da síncope. A seqüência de alterações no eletroencefalogram a de indivíduos com síncope durante u m episódio com preende fundo lento (em geral de alta am plitude), seguindo-se atenuação ou cessação da atividade
cortical antes do retorno de ondas lentas e, então, atividade norm al. A pesar da presença de m ovim entos m ioclônicos e outra atividade m otora, não há descargas convulsivas eletroencefalográficas nos in divíduos com síncope.
CLASSIFICAÇÃO ■ SÍNCOPE MEDIADA NEURALMENTE A síncope m ediada n e u ralm e n te é a via final de um arco reflexo complexo do sistem a nervoso central e periférico. H á um a alteração súbita e transitória na atividade autonôm ica eferente, que se carac teriza p o r aum ento do efluxo parassim pático, causando bradicardia e inibição sim pática causando vasodilatação. A alteração na ativida de eferente autonôm ica causa um a redução na pressão sanguínea e um a queda subsequente no fluxo sanguíneo cerebral para baixo dos lim ites da autorregulação (Fig. 20.2). Para desencadear esse refle xo, é necessário que o sistem a nervoso autônom o esteja norm al ou funcionando, o que contrasta com a situação na insuficiência auto nôm ica. Os disparadores do ram o aferente do arco reflexo variam e podem ser definidos com clareza, p o r exem plo, o seio carótico, o trato gastrintestinal ou a bexiga. C ontudo, em m uitos casos, o arco aferente é m enos facilm ente reconhecido e, em m uitas circunstân cias, a causa é m ultifatorial. Em tais circunstâncias, é provável que m últiplas vias aferentes convergem p ara a rede central autonôm ica
125100
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CAPÍTULO 20
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Tem po (segundos)
B
Tem po (segundos)
Figura 20.2 A. Uma resposta hipotensiva-bradicárdica paroxística, característica da síncope mediada neuralmente. A pressão arterial e a frequência cardíaca não invasivas a cada batimento são mostradas por 5 minutos (de 60 a 360 segundos) de
uma inclinação para cima em uma mesa inclinada. B 0 mesmo traçado expandido para mostrar 80 segundos do episódio (de 80 a 200 segundos). PA, pressão arterial; bpm, batimentos por minuto; FC, frequência cardíaca.
dentro da m edula, que integra os im pulsos neurais e m edeia a res p osta de vasodepressão e bradicardia.
tem p eratu ra am biente quente, depleção do volum e intravascular, ingestão de álcool, hipoxem ia, anem ia, dor, visualização de sangue, venopunção e em oção intensa), não se conhece a base subjacente dos lim iares am plam ente diferentes p ara síncope entre indivíduos expos tos ao m esm o estím ulo provocativo. Pode ser que haja um a base ge nética p ara a síncope m ediada neuralm ente; vários estudos relataram incidência elevada de síncope em parentes de prim eiro grau de pes soas que desm aiam , m as não foi identificado um gene ou m arcador genético, e fatores am bientais, sociais e culturais não foram excluídos por esses estudos.
Classificação da síncope mediada neuralmente A síncope m ediada neuralm ente pode ser subdividida com base na via aferente e no disparador provocativo. A síncope vasovagal (o des m aio com um ) é provocada p o r em oção intensa, d or e/o u estresse ortostático, enquanto as síncopes reflexas situacionais têm estím ulos específicos localizados que provocam a vasodilatação reflexa e a b ra dicardia que leva à síncope. Os m ecanism os subjacentes da m aioria dessas síncopes reflexas situacionais foram identificados e a fisiopa tologia, delineada. O disparo aferente pode originar-se no sistem a pulm onar, no gastrintestinal, no urogenital, no coração e na artéria carótida (Q u ad ro 20.2). A hiperventilação que acarreta hipocarbia e vasoconstrição cerebral m ais a pressão intratorácica elevada que prejudica o retorno venoso para o coração desem penham um papel central em m uitas das síncopes reflexas situacionais. A via aferente do arco reflexo difere entre esses distúrbios, m as a resposta eferente via o vago e as vias sim páticas é sem elhante. Com o alternativa, a síncope m ediada neuralm ente pode ser sub dividida com base na via eferente predom inante. Síncope vasodepressora descreve a síncope p redom inantem ente causada p o r falha vasoconstritora sim pática eferente; síncope cardioinibidora descreve aquela predom inantem ente associada a bradicardia ou assistolia de vida a aum ento do efluxo vagai; síncope m ista descreve aquela em que há alterações tanto vagais com o no reflexo sim pático.
Aspectos da síncope mediada neuralmente Além dos sintom as de intolerância ortostática com o tontura, v e rti gem e fadiga, pode haver aspectos prem onitórios de ativação auto nôm ica em pacientes com síncope m ediada neuralm ente. Tais fatores incluem diaforese, palidez, palpitações, náusea, hiperventilação e bocejos. D urante o evento da síncope, pode o correr m ioclonia p ro ximal e distai (arrítm ica e m ultifocal), levantando a possibilidade de epilepsia. Os olhos costum am p erm anecer abertos e, em geral, des viam para cima. Pode ocorrer incontinência urinária, m as não fecal. C onfusão após a convulsão é rara, em bora às vezes haja relatos de alucinações visuais e auditivas. E m bora alguns fatores predisponentes e estím ulos provocativos estejam bem estabelecidos (p. ex., p o stu ra ereta sem m ovim ento,
TRATAMENTO
Síncope mediada neuralmente
Tranquilização, evitar estím ulos provocativos e expansão do vo lum e plasm ático com líquido e sal são as pedras fundam entais do tratam ento da síncope m ediada neuralm ente. M anobras de contrapressão isom étrica dos m em bros (cruzar as pernas ou agarrar com a m ão e tensionar o braço) pode elevar a pressão sanguínea e, ao m anter a pressão na zona autorreguladora, evitar ou adiar o início da síncope. Ensaios controlados random izados corroboram essa intervenção. A fludrocortisona, agentes vasoconstritores e andrenorreceptores antagonistas p são usados em am pla escala p or esporocistos para tratar pacientes refratários, em bora não haja evidência con sistente de ensaios controlados random izado sobre qualquer far m acoterapia para tratar a síncope m ediada neuralm ente. C om o a vasodilatação é o m ecanism o fisiopatológico dom inante na sínco pe na m aioria dos pacientes, o uso de u m m arca-passo cardíaco raram ente é benéfico. Exceções possíveis são pacientes idosos em que a síncope está associada a assistolia ou bradicardia grave e aqueles com cardionibição p ro em in en te devido à síndrom e do seio carótico. Em tais pacientes, u m m arca-passo de câm ara dupla pode erosão útil.
■ HIPOTENSÃO ORTOSTÁTICA A hipotensão ortostática, definida com o um a redução na pressão sanguínea sistólica de pelo m enos 20 m m H g ou na pressão sanguí-
173
QUADRO 20.2
Causas de síncope
A. Síncope mediada neuralmente Síncope vasovagal Medo provocado, dor, ansiedade, emoção intensa, visão de sangue, visões e odores desagradáveis, estresse ortostático Síncope reflexa situacional Pulmonar Síncope causada por tosse, do instrumentista de sopro, do levantador de peso, por truque8 e pelo riso excessivo," por espirro, instrumentação de via respiratória Urogenital Síncope pós-micção, por instrumentação do trato urogenital, massagem prostática Gastrintestinal Síncope da deglutição, por neuralgia glossofaríngea, estimulação esofágica, instrumentação do trato gastrintestinal, exame retal, síncope da defecação Cardíaca Síncope da deglutição, por neuralgia glossofaríngea, estimulação esofágica, instrumentação do trato gastrintestinal, ex retal, da defecação Seio carótico Sensibilidade do seio carótico. massagem do seio carótico
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Ocular Pressão ocular, exame ocular, cirurgia ocular
B. Hipotensão ortostática Insuficiência autonômica primária decorrente de doenças neurodegenerativas idiopáticas centrais e periféricas - as “ sinucleinopatias” Doenças do corpúsculo de Lewy Doença de Parkinson Demência do corpúsculo de Lewy Insuficiência autonômica pura Atrofia de múltiplos sistemas (a síndrome de Shy-Drager) Insuficiência autonômica secundária, devida a neuropatias periféricas autonômicas Diabetes Amiloidose hereditária (polineuropatia amiloide familiar) Amiloidose primária (amiloidose AL; associada a imunoglobulina de cadeia leve) Neuropatias hereditárias sensoriais e autonômicas (NHSA) (especialmente do tipo III disautonomia familiar) Neuropatia autonômica idiopática imunomediada Ganglionopatia autonômica autoimune Síndrome de Sjógren Neuropatia autonômica paraneoplásica Neuropatia pelo HIV Hipotensão pós-prandial latrogênica (medicamentosa) Depleção de volume
C. Síncope cardíaca Arritmias Disfunção do nodo sinusal Disfunção atrioventricular Taquicardias supraventriculares Taquicardias ventriculares Canelopatias hereditárias Cardiopatia estrutural Doença valvular
nea diastólica de ao m enos 10 m m H g após três m inutos com o paciente de pé ou a cabeça para cim a oscilando em u m a m esa oscilante, é u m a m anifestação de falha vasoconstritora sim pática (autonôm ica) (Fig. 20.3). Em m ui tos casos (m as não em todos), não há aumento com pensatório na frequência cardíaca, apesar da hipotensão; n a vigência de insuficiência au tonôm ica parcial, a frequência cardíaca pode a u m e n tar até certo ponto, m as isso não é o bastante p ara m an te r o débito cardíaco. Uma variante da hipotensão o rtostática é a forma “tardia”, que ocorre depois que o paciente fica m ais de três m inutos na posição ereta; pode ser que isso reflita um a form a discreta ou precoce de disfunção sim pática adrenérgica. Em alguns casos, ocorre hipotensão ortostática após 15 se gundos de pé (a cham ada hipotensão ortostáti ca “inicial”), achado que pode representar uma confusão transitória entre o débito cardíaco e a resistência vascular periférica, e não representa insuficiência autonôm ica. O s sin to m as característico s de h ipoten são o rto stática incluem vertigem , tontura e p ré-sín co p e (quase desm aio), ocorrendo em resp o sta a u m a alteração súbita da postura. N o entanto, os sintom as podem estar ausentes ou ser inespecíficos, com o fraqueza generali zada, fadiga, lentidão cognitiva, curvatura das p e rn as ou cefaleia. Pode o c o rre r borram ento visual, provavelm ente devido a isquem ia retinian a ou do lobo occipital. D o r no pescoço na região suboccipital, cervical posterior e do om bro (a “cefaleia do cabide de casaco”), mais provavelm ente devida à isquem ia do músculo do pescoço, po d e ser o único sintom a. Os pa cientes p odem relatar dispnéia ortostática (que se acredita reflita confusão na ventilação-perfusão devida à perfusão inadequada dos ápices p u lm o n ares ventilados) ou angina (atribuída a com p ro m etim en to da perfusão miocárdica, m esm o com artérias coronárias norm ais). Os sin to m as p o d e m ser exacerbados por exer cício, ficar m u ito tem p o de pé, aum ento da tem p e ra tu ra am biente ou pelas refeições. Em geral, a síncope é precedida p o r sintom as de alarm e, m as p o d e o co rrer subitam ente, o que sugere a p o ssibilidade de u m a convulsão ou causa cardíaca. A h ip erten são supina é com um em pa cientes com h ip o ten são ortostática devida a insuficiência autonôm ica, acom etendo mais de 50% deles em algum as séries. Pode haver hipo tensão ortostática após o início do tratam ento para hipertensão, e sobrevir hipertensão supi na após o tratam e n to da hipotensão ortostáti ca. E ntretanto, em outros casos, a associação das duas condições não está relacionada com a terapia e, em parte, pode ser explicada pela dis função barorreflexa na presença de efluxo sim pático residual, particularm ente em pacientes com degeneração central autonôm ica.
Isquemia miocárdica Miocardiopatias obstrutivas e outras Mixoma atrial Efusões e tamponamento pericárdico ' Hiperventilação por 1 minuto, seguida por compressão torácica súbita. s Hiperventilação (20 respirações) em uma posição agachada, o paciente levanta-se rapidamente, em seguida Valsalva.
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Causas de hipotensão ortostática neurogênica As causas de hipotensão ortostática neurogêni ca incluem disfunção do sistem a nervoso autonôm ico central e periférico (Cap. 375).
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CAPÍTULO 20
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A disfunção autonôm ica de outros sistem as orgânicos (inclusive a bexiga, os intestinos, órgãos sexuais e sistem a sudom otor) de gra vidade variável frequentem ente acom panha a hipotensão ortostática nesses distúrbios (Q uadro 20.2). Os distúrbios autonôm icos degenerativos autonôm icos p rim á rios são a atrofia de m últiplos sistem as (síndrom e de Shy-D rager, C ap. 375), a doença de P arkinson (Cap. 372), a d em ên cia com corpúsculos de Lewy (Cap. 371) e a insuficiência autonôm ica pura (Cap. 375), em geral agrupadas com o “sinucleinopatias” devido à presença de a-sinucleína, um a pequena p roteína que precipita p re dom in an tem en te no citoplasm a de neu rô n io s nos d istúrbios com corpúsculos de Lewy (doença de Parkinson, dem ência com corpús culos de Lewy e insuficiência autonôm ica pura) e na glia na atrofia de m últiplos sistemas. A disfunção autonôm ica periférica tam bém p o d e aco m p an h ar n europatias de pequenas fibras periféricas, com o as observadas na neuropatia diabética, na am iloide, n a im unom ediada, nas sensoriais e autonôm icas hereditárias (H SA N /N SA H ; em p a rticu la r a do tipo III; disautonom ia fam iliar) e nas neu ro p atias inflam atórias (C aps. 385 e 386). C om m en o r frequência, a h ip o te n sã o o rto stática está associada às neuropatias periféricas que acom panham a deficiência de vitam ina B12, a exposição neurotóxica, infecções pelo H IV e o u tras e à porfiria. Pacientes com insuficiência a u to n ô m ica e os idosos são su s cetíveis a quedas na pressão sanguínea associadas às refeições. A m ag n itu d e da queda n a pressão sa n g u ín ea é ex acerbada p o r re feições fartas, ricas em c arboidratos e pelo co n su m o de álcool. O m ecanism o da síncope p ó s-p ran d ial ainda não foi com pletam ente elucidado. A hipotensão ortostática em geral é iatrogênica. Fárm acos de várias classes podem dim in u ir a resistência periférica (p. ex., a n ta gonistas do adrenorreceptor a usados para tratar a hipertensão e a hipertrofia prostática; agentes anti-hipertensivos de diversas classes; nitratos e outros vasodilatadores; agentes tricíclicos e fenotiazinas). A depleção de volum e iatrogênica devida à diurese e aquela de origem clínica (hem orragia, vôm itos, diarréia ou baixo consum o de líquido) tam bém podem resultar em redução do volum e circulatório efetivo, hipotensão ortostática e síncope.
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Tem po (segundos)
Tem po (segundos)
Figura 20.3 A A queda gradual na pressão arterial sem aumento compensató rio na frequência cardíaca, característica da hipotensão ortostática decorrente de insuficiência autônoma. A pressão arterial e a frequência cardíaca são mostradas por 5 minutos (de 60 a 360 segundos) de uma inclinação para cima em uma mesa
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inclinada. B. 0 mesmo traçado expandido para mostrar 40 segundos do episódio (de 180 a 220 segundos). PA, pressão arterial; bpm, batimentos por minuto; FC, frequência cardíaca.
TRATAMENTO
Hipotensão ortostática
A prim eira etapa é elim inar as causas reversíveis - em geral m e dicações vasoativas (Q u a d ro 375.6). Em seguida, devem ser ins tituídas intervenções não farm acológicas, que excluem o rien ta ção do paciente quanto a m u d ar da posição supina para a ereta, os cuidados com os efeitos hipotensivos das refeições, instruções sobre as m anobras de contrapressão isom étrica que aum entam a pressão vascular (ver a n teriorm ente) e elevar a cabeça no leito para reduzir a hip erten são supina. O volum e intravascular deve ser expandido aum entando o consum o dietético de líquido e sal. Caso essas m edidas não farm acológicas falharem , deve ser in s tituída a intervenção farm acológica com acetato de fludrocortisona e agentes v asoconstritores com o a m id o d rin a e a pseudoefedrina. A lguns pacientes com sintom as intratáveis requerem tratam e n to adicional com agentes suplem entares que incluem piridostigm ina, ioim bina, acetato de desm opressina (DDAVP) e eritropoietina (Cap. 375).
■ SÍNCOPE CARDÍACA A síncope cardíaca (ou cardiovascular) é causada p o r arritm ias e cardiopatia estrutural, que p odem ocorrer em com binação, porque a doença estrutural to rn a o coração m ais vulnerável à atividade elétrica anormal.
Arritmias As b rad iarritm ias que causam síncope incluem aquelas devidas a disfunção grave do nodo sinusal (p. ex., parada sinusal ou bloqueio sinoatrial) e bloqueio atrioventricular (p. ex., M obitz do tipo II, de alto grau e bloqueio AV com pleto). As bradiarritm ias decorrentes de disfunção do nodo sinusal em geral estão associadas a um a taquiarritm ia atrial, distúrbio conhecido com o síndrom e de taquicardia-bradicardia. Um a pausa prolongada após o térm ino de um episódio de taquicardia é um a causa freqüente de síncope em pacientes com essa síndrom e. M edicações de várias classes tam bém podem ocasio n ar b rad iarritm ias de gravidade suficiente para causar síncope. A
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devida a bradicardia ou assistolia é conhecida com o crise de Stokes-Adams. As taquiarritm ias ventriculares frequentem ente causam síncope. A probabilidade de síncope com taquicardia v entricular depende, em parte, da frequência ventricular; frequências abaixo de 200 b ati m entos por m inuto são m enos propensas a causar síncope. A função hem odinâm ica com prom etida d urante taquicardia ventricular é cau sada p or contração ventricular inefetiva, enchim ento diastólico redu zido devido a períodos abreviados de enchim ento, perda da sincronia atrioventricular e isquem ia m iocárdica concom itante. Vários distúrbios associados a instabilidade cardíaca eletrofisiológica e arritm ogênese devem -se a m utações nas subunidades gênicas do canal iônico. e incluem a síndrom e do Q T longo, a síndrom e Brugada e a taquicardia ventricular polim órfica catecolam inérgica. A síndrom e do QT longo é um distúrbio geneticam ente heterogêneo, associado a repolarização cardíaca prolongada e um a predisposição para arritm ias ventriculares. Síncope e m orte súbita em pacientes com a síndrom e do Q T longo resultam de um a única taquicardia ventricular polim órfica, denom inada torsades des pointes, que dege nera em fibrilação ventricular. A síndrom e do QT longo foi ligada aos genes que codificam as subunidades a do canal de K+ e (3 do canal de K+, o canal de Na" acionado p or voltagem e um a proteína estrutural, a anquirina B (ANK2). A síndrom e Brugada caracteriza-se p or fibri lação ventricular idiopática, associada a anorm alidades ventriculares direitas no eletrocardiogram a (ECG) sem cardiopatia estrutural. Esse distúrbio tam bém é geneticam ente heterogêneo, em bora na m aioria dos casos esteja ligado a m utações em um a subunidade a do canal de Na*, SCN5A. a taquicardia polim órfica catecolam inérgica é um distúrbio hereditário geneticam ente heterogêneo, associado a a rrit m ias induzidas p or exercício ou estresse, síncope ou m orte súbita. O prolongam ento adquirido do intervalo QT, m ais com um ente devido a fármacos, tam bém pode resultar em arritm ias ventriculares e sínco pe. Tais distú rb io s são discutidos em detalhes no Cap. 233. s ín c o p e
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Doença estrutural C ardiopatias estruturais (p. ex., valvulopatia, isquem ia m iocárdica, m iocardiopatias hipertróficas e outras, m assas cardíacas com o o m ixom a atrial e efusões pericárdicas) podem ocasionar síncope por com prom etim ento do débito cardíaco. A doença estrutural tam bém pode contribuir para outros m ecanism os fisiopatológicos de sínco pe. Por exemplo, as cardiopatias estruturais p o d em p redispor à ar ritm ogênese; o tratam ento agressivo da insuficiência cardíaca com diuréticos e/ou vasodilatadores pode acarretar hipotensão o rto stá tica; e pode ocorrer vasodilatação reflexa inapropriada com d istú r bios estruturais com o estenose aórtica e m iocardiopatia hipertrófica, possivelmente provocada p or aum ento da contratilidade ventricular.
TRATAMENTO
Síncope cardíaca
O tratam ento da síncope cardíaca depende do distúrbio subjacen te. As terapias para arritm ias incluem m arca-passo cardíaco para doença do nodo sinusal e bloqueio AV, e ABL, antiarrítm icos e cardioversores-desfibriladores para reverter taquiarritm ias atriais e ventriculares. Tais distúrbios são m ais bem tratados p o r m éd i cos especializados nessa área.
Síncope DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A síncope é facilm ente diagnosticada quando os aspectos característicos estão presentes, porém vários distúrbios com perda transitória real ou aparente da consciência podem causar confusão diagnóstica. Convulsões generalizadas e parciais podem ser confundidas com síncope, m as há aspectos que as diferenciam . E m bora m o vim entos tônico-clônicos sejam característicos de um a convulsão generalizada, tam bém podem ocorrer m ovim entos m ioclônicos e
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outros em até 90% dos episódios de síncope. Se espasm os m ioc lônicos associados à síncope podem ser m ultifocais ou generali zados. Em geral, eles são arrítm icos e de curta duração (m enos de 30 s). Tam bém pode ocorrer postura flexora e extensora discreta. Convulsões parciais ou com plexas parciais com generalização se cundária costum am ser precedidas p or um a aura, com um ente um o dor desagradável, ansiedade tem erosa, desconforto abdom inal ou outras sensações viscerais. Esses fenôm enos devem ser dife renciados dos aspectos p rem onitórios de síncope. As m anifestações autonôm icas de convulsões (epilepsia a u tonôm ica) podem ser u m desafio diagnóstico m ais difícil. C o n vulsões autonôm icas têm m anifestações cardiovasculares, gastrintestinais, pulm onares, urogenitais, pupilares e cutâneas que são sem elhantes aos aspectos prem onitórios de síncope. Frequente m ente, as m anifestações cardiovasculares de epilepsia autonôm ica incluem taquicardias e bradicardias de significado clínico que p o dem ser de m agnitude suficiente para causar perda da consciên cia. A presença de auras não autonôm icas acom panhantes podem ajudar a diferenciar esses episódios da síncope. A perda da consciência associada a um a convulsão em geral dura m ais de 5 m inutos e está associada a sonolência pós-ictal prolongada e desorientação, enquanto após um evento de síncope ocorre quase im ediatam ente reorientação. Podem o correr dores m usculares tanto após síncope com o depois de convulsões, em bora tendam a du ra r m ais após um a convulsão. As convulsões, ao contrário da síncope, raram ente são provocadas p o r em oções ou dor. Pode o correr incontinência u rin ária tan to com convulsões com o síncope, m as não ocorre incontinência fecal com síncope. A hipoglicem ia pode causar perda transitória da consciência, em indivíduos com diabetes dos tipos I e II tratados com insuli na. Os aspectos clínicos associados a hipoglicem ia im inente ou real incluem trem or, palpitações, ansiedade, diaforese, fom e e parestesias. Tais sintom as devem -se à ativação autonôm ica que se contrapõe à glicemia em queda. A fom e, em particular, não é um aspecto prem onitório típico de síncope. A hipoglicem ia tam bém prejudica a função neuronal, acarretando fadiga, fraqueza, to n tu ra e sintom as cognitivos e com portam entais. Podem ocorrer dificuldades diagnósticas em indivíduos sob controle glicêmico restrito; a hipoglicem ia repetida prejudica a resposta contrarreguladora e leva a um a perda dos sintom as de alarm e característicos, específicos da hipoglicem ia. Pacientes com cataplexia apresentam um a perda abrupta, par cial ou com pleta, do tônus m uscular, desencadeada p o r emoções fortes, em geral raiva ou riso. Ao contrário da síncope, a consciên cia é m antida p or m eio de ataques, que costum am d u rar entre 30 segundos e 2 m inutos. N ão h á sintom as prem onitórios. O corre cataplexia em 60 a 75% dos pacientes com narcolepsia. A entrevista clínica e o in terrogatório de testem unhas ocu lares em geral perm ite diferenciar síncope de quedas devido a disfunção vestibular, d o e n ça cerebelar, disfunção do sistem a extrapiram idal e ou tro s distú rb io s da m archa. Se a queda for acom panhada p o r trau m atism o craniano, u m a síndrom e pós-concussiva, am nésia quanto aos eventos precipitantes e/ou perda da consciência podem c ontribuir para a dificuldade diagnóstica. A perda aparente da consciência pode ser um a das m anifesta ções de doença psiquiátrica, com ansiedade generalizada, distúr bios do pânico, depressão im portante e distúrbio da somatização. Tais possibilidades devem ser consideradas em indivíduos que desm aiam com frequência, sem apresentar sintom as prodrôm icos. E raro esses pacientes sofrerem algum a lesão, apesar de n u m erosas quedas. Não há alterações hem odinâm icas significativas concom itantes com esses episódios. Em contraste, a perda tra n sitória da consciência devida a síncope vasovagal precipitada por m edo, estresse, ansiedade e desconforto em ocional é acom panha da por hipotensão, bradicardia ou ambas.
AVALIAÇÃO INICIAL As m etas da avaliação inicial são d e te rm i n a r se a p erda transitória da consciência foi causada pela síncope, identificar a causa e avaliar a possibilidade de futuros episódios
e seqüelas graves (Q uadro 20.1). A avaliação inicial deve incluir u m a a nam nese detalh ad a, um q u e stio n á rio ab ran g en te p ara as testem u n h as e um exam e físico e neurológico com pleto. A pressão arterial e a frequência cardíaca devem ser m edidas na posição supina e após 3 m inutos de pé, para se d e te rm in a r se há hipotensão ortostática. Deve ser feito um ECG se houver suspeita de síncope devida a um a arritm ia ou cardiopatia subjacente. As anorm alidades eletrocardiográficas relevantes incluem b ra d ia r ritm ias ou taq u iarritm ias, bloqueio a trio v en tricu la r isquem ia, infarto do m iocárdio antigo, síndrom e do Q T longo e bloqueio de ram o do feixe. A avaliação inicial levará à identificação de um a causa de síncope em aproxim adam ente 50% dos pacientes e tam bém perm itirá a estratificação de pacientes em risco de m o r talidade cardíaca.
Testes laboratoriais
Os exames laboratoriais basais com sangue raram ente são úteis no sentido de identificar a causa da síncope. Devem ser feitos exam es de sangue quando houver suspeita de distúrbios específicos, p. ex., infarto do m iocárdio, anem ia e in su ficiência autonôm ica secundária (Q uadro 20.2).
Testes para o sistema nervoso autonômico
(Cap. 375) Os testes autonôm icos, incluindo o da m esa oscilante, podem ser feitos em centros especializados, sendo úteis para revelar evidência objetiva de insuficiência autonôm ica e tam bém dem o n strar um a pred is posição para a síncope m ediada neuralm ente. O teste autonôm ico inclui avaliações da função do sistema nervoso parassim pático a u tonôm ico (p. ex., variabilidade da frequência cardíaca à respiração profunda e m anobra de Valsalva), função sim pática colinérgica (p. ex., resposta de sudorese term orreguladora e teste quantitativo do reflexo axônico sudom otor). As anorm alidades hem odinâm icas dem onstradas ao teste da m esa oscilante (Figs. 20.2 e 20.3) podem ser úteis para distinguir hipotensão ortostática devida a insuficiência autonôm ica da resposta bradicárdica hipotensiva da síncope m ediada neuralm ente. De m aneira similar, o teste da m esa oscilante pode ajudar a identificar pacientes com síncope decorrente de hipotensão ortostática tardia ou inicial. Deve-se considerar a m assagem do seio carótico em pacientes com sintom as sugestivos de síncope do seio carótico e naqueles com m ais de 50 anos de idade e síncope recorrente de etiologia desconhecida. Esse teste só deve ser feito ao ECG contínuo e m o nitoração da pressão arterial, devendo ser evitado em pacientes com sopros carotídeos, placas ou estenose.
Avaliação cardíaca A m onitoração com ECG está indicada para pacientes com alta probabilidade pré-teste de arritm ia com o cau sa de síncope. Se a probabilidade de arritm ia potencialm ente fatal for alta, os pacientes devem ser m onitorados no hospital, com o por exem plo aqueles com doença estru tu ral ou doença arterial coronariana (DAC) graves, taquicardia ventricular não m antida, bloqueio cardíaco fascicular, intervalo Q T prolongado, padrão ECG da síndrom e Brugada e antecedentes fam iliares de m orte sú bita cardíaca. A m onitoração H olter am bulatorial é recom endada para pacientes que apresentam episódios freqüentes de síncope (um ou mais por sem ana), ao passo que, os registradores de alça, que registram continuam ente e apagam o ritm o cardíaco, estão
indicados para pacientes em que se suspeita de arritm ias com bai xo risco de m orte súbita cardíaca. Os registradores de alça podem ser externos (recom endados p ara a avaliação de episódios que ocorrem a um a frequência m aior do que um p or mês) ou im plantáveis (se a ocorrência de síncope for m enos freqüente). Deve-se fazer um ecocardiogram a em pacientes com antece dentes de cardiopatia ou caso sejam encontradas anorm alidades ao exame físico ou no eletrocardiogram a. D iagnósticos ecocardiográficos que podem ser responsáveis p or síncope incluem estenose aórtica, m iocardiopatia hipertrófica, tum ores cardíacos, dissecção da aorta e tam ponam ento pericárdico. A ecocardiografia tam bém tem um papel na estratificação do risco com base na fração de eje ção ventricular esquerda. O teste com exercício em esteira com m onitoração ECG e da pressão arterial devem ser feito em pacientes que tenham apresen tado síncope durante ou logo após o exercício, pois pode ajudar a identificar arritm ias induzidas pelo exercício (p. ex., bloqueio AV relacionado com taquicardia) e vasodilatação exagerada induzida pelo exercício. Estudos eletrofisiológicos estão indicados em pacientes com cardiopatia estrutural e anorm alidades ao ECG em que as inves tigações invasivas não levaram ao diagnóstico. Eles têm sensibili dade e especificidade baixas, só devendo ser realizados quando há alta probabilidade antes do teste. A tualm ente, é feito raras vezes para avaliar pacientes com síncope.
Avaliação psiquiátrica
A triagem p ara tran sto rn o s p siq u iátri cos pode ser apropriada em pacientes com episódios recorrentes inexplicados de síncope. O teste da m esa oscilante, com dem ons tração de sintom as na ausência de alteração hem odinâm ica, mas pode ser útil para reproduzir a síncope nos pacientes em que se suspeita de síncope psicogênica.
BIBLIOGRAFIA N et al: Syncope, in Course a n d Treatm ent o f Neurological Diseases, 2nd ed, T Brandt et al (eds). San Diego Academic Press, 2003 F r e e m a n R: Autonomic peripheral neuropathy. Lancet 365:1259,2005 ------- : Clinical practice. Neurogenic orthostatic hypotension. N Engl J Med 358:615, 2008 G a n z e b o o m KS et al: Lifetime cumulative incidence of syncope in the general population: A study of 549 Dutch subjects aged 35-60 years. J Cardiovasc Electrophysiol 17:1172, 2006 K a u f m a n n H, B i a g g i o n i I: Autonomic failure in neurodegenerative disor ders. Semin Neurol 23:351,2003 L e m p e r t T: Recognizing syncope: Pitfalls and surprises. J R Soc Med 89:372, 1996 M o y a A et al: Guidelines for the diagnosis and management of syncope (version 2009): The Task Force for the Diagnosis and Management of Syncope of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J 30:2631,2009 S h a h M et al: Molecular basis of arrhythmias. Circulation 112:2517,2005 S u l e S et al: Etiology of syncope in patients hospitalized with syncope and predictors of mortality and rehospitalization for syncope at 27-month follow-up. Clin Cardiol 34:35, 2011 W i e i .i n g W et al: Symptoms and signs of syncope: A review of the link between physiology and clinical clues. Brain 132:2630,2009 C o le m a n
CAPÍTULO
21
Tontura e Vertigem Mark F. Walker Robert B. Daroff
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Tontura é um sintom a com um , m uitas vezes aflitivo, e os dados epidem iológicos indicam que m ais de 20% dos adultos apresentam esse problem a em algum ano. O diagnóstico costum a ser um desafio, em parte porque os pacientes usam o term o para descrever um a varieda de de sensações diferentes, incluindo de desm aio, rodopio e outras ilusórias de m ovim ento, desequilíbrio e ansiedade. O utras expres sões descritivas, com o a cabeça rodando, são igualm ente ambíguas, referindo-se, em alguns casos, a um a sensação pré-síncope devida à hipoperfusão do cérebro e, em outras ocasiões, a desequilíbrio ou instabilidade. Os pacientes em geral têm dificuldade para distinguir esses vários sintom as, e as palavras que escolhem não descrevem de m aneira confiável a etiologia subjacente. D istúrbios vasculares causam to n tu ra p ré-síncope com o re sultado de aritm ia cardíaca, hipotensão ortostática, efeitos m ed i cam entosos ou outras causas. A duração de tais sensações antes da síncope varia e sua gravidade pode aum entar até que ocorra perda da consciência, ou elas podem resolver-se antes que isso aconteça, se a isquem ia cerebral for corrigida. O desm aio e a síncope, discutidos em detalhes no Cap. 20, sem pre devem ser considerados ao avaliar pacientes com episódios breves de tontura ou vertigem que ocorrem na postura ereta. As causas de tontura podem ser decorrentes de lesões periféricas que afetam os nervos labirínticos ou vestibulares, ou então do acom etim ento das vias centrais vestibulares. Podem ser paroxísticas ou de vidas a um déficit vestibular fixo uni ou bilateral. Lesões unilaterais agudas causam vertigem p or causa de um súbito desequilíbrio nos im pulsos vestibulares vindos de am bos os labirintos. As lesões bila terais causam desequilíbrio e instabilidade visual q u ando a cabeça se move (oscilopsia). O utras causas de to n tu ra incluem desequilíbrio não vestibular e distúrbios da m archa (p. ex., perda da propriocepção decorrente de neuropatia sensorial, parkinsonism o) e da ansiedade. Ao avaliar pacientes com tontura, as questões a considerar in cluem as seguintes: ( 1) é perigosa (p. ex., arritm ia, ataque isquêm ico transitório/acidente vascular encefálico)? (2) é vestibular? E (3) se vestibular, é periférica ou central? A nam nese e exame físico m inucio sos, em gera,l fornecem inform ação suficiente para responder a essas questões e determ inam se são necessários outros exames ou encam i nham ento para especialistas.
Tontura ANAMNESE
Q uando um paciente apresenta-se com tontura, a prim eira etapa é delinear com m ais exatidão a natureza do sinto ma. No caso de distúrbios vestibulares, os sintom as físicos d epen dem de a lesão ser uni ou bilateral e aguda ou crônica e progressi va. A vertigem , um a ilusão de que a própria pessoa ou o am biente está se m ovim entando, im plica assim etria dos im pulsos vesti bulares vindos de am bos os labirintos ou em suas vias centrais e, em geral, é aguda. A hipofunção vestibular bilateral sim étrica causa desequilíbrio, m as não vertigem . Graças à am bigüidade dos pacientes ao descreverem seus sintom as, o diagnóstico baseado sim plesm ente no caráter do sintom a não costum a ser confiável. A anam nese deve enfocar estritam ente outros fatores, inclusive se a to n tu ra é paroxística ou ocorreu apenas um a vez, a duração de cada episódio, quaisquer fatores provocativos e os sintom as que a acom panham .
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As causas de to n tu ra podem ser divididas em episódios que duram segundos, m inutos, horas ou dias. As causas com uns de tontura curta (segundos) incluem vertigem posicionai paroxística benigna (VPPB) e hipotensão ortostática, ambas provocadas por alterações na posição do corpo. Crises de vertigem enxaquecosa e doença de M énière em geral duram horas. Q uando a duração dos episódios é interm ediária (m inutos), devem -se considerar ataques isquêm icos transitórios da circulação posterior, em bora tais episódios tam bém possam ser causados pela enxaqueca ou por inúm eras outras razões. Os sintom as que acom panham a vertigem podem ser úteis para distinguir lesões vestibulares periféricas de causas centrais. Perda auditiva unilateral e outros sintom as de aura (dor, pressão, plenitude na orelha) apontam para um a causa periférica. Com o as vias auditivas tornam -se rapidam ente bilaterais quando entram no tronco encefálico, é improvável que as lesões centrais causem perda auditiva unilateral (a m enos que a lesão situe-se perto da zona de entrada da raiz do nervo auditivo). Sintomas como visão dupla, em botam ento e ataxia de m em bro sugerem um a lesão do tronco encefálico ou cerebelar.
EXAME C om o a to n tu ra e o desequilíbrio podem ser m anifesta ções de um a variedade de distúrbios neurológicos, o exame n eu rológico é im portante na avaliação desses pacientes. O foco par ticular deve ser na avaliação dos m ovim entos oculares, da função vestibular e da audição. Deve-se observar a am plitude dos m ovi m entos oculares e se são iguais em am bos os olhos. Os distúrbios periféricos dos m ovim entos oculares (p. ex., neuropatias crania nas, fraqueza de m úsculo ocular) em geral são desconjugados (di ferentes em cada um dos olhos). Deve-se verificar a habituação (capacidade de acom panhar um alvo em m ovim ento) e as sacadas (capacidade de olhar p ara trás e para a frente acuradam ente entre dois alvos). Problem as na habituação ou sacadas inacuradas (dismétricas) em geral indicam patologia central, quase sem pre e n volvendo o cerebelo. Por fim, deve-se certificar se há nistagm o es pontâneo, um m ovim ento involuntário dos olhos para trás e para frente. O nistagm o é m ais frequentem ente do tipo espasm ódico, em que um desvio lento (fase lenta) em um a direção alterna com um m ovim ento sacádico rápido (fase rápida) na direção oposta, que reajusta a posição dos olhos nas órbitas. No Q uadro 21.1 há um a lista de aspectos que ajudam a distinguir o nistagm o vestibu lar periférico do central. Exceto no caso de vestibulopatia aguda (p. ex., neurite vestibular), se o nistagm o posicionai prim ário for visto com facilidade na luz, é provável que tenha um a causa cen tral. D uas form as de nistagm o características de lesões nas vias cerebelares são o nistagm o vertical com fases rápidas para baixo (nistagm o inferior) e o nistagm o horizontal, que m uda de acordo com a direção do olhar (nistagm o evocado pelo olhar). Os especialistas acreditam que o teste à beira do leito m ais útil da função periférica vestibular é o do impulso com a cabeça, em que se avalia o reflexo vestíbulo-ocular (RVO) m ediante rotações rápidas de pequena am plitude da cabeça (aproxim adam ente 20°); com eçando na posição prim ária, o paciente vira a cabeça para a esquerda ou a direita, sendo instruído para fixar o olhar no rosto do exam inador. Se o ROV for deficiente, observa-se um a sacada de captura p ara cim a ao final do m ovim ento de rotação. Esse teste pode identificar hipofunção vestibular tanto unilateral (ROV de ficiente quando o paciente vira a cabeça na direção do lado fraco) como bilateral. Todos os pacientes com tontura episódica, em especial se p ro vocada por alterações na posição, devem ser testados com a m ano bra de Dix-Hallpike. O paciente começa na posição sentada, com a cabeça virada 45°; segurando a parte posterior da cabeça do pa ciente, o exam inador então abaixa delicadamente o paciente para a posição supina, com a cabeça estendida para trás cerca de 20° e ob serva se ocorre nistagm o; depois de 30 s, o paciente é erguido para a posição sentada e, após um repouso de 1 m in, o procedim ento é
r QUADRO 21.1
I
Aspectos da vertigem periférica e da central
Sinal ou sintoma
Periférica (labiríntica ou do nervo vestibular)
Central (tronco encefálico ou cerebelo)
Direção do nistagmo associado
Unidirecional; fase rápida, lesão oposta3
Bidirecional (muda de direção) ou unidirecional
Nistagmo puramente horizontal, sem componente de torção
Incomum
Pode estar presente
Nistagmo puramentevertical ou puramente de torção
Nunca presente6
Pode estar presente
Fixação visual
Inibe o nistagmo
Sem inibição
Gravidade da vertigem
Acentuada
Em geral discreta
Zumbido e/ou surdez
Em geral presentes
Em geral ausentes
Anormalidades associadas do SNC
Nenhuma
Extremamente comuns (p. ex., diplopia, soluços, neuropatias cranianas, disartria)
Causas comuns
VPPB, infecção (labirintite), neurite vestibular, doença de Ménière, isquemia labirintina, traumatismo, toxina
Vasculares, desmielinizantes, neoplasias
O > 12, cz r— o ro
"Na doença de Ménière, a direção da fase rápida é variável. “Nistagmo vertical e de torção combinado sugere VPPB.
TRATAMENTO
Tontura
O tratam ento dos sintom as vestibulares deve ser direcionado para o diagnóstico subjacente. T ratar apenas a to n tu ra com m edica m entos supressores vestibulares não costum a valer a pena e pode agravar os sintom as. As abordagens diagnósticas e terapêuticas específicas aos distúrbios vestibulares e ncontrados m ais co m u m ente são discutidos a seguir.
Vertigem aguda prolongada Um a lesão vestibular unilateral aguda causa vertigem constante, náu seas, vôm itos, oscilopsia (m ovim ento da cena visual) e desequilíbrio. Tais sintom as deve-se a um a assim etria súbita dos im pulsos prove
nientes dos labirintos ou em suas conexões centrais, sim ulando um a rotação contínua da cabeça. Ao contrário da VPPB, a vertigem p e r siste m esm o quando a cabeça não está em m ovim ento. Q uando um paciente apresenta-se com um a síndrom e vestibular aguda, a questão m ais im portante é definir se a lesão é central (p. ex., infarto ou hem orragia cerebelar ou do tronco encefálico), passível de ser potencialm ente fatal, ou periférica, afetando o nervo vestibular ou o labirinto. Deve-se dar atenção a quaisquer sintom as ou sinais que apontem para disfunção central (diplopia, fraqueza ou em botam ento, disartria). O padrão de nistagm o espontâneo, se presente, pode ser útil (Q uadro 21.1). Se o teste de im pulso da cabeça for norm al, é improvável que haja um a lesão vestibular periférica aguda, no e n tanto, nem sem pre se pode excluir definitivam ente um a lesão central com base apenas nos sintom as e no exame; portanto, ante pacientes idosos com fatores de risco vasculares que se apresentam com um a síndrom e vestibular aguda, em geral deve-se avaliar a possibilidade de acidente vascular encefálico quando não houver achados específi cos que indiquem um a lesão central. A m aioria dos pacientes com neurite vestibular tem recuperação espontânea, m as os glicocorticoides p odem m elhorar o prognóstico, se adm inistrados até três dias do início do sintom as. Não há benefí cio com provado de m edicações antivirais, a m enos que haja evidên cia sugestiva de herpes-zóster ótico (síndrom e de Ransay Hunt). Os m edicam entos supressores vestibulares podem am enizar os sintom as agudos, porém devem ser evitados após os prim eiros dias, pois im pe dem a com pensação central e a recuperação. Os pacientes devem ser estim ulados a reassum ir o nível norm al de atividade assim que seja possível, e a terapia de reabilitação vestibular dirigida pode acelerar a melhora.
Tontura e Vertigem
repetido com a cabeça virada para o outro lado. O uso de óculos de Frenzel (óculos com ilum inação própria e lentes convexas que em baçam a visão do paciente, m as perm item que o exam inador veja os olhos dele bastante ampliados) pode m elhorar a sensibili dade do teste. Se for desencadeado nistagm o transitório superior e de torção na posição supina, pode-se diagnosticar VPPB do canal posterior sem a m enor dúvida e tratá-la com um a m anobra de re posicionam ento, sem necessidade de fazer outros testes. O teste de acuidade visual dinâmica é um teste funcional que pode ser útil para se avaliar a função vestibular. M ede-se a acuida de visual com o exam inador virando a cabeça estática do paciente para trás e para frente (cerca de 1 -2 Hz). U m a queda na acuidade visual durante a m ovim entação da cabeça de m ais de um a linha em um cartão próxim o ou no de Snellen é anorm al. A escolha de testes com plem entares deve ser orientada pela anam nese e pelos achados ao exame. Deve-se fazer audiom etria se houyer suspeita de um distúrbio vestibular. Perda auditiva u n i lateral confirm a a existência de um distúrbio periférico (p. ex., schw annom a vestibular). A perda auditiva p redom inantem ente de baixa frequência é característica da doença de Ménière. A eletro ou videonistagm ografia inclui registros de nistagm o espontâneo (se presente), habituação e sacadas, testes calóricos para avaliar as respostas dos dois canais sem icirculares e a m edida do nistagm o posicionai. Pacientes com perda auditiva unilateral inexplicada ou hipofunção vestibular devem ser subm etidos a um a ressonância m agnética dos canais auditivos internos, incluindo a adm inistra ção de gadolínio, para excluir-se schw annom a.
Vertigem posicionai paroxística benigna A VPPB é u m a causa com um de vertigem recorrente. Os episódios são curtos (duram m enos de 1 m in e 15-20 s) e sem pre provocados por alterações na posição da cabeça com relação à gravidade, com o o paciente deitado, rolando na cam a, erguendo-se da posição supina e estendendo a cabeça para olhar para cim a. Os ataques são causados por otoconia flutuante livre (cristais de carbonato de cálcio) desloca da da m ácula ventricular e que se m oveu para um dos canais sem i circulares, em geral o canal posterior. Q uando a posição da cabeça m uda, a gravidade faz a otoconia m over-se d entro do canal, ocasio nando vertigem e nistagm o. Na VPPB do canal posterior, o nistagm o bate para cim a e é de torção (os polos superiores dos olhos batem na direção da orelha acom etida). M enos com um ente, a otoconia entra no canal horizontal, resultando em um nistagm o horizontal quando o paciente está deitado com a orelha para baixo. O acom etim ento
179
do canal superior (tam bém cham ado anterior) é raro. O tratam ento da VPPB é feito com m anobras de reposicionam ento que utilizam a gravidade para elim inar a otoconia do canal sem icircular. N a VPPB do canal posterior, a m anobra Epley é o procedim ento usado m ais com um ente. Nos casos m ais refratários de VPPB, pode-se ensinar aos pacientes um a variante dessa m anobra que sejam capazes de fa zer sozinhos em casa.
Enxaqueca vestibular Os sintom as vestibulares ocorrem com frequência na enxaqueca, às vezes com o um a aura de cefaleia, m as em geral independentes da cefaleia em si. A vertigem dura m inutos a horas, e alguns pacientes tam bém apresentam perío d o s m ais prolongados de desequilíbrio (com duração de dias a sem anas). Sensibilidade m o to ra e p ara o m ovim ento visual (p. ex., para film es) é com um em pacientes com enxaqueca vestibular. E m bora geralm ente não haja dados de estudos controlados, o tratam ento típico da enxaqueca vestibular é feito com os m edicam entos usados na profilaxia das cefaleias da enxaqueca. A ntiem éticos podem ser úteis para aliviar os sintom as no m om ento de um a crise.
Doença de Ménière
o ■o' 03 c/3' 03 CD
cn r+ 03
O O! CD C/3 CD
> •O CD C/3 CD =3 03“
O O!
As crises da doença de M énière consistem em vertigem , perda au ditiva e dor, pressão ou plenitude na orelha acom etida. Os sintom as de perda auditiva e de aura são os aspectos m ais im portantes para distinguir a doença de M énière de outras vestibulopatias periféricas. A audiom etria no m om ento de um a crise m ostra um a perda auditiva assim étrica e de baixa frequência característica; a audição costum a m elhorar entre as crises, em bora às vezes possa ocorrer perda auditi va perm anente. A credita-se que a doença de M énière se deva ao ex cesso de líquido (endolinfa) na orelha interna, daí a designação de hidropisia endolinfática. Os pacientes em que se suspeita de doença de M énière devem ser encam inhados para um otorrinolaringologista, para avaliação m ais detalhada. D iuréticos e restrição de sódio consti tuem o tratam ento inicial. Caso as crises persistam , a próxim a etapa no tratam ento costum a ser a aplicação de injeções de gentam icina na orelha média. Raram ente são necessários procedim entos ablativos com pletos (secção do nervo vestibular, labirintectom ia).
Schwannoma vestibular
Q_
Os schw annom as vestibulares (às vezes denom inados m enos corre tam ente neuromas do acústico) e outros tum ores n o ângulo cerebelopon tin o causam perda auditiva sensorineural unilateral lentam ente progressiva e hipofunção vestibular. Os pacientes não costum am ter vertigem , porque o déficit vestibular gradual é com pensado central m ente à m edida que se desenvolve. O diagnóstico em geral não é estabelecido até que haja perda auditiva suficiente para ser notada. O exam e m ostra um a resposta deficiente ao im pulso da cabeça de H alm agyi-C urthoys quando a cabeça do paciente é virada na direção do lado acom etido. Deve-se solicitar um a RM dos canais auditivos in tern o s de qualquer paciente com função vestibular assim étrica inexplicada (p. ex., sem antecedentes de neu rite vestibular), para excluir-se um schwannom a.
O
o
CD =3 03 C/3
Tontura psicossomática Fatores psicológicos desem penham um papel im portante na to n tu ra crônica. Prim eiro, a to n tu ra pode ser um a m anifestação som ática de um a condição psiquiátrica, com o depressão grave, ansiedade ou
QUADRO 21.2
Tratamento da vertigem
Agente3
Meclizina
180
25 a 50 mg 3x/dia
Dimenidrinato
50 mg 1 a 2x/dia
Prometazina"
25 a 50 mg 2 a 3x/dia (também pode ser administrado por via retale IM)
Benzodiazepínicos Diazepam
2,5 mg 1 a 3x/dia
Clonazepam
0,25 mg 1 a 3x/dia
Anticolinérgicos Adesivo transdérmico
Fisioterapia Manobras de reposicionamento" Reabilitação vestibular Outros Diuréticos ou dieta com restrição de sal (1 g/dia)e Fármacos que combatem a enxaqueca' Metilprednisolona®
Hipofunção vestibular bilateral Pacientes com perda bilateral da função vestibular tam bém não cos tum am ter vertigem , pois a função vestibular é perdida em am bos os lados sim ultaneam ente, de m odo que não há assim etria do im pulso vestibular. Os sintom as incluem p erda do equilíbrio, em particular no escuro, onde o im pulso vestibular é m ais crítico, e oscilopsia durante a m ovim entação da cabeça, com o enquanto o paciente anda ou dirige um carro. A hipofunção vestibular bilateral pode ser (1) idiopática e progressiva, (2) parte de um distúrbio neurodegenerativo ou (3) ia trogênica, devido a ototoxicidade m edicam entosa (m ais com um ente gentam icina ou outros antibióticos am inoglicosídios). O utras causas incluem schw annom as vestibulares bilaterais (neurofibrom atose do tipo 2), doença autoim une, infecção ou tu m o r em m eninge e outras
Dose"
Anti-histamínicos
Escopolamina transdérmica
CD C/3 03 C/3
toxinas. Tam bém pode ocorrer em pacientes com polineuropatia p e riférica, casos em que tanto a p erda vestibular como a propriocepção com prom etida podem c o n trib u ir para a dificuldade de equilíbrio. Por fim, processos unilaterais com o neu rite vestibular e doença de M énière podem acom eter am bas as orelhas de m odo seqüencial, re sultando em vestibulopatia bilateral. Os achados ao exame incluem dim inuição da acuidade visual di nâm ica (ver anteriorm ente) devida à perda da visão estável quando a cabeça está em m ovim ento, respostas anorm ais ao im pulso da cabeça em am bas as direções e u m sinal de Rom berg. No laboratório, as res postas ao teste calórico estão dim inuídas. Pacientes com hipofunção vestibular bilateral devem ser encam inhados para terapia de reabili tação vestibular. M edicam entos supressores vestibulares não devem ser empregados, pois aum entam o desequilíbrio. A avaliação por um neurologista é im portante não apenas para confirm ar o diagnóstico, com o tam bém considerar quaisquer outras anorm alidades neuroló gicas associadas que possam esclarecer a etiologia.
100 mg/dia durante 3 dias; 80 mg/dia, do quarto ao sexo dias; 60 mg/dia, do sétimo ao nono dias; 40 mg/dia, do 10a ao 125 dias; 20 mg/dia, do 13Sao 15o dias; 10 mg/dia, do 16Qao 18a dias, n 20e e no 229 dias
Inibidores seletivos da recaptação de serotonina" ‘Todos os fármacos relacionados estão aprovados pelo FDA, mas a maioria não está para o tratamento da vertigem. ‘ Dose oral de início habitual para adultos (a menos que estabelecido de outra maneira); a dose de manutenção pode ser conseguida com um aumento gradual. 'Apenas para a doença do movimento. 1Para a vertigem posicionai paroxística benigna. ‘Para a doença de Ménière. 'Para a enxaqueca vestibular. 5Para a neurite vestibular aguda (iniciada com três dias do começo). Para a vertigem psicossomática.
TRATAMENTO
Vertigem
N o Q u a d ro 21.2 há u m a lista das m edicações co m u m en te u sa das para supressão da vertigem . C onform e no tad o , tais m e d i cações devem ser reservadas p ara o controle a c u rto prazo da
CAPÍTULO
22
Fraqueza e Paralisia Michael J. Aminoff A função m otora n orm al abrange atividade m uscular integrada, a qual é m odulada pela atividade do córtex cerebral, dos núcleos b a sais, cerebelo e m edula espinal. A disfunção do sistem a m o to r acar reta fraqueza ou paralisia, discutidas neste capítulo, ou ataxia (Cap. 373) ou m ovim entos anorm ais (Cap. 372). O m odo de início, a dis tribuição e os eventos que acom panham a fraqueza ajudam a indicar sua causa. Fraqueza é um a redução da força que pode ser exercida p o r um ou mais m úsculos. Em geral, os pacientes confundem m aior fatigabilidade ou lim itação funcional decorrentes de d or ou rigidez articula res com fraqueza. Maior fatigabilidade é a incapacidade de continuar a desem penhar u m a atividade que deveria ser n orm al para u m a pes soa de idade, sexo e tam anho idênticos. Às vezes, é necessário mais tem po para conseguir a força plena a ser exercida, e esta bradicinesia pode ser m al in terpretada com o fraqueza. A perda proprioceptiva sensorial grave tam bém pode originar queixas de fraqueza decor rentes da ausência da retroalim entação inform ativa adequada sobre a direção e a força dos m ovim entos. Por fim, a apraxia, um distúrbio na capacidade de planejar e iniciar um m ovim ento especializado ou aprendido sem relação com um déficit m o to r ou sensorial significati vo (Cap. 26), às vezes é confundida com fraqueza.
vertigem ativa, com o d u ra n te os p rim eiro s dias de neu rite ves tib u lar aguda, ou nas crises agudas d o en ça de M énière, sendo m enos úteis p ara a to n tu ra crônica e, com o dito anteriorm ente, p o d em im p e d ir a com pensação central. U m a exceção é que os benzodiazepínicos p o d e m aten u ar a to n tu ra psicossom ática e a ansiedade associada, em bora os ISRS em geral sejam preferíveis para tais pacientes. A terapia de reabilitação vestibular prom ove processos de adaptação central que com pensam a p erda vestibular e tam bém pode ajudar o paciente a acostum ar-se com a sensibilidade m o tora e outros sintom as de to n tu ra psicossom ática. A abordagem geral consiste em um a série gradual de exercícios que desafiam progressivam ente a estabilização do olhar e o equilíbrio.
BIBLIOGRAFIA AM et al: Chronic dizziness: A practical approach. Pract Neurol 10:129, 2010 H a l m a g y i GM: Diagnosis and management ofvertigo. Clin Med 5:159, 2005 J e n JC: Bilateral vestibulopathy: Clinical, diagnostic, and genetic considerations. Semin Neurol 29:528, 2009 L e m p e r t T et al: Vertigo as a symptom of migraine. Ann NY Acad Sei 1164:242, 2009 R u c k e n s t e i n MI, S t a a b JP: Chronic subjective dizziness. Otolaryngol Clin North Am 42:71,2009 S t r u p p M, B r a n d t T: Vestibular neuritis. Semin Neurol 29:509,2009 W a l k e r MF, Z e e DS: Bedside vestibular examination. Otolaryngol Clin Nor th Am 33: 495,2000 Z i n g l e r VC et al: Causative factors and epidemiology of bilateral vestibulopa thy in 255 patients. Ann Neurol 61:524,2007 B r o n s te in
Fraqueza e Paralisia
distúrbio do pânico. Em segundo lugar, os pacientes po d em desen volver ansiedade e sintom as autonôm icos em conseqüência ou com o com orbidade de um distúrbio vestibular independência. U m a form a particular disso é conhecida de m aneira variável com o vertigem posturalfóbica, vertigem psicofisiológica ou tontura subjetiva crônica. Tais pacientes têm um a sensação crônica (por meses ou m ais) de tontura e desequilíbrio, m aior sensibilidade à autom ovim entação e aos m ovi m entos visuais (p. ex., ao ver filmes), bem com o u m a intensificação particular dos sintom as quando se m ovem em am bientes visualm en te complexos com o superm ercados (vertigem visual). E m bora possa haver antecedentes de um distúrbio vestibular agudo (p. ex., neurite vestibular), o exame neuro-otológico e os testes vestibulares são n o r m ais ou indicativos de um déficit vestibular com pensado, indicando que a to n tu ra subjetiva em andam ento não pode ser explicada p or um distúrbio vestibular prim ário. D istúrbios da ansiedade são c o m uns em pacientes com to n tu ra crônica e contribuem de m aneira substancial para a m orbidade. Portanto, o tratam ento com m edica m entos ansiolíticos [inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS)] e terapia cognitiva/com portam ental pode ser útil. A terapia de reabilitação vestibular às vezes tam bém é benéfica. M edicam entos supressores vestibulares em geral devem ser evitados. Deve-se sus peitar dessa condição quando o paciente diz que “M inha to n tu ra é tão ruim que tenho receio de sair de casa” (agorafobia). O tratam ento geral da vertigem consiste em m edicam entos supressores vestibulares e terapia de reabilitação vestibular.
Paralisia indica fraqueza tão grave que o m úsculo não p ode con trair - s e de jeito algum , e nquanto paresia refere-se a fraqueza dis creta a m oderada. O prefixo “hem i” refere-se a um a das m etades do corpo, “para” a am bas as pernas, e “q u a d ri” aos quatro m em bros. O sufixo “plegia” significa fraqueza ou paralisia graves. A distribuição da fraqueza ajuda a in d icar o local da lesão sub jacente. A fraqueza decorrente do acom etim ento de neurônios m o tores superiores ocorre particu larm en te nos extensores e abdutores do m em bro superior e flexores do m em bro inferior. A fraqueza de neu rô n io m o to r inferior não tem essa seletividade, m as depende do envolvim ento ser n nível das células da coluna anterior, na raiz nervosa, no plexo do m em bro ou em nervo periférico - apenas os m úsculos inervados pela e stru tu ra acom etida ficam fracos. A fra queza m iopática em geral é m ais acentuada nos m úsculos proximais, enquanto a fraqueza decorrente do com prom etim ento da transm is são neurom uscular não tem um p adrão específico de acom etim ento. G eralm ente, a fraqueza é acom panhada p or outras anorm alidades neurológicas que ajudam a indicar a localização da lesão responsável. Tais anorm alidades incluem alterações no tônus m uscular, no volu m e m uscular, nos reflexos de estiram ento m uscular e nos reflexos cutâneos (Q u ad ro 22.1). Tônus é a resistência de um m úsculo ao estiram ento passivo. As anorm alidades do sistem a nervoso central (SNC) que causam fraque za em geral provocam espasticidade, um aum ento no tônus associado à doença dos neurônios m otores superiores. A espasticidade depende da velocidade, tem liberação súbita após alcançar um nível m áxim o (o fenôm eno de “aperto e facada”) e acom ete p redom inantem ente os m úsculos que atuam co n tra a gravidade (ou seja, os flexores dos m em bros superiores e extensores dos m em bros inferiores). Espasti cidade é diferente de rigidez e paratonia, dois outros tipos de hiperto-
181
1
QUADRO 22.1
Sinais que distinguem a origem da fraqueza
I Sinal
30
—I
m
Neurônio motor superior
Miopática
Atrofia
Nenhuma
Grave
Discreta
Fasciculações
Nenhuma
Comuns
Nenhuma Normal/diminuído
Tônus
Espástico
Diminuído
Distribuição da fraqueza
Piramidal/regional
Distai/segmentar
Proximal
Reflexos tendinosos
Hiperativos
Hipoativos/ausentes
Normais/hipoativos
Sinal de Babinski
Presente
Ausente
Ausente
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
nia. Rigidez é o aum ento do tônus presente durante toda a am plitude de m ovim ento (um “cano de chum bo” ou rigidez “plástica”) e acom e te igualm ente os flexores e extensores, tendo, às vezes, um a qualidade de roda dentada, acentuada pelo m ovim ento voluntário do m em bro colateral (reforço). A rigidez ocorre em certos distúrbios extrapiram idais, com o a doença de Parkinson. Paratonia (ou gegenhalten) é o aum ento do tônus que varia irregularm ente, de um a form a que p ode parecer relacionada com o grau de relaxam ento, está presente d u ra n te toda a am plitude de m ovim ento e acom ete igualm ente flexores e extensores, em geral resultando de doença dos lobos frontais. O corre fraqueza com tônus dim inuído (flacidez) ou norm al nos distúrbios das unidades motoras. U m a unidade m otora consiste em um único neurônio m otor inferior e todas as fibras m usculares que ele inerva. O volum e muscular costum a não ser afetado nos pacientes com lesões do neurônio m o to r superior, em bora possa acabar ocorrendo atrofia discreta p o r desuso. Em contrap artid a, geralm ente a atrofia é notável quando um a lesão do neu rô n io m o to r inferior é re sp o n sável p o r fraqueza e tam bém po d e o c o rre r com doença m uscular avançada. O s reflexos musculares de estiram ento (do tendão ) costum am estar aum en tad o s n a vigência de lesões do n eu rô n io m o to r su p e rior, em bora possam encontrar-se dim in u íd o s ou ausentes p o r um perío d o variável im ediatam ente após o início de u m a lesão aguda. Em geral, isso é acom panhado p o r anorm alidades dos reflexos cutâ neos (com o nos abdom inais superficiais; Cap. 367) e, em p a rtic u lar, p o r u m a resposta p lan ta r extensora (de Babinski). Os reflexos musculares de estiramento ficam d ep rim id o s em pacientes com le sões do n e u rô n io m o to r inferior q u a n d o h á acom etim en to direto de arcos reflexos específicos. O s reflexos de estiram ento costum am ficar preservados n os pacientes com fraqueza m iopática, exceto nos estágios avançados, quando, às vezes, se m o stram atenuados. N os distúrbios da ju n ção n e urom uscular, a in ten sid ad e das respostas reflexas p o d e ser afetada pela atividade m u scu lar precedente dos m úsculos acom etidos - tal atividade p o d e acentuar reflexos inicial m ente d eprim idos n a síndrom e m iastênica de L am bert-E aton e, em contrapartida, causar depressão de reflexos inicialm ente norm ais na miastenia gravis (Cap. 386). Às vezes, a distinção clínica entre fraqueza neuropática (n eu rô nio m o to r inferior) e miopática é difícil, em bora seja m ais provável que a fraqueza distai seja neuropática, e a sim étrica proxim al seja m iopática. Fasciculações (torções visíveis ou palpáveis dentro de um m úsculo decorrentes da descarga espontânea de um a unidade m oto ra) e atrofia precoce indicam que a fraqueza é neuropática.
■ PATOGENIA Fraqueza associada ao neurônio motor superior Esse padrão de fraqueza resulta de distúrbios que afetam os n e u rô nios m otores superiores ou seus axônios no córtex cerebral, na subs tância branca subcortical, na cápsula interna, no tronco encefálico ou na m edula espinal (Fig. 22.1). Tais lesões induzem fraqueza m ediante a inativação dos neurônios m otores superiores. Em geral, os grupos m usculares distais são acom etidos m ais gravem ente que os proximais, e os m ovim entos axiais são poupados, a m enos que a lesão seja
182
Neurônio motor inferior
J
grave e bilateral. Com acom etim ento corticobulbar, é com um obser var fraqueza apenas na parte inferior da face e na língua; quase sem pre os m úsculos extraoculares, da parte superior da face, faríngeos e da m andíbula são poupados. C om lesões corticobulbares bilaterais, costum a ocorrer paralisia pseudobulbar: disartria, disfagia, disfonia e labilidade em ocional acom panham a fraqueza facial bilateral e um espasm o m andibular acentuado. A espasticidade acom panha a fra queza do neurônio m o to r superior, m as pode não estar presente na fase aguda. As lesões do neurônio m o to r superior tam bém afetam a capacidade de executar m ovim entos repetitivos rápidos. Tais m ovi m entos são lentos e grosseiros, m as a ritm icidade norm al é m antida. M anobras com o levar o dedo até a ponta do nariz e o calcanhar ao joelho e à parte anterior da perna (canela) são feitas devagar, m as de m aneira adequada.
Fraqueza associada ao neurônio motor inferior E um padrão que resulta de distúrbios dos corpos celulares dos neu rônios m otores inferiores nos núcleos m otores do córtex cerebral e da coluna anterior da m edula espinal, ou decorre de disfunção dos axônios desses neurônios à m edida que passam pelos m úsculos es queléticos (Fig. 22.2). A fraqueza deve-se a um a redução no núm ero de fibras m usculares que podem ser ativadas graças à perda de neu rônios m otores a ou à ru p tu ra de suas conexões com os m úsculos. A perda de neurônios m otores y não causa fraqueza, m as dim inui a tensão sobre os fusos m usculares, o que reduz o tônus m uscular e atenua os reflexos de estiram ento provocados durante o exame. A au sência de u m reflexo de estiram ento sugere o acom etim ento de fibras aferentes do fuso m uscular. Q uando um a unidade m otora é acom etida p or doença, em espe cial nas doenças das células da coluna anterior, pode lançar descargas espontâneas, ocasionando fasciculações que podem ser vistas ou sen tidas ao exam e clínico, ou registradas pela eletrom iografia (EMG). Q uando os neurônios m otores a ou seus axônios degeneram , as fi bras m usculares desnervadas tam bém podem descarregar esponta neam ente. Essas descargas isoladas da fibra m uscular, ou potenciais de fibrilação, não p odem ser vistas ou sentidas, m as podem ser re gistradas com a EMG. N a vigência de fraqueza decorrente de lesão ao neurônio m otor inferior, o recrutam ento de unidades m otoras é dem orado ou reduzido, com m enos que o norm al sendo ativado ante determ inada frequência de descarga, o que se diferencia da fraqueza decorrente de lesões ao n eurônio m otor superior, em que um núm ero norm al de unidades m otoras é ativado ante determ inada frequência, porém com um a frequência m áxim a de descarga m enor.
Fraqueza miopática E causada po r distúrbios das fibras m usculares. Os distúrbios das junções neurom usculares tam bém acarretam fraqueza, porém de in tensidade e distribuição variáveis, além de ser influenciada pela ativi dade precedente do m úsculo acom etido. Em u m a fibra muscular, se a term inação nervosa liberar um núm ero norm al de m oléculas de acetilcolina na parte pré-sináptica e um núm ero suficiente de receptores pós-sinápticos de acetilcolina se abrir, a placa term inal alcança o li m iar e, assim, gera um potencial de ação que se dissem ina por toda a m em brana da fibra m uscular e vai para o sistem a tubular transverso.
T rato corticoespinal
N eurônio aferente
N eu rô nio s m otores a e y
N úcleo verm elho P lacas m otoras te rm in a is no m úsculo vo lu ntá rio (fibras extrafusais)
N úcleos reticulares N úcleos vestibulares Trato vestibuloespinal T rato reticuloespinal
T ra to rubroespinal Fuso m uscu la r (fibras intrafusais)
T ra to cortico e sp in al lateral
Os neurônios motores inferiores são divididos nos tipos a e
y . Os neurônios motores a , maiores, são mais numerosos e inervam as fibras mus
T rato cortico e sp in al lateral
T rato rubroespinal (ventrolateral) Trato bulboespinal ventrom edial
Figura 22.1 Vias dos neurônios motores superiores corticoespinais e bulboespinais. Os neurônios motores superiores têm seus corpos celulares na camada V do córtex motor primário (o giro pré-central ou quarta área de Brodmann), bem como nos córtices pré-motor e motor suplementar (sexta área). Os neurônios motores superiores no córtex motor primário estão organizados de maneira somatotópica, conforme ilustrado do lado direito da figura. Os axônios dos neurônios motores superiores descem através da substância branca e do ramo posterior da cápsula interna. Os axônios do sistema piramidal ou corticoespinal descem através do tronco encefálico no pedúnculo cerebral do mesencéfalo, a base da ponte e as pirâmides medulares. Em nível da junção cervicomedular, muitos axônios piramidais decussam no trato corticoespinal contralateral do cordão medular lateral, porém 10 a 30% per manecem no mesmo lado, no cordão medular anterior. Neurônios piramidais fa zem conexões monossinápticas diretas com os nurônios motores inferiores. Eles inervam mais densamente os neurônios motores inferiores dos músculos da mão e estão envolvidos na execução de movimentos finos aprendidos. Os neurônios corticobulbares são semelhantes aos corticoespinais, mas inervam o núcleo motor do tronco encefálico. Os neurônios motores superiores bulboespinais influenciam a força e o tônus, mas não fazem parte do sistema piramidal. As vias bulboespinais ventromediais descendentes originam-se no teto do mesencéfalo (via tetoespinal), nos núcleos vestibulares (via vestibuloespinal) e na formação reticular (via reticuloespinal). Tais vias influenciam os músculos axiais e proximais, bem como estão envol vidos na manutenção da postura e nos movimentos integrados dos membros e do tronco. As vias ventrolaterais bulboespinais descendentes que se originam predominan temente no núcleo vermelho (via rubroespinal) facilitam a função dos músculos dis tais dos membros. 0 sistema bulboespinal, às vezes, é designado como sistema do neurônio motor superior extrapiramidal. Em todas as ilustrações, os corpos celulares dos nervos e os terminais axônicos são mostrados respectivamente como círculos fechados e forquilhas.
culares extrafusais da unidade motora. A perda de neurônios motores a ou a rup tura de seus axônios acarretam a fraqueza atribuída ao neurônio motor inferior. Os neurônios motores y, menores e menos numerosos, inervam as fibras musculares intrafusais do fuso muscular e contribuem para o tônus e os reflexos de estiramento normais. 0 neurônio motor a recebe estímulo excitatório direto dos motoneurônios corticais e dos fusos musculares primários aferentes. Os neurônios motores a e y também recebem estímulo excitatório de outras vias neuronais motoras superiores descendentes, estímulos sensoriais segmentares e de interneurônios. Os neurônios motores recebem inibição direta dos interneurônios celulares de Renshaw, enquanto outros interneurônios inibem indiretamente os neurônios motores a e y. Um reflexo tendinoso requer a função de todas as estruturas ilustradas. Um gol pe em um tendão estica os fusos musculares (ativados tonicamente pelos neurônios motores y) e ativa os neurônios fusais aferentes primários, que estimulam os neu rônios motores a na medula espinal, induzindo uma contração muscular breve que corresponde ao conhecido reflexo tendinoso.
Fraqueza e Paralisia
Figura 22.2
Essa excitação elétrica ativa eventos intracelulares que geram um a contração dependente de energia p o r p arte da fibra m uscular (aco plam ento excitação-contração). A fraqueza m iopática é causada po r u m a dim inuição no núm ero ou na força contrátil das fibras m usculares ativadas dentro de u nida des m otoras. Nas distrofias m usculares, m iopatias inflam atórias ou m iopatias com necrose de fibra m uscular, o núm ero de fibras m uscu lares em m uitas unidades m otoras fica reduzido. À EMG, o tam anho de cada potencial de ação da unidade m o to ra é m en o r e as unidades m otoras precisam ser recrutadas com m aior rapidez do que o norm al para produzir a potência desejada. A lgum as m iopatias resultam em fraqueza p o r perda da força contrátil das fibras m usculares ou pelo acom etim ento seletivo das fibras do tipo II (rápidas). Essas m iopatias podem não afetar o tam anho dos potenciais de ação da unidade m o tora individuais e são detectadas p o r u m a discrepância entre a ativi dade elétrica e a força de um m úsculo. D oenças da junção neurom uscular, com o a m iasten ia gra vis, cau sam fraqueza de m aneira sem elhante, m as a perda de fibras m uscu lares é funcional (decorrente da im possibilidade de ativá-las), e não relacionada com a perda de fibra m uscular. O núm ero de fibras m us culares ativadas varia com o tem po, d ependendo do estado de repouso das junções neurom usculares. Assim, a fraqueza fatigável é sugestiva de m iasten ia g ra vis ou de outros distúrbios da junção neuromuscular.
Hemiparesia Resulta de u m a lesão de neu rô n io m o to r superior acim a da m edula espinal m esocervical; a m aioria de tais lesões ocorre acim a do foram e
183
]
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
m agno. A presença de outros déficits neurológicos ajuda a localizar a lesão. Por isso, os distúrbios da linguagem , sensoriais corticais, an o r m alidades cognitivas, distúrbios da integração visual-espacial, apraxia ou convulsões apontam para lesão cortical. Defeitos hom ônim os do cam po visual refletem um a lesão hem isférica cortical ou subcortical. U m a hem iparesia “m otora pura” da face, de um braço ou perna geralm ente deve-se a um a lesão pequena e discreta no ram o p osterior da cápsula interna, no pedúnculo cerebral ou na parte superior da ponte. A lgum as lesões do tronco encefálico causam “paralisias c ru zadas”, consistindo em sinais de nervo craniano ipsolateral e hem ipa resia contralateral (Cap. 370). A ausência de sinais de nervo craniano ou fraqueza facial sugere que um a paresia deve-se a um a lesão na m edula espinal cervical alta, especialm ente se associada à perda ipso lateral da propriocepção e à perda contralateral da sensação de d o r e tem peratura (a síndrom e de Brown-Séquard). A hemiparesia aguda ou episódica costum a resultar de acidente vascular encefálico (AVE) isquêm ico ou hem orrágico, m as tam bém pode ter relação com a hem orragia que ocorre em tum ores cerebrais ou em decorrência de traum atism o; são outras causas um a lesão es tru tu ral focal ou processo inflam atório com o na esclerose m últipla, em abscessos ou na sarcoidose. A avaliação deve com eçar im ediata m ente com um a TC do cérebro (Fig. 22.3) e exam es laboratoriais. Se a TC for norm al e um AVE isquêm ico im provável, deverá ser feita RM do cérebro ou da coluna cervical. A hemiparesia subaguda que evolui d urante dias ou sem anas tem um diagnóstico diferencial extenso. U m a causa com um é o h e m a to m a subdural, especialm ente em pacientes idosos ou que estejam usando anticoagulantes, m esm o q u an d o não há antecedentes de traum atism o. As infecções possíveis consistem em abscesso cerebral, granulom a fúngico ou m eningite e infecções parasitárias. A fraqueza decorrente de neoplasias prim árias e m etastáticas pode evoluir por dias a semanas. A Aids pode m anifestar-se po r hem iparesia subaguda decorrente de toxoplasm ose ou linfom a prim ário do SNC. O s p ro
cessos inflam atórios não infecciosos, com o a esclerose m últipla ou, m enos com um ente, a sarcoidose, m erecem consideração. Se a RM cerebral for n orm al e não houver sinais corticais ou hem isféricos, deve-se fazer um a RM da coluna cervical. A hemiparesia crônica que evolui durante meses em geral deve-se a um a neoplasia ou m alform ação vascular, um hem atom a su b dural crônico ou um a doença degenerativa. Se um a RM cerebral for norm al, deve-se considerar a possibilidade de um a lesão do foram e m agno ou na m edula espinal cervical alta.
Paraparesia A causa m ais com um é u m a lesão intraespinal no nível da coluna torácica superior ou acim a dela, m as tam bém pode resultar de lesões em outras localizações que alteram o neurônio m o to r superior (em especial, lesões intracranianas parassagitais) e os neurônios m otores inferiores [distúrbios celulares da coluna anterior, síndrom es da cau da equina decorrentes de acom etim ento de raízes nervosas derivadas da m edula espinal inferior (Cap. 377) e neuropatias periféricas]. A paraparesia aguda po d e não ser reconhecida com o d ecorren te de doença da m edula espinal em u m estágio precoce, se as pernas estiverem flácidas e sem reflexos. C ontudo, em geral há perda se n sorial nas pernas, com um nível su p erio r n o tronco, perda sensorial dissociada sugestiva de síndrom e espinal central ou reflexos de es tiram ento exagerados nas pernas, com reflexos norm ais nos braços. É im p o rta n te obter im agens da m edula espinal (Fig. 22.3). Lesões com pressivas (em p a rticu la r tum or, abscesso ou hem atom a ep id u rais, m as tam bém o prolapso de um disco intervertebral decorrente de m alignidade ou infecção), in farto da m edula espinal (em que a propriocepção costum a ser p oupada), fístula arteriovenosa ou outra anom alia vascular e m ielite transversa estão entre as causas possí veis (Cap. 377). As doenças dos hem isférios cerebrais que causam paraparesia aguda incluem isquem ia da artéria cerebral anterior (tam bém preju-
DISTRIBUIÇÃO DA FRAQUEZA
T
£ Hemiparesia
Paraparesia
Distai
Monoparesia
Quadriparesia
Proximal
Restrita
T Z Z Alerta
f
Sinais do NMS
Sinais do NMI
(Sim }
1 (N ão}
Sinais do NMS
Sinais do NMI*
Sinais cerebrais
f
}
(S im )
(N ão)
Sinais do NMS
Sinais do NMI*
EMG e TCN
£ Padrão do NMS
TC ou RM
do cérebrot
RM da coluna vertebral*
Padrão do NMI
Padrão miopático
Doenças da coluna anterior, de raiz ou de nervo periférico
Doença muscular ou da junção neuromuscular
' ou sinais de miopatia. f Se não for detectada anormalidade, considerar a RM da coluna vertebral. ♦Se não for detectada anormalidade, considerar a mielografia ou RM cerebral.
Figura 22.3 Algoritmo para a pesquisa diagnóstica inicial de um paciente com fraqueza. TC, tomografia computadorizada, EMG, eletromiografia; motor inferior; RM, ressonância magnética, TCN, testes da condução nervosa; NMS, neurônio motor superior.
184
II, neurônio
Quadriparesia ou fraqueza generalizada Pode ser causada p or distúrbios do SNC ou da unidade m otora. E m bora os term os que intitulam este parágrafo em geral sejam utiliza dos com o sinônim os, é com um usar quadriparesia quand o se suspei ta de etiologia no neurônio m o to r superior e fraqueza generalizada ante a probabilidade de um a doença afetando a u nidade m otora. A fraqueza decorrente de distúrbios do SNC costum a estar associada a alterações na consciência ou cognição, com espasticidade e reflexos de estiram ento ativos, além de alterações na sensação. A m aioria das causas neurom usculares de fraqueza generalizada está associada a função m ental norm al, hipotonia e reflexos de estiram ento m uscu lar hipoativos. As principais causas de fraqueza in term iten te estão relacionadas no Q u a d ro 22.3. Um paciente com fatigabilidade gene ralizada sem fraqueza objetiva pode estar com a síndrom e da fadiga crônica (Cap. 389).
Quadriparesia aguda A que se inicia em questão de m inutos pode ser resultante de distúrbios dos neu rô n io s m otores superiores (p. ex., anoxia, hipotensão, isquem ia do tronco encefálico ou da m edula cervical, traum atism o e anorm alidades m etabólicas sistêm icas) ou m usculares (distúrbios eletrolíticos, certos erros inatos do m etabo lism o energético m uscular, toxinas ou paralisias periódicas). O início além de horas a sem anas pode ser decorrente de distúrbios de n e u rônio m otor inferior, além das causas m encionadas na frase anterior. A síndrom e de Guillain-Barré (Cap. 385) é a causa m ais com um da fraqueza atribuída a problem as no n eurônio m o to r inferior, a qual progride durante dias a 4 sem anas; o achado de um nível elevado de proteína no líquido cerebrospinal é útil, m as pode não estar presente no início da evolução da doença. N os pacientes com o bnubilação m en tal, a avaliação com eça com um a T C do cérebro. Se houver sinais do n e u rô n io m o to r su perior, m as se o paciente estiver alerta, o p rim e iro exam e em geral é u m a RM da m edula cervical. Se a origem da fraqueza está no n e u rônio m o to r superior, em um a m iopatia ou é incerta, a abordagem clínica deve com eçar com exam es hem atológicos p ara d e te rm in a r o nível das enzim as m usculares e eletrólitos, u m a EM G e teste da condução nervosa.
Quadriparesia subaguda ou crônica
Q u ando a quadriparesia decor rente de doença do neurônio m o to r superior se desenvolve durante sem anas, meses ou anos, a diferenciação entre distúrbios dos hem is-
QUADRO 22.2
Causas de fraqueza episódica generalizada
1. Distúrbios eletrolíticos, como por exemplo hipopotassemia, hiperpotassemia, hipercalcemia, hipernatremia, hiponatremia, hipofosfatemia, hipermagnesemia 2. Distúrbios musculares a. Canelopatias (paralisias periódicas) b. Defeitos metabólicos dos músculos (utilização inadequada dos carboidratos ou ácidos graxos; função mitocondrial anormal) 3. Distúrbios da junção neuromuscular a. Miastenia gravis b. Síndrome miastênica de Lambert-Eaton 4. Distúrbios do sistema nervoso central a. Ataques isquêmicos transitórios originários do tronco encefálico b. Isquemia cerebral global transitória c. Esclerose múltipla
férios cerebrais, do tro n co encefálico e da m edula espinal ventral costum a ser possível ao exam e clínico. O btém -se um a RM do local suspeito da patologia ao exam e clínico. A EMG e os testes da con d u ção nervosa ajudam a distinguir a doença do neurônio m otor inferior (que em geral se m anifesta p o r fraqueza m ais profunda distalm ente) da fraqueza m iopática, tipicam ente proxim al.
Monoparesia C ostum a ser causada p o r doença do neu rô n io m o to r inferior, com ou sem acom etim ento sensorial associado. A fraqueza decorrente de afecção do neurônio m o to r superior ocasionalm ente m anifesta-se com o m onoparesia dos m úsculos distais e antigravitacionais. A fraqueza m iopática raram ente lim ita-se a um único m em bro.
Fraqueza e Paralisia
dica o encolhim ento dos om bros), trom bose do seio sagital superior ou venocortical e hidrocefalia aguda. Se os sinais do neurônio m o to r superior estiverem associados a sonolência, confusão, convulsões ou outros sinais hemisféricos, deve-se solicitar um a RM. A paraparesia pode resultar de um a síndrom e da cauda equina, com o p o r exem plo após traum atism o lom bar baixo, hérn ia de disco na linha m édia ou tu m o r intraespinal; em bora os esfincteres sejam afetados, a flexão do quadril em geral é poupada, bem com o a sensa ção sobre a parte anterolateral das coxas. Raras vezes, a paraparesia é causada p or um a doença das células da coluna anterior de evolução rápida (com o infecção pelo poliovírus ou pelo vírus do Nilo ocid en tal), neuropatia periférica (como a síndrom e de Guillain-Barré; Cap. 385) ou m iopatia (Cap. 387). Em tais casos, os exam es eletrofisiológicos têm utilidade diagnóstica e indicam avaliação subsequente. A paraparesia subaguda ou crônica com espasticidade é causada p o r doença do n eurônio m o to r superior. Q u an d o há p erda senso rial associada no m em bro inferior e acom etim ento esfm cteriano, é provável que exista um distúrbio da m edula espinal (Cap. 377). Se a RM da m edula espinal for norm al, po d e ser indicada a do cére bro. Na vigência de sinais hem isféricos, é provável que haja um m eningiom a parassagital ou hidrocefalia crônica, e a RM cerebral é o prim eiro exam e indicado. Na rara situação em que um a paraparesia d urad o u ra tem etiologia no n eurônio m o to r superior ou é m io p áti ca, em geral suspeita-se de sua localização em bases clínicas, ante a ausência de espasticidade, o que se confirm a com u m a EM G e testes da condução nervosa.
Monoparesia aguda
Se a fraq u eza for p re d o m in a n te m e n te nos m úsculos distais e an tigravitacionais, e não associada a c o m p ro m etim ento sensorial ou dor, será provável haver isquem ia cortical focal (C ap. 370); as possibilidades diagnósticas serão sim ilares às da hem iparesia aguda. A p erd a sensorial e a d o r em geral acom pa nham a fraqueza de origem no n e u rô n io m o to r inferior; é com um a fraqueza estar localizada em u m a única raiz nervosa ou nervo p e riférico d e n tro do m em bro, m as o casionalm ente reflete o acom e tim en to de um plexo. C aso se suspeite de fraqueza o riginária no neu rô n io m o to r inferior, ou se o p a d rão de fraqueza for incerto, a abordagem clínica deverá com eçar com um a EM G e um teste da condução nervosa.
Monoparesia subaguda ou crônica A fraqueza e a atrofia que se de senvolvem p or sem anas ou m eses em geral têm origem no neurônio m otor inferior. Caso estejam associadas a sintom as sensoriais, é p ro vável um a causa periférica (nervo, raiz nervosa ou plexo nervoso); na ausência de tais sintom as, deve-se considerar doença das células da coluna anterior. Q ualquer que seja o caso, é indicado um exame eletrodiagnóstico. Se a fraqueza for do tipo proveniente do neurônio m o to r superior, pode ser que um a lesão discreta cortical (giro pré-central) ou m edular seja responsável, caso em que um exame à base de imagem deverá ser feito no local apropriado. Fraqueza distai O acom etim ento distai de um ou m ais m em bros sugere doença de neurônio m o to r inferior ou de nervo periférico. O casionalm ente, ocorre fraqueza aguda distai no m em bro inferior em decorrência de um a polineuropatia tóxica aguda ou síndrom e da cauda equina. A fraqueza sim étrica distai costum a levar sem anas, meses ou anos para se desenvolver e, quando associada a dorm ência, deve-se a doenças de nervos periféricos (C ap. 384). A doença das células da coluna
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anterior pode com eçar distalm ente, m as em geral é sim étrica e sem dorm ência acom panhando (Cap. 374). Raram ente, as m iopatias m a nifestam -se por fraqueza distai (Cap. 387). Os exames eletrodiagnósticos ajudam a localizar o distúrbio (Fig. 22.3).
Fraqueza proximal A m io p a tia c o stu m a a c a rre ta r fraq u eza sim étrica dos m úsculos do cíngulo pélvico ou escapular (C ap. 387). D o en ças da ju n çã o n e u ro m u scu lar [com o a m iastenia gravis (C ap. 386)] p o d e m m a nifestar-se p o r fraqueza sim étrica proxim al, geralm ente associada a ptose, diplopia ou fraqueza b u lb ar e de gravidade flutuante d u ran te o dia. A fatigabilidade ex trem a presente em alguns casos de m iastenia gravis po d e sugerir fraqueza episódica, m as raras vezes a força re to rn a com pletam ente ao no rm al. N a d o e n ça das células da colu n a anterior, a fraqueza p roxim al c o stu m a ser assim étrica, m as pode ser sim étrica, se for de origem fam iliar. N ão ocorre d o r m ência em qualq u er dessas doenças. A avaliação em geral com eça com a d ete rm in a çã o do nível sérico de c rea tin o q u in ase e exam es eletrofisiológicos.
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
CAPÍTU LO
23
Dormência, Formigamento e Perda Sensorial Michael J. Aminoff Arthur K. Asbury A sensibilidade som ática n o rm al reflete um processo contín u o de m onitoração, chegando pou co dessa atividade à consciência em condições norm ais. Já os distúrbios da sensibilidade, p rin cip alm en te se in terp retad o s com o dolorosos, são alarm antes e d o m in am a atenção do paciente. O s m édicos devem ser capazes de re co n h e cer os distúrbios da sensibilidade pela form a com o são descritos, conhecer seus tipos e locais prováveis de origem , b em com o c o m p reen d er suas implicações.
■ SINTOMAS POSITIVOS E NEGATIVOS Os sintom as sensoriais anorm ais podem ser dividos em duas cate gorias: positivos e negativos. O protótipo de um sintom a positivo é o form igam ento (alfinetadas e agulhadas); outros fenôm enos se n soriais positivos incluem sensações alteradas, descritas com o ferroadas, sensações com distribuição em faixas, sensações corridas se m elhantes a relâm pagos (lancinantes), d o r incôm oda, sensações de punhalada, torção, tração, puxão, aperto, queim ação, ressecam ento, choques elétricos ou sensações ásperas. Tais sintom as m uitas vezes são dolorosos. Os fenôm enos positivos geralm ente resultam de séries de im pul sos gerados em locais de lim iar m ais baixo ou excitabilidade exacer bada ao longo de um a via sensorial periférica ou central. A natureza e a intensidade da sensação anorm al dependem do núm ero, da fre quência, da periodicidade e da distribuição dos im pulsos ectópicos, bem com o do tipo e da função do tecido nervoso de origem . C om o os fenôm enos positivos representam atividade excessiva nas vias sen soriais, não estão obrigatoriam ente associados a déficit (perda) sen sorial ao exame físico. Os fenôm enos negativos representam perda da função sensorial e se caracterizam p o r redução ou supressão da sensibilidade, ge ralm ente percebidas como: d orm ência e achados anorm ais ao exa m e sensorial. Nos distúrbios que afetam a sensibilidade periférica, estim a-se que seja necessário que pelo m enos m etade dos axônios
18 6
Fraqueza em distribuição restrita Tal fraqueza pode não se e n q u ad ra r em qualquer desses padrões, estando lim itada, po r exemplo, aos m úsculos extraoculares, hem ifaciais, bulbares ou respiratórios. Se unilateral, a fraqueza restrita ge ralm ente deve-se à doença de neurônio m otor inferior ou de nervo periférico, com o em u m a paralisia facial ou um a paresia isolada do m úsculo oblíquo superior. A fraqueza de parte de um m em bro cos tum a ser decorrente de lesão em nervo periférico, com o a síndrom e do túnel do carpo ou o utra neuropatia de aprisionam ento. A fraqueza relativam ente sim étrica dos m úsculos extraoculares ou bulbares em geral deve-se a um a m iopatia (Cap. 387) ou um distúrbio da junção neurom uscular (Cap. 386). Paralisia facial bilateral com arreflexia sugere síndrom e de G uillain-B arré (Cap. 385). O agravam ento de um a fraqueza relativam ente sim étrica com fadiga é característico de distúrbios da junção neurom uscular. A fraqueza bulbar assim étrica costum a ser decorrente de doença de neurônio m otor. A fraqueza li m itada aos m úsculos respiratórios é incom um e em geral decorrente de doença de neurônio m otor, miastenia gravis ou polim iosite/derm atom iosite (Cap. 388).
aferentes que inervam d eterm in ad a região tenha sido p erdida ou esteja funcionalm ente desativada antes que um déficit sensorial seja detectável ao exame físico. Esse lim iar varia de acordo com a rapidez com que as fibras nervosas sensoriais perderam sua função. Caso seja lenta, a perda da sensação cutânea pode passar despercebida pelo paciente e ser difícil detectá-la ao exame, ainda que poucas fibras sensoriais estejam funcionando; se rápida, geralm ente fenôm enos positivos e negativos são evidentes. G raus subclínicos de disfunção sensorial podem ser dem onstrados p o r estudos da condução nervosa ou pelos potenciais evocados som atossensoriais (Cap. e45). E nquanto os sintom as sensoriais podem ser positivos ou negati vos, os sinais sensoriais ao exam e físico são sem pre m edida de fenô m enos negativos.
■ TERMINOLOGIA Os term os usados para caracterizar os distúrbios sensoriais são des critivos e baseiam -se em convenção. Parestesias e disestesias são term os gerais usados para descrever sintom as sensoriais. O term o parestesias refere-se a form igam ento ou sensações de alfinetadas e agulhadas, m as tam bém pode incluir grande variedade de outras sensações anorm ais, exceto dor; às vezes, traz a conotação de que as sensações anorm ais são percebidas espontaneam ente. O term o mais genérico disestesias denota todos os tipos de sensação anorm al, inclu sive a dolorosa, tenham ou não estím ulo evidente. O utro conjunto de term o s refere-se a anorm alidades sensoriais detectadas ao exam e físico. Hipestesia, ou hipoestesia, refere-se à redução da sensibilidade cutânea a um tipo específico de estím ulo, com o pressão, toque suave e calor ou frio; anestesia, à ausência com pleta da sensibilidade cu tânea aos m esm os estím ulos bem com o à dor; e hipoalgesia, ou analgesia, à redução ou ausência da percepção de dor (nocicepção), com o a sensação de picada provocada p or um alfinete. Hiperestesia significa d or ou m aior sensibilidade em respos ta ao toque. De m odo sem elhante, alodinia descreve a situação em que um estím ulo indolor, quando percebido, é sentido com o d olo roso ou m esm o excruciante. U m exem plo é o desencadeam ento de sensação dolorosa pela aplicação de um diapasão em vibração. Hiperalgesia d enota d or intensa em resposta a estím ulo ligeiram ente nocivo, enquanto hiperpatia é u m term o am plo que abrange todos os fenôm enos descritos com o hiperestesia, alodinia e hiperalgesia. Na hiperpatia, o lim iar p a ra um estím ulo sensorial m ostra-se au m entado, e sua percepção é tardia, m as, quando percebido, parece extrem am ente doloroso. Os distúrbios da sensibilidade profunda, oriunda dos fusos m us culares, tendões e articulações, afetam a propriocepção (sensação de posição). Suas m anifestações consistem em desequilíbrio (principal
m ente com os olhos fechados ou em am biente escuro), dificuldade para executar m ovim entos precisos e instabilidade da m archa, d e n o m inados coletivam ente ataxia sensorial. O utros achados ao exam e fí sico geralm ente, m as nem sempre, incluem redução ou supressão das sensações proprioceptiva e vibratória, além de ausência dos reflexos tendíneos profundos nos m em bros acom etidos. O sinal de Rom berg é positivo, significando que o paciente oscila bastante ou cai para a frente quando solicitado a p erm anecer em pé com os pés u nidos e os olhos fechados. Nos estados graves de desaferenciação envolvendo a sensibilidade profunda, o paciente não consegue deam bular ou ficar de pé sem apoio, ou m esm o sentar-se sem ajuda. O correm m ovim en tos involuntários contínuos (pseudoatetose) das m ãos e dedos esten didos, principalm ente com os olhos fechados.
■ ANATOMIA DA SENSIBILIDADE
Sensibilidade primária (Ver Q uadro 23.1.) A sensibilidade à dor, em geral, é testada com um alfinete de segurança lim po, p ed in d o ao paciente que atente à espeta dela ou sensação desagradável do estím ulo e não apenas às sensações de pressão e toque. D evem -se m apear as áreas de hipoalgesia, pros seguindo radialm ente a p a rtir das regiões m ais hipoalgésicas (Figs. 23.2, 23.3 e 23.4). A m elhor m aneira de testar a sensação térm ica, p ara o frio e o ca lor, é m ediante o uso de pequenos recipientes cheios de água à tem pe ratura desejada, o que pode ser im praticável na m aioria das situações. Uma alternativa para testar a sensibilidade ao frio é tocar a pele do paciente com um objeto m etálico, com o um diapasão, à tem peratura ambiente. Para testar tem peraturas quentes, o diapasão, ou outro ob jeto m etálico, pode ser m ergulhado em água quente na tem peratura desejada e em seguida aplicado à pele. É im portante testar as sensa ções de frio e calor porque os receptores envolvidos são diferentes. O tato costum a ser testado com um chum aço de algodão ou es cova de pêlos de cam elo finos. E m geral, é aconselhável evitar o teste da sensibilidade tátil nas regiões cutâneas pilosas, p orque existem num erosas term inações sensoriais ao redor de cada folículo piloso. O teste da posição articular m ede a propriocepção, um a das fun ções mais im portantes do sistem a sensorial. C om o paciente de olhos fechados, testa-se a posição articu lar na articulação interfalângica distai do hálux e de todos os dedos das m ãos. Caso o indivíduo não reconheça a direção dos m ovim entos passivos dos dedos dos pés ou das m ãos, faz-se o teste nas articulações m ais proxim ais. O teste da sensibilidade postural das articulações proxim ais, principalm ente do om bro, é realizado pedindo ao paciente que junte os dois dedos indi cadores com os braços estendidos e os olhos fechados. Os indivíduos norm ais fazem esse m ovim ento de m aneira precisa, com erros de 1 cm ou menos. A sensação vibratória é testada com um diapasão que vibre a 128 Hz. A vibração costum a ser testada nas proem inências ósseas, co m eçando nas regiões distais; nos pés, o teste é feito sobre a superfície dorsal da falange distai de am bos os háluces e nos m aléolos dos to r nozelos, bem com o no dorso das m ãos, na falange distai dos dedos. Caso se encontrem anorm alidades, p odem ser exam inados segm en tos mais proxim ais. C om o m edida de controle, o m édico pode com parar os lim iares de sensibilidade vibratória nos m esm os segm entos do paciente e de si próprio.
Dormência, Formigamento e Perda Sensorial
A inervação aferente da pele é transm itida por um a grande variedade de receptores, com o as term inações nervosas desnudas (nocicepto res e term orreceptores) e encapsuladas (m ecanorreceptores). C ada tipo de receptor tem características próprias no que diz respeito às faixas de sensibilidade a estím ulos específicos, dim ensão e precisão dos cam pos receptivos e propriedades adaptativas. G rande p arte do conhecim ento relativo a esses receptores foi possibilitada pelo desen volvim ento de técnicas para estudar fibras nervosas intactas isoladas d entro do nervo em seres hum anos despertos e não anestesiados. C om essas técnicas, pode-se não apenas registrar a atividade das fi bras nervosas isoladas (grandes ou pequenas) com o tam bém estim u lar cada um a delas p o r vez. Um único im pulso, seja desencadeado p or estím ulo natural ou evocado p o r estim ulação elétrica em um a fibra aferente m ielinizada calibrosa, pode ser percebido e localizado. Fibras aferentes de todos os tam a n h o s nos troncos nervosos periféricos percorrem as raízes dorsais e en tra m no corno dorsal da m edula espinal (Fig. 23.1). De lá, as fibras m enores seguem um cam inho diferente, em direção ao córtex parietal, do seguido pelas fibras m aiores. As projeções polissinápticas das fibras m enores (desm ielinizadas e m ielinizadas finas), que transm item principalm ente a nocicepção, a sensibilidade térm ica e o tato, cruzam as e ascendem pelas colunas a n terior e lateral do lado oposto da m edula espinal, passam pelo tronco encefálico para o núcleo ventral posterolateral (VPL) do tálam o e, p or fim, alcançam o giro pós-central do córtex parietal (Cap. 11). Essa é a via espinotalâmica ou sistema anterolateral. As fibras m aiores, que servem às sensibilidades tátil e propriocep tiva, bem com o à cinestesia, projetam -se em direção rostral na coluna posterior do m esm o lado da m edula espinal e estabelecem a prim eira sinapse nos núcleos grácil ou cuneiform e. Axônios dos neurônios de segunda ordem decussam e ascendem pelo lem nisco m ediai situado m edialm ente na m edula oblonga e no tegm ento da ponte e do m e sencéfalo, fazendo sinapse no núcleo VPL; os n e u rônios de tercei ra ordem projetam -se para o córtex parietal. Esse sistem a de fibras grossas é conhecido com o via da coluna posterior-lem nisco mediai (ou apenas via lem niscal). Reparar que, em bora as vias lem niscal e anterolateral se projetem ao longo da m edula espinal até o tálam o, é a via anterolateral (cruzada) que, p o r convenção, denom ina-se trato espinotalâmico. E m bora os tipos e as funções das fibras que constituem os siste m as espinotalâm ico e lem niscal sejam relativam ente bem conheci dos, m uitas outras fibras, principalm ente as associadas às sensações de tato, pressão e propriocepção, ascendem em um padrão de d istri buição difusa, ipsolateral e contralateral, nos quadrantes anterolaterais da m edula espinal, o que explica p o r que um a lesão com pleta das colunas posteriores da m edula espinal po d e ser associada a pouco déficit sensorial detectável ao exam e clínico.
Além disso, o exame pode ser lim itado em alguns pacientes. Em um paciente em estupor, p o r exem plo, o exam e sensorial restringe-se à observação da rapidez do reflexo de retirada em resposta a um a espe tadela com um alfinete ou outro estím ulo nocivo. A com paração da resposta obtida em am bos os lados do corpo é essencial. N o indiví duo alerta, m as incapaz de cooperar, às vezes é im possível exam inar a sensibilidade cutânea, porém pode-se ter algum a noção da função proprioceptiva atentando para o m elhor desem penho do paciente ao realizar m ovim entos que exigem estabilidade e precisão. M uitas ve zes, os pacientes apresentam -se com sintom as sensoriais que não se encaixam em um a localização anatôm ica e são acom panhados p o r ausência de anorm alidades ou inconsistências grosseiras ao exame. Por isso, o m édico deve contem plar a possibilidade de que os sinto m as sensoriais sejam um pedido disfarçado de ajuda para problem as psicológicos ou situacionais. É necessário ter discrição ao avaliar tal possibilidade. Por fim, o exam e sensorial de um paciente sem quei xas neurológicas pode ser breve e consistir nos testes de alfinetadas, do tato e da vibração nas m ãos e nos pés, acrescidos da avaliação da postura em pé e da m archa, incluindo a m anobra de Rom berg. A avaliação da postura em pé e da m archa tam bém serve para testar a integridade dos sistem as m otor e cerebelar.
EXAME DA SENSIBILIDADE Os principais com ponentes do exame sensorial são os testes da sensi bilidade prim ária (dor, tato, vibração, propriocepção e tem peratura; Q u ad ro 23.1). Alguns princípios gerais são pertinentes. O m édico depende das respostas do paciente, em particular ao testar a sensibilidade cu tâ nea (alfinetada, toque, calor ou frio), o que com plica a interpretação.
Testes quantitativos de sensibilidade Nas duas últim as décadas, foram criados aparelhos eficazes para tes tar a sensibilidade. Os testes quantitativos são particularm ente úteis para avaliações seriadas da sensibilidade cutânea em estudos clínicos. As avaliações dos lim iares das sensibilidades tátil, vibratória e térm i ca são utilizadas com m aior frequência.
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■
T C órtex pós-central
C ápsula
N úcleo ventral póstero-lateral do tálam o
M E S E N C É FA LO
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Via reticulotalam ica N ucleo sensorial principal de V P O N TE Lem nisco m ediai N úcleo do funículo N úcleo do funículo cuneiform e N úcleo do trato espinal do V
M ED U LA O B LO N G A Trato espinotalâm ico
M ED U LA ESP IN A L
Trato espinotalâm ico
Figura 23.1
Principais vias somatossensoriais. Estão ilustrados o trato espinotalâmico (dor, sensação térmica) e o sistema da coluna posterior-lemnisco (tato, pressão, propriocepção). As ramificações do fascículo anterolateral ascendente (trato
espinotalâmico) para núcleos no bulbo, na ponte e no mesencéfalo estão indicadas, {De AH Ropper, RH Brown, em Adams and Victor’s Principies of Neurology, 9th ed., New York, McGraw-HilI, 2009.)
Sensibilidade cortical
centím etros e, em seguida, aplicadas sim ultaneam ente na região a ser testada. A polpa das pontas dos dedos é um a área testada com um en te; nessa região, o indivíduo norm al consegue distinguir pontos com separação de cerca de 3 m m. A localização tátil é testada com o m édico exercendo pressão suave p o r u m instante com a p o n ta do p ró p rio ded o ou um c h u m aço de algodão, e p e d in d o ao paciente (cujos olhos estarão fe chados) que assinale a área to cad a com a p o n ta do dedo. A esti mulação sim ultânea bilateral de áreas idênticas (p. ex., o dorso das m ãos) pode ser realizada para d e te rm in a r se a sensibilidade tátil está su p rim id a significativam ente em um lado ou outro, fen ô m e no conhecido com o extinção ou negligência. Grafestesia significa a capacidade de reconhecer, de olhos fechados, letras ou núm eros d esen h ad o s pelo m édico com a p o n ta do ded o na p alm a do p a ciente. De novo, a com paração de um lado com o o utro é crucial. A
Os testes m ais usados da função cortical são a discrim inação entre dois pontos, a localização tátil, estim ulação sim ultânea bilateral, e os testes de grafestesia e estereognosia. Em um paciente alerta e coo perativo com sensibilidade prim ária norm al, as anorm alidades des ses testes da sensibilidade indicam lesão do córtex parietal ou das projeções talam ocorticais que se estendem aos lobos parietais. Caso a sensibilidade prim ária se encontre alterada, essas funções discrim inativas corticais geralm ente tam bém estarão. Sem pre devem-se com parar os resultados obtidos em áreas idênticas de ambos os la dos do corpo, porque o déficit causado por lesão parietal tende a ser unilateral. As com parações entre am bos os lados são importantes em todos os testes da sensibilidade cortical. A discriminação entre dois pontos é testada com um compasso especial, cujas pontas podem ser m antidas afastadas 2 m m a vários
188
QUADRO 23.1
Testes de sensibilidade primária Tamanho das fibras mediadoras
Sensação
Dispositivo usado no teste
Dor
Alfinete
Nociceptores cutâneos
Pequeno
E-T, também D
Temperatura, calor
Objeto metálico aquecido
Termorreceptores cutâneos para o calor
Pequeno
E-T
Temperatura, frio
Objeto metálico frio
Termorreceptores cutâneos para o frio
Pequeno
E-T
Toque
Chumaço de algodão, escova de cerdas finas
Mecanorreceptores cutâneos, também terminações desnudas
Grande e pequeno
Lem, também D e E-T
Vibração
Diapasão de 128 Hz
Mecanorreceptores, corpúsculos de Pacini em especial
Grande
Lem, também D
Propriocepção
Movimento passivo de articulações específicas
Terminações das cápsulas articulares e tendões, fusos musculares
Grande
Lem, também D
Terminações ativadas
Via central
Nota:D, projeções ascendentes difusas nas colunas anterolaterais ipso e contralaterais; E-T, projeção espinotalâmica contralateral; Lem, coluna posterior e projeção lemniscal ipsolateral.
tivos. Os indivíduos que não reconhecem objetos com uns e m oedas com um a das m ãos, m as podem fazê-lo com a outra, têm astereognosia da m ão anorm al.
LOCALIZAÇÃO DAS ANORMALIDADES SENSORIAIS Os sinais e sintom as sensoriais p o d e m resu ltar de lesões localiza das em quase to d o s os níveis do sistem a nervoso, desde o córtex parietal até o re ce p to r sen so rial periférico. A definição da d istri buição e do c a rá te r dos sinais e sin to m a s sen so riais é o m éto d o m ais im p o rta n te para localizar sua origem . A extensão, a configu-
j- 1 - Maior i •-/— Menor
N
0CCjp jt a jS
>
N. grande auricular N. auricular maior N. ant. cut. do pescoço N. ant. cut. do pescoço ,~N. supraclaviculares N. supraclaviculares N. axilar (circunflexo) N. cut. lat. int. do — braço (do n. radiat)
N. med. cut. do braço e n. intercostobraquial
N. cut. mediai do braço e n. intercostobraquial
Dormência, Formigamento e Perda Sensorial
in capacidade de reconhecer n ú m ero s ou letras é con h ecid a com o agrafestesia. Estereognosia é a capacidade de reconhecer objetos com uns à palpação, descrevendo sua form a, a textura e o tam anho. O bjetos corriqueiros, com o um a chave, clipe de papel ou m oedas, são m ais convenientes para esse teste. Os pacientes com estereognosia norm al devem ser capazes de distinguir entre m oedas de 1 e 50 centavos, ou entre as de 25 centavos e 1 centavo, sem olhar. O m édico só deve dei xar que os pacientes exam inem o objeto com um a das m ãos de cada vez. Caso não sejam capazes de reconhecê-lo com um a das m ãos, o m esm o objeto deverá ser colocado na o utra m ão para fins com para
N. post. cut. do antebraço (do n. radial)
N. cut. lat. do antebraço (do n. musculocutâneo)
cut. do antebraço musculocutâneo)
N. cut. mediai do antebraço
N. radial
N. mediai
N. intermed. e med. da coxa (do n. femoral)
Ramo escrotal do n. perineal N. obturador
N. lat. cut. da fíbula (do n. femoral comum)
N. lat. cut. da fíbula (do n. fibular comum)
f ^ W
N. plantar latera \ N. plantar -^ m e d ia i
í \ A ,N . plantar \ Álateral
1K N. fibular profundo (do n. fibular comum)
N. fibular superficial (do n. fibular comum)
N. fibular superficial (do n. fibular comum) N. sural (do n. tibial)
N. plantar mediai e lateral (do n. pós-tibialj
Y " N. sural (do n. tibial)
\ v
$ i
N. safeno n i Ramos calcaneal [^ dos n. sural e tibial
N.fibular ;\\superficial
I V * 1 sural
Ramos calcaneal dos n. sural e tibial
Figura 23.2
Vista anterior dos dermátomos (á esquerda) e áreas cutâneas (à direita) supridos por nervos periféricos individuais. (Modificada de MB Carpenter e J Sutin, em Human Neuroanatomy, 8th ed., Baltimore, Williams & Wilkins, 1983.)
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças Figura 23.3 Vista posterior dos dermátomos (à esquerda) e áreas cutâ neas (à direita) supridas por nervos periféricos individuais. (Modificada de MB Carpenter e J Sutin, em Human Neuroanatomy, 8th ed., Baltimore, Williams & WiIkins, 1983.)
Figura 23.4 Dermatomas das extremidades superiores e inferiores deline adas pelo padrão da perda sensorial após a lesão de uma única raiz nervosa. (De JJ Keegan, FD Garrett, Anat Rec 102:409, 1948.)
Nervo e raiz nervosa ração, a sim etria, a qualid ad e e a in te n sid a d e tam b ém são fu n d a m entais. Pode ser difícil detectar disestesias sem anorm alidades sensoriais ao exame físico. Por exemplo, disestesias do tipo form igam ento com distribuição acral (m ãos e pés) p odem ter origem sistêm ica (p. ex., devidas à hiperventilação) ou ser induzidas p o r um fárm aco com o a acetazolam ida. As disestesias distais tam bém po d em ser m anifesta ção precoce das polineuropatias progressivas ou indicar m ielopatia, com o a deficiência de vitam ina B12. Em alguns casos, as disestesias distais não têm causa detectável. Já as disestesias que correspondem ao território de um dado nervo periférico indicam lesão do tronco nervoso em questão. Por exemplo, as disestesias lim itadas ao quinto dedo e à m etade adjacente do q uarto dedo da m esm a m ão apontam claram ente para um distúrbio do nervo ulnar, na m aioria dos casos localizado no cotovelo.
190
Nas lesões focais dos troncos nervosos cuja intensidade é suficiente para causar um déficit, as anorm alidades são facilm ente m apeadas e em geral têm lim ites bem definidos (Figs. 23.2,23.3 e 23.4). As lesões radiculares costum am ser acom panhadas p o r sensações dolorosas profundas ao longo do trajeto do tronco nervoso acom etido. Com a compressão da quinta raiz lom bar (L5) ou prim eira sacral (Sl), como ocorre nos indivíduos com ru p tu ra de um disco intervertebral, a dor ciática (dor radicular relacionada com o tronco do nervo isquiático) é m anifestação clínica com um (Cap. 15). Q uando a lesão afeta um a única raiz nervosa, os déficits sensoriais podem ser m ínim os ou ine xistentes porque há superposição significativa entre os territórios das raízes adjacentes. Polineuropatias isoladas podem causar sintom as além do territó rio inervado pelo nervo acom etido, m as as anorm alidades ao exame em geral ficam confinadas aos lim ites anatôm icos apropriados. Nas
Medula espinal (Ver tam bém Cap. 377.) Se ocorrer a transecção da m edula espinal, todas as m odalidades sensoriais serão perdidas abaixo do nível da lesão. Além das funções m otoras, as funções vesical e intestinal tam bém po d em ser perdidas. A hem issecção da m edula espinal causa a síndrom e de Brown-Séquard, que inclui perda das sensibilidades d o lorosa e térm ica no lado oposto, bem com o abaixo do nível da lesão, e perda da propriocepção, assim com o da força m uscular do m esm o lado e abaixo da lesão (Figs. 23.1 e 377.1). D orm ência ou parestesias em am bos pés p o d em advir de lesão na m edula espinal, o que é particularm ente provável quando o nível superior da perda sensorial se estende ao tronco. Q uando todos os m em bros são acom etidos, é provável que a lesão seja na região cer vical ou no tronco encefálico, a m enos que um a neuropatia periféri ca seja responsável. A presença de sinais provenientes do neurônio m otor superior (Cap. 22) fala em favor de lesão central; um a faixa hiperestésica no tronco pode sugerir o nível de acom etim ento. Um a perda sensorial dissociada pode refletir o acom etim ento do trato espinotalâm ico da m edula espinal, principalm ente se o déficit for unilateral e em um nível m ais alto no dorso. O corre com prom e tim ento bilateral dos tratos espinotalâm icos com as lesões que aco
m etem o centro da m edula espinal, com o na siringom ielia. Há perda sensorial dissociada, com com prom etim ento da percepção de d or e tem peratura, m as preservação relativa do tato leve, da propriocepção e da vibração. A disfunção das colunas posteriores da m edula espinal ou zona de entrada da raiz posterior pode acarretar sensação em faixa em to r no do tronco ou de pressão forte em um ou m ais m em bros. A flexão do pescoço às vezes resulta em sensação sem elhante a um choque elétrico, que se irradia para baixo no dorso e até as pern as (sinal de Lherm ite) em pacientes com lesão cervical que afete as colunas pos teriores, com o a decorrente de esclerose m últipla, espondilose cervi cal ou irradiação recente da região cervical.
Tronco encefálico Padrões cruzados de p ertu rb a çã o sensorial, nos quais um lado da face e o lado oposto do corpo são acom etidos, indicam lesão do b u l bo lateral. Nesses casos, u m a lesão p equena p ode danificar o trato trigem inal descendente ipsolateral e as fibras espinotalâm icas ascen dentes que inervam o braço, a p e rn a e o h e m itronco contralaterais (ver “Síndrom e bulbar lateral” naF ig. 370.10). Lesão no tegm ento da ponte e dão m esencéfalo, onde os tratos lem niscal e espinotalâm ico se fundem , causa perda pan-sensorial contralateral.
Tálamo Os distúrbios hem issensoriais com dorm ência e form igam ento da ca beça ao pé em geral têm origem talâm ica, m as tam bém p odem surgir da região parietal anterior. Caso apareçam subitam ente, é provável que a lesão se deva a acidente vascular encefálico pequeno (infarto lacunar), principalm ente q u an d o localizado no tálam o. Em alguns pacientes com lesões que acom etem o núcleo VPL ou a substância branca adjacente, pode ocorrer u m a síndrom e de d or talâm ica, tam bém conhecida com o síndrom e de Déjerine-Roussy. A dor unilateral, inexorável e persistente em geral é descrita em term os dram áticos.
Córtex Nas lesões do lobo parietal que envolvem o córtex ou a substância branca subjacente, os sintom as m ais m arcantes são a hem inegligência contralateral, hem idesatenção e tendência a não usar a m ão e o braço acom etidos. Nos testes da sensibilidade cortical (p. ex., discri m inação entre dois pontos, grafestesia), com frequência encontram -se anorm alidades, m as a sensibilidade prim ária costum a se m ostrar intacta. U m infarto parietal a n te rio r po d e apresentar-se com o sín drom e pseudotalâm ica com a p e rd a contralateral da sensibilidade prim ária da cabeça ao pé. T am bém pode haver disestesias ou sensa ção de dorm ência, além de raram ente um estado doloroso.
Dormência, Formigamento e Perda Sensorial
m ononeuropatias m últiplas, os sintom as e sinais ocorrem em ter ritórios discretos inervados p o r nervos individuais diferentes e - à m edida que mais nervos são acom etidos - podem sim ular um a p oli neuropatias. Nas polineuropatias, os défícits sensoriais costum am ser graduados, distais e sim étricos (Cap. 384). As disestesias, seguidas p or dorm ência, com eçam nos dedos dos pés e sobem sim etricam en te. Q uando chegam aos joelhos, em geral tam bém apareceram nas pontas dos dedos das m ãos. Esse processo parece depender do com prim ento do nervo, e o déficit costum a ser descrito pela distribuição em meias e luvas. Tam bém ocorre o acom etim ento das m ãos e dos pés no caso das lesões da coluna cervical superior ou do tronco ence fálico, m as então é possível encontrar u m nível superior do distúrbio sensorial no tronco, e pode haver outras evidências de lesão central, com o o acom etim ento esfincteriano ou sinais de lesão no neurônio m otor superior (Cap. 2 2 ). E m bora a m aioria das polineuropatias seja pansensorial e altere todas as m odalidades de sensação, pode ocorrer disfunção sensorial seletiva de acordo com o calibre da fibra n e rv o sa. As polineuropatias que acom etem seletivam ente fibras nervosas finas caracterizam -se p or disestesias dolorosas em queim ação, com redução das sensações para tem peratura e dor, m as preservação da propriocepção, da função m otora e m esm o dos reflexos tendíneos profundos. O co m prom etim ento do tato é variável, m as, quando preservado, o padrão sensorial é descrito com o dissociação sensorial, que pode ocorrer com lesões da m edula espinal e nas neuropatias de fibras finas. As polineuropatias de fibras grossas caracterizam -se por déficits da vibração e da propriocepção, desequilíbrio, reflexos te n díneos abolidos e disfunção m otora variável, m as com a preservação da m aior parte da sensibilidade cutânea. As disestesias, se presentes, tendem a ser com form igam ento ou sensação em faixa. A neuronopatia sensorial caracteriza-se p o r perda sensorial dis sem inada mas assim étrica, que ocorre de m aneira não dependente da duração, de m odo que po d e ocorrer proxim al ou distalm ente e nos braços, pernas ou ambos. A d or e a dorm ência progridem para ataxia sensorial e com prom etim ento de todas as m odalidades sensoriais com o tempo. Em geral, essa condição é de origem paraneoplásica ou idiopática (Caps. 101 e 384).
Convulsões focais sensoriais Geralm ente resultam de lesões na área do giro pós ou pré-central. O principal sintom a das crises parciais sensoriais é o form igam ento, m as pode haver outras sensações m ais com plexas, com o de m ovim ento rápido, calor ou de m ovim ento sem deslocam ento visível. Os sinto m as típicos são unilaterais, costum am surgir prim eiro no braço ou na mão, na face ou no pé, e geralm ente espalham -se de m aneira que reflete a representação cortical de diferentes partes do corpo, como na m archa jacksoniana. A duração das convulsões é variável: podem ser transitórias, durando apenas alguns segundos, ou persistir por 1 h ou mais. Podem sobrevir crises m otoras focais, m uitas vezes se generali zando com a perda da consciência e abalos tônico-clônicos.
191
CAPÍTULO
24
Distúrbios da Marcha e do Equilíbrio I
Lewis Sudarsky
■ PREVALÊNCIA, MORBIDADE E MORTALIDADE
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 192
Os problem as da m archa e do equilíbrio são com uns no idoso e con tribuem para o risco de quedas e lesões. Foram descritos distúrbios da m archa em 15% dos indivíduos com m ais de 65 anos de idade. Aos 80 anos, 1 em cada 4 pessoas usa um auxílio m ecânico para de ambular. A p artir dos 85, a prevalência de anorm alidades da m archa aproxim a-se de 40%. Em estudos epidem iológicos, os distúrbios da m archa são identificados constantem ente com o o m aior fator de ris co de quedas e lesões. U m n ú m ero sub stan cial de pessoas idosas diz-se insegura q uan to ao equilíbrio, sofre quedas e tem e cair. E studos prospectivos indicaram que 30% daquelas com m ais de 65 anos de idade caem a cada ano, e a proporção é a inda m ais alta em idosos fragilizados e pacientes em casas de apoio. A cada ano, 8% dos indivíduos com m ais de 75 anos sofrem um trau m atism o sério relacionado com queda. As fraturas do quadril em geral resultam em hospitalização e internação em casa de apoio. Para cada pessoa com deficiência físi ca, há outras cuja independência funcional é lim itada p o r ansiedade e m edo de cair. Q uase 1 em 5 indivíduos idosos restringe volunta riam ente sua atividade p or m edo de sofrer quedas. C om a perda da deam bulação, a qualidade de vida dim inui, e as taxas de m orbidade e m ortalidade aum entam .
■ ANATOMIA E FISIOLOGIA A deam bulação bípede ereta depende da integração bem -sucedida do controle postural e da locom oção. Tais funções se distribuem am plam ente no sistem a nervoso central. A biom ecânica da deam bula ção bípede é complexa, e o desem penho facilm ente com prom etido p o r déficit neurológico em qualquer nível. Os centros de com ando e controle no tronco encefálico, no cerebelo e no prosencéfalo m odi ficam a ação dos geradores do padrão espinal no sentido da geração dos passos. E m bora em quadrúpedes seja possível desencadear um a form a de locomoção fictícia após transecção espinal, em prim atas tal capacidade é lim itada. Nos últim os, a geração dos passos depende dos centros locom otores no tegm ento p o ntino, no m esencéfalo e na região subtalâm ica. As sinergias locom otoras são executadas por m eio da form ação reticular e das vias descendentes na m edula es pinal ventrom edial. O controle cerebral fornece um objetivo e p ro pósito para deam bular, bem com o está envolvido na prevenção de obstáculos e adaptação dos program as locom otores com relação ao contexto e ao terreno. O controle postural requer a m anutenção do centro de massa so bre a base de suporte durante o ciclo da m archa. Os ajustes posturais inconscientes m antêm o equilíbrio na posição ortostática: respostas de latência longa são m ensuráveis nos m úsculos das pernas, com e çando 110 m s após um a perturbação. O m ovim ento para a frente do centro de massa proporciona força propulsiva para dar os passos, mas a incapacidade de m anter o centro de m assa dentro dos limites de estabilidade resulta em quedas. O substrato anatôm ico para o equilí brio dinâm ico ainda não foi bem definido, m as o núcleo vestibular e o cerebelo na linha m édia contribuem para o controle do equilíbrio nos anim ais. Pacientes hum anos com lesão dessas estruturas apre sentam déficit do equilíbrio na posição ortostática e à deambulação. O equilíbrio na posição ortostática depende de inform ações sen soriais de boa qualidade sobre a posição do centro corporal com re lação ao ambiente, à superfície de apoio e às forças gravitacionais. As
inform ações sensoriais para o controle postural são geradas p rim a riam ente pelo sistem a visual e pelos receptores proprioceptivos nos fusos m usculares e articulações. Em geral, há redundância saudável das inform ações sensoriais aferentes, m as a perda de 2 das 3 vias é suficiente p ara com prom eter o equilíbrio na posição ereta. Os d istúr bios do equilíbrio em idosos às vezes resultam de m últiplas lesões nos sistemas sensoriais periféricos (p. ex., perda visual, déficit vestibular, neuropatia periférica), prejudicando de form a significativa a qualida de das inform ações aferentes essenciais à estabilidade do equilíbrio. Os pacientes idosos com co m p ro m etim en to cognitivo d ecor rente de doenças neurodegenerativas parecem particularm ente p ro pensos a quedas e traum atism os. Fragilidade, fraqueza m uscular e falta de condicionam ento físico tam bém c ontribuem para o risco. M ostrou-se que pessoas idosas que continuam a cam inhar enquanto conversam correm m aior risco de sofrer quedas. Há um a crescente literatura sobre o uso de recursos que ajudam a controlar a m archa e o eqüinos. Em geral, considera-se a deam bulação com o inconsciente e autom ática, m as a capacidade de deam bular enquanto cum pre um a tarefa cognitiva (dupla tarefa) pode ficar particularm ente com pro m etida em idosos frágeis que já ten h am sofrido quedas. Pacientes idosos com déficits na função executiva têm u m a dificuldade p a rti cular p ara m anter a atenção necessária ao equilíbrio dinâm ico quan do estão distraídos.
■ DISTÚRBIOS DA MARCHA A heterogeneidade dos distúrbios da m archa observados na prática clínica reflete a grande rede de sistem as neurais envolvidos na tare fa. A deam bulação é vulnerável a doenças neurológicas em qualquer nível. Os distúrbios da m archa foram classificados de form a descriti va, com base na fisiologia e na biom ecânica anorm ais. Um problem a com essa abordagem é que m uitos tipos de m archa acabam parecen do m uito sem elhantes. Tal sobreposição reflete padrões com uns de adaptação à estabilidade do equilíbrio am eaçada e ao desem penho precário. Ao exame clínico, o distúrbio da marcha observado tem de ser encarado como o resultado de um déficit neurológico e um a adap tação funcional. Fatores singulares da m archa deficiente geralm ente são sobrepujados pela resposta adaptativa. A lguns dos padrões co m uns de m archa anorm al são resum idos a seguir. Os distúrbios da m archa tam bém podem ser classificados pela etiologia, com o m ostra o Q u ad ro 24.1.
Marcha cautelosa Usa-se essa expressão para descrever o paciente que deam bula com passos curtos e abaixando o centro de m assa, com o se cam inhasse sobre um a superfície deslizante, escorregadia. Tal distúrbio é com um
QUADRO 24.1
Etiologia dos distúrbios da marcha Casos
Porcentagem
Déficits sensoriais
22
18,3
Mielopatia
20
16,7
Infartos múltiplos
18
15
Doença de Parkinson
14
11,7
Degeneração cerebelar
8
6,7
Hidrocefalia
8
6,7
Tóxica/metabólica
3
2,5
Psicogênica
4
3,3
Outras
6
5
17
14,2
120
100%
Causa desconhecida Total
Fonte: Reproduzido, com autorização, de J Masdeu et al.: Gait Disorders of Aging: With Special Reference to Falls. Boston, Little Brown, 1995.
!
e inespecífico. Em sua essência, é um a adaptação a um a am eaça p o s tural percebida, podendo o m edo de cair estar associado. Em um es tudo, esse distúrbio foi observado em m ais de 33% dos pacientes com grandes alterações da m archa. A fisioterapia m uitas vezes m elhora a m archa até o ponto em que a observação subsequente revela d istú r bio subjacente m ais específico.
Marcha rígida
Parkinsonismo e marcha congelada A doença de Parkinson (Cap. 372) é com um , acom etendo 1% da p o pulação > 55 anos. A postura encurvada e m archa arrastada são m a nifestações típicas e distintivas. Às vezes, os pacientes aceleram (festinação) ao deam bular ou exibem retropulsão. Pode haver dificuldade para iniciar a m archa (congelam ento) e tendência a virar em bloco. Desequilíbrio e quedas podem ocorrer à m edida que a doença avança ao longo dos anos. A m archa congelada é descrita em 7% dos p a cientes com doença de Parkinson até 2 anos após o início da doença e em 26% deles ao térm ino de 5 anos, sendo ainda m ais com um em alguns distúrbios neurodegenerativos relacionados com a doença de Parkinson, com o a paralisia supranuclear progressiva, a atrofia de m últiplos sistemas e a degeneração corticobasal. Tais pacientes costu m am apresentar-se com rigidez axial, instabilidade postural e m archa arrastada, m as não têm o trem or de contar dinheiro típico da doença de Parkinson. Q uedas no prim eiro ano sugerem a possibilidade de paralisia supranuclear progressiva. Os distúrbios hipercinéticos do m ovim ento tam bém resultam em alterações características e reconhecíveis da m archa. Na doença de H untington (Cap. 371), a ocorrência imprevisível de m ovim entos coreiformes confere à deam bulação um a qualidade de dança. A discinesia tardia é a causa de m uitos distúrbios da m archa estereotipados
Distúrbio da marcha frontal Tam bém conhecido com o apraxia da marcha, é com um em idosos e tem diversas causas. Usa-se essa designação para descrever um tipo de m archa arrastada, congelada, com desequilíbrio e outros sinais de disfunção cerebral alta. Os aspectos típicos consistem em base ampla de sustentação, passos curtos, pés que arrastam no chão e dificulda de com partidas e voltas. M uitos pacientes apresentam dificuldade parainiciar a m archa, o que se caracteriza de form a descritiva com o síndrom e da embreagem deslizante. Tam bém se utiliza a expressão doença de Parkinson da parte inferior do corpo para descrever tais p a cientes. A força em geral fica preservada, e os pacientes conseguem fazer os m ovim entos das passadas, quando n ão estão parados, e m an ter o equilíbrio ao m esm o tem po. Tal distúrbio é mais bem conside rado um a alteração do controle m o to r de nível superior, diferente m ente de um a apraxia (Cap. 26). A causa m ais com um do distúrbio da m archa frontal é doença vascular, em p articular dos pequenos vasos subcorticais. As lesões costum am ser encontradas na substância branca frontal profunda e no centro oval. O distúrbio da m archa pode ser o sinal m ais notável em pacientes hipertensos com lesões isquêm icas da substância b ran ca profunda de um hem isfério (doença de Binswanger). A síndrom e clínica consiste em alteração m ental (de grau variável), disartria, afe to pseudobulbar (desinibição em ocional), h ipertonia e hiperreflexia nos m em bros inferiores. A hidrocefalia co m unicante em adultos tam bém se apresenta com distúrbio da m archa desse tipo. O utras m anifestações da tríade diagnóstica (alteração m ental, incontinência) podem estar ausentes nos estágios iniciais. A RM m ostra aum ento ventricular, m aior fluxo sobre o aqueduto e grau variável de alteração da substância branca periventricular. Há necessidade de punção lom bar ou teste dinâm ico para confirm ar a presença de hidrocefalia.
Marcha da ataxia cerebelar Os distúrbios do cerebelo têm um im pacto dram ático na m archa e no equilíbrio. A m archa da ataxia cerebelar caracteriza-se p or base am pla de sustentação, instabilidade lateral do tronco, colocação e r rática dos pés e descom pensação do equilíbrio ao tentar deam bular pé-antepé. A dificuldade para m an te r o equilíbrio ao virar-se fre quentem ente é um dos p rim eiros sinais. Os pacientes não conseguem deam bular pé-antepé e exibem oscilação do tronco em posição para da estreita ou pé-antepé. A presentam considerável variação na te n dência a cair durante as atividades cotidianas. As causas de ataxia cerebelar em pacientes idosos incluem aci dente vascular encefálico, traum atism o, tu m o r e doenças neurodegenerativas, com o a atrofia de m últiplos sistem as (Caps. 372 e 375), além de várias form as de degeneração cerebelar h ereditária (Cap. 373). U m a expansão c u rta no local da m utação do X frágil (pré-m utação do X frágil) foi associada à ataxia da m archa em hom ens idosos. A degeneração cerebelar alcoólica pode ser apurada durante a anam nese e m uitas vezes confirm ada pela RM. Em pacientes com ataxia, a RM dem onstra a extensão e a topografia da atrofia cerebelar.
Distúrbios da Marcha e do Equilíbrio
Caracteriza-se p or rigidez nas pernas e desequilíbrio do tônus m u s cular, b em com o tendência à c ircundução e a a rra sta r os pés. O distúrbio reflete o com prom etim ento do com ando corticoespinal e hiperatividade dos reflexos m edulares. O paciente p ode andar sobre os dedos dos pés. Em circunstâncias extrem as, as pernas se cruzam devido à hipertonia dos adutores. Há sinais do neu rô n io m o to r su p erio r ao exam e físico. Os sapatos em geral refletem u m p adrão de uso desigual no lado externo. O distúrbio pode ser de origem cere bral ou espinal. A m ielopatia p o r espondilose cervical é um a causa com um de m archa espástica ou espástica-atáxica. D oenças desm ielinizantes e traum atism os são as principais causas da m ielopatia em pacientes m ais jovens. Na m ielopatia crônica progressiva de causa d esconhe cida, exam es laboratoriais e radiológicos p o d e m estabelecer um diagnóstico. A histó ria fam iliar deve sugerir paraplegia espástica h ereditária (PEH; Cap. 374). Já se dispõe de testes genéticos para algum as das m utações com uns na PEH. A paraparesia espástica tro pical relacionada com o retrovírus HTLV-1 é endêm ica em p artes do C aribe e na A m érica do Sul. Deve-se excluir um a lesão estrutural, com o um tu m o r ou m alform ação vascular espinal, com os exam es apropriados. Os d istú rb io s da m ed u la espinal são descritos em d e talhes no Cap. 377. C om espasticidade cerebral, assim etria é com um , em geral o b serva-se acom etim ento dos m em bros superiores, e disartria costum a ser um a m anifestação associada. As causas com uns consistem em doença vascular (AVE), esclerose m últipla e lesão perinatal no siste m a nervoso (paralisia cerebral). Os outros tipos de m archa rígida consistem em distonia (Cap. 387) e síndrom e da pessoa rígida. A distonia é um distúrbio que se caracteriza p or contrações m usculares incessantes que resultam em m ovim entos de torção repetitivos e p ostura anorm al. C om frequên cia, tem origem genética. Os espasm os distônicos acarretam flexão plantar e inversão do pé, às vezes com torção do tronco. Na sín d ro m e autoim une da pessoa rígida (Cap. 101), há lordose exagerada da coluna lom bar e hiperativação dos m úsculos antagonistas, o que restringe a m ovim entação do tronco e dos m em bros inferiores, resul tando em postura rígida ou fixa.
verificados em pacientes expostos cronicam ente a antipsiquicóticos e outros fárm acos que bloqueiam o receptor D 2 de dopam ina.
Ataxia sensorial C onform e m encionado, o equilíbrio depende de inform ações aferen tes de alta qualidade, provenientes dos sistem as visual e vestibular, bem com o da propriocepção. Q uando essas inform ações se perdem ou sofrem degradação, o equilíbrio d urante a locom oção fica com prom etido, resultando em instabilidade. A ataxia sensorial decorren te da neurossífilis tabética é um exem plo clássico. O equivalente con tem porâneo é o paciente com neuropatia que afeta as fibras grandes. A deficiência de vitam ina Bl2 é u m a causa tratável da perda sensorial de fibras grandes na m edula espinal e no sistem a nervoso periféri co. As sensações proprioceptivas e vibratórias estão dim inuídas nos m em bros inferiores. A p o stu ra o rtostática em tais pacientes se desestabiliza quando fecham os olhos; em geral, ao deam bular olham
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QUADRO 24.2 Características das ataxias cerebelar e sensorial e do distúrbio da marcha frontal Ataxia cerebelar
Ataxia sensorial
Marcha frontal
Estreita, olha para baixo
Ampla
Base de sustentação
Ampla
Velocidade
Variável
Lenta
Muito lenta
Passos
Irregulares, cambaleantes
Regulares com desvio do caminho
Curtos, arrastados
Romberg
+ /-
Instável, cai
+ /-
Calcanhar canela
Anormal
+ /-
Normal
Distúrbio da marcha lentamente progressivo
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Início
Normal
Normal
Hesitante
Voltas
Instáveis
+ /-
Hesitante, em múltiplos passos
Instabilidade postural
+
+ + +
++ + + Sinergias posturais precárias ao levantar da cadeira
Quedas
Eventos tardios
Freqüentes
Freqüentes
para baixo, na direção dos pés, e a dificuldade aum enta no escuro. Há relatos de pacientes com desequilíbrio decorrente de perda vestibular bilateral causada p or doença ou exposição a fárm acos ototóxicos. No Q u a d ro 24.2 há um a com paração da ataxia sensorial com a cerebe lar e o distúrbio da m archa frontal. A lguns pacientes idosos frágeis exibem um a síndrom e de desequilíbrio decorrente do efeito com bi nado de m últiplos déficits sensoriais. Tais pacientes têm alterações na propriocepção, visuais e na sensação vestibular, que prejudicam a sustentação da postura.
Doenças neuromusculares N os pacientes com doença neurom uscular, a m archa costum a ser anorm al, ocasionalm ente com o um dos prim eiros sinais. Nos casos de fraqueza distai (neuropatia periférica), a altura do passo aum enta para com pensar a queda do pé, cuja p lanta pode bater no solo d u rante o apoio do peso. A n europatia pode estar associada a algum desequilíbrio sensorial, conform e m encionado. Os pacientes com m iopatia ou distrofia m uscular exibem fraqueza proxim al m ais fre quentem ente. A fraqueza da cintura pélvica pode resultar em um a inclinação excessiva do quadril durante a locom oção.
Distúrbios tóxicos e metabólicos A intoxicação alcoólica é a causa m ais c o m u m d a d ificuldade à deam bulação. A toxicidade crônica d e co rre n te de fárm acos e d is túrbios m etabólicos po d e p rejudicar a função m o to ra e a m archa. P ode haver alterações no estado m en ta l, e o exam e físico po d e revelar asterixe ou m ioclonia. O equ ilíb rio estático m o stra-se al terado, e tais pacientes perd em o equilíbrio com facilidade. O d e sequilíbrio é p a rticu la rm e n te evidente em pacientes com doença renal crônica e naqueles com in su ficiên cia hepática, nos quais o asterixe pode prejudicar a sustentação da p ostura. O s sedativos, em especial os n eurolépticos e b e n zo d iaz e p ín ico s de ação p ro lo n g a da, afetam o controle da p o stu ra e au m e n tam o risco de quedas. É im p o rta n te reconhecer a presença desses d istúrbios porque m uitos deles são tratáveis.
Distúrbio psicogênico da marcha Os distúrbios psicogênicos são com uns na p rática neurológica, e a apresentação com frequência envolve a m archa. A lguns pacientes com ansiedade extrem a ou algum a fobia deam bulam com excesso de cautela e abdução dos braços, com o se cam inhassem sobre o gelo. A
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m archa com cuidado excessivo injustificável difere daquela do p a ciente inseguro que procura adaptar-se ao desequilíbrio. Pacientes deprim idos exibem principalm ente lentidão ao deam bular, um a das m anifestações de retardo psicom otor, e falta de objetivo ao dar os passos. Os distúrbios histéricos da m archa estão entre os m ais notá veis encontrados. É possível observar giros aleatórios da postura com desperdício de energia m uscular (astasia-abasia), m ovim entos lentos extrem os e flutuações m arcantes com o tem po em pacientes com dis túrbios som atoform es e reação de conversão.
Ao rever a história, é útil in q u irir sobre o início e a progressão da deficiência. A consciência inicial da m archa instável pode suce der um a queda. Evolução em etapas ou progressão súbita suge rem doença vascular. O distúrbio da m archa pode estar associado a urgência e incontinência urinárias, em particular nos pacientes com doença da coluna cervical ou hidrocefalia. Sem pre é im por tante rever o uso de álcool e m edicações que afetam a m archa e o equilíbrio. As inform ações acerca da localização obtidas ao exame neurológico podem ser úteis para estreitar a lista de diag nósticos possíveis. A observação da m archa dá um a ideia im ediata do nível de incapacidade do paciente. Às vezes, observam -se padrões típicos de anorm alidade, porém as m archas associadas a quedas m ui tas vezes parecem fu ndam entalm ente sem elhantes. A cadência (passos/m in), a velocidade e a extensão do passo podem ser re gistradas cronom etrando-se a deam bulação do paciente em um a distância fixa. O bservar u m paciente erguer-se de um a cadeira proporciona um a boa avaliação funcional do equilíbrio. Os exames de im agem cerebrais podem ser inform ativos no caso dos pacientes com um distúrbio da m archa não diagnosti cado. A RM é sensível para detectar lesões cerebrais originárias de doenças vasculares ou desm ielinizantes, sendo um bom exa me de triagem para hidrocefalia oculta. Os pacientes que sofrem quedas recorrentes correm risco de ter um hem atom a subdural. M uitos pacientes idosos com dificuldade para deam bular e m an ter o equilíbrio têm anorm alidades na substância branca da região periventricular e no centro semioval. Em bora essas lesões possam constituir um achado casual, a presença de doença em um a área considerável da substância branca acaba tendo im pacto sobre o controle central da locom oção.
■ DISTÚRBIOS DO EQUILÍBRIO Equilíbrio é a capacidade de m anter a postura, ou seja, um estado em que forças opostas se anulam . Em term os fisiológicos, isso significa a capacidade do organism o de controlar o centro de m assa com rela ção à gravidade e à superfície de apoio. Na realidade, não se sabe ao certo o que é ou onde fica o centro de massa, m as qualquer pessoa, inclusive ginastas, esqueitistas e praticantes de saltos ornam entais, m ovim enta-se de m odo a controlá-lo. Os distúrbios do equilíbrio m anifestam -se p or dificuldade de m anter a postura na posição ereta e à deam bulação, com um a sensação subjetiva de desequilíbrio, uma form a de tontura. O cerebelo e o sistem a vestibular organizam as respostas anti gravitacionais necessárias para m an ter a postura ereta. C onform e m encionado, tais respostas são fisiologicam ente complexas, e sua representação anatôm ica não é bem conhecida. A falha, que resulta em desequilíbrio, pode ocorrer em vários níveis: cerebelar, vestibular, som atossensorial e desequilíbrio em nível superior. Os pacientes com ataxia hereditária ou degeneração cerebelar alcoólica em geral não se queixam de tontura, mas seu equilíbrio fica visivelmente prejudicado. O exame neurológico revela um a variedade de sinais cerebelares. No início, a com pensação postural pode prevenir quedas, porém é ine vitável que elas venham a ocorrer com a progressão da doença. Em
QUADRO 24.3 Fatores de risco para quedas, uma meta-análise: resumo de 16 estudos controlados I Fator de risco
RR (0R) médio
Faixa
Fraqueza
4,9
1,9 a 10,3
Déficit do equilíbrio
3,2
1,6 a 5,4
Distúrbio da marcha
3
1,7 a 4,8
Déficit visual
2,8
1,1 a 7,4
Limitação da mobilidade
2,5
1 a 5,3
Deficiência cognitiva
2,4
2 a 4,7
Estado funcional reduzido
2
1 a 3,1
Hipotensão postural
1,9
1 a 3,4
Nota: 0R, odds ratios de estudos retrospectivos; RR, riscos relativos de estudos prospectivos. Fonte: Reimpresso com autorização de J Masdeu et al.: Gait Disorders of Aging: With Special Reference to Falls. Boston, Little Brown, 1995.
Fraqueza e fragilidade Os pacientes sem força nos m úsculos antigravitacionais têm dificul dade para erguer-se de um a cadeira, cansam -se com facilidade ao deam bular e m ostram dificuldade em m anter o equilíbrio após um a perturbação. Em geral, não conseguem levantar-se após um a queda, podendo ficar no chão p o r 1 h ou m ais até que chegue ajuda. Esse tipo de falta de condicionam ento m uitas vezes é tratável. O trein a m ento de força e resistência po d e au m en tar a m assa m uscular e a força nas pernas em pessoas na n o n a e na 10a décadas de vida.
■ QUEDAS
Ataques de queda e colapsos
As quedas são com uns em idosos; 30% das pessoas com m ais de 65 anos de idade que vivem na com unidade caem a cada ano. Foram descritas alterações m odestas na função do equilíbrio em in d iv í duos idosos aptos, em decorrência do envelhecim ento norm al. Os déficits sutis nos sistem as sensoriais, de atenção e no tem po de re a ção m otora con trib u em para o risco, bem com o a a b undância de perigos existentes no am biente. Estudos epidem iológicos identifica ram num erosos fatores de risco para quedas, resum idos no Q u a d ro 24.3. U m a queda não é um problem a neurológico nem razão para encam inham ento a um especialista, m as há circunstâncias em que a avaliação neurológica é apropriada. Em um estudo clássico, 90% das quedas ocorreram em 10% dos indivíduos, u m g rupo conheci do com o tendo quedas recorrentes. A lguns deles eram idosos frágeis com doenças crônicas. Q uedas recorrentes às vezes indicam a p re sença de deficiência grave do equilíbrio. Síncope, crises epilépticas ou quedas relacionadas com perda da consciência requerem avalia ção e tratam ento apropriados (Caps. 20 e 369). A classificação descritiva das quedas é tão difícil quan to a dos distúrbios da m archa p o r m uitas das m esm as razões. O s sistem as de controle postural estão distrib u íd o s de form a am pla, o co rren d o várias ano rm alid ad es relacionadas com doenças. D iferentem ente dos problem as da m archa, evidentes à observação, é ra ro ver um paciente sofrer u m a queda no consultório. O pacien te e a fam ília p o d e m ter poucas inform ações sobre o que d esen cad eia as q u e das. Pode haver lesões que dificultem o exam e físico. E m bora não haja um p a d rão nosológico p a ra as quedas, é possível iden tificar padrões com uns.
Os ataques de queda são quedas súbitas p o r colapso, sem perda da consciência. Os pacientes que sofrem um colapso p or perda do tônus postural representam um desafio diagnóstico. O paciente pode rela tar que suas pernas sim plesm ente cederam ; a família pode descrever que o paciente desabou. A hipotensão ortostática pode ser um fator em algum as dessas quedas. O asterixe ou a epilepsia podem prejudi car a sustentação da postura. U m cisto coloide no terceiro ventrículo pode apresentar-se p or obstrução interm itente do foram e de M onro, resultando em ataque de queda. E m bora sejam m ais com uns em ido sos com fatores de risco vasculares, as quedas p or colapso não devem ser confundidas com os ataques isquêm icos vertebrobasilares.
Escorregões, tropeções e “quedas mecânicas” Os escorregões em pisos frios, tropeções em obstáculos e quedas re lacionadas com fatores am bientais óbvios geralm ente são d en o m in a dos quedas mecânicas. O correm de m aneira esporádica em pessoas sadias com boa com pensação do equilíbrio. Os tropeções com que das freqüentes levantam a suspeita de déficit neurológico subjacente. Os pacientes com espasticidade, fraqueza nas pernas ou pé caído so frem quedas por tropeções.
Distúrbios da Marcha e do Equilíbrio
geral, a progressão de um a ataxia neurodegenerativa é m edida pelo núm ero de anos decorridos até a p erda da deam bulação estável. Os distúrbios vestibulares (Cap. 21) geram sinais e sintom as em três ca tegorias: ( 1) vertigem, a percepção subjetiva ou ilusão de m ovim ento; (2) nistagm o, um sinal vestíbulo-oculom otor; e (3) equilíbrio precá rio, um a deficiência da função vestibuloespinal. N em todo paciente dem onstra todas as m anifestações. Aqueles com déficits vestibulares relacionados com fárm acos ototóxicos podem não ter vertigem nem nistagm o óbvio, mas o equilíbrio m ostra-se com prom etido na posi ção em pé e na deam bulação, além de não conseguirem transitar no escuro. Existem exames laboratoriais que detectam déficits vestíbulo-oculom otores e vestibuloespinais. Os déficits som atossensoriais tam bém acarretam desequilíbrio e quedas. M uitas vezes, há um a sensação subjetiva de equilíbrio incer to e m edo de cair. O controle da postura é com prom etido quando o paciente fecha os olhos (sinal de Rom berg); esses pacientes tam bém têm dificuldade para transitar no escuro. Um exem plo m arcante é o do paciente com neuropatia sensorial subaguda autoim une, às vezes um distúrbio paraneoplásico (Cap. 101). E stratégias co m pensató rias possibilitam que tais pacientes deam bulem na ausência virtual de propriocepção, m as a tarefa requer m onitoração visual ativa. Os pacientes com distúrbios do equilíbrio de nível superior têm dificul dade para m anter o equilíbrio no cotidiano e podem sofrer quedas. A percepção de que há um problem a com o equilíbrio pode ser defi ciente. São exemplos clássicos os pacientes com paralisia supranucle ar progressiva e hidrocefalia norm obárica. Aqueles em uso de sedati vos tam bém se enquadram nessa categoria. Em estudos prospectivos, a deficiência cognitiva e o uso de sedativos aum entaram significati vam ente o risco de quedas.
Tombos Alguns pacientes m antêm o tônus nos m úsculos antigravitacionais, m as caem com o um tronco de árvore, com o se as defesas posturais estivessem desarticuladas. Tais quedas po d em ter um a direção cons tante. O paciente com patologia cerebelar pode inclinar-se e tom bar na direção do lado da lesão. Aqueles com lesões do sistem a vestibular ou de suas vias centrais p odem ter pulsão lateral e tom bos. Os com paralisia supranuclear progressiva frequentem ente caem para trás. As quedas dessa natureza ocorrem em pacientes com doença de Parkin son avançada, assim que surge instabilidade postural.
Marcha congelada O utro padrão de queda na doença de Parkinson e em distúrbios re lacionados é o devido ao congelam ento da m archa. O pé fixa-se no solo, e o centro de m assa c ontinua em m ovim ento, resultando em desequilíbrio, do qual o paciente não se recupera, o que pode gerar um a queda para a frente. O congelam ento da m archa tam bém ocorre quando o paciente tenta virar e m u d ar de direção. Da m esm a forma, o paciente com doença de Parkinson e m archa festinante pode não conseguir erguer o pé, caindo para a frente.
Quedas relacionadas com déficits sensoriais Os pacientes com déficits som atossensoriais, visuais ou vestibula res são propensos a quedas. Têm m u ita dificuldade para lidar com
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ilum inação precária ou deam bular em pisos irregulares. Em geral, m anifestam desequilíbrio subjetivo, apreensão e m ed o de cair. Ao exam e físico, evidenciam -se déficits na posição articu lar e na se n sação vibratória.
TRATAMENTO
Intervenções para reduzir o risco de quedas e lesão
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Não devem ser poupados esforços para definir a etiologia dos dis túrbios da m archa e o m ecanism o das quedas. Deve-se registrar a pressão arterial na posição ereta. C om o estabelecim ento do diagnóstico, pode ser viável u m tratam ento específico. Em geral, a intervenção terapêutica é recom endável para os pacientes idosos sob risco substancial de quedas, m esm o que não se tenha id en ti ficado um a doença neurológica. Pode ser útil ir ao lar do paciente para verificar se há perigos no am biente em que ele vive. É possí vel recom endar um a variedade de m odificações para aum entar a segurança, com o a m elhora da ilum inação, a instalação de barras de segurança e o uso de pisos antideslizantes. Técnicas de reabilitação tentam m elhorar a força m uscular e a estabilidade do equilíbrio, torn an d o o paciente m ais resistente a lesões. O treinam ento de força e resistência de alta inten sid a de com pesos e aparelhos é útil para aum entar a m assa m uscular, m esm o em pacientes idosos debilitados. C onsegue-se m elhora na p ostura e na m archa, traduzidas p o r m en o r risco de quedas e lesões. O treinam ento no equilíbrio sensorial é o u tra a borda gem para m elhorar a estabilidade do equilíbrio. É possível obter ganhos m ensuráveis em poucas sem anas de treinam ento, e os benefícios podem ser m antidos p or m ais de 6 m eses com um program a de exercícios dom iciliares durante 10 a 20 m in/dia. Tal estratégia é particularm ente bem -sucedida em pacientes com dis
CAPÍTULO
25
Confusão e Delirium S. Andrew Josephson Bruce L. M iller A confusão, um estado m ental e c o m p o rtam e n ta l de redução da com preensão, da coerência e da capacidade de raciocinar, é um dos problem as mais com uns na m edicina e responde por grande núm ero de atendim entos de em ergência, hospitalizações e consultas am b u latoriais. O delirium, term o usado para descrever um estado de co n fusão agudo, continua a ser um a causa im p o rtan te de m orbidade e m ortalidade, a um custo de bilhões de dólares anuais com assistência m édica som ente nos EUA. M uitas vezes, não é detectado, apesar das evidências nítidas de que geralm ente é a m anifestação cognitiva de doença clínica ou neurológica grave subjacente.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS D0 DELIRIUM Usam -se diversos term os para descrever o delirium, com o encefalopatia, insuficiência cerebral aguda, estado de confusão agudo e psi cose pós-operatória ou da unidade de terapia intensiva (UTI). O de lirium possui várias m anifestações clínicas, m as na prática é definido com o declínio relativamente agudo da cognição, que flutua p o r horas ou dias. Sua principal característica é o déficit de atenção, em bora to dos os dom ínios cognitivos - com o a m em ória, a função executiva, as tarefas visuoespaciais e a linguagem - se m ostrem com prom etidos de algum a form a. Os sintom as associados podem incluir alterações do ciclo de sono e vigília, perturbações da percepção, com o alucinações
túrbios do equilíbrio vestibulares e som atossensoriais. No estu do Yale H ealth and Aging, usou-se um a estratégia de elim inação de m últiplos fatores de risco visados para reduzir a incidência de quedas em idosos. A m edicação prescrita foi ajustada e os progra m as de exercícios dom iciliares foram adaptados às necessidades de cada paciente, com base na avaliação geriátrica inicial. O p ro gram a logrou um a redução de 44% na ocorrência de quedas, em com paração com um grupo de controle que recebia visitas sociais periódicas.
BIBLIOGRAFIA et a l: Stops walking when talking: A predictor of fa lls in older adults? Eur J Neurol 16:786,2009 B r o n s t e i n A et al: Clinical Disorders o f Balance, Posture and Gait. London, Arnold Press, 2003 d e Laat KF et al: Loss of white matter integrity is associated with gait disor ders in cerebral small vessel disease. Brain 134:73,2011 G i l l e s p i e LD et al: Interventions for preventing falls in older people living in the community. Cochrane Rev CD007146,2009 N u t t JG et al: Human walking and higher-level gait disorders. Neurol 43:268, 1993 S n i j d e r s AH et al: Neurological gait disorders in elderly people: Clinical approach and classification. Lancet Neurol 6:63,2007 S p r i n g e r S et al: Dual-tasking effects on gait variability: The role of aging, falls, and executive function. Mov Disord 21:950,2006 S u d a r s k y L: Gait disorders in the elderly. N Engl J Med 322:1441,1990 ------- : Psychogenic gait disorders. Semin Neurol 26:351,2006 T i n e t t i ME, K u m a r C: The patient who falls: “Its always a tradeoff.” JAMA 20:258, 2010 B eauchet O
ou delirium, alterações afetivas e achados autônom os, que incluem instabilidade da frequência cardíaca e da pressão arterial. O delirium é um diagnóstico clínico que só pode ser definido à beira do leito. Descreveram -se duas categorias clínicas amplas de de lirium, os subtipos hiperativo e hipoativo, segundo as manifestações psicom otoras diferenciais. A síndrom e cognitiva associada à absti nência alcoólica grave continua sendo o exem plo clássico do subtipo hiperativo, que se caracteriza po r alucinações proem inentes, agitação e hipervigilância, com frequência acom panhado p o r instabilidade autonôm ica potencialm ente fatal. D iferentem ente, de form a notável, está o subtipo hipoativo, exem plificado pela intoxicação p or opioi des, em que os pacientes ficam retraídos e quietos, com apatia m ar cante e lentidão psicom otora. Essa dicotom ia entre os subtipos de delirium é um conceito útil, mas os pacientes frequentem ente se enquadram em algum ponto ao longo do espectro entre os extrem os hiper e hipoativo, às vezes flutu ando de um para outro em questão de m inutos. Por isso, os clínicos devem reconhecer o am plo espectro de apresentações do delirium, para que possam identificar todos os pacientes com esse distúrbio cognitivo potencialm ente reversível. Os pacientes hiperativos, com o aqueles com delirium tremens, são facilm ente reconhecíveis p o r sua agitação extrem a, trem or, alu cinações e instabilidade autonôm ica típicos. Os pacientes hipoativos passam despercebidos nas enferm arias e na UTI com m aior frequên cia, ainda que vários estudos sugiram que esse subtipo pouco reco nhecido seja associado a p ior prognóstico. A reversibilidade do delirium é enfatizada porque m uitas etiolo gias, com o infecções sistêm icas e efeitos de m edicam entos, são tra tadas com facilidade. C ontudo, os efeitos cognitivos a longo prazo continuam praticam ente desconhecidos e pouco estudados. Alguns episódios de delirium prolongam -se p o r sem anas, meses ou m esm o anos. A persistência do delirium em alguns pacientes e sua alta taxa
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T de recorrência podem advir de tratam ento inadequado da etiologia subjacente da síndrom e. Em alguns casos, o delirium não desaparece porque há dano neuronal subjacente perm anente. M esm o após a re solução de um episódio, pode haver efeitos persistentes do distúrbio. A recordação pelo paciente dos eventos após o delirium varia m uito, desde am nésia com pleta à vivência repetida do p eríodo am edrontad or de confusão de m aneira p e rturbadora, à sem elhança do que se observa em pacientes com transtorno de estresse pós-traum ático.
■ FATORES DE RISCO
■ EPIDEMIOLOGIA O delirium é um a doença com um , m as sua incidência relatada va ria m uito de acordo com os critérios em pregados para defini-lo. As estim ativas da ocorrência de delirium em pacientes hospitalizados variam de 14 a 56%, sendo as m aiores taxas relatadas em pacientes idosos e nos subm etidos à cirurgia do quadril. Pacientes de m ais ida de internados em UTI apresentam incidência particularm ente alta de delirium, variando de 70 a 87%. O distúrbio deixa de ser reconhecido em até 35% dos pacientes internados com delirium, e o diagnóstico é especialm ente problem ático no am biente da UTI, onde costum a ser difícil observar disfunção cognitiva no contexto de doença sistêmica grave e sedação. O delirium na U TI deve ser visto com o m anifestação im portante de disfunção orgânica, com o, p o r exemplo, insuficiências hepática, renal ou cardíaca. Fora do contexto hospitalar agudo, o de lirium ocorre em quase 65% dos pacientes em casas de apoio e em m ais de 80% daqueles no fim da vida. Tais estim ativas enfatizam a altíssim a frequência dessa síndrom e cognitiva em pacientes idosos, população que se acredita aum entar na próxim a década, com o enve lhecim ento da geração pós-guerra.
■ PATOGENIA A patogenia e anatom ia do delirium não são bem com preendidas. O déficit de atenção, a m arca neuropsicológica do delirium, p are ce ter localização difusa no tronco encefálico, no tálam o, no córtex p ré-frontal e nos lobos parietais. R aram ente, lesões focais, com o acidentes vasculares encefálicos isquêm icos, causaram delirium em pessoas sadias nos dem ais aspectos; lesões parietais direitas e talâm icas dorsais m ediais foram relatadas m ais com um ente, ressaltando a relevância dessas áreas n a patogenia do delirium. N a m aioria dos casos, o delirium resulta de distúrbios difusos nas regiões corticais e subcorticais, em vez de ter um a causa neuroanatôm ica focal. Os dados do eletroencefalogram a (EEG) de pessoas com delirium em geral m ostram lentidão sim étrica, achado inespecífico que confirm a disfunção cerebral difusa. A deficiência de acetilcolina costum a ter um papel fundam ental na patogenia do delirium. M edicações com propriedades anticolinérgicas podem precipitar delirium em indivíduos suscetíveis, tendo-se dem onstrado, em pequenos estudos, que as terapias destinadas a reforçar o tônus colinérgico, com o os inibidores da colinesterase, aliviam os sintom as do delirium. Os pacientes com dem ência são sus cetíveis a episódios de delirium, e sabe-se que aqueles com doença de A lzheim er têm estado crônico de deficiência colinérgica decorrente da degeneração dos neurônios produtores de acetilcolina na base do prosencéfalo. O u tra dem ência com um associada a níveis reduzidos de acetilcolina, aquela com corpúsculos de Levy, sim ula o delirium clinicam ente em alguns pacientes. É provável que outros neurotransm issores tam bém estejam im plicados nesse distúrbio cerebral difu so. Por exemplo, aum entos nos níveis de dopam ina tam bém podem causar delirium. Pacientes com a doença de Parkinson tratados com fárm acos dopam inérgicos p odem apresentar um estado sem elhan te ao delirium, caracterizado p o r alucinações visuais, flutuações e confusão. D iferentem ente, há m uito se sabe que a redução do tônus dopam inérgico com antagonistas da dopam ina, com o os agentes antipsicóticos típicos e atípicos, constitui um tratam ento sintom ático eficaz em pacientes com delirium. Nem todos os indivíduos expostos ao m esm o fator desencadeante m anifestam sinais de delirium. U m a dose baixa de anticolinérgico pode não ter efeitos cognitivos em um adulto jovem sadio, m as é ca paz de precipitar delirium intenso em pessoas idosas com dem ência subjacente conhecida. N o entanto, um a dose extrem am ente alta do m esm o anticolinérgico p o d e desencadear delirium até em jovens sadios. A tualm ente, esse conceito do desenvolvim ento de delirium com o resultado de um a agressão em indivíduos predispostos é a h i pótese de patogenia m ais am plam ente aceita. Por isso, se um indiví duo antes sadio sem antecedentes conhecidos de doença cognitiva apresentar delirium ante um problem a relativam ente insignificante, com o cirurgia eletiva ou hospitalização, será preciso considerar um a doença neurológica subjacente despercebida, com o algum a afecção neurodegenerativa, acidentes vasculares encefálicos m últiplos p ré vios ou outra causa cerebral difusa. Nesse contexto, o delirium pode ser visto com o o sintom a que resulta de um a prova de esforço para o cérebro induzido pela agressão. A exposição a fatores desencadeantes conhecidos, com o infecção sistêm ica e fárm acos agressores, pode
Confusão e Delirium
U m a estratégia de prevenção p rim ária eficaz do delirium com eça com a identificação dos pacientes sob m aior risco, com o os que es tão se p reparando para cirurgias eletivas ou que serão hospitalizados. E m bora não haja um único sistem a de pontuação validado aceito com o triagem de pacientes assintom áticos, existem diversos fatores de risco bem estabelecidos para o delirium. Os dois identificados com m aior frequência são a idade avan çada e disfunção cognitiva prévia. Indivíduos com m ais de 65 anos de idade ou que exibam baixa pontuação nos testes padronizados de cognição apresentam delirium ao ser hospitalizados, com incidência aproxim ada de 50%. Não se sabe ao certo se a idade e a disfunção cognitiva prelim inar são fatores de risco realm ente independentes. O utros fatores predisponentes são a privação sensorial, com o defi ciências auditiva e visual preexistentes, além de índices de saúde ge ral debilitada, incluindo im obilidade, desnutrição e doença clínica ou neurológica subjacente prévia. Os riscos hospitalares de delirium incluem o uso de cateterism o vesical, contenção física, privação de so n o e sensorial, assim com o o acréscim o de três ou m ais m edicam entos novos. A exclusão desses riscos c ontinua a ser fundam ental à prevenção e tratam en to do delirium. Os fatores de risco cirúrgicos e anestésicos para o d e senvolvim ento de delirium pó s-o p erató rio incluem p rocedim entos específicos, com o os que envolvem a circulação e x tra co rp ó re a e tratam e n to insuficiente ou excessivo da d o r no p e río d o p ó s-o p e ratório im ediato. A relação entre delirium e dem ência (Cap. 371) é com plicada pela superposição significativa entre esses dois distúrbios, e nem sem pre é sim ples distingui-los. A dem ência e a disfunção cognitiva preexistente servem com o fatores de risco im portantes para o deli rium, com pelo m enos cerca de 33% dos casos de delirium ocorrendo em pacientes com dem ência subjacente coexistente. U m a form a de dem ência com parkinsonism o, denom inada demência com corpús culos de Levy, caracteriza-se por evolução flutuante com alucinações visuais proem inentes, parkinsonism o e déficit de atenção que lem bra clinicam ente o delirium hiperativo. N o idoso, o delirium frequente m ente reflete lesão a um cérebro vulnerável devido a doença neurodegenerativa subjacente. Por isso, o delirium às vezes anuncia o início de distúrbio cerebral anteriorm ente não reconhecido.
Nas décadas passadas, um episódio de delirium era considerado distúrbio transitório de prognóstico benigno. Hoje, o delirium está claram ente associado a m o rbidade significativa e alta m ortalidade, sendo cada vez m ais reconhecido com o sinal de doença subjacen te grave. Estim ativas recentes da m ortalidade hospitalar de pacien tes com delirium variaram de 25 a 33%, índice sem elhante ao dos pacientes com sepse. Os pacientes internados com um episódio de delirium têm m ortalidade m ais alta nos meses e anos após a doença, em com paração com os pacientes hospitalizados da m esm a idade que não tiverem delirium. Os pacientes hospitalizados com delirium perm anecem internados m ais tem po, são m ais propensos a ser tran s feridos para um a casa de apoio e a ter episódios subsequentes de de lirium; em conseqüência, esse distúrbio possui enorm es implicações econômicas.
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desm ascarar um a reserva cerebral dim inuída e anunciar doença su b jacente grave, m as tratável.
Delirium
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 198
C om o o diagnóstico do delirium é clínico e firm ado à b eira do leito, são necessários anam nese e exam e físico m in u cio so s ao avaliar pacientes com possibilidade de estado confusional. Os recursos de triagem podem ajudar m édicos e enferm eiros a id en tificar os pacientes com delirium, com o o M étodo de Avaliação de C onfusão (M AC) (Confusion Assessm ent M ethod), a Escala da Síndrom e C erebral O rgânica (Organic Brain Syndrom e Sca le), a Escala de G raduação do D elirium (Delirium Rating Scale) e, na U TI, o Escore para a D etecção de Delirium (Delirium Detection Score), bem com o a versão da M AC para UTI. U sando-a, faz-se um diagnóstico de delirium se houver (1) início agudo e evolução flutuante e (2) desatenção acom panhada p or (3) p e n sam ento desorganizado ou (4) alteração do nível da consciência. Essas escalas baseiam -se nos critérios do M anual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, da A m erican Psychiatric As sociation, ou da Classificação Internacional de D oenças (CID) da O rganização M undial de Saúde. Infelizm ente, essas escalas não identificam todo o espectro de pacientes com delirium. Deve-se p ressupor que todos aqueles com confusão aguda estejam com delirium, independentem ente de sua apresentação dever-se a a m pla variedade de m anifestações clínicas possíveis. U m a evolução flutuante du ran te horas ou dias e que pode agravar-se à noite (conhecida com o sundowning) é típica, m as não indispensável para o diagnóstico. A observação do paciente em geral revela um nível alterado de consciência ou algum déficit de atenção. O utros aspectos típicos que p odem o co rrer no paciente com delirium incluem alteração do ciclo de sono e vigília, distúrbios do racio cínio, com o alucinações ou delirium, instabilidade autonôm ica e alterações do afeto. ANAMNESE Pode ser difícil obter um a anam nese adequada dos pacientes com delirium e alteração dos níveis de consciência ou déficit de atenção. Por isso, a colaboração de um a fonte colateral, com o o cônjuge ou outro m em bro da família, é valiosa. As três partes m ais im portantes da anam nese consistem na função cog nitiva basal do paciente, no tem po de evolução da doença atual e nos fárm acos atuais. Pode-se avaliar a função cognitiva p ré -m ó rb id a com algum parente ou, se necessário, revendo o pro n tu ário do paciente. Por definição, o delirium representa alteração relativam ente aguda, em geral que d u ra horas a dias, da função cognitiva basal. Em conseqüência, é quase im possível diagnosticar um estado co n fu sional agudo sem algum conhecim ento da função cognitiva p ré via. Sem essa inform ação, é possível c o n fu n d ir m uitos pacientes com dem ência ou depressão com o ten d o delirium du ran te um a avaliação inicial. Os pacientes com apresentação m ais hipoativa, apática e lentidão psico m o to ra só p o d em ser identificados com o diferentes, a p a rtir de seu estado basal, apenas m ediante conversas com fam iliares. M ostrou-se que diversos in stru m e n tos validados diagnosticam com acurácia a disfunção cognitiva usando um a fonte colateral, que inclui a Blessed D em entia Rating Scale e o Clinical D em entia Rating (CDR). D eficiência cognitiva basal é com um em pacientes com delirium. M esm o q u ando não se consegue obter um a história de deficiência cognitiva, deve-se m an te r alto índice de suspeita de d istú rb io neurológico subja cente não identificado. É im portante estabelecer o tem po de evolução da alteração cognitiva para definir o diagnóstico de delirium , m as tam bém correlacionar o início da doença com etiologias potencialm ente tratáveis, com o trocas recentes de m edicação ou sintom as de in fecção sistêmica.
Os fárm acos continuam sendo u m a causa com um do deli rium, em especial com postos com propriedades anticolinérgicas ou sedativas. Estim a-se que quase 33% de todos os casos de de lirium sejam secundários a m edicam entos, em especial no idoso. A história m edicam entosa deve incluir todos os m edicam entos prescritos e usados sem receita, bem com o fitoterápicos e rem é dios adquiridos sem prescrição, pelo paciente e quaisquer altera ções recentes nas doses ou apresentações, incluindo a substituição de m edicam entos de m arca p or genéricos. O utros elem entos im portantes da anam nese incluem a tria gem dos sintom as de insuficiência orgânica ou infecção sistêmica, que m uitas vezes contribuem para o delirium no idoso. História de uso de drogas ilícitas, alcoolism o ou exposição a toxinas é co m um em pacientes jovens com delirium. Por fim, inquirir o p a ciente e outras pessoas próxim as dele sobre outros sintom as que possam acom panhar o delirium, com o depressão ou alucinações, ajuda a identificar alvos terapêuticos potenciais. EXAME FÍSICO O exam e físico geral do paciente com delirium deve incluir um a triagem cuidadosa dos sinais de infecção, como febre, taquipneia, condensação pulm onar, sopro cardíaco e rigi dez de nuca. Deve-se avaliar o grau de hidratação do paciente, pois tanto a desidratação com o a sobrecarga hídrica com hipoxe m ia resultante estão associadas ao delirium, e am bas podem ser corrigidas com facilidade. A inspeção da pele pode ser útil, m os trando icterícia nos casos de encefalopatia hepática, cianose nos pacientes com hipoxem ia ou trajetos de agulhas em usuários de drogas intravenosas. O exame neurológico requer a avaliação cuidadosa do estado m ental. Os pacientes com delirium frequentem ente apresentam -se com evolução flutuante, de m odo que o diagnóstico pode passar despercebido q u ando se confia em um único m om ento da avaliação. Alguns pacientes exibem o padrão típico de agrava m ento à noite (sundowning), casos em que a avaliação feita apenas durante as rondas m atinais podem d a r um a falsa im pressão de que tudo está bem. Na m aioria dos pacientes, observa-se alteração do nível de consciência que varia de um estado h ip eralerta à letargia e até o com a, po d en d o ser avaliado com facilidade à beira do leito. Em um paciente com nível de consciência relativam ente norm al, é obrigatória um a triagem para déficit de atenção, p o r ser a carac terística neuropsicológica clássica do delirium. Isso pode ser feito ouvindo o paciente c o n ta r u m a história. Fala tangencial, fluxo fragm entado de ideias ou incapacidade de obedecer a com andos complexos geralm ente significam um problem a de atenção. Exis tem testes neuropsicológicos form ais para avaliar a atenção, mas um teste de m em ória sim ples, à b eira do leito, de repetir séries de dígitos é rápido e razoavelm ente sensível. Nesse teste, solicita-se que o paciente repita séries sucessivam ente m ais longas de núm eros aleatórios, com eçando com dois núm eros seguidos. Os adultos repetem em m édia um a série de cinco a sete dígitos antes de falhar; a repetição de quatro ou m enos dígitos geralm ente in dica déficit de atenção, a m enos que exista dificuldade de audição ou linguagem. Os testes neuropsicológicos m ais form ais podem ser extrem a m ente úteis para avaliar um paciente com delirium, m as tam bém costum am ser incôm odos e dem orados no contexto hospitalar. Um sim ples M iniexam e do E stado M ental (M EM ) (ver Q uadro 371.5) pode dar algum as inform ações a respeito da orientação, da linguagem e das habilidades visuoespaciais; entretanto, o desem penho de algumas tarefas no MEM , com o soletrar a palavra m un do de trás para a frente ou a subtração seriada de núm eros, irá se m ostrar prejudicado p o r causa dos déficits de atenção nos pacien tes com delirium, p or isso seus resultados não serão confiáveis. O restante do exam e neurológico de triagem deve ser voltado para a identificação de novos déficits neurológicos focais. Raras
vezes, acidentes vasculares encefálicos focais ou lesões expansivas isoladas são a causa de delirium, m as a capacidade cognitiva dos pacientes com doença cerebrovascular extensa ou doenças neurodegenerativas pode não resistir a novas lesões, m esm o que re lativam ente pequenas. Tam bém é recom endável p ro c u ra r outros sinais de doenças neurodegenerativas, com o o parkinsonism o, observado não apenas na doença de P arkinson idiopática com o tam bém em outras afecções que acarretam dem ência, com o a doença de Alzheim er, dem ência com corpúsculos de Levy e p a ralisia supranuclear progressiva. A presença de m ioclonia m ultifocal ou asterixe ao exam e m otor é inespecífica, m as geralm ente indica etiologia tóxica ou m etabólica do delirium.
ETIOLOGIA A lgum as etiologias são facilm ente d e tectad as p o r
Etiologias comuns do delirium
Toxinas Fármacos prescritos: em especial aqueles com propriedades anticolinérgicas, narcóticos e benzodiazepínicos Drogas usadas de forma abusiva: intoxicação alcoólica e abstinência de álcool, opioides, ecstasy, LSD, GHB, PCP, cetamina, cocaína Venenos: inalantes, monóxido de carbono, etilenoglicol, pesticidas Distúrbios metabólicos Distúrbios eletrolíticos: hipoglicemia, hiperglicemia, hiponatremia, hipernatremia, hiperpotassemia, hipocalcemia, hipomagnesemia Hipotermia e hipertermia Insuficiência pulmonar: hipoxemia e hipercapnia Insuficiência hepática/encefalopatia hepática Insuficiência renal/uremia Insuficiência cardíaca Deficiências de vitaminas: B12, tiamina, folato, niacina Desidratação e desnutrição Anemia Infecções Infecções sistêmicas: do trato urinário, pneumonia, da pele e dos tecidos moles, sepse Infecções do SNC: meningite, encefalite, abscesso cerebral Afecções endocrinológicas Hipertireoidismo, hipotireoidismo Hiperparatireoidismo Insuficiência suprarrenal
Confusão e Delirium
anam nese e exam e físico m inuciosos, e n q u an to o u tras re q u e rem c o n firm aç ã o com exam es lab o ra to ria is, de im agem ou o u tro s com plem entares. Um gran d e e diversificado g ru p o de agressões pode acarretar delirium e, em m uitos pacientes, a cau sa costum a ser m ultifatorial. As etiologias com uns estão citadas no Q u a d ro 25.1. M edicam entos prescritos, adquiridos sem receita e fitoterápicos são precipitantes com uns de delirium. Fárm acos com p ro priedades anticolinérgicas, narcóticos e benzodiazepínicos são agressores particularm ente freqüentes, m as quase qualquer com posto pode causar disfunção cognitiva em pacientes predispostos. E m bora um paciente idoso com dem ência possa vir a apresentar delirium ao ser exposto a um a dose relativam ente baixa de algum fárm aco, indivíduos m enos suscetíveis podem ter delirium apenas com doses m uito altas do m esm o agente. Tal observação enfatiza a im portância de correlacionar o m om ento de m udanças recentes na m edicação, com o a dose e a apresentação, com o início da d is função cognitiva. Especialm ente em pacientes jovens, drogas ilícitas e toxinas são causas com uns do delirium. Além das drogas m ais clássicas usadas de form a abusiva, o aum ento recente na disponibilidade das cham adas drogas de clubes, com o a m etilenodioxim etanfeta m ina (M DM A, o ecstasy), o y-hidroxibutirato (GHB) e o agente cetam ina sem elhante à fenciclidina (PCP), tem levado a um a u m ento no núm ero de pessoas jovens com delirium agudo que che gam às em ergências hospitalares. M uitos fárm acos com uns pres critos, com o narcóticos e benzodiazepínicos orais, são usados de form a abusiva e vendidos com facilidade nas ruas. A intoxicação p or altos níveis séricos de álcool pode causar confusão, em bora seja m ais com um a abstinência alcoólica ocasionar um delirium hiperativo clássico. Em todos os casos de delirium, deve-se co n siderar a abstinência de álcool e benzodiazepínicos, porque m es m o os pacientes que só tom am pequenas doses de álcool todo dia podem ter sintom as relativam ente graves de abstinência ao serem hospitalizados. A no rm alid ad es laboratoriais, com o distú rb io s eletrolíticos de sódio, cálcio, m agnésio ou glicose, p o d e m causar delirium , e alterações leves p o d em a carretar d istúrbios cognitivos su b sta n ciais em in divíduos suscetíveis. O u tra s etiologias m etabólicas com uns incluem insuficiências hep ática e renal, h ip erc ap n ia e hipoxem ia, deficiências das vitam inas tia m in a e B12, distúrbios au to im u n es, com o um a vasculite do sistem a n e rv o so c en tral (SNC) e en d o crin o p atias, com o doen ças da tire o id e e suprarrenais. Infecções sistêmicas m uitas vezes causam delirium, sobretudo em idosos. Um cenário com um é o aparecim ento de declínio cog nitivo agudo no contexto de infecção do trato urinário em pacien te que já esteja com dem ência. P neum onia, infecções cutâneas, com o celulite, e sepse franca tam bém podem causar delirium. É provável que a cham ada encefalopatia séptica, em geral detectada na UTI, deva-se à liberação de citocinas pró-inflam atórias e a seus efeitos cerebrais difusos. Infecções do SNC com o m eningite, en-
QUADRO 25.1
Distúrbios cerebrovasculares Estados globais de hipoperfusão Encefalopatia hipertensiva Acidentes vasculares encefálicos isquêmicos focais e hemorragias: em especial, lesões parietais e talâmicas não dominantes Distúrbios autoimunes Vasculite do SNC Lúpus cerebral Distúrbios relacionados com crises epilépticas Estado epiléptico não convulsivo Convulsões intermitentes com estados pós-ictais prolongados Distúrbios neoplásícos Metástases cerebrais difusas Gliomatose cerebral Meningite carcinomatosa Hospitalização Delirium terminal no fim da vida Nota: LSD, ácido lisérgico-dietilamida; GHB, g-hidroxibutirato; PCP, fenciclidina; SNC, sistema nervoso central.
cefalite e abscessos são etiologias m enos com uns do delirium, p o rém, ante a m ortalidade elevada associada a tais afecções quando elas não são tratadas rapidam ente, os m édicos precisam sem pre m anter alto índice de suspeita. Em alguns indivíduos suscetíveis, a exposição ao am biente hospitalar estranho pode desencadear o delirium. Essa etiologia geralm ente faz parte do delirium m ultifatorial, devendo ser con siderada um diagnóstico de exclusão depois que todas as outras causas tiverem sido com pletam ente investigadas. M uitas estraté gias de prevenção prim ária e tratam e n to do delirium abrangem
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T
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 200
m étodos relativamente simples que visam aos principais aspectos do contexto hospitalar causadores de confusão. As etiologias cerebrovasculares em geral se devem a h ipoper fusão global na vigência de hipotensão sistêm ica decorrente de insuficiência cardíaca, choque séptico, desidratação o u anem ia. Acidentes vasculares encefálicos focais no lobo parietal direito e tálam o m ediai dorsal raram ente, resultam em estado de delirium. U m cenário mais com um envolve um novo acidente vascular e n cefálico focal ou hem orragia que causam confusão em paciente que já apresentava reserva cerebral dim inuída. Em tais indiví duos, às vezes é difícil distinguir um a disfunção cognitiva resul tante da nova agressão neurovascular em si do delirium d ecorren te das complicações infecciosas, m etabólicas e farm acológicas que podem acom panhar a hospitalização após um acidente vascular encefálico. C om o geralm ente se observa evolução flutuante no delirium, crises epilépticas interm itentes podem passar despercebidas d u rante a pesquisa de etiologias em potencial. Tanto o estado epi léptico não convulsivo com o crises epilépticas focais ou generali zadas recorrentes, seguidas por confusão pós-ictal, podem causar delirium; o EEG continua indispensável para o diagnóstico. A ati vidade epiléptica que se expande a p artir de um foco elétrico em m assa ou infarto explica a disfunção cognitiva global causada p or lesões relativam ente pequenas. É m uito com um que pacientes no fim da vida sob cuidados paliativos tenham delirium. Tal distúrbio, às vezes descrito com o inquietude terminal, precisa ser identificado e tratado de form a agressiva, pois é um a causa im portante de desconforto no final da vida. Deve-se ter em m ente que esses pacientes tam bém podem estar sofrendo de etiologias m ais com uns de delirium, com o in fecções sistêmicas.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL E DIAGNÓSTICA U m a abordagem da relação custo-benefício favorável na avaliação diagnóstica do deli rium perm ite que a anam nese e o exame físico orientem as etapas subsequentes. N enhum algoritm o estabelecido funciona para to dos os pacientes com delirium devido ao grande núm ero de etio logias possíveis, m as o Q u a d ro 25.2 expõe um a abordagem em etapas. Se um fator precipitante for logo identificado, com o um fárm aco agressor, pouco mais será necessário. C ontudo, caso não se descubra um a etiologia provável à avaliação inicial, deverá ser instituída um a pesquisa m inuciosa de algum a causa subjacente. D evem -se solicitar exames laboratoriais de triagem básicos, com o o hem ogram a com pleto, painel eletrolítico e provas das funções hepática e renal, de todos os pacientes com delirium. Em pacientes idosos, a triagem para infecção sistêm ica, incluin do radiografias, exame e cultura de urina, além de possivelm ente hem oculturas, é im portante. Em indivíduos m ais jovens, as tria gens sérica e urinária para drogas e substâncias tóxicas podem ser apropriadas no início da avaliação. O utros exames de laboratório voltados para etiologias autoim unes, endocrinológicas, m etab ó licas e infecciosas devem ser reservados para os pacientes cujo diagnóstico continue incerto depois dos exam es iniciais. Diversos estudos dem onstraram que os exam es de im agem do cérebro de pacientes com delirium com frequência são inúteis. No entanto, quando a pesquisa inicial nada revela, a m aioria dos clínicos recorre a exames de im agem cerebrais para excluir causas estruturais. Uma TC sem contraste pode identificar grandes m as sas e hem orragias, m as é relativamente insensível para esclarecer a etiologia do delirium. A capacidade da RM de identificar a m aio ria dos acidentes vasculares encefálicos agudos e m o strar detalhes neuroanatôm icos que podem fornecer indícios de possíveis afec ções infecciosas, inflam atórias, neurodegenerativas e neoplásicas torna-a o exame preferível. Com o as técnicas de RM são lim itadas
QUADRO 25.2 delirium
Avaliação em etapas dos pacientes com
Avaliação inicial Anamnese com atenção especial ã medicação (incluindo as vendidas sem prescrição e os fitoterápicos) Exame físico geral e neurológico Hemograma completo Painel de eletrólitos, incluindo cálcio, magnésio e fósforo Provas de função hepática, incluindo albumina Provas de função renal Avaliação adicional primária orientada pelos dados iniciais Pesquisa de infecção sistêmica Exame e cultura de urina Radiografia de tórax Hemoculturas Eletrocardiograma Gasometria arterial Triagem toxicológica sérica e/ou urinária (solicitar logo de início em pacientes jovens) Exames de imagem cerebrais, incluindo RM com difusão e gadolínio (preferível) ou TC Suspeita de infecção do SNC: punção lombar após exame de imagem cerebral Suspeita de etiologia relacionada com crises epilépticas: eletroencefalograma (EEG) (se a suspeita for forte, imediatamente) Avaliação adicional secundária Níveis de vitaminas: B12, folato, tiamina Exames laboratoriais endocrinológicos: hormônio estimulante da tireoide (TSH) e T4 livre; cortisol Amônia sérica Velocidade de hemossedimentação Sorologias autoimunes: anticorpos antinucleares (AAN), níveis de complemento, ANCA-p, ANCA-c Sorologias infecciosas: reagina plasmática rápida (RPR); sorologias faríngeas e virais se houver alto índice de suspeita; anticorpos anti-HIV Punção lombar (se ainda não tiver sido realizada) RM cerebral com e sem gadolínio (se ainda não realizada) Nota: ANCA-p, anticorpo anticitoplasma de neutrófilo perinuclear; ANCA-c, anticorpo anticitoplasma de neutrófilo citoplasmático.
po r sua disponibilidade, pela velocidade da obtenção das imagens e pela cooperação do paciente, além das contraindicações à ex posição m agnética, m uitos clínicos começam com a TC e pros seguem com a RM se a etiologia do delirium continuar incerta. A punção lom bar (PL) deve ser realizada im ediatam ente, d e pois de exam es de im agem neurológicos apropriados, em todos os pacientes nos quais se suspeita de infecção do SNC. O exa m e do líquido cerebrospinal (LCS) tam bém pode ser útil para identificar afecções inflam atórias e neoplásicas, bem com o para o diagnóstico de encefalopatia hepática ante a presença de níveis elevados de glutam ina n o LCS. Por isso, deve-se considerar a PL em q u alquer paciente com delirium e investigação negativa. O EEG não tem lugar na avaliação rotineira do delirium, m as p e r m anece valioso se u m a etiologia relacionada com crises epilép ticas for possível.
T TRATAMENTO
Delirium
■ PREVENÇÃO C onsiderando a alta m ortalidade associada ao delirium e o custo ex trem am ente elevado com assistência m édica que implica, o desenvol vim ento de um a estratégia eficaz para sua prevenção em pacientes hospitalizados tem im portância fundam ental. A identificação bem -sucedida dos pacientes sob alto risco é a prim eira etapa, seguida pela instituição das intervenções apropriadas. Em um estudo random iza do, m ais de 850 idosos hospitalizados foram subm etidos a pro to co los simples padronizados para tratar os fatores de risco do delirium, com o as deficiências cognitiva, visual e auditiva, im obilidade, priva ção de sono e desidratação. Foram observadas reduções significativas no núm ero e na duração dos episódios de delirium no grupo subm e tido ao tratam ento, m as lam entavelm ente não houve alteração nas ta xas de recorrência do problem a. Ensaios recentes na UTI enfocaram a identificação de sedativos, com o a dexm edetom idina, m enos p ro pensos a ocasionar delirium em pacientes em estado crítico. Todos os hospitais e sistem as de saúde devem trab alh ar para desenvolver protocolos padronizados para com bater os fatores de risco com uns, com o objetivo de dim inuir a incidência do delirium. A g r a d e c im e n t o
Na i 6" edição, Allan H. Ropper contribuiu com uma seção sobre os estados confusionais agudos incorporada neste capítulo.
Confusão e Delirium
O tratam ento do delirium com eça com m edidas para o fator incitante subjacente (p. ex., os pacientes com infecção sistêm ica de vem receber antibióticos apropriados, e os distúrbios eletrolíticos subjacentes devem ser corrigidos de form a criteriosa). Tais m ed i das em geral acarretam a resolução im ediata do delirium. C om ba ter farm acologicam ente, às cegas, os sintom as do delirium serve apenas para prolongar a confusão dos pacientes e pode m ascarar inform ações diagnósticas im portantes. Ensaios recentes com m e dicações usadas para reforçar o tônus colinérgico em pacientes com delirium m ostraram resultados m istos, de m odo que tal es tratégia atualm ente não é recom endada. M étodos relativam ente simples de assistência de apoio podem ser m uito eficazes no tratam ento dos pacientes com delirium. A reorientação da equipe de enferm agem e da família, com binada com relógios e calendários visíveis m ais um a janela aberta para fora, d im inui a confusão do paciente. O isolam ento sensorial deve ser evitado fornecendo-se óculos e aparelhos auditivos aos pacientes que deles necessitem. O agravam ento n o tu rn o pode ser com batido com a vigilância p ara ciclos de sono e vigília apropria dos. D urante o dia, além de m anter o qu arto bem ilum inado, é bom program ar atividades ou exercícios para evitar cochilos. À noite, um am biente silencioso e escuro, com poucas interrupções por parte da equipe hospitalar, pode assegurar o repouso adequa do. Tais intervenções no ciclo de sono e vigília são m uito im p o r tantes no contexto da UTI, pois a atividade constante habitual por 24 h com um ente causa delirium. Tam bém se dem onstrou que te n tativas de sim ular o am biente dom éstico o m áxim o possível aju dam a prevenir e tratar o delirium. Visitas de am igos e familiares durante o dia atenuam a ansiedade associada ao fluxo constante de m édicos e outras pessoas estranhas da equipe hospitalar. D ei xar que o paciente use a própria roupa e a de cam a de casa, bem com o tenha objetos que costum am ficar p e rto dele à noite, torna o am biente hospitalar m enos estranho e, p ortanto, causa m enos confusão. Práticas padronizadas sim ples de enferm agem , com o m anter a nutrição adequada e o grau de hidratação do paciente, além de tratar a incontinência e feridas cutâneas, tam bém ajudam a aliviar o desconforto e a resultante confusão. Em algum as circunstâncias, os próprios pacientes am eaçam sua segurança ou a da equipe, o que requer tratam e n to agudo. A larm es no leito e a presença de um acom panhante são m uito m ais eficazes e m enos desorientadores que a contenção física. C ontenção quím ica deve ser evitada, m as, quando necessária, fár m acos antipsicóticos típicos e atípicos em doses m uito baixas ou conform e a necessidade são eficazes. A associação recente do uso de antipsicóticos a aum ento da m o rtalidade em idosos ressalta
a im portância do uso criterioso desses fárm acos e apenas com o últim o recurso. Os benzodiazepínicos são m enos eficazes que os antipsicóticos e com frequência agravam a confusão, devido às suas propriedades sedativas. E m bora m uitos clínicos ainda usem os benzodiazepínicos para tratar a confusão aguda, seu emprego deve ser lim itado aos casos em que o delirium seja causado pela abstinência de álcool ou de benzodiazepínicos.
BIBLIOGRAFIA TG et al: Delirium in elderly adults: Diagnosis, prevention, and treat ment. Nat Rev Neurol 5:210, 2009 G i r a r d TD et al.: Delirium as a predictor of long-term cognitive impairment in survivors of criticai illness. Crit Care Med 38:1513,2010 I n o u y e SK: et al: Clarifying confusion: The confusion assessment method. A new method for detection of delirium. Ann Intern Med 113:941,1990 ------- et al.-. A multicomponent intervention to prevent delirium in hospitalized older patients. N Engl J Med 340:669,1999 L a t I et al.: The impact of delirium on clinical outcomes mechanically ventilated surgical and trauma patients. Crit Care Med 37:1898, 2009 R i k e r RR et al: Dexmedetomidina vs midazolam for sedation of critically ill patients: A randomized trial. JAMA 301:489, 2009 Fong
201
CAPÍTULO
26
Afasia, Perda de Memória e Outros Distúrbios Cerebrais Focais M .-M arsel Mesulam
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
O córtex cerebral do encéfalo h um ano contém cerca de 20 bilhões de neurônios espalhados por um a área de 2,5 m 2. As áreas sensoriais primárias constituem um portal obrigatório para a entrada de infor mações sensoriais nos circuitos corticais, e as áreas motoras primárias form am um a via com um final para a coordenação de atos m otores complexos. As áreas sensorial e m otora prim árias representam 10% do córtex cerebral. O restante é com posto pelas áreas de m odalidade seletiva, heterom odal, paralím bica e límbica, coletivam ente conheci das com o córtex de associação (Fig. 26.1), que m edeia os processos integrativos que servem à cognição, às em oções e ao com portam ento. U m teste sistemático dessas funções m entais é essencial para a avalia ção clínica eficaz do córtex de associação e suas afecções. Segundo o pensam ento atual, não existem centros para “ouvir palavras”, “perceber o espaço”, ou “arm azenar m em órias”. As funções cognitivas e com portam entais (dom ínios) são coordenadas p or redes neurais em grande escala entrecruzadas, que possuem c om ponen tes corticais e subcorticais interconectados. A concepção da função cerebral superior em redes tem pelo m enos quatro implicações de relevância clínica: ( 1) um único dom ínio, com o a linguagem ou a m em ória, pode ser com prom etido p o r lesão em qualquer um a de diversas áreas, desde que essas áreas pertençam à m esm a rede; (2) um a lesão confinada a um a única área pode dar origem a m últiplos déficits, envolvendo as funções de todas as redes que se cruzam n a quela região; (3) a lesão de um com ponente de um a rede pode gerar déficits m ínim os ou transitórios se outras partes da rede sofrerem reorganização com pensatória; e (4) locais anatôm icos individuais em um a rede possuem especialização relativa (m as não absoluta) para diferentes aspectos com portam entais da função relevante. Cinco re des em grande escala definidas anatom icam ente são mais relevantes para a prática clínica: ( 1) um a rede perissilviana para a linguagem; (2) um a rede parietofrontal para a cognição espacial; (3) um a rede occipitotem poral para o reconhecim ento de faces e objetos; (4) um a rede lím bica para a m em ória retentora; e (5) um a rede pré-frontal para o controle cognitivo e do com portam ento.
A REDE PERISSILVIANA DA LINGUAGEM: AFASIAS E DISTÚRBIOS AFINS A linguagem possibilita a com unicação e a elaboração de pensa m entos e experiências, vinculando-os a sím bolos arbitrários conhe cidos com o palavras. O substrato neu ral da linguagem com põe-se de um a rede distribuída que está co n centrada na região perissilvia n a do hem isfério esquerdo. O polo p o ste rio r dessa rede está loca lizado na junção tem p o ro p arietal e inclui u m a região d e n o m in a da área de Wernicke. U m a função essencial da área de W ernicke é transform ar im pulsos sensoriais em suas representações neurais da palavra, de m odo que eles possam estabelecer as associações repar tidas que conferem a u m a palavra seu significado. O polo anterior da rede de linguagem localiza-se no giro frontal inferior e inclui um a região denom inada área de Broca. U m a função essencial dessa área é transform ar as representações neurais da palavra em suas se qüências articulatórias, de m o d o que as palavras sejam em itidas na form a de linguagem falada. A função de sequenciam ento da área de Broca tam bém parece envolver a ordenação das palavras em frases que contenham um a sintaxe (gram ática) a propriada ao significado.
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Figura 26.1 Vistas lateral (no alto) e mediai ( embaixo) dos hemisférios cerebrais. Os números referem-se às designações citoarquitetônicas de Brodmann. A área 17 corresponde ao córtex visual primário; a 41 e a 42, ao córtex auditivo primário; 1 a 3, ao córtex somatossensorial primário, e 4, ao córtex motor primário. 0 restante do córtex cerebral abriga as áreas de associação. AG, giro angular; B, área de Broca; CC, corpo caloso; CG, giro do cíngulo; DLPFC, córtex pré-frontal dorsolateral; FEF, campos oculares frontais (córtex pré-motor); FG, giro fusiforme; IPL, lóbulo parietal inferior; ITG, giro temporal inferior; LG, giro lingual; MPFC, córtex pré-frontal mediai; MTG, giro temporal médio; OFC, córtex orbitofrontal; PHG, giro para-hipocampal; PPC, córtex parietal posterior; PSC, córtex periestriatal; SC, córtex estriado; SMG, giro supramarginal; SPL, lóbulo parietal superior; STG, giro temporal superior; STS, sulco temporal superior; TP, córtex temporopolar; W, área de Wernicke.
As áreas de W ernicke e Broca estão interligadas entre si e com cada um a das outras regiões, a perissilviana, a tem poral, a pré-frontal e a parietal posterior, form an d o u m a rede n eural que serve aos vários aspectos da função de linguagem . A lesão de q ualquer um desses com ponentes ou de suas interconexões pode originar perturbações da linguagem (afasia). D eve-se diagnosticar afasia apenas quando há déficits dos aspectos form ais da linguagem , com o a d e n o m in a ção, a escolha de palavras, a com preensão, a soletração e a sintaxe. A disartria e o m utism o não im plicam , em si, o diagnóstico de afasia. A rede da linguagem exibe um p adrão de dom inância do hem isfério esquerdo na grande m aio ria da população. Em cerca de 90% dos destros e 60% dos canhotos, a afasia ocorre som ente após lesões do hem isfério esquerdo. Em alguns indivíduos, não se identifica qual quer dom inância hem isférica p ara a linguagem , e em alguns outros (incluindo u m a pequena m in o ria de destros) há dom inância do h e m isfério direito. U m a p e rtu rb a çã o da linguagem que o corra após
lesão do hem isfério direito em um paciente destro é d e n o m in ad a afasia cruzada.
■ EXAME FÍSICO
QUADRO 26.1
Afasia de Wernicke A com preensão é deficiente para a linguagem falada e a escrita, tanto de palavras isoladas com o de sentenças. A em issão de linguagem é fluente, porém altam ente parafásica e em circunlóquios. A te n d ê n cia a erros parafásicos pode ser tão m arcante que acarreta séries de neologism os, form ando a base do que é conhecido com o “afasia em jargão”. A fala contém grandes núm eros de palavras funcionais (p. ex., preposições, conjunções), m as poucos substantivos ou verbos referentes a ações específicas. Portanto, a fala é prolixa, porém p o u co inform ativa. Por exemplo, um paciente tenta descrever com o sua esposa jogou fora algo im portante, talvez sua dentadura: “Não pre cisam os m ais disso, ela falou. E com isso que quando escada abaixo foi m inha dente-... a... den... d entura m eu dentista. Por acaso, estava naquele saco... entendeu? C om o aconteceu? C om o um a coisa assim acontece... Então, ela disse que não precisam os m ais disso... N ão p e n
Afasia, Perda de Memória e Outros Distúrbios Cerebrais Focais
O exam e físico da linguagem deve incluir a avaliação da d e n o m i nação, da fala espontânea, da com preensão, da repetição, da leitura e da escrita. O déficit da d enom inação (anom ia) é o achado m ais com um em pacientes afásicos. Q u ando solicitado a d e n o m in a r um objeto com um (lápis ou relógio de pulso), o paciente p o d e não p ro nu n ciar a palavra apropriada, p ode fornecer um a descrição em circunlóquio do objeto (“a coisa para escrever”) ou p ro n u n c ia r a pala vra errada (parafasia). Se o paciente enunciar um a palavra incorreta m as legítim a (“caneta” em lugar de “lápis”), o erro de denom inação é cham ado d e parafasia semântica; se a palavra aproxim ar-se da p a lavra correta, m as for foneticam ente im precisa (“láfis” em vez de “lápis”), o erro é conhecido com o parafasia fonêm ica. A solicitação para que o paciente denom ine partes corporais, form as geom étricas e com ponentes de objetos (colarinho de cam isa, tam p a de caneta) pode d etectar form as leves de anom ia em pacientes que são capazes de d e n o m in a r objetos com uns. N a m aioria das anom ias, o paciente não recupera o nom e apropriado de u m objeto, m as consegue ap o n tar o objeto correto q uando o exam inador enuncia o nom e, o que é cham ado de déficit unidirecional (ou baseado na recuperação) da denom inação. U m déficit bidirecional de d en o m in a çã o existe se o paciente não em itir n em reconhecer o n o m e correto, indicando a presença provável de déficit da com preensão da palavra. A fa la espontânea é descrita com o “fluente” se m an tiv er um v olum e de em issão, um a extensão das sentenças e m elodia adequados, e “não fluente” se for esparsa, hesitante e a duração m édia das em issões for inferior a quatro palavras. O ex am inador tam bém deve observar se a fala é parafásica ou em circunlóquios, se h á escassez relativa de substantivos e verbos de ação versus palavras de função (p rep o si ções, conjunções) e se a ordem das palavras, os tem pos verbais, su fixos, prefixos, plurais e possessivos são apropriados. Pode-se testar a compreensão avaliando a capacidade do paciente de a com panhar um a conversa, fazendo p erguntas do tip o “sim ou não” (“U m cão pode voar?, “Neva no verão?”) ou ped in d o ao paciente para apontar objetos apropriados (“O n d e está a fonte de luz n esta sala?”). A fir m ações com orações subordinadas ou u m a construção na voz p as siva (“Se um tigre for com ido p or u m leão, qual anim al perm anece vivo?) ajudam a analisar a capacidade de co m p reen d er u m a e stru tu ra sintática complexa. Os com andos para fechar ou abrir os olhos, levantar, sentar ou rolar não devem ser usados para avaliar a com preensão geral, porque respostas apropriadas a esses m ovim entos axiais podem estar p reser vadas em pacientes que, não obstante, apresentam profundos déficits da com preensão.
Avalia-se a repetição p ed in d o ao paciente para repetir palavras isoladas, frases curtas ou séries de palavras com o “não m e venha com se, porém , ou talvez”. O teste de repetição com trava-línguas com o “rinoceronte” ou “paralelepípedo” fornece um a avaliação m elhor de disartria e palilalia do que de afasia. Os pacientes afásicos podem ter pouca dificuldade com trava-línguas, m as têm um a dificuldade espe cial para repetir um a série de palavras funcionais. É im portante ga ran tir que o núm ero de palavras não exceda a capacidade de atenção do paciente. D o contrário, a falha da repetição reflete a capacidade de atenção reduzida, em vez de indicar déficit afásico. A leitura deve ser avaliada à procura de déficits na leitura em voz alta, assim como na com preensão. A escrita é avaliada quanto a erros de soletração, ordem das palavras e gram ática. A lexia descreve um a incapacidade de ler em voz alta ou com preender palavras isoladas e frases simples; usa-se o term o agrafia (ou disgrafia) para descrever um déficit adqui rido na soletração ou gram ática da linguagem escrita. A correspondência entre déficits individuais da função da lin guagem e a localização da lesão não exibe um a relação rígida de um para um e deve ser concebida no contexto do m odelo de redes dis tribuídas. Não obstante, a classificação das afasias em síndrom es clí nicas específicas ajuda a d e te rm in a r a distribuição anatôm ica m ais provável da doença neurológica subjacente e tem im plicações para a etiologia e o prognóstico (Q u a d ro 26.1). As síndrom es citadas no Q uadro 26.1 são m ais aplicáveis às afasias causadas p o r acidentes vasculares encefálicos (AVE). Elas dividem -se em síndrom es “cen trais”, que resultam de lesão dos dois epicentros da rede de linguagem (áreas de Broca e de W ernicke), e síndrom es de “desconexão”, origi nárias de lesões que interrom pem a conectividade funcional desses centros entre si e com outros com ponentes da rede de linguagem . As síndrom es descritas adiante são idealizações; as síndrom es puras raram ente ocorrem .
Manifestações clínicas das afasias e dos distúrbios afins Compreensão
Repetição da linguagem falada
De Wernicke
Reduzida
De Broca
Preservada (exceto a gramática)
Global
Denominação
Fluência
Reduzida
Reduzida
Preservada ou aumentada
Reduzida
Reduzida
Reduzida
Reduzida
Reduzida
Reduzida
Reduzida
De condução
Preservada
Reduzida
Reduzida
Preservada
Transcortical não fluente (motora)
Preservada
Preservada
Reduzida
Reduzida
Transcortical fluente (sensorial)
Reduzida
Preservada
Reduzida
Preservada
De isolamento
Reduzida
Ecolalia
Reduzida
Ausência de fala propositada
Anômica
Preservada
Preservada
Reduzida
Preservada, exceto por pausas para buscar palavras
Surdez pura para palavras
Reduzida apenas para a linguagem falada
Reduzida
Preservada
Preservada
Alexia pura
Reduzida apenas para a leitura
Preservada
Preservada
Preservada
203
■
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 204
sei que íam os usar. E agora, se eu tiver problem a alguém vindo daqui a 1 mês, 4 meses, ou daqui a 6 meses, tenho um novo dentista. O nde m inhas duas... dois pedaços pequenos de dentista que eu uso... que eu... tudo perdido. Se ela jogar tudo fora... visitar alguns amigos dela e ela não pode jogar fora”. Gestos e pantom im a não m elhoram a com unicação. O paciente não parece perceber que sua linguagem é incom preensível, e pode transparecer raiva e impaciência quando o exam inador não decifra o significado de um a afirm ação intensam ente parafásica. Em alguns pacientes, esse tipo de afasia acom panha-se de agitação intensa e com portam ento paranoide. Um a área da com preensão que pode es tar preservada é a capacidade de seguir com andos que visem à m us culatura axial. A dissociação entre a incapacidade de com preender perguntas simples (“Q ual é o seu nom e?”) em um paciente que rapi dam ente fecha os olhos, senta-se ou rola no leito quando solicitado é típica da afasia de W ernicke e ajuda a diferenciá-la de surdez, doença psiquiátrica ou simulação. Os pacientes com afasia de W ernicke não conseguem expressar seus pensam entos em palavras de significado apropriado, e não decodificam o significado das palavras em qu al quer m odalidade de com unicação. Portanto, essa afasia tem com po nentes expressivo e receptivo. A repetição, a denom inação, a leitura e a escrita tam bém são afetadas. O local da lesão m ais com um ente associado à afasia de W ernicke é a parte posterior da rede de linguagem , e tende a envolver pelo m e nos partes da área de W ernicke. Um êm bolo na divisão inferior da artéria cerebral m édia, em especial no ram o tem poral posterior ou angular, é a etiologia m ais com um (Cap. 370). H em orragia intracerebral, traum atism o craniano grave ou neoplasia são outras causas. H em ianopsia direita ou quadrantanopsia superior coexistente é co m um , e pode-se observar apagam ento discreto do sulco nasolabial direito, mas, de resto, o exame físico frequentem ente não m ostra o u tras anorm alidades. U m a fala parafásica, com neologism os, em um paciente agitado com exam e neurológico de outro m odo inespecí fico, pode levar à suspeita de um tran sto rn o psiquiátrico prim ário, com o esquizofrenia ou m ania, m as os outros com ponentes típicos de afasia adquirida e a ausência de histó ria de doença psiquiátrica anterior geralm ente resolvem a questão. Alguns pacientes com afasia de W ernicke decorrente de hem orragia intracerebral ou traum atism o craniano m elhoram à m edida que a hem orragia ou o traum atism o se resolvem. Na m aioria dos dem ais pacientes, o prognóstico em term os de recuperação da função da linguagem é reservado.
Afasia de Broca A fala não é fluente, é trabalhosa, interrom pida p or m uitas pausas à p rocura de palavras e geralm ente disártrica. É carente em palavras funcionais, mas rica em substantivos e verbos apropriados ao signifi cado. Um a ordem anorm al das palavras e o em prego im próprio dos morfemas desinenciais (term inações das palavras usadas, para indicar o tem po dos verbos, pronom es possessivos ou plurais) resultam em agram atism o típico. A fala é telegráfica e lacônica, porém bastante inform ativa. Na passagem a seguir, um paciente com afasia de Bro ca descreve sua história clínica pregressa: “Vou... no dotor, dotor me m andou... São Paulo. Ir a hospital. Dotor... m e deixar intenado. Dois, tês dias, dotor m e m anda casa.” A em issão pode lim itar-se a um g ru n h id o ou um a só palavra (“sim” ou “não”), que é pronunciada com entonações diferentes, na tentativa de expressar aprovação ou desaprovação. Além da fluên cia, a denom inação e a repetição tam bém estão com prom etidas. A com preensão da linguagem falada está intacta, exceto pelas frases de sintaxe difícil com estrutura na voz passiva ou na form a co n d i cional. A com preensão da leitura tam bém está preservada, exceto eventualm ente p o r deficiência específica para ler pequenas palavras gram aticais, com o conjunções e pronom es. As duas últim as carac terísticas indicam que a afasia de Broca não é apenas um distúrbio “expressivo” ou “m otor”, e que tam bém pode incluir déficit da com preensão de palavras funcionais e da sintaxe. Os pacientes com afa sia de Broca podem ser chorosos, ficam frustrados com facilidade e profundam ente deprim idos. A percepção do p róprio estado está
preservada, ao contrário da afasia de W ernicke. Até m esm o quando a fala espontânea está intensam ente disártrica, o paciente pode ser capaz de exibir um a articulação relativam ente n orm al das palavras ao cantar. Essa dissociação tem sido usada para desenvolver m éto dos terapêuticos específicos (terapia da entonação m elódica) para a afasia de Broca. Déficits neurológicos adicionais geralm ente incluem fraqueza facial direita, hem iparesia ou hem iplegia e apraxia bucofacial, caracterizada p o r incapacidade de executar com andos m otores envolvendo as m usculaturas orofaríngea e facial (p. ex., os pacientes são incapazes de m o strar com o soprar para apagar um fósforo ou beber algo com um canudo). Os cam pos visuais estão intactos. A cau sa m ais freqüente é infarto na área de Broca (circunvolução frontal inferior; “B” na Fig. 26.1) e no córtex insular e perissilviano anterior, devido à oclusão da divisão superior da artéria cerebral m édia (Cap. 370). Lesões expansivas, com o um tum or, h em orragia intracerebral e abscesso, tam bém podem ser im plicadas. Lesões pequenas restritas à parte posterior da área de Broca podem gerar um déficit não afásico e m uitas vezes reversível na articulação da fala, em geral acom panhado de fraqueza facial direita leve. Q uando a causa da afasia de Broca é um acidente vascular encefálico, a recuperação da função da lingua gem costum a atingir o m áxim o em 2 a 6 meses, depois dos quais o progresso adicional é lim itado.
Afasia global O discurso não é fluente e a com preensão da linguagem falada está gravem ente afetada. A denom inação, a repetição, a leitura e a escrita tam bém são afetadas. Essa síndrom e representa a disfunção com bi nada das áreas de Broca e W ernicke, e geralm ente resulta de acidentes vasculares encefálicos envolvendo toda a distribuição da artéria cere bral m édia no hem isfério esquerdo. No início, a m aioria dos pacien tes está m uda ou diz algum as palavras, com o “oi” ou “sim”. Os sinais relacionados abrangem hem iplegia direita, perda hem issensorial e hem ianopsia hom ônim a. Às vezes, um paciente com lesão na área de W ernicke apresenta-se com afasia global que logo se transform a em afasia de W ernicke.
Afasia de condução O discurso é fluente, m as parafásico, a com preensão da linguagem falada é intacta, e a repetição está inten sam en te com prom etida. A d en om inação e a escrita tam bém são afetadas. A leitura em voz alta é deficiente, m as a com preensão da leitura está preservada. Os locais da lesão p o u p a m as áreas de Broca e W ernicke, m as podem in duzir u m a desconexão funcional entre as duas, de m o d o que as representações de palavras neurais form adas na área de W ernicke e regiões adjacentes não são transferidas à área de Broca para m o n tagem nos padrões articu lató rio s c orrespondentes. Às vezes, um a lesão na área de W ernicke dá origem a u m a afasia de W ernicke tra n sitória, que rapidam ente evolui para afasia de condução. O discurso parafásico na afasia de condução interfere na capacidade de expres sar significado, m as esse déficit é b em m enos intenso que o apresen tado p o r pacientes com afasia de W ernicke. Os sinais neurológicos associados na afasia de condução variam de acordo com a sede da lesão prim ária.
Afasia transcortical não fluente (afasia motora transcortical) As manifestações são sem elhantes às da afasia de Broca, porém a re petição está preservada e o agram atism o pode ser m enos acentuado. O exame neurológico pode ser de resto intacto, m as tam bém pode haver hem iparesia direita. A lesão desconecta a rede de linguagem intacta das áreas pré-frontais do cérebro e geralm ente envolve a zona de fronteira anterior entre os territórios das artérias cerebrais, ante rior e m édia, ou o córtex m otor suplem entar no território da artéria cerebral anterior.
Afasia transcortical fluente (afasia sensorial transcortical) As m anifestações clínicas são sem elhantes às da afasia de Wernicke, porém a repetição está intacta. A lesão desconecta o cerne intacto da rede de linguagem de outras áreas de associação tem poroparietais.
Os achados neurológicos associados podem incluir hem ianopsia. As lesões vasculares cerebrais (p. ex., infartos na zona de fronteira p o s terior) e neoplasias envolvendo o córtex tem poroparietal posterior à área de W ernicke são as causas m ais com uns.
Afasia de isolamento É um a síndrom e rara representa um a com binação das duas afa sias transcorticais. A com preensão é gravem ente afetada, e não há emissão de fala intencional. O paciente pode repetir fragm entos de conversas ouvidas (ecolalia), indicando que os m ecanism os neurais da repetição estão pelo m enos em parte preservados. Esse distúrbio representa a função patológica da rede de linguagem quando ela é isolada de outras regiões do encéfalo. As áreas de Broca e W ernicke tendem a ser poupadas, m as há lesão dos córtices frontal, parietal e tem poral circundante. As lesões são descontínuas e podem estar as sociadas a hipoxia, intoxicação p o r m onóxido de carbono ou infartos complexos em zonas de fronteira.
Afasia anômica
Surdez pura para palavras As causas m ais com uns são acidentes vasculares encefálicos das ar térias cerebrais m édia bilateral ou esquerda que afetam o giro tem poral superior. O resultado final da lesão subjacente é interrom per o fluxo de inform ações oriundas do córtex de associação auditivo para a área de W ernicke. Os pacientes não têm dificuldade de com preen der a linguagem escrita e se expressam bem pela linguagem falada ou escrita. Tam bém não apresentam dificuldade para in te rp reta r e reagir aos sons do am biente, um a vez que o córtex auditivo prim ário e os retránsm issores auditivos subcorticais estão intactos. E n tretan to, com o as inform ações auditivas não são tran sm itid as à rede de linguagem , elas não são decodificadas em representações neurais de palavra e o paciente reage à fala com o se fosse um a língua estranha, incom preensível. Os pacientes não conseguem rep etir a linguagem falada, m as não têm dificuldade p ara d e n o m in a r objetos. C om o tem po, os pacientes com surdez p u ra p a ra palavras a prendem p or si próprios a leitura labial e parecem ter m elhorado. Pode não haver achados neurológicos adicionais, m as reações p aranoides agitadas são freqüentes nos estágios agudos. As lesões vasculares encefálicas são a causa m ais com um .
Alexia pura sem agrafia É o equivalente visual da surdez p u ra para palavras. As lesões (em geral, um a com binação de lesão do córtex occipital esquerdo e de um segm ento posterior do corpo caloso - o esplênio) interrom pem o fluxo de inform ações visuais para a rede de linguagem . G eralm ente há hem ianopsia direita, m as a rede de linguagem central p e rm a n e ce inalterada. O paciente pode com preender e p ro d u z ir linguagem falada, denom inar objetos no hem icam po visual esquerdo, repetir e escrever. C ontudo, ele parece analfabeto quando solicitado a ler até m esm o a frase m ais simples, porque as inform ações visuais prove nientes das palavras escritas (apresentadas no hem icam po visual esquerdo intacto) não chegam à rede de linguagem . Os objetos no hem icam po esquerdo são denom inados com precisão, porque eles ativam associações não visuais no hem isfério direito, as quais, por
Afemia H á um início agudo de deficiência grave da fluência (m uitas vezes m utism o), que não po d e ser explicada p o r disfunção corticobulbar, cerebelar ou extrapiram idal. A recuperação é a regra e abrange um estágio in te rm ed iário de su ssu rro s roucos. A escrita, a leitura e a com preensão estão intactas, p o rta n to a afem ia n ão é u m a síndrom e afásica verdadeira. Pode haver lesões parciais da área de Broca ou subcorticais que in te rro m p em suas conexões com outras partes do cérebro. Às vezes, a lesão localiza-se nas regiões m ediais dos lobos frontais e p o d e afetar o córtex m o to r su p le m e n tar do hem isfério esquerdo.
Apraxia Term o genérico que descreve u m déficit m o to r com plexo, não a tri buível a disfunção piram idal, extrapiram idal, cerebelar ou sensorial e que não se origina da incap acid ad e de o paciente c om preender a natureza da tarefa. A form a o b serv ad a com m ais frequência na prática clínica é conhecida com o apraxia ideomotora. O s c o m a n dos para executar d e te rm in a d a tarefa m o to ra (“tossir”, “soprar para apagar um fósforo”) ou re p re se n tar o uso de u m in stru m e n to co m um (um pente, m artelo, canudo, escova de dentes) na ausência do objeto real não p o d em ser cum pridos. A capacidade do pacien te de com preender o co m an d o é averiguada pela dem onstração de m últiplos m ovim entos e pelo estabelecim ento de que o m ovim ento correto é reconhecido. A lguns p acientes com esse tip o de apraxia conseguem im itar o m ovim ento apro p riad o (quando dem onstrado pelo exam inador) e não m o stram déficit q u an d o m anipulam o obje to real, indicando que os m ecanism os sensorim otores essenciais ao m ovim ento estão intactos. A lgum as form as de apraxia ideom otora advêm de desconexão en tre a rede de linguagem e os sistem as m o tores piram idais: os com andos p ara executar m ovim entos com ple xos são com preendidos, m as não são tran sm itid o s às áreas m otoras apropriadas, em b o ra os m ecan ism o s m o to res relevantes estejam íntegros. A apraxia bucofacial consiste em déficits apráxicos nos m ovim entos da face e da boca. A apraxia dos membros com preende déficits apráxicos nos m ovim entos dos braços e das pernas. A ap ra xia id eo m o to ra é quase sem pre causada p o r lesões n o hem isfério esquerdo e está com um ente associada a síndrom es afásicas, em es pecial à afasia de Broca e à afasia de condução. Sua presença não pode ser d eterm inada em pacientes com déficits da com preensão da linguagem . A capacidade de seguir com andos dirigidos à m uscula tu ra axial (“feche os olhos”, “levante-se”) é servida p o r vias diferen tes e pode estar intacta em pacientes de resto intensam ente afásicos e apráxicos. C om o o m anejo de objetos reais não está co m prom eti do, a apraxia ideom otora em si não causa grande lim itação das ativi dades cotidianas. O s pacientes com lesões do corpo caloso anterior podem exibir um tipo especial de apraxia ideom otora confinada ao lado esquerdo do corpo, sinal conhecido com o dispraxia simpática. U m a form a grave de dispraxia sim pática conhecida com o síndrom e da mão alienígena caracteriza-se p o r outros aspectos da desinibição m otora na m ão esquerda. A apraxia ideatória refere-se a um déficit na execução de um a seqüência de m ovim entos dirigida para algum objetivo em pacientes que não apresentam dificuldade p ara executar os com ponentes in dividuais da seqüência. Por exemplo, quando o paciente é solicitado a apanhar um a caneta e escrever, a seqüência de retirar a tam pa da
Afasia, Perda de Memória e Outros Distúrbios Cerebrais Focais
Essa form a de afasia p o d e ser considerada a sín d ro m e de “d isfu n ção m ínim a” da rede de linguagem . A articulação, a com preensão e a repetição estão intactas, m as a denom inação p o r confrontação, a busca de palavras e a soletração estão afetadas. A fala é enriquecida de palavras funcionais, m as escassa em substantivos e verbos que descrevam ações específicas. A em issão da linguagem é fluente, p o rém parafásica, em circunlóquios e pouco inform ativa. A fluência po d e ser in terro m p id a p o r hesitações n o térm in o das palavras. A lesão po d e localizar-se em qualquer po n to da área de linguagem no hem isfério esquerdo, incluindo os giros tem porais m édio e inferior. A afasia anôm ica é a anorm alidade da linguagem m ais com um no traum atism o craniano, na encefalopatia metabólica e na doença de Alzheim er.
sua vez, têm acesso à rede de linguagem através de vias transcalosas anteriores ao esplênio. Os pacientes com essa síndrom e tam bém p o dem perder a capacidade de denom inar cores, porém são capazes de com biná-las, o que se denom ina anom ia das cores. A etiologia mais com um da alexia pura é um a lesão vascular no território da artéria cerebral posterior ou u m a neoplasia infiltrativa no córtex occipital esquerdo que envolva as radiações ópticas e as fibras que cruzam o esplênio. C om o a artéria cerebral po sterio r tam bém supre os com ponentes tem porais m ediais do sistem a lím bico, um paciente com alexia pura tam bém pode m anifestar am nésia, m as esta costum a ser transitória porque a lesão lím bica é unilateral.
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caneta, colocá-la na outra extrem idade, virar a p o n ta em direção à superfície do papel e escrever pode estar alterada, e, em alguns ca sos, o paciente tenta escrever com a extrem idade errada da caneta ou até m esm o com a tam pa. Esses problem as da seqüência m otora geralm ente são observados no contexto de estados confusionais e dem ências, em vez de lesões focais associadas a distúrbios afásicos. A apraxia cinética dos membros consiste em inabilidade no m anejo habitual de instrum entos, que não é atribuível a disfunção sensorial, piram idal, extrapiram idal ou cerebelar. Ela pode surgir no contexto de lesões focais do córtex pré-m o to r ou de degeneração do córtex e dos núcleos da base.
Síndrome de Gerstmann
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
A com binação de acalculia (deficiência em cálculos aritm éticos sim ples), disgrafia (escrita deficiente), anom ia digital (incapacidade de denom inar os dedos, com o o indicador e o polegar) e confusão direita-esquerda (incapacidade de dizer se a m ão, o pé, ou o braço do p a ciente ou do exam inador pertencem ao lado direito ou esquerdo do corpo) é conhecida com o síndrom e de G erstm ann. Ao definir esse diagnóstico, é im portante estabelecer que os déficits na denom inação dos dedos e dos lados direito e esquerdo não façam parte de anom ia m ais generalizada e que o paciente não tenha afasia. Q uando a sín drom e de G erstm ann está presente de m aneira isolada, há com um en te um a lesão no lóbulo parietal inferior (em especial o giro angular) do hem isfério esquerdo.
Aprosódia As variações da acentuação m elódica e da entonação influenciam o significado e o im pacto da linguagem falada. Por exem plo, as duas frases “Ele é inteligente” e “Ele é inteligente?” contêm a m esm a esco lha de palavras e sintaxe, m as transm item m ensagens im ensam ente diferentes em virtu d e de diferenças na entonação e n a acentuação com que as frases são em itidas. Esse aspecto da linguagem d e n o m i na-se prosódia. Lesões nas áreas perissilvianas do hem isfério direito p odem interferir na prosódia da fala e gerar sín d ro m es de a p ro só dia. Um a lesão em regiões do hem isfério direito co rrespondentes à área de W ernicke pode afetar seletivam ente a decodificação da p ro sódia da fala, enquanto u m a lesão em regiões do hem isfério direito correspondentes à área de Broca pro d u z deficiência m aior na capa cidade de acrescentar à linguagem falada u m a pro só d ia apropriada ao significado. Esse últim o déficit é o tipo m ais com um de aprosó dia identificado n a prática clínica - o paciente p ro d u z linguagem gram aticalm ente correta, com escolha precisa de palavras, m as as frases são enunciadas em tom m onótono, o que interfere na capaci dade de tran sm itir a ênfase desejada e afeto. Os pacientes com esse tipo de aprosódia dão a im pressão errônea de que estão deprim idos o u indiferentes.
Afasia subcortical U m a lesão de com ponentes subcorticais da rede de linguagem (p. ex., estriado e tálam o no hem isfério esquerdo) tam bém pode acarre tar afasia. As síndrom es resultantes contêm com binações de déficits dos diversos aspectos da linguagem , m as raram ente se e nquadram nos padrões específicos descritos no Q uadro 26.1. Em u m paciente com AVE, um a afasia anôm ica acom panhada de disartria ou afasia fluente com hem iparesia deve levantar suspeita de localização su b cortical da lesão.
Afasias progressivas As afasias causadas por acidentes vasculares encefálicos com eçam su bitam ente e exibem déficits m áxim os no início. A lesão subjacente é relativamente circunscrita e associada à perda total da função neural em pelo m enos parte do local da lesão. Essas são as afasias “clássi cas” descritas anteriorm ente. As afasias causadas p o r doenças neurodegenerativas apresentam início insidioso e progressão inexorável, de m odo que a sintom atologia evolui com o tem po. C om o a perda neuronal nas áreas afetadas pela neurodegeneração é parcial e tende
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a incluir m últiplos com ponentes da rede de linguagem , os padrões anatom oclínicos são diferentes dos descritos no Q uadro 26.1.
Apresentação clínica e diagnóstico de afasia progressiva primária (APP) Q uando um a doença neurodegenerativa prejudica seletiva m ente a função da linguagem , faz-se um diagnóstico clínico de APP. Um paciente com APP procura auxílio m édico em razão de dificul dades na busca de palavras, padrões anorm ais da fala, deficiência na com preensão das palavras ou erros de soletração de início recente. A APP é diagnosticada q uando o utras faculdades m entais, como a m em ória p ara eventos cotidianos, as habilidades visuoespaciais (ava liadas por testes de desenho e pelo reconhecim ento de faces) e o com portam ento (avaliado p o r relatos de terceiros), perm anecem relativa m ente intactas; quando a linguagem é a principal área de disfunção durante os prim eiros anos da doença; e quando exames de imagem cerebrais estruturais não revelam um a lesão específica, exceto atrofia, que justifique o déficit de linguagem . Deficiências em outras funções cognitivas às vezes p odem ocorrer, m as a disfunção da linguagem perm anece com o a m anifestação m ais proem inente e deteriora mais rapidam ente ao longo da doença.
A linguagem na APP
A deficiência de linguagem na APP varia de um paciente para outro. Alguns pacientes não encontram as palavras certas para expressar seus pensam entos; outros não com preendem o significado de palavras ouvidas ou lidas; outros ainda são incapazes de denom inar objetos no am biente. A deficiência de linguagem pode ser fluente (isto é, com articulação, fluxo e núm ero de palavras por em issão norm ais) ou sem fluência. O sinal isolado m ais com um de afasia progressiva p rim ária é u m a incapacidade de encontrar a pala vra certa durante a conversação e/ou de denom inar objetos apresen tados pelo exam inador (anom ia). Form as distintas de agramatismo e/ou déficits de com preensão das palavras tam bém podem surgir. O agram atism o consiste em ordem im própria das palavras e uso errô neo de pequenas palavras gram aticais. Os déficits de compreensão, se presentes, com eçam com um a incapacidade eventual de com preen der palavras isoladas de baixa frequência e gradualm ente evoluem até abranger a com preensão da conversa habitual. As deficiências da sintaxe, com preensão, denom inação ou escrita na APP form am padrões ligeiram ente diferentes daqueles vistos nas afasias causadas p o r CVA. Três subtipos de A PP podem ser reconhe cidos: um a variante agram atical caracterizada por fluência precária e sintaxe deficiente, um a variante sem ântica caracterizada por fluência e sintaxe preservadas, m as a com preensão precária de palavras isola das, e um a variante logopênica caracterizada por sintaxe e compreen são preservadas, m as pausas freqüentes p ara buscar palavras durante a fala espontânea. A v ariante agram atical tam bém é conhecida como afasia não fluente progressiva e tem sem elhanças com a afasia de Bro ca. C ontudo, em geral não há disartria. A variante sem ântica de APP exibe sem elhanças com a afasia de W ernicke, m as a dificuldade de com preensão tende a ser m ais p ro fu n d a para palavras isoladas que denotam objetos concretos.
Fisiopatologia As três variantes de APP m ostram distribuições su perpostas de perda neuronal, m as a variante agram atical está mais estreitam ente associada à atrofia das partes anteriores da rede de lin guagem (onde se localiza a área de Broca), a variante sem ântica à atrofia dos com ponentes tem porais anteriores da rede de linguagem, e a variante logopênica à atrofia do com ponente tem poroparietal da rede de linguagem . As anorm alidades podem perm anecer limitadas ao hem isfério esquerdo perissilviano e aos córtices tem porais ante riores inicialm ente, m as a deterioração gradual na APP acarreta uma perda de especificidade sindrôm ica à m edida que a doença progride. Neuropatologia
N a m aio ria dos casos de APP, a neuropatologia se en q u ad ra na fam ília de degenerações lobares frontotem porais (DLFT) e exibe várias com binações de p erd a neuronal focal, gliose, inclusões tau positivas, inclusive corpúsculos de Pick e inclu sões TD P-43tau negativas. Form as fam iliares de APP com inclusões TDP-43foram recentem ente correlacionadas com m utações do gene
da p rogranulina no crom ossom o 17. A variante agram atical m ais frequentem ente está associada a inclusões T D P-43 está associada a tauopatia, enquanto a variante sem ântica está m ais estreitam en te associada a inclusões TDP-43. A patologia de A lzheim er é vista m ais frequentem ente na variante logopênica. Portanto, o subtipo de APP pode ajudar a prever a natureza da n europatia subjacente. Apresentou-se a intrigante possibilidade de que um a história pessoal ou fam iliar de dislexia poderia ser um fator de risco para a afasia p ro gressiva prim ária, pelo m enos em alguns pacientes, sugerindo que essa doença pode surgir em um contexto de vulnerabilidade genética ou relacionada com o desenvolvim ento, que afeta as áreas cerebrais que servem à linguagem.
A REDE PARIETOFRONTAL PARA ORIENTAÇÃO ESPACIAL: NEGLIGÊNCIA E DISTÚRBIOS AFINS ■ NEGLIGÊNCIA HEMIESPACIAL
Exame clínico Os pacientes com negligência grave podem não conseguir vestir-se, barbear-se ou cuidar do lado esquerdo do corpo, podem deixar de com er alim entos dispostos no lado esquerdo da bandeja e não ler a m etade esquerda das frases. Q uando o exam inador desenha um grande círculo (de 12 a 15 cm de diâm etro) e solicita que o paciente escreva os núm eros 1 a 12 com o se o círculo representasse o m o stra dor de um relógio, há um a tendência a acum ular os núm eros no lado direito e deixar o lado esquerdo vazio. Q u ando solicitado a copiar um desenho de linhas simples, o paciente deixa de copiar detalhes no lado esquerdo; e, quando ele é solicitado a escrever, há um a tendência a deixar um a m argem incom um ente larga à esquerda. Dois testes à beira do leito úteis na avaliação da negligência são a estimulação bilateral simultânea e o cancelamento de alvos visuais. N o prim eiro, o exam inador apresenta estím ulos unilaterais ou bi-
Figura 26.2
Ressonância magnética funcional da linguagem e atenção es pacial em indivíduos neurologicamente sadios. As áreas vermelhas e negras mos tram regiões de ativação significativa relacionada com uma tarefa. [No alto) Os indiví duos foram solicitados a determinar se duas paiavras são sinônimos. Essa tarefa de linguagem levou à ativação simultânea dos dois epicentros da rede de linguagem, as áreas de Broca (B) e Wernicke (W). As ativações se dão exclusivamente no hemisfério esquerdo. (Embaixo) Os indivíduos foram solicitados a desviar a atenção espacial para um alvo periférico. Essa tarefa levou à ativação simultânea dos três epicentros da rede de atenção, o córtex parietal posterior (P), os campos oculares frontais (F) e o giro do cíngulo (CG). As ativações se dão predominantemente no hemisfério direito. [Cortesia de Darren Gitelman, MD; com autorização.)
laterais sim ultâneos nas m odalidades visual, auditiva e tátil. Após lesão no hem isfério direito, pacientes que não têm dificuldade em d etectar estím ulos unilaterais em q u alq u er lado percebem o estí m ulo bilateral com o se ele proviesse apenas da direita. Esse fenô m eno denom ina-se extinção e é u m a m anifestação do com ponente representacional sensorial da negligência hem iespacial. N a tarefa de detecção de alvos, estes (p. ex., letras A) são intercalados com ele m entos distrativos (p. ex., ou tras letras do alfabeto) em um a folha de papel de tam anho A4 e o paciente é solicitado a circular todos os alvos. A incapacidade de d etectar alvos à esquerda é um a m anifesta ção do déficit exploratório na negligência hem iespacial (Fig. 26.3A). A hem ianopia em si não é suficiente para causar a falha na detecção do alvo, pois o paciente está livre para g irar a cabeça e os olhos p ara a esquerda. Portanto, a falha na detecção do alvo reflete u m a distorção da atenção espacial, não um estím ulo sensorial. A tendência norm al nas tarefas de detecção de alvos é com eçar pelo q uadrante superior esquerdo e m over sistem aticam ente em curso horizontal ou vertical. Alguns pacientes m ostram um a tendência para com eçar o processo a p a rtir da direita e prosseguir de m an eira aleatória. Isso representa um a m anifestação sutil de negligência esquerda, ainda que o pacien te depois consiga detectar to d o s os alvos pertinentes. Alguns p acien tes com negligência tam b é m negam a existência de hem iparesia e podem até afirm ar que o m em bro paralisado não é seu, um distúrbio cham ado de anosognosia.
Afasia, Perda de Memória e Outros Distúrbios Cerebrais Focais
A orientação adaptativa a eventos significativos do espaço extrapessoal é servida p or um a rede em grande escala que contém três com ponentes corticais principais. O córtex do cíngulo fornece acesso a um m apeam ento m otivacional do espaço extrapessoal, o córtex parietal posterior, a um a representação sen so rim o to ra de acontecim entos extrapessoais relevantes, e os campos oculares frontais, a estratégias m otoras para com portam entos que dem andam atenção (Fig. 26.2). Os com ponentes subcorticais dessa rede abrangem o estriado e o tálam o. A negligência hem iespacial contralateral à lesão resulta de dano a qualquer um dos com ponentes corticais ou subcorticais dessa rede. O conceito tradicional de que a negligência hemiespacial sempre denota um a lesão do lobo parietal é impreciso. Tendo em vista essa organização anatôm ica, as m anifestações clínicas da negligência apresentam três com ponentes com portam entais: os eventos senso riais (ou suas representações m entais) no hem iespaço negligenciado exercem m enor im pacto na consciência geral; há escassez de atos de exploração e orientação dirigidos ao hem iespaço negligenciado; e o paciente com porta-se com o se o hem iespaço negligenciado não ti vesse valor m otivacional. Segundo um m odelo de cognição espacial, o hem isfério direi to dirige a atenção para todo o espaço extrapessoal, enquanto o es querdo dirige a atenção principalm ente para o hem iespaço direito contralateral. Em conseqüência, as lesões unilaterais no hem isfério e squerdo não originam negligência c ontralesional significativa, um a vez que os m ecanism os de atenção global do hem isfério direito com pensam a perda das funções de atenção do hem isfério esquerdo dirigidas contralateralmente. C ontudo, as lesões unilaterais no h e misfério direito dão origem a negligência hem iespacial esquerda con tralesional grave, porque o hem isfério esquerdo íntegro não contém m ecanism os de atenção ipsolaterais. Esse m odelo é com patível com a experiência clínica, a qual m ostra que a negligência contralesional é mais com um , intensa e duradoura após lesão no hem isfério direito que no esquerdo. A negligência intensa do hem iespaço direito é rara, m esm o em pacientes canhotos com lesões no hem isfério esquerdo.
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mesa e solicitado a denom iná-lo pode olhar para sua base circu G M Z U B , L S C N K X A P lar e afirm ar que é um cinzeiro. ° V ^ U A lguns pacientes com sim ulta M « _B _ V Kk v ° P A O G a F sE , © L W 8 R ' C nagnosia relatam que os objetos R j o L p * F w U para os quais estão olhando p o 30 dB (ver “Avaliação audiológica”, adiante), o estím ulo transm itido p or condução óssea é percebido com mais intensidade que o estím ulo transm itido p or condução aérea. No teste de Weber, o cabo do diapasão vibrando é aplicado na linha m édia da cabeça e o paciente é solicitado a dizer se o tom é percebido nas duas orelhas, ou é m ais intenso em um lado que no outro. C om um a perda auditiva de condução u nila teral, o tom é percebido com m ais intensidade pela orelha afeta da. C om um a perda auditiva neurossensorial unilateral, o tom é percebido m ais intensam ente no lado norm al. Para confirm ar a lateralização, é necessária um a diferença de 5 dB na audição entre as duas orelhas.
r ■ AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA AUDIÇÃO Avaliação audiológica A avaliação audiológica m ínim a de um paciente com perda au d iti va deve incluir as determ inações dos lim iares de condução aérea e óssea dos tons puros, o lim iar de recepção da fala, o escore de re conhecim ento das palavras, a tim panom etria, os reflexos acústicos e o declínio do reflexo acústico. Essa bateria de testes possibilita um a avaliação de triagem de todo o sistem a auditivo e perm ite determ inar se há indicação para a diferenciação m ais detalhada entre as perdas auditivas sensoriais (cocleares) e neurais (retrococleares). A audiometria de tons puros avalia a acuidade auditiva p ara esses tons. Esse teste é aplicado p o r u m audiologista em um co m partim en to com isolam ento acústico. O estím ulo tonal puro é liberado p o r um audiôm etro, ou seja, um equipam ento eletrônico que perm ite a apresentação de frequências específicas (geralm ente entre 250 e 800 Hz) com intensidades pré-definidas. Os lim iares de condução aérea e óssea são determ inados para cada orelha. Os lim iares de condução aérea são m edidos p or apresentação do estím ulo transm itido pelo ar com utilização de fones de ouvido. Os lim iares de condução óssea são determ inados aplicando-se o cabo de um diapasão vibrando ou o oscilador de u m audiôm etro em contato com a cabeça. Se não houver perda auditiva, um ruído de espectro am plo é apresentado à orelha que não está sendo testada para mascarar, de form a que as respostas estejam baseadas na percepção pela orelha testada. As respostas são m edidas em decibéis. O audiograma é um grá fico de intensidade do lim iar auditivo em decibéis versus freq u ên cia. Um decibel (dB) eqüivale a 20 vezes o logaritm o da relação e n tre a pressão sonora necessária para atingir o lim iar do paciente e a pressão sonora necessária para alcançar o lim iar de um indivíduo com audição norm al. Desse m odo, um a alteração de 6 dB representa um a duplicação da pressão sonora, enquanto um a alteração de 20 dB reflete um a oscilação de 10 vezes na pressão sonora. A sonoridade, que depende da frequência, da intensidade e da duração de um som, duplica a cada aum ento de cerca de 10 dB no nível da pressão sonora. Por outro lado, a intensidade do som não se correlaciona diretam ente com a frequência. A percepção da intensidade dos sons altera-se len tam ente nas frequências baixas e altas. C om os tons interm ediários, que são im portantes para a fala hum ana, a intensidade dos sons varia m ais rapidam ente com as m udanças de frequência. A audiom etria de tons puros dem onstra a existência e a gravidade da disfunção auditiva, o acom etim ento unilateral versus bilateral e o tipo de perda auditiva. As perdas da audição de condução com um com ponente volum étrico expressivo, com o ocorre com um ente nos derram es da orelha média, produzem elevação dos lim iares com pre dom ínio nas frequências mais altas. As perdas da audição de condução com um com ponente expressivo de rigidez, com o se observa com a fixação da base do estribo na otosclerose, provocam elevações do li m iar em frequências mais baixas. Em geral, a surdez de condução afeta todas as frequências, sugerindo o envolvim ento de rigidez e volume. As perdas da audição neurossensorial (p. ex., presbiacusia) geralm en te afetam predom inantem ente as frequências mais altas. Uma exceção é a doença de Ménière, que geralm ente está associada à surdez n eu rossensorial para frequências baixas. A perda auditiva induzida pela exposição aos ruídos m ostra um padrão incom um de déficit auditivo, no qual a perda a 4.000 Hz é m aior que nas frequências mais altas. Nos casos típicos, os schwannom as vestibulares afetam as frequências mais altas, mas pode ser observado qualquer padrão de perda auditiva. O reconhecim ento da fala requer disparos neurais m ais sincrônicos que os necessários para a detecção dos tons puros. A audiom e tria da fala testa a clareza com que um indivíduo ouve. O lim iar de recepção da fala (LRF) é definido com o a intensidade na qual a fala é reconhecida com o um sím bolo significativo e pode ser determ ina do apresentando-se palavras dissilábicas com a m esm a acentuação em cada sílaba. A intensidade na qual o paciente consegue repetir corretam ente 50% das palavras é o LRE D epois da determ inação do LRF, a discrim inação ou a capacidade de reconhecer palavras é testa da apresentando-se palavras m onossilábicas a um a frequência entre 25 e 40 dB acima do LRF.
As palavras são foneticam ente equilibradas, de form a que os fonem as (sons da fala) ocorram na lista de palavras com a m esm a frequência com que ocorrem nas conversações corriqueiras. Os in divíduos com audição n o rm al ou p e rd a da audição de condução conseguem rep etir corretam ente 88 a 100% das palavras fonetica m ente equilibradas. Os pacientes com perda da audição neurossen sorial têm perdas variáveis da discrim inação. C om o regra geral, as lesões neurais produzem déficits discrim inativos m ais intensos que as lesões cocleares. Por exem plo, em um paciente com perda auditi va neurossensorial assim étrica branda, um indício do diagnóstico de schw annom a vestibular é a ocorrência de deterioração da capacidade de discrim inação m aior que seria esperado. A deterioração da capa cidade discrim inativa em intensidades acim a do LRF tam bém sugere lesões do oitavo nervo craniano ou das vias auditivas centrais. A tim panom etria m ede a im pedância da orelha m édia aos sons e ajuda a diagnosticar d erram es neste com partim ento. O tim panogram a é a representação gráfica da alteração da im pedância ou da com placência, à m edida que a pressão dentro do canal auditivo m o difica-se. Em condições norm ais, a orelha m édia é m ais com placen te sob pressão atm osférica, m as a com placência d im inui à m edida que a pressão aum enta ou dim inui (tipo A); este padrão é observado nos indivíduos com audição n orm al ou nos pacientes com perda da audição neurossensorial. A com placência que não se altera com as m udanças de pressão sugere derram e da orelha m édia (tipo B). Com um a pressão negativa na orelha m édia, com o ocorre com a o b stru ção da tuba auditiva, o ponto de com placência m áxim a ocorre com um a pressão negativa no canal auditivo (tipo C). O tim panogram a no qual não é possível determ inar o p onto de com placência m áxim a está associado m ais com um ente à p erda de continuidade da cadeia ossicular (tipo Ad). Na otosclerose, pode haver redução do pico de com placência m áxim a (tipo As). D urante a tim panom etria, um tom intenso provoca a contração do m úsculo estapédio. A alteração da com placência da orelha m édia com a contração desse m úsculo pode ser detectada. A presença ou ausência desse reflexo acústico é im portante para determ inar a etio logia do déficit auditivo e tam bém a localização anatôm ica da p a ralisia do nervo facial. O reflexo acústico pode ajudar a diferenciar entre perda da audição de condução secundária à otosclerose e défi cit auditivo causado p or um a “terceira janela” na orelha interna; este reflexo desaparece nos pacientes com otosclerose, m as está presente nos indivíduos com perda auditiva de condução na orelha interna. Os lim iares norm ais ou elevados do reflexo acústico de um indivíduo com déficit auditivo neurossensorial sugerem perda auditiva coclear. A ausência do reflexo acústico num paciente com perda da audição neurossensorial não ajuda a definir o local da lesão. A avaliação do declínio do reflexo acústico ajuda a diferenciar as perdas auditivas sen soriais e neurais. Com a p erda auditiva neural, o reflexo adapta-se ou dim inui com o tempo. As emissões otoacústicas (EOA) geradas apenas pelas células ci liares externas p odem ser m edidas com m icrofones introduzidos nos canais auditivos externos. As em issões podem ser espontâneas ou evocadas pela estim ulação sonora. A presença de EOA sugere que as células ciliares externas do órgão de C orti estejam intactas e isto pode ser utilizado para avaliar os lim iares auditivos e diferenciar entre as perdas sensoriais e neurais.
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Respostas evocadas A eletrococleografia detecta os prim eiros potenciais evocados gerados na cóclea e no nervo auditivo. Os potenciais dos receptores registra dos incluem os m icrofônicos cocleares, os gerados pelas células ci liares externas do órgão de C orti e o potencial som atório gerado pe las células ciliares internas em resposta ao som. O potencial de ação neural total, que representa os disparos totalizados dos neurônios de prim eira ordem , tam bém pode ser registrado durante a eletrococleo grafia. Na prática clínica, esse teste ajuda a diagnosticar a doença de Ménière, na qual se observa aum ento da relação entre os potenciais som atórios e os de ação. As respostas auditivas evocadas do tronco encefálico (RAETs), tam bém conhecidas com o respostas auditivas do tronco encefálico
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(RAT), ajudam a diferenciar a origem anatôm ica da perda auditiva neurossensorial. Em resposta ao som , podem ser identificados cin co potenciais elétricos diferentes originados das diversas estações ao longo das vias auditivas periféricas e centrais utilizando o cálculo das m édias dos potenciais registrados po r eletrodos aplicados no couro cabeludo. As RAETs são esclarecedoras nas situações em que os p a cientes não conseguem ou não fornecem lim iares v oluntários confi áveis. Além disso, esse teste é utilizado para avaliar a integridade do nervo auditivo e do tronco encefálico em várias condições clínicas, inclusive m onitoração intraoperatória e avaliação da m orte cerebral. O leste do potencial miogênico vestibular evocado (PM VE) desen cadeia um reflexo vestibulocólico, cujo com ponente aferente origina-se das células sensíveis ao som existentes no sáculo, cujos sinais são conduzidos p o r m eio do nervo vestibular inferior. O PM VE é um a resposta bifásica de latência curta registrada no m úsculo esternocleidom astóideo contraído tonicam ente em resposta a estalidos ou tons auditivos fortes. Os PM VEs podem estar reduzidos ou suprim idos nos pacientes com doença de M énière em fase inicial ou tardia, n e u rite vestibular, vertigem postural paroxística benigna e schw annom a vestibular. Por outro lado, o lim iar dos PM VEs pode estar reduzido nos pacientes com deiscência do canal superior, outras deiscências da orelha interna e fístula perilinfática.
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 254
Exames de imagem A escolha dos exames radiológicos é determ inada em grande parte com base no objetivo de avaliar a anatom ia óssea das orelhas exter na, m édia e in terna ou estudar o nervo auditivo e o cérebro. A TC do osso tem poral nos planos axial e coronal com cortes finos de 1 m m é ideal para determ in ar o diâm etro do canal auditivo externo, a integridade da cadeia ossicular e a existência de doença da orelha m édia ou do m astoide; além disto, esta técnica pode detectar m alfor m ações da orelha interna. A TC tam bém é ideal para o diagnóstico de erosão óssea com otite m édia crônica e colesteatoma. A RM é m ais esclarecedora que a TC na investigação de patologias retrococleares, inclusive schw annom a vestibular, m eningiom a, outras lesões do â n gulo pontocerebelar, lesões desm ielinizantes do tronco encefálico e tum ores cerebrais. A TC e a RM são igualm ente eficazes para detec tar m alform ações da orelha interna e estim ar a patência coclear com o avaliação dos pacientes que serão subm etidos à im plantação coclear.
TRATAMENTO
Distúrbios da audição
Em geral, as perdas da audição de condução são passíveis de cor reção cirúrgica, enquanto os déficits neurossensoriais são m ais difíceis de tratar. A atresia do canal auditivo po d e ser reparada cirurgicam ente, em geral com m elhora significativa da audição. As perfurações da m em b ran a tim pânica associadas à otite m é dia crônica ou aos traum atism os podem ser reparadas pela tim panoplastia am bulatorial. Do m esm o m odo, a perda auditiva de condução associada à otosclerose pode ser tratada p or estapedectom ia, que é bem -sucedida em 90 a 95% dos casos. Os tubos de tim panostom ia possibilitam a recuperação im ediata da audição norm al nos indivíduos com derram es da orelha m édia. Os apa relhos auditivos são eficazes e bem tolerados pelos pacientes com perdas da audição de condução. Os pacientes com perdas auditivas neurossensoriais brandas, m oderadas e graves geralm ente são reabilitados com aparelhos auditivos com configurações e potências variáveis. Os aparelhos auditivos foram aprim orados para assegurar m aior fidelidade e foram m iniaturizados. A geração atual de aparelhos auditivos pode ser colocada inteiram ente dentro do canal auditivo e, desta form a, atenua quaisquer estigm as associados à sua utilização. Em geral, quanto m aior a gravidade do déficit auditivo, m aiores serão as dim ensões do aparelho auditivo necessário à recuperação da audição. Os aparelhos auditivos digitais podem ser program ados individualm ente e os m icrofones m últiplos e direcionais posicio nados no nível da orelha podem ser úteis em am bientes ruidosos. C om o todos os aparelhos auditivos am plificam o ru íd o e a fala,
a única solução definitiva para o problem a dos ruídos é colocar o m icrofone m ais perto da pessoa que fala que da fonte dos ru ídos. Essa adaptação não é possível com os aparelhos com pactos esteticam ente m ais aceitáveis. Um a lim itação significativa da rea bilitação com aparelho auditivo é que, em bora o dispositivo possa aum entar a detecção dos sons am plificados, ele não consegue re cuperar a clareza da audição, que foi perdida com a presbiacusia. Os pacientes com surdez unilateral têm dificuldade de locali zar os sons e perdem a clareza da audição nos am bientes ruidosos. Esses indivíduos podem m elhorar com um aparelho auditivo de DCLS (direcionam ento contralateral do sinal), no qual um m icro fone é colocado no lado do déficit auditivo e o som é transm itido ao receptor colocado na orelha contralateral. O m esm o resultado pode ser conseguido com um aparelho auditivo ancorado ao osso (AAAO), no qual o dispositivo é fixado a um parafuso aterrado no osso do crânio no m esm o lado afetado. Assim com o ocorre com o aparelho auditivo de DCLS, o AAAO transfere o sinal acús tico para a orelha contralateral preservada, m as isto é conseguido po r m eio de vibrações do crânio. Os pacientes com surdez p ro funda unilateral e algum a perda auditiva da orelha m elhor são candidatos ao aparelho auditivo BI-DCLS; este dispositivo difere do aparelho auditivo de DCLS porque o paciente utiliza um apa relho auditivo (não apenas um receptor) na orelha m elhor. Infe lizm ente, os aparelhos auditivos de DCLS e AAAO geralm ente são considerados insatisfatórios pelos pacientes que os utilizam. Em m uitas situações, inclusive palestras e cinem a, os pacien tes com déficits auditivos podem ser beneficiados pelos disposi tivos auxiliares baseados no princípio de colocar o indivíduo que fala m ais p erto do m icrofone que qualquer o utra fonte de ruído. Entre esses dispositivos auxiliares estão os transm issores infraver m elhos e de frequência m odulada (FM ) e tam bém um circuito eletrom agnético posicionado ao redor da sala para transm issão ao aparelho auditivo do paciente. Os aparelhos auditivos com telespirais tam bém podem ser utilizados em telefones adequadam ente equipados da m esm a form a. Nos casos em que o aparelho auditivo não possibilita reabili tação satisfatória, os im plantes cocleares podem ser apropriados. Entre os critérios para im plantação estão perdas auditivas p ro fundas com reconhecim ento de sentenças abertas < 40% nas m e lhores condições facilitadas. No m u n d o inteiro, mais de 200.000 crianças e adultos com déficits auditivos já receberam im plantes cocleares. Esses im plantes são próteses neurais que convertem a energia sonora em energia elétrica e podem ser utilizados para estim ular diretam ente o ram o auditivo do oitavo nervo crania no. Na m aioria dos casos de perda auditiva profunda, as células ciliares auditivas foram perdidas, m as as células ganglionares do ram o auditivo do oitavo nervo estão preservadas. Os im plantes cocleares consistem em eletrodos inseridos na cóclea p o r meio da janela redonda, em processadores da fala que extraem os elem en tos acústicos da fala para conversão em correntes elétricas e em um m eio de transm issão da energia elétrica pela pele. Os pacien tes com im plantes percebem o som e isto facilita a leitura labial, possibilita o reconhecim ento de palavras e ajuda a m odular a p ró pria voz da pessoa. Em geral, nos prim eiros 3 a 6 meses depois da implantação, os pacientes adultos conseguem entender a fala sem estím ulos visuais. C om a geração atual dos im plantes cocleares m ulticanais, cerca de 75% dos pacientes conseguem conversar ao telefone. Para os pacientes que tiveram seus oitavos nervos des truídos p or traum atism o ou schw annom as vestibulares bilaterais (p. ex., neurofibrom atose tipo 2), os im plantes auditivos do tronco encefálico posicionados p erto do núcleo coclear podem perm itir a reabilitação auditiva. Em m uitos casos, o tinido está associado à perda auditiva. As sim com o ocorre com o ruído de fundo, o tinido pode dificultar a com preensão da fala dos indivíduos com déficit auditivo. Em geral, o tratam ento do tinido tem com o objetivo atenuar sua per cepção pelo paciente. O alívio do tinido pode ser conseguido por sua atenuação p or um a m úsica de fundo. Os aparelhos auditivos
tam bém ajudam a suprim ir o tinido, assim com o os dissim uladores de tinido, que apresentam um som à orelha afetada, que é m ais agradável de ouvir que o zum bido. A utilização do dissim ulador de tinido geralm ente suprim e sua percepção p or várias horas. Al guns estudos dem onstraram que os antidepressivos são eficazes para ajudar os pacientes a lidarem com o tinido. Os indivíduos com dificuldade auditiva frequentem ente m e lhoram com a atenuação dos ruídos desnecessários do am biente (p. ex., rádio ou televisão) para m elhorar a relação sinal-ruído. A com preensão da fala é facilitada pela leitura labial; p o r esta razão, o deficiente auditivo deve sentar-se de form a que a face da pessoa que fala fique bem ilum inada e facilm ente visível. E m bora a fala deva ser m odulada em voz alta e clara, deve-se estar ciente de que, com as perdas auditivas neurossensoriais em geral e nas pessoas idosas com dificuldade auditiva em particular, o recrutam ento (percepção anorm al dos sons altos) pode ser problem ático. Acima de tudo, a com unicação ideal não pode ocorrer sem que as duas partes dediquem sua atenção plena e exclusiva.
■ PROFILAXIA
CAPÍTULO
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Faringite, Sinusite, Otite e Outras Infecções do Trato Respiratório Superior M ichael A. Rubin Larry C. Ford Ralph Gonzales As infecções do trato re sp irató rio su p e rio r tam b é m co nhecidas com o infecções respiratórias altas (IRA), têm im pacto e n o rm e so bre a saúde pública, sendo u m dos m otivos m ais com uns de c o n sultas a clínicos gerais, e, em bora com um ente sejam doenças leves, apresentam taxas de incidência e tran sm issão elevadas, estando, p o r isso, entre as p rincipais causas de absenteísm o n o trab alh o e n a escola. A pesar de a m in o ria de tais doenças (cerca de 25%) ter causa bacteriana, elas são o principal diagnóstico usado com o ju sti ficativa para a prescrição de antibióticos em am bulatórios nos EUA. O enorm e consum o de antibióticos relacionado com essas doenças tem au m en tad o o fenôm eno de resistência en tre b actérias c o m u m ente adquiridas na com unidade, com o o Streptococcus p n e u m o niae - tendência que, p o r si só, já p ro d u ziu u m a e n o rm e influência na saúde pública. E m bora a m aioria das IRA seja viral, é difícil d istin g u ir os p a cientes com infecção b acterian a p rim á ria daqueles com infecção
BIBLIOGRAFIA CE, Eby TL: The current status of audiologic rehabilitation for profound unilateral sensorineural hearing loss. I.aryngoscope 120:552,2010 H ilg e rt N et al: Function and expression pattern of nonsyndromic deafness genes. Curr Mol Med 9:546,2009 Lalwani AK (ed): Current Diagnosis and Treatm ent in Otolaryngology— Head & Neck Surgery, 3rd ed. New York, McGraw-HilI, 2011 M e rc h a n t SN, R o s o w s k i JJ: Conductive hearing loss caused by third-window lesions of the inner ear. Otol Neurotol 29:282,2008 S p r i n z l GM, R i e c h e l m a n n H: Current trends in treating hearing loss in el derly people: A review of the technology and treatment options—a raini-review. Gerontology 56:351,2010 B is h o p
viral p rim ária. Os sinais e sintom as das IRA b acterianas e os das virais geralm ente são indistinguíveis. E nqu an to testes rápidos, con sistentes e de baixo custo não forem disponibilizados e am plam ente utilizados, as infecções agudas c o n tin u a rã o sendo diagnosticadas principalm ente a p a rtir de critérios clínicos. Assim, o uso criterioso e a possibilidade de uso inad eq u ad o de antibióticos continua sendo u m desafio.
INFECÇÕES INESPECÍFICAS D0 TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR As IRA inespecíficas re p re se n tam u m g ru p o de doenças definido de form a am pla que coletivam ente c o n stitu e m a principal causa de consultas am bulatoriais n o s EUA. P or definição, as IRA in especí ficas n ão ap resen tam sin to m a s de localização, sen d o designadas p o r várias expressões d e scritiv as, co m o rinite infecciosa aguda, rinofaringite/nasofaringite agudas, coriza aguda e inflam ação catarral nasal aguda, além de receberem a d en o m in a çã o genérica de resfriado com um .
Faringite, Sinusite, Otite e Outras Infecções do Trato Respiratório Superior
As perdas da audição de condução podem ser evitadas pelo tra ta m ento im ediato da O M A com antibiótico p or um intervalo suficien te e p or ventilação da orelha m édia com tubos de tim panostom ia se houver derram es da orelha m édia há > 12 sem anas. A perda da fu n ção vestibular e a surdez, causadas pelos am inoglicosídios, podem ser praticam ente evitadas pela m onitoração cuidadosa dos níveis séricos m áxim os e m ínim os. Cerca de 10 m ilhões de am ericanos têm déficits auditivos in d u zidos pela exposição aos ruídos e 20 m ilhões ficam expostos a níveis perigosos em seus am bientes de trabalho. A perda auditiva induzida p or ruídos pode ser evitada p o r m eio da prevenção da exposição aos ruídos intensos, ou pela utilização habitual de tam pões de orelha ou
abafadores auditivos cheios de líquidos p ara atenuar a intensidade do som. Entre as atividades de alto risco para surdez induzida por ruídos estão os trabalhos com equipam entos elétricos para m adeira e metal e prática de tiro ao alvo e caça com arm as de pequeno porte. Todos os equipam entos de com bustão in terna e elétricos, inclusive espalhadores de neve e folhas, veículos de neve, m otores de popa e serras circulares, exigem proteção do usuário com protetores auditivos. Quase todas as perdas auditivas induzidas p o r ruídos são evitáveis p or edu cação, que deve com eçar antes da adolescência. Os program as indus triais de preservação da audição são exigidos pela Occupational Safety and Health A dm inistration (OSHA) quando há exposição m édia a 85 dB num período de 8 horas. A OSHA exige que os trabalhadores que atuam nesses am bientes ruidosos façam m onitoração da audição e participem dos program as de proteção, que inclui um a triagem pré-adm issional, exames audiológicos anuais e uso obrigatório de prote tores auriculares. A exposição aos ruídos intensos acim a de 85 dB no am biente de trabalho é proibida pela OSHA, com redução à m etade do tem po de exposição perm itido para cada aum ento de 5 dB acim a deste lim iar; p or exemplo, a exposição a 90 dB é perm itida p o r 8 h o ras; a 95 dB p or 4 horas; e a 100 dB p o r 2 horas.
Etiologia A grande v ariedade de classificações das IRA po d e ser explicada pela m ultiplicidade de agentes causadores e pela variedade de m a nifestações causadas pelos patógenos com uns. Q uase todas as IRA inespecíficas são causadas p o r vírus, que p o d em ser de diferentes famílias e tipos antigênicos. Por exem plo, há pelo m enos 100 im unotipos de rinovírus (Cap. 186), a causa m ais com um de IRA (30 a 40% dos casos); ou tras causas são o vírus influenza (três im u n o ti pos, Cap. 187), o parainfluenza (quatro im unotipos), o coronavírus (pelo m enos três im unotipos) e o adenovírus (47 im unotipos) (Cap. 186). O vírus sincicial re sp irató rio (RSV), u m patógeno conheci do na população pediátrica, tam b é m é u m a causa reconhecida de
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doenças im p o rtan tes nos idosos e nos indivíduos im u n o co m p ro m etidos. Diversas outras viroses, incluindo algum as não associadas às IRA (p. ex., enterovírus, vírus da rubéola e vírus varicela-zóster) resp o n d em p o r u m a peq u en a porcentagem de casos em adultos a cada ano. E m bora novas m odalidades diagnósticas [p. ex., swab de nasofaringe para reação em cadeia de polim erase (PCR)] possam d e te rm in a r a etiologia viral, há poucas opções específicas de tra ta m ento e, em u m a proporção substancial de casos, não se identifica qualquer patógeno. Em adultos de resto saudáveis geralm ente não há necessidade de se p ro ced er a u m a investigação específica para além do diagnóstico clínico.
Manifestações clínicas
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Os sinais e sintom as das IRA inespecíficas são sem elhantes aos das outras IRA, m as sem que haja indícios que p erm itam determ inar um a localização anatôm ica específica, com o seios paranasais, faringe ou vias respiratórias inferiores. Um a IRA inespecífica geralm ente se apresenta com o um a síndrom e catarral aguda, leve e autolim itada, com duração m édia de um a sem ana (variando entre 2 e 10 dias). Os sinais e sintom as são diversos e variam de um paciente para outro. Os principais sinais e sintom as das IRA inespecíficas são rinorreia (purulenta ou não), congestão nasal, tosse e d or de garganta. O utras m anifestações, com o febre, mal estar, espirros, linfadenopatia e rou quidão, são m ais variáveis, sendo a febre m ais com um em crianças pequenas e lactentes. Essa variedade de apresentações talvez reflita diferenças na resposta do hospedeiro assim com o do organism o infectante; p or exemplo, mialgia e fadiga podem ocorrer nas infecções p or influenza e parainfluenza, e a presença de conjuntivite sugere in fecção po r adenovírus ou enterovírus. Ao exam e físico, os achados com frequência são inespecíficos e banais. As infecções bacterianas secundárias (p. ex., rinossinusite, otite m édia e pneum onia) com plicam 0,5 a 2% dos resfriados, sobretudo nas populações com risco elevado, com o lactentes, idosos e pacientes cronicam ente enferm os. As infecções bacterianas secundárias geralm ente estão associadas a um a evolução prolongada da doença, m aior gravidade do quadro e localização dos sinais e sintom as, frequentem ente na form a de recidiva após m elhora clínica inicial. As secreções purulentas oriundas das narinas ou da garganta com frequência são m al interpretadas com o indícios de sinusite ou faringite bacterianas. No entanto, estas secreções tam bém ocorrem nas IRA inespecíficas, razão p or que, na ausência de outros achados clínicos, não são boas indicadoras de in fecção bacteriana.
TRATAMENTO
Infecções respiratórias altas
Os antibióticos não são indicados no tratam ento das IRA ines pecíficas e o seu m au uso provavelm ente facilita o surgim ento de resistência aos antim icrobianos; m esm o em voluntários saudá veis, um único curso de azitrom icina ou de claritrom icina pode causar resistência aos m acrolídios entre os estreptococos orais meses m ais tarde. Na ausência de evidências clínicas de infecção bacteriana, o tratam ento deve ser apenas sintom ático, com o uso de descongestionantes e anti-inflam atórios não esteroides. O u tros tratam entos voltados para sintom as específicos tam bém são úteis, com o o dextrom etorfano para a tosse ou pastilhas contendo anestésicos locais para a d or de garganta. Os ensaios clínicos feitos com zinco, vitam ina C, equinácea e outros rem édios alternativos não dem onstraram qualquer benefício consistente no tratam ento das IRA inespecíficas.
INFECÇÕES DOS SEIOS PARANASAIS O term o rinossinusite refere-se a um a doença inflam atória que aco m ete os 4 pares de estru tu ras que c irc u n d am as cavidades nasais. E m bora na m aioria dos casos de sinusite haja com prom etim ento de
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m ais de um seio paranasal, o seio m axilar é o m ais afetado, seguido, em ordem de frequência, pelos seios etm oidais, frontais e esfenoidais. Todos os seios paranasais são revestidos p or epitélio respirató rio p rodutor de m uco, m uco este que é transportado pela ação ciliar, p or m eio do óstio sinusal, p ara d entro da cavidade nasal. N orm al m ente, o m uco não se acum ula nos seios, que perm anecem pratica m ente estéreis apesar de adjacentes às vias respiratórias nasais, que contêm bactérias. C ontudo, a obstrução dos óstios dos seios, ou um a deficiência parcial ou total do m ovim ento ciliar, pode resultar na retenção de secreções, o que desencadeia os sinais e sintom as típi cos de sinusite. O acúm ulo das secreções com a obstrução as to rn a m ais suscetíveis à infecção p or diversos patógenos, incluindo vírus, bactérias e fungos. A sinusite afeta grande p arte da população, é res ponsável p or m ilhões de consultas a m édicos generalistas todos os anos, sendo o quinto diagnóstico m ais co m u m a justificar o pres crição de antibióticos. N orm alm ente é classificada segundo a d u ra ção da doença (aguda ou crônica); a etiologia (infecciosa ou não); e, quando infecciosa, segundo o tipo de patógeno im plicado (viral, bacteriana ou fúngica).
■ RINOSSINUSITE AGUDA As rinossinusites agudas - defin id as com o aquelas com duração < 4 sem anas - representam a g ran d e m aio ria dos casos. A m aior p arte dos diagnósticos é feita em am bulatório, oco rren d o a doença p rin cip alm en te com o co n seq ü ên cia de u m a IRA viral p re ce d en te. A distinção entre sinusite aguda b acteria n a e viral a p a rtir dos achados clínicos é difícil. N ão su rp re en d e , p o rtan to , que se p res crevam antibióticos com ta n ta freq u ê n c ia (85 a 98% dos casos) para essa doença.
Etiologia A obstrução dos óstios que resulta em rinossinusite pode ocorrer em função de causas infecciosas e não infecciosas. Entre as causas não infecciosas, estão: rinite alérgica (com edem a da m ucosa ou ob stru ção p or pólipo), barotraum a (p. ex., m ergulho em águas profundas ou viagens aéreas) e exposição a irritantes quím icos. A obstrução tam bém pode ocorrer com tum ores nasais ou dos seios paranasais (p. ex., carcinom a epiderm oide) e doenças granulom atosas (p. ex., granulom atose com poliangiíte de W egener ou rinoesclerom a), e nas situações em que há m odificações no conteúdo do m uco (p. ex., fi brose cística) é possível a ocorrência de sinusite em razão de redução na depuração do m uco. N as UTIs, a intubação nasotraqueal é um fator de risco im portante para a ocorrência de sinusite hospitalar. A rinossinusite viral é m uito m ais com um do que a bacteriana, apesar de haver um núm ero relativam ente pequeno de estudos com aspirados sinusais para a pesquisa dos diferentes vírus. Nos estudos assim realizados, os vírus m ais encontrados, isoladam ente ou em conjunto com bactérias, foram o rinovírus, o vírus parainfluenza e o vírus influenza. As causas bacterianas de sinusite são m ais bem ca racterizadas. Nos casos adquiridos na com unidade, o S. pneumoniae e o Haemophilus influenzae não tipável são os agentes m ais comuns, sendo responsáveis p or 50 a 60% dos casos. A Moraxella catarrhalis é responsável p or um a proporção m aior (20%) em crianças, mas não é tão com um em adultos. O utras espécies de estreptococos e o Staphylococcus aureus causam apenas um a pequena porcentagem dos casos - ainda que haja um a preocupação crescente com o S. aureus resistentes à m eticilina (MRSA) com o um a causa emergente. É difícil avaliar se a bactéria que aparece na cultura é, de fato, um organism o infectante, se estam os diante de m aterial insuficientem ente coletado (m aterial que não se espera seja estéril), ou - especialm ente no caso de cirurgias prévias nos seios paranasais - se o representa um orga nism o contam inante. Os anaeróbios ocasionalm ente são encontrados associados a infecções das raízes dos pré-m olares com dissem inação para os seios m axilares adjacentes. O papel da Chlamydophila pneu moniae e do Mycoplasma pneum oniae na patogenia da sinusite não está claro. Casos hospitalares estão com um ente associados a bacté rias encontradas neste am biente, com o S. aureus, Pseudomonas ae-
ruginosa, Serratia marcescens, Klebsiella pneum oniae e espécies de Enterobacter. C om frequência, tais infecções são polim icrobianas, envolvendo m icrorganism os altam ente resistentes a vários antibió ticos. Os fungos tam bém são causas com uns de sinusite aguda, m as a m aioria dos casos ocorre em pacientes im u nocom prom etidos e, quando se verificam , são infecções invasivas que am eaçam a vida. O exem plo m ais conhecido é a m ucorm icose rinocerebral, causada por fungos da ordem Mucorales, com o Rhizopus, Rhizomucor, M ucor, Mycocladus (anteriormente denominados Absidia) e Cunninghamella (Cap. 205). Essas infecções classicam ente ocorrem em pacientes dia béticos, m as tam bém podem se desenvolver em receptores de tran s plante, portadores de cânceres hem atológicas e pacientes em uso crô nico de glicocorticoides ou de deferoxam ina. O utros fungos hialinos, com o algum as espécies de Aspergillus e Fusarium, às vezes tam bém causam essa doença.
Manifestações clínicas
Diagnóstico No am bulatório, é difícil distinguir a rinossinusite bacteriana da viral em razão das sensibilidade e especificidade relativam ente baixas das
TRATAMENTO
Sinusite aguda
A m aioria dos pacientes com diagnóstico clínico de rinossinusite aguda m elhora sem antibióticos. A co n d u ta inicial nos p acien tes com sintom as leves a m o d erad o s de c u rta duração deve ser a prescrição de m edidas terapêuticas p ara aliviar os sintom as e facilitar a drenagem dos seios paranasais, com o o uso de descon gestionantes tópicos e orais, lavagem nasal com soro fisiológico e - ao m enos nos pacientes com antecedentes de sinusite crônica ou de alergias - glicocorticoides nasais. E studos recentes colo caram em dúvida o papel dos antibióticos e nos glicocorticoides inalados no tratam ento da rinossinusite aguda. Em um ensaio clí nico duplo cego, random izado, controlado com placebo, nem os antibióticos nem os glicocorticoides tópicos p roduziram im pacto significativo sobre a cura na população estudada, cuja m aioria apresentava sintom as p o r m enos de 7 dias. O s pacientes adultos que não apresentem m elhoras após 7 dias, as crianças que não m elhorem após 10 a 14 dias e aqueles cujos sintom as sejam mais graves (independentem ente da d uração) devem ser tratados com antibióticos (Q uadro 31.1). N os adultos com sinusite adquirida na com unidade o tratam ento em pírico deve ser feito com o agen te de espectro m ais re strito que seja ativo c o n tra os patógenos bacterianos m ais com uns, com o S. pneum oniae e H. influenzae - por exemplo, a am oxicilina. N ão h á dados de ensaios clínicos que deem apoio ao uso de agentes de am plo espectro em casos rotineiros de sinusite bacteriana, m esm o nos dias atuais em que enfrentam os o S. pneum oniae com resistência farm acológica. Até 10% dos pacientes não resp o n d em à an tibioticoterapia inicial, e nesses casos devem os c o n sid erar a possibilidade de solicitar avaliação po r um otorrin o larin g o lo g ista qu an to à indicação de aspiração ou de lavagem dos seios paranasais. Não se recom enda o uso profilático de antibióticos para a prevenção de recorrências de sinusite bacteriana aguda. A intervenção cirú rg ica e a a d m in istraç ão p o r via in trav e nosa de antibióticos em geral são reservadas aos pacientes com
Faringite, Sinusite, Otite e Outras Infecções do Trato Respiratório Superior
Em sua m aioria os casos de sinusite aguda ocorrem após ou durante um a IRA viral, e pode ser difícil diferenciar seus quadros clínicos. G rande parte dos pacientes com resfriado tem inflam ação dos seios paranasais, ainda que, conform e afirm am os anteriorm ente, a v erda deira sinusite bacteriana com plica apenas 0,2 a 2% dessas infecções virais. Entre os sinais e sintom as com uns à apresentação nos pacien tes com sinusite, estão o corrim ento e a congestão nasais, a d or facial à com pressão e a cefaleia. M uitos acreditam que um corrim ento nasal espesso, purulento ou de cor alterada seja um sinal de sinusite, m as este sinal tam bém ocorre precocem ente nas infecções virais, com o o resfriado com um , não podendo ser considerado específico da sin u site bacteriana. O utras m anifestações são tosse, espirros e febre. A dor de dente, principalm ente quando afeta os m olares superiores, e a halitose estão associadas à sinusite bacteriana. Na sinusite aguda, a dor sinusal à com pressão m uitas vezes tem a m esm a localização do seio acom etido (particularm ente o seio m axi lar), podendo piorar quando o paciente se curva ou se deita. Em bora raras, as m anifestações das sinusites esfenoidal ou etm oidal avança das p odem ser intensas, com o d or frontal ou retro -o rb ital intensa com irradiação para o occipício, trom bose do seio cavernoso e sinais de celulite orbital. A sinusite focal aguda é incom um , m as deve-se considerá-la em pacientes com sintom as intensos sobre o seio m a xilar e febre, independentem ente da duração da doença. Da m esm a form a, os pacientes com sinusite frontal avançada p odem se apresen tar com um a patologia denom inada tum or edematoso de Pott, com tum efação dos tecidos m oles e edem a com cacifo sobre o osso frontal causado p or um abscesso subperiosteal com unicante. Algum as com plicações da sinusite potencialm ente fatais são m eningite, abscesso extradural e abscesso cerebral. Os pacientes com rinossinusite fúngica aguda (com o a m u co r micose; Cap. 205) m uitas vezes apresentam sintom as decorrentes do aum ento da pressão, principalm ente quando a infecção se estende para as órbitas e seios cavernosos. Sinais com o edem a e celulite orbitários, proptose, ptose e dim inuição dos m ovim entos extraoculares são com uns, assim com o dor retro-orbital ou periorbital. Ulcerações nasofaríngeas, epistaxe e cefaleia tam bém são com uns e há descrições de acom etim ento dos V e VII nervos cranianos em casos graves. A erosão óssea p ode ser visível ao exame. M uitas vezes, o paciente não aparenta estar m uito enferm o apesar da natureza rapidam ente p ro gressiva dessas infecções. Os pacientes com sinusite h o sp itala r aguda com frequência ficam em estado crítico e p o r esse m otivo não apresentam as ca racterísticas clínicas típicas da doença sinusal. N o entanto, deve-se suspeitar do diagnóstico quando pacientes com fatores de risco com patíveis (p. ex., intubação nasotraqueal) evoluem com febre sem outra causa evidente.
m anifestações clínicas com uns. U m a característica clínica que tem sido usada para ajudar a orientar as decisões diagnósticas e terapêuti cas é a duração da doença. C om o a sinusite bacteriana aguda é inco m um em pacientes com sintom as há m enos de 10 dias, os painéis de especialistas atualm ente recom endam reservar esse diagnóstico aos casos com sintom as persistentes (isto é, sintom as que durem > 1 0 dias nos adultos ou > 10 a 14 dias nas crianças), acom panhados pelos 3 sinais cardinais: secreção nasal purulenta, obstrução nasal e dor na face. (Q u ad ro 31.1). Mas, m esm o entre os pacientes que satisfazem esses critérios, apenas 40 a 50% de fato apresentam sinusite bacteria na. Não se recom enda o uso rotineiro de tom ografia c om putadori zada (TC) ou radiografia dos seios paranasais para a doença aguda, principalm ente no início do quadro (isto é, < 10 dias), tendo em vista a alta prevalência de anorm alidades sem elhantes em pacientes com rinossinusite viral aguda. N a avaliação de sinusite persistente, recor rente ou crônica, a TC dos seios paranasais é o m étodo de escolha. A história ou o quadro clínico m uitas vezes podem identificar ca sos de sinusite aguda por bactérias anaeróbias, sinusite fúngica aguda ou de causa não infecciosa (p. ex., rinossinusite alérgica). No caso de um indivíduo im unocom prom etido com infecção sinusal aguda por fungos, é essencial que o paciente seja im ediatam ente exam inado p o r um otorrinolaringologista. D evem -se colher biópsias das áreas acom etidas, para que o m aterial seja exam inado p o r um patologista na busca p or hifas de fungos e para avaliar se há invasão tecidual. Os casos suspeitos de sinusite hospitalar aguda devem ser confirm ados por TC dos seios da face. C om o o tratam ento deve ser dirigido contra o m icrorganism o responsável, deve-se ten tar obter um aspirado dos seios paranasais para a realização de cultura com antibiogram a, se possível, antes de se iniciar a antibioticoterapia.
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T QUADRO 31.1
Diretrizes para o diagnóstico e tratamento da sinusite aguda
Faixa etária
Critérios diagnósticos
Recomendações terapêuticas*
Adultos
Sintomas moderados (p. ex., purulência/ congestão nasais ou tosse) por > 10 dias ou
Amoxicilina, 500 mg VO 3 vezes/dia ou 875 mg VO 2 vezes/dia,
Sintomas intensos com qualquer duração, incluindo edema facial unilateral/focal ou dor no dente
Terapia inicial. Alergia à penicilina: SMX-TMP, 800/160 mg VO 2 vezes/dia durante 10 a 14 dias Exposição a antibióticos nos últimos 30 dias ou prevalência de S. pneumoniae resistente à penicilina > 30%: Amoxicilina, 1.000 mg VO 3 vezes/dia ou Amoxicilina/clavulanato (liberação lenta), 2.000 mg VO 2 vezes/dia, ou Fluoroquinolona antipneumocócica (p. ex., levofloxacina, 500 mg V 0 1 vez/dia) Fracasso terapêutico recente: Amoxicilina/clavulanato (liberação lenta), 2.000 mg VO 2 vezes/dia, ou Amoxicilina, 1.500 mg 2 vezes/dia, mais clindamicina, 300 mg V 0 1 vez/dia, ou Fluoroquinolona antipneumocócica (p. ex., levofloxacina, 500 mg V0 1 vez/dia)
Crianças
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Sintomas moderados (p. ex., purulência/ congestão nasais ou tosse) por > 10 a 14 dias, ou
Amoxicilina, 45 a 90 mg/kg/dia (até 2 g) VO fracionados em 2 ou 3 doses/dia, ou
Sintomas intensos com qualquer duração, incluindo febre (> 38,8°C), edema facial unilateral ou focal, ou dor
Cefdinir, 14 mg/kg/dia V0
Terapia inicial: Cefuroxima acetil, 30 mg/kg/dia VO fracionados em 2 doses, ou Exposição a antibióticos nos últimos 30 dias, fracasso terapêutico recente ou prevalência de S. pneumoniae resistente à penicilina > 30%: Amoxicilina, 90 mg/kg/dia (até 2 g) VO fracionados em 2 doses, mais clavulanato, 6,4 mg/kg/dia VO fracionados em 2 doses (suspensão extraforte), ou Cefuroxima acetil, 30 mg/kg/dia V0 fracionados em 2 doses, ou Cefdinir, 14 mg/kg/dia V0
3A não ser que seja especificada, a duração da terapêutica geralmente é de 10 dias, com acompanhamento apropriado. Abreviações: SMX-TMP, sulfametoxazol-trimetoprima.
Fonte: American Academy of Pediatrics Subcommittee on Management of Sinusitis and Committee on Quality Improvement, 2001; Rosenfeld et al., 2007.
doença grave ou com plicações in tra cra n ian a s, com o abscessos ou aco m etim en to da órbita. Os p acientes im u n o c o m p ro m e tidos com sinusite fúngica invasiva aguda em geral necessitam de extenso desbridam ento cirúrgico e de trata m e n to com antifúngicos IV ativos co n tra hifas, com o a a nfotericina B. D eve-se individualizar o tratam e n to específico de acordo com a espécie fúngica, suas suscetibilidades e as c a ra cte rística s in d iv id u ais do paciente. O tratam ento da sinusite hospitalar deve com eçar com a n tibióticos de am plo espectro ativos contra patógenos com uns e frequentem ente resistentes, com o o S. aureus e os bacilos G ram -negativos. Em seguida, deve-se m odificar o tratam ento de acor do com os resultados da cultura e do antibiogram a dos aspirados dos seios paranasais.
■ SINUSITE CRÔNICA A sinusite crônica é caracterizada p o r sintom as de inflam ação sinusal com duração > 1 2 sem anas. A doença está m ais com um ente associa da a bactérias ou fungos e, na m aioria dos casos, é m uito difícil obter a cura clínica. M uitos desses pacientes já receberam várias p rescri ções de antibióticos e tiveram os seios paranasais operados diversas vezes, fatores que aum entam os riscos de colonização com patógenos resistentes a antibióticos e com plicações cirúrgicas. Tais pacientes com frequência apresentam taxas elevadas de m orbidade, às vezes durante vários anos. Na sinusite bacteriana crônica, acredita-se que a infecção ocorra em razão de algum a deficiência na d epuração m ucociliar causada p o r infecções repetidas, não se tratando, portanto, de infecção bac teriana persistente. Porém , a patogenia dessa doença é pouco co m preendida. E m bora algum as doenças (p. ex., fibrose cística) pred is
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p onham à sinusite bacteriana crônica, a m aioria dos pacientes com rinossinusite crônica não tem problem as subjacentes que afetem a drenagem sinusal, inibam a ação ciliar ou a atividade imunológica. Tais pacientes sofrem congestão nasal constante e pressão dos seios paranasais, com períodos interm itentes de m aior gravidade que p o dem persistir durante anos. A TC pode auxiliar d efinindo a extensão da doença, detectando algum defeito anatôm ico subjacente ou al gum processo obstrutivo (p. ex., um pólipo) e avaliando a resposta ao tratam ento. A equipe m édica deve contar com um o torrinolarin gologista para fazer exam es endoscópicos e obter am ostras de teci do para exam e histológico e cultura. A cu ltu ra de m aterial obtido p or endoscopia não apenas tem índice elevado de positividade, mas tam bém perm ite a visualização d ireta das estru tu ra s na busca por algum a anorm alidade anatôm ica. A sinusite fúngica crônica é um a doença de pacientes im unocom petentes, geralm ente não invasiva. E ntretanto, em alguns casos, é possível haver doença invasiva de progressão lenta. A doença não invasiva, que costum a estar associada a fungos hialinos, com o Aspergillus sp., ou a fungos dem atiáceos, com o Curvularia sp. ou Bipolaria sp., pode se apresentar sob diversas form as. Nos casos de doença leve e indolente, que geralm ente ocorrem num contexto de repetidos fra cassos com tratam ento antibacteriano, a TC m ostra apenas alterações inespecíficas da m ucosa. E m bora haja controvérsias sobre esse ponto, a cirurgia endoscópica geralm ente é curativa nesses casos, e não há necessidade de tratam ento antifúngico. O u tra possível apresentação da doença é aquela com sintom as arrastados, m uitas vezes unilate rais, e opacificação de apenas um dos seios paranasais nos exames de imagem causada po r um m icetom a (bola fúngica) dentro do seio paranasal. A conduta nesses casos tam bém é cirúrgica, em bora possa ser usado tratam ento antifúngico sistêm ico nos raros casos em que houver erosão óssea. U m a terceira form a da doença, tam bém cha m ada sinusite fúngica alérgica, ocorre nos pacientes com história de
polipose nasal e asm a e que, m uitas vezes, já foram subm etidos a várias cirurgias dos seios paranasais. Os pacientes com essa doença produzem um m uco espesso, repleto de eosinófilos, de consistência sem elhante à da m anteiga de am endoim , contendo hifas fúngicas es parsas ao exame histológico. Esses pacientes m uitas vezes se apresen tam com pansinusite.
TRATAMENTO
Sinusite crônica
O tratam ento da sinusite bacteriana crônica pode ser desafiador e consiste p rim ariam ente em vários ciclos de antibióticos com escolha orientada p or antibiogram a e duração de 3 a 4 sem anas; adm inistração de glicocorticoides intranasais; e irrigação do seio paranasal com solução fisiológica estéril. Q uando essa conduta falha deve-se considerar a indicação de cirurgia dos seios p aran a sais, procedim ento que propicia significativa m elhora, ainda que transitória. O tratam ento da sinusite fúngica crônica consiste na rem oção cirúrgica do m uco im pactado. Infelizm ente, a recorrên cia é com um .
■ INFECÇÕES DAS ESTRUTURAS DA ORELHA EXTERNA As infecções que envolvem as estruturas da orelha externa com fre quência são difíceis de distinguir das patologias não infecciosas com m anifestações clínicas sem elhantes. Os m édicos devem pensar nos distúrbios inflam atórios com o possíveis causas de irritação na orelha externa, particularm ente na ausência de adenopatia local ou regional. Além das causas m ais prováveis de inflam ação, com o traum atism o, picada de inseto e exposição excessiva à luz solar ou ao frio extrem o, o diagnóstico diferencial deve incluir distúrbios autoim unes (p. ex., lúpus ou policondrite recidivante) e vasculites (p. ex., granulom atose com poliangiíte [de W egener]).
Celulite auricular Trata-se de um a infecção da pele sobrejacente à orelha externa que, em geral, ocorre após traum atism o leve. A apresentação consiste nos sinais e sintom as típicos da celulite, com hipersensibilidade, erite ma, edem a e calor na orelha externa, sobretudo no lóbulo, m as sem envolvim ento aparente do canal auditivo ou das estruturas internas. O tratam ento consiste em com pressas m ornas e antibióticos orais, com o a dicloxacilina, ativos contra patógenos típicos da pele e dos tecidos m oles (especificamente, S. aureus e estreptococos). A ntibió ticos IV, com o as cefalosporinas de prim eira geração (p. ex., cefazolina) ou um a penicilina resistente à penicilinase (p. ex., nafcilina), podem ser necessários nos casos m ais graves, devendo-se considerar a possibilidade de MRSA quando fatores de risco ou fracasso tera pêutico apontem para esse organismo.
Pericondrite A pericondrite, é um a Infecção do p e ricôndrio da cartilagem a u ri cular que, caracteristicam ente, ocorre após traum atism o local (p. ex., perfuração da orelha, queim aduras ou lacerações). Em alguns casos, quando a infecção se estende até a cartilagem do pavilhão auricular, os pacientes tam bém podem desenvolver condrite. A infecção pode se assem elhar à celulite auricular, com eritem a, edem a e sensibilidade extrem a do pavilhão, em bora o acom etim ento do lóbulo seja m enos com um na pericondrite. Os patógenos m ais com uns são P. aeruginosa e S. aureus, ainda que, ocasionalm ente, apareçam outros m icrorga nism os G ram -positivos e G ram -negativos envolvidos. O tratam ento
Otite externa O term o otite externa refere-se a um conjunto de doenças que afetam principalm ente o m eato acústico. A otite externa em geral resulta de um a com binação de calor e um idade retida com descam ação e m aceração do epitélio do canal auditivo externo. Existem várias form as da doença: localizada, difusa, crônica e invasiva. Todas as form as têm origem predom inante bacteriana, sendo a P. aeruginosa e o S. aureus os agentes mais comuns. A otite externa aguda localizada (furunculose) pode surgir no terço externo do canal auditivo, onde a pele recobre a cartilagem e há num erosos folículos pilosos. Assim com o na furunculose em qual quer região do corpo, o S. aureus é o principal patógeno, sendo o tra tam ento geralm ente feito com um a penicilina antiestafilocócica VO (p. ex., dicloxacilina) com incisão e drenagem nos casos que tenham evoluído com abscesso. A otite externa aguda difusa é conhecida com o “orelha de n a dador”, em bora possa o correr tam bém em pessoas que não tenham nadado recentem ente. O calor, a um idade e a perda do cerum e p ro tetor resultam em excesso de um idade e aum ento do pH no canal au ditivo, o que acarreta a m aceração e irritação da pele. Pode sobrevir, então, um a infecção, cuja causa m ais com um é a P. aeruginosa. O u tros m icrorganism os, G ram -negativos, G ram -positivos e, raram ente, fungos, foram isolados em pacientes com esse problem a. A doença frequentem ente com eça com p ru rid o e evolui para d or intensa, em geral desencadeada pela m anipulação do pavilhão auricular ou do trago. O início da do r geralm ente é acom panhado pelo surgim ento de eritem a e edem a do canal auditivo, m uitas vezes com um peque no volum e de secreção branca e grum osa. O tratam ento consiste em lim peza do canal auditivo para rem over os restos e aum entar a ativi dade dos agentes terapêuticos tópicos - geralm ente soro hipertônico ou soluções com binando álcool com ácido acético. Pode-se dim inuir a inflam ação adicionando glicocorticoides ao esquem a de tratam en to, ou usando a solução de B urrow (acetato de alum ínio em água). Os antibióticos são mais eficazes q uando usados em preparações tópicas. As soluções auriculares em geral propiciam u m a cobertura adequada contra esses patógenos; tais preparações geralm ente associam neom icina e polim ixina, com ou sem glicocorticoides. N orm alm ente a a n tibioticoterapia sistêmica é reservada aos casos graves ou às infecções em hospedeiros im unocom prom etidos. A causa mais im portante de otite externa crônica é a irritação lo cal repetida cuja origem m ais com um é a drenagem persistente de in fecção crônica da orelha m édia. O utras causas de irritação repetida, com o a introdução de cotonetes ou de outros objetos estranhos no canal auditivo, podem provocar essa doença assim com o infecções crônicas raras com o sífilis, tuberculose e hanseníase. A apresentação típica da otite externa crônica é um a derm atite eritem atosa e descam ativa, na qual o principal sintom a é o p ru rid o e não a dor. É p re ciso distingui-la de várias outras afecções que resultam em quadros clínicos sem elhantes, com o derm atite atópica, derm atite seborréica, psoríase e derm atom icose. O tratam e n to consiste em identificar e elim inar o processo responsável, m as frequentem ente é difícil haver resolução completa. A otite externa invasiva, tam b ém conhecida com o otite externa maligna ou necrosante, é u m a d o e n ça agressiva e p o tencialm ente fatal que acom ete so b retu d o p acientes diabéticos idosos e outros im unocom prom etidos. A d o en ça se inicia na p arte externa do canal auditivo e evolui lentam ente d u ra n te sem anas ou m eses. M uitas ve
Faringite, Sinusite, Otite e Outras Infecções do Trato Respiratório Superior
INFECÇÕES DA ORELHA E DA MASTOIDE As infecções da orelha e das estruturas associadas podem acom eter ambas as orelhas, m édia e externa, bem com o pele, cartilagem , periósteo, canal auditivo, cavidades tim pânicas e m astoides. Tais infec ções podem ser causadas po r vírus ou bactérias, acarretando m orbi dade significativa se não forem tratadas corretam ente.
é feito com antibióticos sistêm icos ativos contra P. aeruginosa e S. aureus. Alguns esquem as típicos são penicilina antipseudom onas (p. ex., piperacilina) ou um a com binação de um a penicilina resistente à penicilinase mais um a quinolona antipseudom onas (p. ex., nafcilina e ciprofloxacino). A incisão e a drenagem p odem ser úteis à realiza ção de cultura e para auxiliar na resolução da infecção, o que m uitas vezes dem ora sem anas. Nos casos em que a pericondrite não respon da à terapia antim icrobiana adequada, os m édicos devem considerar a possibilidade de um a etiologia inflam atória não infecciosa, como, por exemplo, pericondrite recidivante.
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
zes é difícil diferenciá-la de um caso grave de otite externa crônica em razão da presença de otorreia p u ru len ta bem com o de edem a e eritem a do canal auditivo. F. freqüente a o corrência de otalgia in te n sa e profunda, m uitas vezes desproporcional aos achados ao exame, o que pode ajudar a distingui-la da otite externa crônica. Ao exam e, o achado típico é um tecido de granulação na parede p ó ste ro -in ferior do canal externo, próxim o à jun ção entre osso e cartilagem . Se não for tratada, a infecção p o d erá m igrar para a base do crânio, ocasionando osteom ielite local, ou atingir as m eninges e o cérebro, com plicação com alta taxa de m ortalidade. O casionalm ente obser va-se envolvim ento de nervos cranianos, sendo o facial o acom eti do em p rim eiro lugar e com m aior frequência. Se a infecção atingir essa região, p o d erá o c o rre r trom bose do seio sigm óideo. A TC é capaz de revelar erosão óssea do osso tem poral e da base do crânio, p o d e n d o ser usada p ara d e te rm in a r a extensão da doença, assim com o a cintilografia com gálio ou com tecnécio 99. A P. aerugino sa é de longe o agente etiológico m ais com um , m as ou tro s - com o S. aureus, S. epidermidis, Aspergillus, Actinomyces e algum as bacté rias G ram -negativas - tam bém têm sido associados a essa doença. E m todos os casos, deve-se p roceder à lim peza do canal externo e colher m aterial de biópsia do tecido de granulação no in terio r do canal (ou dos tecidos m ais profundos) para a cultura do m icrorganism o responsável. A antibioticoterapia IV deve ser ad m in istrad a p o r p eríodo prolongado (6 a 8 sem anas) e visar especificam ente ao patógeno isolado. C ontra P. aeruginosa, o esquem a típico é form ado p o r u m a penicilina ou cefalosporina a n tipseudom onas (p. ex., pip eracilina ou ceftazidim a) e um am inoglicosídio. C om frequência, substitui-se o am inoglicosídio p o r u m a fluoroquinolona, que pode ser usada VO dada a sua excelente biodisponibilidade. A lém d is so, geralm ente são prescritas gotas c o ntendo um antibiótico ativo co n tra Pseudomonas (p. ex., ciprofloxacino), associado a u m glico corticoide para reduzir a inflam ação. A otite externa invasiva p o r Pseudomonas, quando diagnosticada precocem ente, p o d e algum as vezes ser tratad a apenas com fluoroquinolonas orais e tópicas, m as sem pre com acom panham ento rigoroso. O d esbridam ento cirú rg i co extenso, que já foi parte im portante do tratam ento, atualm ente é indicado raram ente. Nos casos de otite externa necrotizante d o cum entou-se recor rência em até 20% dos casos. É im portante m anter controle rigoroso da glicem ia nos diabéticos, não apenas para que o tratam ento seja bem -sucedido, mas tam bém para evitar recorrências. O papel do oxi gênio hiperbárico não foi claram ente estabelecido.
■ INFECÇÕES DAS ESTRUTURAS DA ORELHA MÉDIA A otite média é um distúrbio inflam atório da orelha m édia que ocorre com o resultado de disfunção da tuba de Eustáquio associada a várias doenças, com o IRA e rinossinusite crônica. A resposta inflam atória a essas doenças acarreta a produção de um exsudato estéril dentro da orelha m édia e das cavidades m astoides. Se esse líquido for co n tam inado p or vírus ou bactérias da nasofaringe, poderá surgir um a doença aguda (ou, às vezes, crônica).
Otite média aguda A otite m édia aguda ocorre quando patógenos da nasofaringe p e n etram no líquido inflam atório acum ulado na orelha m édia (p. ex., ao assuar o n ariz du ran te u m a IRA). A proliferação de m icro rg a nism os nesse espaço resulta no surgim ento dos sinais e sintom as típicos de infecção aguda da orelha m édia. O diagnóstico de otite m édia aguda exige a dem onstração da presença de líquido n a ore lha m édia [com im obilidade da m em b ran a tim pânica (M T)] bem com o sinais e sintom as concom itantes de doença local ou sistêm ica (Q u a d ro 31.2).
Etiologia A otite m édia aguda em geral sucede um a IRA viral. Os vírus causadores (sendo os m ais com uns RSV, influenza, rinovírus e enterovírus) tam bém são capazes de causar otite m édia aguda. No entanto, é m ais com um que eles predisponham à otite m édia bacte
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riana. Estudos com tim panocentese m ostraram que o S. pneum oniae é a causa bacteriana mais im portante, tendo sido isolado em até 35% dos casos. O H. influenzae (cepas não tipáveis) e a Aí. catarrhalis tam bém são causas bacterianas com uns de otite m édia aguda, havendo preocupação crescente com as cepas com unitárias de MRSA com o agente etiológico em ergente. Em 17 a 40% dos casos, encontram -se vírus, como os m encionados, isolados ou associados a bactérias.
Manifestações clínicas A presença de líquido na orelha m édia é de m onstrada ou confirm ada à otoscopia pneum ática. Na ausência de líquido, é possível visualizar a m em b ran a tim pânica m ovendo-se quando se aplica pressão positiva ou negativa. No entanto, esse m o vim ento, dim inui na presença de líquido. Q uando há infecção b acte riana, a m em brana tim pânica tam bém pode se m ostrar eritem atosa, protuberante ou retraída. Às vezes, ocorre perfuração espontânea. Os sinais e sintom as que acom panham a infecção podem ser localizados ou sistêmicos, incluindo otalgia, otorreia, perda da audição, febre e irritabilidade. O eritem a da m em brana tim pânica frequentem ente é evidente, m as tal achado é inespecífico, p odendo ocorrer em associa ção à inflamação da m ucosa respiratória alta (p. ex., durante o exame físico de crianças pequenas). O utros sinais e sintom as ocasionalm en te relatados são vertigem, nistagm o e tinito.
TRATAMENTO
Otite média aguda
Tem havido m uita discussão sobre a u tilidade dos antibióticos n o tratam ento da otite m éd ia aguda. U m a p roporção m aior de pacientes tratados e ncontra-se livre da doença 3 a 5 dias após o diagnóstico em com paração com os não tratados. A dificuldade de predizer quais pacientes se beneficiarão com a antibioticote rapia levou à adoção de abordagens diferentes. Na H olanda, p or exem plo, os m édicos c o stu m a m inicialm en te apenas observar a otite m édia aguda e a d m in istra r anti-in flam ató rio s de form a agressiva para con tro lar a dor. O s antibióticos são reservados aos pacientes de alto risco, com com plicações, ou para os que não m elhoram após 48 a 72 h. Já nos EUA, m uitos especialistas con tin u am a reco m en d a r a n tib io tic o te rap ia p a ra crianças < 6 m eses em razão da m aio r frequência de com plicações se c u n dárias nessa população jovem e fu n c io n a lm e n te im unocom pro m etid a. E n tre tan to , a tu a lm e n te n o s EUA re co m en d a -se observação sem antibioticoterapia p ara a otite m édia aguda em crianças com idade > 2 anos e p a ra os casos leves a m oderados sem secreção na orelha m éd ia em crianças entre 6 m eses e 2 anos de idade. O trata m e n to n o rm alm en te está indicado para pacientes com < 6 m eses de idade; p ara crianças com idade e n tre 6 m eses e 2 anos que se a p rese n tem com secreção em o re lha m édia e sinais ou sintom as de inflam ação da orelha m édia; para todos os pacientes > 2 anos que se apresentem com doença bilateral, perfuração da m em b ran a tim p ân ica, im u n o c o m p ro m etidos ou com vôm itos; e p a ra q u a lq u e r paciente que tenha sintom as intensos, incluindo febre > 39°C ou otalgia m oderada a intensa (Q uadro 31.2). C onsiderando que a m aioria dos estudos sobre os agentes etiológicos da otite m édia aguda descreve perfis sem elhantes de patógenos, o tratam ento em geral é em pírico exceto nos poucos casos em que se justifica a tim panocentese - p o r exemplo, recém nascidos, otite refratária ao tratam e n to , pacientes gravem ente enferm os ou im unodeficientes. A pesar da resistência à penicili na e am oxicilina e n co n trad a em cerca de 25% dos isolados de S. pneum oniae, aproxim adam ente em 33% dos H. influenzae e em quase todos os isolados de Aí. catarrhalis, os estudos clíni cos continuam a indicar que a am oxicilina é tão eficaz quanto qualquer outro agente, co n tin u an d o a ser o fárm aco de p rim ei ra escolha nas recom endações de diversas fontes (Q uadro 31.2). Em geral, o tratam ento da otite m édia não com plicada dura 5 a 7
QUADRO 31.2 Diretrizes para diagnóstico e tratamento da otite média aguda Gravidade da doença
Critérios diagnósticos
Recomendações terapêuticas
Leve a moderada
> 2 anos ou entre 6 meses e 2 anos sem efusão em orelha média
Apenas observação (retardando a antibioticoterapia por 48 a 72 h com tratamento apenas sintomático)
< 6 meses ou
Terapia inicia f
6 meses a 2 anos com efusão na orelha média (presença de líquido na orelha média evidenciada por redução na mobilidade da MT, pela presença de nível hidroaéreo atrás da MT, por abaulamento da MT ou por otorreia purulenta) e instalação aguda dos sinais e sintomas de inflamação na orelha média, incluindo febre, otalgia, diminuição da audição, tinito, vertigem, eritema de MT: ou
Amoxicilina, 80 a 90 mg/kg/dia (até 2 g) VO fracionados em 2 ou 3 doses, ou
> 2 anos com doença bilateral, perfuração de MT, febre aita, paciente imunocomprometido ou com vômitos
Cefdinir, 14 mg/kg/dia VO em 1 dose ou fracionados em 2 doses, ou Cefuroxima, 30 mg/kg/dia VO em 2 doses diárias, ou Azitromicina, 10 mg/kg/dia VO no 1o dia seguidos por 5 mg/kg/dia VO por mais 4 dias Exposição a antibióticos nos últimos 30 dias ou fracasso terapêutico recente36: Amoxicilina, 90 mg/kg/dia (até 2 g) VO fracionados em 2 doses, mais clavulanato, 6,4 mg/kg/dia VO fracionados em 2 doses, ou Ceftriaxona, 50 mg/kg/dia IV/IM durante 3 dias, ou Clindamicina, 30 a 40 mg/kg/dia VO fracionados em 3 doses
Grave
Conforme descrito acima, com temperatura s 39,0°C ou
Ceftriaxona, 50 mg/kg/dia IV/IM durante 3 dias Exposição a antibióticos nos últimos 30 dias ou fracasso terapêutico recente"b Ceftriaxona, 50 mg/kg/dia IV/IM durante 3 dias, ou Clindamicina, 30 a 40 mg/kg/dia VO fracionados em 3 doses; ou Considerar timpanocentese com cultura aDuração (a não ser que tenha sido especificada): 10 dias para os pacientes < 6 anos e para aqueles com doença grave; 5 a 7 dias (com possibilidade de apenas manter sob observação os indivíduos previamente saudáveis com doença leve) nos pacientes > 6 anos. "Ausência de melhora e/ou piora clínica após 48 a 72 h de observação ou de tratamento.
Abreviação: MT, membrana timpânica. Fonte: American Academy of Pediatrics Subcommittee on Management of Acute Otitis Media, 2004.
dias nos pacientes > 6 anos. T ratam entos m ais longos (p. ex., 10 dias) devem ser reservados às crianças < 6 anos e a pacientes com doença grave para os quais o tratam ento de cu rta duração talvez seja insuficiente. R ecom enda-se troca de esquem a se não houver m elhora clí nica no terceiro dia de tratam ento em razão da possibilidade de infecção por um a cepa de H. influenzae ou Aí. catarrhalis p ro d u tora de betalactam ase, ou p or um a cepa de S. pneum oniae resis tente à penicilina. Os descongestionantes e anti-histam ínicos são usados frequentem ente com o agentes adjuvantes para reduzir a congestão e aliviar a obstrução da tuba de Eustáquio, em bora não haja ensaios clínicos dem onstrando evidências significativas de que sejam benéficos.
Otite média aguda recorrente A otite m édia aguda recorrente (mais de três episódios em 6 meses ou quatro episódios em 12 meses) geralm ente decorre de reincidên cia ou reinfecção, em bora os dados indiquem que a m aioria das re corrências precoces seja constituída de infecções novas. Os m esm os patógenos responsáveis pela otite m édia aguda em geral causam a doença recorrente. M esm o assim, recom enda-se o tratam ento com um antibiótico ativo contra m icrorganism os produtores de betalac tam ase. A profilaxia com antibióticos em pacientes com otite m édia aguda recorrente (p. ex., com sulfam etoxazol-trim etoprim a [SMZ-TMP] ou com am oxicilina) pode reduzir os episódios em pacientes
com otite m édia aguda recorrente p ara um a m édia de um p or ano. Porém , esse benefício é pequeno diante do custo dos fárm acos e do alto risco de colonização p o r patógenos resistentes a antibióticos. O utras abordagens, com o a colocação de tubos de tim panostom ia, adenoidectom ia e tonsilectom ia com adenoidectom ia, são de valor global duvidoso, considerando o benefício relativam ente pequeno em relação ao potencial de complicações.
Otite média serosa Na otite m édia serosa (otite m édia com efusão), há líquido presen te na orelha m édia p o r longo p e río d o sem sinais o u sintom as de infecção. Em geral, as efusões agudas são autolim itadas; a m aioria dos casos se resolve em 2 a 4 sem anas. N o entanto, em alguns casos, e especialm ente após u m episódio de o tite m édia aguda, a efusão pode p erm an ecer p o r m eses. Essas efusões crônicas causam p e r da auditiva significativa n a orelha acom etida. Em crianças m en o res, efusões p ersistentes com p erd a de audição p o d e m prejudicar o aprendizado da linguagem . A g ra n d e m aio ria dos casos de o ti te m édia com efusão m elh o ra esp o n tan e am e n te em 3 m eses sem antibioticoterapia. Os antibióticos e a m irin g o to m ia com inserção de tubo de tim p a n o sto m ia são reservados aos pacientes nos quais a efusão bilateral (1) ten h a p ersistid o p o r m ais de 3 m eses ou (2) esteja associada a p erd a auditiva bilateral significativa. E stim a-se que, com essa abordagem co n se rv a d o ra e com o uso de critérios diagnósticos m eticulosos p ara otite m édia aguda e otite m édia com efusão, p o deriam ser evitados 6 a 8 m ilhões de ciclos de antibióticos p or ano nos EUA.
Faringite, Sinusite, Otite e Outras infecções do Trato Respiratório Superior
Otalgia moderada a intensa
Terapia iniciaf Amoxicilina, 90 mg/kg/dia (até 2 g) V0 fracionados em 2 doses, mais clavulanato, 6,4 mg/kg/dia V0 fracionados em 2 doses, ou
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1 Otite média crônica A otite m édia crônica supurativa é caracterizada p o r u m a otorreia p u ru len ta p ersistente ou recorrente que ocorre no contexto de p e r furação da m em b ran a tim pânica. Em geral, o corre algum a perda auditiva condutiva. Essa condição po d e ser classificada com o ativa e inativa. A doença inativa tem com o característica u m a p e rfu ra ção cen tral da m em b ran a tim p ân ica que p e rm ite a d renagem de líquido p u ru le n to da o relha m édia. Q u a n d o a p e rfu ra ç ão é m ais periférica, é possível que o epitélio escam oso do canal auditivo in vada a orelha m édia p o r m eio da p erfuração, form an d o um a m assa de restos ceratinosos (colesteatom a) n o local da invasão que pode crescer e p ro d u z ir erosão do osso, bem com o in d u zir m ais infec ção, resultando em m eningite, abscesso cerebral ou paralisia do VII nervo craniano. O tratam en to da otite m édia crônica ativa é c irú r gico; a m astoidectom ia, a m iringoplastia e a tim panoplastia p odem ser feitas em am bulatório, com u m a taxa de sucesso de cerca de 80%. A otite m édia crônica inativa é m ais difícil de curar, c o stu m an d o exigir vários ciclos de antibióticos tópicos em gotas durante os p erío d o s de drenagem . O s antibióticos sistêm icos p o d em ofe recer taxas de cu ra m aiores, m as ainda não está claro seu papel no tratam e n to dessa infecção.
Mastoidite
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
A m astoidite aguda era relativam ente com um entre as crianças antes do advento dos antibióticos. C om o as células aeríferas m astóideas se conectam com a orelha m édia, o processo de acúm ulo de líquido com infecção geralm ente é idêntico na m astoide e na orelha m édia. O tratam ento precoce e freqüente da otite m édia aguda é provavel m ente a causa da queda da incidência da m astoidite aguda para ape nas 1,2 a 2 casos em 100.000 pessoas-ano em países nos quais são altos os índices de prescrição p ara otite m édia aguda. Em países com o a H olanda, em que os antibióticos são pouco usados contra otite m édia, a incidência de m astoidite aguda é cerca de duas vezes m aior do que em países com o os EUA. N o entanto, a D inam arca, país vizinho, tem um a incidência de m astoidite aguda sem elhante à da H olanda, em bora sua taxa de prescrição de antibióticos seja mais sem elhante à dos EUA. Na m astoidite aguda típica, um exsudato purulento se acum ula nas células m astóideas (Fig. 31.1), p roduzindo elevação da pressão que pode levar à erosão do osso adja cente e form ação de cavidades sem elhantes a abscessos, geralm ente evidentes à TC. Os pacientes se apresentam caracteristicam ente com dor, eritem a e edem a do processo m astoide, além de deslocam ento do pavilhão auricular, geralm ente com sinais e sintom as concom itan tes de infecção aguda da orelha m édia. Em raros casos, os pacientes p oderão evoluir com com plicações graves se a infecção avançar sob o periósteo do osso tem poral e form ar um abscesso subperiosteal, des gastar e p enetrar a ponta da m astoide, bem com o originar um abs cesso profundo no pescoço ou se estender posteriorm ente, causando trom bose séptica do seio lateral. D eve-se cultivar o líquido p u ru len to sem pre que possível, para ajudar a o rien tar a antibioticoterapia. O tratam e n to em pírico in i cial costum a ser direcionado co n tra os m icrorganism os típicos da otite m édia, com o S. pneum oniae, H. influenzae e Aí. catarrhalis. A lguns pacientes com doença m ais grave ou prolongada devem ser tratados com c o b ertu ra para 5. aureus e G ram -negativos (inclusi ve Pseudomonas). A antibioticoterapia de am plo espectro deve ser ad ap tad a de acordo com os resultados da cultura. A m aioria dos pacientes pode ser tratad a de form a c o n serv ad o ra com antib ió ti cos IV. A cirurgia (m astoidectom ia cortical) deve ser reservada aos casos com plicados e a pacientes nos quais a terapia conservadora tenha fracassado.
INFECÇÕES DA FARINGE E DA CAVIDADE ORAL As infecções orofaríngeas abrangem desde doenças virais leves e autolim itadas a infecções bacterianas graves am eaçadoras à vida. O sin tom a mais com um à apresentação é dor de garganta - um a das razões
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Figura 31.1 M astoidite aguda. Imagem de TC axial que mostra coleção aguda de liquido no interior das células aéreas da mastoide à esquerda.
mais com uns para as consultas am bulatoriais tanto de adultos quan to de crianças. A inda que este sintom a tam bém ocorra em diversas doenças não infecciosas, a grande m aioria dos pacientes com dor de garganta de início recente apresenta faringite aguda de etiologia viral ou bacteriana.
■ FARINGITE AGUDA A dor de garganta gera m ilhões de consultas a profissionais de as sistência p rim ária todos os anos; a m aioria dos casos de faringite aguda é causada pelas viroses respiratórias com uns. A principal fonte de preocupação é a infecção p o r estreptococos beta-hem olíticos do grupo A (S. pyogenes), associada a glom erulonefrite aguda e a febre reum ática aguda. O risco de febre reum ática pode ser reduzido com o tratam ento oportuno feito com penicilina.
Etiologia Um a grande variedade de m icrorganism os pode causar faringite. A im portância relativa dos diferentes patógenos p o d e ser apenas es tim ada, pois em m uitos casos (cerca de 30%) não é possível id en tificar o agente. No seu conjunto, os vírus respiratórios são a causa identificável m ais com um de faringite aguda, sendo os rinovírus e coronavírus responsáveis p o r um a grande proporção dos casos (cer ca de 20% e, no m ínim o, 5%, respectivam ente). Os vírus influenza, parainfluenza e adenovírus tam bém causam um a parcela ponderável das faringites, este últim o com o parte de um a síndrom e clinicam en te m ais grave: a febre faringoconjuntival. O u tras causas virais im portantes, porém m enos com uns, são o herpesvírus sim ples (HSV) tipos 1 e 2, o vírus Coxsackie A, o citom egalovírus (CM V) e o vírus E pstein-Barr (EBV). A infecção aguda pelo H IV pode se apresentar com o faringite aguda, devendo-se considerar essa possibilidade nas populações de risco. A faringite bacteriana aguda é causada pelo S. pyogenes, que res ponde por cerca de 5 a 15% dos casos de faringite aguda nos adultos, dependendo da estação e do acesso ao sistem a de saúde. A faringite estreptocócica do grupo A é principalm ente um a doença de indiví duos entre 5 e 15 anos de idade, sendo rara naquelas com m enos de 3 anos, assim com o a febre reum ática. Os estreptococos dos grupos
C e G são responsáveis p o r um a m in o ria dos casos, m as esses sorogrupos não são reum atogênicos. O Fusobacterium necrophorum tem sido crescentem ente reconhecido com o causa de faringite em a d o lescentes e adultos jovens sendo isolado quase tão frequentem ente quanto os estreptococos do grupo A. Essa inform ação é im portante em razão da rara, m as potencialm ente letal, doença de Lem ierre, ge ralm ente associada ao F. necrophorum e precedida p or faringite (ver “Infecções Orais, adiante). As dem ais causas bacterianas da faringite aguda são m enos com uns (< 1% de casos cada um a), m as devem ser consideradas em grupos particularm ente expostos em razão da gra vidade potencial da doença não tratada. Alguns agentes etiológicos são Neisseria gonorrhoeae, Corynebacterium diphtheriae, Corynebacterium ulcerans, Yersinia enterocolitica e Treponema pallidum (na sífi lis secundária). Bactérias anaeróbias tam bém podem causar faringite (angina de Vincent) e contribuir para infecções polim icrobianas mais graves, com o o abscesso peritonsilar ou retrofaríngeo (ver adiante). M icrorganism os atípicos, com o M. pneum oniae e C. pneum oniae, já foram encontrados em pacientes com faringite aguda. C ontudo, há controvérsia sobre se essas bactérias são com ensais ou causadoras da infecção aguda.
Manifestações clínicas
TRATAMENTO
Faringite
A antibioticoterapia da faringite po r S. pyogenes oferece vários be nefícios, incluindo a redução do risco de febre reum ática. E ntre tanto, o grau de beneficio é bem pequeno, pois a febre reum ática atualm ente é um a doença rara m esm o em pacientes que não rece bem tratam ento. De qualquer form a, quando se institui o tra ta m ento nas prim eiras 48 h da doença, a duração dos sintom as é reduzida. O utro benefício do tratam en to é a possibilidade de re duzir a transm issão da faringite estreptocócica, sobretudo em áreas de aglom eração ou de contato estreito. Assim, recom enda-se antibioticoterapia nos casos em que se tenha confirm ado o S. pyo genes com o agente etiológico pelo teste rápido de detecção de a n tígeno ou por cultura de swab de garganta. Caso contrário, os an tibióticos só devem ser prescritos quando for identificada outra etiologia bacteriana. Os tratam entos eficazes para faringite estrep tocócica são a penicilina benzatina em dose única IM ou a penici lina oral p or 10 dias (Q uadro 31.3). Pode-se u sar a eritro m icin a no lugar da penicilina, em bora a resistência a este antibiótico entre cepas de S. pyogenes to rn e seu uso desaconselhável em algum as partes do m u n d o (especialm ente n a E uropa). A ntibióticos mais recentes (e com custo m ais elevado) tam b é m são ativos contra
Faringite, Sinusite, Otite e Outras infecções do Trato Respiratório Superior
E m bora os sinais e sintom as da faringite aguda não sejam preditores confiáveis do agente etiológico, a apresentação clínica às vezes sugere m aior probabilidade para determ inada etiologia. A faringite aguda p o r vírus respiratórios, com o o rinovírus ou o coronavírus, geralm ente não é grave e costum a estar associada a u m conjunto de sintom as relacionados com coriza, m ais bem caracterizados com o IRA inespecífica. São incom uns os achados ao exam e físico; a febre é rara e não há exsudatos faríngeos ou adenopatia cervical dolorosa. D iferentem ente, a faringite aguda pelo vírus influenza pode ser gra ve, estando m uito m ais frequentem ente associada a febre, mialgias, cefaleia e tosse. A apresentação da febre faringoconjuntival causada p o r adenovírus é sem elhante. N os casos com etiologia viral, pode haver produção de um exsudato faríngeo, o que dificulta a distinção entre a faringite viral e a estreptocócica. N o entanto, a faringite p or adenovírus se distingue pela presença de conjuntivite em cerca de 33 a 50% dos pacientes. A faringite aguda na prim oinfecção pelo HSV tam bém pode sim ular um a faringite estreptocócica em alguns casos, ao provocar inflam ação e exsudato faríngeos. A presença de vesícu las e úlceras rasas no palato ajuda a diferenciar am bas as doenças. A síndrom e pelo HSV é diferente da faringite causada p o r Coxsackie (herpangina), associada a pequenas vesículas que surgem no palato m ole bem com o na úvula e depois se rom pem , form an d o úlceras brancas rasas. O quadro de faringite exsudativa aguda, com febre, fadiga, linfadenopatia generalizada e, às vezes, esplenom egalia, é característico da m ononucleose infecciosa causada pelo EBV, ou da infecção p o r CMV. A infecção prim ária aguda pelo H IV está m u i tas vezes associada à febre e faringite aguda, bem com o a m ialgias, artralgias, m al estar e, às vezes, um exantem a m aculopapular não pruriginoso, que pode ser sucedido p o r linfadenopatia e ulcerações da m ucosa sem exsudato. As m anifestações clínicas da faringite aguda p o r estreptococos dos grupos A, C e G são sem elhantes, v aria n d o desde u m a doença relativam ente leve, com p o u co s sin to m a s, a casos c lin icam en te graves, com d or faríngea intensa, febre, calafrios e d o r abdom inal. Em geral, en co n tra-se um a m em b ran a faríngea h ip ere m ia d a com h ip ertro fia das am ígdalas e exsudato, além de a d en o p a tia cervical dolorosa. N ão costum a haver m anifestações de coriza, com o to s se, que, q u an d o presentes, sugerem etiologia viral. A lgum as cepas de S. pyogenes p ro d u to ras de toxinas eritro g ên icas p o d e m causar escarlatina, doença que tem com o características u m exantem a e ri tem atoso e a língua em fram boesa. O u tro s tip o s de faringite bac terian a (p. ex., gonocócica, diftérica e p o r Yersinia) m u itas vezes se apresentam com faringite exsudativa, com ou sem ou tras m a n i festações clínicas. As etiologias m uitas vezes são sugeridas apenas pela h istória clínica.
Diagnóstico O objetivo básico dos exam es diagnósticos é distinguir a faringite es treptocócica das causadas p or outros agentes etiológicos (principal m ente os vírus), para que os antibióticos sejam prescritos de form a m ais efetiva e apenas p ara os pacientes que possam ser beneficiados. N o entanto, ainda não foi estabelecido definitivam ente o m elhor padrão para o diagnóstico de faringite estreptocócica. A cultura de swabs da garganta costum a ser considerada o m étodo m ais apropria do, m as é incapaz de distinguir entre infecção e colonização, e requer 24 a 48 h para dar resultados que variam de acordo com a técnica e as condições de cultura. Os testes rápidos de detecção de antígeno têm especificidade elevada (> 90%), m as sensibilidade baixa, quando im plem entados na prática rotineira. D em onstrou-se que a sensibili dade tam bém varia de acordo com o espectro clínico da doença (65 a 90%). Vários sistem as de previsão clínica (Q u a d ro 31.3) aum entam a sensibilidade dos testes rápidos de detecção de antígeno, podendo alcançar m ais de 90% em situações controladas. C om o os índices de sensibilidade alcançados na p rática clínica são m enores, várias sociedades m édicas e profissionais continuam a recom endar que to dos os testes de detecção de antígeno negativos sejam confirm ados p o r um a cultura de swab de garganta p ara d im in u ir a transm issão e as com plicações das doenças causadas pelo estreptococo do g ru po A. Os C enters for D isease C ontrol and Prevention, a Infectious Diseases Society o f A m erica, o A m erican College o f Physicians e a A m erican Academ y o f Fam ily Physicians não recom endam a cultura para confirm ação em adultos cujo teste rápido com alta sensibilida de seja negativo, pois a prevalência e os benefícios são m enores nessa faixa etária. C ulturas e testes d iag n ó stico s rá p id o s p a ra o u tras causas de faringite aguda, com o o v íru s influenza, ad en o v íru s, HSV, EBV, CM V e M . pneum oniae, estão disponíveis em alguns lugares, p o den d o ser usados q u a n d o se suspeita de algum a dessas infecções. O diagnóstico de infecção aguda p o r EBV d epende principalm ente da detecção de antico rp o s c o n tra o v íru s com u m ensaio de aglu tinação heterófila (m onoteste) ou ensaio p o r im u n o a b so rb â n cia ligado a enzim a. T am bém devem ser feitos testes p ara RNA do H IV ou antígeno p24 q u a n d o h o u v e r suspeita de infecção p rim á ria. Suspeitando-se de o u tra etiologia bacterian a (especialm ente N. gonorrhoeae, C. diphtheriae ou Y. enterocolitica), devem -se solicitar culturas específicas, pois os swabs de garganta rotineiros talvez não detectem esses agentes.
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QUADRO 31.3 Diretrizes para o diagnóstico e tratamento da faringite aguda 1 Faixa etária Adultos
Critérios diagnósticos
Recomendações terapêuticas3
Suspeita clínica de faringite estreptocócica (p. ex., febre, edema tonsilar, exsudato, linfonodos cervicais anteriores aumentados e dolorosos, ausência de tosse ou coriza)"
Penicilina V, 500 mg V0 3 vezes/dia, ou
com:
Amoxicilina, 500 mg V0 2 vezes/dia, ou Eritromicina, 250 mg/dia V0, ou Penicilina G benzatina, dose única de 1,2 milhão de unidades IM
História de febre reumática ou Exposição domiciliar comprovada ou Teste rápido de triagem para estreptococo positivo Crianças
Suspeita clínica de faringite estreptocócica (p. ex., febre, edema tonsilar, exsudato, linfonodos cervicais anteriores aumentados e dolorosos, ausência de coriza) com:
Amoxicilina, 45 mg/kg/dia V0 fracionados em 2 ou 3 doses, ou Penicilina VK, 50 mg/kg/dia V0 fracionados em 2 doses, ou Cefalexina, 50 mg/kg/dia V0 fracionados em 3 doses, ou Penicilina G benzatina, 25.000 unidades/kg em dose única IM
História de febre reumática ou Exposição domiciliar documentada ou Teste rápido de triagem para estreptococo positivo ou Cultura de orofaringe positiva (nos pacientes com teste rápido de triagem negativo) 3A não ser que seja especificada, a duração da terapia em geral é de 10 dias, com acompanhamento apropriado.
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
‘'Algumas organizações sustentam que os adultos com esses sinais e sintomas devem ser tratados sem que seja necessário realizar um teste rápido com antígeno estreptocócico.
Fontes:Cooper etal., 2 0 0 1 ;Schwartz etal., 1998.
estreptococos, porém não são m ais eficazes que os agentes m e n cionados. Não há necessidade de exam es para com provar a cura, que p oderiam revelar apenas colonização crônica. Não existem evidências que apoiem o tratam en to com antibiótico da faringi te p o r estreptococos dos grupos C ou G, ou das faringites nas quais se tenha isolado M ycoplasma ou Chlamydophila. A p rofi laxia com penicilina (penicilina G benzatina, 1.200.000 U IM a cada 3 a 4 sem anas) é indicada aos pacientes sob risco de febre reum ática recorrente. O tratam e n to da faringite viral é exclusivam ente sin to m á tico, exceto na infecção p o r vírus influenza ou HSV. Para a in fluenza o repertório de agentes terapêuticos inclui os ad am an ti nos am antadina, rim a n tad in a e os inibidoresda neu ram in id ase oseltam ivir e zanam ivir. A adm inistração de todos esses fárm a cos deve ser iniciada no p razo de 36 a 48 h após o início dos sintom as ou não haverá efeito significativo sobre a evolução da doença. E ntre esses agentes, apenas o oseltam ivir e o zanam ivir são ativos co n tra os influenzas A e B, significa que p o d em ser u sados m esm o q u ando não se conhecem os p ad rõ es locais de infecção e de resistência aos antivirais. A infecção da orofaringe pelo HSV às vezes responde ao tratam e n to com antivirais, com o o aciclovir, em b o ra esses fárm acos em geral sejam reservados aos pacientes im unossuprim idos.
Complicações A febre reum ática é a com plicação m ais conhecida da faringite es treptocócica aguda, m as o risco dessa d o en ça após u m a infecção aguda é bastante baixo. O utras com plicações são a glom erulonefrite aguda e diversos distúrbios supurativos, com o abscesso peritonsilar (fleim ão), otite m édia, m astoidite, sinusite, bacterem ia e p n e u m o n ia - todos com baixa incidência. A ántib io tico terap ia é capaz de prevenir o surgim ento de febre reum ática, m as não há evidências de que possa prevenir a glom erulonefrite aguda. A lgum as evidên cias apoiam o uso de antibióticos p a ra p re v en ir com plicações sup urativas da faringite estreptocócica, p rin cip alm en te o abscesso peritonsilar, que po d e envolver tam b é m anaeróbios orais, com o o F usobacterium. Os abscessos em geral são aco m p an h ad o s de d or faríngea intensa, disfagia, febre e desidratação; além disso, m uitas vezes observam -se os deslocam entos m ediai da tonsila e lateral da úvula ao exame. C onquanto a utilização precoce de antibióticos IV (p. ex., clindam icina, penicilina G com m etronidazol) possa evitar
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a necessidade de drenagem cirúrgica em alguns casos, o tratam ento geralm ente envolve a aspiração com agulha ou a incisão para d re nagem do abscesso.
■ INFECÇÕES ORAIS Exceto pelas doenças periodontais, com o a gengivite, as infecções da cavidade oral envolvem com m aior frequência o HSV ou espécies de Candida. Além de causar um a erupção bolhosa dolorida nos lábios, o HSV tam bém pode infectar a língua e a m ucosa oral, resultando na form ação de vesículas dolorosas. Antivirais tópicos (p. ex., aciclovir e penciclovir) podem ser usados sobre as bolhas, m as as infecções p ri m árias exigem o uso de aciclovir oral ou IV, assim com o as infecções orais extensas ou em pacientes im unocom prom etidos. A candidía se orofaríngea (sapinho) é causada p o r várias espécies de Candida, sendo m ais com um a C. albicans. O corre principalm ente em recém nascidos, nos pacientes im unocom prom etidos (principalm ente com Aids) e naqueles em uso prolongado de glicocorticoides ou antibió ticos. Os pacientes, além de do r de garganta, relatam queim ação na língua, e seu exame físico revela placas friáveis brancas ou cinzentas sobre a gengiva, língua e m ucosa oral. O tratam ento m ais com um , e frequentem ente bem -sucedido, é feito com um a suspensão oral antifúngica (nistatina ou clotrim azol) ou fluconazol oral. Nos raros casos de candidíase refratária ao fluconazol, observados em alguns pacientes com Aids, as opções terapêuticas são form ulações que con têm itraconazol, anfotericina B posaconazol ou voriconazol, assim com o a utilização IV de equinocandinas (caspofungina, micafungina ou anidulafungina), ou desoxicolato de anfotericina B, se necessário. Nesses casos, o ideal é o tratam ento com base nos resultados de cul tura com teste de sensibilidade. A angina de Vincent, tam bém conhecida com o gengivite necrosante aguda ou boca das trincheiras, é u m a form a singular e grave de gengivite que se caracteriza p o r d o r e inflam ação gengival com ulcerações das papilas in terd en tárias que sangram com facilidade. Os causadores da doença são os anaeróbios locais, e p o r isso os p a cientes apresentam halitose além de febre, m al estar e linfadenopa tia. O tratam ento consiste em desb rid am en to e adm inistração oral de penicilina e m etronizadol. O uso isolado de clindam icina é um a alternativa. A angina de Ludwig é um a form a de celulite rapidam ente p ro gressiva, potencialm ente fulm inante, que acom ete os espaços sublin gual e subm andibular bilateralm ente e se origina em um dente infec tado ou recém extraído, m ais com um ente o segundo ou o terceiro
INFECÇÕES DA LARINGE E DA EPIGLOTE ■ LARINGITE Define-se laringite com o qualquer processo inflam atório que envolva a laringe, p o dendo ter várias causas, infecciosas ou não. A grande m aioria dos casos verificados na prática clínica em países desenvol vidos é de laringite aguda, um a síndrom e com um , causada basica m ente pelos m esm os vírus responsáveis p o r várias outras IRA ines pecíficas. De fato, a m aioria dos casos de laringite aguda ocorre no contexto de IRA viral.
Etiologia Q uase todos os vírus respiratórios im p o rta n te s foram im plicados com laringite viral aguda, com o rinovírus, influenza, parainfluenza, adenovírus, Coxsackie, coronavírus e RSV. A laringite aguda pode estar associada a infecções respiratórias b acterianas agudas, com o as causadas p o r estreptococos do g ru p o A ou p o r C. diphtheriae (em bora a difteria ten h a sido v irtu alm en te erra d ica d a dos EUA). O utro patógeno bacteriano que se acredita ter u m papel (não m uito claro) na patogenia da laringite aguda é o M. catarrhalis, bactéria e ncontrada na cultura de nasofaringe de u m a porcentagem signifi cativa dos casos. A laringite crônica de etiologia infecciosa é bem m enos com um nos países desenvolvidos do que naqueles em de senvolvim ento. M uitas vezes é difícil distinguir a laringite p or M ycobacterium tuberculosis do câncer de laringe, em parte pela freqüente ausência de sinais e sintom as, bem com o de achados radiográficos típicos de lesão pulm onar. H istoplasm a e Blastomyces podem causar laringite, geralm ente com o com plicação de infecção sistêmica. Algum as espécies de Candida tam bém causam laringite, frequentem ente associada à candidíase oral ou à esofagite, sobretudo em pacientes im unossuprim idos. H á casos raros de laringite crônica po r Coccidioides e Cryptococcus.
Manifestações clínicas A laringite caracteriza-se p o r rouquidão e tam bém pode estar asso ciada à redução do tim bre da voz ou afonia. C om o a principal causa de laringite são os vírus respiratórios, esses sintom as costum am ocor rer junto com outros sinais e sintom as de IRA, com o rinorreia, con gestão nasal, tosse e dor de garganta. A laringoscopia direta m uitas vezes revela eritem a laríngeo difuso e edem a, com ingurgitam ento vascular das pregas vocais. Em pacientes com doenças crônicas (p. ex., laringite tuberculosa), tam bém é possível haver nódulos m ucosos e ulcerações visíveis à laringoscopia, lesões que às vezes são confun didas com o câncer da laringe.
TRATAMENTO
Laringite
A laringite aguda geralm ente é tratad a apenas com um idificação e repouso da voz. Não se recom endam antibióticos exceto se tiver sido isolado um estreptococo do g ru p o A em cultura, caso em que a penicilina é o fárm aco preferido. A escolha do tratam e n to da laringite crônica depende do patógeno, cuja identificação geralm ente exige biópsia e cultura. Os pacientes com tub ercu lo se laríngea são altam ente contagiosos, pois po d em expelir com facilidade grande núm ero de m icrorganism os em aerossóis. D e vem -se tratar esses pacientes da m esm a form a que aqueles com doença p ulm onar ativa.
■ CRUPE O term o crupe é u sad o a tu a lm e n te p a ra in d ic a r u m co n ju n to de d oenças resp irató rias agudas e p re d o m in a n te m e n te virais d e n o m in ad as coletivam ente “sín d ro m e de c ru p e ”, cara cte riz ad a s p or edem a acentuado da região subglótica da laringe. O c rupe acom e te p rin cip alm en te crian ças com m en o s de 6 anos de idade. Para u m a discussão d e talh ad a, o le ito r deve c o n su lta r u m livro-texto de pediatria.
■ EPIGLOTITE A epiglotite aguda (supraglotite) é um a celulite aguda e rapidam ente progressiva da epiglote e de estruturas adjacentes que pode ocasionar obstrução com pleta - e potencialm ente fatal - da via respiratória ta n to em crianças quanto em adultos. Antes do advento da vacina contra H. influenzae tipo b (H ib), essa doença era bem m ais com um nas crianças, com um pico de incidência em to rn o dos 3,5 anos de idade. Em alguns países, a vacinação em m assa contra o Hib reduziu em m ais de 90% a incidência anual de epiglotite. Por outro lado, no m es m o período, a incidência anual entre os adultos pouco foi alterada. Em razão do risco de obstrução da via respiratória, a epiglotite aguda é um a em ergência m édica sobretudo nas crianças. O diagnóstico rá pido e a proteção da via respiratória são essenciais.
Etiologia A pós a in tro d u ç ão da vacina a n ti-H ib em m ead o s da década de 1980, a incidência entre crianças nos EUA caiu de form a abrupta. No entanto, em razão de falhas n o processo de vacinação ou na própria vacina ainda há nos dias atuais m uitos casos pediátricos de epiglotite p o r Hib. Em adultos e, m ais recentem ente, em crianças, um a série de outros patógenos bacterian o s foi associada à epigloti te, sendo o m ais com um o e streptococo do tip o A. O u tro s agentes m enos com uns são S. pneum oniae, H aem ophilus parainfluenzae e S. aureus (incluindo SARS). Os vírus não foram confirm ados com o causas de epiglotite aguda.
Faringite, Sinusite, Otite e Outras infecções do Trato Respiratório Superior
m olares inferiores. A m elhora na assistência odontológica reduziu substancialm ente a incidência dessa doença. A infecção de tais re giões resulta em disfagia, odinofagia e um edem a “lenhoso” n a região sublingual que força a língua para cim a e para trás com potencial para causar obstrução da via respiratória. Pode haver febre, salivação e disartria, e a voz pode adquirir um tim bre tipo “batata quente”. Podem ser necessárias intubação ou traqueotom ia para m anter a via respiratória, pois a asfixia é a causa m ais com um de m orte. Os p a cientes devem ser observados de perto e tratados rapidam ente com antibióticos IV co n tra estreptococos e anaeróbios orais. E ntre os agentes recom endados, encontram -se am picilina-sulbactam e p e n i cilina em altas doses m ais m etronidazol. A septicem ia p ós-anginosa (doença de Lemierre) é u m a infec ção orofaríngea rara causada p o r anaeróbios cujo principal agente é o F. necrophorum. A doença é m ais com um em adolescentes e ad u l tos jovens, costum ando com eçar com d or de garganta, que pode se apresentar com o am igdalite exsudativa ou abscesso peritonsilar. A infecção do tecido faríngeo pro fu n d o p erm ite que os m icro rg an is m os atinjam o espaço faríngeo lateral, que contém a artéria carótida e a veia jugular interna. Assim, é possível a evolução com tro m b o flebite séptica da veia jugular interna, cujos sintom as são dor, d is fagia, edem a cervical e rigidez da nuca. A sepse aparece 3 a 10 dias após o início da d o r de garganta, e, m uitas vezes, o co rre tam b ém infecção m etastática nos pulm ões e em outros locais distantes. Em alguns casos, a infecção se estende ao longo da bainha da carótida, atinge o m ediastino p o sterio r e causa m ediastinite; ou pode haver invasão da artéria carótida, sendo o sinal precoce a o corrência de pequenos sangram entos repetidos para o in terio r da cavidade oral. A taxa de m o rtalid ad e associada a essas infecções invasivas pode chegar a 50%. O tratam en to consiste na adm in istração de a n tib ió ticos IV (penicilina G ou clindam icina) e d renagem cirú rg ica de quaisquer coleções p urulentas. O uso conco m itan te de anticoagulantes para prevenir em bolização perm anece controverso, m as tem sido recom endado com frequência, com pon d eração c uidadosa de riscos e benefícios.
Manifestações clínicas e diagnóstico A epiglotite caracteristicam ente se ap resenta de form a m ais aguda em crianças pequenas do que em adolescentes ou adultos. A apre sentação, a m aioria das crianças m anifesta sintom as h á m enos de 24 h, incluindo febre, d or de garganta intensa, taquicardia, toxem ia e, em m uitos casos, salivação q u a n d o o paciente se senta inclinado
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para a frente. T am bém po d em estar presentes sinais e sintom as de obstrução respiratória com potencial de evolução rápida. A form a m ais leve da doença que acom ete com frequência adolescentes e adultos ocorre 1 a 2 dias após um a d or de garganta intensa e co m u m ente é acom panhada p or dispnéia, salivação e estridor. O exam e físico de pacientes com epiglotite aguda pode revelar desconforto respiratório m oderado a grave com estridor inspiratório e tiragem intercostal. Esses achados dim inuem à m edida que a doença evolui e o paciente vai se cansando. O exam e da orofaringe, p o r sua vez, m o stra infecção m uito m en o r do que a esperada diante da gravi dade dos sintom as - achado que deve alertar o clínico para a p o s sibilidade de a origem dos sintom as e da obstrução estar localizada abaixo das tonsilas. O diagnóstico costum a ser definido a p a rtir dos achados clínicos, m as é com um a realização de laringoscopia com fibra óptica em am biente controlado (p. ex., centro cirúrgico) para a visualização da epiglote edem atosa e “verm elho-cereja”, e coleta de m aterial para cultura além de facilitar a in trodução de um tubo endotraqueal. Não se recom enda a visualização direta n a sala de exam e (p. ex., com abaixador de língua e laringoscopia indireta) em razão do risco de laringospasm o com obstrução total da via res piratória. R adiografias da região cervical em perfil e exam es lab o ratoriais p odem auxiliar no diagnóstico, m as retard am o controle essencial da via respiratória e fazem com que o paciente seja m ovido ou reposicionado m ais do que seria desejável, aum entando, assim , o risco de m aior com prom etim ento da via respiratória. O achado típico da radiografia cervical em perfil é u m a epiglote aum entada e edem atosa (o “sinal do polegar”, Fig. 31.2), em geral com dilatação da hipofaringe e estruturas subglóticas norm ais. Os exam es labora toriais caracteristicam ente m o stram um a leucocitose leve a m o d e rada com predom ínio de neutrófilos. As h em oculturas são positivas em u m a p roporção significativa dos casos.
TRATAMENTO
Epiglotite
A segurança da via respiratória é sem pre a principal preo cu p a ção nos casos com epiglotite aguda, m esm o se houver apenas a suspeita do diagnóstico. Não se recom enda a sim ples o bserva ção à procura de sinais de obstrução im inente da via respiratória, principalm ente em crianças. M uitos adultos são tratados apenas
Figura 31.2
Epiglotite aguda. Nesta radiografia dos tecidos moles do pes coço obtida em perfil, a seta indica a epiglote aumentada e edematosa (“sinal do polegar").
com observação um a vez que se acredita que nesse grupo etário a doença seja mais leve. No entanto, alguns dados sugerem que tal abordagem pode ser arriscada e deveria ser reservada apenas aos adultos que não estejam apresentando dispnéia ou estridor. Uma vez assegurada a via respiratória e tendo sido enviadas am ostras de sangue e de tecido da epiglote ao laboratório, deve-se iniciar o tratam ento com antibióticos IV contra os m icrorganism os m ais prováveis, sobretudo o H. influenzae. C om o as taxas de resistên cia à am picilina dessa bactéria au m en taram m uito nos últim os anos, recom enda-se o uso de u m betalactâm ico associado a um inibidor de betalactam ase ou a um a cefalosporina de segunda ou terceira gerações. A lguns esquem as m uitos usados são am picilina-sulbactam , cefuroxim a, cefotaxim a ou ceftriaxona. Em pacientes alérgicos aos b etalactâm icos, usam -se clindam icina e SMX-TMR A antibioticoterapia deve ser m antida p o r 7 a 10 dias e adaptada ao m icrorganism o isolado na cultura. Se entre os contatos dom iciliares de um paciente com epiglotite p o r H. influenzae houver um a criança não vacinada com m enos de 4 anos, todos os habitantes da casa, incluindo o próprio paciente, deverão tom ar rifam picina profilática p o r 4 dias para erradicar o estado de portador de H. influenzae.
INFECÇÕES DAS ESTRUTURAS PROFUNDAS DO PESCOÇO As infecções cervicais profundas em geral são extensões de infecções de outros locais prim ários, m ais com um ente da faringe ou da cavi dade oral. Várias dessas infecções podem ser fatais, porém é difícil detectá-las em sua fase inicial, quando o tratam ento é m ais fácil. No pescoço, três espaços têm grande im portância clínica: o subm andibular (e sublingual), o faríngeo lateral (ou parafaríngeo) e o retrofaríngeo. Tais espaços com unicam -se entre si e com outras estruturas im portantes da cabeça, do pescoço e do tórax, oferecendo aos pató genos acesso fácil a regiões, com o o m ediastino, a bainha da carótida, a base do crânio e as m eninges. Se a infecção alcançar essas áreas sensíveis, a taxa de m ortalidade pode atingir 20 a 50%. A infecção dos espaços subm andibular e sublingual se origina mais com um ente em um dente inferior infectado ou recém extraído. O resultado é um a infecção grave e potencialm ente fatal denom inada angina de Ludwig (ver em Infecções orais, anteriorm ente). A infec ção do espaço faríngeo lateral (ou parafaríngeo) costum a ser um a complicação de infecções com uns da cavidade oral e do trato respira tório superior, como a tonsilite, abscesso peritonsilar, faringite, m as toidite e infecção periodontal. Esse espaço, situado profundam ente na parede lateral da faringe, contém várias estruturas sensíveis, como a artéria carótida, a veia jugular interna, a cadeia sim pática cervical e segmentos do IX ao XII nervos cranianos; na sua extrem idade distai, abre-se no m ediastino posterior. Assim, um a infecção nesse espaço pode ser rapidam ente fatal. O exam e físico pode revelar algum des locam ento das tonsilas, trism o e rigidez do pescoço, m as o edem a da parede lateral da faringe facilm ente pode passar despercebido. O diagnóstico pode ser confirm ado com TC. O tratam ento consiste no controle da via respiratória, drenagem cirúrgica de coleções líquidas e no m ínim o 10 dias de antibioticoterapia IV com fárm acos ativos con tra estreptococos e anaeróbios orais (p. ex., am picilina-sulbactam ). Um a forma especialmente grave dessa infecção, envolvendo os com ponentes da bainha da carótida (septicem ia pós-angina ou doença de Lemierre), foi descrita neste capítulo (ver em Infecções orais). As infecções do espaço retrofaríngeo tam bém podem ser extrem am ente perigosas, um a vez que esse espaço segue por trás da faringe desde a base do crânio até o m ediastino superior. As infecções de tal espaço são mais com uns em crianças com m enos de 5 anos em razão da pre sença de vários pequenos linfonodos retrofaríngeos que se atrofiam em torno dos 4 anos de idade. A infecção em geral ocorre com o ex tensão de outra infecção, mais com um ente da faringite aguda. O utros focos possíveis são otite m édia, tonsilite, infecções dentárias, angina de Ludwig e extensão anterior de osteom ielite vertebral. A infecção do espaço retrofaríngeo tam bém pode ocorrer após traum atism o pe netrante da faringe posterior (p. ex., um procedim ento endoscópico).
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A c u t e O t it is M e d ia :
CAPÍTULO
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Manifestações Orais das Doenças Samuel C. Durso Com o m édicos de assistência prim ária e consultores, os clínicos fre quentem ente são solicitados a avaliar pacientes com doença dos te cidos m oles da boca, dos dentes e da faringe. É necessário conhecer o am biente oral e suas estruturas singulares para orientar o paciente quanto aos procedim entos preventivos e reconhecer as m anifestações orais de doenças locais ou sistêmicas (Cap. e l2 ). Além disso, os clíni cos m uitas vezes colaboram com dentistas na assistência a pacientes com um a variedade de distúrbios clínicos que afetam a saúde oral ou que são subm etidos a procedim entos dentários que elevam o risco de com plicações clínicas.
DOENÇAS DOS DENTES E ESTRUTURAS PERI0D0NTAIS ■ DENTE E ESTRUTURA PERI0D0NTAL A form ação do dente com eça d u ra n te a sexta sem an a de vida e m b rio n ária e prossegue d u ra n te os p rim e iro s 17 anos. O d esenvol vim en to do d ente com eça in utero e c o n tin u a até após a e rupção d e n tá ria . G eralm en te, p o r volta dos 3 anos to d o s os 20 dentes d ecíduos irro m p e ram e p o r volta dos 13 anos caíram . Os dentes perm an en tes, que totalizam 32, com eçam a irro m p e r p o r volta dos 6 anos e já estão co m p letam en te e ru p c io n a d o s p o r volta dos 14 anos, em bora os terceiros m olares (dentes de siso) possam irro m per m ais tarde. O dente erupcionado consiste em um a coroa visível coberta com esm alte bem com o um a raiz escondida abaixo da linha gengival e
coberta com cim ento sem elhante a osso. A dentina, um m aterial mais denso que o osso e intensam ente sensível à dor, form a a m aior p a r te da substância do dente. A d en tin a circunda um núcleo de polpa m ixom atosa que contém o suprim ento vascular e nervoso. O dente é m antido firm em ente na fossa alveolar pelo periodonto, com posto por estruturas de sustentação que com preendem as gengivas, o osso alveolar, o cim ento e o ligam ento periodontal. Este últim o une per sistentem ente o cim ento do dente ao osso alveolar. Acim a desse li gam ento, há um colarinho de gengiva fixado logo abaixo da coroa. Alguns m ilím etros de gengiva livre (1 a 3 m m ) sobrepõem a base da coroa, form ando um sulco raso ao longo da m argem da gengiva com o dente.
Manifestações Orais das Doenças
As infecções em geral são polim icrobianas, envolvendo um a com bi nação de aeróbios e anaeróbios. Os estreptococos beta-hem olíticos do grupo A e o S. aureus são os patógenos m ais com uns. O M . tu berculosis já foi um a causa com um , m as atualm ente é raro nos EUA. Os pacientes com abscesso retrofaríngeo se apresentam caracte risticam ente com dor de garganta, febre, disfagia e dor cervical. M ui tas vezes, têm salivação causada pela dor e dificuldade de deglutição. O exame pode m ostrar adenopatia cervical dolorosa, edem a cervical, eritem a e edem a difusos da faringe posterior, bem com o um a protuberância na parede posterior da faringe que pode não ser evidente em um exame rotineiro. Geralm ente é possível identificar um a m assa de tecidos moles na radiografia cervical de perfil ou à tom ografia. Em razão do risco de obstrução da via respiratória, o tratam ento começa com o controle da via respiratória, seguido de drenagem cirúrgica e antibióticos IV. O tratam ento, inicialm ente empírico, deve cobrir es treptococos, anaeróbios orais e S. aureus; am picilina-sulbactam ou clindam icina isolada ou associada à ceftriaxona geralm ente são es quemas efetivos. As complicações resultam principalm ente da exten são para outras regiões; po r exemplo, a invasão da faringe posterior pode causar pneum onia por aspiração e empiema. Tam bém é possível haver dissem inação para o espaço faríngeo lateral e o m ediastino, cau sando m ediastinite e pericardite, ou para os grandes vasos contíguos. Todos esses eventos estão associados a altas taxas de m ortalidade.
Cáries dentárias, doenças pulpar e periapical e complicações As cáries dentárias com eçam assintom aticam ente com o um proces so destrutivo da superfície d u ra do dente. O Streptococcus m utans, principalm ente, associado a o utras bactérias coloniza a película que serve de tam pão orgânico n a superfície do dente, originando a pla ca. Se não forem rem ovidos pela escovação ou pela ação de lim peza natural da saliva e dos tecidos m oles da boca, os ácidos bacterianos desm ineralizam o esm alte. As fissuras e orifícios nas superfícies de oclusão são os locais m ais freqüentes de deterioração. As superfícies adjacentes a restaurações d e n tá ria s e raízes expostas tam bém são vulneráveis, em particu lar à m edida que os dentes são conservados em u m a população cada vez m ais idosa. C om o tem po, as cáries dentárias estendem -se à d e n tin a subjacente, acarretando cavitação do esm alte e, p o r fim, pen etração na polpa dentária, causando pulpite aguda. Nesse estágio precoce em que a infecção da polpa é li m itada, o dente torna-se sensível à percussão bem com o ao calor ou frio, e a d or se resolve im ed iatam en te q u an d o o estím ulo irritante é elim inado. Se a infecção dissem inar-se p a ra to d a a polpa, o co r re pulpite irreversível, o casio n a n d o necrose pulpar. Nesse estágio tardio, a d or é grave e tem u m a qualidade em p o n tad a ou pulsátil visceral que pode ser pior q u an d o o paciente se deita. Q uando a n e crose p ulpar é com pleta, a d o r po d e ser constante ou interm itente, porém se perde a sensibilidade ao frio.
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i O tratam ento da cárie consiste em rem over o tecido duro am o lecido e infectado, vedar a dentina exposta e restaurar a estrutura do dente com am álgam a de prata, com posto de resina, ouro ou porce lana. Depois que a pulpite irreversível ocorre, o tratam ento do canal da raiz é necessário, devendo ser rem ovido o conteúdo da câm ara da polpa e dos canais da raiz, seguido de lim peza com pleta, antissepsia e preenchim ento com m aterial inerte. Do contrário, pode ser que o dente tenha de ser extraído. A infecção pulpar, se não sair através do esm alte deteriorado, provoca a form ação de abscesso periapical que causa d o r à m astiga ção. Se a infecção for leve e crônica, será form ado um granuloma p e riapical ou, posteriorm ente, um cisto periapical, am bos acarretando radiotransparência no ápice da raiz. Q uando não tratado, um absces so periapical pode ero d ir para dentro do osso alveolar, originando osteomielite, penetrar e drenar através da gengiva (abscesso gengival ou parúlide) ou seguir ao longo dos planos fasciais profundos, resul tando em celulite virulenta (angina de Ludwig) que envolve o espa ço subm andibular e o soalho da boca (Cap. 164). Pacientes idosos, portadores de diabetes m elito e aqueles em uso de glicocorticoides podem apresentar pouca ou nenhum a dor e febre quando essas com plicações se desenvolvem.
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Doença periodontal É responsável por mais perdas dentárias que as cáries, principalm ente em idosos. Com o as cáries dentárias, a infecção crônica da gengiva e das estruturas de sustentação do dente começa com a formação da placa bacteriana. O processo se inicia invisivelmente acima da linha da gengi va e no sulco gengival. A placa, incluindo a placa m ineralizada (cálculo), é prevenível pela higiene dentária apropriada, incluindo limpeza p ro fissional periódica. Se não for interrom pida, ocorrerá inflamação crô nica, que causa hiperem ia indolor da gengiva livre e imóvel (gengivite), a qual sangra com a escovação. Se ignorada, ocorre periodontite grave, acarretando aprofundam ento dos sulcos fisiológicos e destruição do li gamento periodontal. Surgem bolsas ao redor dos dentes que se tornam preenchidas com pus e restos. À m edida que o periodonto é destruído, os dentes se desprendem e caem. Finalm ente, há reabsorção do osso alveolar. Propôs-se um papel para a inflam ação crônica resultante da doença periodontal na promoção da doença arterial coronariana (DAC) e AVE. Estudos epidemiológicos dem onstram um a associação m odera da, mas significativa, entre inflamação periodontal crônica e aterogênese, embora um papel causai ainda não tenha sido comprovado. As form as agudas e agressivas de doença periodontal são m enos com uns que as form as crônicas que acabam os de descrever. E ntre tanto, se o hospedeiro estiver estressado ou for exposto a um novo patógeno, pode ocorrer doença rapidam ente progressiva e destrutiva do tecido periodontal. Um exemplo virulento é a gengivite ulcerativa necrosante aguda (GUNA) ou infecção de Vincent. Estresse, higiene oral precária, tabaco e álcool são fatores de risco. As m anifestações incluem inflam ação gengival súbita, ulceração, sangram ento, necrose gengival interdentária e halitose fétida. A periodontite juvenil localiza da, observada em adolescentes, é particularm ente destrutiva e parece estar associada à deficiência da quim iotaxia neutrofílica. A periodon tite relacionada com a Aids lem bra a GUNA em alguns pacientes ou um a form a de periodontite crônica adulta mais destrutiva em outros, tam bém p odendo originar um processo destrutivo tipo gangrena dos tecidos moles orais e do osso que lem bra a nom a* observada em crianças gravem ente desnutridas nos países em desenvolvimento.
Prevenção das cáries dentárias e da infecção periodontal Apesar da reduzida prevalência de cáries dentárias e doença periodon tal nos EUA devido, em grande parte, à fluoretação da água e à m elho ra da assistência odontológica, respectivamente, ambas as doenças são um im portante problem a de saúde pública m undialm ente e para cer tos grupos. O clínico geral deve prom over os cuidados dentários e de higiene preventivos como parte da consulta de rotina. As populações especiais sob alto risco de cáries dentárias e doença periodontal conN. de R. T.: Noma: também conhecida como oral, é uma inflamação gangrenosa fulminante.
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sistem naquelas com xerostomia, diabetes, alcoolismo, tabagismo, sín drom e de Down e hiperplasia gengival. Além disso, pacientes carentes de acesso ao dentista (nível socioeconômico baixo) e aqueles com ca pacidade reduzida de cuidar de si m esmo (p. ex., residentes em insti tuições de longa perm anência e aqueles com dem ência ou deficiência nos m em bros superiores) são acometidos de m aneira desproporcional. É im portante fornecer aconselham ento a respeito da higiene dentária regular e da limpeza profissional, do uso de pasta de dentes que conte nha flúor, de tratam entos profissionais com flúor e do uso de escovas de dentes elétricas para os pacientes com destreza lim itada, além de fornecer instruções às pessoas que cuidam dos incapazes de cuidar de si mesmos. Os clínicos gerais responsáveis pelos estudantes estrangei ros que estudam nos EUA devem estar a par da alta prevalência de cá ries dentárias nesta população. Custo, m edo de cuidar dos dentes bem como diferenças de língua e cultura podem criar barreiras que evitam que alguns procurem os serviços dentários preventivos.
Doença sistêmica e relacionada com o desenvolvimento que afeta os dentes e o periodonto A m á oclusão é o problem a do desenvolvim ento m ais com um que, além da questão estética, pode interferir na mastigação, a m enos que seja corrigida por meio de técnicas ortodônticas. Terceiros molares impactados são com uns e ocasionalm ente infectam-se. Prognatia adqui rida por acromegalia tam bém pode ocasionar má oclusão assim como a deform idade da maxila e da m andíbula por doença de Paget óssea. Irrupção dentária tardia, queixo retraído e língua protrusa são caracte rísticas ocasionais do cretinismo e hipopituitarismo. Os pacientes com sífilis congênita têm incisivos estreitos e chanfrados (de Hutchinson), assim como coroas molares finam ente nodulares (em amora). A hipoplasia do esmalte resulta em defeitos da coroa que variam de orifícios a fissuras profundas nos dentes decíduos ou perm anen tes. Infecção in trauterina (sífilis, rubéola), deficiência de vitam ina (A, C ou D), distúrbios do m etabolism o do cálcio (m á absorção, ra quitism o resistente à vitam ina D, hipoparatireoidism o), prem aturi dade, febre alta ou defeitos hereditários raros (amelogênese imperfei ta) são causas. A tetraciclina, adm inistrada em doses suficientem ente altas durante os prim eiros oito anos de vida, pode induzir hipoplasia e m anchas do esm alte. A exposição a pigm entos endógenos pode m anchar os dentes em desenvolvim ento: eritroblastose feta l (esver deados ou preto-azulados), doença hepática congênita (esverdeados ou am arelo-am arronzados) e porfiria (verm elhos ou castanhos, em i tindo fluorescência à luz ultravioleta). O esmalte mosqueado ocorre se a criança ingerir flúor em excesso durante o desenvolvim ento. O desgaste do esmalte é observado com a idade, bruxism o ou exposição excessiva a ácido (p. ex., refluxo gástrico crônico ou bulim ia). A perda dentária prem atura resultante da periodontite é verifi cada na neutropenia cíclica, síndrom e de Papillon-Lefèvre, síndrom e de Chédiak-H igashi e leucem ia. A perda dentária focal rápida é mais frequentem ente conseqüência de infecção, porém causas mais raras incluem histiocitose de células de Langerhans, sarcom a de Ewing, osteossarcom a ou linfom a de Burkitt. A queda precoce dos dentes prim ários é um a característica da hipofosfatasia, um erro inato raro do m etabolism o. A gravidez pode in duzir gengivite grave e granulomas piogênicos localizados. A doença periodontal grave ocorre na síndrome de Down e no diabetes melito. A hiperplasia gengival pode ser provocada por fenitoína, bloqueadores dos canais de cálcio (p. ex., nifedipina) e ciclosporina. A fibrom atose gengival fam iliar idiopática e vários dis túrbios relacionados com síndrom es parecem ser similares. A inter rupção da m edicação com frequência reverte a form a m edicam ento sa, apesar de po d er ser necessário cirurgia para controlar ambas. O eritema gengival linear é variavelm ente observado em pacientes com infecção pelo HIV avançada e provavelmente representa im unodefi ciência e atividade neutrofílica dim inuída. O edem a gengival difuso ou focal pode ser um a característica da leucem ia m ielom onocítica aguda (LMMA) precoce ou tardia, assim com o de outros distúrbios linfoproliferativos. Um raro, porém patognom ônico, sinal da granu lom atose de W egener é um a gengivite granulosa roxo-averm elhada (gengivas em framboesa).
DOENÇAS DA MUCOSA ORAL Infecção A m aioria das doenças da m ucosa oral envolve m icrorganism os (Q uadro 32.1).
Lesões pigmentadas Ver Q u ad ro 32.2.
Doenças dermatológicas Ver Q uadros 32.1, 32.2 e 32.3, bem com o Caps. 51 a 55.
Doenças da língua Ver Q u ad ro 32.4.
Doença pelo HIV e Aids Ver Q uadros 32.1,32.2,32.3 e 32.5; Cap. 189; e Figuras 181.1 e 203.1.
Úlceras A ulceração é a lesão da m ucosa oral m ais com um . E m bora possa haver m uitas causas, o hospedeiro e o p adrão das lesões, inclu in do a presença de características sistêm icas, estreitam o diagnóstico diferencial (Q uadro 32.1). As úlceras m ais agudas são dolorosas e autolim itadas. As úlceras aftosas recorrentes e a infecção pelo h e r pes simples constituem a m aioria dos casos. Ú lceras aftosas persis tentes e profundas podem ser idiopáticas ou observadas na infecção pelo H IV /A ids. As lesões aftosas são frequentem ente o sintom a de apresentação na doença de Behçet (Cap. 327). Lesões de aparência sem elhante, porém m enos dolorosas, podem o correr na artrite rea tiva (antigam ente conhecida com o síndrom e de Reiter), e as úlceras aftosas estão ocasionalm ente presentes durante fases do lúpus erite matoso sistêmico ou discoide (Cap. 323). Úlceras tipo aftosas são ob servadas na doença de Crohn (Cap. 295), mas, diferente da variedade aftosa com um , podem exibir inflam ação granulom atosa à histologia. Descreveu-se que aftas recorrentes em alguns pacientes com doença celíaca rem item com a elim inação do glúten. Mais preocupantes são as úlceras crônicas relativam ente indolores e as placas verm elhas/brancas m istas (eritroplasia e leucoplasia) de mais de duas sem anas de duração. O carcinom a espinocelular e a displasia pré-m aligna devem ser considerados precocem ente, obten do-se biópsia diagnóstica. N unca é demais enfatizar a im portância da biópsia porque o câncer incipiente é m uito m ais tratável que a doença em estágio tardio. Locais de alto risco são o lábio inferior, o soalho da boca, as partes ventral e lateral da língua, bem com o o complexo pala to m ole-pilar tonsilar. Fatores de risco significativos de câncer oral em países ocidentais incluem exposição ao sol (lábio inferior) assim como uso de tabaco e álcool. Na índia e em alguns países da Ásia, o tabaco sem fum aça m isturado com noz-de-areca, cal extinta e condim entos é um a causa com um de câncer oral. Etiologias m enos com uns incluem a sífilis e a síndrom e de Plum m er-V inson (deficiência de ferro). As causas m ais raras de úlcera oral crônica, com o a tuberculose, infecção fúngica, granulom atose com poliangiíte (de W egener) e granulom a da linha m édia, podem parecer idênticas a um carcinom a. O correto diagnóstico depende do reconhecim ento de outras carac terísticas clínicas e da biópsia da lesão. O cancro sifilítico é indolor e, p or isso, passa facilm ente despercebido. Sem pre há linfadenopatia regional. O btém -se a confirm ação com os testes bacterianos e sorológicos apropriados. D istúrbios da fragilidade m ucosa com um ente resultam em ú l ceras orais dolorosas que não cicatrizam em duas sem anas. O penfigoide da mucosa e o pênfigo vulgar são os principais distúrbios a d quiridos. E m bora as m anifestações clínicas com frequência sejam distintivas, o exam e im u n o -h isto q u ím ico deve ser realizado para definir o diagnóstico e distinguir essas entidades do líquen plano e de reações m edicam entosas.
Doenças hematológicas e nutricionais Os clínicos gerais são m ais propensos a en co n trar pacientes com dis túrbios hem atológicos adquiridos que congênitos. Sangram ento após
traum atism o leve deve cessar após 15 m in e 1 h após extração dentá ria, se for aplicada pressão local. A hem orragia m ais prolongada, se não for p o r agressão continuada ou ru p tu ra de um grande vaso, deve levar à investigação de um a anorm alidade da coagulação. Além de sangram ento, petéquias e equim oses tendem a ocorrer na linha de vibração entre os palatos m ole e d uro em pacientes com disfunção plaquetária ou trom bocitopenia. Todas as form as de leucem ia, m as p rincipalm ente a leucem ia m ielom onocítica aguda, p odem causar hem orragia gengival, úlceras e aum ento da gengiva. Ú lceras orais são um a característica da agranulocitose, e úlceras e m ucosite são frequentem ente com plicações graves de quim ioterapia e radioterapia para cânceres hem atológicos e outros. A síndrom e de Plum m er-V inson (deficiência de ferro, estom atite angular, glossite e disfagia) eleva o risco de câncer epiderm oide oral e câncer esofágico na m em brana tecidual pós-cricoidea. Papilas atróficas bem com o língua eritem atosa e ardente podem ocorrer na anem ia perniciosa. As deficiências de vitam inas do grupo B acarretam m uitos desses sintom as, além de ulceração oral e queilose. Edem a, hem orragia gengival, úlceras e queda de dentes são con seqüências do escorbuto.
CAUSAS NÃO DENTÁRIAS DE DOR ORAL A m aioria das dores orais origina-se d a polpa d entária ou dos tecidos periodontais inflam ados ou lesionados. As causas não odontogênicas p odem ser negligenciadas. N a m aioria dos casos, a odontalgia é previsível e proporcional ao estím ulo aplicado, detectando-se um distúrbio identificável (p. ex., cáries, abscessos). A anestesia local eli m ina a dor o riunda de estruturas dentárias ou periodontais, m as não as dores referidas. A causa m ais com um de origem não dentária é a d or m iofascial referida a p a rtir dos m úsculos da m astigação, que se to rn am sensíveis e doem com o uso aum entado. M uitos queixosos apresentam bruxism o (ranger dos dentes, frequentem ente durante o sono), secundário a estresse e ansiedade. O distúrbio temporomandibular está estreitam ente relacionado, acom etendo am bos os sexos com um a prevalência m ais alta em m ulheres. São características dor, lim itação dos m o vim entos m an d ib u lares e ru íd o s na articulação tem porom andibular. As etiologias são complexas, e a m á oclusão não exerce o papel p redom inante q ue o utrora lhe foi atribuído. A osteoartrite é um a causa com um de d o r à mastigação. M edicação anti-inflam atória, repouso da m andíbula, alim entos pastosos e calor oferecem alívio. A articulação tem porom andibular está acom etida em 50% dos pacientes com artrite reumatoide e em geral é um a característica de doença grave. A d or pré-au ricu lar bilateral, principalm ente de m a nhã, lim ita a am plitude dos m ovim entos. A neuralgia da enxaqueca pode localizar-se na boca. Episódios de dor e rem issão sem causa identificável, bem com o ausência de alí vio com anestesia local são indícios im portantes. A neuralgia do tri gêmeo (tic douloureux) pode acom eter todo o ram o ou parte do ram o m andibular ou m axilar do V nervo craniano* e provocar dor em um ou alguns dentes. A d or pode ocorrer espontaneam ente ou ser desen cadeada pelo toque do lábio ou da gengiva, pela escovação dos dentes ou mastigação. A neuralgia do glossofaríngeo induz sintom as neuropáticos agudos sim ilares na d istribuição do IX nervo craniano**. D e glutição, espirros, tosse ou pressão no trago da orelha desencadeiam dor sentida na base da língua, na faringe e no palato mole, podendo ser referida à articulação tem porom andibular. A neurite envolvendo as divisões m axilar e m andibular do nervo trigêm eo (p. ex., sinusite maxilar, neurom a e infiltrado leucêm ico) é distinguida da odontalgia com um pela característica n europática da dor. Ocasionalm ente, a dor fantasm a sucede um a extração dentária. C om frequência, os prim ei ros sintom as da paralisia de Bell n o dia, ou u m pouco antes, do início da fraqueza facial são d o r e hiperalgesia retroauriculares e no lado da face. Do m esm o m odo, sintom as sem elhantes podem preceder as lesões visíveis do herpes-zóster que infecta o V II nervo (síndrom e de Ram sey-H unt) ou o nervo trigêm eo. A neuralgia pós-herpética pode a com panhar um a ou o utra condição. A isquemia coronariana pode * N. de R. T.: V nervo craniano - trigêmeo. ** N. de R. T.: IX nervo craniano - glossofaríngeo.
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QUADRO 32.1
Lesões vesiculares, bolhosas ou ulcerativas da mucosa oral Localização habitual
Manifestações clínicas
Evolução
Gengivoestomatite herpética aguda primária [herpesvírus simples (HSV) tipo 1, raramente tipo 2]
Lábio e mucosa oral (mucosas bucal, gengival e lingual)
Vesículas labiais que se rompem e formam crostas e vesículas intraorais que ulceram com rapidez; extremamente dolorosa; gengivite aguda, febre, mal-estar, odor fétido e linfadenopatia cervical; ocorre primariamente em lactentes, crianças e adultos jovens
Cicatrizam espontaneamente em 10 a 14 dias. A menos que secundariamente infectadas, as lesões que duram mais de 3 semanas não são causadas por infecção primária por HSV
Herpes labial recorrente
Junção mucocutânea do lábio, pele perioral
Erupção de grupos de vesículas que podem coalescer, em seguida se rompem e formam crostas; dolorosas à pressão ou devido a alimentos condimentados
Dura cerca de 1 semana, mas o distúrbio pode ser prolongado se secundariamente infectado. Quando grave, antivirais tópicos ou orais podem reduzir o tempo de cicatrização
Herpes simples intraoral recorrente
Palato e gengiva
Pequenas vesículas no epitélio ceratinizado que se rompem e coalescem; dolorosas
Cicatrizam espontaneamente em cerca de 1 semana. Quando grave, antivirais tópicos ou orais podem reduzir o tempo de cicatrização
Catapora (vírus varicela-zóster)
Gengiva e mucosa oral
As lesões cutâneas podem ser acompanhadas de pequenas vesículas na mucosa oral que se rompem para formar úlceras rasas; podem coalescer para formar grandes lesões bolhosas que ulceram; a mucosa pode ter eritema generalizado
As lesões cicatrizam espontaneamente em um período de 2 semanas
Herpes-zóster (reativação do vírus varicela-zóster)
Bochecha, língua, gengiva ou palato
Erupções vesiculares unilaterais e ulceração no padrão linear após a distribuição do nervo trigêmeo ou um dos seus ramos
Cura gradual sem formação de cicatrizes, a menos que secundariamente infectadas; neuralgia pós-herpética é comum. Aciclovir oral, fanciclovir ou valaciclovir reduzem tempo de cicatrização e neuralgia pós-herpética
Mononucleose infecciosa (vírus Epstein-Barr)
Mucosa oral
Fadiga, dor de garganta, mal-estar, febre e linfadenopatia cervical; pequenas úlceras numerosas em geral surgem dias antes da linfadenopatia; sangramento gengival e múltiplas petéquias na junção dos palatos duro e mole
As lesões orais desaparecem durante convalescença; nenhum tratamento com glicocorticoides é indicado se o edema tonsilar comprometer a via respiratória
Herpangina (vírus Coxsackie A; também possivelmente Coxsackie B e ecovírus)
Mucosa oral, faringe e língua
Início súbito de febre, dor de garganta e vesículas orofaríngeas, geralmente em crianças com menos de 4 anos, durante os meses de verão; congestão faríngea difusa e vesículas (de 1 a 2 mm) branco-acinzentadas, circundadas por aréola vermelha; as vesículas aumentam e ulceram
Período de incubação de 2 a 9 dias; febre por 1 a 4 dias; recuperação sem ocorrências especiais
Doença da mão, pé e boca (vírus Coxsackie A16 mais comum)
Mucosa oral, faringe, palmas das mãos e plantas dos pés
Febre, mal-estar, cefaleia com vesículas orofaríngeas que se tornam úlceras rasas dolorosas; altamente infecciosa; em geral, afeta crianças com menos de 10 anos
Período de incubação de 2 a 18 dias; as lesões cicatrizam espontaneamente em 2 a 4 semanas
Infecção primária pelo HIV
Gengiva, palato e faringe
Gengivite aguda e ulceração orofaríngea associada a doença febril semelhante à mononucleose e incluindo linfadenopatia
Seguida de soroconversão do HIV, infecção assintomática pelo HIV e, geralmente no final, por doença pelo HIV
Distúrbio
Doenças virais
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Doenças bacterianas ou fúngicas Gengivite ulcerativa necrosante aguda (“ boca das trincheiras", infecção deVincent)
Gengiva
Gengiva dolorosa e hemorrágica caracterizada por necrose e ulceração das papilas gengivais e margens mais linfadenopatia e odor fétido
Desbridamento e lavagem com peróxido diluído (1:3) fornecem alívio em um período de 24 h; antibióticos em pacientes agudamente doentes; recidiva pode ocorrer
Sífilis pré-natal (congênita)
Palato, mandíbulas, língua e dentes
Envolvimento gomatoso do palato, mandíbulas e ossos da face; incisivos de Hutchinson, molares em amora, glossite, placas mucosas e fissuras no canto da boca
Deformidades dos dentes irreversíveis em dentição permanente
Sífilis primária (cancro)
A lesão aparece onde o microrganismo penetra no corpo, pode ocorrer nos lábios, língua ou área tonsilar
Pequena pápula que se desenvolve rapidamente em úlcera grande indolor com borda endurecida, linfadenopatia unilateral; cancro e linfonodos que contêm espiroquetas; testes sorológicos positivos nas terceira e quarta semanas
Cura do cancro em 1 a 2 meses, seguida de sífilis secundária em 6 a 8 semanas
Sífilis secundária
Mucosa oral frequentemente envolvida com placas mucosas, primariamente no palato, também em comissuras da boca
Lesões maculopapulosas da mucosa oral, tendo 5 a 10 mm de diâmetro com ulceração central coberta por membrana acinzentada; as erupções ocorrem em várias superfícies mucosas e pele acompanhadas de febre, mal-estar e dor de garganta
As lesões podem persistir de várias semanas a 1 ano
(Continua)
270
QUADRO 32.1
Lesões vesiculares, bolhosas ou ulcerativas da mucosa oral (Continuação) Localização habitual
Manifestações clínicas
Evolução
Sífilis terciária
Palato e língua
Infiltração gomatosa do palato e língua seguida de ulceração e fibrose. atrofia das papilas da língua produz língua calva típica e glossite
Goma* pode destruir o palato, causando perfuração completa
Gonorreia
As lesões podem ocorrer na boca, no local da inoculação, ou secundariamente por disseminação hematogênica a partir do foco primário em outro local
A maioria das infecções faríngeas é assintomática; podem produzir sensação de queimação ou prurido; orofaringe e tonsilas podem ser ulceradas e eritematosas; saliva viscosa e fétida
Mais difícil de erradicar do que a infecção urogenital, embora a faringite se resolva com tratamento antimicrobiano apropriado
Tuberculose
Língua, área tonsilar e palato mole
Úlcera indolor, solitária, irregular, de 1 a 5 cm, coberta por um exsudato persistente; a úlcera tem uma borda firme indefinida
Autoinoculação a partir de infecção pulmonar é comum; as lesões desaparecem com terapia antimicrobiana apropriada
Actinomicose cervicofacial
Edemas nas regiões da face, do pescoço e soalho da boca
Infecção pode ser associada a extração, fratura mandibular ou erupção de dente molar; na forma aguda, é semelhante a um abscesso piogênico, mas contém “ grânulos de enxofre” amarelos (micélios Gram-positivos e suas hifas)
Em geral, o edema é duro e cresce indolor; há desenvolvimento de múltiplos abscessos com fístulas de drenagem; penicilina é a primeira escolha: em geral, é necessário cirurgia
Histoplasmose
Qualquer área da boca, particularmente língua, gengiva ou palato
Lesões nodulares, verrucosas ou granulomatosas; as úlceras são endurecidas e dolorosas; fontes habituais hematogênica ou pulmonar, mas pode ser primária
Terapia antifúngica sistêmica necessária para tratamento
| Distúrbio
|
CO
Candidíase (Quadro 32.3)
CD CO
Doenças derm atológicas Penfigoide da membrana mucosa
Eritema multiforme menor e maior (síndrome de Stevens-Johnson)
Em geral, produz eritema gengival acentuado e ulceração; outras áreas da cavidade oral. do esôfago e da vagina podem ser afetadas
Vesículas branco-acinzentadas e dolorosas, ou bolhas de epitélio denso com zona eritematosa periférica; as lesões gengivais descarnam, deixando área ulcerada
Evolução prolongada com remissões e exacerbações; o envolvimento de locais diferentes ocorre lentamente; os glicocorticoides podem reduzir temporariamente os sintomas, mas não controlam a doença
Primariamente, a mucosa oral e a pele das mãos e dos pés
Bolhas intraorais rompidas circundadas por uma área inflamatória: os lábios podem apresentar crostas hemorrágicas; a lesão em “ íris” ou em “ alvo” na pele é patognomônica; o paciente pode ter sinais graves de toxicidade
Início muito rápido; em geral, idiopática, mas pode ser associada a fator desencadeante como reação medicamentosa; a condição pode durar 3 a 6 semanas, a mortalidade com EM maior é de 5 a 15% se não for tratada
Pênfigo vulgar
Mucosa oral e pele; locais de traumatismo mecânico (palatos duro/mole, frênulo, lábios e mucosa bucal)
Em geral (> 70%), apresenta-se com lesões orais; bolhas frágeis, rompidas e áreas orais ulceradas; principalmente nos idosos
Com a repetida ocorrência das bolhas, a toxicidade pode levar a caquexia, infecção e morte em 2 anos; frequentemente controlável com glicocorticoides orais
Líquen plano
Mucosa oral e pele
Estrias brancas na boca; nódulos violáceos na pele, em locais de fricção; ocasionalmente, causa úlceras na mucosa oral e gengivite erosiva
Estrias brancas isoladas em geral assintomáticas; lesões erosivas frequentemente difíceis de tratar, mas que podem responder aos glicocorticoides
Úlceras aftosas recorrentes
Em geral, mucosa oral não ceratinizada (mucosas bucal e labial, soalho da boca, palato mole bem como partes lateral e ventral da língua)
Úlceras dolorosas únicas ou agrupadas com borda eritematosa circundante; as lesões podem ser de 1 a 2 mm de diâmetro em grupos (herpetiformes), 1 a 5 mm (menores) ou 5 a 15 mm (maiores)
As lesões curam em 1 a 2 semanas, mas podem recorrer mensalmente ou várias vezes em 1 ano; barreira protetora com orabase e esteroides tópicos fornecem alívio sintomático; glicocorticoides sistêmicos podem ser necessários nos casos graves
Síndrome de Behçet
Mucosa oral, olhos, genitália, intestino e SNC
Úlceras aftosas múltiplas na boca; alterações oculares inflamatórias, lesões ulcerativas na genitália; doença intestinal inflamatória e doença do SNC
As lesões orais são frequentemente a primeira manifestação; persistem por várias semanas e cicatrizam sem deixar marcas
Úlceras traumáticas
Qualquer local na mucosa oral; dentaduras são frequentemente responsáveis por úlceras no vestíbulo
Lesões ulceradas bem limitadas, localizadas com borda vermelha; produzidas por mordedura acidental de mucosa, penetração por objeto estranho ou irritação crônica por dentadura
As lesões em geral cicatrizam em 7 a 10 dias quando o fator irritante é removido, a menos que haja infecção secundária
Carcinoma espinocelular
Qualquer área na boca, mais comumente no lábio inferior, na língua e no soalho da boca
Úlcera com borda endurecida e elevada; não cicatriza, dor não é proeminente, as lesões tendem a surgir em áreas de eritro/leucoplasia ou na língua atrófica lisa
Invade e destrói os tecidos subjacentes; frequentemente, envia metastase para os linfonodos regionais
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Outras condições
(Continua)
271
QUADRO 32.1
Lesões vesiculares, bolhosas ou ulcerativas da mucosa oral (C on tinu ação )
1 Distúrbio
Localização habitual
Manifestações clínicas
Evolução
Leucemia mieloide aguda
Gengiva
Edema gengival e ulceração superficial acompanhada de hiperplasia da gengiva com necrose extensa e hemorragia; úlceras profundas podem ocorrer em qualquer lugar da mucosa, complicadas por infecção secundária
Em geral, responde a tratamento sistêmico de leucemia; ocasionalmente, requer radioterapia local
Linfoma
Gengiva, língua, palato e área tonsilar
Área ulcerada elevada que pode proliferar rapidamente, dando a aparência de inflamação traumática
Fatal se não for tratada; pode indicar infecção pelo HIV subjacente
Queimaduras químicas ou térmicas
Qualquer área da boca
Revestimento branco devido a contato com agentes corrosivos (p. ex., ácido acetilsalicílico, queijo quente) aplicados localmente; a remoção do revestimento deixa superfície ferida e dolorosa
A lesão cura em várias semanas se não estiver secundariamente infectada
Nota: SNC, sistema nervoso central. * N. de R. T.: Goma: grandes lesões ulceradas provenientes da sífilis.
QUADRO 32.2 "D —i
l i
Lesões pigmentadas da mucosa oral
Condição
Localização habitual
Manifestações clínicas
Evolução
Mácula melanótica oral
Qualquer área da boca
Mácula localizada, delimitada ou difusa, marrom a negra
Continua indefinidamente, nenhum crescimento
Pigmentação difusa por melanina
Qualquer área da boca
Pigmentação difusa, pálida a marrom-escura; pode ser fisiológica (“ racial”) ou causada por tabagismo
Continua indefinidamente
Nevos
Qualquer área da boca
Pigmentação delimitada, localizada, marrom a negra
Continua indefinidamente
Melanoma maligno
Qualquer área da boca
Pode ser achatada e difusa, indolor, marrom a negra, ou pode ser elevada e nodular
Expande e invade precocemente; metástase leva à morte
Doença de Addison
Qualquer área da boca, mas principalmente a mucosa
Manchas ou pontos de pigmentação negro-azulados a marrom-escuros que ocorrem precocemente na doença, acompanhados de pigmentação difusa da pele; outros sintomas de insuficiência suprarrenal
Condição controlada por reposição de esteroides
Síndrome de Peutz-Jeghers
Qualquer área da boca
Pontos marrom-escuros nos lábios, mucosa bucal, com distribuição típica de pigmento ao redor dos lábios, nariz, olhos e nas mãos; polipose intestinal concomitante
As lesões orais pigmentadas continuam indefinidamente; os pólipos gastrintestinais podem tornar-se malignos
Ingestão de fármacos (neurolépticos, contraceptivos orais, minociclina, zidovudina e derivados de quinina)
Qualquer área da boca
Áreas de pigmentação marrom, negra ou cinza
Desaparece gradualmente após a cessação do uso do fármaco
Tatuagem por amálgama
Gengiva e mucosa alveolar
Pequenas áreas pigmentadas negro-azuladas, associadas a partículas de amálgama incorporadas no tecido mole; podem aparecer nas radiografias como partículas radiopacas em alguns casos
Continua indefinidamente
Pigmentação por metal pesado (bismuto, mercúrio, chumbo)
Margem gengival
Linha fina pigmentada negro-azulada ao longo da margem gengival; raramente observada exceto em crianças expostas a tinta com base de chumbo
Indicativa de absorção sistêmica; nenhuma significância para a saúde oral
Língua pilosa negra
Dorso da língua
Alongamento das papilas filiformes da língua, que ficam manchadas de café, chá, tabaco ou bactérias pigmentadas
Melhora em um período de 1 a 2 semanas com a escovação suave da língua ou descontinuação do antibiótico se causada por crescimento bacteriano excessivo
“ Manchas” de Fordyce
Mucosas bucal e labial
Numerosas manchas pequenas e amareladas logo acima da superfície mucosa; sem sintomas; causadas por hiperplasia das glândulas sebáceas
Benignas; continuam sem alteração aparente
Sarcoma de Kaposi
0 palato é o mais comum, mas pode ocorrer em qualquer outro local
Placas vermelhas ou azuis de tamanho e forma variados; frequentemente, aumentam, tornam-se nodulares e podem ulcerar
Em geral, indicativo de infecção pelo HIV ou linfoma não Hodgkin; raramente fatal, mas pode requerer tratamento para conforto ou efeito estético
Cistos de retenção mucosos
Mucosas bucal e labial
Cisto preenchido com líquido claro e azulado devido a extravasamento de muco da glândula salivar menor lesionada
Benigno; indolor a menos que traumatizado; pode ser removido cirurgicamente
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Z3 «O co cn
272
r QUADRO 32.3
Lesões brancas da mucosa oral Manifestações clínicas
Evolução
Líquen plano
Mucosa bucal, língua, gengiva e lábios; pele
Estrias, placas brancas, áreas vermelhas, úlceras na boca; pápulas violáceas na pele; podem ser assintomáticas, doloridas ou intensamente dolorosas; as reações liquenoides a fármacos podem ter aparência semelhante
Prolongada; responde aos glicocorticoides tópicos
Nevo esponjoso branco
Mucosa oral, vagina, mucosa anal
Espessamento branco indolor de epitélio; início na adolescência/começo da vida adulta; familiar
Benigno e permanente
Leucoplasia do fumante e lesões do tabaco sem fumaça
Qualquer área da mucosa oral, algumas vezes relacionada com a localização do hábito
Placa branca que pode tornar-se firme, áspera ou com úlceras e fissuras vermelhas; pode tornar-se leve a intensamente dolorosa, mas geralmente é indolor
Pode ou não desaparecer com a cessação do hábito; 2% desenvolvem carcinoma espinocelular; biópsia precoce é essencial
Eritroplasia com ou sem placas brancas
Soalho da boca comum nos homens; língua e mucosa bucal nas mulheres
Placa avermelhada aveludada; ocasionalmente, misturada com placas brancas ou áreas vermelhas lisas
Alto risco de câncer espinocelular; biópsia precoce é essencial
Candidíase
Qualquer área da boca
Tipo pseudomembranoso (“ sapinho”); placas cremosas brancas semelhantes a coalho que revelam uma superfície hemorrágica frágil quando removidas; encontradas em crianças doentes, idosos debilitados que recebem altas doses de glicocorticoides ou antibióticos de amplo espectro, ou em pacientes com Aids
Responde favoravelmente a terapia antifúngica e correção de causas predisponentes onde possível
Tipo eritematoso: áreas algumas vezes doloridas, planas, vermelhas nos mesmos grupos de pacientes
Mesma evolução do tipo pseudomembranoso
Leucoplasia por Candida: espessamento branco não removível do epitélio devido a Candida
Responde a terapia antifúngica prolongada
Queilite angular: fissuras doloridas no canto da boca
Responde a terapia antifúngica tópica
Leucoplasia pilosa
Em geral, língua lateral; raramente em outro local na mucosa oral
Áreas brancas que variam de pequenas e planas até extensa acentuação de pregas verticais; encontrada nos portadores do HIV em todos os grupos de risco para Aids
Causada por EBV; responde a alta dose de aciclovir, mas recorre; raramente causa desconforto a menos que secundariamente infectado por Candida
Verrugas (papilomavírus)
Qualquer local na pele e mucosa oral
Lesões papilares únicas ou múltiplas, com superfícies ceratinizadas brancas, espessas, que contêm muitas projeções pontiagudas; lesões em couve-flor cobertas com mucosa de cor normal ou múltiplas elevações róseas ou pálidas (hiperplasia epitelial focal)
As lesões crescem rapidamente e se disseminam; considerar carcinoma espinocelular e descartar com biópsia; excisão ou terapia com laser, podem regredir nos pacientes infectados pelo HIV na terapia antirretroviral
Manifestações Orais das Doenças
Localização habitual
| Distúrbio
Nota: EBV, vírus Epstein-Barr.
QUADRO 32.4
Alterações da língua
1 Tipos de mudanças
Manifestações clínicas
Alterações de tamanho ou morfologia Macroglossia
0 aumento da língua que pode ser parte da síndrome encontrada nos distúrbios de desenvolvimento, como a síndrome de Down, síndrome de Simpson-Golabi-Behmel ou síndrome de Beckwith-Wiedemann, pode ser causado por tumor (hemangioma ou linfangioma), doença metabólica (como a amiloidose primária) ou distúrbios endócrinos (como a acromegalia ou cretinismo)
Língua fissurada (“ escrotal” )
Superfícies dorsal e laterais da língua cobertas por fissuras rasas ou profundas indolores que podem acumular restos e tornar-se irritadas
Glossite romboide mediana
Anormalidade congênita da língua com área ovoide desnuda na parte posterior mediana da língua; pode ser associada a candidíase e responder a antifúngicos
Mudanças de cor Língua “ geográfica” (glossite migratória benigna)
Distúrbio inflamatório assintomático da língua com rápida perda e novo crescimento de papilas filiformes, levando ao surgimento de placas vermelhas desnudas que “ perambulam” pela superfície da língua
Língua pilosa
Alongamento das papilas filiformes da área da superfície dorsal mediana causado por falha da camada de ceratina das papilas em se descarnar normalmente; a coloração negro-amarronzada pode ser causada por manchas de tabaco, alimentos ou microrganismos cromogênicos
Língua em “ morango” e “framboesa”
Aparência da língua durante a escarlatina devido à hipertrofia das papilas fungiformes e alterações nas papilas filiformes
Língua “ calva"
A atrofia pode ser associada a xerostomia, anemia perniciosa, anemia ferropriva, pelagra ou sífilis; pode ser acompanhada de sensação de queimação dolorosa; pode ser uma expressão de candidíase eritematosa e responde a antifúngicos
273
■
QUADRO 32.5
Lesões orais associadas a infecção pelo HIV
Morfologia da lesão
Etiologias
Pápulas, nódulos e placas
Candidíase (hiperplásica e pseudomembranosa)3 Condiloma acuminado (infecção por papilomavírus humano) Carcinoma espinocelular (pré-invasivo e invasivo) Linfoma não Hodgkin3 Leucoplasia pilosa3
Úlceras
Úlceras aftosas recorrentes3 Queilite angular Carcinoma espinocelular Gengivite ulcerativa necrosante aguda3 Periodontite ulcerativa necrosante3 Estomatite ulcerativa necrosante Linfoma não Hodgkin" Infecção viral (herpes simples, herpes-zóster, citomegalovírus) Mycobacterium tuberculosis, Mycobacterium avium-intracellulare
o -o ' ço cri
Infecção fúngica (histoplasmose, criptococose, candidíase, geotricose e aspergilose) Infecção bacteriana (Escherichia coli. Enterobacter cloacae, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa)
D3 CD
GO
Reações medicamentosas (úlceras únicas ou múltiplas)
ST 0 01 CD CO CD
Lesões pigmentadas
> CD
Pigmentação pela zidovudina (pele, unhas e ocasionalmente mucosa oral)
CO
CD
Z3 85 anos. A fala, a m astigação e as feições são intensam ente afetadas. A ausência de dentes tam bém pode pio rar a apneia o bstrutiva do sono, p a rti cularm ente naqueles sem sintom as en q u an to usam dentaduras, as quais podem m elhorar a articulação da fala e restaurar as feições d i m inuídas. A m astigação é restaurada m enos que o esperado, e os que esperam que as dentaduras m elhorem a ingestão oral frequentem ente ficam desapontados. As próteses necessitam de ajuste p eriódico para acom odar o rem odelam ento inevitável que leva a um a dim inuição do volum e do sulco alveolar. A d or pode resultar da fricção ou de lesões traum áticas provocadas pelo afrouxam ento da dentadura. O ajuste inadequado e a higiene oral precária podem possibilitar que a candidíase se desenvolva, p o d e n d o ser assintom ática ou dolorosa
Manifestações Orais das Doenças
co n firm a que os riscos de q u alq u er u m a dessas com plicações são m uito baixos. Os pacientes que estão sendo subm etidos a extração d en tária ou cirurgia alveolar e gengival raram ente apresentam hem orragia que não possa ser controlada quando o anticoagulante varfarina é m antido dentro da faixa terapêutica atualm ente recom endada para a prevenção de trom bose venosa, fibrilação atrial ou com plicações de valva cardíaca m ecânica. C ontudo, as com plicações em bólicas e m o rte têm sido descritas durante a anticoagulação subterapêutica. A anticoagulação terapêutica deve ser confirm ada antes e m antida durante o procedim ento. Da m esm a form a, baixas doses de ácido acetilsalicílico (8 1 a 325 m g) podem continuar a ser adm inistradas de form a segura. Para pacientes em uso de ácido acetilsalicílico e um a outra m edicação antiplaquetária (p. ex., clopidogrel) a decisão de continuar a segunda m edicação antiplaquetária deve ser baseada na consideração individual dos riscos de trom bose e de sangram ento. Os pacientes com risco de endocardite bacteriana (Cap. 124) de vem m anter higiene oral adequada, incluindo uso de fio dental e lim peza profissional regular. A tualm ente, as orientações recom endam que os antibióticos profiláticos sejam restritos àqueles pacientes sob alto risco de endocardite bacteriana que serão subm etidos a proce dim entos orais e dentários que envolvem m anipulação significativa do tecido gengival ou periapical ou penetração da m ucosa oral. Se houver sangram ento inesperado, antibióticos adm inistrados nas p ri m eiras 2 horas após o procedim ento fornecem profilaxia eficaz. A dissem inação bacteriana hem atogênica de infecção oral sem dúvida p ode causar infecção tardia de próteses articulares e, por isso, exige a rem oção do tecido infectado (p. ex., drenagem , extração, p ro cedim ento de canal) e antibioticoterapia apropriada. E ntretanto, não há evidências de infecção articular protética tardia após procedim en tos dentários de rotina. Por essa razão, a profilaxia com antibióticos não é recom endada antes de cirurgia dentária em pacientes com p i nos, parafusos e placas ortopédicos. C ontudo, é recom endada nos prim eiros 2 anos após a substituição da articulação para pacientes que têm artropatias inflam atórias, im unossupressão, diabetes m elito tipo 1, infecção em prótese articular prévia, hem ofilia ou desnutrição. C om frequência, surge preocupação em to rn o do uso de vasoc onstritores em pacientes com hip erten são e cardiopatia. Os vasoconstritores aum entam a p rofundidade e a duração da anestesia lo cal, reduzindo, assim , a dose anestésica e a toxicidade em potencial. Se a injeção intravascular for evitada, p ode-se u sar lidocaína a 2% com epinefrina 1:100.000 (lim itado a um total de 0,036 m g de epinefrina) seguram ente naqueles com h ipertensão controlada e DAC, a rritm ia ou insuficiência cardíaca congestiva. D eve-se ter cautela n os pacientes em uso de antidepressivos tricíclicos e b e ta b lo q u ea dores não seletivos, po rq u e esses fárm acos p o d e m p o tencializar o efeito da epinefrina. Os tratam entos dentários eletivos devem ser adiados p o r pelo m enos um m ês após infarto agudo do m iocárdio, depois do qual o risco de reinfarto é baixo, desde que o paciente se encontre clinica m ente estável (p. ex., ritm o e angina estáveis, bem com o livre de insu ficiência cardíaca). Os pacientes que sofreram u m acidente vascular encefálico (AVE) devem ter seu tratam ento dentário eletivo adiado p or seis meses. Em am bas as situações, a redução eficaz do estresse requer bom controle da dor, o que inclui o uso de um a quantidade m ínim a de vasoconstritor necessária para fornecer boas hem ostasia e anestesia local. A terapia com bisfosfonatos está associada à osteonecrose da m an díbula. C ontudo, o risco com terapia com bisfosfonato oral é m uito baixo. A m aioria dos pacientes acom etidos recebeu terapia com dose alta p ara m ielom a m últiplo ou câncer de m am a m etastático e foi sub m etida a extração de dentes ou cirurgia dentária. As lesões intraorais surgem com o osso rijo exposto de coloração branco-am arelada e n volvendo a m andíbula ou m axila. C erca de 66% são dolorosos. Os testes de rastream ento para determ inar o risco de osteonecrose não são confiáveis. Os pacientes selecionados para terapia com am inobisfosfonato devem receber assistência dentária preventiva que reduz o risco de infecções e a necessidade de futura cirurgia.
275
e indicada p or tecido liso eritem atoso ou granuloso adaptando-se a um a área coberta pela prótese.
BIBLIOGRAFIA SC: Interaction with other health team members in caring for elderly patients. Dent Clin N Am 49:377,2005 E d w a r d s E J et al: Updated recommendations for managing the care of pa tients receiving oral bisphosphonate therapy: an advisory statement from D u rso
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 276
the American Dental Association Council on Scientific Affairs. J Am Dent Assoc 139 :1674, 2008 L i t t l e JW . Periodontal disease and heart disease: Are they related? Gen Dent. 56:733, 2008 ------- et al (eds): D ental M anagem ent o fth e M edically Compromised Patient, 7th ed. St. Louis, Mosby, 2008 L o g a n RM: Links between oral and gastrointestinal health. Curr Opin Support Palliat Care 4:31,2010
SEÇÃO 5
Alterações nas Funções Circulatória e Respiratória
33
CAPÍTU LO
Eferentes motores
Dispnéia DISPNÉIA A A m erican T horacic Society define dispnéia com o u m a “experiên cia subjetiva de desconforto ao respirar, que consiste em sensações qualitativam ente diferentes com intensidade variável. Essa experiên cia é causada p or interações de vários fatores fisiológicos, psicoló gicos, sociais e am bientais e pode desencadear respostas fisiológicas e com portam entais secundárias”. C om o sintom a, a dispnéia precisa ser diferenciada dos sinais físicos gerados pelo aum ento do esforço respiratório.
■ MECANISMOS DA DISPNÉIA As sensações respiratórias são geradas p o r interações entre os estí m ulos m otores eferentes (que saem) que partem do cérebro e chegam aos m úsculos respiratórios e os estím ulos sensoriais aferentes (que chegam) desencadeados pelos receptores presentes em todo o corpo (feedback), assim com o pelo processam ento integrativo destas infor m ações que, em nossa opinião, deve ocorrer no cérebro (Fig. 33.1). Ao c o ntrário das sensações dolorosas, que geralm ente p odem ser atribuídas à estim ulação de um a única term inação nervosa, as sen sações de dispnéia são entendidas m ais com um ente com o holísticas, algo sem elhante à fome ou à sede. D eterm inada doença pode causar dispnéia p or um ou mais m ecanism os, que podem atuar em algum as circunstâncias (p. ex., esforço físico), m as não em outras (p. ex., m u dança de posição).
ALGORITMO DOS ESTÍMULOS QUE GERAM A SENSAÇÃO DE DISPNÉIA
C entro respiratório (drive respiratório)
Aferentes sensoriais
CAPÍTULO 33
Richard M. Schwartzstein
Os distúrbios da bom ba ventilatória, m ais com um ente aum entos da resistência ou da rigidez das vias respiratórias (dim inuição da com placência) do sistem a respiratório, estão associados à acentuação do trabalho respiratório ou a um a sensação de esforço exagerado para respirar. Q uando os m úsculos estão fracos ou fatigados, é necessário realizar m ais esforço, m esm o que a m ecânica do sistem a esteja n o r mal. A estim ulação neural acentuada proveniente do córtex m otor é percebida por um a descarga sim ultânea (um sinal neural) enviada ao córtex sensorial ao m esm o tem po em que os estím ulos m otores são enviados aos m úsculos respiratórios.
Os q uim iorreceptores localizados n o s co rp o s carotídeos e no b u l b o são ativados p o r hipoxem ia, h ip erc ap n ia aguda e acidem ia. A estim ulação desses receptores, assim com o de ou tro s que resultam no aum ento da ventilação, p ro d u z a sensação de falta de ar. Os m e can o rrecep to res situ ad o s n o s p u lm õ e s, q u a n d o são estim u lad o s pelo broncospasm o, geram u m a sensação de co n strição torácica. Os receptores J sensíveis ao edem a in tersticial e os receptores dos vasos sanguíneos pulm onares, q u a n d o são ativados p o r alterações agudas da pressão arte ria l p u lm o n a r, p arecem c o n trib u ir p ara a sensação de falta de ar. A h ip erin su flaç ã o está associada à sen sa ção de esforço m ais a ce n tu a d o p a ra re sp ira r e à incapacidade de ob ter u m a respiração p ro fu n d a o u satisfatória. O s m e ta b o rre c ep tores localizados nos m ú scu lo s esqueléticos p arecem ser ativados p o r alterações da com posição b io q u ím ica local dos tecidos ativos d u ra n te o exercício e, q u a n d o são estim ulados, c o n trib u em para o desconforto respiratório.
Integração: discrepância entre eferentes e reaferentes A discrepância ou d e sp ro p o rçã o e n tre os estím ulos an teró g rad o s enviados aos m ú scu lo s v e n tila tó rio s e o feed b a ck gerad o pelos receptores que m o n ito ra m a re sp o sta d a b o m b a ven tilató ria a u m en ta a intensidade da dispnéia. Isto é p a rticu la rm e n te im p o rta n te q u a n d o h á um deseq u ilíb rio m ecân ico n a b om ba v entilatória, com o o co rre na asm a ou n a d o e n ça p u lm o n a r o b stru tiv a crônica (D PO C ).
Ansiedade Córtex sensorial
— Q uim iorreceptores
Feedback M ecanorreceptores")—+■ Estím ulos anterógrados M etaborreceptores ~j Sinal anorm al
Estim ulação associada Córtex m otor
—*•
M úsculos respiratórios Intensidade e qualidade da dispnéia
Figura 33.1 Modelo teórico da integração dos estímulos sensoriais na produção da sensação de dispnéia. Os estímulos aferentes provenientes dos receptores distribuídos por todo o sistema respiratório projetam-se diretamente ao córtex sensorial de forma a contribuir para as experiências sensoriais qualitativas primárias e geram feedback para o funcionamento do aparelho respiratório. Os aferentes também se projetam às áreas cerebrais responsáveis pelo controle da ventilação. 0 córtex motor, que responde aos estímulos provenientes dos centros de controle, envia mensagens neurais aos músculos respiratórios e estímulos adicionais ao córtex sensorial (anterógrados com relação aos estímulos enviados aos múscu los). Quando os estímulos anterógrados e o feedback não são proporcionais, são gerados sinais anormais e a intensidade da dispnéia aumenta. (Adaptada de Gilette e Schwartzstein, 2005.)
A ansiedade aguda pode agravar a dispnéia p or alterar a interpreta ção dos estím ulos sensoriais ou g erar padrões respiratórios que acen tuam as anorm alidades fisiológicas do sistem a pulm onar. Por exem plo, nos pacientes com lim itação do fluxo expiratório, a frequência respiratória acelerada provocada pela ansiedade aguda causa hiperin suflação, aum entos do trabalho e do esforço para respirar e sensação de respiração insatisfatória.
■ AVALIAÇÃO DA DISPNÉIA Tipo de sensação Assim com o ocorre com a dor, a avaliação da dispnéia com eça com a determ inação do tipo de desconforto (Q u a d ro 33.1). Os questio nários para dispnéia, ou listas de frases com um ente utilizadas pelos pacientes, ajudam aqueles que têm dificuldade de descrever suas sen sações respiratórias.
Intensidade da sensação A escala de Borg m odificada, ou um a escala analógica visual, pode ser utilizada para avaliar a dispnéia em repouso, logo depois de um esforço físico, ou ao recordar u m a atividade física reprodutível (p.
277
QUADRO 33.1 Correlação entre os descritores qualitativos e os mecanismos fisiopatológicos da dispnéia Termo descritivo
Fisiopatologia
Sensação de aperto ou constrição torácica
Broncoconstrição, edema intersticial (asma, isquemia miocárdica)
Aumento do trabalho ou esforço respiratório
Obstrução das vias respiratórias, doença neuromuscular (DPOC, asma moderada ou grave, miopatia, cifoescoliose)
Falta de ar, necessidade ou desejo urgente de respirar
Aumento do drive respiratório (ICC, embolia pulmonar, obstrução moderada ou grave das vias respiratórias)
Incapacidade de respirar profundamente, respiração insatisfatória
Hiperinsuflação (asma, DPOC) e redução do volume corrente (fibrose pulmonar, restrição da parede torácica)
Respiração pesada ou rápida, respira com mais frequência
Falta de condicionamento físico
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Nota: ICC, insuficiência cardíaca congestiva; DPOC, doença pulmonar obstrutiva crônica. Fonte: De Schwartzstein e Feller-Kopman.
ex., subir as escadas de casa). Um a abordagem alternativa é perguntar sobre as atividades que o paciente consegue realizar, isto é, obter um a noção da lim itação física do paciente. O Baseline Dyspnea Index (ín dice de Dispnéia Basal) e o Chronic Respiratory Disease Questionnaire (Q uestionário para D oenças Respiratórias C rônicas) são utilizados com um ente com essa finalidade.
Dimensão afetiva Para que um a sensação seja referida com o sintom a, ela deve ser per cebida com o algo desagradável e interpretada com o anorm al. E stu dos laboratoriais dem onstraram que a falta de ar desencadeia um a resposta afetiva m ais vigorosa que o aum ento do esforço ou do tra balho para respirar. Alguns tratam entos indicados para a dispnéia, inclusive a reabilitação pulm onar, podem atenuar o desconforto res piratório, em parte porque alteram a dim ensão afetiva.
■ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A dispnéia é causada po r distúrbios da função n orm al do sistem a cardiorrespiratório. Essas anorm alidades causam dispnéia em conse
QUADRO 33.2
Dispnéia do sistema respiratório Doenças das vias respiratórias A asm a e a D PO C , as duas doenças pulm onares obstrutivas m ais com uns, caracterizam -se p o r o b stru ção do fluxo expiratório, que geralm ente causa hiperinsuflação d i nâm ica dos pulm ões e distensão das paredes torácicas. Os pacien tes com doença m oderada a grave têm aum entos da resistência e da restrição elástica (um term o relativo à rigidez do sistem a) dos m úsculos respiratórios e precisam fazer m ais esforço para respirar. Os pacientes com broncoconstrição aguda tam bém se queixam de sensação de constrição torácica, que pode o correr m esm o quando a função pulm onar ainda está n a faixa norm al. Esses pacientes ge ralm ente fazem hiperventilação. A sensação de constrição torácica e a hiperventilação provavelm ente se devem à estim ulação dos re ceptores pulm onares. A asm a e a D PO C podem causar hipoxem ia e hipercapnia secundárias à desproporção entre ventilação e perfusão (V /Q ) (e lim itação da difusão d urante o esforço quando há enfisema); a hipoxem ia é m uito m ais com um que a hipercapnia em con seqüência dos diferentes m ecanism os de ligação do oxigênio e do dióxido de carbono à hem oglobina. Doenças da parede torácica O s distúrbios que enrijecem a parede torácica (p. ex., cifoescoliose) ou que en fra q u e ce m os m úsculos respiratórios (p. ex., m iastenia gravis ou sín d ro m e de G uillain-Barré) tam bém estão associados ao au m en to do esforço para res pirar. O s derram es pleurais volu m o so s p o d e m c o n trib u ir p ara a dispnéia, tan to po rq u e a u m e n tam o esforço re sp irató rio quan to porque estim ulam os receptores pu lm o n ares q u an d o h á atelectasia associada. Doenças do parênquima pulmonar As doenças p ulm onares intersticiais, que po d em ser causadas p o r infecções, exposições ocupacionais ou distúrbios autoim unes, estão associadas ao aum ento da rigidez (dim inuição da com placência) dos pulm ões e à acentuação do esforço para respirar. A lém disso, a desproporção entre V /Q e
Mecanismos da dispnéia causada por doenças comuns Esforço respiratório T
Doença
qüência do aum ento do drive respiratório; da acentuação do esforço ou trabalho para respirar; e/ou da estim ulação dos receptores exis tentes no coração, nos pulm ões ou no sistem a vascular. A m aioria das doenças do sistem a respiratório está associada às alterações das propriedades m ecânicas dos pulm ões e/ou da parede torácica, geral m ente em conseqüência das anorm alidades das vias respiratórias ou do parênquim a pulm onar. Por outro lado, os distúrbios do sistem a cardiovascular causam dispnéia m ais com um ente porque desenca deiam anorm alidades da troca gasosa ou estim ulam os receptores pulm onares e/ou vasculares (Q uadro 33.2).
Drive respiratório T
Hipoxemia3
Hipercapnia aguda3
Estimulação dos receptores pulmonares
DPOC
•
9
e
Asma
©
9
9
9
©
DPI
•
9
9
9
9
9
9
EPC
•
9
9
9
EPNC
©
9
9
9
DVP
Estimulação dos receptores vasculares
Metaborreceptores
9 9
9
Anemia FC aA hipoxemia e a hipercapnia nem sempre ocorrem com essas doenças. Quando há hipoxemia, a dispnéia geralmente persiste, embora com menor intensidade, com a correção da hipoxemia por administração de oxigênio suplementar.
Nota: DPOC, doença pulmonar obstrutiva crônica; EPC, edema pulmonar cardiogênico; FC, falta de condicionamento físico; DPI, doença pulmonar intersticial; EPNC, edema pulmonar não cardiogênico; DVP, doença vascular pulmonar.
278
a d estruição e/o u o espessam ento da interface alveolocapilar p ode causar hipoxem ia e a u m e n tar o drive respiratório. A estim ulação dos receptores p ulm onares p o d e acen tu ar ainda m ais a h ip e rv e n tilação, que geralm ente está associada à doença intersticial b ran d a a m oderada.
Dispnéia do sistema cardiovascular
Doenças dos vasos sanguíneos pulmonares A doença p u lm o n a r trom boem bólica e as doenças p rim árias da circulação p u lm o n a r (hipertensão p ulm onar prim ária, vasculite pulm onar) causam disp néia porque aum entam a pressão arterial pulm onar e estim ulam os receptores pulm onares. A hiperventilação é com um e alguns pacien tes podem ter hipoxem ia. Contudo, na m aioria dos casos, a adm inis tração de oxigênio suplem entar tem efeitos m ínim os na gravidade da dispnéia e da hiperventilação. Doenças do pericárdio A pericardite constritiva e o tam ponam ento cardíaco estão associados às elevações das pressões intracardíacas e vasculares pulm onares, que provavelm ente são responsáveis pela dispnéia observada com estes distúrbios. Q uando há lim itação do débito cardíaco em repouso ou aos esforços, a estim ulação dos m etaborreceptores e dos quim iorreceptores (quando há acidose láctica) tam bém é um fator contribuinte. Dispnéia com sistemas respiratório e cardiovascular normais A anem ia branda a m oderada está associada ao desconforto respira tório quando o paciente faz esforço físico. Isso parece estar relaciona do com a estim ulação dos m etaborreceptores, porque a saturação de oxigênio é norm al nos pacientes anêm icos. A sensação de falta de ar associada à obesidade provavelm ente se deve a vários fatores, inclu sive débito cardíaco aum entado e disfunção da bom ba ventilatória (redução da com placência da parede torácica). A falta de condicio nam ento cardiovascular (despreparo físico) caracteriza-se pelo d e senvolvim ento rápido de m etabolism o anaeróbio e estim ulação dos quim iorreceptores e m etaborreceptores.
||2 jH 2 |P
Dispnéia
(F igura 33.2) D urante a obtenção da história clínica, deve-se p e d ir ao paciente para descrever com suas p ró p rias palavras o desconforto que sente, assim com o os efeitos da posição, das infecções e dos estím ulos am bientais na dispnéia. A ortopneia é um indicador com um de insuficiência cardíaca congestiva (ICC), lim itação m ecânica do diafragm a associada à obesidade, ou asm a desencadeada por refluxo esofágico. D ispnéia n o tu rn a sugere ICC ou asma. Os episódios agudos e interm itentes de dispnéia devem-se m ais provavelm ente aos episódios de isquem ia m iocárdica, broncospasm o ou embolia pulm onar, enquanto a dispnéia persis tente crônica é típica da D PO C, das doenças pulm onares intersticiais e da doença trom boem bólica crônica. Os fatores de risco para doença pulm onar ocupacional e doença arterial coronariana devem ser pesquisados. O m ixom a atrial esquerdo ou a síndrom e hepatopulm onar deve ser considerado quando o paciente queixa-
CAPÍTULO 33
Doenças das câmaras cardíacas esquerdas As anorm alidades m iocárdicas causadas pela doença arterial coronariana e pelas m iocardiopatias não isquêm icas aum entam o volum e diastólico final do ventrículo esquerdo e provocam elevações das pressões diastólica fi nal desta câm ara cardíaca e dos capilares pulm onares. Essas pressões altas causam edem a intersticial e estim ulam os receptores p u lm o n a res e, deste m odo, provocam dispnéia; a hipoxem ia secundária à des proporção V /Q tam bém pode contribuir para a sensação de falta de ar. A disfunção diastólica evidenciada p or rigidez extrem a do ventrí culo esquerdo pode causar dispnéia grave com níveis relativam ente brandos de atividade física, principalm ente quando está associada à regurgitação m itral.
-se de platipneia, ou seja, dispnéia na posição ereta com alívio na posição supina. O exam e físico deve com eçar d u ran te a entrevista com o p a ciente. A im possibilidade de o pacien te falar com frases co m pletas antes de parar para fazer um a respiração pro fu n d a sugere um distú rb io que estim ule o c en tro de co ntrole ou um a a n o r m alidade da bom ba v entilatória com dim inuição da capacidade vital. Os indícios de a u m e n to do esforço para resp irar (re tra ções supraclaviculares, uso dos m ú scu lo s acessórios da v e n ti lação e posição de trip é - o pacien te senta-se com os braços e as m ãos ao red o r dos joelhos) sugerem au m en to da resistência das vias respiratórias ou rigidez dos pulm ões e da parede to rá cica. D urante a d ete rm in a çã o dos sinais vitais, o m édico deve avaliar cuidadosam ente a frequência resp irató ria e verificar se há pulso paradoxal (C ap. 239); se a diferença for > 10 m m H g, c o n sid erar a existência de D P O C ou asm a aguda. D u ra n te o exam e físico geral, devem ser investigados sinais de anem ia (p a lidez das conjuntivas), cianose e cirrose (angiom a aracneiform e, ginecom astia). O exam e do tó rax deve enfatizar a sim etria dos m ovim entos; a percussão (m acicez in d ica d e rra m e pleural; hip e rtim p an ism o sugere enfisem a); e a auscu lta (sibilos, e sterto res, roncos, pro lo n g am en to da fase expiratória, dim in u ição do m u rm ú rio vesicular - to d o s os indícios de d istúrbios das vias respiratórias e de edem a ou fibrose intersticial). O exam e do coração deve enfatizar sinais de elevação das pressões do coração direito (distensão das veias jugulares, edem a, acentuação do c om ponente p u lm o n a r da seg u n d a b u lh a cardíaca); disfunção ventricular esquerda (galopes p o r B3 e B4); e doença valvar (so pros). D urante o exam e do abdom e do paciente em posição su pina, deve-se verificar se h á m o vim entos paradoxais do abdom e (o abdom e afunda d u ra n te a inspiração), que indicam fraqueza do diafragm a; o ab au lam en to do ab d o m e d u ra n te a expiração sugere edem a pulm onar. O b a q u etea m en to dos dedos pode in dicar fibrose p u lm o n a r in tersticial e a existência de edem a ou deform ação a rticu la r e alterações com patíveis com doença de R aynaud p o d e m in dicar u m a d o e n ça do colágeno vascular, que tam bém pode causar doença pulm onar. Os pacientes com dispnéia aos esforços devem ser solicitados a cam inhar enquanto o m édico os observa de form a a reproduzir seus sintom as. O paciente deve ser avaliado quanto ao desenvol vim ento de outras anorm alidades que não estavam presentes em repouso e à saturação de oxigênio. Depois da história e do exam e físico, as radiografias do tórax devem ser realizadas. Os volum es pulm onares devem ser avalia dos (hiperinsuflação indica doença p u lm o n a r obstrutiva; volu mes pulm onares reduzidos indicam edem a ou fibrose intersticial, disfunção diafragm ática ou lim itação dos m ovim entos da parede torácica). O parênquim a pu lm o n ar deve ser exam inado em busca de indícios de doença intersticial e enfisem a. A am pliação da cir culação pulm onar nas zonas superiores indica hipertensão venosa pulm onar, enquanto a dilatação das artérias pulm onares indica hipertensão arterial pulm onar. A dilatação da silhueta cardíaca sugere m iocardiopatia ou doença valvar. O s d erram es pleurais bilaterais são típicos da ICC e de alguns tipos de doença do colá geno vascular. Os derram es unilaterais sugerem carcinom a e em bolia pulm onar, mas tam bém ocorrem nos pacientes com insufi ciência cardíaca. Em geral, a tomografia com putadorizada (TC) do tórax é reservada para a avaliação m ais detalhada do parênqui m a pulm onar (doença p u lm o n a r intersticial) e da possibilidade de embolia pulm onar. Os exames com plem entares devem incluir um eletrocardio gram a para detectar indícios de h ipertrofia ventricular e infarto do m iocárdio preexistente. A ecocardiografia está indicada para os pacientes nos quais se suspeita de disfunção sistólica, hiper tensão pulm onar ou cardiopatia valvar. Os testes de estim ulação brônquica são úteis aos pacientes com sintom as interm itentes su-
u g $55'
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gestivos de asm a, m as com exame físico e provas de função respi ratória norm ais; até u m terço dos pacientes com o diagnóstico clí nico de asm a não apresentam doença reativa das vias respiratórias quando são testados form alm ente.
DIFERENCIAÇÃO DAS DISPNEIAS DE ETIOLOGIA CARDIOVASCULAR OU RESPIRATÓRIA Se o pacien te tiv er evidências de d o e n ça cardíaca e pulm onar, será necessário realizar u m a prova de es forço card io p u lm o n a r para d e te rm in a r qual sistem a é re sp o n sável pela lim itação da capacidade de realizar esforços. No nível m áxim o de esforço, se o paciente alcançar a frequência cardíaca m áxim a prevista, apresentar am pliação do espaço m o rto ou h i poxem ia ou desenvolver broncospasm o, o sistem a respiratório provavelm ente é a causa do problem a. Por o u tro lado, se a fre quência cardíaca for su p erio r a 85% do valor m áx im o previsto, se o lim iar anaeróbio for alcançado precocem ente, se a pressão arterial au m en tar ou d im in u ir excessivam ente d u ra n te o exercí cio, se o índice de 0 2 (relação en tre consum o de 0 2/frequência cardíaca, um in dicador do volum e ejetado) d im in u ir ou se su r girem alterações isquêm icas no eletrocardiogram a, a explicação provável para o desconforto respiratório é um distú rb io do sis tem a cardiovascular.
TRATAMENTO
Dispnéia
O prim eiro objetivo é corrigir o problem a responsável pelo sin toma. Se isso não for possível, deve-se tentar atenuar a intensida de do sintom a e seus efeitos na qualidade de vida do paciente. É necessário a d m inistrar 0 2 suplem entar se a saturação de 0 2 em repouso for m enor ou igual a 90%, ou se a saturação do paciente cair para esse patam ar durante a atividade. Para os pacientes com DPO C, estudos d em onstraram que os program as de reabilitação pulm onar produzem efeitos favoráveis n a dispnéia, na tolerân cia aos esforços e nos índices de hospitalização. Os estudos com ansiolíticos e antidepressivos não evidenciaram efeitos benéficos consistentes. Atualm ente, estão sendo avaliadas intervenções ex perim entais - po r exemplo, ar gelado na face, vibração da parede torácica e furosem ida inalatória - para m odular os estím ulos afe rentes provenientes dos receptores distribuídos p o r todo o siste m a respiratório.
EDEMA PULMONAR ■ MECANISMOS DA ACUMULAÇÃO DE LÍQUIDOS
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
O volum e de líquidos que se acum ulam no interstício pulm onar depende do equilíbrio entre as forças hidrostáticas e oncóticas den tro dos capilares pulm onares e nos tecidos circundantes. A pressão hidrostática favorece a saída dos líquidos dos capilares para o in terstício. A pressão oncótica, que é determ inada pela concentração proteica do sangue, favorece a entrada dos líquidos nos vasos sanguíneos. A albumina, principal p roteína plasm ática, pode Algoritmo para avaliação do paciente com dispnéia estar reduzida nos distúrbios com o a cir H istória clínica rose e a síndrom e nefrótica. Em bora a hipoalbum inem ia favoreça a passagem dos líquidos p ara os tecidos sob determ inada T ipo de sensação, qua nd o ocorre, posição m ais com um pressão hidrostática dentro do capilar, isto Transitória versus persistente em geral não é suficiente para causar ede m a intersticial. Nos indivíduos saudáveis, E xam e físico as junções estreitas do endotélio capilar são im perm eáveis às proteínas e os canais linfáticos dos tecidos rem ovem pequenas Aspecto geral: Em ite fra se s co m p le ta s? M úsculos a ce ssórios? Cor? quantidades de proteínas que possam ter Sinais vitais: Taquipneia? P ulso paradoxal? Indícios de insaturação na oxim etria? Tórax: Sibilos, estertores, roncos, dim in u içã o do m urm úrio vesicular? H iperinsuflação? extravasado; em conjunto, estes fatores Exame do coração: PVJ a um entado? B atim ento precordial visível? G alope? S opro? geram um a força oncótica que m antém Extremidades: E dem a? C ianose? os líquidos nos capilares. E ntretanto, a destruição da barreira endotelial perm ite que as proteínas escapem dos capilares e N esse ponto, o diagnóstico pode se r evidente; caso contrário, dar continuidade à investigaçãõT| aum enta a transferência dos líquidos para os tecidos pulm onares. R adiografias do tórax A valiar as d im e n sõ e s cardíacas, indícios de ICC V erificar se há hip e rin su fla ção A valiar pneum onia, do e nça p u lm o n ar intersticial, derram es pleurais
S uspeitar de baixo débito cardíaco, isquem ia m iocárdica ou doença vascular pulm onar
* ECG e ecocardiografia para avaliar a função ven tricu lar esquerda e a pressão arterial pulm onar
S usp e ita r de an o rm a lid a d e da bom ba re sp ira tó ria ou da tro ca de gases
Edema pulmonar cardiogênico
S uspeitar de débito cardíaco aum entado
1 P rovas de fu n çã o p u lm o n ar - se a cap a cid a de de difu são estiver reduzida, co n sid e ra r an g io -T C (angiotom ografia co m p u tad o riza d a ) para avaliar doença p u lm o n ar intersticial e em bolia pulm onar
H em atócrito, provas de fun çã o tireóidea
T Se ainda houver d ú v id a ^ iu a n to jio ^ d ia g n ó s tic o j^
Figura 33.3 Algoritmo para avaliação do paciente com dispnéia. PVJ, pulso venoso jugular; ICC, insufi ciência cardíaca congestiva; ECG, eletrocardiograma; TC, tomografia computadorizada. (Segundo Schwartzstein e Feiier-Kopman, 2003.)
280
(Ver tam b é m o C apítulo 272.) As anor m alid ad es cardíacas que aum entam a pressão venosa pulm onar alteram o equi líbrio de forças entre os capilares e o in terstício. A pressão hidrostática aum enta e os líquidos saem dos capilares a um a taxa mais elevada, resultando em edem a inters ticial e, nos casos mais graves, em edema alveolar. A acum ulação progressiva de derram es pleurais pode com prom eter ain da m ais a função do sistema respiratório e contribuir para o desconforto respiratório. E ntre os prim eiros sinais de edem a p u lm o n a r estão a dispnéia aos esforços e a o rtopneia. As radiografias de tórax m o stram espessam ento peribrônquico, acentuação das tram as vasculares nas regiões superiores dos pulm ões e linhas B de Kerley. A m edida que o edem a pul-
T m o n ar agrava, os alvéolos ficam repletos de líquido; as radiografias de tórax d em onstram preenchim ento alveolar variegado, geralm ente com distribuição peri-hilar, que m ais tarde progride para infiltrados alveolares difusos. O edem a progressivo das vias respiratórias causa roncos e sibilos.
Edema pulmonar não cardiogênico
QUADRO 33.3 cardiogênico
Causas comuns de edema pulmonar não
Lesão direta dos pulmões Traumatismo de tórax, contusão pulmonar Aspiração Inalação de fumaça Pneumonia Toxicidade do oxigênio Embolia pulmonar, reperfusão
Lesão hematogênica dos pulmões Sepse Pancreatite Traumatismo extratorácico Reações de leucoaglutinação Transfusões múltiplas Uso de drogas intravenosas (p. ex., heroína) Bypass cardiopulmonar
Possível lesão pulmonar com pressões hidrostáticas altas Edema pulmonar das altitudes elevadas Edema pulmonar neurogênico Edema pulmonar de reexpansão
Diferenciação dos edemas pulmonares cardiogênico e não cardiogênico A história é essencial à avaliação da existência de um a doença car díaca subjacente e tam bém p ara a detecção de um dos distúrbios associados ao edem a p u lm o n a r não cardiogênico. O exam e físico dos pacientes com edem a p ulm onar cardiogênico caracteriza-se por evidências de elevação das pressões intracardíacas (galope p or B3, elevação do pulso venoso jugular, edem a periférico) e estertores e/ ou sibilos à ausculta torácica. Por o utro lado, no exam e físico dos pacientes com edem a pulm onar não cardiogênico predom inam as al terações secundárias ao distúrbio desencadeante, em bora os achados pulm onares possam ser relativam ente norm ais nos estágios iniciais. No edem a pulm onar cardiogênico, as radiografias de tórax geralm en te m ostram am pliação da silhueta cardíaca, redistribuição vascular, espessam ento intersticial e infiltrados alveolares peri-hilares com derram es pleurais em m uitos casos. No edem a pulm onar não cardio gênico, o coração tem dim ensões norm ais, os infiltrados pulm onares estão distribuídos m ais uniform em ente pelos pulm ões e os derram es pleurais não são com uns. Por fim , a hipoxem ia associada ao edem a p u lm o n ar cardiogênico é atribuída principalm ente à desproporção entre V /Q e m elhora com a adm inistração de oxigênio suplementar. Por outro lado, a hipoxem ia do edem a p ulm onar não cardiogênico é causada principalm ente pelo shunt in trapulm onar e geralm ente per siste apesar da inalação de concentrações altas de 0 2.
CAPÍTULO 33
C om o edem a pulm onar não cardiogênico, a quantidade de água dos pulm ões aum enta em razão da lesão do revestim ento dos capilares pulm onares com extravasam ento de proteínas e outras m acrom oléculas p ara os tecidos; os líquidos acom panham as proteínas à m edida que as forças oncóticas são desviadas dos vasos para os tecidos p u l m onares circundantes. Esse processo está associado à disfunção do surfactante que reveste os alvéolos, ao aum ento das forças na super fície e à propensão a que os alvéolos entrem em colapso com os v o lum es pulm onares reduzidos. Fisiologicam ente, o edem a pulm onar não cardiogênico caracteriza-se por shunt intrapulm onar com h ip o xem ia e redução da com placência pulm onar. As alterações patológi cas são m em branas hialinas nos alvéolos e pode ser observada infla m ação com fibrose pulm onar subsequente. Clinicam ente, o quadro varia de dispnéia branda à insuficiência respiratória. A ausculta dos pulm ões p ode ser relativam ente norm al, apesar de as radiografias de tórax m ostrarem infiltrados alveolares difusos. A TC m ostra que a distribuição do edem a alveolar é m ais heterogênea que se pensava. Em bora alguns autores entendam que as pressões intracardíacas n o r m ais façam parte da definição do edem a pulm onar não cardiogênico, a patologia do processo (conform e descrita antes) é m uito diferente e alguns pacientes podem ter sim ultaneam ente edem a pu lm o n ar car diogênico e não cardiogênico.
É conveniente classificar as causas do edem a pulm onar não car diogênico com base na hipótese de que a lesão pulm onar provavel m ente resulte de fatores diretos, indiretos ou vasculares pulm onares (Q uadro 33.3). As lesões diretas são m ediadas pelas vias respiratórias (p. ex., aspiração) ou são secundárias a um traum atism o pulm onar fe chado. As lesões indiretas são atribuídas aos m ediadores que chegam aos pulm ões p or m eio da corrente sanguínea. O últim o grupo inclui os distúrbios potencialm ente atribuídos às alterações repentinas das pressões vasculares pulm onares, possivelm ente em conseqüência da atividade autonôm ica repentina nos casos de edem a pulm onar n eu rogênico ou secundário às altitudes elevadas, ou das oscilações repen tinas da pressão pleural, com o se observa nas lesões transitórias dos capilares pulm onares no caso de edem a pulm onar de reexpansão.
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A aron
281
I CAPÍTULO
34
Fluxo-volume
Tosse e Hemoptise Patricia Kritek Christopher Fanta Tosses
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
A tosse fornece um a função protetora essencial para as vias respi ratórias e pulm ões hum anos. Sem um reflexo de tosse efetivo, nós correm os risco de reter secreções e m aterial aspirado nas vias respira tórias, predispondo à infecção, atelectasia e com prom etim ento respi ratório. No outro extremo, a tosse excessiva pode ser cansativa; pode ser com plicada p o r vôm ito, síncope, d or m uscular ou fraturas nas costelas e pode agravar as hérnias inguinais ou abdom inais e a incon tinência urinária. A tosse é m uitas vezes um indício da presença de doença respiratória. Em m uitas ocasiões, a tosse é um a m anifestação esperada e aceita da doença, com o durante um a infecção aguda do trato respiratório. Contudo, a tosse persistente na ausência de outros sintom as respiratórios leva com um ente os pacientes a p rocurar auxí lio m édico, sendo responsável por 10 a 30% dos encam inham entos a especialistas pulm onares.
■ MECANISMO DA TOSSE A tosse espontânea é desencadeada pela estim ulação das te rm in a ções nervosas sensoriais que p arecem ser prim ariam en te receptores de adaptação rápida e fibras C. Os estím ulos quím icos (p. ex., capsaicina) e m ecânicos (p. ex., partículas n a poluição do ar) p odem iniciar o reflexo da tosse. Um canal de íon catiônico, cham ado de receptor vaniloide do tipo 1, é e ncontrado nos receptores de ad ap tação rápida e nas fibras C; ele é o receptor para a capsaicina e sua expressão é aum entada em pacientes com tosse crônica. As te rm i nações nervosas aferentes inervam de form a ab undante a faringe, a laringe e as vias respiratórias até o nível dos bronquío los term inais e d entro do parênquim a pulm onar. Elas tam bém p odem ser e n co n trad as no m eato acústico externo (o ram o auricular do nervo vago, cham ado de nervo de A rnold) e no esôfago. Os sinais sensoriais via jam p or m eio dos nervos vago e laríngeo su p erio r para u m a região do tronco encefálico no núcleo do trato solitário, vagam ente id en ti ficado com o o “centro da tosse”. A estim ulação m ecânica da m ucosa brônquica em um pulm ão transplantado (no qual o nervo vago foi dividido) não pro d u z tosse. O reflexo da tosse envolve um a série altam ente orquestrada de ações m usculares involuntárias, com o potencial para input a p a rtir das vias corticais tam bém . As pregas vocais aduzem , levando à oclu são transitória das vias respiratórias superiores. Os m úsculos expiratórios contraem -se, gerando pressões intratorácicas positivas de até 300 m m Hg. Com a liberação súbita da contração laríngea, fluxos expiratórios rápidos são gerados, excedendo o “envelope” norm al do fluxo expiratório m áxim o visto na curva de fluxo-volum e (Fig. 34.1). A contração do m úsculo liso brônquico ju n to com a com pressão d i nâm ica das vias respiratórias estreita os lum ens das vias respiratórias e m axim iza a velocidade de exalação (até 180 k m /hora). A energia cinética disponível para desalojar o m uco da parte in terna das pare des das vias respiratórias é diretam ente proporcional ao quadrado da velocidade do fluxo expiratório. Um a respiração profunda que prece de um a tosse otim iza a função dos m úsculos expiratórios; um a série de tossidas repetitivas em volumes pulm onares sucessivam ente mais baixos lim pa o ponto de velocidade expiratória m áxim a progressiva m ente mais para a periferia pulm onar.
Figura 34.1
Alça de fluxo-volume. Curva de fluxo-volume com picos de fluxo
expiratório alto atingido com a tosse.
graves e suas seqüelas. Fraqueza, paralisia ou dor dos m úsculos ex piratórios (abdominal e intercostal) está em prim eiro lugar na lis ta de causas de tosse prejudicada (Q u ad ro 34.1). A força da tosse é em geral avaliada qualitativam ente; o pico do fluxo expiratório ou pressão expiratória m áxim a na boca pode ser usado com o um m arca dor substituto para a força da tosse. Vários dispositivos e técnicas de assistência foram desenvolvidos para m elhorar a força da tosse, va riando de simples (im obilização dos m úsculos abdom inais com um travesseiro firmemente preso para reduzir a dor pós-operatória ao tossir) a complexos (dispositivo m ecânico de auxílio à tosse aplicado via máscara facial ou tubo traqueal que aplica um ciclo de pressão positiva seguida rapidam ente p or pressão negativa). A tosse pode não conseguir limpar as secreções apesar de um a capacidade preservada de gerar velocidades expiratórias norm ais, devido a secreções anor m ais das vias respiratórias (p. ex., bronquiectasia devido à fibrose cística) ou anorm alidades estruturais das vias respiratórias (p. ex., traqueomalacia com colapso expiratório durante a tosse).
■ TOSSE SINTOMÁTICA A tosse proveniente da bronquite crônica em fum antes de longo prazo raramente leva o paciente a p ro c u ra r ajuda médica. Ela dura apenas segundos a poucos m inutos, é produtora de escarro m ucoide de aparência benigna e não é desconfortável. De m aneira similar, a tosse pode ocorrer no contexto de outros sintom as respiratórios que, juntos, conduzem a um diagnóstico, com o quando a tosse é acom panhada por respiração ofegante, dificuldade de respirar e opressão torácica após exposição a um gato ou outras fontes de alergia. Às ve zes, contudo, a tosse é o sintom a dom inante ou único da doença e pode ser de duração e gravidade suficientes que o alivio é procurado.
QUADRO 34.1
Causas de tosse prejudicada
Força do músculo expiratório diminuída Força do músculo inspiratório diminuída Deformidade da parede torácica Fechamento glótico prejudicado ou traqueostomia Traqueomalacia
■ TOSSE PREJUDICADA A tosse fraca ou ineficaz com prom ete a capacidade de lim par as in fecções do trato respiratório inferior, predispondo a infecções m ais
282
Secreções de vias respiratórias anormais Depressão respiratória central (p. ex., anestesia, sedação ou coma)
A duração da tosse é a pista para sua etiologia. A tosse aguda (< 3 sem anas) é m ais com um ente devido a um a infecção do trato respira tório, aspiração ou inalação de agentes quím icos nocivos ou fum aça. A tosse subaguda (duração de 3-8 sem anas) é m uitas vezes o resíduo de um a traqueobronquite, com o na coqueluche ou “síndrom e tússica pós-viral”. A tosse crônica (> 8 sem anas) pode ser causada p or um a am pla variedade de doenças cardiopulm onares, incluindo aquelas de etiologias inflam atórias, infecciosas, neoplásicas e cardiovasculares. Q uando a avaliação inicial com exame e radiografia torácica for n o r mal, a asm a variante da tosse, refluxo gastroesofágico, drenagem nasofaríngea e m edicações (inibidores da enzim a conversora de angio tensina [ECA]) são as causas mais com uns de tosse crônica. A tosse de m enos de 8 sem anas de duração pode ser a m anifestação inicial de um a doença que cause tosse crônica.
■ AVALIAÇÃO DA TOSSE CRÔNICA
■ TOSSE CRÔNICA COM UMA RADIOGRAFIA TORÁCICA NORMAL A rgum enta-se com um ente que o uso de u m inibidor da enzim a con versora de angiotensina; drenagem pós-nasal; refluxo gastresofágico e asm a, isolados ou em com binação, são responsáveis p o r m ais de 90% dos pacientes que têm tosse crônica e um a radiografia torácica norm al ou que não contribui. C ontudo, a experiência clínica não sus tenta essa afirm ação e a adesão estrita a este conceito desencoraja a procura de explicações alternativas p o r m édicos e pesquisadores. Por um lado, a tosse idiopática crônica é com um e seu m anejo m erece estudo e discussão. Por outro lado, as doenças pulm onares graves, in cluindo doenças pulm onares inflam atórias, infecções crônicas e neo-
Tosse e Hemoptise
D etalhes quanto ao som , tem po de ocorrência du ran te o dia e p a drão de tosse não fornecem com frequência pistas úteis da etiologia. Independentem ente da causa, a tosse m uitas vezes piora quando a pessoa se deita à noite ou quando conversa ou em associação com a hiperpneia do exercício; ela frequentem ente m elhora com o sono. As exceções podem incluir um ruído inspiratório característico após um paroxism a de tosse que sugere coqueluche ou a tosse que ocorre so m ente com determ inadas exposições alérgicas ou exercício no ar frio, com o na asma. As questões históricas úteis incluem as circunstâncias que cercam o início da tosse, o que to rn a a tosse m elhor ou p ior e se a tosse produz, ou não, escarro. O exam e físico procura pistas sobre a presença de doença cardiopulm onar, incluindo achados com o sibilância ou crepitações no exam e torácico. O exam e dos canais auditivos e das m em branas tim pânicas (para irritação da m em brana tim pânica resultante em estim ulação do nervo de A rnold), os percursos nasais (para rinite) e unhas (para baqueteam ento) tam bém podem fornecer pistas etiológicas. C om o a tosse pode ser um a m anifestação de um a doença sistêmica, com o sarcoidose ou vasculite, um exame geral m inucioso é igualm ente im portante. Em quase todos os casos, a avaliação da tosse crônica m erece um a radiografia torácica. A lista de doenças que podem causar tosse persistente sem outros sintom as e sem anorm alidade detectável no exam e físico é longa. Ela inclui doenças graves com o a doença de H odgkin em adultos jovens e câncer p u lm o n ar na população m ais velha. U m a radiografia torácica anorm al leva à avaliação da a n o rm a lidade radiográfica para explicar o sintom a da tosse. Uma radiografia torácica norm al fornece um a tranquilização valiosa para o paciente e a fam ília do paciente, que pode ter im aginado a explicação m ais terrível para a tosse. Em um paciente com tosse p ro d u tiv a crônica, o exam e do es carro expectorado é indicado. O escarro de aparên cia p u ru le n ta deve ser enviado para um a c u ltu ra bacterian a de ro tin a e, em d e term in ad as circunstâncias, tam bém p ara c u ltu ra m icrobacteriana. O exam e citológico do escarro m ucoide po d e ser útil p ara avaliar a m alignidade e para distinguir a bronquite neutrofílica da eosinofílica. A expectoração de sangue - seja estrias de sangue, sangue m istu rado com secreções das vias respiratórias ou sangue p u ro - m erece um a abordagem especial para a avaliação e m anejo, conform e d is cutido m ais adiante.
plasm as, podem perm anecer ocultos na radiografia torácica simples e requerem teste adicional para a detecção. A tosse induzida p o r inibidor da ECA ocorre em 5-30% dos p a cientes que tom am inibidores da ECA e não é dependente da dose. Q ualquer paciente com tosse crônica, inexplicada, que está tom ando um inibidor da ECA deve receber um período de ensaio fora da m e dicação, independentem ente do m om ento do início da tosse relativo à iniciação da terapia com in ibidor da ECA. N a m aioria dos casos, um a alternativa segura está disponível; bloqueadores de receptores de angiotensina não causam tosse. A falha em observar um a d im i nuição na tosse após um m ês sem m edicação tem fortes argum entos contra o diagnóstico. A ECA m etaboliza a b radicinina e outras taquicininas, com o a substância P. O m ecanism o da tosse p or inibi do r da ECA pode envolver sensibilização das term inações nervosas sensoriais devido ao acúm ulo de bradicinina. N a sustentação dessa hipótese, os polim orfism os do gene receptor de n eurocinina-2 estão associados com a tosse induzida p o r inibidor da ECA. A drenagem pós-nasal de qualquer etiologia pode causar tosse com o resposta ao estím ulo de receptores sensoriais da via de reflexo da tosse n a hipofaringe ou aspiração de secreções drenadas na tra queia. As pistas para esta etiologia incluem sintom as de gotejam ento pós-nasal, lim peza freqüente da garganta e espirro e rinorreia. No exame de espéculo do nariz, pode-se ver excesso de secreções m ucoides ou purulentas, m ucosa nasal inflam ada e edem atosa e/ou pólipos nasais; além disso, pode-se visualizar secreções ou um a aparência de pavim entação da m ucosa ju n to à parede faríngea posterior. Infeliz m ente, não há m eio de quantificar a drenagem pós-nasal. Na m aioria dos casos, confia-se em u m julgam ento qualitativo baseado na in form ação subjetiva fornecida pelo paciente. Essa avaliação tam bém deve ser contrabalançada pelo fato de que m uitas pessoas que têm drenagem pós-nasal crônica não têm tosse. Ligar o refluxo gastroesofágico à tosse crônica im põe desafios similares. Parece que o refluxo dos conteúdos gástricos no esôfago inferior pode desencadear a tosse p o r m eio de vias reflexas iniciadas na m ucosa esofágica. O refluxo no nível da faringe com aspiração conseqüente dos conteúdos gástricos causa um a bronquite quím ica e possível pneum onite que pode provocar a tosse p o r dias após o even to da aspiração. A queim ação retroesternal após as refeições ou no repouso, eructação freqüente, rouquidão e dor na garganta são pistas potenciais para o refluxo gastresofágico. O refluxo tam bém pode não provocar nen h u m sintom a ou provocar sintom as m ínim os. A infla m ação da glote p ode ser u m a pista p ara o refluxo recorrente no nível da garganta, m as é um achado não específico e requer laringoscopia direta ou indireta para a detecção. A quantificação da frequência e do nível do refluxo requer um procedim ento um tanto invasivo para m edir diretam ente o pH do esôfago (um cateter com sonda de pH colocada de m odo nasofaríngeo no esôfago durante 24 horas ou m onitorização de pH usando u m a cápsula radiotransm issora colocada endoscopicam ente no esôfago). A interpretação precisa dos resulta dos dos testes que p erm ite que se ligue o refluxo e a tosse de um a m aneira causai continua sendo debatida. N ovam ente, presum e-se que a causa da tosse para o refluxo gastresofágico deve ser p ondera da contra a observação de que m uitas pessoas com refluxo crônico (com o ocorre com frequência du ran te a gravidez) não apresentam tosse crônica. A tosse isolada e nquanto m anifestação de asm a é com um em crianças, m as não em adultos. A tosse devido à asm a na ausência de espirro, dificuldade de respiração e opressão torácica é referida como “asm a variante com tosse”. U m a h istória sugestiva de asm a varian te com tosse liga o início da tosse aos desencadeadores típicos para asm a e resolução de tosse com retirada da exposição a eles. O teste objetivo pode estabelecer o diagnóstico de asm a (obstrução do fluxo aéreo na espirom etria que varia com o tem po ou reverte em resposta ao broncodilatador) ou excluí-lo com certeza (resposta negativa ao desafio de broncoprovocação, com o a m etacolina). Em um paciente capaz de realizar m edidas confiáveis, a m onitorização do fluxo expi ratório m áxim o pode ser usada com o um m étodo custo-efetivo para sustentar ou descontar um diagnóstico de asma.
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
A bronquite eosinofílica crônica causa tosse crônica com um a radiografia torácica norm al. Esta condição é caracterizada pela eosi nofilia por escarro em excesso de 3% sem obstrução das vias respira tórias ou capacidade de resposta brônquica exacerbada e é tratada de m odo satisfatório com inalação de glicocorticoides. O tratam ento da tosse crônica em um paciente com um a ra diografia torácica norm al é m uitas vezes em pírico e visa a causa, ou causas, m ais prováveis de tosse com o determ inado pela história, exam e físico e possivelm ente teste de função pulm onar. A terapia para a drenagem pós-nasal depende da etiologia presum ida (infec ção, alergia ou rinite vasom otora) e pode incluir anti-histam inas sistêmicas; antibióticos; irrigação de solução salina nasal e sprays de bom ba nasal com corticosteroides, anti-histam inas ou anticoli nérgicos. Antiácidos, antagonistas do receptor de h istam ina-tipo 2 (H2) e inibidores de bom ba de próton são usados para neutralizar ou dim inuir a produção de ácido gástrico na doença do refluxo gas troesofágico; m udanças alim entares, elevação da cabeça e do tronco durante o sono e m edicações para m elhorar o esvaziam ento gástrico são terapias adicionais. A asm a variante da tosse responde bem aos glicocorticoides inalados e o uso interm itente de broncodilatadores (3-agonistas inalados. Os pacientes que não conseguem responder ao tratam ento das causas com uns da tosse ou que tiveram estas causas excluídas pelo teste diagnóstico apropriado devem se subm eter à T C do tórax. Exemplos de doenças que causam tosse que podem ser perdidas no raio X torácico incluem tum or carcinoide, doença pulm onar inters ticial precoce, bronquiectasia e infecção pu lm o n ar m icobacteriana atípica. Por outro lado, pacientes com tosse crônica que têm exames torácicos norm ais, função pulm onar, oxigenação e im agem p o r TC torácica podem ser tranqüilizados quanto à ausência de patologia pulm onar grave.
■ TRATAMENTO SINTOMÁTICO DA TOSSE A tosse idiopática crônica é lam entavelm ente com um . Ela ocorre m uitas vezes com o cócegas ou sensibilidade na área da garganta, ocorre com m ais frequência nas m ulheres e é “seca” ou na m elhor das hipóteses produtora de quantidades escassas de escarro m ucoide. Ela pode ser exaustiva, interferir com o trabalho e causar em baraço social. Um a vez que a patologia cardiopulm onar subjacente grave foi excluída, um a tentativa na supressão da tosse é apropriada. Mais efetivos são narcóticos supressores da tosse, com o codeína ou hidrocodona, que agem no “centro da tosse” no tronco encefálico. A tendência dos narcóticos supressores da tosse de causar to n tu ra e constipação e seu potencial para dependência lim itam seu apelo para 0 uso de longo prazo. O dextrom etorfano é um inibidor da tosse ven dido sem receita m édica, que age centralm ente, com poucos efeitos colaterais e m enor eficácia com parado com os narcóticos supresso res da tosse. Ele parece ter um local de ação diferente dos narcóticos supressores da tosse e pode ser usado junto com eles, se necessário. Considera-se que o benzonatato inibe a atividade neural dos nervos sensoriais no trajeto do reflexo de tosse. Ele geralm ente não tem efei tos colaterais; contudo, sua efetividade na inibição da tosse é v ariá vel e imprevisível. Novos inibidores da tosse sem as lim itações das terapias atualm ente disponíveis são necessários. As abordagens que estão sendo exploradas incluem desenvolvim ento dos antagonistas de receptores da neurocinina, antagonistas do receptor vaniloide tipo 1 e novos opioides e opioides sem elhantes aos agonistas receptores.
HEMOPTISE A hem optise é a expectoração de sangue do trato respiratório. Ela pode surgir de qualquer parte do trato respiratório, dos alvéolos até a glote. É im portante, contudo, distinguir hem optise de epistaxe (isto é, sangram ento da nasofaringe) e de hem atêm ese (isto é, sangram ento do trato gastrintestinal superior). A hem optise pode variar de escarro sanguinolento até grandes volumes de sangue verm elho claro po ten cialm ente fatais. Para a m aioria dos pacientes, qualquer grau de h e m optise pode produzir ansiedade e m uitas vezes induz u m a avaliação m édica.
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Enquanto há carência de dados epidem iológicos precisos, a etio logia mais com um de hem optise é infecção das vias respiratórias de tam anho médio. Nos Estados Unidos, isto é geralmente devido a bron quite viral ou bacteriana. A hem optise pode surgir no am biente de bronquite aguda ou durante um a exacerbação da bronquite crônica. No m undo todo, a causa mais com um de hem optise é infecção por tuberculose presum ivelm ente devido a alta prevalência da doença e sua predileção por formação de cavidade. E nquanto essas são as causas mais comuns, há um diagnóstico diferencial extenso para hem optise e uma abordagem gradual para a avaliação desse sintom a é apropriada.
■ ETIOLOGIA Uma m aneira de abordar a fonte da hem optise é avaliar sistem ati cam ente potenciais locais de sangram ento do alvéolo até a boca. O sangram ento difuso no espaço alveolar, m uitas vezes referido com o hem orragia alveolar difusa (HAD), pode se apresentar com hem o p tise, em bora nem sempre seja o caso. As causas de HAD podem ser divididas em tipos inflam atórios e não inflam atórios. A HAD infla m atória ocorre devido a vasculite/capilarite de um pequeno vaso a partir de um a variedade de doenças, incluindo granulom atose com poliangiíte (de W eneger) e poliangiíte m icroscópica. De m aneira si milar, a doença autoim une sistêmica, com o o lúpus eritem atoso sistê m ico (LES), pode se m anifestar com o capilarite p ulm onar e resultar em HAD. Os anticorpos para a m em brana de base alveolar, com o são vistos na doença de G oodpasture, tam bém podem resultar em h e m orragia alveolar. No período de tem po inicial após um transplante de m edula óssea (TM O), os pacientes tam bém podem desenvolver um a form a de HAD inflam atória, que pode ser catastrófica e p o ten cialmente fatal. A fisiopatologia exata desse processo não é bem e n tendida, m as deve-se suspeitar de HAD em pacientes com dispnéia de início súbito e hipoxem ia nos prim eiros 100 dias após o TMO. Os alvéolos tam bém podem sangrar devido a causas não infla m atórias, m ais com um ente devido à lesão de inalação direta. Esta categoria inclui lesões térm icas de incêndios, inalação de substâncias ilícitas (p. ex., cocaína) e inalação de agentes quím icos tóxicos. Se os alvéolos estão irritados a p a rtir de qualquer processo, os pacientes com trom bocitopenia, coagulopatia ou uso de antiplaquetários ou anticoagulantes terão risco aum entado de desenvolver hem optise. Com o já observado, o local mais com um de hem optise é sangram en to das vias respiratórias de tam anho pequeno a m édio. Irritação e lesão da m ucosa brônquica podem levar a sangram ento de pequeno volume. A hem optise mais significativa tam bém pode ocorrer por causa da proxim idade da artéria e da veia brônquica com a via respi ratória, correndo junto no que é m uitas vezes referido com o o “feixe broncovascular”. Nas vias respiratórias m enores, estes vasos sanguí neos estão próxim os do espaço aéreo e, p ortanto, graus m enores de inflamação ou lesão podem resultar em ru p tu ra desses vasos para as vias respiratórias. Digno de observação, enquanto a hem orragia al veolar surge dos capilares que fazem parte da circulação pulm onar de baixa pressão, o sangram ento brônquico surge geralm ente das arté rias brônquicas, que estão sob pressão sistêm ica e, portanto, predis postas ao sangram ento de volume maior. Qualquer infecção das vias respiratórias pode resultar em h e moptise, embora, mais com um ente, a bronquite aguda seja causada por infecção viral. Em pacientes com um a história de bronquite crô nica, superinfecção bacteriana com organism os como Streptococcus pneumoniae, Hemophilus influenzae ou Moraxella catarrhalis tam bém podem resultar em hemoptise. Pacientes com bronquiectasia, um a di latação permanente e irregularidade das vias respiratórias, são particu larmente propensos à hemoptise devido a anorm alidades anatômicas que trazem as artérias brônquicas mais próximas da superfície da m u cosa e a condição inflam atória crônica associada. Uma apresentação comum de pacientes com fibrose cística avançada, a doença pulm onar bronquiectásica prototípica, é hemoptise, que, às vezes, pode ser fatal. As pneum onias de qualquer tipo p odem causar hem optise. In fecção tuberculosa, que pode levar à bronquiectasia ou pneum onia cavitária é um a causa m uito com um de hem optise no m u n d o todo. A pneum onia adquirida na com unidade e abscessos pulm onares tam bém podem resultar em sangram ento. N ovam ente, se a infec
AVALIAÇÃO Com o a m aioria dos sintom as, o passo inicial na avaliação da hem op tise é um a anam nese e um exame físico detalhados (Fig 34.2). Com o já m encionado, o questionam ento deve com eçar com a determ inação se o sangram ento é verdadeiram ente do trato respiratório e não da nasofaringe ou do trato gastrintestinal, porque essas fontes de san gram ento requerem avaliação e abordagens de tratam ento diferentes.
■ HISTÓRIA E EXAME FÍSICO A natureza da hem optise, se ela tem coloração sanguinolenta, secre ções purulentas; escarro rosado, espum oso ou sangue franco, pode ser útil na d eterm inação da etiologia. D esencadeadores específicos do sangram ento, com o exposições a inalações recentes b em com o qualquer episódio a n te rio r de hem optise, devem ser extraídos d u rante a obtenção da história. A hem optise m ensal em um a m ulher sugere h em optise catam enial da en d om etriose pulm onar. O volum e da hem optise tam bém é im p o rta n te não apenas na determ inação da causa, m as na aferição da urgência p ara u m diagnóstico e m a nobras terapêuticas adicionais. Os pacientes raram ente dessangram da hem optise, m as p o d e m efetivam ente “afogarem -se” em sangue aspirado. A hem optise de grande volum e, referida com o hemoptise maciça, é variavelm ente definida com o hem optise de m ais de 200 a 600 cc em 24 horas. A hem optise m aciça deve ser considerada um a em ergência m édica. A urgência m édica relacionada à hem optise depende da quan tid ad e de san g ram en to e da gravidade da doença p u lm o n ar subjacente. Todos os pacientes devem ser perguntados sobre consum o atual ou prévio de cigarros; este c o m p o rtam en to predispõe à bronquite crônica e aum enta a probabilidade de câncer broncogênico. Sintomas sugestivos de infecção do trato respiratório - incluindo febre, cala frios e dispnéia - devem ser extraídos. O profissional deve perguntar sobre recentes exposições de inalação ou uso de substâncias ilícitas bem com o fatores de risco para trom boem bolism o venoso. A história m édica passada de m alignidade ou tratam ento disso, doença reum atológica, doença vascular ou doença p u lm o n ar su b jacente tal com o bronquiectasia pode ser relevante para a causa da hem optise. C om o m uitas dessas causas de HAD podem ser partes de um a síndrom e pulm onar-renal, a inquisição específica sobre história de insuficiência renal tam bém é im portante. O exam e físico com eça com u m a avaliação dos sinais vitais e de satu ração de oxigênio p a ra m e d ir se h á evidência de sa n g ra m en to letal. T aquicardia, h ip o te n sã o e satu raç ão de oxigênio d i m in u íd a devem d ita r u m a avaliação m ais rápida da hem optise. O foco específico sobre exam es cardíacos e resp irató rio s é im p o rta n te e deve incluir inspeção das n a rin a s, auscultação dos pulm ões e coração, avaliação das ex tre m id a d es inferiores p a ra edem a sim é trico e assim étrico e avaliação p ara d isten são v enosa jugular. O hip o c ratism o digital p o d e su g e rir d o en ças p u lm o n a res subjacentes com o carcinom a broncogênico ou b ronquiectasia, o que predispõe à hem o p tise. D e m a n e ira sim ilar, telan g iectasias m u co c u tân e as devem elevar o espectro de m alfo rm açõ es a rteriovenosas p u lm o nares.
Tosse e Hemoptise
ção resultar em cavitação, h á um a probabilidade m aior de san g ra m en to devido à erosão nos vasos sanguíneos. As infecções com Staphylococcus aureus e bastonetes G ram -negativos (p. ex., Klebsiella pneum oniae) são m ais propensas a causar infecções pulm onares necrotizantes e, assim , estão m uitas vezes associadas com hem optise. P neum onias graves prévias p odem causar cicatrizes e arq u itetu ra p u lm o n a r anorm al, o que po d e predispor u m paciente à hem optise com infecções subsequentes. E nquanto ela não é com um ente vista na A m érica do N orte, a paragonim íase pulm onar (isto é, infecção com o trem atódeo pulm onar Paragonimus westermani) se apresenta m uitas vezes com febre, tosse e hem optise. Essa infecção é um problem a de saúde pública no sudes te asiático e na C hina e é com um ente confundida com tuberculose ativa, porque os quadros clínicos podem ser similares. A paragonim íase deve ser considerada em im igrantes recentes de áreas endêm icas com hem optise nova ou recorrente. Além disso, existem relatos de paragonim íase pulm onar nos Estados U nidos secundária à ingestão de caranguejos ou pequenos siris. O utras causas de irritação das vias respiratórias resultando em hem optise incluem inalação de agentes quím icos tóxicos, lesão tér mica, traum a direto p or sucção das vias respiratórias (principalm ente em pacientes intubados) e irritação da inalação de corpos estranhos. Todas essas etiologias devem ser sugeridas pela história individual do paciente e exposições. Talvez a causa m ais tem ida de hem optise seja câncer p ulm onar broncogênico, em bora a hem optise não seja um sintom a presente particularm ente com um desta doença com apenas cerca de 10% dos pacientes tendo hem optise franca na avaliação inicial. O s cânceres que surgem nas vias respiratórias proxim ais são m uito m ais prová veis de causar hem optise, em bora qualquer m alignidade no tórax possa fazer isso. C om o o carcinom a de células escam osas e o carci no m a de pequenas células são m ais com um ente centrais e grandes na apresentação, eles são a causa m ais com um de hem optise. Esses cânceres podem se apresentar com hem optise de grande volum e e potencialm ente fatal p o r causa da erosão nos vasos hilares. Tum ores carcinoides, que são quase exclusivam ente encontrados com o lesões endobrônquicas com m ucosa friável tam bém podem se apresentar com hem optise. Além dos cânceres que surgem no pulm ão, a doença m etastática no parênquim a pu lm o n ar tam bém pode sangrar. As m alignidades que com um ente m etastatizam para os pulm ões incluem cânce res de célula renal, de m am a, de colo, testiculares e da tireoide bem com o m elanom a. E nquanto elas não são um a m aneira com um para a doença m etastática se apresentar, nódulos pulm onares m últiplos e hem optise devem levantar suspeita para essa etiologia. Por fim, a doença da vasculatura p ulm onar pode causar hem o p tise. Talvez com mais frequência, a insuficiência cardíaca congestiva com transm issão de pressões elevadas no átrio esquerdo, se grave o suficiente, p ode levar à ru p tu ra de pequenos capilares alveolares. Es ses pacientes raram ente se apresentam com sangue verm elho-claro, m as m ais com um ente têm escarro rosado, espum oso ou secreções tingidas de sangue. Pacientes com um jato focal de regurgitação m itral p odem se apresentar com infiltração no lóbulo superior na radiografia torácica ju n to com hem optise. Isto parece ser devido a aum entos focais na pressão capilar pulm onar devido ao jato de regur gitação. As m alform ações arteriovenosas pulm onares são propensas ao sangram ento. O em bolism o p ulm onar tam bém pode levar ao d e senvolvim ento de hem optise, que é geralm ente associada com infar to pulm onar. A hipertensão arterial p ulm onar proveniente de outras causas raram ente resulta em hem optise.
■ AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA Para a m aioria dos pacientes, o pró x im o passo na avaliação da h e m optise deve ser u m a ra d io g ra fia to rác ic a padrão. Se a fonte de sangram ento não for identificada n a rad io g rafia de film e sim ples, u m a T C do tórax deve ser obtida. A T C p e rm ite m elh o r delineam en to da b ro n q u ie c ta sia , p re e n c h im e n to alveolar, in filtraç õ es cavitárias e m assas do que o raio X torácico; ela tam b é m fornece inform ação adicional sobre a linfadenopatia m ediastinal, que pode su sten tar um diagnóstico de m alig n id ad e torácica. O profissional deve considerar um p ro to co lo de T C p a ra avaliar a em bolia p u l m o n ar se a h istória ou exam e sugerirem trom boem bolism o venoso com o causa do sangram ento. E studos laboratoriais devem incluir um hem ogram a com pleto para avaliar hem atócrito bem com o contagem de plaquetas e estudos de coagulação. A função renal e o exam e de u rina devem ser ava liados devido a possibilidade de síndrom es pulm onares-renais p re sentes com hem optise. A insuficiência renal aguda ou hem ácias ou cilindros hem áticos no exam e de u rin a devem au m entar a suspeita de vasculite dos pequenos vasos e estudos com o anticorpos contra citoplasm a de neutrófilos (AN CA), an ticorpo anti-m em brana basal glom erular (anti-M B G ) e a nticorpos an tinuclear (AAN), deve ser considerado. Se um paciente estiver produzindo escarro, colorações de gram e álcool ácidos bem com o u m a cultura, devem ser obtidos.
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 286
Figura 34.2
Gráfico - avaliação da hemoptise. Árvore de decisão para a avaliação da hemoptise. Hm, hemograma completo; TC; tomografia computadorizada; RXT;
raio X do tórax.
Se todos estes estudos não forem reveladores, a broncoscopia deve ser considerada. Em qualquer paciente com um a história de ta bagismo, a inspeção das vias respiratórias deve ser parte da avaliação de nova hem optise. C om o estes pacientes têm risco aum entado de carcinom a broncogênico e as lesões endobrônquicas m uitas vezes não são confiavelm ente visualizadas na tom ografia com putadoriza da, a broncoscopia deve ser seriam ente considerada para conferir totalidade à avaliação.
TRATAMENTO
Hemoptise
Para a m aior parte dos profissionais, o tratam ento da hem optise irá variar com base em sua etiologia. C ontudo, a hem optise de grande volume, potencialm ente fatal geralm ente requer interven ção im ediata independentem ente da causa. O prim eiro passo é estabelecer um a via respiratória patente geralmente por meio de intubação endotraqueal e subsequente ventilação mecânica. À m edida que a m aioria das hem optises de grande volume surge de um a lesão nas vias respiratórias, é ideal se o local do sangram en to puder ser identificado p or im agem torácica ou broncoscopia (mais com um ente rígida do que flexível). O objetivo é então isolar o sangram ento a um pulm ão e não p erm itir que os espaços aére os preservados no outro pulm ão sejam preenchidos com sangue, prejudicando mais a troca gasosa. Os pacientes devem ser coloca dos com o pulm ão que sangra em um a posição dependente (isto é, o sangram ento para baixo) e, se possível, tubos endotraqueais de lúm en duplo ou um b loqueador das vias respiratórias deve ser colocado na via respiratória proxim al do pulm ão que sangra. Estas intervenções geralm ente requerem a ajuda de anestesiologistas, pneum onologistas intervencionais ou cirurgiões torácicos.
Se o sangram ento não p a rar com as terapias da causa su b jacente e a passagem do tem po, a hem optise grave proveniente das artérias brônquicas pode ser tra ta d a com em bolização angiográfica da artéria b rônquica culpada. E sta intervenção deve apenas ser em pregada nos casos m ais graves e letais de hem optise porque há um risco de em bolização não intencional da artéria espinal e conseqüente p araplegia com este procedim ento. As lesões endobrônquicas p o d e m ser tratad as com u m a variedade de intervenções direcionadas de m o d o broncoscópico, in clu in do cauterização e terapia com laser. Em condições extrem as, a resecção cirúrgica da região afetada do p u lm ão é considerada. A m aioria dos casos de hem optise irá se solucionar com o tra ta m ento da infecção ou processo inflam atório ou com a rem oção dos estím ulos ofensivos.
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CAPÍTULO
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Hipoxia e Cianose Joseph Loscalzo HIPOXIA O principal propósito do sistem a cardiorrespiratório é transportar 0 2 e substratos para as células e delas rem over o C 0 2 e outros p ro d u tos m etabólicos. A m anutenção adequada dessa função depende não som ente da integridade dos sistem as cardiovascular e respiratório, com o tam bém de um a quantidade adequada de hem ácias e hem oglo bina, bem com o de um fornecim ento de gás inspirado que contenha quantidade adequada de 0 2.
■ RESPOSTAS À HIPOXIA A dim inuição da disponibilidade de 0 2 para as células leva à inibi ção da fosforilação oxidativa e aum ento da glicólise anaeróbia. Essa passagem do m etabolism o aeróbio para o anaeróbio, o efeito Pasteur, conserva certa produção, em bora bastante reduzida, de adenosina 5’-trifosfato (ATP). Na hipoxia grave, q u ando a p rodução de ATP não se equipara às necessidades de energia do equilíbrio iônico e do osm ótico, a despolarização da m em brana celular leva a um influxo de Ca21 descontrolado e à ativação das fosfolipases e proteases d e pendentes de C a2+, eventos que provocam a turgência da célula e, p or fim, m orte celular. As adaptações à hipoxia são m ediadas, em parte, pelo estím ulo de genes que codificam um a variedade de proteínas, incluindo e n zim as glicolíticas, tais com o a fosfogliceratoquinase e a fosfofrutoquinase, bem com o os tran sp o rtad o res de glicose Glut-1 e G lut-2, além dos fatores de crescim ento, com o o fator de crescim ento en d o telial vascular (VEGF) e a eritropoietina, que aum enta a produção de eritrócitos. O aum ento na expressão destas proteínas fundam entais induzido pela hipoxia é governado pelo fator de transcrição sensível à hipoxia, o fato r-1 induzido p or hipoxia (HIF-1). D urante a hipoxia, as arteríolas sistêm icas se dilatam , pelo m e nos em parte, p o r m eio da a b ertu ra dos canais de K d e p en d en tes de ATP nas células do m úsculo liso vascular, devido à redução na concentração de ATP induzida pela hipoxia. Por o u tro lado, nas cé lulas do m úsculo liso vascular pulm onar, a inibição dos canais de K+ causa despolarização que ativa os canais de C a2+ d e p en d en tes de voltagem , elevando a [Ca2+] citossólica e causando a contração das células do m úsculo liso. A constrição arterial p u lm o n a r in d u zida pela hipoxia desvia o sangue de porções fracam ente ven tila das para outras porções do pu lm ão m elh o r ventiladas; entretanto, ele tam bém aum enta a resistência vascular p u lm o n a r e a pós-carga ventricular direita.
Efeitos no sistema nervoso central As alterações no sistem a nervoso cen tral (SNC), p a rticu la rm e n te nos centros superiores, representam conseqüências especialm ente im portantes da hipoxia. A hipoxia aguda leva ao com prom etim ento do julgam ento e da coordenação m otora, bem com o a um quadro clínico que lem bra a intoxicação aguda p o r álcool. A doença de al titudes elevadas caracteriza-se p o r d o r de cabeça secundária à vaso dilatação cerebral, sintom as gastrintestinais, tontura, insônia, fadiga ou sonolência. A constrição p u lm o n a r arterial e, algum as vezes, a venosa causa derram e capilar e edem a p u lm o n a r de altitude elevada (HAPE) (Cap. 33), que intensifica a hipoxia prom ovendo em segui da a vasoconstricção. R aram ente se desenvolve um edem a cerebral de altitude elevada (HA CE), que se m anifesta p o r d o r de cabeça grave e papiledem a, p o d e n d o levar ao com a. C onform e a hipoxia se to rn a m ais grave, os centros reguladores do tronco encefálico são afetados, e a m orte n o rm alm ente ocorre com o conseqüência de in suficiência respiratória.
■ CAUSAS DE HIPOXIA Hipoxia respiratória Q u ando a hipoxia ocorre a p a rtir da insuficiência respiratória, a pressão parcial de 0 2 no sangue arterial Pa0z dim inui e, quando a in suficiência respiratória persiste, a curva de dissociação hem oglobina-oxigênio ( H b -0 2) (Fig. 104.2) é deslocada para a direita, liberando quantidades m aiores de 0 2 em q ualquer nível de Pa02 tecidual. A hipoxem ia arterial, isto é, a redução da saturação de 0 2 no sangue arterial (Sa0z) e a conseqüente cianose costum am ser m ais m arcantes quando tal depressão de Pa0z resulta de doença pulm onar, se com pa rada à depressão que ocorre com o resultado de dim inuição na fração de oxigênio do ar inspirado (FiQ2). Nessa últim a situação, a PC02 cai secundariam ente à hiperventilação induzida pela anoxia, e a curva de dissociação H b - 0 2 é deslocada para a esquerda, lim itando a dim inui ção na As0z em qualquer nível de Pa0 r A causa mais com um da hipoxia respiratória é um a desigualdade da ventilação-perfusão resultante da perfusão de alvéolos m al venti lados. A hipoxem ia respiratória tam bém pode ser causada po r hipoventilação, caso em que está associada à elevação da Pa02 (Cap. 252). Essas duas form as de hipoxia respiratória habitualm ente são c o rri gíveis pela inspiração de 0 2 a 100% d u ran te vários m inutos. Um a terceira causa de hipoxia respiratória é a derivação de sangue através do pulm ão da artéria p ulm onar para o leito venoso (derivação intra pulm onar reversa) em virtu d e da perfusão de partes não ventiladas do pulm ão, com o na atelectasia p u lm o n ar ou p o r m eio de conexões arteriovenosas pulm onares. Nessa situação, a baixa Pa02 é apenas pa r cialm ente corrigida p o r um a Fi0z de 100%.
Hipoxia secundária à altitude elevada Q uando alguém sobe rapidam ente para 3.000 m , a redução do con teúdo de oxigênio no ar inspirado (FiQ2) leva a um a dim inuição na P0? alveolar de aproxim adam ente 60 m m H g, e se desenvolve um a condição cham ada de doença de altitude elevada (ver anteriorm ente). Em altitudes m ais elevadas, a saturação arterial dim inui rapidam ente, e os sintom as to rn am -se m ais graves; aos 5.000 m , as funções dos indivíduos não adaptados ao clim a geralm ente ficam com prom eti das, sendo responsáveis pelas alterações no funcionam ento do SNC descritas acima.
Hipoxia secundária à derivação extrapulmonar reversa Do ponto de vista fisiológico, essa causa de hipoxia assem elha-se à derivação intrap u lm o n ar reversa, porém é causada p o r m alform a ções cardíacas congênitas, com o a tetralogia de Fallot, transposição das grandes artérias e síndrom e de E isenm enger (Cap. 236). A exem plo da derivação p u lm o n ar reversa, a Pa0z não se norm aliza com a inspiração de 0 2 a 100%.
Hipoxia anêmica Um a redução na concentração de hem oglobina do sangue é acom pa nhada por um a dim inuição correspondente da sua capacidade carreadora de 0 2. Em bora a Pa0? seja norm al na hipoxia anêm ica, a quan tidade absoluta de 0 2 transportado p o r unidade de volum e de sangue se encontra dim inuída. C onform e o sangue anêm ico flui pelos capila res e a quantidade norm al de O z é dele rem ovida, a P02 e a saturação no sangue venoso decai em um a extensão m aior do que o norm al.
Intoxicação por monóxido de carbono (C0) (Ver tam bém C apítulo e-49.) A hem oglobina que se liga ao CO (carboxihem oglobina, C O H b) não fica disponível para o tran sp o rte de 0 2. Além disso, a presença da C O H b desloca a curva de dissociação H b-O z para a esquerda (Fig. 104.2), de m odo que o 0 2 se dissociará apenas a tensões inferiores, con trib u in d o posteriorm ente para a h i poxia tecidual.
Hipoxia circulatória Com o na hipoxia anêm ica, a Pa02 costum a ser norm al, porém os va lores da P02 venosa e tecidual ficam d im in u íd o s em conseqüência
F da perfusão tecidual reduzida e m aior extração tecidual de 0 2. Essa fisiopatologia leva a um aum ento na diferença de 0 2 arteriovenosa (diferença a -v -0 2) ou a um gradiente. A hipoxia circulatória genera lizada ocorre na insuficiência cardíaca (Cap. 234) e na m aioria das form as de choque (Cap. 270).
Hipoxia de órgãos específicos A hipoxia circulatória localizada po d e o correr com o resultado da perfusão dim inuída secundária à obstrução arterial, com o na ateros clerose localizada em qualquer leito vascular, ou com o conseqüência de vasoconstrição, conform e observado no fenôm eno de Raynaud (Cap. 249). A hipoxia localizada tam b ém po d e advir de obstrução venosa e da conseqüente expansão de fluido intersticial, causando com pressão arteriolar e, portanto, redução de influxo arterial. O ede m a, que aum enta a distância p o r m eio da qual o 0 2 deve se difundir antes de alcançar as células, pode tam bém causar hipoxia localizada. Em um a tentativa de m anter a perfusão adequada aos órgãos m ais vitais, em pacientes com débito cardíaco reduzido secundário à in suficiência cardíaca ou ao choque hipovolêm ico, a vasoconstrição pode reduzir a perfusão nos m em bros e na pele, causando a hipoxia dessas regiões.
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Necessidades de 02 aumentadas Se o consum o tecidual de 0 2 for elevado sem aum ento c orrespon dente da perfusão, a hipoxia tecidual irá se estabelecer, e a P02 no sangue venoso cairá. H abitualm ente, o quadro clínico do paciente com hipoxia devido à elevada taxa m etabólica, com o ocorre na febre ou tireotoxicose, é m uito diferente do secundário aos dem ais tipos de hipoxia; a pele m ostra-se úm ida e verm elha devido ao fluxo sanguí neo cutâneo aum entado que dispersa o excesso de calor produzido e, em geral, não há cianose. O exercício é um exem plo clássico de aum ento das necessida des teciduais de 0 2. Essas dem andas aum entadas são norm alm ente enfrentadas p or m eio de vários m ecanism os que atuam sim ultanea m ente: ( 1) aum ento do débito cardíaco e da ventilação, e, portanto, do transporte de 0 2 para os tecidos; (2 ) um deslocam ento preferen cial do fluxo sanguíneo para os m úsculos em exercício, p or m eio da alteração da resistência vascular nos leitos circulatórios de tecidos em exercício; (3) um aum ento da extração de 0 2 a p a rtir do sangue for necido e um a am pliação da diferença arteriovenosa de 0 2; e (4) um a redução do pH dos tecidos e do sangue capilar, deslocando a curva de H b - 0 2 p ara a direita (Fig. 104.2) e liberando m ais 0 2 da hem oglo bina. Caso a capacidade desses m ecanism os seja superada, sobrevirá hipoxia, especialm ente dos m úsculos em exercício.
Utilização inadequada de oxigênio O cianureto (Cap. e50) e vários outros venenos ativos causam h ip o xia celular. Os tecidos são incapazes de utilizar o 0 2 e, em conseqüên cia, o sangue venoso tende a apresentar elevada tensão de 0 2, distúr bio cham ado de hipoxia histotóxica.
■ ADAPTAÇÃO À HIPOXIA U m im portante com ponente da resposta respiratória à hipoxia se origina em células quim iossensitivas especiais nos corpos carótido e aórtico, bem com o no centro respiratório do tro n co encefálico. O estím ulo dessas células pela hipoxia aum enta a ventilação, com perda de C 0 2, e pode levar à alcalose respiratória. Q uando com binado à acidose metabólica resultante da produção de ácido láctico, o nível de bicarbonato sérico dim inui (Cap. 47). C om a redução da Pa0z, a resistência vascular cerebral dim inui, e o fluxo sanguíneo cerebral aum enta, na tentativa de m anter o tran s p orte de 0 2 para o cérebro. E ntretanto, quando a redução da Pa0z é acom panhada de hiperventilação e redução da PaCQ2, a resistência vascular cerebral aum enta, o fluxo sanguíneo cerebral dim inui e a hipoxia tecidual se intensifica. A vasodilatação sistêm ica difusa que ocorre na hipoxia gene ralizada aum enta o débito cardíaco. N os pacientes com patologia cardíaca subjacente na vigência de hipoxia, a necessidade de um
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aum ento do débito cardíaco p o r p arte dos tecidos periféricos pode desencadear insuficiência cardíaca congestiva. Nos pacientes com patologia cardíaca isquêm ica, um a Pa02 reduzida pode intensificar a isquem ia m iocárdica e agravar a função ventricular esquerda. Um dos im portantes m ecanism os com pensatórios da hipoxia crônica é um aum ento na concentração de hem oglobina e no nú m e ro de eritrócitos no sangue circulante, isto é, o desenvolvim ento de policitem ia secundária à produção de eritropoietina (Cap. 108). Em pacientes com hipoxia crônica secundária à perm anência prolonga da em altitudes elevadas (> 13.000 pés, 4.200 m ), desenvolve-se um a condição cham ada de doença crônica da montanha. Este distúrbio é caracterizado por um im pulso respiratório abrupto, ventilação redu zida, eritrocitose, cianose, fraqueza, alargam ento ventricular direito secundário à hipertensão p u lm o n ar e até inconsciência.
CIANOSE Cianose refere-se a um a coloração azulada da pele e das mucosas que resulta de aum ento da quantidade de hem oglobina reduzida (isto é, hem oglobina desoxigenada) ou de derivados da hem oglobina (p. ex. m etem oglobina ou sulfem oglobina), nos p equenos vasos sanguíneos daqueles tecidos. C ostum a ser m ais acentuada nos lábios, nos leitos ungueais, nas orelhas e proem inências malares. A cianose, em especial a de início recente, é detectada mais co m um ente por um fam iliar que pelo paciente. A pele florida típica da policitem ia vera (Cap. 108) precisa ser diferenciada da verdadeira cianose. Um rubor cor de cereja, e não a cianose, é desencadeado pela C O H b (Cap. e50). O grau de cianose é m o d ific ad o pela cor do pigm ento c u tâ neo, espessura da pele e estado dos capilares cutâneos. A detecção clínica exata da presença e d o grau da cianose é difícil, conform e com provado p o r estudos oxim étricos. Em algum as circunstâncias, a cianose central pode ser detectada com segurança quando a Sa02 caiu para 85%; em outras, p a rticu la rm e n te em pessoas de pele es cura, não pode ser detectada até que ten h a havido um a queda para 75%. No últim o caso, o exam e das m ucosas da cavidade oral e das conjuntivas, em vez do exam e da pele, é m ais útil para a detecção de cianose. O aum ento na quantidade de hem oglobina reduzida nos vasos cutaneom ucosos que pro d u z a cianose pode ser provocado por au m ento da quantidade de sangue venoso, com o resultado da dilatação das vênulas e term inais venosos dos capilares, ou por dim inuição da SaQ2 no sangue capilar. Em geral, a cianose torna-se aparente quando a concentração de hem oglobina reduzida ultrapassa 40 g/L (4 g/dL) no sangue do capilar. É a quantidade absoluta, em vez da relativa, de hem oglobina re duzida que im porta na p rodução da cianose. Por isso, no paciente com anem ia grave, a quantidade relativa de hem oglobina reduzida nas veias pode ser m uito grande q u ando considerada com relação à quantidade total de hem oglobina no sangue. Entretanto, com o a concentração dessa ú ltim a m o stra-se acentuadam ente reduzida, a quantidade absoluta de hem oglobina reduzida ainda pode ser peque na, po r isso os pacientes com anem ia grave e m esm o aqueles com dessaturação arterial acentuada p odem não apresentar cianose. Por outro lado, quanto m aior o conteúdo de hem oglobina total, m aior a tendência à cianose; assim , os pacientes com policitem ia acentua da tendem a m anifestar cianose em níveis de Sa02 mais elevados que aqueles com valores norm ais de hem atócrito. De m odo semelhante, a congestão passiva local, que provoca um aum ento na quantidade total de hem oglobina reduzida nos vasos de dada região, pode causar cianose, a qual tam bém é observada quando a hem oglobina não fun cional, com o a m etem oglobina ou a sulfem oglobina (Cap. 104), está presente no sangue. A cianose pode ser subdividida nos tipos central e periférica. Na cianose central, a Sa02 fica reduzida ou há um derivado anorm al da hem oglobina, e tanto as m ucosas quan to a pele são acom etidas. A cianose periférica deve-se a u m fluxo sanguíneo m ais lento e a um a extração anorm alm ente elevada de 0 2 a pa rtir do sangue arterial com saturação norm al; ela resulta da vasoconstricção e dim inuição do flu
xo de sangue periférico, com o ocorre na exposição ao frio, no ch o que, na insuficiência congestiva e na doença vascular periférica. Com frequência, nesses distúrbios as m ucosas da cavidade oral ou aquela debaixo da língua podem ser poupadas. A diferenciação clínica entre as cianoses central e periférica nem sem pre é simples e, em situações com o o choque cardiogênico com edem a pulm onar, pode haver um a m istura de am bos os tipos.
■ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Cianose centrai
Cianose periférica Provavelm ente, a causa m ais com um da cianose periférica é a vasoconstricção norm al resultante da exposição à água ou ar frio. Q u an do o débito cardíaco está reduzido, a vasoconstricção cutânea ocorre com o m ecanism o com pensatório, de m odo que o sangue é desviado da pele para regiões m ais vitais, com o o SNC e o coração, podendo sobrevir cianose dos m em bros, em bora 0 sangue arterial fique n o r m alm ente saturado. A obstrução arterial de um m em bro, com o a acarretada p o r um êm bolo, ou a constrição arteriolar, com o no vasoespasm o induzido pelo frio (fenôm eno de Raynaud) (Cap. 249), geralm ente resultam em palidez e resfriam ento, p o d e n d o o c o rre r cianose associada. A obstrução venosa, com o na trom boflebite, dilata os plexos venosos subpapilares e, desse m odo, intensifica a cianose.
Hipoxia e Cianose
(Q uadro 35.1) A dim inuição da Sa0l origina-se de redução acentua da na Pa02, que pode ser desencadeada po r um declínio na FiD2 sem hiperventilação alveolar com pensatória suficiente para m anter a Po2 alveolar. A cianose geralm ente se m anifesta em u m a subida à altitude de 4.000 m (13.000 pés). U m a função pulm onar gravemente dim inuída pela perfusão de áreas pulm onares não ventiladas ou m alventiladas, ou p o r hipoventilação alveolar é um a causa com um de cianose central (Cap. 252). Este distúrbio pode o correr de form a aguda, com o na p neum onia extensa ou no edem a pulm onar, ou crônica em associação a doenças pulm onares crônicas (p. ex., enfisem a). Na últim a circunstância, em geralocorre policitem ia secundária, p o d e n d o o c o rre r o baqueteam ento digital (ver adiante). O utra causa de Sa02 reduzida é a deriva ção do sangue venoso sistêmico para 0 circuito arterial. C ertas form as de cardiopatias congênitas estão associadas à cianose na sua origem (ver anteriorm ente e C apítulo 236). A fístu la arteriovenosa pulm onar pode ser congênita ou ad q u iri da, solitária ou m últipla, m icroscópica ou maciça. A gravidade da cia nose produzida por essas fístulas depende de seu tam anho e núm ero. Elas ocorrem com algum a frequência na telangiectasia hem orrágica hereditária. Redução da Sa02 e cianose tam bém p odem o correr em alguns pacientes com cirrose, possivelm ente com o conseqüência de fístulas arteriovenosas pulm onares ou de anastom oses entre as veias po rta e pulm onar.
Em pacientes com derivação reversa cardíaca ou pulm onar, a presença e gravidade da cianose dependem do tam anho da derivação em relação ao fluxo sistêmico, bem com o da saturação de H b - 0 2 no sangue venoso. C om a extração aum entada de 0 2 do sangue pelos m úsculos em exercício, o sangue venoso que retorna para o lado d i reito do coração fica m ais insaturado que em repouso, e o desvio des se sangue intensifica a cianose. A policitem ia secundária ocorre fre quentem ente em pacientes nesta situação e contribui para a cianose. A cianose po d e ser causada p o r p equenas quantidades de m ete m oglobina (H bFe3*) circulante e q u antidades ainda m enores de su l fem oglobina (Cap. 104); am bos os derivados da hem oglobina são incapazes de se ligar ao oxigênio. E m bora sejam causas incom uns de cianose, essas espécies anorm ais da hem oglobina devem ser pes quisadas pela espectroscopia, q u a n d o a cianose não é p rontam ente explicada p o r disfunções dos sistem as circulatórios ou respiratórios. Em geral, não ocorre b aqueteam ento digital em associação a elas.
Cianose C ertas características são im p o rtan tes para a detecção da causa da cianose:
QUADRO 35.1
Causas da cianose
Cianose central Saturação do oxigênio arterial diminuída Pressão atmosférica diminuída - altitude elevada Função pulmonar comprometida Hipoventilação alveolar Relações não balanceadas entre a ventilação e a perfusão pulmonar (perfusão de alvéolos hipoventilados) Difusão de oxigênio comprometida Desvios anatômicos Certos tipos de insuficiência cardíaca congênita Fístulas arteriovenosas pulmonares Desvios intrapulmonares pequenos e múltiplos Hemoglobina com baixa afinidade pelo oxigênio Anomalias da hemoglobina Metemoglobinemia - hereditária, adquirida Sulfemoglobinemia - adquirida Carboxihemoglobinemia (cianose não verdadeira)
Cianose periférica
1. É im p o rta n te c ertific ar-se do m o m e n to da aparição da cianose. A cianose p re sen te desde o n a sc im en to ou p ri m eiro ano de vida em geral orig in a-se de cardiopatia co n gênita. 2. É preciso diferenciar entre a cianose central e a periférica. As evidências de d istúrbios dos sistem as respiratórios ou cardiovasculares são úteis. A m assagem ou o aquecim ento m oderado do m em bro cianótico au m en ta o fluxo sanguí neo periférico e elim ina a cianose periférica, m as não a cia nose central. 3. A presença ou a ausência de baqueteam ento digital (ver adiante) deve ser assinalada. A associação da cianose ao baqueteam ento digital é freqüente nos pacientes com car diopatia congênita e naqueles com shunt reverso, sendo ob servada ocasionalm ente em pacientes com patologias p u l m onares, com o abscesso pulm onar ou fístula arteriovenosa pulm onar. D iferentem ente, a cianose periférica ou o desen volvim ento súbito de cianose central não estão associados ao baqueteam ento digital. 4. A Pa02 e Sa0? devem ser determ inadas e, nos pacientes com cianose cujo m ecanism o seja obscuro, o exam e espectroscópico do sangue deve ser realizado, para se pesquisar tipos anorm ais de hem oglobina (cruciais ao diagnóstico diferen cial da cianose).
Débito cardíaco diminuído Exposição ao frio Redistribuição do fluxo sanguíneo a partir das extremidades Obstrução arterial Obstrução venosa
BAQUETEAMENTO DIGITAL O aum ento bulbiform e seletivo dos segm entos distais dos dedos das m ãos e dos pés, devido à proliferação do tecido conectivo, particular
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
m ente na face dorsal, é cham ado de baqueteamento digital; tam bém se observa um esponjam ento aum entado do tecido m ole na base da u n h a baqueteada. O baqueteam ento pode ser hereditário, idiopático ou adquirido, bem com o associado a um conjunto de patologias, incluindo a cardiopatia congênita cianótica (ver anteriorm ente), e n docardite infecciosa e um a variedade de afecções pulm onares (entre elas, os cânceres prim ários e m etastáticos de pulm ão, a bronquiecta sia, a asbestose, a sarcoidose, o abscesso pulm onar, a fibrose cística, a tuberculose e o m esoteliom a), assim com o a algum as patologias gastrintestinais (incluindo doença inflam atória intestinal e cirrose hepática). Em alguns casos, ele é ocupacional, p o r exemplo, com o no caso dos operadores de m artelos. O baqueteam ento digital em pacientes com cânceres de pulm ão prim ário e m etastático, m esoteliom a, bronquiectasia ou cirrose h e pática pode estar associado à osteoartropatia hipertrófica, distúrbio em que a form ação subperiosteal de osso novo nas diáfíses distais dos ossos longos dos m em bros causa d or e alterações sim étricas sem e lhantes à artrite nos om bros, joelhos, tornozelos, pulsos e cotovelos. O diagnóstico de osteoartropatia hipertrófica pode ser confirm ado pela radiografia ou RM dos ossos. E m bora o m ecanism o do baque team ento seja desconhecido, parece advir de substâncias hum orais que causam a dilatação dos vasos dos dígitos distais, bem com o de fatores de crescim ento liberados de precursores de plaquetas não fragm entados na circulação digital.
CAPÍTULO
36
Edema Eugene Braunwald Joseph Loscalzo O edema é definido clinicam ente com o u m aum ento aparente do v o lum e de líquido intersticial, que pode chegar a vários litros ou mais, antes que a anom alia se torne evidente. Por isso, um ganho p o n d e rai de vários quilogram as habitualm ente precede as m anifestações evidentes do edem a, e um a perda p onderai sem elhante pela diurese pode ser induzida em paciente levem ente edem atoso, até que ele al cance seu peso seco. Anasarca é um edem a m aciço e generalizado. Ascite (Cap. 43) e hidrotórax referem -se ao acúm ulo de excesso de lí quido, respectivam ente, no peritônio e nas cavidades pleurais, sendo considerados form as especiais de edem a. De acordo com sua causa e m ecanism o, o edem a p ode ser locali zado ou apresentar distribuição generalizada. O edem a é reconheci do, em sua form a generalizada, p or inchaço da face, mais p rontam en te evidente nas áreas periorbitais, e persistência de u m a reentrância da pele após compressão; esta é conhecida com o “cacifo” do edema. Em sua form a m ais sutil, pode ser detectado pela observação de que, após afastar-se o estetoscópio da parede torácica, a cam pânula deixou um a reentrância na pele do tórax que perm anece p o r alguns m in u tos. Q uando um anel em um dedo fica m ais apertado que antes, ou q uando um paciente se queixa de dificuldade em calçar os sapatos, particularm ente na parte da tarde, pode haver edem a.
■ PATOGENIA A proxim adam ente um terço da água corporal total está confinado no espaço extracelular. A proxim adam ente 75% deste constituem o líquido intersticial, e o restante está no com partim ento plasmático.
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A g r a d e c im e n t o s Dr. Eugene Braunw ald fo i o autor deste capítulo na edição anterior. Parte do m aterial da 17a edição fo i aproveitado.
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cidas com o forças de Starling. A pressão hidrostática no interior do sistema vascular e a pressão oncótica no líquido intersticial tendem a prom over o m ovim ento de líquido do espaço vascular para o extravascular. Em contraste, a pressão oncótica exercida pelas proteínas plasmáticas e a pressão hidrostática no interior do líquido intersticial prom ovem a m ovim entação de líquido para o interior do com parti m ento vascular. Com o conseqüência dessas forças, há um m ovim ento de água e solutos difusíveis a p artir do espaço vascular na extrem idade arteriolar dos capilares. O líquido retorna do espaço intersticial para o sis tem a vascular na extrem idade venosa dos capilares e p or interm édio dos vasos linfáticos. A m enos que esses canais sejam obstruídos, o fluxo linfático aum enta à m edida que o m ovim ento final de líqui do do com partim ento vascular para o interstício tam bém se torna maior. Esses fluxos n o rm alm ente estão equilibrados, de m odo que ocorre um a estabilidade dinâm ica entre os volum es dos com parti m entos intravascular e intersticial, ainda que ocorra um a grande tro ca entre eles. Entretanto, caso o gradiente de pressão hidrostática ou oncótica seja alterado significativam ente, ocorrerá um m ovim ento final adicional de líquido entre os dois com ponentes do espaço ex tracelular. Então, o aparecim ento de edem a depende de um a ou mais alterações das forças de Starling, de m odo que haja um aum ento do fluxo de líquido do sistem a vascular para o interstício ou para um a cavidade corporal. O edem a secundário a um aum ento da pressão capilar pode re sultar de elevação da pressão venosa causada pela obstrução para a drenagem venosa e/ou linfática. U m aum ento na pressão capilar pode ser generalizado, com o ocorre na insuficiência cardíaca con gestiva (ver abaixo). As forças de Starling tam bém p odem estar de sequilibradas quando a pressão oncótica do plasm a estiver reduzi da, devido a q ualquer fator que possa in d u zir a hipoalbum inem ia, tal com o a d esnutrição grave, doença hepática, p erd a de proteína na urin a ou pelo trato g astrintestinal, ou estado catabólico in ten so. O edem a p oderá estar localizado em u m a extrem idade quando a pressão venosa estiver elevada devido à trom boflebite unilateral (ver abaixo).
Forças de Starling
Lesão capilar
As forças que regulam a disposição dos líquidos entre esses dois com ponentes do com partim ento extracelular são frequentem ente conhe
O edema tam bém pode resultar de lesão do endotélio capilar, que au m enta sua perm eabilidade e perm ite o transporte de proteínas para o
com partim ento intersticial. A lesão da parede capilar pode resultar do uso de m edicam entos, agentes virais ou bacterianos, e traum atism os térm icos ou m ecânicos. A perm eabilidade ca pilar aum entada tam bém pode ser conseqüên cia de reação de hipersensibilidade e sua lesão im une típica. A lesão do endotélio capilar é, possivelm ente, responsável pelo edem a infla m atório, que em geral não produz cacifo, sen do localizado e acom panhado de outros sinais de inflam ação, isto é, rubor, calor e dor.
Redução do volume arterial efetivo
CAPÍTULO 36
Em m uitas form as de edem a, o volum e san guíneo arterial efetivo, um parâm etro que re presenta o enchim ento da árvore arterial, fica reduzido. O enchim ento insuficiente da árvo re arterial pode ser causado por um a redução do débito cardíaco e/ou da resistência vascular sistêmica. C om o conseqüência do enchim en to insuficiente, é acionada um a série de res postas fisiológicas voltadas para restabelecer o volum e arterial efetivo norm al. Um elem ento fundam ental dessas respostas é a retenção de NaCl e, em conseqüência, de H 20 , levando p o r fim ao edema.
03
Fatores renais e o sistema renina-angiotensina-aldosterona (RAA) (Ver tam b ém C apítulo 342.) Em últim a aná lise, a retenção renal de N a+ é fundam ental para o desenvolvim ento de edem a generaliza do (Fig. 36.1). O fluxo sanguíneo renal dim i nuído, característico dos estados nos quais o volum e de sangue arterial efetivo está reduzi do, é traduzido pelas células justaglom erulares renais (células m ioepiteliais especializadas em torno da arteríola aferente) com o um si nal para m aior liberação de renina. A renina é um a enzim a com peso m olecular em torno de 40.000 D a que age no seu substrato, o angiotensinogênio, um a a 2-globulina sintetizada pelo fígado, para liberar angiotensina I, um decapeptídio que p o r sua vez é convertido em angiotensina II (A II), um octapeptídio. A AII possui propriedades vasoconstritoras generalizadas; é especialm ente ativa sobre as arteríolas eferentes renais. Este efeito reduz a pressão hidrostática nos capilares peritubulares, enquanto a fração de filtração aum entada eleva a pressão osm ótica coloidal nesses vasos, aum entando, assim , a reabsorção de N aCl e Figura 36.1 Condições clínicas nas quais uma redução do débito cardíaco (A) e vasodilação arte H zO nos túbulos proxim ais, assim com o no rial sistêmica (B) levam a um menor preenchimento arterial, resultando em ativação neuro-humoral e reten ram o ascendente da alça de Henle. ção renal de sódio e água. Além de ativar o eixo neuro-humoral, o estímulo adrenérgico causa vasoconstricção O sistem a ren in a-an g io ten sin a-ald o sterenal e aumenta o transporte de sódio e fluido através do epitélio do túbulo proximal. SNS, sistema nervoso rona (RAA) tem sido reconhecido há algum simpático; SRAA, sistema renina-angiotensina aldosterona. (Reproduzida a partir de RW SchrienAnn Intern Med tem po com o um sistem a ho rm o n al; e n tre 113:155, 1990.) tanto, tam b ém o pera a nível local. A A II produzida no interior do rim contribui para especialm ente durante o exercício, é responsável pela dim inuição do a constrição arteriolar eferente glom erular, e catabolism o hepático da aldosterona. essa retro alimentação tubuloglomerular leva à retenção de sal e água Q uantidades aum entadas de aldosterona são secretadas na insu e, portanto, contribui para a form ação do edem a. ficiência cardíaca e em outros estados edem atosos, e o bloqueio da A AII que penetra na circulação sistêm ica estim ula a produção ação da aldosterona pela espironolactona ou eplerenona (antagonista de aldosterona pela zona glom erulosa do córtex suprarrenal. A alda aldosterona) ou pela am ilorida (um bloqueador dos canais epitedosterona aum enta a reabsorção de N a+ (e a excreção de K+) pelo liais de N a+) m uitas vezes induz a u m a diurese m oderada nos estados túbulo coletor. Em pacientes com insuficiência cardíaca, não só a se edem atosos. Ainda, níveis persistentem ente elevados de aldosterona creção de aldosterona fica elevada, m as tam bém a tVi biológica dela (ou outros m ineralocorticoides) isolada nem sem pre prom ovem o é prolongada, o que leva em seguida a um aum ento do nível p las acúm ulo de edem a, conform e com provado pela ausência de retenção m ático do horm ônio. U m a dim inuição do fluxo sanguíneo hepático,
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hídrica significativa na m aioria dos casos de aldosteronism o p rim á rio (Cap. 342). Além disso, em bora os indivíduos norm ais retenham certa quantidade de N aCl e H zO com a adm inistração de um m ineralocorticoide potente, com o o acetato de desoxicorticosterona e fludrocortisona, esse acúm ulo é autolim itado apesar da continuidade da exposição ao esteroide, fenôm eno conhecido com o escape de mineralocorticoide. Nos indivíduos norm ais que recebem altas doses de m ineralocorticoides, a incapacidade de acum ular grandes quantida des de líquido extracelular e desenvolver o edem a é provavelm ente um a conseqüência de um aum ento na taxa de filtração glom erular (natriurese de pressão) e da atuação de substâncias natriuréticas (ver adiante). A secreção continuada de aldosterona pode ser m ais im por tante para o acúm ulo de líquido nos estados edem atosos, visto que os pacientes com edem a secundário à insuficiência cardíaca, síndrom e nefrótica e cirrose hepática geralm ente são incapazes de corrigir o déficit do volum e sanguíneo arterial efetivo. Em conseqüência, eles não desenvolvem natriurese de pressão.
Arginina vasopressina (AVP)
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
(Ver tam bém C apítulo 340.) A secreção de AVP ocorre em resposta a um aum ento da concentração osm olar intracelular e m ediante a estim ulação dos receptores V2. A AVP aum enta a reabsorção de água livre nos túbulos renais distais e no dueto coletor, aum entando, as sim, a água corporal total. A AVP circulante fica elevada em m uitos pacientes com insuficiência cardíaca, secundariam ente a um estím u lo não osm ótico associado à dim inuição do volum e arterial efetivo. Tais pacientes deixam de apresentar a redução norm al de AVP com um a redução da osm olalidade, contribuindo p ara a form ação de ede m a e hiponatrem ia.
Endotelina Esse potente peptídio vasoconstritor é liberado pelas células endoteliais. A sua concentração m ostra-se elevada na insuficiência cardíaca e contribui para a vasoconstricção renal, a retenção de N a+ e o edem a na insuficiência cardíaca.
Peptídios natriuréticos A distensão atrial e/ou um a carga de N a+ levam à liberação na cir culação do peptídio natriurético atrial (A N P), um polipeptídio; um precursor do AN P de alto peso m olecular é arm azenado nos grânu los secretores no interior dos m iócitos atriais. A liberação do ANP causa ( 1) a excreção de sódio e água pelo aum ento da taxa de filtra ção glom erular, da inibição da reabsorção de sódio no túbulo proxi m al e da inibição da liberação de renina e aldosterona; e (2) dilatação arteriolar e venosa pela neutralização das ações vasoconstritoras da AII, AVP e estim ulação sim pática. Por isso, o A N P tem a capacidade de opor-se à retenção de N a' e à elevação da pressão arterial nos estados hipervolêm icos. O peptídio n atriurético cerebral (BNP) intim am en te relacio nado é arm azenado prim ariam ente no m iocárdio ventricular, se n do liberado quando a pressão diastólica ventricular aum enta. Suas ações são sem elhantes às do ANP e tanto BNP quanto ANP se ligam ao receptor-A natriurético, que é encontrado no m iocárdio. A inda existe outro peptídio natriurético, o tipo-C (CN P), que é de origem endotelial e renal. CNP se liga preferencialm ente ao peptídio natriu rético receptor-B, que é expresso principalm ente nas veias. Os níveis circulantes de AN P e BNP encontram -se elevados na insuficiência cardíaca congestiva e na cirrose com ascite, porém obviam ente não o suficiente para prevenir a form ação de edem a. Além disso, nos es tados edem atosos ocorre um a resistência anorm al às ações dos p ep tídios natriuréticos.
■ CAUSAS CLÍNICAS DO EDEMA Obstrução da drenagem venosa e linfática de um membro N esta situação, a pressão h id ro stá tic a no leito cap ilar acim a da o b stru ç ã o (pro x im al) a u m e n ta, de m o d o que u m a q u a n tid a d e
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an o rm al de líquido é tran sferid a do espaço vascular p a ra o in te rs ticial. C om o a via alternativa (isto é, os canais linfáticos) tam bém p o d e estar o b stru íd a ou p re en c h id a no seu nível m áxim o, ocorre um aum ento do volum e do líquido intersticial no m em bro (isto é, o corre o ap risio n a m en to de líq u id o no in terstício da e x tre m id a de). O deslocam ento de fluido p a ra um m em bro po d e o co rrer em d e trim e n to do volum e sa n g u ín eo no resto do corpo, reduzindo, p o rtan to , o volum e sanguíneo arterial efetivo e levando à retenção de N aC l e H 20 até que o déficit do volum e plasm ático ten h a sido corrigido.
Insuficiência cardíaca congestiva (Ver tam bém C apítulo 234.) Nessa patologia, o esvaziam ento sistólico deficiente do(s) ventrículo(s) e/ou a dim inuição do relaxam ento ventricular prom ovem um acúm ulo de sangue na circulação veno sa à custa do volum e arterial efetivo, desencadeando a seqüência de eventos m encionada (Fig. 36.1). N a insuficiência cardíaca leve, um pequeno aum ento do volum e sanguíneo total pode corrigir o déficit do volum e arterial e estabelecer um a nova estabilidade dinâm ica. Por m eio da ação da lei de Starling no coração, um aum ento do volume diastólico ventricular prom ove um a contração m ais vigorosa e pode, assim, m anter o débito cardíaco. Entretanto, se a doença cardíaca for m ais grave, a retenção h ídrica continuará, e o increm ento do volu m e sanguíneo irá acum ular-se na circulação venosa, aum entando a pressão venosa e causando edem a. O esvaziam ento ventricular incom pleto (insuficiência cardíaca sistólica) e/ou o relaxam ento ventricular inadequado (insuficiência cardíaca diastólica) elevam a pressão diastólica ventricular. Caso a deficiência da função cardíaca acom eta principalm ente o ventrículo direito, as pressões nas veias e capilares sistêmicos se elevam, levando a um aum ento da transudação de líquido para o interior do espaço intersticial, e aum entando a probabilidade de edem a periférico. A pressão venosa sistêmica elevada é transm itida para o dueto torácico, com a conseqüente redução da drenagem linfática, aum entando ain da mais o acúm ulo de edem a. Se o com prom etim ento da função cardíaca atingir principalm en te o ventrículo esquerdo, as pressões venosas e capilares pulm onares aum entarão. A pressão arterial pulm onar subirá, o que irá interfe rir no esvaziam ento do ventrículo direito, gerando um aum ento das pressões diastólica v entricular direita bem com o venosas central e sistêmica, aum entando a probabilidade de form ação de edem a p e riférico. A elevação da pressão capilar pulm onar pode causar edem a pulm onar, que dim inui a troca gasosa. A resultante hipoxem ia pode prejudicar ainda m ais a função cardíaca, às vezes causando um cír culo vicioso.
Síndrome nefrótica e outros estados hipoalbuminêmicos (Ver tam b é m C a p ítu lo 283.) A principal alteração nessa doença é um a dim inuição da pressão oncótica coloidal devido à perda de grandes quantidades de proteína na urina. Com a hipoalbum inem ia grave e a conseqüente redução da pressão osm ótica coloidal, o NaCl e a H 20 retidos não p o d em ser m antidos no interior do com parti m ento vascular, e os volum es total e efetivo do sangue arterial dim i nuem . Este processo inicia a seqüência de eventos descritos anterior m ente, form adora do edem a, incluindo a ativação do sistem a RAA. Um a seqüência sem elhante de eventos ocorre em outros distúrbios que levam à hipoalbum inem ia grave, tais com o ( 1) os estados de de ficiência nutricional grave, (2) a doença hepática crônica grave (ver abaixo), e (3) a enteropatia perd ed o ra de proteína, que leva à defi ciência de proteína.
Cirrose (Ver tam bém C apítulos 443 e 308.) Esse distúrbio caracteriza-se em parte por bloqueio do fluxo venoso hepático, o qual expande o vo lum e sanguíneo esplâncnico e aum enta a form ação hepática de linfa. A hipertensão intra-hepática atua como um estím ulo à retenção renal de N a+ e redução do volum e sanguíneo arterial efetivo. Essas
QUADRO 36.1
Fármacos associados à formação de edema
Anti-inflamatórios não esteroides Agentes anti-hipertensivos Vasodilatadores diretos arterial/arteriolar Hidralazina
■ EDEMA GENERALIZADO O Q u ad ro 36.2 m ostra as diferenças entre as principais causas do edem a generalizado. A m aioria dos pacientes com edem a generalizado desenvolve doença cardíaca, renal, hepática ou nutricional avançadas. Em co n seqüência, o diagnóstico diferencial do edem a generalizado deve ser direcionado à identificação ou exclusão dessas várias patologias.
Cionidina
Edema da insuficiência cardíaca
Guanetidina
(Ver tam b ém C apítulo 234.) A presença de um a cardiopatia, m a nifestada p o r cardiom egalia e um ritm o de galope, ju n to com evi dências de insuficiência cardíaca, com o dispnéia, estertores basais, distensão venosa e hepatom egalia, geralm ente indica que o edem a resulta de insuficiência cardíaca. Testes não invasivos, com o o eco cardiogram a, podem ser úteis no estabelecim ento do diagnóstico de doença cardíaca. O edem a da insuficiência cardíaca ocorre nas p o r ções dependentes do corpo.
Minoxidil Antagonistas dos canais de cálcio Antagonistas a-adrenérgicos Tiazolidinedionas Hormônios esteroides Glicocorticoides Esteroides anabólicos Estrogênios Progestinas Ciclosporina Hormônio do crescimento Imunoterapias Interleucina 2 Anticorpo monoclonal OKT3 Fonte: Chertow.
alterações frequentem ente são com plicadas pela h ip oalbum inem ia secundária à redução da síntese hepática assim com o pela vasodi latação sistêm ica. Estes efeitos reduzem m ais o volum e sanguíneo arterial efetivo, levando à ativação do sistem a RAA, dos nervos sim páticos renais e de outros m ecanism os da retenção de NaCl e H 20 . A concentração da aldosterona circulante m ostra-se frequentem ente elevada pela incapacidade do fígado de m etabolizar esse horm ônio. N o início, o excesso de líquido intersticial localiza-se preferencial m ente proxim al (a m ontante) do sistem a venosos portais congestos e linfáticos hepáticos obstruídos, isto é, na cavidade peritonial (ascite, Cap. 443). Nos estágios avançados, particu larm en te quando há h i poalbum inem ia grave, pode ocorrer edem a periférico. Na cirrose, a produção excessiva de prostaglandinas (PGE2 e PG I2) atenua a reten ção renal de N a+. Q uando a síntese dessas substâncias é inibida p or anti-inflam atórios não esteroides (AINEs), a função renal se deterio ra, e a retenção de N a+ aum enta.
Edema induzido por fármacos Um grande núm ero de fárm acos am plam ente utilizados pode provo car edem a (Q uadro 36.1). Os m ecanism os consistem em vasoconstricção renal (AINEs e ciclosporina), dilatação arteriolar (vasodilata dores), aum ento da reabsorção de N a+ (horm ônios esteroides) e lesão capilar (interleucina 2).
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Edema da glomerulonefrite aguda e outras formas de insuficiência renal (Ver tam b ém C apítulos 283.) O edem a que ocorre nas fases agudas da glom erulonefrite é associado à hem atúria, proteinúria e h iperten são arterial. E m bora algum as evidências apoiem a hipótese de que a retenção hídrica se deva a u m aum ento da perm eabilidade capilar, na m aioria das circunstâncias o edem a resulta principalm ente da retenção de NaCl e H 20 pelos rins em conseqüência da insuficiência renal. Esse distúrbio diferencia-se da insuficiência cardíaca congesti va pelo fato de se caracterizar p o r um débito cardíaco norm al (ou, às vezes, ainda aum entado) e u m a diferença arteriovenosa de oxigênio norm al. Os pacientes com edem a secundário à insuficiência renal co m um ente apresentam evidências de hipertensão arterial e congestão pulm onar nas radiografias de tórax m esm o na ausência de cardiom e galia, m as podem não ter ortopneia. Os pacientes com insuficiência renal crônica tam bém p o d em desenvolver edem a devido principal m ente à retenção renal de NaCl e H 20 .
CAPÍTULO 36
Metildopa
3
Edema da síndrome nefrótica (Ver ta m b é m C a p ítu lo 283.) A p ro te in ú ria m arcan te (> 3,5 g/dia), a h ip o alb u m in e m ia (< 35 g/L) e em alguns casos, a hipercolesterolem ia estão presentes. E sta sín d ro m e p o d e o c o rre r d u ra n te o curso de u m a v a rie d ad e de d o e n ça s ren ais, que in clu em g lo m e ru lo n e frite, glom érulo-esclerose diab ética e reações de h ipersensibilidadde. U m a h istó ria prévia de in suficiência ren al p o d e rá ou n ão ser estim ulada.
Edema de cirrose (Ver ta m b é m C a p ítu lo 308.) A ascite e as evidências bioquím icas e clínicas de d o en ça hep ática (circulação venosa colateral, icterícia e telangiectasias) caracterizam o edem a de origem hepática. A ascite (C ap. 443) com freq u ê n c ia é re fra tária ao tratam e n to , p o rq u e se acum ula em conseq ü ên cia da associação e n tre o b stru ç ão da d re nagem linfática do fígado, h ip erten são p o rta l e h ipoalbum inem ia. U m acú m u lo consid eráv el de líq u id o ascítico p o d e a u m e n ta r a pressão in tra -ab d o m in al e im p e d ir o re to rn o venoso dos m em bros inferiores, o que te n d e a p ro m o v e r a cú m u lo de ed em a tam bém nessa região.
■ EDEMA LOCALIZADO
Edema de origem nutricional
(Ver tam bém C apítulo 249.) O edem a localizado devido à obstrução venosa ou linfática pode ser causado p o r trom boflebite, linfangite crônica, ressecção dos linfonodos regionais, filariose, etc. O linfedem a é particularm ente intratável, porque a restrição do fluxo linfático resulta em aum ento da concentração de proteína no líquido íntersticial, circunstância que agrava a retenção hídrica.
Uma dieta francam ente p obre em p roteínas durante um período p ro longado pode produzir hipoproteinem ia e edem a. O últim o pode ser intensificado pelo desenvolvim ento da cardiopatia devida ao beribéri, que tam bém é de origem nutricio n al, em que m últiplas fístulas arteriovenosas periféricas reduzem a perfusão sistêm ica e o volum e sanguíneo arterial efetivo, aum entando, desse m odo, a form ação de
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I QUADRO 36.2
Principais causas do edema generalizado: história, exame físico e achados laboratoriais
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Sistema orgânico
História
Exame físico
Achados laboratoriais
Cardíaco
Dispnéia com esforço notável frequentemente associada à ortopneia - ou dispnéia noturna paroxísmica
Pressão venosa jugular elevada, galope ventricular (S3); ocasionalmente, com pulso apical discinético ou deslocado; cianose periférica, extremidades frias, pressão de pulso pequena quando grave
Taxa de nitrogênio da ureia/creatinina comumente elevada; ácido úrico elevado; sódio sérico geralmente diminuído; enzimas hepáticas ocasionalmente elevadas com congestão hepática
Hepático
Dispnéia rara, exceto se associada a um grau significativo de ascite; na maioria dos casos, existe história de uso abusivo de álcool
Frequentemente associada à ascite; pressão venosa jugular normal ou baixa; pressão sanguínea mais baixa do que a observada na doença renal ou na cardíaca; um ou mais sinais adicionais de insuficiência hepática crônica (icterícia, eritema palmar, contratura de Dupuytren, angioma aracniforme, ginecomastia masculina, asterixe e outros sinais de encefalopatia) podem estar presentes
Quando grave, reduções na albumina sérica, colesterol, outras proteínas hepáticas (transferrina, fibrinogênio); enzimas hepáticas elevadas, dependendo da causa e intensidade da lesão hepática; tendência à hipopotassemia, alcalose respiratória; macrocitose a partir da deficiência de folato
Renal (IRC)
Geralmente crônica: pode estar associada a sinais e sintomas urêmicos, incluindo a diminuição do apetite, paladar alterado (metálico ou gosto de peixe), padrão de sono alterado, dificuldade de concentração, pernas cansadas ou mioclonia; a dispnéia pode estar presente, mas em geral é menos notável do que na insuficiência cardíaca
Pressão sanguínea elevada; retinopatia hipertensiva; odor de nitrogênio; atrito pericárdico em casos avançados com uremia
Albuminúria, hipoalbuminemia; algumas vezes, elevação da creatinina sérica e do nitrogênio da ureia; hiperpotassemia, acidose metabólica, hiperfosfatemia, hipocalcemia, anemia (geralmente normocítica)
Renal (SN)
Diabetes melito da infância; discrasias dos plasmócitos
Edema periorbital; hipertensão
Proteinúria (3,5 g/dia); hipoalbuminemia; hipercolesterolemia; hematúria microscópica
Nota: IRC, insuficiência renal crônica; SN, síndrome nefrótica. Fonte: Modificado a partir de Chertow.
edem a (Cap. 74). O edem a pode agravar-se quando indivíduos des nutridos recebem pela prim eira vez um a dieta adequada. A ingestão de m ais alim entos pode aum entar a quantidade de NaCl ingerida, retida em conjunto com a H 20 . O cham ado edem a da realim entação tam bém pode estar relacionado com um aum ento da liberação de in sulina, que aum enta diretam ente a reabsorção tubular de N a+. Além da hipoalbum inem ia, a hipopotassem ia e o déficit calórico podem estar envolvidos no edem a da desnutrição.
Outras causas de edema Estas causas incluem o hipotireoidism o (m ixedem a) e o h ipertireoi dism o (m ixedem a pré-tibial secundário à doença de Graves), cujo edem a é liso e devido à deposição de ácido hialurônico e, na doença de Graves, infiltração linfocítica e inflam ação; ao hiperadrenocortism o exógeno; à gravidez; e à adm inistração de estrogênios e vasodilatadores, em particular as dihidropiridinas, com o a nifedipina.
■ DISTRIBUIÇÃO DO EDEMA A distribuição do edem a é um indício im p o rtan te para a sua cau sa. Por isso, o edem a lim itado a u m a p ern a ou a um ou am bos os braços em geral resulta de obstrução venosa e/ou linfática. O edem a resultante da hipoproteinem ia é generalizado, porém especialm ente evidente nos tecidos m uito flácidos das pálpebras e na face, tendendo a ser mais pronunciado pela m anhã devido à posição de decúbito as sum ida durante a noite. As causas m enos freqüentes do edem a facial são a triquinelose, as reações alérgicas e o m ixedem a. Já o edem a as sociado à insuficiência cardíaca tende a ser m ais extenso nas pernas e acentuado ao anoitecer, característica tam bém fortem ente determ i
nada pela postura. Q uando os pacientes com insuficiência cardíaca são m antidos no leito, o edem a pode ser m ais acentuado na região pré-sacral. A paralisia reduz a drenagem linfática e venosa no lado acom etido, podendo ser responsável po r edem a unilateral.
■ FATORES ADICIONAIS NO DIAGNÓSTICO A cor, espessura e sensibilidade da pele são significativas. A hipersen sibilidade local e o calor sugerem inflam ação. A cianose local pode significar obstrução venosa. Nos indivíduos que apresentaram epi sódios repetidos de edem a prolongado, a pele nas áreas acom etidas pode ficar espessada, endurecida e, com frequência, averm elhada. A estim ativa da pressão venosa é im portante na avaliação do edema. Em geral, um aum ento generalizado significativo da pressão venosa pode ser reconhecido pelo ângulo em que as veias cervicais se colapsam (Cap. 227). Nos pacientes com obstrução da veia cava superior, o edem a lim ita-se à face, ao pescoço e aos m em bros supe riores, nos quais a pressão venosa se m ostra elevada em com paração com a dos m em bros inferiores. A insuficiência cardíaca grave pode causar ascite, que p ode ser distinguida da causada por cirrose hepáti ca p or m eio da pressão venosa jugular, geralm ente elevada na insufi ciência cardíaca e norm al na cirrose. A determ inação da concentração sérica de albumina ajuda sobre m odo na identificação dos pacientes em que o edema se deve, pelo m e nos em parte, à dim inuição da pressão oncótica intravascular. A pre sença da proteinúria tam bém fornece indícios importantes. A ausência de proteinúria exclui a síndrom e nefrótica, mas não as causas não proteinúricas de insuficiência renal. A ocorrência de uma proteinúria leve a m oderada é a regra nos pacientes com insuficiência cardíaca.
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BIBLIOGRAFIA
Edema
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Ba n sa l
Uma prim eira questão im portante consiste em se o edem a é loca lizado ou generalizado. Caso seja localizado, devem -se considerar os fenôm enos locais que podem estar implicados. Se o edem a for generalizado, deve-se determ inar, inicialm ente, se há h ip o alb u m inem ia grave, p. ex., album ina sérica < 25 g/L. Caso positivo, a anam nese, o exame físico, o exame de urina e outros dados la boratoriais ajudarão a avaliar as hipóteses de cirrose, desnutrição grave ou síndrom e nefrótica, com o a doença subjacente. Se não houver hipoalbum inem ia, deve-se determ in ar se há evidências de insuficiência cardíaca congestiva grave o suficiente para p ro duzir edem a generalizado. Finalm ente, deve-se determ in ar se o paciente apresenta um débito urinário adequado ou se há oligúria significativa ou anúria. Essas a n o rm alid ad es são d iscu tid as nos C apítulos 44, 279 e 280.
CAPÍTULO
37
Palpitações Joseph Loscalzo As palpitações são extrem am ente com uns em pacientes que procuram o m édico e podem ser m ais bem definidas com o um a sensação de “golpes”, “pancadas” ou “trem ulações” no tórax, podendo ser interm i tentes ou m antidas e regulares ou irregulares. A m aioria dos pacientes interpreta as palpitações com o um a conscientização incom um dos batim entos cardíacos e fica m uito preocupada quando lhes parece que os batim entos cardíacos “pularam ”ou “se perderam ”. Em geral, as palpitações são percebidas quando o paciente está calm o em repouso, m om ento em que os dem ais estím ulos são m ínim os. As palpitações posturais em geral refletem um processo estrutural dentro do coração (p. ex., m ixom a atrial) ou adjacente a ele (p. ex., m assa m ediastinal). De acordo com um a grande série, as causas das palpitações p o dem ser cardíacas (43%), psiquiátricas (31%), diversas (10%) e des conhecidas (16%). Entre as causas cardiovasculares estão contrações atriais e ventriculares prem aturas (extrassístoles), arritm ias supraventriculares e ventriculares, prolapso da valva m itral (com ou sem arritm ias associadas), insuficiência aórtica, m ixom a atrial e em bolia pulm onar. Um a causa com um das palpitações interm itentes é cons tituída pelas contrações atriais e ventriculares prem aturas (extrassís toles): o batim ento pós-extrassistólico é sentido pelo paciente devido ao aum ento telediastólico nas dim ensões ventriculares após a pausa no ciclo cardíaco e aum ento da força de contração (potencialização pós-extrassistólicà) do batim ento. As palpitações regulares m antidas podem ser causadas p or taquicardias regulares supraventriculares e ventriculares. As palpitações irregulares m antidas podem ser causa das p or fibrilação atrial. É im portante n o tar que a m aioria das arritm ias não está asso ciada a palpitações. Nas que estão, costum a ser útil pedir ao paciente que sim ule o ritm o das palpitações ou verifique o seu pulso enquanto elas estão ocorrendo. Em geral, estados cardiovasculares hiperdinâm icos causados po r estim ulação dopam inérgica decorrente de exer cício, estresse ou feocrom ocitom a podem desencadear palpitações.
As palpitações são com uns entre atletas, especialm ente atletas de resistência sêniors. Além disso, o aum ento do ventrículo na regurgi tação aórtica e o precórdio h ip erdinâm ico que o acom panha costu m am provocar sensação de palpitações. O utros fatores que acentuam a força da contração m iocárdica, com o tabaco, cafeína, am inofilina, atropina, tiroxina, cocaína e anfetam inas, podem causar palpitações. As causas psiquiátricas de palpitações consistem em ataques ou distúrbios de pânico, estados de ansiedade e som atização, isolados ou com binados. Os pacientes com palpitações de causas psiquiátricas relatam com m aior frequência um a sensação m ais duradoura (> 1 5 m in) e outros sintom as sim ultâneos do que os pacientes cujas pal pitações têm outras causas. E ntre as causas diversas de palpitações estão a tireotoxicose, fárm acos (ver anteriorm ente) e etanol, contra ções m usculares espontâneas da parede torácica, feocrom ocitom a e m astocitose sistêmica.
Palpitações O principal objetivo ao avaliar pacientes com palpitações é deter m inar se o sintom a é causado p o r u m a arritm ia potencialm ente fatal. Os pacientes com doença arterial coronariana (DAC) pre existente ou fatores de risco para ela correm m aior risco de ter arritm ias ventriculares com o causa de palpitações. Além disso, a associação de palpitações a ou tro s sintom as sugestivos de com prom etim ento hem odinâm ico, com o a síncope ou sensação de a cabeça estar rodando, c onfirm am o diagnóstico. As palpitações causadas p o r taq u iarritm ias m an tid as em pacientes com DAC podem ser acom panhadas p or angina do peito ou dispnéia e nos pacientes com disfunção ventricular (sistólica ou diastólica), este nose aórtica, m iocardiopatia hipertrófica ou estenose m itral, com ou sem DAC, podem ser acom panhadas p or dispnéia devido ao aum ento do átrio esquerdo e da pressão venosa pulm onar. Os as pectos fundam entais do exam e físico que ajudam a confirm ar ou excluir a presença de um a arritm ia com o causa das palpitações e suas conseqüências h em odinâm icas adversas incluem a m edida dos sinais vitais, avaliação da pressão venosa jugular e do pulso, bem com o auscultação do tórax e precórdio. Um eletrocardiogra m a em repouso pode ser feito para do cu m en tar a arritm ia. Caso se saiba que algum esforço induziu a arritm ia e as palpitações que
a seguiram , pode-se fazer um eletrocardiogram a de esforço para estabelecer o diagnóstico. Se a arritm ia for pouco freqüente, o u tros m étodos devem ser usados, com o a m onitoração eletrocardiográfica contínua (Holter); m onitoração telefônica, em que o paciente pode transm itir um traçado eletrocardiográfico durante um episódio; registros em alça (m onitor de eventos, externos ou im plantados), que podem capturar o evento eletrocardiográfico para revisão posterior; e telem etria am bulatorial cardíaca móvel. Dados recentes sugerem que a m onitoração p o r H olter é de utili dade clínica lim itada, enquanto o o registro em alça implantável e a telem etria am bulatorial cardíaca m óvel são seguros e possi velm ente mais custo-efetivos na avaliação dos pacientes com pal pitações recorrentes, inexplicadas. A m aioria dos pacientes com palpitações não tem arritm ias graves nem cardiopatia estrutural subjacente. As contrações atriais ou v entriculares p rem aturas benignas ocasionais geralm ente podem ser tratadas com betablo queadores se causarem problem as para o paciente. As palpitações provocadas p o r álcool, tabaco ou drogas ilícitas têm de ser tra tadas com abstinência, em bora nas causadas p o r agentes farm a cológicos devam ser consideradas terapias alternativas quando apropriado ou possível. As causas psiquiátricas das palpitações
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 296
podem beneficiar-se de terapias cognitivas ou farmacológicas. O m édico deve lem brar que as palpitações são o m enor problem a e, às vezes, am edrontam o paciente. Assim que as causas sérias do sintom a tenham sido excluídas, deve-se tranqüilizar o paciente explicando-lhe que as palpitações não afetam de form a adversa o prognóstico dele.
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Alterações na Função Gastrintestinal
SEÇÃO 6
CA PÍTULO
38
Disfagia
Disfagia - dificuldade com deglutição - refere-se a problem as com a passagem de alim ento ou líquido da boca p a ra a hipofaringe ou através do esôfago. A disfagia grave po d e com prom eter a nutrição, causar aspiração e reduzir a qualidade de vida. A term inologia ad i cional referente à disfunção de deglutição é a seguinte. Afagia signi fica obstrução esofágica com pleta m ais com um ente e n co n trad a no cenário agudo de um bolo alim en tar ou im pactação de um co rp o estranho. A odinofagia se refere à deglutição dolorosa, resultante da ulceração da m ucosa d en tro da orofaringe ou esôfago. Ela é co m um ente acom panhada p o r disfagia, m as o inverso não é verdade. O globo faríngeo é u m a sensação de corpo e stran h o localizada no pescoço que não interfere com a deglutição e às vezes é aliviada pela deglutição. A disfagia de transferência resulta freq u en tem en te em regurgitação nasal e aspiração p u lm o n a r d u ra n te a deglutição e é característica da disfagia orofaríngea. A fagofobia (m edo de deglu tir) e a recusa de engolir p o d em ser psicogênicas ou relacionadas com a ansiedade de antecipação sobre a obstrução do bolo alim en tar, odinofagia ou aspiração.
■ FISIOLOGIA DA DEGLUTIÇÃO A deglutição com eça com um a fase voluntária (oral) que inclui u m a preparação d u ran te a qual u m alim ento é m astigado e m istu ra d o
Palato duro
Lâm ina pterigióideo iateral
C onstritor superior
Palato m ole
Processo estiloide
O rofaringe V aléculas
Língua Laringe faringe (hipofaringe)
M úsculo m ilo-hióideo Osso hióideo M em brana da tireoide P regas vocais M úsculo aritnoide transverso
Ç2
Musculatura da faringe
Vista sagital da faringe
C avidade oral
CAPÍTULO 38
Ikhuo Hirano Peter J. Kahrilas
com a saliva. Isto é seguido p o r u m a fase de transferência na qual o bolo é em p u rrad o p ara a faringe pela língua. A e n trad a do bolo na hipofaringe inicia a resposta de deglutição faríngea, que é m ediada centralm ente e que envolve u m a série de ações, cujo resultado final é propelir o alim ento através da faringe p ara den tro do esôfago e n q uanto evita sua entrada nas vias respiratórias. Para executar isto, a laringe é elevada e puxada para a frente, ações que tam bém facilitam a a b ertu ra do esfíncter esofágico su p e rio r (EES). A propulsão da língua im pulsiona o bolo através do EES, seguido p o r um a c o n tra ção peristáltica que lim pa o resíduo da faringe e através do esôfago. O esfíncter esofágico inferior (EEI) relaxa à m edida que o alim ento e n tra no esôfago e perm anece relaxado até que a contração p e ris táltica tenha liberado bolo p ara d e n tro do estôm ago. As contrações peristálticas provocadas em resposta a u m a deglutição são cham a das de peristalse prim ária e envolvem inibição sequenciada seguida p o r contração da m u sc u la tu ra ju n to com to d o o c om prim ento do esôfago. A inibição que precede a contração peristáltica é cham ada de inibição deglutiva. A distensão local do esôfago em qualquer local ju n to de seu com prim ento, visto que p o d e o co rrer com o refluxo gastresofágico, ativa a peristalse secundária que com eça no ponto de distensão e prossegue distalm ente. As contrações esofágicas terciá rias são contrações esofágicas n ão peristálticas, desordenadas que p o d em ser observadas o c o rre n d o esp o n tan eam en te d u ra n te a o b servação fluoroscópica. A m usculatura da cavidade oral, faringe, EES e esôfago cervical é estriada e diretam ente inervada p o r neurônios m otores inferiores carregados nos nervos cranianos (Fig. 38.1). Os m úsculos da cavida de oral são inervados pelos sétim o (trigêm eo) e oitavo (facial) nervos cranianos. A língua pelo décim o segundo (hipoglosso) nervo crania no. Os m úsculos faríngeos são inervados pelo décim o prim eiro (glos sofaríngeo) e décim o segundo (vago) nervos cranianos.
D igástrico (ventre post.) M úsculo bucinador M úsculo m ilo-hióideo
Ligam ento estiloide E stilofaríngeo G lossofaríngeo
D igástrico (ventre ant.)
Esôfago
M em brana cricotireóidea
E stiloglosso C onstritor do meio
O sso hióideo M em brana da tireoide C artilagem tireóidea M em brana cricotireóidea
H ioglosso C onstritor inferior C ricofaríngeo Esôfago
C artilagem cricoide
C artilagem cricoide
Figura 38.1 Vista sagital e diagramática da musculatura envolvida no de sempenho da deglutição orofaríngea. Note-se a dominância da língua nos cortes sagital e da íntima relação entre a entrada da laringe (via respiratória) e do esôfago. Na configuração ilustrada em repouso, a passagem esofágica está fechada. Isto é
transitoriamente reconfigurado de tal modo que a passagem esofágica está aberta e a passagem da laringe está fechada durante a deglutição. (Adaptada de PJ Kahrilas, in DW Gelfand and JE fíichter (eds): Dysphagia and Treatment New York: Igaku-Shoin Medicai Publishers, 1989, pp. 11-28.)
297
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Fisiologicam ente, o EES consiste do m úsculo cricofaríngeo o constritor faríngeo inferior adjacente e porção proxim al do esôfa go cervical. A inervação do EES é derivada do nervo vago, ao passo que a inervação à m usculatura que age sobre o EES para facilitar sua abertura d urante a deglutição provém do quinto, sétim o e décim o segundo nervos cranianos. O EES perm anece fechado em repouso devido a suas propriedades elásticas inerentes e contração neurologicam ente m ediada do m úsculo cricofaríngeo. A abertura do EES d u rante a deglutição envolve a cessação da excitação vaga, excitação do cricofaríngeo e contração sim ultânea dos m úsculos supra-hióideos e gênio-hióideo que puxam o EES em conjunto com o deslocam ento para cim a e para frente da laringe. O aparato n e urom uscular para peristalse é distinto nas partes proxim al e distai do esôfago. O esôfago cervical, com o a m usculatu ra faríngea, consiste em m úsculo estriado e é diretam ente inervado pelos neurônios m otores inferiores do nervo vago. A peristalse no esôfago proxim al é governada pela ativação seqüencial dos neurônios m otores vagos no núcleo ambíguo. Em contraste, o esôfago distai e o EEI são com postos de m ú s culo liso e são controlados pelos neu rô n io s excitatórios inibidores d entro do plexo m esentérico esofágico. N eurônios pré-gangliônicos m edulares do núcleo m o to r dorsal do vago desencadeiam a p e ris talse via estes n eurônios gangliônicos d urante a peristalse prim ária. Os neurotransm issores dos neurônios gangliônicos excitatórios são acetilcolina e substância P; aqueles dos n e u rô n io s inibidores são peptídio intestinal vasoativo e óxido nítrico. A peristalse resulta da ativação padronizada dos neurônios gangliônicos inibitórios segui dos p o r excitatórios, com d o m in ân cia progressiva dos n e urônios inibitórios distalm ente. De m an eira similar, o relaxam ento do EEI ocorre no início da inibição deglutiva e persiste até a seqüência p e ristáltica com pleta. Em repouso o EEI é con traíd o devido ao e stí m ulo gangliônico excitatório e seu tom m iogênico intrínseco, um a propriedade que o distingue do esôfago adjacente. A função do EEI é suplem entada pelo m úsculo c ircundante da p e rn a diafragm ática direita que age com o um esfíncter externo d u ran te a inspiração, to s se ou esforço abdom inal.
■ FISIOPATOLOGIA DA DISFAGIA A disfagia pode ser subclassificada pela localização e pelas circuns tâncias nas quais ela ocorre. C om respeito à localização, conside rações distintas aplicam -se à disfagia oral, faríngea ou esofágica. O tran sp o rte norm al de um bolo ingerido depende da consistência e tam anho do bolo, do calibre do lúm en, da integridade da contração peristáltica e Da inibição deglutiva do EES e EEI. A disfagia causada po r um bolo de tam anho exagerado ou p o r um lúm en estreito é cha m ada de disfagia estrutural, ao passo que a disfagia devido a an o rm a lidades de peristalse ou relaxam ento do esfíncter prejudicado após a deglutição é cham ada de disfagia propulsora ou m otora. Mais de um m ecanism o pode ser operatório em um paciente com disfagia. O escleroderm a com um ente se apresenta com peristal se ausente bem como um EEI enfraquecido que predispõe os pacien tes à form ação de estreitam ento pélvico. Igualm ente, a radioterapia para o câncer da cabeça e pescoço pode com por as deficiências fu n cionais na deglutição orofaríngea atribuível ao tu m o r e causar este nose esofágica cervical.
Disfagia oral e faríngea (orofaríngea) A disfagia de fase oral está associada com a form ação e controle insuficiente de bolo de m o d o que o alim ento tem retenção p ro lo n gada den tro da cavidade oral e p o d e vazar da boca. A salivação e a dificuldade em iniciar a deglutição são outros sinais característicos. O controle precário do bolo tam bém po d e levar a d e rra m am e n to p re m a tu ro do alim ento na hip o farin g e com aspiração resultante p a ra a traq u eia ou regurgitação p a ra d e n tro da cavidade nasal. A disfagia de fase faríngea está associada com a retenção de alim entos na faringe devido à propulsão p recária da língua ou da faringe ou obstrução no EES. Sinais e sintom as de ro uquidão concom itante ou
298
disfunção do nervo craniano p o d e m estar associados com a disfa gia orofaríngea. A disfagia orofaríngea p o d e ser devida a causas neurológicas, m usculares, e stru tu ra is, iatro g ên icas, infecciosas e m etabólicas. As causas iatrogênicas incluem c iru rg ia e radiação, m uitas vezes no cenário do câncer de cabeça e pescoço. A disfagia n e u ro g ê n i ca resu ltan te de acidentes cerebrovasculares, m al de P ark in so n e esclerose lateral a m io tró fic a é u m a g ran d e fonte de m o rb id a d e relacionada com a asp iração e a d esnutrição. Os núcleos m e d u lares in erv a m d iretam e n te a orofaringe. A lateralização da disfa gia faríngea im plica u m a lesão faríngea estru tu ral ou um processo neurológico que objetivou seletivam ente os núcleos do tro n co e n cefálico ipsolateral ou n erv o s cran ian o s. Os avanços n a im agem cerebral funcional têm elucidado um im p o rta n te papel no córtex cerebral na função de deglutição e disfagia. A assim etria n a re p re sentação cortical da faringe fornece u m a explicação p ara a disfa gia que ocorre com o conseqüência de acidentes cerebrovasculares corticais unilaterais. As lesões estruturais orofaríngeas que causam disfagia incluem divertículo de Zenker, barra cricofaríngea e neoplasia. O divertículo de Zenker é encontrado em pacientes idosos, com um a prevalência estim ada entre 1:1.000 e 1:10.000. Além da disfagia, os pacientes p o dem se apresentar com regurgitação de restos de alim entos particulados, aspiração e halitose. A patogênese está relacionada com estenose da cricofaríngea que causa dim inuição na abertura do EES e resulta em aum ento na pressão hipofaríngea durante a deglutição com o d e senvolvim ento de um divertículo de pulsão im ediatam ente acim a da cricofaríngea em um a região de fraqueza potencial conhecida com o deiscência de Killian. Uma barra cricofaríngea, aparecendo com o um sulco proem inente atrás do terço inferior da cartilagem cricoide, está relacionada com o divertículo de Zenker visto que ele envolve capaci dade de distensão lim itada da cricofaríngea e pode levar à form ação do divertículo de Zenker. C ontudo, um a barra cricofaríngea é um achado radiográfico com um e a m aioria dos pacientes com barras cricofaríngeas transitórias é assintom ática, tornando im portante a elim inação de etiologias alternativas da disfagia antes do tratam ento. Além disso, as barras cricofaríngeas podem ser secundárias a outros distúrbios neurom usculares. Um a vez que a fase faríngea da deglutição ocorre em m enos de um segundo, a fluoroscopia de seqüência rápida é necessária para avaliar anorm alidades funcionais. O exam e fluoroscópico adequa do requer que o paciente esteja consciente e cooperativo. O estudo incorpora registros de seqüências de deglutição durante a ingestão de alim entos e líquidos de variadas consistências. A faringe é exa m inada para detectar retenção de bolo, regurgitação no nariz ou aspiração na traqueia. O m o m en to e a integridade da contração e a b ertura faríngea do EES com um a deglutição são analisados para avaliar o risco de aspiração e o p otencial para a terapia de deglutição. A norm alidades estruturais da orofaringe, especialm ente aquelas que podem requerer biópsias, tam bém devem ser avaliadas p o r exam e laringoscópico direto.
Disfagia esofágica O esôfago adulto m ede 18 a 26 cm de com prim ento e está an ato m icam ente dividido den tro do esôfago cervical, estendendo-se da junção faringeoesofágica p ara a incisura supraesterna e o esôfago torácico, que continua para o hiato diafragm ático. Q uando disten dido, o lúm en do esôfago possui dim ensões internas de cerca de 2 cm no plano ântero-posterior e 3 cm no plano lateral. A disfagia com alim entos sólidos se torna com um quando o lúm en é estreitado para ■ü CD CO
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306
de custo desta conduta não foram validados em estudos controla dos. O exame de pH m etria esofágica realizado a nível ambulatorial, usando um cateterismo ou dispositivo de cápsula esofágica im plan tado, deve ser considerado para os sintomas refratários e sintomas atípicos, com o dor torácica inexplicável. A m anom etria esofágica mais com um ente é solicitada quando se considera o tratam ento ci rúrgico da DRGE. Baixa pressão do EEI pode predizer fracasso da terapia m edicam entosa e ajudar a selecionar os pacientes que pos sam necessitar de cirurgia. A dem onstração de peristalse desorde nada do corpo esofágico pode afetar a decisão de realizar a cirurgia ou m esm o o tipo de cirurgia a ser escolhido. M étodos m anom étricos de alta resolução m elhoram a caracterização de propulsão esofageana ineficaz, que pode contribuir para o com prom etim ento do clearance esofageano ácido em alguns pacientes com DRGE. A m anom etria com teste de provocação pode esclarecer o diagnós tico nos pacientes com sintom as atípicos. A perfusão do esôfago às cegas com solução salina seguida de ácido, tam bém conhecida como teste de Bernstein, pode elucidar se o desconforto torácico inexplicável resulta de refluxo ácido. O refluxo não ácido pode ser sugerido pela varredura de refluxo da m edicina nuclear ou detec tada pelos testes com binados do pH e da im pedância esofageana, que eleva o ganho diagnóstico em 15% versus o uso do teste de pH isolado. A avaliação ambulatorial dos níveis esofageanos de bilirrubina facilitam o diagnóstico do refluxo alcalino. A endoscopia alta deve ser realizada com o exam e diagnóstico inicial, nos pacientes com dispepsia inexplicável que tenham mais de 55 anos de idade ou que apresentem fatores de alarm e, devido ao elevado risco de câncer e úlcera nesses grupos. A estratégia de controle para os pacientes com m enos de 55 anos de idade sem fatores de alarm e depende da prevalência local da infecção pelo H. pylori. Para os indivíduos de regiões com baixa prevalência do H. pylori (< 10%), recom enda-se um ensaio de q uatro sem anas com um a m edicação antiácida, com o um inibidor da bom ba de prótons. Caso isso falhe, um a c onduta do tipo testar e tratar é m ais com um ente aplicada. O estado do H. pylori é determ inado p o r m eio do teste da ureia no ar exalado, pesquisa de antígeno fecal ou teste sorológico sanguíneo. Os pacientes positivos para o H. pylori recebem tratam ento para erradicar a infecção. Se os sintom as rem itirem em qualquer um desses esquem as, nenhum a intervenção adicional será necessária. Para os pacientes situados em áreas com alta prevalência do H. pylori (> 10%), um a conduta do tipo testar e tratar inicial é preconizada com um ensaio subse quente de regim e com antiácidos, oferecido para aqueles que não responderam ao tratam ento do H. pylori ou são negativos para a infecção. Em cada um a dessas subpopulações de pacientes, a e n doscopia alta deve ser reservada para aqueles cujos sintom as não responderam à terapia. Exam es adicionais serão indicados se ou tro s fatores estive rem presentes. Se houver sangram ento, deverá ser realizado um h em ogram a para excluir anem ia. O s exam es laboratoriais da ti reoide ou a pesquisa dos níveis de cálcio devem ser realizados com o triagem de doenças m etabólicas, e n q u an to as sorologias po d em sugerir doença celíaca. N o caso de possíveis causas pan-
creatobiliares, o btêm -se os exam es b ioquím icos pancreáticos e hepáticos. Se forem e n co n trad a s anorm alidades, a US ou a TC pode fornecer inform ações im portantes. A m edição do esvazia m ento gástrico deve ser considerada para excluir a gastroparesia em pacientes cujos sintom as dispépticos se assem elhem ao des conforto p ós-brandial q u an d o a terapia farm acológica fracassa. A cintilografia gástrica tam b é m serve p a ra identificar a gastro paresia em pacientes com DRGE, especialm ente se a intervenção cirúrgica estiver sendo considerada. O teste do ar exalado após a ingestão de carboidratos p o d e d etectar deficiência de lactase, in tolerância a ou tro s c arb o id rato s o u excesso de crescim ento bacteriano no intestino delgado.
TRATAMENTO
Princípios gerais
Na indigestão leve, a única intervenção necessária pode ser a con firm ação de que um a cuidadosa avaliação não m ostrou qualquer doença orgânica de m aior gravidade. Os fárm acos que causam re fluxo gastresofageano ou dispepsia devem ser suspensos, quando possível. Os pacientes com DRGE devem lim itar o consum o de etanol, cafeína, chocolate e tabaco devido aos seus efeitos no EEI. O utras m edidas eficazes na DRGE incluem a ingestão de dieta p o bre em lipídios, evitar lanches antes de d o rm ir e elevar a cabeceira da cama. Deve-se oferecer o tratam en to específico das doenças orgâ nicas, quando possível. A cirurgia é apropriada em casos de dis túrbios, com o a cólica biliar, enquanto m odificações na dieta são indicadas para a deficiência de lactase ou doença celíaca. Algumas doenças, com o a úlcera péptica, p o d em ser curadas com esque mas específicos. Porém , com o a m aioria dos casos de indigestão é causada por DRGE ou dispepsia funcional, indicam -se m edica m entos que reduzam o ácido gástrico, m odulem a m otilidade ou bloqueiem a sensibilidade gástrica.
MEDICAMENTOS PARA SUPRIMIR OU NEUTRALIZAR 0 ÁCIDO Os fár m acos que reduzem ou neutralizam o ácido gástrico são frequen tem ente prescritos para a DRGE. Os antagonistas dos receptores H 2 da histam ina, com o a cim etidina, ranitidina, fam otidina e nizatidina, são úteis para a DRGE leve a m oderada. Para os sintomas graves, ou em m uitos casos de esofagites erosiva ou ulcerativa, são necessários os inibidores da bom ba de prótons, com o o omeprazol ou dexlanoprazol, lansoprazol, rabeprazol, pantoprazol, esomeprazol. Tais fárm acos, que inibem a H +-K+-ATPase gástrica, são mais potentes que os antagonistas dos receptores H 2. Aproxim ada m ente um terço dos pacientes com DRGE não respondem aos ini bidores das bom bas de prótons; um terço destes apresenta refluxo não ácido enquanto 10% apresentam doença persistente relaciona da ao ácido. Os supressores do ácido podem ser usados de m aneira contínua ou, quando necessário, de acordo com a intensidade dos sintom as. Com plicações potenciais raras do uso prolongado de inibidores das bom bas de prótons incluem infecção, crescimento bacteriano excessivo no intestino delgado, deficiência nutricional (vitam ina B12, ferro e cálcio), desm ineralização óssea e com prom e tim ento da absorção de m edicam entos (p. ex., clopidogrel). Muitos pacientes tratados com um inibidor da bom ba de prótons podem m udar para um tratam ento m ais leve com antagonista H 2. A com binação de um inibidor da bom ba de prótons com um antagonista H 2 é fornecida p ara alguns casos refratários. Os fármacos supressores do ácido tam bém são eficazes para os pacientes adequadam ente selecionados com dispepsia funcional. Uma metanálise de oito ensaios controlados calculou um a propor ção de risco de 0,86 com um intervalo de confiança de 95% de 0,78 a 0,95, favorecendo a terapia com o inibidor da bom ba de prótons sobre o placebo. Os benefícios das terapias redutoras de ácido m e nos potentes, com o com os antagonistas H 2, não são conhecidos.
Os antiácidos líquidos são úteis para o controle da DRGE branda a curto prazo, porém m enos eficazes em caso de doença grave, a m enos que adm inistrados em altas doses que desenca deiem efeitos colaterais (diarréia e constipação com fárm acos que contêm m agnésio e alum ínio, respectivam ente). O ácido algínico, em com binação com antiácidos, pode form ar um a barreira flu tuante ao refluxo ácido em indivíduos com sintom as evidentes.
AGENTES QUE MODIFICAM A ATIVIDADE MOTORA GASTRINTESTINAL Os estim ulantes m otores (tam bém conhecidos com o proci néticos), com o a m etoclopram ida, a eritrom icina e a dom p erid o na, têm utilidade restrita na DRGE. Diversos estudos têm avaliado a eficácia das drogas estim ulantes m otoras na dispepsia funcional; entretanto, não foram encontradas evidências convincentes dos seus benefícios. Alguns m édicos sugerem que os pacientes com sintom as que se assem elhem ao desconforto pós-prandial possam responder preferencialm ente aos fárm acos procinéticos. O agonista do ácido ■y-aminobutírico B (GABA-B) baclofeno reduz a exposição esofágica aos fluidos ácidos e não ácidos p or inibir relaxam entos transitórios do EEI; este fárm aco é proposto para o refluxo refratário ácido e não ácido.
OUTRAS OPÇÕES A cirurgia anti-refluxo (fundoplicação) é mais frequentem ente oferecida para os pacientes com DRGE que sejam jovens e necessitem de terapia a longo prazo, com pirose típica e regurgitação, e que respondam aos inibidores da bom ba de p ró tons. A cirurgia tam bém é eficaz p ara alguns casos de refluxo não ácido. Os indivíduos que podem reagir com m enos eficiência à terapia operatória incluem aqueles com sintom as atípicos e que apresentam distúrbios m otores esofágicos. As fundoplicações podem ser realizadas p or via endoscópica, quando possível, e in cluem os procedim entos de Nissen e Toupet nos quais 0 estôm ago proxim al é parcial ou com pletam ente enrolado em volta do esô
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C a m il l e r i
Náuseas, Vômitos e Indigestão
HELICOBACTER PYLORI ERRADICAÇÃO A erradicação do H. pylori é claram ente indicada apenas para a úlcera péptica e o linfom a gástrico do tecido linfoide associado à m ucosa. A utilidade da terapia de erradicação na dispepsia funcional foi m enos estabe lecida, porém m enos de 15% dos casos estão relacionados com essa infecção. M etanálise de 13 ensaios controlados calculou um a proporção de risco de 0,91 com um intervalo de confiança de 95% de 0,87 a 0,96, favorecendo a terapia de erradicação do H. pylori sobre o placebo. Várias com binações de fárm acos são eficazes na elim inação da infecção (Cap. 293); a m aioria inclui 10-14 dias de um inibidor da bom ba de prótons ou subsalicilato de bism uto as sociado a dois antibióticos. A infecção pelo H. pylori está associada à prevalência reduzi da de DRGE, especialm ente nos m ais idosos. E ntretanto, a erradi cação da infecção não piora os sintom as de DRGE. Até hoje não existe um consenso sobre as recom endações relacionadas com a erradicação do H. pylori em pacientes com DRGE.
fago distai p ara elevar a pressão do esfíncter. A disfagia, a síndro m e da distensão abdom inal e a gastroparesia podem representar com plicações desses procedim entos a longo prazo. A utilidade e a segurança das terapias endoscópicas para au m entar a função de barreira da junção gastresofágica, incluindo a transm issão de energia de radiofreqüência, e gastroplicatura, não vêm sendo ple nam ente investigadas, em pacientes com DRGE. Alguns pacientes com pirose funcional e dispepsia funcional refratários a terapias padronizadas podem responder a baixas d o ses de antidepressivos tricíclicos e de outras classes. O seu m eca nism o de ação é desconhecido, podendo, entretanto, envolver a atenuação do processam ento da d or visceral no cérebro. Os gases e a distensão abdom inal estão entre os sintom as m ais p roblem áti cos em alguns pacientes com indigestão, e seu tratam ento às vezes é difícil. A exclusão de alim entos pro d u to res de gases da dieta, com o os legum es, e o uso de sim eticona ou de carvão ativado proporcionam benefícios em alguns casos. As terapias que m o d i ficam a flora intestinal, incluindo antibióticos e preparações pró-bióticas que contêm culturas bacterianas ativas, são úteis em caso de crescim ento bacteriano excessivo e distúrbios gastrintestinais inferiores funcionais, porém não está provada a sua utilidade na dispepsia funcional. Podem -se oferecer terapias psicológicas para a dispepsia funcional refratária, m as não existem dados convin centes que sugiram a sua eficácia.
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CAPÍTU LO
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Diarréia e Constipação M ichael Camilleri Joseph A. Murray
QUADRO 40.1 Motilidade gastrintestinal normal: funções nos diferentes níveis anatômicos Estômago e intestino delgado CMM sincronizados em jejum Acomodação, trituração, mistura, trânsito Estômago, cerca de 3 h intestino deigado, cerca de 3 h
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
A diarréia e a constipação são extrem am ente com uns e, juntas, res ponsáveis p o r um e n o rm e ônus em term os de m ortalidade, m o r bidade, inconveniência social, perda de produtividade no trabalho e consum o de recursos m édicos. No m u n d o inteiro, m ais de um bilhão de pessoas sofrem um ou m ais episódios de diarréia aguda a cada ano. D os 100 m ilhões de pessoas acom etidas anualm ente p or d iarréia aguda nos EUA, quase m etade tem de restrin g ir as ativi dades, 10% consu ltam um m édico, cerca de 250.000 precisam de hospitalização e quase 5.000 m o rrem (prin cip alm en te idosos). O custo econôm ico anual p a ra a sociedade po d e ultrap assar 20 b i lhões de dólares. A diarréia infecciosa aguda co n tin u a sendo um a das causas m ais com uns de m o rte nos países em desenvolvim ento, prin cip alm en te entre crianças, causando 2 a 3 m ilhões de m ortes p o r ano. Já a constipação raram ente está associada à m ortalidade, sendo bastante com um nos países desenvolvidos, levando à prática da autom edicação freqüente e, em cerca de 33% dos casos, consultas m édicas. As estatísticas populacionais sobre diarréia crônica e cons tipação são m ais incertas, talvez devido a variações nas definições e notificações, m as a frequência dessas condições tam bém é alta. C om base em inquéritos populacionais nos EUA, as taxas de preva lência de diarréia crônica variam de 2 a 7% e as de constipação crô nica de 12 a 19%, com as m ulheres sendo acom etidas 2 vezes m ais que os hom ens. A d iarréia e a constipação estão entre as queixas mais com uns dos pacientes atendidos po r clínicos gerais e m édicos de assistência p rim ária, c o n trib u in d o com quase 50% dos encam i nham entos para gastrenterologistas. E m bora a diarréia e a constipação possam apresentar-se com o sim ples sintom as incôm odos em um extrem o, po d em ser graves ou potencialm ente fatais no outro. M esm o os sintom as leves podem sinalizar um a lesão gastrintestinal subjacente grave, com o o câncer colorretal, ou um distúrbio sistêmico, com o doença tireoidea. D ian te das causas heterogêneas e da gravidade potencial dessas queixas com uns, é indispensável que os m édicos avaliem a fisiopatologia, a classificação etiológica, as estratégias diagnósticas e os princípios terapêuticos da diarréia e da constipação, de m odo a oferecer um a assistência racional e com razão custo/benefício favorável.
FISIOLOGIA NORMAL E m bora a função p rim ária do intestino delgado seja a digestão e a assim ilação dos n utrientes provenientes dos alim entos, o intestino delgado e o colo, juntos, executam funções im portantes, que regu lam a secreção e a absorção de água e eletrólitos, o arm azenam ento e o subsequente tran sp o rte do c o nteúdo in tra lu m in al em direção anterógrada, e a recuperação de alguns n utrientes que não são a b sorvidos no in testin o delgado depois do m etab o lism o b acteriano de carboidratos. As principais funções m otoras estão resum idas no Q u a d ro 4 0 .1 . Alterações no equilíbrio h id reletrolítico contribuem de m an eira significativa p ara a diarréia. As alterações nas funções m o to ra s e sensoriais do colo resu ltam em sín d ro m es altam ente prevalentes, com o a do in te stin o irritável (SII), d iarré ia e consti pação crônicas.
■ CONTROLE NEURAL O intestino delgado e o colo possuem inervações intrínseca e extrínseca. A inervação intrínseca, tam bém cham ada de sistem a nervoso entérico, com preende as cam adas neuroniais m ioentérica, subm ucosa e m ucosa. A função dessas cam adas é m odulada p or interneurô nios m ediante as ações das am inas ou peptídios neurotransm issores,
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reservatório ileal esvazia o bolo
Colo: mistura irregular, fermentação, absorção, trânsito Ascendente, transverso: reservatórios Descendente: conduto Sigmoide/reto: reservatório volitivo Nota: CMM, complexo motor migratório.
com o a acetilcolina, o peptídio intestinal vasoativo (PIV), opioides, norepinefrina, serotonina, trifosfato de adenosina (ATP) e óxido nítrico (ON). O plexo m ioentérico regula a função do m úsculo liso, e o plexo subm ucoso afeta a secreção, a absorção e o fluxo sanguíneo na m ucosa. As inervações extrínsecas do intestino delgado e do colo fazem parte do sistem a nervoso autônom o e tam bém m odulam as funções m otoras e secretoras. Os nervos parassim páticos conduzem as vias sensoriais e excitatórias viscerais para o colo. As fibras parassim páticas vindas do nervo vago atingem o intestino delgado e o colo ju n ta m ente com os ram os da artéria m esentérica superior. O colo distai é suprido po r nervos parassim páticos sacrais (S2.J , por m eio do plexo sacral; essas fibras seguem p o r m eio da parede do colo, com o fibras intracolônicas ascendentes, até o colo proximal, por vezes incluindo-o. Os principais neurotransm issores excitatórios que controlam a função m otora são a acetilcolina e as taquicininas, com o a substân cia P. A inervação sim pática m odula as funções m otoras e alcança o intestino delgado e o colo ao longo das arcadas arteriais dos va sos m esentéricos superiores e inferiores. O estím ulo sim pático para o intestino é geralm ente excitatório para os esfincteres e inibitório para os m úsculos não esfinctéricos. Os aferentes viscerais conduzem a sensação do intestino até o sistem a nervoso central (SNC); a p rin cípio, eles seguem ao longo das fibras simpáticas, mas, à m edida que se aproxim am da m edula espinal, se separam, possuem corpos celu lares no gânglio da raiz dorsal e penetram no corno dorsal da m edula espinal. Os sinais aferentes são conduzidos até o cérebro ao longo do trato espinotalâm ico lateral e da via nociceptiva do funículo dorsal e então se projetam além do tálam o e do tronco encefálico para a insu la e o córtex cerebral, para serem percebidos. O utras fibras aferentes fazem sinapse nos gânglios pré-vertebrais e m odulam de m aneira re flexa a m otilidade intestinal.
■ ABSORÇÃO E SECREÇÃO DE LÍQUIDO INTESTINAL Em um dia norm al, cerca de 9 L de líquido p en etram no trato gas trintestinal (GI), aproxim adam ente 1 L de líquido residual alcança o colo e a excreção fecal de líquidos é de cerca de 0,2 L/dia. O colo apresenta grande capacitância e reserva funcional, po d en d o re cu p erar até 4 vezes seu volum e habitual de 0,8 L/dia, desde que a taxa de fluxo p erm ita que a reabsorção aconteça. Dessa m aneira, o colo pode com pensar p arcialm ente os distúrbios da absorção ou secre ção intestinais. No colo, a absorção de sódio é predom inantem ente eletrogênica, sendo que a captação acontece na m em brana apical e é com pensada pelas funções exportadoras da bom ba de sódio basolateral. Vários m ediadores neurais e não neurais regulam o equilíbrio hidreletrolíti co colônico, tais com o os m ediadores colinérgicos, adrenérgicos e serotoninérgicos. A angiotensina e a aldosterona tam bém influenciam a absorção colônica, refletindo o desenvolvimento em briológico co m um do epitélio colônico distai e dos túbulos renais.
■ MOTILIDADE DO INTESTINO DELGADO
Em repouso
Durante estiramento
P úbis
Puborretal
E sfincter anal externo
anorretal E sfin cter anal interno
D escida do so a lho pélvico
Figura 40.1
Vista sagital do anorreto (A) em repouso e (B) durante o estiramento para defecar. A continência é man tida pela sensação retal normal e pela contração tônica do esfincter anal interno bem como do músculo puborretal, que circunda o anorreto, mantendo um ângulo anorretal entre 80 e 110o. Durante a defecação, os músculos do soalho pélvico (inclusive o puborre tal) relaxam, permitindo que o ângulo anorretal se retifique pelo menos 15o, e o períneo desce 1 a 3,5 cm. 0 esfincter anal externo também relaxa e reduz a pressão sobre o canal anal. (Reproduzida, com autorização, de Lembo e Camilleri.)
■ ARMAZENAMENTO E RECUPERAÇÃO ILE0C0LÔNICAS O íleo distai atua com o um reservatório, esvaziando-se de m aneira interm itente pelos m ovim entos do bolo intestinal, ação que d á tem po para recuperação de líquidos, eletrólitos e n utrientes. A segm en tação pelas saculações com partim entaliza o colo e facilita a m istura, a retenção de resíduos e a form ação de fezes sólidas. H á um a apre ciação m aior da interação íntim a entre a função do colo e a ecologia lum inal. As bactérias residentes no colo são necessárias para a diges tão de carboidratos não absorvidos que alcançam o colo m esm o na saúde, proporcionando, assim , um a fonte vital de n utrientes para a m ucosa. A flora colônica norm al tam bém m antém os patógenos a distância p o r u m a variedade de m ecanism os. Na saúde, as regiões ascendente e tran sv ersa do colo fu n c io n a m com o reservatórios (trânsito m édio de 15 h) e o colo descendente atua com o um co n d uto (trânsito m édio de 3 h). O colo é eficiente na conservação de sódio e água, função particularm ente im p o rtan te nos pacientes com depleção de sódio, em que apenas o intestino delgado é incapaz de m anter o balanço de sódio. A diarréia ou a constipação p o d em re sultar de alteração na função de reservatório do colo proxim al ou na função propulsora do colo esquerdo. A constipação tam bém pode resultar de distúrbios do reservatório retal ou sigm oide, em conse qüência da disfunção do soalho pélvico, dos esfincteres anais, ou da coordenação da defecação.
■ TÔNUS E MOTILIDADE COLÔNICA O CM M do intestino delgado continua apenas raram ente d entro do colo. Entretanto, a curta duração ou as contrações fásicas m isturam o conteúdo colônico, sendo que as contrações propagadas de alta am plitude (CPAA, > 75 m m H g) estão p or vezes associadas a m ovim en tos de m assa por m eio do colo e norm alm ente ocorrem cerca de 5 ve zes/dia, em geral ao acordar pela m anhã e no p eríodo pós-prandial. Um aum ento da frequência das CPAA pode resultar em diarréia ou urgência fecal. As contrações fásicas predom inantes são irregulares e não se propagam , exercendo um a função “m isturadora”. Tônus colônico refere-se à contratilidade básica sobre a qual se superpõe a atividade contrátil fásica (contrações que du ram m enos de 15 s), sendo um im portante cofator n a capacitância (acom odação de volum e) e na sensação do colo.
■ MOTILIDADE COLÔNICA APÓS A INGESTÃO DE REFEIÇÃO Depois da ingestão de um a refeição, a contratilidade colônica tônica e a fásica aum entam por um período de aproxim adam ente 2 horas. A fase inicial (cerca de 10 m in) é m ediada pelo nervo vago em resposta
à distensão m ecânica do estôm ago. A resposta subsequente do colo requer estim ulação calórica e é m ediada, pelo m enos em parte, por horm ônios, com o p o r exemplo, gastrina e serotonina.
■ DEFECAÇÃO A contração tônica do m úsculo puborretal, que form a um a tipoia ao redor da junção retoanal, é im p o rtan te p ara m an te r a continência; durante a defecação, os nervos parassim páticos sacrais relaxam esse m úsculo, facilitando a retificação do ângulo retoanal (Fig. 40.1). A distensão do reto resulta em relaxam ento transitório do esfincter anal interno p o r m eio da inervação sim pática intrínseca e reflexa. A m e dida que as contrações sigm oides e retais aum entam a pressão dentro do reto, o ângulo retossigm oide se abre m ais de 15°. O relaxam en to voluntário do esfincter anal externo (m úsculo estriado inervado pelo nervo pudendo) em resposta à sensação provocada pela disten são perm ite a evacuação das fezes, processo que pode ser acentuado p or um a elevação na pressão intra-ab d o m in al criada pela m anobra de Valsalva. A defecação tam bém po d e ser adiada voluntariam ente m ediante a contração do esfincter anal externo.
Diarréia e Constipação
D urante o jejum , a m otilidade do intestino delgado caracte riza-se p or um evento cíclico cham ado de com plexo m o to r m ig ra tó rio (C M M ), o qual serve p ara rem over os resí duos indigeríveis do intestino delgado (o “faxineiro” intesti nal). Essa série organizada e propagada de contrações dura em m éd ia 4 m in, o co rre a cada 60 a 90 m in e geralm ente envolve todo o intestino del gado. D epois da ingestão do alim ento, o intestino delgado produz contrações irregulares de am p litu d e relativam ente baixa que m isturam o alim en to, exceto no íleo distai, onde ocorrem contrações m ais p o derosas de m aneira m ais in term iten te e que esvaziam o íleo p o r transferência do bolo.
DIARRÉIA
■ DEFINIÇÃO A diarréia é vagam ente d efinida com o a elim inação de fezes não m oldadas ou anorm alm ente líquidas com m aior frequência do que o norm al. No caso de adultos que consom em um a dieta ocidental típi ca, um peso das fezes > 200 g/dia geralm ente é considerado diarreico. A diarréia pode ser definida ainda com o aguda se d u rar m enos de 2 sem anas, persistente se d u ra r 2 a 4 sem anas e crônica se d u rar m ais de 4 sem anas. D ois distúrbios com uns, em geral associados à elim inação de fezes totalizando m enos de 200 g/dia, devem ser diferenciados da diarréia, po rq u e existem diferenças nos algoritm os diagnóstico e terapêutico. Pseudodiarreia, ou a elim inação freqüente de pequenos volumes de fezes, costum a estar associada à urgência retal e acom pa nha a SII ou a proctite. Incontinência fecal é a elim inação involuntá ria do conteúdo retal, causada com m aior frequência p o r distúrbios neurom usculares ou problem as anorretais estruturais. A diarréia e a urgência, especialm ente q u ando graves, podem exacerbar ou causar incontinência. A pseudodiarreia e a in continência fecal acontecem em taxas de prevalência com paráveis ou superiores às da diarréia crô nica e devem ser consideradas sem pre em pacientes que se queixam de “diarréia”. Pode ocorrer diarréia p o r fluxo excessivo em pacientes acam ados em casa, devido à im pactação fecal, fácil de detectar ao exame retal. U m a anam nese m inuciosa e um exam e físico cuidadoso
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em geral perm item que esses distúrbios sejam diferenciados da diar réia verdadeira.
■ DIARRÉIA AGUDA Mais de 90% dos casos de diarréia aguda são causados p o r agentes in fecciosos; tais casos são frequentem ente acom panhados por vôm itos, febre e do r abdom inal. Os 10% restantes ou m ais são causados p or m edicam entos, intoxicações, isquem ia e outras condições.
Agentes infecciosos
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 310
A m aioria das diarréias infecciosas é adquirida po r transm issão fecal-oral ou, m ais com um ente, pela ingestão de alim entos ou água co n tam inados com patógenos a p a rtir de fezes hum anas ou de anim ais. Na pessoa im unocom petente, a flora fecal residente, contendo m ais de 500 espécies taxonom icam ente distintas, raram ente é a origem da diarréia e pode, na realidade, desem penhar um papel na supressão do crescim ento dos patógenos ingeridos. D istúrbios na flora causa dos p o r antibióticos podem ocasionar diarréia ao reduzir a função digestiva ou p erm itir a proliferação de patógenos, com o Clostridium difficile (Cap. 129). U m a lesão ou infecção aguda ocorre quando o agente ingerido supera ou desvia das defesas im unes e não im unes (ácido gástrico, enzim as digestivas, secreção de m uco, peristalse e flora residente supressora) da m ucosa do hospedeiro. As associações clínicas estabelecidas com enteropatógenos específicos podem ofere cer indícios diagnósticos. Nos EUA, são reconhecidos 5 grupos de alto risco: 1. Viajantes. Q uase 40% dos tu ristas que visitam regiões e n d ê m icas da A m érica L atina, da Á frica e da Ásia apresentam a cham ada diarréia dos viajantes, causada m ais freq u en tem en te p o r Escherichia coli enterotoxigênica ou enteroagregante, além de Campylobacter, Shigella, A erom onas, norovírus, Coronavirus e Salm onella. O s que visitam a R ússia (especial m ente São Petersburgo) podem co rrer m aior risco de diarréia associada a G iardia; os que visitam o N epal p odem a d q u irir Cyclospora. C am pistas, m o n ta n h istas e n ad ad o res em áreas selvagens p o d e m ser infectados p o r Giardia. Navios que fa zem cruzeiros p o d em ter su rto s de g astrenterite causada p o r agentes com o o norovírus. 2. Consumidores de certos alimentos. A diarréia logo após o consu m o de alim entos em um piquenique, banquete ou restaurante pode sugerir infecção p o r Salmonella, Campylobacter ou Shi gella a partir de frangos; E. coli êntero-hem orrágica (0157:H 7) a p a rtir de ham búrguer m alcozido; Bacillus cereus a p a rtir de arroz frito ou outros alim entos relacionados; Staphylococcus aureus ou Salmonella a pa rtir de m aionese ou patês; Salmonella a p a rtir de ovos; histeria de alim entos crus ou queijos m oles e espécies de Vibrio, Salmonella ou hepatite A aguda a p a rtir de frutos do mar, especialm ente quando crus. 3. Pessoas imunodeficientes. As pessoas sob risco de diarréia in cluem aquelas com im unodeficiência prim ária (p. ex., deficiên cia de IgA, hipogam aglobulinem ia variável com um , doença granulom atosa crônica) ou os estados de im unodeficiência secundária bem m ais com uns (p. ex., Aids, senescência, su pressão farm acológica). Os enteropatógenos com uns em geral causam um a doença diarreica m ais grave e protraída e, princi palm ente nas pessoas com Aids, infecções oportunistas, com o a causada por espécies de M ycobacterium, determ inados vírus (citom egalovírus, adenovírus e herpes simples) e protozoários (Cryptosporidium, Isospora belli, M icrosporídios e Blastocystis hom inis), tam bém p odem d e sem p en h ar um a função (Cap. 189). Nos pacientes com Aids, os agentes venéreos tran sm i tidos VR (p. ex., Neisseria gonorrhoeae, Treponema pallidum , Chlamydia) podem contribuir p ara a proctocolite. Pessoas com hem ocrom atose são especialm ente propensas a infecções enté ricas invasivas, até m esm o fatais, com espécies de Vibrio e Yer sinia, devendo portanto evitar peixe cru.
4. Os cuidadores de creches e seus familiares. As infecções p o r Shi gella, Giardia, Cryptosporidium, rotavírus e outros agentes são bastante com uns e devem ser consideradas. 5. Pessoas em instituições de longa perm anência. A diarréia in fecciosa é u m a das categorias m ais freqüentes de infecções hospitalares em m uitas clínicas e instituições de longa p e rm a nência; as causas são vários m icrorganism os, p orém o m ais com um é o Clostridium difficile. O Clostridium difficile pode afetar aqueles sem h istó ria de uso antibiótico e po d e ser a d quirido na com unidade. A fisiopatologia subjacente da diarréia aguda por agentes infec ciosos produz manifestações clínicas específicas que tam bém podem ser valiosas no diagnóstico (Q u a d ro 40.2). A diarréia aquosa p ro fusa secundária à hipersecreção do intestino delgado ocorre com a ingestão de toxinas bacterianas pré-form adas, bactérias produtoras de enterotoxina e patógenos enteroaderentes. A diarréia associada a vôm itos acentuados e febre m ínim a ou ausente pode ocorrer de for m a abrupta algum as horas após a ingestão dos dois prim eiros tipos; os vôm itos em geral são m enos intensos, sendo que as cólicas ou distensão abdom inais são m ais proem inentes e a febre é m ais ele vada com a últim a. Os m icrorganism os produtores de citotoxina e invasivos provocam , sem exceção, febre alta e dor abdom inal. Com frequência, as bactérias invasivas e Entamoeba histolytica provocam diarréia sanguinolenta (conhecida com o disenteria). Yersinia invade as m ucosas ileal term inal e colônica proxim al, podendo gerar dor abdom inal particularm ente intensa com sensibilidade à palpação, sim ulando apendicite aguda. Por fim , a diarréia infecciosa po d e estar associada a m anifesta ções sistêm icas. A artrite reativa (anteriorm ente conhecida com o síndrom e de Reiter) artrite, uretrite e conjuntivite pode acom panhar ou suceder as infecções p o r Salmonella, Campylobacter, Shigella e Yersinia. A iersiniose tam bém pode acarretar um a tireoidite tipo au toim une, pericardite e glom erulonefrite. E. coli êntero-hem orrágica (0157:H 7) e Shigella p o d em levar à síndrome hemolítico-urêmica, com um a taxa de m ortalidade elevada associada. A SII pós-infecciosa agora é reconhecida com o um a com plicação da diarréia infecciosa. A diarréia aguda tam bém pode ser um sintom a im portante de diversas infecções sistêmicas, tais com o hepatite viral, listeriose, legionelose e síndrome do choque tóxico.
Outras causas Os efeitos colaterais dos m edicam entos provavelmente são as causas não infecciosas m ais com uns de diarréia, e a etiologia pode ser suge rida p or um a associação tem poral entre o uso do fárm aco e o início do sintoma. Em bora inúm eros m edicam entos possam provocar d iar réia, alguns dos m ais frequentem ente incrim inados com preendem antibióticos, an tiarrítm ico s cardíacos, anti-hipertensivos, a n ti-in flam atórios não esteroides (AIN Es), certos antidepressivos, agentes quim ioterápicos, broncodilatadores, antiácidos e laxativos. A colite isquêmica oclusiva ou a não oclusiva ocorrem em pessoas com mais de 50 anos de idade, apresentam -se frequentem ente com o dor abdo m inal baixa aguda precedendo a diarréia aguda, em seguida sangui nolenta, e em geral resultam em alterações inflam atórias agudas no sigm oide ou no colo esquerdo, enquanto poupam o reto. A diarréia aguda pode acom panhar a diverticulite colônica e a doença do enxerto versus hospedeiro. A diarréia aguda, frequentem ente associada a com prom etim ento sistêmico, pode suceder a ingestão de toxinas, com o inseticidas organofosforados; A m anita e outros cogumelos; arsênico; e toxinas am bientais pré-form adas em frutos do mar, com o a ciguatera e o escombroide. A anafilaxia aguda para a ingestão de alim entos pode ter u m a apresentação sim ilar. O s distúrbios que causam diar réia crônica tam bém p o d em ser confundidos com a diarréia aguda no início de sua evolução. Tal confusão pode ocorrer com a doença inflam atória intestinal (D II) e algum as das outras diarréias crônicas inflam atórias que p odem ter início abrupto, em vez de insidioso, e exibir aspectos que sim ulam um a infecção.
QUADRO 40.2
Associação entre e biopatologia dos agentes causais e as manifestações clínicas na diarréia infecciosa aguda
I Biopatologia/agentes
Período de incubação
Vômitos
Dor abdominal
Febre
Diarréia
Bacillus cereus, Staphylococcus aureus
1a8h
3a4+
1 a 2+
0 a 1+
3 a 4+, aquosa
Clostridium perfringens
8 a 24 h 8a72h
2a4+
1 a 2+
0 a 1+
3 a 4+, aquosa
1 a 8 dias
0 a 1+
1 a 3+
0 a 2+
1 a 2+, aquosa, mole
C. difficile
1 a 3 dias
0 a 1+
3 a 4+
1 a 2+
1 a 3+, em geral aquosa, ocasionalmente sanguinolenta
£ coli hemorrágica
12 a 72 h
0 a 1+
3 a 4+
1 a 2+
1 a 3+, de início aquosa, rapidamente sanguinolenta
1 a 3 dias
1 a 3+
2 a 3+
3 a 4+
1 a 3+, aquosa
12 h a 11 dias
0a3+
2 a 4+
3 a 4+
1 a 4 +, aquosa a sanguinolenta
12 h a 8 dias
0 a 1+
3 a 4+
3 a 4+
1 a 2+, sanguinolenta
Produtores de toxina Toxina pré-formada
Enterotoxina Vibrio cholerae, Escherichia coli enterotoxigênica, Klebsiella pneumoniae, espécies de Aeromonas Enteroaderentes E. co// enteropatogênica e enteroaderente, Giardia. criptosporidiose, helmintos Produtores de citotoxina
Inflamação mínima Rotavírus e norovírus Inflamação variável Espécies de Salmonella, Campylobacter e Aeromonas, Vibrio parahaemolyticus, Yersinia Inflamação grave Espécies de Shigella, E. coli enteroinvasiva, Entamoeba histolytica
Diarréia e Constipação
Organismos invasivos
Fonte: Adaptado de DW Powell, em T Yamada (ed.): Textbook of Gastroenterology and Hepatology, 4th ed., Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2003.
Diarréia aguda A decisão de avaliar a diarréia aguda d e p en d e de sua g ravida de e sua duração, bem com o de vários fatores do h ospedeiro (Fig. 40.2). A m aioria dos episódios de d iarréia aguda é leve e a u tolim itada, não justifican d o o custo e a taxa de m orb id ad e em potencial das intervenções diagnósticas o u farm acológicas. As indicações para avaliação incluem d iarréia profusa com d e sidratação, fezes francam ente sanguinolentas, febre > 38,5°C (> 101°F), duração > 48 h oras sem m elhora, uso recente de a n ti biótico, novos su rto s n a com unidade, d o r abdom inal grave as sociada em pacientes com m ais de 50 anos de idade e idosos ( > 70 anos) ou im unocom prom etidos. Em alguns casos de diarréia febril m o d era d am e n te grave associada a leucócitos fecais (ou com níveis fecais aum en tad o s de proteínas leucocitárias), ou a sangue franco nas fezes, um a avaliação diagnóstica po d eria ser o m itida em favor de u m a prova terapêutica em pírica com a n ti biótico (ver adiante). A base do diagnóstico naqueles em que se suspeita de diar réia infecciosa aguda grave é a análise m icrobiológica das fezes. A investigação inclui culturas para patógenos b acterianos e virais, exam e parasitológico das fezes e im unoensaios para d e te rm in a das toxinas bacterianas (C. difficile), antígenos virais (rotavírus) e de protozoários (Giardia, E. histolytica). As associações clínicas e epidem iológicas que acabam os de m encionar podem auxiliar no enfoque da avaliação. Q uando d eterm inado patógeno ou grupo de possíveis patógenos é im plicado dessa m aneira, então todo
o painel de exam es rotineiros po d e ser desnecessário ou, em al guns casos, culturas especiais p o d em ser apropriadas para o tipo êntero-hem orrágico e outros tipos de E. coli, espécies de Vibrio e Yersinia. O diagnóstico m olecular dos patógenos nas fezes pode ser feito p or identificação de seqüências únicas de DNA, e a evo lução das tecnologias de m icroensaio poderia levar a um a condu ta diagnóstica m ais rápida, sensível, específica e com razão custo/ benefício favorável no futuro. A diarréia persistente origina-se com um ente da Giardia (Cap. 209), porém os m icrorganism os causais adicionais que devem ser considerados são C. difficile (especialm ente quando tiverem sido adm inistrados antibióticos), E. histolytica, Cryptosporidium, Campylobacter e outros. Q u ando os exam es de fezes são incon clusivos, a sigm oidoscopia flexível com biópsias e a endoscopia alta com aspirado e biópsia duodenais podem estar indicadas. A diarréia de Brainerd é um a entidade cada vez m ais reconhecida, que se caracteriza p o r início a brupto e persiste p or pelo m enos 4 sem anas, m as pode d u ra r 1 a 3 anos, e acredita-se que seja de origem infecciosa. Pode estar associada à inflam ação sutil do in testino delgado distai ou do colo proxim al. O exam e estrutural p o r sigm oidoscopia, colonoscopia ou TC abdom inal (ou outras técnicas radiológicas) pode ser apropriado nos pacientes com diarréia p ersistente não caracterizada, a fim de excluir a doença inflam atória intestinal, ou com o um a abordagem inicial nos pacientes em que se suspeita de diarréia aguda não in fecciosa, com o a que p o d eria ser causada p or colite isquêm ica, diverticulite ou obstrução intestinal parcial.
311
tenham valvas cardíacas m ecânicas ou enxertos vasculares recen tes ou sejam idosos. O subsalicilato de bism uto pode reduzir a frequência da diarréia do viajante. A profilaxia com antibiótico está indicada para determ in ad o s pacientes que visitarão países de alto risco, nos quais a probabilidade ou seriedade da diarréia adquirida seria especialm ente elevada, com o aqueles com im unocom prom etim ento, doença inflam atória intestinal, hem ocrom atose ou acloridria gástrica. O uso de ciprofloxacino ou rifaxim ina pode dim inuir 90% a diarréia bacteriana nesses viajantes, em bora a rifaxim ina não seja adequada para doença invasiva, mas sim um tratam ento para a diarréia do viajante descomplicada. Por fim, os m édicos devem ficar vigilantes para identificar se está ocorrendo um surto de diarréia e alertar as autoridades de saúde pública sem dem ora, o que pode reduzir o tam anho da população acometida.
2
30 —I
■ DIARRÉIA CRÔNICA
m
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 312
A diarréia que d u ra m ais de 4 sem anas exige avaliação para se ex cluir um a patologia subjacente grave. Em contraste com a aguda, a m aioria das causas da diarréia crônica não é de origem infecciosa. A classificação da diarréia crônica pelo m ecanism o fisiopatológico faci lita um a conduta racional para o tratam ento, em bora muitas doenças causem diarréia p o r m ais de um m ecanism o (Q uadro 40.3).
Causas secretoras As diarréias secretoras são provocadas p or distúrbios no transporte hidreletrolítico através da m ucosa enterocolônica. Caracterizam -se clinicam ente p or elim inações fecais aquosas e de grande volume, indolores e que persistem com o jejum . C om o não há soluto m al-absorvido, a osm olalidade fecal é verificada p o r eletrólitos endógenos norm ais sem hiato osm ótico fecal.
Figura 40.2
Algoritmo para o tratamento da diarréia aguda. Considerar um diagnóstico empírico antes da avaliação com (*) metronidazol e (f) quinolona. Leucs, leucócitos.
TRATAMENTO
Diarréia aguda
A reposição hidreletrolítica é de im portância prim ordial em todas as form as de diarréia aguda. A reposição isolada de líquidos pode ser suficiente nos casos leves. As soluções orais com glicose e eletrólitos (bebidas energéticas ou fórm ulas especializadas) devem ser instituídas de im ediato nos casos de diarréia grave para lim itar a desidratação, que é a principal causa de m orte. Os pacientes p ro fundam ente desidratados, em especial lactentes e idosos, necessi tam de reidratação intravenosa. N a diarréia m oderadam ente grave, afebril e não san g u in o lenta, os agentes anti-secretores e antim otilidade, com o a loperam ida, podem ser m edidas adjuvantes úteis p ara controlar os sintom as. Esses agentes devem ser evitados nos casos de disen teria febril, que pode ser exacerbada ou prolongada p o r eles. O subsalicilato de bism uto po d e reduzir os sintom as de vôm itos e diarréia, mas não deve ser utilizado para tratar pacientes im u n o com prom etidos ou com com prom etim ento renal, p o r causa do risco de encefalopatia por bism uto. O uso criterioso de antibióticos é apropriado em certos ca sos de diarréia aguda, p o dendo reduzir sua gravidade e sua d u ração (Fig. 40.2). M uitos m édicos tratam de form a em pírica, sem avaliação diagnóstica, os pacientes de m o d erad o a gravem ente enferm os com disenteria febril usando quinolona, com o o ciprofloxacino (500 mg, 2x/dia durante 3 a 5 dias). O tratam ento em pírico com m etronidazol (250 m g, 4x/dia durante 7 dias) tam bém pode ser considerado se houver suspeita de giardíase. De outro m odo, a escolha dos antibióticos e esquem as posológicos é ditada pelos patógenos específicos, padrões geográficos de resistência e distúrbios encontrados (Caps. 128, 149 e 153-159). A c o b ertu ra com antibióticos está indicada quer um m icrorganism o causai seja descoberto ou não em pacientes im unocom prom etidos, que
Medicações Os efeitos colaterais da ingestão regular de m edica m entos e toxinas são as causas secretoras m ais com uns de diarréia crônica. C entenas de m ed icam en to s prescritos e adquiridos sem prescrição (ver “D iarréia aguda, O u tra s C ausas” anteriorm ente) p odem p ro d u z ir diarréia. T am bém deve ser considerado o uso re p entino ou habitual de laxativos estim ulantes (p. ex., sene, cáscara, bisacodil, ácido ricinoleico [óleo de rícino]). O consum o crônico de etanol pode gerar um a diarréia do tip o secretor devido à lesão dos enterócitos, com co m p ro m etim en to da absorção de sódio e água, bem com o trânsito rápido e outras alterações. A ingestão inadverti da de determ inadas toxinas am bientais (p. ex., arsênico) pode levar a form as crônicas, em vez de agudas, de diarréia. Certas infecções bacterianas às vezes p o d e m p ersistir e estar associadas a um a diar réia do tipo secretor. Resecção intestinal, doença da mucosa ou fístula enterocólica
Estas condições são d istúrbios que p o d em resu ltar em um a diarréia do tipo secretor p o r causa da superfície inad eq u ad a para a reabsorção dos líquidos e eletrólitos secretados. D iferente de outras diarréias se cretoras, esse subgrupo de afecções tende a se agravar com a alim en tação. C om um a doença (p. ex., ileíte de C rohn) ou um a ressecção < 100 cm de íleo term inal, os ácidos diidroxibiliares podem escapar da absorção e estim ular a secreção colônica (diarréia colorreica), m eca nism o que pode con trib u ir para a cham ada diarréia secretora idiopá tica, em que os ácidos biliares são fu n cionalm ente m al-absorvidos a p a rtir do íleo term in al de aspecto norm al. Esta má absorção de ácido da bile idiopático p ode ser responsável p or um a m édia de 40% das diarréias crônicas sem explicação. A regulação de feedback n e gativa reduzida da síntese de ácido da bile pelo fator de crescimento de fibroblasto 19 p ro d u z id a pelos enterócitos resulta em um grau de síntese de ácido da bile que excede a capacidade norm al para a reabsorção ileal, p ro d u z in d o diarréia de acido da bile. A obstrução intestinal parcial, a estenose de um a ostom ia ou a impactação fecal podem levar, paradoxalm ente, a um aum ento do débito fecal devido à hipersecreção.
Hormônios
E m bora in co m u n s, os exem plos clássicos de diarréia secretora são as m ediadas p o r h o rm ô n io s. O s tumores carcinoides
QUADRO 40.3 Principais causas de diarréia crônica, de acordo com o mecanismo fisiológico predominante Causas secretoras Laxativos estimulantes exógenos Ingestão crônica de álcool Outros fármacos e toxinas Laxativos endógenos (ácidos diidroxibiliares) Diarréia secretora idiopática Certas infecções bacterianas Ressecção, doença ou fístula intestinal ( i absorção) Obstrução intestinal parcial ou impactação fecal Tumores produtores de hormônios (carcinoide, PIVoma, câncer medular da tireoide, mastocitose, gastrinoma, adenoma colorretal viloso)
Causas inflamatórias Doença intestinal inflamatória idiopática (de Crohn, colite ulcerativa crônica) Colites linfocítica e colagenosa Doença de mucosa imunorrelacionada (imuno deficiências de 1° ou 2° graus, alergia alimentar, gastrenterite eosinofílica, doença do enxerto versus hospedeiro) Infecções (bactérias invasivas, vírus e parasitas, diarréia de Brainerd) Lesão por irradiação Malignidades gastrintestinais
Causada por dismotilidade Síndrome do intestino irritável (inclusive SII pós-infecciosa)
Defeitos congênitos da absorção de eletrólitos
Neuromiopatias viscerais
Causas osmóticas Laxativos osmóticos (Mg2+, P04~3,
s o ;2) Deficiência de lactase e outros dissacarídios Carboidratos não absorvíveis (sorbitol, lactulose, polietilenoglicol)
Causas esteatorreicas Má digestão intraluminal (insuficiência pancreática exócrina, proliferação bacteriana, cirurgia bariátrica, doença hepática)
Hipertireoidismo Fármacos (agentes procinéticos) Pós-vagotomia
Causas factícias
Defeitos congênitos na absorção de íon R aram ente, defeitos nos tran sp o rtad o res específicos associados à absorção de íons causam diarréia aquosa desde o nascim ento. Estes distúrbios incluem a troca defeituosa de C 1 7 H C 0 3" (diarréia clorética congênita) com alcalose (que resulta de um a m utação do gene D RA [down-regulated no ade nom a]) e troca defeituosa de N a+/H + (diarréia de sódio congênita), que resulta de um a m utação no gene N H E3 (sódio-hidrogênio isoform a 3) e resulta em acidose. A lgum as deficiências horm onais p o dem estar associadas à diarréia aquosa, com o aquela que acontece na insuficiência do córtex supra-renal (doença de A ddison), que pode ser acom panhada por hiperpigm entação cutânea.
Munchausen Distúrbios do comer
Causas iatrogênicas Colecistectomia Ressecção ileal Cirurgia bariátrica Vagotomia, fundoplicatura
Má absorção na mucosa (doença celíaca, doença de Whipple, infecções, abetalipoproteinemia, isquemia) Obstrução pós-mucosa (obstrução linfática de 1a ou 2a graus)
gastrintestinais metastáticos ou, raram ente, os carcinoides brônquicos prim ários p odem pro d u zir apenas diarréia aquosa ou fazer parte da síndrom e carcinoide, que com preende ru b o r episódico, sibilância, dispnéia e cardiopatia valvar direita. A diarréia é gerada pela libe ração de potentes secretagogos intestinais n a circulação, tais com o se ro to n in a , h istam in a, p ro sta g la n d in as e v árias cininas. Lesões cutâneas sem elhantes às da pelagra o co rrem raram ente, em conse qüência da h iperprodução de sero to n in a com depleção de niacina. O gastrinom a, um dos tu m o res n e u ro e n d ó c rin o s m ais com uns, apresenta-se com m aior frequência com úlceras pépticas refratárias, m as a diarréia acontece em até cerca de 33% dos casos e é a única m anifestação clínica em 10% deles. E m bora diversos secretagogos liberados com a gastrina possam d esem p en h ar um papel, a diarréia resulta com m ais frequência da m á digestão lipídica d ecorrente da inativação da enzim a pancreática pelo pH in tra d u o d en a l baixo. A síndrom e de diarréia aquosa com h ipopotassem ia e acloridria, ta m bém d en o m in ad a cólera pancreática, deve-se a u m a d en o m a p a n creático de células não (3, cham ado de PIVom a, que secreta o p e p tí dio intestinal vasoativo (PIV) e u m a variedade de outros h orm ô n io s peptídicos, com o o polipeptídio pancreático, a secretina, a gastrina,
Causas osmóticas A diarréia osm ótica acontece q u ando solutos ingeridos, pouco a b sorvíveis e osm oticam ente ativos, atraem líquido suficiente para o lúm en, excedendo a capacidade de reabsorção do colo. O débito h í drico fecal aum enta p roporcionalm ente a essa carga de soluto. Em geral, a diarréia osm ótica cessa com o jejum ou com a suspensão da ingestão oral do agente causador.
Diarréia e Constipação
Doença de Addison
o polipeptídio inibidor de gastrina (tam bém cham ado peptídio insulinotrópico dependente de glicose), a n eurotensina, a calcitonina e as prostaglandinas. A diarréia secretora em geral é m aciça, com volum es fecais > 3 L/dia; relataram -se volum es diários tão eleva dos quan to de 20 L. D esidratação p a rticu la rm e n te fatal, disfunção neu ro m u scu lar secundária a hipopotassem ia, hipom agnesem ia ou hipercalcem ia associada; ru b o r e hiperglicem ia p odem acom panhar o PIVoma. O carcinoma m edular de tireoide po d e m anifestar-se com diarréia aquosa provocada pela calcitonina, p o r outros peptídios secretores ou p o r prostaglandinas. Em geral, a diarréia p roem inente está associada à doença m etastática e u m prognóstico reservado. A mastocitose sistêmica, que p ode estar associada à lesão cutânea da u rticária pigm entosa, po d e causar diarréia secretora e m ediada p or h istam in a ou inflam atória gerada p o r infiltração do intestino p or m astócitos. O s grandes adenom as vilosos colorretais p o d em estar raram ente associados a u m a diarréia secretora, que po d e gerar h i popotassem ia, ser inibida p o r AIN Es e são aparentem ente m ediadas p o r prostaglandinas.
Laxativos osmóticos A ingestão de antiácidos contendo magnésio, suplem entos vitam ínicos ou laxativos pode induzir diarréia osm óti ca, tipificada p or um hiato osm ótico fecal (> 50 m osm ol/L): osm olalidade sérica (de 290 m osm ol/kg) [2 x (sódio fecal + concentração de potássio)]. A m edida da osm olalidade fecal não é m ais recom endada porque, m esm o quando feita im ediatam ente após a evacuação, pode ser errônea, pois os carboidratos são m etabolizados p or bactérias colônicas, o que causa aum ento na osm olaridade. Má absorção de carboidratos A m á absorção de carboidratos d e co rren te de defeitos a d q u irid o s ou congênitos nas dissacaridases da borda ciliada e em ou tras enzim as resulta em diarréia osm ótica com pH baixo. U m a das causas m ais c o m u n s de diarréia crônica em adultos é a deficiência de lactase, que aflige 75% de não brancos no m u n d o inteiro e 5 a 30% das pessoas nos EUA; a carga total de lactose a q ualquer m o m e n to influencia os sintom as apresentados. A m aioria dos pacientes a prende a evitar laticínios sem precisar de tratam ento com suplem entos enzim áticos. A lguns açúcares, com o o sorbitol, a lactulose ou a frutose, costum am ser m al-absorvidos, de m odo que a diarréia se estabelece com a ingestão de m edicam entos, chicletes ou doces que c o n ten h am esses açúcares m al ou incom ple tam ente absorvidos.
Causas esteatorreicas A m á absorção de lipídios pode induzir diarréia com fezes gorduro sas, de o dor fétido e difíceis de escoar, frequentem ente associada à p erda ponderai e deficiências nutricionais decorrentes da m á absor ção concom itante de am inoácidos e vitam inas. O aum ento do débito fecal é causado pelos efeitos osm óticos dos ácidos graxos, especial m ente depois da hidroxilação bacteriana, e, em m enor extensão, pela carga de lipídios neutros. Em term os quantitativos, a esteatorreia é definida com o um nível de g ordura fecal superior à taxa norm al de
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7 g/dia; a diarréia de trânsito rápido pode resultar em gordura fecal de até 14 g/dia; a gordura fecal diária alcança em m édia 15 a 25 g nas doenças do intestino delgado e em geral é > 32 g na insuficiência p a n creática exócrina. Má digestão intralum inal, m á absorção da m ucosa ou obstrução linfática podem causar esteatorreia.
Má digestão intraluminal É um distúrbio que resulta, com m aior fre quência, da insuficiência pancreática exócrina, que ocorre quando m ais de 90% da função secretora pancreática são perdidos. A p a n creatite crônica, em geral u m a seqüela do abuso de etanol, provoca disfunção pancreática com m aior frequência. O utras causas c o m preendem fibrose cística, obstrução do dueto pancreático e, raram en te, somatostatinoma. A proliferação bacteriana no intestino delgado pode desconjugar os ácidos biliares e alterar a form ação de micelas, o que com prom ete a digestão dos lipídios; ela ocorre com a estase dentro de um a alça cega, divertículo de intestino delgado ou dism otilidade, sendo especialm ente provável no idoso. Por fim, a cirrose ou a obstrução biliar podem acarretar esteatorreia leve devido à concen tração intralum inal deficiente de ácidos biliares. Má absorção na mucosa
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
O corre m á absorção na m ucosa a p a rtir de diversas enteropatias, porém ela ocorre m ais com um ente devido à doença celíaca, um a enteropatia sensível ao glúten que acom ete pes soas de todas as idades, caracteriza-se p o r atrofia das vilosidades e hiperplasia das criptas no intestino delgado proxim al po d en d o ap re sentar-se com diarréia gordurosa associada a m últiplas deficiências nu tricionais de gravidade variável. A doença celíaca é m uito m ais freqüente do que se pensava, acom etendo cerca de 1% da p o p u la ção; frequentem ente m anifesta-se sem esteatorreia, pode sim ular a SII e tem m uitas outras m anifestações GI e extraintestinais. O esp ru tropical pode causar um a síndrom e histológica e clinicam ente similar, m as ocorre em residentes ou pessoas que viajam para clim as tropicais; seu início a brupto e a resposta aos antibióticos sugerem um a etiologia infecciosa. A doença de Whipple, devido ao bacilo Tropherym a whippleii e à infiltração histiocítica da m ucosa do intestino delgado, é um a causa m enos com um de esteatorreia m ais típica em hom ens jovens e de m eia-idade, estando frequentem ente associada a artralgias, febre, linfadenopatia e fadiga extrem a, além de p o d e r afetar o SNC e o endocárdio. Um qu ad ro clínico e histológico si m ilar resulta da infecção p o r M ycobacterium avium -intracellulare em pacientes com Aids. A abetalipoproteinemia é um defeito raro da form ação de quilom ícrons com m á absorção de lipídios em c ria n ças associado a eritrócitos acantocíticos, ataxia e retinite p igm ento sa. Vários outros distúrbios podem causar m á absorção na m ucosa, incluindo infecções, especialm ente p or protozoários, com o Giardia, inúm eros m edicam entos (p. ex., colchicina, colestiram ina, neom icina); am iloidose e isquem ia crônica.
Obstrução linfática pós-mucosa
A fisiopatologia desse distúrbio, d e corrente da rara linfangiectasia intestinal congênita ou de obstrução linfática adquirida secundária a um traum atism o, tum or, doença cardíaca ou infecção, acarreta a constelação singular de m á absor ção lipídica com perdas entéricas de proteína (m uitas vezes causando edem a) e linfocitopenia. Há preservação da absorção de carboidratos e am inoácidos.
Causas inflamatórias As diarréias inflam atórias são geralm ente acom panhadas de febre, dor, sangram ento ou outras m anifestações de inflam ação. O m eca nism o da diarréia po d e ser n ão apenas a exsudação, m as, d e p e n dendo do local da lesão, pode incluir m á absorção lipídica, redução da absorção hidreletrolítica e hipersecreção ou h iperm otilidade d e corrente da liberação de citocinas e ou tro s m ediadores in flam ató rios. O aspecto unificador na análise fecal é a presença de leucócitos ou de p ro d u to s derivados de leucócitos, com o calprotectina. C om u m a inflam ação grave, a p erda proteica exsudativa po d e a carretar anasarca (edem a generalizado). Q ualquer pessoa de m eia-idade ou m ais velha com diarréia crônica do tipo inflam atório, especialm ente com sangue, deve ser cuidadosam ente avaliada p ara se excluir um tu m o r colorretal.
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Doença inflamatória intestinal idiopática As doenças nessa catego ria, com o a doença de Crohn e a colite ulcerativa crônica, estão entre as causas orgânicas m ais com uns da diarréia crônica em adultos e sua gravidade varia de leve a fulm inante e potencialm ente fatal. Elas podem estar associadas à uveíte, poliartralgias, doença hepática colestática (colangite esclerosante prim ária) e lesões cutâneas (erite m a nodoso, pioderm a gangrenoso). A colite microscópica, incluindo tanto a colite linfocítica quanto a colite colagenosa, é um a causa cada vez m ais reconhecida de diarréia aquosa crônica, especialm ente em m ulheres de m eia-idade e pacientes que usam AINEs, estatinas, ini bidores da bom ba de pró to n (IBPs) e inibidores seletivos da recap tação de serotonina (ISRSs); a biópsia de um colo de aspecto norm al é essencial para o diagnóstico histológico. Pode coexistir com sin tom as sugestivos de SII ou doença celíaca. C ostum a responder bem aos anti-inflam atórios (p. ex., bism uto), ao agonista opioide loperam ida ou à budenosida. Formas primárias ou secundárias de imunodeficiência A im unodefi ciência pode acarretar diarréia infecciosa prolongada. Com a defi ciência de IgA seletiva ou hipogamaglobulinemia variável comum, a diarréia é p articularm ente prevalente e, com frequência, resulta de giardíase crescim ento bacteriano excessivo ou espru. Gastrenterite eosinofílica
A infiltração eosinofílica da mucosa, m us cular da m ucosa ou da serosa em qualquer nível do trato GI pode provocar diarréia, dor, vôm itos ou ascite. Com frequência, os pacien tes acom etidos apresentam um a história atípica, cristais de Charcot-Leyden decorrentes do conteúdo eosinofílico expelido podem ser observados à inspeção m icroscópica das fezes, e eosinofilia periférica está presente em 50 a 75% dos pacientes. Em bora a hipersensibilida de a determ inados alim entos ocorra em adultos, a alergia alim entar verdadeira causando diarréia crônica é rara.
Outras etiologias
A diarréia inflam atória crônica pode ser provo cada p or enterocolite por irradiação, doença do enxerto versus hospe deiro crônica, síndrom e de Behçet e síndrome de Cronkhite-Canada, entre outras.
Causas com dismotiiidade Um trânsito rápido pode acom panhar m uitas diarréias com o um fe nôm eno secundário ou contribuinte, m as a dism otiiidade prim ária é um a etiologia incom um de diarréia verdadeira. C om frequência, os achados fecais sugerem u m a diarréia secretora, m as a esteatorreia leve de até 14 g de lipídios p o r dia pode ser induzida p or m á diges tão a p artir apenas de um trânsito rápido. Hipertireoidismo, síndrome carcinoide e certos fárm acos (p. ex., prostaglandinas, agentes proci néticos) podem causar hiperm otilidade com resultante diarréia. As neurom iopatias viscerais prim árias ou a pseudo-obstrução intestinal adquirida idiopática podem ocasionar estase com proliferação bac teriana secundária, que causa diarréia. A diarréia diabética, frequen tem ente acom panhada p o r n europatias autonôm icas periféricas e generalizadas, pode advir, em parte, da dism otiiidade intestinal. A SII é extrem am ente com um (prevalência pontual de 10%, in cidência de 1 a 2% po r ano) e se caracteriza p o r com prom etim ento das respostas sensoriais e m otoras intestinais e colônicas a vários estím ulos.Em geral, os sintom as de frequência fecal costum am cessar à noite, alternam -se com períodos de constipação, são acom panhados p o r d or abdom inal aliviada com a defecação e raram ente resultam em perda de peso.
Causas factícias A diarréia factícia responde p o r até 15% das diarréias inexplicadas encam inhadas a centros de assistência terciária. Q uer com o uma for m a de síndrome de M unchausen (fingim ento ou autolesão para ob ter ganho secundário), quer com o bulimia, alguns pacientes tomam clandestinam ente laxativos p o r conta própria, isoladam ente ou em com binação com outros m edicam entos (p. ex., diuréticos) ou acres centam , de m aneira sub-reptícia, água ou u rina nas fezes enviadas para análise. Esses pacientes são m ulheres, na m aioria das vezes com histórias de doença psiquiátrica e de m aneira desproporcional se
guem carreiras na área da saúde. H ipotensão e hipopotassem ia são achados coexistentes com uns. A avaliação de tais pacientes pode ser difícil; a contam inação das fezes com água ou urina pode ser sugeri da p or um a osm olaridade fecal m uito baixa ou alta, respectivam en te. C om frequência, esses pacientes negam tal possibilidade quando questionados, m as realm ente se beneficiam de tratam ento psiquiá trico quando reconhecem seu com portam ento.
Diarréia crônica São inúm eros os recursos laboratoriais disponíveis para avaliar o problem a m uito com um da diarréia, p orém m uitos são dis pendiosos e invasivos. Assim, a avaliação diagnóstica deve ser racionalm ente dirigida po r um a anam nese e um exam e físico m inuciosos (Fig. 40.3A). Q uando tal estratégia nada revela, com
frequência os exames sim ples de triagem estão assegurados para direcionar a escolha para exames m ais com plexos (Fig. 40.3B). A anam nese, o exame físico (Q u a d ro 40.4) e os exam es de sangue rotineiros devem ten ta r caracterizar o m ecanism o da diarréia, identificar as associações valiosas para o diagnóstico e avaliar os estados hidreletrolítico e n u tricional do paciente. Os pacientes devem ser inquiridos sobre o início, a duração, o padrão, os fa tores agravantes (especialm ente a dieta) e atenuantes, bem com o as características das fezes diarreicas. Deve-se observar a presen ça ou ausência de incontinência fecal, febre, perda ponderai, dor, d eterm inadas exposições (viagem, m edicam entos, contatos com diarréia) e as m anifestações extraintestinais com uns (alterações cutâneas, artralgias, aftas orais). A ntecedentes fam iliares de DII ou espru podem indicar tais possibilidades. Os achados físicos p o d em d a r indícios, com o um a m assa tireoidea, sibilância, sopros cardíacos, edem a, hepatom egalia,
Diarréia e Constipação
Figura 40.3
Diarréia crônica. A. Tratamento inicial com base nos sintomas ou características que a acompanham. B. Avaliação baseada nos achados de uma triagem etária limitada apropriada para detectar doença orgânica, p.r., pelo reto; mi, movimento intestinal; SII, síndrome do intestino irritável; Hb, hemoglobina; Alb,
albumina; VCM, volume corpuscular médio; HCM, hemoglobina corpuscular média; OSM, osmolalidade. (Reimpressa, com autorização, de M Camillerí: Clin Gastroente rol Hepatol, 2:198,2004.)
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QUADRO 40.4
Exame físico dos pacientes com diarréia crônica
1. Há características gerais sugestivas de má absorção ou doença intestinal inflamatória (Dll), como anemia, dermatite herpetiforme, edema ou baqueteamento dos dedos? 2. Há aspectos sugestivos de neuropatia autonômica subjacente ou doença vascular do colágeno nas pupilas, ortostase, pele, mãos ou articulações? 3. Há massa ou sensibilidade abdominal? 4. Há anormalidades na mucosa retal, defeitos retais ou alteração das funções do esfincter anal? 5. Há manifestações mucocutâneas de doença sistêmica como dermatite herpetiforme (doença celíaca), eritema nodoso (colite ulcerativa), rubor (carcinoide) ou úlceras orais indicativas de Dll ou doença celíaca?
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
massas abdom inais, linfadenopatia, anorm alidades m ucocutâne as, fístulas perianais ou flacidez do esfincter anal. Podem ocorrer leucocitose, elevação da taxa de sedim entação ou da proteína C reativa, que sugerem inflam ação; anem ia refletindo p erda sanguí nea ou deficiências nutricionais; ou eosinofilia, que pode ocorrer com parasitoses, neoplasia, doença vascular do colágeno, alergia ou gastrenterite eosinofílica. A bioquím ica sanguínea pode m os trar distúrbios eletrolíticos, hepáticos ou outros distúrbios m eta bólicos. A estim ativa de anticorpos teciduais contra a transglutam inase pode ajudar a detectar doença celíaca. Um a prova terapêutica costum a ser apropriada, definitiva e tem um a razão custo/benefício altam ente favorável, quando um diagnóstico específico é sugerido na consulta inicial com o m édi co. Por exemplo, a diarréia aquosa crônica que cessa com o jejum em um adulto jovem sadio nos dem ais aspectos pode justificar um a prova terapêutica de um a dieta com restrição de lactose; dis tensão e diarréia persistentes desde um a excursão de m ontanhis m o tam bém justificam um a prova terapêutica com m etronidazol para um diagnóstico provável de giardíase; e a diarréia p ó s-p ran dial que persiste após ressecção do íleo term inal pode decorrer de m á absorção de ácidos biliares e ser tratada com colestiram ina ou colesevelam antes de um a investigação m ais detalhada. A persis tência dos sintom as exige exames adicionais. D eterm inados diagnósticos podem ser sugeridos na consulta inicial, (p. ex., DDI idiopática); entretanto, avaliações adicionais específicas podem ser necessárias para confirm ar o diagnóstico e caracterizar a gravidade ou extensão da doença, de m odo que o tratam ento possa ser mais bem orientado. Os pacientes em que se suspeita da síndrom e do intestino irritável devem ser inicial m ente avaliados com sigm oidoscopia flexível e biópsias colorretais; aqueles com achados norm ais p oderiam ser tranqüilizados e, conform e indicado, tratados em piricam ente com antiespasm ódicos, antidiarreicos, agentes form adores de massa, ansiolíticos ou antidepressivos. Q ualquer paciente que se apresente com diarréia crônica e hem atoquezia deve ser avaliado com exames m icrobiológicos fecais e colonoscopia. Estim a-se que em 66% dos casos a causa de diarréia crônica perm anece incerta depois da consulta inicial, sendo necessários exames adicionais. A coleta quantitativa e a análise das fezes p o dem fornecer dados objetivos im portantes, que podem definir o diagnóstico ou caracterizar o tipo de diarréia com o um a triagem para exames adicionais específicos (Fig. 40.3B). Q uando o peso fecal é > 200 g/dia, devem ser efetuadas análises fecais adicionais que possam incluir a concentração de eletrólitos, pH, pesquisa de sangue oculto, de leucócitos (ou ensaio para proteína leucocitária), quantificação de lipídios e triagem para laxativos. No caso das diarréias secretoras (aquosas, com hiato osm ótico norm al), os possíveis efeitos colaterais ligados a m edicam entos ou o uso clandestino de laxativo devem ser reconsiderados. Os exames microbiológicos devem ser realizados, incluindo culturas bacterianas fecais (inclusive em m eios para A eromonas e Pleisio-
monas), o exame parasitológico de fezes para detectar ovos e parasitos e o ensaio para o antígeno de Giardia (o teste mais sensível para a giardíase). A proliferação bacteriana no intestino delgado pode ser excluída p or aspirados intestinais com culturas q uanti tativas ou testes respiratórios com glicose ou lactulose que con sistem em m edir o hidrogênio, o m etano ou outro metabólito (p. ex., hC 0 2) no ar exalado. C ontudo, a interpretação desses testes respiratórios pode ser confundida p o r perturbações do trânsito intestinal. A endoscopia e a colonoscopia superiores com biópsias e raios X com bário do intestino delgado são úteis para elim inar a doença inflam atória oculta ou estrutural. Q uando sugerido pela história ou por outros achados, devem -se realizar avaliações para horm ônios peptídicos (p. ex., gastrina sérica, PIV, calcitonina e horm ônio estim ulante da tireoide/horm ônio tireoidiano, ou áci do 5-hidroxiindolacético u rinário e histam ina). A avaliação adicional da diarréia osm ótica deve incluir os tes tes para intolerância à lactose e ingestão de magnésio, as duas cau sas mais comuns. Um pH fecal baixo sugere m á absorção de carboi dratos; a má absorção de lactose pode ser confirmada por teste com lactose no ar exalado ou por um a prova terapêutica com a exclusão da lactose e observação do efeito de um a carga de lactose (p. ex., 1 L de leite). A determ inação da lactase em um a biópsia de intestino delgado geralmente não está disponível. Q uando os níveis fecais de magnésio ou laxativo estão elevados, deve-se considerar a ingestão inadvertida ou clandestina e solicitar um parecer psiquiátrico. Para aqueles com diarréia gordurosa comprovada, deve-se em preender a endoscopia com biópsia de intestino delgado (in cluindo aspirado para Giardia e procedim entos quantitativos); quando esse procedim ento é inconclusivo, a radiografia de intes tino delgado constitui, com frequência, u m a etapa seguinte apro priada. Q uando os exames do intestino delgado são negativos ou se suspeita de doença pancreática, a insuficiência pancreática exó crina deve ser excluída com testes diretos, como o de estimulação com secretina-colecistocinina, ou um a variação que poderia ser feita por via endoscópica. Em geral, testes indiretos como o ensaio para elastase fecal a atividade da quim otripsina fecal ou o teste com a bentirom ida não têm sido usados, po r causa da sensibilida de e da especificidade baixas. Deve-se suspeitar de diarréias crônicas do tipo inflam atório ante a presença de sangue ou leucócitos nas fezes, achados que exigem coproculturas, exam e parasitológico de fezes para a de tecção de ovos e parasitos, ensaio para a toxina do C. difficile, co lonoscopia com biópsias e, quando indicado, exames do intestino delgado com contraste oral.
TRATAMENTO
Diarréia crônica
O tratam ento da diarréia crônica depende da etiologia específica e pode ser curativo, supressor ou em pírico. Quando a causa pode ser erradicada, o tratam ento é curativo, com o a ressecção de um câncer colorretal, a adm inistração de antibiótico para a doença de W hipple ou espru tropical, ou a suspensão do uso de um fármaco. Em m uitos distúrbios crônicos, a d iarréia pode ser controlada por supressão do m ecanism o subjacente. Os exemplos consistem na elim inação da lactose alim entar na deficiência de lactase ou de glúten na doença celíaca, o uso de glicocorticoides ou outros anti-inflam atórios na doença inflam atória intestinal idiopática, agen tes adsortivos, com o a colestiram ina para a m á absorção ileal de ácidos biliares, os inibidores da bom ba de prótons, como o om e prazol para a hipersecreção gástrica dos gastrinomas, análogos da som atostatina, com o a octreo tid a para o tum or carcinoide m a ligno, inibidores das prostaglandinas, com o a indometacina para o carcinom a m edular da tireoide e a reposição de enzimas pancreáticas para a disfunção pancreática. Q uando não se consegue diagnosticar a causa ou o m ecanism o específico da diarréia crôni ca, a terapia em pírica pode ser benéfica. Os opiáceos leves, como o difenoxilato ou a loperam ida, são frequentem ente valiosos na
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diarréia aquosa leve ou m oderada. Para aqueles com diarréia mais grave, a codeína ou a tin tu ra de ópio podem ser benéficas. Es ses agentes antim otilidade devem ser evitados na doença infla m atória intestinal grave, porque p oderiam precipitar m egacólon tóxico. A clonidina, um agonista a 2-adrenérgico, pode p erm itir o controle da diarréia diabética. Em todos os pacientes com diarréia crônica, a reposição hidreletrolítica é um com ponente im portante do tratam ento (ver “D iarréia aguda”, anteriorm ente). A reposição de vitam inas lipossolúveis tam bém pode ser necessária nos p a cientes com esteatorreia crônica.
QUADRO 40.5 Causas da constipação em adultos I Tipos e causas da constipação
■ DEFINIÇÃO
Obstrução colônica
Neoplasia; estenose; isquêmica, diverticular, inflamatória
Espasmo do esfincter anal
Fissura anal, hemorroidas dolorosas
Medicações
Crônicas
■ CAUSAS Do ponto de vista fisiopatológico, a constipação crônica em geral re sulta da ingestão inadequada de fibras ou líquido ou então do trâ n sito colônico ou da função anorretal desordenados em conseqüên cia de um distúrbio neurogastrenterológico, certos fárm acos, idade avançada ou em associação a grande n úm ero de doenças sistêm icas que afetam o trato GI (Q uadro 40.5). A constipação de início recente pode ser um sintom a de doença orgânica significativa, com o um tu m or ou estenose. Na constipação idiopática, um subgrupo de pacien tes exibe esvaziam ento tardio do colo ascendente e transverso com prolongam ento do trânsito (frequentem ente no colo proxim al) e um a frequência reduzida das CPAA propulsivas. A obstrução da via de saída para a defecação (tam bém cham ada de distúrbios da evacuação) pode retard ar o trânsito colônico, o que em geral é corrigido pela reeducação da defecação desordenada p o r biofeedback. A constipa ção de qualquer etiologia pode ser exacerbada p or hospitalização ou doenças crônicas que acarretam com prom etim ento físico ou m ental e resultam em inatividade ou im obilidade física.
Constipação U m a anam nese m inuciosa deve explorar os sintom as do pacien te e confirm ar se ele realm ente está com constipação com base
Constipação predominante ou alternada
Medicações
Bloqueadores do Ca2+, antidepressivos
Pseudo-obstrução colônica
Constipação por trânsito lento, megacólon (raro nas doenças de Hirschsprung e Chagas)
Distúrbios da evacuação retal
Disfunção do soalho pélvico; anismus, síndrome do períneo descendente; prolapso da mucosa retal; retocele
Endocrinopatias
Hipotireoidismo, hipercalcemia, gravidez
Distúrbio psiquiátrico
Depressão, transtornos alimentares, fármacos
Doença neurológica
Doença de Parkinson, esclerose múltipla, lesão da medula espinal
Doença muscular generalizada
Esclerose sistêmica progressiva
na frequência (p. ex., m enos de três evacuações po r sem ana), na consistência (endurecida), no esforço excessivo, no tem po de de fecação prolongado ou na necessidade de apoiar o períneo ou m a nipular o anorreto. N a grande m aioria dos casos (provavelm ente m ais de 90%), não existe um a causa subjacente (p. ex., câncer, depressão ou hipotireoidism o) e a constipação responde a h id ra tação ampla, exercício e suplem entação da dieta com fibras (15 a 25 g/dia). U m a boa dieta, a histó ria m edicam entosa e atenção às questões psicossociais são fundam entais. O exame físico e, p rin cipalm ente, um toque retal devem excluir a m aioria das doenças im portantes que se apresentam com constipação e indicar, possi velm ente, os aspectos sugestivos de um distúrbio da defecação (p. ex., hipertonia do esfincter anal). Perda ponderai, sangram ento retal ou anem ia com constipa ção tornam obrigatória um a sigm oidoscopia flexível com enem a de bário (clister opaco) ou colonoscopia isolada, principalm ente em pacientes com m ais de 40 anos de idade, para excluir doenças estruturais com o câncer ou estenoses. A colonoscopia isolada tem um a razão custo/benefício m ais favorável nesse contexto, porque proporciona um a o p o rtu n id a d e para biopsiar lesões da m ucosa, realizar polipectom ia ou dilatar estenoses. O enem a de bário apre senta vantagens sobre a colonoscopia no paciente com constipa ção isolada, porque é m enos dispendioso e identifica a dilatação colônica e todas as lesões ou estenoses significativas da m ucosa, que im plicam a possibilidade de existência com a constipação. A m elanose colônica, ou pigm entação da m ucosa do colo, indica o uso de laxativos do tipo antraquinona, com o cáscara ou sene; e n tretanto, isso em geral fica evidenciado a p a rtir de um a anam nese cuidadosa. Um distúrbio inesperado, com o m egacólon ou colo catártico, tam bém p ode ser detectado p o r m eio de radiografias colônicas. A m edição dos níveis séricos de cálcio, potássio e do horm ônio estim ulante da tireoide identificará os raros pacientes com distúrbios metabólicos. Os pacientes com constipação m ais problem ática podem não responder apenas ao aum ento da ingestão de fibras e ser ajuda dos por um esquem a de treinam ento intestinal: tom ar um laxati vo osm ótico (lactulose, sorbitol, polietilenoglicol) e evacuar com
Diarréia e Constipação
A constipação é um a queixa com um na prática clínica e em geral re fere-se à defecação difícil, infrequente ou aparentem ente incom pleta, persistente. Em virtude da am pla faixa de hábitos intestinais norm ais, é difícil definir a constipação com exatidão. A m aioria das pessoas apresenta pelo m enos três exonerações intestinais p or sem ana; e n tretanto, apenas a baixa frequência de evacuação não é um critério suficiente para o diagnóstico de constipação. M uitos pacientes com constipação têm um a frequência norm al de evacuações, m as quei xam -se de esforço excessivo, fezes endurecidas, plenitude abdom inal inferior ou sensação de evacuação incom pleta. Os sintom as de cada paciente devem ser analisados em detalhes para se determ inar o que é com preendido com o “constipação” ou “dificuldade” à defecação. A form a e a consistência das fezes correlacionam -se bem com o intervalo de tem po transcorrido desde a defecação anterior. Fezes endurecidas e em pelotas ocorrem com um trânsito lento, enquanto fezes aquosas e am olecidas estão associadas a um trânsito rápido. É m ais difícil expelir tanto fezes em pelotas quanto um volum e fecal m uito grande que elim inar fezes norm ais. A percepção de fezes endurecidas ou esforço excessivo é m ais di fícil de avaliar de m aneira objetiva, e a necessidade de enem as ou de desobstrução digital é um m eio clinicam ente útil para confirm ar as percepções do paciente de defecação difícil. Fatores psicossociais ou culturais tam bém podem ser im p o rta n tes. Uma pessoa cujos pais dão grande im portância à defecação diária se to rn ará m uito preocupada quando não conseguir u m a evacuação diária; algum as crianças prendem a evacuação para cham ar a atenção ou po r m edo de d o r decorrente da irritação anal; e alguns adultos costum am ignorar ou adiar a defecação.
j
Início recente
Síndrome do intestino irritável
CONSTIPAÇÃO
Exemplos
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enem a ou supositório de glicerina, quando necessário. Depois do desjejum , incentiva-se um período de 15 a 20 m inutos sem dis tração no vaso sanitário e sem fazer esforço. O esforço excessivo pode levar ao desenvolvim ento de hem orroidas, sendo que, qu an do há fraqueza do soalho pélvico ou lesão do nervo pudendo, pode resultar em obstrução da defecação a p artir da síndrom e do períneo descendente vários anos depois. Presum e-se que aqueles poucos que não se beneficiam das m edidas simples que acabam os de m encionar ou necessitam de tratam ento a longo prazo com la xativos potentes, com o risco inerente da síndrom e de abuso de laxativos, têm constipação grave ou intratável e devem ser su b m etidos a um a investigação adicional (Fig. 40.4). Tam bém estão disponíveis novos agentes que induzem a secreção (p. ex., lubiprostona, um ativador do canal de cloro).
■ INVESTIGAÇÃO DA C0NSTIPAÇA0 GRAVE
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
U m a pequena m in o ria (provavelm ente m enos de 5%) de pacientes tem constipação “intratável”, sendo aqueles com m aior probabilidade de serem assistidos p or gastrenterologistas ou em centros de referên cia. A observação adicional do paciente às vezes revela um a causa previam ente despercebida, com o um distúrbio da evacuação, abuso de laxativo, sim ulação ou distúrbio psicológico. Nesses pacientes, exames recentes sugerem que as avaliações da função fisiológica do colo e do soalho pélvico bem com o do estado psicológico auxiliam na escolha racional do tratam ento. M esm o entre esses pacientes alta m ente selecionados com constipação grave, só é possível identificar um a causa em cerca de 66% dos encam inham entos a centros terciá rios (ver adiante).
Medição do trânsito colônico Os testes de trânsito com um m arcador radiopaco são fáceis, podem ser repetidos, geralm ente são seguros, baratos, confiáveis e altam ente aplicáveis na avaliação de pacientes com constipação na prática clí nica. Existem diversos m étodos válidos que são bastante simples. Por exemplo, os m arcadores radiopacos são ingeridos e um a radiografia sim ples de abdom e obtida 5 dias depois deverá indicar a passagem de 80% dos m arcadores para fora do colo sem o uso de laxativos ou
Figura 40.4 Algoritmo para o tratamento da constipação.
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enemas. Esse exame não fornece inform ações úteis sobre o perfil do trânsito no estômago e no intestino delgado. A radiocintilografia com um a cápsula de liberação prolongada contendo partículas radiom arcadas foi em pregada para caracterizar de form a não invasiva a função colônica norm al, acelerada ou ta r dia durante 24 a 48 h, com baixa exposição à radiação. Essa conduta avalia sim ultaneam ente o trânsito no estômago, no intestino delgado (que pode ser im portante em cerca de 20% dos pacientes com atra so no trânsito colônico, porque refletem um distúrbio da m otilidade GI m ais generalizado) e no colo. As desvantagens são o custo mais elevado e a necessidade de m ateriais específicos preparados em um laboratório de m edicina nuclear.
Exames anorretais e do soalho pélvico A disfunção do soalho pélvico é sugerida p o r incapacidade de eva cuar o reto, um a sensação de plenitude retal persistente, dor retal, a necessidade de extrair as fezes do reto com o dedo, a aplicação de pressão sobre a parede posterior da vagina, a sustentação do períneo durante esforço e esforço excessivo, sintom as significativos que de vem ser contrastados com a sensação de evacuação retal incompleta, com um na síndrom e do intestino irritável. A avaliação psicológica form al pode identificar transtornos alimentares, “questões de controle”, depressão ou distúrbios do estresse pós-traum ático que p odem responder a intervenções cognitivas ou outras e ser im portantes para restabelecer a qualidade de vida aos pacientes que poderiam vir a ter constipação crônica. Um teste clínico simples feito no consultório para docum entar um músculo puborretal que não relaxa consiste em pedir ao paciente para fazer força para expelir o dedo indicador do m édico durante um toque retal. O m ovim ento do puborretal em sentido posterior durante o es forço indica coordenação adequada da m usculatura do soalho pélvico. A m edição da descida p erin eal é relativam ente fácil de aferir clinicam ente ao se colocar o paciente na posição de decúbito late ral esquerdo e observando-se o perín eo p a ra avaliar se há descida inadequada (< 1,5 cm, um sinal de disfunção do soalho pélvico) ou abaulam ento perineal du ran te o esforço com relação aos pontos de referência ósseos (m ais de 4 cm sugerem descida perineal excessiva). Um teste geral útil da evacuação é o de expulsão de um balão. Um cateter urinário com balão na p onta é colocado no reto e o b a lão é insuflado com 50 mL de água. N orm alm ente, o paciente pode expeli-lo enquanto sentado em um vaso sanitário ou na posição de decúbito lateral esquerdo. Na posição lateral, determ ina-se o peso necessário para facilitar a expulsão do balão; norm alm ente, a expul são ocorre com o acréscim o de m enos de 200 g. A m anom etria anorretal, quando usada na avaliação de pacien tes com constipação grave, pode revelar um tônus do esfincter anal em repouso excessivamente alto (> 80 m m H g), sugestivo de anism o (espasmo do esfincter anal). Esse teste tam bém identifica síndrom es raras, com o a doença de H irschsprung em adultos, pela ausência de reflexo inibitório retoanal. A defecografia (um clister opaco dinâm ico, incluindo as incidên cias laterais obtidas durante a expulsão do bário) revela “anorm alida des tênues” em m uitos pacientes; os achados m ais relevantes são as alterações m edidas no ângulo retoanal, defeitos anatôm icos do reto, com o prolapso da m ucosa in te rn a e enteroceles ou retoceles. C o n dições passíveis de correção cirúrgica são identificadas em apenas alguns pacientes. Tais defeitos são a intussuscepção grave de espes sura total com obstrução com pleta da saída devido a um bloqueio em form a de funil no canal anal ou a u m a retocele extrem am ente grande, que se enche de preferência du ran te as tentativas de defe cação, em vez de ocorrer a expulsão do bário p or m eio do ânus. Em resum o, a defecografia requer u m radiologista experiente e interes sado, e as anorm alidades não são patognom ônicas de disfunção do soalho pélvico. A causa m ais com um de obstrução da saída é a falha no relaxam ento do m úsculo puborretal, o que não é identificado pela defecografia, m as requer um estudo dinâm ico, com o a proctografia. A RM está sendo desenvolvida com o um a alternativa e fornece mais informação sobre a estrutura e a função do soalho pélvico, o colorreto distai e os esfincteres anais.
roscópica com ileorretostom ia; no entanto, isso não deve ser feito se houver evidência contínua de um distúrbio da defecação ou um a dism otiiidade GI generalizada. O en cam inham ento a um centro especializado para a realização de outros testes da função colônica é indicado. A decisão de recorrer à cirurgia é facilitada na presença de m egacólon e m egarreto. As com plicações depois da cirurgia consistem em obstrução do intestino delgado ( 11%) e sujar-se, principalm ente à noite d urante o 1° ano após a cirurgia. A frequência de defecação é de 3 a 8 vezes/dia durante o I o ano, caindo para 1 a 3 a p artir do 2o ano. Os pacientes que apresentam um distúrbio com binado (da defecação e do trânsito/da m otilidade) devem em preender retreinam ento do soalho pélvico (biofeedback e relaxam ento m uscular), ter aconselham ento psicológico e dietético em prim eiro lugar, se guidos p o r colectom ia e ileorretostom ia, quando os estudos do trânsito colônico não se norm alizam e os sintom as são intratáveis apesar do biofeedback e da terapia clínica otim izada. Nos pacien tes com disfunção isolada do soalho pélvico, o treinam ento com biofeedback tem um a taxa de sucesso de 70 a 80%, m edida pela aquisição de hábitos de evacuação confortáveis. As tentativas de controlar a disfunção do soalho pélvico com cirurgias (divisão do esfincter anal interno ou do m úsculo puborretal) resultaram em sucesso apenas m edíocre e foram , em grande parte, abandonadas.
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Ba r t l e t t
TRATAMENTO
Constipação
Depois que se caracteriza a causa da constipação, pode-se tom ar um a decisão sobre o tratam ento. A constipação por trânsito lento exige tratam ento clínico ou cirúrgico agressivo; o anism o ou a dis função do soalho pélvico geralm ente responde ao tratam ento com biofeedback (Fig. 40.4). C ontudo, apenas em cerca de 60% dos p a cientes com constipação grave detecta-se u m distúrbio fisiológico (m etade com trânsito colônico lento e m etade com distúrbio da defecação). Os pacientes com lesões da m edula espinal ou outros distúrbios neurológicos precisam de u m esquem a intestinal d edi cado que em geral inclui estim ulação retal, terapia com enem a e doses de laxativos cuidadosam ente cronom etradas. Os pacientes com constipação p o r trânsito lento são tratados com laxativos de massa, osm óticos, pró-cinéticos, secretores e es tim ulantes, tais com o fibras, psilium , leite de m agnésia, lactulo se, polietilenoglicol (solução de lavagem colônica), lubiprostona e bisacodil. U m tratam ento m ais m o d ern o que visa aum entar a m otilidade e a secreção pode ter aplicação em casos com o os de síndrom e do intestino irritável com predom inância de constipa ção em m ulheres ou constipação grave. Q uando um a tentativa de terapia clínica d urante 3 a 6 meses falha e os pacientes continuam a ter constipação docum entada p or trânsito lento não associada à obstrução da defecação, deve-se considerar a colectom ia lapa-
Diarréia e Constipação
Os estudos radiológicos dinâm icos, com o a proctografia durante a defecação ou a expulsão cintigráfica de fezes artificiais, ajudam a m edir a descida perineal e o ângulo retoanal durante o repouso, a contração e o esforço; e a expulsão cintigráfica m ede a quantidade de “fezes artificiais” elim inada. A falha do ângulo reto-anal em au m entar pelo m enos 15° durante o esforço confirm a a existência de disfunção do soalho pélvico. O teste neurológico (eletrom iografia) é m ais valioso na avaliação de pacientes com incontinência que naqueles com sintom as que su gerem obstrução da defecação. A ausência de sinais neurológicos nos m em bros inferiores sugere que qualquer desnervação docum entada do puborretal resulta de um a lesão pélvica (p. ex., obstétrica) ou do estiram ento do nervo pudendo p o r alongam ento crônico e d u rad o u ro. A constipação é com um em pacientes com lesões da m edula espi nal, doenças neurológicas com o a de Parkinson, esclerose m últipla e neuropatia diabética. As respostas evocadas espinais durante a estim ulação retal elétri ca ou da contração do esfincter anal externo po r aplicação de estim u lação m agnética sobre a m edula espinal lom bossacra identificam os pacientes com neuropatias sacrais lim itadas com condução nervosa residual suficiente para tentar o treinam ento po r biofeedback. Em resum o, um teste de expulsão do balão é im portante na ava liação de disfunção anorretal. Q uando positivo, um a avaliação ana tôm ica do reto ou dos esfincteres anais e do relaxam ento do soalho pélvico constitui o recurso para avaliar os pacientes em que se suspei ta de obstrução da defecação.
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CAPÍTULO
41
Hemorragia Gastrintestinal Loren Laine O sangram ento do trato gastrintestinal (GI) pode apresentar-se de cinco m aneiras. Hematêmese consiste nos vôm itos de sangue vivo ou m aterial com aspecto de borra de café. M elena é a elim inação de fezes negras, sem elhantes a piche, com od o r fétido. H em atoquezia é a passagem de sangue verm elho-vivo ou m arrom pelo reto. He morragia digestiva (HGI) oculta pode ser identificada na ausência de sangram ento franco, p or um teste de sangue oculto nas fezes ou pela presença da deficiência de ferro. Por fim , os pacientes podem apresentar-se apenas com sintomas decorrentes de perda de sangue ou anem ia, com o tontura, síncope, angina ou dispnéia.
■ FONTES DE HEMORRAGIA GASTRINTESTINAL
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Fontes de hemorragia no trato gastrintestinal superior (Q uadro 41.1) A incidência anual de hospitalizações por hem orragia digestiva alta (HGIA), nos EUA e na Europa, é de =0,1%, com um a taxa de m ortalidade de «5-10% . Os pacientes raram ente m orrem por exsanguinação, e sim p or descom pensação decorrente de outras doenças subjacentes. A taxa de m ortalidade dos pacientes < 60 anos, na ausência de doença concorrente im portante, é < 1%. Os preditivos independentes de recorrência de sangram ento e m orte em pacien tes hospitalizados com HGIA são idade crescente, co-m orbidades e com prom etim ento hem odinâm ico (taquicardia ou hipotensão). As úlceras pépticas representam a causa mais freqüente de HGIA, contribuindo para =50% dos casos; um a proporção crescente é decor rente do uso de anti-inflam atórios não esteroides (AINEs), com a re dução da prevalência de Helicobacter pylori. As lacerações de Mallory-Weiss contribuem para =5-10% dos casos. A proporção de pacientes com sangram ento de varizes varia am plam ente de =5-40%, dependen do da população. A gastropatia hemorrágica ou erosiva (isto é, causada por AINEs ou álcool) e a esofagite erosiva com frequência provocam HGIA leve, mas a ocorrência de um sangram ento significativo é rara.
Úlceras pépticas Além das m anifestações clínicas, as característi cas de um a úlcera na endoscopia fornecem inform ações im p o rta n tes para o prognóstico. U m terço dos pacientes com sangram ento ativo ou um vaso visível sem sangram ento apresentam hem orragia adicional que exige cirurgia de urgência, quando tratado de m aneira conservadora. Esses pacientes beneficiam -se claram ente da terapia endoscópica com eletrocoagulação bipolar, sonda térm ica, terapia com injeção (p. ex., álcool absoluto, epinefrina a 1:10.000); e/ou cli-
QUADRO 41.1 Causas de hemorragia em pacientes hospitalizados por hemorragia GI do trato superior I Fontes de hemorragia
Proporção de pacientes (%) I
Úlceras
31-67
Varizes
6-39
Lacerações de Mallory-Weiss
2-8
Erosões gastroduodenais
2-18
Esofagite erosiva
1-13
Neoplasia
2-8
Ectasias vasculares
0-6
Sem origem identificada
5-14
Fonte: Dados sobre as hospitalizações do ano 2000 em diante do Am J Gastroenterol 98:1494, 2003; Gastrointest Endosc 57:AB147,2003; 60;875,2004; Eur J Gastroenterol Hepatol 16:177, 2004; 17:641,2005; J Clin Gastroenterol 42:128,2008; World J Gastroenterol 14:5046,2008; Dig Dis Sei 54:333,2009.
320
pes com reduções do sangram ento, da estadia hospitalar, da taxa de m ortalidade e dos custos. D iferentem ente, os pacientes com úlceras de base lim pa apresentam taxas de sangram ento recorrente próxim as de zero. Q uando não existe outro m otivo para hospitalização, esses pacientes podem receber alta no prim eiro dia hospitalar, após a esta bilização. Os pacientes sem úlceras de base lim pa geralm ente devem perm anecer no hospital durante três dias, porque a m aioria dos epi sódios de sangram ento recorrente acontece neste período. Estudos random izados controlados d ocum entaram que a infusão constante intravenosa de alta dose de inibidor da bom ba de prótons (IBP) (isto é, o om eprazol em com prim ido único de 80 m g e infusão de 8 m g/h), destinada a m anter o pH intragástrico > 6 e a aum entar a estabilidade do coágulo, dim inuiu o sangram ento adicional e a m o r talidade em pacientes com úlceras de alto risco (sangram ento ativo, vaso visível não hem orrágico, coágulo aderente) quando efetuada após terapia endoscópica. A instituição de IBP na apresentação, em todos os pacientes com HGIA, reduz as características de úlcera de alto risco (p. ex., hem orragia ativa), porém não m elhora significativa m ente evoluções com o a hem orragia posterior, transfusões ou a m or talidade, quando se com para ao início da terapia, apenas em ocasião da identificação de úlceras de alto risco no m om ento da endoscopia. Aproxim adamente um terço dos pacientes com úlceras hem orrá gicas voltam a sangrar nos próxim os 1-2 anos, se não forem utiliza das estratégias de prevenção. A prevenção do sangram ento recorrente focaliza os três principais fatores na patogenia da úlcera: H. pylori, AINEs e ácido. A erradicação do H. pylori em pacientes com úlceras hem orrágicas dim inui as taxas de recorrência de sangram ento para < 5%. Caso um a úlcera hem orrágica surja em um paciente que está rece bendo AINEs, estes agentes deverão ser suspensos assim que possível. Em caso de m anutenção ou retom ada da adm inistração dos AINEs, deve-se utilizar um inibidor seletivo da ciclo-oxigenase 2 (COX-2) (coxib) além de um IBP A co-terapia isolada com IBP ou o uso de um coxib sozinho estão associados à taxa anual de recorrência do san gram ento de = 10% em pacientes com um a úlcera hem orrágica recen te, enquanto a com binação de um coxib e um IBP fornece posterior redução significativa no sangram ento recorrente da úlcera. Pacientes com insuficiência cardiovascular que desenvolvem úlceras h em o rrá gicas enquanto estão recebendo baixas doses de ácido acetilsalicílico deverão reiniciar o seu uso assim que possível, após o seu episódio de sangram ento (p. ex., < 7 dias). Um ensaio random izado m ostrou que a interrupção do tratam ento com ácido acetilsalicílico foi associada a um a diferença não significativa em um novo sangram ento (5% versus 10% em 30 dias), porém a um aum ento significativo na m ortalidade em 30 dias (9% versus 1%) e 8 sem anas (13% versus 1%), quando com parada à reinstituição im ediata do ácido acetilsalicílico. Os pacientes com úlceras hem orrágicas não relacionadas ao H. pylori ou AINEs de vem perm anecer sob terapia anti-secretora em dose plena por período indefinido. As úlceras pépticas são discutidas no C apítulo 287.
Lacerações de Mallory-Weiss A h istó ria clássica observada inclui vôm itos, ânsia de vôm itos ou tosse que antecedem a hem atêm ese, principalm ente no paciente alcoolista. O sangram ento a p a rtir dessas lacerações, que em geral se localizam na porção gástrica da junção gastresofágica, estanca espontaneam ente em 80-90% dos pacientes e reincide em apenas 0-7%. A terapia endoscópica é indicada para as lacerações de M allory-W eiss com sangram ento ativo. A terapia angiográfica com em bolização e intervenção cirúrgica com sutura da laceração raram ente é necessária. As lacerações de M allory-W eiss são discutidas no C apítulo 292. Varizes esofágicas
O s pacientes com h e m o rra g ia p o r varizes apresentam resultados piores do que aqueles com HG IA de outras origens. A terapia endoscópica para um sangram ento agudo e endoscopias repetidas para erradicar as varizes esofágicas dim inuem sobrem odo a recorrência de sangram ento e a m ortalidade. A ligadura é a terapia endoscópica de escolha p ara as varizes esofágicas porque com porta m enores taxas de recorrência de sangram ento, m o rtalid a de, m enos complicações locais e exige m en o r nú m ero de sessões de tratam ento para atingir a erradicação do que a escleroterapia.
A adm inistração de octreotida (dose única inicial de 50 p,g e in fusão intravenosa de 50 (xg/h durante 2-5 dias) auxilia po steriorm en te o controle do sangram ento agudo, quando usada em com binação com a terapia endoscópica. O utros agentes vasoativos, com o a som atostatina e a terlipressina, disponíveis em outros países além dos EUA, tam bém são eficazes. A terapia com antibióticos (p. ex., ceftriaxona) tam bém é reco m endada aos pacientes com cirrose concom itante à HGIA, porque os antibióticos reduzem as infecções bacterianas e a m ortalidade nessa população. A longo prazo, dem onstrou-se que o tratam ento com b e tabloqueadores não seletivos dim inui o sangram ento recorrente p o r varizes esofágicas. A terapia crônica com betabloqueadores e ligação endoscópica é recom endada para a prevenção de hem orragia por va rizes hem orrágicas recorrente. Nos pacientes que apresentam sangram ento persistente ou recor rente, apesar da terapia endoscópica e clínica, recom enda-se um tra tam ento m ais invasivo com a derivação portossistêm ica in tra-h ep á tica transjugular (TIPS). Estudos m ais antigos indicam que a m aioria dos pacientes com TIPS apresenta estenose da derivação no decorrer de 1-2 anos e necessita de nova intervenção para m anter a abertura da derivação. O uso de dispositivos recobertos parece reduzir signi ficativamente a disfunção da derivação em =50% nos prim eiros dois anos. Uma com paração random izada entre a TIPS (com dispositivos descobertos) e a derivação esplenorrenal distai em pacientes cirróticos, Child-Pugh classes A ou B com sangram ento varicoso refratário, não revelou diferenças significativas na recorrência do sangram ento, encefalopatia ou sobrevivência, porém apresentaram um a m aior taxa de intervenções novas com TIPS (82% versus 11%). Por conseguinte, a cirurgia descom pressiva pode ser um a opção para pacientes com cirrose m ais leve e bem com pensada. A hipertensão p o rtal tam bém é responsável por sangram ento decorrente de varizes gástricas, vari zes nos intestinos delgado e grosso, gastropatia e enterocolonopatia hipertensivas portais.
sa), gastropatia p or prolapso (prolapso do estôm ago proxim al para d entro do esôfago com o esforço p ara vom itar, especialm ente em alcoolistas) e hem obilia ou suco pancreático hem orrágico (sangra m ento dos duetos colédoco ou pancreático).
Gastropatia erosiva e hemorrágica (“gastrite”)
Fontes de hemorragia no colo
Outras causas
O u tras causas m enos freqüentes de HG IA co m preendem a duodenite erosiva, neoplasias, fístulas aortoentéricas, lesões vasculares (com o telangiectasias h em orrágicas hereditárias [Osler-W eber-Rendu] e ectasia vascular do antro gástrico [estômago em melancia]), a lesão de Dieulafoy (na qual um vaso aberrante na m ucosa sangra em decorrência de um defeito puntiform e na m u co
As fontes hem orrágicas no intestino delgado (sangram ento a p a rtir de locais fora do alcance do endoscópio su p erio r com um ) são d i fíceis de diagnosticar e respondem pela m aioria dos casos de H G I obscura. Felizm ente, o sangram ento no intestino delgado é raro. As causas mais com uns em adultos são as ectasias vasculares, os tu m o res (p. ex., adenocarcinom a, leiom iom a, linfom a, pólipos benignos, tu m o r carcinoide, m etástases e lipom a), e as erosões e úlceras in duzidas p o r AINEs. As o u tras causas m en o s com uns em adultos consistem na doença de C rohn, infecção, isquem ia, vasculite, varizes do intestino delgado, divertículos, divertículo de Meckel, cistos de duplicação e intussuscepção. O divertículo de Meckel é a causa m ais com um de hem orragia digestiva baixa (HGIB) significativa em crianças, d im inuindo a sua frequência com o causa de sangram ento com a idade. Em adultos com < 40-50 anos, os tum ores de intestino delgado frequentem ente contribuem para a HGI obscura; nos pacientes com > 50-60 anos, as ectasias vasculares e as lesões induzidas p o r AINEs costum am ser as m ais responsáveis. As ectasias vasculares devem ser tratad a s com terapia e n d o s cópica, quando possível. A terapia cirúrgica pode ser utilizada para ectasias vasculares isoladas a um segm ento do intestino delgado, quando a terapia endoscópica não obtém sucesso. E m bora os com postos de estrogênio/progesterona tenham sido usados para as ecta sias vasculares, um estudo duplo-cego m ostrou ausência de benefício na prevenção de sangram ento recorrente. As lesões isoladas, com o tum ores, divertículos ou duplicações, costum am ser tratadas com ressecção cirúrgica.
Hemorragia Gastrintestinal
A gastropatia hem o r rágica e erosiva, norm alm ente conhecida com o gastrite, refere-se às erosões e hem orragias subepiteliais visualizadas durante um a endos copia. São lesões da m ucosa e, p or isso, não provocam hem orragia significativa. O correm em vários contextos clínicos, dos quais os m ais im portantes são o uso de AINEs, ingestão de álcool e estresse. M etade dos pacientes que ingerem AIN Es cronicam ente exibe ero sões (15-30% têm úlceras), enquanto até 20% dos pacientes com in gestão ativa de álcool e sintom as de HGIA apresentam evidências de erosões ou hem orragias subepiteliais. A lesão da m ucosa gástrica relacionada com o estresse ocorre apenas em pacientes extrem am ente enferm os: os que sofreram trau m atism o grave, grande cirurgia, queim aduras que atingem m ais de 33% da superfície corporal, doença in tracraniana grave ou doença clínica grave (isto é, dependência do respirador, coagulopatia). Prova velm ente, um sangram ento significativo não se desenvolve, a m enos que aconteça a ulceração. A taxa de m ortalidade nesses pacientes é bastante elevada em conseqüência de suas doenças subjacentes graves. N os últim os anos, houve u m a redução drástica na incidência de sangram ento da lesão ou ulceração da m ucosa gástrica ligada ao estresse, m ais provavelm ente em decorrência da m elhor assistência prestada aos pacientes criticam ente enferm os. A profilaxia farm aco lógica p ara o sangram ento pode ser considerada para os pacientes de alto risco m encionados anteriorm ente. Diversos ensaios d o cu m en tam a eficácia da terapia intravenosa com antagonistas do receptor H 2, m ais eficaz do que o sucralfato, m as não superior à adm inistração de suspensão de IBP de liberação im ediata p or um tubo nasogástrico. A terapia profilática dim inui o sangram ento, em bora não reduza a taxa de m ortalidade.
Fontes de hemorragia no intestino delgado
A incidência de hospitalizações p o r HGIB é > 20% daquela para HGIA. As hem orroidas provavelm ente são a causa m ais freqüente de HGIB; as fissuras anais tam bém causam sangram ento leve e dor. Q uando esses distúrbios anais locais, que raram ente exigem hospi talização, são excluídos, as causas m ais com uns de HGIB em adul tos são os divertículos, ectasias vasculares (especialm ente no colo proxim al de pacientes com > 70 anos), neoplasias (principalm ente adenocarcinom a) e colite - m ais com um ente, doença inflam atória intestinal idiopática ou infecciosa, porém às vezes induzida po r is quem ia ou radiação. As causas incom uns são o sangram ento pós-polipectom ia, síndrom e da úlcera retal solitária, úlceras ou colite induzidas p or AINEs, traum atism o, varizes (com m aior frequência, retais), hiperplasia n odular linfoide, vasculite e fístulas aortocólicas. Em crianças e adolescentes, as causas colônicas m ais com uns de HGI significativa são a doença inflam atória intestinal e pólipos juvenis. O sangram ento diverticular tem início súbito, em geral indolor, p or vezes m aciço e, com frequência, decorrente do colo direito; um sangram ento leve e oculto não é típico. Os relatos clínicos sugerem que os divertículos colônicos hem orrágicos param de sangrar espon taneam ente em =80% dos pacientes e voltam a sangrar em 20-25%. A vasopressina intra-arterial ou em bolização p o r técnicas seletivas pode estancar o sangram ento na m aioria dos pacientes. Q uando o sangra m ento persiste ou recorre, indica-se ressecção cirúrgica segmentar. O sangram ento de ectasias vasculares do colo direito no idoso pode ser franco ou oculto; tende a ser crônico e, às vezes, tem re percussão hem odinâm ica. A terapia hem ostática endoscópica pode ser útil no tratam ento das ectasias vasculares, bem com o de úlceras hem orrágicas distintas e do sangram ento pós-polipectom ia, e nquan to a polipectom ia endoscópica, q u an d o possível, é utilizada para os pólipos colônicos hem orrágicos. Em geral, a terapia cirúrgica é necessária para o caso de um sangram ento intenso, persistente ou recorrente a p a rtir de um a grande variedade de fontes colônicas de HGI que não podem ser tratadas p o r m eios clínicos, angiográficos ou endoscópicos.
321
w
Figura 41.1 Algoritmo sugerido para os pacientes com hemorragia gas trintestinal superior aguda. Recomendações de tratamento e período de alta,
problemas médicos concomitantes. UTI, unidade de tratamento intensivo; IBP, inibi dor da bomba de prótons.
considerando que o paciente esteja estabilizado, sem hemorragia posterior ou outros
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 322
IIM T O T a
Hemorragia gastrintestinal
A determ inação da frequência cardíaca e da pressão arterial é o m elhor m eio para avaliar inicialm ente um paciente com h em o r ragia digestiva. O sangram ento clinicam ente significativo leva a alterações posturais na frequência cardíaca e pressão arterial, ta quicardia e, por fim, hipotensão, com o paciente deitado. D iferen tem ente, o nível de hem oglobina não cai im ediatam ente no caso de um a HG I aguda devido às reduções proporcionais nos volu m es plasm ático e eritrocitário (isto é, os indivíduos perdem sangue total). Assim, a hem oglobina pode se apresentar norm al ou, ape nas, levem ente dim inuída à apresentação inicial de um episódio hem orrágico grave. À m edida que o líquido extravascular penetra no espaço vascular para restaurar o volum e, a hem oglobina cai, processo que pode levar até 72 horas. Os pacientes com HGI crô nica e lenta podem apresentar valores de hem oglobina m uito bai xos apesar de pressão arterial e frequência cardíaca norm ais. Com o aparecim ento de anem ia p o r deficiência de ferro, o volum e cor puscular m édio será baixo e o índice de anisocitose irá aum entar.
DIFERENCIAÇÃO ENTRE A HGI ALTA E A HGI BAIXA Hem atêm ese in dica um a fonte de sangram ento no trato GI superior (acima do ligam ento de Treitz); m elena m ostra que o sangue perm aneceu no trato GI no m ínim o por 14 horas (podendo chegar a um período de 3-5 dias). Q uanto m ais proxim al for o local hem orrágico, mais provável será a ocorrência de m elena. A hem atoquezia, em geral, representa um a fonte de sangram ento no trato GI inferior, em bo ra um a lesão no trato GI superior possa sangrar, tão rapidam ente que o sangue não perm aneça no intestino p o r tem po suficiente para que ocorra m elena. Q uando sintom a de apresentação da HGIA, a hem atoquezia está associada à instabilidade hem odinâm ica e queda da hem oglobina. As lesões hem orrágicas do intes tino delgado podem apresentar-se com o m elena ou hem atoque zia. O utros indícios de HGIA incluem borborigm o interativo e elevação do nível sérico de ureia (devido à depleção de volum e e absorção de proteínas sanguíneas no intestino delgado). A spirado nasogástrico sem sangue é obtido em até 18% dos pacientes com HGIA - geralm ente a p a rtir de origem duodenal. M esm o um aspecto tinto de bile não exclui lesão hem orrágica pós-pilórica, porque os relatos de bile no aspirado são incorretos em =50% dos casos. O exame para sangue oculto, no aspirado que não exibe sangue macroscópico, é inútil.
lha nos pacientes com HGIA, devendo ser efetuada em caráter de urgência naqueles que se apresentam com instabilidade hem odinâm ica (hipotensão, taquicardia ou alterações posturais na fre quência cardíaca e pressão arterial). A endoscopia precoce tam bém é benéfica, nos casos de sangram ento leve, para as decisões terapêuticas. Os pacientes com hem orragia grave e achados endoscópicos de alto risco (p. ex., varizes, úlceras com sangram ento ativo ou um vaso visível) beneficiam -se da terapia hem ostática endoscópica, enquanto os pacientes com lesões de baixo risco (p. ex., úlceras com base lim pa, lacerações de Mallory-W eiss não he m orrágicas, gastropatia erosiva ou hem orrágica) que apresentam sinais vitais e hem oglobina estáveis e nenhum outro problem a clí nico, podem receber alta.
HGI baixa (Fig. 41.2) Os pacientes com hem atoquezia* e insta bilidade hem odinâm ica devem ser subm etidos à endoscopia alta para excluir a origem no trato GI superior, antes da avaliação do trato GI inferior. Os pacientes com suspeita de HGIB podem ser subm etidos à sigm oidoscopia precoce para a detecção de lesões óbvias no trato distai. C ontudo, o procedim ento é difícil no caso de um sangram ento brusco, sendo geralm ente impossível identi ficar a área de sangram ento. A sigm oidoscopia é útil aos pacientes com m enos de 40 anos e sangram ento leve. A colonoscopia após solução de lavagem oral é o procedi m ento de escolha para os pacientes internados com HGIB, a m e nos que o sangram ento seja m aciço ou a sigm oidoscopia tenha revelado lesão óbvia com sangram ento ativo. A cintilografia com eritrócitos m arcados com " mTc perm ite a varredura repetida em até 24 horas e pode identificar a localização geral do sangram en to. Entretanto, as cintilografias com radionuclídio devem ser in terpretadas com cautela, porque os resultados, especialm ente nas im agens subsequentes, são altam ente variáveis. Na HGIB ativa, a angiografia pode detectar o local do sangram ento (extravasa m ento de contraste p ara d entro do intestino) e perm ite o trata m ento com em bolização ou infusão in tra-arterial de vasopres sina. M esm o após a in te rru p çã o do sangram ento, a angiografia pode identificar lesões com vasculatura anorm al, com o ectasias vasculares ou tum ores. HGI de origem obscura
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DO PACIENTE COM HGI
A H G I obscura é definida com o sangra m ento persistente ou recorrente para o qual não foi identificada origem algum a por m eio dos exam es endoscópicos e radiográficos com contrastes rotineiros; pode ser clara (m elena, hem ato quezia) ou obscura (anem ia ferropriva). As norm as atuais suge-
HGI alta (Fig. 41.1) A anam nese e o exam e físico raram ente diag nosticam a origem da HGI. A endoscopia alta é o exame de esco
* N. de R. T.: Hematoquezia: sangramento vivo intestinal baixo.
H em orragia gastrintestinal inferior aguda
Instabilidade hem odinâm ica
Sem instabilidade hem odinâm ica
Idade < 40 anos
—
Idade > 40 anos
Endoscopia superior
C olonoscopia
C olonoscopiat
T—
Sigmoidoscopia flexível (colonoscopia em caso de anemia ferropriva, câncer de colo familiar ou sangramento copioso)*
Local identificado; interrupção da hem orragia
Local não identificado; persistência da hem orragia
A ngiografia
Investigação da hem orragia obscura
Hem orragia persiste
HGI oculta fecal positiva teste sanguíneo
O teste do sangue oculto fecal é recom endado apenas para o screening de câncer colorretal e pode ser usado em adultos com risco m édio (entrando na faixa dos 50 anos) e em adultos que possuem um parente de prim eiro grau com neoplasia colorretal e com idade > 60 anos, ou dois p a rentes de segundo grau com câncer colorretal (entrando na faixa dos 40 anos). Um teste positivo indica a realização de um a colo noscopia. Q uando a avaliação do colo é negativa, o acom panha m ento posterior não é recom endado, salvo na presença de anem ia ferropriva ou de sintom as GI.
C irurgia
Figura 41.2 Algoritmo sugerido para os pacientes com hemorragia gas trintestinal inferior aguda. *Também é sugerida a colonoscopia para qualquer grau de sangramento retal em pacientes < 40 anos. fSe a hemorragia grave não permitir a lavagem colônica, passar à angiografia.
rem a angiografia com o o teste inicial para a hem orragia obscura grave e a endoscopia com vídeo, que p erm ite o exam e de todo o intestino delgado, para todos os outros tipos. A enteroscopia forçada, com um enteroscópio especialm ente idealizado ou um colonoscópio pediátrico para inspecionar todo o duodeno e p a r te do jejuno, tam bém podem ser considerados para um a avalia ção inicial. U m a revisão sistem ática de 14 ensaios, com parando a enteroscopia forçada com a de videocápsula, revelou achados clinicamente significativos em 26 e 56% dos pacientes, respectiva m ente. Contudo, diferentem ente da endoscopia, a falta de co n tro le da cápsula im pede sua m anipulação e visualização com pleta do intestino; além disso, não se pode coletar am ostras de tecido nem instituir tratam ento. Se a endoscopia com videocápsula for posi tiva, o procedim ento (p. ex., enteroscopia, laparoscopia) é ditado pelo achado. Em caso negativo, as recom endações atuais sugerem que os pacientes sejam observados ou, caso o seu curso clínico indique (p. ex., hem orragia recorrente, necessidade de tran sfu sões ou hospitalização), sejam subm etidos a testes posteriores. Técnicas endoscópicas m ais novas (p. ex., enteroscopia de balão
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Hemorragia Gastrintestinal
Local identificado; persistência da hem orragia
duplo, de balão único e espiral) p erm item ao endoscopista exa m inar, obter am ostras e fornecer tratam en to para a m aior parte ou totalidade do intestino delgado. As técnicas m ais recentes de im agem (enterografia p o r TC e RM) hoje estão sendo utilizadas com frequência no lugar das antigas radiografias especializadas do intestino delgado (p. ex., enteróclise). O utros testes incluem a cintilografia com eritrócitos m arcados com 9 500 m g/24 h) H em ácias dism órficas ou cilindros hem áticos
© C ultura de urina Eosinófilos urinários
©■ E letroforese da hem oglobina C itologia da urina E AS dos fam iliares C álcio/ácido úrico da urina de 24 h
© P IV ± u ltrassonografia renal
Exames sorológicos e hematológicos; hemoculturas, pesquisa de anticorpo anti-MBG, ANCA, níveis do complemento, crioglobulinas, sorologia para hepatites B e C, VDRL, HIV, ASLO
C onform e indicação: p ielografia retrógrada ou arteriografia, ou a spiração do cisto
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
© C istoscopia
©
B iópsia e avaliação urogenital
©
Biópsia renal de m assa/lesão
©T TC renal
©T A com panham ento com EAS periódico
Figura 44.2
Abordagem ao paciente com hematúria. ANCA, anticorpo anticitoplasma neutrofílico; ASLO, antiestreptolisina 0; TC, tomografia computadorizada; MBG, membrana basal glomerular; PIV, pielografia intravenosa; VDRL, venerealdise ase research laboratory, EAS, exame de urina.
proteinúria, hem atúria, TFG reduzida e alterações da excreção de sódio, que resultam em hipertensão, edem a e congestão circu latória (síndrom e nefrítica aguda). Essas anorm alidades podem ocorrer com o doenças renais prim árias ou com o m anifestações renais dos distúrbios sistêmicos. O quadro clínico e os resultados dos exames laboratoriais ajudam a diferenciar as doenças renais prim árias e das doenças sistêmicas. A detecção de cilindros hem áticos na urina é um a indicação para biópsia renal im ediata (Fig. 44.1), visto que o padrão patológico tem im plicações im portantes para o diagnóstico,o prognóstico e o tratam ento. A hem atúria na ausência de cilindros hem áticos tam bém pode ser um indício de doença glomerular, sendo essa avaliação resum ida na F igura 44.2. No C apítulo 285, encontra-se um a descrição d etalh ad a das glom erulonefrites e doenças da m icrocirculação renal.
Oligúria e anúria
O term o oligúria refere-se a um débito urinário < 400 mL em 24 h, enquanto a anúria refere-se à ausência com pleta de form ação de urina (< 100 mL). A anúria pode ser causada por obstrução com pleta do trato urinário, oclusão total das ar térias ou das veias renais e choque (evidenciado p o r hipotensão grave e vasoconstrição renal intensa). A necrose cortical, a NTA e a glom erulonefrite rapidam ente progressiva causam , em certas ocasiões, anúria. A oligúria pode estar associada à insuficiência renal aguda de qualquer etiologia e tem prognóstico m ais som brio quanto à recuperação da função renal em todas as condições, exceto na azotem ia pré-renal. O term o não oligúria refere-se a um débito urinário > 400 m L/dia em pacientes com azotem ia aguda ou crônica. Na NTA não oligúrica, os distúrbios da hom eostasia do p o tássio e hidrogênio são m enos graves que nos pacientes oligúricos, e a recuperação da função renal norm al é m ais rápida.
338
A avaliação da proteinúria é m ostrada de m odo esquem ático na Fi gura 44.3 e começa após a detecção desta anorm alidade urinária com fita reagente. A pesquisa com fita reagente detecta apenas a album ina e produz resultados falsos positivos quando o pH é > 7,0 e a urina se m ostra m uito concentrada ou contam inada p o r sangue. C om o a fita reagente baseia-se na concentração u rinária de album ina, um a urina m uito diluída pode obscurecer a presença de proteinúria significativa com o uso desse teste. A quantificação da album ina urinária em um a am ostra de urina (idealm ente um a am ostra da prim eira urina da m a nhã) p or m eio da determ inação da razão album ina-creatinina (RAC) m ostra-se útil na estim ativa da taxa de excreção de album ina (TEA) de 24 h, em que a RAC (m g/g) ~ TEA (m g/24 h). Além disso, a p ro teinúria que não consiste predom inantem ente em album ina tam bém será om itida p o r triagem com fita reagente. Isso particularm ente im p ortante para a detecção das proteínas de Bence-Jones na urina dos pacientes com m ielom a m últiplo. Os testes efetuados para determ i n a r a concentração u rin ária total de p roteína baseiam -se de m odo acurado na precipitação com ácido sulfossalicílico ou tricloracético. A m agnitude da pro tein ú ria e a com posição proteica da urina dependem do m ecanism o da lesão renal que leva à perda de proteí nas. N orm alm ente, a seletividade tanto da carga elétrica quanto do tam anho im pede que quase toda a album ina, as globulinas e outras proteínas de alto peso m olecular do plasm a atravessem a parede glo m erular. C ontudo, se essa barreira estiver danificada, pode ocorrer extravasam ento das proteínas plasm áticas para a urina (proteinúria glom erular; Fig. 44.3). As proteínas m enores (< 20 kDa) são filtradas livrem ente, porém são prontam ente absorvidas pelos túbulos proxi mais. Tradicionalm ente, os indivíduos sadios excretam < 150 m g/dia de proteínas totais e < 30 m g/dia de album ina. E ntretanto, m esm o na presença de níveis de album ina < 30 m g/dia, o risco de progressão para nefropatia franca ou doença cardiovascular subsequente apresenta-se aum entado. As proteínas restantes na urina são secretadas pelos túbulos (Tam m -H orsfall, IgA e uroquinase) ou representam quantidades pequenas de (32-m icroglobulina, apoproteínas, enzim as e horm ônios peptídicos filtrados. O utro m ecanism o da proteinúria ocorre quando há produção exagerada de um a proteína anorm al, que ultrapassa a capacidade de reabsorção tubular. Isso ocorre mais co m um ente nas discrasias de plasm ócitos, com o o m ielom a múltiplo, am iloidose e linfom as associados à produção m onoclonal de cadeias leves de im unoglobulinas. As células endoteliais glom erulares norm ais form am um a bar reira com posta de poros com —100 nm , que retêm as células san guíneas, m as oferecem pouco obstáculo à passagem da m aioria das proteínas. A m em b ran a basal glom erular seqüestra a m aior parte das proteínas grandes (> 100 kDa), enquanto os pedicelos das células endoteliais (podócitos) cobrem a face u rin ária da m em brana basal glom erular e produzem um a série de canais estreitos (diafragmas em fenda) que perm item a passagem m olecular de pequenos solutos e água, m as não das proteínas. Algum as doenças glom erulares, com o a doença po r lesão m ínim a, causam a fusão dos pedicelos das células epiteliais dos glom érulos, resultando em perda predom inantem ente “seletiva” de album ina (Fig. 44.3). O utras doenças glom erulares p o dem m anifestar-se na form a de ruptura da m em brana basal e perda dos diafragm as em fenda (p. ex., deposição de im unocom plexos), resultando em perda de album ina e outras proteínas plasmáticas. A fusão dos pedicelos causa aum ento da pressão através da m em brana basal capilar, resultando em áreas com poros de m aior tam anho. A com binação de aum ento da pressão e poros m aiores provoca protei núria significativa (“não seletiva”; Fig. 44.3). Q uando a excreção diária total de proteínas é > 3,5 g, verifica-se tam bém com frequência a presença de hipoalbum inem ia, hiperlipidem ia e edem a (síndrom e nefrótica; Fig. 44.3). Entretanto, a excreção diária total de proteínas urinárias > 3,5 g pode ocorrer sem outras m anifestações da síndrom e nefrótica em um a variedade de outras doenças renais (Fig. 44.3). As discrasias de plasm ócitos (m ielom a m últiplo) podem estar associadas a grandes quantidades de cadeias leves excretadas na urina, que podem passar despercebidas no teste
no sistem a coletor urinário. A avaliação dos pacientes com h e m atú ria m icroscópica está des crita na Figura 44.2. É com um detectar a presença de hem atúria no exam e de urina, que pode ser causada p o r m enstruação, doen ças virais, alergia, exercício ou trau m atism o brando. A h e m a tú ria persistente ou significativa (> 3 hem ácias/C G A em três exa m es de urina, um único exame de u rin a com > 100 hem ácias o u h e m a tú ria m ac ro sc ó p ic a ) está associada a lesões renais ou urológicas significativas em 9,1% dos casos. M esm o os pacientes em tratam en to crônico com a n ticoagulante devem ser avaliados conform e delineado na Figura 44.2. A suspeita de neoplasias u rogenitais nos pacientes com h em atú ria indolor isolada e h e m ácias norm ais aum enta com a idade. As neoplasias são raras na Figura 44.3 Abordagem ao paciente com proteinúria. A investigação da proteinúria é frequentemente iniciada por um população pediátrica, e a hem a resultado positivo da fita reagente no exame de urina. As fitas reagentes convencionais detectam predominantemente a albumina túria isolada tem m ais tendência e fornecem uma avaliação semi-quantitativa (traços, 1 +, 2+ ou 3+), que é influenciada pela concentração urinária, refletida pela a ser “idiopática” ou a estar asso densidade específica da urina (mínimo < 1,005, máximo de 1,030). Contudo, para uma a quantificação mais precisa da protei ciada a algum a anom alia congê núria, devem-se empregar uma amostra de urina pela manhã para a razão proteína/creatinina (mg/g) ou uma coleta de urina de nita. A h e m a tú ria com piúria e 24 h (mg/24 h). GESF, glomeruloesclerose segmentar focal; GNMP, glomerulonefrite membranoproliferativa. b acteriú ria é típica de infecção, devendo ser tra ta d a com a n ti bióticos depois das culturas apropriadas. N as m ulheres, a cistite ou com fita reagente. As cadeias leves produzidas p o r esses distúrbios uretrite agudas podem causar hem atú ria m acroscópica. A hipercalsão filtradas pelos glom érulos e superam a capacidade de reabsor ciúria e a hiperuricosúria tam bém constituem fatores de risco para a ção dos túbulos proxim ais. A insuficiência renal secundária a esses hem atúria isolada inexplicável tanto em crianças quanto em adultos. distúrbios ocorre po r um a variedade de m ecanism os, inclusive o b s Em alguns desses pacientes (50-60%), a redução da excreção de cál trução tubular (nefropatia por cilindros) e depósito de cadeias leves. cio e de ácido úrico p or m eio de intervenções dietéticas pode elim i A h ip oalbum inem ia na síndrom e nefrótica ocorre em conse nar a hem atúria m icroscópica. qüência de perdas urinárias excessivas e aum ento do catabolism o tu A hematúria microscópica isolada pode constituir um a m anifes bular proxim al da album ina filtrada. O edem a é causado pela re te n tação de doenças glom erulares. As hem ácias de origem glom erular ção renal de sódio e dim inuição da pressão oncótica do plasm a, que geralm ente são dism órficas quando exam inadas p o r m icroscopia de favorece a transferência dos líquidos dos capilares para o interstício. contraste de fase. Os form atos irregulares das hem ácias tam bém p o Para com pensar a dim inuição percebida do volum e intravascular efe dem ser causados pelas alterações do pH e da osm olaridade ao longo tivo, ocorrem ativação do sistem a renina-angiotensina, estim ulação do néfron distai. É com um haver um a variabilidade entre diferen do A D H e ativação do sistem a nervoso sim pático, que prom ovem tes observadores na detecção de hem ácias dism órficas. As etiologias u m a reabsorção renal continuada de sal e de água e form ação p ro m ais com uns da hem atúria glom erular isolada são a nefropatia por gressiva de edema. A perda urinária das proteínas reguladoras e as al IgA, a nefrite hereditária e a doença da m em brana basal fina. A n e terações da síntese hepática contribuem para as outras m anifestações fropatia p or IgA e a nefrite hereditária p o d e m causar episódios de da síndrom e nefrótica. Pode surgir um estado de hipercoagulabilih em atúria m acroscópica. C om frequência, obtém -se um a história dade em conseqüência das perdas urinárias de antitrom bina III, dos fam iliar de insuficiência renal em pacientes com nefrite hereditária, níveis séricos reduzidos das proteínas S e C, da hiperfibrinogenem ia e os pacientes com doença da m em brana basal fina possuem com u e da agregação plaquetária exacerbada. A hipercolesterolem ia, que m ente outros fam iliares com h e m a tú ria m icroscópica. É necessário pode ser grave, resulta do aum ento da síntese hepática de lipoproteíefetuar um a biópsia renal p ara o diagnóstico definitivo desses dis nas. A perda das im unoglobulinas contribui para o risco aum entado túrbios, que são discutidos com m ais detalhes no C apítulo 283. A de infecção. M uitas doenças (algum as das quais estão relacionadas na Figura 44.3) e fárm acos p odem causar a síndrom e nefrótica, e um a hem atúria com hem ácias dism órficas, cilindros hem áticos e excreção proteica > 500 m g/dia é p raticam ente patognom ônica de glom eru lista com pleta pode ser encontrada no C apítulo 283. lonefrite. Os cilindros hem áticos são form ados à m edida que as h e ■ HEMATÚRIA, PIÚRIA E CILINDROS m ácias que entram no líquido tu b u lar ficam retidas em um m olde cilíndrico de proteína de Tam m -H orsfall em form a de gel. M esmo na A h em atúria isoladam sem proteinúria, outras células ou cilindros ausência de azotem ia, esses pacientes devem fazer avaliação sorológifrequentem ente indica sangram ento proveniente do trato urináro. A ca e biópsia renal, conform e delineado na Figura 44.2. hem atúria é definida pela presença de 2 a 5 hem ácias p o r cam po de A piúria isolada é incom um , visto que as reações inflam atórias grande aum ento (CGA) e pode ser detectada com o uso de fita rea dos rins ou do sistema coletor tam bém estão associadas à hematúria. A gente. Pode-se obter um resultado falso positivo na fita reagente p ara presença de bactérias sugere infecção, enquanto os cilindros leucocitáhem atúria (nenhum a hem ácia é detectada ao exam e m icroscópico da rios com piúria indicam pielonefrite. Além disso, podem ser observa urina) na presença de m ioglobinúria, frequentem ente no contexto de dos leucócitos e/ou cilindros leucocitários na glom erulonefrite aguda, rabdomiólise. Entre as causas com uns de hem atúria isolada estão cál bem como em processos tubulointersticiais, com o nefrite intersticial culos, neoplasias, tuberculose, traum atism o e prostatite. A hem atúria e rejeição do transplante. Nas doenças renais crônicas, podem -se ob macroscópica com coágulos sanguíneos geralm ente n ão constitui um servar cilindros celulares degenerados na urina, conhecidos como ciprocesso renal intrínseco; na verdade, sugere um a causa pós-renal AVALIAÇÃO DA PROTEINÚRIA
Azotemia e Anormalidades Urinárias 339
lindros céreos. Acredita-se que os cilindros largos sejam form ados nos túbulos dilatados dos néfrons aum entados que sofreram hipertrofia com pensatória em resposta à redução da m assa renal (isto é, insufi ciência renal crônica). Uma m istura de cilindros largos observados na insuficiência renal crônica com cilindros celulares e hem ácias pode ocorrer em processos insidiosos, como a glom erulonefrite crônica.
ANORMALIDADES DO VOLUME URINÁRIO O volume de urina produzida varia de acordo com a ingestão de líqui dos, a função renal e as dem andas fisiológicas do indivíduo. Ver “Azo temia”, anteriorm ente, para um a discussão sobre a produção de urina reduzida (oligúria) ou ausente (anúria). A fisiologia da form ação da água e de sua conservação renal está descrita no C apítulo 278.
■ POLIÚRIA
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
C om base na história clínica, é frequentem ente difícil para os p a cientes diferenciarem o aum ento da frequência u rin ária (em geral, volum es pequenos) da poliúria verdadeira (> 3 L/dia), podendo ser necessária um a quantificação do volum e p o r m eio de coleta da urina de 24 h (Fig. 44.4). A poliúria resulta de dois m ecanism os potenciais: ( 1) excreção de solutos não absorvíveis (com o a glicose) ou (2) excre ção de água (geralm ente em decorrência de um defeito na síntese do AD H ou na responsividade renal). C om o propósito de diferenciar um a diurese de solutos de um a diurese aquosa, e para determ inar se a diurese é apropriada para as condições clínicas do paciente, deve-se m edir a osm olalidade urinária. O indivíduo de porte m édio excreta 600 a 800 m osm ol de solutos p or dia, principalm ente ureia e eletróli-
AVALIAÇÃO DA POLIÚRIA POLIÚRIA (> 3 L/24 h)
I O sm olalidade urinária
Diurese de solutos G licose, m anitol, contraste radioativo, ureia (devido a um a a lim entação rica em proteína), doenças císticas m edulares, NTA em regressão, obstrução, diuréticos
Diabetes insípido (Dl)
Polidipsia primária Psicogênica D oença hipotalâm ica Fárm acos (tioridazina, clorprom azina, agentes a nticolinérgicos)
Dl central (sensível à vasopressina) p ó s-hipofisectom ia, traum atism o, tu m o r/cisto supra ou intra-selar, histiocitose ou granulom a, en ca rcera m e n to p or aneurism a, síndrom e de S heehan, infecção, G uillain-B arré, em b o lia gordurosa, sela vazia
Dl nefrogênico (insensível à vasopressina) Doenças tubulares adquiridas: pielonefrite, nefropatia ca u sad a por analgésicos, m ielom a m últiplo, am iloidose, obstrução, sarcoidose, hipercalcem ia, hipopotassem ia, síndrom e de S jõgren, anem ia falciform e Fármacos ou toxinas: lítio, d em eclociclina, m etoxifluorano, etanol, difenilidantoína, propoxifeno, anfotericina Congênito: doença p o licística ou cística m ed u la r h ereditária
Figura 44.4 Abordagem ao paciente com poliúria. ADH, hormônio antidiurético; NTA, necrose tubular aguda.
tos. Se o débito urinário for > 3 L/dia, e a urin a estiver diluída (< 250 m osm ol/L ), a excreção total em m osm estará norm al, e o paciente terá diurese de água. Essa condição pode ser causada p or polidipsia, secreção inadequada de vasopressina (diabetes insípido central) ou incapacidade dos túbulos renais de responder à vasopressina (dia betes insípido nefrogênico). Se o volum e urin ário for > 3 L/dia e a osm olalidade urinária for > 300 m osm /L , certam ente existirá diurese de solutos e será obrigatório investigar o(s) soluto(s) responsável(is). A filtração excessiva de um soluto pouco reabsorvido, com o a glicose, o m anitol ou a ureia, pode reduzir a reabsorção de NaCl e água pelos túbulos proxim ais, bem com o provocar diurese excessi va. O diabetes m elito mal controlado com glicosúria constitui a causa m ais com um da diurese de solutos, levando à depleção de volume e à hipertonicidade sérica. C om o a concentração urinária de sódio é m enor do que a corporal, o indivíduo perde m ais água do que sódio, o que causa hipernatrem ia e hipertonicidade. Entre as causas comuns de diurese de solutos iatrogênica está a adm inistração de m anitol, de contrastes radioativos e de alim entos hiperproteicos (enteral ou pa renteral), resultando na produção e excreção aum entadas de ureia. Em casos m enos freqüentes, a perda excessiva de sódio pode resultar de doenças renais císticas ou de síndrom e de B artter ou durante a evo lução de processo tubulointersticial (com o a NTA em regressão). Nes ses denom inados distúrbios com perda de sal, a lesão tubular resulta em com prom etim ento direto da reabsorção de sódio e, indiretam ente, dim inui a responsividade dos túbulos à aldosterona. Em geral, as per das de sódio são discretas, e o débito urinário obrigatório é < 2 L/dia (a NTA em regressão e a diurese pós-obstrutiva constituem exceções e podem estar associadas a natriurese e poliúria significativas). A produção de grandes volum es de u rin a diluída é habitual m ente devida a estados de polidipsia ou diabetes insípido. A polidip sia prim ária pode ser causada p o r hábito, transtornos psiquiátricos, lesões neurológicas ou fárm acos. D urante a polidipsia deliberada, o volume do líquido extracelular apresenta-se norm al ou expandido, e os níveis plasm áticos da vasopressina encontram -se reduzidos, visto que a osm olalidade sérica tende a ficar próxim a dos limites inferiores norm ais. A osm olalidade urinária tam bém ter um a diluição m áxima em 50 mosm ol/L. O diabetes insípido central pode ser de origem idiopática ou pode ser secundário a vários distúrbios hipotalâm icos, inclusive pós-hipofisectom ia ou traum atism os, ou doenças neoplásicas, inflam atórias, vasculares ou infecciosas do hipotálam o. O diabetes insípido central idiopático está associado à destruição seletiva dos neurônios que se cretam vasopressina nos núcleos supraópticos e paraventriculares, podendo ser herdado com o traço autossôm ico dom inante ou ocorrer espontaneam ente. O diabetes insípido nefrogênico pode ocorrer em várias condições clínicas, conform e resum ido na Figura 44.4. O nível plasm ático de vasopressina é considerado o m elhor m é todo para diferenciar a form a nefrogênica do diabetes insípido da central. C om o alternativa, o teste de privação hídrica com adm inis tração de vasopressina exógena tam bém pode diferenciar a polidipsia prim ária do diabetes insípidos nefrogênico e central. Ver discussão detalh ad a n o C apítulo 340.
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A n der so n S
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I
CA PÍTULO
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Distúrbios Hidreletrolíticos David B. Mount SÓDIO E ÁGUA ■ COMPOSIÇÃO DOS LÍQUIDOS CORPORAIS
Balanço hídrico A secreção de vasopressina, a ingestão de água e o tran sp o rte renal de água colaboram para m an ter a osm olalidade dos líquidos co rp o rais entre 280 e 295 m osm ol/kg nos seres hum anos. A vasopressina (AVP) é sintetizada em neurônios m agnocelulares no hipotálam o, cujos axônios distais se projetam para o lobo p o ste rio r da hipófise ou neuro-hipófise, a p a rtir da qual a AVP é liberada na circula ção. Um a rede de neurônios osm orreceptores centrais, que inclui os próprios neurônios m agnocelulares que expressam a AVP, detecta a osm olalidade circulante através de canais de cátions não seletivos, ativados p o r estiram ento. Esses neurônios osm orreceptores são ati vados ou inibidos p or elevações e reduções m odestas da osm olalida de circulante, respectivam ente; a ativação leva à liberação de AVP e sensação de sede. A secreção de AVP é estim ulada à m edida que a osm olalidade sistêmica aum enta acima de um nível lim iar de cerca de 285 m osm ol/ kg, acim a do qual aparece um a relação linear entre a osm olalidade e o AVP circulante (Fig. 45.1). A sede e, em conseqüência, a ingestão de água tam bém são ativadas em um nível de cerca de 285 m osm ol/ kg, acim a do qual existe um aum ento linear equivalente na in te n sidade da sede percebida com o função da osm olalidade circulante. As alterações no volum e sanguíneo e na pressão arterial tam bém constituem estím ulos diretos para a liberação de AVP e a sensação de sede, porém com um perfil de resposta m enos sensível. Talvez de m aior relevância clínica para a fisiopatologia da hom eostasia da
O sm o la lida d e p la sm á tica (m O sm /kg)
Figura 45.1 Níveis circulantes de vasopressina (AVP) em resposta a al terações na osmolalidade. A vasopressina plasmática torna-se detectável em indivíduos sadios euvolêmicos em um limiar de cerca de 285 mOsm/kg, acima do qual existe uma relação linear entre a osmolalidade e a AVP circulante. A resposta da vasopressina à osmolalidade é fortemente modulada pelo estado de volume. Por conseguinte, o limiar osmótico é ligeiramente mais baixos na hipovolemia, com uma curva de resposta mais inclinada; a hipervolemia reduz a sensibilidade dos níveis circulantes de AVP à osmolalidade.
água seja o volum e de LEC, que m odula acentuadam ente a relação entre a osm olalidade circulante e a liberação de AVP, de m odo que a hipovolemia dim inui o lim iar osm ótico e aum enta a inclinação da curva de resposta à osm olalidade, enquanto a hipervolemia possui o efeito oposto, elevando o lim iar osm ótico e reduzindo a inclinação da curva de resposta (Fig. 45.1). Notavelm ente, a AVP possui um a meia-vida n a circulação de apenas 10-20 m in; p o r conseguinte, alterações no volum e de líquido extracelular e/ou na osm olalidade circulante podem afetar rapidam ente a hom eostasia da água. Além do estado de volum e, diversos estím ulos não osm óticos exercem efeitos ativadores potentes sobre os neurônios osm ossensíveis e sobre a liberação de AVP, incluindo náusea, angiotensina II intracerebral, serotonina e m últiplos fármacos. A excreção ou a retenção de água sem eletrólitos pelo rim são m oduladas pelos níveis circulantes de AVP. A AVP atua sobre os re ceptores tipo V2 renais no ram o ascendente espesso da alça de Henle e células principais do d ueto coletor (D C ), aum en tan d o o nível de m onofosfato de adenosina (A M P) cíclico e ativando a fosforilação de m últiplas proteínas de tran sp o rte dependente de proteinocinase A (PKA). A ativação do tran sp o rte de N a+-Cl” e K+ dependente de AVP e PKA pelo ram o ascendente espesso da alça de H enle (RAEH) é um fator-chave no m ecanism o de co n tra co rre n te (Fig. 45.2). O m ecanism o de c o n tra co rre n te au m en ta, p o r fim , a osm olalidade intersticial na m edula in te rn a do rim , im p u lsio n an d o a absorção de água através do dueto coletor renal. E ntretanto, o tran sp o rte de água, sal e solutos pelos segm entos tan to proxim ais q uanto distais do néfron participa no m ecanism o de concentração renal (Fig. 45.2). O tran sp o rte de água através dos canais de água de a q u ap o rin a -1 apicais e basolaterais no ram o descendente delgado d a alça de Henle está, portanto, envolvido, assim com o a absorção passiva de N a+-Cl" pelo ram o ascendente delgado, através dos canais de cloreto CLC-K1 apicais e basolaterais e do tran sp o rte de N a + paracelular. Por sua vez, o transporte renal de ureia d esem penha u m im portante papel na ge ração do gradiente osm ótico m ed u lar e n a capacidade de excretar água livre de solutos, em condições de aporte de proteína tanto alto quanto baixo (Fig. 45.2). A fosforilação do canal de água de aquaporina-2 induzida pela AVP e dependente de PKA nas células principais estim ula a inserção de canais de água ativos na luz do dueto coletor, resultando em absor ção transepitelial de água ao longo do gradiente osm ótico m edular (Fig. 45.3). Em condições antidiuréticas, com aum ento da AVP cir culante, o rim reabsorve a água filtrada pelo glom érulo, equilibran do a osm olalidade através do epitélio do dueto coletor para excretar
Distúrbios Hidreletrolíticos
A água é o com ponente m ais abundante do organism o, constituindo cerca de 50% do peso corporal nas m ulheres e 60% nos hom ens. A água corporal total é d istribuída em dois com partim entos principais: 55 a 75% são intracelulares [líquido intracelular (LIC)] e 25 a 45% são extracelulares [líquido extracelular (LEC)]. O LEC é ainda su b dividido nos espaços intravascular (água plasm ática) e extravascular (intersticial), em um a razão de 1:3. O m ovim ento de líquido entre os espaços intravascular e intersticial ocorre através da parede capilar e é determ inado pelas forças de Starling, isto é, pela pressão hidráulica capilar e pressão coloidosm ótica. O gradiente de pressão hidráulica transcapilar ultrapassa o gradiente de pressão oncótica c orrespon dente, favorecendo, assim , o m ovim ento do ultrafiltrado de plasm a para d entro do espaço extravascular. O re torno do líquido para o com partim ento intravascular ocorre através do fluxo linfático. A concentração de solutos ou partículas de um líquido é conhe cida com o osm olalidade, sendo expressa em m iliosm ois p o r quilogram a de água (m osm ol/kg). A água difunde-se facilm ente através da m aioria das m em branas celulares até atingir um equilíbrio osm ótico (osm olalidade do LEC = osm olalidade do LIC). É notável observar que as com posições de solutos extracelulares e intracelulares diferem de m odo considerável, em virtude da atividade de vários tran sp o r tadores, canais e bom bas de m em brana im pulsionadas pelo ATP. As principais partículas do LEC são o N a+ e seus ânions que o acom pa nham , o CL e o H C 0 3', enquanto o K+ e os ésteres de fosfato orgâ nico (ATP, fosfato de creatina e fosfolipídios) constituem os osm ois predom inantes do LIC. Os solutos restritos ao LEC ou ao LIC deter m inam a tonicidade ou osm olalidade efetiva desse com partim ento. D eterm inados solutos, em particular a ureia, não contribuem para os deslocam entos da água através da m aioria das m em branas e, p o r esse motivo, são conhecidos com o osm ois ineficazes.
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Córtex
anorm alidades nessa via com um final, com o, p o r exemplo, redução ou ausência de inserção de canais de água de aquaporina-2 ativos na m em brana das células principais no diabetes insípido.
Manutenção da integridade circulatória arterial
Medula Interna
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Figura 45.2 0 mecanismo de concentração renal. O transporte de água, sal e solutos pelos segmentos tanto proximal quanto distai do néfron participa no me canismo de concentração renal (ver o texto para detalhes). Esquema mostrando a localização das principais proteínas de transporte envolvidas; uma alça de Henle está ilustrada à esquerda, e um dueto coletor, à direita. TU, transportador de ureia; AQP, aquaporina; NKCC2, cotransportador de Na-K-2CI; ROMK, canal de K+ da medula externa renal; CLC-K1, canal de cloreto. (De JM Sands:JAm Soc Nephrol 13:2795, 2002; com autorização.)
um a u rina concentrada hipertônica (com osm olalidade de até 1.200 m osm ol/kg). N a ausência de AVP circulante, a inserção de canais de aq uaporina-2 e a absorção de água através do dueto coletor são es sencialm ente abolidas, resultando na secreção de um a urina diluída hipotônica (com osm olalidade tão baixa quanto 30-50 m osm ol/kg). A m aioria dos distúrbios da hom eostasia da água está associada a
Interstício m edular (vasos retos ou capilares peri tubulares)
Luz Tubular (U rina)
C élula principal do dueto coletor
A Q P2 A Q P3/ AQP4 H2 0
■I
& V2R
PKA
pAQ P2
9 x O
cAMP
Ò
V asopressina, tam bém denom inado horm ônio antidiurético (ADH)
Figura 45.3 Vasopressina e regulação da permeabilidade à água no dueto coletor renal. A vasopressina liga-se ao receptor de vasopressina tipo 2 (V2R) na membrana basolateral das células principais, ativa a adenilil ciclase (AC), aumenta o monofosfato de adenosina cíclico (cAMP) intracelular e estimula a atividade da proteinocinase A (PKA). As vesículas citoplasmáticas que transportam as proteínas do canal de água de aquaporina-2 (AQP) são inseridas na membrana luminal, em resposta à vasopressina, aumentando a permeabilidade dessa membrana à água. Quando a estimulação da vasopressina termina, os canais de água são recuperados por um processo endocítico, e a permeabilidade à água retorna a seu estado basal baixo. Os canais de água AQP3 e AQP4 são expressos na membrana basolateral e completam a via transcelular de reabsorção de água. pAQP2 = aquaporina-2 fosforilada. (DeJMSands, DG Bichet:Ann Intern Med 144:186,2006, com autorização.)
342
O sódio é bom beado ativam ente para fora das células pela bom ba de m em brana N a+, K' -ATPase. Em conseqüência, 85 a 90% do N a+ cor poral são extracelulares, e o volum e de líquido extracelular (VLEC) constitui um a função do conteúdo corporal total de N a+. Por sua vez, a perfusão arterial e a integridade circulatória são determ inadas pela retenção ou excreção renal de Na", além da m odulação da resistência arterial sistêmica. No rim , o N a+ é filtrado pelos glom érulos e, em seguida, reabsorvidos seqüencialm ente pelos túbulos renais. O cátion N a+ é reabsorvido com o ânion cloreto (Cl ); p o r conseguinte, a h o m eostasia do cloreto tam bém afeta o VLEC. Em nível quantitativo, com um a taxa de filtração glom erular (TFG) de 180 L/dia e níveis sé ricos de Na' de cerca de 140 mM , o rim filtra cerca de 25.200 m m ol/ dia de N a+. Isso eqüivale a cerca de 1,5 kg de sal, que poderia ocupar aproxim adam ente 10 vezes o espaço extracelular; 99,6% do N a+-Cl” filtrado devem ser reabsorvidos para u m a excreção de 100 mM por dia. Por conseguinte, a ocorrência de alterações m ínim as na excreção renal de N a+-Cl~ terá efeitos significativos sobre o VLEC, resultando em síndrom es de edem a ou hipovolem ia. Cerca de dois terços do N a '-C l‘ são reabsorvidos pelo túbulo proximal renal p or m eio de m ecanism os tan to paracelulares quanto transcelulares. Subsequentem ente, o RAEH reabsorve outros 25-30% do Na' -Cl" filtrado, através do c o transportador de N a+-K+-2C1~ apical, sensível à furosem ida. O néfron distai adjacente sensível à aldos terona, que com preende o túbulo contornado distai (TCD), o túbulo conector (TC) e o dueto coletor, é responsável pelo “controle fino” da excreção renal de Na+-Cl . O c otransportador de N a ’- C f (CNC) apical sensível a tiazídicos reabsorve 5-10% do N a+-Cl~ filtrado no TCD. As células principais no TC e no D C reabsorvem o N a1 através de canais de N a+ epiteliais (ENaC) eletrogênicos sensíveis à am ilorida; os íons C f são reabsorvidos principalm ente pelas células intercaladas adjacentes através da troca apical de Cl" (troca de CL -O H " e Cl~H C 0 3", m ediada pelo trocador de ânions SLC26A4 (Fig. 45.4). A reabsorção tu b u lar renal de N a+-Cl" filtrado é regulada po r m últiplos ho rm ô n io s p a rác rin o s e circulantes, além da atividade dos nervos renais. A angiotensina II ativa a reabsorção proxim al de Na+-Cl", assim com o receptores adrenérgicos, sob a influência da inervação sim pática renal. Em c o n tra p artid a, a do p am in a ge rada localm ente exerce um efeito natriurético. A aldosterona ativa principalm ente a reabsorção de N a+-Cl~ no néfron distai sensível à aldosterona. Em particular, a aldosterona ativa o ENaC nas células principais, induzindo a absorção de N a+ e prom ovendo a excreção de K+ (ver Fig. 45.4). A integridade da circulação é de sum a im portância para a p e r fusão e a função dos órgãos vitais. O enchim ento deficiente da cir culação arterial é detectado po r receptores de pressão ventriculares e vasculares, resultando em ativação neu ro -h u m o ral (aum ento do tônus simpático, ativação do eixo renina-angiotensina-aldosterona e aum ento dos níveis circulantes de AVP), que aum enta sinergicam ente a reabsorção renal de N a+-Cl', a resistência vascular e a reabsorção renal de água. Isso ocorre no contexto do débito cardíaco dim inuído, conform e observado em estados de hipovolem ia, insuficiência car díaca de baixo débito, dim inuição da pressão oncótica e/ou aum ento da perm eabilidade capilar. A lternativam ente, a vasodilatação arterial excessiva resulta em enchim ento deficiente arterial relativo, levando à ativação neuro-hum oral na defesa da perfusão tecidual. Essas res postas fisiológicas desem penham um im p o rtan te papel em m uitos dos distúrbios discutidos neste capítulo. Em particular, é im portante reconhecer que a AVP atua na defesa da integridade da circulação, induzindo vasoconstrição, aum entando o tônus do sistem a nervoso simpático e a retenção renal de água e N a+-Cl', e m odulando o refle xo barorreceptor arterial. Essas respostas envolvem, em sua m aioria, a ativação dos receptores V 1A de AVP sistêm icos, porém a ativação concom itante dos receptores V2 no rim po d e resultar em retenção renal de água e hiponatrem ia.
a reabsorção de N a+-Cl pelo néfron distai sensível à aldosterona. Por fim, a lesão tubulointersticial, com o a que ocorre na nefrite intersti cial, na lesão tubular aguda ou na uropatia obstrutiva, pode reduzir a reabsorção tubular distai de N a+-Cl~ e/ou de água. A excreção excessiva de água livre, isto é, de água sem solutos, tam bém pode levar à hipovolem ia. E ntretanto, o efeito sobre 0 VLEC é habitualm ente m enos pronunciado, devido ao fato de que dois ter ços do volum e de água são perdidos do LIC. O corre excreção renal excessiva de água em condições de dim inuição dos níveis circulantes de AVP ou de resistência renal à AVP (diabetes insípido central e n e frogênico, respectivam ente).
através do canal de sódio epitelial (ENaC) sensível à amilorida gera uma diferença de potencial de luz negativa, que impulsiona a excreção de K+ através do canal de K+secretor apical ROMK (canal de K+ da medula externa renal) e/ou do canal maxi-K dependente de fluxo. O transporte de C f transepitelial ocorre nas célu las intercaladas 3 adjacentes através dos canais de cloreto CLC basolaterais de troca de C f-H C 0 3"e Cl" OH' (trocador de ânions SLC26A4, também conhecido como pendrina). A água é absorvida ao longo do gradiente osmótico pelas células principais, através da aquaporina-2 (AQP2) apical e aquaporina-3 e aquaporina-4 basolaterais (Fig. 45.3).
■ HIPOVOLEMIA Etiologia A depleção de volum e verdadeira ou hipovolem ia refere-se, em geral, a um estado de perda concom itante de sal e de água, que leva à co n tração do VLEC. A perda de sal e de água pode ser de origem renal ou não renal.
Causas renais
A perda urinária excessiva de água e N a+-CL consti tui u m a característica de várias condições. U m a carga filtrada elevada de solutos endógenos, com o a glicose e a ureia, pode com prom eter a reabsorção tubular de N a+-Cl" e de água, levando a um a diurese osm ótica. O m anitol exógeno, que frequentem ente é utilizado para dim inuir a pressão intracerebral, é filtrado pelos glom érulos, porém não é reabsorvido pelo túbulo proxim al, causando, assim , um a d iu rese osm ótica. Os diuréticos farm acológicos reduzem seletivam ente a reabsorção de N a+-Cl” em locais específicos ao longo do néfron, resultando em aum ento da excreção urinária de N a+-Cl . O utros fár m acos podem induzir natriurese com o efeito colateral. Por exemplo, a acetazolam ida pode inibir a absorção tubular proxim al de N a+-Cl" p or m eio da inibição da anidrase carbônica; outros fárm acos, com o os antibióticos trim etoprim a e pentam idina, inibem a reabsorção tu bular distai de N a+ através do ENaC sensível à am ilorida, levando à perda de N a+-Cl" na urina. Os defeitos hereditários nas proteínas de transporte renais tam bém estão associados a um a reabsorção reduzi da do N a‘-CF filtrado e/ou da água. A lternativam ente, a deficiência de m ineralocorticoides, a resistência aos m ineralocorticoides ou a inibição do receptor de m ineralocorticoides (MLR) podem reduzir
Distúrbios Hidreletrolíticos
Figura 45.4 Transporte de sódio, de água e de potássio nas células prin cipais (CP) e células intercaladas 3 (Cl-B) adjacentes. A absorção de Na+
Causas extrarrenais As causas não renais de hipovolem ia incluem perda de líquido pelo trato gastrintestinal, pele e sistem a respiratório. O acúm ulo de líquido em com partim entos teciduais específicos - o interstício, o peritônio ou o trato gastrintestinal - tam bém pode cau sar hipovolem ia. Cerca de 9 L de líquido en tram diariam ente no trato gastrintes tinal, 2 L p o r ingestão e 7 L p o r secreção; quase 98% desse volum e são absorvidos, de m odo que a p erda fecal de líquido diariam ente é de apenas 100-200 mL. A redução da reabsorção gastrintestinal ou o aum ento da secreção de líquido p o d e m causar hipovolem ia. C om o as secreções gástricas ap resen tam p H baixo (concentração alta de H +), enquanto as secreções biliares, pancreáticas e intestinais são alcalinas (concentração alta de H C 0 3), o vôm ito e a diarréia são frequentem ente a com panhados de alcalose e acidose m etabólicas, respectivam ente. A evaporação de água pela pele e pelo trato respiratório (as d e n om inadas perdas insensíveis) constitui a principal via de perda de água isenta de solutos, que é de 500-650 m L /dia nos adultos sadios. Essa perda evaporativa pode a u m e n tar d u ran te u m a doença febril o u a exposição prolongada ao calor. A hiperventilação tam bém pode a u m entar as perdas sensíveis p o r m eio do trato respiratório, p a rticu larm ente em pacientes ventilados; a u m idade do ar inspirado cons titui o utro fator d eterm inante. A lém disso, o esforço aum entado e/ o u a tem peratura am biente aum entam as perdas insensíveis através do suor, que é hipotônico em relação ao plasm a. A sudorese profusa sem repleção adequada de água e de N a+-Cl", po rtan to , pode levar ao desenvolvim ento de hipovolem ia e hipertonicidade. A lternativa m ente, a reposição dessas perd as insensíveis com excesso de água livre, sem reposição adequada de eletrólitos, p o d e resultar em hiponatrem ia hipovolêm ica. O acúm ulo excessivo de líquido no espaço intersticial e/ou p e ritoneal tam bém pode causar hipovolem ia intravascular. Aum entos na perm eabilidade vascular e/o u u m a redução da pressão oncótica (hipoalbum inem ia) alteram as forças de Starling, resultando em “ter ceiro espaço” excessivo do VLEC. Isso ocorre na síndrom e de sepse, em queim aduras, na pancreatite, na hipoalbum inem ia nutricional e na peritonite. A lternativam ente, a hipovolem ia distributiva pode re sultar do acúm ulo de líquido dentro de com partim entos específicos, p or exemplo, na luz intestinal em caso de obstrução gastrintestinal ou íleo. A hipovolem ia tam bém p ode o correr após hem orragia extracorpórea ou após hem orragia significativa em um espaço passível de expansão, como, p or exemplo, o retroperitônio.
Avaliação diagnóstica A etiologia da hipovolem ia é habitualm ente estabelecida por m eio de cuidadosa história clínica. Os sintom as de hipovolem ia são inespecíficos e consistem em fadiga, fraqueza, sede e to n tu ra postural; os si nais e sintom as m ais graves incluem oligúria, cianose, do r abdom inal e torácica e confusão m ental ou obnubilação. Os distúrbios eletrolí ticos associados podem causar outros sintom as, como, p or exemplo, fraqueza m uscular em pacientes com hipopotassem ia. Ao exame, a redução do turgor cutâneo e ressecam ento das m ucosas orais secas constituem m arcadores m enos ideais de dim inuição do VLEC em pacientes adultos; os sinais confiáveis de hipovolem ia consistem em dim inuição da pressão venosa jugular (PVJ), taquicardia ortostática (aum ento de > 15-20 batim entos p o r m inuto na posição ortostática) e hipotensão ortostática (queda de > 10-20 m m H g da pressão arterial
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
em posição ortostática). A perda mais pronunciada de líquido resulta em choque hipovolêm ico, com hipotensão, taquicardia, vasoconstri ção periférica e hipoperfusão periférica; esses pacientes podem apre sentar cianose periférica, extrem idades frias, oligúria e alteração do estado mental. O s exames de bioquím ica de rotina podem revelar aum ento dos níveis sanguíneos de ureia e creatinina, refletindo a dim inuição da TFG. A creatinina constitui a m edida m ais confiável de TFG, vis to que os níveis de ureia p o d e m ser influenciados p o r um a u m e n to da reabsorção tubular (azotem ia pré-renal), aum ento da geração de ureia nos estados catabólicos, hiperalim entação ou san g ram en to gastrintestinal e/ou dim inuição da produção de u reia no aporte reduzido de proteínas. No choque hipovolêm ico, as provas de fu n ção hepática e os biom arcadores cardíacos podem revelar e vidên cias de isquem ia hepática e isquem ia cardíaca, respectivam ente. A bioquím ica de ro tin a e/ou a gasom etria p o d e m revelar evidências de distúrbios do equilíbrio ácido-básico. Por exem plo, a perda de bicarbonato devido a doença diarreica constitui um a causa m uito c om um de acidose m etabólica; alternativam ente, pacientes com choque hipovolêm ico grave podem desenvolver acidose láctica, com hiato aniônico elevado. A resposta neuro-hum oral à hipovolem ia estim ula um aum ento na reabsorção tubular renal de Na+ e de água. Por conseguinte, a con centração urinária de N a+ é < 20 mAÍ nas causas não renais de h ip o volemia, com osm olalidade urinária de > 450 m osm ol/kg. A redução tanto da TFG quanto do aporte tubular distai de N a+ pode causar um defeito na excreção renal de potássio, com elevação da concentração plasm ática de K+. Convém assinalar que os pacientes com hipovole m ia e que apresentam alcalose hipoclorêm ica devido à ocorrência de vômito, diarréia ou uso de diuréticos exibem um a concentração u ri nária de N a+ de > 20 mAí e pH urinário de > 7,0, devido ao aum ento do H C 0 3~ filtrado; nessa situação, a concentração de Cl na u rina constitui um indicador m ais apurado do estado de volum e, em que a presença de níveis < 25 mAÍ sugerem hipovolem ia. A co n cen tra ção urinária de Na+ está frequentem ente > 20 mAÍ em pacientes com causas renais de hipovolem ia, com o necrose tubular aguda; de form a sem elhante, os pacientes portadores de diabetes insípido terão um a u rina inapropriadam ente diluída.
DISTÚRBIOS D0 SÓDIO Os distúrbios na concentração sérica de N a+são causados p o r anor m alidades na hom eostasia da água, que levam a alterações na razão
TRATAMENTO
Hipovolemia
O tratam ento da hipovolem ia tem p o r objetivo restaurar a norm ovolem ia e repor as perdas hídricas continuadas. A hipovolem ia leve geralm ente pode ser tratada com hidratação oral e retom ada de um a dieta de m anutenção norm al. A hipovolem ia m ais grave exige hidratação intravenosa, e a escolha da solução irá d e p en der da fisiopatologia de base. A solução salina isotônica “norm al” (NaCl a 0,9%, 154 m M de N a+) constitui o líquido de reanim ação mais apropriado para pacientes com natrem ia norm al ou hiponatrem ia que apresentam hipovolem ia grave; para essa finalidade, não foi dem onstrada a superioridade das soluções de coloides, com o a album ina intravenosa. Os pacientes com hipernatrem ia devem receber um a solução hipotônica; glicose a 5% se houve apenas perda hídrica (com o no diabetes insípido) ou solução sa lina hipotônica (1/2 ou 1/4 da solução salina norm al) caso tenha ocorrido perda de água e de N a+-C l\ Os pacientes com perda de bicarbonato e acidose m etabólica, conform e observado frequen tem ente na diarréia, devem receber bicarbonato p or via intrave nosa, na form a de solução isotônica (150 m eq de N a+- H C 0 3" em glicose a 5%) ou de solução de bicarbonato m ais hipotônica em glicose ou solução salina diluída. Os pacientes que apresentam hem orragia grave ou anem ia devem receber transfusões de hem á cias sem aum entar o hem atócrito além de 35%.
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relativa entre N a+ e água corporal. O aporte de água e os níveis cir culantes de AVP constituem os dois efetores essenciais na defesa da osm olalidade sérica; a ocorrência de defeitos em um desses m eca nism os de defesa ou em am bos é responsável pela m aioria dos casos de hiponatrem ia e hipernatrem ia. Em contrapartida, as anorm alida des na hom eostasia do sódio por si só levam a um déficit ou excesso do conteúdo corporal total de Na+-Cl", um determ inante essencial do VLEC e da integridade da circulação. Notavelm ente, o estado de volum e tam bém m odula a liberação de AVP pela neuro-hipófise, de m odo que a hipovolem ia está associada a níveis circulantes mais ele vados do horm ônio em cada nível de osm olalidade sérica. De form a sem elhante, nas causas hipervolêm icas de enchim ento arterial defi ciente, como, p or exemplo, insuficiência cardíaca e cirrose, a ativação neuro-hum oral está associada a um aum ento dos níveis circulantes de AVP, resultando em retenção hídrica e hiponatrem ia. Por conse guinte, um conceito-chave nos distúrbios do sódio é que a concen tração plasm ática absoluta de N a+ não fornece nenhum a inform ação sobre o estado de volum e de um paciente específico; isso precisa ser considerado na abordagem diagnóstica e terapêutica.
■ HIPONATREMIA A hiponatrem ia, que é definida p or um a concentração plasm ática de N a+ de < 135 mAÍ, é u m distúrbio m uito com um , que acom ete até 22% dos pacientes hospitalizados. Esse distúrbio resulta quase sem pre de um aum ento dos níveis circulantes de AVP e/ou sensibilidade renal aum entada à AVP, com binada com um aporte de água livre; um a exceção notável é a hiponatrem ia causada pelo baixo aporte de solutos (ver adiante). A fisiopatologia subjacente da resposta exage rada ou inapropriada à AVP difere em pacientes com hiponatrem ia, em função de seu VLEC. Por conseguinte, a hiponatrem ia é subdi vidida, para diagnóstico, em três grupos, depen d en d o da história clínica e do estado de volume: hipovolêm ica, euvolêm ica e hipervolêm ica (Fig. 45.5).
Hiponatremia hipovolêmica A hipovolem ia provoca um a acentuada ativação neuro-hum oral, com conseqüente aum ento dos níveis circulantes de AVP. A eleva ção dos níveis circulantes de AVP ajuda a preservar a pressão arterial p or m eio dos receptores V 1Avasculares e barorreceptores e aum enta a reabsorção de água p o r m eio dos receptores V 2 renais. A ativação dos receptores V2 pode levar à hiponatrem ia na situação de aporte aum entado de água livre. As causas não renais de hiponatrem ia h i povolêm ica incluem perda gastrintestinal (GI) (vôm ito, diarréia, drenagem com tubo, etc.) e perda insensível (sudorese, queim adu ras) de N a+-Cl‘ e de água na ausência de reposição oral adequada; a concentração urinária de Na* é < 20 mAÍ. Notavelm ente, esses p a cientes podem ser classificados clinicam ente com o euvolêmicos, e apenas a redução da concentração u rinária de N a+ indica a causa da hiponatrem ia. C om efeito, um a concentração urinária de N a+ de < 20 mAÍ na ausência de u m a causa de hiponatrem ia hipervolêm ica indica um a rápida elevação das concentrações plasmáticas de N a+ em resposta à solução salina norm al intravenosa; nesse contexto, a solu ção salina induz um a diurese aquosa, quando os níveis circulantes de AVP declinam rapidam ente. As causas renais de hiponatrem ia hipovolêm ica com partilham a perda inapropriada de N a1-Cl’ na urina, com conseqüente depleção de volum e e elevação dos níveis circulantes de AVP; a concentração urinária de N a+ é de > 20 mAÍ (Fig. 45.5). A deficiência de aldoste rona circulante e/ou de seus efeitos renais pode levar à hiponatrem ia na insuficiência suprarrenal prim ária e outras causas de hipoaldosteronism o; a presença de hiperpotassem ia e de hiponatrem ia em um paciente hipotenso e/ou hipovolêm ico com elevada concentração de N a+ na u rin a (m uito > 20 mAÍ) deve sugerir fortem ente esse diag nóstico. As nefropatias perdedoras de sal p odem levar ao desenvol vim ento de hiponatrem ia quando o aporte de sódio está reduzido, devido ao com prom etim ento da função tubular renal; as causas típi cas incluem nefropatia de refluxo, nefropatias intersticiais, uropatia pós-obstrutiva, doença cística m edular e fase de recuperação da n e crose tubular aguda. Os diuréticos tiazídicos causam hiponatrem ia
p or m eio de diversos m ecanism os, incluindo polidipsia e depleção de volum e induzida p or diuréticos. Notavelm ente, os tiazídicos não inibem o m ecanism o de concentração renal, de m odo que os níveis circulantes de AVP exercem um efeito m áxim o sobre a retenção renal de água. Em contrapartida, os diuréticos de alça, que estão associa dos m enos frequentem ente a ocorrência de hiponatrem ia, inibem a absorção de N a+-C f e de K+ pelo RAEH, atenuando o m ecanism o de contracorrente e reduzindo a capacidade de co n cen trar a urina. A excreção aum entada de um soluto pouco ou não reabsorvível e osm oticam ente ativo tam bém pode levar à depleção de volum e e h ip o natrem ia; as causas im portantes incluem glicosúria, cetonúria (por exemplo, na inanição ou na cetoacidose diabética ou alcoólica) e bicarbonatúria (por exemplo, na acidose tubular renal ou alcalose m e tabólica, em que a bicarbonatúria associada resulta em perda de N a+). Por fim, a síndrom e de “p e rd a cerebral de sal” constitui um a causa rara de h ip onatrem ia hipovolêm ica, incluindo hiponatrem ia com hipovolem ia clínica e natriurese in apropriada em associação com doença intracraniana; os distúrbios associados consistem em hem orragia subaracnóidea, traum atism o cranioencefálico, craniotomia, encefalite e m eningite. A distinção da síndrom e m ais com um de antidiurese inapropriada (SIAD) é crítica, visto que a perda cerebral de sal responde à repleção agressiva de N a+-C l\
Hiponatremia hipervolêmica Os pacientes com hiponatrem ia hipervolêm ica desenvolvem a u m en to do Na+-Cl” corporal total, acom panhado de um aum ento p ro p o r cionalm ente maior da água corporal total, com conseqüente redução da concentração plasm ática de N a+. À sem elhança da hiponatrem ia hipovolêm ica, os distúrbios responsáveis p odem ser separados pelo efeito exercido sobre a concentração urinária de N a+, entre os quais a insuficiência renal aguda ou crônica é o único a estar associado a u m aum ento da concentração urinária de N a+ (Fig. 45.5). A fisiopatolo gia da hiponatrem ia nos distúrbios edem atosos com avidez de sódio [insuficiência cardíaca congestiva (ICC), cirrose e síndrom e nefróti ca] assem elha-se àquela da hiponatrem ia hipovolêm ica, exceto que o enchim ento arterial e a integridade da circulação estão dim inuídos devido aos fatores etiológicos específicos, com o, p or exem plo, d is função cardíaca na ICC e vasodilatação periférica na cirrose. A con centração urinária de N a+ está m uito baixa, isto é, < 10 m M , m esm o após hidratação com solução salina norm al; esse estado de avidez de N a+ pode ser obscurecido pela terapia diurética. O grau de hiponatre
m ia fornece um índice indireto da ativação neuro-hum oral associada e constitui um im portante indicador de prognóstico n a hiponatrem ia hipovolêmica.
Hiponatremia euvolêmica A h ip onatrem ia euvolêm ica pode o c o rre r no hipotireoidism o m o derado a grave, com correção após a obtenção de um estado eutireoideo. A h ip onatrem ia grave tam bém po d e co nstituir um a co n seqüência da insuficiência suprarrenal secundária devido a doença hipofisária; enquanto o déficit de aldosterona circulante na insufi ciência suprarrenal p rim ária provoca hiponatrem ia hipovolêmica, a deficiência predom inante de glicocorticoides na insuficiência suprar renal secundária está associada à hiponatrem ia euvolêmica. Os glico corticoides exercem um efeito de retroalim entação negativa sobre a liberação de AVP pela neuro-hipófise, de m o d o que a reposição de hidrocortisona nesses pacientes norm aliza rapidam ente a resposta da AVP à osm olalidade, reduzindo os níveis circulantes de AVP. A síndrom e de antidiurese in ap ro p riad a constitui a causa mais com um de hiponatrem ia euvolêm ica (Q u a d ro 45.1). O desenvolvi m ento de hiponatrem ia na SIAD exige u m aporte de água livre, com aporte persistente na presença de osm olalidade sérica abaixo do li m iar habitual para a sede; com o se po d e esperar, as curvas de lim iar osm ótico e de resposta osm ótica para a sensação de sede são desvia das para baixo nos pacientes com SIAD. Foram reconhecidos q u a tro padrões distintos de secreção de AVP em pacientes com SIAD, independentem ente da m aio r p a rte da causa subjacente. Em cerca de 33% dos pacientes, ocorre secreção errática e desregulada de AVP, sem n en h u m a correlação óbvia entre a osm olalidade sérica e os n í veis circulantes de AVP. O utros pacientes são incapazes de suprim ir a secreção de AVP n a presença de osm olalidade sérica m ais baixa, com um a curva de resposta n o rm a l a condições hiperosm olares; outros exibem um reajuste do osm ostato, com osm olalidade lim iar m ais baixa e curva de resposta osm ótica desviada para a esquerda. O quarto subgrupo consiste em pacientes que essencialm ente não apresentam AVP circulante detectável, sugerindo um ganho de fun ção na reabsorção renal de água, ou a presença de um a substância antidiurética circulante que é distinta da AVP Em alguns desses p a cientes, foram descritas m utações com ganho de função de um único resíduo específico no receptor de vasopressina V2, levando à ativação constitutiva do receptor na ausência de AVP e a um subgrupo nefro gênico de SIAD.
Distúrbios Hidreletrolíticos
Figura 45.5 Abordagem diagnóstica para a hiponatrem ia. [De S Kumar, T Berl: Diseases of water metabolism, in Atlas of Diseases of the Kidney, RW Schrier (ed). Philadelphia, Current Medicine, Inc., 1999; com autorização.)
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QUADRO 45.1
Causas da síndrome de antidiurese inapropriada
Doenças malignas
Distúrbios pulmonares
Carcinoma de pulmão de pequenas células Mesotelioma Orofaringe Trato gastrintestinal Estômago Duodeno Pâncreas Trato genitourinário Ureter Bexiga Próstata Endométrio Timoma endócríno Linfomas Sarcomas Sarcoma de Ewing
Infecções Pneumonia bacteriana Pneumonia viral Abscesso pulmonar Tuberculose Aspergilose Asma Fibrose cística Insuficiência respiratória associada a respiração com pressão positiva
Distúrbios do sistema nervoso central
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Infecção Encefalite Meningite Abscesso cerebral Febre maculosa das Montanhas Rochosas Aids Sangramento e massas Hematoma subdural Hemorragia subaracnóidea Acidente vascular encefálico Tumores cerebrais Traumatismo cranioencefálico Hidrocefalia Trombose do seio cavernoso Outros Esclerose múltipla Síndrome de Guillain-Barré Síndrome de Shy-Drager Delirium tremens Porfiria intermitente aguda
Outras causas
Fármacos que estimulam a liberação de AVP ou que aumentam a sua ação Clorpropamida ISRS Antidepressivos tricíclicos Clofibrato Carbamazepina Vincristina Nicotina Narcóticos Agentes antipsicóticos Ifosfamida Ciclofosfamida Anti-inflamatórios não esteroides MDMA (ecstasy Análogos da AVP Desmopressina Ocitocina Vasopressina
Hereditárias (mutações com ganho de função no receptor V2 de vasopressina) Idiopática Transitória Exercício de resistência Anestesia geral Náusea Dor Estresse
Nota: Aids, síndrome de imunodeficiência adquirida; AVP, vasopressina; MDMA, 3,4-metilenodioximetanfetamina (ecstasy); ISRS, inibidor seletivo da recaptação de serotonina. Fonte: De Ellison e Berl.
Em term os estritos, os pacientes com SIAD não são euvolêm icos, porém apresentam um a expansão de volum e subclínica, devido à retenção de água e de N a+-Cl induzida pela AVP; os m ecanism os de escape da vasopressina induzidos pelos aum entos sustentados da AVP servem para lim itar o transporte tubular renal distai, preservan do um estado m oderadam ente hipervolêm ico em equilíbrio d inâm i co. Os níveis séricos de ácido úrico estão frequentem entee baixos (< 4 m g/dL) em pacientes com SIAD, em coerência com o transporte tubular proxim al suprim ido no contexto do transporte tubular distai aum entado de Na^-Cl" e de água. Em contrapartida, os pacientes com hiponatrem ia hipovolêm ica frequentem ente apresentam hiperuricemia, devido à ativação com partilhada do transporte tubular proxim al de N a+-CL e de urato. As causas com uns de SIAD consistem em doença p u lm o n a r (pneum onia, tuberculose, derram e pleural, etc.) e doenças do sistema nervoso central (SNC) (tum or, hem orragia subaracnóidea, m eningi te, etc.). A SIAD tam bém ocorre em neoplasias malignas, m ais com u m ente no carcinom a de pulm ão de pequenas células (75% dos casos de SIAD associada a neoplasia m aligna); cerca de 10% dos pacientes portadores desse tu m o r apresentam um a concentração plasm ática de N a+ de < 130 mAí. A SIAD tam bém constitui um a com plicação com um de certos fárm acos, m ais frequentem ente dos inibidores se letivos da recaptação de serotonina (ISRS). O utros fárm acos podem potencializar o efeito renal da AVP, sem exercer efeitos diretos sobre os níveis circulantes de AVP (Q uadro 45.1).
Baixa ingestão de solutos e hiponatremia Em certas ocasiões, pode ocorrer hip o n atrem ia em pacientes com ingestão dietética m uito baixa de solutos. Classicam ente, isso é o b servado em alcoolistas, cujo único nutrien te é a cerveja, levando a designação diagnóstica de “potom ania de cerveja”; a cerveja tem um teor m uito baixo de proteína e de sal, contendo apenas 1-2 m ilim ois de N a+ p or litro. A síndrom e tam bém foi descrita em pacientes não alcoolistas com ingestão altam ente restrita de solutos, devido a dietas com restrição de nutrientes, como, p o r exemplo, dietas vegetarianas extremas. Os pacientes com hiponatrem ia devido a um a baixa inges
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Fármacos
tão de solutos apresentam um a osm olalidade urinária m uito baixa, de < 100-200 m osm ol/kg, com concentração u rin ária de N a+ de < 10-20 mAÍ. A anorm alidade fu ndam ental reside no aporte dietético inadequado de solutos; a excreção u rin ária reduzida de solutos lim i ta a excreção de água, de m odo que surge hiponatrem ia após um a polidipsia relativam ente m odesta. Por conseguinte, a capacidade de excretar um a carga livre de água é um a função da excreção urinária de solutos; com um a osm olalidade urinária de 80 m osm ol/kg, a de puração livre de água é de 2,7 L p o r dia para u m a excreção de solutos de 300 m osm ol/dia, de 5,4 L p or dia para 600 m osm ol/dia e de 8,1 L para 900 m osm ol/dia. Não foram relatados níveis de AVP em p a cientes com potom ania de cerveja, porém o esperado é que estejam suprim idos ou rapidam ente suprim idos com hidratação salina; isso concorda com a correção m uito rápida da concentração plasmática de N a+ que pode ser observada na hidratação salina. A retom ada de um a dieta norm al e/o u a h idratação salina tam bém corrigem o déficit causador na excreção u rin ária de solutos, de m odo que, nos pacientes com potom ania de cerveja, ocorre um a correção im ediata da concentração plasm ática de Na" após internação.
Manifestações clínicas da hiponatremia A hiponatrem ia induz edem a celular generalizado, em conseqüência do m ovim ento de água ao longo do gradiente osm ótico do LEC hipotônico para o LIC. Os sintom as de hiponatrem ia são principalm ente neurológicos, refletindo o desenvolvim ento de edem a cerebral den tro de um crânio rígido. A resposta inicial do SNC à hiponatrem ia aguda consiste em elevação da pressão intersticial, levando a um des vio do LEC e dos solutos do espaço intersticial para o líquido cerebrospinal e, em seguida, para a circulação sistêmica. Esse processo é acom panhado de um efluxo dos principais íons intracelulares, N a+, K' e C1‘, das células cerebrais. O corre desenvolvim ento de encefalo patia h iponatrêm ica aguda quando esses m ecanism os reguladores de volum e são sobrepujados p o r um a rápida dim inuição da tonicidade, resultando em edem a cerebral agudo. Os sintom as iniciais podem consistir em náusea, cefaleia e vôm itos. E ntretanto, pode haver um a rápida evolução de com plicações graves, incluindo atividade convul-
QUADRO 45.2 Causas de hiponatremia aguda Iatrogênicas Pós-operatória: mulheres na pré-menopausa Líquidos hipotônicos com causa de T vasopressina Irrigação com glicina: RPTU, cirurgia de útero Preparação para colonoscopia Instituição recente de tiazídicos Polidipsia Ingestão de MDMA Induzida por exercício Multifatorial, p. ex., tiazídicos e polidipsia Nota: MDMA, 3,4-metilenodioximetanfetamina (ecstasy); RPTU, ressecção de próstata transuretral.
Avaliação diagnóstica da hiponatremia A avaliação clínica dos pacientes com h iponatrem ia deve enfocar a causa subjacente, e a obtenção de um a história m edicam entosa de talhada é particularm ente crucial (Q uadro 45.1). E obrigatório p ro ceder a um a cuidadosa avaliação clínica do estado de volum e para a abordagem diagnóstica clássica da hiponatrem ia (Fig. 45.5). Com frequência, a hiponatrem ia é m ultifatorial, particularm ente quando grave; a avaliação clínica deve considerar todas as causas possíveis de AVP circulante excessiva, incluindo estado de volum e, fárm acos e presença de náusea e/ou dor. A realização de exam es radiológicos tam bém pode ser apropriada para verificar se os pacientes apresen tam um a causa pu lm o n ar ou do SNC p ara a hiponatrem ia. U m a ra diografia de tórax de triagem pode não d etectar a presença de car cinom a de pulm ão de pequenas células; deve-se considerar a TC do tórax em pacientes com alto risco desse tum or, com o, p o r exemplo, pacientes com história de tabagism o A avaliação laboratorial deve incluir a determ inação da osm o lalidade sérica para excluir a possibilidade de pseudo-hiponatrem ia, que é definida com o a coexistência de hiponatrem ia com tonicidade plasm ática norm al ou aum entada. A m aioria dos laboratórios clíni cos m ede as concentrações plasm áticas de N a+ em am ostras diluídas com eletrodos sensíveis a íons autom áticos, sendo a diluição corrigi da pela pressuposição de que o plasm a consiste em 93% de água; esse fator de correção pode não ser acurado em pacientes com pseudo-hiponatrem ia, devido à hiperlipidem ia e/ou hiperproteinem ia extre mas, nas quais os lipídios ou as proteínas do soro com preendem um a m aior porcentagem do volum e plasm ático. A osm olalidade m edida tam bém deve ser convertida na osm olalidade efetiva (tonicidade) ao subtrair a concentração de ureia m edida (dividindo po r 2,8 se o resultado for expresso em m g/dL); os pacientes com hiponatrem ia apresentam um a osm olalidade efetiva de < 275 m osm ol/kg. O s níveis san g u ín eo s elevados de u re ia e de c rea tin in a nos exam es de bioquím ica ro tin eiro s tam b ém po d em indicar um a d is função renal com o causa potencial da h ip o n atrem ia, en q u an to a h iperpotassem ia pode sugerir insuficiência suprarrenal ou hipoaldosteronism o. O nível sérico de glicose tam b é m deve ser d e te rm i nado; a concentração p lasm ática de N a + cai em cerca de 1,6 a 2,4 mAÍ para cada aum ento de 100 m g/dL da glicose, devido ao efluxo de água das células induzido pela glicose; essa h ip onatrem ia “verda deira” desaparece após a correção da hiperglicem ia. D eve-se efetuar tam bém um a dosagem do ácido úrico sérico; e nquanto os pacientes com fisiologia típica da SIAD irão a p resen tar hipouricem ia (nível sérico de ácido úrico < 4 m g/dL ), aqueles com depleção de volum e frequentem ente terão h iperuricem ia. N o contexto clínico apropria do, deve-se avaliar tam bém a função tireoidea, suprarrenal e hipofisária; o hip o tireo id ism o e a insuficiência su p rarren al secundário
Distúrbios Hidreletrolíticos
siva, herniação do tronco encefálico, com a e m orte. Um a im p o rta n te com plicação da hiponatrem ia aguda é a insuficiência respiratória norm ocápnica ou hipercápnica; a hipoxem ia associada pode am pli ficar a lesão neurológica. Nesse contexto, a insuficiência respiratória norm ocápnica é causada por edem a pulm onar neurogênico não car diogênico, com pressão capilar pulm onar em cunha norm al. A h iponatrem ia sintom ática aguda é um a em ergência clínica, que ocorre em diversos contextos específicos (Q u ad ro 45.2). As m u lheres, em particular depois da m enopausa, têm m uito m ais ten d ê n cia a desenvolver encefalopatia e seqüelas neurológicas graves. Com frequência, a hiponatrem ia aguda tem um com ponente iatrogênico, como, por exemplo, quando são adm inistrados líquidos intravenosos hipotônicos a pacientes no pós-operatório com aum ento dos níveis circulantes de AVP. De form a sem elhante, a h iponatrem ia associa da ao exercício, que representa um im portante problem a clínico em m aratonas e outras provas de resistência, tem sido associada a um aum ento não osm ótico da AVP circulante e a um a ingestão excessiva de água livre. A droga de abuso ecstasy (M D M A, 3,4-m etilenodioxim etanfetam ina) causa um a indução rápida e potente de sede e da AVP, levando ao desenvolvim ento de hiponatrem ia aguda grave. A hiponatrem ia crônica persistente resulta em um efluxo de osm olitos orgânicos (creatina, b etaína, glutam ato, m zo-inositol e taurina) das células cerebrais; essa resposta dim inui a osm olalidade intracelular e o gradiente osm ótico, favorecendo a entrada de água. Essa redução dos osm olitos intracelulares torna-se grande parte com pleta dentro de 48 h, o período de tem po que define clinicam ente a hiponatrem ia crônica; essa definição tem poral é de considerável im portância no tratam ento da hiponatrem ia (ver adiante). A resposta celular à hiponatrem ia crônica não protege totalm ente os pacientes dos sintomas, que podem incluir vôm itos, náusea, confusão e convul sões, habitualm ente com concentrações plasm áticas de N a' de < 125 mAÍ. M esmo os pacientes considerados assintom áticos podem exibir defeitos cognitivos e da m archa sutis, que desaparecem com a cor reção da hiponatrem ia; notavelm ente, a hiponatrem ia assintom ática crônica aum enta o risco de quedas. A hiponatrem ia crônica tam bém aum enta o risco de fraturas ósseas, devido à disfunção neurológica associada e à redução da densidade óssea associada à hiponatrem ia. Por conseguinte, todas as tentativas devem ser envidadas para c o rri gir a concentração plasm ática de N a+ de m aneira segura em pacientes com hiponatrem ia crônica, m esm o na ausência de sintom as francos (ver seção sobre o tratam ento da h iponatrem ia, adiante). O tratam ento da hiponatrem ia crônica é significativam ente com plicado pela assim etria da resposta celular à correção da concentra ção plasm ática de N a '. E specificam ente, o reacúmulo de osm olitos orgânicos pelas células cerebrais é atenuado e tardio à m edida que a osm olalidade aum enta após a correção da hiponatrem ia, resultando, algum as vezes, em perda degenerativa dos oligodendrócitos e desen volvim ento de um a síndrom e de desm ielinização osm ótica (SDO). A correção dem asiado rápida da h iponatrem ia (> 8-10 mAÍ em 24 h ou 18 mAÍ em 48 h) tam bém está associada a um a ru p tu ra na integrida
de da barreira hem atencefálica, possibilita a entrada de m ediadores im unes que podem contribuir para a desm ielinização. Classicamente, as lesões da SDO afetam a ponte, um a estrutura em que o atraso no reacúm ulo de osm olitos osm óticos é particularm ente pronunciado; clinicam ente, os pacientes com m ielinólise p o n tin a central podem apresentar, dentro de um dia ou m ais após a correção excessiva da hiponatrem ia, para ou tetraparesia, disfagia, disartria, diplopia, “sín drom e de bloqueio” e/o u p e rd a da consciência. O utras regiões do encéfalo tam bém podem estar acom etidas na SDO, m ais com um ente em associação a lesões da ponte, porém isoladam ente, em certas oca siões; p o r ordem de frequência, as lesões da m ielinólise extrapontina podem ocorrer no cerebelo, corpo geniculado lateral, tálam o, putam e e córtex cerebral ou subcórtex. Por conseguinte, a apresentação clí nica da SDO pode variar em função da extensão e da localização da m ielinólise extrapontina, com desenvolvim ento de ataxia, m utism o, parquinsonism o, distonia e catatonia. A nova redução da concen tração plasm ática de N a f após a sua correção excessivamente rápida pode im pedir ou atenuar a SDO (ver seção sobre o tratam ento da h i ponatrem ia, adiante). E ntretanto, m esm o um a correção apropriada m ente lenta pode estar associada à SDO, particularm ente em pacien tes com outros fatores de risco, que incluem alcoolismo, desnutrição, hipopotassem ia e transplante de fígado.
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 348
devido à insuficiência hipofisária constituem causas im portantes de hip onatrem ia euvolêm ica, enquanto a insuficiência suprarrenal p ri m ária provoca h ip onatrem ia hipovolêm ica. É necessário efetuar um teste de estim ulação com c osintropina p ara avaliar a insuficiência suprarrenal prim ária. Os eletrólitos e a osm olalidade da u rin a são exam es fu n d am en tais n a avaliação inicial da hiponatrem ia. Um a concentração urinária de N a+ de < 20-30 m M é compatível com hiponatrem ia hipovolêm ica na ausência clínica de um a síndrom e de avidez de N a+ hipervolêm i ca, com o a ICC (Fig. 45.5). Por outro lado, os pacientes com SIAD excretam um a urin a com concentração de N a+ que é > 30 mAÍ. E n tretanto, pode haver um a superposição substancial dos valores das concentrações urinárias de N a+ em pacientes com SIAD e com h ip o natrem ia hipovolêm ica, particularm ente no indivíduo idoso; o “p a drão de ouro” final para o diagnóstico de hiponatrem ia hipovolêm ica consiste na dem onstração da correção da concentração plasm ática de N a+ após hidratação com solução salina norm al. Os pacientes com hiponatrem ia associada ao uso de tiazídicos tam bém podem apre sentar um a concentração u rinária de N a+ m ais alta do que o espera do, bem com o outros achados sugestivos de SIAD; o diagnóstico de SIAD nesses pacientes deve ser adiado até 1-2 sem anas após a inter rupção do tiazídico. A obtenção de u m a osm olalidade u rinária de < 100 m osm ol/kg sugere polidipsia; um a osm olalidade u rin ária de > 400 m osm ol/kg indica que o excesso de AVP está desem penhando um papel m ais predom inante, enquanto os valores interm ediários são m ais com patíveis com um a fisiopatologia m ultifatorial (p.ex., excesso de AVP com com ponente significativo de polidipisia). Os pacientes com hiponatrem ia devido a um a dim inuição do aporte de solutos (potom ania de cerveja) apresentam concentrações urinárias de N a+ de < 20 mAÍ e osm olalidade urinária na faixa de < 100 até m enos de 200. Por fim a determ inação da concentração u rinária de K+ é necessária para calcular a razão dos eletrólitos na urina-.plasma, que é útil para prever a resposta à restrição hídrica (ver seção sobre o tratam ento da hiponatrem ia, adiante).
TRATAMENTO
Hiponatremia
O tratam ento da h iponatrem ia é orientado p or três considerações principais. Em prim eiro lugar, a urgência e as m etas do tratam en to são determ inadas pela presença e/ou gravidade dos sintom as. Os pacientes com hiponatrem ia aguda (Q uadro 45.2) apresentam sintom as que podem incluir desde cefaleia, náusea e/ou vôm itos até convulsões, obnubilação e herniação central; os pacientes com hiponatrem ia crônica de > 48 h de duração tem m enos tendência a ter sintom as graves. Em segundo, os pacientes com hip o n atre m ia crônica correm risco de SDO se a concentração plasm ática de N a+ for corrigida em > 8-10 mAÍ dentro das prim eiras 24 h e/ ou em > 18 mAf nas prim eiras 48 h. Em terceiro lugar, a respos ta a determ inadas intervenções, com o solução salina h ipertônica, solução salina isotônica e antagonistas da vasopressina, pode ser altam ente imprevisível, sendo, p o rtan to obrigatório proceder a um a m onitoração freqüente das concentrações plasm áticas de Na+ durante a terapia corretiva. Um a vez estabelecida a urgência na correção da co n cen tra ção plasm ática de N a+ e instituída a terapia apropriada, o enfoque deve ser para o tratam ento ou a correção da causa subjacente. Os pacientes com hiponatrem ia euvolêm ica devido à SIAD, h ip o ti reoidism o ou insuficiência suprarrenal secundária irão responder ao tratam ento bem -sucedido da causa subjacente, com elevação das concentrações plasm áticas de N a4. E ntretanto, nem todas as causas de SIAD são im ediatam ente reversíveis, to rn an d o -se n e cessária a terapia farm acológica para au m en tar a concentração plasm ática de N a+ (ver adiante). A hip o n atrem ia hipovolêm ica responde à hidratação intravenosa com solução salina isotônica, com rápida redução dos níveis circulantes de AVP e diurese aq u o sa vigorosa; pode ser necessário reduzir a velocidade da correção se a história clínica sugerir que a hiponatrem ia é crônica, isto é, se ela tem mais de 48 h de duração (ver adiante). A hiponatrem ia
hipervolêm ica em conseqüência de insuficiência cardíaca conges tiva responde frequentem ente ao tratam en to da m iocardiopatia subjacente, p o r exemplo, após instituição ou intensificação da inibição da enzim a conversora de angiotensina (ECA). Por fim, os pacientes com hiponatrem ia devido à p otom ania de cerveja e baixa ingestão de solutos respondem m uito rapidam ente à solu ção salina intravenosa e ao reinicio de um a dieta norm al. Notavel m ente, os pacientes com potom ania de cerveja correm um risco m uito alto de desenvolver SDO, devido à hipopotassem ia associa da, alcoolismo e desnutrição e alto risco de correção excessiva da concentração plasm ática de N a+. A privação de água tem sido, h á m uito tem po, a base da tera pia para a hiponatrem ia crônica. E ntretanto, os pacientes que ex cretam água livre com quantidade m ínim a de eletrólitos necessi tam de restrição hídrica agressiva; os pacientes com SIAD podem ter m uita dificuldade em tolerar esse tratam ento, visto que a sua sede tam bém é in apropriadam ente estim ulada. A razão de ele trólitos na urina:plasm a ([N a+]+[K+] urinárias/[N a" ] plasm ática) pode ser utilizada com o rápida indicador excreção de água isenta de eletrólitos (Q u ad ro 45.3). Os pacientes com razão >1 devem ser subm etidos a um a restrição m ais agressiva (< 500 m L/dia), aqueles com um a razão de cerca de 1 devem ter um a restrição de até 500-700 m L/dia, enquanto a restrição de pacientes com um a razão < 1 deve ser de < 1 L/dia. Nos pacientes hipopotassêm icos, a reposição de potássio serve para au m en tar a concentração plas m ática de N a+, tendo em vista o fato de que a concentração plas m ática de N a+ constitui um a função tanto do N a+ intercam biável quanto do K* intercam biável dividido pela água corporal total; um a conseqüência é que a repleção agressiva de K+ tem o p o ten cial de corrigir excessivamente a concentração plasm ática de N a'; m esm o na ausência de solução salina hipertônica. A co n cen tra ção plasm ática de Na* tam bém tende a responder a um aum ento no consum o dietético de solutos, o que aum enta a capacidade de excretar água livre; entretanto, o uso de c o m prim idos orais de ureia e/ou sal para essa finalidade geralm ente não é prático ou não é bem tolerado. Os pacientes que não respondem ao tratam en to com restri ção hídrica, reposição de potássio e /o u aum ento no consum o de solutos podem necessitar de terapia farm acológica para au m en ta r as concentrações plasm áticas de N a+. M uitos pacientes
QUADRO 45.3
Tratamento da hipernatremia
Déficit de água 1. Estimar a água corporal total (ACT): 50% do peso corporal nas mulheres e 60% nos homens 2. Calcular o déficit de água livre {([Na^-140)/140} x ACT 3. Administrar o volume de déficit durante 48-72 h, sem aumentar a concentração plasmática de Na+ em > 10 mM/24 h
Perdas hídricas vigentes 4. Calcular a depuração de água livre de eletrólitos. C6H20:
onde V é o volume urinário, UNa é a [Na+] urinária; UK é a [K+] urinária e PNa é a [Na+] plasmática
Perdas insensíveis 5. Cerca de 10 mL/kg por dia: menos no paciente submetido à ventilação mecânica, mais se estiver febril
Total 6 Adicionar componentes para determinar o déficit hídrico e a perda hídrica vigente; corrigir o déficit de água durante 48-72 h e repor diariamente a perda de água. Evitar a correção da [Na"] plasmática em > 10 mM/dia.
com SIAD respondem à terapia com binada com furosem ida oral, em um a dose de 20 m g duas vezes ao dia (podem ser necessárias doses m ais altas na insuficiência renal), e com prim idos orais de sal; a furosem ida tem p o r objetivo inibir o m ecanism o de co n tra corrente renal e atenuar a capacidade de concentração urinária, enquanto os com prim idos de sal neutralizam a natriurese asso ciada ao uso de diuréticos. A dem eclociclina, que é u m potente inibidor das células principais, pode ser adm inistrada a pacientes cujos níveis de N a+ não aum entam em resposta à furosem ida e aos com prim idos de sais. Todavia, esse agente pode estar asso ciado a u m a redução da TFG, devido à n atriurese excessiva e/ ou toxicidade renal direta; seu uso deve ser evitado em pacientes cirróticos, em particular, que correm m aior risco de nefrotoxicidade, devido ao acúm ulo do fárm aco. Os antagonistas da vasopressina (vaptanas) são altam ente efe tivos no tratam ento da SIAD e da h iponatrem ia hipervolêm ica, devido à insuficiência cardíaca ou cirrose; esses fárm acos au m en tam com segurança a concentração plasm ática de N a+, em virtude de seus efeitos aquaréticos (aum ento da depuração de água livre). A m aioria desses agentes antagoniza especificam ente o receptor de vasopressina V2; a tolvaptana é, atualm ente, o único antagonis ta V 2 oral aprovado pela U.S. Food and D rug A dm inistration. A conivaptana, a única vaptana intravenosa disponível, é um a n ta gonista V 1A/V 2 m isto, com risco m odesto de hipotensão, devido à inibição do receptor V IA. A terapia com vaptanas deve ser inicia da no am biente hospitalar, com liberalização da restrição hídrica (> 2 L/dia) e m onitoração rigorosa da concentração plasm ática de N a+. E m bora esses fárm acos estejam aprovados para o tra ta m ento de todas as form as de hiponatrem ia, exceto a hipovolêm ica e a aguda, as indicações clínicas não estão totalm ente claras. A tolvaptana oral é, talvez, a m ais apropriada para o tratam ento da SIAD significativa e persistente (p. ex., no carcinom a de pulm ão de pequenas células) que não responde à restrição hídrica e/ou à furosem ida oral e com prim idos de sais. O tratam ento da hiponatrem ia sintom ática aguda deve incluir um a solução salina h ipertônica a 3% (513 mAÍ) p ara elevação aguda da concentração de N a+ em 1-2 mAÍ, até u m total de 4-6 mAÍ; esse aum ento m odesto é suficiente para aliviar os sintom as agudos graves, quando as diretrizes corretivas para a h ip o n atre m ia “crônica” são então apropriadas (ver adiante). Foram desen volvidas várias equações para estim ar a velocidade necessária da solução salina hipertônica. A abordagem tradicional consiste em calcular o déficit de N a+, em que o déficit de N a + = 0,6 x peso corporal x (concentração plasm ática de N a + alvo - concentração plasm ática de N a+ inicial), seguido do cálculo da velocidade n e cessária. Independentem ente do m étodo utilizado para determ i n ar a taxa de adm inistração, o aum ento da concentração plasm á tica de N a+ pode ser altam ente imprevisível durante o tratam ento com solução salina hipertônica, devido a rápidas m udanças da fisiologia subjacente; a c oncentração plasm ática de N a+ deve ser m onitorada a cada 2-4 h du ran te o tratam ento, com altera ções apropriadas no tratam en to baseadas na taxa observada de m udança. A adm inistração de oxigênio suplem entar e o suporte ventilatório tam bém são críticos no tratam ento de pacientes com hiponatrem ia aguda que desenvolvem edem a pulm onar agudo ou insuficiência respiratória hipercápnica. Os diuréticos de alça intravenosos ajudam a tratar o edem a p u lm o n ar agudo e tam bém a um entam a excreção de água livre, in terferindo no sistem a de m ultiplicação p or contracorrente renal. Os antagonistas da vaso pressina não têm um a aplicação aprovada no tratam ento da h ip o natrem ia aguda. A velocidade de correção deve ser com parativam ente lenta na hiponatrem ia crônica (< 8-10 mAÍ nas prim eiras 24 h e < 18 mAÍ nas prim eiras 48 h) para evitar o desenvolvim ento de SDO. Pode ocorrer correção excessiva da concentração plasm ática de N a+ quando os níveis de AVP se norm alizam rapidam ente, p or exemplo, após tratam ento de pacientes com h iponatrem ia h ip o volêm ica crônica com solução salina intravenosa, ou após a re
posição de glicocorticoides em pacientes com hipopituitarism o e insuficiência suprarrenal secundária. O corre correção excessiva em aproxim adam ente 10% dos pacientes tratad o s com v apta nas; o risco aum enta se a ingestão de água não for liberalizada. Se houver correção excessiva da concentração plasm ática de N a+ após a terapia - seja com solução salina hipertônica, solução iso tônica ou um a vaptana —, a h ip o n atrem ia po d e ser reinduzida com segurança ou estabilizada pela adm inistração do agonista da vasopressina, o acetato de desm opressina (DDAVP), e/ou adm i nistração de água livre, soro glicosado a 5%; a m eta é im pedir ou reverter o desenvolvim ento da SDO.
■ HIPERNATREMIA Etiologia A h ipernatrem ia é definida p o r um aum ento da concentração plas m ática de N a+p ara > 145 mAÍ. A pesar de ser consideravelm ente m e nos com um do que a hiponatrem ia, a h ipernatrem ia está, entretanto, associada a um a taxa de m o rtalidade de até 40 a 60%, principalm en te devido à gravidade dos processos m órbidos subjacentes associa dos. Em geral, a hipernatrem ia é o resultado de u m déficit com bina do de água e eletrólitos, com perda de H zO superior à perda de N a+. C om m enos frequência, a causa p o d e consistir n a ingestão ou na adm inistração iatrogênica de N a+ em excesso, com o, p o r exemplo, após adm inistração IV de N a+-Cl~ ou N a+- H C 0 3~ hip ertô n ico em excesso (Fig. 4 5 .6 ). Os indivíduos idosos com d im inuição da sede e /o u acesso re duzido a líquidos correm m aior risco de desenvolver hipernatrem ia. Os pacientes com hipernatrem ia raram ente podem exibir um defeito central na função osm orreceptora do hipotálam o, com m istura de sede dim inuída e redução da secreção de AVP. As causas desse diabe tes insípido adípsico incluem tu m o r prim ário ou m etastático, oclusão ou ligadura da artéria com unicante anterior, traum atism o, h idroce falia e inflam ação. Pode-se observar o desenvolvim ento de h ip ern a tre m ia após a p erd a de água p o r via renal e p o r vias não renais. As perdas in sensíveis de água podem au m en tar na presença de febre, exercício, exposição ao calor, queim aduras graves ou ventilação m ecânica. A diarréia constitui a causa gastrintestinal m ais com um de hipernatre-
Figura 45.6 extracelular.
Abordagem diagnóstica para a hipernatremia. LEC, líquido
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
mia. É notável assinalar que a diarréia osm ótica e a gastrenterite viral produzem fezes com teor de Na* e K+ de < 100 mAí, levando, assim, à perda de água e desenvolvim ento de hipernatrem ia; em contrapar tida, a diarréia secretora resulta em fezes isotônicas e, portanto, em hipovolem ia, com ou sem h iponatrem ia hipovolêm ica. As causas com uns de perda renal de água incluem diurese os m ótica secundária à hiperglicem ia, excesso de ureia, diurese pós-absortiva e m anitol; esses distúrbios com partilham u m aum ento da ex creção urinária de solutos e osm olalidade urinária (ver “A bordagem Diagnóstica”, adiante). A hipernatrem ia em conseqüência de diurese aquosa ocorre no diabetes insípido (Dl) central ou nefrogênico. O D l nefrogênico (DIN ) caracteriza-se pela resistência renal à AVP, que pode ser parcial ou com pleta (ver “Abordagem Diagnóstica”, adiante). As causas genéticas incluem m utações com p erda de função do receptor V2 ligado ao X; m utações no canal de água de aquapo rina-2 sensível à AVP, que pode causar Dl nefrogênico autossôm ico recessivo ou autossômico dom inante, enquanto a deficiência recessiva do canal de água de aquaporina-1 produz um defeito de concentração mais m odesto (Fig. 45.2). A hipercalcem ia tam bém pode causar p oli úria e DIN; o cálcio sinaliza diretam ente por m eio do receptor sensor de cálcio para infrarregular o transporte de Na+, de K+ e de Cl pelo RAEH e o transporte de água nas células principais, reduzindo, assim, a capacidade de concentração renal na hipercalcemia. O utra causa ad quirida com um de DIN é a hipopotassem ia, que inibe a resposta renal à AVP e infrarregula a expressão da aquaporina-2. Diversos fárm acos podem causar DIN adquirido, em particular o lítio, a ifosfamida e vá rios agentes antivirais. O lítio provoca DIN por meio de m últiplos m e canism os, incluindo inibição direta da glicogênio sintase quinase-3 (GSK3), um a quinase que se acredita ser o alvo farm acológico do lítio na doença bipolar; a GSK3 é necessária para a resposta das células principais à AVP. A entrada do lítio através do canal de N a+ ENaC sensível à am ilorida (Fig. 45.4) é necessária para o efeito do fárm aco sobre as células principais; por conseguinte, a terapia com binada com lítio e am ilorida pode aliviar o D IN associado ao lítio. Todavia, o lítio provoca cicatriz tubulointersticial crônica e doença renal crônica após tratam ento prolongado, de m odo que os pacientes podem apresentar DIN persistente por m uito tem po após a interrupção do fármaco, com benefício terapêutico reduzido da amilorida. Por fim, o diabetes insípido gestacional constitui u m a com pli cação rara do final da gravidez, em que o aum ento na atividade de um a protease placentária circulante com atividade de vasopressinase leva a um a redução dos níveis circulantes de AVP e poliúria, frequen tem ente acom panhada de hipernatrem ia. O DDAVP constitui um a terapia efetiva para essa síndrom e, devido à sua resistência à enzim a vasopressinase.
Manifestações clínicas A hipernatrem ia aum enta a osm olalidade do LEC, gerando um gra diente osm ótico entre o LEC e o LIC, um efluxo de água intracelular e contração celular. A sem elhança da hiponatrem ia, os sintom as de hipernatrem ia são predom inantem ente neurológicos. A alteração do estado m ental constitui a m anifestação m ais com um , incluindo desde confusão leve e letargia até com a profundo. A súbita contração das células cerebrais na h ipernatrem ia aguda pode levar a hem orragia parenquim atosa ou subaracnóidea e/ou hem atom as subdurais; entre tanto, essas complicações vasculares são encontradas principalm ente em pacientes pediátricos e neonatais. A lesão osm ótica das m em bra nas m usculares tam bém pode levar à rabdom iólise hipernatrêm ica. As células cerebrais acom odam -se para um aum ento crônico da os m olalidade do LEC (> 48 h) através da ativação de transportadores de m em brana, que m edeiam o influxo e o acúm ulo intracelular de osm olitos orgânicos (creatina, betaína, glutam ato, m io-inositol e taurina). Isso resulta em aum ento da água do LIC e norm alização do volume do parênquim a cerebral. Em conseqüência, os pacientes com hipernatrem ia crônica têm m enos tendência a desenvolver com pro m etim ento neurológico grave. E ntretanto, a resposta celular à h ip er natrem ia crônica predispõe esses pacientes ao desenvolvim ento de edem a cerebral e convulsões du ran te a hidratação excessivam ente rápida (correção excessiva da concentração plasm ática de N a+ em > 10 mAÍ/dia).
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Abordagem diagnóstica A anam nese deve concentrar-se na presença ou ausência de sede, p o liúria e/ou fonte extrarrenal de perda de água, com o diarréia. O exame físico deve incluir um exame neurológico detalhado e um a avaliação do VLEC; os pacientes com déficit hídrico particularm ente grande e/ ou déficit com binado de eletrólitos e água podem apresentar hipovo lemia, com redução da PVJ e ortostase. A docum entação acurada do consum o diário de líquidos e do débito urinário tam bém é de sum a im portância para o diagnóstico e o tratam ento da hipernatrem ia. Os exames laboratoriais devem incluir a determ inação da osm o lalidade do soro e da urina, além dos eletrólitos urinários. A resposta apropriada à hipernatrem ia e a um a osm olalidade sérica de > 295 m os m ol/kg consiste em elevação dos níveis circulantes de AVP e excreção de baixos volumes (< 500 m L/dia) de urina de concentração máxima, isto é, urina com osm olalidade > 800 m osm ol/kg; se este for o caso, um a fonte extrarrenal de perda de água é principalm ente responsável pelo desenvolvimento de hipernatrem ia. Muitos pacientes com hiper natrem ia apresentam poliúria; se a diurese osm ótica for o fator respon sável, com excreção excessiva de Na+-Cl", glicose e/ou ureia, a excreção de solutos será de > 750-1.000 m osm ol/dia (> 15 m osm ol/kg de água corporal por dia) (Fig. 45.6). C om m ais frequência, os pacientes com hipernatrem ia e poliúria apresentam diurese aquosa predom inante, com excreção excessiva de urina diluída hipotônica. A diferenciação adequada entre causas nefrogênicas e centrais de D l exige a m edição da resposta da osm olalidade u rin ária ao DDA VP, com binada com a determ inação dos níveis circulantes de AVP n a presença de hipertonicidade. Por definição, os pacientes com h i p ernatrem ia basal são hipertônicos, com estím ulo adequado para a liberação de AVP pela neuro-hipófise. Por conseguinte, ao c o n trá rio dos pacientes com poliúria que apresentam valores norm ais ou reduzidos da concentração plasm ática basal de Na* e da osm olali dade, não h á necessidade de teste de privação de água (Cap. 44) na hipernatrem ia; na verdade, a privação de água está absolutam ente contraindicada nesse contexto, devido ao risco de agravar a h ip ern a trem ia. Os pacientes com D IN não irão responder ao DDAVP, com aum ento da osm olalidade u rinária de < 50% ou < 150 m osm ol/kg em relação aos valores basais, ju ntam ente com níveis circulantes norm ais ou elevados de AVP. Os pacientes com D l central irão responder ao DDAVP, com redução dos níveis circulantes de AVP. Os pacientes podem exibir um a resposta parcial ao DDAVP, com elevação de > 50% na osm olalidade urinária, que, entretanto, não consegue atingir 800 m osm ol/kg; o nível circulante de AVP irá ajudar a diferenciar a causa subjacente, isto é, D l nefrogênico versus central. Em m ulheres grávidas, a am ostra para determ inação da AVP deve ser coletada em tubos contendo o inibidor da protease, a 1,10-fenantrolina, para im p edir a degradação in vitro da AVP pela vasopressinase placentária. Para pacientes com hiponatrem ia devido à perda renal de água, é essencial quantificar as p erdas diárias continuadas utilizando a depu ração de água livre de eletrólitos calculada, além do cálculo do déficit hídrico basal (as fórm ulas relevantes são discutidas no Q uadro 45.3). Isso requer a d eterm inação diária dos eletrólitos urin ário s, ju n ta m ente com m edição acurada do volum e urin ário diariam ente.
TRATAMENTO
Hipernatremia
A causa subjacente da h ip ernatrem ia deve ser rem ovida ou co rri gida, seja ela fárm acos, hiperglicem ia, hipercalcem ia, hipopotas semia ou diarréia. A abordagem para a correção da hipernatrem ia está delineada no Q uadro 45.3. É fundam ental corrigir lentam en te a hipernatrem ia, a fim de evitar a form ação de edem a cerebral, com reposição do déficit de água livre calculado no decorrer de 48 h. N otavelm ente, a concentração plasm ática de N a+ deve ser corrigida sem ultrapassar 10 m AÍ/dia, o que pode levar mais de 48 h em pacientes com h ipernatrem ia grave (> 1 6 0 mAÍ). U m a rara exceção é o paciente com h ipernatrem ia aguda (< 48 h), devido a um a carga de sódio, que po d e ser corrigida rapidam ente com segurança, em um a velocidade de 1 mAÍ/h.
r 45.4). Dois canais im portantes de K+ m edeiam a secreção tubular dis tai do cátion: o canal de K+ secretor ROM K (o canal m edular externo renal de K+, tam bém conhecido com o K irl.l ou K cn jl) e o canal de K+ m axi-K sensível ao fluxo (tam bém conhecido com o canal BKK+). A credita-se que o canal ROM K m edeia a m aior p arte da secreção constitutiva de K+, enquanto aum entos na velocidade de fluxo distai e/ou a ausência genética do canal ROM K ativam a secreção de K+ através do canal maxi-K. É necessário ter um conhecim ento da relação existente entre a entrada de N a+ dependente do ENaC e a secreção distai de K+ (Fig. 45.4) para a interpretação dos distúrbios do potássio à cabeceira do paciente. Por exemplo, a dim inuição do aporte distai de N a+, com o a que ocorre nos estados pré-renais hipovolêm icos, tende a reduzir a capacidade de excreção do K+, levando ao desenvolvim ento de hiper potassem ia. Em contrapartida, u m aum ento no aporte distai de N a+ e na velocidade de fluxo distai, com o o que ocorre após tratam ento com diuréticos tiazídicos e de alça, pode au m entar a secreção de K \ levando à hipopotassem ia. A hiperpotassem ia tam bém é um a con seqüência previsível dos fárm acos que inibem diretam ente o ENaC, devido ao papel desem penhado p o r esse canal de N a+ na geração de um a diferença de potencial de luz negativa. Por sua vez, a aldosterona exerce um a im portante influência sobre a excreção de potássio, au m entando a atividade dos canais de ENaC e, dessa m aneira, amplificando a força propulsora para a secreção de K+ através da m em brana lum inal das células principais. Por conseguinte, as anorm alidades no sistem a de renina-angiotensina-aldosterona podem causar tanto h i popotassem ia quanto hiperpotassem ia. E ntretanto, convém assinalar que o excesso e a restrição de potássio possuem efeitos opostos inde pendentes da aldosterona sobre a densidade e a atividade dos canais de K+ apicais no néfron distai, isto é, outros fatores m odulam a capa cidade renal de secreção de K+. Além disso, a restrição de potássio e a hipopotassem ia ativam a reabsorção distai independente de aldos terona do K+ filtrado, ativando a atividade da H +/K +-ATPase apical nas células intercaladas dentro do D C m edular externo. Talvez com o reflexo dessa fisiologia, as alterações na concentração plasm ática de K+ não são universais nos distúrbios associados a alterações da ativi dade da aldosterona.
Distúrbios Hidreletrolíticos
A conduta ideal consiste em adm inistrar água p o r via oral ou por sonda nasogástrica com o form a m ais direta de fornecer água livre, isto é, água sem eletrólitos. A lternativam ente, pode-se a d m inistrar água livre ao paciente em soluções IV contendo glicose, com o glicose a 5%; o nível de glicemia deve ser m onitorado para evitar o desenvolvim ento de hiperglicem ia. D ependendo da h is tória clínica, da pressão arterial ou do estado de volum e clínico, pode ser apropriado tratar inicialm ente o paciente com solução salina hipertônica (solução salina norm al 1/4 ou 1/2); em geral, a solução salina norm al é inapropriada na ausência de h ip ern a trem ia m uito grave; neste caso, a solução salina norm al é pro p o r cionalm ente m ais hipotônica em relação ao plasm a, ou na h ip o tensão franca. É necessário calcular a depuração de água livre de eletrólitos na urina (ver Q uadro 45.3) para a estim ativa da perda continuada diária de água livre em pacientes com D l nefrogênico ou central, devendo-se proceder à reposição diária das perdas. O utros tratam entos podem ser possíveis em casos específicos. Os pacientes com D l central devem responder à adm inistração de DDAVP p o r via intravenosa, intranasal ou oral. Os pacientes com DIN devido ao uso do lítio podem reduzir a poliúria com am ilo rida (2,5-10 m g/dia), que d im inui a e ntrada de lítio nas células principais p o r m eio da inibição do ENaC (ver anteriorm ente); todavia, na prática, os pacientes com D l associado ao lítio são ca pazes, em sua m aioria, de com pensar a poliúria sim plesm ente p or m eio de um aum ento no consum o diário de água. Os tiazídicos podem reduzir a poliúria devido ao DIN , ao induzir hipovolem ia e aum entar a reabsorção tubular proxim al de água. Em certas oca siões, foram utilizados anti-inflam atórios não esteroides (AINEs) para tratar a poliúria associada ao D IN , reduzindo o efeito n e gativo das prostaglandinas intrarrenais sobre os m ecanism os de concentração urinária; entretanto, isso cria o risco de toxicidade gástrica e/ou renal associada aos AINEs. Além disso, é preciso ressaltar que os tiazídicos, a am ilorida e os AINEs são apropria dos apenas para o tratam en to crônico da poliúria do D IN e não desem penham n enhum papel no tratam ento agudo da h ip ern a trem ia associada, para a qual a c onduta consiste na reposição dos déficits de água livre e perda de água livre vigente.
■ HIPOPOTASSEMIA DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO Os m ecanism os hom eostáticos m antêm a concentração plasm ática de K+ entre 3,5 e 5,0 mAÍ, apesar das variações acentuadas no aporte dietético de K+. No indivíduo sadio em estado de equilíbrio din âm i co, todo o aporte diário de potássio é excretado, aproxim adam ente 90% na u rina e 10% nas fezes; p or conseguinte, o rim desem penha um papel dom inante na hom eostasia do potássio. E ntretanto, m ais de 98% do potássio corporal total são intracelulares, principalm en te localizados no m úsculo; o tam ponam ento do K+ extracelular p or esse grande reservatório intracelular desem penha um papel crucial na regulação da concentração plasm ática de K+. Por conseguinte, a ocorrência de alterações na troca e na distribuição do K+ in tra - e extracelular pode levar ao desenvolvim ento de hipopotassem ia ou hiperpotassem ia de grau pronunciado. Por esse m otivo, a n e cro se m aciça e a liberação concom itante de BC1 tecidual podem causar hiperpotassem ia grave, particularm ente na presença de lesão renal aguda e excreção reduzida de K '. As alterações no conteúdo corporal total de K ‘ são m ediadas principalm ente pelo rim , que reabsorve o K+ filtrado nos estados de deficiência de K+ com hipopotassem ia, enquanto secreta K+ nos esta dos de repleção de K+ com hiperpotassem ia. Apesar de o K+ ser tran s po rtad o ao longo de todo o néfron, as células principais do túbulo conector (TC) e do dueto coletor (DC) cortical é que desem penham um papel dom inante na secreção renal de K+, en q u an to as células intercaladas alfa do DC da m edula externa atuam na reabsorção tu bular renal do K+ filtrado nos estados de deficiência desse cátion. Nas células principais, a entrada apical de N a 1 através do ENaC sensível à am ilorida gera um a diferença de potencial com luz negativa, que im pulsiona a saída passiva de K+ através dos canais apicais de K+ (Fig.
A hipopotassem ia, definida p o r um a concentração plasm ática de K+ de < 3,6 mAÍ, é observada em até 20% dos pacientes hospitalizados. A hipopotassem ia está associada a um aum ento de dez vezes nas taxas de m ortalidade em pacientes internados, devido aos efeitos adver sos sobre o ritm o cardíaco, a pressão arterial e a taxa de m orbidade cardiovascular. Q uanto ao m ecanism o envolvido, a hipopotassem ia pode ser causada p or um a redistribuição do K+ entre os tecidos e o LEC ou pela perda renal em não renal de K+ (Q u ad ro 45.4). A hipom agnesem ia sistêmica tam bém pode causar hipopotassem ia resisten te ao tratam ento, devido a um a com binação de redução da captação celular de K+ e secreção renal exagerada. Em certas ocasiões, a h ip o potassem ia espúria ou pseudo-hipopotassem ia pode resultar da cap tação celular in vitro de K4 após punção venosa, p o r exemplo, devido a leucocitose profunda na leucem ia aguda.
Redistribuição e hipopotassemia A insulina, a atividade (32-adrenérgica, o h o rm ônio tireoidiano e a alcalose prom ovem a captação celular de K+ m ediada pela N a+, K+’ -ATPase, resultando em hipopotassem ia. A inibição do efluxo passivo de K+ tam bém pode causar hipopotassem ia, em bora isso ocorra rara mente; essa situação é observada no contexto da inibição sistêmica dos canais de K+ por íons bário tóxicos. A insulina exógena pode causar hi popotassem ia iatrogênica, particularm ente durante o tratam ento dos estados de deficiência de K+, com o a cetoacidose diabética. Alternati vamente, a estim ulação da insulina endógena pode provocar h ipopo tassemia, hipom agnesem ia e/ou hipofosfatem ia em pacientes desnu tridos que recebem um a carga de carboidratos. Alterações na atividade do sistema nervoso sim pático endógeno podem causar hipopotasse mia em vários contextos, incluindo abstinência de álcool, hipertireoi dismo, infarto agudo do m iocárdio e traum atism o cranioencefálico
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QUADRO45.4 Causas de hipopotassemia I. Aporte diminuído A. Inanição B. Ingestão de terra II. Redistribuição para as células A. Ácido-básico 1. Acidose metabólica B. Hormonal 1. Insulina 2. Aumento da atividade simpática p 2-adrenérgica: após infarto do miocárdio, traumatismo cranioencefálico 3. Agonistas p 2-adrenérgicos: broncodilatadores. tocolíticos 4. Antagonistas a-adrenérgicos 5 Paralisia periódica tireotóxica 6. Estimulação distai da Na7K+-ATPase: teofilina, cafeína C. Estado anabólico 1. Administração de vitamina B12 ou ácido fólico (produção de eritrócitos)
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
2. Fator de estimulação de colônias de granulócitos-macrófagos (produção de leucócitos) 3. Nutrição parenteral total D. Outras 1. Pseudo-hipopotassemia 2. Hipotermia 3. Paralisia periódica hipopotassêmica familiar 4. Toxicidade do bário: inibição sistêmica dos canais de 10 “ permeáveis" III. Aumento das perdas A. Não renais 1. Perda gastrintestinal (diarréia) 2. Perda tegumentar (sudorese) B Renais 1. Aumento do fluxo distai e aporte distai de Na+: diuréticos, diurese osmótica, nefropatias com perda de sal 2. Secreção aumentada de potássio a. Excesso de mineralocorticoides: hiperaldosteronismo primário [adenomas produtores de aldosterona (APA)], hiperplasia suprarrenal primária (HSRP) ou unilateral, hiperaldosteronismo idiopático (HAI) devido à hiperplasia suprarrenal bilateral e carcinoma suprarrenal], hiperaldosteronismo familiar (HF-I, HF-II, hiperplasias suprarrenais congênitas), hiperaldosteronismo secundário (hipertensão maligna, tumores secretores de renina, estenose da artéria renal, hipovolemia), síndrome de Cushing, síndrome de Bartter, síndrome de Gitelman b Excesso aparente de mineralocorticoides: deficiência genética de 11 (3-desidrogenase-2 (síndrome de excesso aparente de mineralocorticoides), inibição da 11 (3-desidrogenase-2 (ácido glicirretínico/glicirrizínico e/ou carbenoxolona, alcaçuz, produtos alimentares, fármacos): síndrome de Liddle [ativação genética dos canais de Na+ epiteliais (ENaC)] c. Aporte distai de âmons não reabsorvidos: vômito, aspiração nasogástrica, acidose tubular renal proximal, cetoacidose diabética, inalação de cola (abuso de tolueno), derivados da penicilina (penicilina, nafcilina, dicloxacilina, ticarcilina, oxacilina e carbenicilina) 3. Deficiência de magnésio
grave. Os agonistas (32> incluindo broncodilatadores quanto tocolíti cos (ritodrina), são ativadores poderosos da captação celular de K+; os sim paticom iméticos “ocultos”, como a pseudoefedrina e a efedrina em
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xaropes para tosse ou m edicam entos para emagrecer, tam bém podem causar hipopotassem ia inesperada. Por fim, a ativação dependente de xantina da sinalização distai dependente de AM P cíclico do receptor P2 pode resultar em hipopotassem ia, habitualm ente no contexto de overdose (teofilina) ou ingestão excessiva (cafeína dietética). A hipopotassem ia p o r redistribuição tam bém pode ocorrer no contexto do hipertireoidism o, com ataques periódicos de paralisia hipopotassêm ica [paralisia periódica tireotóxica (PPT)]. São obser vados episódios sim ilares de fraqueza hipopotassêm ica na ausência de anorm alidades da tireoide na paralisia periódica hipopotassêm ica familiar, habitualm ente causada p o r m utações de sentido incorreto de dom ínios sensores de voltagem d entro da subunidade a , dos ca nais de cálcio tipo L ou do canal de N a+ do esqueleto; essas m u ta ções geram um a corrente anorm al nos poros de regulação ativada pela hiperpolarização. A PPT desenvolve-se m ais frequentem ente em pacientes de origem asiática ou hispânica; essa predisposição com partilhada tem sido associada a um a variação genética do Kir2.6, um canal de K+ específico do m úsculo e responsivo ao horm ônio tireoidiano. Os pacientes apresentam fraqueza dos m em bros e dos cíngulos de am bos os m em bros e episódios paralíticos que ocorrem m ais frequentem ente entre 1 e 6 horas da m anhã. Nem sem pre aparecem sinais e sintom as de hipertireoidism o. A hipopotassem ia é habitual m ente profunda e quase sem pre acom panhada de hipofosfatem ia e hipom agnesem ia. A hipopotassem ia na PPT é atribuída à ativação tanto direta quanto indireta da N a+, K+-ATPase, resultando em cap tação aum entada de K+ pelo m úsculo e outros tecidos. A um entos na atividade (3-adrenérgica desem penham um im portante papel, visto que o propranolol em alta dose (3 m g/kg) reverte rapidam ente a h i popotassem ia associada, a hipofosfatem ia e a paralisia.
Perda não renal de potássio A perda de K+ no suor é baixa, exceto em casos de esforço físico ex trem o. As perdas gástricas diretas de K+ em conseqüência de vôm ito ou aspiração nasogástrica tam bém são m ínim as; entretanto, a conse qüente alcalose hipoclorêm ica resulta em caliurese persistente, devi do ao hiperaldosteronism o secundário e bicarbonatúria, isto é, perda renal de K \ A perda intestinal de K+ devido à ocorrência de diarréia constitui um a causa globalm ente im portante de hipopotassem ia, ten do em vista a prevalência m undial da doença diarreica. Os processos gastrintestinais não infecciosos, com o doença celíaca, ileostom ia, adenom as vilosos, V IPom as e abuso crônico de laxantes, tam bém p odem causar h ipopotassem ia significativa. A pseu d o -o b stru ção colônica (síndrom e de Ogilvie) p ode levar à hipopotassem ia com o resultado da diarréia secretora com conteúdo anorm alm ente alto de potássio, devido à ativação acentuada da secreção colônica de K+.
Perda renal de potássio Os fármacos podem aum entar a excreção renal de K+ por um a varie dade de m ecanism os diferentes. Os diuréticos constituem um a causa particularm ente com um , devido a aum entos associados no aporte tubular distai de Na" e fluxo tubular distai, além do hiperaldosteronis m o secundário. Os tiazídicos exercem u m efeito sobre a concentração plasmática de K+ m aior que o dos diuréticos de alça, apesar de seu m e nor efeito natriurético. A m aior propensão dos diuréticos tiazídicos a causar hipopotassem ia pode ser secundária à hipocalciúria associada a esses fárm acos versus a hipercalciúria observada com os diuréticos de alça. Os aum entos do cálcio lum inal distai em resposta aos diuréti cos de alça inibem o ENaC nas células principais, reduzindo, assim, a diferença de potencial de luz negativa e atenuando a excreção distai de K+. Os antibióticos relacionados à penicilina (nafcilina, dicloxacilina, ticarcilina, oxacilina e carbenicilina) em altas doses podem aum entar a excreção obrigatória de K+, atuando com o ânions não reabsorvíveis no néfron distai. Por fim, várias toxinas tubulares renais causam per da renal de K+ e m agnésio, levando ao desenvolvim ento de hipopotas sem ia e hipom agnesem ia; esses fárm acos incluem aminoglicosídios, anfotericina, foscarnet, cisplatina e ifosfam ida (ver tam bém “D efi ciência de Magnésio e H ipopotassem ia”, adiante). A aldosterona ativa o EN aC nas células p rincipais p o r m eio de m últiplos m ecanism os sinérgicos, aum entando, assim , a força
ção inibida pela aldosterona de subunidades do ENaC da m em brana plasmática; o resultado final consiste em aum ento da expressão dos ENaC ativados na m em brana plasm ática das células principais. Classicam ente, os pacientes apresentam hipertensão grave com h ip o p o tassemia, que não responde à espironolactona, porém que é sensível à am ilorida. Entretanto, a hipertensão e a hipopotassem ia constituem aspectos variáveis do fenótipo de Liddle; as características m ais con sistentes incluem supressão da resposta da aldosterona ao ACTH e excreção urinária reduzida de aldosterona. A perda das funções de tran sp o rte dos segm entos do RAEH e TCD do néfron provoca dois subtipos distintos de alcalose hipopotas sêmica hereditária: a disfunção do RAEH causa a síndrom e de Bartter (SB), enquanto a disfunção do TCD produz a síndrom e de Gitelman (SG). Os pacientes com SB “clássica” apresentam poliúria e polidipsia, devido a um a redução da capacidade de concentração renal. Podem exibir aum ento na excreção urinária de cálcio, e 20% têm hipom ag nesemia. O utras características incluem a ativação acentuada do eixo renina-angiotensina-aldosterona. Os pacientes com SB “pré-natal” possuem um grave distúrbio sistêmico, caracterizada po r acentuada perda de eletrólitos, poliidrâm nio e hipercalciúria com nefrocalcinose; observa-se um aum ento significativo na síntese e excreção renais de prostaglandinas, o que explica m uitos dos sintom as sistêmicos. Existem cinco genes para doença na SB, todos os quais atuam em al gum aspecto do transporte regulado de N a+, K+ e Cl pelo RAEH. Em contrapartida, a síndrom e de Gitelm an é geneticam ente hom ogênea e causada quase exclusivamente p or m utações com perda de função no transportador de N a1-Cl" sensível aos tiazídicos no TCD. Os pacien tes com SG apresentam uniform em ente hipom agnesem ia e exibem hipocalciúria acentuada, em lugar da hipercalciúria observada na SB; por conseguinte, a excreção u rin ária de cálcio constitui um exame com plem entar decisivo na SG. A SG apresenta um fenótipo mais leve do que a SB; entretanto, pacientes com SG podem apresentar condrocalcinose, que consiste em depósito anorm al de pirofosfato de cálcio diidratado (CPPD) na cartilagem articular (Cap. 284).
Distúrbios Hidreletrolíticos
propulsora para a excreção de K+. Em conseqüência, aum entos na bioatividade da aldosterona e/ou ganhos de função nas vias de sina lização dependentes da aldosterona estão associados à hipopotasse mia. Os aum entos da aldosterona circulante (hiperaldosteronism o) p odem ser prim ários ou secundários. Os níveis elevados de renina circulante nas form as secundárias de hiperaldosteronism o levam a um aum ento da angiotensina II (AT-II) e, p ortanto, da a ldostero na; a estenose da artéria renal constitui, talvez, a causa m ais com um (Q uadro 45.4). O hiperaldosteronism o prim ário pode ser genético ou adquirido. O correm hipertensão e hipopotassem ia devido a au m entos dos níveis circulantes de 11-desoxicorticosterona em p a cientes com hiperplasia suprarrenal congênita causada p or defeitos da esteroide ll(3-hidroxilase ou esteroide 17a-hidroxilase. A defi ciência da ll(3-hidroxilase resulta em virilização associada e outros sinais de excesso androgênico, e nquanto a redução dos esteroides sexuais na deficiência de 17a-hidroxilase leva ao hipogonadism o. As duas principais form as de hiperaldosteronism o prim ário isolado são o hiperaldosteronism o fam iliar tipo I [HF-I, tam bém conhecido com o hiperaldosteronism o remediável p o r glicocorticoides (ARG)] e o hiperaldosteronism o fam iliar tipo II (HF-II), em que a produção de aldosterona não é reprim ida glicocorticoides exógenos. O HF-I é causado p o r um a duplicação de genes quim érico entre os genes hom ólogos da ll(3-hidroxilase (C YP11B1) e aldosterona sintase (CYP11B2), com fusão do p ro m otor da ll(3-hidroxilase responsivo ao h o rm ônio adrenocorticotrópico (ACTH) com a região de codifi cação da aldosterona sintase; esse gene quim érico está sob o controle do ACTH e, portanto, é passível de repressão pelos glicocorticoides. As causas adquiridas de hiperaldosteronism o prim ário incluem adenom as produtores de aldosterona (APA), hiperplasia suprarrenal prim ária (HSRP) ou unilateral, hiperaldosteronism o idiopático (HAI), devido à hiperplasia suprarrenal bilateral, e carcinom a suprarrenal. Os APA e o HAI respondem por quase 60 e 40%, respectivamente, dos ca sos diagnosticados de hiperaldosteronism o. A determ inação aleatória da atividade da renina plasmática (ARP) e da aldosterona constitui um instrum ento de rastream ento útil em pacientes com hipopotassem ia e/ ou hipertensão, nos quais a obtenção de um a razão aldosterona:ARP de > 50 sugere hiperaldosteronism o primário. O glicocorticoides cortisol possui afinidade pelo receptor de m i neralocorticoides (MLR), igual à da aldosterona, com conseqüente atividade sem elhante aos m ineralocorticoides. E ntretanto, as células no néfron distai sensível à aldosterona são protegidas dessa ativação ilícita pela enzim a llp -h id ro x ieste ro id e desidrogenase-2 (11J3HSD2), que converte o cortisol em cortisona, a qual possui afinidade m í nim a pelo MLR. Por conseguinte, as m utações com perda de função recessivas no gene llb H S D -2 estão associadas à ativação do MLR dependente de cortisol e à síndrom e de excesso aparente de m in era locorticoides (SEAM), que consiste em hipertensão, hipopotassem ia, hipercalciúria e alcalose m etabólica, com supressão da ARP e da al dosterona. U m a síndrom e sem elhante é causada pela inibição bioquí m ica da ll(3H SD -2 pelo ácido glicirretínico/glicirrizínico e/ou pela carbenoxolona. O ácido glicirrizínico é um adoçante natural presente na raiz do alcaçuz, encontrado no alcaçuz e suas num erosas form as, ou com o agente arom atizante no tabaco e produtos alim entares. Por fim, a hipopotassem ia pode o correr na presença de au m en tos sistêmicos dos glicocorticoides. Na síndrom e de Cushing causada p or aum ento do ACTH hipofisário (Cap. 342), a incidência de h ip o potassem ia é de apenas 10%, enquanto atinge 60 a 100% em pacientes com secreção ectópica de ACTH, apesar de u m a incidência sem e lhante de hipertensão. As evidências indiretas sugerem que a ativi dade da 113H SD -2 renal encontra-se reduzida em pacientes com ACTH ectópico, em com paração com a síndrom e de Cushing, resul tando em um a síndrom e de excesso aparente de m ineralocorticoides. Por fim, a hipopotassem ia está associada a defeitos em m últiplas vias de transporte tubular renal. Por exemplo, as m utações com p e r da de função em subunidades da H"-ATPase acidificante nas células intercaladas alfa provocam acidose tubular renal distai hipopotassê m ica, assim com o m uitos distúrbios adquiridos do néfron distai. A síndrom e de Liddle é causada p o r m utações com ganho de função autossôm icas dom inantes de subunidades do ENaC. As m utações as sociadas a doença ativam diretam ente o canal ou abolem a recupera
Deficiência de magnésio e hipopotassemia A deficiência de m agnésio possui efeitos inibitórios sobre a ativi dade m uscular da N a+, K+-ATPase, reduzindo o influxo nas células m usculares e causando caliurese secundária. Além disso, a depleção de m agnésio provoca secreção exagerada de K+ pelo néfron distai, e isso é atribuído a um a redução no bloqueio intracelular depen d en te de m agnésio do efluxo de K7 através dos canais secretores de K+ das células principais (ROMK; Fig. 45.4). Independentem ente do(s) m ecanism o(s) dom inante(s), os pacientes com hipom agnesem ia são clinicam ente refratários à reposição de K+ na ausência de repleção de Mg2+. E notável assinalar que a deficiência de m agnésio tam bém constitui um achado concom itante com um da hipopotassem ia, visto que m uitos distúrbios do néfron distai podem causar perda tanto de potássio quanto de m agnésio (Cap. 284).
Manifestações clínicas A hipopotassem ia possui efeitos proem inentes sobre as células m us culares cardíacas, esqueléticas e intestinais. Em particular, trata-se de um im portante fator de risco para arritm ias tanto ventriculares quan to atriais. A hipopotassem ia predispõe à toxicidade da digoxina por m eio de vários m ecanism os, incluindo com petição reduzida entre o K+ e a digoxina p o r sítios de ligação com partilhados em subunida des da N a \ K+-ATPase cardíaca. As alterações eletrocardiográficas observadas na hipopotassem ia incluem ondas T largas e achatadas, depressão de ST e prolongam ento de QT, que são m ais pronunciadas quando o nível sérico de K+ é < 2,7 m m ol/L. A hipopotassem ia tam bém resulta em hiperpolarização do m úsculo esquelético, com pro m etendo, dessa m aneira, a capacidade de despolarização e contração; em conseqüência, pode surgir fraqueza e até m esm o paralisia. Além disso, provoca m iopatia esquelética e predispõe à rabdom iólise. Por fim, os efeitos paralíticos da hipopotassem ia sobre o m úsculo liso in testinal podem causar íleo intestinal. Os efeitos funcionais da hipopotassem ia sobre os rins consistem em retenção de N a+-Cl" e H C 0 3', poliúria, fosfatúria, hipocitratúria e ativação da am oniogênese renal. A retenção de bicarbonato e o u
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tros efeitos da hipopotassem ia sobre o equilíbrio ácido básico podem contribuir para o desenvolvim ento de alcalose metabólica. A poliúria hipopotassêm ica resulta de um a com binação de polidipsia e defeito de concentração renal resistente à AVP. As alterações estruturais dos rins observadas em conseqüência da hipopotassem ia consistem em lesão de vacuolização relativam ente específica das células tubulares proximais, nefrite intersticial e cistos renais. A hipopotassem ia tam bém predispõe à lesão renal aguda e pode levar ao desenvolvim ento de doença renal term inal em pacientes com hipopotassem ia de longa duração, devido a transtornos alim entares e/ou abuso de laxantes. A hipopotassem ia e/ou a redução do K+ da dieta estão implicadas na fisiopatologia e progressão da hipertensão, insuficiência cardíaca e acidente vascular encefálico. Por exemplo, a restrição de K+ de cur to prazo em indivíduos sadios e pacientes portadores de hipertensão essencial induzem retenção de N a+-Cl“ e hipertensão. A correção da hipopotassem ia é particularm ente im portante em pacientes h ip er tensos tratados com diuréticos, nos quais a pressão arterial m elhora com o estabelecim ento da norm opotassem ia.
Abordagem diagnóstica
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 354
A etiologia da hipopotassem ia é habitualm ente evidente com base na anam nese, exame físico e/ou exames laboratoriais básicos. A anam nese deve concentrar-se no uso de m edicam entos (p. ex., laxantes, diuréticos, antibióticos), dieta e hábitos dietéticos (p. ex., alcaçuz) e/ ou sintom as que sugerem um a causa específica (p.ex., fraqueza perió dica, diarréia). O exame físico deve dispensar u m a atenção particular para a pressão arterial, o estado de volum e e os sinais sugestivos de distúrbios hipopotassêm icos específicos, com o, p o r exemplo, hiper tireoidism o e síndrom e de Cushing. A avaliação laboratorial inicial deve incluir eletrólitos, ureia sanguínea, creatinina, osm olalidade sé rica, M g2+, Ca2\ hem ogram a com pleto e pH u rinário (Fig. 45.7). A presença de acidose sem hiato aniônico sugere acidose tubular renal distai hipopotassêm ica ou diarréia; o cálculo do hiato aniônico u ri nário pode ajudar a diferenciar esses dois diagnósticos. A excreção renal de K+ pode ser d eterm inada em um a coleta de urina de 24 h; um a excreção de K+ de 24 h < 15 mAÍ indica um a causa extrarrenal de hipopotassem ia (Fig. 45.7). A lternativam ente, a osm olalidade sé rica e a osm olalidade urinária podem ser utilizadas para calcular o gradiente de K+ transtubular (GKTT), que deve ser < 3-4 na presença de hipopotassem ia (ver seção sobre hiperpotassem ia neste capítulo). Em geral, a concentração de Cl urinária encontra-se dim inuída em pacientes com hipopotassem ia, devido a um ânion não reabsorvível, com o antibióticos ou H C 0 3\ O utras causas de alcalose hipopotassê m ica crônica consistem em vôm ito subrreptício, abuso de diuréticos e SG. Por conseguinte, os pacientes com bulim ia que apresentam h i popotassem ia têm um C f urinário de < 10 m m ol/L; os níveis de N a+, K+ e CF na urin a estão persistentem ente elevados na SG, devido à perda de função do cotransportador de N a+-Cl" sensível a tiazídicos, porém estão m enos elevados no abuso de diuréticos e exibem m aior variabilidade. Pode ser necessária um a triagem para diuréticos de alça e tiazídicos na urina para excluir o abuso de diuréticos. O utros exames, com o nível urinário de Ca2+, provas de função da tireoide e/ou níveis de ARP e aldosterona, podem ser apropria dos em casos específicos. A obtenção de um a razão aldosterona plasmática: ARP de > 50 sugere hiperaldosteronism o. Os pacientes com hiperaldosteronism o ou excesso aparente de m ineralocorticoi des podem exigir exames adicionais, com o, p o r exemplo, cateterism o da veia suprarrenal (Cap. 342) ou exam es clinicam ente disponíveis para causas genéticas específicas (HF-I, SEAM, síndrom e de Liddle, etc.). Por conseguinte, nos pacientes com aldosteronism o prim ário, deve-se efetuar um a pesquisa para o gene H F-I/A RG quim érico (ver anteriorm ente) se tiverem m enos de 20 anos de idade ou um a histó ria fam iliar de aldosteronism o prim ário ou acidente vascular ence fálico em um a idade jovem (< 40 anos). A diferenciação prelim inar da síndrom e de Liddle devido a ENaC m utantes da SEAM devido à lip H S D -2 m utante (ver anteriorm ente) - am bos os quais causam hipopotassem ia e hipertensão com supressão da aldosterona - pode ser realizada em um a base clínica; os pacientes po rtad o res de sín drom e de Liddle podem responder à am ilorida (inibição dos ENaC),
m as não à espironolactona, enquanto os pacientes com SEAM irão responder à espironolactona.
TRATAMENTO
Hipopotassemia
O tratam ento para a hipopotassem ia tem p or objetivo im pedir as conseqüências crônicas e/ou potencialm ente fatais, repor o déficit de K f associado e corrigir a causa subjacente e/ou reduzir a futura hipopotassem ia. A urgência da terapia depende da gravidade da hipopotassem ia, dos fatores clínicos associados (doença cardíaca, terapia com digoxina etc.) e da taxa de declínio do nível sérico de K+. Deve-se considerar um a reposição urgente, porém cautelosa de K+ em pacientes com hipopotassem ia grave p or redistribui ção (concentração plasm ática de K+ de < 2,5 mAÍ) e/ou quando surgem com plicações graves; entretanto, isso cria um risco de hiperpotassem ia de rebote após a resolução da causa subjacente. Q uando se acredita que a atividade excessiva do sistem a nervoso sim pático pode desem penhar um papel dom inante na hipopotas sem ia por redistribuição, com o na paralisia periódica tireotóxica, deve-se considerar a adm inistração de propranolol em altas doses (3 m g/kg); esse bloqueador (3-adrenérgico inespecífico irá corri gir a hipopotassem ia, sem o risco de hiperpotassem ia de rebote. A reposição oral de K+-C1~ constitui a base da terapia para a hipopotassem ia. O fosfato de potássio p or via oral ou IV pode ser apropriado para pacientes com hipopotassem ia e hipofosfatemia com binadas. Deve-se considerar o uso de bicarbonato de potássio ou citrato de potássio em pacientes com acidose m etabólica con comitante. Notavelm ente, os pacientes com hipom agnesem ia são refratários à reposição isolada de K \ de m odo que a deficiência de M g2+ concom itante deve ser sempre corrigida com repleção oral ou intravenosa. O déficit de K+ e a velocidade da correção devem ser estim ados o m ais precisam ente possível; a função renal, o uso de m edicam entos e a existência de condições com órbidas, como diabetes, devem ser considerados para avaliar o risco de correção excessiva. Na ausência de um a redistribuição anorm al do K+, o déficit total correlaciona-se com os níveis séricos de K \ de m odo que o declínio do K' é de aproxim adam ente 0,27 mAÍ para cada redução de 100 m m ol das reservas corporais totais; a perda de 400-800 m m ol do K e corporal total resulta em um a dim inuição dos níveis séricos de K+ de aproxim adam ente 2,0 mAÍ. Entretanto, devido à dificuldade de avaliar acuradam ente o déficit, a concen tração plasm ática de K+ precisa ser m onitorada cuidadosam ente durante a repleção. O uso da via intravenosa deve lim itar-se aos pacientes incapa zes de utilizar a via enteral ou no contexto de complicações graves (paralisia, arritm ias, etc.). O K+- C f intravenoso deve ser sempre adm inistrado em soluções salinas, e não com glicose, visto que o aum ento da insulina induzido pela glicose pode causar exacer bação aguda da hipopotassem ia. A dose intravenosa periférica é habitualm ente de 20-40 m m ol de K+-CL p o r litro; concentrações m ais altas podem causar d or localizada, devido à flebite quím i ca, irritação e esclerose. Se a h ipopotassem ia for grave (< 2,5 m m ol/L) e/ou criticam ente sintom ática, pode-se adm inistrar K+ -Cl p or via intravenosa através de um a veia central, com m onito ração cardíaca na unidade de terapia intensiva, em taxas de 10-20 m m ol/h; o uso de um a taxa m ais alta deve ser reservado para as com plicações agudas que com portam risco de vida. A quantidade absoluta de K+ adm inistrado deve ser restrita (p. ex., 20 m m ol em 100 mL de solução salina) para evitar a infusão inadvertida de um a grande dose. A veia fem oral é preferida, visto que a infusão através de linhas jugular interna ou subclávia p ode aum entar agu dam ente a concentração local de K+ e afetar a condução cardíaca. As estratégias para m inim izar as perdas de K+ tam bém devem ser consideradas. Essas m edidas podem consistir em m inim izar a dose de diuréticos não poupadores de K+, restringir o aporte de K+ e usar com binações clinicam ente apropriadas de m edicam entos não poupadores e poupadores de K+ (p. ex., diuréticos de alça com inibidores da ECA).
Distúrbios Hidreletrolíticos
Figura 45.7
Abordagem diagnóstica para a hipopotassemia. Ver o texto para detalhes. PA, pressão arterial; CAD, cetoacidose diabética; PPHF, paralisia pe riódica hipopotassêmica familiar; HF-I, hiperaldosteronismo familiar tipo I; 61, gas trintestinal; HTN, hipertensão; AP, aldosteronismo primário; EAR, estenose da artéria
renal; TSR, tumor secretor de renina; ATR, acidose tubular renal; SEAM, síndrome de excesso aparente de mineralocorticoides; GKTT, gradiente de potássio transtubular. (De Mount e Zandi-Nejad; com autorização.)
■ HIPERPOTASSEMIA
Pseudo-hiperpotassemia
A hiperpotassem ia é definida p or um nível plasm ático de potássio de 5,5 mM. O corre em até 10% dos pacientes hospitalizados; a h i perpotassem ia grave (> 6,0 m M ) é observada em aproxim adam ente 1%, com aum ento significativo do risco de m ortalidade. E m bora a redistribuição e a redução da captação tecidual possam causar h ip er potassem ia de form a aguda, a dim inuição da excreção renal de K+ constitui a causa subjacente m ais com um (Q u a d ro 45.5). O apor te excessivo de K+ representa um a causa rara, devido à capacidade adaptativa de aum entar a secreção renal; entretanto, o consum o dietético pode exercer um efeito im p o rtan te em pacientes suscetíveis, como, p or exemplo, pacientes diabéticos com hipoaldosteronism o hiporreninêm ico e doença renal crônica. Os fárm acos que possuem im pacto no eixo renina-angiotensina-aldosterona tam bém consti tuem um a im portante causa de hiperpotassem ia.
A hiperpotassem ia deve ser diferenciada da hiperpotassem ia factícia ou pseudo-hiperpotassem ia, que consiste em um a elevação artificial da concentração sérica de K+, devido à liberação de K+ durante ou após um a punção venosa. A pseudo-hiperpotassem ia pode ocorrer no contexto da atividade m uscular excessiva durante a punção veno sa (fecham ento da m ão, etc.), aum ento p ronunciado dos elem entos celulares (trom bocitose, leucócitos e/ou eritrocitose) com efluxo de K+ in vitro e ansiedade aguda durante a punção venosa, com alcalose respiratória e hiperpotassem ia p or redistribuição. O resfriam ento do sangue após a punção venosa constitui outra causa, devido à captação celular reduzida; o inverso consiste no aum ento da captação de K+ pelas células em alta tem p eratu ra am biente, resultando em valores norm ais para pacientes com hiperpotassem ia e/ou hipopotassem ia espúria nos pacientes norm opotassêm icos. Por fim, existem m últi-
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QUADRO 45.5
Causas de hiperpotassemia
I. “ Pseudo-hiperpotassemia A. Efluxo celular: trombocitose, eritrocitose, leucocitose, hemólise in vitro B. Defeitos hereditários no transporte através da membrana eritrocitária II. Deslocamento intracelular para extracelular
pios subtipos genéticos de p seudo-hiperpotassem ia hereditária causados p or aum entos da perm eabilidade passiva dos eritrócitos ao K+. Por exemplo, foram descritas m utações causais no tro cad o r de ânions dos eritrócitos (AE1, codificado pelo gene SLC4A1), resultando em tran sp o rte reduzido dos ânions dos eri trócitos, anem ia hem olítica, aquisição de extravasam ento de K4 m ediado p or AE1 novo e pseudo-hiperpotassem ia.
A. Acidose B. Hiperosmolalidade; meios de contraste radiológicos, glicose hipertônica, manitol C. Antagonistas p-adrenérgicos (agentes não cardiosseletivos) D. Digoxina e glicosídios relacionados (oleandro amarelo, dedaleira, bufonídeo) E. Paralisia periódica hiperpotassêmica F. Lisina, arginina e ácido e-aminocaproico (estruturalmente semelhante, de carga positiva) G. Succinilcolina; traumatismo térmico, lesão neuromuscular, atrofia por desuso, mucosite ou imobilização prolongada H. Lise tumoral rápida III. Excreção inadequada
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
A. Inibição do eixo renina-angiotensina-aldosterona; T risco de hiperpotassemia quando usado em combinação 1. Inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) 2. Inibidores da renina: alisquireno [em combinação com inibidores da ECA ou bloqueadores dos receptores de angiotensina (BRA)] 3. BRA 4. Bloqueio do receptor de mineralocorticoides: espironolactona, eplerenona, drospirenona 5. Bloqueio do ENaC: amilorida, triantereno, trimetoprima, pentamidina, nafamostate B. Diminuição do aporte distai 1. Insuficiência cardíaca congestiva 2. Depleção de volume C. Hipoaldosteromsmo hiporreninêmico 1. Doenças tubulointersticiais: lúpus eritematoso sistêmico (LES), anemia falciforme, uropatia obstrutiva 2. Diabetes, nefropatia diabética 3. Fármacos: anti-inflamatórios não esteroides, inibidores da ciclo-oxigenase-2 (COX-2), beta-bloqueadores, ciclosporina, tacrolimo 4. Doença renal crônica, idade avançada 5. Pseudo-hipoaldosteronismo tipo II: defeitos nas WNK1 ouWNK4 quinases D. Resistência renal aos mineralocorticoides 1. Doenças tubulointersticiais: LES, amiloidose, anemia falciforme, uropatia obstrutiva, após necrose tubular aguda 2. Hereditária: pseudo-hipoaldosteronismo tipo I: defeitos no receptor de mineralocorticoides ou ENaC E. Insuficiência renal avançada 1. Doença renal crônica 2. Doença renal terminal 3. Lesão renal oligúrica aguda F. Insuficiência suprarrenal primária 1 Autoimune: doença de Addison, endocrinopatia poliglandular 2. Infecciosa: HIV, citomegalovírus, tuberculose, infecção fúngica disseminada 3. Infiltrativa: amiloidose, neoplasia maligna, câncer metastático 4. Associada a fármacos: heparina, heparina de baixo peso molecular 5. Hereditária: hipoplasia suprarrenal congênita, hiperplasia suprarrenal lipoide congênita, deficiência de aldosterona sintase 6. Hemorragia ou infarto suprarrenal, incluindo síndrome do anticorpo antifosfolipídio
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Redistribuição e hiperpotassemia Vários m ecanism os diferentes p o d e m in duzir o efluxo do K+ in tracelular e o desenvolvim ento de hiperpotassem ia. A h ip erp o tassem ia causada p o r m anitol hipertônico, solução salina h iper tô n ica e im unoglobulina in travenosa é geralm ente atribuída a um efeito de “dragagem do solvente”, à m edida que a água sai das células ao longo do gradiente osm ótico. Os pacientes diabéticos tam bém são propensos à hiperpotassem ia osm ótica em resposta à glicose h ipertônica intravenosa q u ando adm in istrad a sem in sulina adequada. Os am inoácidos catiônicos - especificam ente a lisina, a arginina e o fárm aco estru tu ra lm e n te relacionado, o ácido s-am in o cap ro ico - causam efluxo de K+ e hip erp o tasse m ia p o r m eio de um a troca de cátion- K+ efetiva de identidade e m ecanism o desconhecidos. A digoxina inibe a N a+, K^-ATPase e co m prom ete a captação de K+ pelo m úsculo esquelético, de m o d o que a overdose de digoxina resulta, de m odo previsível, em hiperpotassem ia. São e n c o n tra d o s glicosídios e stru tu ra l m ente relacionados em plantas específicas (oleandro amarelo, dedaleira, etc.) e no sa p o -cu ru ru , Bufo m arinus (bufonídeo); a ingestão dessas substâncias e seus extratos tam bém podem cau sar hiperpotassem ia. Por fim , os íons fluoreto tam bém inibem a N a+, K ‘-ATPase, de m o d o que a intoxicação p o r fluoreto está associada à hiperpotassem ia. A succinilcolina despolariza as células m usculares, causando u m efluxo de K+ por m eio dos receptores de acetilcolina (AChR). O uso desse agente está contraindicado para pacientes que apre sentam traum atism o térm ico sustentado, lesão neurom uscular, atrofia p or desuso, m ucosite ou im obilização prolongada. Esses distúrbios com partilham um acentuado aum ento e redistribui ção dos AChR na m em brana plasm ática das células musculares; a despolarização desses AChR suprarregulados pela succinilcolina leva a um efluxo exagerado de K4 através dos canais de cátions associados ao receptor, resultando em hiperpotassem ia aguda.
Hiperpotassemia devido a aporte excessivo ou necrose tecidual O consum o aum entado de K+, m esm o em pequenas quantidades, pode provocar hiperpotassem ia grave em pacientes com fatores predisponentes; p or esse m otivo, é fundam ental proceder a uma avaliação do consum o dietético. Os alim entos ricos em potássio incluem tom ates, bananas e frutas cítricas; as fontes ocultas de K+, particularm ente os substitutos do sal contendo K \ tam bém podem contribuir de m odo significativo. As causas iatrogênicas incluem a reposição excessiva com K+-C1” e a adm inistração de um m edicam ento contendo potássio (p. ex., K+-penicilina) a um paciente suscetível. A transfusão de hem ácias constitui um a causa bem descrita de hiperpotassem ia, nos casos de transfusões maci ças. Por fim, a necrose tecidual, com o a que ocorre na síndrom e de lise tum oral aguda e na rabdom iólise, causa previsivelmente hiperpotassem ia, devido à liberação do K+ intracelular.
Hipoaldosteronismo e hiperpotassemia A liberação de aldosterona pela glândula suprarrenal pode ser reduzida pelo h ip oaldosteronism o hiporreninêm ico, determ i nados m edicam entos ou hipoaldosteronism o prim ário, ou pela deficiência isolada de ACTH (hipoaldosteronism o secundário). O hipoaldosteronism o prim ário pode ser genético ou adquirido (Cap. 342), porém é com um ente causado por autoim unidade na doença de A ddison ou no contexto de um a endocrinopatia po liglandular. O HIV ultrapassou a tuberculose com o causa infec
ciosa m ais im portante de insuficiência suprarrenal. O CQmprometim ento suprarrenal na doença pelo H IV é habitualm ente subclínico; entretanto, a insuficiência suprarrenal pode ser precipitada p or es tresse, por determ inados fárm acos, com o o cetoconazol, que inibem a esteroidogênese, ou pela suspensão aguda de agentes esteroides, com o o megestrol. O hipoaldosteronism o hiporreninêm ico é um fator predisponen te m uito com um em vários subgrupos superpostos de pacientes com hiperpotassem ia: pacientes diabéticos, indivíduos idosos e pacientes com insuficiência renal. Classicam ente, esses pacientes devem apre sentar supressão da ARP e da aldosterona; aproxim adam ente 50% têm acidose associada com redução da excreção renal de N H /, hiato aniônico positivo e pH urinário < 5,5. O corre expansão do volum e na m aioria dos pacientes, com aum entos secundários do peptídio n a triurético atrial (PNA) circulante, que inibem tanto a liberação renal de renina quanto a liberação suprarrenal de aldosterona.
Doença renal e hiperpotassemia
Hiperpotassemia associada a medicamentos A m aioria dos m edicam entos associados à hiperpotassem ia provoca inibição de algum com ponente do eixo renina-angiotensina-aldosterona. Os inibidores da ECA, os bloqueadores do receptor de a n giotensina, os inibidores da renina e os receptores de m ineralocorti coides constituem causas previsíveis e com uns de hiperpotassem ia, particularm ente quando prescritos em com binação. O contraceptivo oral Yasmin-28 contém a progestina drospirenona, que inibe o MLR, podendo causar hiperpotassem ia em pacientes suscetíveis. A ciclos porina, o tacrolim o, os AINEs, e os inibidores da ciclo-oxigenase 2 (COX-2) causam hiperpotassem ia p or m eio de m últiplos m ecanis m os, porém com partilham a capacidade de causar hip o ald o stero nism o hiporreninêm ico. N otavelm ente, a m aioria dos fárm acos que afetam o eixo renina-angiotensina-aldosterona tam bém bloqueia a resposta suprarrenal local à hiperpotassem ia, atenuando, assim, a es tim ulação direta da liberação de aldosterona pela concentração plas m ática aum entada de K+.
Manifestações clínicas A hiperpotassem ia é um a em ergência clínica, em virtude de seus efei tos sobre o coração. As arritm ias cardíacas associadas a h iperpotasse m ia incluem bradicardia sinusal, parada sinusal, ritm os idioventriculares lentos, taquicardia ventricular, fibrilação ventricular e assistolia. A um entos discretos do K+ extracelular afetam a fase de repolarização do potencial de ação cardíaco, resultando em alterações n a m orfologia da onda T; aum entos m ais acentuados na concentração plas m ática de K+ provocam depressão da condução intracardíaca, com prolongam ento progressivo dos intervalos PR e QRS. A hiperpotas sem ia grave resulta em p erda da onda P e alargam ento progressivo do com plexo QRS; o desenvolvim ento de um ritm o sinoventricular de onda senoidal sugere fibrilação ventricular im inente ou assistolia. Classicam ente, as m anifestações eletrocardiográficas na hiperp o tas sem ia progridem desde ondas T apiculadas e alas (5,5-6,5 m M ) até perda das ondas P (6,5-7,5 m M ), alargam ento do complexo QRS (7-8 mM) e, po r fim, um padrão de onda senoidal (8 mM ). Todavia, essas alterações são notoriam ente insensíveis, sobretudo em pacientes com doença renal crônica ou doença renal term inal. A hiperpotassem ia devido a um a variedade de etiologias tam bém pode se m anifestar com paralisia ascendente; essa condição é desig nada com o paralisia hiperpotassêm ica secundária para diferenciá-la da paralisia periódica hiperpotassêm ica (PPH ). A apresentação pode incluir paralisia diafragm ática e insuficiência respiratória. Os p a cientes com PPH fam iliar desenvolvem fraqueza m iopática durante a hiperpotassem ia induzida pelo aporte aum entado de K' ou repouso após exercício intenso. A despolarização do m úsculo esquelético pela hiperpotassem ia revela um defeito de inativação nos canais de K+ es queléticos; a causa predom inante consiste em m utações autossôm icas dom inantes no gene N a+ que codifica esse canal. Nos rins, a hiperpotassem ia possui efeitos negativos sobre a ca pacidade de excreção de um a carga ácida, de m odo que a h ip erp o tassem ia p o r si só pode c o n trib u ir para a acidose m etabólica. Esse defeito parece ser devido, em parte, à com petição entre o K+ e N H 4' para reabsorção pelo RAEH e m ultiplicação p o r contracorrente sub sequente, reduzindo finalm ente o gradiente m edular p ara a excreção de N H 3/N H 4 pelo néfron distai. Independentem ente do m ecanism o subjacente, a restauração da n orm opotassem ia pode, em m uitos ca sos, corrigir a acidose m etabólica hiperpotassêm ica.
Distúrbios Hidreletrolíticos
A doença renal crônica e a doença renal term in al constituem cau sas m uito com uns de hiperpotassem ia, devido ao déficit associado ou à ausência de néfrons funcionantes. A hiperp o tassem ia é m uito com um na lesão renal aguda oligúrica; o fluxo tu b u la r distai e o aporte de N a+ é um fator m enos lim itante em pacientes não oligúricos. A hiperpotassem ia desproporcional à TFG tam bém pode ser observada no contexto da doença tubulointersticial que afeta o n é fron distai, com o am iloidose, anem ia falciform e, nefrite intersticial e u ropatia obstrutiva. As causas renais hered itárias de h ip erp o tasse m ia apresentam m anifestações clínicas que se sobrepõem com o h ip o ald o ste ro n is m o, daí a designação diag n ó stica de pseudo-hipoaldosteronism o (PH A). O PHA-I possui um a form a tan to autossôm ica dom inante q uan to autossôm ica recessiva. A form a autossôm ica d o m in a n te é causada p o r m utações com perda de função no MLR; a form a re cessiva é pro d u zid a p o r várias com binações de m utaçõ es nas três subunidades do ENaC, resultando em co m p ro m etim en to da ativi dade do canal de N a+ nas células principais e em outros tecidos. Os pacientes com PHA-I recessivo apresentam perda de sal, hipotensão e hiperpotassem ia perm anentes, enquanto o fenótipo de PH A-I a u tossôm ico dom inante devido à disfunção do M LR m elhora na vida adulta. O pseudo-hipoaldosteronism o tipo II (PH A -II, tam bém co nhecido com o hipertensão h ereditária com hiperpotassem ia) é, em todos os aspectos, a im agem especular da SG causada p o r perda de função do CCN , o c o tra n sp o rtad o r de N a+-Cl sensíveis aos tiazídi cos (ver anteriorm ente); o fenótipo clínico consiste em hipertensão, hiperpotassem ia, acidose m etabólica hiperclorêm ica, supressão da ARP e da aldosterona, hipercalciúria e d im in u içã o da densidade óssea. Por conseguinte, o PH A-II com porta-se com o um ganho de função do CCN , e o tratam ento com tiazídicos resulta em resolução de todo o fenótipo clínico; entretanto, o PH A -II é causado p o r m u tações nas serina-treonina quinases W NK1 e W N K 4 que regulam a atividade do CCN.
A inibição da atividade do EN aC apical no néfron distai pela am ilorida e p or outros diuréticos poupadores de K+ resulta em hiper potassem ia, frequentem ente com acidose hiperclorêm ica dependente de voltagem e/ou hiponatrem ia hipovolêm ica. A am ilorida assem e lha-se, do ponto de vista estrutural, aos antibióticos trim eto p rin a (TM P) e pentam idina, que tam bém bloqueiam o ENaC; os fatores de risco para a hiperpotassem ia associada à TM P incluem a dose ad m inistrada, a presença de insuficiência renal e o hipoaldosteronism o hiporreninêm ico. A inibição in direta do ENaC na m em brana plas m ática tam bém constitui um a causa de hiperpotassem ia; o nafam ostate, um inibidor da protease utilizado no tratam ento da pancreatite; inibe as proteases induzidas pela aldosterona que ativam o ENaC por m eio de clivagem proteolítica.
Abordagem diagnóstica A prioridade no m anejo da h iperpotassem ia consiste em avaliar a n e cessidade de tratam ento de em ergência, seguido de avaliação abran gente para determ inar a etiologia (Fig. 45.8). A anam nese e o exame físico devem focalizar o uso de m edicam entos, a dieta e suplem entos dietéticos, os fatores de risco para insuficiência renal, a redução do débito urinário, a pressão arterial e o estado de volum e. Os exames laboratoriais iniciais devem incluir eletrólitos, ureia sanguínea, crea tinina, osm olalidade sérica, M g2+ e C a2+, hem ogram a com pleto e pH urinário. Um a concentração u rinária de N a+ de < 20 m M indica que o aporte distai de N a+ constitui um fator lim itante na excreção de K+; a repleção do volum e com solução salina a 0,9% ou o tratam e n to com furosem ida podem ser efetivos para reduzir a concentração plasm ática de K \ A osm olalidade do soro e a da u rina são necessárias para o cálculo do GK TT (Fig. 45.8). Os valores esperados do GKTT
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças Figura 45.8 Abordagem diagnóstica para a hiperpotassemia. Ver o texto para detalhes. I-ECA, inibidor da enzima conversora de angiotensina; GN aguda, glomeru lonefrite aguda; BRA, bloqueador do receptor de angiotensina II; ECG, eletrocardiograma; VCE, volume circulatório efetivo; TFG, taxa de filtração glomerular; heparina BPM, heparina de baixo peso molecular; AINEs, anti-inflamatórios não esteroides; PHA, pseudo-hipoaldosteronismo; LES, lúpus eritematoso sistêmico; GKTT, gradiente de potássio transtubular. (De Mount e Zandi-Nejad; com autorização.)
baseiam -se em grande parte, em dados da história e são de < 3-4 na presença de hipopotassem ia e de > 6-7 na hiperpotassem ia. O GK TT é m edido da seguinte m aneira: GKTT =
[K+] . x osm ol cnrn L J u nn a . [K +] soro x osm ol urina
TRATAMENTO
Hiperpotassemia
As m anifestações eletrocardiográficas da hiperpotassem ia devem ser consideradas com o em ergência clínica e tratadas urgentem en te. E ntretanto, pacientes com hiperpotassem ia significativa (con centração plasmática de K" > 6,5-7 m M ) na ausência de alterações ECG devem ser tratados de m odo agressivo, devido à lim itação
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das alterações do ECG como preditor de cardiotoxicidade. O tra tam ento de urgência da hiperpotassem ia consiste em internação do paciente, m onitoração cardíaca contínua, e tratam ento im edia to. O tratam ento da hiperpotassemia é dividido em três estágios: 1. Antagonism o imediato dos efeitos cardíacos da hiperpotas semia. O cálcio intravenoso serve para proteger o coração, enquanto são tom adas m edidas para corrigir a hiperp o tas semia. O cálcio eleva o lim iar do potencial de ação e dim i nui a excitabilidade sem m odificar o potencial de repouso da m em brana. Ao restaurar a diferença entre os potenciais de repouso e limiar, o cálcio reverte o bloqueio de despolari zação causado pela hiperpotassemia. A dose recom endada é de 10 m L de gliconato de cálcio a 10% (3-4 mL de cloreto de cálcio), em infusão intravenosa d urante 2-3 m inutos, com
O bicarbonato intravenoso não desem penha n en h u m papel no tratam ento de rotina da h iperpotassem ia. Seu uso deve ser re servado para pacientes com hiperpotassem ia e acidose m etabóli ca concom itante e apenas se for julgado apropriado p ara o m anejo da acidose. Não deve ser ad m in istrad o na form a de injeção in travenosa hipertônica, tendo em vista o risco de hipernatrem ia, porém infundido em solução isotônica ou hipotônica (p. ex., 150 m eq em 1 L de soro glicosado a 5%). Remoção do potássio. A rem oção do potássio é realizada com resinas trocadoras de cátions, diuréticos e/ou diálise. O poliestire no sulfonato de sódio (SPS) troca o N a+ pelo K+ no trato gastrin testinal e aum enta a excreção fecal de K+. A dose recom endada de SPS é de 15-30 g, adm inistrada em suspensão pro n ta p ara uso com sorbitol a 33% para evitar a constipação. O efeito do SPS so
bre a concentração plasm ática de K+ é lento; o efeito total pode levar até 24 horas e exige habitualm ente doses repetidas, a cada 4-6 horas. A complicação m ais grave do SPS consiste em necrose intestinal. Estudos realizados em anim ais de laboratório sugerem que o sorbitol é necessário para a ocorrência de lesão intestinal; entretanto, pode-se detectar frequentem ente a presença de cris tais de SPS no intestino hu m an o lesionado, sugerindo um papel direto dos cristais de SPS nessa complicação. De qualquer m odo, tendo em vista o risco de necrose intestinal, a U.S. Food and D rug A dm inistration recentem ente divulgou que a adm inistração de sorbitol com SPS não é m ais recom endada. Todavia, o uso de SPS sem sorbitol pode não elim inar o risco de necrose intestinal, te n do em vista o papel evidente da resina de SPS. Por conseguinte, o m édico precisa considerar cuidadosam ente se o tratam ento de em ergência com SPS é necessário e apropriado para o tratam ento da hiperpotassem ia; p or exemplo, não há necessidade de SPS se a diálise aguda for apropriada e im ediatam ente disponível. Q u a n do se adm inistra SPS, a preparação idealm ente não deve conter sorbitol. Os substitutos razoáveis para o efeito laxativo do sorbitol incluem a lactulose e algum as preparações de polietileno glicol 3350; entretanto, não se dispõe de dados que dem onstrem a eficá cia e a segurança desses laxantes com SPS. O SPS não deve ser a d m inistrado a pacientes com risco m ais alto de necrose intestinal, incluindo pacientes no pós-operatório, pacientes com história de obstrução intestinal, pacientes com trânsito intestinal lento, p a cientes com doença intestinal isquêm ica e pacientes subm etidos a transplante renal. Os diuréticos de alça e tiazídicos podem ser u ti lizados para reduzir a concentração plasm ática de K+ em pacien tes com repleção de volum e ou hipervolêm icos com função renal suficiente para ter um a resposta diurética. Por fim, a hem odiálise constitui o m étodo m ais efetivo e seguro para reduzir a concen tração plasm ática de K+; a diálise peritoneal é consideravelm ente m enos efetiva. A quantidade de K+ rem ovido durante a hem o d i álise depende da distribuição relativa do K+ entre o LIC e o LEC (potencialm ente afetada pela terapia anterior para a hiperpotasse m ia), do tipo e da área de superfície do dialisado e da velocidade de fluxo sanguíneo, da velocidade do fluxo do dialisado, da d u ra ção da diálise e do gradiente de K+ entre o plasm a e o dialisado.
Distúrbios Hidreletrolíticos
m onitoração cardíaca. O efeito da infusão com eça em 1-3 m inutos e dura 30-60 m inutos; a dose deve ser repetida se não houver nenhum a alteração dos achados do ECG ou se houver recidiva após um a m elhora inicial. A hipercalcem ia potencializa a cardiotoxicidade da digoxina; p or esse m o ti vo, o cálcio intravenoso deve ser usado com extrem a cautela em pacientes em uso desse m edicam ento. Se for conside rado necessário, podem ser adicionados 10 m L de gliconato de cálcio a 10% a 100 mL de soro glicosado a 5%, com infusão durante 20-30 m inutos para evitar a ocorrência de hipercalcem ia aguda. 2. Rápida redução da concentração plasmática de fC p or meio de sua redistribuição nas células. A insulina dim inui a c o n centração plasm ática de K+ ao deslocar o K+ para d entro das células. A dose recom endada é de 10 unidades de insulina regular IV, seguida im ediatam ente de 50 mL de glicose a 50% (25 g de glicose total); o efeito com eça em 10-20 m i nutos, atinge o seu m áxim o em 30-60 m inutos e dura 4-6 h. A glicose a 50% em injeção direta sem insulina nunca é apropriada, devido ao risco de agravam ento agudo da h i perpotassem ia em conseqüência do efeito osm ótico da gli cose hipertônica. A hipoglicem ia é com um com a insulina mais glicose; p or esse motivo, deve ser seguida de infusão de glicose a 10%, num a taxa de 50-75 m L /h com m onitoração rigorosa da concentração plasm ática de glicose. Nos p acien tes com hiperpotassem ia cujas concentrações de glicose são > 200-250 m g/dL, a insulina deve ser adm inistrada em sem glicose, tam bém com m onitoração rigorosa das concentra ções de glicose. 3. Os agonistas p 2, m ais com um ente o salbutam ol, são agentes efetivos porém utilizados insuficientem ente no tratam ento agudo da hiperpotassem ia. O salbutam ol e a insulina com glicose possuem efeito aditivo sobre a concentração plas m ática de K+; entretanto, cerca de 20% dos pacientes com doença renal term inal m ostram -se resistentes ao efeito dos agonistas (32; p or esse m otivo, esses fárm acos não devem ser utilizados sem insulina. A dose recom endada de salbutam ol inalado é de 10-20 m g de salbutam ol nebulizado em 4 mL de solução salina, inalados durante 10 m inutos; o efeito co m eça em cerca de 30 m inutos, atinge o seu m áxim o em cer ca de 90 m inutos e d ura 2-6 h. A hiperglicem ia constitui um efeito colateral, juntam ente com taquicardia; os agonistas 2 devem ser usados com cautela em pacientes com h ip erp o tassem ia portadores de cardiopatia conhecida.
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359
CAPÍ TULO
46
Hipercalcemia e Hipocalcemia Sundeep Khosla
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
O íon cálcio desem penha um papel fundam ental na função e sinali zação celulares norm ais, regulando diversos processos fisiológicos, com o a transm issão neurom uscular, a contratilidade cardíaca, a se creção h orm onal e a coagulação sanguínea. Por essa razão, as con centrações do cálcio extracelular são m antidas dentro de um a faixa extrem am ente estreita p or m eio de um a série de m ecanism os de retroalim entação que envolvem o paratorm ônio (PTH) e o m etabólito ativo da vitam ina D, conhecido com o 1,25-diidroxivitam ina D [1,25 (O H )2D]. Esses m ecanism os de retroalim entação são coordenados p o r m eio de sinais integrativos entre as glândulas paratireoides, os rins, o intestino e os ossos (Fig. 46.1; Cap. 352). O s d istú rb io s da c o n cen tração sérica do cálcio são relativa m ente com uns e, em geral, constituem indícios de algum a doença subjacente. Este capítulo apresenta um resum o da avaliação dos p a cientes com alterações do cálcio sérico. Ver d escrição d e ta lh a d a no C ap ítu lo 353.
HIPERCALCEMIA ■ ETIOLOGIA As causas da hipercalcem ia p odem ser entendidas e classificadas com base nos desequilíbrios dos m ecanism os de retroalim entação norm ais que regulam o cálcio sérico (Q u a d ro 46.1). A produção excessiva de PTH, que não é apropriadam ente suprim ido pela elevação das con centrações do cálcio sérico, ocorre em distúrbios neoplásicos p rim á rios das glândulas paratireoides (adenom a, hiperplasia ou, raram ente, carcinom a das paratireoides), que estão associados a um aum ento da m assa das células paratireoides e com prom etim ento da inibição pelo cálcio por m eio de retroalim entação. A secreção inadequada do PTH, com relação ao nível vigente de cálcio sérico, tam bém ocorre na presença de m utações inativadoras heterozigotas do receptor sensor de cálcio (CaSR), que dificultam a detecção do cálcio extracelular pe las glândulas paratireoides e pelos rins, resultando em hipercalcem ia hipocalciúrica fam iliar (H H F). E m bora a secreção do PT H po r tu m ores seja extrem am ente rara, m uitos tum ores sólidos secretam um peptídio relacionado com o PTH (PT H rP), que com partilha um a homologia com o PTH em seus prim eiros 13 am inoácidos e que se liga ao receptor do PTH, reproduzindo, assim, os efeitos deste horm ônio nos ossos e rins. Na hipercalcem ia m ediada pelo PT H rP associada a neoplasias m alignas, os níveis do PTH são suprim idos pelos níveis séricos elevados do cálcio. A hipercalcem ia associada à doença granu lom atosa (p. ex., sarcoidose) ou aos linfom as é causada pelo aum ento da conversão da 25 (O H )D em seu derivado potente 1,25 (O H )2D. Nesses distúrbios, a 1,25 (O H )2D aum enta a absorção intestinal do cálcio, resultando em hipercalcem ia e supressão do PTH. Os distúr bios que aum entam diretam ente a m obilização do cálcio ósseo, como o hipertireoidism o e as m etástases osteolíticas, tam bém causam h i percalcem ia com secreção suprim ida do PTH , do m esm o m odo que a sobrecarga de cálcio exógeno (p. ex., síndrom e do leite-álcali) ou a nutrição parenteral total com suplem entação exagerada de cálcio.
QUADRO 46.1
Causas da hipercalcemia
Síntese excessiva de PTH Hiperparatireoidismo primário (adenoma, hiperplasia, raramente carcinoma) Hiperparatireoidismo terciário (estimulação crônica da secreção de PTH na insuficiência renal) Secreção ectópica de PTH (muito rara) Mutações inativadoras do CaSR (HHF) Alterações da função do CaSR (tratamento com lítio) Hipercalcemia do câncer Produção excessiva de PTHrP (muitos tumores sólidos) Metástases osteolíticas (câncer de mama, mieloma) Síntese excessiva de 1,25 (0H)2D Doenças granulomatosas (sarcoidose, tuberculose, silicose) Linfomas Intoxicação por vitamina D Aumento primário da reabsorção óssea Hipertireoidismo Imobilização Intestino
Figura 46.1 Mecanismos de retroalimentação responsáveis pela manu tenção das concentrações de cálcio extracelular dentro de uma faixa fisio lógica estreita [8,9-10,1 mg/dL (2,2-2,5 mM)]. A redução do cálcio (Ca2+) do líquido extracelular (LEC) desencadeia um aumento na secreção do paratormônio (PTH) (1) por meio do receptor sensor de cálcio das células paratireóideas. Por sua vez, o PTH resulta em aumento da reabsorção tubular de cálcio pelos rins (2) e reab sorção de cálcio do osso (2), e também estimula a produção renal de 1,25 (0H)2D (3). Por sua vez, a 1,25 (0H)2D atua principalmente no intestino e aumenta a absorção do cálcio (4). Em conjunto, esses mecanismos homeostáticos atuam para normalizar os níveis séricos do cálcio.
360
Aporte excessivo de cálcio Síndrome do leite-álcali Nutrição parenteral total Outras causas Distúrbios endócrinos (insuficiência supra-renal, feocromocitoma. VIPoma) Fármacos (tiazídicos, vitamina A, antiestrogênios) Nota: CaSR, receptor sensor de cálcio; HHF, hipercalcemia hipocalciúrica familiar; PTH, parator mônio; PTHrP, peptídio relacionado com o PTH.
■ MANIFESTAÇÕES CLINICAS Em geral, a hipercalcem ia branda (até 11 a 11,5 m g/dL) é assinto m ática, sendo detectada apenas pelas dosagens rotineiras do cálcio. A lguns pacientes p odem apresentar sintom as n e uropsiquiátricos mal definidos, inclusive dificuldade de concentração, alterações da personalidade ou depressão. O utros sinais e sintom as por ocasião da apresentação podem ser atribuídos à doença ulcerosa péptica ou n e frolitíase, e o risco de fratura tam bém pode ser m aior. A hipercalce m ia m ais grave (> 12 a 13 m g/dL), principalm ente se tiver progressão rápida, pode causar letargia, estupor ou coma, além de sinais e sinto m as gastrintestinais (náuseas, anorexia, constiplação ou pancreatite). A hipercalcem ia reduz a capacidade de concentração renal e pode causar poliúria bem com o polidipsia. No hiperparatireoidism o crô nico, os pacientes podem ter dor óssea ou fraturas patológicas. Por fim, a hipercalcem ia pode causar anorm alidades eletrocardiográficas significativas, inclusive bradicardia, bloqueio AV e redução do inter valo QT; as alterações do cálcio sérico podem ser m onitoradas pelo acom panham ento do intervalo Q T (Fig. 228.16).
■ ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
Hipercalcemia
A hipercalcem ia b randa assintom ática não exige tratam ento im e diato, devendo a abordagem terapêutica ser voltada para o diag nóstico subjacente. Por outro lado, a hipercalcem ia significativa sintom ática geralm ente requer intervenção terapêutica in d ep en dentem ente da causa da elevação do cálcio sérico. O tratam ento inicial da hipercalcem ia significativa com eça com a expansão de volume, visto que a hipercalcem ia sem pre leva à desidratação; nas prim eiras 24 h, podem ser necessários 4 a 6 L de soro fisiológico intravenoso, tendo em m ente que as com orbidades associadas (p. ex., insuficiência cardíaca congestiva) p odem exigir a utilização de diuréticos de alça para aum entar a excreção de sódio e cálcio. E ntretanto, os diuréticos de alça não devem ser iniciados antes que o volum e tenha sido norm alizado. Se houver a m obilização aum entada do cálcio ósseo (com o ocorre no câncer ou no hiper paratireoidism o grave), os fárm acos que inibem a reabsorção ós sea deverão ser considerados. O ácido zoledrônico (p. ex., 4 mg IV em -3 0 m in), pam idronato (p. ex., 60-90 m g IV em 2 a 4 h) e etidronato (p. ex., 7,5 m g/kg/dia du ran te 3-7 dias consecutivos) foram aprovados pelo U.S. Food and Drug Adm inistration para o tratam ento da hipercalcem ia associada às neoplasias m alignas do adulto. O início da ação ocorre em 1-3 dias, e 60-90% dos pacien tes norm alizam os níveis séricos de cálcio. As infusões de bifosfonatos poderão precisar ser repetidas se a hipercalcem ia recidivar. Em vista de sua eficácia, os bifosfonatos substituíram a calcitoni na ou plicam icina, raram ente utilizadas na prática corrente para o tratam ento da hipercalcem ia. Em casos raros, pode ser necessário fazer diálise. Por fim, em bora o fosfato intravenoso faça a quelação do cálcio e dim inua seus níveis séricos, este tratam ento pode ser tóxico porque os com plexos cálcio-fosfato podem depositar-se nos tecidos e causar lesões graves nos órgãos. Nos pacientes com hipercalcem ia m ediada pela 1,25 (O H )2D, os glicocorticoides são a opção terapêutica preferida porque dim i nuem a síntese desta vitam ina. O fárm aco utilizado m ais com u m ente é a hidrocortisona intravenosa (100-300 m g/dia) ou pred nisona oral (40-60 m g/dia) du ran te 3 a 7 dias. O utros fárm acos, com o o cetoconazol, c loroquina e hidroxicloroquina, tam bém podem reduzir a síntese da 1,25 (O H )2D, sendo utilizados oca sionalm ente.
Hipercalcemia e Hipocalcemia
A prim eira etapa da abordagem diagnóstica da hiper ou hipocalce m ia é confirm ar que a alteração dos níveis séricos do cálcio não é secundária às concentrações anorm ais de album ina. C erca de 50% do cálcio total estão ionizados, e o restante encontra-se ligado à al bum ina. Em bora as determ inações diretas do cálcio ionizado sejam exeqüíveis, são facilm ente influenciadas pelos m étodos de coleta e por outros artefatos; p or esta razão, geralm ente é preferível dosar o cálcio total e a album ina para “corrigir” o cálcio sérico. Q u ando as concentrações séricas de album ina estão reduzidas, o nível corrigido do cálcio deve ser calculado som ando 0,2 m M (0,8 m g/dL ) ao valor do cálcio total para cada decréscim o de 1,0 g/dL na album ina sérica abaixo do valor de referência 4,1 g/dL da album ina, ou em sentido inverso se houver a elevação do nível sérico da album ina. A história detalhada pode fornecer indícios im portantes quanto à etiologia da hipercalcem ia (Q uadro 46.1). Na m aioria dos casos, a hipercalcem ia crônica é causada pelo h iperparatireoidism o p rim á rio, enquanto a segunda causa m ais com um é um a neoplasia m aligna subjacente. A anam nese deve incluir os fárm acos utilizados, história de cirurgia do pescoço assim com o sinais e sintom as sistêm icos su gestivos de sarcoidose ou linfoma. Uma vez estabelecida a presença de hipercalcem ia verdadeira, o segundo exame laboratorial mais im portante para a investigação diag nóstica é a dosagem do PT H por um two-site assay para o h o rm ô nio completo. Em geral, as elevações do PTH são acom panhadas de hipofosfatemia. Além disso, a creatinina sérica deve ser dosada para avaliar a função renal, porque a hipercalcem ia pode com prom eter a função renal, e a depuração renal do PTH pode se m ostrar alterada, d ependendo dos fragm entos detectados pelo ensaio. Se o nível do PTH estiver elevado (ou “inapropriadam ente norm al”) em um p a ciente com cálcio elevado e fósforo baixo, o diagnóstico quase sem pre será de hiperparatireoidism o prim ário. C om o os pacientes com hiper calcem ia hipocalciúrica fam iliar (HH F) tam bém podem apresentar elevações discretas do PTH e hipercalcem ia, esse diagnóstico deve ser considerado e excluído porque a cirurgia das paratireoides é ineficaz nesta condição. A taxa de depuração do cálcio/creatinina (calculada pela relação entre cálcio urinário/sérico dividida pela razão creatinina urinária/sérica) < 0,01 sugere HHF, p articularm ente quando existe um a história fam iliar de hipercalcem ia branda assintom ática. Além disso, diversos laboratórios estão oferecendo atualm ente um a análise de seqüência do gene CaSR para estabelecer o diagnóstico definitivo de HHF. A secreção ectópica do PT H é extrem am ente rara. Níveis suprim idos de PTH napresença de hipercalcem ia são com patíveis com hipercalcem ia não m ediada pelo paratorm ônio que, na m aioria dos casos, é causada p or neoplasia m aligna subjacente. E m bora o tum or responsável pela hipercalcem ia geralm ente seja eviden te, pode ser necessário dosar o nível de PT H rP para confirm ar o diag nóstico de hipercalcem ia m aligna. Os níveis séricos da 1,25 (O H )2D m ostram -se aum entados nas doenças granulom atosas, e a avaliação clínica com binada com os exames laboratoriais geralm ente estabelece o diagnóstico dos vários distúrbios relacionados no Q uadro 46.1.
TRATAMENTO
HIPOCALCEMIA ■ ETIOLOGIA As causas da hipocalcem ia podem ser diferenciadas com base na p re sença de níveis séricos baixos (hipoparatireoidism o) ou altos (hiper paratireoidism o secundário) do PTH. E m bora existam m uitas causas possíveis da hipocalcem ia, a síntese reduzida do PT H ou a da vitam i na D são as etiologias m ais com uns (Q u ad ro 46.2) (Cap. 353). Com o o PTH é a principal defesa contra a hipocalcem ia, os distúrbios asso ciados à síntese ou secreção deficiente deste horm ônio podem ser as sociados à hipocalcem ia grave e potencialm ente fatal. Nos adultos, o hipoparatireoidism o é causado m ais com um ente pela lesão acidental das quatro glândulas durante um a cirurgia da tireoide ou das parati reoides. O hipoparatireoidism o é um a das principais m anifestações das endocrinopatias autoim unes (Cap. 351); em casos raros, esse dis túrbio pode estar associado a doenças infiltrativas, com o a sarcoido se. A secreção reduzida do PT H pode ser secundária à deficiência de m agnésio ou às m utações ativadoras do CaSR, que suprim em o PTH e produzem efeitos contrários aos observados na HHF. A deficiência de vitam ina D, a síntese reduzida de 1,25 (O H )2D (principalm ente quando é secundária à insuficiência renal) ou, ra ram ente, a resistência à vitam ina D tam bém causam hipocalcem ia. C ontudo, a gravidade da hipocalcem ia associada a esses distúrbios geralm ente não é tão acentuada quanto a que se observa no hipopa ratireoidism o, porque as glândulas paratireoides conseguem p ro d u zir um aum ento com pensatório da secreção de PTH. A hipocalcem ia tam bém pode ocorrer nos distúrbios associados à destruição tecidual
361
■I
QUADRO 46.2
Causas de hipocalcemia
Níveis baixos de paratormônio (hipoparatireoidismo) Agenesia das paratireoides Isolada Síndrome de DiGeorge Destruição das paratireoides Cirúrgica Por radiação Infiltração por metástases ou doenças sistêmicas Autoimune Função reduzida das paratireoides Hipomagnesemia
■ ABORDAGEM DIAGNÓSTICA Além de dosar o cálcio sérico, é útil d eterm inar os níveis de album i na, fósforo e magnésio. C om o no caso da avaliação da hipercalcem ia, a dosagem do nível do PTH é fundam ental à avaliação da hipocalce mia. U m nível suprim ido (ou “inapropriadam ente baixo”) n a presen ça de hipocalcem ia confirm a a redução ou ausência de secreção do PT H (hipoparatireoidism o) com o causa da hipocalcem ia. Os outros elem entos da história clínica geralm ente definem a causa subjacente (isto é, agenesia versus destruição das paratireoides). Por outro lado, os níveis altos de PT H (hiperparatireoidism o secundário) devem dirigir a atenção para a hom eostasia da v itam ina D com o causa da hipocalcem ia. A deficiência nutricional dessa vitam ina é m ais bem-avaliada pela dosagem dos níveis séricos da 25-hidroxivitam ina D, que refletem as reservas desta vitam ina. Em presença de insuficiência renal ou suspeita de resistência à vitam ina D, os níveis séricos de 1,25 (O H )2D são esclarecedores.
Mutações ativadoras do CaSR
Níveis elevados de paratormônio (hiperparatireoidismo secundário) Deficiência de vitamina D ou síntese/ação reduzidas de 1,25(OH)2D Deficiência nutricional de vitamina D (aporte ou absorção reduzidas) Insuficiência renal com síntese reduzida de 1,25(0H)2D
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Resistência à vitamina D, inclusive anormalidades do receptor Síndromes de resistência ao paratormônio Mutações do receptor do PTH Pseudo-hipoparatireoidismo (mutações da proteína G) Fármacos Quelantes do cálcio Inibidores da reabsorção óssea (bifosfonatos, plicamicina) Metabolismo alterado da vitamina D (fenitoína, cetoconazol) Causas diversas Pancreatite aguda Rabdomiólise aguda Síndrome do osso “faminto” pós-paratireoidectomia Metástases osteoblásticas com estimulação acentuada da formação óssea (câncer de próstata) Nota: CaSR, receptor sensor de cálcio; PTH, paratormônio.
grave, inclusive queim aduras, rabdom iólise, lise tum oral ou pancre atite. Nesses casos, a causa da hipocalcem ia pode incluir uma com binação de album ina baixa, hiperfosfatem ia, deposição tecidual de cálcio e secreção reduzida de PTH.
TRATAMENTO
Hipocalcemia
A conduta terapêutica depende da gravidade da hipocalcem ia, ra pidez com que se desenvolveu e com plicações associadas (p. ex., convulsões, laringospasm o). A hipocalcem ia sintom ática aguda é tratada inicialm ente com 10 mlLde gliconato de cálcio a 10% (90 m g ou 2,2 m m ol) IV, diluídos em 50 mL de glicose a 5% ou soro fisiológico e infundidos em 5 m inutos. Em geral, a persistência da hipocalcem ia requer infusão intravenosa contínua (geralm ente 10 am polas de gliconato de cálcio ou 900 m g de cálcio em 1 L de soro glicosado a 5% ou cloreto de sódio a 0,9% adm inistrados em 24 h). Se estiver presente, a hipom agnesem ia associada deverá ser tratada com suplem entos apropriados de m agnésio. A hipocalcem ia crônica secundária ao hipoparatireoidism o deve ser tratada com suplem entos de cálcio (1.000-1.500 m g/dia de cálcio elem entar em doses fracionadas) e vitam inas D 2 ou D 3 (25.000-100.000 U /dia) ou calcitriol [1,25 (O H )2D, na dose de 0,25-2 |JLg/dia]. Hoje, os outros m etabólitos da vitam ina D (diidrotaquisterol, alfacalcidiol) são utilizados com m enos frequên cia. E ntretanto, a deficiência da vitam ina D é tratada m ais facil m ente com suplem entos desta vitam ina, cuja dose depende da gravidade do déficit e da causa subjacente. Assim, a deficiência nutricional de vitam ina D geralm ente responde às doses relativa m ente pequenas desta vitam ina (50.000 U, 2 a 3 vezes p o r sem a na durante vários meses), enquanto a deficiência causada por m á absorção requer doses m uito m aiores (100.000 U /dia ou mais). A m eta terapêutica é trazer o cálcio sérico para a faixa inferior n o r mal e evitar a hipercalciúria, que pode causar nefrolitíase.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os pacientes com hipocalcem ia poderão ser assintom áticos se as re duções do cálcio sérico forem relativam ente brandas e crônicas, ou apresentar complicações potencialm ente fatais. A hipocalcemia m o derada a grave causa parestesias, geralm ente nos dedos das mãos e dos pés, bem com o na região perioral, causadas pela irritabilidade neurom uscular exacerbada. Ao exame físico, pode-se detectar o sinal de Chvostek (trem ores dos m úsculos periorais em resposta à percus são suave do nervo facial um pouco à frente da orelha), embora tam bém esteja presente em - 10% dos indivíduos norm ais. O espasmo do carpo pode ser induzido pela insuflação do m anguito de pressão ar terial até 20 m m H g acima da pressão arterial sistólica do paciente por 3 m inutos (sinal de Trousseau). A hipocalcem ia grave pode provocar convulsões, espasmo carpopodálico, broncospasm o, laringospasmo e prolongam ento do intervalo QT.
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CAPÍ TULO
47
QUADR0 47.1 Predição das respostas compensatórias nos distúrbios ácido-básicos simples e padrão de mudanças Variação nos valores
Acidose e Alcalose
Distúrbio
Thomas D. DuBose, Jr.
Acidose metabólica
pH
HC03“
PaC02
Baixa
Baixa
Baixa
Alta
Alta
Alta
Alta
Baixa
Baixa
Baixa
Alta
Alta
ou
HOMEOSTASE ÁCIDO-BÁSICA NORMAL O pH arterial sistêm ico se m antém entre 7,35 e 7,45 p o r tam ponam ento quím ico extracelular e intracelular, em associação a m ecanis m os reguladores respiratórios e renais. O controle da tensão arterial de C 0 2 (PaC02) pelos sistem as nervoso central (SNC) e respiratório, bem com o o controle do bicarbonato plasm ático pelos rins estabili zam o pH arterial através da excreção ou retenção de ácido ou álcali. Os com ponentes m etabólico e respiratório que regulam o pH sistê m ico são descritos pela equação de H enderson-H asselbalch:
Compensação prevista
PaC02 irá i 1,25 mmHg por mmol/L i na [HC031 ou Paco2 = [HC031 + 15
Alcalose metabólica
PaC02 irá T 0,75 mmHg por mmol/L T na [HC031 ou PaC02 irá T 6 mmHg a cada 10 mmol/L T na [HC031
HCO pH = 6,1 + l o g --------------------P a ^ x 0,0301
ou
DIAGNOSTICO DOS TIPOS GERAIS DE DISTÚRBIOS Os distúrbios clínicos m ais com uns são os distúrbios ácido-básicos simples, isto é, acidose ou alcalose m etabólicas ou acidose ou alcalose respiratórias. C om o a com pensação não é com pleta, o pH m ostra-se anorm al nos distúrbios simples. As situações clínicas m ais com plica das podem dar origem a distúrbios ácido-básicos m istos.
■ DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICOS SIMPLES Os distúrbios respiratórios p rim ários (alterações prim árias da PaC02) desencadeiam respostas m etabólicas com pensatórias (alterações se cundárias da [H C 0 3~]), enquanto os distúrbios m etabólicos p rim á rios induzem a respostas respiratórias com pensatórias previsíveis (alterações secundárias na Pacc>2)- A com pensação fisiológica pode ser prevista a partir das relações apresentadas no Q u a d ro 47.1. A aci-
Alcalose respiratória Aguda
[HC031 irá 4 0,2 mmol/L por mmHg i na PaC02
Crônica
[HC031 irá i 0,4 mmol/L por mmHg -l na PaC02
Acidose respiratória Aguda Crônica
[HC031 irá por mmHg
T
[HC031 irá por mmHg
T
T
T
Acidose e Alcalose
PaCo2 = [HC03“| + 15
N a m aioria das circunstâncias, a p rodução e excreção de C 0 2 se eqüivalem , e a PaCG2 habitual em estabilidade d inâm ica m antém -se em 40 m m H g. U m a excreção insuficiente de C 0 2 provoca h ip e r capnia, en q u an to sua excreção excessiva causa hipocapnia. Porém , a produção e excreção m ostram -se novam ente equivalentes em um novo valor de PaC02 em estabilidade dinâm ica. Por conseguinte, a P a c o 2 é regulada p rim a riam en te p o r fatores resp irató rio s neurais e não está sujeita à regulação pela taxa de p ro d u ç ão de C 0 2. Em geral, a hipercapnia resulta m ais de hipoventilação que de aum ento na p ro d u ç ão de C 0 2. O s au m en to s o u reduções d a PaCo 2 re p re sentam pertu rb açõ es do controle respiratório n e u ral e se devem a alterações com pensatórias em resposta a u m a alteração p rim ária da [ H C 0 3~] plasm ática. Os rins regulam a [H C 0 3~] plasm ática p o r m eio de três p ro cessos principais: (1) “reabsorção” do H C 0 3‘ filtrado, (2) form ação de ácido titulável e (3) excreção de N H 4+ na urina. Os rins filtram cerca de 4.000 m m ol/dia de H C 0 3~. Portanto, para reabsorver a car ga filtrada de H C 0 3", os túbulos renais devem secretar 4.000 m m ol de íons hidrogênio. E ntre 80 e 90% do H C 0 3~ são reabsorvidos no túbulo proxim al. O néfron distai reabsorve o restante e secreta H + para defender o pH sistêm ico. E m bora tal quantidade de prótons seja pequena, 40-60 m m ol/dia, ela deve ser secretada para im pedir o desenvolvim ento do balanço positivo crônico de H + e da acidose m etabólica. Essa quantidade de prótons secretada é representada na urina p or ácido titulável e N H .,\ A acidose m etabólica no contexto de um a função renal norm al aum enta a produção e excreção de N H 4\ com prom etidas na insuficiência renal crônica, na hiperpotassem ia e na acidose tubular renal.
0,1 mmol/L na PaC02 0,4 mmol/L na PaCÜ2
dose m etabólica secundária a um aum ento dos ácidos endógenos (p. ex., cetoacidose) reduz a [H C 0 3~] do líquido extracelular e dim inui o pH extracelular, o que estim ula os quim iorreceptores bulbares a aum entar a ventilação e a restaurar a razão entre [H C 0 3~] e PaC02, e, p or conseguinte, 0 pH em direção, p orém não até sua faixa n o r mal. O grau de com pensação respiratória esperado em um a form a simples de acidose m etabólica pode ser previsto a p a rtir da seguinte relação: Pacc>2 = (1,5 X [H C 0 3~]) + 8 ± 2. Assim, seria esperado que um paciente com acidose m etabólica e [H C 0 3~] de 12 m m ol/L apre sentasse um a Pacc,2 situada entre 24 e 28 m m H g. Valores de PaC02 < 24 ou > 28 m m H g definem um distúrbio m isto (acidose m etabólica e alcalose respiratória ou alcalose m etabólica e acidose respiratória, respectivam ente). O utro m odo de avaliar a propriedade da respos ta da [H C 0 3~] o u PaCo 2 é utilizar o n om ogram a ácido-básico (Fig. 47.1). E m bora a área som breada do n om ogram a m ostre lim ites de confiança de 95% para a com pensação no rm al nos distúrbios sim ples, a detecção de valores ácido-básicos dentro da área som breada não exclui necessariam ente um distúrbio m isto. A superposição de um distúrbio sobre outro pode resultar em valores situados dentro da área de um terceiro. Assim, o nom ogram a, em bora conveniente, não substitui as equações apresentadas no Q uadro 47.1.
■ DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICOS MISTOS O s distúrbios ácido-básicos m istos - definidos com o distúrbios de coexistência independente, e não m eram en te respostas com pensa tórias - costum am ser observados em pacientes que se encontram
363
[H*] no sangue arterial (nm ol/L)
QUADRO 47.2
Exemplos de distúrbios ácido-básicos mistos
100 90 80 70 60
Respiratórios e metabólicos mistos Acidose metabólica - alcalose respiratória Chave: acidose metabólica com HA elevado ou normal; Pac02 prevalecente abaixo do valor previsto (Quadro 47.1) Exemplo: Na+, 140; K+, 4,0; C f. 106; HC03‘ , 14; HA, 20; PaCÜ2, 24, pH, 7,39 (acidose láctica, sepse na UTI) Acidose metabólica - acidose respiratória Chave: acidose metabólica com HA elevado ou normal; PaC02 prevalecente acima do valor previsto (Quadro 47.1) Exemplo: Na+, 140; K \ 4,0; CP, 102; HC03', 18; HA, 20; Pac02, 38; pH, 7,30 (pneumonia grave, edema pulmonar) Alcalose metabólica - alcalose respiratória Chave: PaC02 não aumenta conforme previsto; pH acima do esperado Exemplo: Na+, 140; K+, 4,0; CT, 91; HC03", 33; HA, 16; Pac02, 38; pH, 7,55 (doença hepática e diuréticos) Alcalose metabólica - acidose respiratória Chave: PaC02 acima do previsto; pH normal
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Exemplo: Na+, 140; K+, 3.5; C f, 88; HC03'. 42; HA, 10; PaC02, 67; pH, 7,42 (DPOC e diuréticos) pH do sangue arterial
Figura 47.1
Nomograma ácido-básico. São mostrados os limites de confiança
de 90% (variação dos valores) das compensações normais respiratórias e metabóli cas para os distúrbios ácido-básicos primários. (De DuBose, com autorização.)
Chave: detectável somente na acidose com HA elevado; AHA »
AHC03‘
Exemplo: Na+, 140; K+, 3,0; Cl', 95; HC03‘ , 25; HA, 20; PaC02, 40; pH, 7,42 (uremia com vômitos) Acidose metabólica - acidose metabólica
em unid ad es de terapia intensiva, p o d e n d o resultar em extrem os perigosos do pH (Q u a d ro 47.2). Um paciente com cetoacidose d ia bética (acidose m etabólica) pode desenvolver u m problem a respira tó rio in d ep en d en te (p. ex., pneu m o n ia), com conseqüente acidose ou alcalose respiratórias. Os pacientes com doença p u lm o n a r su b jacente (p. ex., D P O C ) p o d em não re sp o n d er à acidose m etab ó li ca com um a resposta ventilatória ap ro p riad a devido à sua reserva re sp irató ria insuficiente. Essa im posição da acidose re sp irató ria sobre a acidose m etabólica pode provocar acidem ia grave. Q uando a acidose m etabólica e a alcalose m etabólica coexistem no m esm o paciente, o pH pode ser norm al ou quase norm al. Q uando o pH é norm al, a observação de um hiato aniônico (HA, ver adiante) eleva do indica de m odo confiável a presença de acidose m etabólica com HA. U m a discrepância entre o AHA (HA prevalecente m enos o norm al) e o A H C 0 3" ( H C 0 3~ norm al m enos o prevalecente) indica a presença de acidose m ista com hiato elevado - alcalose m etabólica (ver exem plo adiante). O paciente diabético com cetoacidose p ode apresentar disfunção renal em decorrência da presença sim ultânea de acidose m etabólica. Os pacientes que ing eriram u m a overdose de com binações m edicam entosas, com o sedativos e salicilatos, p o dem apresentar distúrbios m istos devido à resposta ácido-básica a cada fárm aco (acidose m etabólica m ista com acidose respiratória ou alcalose respiratória, respectivam ente). O s distúrbios ácido-bá sicos tríplices são m ais com plexos. Por exem plo, os pacientes com acidose m etabólica em decorrência de cetoacidose alcoólica p odem ter alcalose m etabólica secundária a vôm itos e alcalose respiratória superposta devido à hiperventilação da disfunção hepática ou abs tinência de álcool.
Distúrbios ácido-básicos U m a abordagem em etapas ao diagnóstico dos distúrbios ácido-básicos é apresentada a seguir (Q u a d ro 47.3). Ao d e te rm in a r a gasom etria, deve-se ter o cu id ad o de o b te r um a am o stra de sangue arterial sem h e p arin a em excesso. As am o stras de san-
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Distúrbios metabólicos mistos Acidose metabólica - alcalose metabólica
Chave: acidose mista com HA elevado - normal; AHC03“ é explicado pelas alterações combinadas no AHA e no ACI" Exemplo: Na+, 135; K+, 3,0; C f, 110; HC03', 10, HA, 15; PaC02, 25; pH, 7,20 (diarréia e acidose láctica, intoxicação por tolueno, tratamento da cetoacidose diabética) Nota: HA, hiato aniônico; DPOC, doença pulmonar obstrutiva crônica; UTI, unidade de terapia intensiva.
gue p ara a d ete rm in a çã o dos eletró lito s e gasom etria arterial devem ser coletadas sim u lta n ea m e n te e antes que seja in icia da a terapêutica, visto vez que ocorre a u m e n to na [ H C 0 3~] na alcalose m etabólica e n a acidose re sp irató ria . Por o u tro lado, há dim inuição na [ H C 0 3~] n a acidose m etabólica e na alcalose respiratória. N a determ inação da gasom etria arterial pelo labo ratório clínico, m edem -se o pH e a Pac o ,, e nquanto a [H C 0 3~] é calculada a p a rtir da equação de H enderson-H asselbalch. Tal valor calculado deve se r c o m p a ra d o com a [ H C 0 3~] m edida (C O , total) no painel de eletrólitos. Esses dois valores devem ter u m a d iferença m áxim a de 2 m m ol/L . Caso contrário, os valores p odem não ter sido o b tid o s sim u lta n ea m e n te a p a rtir da m es m a am ostra, p ode ter havido falha no lab o ra tó rio ou ter sido com etido algum erro no cálculo da [ H C 0 3'j. Após verificar os valores ácido-básicos no sangue, o d istú rb io ácido-básico preci so pode ser então identificado.
CÁLCULO DO HIATO ANIÔNICO Todas as avaliações dos distúrbios ácido-básicos devem incluir um cálculo sim ples do HA, que re presenta os ânions não m edidos no plasm a (norm alm ente de 10 a 12 m m ol/L) e é calculado da seguinte m aneira: HA = N a1 - (CL + H C 0 3~). O s ânions não m edidos incluem as proteínas aniônicas (p. ex., album ina), o fosfato, o sulfato e os ânions o r gânicos. Q uando ânions ácidos, com o o acetoacetato e o lactato, acum ulam -se no líquido extracelular, o HA aum enta, causando
QUADRO 4 7 .3
Etapas no diagnóstico ácido-básico
1. Obter simultaneamente a gasometria arterial (GA) e dosagem dos eletrólitos 2. Comparar a [HC031 na GA e os eletrólitos para confirmar a precisão 3. Calcular o hiato aniônico (HA) 4. Conhecer as quatro causas de acidose com HA elevado (cetoacidose, acidose láctica, insuficiência renal e toxinas) 5. Conhecer as duas causas de acidose hiperclorêmica ou sem HA (perda de bicarbonato pelo trato GI, acidose tubular renal) 6. Estimar a resposta compensatória (Quadro 47-1) 7. Comparar o AHA com o AHC03~ 8 Comparar a alteração na [C f] com a observada na [Na+]
TRATAMENTO
Acidose metabólica
O tratam ento da acidose m etabólica com álcali deve ser reservado para a acidem ia grave, exceto q uando o paciente não apresenta “H C 0 3‘ potencial” no plasm a. A [H C 0 3‘] potencial pode ser esti m ada a p artir do increm ento (A) do HA (A HA = HA do paciente - 10). Deve-se estabelecer se o ânion ácido do plasm a é m etabolizável (isto é, (3-hidroxibutirato, acetoacetato e lactato) ou não (ânions que se acum ulam na insuficiência renal crônica e após a ingestão de toxinas). A últim a situação exige um a recuperação da função renal para repor o déficit de [H C 0 3~], processo len to e m uitas vezes imprevisível. Por conseguinte, os pacientes que apresentam acidose com HA no rm al (acidose hiperclorêm ica), HA ligeiram ente elevado (acidose m ista hiperclorêm ica e com HA) ou HA atribuível a um ânion não m etabolizável na presen ça de insuficiência renal devem receber terapia alcalinizante por via oral (N a H C 0 3 ou solução de Shohl) ou p or via intravenosa (N a H C 0 3), na quantidade necessária para aum entar lentam ente a [H C 0 3~] plasm ática até a faixa de 20 a 22 m m ol/L. E ntretanto, existem controvérsias quan to ao uso de álcalis para os pacientes com acidose p u ra com HA devido ao acúm ulo de um ânion de ácido orgânico m etabolizável (cetoacidose ou aci dose láctica). Em geral, u m a acidose grave (pH < 7,10) justifica a adm inistração p or via intravenosa de 50-100 m Eq de Na H C 0 3 ao longo de 30-45 m in durante as prim eiras 1-2 h de terapia. Em tal situação, o suprim ento dessas quantidades m oderadas de álcalis parece proporcionar m edida de segurança adicional, porém é es sencial m onitorar os eletrólitos plasm áticos durante o tratam ento, visto que a [K+] pode dim in u ir com a elevação do pH. O objetivo é aum entar a [H C 0 3"] para 10 m Eq/L e o pH para 7,20, m as não levar esses valores para a faixa norm al.
QUADRO 4 7 .4
Acidose e Alcalose
acidose com hiato aniônico elevado. M ais frequentem ente, o au m ento do HA resulta de aum ento dos ânions n ão m edidos e, m e nos com um ente, de dim inuição dos cátions não m edidos (cálcio, m agnésio, potássio). Além disso, o HA pode au m entar com um a elevação da album ina aniônica em razão do aum ento da concen tração de album ina ou do desenvolvim ento de alcalose, que altera a carga elétrica da album ina. A redução do HA po d e decorrer de: ( 1) aum ento dos cátions não m edidos; (2) acréscim o de cá tions anorm ais ao sangue, com o o lítio (intoxicação p o r lítio) ou im unoglobulinas catiônicas (discrasias plasm ocitárias); (3) re d u ção na concentração plasm ática da album ina aniônica principal (síndrom e nefrótica); (4) dim inuição da carga aniônica efetiva da album ina p or acidose; ou (5) hiperviscosidade e hiperlipidem ia grave, que podem resultar em subestim ativa das concentrações de sódio e cloreto. U m a queda da album ina sérica de 1 g/dL a p a rtir do valor norm al (4,5 g/dL) reduz o HA em 2,5 m Eq/L. É preciso conhecer as causas mais com uns de acidose com HA ele vado (Q uadro 47.3). N a presença de níveis séricos de alb u m in a norm ais, a eleva ção do HA costum a ser causada p o r ácidos desprovidos de clo reto que contêm ân io n s inorgânicos (fosfato, sulfato), o rg â n i cos (cetoácidos, lactato, ânions orgânicos urêm icos), exógenos (salicilato ou toxinas ingeridas com p ro d u ç ão de ácido o rg â n i co) ou ânions não identificados. O HA elevado é significativo m esm o q u ando existe o utro distú rb io ácido-básico su p erp o sto m od ifican d o in d ep e n d en te m e n te a [ H C 0 3’1. A acidose m e ta bólica sim u ltân ea com HA elevado e acidose re sp irató ria c rô nica ou alcalose m etabólica representa um tipo de situação em que a [ H C 0 3~] p o d e estar n o rm al o u m esm o elevada (Q u ad ro 47.3). C om pare a variação na [ H C 0 3~] (A H C 0 3”) com a v aria ção no HA (AHA). De m odo sem elhante, valores no rm ais de [ H C 0 3~], Pac c ,2 e pH não afastam co m p letam en te a p ossibilidade de d istú r bio ácido-básico. Por exem plo, um alcoolista que ap resenta vôm itos p ode desenvolver u m a alcalose m etabólica com pH de 7,55, PaCo 2 de 47 m m H g, [ H C 0 3~] de 40 m m ol/L , [Na+] de 135, [C1‘] de 80 e [K+] de 2,8. Se este paciente desenvolvesse, em seguida, cetoacidose alcoólica su p e rp o sta com co n cen tração de (3-hidroxibutirato de 15 m M , o pH arterial cairia p ara 7,40, a [H C 0 3‘] para 25 m m ol/L e a PaC02 p ara 40 m m H g. A pesar da norm alidade desses gases sanguíneos, o HA fica elevado 30 m m ol/L , indicando alcalose m etabólica e acidose m etabólica m istas. U m a com binação de acidose com hiato elevado e alcalo se m etabólica é facilm ente identificada com parando as variações (valores A) entre os valores norm ais e os apresentados pelo p a ciente. Nesse exem plo, o A H C 0 3~ é 0 (25 - 25 m m ol/L ), m as o AHA é de 20 (30 - 10 m m ol/L). Portanto, 20 m m ol/L não estão com putados nos cálculos de A/A (A HA sobre A H C 0 3~).
ACIDOSE METABÓLICA A acidose m etabólica pode advir de aum ento na produção de ácidos endógenos (com o lactato e cetoácidos), perda de bicarbonato (como na diarréia) ou acúm ulo de ácidos endógenos (conform e observado na insuficiência renal). Exerce efeitos profundos sobre os sistem as respiratório, cardíaco e nervoso. A queda do pH sanguíneo é acom panhada de aum ento típico da ventilação, em particular do volume corrente (respiração de Kussm aul). Pode o correr depressão da con tratilidade cardíaca intrínseca, porém a função inotrópica pode estar norm al devido à liberação de catecolam inas. Pode haver tanto vaso dilatação arterial periférica quanto venoconstrição central; a d im i nuição das com placências vasculares, central e pulm onar, predispõe ao edem a pulm onar m esm o com sobrecarga m ínim a de volume. A função do SNC fica deprim ida, com cefaleia, letargia, estupor e, em alguns casos, coma. Tam bém pode haver intolerância à glicose. Existem duas categorias principais de acidose m etabólica clínica: com HA elevado e com HA norm al, ou acidose hiperclorêm ica (Q ua dros 47.3 e 47.4).
Causas de acidose metabólica com hiato
aniônico elevado Acidose láctica Cetoacidose
Toxinas Etilenoglicol
Diabética
Metanol
Alcoólica
Salicilatos
Por inanição
Propilenoglicol Ácido piroglutâmico Insuficiência renal (aguda e crônica)
365
ACIDOSES COM HIATO ANIÔNICO ELEVADO Acidose com hiato aniônico elevado Existem quatro causas principais de acidose com HA elevado: (1) acidose láctica, (2) cetoacidose, (3) ingestão de toxinas e (4) insuficiência renal aguda e crônica (Q uadro 47.4). A triagem ini cial para diferenciar as acidoses com HA elevado deve incluir: (1) investigação da história clínica à procura de sinais de ingestão de drogas e toxinas, bem com o determ inação da gasom etria arterial para detectar a presença concom itante de alcalose respiratória (salicilatos); (2) pesquisa de diabetes m elito (cetoacidose diabé tica); (3) pesquisa de evidências de alcoolism o ou níveis elevados de (3-hidroxibutirato (cetoacidose alcoólica); (4) observação à procura de sinais clínicos de urem ia e m edição da ureia e crea tinina séricas (acidose urêm ica); (5) inspeção da u rina à procura de cristais de oxalato (etilenoglicol); e (6) reconhecim ento das num erosas situações clínicas em que os níveis de lactato podem estar aum entados (hipotensão, choque, insuficiência cardíaca, leucemia, câncer e ingestão de fárm acos e toxinas).
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Acidose láctica O aum ento de L-lactato no plasm a pode ser secundário a h ip o p er fusão tecidual (tipo A) - insuficiência circulatória (choque, insufi ciência cardíaca), anem ia grave, defeitos das enzim as m itocondriais e inibidores (m onóxido de carbono, cianeto) - ou a distúrbios aeróbios (tipo B) - cânceres, inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídio para tratam ento do HIV, diabetes m elito, insuficiências hepática ou renal, deficiência de tiam ina, infecções graves (cólera, m alária), convulsões ou fárm acos/toxinas (biguanidas, etanol, m eta nol, propilenoglicol, isoniazida e frutose). O propilenoglicol pode ser usado com o veículo para m edicações IV, incluindo lorazepam , com relatos de toxicidade em situações diversas. A isquem ia ou o infarto intestinais não diagnosticados em paciente com aterosclerose grave ou com descom pensação cardíaca que fazem uso de vasopressores são causas com uns de acidose láctica. H á relatos de acidem ia piroglutâm ica em pacientes em estado crítico que tenham recebido ace tam inofeno, o que está associado à depleção da glutationa. A acidose p or ácido D-láctico, que pode estar associada a derivação jejunoileal, síndrom e do intestino curto ou obstrução intestinal, é causada pela form ação de D-lactato p o r bactérias intestinais.
Acidose láctica Em p rim eiro lugar, deve-se co rrig ir o distú rb io subjacente que c om prom eteu o m etabolism o do lactato; a perfusão tecidual d e verá ser restaurada se estiver inadequada. D eve-se evitar o uso de vasoconstritores, se possível, visto que esses fárm acos podem agravar a perfusão tecidual. G eralm ente recom enda-se a terapia com álcalis para a acidem ia aguda grave (pH < 7,15), a fim de m elhorar a função cardíaca e o uso de lactato. C ontudo, a terapia com N aH C O j pode d e p rim ir p arad o x alm en te o d esem penho cardíaco e exacerbar a acidose p o r au m en tar a produção de lac tato (o H C 0 3 estim ula a fosfofrutoquinase). A pesar de o uso de álcalis ser controverso na acidose láctica m o d era d a, existe um consenso geral de que as tentativas de norm alização do pH o u da [H C 0 3~] com a adm in istração de N a H C 0 3 exógeno são nocivas. U m a conduta razoável é in fu n d ir quantidade suficiente de N aH C O j ao longo de 30-40 m in u to s p a ra elevar o pH até o m áxim o de 7,2. A terapia com N a H C 0 3 po d e causar sobrecarga h íd ric a e hipertensão, visto que a quantidade necessária po d e ser m aciça quando o acúm ulo de ácido láctico é inexorável. A a d m in istra ção de líquidos não é bem -tolerada em v irtude da venoconstrição
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central, sobretudo no paciente oligúrico. Q u ando for rem ediada a causa subjacente da acidose láctica, o lactato sanguíneo deverá ser convertido em H C 0 3", p o d e n d o haver alcalose p or excesso de correção.
Cetoacidose Cetoacidose diabética (CAD)
Essa afecção é causada p or aum ento do m etabolism o dos ácidos graxos e acúm ulo de cetoácidos (acetoacetato e (3-hidroxibutirato). Em geral, a CAD ocorre no diabetes melito dependente de insulina em associação à interrupção da insulina ou a um a enferm idade intercorrente, com o infecção, gastrenterite, pan creatite ou infarto do m iocárdio, que aum ente tem porariam ente e de form a aguda as necessidades de insulina. O acúm ulo de cetoácidos é responsável pelo aum ento do HA e m ais frequentem ente acom panhado de hiperglicem ia (glicose > 1 7 m m ol/L [300 m g/dL]). Na CAD, a relação entre o AHA e o A H C 0 3 - é de -1:1. Deve-se assi nalar que, com o a insulina im pede a produção de corpos cetônicos, a terapia com bicarbonato raram ente é necessária exceto em caso de acidem ia extrem a (pH < 7,1) e, m esm o assim , apenas em quantida des lim itadas. Os pacientes com CAD geralm ente apresentam deple ção volum étrica e necessitam de reposição hídrica com solução sali na isotônica. Entretanto, não é incom um a ocorrência de expansão excessiva com a adm inistração de líquidos IV, o que contribui para o desenvolvim ento de acidose hiperclorêm ica durante o tratam ento da CAD. A p edra angular para o tratam ento desse estado consiste na adm inistração de insulina regular IV, descrita m ais detalhadam ente no C apítulo 344.
Cetoacidose alcoólica (CAA)
Os alcoolistas crônicos podem apre se n tar cetoacidose q u a n d o o co n su m o de álcool é b ruscam ente in terrom pido e a nutrição deixa a desejar. A CAA geralm ente está associada a consum o excessivo de álcool, vôm itos, do r abdom inal, inanição e hipovolem ia. A concentração de glicose é variável, e a acidose pode ser grave em razão dos níveis elevados de corpos cetô nicos, predom inantem ente (3 -hidroxibutirato. A hipoperfusão pode acentuar a produção de ácido láctico, a alcalose respiratória crônica po d e a com panhar u m a doença h epática e é possível que vôm itos resultem em alcalose m etabólica (consultar a relação entre AHA e A H C 0 3~). Assim, distúrbios ácido-básicos m istos são com uns nos casos de CAA. À m edida que a circulação é restaurada p o r m eio da adm inistração de solução salina isotônica, o acúm ulo preferencial de (3 -hidroxibutirato é alterado p ara acetoacetato, o que explica a observação clínica freqüente de reações do n itroprussiato crescen tem ente positivas à proporção que o paciente m elhora. A reação do nitroprussiato p ara os corpos cetônicos (Acetest) é capaz de detectar o ácido acetoacético, m as não o (3 -hidroxibutirato, de m odo que o grau de cetose e de cetonúria p ode ser inicialm ente subestim ado. Os pacientes com CAA geralm ente se apresentam com função renal relativam ente norm al ao contrário do que é observado nos casos de CAD, nos quais a função renal m uitas vezes e ncontra-se com pro m etida em razão de depleção v olum étrica (diurese osm ótica) ou n e fropatia diabética. O paciente com CAA e função renal preservada é capaz de excretar quantidades relativam ente grandes de cetoácidos na urina e, portanto, pode apresentar u m HA relativam ente norm al e discrepância na relação A H A /A H C 0 3~.
TRATAMENTO
Cetoacidose alcoólica
Déficits de líquido extracelular quase sem pre acom panham a CAA, devendo ser repostos p o r m eio da adm inistração por via intravenosa de solução salina e glicose (glicose a 5% em NaCl a 0,9%). A hipofosfatem ia, h ip o p o ta ssem ia e hipom agnesem ia podem coexistir, devendo ser corrigidas. Em geral, a hipofosfa tem ia surge 12 a 24 h após a internação, pode ser exacerbada pela
infusão de glicose e, quando grave, induzir à rabdom iólise. Esse distúrbio é algum as vezes acom panhado de hem orragia digestiva alta, pancreatite e pneum onia.
Acidose induzida por fármacos e toxinas Salicilatos
(Ver tam bém o C apítulo e-49.) Em adultos, a intoxica ção po r salicilatos geralm ente provoca alcalose respiratória ou um a com binação de acidose m etabólica com HA elevado e alcalose respi ratória. Apenas parte do HA se deve aos salicilatos. Com frequência, a produção de ácido láctico tam bém fica aum entada.
acidose m etabólica e lesão grave do SNC, do coração, dos pulm ões e dos rins. O aum ento do HA do hiato osm olar é atribuível ao etileno glicol e aos seus m etabólitos, ácido oxálico, ácido glicólico e outros ácidos orgânicos. A p ro d u ç ão de ácido láctico a u m e n ta sec u n d a riam ente à inibição do ciclo dos ácidos tricarboxílicos e à alteração do estado redox intracelular. O diagnóstico é facilitado pela id en tificação de cristais de oxalato n a u rin a, presença de hiato osm olar n o soro e acidose com HA elevado. Nesse contexto, o tratam en to não deve ser adiado e n q u an to se aguarda a dosagem dos níveis de etilenoglicol.
______ | TRATAMENTO
TRATAMENTO
Acidose induzida por salicilatos
O tratam ento inclui a im ediata instituição de diurese salina ou osm ótica, suplem entos de tia m in a e piridoxina, fom epizol ou etanol, e hem odiálise. A adm inistração p o r via intravenosa do in ibidor da álcool desidrogenase, o fom epizol (4-m etilpirazol; 15 m g/kg com o dose de ataque), ou de etanol IV, para obter um nível de 22 m m ol/L (100 m g/dL ), ajuda a reduzir a toxicidade, pois am bos com petem com o etilenoglicol pelo m etabolism o da álcool desidrogenase. O fom epizol, em bora dispendioso, constitui o agente de escolha e oferece a vantagem de um declínio previsí vel dos níveis de etilenoglicol sem o em botam ento excessivo que ocorre durante a infusão do álcool etílico. A hem odiálise está in dicada quando o pH arterial é < 7,3, ou o hiato osm olar excede 20 m O sm /kg.
Metanol
(Ver tam bém o C apítulo e-49.) A ingestão de m etanol (ál cool de m adeira) causa acidose m etabólica, e seus m etabólitos, o form aldeído e o ácido fórm ico, provocam lesão grave do nervo óptico e do SNC. O ácido láctico, os cetoácidos e outros ácidos orgânicos não identificados podem c ontribuir para a acidose. Em razão de sua baixa m assa m olecular (32 Da), verifica-se habitualm ente a presença de hiato osmolar.
TRATAMENTO Álcoois
Na m aioria dos estados fisiológicos, o sódio, a ureia e a glicose são responsáveis pela pressão osm ótica do sangue. A o sm o lalidade plasm ática é calculada de acordo com a seguinte expressão: Posm = 2N a+ + Gli + u reia (todos expressos em m m ol/L ) ou, utilizando os valores laboratoriais convencionais, em que a glicose e a ureia são expressas em m iligram as p o r decilitro: Posm = 2N a+ + G li/18 + ureia/2,8. A osm olalidade calculada e determ in ad a deve ter um a concordância dentro de um a faixa de 10-15 m m ol/kg de H zO. Q uando a osm olalidade m edida ultrapassa a osm olalidade calculada em > 15-20 m m ol/kg de H 20 , prevalece um a das duas circunstâncias seguintes. O u o sódio sérico está artificialm ente baixo, conform e observado na hiperlipidem ia ou n a hiperproteinem ia (pseudo-hiponatrem ia), ou houve acúm ulo no plasm a de osm olitos diferentes dos sais de sódio, glicose ou ureia. Exem plos desses osm olitos incluem o m anitol, m eios de contraste radiológicos, etanol, álcool isopropílico, etilenoglicol, propilenoglicol, m etanol e acetona. N esta situação, a diferença entre a osm olalidade calculada e a m ed id a (hiato osmolar) é proporcional à concentração de soluto não m edido. D iante de história clínica apropriada e elevado índice de suspeita, a identifica ção de um hiato osm olar ajuda a identificar a presença de acidose com HA associada a intoxicação. Três álcoois p odem p ro d u z ir in toxicações fatais: etilenoglicol, m etanol e álcool isopropílico. Todos produzem hiato osmolar, m as apenas os dois prim eiros causam um a acidose com HA elevado.
Etilenoglicol
(Ver tam b é m o C a p ítu lo e-49.) A ingestão de etile noglicol (com um ente utilizado com o an ticongelante) resulta em
Acidose e Alcalose
D eve-se in iciar im ed iatam en te p o r um a lavagem gástrica v i gorosa com solução salina isotônica (m as não com N a H C 0 3), seguida pela adm in istração de carvão ativado através do tubo NG. No paciente acidótico, para facilitar a rem oção do salicilato, adm inistra-se N a H C 0 3 IV em q u antidades adequadas para alcalinizar a u rin a e m an ter o débito u rin á rio (pH u rin á rio > 7,5). A pesar de essa form a de tratam en to ser direta nos pacientes com acidose, a p resença conco m itan te de alcalose resp irató ria pode to rn a r tal abordagem perigosa. Os pacientes com alcalem ia não devem receber N a H C 0 3~. Nestes casos, pode-se adm inistrar acetazolam ida quando não for possível obter um a diurese alca lina, ou para m elhorar a sobrecarga volum étrica associada à a d m inistração de N a H C 0 3~; todavia, esse fárm aco p o d erá p ro v o car acidose m etabólica sistêm ica se o H C 0 3~ não for reposto. A possibilidade de haver hipopotassem ia a com panhando a diurese alcalina deve ser prevista, e o quadro tratad o p ro n tam en te e de form a agressiva. D evem -se a d m in istrar soluções glicosadas em razão do risco de hipoglicem ia. As perdas insensíveis excessivas de líquido podem causar grave depleção de volum e e h ip ern a tre m ia. Q uando a presença de insuficiência renal im pede a rápida depuração dos salicilatos, pode-se efetuar um a hem odiálise com dialisado à base de bicarbonato.
Acidose induzida por etilenoglicol
Acidose induzida por metanol
Assem elha-se ao da intoxicação p o r etilenoglicol, incluindo m e didas gerais de suporte, adm inistração de fom epizol e hem odiáli se (conform e indicado anteriorm ente).
Álcool isopropílico
O isopropanol ingerido é rapidam ente absorvido, podendo ser fatal q u ando são consum idos volum es de apenas 150 mL nas form as de loção, solvente ou desgelador. Um nível plasmático > 400 m g/dL representa am eaça à vida. O álcool isopropílico difere do etilenoglicol e do m etanol na m edida em que o com posto original, e não seus m etabólitos, causa toxicidade, e não há acidosecom HÁ, visto que a acetona é rapidam ente excretada.
TRATAMENTO
Toxicidade por álcool isopropílico
A intoxicação pelo álcool isopropílico é tratad a m antendo o p a ciente sob vigilância com terapia de suporte; líquidos IV, vasopressores, suporte ventilatório, caso necessário, e, em alguns ca sos, hem odiálise para o com a prolongado ou níveis > 400 mg/dL.
Insuficiência renal (Ver tam bém C apítulo 280.) A acidose hiperclorêm ica da insuficiên cia renal m oderada transform a-se finalm ente em acidose com HA
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elevado da insuficiência renal avançada. A filtração e reabsorção de ficientes de ânions orgânicos contribuem para a patogenia. Com a progressão da doença renal, o núm ero de néfrons funcionantes acaba se tornando insuficiente para acom panhar o ritm o da produção efe tiva de ácidos. Por conseguinte, a acidose urêm ica caracteriza-se por um a taxa reduzida de produção e excreção de N H 4+. O ácido retido na doença renal crônica é tam ponado p o r sais alcalinos provenien tes dos ossos. A despeito da retenção significativa de ácido (até 20 m m ol/dia), a [H C 0 3~] sérica não dim inui mais, indicando a p a rti cipação de tam pões fora do com partim ento extracelular. A acidose m etabólica crônica resulta em perda significativa da m assa óssea de vido a um a redução do carbonato de cálcio ósseo. A acidose crônica tam bém aum enta a excreção urinária de cálcio proporcionalm ente à retenção cum ulativa de ácidos.
QUADR0 47.5 Causas da acidose sem hiato aniônico I. Perda gastrintestinal de bicarbonato A. Diarréia B. Drenagem externa do pâncreas ou intestino delgado C. Ureterossigmoidostomia, alça jejunal e alça ileal D. Fármacos 1. Cloreto de cálcio (agente acidificante) 2. Sulfato de magnésio (diarréia) 3. Colestiramina (diarréia por ácidos biliares) II. Acidose renal A. Hipopotassemia 1. ATR proximal (tipo 2)
TRATAMENTO
Insuficiência renal
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Em razão da associação entre acidose da insuficiência renal e catabolism o m uscular e doença óssea, as acidoses urêm ica e hiper clorêm ica da insuficiência renal exigem a reposição oral de álca lis para m anter a [H C 0 3‘] entre 20 e 24 m m ol/L, o que pode ser obtido com quantidades relativam ente m oderadas de álcalis ( 11,5 m m ol/kg/dia do peso corporal). O citrato de sódio (solução de Shohl) ou os com prim idos de N a H C 0 3 (os com prim idos de 650 m g contêm 7,8 m Eq) são sais alcalinizantes igualm ente eficazes. O citrato potencializa a absorção de alum ínio pelo trato gastrin testinal, nunca devendo ser a d m in istrad o concom itantem ente com antiácidos à base de alum ínio devido ao risco de intoxicação p or alum ínio. Na presença de hiperpotassem ia, deve-se adicionar furosem ida (60-80 m g/dia).
Induzida por fármaco: anfotericina B, ifosfamida B. Hiperpotassemia 1. Disfunção generalizada do néfron distai (ATR tipo 4) a. Deficiência de mineralocorticoides b. Resistência aos mineralocorticoides (PHA tipo I autossômico dominante) c. Defeito na voltagem (PHA autossômico dominante tipos I e
II) d. Doença tubulointersticial III. Hiperpotassemia induzida por fármacos A. Diuréticos poupadores de potássio (amilorida, triantereno, espironolactona) B. Trimetoprima C. Pentamidina
■ ACIDOSES METABÓLICAS SEM HIATO ANIÔNICO Pode ocorrer a perda de álcalis pelo trato gastrintestinal na d iar réia ou pelos rins (acidose tubular renal, ATR). Nesses distúrbios (Q uadro 47.5), as alterações recíprocas na [Cl ] e [H C 0 3~] resultam em HA norm al. Por isso, na acidose sem HÁ pura, o aum ento da [Cl~] acim a do valor norm al aproxim a-se da redução observada na [H C 0 3*]. A ausência dessa relação sugere u m distúrbio m isto.
D. lECAeBRA E. Anti-inflamatórios não esteroides F. Ciclosporina e tacrolimus IV. Outras A. Cargas de ácidos (cloreto de amônio, hiperalimentação) B. Perda de bicarbonato potencial: cetose com excreção de corpos cetônicos C. Acidose por expansão (administração rápida de solução salina)
TRATAMENTO
Acidoses metabólicas sem hiato aniônico
N a diarréia, as fezes contêm valores m ais altos de [H C 0 3~] e H C 0 3" decom posto do que o plasm a, razão pela qual ocorre aci dose m etabólica juntam ente com depleção de volume. Em vez de um pH urinário ácido (com o seria esperado na acidose sistêm i ca), o pH urinário situa-se habitualm ente em torno de 6, visto que a acidose m etabólica e a hipopotassem ia aum entam a síntese e a excreção renais de N H 4+, proporcionando, assim, um tam pão uri nário que aum enta o pH da urina. A acidose m etabólica causada po r perdas gastrintestinais com pH urinário elevado pode ser di ferenciada da ATR, visto que a excreção urinária de N H 4+ é baixa na ATR e elevada na presença de diarréia. Os níveis urinários de N H 4+ podem ser estim ados ao calcular o hiato aniônico urinário (HAU): HAU = [Na+ + K+]u - [CL]U. Q uando [Cl"]u > [Na+ + K+], o HAU é, p o r definição, negativo. Isso indica que o nível u rin á rio de am ônio está apropriadam ente aum entado, sugerindo um a causa extra-renal para a acidose. Por outro lado, quando o HAU é positivo, o nível urinário de am ônio m ostra-se baixo, sugerindo um a causa renal para a acidose.
A perda de parênquim a renal funcionante em decorrência de doença renal progressiva resultará em acidose hiperclorêm ica, quan-
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Induzida por fármaco: acetazolamida, topiramato 2. ATR distai (clássica) (tipo 1)
D. Hipurato E. Resinas de troca catiônica Nota; IECA, inibidorda enzima conversora da angiotensina; BRA, bloqueador do receptor da an giotensina; PHA, pseudo-hipoaldosteronismo; ATR, acidose tubular renal.
do a taxa de filtração glom erular (TFG) estiver entre 20 e 50 m L/m in, e em acidose urêm ica com HA elevado, quando a TFG cair para < 20 m L/m in. N a insuficiência renal avançada, a am oniagênese apresenta -se reduzida proporcionalm ente à perda da m assa renal funcional, e o acúm ulo e a retenção de am ônio no túbulo coletor m edular externo tam bém podem ficar afetados. Em razão dos aum entos adaptativos na secreção de K+ pelo dueto coletor e colo, a acidose da insuficiência renal crônica é norm opotassêm ica. A ATR proxim al (ATR tipo 2) (Cap. 284), na m aioria das vezes, é causada p or disfunção tubular proxim al generalizada que se m ani festa por glicosúria, am inoacidúria generalizada e fosfatúria (síndro m e de Fanconi). Na presença de baixas concentrações plasmáticas de [H C 0 3~], o pH urinário apresenta-se ácido (pH < 5,5). A excreção fracionada de [H C 0 3‘] pode ultrapassar 10-15%, quando o H C 0 3‘ sérico é > 20 m m ol/L. C om o norm alm ente o H C 0 3" não é reabsorvido no túbulo proxim al, a terapia com N a H C 0 3 intensifica a perda renal de potássio e a hipopotassem ia.
ALCALOSE METABÓLICA A alcalose m etabólica m anifesta-se p or elevação do pH arterial, au m entos da [H C 0 3‘] sérica e da Pacc>2 em conseqüência da hipoventilação alveolar com pensatória (Q uadro 47.1). C om frequência, é acom panhada p o r hipoclorem ia e hipopotassem ia. O pH arterial es tabelece o diagnóstico, visto que fica aum entado na alcalose m etabó lica e dim inuído ou norm al na acidose respiratória. C ostum a ocorrer alcalose m etabólica em associação a outros distúrbios, com o acidose ou alcalose respiratórias, ou acidose m etabólica.
■ PATOGENIA A alcalose m etabólica decorre de um ganho efetivo de [H C 0 3“] ou da perda de ácido não volátil (geralm ente de HC1 p o r vôm itos) do líquido extracelular. Para que o H C 0 3" seja acrescentado ao líquido extracelular, ele precisa ser adm inistrado de form a exógena ou sinte tizado por via endógena, em parte ou totalm ente pelos rins. C om o é incom um o acréscim o de álcalis ao organism o, o distúrbio envolve um estágio de geração em que a perda de ácido costum a provocar alcalose e um estágio de m anutenção em que os rins não conseguem com pensar a situação com a excreção de H C 0 3~. Em circunstâncias norm ais, os rins têm um a im pressionante ca pacidade de excretar H C 0 3~. A persistência da alcalose m etabólica representa um a falha dos rins em elim inar o H C 0 3~ da m aneira h a bitual. Os rins não excretarão, m as reterão o excesso de álcalis e irão m anter a alcalose se houver (1) deficiência de volum e, cloreto e K+ em associação a um a redução da TFG, aum entando a secreção tu b u lar distai de H +; ou (2) hipopotassem ia devido a hiperaldosteronism o autônom o. Na prim eira situação, a alcalose é corrigida pela adm inis tração de NaCl e KC1, ao passo que na segunda é necessário corrigir a alcalose m ediante intervenção farm acológica ou cirúrgica, m as não com a adm inistração de solução salina.
QUADRO 47.6
Causas da alcalose metabólica
I. Cargas exógenas de HC03“ A. Administração aguda de álcalis B. Síndrome do leite-álcali II. Contração do VLEC efetivo, normotensão, deficiência de K+ e hiperaldosteronismo hiper-reninênico secundário A. Origem gastrintestinal 1. Vômitos 2. Aspiração gástrica 3. Diarréia clorética congênita 4. Adenoma viloso B. Origem renal 1. Diuréticos 2. Estado pós-hipercapnia 3. Hipercalcemia/hipoparatireoidismo 4. Recuperação da acidose láctica ou da cetoacidose 5. Ânions não reabsorviveis, incluindo a penicilina e carbenicilina 6. Deficiência de Mg2+ 7. Depleção de K+ 8. Síndrome de Bartter (mutações com perda de função no RAEAH) 9. Síndrome de Gitelman (mutação com perda de função no co-transportador de Na+-CI“ no TCD) III. Expansão do VLEC, hipertensão, deficiência de K+ e excesso de mineralocorticoides A. Renina elevada
Acidose e Alcalose
O s achados típicos nas form as adq u irid as ou hered itárias de ATR distai clássica (ATR tipo 1) consistem em hipopotassem ia, aci dose m etabólica sem HA, baixa excreção u rin ária de N H 4+ (HAU positivo, baixa concentração u rin ária de [N H 4+]) e pH urin ário ex cessivam ente alto (> 5,5). A m aioria dos pacientes apresenta hipocitratúria e hipercalciúria, de form a que são com uns a nefrolitíase, nefrocalcinose e doença óssea. Na disfunção generalizada do néfron distai (ATR tipo 4), a hiperpotassem ia é desproporcional à redução da TFG em razão de haver disfunção concom itante na secreção de potássio e ácido. A excreção u rin ária de am ônio fica invariavelm en te deprim ida, e a função renal po d e estar com p ro m etid a, com o, por exemplo, na nefropatia diabética, na u ropatia obstrutiva o u na doença tubulointersticial crônica. O h ip o ald o ste ro n ism o h ip o rre n in ê m ic o cara cte ristica m en te causa acidose m etabólica sem HA, m ais c o m u m e n te em adultos idosos com diabetes m elito ou d o e n ça tu b u lo in terstic ia l e in su fi ciência renal. Em geral, os pacientes apresentam DRC leve a m o derad a (TFG de 20-50 m L /m in) e acidose, com elevação da [K+] sérica (5,2-6,0 m m ol/L ), hip erten são concom itante e insuficiência cardíaca congestiva. A acidose m etabólica e a hip erp o tassem ia são desproporcionais à dim inuição da TFG. Os anti-inflam atórios não esteroides, a trim e to p rim a, a p e n ta m id in a e os in ib id o res da e n zim a conversora da ang io ten sin a (ECA) tam b é m p o d e m causar acidose m etabólica sem HA em pacientes com insuficiência renal (Q uadro 47.5).
1. Estenose da artéria renal 2. Hipertensão acelerada 3. Tumor secretor de renina 4. Terapia com estrogênio B. Renina baixa 1. Aldosteronismo primário a. Adenoma b. Hiperplasia c. Carcinoma 2. Defeitos das enzimas supra-renais a. Deficiência de 11 p-hidroxilase b. Deficiência de 17 a-hidroxilase 3. Síndrome ou doença de Cushing 4. Outras a. Alcaçuz b. Carbenoxolona c. Fumo de mascar IV. Mutação com ganho de função do canal renal de sódio com a expansão do VLEC, hipertensão arterial, deficiência de K+ e hipoaldosteronismo hiporreninêmico A. Síndrome de Liddle Nota'. TCD, túbulo contorcido distai; VLEC, volume de líquido extracelular; RAEAH, ramo ascen dente espesso da alça de Henle.
■ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Para estabelecer a causa da alcalose m etabólica (Q u ad ro 47.6), é n e cessário avaliar o estado do volum e de líquido extracelular (VLEC), a pressão arterial em decúbito e na posição ortostática, a [K+] sérica e o sistem a renina-aldosterona. Por exemplo, a presença de h ip erten são e hipopotassem ia crônicas em um paciente com alcalose sugere excesso de m ineralocorticoides ou uso de diuréticos po r u m paciente hipertenso. Baixa atividade plasm ática da renina com [Na+] e [Cl-]
urinárias norm ais em um paciente que não está utilizando diuréticos indica um a síndrom e de excesso prim ário de m ineralocorticoides. A associação de hipopotassem ia e alcalose em um paciente norm otenso sem edem a pode ser devida à síndrom e de B artter ou de Gitelm an, deficiência de m agnésio, vôm itos, álcalis exógenos ou ingestão de diuréticos. A determ inação dos eletrólitos u rinários (em particular
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da [Cl"] urinária) e a triagem da urin a para a detecção de diuréticos podem ser úteis. Se a urin a for alcalina, com [Na*] e [K+] elevadas, mas com [Cl-] baixa, o diagnóstico consistirá habitualm ente em vô m itos (evidentes ou cam uflados) ou ingestão de álcalis. Se a urina es tiver relativam ente ácida, com baixas concentrações de N a \ K+e CT, as possibilidades mais prováveis serão os vôm itos prévios, estado de pós-hipercapnia ou ingestão pregressa de diuréticos. No entanto, se não ocorrer redução nas concentrações urinárias de sódio, potássio ou cloreto, deverá ser considerada a possibilidade de deficiência de magnésio, síndrom e de Bartter ou de G itelm an, ou ingestão atual de diuréticos. A síndrom e de B artter pode ser diferenciada da síndrom e de G itelm an devido à ocorrência de hipocalciúria e hipom agnesem ia nesta últim a.
Administração de álcalis
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
A adm inistração crônica de álcalis a indivíduos com função renal norm al raram ente ou nunca provoca alcalose. Todavia, em pacien tes com distúrbios hem odinâm icos coexistentes, pode-se verificar o desenvolvim ento de alcalose, um a vez que a capacidade norm al em excretar o H C 0 3~ pode ser excedida ou haver o aum ento da reabsor ção de H C 0 3’. Esses pacientes incluem os que recebem H C 0 3~ (VO ou IV), cargas de acetato (soluções de hiperalim entação parenteral), cargas de citrato (transfusões) ou antiácidos juntam ente com resinas de troca catiônica (hidróxido de alum ínio e sulfonato de polistireno sódico). Os pacientes com assistência dom iciliar que recebem ali m entação p o r sonda apresentam m aior incidência de alcalose m e tabólica do que aqueles tam bém com assistência dom iciliar, m as que recebem alim entação oral.
■ ALCALOSE METABÓLICA ASSOCIADA À CONTRAÇÃO DO VLEC, DEPLEÇÃO DE K+ E HIPERALDOSTERONISMO HIPERRENINÊMICO SECUNDÁRIO Origem gastrintestinal A p erda gastrintestinal de H ' em decorrência de vôm itos ou aspi ração gástrica resulta na retenção de H C 0 3". A p e rd a de líquido e de NaCl nos vôm itos ou n a aspiração nasogástrica resulta em c o n tração do VLEC e aum ento n a secreção de re n in a e aldosterona. A contração do volum e, p o r m eio da redução da TFG, aum enta a capacidade de reabsorção de H C 0 3" pelo túbulo renal. E ntretanto, d urante episódios ativos de vôm itos a carga de bicarbonato filtrado aum enta agudam ente a p onto de exceder a capacidade de reab so r ção de H C 0 3“ pelo túbulo proxim al. O excesso de N a H C 0 3 deixa o túbulo proxim al e atinge o túbulo distai, on d e a secreção de H + é potencializada pela aldosterona e pelo aporte do ân io n pouco reabsorvido, H C 0 3~. A correção da contração do VLEC com NaCl e a restauração dos déficits de K+ corrigem o distúrbio ácido-básico e a deficiência de cloro.
Origem renal Diuréticos (Ver tam b ém C apítulo 234.) Os fárm acos que induzem à clorurese, com o os tiazídicos e os diuréticos de alça (furosem ida, bum etanida, torsem ida e ácido etacrínico), dim inuem agudam ente o VLEC, sem alterar o conteúdo corporal total de bicarbonato. Verifica-se um aum ento da [H C 0 3~] sérica um a vez que o VLEC reduzido contrai a [H C 0 3~] plasm ática (alcalose de contração). A adm inistra ção crônica de diuréticos tende a p roduzir alcalose p o r aum entar o aporte distai de sais com o conseqüente estím ulo da secreção de K+ e H +. A alcalose é m antida pela persistência da contração do VLEC, pelo hiperaldosteronism o secundário, pela deficiência de K+ e pelo efeito direto do diurético (enquanto ele for adm inistrado). C onse gue-se corrigir a alcalose com a adm inistração de solução salina iso tônica para corrigir o déficit do VLEC. Distúrbios com perda de solutos: síndrome de Bartter e síndrome de Gi telman Ver o C apítulo 284.
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Ânions não reabsorvíveis e deficiência de magnésio A adm inistração de grandes quantidades de ânions não reabsorvíveis, com o a penicili na ou carbenicilina, pode aum entar a acidificação distai e a secreção de K+ p or aum entar a diferença de potencial transepitelial. A defi ciência de Mg2+ resulta em alcalose hipopotassêm ica ao intensificar a acidificação distai m ediante a estim ulação da renina e, portanto, da secreção de aldosterona. Depleção de potássio A depleção crônica de K+ pode causar alcalose m etabólica, pois aum enta a excreção urinária de ácidos. A produção e a absorção de N H / ficam aum entadas, e ocorre a estim ulação da reabsorção de H C 0 3~. A deficiência crônica de K+exerce um a regula ção ascendente sobre a H ', K+-ATPase renal, tornando m aior a absor ção de K+ à custa do aum ento da secreção de H +. A alcalose associada à depleção grave de K+ m ostra-se resistente à adm inistração de sal, m as é corrigida pelo reparo da deficiência de K+. Após tratam ento da acidose láctica ou da cetoacidose Q u an d o um estím ulo subjacente para a geração de ácido láctico ou de cetoácidos é rem ovido rapidam ente, com o na correção da insuficiência circu latória ou na insulinoterapia, o lactato ou os co rp o s cetônicos são m etabolizados, p roduzindo u m a quantidade equivalente de H C 0 3‘. O utras fontes de H C 0 3" novo são acrescentadas à quan tid ad e o ri ginal gerada pelo m etabolism o de ânions orgânicos, crian d o um excesso de H C 0 3~. Essas fontes incluem ( 1) H C 0 3~ novo, adiciona do ao sangue pelos rins em conseqüência do aum ento da excreção de ácidos d u ran te o p e río d o preexistente de acidose, e (2) terapia com álcalis d urante a fase de tratam e n to da acidose. A contração do VLEC induzida p o r acidose e a deficiência de K+ atuam m antendo a alcalose. Pós-hipercapnia A retenção prolongada de C 0 2 com acidose respi ratória crônica eleva a absorção renal de H C 0 3" e a geração de H C 0 3~ novo (excreção final de ácido aum entada). Se houver a norm alização da PaC02, ocorrerá alcalose m etabólica devido à elevação persistente da [H C Õ 3 ]. A alcalose surgirá se a PaCo 2 elevada for bruscam ente norm alizada em conseqüência de alteração na ventilação controla da m ecanicam ente. A contração associada do VLEC não perm ite a correção com pleta da alcalose ao corrigir apenas a PaC02, e a alcalose persiste até que seja fornecido um suplem ento de Cl .
■ ALCALOSE METABÓLICA ASSOCIADA À EXPANSÃO DO VLEC, HIPERTENSÃO ARTERIAL E HIPERALDOSTERONISMO Níveis elevados de aldosterona p odem ser causados p o r um a p ro dução excessiva p rim ária e autônom a pela supra-renal, ou podem ser secundários à superprodução de renina pelos rins. O excesso de m ineralocorticoides aum enta a excreção final de ácido, podendo re sultar em alcalose m etabólica, que pode ser agravada p or deficiência associada de K+. A expansão do VLEC em decorrência da retenção de sal provoca hipertensão. A caliurese persiste em razão do excesso de m ineralocorticoides e da absorção distai de N a+, produzindo o au m ento da excreção de K+, depleção contínua de K+, com polidipsia, incapacidade de concentrar a u rin a e poliúria. A síndrom e de Liddle (C ap. 284) resulta de um aum ento ma atividade dos canais de N a+ nos duetos coletores (ENaC) e consti tui um a form a m onogênica rara de hipertensão devido à expansão do volume, que se m anifesta com o alcalose hipopotassêm ica e níveis norm ais de aldosterona.
Sintomas Na presença de alcalose m etabólica, as alterações das funções do SNC e do sistem anervoso periférico assem elham -se às da hipocalcem ia (Cap. 352). Os sintom as incluem confusão m ental, em botam ento e predisposição a convulsões, parestesia, cãibras m usculares, tetania, agravam ento de arritm ias e hipoxem ia na doença pulm onar ob stru tiva crônica. As anorm alidades eletrolíticas relacionadas incluem h i popotassem ia e hipofosfatemia.
TRATAMENTO
Alcalose m etabólica
Distúrbios ácido-básicos respiratórios
Alcalose A. Estimulação do sistema nervoso central 1. Dor 2. Ansiedade, psicose 3. Febre 4. Acidente vascular encefálico 5. Meningite, encefalite 6. Tumor 7. Traumatismo B. Hipoxemia ou hipoxia tecidual 1. Grandes altitudes 2. Pneumonia, edema pulmonar 3. Aspiração 4. Anemia grave C. Fármacos ou hormônios 1. Gravidez, progesterona 2. Salicilatos 3. Insuficiência cardíaca D. Estimulação dos receptores torácicos 1. Hemotórax 2. Tórax instável
ACIDOSE RESPIRATÓRIA A acidose respiratória pode originar-se de doença pu lm o n ar grave, fadiga dos m úsculos respiratórios ou anorm alidades no controle da ventilação. Sua presença é identificada p o r aum ento da PaC02 e red u ção do pH (Q u ad ro 47.7). Na acidose respiratória aguda, verifica-se elevação com pensatória im ediata (devido a m ecanism os de tam ponam ento celular) do H C 0 3-, que aum enta 1 m m ol/L para cada 10 m m H g de aum ento da PaC02. Na acidose respiratória crônica (> 24 h), a adaptação renal aum enta a [H C 0 3~] em 4 m m ol/L para cada 10 m m H g de aum ento da PaCo 2- Em geral, o H C 0 3" sérico não u ltra passa 38 mmol/L. As m anifestações clínicas variam de acordo com a gravidade e a duração da acidose respiratória, a doença subjacente e o fato de haver hipoxem ia concom itante. Um a elevação rápida da PaCo 2p ode causar ansiedade, dispnéia, confusão, psicose e alucinações, bem como, em alguns casos, evoluir para o coma. Os graus m enores de disfunção na hipercapnia crônica incluem distúrbios do sono, perda de m em ória, sonolência diurna, transtornos da personalidade, dificuldade de co ordenação e distúrbios m otores, com o trem or, abalos m ioclônicos e asterixe. As cefaleias e outros sinais que sim ulam um a hipertensão intracraniana, com o papiledem a, reflexos anorm ais e fraqueza m us cular focal, são devidos à vasoconstrição secundária à perda dos efei tos vasodilatadores do C 0 2. A depressão do centro respiratório p o r u m a variedade de d ro gas, lesão ou doença pode ocasionar acidose respiratória. Esse q u a dro pode ocorrer de form a aguda com anestésicos gerais, sedativos e traum atism o craniano, ou, de form a crônica, com sedativos, álcool, tum ores intracran ian o s e síndrom es de d istúrbio respiratório do sono, incluindo síndrom es alveolares p rim árias e de obesidade-hipoventilação (Caps. 264 e 265). As anorm alidades ou doenças dos n e u rônios m otores, da junção neurom uscular e da m usculatura esquelé tica podem causar hipoventilação p o r m eio da fadiga dos m úsculos respiratórios. A ventilação m ecânica, se não for ap ropriadam ente ajustada ou supervisionada, poderá resultar em acidose respiratória, sobretudo nos casos em que ocorre o aum ento súbito da produção de C 0 2 (devido à febre, agitação, sepse ou alim entação excessiva), ou se houver a queda da ventilação alveolar devido ao agravam ento da fu n ção pulm onar. Os níveis elevados da pressão expiratória final positi-
3. Insuficiência cardíaca 4. Embolia pulmonar E. Diversos
Acidose e Alcalose
O tratam en to visa, basicam ente, à correção do estím ulo subja cente à geração de H C 0 3~. Se houver aldosteronism o prim ário, estenose da artéria renal ou síndrom e de C ushing, a correção da causa subjacente reverterá a alcalose. A perda de [H +] pelo estô m ago ou pelos rins pode ser reduzida pelo uso de inibidores da bom ba de prótons ou pela suspensão dos diuréticos. O segundo aspecto do tratam en to consiste em rem over os fatores que sus tentam a elevação in apropriada da reabsorção de H C 0 3~, com o a contração do VLEC ou a deficiência de K+. E m bora seja neces sário corrigir sem pre os déficits de K+, o uso de solução salina isotônica costum a ser suficiente para reverter a alcalose se h o u ver a contração do VLEC. Se houver distúrbios associados que im peçam a infusão de so lução salina, a perda renal de H C 0 3~poderá ser acelerada pela a d m inistração de acetazolam ida, um inibidor da anidrase carbônica que costum a ser eficaz em pacientes com função renal adequada, m as que pode agravar as perdas de K+. O ácido clorídrico diluído (HC1 de 0,1 N) tam bém é eficaz, m as pode causar hem ólise, de vendo ser adm inistrado de m odo central e lentam ente. A h e m o diálise com dialisado contendo baixa concentração de [H C 0 3‘] e alta concentração de [Cl-] poderá ser eficaz se houver o com pro m etim ento da função renal.
QUADRO 47.7
1. Septicemia 2. Insuficiência hepática 3. Hiperventilação mecânica 4. Exposição ao calor 5. Recuperação da acidose metabólica Acidose A. Central 1. Fármacos (anestésicos, morfina, sedativos) 2. Acidente vascular encefálico 3. Infecção B. Vias respiratórias 1. Obstrução 2. Asma C. Parênquima 1. Enfisema 2. Pneumoconiose 3. Bronquite 4. Síndrome do desconforto respiratório agudo 5. Barotrauma D. Neuromuscular 1. Poliomielite 2. Cifoescoliose 3. Miastenia 4. Distrofias musculares E. Diversos 1. Obesidade 2. Hipoventilação 3. Hipercapnia permissiva
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
va, na presença de débito cardíaco reduzido, podem causar hipercap nia em virtude de grandes aum entos do espaço m orto alveolar (Cap. 252). A hipercapnia perm issiva está sendo utilizada com frequência crescente devido a estudos que sugerem um a taxa de m ortalidade m enor do que a observada com a ventilação m ecânica convencional, sobretudo na presença de doença do SNC ou cardiopatia ou grave. A acidose respiratória associada a hipercapnia perm issiva pode exigir a adm inistração de N a H C 0 3para au m entar o pH arterial para 7,5, porém a correção excessiva da acidem ia pode ser deletéria. A hipercapnia aguda sucede à oclusão súbita das vias respirató rias superiores ou a um broncospasm o generalizado, com o na asm a grave, na anafilaxia, nas queim aduras p o r inalação ou na lesão p or toxinas. O correm h ipercapnia e acidose respiratória crônicas no estágio term inal da doença pulm onar obstrutiva. Os distúrbios res tritivos que com prom etem a parede torácica e os pulm ões podem causar acidose respiratória, visto que o elevado custo m etabólico da respiração provoca a fadiga dos m úsculos respiratórios. Os estágios avançados dos defeitos restritivos intrapulm onares e extrapulm onares m anifestam -se com o acidose respiratória crônica. O diagnóstico de acidose respiratória exige a determ inação da PaCo 2 e do pH arterial. Com frequência, um a anam nese e um exame físico detalhados indicam a etiologia. As provas de função pulm onar (Cap. 252), incluindo espirom etria, capacidade de difusão do m o nóxido de carbono, volum es pulm onares bem com o PaC02 arterial e saturação de 0 2, geralm ente perm item que se estabeleça se a acidose respiratória é secundária a doença pulm onar. A avaliação das causas não pulm onares deve incluir história farm acológica detalhada, deter m inação do hem atócrito e avaliação das vias respiratórias superiores, parede torácica, pleura e função neurom uscular.
TRATAMENTO
Acidose respiratória
O tratam ento da acidose respiratória depende de sua gravidade e rapidez do início. A acidose respiratória aguda po d e am eaçar a vida, devendo-se to m a r m edidas p ara reverter a causa subja cente, sim ultaneam ente com restauração da ventilação alveolar adequada, o que pode exigir intubação traq u eal e ventilação m ecânica assistida. A adm inistração de oxigênio deve ser cu i dadosam ente ajustada p ara os pacientes com doença p u lm o n ar obstrutiva grave e retenção crônica de C 0 2 que estão respirando espontaneam ente (Cap. 260). Q uando se utiliza o oxigênio sem critério, esses pacientes podem sofrer o agravam ento da acido se respiratória. Deve-se evitar a correção agressiva e rápida da hipercapnia, pois a queda da P a C 0 2 pode provocar as m esm as com plicações observadas na alcalose respiratória aguda (isto é, arritm ias cardíacas, redução da perfusão cerebral e convulsões). A P a C 0 2 deve ser reduzida gradualm ente na acidose respiratória crônica com o objetivo de restaurar os níveis basais de P a C 0 2 e fornecer um a quantidade suficiente de Cl" e K+ para au m en tar a excreção renal de H C 0 3". C om frequência, é difícil corrigir a acidose respiratória crô nica, porém as m edidas visando à m elhora da função pulm onar (Cap. 260) ajudam alguns pacientes e im pedem a deterioração adicional na m aioria dos casos.
ALCALOSE RESPIRATÓRIA A h iperventilação alveolar d im in u i a PaCo 2 e a u m en ta a razão H C 0 37 P a C02, com conseqüente aum ento do pH (Q uadro 47.7). Os diferentes tam pões celulares do bicarbonato respondem p o r m eio do consum o de H C 0 3 . Verifica-se o desenvolvim ento de hipocapnia quando um estím ulo ventilatório forte o suficiente faz o débito de C 0 2 dos pulm ões ultrapassar sua produção m etabólica pelos tecidos. O pH e a [H C 0 3“] do plasm a parecem variar, p roporcionalm ente com a PaC02, em um a faixa de 40-15 m m H g. A relação entre a con centração arterial de [H+] e a PaC02 é de -0 ,7 m m ol/L por m m H g (ou 0,01 unidade de pH /m m H g), enquanto a da [ H C 0 3‘] plasm ática é
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de 0,2 m m ol/L p or m m H g. A hipocapnia m antida p o r > 2-6 h é adi cionalm ente com pensada pela redução da excreção renal de am ônio e de ácidos tituláveis, bem com o pela dim inuição na reabsorção de H C 0 3" filtrado. A adaptação renal com pleta à alcalose respiratória pode levar vários dias e exige que a volem ia e a função renal estejam norm ais. Os rins parecem responder diretam ente à dim inuição da PaCo 2>e não à alcalose em si. Na alcalose respiratória crônica, um a queda de 1 m m H g na Pacc,2 provoca redução de 0,4 a 0,5 m m ol/L na [H C 0 3"] e de 0,3 m m ol/L (ou elevação de 0,003 no pH) na [H+]. Os efeitos da alcalose respiratória variam de acordo com sua d u ração e gravidade, m as são p rim ariam ente os da doença subjacente. A redução do fluxo sanguíneo cerebral em conseqüência de rápido declínio da PaC02 pode causar tontura, confusão m ental e convulsões m esm o na ausência de hipoxem ia. Os efeitos cardiovasculares da h i pocapnia aguda no ser h um ano consciente costum am ser m ínim os; entretanto, no paciente anestesiado ou sob ventilação mecânica, pode haver um a queda do débito cardíaco e da pressão arterial devido aos efeitos depressores da anestesia e ventilação com pressão positiva so bre a frequência cardíaca, a resistência sistêmica e o retorno venoso. Podem ocorrer arritm ias cardíacas em pacientes com cardiopatia em virtude de alterações na liberação de oxigênio pelo sangue em conseqüência de um desvio à esquerda da curva de dissociação da hemoglobina-oxigênio (efeito de Bohr). A alcalose respiratória aguda provoca deslocam entos intracelulares de N a+, K+ e P 0 4 2, bem com o reduz a [Ca2+] livre por aum entar a fração ligada à proteína. Em geral, a hipopotassem ia induzida p o r hipocapnia não é significativa. A alcalose respiratória crônica é o distúrbio ácido-básico mais com um em pacientes criticam ente enferm os e, quando grave, e n cerra um prognóstico som brio. M uitos distúrbios cardiopulm onares m anifestam -se com o alcalose respiratória nos estágios iniciais a interm ediários, e o achado de n o rm ocapnia e hipoxem ia em um paciente com hiperventilação pode indicar o início de insuficiência respiratória rápida, exigindo avaliação para determ inar se o paciente está apresentando fadiga. A alcalose respiratória é com um durante a ventilação mecânica. A síndrom e de hiperventilação pode ser incapacitante. As pares tesias, a dorm ência perioral, a dor ou a sensação de constrição na p a rede torácica, a tontura, a incapacidade de respirar adequadam ente e, em raras ocasiões, a tetania podem ser estressantes o suficiente para p erpetuar o distúrbio. A gasom etria arterial revela alcalose respira tória aguda ou crônica, frequentem ente com hipocapnia na faixa de 15-30 m m H g, sem hipoxem ia. As doenças ou lesões do SNC podem produzir diversos padrões de hiperventilação e níveis persistentes de PaC02 de 20-30 m m H g. O hipertireoidism o, as cargas calóricas ele vadas e o exercício físico aum entam o m etabolism o basal; entretanto, a ventilação aum enta de m odo proporcional, de m aneira que a gaso m etria arterial não é alterada, e a alcalose respiratória não se desen volve. Os salicilatos são a causa m ais com um de alcalose respiratória induzida por fárm acos devido à estim ulação direta do quim iorrecepto r bulbar (Cap. e49). As m etilxantinas, a teofilina e a am inofilina estim ulam a ventilação e aum entam a resposta ventilatória ao C 0 2. A progesterona aum enta a ventilação e dim inui a Pac o , arterial em até 5-10 m m H g. Por conseguinte, a alcalose respiratória crônica é um a característica com um da gravidez. A alcalose respiratória tam bém é proem inente na insuficiência hepática e sua gravidade correlaciona-se com o grau de insuficiência hepática. A alcalose respiratória m uitas vezes é um achado inicial da septicem ia por m icrorganism os G ram -negativos antes do início de febre, hipoxem ia ou hipotensão. O diagnóstico de alcalose respiratória depende da determ inação do pH arterial e da Pacc>2- A [K 1] plasm ática fica frequentem ente reduzida, enquanto a [Cl"] m ostra-se aum entada. Na fase aguda, a alcalose respiratória não está associada a aum ento da excreção re nal de H C 0 3"; entretanto, em poucas horas a excreção final de áci dos apresenta-se reduzida. Em geral, a concentração de H C 0 3 cai 2,0 m m ol/L para cada redução de 10 m m H g da Pac02. A hipocapnia crônica reduz a [H C 0 3~] sérica em 4,0 m m ol/L para cada redução de 10 m m H g na Pacc,2- Não é com um observar um a concentração plasmática de H C 0 3" < 12 m m ol/L em conseqüência de alcalose res piratória pura.
Q uando se estabelece o diagnóstico de alcalose respiratória, d e ve-se investigar sua causa. O diagnóstico da síndrom e de hip erv en tilação é estabelecido p o r exclusão. Nos casos difíceis, pode ser im portante excluir outros distúrbios, com o em bolia pulm onar, doença arterial coronariana (DAC) e hipertireoidism o.
TRATAMENTO
BIBLIOGRAFIA Metabolic alkalosis, in Primer on Kidney Diseases, 5 th ed, A Greenberg (ed). Saunders Elsevier, 2 0 0 9 , pp 8 4 -9 0 D u B o s e T D Jr : Acid-base disorders, in Brenner and Rectors The Kidney, 8 th ed, BM Brenner (ed). Philadelphia, Saunders, 2 0 0 8 , pp 5 0 5 -5 4 6 ----------- , A l p e r n RJ: Renal tubular acidosis, in The Metabolic and Molecular Bases oflnherited Disease, 8th ed, CR Scriver et al (eds). New York, McGraw-HilI, D u Bose T D :
Alcalose respiratória
2001
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K
O tratam en to da alcalose respiratória visa a aliviar o distúrbio subjacente. Q uando a alcalose respiratória com plica o controle p or ventilação, as alterações no espaço m orto, no volum e corrente e na frequência podem m inorar a hipocapnia. Os pacientes com síndrom e de hiperventilação podem beneficiar-se com a tran q u i lização, a respiração dentro de um saco de papel durante os epi sódios sintom áticos e a atenção para o estresse psicológico sub jacente. A ntidepressivos e sedativos não são recom endados. Os bloqueadores betaadrenérgicos podem m elhorar as m anifestações periféricas do estado hiperadrenérgico.
raut
SEÇÃO 8
Alterações na Função Sexual e na Reprodução
CAPÍ TULO
48
S im pático (detumescencia)
Parassim patico (ereção)
N ervo a-adrenérgico
Disfunção Sexual
NAN C NO
Nervo colinérgico
Kevin T. McVary W /E n d o te lin a
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 374
A disfunção sexual m asculina afeta 10 a 25% dos hom ens de meia-idade e idosos, e a disfunção sexual fem inina ocorre com frequência sem elhante. Alterações dem ográficas, popularidade de tratam entos recentes e m aior conscientização da disfunção sexual pelos pacien tes e pela sociedade levaram ao aum ento do núm ero de diagnósticos e dos gastos com assistência m édica associados ao tratam ento des se distúrbio com um . C om o m uitos pacientes relutam em iniciar a discussão sobre sua vida sexual, o m édico, para trazer à tona um a história de disfunção sexual, deve abordar esse tópico diretamente.
DISFUNÇÃO SEXUAL MASCULINA ■ FISIOLOGIA DA RESPOSTA SEXUAL MASCULINA A função sexual m asculina norm al exige (1) libido intacta; (2) ca pacidade de alcançar e m an ter a ereção peniana; (3) ejaculação; e (4) detum escência. A libido relaciona-se com o desejo sexual e é in fluenciada po r vários estím ulos visuais, olfatórios, táteis, auditivos, im aginativos e horm onais. Os esteroides sexuais, em especial a tes tosterona, aum entam a libido, que pode ser dim inuída por distúrbios horm onais ou psiquiátricos e por m edicam entos. A tum escência peniana que leva à ereção depende de um aum en to do fluxo sanguíneo para a rede lacunar acom panhado de relaxa m ento com pleto das artérias e da m usculatura lisa dos corpos. A m icroarquitetura dos corpos com põe-se de um a m assa de músculo liso (trabécula) que contém um a rede de vasos revestidos por endotélio (espaços lacunares). A subsequente com pressão do m úsculo liso trabecular contra a túnica albugínea fibroelástica provoca o fechamen to passivo das veias em issárias e o acúm ulo de sangue nos corpos. Q uando existem ereção com pleta e m ecanism o valvar competente, os corpos tornam -se cilindros não compressíveis dos quais o sangue não escapa. O sistem a nervoso central (SNC) exerce um a influência im por tante ao estim ular ou antagonizar as vias espinais que desencadeiam a função erétil e a ejaculação. A resposta erétil é m ediada por um a com binação de inervação central (psicogênica) e periférica (reflexogênica). Os nervos sensoriais que se originam de receptores na pele do pênis e da glande convergem, form ando o nervo dorsal do pênis, cujo trajeto alcança os gânglios das raízes dorsais de S2 a S4 via nervo pudendo. As fibras nervosas parassim páticas que chegam ao pênis em ergem de neurônios nas colunas interm ediolaterais dos segmentos espinais sacros S2 a S4. A inervação sim pática origina-se dos seg m entos espinais T I 1 até L2 e segue ao longo do plexo hipogástrico. Os im pulsos neurais para o tônus da m usculatura lisa são fun dam entais para o início e a m anutenção de u m a ereção. Também há um a interação complexa entre as células da m usculatura lisa dos corpos e seu revestim ento de células endoteliais sobrejacentes (Fig. 48.1 A). O óxido nítrico, que induz relaxam ento vascular, promove a ereção e é antagonizado pela endotelina 1 (ET-1) e pela Rho-quinase, que m edeiam a contração vascular. O óxido nítrico é sintetizado a p a rtir de L -arginina pela óxido nítrico-sintase e liberado do estoque nervoso autônom o não adrenérgico não colinérgico (NANC), atuando sobre as células muscula res lisas com estim ulação pós-juncional. O óxido nítrico aum enta a
lho-quinas< C élulas m usculares lisas Células endoteliais
Junções lacunares
Sildenafila c , 0 . , D 5 -G M P Vardenafila Tadalafila " Q y PDE-5
Relaxamento NOS L-arginina —►! N O ..... * -fG M P cfclico—►liC a 2* —►da m us-—«-E reção culatura lisa
Figura 48.1 Vias que controlam a ereção e a detumescência. A. A ereção é mediada por vias parassimpáticas colinérgicas e por vias não adrenérgicas não colinérgicas (NANC), que liberam óxido nítrico (NO). As células endoteliais também liberam NO que, por sua vez, induz o relaxamento da célula muscular lisa vascu lar, possibilitando o aumento do fluxo sanguíneo e levando à ereção. A detumes cência é mediada por vias simpáticas que liberam norepinefrina e estimulam vias a-adrenérgicas, levando à contração das céluias musculares lisas vasculares. A endotelina, liberada pelas células endoteliais, também induz a contração. A ativação da Rho-quinase por meio da atividade da endotelina (entre outras) também contri bui para a detumescência alterando a sinalização do cálcio. B. Vias bioquímicas da síntese e da ação do NO. Sildenafila, vardenafila e tadalafila melhoram a função erétil inibindo a fosfodiesterase tipo 5 (PDE-5) e mantendo, assim, níveis elevados de 3',5'-monofosfato cíclico de guanosina (GMP cíclico). NOS, óxido nítrico-sintase; iCa2+, cálcio intracelular.
produção de 3',5'-m onofosfato cíclico de guanosina (GM P cíclico), que relaxa a m usculatura lisa (Fig. 48.1B). O G M P cíclico é degrada do gradualm ente pela fosfodiesterase tipo 5 (PD E-5). Os inibidores dessa enzim a, tais com o os m edicam entos orais sildenafila, varde nafila e tadalafila, m antêm a ereção pela redução da degradação do GM P cíclico. N o entanto, se o óxido nítrico não for p roduzido em algum nível, os PDE-5Í deixam de ser eficazes, um a vez que tais fár macos facilitam, m as não desencadeiam , a cascata enzim ática inicial. Além do óxido nítrico, p ro stag lan d in as vasoativas (PG E p PG F2J são sintetizadas n o in terio r do tecido cavernoso e elevam os níveis de AMP cíclico, levando tam b ém ao relaxam ento das células m us culares lisas cavernosas. A ejaculação é estim ulada pelo sistem a nervoso sim pático, esti mulação esta que resulta n a contração do epidídim o, do dueto deferente, das vesículas sem inais e da próstata, provocando a entrada do líquido sem inal na uretra. A em issão do líquido sem inal é seguida de contrações rítm icas dos m úsculos bulbocavernoso e isquiocavernoso, provocando a ejaculação. A ejaculação precoce geralm ente está relacionada com ansiedade ou é u m co m portam ento adquirido, e é sensível à terapia com portam ental ou a tratam ento com m edicam en-
tos, com o os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS). O corre ejaculação retrógrada quando o esfíncter uretral interno não se fecha, podendo ocorrer em hom ens que têm diabetes ou após ci rurgia que envolva o colo da bexiga. A detumescência é m ediada pela norepinefrina dos nervos sim pá ticos, pela endotelina o riunda da superfície vascular e pela contração da m usculatura lisa induzida pelos receptores a-ad ren érg ico s pós-sinápticos e pela ativação da Rho-quinase. Tais eventos aum entam o fluxo de saída venoso e restabelecem o estado flácido. O extravasa m ento venoso pode provocar detum escência prem atura e é causado p or relaxam ento insuficiente da m usculatura lisa dos corpos, e não p o r um defeito anatôm ico específico. O term o priapism o refere-se à ereção persistente e dolorosa e pode estar associado à anem ia falci form e, aos estados de hipercoagulação, ao traum atism o raquim edular ou à injeção de agentes vasodilatadores no pênis.
■ DISFUNÇÃO ERÉTIL Epidemiologia
Fisiopatologia A DE pode advir de três m ecanism os básicos: (1) dificuldade de iniciação (psicogênica, endócrina ou neurogênica); (2) dificuldade de enchim ento (arteriogênica); e (3) dificuldade de m anutenção de um volum e sanguíneo adequado d entro da rede lacunar (disfunção venoclusiva). Essas categorias não se excluem m utuam ente, e m últi plos fatores contribuem para DE em m uitos pacientes. Por exemplo, a pressão de preenchim ento reduzida pode acarretar em extravasa m ento venoso secundário. Frequentem ente os fatores psicogênicos coexistem com outros fatores etiológicos e devem ser considerados em todos os casos. Causas diabéticas, ateroscleróticas e relacionadas com drogas são responsáveis p o r m ais de 80% dos casos de DE em hom ens idosos.
A causa orgânica m ais c o m u m de DE é um d istú r bio do fluxo sanguíneo de en tra d a e de saída do pênis. As doenças arteriais, aterosclerótica ou trau m ática , p o d e m d im in u ir o fluxo p a ra os espaços lacunares, re su lta n d o em redução da rigidez do pênis e em tem po m aior até que a ereção esteja com pleta. U m flu xo de saída em excesso pelas veias, m esm o com influxo adequado, tam bém pode co n trib u ir para DE. A lterações estru tu rais dos co m ponentes fibroelásticos dos corpos p o d e m causar p erda da com pla cência e incapacidade de c o m p rim ir as veias da túnica. Tal situação pode advir do envelhecim ento, do entrecru zam en to aum entado das fibras de colágeno induzido p o r glicosilação não enzim ática, de h i poxem ia ou de alteração da síntese de colágeno associada à hipercolesterolem ia.
Neurogênica D istúrbios que afetam a m edula espinal sacra ou as fibras autonôm icas dirigidas ao pênis im pedem o relaxam ento do m úsculo liso peniano pelo sistem a nervoso e, dessa form a, provocam DE. Nos pacientes que sofreram traum atism o raquim edular, o grau de DE depende da extensão e do nível da lesão. Os pacientes com lesões ou traum atism os incom pletos da parte superior da m edula es pinal são m ais propensos a m anter a habilidade erétil do que aqueles que apresentam lesões ou traum atism os com pletos da parte inferior. Em bora 75% dos pacientes que sofreram traum atism o raquim edular apresentem algum a capacidade de ereção, apenas 25% conseguem ereções suficientes para a penetração. O utros distúrbios neurológicos com um ente associados à DE incluem esclerose m últipla e neuropatia periférica, esta últim a quase sem pre decorrente de diabetes ou de al coolismo. A cirurgia pélvica pode causar DE em razão de ruptura do suprim ento nervoso autônom o. Endócrina Os androgênios aum entam a libido, m as sua participação exata na função erétil perm anece incerta. Os indivíduos com níveis de testosterona com patíveis com castração po d em alcançar ereções provocadas p o r estím ulos visuais ou sexuais. N ão obstante, níveis norm ais de testosterona parecem ser im portantes para a função eré til, especialm ente em hom ens m ais idosos. A terapia de reposição de androgênio pode m elhorar a função erétil deprim ida quando ela é se cundária a hipogonadism o; entretanto, não tem utilidade para a DE quando os níveis de testosterona endógena são norm ais. A prolactina aum entada pode d im inuir a libido p o r suprim ir o horm ônio de libe ração das gonadotropinas (G nRH ) além de reduzir tam bém os níveis de testosterona. O tratam ento da h ip erprolactinem ia com agonistas da dopam ina p ode restabelecer a libido e a testosterona.
Disfunção Sexual
A disfunção erétil (DE) não é considerada um a parte norm al do p ro cesso de envelhecimento. N ão obstante, está associada a determ in a das alterações fisiológicas e psicológicas relacionadas com a idade. No Massachusetts Male Aging Study (MMAS), um a pesquisa de base com unitária envolvendo hom ens de 40 a 70 anos de idade, 52% dos respondentes relataram algum grau de DE. Em 10% dos respondentes ocorria DE com pleta, m oderada em 25% e m ín im a em 17%. A incidência de DE m oderada ou grave m ais que dobrou entre os 40 e os 70 anos de idade. Nos EUA, a pesquisa National H ealth and Social Life Survey (NHSLS), que incluiu um a am ostra de hom ens e m ulhe res na faixa de 18 a 59 anos de idade, 10% dos hom ens relataram se rem incapazes de m anter um a ereção (correspondendo à proporção de hom ens no estudo MMAS que relatava DE grave). A incidência foi m ais alta entre os hom ens na faixa etária de 50 a 59 anos (21%), naqueles m uito pobres (14%), divorciados (14%) e com nível de ins trução m ais baixa (13%). A incidência de DF, tam bém é m ais alta entre hom ens portadores de certos distúrbios clínicos, tais com o diabetes m elito, obesidade, sintom as do trato urinário inferior secundários à hiperplasia benig na da próstata (HBP), cardiopatia, hipertensão arterial e níveis re duzidos de lipoproteína de alta densidade (HDL). As doenças car diovasculares e a DE com partilham etiologias e fisiopatologia (p. ex., disfunção endotelial), e parece que o grau de DE está correlacionado com a gravidade da doença cardiovascular. C onsequentem ente, a DE representa um “sintom a sentinela” para pacientes com doenças car diovascular e vascular periférica ocultas. O tabagism o tam bém é um fator de risco im portante para o d e senvolvim ento de DE. O s m edicam entos usados no tratam e n to do diabetes ou das doenças cardiovasculares são fatores de risco a d i cionais (ver adiante). Existe um a incidência m ais alta de DE entre h om ens que foram subm etidos à radiação ou a cirurgia p ara tratar câncer da próstata e naqueles que sofreram lesão na m edula espinal inferior. As causas psicológicas de DE incluem depressão, raiva ou estresse provocados p o r desem prego e ou tras causas relacionadas com estresse.
Vasculogênica
Diabética A DE ocorre em 35 a 75% dos hom ens com diabetes m e lito. Os m ecanism os patológicos estão relacionados principalm ente com as complicações vasculares e neurológicas associadas ao diabe tes. As complicações m acrovasculares do diabetes estão relacionadas principalm ente com a idade, ao passo que as m icrovasculares se re lacionam com a duração do diabetes e com o grau de controle glicê m ico (Cap. 344). Os indivíduos com diabetes tam bém apresentam quantidades reduzidas de óxido n ítrico-sintase nos tecidos endote liais e neurais. Psicogênica
Dois m ecanism os c o ntribuem p ara a inibição da ere ção n a DE psicogênica. Em prim eiro lugar, os estím ulos psicogênicos na m edula sacra podem inibir respostas reflexogênicas bloqueando, assim , a ativação dos im pulsos vasodilatadores para o pênis. Em se gundo lugar, a estim ulação sim pática excessiva no h om em ansioso pode aum entar o tônus da m usculatura lisa peniana. As causas mais com uns de DE psicogênica são ansiedade q uanto ao desem penho, depressão, conflito na relação, perda de atração, inibição sexual, con flitos acerca de preferência sexual, abuso sexual na infância e tem or de gestação ou de doença sexualm ente transm issível. Q uase todos os pacientes com DE, m esm o quando a disfunção tem base claram ente orgânica, desenvolvem um com ponente psicogênico reacional.
Medicamentosa Estim a-se que ocorra DE m edicam entosa (Q uadro 48.1) em 25% dos hom ens atendidos em am bulatórios de m edicina geral. Os efeitos adversos relacionados com terapias farm acológicas
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QUADRO 48.1
Fármacos associados à disfunção erétil
Classificação
Fármacos
Diuréticos
Tiazídicos Espironolactona
Anti-hipertensivos
Bloqueadores dos canais de cálcio Metildopa Clonidina Reserpina p-bloqueadores Guanetidina
Cardíacos/ anti-hiperlipêmicos
Digoxina Genfibrozila Clofibrato
Antidepressivos
Inibidores seletivos da recaptação de serotonina Antidepressivos tricíclicos Lítio Inibidores da monoaminoxidase
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Tranquilizantes
Butirofenonas Fenotiazínicos
Antagonistas W2
Ranitidina Cimetidina
Hormônios
Progesterona Estrogênios Corticosteroides Agonistas do GnRH Inibidores da 5a-redutase Acetato de ciproterona
Agentes citotóxicos
Ciclofosfamida Metotrexato Interferon A
Anticolinérgicos
Disopiramida Anticonvulsivantes
Drogas recreativas
Etanol Cocaína Maconha
Nota: GnRH, hormônio liberador de gonadotropina.
Disfunção erétil Um a boa relação médico-paciente ajuda a revelar possíveis causas de DE, m uitas das quais implicam na discussão de assuntos pes soais e, às vezes, constrangedores. Por essa razão, com frequência o ideal é que o m édico da atenção prim ária inicie a investigação. Contudo, um porcentual significativo de hom ens sofrem de DE e perm anecem sem diagnóstico a não ser que sejam questionados especificamente acerca do problema. A causa mais com um de subnotificação de DE é, de longe, embaraço do paciente. Uma vez que o tópico seja iniciado pelo médico os pacientes em geral se m os tram dispostos a falar sobre sua potência sexual. Deve se proceder a um a anam nese clínica e sexual completa, na tentativa de avaliar se a causa da DE é orgânica, psicogênica ou m ultifatorial (Fig. 48.2). Tanto o paciente quanto seu parceiro sexual devem ser entrevista dos sobre a história sexual. A DE deve ser diferenciada de outros problem as sexuais, como ejaculação precoce. Fatores com porta mentais, como orientação sexual, o nível de estresse causado pela DE, ansiedade quanto ao desem penho e detalhes sobre as técnicas sexuais devem ser abordados. Há questionários padronizados para avaliação de DE, incluindo o International Index of Erectile Func tion (IIEF) e o Sexual Health Inventory for Men (SHIM), mas fácil de ser aplicado, sendo um a versão resum ida validada do IIEF. A avaliação inicial da DE se inicia com um a revisão da his tó ria clínica, cirúrgica, sexual e psicossocial do paciente. Na anam nese deve se assinalar se o paciente sofreu traum atism o, cirurgia ou irradiação pélvicos. À luz do reconhecim ento cres cente da relação entre sintom as do trato urin ário inferior e DE, é aconselhável investigar a presença de sintom as de obstrução da via de saída da bexiga. As p erguntas devem enfocar o in í cio dos sintom as, a presença e a duração de ereções parciais e a progressão da DE. Um relato de ereções n o tu rn as ou m atinais é útil para se distinguir DE fisiológica de psicogênica. As ereções n o tu rn as ocorrem d u ra n te o sono com m ovim entos oculares rápidos (REM) e requerem sistem as neurológico e circulatório íntegros. C ausas orgânicas de DE g eralm ente caracterizam -se p o r alteração gradual e persistente na rigidez ou incapacidade de m an ter ereções noturnas, d urante o coito ou auto-estim uladas. O paciente deve ser perguntado acerca da presença de curvatura peniana ou de do r durante o coito. É im p o rtan te enfocar a libido, pois o im pulso sexual dim inuído e a DE às vezes são os prim eiros sinais de anorm alidades endócrinas (p. ex., níveis de prolactina elevados, níveis de testosterona dim inuídos). É útil questionar se o problem a ocorre apenas com um a ou tam bém envolve outras parceiras; a DE surge não raram ente associada a relações sexuais
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DO PACIENTE
são aditivos, especialm ente em hom ens idosos. Além do efeito do próprio m edicam ento, é provável que a doença sob tratam ento con tribua para a disfunção sexual. Entre os agentes anti-hipertensivos, os diuréticos tiazídicos e os (3-bloqueadores são os im plicados com m aior frequência. Os bloqueadores dos canais de cálcio e os inibi dores da enzim a conversora da angiotensina são citados com m enor frequência. Tais fárm acos podem atu ar diretam ente ao nível dos corpos (p. ex., bloqueadores dos canais de cálcio) ou indiretam ente, reduzindo a pressão arterial pélvica, que é im portante para que acon teça a rigidez peniana. Os bloqueadores a -adrenérgicos são m enos propensos a causar DE. Estrogênios, agonistas do G nRH , antagonis tas de H 2 e espironolactona causam DE p or suprim irem a produção de gonadotropinas ou p or bloquearem a ação do androgênio. A ntide pressivos e antipsicóticos - em particular neurolépticos, tricíclicos e ISRS - estão associados a dificuldades de ereção, ejaculação, orgasm o e desejo sexual. Se houver um a associação evidente entre a instituição de um fár m aco e o início de DE, deve-se considerar a possibilidade de utilizar m edicam entos alternativos. Do contrário, em geral é m ais prático tratar a DE sem tentar m uitas alterações na m edicação, já que pode ser difícil estabelecer um a relação causai com um fármaco.
376
Figura 48.2 Algoritmo para avaliação e tratamento dos pacientes com DE. PDE, fosfodiesterase.
TRATAMENTO
Disfunção sexual masculina
ORIENTAÇÃO DO PACIENTE
A orientação do paciente e dos p a r ceiros é fundam ental para o tratam ento da DE. Na terapia guiada por objetivo, a orientação facilita a com preensão da doença, dos resultados dos testes e da escolha do tratam ento. A discussão das opções terapêuticas ajuda a esclarecer com o o tratam ento pode ser mais eficiente e a estratificar as terapias com o de p rim eira e segun da linhas. Os pacientes que apresentem problem as relacionados
com com portam entos de alto risco, tais com o obesidade, tabagis mo, abuso de álcool ou uso de drogas ilícitas, devem ser inform a dos sobre a participação desses fatores no desenvolvim ento de DE. D entre as terapias atualm ente em pregadas para o tratam ento da DE estão adm inistração p o r via oral de inibidores da fosfodies terase tipo 5 (os m ais usados), terapias com injeção peniana, tera pia com testosterona, dispositivos p enianos e terapia psicossocial. Além disso, há dados lim itados a sugerir que o tratam ento volta do para fatores de risco ou com orbidades - p or exemplo, perda ponderai, exercícios, redução do estresse e cessação do hábito de fum ar - podem m elhorar a função erétil. As decisões acerca do tratam ento devem ser tom adas levando em consideração as prefe rências e expectativas de pacientes e parceiros.
AGENTES ORAIS Sildenafila, tadalafila e vardenafila são os únicos agentes orais aprovados e efetivos para o tratam ento de DE. Esses três m edicam entos m elhoraram sobrem aneira o tratam ento da DE porque são efetivos para um a am pla gam a de causas, incluindo a psicogênica, a diabética, a vasculogênica, a pós-prostatectom ia radical (procedim entos que preservam nervos) e o traum atism o raquim edular. Tais fárm acos pertencem à classe dos m edicam en tos inibidores seletivos e potentes da PDE-5, a isoform a de fos fodiesterase predom inante no pênis. São adm inistrados em doses graduais e acentuam a ereção após estim ulação sexual. O início da ação dá-se em aproxim adam ente 60 a 120 m inutos, dependendo do m edicam ento utilizado e de outros fatores, tais com o ingestão recente de alim entos. Doses iniciais reduzidas devem ser conside radas para os pacientes idosos, para aqueles que estejam tom ando concom itantem ente a-bloqueadores, para os que apresentam in suficiência renal ou, ainda, para os que estejam tom ando m edica m entos que inibam a via m etabólica CYP3A4 no fígado (p. ex., eri trom icina, cim etidina, cetoconazol e, possivelmente, itraconazol e m ibefradil), pois esses fárm acos podem aum entar a concentração sérica dos PDE-5Í (PDE-5Í) ou produzir hipotensão. Diversos ensaios random izados dem onstraram a eficácia dessa classe de m edicam entos. Não há dados convincentes para apoiar à superioridade de um dos PDE-5Í sobre os demais. Alguns pacien tes podem não responder ao tratam ento com PDE-5Í p o r diversos m otivos (Q uadro 48.2). Alguns não toleram os PDE-5Í em razão de eventos adversos produzidos pela vasodilatação em tecidos não penianos que expressam a PDE-5 ou em razão da inibição de isoenzim as hom ólogas não penianas (isto é, PD E-6 encontrada na retina). As alterações visuais atribuídas ao efeito dos PDE-5Í sobre a PD E-6 da retina têm curta duração, foram relatados apenas com sildenafila e não se acredita que tenham significância clínica. Mais preocupante é a possibilidade de os PDE-5Í causarem neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica; em bora os dados que cor roboram essa associação sejam lim itados, é p rudente evitar o uso desses agentes em hom ens com antecedentes pessoais de neuropa tia óptica isquêm ica anterior não arterítica. A suplem entação de testo stero n a associada ao uso de um PDE-5Í pode ser benéfica na m elhora da função erétil em hom ens portadores de hipogonadism o e DE que não tenham respondido bem ao uso isolado do inibidor de PDE-5Í.
Disfunção Sexual
novas ou extraconjugais. A DE circunstancial, diferentem ente da constante, sugere causas psicogênicas. A ejaculação é afetada com frequência m uito m en o r do que a ereção, m as devem ser feitas perguntas quanto a ser norm al, precoce, tardia ou ausente. D evem -se identificar fatores de risco relevantes, tais com o d ia betes m elito, doença arterial coro n arian a (DAC) ou distúrbios neurológicos. A história cirúrgica do paciente deve ser explorada com ênfase em procedim entos realizados no intestino, na bexi ga, na próstata ou nos vasos sanguíneos. Tam bém é im portante um a anam nese farm acológica com pleta. A lterações sociais que podem desencadear DE tam bém são fundam entais p ara a ava liação, incluindo preocupações com a saúde, m orte do cônjuge, divórcio, dificuldades na relação e preocupações financeiras. Um a vez que a DE frequentem ente envolve diversos fatores de risco para células endoteliais, os hom ens que têm tal disfunção apresentam índices m ais elevados de infarto do m iocárdio franco ou silencioso. Sendo assim, o surgim ento de DE em um indivíduo de resto assintom ático im plica na possibilidade de outros distú r bios vasculares, inclusive DAC. O exam e físico é um elem ento essencial para o diagnóstico de DE. Sinais de hipertensão, bem com o evidências de doenças tireoidianas, hepáticas, hem atológicas, cardiovasculares ou re nais, devem ser pesquisados. Os sistem as en d ó crin o e vascular devem ser exam inados, assim com o a genitália externa e a p ró s tata. O pênis deve ser palpado com cuidado ao longo dos corpos à p ro c u ra de placas fibróticas. T am anho testicular dim in u íd o e perda de características sexuais secundárias sugerem hipogonadism o. O exam e neurológico deve incluir avaliação do tônus do esfíncter anal, do reflexo bulbocavernoso e pesquisa de n eu ro p a tia periférica. Em bora a hiperprolactinem ia seja incom um , deve-se m edir o nível sérico de prolactina, pois a libido dim inuída e/ou a DE p o dem ser sintom as iniciais de um prolactinom a ou de outras lesões expansivas da sela (Cap. 339). O nível sérico de testosterona deve ser m edido e, se estiver baixo, devem -se tam bém dosar as gonadotropinas para se determ in ar se o hipogonadism o é de origem prim ária (testicular) ou secundária (hipotalâm ico-hipofisário) (Cap. 346). Não havendo exam es recentes, a bioquím ica sérica, o hem ogram a com pleto e o lipidogram a podem ser im portantes, pois podem evidenciar anem ia, diabetes m elito, hiperlipidem ia ou outras doenças sistêmicas associadas a DE. A dosagem do antí geno prostático específico (PSA) sérico deve ser realizada de acor do com as diretrizes clínicas recom endadas (Cap. 95). R aram ente há necessidade de outros exames diagnósticos na avaliação de DE. C ontudo, em alguns pacientes, testes especializa dos podem proporcionar um a visão m ais clara sobre os m ecanis m os patológicos envolvidos e auxiliar na escolha do tratam ento. Os testes especializados opcionais são: (1) estudos sobre tum escência e rigidez peniana noturna; (2) exam es vasculares (injeção no consultório de substâncias vasoativas, ultrassonografia com D oppler do pênis, angiografia do pênis, cavernosografia/cavernosom etria com infusão dinâm ica); (3) exam es neurológicos (per cepção vibratória graduada com biotesiom etria; potenciais evo cados som atossensoriais); e (4) testes diagnósticos psicológicos. As inform ações que podem ser obtidas com esses procedim entos devem ser ponderadas em função da invasividade e do custo.
QUADRO 48.2 Questões a serem consideradas em pacientes que relatam insucesso com o uso de PDE-5Í no tratamento da disfunção erétil >> Deve-se proceder a uma prova terapêutica com duração mínima de seis dias com dose máxima antes de se declarar o paciente como não responsivo ao tratamento com PDE-õi >- 0 medicamento está sendo tomado após refeições ricas em gorduras > - 0 paciente não recebe estimulação física e psíquica durante as preliminares para induzir a liberação de NO endógeno »- Hipogonadismo não diagnosticado Nota: NO, óxido nítrico; PDE-5Í, inibidor da fosfodiesterase tipo 5.
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Esses m edicam entos não afetam a ejaculação, o orgasm o ou o im pulso sexual. Os efeitos colaterais associados aos PDE-5Í in cluem cefaleia (19%), rubor facial (9%), dispepsia (6%) e conges tão nasal (4%). A proxim adam ente 7% dos hom ens que utilizam a sildenafila experim entam um a alteração transitória da visão colo rida (efeito do halo azul), e 6% dos que tom am tadalafila podem sentir dor lombar. Os PDE-5Í estão contraindicados nos hom ens tratados com nitrato para doença cardiovascular, incluindo agentes adm inistrados pelas vias oral, sublingual, transnasal ou tópica. Tais agentes podem potencializar o efeito hipotensor produzindo cho que profundo. Da m esm a form a, os nitritos voláteis (conhecidos como poppers) à base de amilbutil podem ter um efeito sinérgico fa tal sobre a pressão arterial. Os PDE-5Í tam bém devem ser evitados nos pacientes com insuficiência cardíaca congestiva e m iocardiopa tia em razão do risco de colapso vascular. Com o a atividade sexual provoca increm ento no dispêndio fisiológico [5 a 6 equivalentes m etabólicos (METS)], os m édicos têm sido orientados a terem cautelas na prescrição de qualquer fárm aco para atividade sexual em pacientes que apresentem doença arterial coronariana (DAC) ativa, insuficiência cardíaca, hipotensão lim ítrofe ou hipovolemia e naqueles tratados com esquemas anti-hipertensivos complexos. C onquanto as diversas form as de PDE-5Í tenham um m eca nism o de ação com um , há algum as diferenças a serem ressaltadas entre esses três agentes. A tadalafila é única no que diz respeito à sua m eia-vida longa. Todos os três fárm acos são efetivos para pacientes de todas as idades portadores de DE de quaisquer gra vidade e etiologia. A inda que haja diferenças farm acocinéticas e farm acodinâm icas entre esses agentes, não é evidente a existência de diferenças clinicam ente relevantes.
TERAPIA COM ANDROGÊNIOS
A reposição de testosterona é usada para tratar o hipogonadism o tanto prim ário quanto secundário (Cap. 346). A suplem entação de androgênios quando a testoste rona encontra-se norm al raram ente é eficaz no tratam ento da DE e não é recom endada. Os m étodos para reposição de androgênios incluem géis e adesivos transdérm icos, a adm inistração parenteral de ésteres de testosterona de ação prolongada (enantato e cipionato) e form ulações orais (derivados 17 a -alquilados) (Cap. 346). As form ulações orais de androgênios apresentam potencial de hepatotoxicidade e devem ser evitadas. Os pacientes do sexo m asculino que tratados com testostero na devem ser reavaliados após 1 a 3 meses e no m ínim o 1 vez por ano em diante. As avaliações devem incluir níveis de testosterona, função erétil e efeitos adversos, incluindo ginecom astia, apneia do sono, desenvolvim ento ou agravação de sintom as do trato u ri nário inferior ou de hiperplasia benigna da próstata, câncer da próstata, redução do HDL, eritrocitose, alteração nas provas de função hepática e redução da fertilidade. A reavaliação periódica deve incluir hem ogram a com pleto e dosagem do PSA além de to que retal. O tratam ento deve ser suspenso nos pacientes que não respondam em 3 meses.
DISPOSITIVOS DE CONSTRIÇÃO A VÁCUO Os dispositivos de cons trição a vácuo (DCVs) constituem um a terapia não invasiva bem consolidada, sendo um a alternativa de tratam ento razoável para alguns pacientes que não podem tom ar sildenafila ou que não de sejem outras intervenções. Os DCVs direcionam sangue venoso para o pênis e utilizam u m anel de constrição para lim itar o retor no venoso e m anter a tum escência. Os eventos adversos relacio nados com o uso dos DCVs incluem dor, dorm ência, form ação de hem atom a e ejaculação alterada. Além disso, m uitos pacientes queixam -se de que os dispositivos são volum osos e induzem ere ções com características e sensações não fisiológicas. ALPROSTADIL INTRAURETRAL
Se um paciente não responde bem a agentes orais, outra opção razoável é a adm inistração intrauretral ou por autoinjeção de substâncias vasoativas. A prostaglandi na E l intrauretral (alprostadil), em form a de com prim ido semisólido (doses de 125 a 1.000 |xg), é adm inistrada com um aplicador. A proxim adam ente 65% dos hom ens que utilizam alprostadil in
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trauretral respondem com um a ereção quando testados no con sultório, m as apenas 50% conseguem um coito bem -sucedido em casa. A inserção intrauretral está associada a um a incidência m ui to reduzida de priapism o quando com parada àquela observada com a injeção intracavernosa.
AUTOINJEÇÃO INTRACAVERNOSA A injeção de form ulações sintéti cas de alprostadil é eficaz em 70 a 80% dos pacientes com DE, mas as taxas de abandono do tratam ento são altas em razão da natureza invasiva da adm inistração. A dose varia de 1 a 40 |xg. A terapia injetável está contraindicada nos hom ens com história de hiper sensibilidade ao fárm aco e naqueles sob alto risco de priapism o (estados de hipercoagulabilidade, anem ia falciforme). Os efeitos colaterais incluem eventos adversos locais, ereções prolongadas, do r e fibrose com o uso crônico. Diversas associações de alprosta dil, fentolam ina e/ou papaverina são usadas ocasionalm ente.
CIRURGIA
Um a form a m enos utilizada de terapia para DE é a im plantação cirúrgica de um a prótese peniana sem irrígida ou inflável. A escolha do tipo de prótese depende da preferência do p a ciente e devem ser levadas em consideração a compleição física e a destreza m anual dos pacientes, que podem afetar a capacidade de m anipular o dispositivo. Em razão da perm anência da prótese, os pacientes devem ser orientados a considerar prim eiro as opções m enos invasivas. Esses tratam entos cirúrgicos são invasivos, estão associados a com plicações potenciais e, em geral, devem ser reser vados para o tratam ento da DE refratária. Apesar do alto custo e da invasividade, as próteses penianas estão associadas a altas taxas de satisfação do paciente e do parceiro.
TERAPIA SEXUAL
U m program a de terapia sexual pode ser útil para abordagem de fatores interpessoais específicos que possam e star prejudicando a função sexual. Em geral, a terapia sexual consiste em discussões durante a seção e exercícios dom iciliares específicos para a pessoa e para a relação. A terapia psicossexual envolve técnicas com o foco sensorial (m assagem não genital), exercícios para despertar a sensibilidade, correção de concepções equivocadas sobre sexualidade e terapia para dificuldades inter pessoais (p. ex., com unicação franca sobre questões sexuais, p ro gram ação de intim idade física e intervenção com portam ental). Essas abordagens p odem ser úteis em pacientes que tenham com ponentes psicogênicos ou sociais contribuindo para a DE, em bora os dados de ensaios random izados sejam lim itados e inconsisten tes. Caso o paciente esteja envolvido em um a relação constante, é preferível que a terapia inclua am bos os parceiros.
DISFUNÇÃO SEXUAL FEMININA A disfunção sexual fem inina (DSF) tradicionalm ente inclui distú r bios de desejo, excitação, dor e falta de orgasm o. Os fatores de risco associados à DSF são sem elhantes aos dos hom ens: doença cardio vascular, distúrbios endócrinos, hipertensão arterial, distúrbios neu rológicos e tabagism o (Q uadro 48.3).
■ EPIDEMIOLOGIA Os dados epidem iológicos são lim itados, m as as estim ativas existen tes sugerem que até 43% das m ulheres tenham pelo m enos um p ro blem a sexual. Apesar do interesse recente pelas causas orgânicas da DSF, os distúrbios de desejo e da fase de excitação (incluindo queixas quanto à lubrificação) continuam a ser os problem as m ais com uns nos inquéritos de base com unitária.
■ FISIOLOGIA DA RESPOSTA SEXUAL FEMININA A resposta sexual fem inina requer a presença de estrogênios. E possí vel que os androgênios tam bém exerçam um papel, m as isto não está bem estabelecido. Os estrogênios e os androgênios atuam sinergicam ente no SNC para aum entar a excitação e a resposta sexual. Vários trabalhos relatam aum ento da libido em m ulheres d urante a fase pré-ovulatória do ciclo m enstruai, sugerindo que os horm ônios envolvi dos na ovulação (p. ex., estrogênios) aum entam o desejo.
QUADRO 48.3
Fatores de risco para disfunção sexual feminina
Doença neurológica: acidente-vascular encefálico, traumatismo raquimedular, Parkinsonismo Traumatismo, cirurgia genital, radiação Endocrinopatias: diabetes, hiperprolactinemia Insuficiências hepática e/ou renal Doença cardiovascular Fatores psicológicos e distúrbios do relacionamento interpessoal: abuso sexual, situações estressantes Medicamentos Antiandrogênios: cimetidina, espironolactona Antidepressivos, álcool, hipnóticos, sedativos Antiestrogênios ou antagonistas do GnRH Anti-histamínicos, aminas simpaticomiméticas Anti-hipertensivos: diuréticos, bloqueadores dos canais de cálcio Agentes alquilantes Anticolinérgicos Nota: GnRH, hormônio liberador de gonadotropina.
Disfunção sexual feminina M uitas m ulheres não fornecem voluntariam ente inform ações re lativas às suas reações sexuais. A form ulação de questões abertas em um a atm osfera acolhedora pode ajudar a iniciar a discussão acerca da adequação sexual em m ulheres que se m ostrem relu tantes em debater tais questões. H avendo um a queixa, deve-se
TRATAMENTO
Disfunção Sexual
A motivação sexual é fortem ente influenciada pelo contexto, in cluindo fatores am bientais e relacionados com o parceiro. U m a vez atingido um desejo sexual suficiente, a excitação é m ediada pelo sis tem a nervoso central e autônom o. A credita-se que as vias eferentes sim páticas cerebrais aum entem o desejo enquanto a atividade paras sim pática periférica produza congestão clitoridiana e secreção vaginal (lubrificação). Os neurotransm issores para o intum escim ento do corpo clitoridiano são sem elhantes àqueles do sexo m asculino, e o controle neural da m usculatura lisa e o óxido nítrico (N O ) liberado pelo endotélio têm papéis destacados. U m a delicada rede de nervos e arteríolas vaginais produz um transudato vaginal. Os principais transm issores dessa resposta vaginal complexa não foram claram ente identificados, m as suspeita-se que o NO e o polipeptídio vasointestinal (PVI) te nham papéis relevantes. Os pesquisadores que estudam a resposta sexual fem inina norm al têm posto em dúvida a concepção há m uito m antida de um a relação linear estrita entre desejo inicial, excitação, vasocongestão, lubrificação e, finalm ente, orgasm o. Os profissionais de saúde devem pensar na possibilidade de um m odelo que adm ita com o resultados em ocionais e físicos positivos a ocorrência de um , m últiplos ou nenhum orgasmo. A inda que haja diferenças anatôm icas e variações na d e n sid a de dos leitos vascular e n e u ral entre h o m en s e m ulheres, os p r in cipais efetores da resp o sta sexual são notav elm en te sem elhantes. A in te g rid ad e sen so rial é im p o rta n te p a ra a excitação. A ssim , é m ais co m u m a observação de níveis red u zid o s de fu n ção sexual em m ulheres que apresentam n e u ro p atia s periféricas (p. ex., d ia betes). A lubrificação vaginal é um tra n su d a to de soro resultante do aum ento do fluxo sanguíneo pélvico associado à excitação. A in suficiência vascular p o r d iferentes causas p o d e c o m p ro m ete r u m a lubrificação a d eq u ad a e causar d isp a reu n ia. O relaxam ento da m u scu latu ra lisa cavernosa e a rte rio la r o co rre via a u m e n to da atividade da óxido n ítrico-sintase (NO S) e provoca ingurgitam ento do clitóris e do vestíbulo circundante. Para que o orgasm o ocorra, é essencial um trato sim pático eferente e íntegro; p o r isso, os d is túrbios orgásticos são com uns em pacientes que sofreram tra u m a tism o raquim edular.
realizar um a avaliação ampla, incluindo histórias clínica e psicossocial, exam e físico e alguns exam es laboratoriais. A história deve incluir as usuais inform ações clínicas, c irú r gicas, obstétricas, psicológicas, ginecológicas, sexuais e sociais. Devem -se avaliar ainda as experiências passadas, a existência de relacionam entos íntim os, os conhecim entos sobre o tem a e a dis ponibilidade de parceiros. D istúrbios clínicos que possam afetar a saúde sexual devem ser investigados, incluindo diabetes melito, doenças cardiovasculares, problem as ginecológicos, história obstétrica, depressão, ansiedade e doenças neurológicas. Os m edica m entos utilizados pela paciente devem ser revistos, u m a vez que podem afetar a excitação, a libido e o orgasm o. Devem -se identi ficar fatores de estresse e a necessidade de orientação psicológica. O exame físico deve avaliar a genitália, incluindo o clitóris. Com o exame do soalho pélvico é possível identificar prolapsos ou outros distúrbios. São necessários exam es laboratoriais, especialm ente se houver dúvidas q uanto a um eventual estado de m enopausa. G eralm ente são solicitadas as dosagens de estradiol, do h o rm ô nio folículo estim ulante (FSH) e do h o rm ô n io luteinizante (LH) e deve-se considerar a possibilidade de dosar a deidroepiandrosterona (DHEA), um a vez que seus níveis refletem a secreção de androgênio pela suprarrenal. H em ogram a com pleto, avaliação da função hepática e do perfil lipídico podem ser úteis. Avaliações diagnósticas m ais com plexas, com o ultrassonografia com Doppler e biotesiom etria do clitóris, requerem equipam entos caros e sua utilidade é discutível. É im portante que a paciente identifique os sintom as que lhe causam m ais sofrim ento. A ntigam ente, a investigação dos casos de DSF ocorria sobre tudo em um contexto psicossocial. No entanto, as inconsistências observadas entre as categorias diagnósticas criadas com base u n i cam ente em considerações psicossociais e o reconhecim ento de etiologias orgânicas levaram a um a nova classificação para as DSF. Esse esquem a diagnóstico é baseado em quatro com ponentes que não são m utuam ente excludentes: ( 1) desejo sexual hipoativo - au sência persistente ou recorrente de pensam entos de cunho sexual e/ou de receptividade à atividade sexual, causando sofrim ento pessoal. O desejo sexual hipoativo pode ser causado p or insufi ciência endócrina ou pode estar associado a distúrbios psicológi cos ou emocionais; (2) distúrbio da excitação sexual - incapacida de persistente ou recorrente de atingir ou de m anter a excitação sexual, causando sofrim ento pessoal; (3) distúrbio orgástico - per da persistente ou recorrente de potencial orgástico após suficien tes estim ulação e excitação sexuais, causando sofrim ento pessoal; (4) distúrbios sexuais dolorosos - dor genital persistente ou recor rente associada a estim ulação sexual sem penetração, causando sofrim ento pessoal. Esta nova classificação enfatiza o “sofrim ento pessoal” com o um a necessidade para que se defina a disfunção e garante aos m édicos u m a estru tu ra para avaliação antes ou em conjunto com os m étodos m ais tradicionais de aconselham ento.
Disfunção sexual feminina
GERAL E im portante que se faça um a discussão aberta sobre a questão com a paciente, um a vez que é possível que o casal n e cessite de orientações acerca das reações anatôm icas e fisiológicas norm ais, incluindo o papel do orgasm o nos encontros sexuais. Devem ser explicadas as alterações fisiológicas associadas ao e n velhecim ento e/ou a doenças. Talvez seja necessário lem brar ao casal que a estim ulação do clitóris, e não a penetração, pode ser m ais eficaz. Os prim eiros passos devem ser as m odificações c om porta m entais e as terapias não farm acológicas. E possível que o acon selham ento do casal m elhore a com unicação e desfaça tensões do relacionam ento. M odificações no m odo de vida relacionadas com fatores de risco conhecidos p odem ser im portantes para o processo de tratam ento. É im portante enfatizar a im portância de se buscarem atividades que favoreçam a saúde física e evitar com
379
portam entos (p. ex., tabagism o, abuso de álcool) e m edicam entos que possam produzir DSF (Q u ad ro 48.3). O uso de lubrificantes tópicos talvez resolva queixas com o dispareunia e secura. É possí vel que seja necessário m odificar a prescrição de m edicam entos, tais com o antidepressivos, que possam estar contribuindo para o problem a, inclusive com sua substituição p or outros que causem m enor im pacto na função sexual, ou com dim inuição da dosagem ou, ainda, com sua suspensão tem porária.
TERAPIA HORMONAL
Em m ulheres na pós-m enopausa, a terapia de reposição de estrogênio pode ser útil para tratar a atrofia va ginal, dim inuir a dor ao coito e aum entar a sensibilidade do cli tóris (Cap. 348). A reposição de estrogênio em form a de crem e local é o m étodo preferido, um a vez que evita efeitos colaterais sistêmicos. Os níveis de androgênio dim inuem substancialm en te nas m ulheres antes da m enopausa. C ontudo, níveis baixos de testosterona ou de deidroepiandrosterona (DHEA) não são fato res preditivos efetivos de um desfecho terapêutico positivo para a terapia androgênica. O uso dissem inado de androgênios exógenos não encontra apoio na literatura m édica, exceto em algum as circunstâncias (insuficiência ovariana p rem atu ra ou estados de m enopausa) e nos distúrbios secundários da excitação.
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 380
AGENTES ORAIS
A eficácia de PDE-5Í na DSF foi m uito decepcio nante, considerando-se o papel proposto da fisiologia dependente de óxido nítrico na resposta sexual fem inina norm al. O uso de sildenafila para DSF deve ser desestim ulado, um a vez que não há evidências de que seja efetivo.
DISPOSITIVO CLITORIDIANO A VÁCUO Nas pacientes que apresen tam dificuldades de excitação e de orgasm o, pode-se optar pelo
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em prego do dispositivo clitoridiano a vácuo. Esse dispositivo m anual operado com bateria tem u m a pequena abóbada plásti ca m acia que aplica vácuo sobre o clitóris estim ulado. Com isto, ocorrem aum ento do fluxo sanguíneo cavernoso, ingurgitam ento e lubrificação vaginal.
BIBLIOGRAFIA AB et al: Changes in sexual function in middle-aged and older men: Longitudinal data from the Massachusetts male aging study. J A m Geriatr Soc 52:1502,2004 B h a s i n S et al: Sexual dysfunction in men and women with endocrine disor ders. Lancet 369:597,2007 B u r n e t t AL: Erectile dysfunction. J Urol 175:S25,2006 C a p p e l l e r i J C et al: A 5-year review of research and clinical experience. Int J Impot Res 17:307,2005 D a v is SR et al: Endocrine aspects of female sexual dysfunction. J Sex Med 1:82, 2004 D o g g r e l l SA: Comparison of clinical trials with sildenafil, vardenafil, and tadalafil in erectile dysfunction. Expert Opin Pharmacother 6:75,2005 E s p o s i t o K et al: Effect of lifestyle changes on erectile dysfunction in obese men: A randomized controlled trial. JAMA 291:2978,2004 I n m a n BA et al. A population-based, longitudinal study of erectile dysfunc tion and future coronary artery disease. Mayo Clin Proc 84:108,2009 P a u l s R N et al: Female sexual dysfunction: Principies of diagnosis and thera py. Obstet Gynecol Surv 60:196,2005 R e e s PM et al: Sexual function in men and women with neurological disor ders. Lancet 369(9560):512,2007 T h o m p s o n IM et al: Erectile dysfunction and subsequent cardiovascular dise ase. JAMA 294:2996, 2005
A r a ú jo
■ CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO D0 F0LÍCUL0 PIL0S0
os androgênios transform am o cabelo veloso em pelo term inal; no úl tim o, o com ponente sebáceo se prolifera e o pelo perm anece veloso. Existem três fases no ciclo de crescim ento dos pelos: (1) anágena (fase de crescim ento), (2) catágena (fase de involução) e (3) telógena (fase de repouso). De acordo com a localização no corpo, a regula ção horm onal pode desem penhar um a função im portante no ciclo de crescim ento de pelos. Por exemplo, as sobrancelhas, os cílios e os pelos velosos são insensíveis aos androgênios, enquanto as regiões, axilar e púbica, são sensíveis a níveis baixos de androgênios. O cresci m ento de pelos em face, tórax, abdom e superior e dorso exige níveis mais elevados de androgênios e, em conseqüência, esse é o padrão de distribuição típico nos hom ens. O excesso de androgênios em m u lheres leva a aum ento do crescim ento de pelos na m aioria dos lo cais sensíveis a esses horm ônios, exceto na região do couro cabeludo, onde ocorre perda porque os androgênios reduzem o período em que os pelos do couro cabeludo passam na fase anágena. Em bora o excesso de androgênio esteja p o r trás da m aioria dos casos de hirsutism o, a correlação entre os níveis de androgênio e o grau de crescim ento de pelos é m odesta. Isso pode ser explicado pelo fato de o crescim ento de pelos a p a rtir dos folículos tam bém depen der de fatores locais e da variabilidade na sensibilidade do órgão alvo (UPS). Fatores genéticos e a origem étnica tam bém influem no cres cim ento de pelos. Em geral, as pessoas de cabelo escuro tendem a ser mais hirsutas do que as louras ou claras. Os asiáticos e os nativos norte-am ericanos apresentam relativa escassez de pelos nas regiões sensíveis ao androgênio em níveis elevados, enquanto indivíduos de ascendência m editerrânea são m ais hirsutos.
O pelo pode ser categorizado com o velo (fino, m acio e não pigm en tado) ou terminal (longo, grosso e pigm entado). O núm ero de folículos pilosos não se m odifica durante a vida da pessoa, m as o tam anho do folículo e o tipo de pelo podem m u d ar em resposta a inúm eros fatores, principalm ente os androgênios. Os androgênios são necessá rios para o desenvolvimento do pelo term inal e da glândula sebácea e m edeiam a diferenciação de unidades pilossebáceas (UPS), seja para folículo piloso term inal, seja para glândula sebácea. No prim eiro caso,
Os elem entos relevantes da anam nese para a avaliação do hirsutism o incluem a idade de início e a velocidade de progressão do crescim en to dos pelos, além dos sinais ou sintom as associados (p. ex., acne). D ependendo da causa, o crescim ento excessivo de pelos é caracte risticam ente observado pela p rim eira vez d urante a segunda e a ter ceira décadas. Em geral, o crescim ento é lento, porém progressivo.
CAPÍ TULO
Hirsutismo e Virilização David A. Ehrmann O hirsutismo, definido com o crescim ento excessivo de pelos depen dente de androgênio com distribuição m asculina, acom ete aproxi m adam ente 10% das m ulheres. Na m aioria das vezes o hirsutism o é idiopático, ou ocorre com o conseqüência de excesso de androgênio associado à síndrom e do ovário policístico (SOP). M enos frequen tem ente, pode resultar de produção excessiva de androgênio com o ocorre na hiperplasia suprarrenal congênita (HSRC) (Q u ad ro 49.1). Raram ente, é um a m anifestação de um a doença subjacente grave. As m anifestações cutâneas com um ente associadas ao hirsutism o englo bam acne e um padrão m asculino de calvície (alopecia andro g ên i ca). O term o virilização refere-se a um distúrbio no qual os níveis de androgênios são suficientem ente altos para provocar outros sinais e sintom as, com o voz m ais grave, atrofia da m am a, aum ento da m assa m uscular, clitorom egalia e libido aum entada; a virilização é um si nal nefasto, que sugere a possibilidade de neoplasia ovariana ou da suprarrenal.
■ AVALIAÇÃO CLÍNICA
r___ QUADRO 49.1
Causas de hirsutismo
Hiperandrogenismo gonadal
Hiperandrogenismo ovariano Síndrome do ovário poiicístico/hiperandrogenismo ovariano funcional Bloqueios da esteroidogênese ovariana Síndromes de resistência extrema à insulina Neoplasias ovarianas Hiperandrogenismo suprarrenal Adrenarca prematura Hiperandrogenismo suprarrenal funcional Hiperplasia suprarrenal congênita (não clássica e clássica) Ação/metabolismo anormal do cortisol Neoplasias suprarrenais Outros distúrbios endócrinos
U m a avaliação clínica objetiva da quantidade e da distribuição de pelos é prim ordial p ara a investigação de q ualquer paciente do sexo fem inino que se apresente com hirsutism o. Essa avaliação p e r m ite a distinção entre hirsutism o e h ipertricose e fornece um ponto de referência basal para se m en su rar a resposta ao tratam ento. Um m étodo sim ples e com um ente utilizado p ara graduar o crescim ento dos pelos é a escala m odificada de F errim an e Gallwey (Fig. 49.1), n a qual cada um dos nove locais sensíveis aos androgênios é grad u ado de 0 a 4. C erca de 95% das m ulheres brancas apresentam um escore abaixo de 8 nessa escala; assim , é n o rm al que a m aioria das m ulheres tenha algum crescim ento de pelos nos locais sensíveis aos androgênios. Escores acim a de 8 sugerem excesso de crescim ento de pelos m ediado p o r androgênio, achado que deve ser m ais bem pesquisado po r m eio de avaliação horm o n al (ver adiante). Nos g ru pos raciais/étnicos m enos p ropensos a m anifestar hirsutism o (p. ex., m ulheres asiáticas), devem -se pesquisar outras evidências cutâneas de excesso de androgênio, incluindo acne pu stu lar e adelgaçam ento dos pelos do escalpo.
Síndrome de Cushing
■ AVALIAÇÃO HORMONAL
Acromegalia
Os androgênios são secretados pelos ovários e pelas glândulas suprar renais em resposta a seus respectivos horm ônios trópicos, o h o rm ô nio luteinizante (LH) e o h o rm ô n io adrenocorticotrópico (ACTH). Os principais esteroides circulantes envolvidos na etiologia do hirsu tism o são a testosterona, a androstenediona, a deidroepiandrosterona (DHEA) e sua form a sulfatada (DHEAS). N orm alm ente, os ovários e as glândulas suprarrenais contribuem , de form a aproxim adam en te idêntica, para a produção de testosterona. M etade da testosterona total origina-se de secreção glandular direta, e o restante é derivado da conversão periférica de androstenediona e de DHEA (Cap. 346). E m bora seja o m ais im p o rtan te dos androgênios circulantes, a testosterona é, na verdade, o p en ú ltim o androgênio na m ediação do hirsutism o; ela é convertida em diidrotestosterona (D H T), que é m ais potente, pela enzim a 5 a-red u tase, localizada na UPS. A DH T apresenta m aior afinidade e dissociação m ais lenta com o receptor de androgênio. A produção local de D H T faz este ser o m ediador prim á rio da ação androgênica no nível da u nidade pilossebácea. Existem duas isoenzim as da 5a-redutase: o tipo 2 é encontrado n a próstata e nos folículos pilosos, e o tipo 1 é e n co n trad o principalm ente nas glândulas sebáceas. A Figura 49.2 apresenta um m étodo para investigação de hiperandrogenem ia. Além da m edição dos níveis sanguíneos de testoste rona e de DHEAS, tam bém é im portante m edir o nível de testostero na livre (ou não ligada). A fração da testosterona que não está ligada à sua proteína tran sp o rtad o ra, a globulina de ligação ao horm ônio sexual (SHBG), está biologicam ente disponível para conversão em D H T e ligação aos receptores de androgênio. A hiperinsulinem ia e/ou o excesso de a n drogênio d im in u e m a pro d u ção hepática de SHBG, resultando em níveis de testo stero n a total den tro da faixa norm al alta, enquanto a fração livre do horm ô n io apresenta-se bas tante elevada. E m bora haja um declínio da síntese de testosterona após a m enopausa, a produção ovariana de estrogênio dim inui ainda mais, e a concentração de SHBG é reduzida. Em conseqüência, há um aum ento na proporção relativa de testosterona livre, o que pode exacerbar o hirsutism o após a m enopausa. Um nível plasm ático basal de testosterona total > 12 nm ol/L (> 3,5 ng/m L) em geral indica um tu m o r virilizante, enquanto um nível > 7 nm ol/L (> 2 ng/m L) é apenas sugestivo. U m nível basal de D H E AS > 18,5 (xmol/L (> 7.000 |xg/L) sugere um tu m o r de suprarrenal. Em bora a DHEAS tenha sido proposta com o um “m arcador” do ex cesso de androgênios pred o m in an tem en te originário das su p rarre nais, não é raro e ncontrar elevações m odestas na DHEAS entre m u lheres com SOP. Deve-se em pregar a tom ografia com putadorizada (TC) ou a ressonância m agnética (RM) p ara localizar m assa suprar renal, sendo que a ultrassonografia será suficiente para identificar m assa ovariana, q u ando a avaliação clínica e os níveis horm onais sugerirem essas possibilidades. A SOP é a causa m ais co m u m de excesso de androgênio ova riano (Cap. 347). O bserva-se aum ento característico na razão entre
Hiperprodução periférica de androgênio Obesidade Idiopática Hiperandrogenismo relacionado com a gestação Hiperreação luteínica Tecoma da gravidez Fármacos Androgênios Contraceptivos orais contendo progestinas androgênicas Minoxidil Fenitoína Diazóxido Ciclosporina Hermafroditismo verdadeiro
O surgim ento súbito e a rápida progressão do hirsutism o sugerem a possibilidade de neoplasia secretora de androgênios e, nesse caso, é possível que tam bém haja virilização. A idade de início dos ciclos m en stru ais (m enarca) e o padrão do ciclo m enstruai devem ser verificados; ciclos irregulares desde a m enarca têm m aior probabilidade de serem causados p or excesso de androgênio ovariano e não da suprarrenal. A presença de sintom as associados, tais com o galactorreia, deve levar de im ediato à investiga ção para hiperprolactinem ia (Cap. 339) e, possivelm ente, para h ip o tireoidism o (Cap. 341). H ipertensão arterial, estrias, equim oses que surgem com facilidade, ganho ponderai centrípeto e fraqueza suge rem hipercortisolism o (síndrom e de Cushing; Cap. 342). Os pacien tes com excesso de h o rm ônio do crescim ento (isto é, acrom egalia) raram ente apresentam hirsutism o. O uso de m edicam entos, com o fe nitoína, m inoxidil e ciclosporina, pode estar associado a crescim ento excessivo de pelos independente de androgênio (isto é, hipertricose). A ntecedentes familiares de infertilidade e/ou de hirsutism o p odem indicar distúrbios com o hiperplasia suprarrenal congênita (HSRC) não clássica (Cap. 342). O exame físico deve incluir m edição de estatura e peso e cálculo do índice de m assa corporal (IMC). U m IM C > 25 k g /m 2 é indicativo de excesso de peso para a estatura, e valores > 30 k g/m 2 são frequen tem ente observados em associação com hirsutism o, provavelm ente com o resultado do aum ento da conversão de precursores de an d ro gênio em testosterona. Deve-se registrar a pressão arterial, pois as causas suprarrenais podem ser acom panhadas de hipertensão. Entre os sinais cutâneos po r vezes associados ao excesso de androgênios e à resistência à insulina estão acantose nigricante e papilom as cutâneos.
Hirsutismo e Virilização
Hiperprolactinemia
381
A cim a dos lábios
1
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
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3
4
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Parte su p e rio r das costas
382
Figura 49.1 Escala de Ferriman e Gallwey para graduação do h irsu tis mo. As nove regiões do corpo com sensibilidade aos androgênios são graduadas de 0 (nenhum pelo terminal) a 4 (francamente viril) para que se obtenha o escore final.
Considera-se normal um hirsutismo a graduação < 8. [Modificada de DA Ehrmann et al.: Hyperandrogenism, hirsutism, andpolycystic ovary syndrome, in LJ DeGroot and JL Jameson (eds), Endocrinoly, 5th., Philadelphia, Saunders, 2006; com autorização.]
LH e h o rm ô n io foliculoestim ulante, de pacientes com SOP c uida dosam ente estudadas. C ontudo, em razão da natureza pulsátil da secreção da gonadotropina este sinal p ode ser ausente em até 50% das m ulheres portadoras de SOP. Classicam ente, a ultrassonografia transvaginal m ostra ovários m aiores e estrom a aum entado em m u i
tas das m ulheres com SOP. E ntretanto, ovários policísticos tam bém podem ser encontrados em m ulheres sem m anifestações clínicas ou laboratoriais de SOP. A inda que geralm ente seja um exam e geral m ente restrito ao cenário de pesquisa, é possível realizar testes utili zando o agonista do horm ônio de liberação das gonadotropinas para
se fazer um diagnóstico específico de hiperandrogenism o ovariano. Um nível m áxim o de 17-hidroxiprogesterona > 7,8 nm ol/L (> 2,6 jxg/L) após a adm inistração SC de 100 |xg de nafarelina (ou 10 |xg/ kg de leuprolida) praticam ente sela o diagnóstico de h iperandroge nism o ovariano. U m a vez que os androgênios suprarrenais são rapidam ente su prim idos p o r doses baixas de glicocorticoides, é possível a realiza ção do teste de supressão androgênica com a dexam etasona para distinguir entre sobreprodução de androgênios de origem ovariana e suprarrenal. C oletam -se am ostras de sangue antes e após a a d m i nistração de dexam etasona (0,5 m g VO a cada 6 h d urante 4 dias). A supressão da testosterona livre até a faixa de norm alidade sugere origem suprarrenal. A supressão incom pleta sugere que o excesso de androgênio tem origem ovariana. O teste de supressão feito com a adm inistração de 1 m g de dexam etasona na noite anterior e m edição do cortisol sérico às 8 h é útil nos casos em que houver suspeita de síndrom e de C ushing (Cap. 342). A HSRC não clássica é causada com m aior frequência pela de ficiência de 21-hidroxilase, m as tam bém po d e ser provocada p o r defeitos autossôm icos recessivos em outras enzim as esteroidogênicas essenciais à síntese de corticosteroides pela suprarrenal (Cap. 342). Em razão do defeito enzim ático, a glândula suprarrenal não secreta glicocorticoides de m aneira eficiente (especialm ente o cortisol). Isto resulta na dim inuição da inibição p o r feedback negativo do ACTH, ocasionando hiperplasia suprarrenal com pensatória e acúm ulo de precursores de esteroides, que depois são convertidos em androgê nios. A possibilidade de deficiência da 21-hidroxilase pode ser afas tada com segurança se a dosagem do nível m atinal de 17-hidroxi progesterona for < 6 nm ol/L (< 2 jxg/L) (coletado na fase folicular). Com o alternativa, pode-se diagnosticar deficiência de 21-hidroxilase pela m edição da 17-hidroxiprogesterona 1 h após a adm inistração IV de 250 (jLg de ACTH sintético (cosintropina).
m acológicos devem ser considerados em todas as pacientes, seja com o único tratam ento, seja com o adjuvante à terapia m edica m entosa. Os tratam entos não farm acológicos incluem ( 1) descoram ento; (2) depilação (rem oção da superfície cutânea), tal com o a raspagem e tratam entos quím icos; ou (3) epilação (a retirada do pelo incluindo a raiz), com o arrancam ento, depilação por cera, eletrólise e terapia a laser. A pesar das percepções em contrário, a raspagem não aum enta a velocidade ou a densidade do crescim ento dos pelos. Os tratam entos depilatórios quím icos podem ser úteis para o hirsutism o leve que afeta apenas áreas cutâneas lim itadas, em bora possam provocar irritação cutânea. O tratam ento com cera rem ove tem p o rariam en te os pelos, m as é desconfortável. A eletrólise é eficaz p ara a retirada m ais perm anente dos pelos, principalm ente nas m ãos de um eletrologista habilidoso. A foto terapia a laser parece ser eficaz para a retirada de pelos. Retarda o novo crescim ento e provoca a retirada perm anente dos pelos na m aioria das pacientes. Os efeitos a longo prazo e as complicações associadas ao tratam ento com laser estão sendo avaliados. A terapia farm acológica é direcionada para a interrupção de um a ou m ais etapas na via da síntese e ação dos androgênios: ( 1) supressão da produção ovariana e/ou suprarrenal de androgênios; (2) estim ulação da ligação de androgênio às proteínas de ligação plasm áticas, principalm ente a SHBG; (3) com prom etim ento da conversão periférica dos p recursores de androgênio em androgê nio ativo; e (4) inibição da ação do androgênio n o nível do tecido alvo. A atenuação do crescim ento de pelos geralm ente não é evi dente antes de 4 a 6 m eses de tratam ento clínico e, na m aioria dos casos, leva a um a redução apenas m odesta. A terap ia com binando estrogênio e progestina, em form a de um contraceptivo oral, em geral é considerada o tratam ento endócrino de p rim eira lin h a para hirsu tism o e acne, depois do controle estético e derm atológico. O com ponente estrogênico da m aioria dos contraceptivos orais atualm ente em uso é o etinilesTRATAMENTO Hirsutismo tradiol ou o m estranol. A supressão do LH leva à produção red u zida de androgênios ovarianos. O s níveis reduzidos de androgê O tratam ento do h irsutism o pode ser feito farm acologicam ente nios tam bém resultam em aum ento da SHBG relacionado com a ou p o r m eios m ecânicos, com a extração de pelos. Os não fardose, reduzindo, desse m odo, a fração livre de tes tosterona plasm ática. Tam bém se com provou que a terapia de com binação dim inui a DHEAS, talvez por AVALIAÇAO CLINICA DO HIRSUTISMO reduzir os níveis de ACTH . O s estrogênios tam bém exercem um efeito supressor direto, dependente da dose, no funcionam ento da célula sebácea. A escolha de u m contraceptivo oral específico deve ser fu n d a m e n ta d a no com ponente progestacional, já que as progestinas variam quanto a seu efeito supressor sobre os níveis de SHBG e quanto a seu potencial androgênico. O diacetato de etinodiol tem potencial androgênico relativam ente baixo, enquanto as progestinas, com o o norgestrel e o levonorgestrel, são p a rticu la rm e n te androgênicas, a julgar pela atenuação do aum ento n a SHBG induzi da p o r estrogênio. O norgestim ato é um exemplo de um a nova geração de progestinas que praticam ente não tem atividade androgênica. A drospirenona, análogo da e spironolactona com ações antim ineralocorticoide e antiandrogênica, foi aprovada para uso com o agente progestacional em com binação com o etinilestradiol. Os contraceptivos orais estão contraindicados em m ulheres com h istó ria de doença tro m b o e m bólica e naquelas sob risco aum entado de câncer de m am a ou outros cânceres dependentes de estrogê nio (Cap. 348). H á contraindicação relativa ao uso de contraceptivos orais em fum antes e em m ulheres com hipertensão arterial ou história de enxaqueca. Na m aioria dos estudos, a terapia isolada com estroFigura 49.2 Algoritm o para avaliação e diagnóstico diferencial de hirsutism o. ACTH, hor gênio-progestina m elhora a extensão da acne até o mônio adrenocorticotrópico; HSRS, hiperplasia suprarrenal congênita; DHEAS, forma sulfatada da deidroepiandrosterona; SOP, síndrome do ovário policístico.
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
m áxim o de 50 a 70%. O efeito sobre o crescim ento de pelos pode não ser evidente nos prim eiros 6 meses, e o resultado m áxim o pode exigir 9 a 12 meses em razão da extensão do ciclo de cres cim ento de pelos. A m elhora no hirsutism o em geral se situa na faixa de 20%, m as a progressão adicional do crescim ento de pelos pode ser interrom pida. Os androgênios suprarrenais são m ais sensíveis que o c o rti sol aos efeitos supressores dos glicocorticoides. Por conseguinte, os glicocorticoides são a base do tratam ento nas pacientes com HSRC. Em bora tenha sido relatado que os glicocorticoides restau ram a função ovariana em algum as m ulheres que têm SOP, esse efeito é m uito variável. Por causa dos efeitos colaterais ligados ao excesso de glicocorticoides, devem -se usar doses baixas. A dexa m etasona (0,2 a 0,5 mg) ou a prednisona (5 a 10 mg) devem ser tom adas ao deitar-se para se alcançar a supressão m áxim a p or in i bição do pico no tu rn o de ACTH. O acetato de cip ro tero n a é o an tia n d ro g ê n io prototípico. Atua principalm ente p or inibição com petitiva da ligação de tes tosterona e D H T ao receptor de androgênio. A lém disso, pode aum entar a depuração m etabólica da testosterona ao in duzir as enzim as hepáticas. E m bora não esteja disponível p a ra uso nos EUA, o acetato de c iproterona é am plam ente utilizado n o C a nadá, no M éxico e na Europa. A cip ro tero n a (50 a 100 m g) é fornecida do I o ao 15° dias, e o etinilestradiol (50 m g), do 5° ao 26° dias do ciclo m enstruai. Os efeitos colaterais incluem sangra m ento uterino irregular, náuseas, cefaleia, fadiga, ganho p o n d e rai e libido dim inuída. A espironolactona, que geralm ente é usada com o um a n ta gonista dos m ineralocorticoides, tam bém é u m antiandrogênio fraco. É quase tão efetiva quanto o acetato de ciproterona, q u a n do usada em doses suficientem ente altas (100 a 200 m g/dia). As pacientes devem ser m onitoradas de m odo interm itente para que se possa detectar hiperpotassem ia ou hipotensão, em bora esses efeitos colaterais sejam raros. A gestação deve ser evitada po r causa do risco de feminilização de um feto m asculino. A espiro nolactona tam bém pode causar irregularidade m enstruai. C om frequência, é usada em com binação com um contraceptivo oral,
CAPÍ TULO
50
Distúrbios Menstruais e Dor Pélvica Janet E. Hall A disfunção m en stru a i p o d e sinalizar u m a a n o rm a lid a d e su b ja cente que pode traz er conseqüências p a ra a saúde a longo prazo. E m bora o sangram ento freqüente ou p rolongado costum e in d u zir a m u lh e r a p ro c u ra r a te n d im e n to m édico, o sa n g ram e n to in fre q uente ou ausente po d e p arecer m en o s p re o cu p a n te e a paciente p o d e não p ro c u ra r um m édico. Assim , c o n ce n tra r-se n a h istó ria m en stru a i é u m a p arte m uito im p o rta n te de to d a co n su lta fem i nina. A d or pélvica é u m a queixa co m u m que p o d e relacionar-se com u m a ano rm alid ad e dos órgãos repro d u tiv o s, m as p o d e ta m bém ser de origem g astrintestinal, do trato u rin á rio ou m usculoesquelética. D e p en d e n d o da causa, a d o r pélvica p o d e re q u ere r atenção cirúrgica.
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que suprim e a produção ovariana de androgênios e ajuda a p re venir a gestação. A flutam ida é um potente antiandrogênio não esteroide, efi caz no tratam e n to do hirsutism o, m as as preocupações quanto à indução de disfunção hepatocelular lim itaram sua utilização. A finasterida é um inibidor com petitivo da 5 a -re d u tase tipo 2. Relataram -se efeitos benéficos sobre o hirsutism o, m as o p re d o m ínio da 5 a -re d u tase tipo 1 na UPS parece explicar sua eficá cia lim itada. Tam bém é esperado que a finasterida com prom eta a diferenciação sexual em um feto m ascu lin o e, portan to , este m edicam ento não deve ser usado em m ulheres que possam e n gravidar. O crem e de eflornitina foi aprovado com o novo tratam ento para pelos faciais indesejáveis em m ulheres, porém sua eficácia a longo prazo ainda não foi estabelecida. Pode causar irritação cutânea em circunstâncias de uso exagerado. Por fim, a escolha de qualquer agente deve ser adequada às necessidades específicas de cada paciente sob tratam ento. Conform e já foi dito, os tratam en tos farm acológicos para o hirsutism o devem ser usados em con junto com os recursos não farmacológicos. Tam bém é útil revisar o padrão fem inino de distribuição de pelos na população norm al para se refutarem expectativas irrealistas.
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Sw ig l o
DISTÚRBIOS MENSTRUAIS ■ DEFINIÇÃO E PREVALÊNCIA A amenorreia refere-se à ausência de perío d o s m enstruais, sendo classificada com o primária se o sangram ento m enstruai nunca tiver ocorrido na ausência de tratam ento horm onal, ou secundária se os períodos m enstruais forem ausentes p o r 3-6 meses. A am enorreia prim ária é um distúrbio raro que ocorre em m enos de 1% da população fem inina. Entretanto, 3 a 5% das m ulheres têm pelo m enos 3 meses de am enorreia secundária em um determ inado ano. Não há evidências de que a raça, ou a etnia, influencie a p re valência de am enorreia. Entretanto, devido à im portância da n u tri ção adequada para que haja um a função reprodutiva norm al, tanto a idade na m enarca quanto a prevalência de am enorreia secundária variam significativam ente em diferentes partes do m undo. A oligomenorreia é definida com o u m ciclo com duração m aior que 35 dias ou m enor que 10 m enstruações p or ano. Tanto a frequên cia quanto a quantidade de sangram ento vaginal são irregulares na oligoam enorreia. Ela frequentem ente é associada a anovulação, que tam bém pode ocorrer com intervalos interm enstruais de m enos de 24 dias ou sangram ento vaginal p or m ais de 7 dias. O sangram ento irregular freqüente ou intenso é cham ado de sangramento uterino disfuncional caso se excluam lesões uterinas anatôm icas ou u m a diátese hem orrágica.
Amenorreia primária A ausência de m enstruação aos 16 anos de idade tem sido tra d i cionalm ente usada para definir am enorreia prim ária. E ntretanto, devem -se investigar outros fatores, com o crescim ento, característi cas sexuais secundárias, presença de dor pélvica cíclica e a tendência secular a um a idade precoce para a m enarca, particu larm en te nas m eninas afroam ericanas. Assim, deve-se iniciar um a avaliação para am enorreia aos 15 ou 16 anos de idade, na presença de crescim ento norm al e características sexuais secundárias; aos 13 anos, na ausência de características sexuais secundárias ou se a altura for m enor do que o terceiro percentil; aos 12 ou 13 anos, na presença de desenvolvi m ento das m am as e dor pélvica cíclica; ou nos 2 anos de desenvol vim ento das m am as se a m enarca, definida pelo prim eiro período m enstruai, não ocorrer.
ou h ím en im perfurado; agenesia m ulleriana (síndrom e de Mayer-Rokitansky-K uster-H auser), associada a m utações no gene W NT4; e síndrome da insensibilidade androgênica (SIA), um distúrbio reces sivo ligado ao X responsável p or aproxim adam ente 10% de todos os casos de am enorreia prim ária (Cap. 346). Os pacientes com SIA têm um cariótipo 46, XY, m as, devido à ausência de responsividade do receptor androgênico, apresentam subandrogenização e genitália fe m inina externa. A ausência de pelos pubianos e axilares distingue-os clinicam ente dos pacientes com agenesia m ulleriana. A síndrome de Asherm an apresenta-se com o am enorreia secundária ou hipom enorreia e resulta de obliteração parcial ou com pleta da cavidade uterina po r aderências que evitam crescim ento n orm al e descam ação do endom étrio. A curetagem realizada devido a com plicações da gravidez é responsável p or m ais de 90% dos casos; a tuberculose genital é um a causa im portante nas regiões endêm icas.
Amenorreia secundária ou oligoamenorreia
■ DIAGNÓSTICO A avaliação da disfunção m enstruai depende da com preensão das inter-relações entre os quatro com ponentes essenciais do trato repro dutivo: ( 1) o hipotálam o, (2) a hipófise, (3) os ovários e (4) o útero, bem com o a via de saída (Fig. 50.1; Cap. 347). Este sistem a é m antido p o r alças de feedbacks negativos e positivos com plexas que envolvem os esteroides ovarianos (estradiol e progesterona) e peptídios (inibina B e inibina A), bem com o com ponentes hipotalâm icos [horm ônio de liberação de g o n ad o tro p in a (G nR H )] e hipofisários [horm ô n io fo liculoestim ulante (FSH) e h o rm ô n io lu teinizante (LH)] deste sistem a (Fig. 50.1). Os distúrbios da função m enstruai p odem ser considerados em duas cate gorias principais: distú rb io s do útero e via de saída e distúrbios de ovulação. G rande p arte dos problem as que cau sam am enorreia p rim ária é congênita, m as não é reconhecida até a época da p uberdade norm al (p. ex., an o rm alid a des genéticas, crom ossôm icas e a n atô m icas). Todas as causas de am enorreia secu n d ária tam bém p o d e m pro v o car am enorreia prim ária.
Distúrbios uterinos ou da via de saída As anorm alidades uterinas ou da via de saída apresentam -se com o am enorreia prim ária. Nas pacientes com desenvol vim ento puberal norm al e vagina cega, o diagnóstico diferencial inclui obstru ção p o r um septo vaginal transverso
TRATAMENTO
Distúrbios uterinos ou da via de saída
A obstrução da via de saída requer correção cirúrgica. O risco de endom etriose é aum entado com esta condição, talvez devido a fluxo m enstruai retrógrado. A agenesia m ulleriana tam bém pode requerer intervenção cirúrgica, em bora a dilatação vaginal seja adequada em alguns pacientes. C om o a função ovariana se m o s tra norm al, as técnicas reprodutivas assistidas podem ser usadas com um a m ãe de aluguel. A síndrom e de resistência androgênica requer gonadectom ia porque há risco de gonadoblastom a nas gônadas disgenéticas. H á controvérsias sobre a época de realização deste procedim ento, se no início da infância ou após o com pleto desenvolvim ento das m am as. A reposição de estrogênio é indica da após gonadectom ia, e a dilatação vaginal pode ser necessária para possibilitar a relação sexual.
Distúrbios Menstruais e Dor Pélvica
A anovulação e os ciclos irregulares são relativam ente com uns po r até 2 a 4 anos após a m enarca e p or 1-2 anos antes do período m enstruai final. Nos anos entre este intervalo, a duração do ciclo m enstruai é de aproxim adam ente 28 dias, com um intervalo in term enstrual que norm alm ente varia entre 25 e 35 dias. A variabilidade ciclo a ciclo em um a m ulher que esteja ovulando sistem aticam ente em geral é de + /- 2 dias. A gravidez é a causa mais com um de am enorreia, devendo ser excluída no início de qualquer avaliação de irregularidade m ens truai. C ontudo, m uitas m ulheres algum as vezes não apresentam um período m enstruai. Três ou m ais m eses de am enorreia secundária exigem um a avaliação, assim com o um a história de intervalos interm enstruais de mais de 35 ou m enos de 21 dias, ou sangram ento que persiste po r mais de 7 dias.
Figura 50.1 Papel do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal na etiologia da amenorreia. A secreção do hormônio de liberação da gonadotropina a partir do hipotálamo estimula o hormônio foliculoestimulante (FSH) e a secreção do hormônio luteinizante (LH) a partir da hipófise para induzir foliculogênese ovariana e esteroidogênese. A secreção ovariana de estradiol e progesterona controla a descamação do endométrio, resultando na menstruação, e, em combinação com as inibinas, fornece regulação do feedback do hipotálamo e da hipófise para controlar a secreção de FSH e LH. A prevalência de amenorreia que resulta das anormalidades em cada nível do sistema reprodutivo (hipo tálamo, hipófise, ovário, útero e via de saída) varia conforme a amenorreia seja primária ou secundária. SOP, síndrome do ovário policístico.
385
Distúrbios da ovulação U m a vez excluídas as anorm alidades uterinas e da via de saída, as o utras causas de am enorreia envolvem distúrbios de ovulação. O diagnóstico diferencial baseia-se nos resultados dos exam es iniciais, incluindo exam e de gravidez, gonadotropinas (para determ inar se a causa é provavelm ente ovariana ou central) e avaliação de h ip era n drogenism o (Fig. 50.2).
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Hipogonadismo hipogonadotrópico Níveis baixos de estrogênio, em com binação com níveis norm ais ou baixos de LH e FSH, são obser vados nas anorm alidades anatôm icas, genéticas ou funcionais que interferem na secreção hipotalâm ica de G nR H ou na responsividade hipofisária ao G nRH . E m bora relativam ente incom um , os tum ores e doenças infiltrativas devem ser considerados no diagnóstico d i ferencial de hipogonadism o h ip ogonadotrópico (Cap. 339). Estes d istúrbios p o d em apresentar-se com am enorreia p rim á ria ou se cundária, podendo ocorrer em associação com outras m anifestações sugestivas de disfunção h ipotalâm ica ou hipofisária, tais com o baixa estatura, diabetes insípido, galactorreia e cefaleia. O hipogonadism o hipogonadotrópico tam bém pode ser observado após radioterapia craniana. N o período pós-parto, pode ser causado p o r necrose h i pofisária (síndrom e de Sheehan) ou hipofisite linfocítica. C om o a disfunção reprodutiva é com um ente associada a h iperprolactinem ia devido a lesões n eu roanatôm icas ou m edicam entos, a pro lactin a deve ser m edida em todos os pacientes com hipogonadism o h ip o gonadotrópico (Cap. 339). O hipogonadism o hipogonadotrópico isolado (H H I) ocorre em m ulheres, em bora seja m ais com um em hom ens. O H H I geralm ente apresenta-se com am enorreia prim ária e está associado a anosm ia em cerca de 50% das m ulheres (cham ado síndrom e de Kallm an). As cau sas genéticas de H H I foram identificadas em aproxim adam ente 35% dos pacientes (Caps. 346 e 347).
A am enorreia hipotalâm ica funcional (A H ) é causada p or um desequilíbrio entre o gasto de energia e a entrada de energia. Estudos recentes sugerem que variantes nos genes associados a H H I podem aum entar a suscetibilidade a essas contribuições am bientais, sendo em p arte responsável pela variabilidade clínica nesse distúrbio. A secreção de leptina pode desem penhar um papel na conversão dos sinais da periferia para o hipotálam o na AH. O eixo hipotalâm ico-hipofisário-suprarrenal tam bém pode desem penhar um papel. O diag nóstico de AH em geral pode ser feito com base em u m a anam nese e exam e físico cuidadosos, bem com o n a dem onstração de baixos níveis de gonadotropinas e níveis norm ais de prolactina. Os tra n s tornos alim entares e doenças crônicas têm de ser especificam ente excluídos (Cap. 79). H istória atípica, cefaleia, sinais de outra disfun ção hipotalâm ica ou hiperprolactinem ia, m esm o branda, requerem a realização de exames de im agem cranianos com TC ou RM para excluir um a causa neuroanatôm ica.
Hipogonadismo hipergonadotrópico A insuficiência ovariana é con siderada prem atura quando ocorre em m ulheres com m enos de 40 anos de idade e é responsável p o r aproxim adam ente 10% da am enor reia secundária. A insuficiência ovariana prim ária (IOP) geralm ente tem substituído os term os menopausa prem atura e insuficiência ova riana prem atura p or reconhecer que esse distúrbio representa um contínuo da deficiência da função ovariana. A insuficiência ovaria na está associada à perda da inibição do feedback negativo no h ip o tálam o e hipófise, resultando em aum ento dos níveis de FSH e LH. O FSH é um m arcador m elhor da insuficiência ovariana, pois seus níveis são m enos variáveis do que os de LH. Assim com o na m en o pausa norm al, a IOP pode ir e vir, e as m edições seriadas podem ser necessárias para estabelecer o diagnóstico. Um a vez estabelecido o diagnóstico de IOP, um a avaliação adi cional é indicada em razão de outros problem as de saúde que podem
AMENORREIA / OLIGOMENORREIA
Figura 50.2 Algoritmo para a avaliação da amenorreia. phCG, gonadotropina coriônica humana; FSH, hormônio foliculoestimulante; TSH, hormônio estimulante da tireoide.
386
ser associados à IOP. Por exem plo, a IO P ocorre em associação a um a variedade de anorm alidades crom ossôm icas, com o a síndrom e de Turner, síndrom es de insuficiência poliglandular autoim une, rá dio e quim ioterapia, bem com o galactosem ia. O reconhecim ento de que a insuficiência ovariana precoce ocorre nos po rtad o res p re m a turos da síndrom e do X frágil é im portante devido ao risco de defi ciência m ental grave em crianças do sexo m asculino com m utações do FMR1. C ontudo, n a m aioria dos casos, não se determ in o u um a causa para IOP. O hipogonadism o hiperg o n ad o tró p ico ra ra m en te ocorre em outros distúrbios, com o m utações nos receptores de FSH ou LH. A deficiência de arom atase e a deficiência de 17a-hidroxilase estão as sociadas a gonadotropinas elevadas com hiperandrogenism o e hip er tensão, respectivam ente. Os tum ores que secretam g onadotropina nas m ulheres em idade reprodutiva geralm ente apresentam -se com níveis altos, e não baixos, de estrogênio, causando hiperestim ulação ovariana ou sangram ento disfuncional.
TRATAMENTO
Causas hipogonadotrópicas e hipergonadotrópicas de amenorreia
Síndrome do ovário policístico (SOP) A SOP é diagnosticada com base na presença de um a com binação de evidências clínicas e bioquím icas de hiperandrogenism o, am enorreia ou oligom enorreia e o apareci m ento de ovários policísticos na ultrassonografia. A proxim adam ente m etade das pacientes com SOP é obesa e anorm alidades na dinâm ica insulínica são com uns, com o o é a síndrom e m etabólica. Os sintom as em geral com eçam logo após a m enarca e são lentam ente progressi vos. Os pacientes m agros com SOP geralm ente têm níveis altos de LH na presença de níveis, norm ais a baixos, de FSH e estradiol. A razão LH/FSH é m enos p ronunciada nas pacientes obesas nas quais a resistência à insulina é um a característica m ais proem inente.
TRATAMENTO
Síndrome do ovário policístico
Dor pélvica Um a anam nese abrangente, que inclui o tipo, localização, ra diação e estado relacionado com o aum ento ou redução da gra vidade, pode ajudar a identificar a causa da d or pélvica aguda. A ssociações a sangram ento vaginal, atividade sexual, defecação, m icção, m ovim ento ou ingestão de alim entos devem ser pro cu ra das. Um a história m enstruai cuidadosa é essencial para avaliar a possibilidade de gravidez. D eterm inar se a dor é aguda ou crônica e cíclica ou não cíclica irá direcionar as investigações adicionais (Q u ad ro 50.1). E ntretanto, os distúrbios que causam d or cíclica podem , ocasionalm ente, causar do r não cíclica, e o contrário tam bém é verdadeiro.
■ DOR PÉLVICA AGUDA A dor pélvica aguda apresenta-se m ais com um ente com dor abdom i nal inferior bilateral, geralm ente tem início recente e é exacerbada po r relações sexuais ou m ovim entos de trepidação. H á presença de febre em cerca de m etade dessas pacientes; o sangram ento uterino anorm al ocorre em cerca de 33%. Pode haver secreção vaginal, uretrite e calafrios, m as estes são sinais m enos específicos. A patologia dos anexos pode apresentar-se de m aneira aguda e pode ser causada p or ruptura, sangram ento ou torção dos cistos ou, bem m enos co m um ente, p o r neoplasias do ovário, tubas uterinas ou áreas paraovarianas. Pode haver febre com torção ovariana. A gravidez ectópica está associada a d or abdom inal inferior do lado direito ou do lado esquerdo e sangram ento vaginal, com sinais clínicos que geralm ente surgem 6 a 8 sem anas após o últim o p eríodo m enstruai norm al. Si nais ortostáticos e febre p odem estar presentes. Os fatores de risco consistem na presença de doença tu b ária conhecida, gravidezes ec-
QUADRO 50.1
Causas da dor pélvica Aguda
A principal anorm alidade em pacientes com SOP é a falência de ovulação regular previsível. Assim, esses pacientes apresentam risco de desenvolver sangram ento disfuncional e hiperplasia endom etrial associados a exposição ao estrogênio sem oposição. Po de-se proteger o endom étrio com o uso de contraceptivos orais ou progestinas (acetato de m edroxiprogesterona, 5-10 m g, ou prom étrium , 200 m g/dia, durante 10-14 dias de cada m ês). Os co n traceptivos orais tam bém são úteis para o tratam ento de sintom as hiperandrogênicos, com o a espironolactona, que funciona com o um antagonista fraco do receptor de androgênio. O tratam ento da síndrom e metabólica associada pode ser apropriado para algumas pacientes (Cap. 242). Para aquelas interessadas em fertilidade, o controle do peso é um prim eiro passo im portante. O citrato de clom ifeno m ostra-se altam ente efetivo com o tratam ento de p ri m eira linha com ou sem adição de m etform ina. As g o n a d o tro pinas exógenas podem ser usadas po r profissionais experientes.
Distúrbios Menstruais e Dor Pélvica
A am enorreia quase sem pre é associada a níveis c ro n icam en te baixos de estrogênio, independente de serem provocados por hipogonadism o hipogonadotrópico ou insuficiência ovariana. O desenvolvim ento de características sexuais secundárias requer a titulação gradual de reposição de estradiol com a subsequente adição de um a progestina. Os sintom as de hipoestrogenism o p o dem ser tratados com terapia de reposição h o rm o n al ou pílulas contraceptivas orais. Os pacientes com hipogonadism o hipogona dotrópico interessados em fertilidade requerem tratam en to com GnRH pulsátil ou FSH e LH exógenos, enquanto as pacientes com insuficiência ovariana podem considerar a doação de ovócito, que tem um a alta chance de sucesso nesta população.
DOR PÉLVICA Os m ecanism os que causam a d o r pélvica são sem elhantes aos que causam d o r ab d o m in a l (Cap. 13) e in clu em in flam ação do p e ri tô n io parietal, ob stru ção das vísceras ocas, d istú rb io s vasculares e d o r que se origina na parede abdom inal. A d o r pélvica po d e refletir do en ça pélvica p ro p riam en te dita, m as tam b é m p o d e refletir d is tú rb io s extrapélvicos que referem a d o r n a pelve. E m até 60% dos casos, a d o r pélvica pode ser atrib u íd a a problem as gastrintestinais que incluem apendicite, colecistite, infecções, o bstrução intestinal, diverticulite e doença intestinal inflam atória. O trato u rin ário e os d istúrbios m usculoesqueléticos tam b é m são causas com uns de d or pélvica.
Crônica Sintomas pré-menstruais
Dor pélvica cíclica
Mittelschmerz Dismenorreia Endometriose Dor pélvica não cíclica
Doença inflamatória pélvica
Síndrome da congestão pélvica
Cisto ovariano rompido ou hemorrágico ou torção ovariana
Aderências e retroversão do útero
Gravidez ectópica
Neoplasias malignas pélvicas
Endometrite
Vulvodinia
Crescimento agudo ou degeneração de mioma uterino
História de abuso sexual
387
tópicas anteriores, história de infertilidade, exposição intrauterina ao dietilestilbestrol (DES) ou história de infecções pélvicas. A patologia uterina inclui endom etrite e, m enos frequentem ente, leiom iom as em degeneração (fibroides). A endom etrite com um ente está associada a sangram ento vaginal e sinais sistêmicos de infecção. O corre em caso de infecções sexualm ente transm issíveis, instrum entação uterina ou infecção pós-parto. Um exam e sensível de gravidez, hem ogram a com pleto com d i ferencial, exam e de urina, exam es para infecções p o r clam ídias e gonococos, bem com o ultrassonografia abdom inal ajudam a fazer o diagnóstico e direcionar o tratam ento adicional.
TRATAMENTO
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 388
Dor pélvica aguda
O tratam ento de dor pélvica aguda depende da etiologia suspeita, m as pode exigir intervenção cirúrgica ou ginecológica. O tra ta m ento conservador é um a consideração im portante p ara cistos ovarianos, caso não haja suspeita de torção, para evitar cirurgia pélvica desnecessária e risco subsequente de infertilidade causada p o r aderências. A m aioria das gravidezes ectópicas sem ro m p i m ento atualm ente é tratada com m etotrexato, que é efetivo em 84 a 96% dos casos. E ntretanto, o tratam ento cirúrgico pode ser necessário.
■ DOR PÉLVICA CRÔNICA A lgum as m ulheres sentem desconforto n a época da ovulação (m ittelschmerz). A d o r pode ser b astante intensa, m as geralm ente é de c u rta duração. A credita-se que o m ecan ism o envolva ráp id a ex pansão do folículo d o m inante, em bora tam b é m possa ser causado p o r irritação perito n ial devido à liberação de líquido folicular no m om ento da ovulação. M uitas m ulheres apresentam sintom as pré-m enstruais com o desconforto nas m am as, desejo p o r alim entos e inchaço abdom inal ou desconforto. Tais sintom as pré -m e n stru ais são um bom previsor de ovulação, e m b o ra a ausência deles seja m enos útil.
Dismenorreia A dismenorreia refere-se ao d e sconforto abdom inal in ferio r com cólicas que com eça com o início do san g ram en to m en stru a i e reduz-se gradualm ente nas próxim as 12-72 h. Pode ser associada a náuseas, diarréia, fadiga e cefaleia, oco rren d o em 60 a 93% das ad o lescentes, com eçando com o estabelecim ento de ciclos ovulatórios regulares. Sua prevalência cai após a gravidez e com o uso de c o n traceptivos orais. A dismenorreia prim ária resulta de a u m e n to dos estoques do p re cu rso r de p ro stag lan d in as, que são gerados p o r estim ulação seqüencial do útero pelo estrogênio e pela progesterona. D urante a m enstruação, estes p recursores são convertidos em p ro sta g la n dinas, que causam contrações u terin as intensas, redução do fluxo sanguíneo e aum ento da hipersensibilidade do nervo periférico, re sultando em dor.
A dismenorreia secundária é causada p o r patologia pélvica sub jacente. A endometriose resulta da presença de glândulas endom etriais e estrom a fora do útero. Estes depósitos de endom étrio ectópico respondem à estim ulação horm onal e causam dism enorreia, que geralm ente precede a m enstruação em vários dias. A endom etriose tam bém pode estar associada a d o r na relação sexual, m ovim entos intestinais dolorosos e nódulos sensíveis no ligam ento uterossacral. A fibrose e as aderências podem produzir o deslocam ento lateral do colo do útero. O nível de CA 125 pode ser aum entado, m as tem valor preditivo negativo baixo. O diagnóstico definitivo requer laparosco pia. A sintom atologia nem sem pre prevê a extensão da endom etriose. O utras causas secundárias de dism enorreia incluem a adenom iose, um a condição causada pela presença de glândulas endom etriais ec tópicas e estrom a no interior do m iom étrio. A estenose cervical pode resultar de traum atism o, infecção ou cirurgia.
TRATAMENTO
Dismenorreia
A aplicação local de calor, o uso de vitam inas B l, B6 e E, bem com o m agnésio, a acupuntura, a ioga e exercícios apresentam al gum benefício para o tratam ento de dism enorreia. E ntretanto, os fárm acos anti-inflam atórios não esteroides (AINEs) são o trata m ento m ais efetivo, fornecendo m ais de 80% das taxas contínuas de resposta. O ibuprofeno, naproxeno, cetoprofeno, ácido mefenâm ico e nim esulida são superiores ao placebo. O tratam ento deve ser iniciado 1 dia antes da m enstruação esperada e em geral continuado po r 2-3 dias. Os contraceptivos orais tam bém redu zem os sintom as de dism enorreia. A falha da resposta aos AINEs e contraceptivos orais é sugestiva de distúrbio pélvico, tal com o a endom etriose, devendo a laparoscopia diagnóstica ser considera da para guiar o tratam ento posterior.
BIBLIOGRAFIA CM: Clinical practice: Functional hypothalamic amenorrhea. N Engl J Med 33:365,2010 H a l l JE: Neuroendocrine control of the menstruai cycle, in Yen and Jaffes Reproductive Endocrinology, 6th ed, JF Strauss III, RL Barbieri (eds). Philadel phia, Elsevier, 2009, pp 139-154 H o w a r d FM: Endometriosis and mechanisms of pelvic pain. J Minim Invasive Gynecol 16:540,2009 N e l s o n LM: Clinical practice: Primary ovarian insufficiency. N Engl J Med 360:606, 2009 Pallais JC et al: Kallmann syndrome, in GeneReviews, RA Pagon et al (eds). G ordon
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HP et al: Nonsteroidal anti-inflammatory drugs and hormonal contraceptives for pain relief from dysmenorrhea: A review. Contraception 81:185,2010
Z a h r a d n ik
SEÇÃO 9
Alterações Cutâneas
CAPÍ TULO
51
Abordagem ao Paciente com Doença de Pele Thomas J. Lawley Kim B. Yancey
> "D
Figura 51.2 Nevo nevomelanocítico. Nevos são proliferações benignas de células névicas que se caracterizam por máculas ou pápulas hiperpigmentadas de forma regular e cor uniforme.
üüTiüTifT ffiTflt /,
n.
..
Distúrbio cutâneo
Ao exam e da pele, em geral é aconselhável avaliar o paciente a n tes de obter um a anam nese detalhada. Assim, certam ente toda a superfície cutânea será avaliada, e os achados objetivos po d e rão ser integrados com dados relevantes da anam nese. É preciso observar e considerar 4 características básicas de qualquer lesão cutânea d urante o exam e físico: a distribuição da erupção, o(s) tipo(s) de lesão prim ária e secundária, a form a das lesões indivi duais e a conform ação das lesões. U m exam e cutâneo ideal inclui a avaliação da pele, dos pelos e unhas, bem com o das m ucosas da boca, dos olhos, do nariz, da nasofaringe e da região anogenital. No exam e inicial, é im portante despir o paciente o m áxim o pos-
QUADRO 51.1
Descrição das lesões cutâneas primárias
O CJ1
Abordagem ao Paciente com Doença de Pele
N o exam e da pele, o desafio reside em d istin g u ir entre o n o rm al e o anorm al, entre achados significativos e triviais, bem com o em integrar sinais e sintom as p ertin en tes em u m diagnóstico diferen cial apropriado. O fato de que o m aior órgão do corpo é visível traz ao m édico vantagens e desvantagens. É vantajoso p o rq u e não são necessários in stru m en to s especiais e pode-se fazer a biópsia da pele com pouca m orbidade. N o entanto, u m observador casual po d e ser enganado p o r diversos estím ulos, ou desprezar sinais sutis, po rém im portantes, de doença cutânea ou sistêm ica. Por exem plo, às vezes pode ser difícil reconhecer as diferenças m ínim as que possibilitam distinguir um m elanom a m aligno (Fig. 51.1) de um nevo nevom elanocítico benigno (Fig. 51.2). Para auxiliar na in te rp reta çã o das lesões cutâneas, foi criada u m a série de term o s descritivos p ara ca racterizá-las (Q u a d ro s 51.1, 51.2 e 51.3, m ais Fig. 51.3) e form ular um diagnóstico diferencial (Q u a d ro 51.4). P or exem plo, o achado de pápulas descam ativas (presentes em pacientes com psoríase ou derm atite atópica) coloca o paciente em u m a categoria diagnóstica diferente da de o utro paciente com pápulas hem orrágicas, que p o dem indicar vasculite ou sepse (Figs. 51.4 e 51.5, respectivam ente). Tam bém é im p o rtan te diferenciar lesões prim árias de alterações se cundárias da pele. Se o m édico se detiver em erosões lineares sobre um a área de eritem a e descam ação, p o d e rá su p o r erroneam ente que a erosão é a lesão prim ária, e que a v erm elhidão e a descam ação são secundárias, em bora a in terp retação c o rreta fosse que o paciente tem um a derm atite eczem atosa p ru rig in o sa com erosões provoca das pelo ato de coçar.
o
Mácula: lesão plana com alteração da cor, de diâmetro < 2 cm, sem elevação acima da superfície da pele circundante. Uma efélide ou “sarda” é o protótipo de uma mácula pigmentada. Placa maculosa: lesão plana grande (> 2 cm) com cor diferente da pele circundante. Difere da mácula apenas pelo tamanho. Pápula: lesão sólida pequena, de diâmetro < 0,5 cm, elevada acima da superfície da pele circundante e, portanto, palpável (p. ex., um comedão fechado, ou aberto, na acne). Nódulo: lesão firme grande (0,5 a 5 cm) elevada acima da superfície da pele circundante. Difere de uma pápula apenas pelo tamanho (p. ex., um nevo nevomelanocítico dérmico).
Tumor: crescimento sólido e elevado, de diâmetro > 5 cm. Placa: lesão grande (> 1 cm) elevada, achatada; as margens podem ser nítidas (p. ex., na psoríase) ou se confundir gradualmente com a pele circundante (p. ex., na dermatite eczematosa). Vesícula: lesão pequena cheia de líquido, com diâmetro < 0,5 cm, elevada acima do plano da pele circundante. 0 líquido em geral é visível e as lesões são translúcidas (p. ex., vesículas na dermatite de contato alérgica causada por Toxicodendron [hera venenosa]).
Pústula: uma vesícula cheia de leucócitos. Nota: a presença de pústulas não significa necessariamente a existência de uma infecção.
Bolha: lesão elevada cheia de líquido, em geral translúcida, com diâmetro Figura 51.1
Melanoma superficial extensivo. É o tipo mais comum de mela
noma. Em geral, tais lesões demonstram assimetria, margens irregulares, variedade de cor (preto, azul, marrom, rosa e branco), diâmetro > 6 mm e uma história de alterações (p. ex., aumento de tamanho ou desenvolvimento de sintomas associados, como prurido ou dor).
> 0,5 cm.
Lesão urticada: pápula ou placa eritematosa e edematosa elevada, em geral representando vasodilatação e vasopermeabilidade de curta duração.
Telangiectasia: um vaso sanguíneo superficial dilatado.
389
QUADRO 51.2
M ácula
Descrição das lesões cutâneas secundárias
Pápula
Liquenificação: espessamento característico da pele, com acentuação intensa dos sulcos cutâneos.
Descamação: acúmulo excessivo de estrato córneo. Crosta: exsudato seco de líquidos corporais que pode ser amarelo (isto é, crosta serosa) ou vermelho (isto é, crosta hemorrágica). Erosão: perda da epiderme sem perda associada da derme.
N ódulo
P laca
Vesícula
B olha
Úlcera: perda da epiderme e de pelo menos parte da derme subjacente. Escoriação: erosões angulares lineares que podem estar cobertas por crostas e são causadas pelo ato de coçar Atrofia: perda adquirida de substância. Na pele, pode surgir como uma depressão com a epiderme intacta (isto é, perda de tecido dérmico ou subcutâneo) ou em locais de lesões enrugadas, brilhantes, delicadas (isto é, atrofia epidérmica).
Figura 51.3 Representação esquemática de várias lesões cutâneas pri márias comuns (ver Quadro 51.1).
Cicatriz: alteração da pele, secundária a traumatismo ou inflamação. Os locais podem ficar eritematosos e hipopigmentados ou hiperpigmentados, dependendo da idade ou característica da lesão. Em áreas pilosas, podem se caracterizar por destruição dos folículos pilosos.
sível, o que dim inui as chances de que lesões isoladas im portantes não sejam vistas e perm ite avaliar a distribuição da erupção com precisão. Deve-se prim eiro observar o paciente de um a distância de cerca de 1,5 a 2 m, para poder avaliar o aspecto geral da pele e a distribuição das lesões. De fato, a distribuição das lesões costum a ter correlação estreita com o diagnóstico (Fig. 51.6). Por exemplo, é m ais provável que um paciente hospitalizado com um exante m a eritem atoso generalizado tenha um a farm acoderm ia do que outro com erupção sem elhante, porém lim itada às áreas da face expostas ao sol. Depois de estabelecida a distribuição das lesões, é preciso determ inar a natureza da lesão prim ária. Assim, quando há lesões nos cotovelos, joelhos e couro cabeludo, as causas mais prováveis, com base apenas na distribuição, são psoríase ou der m atite herpetiform e (Figs. 51.7 e 51.8, respectivam ente). A lesão prim ária da psoríase é um a pápula descam ativa que, após breve intervalo, form a pápulas eritem atosas recobertas p or um a escama
QUADRO 51.3
Termos dermatológicos comuns
Alopecia: perda de pelos; pode ser parcial ou completa. Anular: lesão em forma de anel. Cisto: lesão encapsulada elevada, mole, cheia de líquido com conteúdo semissólido ou líquido. Herpetiforme: lesões agrupadas. Liquenoide: lesões poligonais, violáceas a cor de púrpura, que lembram as observadas no líquen plano. Mília: pápulas brancas pequenas e firmes, cheias de ceratina. Morbiliforme: pequenas máculas e/ou pápulas eritematosas generalizadas que lembram as lesões vistas no sarampo. Numular: lesão em forma de moeda. Poiquilodermia: pele que exibe pigmentação variegada, atrofia e telangiectasias.
Policíclica: configuração de lesões cutâneas formadas a partir de anéis coalescentes ou incompletos. Prurido: sensação que desencadeia a vontade de coçar. Em geral é o sintoma predominante das doenças cutâneas inflamatórias (p. ex., dermatite atópica, dermatite de contato alérgica); também é comumente associado à xerose e à pele envelhecida. Condições sistêmicas que podem estar associadas ao prurido incluem doença renal crônica, colestase, gravidez, doença da tireoide, policitemia vera e parasitose fictícea.
branca, enquanto a da derm atite herpetiform e é um a pápula urticariform e que rapidam ente se transform a em um a pequena vesí cula. Desse m odo, a identificação da lesão prim ária leva o m édico ao diagnóstico correto. Alterações secundárias da pele podem ser bastante úteis. Por exemplo, descam ação representa excesso de epiderm e, ao passo que crostas são decorrentes da descontinuidade da cam ada de células epiteliais. A palpação da pele tam bém pode dar inform ações sobre as características de um a erupção. Por exemplo, pápulas verm elhas nos m em bros inferiores que em palidecem à com pressão p odem ser m anifestação de diferentes doenças, m as pápulas verm elhas hem orrágicas que não em pali decem quando pressionadas indicam p ú rp u ra palpável, típica de vasculite necrosante (Fig. 51.4). A form a das lesões é o utra característica relevante. Pápulas e placas planas, redondas e eritem atosas são com uns em m uitas doenças cutâneas, m as lesões em form a de alvo, constituídas em parte por placas eritem atosas, são específicas do eritem a polim or fo (Fig. 51.9). Tam bém pode ser im portante a disposição das le sões individuais. Pápulas eritem atosas e vesículas podem ocorrer em m uitas condições, m as seu arranjo em um a certa disposição linear sugere um a etiologia externa, com o a derm atite de contato alérgica (Fig. 51.10) ou a derm atite p o r irritante prim ário. Já as lesões com distribuição generalizada são com uns e sugerem um a etiologia sistêmica. C om o em outros ram os da m edicina, deve-se obter a anam nese com pleta com ênfase nas seguintes características: 1. Evolução das lesões a. Local de início b. M odo de progressão ou de dissem inação da erupção c. D uração d. Períodos de resolução ou m elhora das erupções crôni cas 2. Sintomas associados à erupção a. Prurido, queim ação, dor, dorm ência b. Fatores que aliviam os sintom as, se existirem c. H ora do dia em que os sintom as são m ais intensos 3. M edicações em uso atual ou recente (com ou sem p rescri ção) 4. Sintom as sistêm icos associados (p. ex., m al-estar, febre, a r tralgias) 5. D oenças atuais ou pregressas 6. H istória de alergias 7. Presença de fotossensibilidade 8. Revisão de sistemas 9. A ntecedentes familiares (de m uita im portância nos pacien tes com m elanom a, atopia, psoríase ou acne) 10. Aspectos sociais, sexuais ou história de viagem, se relevan tes para o paciente em questão
T QUADRO 51.4
Condições dermatológicas comuns selecionadas Morfologia habitual
Diagnóstico
Distribuição comum
Morfologia habitual
Acne vulgar
Face, parte superior do dorso, tórax
Comedões abertos e fechados, pápulas eritematosas, pústulas, cistos
Ceratose seborreica
Tronco, face
Placas marrons com descamação aderente, gordurosa; aspecto “ pegajoso"
Rosácea
Área azulada nas bochechas, no nariz, na fronte e no queixo
Eritema, telangiectasias, pápulas, pústulas
Foliculite Impetigo
Qualquer área pilosa Qualquer localização
Pústulas foliculares Pápulas, vesículas, pústulas, em geral com crostas cor de mel
Dermatite seborreica
Couro cabeludo, sobrancelhas, áreas perinasais
Eritema com descamação untuosa amarelo-acastanhada
Herpes simples
Lábios, genitália
Vesículas agrupadas que progridem para erosões crostosas
Dermatite atópica
Fossas antecubital e poplítea; pode ser disseminada
Manchas e placas de eritema, descamação e liquenificação; prurido
Herpes-zóster
Dermatômica, em geral no tronco, mas pode ocorrer em qualquer lugar
Vesículas limitadas a um dermátomo (frequentemente doloroso)
Dermatite por estase
Tornozelos, pernas sobre maléolo mediai
Manchas eritematosas e descamação sobre uma base hiperpigmentada associada a sinais de insuficiência venosa
Varicela
Face, tronco, poupa relativamente os membros
As lesões surgem em grupos e progridem rapidamente de máculas eritematosas para pápulas a vesículas até pústulas e crostas
Eczema disidrótico
Palmas das mãos, plantas dos pés, face lateral dos dedos e artelhos
Vesículas profundas
Pitiríase rósea
Tronco (padrão em árvore de Natal); placa heráldica seguida por múltiplas lesões menores
Manchas eritematosas simétricas com um colarete de descamação
Dermatite de contato alérgica
Qualquer localização
Eritema localizado, vesículas, descamação e prurido (p. ex., dedos, lobos das orelhas - níquel; região dorsal do pé - sapato; superfícies expostas - hera venenosa)
Pitiríase versicolor
Tórax, costas, abdome, parte proximal dos membros
Máculas descamativas hiper ou hipopigmentadas
Psoríase
Cotovelos, joelhos, couro cabeludo, região inferior do dorso, unhas (pode ser generalizada)
Pápulas e placas cobertas com descamação prateada; unhas com depressões
Candidíase
Virilha, pregas inframamárias, vagina, cavidade oral
Áreas maceradas eritematosas com pústulas satélites; placas brancas friáveis nas mucosas
Líquen plano
Punhos, tornozelos, boca (pode ser disseminada)
Pápulas e placas violáceas achatadas
Dermatofitose
Pés, virilha, barba ou couro cabeludo
Varia com o local (p. ex., tinha do corpo - placa descamativa anular)
Ceratose pilar
Superfícies extensoras dos braços e coxas, nádegas
Pápulas foliculares ceratóticas com eritema circundante
Escabiose
Virilha, axilas, entre os dedos e artelhos, sob as mamas
Pápulas escoriadas, sulcos, prurido
Melasma
Fronte, bochechas, têmporas, lábio superior
Manchas bronzeadas a marrons
Picadas de insetos
Qualquer localização
Pápulas eritematosas com pontos centrais
Vitiligo
Periorificial, tronco, superfícies extensoras dos membros, área flexora dos punhos, axilas
Máculas brancas como giz
Angioma cereja
Tronco
Pápulas vermelhas cheias de sangue
Queloide
Qualquer localização (local de lesão prévia)
Tumor firme, rosado, púrpura ou marrom
Dermatofibroma - morfologia habitual
Qualquer localização
Nódulo firme e vermelho a marrom que apresenta uma depressão da pele sobrejacente à compressão lateral
Ceratose actínica
Áreas expostas ao sol
Mácula ou pápula cor de pele ou vermelho-acastanhada com descamação seca, áspera e aderente
Acrocórdons (apêndices cutâneos)
Virilha, axila, pescoço
Pápulas cor de pele
Carcinoma basocelular
Face
Pápula com bordas telangiectásicas peroladas na pele lesada pelo sol
Urticária
Qualquer localização
Vergões, às vezes com rubor circundante; prurido
Carcinoma espinocelular
Face, especialmente lábio inferior, orelhas
Lesões endurecidas e possivelmente hiperceratóticas, em geral mostrando ulceração e/ou crostas
Dermatose acantolítica transitória
Tronco, especialmente a parte anterior do tórax
Pápulas eritematosas
Xerose
Extremidades extensoras, em especial as pernas
Placas descamativas eritematosas secas; prurido
J
Abordagem ao Paciente com Doença de Pele
Distribuição comum
1 Diagnóstico
391
Figura 51.5
Meningococcemia. Exemplo de meningococcemia fulminante com manchas purpúricas angulares extensas. (Cortesia de Stephen E Gellis, MD; com autorização.)
Figura 51.4 Vasculite necrosan te. Pápulas purpúricas palpáveis nas pernas de um paciente com vasculite cutânea de pequenos vasos. (Cortesia de Robert Swerlick, MD; com autorização.)
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
A cro có rdo n s
epidérm ica H e rp e s-zó ste r
Lesões perianais H em orroidas C ondilom a acum inado H erpes sim ples Derm atite Vitiligo
Verruga vu lg ar
P soríase D e rm ato fibrom a
Eczem a asteatótico
Úlcera de estase
V erruga plantar Tinh a de pé
D
D erm atite seborreica X antelasm a
Líquen — s plano ^
D erm atite se borreica Perleche
D erm atite de estase
Líquen sim ples crônico
D erm atite seborreica M elasm a
A cne rosácea
A crocórdons
Ceratose pilar
T in h a de pé
H erpes labial
Estom atite aftosa Língua geográfica
A cne vu lg ar
Figura 51.6
3 92
A-D. Distribuição das doenças e lesões dermatológicas mais comuns.
Leuco p la q u ia - C a rcin o m a e sp ino ce lu la r L e ucoplaquia pilosa oral
r
Figura 51.7 Psoríase. Doença cutânea papulodescamativa que se caracteriza por pápulas e placas eritematosas pequenas e grandes com descamação prateada sobrejacente aderente.
Figura 51.8 Dermatite herpetiforme. Distúrbio que se caracteriza por papulovesículas pruriginosas agrupadas nos cotovelos, joelhos, nádegas e na parte posterior do couro cabeludo. As vesículas em geral ficam escoriadas devido ao prurido associado.
■ TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS M uitas doenças da pele são diagnosticáveis pelo seu aspecto clínico m acroscópico, m as às vezes pro ced im en to s diagnósticos relativa m ente sim ples dão inform ações valiosas. Na m aioria dos casos, eles podem ser feitos à beira do leito, com equipam ento m ínim o.
Abordagem ao Paciente com Doença de Pele
Figura 51.10 Dermatite de contato alérgica (DCA). A. Exemplo de DCA em sua fase aguda, com placas eczematosas úmidas bem demarcadas em distribuição perioral. B. DCA em sua fase crônica demonstrando uma placa eritematosa, liquenificada e exsudativa na pele sob exposição crônica ao níquel de uma fivela de metal. {B, cortesia de Robert Swerlick, MD; com autorização.)
Biópsia de pele C onsiste em um a p e q u en a cirurgia sim ples. Porém , é im p o rta n te biopsiar um a lesão que ten h a a m áxim a probabilidade de render achados diagnósticos, decisão que exige conhecim ento das doenças cutâneas e reconhecim ento das estruturas anatôm icas superficiais de determ inadas áreas do corpo. Para tanto, anestesia-se um a pequena área de pele com lidocaína a 1%, com ou sem epinefrina. A lesão de pele em questão pode ser retirad a ou saucerizada com bisturi ou rem ovida p o r biópsia com biótom o (punch). No últim o caso, pres siona-se um biótom o contra a superfície da pele, aplicando pressão para baixo e girando até atingir o tecido subcutâneo. Em seguida, levanta-se o fragm ento circular com um a pinça e corta-se o fundo com tesoura do tipo íris. A necessidade ou não de sutura no local da biópsia depende do tam anho e da localização.
Figura 51.9
Eritema multiforme. Erupção que se caracteriza por múltiplas
placas eritematosas com morfologia em alvo ou em íris. Em geral representa uma reação de hipersensibilidade a fármacos (p. ex., sulfonilamidas) ou a infecções (p. ex., HSV). (Cortesia da Yale ResidenVs Slides Collection; com autorização.)
Preparação de KOH Faz-se a preparação com h idróxido de potássio (KOH) em lesões descam ativas quando se suspeita de etiologia fúngica. Raspa-se le vem ente a borda da lesão com lâm ina de bisturi n2 15, e as escamas
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retiradas são colocadas sobre um a lâm ina de m icroscópio e tratadas com 1 a 2 gotas de solução de KOH de 10 a 20%. O KOH dissolve a ceratina e facilita a visualização de elem entos fúngicos. Um rápido aquecim ento da lâm ina acelera a dissolução da ceratina. Ao exam i nar a preparação ao m icroscópio, é m ais fácil ver as hifas refringentes com baixa intensidade de luz e com o condensador rebaixado. Pode-se usar essa técnica para identificar hifas nas derm atofitoses, pseudo-hifas e brotam entos de leveduras nas infecções p o r C andi da (ver Fig. 203.1), bem com o as form as de leveduras sem elhantes a “espaguete com alm ôndegas” na pitiríase versicolor. Pode-se usar a m esm a técnica de coleta na obtenção de escam as para cultura de determ inados patógenos.
Esfregaço de Tzanck
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
É um a técnica citológica usada com m ais frequência no diagnóstico de infecções por herpesvírus (herpes sim ples vírus [HSV] ou vírus varicela-zóster [VZV]) (ver Figs. 180.1 e 180.3). R etira-se o teto de um a vesícula incipiente, não de um a pústula ou de lesão crostosa, e raspa-se suavem ente a base da lesão com um a lâm ina de bisturi. C o loca-se o m aterial sobre lâm ina de vidro, seca-se ao ar e cora-se pelo m étodo de Giemsa ou W right. Células epiteliais gigantes m ultinucleadas sugerem a presença de HSV ou VZV, m as é preciso identificar o vírus específico por m eio de cultura ou testes de im unofluorescência ou genéticos.
Diascopia Técnica concebida para avaliar se um a lesão de pele em palidece à compressão. Perm ite determ inar, po r exemplo, se um a lesão v erm e lha é hem orrágica ou está apenas cheia de sangue. A urticária (Fig. 51.11), p o r exemplo, em palidece quando pressionada, m as não um a lesão purpúrica causada po r vasculite necrosante (Fig. 51.4). A dias copia é feita pressionando-se um a lâm ina de m icroscópio ou lente de aum ento contra um a lesão e observando o quanto ela em palidece. Os granulom as têm m uitas vezes um aspecto opaco a transparente, róseo-am arronzado de “geleia de m açã” à diascopia.
Figura 52.12 Vitiligo. As lesões características exibem distribuição acral e despigmentação acentuada como resultado da perda de melanócitos.
Lâmpada de Wood Produz luz ultravioleta de 360 nm (ou “luz negra”), que pode ser usa da na avaliação de determ inadas doenças cutâneas. U m a lâm pada de W ood fará, p or exemplo, com que o eritrasm a (infecção intertriginosa superficial causada p o r Corynebacterium m inutissim um ) adquira um a cor verm elho-coral típica, e as ulcerações colonizadas por Pseu domonas tornem -se azul claras. A tin h a do couro cabeludo, causada p o r certos derm atófitos com o M icrosporum canis ou M. audouini, apresenta fluorescência am arela. Lesões pigm entadas da epiderm e, com o as sardas, acentuam -se, e os pigm entos dérm icos com o os da hiperpigm entação pós-inflam atória desaparecem sob a lâm pada de W ood. O vitiligo (Fig. 51.12) fica to talm ente branco sob a lâm pada de W ood, e m uitas vezes são reveladas áreas de cujo acom etim ento não se suspeitava anteriorm ente. A lâm pada de W ood tam bém pode ajudar na dem onstração da pitiríase versicolor e no reconhecim ento das m anchas em folha de freixo (ASH LEAF) de pacientes com escle rose tuberosa.
Testes de contato Foram criados para d o cu m e n tar hipersensibilidade a um antígeno específico. São feitos colocando-se um a bateria de alergênios suspei tos no dorso do paciente, sob curativos oclusivos, deixando-os em contato com a pele d urante 48 horas. Em seguida, retiram -se os cura tivos e exam ina-se a região à p ro c u ra de sinais de reações de h ip er sensibilidade tardia (p. ex., eritem a, edem a ou papulovesículas). Esse teste é mais confiável quando feito p o r m édicos com treinam ento es pecífico em testes de contato, sendo m uitas vezes útil na avaliação de pacientes com derm atite crônica.
BIBLIOGRAFIA TP: Clinical Dermatology: A Color Guide to Diagnosis and Therapy, 4th ed. Philadelphia, Mosby, 2004 Ja m e s WD et al: Andrews’ Diseases ofthe Skin: Clinical Dermatology, lOth ed. Philadelphia, Elsevier, 2006 W o l f f K et al (eds): Fitzpatricks Dermatology in General Medicine, 7th ed. New York, McGraw-HilI, 2008 H a b if
Figura 51.11 Urticária. Pápulas e placas eritematosas, edematosas, discretas e confluentes são características desta erupção urticariforme.
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CAPÍ TULO
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Eczema, Psoríase, Infecções Cutâneas, Acne e Outras Doenças de Pele Comuns
QUADRO 52.1
Manifestações clínicas da dermatite atópica
1. Prurido e escarificação 2. Evolução marcada por exacerbações e remissões 3. Lesões típicas da dermatite eczematosa 4. História pessoal ou familiar de atopia (asma, rinite alérgica, alergias alimentares ou eczema) 5. Evolução clínica com mais de 6 semanas 6. Liquenificação da pele
Leslie P. Lawley Calvin 0. McCall Thomas J. Lawley TRATAMENTO ECZEMA E DERMATITE
■ DERMATITE ATÓPICA A derm atite atópica (DA) é a expressão cutânea do estado atópico, que se caracteriza p o r história fam iliar de asm a, rinite alérgica ou eczema. A prevalência da DA tem aum entado no m u n d o todo. O Q u ad ro 52.1 relaciona algum as de suas m anifestações clínicas. A etiologia da DA está apenas parcialm ente definida, m as há um a predisposição genética inequívoca. Q uando os dois pais têm DA, m ais de 80% dos filhos apresentam m anifestações da doença. Se apenas um dos pais for acom etido, a prevalência dim inui a pouco m ais de 50%. Os pacientes com DA p odem apresentar várias an o r m alidades da im unorregulação, com o aum ento na síntese da IgE, elevação da IgE sérica e alterações das reações de hipersensibilidade retardada. Em geral, a apresentação clínica varia de acordo com a idade. M etade dos pacientes com DA apresentam a doença no p rim eiro ano de vida e 80% até os 5 anos de idade. Por fim, cerca de 80% desen volvem sim ultaneam ente rinite alérgica e asm a. O p adrão típico dos lactentes caracteriza-se p or placas inflam atórias exsudativas e placas crostosas na face, no pescoço e nas superfícies extensoras. O padrão observado na infância e na adolescência caracteriza-se p or derm atite das dobras cutâneas, principalm ente nas dobras dos antebraços e nas regiões poplíteas (Fig. 52.1). A DA pode regredir espontaneam ente, m as cerca de 40% dos pacientes que apresentaram a doença na in fância têm derm atite tam bém na idade adulta. A distribuição das le sões pode ser idêntica à da form a infantil. No entanto, é com um que os adultos tenham doença localizada, que se evidencia p o r eczem a da m ão ou líquen sim ples crônico (ver adiante). Nos pacientes com doença localizada, pode-se suspeitar de DA com base na história pes soal típica, na história fam iliar ou na presença dos sinais cutâneos da DA, com o palidez perioral, dobras extras de pele sob a pálpebra infe rior (pregas de D ennie-M organ), acentuação dos sulcos na pele p al m ar e aum ento na incidência de infecções cutâneas, principalm ente p or Staphylococcus aureus. Independentem ente das outras m anifes tações, o p rurido é um a característica proem inente da DA em todas as faixas etárias e é exacerbado pelo ressecam ento da pele. M uitas das anorm alidades cutâneas detectadas nos pacientes acom etidos, com o a liquenificação, são secundárias aos atos de esfregar e coçar.
O tratam ento da DA deve consistir em evitar substâncias irrita n tes cutâneas, hidratação adequada com aplicação de em olientes, uso criterioso de anti-inflam atórios tópicos e tratam ento im ediato das infecções secundárias. Os pacientes devem ser orientados a não tom ar m ais que um banho p o r dia com água m orna ou fria e a utilizar apenas sabonetes suaves. Im ediatam ente depois do b a nho, com a pele ainda úm ida, aplica-se nas áreas de derm atite um anti-inflam atório tópico na form a de crem e ou pom ada; todas as outras áreas da pele devem ser lubrificadas com hidratante. Cerca de 30 g de um agente tópico são suficientes para cobrir toda a superfície corporal de um adulto m édio. Os glicocorticoides de p o tên c ia baixa a m édia são u tiliza dos n a m aioria dos esquem as de tratam e n to da DA. A atrofia da pele e a possibilidade de absorção sistêm ica são preocupações constantes, principalm ente com os agentes m ais potentes. Os gli cocorticoides tópicos de baixa potência ou os anti-inflam atórios não esteroides devem ser preferidos p ara a aplicação na face e nas áreas in te rtrig in o sa s com o objetivo de red u zir o risco de atrofia da pele. Hoje, existem dois an ti-in flam ató rio s não este roides: a pom ada de tacrolim o e o crem e de pim ecrolim o. Esses fárm acos são m acro líd io s im u n o ssu p re sso re s aprovados pelo FDA (U.S. Food an d D ru g A d m in istratio n ) para uso tópico na DA. H á na literatura relatos de m aio r eficácia com o uso desses fárm acos, que não causam atrofia c utânea n em suprim em o eixo hip o ta lâm ico -h ip o fisário -su p ra rren a l. C o n tu d o , recentem ente surgiram dúvidas q u an to à possibilidade de que esses fárm acos causem linfom as nos pacientes tratados. Por essa razão, deve-se ter cuidado q u ando se considera sua utilização. Hoje, esses fár m acos tam b ém são m ais caros que os glicocorticoides tópicos.
Eczema, Psoríase, Infecções Cutâneas, Acne e Outras Doenças de Pele Comuns
Eczema é um tipo de derm atite e estes term os são utilizados co m u m ente com o sinônim os (eczem a atópico ou derm atite atópica). É um padrão de reação que se evidencia po r m anifestações clínicas v ariá veis e pelo achado histológico com um de espongiose (edem a intercelular da epiderm e). O eczem a é a expressão final com um de alguns distúrbios, inclusive os que estão descritos nas seções subsequentes. As lesões prim árias podem ser m áculas eritem atosas, pápulas e ve sículas que p odem coalescer fo rm ando placas. N o eczem a grave, pode haver a predom inância de lesões secundárias p o r infecção ou escoriação, caracterizadas por exsudação e form ação de crostas. Nos distúrbios eczem atosos crônicos, a liquenificação (hipertrofia da pele e acentuação dos sulcos cutâneos norm ais) pode alterar o aspecto ca racterístico do eczema.
Dermatite atópica
Figura 52.1 Dermatite atópica. Hiperpigmentação, liquenificação e descama ção das dobras dos antebraços desse paciente com dermatite atópica. (Cortesia do Dr. Robert Swerlick.)
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
O s p ro d u to s que recom põem a b a rre ira cutânea tam b ém não são glicocorticoides e têm c onquistado p o p u larid ad e crescente no tratam ento da DA. A infecção secundária da pele eczem atosa p ode causar exa cerbação da DA. As lesões crostosas e exsudativas p o d e m estar infectadas p o r S. aureus. Q u ando se suspeita de infecção secu n dária, as secreções das lesões eczem atosas devem ser cultivadas e os pacientes tratados com antibióticos ativos contra o S. aureus. A adm inistração inicial das penicilinas resistentes à penicilinase ou das cefalosporinas é preferível. A dicloxacilina ou cefalexina (250 m g 4 vezes/dia d u ran te 7 a 10 dias) geralm ente é ade quada para os adultos; entretanto, a escolha do antibiótico deve ser o rientada pelos resultados da cultura e pela resposta clínica. Mais de 50% das cepas de S. aureus isoladas hoje são resistentes à m eticilina (RM) em algum as com unidades (MRSA adquiridos na com unidade ou MRSA-AC). As recom endações atuais para o tratam en to das infecções causadas pelo MRSA-AC nos adultos são sulfam etoxazol-trim etoprim a (1 com prim ido de dose dupla, 2 vezes/dia), m inociclina (100 mg, 2 vezes/dia), doxiciclina (100 mg, 2 vezes/dia) ou clindam icina (300 a 450 m g, 4 vezes/dia). A duração do tratam e n to deve ser de 7 a 10 dias. A resistência indutível pode lim itar a utilidade da clindam icina. Esse tipo de resistência pode ser detectado pelo teste de difusão em disco d u plo, que deverá ser solicitado se a cepa isolada for resistente à eritro m icin a e sensível à clindam icina. C om o m edidas coadju vantes, p o d em ser realizadas lavagens com soluções antibacterianas ou hipoclorito de sódio d iluído (0,005%) e aplicação nasal interm itente de m upirocina. O controle do pru rid o é essencial ao tratam ento, pois a DA frequentem ente é “uma coceira que p ro d u z erupção”. Os anti-histam ínicos são m ais usados para co n tro lar o p ru rid o e seu leve efeito sedativo talvez explique esta ação antipruriginosa. A sedação tam bém pode lim itar sua utilidade, m as quando são ad m inistrados à hora de deitar, os anti-histam ínicos sedativos p o dem m elhorar o sono do paciente. Ao contrário dos seus efeitos na urticária, os anti-histam ínicos não sedativos e os bloqueadores H 2 seletivos são pouco eficazes na atenuação do p rurido da DA. O tratam ento com glicocorticoides sistêm icos deve ser res trito às exacerbações graves que não tenham respondido ao tra tam ento local. No paciente com DA crônica, o tratam en to com glicocorticoides geralm ente lim pa a pele, m as p or pouco tem po, porque a interrupção do tratam ento sem pre é seguida de recidiva ou até agravação da derm atite. Nos pacientes refratários aos tra tam entos convencionais, deve-se avaliar a realização dos testes de contato para excluir derm atite de contato alérgica (DCA). O papel dos alergênios dietéticos na derm atite atópica é controvertido e existem poucas evidências de que eles sejam im portantes, exceto no período da lactência, quando um a percentagem pequena dos pacientes com DA pode ser afetada pelos alergênios alim entares.
■ LÍQUEN SIMPLES CRÔNICO O líquen sim ples crônico pode representar o estágio final de vários distúrbios pruriginosos e eczem atosos, inclusive da derm atite ató pica. Essa lesão consiste em placa(s) circunscrita(s) de pele liquenificada em conseqüência da esfregação ou escarificação repetidas. As áreas com um ente afetadas são a região p o sterio r do pescoço, o dorso do pé e os tornozelos. O tratam ento do líquen sim ples crônico consiste em quebrar o ciclo de p rurido e esfregação crônicos. Os gli cocorticoides de alta potência são úteis na m aioria casos, m as pode ser necessário aplicar glicocorticoides tópicos sob curativo oclusivo ou injeção intralesional de glicocorticoides nos casos refratários. Os anti-histam ínicos orais com o a hidroxizina (10 a 25 m g a cada 6 h) ou os antidepressivos tricíclicos com atividade anti-histam ínica (p. ex., doxepina, 10 a 25 m g à hora de deitar) são úteis, principalm ente em razão de sua ação sedativa. Alguns pacientes podem necessitar de doses mais altas desses fárm acos, m as a sedação pode causar proble
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mas. Os pacientes devem ser orientados quanto a dirigir ou operar m áquinas pesadas depois de utilizarem esses fárm acos.
■ DERMATITE DE CONTATO A derm atite de contato é um processo inflam atório cutâneo causado p o r um ou m ais agentes exógenos, que lesam direta ou indiretam ente a pele. Essa lesão pode ser causada p o r um a propriedade intrínseca do com posto - derm atite de contato p o r irritante (D CI). U m exem plo de D CI pode ser a d erm atite provocada p o r um ácido ou base concentrada. Os agentes que causam (DCA) induzem a um a resposta im une específica ao antígeno (derm atite causada pela hera veneno sa). De acordo com a persistência da ação lesiva, as lesões clínicas da derm atite de contato p odem ser agudas (úm idas e edem atosas) ou crônicas (secas, espessadas e descam ativas) (ver Fig. 51.10).
Dermatite de contato por irritante (DCI) A D CI geralm ente é bem dem arcada e localiza-se em áreas de pele fina (pálpebras, áreas in te rtrig in o sa s) ou nas regiões nas quais a substância irritante estava coberta. As lesões podem variar de erite m a m ínim o da pele, até áreas de edem a acentuado, vesículas e úlce ras. A form a branda da derm atite p o r irritante crônica é o tipo mais com um de D CI e a região m ais acom etida consiste nas m ãos (ver adiante). As substâncias irritantes m ais com uns são encontradas nas condições de trabalho com um idade, nos sabões e nos detergentes. O tratam ento deve ter com o objetivo evitar os irritantes e usar luvas ou roupas de proteção.
Dermatite de contato alérgica A DCA é um a m anifestação de hipersensibilidade tardia m ediada p or linfócitos T de m em ória na pele. A causa m ais com um de DCA é a exposição às plantas, principalm ente aos m em bros da família das anacardiáceas, inclusive o gênero Toxicodendron. A hera venenosa, o carvalho e o sum agre venenosos pertencem a esse gênero e causam um a reação alérgica caracterizada p or eritem a, form ação de vesículas e p rurido intenso. A erupção geralm ente é linear ou angular e corres ponde às áreas da pele tocadas pelas plantas. O antígeno sensibilizante com um a essas plantas é o urushiol, um a resina oleosa que contém o ingrediente ativo pentadecilcatecol. Essa resina oleosa pode aderir à pele, às roupas, às ferram entas e aos anim ais de estim ação e os ob jetos contam inados podem causar derm atite, m esm o depois de longo tem po de arm azenam ento. O líquido das bolhas não contém urushiol nem é capaz de induzir a erupções cutâneas nos indivíduos expostos.
TRATAMENTO
Dermatite de contato
Se houver suspeita de derm atite de contato e um agente respon sável for identificado e rem ovido, a erupção regredirá. De m odo geral, o tratam ento com glicocorticoides de alta potência é sufi ciente para aliviar os sintom as, em bora a derm atite siga seu curso. N os pacientes que necessitam de tratam ento sistêmico, a pred n i sona oral na dose inicial de 1 m g/kg (geralm ente, < 60 m g/dia) é suficiente. A dose deve ser reduzida progressivam ente ao longo de 2 a 3 sem anas e todas as doses devem ser adm inistradas pela m anhã junto com a prim eira refeição. A identificação de um alergênio de contato pode ser difícil e dem orada. O m édico deve suspeitar de derm atite de contato nos casos de derm atite refratária ao tratam en to convencional ou com padrão ou distribuição incom um . Os indivíduos acom etidos de vem ser cuidadosam ente inquiridos sobre exposição ocupacional e uso de fárm acos tópicos. Os agentes sensibilizantes com uns são conservantes de preparações tópicas, sulfato de níquel, dicrom ato de potássio, tim erosal, sulfato de neom icina, perfum es, form aldeído e agentes usados para purificar a borracha. O teste de contato é útil à identificação destes agentes, m as não deve ser realizado nos pacientes com derm atite ativa dissem inada ou em uso de gli cocorticoides sistêmicos.
■ ECZEMA DAS MÃOS
■ ECZEMA NUMULAR
Esse eczem a é um a doença cutânea crônica m uito com um , na qual os fatores exógenos e en d ó g en o s p o d e m d e se m p e n h ar funções im portantes. Esse distúrbio po d e estar associado a outras doenças cutâneas com o a derm atite atópica e pode haver contato com várias substâncias. O eczem a das m ãos é responsável p o r um a p o rc en ta gem expressiva das doenças cutâneas ocupacionais. A exposição crônica e excessiva à água e aos detergentes, às substâncias q u ím i cas irritantes ou aos alergênios po d e desencadear ou agravar essa doença. O eczem a pode evidenciar-se p o r ressecam ento e fissuras na pele das m ãos, bem com o graus variáveis de eritem a e edem a. A derm atite m uitas vezes com eça sob anéis, onde a água e os irritantes ficam retidos. U m a variante da derm atite das m ãos, o eczem a disidrótico, caracteriza-se p o r m últiplas pápulas e vesículas pequenas e intensam ente pruriginosas, que surgem nas em inências tênares e hipotênares, assim com o nas faces laterais dos dedos (Fig. 52.2). As lesões tendem a ocorrer em grupos que lentam ente form am crostas e depois regridem . A avaliação do paciente com eczem a das m ãos deve incluir um a pesquisa de possíveis exposições ocupacionais. A história deve ser orientada p ara a identificação de possíveis exposições a alergênios ou substâncias irritantes.
O eczem a num ular caracteriza-se p o r lesões circulares ou ovais em fo rm a de moeda, que com eçam com o pequenas pápulas edem atosas que se to rn am crostosas e escam osas. A etiologia do eczem a num ular é desconhecida, m as a pele seca contribui para seu desenvolvim en to. As localizações com uns são o tronco e as superfícies extensoras dos m em bros, principalm ente nas regiões pré-tibiais e no dorso das m ãos. Esse tipo de eczem a é m ais freqüente nos hom ens e mais co m um na m eia idade. O tratam ento do eczem a num ular é sem elhante ao da derm atite atópica.
Eczema das mãos
■ DERMATITE E ULCERAÇÃO ASSOCIADAS À ESTASE
O tratam ento do eczem a das m ãos tem com o objetivos evitar o contato com substâncias irritantes, identificar os possíveis alergê nios de contato, tratar a infecção coexistente e aplicar glicocorti coides tópicos. Sem pre que possível, as m ãos devem ser protegi das com luvas, de preferência de vinil. O uso de luvas de borracha (látex) para proteger a pele com derm atite às vezes está associado ao surgim ento de reações de hipersensibilidade aos co m p o n en tes das luvas. Os pacientes podem ser tratados com com pressas úm idas frias seguidas da aplicação de glicocorticoides tópicos de potência m édia a alta na form a de crem e ou pom ada. Assim com o ocorrem com a d erm atite atópica, o tratam e n to das infecções secundárias é essencial ao controle apropriado da doença. Além disso, os pacientes com eczem a das m ãos tam bém devem ser exa m inados para derm atofitose p o r m eio da preparação em KOH e cultura (ver adiante).
A derm atite de estase desenvolve-se nos m em bros inferiores e é se cundária à insuficiência venosa e ao edem a crônico. Os pacientes podem referir história de trom bose venosa profunda, m o strar evi dências de que foram extraídas algum as veias, ou apresentar veias varicosas. As prim eiras alterações causadas pela derm atite de estase são eritem a leve e descam ação com p rurido. O local inicial típico é a superfície m ediai do tornozelo, m uitas vezes sobre um a veia disten dida (Fig. 52.3). A derm atite de estase pode apresentar inflam ação aguda com form ação de crostas e exsudato. Nesses casos, pode-se confundi-la facilm ente com celulite. A d erm atite de estase crônica está com u m ente associada à fibrose da derm e, que se evidencia clinicam ente p o r edem a duro da pele. À m edida que o distúrbio progride, a der m atite torna-se cada vez m ais p igm entada em razão do extravasa m ento crônico dos eritrócitos, que resulta na deposição de hem ossiderina. Infecção secundária e derm atite de contato são complicações da derm atite de estase. A derm atite de estase grave pode preceder o surgim ento de úlceras de estase.
Figura 52.2 Eczema disidrótico. Esse exemplo caracteriza-se por vesículas profundas e descamação das palmas e das superfícies laterais dos dedos; esta doença geralmente está associada à diátese atópica.
Figura 52.3 Dermatite de estase. Esse é um exemplo de dermatite de estase com placas exsudativas, eritematosas e descamativas na região inferior da perna. 0 paciente também tinha várias úlceras de estase.
Eczema, Psoríase, Infecções Cutâneas, Acne e Outras Doenças de Pele Comuns
TRATAMENTO
■ ECZEMA ASTEATÓTICO Tam bém conhecido com o eczema xerótico ou “coceira de inverno”, o eczem a esteatótico é um a derm atite m oderadam ente inflam atória que ocorre nas áreas de pele extrem am ente seca, sobretudo durante os meses secos do inverno. Ao exam e clínico, esse distúrbio pode ser m uito sem elhante ao eczem a num ular. Esse tipo de eczem a é respon sável p or m uitas consultas m édicas m otivadas pelo p rurid o associa do. Nos casos típicos, surgem pequenas fissuras e escam as com ou sem eritem a nas áreas de pele seca, principalm ente nas superfícies anteriores dos m em bros inferiores dos pacientes idosos. O eczem a asteatótico responde bem aos hidratantes tópicos e à elim inação dos irritantes cutâneos. O excesso de banhos e o uso de sabões irritantes pioram o eczem a asteatótico.
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TRATAMENTO
Dermatite e ulceração associadas à estase
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Os pacientes com derm atite e ulceração associadas à estase m e lhoram m uito com a elevação da perna e o uso rotineiro de m eias elásticas com gradiente de pelo m enos 30 a 40 m m H g. As m eias que oferecem m enos compressão, com o as m eias contra embolia, são m enos eficazes. O uso de em olientes e/ou glicocorticoides de potência m édia, bem com o a exclusão de substâncias irritantes, tam bém são m edidas úteis ao tratam ento da derm atite de estase. A proteção da perna contra lesões (incluindo as provocadas pelo ato de coçar) e o controle do edem a crônico são essenciais para evitar úlceras. Os diuréticos podem ser necessários para controlar adequadam ente o edem a crônico. As úlceras de estase são difíceis de tra ta r e sua resolução é lenta. É essencial elevar o m em bro afetado o m áxim o possível. A úlcera deve ser m antida sem m aterial necrótico p o r desbridam ento suave e deve ser coberta com um curativo sem iperm eável e um curativo com pressivo ou um a m eia de com pressão. Os glicocorticoides não devem ser aplicados nas úlceras, porque podem retardar a cicatrização; contudo, p odem ser utilizados na pele circundante para atenuar o prurido, a escarificação e o tra u m atism o subsequente. As lesões com infecção secundária devem ser tratadas adequadam ente com antibióticos orais, m as é im p o r tante ressaltar que todas as úlceras são colonizadas p o r bactérias e que a antibioticoterapia não deve visar à elim inação de to d a a proliferação bacteriana. É necessário ter o cuidado de excluir outras causas tratáveis de úlceras de p erna (estados de hipercoagulabilidade, vasculite), antes de iniciar o tratam ento prolongado descrito antes.
■ DERMATITE SEBORREICA A derm atite seborreica é um a doença crônica com um e caracteriza-se p o r descam ação gordurosa sobre m anchas ou placas eritem atosas. A enduração e a descam ação geralm ente são m enos proem inentes que na psoríase, m as há superposição clínica destas doenças - daí o term o “sebopsoríase”. A localização m ais freqüente é o couro cabelu do, onde pode ser identificada com o caspa intensa. Na face, a d erm a tite seborreica afeta os supercílios, as pálpebras, a glabela e os sulcos nasolabiais (Fig. 52.4). A descam ação do canal auditivo externo é com um na derm atite seborreica. Além disso, a região retroauricular m uitas vezes fica m acerada e dolorida. A derm atite seborreica tam bém pode ocorrer no centro do tórax, na axila, na virilha, nas dobras infram am árias e no sulco interglúteo. Em casos raros, pode causar derm atite generalizada difusa; o p rurido é variável. wêê
.
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Figura 52.4 Dermatite seborreica. Esse paciente tinha eritema facial central com descamações amareladas e gordurosas. (Cortesia da Dra. Jean Bolognia; re produzida com autorização.)
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A derm atite seborreica pode estar presente nas prim eiras sem a nas de vida e, nestes casos, geralm ente afeta o couro cabeludo (crosta láctea), a face ou a virilha. Essa derm atite raram ente é encontrada depois da lactência, m as reaparece na vida adulta. Em bora seja co m u m nos pacientes com doença de Parkinson, acidentes vasculares encefálicos e infecção pelo HIV, a grande m aioria dos indivíduos com derm atite seborreica não tem patologia subjacente.
TRATAMENTO
Dermatite seborreica
O tratam ento com glicocorticoides tópicos de baixa potência com binados com um agente antifúngico tópico (p. ex., crem e de cetoconazol ou ciclopirox) geralm ente é eficaz. As regiões do cou ro cabeludo e da barba podem m elhorar com o uso de xam pus anticaspa, que devem perm anecer p or 3 a 5 m inutos antes de e n xaguar. As soluções tópicas de glicocorticoides de alta potência (betam etasona ou clobetasol) são eficazes no controle das lesões graves do couro cabeludo. Os glicocorticoides de alta potência não devem ser usados n a face, porque estão frequentem ente asso ciados à rosácea ou atrofia induzida pelos corticoides.
DISTÚRBIOS PAPUL0ESCAM0S0S (QUADRO 52.2) ■ PSORÍASE A psoríase é um a das doenças derm atológicas m ais com uns e afeta até 1% da população m undial. Clinicam ente, essa doença cutânea in flam atória caracteriza-se p or pápulas eritem atosas bem dem arcadas e placas arredondadas cobertas p o r escam as prateadas sem elhantes à mica. As lesões cutâneas da psoríase apresentam graus variados de prurido. As áreas traum atizadas frequentem ente desenvolvem lesões de psoríase (fenôm eno de K oebner ou isom órfico). Além disso, o u tros fatores externos p odem exacerbar a psoríase, inclusive infecções, estresse e fárm acos (lítio, betabloqueadores e antim aláricos). A form a m ais com um da doença é a psoríase em placas. Os p a cientes acom etidos apresentam placas estáveis que aum entam lenta m ente e podem perm anecer inalteradas durante longos períodos. É m ais freqüente nos cotovelos, joelhos, sulco interglúteo e couro ca beludo. O acom etim ento tende a ser sim étrico. A psoríase em placas geralm ente se desenvolve lentam ente e tem evolução insidiosa, mas raram ente regride espontaneam ente. A psoríase invertida acom ete as regiões intertriginosas, com o a axila, a virilha, as regiões infram am á rias e o um bigo e tam bém tende a afetar o couro cabeludo, as palm as e as plantas. As lesões individuais são placas bem dem arcadas (ver Fig. 51.7), m as podem ser úm idas e sem escam as devido à sua lo calização. A psoríase gutata (psoríase eruptiva) é m ais com um nas crianças e nos adultos jovens. A doença começa repentinam ente nos indivíduos sem psoríase ou nos po rtad o res de psoríase em placas crônica. Os pacientes apresentam várias pequenas pápulas eritem ato sas e descamativas, frequentem ente depois de infecções do trato res piratório superior p or estreptococos beta-hem olíticos. O diagnóstico diferencial deve incluir a pitiríase rósea e a sífilis secundária. O utra variante é a psoríase pustulosa. Os pacientes p odem ter doença localizada nas palm as e nas plantas, ou generalizada. Inde pendentem ente da extensão da doença, a pele m ostra-se eritem atosa com pústulas e descam ação variável. C om o se localiza nas palm as das m ãos e plantas dos pés, esse tipo de psoríase é facilm ente con fundido com eczema. Q u an d o é generalizada, os episódios caracterizam -se p o r febre (39 a 40°C) ao longo de vários dias e erupção sim ultânea de pústulas estéreis em um a base de eritem a intenso; alguns pacientes p o d em desenvolver eritro d erm ia. Os episódios de febre e form ação das pústulas são recidivantes. Irritantes locais, gravidez, fárm acos, infecções e interru p ção do tratam ento com gli cocorticoides sistêm icos p o d em desencadear esse tipo de psoríase. Os retinoides orais são as opções preferíveis para o tratam ento dos pacientes, com exceção das gestantes. O acom etim ento das unhas dos dedos das m ãos com depressões puntiform es, onicólise, espessam ento das unhas ou hiperceratose su-
QUADRO 52.2
Distúrbios papuloescamosos Manifestações clínicas
Outras manifestações importantes
Aspecto histológico
Psoríase
Placas eritematosas bem demarcadas com descamação semelhante à mica; acomete preferencialmente cotovelos, joelhos e couro cabeludo; as formas atípicas podem localizar-se nas áreas intertriginosas; as formas eruptivas podem estar associadas à infecção
Pode ser agravada por alguns fármacos e infecções; as formas graves estão associadas ao HIV
Acantose, proliferação vascular
Líquen plano
Pápulas poligonais purpúreas extremamente pruriginosas; estrias brancas entrelaçadas, principalmente quando associadas às lesões das mucosas
Alguns fármacos podem desencadear: tiazídicos, antimaláricos
Dermatite da interface
Pitiríase rósea
A erupção geralmente é precedida por uma placa prenunciadora; placas ovais ou redondas com descamação nas bordas; mais comum no tronco; a erupção reveste as dobras cutâneas, conferindo aspecto semelhante a um pinheiro; geralmente preserva as palmas e plantas
0 prurido é variável; autolimitada, regride em 2 a 8 semanas; pode ser semelhante à sífilis secundária
Os achados histopatológicos geralmente são inespecíficos
Dermatofitose
Aspecto polimórfico, dependendo do dermatófito, da área afetada e da resposta do hospedeiro; placas descamativas bem demarcadas ou pouco demarcadas, com ou sem inflamação; pode causar queda dos pelos (cabelos)
A preparação com KOH pode demonstrar hifas ramificadas; a cultura é útil
Hifas e neutrófilos no estrato córneo
bungueal pode ser um indício do diagnóstico de psoríase quando as m anifestações clínicas não são clássicas. De acordo com a National Psoriasis Foundation, até 30% dos p a cientes com o psoríase desenvolvem artrite psoriática (APs). Existem cinco subtipos de APs: sim étrica, assim étrica, p redom inantem ente interfalangiana distai (PID), espondilite e artrite m utilante. A artrite sim étrica é sem elhante à artrite reum atoide, m as geralm ente é m ais branda. A artrite assim étrica pode acom eter qualquer articulação e pode evidenciar-se p or “dedos de salsicha”. A PID é a form a clássica, m as ocorre em apenas cerca de 5% dos pacientes com APs; esta form a pode acom eter os dedos das m ãos e dos pés. A espondilite tam bém ocorre em cerca de 5% dos pacientes com APs. A artrite m utilante é grave e deform ante, acom ete principalm ente as pequenas a rticu la ções das m ãos e dos pés e representa m enos de 5% dos casos de APs. A etiologia da psoríase ainda não está bem esclarecida, m as há um com ponente genético inequívoco. M ais de 50% dos pacientes com psoríase têm histó ria fam iliar positiva. As lesões psoriáticas apresentam infiltrados de linfócitos T ativados que parecem produzir as citocinas responsáveis pela proliferação exagerada dos ceratinócitos e causam as m anifestações típicas da doença. Os fárm acos inibi dores da ativação dos linfócitos T, da expansão clonal ou da liberação de citocinas pró-inflam atórias geralm ente são eficazes no tratam ento da psoríase grave (ver adiante).
TRATAMENTO
Psoríase
O tratam ento da psoríase depende do tipo, da localização e da ex tensão da doença. Todos os pacientes devem ser orientados a evi tar ressecam ento excessivo ou irritação da pele e a m anter h id ra tação cutânea adequada. A m aioria dos pacientes com psoríase em placas localizadas pode ser tratada com glicocorticoides tópi cos de potência m édia, em bora o uso p rolongado destes fárm acos com um ente esteja associado à perda de eficácia (taquifilaxia) e atrofia da pele. Um análogo tópico da vitam ina D (calcipotriol) e um retinoide (tazaroteno) tam bém são eficazes no tratam ento da psoríase lim itada e praticam ente substituíram os agentes tópicos com o o alcatrão, o ácido salicílico e a antralina. A luz UV n atural ou artificial é um tratam en to eficaz para m uitos pacientes com psoríase dissem inada. A luz ultravioleta B (UV-B), a UVB de banda estreita e ultravioleta A (UV-A) com psoralenos tópicos ou orais (PUVA) tam bém são extrem am ente eficazes no tratam ento da psoríase, m as o uso prolongado da luz UV pode estar associado ao aum ento das incidências do m elano m a e dos cânceres cutâneos não m elanom a. O tratam en to com luz ultravioleta é co n tra-indicado nos pacientes que receberam
ciclosporina, devendo ser usado com m uito cuidado em todos os pacientes im unocom prom etidos devido ao risco aum entado de câncer de pele. Vários fárm acos sistêm icos p o d em ser usados para tratar a psoríase dissem inada grave (Q u a d ro 52.3). O s glicocorticoides orais não devem ser usados p ara tra ta r psoríase porque podem desencadear psoríase p ustulosa poten cialm en te fatal quando o tratam en to é in terrom pido. O m eto trex ato é eficaz, p rin cip al m ente nos pacientes com artrite psoriática. O retinoide sintético acitretina é útil, especialm ente q u an d o é necessário evitar im unossupressão; contudo, a teratogenicidade deste fárm aco lim ita sua utilidade. As evidências de que a psoríase seja u m a doença m ediada p e los linfócitos T dirigiram os esforços terapêuticos à im unorregulação. A ciclosporina e outros agentes im unossupressores podem ser m uito eficazes no tratam e n to da psoríase e, hoje, há grande interesse em desenvolver agentes biológicos com propriedades im unossupressoras m ais seletivas e m elhor perfil de segurança (Q u a d ro 52.4). A experiência com esses fárm acos é lim itada e as inform ações quanto ao tratam en to com binado bem com o aos efeitos adversos com eçam a surgir. A utilização dos inibidores do fator de necrose tum oral (TNF) pode agravar a insuficiência car díaca congestiva (ICC) e estes fárm acos devem ser utilizados com cautela nos pacientes sob risco de desenvolver esta complicação, ou que já têm ICC. Além disso, n e n h u m dos agentes im unossu pressores utilizados no tratam ento da psoríase deve ser iniciado, caso o paciente tenha infecção em atividade; os pacientes trata dos com esses fárm acos devem fazer um a triagem rotineira para tuberculose. E xistem relatos de leucoencefalopatia m ultifocal progressiva associada ao tratam en to com inibidores do TNF. As neoplasias m alignas, inclusive o risco ou a história de ter desen volvido determ inados tipos de câncer, podem lim itar a utilização desses fárm acos sistêmicos.
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■ LÍQUEN PLANO (LP) O LP é um a doença papuloescam osa que pode afetar a pele, o couro cabeludo, as unhas e as m ucosas. As lesões cutâneas prim árias são pápulas pruriginosas, poligonais, violáceas e achatadas no topo. O exame acurado da superfície dessas pápulas frequentem ente revela um a rede de linhas cinzentas (estrias de W ickham ). As lesões cu tâ neas podem o correr em qualq u er lugar, m as têm predileção pelos p u nhos, regiões tibiais anteriores, região lom bar e genitália (Fig. 52.5). O envolvim ento do couro cabeludo (líquen planopapilar) pode causar alopecia cicatricial, enquanto o acom etim ento das unhas pode provocar deform idade p erm a n en te ou p erda das unhas dos dedos
399
QUADRO 52.3
Tratamento sistêmico da psoríase aprovado pelo FDA Administração
Fármaco
Classe farmacológica
Via
Frequência
Efeitos adversos (selecionados)
Metotrexato
Antimetabólito
Oral
Semanal
Hepatotoxicidade, toxicidade pulmonar, pancitopenia, aumento potencial da incidência de câncer, estomatite ulcerativa, náusea, diarréia, teratogenia
Acitretina
Retinoide
Oral
Diária
Teratogenia, formação de osteófitos, hiperlipidemia, agravação da doença intestinal inflamatória, hepatotoxicidade, depressão
Ciclosporina
Inibidor de calcineurina
Oral
Duas vezes ao dia
Disfunção renal, hipertensão, hiperpotassemia, hiperuricemia, hipomagnesemia, hiperlipidemia, aumento do risco de câncer
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
das m ãos e pés. O LP frequentem ente acom ete as m ucosas, sobretu do a oral, onde pode ser evidenciado p o r um espectro que varia da erupção reticulada esbranquiçada branca até um a estom atite erosiva grave. A estom atite erosiva pode persistir p or vários anos e pode es tar relacionada com o aum ento do risco de desenvolver carcinom a espinocelular oral. C linicam ente, foram observadas erupções cu tâ neas sem elhantes ao LP depois da adm inistração de diversos fárm a cos com o diuréticos tiazídicos, ouro, antim aláricos, penicilam ina e fenotiazinas, bem com o nos pacientes com lesões cutâneas da doença do enxerto versus hospedeiro. Além disso, o LP pode estar associado à infecção pelo vírus da hepatite C. Sua evolução é variável, m as a m aioria dos pacientes entra em rem issão dentro de 6 meses a 2 anos depois do início da doença. Os glicocorticoides tópicos constituem a base do tratam ento.
■ PITIRÍASE RÓSEA (PR) A PR é um a erupção papuloescam osa de etiologia desconhecida, m ais com um na prim avera e no outono. Sua p rim eira m anifestação é o surgim ento de um a lesão anular que m ede entre 2 e 6 cm (m eda lhão inicial). Depois de alguns dias ou sem anas, surgem várias lesões m enores, anulares ou papulosas com predileção pelo tronco (Fig. 52.6). As lesões são geralm ente ovais e seu m aior eixo é paralelo às li nhas da pele. Sua cor varia do verm elho ao castanho e as lesões apre sentam descam ação que segue a progressão da borda. Clinicam ente, a PR tem m uitas sem elhanças com a sífilis secundária, m as as lesões das palm as e das plantas são extrem am ente raras na PR e com uns na sífilis secundária. A erupção tende a ser m oderadam ente pruriginosa e persiste p or 3 a 8 sem anas. O tratam en to visa aliviar o p ru rid o e consiste em anti-histam ínicos orais, glicocorticoides tópicos de p o tência m édia e, em alguns casos, fototerapia com UVB.
INFECÇÕES CUTÂNEAS (QUADRO 52.5) ■ IMPETIGO, ECTIMA E FURUNCULOSE O impetigo é um a infecção bacteriana superficial com um causada m ais com um ente pelo S. aureus (Cap. 135) e, em alguns casos, p or
estreptococos beta-hem olíticos do grupo A (Cap. 136). A lesão p ri m ária é um a pústula superficial que se rom pe, form ando um a crosta típica, castanho-am arelada, cor de m el (Cap. 136). As lesões podem ocorrer na pele norm al - infecção p rim ária - ou nas áreas previa m ente afetadas p o r outra doença cutânea - infecção secundária. As lesões causadas p or estafilococos podem ser bolhas tensas e claras e esta apresentação m enos com um da doença é conhecida com o im petigo bolhoso. As bolhas são causadas pela liberação de um a toxi na esfoliativa pelo S. aureus do fago tipo II. Essa é a m esm a toxina responsável pela síndrom e da pele escaldada estafilocócica (SPES), que geralm ente provoca a perda extensiva da epiderm e depois da form ação das bolhas. A SPES é m uito m ais com um nas crianças que nos adultos; contudo, esta síndrom e deve ser considerada, bem com o a necrólise epidérm ica tóxica e as erupções farm acogênicas graves, nos pacientes com a form ação de bolhas cutâneas generalizadas. O ectima é um a variante do im petigo que causa lesões ulcerativas em saca-bocado. Essa doença pode estar associada ao im petigo negli genciado ou tratad o inadequadam ente. O tratam en to do ectim a e do im petigo consiste no d esbridam ento suave das crostas aderen tes, facilitado pelo uso de banhos e antibióticos tópicos, junto com os antibióticos orais adequados. A furunculose tam bém é causada pelo S. aureus e este distúrbio adquiriu m aior im portância na últim a década com o surgim ento do MRSA-AC. O furúnculo é um nódulo eritem atoso doloroso que pode desenvolver-se em qualquer super fície cutânea. As lesões po d em ser solitárias, m as são m últiplas na m aioria dos casos. Os pacientes frequentem ente acreditam que foram picados p o r aranhas ou insetos. O s fam iliares ou contatos próxim os tam bém podem ser afetados. Os furúnculos podem rom per e drenar espontaneam ente, ou necessitar de incisão e drenagem , que podem ser suficientes com o tratam en to das lesões solitárias pequenas sem celulite ou m anifestações sistêmicas. Sem pre que for possível, o m a terial obtido da lesão deverá ser enviado para cultura. As recom enda ções atuais p ara as infecções sensíveis à m eticilina são os antibióticos betalactâm icos. O tratam ento do MRSA-AC já foi descrito (ver “Der m atite atópica”). C om pressas quentes e m u pirocina nasal tam bém são úteis. As infecções graves devem ser tratadas com antibióticos IV.
QUADRO 52.4
Agentes biológicos aprovados para o tratamento da psoríase ou da artrite psoriática
Fármaco
Mecanismo de ação
Indicação
Via
Frequência
Alertas
Alefacepte
Anti-CD2
Ps
IM
1 vez/semana durante 12 semanas; pode ser repetido
Linfopenia, possível aumento da incidência de neoplasias malignas, infecções graves
Etanercepte
Anti-TNF-a
Ps, APs
SC
1 ou 2 vezes/semana
Infecções graves, complicações neurológicas ou hematológicas, possível aumento da incidência de neoplasias malignas
Adalimumabe
Anti-TNF-a
APs
SC
A cada 2 semanas
Infecções graves, complicações neurológicas, possível aumento da incidência de neoplasias malignas, reações de hipersensibilidade, efeitos adversos hematológicos
Infliximabe
Anti-TNF-a
APs
IV
Infusão inicial seguida de infusões na 2a e 6a semanas; depois, a cada 8 semanas
Infecções graves, hepatotoxicidade, complicações hematológicas, reações de hipersensibilidade, efeitos neurológicos adversos, possível aumento da incidência de neoplasias malignas
Administração
Nota: Ps, psoríase; APs, artrite psoriática; IM, intramuscular; SC, subcutânea; TNF, fator de necrose tumoral.
400
r opacas e espessadas e detrito s subungueais. A variante distolateral é m u ito com um . A onicom icose su b u n g u eal pro x im al po d e ser um m arc ad o r da infecção pelo H IV ou de outros estados de im unossupressão. A derm atofitose do couro cabeludo (tinha do couro cabeludo) ain d a é com um , p rin cip alm en te entre crianças de áreas urbanas pobres, m as ocorre tam bém nos adultos. O agente etiológi co p redom inante é o T . tonsurans, que po d e causar um a lesão relati vam ente não inflam atória com pouca descam ação e alopecia difusa ou localizada. O T. tonsurans tam b ém p o d e causar u m a derm atose in tensam ente inflam atória com edem a e nódulos, que é conhecida com o quérion. O diagnóstico da tin h a pode ser realizado a p a rtir de escam as obtidas pela raspagem da pele, das unhas ou dos pelos, através de cultura ou do exame direto com hidróxido de potássio (KOH). Os fragm entos de un h a podem ser enviados p ara exame histológico com coloração pelo ácido periódico de Schiff (PAS).
Figura 52.5 Líquen plano. Esse é um exemplo de líquen plano com várias pápulas violáceas achatadas e placas. O paciente também tinha distrofia ungueal no dedo polegar. (Cortesia doDr. Robert Swerlick.)
■ DERMATOFITOSE Os derm atófitos são fungos que infectam a pele, os pêlos e as unhas e incluem m em bros dos gêneros Trichophyton, M icrosporum e Epidermophyton. A tin h a do corpo, ou infecção da pele relativam ente sem pelos (pele glabra), pode ter aspecto variável de acordo com a intensidade da reação inflam atória associada. As infecções típicas têm aspecto anular, que os pacientes descrevem com o "im pingem ”. N ódulos inflam atórios p rofundos ou granulom as ocorrem em a l gum as infecções - principalm ente nas lesões tratadas erroneam ente com glicocorticoides tópicos de m édia ou alta potência. O acom eti m ento da virilha (tinha crural) é m ais com um no sexo m asculino e evidencia-se p or erupção descam ativa e eritem atosa com preserva ção da bolsa escrotal. A infecção do pé (tinha dos pés) é a derm atofitose m ais c om um e geralm ente é crônica; a doença caracteriza-se p o r graus variados de eritem a, edem a, descam ação, p ru rid o e, às vezes, form ação de vesículas. O acom etim ento po d e ser localizado ou difuso, m as ge ralm en te atinge a m em b ran a entre o q u a rto e o q u in to dedos do pé. A infecção das u n h a s (tin h a ungueal o u onicom icose) ocorre em m uitos pacientes com tin h a dos pés e caracteriza-se p o r unhas
Figura 52.6 Pitiríase rósea. Nesse paciente com pitiríase rósea, várias lesões eritematosas redondas ou ovais com descamação central fina estavam distribuídas ao longo das linhas de tensão da pele do tronco.
Dermatofitoses
O tratam e n to das derm ato fito ses p o d e ser tópico ou sistêm ico e d e p en d e d a área afetada e do tip o de infecção. O tratam e n to tó p ico geralm en te é eficaz p a ra os casos sim ples de tin h a do corpo, tin h a crural e tin h a d os pés lim itada. N o entanto, é inefi caz isoladam ente p ara o trata m e n to da tin h a do couro cabeludo ou da onicom icose. O s im idazólicos, triazólicos e as alilam inas tópicos p o d e m ser eficazes p a ra o tra ta m e n to da derm atofitose, m as a nistatin a é ineficaz c o n tra derm atófitos. Os agentes tó p i cos geralm ente são aplicados 2 v ezes/d ia e o tra ta m e n to deve c o n tin u a r até 1 sem an a dep o is da cu ra clínica d a infecção. A tin h a dos pés freq u e n tem e n te exige tra ta m e n to m ais longo e as recidivas são c om uns. P o d em ser n ecessários a ntifúngicos orais p ara o tra ta m e n to dos casos re fra tário s de tin h a dos pés ou do corpo. As derm atofitoses dos pêlos e das unhas ou as que não res pondem ao tratam en to tópico devem ser tratadas com agentes antifúngicos orais. A ntes de prescrever esses fárm acos, deve-se confirm ar a etiologia fúngica p o r exam e m icroscópico direto ou cultura. Todos os fárm acos orais podem ser hepatotóxicos e não devem ser utilizados pelas gestantes ou nutrizes. A griseofulvina é o ún ico fárm aco oral aprovado nos EUA p ara tra ta r as d erm atofitoses da pele, dos pelos ou das unhas. Q uando se utiliza griseofulvina, a dose diária de 500 m g da p re paração m icrocristalina ou de 375 m g da ultram icro cristalin a a d m in istrad a ju n to com u m a refeição g o rdurosa é adequada à m aioria das derm atofitoses. São necessárias doses m ais altas para alguns casos de tin h a dos pés e tinha do couro cabeludo. A tinha do couro cabeludo com inflam ação intensa po d e levar à form a ção de cicatriz e perda de cabelos e os glicocorticoides sistêmicos ou tópicos podem ajudar a evitar estas seqüelas. A duração do tratam en to antifúngico po d e ser de 2 sem anas para os casos de tin h a do corpo sem com plicações, 8 a 12 sem anas p ara a tinha do couro cabeludo, ou até 6 a 18 m eses para as infecções ungueais. Em vista do índice elevado de recidivas, a griseofulvina raram en te é utilizada no tratam en to das onicom icoses. A lguns efeitos co laterais com uns da griseofulvina são desconforto gastrintestinal, cefaleia e urticária. O itraconazol e a terb in afin a orais foram aprovados para tra ta r onicom icose. O itraco n azo l é utilizado em tratam en to oral contínuo (200 m g/dia) ou interm itente (200 m g 2 vezes/dia durante 1 sem ana a cada m ês) às refeições. As unhas dos dedos das m ãos exigem 2 meses de tratam en to contínuo ou dois ciclos, enquanto as unhas dos pés requerem 3 meses de tratam ento con tínuo ou três ciclos. O itraconazol pode p roduzir interações m edi cam entosas graves com outros fárm acos m etabolizados pelo siste m a enzim ático P450. A terbinafina (250 m g/dia) tam bém é eficaz contra as onicom icoses e o tratam en to deve ser m antido p o r 6 sem anas nas infecções das unhas das m ãos e 12 sem anas para as unhas dos pés. A terbinafina causa m enos interações m edicam en-
Eczema, Psoríase, Infecções Cutâneas, Acne e Outras Doenças de Pele Comuns
■ ERISIPELA E CELULITE Ver C apítulo 125.
TRATAMENTO
401
QUADRO 52.5
Infecções cutâneas comuns Manifestações clínicas
Agente etiológico
Tratamento
Impetigo
Pápulas, placas ou bolhas com crostas cor de mel
Estreptococos do grupo A e Staphylococcus aureus
Antibióticos antiestafilocócicos tópicos ou sistêmicos
Dermatofitose
Placas descamativas anulares inflamatórias ou não inflamatórias; pode causar queda dos pêlos; acometimento da virilha com preservação do escroto; hifas na preparação com KOH
Espécies Trichophyton, Epidermophyton ou Microsporum
Imidazólicos tópicos; griseofulvina, terbinafina ou imidazólicos sistêmicos
Candidíase
Pápulas e placas inflamatórias com pústulas-satélites, frequentemente nas regiões intertriginosas; pode envolver o escroto; pseudo-hifas na preparação com KOH
Candida albicans e outras espécies do gênero Candida
Nistatina ou imidazólicos tópicos; imidazólicos sistêmicos nos casos resistentes
Pitiríase versicolor
Placas descamativas hiperpigmentadas ou hipopigmentadas no tronco; mistura característica de hifas e esporos na preparação com KOH (espaguete com almôndegas)
Malassezia furfur
Loção de sulfeto de selênio ou imidazólicos tópicos
Princioais Manifestações e Apresentações das Doenças
tosas, m as deve-se ter cuidado com pacientes que utilizam de vá rios fárm acos ao m esm o tem po.
■ TINHA VERSICOLOR A tinha versicolor é causada por u m fungo dim órfico não derm atófito, M alasseziafurfur, que vive norm alm ente na pele. O calor e a u m i dade favorecem a m anifestação da infecção. As lesões típicas consis tem em m áculas descam ativas ovoides, pápulas e placas localizadas principalm ente no tórax, n os om bros e no dorso. O acom etim ento da face e das partes distais dos m em bros é raro. N os indivíduos de pele pigm entada, as lesões frequentem ente se evidenciam p o r áreas hipopigm entadas, enquanto nos pacientes de pele clara as lesões são ligei ram ente eritem atosas ou hiperpigm entadas. A preparação com KOH das descam ações obtidas das lesões m ostra um a com binação de hifas curtas e esporos redondos (espaguete com almôndegas). As loções ou xam pus que contêm enxofre, ácido salicílico ou sulfeto de selênio ate nuam a infecção se forem usados diariam ente e, em seguida, 1 vez/ sem ana. Essas preparações causam irritação se forem deixadas na pele p or m ais de 10 m inutos; deste m odo, devem ser rem ovidas com pletam ente com água. O tratam ento com alguns agentes antifúngicos orais tam bém é eficaz, m as estes fárm acos não produzem resultados duradouros nem foram aprovados pelo FDA para essa indicação. O cetoconazol, o itraconazol e o fluconazol tam bém têm sido utiliza dos. A griseofulvina não é eficaz, e a terbinafina não apresenta eficá cia consistente no tratam ento de tinha versicolor.
j
ginosas são edem atosas, eritem atosas e descam ativas com “pústulas satélites” dissem inadas. N os hom ens, é freqüente o acom etim ento do pênis e da bolsa escrotal, assim com o das superfícies internas das coxas. Ao c o n trá rio das derm atofitoses, as infecções p o r C andida frequentem ente são dolorosas e acom panhadas de intensa resposta inflam atória. O diagnóstico de infecção p o r Candida baseia-se nos achados clínicos e na identificação de leveduras na preparação com K O H ou pela cultura.
TRATAMENTO
Candidíase
O trata m e n to consiste em e lim in a r os fatores p re d isp o n en tes com o antibio tico terap ia ou u m id a d e crô n ica e u sa r a n tifú n g i cos tópicos ou sistêm icos. O s fárm acos tópicos eficazes incluem n istatin a e os derivados im idazólicos (m iconazol, clotrim azol, econazol ou cetoconazol). A re sp o sta in fla m ató ria associada à infecção da pele glabra p o r Candida p o d e ser tra ta d a com um glicocorticoide de baixa p o tên cia em form a de loção ou crem e (h id ro co rtiso n a a 2,5%). O tra ta m e n to sistêm ico é g eralm ente reservado aos pacientes im u n o ssu p rim id o s ou in divíduos com doença crônica ou reco rren te que n ão re sp o n d em ao tra ta m e n to tópico apropriado. E ntre os fárm acos orais aprovados p a ra o tratam e n to da candidíase estão o itraco n azo l e o fluconazol. A n istatin a oral som ente é eficaz com o tra ta m e n to da candidíase do trato gastrintestinal. A griseo fu lv in a e te rb in a fin a são in e ficazes.
■ CANDIDÍASE C andidíase é u m a infecção fúngica causada p o r um g ru p o relacio n ado de leveduras, cujas m anifestações clínicas p o d em ficar lim i tadas à pele ou, m ais raram en te, são sistêm icas e poten cialm en te fatais. O agente etiológico m ais com um é a C andida albicans, m as tam b é m C. tropicalis, C. parapsilosis ou C. krusei. Estes m icro rg a nism os são saprófitos norm ais do trato gastrintestinal, m as podem p roliferar (geralm ente devido ao tra ta m e n to com antibióticos de am plo espectro) e causar doença em diversas áreas da pele. O utros fatores predisponentes são diabetes m elito, in tertrigo crônico, a n ti concepcionais orais e deficiências da im unidade celular. A c an d id í ase é m uito com um nos indivíduos infectados pelo H IV (C ap. 189). A cavidade oral é acom etida frequentem ente. P odem surgir lesões na língua ou na m ucosa bucal (sapinho) com aspecto de placas brancas. O exam e m icroscópico do raspado m o stra pseudo-hifas e leveduras. Lesões fissuradas e m aceradas no canto da boca (queilite angular) são com uns nos indivíduos que usam d e n ta d u ras m al adaptadas e tam bém p odem estar associadas à infecção p o r Candi da. Além disso, a candidíase tem m ais afinidade pelas áreas c o n ti nuam ente úm idas e m aceradas, inclusive a pele ao redor das unhas (onicólise e paroníquia) e as áreas intertriginosas. As lesões in tertri-
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■ VERRUGAS As verrugas são neoplasias cutâneas causadas p o r papilom avírus. Já foram descritos m ais de 100 tipos de papilom avírus hum ano (HPV). A verruga típica (verruga vulgar) é séssil, convexa e geralm ente tem cerca de 1 cm de diâm etro. Sua superfície é hiperceratótica e form ada po r várias pequenas projeções filam entosas. O H PV que causa a ver ruga vulgar típica tam bém é o agente etiológico da verruga plantar típica, das verrugas planas (ou verruca plana) e das verrugas filifor mes. As verrugas plantares são endofíticas e recobertas p o r ceratina espessa. Com o desbastando da verruga, aparece um núcleo central de restos ceratinizados e pequenos sangram entos puntiform es. As verrugas filiformes são m ais com uns na face, no pescoço e nas dobras cutâneas e caracterizam -se p or lesões papilom atosas de base estreita. As verrugas planas são u m pouco elevadas e têm superfície aveludada e não verrucosa. Esse tipo tem predileção pela face, braços e pernas, e com um ente é dissem inado pelo barbear. As verrugas genitais com eçam com o peq u en o s papilom as que podem crescer e form ar grandes lesões fungiform es. Nas m ulheres, podem acom eter os lábios vaginais, o p eríneo e a pele perianal. Além
disso, as m ucosas da vagina, da uretra e do ânus podem ser afetadas, assim com o o epitélio cervical. Nos hom ens, as lesões frequentem en te com eçam no sulco coronal, m as tam bém ocorrem no corpo do pênis, na bolsa escrotal, na pele perianal ou na uretra. Existem evidências significativas sugerindo que o H PV desem penhe um papel im portante no desenvolvim ento das neoplasias da cérvice uterina e da pele anogenital (Cap. 97). Os H PV tipos 16 e 18 têm sido os m ais estudados e são os principais fatores de risco para neoplasia intraepitelial e carcinom as espinocelulares da cérvice, do ânus, da vulva e do pênis. O risco é m aior nos pacientes im unossu prim idos depois de transplantes de órgãos sólidos e nos indivíduos HlV-positivos. Evidências recentes tam bém im plicaram outros tipos. O exame histológico de biópsias dos locais afetados pode revelar al terações associadas às verrugas típicas e/ou anorm alidades caracte rísticas do carcinom a intra-epidérm ico (doença de Bowen). Os car cinom as espinocelulares associados às infecções p o r H PV tam bém foram detectados na pele extragenital (Cap. 87). Isso ocorre m ais co m um ente nos hom ens im unossuprim idos depois de transplantes de órgãos. Os pacientes m antidos em im unossupressão crônica devem ser m onitorados quanto à ocorrência de carcinom a espinocelular e outras neoplasias m alignas da pele.
Verrugas
C om exceção das verrugas anogenitais, o tratam ento das verrugas deve ser planejado levando em consideração que, nos indivíduos norm ais, a m aioria destas lesões regride espontaneam ente d e n tro de 1 a 2 anos. H á várias m odalidades de tratam ento para as verrugas, m as n en h u m tratam ento específico é eficaz em todos os casos. Os fatores que influenciam a escolha do tratam ento são a localização da verruga, a extensão da doença, a idade e o esta do im unológico do paciente, bem com o suas preferências quanto ao tratam ento. A crioterapia com nitrogênio líquido talvez seja o m étodo m ais útil e conveniente para o tratam ento das v e rru gas em praticam ente qualquer localização. Igualm ente eficaz nas verrugas não genitais, m as exigindo m uito m ais cooperação do paciente, é o uso de agentes ceratolíticos, tal com o ácido salicílico na form a de adesivos ou soluções. Para as verrugas genitais, a apli cação de podofilina em consultório é m oderadam ente eficaz, m as pode causar reações locais intensas. Existem preparações diluídas e purificadas de podofilina, de uso exclusivo com prescrição m é dica, para aplicação dom éstica. O im iquim ode tópico, um in d u to r potente da liberação local das citocinas, tam bém foi aprovado para tratar verrugas genitais. A cirurgia, convencional ou a laser pode ser necessária para as verrugas recalcitrantes. A recidiva das verrugas é freqüente depois qualquer um desses tratam entos. Re centem ente, o FDA aprovou um a vacina altam ente eficaz contra determ inados tipos de HPV e é provável que sua utilização reduza a incidência dos carcinom as anogenitais e cervicais.
■ HERPESVÍRUS SIMPLES Ver C apítulo 179.
acnes) dentro dos com edões libera ácidos graxos livres do sebo, causa inflam ação dentro do cisto e leva à ru p tu ra de sua parede. Um a rea ção inflam atória ao corpo estranho desenvolve-se em conseqüência da elim inação dos restos gordurosos e ceratinosos pelo cisto O sinal clínico típico da acne vulgar é o com edão, que pode ser fechado (pontos brancos) ou aberto (pontos negros). Os com edões fechados são pequenas pápulas brancas granulosas de 1 a 2 m m , m ais bem visíveis quando a pele é esticada. Esses com edões são os precur sores das lesões inflam atórias da acne vulgar. O conteúdo dos com e dões fechados é difícil de esprem er. Os com edões abertos, que rara m ente p roduzem lesões inflam atórias, têm óstios foliculares grandes e dilatados e estão cheios de restos oleosos, oxidados e escurecidos fáceis de espremer. Os com edões são geralm ente acom panhados de lesões inflam atórias: pápulas, pústulas ou nódulos. As prim eiras lesões observadas na adolescência geralm ente são com edões com pouca ou n e n h u m a inflam ação na fronte. Em se guida, surgem lesões inflam atórias m ais típicas nas bochechas, no nariz e no queixo (Fig. 52.7). A localização m ais com um da acne é na face, m as é com um o envolvim ento do tórax e dorso. N a m aioria dos casos, a doença é b randa e não deixa cicatrizes. A lguns pacien tes têm grandes nódulos e cistos inflam atórios, que podem drenar e form ar cicatrizes significativas. Independentem ente da gravidade, a acne pode afetar a qualidade de vida dos pacientes. Se for tratada adequadam ente, essa conseqüência pode ser transitória. Nos casos de acne cicatricial grave, os efeitos podem ser irreversíveis e profundos. A intervenção terapêutica precoce é fundam ental nos casos graves. Fatores exógenos e endógenos alteram a expressão da acne vul gar. A trito e traum atism o (faixas na cabeça ou correias dos capace tes de atletism o), aplicação tópica de preparações com edogênicas (cosm éticos ou preparações capilares) e exposição tópica crônica a certos com postos industriais podem provocar ou agravar a acne. Os glicocorticoides tópicos ou sistêm icos tam bém podem produzir acne. O utros fárm acos sistêm icos com o pílulas anticoncepcionais, lítio, isoniazida, esteroides androgênios, halogênios, fenitoína e fenobarbital tam bém podem desencadear erupções acneiform es ou piorar a acne preexistente. Fatores genéticos e doença do ovário policístico tam bém podem predispor à doença.
■ HERPES-ZÓSTER Ver C apítulo 180.
■ ACNE VULGAR A acne vulgar é um a doença autolim itada que acom ete prin cip al m ente adolescentes e adultos jovens, em bora 10 a 20% dos adultos continuem a apresentar algum a form a da doença. O fator que p erm i te a expressão da doença na adolescência é o aum ento na produção de sebo pelas glândulas sebáceas depois da puberdade. Pequenos cis tos conhecidos com o comedões form am -se nos folículos pilosos em conseqüência do bloqueio do óstio folicular pela retenção de m aterial ceratinoso e de sebo. A atividade das bactérias (Proprionobacterium
TRATAMENTO
Eczema, Psoríase, Infecções Cutâneas, Acne e Outras Doenças de Pele Comuns
TRATAMENTO
Figura 52.7 Acne vulgar. Esse é um exemplo de acne vulgar com pápulas infla matórias, pústulas e comedões. (Cortesia do Dr. Kalman Watsky.)
Acne vulgar
O tratam en to da acne vulgar visa a elim inar os com edões por m eio da norm alização da ceratinização folicular, da dim inuição da atividade das glândulas sebáceas, da redução da população de P. acnes e da atenuação da inflam ação. A acne branda ou m odera da com pouca inflam ação pode m elhorar apenas com tratam en to local. E m bora as áreas afetadas pela acne devam ser m antidas limpas, a esfregação excessivamente vigorosa pode agravar a acne devido à ru p tu ra m ecânica dos com edões. Os fárm acos tópicos com o o ácido retinoico, o peróxido de benzoíla ou o ácido salicí lico, podem alterar o padrão de descam ação da pele, im pedindo a
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 404
form ação de com edões e ajudando na resolução de cistos preexis tentes. Os antibacterianos tópicos com o o peróxido de benzoíla, o ácido azelaico, a eritrom icina tópica (com ou sem zinco) e a clin dam icina são úteis com o coadjuvantes do tratam ento. Os pacientes com acne m oderada a grave com com ponente inflam atório acentuado m elhoram com o acréscim o de tratam en tos sistêmicos, com o tetraciclina em doses de 250 a 500 m g (2 ve zes/dia) ou doxiciclina na dose de 100 m g (2 vezes/dia). A m inociclina tam bém pode ser útil. Além do seu efeito antibacteriano, esses antibióticos parecem ter propriedades anti-inflam atórias. As m ulheres que não respondem à antibioticoterapia oral podem m elhorar com o tratam ento horm onal. Hoje, existem vários con traceptivos orais aprovados pelo FDA p ara tratar acne vulgar. Os pacientes com acne nodulocística grave refratária aos tra tam entos citados anteriorm ente podem m elhor com o uso da isotretinoína, um retinoide sintético. A dose desse fárm aco depende do peso do paciente e é adm inistrada 1 vez ao dia durante 5 meses. Os resultados são excelentes nos pacientes selecionados adequada mente. A utilização da isotretinoína é estritam ente regulada devi do ao risco de efeitos colaterais graves, principalm ente de teratogenicidade. Além disso, alguns pacientes tratados com esse fárm aco desenvolvem extrem o ressecam ento da pele e queilite e devem ser acom panhados porque podem desenvolver hipertrigliceridem ia. Recentem ente, surgiu a preocupação de que a isotretinoína este ja associada à depressão grave em alguns pacientes. Hoje, os m é dicos que prescrevem esse fárm aco devem estar inscritos em um program a destinado a evitar gravidez e efeitos adversos durante o tratam ento dos seus pacientes. Essas m edidas visam garantir que todos os profissionais que a prescrevem conheçam os riscos da iso tretinoína; que todas as pacientes tenham dois testes de gravidez negativos antes de com eçar o tratam ento e mais um teste negativo antes de receber cada renovação da prescrição; e que todos os pa cientes saibam dos riscos da isotretinoína.
■ ACNE ROSÁCEA A acne rosácea (conhecida com um ente com o rosácea) é um a doença inflam atória que afeta principalm ente a região central da face. Os p a cientes afetados m ais com um ente são caucasoides descendentes do norte europeu, em bora a doença tam bém ocorra nos indivíduos com peles m ais pigm entadas. A rosácea é detectada quase exclusivam en te nos adultos, sendo rara em pacientes com idade < 30 anos. Essa doença é m ais com um nas m ulheres, m as os casos m ais graves ocor rem nos hom ens. As lesões caracterizam -se po r eritem a, telangiecta sias e pústulas superficiais (Fig. 52.8), m as não está ligada à presença de comedões. A rosácea raram ente afeta o tórax ou dorso. Há um a relação entre a tendência ao ru b o r facial acentuado e o surgim ento subsequente de acne rosácea. Em geral, os pacientes com rosácea apresentam reação de ru b o r exacerbada, que pode ser desen cadeada pelo calor, estím ulos em ocionais, álcool, bebidas quentes ou alim entos tem perados. Com a evolução da doença, o ru b o r persiste p o r períodos cada vez m ais longos e, p o r fim, po d e tornar-se p e r m anente. Podem surgir pápulas, pústulas e telangiectasias superpos tas a esse ru bor persistente. A rosácea de longa duração pode causar proliferação excessiva do tecido conectivo, principalm ente do nariz (rinofim a). Essa doença tam bém pode ser com plicada p o r várias doenças inflam atórias oculares com o ceratite, blefarite, irite e calázio recorrente. Essas complicações oculares podem com prom eter a visão e justificam o acom panham ento oftalm ológico.
Figura 52.8 Acne rosácea. Essa paciente com acne rosácea tinha eritema fa cial proeminente, telangiectasia, pápulas dispersas e pústulas pequenas. (Cortesia do Dr. Robert Swerlick; com autorização.)
TRATAMENTO
Acne rosácea
O tratam en to da acne rosácea pode ser tópico ou sistêmico. A doença leve geralm ente responde à aplicação tópica de m etro n i dazol tópico ou sulfacetam ida sódica. As form as m ais graves d e vem ser tratadas com tetraciclinas orais: tetraciclina (250 a 500 m g/dia), doxiciclina (100 m g 2 vezes/dia) ou m inociclina (50 a 100 m g 2 vezes/dia). As telangiectasias residuais p odem m elho rar com o tratam ento a laser. Os glicocorticoides tópicos devem ser evitados, principalm ente os agentes potentes, porque seu uso crônico pode causar rosácea. O tratam en to tópico da pele não é eficaz quando há acom etim ento ocular.
DOENÇAS CUTÂNEAS E VACINAÇÃO CONTRA A VARÍOLA Com o a incidência de efeitos adversos associados à vacinação contra varíola é m aior nos pacientes com história de determ inadas doenças derm atológicas (inclusive derm atite atópica, eczem a e psoríase), esta vacina está contraindicada aos pacientes po rtad o res destes d istú r bios, exceto se houver um ataque de bioterrorism o e exposição real ou potencial à varíola. N os casos de exposição, o risco de adquirir varíola é m aior que o risco de ocorrerem efeitos adversos da vacina (Cap. 221).
BIBLIOGRAFIA JL, J o r i z z o JL , Rapini RP (eds): Derm atology, 2nd ed. Philadel phia, Mosby, 2009 Ja m e s WD et al: Andrew s’ Diseases o f the Skin Clinical Derm atology, lOth ed. Philadelphia, Saunders-Elsevier, 2006 W o l f f K , G o l d s m i t h LA, K a t z SI, et al (eds): Fitzpatricks D erm atology in General M edicine, 7th ed. New York, McGraw Hill, 2008 W o l f f K, J o h n s o n RA: Fitzpatricks Color A tlas a n d Synopsis o f Clinical Der matology, 6th ed. New York, McGraw-HilI, 2009 W o l v e r t o n SE (ed): Comprehensive Dermatologic D rug Therapy 2nd ed. Phi ladelphia, Saunders, 2007 B o l o g n ia
CAPÍ TULO
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Manifestações Cutâneas das Doenças Sistêmicas Jean L. Bolognia Irw in M. Braverman A m edicina geralm ente reconhece o conceito de que a pele pode de senvolver sinais de doenças sistêmicas. Por essa razão, os livros de texto de m edicina trazem capítulo descrevendo, em detalhes, os p rin cipais distúrbios sistêm icos que podem ser identificados p o r sinais cutâneos. O conceito implícito neste capítulo é que o clínico conse guiu identificar o distúrbio do paciente e precisa apenas ler sobre o assunto no livro de texto. Na verdade, os diagnósticos diferenciais concisos e a identificação desses distúrbios são difíceis para o m édico que não é derm atologista, porque ele não tem treinam ento suficiente para diagnosticar as lesões cutâneas ou seu espectro de apresenta ções. Assim, este capítulo aborda esse tópico específico da d erm ato logia não por meio da descrição de cada distúrbio, m as pela descrição e discussão dos diferentes sinais e sintom as clínicos que indicam a presença desses distúrbios. Serão gerados diagnósticos diferenciais concisos, nos quais as doenças im portantes serão discutidas resum i dam ente e diferenciadas dos distúrbios m ais com uns, que têm pouca ou nenhum a im portância no contexto das doenças sistêmicas. Estes últim os distúrbios locais são apresentados aqui em form a de tabelas e sem pre será necessário excluí-los quando se consideram as m anifes tações cutâneas das doenças internas relevantes. O leitor deverá co n sultar um livro de derm atologia se desejar descrições m ais detalhadas de cada doença específica.
LESOES CUTANEAS PAPULOESCAMOSAS (Q uadro 53.1) Q uando a erupção caracteriza-se p o r lesões elevadas, pápulas (< 1 cm) ou placas (> 1 cm ) com descam ação, é d e n o m i nada lesão papuloescamosa. As doenças papuloescam osas m ais co m uns - psoríase, tinha, pitiríase rósea e líquen plano - são distúrbios cutâneos p rim ários (Cap. 52). Q u a n d o as lesões psoriáticas estão acom panhadas de artrite, deve-se considerar a possibilidade de a r trite psoriática ou artrite reativa (antes conhecida com o síndrom e de Reiter). A história de úlceras orais, conjuntivite, uveíte e/o u uretrite é sugestiva desse últim o diagnóstico. E ntre as condições que reconhecidam ente agravam a psoríase estão tratam en to com lítio ou betabloqueadores, infecções p o r estreptococos ou pelo H IV e inter rupção repentina do tratam ento com glicocorticoides sistêmicos. As com orbidades em ergentes da psoríase incluem doença cardiovascu lar e síndrom e m etabólica. Sem pre que for estabelecido o diagnóstico de pitiríase rósea ou de líquen plano, é im portante rever os m edicam entos do paciente porque a erupção pode ser tratada m ediante a sim ples suspensão do agente agressor. As farm acoderm ias sem elhantes à pitiríase rósea es tão associadas m ais com um ente aos betabloqueadores, aos inibidores da enzim a conversora da angiotensina (ECA) e ao m etronidazol, ao passo que os fárm acos que podem p roduzir um a erupção liquenoide incluem os tiazídicos, os antim aláricos, a quinidina, os betabloquea dores e os inibidores da ECA. Em algum as populações, a prevalência da infecção pelo vírus da hepatite C é m ais alta nos pacientes com líquen plano. Lesões sem elhantes ao líquen plano tam bém são obser vadas na doença enxerto versus hospedeiro. Nos estágios iniciais, a form a de m icose fungoide (MF) do lin fo m a de células T cutâneo (LCTC) pode ser confundida com eczema ou psoríase, mas geralm ente não responde ao tratam ento recom en dado p ara estas doenças inflam atórias. A MF pode desenvolver-se dentro das lesões da parapsoríase em placas grandes e sua presença é sugerida pelo aum ento da espessura das lesões. O diagnóstico da
QUADRO 53.1 Algumas causas de lesões cutâneas papuloescamosas 1. Distúrbios cutâneos primários a. Psoríase3 b. Tinha* c. Pitiríase rósea3 d. Líquen plano3 e. Parapsoríase f. Doença de Bowen (carcinoma espinocelular in sitú)b 2. Fármacos 3. Doenças sistêmicas a. Lúpus eritematoso* b. Linfoma de células T cutâneo, principalmente micose fungoide" c. Sífilis secundária d. Artrite reativa (antes conhecida como síndrome de Reiter) e. Sarcoidose® ^Descrita detalhadamente no Capítulo 52; doença cardiovascular e síndrome metabólica são comorbidades emergentes da psoríase; principalmente na Europa, o líquen plano oral está asso ciado à infecção pelo vírus da hepatite C. "Associada à exposição solar crônica e à exposição ao arsênico. “Ver também Lesões eritematosas em Lesões cutâneas papulonodulares. ‘Também lesões cutâneas da leucemia/linfoma de células T associada ao HTLV-I. V er também lesões castanho-avermeihadas em Lesões cutâneas papulonodulares.
co =d_ CD^ CO t—f• CO •o O! CD CO
O cz M F baseia-se na biópsia de pele, na qual se encontram acúm ulos de linfócitos T atípicos na epiderm e e na derm e. À m edida que a doença evolui, podem surgir tum ores cutâneos e aum ento dos linfonodos. N a sífilis secundária, surgem p áp u las castan h o -av erm eih ad as dissem inadas com descam ação fina. C o m frequência, a erupção envolve as palm as e plantas e p o d e assem elhar-se à pitiríase rósea. As m anifestações clínicas associadas são úteis à determ in ação do diagnóstico e incluem placas anulares n a face, alopecia não cicatricial, condilom as planos (lesões ú m idas de base am pla) e placas m u cosas, bem com o lin fad en o p atia, m al-estar, febre, cefaleia e m ial gias. O intervalo entre o cancro p rim á rio e o estágio secu n d ário geralm ente é de 4 a 8 sem anas e p o d e haver resolução espontânea sem tratam e n to apropriado.
Cú> =3 CD 03 CO
Q. 03
CO
O O
CD =3
30% da SC). A lém dos distúrbios b olhosos p rim ário s e das reações de h ip er sensibilidade, as infecções b acterianas e virais po d em acarretar ve sículas e bolhas. Os agentes infecciosos m ais com uns são herpesví rus sim ples (Cap. 179), vírus varicela-zóster (Cap. 180) e S. aureus (Cap. 135). A síndrome da pele escaldada estafilocócica (SPEE) e o impetigo bolhoso são dois distúrbios bolhosos associados à infecção estafilocó cica (fagos do grupo II). C om a SPEE, os achados iniciais são eritem a e hipersensibilidade da parte central da face, do pescoço, do tronco e das zonas intertriginosas. Em seguida, surgem bolhas flácidas de curta duração e há desprendim ento ou esfoliação da epiderm e super ficial. Depois, surgem áreas crostosas, caracteristicam ente ao redor da boca. A SPEE é diferenciada da NET pelas seguintes m anifesta ções: faixa etária m enor (principalm ente lactentes), localização mais superficial das bolhas, ausência de lesões orais, evolução m ais rápida, m orbidade e m ortalidade m enores e associação à toxina esfoliativa estafilocócica (“esfoliatina”), em vez de aos fárm acos. A diferenciação diagnóstica rápida entre a SPEE e a NET pode ser realizada por meio de um corte congelado da cobertura da bolha, ou p or citologia esfo liativa do conteúdo da bolha. N a SPEE, a localização da infecção es tafilocócica geralm ente é extracutânea (conjuntivite, rinorreia, otite média, faringite, amigdalite) e as lesões cutâneas são estéreis, ao pas so que no im petigo bolhoso as lesões cutâneas ocorrem no local de infecção. O im petigo é m ais localizado que a SPEE e, em geral, m ani festa-se com crostas cor de mel. Em alguns casos, tam bém se form am bolhas purulentas superficiais. Os êmbolos cutâneos provenientes de infecções po r G ram -negativos p odem causar bolhas isoladas, m as a base da lesão é violácea ou necrótica e podem se transform ar em um a úlcera (ver “Púrpura”, adiante). V ários d istúrbios m etabólicos estão associados à form ação de bolhas, inclusive diabetes m elito, insuficiência renal e porfiria. A hipoxem ia local secu n d ária ao fluxo sanguíneo cutâneo dim inuído tam bém po d e p rovocar bolhas, o que explica sua presença sobre pontos de pressão dos pacientes com atosos (bolhas do com a). No diabetes melito, surgem bolhas tensas com líquido viscoso lím pido
EXANTEMAS (Q u a d ro 53.13) Os exantem as caracterizam -se p o r um a erupção generalizada aguda. A apresentação clínica m ais com uns é de m á culas e pápulas eritem atosas (m orbiliform e) e, m enos com um ente, eritem a confluente que em palidece à com pressão (escarlatiniform e). As erupções morbiliformes geralm ente são causadas p o r fárm acos ou infecções virais. Por exemplo, até 5% dos pacientes que usam peni-
QUADRO 53.13
Causas de exantemas
I. Morbiliforme A. Fármacos B. Virais 1. Sarampo 2. Rubéola 3. Eritema infeccioso (reticulado nos membros) 4. Infecções por vírus Epstein-Barr, vírus Echo, vírus Coxsackie, CMV e adenovírus 5. Fase inicial da infecção pelo HIV (com úlceras das mucosas) C. Bacterianas 1. Febre tifoide 2. Fase inicial da sífilis secundária 3. Fase inicial das riquetsioses 4. Fase inicial da meningococcemia D. Doença aguda enxerto versus hospedeiro E. Doença de Kawasaki II. Escarlatiniforme A. Escarlatina B. Síndrome do choque tóxico C. Doença de Kawasaki D. Fase inicial da síndrome da pele escaldada estafilocócica Nota: CMV, citomegalovírus; HIV, vírus da imunodeficiência humana.
cilinas, sulfonam idas, fenitoína ou nevirapina apresentam erupção m aculopapulosa. Os sinais associados podem incluir prurido, febre, eosinofilia e linfadenopatia transitória. E rupções m aculopapulosas sem elhantes são encontradas nos exantem as virais clássicos da in fância, com o ( 1) sarampo - p ródrom o de coriza, tosse e conjuntivite seguido de m anchas de K oplik n a m ucosa oral; a erupção começa atrás das orelhas, na linha de im plantação dos cabelos e na fronte e, em seguida, dissem ina-se para o corpo, tornando-se com frequência confluente; (2) rubéola - com eça na fronte e na face e em seguida espalha pelo corpo; regride na m esm a ordem e está associada às linfadenopatias re tro a u ric u lar e suboccipital; e (3) eritema infeccioso (quinta m oléstia da infância) - eritem a das bochechas seguido de um padrão reticulado nos m em bros; é secundário à infecção pelo parvo vírus B19 e observa-se artrite associada nos adultos. O saram po e a rubéola podem ocorrer nos adultos não vacinados e um a form a atípica desta doença é observada nos adultos im uniza dos com vacina anti-saram po de vírus m orto, ou im unização com vacina de vírus m ortos seguida da vacina de vírus vivos. Em co n traste com o saram po clássico, a erupção do saram po atípico começa nas palm as, nas plantas, nos p u nhos e nas articulações dos dedos e as lesões podem se to rn ar purpúricas. O paciente com saram po atípico pode m anifestar com prom etim ento p u lm o n a r e desenvolver doença grave. As erupções rubeoliform es e roseoliform es tam bém estão as sociadas às infecções pelo vírus Epstein-Barr (5 a 15% dos pacientes), vírus Echo,vírus Coxsackie, citomegalovírus, adenovírus, vírus da den gue e vírus do oeste do Nilo. A detecção de anticorpos IgM específicos ou as elevações de 4 vezes do título de anticorpos IgG possibilita o diagnóstico adequado. O casionalm ente, a farm acoderm ia m aculo papulosa é o reflexo de um a infecção viral subjacente. Por exemplo, cerca de 95% dos pacientes com m ononucleose infecciosa tratados com am picilina desenvolvem exantem a. É im portante salientar que, no início da evolução das infecções p or Rickettsia e m eningococos e antes do aparecim ento da púrpura, as lesões podem ser m áculas e pápulas eritem atosas. Esse tam bém é o caso da varicela antes do aparecim ento de vesículas. As erupções m aculopapulosas estão associadas à fase inicial da infecção pelo HIV, à sífilis secundária, à febre tifoide e à doença enxerto versus hospedei ro aguda. Nesse últim o caso, as lesões frequentem ente com eçam nos dorsos das m ãos e nos antebraços; as m áculas rosadas da febre tifoide com prom etem principalm ente a parte anterior do tronco. O protótipo das erupções escarlatiniformes é a escarlatina e deve-se a um a eritrotoxina pro d u zid a pelas infecções p o r estreptococos P-hem olíticos do grupo A, m ais com um ente faringite. Essa erupção caracteriza-se p or eritem a difuso que com eça no pescoço e na parte superior do tronco e p o r pontos foliculares verm elhos. O utras anor m alidades incluem língua em m orango branca (revestim ento b ra n co com papilas verm elhas) seguida de língua em m orango verm e lha (cobertura branca com papilas verm elhas); petéquias no palato; ru b o r facial com palidez perioral; petéquias lineares nas dobras dos antebraços; e descam ação da pele afetada, das palm as e das plantas 5 a 20 dias depois do início da erupção. U m a descam ação sem elhante das palm as e das plantas ocorre com a síndrom e do choque tóxico (SCT), a doença de Kawasaki e depois das doenças febris graves. C er tas cepas de estafilococos tam bém produzem um a eritrotoxina que provoca as m esm as m anifestações clínicas da escarlatina estreptocó cica, exceto pelos títulos de antiestreptolisina O ou anti-DN ase B, que não aum entam nestes casos. N a síndrom e do choque tóxico, as infecções estafilocócicas (fagos do grupo I) pro d u zem um a exotoxina (TSCT-1) que provoca a febre e a erupção, e tam bém enterotoxinas. Inicialm ente, a m aioria dos casos era relatada nas m ulheres m en stru ad as que usavam tam pões absorventes. C ontudo, outros locais de infecção (com o feridas e tam ponam ento nasal) p o d em a ca rretar a SCT. O diagnóstico de SCT baseia-se em critérios clínicos (Cap. 135) e três deles incluem lesões m ucocutâneas (eritem a difuso da pele, descam ação das palm as e das plantas dentro 1 a 2 sem anas depois do início da doença e lesões das m ucosas). As lesões m ucosas caracterizam -se p or hiperem ia da
Manifestações Cutâneas das Doenças Sistêmicas
sobre pele norm al. As lesões p o d e m alcançar 6 cm de d iâm etro e localizam -se nas partes distais dos m em bros. E xistem vários tipos de porfiria, m as a form a m ais com um com anorm alidades cutâneas é a porfiria cutânea tardia (PCT). N as áreas expostas ao sol (p rin cipalm ente a face e as m ãos), a pele é m uito frágil e o trau m atism o provoca erosões m isturadas com vesículas tensas. E m seguida, es sas lesões regridem deixando cicatrizes e m ilia (pápulas brancas ou am arelas, firm es, de 1 a 2 m m , que rep resen tam cistos de inclusão epidérm ica). As a n o rm a lid a d es associadas p o d e m in clu ir h ip e r tricose da região m alar lateral (hom ens) ou da face (m ulheres) e, nas áreas expostas ao sol, h ip erp ig m en taç ã o e placas escleróticas firm es. Os níveis elevados das u ro p o rfirin a s u rin árias c o n firm am o diagnóstico e devem -se à d im inuição da atividade da uro p o rfirinogênio-descarboxilase. Os fatores desencadeantes incluem álcool, ferro, h id ro ca rb o n eto s clorados, infecção pelo vírus da hepatite C e hepatom as. O diagnóstico diferencial de PCT inclui (1) porfiria variegada sinais cutâneos de PCT além de achados sistêmicos de porfiria inter m itente aguda; o plasm a tem em issão de fluorescência diagnóstica da porfirina em 626 nm ; (2) pseudoporfiria farmacogênica - os achados clínicos e histológicos são sem elhantes aos da PCT, m as as porfirinas são norm ais; os agentes etiológicos incluem naproxeno e outros anti-inflam atórios não esteroides, tais com o furosem ida, tetraciclina e ácido nalidíxico; (3) dermatite bolhosa da hemodiálise - o m esm o aspecto da PCT, m as as porfirinas em geral são norm ais ou m ostram elevação lim ítrofe; os pacientes têm insuficiência renal crônica e fa zem em hem odiálise; (4) PCT associada aos hepatom as e à hem odiá lise; e (5) epidermólise bolhosa adquirida (Cap. 54).
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vagina, da orofaringe ou das conjuntivas. A norm alidades sistêm icas sem elhantes foram descritas na síndrom e do choque tóxico estreptocócico (Cap. 136) e, em bora o exantem a seja m enos freqüente que na SCT provocada p o r infecção estafilocócica, a infecção subjacente com frequência localiza-se nos tecidos moles. A erupção cutânea da doença de Kawasaki (síndrom e m ucocutânea linfonodal) (Cap. 326) é polim orfa, m as as duas form as mais com uns são a m orbiliform e e a escarlatiniform e. O utras anorm ali dades m ucocutâneas são congestão conjuntival bilateral; eritem a e edem a das m ãos e dos pés seguidos de descam ação; e eritem a difuso da orofaringe, língua em m orango verm elha e lábios secos fissurados. Esse quadro clínico pode assem elhar-se à SCT e à escarlatina, m as os indícios ao diagnóstico da doença de Kawasaki são linfade nopatia cervical, queilite e trom bocitose. A m anifestação sistêm ica m ais grave associada a essa doença são os aneurism as coronarianos secundários à arterite. Os aneurism as podem provocar m orte súbita, principalm ente nos prim eiros 30 dias da doença. As erupções escarlatiniform es tam bém são encontradas na fase inicial da SPEE (ver “Vesículas/bolhas”, anteriorm ente) e nas reações aos fárm acos.
URTICARIA
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
(Q u a d ro 53.14) A urticária caracteriza-se p o r lesões transitórias com postas de um vergão central circundado p o r um halo eritem ato so. As lesões individuais são redondas, ovais ou figuradas e frequen tem ente pruriginosas. As urticárias aguda e crônica têm grande va riedade de etiologias alérgicas e são decorrentes do edem a na derm e. Lesões urticariform es tam bém são encontradas nos pacientes com m astocitose (urticária pigm entosa), hipotireoidism o ou h ipertireoi dism o e artrite idiopática sistêmica de início juvenil (doença de Still). Nas form as juvenil e adulta da doença de Still, as lesões coincidem com o pico febril, são transitórias e secundárias aos infiltrados dérm icos de neutrófilos. As urticárias físicas com uns incluem o derm ografism o, a u rti cária solar, a urticária provocada pelo frio e a urticária colinérgica. Os pacientes com dermografismo desenvolvem lesões urticariform es lineares depois da mais leve com pressão ou a rranhadura da pele. Trata-se de um distúrbio com um , que acom ete cerca de 5% da p opula ção. A urticária solar geralm ente ocorre m inutos depois do início da exposição ao sol e é um sinal cutâneo de um a doença sistêm ica - protoporfiria eritropoiética. Além da urticária, esses pacientes têm ci catrizes deprim idas sutis no nariz e nas m ãos. A urticária provocada pelo frio é precipitada pela exposição às tem peraturas baixas e, sendo assim, as áreas expostas geralm ente são afetadas. Em alguns pacien tes, a doença está associada a proteínas circulantes anorm ais - m ais com um ente crioglobulinas e, com m enor frequência, criofibrinogê-
QUADRO 53.14
Causas de urticária e angioedema
I. Distúrbios cutâneos primários A. Urticárias aguda e crônica3 B. Urticária física 1. Dermatografismo 2. Urticária solar6 3. Urticária do frio6
nios. O utros sintom as sistêm icos incluem dificuldade respiratória e síncope e isto explica a necessidade de esses pacientes evitarem nadar em água fria. A urticária colinérgica é desencadeada po r calor, exer cícios ou em oção e caracteriza-se p or pequenas lesões urticariform es com edem a relativam ente intenso. O casionalm ente, essa form a de urticária está associada à dificuldade respiratória. E nquanto as u rticárias são causadas pelo edem a da derm e, o edem a subcutâneo produz o quadro clínico de angioedema. Os lo cais acom etidos incluem as pálpebras, os lábios, a língua, a laringe, o trato gastrintestinal e tam bém o tecido subcutâneo. O angioedem a ocorre isoladam ente ou está associado à urticária, inclusive vasculite urticariform e e urticárias físicas. O angioedem a pode ser hereditário (autossôm ico dom inante) ou adquirido. (Cap. 317) e, na form a h ere ditária, a urticária quase nunca se m anifesta. A vasculite urticariform e é um a doença p o r im unocom plexos que pode ser c o n fundida com a u rtic ária sim ples. Ao c ontrário da u rtic ária sim ples, as lesões individuais ten d em a p erm an ecer p or m ais de 24 horas e, em geral, surgem petéquias centrais que podem ser observadas m esm o depois da resolução da fase urticariform e. O paciente tam bém p o d e queixar-se de ardência em vez de p ru ri do. A biópsia revela vasculite leucocitoclástica dos p equenos vasos sanguíneos. E m bora m uitos casos de vasculite u rticariform e sejam idiopáticos, a afecção p o d e ser o reflexo de u m a doença sistêm i ca subjacente, inclusive lúpus eritem atoso, síndrom e de Sjõgren ou deficiência hereditária do com plem ento. Existe u m espectro de vasculites urticariform es, que variam de com prom etim ento p uram ente cutâneo até as form as m ultissistêm icas. O s sinais e os sintom as sis têm icos m ais com uns são artralgias e/ou artrite, nefrite e d or a b dom inal em cólica, en q u an to asm a e doença p u lm o n a r obstrutiva crônica são diagnosticadas com m en o r frequência. A hipocom plem entem ia ocorre em 33 a 66% dos pacientes, m esm o nos casos idio páticos. A vasculite urticariform e tam bém pode ser diagnosticada nos pacientes com infecções pelos vírus das hepatites B e C, doença do soro e doenças semelhantes à doença do soro (p. ex., causada po r cefaclor ou m inociclina).
LESÕES CUTANEAS PAPULONODULARES (Q uadro 53.15) Nas doenças papulonodulares, as lesões são elevadas acim a da superfície da pele e p odem coalescer e form ar placas. A lo calização, a consistência e a cor das lesões são fundam entais para o diagnóstico; esta seção está organizada com base na cor.
■ LESÕES BRANCAS Na calcinose cutânea, ocorrem pápulas firm es brancas ou branco-am areladas de superfície irregular. Q uando o conteúdo é esprem ido, observa-se um m aterial branco-giz. A calcificação distrófica é encon trada nos locais de inflam ação ou lesão prévia da pele. Isso ocorre nas cicatrizes da acne e tam bém nas extrem idades distais dos pacientes com escleroderm ia e no tecido subcutâneo, bem com o nos planos fasciais interm usculares na DM. As lesões dessa últim a doença são m ais extensivas e encontradas com m aior frequência nas crianças. A elevação do pro d u to fosfato x cálcio, m ais com um ente causada p o r hiperparatireoidism o secundário associado à insuficiência re nal, pode acarretar os nódulos de calcinose cutânea metastática, que tendem a ser subcutâneos e periarticulares. Esses pacientes tam bém podem desenvolver calcificação das artérias m usculares e necrose is quêm ica (calcifilaxia) subsequente.
4. Urticária colinérgica6 C. Angioedema (hereditário ou adquirido)6 II. Doenças sistêmicas A. Vasculite urticariforme B. Infecção pelo vírus das hepatites B ou C C. Doença do soro D. Angioedema (hereditário ou adquirido) ‘Uma porcentagem pequena progride para anafilaxia. "Também sistêmica(o).
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■ LESÕES DA COR DA PELE Existem vários tipos de lesões da cor da pele, inclusive cistos de inclu são epiderm oides, lipom as, nódulos reum atoides, neurofibrom as, angiofibromas, neurom as e tum ores dos anexos com o os tricolem om as. Os cistos de inclusão epidermoides e os lipomas são nódulos subcutâ neos m óveis m uito com uns - os prim eiros têm consistência elástica e, quando são incisados, d renam m aterial caseoso (sebo e ceratina). Os lipom as são firm es e algo lobulados à palpação. Q uando os cistos de inclusão epiderm oides faciais extensivos desenvolvem -se durante
QUADRO 53.15
Lesões cutâneas papulonodulares classificadas de acordo com a cor
I. Brancas A. Calcinose cutânea II. Cor da pele A. Nódulos reumatoides B. Neurofibromas (doença de von Recklinghausen)
C. Nódulos
1. Paniculite 2. Poliarterite nodosa cutânea
3. Vasculites sistêmicas D. Distúrbios cutâneos primários
C. Angiofibromas (esclerose tuberosa, síndrome NEM tipo 1)
1. Picadas de artrópodes
D. Neuromas (síndrome NEM tipo 2b)
2. Hemangiomas em cereja
E. Tumores anexiais 1. Carcinomas basocelulares (síndrome do carcinoma basocelular nevoide) 2. Tricolemomas (doença de Cowden) F. Osteomas (síndrome de Gardner) G. Distúrbios cutâneos primários
3. Infecções (p. ex., erisipelas, esporotricose) 4. Erupção polimorfa à luz
5. Linfocitoma cutâneo (pseudolinfoma) VI. Castanho-avermeihadas6 A. Sarcoidose B. Síndrome de Sweet
1. Cistos de inclusão epidérmica3
C. Urticária pigmentosa
2. Lipomas
D. Eritema elevado diutinum (vasculite leucocitoclástica crônica)
III. Róseas/translúcidas3 A. Amiloidose IV. Amarelas
VII. Azuis3 A. Malformações venosas (síndrome do blue rubberbleo nevus) B. Distúrbios cutâneos primários
A. Xantomas
1. Lago venoso
B. Tofos
2. Nevo azul
C. Necrobiose lipoídica
VIII. Violáceas
D. Pseudoxantoma elástico
A. Lúpus pérnio (sarcoidose)
E. Adenomas sebáceos (síndrome de Torre)
B. Linfoma cutâneo
V. Vermelhas" A. Pápulas
C. Lúpus cutâneo IX. Roxas
1. Angioceratomas (doença de Fabry)
A. Sarcoma de Kaposi
2 Angiomatose bacilar (principalmente na Aids)
B. Angiossarcoma
B. Pápulas/placas
C. Púrpura palpável (ver Quadro 53.16)
1. Lúpus cutâneo
X. Castanho-escuras6
2. Linfoma cutâneo
XI. Qualquer cor
3. Leucemia cutânea
A. Metástases
4. Síndrome de Sweet 3Se forem múltiplas a aparecerem na infância, considerar síndrome de Gardner.
Manifestações Cutâneas das Doenças Sistêmicas
B. Mucinose papulosa
E. Lúpus vulgar
bPode ter tonalidade mais escura nos indivíduos mais intensamente pigmentados V er também Hiperpigmentação.
Nota: NEM, neoplasia endócrina múltipla.
a infância ou quando existe histórico fam iliar destas lesões, o pacien te deve ser exam inado para outros sinais da síndrom e de G ardner, inclusive osteom as e tum ores desm oides. Os nódulos reumatoides são firmes, m edem 0,5 a 4 cm e tendem a se localizar ao redor de pontos de pressão, especialm ente os cotovelos. Esses nódulos são encontra dos em cerca de 20% dos pacientes com artrite reum atoide e em 6% dos indivíduos com doença de Still. As biópsias dos nódulos m o s tram granulom as em paliçada. Lesões sem elhantes, m as de tam anho m enor e de duração m ais curta, são observadas na febre reum ática. Os neurofibromas (tum ores benignos das células de Schwann) são pápulas ou nódulos m oles que apresentam o sinal da “casa de botão”, ou seja, invaginam na pele sob pressão de m aneira sem elhante a um a hérnia. As lesões isoladas são detectadas nas pessoas norm ais, porém neurofibrom as m últiplos, em geral associados a seis ou mais MCCLs m edindo mais de 1,5 cm (ver H iperpigm entação, an terio r m ente), sardas axilares e m últiplos nódulos de Lisch, são observados na doença de von Recklinghausen (NF tipo I; Cap. 379). Em alguns pacientes, os neurofibrom as são localizados e unilaterais e devem -se ao m osaicism o somático.
Os angiofibromas são pápulas firm es, da cor da pele ou róseas, m edindo de 3 m m a alguns centím etros de diâm etro. Q uando várias lesões estão localizadas n a parte central das regiões m alares (adeno m as sebáceos), o paciente tem esclerose tuberosa ou síndrom e da n e oplasia endócrina m últipla (NEM ) tipo 1. Essa prim eira doença é um distúrbio autossôm ico causado p or m utações de dois genes diferentes e as outras m anifestações clínicas estão descritas na seção sobre as m anchas em folhas de freixo e tam bém no C apítulo 379. Os neuromas (proliferações benignas de fibras nervosas) ta m bém são pápulas firm es da cor da pele. Essas lesões são encontradas com m aior frequência em locais de am putação e em form a de dedos supranum erários rudim entares. C ontudo, quando existem m últiplos neurom as nas pálpebras, nos lábios, na porção distai da língua e/ou na m ucosa oral, devem -se pesquisar outros sinais da síndrom e NEM tipo 2b. As anorm alidades associadas incluem compleição m arfanoide, lábios protuberantes, ganglioneurom as intestinais e carcinom a m edular da tireoide (> 75% dos pacientes; Cap. 351). Os tumores anexiais originam -se de células pluripotenciais da epiderm e, que podem se diferenciar em pêlos, glândulas sebáceas,
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apócrinas ou écrinas ou podem perm anecer indiferenciadas. Os car cinomas basocelulares (CBC) são exemplos de tum ores anexiais que apresentam pouca ou nenhum a evidência de diferenciação. Do ponto de vista clínico, essas lesões são pápulas translúcidas com m argens elevadas, telangiectasias e erosão central. Os CBC surgem com fre quência na pele da cabeça e do pescoço danificada pelo sol, bem como na região superior do tórax. Q uando um paciente apresenta vários CBCs, especialm ente antes dos 30 anos de idade, deve-se suspeitar de síndrom e do carcinom a basocelular nevoide. Essa síndrom e é h er dada com o traço autossôm ico dom inante e está associada a cistos no maxilar, depressões palm ares e plantares, protuberância frontal, meduloblastom as e calcificação da foice cerebral e da sela do diafragma. Os tricolemomas tam bém são tum ores anexiais da cor da pele, mas se diferenciam no sentido dos folículos pilosos e podem ter aspec to verrucoso. A presença de vários tricolem om as na face e o aspecto de calçam ento de pedras na m ucosa oral apontam para o diagnóstico da doença de Cowden (síndrom e dos ham artom as m últiplos) provo cada por m utações no gene hom ólogo da fosfatase e tensina PTEN. O acom etim ento dos órgãos internos (em ordem decrescente de fre quência) inclui doença fibrocística e carcinom a de m am a, adenom as e carcinom as da tireoide e polipose gastrintestinal. Também são encon tradas ceratoses nas palmas, nas plantas e no dorso das mãos.
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
■ LESÕES RÓSEAS As lesões cutâneas associadas à amiloidose sistêm ica prim ária geral m ente são de cor rosa e translúcidas. As localizações freqüentes são face (especialm ente nas regiões periorbital e perioral) e superfícies flexoras. A biópsia m ostra depósitos hom ogêneos de am iloide na derm e e nas paredes dos vasos sanguíneos, levando ao aum ento da fragilidade da parede vascular. Em conseqüência, petéquias e p ú rp u ra surgem na pele clinicam ente norm al e tam bém na pele lesada por traum atism o leve, daí o nom e púrpura do beliscão. Os depósitos de am iloide tam bém são encontrados no m úsculo estriado da língua e causam macroglossia. E m bora as lesões m ucocutâneas específicas sejam encontradas raram ente na am iloidose secundária e ocorram em apenas 30% dos pacientes com am iloidose prim ária, um diagnóstico rápido de am i loidose sistêm ica pode ser feito com base no exame da gordura subcutânea abdom inal. C om a utilização de corantes especiais, os depó sitos são detectados ao redor dos vasos sanguíneos ou dos adipócitos isolados em até 40 a 50% dos pacientes. Tam bém existem três form as de am iloidose lim itadas à pele, que não devem ser consideradas le sões cutâneas da am iloidose sistêmica. Esses distúrbios são a am iloi dose m aculosa (na parte superior do dorso), a am iloidose liquenoide (geralm ente nos m em bros inferiores) e am iloidose nodular. Nas amiloidoses m aculosa e liquenoide, os depósitos são constituídos de ce ratina epidérm ica alterada. Recentem ente, as am iloidoses m aculosa e liquenoide foram associadas à síndrom e da NEM tipo 2a. Os pacientes com reticuloistiocitose multicêntrica tam bém apre sentam pápulas e nódulos de cor rosada na face e nas m ucosas e tam bém na superfície extensora das m ãos e dos antebraços. Esses pacien tes desenvolvem poliartrite que pode sim ular clinicam ente a artrite reum atoide. Ao exame histopatológico, as pápulas apresentam célu las gigantes características, que não são encontradas nas biópsias dos nódulos reum atoides. Pápulas de coloração rósea ou da cor da pele, de consistência firme, com 2 a 5 m m de diâm etro e frequentem ente distribuídas em padrão linear ocorrem nos pacientes com mucinose papulosa. Essa doença tam bém é denom inada líquen mixedematoso generalizado ou escleromixedema. Esse últim o nom e origina-se da enduração rija da face e dos m em bros, que pode acom panhar a e ru p ção papulosa. As am ostras da biópsia das pápulas apresentam dep ó sito localizado de m ucina e a eletroforese das proteínas séricas e/ou a eletroforese de im unofixação m ostram um pico m onoclonal de IgG, geralm ente com um a cadeia leve \ .
■ LESÕES AMARELAS Vários distúrbios sistêm icos caracterizam -se p o r pápulas ou placas cutâneas de cor am arela - hiperlipidem ia (xantom as), gota (tofos), diabetes (necrobiose lipoídica), pseudoxantom a elástico e síndrom e
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de Torre (tum ores sebáceos). Os xantom as eruptivos são as form as m ais com um dos xantom as e estão associados à hipertrigliceridem ia (tipos I, III, IV e V). G rupos de pápulas am arelas com halo eritem atoso ocorrem principalm ente nas superfícies extensoras dos m em bros e das nádegas e desaparecem espontaneam ente quando os triglicerídios séricos dim inuem . A elevação das P -lipoproteínas (principalm ente dos tipos II e III) resulta em um ou mais dos seguin tes tipos de xantom a: xantelasm a, xantom as tendíneos e xantom as planos. Os xantelasm as são encontrados nas pálpebras, ao passo que os xantom as tendíneos estão frequentem ente associados ao tendão do calcâneo e aos tendões extensores dos dedos; os xantom as planos são achatados e ocorrem m ais frequentem ente nas pregas palm ares, na face, na parte superior do tronco e em cicatrizes. C om frequência, os xantom as tuberosos estão associados à hipertrigliceridem ia, m as tam bém são diagnosticados nos pacientes com hipercolesterolem ia (tipo II) e são encontrados com m aior frequência nas grandes a rti culações ou nas m ãos. As am ostras de biópsia de xantom as m ostram coleções de m acrófagos cheios de lipídios (células espum osas). Os pacientes p ortadores de vários distúrbios, incluindo cirrose biliar, p odem apresentar um a form a secundária de hiperlipidem ia com xantom as tuberosos e planos associados. Contudo, os pacientes com discrasias plasm ocitárias apresentam xantom as planos normolipêmicos. Essa últim a form a de xantom a pode alcançar 12 cm ou mais de diâm etro e é encontrada com m aior frequência na parte superior do tronco ou na face lateral do pescoço. É im portante salientar que o contexto m ais freqüente para os xantom as eruptivos é o diabetes m elito não controlado. O sinal m enos específico para hiperlipidem ia é o xantelasm a, porque pelo m enos 50% dos pacientes com esta lesão apresentam perfis lipídicos norm ais. Na gota tofácea, ocorrem depósitos de urato m onossódico na pele ao redor das articulações, particularm ente das m ãos e dos pés. O utros locais de form ação de tofos são as hélices das orelhas e as bol sas olecraniana e pré-patelar. As lesões são firmes, amarelas e ocasio nalm ente secretam m aterial sem elhante ao giz. Seu tam anho varia de 1 m m a 7 cm e o diagnóstico pode ser estabelecido p o r m eio da polarização do conteúdo aspirado de um a lesão. As lesões da necro biose lipoídica são encontradas principalm ente na região tibial ante rior (90%) e os pacientes podem ter diabetes m elito ou desenvolver esta doença m ais tarde. Os achados típicos incluem coloração central amarela, atrofia (transparência), telangiectasias e borda verm elha ou castanho-averm elhada. U lcerações tam bém p odem se desenvolver no interior das placas. As am ostras de biópsia m ostram necrobiose do colágeno e inflam ação granulom atosa. No pseudoxantom a elástico (PXE) causado por m utações do gene ABCC6, há deposição anorm al de cálcio nas fibras elásticas da pele, nos olhos e nos vasos sanguíneos. N a pele, as superfícies flexoras com o o pescoço, as axilas, as dobras dos antebraços e a região ingui nal são os prim eiros locais afetados. As pápulas amarelas coalescem, form ando placas reticuladas sem elhantes à pele de frango depenado. Na pele acom etida de form a intensa, surgem pregas redundantes e pendentes. As am ostras de biópsia da pele com prom etida m ostram fibras elásticas acum uladas de m odo irregular e intum escidas com depósitos de cálcio. No olho, os depósitos de cálcio na m em brana de Bruch provocam estrias angioides e coroidite; nas artérias do co ração, dos rins, do trato gastrintestinal e dos m em bros, os depósitos provocam angina, hipertensão, hem orragia digestiva e claudicação, respectivam ente. A adm in istração prolongada de d-penicilam ina pode provocar alterações cutâneas sem elhantes ao PXE e tam bém alteração das fibras elásticas dos órgãos internos. Os tum ores anexiais que se diferenciaram em glândulas sebáce as incluem o adenom a sebáceo, o carcinom a sebáceo e a hiperplasia sebácea. Exceto pela últim a, que é com um ente encontrada na face, esses tum ores são m uito raros. Os pacientes com síndrom e de Torre apresentam um ou mais adenomas sebáceos e tam bém podem desen volver carcinom as sebáceos e hiperplasia sebácea, além de ceratoacantom as. As m anifestações internas da síndrom e de Torre incluem carcinom as múltiplos do trato gastrintestinal (principalm ente do in testino grosso), bem com o cânceres da laringe, do trato geniturinário e do endom étrio.
■ LESÕES VERMELHAS
tronco. O utras anorm alidades cutâneas são (1) ru b o r violáceo na face e no V do pescoço; (2) fotossensibilidade; (3) vasculite urticariform e (ver “U rticária”, anteriorm ente); (4) paniculite lúpica (ver adiante); (5) alopecia difusa; (6) alopecia secundária às lesões discoides; (7) telangiectasias e eritem a periungueais; (8) lesões sem elhantes ao EP que p odem se to rn ar bolhosas; (9) úlceras orais; e (10) ulcerações distais secundárias ao fenôm eno de Raynaud, à vasculite ou à vasculopatia livedoide. Os pacientes que apresentam apenas lesões dis coides geralm ente têm a form a de lúpus lim itada à pele. E ntretanto, 2 a 10% desses pacientes p o r fim desenvolverão lúpus sistêmico. A im unofluorescência direta da pele com prom etida m ostra depósitos de IgG ou IgM e C3 em distribuição granulosa ao longo da junção derm oepidérm ica. N o linfoma cutâneo, há proliferação dos linfócitos m alignos na pele e o aspecto clínico assem elha-se ao da hiperplasia linfoide cutâ nea - pápulas e placas infiltradas de cor verm elho-rósea ou roxo-averm elhada. O linfom a c utâneo po d e acom eter qualquer parte da superfície da pele, ao passo que as localizações m ais freqüentes dos linfocitom as são a crista m alar, a p o n ta do nariz e os lobos das orelhas. Os pacientes com linfom as não H odgkin apresentam lesões cutâneas específicas com m aior frequência que os que têm a doença de H odgkin e, ocasionalm ente, os n ódulos cutâneos precedem ao desenvolvim ento de linfom a não H odgkin extracutâneo ou represen tam o único local de com prom etim ento (p. ex., linfom a de células B cutâneas). Em alguns casos, encontram -se lesões arqueadas no linfo m a e no linfocitom a cutâneos e tam bém no LCTC. A leucemia/linfo m a de células T do adulto, que está associada à infecção pelo HTLV-1, caracteriza-se p or placas cutâneas, hipercalcem ia e linfócitos CD25+ circulantes. A leucemia cutânea apresenta o m esm o aspecto do lin fom a cutâneo e as lesões específicas são encontradas m ais frequen tem ente nas leucem ias m onocíticas que nas leucem ias linfocíticas ou granulocíticas. Os clorom as cutâneos (sarcom as granulocíticos) podem preceder ao aparecim ento de blastos circulantes na leucem ia m ielocítica aguda e, com o tal, representam um a form a de leucem ia cutânea aleucêmica. As causas freqüentes de nódulos subcutâneos eritem atosos in cluem cistos de inclusão epiderm oides inflam ados, cistos da acne e furúnculos. A paniculite, um a inflam ação do tecido adiposo, tam bém se m anifesta com nódulos subcutâneos e com um ente é um sinal de doença sistêm ica. E xistem diversas form as de paniculite, com o o eritem a nodoso, o eritem a endurado/vasculite nodular, o lúpus p ro fundo, a lipoderm atosclerose, a deficiência de a r antitripsina, úlce ras factícias e adiponecrose secundária à doença pancreática. Exceto pelo eritem a nodoso, essas lesões p odem rom per-se e ulcerar ou re gredir form ando um a cicatriz. A superfície tibial anterior é a locali zação m ais com um dos n ódulos do eritem a nodoso, ao passo que a pan tu rrilh a é o local m ais com um das lesões do eritem a endurado. No eritem a nodoso, os n ó dulos inicialm ente são verm elhos, m as depois adquirem um a coloração azul à m edida que se resolvem. Os pacientes que têm eritem a nodoso, m as não apresentam doença sis têm ica subjacente, podem ainda apresentar febre, m al estar, leucoci tose, artralgias e/ou artrite. C ontudo, a possibilidade de um a doença subjacente sem pre deverá ser excluída e as associações m ais com uns são infecções estreptocócicas, infecções virais do trato respiratório superior, sarcoidose e doença inflam atória intestinal, além dos fár m acos (anticoncepcionais orais, sulfonam idas, penicilinas, brom etos e iodetos). As associações m enos freqüentes são com gastrenterites bacterianas ( Yersinia, Salmonella) e coccidioidom icose, seguidas de tuberculose, histoplasm ose, brucelose e infecções por Chlamydophila pneum oniae ou Chlamydia trachomatis, M ycoplasma pneum oniae ou vírus da hepatite B. O eritem a endurado e a vasculite n odular têm m anifestações clí nicas e histológicas sem elhantes e ainda não está claro se representam duas doenças diferentes ou as fases finais de um único distúrbio; em geral, a vasculite geralm ente é idiopática, enquanto o eritem a en d u rado está associado à presença do D N A do M . tuberculosis detecta do dentro das lesões cutâneas pela reação em cadeia de polim erase (PCR). As lesões da paniculite lúpica são encontradas principalm en te nas regiões m alares, nos braços e nas nádegas (locais de gordura
Manifestações Cutâneas das Doenças Sistêmicas
As lesões cutâneas de cor verm elha apresentam um a grande v arie dade de etiologias; na tentativa de sim plificar sua identificação, estas lesões são subdivididas em pápulas, pápulas/placas e nódulos su b cutâneos. As pápulas verm elhas com uns incluem picadas de artrópodes e hemangiomas em fo rm a de cereja; estes últim os são pápulas pequenas, cupuliform es e verm elho-vivas que representam prolifera ção benigna dos capilares. Nos pacientes com Aids (ver Cap. 189), o desenvolvim ento de várias lesões verm elhas sem elhantes aos h e m a n giomas sugere angiom atose bacilar e as am ostras de biópsia m ostram aglom erados de bacilos, que se coram positivam ente com o corante de W arthin-S tarry; os patógenos foram identificados com o Bartonella henselae e B. quintana. A doença visceral dissem inada é enco n trada principalm ente nos hospedeiros im unossuprim idos, m as pode ocorrer em pacientes im unocom petentes. Os angioceratomas m últiplos são encontrados na doença de Fabry, um distúrbio do arm azenam ento lisossôm ico ligado ao X, cau sado pela deficiência de a-galactosidase A. As lesões são verm elhas ou azul-averm elhadas, podem ser m uito pequenas (1 a 3 m m ) e a localização m ais freqüente é a parte inferior do tronco. As a n o rm a lidades associadas incluem insuficiência renal crônica, n europatia periférica e opacidades da córnea (córnea verticilada). As fotografias de m icroscopia eletrônica dos angioceratom as e da pele clinicam ente norm al m ostram depósitos lipídicos lam elares nos fibroblastos, nos pericitos e nas células endoteliais, que são diagnósticos dessa doença. As erupções agudas dissem inadas com pápulas eritem atosas estão descritas na seção sobre exantemas. E xistem várias doenças infecciosas que se m anifestam com pápulas ou nódulos eritem atosos num p adrão linfocutâneo ou esporotricoide, ou seja, disposição linear ao longo dos canais linfáticos. As duas etiologias m ais com uns são as infecções causadas p o r Sporothrix schenckii (esporotricose) e a m icobactéria atípica M . m arinum . Os m icrorganism os são introduzidos em conseqüência de tra u m a tism o e o local de inoculação prim ária é frequentem ente visualizado além dos nódulos linfáticos. O utras causas incluem Nocardia, Leishm ania e outros fungos dim órficos; a cultura do tecido lesionado aju da no diagnóstico. As doenças que se caracterizam p or placas eritem atosas com des cam ação estão revistas na seção sobre alterações papuloescam osas e as diferentes form as de derm atite estão descritas na seção sobre eri troderm ia. O utros distúrbios a serem levados em consideração no diagnóstico diferencial das pápulas/placas verm elhas incluem erisipela, erupção polimorfa à luz (EPL), hiperplasia linfoide cutânea (linfocitom a cutâneo), lúpus cutâneo, linfoma cutâneo e leucemia cutânea. As três prim eiras doenças são distúrbios cutâneos prim ários. A EPL caracteriza-se p or pápulas e placas eritem atosas distribuídas p rin ci palm ente nas áreas expostas ao sol - dorso da m ão, face extensora do antebraço e parte superior do tronco. As lesões ocorrem depois da exposição à UV-B e/ou UV-A e, nas latitudes do norte, a EPL é m ais grave no final da prim avera e no início do verão. Um proces so denom inado “end u recim en to ” ocorre com a exposição contínua à UV e a erupção desvanece, m as nas regiões de clim a tem perado, recidiva na prim avera. A EPL deve ser diferenciada do lúpus cutâneo e isto é conseguido po r observação da h istória natural, pelo exame histológico e pela im unofluorescência direta das lesões. A hip erp la sia linfoide cutânea (pseudolinfom a) é um a proliferação policlonal benigna dos linfócitos n a pele, que se m anifesta com pápulas e placas infiltradas de cor verm elho-rósea ou roxo-averm elhada; esta últim a doença deve ser diferenciada do linfom a cutâneo. D iversos tipos de placas verm elhas são e n co n trad o s nos p a cientes com lúpus sistêmico, inclusive (1) placas urticariform es eri tem atosas nas regiões m alares e no nariz, que constituem a clássica erupção em asa de borboleta; (2) lesões discoides eritem atosas com descam ação fina ou “tachas de tapete”, telangiectasias, hipopigm enta ção central, hiperpigm entação periférica, tam ponam ento folicular e atrofia localizada na face, no couro cabeludo, nas orelhas, nos braços e na parte superior do tronco; e (3) lesões psoriasiform es ou anulares do lúpus subagudo com centros hipopigm entados localizadas princi palm ente nas superfícies extensoras dos braços e na parte superior do
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abundante) e estão associadas às form as cutânea e sistêmica do lúpus. A pele sobrejacente pode ser norm al, eritem atosa ou m ostrar as alte rações do lúpus discoide. A necrose da gordura subcutânea que está associada à doença pancreática é presum ivelm ente secundária à lipases circulantes e é diagnosticada nos pacientes com carcinom a p a n creático e pancreatites aguda e crônica. Nesse distúrbio, pode haver artrite, febre e inflam ação da gordura visceral associadas. O exame histopatológico das am ostras de biópsia incisional profunda facilita o diagnóstico do tipo de paniculite. N ódulos eritem atosos subcutâneos tam bém são encontrados na poliarterite nodosa (PAN) cutânea e com o m anifestação das vasculites sistêmicas (por exemplo, PAN sistêm ica, granulom atose alérgica ou granulom atose com poliangiite [granulom atose de W egener)]) (Cap. 326). A PAN cutânea apresenta-se com nódulos su b c u tân e os dolorosos e úlceras com p adrão rendado roxo-averm elhado de livedo reticular. Esse últim o padrão resulta do fluxo sanguíneo lento pelo plexo venoso horizontal superficial. A m aioria das lesões é e n contrada no m em bro inferior e, em bora artralgias e m ialgias possam acom panhar a PAN cutânea, não há evidências de com prom etim en to sistêmico. Nas form as cutâneas e sistêm icas de vasculite, as am os tras de biópsia da pele dos n ódulos associados m ostram as alterações típicas de vasculite; o calibre dos vasos com prom etidos depende da doença implicada.
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 420
■ LESÕES CASTANHO-AVERMELHADAS N os casos clássicos, as lesões cutâneas da sarcoidose (Cap. 329) são verm elhas ou castanho-averm eihadas e, p or m eio da diascopia (pressão com um a lâm ina de vidro), observa-se coloração residual castanho-am arelada secundária ao infiltrado granulom atoso. Pápu las e placas céreas podem ser encontradas em qualquer ponto da pele, m as a face é a localização m ais com um . Em geral, não há alterações superficiais, m as às vezes as lesões descarnam. As am ostras de biópsia das pápulas exibem o granulom a “desnudo” na derm e, ou seja, granulom as circundados p or um núm ero m ínim o de linfócitos. O utras anorm alidades cutâneas da sarcoidose são lesões anulares com cen tro atrófico ou escamoso, pápulas no interior das cicatrizes, m áculas e pápulas hipopigm entadas, alopecia, ictiose adquirida, eritem a n o doso e lúpus p érnio (ver adiante). O diagnóstico diferencial da sarcoidose inclui granulom as de corpo estranho produzidos por substâncias quím icas com o berílio e zircônio; sífilis secundária tardia; e lúpus vulgar. Essa últim a doença é um a form a de tuberculose cutânea observada nos indivíduos previa m ente infectados e sensibilizados. Em geral, o paciente tam bém tem tuberculose ativa em qualquer outro órgão, geralm ente nos pulm ões ou nos linfonodos. As lesões ocorrem principalm ente na região da cabeça e do pescoço e são placas castanho-averm eihadas de colora ção castanho-am arelada à diascopia. Cicatrizes secundárias e carci nom as espinocelulares podem desenvolver-se nas placas. As culturas ou análise p or PCR das lesões devem ser realizadas porque a colo ração para bacilos álcool-ácido resistentes raram ente apresenta estes m icrorganism os nos granulom as dérm icos. A síndrome de Sweet caracteriza-se p o r placas e n ódulos verm e lhos ou castanho-averm elhados geralm ente dolorosos, que ocorrem principalm ente na cabeça, no pescoço e nos m em bros superiores (e, m enos com um ente, nos m em bros inferiores). Os pacientes tam bém apresentam febre, neutrofilia e infiltrado dérm ico denso de neutrófilos nas lesões. Em cerca de 10% dos pacientes, há u m a neoplasia m aligna associada, m ais com um ente leucem ia m ielocítica aguda. A síndrom e de Sweet tam bém foi relatada em pacientes com doença intestinal inflam atória, lúpus sistêm ico e tum ores sólidos (p rin ci palm ente do trato gen itu rin ário ), m as tam bém foi associada a al guns fárm acos [p. ex., ácido aZZ-trans-retinoico, fator estim ulador das colônias de granulócitos (G-CSF)]. O diagnóstico diferencial inclui h idradenite écrina neutrofílica; form as atípicas do p ioderm a gangrenoso; e, ocasionalm ente, celulite. O s locais e xtracutâneos de co m prom etim ento incluem articulações, m úsculos, olhos, rins (proteinúria, às vezes glom erulonefrite) e pulm ões (infiltrados neutrofílicos). A form a idiopática da sín d ro m e de Sweet é encontrada
com m aior frequência nas m ulheres e depois de infecção do trato respiratório. A distribuição generalizada de m áculas e pápulas castanho-averm elhadas são observadas n a form a de m astocitose conhecida com o urticária pigmentosa (Cap. 317). C ada lesão representa um a coleção de m astócitos na derm e com hiperpigm entação da epiderm e sobre jacente. Estím ulos com o a fricção induzem a desgranulação desses m astócitos e, deste m odo, desencadeia a form ação de urticária loca lizada (sinal de D arier). O utros sintom as podem resultar da desgra nulação dos m astócitos e incluem cefaleia, rubor, diarréia e prurido. Os m astócitos tam bém infiltram vários órgãos com o fígado, baço e trato gastrintestinal e os acúm ulos dos m astócitos nos ossos podem revelar lesões osteoscleróticas ou osteolíticas nas radiografias. No en tanto, na m aioria desses pacientes o acom etim ento interno p erm a nece inativo. Um subtipo de vasculite crônica dos pequenos vasos, o eritema elevatum diutinum (EED), tam bém se apresenta com pápulas castanho-averm eihadas. As pápulas coalescem e form am placas nas superfícies extensoras dos joelhos, dos cotovelos e das pequenas ar ticulações das m ãos. As exacerbações do EED foram associadas às infecções estreptocócicas.
■ LESÕES AZULADAS As lesões azuladas originam -se de ectasias e de tum ores vasculares, ou do p igm ento m elânico na derm e. Os lagos venosos (dilatações) são lesões azul-escuras com pressíveis enco n trad as com frequência n a região da cabeça e do pescoço. As m alform ações venosas ta m bém são lesões pap u lo n o d u lares e placas azuis com pressíveis, que p odem o c o rre r em q ualquer região do corpo, incluindo a m ucosa oral. Q u an d o há várias lesões congênitas em vez de lesões únicas, o paciente p o d e ap rese n tar a sín d ro m e do nevo blue rubber bleb ou a síndrom e de M afucci. Os pacientes com a sín d ro m e do nevo blue rubber bleb tam bém apresentam anom alias vasculares do trato g astrintestinal que p o d em sangrar, ao passo que os pacientes com sín d ro m e de M afucci apresentam discondroplasia e osteocondrom as associados. Os nevos azuis (sinais) são en co n trad o s quando existem grupos de células névicas que pro d u zem pigm ento na d e r m e. Essas lesões papulosas ben ig n as são cupuliform es e ocorrem m ais com um ente no dorso da m ão ou do pé ou n a região da cabeça e do pescoço.
■ LESÕES VIOLÁCEAS As pápulas e as placas violáceas são encontradas no lúpus pérnio, no linfoma cutâneo e no lúpus cutâneo. O lúpus pérnio é um tipo espe cial de sarcoidose que envolve a p o n ta e a borda do nariz e os lobos das orelhas, com lesões violáceas em vez de castanho-averm eihadas. Essa form a de sarcoidose está associada ao com prom etim ento do trato respiratório superior. As placas do linfom a cutâneo e do lúpus cutâneo podem ser verm elhas ou violáceas e foram descritas ante riorm ente.
■ LESÕES ROXAS As pápulas e as placas roxas são encontradas nos tum ores vasculares com o o sarcoma de Kaposi (Cap. 182) e o angiossarcoma e quando há extravasam ento dos eritrócitos para a pele e inflam ação, como ocorre na púrpura palpável (ver “P ú rp u ra”, adiante). Os pacientes com fís tulas AVs congênitas ou adquiridas e hipertensão venosa podem ter pápulas roxas nos m em bros inferiores, que se assem elham clínica e histologicam ente ao sarcom a de Kaposi; esta condição é denom inada pseudossarcom a de Kaposi (angioderm atite acral). O angiossarcom a é encontrado com m aior frequência no couro cabeludo e na face dos pacientes idosos ou nas áreas de linfedem a crônico e apresenta-se com pápulas e placas roxas. Na região da cabeça e do pescoço, o tu m or m uitas vezes se estende além das m argens clinicam ente defini das e pode estar acom panhado de edem a facial.
■ LESÕES MARRONS E NEGRAS As pápulas m arrons e negras estão revisadas na seção anterior sobre “H iperpigm entação”.
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■ METÁSTASES CUTANEAS Essas lesões estão descritas p or últim o p orque podem apresentar um a ampla variedade de cores. Na m aioria dos casos, as m etástases evidenciam -se p or nódulos subcutâneos firm es da cor da pele, ou por lesões papulonodulares firmes, de cor verm elha ou castanho-averm elhada. As lesões do linfom a cutâneo variam do verm elho-róseo à cor de ameixa, ao passo que o m elanom a m etastático pode ser rosado, azul ou negro. As m etástases cutâneas desenvolvem -se p o r dissem i nação hem atogênica ou linfática e provêm , com m aior frequência, dos seguintes carcinom as prim ários: nos hom ens, m elanom a, orofa ringe, pulm ão e intestino grosso; e, nas m ulheres, m am a, m elanom a e ovário. Essas lesões m etastáticas podem ser as prim eiras m anifes tações clínicas do carcinom a, especialm ente quando a lesão p rim ária encontra-se no pulm ão.
QUADRO 53.16
Causas de púrpura
I. Distúrbios cutâneos primários A. Impalpáveis
1. Traumatismo 2. Púrpura solar (actínica, senil) 3. Púrpura dos corticoides 4. Capilarite 5. Vasculopatia livedoide com hipertensão venosa3 II. Doenças sistêmicas A. Impalpáveis
1. Distúrbios da coagulação a. Trombocitopenia (inclusive PTI)
PÚRPURA
b. Função plaquetária anormal c. Distúrbios dos fatores da coagulação 2. Fragilidade vascular a. Amiloidose b. Síndrome de Ehlers-Danlos c. Escorbuto 3. Trombos a. Coagulação intravascular disseminada b. Crioglobulinemia monoclonal c. Trombocitopenia e trombose induzidas pela heparina d. Trombocitose e. Púrpura trombocitopênica trombótica f. Síndrome do anticorpo antifosfolipídico g. Reação à varfarina h. Deficiência homozigótica de proteína C ou S 4. Êmbolos a. Colesterol b. Gordura 5. Possível imunocomplexo a. Síndrome de Gardner-Diamond (autossensibilidade eritrocitária) b. Púrpura hipergamaglobulinêmica de Waldenstrõm B. Palpável
1. Vasculites
Manifestações Cutâneas das Doenças Sistêmicas
(Q uadro 53.16) As púrpuras são detectadas quando ocorre extrava sam ento dos eritrócitos p ara a derm e e, com o conseqüência, as lesões não empalidecem à compressão. Esse aspecto contrasta com as lesões eritem atosas ou roxas provocadas por vasodilatação localizada - es tas em palidecem sob pressão. A p ú rp u ra (> 3 m m ) e as petéquias (> 2 m m ) podem ser divididas em dois grupos principais: palpáveis e impalpáveis. As causas m ais freqüentes de petéquias e p ú rp u ras impalpáveis são distúrbios cutâneos p rim ários com o traumatismo, púrpura solar (actínica) e capilarite. As causas m enos com uns são púrpura secundária aos corticoides e vasculopatia livedoide (ver “Ú l ceras”, adiante). A p ú rp u ra solar é diagnosticada principalm ente nas superfícies extensora dos antebraços, ao passo que a p ú rp u ra secun dária aos glicocorticoides tópicos potentes ou à síndrom e de Cushing endógena ou exógena pode apresentar um a dissem inação m ais am pla. Nos dois casos, existe alteração do tecido conectivo de su sten tação que circunda os vasos sanguíneos dérm icos. Por o utro lado, as petéquias resultantes da capilarite são encontradas principalm ente nos m em bros inferiores. Na capilarite, ocorre extravasam ento de eri trócitos em conseqüência de inflam ação linfocítica perivascular. As petéquias são de cor verm elho-brilhante, m edem 1 a 2 m m de tam a nho e estão dispersas sobre m áculas castanho-am areladas anulares ou num ulares. A cor castanho-am arelada é causada pelos depósitos de hem ossiderina na derm e. As causas sistêm icas da p ú rp u ra im palpável são classificadas várias categorias: as secundárias aos distúrbios da coagulação e à fragilidade vascular serão descritas prim eiram ente. O prim eiro g ru po inclui a trombocitopenia (Cap. 115), as anorm alidades da função plaquetária causadas pela urem ia e os distúrbios dos fatores da coa gulação. O local de apresentação inicial das petéquias induzidas por trom bocitopenia é a p arte distai do m em bro inferior. A fragilidade capilar acarreta p ú rp u ra im palpável nos pacientes com amiloidose sistêm ica (ver “Lesões cutâneas papulonodulares”, anteriorm ente), distúrbios da produção de colágeno (p. ex., síndrome de Ehlers-Danlos) e escorbuto. No escorbuto, ocorrem pêlos achatados em form a de saca-rolha com hem orragia circundante nos m em bros inferiores, além de gengivite. A vitam ina C é um cofator da lisil-hidroxilase, en zim a envolvida na m odificação pós-translacional do pró-colágeno essencial à form ação das ligações cruzadas. Em contraste com o grupo anterior de distúrbios, a p ú rp u ra (não inflam atória com contorno retilíneo) encontrada no grupo de doen ças descritas a seguir está associada à form ação de trom bos intravasculares. É im portante observar que esses trom bos são detectáveis nas am ostras de biópsia de pele. Esse grupo de distúrbios inclui a coa gulação intravascular dissem inada (C ID ), a crioglobulinem ia m onoclonal, a trom bocitose, a p ú rp u ra tro m bocitopênica trom bótica, a síndrom e do anticorpo antifosfolipídico e as reações à varfarina e à heparina (trom bocitopenia e trom bose induzidas pela heparina). A CID é desencadeada por diversos tipos de infecção (Gram -negativos, G ram -positivos, vírus e riquétsias) e tam bém p o r lesão tecidual e n e oplasias. Nesses casos, há p ú rp u ra dissem inada e infartos h e m o rrá gicos dos m em bros distais. Lesões sem elhantes são encontradas na p ú rp u ra fulm inante, que é um a form a de CID associada a febre e à
a. Vasculite dos pequenos vasos cutâneos b. Poliarterite nodosa 2. Êmbolos6 a. Meningococcemia aguda b. Infecção gonocócica disseminada c. Febre maculosa das Montanhas Rochosas d. Ectima gangrenoso ‘Também associada às doenças sistêmicas que causam hipercoagulabilidade, inclusive deficiência/disfunção do fator V de Leiden ou proteína C. '"Bacteriana, fúngica ou parasitária.
Nota: PTI, púrpura trombocitopênica idiopática.
hipotensão e que ocorre com m aior frequência nas crianças e depois de um a doença infecciosa com o varicela, escarlatina ou de um a in fecção do trato respiratório superior. Nos dois distúrbios, podem sur gir bolhas hem orrágicas na pele acom etida. A crioglobulinemia monoclonal está associada ao m ielom a m úl tiplo, à m acroglobulinem ia de W aldenstrõm , à leucem ia linfocítica crônica e ao linfom a. Esses pacientes têm p ú rp u ra (principalm ente nas pernas) e infartos hem orrágicos dos dedos das m ãos e dos pés. As exacerbações da atividade da doença p odem ser subsequentes à exposição ao frio ou ao aum ento da viscosidade do soro. As am ostras
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 422
de biópsia dem onstram precipitados da crioglobulina no interior de vasos sanguíneos da derm e. Depósitos sem elhantes são encontrados no pulm ão, no cérebro e nos glom érulos renais. Os pacientes com púrpura trombocitopênica trombótica tam bém podem apresentar in fartos hem orrágicos em conseqüência das trom boses intravasculares. O utros sinais são p ú rp u ra trom bocitopênica, febre e anem ia hem olítica m icroangiopática. A adm inistração de varfarina po d e causar áreas dolorosas de eritem a que se tornam purpúricas e depois necróticas com form ação de escaras negras aderentes; esta condição é conhecida com o n e crose induzida pela varfarina. Essa reação é encontrada com m aior frequência nas m ulheres e nas áreas de g ordura subcutânea a b u n dante - m am a, abdom e, nádegas, coxas e panturrilhas. O eritem a e a p ú rp u ra desenvolvem -se entre o terceiro e o décim o dias de tra ta m ento, m ais provavelm ente em conseqüência de u m desequilíbrio transitório dos níveis dos fatores anticoagulantes e pró-coagulantes dependentes de vitam ina K. A m anutenção do tratam ento não agra va as lesões preexistentes e os pacientes com deficiência hereditária ou adquirida de proteína C estão sob m aior risco dessa reação, bem com o de p ú rp u ra fulm inante. A p ú rp u ra secundária aos êmbolos de colesterol geralm ente é encontrada nos m em bros inferiores dos pacientes com vasculopatia aterosclerótica. Frequentem ente, essa lesão está associada ao tra ta m ento anticoagulante ou a um procedim ento vascular invasivo (p. ex., arteriografia), m as tam bém ocorre espontaneam ente em conse qüência da desintegração das placas aterom atosas. As an o rm alid a des associadas incluem livedo reticular, gangrena, cianose e úlceras isquêmicas. Podem ser necessários vários cortes seriados da am ostra de biópsia para com provar a presença de fendas de colesterol dentro dos vasos. As petéquias tam bém são sinais im portantes de embolia gordurosa e ocorrem basicam ente na parte superior do corpo 2 a 3 dias depois de um traum atism o im portante. Com a utilização de fixa dores especiais, a presença de êm bolos pode ser dem onstrada nas bi ópsias das petéquias. Êmbolos de tu m o r ou trom bo são encontrados nos pacientes com m ixom as atriais e endocardite m arântica. Na síndrome de G ardner-Diamond (autossensibilidade eritrocitária), as m ulheres apresentam grandes equim oses d entro das áreas de eritem a doloroso e quente. Injeções intradérm icas de eritrócitos autólogos ou de fosfatidilserina derivada da m em brana eritrocitária podem reproduzir as lesões em algum as pacientes; no entanto, há casos em que a reação é detectada no local de injeção do an te braço, m as não na região m édia do dorso. Essa últim a característica levou alguns observadores a considerarem a síndrom e de G ardner-D iam ond com o um a m anifestação cutânea do estresse em ocional intenso. Mais recentem ente, alguns autores sugeriram a possibilidade de um a disfunção plaquetária (evidenciada nos estudos da agregação plaquetária). A púrpura hipergamaglobulinêmica de Waldenstrõm é um distúrbio crônico caracterizado p or petéquias nos m em bros infe riores. Existem complexos circulantes de m oléculas de IgG-anti-IgG e as exacerbações estão associadas aos períodos longos na posição ereta ou cam inhadas longas. As púrpuras palpáveis são subdivididas em vasculíticas e em bólicas. No grupo dos distúrbios vasculíticos, a vasculite dos pequenos vasos cutâneos, tam bém conhecida com o vasculite leucocitoclástica (VLC), está associada m ais c o m u m en te à p ú rp u ra palpável (Cap. 326). As etiologias subjacentes incluem fárm acos (p. ex., a n tib ió ti cos), infecções (p. ex., hepatite C) e doenças autoim unes do tecido conectivo (p. ex., artrite reum atoide, sín d ro m e de Sjõgren, lúpus). A púrpura de Henoch-Schõnlein (PHS) é um subtipo de VLC aguda enco n trad a basicam ente nas crianças e nos adolescentes depois de infecções do trato respiratório superior. A m aior p a rte das lesões é e n co n trad a nos m em bros inferiores e nas nádegas. As m anifes tações sistêm icas in clu em febre, artra lg ia s (p rin c ip a lm e n te dos joelhos e tornozelos), d o r abd o m in al, h e m o rra g ia gastrintestinal e nefrite. O exam e de im unofluorescência direta m o stra depósitos de IgA no in terio r das paredes de vasos san g u ín eo s dérm icos. A doença renal é p articularm ente preocupante n o s adultos com PHS. N a poliarterite nodosa, as lesões cutân eas específicas resultam de vasculite das artérias (arterite), ou po d e haver um a VLC associada.
A arterite provoca isquem ia da pele e isto explica o c ontorno irreg u lar da p ú rp u ra (ver adiante). Vários tipos de êm bolos infecciosos podem causar p ú rp u ra pal pável. Em geral, essas lesões em bólicas apresentam um contorno irregular em contraste com as lesões da VLC, que são circulares. O contorno irregular indica infarto cutâneo e o tam anho corresponde à área da pele que recebia suprim ento sanguíneo daquela arteríola ou artéria em particular. A p ú rp u ra palpável da VLC é circular porque os eritrócitos sim plesm ente saem uniform em ente das vênulas pós-capilares em conseqüência da inflam ação. Os êm bolos infecciosos são provocados com m aior frequência p o r cocos G ram -negativos (m eningococos, gonococos), bastonetes G ram -negativos (Enterobactérias) e cocos G ram -positivos (Staphylococcus). O utras causas incluem Rickettsia e, nos pacientes im unossuprim idos, Candida e outros fungos oportunistas. As lesões em bólicas da meningococcemia aguda são encontradas principalm ente no tronco, nas pernas e nos locais de com pressão, e um a coloração cinza-bronzeada m uitas vezes aparece no seu interior. O tam anho varia de alguns m ilím etros até vários centím etros e os m icrorganism os podem ser isolados das lesões. As anorm alidades associadas incluem infecção precedente do trato respiratório supe rior; febre; m eningite; CID; e, em alguns pacientes, deficiência dos com ponentes term inais do com plem ento. N a infecção gonocócica disseminada (síndrom e de artrite-derm atite), um pequeno núm ero de pápulas e vesicopústulas com p ú rp u ra central ou necrose hem or rágica é encontrado nas regiões distais dos m em bros. O utros sinto m as incluem artralgias, tenossinovite e febre. Para estabelecer o diag nóstico, deve-se obter um a coloração de G ram dessas lesões. A febre maculosa das M ontanhas Rochosas é um a doença transm itida p or carrapatos provocada p o r R. rickettsii. A histó ria clínica de alguns dias de febre, calafrios, cefaleia intensa e fotofobia precede o início da erupção cutânea. As lesões iniciais são m áculas e pápulas eritem ato sas nos punhos, tornozelos, palm as e plantas. C om o tem po, as lesões se dissem inam de m odo centrípeto e tornam -se purpúricas. As lesões de ectima gangrenoso com eçam com pápulas ou placas eritem atosas e edem atosas que, em seguida, desenvolvem p ú rp u ra central e necrose. T am bém ocorre a form ação de bolhas nessas le sões, que são frequentem ente encontradas na região da cintura. O m icrorganism o classicam ente associado ao ectim a gangrenoso é a Pseudomonas aeruginosa, m as outros bastonetes G ram -negativos com o Klebsiella, Escherichia coli e Serratia podem produzir lesões se m elhantes. Nos pacientes im unossuprim idos, a relação de patógenos potenciais é mais am pla e inclui Candida e outros fungos o portunis tas (p. ex., Aspergillus, Fusarium). ÚLCERAS A abordagem ao paciente que apresenta um a úlcera cutânea está descrita no Q u a d ro 53.17. As doenças vasculares periféricas dos m em bros estão resum idas no Capítulo 240, assim com o o fenôm eno de Raynaud. A vasculopatia livedoide (vasculite livedoide; atrofia branca) re presenta um a com binação de vasculopatia com trom bose intravas cular. As lesões purpúricas e o livedo reticular são encontrados em associação com ulcerações dolorosas dos m em bros inferiores. Es sas úlceras frequentem ente d em oram a cicatrizar, m as quando isto ocorre, form am -se cicatrizes brancas com contornos irregulares. A m aioria dos casos é secundária à hipertensão venosa, m as doenças subjacentes possíveis são criofibrinogenem ia e distúrbios caracteri zados por hipercoagulabilidade, p or exemplo, síndrom e do anticorpo antifosfolipídico (Caps. 117 e 320). No pioderm a gangrenoso, as b ordas das úlceras não tratadas têm aspecto típico evidenciado p o r m argens violáceas necróticas solapadas e halo eritem atoso periférico. C om frequência, as úlceras com eçam com pústulas que depois se expandem com certa rapidez até atingir diâm etros de até 20 cm. E m bora sejam m ais com uns nos m em bros inferiores, essas lesões p odem surgir em qualquer parte do corpo, inclusive áreas de traum atism o (patergia). Algum as estim ati vas sugeriram que 30 a 50% dos casos sejam idiopáticos e os distúr bios associados m ais com um ente são colite ulcerativa e doença de
QUADRO 53.17 Causas de úlceras mucocutâneas I. Distúrbios cutâneos primários A Doença vascular periférica (Cap. 249) 1. Venosa 2. Arterial8 B. Vasculopatia livedoide com hipertensão venosa6 C. Carcinoma espinocelular (p. ex., em cicatrizes), carcinoma basocelular D. Infecções (p. ex., ectima estreptocócico) (Cap. 136) E. Fatores físicos (p. ex., traumatismo, pressão) F Fármacos (p. ex., hidroxiureia) II. Doenças sistêmicas A. Membros inferiores
C rohn. M enos com um ente, o p ioderm a gangrenoso está associado à artrite reum atoide soropositiva, às leucem ias m ielocíticas aguda e crônica, à tricoleucem ia e à m ielofibrose. O utras anorm alidades e n contradas nesses pacientes, m esm o nos que têm doença idiopática, são anergia cutânea e gam opatia m onoclonal, geralm ente p or IgA. C om o a histologia do pio d erm a gangrenoso pode ser inespecífica (infiltrado dérm ico de neutrófilos, q uando o paciente não é trata do), o diagnóstico geralm ente é definido em bases clínicas por m eio da exclusão de causas m enos com uns de úlceras sem elhantes, com o vasculite necrosante, úlcera de M eleney (infecção sinérgica em lo cal de traum atism o ou cirurgia), infecções p o r fungos dim órficos, amebíase cutânea, picada de aranha e úlcera factícia. Nos distúrbios mieloproliferativos, as úlceras podem ser m ais superficiais com b o r da pustulobolhosa e estas lesões estabelecem um a conexão entre o pioderm a gangrenoso clássico e a derm atose neutrofílica febril aguda (síndrom e de Sweet).
1. Vasculite dos vasos de pequeno e médio calibresc 2. Hemoglobinopatias (Cap. 104) 3. Crioglobulinemia1, criofibrinogenemia 4. Êmbolos de colesterol 5. Necrobiose lipoídica* 7. Neuropática6 (Cap. 344) 8. Paniculite 9. Sarcoma de Kaposi, angiodermatite acral B. Mãos e pés 1. Fenômeno de Raynaud (Cap. 249) 2. Doença de Buerger C. Generalizadas 1. Pioderma gangrenoso, embora seja mais comum nas pernas 2. Calcifilaxia (Cap. 353) 3. Infecções (p. ex., fungos dimórficos, leishmânias) 4. Linfoma
As principais considerações em um paciente com febre e exantem a são doenças inflam atórias versus doenças infecciosas. N o am biente hospitalar, o cenário m ais co m u m é o de um paciente que apresenta farm acoderm ia além de febre secundária a u m a infecção subjacen te. C ontudo, deve-se enfatizar que a farm a co d e rm ia p o d e causar erupção cutânea e febre (“febre m edicam entosa”), principalm ente em presença da sín d ro m e RFESS ou AGER O u tras doenças infla m atórias frequentem ente associadas à febre são psoríase pustulosa, eritro d erm ia e síndrom e de Sweet. D oença de Lyme, sífilis secundá ria e exantem as virais e b acterianos (ver “E xantem as”, a n te rio rm e n te) são exem plos de d oenças infecciosas que pro d u zem exantem a e febre. Por fim, é im p o rta n te d e te rm in a r se as lesões cutâneas re presentam ou não êm bolos sépticos (ver “P ú rp u ra”, anteriorm ente). Essas lesões geralm ente apresentam evidências de isquem ia em for m a de p ú rp u ra, necrose ou necrose im in en te (cor cinza-bronzeada). C ontudo, no paciente com tro m b o c ito p e n ia , a p ú rp u ra pode estar associada às reações inflam atórias com o farm acoderm ias m orbiliform es e lesões infecciosas.
D. Face (principalmente perioral) e região anogenital 1. Herpes simples crônico III. Mucosas A. Síndrome de Behçet (Cap. 327) B. Eritema multiforme maior, síndrome de Stevens-Johnson, NET C. Distúrbios bolhosos primários (Cap. 54) D. Lúpus eritematoso, líquen plano E. Doença intestinal inflamatória F. Infecção aguda por HIV
BIBLIOGRAFIA JL et al: Dermatology, 2nd ed. Philadelphia, Mosby, 2008 IM: Skin Signs of Systemic Disease, 3rd ed. Philadelphia, Saun ders, 1998 C a l l e n JP et al: Dermatological Signs of Internai Disease, 4th ed. Philadelphia, Saunders, 2009 M c k e e PH et al: Pathology ofthe Skin, 3rd ed. London, Elsevier, 2005 S p i t z JL: Genodermatoses: A Clinical Guide to Genetic Skin Disorders, 2nd ed. Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2004 B o l o g n ia
Braverm an
Manifestações Cutâneas das Doenças Sistêmicas
6. Síndrome do anticorpo antifosfolipídico (Cap. 116)
FEBRE E EXANTEMA
G. Artrite reativa (antes conhecida com síndrome de Reiter) ^Aterosclerose coexistente. 'Também associada aos distúrbios subjacentes que causam hipercoagulabilidade, Inclusive fator V de Leiden, deficiência/disfunção de proteína C, síndrome do anticorpo antifosfolipídico. "Revisada na seção sobre Púrpuras. "Revisada da seção sobre Lesões cutâneas papulonodulares. "Acomete preferencialmente a superfície plantar do pé. 'Sinal de imunossupressão.
Nota: NET, necrólise epidérmica tóxica.
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CAPÍTULO
54
DOENÇAS CUTÂNEAS AUTOIMUNES ■ PÊNFIGO VULGAR
Doenças de Pele Imunologicamente Mediadas Kim B. Yancey Thomas J. Lawley
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
D iversas doenças cutâneas im unologicam ente m ediadas e doenças sistêmicas im unologicam ente m ediadas com m anifestações cutâneas são atualm ente reconhecidas com o entidades específicas que apre sentam achados clínicos, histológicos e im unopatológicos coerentes. Clinicam ente, esses distúrbios caracterizam -se por m orbidade (dor, prurido, desfiguração) e, em alguns casos, p or m ortalidade (p rin ci palm ente devido ã perda da função de barreira da epiderm e e/ou p or infecção secundária). Neste capítulo, estão resum idas as principais características das doenças cutâneas im unologicam ente m ediadas m ais com uns (Q uadro 54.1) bem com o os distúrbios sistêmicos com m anifestações cutâneas.
QUADRO 54.1
Pênfigo refere-se a um grupo de doenças bolhosas intraepidérm icas m ediadas p or autoanticorpos, caracterizadas pela perda de coesão entre as células epidérm icas (processo denom inado acantólise). A compressão m anual da pele desses pacientes pode provocar o desco lam ento da epiderm e (sinal de Nikolsky), achado que, em bora típico do pênfigo, não é específico de tal g rupo de distúrbios e pode ser observado na necrólise epidérm ica tóxica, na síndrom e de Stevens-Johnson e em algum as outras doenças cutâneas. O pênfigo vulgar (PV) é um a doença m ucocutânea bolhosa que predom ina em pacientes com m ais de 40 anos de idade. O PV com e ça nas superfícies das m ucosas e frequentem ente evolui envolvendo a pele. O PV é caracterizado p or bolhas flácidas e frágeis que se rom pem p roduzindo a desnudação extensa das m em branas m ucosas e da pele (Fig. 54.1). Em geral, envolve a boca, couro cabeludo, face, pescoço, axilas, virilhas e tronco. Pode estar associado a d or in ten sa na pele; alguns pacientes tam bém apresentam prurido. As lesões geralm ente regridem sem form ar cicatriz, exceto nos locais onde há com plicação p o r infecção secundária ou lesões dérm icas m ecanica m ente induzidas. Em geral, há hiperpigm entação pós-inflam atória nos locais das lesões curadas durante certo tempo.
Doenças bolhosas imunologicamente mediadas
Doença
Clínica
Histologia
Imunopatologia
Autoantígenos3
Pênfigo foliáceo
Crostas e erosões rasas no couro cabeludo, região central da face, região superior do tórax e costas
Bolha acantolítica formada na camada superficial da epiderme
Depósitos de IgG na superfície celular dos ceratinócitos
Dsg1
Pênfigo vulgar
Bolhas flácidas, pele desnuda, lesões na mucosa oral
Bolha acantolítica formada na camada suprabasal da epiderme
Depósitos de IgG na superfície celular dos ceratinócitos
Dsg3 (mais Dsg1 em pacientes com envolvimento cutâneo)
Pênfigo paraneoplásico
Estomatite dolorosa com erupções papuloescamosas ou liquenoides que progridem para bolhas
Acantólise, necrose de ceratinócito e dermatite da interface vacuolar
Depósitos de IgG e C3 na superfície celular dos ceratinócitos e imunorreagentes (variavelmente) semelhantes na ZMB epidérmica
Membros da família da proteína plaquina e caderinas desmossômicas (ver texto para detalhes)
Penfigoide bolhoso
Bolhas grandes tensas nas superfícies flexoras e tronco
Bolha subepidérmica com infiltrados ricos em eosinófilos
Faixa linear de IgG e/ou C3 na ZMB epidérmica
AgPB1,AgPB2
Penfigoide gestacional
Placas urticariformes, pruriginosas, margeadas por vesículas e bolhas no tronco e nos membros
Bolhas subepidérmicas em forma de lágrima nas papilas dérmicas; infiltrado rico em eosinófilos
Faixa linear de C3 na ZMB epidérmica
AgPB2 (mais AgPBI em alguns pacientes)
Dermatose da IgA linear
Pequenas pápulas pruriginosas nas superfícies extensoras; ocasionalmente, bolhas maiores arciformes
Bolha subepidérmica com infiltrado rico em neutrófilos
Faixa linear de IgA na ZMB epidérmica
AgPB2 (ver texto para detalhes específicos)
Penfigoide cicatricial
Lesões erosivas e/ou bolhosas de membranas mucosas e possivelmente da pele; formação de cicatriz em alguns locais
Bolha subepidérmica que pode ou não incluir um infiltrado leucocítico
Faixa linear de IgG, IgA e/ou C3 na ZMB epidérmica
AgPB2, laminina 332 ou outros
Epidermólise bolhosa adquirida
Bolhas, erosões, cicatrizes e milia nos locais expostos a traumatismos; bolhas tensas, inflamatórias e disseminadas podem ser observadas inicialmente
Bolha subepidérmica que pode ou não incluir um infiltrado leucocítico
Faixa linear de IgG e/ou C3 na ZMB epidérmica
Colágeno tipo VII
Dermatite herpetiforme
Pequenas pápulas extremamente pruriginosas e vesículas nos cotovelos, joelhos, nádegas e nuca
Bolha subepidérmica com neutrófilos nas papilas dérmicas
Depósitos granulosos de IgA nas papilas dérmicas
Transglutaminase epidérmica
aAutoantígenos ligados pelos autoanticorpos destes pacientes são definidos como se segue: Dsg1, desmogleína 1; Dsg3, desmogleina 3; AgPB1, antígeno penfigoide bolhoso 1; AgPB2, antígeno penfigoide bolhoso 2.
Nota: 1MB, zona da membrana basal.
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As biópsias das lesões iniciais d e m o n s tra m a fo rm ação intra e p id é rm ic a de vesículas se c u n d á ria à p e rd a da coesão en tre as células epidérm icas (isto é, bolh as acantolíticas). As cavidades das bolhas contêm células epidérm icas acantolíticas que aparecem com o células re d o n d as h o m o g ên eas c o n te n d o núcleos hip ercro m áticos. Os ceratinócitos basais pe rm a n ec e m ligados à m em brana basal epidérm ica, p o r isso a form ação de bolhas ocorre na porção suprabasal da epiderm e. A pele lesio n ad a p o d e c o n te r coleções focais de eosinófilos in tra ep id é rm ic o s na cavidade das bolhas; as alterações da d erm e são discretas, m u itas vezes lim itad as a in fil tra d o leucocitário com p re d o m ín io de eosinófilos. A m icroscopia de im unofluorescência direta da pele lesada ou íntegra do paciente m o stra depósitos de IgG na superfície dos ceratinócitos; depósitos de com ponentes do com plem ento são en co n trad o s na pele lesada, m as não na íntegra. Os depósitos de IgG nos ceratinócitos são d e rivados de auto an tico rp o s circulantes dirigidos c o n tra os autoantígenos da superfície celular. Tais a u to a n tic o rp o s circulantes p odem ser d e m onstrados, em 80 a 90% dos pacientes com PV, à m icro s copia p o r im unofluorescência indireta; o su b strato ideal para esses
O pênfigo foliáceo (PF) é diferente do PV em vários aspectos. No PF, as bolhas acantolíticas localizam -se na porção m ais alta da epiderm e, geralm ente logo abaixo do estrato córneo. Assim, o PF é um a doença bolhosa m ais superficial que o PV. A distribuição das lesões nos dois distúrbios é bem sem elhante, exceto que no PF as m ucosas quase sem pre são poupadas. O s pacientes com PF raram ente apresentam bolhas intactas, exibindo, em vez disso, erosões superficiais associa das a eritem a, descam ação e form ação de crostas. Os casos leves de PF se assem elham à derm atite seborreica grave; o PF grave pode p ro vocar esfoliação extensa. A exposição ao sol (radiação ultravioleta UV) pode ser um fator agravante. O fogo selvagem (FS), um a form a endêm ica de PF cujo desenvolvim ento é considerado conseqüência de estím ulos am bientais (p. ex., picadas de insetos), é encontrado na zona rural do centro-sul do Brasil assim com o em determ inados lo cais da A m érica Latina e Tunísia. Os pacientes com PF têm características im unopatológicas co m uns ao PV. Especificam ente, a m icroscopia de im unofluorescência direta da pele perilesional dem onstra a presença de IgG na superfície
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Doenças de Pele Imunologicamente Mediadas
Figura 54.1 Pênfigo vulgar. A Pênfigo vulgar que demonstra bolhas flácidas facilmente rompidas, resultando em erosões múltiplas e placas crostosas. B. Pênfigo vulgar quase invariavelmente envolve a mucosa oral, podendo apresentar erosões que acometem a gengiva, mucosa bucal, palato, faringe posterior ou língua. (B, cor tesia de Robert Swerlick, MD.)
exam es é o esôfago de m acacos. O s pacientes com PV têm au to a n tico rp o s IgG dirigidos co n tra as desmogleínas (Dsg), glicoproteínas desm ossôm icas tran sm e m b ra n a que p e rte n ce m à fam ília da caderin a de m oléculas de aderência d e p en d e n te s de cálcio. Estes a u to a nticorpos p o d e m ser q uantificados precisam ente p o r m eio do e n saio de im unoadsorção ligada a enzim a (ELISA). O s pacientes com PV inicial (isto é, d o e n ça das m ucosas) têm a u to a n tic o rp o s IgG anti-D sg3; os pacientes com PV avançado (isto é, doença m ucocutân ea) ap resen tam a u to a n tic o rp o s IgG direcio n ad o s co n tra Dsg3 e D sg l. E studos experim en tais m o stra ra m que os auto an tico rp o s de pacientes com PV são patogênicos (isto é, responsáveis p or for m ação de bolhas) e que sua titu lação c o rre sp o n d e à atividade da doença. E studos recentes m o stra ra m que o perfil sorológico de auto an tico rp o s anti-D sg desses pacientes e a distribuição tecidual de Dsg3 e D sgl d e te rm in a m os locais de form ação de bolhas nos pacientes com pênfigo. A coexpressão de Dsg3 e D sgl p o r m eio de células epidérm icas protege c o n tra a IgG patogênica direcio n ad a co n tra um a ou ou tra caderina, m as não co n tra autoanticorpos p a togênicos direcionados co n tra am bas. O PV p o d e am eaçar a vida. A ntes da d isp o n ib ilid ad e dos gli cocorticoides, a m o rta lid a d e variava de 60 a 90%; a m o rta lid a d e atual é de aproxim adam ente 5%. As causas com uns de m o rbidade e m o rtalid ad e são infecção e com plicações do tratam e n to com gli cocorticoides. Os fatores p ro g n ó stico s ru in s incluem idade avan çada, a com etim ento d isse m in a d o e necessidade de altas doses de glicocorticoides (com ou sem agentes im unossupressores) para o controle da doença. A evolução do PV em cada paciente é variável e difícil de predizer. A lguns pacientes alcançam rem issão em bora ou tro s possam requerer tratam e n to s de longo prazo ou su cu m b ir a com plicações da doença ou do tratam en to . A base do tratam e n to é constituída pelos glicocorticoides sistêm icos. O s pacientes com PV m od erad o a grave geralm ente com eçam com p rednisona, 1 m g/kg/ dia. Se novas lesões c o n tin u arem a aparecer após 1 a 2 sem anas de tratam ento, po d erá ser necessário a u m e n tar a dose e /o u com binar com outros agentes im unossupressores com o a azatioprina (2 a 2,5 m g/kg/dia), m icofenolato m ofetila (20 a 35 m g/kg/dia) ou ciclofosfam ida (1 a 2 m g/kg/dia). O s pacientes com doença grave resistente ao tratam e n to p o d e m beneficiar-se de plasm aférese [seis trocas de alto volum e (isto é, 2 a 3 L p o r tro ca) d u ra n te a proxim adam ente 2 sem anas], im u n o g lo b u lin a IV (IglV ) (2 g/kg d u ra n te 3 a 5 dias a cada 6 a 8 sem anas) ou ritu x im ab e (375 m g /m 2/se m a n a x 4 ou 1.000 m g nos dias 1 e 15)). E im p o rta n te c o n tro lar rap id am en te a doença grave ou progressiva a fim de d im in u ir a gravidade e/ou a d u ração da doença. C o n d ize n tem en te , alguns su g eriram que o rituxim abe e glicocorticoides diário s devem ser inicialm ente u sa dos em pacientes com PV para evitar o desenvolvim ento de doença resistente ao tratam ento.
■ PÊNFIGO F0LIÁCE0
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 426
dos ceratinócitos. De m aneira sem elhante, os pacientes com PF têm autoanticorpos IgG circulantes contra a superfície dos ceratinócitos. No PF, os autoanticorpos são dirigidos contra a D sgl, um a caderina desm ossôm ica de 160 kDa. Esses autoanticorpos podem ser quantifi cados p or ELISA. Com o observado no PV, o perfil de autoanticorpos dos pacientes com PF (isto é, IgG a nti-D sgl) e a distribuição tecidual desse autoantígeno (isto é, expressão na m ucosa oral com pensada pela coexpressão de Dsg3) parecem ser responsáveis pela distrib u i ção das lesões nessa doença. E m bora o pênfigo tenha sido associado a doenças autoim unes graves, sua associação ao tim om a e/ou à miastenia gravis destaca-se particularm ente. Até hoje, relataram -se m ais de 30 casos de tim om a e/ou miastenia gravis associados ao pênfigo, geralm ente com o PF. Os pacientes tam bém podem desenvolver pênfigo em conseqüência da exposição a m edicam entos; o pênfigo m edicam entoso costum a se assem elhar ao PF em vez de ao PV. Os fárm acos que contêm um grupo tiol em sua estrutura quím ica (p. ex., penicilam ina, captopril, enalapril) são m ais com um ente associados ao pênfigo induzido por fármaco. Os fárm acos não tiol ligados ao pênfigo incluem as penici linas, cefalosporinas e piroxicam . Sugeriu-se que os fárm acos com tióis e sem tióis induzem ao pênfigo p o r m eio, respectivam ente, de m ecanism os bioquím icos e imunológicos. Assim, o m elhor p rognós tico depende da suspensão do fárm aco em casos de pênfigo induzido por m edicam entos que contêm tióis. Alguns casos de pênfigo m ed i cam entoso são duradouros, requerendo tratam ento com glicocorti coides sistêmicos e/ou im unossupressores. O PF costum a ser um a doença m enos grave que o PV, apresen tando m elhor prognóstico. A doença localizada pode, algum as vezes, ser tratada com glicocorticoide tópico ou intralesional; os casos mais ativos em geral podem ser controlados com glicocorticoides sistêm i cos. Os pacientes com doença grave, resistente ao tratam ento, podem requerer intervenções m ais agressivas, com o descrito anteriorm ente para os pacientes com PV grave.
■ PÊNFIGO PARANEOPLÁSICO O pênfigo paraneoplásico (PPN) é um a doença acantolítica m ucocutânea autoim une associada a neoplasia oculta ou confirm ada. Os pacientes com PPN geralm ente apresentam lesões m ucosas erosivas dolorosas associadas a erupções papuloescam osas e/ou liquenoides que m uitas vezes evoluem para bolhas. O acom etim ento palm oplan tar é com um nesses pacientes e levanta a possibilidade de que os rela tos anteriores de eritem a polim orfo associado a neoplasias indiquem na realidade casos não identificados de PPN. As biópsias da pele lesionada desses pacientes m ostram com binações variadas de acantó lise, necrose dos ceratinócitos e derm atite de interface vacuolar. A m icroscopia de im unofluorescência direta da pele dos pacientes m os tra depósitos de IgG e com plem ento na superfície dos ceratinócitos, bem como im unorreagentes (variavelm ente) sem elhantes na zona da m em brana basal epidérm ica. Os pacientes com PPN têm autoanti corpos IgG contra as proteínas citoplasm áticas da família das plaquinas (p. ex., desm oplaquinas I e II, antígeno do penfigoide bolhoso 1, envoplaquina, periplaquina e plectina), além de proteínas das su perfícies celulares da fam ília das caderinas (p. ex., D sgl e Dsg3). Os estudos de transferência passiva m o strara m que os autoanticorpos dos pacientes com PPN são patogênicos. As neoplasias predom inantem ente associadas ao PPN são o lin fom a não H odgkin, a leucem ia linfocítica crônica, tim om a, tu m o res das células fusiform es, m acroglobulinem ia de W aldenstrõm e a doença de Castlem an; esta últim a é particu larm en te com um entre crianças com PPN. Foram relatados casos raros de PPN soronegativo em pacientes com neoplasias m alignas de célula B previam ente tratados com rituxim abe. Além das lesões cutâneas graves, m uitos pacientes com PPN desenvolvem bronquiolite obliterante potencial m ente fatal. A PPN geralm ente é resistente a terapias convencionais (isto é, as usadas para tratar o PV); os pacientes raram ente podem m elhorar (ou m esm o sofrer remissão) após a ablação ou rem oção das neoplasias subjacentes.
■ PENFIGOIDE BOLHOSO O penfigoide bolhoso (PB) é um a doença bolhosa autoim une sube pidérm ica polim órfica, geralm ente observada em idosos. As lesões iniciais p o d em consistir em placas urticariform es; em seguida, a m aioria dos pacientes apresenta bolhas tensas sobre a pele norm al ou eritem atosa (Fig. 54.2). Em geral, as lesões se distribuem na região inferior do abdom e, na virilha e na face flexora dos m em bros; são encontradas lesões da m ucosa oral em alguns pacientes. O prurido pode ser inexistente ou intenso. À m edida que as lesões evoluem, as bolhas tensas tendem a rom per-se e ser substituídas p or erosões com ou sem superposição de crostas. As bolhas que não sofreram traum a tism os desaparecem sem deixar cicatrizes. O alelo HLA-DQf31*0301 da classe II do com plexo principal de histocom patibilidade é p re valente nos pacientes com PB. A pesar de relatos isolados, diversos estudos d em o n straram que os pacientes com PB não apresentam aum ento da incidência de câncer em com paração com controles ade quadam ente pareados para idade e sexo. Biópsias de pele das lesões iniciais m o stram bolhas subepidérm icas e características histológicas que se correlacionam , grosso modo, com o caráter clínico de cada lesão sob estudo. As lesões sobre a pele de aparência norm al geralm ente m ostram um infiltrado leucocitário perivascular esparso com alguns eosinófilos; já as biópsias das lesões inflam atórias m o stram um infiltrado rico em eosinófilos nos locais de form ação das vesículas e nas áreas perivasculares. Além dos eosinófilos, as lesões ricas em células tam bém contêm células m ononucleares e neutrófilos. Não é possível diferenciar o PB de o u tras doenças bolhosas subepidérm icas apenas p or exam es histológicos rotineiros. A m icroscopia de im unofluorescência direta da pele perilesional de aparência norm al dos pacientes com PB m ostra depósitos de IgG e/ou C3 na m em brana basal epidérm ica. O soro de aproxim adam en te 70% desses pacientes contém autoanticorpos circulantes IgG que se ligam à m em brana basal epidérm ica da pele hum ana norm al à m i croscopia de im unofluorescência indireta. A IgG de um percentual ainda m aior de pacientes m ostra reatividade no lado epidérm ico da pele separada com NaCl 1 M [exame alternativo de m icroscopia de im unofluorescência do substrato utilizado para diferenciar autoan ticorpos antim em brana basal IgG circulantes nos pacientes com PB dos pacientes com doenças bolhosas sem elhantes, porém diferentes
Figura 54.2 Penfigoide bolhoso com vesículas tensas e bolhas sobre bases eritematosas, urticariformes. (Cortesia da Yale Residenfs Slide Collection; com autorização.)
(ver adiante)]. No PB, os autoanticorpos circulantes reconhecem as proteínas associadas aos hem idesm ossom os de 230 e 180 kD a nos ceratinócitos basais (isto é, antígeno do penfigoide bolhoso [AgPBl] e AgPB2, respectivam ente). A credita-se que autoanticorpos contra AgPB2 se depositam in situ, ativam o com plem ento, produzem desgranulação dos m astócitos dérm icos e geram infiltrados granulocitários que provocam dano tecidual e form ação de bolhas. O PB pode persistir durante meses ou anos, com exacerbações ou remissões. O acom etim ento extenso pode levar resultar em erosões dissem inadas e com prom eter a integridade cutânea; pode haver óbito entre pacientes idosos e/ou debilitados. A base do tratam ento é cons tituída pelos glicocorticoides sistêm icos. Os pacientes com doença local ou m ínim a podem , às vezes, ser controlados apenas com glico corticoides tópicos; os pacientes com lesões m ais extensas geralm ente respondem aos glicocorticoides sistêm icos sozinhos ou associados a im unossupressores. Os pacientes geralm ente respondem à predniso na, 0,75 a 1 m g/kg/dia. Em alguns casos, a azatioprina (2 a 2,5 m g/kg/ dia), o m icofenolato m ofetila (20 a 35 m g/kg/dia) ou a ciclofosfamida (1 a 2 m g/kg/dia) podem ser adjuvantes necessários.
■ PENFIGOIDE GESTACIONAL
■ DERMATITE HERPETIFORME A derm atite herpetiform e (D H ) é um a doença cu tânea papulovesiculosa intensam ente pruriginosa que se caracteriza p o r lesões de
Doenças de Pele Imunologicamente Mediadas
O penfigoide gestacional (PG), tam bém conhecido com o herpes ges tacional, é um a doença bolhosa rara, subepidérm ica, não virótica, da gestação e do puerpério. Pode surgir em qualquer trim estre da gestação ou logo após o parto. As lesões em geral se distribuem pelo abdom e, tronco e m em bros; lesões de m ucosas são raras. As lesões cutâneas nessas pacientes podem ser bem polim orfas, consistindo em pápulas e placas eritem atosas urticariform es, vesicopápulas e/ou bolhas francas. As lesões são quase sem pre m uito pruriginosas. M ui tas vezes ocorrem exacerbações graves do PG após o parto, em 24 ou 48 h. O PG tende a recidivar nas gestações subsequentes, frequente m ente com eçando m ais cedo no p eríodo gestacional. Breves surtos da doença podem ocorrer no reinicio das m enstruações e desenvol ver-se nas pacientes posteriorm ente expostas a contraceptivos orais. Às vezes, os recém -nascidos de m ães acom etidas apresentam lesões cutâneas transitórias. As biópsias da pele das lesões incipientes m ostram vesículas subepidérm icas em form a de lágrim a nas papilas dérm icas, associadas a infiltrado leucocitário rico em eosinófilos. A diferenciação do PG de outras doenças bolhosas subepidérm icas à m icroscopia óptica é difícil. No entanto, a m icroscopia de im unofluorescência direta da pele perilesional de pacientes com PG revela a m arca im unopatológica desse distúrbio - depósitos lineares de C3 na m em brana basal epidérm ica, que se desenvolvem em conseqüência da ativação do com plem ento prom ovida pelos baixos títulos de autoanticorpos IgG antim em brana basal direcionados contra AgPB2, a m esm a proteína associada aos hem idesm ossom os, alvos dos anticorpos em pacientes com PB - doença bolhosa subepidérm ica que se assem elha clínica, histológica e im unopatologicam ente ao PG. Os objetivos do tratam ento nos pacientes com PG são prevenir o desenvolvim ento de novas lesões, aliviar o intenso pru rid o e tratar as erosões nos locais de form ação de bolhas. M uitos pacientes requerem tratam ento com doses m oderadas de glicocorticoides diários (isto é, 20 a 40 m g de prednisona) em algum m om ento da evolução. Os casos leves (ou exacerbações breves) podem ser controlados pelo uso in tenso de potentes glicocorticoides tópicos. Os bebês de m ães com PG parecem estar sob risco aum entado de serem ligeiram ente prem atu ros ou pequenos para a idade gestacional. Evidências atuais sugerem que não há diferença na incidência de nascim entos vivos sem com plicações entre as pacientes com PG tratadas com glicocorticoides sistêmicos e as tratadas de m odo mais conservador. Se houver ad m i nistração de glicocorticoides sistêmicos, os recém -nascidos correrão risco de desenvolver insuficiência suprarrenal reversível.
distribuição sim étrica nas faces extensoras (isto é, cotovelos, joelhos, região glútea, couro cabeludo e nuca) (Fig. 51.8). As lesões p rim á rias neste distúrbio consistem em pápulas, papulovesículas ou pla cas urticariform es. C om o o p ru rid o predom ina, os pacientes podem apresentar escoriações e pápulas crostosas, não visíveis nas lesões prim árias. Os pacientes às vezes queixam -se de que seu p rurido tem um com ponente em queim ação ou urticante diferente; o início desses sintom as locais anuncia com segurança o desenvolvim ento de lesões clinicam ente características em 12 a 24 horas. Quase todos os pacien tes com DH apresentam associadam ente, geralm ente de m odo subclínico, um a enteropatia sensível ao glúten (Cap. 294), e m ais de 90% expressam os haplótipos HLA-B8/DRw3 e HLA-DQw2. A DH pode surgir em qualquer idade, inclusive na infância; o início na segunda ou quarta décadas de vida é m ais com um . Esta doença é crônica. A biópsia da pele das lesões incipientes revela infiltrados ricos em neutrófilos nas papilas dérm icas. A presença de neutrófilos, fibrina, edem a e form ação de m icrovesículas nesses locais é típica da doença incipiente. As lesões m ais antigas p o d e m apresentar carac terísticas inespecíficas de bolha subepidérm ica ou pápula escoriada. C om o as características clínicas e histológicas dessa doença podem ser variadas e se assem elhar a o u tro s d istú rb io s bolhosos subepidérm icos, o diagnóstico é co n firm ad o pela m icroscopia de im u n o fluorescência direta da pele perilesional de aparência norm al. Tais exam es evidenciam depósitos granulosos de IgA (com ou sem com po n en tes do com plem ento) n a d e rm e p apilar e ao longo da zona da m em b ran a basal epidérm ica. O s depósitos de IgA na pele não são alterados pelo controle m ed icam entoso da doença; no entanto, esses im unorreagentes p o d em d im in u ir de intensidade ou desapa recer nos pacientes m an tid o s d u ra n te m u ito tem p o em um a dieta rigorosa isenta de glúten (ver adiante). O s pacientes com D H têm depósitos granulosos de IgA na zona da m em b ran a basal ep idérm i ca, devendo ser diferenciados daqueles com depósitos lineares de IgA neste local (ver adiante). E m bora a m aioria dos pacientes com D H não relate sintom as gastrintestinais francos nem apresente evidências laboratoriais de m á absorção, as biópsias de intestino delgado geralm ente revelam espes sam ento das vilosidades intestinais e infiltrado linfocitário na lâm ina própria. C om o ocorre nos pacientes com doença celíaca, tal anom a lia gastrintestinal pode ser revertida p or u m a d ieta sem glúten. Além do mais, a m anutenção dessa dieta pode, sozinha, controlar a doença cutânea e resultar na rem oção dos depósitos de IgA na zona da m em b rana basal epidérm ica dos referidos pacientes. A exposição subse quente ao glúten em tais pacientes altera a m orfologia do intestino delgado, prom ove um a exacerbação de d oença cutânea e está associa da ao ressurgim ento de IgA na zona da m em brana basal epidérmica. Assim com o em pacientes com doença celíaca, a sensibilidade ao glú ten alim entar em pacientes com D H está associada a autoanticorpos IgA antiendom ísio que visam à transglutam inase tecidual. Estudos recentes indicam que os pacientes com D H tam bém possuem auto anticorpos IgA de alta atividade contra a transglutam inase epidérm i ca 3, e que os últim os se colocalizam com os depósitos granulosos de IgA na derm e papilar dos pacientes com DH. Os pacientes com DH tam bém têm m aior incidência de anom alias da tireoide, acloridria, gastrite atrófica e autoanticorpos contra as células parietais gástricas. Essas associações provavelm ente estão correlacionadas com a alta frequência do haplótipo HLA-B8/DRw3 nesses pacientes, um a vez que tal m arcador geralm ente está ligado às doenças autoim unes. A base do tratam ento da D H é a dapsona, um a sulfona. Os pacientes respondem rapidam ente (entre 24 e 48 h) à dapsona (50 a 200 m g/ dia), m as requerem avaliação rigorosa p ré -tra ta m en to e acom pa nham ento estreito, de m odo a garantir a prevenção e o controle das com plicações. Todos os pacientes em uso de m ais de 100 m g/dia de dapsona irão apresentar algum grau de hem ólise e m etem oglobinem ia, que são efeitos colaterais esperados desse fárm aco. A restrição do glúten pode controlar a D H e dim in u ir as exigências decorrentes do uso de dapsona; a dieta deve excluir com pletam ente o glúten para obter benefício m áxim o. Podem ser necessários vários meses de res
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trição alim entar antes de alcançar u m bom resultado. É fundam ental haver um a boa orientação alim entar p or um nutricionista treinado.
■ DERMATOSE DA IgA LINEAR
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 428
A derm atose da IgA linear, a n teriorm ente considerada um a form a variante da derm atite herpetiform e, na verdade é um a entidade dis tinta e característica. C linicam ente, esses pacientes p odem se asse m elhar a indivíduos com D H , PB ou outras doenças bolhosas subepidérm icas. As lesões consistem em papulovesículas, bolhas e/ou placas urticariform es, pred o m in an tem en te nas regiões centrais ou flexoras. Há o acom etim ento da m ucosa oral em alguns pacientes. O intenso p ru rid o se assem elha ao observado nos pacientes com DH. Os pacientes com derm atose da IgA linear n ão apresentam au m ento da frequência do haplótipo HLA-B8/DRw 3 ou enteropatia associada, não sendo, portanto, candidatos ao tratam en to com dieta isenta de glúten. As alterações histológicas nas lesões iniciais podem ser pratica m ente indistinguíveis daquelas da DH. No entanto, a m icroscopia de im unofluorescência direta da pele perilesional de aparência norm al revela depósitos lineares de IgA (e m uitas vezes de C3) na zona da m em brana basal epidérm ica. A m aioria dos pacientes com d erm a tose da IgA linear apresenta autoanticorpos IgA antim em brana basal circulantes contra neoepítopes no dom ínio extracelular proteoliticam ente processado da AgPB2. Esses pacientes geralm ente respondem ao tratam ento com dapsona, 50 a 200 m g/dia.
■ EPIDERMÓLISE BOLHOSA ADQUIRIDA A epiderm ólise bolhosa adquirida (EBA) é um a doença bolhosa su bepidérm ica rara, não hereditária, polim orfa e crônica. (A form a h e red itá ria é discu tid a no Cap. 363.) Os pacientes com EBA clás sica ou não inflam atória apresentam bolhas na pele sem inflamação, cicatrizes atróficas, milia, distrofia ungueal e lesões orais. C om o as lesões ocorrem geralm ente nos locais expostos a pequenos trau m a tism os, a EBA clássica é considerada um a doença bolhosa mecânica. O utros pacientes com EBA apresentam lesões bolhosas inflam atórias e cicatriciais dissem inadas que se assem elham ao PB grave. A EBA inflam atória pode evoluir para a form a não inflam atória clássica des ta doença. Raros pacientes apresentam -se com lesões predom inantes nas m ucosas. O haplótipo HLA-DR2 é encontrado com m aior fre quência nesses pacientes. Estudos recentes sugerem que a EBA algu m as vezes está associada a doença inflam atória intestinal (especial m ente a doença de Crohn). A histologia da pele lesada varia segundo o caráter da lesão es tudada. As lesões não inflam atórias m ostram bolhas subepidérm icas com infiltrado leucocitário esparso e se assem elham às dos pacientes com porfiria cutânea tardia. As lesões inflam atórias consistem em bolhas subepidérm icas ricas em neutrófilos. Os pacientes com EBA têm depósitos contínuos de IgG (e frequentem ente C3) em um p a drão linear na zona da m em brana basal epidérm ica. Em term os ultraestruturais, estes im unorreagentes são encontrados na região da sublâm ina densa, associados a fibrilas de ancoragem . A proxim ada m ente 50% dos pacientes com EBA têm autoanticorpos IgG circulan tes antim em brana basal dem onstráveis dirigidos contra o colágeno tipo VII - a espécie de colágeno que contém fibrilas de ancoragem . Tais autoanticorpos IgG ligam -se ao lado dérm ico da pele separada em NaCl 1 M (ao contrário dos autoanticorpos IgG nos pacientes com PB). Estudos m ostraram que a transferência passiva de IgG ex perim ental ou do paciente direcionado contra o colágeno do tipo VII pode produzir lesões em cam undongos que são clínica, histológica e im unopatologicam ente sem elhantes às observadas nos pacientes com EBA inflam atória. O tratam e n to da EBA costum a ser insatisfatório. A lguns p a cientes com EBA inflam atória p o d em resp o n d er aos glicocorticoi des sistêm icos, sozinhos ou associados a im unossupressores. O u tros pacientes (especialm ente aqueles com lesões inflam atórias ricas em neutrófilos) podem responder à dapsona. A form a crônica não inflam atória dessa doença é am plam ente resistente ao tratam ento, em bora alguns pacientes possam re sp o n d er à ciclosporina, azatio p rin a ou IgIV.
■ PENFIGOIDE CICATRICIAL O penfigoide cicatricial (PC) é um a doença im unobolhosa subepitelial rara, adquirida, que se caracteriza p o r lesões erosivas das m ucosas e da pele, resultando em cicatrizes em alguns locais acom etidos. Os locais com uns de acom etim ento são a m ucosa oral (especialm ente a gengiva) e conjuntiva; outros locais que tam bém podem ser acom eti dos são as m ucosas nasofaríngea, laríngea, esofágica e anogenital. As lesões cutâneas (presentes em 33% dos pacientes) tendem a predom i nar no couro cabeludo, na face e na parte superior do tronco, consis tindo geralm ente em poucas erosões dispersas ou bolhas tensas sobre um a base eritem atosa ou urticariform e. O PC é um distúrbio crônico e progressivo. Podem ocorrer com plicações graves conseqüentes de lesões oculares, laríngeas, esofágicas ou anogenitais. A conjuntivite erosiva pode levar a dim inuições do fórnix, simbléfaro, ancilobléfaro, entrópio, opacidades das córneas e (nos casos graves) cegueira. Do m esm o m odo, as lesões erosivas da laringe podem provocar rouqui dão, dor e perda tecidual que, se não forem reconhecidas e tratadas, podem causar destruição total da via respiratória. As lesões esofá gicas podem ocasionar estenoses ou estreitam entos que colocam o paciente em risco de broncoaspiração. As estenoses tam bém podem com plicar o acom etim ento anogenital. A biópsia dos tecidos lesados geralm en te d e m o n stra vesiculobolhas subepiteliais e in filtrad o leu co citário m ononuclear. Po dem -se ob serv ar n eutrófilos e eosinófilos nas biópsias das lesões incipientes; as lesões m ais antigas p o d e m apresentar infiltrado leu cocitário m ín im o e fibrose. A m icroscopia de im unofluorescência direta do tecido perilesional m o stra depósitos de IgG, IgA e/ou C3 na m em brana basal epidérm ica desses pacientes. C om o m uitos dos referidos pacientes n ão têm evidências de autoanticorpos an tim em brana basal circulantes, o exam e da pele perilesional é im p o rta n te para o diagnóstico. E m bora o PC te n h a sido considerado um a entidade nosológica única, atualm ente é co nsiderado um fenótipo patológico que pode desenvolver-se em conseqüência de reação a u toim une co n tra diversas m oléculas diferentes na m em b ran a basal epidérm ica (p. ex., AgPB2, lam inina 332, colágeno tipo VII e outros antígenos ainda não in teiram en te definidos). E studos recentes su gerem que os pacientes com PC com auto an tico rp o s antilam inina 332 apresentam aum ento de risco relativo p ara câncer. O tratam e n to do PC depende em g rande parte dos locais de acom etim ento. D e vido à gravidade das com plicações em potencial, os pacientes com acom etim ento ocular, laríngeo, esofágico e/o u anogenital requerem tratam en to sistêm ico agressivo com dapsona, p re d n iso n a ou essa últim a associada a u m im unossupressor (p. ex., azatioprina, micofenolato m ofetila ou ciclofosfam ida) o u IgIV. As apresentações m enos am eaçadoras da doença p o d em ser tratad a s com glicocorticoides tópicos ou intralesionais.
DOENÇAS AUTOIMUNES SISTÊMICAS COM MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS PROEMINENTES ■ DERMATOMIOSITE As m anifestações cutâneas da derm ato m io site (Cap. 388) com fre quência são típicas, m as às vezes se assem elham às do lúpus erite m atoso sistêm ico (LES) (C ap. 319), da esclero d erm ia (Cap. 323) ou de outras doenças do tecido conectivo sobrepostas (Cap. 323). A extensão e gravidade da do en ça c u tâ n ea p o d e m correlacionar-se ou não com a extensão e gravidade d a m iosite. As m an ifesta ções cutâneas da d e rm a to m io site são sem elhantes, q u er a doença apareça em crianças, q u er em idosos, exceto pela calcificação do tecido subcutâneo, um a seqüela tard ia co m u m da derm atom iosite infantil. Os sinais cutâneos de derm atom iosite p odem preceder ou su ceder o desenvolvim ento da m iosite em m eses ou anos. Tam bém foram relatados casos sem acom etim ento m uscular (isto é, d erm a tom iosite sem m iosite). A m anifestação m ais com um é um a colora ção verm elho-violácea das pálpebras superiores, às vezes associada a descam ação (eritem a de heliotrópio; Fig. 54.3) e edem a periorbitário. O eritem a nas bochechas e no nariz em distribuição em asa de borbo leta pode assem elhar-se à erupção m alar do LES. Placas eritem atosas
cutânea das lesões eritem atosas e descam ativas da derm atom iosite pode revelar apenas inflam ação inespecífica leve - m as, às vezes, m ostra alterações indistinguíveis das encontradas no LES, consistin do em atrofia da epiderm e, degeneração hidrópica dos ceratinócitos basais, edem a da parte superior da derm e e leve infiltrado de células m ononucleares. A m icroscopia de im unofluorescência direta da pele das lesões é geralm ente negativa, em bora já tenham sido descritos, em alguns pacientes, depósitos granulosos de im unoglobulina(s) e com plem ento na zona da m em brana basal da epiderm e. O tratam en to deve ser dirigido à doença sistêm ica. Os glicocorticoides tópicos algum as vezes são úteis; os pacientes devem evitar exposição à ra diação UV e adotar m edidas fotoprotetoras vigorosas, com o o uso de filtros solares de amplo espectro.
■ LÚPUS ERITEMATOSO
Figura 54.3 Dermatomiosite. Eritema violáceo periorbital caracteriza o exante ma heiiotrópico clássico. (Cortesia de James Krell, MD; com autorização.)
Figura 54.4 Sinal de Gottron. A dermatomiosite frequentemente envolve as mãos com pápulas eritematosas achatadas sobre os nós dos dedos (sinal de Got tron). Telangiectasias periungueais também são evidentes.
Doenças de Pele Imunologicamente Mediadas
ou violáceas descam ativas são com uns na região anterosuperior do tórax, na nuca, no couro cabeludo e nas faces extensoras dos braços, pernas e mãos. O eritem a e a descam ação podem ser particularm ente predom inantes nos cotovelos, joelhos e face dorsal das articulações interfalângicas. Cerca de 33% dos pacientes apresentam pápulas vio láceas achatadas sobre a face dorsal das articulações interfalângicas, patognom ônicas de derm atom iosite (sinal ou pápulas de G ottron; Fig. 54.4). Essas lesões p odem ser confrontadas com o eritem a e a descam ação no dorso dos dedos que preserva a pele sobre as a rticu lações interfalângicas de alguns pacientes com LES. A telangiectasia periungueal pode ser predom inante. U m eritem a rendilhado ou re ticulado pode estar associado à descam ação fina das faces extenso ras das coxas e dos braços. O utros pacientes, em particular aqueles com doença de longa data, apresentam áreas de hipopigm entação, hiperpigm entação, atrofia discreta e telangiectasia, conhecidas com o poiquilodermia, a qual é rara tanto no LES com o na escleroderm ia, servindo, assim, com o sinal clínico diferencial entre a d erm atom io site e essas duas doenças. As alterações cutâneas p odem ser sem e lhantes na escleroderm ia e derm atom iosite, incluindo espessam ento e endurecim ento da pele das m ãos (esclerodactilia), assim com o o fenôm eno de Raynaud. N o entanto, a presença de doença m uscular grave, pápulas de G ottron, eritem a de heliotrópio e poiquiloderm ia serve para diferenciar os pacientes com derm atom iosite. A biópsia
As m anifestações cutâneas do lúpus eritem atoso (LE) (Cap. 319) p o dem ser divididas em agudas, subagudas e crônicas. O LE cutâneo agudo caracteriza-se por eritem a no nariz e nas proem inências m ala res, com um aspecto em asa de borboleta (Fig. 54.5). O eritem a m ui tas vezes é de início súbito, acom panhado p o r edem a e descam ação fina, e correlacionado com o acom etim ento sistêmico. Os pacientes podem apresentar acom etim ento dissem inado da face assim com o eritem a e descam ação nas faces extensoras dos m em bros e da região superior do tórax. Essas lesões agudas, às vezes passageiras, geral m ente duram dias e em m uitos casos estão associadas a exacerbações da doença sistêmica. A biópsia das lesões agudas pode m ostrar ape nas um infiltrado dérm ico esparso de células m ononucleares e ede m a da derm e. Em alguns casos, observam -se infiltrados celulares em torno dos vasos sanguíneos e dos folículos pilosos, com o ocorre na degeneração hidrópica das células basais da epiderm e. A m icroscopia de im unofluorescência direta da pele lesionada frequentem ente reve la depósitos de im unoglobulina(s) e com plem ento na zona da m em b rana basal epidérm ica. O tratam e n to visa ao controle da doença sistêmica; para isso, a fotoproteção, assim com o em outras form as de LE, é m uito im portante. O lúpus eritematoso cutâneo subagudo (LECS) caracteriza-se por erupção dissem inada com fotossensibilidade, sem form ação de cica trizes. A m aioria destes pacientes tem LES, no qual o acom etim ento dos rins e do SNC é bran d o ou ausente. O LECS pode se apresentar com o erupção papuloescam osa sem elhante à psoríase ou com o le sões anulares sem elhantes às observadas no eritem a polim orfo. Na form a papuloescam osa, surgem pápulas eritem atosas características n o dorso, tórax, om bros, faces extensoras dos braços e dorso das m ãos; as lesões são in co m u n s n a face, faces flexoras dos braços e abaixo da cintura. Estas pápulas levem ente descam ativas tendem a coalescer em grandes placas, algum as de aparência reticular. A for m a anular acom ete as m esm as áreas e apresenta pápulas eritem a tosas que evoluem para lesões ovais, circulares ou policíclicas. As lesões do LECS são m ais dissem inadas, po rém apresentam m enor tendência à form ação de cicatrizes do que as lesões do LE discoide. A biópsia cutânea revela u m denso infiltrado de células m ononucle ares em to rn o dos folículos pilosos e dos vasos sanguíneos na parte superior da derm e, associado à degeneração h idrópica das células basais da epiderm e. A m icroscopia de im unofluorescência direta da pele lesionada revela depósitos de im unoglobulina(s) n a m em b ra n a basal epidérm ica na zona da m em b ran a em m etade dos casos. Um p adrão específico de depósitos de IgG em to d a a epiderm e foi associado ao LECS. A m aioria dos pacientes com LECS tem autoan ticorpos anti-Ro. A penas o tratam en to tópico geralm ente fracassa. A m aioria dos pacientes requer tratam e n to com antim aláricos am inoquinolinas. Às vezes é necessário u m tratam en to com baixas doses de glicocorticoides orais. M edidas fotoprotetoras contra os raios UV B e A são m uito im portantes. O lúpus eritem atoso discoide (LED, tam bém cham ado de LE cutâneo crônico) caracteriza-se p o r lesões típicas, n a m aior p arte das vezes enco n trad as n a face, couro cabeludo e/ou parte externa das orelhas. As lesões são pápulas ou placas eritem atosas com des cam ação espessa e aderente que oclui os folículos pilosos (obstrução folicular). Ao rem over a descam ação, sua superfície inferior m ostra
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Figura 54.6 Lúpus eritematoso discoide. Placas atróficas, hiperpigmentadas, violáceas, frequentemente com evidências de obstrução folicular, que pode resultar em formação de cicatriz, são características do lúpus eritematoso discoide (também chamado de lúpus eritematoso cutâneo crônico).
Figura 54.5 A. Lúpus eritematoso cutâneo agudo que mostra eritema malar proeminente, escamoso. Envolvimento de outros locais expostos ao sol também é comum. B. LE cutâneo agudo na região superior do tórax que demonstra pápulas e placas eritematosas brilhantes e ligeiramente edematosas. [B, cortesia de Robert Swerlick, MD; com autorização.)
p equenas excrescências relacionadas com a ab ertu ra dos folículos pilosos (as cham adas tachas de carpete), achado relativam ente espe cífico do LED. As lesões antigas desenvolvem atrofia central, cica trizes e hipopigm entação, m as frequentem ente apresentam bordas eritem atosas, às vezes elevadas (Fig. 54.6). Essas lesões persistem d urante anos e tendem a se expandir lentam ente. A penas 5 a 10% dos pacientes com LED correspondem aos critérios de LES da A m e rican R heum atism A ssociation. No entanto, as lesões discoides tí picas costum am ser observadas nos pacientes com LES. A biópsia das lesões do LED m ostra hiperceratose, obstrução folicular, a tro fia da epiderm e, degeneração h idrópica dos ceratinócitos basais e infiltrado de células m ononucleares adjacente às m em branas basais epidérm icas, anexiais e m icrovasculares. A m icroscopia de im u nofluorescência direta d em o n stra depósitos de im unoglobulina(s) e com plem ento na zona da m em brana basal em cerca de 90% dos casos. O tratam ento enfatiza o controle da doença cutânea local e consiste principalm ente em fotoproteção e glicocorticoides tópicos ou intralesionais. Se o tratam ento local for ineficaz, poderá ser in d i cado o uso de antim aláricos am inoquinolinas.
dos (esclerodactilia) e se propaga em direção proxim al, geralm en te acom panhada p o r reabsorção óssea das p o n tas dos dedos, que podem apresentar úlceras em saca-bocado, cicatrizes estreladas ou áreas de hem orragia (Fig. 54.7). Os dedos podem realm ente encolher e adquirir form a de salsicha, e as unhas, com o não são acom etidas, podem se curvar sobre a extrem idade dos dedos. G eralm ente há te langiectasia periungueal, m as o eritem a periungueal é raro. Nos casos avançados, os m em bros m ostram contraturas e calcinose cutânea. O acom etim ento da face inclui fronte lisa e sem rugas, pele retesada so bre o nariz, encolhim ento do tecido em volta da boca e sulcos radiais periorais (Fig. 54.8). M uitas vezes, há telangiectasias estriadas, p a rti cularm ente na face e nas m ãos. A pele acom etida fica endurecida, lisa e aderida às estruturas subjacentes; m uitas vezes, tam bém há hiper e hipopigm entação. O fenôm eno de R aynaud (palidez, cianose e h i perem ia reativa induzidas pelo frio) está presente em quase todos os pacientes e pode preceder, em m uitos anos, o desenvolvim ento da es cleroderm ia. A escleroderm ia linear é um a form a lim itada de doença que se apresenta em distribuição linear, sem elhante a um a faixa, e tende a envolver tanto as cam adas cutâneas profundas com o as su perficiais. A associação de calcinose cutânea, fenôm eno de Raynaud, dism otiiidade esofágica, esclerodactilia e telangiectasia denom ina-se
■ ESCLERODERMIA E MORFÉIA As alterações cutâneas da escleroderm ia (Cap. 323) geralm ente sur gem nas m ãos, pés e face, com episódios de edem a recorrente sem cacifo. A esclerose da pele com eça na extrem idade distai dos de-
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Figura 54.7
Esclerodermia que mostra esclerose acral e úlceras digitais focais.
Figura 54.8 Esclerodermia frequentemente resulta em desenvolvimento de fácies sem expressão, semelhante a máscara.
BIBLIOGRAFIA GJ: Paraneoplastic pemphigus. J Investig Dermatol Symp Proc 9:29, 2004 O l a s z EB, Ya n c e y KB: Bullous pemphigoid and related subepidermal autoimmune blistering diseases, in C urrent D irections in A uto im m u n ity: Dermatologic Im m u n ity , BJ Nickoloff, FO Nestle (eds). Basel, Karger Press, 2008, pp 141-166 Pa y n e AS et al: Desmosomes and disease: Pemphigus and bullous impetigo. Curr Opin Cell Biol 16:536,2004 S o n t h e i m e r RD: Skin manifestations of systemic autoimmune connective tissue disease: Diagnostics and therapeutics. Best Pract Res Clin Rheumatol 18:429,2004
A nhalt
Doenças de Pele Imunologicamente Mediadas
síndrome CREST. Relataram -se anticorpos anticentrôm eros em um percentual m uito alto de pacientes com a síndrom e CREST, m as em pequena m inoria dos pacientes com escleroderm ia. A biópsia cu tâ nea revela o espessam ento da derm e e hom ogeneização dos feixes de colágeno. A m icroscopia de im unofluorescência direta da pele lesio nada costum a ser negativa. A m orféia é caracterizada p or espessam ento e esclerose localiza dos da pele, predom inando no tronco. Esse distúrbio pode acom eter crianças ou adultos. Com eça com placas eritem atosas ou róseas que se tornam escleróticas, desenvolvem hipopigm entação central e apresen tam um a borda eritem atosa. Na m aioria dos casos, os pacientes têm apenas um a ou poucas lesões, e a doença é denom inada morféia loca lizada. Em alguns pacientes, há dissem inação cutânea das lesões sem acom etim ento sistêmico, form a denom inada morféia generalizada. M uitos adultos com m orféia generalizada apresentam distúrbios reum áticos concom itantes ou outros distúrbios autoim unes. A bióp sia cutânea da m orféia é indistinguível daquela da escleroderm ia. A escleroderm ia e m orféia são geralm ente m uito resistentes ao tra ta m ento. Por isso, utiliza-se a fisioterapia com o auxílio para evitar as contraturas articulares e m anter a função. As opções de tratam e n to para doença inicial rapidam ente progressiva incluem fototerapia (UVA1 ou PUVA) ou m etotrexato 15 a 20 m g p o r sem ana isolada m ente ou em com binação com glicocorticoides diários.
A fasciite difusa com eosinofilia é um a entidade clínica que às vezes pode ser confundida com escleroderm ia. H á geralm ente iní cio súbito de tum efação, endu recim en to e eritem a dos m em bros, frequentem ente após grande esforço físico. As partes proxim ais dos m em bros (braços, antebraços, coxas e pernas) são acom etidas com m aior frequência do que as m ãos e os pés. E m bora esteja endureci da, a pele geralm ente não está aderida com o na escleroderm ia; pode haver contraturas precoces, secundárias ao acom etim ento fascial, os quais tam bém podem provocar a separação dos grupos m usculares, e as veias parecem afundadas (ou seja, o “sinal do sulco”). Tais acha dos cutâneos são acom panhados de eosinofilia no sangue periférico, aum ento da velocidade de hem ossedim entação e, às vezes, hipergam aglobulinem ia. A biópsia de áreas p rofundas da pele acom etida revela inflam ação e espessam ento da fáscia profunda que recobre o m úsculo. Em geral se encontra um infiltrado inflam atório com posto de eosinófilos e células m ononucleares. Os pacientes com fasciite eo sinofílica parecem correr m aior risco de desenvolver insuficiência da m edula óssea ou outras anom alias hematológicas. Em bora a evolução final da fasciite eosinofílica seja incerta, m uitos pacientes respondem favoravelm ente ao tratam ento com prednisona em doses que variam de 40 a 60 m g/dia. A síndrom e da eosinofilia-mialgia - distúrbio relatado em um a epidem ia em 1989, associado à ingestão de L -triptofana fabricado p o r u m a única com panhia japonesa - é u m distúrbio m ultissistêm ico que se caracteriza p o r m ialgias debilitantes e eosinofilia absoluta, associado a várias com binações de artralgias, sintom as pulm onares e edem a periférico. Em u m a fase subsequente (3 a 6 m eses após os sintom as iniciais), esses pacientes frequentem ente apresentam alte rações cutâneas esclerodérm icas localizadas, p erd a pon d erai e/ou n e u ro p atia (Cap. 323). A causa exata desta síndrom e, que pode se assem elhar a outras afecções cutâneas escleróticas, é desconhecida. N o entanto, os lotes im plicados de L -triptofana estavam c o n ta m i nados p o r 1, 1-etilideno bis[triptofana], co n tam in an te que pode ser patogênico ou um m arc ad o r p a ra o u tra substância que provoque esse distúrbio.
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CA PÍTULO
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Farmacodermias Kanade Shinkai Robert S. Stern Bruce U. W introub As reações cutâneas situam -se entre as m ais freqüentes reações a d versas aos fárm acos. A m aioria é benigna, m as algum as podem ser potencialm ente fatais. O reconhecim ento im ediato de reações gra ves, a suspensão do m edicam ento e as intervenções terapêuticas apropriadas podem m inim izar a toxicidade. Este capítulo enfoca as farm acoderm ias causadas por m edicam entos sistêmicos; abrange a incidência, características e a patogenia, bem com o fornece algum as diretrizes sobre o tratam ento, determ inação da etiologia e futura u ti lização dos fármacos.
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 432
USO DE FÁRMACOS VENDIDOS COM PRESCRIÇÃO NOS EUA Nos EUA, m ais de 3 bilhões de prescrições para m ais de 60.000 pro d u to s farm acêuticos, que incluem m ais de 2.000 agentes ativos diferentes, são a d m in istrad o s anualm ente. S om ente os pacientes internados em hospitais recebem anualm ente cerca de 120 m ilhões de procedim entos de terapia m edicam entosa, e m etade dos norte-am ericanos adultos recebe fárm acos prescritos regularm ente em atendim entos am bulatoriais. M uitos pacientes usam m edicam entos isentos de prescrição que podem causar reações cutâneas adversas.
INCIDÊNCIA DE REAÇÕES CUTÂNEAS Vários estudos de coorte de grande p o rte estabeleceram que um a reação cutânea aguda a fárm acos afetou cerca de 3% dos pacientes internados. As reações costum am ocorrer alguns dias até 4 sem anas após o início da terapia. M uitos fárm acos de uso com um são associados a um a taxa de 1 a 2% de exantem as durante os experim entos clínicos anteriores à com ercialização. O risco frequentem ente é m ais alto quando os m edicam entos são usados em populações não selecionadas. A taxa pode atingir 3 a 7% para a amoxicilina, sulfametoxazol e m uitos anti convulsivantes, podendo ser ainda m ais alta com os agentes anti-HIV. Além das erupções agudas, um a variedade de doenças cutâneas pode ser induzida ou exacerbada pela utilização prolongada de fár m acos (p. ex., prurido, pigm entação, distúrbios nas unhas ou cabelos, psoríase, penfigoide e pênfigo). Estas reações m edicam entosas não são freqüentes, m as nem sua incidência nem seu im pacto na saúde pública foram avaliados. Em um a série de 48.005 pacientes internados durante um período de 20 anos, o exantem a m orbiliform e (91%) e a urticária (6%) foram as reações cutâneas mais freqüentes. As reações graves na verdade são dem asiadam ente raras para serem detectadas nestes coortes. Em bora raras, as reações cutâneas graves aos fárm acos têm um im pacto im portante na saúde e avaliação do risco versus benefício dos m edica m entos devido às seqüelas significativas, incluindo a m ortalidade. Em um estudo prospectivo em am biente hospitalar, o exantem a m edicam entoso era responsável pela hospitalização, aum entava a d u ração da perm anência no hospital ou era am eaçador da vida. A lgu m as populações apresentam m aior risco de reações aos fárm acos: os pacientes com doenças vasculares do colágeno, receptores de enxefto de m edula óssea e aqueles com infecção aguda p o r vírus Epstein-Barr. A fisiopatologia subjacente a essa associação é desconhecida. Tam bém ficou estabelecido que a infecção pelo HIV aum enta o risco de alergia m edicam entosa, incluindo reações graves de hipersensibi lidade (Cap. 189), o que se com provou com m uitos fárm acos, mas tem sido avaliado principalm ente com o sulfam etoxazol. Até 40% dos pacientes infectados pelo H IV tiveram reações cutâneas quando
tratados com altas doses, e cerca de 15% reagiram à m esm a dosagem que induziu erupção em 3 a 5% das populações não infectadas pelo HIV. A inda não se sabe com o o H IV prom ove sensibilidade a deter m inados m edicam entos ou a seus m etabólitos.
PATOGENIA DAS REAÇÕES MEDICAMENTOSAS A pele é com um ente afetada pelas reações adversas aos fárm acos. A lista de condições que podem ser desencadeadas p o r m edicam entos inclui quase todas as doenças derm atológicas. As respostas cutâne as adversas a fárm acos p o d e m surgir com o resultado de m ecanis m os im unológicos e não im unológicos. Exem plos de repostas que surgem a p a rtir de m ecanism os não im unológicos são as alterações pigm entares relacionadas ao acúm ulo na derm e de am iodarona, a n tim aláricos, m inociclina, quinolonas, alteração dos folículos pilosos por antim etabólitos e lipodistrofia associada a efeitos m etabólicos de m edicam entos anti-HIV. Estes efeitos colaterais são em sua m aioria tóxicos, previsíveis e frequentem ente p o d em em parte ser evitados p or m edidas preventivas simples.
■ REAÇÕES MEDICAMENTOSAS IMUN0LÓGICAS As evidências sugerem um a base im unológica p ara a m aioria das erupções m edicam entosas agudas, benignas ou graves. C lones de células T fárm aco-específicos p o d em originar-se do sangue ou de lesões cutâneas de pacientes com um a variedade de alergias m ed i cam entosas, sugerindo fortem ente que os fárm acos p odem ser re conhecidos com o antígenos pelas células T hum anas e de que estas células T desem penham um papel n a alergia m edicam entosa. Clones específicos foram obtidos com a penicilina G, amoxicilina, cefalosporinas, sulfametoxazol, fenobarbital, carbam azepina, lam otrigina (isto é, m uitas das m edicações que frequentem ente constituem causa de erupções m edicam entosas). Tanto os clones de CD4 com o os de C D 8 foram obtidos; entretanto, seus papéis específicos nas m anifestações de alergia não foram elucidados. A apresentação do fárm aco às célu las T era M H C -restrita e pode envolver complexos hapteno-peptídio form ados entre fárm acos ou m etabólitos reativos e proteínas endógenas célula-superfície. Após o fárm aco induzir a um a resposta im une, o fenótipo final da reação provavelm ente depende da natureza dos efetores: células T citotóxicas (C D 8+) em reações bolhosas e de determ inada hipersen sibilidade, quim iocinas para reações m ediadas p or neutrófilos ou eo sinófilos, e colaboração com células B para a produção de anticorpos específicos para as reações urticariform es.
Reações imediatas Essas reações im ediatas d ependem da liberação de m ediadores da inflam ação pelos m astócitos do tecido ou pelos leucócitos basofílicos circulantes. Estes m ediadores consistem na histam ina, leucotrienos, prostaglandinas, fator de ativação das plaquetas, enzim as e proteoglicanos. Os fárm acos podem desencadear a liberação do m ediador diretam ente (reação anafilactoide) ou p o r m eio de anticorpos IgE-específicos. Estas reações em geral m anifestam -se na pele e sistemas gastrintestinal, respiratório e cardiovascular (Cap. 317). Os sinais e sintom as prim ários incluem o pru rid o , urticária, náuseas, vôm itos, cólicas abdom inais, broncospasm o, edem a laríngeo e, ocasionalm en te, choque anafilático com hipotensão e m orte. Eles ocorrem em um período de m inutos após a exposição ao fárm aco. Os fárm acos anti-inflam atórios não esteroides (AINES), inclusive o ácido acetilsalicí lico, e os m eios de contraste, são causas freqüentes de degranulação direta de m astócitos ou de reações anafilactoides que podem ocorrer na prim eira exposição. As penicilinas e relaxantes m usculares usados na anestesia geral são as causas m ais freqüentes de reações m edica m entosas dependentes da IgE, que requerem sensibilização prévia. A liberação dos m ediadores é desencadeada quando conjugados proteicos de fárm acos polivalentes fazem ligação cruzada com as m olé culas de IgE fixadas nas células sensibilizadas. D eterm inadas vias de adm inistração favorecem padrões clínicos diferentes (p. ex., efeitos gastrintestinais por via oral, efeitos circulatórios por via intravenosa).
Reações dependentes de imunocomplexo A doença do soro é produzida por depósitos teciduais de im unocom plexos circulantes com consum o de com plemento. Caracteriza-se por febre, artrite, nefrite, neurite, edem a e um exantema urticariform e, p a puloso ou purpúrico (Cap. 326). Foi descrita pela prim eira vez após a adm inistração de soro não hum ano, atualm ente ocorre com anticor pos m onoclonais e outros m edicam entos semelhantes. Na doença do soro clássica, os sintomas desenvolvem-se 6 dias ou mais após a expo sição ao fármaco, representando o período latente o tem po necessário para sintetizar o anticorpo. A adm inistração de cefalosporina pode es tar associada a um a reação clinicamente sem elhante à doença do soro (serum sickness-like) em crianças. O m ecanism o dessa reação é desco nhecido, mas não está relacionado com a ativação do com plem ento e não tem form ação de im unocom plexo, vasculite ou doença renal. As vasculites cutânea ou sistêm ica, com plicações m ed icam en tosas cutâneas relativam ente raras, tam bém p odem ser resultado do depósito de im unocom plexo (Cap. 326).
Hipersensibilidade tardia
Fatores genéticos e farmacodermias D eterm inantes genéticos podem predispor um indivíduo a reações m edicam entosas graves que afetam ou o m etabolism o do fárm aco ou as resposta im unológicas aos fárm acos. Os polim orfism os nas enzim as do citocrom o P450 p odem au m en tar a suscetibilidade à toxicidade do fárm aco, destacando um papel para os efeitos farm acocinéticos ou farm acodinâm icos. T am bém se suspeitou de que um fenótipo acetilador lento aum enta o risco de exantem a a p a rtir das sulfonam idas. E ntretanto, em dois coortes prospectivos de grande porte de pacientes infectados com H IV tratados com sulfonam idas, não foi encontrada associação entre a erupção m edicam entosa e o genótipo de acetilação. Associações entre hipersensibilidades m edicam entosas e haplotipos HLA tam bém sugerem um papel im portante para os m ecanis m os imunes. A hipersensibilidade ao m edicam ento anti-H IV abacavir está fortem ente associada a HLA B*5701. Em Form osa (Taiwan), em um a população hom ogênea de chineses H an, observou-se um a associação de 100% entre SSJ ou NET relacionada com a carbam azepina e HLA B*1502. Na m esm a população, o u tra associação de 100% foi encontrada entre SSJ, N ET ou síndrom e de hipersensibilidade/reação m edicam entosa com eosinofilia e sintom as sistêm i cos (RMESS) relacionada com o alopurinol e HLA B*5801. O utras reações m edicam entosas adversas cutâneas foram ligadas a outros haplotipos HLA. E ntretanto, as fortes associações en contradas em Taiwan não foram observadas em outros países com populações mais heterogêneas. O desenvolvim ento de exames de triagem m oleculares para a hipersensibilidade ao abacavir está em andam ento com o m o
APRESENTAÇÃO CLÍNICA DAS FARMACODERMIAS ■ REAÇÕES CUTÂNEAS NÃO IMUNES Exacerbação ou indução de doenças dermatológicas U m a variedade de agentes pode exacerbar doenças preexistentes ou algum as vezes induzir a um a doença que pode ou não desaparecer após a suspensão do m edicam ento indutor. Por exemplo, os AINES, lítio, betabloqueadores, antagonistas da citocina T N F -a e inibidores da enzim a de conversão da angiotensina (ECA) podem exacerbar a psoríase em placas, enquanto os antim aláricos e os glicocorticoides sistêm icos podem piorar a psoríase pustulosa. A acne pode ser in duzida p o r glicocorticoides, androgênios, lítio e antidepressivos. A m inociclina e os diuréticos tiazídicos podem exacerbar o lúpus erite m atoso sistêmico subagudo, e o pênfigo p ode ser induzido pela D-penicilam ina, captopril e outros inibidores da ECA. A furosem ida está associada a penfigoide bolhoso induzido p or fárm acos. A hipótese de que um fárm aco possa ser responsável deve sem pre ser considerada, especialm ente nos casos com apresentação clínica atípica.
Erupções por fotossensibilidade As erupções p o r fotossensibilidade em geral são m ais acentuadas nas áreas expostas ao sol, m as p odem estender-se para as áreas protegi das do sol. O m ecanism o é quase sem pre fototóxico. As reações foto tóxicas são sem elhantes às queim aduras solares e podem ocorrer com a prim eira exposição ao fárm aco. Pode o correr form ação de bolhas na pseudoporfiria relacionada com fárm acos. A gravidade das rea ções depende do nível de fárm aco no tecido, de sua eficiência com o fotossensibilizador e da extensão da exposição aos com prim entos de onda de luz ultravioleta (UV) (Cap. 56). Os fárm acos fotossensibilizantes com uns, adm inistrados por via oral, incluem m uitas flu o ro q u in o lo n as e antibióticos tetraciclina. O utros fárm acos m enos freq u en tem en te en co n trad o s são a clor prom azina, tiazídicos e vários AINES (ibuprofeno, naproxeno, piroxicam ). O voriconazol po d e resultar em fotossensibilidade grave e envelhecim ento fotoinduzido acelerado em determ inados receptores de transplantes. Pelo fato de a UV-A e de a luz visível, que desencadeiam estas reações, não serem facilm ente absorvidas p o r filtros solares não opa cos e serem propagadas através do vidro da janela, as reações p or fo tossensibilidade podem ser difíceis de bloquear. As reações de fotossensibilidade dim inuem com a suspensão do fárm aco ou da radiação UV, uso de filtros solares de alta potência que bloqueiam a luz UV-A e tratam e n to da reação com o se fosse um a queim adura solar. Raram ente, os indivíduos desenvolvem reatividade persistente à luz, e precisam evitar, p o r longo prazo, a exposição à luz solar.
Farmacodermias
A hipersensibilidade tardia determ inada p o r células T fárm aco-específicas é, provavelm ente, o m ecanism o m ais im p o rtan te na etio logia das erupções m edicam entosas m ais com uns - erupções m orbiliform es - bem com o de form as raras e graves, com o a síndrom e da hipersensibilidade, pustulose exantem atosa generalizada aguda (PEGA), síndrom e de Stevens-Johnson (SSJ) e necrólise e p id érm i ca tóxica (NET). As células T fárm aco-específicas foram detectadas nesses tipos de erupções m edicam entosas. A inda n ão se sabe porque a estim ulação da célula T po r m edicam entos leva a reações que são clinicam ente tão diversas. Diferente do que se acreditou d urante anos, o antígeno é m ais frequentem ente o fárm aco original em si e não seus m etabólitos. As células T citotóxicas fárm aco-específicas foram detectadas nas lesões cutâneas do eritem a pigm entado fixo e da NET. Nessa últim a, bolhas que resultam de acúm ulo de líquido intersticial sob a epiderm e necrosada contêm linfócitos T reativos a linfócitos e ceratinócitos autólogos em um a via fárm aco-específica, restrita ao HLA e m ediada pela perforina/granzim a. Clones fárm aco-específicos que p roduzem CXCL8, um a quim iocina que atrai neutrófilos, foram obtidos de biópsias cutâneas de pacientes com PEGA, um a reação m edicam entosa m ediada p or neutrófilos.
delo para im plem entação de exam e farm acogenético individualizado na prática clínica.
Alterações na pigmentação Os fárm acos, sejam sistêm icos ou tópicos, podem causar um a varie dade de alterações pigm entares na pele. Os contraceptivos orais p o dem induzir ao m elasm a. O uso p o r longo período de m inociclina, pefloxacina e am iodarona pode causar um a pigm entação cinza-azulada. Altas doses de fenotiazina a longo prazo resultam em pigm enta ção m arrom -acinzentada das áreas expostas ao sol. Inúm eros agentes quim ioterápicos contra o câncer podem ser associados a padrões ca racterísticos de pigm entação (p. ex., bleom icina, bussulfano, daunorrubicina, ciclofosfam ida, hidroxiureia e m etotrexato). As alterações da pigm entação tam bém p o d em o co rrer nas m em branas m ucosas (bussulfano), unhas (zidovudina), cabelos e dentes.
Necrose cutânea devido à varfarina Esta reação rara em geral ocorre entre o terceiro e o décim o dias de terapia com varfarina, em geral nas m ulheres. Os locais com uns são os seios, as coxas e nádegas (Fig. 55.1). As lesões são nitidam ente dem arcadas, eritem atosas, endurecidas e purpúricas, p o dendo p ro gredir, form ando bolhas grandes, irregulares e hem orrágicas com
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diuréticos (acetazolam ida), anticonvulsivantes (fenitoína), agentes im unossupressores, psoralenos e zidovudina. As alterações na cor ou estrutura dos cabelos são efeitos adversos incom uns de m edicam entos. A descoloração dos cabelos pode ocor rer com a cloroquina, IFN -, agentes quim ioterapêuticos e inibidores da tirosinoquinase. As alterações na estrutura capilar foram observa das em pacientes que receberam inibidores do receptor do fator de crescim ento epidérm ico (EGFR).
Distúrbios ungueais induzidos por fármacos
Figura 55.1
Necrose por varfarina.
Os distúrbios ungueias relacionados com fárm acos em geral envol vem várias ou as 20 unhas e precisam de m eses para desaparecer após a suspensão do agente agressor. A patogenia é m ais frequentem en te tóxica. As alterações ungueais induzidas p o r fárm acos incluem a linha de Beau (depressão transversal da lâm ina ungueal), onicólise (descolam ento da parte distai da lâm ina ungueal), onicom adese (des colam ento da parte proxim al da lâm ina ungueal), pigm entação e paroníquia (inflam ação da pele periungueal).
Onicólise
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
subsequentes necrose e form ação de escaras de cicatrização lenta. Essas lesões podem ser am eaçadoras da vida. O desenvolvim ento da síndrom e não está relacionado com a dose do fárm aco, e a evolução não é alterada pela descontinuação do fárm aco após o início da erupção. As reações à varfarina estão associadas à deficiência de proteína C. A anticoagulação da varfarina nos pacientes heterozigotos para a deficiência de p roteína C causa um a queda íngrem e dos níveis circulantes de proteína C, perm itindo hipercoagulabilidade e trom bose na m icrovasculatura cutânea, com áreas resultantes de necrose. Reações sem elhantes foram associadas à heparina. A necrose induzida pela heparina pode apresentar aspectos clinicam ente sem elhantes, m as provavelm ente é causada pela agrega ção de plaquetas induzida pela heparina com a subsequente oclusão dos vasos sanguíneos; pode afetar áreas adjacentes ao local da injeção ou locais mais distantes se infundido. A necrose cutânea induzida pela varfarina é tratad a com v ita m ina K, heparina e cuidado intensivo de feridas. O tratam ento com concentrados de proteína C tam bém pode ser útil.
Distúrbios capilares induzidos por fármacos Perda de cabelos induzida por fármacos
As m edicações podem afetar os folículos pilosos em duas fases diferentes de seu ciclo de cresci m ento: anágeno (crescim ento) e telógeno (repouso). O eflúvio anágeno ocorre em um período de dias após a adm inistração do fármaco, especialm ente com antim etabólitos ou outros fárm acos quim ioterápicos. Em contrapartida, no eflúvio telógeno, o atraso é de 2 a 4 meses após o início de um a nova m edicação, ou após parto, doença aguda ou estresse grave. Em casos relacionados com fárm acos, am bos ocor rem com o um a alopecia difusa não cicatricial, na m aioria dos casos frequentem ente reversível após a interrupção do agente responsável. A prevalência e intensidade da alopecia dependem do fárm aco assim com o da predisposição individual. Relatou-se que um n ú m e ro considerável de fárm acos induz à p erd a de cabelos, tais com o os agentes antineoplásicos (agentes alcilantes, bleom icina, alcalóides da vinca, com postos de platina), anticonvulsivantes (carbam azepina, valproato), fárm acos anti-hipertensivos (betabloqueadores), antide pressivos, fárm acos antitireoideos, interferons (IFN), contraceptivos orais e agentes hipolipêm icos.
Hirsutismo O hirsutism o é um crescim ento excessivo de pelos ter m inais com padrão de crescim ento piloso m asculino em um a m u lher, m ais frequentem ente na face e tronco. Resulta de estim ulação androgênica dos folículos pilosos sensíveis ao h orm ônio. Os esteroides anabólicos, contraceptivos orais do tipo proges terona não esteroide, testosterona e c orticotropina p odem induzir hirsutism o. Hipertricose
Difere do h irsutism o p o r estar localizada prin cip al m ente na testa e regiões tem porais da face. Em geral é reversível. Os fárm acos responsáveis pela hip ertrico se consistem em a n ti-in fla m atórios, glicocorticoides, vasodilatadores (diazoxida, m inoxidil),
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Pode ocorrer com as tetraciclinas, fluoroquinolonas, fenotiazinas e psoralenos, assim com o nas pessoas que tom am AINES, captopril, retinoides, valproato de sódio e m uitos agentes quim ioterápicos, com o as antraciclinas ou taxanos, tais com o o paclitaxel e docetaxel. O risco de onicólise em pacientes que recebem fármacos citotóxicos pode ser aum entado pela exposição à luz solar.
Onicomadese
É causada p o r parada tem porária da atividade mitótica da m atriz ungueal. E ntre os fárm acos com uns relatados como indutores de onicom adese, estão a carbam azepina, o lítio, retinoides e agentes quim ioterapêuticos, com o a ciclofosfam ida e vincristina.
Paroníquia A paroníquia e granulom a piogênico m últiplo com abs cessos periungueais progressivos e dolorosos dos dedos das mãos e dos pés são um efeito colateral dos retinoides sistêmicos, lam ivudina, indinavir e anticorpos m onoclonais antiEGFR (cetuximabe, gefitinibe). Mudança de cor das unhas A lguns fárm acos, com o as antraciclinas, taxanos, fluoruracila e zidovudina, podem induzir à hiperpigm enta ção do leito ungueal p or m eio da estim ulação do m elanócito. Parece ser reversível e dependente da dose.
Prurido C onstitui um sintom a com um da m aioria das erupções m edicam en tosas, m as tam bém pode ocorrer sem lesões cutâneas com o a única m anifestação de intolerância ao fárm aco. Pode o correr p rurido in tenso em até 50% dos pacientes africanos tratados com antim aláricos e leva à adesão insatisfatória ao tratam ento. E m uito m ais raro nos caucasianos.
■ REAÇÕES CUTÂNEAS IMUNES: BENIGNAS Erupções maculopapulosas As erupções m orbiliform es ou m aculopapulosas (Fig. 55.2) são as m ais com uns entre todas as reações induzidas p o r fárm acos. Fre q uentem ente com eçam no tro n c o ou em áreas in tertrig in o sas e consistem em m áculas e pápulas eritem atosas frequentem ente sim é tricas e que podem tornar-se confluentes. O envolvim ento das m em branas m ucosas é incom um com exceção da descam ação dos lábios; a erupção pode estar associada a p ru rid o m od erad o a intenso e fe bre. O diagnóstico raram ente é auxiliado p o r exam es laboratoriais. A biópsia cutânea é inútil porque m ostra pele n orm al ou alterações m uito brandas e não específicas. Um exantem a viral é a principal consideração diagnóstica diferencial, especialm ente em crianças, e doença do enxerto versus hospedeiro no am biente clínico adequado. A ausência de enantem as, de sintom as nas orelhas, nariz, garganta, bem com o no trato respiratório superior, e o polim orfism o das le sões cutâneas sustentam o diagnóstico de erupção m edicam entosa em detrim ento da viral. As reações m aculopapulosas em geral desenvolvem -se em um período de 1 sem ana do início da terapia e d uram m enos de 2 sem a nas. Ocasionalm ente, estas erupções dim inuem com o uso contínuo do fárm aco responsável. C om o a erupção tam bém po d e piorar, o
A h iperpigm entação frequentem ente ocorre após a resolução da inflam ação aguda. C om readm inistração, a lesão recorre no m es m o local (isto é, fixa). As lesões frequentem ente envolvem os lábios, m ãos, pernas, face, genitália e m ucosa oral, causando um a sensação de queim ação. A m aioria dos pacientes apresenta m últiplas lesões. As erupções m edicam entosas fixas foram associadas à pseudoefedrina (frequentem ente um a reação não pigm entada), fenolftaleína (em laxantes), sulfonam idas, tetraciclinas, AINES e barbitúricos. O teste de contato foi usado na E uropa para ajudar a estabelecer a etiologia.
■ REAÇÕES CUTÂNEAS IMUNES: GRAVES Vasculite
Figura 55.2 Erupção medicamentosa morbiliforme.
Urticária/angioedema A urticária é o segundo tipo m ais freqüente de farm acoderm ia. E n tretanto, a alergia medicamentosa explica não m ais que 10 a 20% dos casos de urticária aguda. É um a reação cutânea caracterizada p or pápulas verm elhas, pruriginosas, de tam an h o s variados. As lesões isoladas raram ente d uram m ais de 24 horas. Edem a pro fu n d o nos tecidos dérm icos e subcutâneos, é conhecido com o angioedema, o qual pode envolver as m em branas m ucosas respiratórias e g a strin testinais. A urticária e o angioedem a p odem ser parte de um a reação anafilática potencialm ente fatal. A urticária induzida p o r fárm acos pode ser causada p or três m e canismos: por um m ecanism o IgE-dependente, p o r im unocom plexos circulantes (doença do soro) e pela ativação não im unológica das vias efetoras. As reações urticarianas dependentes de IgE em geral ocor rem dentro de 36 horas de exposição ao fárm aco, m as podem ocorrer dentro de m inutos. A urticária induzida p or im unocom plexos asso ciada à doença do soro em geral ocorre 6 a 12 dias após a prim eira exposição. Nesta síndrom e, a erupção urticariana pode ser acom pa nhada de febre, hem atúria, artralgias, disfunção hepática e sintom as neurológicos. D eterm inados fárm acos, com o os AINES, inibidores da ECA, antagonistas da angiotensina II, e corantes radiográficos p odem in duzir às reações urticariform es, angioedem a e anafilaxia na ausência de anticorpo fárm aco-específico p or m eio de degranulação direta de m astócitos. Em bora os inibidores da ECA, ácido acetilsalicílico, penicilina e hem ocom ponentes sejam as causas m ais freqüentes de erupções u r ticarianas, a urticária foi observada em associação com quase todos os fárm acos, os quais tam bém po d em causar urticária crônica que dura m ais de 6 meses. O ácido acetilsalicílico frequentem ente exa cerba este problem a. O tratam ento da urticária ou do angioedem a depende da gra vidade da reação e velocidade na qual está se desenvolvendo. Nos casos graves, com com prom etim ento respiratório ou cardiovascular, a epinefrina é a base da terapia, m as seu efeito é reduzido em pacien tes que usam betabloqueadores. O tratam ento com glicocorticoides sistêmicos, algum as vezes adm inistrados p o r via intravenosa, é útil. Além da suspensão do fárm aco, nos pacientes com apenas sintom as cutâneos e sem sintom as de angioedem a ou de anafilaxia, os anti-histam ínicos orais em geral são suficientes.
Eritema pigmentado fixo Estas reações são caracterizadas p o r um a ou m ais lesões eritem ato sas, nitidam ente dem arcadas, algum as vezes levando à form ação de bolhas.
Erupções pustulosas
Farmacodermias
fárm aco suspeito deve ser descontinuado, a m enos que seja essen cial. A nti-histam ínicos orais, em olientes e banhos relaxantes podem ajudar a aliviar o prurido. Cursos curtos de glicocorticoides tópicos potentes podem reduzir a inflam ação e os sintom as. O tratam ento com glicocorticoides sistêmicos raram ente é indicado.
A vasculite cutânea de p equenos vasos frequentem ente apresenta-se com o lesões purp ú ricas palpáveis que po d em ser generalizadas ou lim itadas às pern as ou a ou tras áreas d ependentes (Cap. 326). T am bém ocorrem lesões urticariform es, úlceras e bolhas h e m o rrá gicas. Pode envolver outros órgãos, com o o fígado, rins, cérebro e articulações. Os fárm acos constituem u m a causa de 10-15% de to dos os casos de vasculite. As infecções, neoplasias m alignas e doença vascular do colágeno são responsáveis pela m aioria dos casos não relacionados com fárm acos. A propiltiouracila induz a um a vasculite cutânea acom panhada de leucopenia e esplenom egalia. As alterações observadas através da im unofluorescência direta, nestas lesões, sugerem depósito de im u nocom plexos. Os fárm acos envolvidos na vasculite incluem alopuri nol, tiazídicos, sulfonam idas, outros agentes antim icrobianos e vários AINES. A presença de eosinófilos no infiltrado perivascular da bióp sia cutânea sugere etiologia m edicam entosa.
A PEGA é um padrão de reação raro, que frequentem ente é asso ciado à exposição a fárm acos. Em geral, com início na face ou nas áreas intertriginosas, pequenas pústulas não foliculares sobrejacentes à pele eritem atosa e edem atosa p odem coalescer e levar à ulceração superficial. A diferenciação entre esta erupção e a NET em seus es tágios iniciais pode ser difícil. U m a biópsia cutânea é im portante e m ostra pústulas esparsas na parte superior da epiderm e, e não necro se em toda a espessura da pele, que caracteriza a NET. H á febre com contagens elevadas dos neutrófilos e frequentem ente existe a suspeita de sepse. A psoríase pustulosa aguda é a principal consideração diag nóstica diferencial. A PEGA frequentem ente com eça em um período de poucos dias do início do tratam en to m edicam entoso, m ais notadam ente antibióticos. Para outros fárm acos associados (p.ex., diltiazem, cloroquina, hidroxicloroquina ou terbinafina), a PEGA começa m ais tarde: 7 a 14 dias após o início do tratam ento.
Síndrome de hipersensibilidade Inicialm ente descrita com fenitoína, a sín d ro m e de h ipersensibi lidade - reação m ultiorgânica in d u zid a p o r fárm acos - tam bém é conhecida com o RMESS (sín d ro m e de h ip ersensibilidade/reação m edicam entosa com eosinofilia e sintom as sistêm icos) e síndrome de hipersensibilidade induzida p o r fárm aco (SHIF). A presenta-se com o erupção eritem atosa d issem inada que po d e tornar-se pu rp ú rica ou liquenoide e é acom panhada de m uitas m anifestações: febre, edem as facial e periorbital, linfadenopatia generalizada e dolorosa, leucoci tose (frequentem ente com linfócitos atípicos e eosinófilos), hepatite e, algum as vezes, nefrite ou pneum onite. A reação cutânea em geral com eça 2 a 8 sem anas após o fárm aco ser iniciado e dura mais que as erupções brandas após a suspensão dele. Os sinais e sintom as podem persistir d urante várias sem anas, especialm ente aqueles associados à hepatite. A erupção recorre com a readm inistração, e as reações cruzadas entre os anticonvulsivantes arom áticos, com o a fenitoína, carbam azepina e barbitúricos, são freqüentes. O utros fárm acos que causam esta síndrom e incluem Iam otrigina, m inociclina, dapsona, alopurinol e sulfonam idas, assim com o o abacavir e zalcitabina nos pacientes infectados pelo HIV. A hipersensibilidade a m etabólitos de fárm acos reativos, hidroxilam ina p ara sulfam etoxazol e areno-óxido para anticonvulsivantes arom áticos, p o d em estar envolvidos na p a togenia da RMESS. A reativação dos herpesvírus, especialm ente do
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h erpesvírus 6, foi relatada com o freqüente nesta síndrom e. O p a pel da infecção viral ainda não está esclarecido; ela pode contribuir para as m anifestações de longa duração, com o a hepatite ou encefa lite. R elataram -se taxas de m ortalidade de até 10%; a m ortalidade é m ais alta em associação com hepatite. Os glicocorticoides sistêm i cos (prednisona, 1,5 a 2 m g/kg p or dia) devem ser iniciados com redução lenta durante 8-12 sem anas. Os glicocorticoides tópicos de alta potência tam bém p o d em ser úteis. Em todos os casos, a rápida suspensão do fárm aco suspeito é necessária. Os pacientes devem ser rigorosam ente m onitorados para desaparecim ento da disfunção o r gânica e para o desenvolvim ento de tireoidite autoim une de início tardio (até 6 m eses).
Síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
SSJ e N E T são caracterizadas p or bolhas e descolam ento epidérm ico resultante de necrose epidérm ica na ausência de inflam ação dérm ica substancial. O term o síndrome de Stevens-Johnson é hoje utilizado para descrever os casos com bolhas que se desenvolvem em lesões em alvo, m áculas escuras ou purpúricas nas quais o envolvim ento da m ucosa é significativo e a form ação de bolhas na área de superfície corporal total e o subsequente descolam ento são inferiores a 10%. O term o sobreposição de síndrom e de Stevens-Johnson/necrólise epidér mica tóxica é usado para descrever os casos com 10 a 30% de desco lam ento, e o term o NET para descrever os casos com m ais de 30% de descolam ento. O eritem a polim orfo m aior é hoje considerado pela m aioria com o diferente da SSJ. O eritem a m ultiform e (EM) é carac terizado p or envolvim ento da m ucosa e verdadeiras lesões “em alvo” ou lesões em alvo elevadas atípicas frequentem ente m ais acralm ente distribuídas e com extensão lim itada de descolam ento epidérm ico. O EM é m ais frequentem ente desencadeado p o r infecções, p articular m ente pelo herpesvírus simples ou mycoplasma pneumoniae. Os pacientes com a SSJ, SSJ/NET ou NET inicialm ente apresen tam -se com sintom as agudos, lesões cutâneas dolorosas, febre de m ais de 39°C, dor de garganta e conjuntivite resultante de lesões na m em brana m ucosa e oculares. Os acom etim entos intestinal e p u l m o n ar estão associados a prognóstico som brio assim com o o des colam ento epidérm ico em m aior extensão e a idade avançada. Cerca de 10% e 30% das pessoas acom etidas pela SSJ e NET m o rrem da doença, respectivam ente. Os fárm acos que m ais com um ente causam a SSJ ou NET são as sulfonam idas, nevirapina, alopurinol, lam otrigina, anticonvulsivantes arom áticos e os AINES da classe oxicam. Atualm ente, a SSJ e NET não têm tratam ento de eficácia com prova da. Os m elhores resultados advêm do diagnóstico precoce, desconti nuação im ediata de qualquer fárm aco suspeito, terapia de suporte e dando-se m aior atenção às complicações oculares e infecção. A bióp sia cutânea de corte congelado po d e ajudar no diagnóstico rápido. A terapia com glicocorticoides sistêm icos (prednisona 1 a 2 m g/kg) pode ser útil no início da evolução da doença, m as o uso de glico corticoides sistêm icos p o r longo prazo tem sido associado a m aior m ortalidade. Após o entusiasm o inicial pelo uso de im unoglobulina intravenosa (IGIV) no tratam ento de SJS/NET, alguns dados recentes sugerem que é improvável que a IGIV beneficie esses pacientes. Fal tam m ais estudos random izados para um a avaliação m ais definitiva do benefício potencial dos glicocorticoides sistêm icos e IGIV, e eles são de difícil realização, m as são necessários.
FÁRMACOS DE INTERESSE ESPECIAL
■ PENICILINA A incidência de reações cutâneas decorrentes da penicilina é de cer ca de 1%. A proxim adam ente 85% das reações cutâneas são m orbiliform es, e p or volta de 10% são u rticária ou angioedem a. A anafilaxia e doença do soro parecem ser causadas p o r anticorpos anti-IgE no soro. As reações tardias, principalm ente as erupções m aculopapulo sas, são m uito m ais com uns com as am inopenicilinas, envolvendo 4 a 7% dos usuários. A questão de reatividade cruzada entre os antibió ticos betalactâm icos e a prevenção do risco de anafilaxia é discutida adiante (Tratam ento de um paciente com erupção m edicam entosa). A proxim adam ente 10% dos pacientes com alergias a penicilina tam bém irão desenvolver reações alérgicas a antibióticos da classe das cefalosporinas.
■ FÁRMACOS ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDES A m aioria dos AINES, incluindo o ácido acetilsalicílico, causa sin tom as im ediatos sem elhantes à alergia nos indivíduos suscetíveis. A proxim adam ente 1% das pessoas tem u rticária ou angioedem a, e raram ente (0,5%) os indivíduos apresentam rinossinusite e asma. A urticária/angioedem a pode dem orar até 24 horas para se m a nifestar e ocorre em qualquer idade. A síndrom e da rinossinusite-asm a geralm ente desenvolve-se em um p eríodo de 1 hora após a adm inistração do fármaco. Recorrências são freqüentes, p odendo ser com plicadas p or infecções nasal e sinusal, polipose, secreção sangui nolenta e eosinofilia nasal. Em m uitos indivíduos com esta síndrom e, a asm a potencialm ente fatal p ode o c o rre r sem pre que AINES são subsequentem ente ingeridos. As provas da associação entre os sin tom as e o uso de AINES requerem história bem definida de sintomas após a ingestão do fárm aco ou um teste de provocação oral. O p ro cedim ento tem de ser conduzido apenas em am biente hospitalar por equipe experiente. A reatividade cruzada entre os AINES que inibem a ciclooxigenase (COX) 1 é com um , enquanto a reatividade aos inibi dores de COX-2 m ostra-se m enos freqüente. A reação é farm acoló gica, não sendo possível identificar os pacientes sensíveis aos AINES por m eio de avaliação do anticorpo anti-IgE p ara o ácido acetilsalicí lico, sensibilização linfocítica ou teste im unológico in vitro. O utras reações tam bém po d em o c o rre r com AINES, com o a fototoxicidade com m uitos agentes, um p adrão de pseudoporfiria frequentem ente relacionado com o naproxeno, hipersensibilidade/ RMESS (derivados do oxicam e inibidores da COX-2) e SSJ ou NET (fenilbutazona, derivados do oxicam).
■ ALOPURINOL
■ MEIO DE RADI0C0NTRASTE
Juntam ente com as sulfonam idas e antiepilépticos, o alopurinol é um a causa freqüente de erupções m aculopapulosas brandas (em pelo m enos 3% dos usuários) e podem causar reações m ais graves, com o hipersensibilidade/RM ESS e SSJ/NET; os pacientes com HLA B*5801 são altam ente suscetíveis a essas reações graves.
M uitos pacientes são expostos a agentes de radiocontraste, o que pode ser u m a causa de reações m edicam entosas adversas. Os meios de rad io co n traste de alta o sm olalidade apresentavam um a proba bilidade cerca de cinco vezes m aio r de in d u z ir à urticária ( 1%) ou anafilaxia do que os m eios m ais recentes com baixa osm olalidade. As reações graves são raras com u m ou o u tro tipo de m eio de con traste. C erca de 33% daqueles com reações b ran d as a exposição anterior reagem novam ente na reexposição. O pré-tratam ento com pred n iso n a e d ifenilidram ina reduz as taxas de reação. As pessoas com reação a m eio de contraste de alta osm olalidade deverão rece
■ MEDICAÇÕES ANTI-HIV Em experim entos clínicos, a com binação de tratam entos antirretrovirais altam ente ativos foi frequentem ente associada a 10% ou mais de erupções medicamentosas. Dois fárm acos, nevirapina e abacavir, foram associados a riscos específicos.
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A nevirapina apresenta risco alto de erupções m aculopapulosas e risco m uito alto (cerca de 1 em 1.000) de SSJ ou NET. D em onstrou-se que o aum ento progressivo das doses diárias reduz o risco de erupção branda, m as não exclui o risco de reações graves. O abacavir está associado a 4 a 8% de risco de reação de h ip er sensibilidade, m arcante devido à associação de sintom as que sugerem reação de hipersensibilidade do tipo I (dispnéia, diarréia, pressão ar terial baixa, choque na readm inistração do fárm aco), bem com o si nais de hipersensibilidade tardia (exantem a, início tardio, hepatite). O risco é m ais baixo nos pacientes de origem africana e fortem ente correlacionado com HLA B*5701. As evidências apoiam o teste cutâ neo de contato para hipersensibilidade ao abacavir e outros m étodos de avaliação m olecular estão sendo desenvolvidos para identificar indivíduos suscetíveis.
ber m eios de baixa osm olalidade se estudos com contraste p o ste rio res forem necessários. U m a nova associação en tre d e te rm in a d o s tipos de co n traste com gadolíneo e fibrose sistêm ica nefrogênica, foi relatada u m a con dição de pele esclerosante com envolvim ento raro de órgãos in te r nos; o com prom etim ento renal avançado pode ser um fator de risco im portante.
■ ANTICONVULSIVANTES
■ GLICOCORTICOIDES Tanto os glicocorticoides sistêm icos com o os tópicos causam um a variedade de alterações cutâneas, incluindo erupções acneiform es, atrofia, estrias bem com o o u tras características da síndrom e de Cushing. E, em doses suficientem ente altas, os glicocorticoides p o dem retardar a cicatrização de úlceras. O s pacientes que usam gli cocorticoides apresentam risco m aior de infecções bacterianas, por leveduras e fungos, que p o d e m ser in terp retad as equivocadam ente com o erupções m edicam entosas, m as, em vez disso, são efeitos co laterais de fárm acos. A alergia aos glicocorticoides tam bém pode ocorrer com o derm atite de contato a form ulações tópicas ou com o reações sistêmicas, com o a anafilaxia.
■ TERAPIAS BIOLÓGICAS ■ SULFONAMIDAS
Causa duas reações cutâneas incom uns, m as reconhecíveis: d e rm a tose bolhosa da IgA linear (erupção bolhosa transitória) e síndrome do hom em vermelho, a qual ocorre du ran te a infusão IV rápida de vancom icina. Acredita-se que isso seja um a reação anafilactoide rela cionada com a histam ina, caracterizada p or rubor, erupção m aculo papulosa difusa, hipotensão e, em casos raros, parada cardíaca.
Consistem nas citocinas, antagonistas da citocina e anticorpos m onoclonais. As reações no local da injeção constituem o evento adverso mais freqüente. A intensidade varia de verm elhidão branda até inflam a ção profunda e necrose. N a m aioria dos casos, o tratam ento pode ser continuado, e a intensidade das reações d im inui com o tem po. Assim com o se dá com todas as p roteínas estranhas, os anticor pos m onoclonais p o d em in d u z ir à urticária, angioedem a, reações anafiláticas e doença do soro. A pro d u ção de an tico rp o s inativadores do fárm aco p ode ocorrer, classicam ente com inflixim abe, e po d e ser evitada com a d m in istraç ão c o n co m ita n te de baixa dose de m etotrexato. A alopecia é um a com plicação com um da IF N -a. U m a dermatite pruriginosa altam ente específica é freqüente em pacientes que rece bem IFN e ribavirina p ara a hepatite C. A indução ou exacerbação de vários distúrbios im unom ediados, especialm ente lúpus eritem atoso, foram relatadas com interleucina 2, IF N -a, antifator de necrose tum oral a. O fator de estim ulação das colônias dos granulócitos p ode in d u zir a várias derm atoses neutrofílicas, com o a síndrom e de Sweet e o pioderm a gangrenoso, p odendo exacerbar a psoríase.
■ AGENTES USADOS NA QUIMIOTERAPIA DO CÂNCER
■ AGENTES ANTIMALÁRICOS
C om o m uitos agentes usados na quim ioterapia co n tra o câncer in i bem a divisão celular, os elem entos rapidam ente proliferativos da pele, com o os cabelos, m em branas m ucosas e apêndices, são se n síveis a seus efeitos. C om o resultado, a estom atite e alopecia estão entre os efeitos colaterais dependentes da dose m ais freqüentes da quim ioterapia. Várias anorm alidades ungueais foram descritas: o n i cólise, distrofia, linhas de Beau, linhas brancas e pigm entação. C elu lite estéril bem com o flebite e ulceração das áreas de pressão ocorrem com m uitos desses agentes. Tam bém foi relatado eritem a acral, que começa com disestesia acom panhada de verm elhidão e um a erupção palm oplantar edem atosa e dolorosa e é causado p o r citarabina, doxorrubicina, m etotrexato, hidroxiureia e 5-fluoruracila. A piridoxina alivia os sintom as de eritem a acral. U rticária, angioedem a e d e rm a tite esfoliativa tam bém foram observados, assim com o hiperpigm en tação local e difusa. A hipersensibilidade à carboplatina ou cisplatina n ão é rara (com um a incidência de 10 a 20%) entre os pacientes que recebem tra ta m entos m últiplos com estes fárm acos. É provavelm ente m ediada pela IgE. Reações m oderadas a graves, que incluem insuficiência respi ratória e hipotensão, tam bém são observadas em 10 a 20% dos p a cientes que recebem paclitaxel, independente da pré-m edicação com glicocorticoides e antagonistas da histam ina H ( l) e H(2).
Os agentes antim aláricos são usados com o terapia para várias do en ças cutâneas, incluindo as m anifestações cutâneas do lúpus e a eru p ção polim orfa à luz, m as tam bém p odem induzir a reações cutâneas. A m ais freqüente é o p ru rid o , que ocorre em até 50% dos pacientes africanos que recebem c loroquina e po d e ser intenso o suficiente para levar à descontinuação do tratam ento. D istúrbios da pigm entação, com o a pigm entação negra da face, m em branas m ucosas e regiões pré-tibiais e subungueais, ocorrem com os antim aláricos. A q u inacrina (m epacrina) causa descoloração cutânea generalizada am arelada. Reações m enos freqüentes incluem erupções pustulosas (PEGA) e hipersensibilidade/RM ESS.
As sulfonam idas antibacterianas causam erupções cutâneas a um a taxa alta e encontram -se entre os fárm acos frequentem ente im plica dos na SSJ e NET. A com binação de sulfam etoxazol e trim etoprim a costum a induzir a reações cutâneas adversas em pacientes com Aids (Cap. 182). A dessensibilização frequentem ente é bem -sucedida nos pacientes de Aids com erupções m orbiliform es, m as não recom enda da aos pacientes de Aids que m anifestaram eritro d erm ia ou reação bolhosa em resposta à exposição anterior à sulfonam ida. As taxas de reação são m ais baixas com as sulfonam idas não antibacterianas, incluindo os diuréticos ou agentes antidiabéticos. A reatividade cruzada entre as sulfonam idas não antibacterianas e antibacterianas é, na m elhor das hipóteses, infrequente.
■ VANCOMICINA
Farmacodermias
O fenobarbital, fenitoína, carbam azepina e a lam otrigina estão asso ciados a m uitos tipos de reações graves em adultos e a um a alta inci dência de reações m enos graves em crianças. Estes fárm acos apresen tam riscos m ais altos de SSJ, NET e síndrom e de hipersensibilidade nos pacientes im unologicam ente norm ais. Existem associações fortes de HLA com toxicidade induzida por anticonvulsivantes em chineses H an (ver anteriorm ente). Os anticonvulsivantes arom áticos podem induzir a um a síndrom e de pseudolinfom a e à hiperplasia gengival. A taxa geral de lam otrigina associada a erupção cutânea é m ais baixa em pacientes cujas doses são aum entadas lentam ente, m as não está totalm ente esclarecido se o risco de reações m ais graves é re duzido p or aum ento lento da dose. Os pacientes que tam bém usam valproato, que aum enta os níveis e a m eia vida da lam otrigina, têm u m risco m ais alto de reações cutâneas.
O cetuxim abe e outros antagonistas do receptor de EGF induzem erupções foliculares e toxicidade ungueal após um intervalo m édio de 10 dias na m aioria dos pacientes. Xerose, erupções eczem atosas e p ru rid o tam bém ocorrem com frequência com antagonistas do receptor de EGF. A gravidade da erupção está correlacionada com um m elhor efeito anticâncer. A ntibióticos sistêm icos, tratam entos tópicos antiacne e cuidado de suporte são uteis. O sorafenibe, um inibidor da tirosinoquinase, pode resultar em erupções foliculares e erupções palm oplantares bolhosas com disestesia.
TRATAMENTO DE PACIENTE COM ERUPÇÃO CUTÂNEA Há quatro perguntas a serem respondidas com relação a um a eru p ção: 1. É um a reação m edicam entosa? 2. É um a erupção grave ou o início de um a form a que pode tor nar-se grave? 3. Q ue fárm aco(s) é (são) su sp eito (s) e qual(is) fárm aco(s) deve(m ) ser suspenso(s)? 4. O que é recom endado para o uso futuro dos fármacos?
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■ DIAGNÓSTICO PRECOCE DE ERUPÇÕES GRAVES O reconhecim ento rápido das reações m edicam entosas adversas que podem tornar-se graves ou am eaçadoras da vida é essencial. O Q u a d ro 55.1 lista as m anifestações clínicas e laboratoriais que, se presen tes, sugerem que a reação pode ser m ais grave. O Q u ad ro 55.2 for nece as m anifestações im portantes da m aioria das reações cutâneas adversas m ais graves. A intensidade dos sintom as e a rápida progres são dos sinais devem levantar a suspeita de erupção grave. Q ualquer dúvida deve levar a um a consulta im ediata com um derm atologista e/ ou o encam inham ento do paciente a um centro especializado.
■ CONFIRMAÇÃO DA REAÇÃO MEDICAMENTOSA
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
A probabilidade de etiologia m edicam entosa varia de acordo com o padrão de reação. Apenas o eritem a pigm entado fixo é sem pre in d u zido p or fárm acos. As erupções m orbiliform es em geral são virais em crianças e induzidas p or fárm acos em adultos. Entre as reações graves, os fárm acos são responsáveis p or 10 a 20% para a anafila xia e vasculite e entre 70 a 90% para a PEGA, RMESS, SSJ ou NET. A biópsia cutânea ajuda a caracterizar a reação, m as não indica o agente etiológico m edicam entoso. H em ogram as e testes das funções renal e hepática são im portantes para a avaliação do envolvim ento orgânico. A associação de elevação discreta das enzim as hepáticas e contagem eosinofílica alta é freqüente, m as não específica para um a reação m edicam entosa. Os exames sanguíneos que podem identificar um a causa alternativa, exames de anticorpo anti-histona e sorologia, ou reação em cadeia da polim erase para infecções podem ter grande im portância para a avaliação final da etiologia.
■ QUE FÁRMACO(S) É(SÃO) SUSPEITO(S) E DEVE(M) SER SUSPENSO(S) A m aioria dos casos de erupções m edicam entosas ocorre durante o prim eiro curso do tratam ento com um novo m edicam ento. Um a ex ceção notável é a urticária e anafilaxia m ediadas pela IgE que preci sam de pré-sensibilização e desenvolvem-se de m inutos a horas após a readm inistração. O m om ento de início da reação m edicam entosa é de 4 a 14 dias para as erupções m orbiliform es, 5 a 28 dias para SSJ/ N ET e de 14 a 48 dias para RMESS. Os m edicam entos introduzidos pela prim eira vez em estrutura de tem po relevante são os prim eiros suspeitos. Dois outros elem entos im portantes para serem suspeitos
QUADRO 55.1 Achados clínicos e laboratoriais associados a achados clínicos cutâneos mais graves induzidos por fármacos Cutâneos Eritema generalizado Edema facial ou envolvimento facial central Dor na pele Púrpura palpável Lesões em alvo Necrose cutânea Bolhas ou descolamento epidérmico Sinal de Nikolsky positivo Erosões na membrana mucosa Urticária Edema da língua Gerais Febre alta (temperatura superior a 40°C) Aumento dos linfonodos Artralgias ou artrite Falta de ar, respiração ruidosa e hipotensão Resultados laboratoriais Contagem dos eosinófilos > 1.000/p.L Linfocitose com linfócitos atípicos Provas de função hepática ou renal anormais Fonte: Adaptado de Roujeau e Stern.
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da causa nesse estágio são ( 1) a experiência anterior com o fárm aco na população e (2) os candidatos etiológicos alternativos. A decisão de continuar ou descontinuar qualquer m edicam ento dependerá da gravidade da reação, da gravidade da doença prim ária, do grau de suspeição da causalidade e da viabilidade de um tra ta m ento alternativo mais seguro. Em reações m edicam entosas graves, deve-se tentar elim inar todos os possíveis fárm acos ou m edicam en tos desnecessários. Algum as erupções podem desaparecer quando se “trata sem interrupção” um a erupção benigna relacionada com uso de fárm aco, com o observado em pacientes com Aids tratados para infecções oportunistas com sulfonam idas antibacterianas. Contudo, a decisão de tratar sem interrupção um a erupção deve continuar sen do a exceção, e a suspensão de qualquer fárm aco suspeito deve ser a regra geral. Por outro lado, os fárm acos não suspeitos e im portantes para o paciente (p. ex., agentes anti-hipertensivos) geralm ente não devem ser suspensos rapidam ente. Esta abordagem evita a relutância à futura utilização destes agentes.
■ RECOMENDAÇÕES PARA 0 USO FUTURO DOS FÁRMACOS Os objetivos são (1) evitar a recorrência da erupção m edicam entosa e (2) não com prom eter futuros tratam entos ao contraindicar m edica m entos de outra form a úteis. C onvém com eçar com um a avaliação com pleta do papel etioló gico do fárm aco. A causalidade do fárm aco deve ser avaliada com base no tem po para a reação, avaliação de outras causas possíveis, efeito da suspensão ou continuação do fárm aco e conhecim ento dos m edicam entos associados à reação observada. A com binação destes critérios leva a considerar a etiologia m edicam entosa com o definiti va, provável, possível ou improvável. Um fárm aco de etiologia improvável ou que foi continuado quando a reação m elhorou, ou que foi reintroduzido sem um a reação pode ser adm inistrado de m aneira segura. Um fárm aco cuja etiologia foi definida ou foi considerada prová vel deve ser contraindicado, devendo-se dar u m cartão ou etiqueta de advertência (p.ex., pulseira) para o paciente. Um fárm aco com um a causalidade possível pode ser subm etido a investigações adicionais conform e a necessidade esperada para fu turo tratam ento. A utilidade dos testes farm acológicos ainda é debatida. M uitos ensaios im unológicos in vitro foram desenvolvidos, m as o valor pre ditivo de tais testes não foi validado em qualquer série num erosa de pacientes acom etidos; esses exam es existem prim ariam ente para pes quisas e não com o propostas clínicas. Nos pacientes com história sugestiva de reações im ediatas m e diadas pela IgE à penicilina, o teste c utâneo com determ inantes m aiores e m enores da penicilina ou cefalosporinas provoü ser útil para identificar os pacientes em risco de reações anafiláticas a es tes agentes. E ntretanto, os testes cutâneos em si carregam um risco pequeno de anafilaxia. Os testes cutâneos negativos não descartam totalm ente a reatividade m ediada pela IgE, m as o risco de anafilaxia em resposta à adm inistração de penicilina em pacientes com teste cutâneo negativo é de cerca de 1%, enquanto aproxim adam ente 66% dos pacientes com um teste cutâneo positivo sofrem um a resposta alérgica na readm inistração. Nos pacientes com reações m edicam entosas tardias, a utilidade clínica dos testes cutâneos é m ais questionável. Pelo m enos um a de um a com binação de vários testes (por puntura, contato e intradérm ico) é positiva em 50 a 70% dos pacientes com um a reação definitiva mente atribuída a um único m edicam ento. Esta baixa sensibilidade provavelm ente contribui para o fato de que a readm inistração de fárm acos cujos resultados de testes foram negativos resultou em até 17% de erupções.
■ SENSIBILIDADE CRUZADA Devido à possibilidade de sensibilidade cruzada entre fárm acos quim icam ente relacionados, m uitos m édicos recom endam evitar não
QUADRO 55.2
Manifestações clínicas de reações medicamentosas cutâneas graves Causas alternativas não relacionadas com fármacos
Pequenas bolhas em máculas purpúricas escuras ou alvos atípicos; áreas raras de confluência; descolamento < 10% da área de superfície do corpo
A maioria dos casos envolve febre
10 a 20% causa não determinada
Erosões geralmente em dois ou mais locais
Lesões isoladas como as observadas na síndrome de Stevens-Johnson; eritema confluente; camada externa de epiderme separada imediatamente da camada basal com pressão lateral; lâmina grande de epiderme necrosada; descolamento total de > 30% da área de superfície do corpo
Quase todos os casos envolvem febre, insuficiência cutânea aguda, leucopenia
10 a 20% causa não determinada
Síndrome da hipersensibilidade
Infrequentes
Erupção exantematosa grave (pode tornar-se purpúrica), dermatite esfoliativa, edema facial
30 a 50% dos casos envolvem febre, linfadenopatia, hepatite, nefrite, cardite, eosinofilia, linfócitos atípicos
Linfoma cutâneo
Pustulose exantematosa generalizada aguda
Cerca de 20% de erosões na boca, língua
Inicialmente, pequenas pústulas não foliculares sobrejacentes ao eritema edematoso, algumas vezes levando a erosões superficiais
Febre, ardência, prurido, edema facial, leucocitose, hipocalcemia
Infecção
Doença do soro ou reações semelhantes à doença do soro
Ausentes
Lesões morbiliformes, algumas vezes com urticária
Febre, artralgias
Infecção
Necrose induzida por anticoagulante
Infrequentes
Eritema seguido de púrpura e necrose, especialmente de áreas gordurosas
Dor nas áreas afetadas
Coagulopatia intravascular disseminada, septicemia
Angioedema
Frequentemente envolvidas
Urticária ou edema de parte central da face
Insuficiência respiratória, colapso cardiovascular
Picadas deinsetos, alimentos
Lesões mucosas
Lesões cutâneas típicas
Síndrome de Stevens-Johnson
Erosões geralmente em dois ou mais locais
Necrólise epidérmica tóxica3
Farmacodermias
Sinais e sintomas freqüentes
Diagnóstico
“Sobreposição da síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica com manifestações de ambas e inserção de 10-30% da área de superfície corporal podem ocorrer.
Fonte: Adaptado de Roujeau e Stern.
apenas o m edicam ento que induziu à reação m as tam bém todos os fárm acos da m esm a classe farm acológica. H á dois tipos de sensibilidade cruzada. As reações que d e p en dem de um a interação farm acológica podem recorrer com todos os fárm acos que têm com o alvo a m esm a via, sejam elas estruturalm ente sem elhantes ou não. Este é o caso do angioedem a causado p or AINES e inibidores da ECA. Em tal situação, o risco de recorrência varia de fárm aco para fárm aco em um a determ inada classe; entretanto, em geral recom enda-se evitar todos os fárm acos nesta classe. O reconhe cim ento im unológico de fárm acos estruturalm ente relacionados é o segundo m ecanism o pelo qual ocorre a sensibilidade cruzada. Um exem plo clássico é a hipersensibilidade a antiepilépticos arom áticos (barbitúricos, fenitoína, carbam azepina), com até 50% de reação a um segundo fárm aco em pacientes que reagiram a um . Para outros fárm acos, dados in vitro e in vivo sugeriram que a reatividade c ru zada existiu apenas entre com postos com estruturas quím icas m u i to sem elhantes. Os linfócitos específicos de sulfam etoxazol podem , ocasionalm ente, reconhecer algum as outras sulfonam idas antibac terianas, m as não os diuréticos, fárm acos antidiabéticos ou AINES anti-COX 2 com um grupo sulfonam ida. D ados recentes sugerem que, em bora o risco de erupção m edi cam entosa devido a outro fárm aco seja aum entado em pessoas com reação anterior, a sensibilidade cruzada provavelm ente não foi um a explicação. Com o exemplo, as pessoas com história de reação alérgi ca à penicilina apresentavam m aior risco de desenvolver um a reação às sulfonam idas antibacterianas do que à cefalosporina. Estes dados sugerem que a lista de fárm acos a serem evitados após a reação m edicam entosa deve ser lim itada a um m edicam ento causador e a poucos outros m uito sem elhantes.
Devido às crescentes evidências de que algum as reações cutâneas graves aos fárm acos estão associadas a genes HLA, provavelm ente seja sensato reco m en d ar que os m em bros da fam ília de prim eiro grau dos pacientes com reações cutâneas graves tam bém evitem estes m edicam entos causadores. A dessensibilização po d e ser considerada naqueles com história de reação a um m edicam ento que tem de ser novam ente utilizado. A eficácia de tais procedim entos foi dem onstrada em casos de reação im ediata à penicilina e testes cutâneos positivos, reações anafiláticas à quim ioterapia com platina e reações tardias a sulfonam idas em pacientes com Aids. Vários protocolos estão disponíveis, incluindo as abordagens oral e parenteral. A dessensibilização oral parece ter um risco m ais baixo de reações anafiláticas graves. Entretanto, a des sensibilização carrega o risco de anafilaxia, independente de com o é realizada e deve ser realizada em locais clínicos m onitorados com o um a unidade de terapia intensiva. A pós a dessensibilização, m uitos pacientes experim entam reações não am eaçadoras da vida durante a terapia com o fárm aco causador.
■ REGISTROS Q ualquer reação grave a fárm acos deve ser relatada para um a agência reguladora ou a em presas farm acêuticas (p. ex., nos EUA, MedW atch, http://w w w .fda.gov/Safety/M edW atch/default.htm ). Pelo fato de reações graves serem dem asiadam ente raras para serem detectadas nos experim entos clínicos pré-com ercialização, os relatos espontâ neos são de im portância crucial para a detecção precoce de eventos am eaçadores da vida inesperados. Para ser útil, o registro deve conter detalhes suficientes para p e rm itir a averiguação da gravidade e cau
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salidade do fármaco, o que perm ite o reconhecim ento de casos sem e lhantes que podem ser relatados a p a rtir de várias fontes diferentes. A g r a d e c im e n t o s Nós agradecemos ao Dr. Jean-Claude Rojeaupela contribuição neste capítulo e nas edições anteriores.
BIBLIOGRAFIA A et al: Severe cutaneous adverse reactions. Correlations between clinical patterns and causes of erythema multiforme majus, Ste vens-Johnson syndrome, and toxic epidermal necrolysis: Results of an international prospective study. Arch Dermatol 138:1019,2002 B a c h o t N, R o u j e a u JC: Differential diagnosis of severe cutaneous drug eruptions. Am J Clin Dermatol 4:561,2003 B ig b y M: Rates of cutaneous reactions to drugs. Arch Dermatol 137:765,2001 E l i a s z e w i c z M et al: Prospective evaluation of risk factors of cutaneous drug reactions to sulfonamides in patients with AIDS. J Am Acad Dermatol 47:40, 2002
A u q u ie r -D u n a n t
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 440
CAPÍTULO
56
Fotossensibilidade e Outras Reações à Luz Alexander G. Marneros David R. Bickers RADIAÇÃO SOLAR A luz solar é a fonte m ais visível e óbvia de conforto no ambiente. O sol proporciona os efeitos benéficos do calor e da síntese de vitam ina D; no entanto, a exposição aguda e crônica ao sol tam bém im põe conseqüências patológicas. Foram identificados poucos efeitos da exposição solar além dos que afetam a pele, m as a exposição cutânea à luz solar é a principal causa de câncer de pele h um ano e pode ter efeitos imunossupressores. A energia solar que alcança a superfície da Terra está lim itada aos com ponentes do espectro ultravioleta (UV ), espectro visível, e porções do espectro infraverm elho. O po n to de corte na extrem ida de curta da UV é de aproxim adam ente 290 nm , basicam ente devido ao ozônio estratosférico form ado p o r radiação ionizante altam ente energética, prevenindo, dessa form a, a penetração na superfície da Terra dos com prim entos de onda m enores da radiação solar, mais energéticos e potencialm ente m ais lesivos. D e fato, a preocupação com a destruição da cam ada de ozônio p o r clorofluorcarbonos libe rados na atm osfera levou à assinatura de acordos internacionais a fim de reduzir a produção dessas substâncias químicas. As m edições do fluxo solar indicam que ocorre um a variação regional de 20 vezes na quantidade de energia a 300 nm que alcan ça a superfície da Terra. Essa variabilidade relaciona-se com efeitos sazonais; o trajeto que a luz solar percorre através do ozônio e do ar; a altitude (aum ento de 4% para cada 300 m de elevação), a latitude (crescente intensidade com a dim inuição da latitude) e a quantidade de cobertura de nuvens, fo g e poluição. Os principais com ponentes do espectro de ação fotobiológica ca pazes de afetar a pele hum ana são a UV e os com prim entos de onda visíveis entre 290 e 700 nm . Além disso, os com prim entos de onda além de 700 nm no espectro infraverm elho basicam ente em item ca lor e, em certas circunstâncias, podem exacerbar os efeitos patológi cos da energia nos espectros UV e visível.
LJ et al: Predictors of lamotrigine-associated rash. Epilepsia 47:318, 2006 H u n g SI et al: HLA B*5801 allele as a genetic marker for severe cutaneous reactions caused by allopurinol. Proc Natl Acad Sei USA 102:4134,2005 L a n g e - A s s c h e n f e l d t C et al: Cutaneous adverse reactions to psychotropic drugs: data from a multicenter surveillance program. J Clin Psychiatry 70:1258, 2009 L in D, T u c k e r MJ, R i e d e r MJ: Increased adverse drug reactions to antimicrobials and anticonvulsants in patients with HIV infection. Ann Pharm 40:1594, 2006 M o c k e n h a u p t M et al: Stevens-Johnson syndrome and toxic epidermal ne crolysis: Assessment of medication risks with emphasis on recently marketed drugs. The EuroSCAR-Study. J Invest Dermatol 128:35,2008 P e r a z e l l a MA: Advanced kidney disease, gadolinium and nephrogenic systemic fibrosis: the perfect storm. Curr Opin Nephrol Hypertens Epub: 2009 P h i l l i p s EJ, M a l l a l SA: HLA and drug-induced toxicity. Curr Opin Mol Therap 11:231,2009 R o u j e a u JC, S t e r n RS: Severe adverse cutaneous reactions to drugs. N Engl J Med 331:1272,1994
H ir s c h
O espectro UV que alcança a T erra representa m enos de 10% da energia solar incidente total e divide-se arbitrariam ente em dois segm entos principais: UV-B e UV-A, constituindo os com prim entos de onda entre 290 e 400 nm . A UV-B consiste em com prim entos de onda entre 290 e 320 nm . Essa parte do espectro de ação fotobioló gica é a m ais eficiente na p rodução de verm elhidão ou eritem a na pele hum ana, e p or isso algum as vezes é conhecida com o espectro da queimadura solar. A UV-A inclui os com prim entos de onda entre 320 e 400 n m e é aproxim adam ente 1.000 vezes m enos eficiente na produção de verm elhidão cutânea do que a UV-B. Os com prim entos de o n d a entre 400 e 700 n m são visíveis ao olho hum ano. A energia de fótons no espectro visível não é capaz de lesionar a pele h u m an a se não h o u v er u m a substância quím ica fotossensibilizante. Sem a absorção de energia p o r u m a m olécula, não h á fotossensibilidade. Assim , o espectro de absorção de u m a m olécula é definido com o a am plitude dos co m p rim en to s de onda absorvidos p o r ela, e o espectro de ação p a ra u m efeito de radiação incidente é definido com o a am plitude dos com p rim en to s de onda que suscitam a resposta. O corre fotossensibilidade quando u m a substância quím ica que absorve fóton (crom óforo) presente na pele absorve energia inciden te, torna-se excitada e transfere a energia absorvida para diferentes estruturas ou para o oxigênio.
■ RADIAÇÃO UV (RUV), ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE A pele consiste em dois com partim entos principais: a epiderm e ex terna, que é um epitélio escam oso estratificado, e a derm e subjacente, que é rica em proteínas m atriciais, com o o colágeno e a elastina. Os dois com partim entos são suscetíveis à lesão provocada pela exposi ção ao sol. A epiderm e e a d erm e contêm vários crom óforos capazes de ab sorver energia solar incidente, incluindo ácidos nucleicos, proteínas e lipídios. A cam ada ep id érm ica m ais externa, o estrato córneo, é um absorvedor im p o rtan te de UV-B, e m en o s de 10% dos com pri m entos de on d a UV-B in cid en tes p e n e tra m através da epiderm e, chegando à derm e. A p ro x im ad am en te 3% d a radiação abaixo de 300 nm , 20% da radiação abaixo de 360 n m e 33% da radiação visí vel c u rta alcançam a cam ada de células basais n a pele h u m an a não bronzeada. P or o utro lado, a U V -A p e n e tra facilm ente n a derm e, sendo capaz de alterar as p ro teín as e stru tu ra is e m atriciais, c o n tri buin d o p ara o fotoenvelhecim ento da pele exposta ao sol de form a crônica, p a rticu la rm e n te em pessoas de pele clara. D essa form a, co m prim entos de on d a m ais longos p o d e m p e n e tra r m ais p ro fu n dam ente na pele.
r
Alvos moleculares para os efeitos cutâneos induzidos por RUV
Óptica cutânea e cromóforos Os crom óforos são com ponentes quím icos endógenos ou exógenos que podem absorver energia física. Os crom óforos endógenos são de dois tipos: ( 1) com ponentes norm ais da pele, incluindo ácidos nucleicos, proteínas, lipídios e 7-desidrocolesterol, o p recursor da vi tam ina D, e (2) com ponentes que são sintetizados em outro local no corpo e que circulam na corrente sanguínea e se d ifundem para a pele, com o as porfirinas. N orm alm ente, encontram -se apenas traços de porfirinas na pele, m as, em algum as doenças conhecidas com o porfirias (Cap. 358), quantidades aum entadas são liberadas na cir culação oriundas da m edula óssea e do fígado, sendo transportadas para a pele, onde absorvem energia incidente tanto na faixa de Sorete, de cerca de 400 nm (visível curta), quanto em m enor grau, na p o r ção verm elha do espectro visível (580 a 660 nm ). Em conseqüência, ocorre a geração de ERO que podem m ediar lesão estrutural da pele, m anifestada com o eritem a, edem a, urticária ou form ação de bolhas. E de interesse que as porfirinas fotoexcitadas sejam atualm ente, de m odo terapêutico, usadas no tratam ento de cânceres de pele não m e lanom a e de suas lesões precursoras, ceratoses actínicas. C onhecida com o terapia fotodinâm ica (TFD ), essa m odalidade gera ERO na pele, levando à m orte celular. Fotossensibilizadores tópicos usados na TFD são os precursores porfirínicos do ácido 5-am inolevulínico (ALA) e m etil am inolevulinato (MAL), que são convertidos para porfirinas na pele. Acredita-se que a TFD atinge as células tum orais mais seletivam ente p ara destruição do que atinge as células não neo plásicas adjacentes. A eficácia da TFD requer a sincronia apropriada da aplicação de MAL e ALA para a pele afetada seguida pela expo
sição a fontes artificiais de luz visível. A luz azul de intensidade alta tem sido usada com sucesso para o tratam ento de ceratoses actínicas finas. A luz verm elha tem um com prim ento de onda m aior e penetra m ais profundam ente na pele, sendo m ais benéfica no tratam ento de carcinom as basocelulares superficiais.
Efeitos agudos da exposição ao sol Os efeitos agudos da exposição cutânea à luz solar consistem em queim adura solar e síntese da vitam ina D. Queimadura solar Essa condição cutânea dolorosa é um a resposta inflam atória aguda da pele principalm ente à UV-B. Em term os ge rais, a capacidade de um indivíduo de tolerar a luz solar é inversa m ente proporcional ao grau de pigm entação m elânica desse indiví duo. A m elanina, um polím ero com plexo de derivados da tirosina, é sintetizada em células dendríticas epidérm icas especializadas co nhecidas com o m elanócitos e depositada nos m elanossom os, tra n s feridos p or m eio de processos dendríticos aos ceratinócitos, pro m o vendo, dessa form a, a fotoproteção e sim ultaneam ente escurecendo a pele. A m elanogênese induzida pelo sol é um a conseqüência da atividade aum entada de tirosinase nos melanócitos. C entral à respos ta de bronzeam ento solar está o receptor m elan o co rtin a-1 (M C1R), e as m utações nesse gene são responsáveis pela grande variação na cor da pele hum ana e dos cabelos. O gene M C1R h um ano codifica um receptor acoplado à p ro teín a G do am inoácido 317 (receptor da m elanocortina) que liga o h o rm ô n io estim ulador do m elanócito (M SH), que é secretado na pele principalm ente pelos ceratinócitos em resposta à RUV. Essa expressão de a-M S H induzida p o r UV é controlada pelo supressor tum oral p53 e a ausência de p53 funcional é conhecida po r d estruir a resposta de bronzeam ento em um m odelo de cam undongo. A ativação do receptor da m elanocortina leva a um aum ento intracelular de m onofosfato de adenosina 5’ (AM P cíclico) e ativação da proteinoquinase A, seguido de um aum ento do fator de transcrição da m icroftalm ia (M ITF), que estim ula a m elanogênese. Visto que o precursor de a-M S H , o proopiom elanocortina (POM C), tam bém é o precursor de [3-en dor fina, a RUV resulta em aum ento da pigm entação e de produção de |3-endorfina, provavelm ente p ro m o vendo com portam entos de busca de sol. A classificação de Fitzpatrick da pele h um ana é um a função da eficiência da unidade ep iderm e-m elanina e, em geral, pode ser de term inada fazendo duas perguntas ao paciente: (1) Você se queim a após exposição ao sol? e (2) Você se bronzeia após exposição ao sol? As respostas a essas perguntas perm item a divisão da população em seis tipos cutâneos, que variam do tipo I (sem pre se queim a, jam ais se bronzeia) até o tipo VI (jam ais se queim a, sem pre se bronzeia) (Q ua dro 56.1). O eritem a da queim adura solar é provocado pela vasodilatação dos vasos sanguíneos dérm icos. O corre um a lacuna de tem po entre a exposição da pele à luz solar e o desenvolvim ento de verm elhidão visível (geralm ente 4 a 12 h), sugerindo que um crom óforo epidér m ico provoca a produção tard ia e/ou a liberação de m ediador(es) vasoativo(s) ou citocina(s), que se d ifunde(m ) para a vasculatura dérm ica, provocando a vasodilatação. O espectro de ação para o eritem a da queim adura solar consiste na UV-B e UV-A. Os fótons na UV-B são pelo m enos 1.000 vezes m ais eficientes do que os fótons na UV-A para provocar a resposta. C ontudo, a UV-A pode con trib u ir p ara o eritem a solar ao m eio-dia, quando existe quantidade m uito m aior de UV-A do que UV-B no espectro solar. O eritem a que acom panha a resposta inflam atória in duzida p or RUV resulta da liberação orquestrada de citocinas junto com os fatores de crescim ento ou os m ediadores de lipídios, e a ge ração de ERO. Além disso, sabe-se que a ativação, induzida pela UV, da transcrição gênica depen d en te do fator nuclear-B (NF-B) pode aum entar a liberação de diversas citocinas pró-inflam atórias e m e diadores vasoativos, com o a interleucina l(IL -l), IL-6, IL-8, IL-12, fator de crescim ento endotelial vascular, prostaglandina E2 e fator de necrose tum oral a . O acúm ulo local dessas citocinas ocorre na pele queim ada pelo sol, fornecendo fatores quim iotáticos que atraem os
Fotossensibilidade e Outras Reações à Luz
O DNA epidérm ico, predom inantem ente em ceratinócitos e nas cé lulas de Langerhans (CL), células dendríticas apresentadoras de a n tígeno, absorve UV-B e sofre alterações estruturais entre as bases de pirim idina adjacentes (tim ina ou citosina), incluindo a form ação de dím eros de ciclobutano e 6,4-fotoprodutos. Tais alterações e stru tu rais são potencialm ente m utagênicas e são encontradas na m aioria dos cânceres basocelulares e epiderm oides. Elas podem ser rep ara das p or m ecanism os celulares que resultam no seu reconhecim ento e excisão, bem com o na restauração das seqüências de bases norm ais. O reparo eficiente dessas aberrações estruturais é crucial, já que os indivíduos com reparo defeituoso de DNA estão sob alto risco de câncer cutâneo. Por exemplo, os pacientes com xeroderm a pigm entoso (XP), um distúrbio autossôm ico recessivo, caracterizam -se por reparo variavelm ente deficiente de fotoprodutos induzidos p o r UV, e seu fenótipo cutâneo frequentem ente m anifesta o aspecto ressecado, coriáceo, da pele fotoenvelhecida prem aturam ente, bem com o car cinom as basocelulares e epiderm oides de células escam osas, além de m elanom a, nas prim eiras duas décadas de vida. E studos em cam undongos, usando a tecnologia de gene nocauteado, verificaram a im portância dos genes funcionais que regulam as referidas vias de re paro na prevenção do desenvolvim ento do câncer induzido p o r UV. Além disso, a incorporação de um a enzim a de reparo de DNA b acte riana, a T4 endonuclease V, nos lipossom os, em um produto aplicado na pele de pacientes com XP, rem ove seletivam ente os dím eros de ciclobutano pirim idina, reduzindo o grau de lesão solar e câncer de pele. Essa abordagem tam bém pode beneficiar outros pacientes que são suscetíveis ao câncer de pele, com o os receptores de tran sp lan tes de órgão que recebem terapia crônica com im unossupressores. A lesão do DNA nas CL pode c ontribuir para os conhecidos efeitos im unossupressores da UV-B (ver Efeitos im unológicos adiante). Além do DNA, o oxigênio m olecular é um alvo para RUV solar incidente, levando à geração de espécies reativas de oxigênio (ERO). Essas ERO podem danificar os com ponentes cutâneos, com o os lipí dios epidérm icos, sejam lipídios livres do estrato córneo ou lipídios da m em brana celular. A RUV tam bém pode atingir proteínas, levan do à reticulação (crosslinking) aum entada e degradação de proteínas m atriciais na derm e e desse m odo leva a alterações de fotoenvelhecim ento conhecidas com o elastose solar.
441
QUADRO 56.1 Tipo de peie e sensibilidade à queimadura solar (classificação de Fitzpatrick) Tipo
Descrição
1
Sempre se queima, jamais se bronzeia
II
Sempre se queima, às vezes se bronzeia
III
Algumas vezes se queima, às vezes se bronzeia
IV
Às vezes se queima, sempre se bronzeia
V
Jamais se queima, às vezes se bronzeia
VI
Jamais se queima, sempre se bronzeia
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
neutrófilos e macrófagos, que podem causar dano celular p o r m eio da geração de ERO. A RUV tam bém prom ove infiltração de células inflam atórias através da expressão induzida de m oléculas de adesão com o a E-seletina e a m olécula de adesão intracelular-1 (ICAM -1) nas células endoteliais ICAM -1 nos ceratinócitos. É de interesse que os anti-inflam atórios não esteroides (AINEs) possam reduzir o eri tem a da queim adura solar. A RUV tam bém m ostrou ativar a fosfolipase A2, resultando em aum ento de eicosanoides, com o a p ro sta glandina E2 que é conhecida p or ser um potente in d u to r de eritem a da queim adura solar, explicando desse m odo com o os inibidores da ciclooxigenase podem reduzir o eritem a da queim adura solar. As m udanças epidérm icas na queim adura solar incluem a in d u ção de “células da queim adura solar”, que são ceratinócitos que so frem apoptose dependente do p53 com o um a defesa para elim inação de células que abrigam dano do DNA estrutural induzido p or UV-B.
Fotoquímica da vitamina D A exposição cutânea à UV-B provoca a fotólise do 7-desidrocolesterol epidérm ico, convertendo-o em pré-vitam ina D 3, que, em seguida, sofre isom erização dependente da tem peratura, form ando o h o rm ô n io estável vitam ina D 3. A seguir, esse com posto se difunde para a vasculatura dérm ica e circula para o fígado e os rins, onde é convertido no horm ônio funcional diidroxilado 1,25-diidroxivitam ina D 3 [l,2 5 (O H )2D 3]. Os m etabólitos da vitam ina D oriundos da circulação e aqueles produzidos na própria pele podem aum entar a sinalização de diferenciação na epiderm e e inibem a proliferação de ceratinócitos. Esses efeitos sobre os cera tinócitos são usados terapeuticam ente na psoríase com a aplicação tópica de análogos sintéticos da vitam ina D. Além disso, a vitam ina D é cada vez mais reconhecida com o tendo efeitos benéficos em várias outras condições inflam atórias e há algum a evidência sugerindo que ela está associada com risco reduzido para várias m alignidades inter nas, com exceção de seus efeitos fisiológicos clássicos sobre o m eta bolism o do cálcio e a hom eostase óssea. Há controvérsia em relação ao risco/benefício da exposição ao sol na hom eostase da vitam ina D. Atualm ente, é im portante enfatizar que não há evidência nítida suge rindo que o uso de filtros solares dim inui substancialm ente os níveis de vitam ina D. C om o o envelhecim ento tam bém dim inui su b stan cialm ente a habilidade da pele h um ana de produzir vitam ina D 3 p or m eio fotocatalítico, o uso dissem inado de filtros solares que não p e r m item a passagem da UV-B levou à preocupação de que a deficiência de vitam ina D possa se to rn ar um problem a clínico im portante no idoso. Contudo, a quantidade de luz solar necessária para produzir vitam ina D suficiente é pequena e não justifica o aum ento da expo sição solar ou o com portam ento de bronzeam ento. O aum ento na suplem entação nutricional de vitam ina D é defendido em pacientes com deficiência de vitam ina D em vez de aum entar a exposição UV que é associada a danos carcinogênicos e outros tipos de fotolesão.
Efeitos crônicos da exposição ao sol: não malignos As m anifestações clínicas da pele exposta ao sol fotolesionada consis tem em enrugam ento, placas e telangiectasias, bem com o um aspecto coriáceo irregular e rugoso, curtido pelo tempo. Mas, não está claro se esse fotoenvelhecim ento representa envelhecim ento cronológico acelerado ou um processo separado e distinto.
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N a epiderm e exposta ao sol de form a crônica, ocorrem espes sam ento (acantose) e heterogeneidade m orfológica n a cam ada de células basais. M elanossom as volum osos, porém irregulares, podem ocorrer em alguns ceratinócitos, indicando a perm anência p rolon gada das células na cam ada de células basais. Essas alterações estru turais podem ajudar a explicar a textura coriácea e a descoloração m aculosa nas áreas da pele lesionadas pelo sol. A UV-A é im portante na patogênese do fotoenvelhecim ento na pele hum ana, e a ERO provavelm ente está envolvida. A derm e e sua m atriz de tecido conectivo são os principais locais da lesão crôni ca associada ao sol, m anifestada com o elastose solar, um aum ento volum oso nas m assas irregulares espessadas de fibras elásticas de aparência anorm al. As fibras de colágeno tam b ém se encontram aglom eradas a norm alm ente, na d erm e m ais pro fu n d a, nos casos de pele lesionada pelo sol. O (s) crom óforo(s), espectros de ação e eventos bioquím icos específicos que o rq u estram essas alterações são conhecidos apenas parcialm ente, em bora a UV-A pareça estar prim ariam ente envolvida. Isso po d e ser devido à predom inância de UV-A na energia solar que alcança a superfície da terra, bem com o o fato de que a UV-A p en etra m ais profundam ente na derm e. A pele envelhecida cronologicam ente e protegida do sol, assim com o a pele fotoenvelhecida c om partilham aspectos m oleculares im portantes, com o o dano do tecido conectivo e m etaloproteinases m atriciais (M PM ) elevadas. As M PM são enzim as envolvidas na degradação da m atriz extracelular, e a UV-A induz à expressão de M PM s, incluindo M PM -1 e M PM -3, levando a um aum ento da degradação do coláge no. Além disso, a UV-A reduz a expressão de m RNA de procolágeno do tipo I. Assim, a RUV crônica reduz o conteúdo de colágeno fu n cional na derm e. C om base nestas observações, não é surpreendente que a fototerapia de alta dose de UV-A po d e ter efeitos benéficos em alguns pacientes com doenças fibróticas localizadas da pele, com o a escleroderm ia localizada.
Efeitos crônicos da exposição ao sol: malignos U m a das principais conseqüências conhecidas da exposição crônica à luz solar é o câncer de pele do tipo não m elanom a. Os dois tipos mais com uns de câncer de pele do tipo não m elanom a são o carcinoma basocelular (CBC) e o carcinoma de células escamosas (CCE; Cap. 87). O m odelo para indução de câncer de pele envolve três etapas principais: iniciação, prom oção e progressão. A exposição da pele hum ana à luz solar resulta em iniciação, um a etapa pela qual alterações e stru tu rais (m utagênicas) no DNA provocam um a alteração irreversível na célula-alvo (ceratinócito) que desencadeia o processo tum origênico. A credita-se que a exposição a um iniciador tum oral, com o a UV-B, seja um a etapa necessária, porém não suficiente, no processo m alig no, já que as células cutâneas iniciadas não expostas a prom otores tum orais geralm ente não desenvolvem tum ores. O segundo estágio do desenvolvim ento tum oral é a promoção, um processo de m últiplos estágios pelo qual a exposição crônica à luz solar provoca alterações adicionais que culm inam na expansão clonal das células iniciadas e provoca o desenvolvim ento, com o passar dos anos, de crescim en tos pré-m alignos conhecidos com o ceratoses actínicas, p odendo um a m inoria delas progredir, form ando os CCEs. C om base em extensos estudos, parece claro que a UV-B é um carcinógeno completo, o que significa dizer que p ode agir tanto com o iniciador quanto com o p ro m otor tum oral. A terceira e últim a etapa no processo m aligno é a conversão m a ligna de precursores benignos em lesões m alignas, um processo que, acredita-se, precisa de alterações genéticas adicionais. A carcinogênese cutânea de nível m olecular parece ser causada pelo acúm ulo de m utações genéticas que resultam n a inativação de supressores tu m o rais, na ativação de oncogenes ou na reativação de vias de sinalização celular que norm alm ente são expressas som ente durante o desenvol vim ento em briológico da epiderm e. O acúm ulo de m utações no gene supressor tum oral p53 com o conseqüência de lesão do DNA induzi da pela UV foi encontrado nos CCEs e CBCs e provavelm ente é im portante na prom oção de carcinogênese cutânea. De fato, os cânceres de pele hum anos e m urinos, induzidos pela UV, apresentam m uta-
r
m ente se deve ao fato de que não se controlam os fatores que causam confusão, com o a estabilidade dos filtros solares e frequência de sua aplicação. C om o não existem estudos prospectivos para analisar a referida questão, parece razoável recom endar que os pacientes sob risco de m elanom a utilizem fotoproteção, com o evitar exposição ao sol, aplicar filtros solares com elevado fator de proteção solar (FPS) e usar roupas protetoras.
Efeitos imunológicos A exposição à radiação solar provoca im unossupressão local (inibi ção de respostas im unes aos antígenos aplicados no local irradiado) e sistêm ica (inibição de respostas im unes a antígenos aplicados em locais rem otos não irradiados). Por exemplo, a adm inistração de d o ses m oderadas de UV-B à pele hum ana reduz o grau de sensibilização alérgica ao dinitroclorobenzeno, um potente alérgeno de contato. Isto está associado com a depleção de CLs. Um exemplo dos efeitos im unossupressores sistêm icos de doses mais altas de RUV é a resposta im unológica d im inuída aos antígenos introduzidos de form a epicutânea ou intracutânea em locais distan tes do local irradiado. O s principais crom óforos na ep iderm e su p erio r que iniciam a im unossupressão m ediada p or U V incluem DNA, ácido trans-urocânico e com ponentes de m em brana. O espectro de ação para a im unossupressão induzida pela UV m im etiza estreitam ente o es pectro de absorção do DNA. Os dím eros da pirim idina nas CLs p o dem inibir a apresentação do antígeno. O espectro de absorção do ácido urocânico epidérm ico m im etiza rigorosam ente o espectro de ação para a im unossupressão igualm ente induzida pela UV-B. O áci do urocânico é um produto m etabólico do am inoácido histidina e se acum ula na epiderm e superior p o r m eio da ruptura da proteína rica em h istidina filagrina devido à ausência de sua enzim a de catabolização nos ceratinócitos. Ela é sintetizada com o um isôm ero trans e a isom erização trans-cis induzida p o r UV de ácido urocânico no estrato córneo acarreta seus efeitos im unossupressores. O ácido cis-urocânico foi proposto para exercer seus efeitos im unossupressores p or m eio de um a variedade de m ecanism os, incluindo inibição de apresentação de antígeno p o r CLs. Um a conseqüência im portante da exposição crônica ao sol e a concom itante im unossupressão é o risco aum entado de câncer de pele. Os m ecanism os m oleculares da fotocarcinogênese são com plexos e p arcialm ente com preendidos. Em parte, a UV-B ativa as células T reguladoras que suprim em as respostas im unes antitum orais via expressão de IL-10, ao passo que na ausência de grande exposição à UV-B, as células que apresentam antígenos epidérm icos m o stram antígenos associados a tum ores e induzem à im unidade p rotetora, in ibindo assim a tum origênese cutânea. O dano ao DNA induzido por UV é o principal deflagra d or m olecular deste efeito im unossupressor. Talvez a dem onstração m ais vivida do papel da im unossupressão no aum ento do risco de câncer de pele não m elanom a venha de estudos com pacientes que são receptores de transplante de órgão e são tratados cronicam ente com esquem as antirrejeição com im unossupressores. Mais de 50% dos pacientes transplantados desenvolvem CBC e CCE, sendo tais cânceres as neoplasias m alignas m ais com uns que surgem em recep tores im unossuprim idos de transplante de órgão sólido. As taxas de CBC e CCE aum entam com a duração e o grau de im unossupressão. Esses pacientes precisam de m onitoração periódica atenta e fotopro teção rigorosa por m eio do uso de filtros solares e roupas protetoras, e tam bém devem evitar a exposição ao sol.
Fotossensibilidade e Outras Reações à Luz
ções características no p53 (transições C -> T e CC -> T T) presentes na m aioria dessas lesões. Estudos em cam undongos m o straram que os filtros solares podem reduzir substancialm ente a frequência de tais m utações típicas no p53 e inibir abruptam ente a indução de tum ores. Os CBCs tam bém dem onstram m utações desativadas no gene supressor tum oral conhecido com o patched, o que resulta na ativação da sinalização de hedgehog e aum ento da atividade do gene smoothened, o qual provoca a ativação seqüencial dos fatores de transcrição que aum entam a proliferação celular. Assim, esses tum ores podem exibir m utações de p53 e patched ou smoothened. Nova evidência liga alterações na via de sinalização W nt/-catenina conhecida com o c ru cial para o desenvolvim ento do folículo piloso, com o tam bém para o câncer de pele. Assim, as interações entre esta via e a via de sinali zação hedgehog, parecem estar envolvidas na carcinogênese cutânea e no desenvolvim ento em briológico da pele e dos folículos pilosos. Estudos em m odelos m urinos têm fortalecido a hipótese de que as CCEs e CBCs são derivadas de células na epiderm e com p ro p rie dades de células-tronco e as células de origem para estes cânceres de pele podem ser derivadas da região do bulbo piloso. O fator de transcrição Myc é im portante para a m anutenção das células-tronco na pele e a ativação oncogênica da Myc esteve im plicada no desen volvim ento de CBCs e CCEs. Assim, o câncer de pele não m elanom a envolve m utações e alterações em m últiplos genes e vias que ocorrem com o resultado do acúm ulo crônico dessas alterações prom ovidas pela exposição a fatores am bientais com o a radiação solar. A exposição ao sol provoca cânceres de pele não m elanom a e m elanom a, em bora haja evidências m uito m ais diretas de sua p a rti cipação no câncer de pele não m elanom a (CBC e CCE) do que seu papel no m elanom a. A proxim adam ente 80% dos cânceres cutâneos do tipo não m elanom a desenvolvem -se em áreas do corpo expos tas ao sol, o que inclui a face, o pescoço e as m ãos. O s principais fatores de risco são o sexo m asculino, exposição solar na infância, idade avançada, pele clara e residência em latitudes m ais próxim as do equador. Os brancos de pele m ais escura (p. ex., hispânicos) apre sentam um décim o do risco de desenvolver tais cânceres em com paração com os indivíduos de pele clara. Os negros estão sob risco substancialm ente reduzido de câncer de pele. M ais de 1,3 m ilhão de pessoas nos EUA apresenta câncer de pele não m elanom a anual m ente, e o risco de um indivíduo de pele clara desenvolver durante a vida tal neoplasia é estim ado em aproxim adam ente 15%. Existe um consenso de que a incidência do câncer de pele não m elanom a na população está aum entando em um a taxa de 2 a 3% p o r ano, por m otivos desconhecidos. Um a potencial explicação é o uso dissem i nado de bronzeam ento artificial. E stim a-se que 30 m ilhões de pes soas façam bronzeam ento artificial nos EUA, anualm ente, incluindo m ais de 2 m ilhões de adolescentes. A relação entre exposição solar e desenvolvim ento de m elanom a é m enos nítida, porém evidências sugestivas apoiam um a associação. Os fatores de risco m ais fortes para o m elanom a incluem história fam iliar positiva para o m elanom a, m últiplos nevos displásicos e m elanom a anterior. Os m elanom as às vezes surgem na adolescên cia, indicando que o p eríodo latente para o crescim ento do tu m o r é inferior ao do câncer de pele não m elanom a. Os m elanom as estão entre os cânceres hum anos com m aior crescim ento da incidência (Cap. 87). Estudos epidem iológicos de populações im igrantes de et nia sem elhante indicam que as pessoas nascidas em um a área o u que m igram para o m esm o local antes dos 10 anos de idade apresentam taxas de m elanom a específicas para a idade m ais elevadas do que os indivíduos que chegam posteriorm ente. Por isso, é razoável concluir que a vida em um clima ensolarado desde o nascim ento ou no início da infância aum enta o risco de m elanom a. Em geral, o risco não se correlaciona com a exposição cum ulativa ao sol, m as pode estar rela cionado com a duração e extensão da exposição na infância. Estudos epidem iológicos m ostraram que o b ronzeam ento artificial é um fator de risco para o m elanom a. A m etanálise de 17 estudos de casos de controle em pacientes com m elanom a concluiu que o efeito protetor dos filtros solares con tra esse tipo de tum or não pôde ser com provado, m as isso provavel
■ DOENÇAS DE FOTOSSENSIBILIDADE O diagnóstico de fotossensibilidade requer um a cuidadosa anam nese para definir a duração dos sinais e sintom as, o intervalo de tem po entre a exposição ao sol e o desenvolvim ento de queixas subjetivas e as alterações visíveis na pele. A idade de início tam bém pode ser um a indicação im portante; p o r exemplo, a fotossensibilidade aguda da protoporfiria eritropoiética quase sem pre começa na infância, e a fotossensibilidade crônica da porfiria cutânea tardia (PCT) começa nas quarta e quinta décadas de vida. H istória de exposição a fárm a-
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
cos tópicos e sistêmicos, bem com o a substâncias quím icas pode p ro porcionar indícios im portantes. M uitas classes de fárm acos podem causar fotossensibilidade devido à fototoxicidade ou à fotoalergia. Fragrâncias, com o o almíscar, em pregado anteriorm ente em m uitos produtos cosm éticos, tam bém são fotossensibilizantes potentes. O exame da pele pode, igualm ente, conferir indícios im p o rta n tes. As áreas anatôm icas naturalm ente protegidas da luz solar direta, com o o couro cabeludo piloso, as pálpebras superiores, as regiões retroauriculares, além das regiões infranasais e subm entonianas, p odem não estar acom etidas, porém as áreas expostas m ostram as pectos típicos do processo patológico. Esses padrões de localização anatôm ica frequentem ente são úteis, m as não infalíveis, na d eter m inação do diagnóstico. Por exemplo, os sensibilizantes de contato transportados pelo ar que atingem a pele podem produzir derm atite difícil de ser diferenciada da fotossensibilidade, em bora tal m aterial possa desencadear reatividade cutânea em áreas protegidas da luz solar direta. M uitas afecções derm atológicas podem ser causadas ou agrava das pela luz solar (Q uadro 56.2). O papel da luz no desencadeam en to dessas respostas pode depender de anorm alidades genéticas que variam desde defeitos bem -descritos no reparo do DNA que o co r rem no XP até anorm alidades hereditárias na síntese do hem e que caracterizam as porfirias. Em certas doenças de fotossensibilidade, o crom óforo foi identificado, m as na m aioria o agente que absorve energia é desconhecido.
[T ip o Genética
Doença Porfiria eritropoiética Protoporfiria eritropoiética Porfiria cutânea tardia familiar Porfiria variegada Porfiria hepatoeritropoiética Albinismo Xeroderma pigmentoso Síndrome de Rothmund-Thomson Síndrome de Bloom Doença de Cockayne Síndrome de Kindler Fenilcetonúria
Metabólica
Porfiria cutânea tardia - esporádica Doença de Hartnup Kwashiorkor Pelagra Síndrome carcinoide
Fototóxica
Erupção polimorfa à luz Após a queim adura solar, o tipo m ais com um de doença de fotos sensibilidade é a erupção polim orfa à luz (EPL). M uitas pessoas aco m etidas jam ais procuram orientação m édica porque a alteração fre quentem ente é transitória, to rnando-se m anifesta a cada prim avera com as prim eiras exposições ao sol, m as depois cedendo esp o n ta neam ente com a m anutenção da exposição, um fenôm eno conhecido com o tolerância. As principais m anifestações da EPL são as pápulas eritem atosas pruriginosas (com frequência, intensam ente) que p o dem coalescer, form ando placas d istribuindo-se de form a irregular nas áreas expostas do tronco e dos antebraços. Em geral, a face é e n volvida de m odo m enos grave. E nquanto os achados m orfológicos da pele perm anecem sem elhantes para cada paciente com recidivas subsequentes, as variações interindividuais significativas nos achados da pele são características (por isso o term o “polim orfo”). O diagnóstico pode ser confirm ado p o r biópsia da pele e p o r m eio de procedim entos de fototestagem nos quais a pele é exposta a m últiplas doses de UV-A e UV-B capazes de provocar eritem a. O espectro de ação para EPL costum a estar dentro dessas faixas do es pectro solar. E nquanto o tratam ento de um surto agudo de EPL pode precisar de glicocorticoides tópicos ou sistêmicos, as abordagens para preve n ir EPL são im portantes e incluem o uso de filtros solares de am plo espectro e indução da tolerância p or m eio da adm inistração cautelo sa artificial de radiação UV-B (de faixa larga ou de faixa estreita) e/ ou de radiação UV-A ou o uso de psoralen m ais fotoquim ioterapia de UV-A (PUVA) durante 2 a 4 sem anas antes da exposição inicial ao sol. Tal fototerapia profilática ou fotoquim ioterapia no início da prim avera pode prevenir a ocorrência de EPL durante todo o verão.
Fototoxicidade e fotoalergia Esses distúrbios de fotossensibilidade estão relacionados com a a d m inistração tópica ou sistêm ica de fárm acos e de outras substâncias quím icas. As duas reações precisam da absorção de energia p o r um fárm aco ou p o r u m a substância quím ica, resu ltan d o na produção de um fotossensibilizante estim ulado que po d e tran sferir sua e n er gia absorvida para um a m olécula p ró x im a o u ao oxigênio m o le cular, gerando, assim , estru tu ras quím icas d e stru id o ra s de tecido, incluindo ERO. A fototoxicidade é um a reação não im unológica causada p or fár m acos e por substâncias quím icas, alguns dos quais citados no Q u a
444
QUADRO 56.2 Classificação das doenças por fotossensibilidade
Interna
Fármacos
Externa
Fármacos, plantas, alimentos
Fotoalérgica Imediata
Urticária solar
Tardia
Fotoalergia medicamentosa Reação persistente à luz/dermatite actínica crônica Fotoenvelhecimento
Neoplásica e degenerativa
Ceratose actínica
Idiopática
Erupção polimorfa à luz
Câncer de pele melanoma e não melanoma Hidroa estivai Prurigo actínico Fotoagravado
Lúpus eritematoso Sistêmico Cutâneo subagudo Discoide Dermatomiosite Herpes simples Líquen plano actínico Acne vulgar (estivai)
d ro 56.3. As m anifestações clínicas com uns são o eritem a sem elhante à reação por queim adura solar que descarna rapidam ente ou descasca no período de alguns dias. Além disso, tam bém podem ocorrer ede m a, vesículas e bolhas. A fotoalergia é m uito m enos com um e se distingue p or ser um processo im unopatológico. O fotossensibilizante estim ulado pode criar radicais livres do tipo hapteno bastante instáveis que se ligam, de m odo covalente, a m acrom oléculas, form ando um antígeno fu n cional capaz de provocar um a resposta de hipersensibilidade tardia. Alguns dos fárm acos e substâncias quím icas que produzem fotoaler gia são citados no Q u a d ro 56.4. As m anifestações clínicas diferem daquelas da fototoxicidade, porque ocorre um a derm atite eczem ato sa intensam ente pruriginosa que tende a predom inar e evoluir para alterações coriáceas, espessadas e liquenificadas nas áreas expostas ao
QUADRO 56.3
Tópicos
Sistêmicos
Amiodarona
+
Dacarbazina
+
Fluoroquinolonas
+ +
5-fluoruracila
+
Furosemida
+
Ácido nalidíxico
+ +
Fenotiazinas Psoralenos
+
+
Retinoides
+ /-
+
Sulfonamidas
+
Sulfonilureias
+
Tetraciclinas
+
Tiazídicos
+
Vimblastina
+
sol. Um pequeno subgrupo (talvez 5 a 10%) de pacientes com fotoa lergia pode desenvolver extraordinária hipersensibilidade persistente à luz m esm o quando o fárm aco ou a substância quím ica agressora são identificados e elim inados, alteração conhecida com o reação per sistente à luz. Um tipo m uito incom um de fotossensibilidade persistente é c o nhecido com o dermatite actínica crônica. Esses pacientes são hom ens idosos com um a longa histó ria de derm atite p o r contato alérgica preexistente ou fotossensibilidade. Em geral, são bastante sensíveis à UV-B, UV-A e com prim entos de onda visíveis. A confirm ação diagnóstica da fototoxicidade e fotoalergia fre quentem ente pode ser obtida em pregando p rocedim entos de fototeste. Nos pacientes suspeitos de fototoxicidade, a determ inação da dose de eritem a m ínim a (DEM), enquanto o paciente é exposto a um agente suspeito, e depois a repetição da DEM após a descontinuação do agente podem fornecer um a indicação do fárm aco, ou da subs tância quím ica, causai. O teste de fotocontato pode ser realizado para c onfirm ar o diagnóstico de fotoalergia. Essa é um a variante simples do teste de contato com um , no qual um a série de fotoalergênios co nhecidos é aplicada na pele em duplicata, e um conjunto é irradiado com um a dose suberitem atosa de UV-A. O desenvolvim ento de al
QUADRO 56.4
Fármacos fotoalérgicos Tópicos
6-metilcumarina
+
Ácido aminobenzoico e ésteres
+
Bitionol
+
Sistêmicos
Clorpromazina
+
Diclofenaco
+
Fluoroquinolonas Salicilanilidas halogenadas Hipericina (erva-de-são-joão) Al m iscar Piroxicam Prometazina Sulfonamidas Sulfonilureias
Porfiria
+
+ + +
+ + + + +
|
As porfirias (Cap. 358) constituem um g rupo de doenças que apre sentam em com um anorm alidades hereditárias ou adquiridas na sín tese do hem e, um tetrapirrol quelado com ferro ou porfirina, sendo as porfirinas queladas não m etálicas fotossensibilizantes potentes que absorvem intensam ente a luz nos com prim entos de onda curtos (400 a 410 nm ) e longos (580 a 650 nm ) do espectro visível. O hem e não pode ser reutilizado, devendo ser sintetizado con tinuam ente, e os dois c o m p artim en to s corporais com a m aior ca pacidade para tal produção são a m edula óssea e o fígado. Em con seqüência, as porfirias originam -se em um desses dois órgãos, com o resultado final da p ro d u ç ão e n d ó g en a excessiva de p orfirinas fotossensibilizantes potentes. As p o rfirin a s circulam na corrente sanguínea e se difundem p ara a pele, onde absorvem energia solar, tornam -se fotoativadas, geram ERO e desencadeiam fotossensibilida de cutânea. Sabe-se que o m ecanism o de fotossensibilização da p o r firina é fotodinâm ico, ou oxigênio-dependente, e m ediado p or ERO, com o o oxigênio singleto e ânions superóxido. A porfiria cutânea tardia (PCT) é o tipo m ais com um de porfiria h um ana e está associada à dim inuição da atividade da enzim a uroporfirinogênio descarboxilase. Existem dois tipos básicos de PCT: (1) o tipo esporádico ou adquirido, en co n trad o geralm ente em indiví duos que ingerem etanol ou são subm etidos a tratam ento com estro gênios; e (2) o tipo hereditário, no qual há transm issão autossôm ica dom inante de atividade enzim ática deficiente. As duas form as estão associadas a aum ento das reservas hepáticas de ferro. Nos dois tipos de PCT, o aspecto p redom inante é o de fotossensi bilidade crônica, caracterizada p o r m aior fragilidade da pele exposta ao sol, particu larm en te nas áreas sujeitas a traum atism o repetido, com o o dorso das m ãos, os antebraços, a face e as orelhas. As lesões cutâneas predom inantes são vesículas e bolhas que se rom pem , p ro d uzindo erosões úm idas, freq u en tem en te com base hem orrágica, que cicatrizam lentam ente com a form ação de crostas e coloração arroxeada da pele afetada. H ipertricose, alteração pigm entar m osqueada e endurecim ento sem elhante à escleroderm ia são m anifes tações associadas. A confirm ação bioquím ica do diagnóstico pode ser obtida pela determ inação da excreção urinária de porfirina, pelo teste da porfirina plasm ática e pelo teste das uroporfirinogênio descarboxilases eritrocitária e/ou hepática. M últiplas m utações do gene da uroporfirinogênio descarboxilase foram identificadas em popula ções hum anas. A lguns pacientes com PCT apresentam m utações as-
Fotossensibilidade e Outras Reações à Luz
terações eczem atosas nos lugares expostos ao sensibilizante e à luz constitui u m resultado positivo. A anorm alidade típica nos pacientes com reação persistente à luz é um lim iar dim inuído para a form ação do eritem a desencadeado pela UV-B. Os pacientes com derm atite ac tínica crônica geralm ente m anifestam am plo espectro de hiper-responsividade à UV e precisam de m eticulosa fotoproteção, incluindo evitar exposição ao sol, filtros com FPS altos (m ais de 30) e, em casos graves, im unossupressão sistêm ica, preferivelm ente com azatioprina (1 a 2 m g/kg/dia). O tratam ento da fotossensibilidade m edicam entosa envolve em prim eiro lugar, e p rincipalm ente, a elim inação da exposição aos agentes quím icos responsáveis pela reação e m inim ização da expo sição ao sol. Os sintom as agudos de fototoxicidade podem ser alivia dos por com pressas frias e úm idas, glicocorticoides tópicos e AINEs adm inistrados p or via sistêmica. N os pacientes gravem ente afetados, um ciclo rapidam ente dim inuído de glicocorticoides sistêm icos pode ser útil. O uso criterioso de analgésicos po d e ser necessário. As reações fotoalérgicas exigem um a abordagem terapêutica se m elhante. Além do m ais, os pacientes com reação persistente à luz e derm atite actínica crônica devem ser protegidos cuidadosam ente contra a exposição à luz. Em alguns pacientes nos quais doses altas perm anentes de glicocorticoides p o r via sistêm ica acarretam riscos inaceitáveis, pode ser necessário o em prego de um fárm aco im unossupressor, com o a azatioprina, ciclofosfam ida, ciclosporina ou m icofenolato mofetila.
Fármacos fototóxicos
445
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 446
sociadas no gene HFE, que é ligado à hem ocrom atose. Esse fato pode contribuir para a sobrecarga de ferro encontrada na PCT, em bora o estado do ferro, quando m edido p or ferritina sérica, níveis de ferro e saturação de transferrina, não seja diferente do exibido pelos p a cientes com PCT sem m utações no HFE. A infecção prévia pelo vírus da hepatite C parece ser um fator de risco independente para a PCT. O tratam ento da PCT consiste em flebotom ias repetidas, com o intuito de dim inuir os depósitos hepáticos excessivos de ferro, e/ou doses baixas interm itentes dos antim aláricos cloroquina e hidroxicloroquina. A rem issão prolongada da doença poderá ser alcançada se o paciente elim inar a exposição aos agentes porfirinogênicos. A protoporfiria eritropoiética o rig in a -se n a m e d u la óssea, devendo-se à d im inuição da enzim a m ito co n d rial ferroquelatase secundariam ente a num erosas m utações de genes. A principal m a nifestação clínica consiste em fotossensibilidade aguda, cara cte ri zada p o r sensação de queim ação e ardência da pele exposta, que frequentem ente surgem du ran te o u logo após a exposição ao sol. Pode haver edem a c utâneo co ncom itante e, após episódios re p eti dos, cicatrizes ceráceas. O diagnóstico é confirm ado pela dem onstração de níveis eleva dos de protoporfirina eritrocitária livre. A detecção de protoporfirina plasm ática elevada ajuda a diferenciar entre a intoxicação po r chum bo e a anem ia ferropriva, p orque nos dois casos os níveis de protoporfirina eritrocitária elevados ocorrem sem fotossensibilidade cutânea nem níveis elevados de protoporfirina plasmática. O tratam ento consiste na redução da exposição ao sol e adm inis tração oral do carotenoide betacaroteno, um rem ovedor eficaz dos radicais livres. Este fárm aco aum enta a tolerância à exposição ao sol em m uitos pacientes acom etidos, em bora não tenha efeito sobre a deficiência de ferroquelatase. A Figura 56.1 apresenta um algoritm o para o tratam ento dos p a cientes com fotossensibilidade.
ALGORITMO PARA O DIAGNOSTICO DO PACIENTE COM FOTOSSENSIBILIDADE Fotossensibilidade
I Triagem laboratorial
I___L_ FAN a n ti-R o/La
P orfirina plasm ática
Lúpus eritem atoso derm atom iosite H istória de exposição a fárm aco fotossensibilizante
© ©
Exantema persiste
Exantema desaparece
Fotossensibilidade m edicam entosa
Fototestagem
H istória de a ssociação do exantem a à exposição
Im ediata
Fototeste com UV-B, UV-A e luz visível; le r DEM após 30 min
N ão relacionada
Tardia
0
Fototeste com UV-B, UV-A e lu z visível; ler D EM após 24 h
©
F0T0PR0TEÇÃ0 C om o a fotossensibilidade da pele é conseqüência da exposição à luz solar, logicam ente a exclusão absoluta do sol deverá elim inar esse dis túrbio. Infelizm ente, os estilos de vida atuais to rn am tal alternativa impraticável para a m aioria dos indivíduos, fato que levou à pesquisa por m elhores abordagens de fotoproteção. A fotoproteção natural é proporcionada por proteínas estruturais da epiderm e, particularm ente ceratina e m elanina. A quantidade de m elanina e sua distribuição nas células são reguladas geneticam ente, e os indivíduos com pele m ais escura (pele tipos IV a VI) encontram -se sob m enor risco de queim adura solar aguda e câncer de pele. São outras form as de fotoproteção as roupas e os filtros solares. As roupas feitas de tecidos de tram a fechada que protegem contra o sol, independentem ente da cor, conferem substancial proteção. Os chapéus de abas largas, as m angas com pridas e as calças com pridas reduzem a exposição direta. Atualm ente, os filtros solares são consi derados fárm acos de balcão, e os ingredientes da categoria I são reco nhecidos pelo U. S. Food and D rug A dm inistration (FDA) com o m onografados seguros e efetivos. Esses ingredientes são m encionados no Q u ad ro 56.5. Os filtros solares são classificados pelo seu efeito fotoprotetor de acordo com o seu fator de proteção solar, que é sim plesm ente um a proporção entre o tem po necessário para produzir eritem a da queim adura solar com e sem a aplicação do filtro solar. Assim, o FPS dos filtros solares reflete principalm ente a proteção de UV-B e não reflete proteção de UV-A. A m onografia estipula que os filtros solares devem ser classificados em um a escala que varia desde proteção m ínim a (FPS entre 2 e 12), passando po r m oderada (FPS > 12 e < 30) até alta (FPS > 30, representado com o 30+). Os filtros solares de am plo espectro possuem , além de substân cias quím icas absorventes de UV-B, substâncias quím icas absor ventes de UV-A, com o avobenzona e ecam sule (ácido tereftalideno dicânfora sulfônico). Essas substâncias quím icas absorvem RUV e transferem a energia absorvida para as células adjacentes seja p or ca lor ou p or em issão de fluorescência ou fosforescência. Em contraste,
D escontinuar fárm aco
©
U rticá ria solar Fotossensibilidade m edicam entosa
UV-A
UV-B (± UV-A)
- © --------•
D erm atite actínica crônica
Teste de fotocontato D erm atite de contato fotoalérgica
Figura 56.1 bilidade.
E rupção polim orfa à luz Lúpus erite m a to so D erm atite a tópica com fotoagravam ento
Algoritmo para diagnóstico de um paciente com fotossensi-
bloqueadores físicos de UV (óxido de zinco e dióxido de titânio) dis sipam ou refletem RUV. Além da absorção da luz, um determ inante fundam ental do efeito fotoprotetor persistente dos filtros solares é a sua resistência à água. A m onografia do FDA definiu critérios estritos de testagem para os filtros solares que anunciam essa característica. A lgum grau de fotoproteção p o d e ser alcançado lim itando o tem po de exposição d u ran te o dia. C om o a grande p arte da expo sição ao sol de toda a vida de um indivíduo ocorre até os 18 anos de idade, é im portante orientar os pais e as crianças pequenas acerca dos malefícios da luz solar. A sim ples elim inação da exposição ao meio-dia reduz substancialm ente a exposição à UV-B ao longo da vida.
FOTOTERAPIA E FOTOQUIMIOTERAPIA A RUV tam b é m p o d e se r em p re g ad a co m fins terap êu tico s. A ad m in istração de UV-B in d iv id u a lm e n te o u associada a agentes aplicados topicam ente p o d e in d u z ir a rem issões de m uitas d o e n ças derm atológicas, in clu in d o p so ría se e d e rm a tite atópica. Em
QUADRO 56.5 Componentes dos filtros solares monografados na categoria 1 do FDA I Com ponentes
Concentração máxima (%)
Ácido p-aminobenzoico (PABA)
15
Ácido sulfônico fenilbenzimidazol
4
Avobenzona
3
Cinoxato
3
Dioxibenzona (benzofenona-8)
3
Dióxido de titânio
25
Ecansule"
15
Homossalato
15
Mentila antranilato
5
Octila metoxicinamato
7,5
Octila salicilato
5
Octocrileno
10
Oxibenzona (benzofenona-3)
6
Óxido de zinco
25
Padimato 0 (octila dimetil PABA)
8 12
Sulisobenzona (benzofenona-4)
10
“FDA, U. S. Food and Drug Administration. "Recentemente aprovado pelo FDA.
particular, os tratam en to s com UV-B de faixa estreita (com bulbos fluorescentes que em item radiação em aproxim adam ente 311 nm ) aum entaram a eficácia com parados com a UV-B de faixa larga no tratam ento de psoríase. A fotoquim ioterapia em que psoralenos aplicados topicam ente ou p or via sistêmica são associados à UV-A (PUVA) tam bém é eficaz no tratam ento da psoríase assim com o nos estágios iniciais do linfo m a de células T cutâneo e no vitiligo. Os psoralenos são furocum arinas tricíclicas que, quando intercaladas no DNA e expostas à UV-A, form am com binações com bases de p irim idina e finalm ente estabe lecem ligações cruzadas no DNA. Acredita-se que essas alterações es truturais dim inuam a síntese do DNA e se relacionem com a m elhora que ocorre na psoríase. A razão pela qual a fotoquim ioterapia com PUVA é eficaz no linfom a de células T cutâneo ainda não está clara, mas ela m ostrou a indução de apoptose de populações de linfócitos T atípicos na pele. C onsequentem ente, o tratam ento direto de linfó citos atípicos circulantes por fotoquim ioterapia extracorpórea (fotofereses) tem sido usado na síndrom e de SZzary bem com o em outras doenças sistêmicas graves com linfócitos atípicos circulantes, com o a doença do enxerto versus hospedeiro.
BIBLIOGRAFIA i n CL, A n a n t h a s w a m y HN: p53 and the pathogenesis of skin cancer. Toxicol Appl Pharmacol 224:221,2007 Cui R et al: Central role of p53 in the suntan response and pathologic hyperpigmentation. Cell 128:853, 2007 D e e b KK et al: Vitamin D signaling pathways in cancer: Potential for anticancer therapeutics. Nat Rev Cancer 7:684,2007 E p s t e i n EH: Basal cell carcinomas: Attack of the hedgehog. Nat Rev Cancer 8(10):1275, 2008 L a g a AC, M u r p h y G F : The translational basis of human cutaneous photoaging. Am J Pathol 174:357,2009 M a l a n c h i I et al: Cutaneous cancer stem cell maintenance is dependent on beta-catenin signalling. Nature 452:650,2008 M i l l e r AJ, M i h m MC Jr : Melanoma. N Engl J Med 355:51, 2006 Morison W L : Photosensitivity. N Engl J Med 350:111,2004 M o r i s o n W L : Photosensitivity. N Engl J Med 350:111 2004 Sa g e RJ, L i m HW: Therapeutic Hotline: Recommendations on photoprotection and vitamin D. Dermatol Ther 23:82,2010 S c h a d e N et al: Ultraviolet B radiation-induced immunosuppression: Mo lecular mechanisms and cellular alterations. Photochem Photobiol Sei 3:699,2005 W o n g TH, R e e s JL: The relation between melanocortin I receptor variation and generation of phenotypic diversity in the cutaneous response to ultra violet radiation. Peptides 26:1965,2005 Y a a r M, G i l c h r e s t BA: Photoageing: Mechanism, prevention and therapy. Br J Dermatol 157:874,2007 Y a n g SH et al: Pathological responses to oncogenic Hedgehog signaling in skin are dependent on canonical Wnt/(3-catenin signaling. Nat Genet 40: 1130,2008
Be n jam
Fotossensibilidade e Outras Reações à Luz
Salicilato de trolamina
1
Além dos seus efeitos sobre o D N A, a fo toquim ioterapia com PUVA estim ula o espessam ento e p id érm ico e a síntese da m ela nina; esta últim a p ro p o rcio n a a base racional p a ra o seu uso na d o en ça que provoca d esp ig m en tação , o vitiligo, ju n to com seus efeitos anti-inflam atórios. 8-m etoxipsoraleno V O e UV -A parecem ser m ais eficazes nesse aspecto, m as p o d e m ser necessárias até 100 sessões de tratam en to d u ran te 12 a 18 m eses p ara que o corra repigm entação satisfatória. N ão su rp reen d e o fato de os prin cip ais efeitos colaterais da fo toterapia com UV-B p rolongada e a fo toquim ioterapia com PUVA sim ularem os verificados em in divíduos com exposição crônica ao sol e que consistem n o ressecam ento d a pele, ceratoses actínicas e risco m aior de câncer de pele. A pesar de tais riscos, o índice te ra pêutico dessas m odalid ad es c o n tin u a a ser excelente. É im p o rta n te escolher a abordagem de tra ta m e n to de fototerapia m ais a p ro p riad a p ara um a doença derm ato ló g ica específica. P or exem plo, a UV-B de faixa estreita foi relatada em vários estudos com o efetiva com o a foto q u im io terap ia PUVA no tra ta m e n to d a psoríase, m as tem um risco m en o r de d esenvolvim ento de câncer de pele que a PUVA.
447
SEÇÃO 10
Alterações Hematológicas
CAPÍTULO
57
Anemia e Policitemia John W. Adamson Dan L. Longo HEMATOPOIESE E BASE FISIOLOGICA DA PRODUÇÃO DOS ERITRÓCITOS
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
A hematopoiese refere-se ao processo de produção dos elem entos fi gurados do sangue. O processo é regulado p o r m eio de um a série de etapas que com eça com a célula-tronco hem atopoiética. As células-tronco têm a capacidade de pro d u zir eritrócitos, granulócitos de todas as classes, m onócitos, plaquetas e células do sistem a im une. O m ecanism o m olecular exato - seja intrínseco à célula-tronco em si, seja pela ação de fatores extrínsecos - , pelo qual a célula-tronco se torna consignada a determ inada linhagem , não está com pletam ente definido. E ntretanto, experim entos em cam undongos sugerem que as células eritroides originam -se de um progenitor eritroide/m egacariocítico com um que não se desenvolve na ausência da expressão dos fatores de transcrição de GATA-1 e FOG-1 (defrien d o f GATA-1) (Cap. 66). Após a consignação em determ inada linhagem , as células progenitoras e precursoras hem atopoiéticas ficam cada vez m ais sob a influência reguladora dos fatores de crescim ento e horm ônios. A eritropoietina (EPO) é o horm ônio regulador envolvido na p ro d u ção dos eritrócitos. A EPO necessária para a m anutenção das células progenitoras eritroides consignadas que, na ausência do horm ônio, sofrem m orte celular program ada (apoptose). O processo regulado de produção dos eritrócitos é denom inado eritropoiese, e seus elem entos-chave estão ilustrados na Figura 57.1. Na m edula óssea, o pró-norm oblasto é o prim eiro precursor eritroide m orfologicam ente identificável. Esta célula pode sofrer quatro a cinco divisões celulares que resultam na produção de 16 a 32 eri trócitos m aduros. Em caso de aum ento na produção de EPO ou a d m inistração de EPO com o fárm aco, ocorre amplificação no núm ero de células progenitoras im aturas, as quais dão origem ao aum ento do núm ero de eritrócitos. A regulação da própria produção de EPO está ligada à oxigenaçâo tecidual.
Pulm ões
Vasos Níveis de 0 2 atm osférico
Figura 57.1 Regulação fisiológica da produção dos eritrócitos pela tensão tecidual de oxigênio. Hb, hemoglobina.
448
Nos m am íferos, o 0 2 é tran sp o rta d o até os tecidos ligado à h e m oglobina contida no interior dos eritrócitos circulantes. O eritrócito m aduro tem 8 |xm de diâm etro e é anucleado, de form a discoide e extrem am ente flexível para atravessar com sucesso a m icrocircula ção. A integridade de sua m em brana é m antida pela geração intrace lular de ATP. A produção norm al dos eritrócitos perm ite a reposição diária de 0,8-1% das hem ácias circulantes no corpo, pois a sobrevida m édia dos eritrócitos é de 100 a 120 dias. O órgão responsável pela produção dos eritrócitos é d en o m in ad o éritron, um órgão d in âm i co, constituído por um reservatório de células precursoras eritroides m edulares de rápida proliferação e grande m assa de eritrócitos circu lantes m aduros. O tam anho da massa eritrocitária reflete o equilíbrio entre a produção e a destruição dos eritrócitos. A base fisiológica da produção e destruição dos eritrócitos fornece um a com preensão dos m ecanism os que p odem levar à anem ia. O regulador fisiológico da pro d u ção dos eritrócitos, o h o rm ô nio glicoproteico EPO, é sintetizado e liberado p or células de reves tim ento dos capilares peritubulares no rim . Essas células são de tipo epitelial e altam ente especializadas. O s hepatócitos sintetizam um a pequena quantidade de EPO. O estím ulo fundam ental à produção de EPO é a disponibilidade de 0 2 para as necessidades m etabólicas dos tecidos. O fator induzível por hipoxia (H IF )-l representa um elem en to fundam ental na regulação do gene da EPO. Na presença de 0 2, o HIF-1 é hidroxilado a um a prolina-chave, que perm ite a ubiquitinilação e degradação do H IF -1 através da via do proteassom a. Caso o 0 2se torne um fator lim itante, essa etapa de hidroxilação crítica não ocorre, perm itindo ao HIF-1 unir-se a outras proteínas, ser tran sp o r tado até o núcleo e suprarregular o gene da EPO, entre outros. Uma oferta deficiente de 0 2 ao rim pode resultar de dim inuição da m assa eritrocitária (anemia), da ligação deficiente de 0 2 à m olécu la de hem oglobina ou de hem oglobina m utante de alta afinidade com 0 2 (hipoxem ia), ou raram ente do fluxo sanguíneo deficiente para o rim (estenose da artéria renal). A EPO regula a produção diária dos eritrócitos, e os níveis do h o rm ô n io p o d em ser m edidos no plasm a p or m eio de im unoensaios sensíveis - o nível norm al de EPO é de 10-25 U/L. Q uando a concentração de hem oglobina cai abaixo de 100-120 g/L (10-12 g/dL), os níveis plasm áticos de EPO aum entam proporcionalm ente à gravidade da anem ia (Fig. 57.2). N a circulação, a EPO tem m eia-vida de depuração de 6 a 9 h e atua m ediante sua ligação a receptores específicos na superfície dos precursores eritroi des m edulares que induzem à sua proliferação e m aturação. Sob o estím ulo da EPO, a p rodução dos eritrócitos pode aum entar q u a tro a cinco vezes em um p eríodo de 1 a 2 sem anas, porém apenas na presença de n u trientes adequados, particu larm en te o ferro. Por conseguinte, a capacidade funcional do éritron exige produção renal norm al de EPO, m edula eritroide funcionante e um suprim ento ade quado de substratos à síntese de hem oglobina. A ocorrência de um defeito em qualquer um desses com ponentes-chave pode acarretar anem ia. Em geral, a anem ia é reconhecida no laboratório quando os níveis de hem oglobina ou o hem atócrito do paciente estão reduzidos abaixo de um valor esperado (faixa norm al). A probabilidade e in tensidade da anem ia são definidas com base no desvio dos níveis de hem oglobina/hem atócrito do paciente dos valores esperados para os indivíduos norm ais da m esm a idade e sexo. No adulto, a concentra ção de hem oglobina exibe um a distribuição gaussiana. O valor m édio do hem atócrito para hom ens adultos é de 47% (DP de ±7), ao passo que, nas m ulheres adultas, é de 42% (± 5). Q ualquer valor isolado do hem atócrito ou da hem oglobina está associado a um a probabilidade de anem ia associada. Por conseguinte, um hem atócrito < 39% em um hom em adulto ou < 35% em um a m u lh er adulta tem um a probabi lidade de apenas cerca de 25 % de ser norm al. Os valores baixos sus peitos da hem oglobina ou do h em atócrito serão interpretados com m ais facilidade se valores anteriores do m esm o paciente forem co-
104
103
1 102
101
12
15
H em oglobina (g/dL)
Figura 57.2 Níveis de eritropoietina (EPO) na resposta à anemia. Quando o nível de hemoglobina cai para 120 g/L (12 g/dL), os níveis plasmáticos de eritro poietina aumentam logaritmicamente. Na presença de doença renal ou inflamação crônica, os níveis de EPO ficam mais baixos do que o esperado para um nível es pecífico de anemia. À medida que o indivíduo envelhece, o nível de EPO necessário para sustentar níveis normais de hemoglobina parece aumentar. [De Híllman etal.)
ANEMIA ■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA ANEMIA Sinais e sintomas A anem ia é m ais frequentem ente diagnosticada com base em exa m es laboratoriais de triagem anorm ais. Um a situação m enos com um é a presença de anem ia avançada com seus sinais e sintom as associa dos. A anem ia aguda é causada p o r p erd a de sangue ou hem ólise. Se a perda de sangue for leve, ocorrerá aum ento da liberação de 0 2 graças a alterações n a curva de dissociação da 0 2-hem oglobina m e diadas p o r um a redução do pH ou aum ento do C 0 2 (efeito Bohr). Em caso de perda aguda de sangue, a hipovolem ia d om ina o quadro clínico, e o hem atócrito bem com o os níveis de hem oglobina não refletem o volum e de sangue perdido. Surgem sinais de instabilidade vascular com perdas agudas de 10 a 15% do volum e sanguíneo total. Nesses pacientes, o problem a não é a anem ia, m as a hipotensão e redução da perfusão dos órgãos. Q u ando ocorre perda súbita > 30% do volum e sanguíneo, o paciente é incapaz de com pensar com os m ecanism os habituais de contração vascular e alterações do fluxo sanguíneo regional. Ele prefere p erm an ecer deitado, apresentando hipotensão postural e taquicardia. Se a p erda de volum e sanguíneo for > 40% (isto é, > 2 L no adulto m édio), aparecerão sinais de ch o que hipovolêm ico, com o confusão, dispnéia, sudorese, hipotensão e taquicardia (Cap. 106). Esses pacientes apresentam déficits sig nificativos na perfusão dos órgãos vitais e necessitam de im ediata reposição do volume. Na hem ólise aguda, os sinais e sintom as dependem do m ecanis m o que leva à destruição dos eritrócitos. A hem ólise intravascular com liberação de hem oglobina livre pode estar associada à do r lom bar aguda, hem oglobina livre no plasm a e na urina, bem com o in suficiência renal. Os sintom as associados à anem ia m ais crônica ou progressiva dependem da idade do paciente e do suprim ento sanguí neo adequado para órgãos críticos. Os sintom as associados à anem ia m oderada incluem fadiga, perda da energia, dispnéia e taquicardia (particularm ente com esforço físico). Todavia, em v irtude dos m e canism os com pensatórios intrínsecos que governam a curva de dis sociação da 0 2-hem oglobina, o início gradual da anem ia - p a rticu larm ente em pacientes jovens - pode ser desacom panhado de sinais
Anemia A avaliação do paciente com anem ia exige u m a cuidadosa anam nese clínica e exam e físico m inucioso. C onvém avaliar sem pre a história nutricional relacionada com o uso de fárm acos ou o consum o de álcool, bem com o a história fam iliar de anem ia. C er tas regiões geográficas e origens étnicas estão associadas a m aior probabilidade de distúrbio hereditário da m olécula de hem oglo bina ou do m etabolism o in term ediário. A deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD ) e certas hem oglobinopatias são observadas m ais com um ente em afrodescendentes e indiví duos do O riente M édio, incluindo afro-am ericanos que apresen tam alta frequência de deficiência de G 6 PD. O utras inform ações que p odem ser úteis incluem a exposição a certos agentes tóxicos ou drogas, e sintom as relacionados com outros distúrbios que costum am estar associados a anem ia, bem com o sinais e sinto mas, com o sangram ento, fadiga, m al-estar, febre, perda ponderai, sudorese n o tu rn a e outros sintom as sistêm icos. Os indícios rela tivos aos m ecanism os da anem ia p o d e m ser obtidos no exam e físico ante o achado de infecção, sangue nas fezes, linfadenopatia, esplenom egalia ou petéquias. A esplenom egalia e linfadenopatia sugerem doença linfoproliferativa subjacente, enquanto a presen ça de petéquias indica algum a disfunção plaquetária. Os resulta dos de exam es laboratoriais anteriores são úteis para estabelecer a época de início. No paciente anêm ico, o exam e físico po d e revelar um b a ti m ento cardíaco vigoroso, pulsos periféricos fortes e sopro sistólico de “fluxo”. A pele e as m ucosas p o d erão se m o strar pálidas se o nível de hem oglobina for < 80 a 100 g/L (8 a 10 g/dL). Essa parte do exame físico deve concentrar-se nas áreas onde os vasos estão perto da superfície, com o as m ucosas, os leitos ungueais e as pregas palm ares. Se a coloração das pregas palm ares for mais clara que a pele circundante com a m ão em hiperextensão, o nível de hem oglobina será habitualm ente < 80 g/L (8 g/dL).
Anemia e Policitemia
nhecidos para comparação. A O rganização M undial da Saúde (OMS) define a anem ia com o um nível de hem oglobina < 130 g/L (13 g/dL) nos hom ens e < 120 g/L (12 g/dL) nas m ulheres. Os elem entos essenciais da eritropoiese - produção de EPO, dis ponibilidade de ferro, capacidade de proliferação da m edula óssea e m aturação efetiva dos precursores eritroides - são utilizados para a classificação inicial da anem ia (ver adiante).
ou sintom as, até que a anem ia se torne grave [nível de hem oglobina < 70-80 g/L (7-8 g/dL)]. Q uando a anem ia se desenvolve no decorrer de um período de vários dias ou sem anas, o volum e sanguíneo total apresenta-se norm al ou ligeiram ente aum entado, e as alterações no débito cardíaco e no fluxo sanguíneo regional ajudam a com pensar a perda global da capacidade de tran sp o rte de 0 2. As alterações na posição da curva de dissociação da 0 2-hem oglobina são responsáveis p o r parte da resposta com pensatória à anem ia. Na anem ia crônica, verifica-se um a elevação dos níveis intracelulares de 2,3-difosfoglicerato, deslocando a curva de dissociação para a direita e facilitando a liberação de 0 2. Esse m ecanism o com pensatório só pode m anter um suprim ento norm al de 0 2 para os tecidos na presença de um déficit de 20 a 30 g/L (2 a 3 g/dL) na concentração de hem oglobina. Por fim, um a proteção adicional do tran sp o rte de 0 2 para os órgãos vitais é alcançada pelo desvio de sangue de órgãos relativam ente ricos em suprim ento sanguíneo, particularm ente os rins, o intestino e a pele. C ertos distúrbios encontram -se com um ente associados à ane mia. Os estados inflam atórios crônicos (p. ex., infecção, artrite re u m atoide) estão associados a anem ia leve a m oderada, enquanto os distúrbios linfoproliferativos, com o a leucem ia linfocítica crônica e determ inadas outras neoplasias das células B, podem causar h em ó lise autoim une.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL O Q u a d ro 57.1 fornece um a lista dos exam es utilizados na investigação inicial da anem ia. O h e m ogram a com pleto de rotina é necessário com o parte da avalia ção e inclui o nível de hem oglobina, o hem atócrito e os índices eritrocitários: o volum e corpuscular m édio (VCM ), expresso em fentolitros; a hem oglobina corpuscular m édia (H CM ), em picogram as p or célula; e a concentração de hem oglobina corpuscular m édia p o r volum e de eritrócitos (C H C M ), em gram as p or litro (não SI: gram as p o r decilitro). Os índices eritrocitários são cal culados com o m ostra o Q u a d ro 57.2, e as variações norm ais da
449
QUADRO 57.1
Exames laboratoriais no diagnóstico da anemia
I. Hemograma completo (HC) A. Contagem de eritrócitos
II. Estudos de suprimento de ferro
[ Idade/sexo
Hemoglobina (g/dL)
Hematócrito (%)
1. Hemoglobina
A. Ferro sérico
Ao nascimento
17
52
2. Hematócrito
B. Capacidade total de ligação ao ferro
Infância
12
36
Adolescência
13
40
Homem adulto
16 (±2)
47 (±6)
Mulher adulta (menstruando)
13 (±2)
40 (±6)
14 (±2)
42 (±6)
1. Razão M/E3
Mulher adulta (pós-menopausa)
2. Morfologia celular
Durante a gravidez
12 (±2)
37 (±6)
3. Contagem de reticulócitos B. índices eritrocitários
C. Ferritina sérica III. Exame da medula
1. Volume corpuscular médio (VCM) 2. Hemoglobina corpuscular média (HCM) 3. Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM)
A. Aspirado
3. Coloração para o ferro 1. Celularidade 2. Morfologia
C. Contagem de ieucócitos
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
1. Contagem diferencial 2. Segmentação nuclear dos neutrófilos D. Contagem de plaquetas E. Morfologia celular 1. Tamanho da célula 2. Conteúdo de hemoglobina 3. Anisocitose 4. Poiquilocitose 5. Policromasia
hem oglobina e do hem atócrito com a idade são apresentadas no Q u a d ro 57.3. Diversos fatores fisiológicos afetam o hem ogram a completo, com o a idade, o sexo, a gravidez, o tabagism o e a altitu de. Podem -se observar valores norm ais altos da hem oglobina em hom ens e m ulheres que vivem em grandes altitudes ou que são fum antes inveterados. As elevações da hem oglobina em decor rência do tabagism o refletem um a com pensação n orm al devido ao deslocam ento do 0 2 pelo CO na ligação à hem oglobina. O utras inform ações im portantes são obtidas com a contagem dos reticu lócitos e as determ inações do suprim ento de ferro, incluindo o nível d e ferro sérico, a capacidade total de ligação ao ferro (TIBC; m edida indireta do nível de transferrina) e a ferritina sérica. Alte rações acentuadas nos índices eritrocitários geralm ente refletem distúrbios da m aturação ou deficiência de ferro. U m a c uidado sa avaliação do esfregaço de sangue periférico é im portante, e os laboratórios clínicos frequentem ente fornecem um a descrição da m orfologia dos eritrócitos e leucócitos, contagem diferencial e contagem plaquetária. Em pacientes com anem ia grave e anor-
índices eritrocitários
I índice
m alidades na m orfologia dos eritrócitos e/ou contagens baixas dos reticulócitos, o aspirado ou a biópsia de m edula óssea podem ajudar a estabelecer o diagnóstico. O utros testes valiosos no diag nóstico de anem ias específicas são discutidos nos capítulos que tratam de cada doença. Os com ponentes do h em ogram a com pleto tam bém ajudam na classificação da anem ia. A microcitose reflete-se p o r um VCM inferior ao norm al (< 80), enquanto valores elevados (> 100) in dicam macrocitose. A H C M e C H C M refletem defeitos na sín tese da hem oglobina (hipocrom ia). Os contadores celulares a u tom áticos descrevem o índice de anisocitose (RDW ). O VCM (que representa o pico da curva de distribuição) não é sensível ao aparecim ento de pequenas populações de m acrócitos ou m icrócitos. Um técnico de laboratório experiente é capaz de iden tificar pequenas populações de células grandes ou pequenas, ou de células hipocrôm icas antes do aparecim ento de alteração nos índices eritrocitários.
Esfregaço de sangue periférico
3 Razão M/E, razão entre os precursores mieloides e os eritroides.
QUADRO 57.2
Fonte: De Hillmanetal.
B. Biópsia
4. índice de anisocitose (RDW)
450
QUADRO 57.3 Alterações nos valores normais de hemoglobina/hematócrito com a idade e gravidez
Valor normal 1
Volume corpuscular médio (VCM) = (hematócrito x 10)/ (contagem de eritrócitos x 106)
90 ± 8 f L
Hemoglobina corpuscular média (HCM) = (hemoglobina x 10)/(contagem de eritrócitos x 106)
30 ± 3 pg
Concentração de hemoglobina corpuscular média = (hemoglobina x 10)/hematócrito ou HCM/VCM
33 ± 2%
Fornece inform ações im p o rta n tes sobre defeitos na produção dos eritrócitos (Cap. e l7 ). Com o com plem ento dos índices eritrocitários, o esfregaço sanguíneo tam bém revela a presença de variações no tam anho (anisocitose) e na form a (poiquilocitose) das células. Em geral, o grau de anisoci tose correlaciona-se com aum ento no RDW ou na faixa de tam a nho das células. A poiquilocitose sugere um defeito na m aturação dos precursores eritroides n a m edula óssea ou a ocorrência de fragm entação dos eritrócitos circulantes. O esfregaço sanguíneo tam bém pode revelar a existência de policromasia - eritrócitos li geiram ente m aiores do que o norm al e que exibem um a cor azul-acinzentada à coloração de W right-G iem sa. Essas células consis tem em reticulócitos liberados prem aturam ente da m edula óssea, e a sua cor revela a presença de quantidades residuais de RNA ribossôm ico. Tais células aparecem na circulação em resposta à estim ulação da EPO ou a algum a lesão estrutural da m edula óssea (fibrose, infiltração m edular por células m alignas, etc.), resultan do em sua liberação desordenada pela m edula. O aparecim ento de eritrócitos nucleados, corpúsculos de Howell-Jolly, células em alvo, células afoiçadas e outras anorm alidades podem fornecer in dícios sobre distúrbios específicos (Figs. 57.3 a 57.11).
Contagem de reticulócitos
A contagem precisa dos reticulócitos é essencial para a classificação inicial da anem ia. N orm alm ente, os reticulócitos são eritrócitos que foram recentem ente liberados da m edula óssea. São identificados pela sua coloração com corante supravital que precipita o RNA ribossôm ico (Fig. 57.12). Esses precipitados aparecem com o m anchas puntiform es azuis ou pre tas. Esse RNA residual é m etabolizado nas prim eiras 24-36 h de vida do reticulócito na circulação. Em condições norm ais, a con tagem de reticulócitos varia de 1 a 2% e reflete a reposição diária de 0,8-1,0 % da população circulante de eritrócitos. A contagem dos reticulócitos corrigida fornece um a m edida confiável da p ro dução de eritrócitos.
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c3 °§ ik® jO Figura 57.3
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Esfregaço sanguíneo normal (coloração de Wright). Campo de
grande aumento mostrando eritrócitos normais, um neutrófilo e algumas plaquetas. (De Hillman et al.)
Figura 57.6
Corpúsculos de Howell-Jolly. Na ausência de um baço funcio nal, os remanescentes nucleares não são removidos dos eritrócitos e continuam como pequenas inclusões de cor azul homogênea na coloração de Wright. (De Hill man etal.)
Anemia e Policitemia
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Figura 57.4
Anemia ferropriva grave. Eritrócitos microcíticos e hipocrômicos menores do que 0 núcleo de um linfócito associados a uma acentuada variação de tamanho (anisocitose) e forma (poiquilocitose). (De Hillman etal.)
Figura 57.7
Alterações dos eritrócitos na mielofibrose. 0 painel à esquerda mostra uma célula em forma de lágrima; 0 painel à direita, um eritrócito nucleado. Estas formas são observadas na mielofibrose com hematopoiese extramedular.
o Figura 57.5
Macrocitose. Os eritrócitos são maiores do que um linfócito pe
queno e bem hemoglobinizados. Com frequência, os macrócitos exibem uma forma ovalada (macroovalócitos).
Figura 57.8
Células em alvo. Essas células apresentam um aspecto em olho de boi e são observadas na talassemia e na doença hepática. (De Hillman etal.)
451
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■ Figura 57.9 Fragmentação dos eritrócitos. Os eritrócitos podem tornar-se fragmentados na presença de corpos estranhos na circulação, como as valvas car díacas mecânicas ou em caso de lesão térmica. (De Hillman etal.)
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 452
Figura 57.11
Células espiculadas. Estas células são reconhecidas como eri-
trócitos deformados que contêm várias projeções semelhantes a espinhos irregu larmente distribuídas. As células com essa anormalidade morfológica também são chamadas de acantócitos. (De Hillman et al.)
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Figura 57.10 Uremia. Os eritrócitos na uremia podem adquirir numerosas pro jeções espinhosas regularmente espaçadas. Estas células, chamadas de células espiculadas ou equinócitos, são imediatamente distinguíveis dos acantócitos irregu larmente espiculados mostrados na Figura 57.11.
Na classificação inicial da anem ia, a contagem dos reticuló citos do paciente é com parada com a resposta esperada destas células. Em geral, se as respostas da EPO e da m edula eritroide à anem ia m oderada [hem oglobina < 100 g/L (10 g/dL)] estive rem intactas, a taxa de produção dos eritrócitos aum entará duas a três vezes o norm al 10 dias após o início da anem ia. N a presença de anem ia estabelecida, um a resposta dos reticulócitos inferior a duas a três vezes o norm al indica um a resposta inadequada da m edula óssea. Para utilizar a contagem de reticu ló cito s com o estim ativa da resp o sta da m ed u la óssea, é necessário fazer duas c o rre ções. A p rim eira ajusta a c ontagem de reticu ló cito s com base no n ú m ero reduzido de eritrócitos circulantes. N a presença de anem ia, a porcentagem de reticulócitos p o d e estar aum entada, e n q u an to o n ú m ero absoluto p e rm a n ec e inalterado. Para c o r rig ir esse efeito, m u ltiplica-se a p o rc en tag e m de reticulócitos pela relação entre a hem oglobina ou o h e m a tó crito do paciente e o valor esperado da h e m o g lo b in a/h em a tó c rito p a ra a idade e o sexo dele (Q u a d ro 57.4). O valor o b tid o fornece u m a esti m ativa da contagem de reticulócitos corrigida para a presença de anem ia. Para converter a contagem de reticulócitos co rrig i da em índice de p ro d u ç ão m edular, é necessário efetuar o u tra correção, d e p en d e n d o da liberação p re m a tu ra de alguns dos reticulócitos da m edula óssea na circulação. Para essa segunda
Figura 57.12 Reticulócitos. A coloração com azul-de-metileno demonstra a presença de RNA residual nos eritrócitos recentemente formados. (De Hillman etal.)
correção, exam ina-se o esfregaço de sangue periférico à p rocura de m acrócitos policrom atófilos. Essas células, que representam reticulócitos liberados prem a turam ente, são descritas com o células de “desvio”, e a relação entre o grau de desvio e a necessidade do fator de correção de desvio é
QUADRO 57.4
Cálculo do índice de produção dos reticulócitos
Correção n #1 para a anemia Esta correção produz a contagem dos reticulócitos corrigida Em uma pessoa cuja contagem dos reticulócitos é de 9%; hemoglobina, 7,5 g/dL; hematócrito, 23%; contagem absoluta dos reticulócitos = 9 x (7,5/15) [ou X (23/45)] = 4,5%
Correção n #2 para vida mais longa dos reticulócitos prematuramente liberados no sangue: Esta correção produz o índice de produção dos reticulócitos Em uma pessoa cuja contagem de reticulócitos é de 9%; a hemoglobina, de 7,5 gm/dL; o hematócrito, de 23%; o índice de produção de reticulócitos é: _ g ^
(7,5/15) (correção da hemoglobina) _ 2 (correção do tempo de maturação)
^
Reticulócitos do sangue periférico (dias)
Normoblastos e reticulócitos da medula Hematócrito (%) (dias)
45
3,5
1,0
35
3,0
1,5
25
2,5
2,0
15
1,5
2,5 Fator de correção do D ES V IO
m ostrada na Figura 57.13. A correção é necessária, visto que tais células liberadas prem aturam ente sobrevivem com o reticulócitos durante > 1 dia, fornecendo, assim , um a estim ativa falsam ente elevada da produção diária dos eritrócitos. Se houver aum ento da policrom asia, a contagem de reticulócitos, já corrigida para a anem ia, deverá ser novam ente dividida p o r 2, para considerar o tem po de m aturação prolongado dos reticulócitos. O segundo fator de correção varia de 1 a 3 segundo a gravidade da anem ia. Em geral, utiliza-se com um ente um a correção de 2. O Q uadro 57.4 apresenta um a correção apropriada. Na ausência de células policrom atófilas no esfregaço sanguíneo, a segunda correção é desnecessária. A contagem de reticulócitos duplam ente corrigida constitui o índice de produção de reticulócitos, que fornece um a estim ativa da produção m edular com relação ao norm al. A liberação prem atura dos reticulócitos norm alm ente decor re de aum ento na estim ulação da EPO. Entretanto, se houver p e r da da integridade do processo de liberação da m edula óssea em conseqüência de infiltração tum oral, fibrose ou outros distúrbios, o aparecim ento de eritrócitos nucleados ou de m acrócitos policromatófilos ainda deverá exigir a segunda correção dos reticuló citos. A correção do desvio deve ser sem pre aplicada a pacientes com anem ia e um a contagem m uito elevada de reticulócitos, para obter um índice verdadeiro da produção efetiva dos eritrócitos. Os pacientes com anem ia hem olítica crônica grave podem a u m entar a sua produção de eritrócitos até seis a sete vezes. Por isso, tal m edida isolada confirm a o fato de que o paciente tem u m a res posta apropriada da EPO, função norm al da m edula óssea e ferro disponível suficiente para suprir as dem andas para a form ação de novos eritrócitos. O Q u a d ro 57.5 m o stra a resposta n orm al da m edula à anem ia. Se o índice de produção dos reticulócitos for < 2 na presença de anem ia estabelecida, isto significará a existência de um defeito na proliferação m edular ou na m aturação das célu las eritroides.
Resposta normal da medula à anemia
Hematócrito
fndice de produção
Reticulócitos (correções incluídas)
Razão M:Eda medula
45 35
1
1
3:1
2,0-3,0
4,8%/3,8/2,5
2:1- 1:1
25
3,0-5,0
14%/8/4,0
1:1- 1:2
15
3,0-5,0
30%/10/4,0
1:1- 1:2
54 a 64 [xmol/L (300 a 360 pg/dL ). A saturação da transferrina varia de 25 a 50%. Uma variação diurna nos níveis séricos de ferro resulta em variação na porcentagem de saturação da tran sferri na. Utiliza-se o nível sérico de ferritin a para avaliar as reservas corporais totais de ferro. Os hom ens adultos apresentam níveis séricos de ferritina de -1 0 0 |xg/L em m édia, correspondendo a reservas de ferro de -1 g. As m ulheres adultas têm níveis séricos m ais baixos de ferritina, de 30 |xg/L em m édia, refletindo reservas m enores de ferro (-3 0 0 mg). Níveis séricos de ferritina de 10-15 pg/L refletem depleção das reservas corporais de ferro. C ontudo, a ferritina tam bém é um reagente da fase aguda que, na presença de inflam ação aguda ou crônica, pode aum entar várias vezes aci m a dos valores basais. C om o regra, um nível sérico de ferritina > 200 pg/L indica a existência de pelo m enos algum a reserva teci dual de ferro.
Exame da medula óssea O aspirado e esfregaço ou a biópsia por agulha da m edula óssea podem ser úteis na avaliação de alguns pacientes com anem ia. N os pacientes com anem ia hipoproliferativa e estado férrico norm al, o exam e da m edula óssea é indicado. Este exam e pode diagnosticar distúrbios p rim ário s da m edula, com o a m ielofibrose, um defeito na m aturação dos eritrócitos ou doença infiltrativa (Figs. 57.14 a 57.16). D etectam -se aum ento ou dim inuição de um a linhagem celular em com paração com outra (m ieloide versus eritroide) pela contagem diferencial das células nucleadas em um esfregaço de m edula óssea [a razão m ieloide/ eritroide (M /E)]. Um paciente com anem ia hipoproliferativa (ver adiante) e índice de produção dos reticulócitos < 2 irá apresentar um a razão M /E de 2 ou 3:1. D iferentem ente, os pacientes com doença hem olítica e índice de produção > 3 terão um a razão M/E de pelo m enos 1:1. Os distúrbios de m aturação são identificados a p artir da discrepância entre a razão M /E e o índice de produção dos reticulócitos (ver adiante). O esfregaço e a biópsia da m edu-
Anemia e Policitemia
Figura 57.13 Correção da contagem de reticulócitos. Com o objetivo de usar a contagem de reticulócitos como um indicador da produção efetiva de eritró citos, o número de reticulócitos tem de ser corrigido com base no nível de anemia e período de vida na circulação dos reticulócitos. As células eritroides levam aproxi madamente quatro dias e meio para amadurecer. Com níveis normais de hemaglobina, os reticulócitos são liberados na circulação e permanecem neste estágio por ~1 dia. Contudo, com níveis diferentes de anemia, os reticulócitos (e até mesmo células eritroides mais imaturas) podem ser liberados da medula prematuramente. A maioria dos pacientes procura atendimento médico com hematócritos em torno de 20%, e, por conseguinte, utiliza-se comumente um fator de correção 2, visto que os reticulócitos observados irão permanecer por 2 dias na circulação antes de perderem seu RNA.
QUADRO 57.5
Testes de suprimento e armazenamento de ferro
As m edidas labo ratoriais que refletem a disponibilidade de ferro para a síntese da hem oglobina incluem o ferro sérico, a TIBC e a porcentagem de saturação da transferrina, obtida ao dividir o nível sérico de ferro (x 100) pela TIBC. Os níveis séricos norm ais de ferro variam de 9 a 27 pm ol/L (50 a 150 |xg/dL), enquanto a TIBC norm al é de
Figura 57.14 Medula óssea normal. Visão em pequeno aumento de um corte de biópsia de medula óssea normal corada pela hematoxilina e eosina (H&E). Ob servar que os elementos celulares nucleados são responsáveis por -40-50% , e a gordura (áreas claras) responde por -50 -60 % da área. (De Hillman etal.)
453
Figura 57.15 Hiperplasia eritroide. Esta medula apresenta um aumento na fração de células na linhagem eritroide, como se pode ver quando a medula normal compensa a perda de sangue aguda ou a hemólise. A razão M/E é de cerca de 1:1. {De Hillman etal.)
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Ia óssea podem ser corados para verificar se há reservas de ferro ou o próprio ferro nos eritrócitos em desenvolvim ento. O ferro arm azenado e ncontra-se na form a de ferritin a ou hemossiderina. Nos esfregaços de m edula óssea preparados com cuidado, podem -se observar norm alm ente pequenos grânulos de ferritina sob im ersão em óleo em 20- 40% dos eritroblastos em desenvolvi m ento. Estas células denom inam -se sideroblastos.
OUTRAS MEDIDAS LABORATORIAIS O u tro s exam es laboratoriais podem ser valiosos na confirm ação de diagnósticos específicos. Ver os detalhes desses exam es e sua aplicação em d istúrbios es pecíficos n os C apítulos 103 a 107.
citos (anem ia norm ocítica norm ocrôm ica) (Cap. 103). Os distúrbios da m aturação costum am provocar um aum ento leve a m oderado do índice de produção dos reticulócitos, acom panhado de índices eritrocitários m acrocíticos (Cap. 105) ou m icrocíticos (Caps. 103 e 104). O aum ento da destruição dos eritrócitos em conseqüência de hem ólise resulta em elevação de pelo m enos três vezes o norm al no índice de produção dos reticulócitos (Cap. 106), contanto que haja ferro suficiente. A anem ia hem orrágica não resulta em índices de produção m aiores que duas a duas vezes e m eia o norm al devido às lim itações im postas sobre a expansão da m edula eritroide pela dispo nibilidade do ferro. No prim eiro p onto de ram ificação da classificação da anem ia, um índice de produção de reticulócitos > 2,5 indica m aior pro b a bilidade de hem ólise; um índice de produção de reticulócitos < 2, anem ia hipoproliferativa ou distúrbio da m aturação. C om frequên cia, essas duas últim as possibilidades podem ser diferenciadas pelos índices eritrocitários, exam e do esfregaço de sangue periférico ou exam e da m edula óssea. Se os índices eritrocitários estiverem n o r mais, a anem ia será quase certam ente de natureza hipoproliferativa. Os distúrbios da m aturação caracterizam -se pela produção ineficaz dos eritrócitos e baixo índice de produção dos reticulócitos. No esfre gaço de sangue periférico, observam -se eritrócitos com m orfologia bizarra - m acrócitos ou m icrócitos hipocrôm icos. N a presença de anem ia hipoproliferativa, não há hiperplasia eritroide na m edula ós sea, ao passo que os pacientes com produção ineficaz dos eritrócitos apresentam hiperplasia eritroide e razão M /E 3:1. M/E, mieloide/ eritroide. [De Hillman e ta l)
454
Figura 57.17 pleto.
. D eficiência de vitam ina B 12 • Toxicidade de fárm acos • A nem ia refratária
Classificação fisiológica da anemia. HC, hemograma com
Distúrbios da maturação A presença de anem ia com índice de produção de reticulócitos inapropriadam ente baixo, m acro ou m icrocitose no esfregaço e índices eritrocitários anorm ais sugere um distúrbio de m aturação. Os dis túrbios de m aturação dividem -se em duas categorias: defeitos da m aturação nuclear, associados a m acrocitose, e defeitos da m a tu ração citoplasm ática, associados a m icrocitose e hipocrom ia, habi tualm ente em decorrência de defeitos na síntese da hem oglobina. O índice inapropriadam ente baixo de produção de reticulócitos reflete a eritropoiese ineficaz que ocorre em conseqüência da destruição dos eritroblastos em desenvolvim ento no in terio r da m edula óssea. O exame da m edula óssea revela um a hiperplasia eritroide. Os defeitos da m aturação nuclear resultam de deficiência de vi tam ina B12 o u ácido fólico, lesão p or fárm acos ou m ielodisplasia. Os fárm acos que interferem na síntese do DNA celular, com o o m etotre xato ou os agentes alquilantes, podem provocar um defeito na m atu ração nuclear. O álcool isoladam ente tam bém é capaz de induzir à m acrocitose ou grau variável de anem ia; contudo, esta situação geral m ente está associada à deficiência de ácido fólico. As determ inações do ácido fólico e da vitam ina B12 são fundam entais não apenas para identificar a deficiência da vitam ina específica com o tam bém pelo fato de refletirem diferentes m ecanism os patogênicos (Cap. 105). Os defeitos da m aturação citoplasm ática resultam de deficiência grave de ferro ou anorm alidades na síntese da globina ou do hem e. A deficiência de ferro ocupa um a posição in co m u m na classifi cação das anem ias. Se a anem ia ferropriva for leve a m o d erad a, a proliferação m edular eritroide é reduzida, e a anem ia é então clas sificada com o hipoproliferativa. E ntretanto, se a anem ia for grave e prolongada, a m edula eritroide se to rn ará hiperplásica apesar do suprim ento inadequado de ferro, sendo a anem ia classificada com o causada por eritropoiese ineficaz com defeito da m aturação citoplas mática. Em am bos os casos, um índice in apropriadam ente baixo de produção de reticulócitos, a m icrocitose e observação de um p adrão clássico nos valores do ferro to rn am o diagnóstico evidente e p e rm i tem diferenciar facilm ente a deficiência de ferro de outros defeitos
da m aturação citoplasm ática, com o as talassem ias. Os defeitos na síntese do hem e, diferentem ente da síntese da globina, são m enos com uns e podem ser adquiridos ou hereditários (Cap. 358). Em ge ral, as anorm alidades adquiridas são ligadas a m ielodisplasia, podem resultar em anem ia m acrocítica ou m icrocítica, e, com frequência, estão associadas a sobrecarga m itocondrial de ferro. Nesses casos, o ferro é retido pelas m itocôndrias das células eritroides em desenvol vim ento, p orém não incorporado no hem e. As m itocôndrias in cru s tadas com ferro circundam o núcleo da célula eritroide, form ando um anel. C om base no achado dos d e nom inados sideroblastos em anel n a coloração para ferro m edular, estabelece-se o diagnóstico de anem ia sideroblástica - refletindo quase sem pre m ielodisplasia. De novo, os exam es dos p arâm etro s do ferro são úteis no diagnóstico diferencial desses pacientes.
Perda de sangue/anemia hemolítica D iferentem ente das anem ias associadas a um índice de produção de reticulócitos indevidam ente baixo, a hem ólise está associada a ín dices de produção de eritrócitos > duas vezes e m eia o norm al. A eritropoiese estim ulada reflete-se no esfregaço sanguíneo pelo apa recim ento de núm eros aum en tad o s de m acrócitos policrom atófilos. Raram ente, será indicado o exam e de m edula óssea se houver o aum ento apropriado do índice de produção dos reticulócitos. Os índices eritrocitários são norm ocíticos ou ligeiram ente m acrocíticos, refletindo o aum ento do n úm ero de reticulócitos. A perda aguda de sangue não está associada a aum ento no índice de produção dos re ticulócitos devido ao tem po necessário para aum entar a produção de EPO e, subsequentem ente, a proliferação m edular. A perda subaguda de sangue pode estar associada à reticulocitose m oderada. A anem ia da perda sanguínea crônica m anifesta-se m ais frequentem ente na form a de deficiência de ferro que com o quadro de produção aum en tada dos eritrócitos. A avaliação da anem ia p o r perda de sangue não costum a ser di fícil. A m aioria dos problem as surge quando o paciente apresenta au m ento no índice de produção dos eritrócitos em decorrência de um episódio de perda aguda de sangue que não foi reconhecido. A causa da anem ia e do aum ento na produção de eritrócitos pode não ser ób via. A confirm ação de um estado de recuperação pode exigir obser vação durante um período de 2 a 3 sem anas, quando a concentração de hem oglobina deverá aum entar, com queda no índice de produção dos reticulócitos (Cap. 106). A doença hem olítica, em bora m arcante, está entre as form as m e nos com uns de anem ia. A capacidade de m anter um elevado índice de produção de reticulócitos reflete a capacidade da m edula eritroi de de com pensar a hem ólise e, no caso da hem ólise extravascular, a reciclagem eficiente do ferro dos eritrócitos destruídos para susten tar a produção de eritrócitos. C om a hem ólise intravascular, com o a hem oglobinúria n o tu rn a paroxística, a p erda de ferro pode lim itar a resposta da m edula. O nível de resposta depende da gravidade da anem ia e natureza do processo m órbido subjacente. As hem oglobinopatias, com o a anem ia falciform e e as talasse mias, exibem um quadro m isto. O índice de reticulócitos pode estar elevado, p orém é im propriam ente baixo para o grau de hiperplasia eritroide m edular (Cap. 104). As anem ias hem olíticas m anifestam -se de diferentes m aneiras. A lgum as surgem subitam ente com o episódio agudo e autolim itado de hem ólise intra ou extravascular, u m padrão de apresentação frequentem ente observado em pacientes com hem ólise autoim une ou com defeitos h ereditários da via de E m bden-M eyerhof ou a da glutationa redutase. Os pacientes com distúrbios hereditários da m o lécula de hem oglobina ou da m em brana dos eritrócitos geralm ente apresentam história clínica típica do processo m órbido durante toda a sua vida. Os pacientes com doença hem olítica crônica, com o a esferocitose hereditária, p o d em não apresentar anem ia, exibindo um a com plicação pelo aum ento prolongado da destruição dos eritrócitos, com o cálculos biliares de b ilirru b in a sintom áticos ou esplenom e galia. Os pacientes com hem ólise crônica tam bém são suscetíveis a crises aplásicas se um processo infeccioso interrom per a produção de eritrócitos.
Anemia e Policitemia
pode refletir a ocorrência de disfunção renal, supressão da síntese da EPO p or citocinas inflam atórias, com o a interleucina 1, ou n e cessidade tecidual reduzida de 0 2 em conseqüência de doença m e tabólica, com o o hipotireoidism o. A penas em certas ocasiões é que a m edula óssea se m ostra incapaz de produzir eritrócitos em um a taxa norm al, situação m ais prevalente em pacientes com insuficiência re nal. Com diabetes m elito ou m ielom a, a deficiência de EPO pode ser mais acentuada do que seria esperado devido ao grau de insuficiência renal. Em geral, as anem ias hipoproliferativas caracterizam -se pela existência de eritrócitos norm ocíticos norm ocrôm icos, em bora p o s sam ser observadas células m icrocíticas hipocrôm icas com deficiên cia leve de ferro ou doença inflam atória crônica de longa duração. Os testes laboratoriais essenciais para distinguir as várias form as de anem ia hipoproliferativa incluem os níveis séricos de ferro e a capa cidade de ligação ao ferro, a avaliação das funções renal e tireóidea, a biópsia ou o aspirado de m edula óssea para detectar a presença de lesão m edular ou doença infiltrativa, e a ferritina sérica para a ava liação das reservas de ferro. A coloração da m edula óssea para ferro irá determ inar o padrão de distribuição do ferro. Os pacientes com anem ia da inflam ação aguda ou crônica exibem um padrão distinto de ferro sérico (baixos valores), TIBC (norm al ou baixa), po rcen ta gem de saturação da transferrina (baixa) e ferritin a sérica (norm al ou elevada). Estas alterações nos valores de ferro surgem devido à hepcidina, o h o rm ônio regulador do ferro, aum entada em caso de inflam ação (Cap. 103). O bserva-se um p adrão d istinto de resulta dos na deficiência leve a m oderada de ferro (baixos níveis séricos de ferro, TIBC elevada, baixa porcentagem de saturação da transferrina e níveis séricos baixos de ferritina) (Cap. 103). A lesão da m edula óssea p or fárm acos, a presença de doença infiltrativa, com o leuce m ia ou linfom a, ou a aplasia m edular são diagnosticadas com base na m orfologia das células no sangue periférico e na m edula óssea. Em caso de doença infiltrativa ou fibrose, é necessária um a biópsia da m edula óssea.
455
O diagnóstico diferencial de um episódio agudo ou crônico de hem ólise exige cuidadosa integração entre a história familiar, o p a drão de apresentação clínica e - se a doença for congênita ou adquiri da - um exame cuidadoso do esfregaço de sangue periférico. O diag nóstico preciso pode requerer exam es laboratoriais especializados adicionais, com o a eletroforese da hem oglobina ou triagem das e n zim as eritrocitárias. Os defeitos adquiridos na sobrevida dos e ritró citos com frequência são m ediados im unologicam ente e exigem um teste da antiglobulina direto ou indireto, ou título das crioaglutininas para detectar a presença de anticorpos hem olíticos ou de destruição dos eritrócitos m ediada pelo com plem ento (Cap. 106).
TRATAMENTO
Anemia
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Um princípio desprezado é o de iniciar o tratam ento da anem ia leve a m oderada só depois do estabelecim ento de um diagnóstico específico. R aram ente, em um a situação aguda, a anem ia pode ser grave a ponto de exigir transfusões de hem ácias antes do es tabelecim ento do diagnóstico. In d ependentem ente de a anem ia ser de início agudo ou gradual, a escolha do tratam ento apropria do é determ inada pela(s) causa(s) docum entada(s) da anem ia. C om frequência, a causa da anem ia é m ultifatorial. Assim, p o r exemplo, um paciente com artrite reum atoide grave que utilizou anti-inflam atórios pode apresentar anem ia hipoproliferativa as sociada a inflam ação crônica bem com o perda crônica de sa n gue devido à ocorrência de hem orragia digestiva interm itente. Em todas as circunstâncias, é im p o rtan te avaliar p o r com pleto o estado de ferro do paciente antes e no decorrer do tratam ento de qualquer anem ia. A tran sfu são é d iscu tid a n o C ap ítu lo 113; a tera p ia com ferro, no C a p ítu lo 103; o tra ta m e n to da an em ia m egaloblástica, no C apítulo 105; o tra ta m e n to de o u tra s e n ti dades, nos respectivos cap ítu lo s (an em ia falciform e, C apítulo 104; anem ias hem olíticas, C apítulo 106; anem ia aplásica e m ie lodisplasia, C apítulo 107). As opções terapêuticas para o tratam en to das anem ias a u m entaram notavelm ente nos últim os 25 anos. A terapia com hem ocom ponentes já está disponível e é segura. A EPO recom binante com o adjuvante do tratam ento da anem ia transform ou a vida dos pacientes com insuficiência renal crônica subm etidos à diálise e reduziu as necessidades de transfusão dos pacientes anê m icos portadores de câncer que estão recebendo quim ioterapia. Por fim, os pacientes com distúrbios hereditários da síntese de globina ou m utações no gene da globina, com o a anem ia falcifor me, poderão ser beneficiados com a introdução bem -sucedida da terapia gênica dirigida (Cap. 68).
POLICITEMIA D efine-se policitem ia com o u m aum ento da hem o g lo b in a acim a do norm al. Esse aum ento po d e ser real ou apenas aparente devi do a u m a dim inuição do volum e plasm ático (policitem ia espúria ou relativa). O term o eritrocitose po d e ser utilizado com o sin ô n i m o de policitem ia; todavia, alguns fazem um a distinção entre eles: a eritrocitose im plica a d o cu m en tação de u m a u m e n to da m assa eritrocitária, enquanto a policitem ia refere-se a q u alquer aum ento dos eritrócitos. C om frequência, os pacientes com policitem ia são detectados ante o achado casual de níveis elevados de hem oglobina ou do hem atócrito. Em geral, surge a preocupação de que o nível de hem oglobina pode estar ano rm alm en te elevado q u an d o atinge 170 g/L (17 g/dL) em h o m en s e 150 g/L (15 g/dL) em m ulheres. Os valores do hem ató crito de > 60% em hom ens ou de > 55% em m ulheres estão quase sem pre associados a um au m en to da m assa eritrocitária. Tendo em vista o fato de que a m áquina que quantifica os parâm etrro s eritrocitários m ede, em realidade, as concentrações de hem oglobina e calculam os hem atócritos, os níveis de hem oglo bina podem constituir um m elhor índice.
456
Os aspectos da história clínica que se m ostram úteis no diagnós tico diferencial incluem história de tabagism o, residência atual em grandes altitudes ou história clínica de cardiopatia congênita, apneia do sono ou doença pulm onar crônica. Os pacientes com p o lic ite m ia p o d e m ser assintom áticos ou apresentar sintom as relacionados com a u m e n to da m assa e ritro citária ou o processo m ó rb id o subjacente que leva ao aum ento da m assa de eritrócitos. O s sintom as d o m in a n tes em d ecorrência do aum ento da m assa e ritro citária estão relacionados com hiperviscosidade e tro m b o se (venosa e arterial), visto que a viscosidade sanguínea aum enta de m o d o logarítm ico com h em atócritos > 55%. As m anifestações incluem desde isquem ia digital até a síndrom e de B udd-C hiari, com trom bose da veia hepática. As trom boses a b d o m inais são p articularm ente com uns. Pode haver sintom as n e u ro ló gicos, com o a vertigem , zum bido, cefaleia e p e rtu rb a çõ e s visuais. C om frequência, há hipertensão. Os pacientes com policitemia vera po d em apresentar p ru rid o aquagênico e sintom as relacionados com a hepatoesplenom egalia. Os pacientes p o d e m exibir equim oses de ocorrência fácil, epistaxe ou sa n g ram e n to do trato gastrintestinal. É com um a o corrência de úlcera péptica. O s pacientes com h ip o xem ia p odem m anifestar cianose com esforço m ín im o ou cefaleia, redução da acuidade m ental e fadiga. Em geral, o exame físico revela um a aparência pletórica. A esple nom egalia favorece a policitem ia vera com o diagnóstico (Cap. 108). A presença de cianose ou evidências de shunt direita-esquerda suge rem um a cardiopatia congênita que se m anifesta no adulto, p a rticu larm ente a tetralogia de Fallot ou síndrom e de E isenm enger (Cap. 236). O aum ento da viscosidade sanguínea eleva a pressão arterial p u lm onar; a hipoxem ia p o d e resu ltar em aum ento da resistência vascular pulm onar. Em seu conjunto, esses fatores p odem provocar cor pulmonale. A policitem ia pode ser espúria (relacionada com um a dim inui ção do volum e plasmático; síndrom e de Gaisbock), de origem p rim á ria ou secundária. As causas secundárias estão associadas a elevações dos níveis de EPO: aum ento apropriado e fisiologicam ente adaptado, baseado na hipoxia tecidual (doença pulm onar, grandes altitudes, in toxicação p or CO, hem oglobinopatia de alta afinidade) ou superpro dução anorm al (cistos renais, estenose da artéria renal, tum ores com a produção ectópica de EPO). U m a form a fam iliar rara de policite m ia está associada a níveis norm ais de EPO, porém com receptores de EPO hiper-responsivos causada p o r m utações.
Policitemia C om o m ostra a F igura 57.18, a p rim eira etapa é do cu m en tar a presença de aum ento da m assa eritrocitária utilizando o p rin cí pio da diluição isotópica m ediante a adm inistração de hem ácias autólogas m arcadas com C r51 ao paciente e determ inação da ra dioatividade do sangue em 2 h. Se a m assa eritrocitária estiver norm al (< 36 m L/kg em hom ens; < 32 m L/kg em m ulheres), p o derá ser estabelecido o diagnóstico de policitem ia espúria ou re lativa. Se a m assa e ritrocitária estiver aum entada (> 36 m L/kg em hom ens; > 32 m L/kg em m ulheres), será necessário determ inar os níveis séricos de EPO. Se os níveis de EPO estiverem baixos ou indetectáveis, será m ais provável que o paciente ten h a p oli citem ia vera. Os testes auxiliares que sustentam esse diagnóstico incluem contagem elevada dos leucócitos, aum ento da contagem absoluta dos basófilos e trom bocitose. M utação em JAK-2 (Val617Phe), um m em bro essencial da via de sinalização intracelular da citocina, pode ser en co n trad a em 70-95% dos pacientes com policitem ia vera. Se os níveis séricos de EPO estiverem elevados, é necessário distinguir se a elevação representa um a resposta fisiológica à h i poxia ou se está relacionada com a produção autônom a de EPO. Nos pacientes com baixa saturação de 0 2 arterial (< 92%), deverá ser efetuada um a avaliação adicional à p ro cu ra de cardiopatia ou
doença pulm onar, se não estiverem residindo em grandes altitu des. Os pacientes fum antes com saturação no rm al de 0 2 podem apresentar níveis elevados de EPO devido ao deslocam ento do 0 2 pelo CO. Se os níveis de carboxiem oglobina (C O H b) estiverem elevados, o diagnóstico será de “policitem ia do fum ante”. Esses pacientes devem ser aconselhados a ab an d o n ar o tabagism o. Os que não conseguirem fazê-lo vão necessitar de flebotom ia para controlar a policitem ia. Os pacientes com saturação norm al de 0 2 que não fum am apresentam hem oglobina anorm al, que não libera 0 2 para os tecidos (avaliada pelo achado de hem oglobina de alta afinidade pelo 0 2), ou possuem um a fonte de produção de EPO que não está resp o n d en d o à inibição n orm al por fe e d back. Q ualquer avaliação adicional é determ in ad a pelo diagnós tico diferencial de neoplasias p ro d u to ras de EPO. O hepatom a, leiom iom a u terino e câncer ou cistos renais são detectáveis na tom ografia c om putadorizada abdom inopélvica. O s hem angiom as cerebelares p o d em p ro d u z ir EPO, p orém estão associados a sinais e sintom as neurológicos de localização, e não a sintom as relacionados com a policitem ia.
a b o r d a g e m a o d ia g n ó s t ic o d e p a c ie n t e s c o m p o l ic it e m ia
M edir os níveis de carboxiem oglobina
M edir a afinidade da hem oglobina pelo 0 2
BIBLIOGRAFIA
p o lic it e m ia d o fu m a n t e
Figura 57.18 Abordagem ao diagnóstico de pacientes com policitemia. Ht, hematrócito; Hb, hemoglobina; DPOC, doença pulmonar obstrutiva crônica; EPO, eritropoietina; PIV, pielograma intravenoso; US, ultrassonografia; TC, tomografia.
CA PÍTULO
58
Sangramento e Trombose Barbara Konkle O sistem a hem ostático hum an o proporciona um equilíbrio natural entre forças procoagulantes e anticoagulantes. As forças procoagulantes consistem na aderência e agregação plaquetárias, bem com o na form ação de coágulos de fibrina; as forças anticoagulantes incluem os inibidores naturais da coagulação e fibrinólise. Sob circunstâncias norm ais, a hem ostasia é regulada para prom over o fluxo sanguíneo; entretanto, tam bém está preparada para coagular o sangue rap id a m ente a fim de suspender o fluxo sanguíneo e evitar a exsanguinação. Após o sangram ento ser estancado com sucesso, o sistem a rem odela o vaso lesionado para restaurar o fluxo sanguíneo norm al. Os prin ci pais com ponentes do sistem a hem ostático, que funcionam em co n sonância, são ( 1) plaquetas e outros elem entos form ados do sangue, com o m onócitos e eritrócitos; (2) proteínas plasm áticas (os fatores e inibidores fibrinolíticos e da coagulação); e (3) a parede do vaso.
ETAPAS DA HEMOSTASIA NORMAL ■ FORMAÇÃO D0 TAMPÃO PLAQUETÁRI0 N a lesão vascular, as plaquetas aderem ao local da lesão, em geral a superfície vascular interna desnuda. A adesão plaquetária é m ediada prim ariam ente pelo fator de von W illebrand (FV W ), um a proteína m ultim érica grande presente tanto no plasm a com o na m atriz extra celular da parede subendotelial do vaso, que serve com o “cola m ole cular” prim ária, fornecendo força suficiente p ara su p o rtar os altos
RS et al: H em atology in Clinical Practice, 5th ed. New York, Mc Graw-HilI, 2010 M c M u l l i n M F : The classification and diagnosis of erythrocytosis. Int J Lab Hematol 30:447,2008 Rizzo JD et al: American Society of Hematology/American Society of Clinical Oncology clinical practice guideline update on the use of epoetin and darbepoetin in adult patients with cancer. Blood 116:4045,2010 H
il l m a n
Sangramento e Trombose
D ia g n ó s tic o :
P rocurar tum or com o fonte de EPO PIV/US renal (câncer ou cisto renal) TC do crânio (hem angiom a cerebelar) TC da pelve (leiom iom a uterino) TC do abdom e (hepatom a)
níveis de estresse de cisalham ento que tenderiam a separá-las com o fluxo sanguíneo. A adesão plaquetária tam bém é facilitada pela liga ção direta ao colágeno subendotelial p or m eio de receptores específi cos de colágeno da m em brana plaquetária. A adesão plaquetária resulta em subsequentes ativação e agrega ção plaquetárias, processo aum entado e am plificado p o r m ediado res hum orais no plasm a (p. ex., epinefrina, trom bina); m ediadores liberados de plaquetas ativadas (p. ex., adenosina difosfato, seroto nina); e constituintes da m atriz extracelular da parede do vaso que entram em contato com plaquetas aderentes (p. ex., colágeno, FVW). As plaquetas ativadas passam p o r reação de liberação, durante a qual secretam o conteúdo que depois prom ove a agregação e inibem os fatores celulares endoteliais natu ralm en te anticoagulantes. D urante a agregação plaquetária (interação plaqueta-plaqueta), as plaquetas adicionais são recrutadas a p a rtir da circulação para o local da lesão vascular, levando à form ação de um trom bo plaquetário oclusivo. O tam pão plaquetário é ancorado e estabilizado pela m alha de fibrina em desenvolvimento. O complexo da glicoproteína plaquetária (Gp) Ilb/IIIa (ctnbp 3) é o receptor m ais abundante na superfície plaquetária. A ativação da plaqueta converte o receptor Gp Ilb/IIIa, n o rm alm ente inativo, em um receptor ativo, possibilitando a ligação ao fibrinogênio e FVW. Pelo fato de a superfície de cada plaqueta ter cerca de 50.000 sítios de ligação de Gp Ilb/IIIa, num erosas plaquetas ativadas recrutadas para o local da lesão vascular p odem form ar rapidam ente um agre gado oclusivo p or m eio de um a densa rede de pontes de fibrinogênio intercelular. Com o este receptor é o principal m ediador da agregação de plaquetas, tornou-se um alvo efetivo para terapia antiplaquetária.
■ FORMAÇÃO DE COÁGULO DE FIBRINA As proteínas plasm áticas de coagulação (fatores de coagulação) n o r m alm ente circulam no plasm a nas suas form as inativas. A seqüência
457
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
de reações da proteína de coagulação que culm inam na form ação da fibrina foi originalm ente descrita com o u m a cachoeira ou cascata. D uas vias de coagulação sanguínea foram descritas no passado: a via extrínseca ou de fator tecidual e a via intrínseca ou de ativação de contato. Hoje se sabe que a coagulação norm alm ente é iniciada po r m eio da exposição e ativação do fator tecidual (TF) p or m eio da via extrínseca clássica, m as com amplificação criticam ente im por tante p o r m eio da via intrínseca clássica, com o ilustrado na Figura 58.1. Estas reações ocorrem nas superfícies fosfolipídicas, em geral a superfície plaquetária ativada. O teste de coagulação no laboratório pode refletir outras influências devido à natureza artificial dos siste mas in vitro utilizados (ver adiante). O gatilho im ediato para a coagulação é a lesão vascular que ex põe o sangue ao TF constitutivam ente expresso nas superfícies dos com ponentes celulares subendoteliais da parede do vaso, com o as células m usculares lisas e fibroblastos. O TF tam bém está presente nas m icropartículas circulantes, presum ivelm ente derram adas de células com o os m onócitos e as plaquetas. O TF liga o fator V ila da serina protease; o complexo ativa o fator X em fator Xa. A lternativa m ente, o complexo pode ativar indiretam ente o fator X convertendo inicialm ente o fator IX em fator IXa, que em seguida ativa o fator X. A participação do fator XI na hem ostasia não depende de sua ativa ção pelo fator Xlla, m as sim de sua ativação de feedback positivo pela trom bina. Assim, o fator Xla age na propagação e amplificação, e não na iniciação, da cascata de coagulação. O fator Xa pode ser form ado p o r m eio de ações do com plexo fator tecidual/fator V ila ou fator IXa (tendo o fator V lIIa com o cofator) e converte a protrom bina em trom bina, a protease essencial do sistem a de coagulação. O cofator essencial para esta reação é o fator Va. Assim com o o fator V lIIa hom ólogo, o fator Va é produzido pela proteólise lim itada induzida pela trom bina do fator V. A trom bina é um a enzim a m ultifatorial que converte o fibrinogênio plasm ático so lúvel em um a m atriz de Fibrina insolúvel. A polim erização da fibrina envolve um processo ordenado de associações interm oleculares (Fig. 58.2). A trom bina tam bém ativa o fator XIII (fator de estabilização da fibrina) em fator XHIa, que faz ligação cruzada covalente e, portanto, estabiliza o coágulo de fibrina. A m ontagem dos fatores de coagulação nas superfícies da m em brana celular ativada acelera grandem ente suas taxas de reação e
Lesão do vaso
------ fÔ j
-------
Ligação cruzada de fibrina
^ Fator X llia
Dü D
Lise do coágulo
P lasm ina
< S ^ ) = Figura 58.2
Formação e dissolução de fibrina. (A). 0 fibrinogênio é uma es
trutura trinodular, que consiste em dois domínios D e um domínio E. A ativação da trombina resulta em uma montagem lateral ordenada de protofibrilas (B) com asso ciações não covalentes. 0 FXIIIa faz ligação cruzada com os domínios d nas molécu las adjacentes (C). A lise da fibrina e do fibrinogênio (não mostrados) pela plasmina ocorre em locais distintos e resulta em produtos da degradação intermediários da (o) fibrina(ogênio) (não mostrados). Os D-dímeros são o produto da lise completa da fibrina (0), mantendo os domínios d com ligação cruzada.
tam bém serve para localizar a coagulação sanguínea nos sítios de lesão vascular. Os com ponentes cruciais da m em brana celular, fosfolipídios ácidos, norm alm ente não são expostos nas superfícies da m em brana celular em repouso. E ntretanto, quando plaquetas, m o nócitos e células endoteliais são ativados pela lesão vascular ou estí m ulos inflam atórios, os principais grupos pró-coagulantes dos fosfolipídios aniônicos da m em brana são translocados para as superfícies destas células ou liberados com o parte de m icropartículas, tornando-as disponíveis para sustentar e prom over as reações de coagulação plasm ática.
MECANISMOS ANTITROMBOTICOS
F ib rin o g ê n io '
Figura 58.1
Fibrina
A coagulação é iniciada pela exposição do fator tecidual (TF), que, juntamente com o fator
(F)Vlla, ativa o FIX e o FX, o qual, por sua vez, tendo o FVIII e o FV como cofatores, respectivamente, resultam em formação de trombina e conversão subsequente do fibrinogênio em fibrina. A trombina ativa o FXI, o FVIII e o FV, amplificando o sinal de coagulação. Uma vez formado o complexo TF/FVIIa/FXa, o inibidor da via do fator tecidual (TFPI) inibe a via TF/FVIIa, tornando a coagulação dependente da alça de amplificação por meio de FIX/FVIII. A coagulação requer cálcio (não mostrado) e ocorre nas superfícies fosfolipídicas, habitualmente a membrana da plaqueta ativada.
458
Montagem da fibrina
^ Trom bina
Vários m ecanism os antitrom bóticos fisio lógicos agem em consonância para evitar a coagulação sob circunstâncias norm ais. Estes m ecanism os operam para preser var a fluidez do sangue e para lim itar a coagulação sanguínea em locais focais específicos da lesão vascular. As células endoteliais, que têm m u ito s efeitos a n titro m b ó tico s, p ro d u z em prostaciclina, óxido n ítric o e ectoA D P ase/C D 39, os quais agem p ara in ib ir a ligação, secre ção e agregação plaquetárias. Tais células p ro d u z em fatores antico ag u lan tes que incluem os proteoglicanos da heparana, antitrom bina, inibidor da via TF e trom b o m o d u lin a. T am bém ativam m ecanis m os fibrinolíticos p o r m eio da produção de ativador do plasm inogênio tecidual 1, uroquinase, inibidor do ativador do plas m inogênio e anexina 2. Os locais de ação das principais vias fisiológicas antitrom bóticas são m ostrados n a Figura 58.3.
se to rn a dependente da “alça de am plificação” p or m eio da ativação de FXI e FVIII pela trom bina. TFPI é ligado a lipoproteína e tam bém pode ser liberado pela heparina a p a rtir das células endoteliais, onde é ligado a glicosam inoglicanos, e das plaquetas. A liberação m ediada pela heparina de TFPI pode desem penhar um papel nos efeitos anti coagulantes das heparinas não fracionadas e de baixo peso molecular.
■ 0 SISTEMA FIBRINOLÍTICO
PA P lasm inogênio
Figura 58.3 Locais de ação das quatro principais vias fisiológicas antitrombóticas: antitrombina (AT); proteína C/S (PC/PS); inibidor da via do fator tecidual (TFPI); e sistema fibrinolítico, que consiste em plasminogênio, ativador do plasminogênio (PA) e plasmina. PT, protrombina; Tr, trombina; FDP, produtos de de gradação da(o) fibrina(ogênio). (Modificada de BA Konkle, Al Shafer, em DP Zipes et al. [eds.]: Braunwald's Heart Disease, 7th ed., Philadelphia, Saunders, 2005.)
A antitrom bina (ou a ntitrom bina III) é o principal inibidor da protease plasm ática principal da trom bina e outros fatores form ado res de coágulos na coagulação. A an titrom bina neutraliza a tro m b i na e outros fatores de coagulação ativados form ando um com plexo entre o local ativo da enzim a e o centro reativo da antitrom bina. A taxa de form ação destes com plexos de inativação aum enta em um fator de vários m ilhares na presença de heparina. A inativação a n ti trom bina da trom bina e outros fatores de coagulação ativados ocorre fisiologicam ente nas superfícies vasculares, onde os glicosam inoglicanos, incluindo os sulfatos de h eparana, estão presentes para ca talisar estas reações. As deficiências quantitativas e qualitativas da antitrom bina levam a um a predisposição durante toda a vida a tro m boem bolism o venoso. A proteína C é um a glicoproteína plasm ática que se to rn a um anticoagulante qu ando ativada pela trom bina. A ativação induzida pela trom bina da proteína C ocorre fisiologicam ente na trom bom odulina, um local de ligação do proteoglicano da transm em brana p ara trom bina nas superfícies da célula endotelial. A ligação da proteína C a seu receptor nas células endoteliais a coloca em proxim idade com o complexo de trom bina-trom bom odulina, aum entando, assim, sua eficiência de ativação. A proteína C ativada age com o um anticoagu lante clivando e inativando os fatores V e V III ativados. Esta reação é acelerada por um cofator, proteína S, que, assim com o a proteína C, é um a glicoproteína que passa p o r m odificação pós-translacional de pendente da vitam ina K. As deficiências quantitativas e qualitativas da proteína C ou da S, ou resistência à ação da proteína C ativada por um a m utação específica em seu local de clivagem -alvo no fator Va (fator V de Leiden), levam a estados hipercoaguláveis. O inibidor da via do fator tecidual (TFPI) é um inibidor de prote ase plasm ática que regula a via extrínseca induzida pelo TF da coagu lação. O TFPI inibe o complexo TF/FVIIa/FXa, essencialm ente des ligando a iniciação do complexo TF/FV IIa de coagulação, que então
Sangramento e Trombose
P lasm ina
Q ualquer trom bina que escapa dos efeitos inibitórios dos sistem as anticoagulantes fisiológicos está disponível para converter fib ri nogênio em fibrina. Em resposta, o sistem a fibrinolítico endógeno é ativado para descartar a fibrina intravascular e, assim , m anter ou restabelecer a desobstrução da circulação. Assim com o a trom bina é a principal enzim a protease do sistem a de coagulação, a plasm ina é a principal enzim a protease do sistem a fibrinolítico, agindo para dige rir a fibrina em produtos de degradação da fibrina. O esquem a geral de fibrinólise e seu controle são m ostrados na F igura 58.4. Os ativadores do plasm inogênio, o ativador do plasm inogênio do tipo tecidual (tPA) e o ativador do plasm inogênio do tipo uroquinase (uPA), clivam a ligação Arg560-Val561 do plasm inogênio para gerar a plasm ina enzim ática ativa. Os locais de ligação na lisina da plasm ina (e plasm inogênio) p erm item que ela se ligue à fibrina, de form a que a fibrinólise fisiológica seja “específica da fibrina”. T an to o plasm inogênio (p o r m eio de locais de ligação da lisina) com o tPA possuem afinidade específica para a fibrina e, portanto, ligam-se seletivam ente aos coágulos. A m ontagem de um complexo ternário, que consiste em fibrina, plasm inogênio e tPA, prom ove a interação localizada entre plasm inogênio e tPA, bem com o acelera grandem en te a taxa de ativação do plasm inogênio em plasm ina. Além disso, a degradação parcial da fibrina pela plasm ina expõe novos locais de li gação do plasm inogênio e tPA nos resíduos de lisina carboxiterm inal dos fragm entos de fibrina para aum entar estas reações ainda mais, o que cria um m ecanism o altam ente eficiente para gerar plasm ina focalm ente no coágulo de fibrina, que então se to rn a substrato de plasm ina para a digestão em p rodutos da degradação da fibrina.A plasm ina cliva a fibrina em locais distintos da m olécula de fibrina, levando à geração de fragm entos de fibrina típicos durante o p ro cesso de fibrinólise (Fig. 58.2). Os locais de clivagem da plasm ina na fibrina são os m esm os que aqueles no fibrinogênio. Entretanto, quando a plasm ina age na fibrina com ligação cruzada covalente, os D -dím eros são liberados; e, assim , p odem ser m edidos no plas m a com o um teste relativam ente específico de degradação da fibrina (e não de fibrinogênio). Os exam es de D -dím ero podem ser usados com o m arcadores sensíveis de form ação de coágulo sanguíneo, e al guns foram validados para uso clínico, visando excluir o diagnóstico
Figura 58.4 Diagrama esquemático do sistema fibrinolítico. 0 ativador do plasminogênio tecidual (tPA) é liberado das células endoteliais, liga-se ao coágulo de fibrina e ativa o plasminogênio em plasmina. 0 excesso de fibrina é degradado pela plasmina para distinguir os produtos da degradação (FDP). Qualquer plasmina livre forma um complexo com a a 2-antiplasmina (a2PI).
459
de trom bose venosa profunda (TVP) e em bolism o pulm onar em p o pulações selecionadas. A regulação fisiológica da fibrinólise ocorre prim ariam ente em três níveis: (1) os inibidores do ativador do plasm inogênio (PAI), especificam ente PAI-1 e PAI-2, inibem os ativadores fisiológicos do plasm inogênio; (2) o inibidor da fibrinólise passível de ativação pela trom bina (TAFI) lim ita a fibrinólise, e (3) a 2-antiplasm ina inibe a plasm ina. O PAI-1 é o inibidor prim ário de tPA e uPA no plasma. O TAFI cliva os resíduos de lisina N -term inais da fibrina, o que ajuda na localização da atividade da plasm ina. A a 2-antiplasm ina é o p rin cipal inibidor de plasm ina no plasm a hum ano, inativando qualquer plasm ina associada a coágulo sem fibrina.
QUADRO 58.1 plaquetário)
Distúrbios hemostáticos primários (tampão
Defeitos da adesão plaquetária Doença de von Willebrand Síndrome de Bernard-Soulier (ausência ou disfunção de Gplb-IX-V)
Defeitos da agregação plaquetária Trombastenia de Glanzmann (ausência ou disfunção de Gpllbllla) Afibrinogenemia
Defeitos de secreção das plaquetas
Sangramento e trombose APRESENTAÇÃO CLÍNICA
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 460
Os distúrbios de hem ostasia podem ser hereditários ou adquiridos. Um a anam nese pessoal e fam iliar de talhada é a chave para determ inar a cronicidade dos sintom as e a probabilidade do distúrbio ser herdado, fornecendo indícios para condições subjacentes que contribuíram para o sangram ento ou estado trom bótico. Além disso, a anam nese pode apresentar in dícios para a etiologia ao determ inar ( 1) o local do sangram ento (m ucosa ou articulação) ou trom bose (arterial ou venosa), e (2) se um a tendência a sangram ento ou form ação de coágulos subjacen te foi aum entada por outro distúrbio clínico ou a introdução de m edicam entos ou suplem entos dietéticos.
Redução da atividade da ciclooxigenase Induzida por fármacos (ácido acetilsalicílico, agentes anti-inflamatórios não esteroides, tienopiridinas) Hereditários Defeito no pool de armazenamento de grânulos Hereditários Adquiridos Efeitos medicamentosos não específicos Uremia Revestimento plaquetário (p. ex.. paraproteína, penicilina)
Defeito da atividade coagulante plaquetária Síndrome de Scott
História do sangramento
O levantam ento da história do sangra m ento é o previsor mais im portante do risco de sangram ento. Ao avaliar um paciente para um distúrbio hem orrágico, a história das situações de risco, com o a resposta a cirurgias anteriores, deve ser avaliada. O paciente tem um a história de sangram ento espontâ neo ou induzido por traum atism o/cirurgia? As hem artroses es pontâneas constituem um a característica essencial da deficiência m oderada e grave dos fatores VIII e IX e, em raras circunstâncias, de outras deficiências de fatores coagulação. Os sintom as de san gram ento de m ucosa são m ais sugestivos de distúrbios plaquetários subjacentes ou de doença de von W illebrand (DV W ), cham a dos de distúrbios de hemostasia prim ária ou form ação de tampões plaquetários. Os distúrbios que afetam a hem ostasia prim ária são m ostrados no Q uadro 58.1. Um escore de sangram ento foi validado com o instrum ento para prever quais os pacientes que têm m ais tendência a apre sentar DVW tipo 1. Existem estudos em andam ento para validar outros form atos, incluindo aqueles que são m ais fáceis de adm i nistrar e que m elhoram o desem penho em populações p ed iátri cas. Os sintom as de sangram ento que parecem ser m ais com uns em pacientes com distúrbios hem orrágicos incluem sangram ento prolongado com cirurgia, p rocedim entos odontológicos e ex trações dentárias e/ou traum atism o, m enorragia ou hem orragia pós-parto e grandes equim oses (frequentem ente descritas com o nódulos). Os hem atom as de form ação fácil e a m enorragia cons tituem queixas com uns em pacientes com e sem distúrbios h e morrágicos. A formação fácil de hem atom as tam bém pode ser um sinal de distúrbios clínicos nos quais não há coagulopatia identi ficável; em vez disso, as condições são causadas p o r um a anor m alidade dos vasos sanguíneos ou de seus tecidos de suporte. Na síndrom e de Ehlers-D anlos, pode haver sangram ento pós-traum ático e história de hiperextensibilidade articular. A síndrom e de Cushing, o uso crônico de esteroides e o envelhecim ento resultam em m udanças na pele e tecido subcutâneo, ocorrendo sangram en to subcutâneo em resposta a traum atism os m enores. Este últim o foi cham ado d e púrpura senil. A epistaxe é um sintom a com um , particularm ente em crian ças e em climas secos, e pode não refletir um distúrbio hem o rrá gico subjacente. Entretanto, é o sintom a m ais com um na telan giectasia hem orrágica hereditária e em m eninos com DVW. Os indícios de que a epistaxe é um sintom a de distúrbio hem orrágico
subjacente são ausência de variação sazonal e sangram ento que requer avaliação clínica ou tratam ento, com o cauterização. O san gram ento com erupção de dente prim ário é observado em crian ças com distúrbios hem orrágicos m ais graves, com o hem ofilia m oderada a grave, sendo incom um nas crianças com distúrbios hem orrágicos brandos. Os pacientes com distúrbios da hem osta sia prim ária (adesão plaquetária) podem apresentar um aum ento do sangram ento após higiene d en tária e outros procedim entos que envolvem m anipulação da gengiva. A menorragia é definida q u antitativam ente com o um a p e r da de > 80 mL de sangue p o r ciclo, com base na perda sanguí nea necessária para pro d u zir anem ia ferropriva. U m a queixa de m enstruação intensa é subjetiva e tem pouca correlação com um a perda excessiva de sangue. O s previsores da m enorragia consis tem em sangram ento resultante de anem ia ferropriva ou neces sidade de transfusão de sangue, elim inação de coágulos de > 2,5 cm de diâm etro e troca de absorvente ou tam pão a intervalos de m enos de um a hora. A m enorragia é um sintom a com um em m u lheres com distúrbios hem orrágicos subjacentes, sendo relatada na m aioria das m ulheres com DVW e deficiência do fator XI, bem com o nos portadores sintom áticos de hem ofilia A. As m ulheres com distúrbios hem orrágicos subjacentes têm m aior tendência a apresentar outros sintom as hem orrágicos, com o sangram ento após extrações dentárias, pós-cirúrgico e pós-parto, e a ter m e norragia que com eça na m enarca, se com paradas com m ulheres que apresentam m enorragia decorrente de outras causas. A hem orragia p ó s-p a rto (H PP) é um sintom a com um em m ulheres com d istúrbios hem o rrág ico s subjacentes. Nas m u lheres com DVW tipo 1 e po rtad o ras sintom áticas de hemofilia, cujos níveis de FVW e FVIII se norm alizam habitualm ente d u rante a gravidez, a H PP pode ser tardia. As m ulheres com história de hem orragia pós-parto apresentam alto risco de recorrência em gestações subsequentes. A ru p tu ra de cistos ovarianos com h e m orragia intra-abdom inal tam bém foi relatada em m ulheres com distúrbios hem orrágicos subjacentes. A tonsilectom ia é o principal desafio hem ostático, pois os m ecanism os hem ostáticos ín teg ro s são essenciais para evitar sangram ento excessivo do leito am igdalar. O sangram ento pode
QUADRO 58.2 Suplementos fitoterápicos associados ao aumento do sangramento Ervas com potencial de atividade antiplaquetária Ginkgo (Ginkgo biloba L.) Alho (Allium sativum) Mirtilo (Vaccinium myrtillus) Gengibre (Gingiber officinale) Dong quai (Angélica sinensis) Tanaceto (Tanacetum parthenium) Ginsengue asiático (Panax ginseng) Ginsengue americano (Panax quinquefolius) Ginsengue siberiano/eleutero (Eleutherococcus senticosus) Cúrcuma (Circuma longa) Ulmeira (Filipendula ulmaria) Salgueiro (Salix spp.)
Ervas que contêm cumarina Agripalma (Leonurus cardíaca) Camomila (Matricaria recutita, Chamaemelum mobile) Castanha-da-índia (Aesculus hippocastanum) Trevo-vermelho (Trifolium pratense) Feno-grego (Trigonella foenum-graecum)
Efeitos pró-hemorrágicos dos medicamentos e suplementos dietétiCOS O ácido acetilsalicílico e outros fárm acos anti-inflam atórios não esteroides (AINEs) que inibem ciclooxigenase 1 prejudicam a hem ostasia prim ária, podendo exacerbar o sangram ento devido a outra causa ou m esm o desm ascarar um sangram ento brando previam ente oculto, com o DVW. C ontudo, todos os AINEs p o dem precipitar sangram ento gastrintestinal, que pode ser m ais grave em pacientes com distúrbios hem orrágicos subjacentes. O efeito do ácido acetilsalicílico na função plaquetária, com o ava liado p or agregom etria, pode persistir p o r até 7 dias, em bora fre quentem ente tenha retornado ao norm al em um período de 3 dias após a últim a dose. O efeito de outros AINEs é m ais curto, pois o efeito inibidor é revertido quando o fárm aco é suspenso. As tienopiridinas (clopidogrel e prasugrel) inibem a agregação plaquetária m ediada pelo ADP e, à sem elhança dos AINEs, podem precipitar ou exacerbar os sintom as hem orrágicos. M uitos suplem entos fitoterápicos podem prejudicar a função hem ostática (Q uadro 58.2). Alguns estão m ais convincentem en te associados a um risco de sangram ento do que outros. O óleo de peixe ou suplem entos concentrados de ácido graxo ôm ega 3 prejudicam a função plaquetária. Eles alteram a bioquím ica pla quetária para produzir PGI3, um inibidor plaquetário m ais p o tente do que a prostaciclina (PG I2), e m ais trom boxano A3, um ativador plaquetário m enos potente do que o trom boxano A2. Na verdade, as dietas naturalm ente ricas em ácidos graxos ôm e ga 3 podem resultar em um tem po de sangram ento prolongado e exames de agregação plaquetária anorm ais, porém o verdadeiro risco de sangram ento associado é obscuro. A vitam ina E parece inibir a agregação plaquetária m ediada pela p ro teinoquinase C e produção de óxido nítrico. N os pacientes com h em atom a ou sangram ento inexplicados, é p ru d e n te revisar quaisquer novas m edicações ou suplem entos e descontinuar os que podem estar associados a sangram ento.
Doenças sistêmicas subjacentes que causam ou exacerbam uma tendência a sangramento Os distúrbios hem orrágicos a d q u iri dos são com um ente secundários ou associados a doença sistêm i ca. Por isso, a avaliação clínica de um paciente com tendência a sangram ento tem de incluir um a avaliação abrangente para evi dências de doença subjacente. H em atom as ou sangram ento de m ucosa podem ser a queixa de apresentação na doença h ep áti ca, deficiência renal grave, hipotireoidism o, paraproteinem ias ou
am iloidose, e distúrbios que causam falência da m edula óssea. Todos os fatores de coagulação são sintetizados no fígado, e a in suficiência hepática resulta em deficiências de fator com binadas, o que é frequentem ente com posto p o r tro m bocitopenia devido à esplenom egalia causada p o r hip erten são portal. Os fatores de coagulação II, VII, IX, X e as proteínas C, S e Z são dependentes da vitam ina K para m odificação pós-translacional. Em bora a vi tam ina K seja necessária nos processos pró-coagulantes e anticoa gulantes, o fenótipo da deficiência de vitam ina K ou o efeito da varfarina na coagulação é o sangram ento. A contagem norm al de plaquetas é de 150.000-450.000/(xL. A trom bocitopenia resulta de redução da produção, aum ento da destruição e/ou seqüestro. E m bora o risco de sangram ento varie um pouco conform e a razão para trom bocitopenia, raram ente ocorre sangram ento na trom bocitopenia isolada nas contagens < 50.000/|xL e, em geral, não antes de < 10.000-20.000/|xL. As coagulopatias coexistentes, conform e observado na insuficiência hepática ou coagulação dissem inada; a infecção, os fárm acos ini bidores de plaquetas; e os distúrbios clínicos subjacentes, podem aum entar o risco de sangram ento no paciente trom bocitopênico. A m aior parte dos procedim entos p ode ser realizada em pacientes com um a contagem plaquetária de 50.000/|jlL. O nível necessário para cirurgia de grande p o rte dep en d e do tipo de cirurgia e do estado clínico subjacente do paciente, em bora um a contagem de aproxim adam ente 80.000/(jlL provavelm ente seja suficiente.
Sangramento e Trombose
ocorrer logo após a cirurgia ou aproxim adam ente 7 dias após a cirurgia, com p erda da escara no local cirúrgico. Sangram ento tardio sem elhante é observado após ressecção de pólipo colônico. O sangram ento gastrintestinal (GI) e a hem atúria geralm ente são causados p or patologia subjacente, devendo-se adotar p ro c ed i m entos para identificar e tratar o local do sangram ento m esm o em pacientes com distúrbios hem orrágicos conhecidos. A DVW, particularm ente tipos 2 e 3, foi associada a angiodisplasia do in testino e sangram ento GI. As h em artro ses e os hem atom as m usculares espontâneos são característicos de deficiência congênita m oderada ou grave do fator VIII ou do IX. Tam bém podem ser observados em d e ficiências m oderadas e graves do fibrinogênio, protrom bina bem com o dos fatores V, VII e X. As hem artroses espontâneas ocorrem raram ente em outros distúrbios hem orrágicos exceto para DV W grave, com níveis de FVIII inferiores a 5%. Os sangram entos de m úsculo e tecido m ole tam bém são com uns na deficiência de FVIII adquirida. O sangram ento em um a articulação resulta em dor e edem a graves, assim com o perda da função, m as raram ente está associado a alteração de cor devido à form ação de hem atom a ao redor da articulação. Os locais de sangram ento am eaçadores da vida incluem a orofaringe, onde a hem orragia pode o b stru ir a via respiratória, o sistem a nervoso central e o retroperitônio. O sangram ento no sistema nervoso central constitui a principal cau sa de m ortes relacionadas com sangram ento em pacientes com deficiências congênitas graves de fator.
HISTÓRIA DE TROMBOSE O risco de trom bose, assim com o o de sangram ento, é influenciado pela genética e pelo am biente. O principal fator de risco p ara trom bose arterial é a aterosclerose, enquanto os fatores de risco para trom bose venosa consistem em im obilidade, cirurgia, distúrbios clínicos subjacentes com o n e o plasias malignas, m edicações com o terapia horm onal, obesidade e predisposições genéticas. O Q u a d ro 58.3 apresenta os fatores que aum entam os riscos para trom boses tanto venosa quanto arterial. O aspecto mais im portante em um a história relacionada com trom bose venosa é determ in ar se o evento trom bótico foi idiopá tico (significando que não houve fator precipitante evidente) ou se foi um evento precipitado. N os pacientes sem neoplasia m a ligna subjacente, o fato de se apresentar um evento idiopático é o m ais forte previsor de recorrência de trom boem bolism o venoso.
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QUADRO 58.3
Fatores de risco para trombose
| Venosa
Venosa e arterial
Hereditários
Hereditários
Fator V de Leiden Protrombina 62021OA Deficiência de antitrombina Deficiência de proteína C Deficiência de proteína S FVIII elevado
Homocistinúria Disfibrinogenemia
Adquiridos Idade Trombose anterior Imobilização Cirurgia de grande porte Gravidez e puerpério Hospitalização Obesidade Infecção Resistência à PCA, não genética Tabagismo
|
Mistos (hereditários e adquiridos) Hiper-homocisteinemia
Adquiridos Neoplasia maligna Síndrome do anticorpo antifosfolipídio Terapia hormonal Policitemia vera Trombocitopenia essencial Hemoglobinúria paroxística noturna Púrpura trombocitopênica trombótica Trombocitopenia induzida por heparina Coagulação intravascular disseminada
Desconhecidos3
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Fatores II, IX, XI elevados Níveis de TAFI elevados Níveis baixos de TFPI "Não se sabe se o risco é hereditário ou adquirido.
Nota: PCA, proteína C ativada; TAFI, inibição da fibrinólise ativada pela trombina; TFPI, inibidor da via do fator tecidual.
N os pacientes que têm um a vaga história de trom bose, história de tratam ento com varfarina sugere T V P pregressa. A idade é um fator de risco im portante para a trom bose venosa - o risco de TV P aum enta a cada década, com um a incidência aproxim a da de 1/ 100.000 p or ano no início da infância até 200 p o r ano entre octogenários. A história fam iliar m ostra-se útil para d eter m inar se há predisposição genética e qual parece ser o grau de predisposição. Um a trom bofilia genética que confere um aum ento relativa m ente pequeno de risco, com o ser heterozigoto para a pro tro m bina G20210A ou m utação do fator V de Leiden, pode ser um de term inante m enor de risco em indivíduos idosos que passam por procedim ento cirúrgico de alto risco. C onform e ilustrado na Fi g u ra 58.5, um evento trom bótico representa habitualm ente mais de um fator contribuinte. Os fatores predisponentes precisam ser cuidadosam ente avaliados para determ inar o risco de trom bose recorrente e, com a consideração do risco de sangram ento do p a ciente, deve-se determ inar a duração da anticoagulação. Deve-se considerar tam bém se há necessidade de realizar u m exam e do p a ciente e dos m em bros da família para a detecção de trombofilias.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL A anam nese e o exame clínico cuida dosos são com ponentes essenciais na avaliação do sangram ento e risco trom bótico. O uso de exames laboratoriais de coagulação com plem enta, m as não substitui, a avaliação clínica. N ão existe n enhum exam e que forneça um a avaliação global da h em o sta sia. O tem po de sangram ento tem sido usado para avaliar o ris co de sangram ento; entretanto, ele não prevê o risco de sangra m ento com um a cirurgia e tam pouco é recom endado para esta indicação. O PFA-100, um in stru m en to que m ede a coagulação dependente das plaquetas sob condições de fluxo, é m ais se n sível e específico para distúrbios plaquetários e D V W do que o tem po de sangram ento; contudo, não é suficientem ente sensível p ara descartar distúrbios h em orrágicos b ran d o s subjacentes. Além disso, sua utilidade para prever o risco de sangram ento não foi determ inada. Para exames pré-operatórios e pré-procedim entos de rotina, um tem po de protrom bina (TP) anorm al pode detectar doença hepática ou deficiência de vitam ina K que não foram previam ente
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Figura 58.5
Risco trombótico com o passar do tempo. Esta figura mostra de modo esquemático risco trombótico de um indivíduo com o passar do tempo. A ocorrência de uma mutação subjacente do fator V de Leiden fornece um risco aumentado “teoricamente” constante. 0 risco trombótico aumenta com a idade e, intermitentemente, com contraceptivos orais (CPO) ou o uso de terapia de reposi ção hormonal (TH); outros eventos podem aumentar ainda mais o risco. Em algum ponto, o risco cumulativo pode aumentar até o limiar para trombose, resultando em trombose venosa profunda (TVP). Nota: a magnitude e a duração do risco delineado na figura são usadas apenas como exemplo e podem não refletir de maneira exata o risco relativo determinado pelo estudo clínico. [De BA Konkle, A Schafer, em DP Zipes etal. (eds.): Braunwald‘s Heart Disease, 7th ed., Philadelphia, Saunders, 2005; modificada com autorização de FR Rosendaal: Venous thrombosis: A multicausal di sease. Lancet 353:1167, 1999.]
analisados. Os estudos não confirm aram a utilidade de um tem po de trom boplastina parcial ativado (aPTT) nas avaliações pré-operatórias em pacientes com história negativa de sangram ento. O uso prim ário de exame de coagulação deve ser para confirm ar a presença e o tipo de distúrbio hem orrágico em u m paciente com história clínica suspeita. D evido à natureza dos exam es de coagulação, a aquisição e m anuseio adequados da am ostra são cruciais para obter resulta dos válidos. Nos pacientes com exames de coagulação anorm ais que não têm h istória de sangram ento, a repetição dos exam es com atenção para estes fatores frequentem ente resulta em valo res norm ais. A m aioria dos exames de coagulação é realizada em plasm a anticoagulado com citrato de sódio recalcificado para o exame. Pelo fato de o anticoagulante estar em um a solução líqui da e precisar ser adicionado ao sangue em proporção ao volume plasmático, tubos de coleta incorretam ente preenchidos ou inade quadam ente m isturados apresentam resultados errados. Os tubos Vacutainer devem ser preenchidos p ara m ais de 90% do p reenchi m ento recom endado, o que em geral é denotado por um a linha no tubo. Um hem atócrito elevado (> 55%) pode resultar em um falso valor devido a um a razão reduzida entre plasm a e anticoagulante.
Exames de triagem
Os exam es de triagem m ais com um ente usa dos são o TP, aPT T e contagem de plaquetas. O TP avalia os fa tores I (fibrinogênio), II (protrom bina), V, VII e X (Fig. 58.6). O TP m ede o tem po para a form ação de coágulo do plasm a citrado após recalcificação e adição de trom boplastina, um a m istura de TF e fosfolipídios. A sensibilidade do exame varia de acordo com a fonte de trom boplastina. A relação entre os defeitos na hem os tasia secundária (form ação de fibrina) e as anorm alidades dos testes de coagulação é m o strad a no Q u a d ro 58.4. Para ajustar essa variabilidade, a sensibilidade geral das diferentes trom boplastinas para a redução dos fatores de coagulação II, VII, IX e X dependentes da vitam ina K nos pacientes anticoagulados é hoje expressa com o o índice de sensibilidade internacional (ISI). Existe
aPTT
QUADRO 58.4 Distúrbios hemostáticos e anormalidades dos testes de coagulação Tempo de tromboplastina parcial ativada prolongado (aPTT) Nenhum sangramento clínico - i fatores XII, cininogênio de alto peso molecular, precalicreina Sangramento variável, mas em geral brando - 1 fator XI, 4 FVIII brando e FIX Sangramento freqüente grave - deficiências graves de FVIII e FIX Heparina
Tempo de protrombina prolongado (TP) Deficiência de fator VII Deficiência de vitamina K - precoce Anticoagulação com varfarina
aPTT e TP prolongados Deficiência de fatores II, V, X ou fibnrinogênio Deficiência de vitamina K - tardia Inibidores direto da trombina
Atividade do fator de coagulação testada no tempo de trombo
plastina parcial ativada (aPTT) em vermelho e tempo de protrombina (TP) em verde, ou ambos. F, fator; HMWK, cininogênio de alto peso molecular; PK, precalicreína.
Tempo de trombina prolongado Heparina ou inibidores semelhantes à heparina Sangramento brando ou ausente - disfibrinogenemia
um a relação inversa entre ISI e sensibilidade da trom boplastina. A razão norm alizada internacional (INR) é então determ inada com base na fórmula: INR = T Ppaaente/T P médianormal),SI. O INR foi desenvolvido para avaliar a anticoagulação causada pela redução dos fatores de coagulação dependentes da vitam ina K; é com um ente é usado na avaliação dos pacientes com doença hepática. E nquanto perm ite um a avaliação entre laboratórios, a sensibilidade do reagente, quando usado para determ in ar o ISI, não é a m esm a na doença hepática do que com a anticoagulação com varfarina. Além disso, a insuficiência hepática progressiva está associada a alterações variáveis nos fatores de coagulação, o grau de prolongam ento do TP e da INR prevê o risco de sangra m ento apenas de m aneira aproxim ada. A geração de tro m b in a apresentou-se norm al em m uitos pacientes com disfunção h e p á tica branda a m oderada. C om o o T P m ede apenas u m aspecto da hem ostasia afetada pela disfunção hepática, apresentam os um a tendência a superestim ar o risco de sangram ento de um a INR brandam ente elevada nesta situação. A aPTT avalia as vias de coagulação intrínsecas e com uns, fa tores XI, IX, VIII, X, V e II, fibrinogênio e tam bém precalicreína, cininogênio de alto peso m olecular e fator XII (Fig. 58.6). O rea gente de aPTT contém fosfolipídios derivados de fontes anim ais e vegetais que funcionam com o substitutos plaquetários nas vias de coagulação, com o o ácido elágico não particulado ou os ativadores particulados caulim, celite ou sílica m icronizada. A com posição fosfolipídica dos reagentes aPT T varia, o que influencia a sensibilidade dos reagentes isolados às deficiências do fator de coagulação e aos inibidores, com o a heparina e os a n ticoagulantes lúpicos. Assim, os resultados do aPT T irão variar de um laboratório para outro e a faixa norm al no laboratório onde o teste ocorre deve ser usada na interpretação. Os laboratórios lo cais podem relacionar seus valores de aPT T com a anticoagulação terapêutica da heparina correlacionando valores de aPT T com m ensurações diretas da atividade da h ep arin a (ensaios anti-X a ou titulação da protam ina) em am ostras de pacientes heparinizados, em bora a correlação entre estes ensaios frequentem ente seja precária. O reagente de aPT T irá variar em sensibilidade às defi ciências isoladas de fator e em geral se to rn ará prolongado com as deficiências isoladas de fator de 30-50%.
Estudos mistos Esses estudos são usados para avaliar um aPTT ou, m enos com um ente, TP, para distinguir entre um a deficiência de fator e um inibidor. Neste ensaio, o plasm a norm al e o plas-
Sangramento grave, freqüente - afibrinogenemia
TP prolongado e/ou aPTT não corrigido com mistura com plasma normal Sangramento - inibidor de fator específico Ausência de sintoma ou formação de coágulo e/ou perda de gestação anticoagulante lúpico
Sangramento e Trombose
Figura 58.6
Coagulação intravascular disseminada Heparina ou inibidor direto da trombina
Solubilidade anormal do coágulo Deficiência de fator XIII Inibidores ou ligação cruzada defeituosa
Lise rápida de coágulo Deficiência de a 2-antiplasmina ou inibidor do ativador do plasminogênio 1 Tratamento com terapia fibrinolítica
m a do paciente são m isturados em u m a proporção de 1:1, sendo o aPT T e o TP determ inados im ediatam ente e após incubação a 37°C p o r tem pos variados, 30, 60 e /o u 120 m inutos. C om defi ciências de fator isoladas, o aPT T será corrigido com a m istura e perm anecerá corrigido com incubação. C om o prolongam ento de aPT T causado p o r anticoagulante lúpico, a m istura e a incuba ção não irão apresentar correção. Nos anticorpos adquiridos neutralizantes do fator, com o um inibidor do fator V III adquirido, o exame inicial pode ou não ser im ediatam ente corrigido após a m istura, m as se prolongará ou co ntinuará prolongado com a in cubação a 37°C. A falha em corrigir com a m istura pode tam bém ser causada pela presença de outros inibidores ou substâncias de interferência, com o a heparina, produtos da degradação da fibri na e paraproteínas.
Ensaios de fator específicos As decisões para avançar com os e n saios de fator de coagulação específicos serão influenciadas pela situação clínica e os resultados dos testes de triagem de coagula ção. O diagnóstico preciso e o tratam ento efetivo das deficiências de coagulação hereditárias e adquiridas necessitam de quantifi cação dos fatores relevantes. Q u ando o sangram ento é grave, os ensaios específicos são, com frequência, urgentem ente solicitados
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para orientar a terapia apropriada. Os ensaios de fator isolados em geral são realizados com o m odificações do estudo da m istura, em que o plasm a do paciente é m isturado com plasm a com defi ciência no fator que está sendo estudado. Isso irá corrigir todas as deficiências de fator em m ais de 50%, tornando, assim, o p ro longam ento da form ação do coágulo devido à deficiência de fator dependente do fator ausente no plasm a adicionado.
Teste para anticorpos antifosfolipídicos
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Os anticorpos dirigidos contra fosfolipídios (cardiolipina) ou proteínas de ligação ao fosfolipídio (32-m icroglobulina e outras são detectados pelo ELISA. Q uando estes anticorpos interferem nos testes de coagulação dependentes de fosfolipídios, são cham ados de anticoagulantes lúpicos. O aPT T exibe um a variabilidade quanto à sensibilidade aos anticoagulantes lúpicos, dependendo, em parte, dos reagen tes de aPT T usados. Um ensaio que utiliza um reagente sensível foi cham ado de LA -P TT. O teste do veneno da víbora de Russel diluído (dRVVT) e o teste de inibição da trom boplastina tecidual (TTI) são m odificações dos testes-padrão com o reagente fosfolipídico dim inuido, aum entando, assim , a sensibilidade aos a n ticorpos que interferem no com ponente fosfolipídico. C ontudo, os testes não são específicos para anticoagulantes lúpicos, pois as deficiências de fator ou outros inibidores tam bém irão resultar em prolongam ento. A docum entação de um anticoagulante lúpico requer não apenas o prolongam ento de um teste de coagulação dependente de fosfolipídio, m as tam bém a ausência de correção quando m isturado com plasm a norm al e a correção com a adição de m em branas plaquetárias ativadas ou d eterm inados fosfolipí dios, como, p. ex., fase hexagonal.
Outros testes de coagulação O tem po de trom bina e o de reptilase m edem a conversão do fibrinogênio em fibrina, sendo prolonga dos quando o nível de fibrinogênio é baixo (em geral, < 80-100 m g/dL); qualitativam ente anorm ais, com o observado em disfibrinogenem ias hereditárias ou adquiridas; ou quando há interferên cia dos produtos de degradação da fibrina/fibrinogênio. O tem po de trom bina, mas não o de reptilase, é prolongado na presença de heparina. A m ensuração da atividade inibitória plasm ática do antifator Xa é um teste frequentem ente usado para avaliar os níveis de heparina de baixo peso m olecular (HBPM ), ou com o m en su ração direta da atividade da heparina não fracionada (H N F). A heparina na am ostra do paciente inibe a conversão enzim ática de um substrato crom ogênico específico de Xa em pro d u to colori do pelo fator Xa. As curvas-padrão são criadas usando m últiplas concentrações de H N F e HBPM , sendo usadas para calcular a concentração de atividade anti-Xa no plasm a do paciente.
Medidas da função plaquetária
O tem po de sangram ento tem sido usado para avaliar o risco de sangram ento; n o entanto, não há com provação de que prevê o risco de sangram ento com cirurgia nem é recom endado para essa indicação. O PFA-100 e instrum entos sem elhantes que m edem a coagulação d ep en d e n te das plaquetas sob condições de fluxo em geral são m ais sensí veis e específicos para os distúrbios plaquetários e DV W do que o tem po de sangram ento; entretanto, os dados são insuficientes para sustentar seu uso na previsão de risco de sangram ento ou m onitorar resposta à terapia. Q uando são usados na avaliação de um paciente com sintom as de sangram ento, os resultados anor m ais, assim com o se dá com o tem po de sangram ento, requerem testes específicos, com o ensaios de DV W e/ou estudos de agrega ção plaquetária. C om o todos estes ensaios de “triagem ” podem negligenciar os pacientes com distúrbios hem orrágicos brandos, estudos adicionais são necessários para definir seu papel no teste de hemostasia. Para a agregom etria plaquetária clássica, são adicionados vá rios agonistas ao plasm a rico em plaquetas do paciente, e a agre gação plaquetária é observada. Os testes de secreção plaquetária em resposta aos agonistas tam bém p odem ser m edidos. Esses tes tes são afetados p or m uitos fatores, incluindo num erosos m edica m entos, e a associação entre defeitos m enores na agregação ou secreção nesses estudos e o risco de sangram ento ainda não foi claram ente estabelecido.
A g r a d e c im e n t o Robert I. H andin, M D, fe z contribuições a este capítulo na K ? edição, e parte do m aterial daquele capítulo fo i m antida aqui.
BIBLIOGRAFIA T et al: Clinical guidelines for testing for heritable thrombophilia. Br J Haematol 149:209, 2010 C o s m i B et al: Usefulness of repeated D-dimer testing after stopping anticoagulation for a first episode of unprovoked venous thromboembolism: The PROLONG II prospective study. Blood 115:481,2010 G a l l i M: The antiphospholipid triangle. I Thromb Haemost 8:234,2010 L ij f f . r i n g WM et al: Risk factors for venous thrombosis—current understanding from an epidemiological point of view. Br I Haematol 149:824,2010 P e n g o V et al: Antiphospholipid syndrome: Criticai analysis of the diagnostic path. Lupus 19:428, 2010 W a g e n m a n BL et al: The laboratory approach to inherited and acquired coagulation factor deficiencies. Clin Lab Med 29:229,2009 W h e e l e r AP, Rice TW: Coagulopathy in critically ill patients: Soluble clotting factors and hemostatic testing. Chest 137:185, 2010 B a g l in
Exames laboratoriais para trombofilia
Os ensaios laboratoriais para detectar estados trom bofílicos incluem diagnóstico m ole cular e ensaios im unológicos e funcionais. Esses ensaios variam quanto à sua sensibilidade e especificidade para o distúrbio que está sendo testado. Além disso, a trom bose aguda, as doenças agudas, os distúrbios inflam atórios, a gravidez e d eterm inados m edicam entos afetam os níveis de m uitos fatores de coagulação e seus inibidores. A antitrom bina é reduzida pela heparina e em caso de trom bose aguda. Os níveis das proteínas C e S podem ser aum entados em caso de trom bose aguda, sendo reduzidos pela varfarina. Os anticorpos antifosfolipídicos frequentem ente são transitoriam ente positivos na doença aguda. Em geral, os testes para as trom bofilias genéticas só devem ser realizados se houver
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um a forte história fam iliar de trom bose e quando os resultados obtidos afetam a tom ada de decisão clínica. C om o as avaliações de trom bofilia são habitualm ente realiza das para avaliar a necessidade de estender a anticoagulação, o tes te deve ser realizado em estado estacionário, longe do evento agu do. Na m aioria dos casos, a anticoagulação com varfarina pode ser suspensa após os 3-6 m eses iniciais do tratam ento, devendo o teste ser realizado pelo m enos 3 sem anas m ais tarde. Os m arca dores sensíveis da ativação da coagulação, notadam ente o ensaio de D-dím ero e o teste de geração de trom bina, quando elevados, são prom issores com o preditores de trom bose recorrente se forem determ inados pelo m enos 1 m ês após a suspensão da varfarina.
CAP ÍTULO
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QUADRO 59.1
Doenças associadas a linfadenopatia
1. Doenças infecciosas
Linfadenopatia e Esplenomegalia
a. Virais - síndromes de mononucleose infecciosa (EBV, CMV), hepatite infecciosa, herpes simples, herpesvírus-6, vírus varicela-zóster, rubéola, sarampo, adenovírus, HIV, ceratoconjuntivite epidêmica, vacínia, herpesvírus-8
Patrick H. Henry Dan L. Longo
b. Bacterianas - estreptococos, estafilococos, doença da arranhadura do gato, brucelose, tularemia, peste, cancroide, melioidose, mormo, tuberculose, infecção micobacteriana atípica, sífilis primária e secundária, difteria, hanseníase
Este capítulo pretende ser um guia à avaliação dos pacientes que apresentam aum ento dos linfonodos (linfadenopatia) ou do baço (esplenomegalia). A linfadenopatia é um achado clínico bastante co m um nas situações de assistência prim ária, enquanto a esplenom ega lia palpável é m enos freqüente.
c. Fúngicas - hístoplasmose, coccidioidomicose, paracoccidioidomicose d. Por clamídias - linfogranuloma venéreo, tracoma e. Parasitárias - toxoplasmose, leishmaníose, tripanossomíase, filariose f. Por riquétsias - febre tsutsugamushi ou tifo rural, riquetsiose variceliforme, febre Q
LINFADENOPATIA
2. Doenças imunológicas a. Artrite reumatoide Artrite reumatoide juvenil c. Doença mista do tecido conectivo d. Lúpus eritematoso sistêmico Dermatomiosite f. Síndrome de Sjógren g. Doença do soro h. Hipersensibilidade a fármacos - difenilidantoína, hidralazina, alopurinol, primidona, ouro, carbamazepina, etc. Linfadenopatia angioimunoblástica
Linfadenopatia
Cirrose biliar primária k. Doença do enxerto versus hospedeiro
A linfadenopatia pode ser m anifestação prim ária ou secundária de num erosos distúrbios, com o m ostra o Q u a d ro 59.1, m uitos dos quais são causas infrequentes de linfadenopatia. N a assis tência prim ária, m ais de 66% dos pacientes com linfadenopatia apresentam causas inespecíficas ou doenças das vias respiratórias superiores (virais ou bacterianas), enquanto < 1% possui um a n e oplasia maligna. Em um estudo, 84% dos pacientes encam inhados para avaliação da linfadenopatia tiveram u m diagnóstico benigno. Os dem ais 16% apresentaram um a neoplasia m aligna (linfom a ou adenocarcinom a m etastático). Dos pacientes com linfadenopatia benigna, 63% apresentavam um a etiologia inespecífica ou reativa (não foi encontrado agente causai), enquanto o restante apresen tou um a causa específica dem onstrada, m ais com um ente m o n o nucleose infecciosa, toxoplasm ose ou tuberculose. Por conseguin te, a grande m aioria dos pacientes com linfadenopatia apresenta um a etiologia inespecífica, exigindo a realização de alguns testes diagnósticos.
I. Associadas a silicone
Linfadenopatia e Esplenomegalia
A linfadenopatia pode ser um achado casual em pacientes que estão sendo exam inados p o r vários m otivos, ou pode representar um sinal ou sintom a inicial da doença do paciente. O m édico precisará decidir se a linfadenopatia representa um achado norm al ou se exige exames adicionais, incluindo até m esm o u m a biópsia. Os linfonodos subm andibulares planos e m oles (< 1 cm) são frequentem ente palpáveis em crianças e adultos jovens sadios; os adultos sadios podem ter lin fonodos inguinais palpáveis de até 2 cm, considerados norm ais. Não há necessidade de avaliação adicional desses linfonodos norm ais. Por outro lado, se o m édico acreditar que o(s) linfonodo(s) é (são) anorm al(is), será preciso estabelecer u m diagnóstico m ais preciso.
m. Síndrome linfoproliferativa autoimune 3. Doenças malignas a. Hematológicas - doença de Hodgkin, linfomas não Hodgkin, leucemia linfocítica aguda ou crônica, leucemia de células pilosas, histiocitose maligna, amiloidose b. Metastáticas - de numerosos locais primários 4. Doenças de depósito de lipídios - Gaucher, Níemann-Pick, Fabry, Tangier 5. Doenças endócrinas - hipertireoidismo 6. Outros distúrbios a. Doença de Castleman (hiperplasia gigante dos linfonodos) b. Sarcoidose c. Linfadenite dermatopática d. Granulomatose linfomatoide
AVALIAÇÃO CLÍNICA A obtenção de um a cuidadosa h istória clíni
e. Linfadenite necrosante histiocítica (doença de Kikuchi)
ca, o exame físico, a realização de exames laboratoriais seleciona dos e, talvez, um a biópsia excisional dos linfonodos irão auxiliar o m édico na busca de um a explicação para a linfadenopatia. A anamnese deve revelar o contexto em que a linfadenopatia está ocorrendo. D evem -se investigar sintom as, com o a faringi te, tosse, febre, sudorese noturna, fadiga, perda p onderai ou dor nos linfonodos. O utros aspectos im p o rtan tes da anam nese são a idade, sexo, ocupação, exposição a anim ais dom ésticos, com p o rtam ento sexual e uso de fárm acos, com o a difenilidantoína. Por exem plo, crianças e adultos jovens geralm ente apresentam distúrbios benignos (isto é, não m alignos) que são responsáveis pela linfadenopatia observada, com o infecções virais ou bacteria-
f. Histiocitose sinusal com linfadenopatia maciça (doença de Rosal-Dorfman) g. Síndrome do linfonodo mucocutâneo (doença de Kawasaki) h. Histiocitose X i. Febre familiar do Mediterrâneo j. Hipertrigliceridemia grave k. Transformação vascular dos seios I. Pseudotumor inflamatório do linfonodo m. Insuficiência cardíaca congestiva Nota: CMV, citomegalovírus; EBV, vírus Epstein-Bar.
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 466
nas das vias respiratórias superiores, m ononucleose infecciosa, toxoplasm ose e, em alguns países, tuberculose. Em contrapartida, depois dos 50 anos de idade, a incidência de distúrbios m alignos aum enta, enquanto a dos distúrbios benignos dim inui. O exam e físico pode fornecer indícios úteis, com o a ex ten são da linfadenopatia (localizada ou generalizada), tam anho dos linfonodos, textura, presença ou ausência de d or à palpação dos linfonodos, sinais de inflam ação sobre o linfonodo, lesões cu tâ neas e esplenom egalia. Indica-se um exam e otorrinolaringológico com pleto para os pacientes adultos com adenopatia cervical e h istória de tabagism o. A aden o p atia localizada ou regional im plica o co m prom etim ento de um a única área anatôm ica. A adenopatia generalizada foi definida com o o com prom etim ento de três ou m ais áreas de linfonodos não contíguas. M uitas das causas da linfadenopatia (Q uadro 59.1) podem produzir aden o patia localizada ou generalizada, de m odo que essa diferencia ção tem utilidade lim itada no diagnóstico diferencial. C ontudo, a linfadenopatia generalizada está frequentem ente associada a distúrbios não m alignos, com o a m ononucleose infecciosa (vírus Epstein-B arr [EBV] ou citom egalovírus [CM V]), toxoplasm ose, Aids, outras infecções virais, lúpus eritem atoso sistêm ico (LES) e doença m ista do tecido conectivo. As leucem ias linfocíticas agu da e crônica, bem com o os linfom as m alignos tam bém provocam adenopatia generalizada em adultos. A região anatôm ica da a d en o p atia localizada ou regional pode fornecer um indício útil sobre a causa. C om frequência, a adenopatia occipital reflete um a infecção do couro cabeludo, enquanto a adenopatia pré-auricular acom panha infecções das conjuntivas e a doença da arran h ad u ra do gato. O local m ais fre qüente da adenopatia regional é o pescoço, e a m aioria das cau sas é benigna - infecções das vias respiratórias superiores, lesões orais e dentárias, m ononucleose infecciosa ou ou tras doenças virais. As principais causas m alignas incluem cânceres m etastáticos de cabeça e pescoço, m am a, pulm ão e tireoide. O aum ento dos linfonodos supraclaviculares e escalenos sem pre é anorm al. C om o tais linfonodos d ren am regiões do pulm ão e do espaço retroperitonial, podem refletir a presença de linfom as, outros ti pos de câncer ou processos infecciosos que surgem nessas áreas. O nódulo de V irchow é um linfonodo supraclavicular esquerdo aum entado, infiltrado com câncer m etastático proveniente de neoplasia gastrintestinal prim ária. O correm tam bém m etá sta ses para os linfonodos supraclaviculares a p a rtir de um câncer de pulm ão, m am a, testículos ou ovários. A tuberculose, sarcoi dose e toxoplasm ose são causas não neoplásicas de adenopatia supraclavicular. Em geral, a adenopatia axilar é p ro d u z id a p or lesões ou infecções localizadas no m em bro su p erio r ipsolateral. As causas m alignas incluem o m elanom a ou linfom a e, em m u lheres, câncer de m am a. A linfadenopatia inguinal costum a ser secundária a infecções ou traum atism o dos m em bros inferiores, e pode acom panhar doenças sexualm ente transm issíveis, com o o linfogranulom a venéreo, sífilis prim ária, herpes genital ou cancro mole. Esses linfonodos tam bém podem ser acom etidos po r linfo m as e câncer m etastático proveniente de lesões prim árias do reto, da genitália ou dos m em bros inferiores (m elanom a). O tam anho e a textura do(s) linfonodo(s), bem com o a pre sença de dor são parâm etros úteis na avaliação do paciente com linfadenopatia. Linfonodos com área < 1,0 cm 2 (1,0 X 1,0 cm ou m enos) são quase sem pre secundários a causas reativas inespecí ficas e benignas. Em um a análise retrospectiva de pacientes mais jovens (de 9 a 25 anos de idade) subm etidos a biópsia de linfono do, o diâm etro m áxim o > 2 cm serviu com o discrim inante para predizer que a biópsia poderia revelar a existência de doença m a ligna ou granulom atosa. O utro estudo m ostrou que um linfonodo com tam anho de 2,25 cm 2 (1,5 cm X 1,5 cm) era o m elhor limite de tam anho para diferenciar a linfadenopatia m aligna ou gran u lom atosa das outras causas da linfadenopatia. Os pacientes com linfonodo(s) < 1,0 cm 2 devem ser observados após a exclusão de m ononucleose infecciosa e/ou toxoplasm ose, a m enos que haja sinais e sintomas de doença sistêmica subjacente.
A textura dos linfonodos pode ser descrita com o mole, fir me, elástica, dura, distinta, em aran h ad a, hipersensível, m óvel ou fixa. O corre hipersensibilidade quando a cápsula é d isten d i da durante um aum ento rápido, em geral de m o d o secundário a algum processo inflam atório. C ertas doenças m alignas, com o a leucem ia aguda, podem provocar aum ento rápido e d or nos lin fonodos. Os linfonodos acom etidos p o r linfom a tendem a serem grandes, distintos, sim étricos, elásticos, firm es, m óveis e indolores. Os linfonodos que contêm câncer m etastático com frequência são duros, indolores e imóveis, em virtude de fixação aos tecidos circundantes. A coexistência de esplenom egalia no paciente com linfadenopatia indica doença sistêm ica, com o a m ononucleose infecciosa, linfom a, leucem ia aguda ou crônica, LES, sarcoidose, toxoplasm ose, doença da arra n h a d u ra do gato ou outros distú r bios hem atológicos m enos com uns. A história do paciente deve fornecer indícios úteis sobre a doença sistêm ica subjacente. U m a apresentação não superficial (torácica ou abdom inal) da a d en o p a tia é h ab itu a lm en te d e te cta d a em d e co rrê n cia de avaliação diagnóstica o rien tad a para os sintom as. A adenopatia torácica pode ser detectada pela radiografia de tórax de rotina ou d u ra n te u m a avaliação p a ra a d en o p a tia superficial. T am bém pode ser en co n trad a porque o paciente se queixa de tosse ou sibilos em decorrência de com pressão das vias respiratórias; rouquidão p o r com prom etim ento recorrente do nervo laríngeo; disfagia p o r com pressão do esôfago; ou edem a do pescoço, da face ou dos braços secundário à com pressão da veia cava su p e rior ou da veia subclávia. O diagnóstico diferencial de ad en o p a tia m ediastinal ou hilar inclui distúrbios p ulm onares prim ários e doenças sistêm icas que acom etem os linfonodos m ediastinais ou hilares. N o indivíduo jovem , a a d en o p a tia m ediastinal está associada à m ononucleose infecciosa e sarcoidose. Nas regiões endêm icas, a histoplasm ose pode causar co m prom etim ento u n i lateral dos linfonodos paratraqueais, sim ulando um linfom a. A tuberculose tam b ém p o d e provocar adenopatia unilateral. Nos pacientes de m ais idade, o diagnóstico diferencial deve incluir câncer p rim á rio de pu lm ão (sobretudo en tre fum antes), linfo m as, carcinom a m etastático (geralm ente do pulm ão), tu b erc u lose, m icose e sarcoidose. O aum ento dos linfonodos intra-abdom inais ou retroperitoniais em geral é maligno. E m bora a tuberculose possa m anifestar-se com o linfadenite m esentérica, essas m assas habitualm ente contêm linfom as e, em hom ens jovens, tum ores das células germinativas.
INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL A investigação laboratorial de pa cientes com linfadenopatia deve ser individualizada para elucidar a etiologia suspeita com base na história clínica e nos achados fí sicos do paciente. Um estudo realizado em am bulatório de m edi cina fam iliar avaliou 249 pacientes m ais jovens com “linfonodos aum entados não infectados” ou “linfadenite”. Não foram feitos exames laboratoriais em 51% dos pacientes. Q uando realizados, os mais com uns foram h em ogram a com pleto (HC) (33%), cultura de m aterial da orofaringe (16%), radiografia de tórax ( 12%) ou teste de triagem da m ononucleose infecciosa (10%). Apenas oito pacientes (3%) foram subm etidos a biópsia de linfonodo, e m eta de dos linfonodos biópsiados era norm al ou reativa. O H C pode fornecer dados úteis para o diagnóstico de leucem ia aguda ou crô nica, m ononucleose p or EBV ou CMV, linfom a com com ponente leucêmico, infecções piogênicas ou citopenias im unes em doenças com o o LES. Os exames sorológicos podem revelar a presença de anticorpos específicos contra com ponentes do EBV, CMV, HIV e outros vírus, Toxoplasma gondii, Brucella etc. Se houver suspeita de LES, justifica-se a realização de estudos para anticorpos antinucleares e antiDNA. A radiografia de tórax geralm ente é negativa, porém a presen ça de infiltrado pulm onar ou de linfadenopatia m ediastinal deve sugerir a existência de tuberculose, histoplasm ose, sarcoidose, lin foma, câncer de pulm ão prim ário ou câncer m etastático, exigindo investigações adicionais.
A m aioria dos pacientes com linfadenopatia não necessita de biópsia e pelo m enos m etade tam pouco precisa de exames labora toriais. Se a anam nese e os achados físicos do paciente indicarem um a causa benigna da linfadenopatia, p oderá ser efetuado um cuidadoso acom panham ento após um intervalo de 2 a 4 sem a nas. O paciente deverá ser instruído a retornar para reavaliação se houver aum ento no tam anho dos linfonodos. Os antibióticos não são indicados para o tratam ento da linfadenopatia, a m enos que haja fortes evidências de infecção bacteriana. Os glicocorticoides não devem ser usados no tratam ento da linfadenopatia, visto que seu efeito linfolítico obscurece alguns diagnósticos (linfom a, leu cemia, doença de Castlem an), e esses fárm acos contribuem para a resolução tardia ou ativação de infecções subjacentes. Um a exce ção é a obstrução faríngea potencialm ente fatal p o r tecido linfoide aum entado no anel de Waldeyer, às vezes observada na m on o n u cleose infecciosa.
ESPLENOMEGALIA ■ ESTRUTURA E FUNÇÃO D0 BAÇO O baço é um órgão reticuloendotelial que tem sua origem em brioló gica no m esogástrio dorsal em to rn o da quinta sem ana de gestação. Surge em um a série de proem inências, m igra para sua localização norm al no adulto, no quadrante superior esquerdo (QSE), e insere-se no estôm ago por m eio do ligam ento gastresplênico e ao rim pelo ligam ento esplenorrenal. Q uando as proem inências não se unem em um a única m assa de tecido, surgem baços acessórios em cerca de 20% dos indivíduos. A função do baço é indefinível. Galeno acredi tava que o baço era a fonte da “bile negra” ou m elancolia, e a palavra hipocondria (literalm ente, abaixo das costelas) bem com o a expressão “desabafar o baço” (que significa expressar raiva) confirm am a crença de que o baço tem um a im portante influência na psique e nas em o ções. Nos seres hum anos, suas funções fisiológicas norm ais parecem ser as seguintes: 1. M anutenção do controle de qualidade dos eritrócitos na polpa verm elha pela rem oção dos eritrócitos senescentes e defeituo sos. O baço realiza essa função graças à organização peculiar de seu parênquim a e sua vasculatura (Fig. 59.1). 2. Síntese dos anticorpos n a polpa branca. 3. Rem oção da circulação das bactérias recobertas p o r anticorpos e eritrócitos tam bém recobertos p or anticorpos.
Linfadenopatia e Esplenomegalia
D iversas técnicas radiológicas (TC, RM, US, US com D oppler em cores) foram utilizadas para diferenciar entre os lin fo nod o s b e nignos e os m alignos, so b retu d o em pacientes com cânceres de cabeça e pescoço. A TC e RM são de precisão com pa rável (65-90%) no diagnóstico de m etástases para os linfonodos cervicais. A ultrassonografia tem sido usada para d e te rm in a r o eixo maior, o eixo m en o r e a razão entre os eixos m aior e m enor nos linfonodos cervicais. U m a razão eixo m aior/eixo m en o r < 2,0 tem um a sensibilidade e especificidade de 95% para diferenciar linfonodos benignos de m alignos em pacientes com cânceres de cabeça e pescoço. Essa razão tem m aiores especificidade e sensi bilidade do que a palpação ou m edição do eixo m aior ou do eixo m enor isoladam ente. As indicações para biópsia de linfonodos são imprecisas, p o rém ela é um valioso instrum ento de diagnóstico. A decisão qu an to à realização de biópsia pode ser tom ada no início da avaliação do paciente ou adiada até depois de duas sem anas. D everá ser feita um a biópsia im ediata se a anam nese e o exame físico do p a ciente sugerirem um a neoplasia maligna; são exem plos o linfono do cervical solitário, duro e indolor em um paciente de idade m ais avançada que seja fum ante crônico; adenopatia supraclavicular e adenopatia solitária ou generalizada de consistência firm e, m ó vel e sugestiva de linfom a. Se houver suspeita de câncer prim ário de cabeça e pescoço com base em um linfonodo cervical d uro e solitário, deverá ser realizado um cuidadoso exam e o torrinolaringológico. Toda lesão em m ucosas suspeita de processo neoplásico p rim ário deve ser inicialm ente subm etida a biópsia. Se não for detectada lesão algum a na m ucosa, deverá ser feita um a biópsia excisional do m aior linfonodo. A aspiração com agulha fina não deve ser realizada com o prim eiro procedim ento diagnóstico. Na m aioria dos casos, o diagnóstico exige m ais tecido que a aspiração pode fornecer e, com frequência, retarda o diagnóstico definitivo. A aspiração com agulha fina deve ser reservada para os nódulos tireóideos e confirm ação de recidiva em pacientes cujo diagnós tico prim ário é conhecido. Se o m édico de cuidados prim ários tiver dúvida quanto à realização de biópsia, p oderá ser útil c o n sultar um hem atologista ou oncologista clínico. Nos am bulatórios de assistência prim ária, < 5% dos pacientes com linfadenopatia necessitam de biópsia. Essa porcentagem é consideravelm ente m aior em clínicas especializadas, ou seja, hem atologia, oncologia ou otorrinolaringologia. Dois grupos apresentaram algoritm os que afirm am irão iden tificar de m aneira precisa quais os pacientes com linfadenopatia que devem ser subm etidos à biópsia. A m bos os relatos foram aná lises retrospectivas em clínicas especializadas. O prim eiro estudo incluiu pacientes de 9-25 anos de idade que foram subm etidos a um a biópsia de linfonodos. Identificaram -se três variáveis que indicam quais pacientes jovens com linfadenopatia periférica de vem ser subm etidos a biópsia. L infonodos com diâm etro > 2 cm e radiografias de tórax anorm ais tiveram valor preditivo positivo, enquanto sintom as otorrinolaringológicos recentes apresentaram valores preditivos negativos. No segundo estudo, foram avaliados 220 pacientes com linfadenopatia em um centro de hem atologia e identificadas cinco variáveis [tam anho dos linfonodos, locali zação (supraclavicular ou não), idade (> 40 anos ou < 40 anos), textura (não duro ou duro) e d o r à palpação] que foram utiliza das em um m odelo m atem ático para identificar os pacientes que necessitam de biópsia. E ncontrou-se um valor preditivo positivo para idade acim a de 40 anos, localização supraclavicular, linfono do com tam anho > 2,25 cm 2, consistência dura e ausência de dor ou de hipersensibilidade à palpação. O valor preditivo negativo foi evidente para um a idade < 40 anos, linfonodo < 1,0 cm 2, consis tência não dura e linfonodos hipersensíveis ou dolorosos. Cerca de 91% dos pacientes que necessitaram de biópsia foram corre tam ente classificados p or esse m odelo. C om o am bos os estudos foram análises retrospectivas e um deles lim itou-se a pacientes jo vens, desconhece-se a utilidade desses m odelos quando aplicados prospectivam ente em um a situação de assistência prim ária.
Um aum ento dessas funções norm ais pode resultar em espleno megalia. O baço com põe-se de polpa vermelha e polpa branca, term os u ti lizados p o r M alpighi para referir-se aos seios repletos de eritrócitos e cordões revestidos p o r células reticuloendoteliais, bem com o aos folículos linfoides brancos dispostos na m atriz da polpa vermelha. O baço encontra-se na circulação portal. O m otivo disso é desconhe cido, m as pode estar relacionado com o fato de que a pressão sa n guínea m enor p erm ite u m fluxo m enos rápido e m inim iza a lesão dos eritrócitos norm ais. O sangue flui para o baço a um a taxa apro xim ada de 150 m L /m in através da artéria esplênica, que finalm ente se ram ifica em arteríolas centrais. Parte do sangue flui das arteríolas para os capilares e, a seguir, para as veias esplênicas, saindo do baço, enquanto a m aior parte do sangue proveniente das arteríolas centrais flui para os seios e cordões revestidos p or m acrófagos. O sangue que penetra nos seios entra novam ente na circulação através das vênulas esplênicas, enquanto o sangue que penetra nos cordões está sujeito a um a inspeção para controle de qualidade. Para re to rn a r à circu lação, as células sanguíneas nos cordões precisam esprem er-se por m eio de fendas nos revestim entos dos cordões para p e n etrar nos seios que levam às vênulas. Os eritrócitos senescentes e lesionados exibem m en o r deform abilidade e, p o r isso, são retidos nos cordões, onde são destruídos, enquanto seus com ponentes são reciclados. Os corpúsculos de inclusão dos eritrócitos, com o parasitos (Caps. 210 e e27), resíduos nucleares (corpúsculos de Howell-Jolly, Fig. 57.6) ou hem oglobina desnaturada (corpúsculos de H einz), são rem ovidos no
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A rté ria central Folículo prim ário (área de células B)
Folículo secu nd á rio com centro germ inativo (área de cé lulas B)
Á rea linfoide de células T
autotransfusão e m elhorar a capacidade de tran sp o rte de oxigênio. E ntretanto, o baço h um ano norm al não seqüestra nem arm azena eri trócitos, tam pouco sofre contração em resposta a estím ulos sim páti cos. O baço h um ano norm al contém 33% das plaquetas corporais to tais bem com o um núm ero significativo de neutrófilos m arginados. Estas células seqüestradas estarão disponíveis quando for necessário responder a sangram ento ou infecção.
Z ona linfoide m arginal
Esplenomegalia S eios da p olpa
AVALIAÇÃO CLÍNICA S eios da polpa
C ordão da polpa
C ordão da polpa JD
-H m
S istem a venoso e sp lênico
\
A rteríolas
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Poros sinusoidais
C ordão da polpa S inusoides S eios da polpa
C élulas RE
9 Para o sistem a venoso esplênico.
Figura 59.1
Estrutura esquemática do baço. 0 baço é composto de muitas unidades de polpas vermelha e branca centralizadas ao redor de pequenos ramos da artéria esplênica, chamados de artérias centrais. A polpa branca é de natureza linfoide e contém folículos de células B, uma zona marginal ao redor dos folículos e áreas ricas em células T, formando uma bainha ao redor das arteríolas. As áreas de polpa vermelha consistem nos seios da polpa e cordões da polpa. Os cordões são terminações em fundo cego. Para ter novamente acesso à circulação, os eritrócitos precisam atravessar minúsculas aberturas no revestimento sinusoidal. Os eritrócitos rígidos, lesionados ou senescentes não conseguem entrar nos seios. RE, reticuloendotelial. (Parte inferior da figura de RS Hillman, KA Ault: Hematology in Clinical Practice, 4th ed., New York, McGraw-HilI, 2005.) processo de passagem através das fendas que se denom ina retirada seletiva. A seleção das células m ortas e lesionadas, b em com o a reti rada seletiva de células com inclusões parecem ocorrer sem dem ora significativa, visto que o tem po de trânsito do sangue através do baço é apenas um pouco mais lento que em outros órgãos. O baço tam bém é capaz de auxiliar o hospedeiro a adaptar-se ao am biente hostil. D esem penha pelo m enos três funções de adaptação: ( 1) depuração das bactérias e substâncias particuladas do sangue, (2) geração de respostas im unes a determ inados patógenos e (3) p ro d u ção de com ponentes celulares do sangue em circunstâncias nas quais a m edula óssea é incapaz de suprir as necessidades (isto é, hem ato poiese extram edular). A últim a adaptação representa um a recapitu lação da função hem atopoiética desem penhada pelo baço durante a gestação. Em alguns anim ais o baço tam bém desem penha um papel na adaptação vascular ao estresse, visto que arm azena eritrócitos (frequentem ente h em o co n cen trad o com h em ató crito s m ais altos que o norm al) em circunstâncias norm ais e sofre contração sob a in fluência da estim ulação (3-adrenérgica para fornecer ao anim al um a
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H
j j ^
B
C a p ilares a rteriais
Os sintom as m ais com uns produzidos por doenças que acom etem o baço são a dor e sensação de peso no QSE. A esplenom egalia m aciça pode causar saciedade precoce. A dor pode resultar do aum ento de volum e agudo do baço com esti ram ento, infarto ou inflam ação da cápsula. D urante m uitos anos, acreditou-se que o infarto esplênico era clinicam ente silencioso, o que, às vezes, é verdadeiro. Entretanto, Som a Weiss, em seu clássi co relato de 1942 sobre auto-observações feitas por um estudante de m edicina de H arvard sobre a evolução clínica da endocardite bacteriana subaguda, d o cu m en to u que a d or intensa no QSE e a dor torácica pleurítica podem acom panhar a oclusão tro m b o embólica do fluxo sanguíneo esplênico. A oclusão vascular, com infarto e dor, é com um ente observada em crianças com crises de anem ia falciforme. A ruptura do baço, seja p o r traum atism o, seja por doença infiltrativa que desintegra a cápsula, pode resultar em sangram ento intraperitonial, choque e m orte. A ru p tu ra propria m ente dita pode ser indolor. Um baço palpável é o prin cip al sinal físico p roduzido por doenças que afetam o baço e sugere aum ento de tam anho do órgão. O baço n orm al pesa < 250 g, dim inui de tam anho com a idade, situa-se, em condições norm ais, totalm ente dentro do gradil costal, possui um diâm etro cefalocaudal m áxim o de 13 cm na US ou com prim ento m áxim o de 12 cm e/ou largura de 7 cm na cintilografia com radionuclídio, sendo geralm ente im palpável. E ntretanto, foi enco n trad o um baço palpável em 3% de 2.200 estudantes universitários assintom áticos do sexo m asculino. O acom panham ento realizado d urante um período de 3 anos reve lou que 30% desses estudantes ainda tin h am baço palpável sem qualquer aum ento na prevalência de doenças. Um acom panha m ento de 10 anos não revelou n en h u m a evidência de processos m alignos linfoides. Além disso, em alguns países tropicais (p. ex., Nova G uiné), a incidência de esplenom egalia pode atingir 60 %. Por conseguinte, um baço palpável nem sem pre significa que há doença. E, m esm o quando existe algum a doença, a esplenom ega lia pode não refletir a doença prim ária, porém um a reação a ela. Por exemplo, em pacientes com doença de H odgkin, apenas 66% dos baços palpáveis exibem com prom etim ento pelo câncer. No exame físico do baço, utilizam -se basicam ente as técnicas de palpação e percussão. A inspeção po d e revelar plenitude no QSE, que desce com a inspiração, achado associado a um baço m aciçam ente aum entado. A ausculta pode revelar um ru m o r ve noso ou ruído de atrito. A palpação pode ser efetuada p o r palpação bim anual, rechaço e palpação a partir de cim a (m anobra de M iddleton). N a palpação bim anual, tão confiável quanto as outras técnicas, o paciente deve ficar em decúbito dorsal com os joelhos fletidos. O m édico coloca a m ão esquerda sobre a parte inferior do gradil costal e puxa a pele em direção à m argem costal, p erm itin d o que as pontas dos dedos da m ão direita percebam a ponta do baço à m edida que ele desce enquanto o paciente inspira de form a lenta, suave e p rofun da. A palpação é iniciada com a m ão direita no quadrante inferior esquerdo, com m ovim ento gradual em direção à m argem costal esquerda, identificando, assim , a borda inferior de um baço com aum ento maciço. Q uando a p onta do baço é percebida, o achado é registrado em centím etros abaixo da m argem costal esquerda em algum ponto arbitrário, ou seja, 10-15 cm, a p a rtir do ponto m é dio do um bigo ou da junção xifoesternal, que perm ite que outros m édicos com parem os achados ou que o m édico de atenção pri-
m ária possa determ inar alterações no tam anho do órgão ao longo do tempo. A palpação bim anual com o paciente em decúbito late ral direito nada acrescenta ao exame em decúbito dorsal. A percussão para m acicez esplênica pode ser realizada com qualquer um a das três técnicas descritas p o r N ixon, Castell e Barkun:
Os estudos realizados que com pararam os m étodos de p e r cussão e palpação com um padrão de ultrassonografia ou cin ti lografia revelaram sensibilidade de 56-71% para a palpação e de 59-82% para a percussão. A reprodutibilidade entre os exam ina dores é m elhor para a palpação do que para a percussão. Am bas as técnicas são m enos confiáveis em pacientes obesos ou nos que acabaram de comer. Por conseguinte, as técnicas de exam e físico de palpação e percussão são im precisas. Foi sugerido que o m é dico realize prim eiro a percussão e, se positiva, proceda à palpa ção; se o baço for palpável, poderá ser afirm ada, razoavelm ente, a existência de esplenom egalia. C ontudo, nem todas as m assas no QSE são baços aum entados; tum ores do estôm ago ou colo, e cis tos pancreáticos ou renais podem sim ular esplenom egalia. A presença de um baço aum entado po d e ser determ in ad a com m aior precisão, se necessário, p o r cintilografia hepatoesplênica com radionuclídio, TC, RM ou ultrassonografia. Esta últim a constitui o procedim ento de escolha atual para a avaliação rotinei ra do tam anho do baço (norm al = diâm etro cefalocaudal m áxim o de 13 cm), visto que tem altas sensibilidade e especificidade, sen do um procedim ento seguro, não invasivo, rápido, m óvel e de m e n or custo. As cintilografias nucleares são precisas, sensíveis e co n fiáveis, porém de elevado custo; além disso, exigem m aior tem po para fornecer dados e utilizam um equipam ento imóvel. Têm a vantagem de m ostrar a presença de tecido esplênico acessório. A TC e RM fornecem um a determ inação precisa das dim ensões do baço, porém o equipam ento é imóvel e os procedim entos são de custo elevado. A RM não parece oferecer vantagem algum a sobre a TC. As alterações na estrutura do baço, com o lesões expansivas, infartos, infiltrados heterogêneos e cistos, são m ais facilm ente avaliadas pela TC, RM ou ultrassonografia. N enhum a dessas téc nicas é m uito confiável na detecção de infiltração irregular (p. ex., doença de Hodgkin).
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL O Q u ad ro 59.2 cita m uitas das d o e n ças associadas a esplenom egalia, classificadas de acordo com o provável m ecanism o básico responsável pelo aum ento de tam a nho do órgão: 1. H iperplasia ou h ip ertro fia relacionadas com d e te rm in a da função esplênica, com o a hiperplasia reticuloendotelial
As possibilidades do diagnóstico diferencial tornam -se m uito m enores quando o baço está “m aciçam ente aum entado”, palpável m ais de 8 cm abaixo da m argem costal esquerda, ou seu peso d re nado é > 1.000 g (Q u a d ro 59.3). A grande m aioria desses pacien tes apresenta linfom a não H odgkin, leucem ia linfocítica crônica, leucem ia das células pilosas, leucem ia m ieloide crônica, mielofibrose com m etaplasia m ieloide ou policitem ia vera.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL As principais anorm alidades labora toriais que acom panham a esplenom egalia são determ inadas pela doença sistêmica subjacente. A contagem de eritrócitos pode estar norm al, dim inuída (síndrom es de talassem ia m aior, LES, c irro se com hipertensão portal) ou aum entada (policitem ia vera). A contagem de granulócitos p o d e se m o stra r norm al, dim inuída (síndrom e de Felty, esplenom egalia congestiva, leucem ias) ou au m entada (infecções ou doença inflam atória, distúrbios m ieloproliferativos). De m odo sem elhante, a contagem plaquetária pode ser norm al, reduzida q u ando houver aum ento do seqüestro ou da destruição das plaquetas no baço aum entado (esplenom egalia congestiva, doença de G aucher, trom bocitopenia im une), ou ele vada nos distúrbios m ieloproliferativos, com o a policitem ia vera. O H C pode revelar citopenia de um ou m ais tipos de células sanguíneas, sugerindo hiperesplenismo, distúrbio que se caracte riza p o r esplenom egalia, citopenia(s), m edula óssea n orm al ou hiperplásica, e resposta à esplenectom ia. A últim a característica é m enos precisa, visto que a reversão da citopenia, sobretudo da granulocitopenia, às vezes não persiste após a esplenectom ia. As citopenias resultam de destruição aum entada dos elem entos celu lares, secundária a um a redução do fluxo sanguíneo através dos cordões aum entados e congestos (esplenom egalia congestiva) ou a m ecanism os m ediados im unologicam ente. N o hiperesplenism o, vários tipos celulares h abitualm ente exibem m orfologia norm al no esfregaço de sangue periférico, em bora os eritrócitos possam ser esferocíticos devido à perda da área de superfície durante seu trânsito m ais prolongado através do baço aum entado. O aum ento da produção m edular de eritrócitos deve refletir-se p o r um a u m ento do índice de p rodução dos reticulócitos, em bora o valor possa ser inferior ao esperado devido a aum ento do seqüestro dos reticulócitos no baço. A necessidade de outros exam es laboratoriais é determ inada pelo diagnóstico diferencial da doença subjacente, da qual a esple nom egalia é um a das m anifestações.
Linfadenopatia e Esplenomegalia
1. Método de N ixon : o paciente é colocado sobre o lado direito, de m odo que o baço se situe acim a do colo e estôm ago. A percussão começa no nível inferior do som atim pânico pul m onar, na linha axilar posterior, e prossegue diagonalm ente ao longo de u m a linha perpendicular, em direção à m argem costal anterior m édia. A borda superior da m acicez fica n or m alm ente 6-8 cm acim a da m argem costal. Presum e-se que um a m acicez > 8 cm em adulto indica esplenom egalia. 2. Método de Castell: com o paciente em decúbito dorsal, a pe r cussão no espaço intercostal m ais inferior, na linha axilar anterior (8o ou 9° espaços), produzirá um a nota atim pânica se o baço tiver tam anho norm al, o que ocorre d urante a expiração ou inspiração profunda. Um a nota de percussão m aciça à inspiração com pleta sugere esplenom egalia. 3. Percussão do espaço semilunar de Traube: as bordas do espa ço de Traube são a sexta costela superiorm ente, a linha axi lar m édia esquerda lateralm ente e a m argem costal esquerda inferiorm ente. O paciente é colocado em decúbito dorsal com o braço esquerdo em leve abdução. D urante a respira ção norm al, efetua-se a percussão desse espaço da m argem m ediai para a lateral, obtendo um som tim pânico norm al. Um a nota surda à percussão sugere esplenom egalia.
(hipertrofia de trabalho) em doenças, com o a esferocitose h ereditária ou as síndrom es de talassem ia, que exigem a rem oção de grande n úm ero de eritrócitos defeituosos; h i perplasia im une em resposta a infecção sistêm ica (m o n o nucleose infecciosa, endocardite bacteriana subaguda) ou a doenças im unológicas (trom bocitopenia im une, LES, sín drom e de Felty). 2. C ongestão passiva deco rren te da redução do fluxo san guíneo do baço em distúrbios que provocam hipertensão portal (cirrose, síndrom e de Budd-C hiari, insuficiência car díaca congestiva). 3. D oenças infiltrativas do baço (linfom as, câncer m etastático, am iloidose, doença de G aucher, distúrbios m ieloproliferativos com hem atopoiese extram edular).
■ ESPLENECTOMIA A esplenectom ia é ra ra m en te realizada p a ra fins diagnósticos, so bretu d o n a ausência de d o e n ça clínica o u de o u tro s exam es com plem entares que sugiram do en ça subjacente. C om m ais frequência, a esplenectom ia é feita para o co ntrole dos sintom as em pacientes com esplenom egalia m aciça, p a ra o controle d a doença em pacien tes com ru p tu ra trau m ática do baço ou p ara a correção das citope nias em pacientes com h iperesplenism o o u destruição im une de um ou m ais elem entos celulares do sangue. A esplenectom ia é neces sária p ara o estadiam ento dos p acientes com d o en ça de H odgkin apenas naqueles com d o e n ça clínica n o s estágios I ou II, p ara os
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QUADRO 59.2
Doenças associadas a esplenomegalia agrupadas por mecanismo patogênico
Aumento causado por demanda aumentada da função esplênica Hiperplasia do sistema reticuloendotelial (para a remoção dos eritrócitos defeituosos) Esferocitose Anemia falciforme precoce Ovalocitose
Malária Leishmaniose Tripanossomíase Ehrliquiose Imunorregulação comprometida
Talassemia maior
Artrite reumatoide (síndrome de Felty)
Hemoglobinopatias
Lúpus eritematoso sistêmico
Hemoglobinúria paroxística noturna
Doenças vasculares do colágeno
Anemia perniciosa Hiperplasia imune Resposta a infecção (viral, bacteriana, fúngica, parasitária)
Doença do soro Anemias hemolíticas imunes Trombocitopenias imunes
Mononucleose infecciosa
Neutropenias imunes
Aids
Reações a fármacos
Hepatite viral
Linfadenopatia angioimunoblástica
Citomegalovírus
Sarcoidose
Endocardite bacteriana subaguda
Tireotoxicose (hipertrofia linfoide benigna)
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Sepse bacteriana Sífilis congênita
Terapia com interleucina 2 Hematopoiese extramedular
Abscessos esplênicos
Mielofibrose
Tuberculose
Lesão da medula por toxinas, radiação, estrôncio
Histoplasmose
Infiltração da medula por tumores, leucemias, doença de Gaucher
Aumento causado por fluxo sanguíneo esplênico ou portal anormal Cirrose
Aneurisma da artéria esplênica
Obstrução da veia hepática
Esquistossomose hepática
Obstrução da veia porta, intra-hepática ou extra-hepática
Insuficiência cardíaca congestiva
Transformação cavernosa da veia porta
Equinococose hepática
Obstrução da veia esplênica
Hipertensão portal (qualquer causa, incluindo as anteriores): “ doença de Banti”
Infiltração do baço Depósitos intracelulares ou extracelulares Amiloidose
Doença de Hodgkin Síndromes mieloproliferativas (p. ex., policitemia vera, trombocitose essencial)
Doença de Gaucher
Angiossarcomas
Doença de Niemann-Pick
Tumores metastáticos (o melanoma é mais comum)
Doença de Tangier
Granuloma eosinofílico
Síndrome de Hurler e outras mucopolissacaridoses
Histiocistose X
Hiperlipidemias
Hamartomas
Infiltrações celulares benignas e malignas Leucemias (aguda, crônica, linfoide, mieloide, monocítica)
Hemangiomas, fibromas, linfangiomas Cistos esplênicos
Linfomas
Etiologia desconhecida Esplenomegalia idiopática
Anemia ferropriva
Beriliose
quais se planeja in stitu ir radioterapia isolada. O estadiam ento não invasivo do baço na do en ça de H o d g k in n ão fornece u m a base confiável o suficiente p ara a to m ad a de decisões terapêuticas, visto que 33% dos baços com dim ensões n o rm ais estão acom etidos pela doença de H odgkin e 33% dos baços au m en tad o s não apresentam tum or. O uso dissem inado da terapia sistêm ica para avaliar todos os estágios da d oença de H odgkin to rn o u desnecessário a laparotom ia de estadiam ento com esplenectom ia. A pesar de a esplenectom ia na leucem ia m ieloide crônica (LM C) n ão afetar a histó ria n atu ral da doença, a rem oção do baço m aciço em geral faz o paciente se sentir
470
bem m ais confortável e sim plifica o trata m e n to ao reduzir, sobre m odo, as necessidades de transfusão. Os avanços na terapia da LM C reduziram a necessidade de esple nectom ia para o controle dos sintom as. A esplenectom ia é um trata m ento secundário ou terciário efetivo para duas leucem ias crônicas das células B, a leucem ia de células pilosas e a leucem ia pró-linfocítica, bem com o para o raríssim o linfom a da zona m arginal ou de célu las do m anto esplênico. Nessas doenças, a esplenectom ia pode estar associada a um a regressão significativa do tu m o r na m edula óssea e em outros locais da doença. Foram observadas regressões sem elhan-
r___ QUADRO 59.3
Doenças associadas a esplenomegalia maciça*
Leucemia mieloide crônica
Doença de Gaucher
Linfomas
Leucemia linfocítica crônica
Leucemia de células pilosas
Sarcoidose
Mielofibrose com metaplasia mieloide
Anemia hemolítica autoimune Hemangiomatose esplênica difusa
Policitemia vera *0 bago estende-se além de 8 cm abaixo da margem costal esquerda e/ou pesa mais de 1.000 g.
Linfadenopatia e Esplenomegalia
tes da doença sistêmica após irradiação esplênica em alguns tipos de tum ores linfoides, p articularm ente a leucem ia linfocítica crônica e leucem ia pró-linfocítica, processo denom inado efeito abscopal. Essas respostas tum orais sistêmicas à terapia local direcionada para o baço sugerem que algum horm ônio, ou fator de crescim ento produzido pelo baço, pode afetar a proliferação das células tum orais, m as tal suposição ainda não foi com provada. U m a indicação terapêutica co m um para esplenectom ia é ru p tu ra esplênica traum ática ou iatrogê nica. Em um a fração de pacientes com ru p tu ra esplênica, a im plan tação peritonial de fragm entos esplênicos pode resultar em esplenose - presença de m últiplos restos de tecido esplênico sem conexão com a circulação portal. Esse tecido esplênico ectópico p o d e provocar dor ou obstrução gastrintestinal, com o na endom etriose. N um erosas causas hem atológicas, im unológicas e congestivas de esplenom ega lia podem levar à destruição de um ou m ais elem entos celulares do sangue. Na m aioria desses casos, a esplenectom ia pode corrigir as citopenias, sobretudo a anem ia e trom bocitopenia. Em um a grande série de pacientes assistidos em hospitais terciários, a indicação da esplenectom ia foi diagnóstica em 10% dos pacientes, terapêutica em 44%, houve estadiam ento da doença de H odgkin em 20% e casual em associação a outro procedim ento em 26%. Talvez a única contraindicação à esplenectom ia seja a presença de insuficiência m edular, na qual o baço aum entado é a única fonte de tecido hem atopoiético. A ausência de baço tem efeitos m ínim os a longo prazo sobre o perfil hem atológico. No período pós-esplenectom ia im ediato, pode haver desenvolvim ento de leucocitose (até 25.000/pL ) e de tro m b o citose (até 1 X 106/| jlL); todavia, dentro de 2-3 sem anas, o hem ogra m a e a sobrevida de cada linhagem celular costum am estar norm ais. As m anifestações crônicas da esplenectom ia consistem em variação acentuada no tam anho e na form a dos eritrócitos (anisocitose, p o i quilocitose), bem com o presença de corpúsculos de Howell-Jolly (rem anescentes nucleares), corpúsculos de H einz (hem oglobina desnaturada), pontilhado basofílico e eritrócitos nucleados eventuais no sangue periférico. Q uando essas anorm alidades eritrocitárias apare cem em paciente cujo baço n ão foi rem ovido, deve-se suspeitar de in filtração esplênica por tum or, interferindo em suas funções norm ais de seleção e remoção. A conseqüência m ais grave da esplenectom ia é um aum ento da suscetibilidade a infecções bacterianas, em particular as causadas por m icrorganism os encapsulados, com o o Streptococcus pneum oniae, Haemophilus influenzae e alguns m icrorganism os entéricos G ram -negativos. Os pacientes com m enos de 20 anos de idade são p a rti cularm ente suscetíveis à sepse m aciça p o r S. pneum oniae, e o risco atuarial global de sepse em pacientes subm etidos a esplenectom ia é de cerca de 7% em 10 anos. A taxa de letalidade da sepse pneum ocócica em pacientes esplenectom izados é de 50-80%. Cerca de 25% dos pacientes esplenectom izados desenvolvem infecção grave em algum m om ento de suas vidas. A frequência é m aior nos prim eiros três anos após a esplenectom ia. Cerca de 15% das infecções são polim icrobianas, e os locais m ais com uns de acom etim ento incluem os pulm ões, a pele e o sangue. Não se observou m aior risco de infecção viral em pacientes subm etidos a esplenectom ia. A suscetibilidade a infecções bacterianas está relacionada com a incapacidade de rem over as bac
térias opsonizadas da corrente sanguínea e ao defeito na produção de anticorpos contra antígenos independentes das células T, com o os com ponentes polissacarídicos das cápsulas bacterianas. Deve-se a d m inistrar a vacina pneum ocócica a todos os pacientes no decorrer de duas sem anas antes da esplenectom ia eletiva. O Advisory Com m ittee on Im m unization Practices recom enda que esses pacientes recebam vacina de reforço dentro de cicnco anos após a esplenectom ia. A efi cácia ainda não foi com provada para esse grupo, e a recom endação não leva em conta a possibilidade de que a adm inistração da vaci na possa, na verdade, baixar os títulos de anticorpos antipneum ocócicos específicos. A tualm ente, há disponibilidade de um a vacina pneum ocócica conjugada m ais eficaz que envolve as células T na res posta (Prevenar, 7-valente). A vacina contra a Neisseria meningitidis tam bém deve ser adm inistrada a pacientes para os quais se planeja um a esplenectom ia eletiva. Em bora os dados de eficácia para a vaci na contra o Haemophilus influenzae tipo B não estejam disponíveis para crianças m ais velhas ou em adultos, pode ser adm inistrada em pacientes que sofreram esplenectom ia. Os pacientes esplenectom izados devem ser orientados a consi derar qualquer febre inexplicada com o em ergência m édica. O a te n dim ento m édico im ediato com avaliação e tratam ento de bacterem ia suspeita pode salvar a vida do paciente. A quim ioprofilaxia de rotina com penicilina oral pode resultar no aparecim ento de cepas resisten tes a fárm acos, não sendo recom endada. Além da m aior suscetibilidade a infecções bacterianas, os pacien tes subm etidos a esplenectom ia tam bém são mais propensos à doença parasítica babesiose. O paciente esplenectom izado deve evitar áreas onde o parasito Babesia seja endêm ico (p. ex., Cape Cod, MA). A rem oção cirúrgica do baço é um a causa óbvia de hipoesplenismo. Os pacientes com anem ia falciform e m uitas vezes sofrem auto-esplenectom ia em conseqüência da d estruição do baço pelos n u m erosos infartos associados às crises falciform es durante a infância. Com efeito, a presença de baço palpável em um paciente com anem ia falciforme depois dos cinco anos de idade sugere um a hem oglobinopatia concom itante, como, p o r exem plo, talassem ia ou hem oglobina C. Além disso, os pacientes subm etidos a irradiação esplênica para um a doença neoplásica ou autoim une tam bém são fu ncionalm en te hipoesplênicos. O term o hipoesplenismo é preferido a asplenismo para referir-se às conseqüências fisiológicas da esplenectom ia, p o r ser a asplenia a anorm alidade congênita rara, específica e fatal que se caracteriza p or ausência de desenvolvim ento norm al do lado es querdo da cavidade celôm ica (que inclui o prim ó rd io esplênico). Os lactentes com asplenia não têm baço, em bora este seja o m enor de seus problem as. O lado direito do em brião em desenvolvim en to m ostra-se duplicado no lado esquerdo, de m odo que o fígado se encontra no local onde deveria estar o baço, existem dois pulm ões direitos, e o coração é com posto p o r dois átrios direitos assim com o dois ventrículos direitos.
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r CAPÍTULO
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Distúrbios de Granulócitos e Monócitos Steven M. Holland John I. Gallin
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
crescim ento dos m onócitos e neutrófilos na m edula óssea. O sistema hem atopoiético não apenas produz neutrófilos em núm ero suficiente (-1 ,3 X 10" células/dia em um indivíduo de 80 kg) para desem pe n h ar funções fisiológicas, com o tam bém dispõe de um a grande re serva na m edula óssea, que pode ser m obilizada em resposta a infla m ação ou infecção. O aum ento do núm ero de neutrófilos no sangue circulante denom ina-se neutrofilia, enquanto a presença de células im aturas é designada com o desvio para a esquerda. A redução do n ú m ero de neutrófilos no sangue circulante é cham ada de neutropenia. Os neutrófilos e m onócitos evoluem a p a rtir de células-tronco pluripotentes, sob a influência de citocinas e CSF (Fig. 60.2). A fase de proliferação até o estágio de m etam ielócito leva cerca de 1 semana, enquanto a de m aturação do m etam ielócito até o neutrófilo m aduro requer outra sem ana. O m ieloblasto é a p rim eira célula precursora identificável, seguida do pró-mielócito, o qual evolui quando são p ro duzidos os grânulos lisossôm icos clássicos, denom inados grânulos azurófilos ou primários. Os grânulos p rim ário s contêm hidrolases, elastase, m ieloperoxidase, catepsina G, pro teín as catiônicas bem com o p roteína bactericida e de aum ento da perm eabilidade, im p ortan te na destruição das bactérias G ram -negativas. Os grânulos azurófilos tam bém contêm defensinas, um a fam ília de polipeptídios ricos em cisteína, com am pla atividade antim icrobiana contra b acté rias, fungos e certos vírus com invólucro. O pró-m ielócito divide-se para produzir o mielócito, célula responsável pela síntese dos grânulos específicos ou secundários, que contêm constituintes peculiares (es pecíficos), com o a lactoferrina, pro teín a de ligação à vitam ina B12, com ponentes de m em brana da oxidase do fosfato de dinucleotídio de adenina-nicotinam ida (N A D PH ) reduzida, necessária à produção de peróxido de hidrogênio, histam inase e receptores de certos quim ioatraentes e fatores prom otores da aderência (CR3), bem com o receptores do com ponente da m em brana basal, lam inina. Os grânu los secundários não contêm hidrolases ácidas, p o r isso não são lisossom os clássicos. O acondicionam ento do conteúdo dos grânulos se cundários durante a m ielopoiese é controlado pelo C CA A T/proteína de ligação intensificadora e. O conteúdo dos grânulos secundários é prontam ente liberado no m eio extracelular, sendo sua m obilização im portante na m odulação da inflam ação. D urante os estágios finais
Os leucócitos são as principais células que com põem as respostas in flam atórias e im unes e consistem nos neutrófilos, linfócitos T e B, células destruidoras naturais (NK, de natural killer), m onócitos, eo sinófilos e basófilos. D esem penham funções específicas, com o a p ro dução de anticorpos pelos linfócitos B ou a destruição de bactérias pelos neutrófilos; todavia, em nenhum a doença infecciosa isolada foi possível estabelecer p or com pleto o papel exato dos tipos celulares. Por conseguinte, em bora os neutrófilos sejam classicam ente consi derados fundam entais na defesa do hospedeiro contra bactérias, eles tam bém podem desem penhar um im portante papel na defesa contra infecções virais. O sangue distribui os leucócitos para os vários tecidos a p a rtir da m edula óssea, onde são produzidos. As contagens norm ais dos leucócitos no sangue circulante são de 4,3-10,8 X 109/L, represen tando os neutrófilos 45-74% das células; as células em bastão, 0-4%; os linfócitos, 16-45%; os m onócitos, 4-10%; os eosinófilos, 0-7%; e os basófilos, 0-2%. Pode haver um a significativa variação entre os indi víduos e entre os diferentes grupos étnicos com m en o r núm ero de leucócitos para determ inados grupos étnicos afro-am ericanos. Os d i ferentes leucócitos originam -se de um a célula-tronco com um na m e dula óssea. Cerca de 75% das células nucleadas da m edula óssea estão consignadas à produção de leucócitos. A m aturação dos leucócitos na m edula óssea encontra-se sob o controle regulador de diversos fatores, conhecidos com o fatores estim uladores das colônias (CSF) e interleucinas (IL). C om o a ocorrência de alteração no núm ero e tipo de leucócitos está frequente m ente associada a processos m órbidos, a contagem total dos leucócitos (células p o r |aL) e as contagens d iferen CIRCULAÇÃO MEDULA OSSEA ciais fornecem inform ações im p o rta n te s. Este capítulo C élulatrata dos neutrófilos, m o n ó C3a -tronco citos e eosinófilos. Os linfóci C5a Histamina tos e basófilos são d iscutidos Bradicinina nos C apítulos 314 e 317, res Serotonina pectivam ente.
Lesão te cid ua l com m orte m icrobiana A tivação de outros braços da defesa do hosp e d e iro o 2~, h 2 o 2 , OH, HOCI (alvejante)
NEUTR0F1L0S
■ MATURAÇÃO A F ig u ra 60.1 resum e os eventos im portantes na vida dos n eu tró filo s. N os seres hum anos norm ais, os neu tró filos são produzidos apenas na m edula óssea. E stim a-se o núm ero m ínim o de células-tronco necessário para m a n ter a hem atopoiese em 400 a 500 em qualquer m om ento. Os m onócitos do sangue cir culante, m acrófagos tec id u ais e células do estrom a nos seres h u m a n o s p ro d u z e m CSF, horm ônios essenciais ao
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Q uim iocinas, outros q u im io a tra e n tes
PM N G -C S F E steroides E ndotoxina
Febre Parede do vaso E ndotélio
__ Ingestão Bactérias ou fungos
Secreção da citocina IL-8, FNT-a, IL-12
IL-1, FN T-a Recrutamento M acrófagos Linfócitos
Figura 60.1 Esquema dos eventos na produção, recrutamento de neutrófilos e na inflamação. Os quatro sinais car dinais da inflamação (rubor, tumor, calor e dor) estão indicados, assim como as interações dos neutrófilos com outras células e citocinas. PMN, leucócitos polimorfonucleares; G-CSF, fator estimulador das colônias de granulócitos; IL, interleucina; FNT- a , fator de necrose tumoral a.
Célula
Estágio
Marcadores de superfíciea3
Características
M IE LO B LA S TO
C D 33, C D 13, C D 15
N ucléolos proem inentes
P R O M IE LO C ITO
C D 33, C D 13, C D 15
C élula grande A pa re cim e n to de grânulos prim ários
O s n e u tró filo s exercem funções heterogêneas. Foram desenvolvidos a n ticorpos m onoclonais que reconhecem apenas um su b g ru p o de n eutrófilos m aduros. O significado da heterogeneidade dos neutrófilos perm anece desco nhecido. A m orfologia dos eosinófilos e b a sófilos é m ostrada n a Figura 60.6.
■ LIBERAÇA0 MEDULAR E COMPARTIMENTOS CIRCULANTES
Distúrbios de Granulócitos e Monócitos
Os leucócitos são m obilizados da m e d u la óssea e lib erad o s no sangue no estado não estim ulado p o r sinais espe A pa re cim e n to de M IELÓ C ITO C D 33, C D13, cíficos, incluindo IL-1, fator de necrose C D 15, C D14, grânulos secundários tu m o ra l a (FNT- a ) , CSF, fragm entos C D 11b do com p lem en to e quim iocinas. Em condições norm ais, -90% do reserva tó rio de n eutrófilos en co n tram -se na m edula óssea, enquanto 2-3% estão na N úcleo em form a M ETA M IE LÓ C ITO C D 33, C D 13, circulação, e o restante perm anece nos C D 15, C D 14, de feijão C D 11b tecidos (Fig. 60.7). O re serv a tó rio circu lan te o corre em dois c o m p a rtim en to s dinâm icos: um com partim ento de fluxo livre e o u N úcleo condensado FO R M A EM BASTAO C D 33, C D13, tro m arginado. O reservatório de fluxo C D 15, C D14, em form a de bastão livre contém cerca de m etade dos n eu C D 11b C D 10, trófilos no estado basal e é constituído C D 16 pelas células que estão no sangue e não estabelecem contato com o endotélio. N úcleo Os leucócitos m arginados são os que C D 33, C D 13, N E U TR O FILO condensado C D 15, C D 14, estão em estreito c ontato físico com m ultilobulado C D 11b, C D 10, o endotélio (Fig. 60.8). N a circulação C D 16 pulm onar, onde existe um extenso leito capilar ( - 1.000 capilares p o r alvéolo), aCD = d e term inante de grupo; • nucléolo; • grânulo prim ário; • grânulo secundário. ocorre m arginação, visto que os capi Figura 60.2 Esquema dos estágios de desenvolvimento do neutrófilo. 0 G-CSF (fator estimulador de colô lares têm aproxim adam ente o m esm o nias de granulócitos) e o GM-CSF (fator estimulador das colônias de granulócitos-macrófagos) são cruciais para este tam anho de um neutrófilo m aduro. Por processo. As características celulares de identificação e os marcadores de superfície celular específicos estão listados conseguinte, a fluidez e deform abilidapara cada estágio de maturação. de dos neutrófilos são im prescindíveis p a ra o trân sito dessas células através da m aturação, não ocorre m ais divisão celular, a célula passa pelo es do leito pulm onar. O aum ento de ri tágio de m etam ielócito e, a seguir, neutrófilo em bastão, com núcleo gidez dos neutrófilos e a redução de sua deform abilidade resultam em form a de salsicha (Fig. 60.3). Q uando a célula em bastão am a em aum ento da retenção e m arginação dessas células nos pulm ões. durece, o núcleo assum e um a configuração lobulada. Em condições D iferentem ente, nas vênulas pós-capilares sistêm icas, a m arg in a norm ais, o núcleo dos neutrófilos contém até quatro segm entos (Fig. ção é m ediada pela interação de m oléculas de superfície específicas 60.4). A segm entação excessiva (m ais de cinco lóbulos nucleares) pode ser um a m anifestação de deficiência de folato ou vitam ina B12 ou da síndrom e da n eutropenia congênita de verrugas, hipogam aglobulinem ia, infecções e m ielocatexia (W H IM ) descrita adiante. A anom alia de Pelger-Hüet (Fig. 60.5), um caráter hereditário do m i nante benigno e de ocorrência incom um , resulta em neutrófilos com núcleos bilobulados distintos que devem ser diferenciados das for m as em bastão. Os núcleos bilobulados adquiridos, pseudo-anom alia de Pelger-Hüet, podem ocorrer com infecções agudas ou em sín d ro m es m ielodisplásicas. O papel fisiológico do núcleo m ultilobulado norm al dos neutrófilos é desconhecido; entretanto, é possível que perm ita um a grande deform ação da célula d urante a sua m igração dos tecidos para os locais de inflam ação. Na infecção bacteriana aguda grave, às vezes observam -se grânu los citoplasm áticos proem inentes nos neutrófilos, denom inados granulações tóxicas, que consistem em grânulos azurófilos im aturos ou de coloração anorm al. Podem -se observar inclusões citoplasmáticas, denom inadas corpúsculos de Dóhle (Fig. 60.3), du ran te um a infec Figura 60.3 Neutrófilo em bastão com corpúsculo de Dõhle. 0 neutrófilo ção; são fragm entos de retículo endoplasm ático rico em ribossom os. com um núcleo em forma de salsicha no centro do campo é uma forma em bas C om frequência, veem -se grandes vacúolos neutrofílicos na infecção tão. Os corpúsculos de Dõhle são áreas não granulosas distintas, de coloração azul, bacteriana aguda, os quais provavelm ente representam a m em brana encontradas na periferia do citoplasma do neutrófilo em infecções e outros estados tóxicos. Representam agregados de retículo endoplasmático rugoso. que sofreu pinocitose (interiorizada).
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* \ Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Figura 60.4 Granulócito normal. 0 granulócito normal tem um núcleo seg mentado com cromatina agregada e densa; são observados grânulos neutrofílicos delicados dispersos em todo o citoplasma. cham adas selectinas, glicoproteínas expressas nos neutrófilos e nas células endoteliais, entre outras células, que causam interação de baixa afinidade, resultando em “rolagem ” do neutrófilo ao longo da superfície endotelial. Nos neutrófilos, a m olécula de L-selectina [de term inante de grupo (CD) 62L] liga-se a proteínas glicosiladas sobre as células endoteliais [p. ex., m olécula de aderência celular d e p e n dente da glicosilação (GlyCAM -1) e CD34], As glicoproteínas nos neutrófilos, entre as quais a m ais im portante é a sialil-Lewisx (SLex, CD15s), são alvos para a ligação de selectinas expressas nas células endoteliais [E-selectina (CD62E) e P-selectina (CD 62P)] e outros leucócitos. Em resposta a estím ulos quim iotáticos provenientes dos tecidos lesionados (p. ex., o produto do com plem ento C5a, leucotrieno B4, IL-8) o u a produtos bacterianos [p. ex., N -form ilm etionil-leucilfenilalanina (f-m etleufe)], a aderência dos neutrófilos aum enta, e as células “grudam ” ao endotélio por m eio das integrinas, glicoproteí nas leucocitárias existentes na form a de complexos de um a cadeia (3 com um de CD18 com C D lla (LFA-1), C D llb (tam bém denom ina da Mac-1, CR3 ou receptor de C3bi) e CD 11c (cham adas de p 150,95 ou CR4). As m oléculas C D lla /C D 1 8 e C D llb /C D 1 8 ligam -se a re ceptores endoteliais específicos [m oléculas de aderência intercelular (ICAM ) 1 e 2].
Figura 60.6 Eosinófilos e basófilos normais. 0 eosinófilo contém grandes grâ nulos de coloração laranja-clara e, em geral, um núcleo bílobulado. 0 basófilo possui grânulos negro-violáceos grandes, que preenchem a célula e obscurecem o núcleo. Com a estimulação da célula, a L-selectina é liberada dos neutrófi los, e a E-selectina aum enta no sangue, presum ivelm ente devido à sua liberação a partir das células endoteliais; os receptores de quim ioatraentes e de opsoninas são mobilizados; e os fagócitos orientam -se para a fonte quim ioatratora no espaço extravascular, aum entam sua atividade móvel (quimiocinese) e m igram de m odo dirigido (quimiotaxia) para dentro dos tecidos. O processo de m igração nos tecidos é denom ina do diapedese e envolve o rastejam ento dos neutrófilos entre as células endoteliais pós-capilares, que abrem junções entre células adjacentes para perm itir a passagem dos leucócitos. A diapedese envolve a m olé cula de aderência de plaquetas/células endoteliais (PECAM) 1 (CD31), expressa tanto nos leucócitos m igratórios quanto nas células endote liais. As respostas endoteliais (aum ento do fluxo sanguíneo em virtu de do aum ento da vasodilatação e perm eabilidade) são m ediadas por anafilatoxinas (p. ex., C3a e C5a) bem com o por vasodilatadores, como a histam ina, bradicinina, serotonina, óxido nítrico, fator de crescimen to endotelial vascular (VEGF) e prostaglandinas E e I. As citocinas re gulam alguns desses processos [p. ex., indução do VEGF pelo FNT- a , inibição da prostaglandina E pelo interferon (IFN) 7 ].
r
Basal
R eservatório circulante Tecido
M edula óssea
R eservatório m arginado
r
Infecção M edula óssea
Epinefrina M edula óssea
R eservatório circulante Tecido
■
R eservatório m arginado
r
R eservatório circulante Tecido R eservatório m arginado
Esteroides (agudos) M edula óssea
r
R eservatório circulante Tecido R eservatório m arginado R eservatório circulante
Deficiência da aderência dos leucócitos M edula óssea
Figura 60.5 Anomalia de Pelger-Hüet. Neste distúrbio benigno, a maioria dos granulócitos é bilobulada. Com frequência, o núcleo exibe uma configuração seme lhante a óculos ou "pince-nez".
474
rHn 1—
Figura 60.7
Tecido R eservatório m arginado
Esquema mostrando a distribuição dos neutrófilos e a sua
cinética entre os diferentes reservatórios anatômicos e funcionais.
Leito ca p ila r p u lm o n ar
m em brana e do citosol, é organizada para catalisar a redução do oxi gênio em ânion superóxido, convertido em peróxido de hidrogênio e outros produtos tóxicos de oxigênio (p. ex., radical hidroxila). O peróxido de hidrogênio + cloreto + m ieloperoxidase dos neutrófilos produzem ácido hipocloroso (alvejante), hipoclorito e cloro, p ro d u tos que oxidam e halogenam os m icrorganism os e as células tu m o rais, podendo, quando descontrolados, lesar o tecido do hospedei ro. As proteínas fortem ente catiônicas, as defensinas, a elastase, as catepsinas e, provavelm ente, o óxido nítrico tam bém participam da destruição m icrobiana. A lactoferrina quela o ferro, um fator de cres cim ento im portante para os m icrorganism os, especialm ente os fu n gos. O utras enzim as, com o a lisozim a e as proteases ácidas, ajudam a digerir restos m icrobianos. Depois de 1-4 dias nos tecidos, os n e u trófilos m orrem . A apoptose dos neutrófilos tam bém é regulada por citocinas; o fator estim ulador de colônias de granulócitos (G-CSF) e a IFN -7 prolongam sua vida. Em certas condições, com o na h i persensibilidade tardia, ocorre acúm ulo de m onócitos 6-12 h após o início da inflamação. O exsudato inflam atório, conhecido com o pus, é constituído p or neutrófilos, m onócitos, m icrorganism os em vários estágios de digestão e células teciduais locais alteradas. A m ielopero xidase confere ao pus sua cor esverdeada típica, p o dendo participar na resolução do processo inflam atório ao inativar os quim ioatraentes e im obilizar as células fagocíticas.
Distúrbios de Granulócitos e Monócitos
O s neutrófilos respondem a determ in ad as citocinas [IFN- y, fator estim ulador das colônias de g ra n u ló c ito s-m a cró fa g o s (G M Alvéolo -CSF) e IL -8] e p roduzem cito Fator q u im iotático cinas bem com o sinais q u im io tático s [F N T -a, IL -8, p ro teín a Fluxo livre in f la m a tó ria d o s m ac ró fag o s (M IP) 1], que m odulam a resposta Rolagem Vênulas p ó s-capilares da circulação sistêm ica inflam atória. Na presença de fibri A de rência firm e nogênio, a f-m etleufe ou o leucoH H trieno B4 induzem a produção de IL-8 pelos neutrófilos, proporcio Diapedese nando um a amplificação autócriC D 11a,b C D 18 na da inflam ação. As quimiocinas (citocinas q u im io atraen tes) são p e q u en a s p ro teín as pro d u zid as p o r m uitos tipos diferentes de cé lulas, com o as células endoteliais, fibroblastos, células epiteliais, neu trófilos e m onócitos, que regulam A tivação Q uim ioatraente o recru tam en to e a ativação dos Figura 60.8 0 trânsito do neutrófilo através dos capilares pulmonares dependeda sua deformabilidade. A rigidez n e u tró filo s, m onócitos, eo sin ó do neutrófilo (p. ex., causada por C5a) aumenta sua retenção pulmonar e resposta a patógenos pulmonares de forma a não filos e linfócitos. As quim iocinas depender tanto dos receptores de superfície celular. Os fatores quimiotáticos intra-alveolares, como os causados por determi transduzem seus sinais p or m eio nadas bactérias (p. ex., Streptococcus pneumoniae), levam à diapedese dos neutrófilos a partir dos capilares pulmonares para de receptores heterotrim éricos li o espaço alveolar. A interação dos neutrófilos com o endotélio das vênulas pós-capilares sistêmicas depende das moléculas gados à proteína G, que possuem de fixação. 0 neutrófilo "rola" ao iongo do endotélio, usando selectinas: a CD15s do neutrófilo (sialil-Lewisx) liga-se à CD62E sete d o m ínios que atravessam a (E-selectina) e CD62P (P-selectina) sobre as células endoteliais; a CD62L (L-selectina) nos neutrófilos liga-se à CD34 e outras m em brana celular, constituindo o moléculas (p. ex., GiyCAM-1) expressas no endotélio. As quimiocinas ou outros fatores de ativação estimulam a "aderência fir m esm o tipo de receptor de super me" mediada pela integrina: CD11a/CD18 (LFA-1) e CD11 b/CD18 (Mac-1, CR-3) ligam-se a CD54 (ICAM-1) e CD102 (ICAM-2) fície celular que m edeia a resposta no endotélio. Ocorre diapedese entre as células endoteliais: a CD31 (PECAM-1), expressa pelo neutrófilo em migração, interage aos quim ioatraentes clássicos, fcom CD31 expressa na junção célula-célula endotelial. CD, determinante de grupo; GlyCAM, molécula de adesão celular de -m etleufe e C5a. São reconhecidos pendente de glicosilação; ICAM, molécula de adesão intercelular; PECAM, molécula de adesão de plaquetas/células endoteliais. q uatro grupos principais de qui m iocinas com base na estrutura da No adulto sadio, a m aioria dos neutrófilos deixa o corpo p or m i cisteína próxim o à extrem idade N term inal: C, CC, CXC e CXXXC. gração através da m ucosa do trato gastrintestinal. N orm alm ente, os As citocinas CXC, com o a IL-8, atraem principalm ente os neutrófilos; neutrófilos perm anecem p or curto tem po na circulação (m eia-vida as quim iocinas CC, com o M IP -1, atraem os linfócitos, m onócitos, eo de 6-7 h). Os neutrófilos senescentes são elim inados da circulação sinófilos e basófilos; a quim iocina C, linfotactina, é trópica para as pelos macrófagos no pulm ão e baço. Um a vez no interior dos tecidos, células T; e a quim iocina CXXXC, fractalcina, atrai neutrófilos, m o os neutrófilos liberam enzim as, com o a colagenase e elastase, que p o nócitos e células T. Estas m oléculas e seus receptores não apenas re dem ajudar a estabelecer cavidades de abscessos. Os neutrófilos inge gulam o trânsito e a ativação das células inflam atórias, com o tam bém rem m ateriais patogênicos que foram opsonizados pela IgG e C3b. A os receptores da quim iocina específicos servem de co-receptores para fibronectina e o tetrapeptídio tuftsina tam bém facilitam a fagocitose. a infecção pelo HIV (Cap. 189) e desem penham um papel em outras A fagocitose é acom panhada de um surto de consum o de oxigê infecções virais, com o a infecção pelo vírus do Nilo O cidental, bem nio e ativação do desvio do m onofosfato de hexose. U m a N A D PH com o na aterogênese. oxidase associada à m em brana, que consiste em com ponentes da
■ ANORMALIDADES DOS NEUTRÓFILOS A ocorrência de um defeito no ciclo biológico do neutrófilo pode re sultar em disfunção e com prom etim ento das defesas do hospedeiro. A inflam ação em geral é deprim ida, sendo o resultado clínico com frequência recorrente, com infecções bacterianas e fúngicas graves. As úlceras aftosas das m ucosas (úlceras cinzentas sem pus) bem com o a ocorrência de gengivite e doença p e riodontal sugerem um distúrbio das células fagocíticas. Os pacientes com defeitos congêni tos dos fagócitos p odem apresentar infecções nos prim eiros dias de vida. Infecções da pele, das orelhas, vias respiratórias superiores e in feriores, e ossos são com uns. Sepse e m eningite são raras. Em alguns distúrbios, a frequência de infecção é variável, e os pacientes podem passar meses ou m esm o anos sem infecção significativa. O tratam en to agressivo dessas doenças congênitas aum entou a esperança de vida dos pacientes além dos 30 anos.
Neutropenia As conseqüências da ausência de neutrófilos são dram áticas. A sus cetibilidade a doenças infecciosas aum enta acentuadam ente quando as contagens dos neutrófilos caem abaixo de 1.000 células/|xL. Q uan do ocorre a queda da contagem absoluta dos neutrófilos (CAN; soma das form as em bastão e neutrófilos m aduros) para < 500 células/ixL,
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Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
verifica-se um com prom etim ento no controle da flora endógena (p. ex., a boca e o intestino). Q uando a CAN é < 200/|xL, não há proces so inflam atório local. A neutropenia pode ser causada p or produção dim inuída, aum ento da destruição periférica ou acúm ulo periférico excessivo. A queda da contagem dos neutrófilos ou um a redução sig nificativa no núm ero de neutrófilos abaixo dos níveis no estado de equilíbrio dinâm ico, juntam ente com a incapacidade de aum entar a contagem dos neutrófilos em situações de infecção ou outra esti mulação, exigem investigação. A neutropenia aguda, com o a causada po r quim ioterapia do câncer, tem m aior propensão a aum entar o ris co de infecção do que a neutropenia de longa duração (meses a anos), que reverte em resposta à infecção ou adm inistração cuidadosam ente controlada de endotoxina (ver “D iagnóstico laboratorial e tratam en to”, adiante). A lgum as causas de n eutropenia hereditária e adquirida são ci tadas no Q u a d ro 60.1. As neutropenias m ais com uns são iatrogê nicas e resultam do uso de terapia citotóxica ou im unossupressora para o câncer, ou controle de doenças autoim unes. Esses fárm acos provocam neutropenia, pois causam um a redução da produção das células progenitoras (células-tronco) de crescim ento rápido na m e dula óssea. C ertos antibióticos, com o o cloranfenicol, o com binado sulfam etoxazol-trim etoprim a, a flucitosina, a vidarabina e o agente anti-retroviral zidovudina, podem causar n e u tropenia ao inibir a proliferação dos precursores m ieloides. A azatioprina e a 6-m ercap top u rin a são m etabolizadas pela enzim a tiopurina m etiltransferase (TM PT), cujos polim orfism os hipofuncionais podem levar ao acú m ulo de 6-tioguanina e toxicidade p rofunda da m edula óssea. Em geral, a supressão da m edula óssea está relacionada com a dose e depende da adm inistração contínua do fárm aco. A interrupção do agente agressor e o G-CSF hum ano recom binante revertem habitual m ente essas form as de neutropenia. O utro m ecanism o im portante para a neutropenia iatrogênica é o efeito dos fárm acos que atuam com o haptenos im unes e sensibilizam os neutrófilos ou seus precursores à destruição periférica im unologi cam ente m ediada. Essa form a de neutropenia induzida p or fárm acos pode ser observada até 7 dias após a exposição ao agente; com ex-
QUADRO 60.1
Causas da neutropenia
Produção reduzida Induzida por fármacos - agentes alquilantes (mostarda nitrogenada, bussulfano, clorambucil, ciclofosfamida); antimetabólitos (metotrexato, 6-mercaptopurina, 5-flucitosina); agentes não citotóxicos [antibióticos (cloranfenicol, penicilinas, sulfonamidas), fenotiazinas, tranquilizantes (meprobamato), anticonvulsivantes (carbamazepina), antipsicóticos (clozapina), determinados diuréticos, agentes anti-inflamatórios, fármacos antitireoideos, muitos outros] Doenças hematológicas - neutropenia idiopática, cíclica, síndrome de Chédiak-Higashi, anemia aplásica, distúrbios genéticos infantis (ver texto) Invasão tumoral, mielofibrose Deficiência nutricional - vitamina B12, folato (especialmente alcoolistas) Infecção - tuberculose, febre tifoide, brucelose, tularemia, sarampo, mononucleose infecciosa, malária, hepatite viral, leishmaniose, Aids
Destruição periférica Anticorpos antineutrófilos e/ou seqüestro esplênico ou pulmonar Distúrbios autoimunes - síndrome de Felty, artrite reumatoide, lúpus eritematoso Fármacos como haptenos - aminopirina, a-metildopa, fenilbutazona, diuréticos mercuriais, algumas fenotiazinas Granulomatose de Wegener
Acúmulo periférico (neutropenia transitória) Infecção bacteriana maciça (endotoxemia aguda) Hemodiálise Bypass cardiopulmonar
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posição prévia ao fárm aco, resultando em anticorpos preexistentes, a neutropenia pode surgir poucas horas após a adm inistração dele. E m bora qualquer fárm aco possa in d u zir a essa form a de n eu tro p e nia, as causas m ais freqüentes são os antibióticos de uso com um , com o os com postos que contêm sulfa, penicilinas e cefalosporinas. A febre e eosinofilia tam bém estão associadas a reações m edicam en tosas, m as estes sinais frequentem ente estão ausentes. A n eu tro p e nia induzida p or fárm acos pode ser grave, p orém a interrupção do agente sensibilizante é suficiente para a recuperação, que costum a ser observada em 5 a 7 dias, com pletando-se em 10 dias. Deve-se evi tar a readm inistração do agente sensibilizante, visto que isso resulta frequentem ente em neu tro p en ia abrupta. Por esse m otivo, deve-se evitar qualquer teste provocativo diagnóstico. As neutropenias autoim unes provocadas p or anticorpos antineu trófilos circulantes são ou tra form a de neu tro p en ia adquirida, que resulta em aum ento da destruição dos neutrófilos. A n eutropenia adquirida tam bém pode ser observada em infecções virais, incluindo aquela pelo HIV. Pode ser de natureza cíclica, ocorrendo em in ter valos de várias sem anas. A n e utropenia cíclica ou estável adquirida pode estar associada a um a expansão dos grandes linfócitos granulo sos (GLG), que podem ser células T, células N K ou células sem elhan tes às NK. Os pacientes com linfocitose de grandes linfócitos granu losos podem apresentar linfocitoses sanguínea e m edular m oderada, neutropenia, hipergam aglobulinem ia policlonal, esplenom egalia, ar trite reum atoide e ausência de linfadenopatia. Tais pacientes podem seguir um a evolução crônica e relativam ente estável. As infecções bacterianas recorrentes são freqüentes. O correm form as benignas e m alignas desta síndrom e. Em alguns pacientes, constatou-se regres são espontânea m esm o depois de 11 anos, sugerindo um defeito da im unorregulação com o a origem de pelo m enos um a form a do dis túrbio. Os glicocorticoides, ciclosporina, e o m eyotrexato são com u m ente utilizados para tratam ento dessas citopenias.
Neutropenias hereditárias São raras, podendo m anifestar-se no início da infância, na form a de neutropenia profunda constante ou agranulocitose. As form as congê nitas de neutropenia incluem a síndrom e de K ostm ann (contagem de neutrófilos < 100/(xL), que é frequentem ente fatal e devida a m u ta ções no gene HAX-1 antiapoptose; a neutropenia crônica grave (con tagem dos neutrófilos de 300-1.500/p.L) decorrente de m utações na elastase do neutrófilo (ELA-2); a n e utropenia cíclica hereditária ou, m ais apropriadam ente, hem atopoiese cíclica, tam bém causada por m utações na elastase do neutrófilo (ELA-2); a síndrom e de hipopla sia da cartilagem e dos pêlos, devido a m utações na endorribonuclease de processam ento do RNA m itocondrial, RMRP; a síndrom e de Shw achm an-D iam ond associada a insuficiência pancreática, causada por m utações no gene da síndrom e de Shw achm an-D iam ond, SBDS; a síndrom e W H IM [verrugas, h ip ogam aglobulinem ia, infecções, m ielocatexia (retenção de leucócitos na m edula óssea)], caracteri zada por hipersegm entação dos neutrófilos e depressão m ieloide da m edula óssea em conseqüência de m utações no receptor das quim io cinas CXCR4; e neutropenias associadas a outros defeitos im unes, com o a agam aglobulinem ia ligada ao X, a síndrom e de W iskott-Aldrich e a deficiência do ligante CD40). N a neutropenia congênita grave, podem ocorrer m utações no receptor de G-CSF que estão liga das à leucemia. Verifica-se a ausência de células m ieloides e linfoides na disgenesia reticular, devido a m utações na enzim a m itocondrial codificada pelo genom a nuclear, a adenilato quinase-2 (AK-2). Fatores m aternos p odem estar associados ao desenvolvim ento de neutropenia no recém -nascido. A transferência transplacentária de IgG dirigida contra antígenos nos neutrófilos fetais pode resultar em destruição periférica. C ertos fárm acos (p. ex., tiazidas) ingeridos durante a gravidez podem causar n eutropenia no recém -nascido m e diante redução de sua produção ou destruição periférica. Na síndrom e de Felty - a tríade de artrite reum atoide, espleno m egalia e neutropenia (Cap. 321) - os anticorpos produzidos pelo baço podem e n cu rtar a vida dos neutrófilos, enquanto a GLG pode atacar os precursores dos neutrófilos da m edula óssea. A esplenec tom ia pode au m en tar a contagem dos neu tró filo s nos pacientes
Fármacos - epinefrina, glicocorticoides, anti-inflamatórios não esteroides
Função anormal dos neutrófilos
Estresse, agitação, exercícios vigorosos
As anorm alidades hereditárias e adquiridas da função fagocítica são citadas no Q u ad ro 60.3. As doenças resultantes são m ais bem -consi deradas em term os de defeitos funcionais na aderência, quim iotaxia e atividade m icrobicida. As características que diferenciam entre os distúrbios hereditários im portantes e a função dos fagócitos são apre sentadas no Q u ad ro 60.4.
Causas da neutrofilia
Aumento da produção Idiopática Induzida por fármacos - glicocorticoides, G-CSF Infecção - bacteriana, fúngica, algumas vezes viral Inflamação - lesão térmica, necrose tecidual, infartos do miocárdio e pulmonar, estados de hipersensibilidade, doenças vasculares colagenosas Doenças mieloproliferativas - leucemia mielocítica, metaplasia mieloide, policitemia vera
Aumento da liberação pela medula óssea Glicocorticoides Infecção aguda (endotoxina) Inflamação - lesão térmica
Deficiência de aderência dos leucócitos tipo 1 (cadeia (3 de integrina, CD18); deficiência de aderência dos leucócitos tipo 2 (ligante da selectina, CD15s); deficiência de aderência dos leucócitos tipo 3 (kindlina-3)
Outras Distúrbios metabólicos - cetoacidose, insuficiência renal aguda, eclâmpsia, intoxicação aguda Fármacos - lítio Outros - carcinoma metastático, hemorragia aguda ou hemólise Nota: G-CSF, fator estimulador de colônias de granulócitos. com síndrom e de Felty e reduzir a IgG sérica ligada aos neutrófilos. Alguns pacientes com síndrom e de Felty tam bém apresentam n e u tropenia associada a um aum ento no n úm ero de GLG. Tam bém se observa esplenom egalia com retenção periférica e d estruição dos neutrófilos nas doenças de depósito em lisossom os bem com o na hipertensão portal.
Neutrofilia Resulta de aum ento na produção de neutrófilos, liberação aum entada da m edula óssea ou m arginação defeituosa (Q u ad ro 60.2). As infec ções são a causa aguda m ais im portante de neutrofilia. A neu tro fi
QUADRO 60.3
Distúrbios da aderência Foram descritos três tipos principais de defi ciência de aderência dos leucócitos (DAL), a DAL 1 e a DAL 2. Todos são herdados de m odo autossôm ico recessivo e resultam na incapaci dade dos neutrófilos de a bandonar a circulação e m igrar para locais de infecção, resultando em leucocitose e aum ento da suscetibilidade a infecção (Fig. 60.8). Os pacientes com DAL 1 apresentam m u ta ções em CD 18, o com ponente com um das integrinas LFA-1, Mac-1 e p 150,95, resultando em defeito na aderência firm e entre os neutrófi los e o endotélio. O heterodím ero form ado p o r C D 1 8 /C D llb (Mac1) tam bém é o receptor da o psonina derivada do com plem ento, C3bi (CR3). O gene CD18 localiza-se na p arte distai do crom ossom o 21q. A gravidade do defeito d e te rm in a a d a doença clínica. A ausência com pleta de expressão das integrinas leucocitárias resulta em um fenótipo grave, em que os estím ulos inflam atórios não aum entam a expressão das integrinas leucocitárias nos neutrófilos ou nas células T e B ativadas. Os neutrófilos (e m onócitos) dos pacientes com DAL 1 aderem m al às células endoteliais e superfícies recobertas p or p ro teínas, exibindo deficiência em sua propagação, na agregação e na
Distúrbios de Granulócitos e Monócitos
Redução ou defeito de marginação
lia em decorrência de infecção aguda representa um aum ento tanto na produção quanto n a liberação pela m edula óssea. A produção aum entada tam bém está associada a inflam ação crônica e a certas doenças m ieloproliferativas. Os glicocorticoides induzem a au m en to da liberação pela m edula óssea e m obilização do reservatório dos leucócitos m arginados. A liberação de epinefrina, com o a que ocor re com exercício físico vigoroso, excitação ou estresse, desm argina os neutrófilos no baço e pulm ões, bem com o duplica sua contagem em questão de m inutos. O tabagism o p ode elevar a contagem dos neutrófilos acim a da faixa norm al. O corre leucocitose, com c onta gens de 10.000-25.000/|xL, em resposta à infecção e a outras form as de inflam ação aguda; a presença de leucocitose resulta da liberação do reservatório m arginado bem com o da m obilização das reservas m edulares. A neutrofilia persistente com contagens > 30.000-50.000 p,L denom ina-se reação leucemoide - u m a expressão frequentem en te utilizada para diferenciar esse grau de neutrofilia da leucem ia. Na reação leucem oide, os neutrófilos circulantes em geral são m aduros e não são de origem clonal.
QUADRO 60.2
Tipos de distúrbios dos granulócitos e monócitos Causa da disfunção indicada
Função
Induzidas por fármacos
Adquiridas
Hereditárias
Aderência-agregação
Ácido acetilsalicílico, colchicina, álcool, glicocorticoides, ibuprofeno, piroxicam
Estado neonatal, hemodiálise
Deficiência de aderência dos leucócitos tipos 1 ,2 e 3
Deformabilidade
Leucemia, estado neonatal, diabetes melito, neutrófilos imaturos
Quimiocinesia quimiotaxia
Glicocorticoides (dose alta), auranofina, colchicina (efeito fraco), fenilbutazona, naproxeno, indometacina, interleucina 2
Lesão térmica, neoplasia maligna, subnutrição, doença periodôntica, estado neonatal, lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, diabetes melito, sepse, infecção por vírus influenza, infecção por herpesvírus simples, acrodermatite enteropática, Aids
Síndrome de Chédiak-Higashi, deficiência de grânulos específicos dos neutrófilos, síndrome infecciosa recorrente de hiper-IgE (síndrome de Job) (em alguns pacientes), síndrome de Down, deficiência de a-manosidase, deficiências de aderência dos leucócitos, síndrome de Wiskott-Aldrich
Atividade microbicida
Colchicina, ciclofosfamida, glicocorticoides (alta dose), anticorpos bloqueadores do FNT-a
Leucemia, anemia aplásica, determinadas neutropenias, deficiência de tuftsina, lesão térmica, sepse, estado neonatal, diabetes melito, subnutrição, Aids
Síndrome de Chédiak-Higashi, deficiência de grânulos específicos dos neutrófilos, doença granulomatosa crônica, defeitos do eixo IFN-/1L-12
Nota: IFN, interferon; IL, interleucina; FNT-a, fator de necrose tumoral alfa.
4 77
QUADRO 6 0 .4
Distúrbios hereditários da função fagocítica: características diferenciais
Manifestações clínicas
Defeitos celulares ou moleculares
Diagnóstico
Doenças granulomatosas crônicas (70% ligados ao X, 30% autossômicos recessivos) Infecções graves da pele, orelhas, pulmões, fígado e osso por microrganismos positivos para a catalase, como o S. aureus, Burkholderia cepacia, Aspergillus spp., Chromobacterium violaceum; frequentemente difícil de cultivar microrganismo; inflamação excessiva com granulomas, supuração freqüente de linfonodo; os granulomas podem obstruir os tratos GI ou GU; gengivite, úlceras aftosas, dermatite seborreica
Ausência de cadeia respiratória devido à falta de uma das quatro subunidades de NADPH oxidase nos neutrófilos, monócitos e eosinófilos
Teste de NBT ou DHR; ausência de produção de superóxido e H20 2 pelos neutrófilos; immunoblot para os componentes da NADPH oxidase; detecção genética
Síndrome de Chédiak-Higashi (autossômica recessiva) Infecções piogênicas recorrentes, especialmente com o S. aureus; muitos pacientes adquirem doença semelhante ao linfoma na adolescência; doença periodontal; albinismo oculocutâneo parcial, nistagmo, neuropatia periférica progressiva, deficiência mental em alguns pacientes
Redução da quimiotaxia e fusão do fagolisossomo. aumento da atividade de cadeia respiratória, saída deficiente da medula, janela cutânea anormal; defeito em CHS1
Grânulos primários gigantes nos neutrófilos e outras células que possuem grânulos (coloração de Wright); detecção genética
Deficiência de grânulos específicos (autossômica recessiva)
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
Infecções recorrentes da pele, ouvidos e trato sinopulmonar; cicatrização tardia da ferida; redução da inflamação; diátese hemorrágica
Quimiotaxia anormal, comprometimento da cadeia respiratória e destruição bacteriana, incapacidade de suprarregulação dos receptores quimiotáticos e de aderência com estimulação; defeito na transcrição das proteínas dos grânulos; defeito em C/EPBp
Ausência de grânulos secundários (específicos) nos neutrófilos (coloração de Wright), nenhum conteúdo dos grânulos específicos dos neutrófilos (isto é, lactoferrina), ausência de defensinas, anormalidade dos grânulos adas plaquetas; detecção genética
Deficiência de mieloperoxidase (autossômica recessiva) Ausência de mieloperoxidase devido a defeitos pré e pós-tradução na deficiência de mieloperoxidase
Ausência de peroxidase nos neutrófilos, detecção genética
Tipo 1: separação tardia do cordão umbilical, neutrofilia duradoura, infecções recorrentes da pele e mucosa, gengivite, doença periodontal
Comprometimento da aderência dos fagócitos, agregação, disseminação, quimiotaxia, fagocitose das partículas revestidas por C3bi; produção defeituosa de subunidade CD18 comum às integrinas dos leucócitos
Expressão reduzida da superfície dos fagócitos das integrinas que contém CD18 com anticorpos monoclonais contra LFA-1 (CD18/CD11 a), Mac-1 ou CR3 (CD18/CD11 b), p150,95 (CD18/CD11c); detecção genética
Tipo 2: deficiência mental, baixa estatura, fenótipo sanguíneo de Bombay (hh), infecções recorrentes, neutrofilia
Comprometimento da rolagem do fagócito ao longo do endotélio
Expressão reduzida da superfície de Sialyl-Lewisx dos fagócitos, com anticorpos monoclonais contra CD15s; detecção genética
Tipo 3: Hemorragia petequial, infecções recorrentes
Redução da sinalização para ativação das integrinas, resultando em comprometimento da aderência devido a mutação em FERMT3
Redução da sinalização para aderência por meio das integrinas; detecção genética
Clinicamente normal exceto em pacientes com doença subjacente, como o diabetes melito; em seguida, candidíase ou outras infecções fúngicas
Deficiência de aderência dos leucócitos
Defeitos de ativação do fagócito (ligados ao X e autossômicos recessivos) Deficiência de NEMO: displasia ectodérmica hipoidrótica branda; amplo defeito de base imunológica: bactérias piogênicas e encapsuladas, vírus, Pneumocystis, micobactérias, ligada ao X
Comprometimento da ativação dos fagócitos por IL-1, IL-18, TLR, CD40L, FNT-a, resultando em problemas de inflamação e produção de anticorpos
Resposta in vitro à endotoxina precária; ausência de ativação de NF-kB; detecção genética
Deficiência de IRAK4 e MyD88; suscetibilidade a bactérias piogênicas, como estafilococos, estreptococos, clostrídios; resistente a Candida; autossômica recessiva
Comprometimento da ativação dos fagócitospela endotoxina através de TLR e outras vias; sinalização do FNT-a preservada
Resposta in vitro precária à endotoxina; ausência de ativação de NF-kB pela endotoxina; detecção genética
Síndrome infecciosa recorrente de hiper-IgE (autossômica dominante) (síndrome de Job) Dermatite eczematoide ou prurítica, abscessos cutâneos frios, pneumonias recorrentes com S. aureus com fístulas broncopleurais e formação de cisto, eosinofilia branda, candidíase mucocutânea, fácies típica, doença pulmonar restritiva, escoliose, queda tardia da dentição primária
Quimiotaxia reduzida em alguns pacientes, atividade reduzida do supressor das células T. Mutação em STAT3.
Manifestações somáticas e imunes envolvendo os pulmões, o esqueleto e o sistema imune; IgE sérica > 2.000 UI/mL; teste genético
Deficiência de D0CK8 (autossômica recessiva) Eczema grave, dermatite atópica, abscessos cutâneos, HSV, HPV e infecções por molusco, alergias graves, câncer
Comprometimento da proliferação de células T a mitógenos
Alergias graves, infecções virais, IgE elevada, eosinofilia, IgM baixa, linfopenia progressiva, detecção genética
(Continua)
478
QUADRO 60.4
Distúrbios hereditários da função fagocítica: características diferenciais (Continuação)
Manifestações clínicas
Defeitos celulares ou moleculares
Diagnóstico
Suscetibilidade a micobactérias (formas autossômicas dominante e recessiva) Infecções extrapulmonares ou disseminadas graves, pelo bacilo de Calmette-Guérin (BCG), micobactérias não tuberculosas, salmonela, histoplasmose, coccidioidomicose, formação deficiente de granulomas
Incapacidade de destruir os microrganismos intracelulares, devido à baixa produção ou resposta de IFN-7 ; mutações nos receptores de IFN-7 , receptor de IL-12, receptor de IL-12 p40, STAT1, NEMO
Níveis baixos ou muito altos do receptor 1 da IFN-'y; ensaios funcionais de produção e resposta da cítocina; detecção genética
Nota: C/EBPs, CCAAT/proteína de ligação intensificadora e; DHR, diidrorrodamina (teste de oxidagão); D0CK8, dedicador de citocinese 8; GI, gastrintestinal; GU, geniturinário; HPV, papilomavírus humano; HSV, herpesvírus simsples; IFN, interferon, IRAK-4, quinase 4 associada ao receptor de IL-1; LFA-1, antígeno 1 associado à função leucocitária; MyD88, gene 88 da resposta primária de diferenciação mieloide; NADPH, fosfato de dinucleotídio de adenina-nicotinamida; NBT, tetrazólio nitroazul (teste do corante); NEMO, modulador essencial de NF-kB; NF-kB, fator nuclear kB; STAT1, -3 , transdutor de sinal e ativador da transcrição 1, -3 ; TLR, receptor Toll-like; FNT, fator de necrose tumoral.
Distúrbios dos grânulos dos neutrófilos O defeito m ais com um dos neutrófilos é a deficiência de m ieloperoxidase, um defeito dos grâ nulos prim ários herdado de m odo autossôm ico recessivo, com in cidência de ~1 em 2.000 indivíduos. A deficiência isolada de m ielo peroxidase não está associada a com prom etim ento clínico da defesa presum ivelm ente devido à amplificação de outros sistem as de defesa do hospedeiro, com o a geração de peróxido de hidrogênio. A ativida de m icrobicida dos neutrófilos encontra-se retardada, m as não au sente. A deficiência de m ieloperoxidase pode to rn a r outros defeitos adquiridos da defesa do hospedeiro m ais graves. O corre um a form a adquirida de deficiência de m ieloperoxidase na leucem ia m ielom onocítica e na leucem ia m ieloide aguda. A síndrom e de C hédiak-H igashi (SCH) é u m a doença rara de herança autossôm ica recessiva, causada p or defeitos na proteína lisossôm ica de transporte LYST, codificada pelo gene CHS1 em lq42, necessária para o acondicionam ento n o rm al e liberação dos g râ nulos. Os neutrófilos (e todas as células que contêm lisossom os) dos pacientes com SCH apresentam grânulos grandes (Fig. 60.9), torn an d o -a um a doença sistêmica. Os pacientes com SCH são aco m etidos por nistagm o, albinism o oculocutâneo parcial e um núm ero elevado de infecções causadas p o r num erosos agentes bacterianos. A lguns pacientes com SCH desenvolvem um a “fase acelerada” na in fância com um a síndrom e hem ofagocítica e linfom a agressivo que requer transplante de m edula óssea. O s neutrófilos e m onócitos da SCH exibem quim iotaxia com prom etida e taxas anorm ais de des truição m icrobiana devido à lenta velocidade de fusão dos grânulos lisossôm icos com os fagossomos. A função das células NK tam bém se torna com prom etida. Os pacientes com SCH podem desenvolver neuropatia periférica incapacitante na vida adulta que pode levar ao confinam ento ao leito. A deficiência de grânulos específicos é um a doença autossôm i ca recessiva rara, em que a produção de grânulos secundários e seu conteúdo, bem com o a das defensinas dos grânulos p rim ário s são deficientes. O defeito na destruição das bactérias resulta em graves infecções bacterianas. Um tipo de deficiência de grânulos específicos
é causado p o r m utação da C C A A T /proteína de ligação intensifica dora e, um regulador da expressão dos com ponentes dos grânulos.
Doença granulomatosa crônica
A d o en ça granulom atosa crônica (DGC) com preende um grupo de distúrbios do m etabolism o oxidativo dos granulócitos e m onócitos. Apesar de ser rara, com incidência de 1 em 200.000 indivíduos, a D G C fornece um im portante m odelo de deficiência do m etabolism o oxidativo dos neutrófilos. C om m ais frequência, a D G C é h erd ad a com o caráter recessivo ligado ao X; 30% dos pacientes h erdam a doença de acordo com u m padrão au tossôm ico recessivo. As m utações nos genes das cinco proteínas que se organizam na m em brana plasm ática são responsáveis p or todos os casos de DGC. D uas proteínas (um a proteína de 91 kDa, anorm al na DG C ligada ao X, e u m a pro teín a de 22 kDa, ausente em um a form a de D G C autossôm ica recessiva) form am o citocrom o heterodim érico b-558 na m em brana plasm ática. Três outras proteínas (40, 47 e 67-kDA, anorm ais nas outras form as autossôm icas recessivas de DG C) são de origem citoplasm ática e interagem com o citocro m o após ativação celular, fo rm ando a N A D PH oxidase, necessária à produção de peróxido de hidrogênio. O s leucócitos dos pacientes com D G C apresentam acentuada redução na produção de peróxido de hidrogênio. Os genes envolvidos em cada um dos defeitos foram clonados, e a sua seqüência estabelecida, com identificação de sua localização crom ossôm ica. Os pacientes com D G C exibem aum en to no n úm ero de infecções causadas p o r m icrorganism os catalase-
Distúrbios de Granulócitos e Monócitos
quimiotaxia. Os pacientes com DAL 1 apresentam infecções bacteria nas recorrentes que acom etem a pele, as m ucosas oral e genital, assim com o os tratos respiratório e intestinal; leucocitose persistente (con tagens dos neutrófilos em condições basais de 15.000-20.000/|xL), visto que as células não sofrem m arginação; e, nos casos graves, h is tória de queda tardia do coto umbilical. As infecções, particu larm en te da pele, podem tornar-se necróticas com o aum ento progressivo das bordas, cicatrização lenta e form ação de cicatrizes displásicas. As bactérias m ais com uns incluem Staphylococcus aureus e G ram -negativos entéricos. A DAL 2 é causada po r anorm alidade da fucosilação de SLex(CD15s), o ligante dos neutrófilos que interage com as selecti nas nas células endoteliais e é responsável pela rolagem do neutrófilo ao longo do endotélio. A suscetibilidade à infecção em DAL 2 parece ser m enos grave do que em DAL 1. A DAL 2 tam bém é conhecida com o distúrbio congênito da glicosilação IIc (CD G IIc), devido a um a m utação em um transportador de GD P-fucose (SLC35C1). A DAL 3 caracteriza-se p or suscetibilidade à infecção, leucocitose e h e m o rra gia petequial em conseqüência do com prom etim ento da ativação da integrina causado p o r m utações no gene FERMT3.
Figura 60.9 Síndrome de Chédiak-Higashi. Os granulócitos contêm grânulos citoplasmáticos enormes formados a partir da agregação e fusão de grânulos azurofílicos e grânulos específicos. Os grânulos grandes anormais são encontrados em outras células que contêm grânulos em todo 0 corpo.
4 79
r -positivos (os que destroem seu próprio peróxido de hidrogênio). Q uando infectados, os pacientes com DG C frequentem ente exibem reações inflam atórias extensas e é com um haver supuração dos lin fonodos apesar da adm inistração de antibióticos apropriados. Em m uitos casos, observam -se úlceras aftosas e inflam ação crônica das narinas. Os granulom as são freqüentes, podendo causar obstrução do trato gastrintestinal ou do geniturinário. A inflam ação excessiva reflete a incapacidade de infrarregular a inflam ação, refletindo um a incapacidade de inibir a síntese e degradação dos quim ioatraentes ou antígenos residuais ou a resposta a eles, com conseqüente acúm ulo persistente de neutrófilos. A destruição com prom etida dos m icror ganism os intracelulares pelos m acrófagos pode resultar em ativação im une celular persistente e form ação de granulom as. N a DGC, ve rifica-se tam bém um aum ento de com plicações autoim unes, com o p ú rpura trom bocitopênica im une e artrite reum atoide juvenil. Além disso, o lúpus discoide é m ais com um nos portadores ligados ao X. As complicações tardias, incluindo hiperplasia regenerativa nodular e hipertensão portal, estão sendo cada vez mais reconhecidas em so breviventes de longo prazo da DG C grave.
Distúrbios da ativação dos fagócitos
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças 480
Os fagócitos dependem da es tim ulação de sua superfície celular para induzir a sinais capazes de desencadear m últiplos níveis da resposta inflam atória, com o a síntese das citocinas, quim iotaxia e apresentação de antígenos. D etectaram -se m utações que afetam a via principal de sinalização através do NFkB em pacientes com um a variedade de síndrom es de suscetibilida de a infecções. Se os defeitos estiverem localizados em um estágio m uito avançado da transdução de sinais, na proteína fundam ental à ativação de NF-kB, conhecida com o m odulador essencial de NF-kB (NEM O), os indivíduos do sexo m asculino acom etidos apresentarão displasia ectodérm ica e im unodeficiência grave, com suscetibilidade a bactérias, fungos, m icobactérias e vírus. Se os defeitos na ativação de NF-kB estiverem m ais próxim os dos receptores de superfície ce lular, nas proteínas que traduzem os sinais dos receptores Toll-like, na quinase 4 associada ao receptor de IL-1 (IRAK4) e no gene 88 de resposta prim ária da diferenciação m ieloide (MyD88), as crianças exibirão então um a acentuada suscetibilidade às infecções piogênicas no início da vida, porém posteriorm ente irão desenvolver resistência à infecção.
FAGÓCITOS MONONUCLEARES O sistem a de fagócitos m ononucleares é com posto de m onoblastos, pró-m onócitos e m onócitos, além dos m acrófagos teciduais de es tru tu ra diversa que com põem o antigam ente cham ado sistem a reticuloendotelial. Os m acrófagos são células fagocíticas de vida longa, capazes de desem penhar m uitas das funções dos neutrófilos. Além disso, são células secretoras que participam em m uitos processos im unológicos e inflam atórios distintos daqueles dos neutrófilos. Os m onócitos abandonam a circulação p or diapedese m ais lentam ente que os neutrófilos e apresentam m eia-vida no sangue de 12 a 24 h. U m a vez nos tecidos, os m onócitos do sangue diferenciam -se em m acrófagos (“grandes com edores”) com funções especializadas apropriadas para localizações anatôm icas específicas. Os m acrófagos são particularm ente abundantes nas paredes capilares dos pulm ões, baço, fígado e m edula óssea, onde sua função é rem over m icrorga nism os e outros elem entos nocivos do sangue. Os m acrófagos alveo lares, células de Kupffer do fígado, m acrófagos esplênicos, m acrófa gos peritoniais, m acrófagos da m edula óssea, m acrófagos linfáticos, células m icrógliais do cérebro e m acrófagos d endríticos possuem funções especializadas. Os produtos secretados pelos m acrófagos incluem a lisozim a, proteases neutras, hidrolases ácidas, arginase, com ponentes do com plem ento, inibidores enzim áticos (plasm ina, a 2-m acroglobulina), proteínas de ligação (transferrina, fibronectina e transcobalam ina II), nucleosídios e citocinas (FN T-a; IL-1, 8, 12 e 18). A IL-1 (Caps. 16 e 314) exerce m uitas funções, com o o desen cadeam ento da febre no hipotálam o, m obilização dos leucócitos da m edula óssea e ativação dos linfócitos e neutrófilos. O F N T a- é um pirógeno, que duplica m uitas das ações da IL-1 e desem penha im portante papel na patogenia do choque p or m icrorganism os G ram -
-negativos (Cap. 271). O F N T -a estim ula a produção de peróxido de hidrogênio e espécies de oxigênio tóxicas relacionadas, pelos m acró fagos e neutrófilos. Além disso, o FN T -a induz a alterações catabólicas que contribuem para a p rofunda debilidade (caquexia) associada a m uitas doenças crônicas. O utros produtos secretados pelos m acrófagos incluem m etabóli tos reativos do oxigênio e nitrogênio, lipídios bioativos (m etabólitos do ácido araquidônico e fatores ativadores das plaquetas), quim io cinas, CSF e fatores estim uladores da proliferação dos fibroblastos e vasos sanguíneos. Os m acrófagos ajudam a regular a replicação dos linfócitos e participam da destruição de tum ores, vírus e certas bactérias (Mycobacterium tuberculosis e Listeria monocytogenes); são células efetoras essenciais na elim inação dos m icrorganism os in tra celulares. Sua capacidade de fusão para form ar células gigantes que coalescem em granulom as em resposta a alguns estím ulos inflam a tórios é im portante na elim inação de m icróbios intracelulares e está sob o controle da IFN -y. O óxido nítrico induzido pela IFN -y é um im portante efetor contra parasitos intracelulares, com o a tuberculose e Leishmania. Os m acrófagos desem penham um papel im portante na resposta im une (Cap. 314). Processam e apresentam antígenos aos linfócitos e secretam citocinas que m o dulam e dirigem o desenvolvim ento e a função dos linfócitos; p articipam dos fenôm enos autoim unes ao rem over im unocom plexos e ou tras substâncias da circulação. Os polim orfism os nos receptores dos m acrófagos para im unoglobulina (FcyRII) determ inam a suscetibilidade a algum as infecções e doenças autoim unes. No processo de cicatrização de feridas, os m acrófagos elim inam células senescentes e contribuem para o desenvolvim ento de aterom as. A elastase dos m acrófagos m edeia o desenvolvim ento do enfisem a causado pelo tabagism o.
■ DISTÚRBIOS DO SISTEMA DOS FAGÓCITOS MONONUCLEARES M uitos distúrbios dos neutrófilos estendem -se aos fagócitos m o nonucleares. Assim , os fárm acos que su p rim em a p ro d u ção de neutrófilos na m edula óssea podem causar m onocitopenia. O corre m onocitopenia transitória após estresse ou adm inistração de glico corticoides. A m onocitose está associada a tuberculose, brucelose, endocardite bacteriana subaguda, febre m aculosa das M ontanhas Rochosas, m alária e leishm aniose visceral (calazar). A m onocitose tam bém ocorre no câncer, nas leucem ias, síndrom es m ieloprolifera tivas, anem ias hemolíticas, neutropenias idiopáticas crônicas e d oen ças granulom atosas, com o a sarcoidose, enterite regional e algumas doenças vasculares do colágeno. Os pacientes com DAL, síndrom e infecciosa recorrente de globulina h ip erim u n e E (de Job), SCH e D G C apresentam defeitos no sistem a de fagócitos m ononucleares. A produção de citocinas pelos m onócitos ou a sua resposta m os tram -se afetadas em alguns pacientes com infecção m icobacteriana não tuberculosa dissem inada que não estão infectados pelo HIV. Os defeitos genéticos nas vias reguladas pela IFN - 7 e IL-12 levam a um com prom etim ento na destruição das bactérias intracelulares, m ico bactérias, salm onelas e certos vírus (Fig. 60.10). A lgum as infecções virais com prom etem a função dos fagócitos m ononucleares. Por exemplo, a infecção pelo vírus influenza provo ca a quim iotaxia anorm al dos m onócitos. Os fagócitos m ononucle ares podem ser infectados pelo H IV ao utilizar 0 CCR5, o receptor das quim iocinas que atua com o co-receptor com CD 4 para o HIV. Os linfócitos T p roduzem IFN -7 , que induz à expressão do FcR e à fagocitose, assim com o estim ula a p rodução de peróxido de h id ro gênio po r fagócitos m ononucleares e neutrófilos. Em certas doenças, com o a Aids, a p rodução de IF N -7 p o d e estar deficiente, ao passo que, em outras doenças, com o os linfom as das células T, a liberação excessiva de IF N -7 pode estar associada a eritrofagocitose p or m a crófagos esplênicos. As doenças auto-inflam atórias são caracterizadas p or regulação anorm al da citocina que leva à inflam ação excessiva na ausência de infecção. Estas doenças podem m im etizar as síndrom es infecciosas ou de im unodeficiência. As m utações com ganho de função no re ceptor do F N T -a causam síndrom e periódica associada ao receptor F N T -a (TRAPS), caracterizada p o r febre recorrente na ausência de
infecção, devido à estim ulação persistente do receptor do FNT- a (Cap. 330). As doenças com regulação anorm al de IL-1 que p ro vocam febre incluem a febre fam iliar do M editerrâneo causada p o r m utações na PYRIN. As m utações na síndrom e auto-inflam atória induzida por frio 1 (C IA Sl) causam doença auto-inflam atória m ultissistêm ica de início neonatal, urticária fam iliar provocada pelo frio e síndrom e de Muckle-Wells. A síndrom e de pio d erm a gangrenoso, acne e artrite piogênica estéril (síndrom e PAPA) é causada p o r m u tações em CD2BP1. D iferentem ente dessas síndrom es de superex pressão de citocinas pró-inflam atórias, o bloqueio do F N T -a pelos antagonistas infliximabe, adalim um abe, certolizum abe ou etanercepte tem sido associado a infecções graves causadas p o r tuberculose, m icobactérias não tuberculosas e fungos (Cap. 330). O co rre m o n o cito p en ia n a presen ça de infecções agudas, es tresse e após tratam e n to com glicocorticoides. A m o n o cito p en ia tam b é m ocorre na anem ia aplásica, na leucem ia das células pilosas, na leucem ia m ieloide aguda e com o resultado direto de agentes m ielotóxicos.
EOSINÓFILOS Os eosinófilos e neutrófilos com partilham m orfologia sem elhante, num erosos constituintes lisossôm icos, capacidade de fagocitose e m etabolism o oxidativo. Os eosinófilos expressam um receptor espe cífico de quim ioatraentes e respondem a u m a quim iocina específica, a eotaxina, porém sabe-se pouco a respeito do papel que precisam desem penhar. Essas células apresentam um a sobrevida m uito m ais longa que a dos neutrófilos, e, ao contrário destes, os eosinófilos teci duais podem recircular. Os eosinófilos não parecem ser im portantes na m aioria das infecções. Todavia, nas helm intíases invasivas, com o a ancilostomíase, esquistossom ose, estrongiloidíase, toxocaríase, triquinelose, filaríase, hidatidose e cisticercose, desem penham um p a pel fundam ental na defesa do hospedeiro. O s eosinófilos estão asso ciados à asm a brônquica, reações alérgicas cutâneas e outros estados de hipersensibilidade. A característica diferencial do grânulo eosinofílico de coloração verm elha (coloração de W right) é seu cerne cristaüno, que consiste
■ EOSINOFILIA Refere-se à presença de > 500 eosinófilos/(jlL de sangue. É com um em m uitos contextos, além das parasitoses. Pode ocorrer eosinofilia teci dual significativa sem elevação da contagem das células sanguíneas. A causa m ais com um da eosinofilia consiste nas reações alérgicas a fárm acos (iodetos, ácido acetilsalicílico, sulfonam idas, nitrofurantoína, penicilinas e cefalosporinas). As alergias, com o a febre do feno, asm a, eczema, doença do soro, vasculite alérgica e pênfigo, estão as sociadas a eosinofilia. O corre tam bém eosinofilia em doenças vas culares do colágeno (p. ex., artrite reum atoide, fasciite eosinofílica, angiite alérgica e periarterite nodosa) e em neoplasias m alignas (p. ex., doença de H odgkin, m icose fungoide, leucem ia m ieloide crôni ca e cânceres de pulm ão, estôm ago, pâncreas, ovário ou útero), bem com o na síndrom e de Job, na deficiência de D O C K 8 (ver adiante) e na DGC. É com um observar a ocorrência de eosinofilia nas helm in tíases. A IL-5 é o fator de crescim ento dom inante dos eosinófilos. A adm inistração terapêutica das citocinas IL-2 e GM -CSF resulta fre quentem ente em eosinofilia transitória. As síndrom es hipereosinofílicas mais graves são a de Loeffler, a eosinofilia p ulm onar tropical, a endocardite de Loeffler, a leucem ia eosinofílica e a síndrom e de hipereosinofilia idiopática (50.000 a 100.000/pX). A IL-5 constitui o fator de crescim ento dos eosinófilos dom inante e pode ser especificamente inibida com o anticorpo m onoclonal, 0 m epolizum abe. A síndrom e de hipereosinofilia idiopática representa um grupo heterogêneo de distúrbios com a característica com um de eosinofilia prolongada de causa desconhecida e disfunção de sistem as orgâni cos, com o o coração, sistem a nervoso central, rins, pulm ões, trato gastrintestinal e pele. A m edula óssea é afetada em todos os indiví duos acom etidos, porém as com plicações m ais graves são observadas no coração e sistem a nervoso central. As m anifestações clínicas e a disfunção orgânica são altam ente variáveis. Os eosinófilos são encon trados nos tecidos acom etidos e ten d em a causar lesão tecidual em virtude do depósito local de proteínas eosinofílicas tóxicas, com o a proteína catiônica eosinofílica e proteína básica principal. No cora ção, as alterações patológicas acarretam trom bose, fibrose endocárdica e endom iocardiopatia restritiva. A lesão dos tecidos em outros sistemas orgânicos é sem elhante. Alguns casos resultam de m utações envolvendo o receptor do fator de crescim ento derivado das plaque tas, sendo estes pacientes extrem am ente sensíveis ao inibidor da tirosinoquinase im atinibe. Os glicocorticoides, hidroxiureia e IF N -a têm sido usados com sucesso, assim com o os anticorpos terapêuticos
Distúrbios de Granulócitos e Monócitos
Figura 60.10 Interações linfócito-macrófago subjacentes à resistência a micobactérias e outros parasitos intracelulares, como Salmonella. As micobacté rias infectam os macrófagos, levando à produção de IL-12, que ativa as células T ou NK por meio de seu receptor, levando à produção de IL-2 e IFN-7. A IFN- 7 age por meio de seu receptor nos macrófagos para supra-regular FNT-a e IL-12, bem como destruir os parasitos intracelulares. As formas mutantes das citocinas e receptores mostradas no tipo grande foram encontradas em casos graves de infecção micobacteriana não tuberculosa e salmonelose. BAAR, bacilos álcool-ácido-resistentes; IFN, interferon; IL, interleucina; NEMO, modulador essencial de NF-kB; NK, natural killer, STAT1, transdutor de sinal e ativador da transcrição 1; TLR, receptor Toll-like; FNT, fator de necrose tumoral
em um a p roteína rica em arginina (proteína básica principal) com atividade de histam inase, im p o rtan te na defesa do hospedeiro c o n tra parasitos. Os grânulos eosinofílicos tam bém contêm um a peroxidase eosinofílica peculiar que catalisa a oxidação de m uitas subs tâncias pelo peróxido de hidrogênio, p o d e n d o facilitar a destruição dos m icrorganism os. A peroxidase eosinofílica, na presença de peróxido de hidrogê nio e haloide, desencadeia a secreção in vitro dos m astócitos e, dessa m aneira, prom ove a inflam ação. O s eosinófilos contêm proteínas catiônicas, algum as das quais se ligam à heparina e reduzem sua ati vidade anticoagulante. A n e urotoxina derivada dos eosinófilos e a proteína catiônica eosinofílica são ribonucleases que têm a capaci dade de destruir o vírus sincicial respiratório. O citoplasm a dos eo sinófilos contém a proteína do cristal de Charcot-Leyden, um cristal bipiram idal hexagonal observado pela p rim eira vez em um paciente com leucem ia e, a seguir, no escarro de pacientes com asma; essa proteína é a lisofosfolipase e pode atuar na desintoxicação de d eter m inados lisofosfolipídios. Diversos fatores potencializam a função dos eosinófilos na de fesa do hospedeiro. Os fatores derivados das células T aum entam a capacidade dos eosinófilos de destru írem parasitos. O fator quim iotático eosinofílico da anafilaxia (ECFa), o riundo dos m astócitos, aum enta o núm ero de receptores de com plem ento dos eosinófilos e potencializa a destruição dos p arasitos pelos eosinófilos. Os CSF dos eosinófilos (p. ex., IL-5) p ro d u z id o s p o r m acrófagos aum entam a produção de eosinófilos na m edula óssea e ativam essas células para que destruam os parasitos.
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contra a IL-5. As com plicações cardiovasculares devem ser tratadas de m aneira agressiva. A síndrome de eosinofilia-mialgia é um a doença m ultissistêm ica, com m anifestações cutâneas, hem atológicas e viscerais p ro e m in en tes, que m uitas vezes evolui de form a crônica e, às vezes, é fatal. C a racteriza-se p or eosinofilia (contagem dos eosinófilos > 1.000/ |xL) e m ialgias incapacitantes generalizadas sem outras causas reconheci das. Podem ocorrer fasciite, p neum onite e m iocardite eosinofílicas; neuropatia, que culm ina em insuficiência respiratória; encefalopatia. A doença é causada pela ingestão de contam inantes em produtos que contêm L-triptofana. Verifica-se o acúm ulo de eosinófilos, linfócitos, m acrófagos e fibroblastos nos tecidos atingidos; todavia, seu papel na patogenia ainda não foi bem -elucidado. A ativação dos eosinó filos e dos fibroblastos, bem com o o depósito de proteínas tóxicas derivadas dos eosinófilos nos tecidos atingidos p o d em co n trib u ir para o processo. A IL-5 e o fator de crescim ento tran sfo rm ad o r (3 foram implicados com o m ediadores potenciais. O tratam ento consis te em suspender os produtos que contêm L -triptofana e adm inistrar glicocorticoides. A m aioria dos pacientes recupera-se p o r completo, perm anece estável ou apresenta recuperação lenta; todavia, a doença pode ser fatal em até 5% dos pacientes.
■ E0SIN0PENIA
Principais Manifestações e Apresentações das Doenças
O corre em situações de estresse, com o infecção bacteriana aguda, e após tratam ento com glicocorticoides. O m ecanism o da eosinopenia na infecção bacteriana aguda é desconhecido, porém não depende dos glicocorticoides endógenos, visto que ocorre em anim ais após adrenalectom ia total. A eosinopenia não exerce qualquer efeito a d verso conhecido.
SÍNDROME DE GLOBULINA HiPERIMUNE E-INFECÇÃO RECORRENTE A síndrom e de globulina h iperim une E-infecção recorrente ou sín drom e de Job é um a doença m ultissistêm ica ra ra na qual os siste m as im une e som ático estão acom etidos, in clu in d o neutrófilos, m onócitos, células T, células B e osteoclastos. A ocorrência de m u tações autossôm icas dom inantes no tran sd u to r de sinal e ativador da transcrição 3 (STAT3) leva à inibição da sinalização n orm al do STAT, com efeitos abrangentes e profundos. Os pacientes apresen tam um a fácies típica com o nariz largo, cifoescoliose, osteoporose e eczema. Os dentes decíduos nascem norm alm ente, m as não caem, o que exige frequentem ente a sua extração. Os pacientes contraem infecções sinopulm onares e cutâneas recorrentes, as quais tendem a apresentar m uito m enos inflam ação do que o esperado para o grau de infecção, sendo designadas com o “abscessos frios”. H á cavitação da pneum onia, resultando em pneum atocele. Os aneurism as das ar térias coronárias são com uns, assim com o o aparecim ento de placas desm ielinizadas cerebrais, que se acum ulam com a idade. Um aspec to im portante é o fato de que as células p rodutoras de IL-17, que se acredita sejam responsáveis pela proteção contra infecções extrace lulares e das m ucosas, estão profundam ente reduzidas na síndrom e de job. A despeito dos níveis m uito elevados de IgE, esses pacientes não apresentam graus elevados de alergia. U m a síndrom e im portante exibindo superposição clínica com a deficiência de STAT3 é devi da a defeitos autossôm icos recessivos no dedicador de citocinese 8 (D O C K 8). N a deficiência de D O C K 8, a elevação da IgE está associa da a alergia grave, suscetibilidade viral e aum ento da taxa de câncer.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL E TRATAMENTO Os exam es iniciais dos leucócitos, a contagem diferencial e, com frequência, o exame da m edula óssea são seguidos de avaliação das reservas m edulares (teste de estim ulação com esteroides), do re servatório circulante m arginado de células (teste provocativo com epinefrina) e da capacidade de m arginação (teste provocativo com endotoxina) (Fig. 60.7). É possível efetuar u m a avaliação in vivo da inflam ação com o teste da janela cutânea de Rebuck ou um ensaio de form ação de vesículas in vivo na pele, que m ede a capacidade de acúm ulo dos leucócitos e m ediadores inflam atórios na pele. Os testes
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in vitro de agregação, aderência, quim iotaxia, fagocitose, desgranulação e atividade m icrobicida (contra o S. aureus) dos fagócitos podem ajudar a estabelecer as lesões celulares ou hum orais. As deficiências do m etabolism o oxidativo são detectadas pelo teste do corante tetrazólio nitroazul (NBT) ou pelo de oxidação da diid ro rro d am in a (DHR), que se baseiam na capacidade dos produtos do m etabolism o oxidativo de alterar os estados de oxidação das m oléculas propaga doras, de m odo que possam ser detectadas ao m icroscópio (NBT) ou p or citom etria de fluxo (DHR). Os estudos qualitativos da produção de superóxido e peróxido de hidrogênio podem definir ainda m elhor a função oxidativa dos neutrófilos. Os pacientes com leucopenias ou disfunção leucocitária frequen tem ente apresentam respostas inflam atórias tardias. Por conseguin te, as m anifestações clínicas po d em ser m ínim as apesar de infecção m aciça, devendo sem pre su sp eitar da possibilidade de infecções incom uns. Os prim eiros sinais de infecção exigem cultura im edia ta e agressiva dos m icrorganism os, uso de antibióticos e drenagem cirúrgica dos abscessos. C om frequência, é necessário um ciclo p ro longado de antibióticos. Nos pacientes com DGC, os antibióticos profiláticos (sulfam etoxazol-trim etoprim a) e agentes antifúngicos (itraconazol) dim inuem acentuadam ente a frequência de infecções potencialm ente fatais. Os glicocorticoides podem aliviar a obstrução do trato gastrintestinal ou do geniturinário p or granulom as em p a cientes com DGC. E m bora os agentes bloqueadores do F N T -a pos sam aliviar acentuadam ente os sintom as intestinais inflam atórios, é preciso ter extrem a cautela no seu uso em pacientes portadores de D G C com doença intestinal inflam atória, visto que esses fárm acos aum entam p rofundam ente a suscetibilidade já elevada desses p a cientes à infecção. A IF N -7 recom binante hum ana, que estim ula de m odo inespecífico a função das células fagocíticas, reduz em 70% a frequência de infecções em pacientes com D G C e dim inui a gravi dade das infecções. Esse efeito da IF N -7 na DG C é aditivo ao dos antibióticos profiláticos. A dose recom endada é de 50 p g /m 2 SC, três vezes p or sem ana. A IF N -7 tam b ém foi utilizada com sucesso no tratam ento da lepra, infecções m icobacterianas não tuberculosas e leishm aniose visceral. A higiene oral rigorosa dim inui o desconforto ocasionado pela gengivite, doença perio d o n tal e úlceras aftosas; 0 colutório de clorexidina e a escovação dos dentes com p asta que contenha peróxi do de h idrogênio-bicarbonato de sódio ajudam m uitos pacientes. Os antifúngicos orais (fluconazol, itraconazol, voriconazol, posaconazol) reduziram a candidíase cutaneom ucosa em pacientes com a síndrom e de Job. Os androgênios, glicocorticoides, lítio e terapia im unossupressora têm sido utilizados para restaurar a m ielopoiese em pacientes com neutropenia causada p or redução da produção. O G-CSF recom binante m ostra-se útil no tratam ento de certas form as de neutropenia secundária à produção d im inuída de neutrófilos, em particular as relacionadas com a quim ioterapia do câncer. Os pacien tes com neutropenia crônica e evidências de boa reserva m edular não precisam receber antibióticos profiláticos. Os pacientes com conta gens dos neutrófilos crônicas ou cíclicas < 500/(xL podem beneficiar-se dos antibióticos profiláticos e G-CSF d u ran te os períodos de neutropenia. A adm inistração oral de sulfam etoxazol-trim etoprim a (800/160 mg) 2 vezes/dia pode evitar infecção. Não são observados núm eros aum entados de infecções fúngicas em pacientes com DGC aos quais se adm inistra esse esquem a. As quinolonas orais, com o a levofloxacina e ciprofloxacino, são alternativas. D entro do contexto da quim ioterapia citotóxica com neutrope nia grave e persistente, o com binado sulfam etoxazol-trim etoprim a evita 0 desenvolvim ento de p n eu m o n ia p o r Pneumocystis jiroveci. Esses pacientes, bem com o os com disfunção das células fagocíticas, devem evitar exposição m aciça a solo, poeira ou m aterial em decom posição transportado pelo ar (estrum e, adubo), frequentem ente ricos em Nocardia, bem com o esporos de Aspergillus e outros fungos. A restrição das atividades ou do contato social não tem papel com pro vado na redução do risco de infecção. E m bora 0 tratam en to clínico agressivo para m uitos pacientes com distúrbios dos fagócitos possa lhes p e rm itir um a sobrevida d u rante anos sem qualquer infecção p otencialm ente fatal, eles ainda p o
dem apresentar efeitos tardios do uso prolongado de antim icrobianos e outras complicações inflam atórias. A cura da m aioria dos defeitos congênitos dos fagócitos é possível com o transplante de m edula ó s sea, e as taxas de sucesso estão m elhorando (Cap. 114). A identifica ção de defeitos gênicos específicos em pacientes com DAL 1, D G C e outras im unodeficiências levou a provas de terapia gênica em alguns dos distúrbios genéticos dos leucócitos.
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In t e r n a t i o n a l U n i o n o f I m m u n o l o g i c a l S o c i e t i e s E x p e r t C o m m i t t e e P r i m a r y I m m u n o d e f i c i e n c i e s : Primary immunodeficiencies: 2009 update. J Allergy Clin Immunol 124:1161,2009 K l e i n C , W e l t e K : Genetic insights into congenital neutropenia. Clin Rev Allergy Immunol 38:68, 2010 K u h n s DB, et al: Residual NADPH opidase and survival in chronic granulo matous disease. N Engl J Med 363:2600, 2010 N o t a r a n g e l o LD: Primary immunodeficiencies. J Allergy Clin Immunol 125:Sl 82, 2010. O g b o g u P U et al: Hypereosinophilic syndrome: A multicenter, retrospective analysis of clinical characteristics and response to therapy. J Allergy Clin Immunol 124:1319, 2009 v a n d e V o s s e E et al: Genetic deficiencies of innate immune signalling in human infectious disease. Lancet Infect Dis 9:688,2009 on
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Distúrbios de Granulócitos e Monócitos 483
PARTE Genética, Ambiente e Doenças
61 Princípios da Genética Humana............................. ................486 62 Distúrbios Cromossômicos.................................... ................509 63 Prática da Genética na Medicina C lín ic a .............. ................519
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CAPÍTULO
61
Princípios da Genética Humana J. Larry Jameson Peter Kopp IMPACTO DA GENETICA NA PRATICA MEDICA
Genética, Ambiente e Doenças 486
O início do novo m ilênio foi m arcado pelo anúncio de que a m aior parte do genom a h um ano fora sequenciada. Esse m arco na explora ção do genom a hum ano foi precedido p o r vários avanços conceituais e tecnológicos, com o a elucidação da estrutura em dupla-hélice do DNA, a descoberta das enzim as de restrição e da reação em cadeia da polim erase (PCR), o desenvolvim ento e a autom ação do sequenciam ento do DNA bem com o os m apas genéticos e físicos gerados pelo Projeto G enom a H um ano (PGH). Esse acervo de conhecim en tos tem profundas im plicações para a prática médica. Inicialm ente, o im pacto mais im portante da genética foi o aum ento da nossa com preensão acerca da etiologia e patogenia das doenças. No entanto, o papel da genética vem se to rn an d o cada vez m ais im p o rtan te no diagnóstico, prevenção e tratam ento das doenças (Cap. 63). As abor dagens genéticas têm -se m ostrado inestim áveis para a detecção de patógenos infecciosos e estão sendo usadas clinicam ente para id en tificar agentes difíceis de serem cultivados, tais com o m icobactérias, vírus e parasitos. Em m uitos casos, a genética m olecular aum entou a viabilidade e a acurácia dos exames diagnósticos, e está com eçando a abrir novos cam inhos terapêuticos, com o as terapias gênica e celu lar (Caps. 67 e 68). A genética m olecular alterou substancialm ente o tratam ento das doenças hum anas. H orm ônios peptídios, fatores de crescim ento, citocinas e vacinas atualm ente podem ser produzidos em larga escala u sa n d o a tecnologia do D N A re co m b in a n te. M odificações direcionadas desses peptídios fornecem ao m édico m elhores ferram entas terapêuticas, como, por exem plo, os análogos de insulina geneticam ente m odificados que possuem um a cinética m ais favorável. H á esperança de que a m aior com preensão das bases genéticas das doenças hum anas produza um im pacto crescente sobre a prevenção de doenças. Tradicionalm ente, a genética era tida apenas com o relacionada com as doenças m onogênicas relativam ente raras. Em conjunto, esses distúrbios respondem p o r cerca de 10% das in ternações e m o rtalidade pediátricas. N o entanto, está cada vez m ais evidente que praticam ente todas as patologias têm um com ponente genético. C om o m uitas vezes a histó ria fam iliar do paciente evidencia, v á rias doenças com uns, com o h ip erten são arterial, card io p atias, asm a, diabetes e tra n s to rn o s m en tais, são sig n ific a tiv am e n te influenciadas pela constituição genética. Esses d istúrbios poligênicos ou m ultifatoriais (com plexos) sofrem a influência de m uitos genes diferentes, assim com o de fatores ambientais, que podem m odificar o risco das doenças (Cap. 63). Os estudos de associação genôm ica am pla (GWAS) elucidaram num erosos loci associados a doenças e têm proporcionado novas percepções sobre a estrutura alélica de tra ços complexos. Tais estudos foram facilitados pela disponibilidade de catálogos amplos de haplótipos de polim orfism os de nucleotídios únicos (SNP), gerados pelo Projeto HapMap. O câncer tem um a base genética, um a vez que resulta de m u tações som áticas adquiridas nos genes que controlam crescim ento, apoptose e diferenciação celulares (Cap. 83). Além disso, o desenvol vim ento de m uitos cânceres está relacionado com um a predisposição hereditária. A prevalência das doenças genéticas, com binada com suas gravidade e natureza crônica, im põe à sociedade enorm es custos financeiros, sociais e emocionais.
H istoricam ente, a genética se concentrava p re d o m in an tem en te sobre as doenças crom ossôm icas e m etabólicas, fato que refletia a an tig a d isp o n ib ilid ad e de técnicas p a ra o d iagnóstico desses distúrbios. Por exem plo, doenças com o a trissom ia do 21 (síndrom e de Dow n) ou a m onossom ia do X (síndrom e de T urner) são diagnosticáveis pela citogenética (Cap. 62). De form a sem elhante, m uitas doenças m etabólicas (p. ex., fenilcetonúria, hipercolesterolem ia fa m iliar) são detectáveis p o r m eio de análises bioquím icas. Contudo, avanços recentes no diagnóstico pelo DNA estenderam a aplicação da genética a praticam ente todas as especialidades m édicas. Na cardiologia, p or exemplo, estão se definindo as bases m oleculares das m iocardiopatias hereditárias e dos defeitos dos canais iônicos que predispõem às arritm ias (Caps. 233 e 238). Na neurologia, a genética desvendou a fisiopatologia de um n úm ero im pressionante de doenças neurodegenerativas (Cap. 366). A hem atologia evoluiu radicalm ente, passando das incipientes descrições genéticas das hem oglobinopatias à atual com preensão sobre as bases m oleculares dos defeitos da m em brana eritrocitária, doenças da coagulação e distúrbios trom bóticos (Caps. 104 e 116). Os estudos genéticos produziram novos conceitos que p erm iti ram elucidar a patogenia de algum as doenças até então obscuras. Por exemplo, conquanto vários defeitos genéticos possam causar neu ro patias periféricas, a desorganização da d o b rad u ra no rm al das bai nhas de m ielina frequentem ente é um a via final com um (Cap. 384). Várias causas genéticas da obesidade parecem convergir para um a via fisiológica que envolve produtos do polipeptídio pro-opiom elan ocortina e o receptor MC4R, identificando, assim, um m ecanism o-chave para o controle do apetite (Cap. 77). Um fenôm eno sem elhan te está surgindo para as form as geneticam ente distintas da doença de Alzheimer, várias das quais produzem em aranhados neurofibrilares (Cap. 371). A identificação de genes defeituosos com frequência leva à detecção das vias celulares envolvidas em processos fisiológicos essenciais. São exem plos a identificação do gene regulador da condutância da fibrose cística (CFTR), o gene da distrofia m uscular de D uchenne (DM D), que codifica a distrofina, e o gene do receptor 3 do fator de crescim ento dos fibroblastos (FGFR3), responsável pelo nanism o acondroplásico. De m odo sem elhante, a (sobre) expressão transgênica e m odelos nocaute e knock-in de genes ajudam a desven dar a função fisiológica dos genes. A incrível velocidade com que vêm sendo produzidas inform a ções genéticas c rio u u m g rande desafio p a ra os m édicos, dem ais profissionais de saúde e pesquisadores das ciências básicas. A ter m inologia e as técnicas evoluem sem parar. M uitas inform ações ge néticas são m antidas em bancos de dados ou publicadas em revistas das ciências básicas. Os bancos de dados p e rm item fácil acesso às crescentes inform ações sobre o g en o m a h u m an o , d oenças gené ticas e testes genéticos (Q u a d ro 61.1). U m exem plo é o catálogo O M IM (Online M endelian Inheritance in M an), um grande co m p êndio, atualizado c o n tin u am en te, que descreve m ilhares de d o enças m onogênicas (Q u a d ro 61.1). O refin am en to progressivo da bioinform ática está facilitando o acesso a essa esm agadora avalan che de novas inform ações.
■ CROMOSSOMO E REPLICAÇÃO DO DNA Organização do DNA em cromossomos 0 tamanho do genoma humano O genom a hum ano divide-se em 23 crom ossom os diferentes: 22 autossom os (num erados de 1 a 22) e os crom ossom os sexuais X e Y. As células adultas são diploides, ou seja, contêm dois conjuntos hom ólogos de 22 crom ossom os e um par de crom ossom os sexuais. As m ulheres têm dois crom ossom os X (XX), e os hom ens um crom ossom o X e um Y (XY). Em razão da meiose, as células germ inativas (esperm atozóides ou ovócitos) são haploides e contêm um conjunto de 22 autossom os e um dos crom ossom os se-
QUADRO 61.1
Alguns bancos de dados relevantes sobre genoma e doenças genéticas Endereço eletrônico
Comentários
National Center for Biotechnology Information (NCBI)
http://www.ncbi. nlm. nih.gov/
Acesso amplo a informações e literatura (PubMed) biomédica e genômica, banco de dados de sequenciamento, programas para análise de nucleotídios e proteínas Conexões com outros bancos de dados, informações sobre o genoma e material educativo introdutório
National Human Genome Research Institute
http://www.genome. gov/
Conexões com a rede para informações acerca do sequenciamento do genoma humano, genoma de outros organismos e pesquisa genômica
Ensembl Genome browser
http://www.ensembl. org/
Mapas e informações sobre o sequenciamento de genomas eucarióticos
Online Mendelian Inheritance in Man
http://w ww .ncbi. nlm.nih. gov/om im /
Compêndio online de doenças mendelianas e genes humanos causadores de doença genética
Office of Biotechnology Activities National Institutes of Health
http://www.oba.od.nih.gov/oba/
Informações sobre o DNA recombinante e transferência gênica
American College of Medicai Genetics
http://www.acm g.ne t/
Conexões com outros bancos de dados relevantes para o diagnóstico, tratamento e prevenção das doenças genéticas
Cancer Genome Anatomy Project (CGAP)
http://cgap.nci. nih. gov/
Informações sobre o perfil de expressão gênica das células normais, pré-cancerosas e cancerosas
GeneTests
http://www.genenames. org/
Diretório internacional de laboratórios de testes genéticos e clínicas de diagnóstico pré-natal
Genomes Online Database (GOLD)
http://www.genomesonline. org/
Informações sobre genomas publicados e não publicados
HUGO Gene Nomenclature
http://www.genenames.org/
Nomes e símbolos dos genes
MITOMAP, um banco de dados sobre o genoma mitocondrial humano
http:/./www. mitomap. org/
Um compêndio dos polimorfismos e mutações do DNA mitocondrial humano
Doenças mitocondriais
http://www. neuro. wustl. edu/ neuromuscular/mitosyn. htm l
Visão geral sobre as síndromes clínicas associadas a mutações no mtDNA
Doenças associadas a seqüências repetitivas do DNA
http://w ww .neuro. wustl. edu/ neuromuscular/mother/dnarep. htm
Visão geral das síndromes clínicas associadas a repetições do DNA
Online Mendelian Inheritance in Animais (OMIA)
http://omia.angis. org. au/
Compêndio online sobre as doenças mendelianas em animais
The Jackson Laboratory
http://www.jax.org/
Informações sobre modelos murinos e o genoma do camundongo
International HapMap Project
http://w ww .hapmap. org/
Catálogo dos haplótipos em diferentes grupos étnicos relevantes para estudos associativos e farmacogenômicos
Nuclear Receptor Signaling Atlas
http://nursa.org
Atlas dos receptores, correguladores e ligantes nucleares
Dolan DNA Learning Center, Cold Spring Harbor Laboratories
http://w ww .dnalc. org/
Material educativo sobre as doenças genéticas, DNA, eugenia e origem genética
The Online Metabolic and Molecular Bases of Inherited Disease (OMMBID)
http://www. ommbid. com /
Versão online do texto completo do The Metabolic and Molecular Bases of Inherited Disease
Questões médicas, éticas, legais e sociais levantadas pelos testes genéticos Questões médicas, éticas, legais e sociais levantadas pelos xenotransplantes
Revisões e materiais educativos
xuais. D urante a fertilização, o paream ento de crom ossom os h o m ó logos m aternos e paternos reconstitui o genom a diploide. Em cada divisão celular (m itose), os crom ossom os são replicados, pareados, segregados e distribuídos às duas células-filhas (Cap. 62). E m bora o núm ero exato de genes codificados pelo genom a h u m ano ainda não ten h a sido estabelecido, as estim ativas atuais p re dizem cerca de 23.000 a 25.000 genes codificadores de proteínas, um n úm ero significativam ente inferior ao inicialm ente previsto. O gene é um a unidade funcional que é regulada p o r transcrição (ver adiante) e codifica um pro d u to de RNA que, na m aioria das vezes, m as não sem pre, é trad u zid o em um a proteína, que vai exercer sua atividade d entro ou fora da célula. H istoricam ente, os genes eram identificados po r conferir caracteres específicos que seriam tran sm i tidos de um a geração a outra. A tualm ente, vêm sendo cada vez mais
Princípios da Genética Humana
Nota: Os bancos de dados estão em constante evolução. A informação necessária poderá ser encontrada nos links relacionados em alguns bancos de dados. Foram publicadas instruções para o uso dos bancos de dados relacionados com o genoma [Nat Genet 32(Suppl):1 a 79,2002],
caracterizados com base n a sua expressão nos vários tecidos (transcritom a). A princípio, o n úm ero de genes pode nos fazer subestim ar a com plexidade da expressão gênica, isso po rq u e um único gene pode gerar vários produtos de RNA m ensageiros (m RNA) resultan tes de encadeam entos m últiplos, trad u zid o s em proteínas. Após a tradução, as proteínas resultantes de encadeam entos m últiplos, so frer m odificações com plexas, com o a fosforilação. A proteômica, o estudo do proteom a que se utiliza das tecnologias para separação e identificação, em larga escala, de proteínas, é um cam po dedicado às variações e funções das proteínas. De form a sem elhante, o cam po da metabolômica visa a d e te rm in a r a com posição e as m odificações do m etaboloma, o com plem ento das m oléculas de baixo peso m o lecular, m uitas das quais p a rticip a m de diversas funções m etabóli cas. O microbioma hum ano refere-se ao conjunto de vírus, bactérias
487
e fungos que colonizam os diversos tecidos h um anos (Cap. 64). A caracterização abrangente do m icrobiom a foi viabilizada pela disponibilização de m étodos de alta dem anda para sequenciam ento de DNA As análises genõm icas, proteôm icas, m etabolôm icas e do m i crobiom a, dependem m uito da bioinform ática, e estão com eçando a revelar com o as alterações fisiológicas ou patológicas afetam redes modulares e n ão vias lineares (Cap. e l9 ). O DNA hum an o é form ado p o r cerca de 3 bilhões de pares de bases (pb) de DNA p or genom a haploide. O com prim ento do DNA é norm alm ente m edido em unidades de 1.000 pb (quilobases ou kb) ou 1.000.000 pb (m egabases ou M b). N em to d o DNA codifica ge nes. Na verdade, apenas 10 a 15% do DNA form am genes. G rande p arte do DNA restante contém apenas seqüências altam ente repeti tivas, cuja função é pouco com preendida. Essas regiões repetitivas do DNA, assim com o as seqüências não repetitivas que não contêm genes, talvez possuam um papel e stru tu ra l no em pacotam ento do DNA em crom atina [isto é, DNA ligado a proteínas histonas) e cro m ossom os (Fig. 61.1)]. Se apenas 10% do DNA são expressos e se há 25.000 genes, o gene m édio tem cerca de 12 kb de com prim ento. E m bora m uitos genes apresentem aproxim adam ente esse tam anho, a variação é m uito grande. Por exem plo, alguns genes têm apenas algum as centenas de pb, enquanto outros, com o o gene D M D , são enorm es (2 Mb).
Estrutura do DNA Todos os genes são fo rm ad o s p o r u m polím ero lin e a r de DNA. O DN A é um a hélice de fita du p la c o m p o sta de quatro bases diferentes: ad en in a (A), tim in a (T), g u an in a (G) e ci-
C itosina
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Genética, Ambiente e Doenças
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DN A de fita dupla sem histonas
N úcleo do n ucleossom o H istona H 2 A, H2B, H4 H istona H1
tosina (C). A a d en in a fo rm a p a r com a tim ina, e a g u an in a com a citosina, p o r m eio de interações de pon tes de hid ro g ên io que a tra vessam a dupla-hélice. O D N A tem várias características notáveis que o to rn am ideal para tra n sm itir inform ações genéticas. É relati vam ente estável, pelo m enos em com p aração com o RNA ou com proteínas. A e stru tu ra em d upla-hélice e a estrita co m p le m e n ta ri dade entre os pares de bases p e rm item u m a replicação fiel du ran te a divisão celular. C o m o verem o s a d ian te, a c o m p le m e n ta rid ad e tam bém p erm ite a passagem de inform ações genéticas do DNA —> RNA —» pro teín a (Fig. 61.2). O m R N A é codificado pela fita senso ou codificadora da dupla-hélice do D N A e trad u z id o em proteínas pelos ribossom os. A existência de quatro bases diferentes perm ite um a su rp re en dente diversidade genética. Nas regiões dos genes que codificam p ro teínas, as bases de DNA são dispostas em códons: trincas de bases que especificam um d eterm inado am inoácido. As quatro bases p o dem form ar 64 (43) códons triplos distintos. C ada códon especifica um entre 20 am inoácidos diferentes, ou um sinal regulador, com o o início ou o fim da tradução. C om o h á m ais códons que am inoácidos, diz-se que o código é degenerado, ou seja, a m aioria dos am inoácidos pode ser especificada p or m ais de um códon. C om a disposição dos códons em com binações diferentes, é possível gerar a im ensa diversi dade da estrutura prim ária das proteínas.
Replicação do DNA e mitose As inform ações genéticas do D N A são transm itidas às células-filhas em duas situações diferentes: ( 1) as células som áticas se dividem po r m itose, p e rm itin d o a replicação com pleta do genom a diploide (2n) d u ra n te a divisão celular; e (2) as células germ inativas (e sp erm a tozóides e ovócitos) sofrem m eiose, processo que perm ite red u zir o co n ju n to diploide (2 n) de crom ossom os p ara o estado haploide (ln ) (Cap. 62). A ntes da m itose, as células saem do estado de repouso, ou G0, e e n tram no ciclo celular (C ap. 84). A pós atravessar um po n to crítico de checagem em Gj, as células p assam pela síntese do D N A (fase S), du ran te a qual o DNA de cada u m dos crom ossom os é replica do, gerando dois pares de crom átides-irm ãs (2n —>4n). O processo de síntese do DN A exige fidelidade m eticulosa, p ara evitar que se tran sm itam erros às próxim as gerações de células. D entre as a n o r m alidades genéticas relacionadas com m a lp a re a m e n to /re p aro do DNA estão x eroderm a pigm entoso, sín d ro m e de Bloom , ataxia-telangiectasia e o câncer de colo h e red itá rio sem polipose (CCHSP), entre outras. M uitas dessas d oenças im plicam em forte p re d isp o sição a neoplasia em razão da aquisição ráp id a de novas m utações (Cap. 83). Ao final da síntese do D N A, as células e n tra m em G2 e passam p o r u m segundo p o n to de checagem antes de en trar em m i tose. Nesse estágio, os crom ossom os se condensam e se alinham na placa equatorial na m etáfase. As duas cro m átid es-irm ãs idênticas, reunidas no centrôm ero, se dividem e m ig ra m para pólos opostos da célula (Fig. 63.3). A pós a form ação de u m a m em b ran a nuclear em to rn o de cada u m dos dois conjuntos de crom átides, a célula se divide, fo rm ando duas células-filhas, e, assim , a divisão restaura o estado diploide (2n).
Distribuição e segregação dos genes durante a meiose
Cromatina supere n o ve la d a
Figura 61.1
Estrutura da cromatina e dos cromossomos. A cromatina é composta por DNA de fita dupla que envolve proteínas histonas e não histonas, formando nucleossomos, os quais se organizam em estruturas solenoides. Os cro mossomos assumem sua estrutura característica com braços curtos (p) e longos (q) durante o estágio de metáfase do ciclo celular.
488
A m eiose o c o rre apenas n as células g e rm in ativ as das gônadas. C om partilha certas características com a m itose, m as envolve duas etapas d istintas de divisão celular que reduzem o n ú m ero de c ro m ossom os ao estado haploide. A lém disso, o co rre recom binação ativa que gera diversidade genética. D u ran te a p rim eira divisão ce lular, form am -se duas cro m á tid e s-irm ã s (2n —» 4 n) para cada par de crom ossom os, e o c o rre tro c a de D N A en tre os crom ossom os paternos e m aternos hom ólogos. Este processo envolve a form ação de quiasmas, estruturas que co rresp o n d em aos segm entos de DNA que trocam de posição entre os hom ólogos m atern o e p aterno (Fig. 61.3). G eralm ente há pelo m en o s u m crossover em cada braço do crom ossom o; a recom binação é m ais c o m u m n a m eiose fem inina que na m asculina. D epois, os crom ossom os segregam -se aleatoria m ente. C om o existem 23 crom ossom os, h á 223 (m ais de 8 m ilhões)
Esteroides
Fatores de crescim ento
C itocinas
Luz UV, estresse m ecânico
de co m b in açõ es possíveis de c ro m ossom os. A segregação crom ossôm ica, ju n to com as trocas genéticas que o c o rre m d u ra n te o rearranjo, gera u m a e n o rm e d iv ersid ad e, e cada gam eta é geneticam ente único. O processo de re arra n jo e a segre gação in d e p e n d e n te d o s c ro m o s so m o s são a base das análises de ligações p o r m eio das quais se tenta c o rre la c io n a r a h e ra n ç a de certas regiões cro m o ssô m ic as (ou genes ligados) à presença de um a doença ou caráter genético (ver adiante). A pós a p rim eira divisão m eiótica, que pro d u z duas células-filhas (2n), as duas cro m átid es de cada cro m o sso m o se sep aram d u ra n te a segunda divisão m eiótica, g eran do qu atro gam etas haploides (ln ). Q u a n d o o esperm atozóide fertiliza o óvulo, os dois conjuntos haploides se com binam , restaurando, assim, o estado diploide (2n) no zigoto.
■ REGULAÇAO DA EXPRESSÃO GÊNICA Figura 61.2
C rom ossom os hom ólogos
S em crossover
C rom átides
Crossover
Crossover duplo
U
Sem rearranjo nos gam etas
Figura 61.3
R earranjo nos gam etas
R earranjo nos gam etas
C rossing-over e rearranjo genético. Durante a formação do quiasma, uma das duas cromátides-irmãs de um dos cromossomos forma um par com uma das cromátides do cromossomo homólogo. 0 rearranjo genético ocorre por meio de crossover e produz os segmentos recombinantes e não recombinantes dos cromossomos nos gametas. A segregação aleatória dos cromossomos materno e paterno, e o rearranjo contribuem para a diversidade genética e formam a base do conceito de ligação.
Os m ecanism os reguladores da ex pressão gênica têm papel crucial na função dos genes. A transcrição dos genes é c ontrolada p rincipalm ente p o r fatores de transcrição que se li gam às seqüências de DNA nas re giões reguladoras dos genes. C om o d isc u tire m o s adiante, as m utações dos fatores de tran scrição causam um núm ero significativo de doenças genéticas. A expressão gênica tam bém é influenciada p o r eventos epigenéticos (epigenética). M o dificações no DNA ou nas histonas p odem resultar em ativação ou silenciam ento da expressão gênica (Fig. 6 1 .4 ). D entre essas estão al terações transmissíveis, com o inativação do X e im pressão genômica, e alterações dinâm icas em resposta a influências do m eio ambiente, com o dieta, idade ou fárm acos. A epigenômica aborda as alterações epigenéticas ao longo de todo o genom a em um a célula ou organis mo. V árias doenças genéticas, com o a síndrom e de Prader-W illi (hipotonia neonatal, atraso de desenvolvim ento, obesidade, baixa es tatura e hipogonadism o) e osteodistrofia hereditária de A lbright (re sistência ao paratorm ônio, baixa estatura, braquidactilia, resistência a outros horm ônios em alguns subtipos), representam conseqüên cias de im pressão genôm ica. O correm m odificações adquiridas na m etilação do DNA d u ran te o desenvolvim ento e tais m odificações são encontradas em células cancerígenas, sendo provável que contri buam para o surgim ento e progressão do câncer. A m aioria dos es tudos da expressão gênica se concentrou nos elem entos reguladores do DNA dos genes que controlam a transcrição. No entanto, deve-se enfatizar que a expressão gênica exige um a série de etapas, com o o processam ento do mRNA, tradução de proteínas e m odificações pós-tradução, todas ativam ente reguladas (Fig. 61.2). O cam po da genôm ica fu n c io n a l é basead o no conceito de que a c om preensão das alterações o c o rrid a s n a expressão dos genes, sob diversas condições fisiológicas e patológicas, p e rm ite que se façam novas d escobertas acerca dos processos subjacentes. Ao re velar d e te rm in a d o s p ad rõ es de expressão dos genes este co nheci m ento p ode ter relevância n o diag n ó stico e na terapêutica. O estu do em larga escala dos p a d rõ es de expressão, que se beneficia das tecnologias de m ic ro arra n jo (m icroarray) e arran jo em fragm entos (bead array) tam bém é c h am ad o de transcritômica po rq u e o co m p lem ento do m R N A tra n sc rito pelo g enom a celular se d en o m in a transcritoma.
Princípios da Genética Humana
0 fluxo das informações genéticas. Diversos sinais extracelulares ativam cascatas de sinais intracelu lares que resultam em alteração na regulação da expressão gênica por meio da interação dos fatores de transcrição com as regiões reguladoras dos genes. A RNA-polimerase transcreve o DNA em RNA heterogêneo (hRNA), que é processado em mRNA com a excisão de seqüências intrônicas. O mRNA é traduzido em uma cadeia polipeptídica, formando uma proteína madura após ter sido submetida ao processamento pós-traducional. HAT, histona acetiltransferase; CBP, proteína de ligação ao CREB; CREB, proteína de ligação ao elemento de resposta ao AMP cíclico; CRE, elemento de resposta ao AMP cíclico; CoA, coativador; TAF, fator associado ao TBP; GTF, fatores gerais de transcrição; TBP, proteína de ligação ao TATA; TATA, boxe TATA; RE, elemento de resposta; NH2, terminação amina; COOH, terminação carboxila.
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DNA metilado
Metilação da citosina
Metilação NHo
\
\ M odificações na histona
D N A não m etilado A ce tila çã o da histona
n
\
A cetilação Fosforilação M etilação NH,
Genética, Ambiente e Doenças 490
Figura 61.4
Modificações epigenéticas no DNA e nas histonas. A metilação de resíduos de citosina está associada a silenciamento de genes. A metilação de determinadas regiões genômicas é herdada (imprintintfi e está envolvida no silen ciamento de um dos dois cromossomos X no sexo feminino (inativação do X). Altera ções na metilação também podem ser adquiridas (p. ex., nas células cancerígenas). Modificações polivalentes pós-traducionais das histonas e de outras proteínas têm papel importante na alteração da estrutura da cromatina e, portanto, na transcrição.
As histonas podem ser modificadas de forma reversível nas suas extremidades aminoterminais, que se destacam da partícula nuclear do nucleossomo, por acetilação da lisina, fosforilação da serina, ou metilação dos resíduos de lisina e arginina. A acetilação das histonas por histonas acetilases (HATs), por exemplo, leva à liberação de cromatina e acessibilidade aos fatores de transcrição. Por outro lado, a desacetilação pelas histonas deacetilases (HDACs) resulta em compactação da estrutura da cromatina e em silenciamento da transcrição.
Estrutura dos genes
pressoras - interagem com os fatores de transcrição que se ligam ao DNA, gerando grandes com plexos reguladores. Tais complexos são controlados p o r num erosas vias de sinalização celular, com o a fos forilação, acetilação, sum oilação e ubiquitinação. N o final, os fatores de transcrição recrutados interagem com e estabilizam os com po nentes do com plexo de transcrição basal que se form a no local do boxe TATA e na região iniciadora. Esse com plexo contém m ais de 30 proteínas diferentes. A transcrição do gene ocorre quando a RNA-polim erase começa a sintetizar RNA a p a rtir do m olde de DNA. Um núm ero crescente das doenças genéticas identificadas envolve fatores de transcrição (Q uadro 61.2). Podem o co rrer m utações em todos os d om ínios de um gene (Fig. 61.5). Um a m utação de p o n to em um a região codificadora leva à substituição de u m am inoácido se o códon for alterado. Mutações de ponto que introduzem códons de parada p rem aturos resultam em um a proteína truncada. Deleções grandes podem afetar parte de ou todo o gene, enquanto pequenas deleções e inserções alteram a m a triz de leitura caso não contenham um m últiplo de três bases. Essas m utações da fase de leitura p ro d u z em u m a term inação carboxila com pletam ente diferente. M utações nas regiões reguladoras ou nos íntrons podem alterar a expressão ou o encadeam ento dos genes. A l guns exem plos são apresentados n a Figura 61.6.
G eralm ente, o produto de um gene é u m a proteína, m as tam bém pode ser um RNA não traduzido (p. ex., m icroRNA ). Os éxons são as regiões dos genes eventualm ente encadeadas para form ar o mRNA. Os íntrons consistem em regiões que ocupam o espaço entre os éxons e que são removidas do RNA precursor durante o processam ento do RNA. O locus do gene inclui ainda regiões necessárias ao controle de sua expressão (Fig. 61.2). O núm ero de seqüências de DNA e fatores que regulam a tra n s crição é m uito m aior do que se acreditava inicialm ente. A m aioria dos genes contém pelo m enos 15 a 20 elem entos reguladores separa dos nos prim eiros 300 pb a p a rtir do local do início da transcrição. Essa densa região prom otora m uitas vezes contém locais de ligação para fatores de transcrição onipresentes, com o a proteína de ligação acentuadora do boxe C A A T (C/EBP), a p ro teín a de ligação ao ele m ento de resposta ao AM P cíclico (CREB), o fator p ro m o tor seletivo 1 (SP-1) ou a proteína ativadora 1 (A P-1). A lguns fatores de tran scri ção m odulam a expressão gênica de acordo com o tipo celular. Por exemplo, as proteínas básicas hélice-alça-hélice (bH LH ) se ligam às E-boxes nos prom otores de genes m iogênicos, e o fator esteroidogênico 1 (SF-1) se liga a um local de reconhecim ento específico na região reguladora de vários genes de enzim as esteroidogênicas. Elem entos reguladores essenciais podem estar distantes do pro m o to r proximal. Os genes das globinas e im unoglobulinas, p o r exem plo, contêm re giões de controle de locus que estão a várias quilobases da p arte es trutural do gene. G rupos específicos de fatores de transcrição que se ligam a essas seqüências prom otoras e acentuadoras propiciam um código com binatório para a regulação da transcrição. Desse m odo, fatores relativamente onipresentes interagem com fatores m ais restri tos, perm itindo que cada gene seja expresso e regulado de form a sin gular, dependendo do estágio de desenvolvim ento, do tipo de célula e de num erosos estím ulos extracelulares. Os fatores de transcrição que se ligam ao DNA na verdade representam apenas o prim eiro n í vel de controle regulatório. O utras proteínas - coativadoras e corre-
■ CLONAGEM E SEQUENCIAMENTO DO DNA A descrição das técnicas de DNA recom binante, a m etodologia usada para a m anipulação, análise e caracterização de segm entos de DNA, estão além do escopo deste capítulo. Esses m étodos atualm ente são am plam ente usados em p ro ced im en to s de diagnóstico genético e molecular.
■ USO DE CAMUNDONGOS TRANSGÊNICOS COMO MODELOS DE DOENÇAS GENÉTICAS Vários organism os já foram am plam ente estudados com o m odelos genéticos, incluindo o M us musculus (cam undongo), Drosophila me-
-M arie-Tooth tipo IA (Cap. 384). A duplicação do gene PMP22 eleva o nível de expressão da proteína da m ielina periférica tipo 22, sendo este efeito de dose responsável pela neuropatia Classe do fator de desm ielinizante. A expressão do gene especí Exemplo Doença associada transcrição fico do crom ossom o Y, SRY, em m ulheres XX Receptor do Insensibilidade total ou parcial ao androgênio Receptores nucleares m ostra que o SRY é suficiente para induzir à (mutações recessivas de sentido errôneo) androgênio form ação de testículos, achado que confirm a Atrofia muscular espinobulbar (expansão da o papel patogênico das translocações do SRY repetição CAG) para o crom ossom o X em m ulheres XX com WT1 Síndrome WAGR: tumor de Wilms, aniridia, Proteínas em dedos de zinco reversão sexual. A doença de H u ntington é malformações geniturinárias e deficiência um a doença autossôm ica dom inante causada mental pela expansão da repetição do trinucleotídio MITF Síndrome de Waardenburg tipo 2A Hélice-alça-hélice básica CAG, que codifica um segm ento de poliglutam ina. Um a deleção guiada do gene da doença IPF1 Diabetes melito tipo 4 com início na Homeobox maturidade (mutação heterozigota/ de H u n tin g to n (H D ) não resulta em doença haploinsuficiência) Agenesia pancreática neurológica. Já a expressão transgênica do (mutação homozigota) gene inteiro ou do prim eiro éxon, contendo Retinite pigmentosa autossômica dominante Zíper de leucina da a seqüência que codifica a repetição expandi Zíper de leucina retina (NRL) da da poliglutam ina, é suficiente para causar m uitas m anifestações de doença neurológica, SRY Proteínas do grupo de alta Reversão sexual indicando um a propriedade de ganho de fun mobilidade (HMG) ção da p roteína expandida que contém p oli Diabetes melito tipos 1 ,3 e 5 com início na Forkhead HNF4a, HNFIot, glutam ina. As estratégias transgênicas tam bém maturidade HNF1|3 podem ser usadas com o precursoras da terapia Síndrome de Waardenburg tipos 1 e 3 PAX3 Boxe pareado gênica. A expressão da distrofina, a proteína TBX5 Síndrome de Holt-Oram (anomalias no T-box ausente na distrofia m uscular de D uchenne, polegar, defeitos nos septos atrial ou corrigiu parcialm ente a doença em um m odelo ventricular, focomelia) m u rin o desta patologia. A expressão dirigida Síndrome de Li-Fraumeni, outros cânceres P53 Proteínas de controle do de oncogenes tem sido valiosa para estudar os ciclo celular m ecanism os das neoplasias e gerar linhagens Síndrome de Rubinstein-Taybi Proteína de ligação Coativadores celulares im ortais. Por exemplo, a expressão do ao CREB (CBP) antígeno T grande do vírus símio 40 (SV40) na Ataxia espinocerebelar 17 (expansão de Proteína de ligação Fatores gerais de direção do p rom otor da insulina induz à for ao TATA (TBP) transcrição CAG) m ação de tum ores das células da ilhota. VHL Síndrome van Hippel-Lindau (carcinoma de Fator de alongamento da Os m odelos nocaute e knock-in de genes células renais, feocromocitoma, tumores transcrição se utilizam da possibilidade de substituir um pancreáticos, hemangioblastomas) segm ento de D N A p o r o u tro idêntico (ou Herança autossômica dominante, inativação hom ólogo), ou quase idêntico, p o r rearranjo, somática do segundo alelo (modelo de dois o que perm ite integrar deleções que inibem eventos) o gene (nocaute) ou m utações selecionadas (knock-in) no gene escolhido. M uitos dos re CBFA2 Trombocitopenia familiar com propensão à Runt leucemia mieloide aguda feridos nocautes não têm fenótipo aparente, seja em razão das funções redundantes de o u PML— RAR Leucemia promielocítica aguda Proteínas quiméricas tros genes, seja porque o fenótipo é sutil. Por Translocação t(15;17)(q22;q11.2-q12) formadas por translocações exemplo, a deleção do gene H prt da hipoxantiNota: CREB, proteína de ligação ao elemento de resposta ao AMP cíclico; HNF, fator nuclear dos hepatócitos; PML, leucemia na fosforribosiltransferase (HPRT) não induz promielocítica; RAR, receptor do ácido retinoico; SRY, região Y determinante do sexo; VHL, Von Hippel-Lindau. os sinais típicos da síndrom e de Lesch-Nyhan em cam undongos porque esses anim ais co n tam com a a d en in a fosforribosiltransferase lanogaster (m osca-das-frutas), Caenorhabditis elegans (nem atódeo), (APRT) na via de resgate das purinas. A deleção do gene (Rb) do Saccharomyces cerevisiae (ferm ento biológico) e Escherichia coli (bac retinoblastom a, que codifica a p roteína p l0 5 não causa retinoblastéria do colo). A possibilidade de usar esses organism os, tão d istan tom a nem outros tum ores que caracterizam a síndrom e hum ana. No tes na escala da evolução, com o m odelos genéticos relevantes para entanto, os cam undongos com deleção com binatória de várias p ro a fisiologia hum ana, reflete a su rp reen d en te conservação das vias teínas relacionadas com o Rb exibem características sem elhantes às genéticas e da função dos genes. Os m odelos de cam undongos transobservadas na doença hum ana. Tais exem plos ressaltam o fato de que gênicos têm sido especialm ente valiosos, pois m uitos genes m urinos as funções dos genes e suas interações com a constituição genética e hum anos exibem estrutura e função sem elhantes, e a m anipulação bem com o com o am biente não são necessariam ente idênticas em ca do genom a do cam undongo é relativam ente sim ples em com paração m undongos e seres hum anos. Em contrapartida, a deleção de m uitos com a de outras espécies de m am íferos. genes propicia um m odelo notavelm ente fiel de doenças hum anas. Em cam undongos, as estratégias transgênicas podem ser divi Além de elucidar a fisiopatologia, esses m odelos facilitam o desen didas em duas categorias principais: ( 1) expressão de um gene por volvim ento de terapias genéticas e farm acológicas. inserção aleatória no genom a e (2) deleção ou m utagênese orientada Existem m uitas variações de tais técnicas básicas que perm item de um gene p or rearranjo hom ólogo com o gene endógeno nativo a expressão ou a deleção de genes em tipos celulares específicos em (nocaute, knock-in) (Q uadro 61.3). diferentes etapas do desenvolvim ento ou em níveis variados. A tec A expressão transgênica de genes pode ser útil no estudo de d oen nologia transgênica surgiu com o um a estratégia poderosa para a de ças sensíveis à dose dos genes. A superexpressão de PMP22, por exem finição dos efeitos fisiológicos da deleção ou superexpressão de um plo, sim ula um a duplicação com um desse gene na doença de CharcotQUADRO 6 1 .2 Exemplos selecionados de doenças causadas por m utações e rearranjos nas classes dos fatores de transcrição
Princípios da Genética Humana 491
r m apas físicos e (3) determ in ação da seqüência com pleta do DNA hum ano. a ♦ A lgum as analogias ajudam a dar um a ♦ ideia da abrangência do PG H. Os 23 pares de crom ossom os hum anos codi ficam cerca de 23.000 a 30.000 genes. O Intron 1 Poli A P rom otor 5'U TR Intron 2 com prim ento total do DNA é de cerca de 3 bilhões de pb - quase 1.000 vezes m aior do que o genom a da E. coli. Se a seqüência do DNA hum an o fosse im pressa, ocuparia cerca de 120 volum es do M edicina interna de Harrison. A id en tific aç ã o dos cerca de 10 m ilhões de SNPs que se estim a existi 10 kb 2 0 kb - 1 0 kb 0 kb 30 kb 40 kb 50 kb 60 kb rem n o genom a hu m an o gerou u m ca tálogo de v ariantes genéticas com uns A grupam ento de genes da p-globina que o c o rre m em seres h u m a n o s de Figura 61.5 As mutações de ponto que causam a p-talassemia são um exemplo de heterogeneidade aléetnias d istin ta s (Fig. 61.7). Os SNPs lica. 0 gene da p-globina está localizado no grupamento dos genes da globina. As mutações de ponto podem ocorrer m u ito p ró x im o s são h e rd a d o s em no promotor, no local CAP, na região 5' não traduzida, no códon de iniciação, em qualquer um dos três éxons, nos íntrons co n ju n to , isto é, estão ligados, sendo ou no sinal de poliadenilação. Muitas mutações têm sentido errôneo ou não têm sentido algum, enquanto outras causam d e n o m in a d o s haplótipos, vin d o daí o defeitos no encadeamento do RNA. A figura não mostra as mutações por deleção do gene da p-globina ou deleções term o H apM ap (Fig. 61.8), que d e s maiores no locus da globina que também podem causar talassemia. T , Mutações no promotor; *, local CAP; •, 5'UTR; E, creve a natureza e a localização desses Códon de iniciação; ♦, Defeito no processamento do RNA; + , Mutações de sentido errôneo ou sem sentido; Sinal poli-A. haplótipos de SNP e com o estão d istri buídos entre os indivíduos bem com o nas populações. As inform ações c onti gene, além de fornecer m odelos genéticos únicos para explorar a fi das no H apM ap têm facilitado m uito os estudos em larga escala do siopatologia ou testar tratam entos. Além dos m odelos transgênicos genom a concebidos p ara esclarecer as com plexas interações entre em animais, as m utações espontâneas que ocorrem em cam undongos m últiplos genes e os fatores am bientais nos distúrbios m ultifatoriais e outras espécies continuam a proporcionar descobertas fundam en (ver adiante). Além disso, as análises dos haplótipos serão úteis p ara tais sobre as doenças hum anas. Existe um banco de dados, continua avaliar as variações nas respostas aos m edicam entos (farmacogenôm ente atualizado, que contém um com pêndio de m odelos anim ais mica) e aos fatores am bientais, assim com o p ara prever a p redispo naturais e transgênicos (Q uadro 61.1). sição às doenças.
Genética, Ambiente e Doenças
■ IMPLICAÇÕES DO PROJETO GENOMA HUMANO
A seqüência do DNA humano
O PG H foi iniciado em m eados da década de 1980 com o um esfor ço am bicioso para caracterizar o genom a hum ano, culm inando no sequenciam ento com pleto do DNA. Inicialm ente, os principais ob jetivos eram (1) criação de m apas genéticos, (2) desenvolvim ento de
A seqüência com pleta de cada crom ossom o fornece o m apa físico de m aior resolução. O principal objetivo do PG H era obter a seqüência do DNA para todo o genom a h u m an o assim com o dos organism os usados como m odelos. C onquanto a ideia de d eterm inar a seqüência com pleta do genom a hum an o p u d e sse p a re c e r a sso m b ro sa há alguns anos, os avanços téc Tipo selvagem Tipo selvagem nico s n o se q u e n ciam e n to do DNA GCA CTC CTA TCG CAC GCT CGG GAG AT»ft T G C D N A e na bioinform ática p e r AA ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ m itiram que o delineam ento da seqüência fosse concluído em Mutação silenciosa ju n h o de 2000 - bem antes da DNA GCA CTC CTA TCG CAC GCT CG GAG GGC GAA AAT GAG AGC m eta inicial prevista para 2003. aa Mutação de ponto heterozigota Em 2003, foram d eterm inadas seqüências com alta qualidade wmmmwÊmm Mutação de sentido errôneo de referência que preencheram D N A GCA CTC CTA TCG CAC GCT C G GAG GGC GAA AAT GAG AGC a lg u m a s lac u n as b em com o aa re d u z ira m as a m b ig ü id ad e s restantes, e, em m aio de 2006, Mutação sem sentido o PG H anunciou o sequencia D NA GCA CTC CTA TCG CAC GCT Mutação de ponto homozigota m en to com pleto do DNA para aa os ú ltim o s crom ossom os h u ■ iih L i h h í h m anos. O projeto genom a pes Deleção de 1 pb com alteração na fase de leitura soal [Personal G enom e Project D NA GCA CTC CTA CGC ACG CTC GGG AGG GCG AAA ATG AGA (PG P)], lançado em 2006, tem aa ■■■■ com o objetivo obter o sequen ciam ento com pleto do genom a de diversos indivíduos e associá-los a inform ações físicas e Figura 61.6 A. Exemplos de mutações. A fita codificadora é apresentada junto com a seqüência de aminoácido codificada. de saúde para m elhor com preB. Cromatogramas de análises de seqüências após a amplificação do DNA genômico pela reação em cadeia da polimerase.
mmmmmmmmmmmmm
mmmmmmmmmmmmm mmmmmmmmmm m mm mmmm&
492 1
QUADRO 61.3
Animais geneticamente modificados
|~ Descrição mais usada Transgênico
Princípio técnico
Observações
Injeção pronuclear do transgene
Usado comumente
j
DNA genômico ou fragmentos de cDNA Integração aleatória do transgene Número variável de cópias do transgene Expressão variável para cada fundador individual Modelos com ganho de função causado por hiperexpressão com o uso de promotores específicos para os tecidos Modelos com perda de função com transgenes antissenso ou dominantes negativos É possível criar uma expressão induzida (tetraciclina, ecdisona) Aplicável a diversas espécies Nocaute (orientado)
Usado predominantemente em camundongos (tecnologia cre/lox, p. ex.)
Substituição de um gene funcional por outro inativo por rearranjo homólogo em células-tronco embrionárias
Possível o nocaute em tecidos específicos Possível a ausência de fenótipo em razão de redundância
Introdução no gene de mutações sutis pela substituição do gene endógeno por outro com mutação específica. Rearranjo homólogo em células-tronco embrionárias
Usado predominantemente em camundongos
Genética direta
Mutações criadas aleatoriamente pela ENU (A/-etil-A/-nitroureia)
Seleção de fenótipo seguida de caracterização genética
Linhagens congênitas
Acasalamento da linhagem isogênica do doador, com o fenótipo da doença, com a linhagem isogênica do receptor, para definir a região genômica responsável pela doença
Útil para mapear os genes causadores de doenças
Clonagem
Introdução de núcleos em ovos enucleados (transferência nuclear)
Êxito obtido com diversas espécies de mamíferos, tais como ovelhas (Dolly), camundongos, vacas e macacos
Knock-in (orientado)
Pode ser usado de forma precisa como modelo de doenças humanas
Útil à identificação de novos genes
Clonagem de indivíduos geneticamente idênticos Pode afetar a longevidade Preocupações éticas
Questões éticas O PG H traz implícito o conceito segundo o qual a identificação dos genes patogênicos pode ajudar no diagnóstico, tratam ento e preven ção de doenças. Adm ite-se que a m aioria dos indivíduos traga consi go diversas m utações gênicas recessivas graves. No entanto, a p a rtir
do sequenciam ento com pleto do genom a hum ano, da determ inação de efeitos genéticos associados a doenças e dos estudos sobre as va riações genéticas, surgiram várias novas questões com implicações para os indivíduos e para a hum anidade. As controvérsias em torno da clonagem de m am íferos e da criação de clones de células-tronco de em briões hum anos e a criação de organism os sintéticos ressaltam a im portância de tais questões. Além disso, as inform ações obtidas com as experiências genéticas podem ter efeitos bastante diferentes, dependendo da disponibilidade de estratégias que perm itam m o d i ficar a evolução da doença. Por exem plo, a identificação das m u ta ções responsáveis pela neoplasia e n d ó crin a m últipla (NEM ) tipo 2 ou hem ocrom atose p erm ite que se façam intervenções específicas em fam iliares acom etidos. Por o u tro lado, até o m om ento, a iden tificação dos genes responsáveis pelas doenças de A lzheim er e de H untington não alterou o tratam e n to nem a evolução. C ontudo, o progresso nesta área é im previsível, com o ressalta o achado de que os bloqueadores dos receptores da angiotensina II po d em retardar a evolução da doença na síndrom e de M arfan. Os resultados de testes genéticos podem gerar ansiedade nos indivíduos afetados e em seus familiares, havendo ainda a possibilidade de produzirem discrim ina ção. A m aioria das doenças genéticas provavelm ente ficará em um a categoria interm ediária, n a qual a oportunidade de prevenção ou tra tam ento é significativa, porém lim itada (Cap. 63). Por essas razões, o em preendim ento científico do PG H foi acom panhado de esforços para estudar as im plicações éticas, sociais e legais à m edida que novas questões iam surgindo. A lei deno m in ad a G enetic In fo rm atio n N ondiscrim inatin Act (GINA), aprovada em 2008, visa proteger indivíduos contra o uso
Princípios da Genética Humana
ensão da fisio(pato)logia hum ana. D iversas evoluções tecnológicas no sequenciam ento do DNA tendem a reduzir em breve os custos relacionados com a obtenção do sequenciam ento com pleto do ge nom a hum ano para algo próxim o de mil dólares. Além do hum ano, os genom as com pletos de m uitos organism os foram total ( - 1.000) ou parcialm ente (-5.500) sequenciados [G enom es O nline D ataba se (GOLD); Q uadro 61.1]. Entre esses organism os, há eucarióticos, com o o hom em e o cam undongo; 5. cerevisiae, C. elegans e D. melanogaster; bactérias (p. ex., E. coli) e arqueobactérias, vírus, organelas (m itocôndrias, cloroplastos) e plantas (p. ex., Arabidopsis thaliana). Esta inform ação, junto com os avanços tecnológicos e o refinam ento na bioinform ática com putadorizada, levou à transição acelerada dos estudos de genes isolados p ara estudos de todo o genom a. A tualm en te, o PGH cam inha na direção de (1) com parar genom as com pletos (genômica comparativa); (2) realizar o estudo em larga escala da ex pressão dos RNAs (genômica funcional) e das proteínas (proteômica) com o objetivo de detectar diferenças nos diversos tecidos, na saúde e na doença; (3) caracterizar as variações entre indivíduos, estabele cendo um catálogo das variações de seqüências e dos SNPs (projeto H apM ap) e Projeto G enom a Pessoal; e (4) identificar os genes que tenham papéis fundam entais no desenvolvim ento dos distúrbios poligênicos e multifatoriais.
493
Genes conhecidos (1.260)
CO C\i cvj Q_
TC\i (M Q.
co T— CM Q_
TrCM CL
CM
co LO T-
Q.
Q_
CO CM
CM T-
Q. Q.
Q- Q.
CO CM
CM
CO
CJ
CT
CT
Cromossomo 7
116,98 M b
116,94 Mb
116,90 Mb
■200 K b • Gene C F T R
- r t-
- n tr r r^ t—
+-
20 Kb
II III II II
SNPs
I
Genética, Ambiente e Doenças
| Intrônico I Local de encadeam ento
llll |
I III III I R egião co d ificadora sinônim a R egião co d ificadora não sinônim a
Figura 61.7 0 cromossomo 7 é mostrado com a densidade dos polimor fismos dos nucleotídios isolados (SNP) e genes acima. Abaixo, é apresentada uma região com 200 kb em 7q31.2 contendo o gene CFTR, que contém 27 éxons.
R earranjo M últiplas gerações
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
SNP H aplótipo 1 H aplótipo 2 H aplótipo 3 H aplótipo 4
G G T C A G A T C A G C A G C T
H aplótipo 5
A A G T C A| A T C A C T C A A G
H aplótipo SNP
6
m arcado
Figura 61.8 Os haplótipos originam-se de recombinações ocorridas em múltiplas gerações. Ao longo do tempo, surgem distintos haplótipos. Com fre quência, é possível caracterizar esses blocos de haplótipos a partir da genotipagem de determinadas seqüências marcadoras (etiquetas ou tags) de polimorfismos de nucleotídio único (SNPs), uma abordagem que atualmente facilita a realização de estudos de associação genômica ampla (GWAS).
4 94
II II I II III llll
R egião co d ifica d o ra com m udança na fase de leitura
Foram encontradas mais de 1.790 mutações neste gene em pacientes portadores de fibrose cística. Uma região com 20 kb que contém os éxons 4 a 9 é apresentada e amplificada com o objetivo de ilustrar os SNPs nessa região.
indevido de inform ações genéticas para avaliação de seguradoras de saúde e para adm issão para trabalho. O im pacto dos exames genéti cos nos custos da atenção à saúde ainda não foi esclarecido. É prová vel que varie em função das doenças e da disponibilidade de m edidas terapêuticas efetivas. Um problem a relevante é a propaganda de exa m es genéticos feita diretam ente aos consum idores pelas com panhias comerciais. Esses exames não foram validados e há m uitas questões acerca de ausência de m arcos reguladores, acurácia e confiabilidade das inform ações genéticas, disponibilidade de consultas com espe cialistas e utilização desses resultados. M uitas questões levantadas pelo PG H são, em princípio, fam i liares aos médicos. Sabe-se, p o r exem plo, que um paciente assinto m ático com aum ento do colesterol-lipoproteína de baixa densidade (LDL), hipertensão arterial ou histó ria fam iliar relevante de infarto do m iocárdio precoce corre um risco m aior de doença arterial coro nariana (DAC). Nesses casos, há um evidente benefício na identifi cação dos fatores de risco com intervenções apropriadas. De m odo sem elhante, m uitos pacientes com fenilcetonúria, fibrose cística ou anem ia falciforme podem ser identificados precocem ente com o p o r tadores de um a doença genética. Tais precedentes podem ser úteis para adaptar as políticas relacionadas com inform ações genéticas, e é provável que políticas análogas, baseadas no genótipo ou em o u tros m arcadores de predisposição genética, sejam aplicadas a várias outras doenças. Um aspecto desconcertante, relacionado com a rápi da expansão das inform ações, é que a capacidade de tom ar decisões
clínicas m ostra-se m uitas vezes atrasada em relação às descobertas genéticas acerca dos m ecanism os das doenças. Por exem plo, q u a n do são descritos genes que predispõem ao câncer de m am a, com o o BRCA1, este fato gera um enorm e interesse público quanto ao p o tencial de prever a doença, m as ainda serão necessários m uitos anos de pesquisas clínicas para que possam ser estritam ente estabelecidas correlações entre o genótipo e o fenótipo. A inda são necessárias m uitas inform ações sobre os princípios básicos da genética para que se possa orientar as decisões sobre con sentim ento inform ado, participação em pesquisas ou tratam ento de doença genética que afete um indivíduo ou sua família. A natureza abrangente da genética n a m edicina to rn a essencial que m édicos e dem ais profissionais de saúde se inform em m elhor sobre a genética para que sejam capazes de aconselhar e orientar os pacientes junto com geneticistas qualificados (Cap. 63). Por isso, a aplicação de estra tégias de triagem e prevenção exigirá esforços intensivos para infor m ar m édicos e pacientes e m udanças no financiam ento do sistem a de saúde com legislação protetora dos direitos dos pacientes.
Genômica e saúde global A genôm ica pode contribuir para a saúde global ao p roporcionar m e lhor entendim ento de patógenos e diagnósticos, e ao contribuir para o desenvolvim ento de fármacos. Contudo, há preocupações quanto à possibilidade de surgir um a “divisão genôm ica” em razão dos custos associados a esses desenvolvim entos e da incerteza se tais avanços serão acessíveis às populações de países em desenvolvim ento. A O r ganização M undial da Saúde resum iu as questões vigentes e as iniquidades relacionadas com a m edicina genôm ica em um docum ento detalhado denom inado Genomics and World Health.
■ TRANSMISSÃO DE DOENÇAS GENÉTICAS Origens e tipos de mutações
Frequência das mutações
C om o visto antes, as m utações são um a causa im portante de diversidade genética assim com o de doenças. Em seres hum anos, é difícil avaliar a frequência das m utações, pois várias delas são silenciosas, e os testes disponíveis m uitas vezes não conseguem detectar as alterações fenotípicas. As taxas de m utação variam em genes diferentes, m as estim a-se que ocorram à razão aproxim ada de 10 10/pb p o r divisão celular. As taxas de m utação em células germ inativas (m as não em células som áticas) são relevantes para a transm issão de doenças genéticas. C om o a população de ovó citos surge precocem ente no desenvolvim ento, são necessárias ape nas 20 divisões celulares para com pletar a ovogênese, enquanto a esperm atogênese requer 30 divisões até a época da puberdade e 20 divisões celulares a cada ano subsequente. Assim, as chances de su r gim ento de novas m utações de ponto são m uito m aiores na linhagem germ inativa m asculina do que na fem inina, que tem m aiores taxas de aneuploidia (Cap. 62). Por isso, a incidência de novas m utações de ponto nas esperm atogônias aum enta com a idade paterna (p. ex., acondroplasia, síndrom e de M arfan, neurofibrom atose). Estim a-se que um a cada dez esperm atozoides co ntenha um a m utação nova deletéria. As taxas de m utações novas são m ais facilm ente calculadas para as doenças autossôm icas dom inantes ou ligadas ao X, sendo de cerca de 10 5 a 10 6/locus p o r geração. C om o a m aioria das doenças m onogênicas é relativam ente rara, as m utações novas são resp o n sáveis p or um a parcela significativa dos casos, o que é im portante para o aconselham ento genético, u m a vez que o fato de u m a m utação nova ter sido transm itida ao indivíduo acom etido não significa ne cessariam ente que os pais desse paciente possam transm itir a doença p ara outros filhos. Há u m a exceção quando a m utação nova ocorre no início do desenvolvim ento da linhagem germ inativa, o que leva ao mosaicismo gonadal.
Princípios da Genética Humana
Define-se com o mutação qualquer alteração na seqüência prim ária de nucleotídios do DNA independentem ente de suas conseqüências funcionais. Algum as m utações são letais, outras m enos nocivas, e a l gum as conferem um a vantagem evolutiva. As m utações que ocorrem nas células germ inativas (esperm atozoides ou ovócitos) são tran sm i tidas à prole. De o utro m odo, as m utações p odem o correr durante a em briogênese ou em tecidos som áticos. As que ocorrem durante a em briogênese levam ao mosaicismo, situação na qual os tecidos são form ados p or células com constituições genéticas diferentes. Se houver m osaicism o nas células germ inativas, é possível o correr a transm issão da m utação p ara apenas parte da prole, o que dificulta o estudo do padrão de herança. M utações som áticas que não afetam a sobrevida das células algum as vezes são detectadas em razão de efei tos fenotípicos variáveis nos tecidos (p. ex., as lesões pigm entadas na síndrom e de M cCune-A lbright). As m utações som áticas que facili tam a proliferação celular estão associadas a neoplasias. Os eventos epigenéticos (alterações hereditárias que não envolvem m udanças na seqüência dos genes, com o as alterações na m etilação do DNA) p o dem influenciar a expressão dos genes ou facilitar danos ao genoma. Com exceção das repetições de trincas de nucleotídios, que podem se expandir (ver adiante), as m utações costum am ser estáveis. As m utações são estru tu ralm en te diversas - p o d em envolver o genom a inteiro, com o na triploidia (um conjunto extra de crom os som os), ou alterações num éricas ou estru tu rais grosseiras em c ro m ossom os ou genes individuais (Cap. 62). G randes deleções podem afetar parte ou a totalidade de um gene. Se houver o envolvim ento de vários genes, p oderá o c o rre r um a síndrom e de genes contíguos. O crossover desigual entre genes hom ólogos p ode levar a m utações com fusão de genes, com o ilustrado pelo daltonism o (Cap. 28). As m utações de um único nucleotídio denom inam -se mutações de p o n to. As substituições são cham adas transições quando u m a base purina é substituída p or o u tra p u rin a (A G) ou um a p irim id in a p o r outra pirim idina (C T). As m udanças de p u rin a p ara pirim idina ou vice-versa são cham adas transversões. Se a m udança d a seqüência do DNA ocorrer em um a região codificadora e alterar um am inoá-
cido, será cham ada de m utação de sentido errôneo. De acordo com as conseqüências funcionais de um a m utação de sentido errôneo, as substituições de am inoácidos em regiões diferentes da proteína acar retam fenótipos distintos. Os polim orfism os são variações da seqüên cia que ocorrem com frequência m ín im a de 1%. Em geral, não p ro duzem um fenótipo perceptível. Frequentem ente são substituições de um único par de bases que não alteram a seqüência codificadora da pro teín a em razão da natu reza degenerada do código genético (polim orfism o sinônim o), em bora seja possível que algum as alterem a estabilidade do m RNA, a tradução ou a seqüência de am inoácidos (polim orfism o não sinônim o) (Fig. 61.7). Esses tipos de substituição de bases são e n contrados com frequência d u ra n te testes genéticos, devendo ser distinguidos das m utações verdadeiras, que alteram a expressão ou função das proteínas. Pequenas deleções ou inserções de nucleotídios deslocam a fase de leitura dos códons (m udança da fase de leitura). M ais com um ente, tais m utações resultam em um segm ento de p roteína an o rm al de com prim ento variável antes que a transcrição term in e em u m cód o n de p arad a (m utação sem sen tido) (Fig. 61.6). M utações em íntrons o u em junções de éxons p o dem d e stru ir ou criar locais doadores ou aceptores de em endas. As seqüências reguladoras dos genes tam bém p o d em sofrer m utação, reduzindo a transcrição do gene.
Crossover desigual N orm alm ente, o rearranjo do DNA nas células germ inativas ocorre com notável fidelidade, m antendo os locais juncionais exatos para as seqüências de DNA trocadas (Fig. 61.3). No entanto, erros de paream ento de seqüências hom ólogas acarretam um crossover desigual com duplicação do gene em um crom osso m o e deleção do gene no outro. G rande p arte das deleções do gene do h o rm ônio de crescim ento (GH ), po r exem plo, envolve crossover desigual (Cap. 339). O gene GH p ertence a um grande grupam ento gênico que inclui um gene variante do G H bem com o vários genes da som atom am otropina coriônica estruturalm ente relacionados e pseudogenes (parentes altam ente hom ólogos, m as funcionalm ente inati vos de um gene norm al). C om o esses grupam entos gênicos contêm várias seqüências hom ólogas de D NA dispostas em tandem , são mais propensos a sofrer rearranjo e, p o r conseguinte, duplicação ou dele ção de genes. Já a duplicação do gene PM P22 p o r crossover desigual
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Genética, Ambiente e Doenças
resulta em m aior dose do gene e na doença de Charcot-M arie-Tooth tipo IA. O crossover desigual com a deleção do PMP22 resulta em um a neuropatia distinta, cham ada propensão hereditária à paralisia por pressão (Cap. 384). O aldosteronism o remediável com glicocorticoides (GRA) é cau sado por um rearranjo dos genes da aldosterona sintase (CYP11B2) e da esteroide lip -h id ro x ila se (CYP11B1), norm alm ente dispostos em tandem no crom ossom o 8q. Esses dois genes são 95% idênticos, o que predispõe à duplicação e deleção p o r crossover desigual. O produto gênico rearranjado contém as regiões reguladoras da lip -h id ro x ila se fundidas com a seqüência codificadora da aldosterona sintase, fa zendo com que esta enzim a se expresse na zona fasciculada da su prarrenal, que depende de horm ônio adrenocorticotrófico (ACTH), e resultando em produção excessiva de m ineralocorticoides e hiper tensão arterial (Cap. 342). A conversão gênica, um a troca não recíproca de inform ação genética hom óloga, provavelm ente é m ais com um do que se acre ditava. Na genética hum ana, a conversão gênica foi usada para ex plicar a substituição da parte interna de um gene p o r um segm ento hom ólogo copiado de outro alelo ou locus. Essas alterações genéti cas podem ter desde apenas alguns até m ilhares de nucleotídios. A conversão gênica perm ite que trechos curtos de dois crom ossom os sejam idênticos, m esm o quando essas seqüências são diferentes nos pais. U m a conseqüência prática de tal fenôm eno é que podem ocor rer substituições de nucleotídios d urante a conversão gênica entre genes relacionados, o que m uitas vezes altera a função do gene. Em algum as doenças, a conversão gênica envolve m uitas vezes um a troca intergênica de DNA entre um gene e um pseudogene relacionado. Por exemplo, o gene da 21-hidroxilase (CYP21A2) é adjacente a um pseudogene não funcional (CYP21A1P). M uitas das substituições de nucleotídios encontradas no gene CYP21A2 em pacientes com h i perplasia suprarrenal congênita são iguais a seqüências presentes no CYP21A1P, sugerindo que a conversão gênica seja um m ecanism o de mutagênese. Tam bém é possível que a conversão gênica m itótica seja o m ecanism o do m osaicism o reversível, em que um a m utação here ditária é corrigida em algum as células. Por exemplo, alguns pacientes com epiderm ólise bolhosa atrófica generalizada benigna autossô m ica recessiva adquiriram m utações reversas em um dos dois alelos COL17A1 m utados e apresentam áreas da pele clinicam ente norm ais.
Inserções e deleções Em bora m uitos casos de deleções e inserções decorram de crossover desigual, tam bém há evidências de duplicação, inversão ou deleção internas de seqüências de DNA. O fato de que algum as inserções ou deleções ocorrem com frequência, e de form a independente, sugere que determ inadas regiões dentro da seqüência do DNA predisponham a esses erros. Por exemplo, algum as regiões do gene D M D parecem m ais propensas a deleções. A lgum as regiões dentro do genom a hum ano são pontos ativos de rearranjo e levam a variações no núm ero de cópias (CNVs). Erros no reparo do DNA As mutações som áticas causadas p or defeitos no reparo do DNA se acum ulam à m edida que as células som áticas se dividem. Esse tipo de m utação é especialm ente im portante nas do en ças neoplásicas (Cap. 84). Vários distúrbios genéticos envolvendo enzim as de reparo do DNA ressaltam sua im portância. Os pacientes com xeroderm a pigm entoso são portadores de defeitos no reconhe cim ento de danos ao DNA ou nas vias de excisão e reparo de nucle otídios (Cap. 87). A pele exposta torna-se seca, pigm entada e extre m am ente sensível aos efeitos m utagênicos da radiação ultravioleta. Foram descritos m ais de 10 genes distintos causadores de diferentes form as de xeroderm a pigm entoso, achado compatível com a classifi cação m ais antiga da doença em diferentes grupos com plem entares em que a função norm al é resgatada pela fusão de células derivadas de duas form as diferentes de xeroderm a pigm entoso. A ataxia-telangiectasia induz grandes lesões telangiectásicas na face, ataxia cerebelar, defeitos im unológicos e hipersensibilidade à radiação ionizante (Cap. 373). A descoberta do gene m utante na ataxia-telangiectasia (ATM ) revelou que ele é hom ólogo dos genes
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envolvidos no reparo do DNA e no controle dos pontos de checagem do ciclo celular. M utações do gene A T M induzem o surgim ento de defeitos na m eiose e aum entam a sensibilidade a danos causados pela radiação ionizante. A anem ia de Fanconi tam bém está associada a aum ento no risco de m últiplas anorm alidades genéticas adquiridas. C aracteriza-se p o r diversas anom alias congênitas e forte predispo sição à anem ia aplásica bem como à leucem ia m ieloide aguda (Cap. 109). As células desses pacientes são suscetíveis a quebras crom ossôm icas causadas p or defeitos no rearranjo genético. Foram identifi cados pelo m enos oito grupos com plem entares distintos, tendo sido m apeados ou clonados vários loci e genes associados à anem ia de Fanconi. O CCSPH (síndrom e de Lynch) caracteriza-se pela presen ça de câncer de colo com transm issão autossôm ica dom inante com apresentação precoce (m enos de 50 anos), predisposição a lesões na porção proxim al do intestino grosso e associação a outras doenças m alignas, com o câncer de útero e de ovário. O CCSPH é p redom i nantem ente causado p or m utações contidas em qualquer um dos genes de reparo do m alpaream ento (M M R), com o MutS hom ólogo 2 (M SH2), MutL hom ólogos 1 e 6 (MLH1 e M LH 6), MSH6, PMS1 e PMS2 (Cap. 91). Essas proteínas participam da detecção dos erros de paream ento de nucleotídios e do reconhecim ento de repetições de trinucleotídios em fitas deslocadas. As m utações germ inativas desses genes acarretam a instabilidade dos m icrossatélites e um a taxa ele vada de m utação em cânceres do colo. Estão sendo usados testes de triagem genética em famílias consideradas de alto risco (Cap. 63). A identificação do CCSPH perm ite a triagem precoce com colonosco pia e im plem entação de estratégias preventivas com anti-inflam atórios não esteroides. Seqüências CpG e dipirimidina A lgum as seqüências do DNA são m ais sensíveis à m utagênese. Resíduos contíguos de pirim idinas (p. ex., T-T ou C-C) p odem se fundir q u a n d o expostos à luz ultravio leta. Se a via de excisão e reparo de nucleotídios não reparar esses d ím eros de p irim id in a , oco rrerão m utações d u ra n te a síntese do DNA. O dinucleotídio C-G, ou CpG, tam b ém é suscetível a um tipo específico de m utação. Nesse caso, a m etilação da citosina aum enta a taxa de desam inação em uracila, depois substituída p o r tim ina. Esta transição C —> T (ou G —» A na fita oposta) é responsável no m ín im o p o r 33% das m utações de p o n to associadas a polim orfis m os e m utações gênicas. Por exem plo, m uitas m utações do M SH 2 n o CCSPH envolvem seqüências CpG. A lém de certos tipos de m u tação (C —» T ou G —> A) serem relativam ente com uns, a natureza do código genético facilita a ocorrência de determ inadas su bstitui ções de am inoácidos.
Seqüências de DNA instáveis As repetições de trinucleotídios podem ser instáveis e expandir-se além de um núm ero crítico. Acredita-se que essas expansões sejam causadas p or rearranjo desigual e erros de paream ento p or deslocam ento. Uma pré-m utação representa um p e queno aum ento no n úm ero de cópias de um trinucleotídio. Nas gera ções seguintes, o com prim ento da repetição pode aum entar, agravan do o fenótipo, processo que se cham a mutação dinâmica (ver adiante a discussão sobre antecipação). A expansão dos trinucleotídios foi reconhecida inicialm ente com o a causa da síndrom e do X frágil, um a das causas m ais com uns de deficiência m ental. O utros distúrbios que se originam por m ecanism os sem elhantes são a doença de H unting ton (Cap. 371), atrofia m uscular espinobulbar ligada ao X (Cap. 374) e distrofia m iotônica (Cap. 387). As células m alignas tam bém têm instabilidade genética, indicando um a ru p tu ra dos m ecanism os que regulam o reparo do DNA e o ciclo celular.
Conseqüências funcionais das mutações Em term os funcionais, as m utações são classificadas com o ganha doras ou perdedoras de função. As m utações de ganho de função tendem a ser dom inantes, ou seja, induzem alterações fenotípicas quando há um único alelo afetado. As m utações inativadoras em geral são recessivas, e os indivíduos p o rtad o re s são hom ozigotos ou heterozigotos com postos (portadores de dois alelos m utantes
d iferentes de u m m esm o gene), relacionados com as m utações causadoras da doença. De outro m odo, a m utação de um único alelo pode ocasionar haploinsuficiência, situação em que um único alelo norm al não é suficiente p ara m anter um fenótipo norm al. A haploin suficiência é um m ecanism o com um nas doenças associadas a m u ta ções dos fatores de transcrição (Q uadro 61.2). Cabe n o tar que as m a nifestações clínicas de pacientes com m utações idênticas de fatores de transcrição variam m uito. U m dos m ecanism os dessa variabilida de é a influência dos genes m odificadores. A haploinsuficiência ta m bém pode afetar a expressão das enzim as lim itadoras da velocidade. Por exemplo, a haploinsuficiência das enzim as envolvidas na síntese do hem e pode causar porfiria (Cap. 358). U m au m en to na dose de u m p ro d u to gênico p o d e provocar doença, com o ilustrado pela duplicação do gene DAX1 na reversão sexual sensível à dose (Cap. 349). U m a m utação o co rrid a em um único alelo pode causar perda de função em razão de um efeito d o m inante negativo, caso em que o alelo m utante interfere na função do pro d u to gênico no rm al p or um entre vários m ecanism os: ( 1) a proteína m utante p ode interferir na função de um com plexo protei co m ultim érico, com o o que ocorre nas m utações dos genes do co lágeno tipo 1 (COL1A1, C O L1A2) na osteogênese im perfeita (Cap. 363); (2) a proteína m utante pode ocupar locais de ligação em outras proteínas ou em elem entos de resposta aos prom otores. Um exem plo é a resistência ao ho rm ô n io tireoidiano, distúrbio no qual o recep to r do h o rm ônio tireoidiano inativado se liga aos genes-alvo e fu n ciona com o antagonista dos receptores n orm ais (Cap. 341); ou (3) u m a proteína m utante po d e ser citotóxica, com o na deficiência de otj-antitripsina (Cap. 260) ou no diabetes insípido neuroipofisário autossôm ico d om inante (Cap. 340), no qual as proteínas com dob rad u ra anorm al ficam presas no retículo endoplasm ático e acabam causando danos celulares.
Genótipo e fenótipo D enom ina-se fenótipo qualquer cará ter observado; a inform ação genética que o define é cham ada genó tipo. As form as alternativas de um gene ou m arcador genético são designadas alelos, os quais podem ser variantes polim orfas dos áci dos nucleicos que não têm efeito aparente na expressão ou função de genes. Em outras situações, essas variantes podem ter efeitos sutis na expressão gênica, o que p oderia conferir vantagens adaptativas associadas à diversidade genética. Já as variantes alélicas podem re fletir m utações em um gene que alteram claram ente a sua função. A m utação Glu6Val (E6V) no gene da p-globina n a anem ia falciform e e a deleção AF508 da fenilalanina (F) no gene CFTR são exem plos de variantes alélicas desses genes que resultam em doença. C om o cada indivíduo possui duas cópias de cada crom ossom o (um a herdada da m ãe e a outra do pai), é possível haver dois alelos em um dado locus. No entanto, podem existir m uitos alelos diferentes na população. O alelo norm al, o m ais com um , costum a ser cham ado o tipo selvagem. Q uando os alelos de um dado locus são idênticos, o indivíduo é ho mozigoto. A herança de cópias idênticas de um alelo m utante ocorre em m uitas doenças autossôm icas recessivas, principalm ente quando há consangüinidade. Se os alelos forem diferentes nas cópias, m a tern a e paterna, do gene, o indivíduo será heterozigoto nesse locus (Fig. 61.6). Se dois alelos m utantes diferentes forem herdados em um m esm o locus, o indivíduo será um heterozigoto composto. O term o hemizigoto é usado para descrever um hom em com m utação de um gene do crom ossom o X ou u m a m ulher com perda de um dos loci do crom ossom o X. Os genótipos descrevem alelos específicos de um dado locus. Por exemplo, existem três alelos com uns (E2, E3 e E4) do gene da apolipoproteína E (APO E). O genótipo de um indivíduo pode, então, ser descrito com o APOE3/4, APO E4/4 ou qualquer outra variante. Essas designações indicam quais alelos estão presentes nos dois crom os som os do gene APOE no locus 19ql3,2. Em outros casos, o genótipo pode receber núm eros (p. ex., 112) ou letras arbitrários (p. ex., B/b) para distinguir os diferentes alelos.
Heterogeneidade alélica
O c o rre q u a n d o m u ta ç õ es d ifere n te s no m esm o locus gênico re su lta m em u m fe n ó tip o id ên tico ou sem elhante. P or exem plo, várias m u taçõ es do locus da (3-globina p o d em causar fi-talassem ia (Q u a d ro 61.4) (Fig. 61.5). E ssencial m ente, a heterogeneidade alélica reflete o fato de que m uitas m u tações distin tas são capazes de alterar a e stru tu ra e a função das proteínas. Por esse m otivo, os m apas de m utações inativadoras de genes têm distribuição quase aleatória. A lgum as exceções são: (1) efeito do fundador, no qual a origem de m utação específica, que não afeta a capacidade reprodutiva, é identificada em um indivíduo; (2) pontos quentes para m utações, em que a natureza da seqüência de DNA predispõe a m utações recorrentes; e (3) m utações em alguns d o m ínios fu n d am en tais à função da p roteína. A heterogeneidade alélica cria um problem a prático p ara os testes genéticos, pois m u i tas vezes é necessário p ro c u ra r m utações em to d o o locus gênico, cuja estru tu ra varia em cada paciente. P o r exem plo, atualm ente há 1.795 m utações descritas p ara o gene CFTR (Fig. 61.7). A análise m utacional inicialm ente se concentra sobre um painel de m utações especialm ente freqüentes (geralm ente levando em consideração a origem étnica do paciente), m as u m resultado negativo não exclui a possibilidade de haver m utação em ou tra região do gene. D evem os estar cientes de que as análises m utacionais geralm ente se concen tram na região codificadora do gene, sem considerar as regiões re guladoras ou intrônicas. C om o as m utações causadoras de doenças podem estar localizadas fora das regiões codificadoras, os resulta dos negativos devem ser in terp retad o s com cautela. E spera-se que o advento de tecnologias de sequenciam ento m ais abrangentes facilite m uito as análises m utacionais. C o n tu d o , ou tro s desafios terão que ser enfrentados p o rq u e a detecção de u m a seqüência alterada nem sem pre é suficiente p ara estabelecer um papel causai.
Princípios da Genética Humana
Alelos, genótipos e haplótipos
Um haplótipo descreve um g ru p o de alelos estreitam ente liga dos em um locus do genom a (Fig. 61.8). Os haplótipos são úteis para rastrear a transm issão de segm entos genôm icos em fam ílias e pes quisar evidências de rearranjo gênico q u ando ocorre crossover entre os alelos (Fig. 61.3). Vários alelos do antígeno do locus de histocom patibilidade (HLA) no crom ossom o 6p são usados para estabelecer haplótipos associados a certas doenças. Por exem plo, a deficiência de 21-hidroxilase, a deficiência de com plem ento e a h em o cro m ato se estão associadas a h aplótipos específicos do HLA. Hoje se sabe que estes genes se e n co n tram bem pró x im o s do locus do HLA, o que explica a identificação das associações com HLA antes da clo nagem e localização dos genes de tais doenças. Em ou tro s casos, as associações específicas entre HLA e doenças, com o a espondilite anquilosante (HLA-B27) ou o diabetes m elito tipo 1 (HLA-D R4), refletem o papel de variantes alélicas específicas na predisposição a essas doenças autoim unes. A caracterização de haplótipos de SNPs com uns em num erosas populações de diferentes regiões do plane ta, obtida com o projeto H apM ap, representa um a nova ferram enta para estudos associativos criados p ara detectar os genes envolvidos na patogênese de distúrbios com plexos (Q u a d ro 61.1). A presença ou a ausência de certos haplótipos tam bém p o d em ser relevantes à padronização das opções nas terapias clínicas (farm acogenôm ica) ou às estratégias preventivas.
Heterogeneidade fenotípica
O co rre q u an d o m utações alélicas p ro duzem m ais de u m fenótipo (p. ex., m utações diferentes no m esm o gene) (Q u a d ro 61.4). Por exem plo, as lam inopatias são distúrbios m onogênicos m ultissistêm icos que resultam de m utações no gene L M N A que codifica as lam in as nucleares A e C. D oze d istúrbios autossôm icos d o m in a n te s e q u a tro au to ssô m ico s recessivos são causados p o r m utações n o gene L M N A , incluindo diversas form as de lipodistrofia, distrofia m u scu lar de E m ery-D reifuss, síndrom es com progéria, um a form a de d o e n ça n e u ro n al de C harcot-M arie-T ooth (tipo 2B1) e u m g ru p o de sín d ro m es superpostas. As an á lises hierárq u icas dos a g ru p a m e n to s revelaram que os fenótipos variam de acordo com a posição da m utação. De m o d o sem elhante, m utações idênticas do gene FGFR2 p o d e m gerar fe nó tipos bem
497
diferentes: a sín d ro m e de C ro u z o n (sinostose craniofacial) ou a sín d ro m e de Pfeiffer (acrocefalopolissindactilia).
QUADRO 61.4 Alguns exemplos de heterogeneidade de locus e heterogeneidade fenotípica Heterogeneidade fenotípica Gene, proteína
Fenótipo
Herança
OMIM
LMNA, lamina A/C
Distrofia muscular de Emery-Dreifuss (AD)
AD
181350
Lipodistrofia parcial familiar de Dunnigan
AD
151660 176670
KRAS
Progeria de Hutchinson-Gilford
AD
Síndrome de Wemer atípica
AD
150330
Miocardiopatia dilatada
AD
115200
Fibrilação atrial de início precoce
AD
607554
Distrofia muscular de Emery-Dreifuss (AR)
AR
604929
Distrofia muscular de cinturas (dos membros) tipo 1B
AR
159001
Charcot-Marie-Tooth tipo 2B1
AR
605588
Síndrome de Noonan
AD
163950
Síndrome cardiofaciocutânea
AD
115150
Heterogeneidade de locus Fenótipo
Gene
Localização cromossômica
Miocardiopatia hipertrófica familiar
MYH7
14q12
Miosina de cadeia pesada do tipo beta
TNNT2
1q2
Troponina-T2 Tropomiosina alfa
Genes que codificam proteínas sarcoméricas
Genética, Ambiente e Doenças
Genes que codificam proteínas não sarcoméricas
Doença do rim policístico
Síndrome de Noonan
TPM1
15q22.1
MYBPC3
11 p11q
Proteína C ligada à miosina
TNNI3
19q13.4
Troponina 1 Miosina de cadeia leve 2
MYL2
12q23-24.3
MYL3
3p
Miosina de cadeia leve 3
TTN
2q24.3
Titina cardíaca
ACTC
15q11
Actina alfa cardíaca
MYH6
14q1
Miosina de cadeia pesada alfa
MYLK2
20q13.3
Quinase da miosina de peptídio leve
CAV3
3p25
Caveolina 3
MTT1
Mitocondrial
Isoleucina do tRNA
MTTG
Mitocondrial
Glicina do tRNA
PRKAG2
7q35-q36
Subunidade ^ 2 AMP-ativada da proteinoquinase
DMPK
19q13.2-13.3
Miotonina proteinoquinase (distrofia miotônica)
FRDA
9q13
Frataxina (ataxia de Friedreich)
PKD1
16p13.3-13.12
Policistina 1 (AD)
PKD2
4q21-23
Policistina 2 (AD)
PKHD1
6p21.1 -p i 2
Fibrocistina (AR)
PTPN11
12q24.1
Proteína tirosina fosfatase 2c
KRAS
12p12.1
KRAS
Nota: AD, autossômico dominante; AR, autossômico recessivo.
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Proteína
Heterogeneidade de iocus (ou não alélica) e fenocópias A heterogeneidade não alélica ou de locus ocorre quando m utações em diferentes loci gênicos p roduzem um m esm o fenótipo patológico, que é freqüente quando mais de um gene produz su bunidades diferentes de um complexo interativo, ou quando genes distintos estão im plicados na m esm a cascata genética ou via fisiológica. Por exemplo, a osteogênese im perfeita pode advir de m utações de dois genes de pró-colágeno diferen tes (COL1A1 ou COL1A2), que residem em dois crom ossom os distintos (Cap. 363). Os efeitos das m utações que inativam esses dois genes são sem e lhantes, pois os produtos proteicos são duas subu nidades diferentes da fibra de colágeno helicoidal. As síndrom es de distrofia m uscular tam bém p o dem ser causadas p o r m utações de vários genes, o que explica p o r que sua transm issão pode ser ligada ao X (D uchenne ou Becker), autossôm ica d om inante (distrofia m uscular do tipo cinturas: 1) ou autossôm ica recessiva (distrofia m uscular do tipo cinturas: 2) (Cap. 387). A m aioria das distrofias m usculares tem com o causa m utações do DM D, um gene do crom ossom o X que codifica a distrofina, o que reflete o tam anho do gene e ex plica o fato de o fenótipo ser expresso apenas em hom ens hem izigotos, que têm som ente um a cópia do crom ossom o X. A distrofina está associada a um grande complexo proteico ligado ao citoesque leto associado à m em brana no m úsculo. As m u tações em diversos com ponentes desse complexo proteico tam bém podem causar distrofias m uscu lares. Essas doenças têm fenótipos distintos, m as o espectro de m anifestações clínicas produzido pelas m utações de diferentes genes se superpõe, produzindo heterogeneidade não alélica. Deve-se m encionar que as m utações na distrofiva tam bém causam heterogeneidade alélica. Por exemplo, as m utações do gene DM D podem causar a distrofia m uscular de D uchenne ou a distrofia m enos grave de Becker, dependendo da gravidade do defeito da proteína. O recon h ecim en to da heterogeneidade não alélica é im p o rtan te p o r vários m otivos: ( 1) com a inclusão de pacientes com fenótipos parecidos, m as doenças genéticas distintas, reduz-se a capa cidade de identificar os loci de doenças em estu dos de ligações genéticas; (2) os testes genéticos são m ais com plexos po rq u e é necessário avaliar vários genes, bem com o possíveis m utações dife rentes em cada gene candidato; e (3) obtêm -se n o vas inform ações acerca da interação dos genes e das proteínas, o que propicia percepções originais sobre a fisiologia m olecular. As fenocópias são alterações não genéticas que sim ulam um a doença genética. Por exemplo, algum as síndrom es neurológicas induzidas por toxinas ou drogas p o d em sim ular a doença de H untington, e a dem ência vascular possui algu m as características fenotípicas em com um com as form as hereditárias da doença de A lzheim er
(Cap. 371). Crianças que nascem com m utações ativadoras do recep tor do horm ônio estim ulante da tireoide (TSH-R) apresentam bócio e tireotoxicose sem elhantes aos que ocorrem na doença de Graves neonatal, cuja causa é a transferência de autoanticorpos m aternos para o feto (Cap. 341). Assim com o ocorre na heterogeneidade não alélica, é possível que a presença de fenocópias confunda os estudos de ligações e os testes genéticos. A história do paciente ou de altera ções sutis no fenótipo, m uitas vezes, pode fornecer indícios que dis tinguem essas doenças das afecções genéticas relacionadas.
Distúrbios cromossômicos Os distúrbios crom ossôm icos ou citogenéticos são causados p or aberrações num éricas ou estru tu rais nos crom ossom os. As v aria ções no núm ero de crom ossom os são causas com uns de abortos, de distúrbios do desenvolvim ento e de m alform ações. As síndromes de genes contíguos, isto é, grandes deleções que afetam diversos genes, têm sido utilizadas para identificar a localização de novos genes cau sadores de doença. Em razão do tam anho variável das deleções em pacientes distintos, a com paração sistem ática entre os fenótipos e os locais onde se en contram os p ontos de quebra da deleção perm ite m apear a localização de d eterm inados genes dentro da região genô m ica crítica. P ara a discu ssão acerca dos d istú rb io s relacionados com o n ú m ero e a e stru tu ra crom ossôm icos, ver o C apítulo 62.
Princípios da Genética Humana
Expressividade variável e penetrância incompleta Q uando u m a m es m a m utação genética causa m anifestações fenotípicas diversas em diferentes indivíduos, estam os dian te do fen ô m en o d en o m in a d o expressividade variável. É possível haver m anifestações diferentes de um a doença que envolva diversos órgãos (p. ex., N E M ), v a ria ção n a gravidade da doença (p. ex., fibrose cística) ou n a idade de início da doença (p. ex., doença de A lzheim er). A NEM -1 ilustra várias dessas características. As fam ílias com essa doença au to ssô m ica d om inante desenvolvem tum ores da glândula p aratireoide, do pâncreas endó crin o e da hipófise (Cap. 351). N o entanto, o padrão dos tum ores nas diversas glândulas, a idade de aparecim en to e o tipo de h o rm ô n io p ro d u zid o variam entre os indivíduos acom eti dos, inclusive em u m a m esm a fam ília. Nesse exem plo, a variabili dade fenotípica decorre, em parte, da necessidade de um a segunda m utação na cópia no rm al do gene M E N 1, e da am pla variedade de tipos celulares suscetíveis aos efeitos das m utações do gene M EN 1. Até certo ponto, a expressão variável reflete a influência de genes m odificadores, ou do restante da bagagem genética, sobre os efeitos de u m a dada m utação. M esm o em gêm eos idênticos, cuja constitui ção genética é essencialm ente a m esm a, a expressão de u m a doença genética p ode ser variável. As interações com o am biente tam bém influenciam a evolução de um a doença. Por exemplo, as m anifestações e a intensidade da hem ocrom atose variam segundo o consum o de ferro (Cap. 357), e a evolução da fenilcetonúria depende da exposição à fenilalanina na dieta (Cap. 364). O utras doenças m etabólicas, com o as hiperlipidem ias e a porfiria, tam bém estão nessa categoria. Por isso, m uitos m ecanism os, incluindo efeitos genéticos e influências am bientais, to rn am a expressividade variável. No aconselham ento genético, é im portante reconhecer tal variabilidade, pois nem sem pre é possível prever a evolução da doença m esm o quando a m utação é conhecida. O term o penetrância refere-se à proporção de indivíduos com genótipo m utante que expressa o fenótipo. Se todos os portadores de um m utante expressarem o genótipo, a penetrância será completa. A penetrância é dita reduzida ou incompleta se alguns pacientes não apresentarem característica algum a do fenótipo. Nas doenças do m i nantes com penetrância incom pleta, ocorrem saltos de gerações, e portadores sãos podem tran sm itir o gene m utante. U m exem plo é a m iocardiopatia obstrutiva hipertrófica causada p or m utações no gene da proteína C de ligação à miosina, um a doença dom inante cujas m a nifestações clínicas aparecem em apenas um subgrupo dos pacientes com a m utação (Cap. 237). Aqueles que sejam portadores da m u ta ção, ainda que sem nenhum a evidência da doença, podem transm iti-la às gerações seguintes. Em m uitas doenças de início pós-natal, a proporção de portadores do gene que apresentam a doença varia com a idade. Logo, ao descrever a penetrância, é preciso m encionar a ida de. Por exemplo, na doença de H u n tin g to n ou na esclerose lateral am iotrófica familiar, doenças que surgem tardiam ente na vida, a ida de em que é feita a avaliação clínica influencia a taxa de penetrância. A impressão genômica tam bém pode m odificar a p enetrância de um a doença (ver adiante). Por exemplo, em pacientes com osteodistrofia hereditária de A lbright, as m utações da subunidade G sa (gene GNAS1) têm expressão clínica apenas nos indivíduos que herdam a m utação de suas m ães (Cap. 353).
Fenótipos influenciados pelo sexo A lgum as m utações têm efeitos bem diferentes sobre h o m en s e m ulheres. Em alguns casos, isso ocorre porque o gene se encontra em um crom ossom o sexual X ou Y (doenças ligadas ao X ou ao Y). Por isso, o fenótipo dos genes li gados ao X que sofreram m utação se expressa totalm ente apenas nos indivíduos do sexo m asculino, e as m anifestações são variáveis nas m ulheres heterozigotas. A expressão no sexo fem inino depende do grau de inativação do X e da função do gene. Por exemplo, a m aioria das m ulheres heterozigotas com deficiência do fator V III (hemofilia A) é assintom ática, pois a p rodução do fator VIII é suficiente para prevenir um defeito na coagulação (Cap. 116). Já algum as m ulheres heterozigotas para o defeito do depósito lipídico ligado ao X, causado por deficiência de a-galactosidase A (doença de Fabry), apresentam sintom as leves de neuropatia dolorosa, além de outras m anifestações da doença (Cap. 361). C om o apenas os hom ens possuem o crom os som o Y, as m utações em genes, com o o SRY, que causa a reversão do sexo m asculino para o fem inino, ou o D A Z (deletado na azoosperm ia), que causa anorm alidades na esperm atogênese, são exclusivas dos hom ens (Cap. 349). O utras doenças têm sua expressão lim itada pelo sexo em razão da função diferencial do p ro d u to gênico em hom ens e m ulheres. As m utações que ativam o receptor do h o rm ô n io luteinizante causam puberdade precoce apenas nos m eninos (Cap. 346). Isto porque a ativação do receptor induz à produção de testosterona nos testícu los, m as não afeta o ovário im aturo. As m utações bialélicas inativa doras do receptor do h o rm ô n io foliculoestim ulante (FSH) causam insuficiência ovariana prim ária em m ulheres, pois os folículos não se desenvolvem na ausência de ação do FSH. Os hom ens com essa m u tação têm um fenótipo m ais sutil um a vez que produzem testosterona norm alm ente, o que perm ite a m aturação sexual. A esperm atogênese é apenas parcialm ente p rejudicada (Cap. 346). N a hiperplasia su prarrenal congênita, cuja causa m ais com um é a deficiência de 21-hi droxilase, há inibição da produção de cortisol, e o ACTH estim ula a glândula suprarrenal, a u m e n tan d o a pro d u ção dos precursores androgênicos (Cap. 342). Em m ulheres, o aum ento dos androgênios causa genitália am bígua, evidente ao nascim ento. Em hom ens, faz-se o diagnóstico com base na presença de insuficiência suprarrenal ao nascer, porque o nível aum entado de androgênio suprarrenal não altera a diferenciação sexual, ou m ais tarde na infância, em razão da puberdade precoce. A hem ocrom atose é m ais com um nos hom ens do que nas m ulheres talvez em razão das diferenças no consum o de ferro na dieta e das perdas associadas à m enstruação e gravidez em m ulheres (Cap. 357).
Doenças mendelianas monogênicas As doenças m onogênicas hu m an as com frequência são den o m in a das doenças mendelianas, um a vez que obedecem aos princípios da transm issão genética, o riginalm ente descritos p o r G regor M endel em sua obra clássica. O catálogo O M IM , co nstantem ente atualiza do, lista m ilhares dessas doenças e fornece inform ações acerca do
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Figura 62.1 A Cromossomo humano idealizado mostrando o centrômero (cen), os braços longo (q) e curto (p), e os telômeros (tel). B. Cariótipo humano em bandas G de uma mulher normal (46,XX).
Genética, Ambiente e Doenças
■ CITOGENÉTICA MOLECULAR A introdução das m etodologias de FISH no fim da década de 1980 revolucionou o cam po da citogenética. C om o regra, a FISH é sem e lhante a outras m etodologias de hibridização DN A -D N A . A sonda é m arcada diretam ente com u m fluorocrom o para p erm itir a detecção. Depois da etapa de hibridização, a am ostra é corada para contagem e as preparações são visualizadas com m icroscópio fluorescente.
Tipos de sonda FISH H á diversas sondas disponíveis para uso com FISH, com o pinturas para crom ossom os específicos (bibliotecas de crom ossom os), sondas repetitivas e sondas de cópia única (Fig. 62.2). As bibliotecas de cro m ossom os hibridizam -se com seqüências que transpõem p o r inteiro o crom ossom o a p a rtir do qual são derivadas e, em conseqüência, podem ser usadas para “p in tar” crom ossom os individuais. Sondas repetitivas reconhecem as seqüências de D N A am plifi cado presentes nos crom ossom os. As m ais c om uns são as sondas de D N A a -sa té lite s que co m p le m e n ta m as seqüências de D N A enco n trad as nas regiões centrom éricas de todos os crom ossom os hum anos. U m grande nú m ero de sondas de cópia única está disp o nível atualm ente, graças ao P rojeto G enom a H um ano. Essas so n das p o d em ser pequenas, do tam a n h o de 1 quilobase (kb), em bora n o rm alm en te sejam b em m aiores e acondicionadas em fosm ídeos (40 kb) ou em crom ossom os artificiais bacterian o s (BACs) (100 a 200 kb). As sondas m ais utilizadas estão disponíveis p ara com ercia lização, incluindo sondas p a ra rearran jo s específicos identificados em diversos cânceres.
Aplicações da FISH e da tecnologia de arranjo A m aioria das aplicações da FISH envolve hibridização de um a ou duas sondas de interesse com o p ro c ed im e n to auxiliar a técnicas convencionais de bandeam ento crom ossôm ico. C om relação a isso, pode-se usar a FISH para identificar crom ossom os específicos, ca racterizar dupücações ou deleções novas, e esclarecer rearranjos cro
510
m ossôm icos sutis. No entanto, sua m aior utilização na análise consti tucional é a detecção de m icrodeleções (ver adiante). Na citogenética do câncer, essa técnica é usada de form a extensiva na análise de rear ranjos estruturais. E m bora as técnicas de citogenética convencionais possam detectar algum as m icrodeleções, é essencial que a detecção inicial ou a confirm ação sejam feitas com FISH. De fato, desde que sondas de FISH apropriadas to rnaram -se disponíveis, a detecção das síndrom es de m icrodeleções aum entou significativam ente. Além da FISH na m etáfase, as células podem ser analisadas em um a variedade de estágios. Por exem plo, pode-se usar a análise na interfase para diagnóstico rápido em casos cujas preparações de cro m ossom os em m etáfase ainda não estejam disponíveis (p. ex., análise na intérfase do líquido am niótico). A análise na intérfase tam bém aum enta o núm ero de células disponíveis para o exame, perm ite in vestigar a organização nuclear e fornece resultados quando as células não progridem para a m etáfase. Um tipo especializado de análise em intérfase envolve a aplicação da FISH em cortes em bebidos em para fina, procedim ento que preserva a arquitetura do tecido. Recentem ente, o uso da FISH na intérfase aum entou muito, p rin cipalm ente na análise de am ostras de am niocentese. Esses estudos são realizados em líquido am niótico não cultivado, usando norm al m ente sondas de DNA específicas para os crom ossom os mais fre quentem ente identificáveis nas trissom ias (crom ossom os 13, 18, 21, X e Y). Esses estudos po d em ser realizados rapidam ente (24 a 48 h o ras) e diagnosticam cerca de 60% das anorm alidades detectadas no período pré-natal. O u tra área em que a análise da intérfase é usada rotineiram ente é a citogenética do câncer (Cap. 83). M uitas translo cações em locais específicos estão associadas a determ inados tipos de câncer. Por exemplo, existem sondas disponíveis para o oncogene de Abelson (Abi) e a região de pontos de quebra (bcr) envolvidos na leucem ia m ieloide crônica (LM C); estas sondas são marcadas, res pectivam ente, com verm elho e verde; a fusão de tais genes na LMC m istura cores fluorescentes, sendo identificada com o um sinal am a relo de hibridização.
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Figura 62.2 Exemplos das diferentes aplicações da hibridização in situ por fluorescência (FISH) para as preparações em metáfase e em interfase. A,
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B. Detecção de aneuploidia: FISH na interfase que usa sondas monossequenciais específicas para os cromossomos 13 (verde) e 21 (vermelho) sobre células na in terfase obtidas diretamente do líquido amniótico. Em “A” (uma célula normal), são observados dois sinais para ambos os cromossomos 13 e 21; em “B” , podem ser observados 3 sinais para o cromossomo 21, indicando feto com trissomia do 21. C. Detecção de aneuploidia: FISH de duas cores com sondas para o telômero a partir dos braços curto (verde) e longo (vermelho) do cromossomo 8. A hibridização com tais sondas demonstra fluorescência em ambas para 3 cromossomos distintos, indi
cando a presença de trissomia do 8 neste indivíduo. D. Detecção de microdeleção: é utilizada FISH de duas cores para a detecção de microdeleção no cromossomo 22 associada à síndrome velocardiofacial (VCF). Uma sonda para ARSA (um locus na porção distai do cromossomo 22, visualizado como um sinal verde) é observada em ambos os cromossomos 22. Entretanto, uma sonda para TUPLE1 (um locus dentro da região VCF do cromossomo 22, visualizado em vermelho) hibridiza-se apenas com o cromossomo normal. £ Caracterização de rearranjos estruturais: utilizou-se a M-FISH (FISH multicolorida) para detectar um rearranjo cromossômico complexo que envolve uma translocação entre os cromossomos 6 e 16, assim como uma translocação e uma inversão envolvendo os cromossomos 2 e 10.
Além da análise-padrão pela FISH na m etáfase e na intérfase, foram criadas diversas técnicas avançadas para tipos específicos de análise, com o as técnicas m ulticoloridas de FISH, pin tu ra reversa, FISH em fibra e hibridização genôm ica com parativa. As técnicas de cariotipagem espectral (SKY) e FISH multicolorido (FISH -m ) usam sondas m arcadas de m aneira com binatória que criam um a cor ú n i ca para cada crom ossom o. Essa tecnologia é útil na identificação de m aterial crom ossôm ico desconhecido (com o crom ossom os m arca dores acessórios contendo m aterial adicional), m as tem sido usada
com m aior frequência para os rearranjos com plexos observados nas am ostras de câncer. A FISH em fibra é um a técnica na qual os crom ossom os são m e canicam ente alongados usando diversos m étodos disponíveis. P ro porciona m aior resolução n a análise em com paração com a FISH convencional. A hibridização genôm ica com parativa (C G H ) com FISH é um m étodo que só pode ser usado quando há disponibilidade de DNA da am ostra em questão. Toda a am ostra de DNA a ser estudado é
Distúrbios Cromossômicos
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Figura 62.3 Análise de arranjos para diagnosticar anormalidades de cro mossomos humanos. Detecção de deleção de 533 kb em 17q21.31 que inclui o gene MAPT, responsável por uma síndrome de microdeleção recentemente descrita.
0 arranjo de SNP ilustra a deleção em razão de alterações na razão log2, diferença no alelo, atenuação de sinal e alteração no número de cópias.
m arcada com um a cor (p. ex., verde), e a am ostra de DNA norm al, usado com o controle, com outra cor (p. ex., verm elho). Os fragm en tos são m isturados em quantidades iguais e hibridizados em crom os som os norm ais na m etáfase. A proporção verm elho-verde é analisa da p o r um program a de com putador que d eterm ina onde o DNA em questão pode ter ganhos ou perdas de m aterial. Atualm ente, m uitas das tecnologias FISH estão sendo superadas pela análise de arranjos descrita a seguir. A principal evolução para o exam e dos crom ossom os hum anos ocorreu com o u m a extensão das tecnologias H G C FISH. Inicial m ente, para o desenvolvim ento dos arranjos de H G C utilizaram -se protocolos sem elhantes aos da H G C FISH padrão, exceto pelo fato de o DNA de teste ser hibridizado com DNAs distribuídos sobre ar ranjos e não hibridizados com crom ossom os norm ais. Esses arranjos representam um a evolução natural para am bas as análises citogené tica e FISH, já que proporcionam u m a análise com pleta do genom a (assim com o faz a análise citogenética), m as com m aior resolução. H á diversos tipos diferentes de arranjos. Os arranjos de H C G u ti lizam BACs ou oligonucleotídios, en q u an to os arranjos de g enoti pagem (arranjos de SNP) utilizam p o lim orfism os de nucleotídio único (Fig. 62.3). A resolução desses arranjos pode chegar a 50 kb, m uito além do que a obtida com a análise crom ossôm ica convencio nal. Essa tecnologia tem sido usada para estudar incom patibilida des crom ossôm icas crípticas em pacientes com deficiência m ental e m últiplas anom alias congênitas, assim com o para o diagnóstico pré-natal. Tam bém tem sido utilizada para detectar m icrodeleções e m icroduplicações no câncer e em distúrbios genôm icos ainda não identificados. Essa tecnologia ainda está em desenvolvim ento, m as
finalm ente se tornará o m étodo inicial para a investigação das an o r m alidades constitucionais.
INDICAÇÕES DA ANÁLISE CITOGENÉTICA As principais indicações para a análise do cariótipo variam segun do o estágio de desenvolvim ento/idade do concepto/indivíduo sob investigação. U m a aplicação especialm ente im p o rta n te é no diag nóstico pré-natal (sobretudo em gestações de m ulheres com mais idade ou daquelas consideradas sob m aior risco nas m odalidades de rastream ento), por m eio da pesquisa de anorm alidades crom ossôm i cas nas vilosidades coriônicas de fetos no prim eiro trim estre ou no líquido am niótico de fetos no segundo trim estre. A m ostras tecidu ais de fetos abortados espontaneam ente ou de natim ortos tam bém podem ser exam inadas à p ro cu ra de anorm alidades cromossôm icas. Tem-se usado cada vez m ais a citogenética na intérfase (com FISH) para estudar blastôm eros individuais de em briões pré-im plantação (nas gestações realizadas com fertilização in vitro), o que possibilita a detecção de em briões aneuploides ou estruturalm ente não balan ceados, ou, no caso dos distúrbios ligados ao sexo, a identificação de conceptos m asculinos; esses em briões assim identificados não devem ser im plantados para dar início à gravidez. Entre lactentes e crianças em geral, exam ina-se o sangue perifé rico, mais frequentem ente em indivíduos com anorm alidades fenotípicas específicas. Por exem plo, pode-se usar a análise do cariótipo para a confirm ação ou exclusão de um a síndrom e crom ossôm ica específica (p. ex., trissom ia do 21); nos pacientes com atraso psicom o to r sem explicação, com ou sem características dism órficas; nos
casos de distúrbios m onogênicos associados a deficiência m ental e/ ou características dism órficas; e com anorm alidades da diferenciação e desenvolvim ento sexual. Além disso, as análises de arranjos estão sendo cada vez. m ais usadas em pacientes com autismo. Em adultos, pode-se exam inar o sangue periférico dos pacientes com infertilidade ou abortos recorrentes, u m a vez que an orm alida des crom ossôm icas podem acarretar parada m eiótica ou gam etas ge neticam ente não balanceados. Um ram o im portante da citogenética dedica-se à análise da m edula óssea, do sangue periférico não esti m ulado e dos linfonodos de tum ores, pois as anorm alidades crom os sôm icas são um correlato com um de leucem ia, linfom a e tum ores sólidos (Cap. 83).
EXAME CITOGENETICO NO DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL
N.do T.: Proteína plasmática A associada à gravidez.
Anormalidades cromossômicas (frequência) Achados ultrassonográficos Ultrassonografia anormal (inespecífica)
Média (%)
Variação nos diferentes estudos (%)
16
13 a 35
Onfalocele
39
26 a 54
Higroma cístico
68
46 a 78
Cardiopatia congênita
30
8 a 40
Cisto do plexo coroide
5
4 a 10
terceiro trim estres da gestação. G eralm ente, é realizada quando são detectadas alterações ultrassonográficas no final do segundo tr i m estre. Tam bém é realizada quando os resultados citogenéticos da am niocentese precisam ser esclarecidos, com o nos casos em que é detectado m osaicism o.
ANORMALIDADES CROMOSSÔMICAS ■ CROMOSSOMOS EM DIVISÃO CELULAR Para co m p reen d er a etiologia das a n o rm alid ad es crom ossôm icas, é im p o rta n te rever o m o v im e n to dos crom ossom os d u ra n te a d i visão celular. N os tecidos som áticos, os crom ossom os se replicam d u ran te a fase S do ciclo celular, de m o d o que cada crom ossom o replicado consiste em duas c ro m átid es-irm ãs idênticas. Q u an d o a célula entra em m itose, cada u m dos 46 crom ossom os se alinha na placa da m etáfase, com os centrôm eros co -orientados em direção a polos opostos do fuso (Fig. 62.4). Na anáfase, as crom átides-irm ãs se separam , e cada célula-filha recebe u m a cro m átid e-irm ã de cada um dos 46 crom ossom os. A segregação crom ossôm ica é m ais com plicada n a divisão de um a célula germ inativa, já que o n ú m ero de crom ossom os deve ser reduzido de 46 para 23 n o s esperm atozoides e ovócitos m aduros, o que é feito em dois ciclos de divisão - m eiose I e m eiose I I (Fig. 62.4). Na m eiose I, os crom ossom os hom ólogos pareiam -se e tro cam m aterial genético para, então, se alinharem sobre a placa e qua torial da m etáfase e, p o r fim , se separarem uns dos outros. Assim, ao fim da m eiose I, apenas 23 dos 46 crom ossom os originais ficam representados em cada u m a das células-filhas. A m eiose I I sucede rapidam ente à m eiose I e é essencialm ente u m a “m itose haploide”, envolvendo a separação das c ro m átid es-irm ãs em cada um dos 23 crom ossom os. Em bora a base da m eiose seja a m esm a em am bos os sexos, exis tem algum as distinções im portantes, principalm ente no m om ento de ocorrência das divisões m eióticas. N os hom ens, a m eiose se inicia na puberdade e continua p o r to d a a vida, m as, nas m ulheres, a m eiose começa antes do nascim ento com os ovócitos prosseguindo ao longo dos prim eiros estágios da m eiose I, m as esta sendo interrom pida no m eio da prófase. Na época do nascim ento, a prim eira divisão m eióti ca encontra-se suspensa nos ovócitos. Som ente após a ovulação, m ui tos anos depois, os ovócitos com pletam a m eiose I e prosseguem para a m etáfase da m eiose I I ; se fertilizado, o ovócito então com pleta a m eiose II. Por isso, nas m ulheres a conclusão da m eiose I leva no m í nim o 10 a 15 anos e pode alcançar 40 a 45 anos. O aum ento da inci dência de trissom ia relacionado com a idade m aterna provavelmente é um a conseqüência desse processo dem orado de divisão celular.
Distúrbios Cromossômicos
A grande m aioria dos estudos diagnósticos pré-natais é feita para excluir um a anorm alidade crom ossôm ica, m as as células tam bém podem ser reproduzidas para estudos bioquím icos ou análises m o leculares do DNA. Três procedim entos são usados a fim de obter am ostras para o pré-natal: am niocentese, coleta de am ostra das vi losidades coriônicas (CAVC) e coleta de am ostra do sangue fetal. A am niocentese é o procedim ento m ais frequentem ente usado, sendo realizada norm alm ente com 15 a 17 sem anas de gestação. Em alguns casos, faz-se um a am niocentese precoce entre 12 e 14 sem anas, para antecipar os resultados, em bora nesses casos sejam obtidos volum es m enores de líquido. A am niocentese precoce implica risco m aior de aborto espontâneo ou de lesão fetal, m as os resultados são obtidos mais precocem ente durante a gravidez. A im ensa m aioria das am niocenteses é feita no contexto de ida de m aterna avançada, o correlato m ais bem conhecido da trissom ia (ver adiante). O utras razões que p odem levar à am niocentese são “ensaio com m arcador triplo ou quádruplo” anorm al e/ou detecção de anorm alidades à ultrassonografia. No segundo trim estre, os níveis de gonadotropina coriônica hum ana (H CG ), a -fetoproteína e estriol não conjugado (e, no ensaio quádruplo, inibina) no soro m aterno são dosados e ajustados à idade m atern a para serem usados com o preditores do risco de trissom ia 21 ou trissom ia 18 no feto. Recente m ente, tem -se realizado o rastream ento do prim eiro trim estre com m edição da translucência nucal e dosagem de PAPP-A* e HCG para identificar as gestantes com m aior risco. Q uando integrados, os tes tes de prim eiro e segundo trim estres identificam aproxim adam ente 93% dos casos de trissom ia 21. As anorm alidades detectadas com u l trassonografia, quando encontradas no segundo trim estre, tam bém podem estar associadas a defeitos crom ossôm icos. H avendo um a anorm alidade inespecífica à ultrassonografia, o risco estim ado de um defeito crom ossôm ico é de aproxim adam ente 16%. O Q u a d ro 62.1 apresenta as associações entre anorm alidades crom ossôm icas e tipos específicos de achados ultrassonográficos anorm ais. A CAVC é o segundo p ro c ed im e n to m ais c o m u m p a ra d iag nóstico pré-natal de alterações genéticas. Por ser norm alm en te rea lizado ao red o r de 10 a 12 sem anas de gestação, tal procedim ento p erm ite a detecção precoce de an o rm alid ad es e u m a in te rru p çã o m ais segura da gestação, quando desejada. Esse m éto d o é relativa m en te seguro (abortos espontâneos, < 0,5 a 1%). C o n sid eran d o a m aior incidência de m alform ações nos m em bros q u an d o o m étodo é realizado m ais cedo (< 1 0 sem anas de gestação), a CAVC pode ser realizada apenas em um c u rto p e río d o da gestação. A técnica envolve o uso de um cateter transvaginal; aproxim adam ente 25 m g de vilosidades são aspirados do có rio n fro n d o so (a p a rte fetal da placenta). C om o acréscim o de colchicina diretam ente aos citotrofoblastos em rápida divisão, é possível a obtenção do resultado em 24 a 48 horas. Os achados desses proced im en to s devem ser co n fir m ados p or análises de células m esenquim ais cultivadas, já que sua origem fetal é m ais confiável. A coleta percutânea de am ostra do sangue um bilical (CPASU) é um m étodo usado para obter sangue fetal du ran te o segundo e o
QUADRO 62.1 Frequência das anormalidades cromossômicas identificadas com base em achados ultrassonográficos anormais
■ INCIDÊNCIA E TIPOS DE ANORMALIDADES CROMOSSÔMICAS Erros na meiose, ou nas divisões iniciais p o r clivagem, ocorrem com um a frequência extraordinária. Pelo m enos 10 a 25% das gestações, por exemplo, envolvem conceptos com crom ossom os anorm ais. Uma
513
sôm icas estruturais são bem m enos freqüentes, em bora m uitos dos distúrbios crom ossôm icos clínicos m ais im portantes envolvam rear ranjos estruturais (ver adiante). Inegavelm ente, a a n o rm a lid a d e m ais co m u m é a trissom ia, identificada em cerca de 25% dos abortos espontâneos e em 0,3% dos recém -nascidos. F oram identificadas trissom ias relacionadas com todos os crom ossom os em em briões ou em fetos, m as há um a grande variação na frequência p ara os diversos crom ossom os. Por exemplo, a trissom ia do 16 é m uito com um , respondendo p o r 33% das trissom ias ocorridas em abortos espontâneos, enquanto as tris som ias do 1, do 5, do 11 e do 19 foram identificadas com frequências m uito m enores. Existem evidências que sugerem duas causas para essa variação: ( 1) alguns crom ossom os (p. ex., o crom ossom o 16) têm m aior propensão à separação anorm al ou a sofrer não d isju n ção durante a m eiose do que outros; e (2) o potencial de desenvolvi m ento varia m uito entre os diferentes distúrbios trissôm icos, sendo alguns elim inados m uito precocem ente du ran te a gestação, outros sobrevivendo até o m om ento da identificação clínica da gestação, e outros (p. ex., trissom ias do 13, 18, 21 e dos crom ossom os sexuais) chegando a term o.
Figura 62.4 Separação dos cromossomos na meiose. A. Na meiose I, cada um dos 23 pares de cromossomos encontra seu “parceiro” ou homólogo e troca material genético (recombinação). Na metáfase, todos os pares homólogos se ali nham sobre a placa equatorial; na anáfase, os membros dos pares homólogos se separam uns dos outros. Assim, ao final da meiose I, cada célula-filha contém 23 cromossomos, e cada um deles é formado por duas cromátides-irmãs. B. Na meiose II, todos os cromossomos se alinham na placa metafásica, e na anáfase todas as cromátides-irmãs se separam. Assim, ao final da meiose II, cada célula-filha (p. ex., o ovócito ou o espermatócito) contém 23 cromossomos, e cada um deles é formado por uma cromátide-irmã. Na mitose, os cromossomos se comportam exatamente como na meiose II, exceto pelo fato de que as células somáticas em divisão contêm 46 cromossomos e não 23, como ocorre nas células em meiose II.
Genética, Ambiente e Doenças 514
SÍNDROMES CROMOSSÔMICAS E m bora a m aioria dos conceptos com anorm alidades crom ossôm i cas pereça in utero, vários distúrbios são com patíveis com a sobrevi da a term o. Entre estes, os m ais bem caracterizados são as a n o rm a lidades num éricas que envolvem p e rd a ou ganho de crom ossom os individuais e anorm alidades resultantes de translocações não balan ceadas. A FISH, a análise de arranjos e outros exam es m oleculares identificaram dois “novos” tipos de an o rm alid ad e crom ossôm ica, norm alm ente referidos com o síndromes de microdeleção e síndromes de impressão (imprinting).
■ ANORMALIDADES NUMÉRICAS
P raticam ente todos os tipos de ano rm alid ad e n u m érica são elim i nados no p eríodo pré-natal, de m o d o que apenas os que envolvem grande proporção desses não ultrapassa os prim eiros estágios da gra autossom os pequenos, com poucos genes, ou crom ossom os sexuais videz, e m uitas dessas gestações passam despercebidas. E ntretanto, são identificados com algum a frequência entre os nascidos vivos. m esm o nas gestações clinicam ente identificadas, cerca de 10% dos Clinicam ente, a m ais im p o rta n te delas é a trissom ia do 21, a causa fetos são crom ossom icam ente não balanceados. O Q u ad ro 62.2 resu m ais freqüente da síndrom e de Dow n. C onform e a faixa etária m a m e as frequências de diferentes anorm alidades crom ossôm icas para terna da população e a utilização de exam es pré-natais, a incidência da trissom ia do 21 varia de 1/600 até 1/ 1.000 nascidos vivos, o que os três tipos de gestação identificados clinicam ente - aborto espontâ neo, natim orto e nascido vivo. a to rn a a an orm alidade crom ossôm ica m ais com um nesse grupo. As anorm alidades m ais com uns são as num éricas, que envolvem C om o na m aioria das trissom ias, a incidência da trissom ia do 21 fetos com crom ossom os adicionais (trissomia) ou ausentes (monossocorrelaciona-se fortem ente com a idade m aterna, v ariando desde mia), ou tam bém aqueles com um (triploidia) ou dois (tetraploidia) 1/1.500 nascidos vivos em m ulheres aos 20 anos de idade até 1/30 conjuntos adicionais de crom ossom os. As anorm alidades crom os para m ulheres > 45 anos. A lém da trissom ia do 21, apenas outras duas trissom ias, a do 13 e a do 18, incidem com algum a frequência nos nascidos vivos. As taxas de inci QUADRO 62.2 Frequência e distribuição das anorm alidades crom ossôm icas nos diferentes dência p ara as trissom ias do 13 e do tipos de gestação clinicam ente identificáveis 18 são, respectivam ente, 1/ 20.000 e Frequência da anormalidade 1/10.000. D iferentem ente da trisso m ia do 21, associada a expectativa de Probabilidade vida quase norm al, as trissom ias do de sobrevida Aborto 13 e 18 estão associadas a m orte na Nascido vivo a termo (%) Anormalidade cromossômica espontâneo Natimorto infância, geralm ente d u ra n te o p ri 0,3 5 25,1 4,0 Trissomias (todas) m eiro ano de vida. 0,14 15 2,7 +13,18,21 4,5 Três trissom ias dos crom ossom os sexuais - 47,XXX, 47,XXY (síndrom e 0 +16 7,5 — — de K linefelter) e 47,XYY - são b as 1 0,01 8.7 Monossomia de cromossomo 0,1 tan te com uns, cada um a acom eten sexual (45, X) do cerca de 1/ 2.000 recém -nascidos. 0 Triploidia 6,4 0,2 — De to d o s os distúrbios trissôm icos, 0 Tetraploidia 2,4 — — estes são os três que possuem m enos 45 Anormalidade estrutural 0,3 2,0 0,8 com plicações fenotípicas. Na verdade, 5 0,6 Todas as anormalidades 50,0 com exceção da infertilidade na sín5,1
QUADRO 62.3 Estudos da origem parental e do estágio meiótico/mitótico das trissomias humanas bem como da monossomia do cromossomo sexual Origem (%) Meiose paterna I
Meiose materna
II
I
II
Mitótica
Trissomia 2
28
—
54
13
6
7
—
—
17
26
57
15
—
15
76
9
—
16
—
1
96
3
—
18
—
—
33
56
11
21
3
5
67
22
2
22
3
—
94
3
—
XXY
46
—
38
14
3
XXX
—
6
60
16
18
Monossomia X*
80
20
'Resultados relativos a indivíduos 45,X não mosaicos.
Origem e etiologia das anormalidades numéricas Na últim a década, vários estudos utilizaram polim orfism os do DNA para investigar a origem de diferentes tipos de anorm alidade autossô m ica (Fig. 62.5). Os tipos m ais investigados foram as anorm alidades num éricas (Q u a d ro 62.4). A m onossom ia do crom ossom o sexual geralm ente é causada pela p e rd a do crom ossom o sexual paterno, independentem ente de o concepto chegar a term o ou ser abortado espontaneam ente. As trissom ias apresentam um a notável variação na origem p a rental. Por exemplo, a não disjunção paterna é responsável p or q u a se 50% dos casos de 47,XXY, m as apenas p o r 5 a 10% dos casos de trissom ia do 13, do 14, do 15, do 21 e do 22; é m uito raro encontrar a origem do crom ossom o adicional n a trissom ia do 16. D o m esm o m odo, existe um a considerável variedade no estágio m eiótico de o ri gem. Por exemplo, todos os casos de trissom ia do 16 parecem ser de correntes de erros n a m eiose I, enquanto, p ara a trissom ia do 21,33% dos casos estão associados a erros na m eiose II, e, para a trissom ia do 18, a m aioria dos casos encontra-se aparentem ente ligada à não disjunção na m eiose II. A pesar dessa variação nas origens m eiótica e parental, a não disjunção n a m eiose I m atern a parece ser a causa mais com um de trissom ia.
Distúrbios Cromossômicos
drom e de Klinefelter (Cap. 349), é provável que a m aioria das pessoas com esses distúrbios trissôm icos passe despercebida. O crom ossom o Y extra na trissom ia 47,XYY é pequeno e contém poucos genes. A m aioria dos genes ligados ao Y está envolvida no desenvolvim ento testicular ou na esperm atogênese. Assim, o desequilíbrio na q u a n tidade de genes ligados ao Y apresenta relativam ente pouco efeito sobre outros processos do desenvolvim ento. O genótipo 47,XYY está associado a estatura aum entada. Seu papel no com portam ento antissocial, inicialm ente proposto em razão de sua m aior prevalência na população carcerária, não está esclarecido. Nos distúrbios 47,XXX e 47,XXY, a situação é diferente - o cro m ossom o X contém > 1.000 genes, m uitos deles essenciais ao d e senvolvim ento norm al. C om o podem , então, os indivíduos 47,XXX e 47,XXY ser pou p ad o s das terríveis conseqüências do deseq u i líbrio da dose? A resposta está na biologia da expressão dos genes do crom ossom o X. Nas m ulheres norm ais, um dos crom ossom os X é inativado nas células som áticas. A inativação do crom ossom o X patern o ou m aterno acontece ao acaso em cada célula som ática e, p o r isso, serve com o um m ecanism o de com pensação de dose, ga rantindo que hom ens e m ulheres ten h am expressão igual da m aioria dos genes ligados ao X. O processo de inativação ocorre du ran te o desenvolvim ento, no estágio de blastocisto; antes disso, os dois c ro m ossom os X são ativos. Além disso, nem todos os genes ligados ao X são inativados. Alguns genes do crom ossom o X “escapam ” do m eca nism o de inativação e são expressos p o r am bos os crom ossom os X. Em distúrbios com o a síndrom e de Klinefelter, alguns genes podem ser expressos a p artir dos dois crom ossom os X, p ro d uzin do suas ca racterísticas fenotípicas. Com o regra, os distúrbios m onossôm icos são incom patíveis com o desenvolvim ento fetal; em conseqüência, as m onossom ias autos sôm icas raram ente são identificadas e, quando o são, a identificação se dá apenas nos abortos espontâneos, não sendo encontradas e n tre os nascidos vivos. Na verdade, a única m onossom ia com patível com o nascim ento vivo é o distúrbio 45,X, que causa a síndrom e de Turner. A constituição crom ossôm ica 45,X ocorre com frequência surpreendentem ente alta e está presente em pelo m enos 1 a 2% das gestações. Mais de 99% dos conceptos 45,X sofrem aborto espontâ neo. Assim, os nascidos vivos com o distúrbio 45,X representam um pequeno grupo de sobreviventes. O fenótipo 45,X é brando, prova velm ente porque a segunda cópia de m uitos genes do crom ossom o X norm alm ente é inativada. A síndrom e de Turner causa disgenesia gonadal, que resulta em infertilidade e ausência dos caracteres sexuais secundários, além de um a série de outras características fenotípicas (Cap. 349). Várias outras anorm alidades estruturais do crom ossom o X, com o deleções, isocrom ossom o X ou crom ossom os em anel, p o dem causar síndrom e de Turner. Tam bém é possível a ocorrência de m osaicism os, com o o 45,X/46,XX, 45,X/47,XXX, 45,X/46,XY, entre outros (ver adiante), contribuindo para o espectro fenotípico da sín drom e de Turner. C om o as anorm alidades num éricas se originam na m eiose (Q u a d ro 62.3), nos indivíduos acom etidos há crom ossom os ausentes ou extras em todas as células. Em um pequeno núm ero de casos, é possí vel haver um evento de não disjunção m itótica em um estágio preco ce em pacientes cuja constituição crom ossôm ica inicial era norm al. C om o alternativa, um evento de não disjunção m itótica “norm alizad or” pode resultar em um com plem ento crom ossôm ico n orm al em algum as células de um em brião. Em am bas as situações, o em brião é um mosaico, com algum as células exibindo um a constituição cro m ossôm ica norm al, e outras um núm ero aneuploide de crom osso m os. As conseqüências fenotípicas são difíceis de prever porque de pendem do m om ento de ocorrência da não disjunção bem com o da distribuição das células norm ais e anorm ais nos diferentes tecidos. Entretanto, o m osaicism o pode levar a anorm alidades clínicas indis tinguíveis das presentes nas pessoas sem m osaicism o (p. ex., quase 5% dos casos de síndrom e de D ow n envolvem pacientes com tris som ia do 21 em mosaico, e cerca de 15% das pessoas com síndrom e de T urner são m osaicos para várias constituições dos crom ossom os sexuais, conform e descrito anteriorm ente).
Idade materna e trissomia A associação direta entre idade m aterna e ocorrência de trissom ia é o fator etiológico m ais im portante nos distúrbios crom ossôm icos con gênitos. Entre as m ulheres com m enos de 25 anos de idade, cerca de 2% das gestações clinicam ente identificadas são trissôm icas; no e n tanto, até os 36 anos, esse núm ero aum enta para 10% e até os 42 anos, para m ais de 33% (Fig. 62.6). Tal associação entre idade m aterna avançada e trissom ia existe independentem ente de outros aspectos, com o raça, fatores geográficos e socioeconôm icos, sendo provável que afete a separação de todos os crom ossom os. Apesar da im portância da idade avançada, sabe-se pouco sobre o m ecanism o que leva à separação crom ossôm ica anorm al. Com o visto anteriorm ente, acredita-se que o fenôm eno tenha origem n a meiose I em razão do prolongam ento do tem po até a sua conclusão nas m ulhe res (com frequência > 40 anos), e estudos recentes sugerem que possa estar associado a alterações no crossing-over meiótico. Na trissom ia do 21, por exemplo, os padrões de crossing-over parecem ser igualm en te anorm ais em mães jovens e com m ais idade de filhos trissôm icos.
515
esse m odelo sugere que o processo não disjuncional é o m esm o nas m ulheres jovens e nas mais velhas, mas ocorre com m aior frequência com o aum ento da idade, possivelm ente em razão da degradação das proteínas m eióticas dependente da idade.
■ ANORMALIDADES ESTRUTURAIS CROMOSSÔMICAS
A
B
Figura 62.5 Uso da tecnologia do DNA para determinar a origem de anor malidades cromossômicas. A. A análise de um polimorfismo do DNA específico para o cromossomo 21 demonstra que o indivíduo trissômico recebeu 2 cromos somos 21 da mãe e um do pai; assim, o cromossomo 21 extra originou-se de um erro na ovogênese. B. Herança de um polimorfismo do DNA específico para o cromossomo 15 em um indivíduo com síndrome de Prader-Willi (SPW). 0 indivíduo acometido recebeu 2 cromossomos 15 maternos, mas nenhum paterno; por isso, diz-se que o indivíduo apresenta dissomia uniparental materna do 15, uma causa comum para a SPW.
Genética, Ambiente e Doenças 516
Assim, sugeriu-se que possa haver duas etapas, ou “eventos”, d istin tas envolvidas na não disjunção relacionada com a idade m aterna. A prim eira etapa, independente da idade, envolveria o estabelecim ento de um a configuração de crossover “vulnerável” no ovócito fetal; a se gunda, dependente da idade, envolveria um processam ento anorm al da estrutura bivalente vulnerável na m etáfase I. Se estiver correto,
QUADRO 62.4
Os rearranjos estruturais envolvem quebra e reunião de crom osso m os. E m bora m enos com uns que as anorm alidades num éricas, re presentam um desafio a m ais do p onto de vista do aconselham ento genético, o que ocorre porque as anorm alidades estruturais, diferen tem ente das num éricas, p o d em estar presentes em u m a form a “ba lanceada” em pacientes clinicam ente norm ais, porém transm itidas na form a “não balanceada” p ara os descendentes, resultando, então, em um a form a hereditária de anorm alidade crom ossôm ica. Os rearranjos podem envolver trocas de m aterial entre diferen tes crom ossom os (translocações) ou perda, ganho ou rearranjos de crom ossom os individuais (p. ex., deleções, duplicações, inversões, anéis ou isocrom ossom os). As translocações têm im p o rtân cia clíni ca e envolvem dois tipos básicos: rob ertso n ian o e recíproco. Os re arranjos robertsonianos são um a classe especial de translocação na qual os braços longos de dois crom ossom os acrocêntricos (crom os som os 13, 14, 15, 21 e 22) se juntam , gerando um a fusão cêntrica do crom ossom o que contém virtualm ente todo o m aterial genético dos dois crom ossom os originais. Se a translocação robertsoniana estiver presente na form a não balanceada, sobrevêm um concepto m onossôm ico ou trissôm ico. Por exem plo, cerca de 3% dos casos de síndrom e de D ow n são atribuíveis a translocações robertsonianas não balan ceadas, envolvendo m ais frequentem ente os crom ossom os 14 e 21. Nesse exemplo, o indivíduo acom etido apresenta 46 crom ossom os, incluindo um crom ossom o 14 e stru tu ra lm e n te norm al, dois cro m ossom os 21 com estruturas norm ais e u m a fusão de crom ossom os 14/21. Tal efeito leva a um a dose diploide norm al p ara o crom ossom o 14 e triplicação do crom ossom o 21, resultando, assim , na síndrom e de Down. De m odo sem elhante, um a pequena quantidade de in d i víduos com síndrom e da trissom ia do 13 é clinicam ente afetada em
Algumas síndromes de microdeleção e de microduplicação frequentemente identificadas - análise FISH
Síndrome
Localização citogenética
Síndrome de Langer-Giedion
Principais manifestações
Efeitos da impressão (im printing)
8q24.1 (dei)
Cabelos esparsos, nariz globoso, deficiência mental variável
Não
Complexo WAGR
11 p i 3 (dei)
Tumor de Wilms. aniridia, distúrbios geniturinários, deficiência mental
Não
Síndrome de Beckwith-Wiedemann
11 p15 (dup)
Macrossomia, macroglossia, onfalocele
Sim, ocasionalmente associada a “ dissomia uniparental paterna" (ver texto)
Retinoblastoma
13q14.11 (dei)
Retinoblastoma causado por perda homozigota do alelo funcional RB
Nenhum efeito evidente, ainda que seja mais provável que o alelo RB anormal seja de origem paterna
Síndrome de Prader-Willi
15q11-13 (dei)
Obesidade, hipogonadismo. deficiência mental
Sim, protótipo dos distúrbios de impressão (ver texto)
Síndrome de Angelman
15q11-13 (dei)
Marcha atáxica
Assim como a síndrome de Prader-Willi, protótipo de distúrbios de impressão (ver texto)
a-talassemia e deficiência mental
16p13.3 (dei)
a-talassemia e deficiência mental causadas por deleção do 16p distai, incluindo o locus da a-globina
Não
Síndrome de Smith-Magenis
17p11.2 (dei)
Braquicefalia, hipoplasia mesofacial, deficiência mental
Não
Síndrome de Miller-Dieker
17p13 (dei)
Fácies dismórfica, lissencefalia
Não
Síndrome de Charcot-Marie-Tooth tipo 1A
17p11.2 (dup)
Neuropatia progressiva causada por microduplicação
Não
Síndrome de DiGeorge/ síndrome velocardiofacial
22q11(dei)
Anormalidades nos terceiro e quarto arcos braquiais
Não
r
Idade m aterna
Figura 62.6
Taxas de trissomia ajustadas à idade materna estimadas entre
todas as gestações identificadas clinicamente (p. ex., abortos espontâneos, natimor tos e nascidos vivos). Entre as mulheres com mais de 40 anos, estima-se que mais de 25% das gestações envolvam um concepto trissômico; sendo que a grande maio ria sofre aborto espontâneo, chegando a termo com frequência apreciável apenas as trissomias do 13, do 18 e do 21, além das trissomias dos cromossomos sexuais.
Distúrbios Cromossômicos
razão de um a translocação robertsoniana não balanceada envolven do o crom ossom o 13. As translocações recíprocas envolvem trocas m útuas entre quais quer dois crom ossom os. N esta circunstância, os fenótipos associados às translocações não balanceadas dependem da localização dos p o n tos de quebra, que ditam a quantidade de m aterial que foi “trocada” entre os dois crom ossom os envolvidos. Em razão do fato de a m aio ria das translocações recíprocas envolver grupos únicos de pontos de quebra, fica difícil prever as conseqüências fenotípicas em qualquer situação. Em geral, a gravidade é determ in ad a pela quantidade de m aterial crom ossôm ico em excesso ou em falta nos indivíduos com translocações não balanceadas. Além dos rearran jo s entre os crom ossom os, existem vários exem plos de anorm alidades e stru tu ra is intracrom ossôm icas. Os mais com uns e deletérios envolvem a perda de m aterial crom ossôm i co produzida por deleções. As duas síndrom es de deleção m ais bem estudadas, a síndrom e de W olf-H irschhorn e a síndrom e do m iado de gato (cri du chat), resultam da perda de segm entos crom ossôm icos relativamente pequenos nos crom ossom os 4p e 5p, respectivam ente. No entanto, cada um a delas está associada a m últiplas anorm alidades congênitas, atraso do desenvolvim ento, deficiência profunda e redu ção da expectativa de vida.
(aniridia) e aparelho geniturinário. A anorm alidade citogenética e n volve a deleção de parte do braço curto do crom ossom o 11 ( l lp l 3 ) , detectável nas preparações de crom ossom os com bandeam ento ade quado. Na SMD, distúrbio que se caracteriza p or deficiência m ental, fácies dism órfica e lissencefalia, a deleção envolve o crom ossom o 17 (17pl3). Por m eio da FISH, as deleções do 17p têm sido detectadas em m ais de 90% dos pacientes com SMD, assim com o em 20% dos casos de lissencefalia isolada. As deleções que envolvem o braço longo do crom ossom o 22 (22q l 1.21) são as m icrodeleções m ais com um ente identificadas até hoje, presentes em cerca de 1/3.000 recém -nascidos. A síndrom e VCF, a m ais com um ente associada, consiste em distúrbios de apren dizado ou deficiência m ental leve, defeitos do palato, asas do nariz hipoplásicas com nariz alongado e defeitos cardíacos congênitos (de feito conotroncular). Alguns indivíduos com deleção em 22q 11.21 são m ais gravem ente acom etidos e apresentam -se com a síndrom e de DiGeorge, na qual há anorm alidades no desenvolvim ento da ter ceira e da quarta bolsas faríngeas, gerando hipoplasia do tim o e das paratireoides, além de defeitos cardíacos conotronculares. Em cerca de 30% desses casos, é possível d etectar u m a deleção em 2 2 q ll.2 1 utilizando bandeam ento de alta resolução; com o uso com binado da citogenética convencional, da FISH e de técnicas de detecção m ole cular (transferência de Southerm ou reação em cadeia da polim erase), essas taxas ultrapassam 90%. O utros estudos d em onstraram um a fre quência surpreendentem ente alta de deleções de 22q l 1.21 em indiví duos com defeitos conotronculares assindrôm icos. Cerca de 10% dos indivíduos que apresentam deleção de 22q l l .21 a adquiriram de um dos genitores com um a deleção sem elhante. A síndrom e de Sm ith-M agenis engloba um a m icrodeleção lo calizada na região proxim al do braço c u rto do crom ossom o 17 (17pl 1.2). Os indivíduos acom etidos apresentam deficiência m e n tal, feições dism órficas, atraso da fala, n europatia periférica e anor m alidades do com portam ento. A m aioria dessas deleções pode ser detectada p o r m eio de análise citogenética, em bora se disponha da FISH para confirm ar tais achados. Já a síndrom e de W illiams, um a m icrodeleção no crom ossom o 7 (7 q ll.2 3 ), não pode ser diagnosti cada com a análise p adrão ou de alta resolução; é detectável apenas p or m eio da FISH ou de outros m étodos m oleculares. Essa síndrom e envolve um a deleção do gene da elastina e se caracteriza por defi ciência m ental, características dism órficas, personalidade gregária, envelhecim ento precoce e cardiopatia congênita (em geral, estenose aórtica supravalvar). Além das síndrom es de m icrodeleções, há diversas síndrom es de m icroduplicação bem descritas, u m a das quais é a síndrom e de Charcot-M arie-T ooth do tipo IA (CM T1A). Trata-se de um distúrbio da condução nervosa que antes se acreditava ser transm itido com o um sim ples distúrbio autossôm ico dom inante. C ontudo, estudos m ole culares recentes têm dem o n strad o que os indivíduos afetados são heterozigotos para a duplicação de um a pequena região do crom os som o 17 (17pl2). E m bora ainda não esteja claro p or que um a dose aum entada de genes resultaria no tipo CM T1A, o padrão de herança é explicado pelo fato de m etade da prole dos indivíduos acom etidos herdar o crom ossom o p o rtad o r da duplicação.
Síndromes de microdeleção - análise de arranjos Síndromes de microdeleções (FISH) A expressão síndrome dos genes contíguos se refere a distúrbios ge néticos que m im etizam um a com binação de distúrbios m onogênicos. Tais distúrbios resultam da deleção de um pequeno núm ero de genes firm em ente agrupados. C om o algum as deleções são pequenas dem ais para serem detectadas citogeneticam ente, denom inam -se m i crodeleções. A aplicação de técnicas m oleculares levou à identificação de pelo m enos 18 destas síndrom es de m icrodeleções (Q uadro 62.4) diagnosticadas utilizando-se análise FISH direcionada. Algum as das m ais com uns são o com plexo a n irid ia-tu m o r de W ilm s (WAGR), a síndrom e de M iller-D ieker (SMD) e a síndrom e velocardiofacial (VCF). A WAGR se caracteriza po r deficiência m ental e acom eti m ento de m últiplos órgãos, com o os rins (tu m o r de W ilm s), olhos
Todas as m icrodeleções e m icro d u p licaçõ es m encionadas foram inicialm ente identificadas clinicam ente em razão de característi cas fenotípicas específicas. A pós terem sido m apeadas em regiões citogenéticas específicas, foram desenvolvidas sondas FISH para confirm ação do diagnóstico clínico. C om o advento da análise de arranjos, foram identificadas novas síndrom es de m icrodeleção e de m icroduplicação, frequentem ente com critérios diagnósticos m enos específicos. Essas síndrom es de m icrodeleção e de m icroduplicação incluem alterações em 16 p l 1.2, 16pl3.1, 15ql3.3, 1q 2 1.1 e frequen tem ente são descobertas em razão de autism o. M uitas vezes, as alte rações genéticas detectadas são fam iliares e os genitores nem sem pre dem onstram qualquer anorm alidade fenotípica. Acredita-se que m uitos desses sejam genes de suscetibilidade que fazem aum entar o
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risco de um distúrbio do desenvolvim ento. O utras alterações, com o a m icrodeleção envolvendo 17ql 1.21, não foram diagnosticadas antes do advento da análise de arranjos e envolvem a perda do gene M A P T com o pode ser observado em pacientes com deficiência m ental, tra ços dism órficos e hipopigm entação (Fig. 62.3).
■ DISTÚRBIOS DA IMPRESSÃO (IMPRINTING) D uas síndrom es de m icrodeleções, a de Prader-W illi (SPW ) e a de A ngelm an (SA), exibem efeitos do genitor de origem ou im pressão (imprinting). Já há m uitos anos, sabia-se que as deleções citogeneticam ente detectáveis do crom ossom o 15 aconteciam em um a proporção de pacientes com SPW, assim com o naqueles com SA, o que p are cia curioso porque as manifestações clínicas das duas síndrom es são m uito diferentes, m as as deleções pareciam idênticas. A prim eira se caracteriza por obesidade, hipogonadism o e deficiência m ental leve a m oderada, enquanto a segunda está associada a microcefalia, m archa atáxica, convulsões, risos inapropriados e deficiência m ental grave. Um a nova com preensão na patogenia desses distúrbios foi fornecida pelo reconhecim ento de que a origem parental da deleção determ ina qual fenótipo sobrevirá: se a deleção for paterna, o resultado é a SPW, mas, se for m aterna, o resultado é a SA (Fig. 62.5B). Este cenário foi com plicado com o descobrim ento de que nem todos os indivíduos com um a das duas síndrom es carrega a deleção no crom ossom o 15. Para esses indivíduos, a origem parental da re gião do crom ossom o 15 é de novo o fator determ inante. Na SPW, p or exemplo, os pacientes sem deleção invariavelm ente apresentam dois crom ossom os 15 m aternos e nenhum paterno (dissom ia uniparental [DUP] m aterna), enquanto, para alguns pacientes com SA sem d e leção, o inverso é verdadeiro (DU P paterna), o que indica que pelo m enos alguns genes do crom ossom o 15 são expressos diferentem en te, dependendo de se a contribuição do crom ossom o veio do pai ou da mãe. O utra im plicação é que o desenvolvim ento norm al do feto requer a presença de um a cópia m aterna e de um a cópia paterna do crom ossom o 15. Aproxim adam ente 70% dos casos de SPW são originários de de leções paternas no 15ql 1- q l 3, enquanto 25% são causados por DUP m aterna, e cerca de 5% po r m utações no centro de im pressão no cro m ossom o 15. Na SA, 75% dos casos advêm de deleções m aternas, e apenas 2% se originam de DU P paterna. Presum e-se que os dem ais casos sejam causados p or m utações de im pressão (5%) ou m utações no gene UBE3A, associado à SA. Os casos de DU P são causados p rin cipalm ente por não disjunção meiótica que resulta na trissom ia do 15, seguida por um evento norm alizador de não disjunção m itótica (“res gate da trissom ia”), resultando em dois crom ossom os 15 norm ais, am bos do m esm o genitor. O gene UBE3A é o único gene conhecido impresso m aternalm ente situado na região crítica do crom ossom o 15. C ontudo, identificaram -se vários genes im pressos paternalm ente, ou m arcadores (tags) de seqüências expressas (EST), com o ZNF127, IPW, SNRPN, SNURF, PARI e PAR5. Postulou-se recentem ente que um snoRNA* não transcrito (HBII-85), localizado na região de im pressão paterna, talvez seja responsável pelo fenótipo SPW. As regiões crom ossôm icas que se com portam da m aneira obser vada na SPW e na SA são cham adas de impressas, fenôm eno envolvi
* N. de T.: Sigla para “small nucleolar RNA” ou RNA nucleolar pequeno.
do na expressão diferencial de certos genes em diferentes crom osso m os. O crom ossom o 11 é u m dos que têm um a região impressa, pois se sabe que um a pequena parcela dos indivíduos com a síndrom e de crescim ento excessivo de B eckw ith-W iedem ann apresenta duas có pias paternas e nenhum a cópia m aterna desse crom ossom o.
ANORMALIDADES CROMOSSÔMICAS ADQUIRIDAS E CÂNCER Além das anorm alidades crom ossôm icas citogenéticas constitucio nais presentes ao nascim ento, alterações crom ossôm icas som áticas podem ser adquiridas m ais tarde na vida e frequentem ente estão associadas a doenças m alignas. Assim com o ocorre com as an o r m alidades constitucionais, as alterações som áticas podem incluir p erd a final de m aterial crom ossôm ico (causada p o r deleção ou p or perda de um crom ossom o), ganho final de m aterial (duplicação ou ganho de um crom ossom o) e relocalização das seqüências do DNA (translocação). As alterações citogenéticas têm sido particularm ente bem estudadas ( 1) nas leucem ias, com o, p o r exem plo, a transloca ção do crom ossom o Filadélfia na LMC [t(9;22) (q34.1;ql 1.2)]; e (2) nos linfom as, como, po r exemplo, translocações de M Y C no linfom a de B urkitt [t(8;14) (q24;q32)]. Essas e outras translocações são úteis para diagnóstico, classificação e prognóstico. As análises das altera ções citogenéticas tam bém são úteis em certos tum ores sólidos. Por exemplo, cariótipo com plexo no tu m o r de W ilm s, diploidia no m eduloblastom a e am plificação de H er-2/neu no câncer de m am a são sinais de m au prognóstico. (Ver discussão m ais d etalh ad a da genéti ca do câncer n o Cap. 83.)
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V o rsa n o v a
CA PÍTULO
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Prática da Genética na Medicina Clínica Susan M iesfeldt J. Larry Jameson APLICAÇÕES DA GENÉTICA MOLECULAR NA MEDICINA CLÍNICA O cam po da genética m édica tradicionalm ente tem enfocado as anor malidades cromossômicas (Cap. 62) e os distúrbios m endelianos (Cap. 61). Entretanto, existe um a suscetibilidade genética a m uitas doenças com uns no início na idade adulta, com o a aterosclerose, os distúrbios cardíacos, a asma, a hipertensão arterial, as doenças autoim unes, o diabetes melito, a degeneração m acular, a doença de Alzheimer, os transtornos psiquiátricos e m uitas form as de câncer. As contribuições da genética para esses distúrbios com uns envolvem m ais do que a ex pressão definitiva da condição; tais genes tam bém podem influenciar a gravidade e a progressão da doença e o efeito do tratam ento. Os clínicos de assistência prim ária atualm ente têm de enfrentar a tarefa de reconhecer e aconselhar os pacientes sob risco de m uitas doenças influenciadas geneticam ente. E ntre os m ais de 20.000 genes do genom a hum ano, estim a-se que cada um de nós abrigue várias m utações potencialm ente prejudiciais. Felizm ente, m uitas dessas al terações genéticas são recessivas e clinicam ente silenciosas. No e n tanto, um núm ero ainda m aior representa variantes genéticas que alteram a suscetibilidade à doença, seu curso ou resposta à terapia. A m edicina genética está m udando o m odo com o as doenças são classificadas, aum entando nossa com preensão da fisiopatologia, p ro porcionando inform ações práticas com relação ao m etabolism o dos fárm acos e à resposta terapêutica, bem com o p erm itind o program as de triagem e prestação de assistência m édica individualizados. D e vido a essas m udanças, o m édico deve integrar a história clínica do paciente, a história fam iliar e os exam es de diagnóstico m olecular à assistência geral dos pacientes e seus familiares. Os pacientes reto r nam ao seu prim eiro m édico para aconselham ento a respeito de dis túrbios genéticos, m uito em bora tam bém possam ser acom panhados por outros especialistas. O p rim eiro m édico tem um papel im p o rtan te na orientação dos pacientes a respeito das indicações, benefícios, riscos e lim itações dos exam es genéticos no controle de diferentes doenças. Essa tarefa é difícil porque os avanços científicos na m edici na genética estão se antecipando à transform ação de tais descobertas em padrões da assistência clínica.
DISTÚRBIOS GENÉTICOS COMUNS COM INÍCIO NA IDADE ADULTA ■ HERANÇA MULTIFATORIAL O risco de m uitos distúrbios que se iniciam na idade adulta reflete os efeitos adicionais de fatores genéticos em m últiplos loci que podem funcionar independentem ente ou com binados com outros genes ou fatores am bientais. Não tem os a com preensão total da origem gené tica desses distúrbios, apesar do claro reconhecim ento da suscetibili dade genética. Por exemplo, no diabetes m elito tipo 2, a taxa de con cordância entre gêmeos m onozigóticos varia de 50 a 90%. O diabetes, ou a tolerância reduzida à glicose, ocorre em 40% dos irm ãos e em 30% da prole de um indivíduo acom etido. E m bora o diabetes afete 5% da população e m ostre alto grau de hereditariedade, apenas algu m as m utações genéticas (a m aioria é rara) que p o deriam contribuir para a natureza fam iliar da doença foram identificadas, com o, p or exemplo, certos distúrbios do DNA m itocondrial (Cap. 61), m u ta ções em um a cascata de genes que controlam o desenvolvim ento e as funções das células da ilhota pancreática (H N F 4a, H N F la , IPF1, TCF7L2, glicoquinase), m utações no receptor de insulina e outros
(Cap. 344). Além destes genes conhecidos, um grande núm ero de loci genéticos adicionais que conferem suscetibilidade à doença tem sido identificado. Sobrepostos a esse contexto genético estão fatores am bientais ou m édicos, com o a dieta, o exercício físico, a gravidez e os m edicam entos. A identificação de genes de suscetibilidade associados aos dis túrbios m ultifatoriais com início na idade adulta é um a tarefa for m idável. Não obstante, um objetivo razoável p ara esses tipos de doença é identificar os genes que aum entam (ou dim inuem ) o ris co da doença em um a proporção de duas vezes ou mais. No caso de doenças com uns, com o o diabetes ou a cardiopatia, esse nível de risco tem implicações significativas para a saúde. Assim com o o colesterol atualm ente é usado com o m arcador bioquím ico do risco cardiovas cular, pode-se prever o desenvolvim ento de painéis genéticos com capacidade prognostica sem elhante. A disponibilidade dos sistemas de m icroarranjos de DNA representa u m a tecnologia im portante que prom ete to rn ar propicia a realização de exam es em larga escala (Cap. 61). A realização de um teste genético para determ inado dis túrbio hereditário de início no adulto, com o a hem ocrom atose, neo plasia endócrina m últipla (NEM ) do tipo 1, síndrom e do QT longo ou doença de H untington, é um a decisão complexa, a qual depende das m anifestações clínicas do distúrbio, dos desejos do paciente e da família, e de os resultados dos exam es genéticos alterarem ou não a tom ada de decisão clínica ou o tratam ento (ver abaixo).
Triagem populacional Program as de triagem genética em m assa requerem testes com sen sibilidade e especificidade suficientem ente altas para serem eficazes em term os de custo. Um program a de triagem eficiente deve preen cher os seguintes critérios: o distúrbio testado deve ser prevalente e grave; ele pode ser influenciado p ré-sintom aticam ente p o r alterações no estilo de vida, triagem , m edicam entos ou outras intervenções redutoras de risco; e a identificação de risco não leva à discrim inação im própria ou a um prejuízo. A triagem de indivíduos de descendên cia judaica para a doença de Tay-Tachs, um distúrbio neurodegenerativo autossôm ico recessivo, resultou em significativa redução da incidência desta síndrom e nos EUA. Por outro lado, a triagem para a doença das células falciform e ou de portadores do traço falcêmico na população de afroam ericanos levou algum as vezes à discrim inação em prêm ios de seguros e empregos. A triagem em m assa para distúrbios genéticos com plexos pode levar a problem as potenciais. Por exem plo, a fibrose cística é m ais com um ente associada à m utação F508. Essa variante representa 3080% de alelos m utantes conform e o grupo étnico. E ntretanto, a fibro se cística está associada a u m a forte heterogeneidade genética com m ais de 1.000 m utações relacionadas com a doença. A Universidade A m ericana de G enética M édica (The A m erican College o f Medicai Genetics) recom enda um painel de 23 alelos, incluindo o alelo F508, para a pesquisa rotineira do portador. A análise das m utações m e nos com uns associadas à fibrose cística irá causar forte im pacto sobre o custo dos testes sem influenciar significativam ente a eficiência da triagem em m assa. E ntretanto, o indivíduo que carrega um a das al terações m enos com uns associadas à fibrose cística não irá se benefi ciar se a pesquisa for lim itada a um painel rotineiro. Os program as de triagem de saúde ocupacional são promissores, porém tam bém aum entam a preocupação em relação à discrim inação no emprego. Essa preocupação foi trazida à luz, quando se descobriu que um a com panhia ferroviária testava os seus em pregados, sem o consentim ento deles, p ara um a rara condição genética que leva a uma suscetibilidade à síndrom e do túnel cárpico. A Equal Em ploym ent O pportunity C om m ission argum entou que os testes eram ilegais na vigência da lei determ inada A m ericans with Disabilities Act.
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■ HISTÓRIA FAMILIAR Q uando dois ou m ais parentes de p rim e iro grau são afetados por asma, doença cardiovascular, diabetes tipo 2, câncer de m am a, cân cer de colo ou m elanom a, o risco do indivíduo oscila entre duas e
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Genética, Ambiente e Doenças 520
cinco vezes, subestim ando a im p ortância da h istória fam iliar para esses distúrbios prevalentes. E nquanto se aguardam novos avanços nos exames genéticos, na m aioria das circunstâncias, a chave para a avaliação do risco hereditário de doenças com uns de início na id a de adulta baseia-se na coleta e na interpretação das histórias clínicas pessoais e familiares detalhadas junto a um exame físico dirigido. Por exemplo, um a história de vários m em bros na família com doença ar terial coronariana (DAC) de início precoce, intolerância à glicose e h ipertensão deve sugerir alto risco de predisposição genética e, ta l vez, am biental para síndrom e m etabólica (Cap. 242). Todo pacien te com essa história fam iliar deve ser m onitorado individualm ente quanto ao possível desenvolvim ento de pressão sanguínea elevada, diabetes e hiperlipidem ia, devendo ser orientado acerca da im p o r tância de se evitar fatores de risco adicionais, com o obesidade, inati vidade física e tabagismo. A história fam iliar deve ser registrada na form a de um h e red o grama. No m ínim o, o heredogram a deve transm itir os dados relacio nados com a saúde de todos os parentes de prim eiro grau e alguns de segundo grau, com o os avôs. Q uando os heredogram as sugerirem um a doença hereditária, deverão ser estendidos de m odo a incluir outros familiares. A determ inação do risco para um indivíduo as sintom ático irá variar de acordo com o tam anho do heredogram a, núm ero de parentes não acom etidos e tipos de diagnóstico, assim com o com a idade do aparecim ento da doença. Por exem plo, um a m ulher com dois parentes de prim eiro grau com câncer de m am a apresenta m aior risco de sofrer um distúrbio m endeliano se tiver um total de três parentes de prim eiro grau do sexo fem inino, do que se tiver um total de dez parentes de prim eiro grau deste m esm o sexo. O utras variáveis que devem ser docum entadas no heredogram a são: a presença ou ausência de fatores de risco não hereditários entre as pessoas acom etidas com as doenças e o achado de m últiplas doenças em dado paciente. Por exemplo, um a paciente com história de cân ceres de colo e endom etrial corre o risco de apresentar síndrom e de Lynch independentem ente da sua história familiar. Ao avaliar a história pessoal e familiar, o m édico deverá ficar atento em caso da idade de início de determ inada doença ser m enor do que a geralm ente observada na população geral. Um paciente de 30 anos com infarto agudo do m iocárdio deve ser considerado em risco de caráter hereditário, ainda que não exista história fam iliar de DAC precoce (Cap. 241). A ausência de fatores de risco não hered i tários associados a um a doença tam bém levanta a suspeita de fatores de causas genéticas. Um a história fam iliar ou pessoal de trom bose venosa profunda, sem fatores de risco am bientais ou clínicos conhe cidos, sugere distúrbio trom bótico hereditário (Cap. 117). O exame físico tam bém pode proporcionar indícios im portantes sobre o risco de u m determ inado distúrbio hereditário. Um paciente que apresenta xantom as em idade jovem deve levantar a suspeita de hipercolesterolem ia familiar. A lgum as m utações que provocam doença no adulto são mais prevalentes em certos grupos étnicos. Por exemplo, > 2% da população de judeus asquenazes apresentam um a das três m utações específicas nos genes BRCA1 ou BRCA2. A prevalência do alelo do fator V de Leiden varia de 3 a 7% em caucasoides, porém é bem m ais baixa em africanos ou asiáticos. Com frequência, o levantam ento da história fam iliar é impreciso, o que acontece principalm ente quando a história é rem ota e a família se to rn a geograficam ente m ais dispersa. Pode ser útil p ed ir aos p a cientes que preencham form ulários sobre a história fam iliar antes ou após as consultas, proporcionando-lhes, assim , um a o portunidade de contatar os parentes. Idealm ente, esta inform ação deverá ser incluída em registros eletrônicos de saúde e atualizada interm itentem ente. Deve-se tentar confirm ar a ocorrência das doenças relatadas na h is tória fam iliar antes de se tom ar decisões terapêuticas im portantes e, em certas circunstâncias, irreversíveis. Este processo m uitas vezes é laborioso, e o m elhor seria envolver outros m em bros da família nas entrevistas ou rever prontuários m édicos, relatórios de necropsia e atestados de óbito. Embora muitos distúrbios hereditários sejam sugeridos pelo agru pam ento de parentes com distúrbios sem elhantes ou relacionados, é im portante observar que a penetrância de um a doença é incom pleta
Figura 63-1 Uma mulher de 36 anos de idade {seta) procura ajuda médica devido à sua história familiar de câncer. A paciente se mostra preocupada com o fato dos múltiplos cânceres de seus parentes implicarem em predisposição heredi tária para o desenvolvimento de câncer. A história familiar é registrada e os registros dos parentes da paciente confirmam os diagnósticos relatados. para a m aioria dos distúrbios genéticos m ultifatoriais. Em conseqüên cia, o heredogram a obtido nessas famílias pode não exibir um padrão clássico de hereditariedade m endeliana, assim com o nem todos os familiares portadores de alelos associados a algum a doença m anifes tarão um distúrbio clínico. Além disso, os genes associados a alguns dos referidos distúrbios frequentem ente exibem expressão variável da doença. Por exemplo, o gene associado ao câncer de m am a BRCA1 pode predispor a diferentes tipos de câncer em um a m esm a família, incluindo os de m am a, ovário e próstata (Cap. 83). Q uanto a doen ças com uns como câncer de m am a, alguns m em bros da família sem a m utação causadora da doença tam bém podem manifestá-lo, represen tando outra variável passível de confusão na análise do heredograma. Alguns dos aspectos m encionados a n teriorm ente sobre a histó ria fam iliar estão ilustrados n a F ig u ra 63.1. Nesse exem plo, a probanda, um a m ulher de 36 anos (IV -1), apresenta im portante história de cânceres de m am a e ovário no lado patern o da família. A idade de início precoce, assim com o a ocorrência sim ultânea dos cânceres de m am a e ovário nessa fam ília, sugere a possibilidade de m utação hereditária em BRCA1 ou BRCA2. Porém , ainda não está claro - sem o exame genético - se o pai é p o ssuidor dessa m utação e a transm itiu para ela. Após o aconselham ento genético adequado da probanda e sua família, a conduta m ais inform ativa p ara a análise do DNA nessa família é pesquisar um a m utação em BRCA1 ou BRCA2 existente na prim a de 42 anos de idade afetada pelo câncer. Se um a m utação for encontrada, será possível testar essa alteração em especial em outros m em bros da família, caso desejarem . No exem plo citado, se o pai da probanda apresentar a m utação em BRCA1, existe um a p robabilida de de 50:50 de que a m utação lhe ten h a sido transm itida, podendo recorrer ao teste genético p ara estabelecer a ausência ou presença dessa alteração. Neste m esm o exem plo, se u m a m utação não for de tectada na p rim a afetada p o r câncer, o teste não será indicado para os parentes não afetados.
TESTES GENÉTICOS PARA DISTÚRBIOS DE INÍCIO NA IDADE ADULTA A prim eira etapa crucial antes de com eçar um a investigação genética é garantir que o diagnóstico clínico ten h a sido feito corretam ente, que esteja baseado na história fam iliar e nos achados físicos típicos ou exames bioquím icos. Essa cuidadosa avaliação clínica pode definir o fenótipo, evitando, assim , exam es desnecessários e orientando-os para os genes candidatos m ais prováveis (Fig. 63.2). Para os pacientes identificados pela triagem populacional (p. ex., diabetes, hipercolesterolem ia), o teste poderá envolver genes-candidatos conhecidos, ou
ABORDAGEM ATESTES MOLECULARES DE DNA
Figura 63.2
Abordagem para identificar um gene causador de doença.
■ ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS PARA TESTES GENÉTICOS Os testes genéticos são realizados de form a sem elhante à dos outros testes laboratoriais especializados. Nos EUA, os laboratórios que rea lizam testes genéticos são licenciados pelo Ato do M elhoram ento do L aboratório Clínico (CLIA - Clinical Laboratory Im provem ent Act) para assegurar que se enquadrem nos padrões de proficiência e qu a lidade. Um a fonte útil de inform ações para diversos testes genéticos é o endereço eletrônico http://www.genetests.org. Os testes de D NA são mais com um ente realizados pela análise do seu sequenciam ento à procura de m utações, em bora o genótipo tam bém possa ser deduzido por m eio do estudo do RNA ou da proteína (p. ex., apoproteína E, hem oglobina, im uno-histoquím ica). Por exem plo, a análise im uno-histoquím ica de câncer colorretal para a ausên cia de expressão de proteínas de reparo do m au paream ento tem sido proposta com o um a estratégia para a triagem universal da síndrom e de Lynch. A determ inação de alterações na seqüência do DNA se ba seia am plam ente no uso da reação em cadeia da polim erase (PCR), que perm ite a rápida am plificação e análise do gene de interesse. Além disso, a PCR possibilita que o teste genético seja feito a p artir de quantidades m ínim as de DNA extraídas de um a grande variedade de tipos de tecido, com o os leucócitos, células epiteliais m ucosas e teci dos preservados em arquivos. O DNA am plificado pode ser analisado
Prática da Genética na Medicina Clínica
estudos de ligação no genom a com pleto da população poderão ser usados com o p arte de u m estudo de pesquisa para identificar alelos de suscetibilidade. Para pacientes com h istória fam iliar im portante (p. ex., câncer de m am a, hem ocrom atose), o teste geralm ente inclui genes-candidatos conhecidos, ou as análises tradicionais de ligação nos heredogram as poderão identificar os genes-candidatos causado res das doenças. U m a vez que os genes relacionados à doença sejam conhecidos, a análise m utacional poderá ser realizada após o aconse lham ento genético pré-teste (ver adiante). M uitos distúrbios exibem a característica de heterogeneidade de locus, que se refere ao fato de que m utações em diferentes genes podem provocar distúrbios fenotipicam ente sem elhantes. Por exem plo, osteogênese im perfeita (Cap. 363), síndrom e do Q T longo (Cap. 233), distrofia m uscular (Cap. 387), hom ocistinúria (Cap. 364), re tinite pigm entosa (Cap. 28) e predisposição hereditária aos cânceres de colo (Cap. 91) ou de m am a (Cap. 90) p odem ser causadas por m utações em genes distintos. O padrão de transm issão da doença, o risco de doença, a evolução clínica e o tratam ento p odem diferir de m odo significativo, de acordo com o gene específico afetado. Nesses casos, a escolha de quais genes serão testados m uitas vezes é determ i nada pelas m anifestações clínicas exclusivas e pela história familiar, a relativa prevalência de m utações em diferentes genes ou a disponi bilidade dos testes.
diretam ente pelo seu sequenciam ento ou ser hibridizado com chips ou m em branas de DNA para detectar a presença de seqüências de DNA norm ais e alteradas. O sequenciam ento direto do DNA é usado cada vez mais para o diagnóstico pré-natal, assim com o para a determ ina ção da suscetibilidade à doença hereditária. Análises de grandes alte rações no genom a são possíveis usando citogenética, hibridização in situ por fluorescência (FISH) ou transferência de Southern (Cap. 62). Os testes da proteína truncada (PTTs) são utilizados para deter m inar m utações que resultam na term inação prem atura de um p o lipeptídio durante a síntese proteica. Nesse ensaio, o DNA com ple m entar (DNAc) isolado é transcrito e traduzido in vitro, e a proteína é analisada p o r eletroforese em gel. O produto gênico truncado (m u tante) é im ediatam ente identificado porque a sua m obilidade eletroforética difere da traçada pela pro teín a norm al. Esse teste é usado m ais frequentem ente p ara análises de genes longos com heterogenei dade genética significativa, com o o gene APC. C om o todas as análises laboratoriais, existem lim itações para a precisão e interpretação dos testes genéticos. Além dos erros técni cos, os testes genéticos são algum as vezes designados para detectar apenas as m utações m ais com uns. Nesse caso, um resultado negativo deve ser confirm ado pela possibilidade de que o paciente apresen te um a m utação que não esteja incluída no exame. Além disso, um resultado negativo não significa que não exista m utação em algum outro gene que cause um distúrbio hereditário sem elhante. Um re sultado negativo, naqueles em risco de contrair o distúrbio, é classifi cado com o não informativo. Além dos exames m oleculares para um a doença estabelecida, os exames genéticos para a avaliação da suscetibilidade a alguma doença crônica estão cada vez mais integrados na prática médica. Contudo, na m aioria dos casos, a descoberta de genes associados a doenças ante cedeu em m uito tem po os estudos que avaliam a utilidade clínica dos testes genéticos. Até que esses estudos baseados em evidências estejam disponíveis, o exame m olecular preditivo deve ser realizado com cui dado e oferecido apenas aos pacientes corretam ente aconselhados e que deram seu consentim ento informado. Na m aioria dos casos, os tes tes genéticos devem ser oferecidos apenas às pessoas com história clí nica pessoal ou familiar sugestiva, ou no contexto de um estudo clínico. Os testes genéticos preditivos enquadram -se em duas categorias distintas: os pré-sintomáticos aplicam -se a doenças em que um a al teração genética específica está associada a quase 100% de probabi lidade de se ter a doença. Já os testes de predisposição predizem um risco para doença < 100%. Por exem plo, exam es pré-sintom áticos estão disponíveis para pessoas sob risco da doença de H untington, ao passo que o exame de predisposição é considerado para aquelas sob risco de câncer de m am a hereditário. É im portante ressaltar que os exames para a m aioria dos distúrbios genéticos m ultifatoriais de iní cio em adultos são apenas prognósticos. O s resultados dos testes não definem de m aneira precisa se, quando ou com o a doença se m an i festará. Por exemplo, nem todos os indivíduos com o alelo E (e4) da apolipoproteína E terão a doença de Alzheimer, e m uitos indivíduos sem esse m arcador genético podem m anifestá-la (Cap. 371). Em geral, a análise m olecular é m ais inform ativa se os exames fo rem iniciados em um m em bro da fam ília sintom ático, porque a iden tificação de m utação pode orientar a investigação de outros m em bros da família sob risco (sintom áticos ou não). Se não houver fatores de risco familiares ou am bientais adicionais, os indivíduos com teste n e gativo para a m utação encontrada no m em bro da família acom etido podem ser inform ados de que apresentam o m esm o risco da popula ção geral para aquela doença. Além disso, podem ser tranqüilizados quanto ao fato de não estarem sob risco de tran sm itir a m utação a seus filhos. Por outro lado, os fam iliares assintom áticos com resulta do positivo do teste p ara a m utação conhecida devem ser inform ados de que apresentam m aior risco em c ontrair a doença e transm itir a alteração a seus filhos. Os clínicos que fornecem aconselham ento e orientação antes do exame tam bém devem verificar a capacidade em ocional do paciente em entender e lidar com os resultados. Os indivíduos que dem onstram sinais e sintomas de transtorno psiquiátrico devem ter suas necessida des emocionais tratadas antes da realização dos testes moleculares. Em
521
geral, os testes genéticos não devem ser realizados em um m om ento de crise pessoal ou de doença aguda na família. Os pacientes se benefi ciarão mais dos resultados dos testes se estiverem em ocionalm ente ap tos a com preender e absorver as informações. É im portante avaliar as noções pré-concebidas dos pacientes em term os de sua probabilidade pessoal de ter um a doença, preparando estratégias de orientação antes dos exames. Com frequência, os pacientes apresentam m edo injustifi cável ou negação da probabilidade de risco genético. A investigação genética tem o potencial de afetar o m odo como os familiares do indivíduo se relacionam entre si, tanto de form a nega tiva quanto positiva. Em conseqüência, os pacientes que optam pelo teste m olecular devem considerar o m odo com o os resultados po d e rão influenciar suas relações com parentes, com panheiros, cônjuges e amigos. Nas famílias com m utação genética conhecida, os m em bros com resultado positivo devem considerar o impacto do seu estado de portador em seu estilo de vida atual e futuro; os que tiverem resultado negativo poderão m anifestar a culpa do sobrevivente. Provavelmente, os m em bros da família diferirão quanto às respostas em ocionais e so ciais às m esm as informações. As orientações devem abordar as con seqüências potenciais dos resultados dos exames nas relações com o cônjuge ou um filho. Os genitores que apresentam m utação associada à doença frequentem ente m anifestam ansiedade e desespero conside ráveis quando discutem a questão do risco para seus filhos. Q uando um a afecção se m anifesta apenas na idade adulta, os m é dicos se confrontam com a questão de realizar os testes m oleculares nas crianças de risco e, se o fizerem, em que idade. Em bora o assunto seja controverso, m uitas organizações profissionais advertem que os testes genéticos para distúrbios de início na idade adulta não devem ser realizados em crianças. M uitas dessas afecções não são previsí veis; consequentem ente, tal inform ação pode im por um significativo risco psicossocial à criança. Além disso, existe a preocupação de que o teste durante a infância viole o direito da criança de tom ar um a decisão consciente com relação ao teste durante a idade adulta. No entanto, os exames devem ser feitos na infância quando os distúrbios se m anifestam em um a fase precoce da vida, especialm ente se houver opções de tratam ento. Por exemplo, as crianças sob risco de polipose adenom atosa familiar (PAF), associada a alterações no gene APC, podem apresentar pólipos ainda na adolescência, e a evolução para câncer invasivo pode ocorrer na terceira década de vida. De m odo se m elhante, as crianças sob risco de NEM tipo 2, causada por m utações no proto-ôncogene RET, podem ter câncer da tireoide do tipo m e dular no início na infância, e a questão da tireoidectom ia profilática deve ser discutida com os genitores cujos filhos apresentem mutações docum entadas (Cap. 351).
■ CONSENTIMENTO INFORMADO Q uando for aventada a possibilidade de realização de um exame, os pacientes devem ser estim ulados com veem ência a envolver outros parentes no processo de tom ada de decisão, porque os diagnósticos m oleculares provavelm ente influenciarão toda a família. O consen tim ento inform ado para o exam e m olecular com eça com inform a ções e aconselham ento detalhados (Fig. 63.3). O paciente deve com preender plenam ente os riscos, benefícios e lim itações da análise. O consentim ento inform ado deve incluir um docum ento p or escrito, redigido de m odo claro e conciso em linguagem e form ato com pre ensíveis para o paciente, o qual deverá ter consciência da destinação dos resultados do teste. O consentim ento inform ado tam bém deve incluir um a discussão sobre a m ecânica dos exames. A m aioria dos exam es m oleculares para doenças h ereditárias envolve análise de DNA do sangue periférico. Na m aioria das vezes, os resultados dos exames serão dados apenas ao próprio indivíduo e, preferencialm en te, na presença de um acom panhante. C om o os exames m oleculares de um a pessoa assintom ática m ui tas vezes perm item predizer um risco futuro, o paciente deve com preender as conseqüências m édicas, psicológicas e sociais de tal de cisão a longo prazo. Nos EUA, a legislação que rege a discrim inação genética do seguro de saúde tem evoluído por m eio do Ato Não Discrim inativo de Inform ações Genéticas (Genetics Information Nondiscrimination Act). E im portante explorar com o paciente o im pacto
ACONSELHAMENTO E TESTES GENÉTICOS
Figura 63.3
Algoritmo para aconselhamento genético associado ao teste
genético. potencial que os resultados dos exam es possam ter sobre o em prego e a saúde no futuro, bem com o sobre a cobertura do seguro de vida e p or invalidez. Os pacientes devem saber que existem alternativas disponíveis à análise m olecular caso decidam não se subm eter ao teste. Também devem ser notificados de que os exames podem ser realizados no fu turo, se não se sentirem preparados para o teste no m om ento. A op ção do banco de DNA deve ser apresentada de m odo que as am ostras estejam prontam ente disponíveis no futuro para uso pelos m em bros da família, se necessário.
■ ACOMPANHAMENTO APÓS 0 EXAME D ependendo da natureza do distúrbio genético, as intervenções p o s teriores podem incluir: ( 1) vigilância cuidadosa e investigação apro priada na assistência m édica, (2) intervenções m édicas específicas, (3) quim ioprevenção, (4) prevenção do risco e (5) encam inham ento para serviços de apoio. Por exemplo, os pacientes com m utações p a tológicas conhecidas em BRCA1 ou BRCA2 são fortem ente encoraja dos a realizar um a salpingo-ooforectom ia bilateral redutora de risco e devem ter a oportunidade de se subm eter à investigação intensiva, bem com o a opção de m astectom ia red u to ra de risco. Além disso, essas m ulheres podem ser candidatas ao tratam ento preventivo com tam oxifeno ou à inscrição em ensaio clínico de quim ioprevenção. Já os pacientes com risco conhecido para a doença de H untington de vem receber acom panham ento contínuo e serviços de apoio, como fisioterapia, terapia ocupacional e assistência social ou grupos de apoio, conform e indicado. As intervenções específicas sofrerão m o dificações à m edida que as pesquisas continuarem a aum entar nosso conhecim ento acerca das doenças genéticas e que se souber mais so bre as funções dos produtos gênicos envolvidos.
Os indivíduos com resultado negativo na pesquisa de m utação gênica associada à doença em um parente acom etido devem ser lem brados de que talvez continuem sob risco de ter a doença. Isso é m uito im portante, principalm ente para doenças freqüentes, com o diabetes melito, câncer e DAC. Por exemplo, um a m ulher que des cobre não ser p ortadora da m utação em BRCA2 associada à doença previam ente descoberta na sua família deve ser lem brada de que ain da precisa ser subm etida ao m esm o screening para câncer de m am a recom endado para a população geral.
ORIENTAÇÃO E ACONSELHAMENTO GENÉTICOS O aconselham ento genético deve ser diferenciado dos testes e da in vestigação genética, em bora os profissionais envolvidos no aconse lham ento genético com frequência tam bém participem das questões relacionadas com os testes. O aconselham ento genético refere-se a um processo que lida com problem as h um anos associados à ocor rência ou ao risco de um distúrbio genético na família. A avaliação do risco genético é com plexa e, com frequência, envolve elem entos de incerteza. Por isso, o aconselham ento inclui orientação genéti ca e aconselham ento psicossocial. Os consultores genéticos podem ser cham ados p or outros profissionais de saúde (ou pelos pacientes e seus familiares), para abordar um am plo espectro de assuntos d i reta ou indiretam ente relacionados com a doença genética (Q uadro 63.1). O papel do consultor genético inclui o seguinte:
A com plexidade do aconselham ento genético e o am plo espectro das doenças genéticas estão levando ao desenvolvim ento de clínicas m ultidisciplinares especializadas que visam oferecer apoio e assis tência m édica am plos aos indivíduos sob risco e suas famílias. Estas clínicas especializadas são bem estabelecidas nas áreas de câncer e distúrbios degenerativos e estão se desenvolvendo em outras áreas, com o a cardiologia. Essas equipes m ultiprofissionais com frequên cia são com postas de geneticistas clínicos, m édicos especialistas, consultores genéticos, enferm eiros, psicólogos, assistentes sociais e profissionais de ética biom édica que trabalham juntos para conside rar as decisões difíceis do diagnóstico, tratam ento e investigação. Tal equipe tam bém oferece aos m édicos de assistência prim ária apoio e
QUADRO 63.1
Indicações para o aconselhamento genético
Idade materna (> 35) ou paterna (> 50) avançada Consangüinidade História prévia de prole com defeitos congênitos ou com um distúrbio genético História pessoal ou familiar sugestiva de distúrbio genético Grupos étnicos de alto risco; portadores conhecidos de alterações genéticas Alteração genética documentada em um membro da família Ultrassonografia ou teste pré-natal que sugerem distúrbio genético
INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS BASEADAS NO RISCO GENÉTICO DE DOENÇA ______________
Prática da Genética na Medicina Clínica
• obter e docum entar a história fam iliar detalhada • orientar os pacientes sobre os princípios genéticos gerais relacio nados com o risco da doença tanto para si q uanto para outros familiares • avaliar e estim ular a habilidade do paciente em lidar com as in form ações genéticas apresentadas • discutir com o os fatores não genéticos podem se relacionar com a expressão final da doença • abordar questões do tratam ento m édico • auxiliar na definição do papel do teste genético para o indivíduo e sua família • garantir que o paciente esteja ciente das indicações, processos, riscos, benefícios e lim itações das várias opções de investigação genética • ajudar o paciente, a família e o m édico a que foi encam inhado a interpretarem os resultados do teste • encam inhar o paciente e outros fam iliares sob risco p ara serviços m édicos e de apoio quando necessário
assistência inestimáveis enquanto acom panham e tratam os pacientes de risco. A abordagem do aconselham ento genético tem im plicações éti cas, sociais e financeiras relevantes. As filosofias inerentes ao acon selham ento genético variam sobrem odo entre os países e em cada centro. O aconselham ento geralm ente é realizado de m odo não d i retivo, no qual os pacientes aprendem a com preender com o seus va lores influenciam determ inada decisão m édica. O aconselham ento não diretivo é particularm ente adequado quando não existem dados que com provem um benefício óbvio associado a determ inada inter venção ou quando a intervenção é considerada experim ental. Por exemplo, o aconselham ento genético não diretivo é em pregado quan do um a pessoa decide se deve subm eter-se a testes genéticos para a doença de H untington (Cap. 371). Atualm ente, não há benefício cla ro (em term os do prognóstico m édico) para um indivíduo de risco se subm eter à avaliação genética de tal doença, porque sua evolução não será alterada p or intervenções terapêuticas. No entanto, o teste pode ter um im pacto im portante sob a percepção dessa pessoa acerca do futuro de suas relações interpessoais e de planos para procriação. Assim, a decisão de continuar a investigação apoia-se nos valores e na crença de cada indivíduo. C ontudo, quando u m a afecção p ode ser tratada, um a abordagem m ais im positiva é adequada. Em um a fam í lia com PAF, a investigação e a colectom ia profilática para câncer do colo devem ser recom endadas a todos os portadores conhecidos da m utação APC. O consultor e o m édico que acom panham essa família devem garantir que os m em bros de alto risco tenham acesso aos re cursos necessários para cum prirem as recom endações. A orientação genética é fundam ental para que o indivíduo consi ga tom ar um a decisão consciente com relação às opções de exames e tratam ento. Em bora os consultores genéticos representem um a fonte de inform ação genética, outros profissionais de saúde tam bém preci sam contribuir para a orientação do paciente. Os pacientes sob risco de doença genética devem com preender os princípios de genética clí nica, bem com o a term inologia relevante para a situação, o que inclui o conceito de genes, o m odo com o são transm itidos e a m aneira pela qual conferem risco de doença hereditária. O conhecim ento adequa do de padrões de hereditariedade perm ite aos pacientes com preender a probabilidade do risco da doença p ara si próprio e outros m em bros da família. Tam bém é im portante revelar os conceitos de penetrância e expressão da doença. No caso de distúrbios genéticos m ais com plexos com início na idade adulta, os pacientes assintom áticos de vem ser inform ados de que um resultado positivo para os testes nem sem pre se traduz em futuro aparecim ento da doença. Além disso, o papel de fatores não genéticos, com o exposição am biental, deve ser discutido no contexto do risco m ultifatorial da doença e sua preven ção. Finalm ente, os pacientes devem com preender a história natural da doença, assim com o as opções de intervenção em potencial, in cluindo a investigação, a prevenção e - em certas circunstâncias - o tratam ento farm acológico ou cirurgia profilática.
Atualm ente, existem tratam entos específicos para um núm ero cres cente de distúrbios genéticos, identificados pela triagem populacio nal ou pelo exam e direto (Q u a d ro 63.2). E m bora as estratégias de intervenção terapêutica sejam m ais bem desenvolvidas para doenças m etabólicas hereditárias infantis, esses princípios se estabeleceram no diagnóstico e tratam ento dos distúrbios de início no adulto. A h e m ocrom atose hereditária ilustra m uitas das questões levantadas pela disponibilidade de triagem genética na população adulta. Por exem plo, a hem ocrom atose é relativam ente com um (aproxim adam ente um em cada 200 indivíduos com ascendentes da E uropa setentrio nal é hom ozigoto), e suas com plicações são potencialm ente evitáveis p or m eio de flebotom ia (C ap. 357). A identificação do gene HFE, cujas m utações estão associadas a esta síndrom e, levantou interesse no uso de exam es de DNA para o diagnóstico pré-sintom ático do distúrbio. No entanto, até «33% das pessoas hom ozigotas para a m u tação de HFE não apresentam evidências de sobrecarga de ferro. Em conseqüência, sem história fam iliar positiva, a recom endação atual é
523
QUADRO 6 3 .2
Exemplos de testes genéticos e possíveis intervenções
Distúrbio genético
Herança
Genes
Intervenções
Oncológico Síndrome de Lynch
AD
MSH2, MLH1, MSH6, PMS2
Triagem endoscópica precoce
Polipose adenomatosa familiar
AD
APC
Triagem endoscópica precoce Fármacos anti-inflamatórios não esteroides Colectomia
Cânceres hereditários de mama e ovário
AD
BRCA1, BRCA2
Antagonistas dos receptores do estrogênio Triagem precoce por exames, mamografia e RM de mama Cirurgia redutora de risco
Melanoma maligno familiar
AD
CDKN2A, CDK4
Evitar a luz UV Triagem e biópsias
Síndrome do nevo basocelular
AD
PTCH
Evitar a luz UV Triagem e biópsias
Hematológico Fator V de Leiden
AD
F5
Evitar os fatores de risco trombogênicos e contraceptivos orais
Hemofilia A
LX
F8
Substituição do fator VIII
Hemofilia B
LX
F9
Substituição do fator IX
Deficiência da glicose 6-P04 desidrogenase
LX
G6PD
Evitar as drogas oxidantes
AD
MYH7, MYBPC3, TMSA, TNNT2, TPM1
Triagem ecocardiográfica
Cardiovascular Miocardiopatia hipertrófica
Intervenção farmacológica precoce Miomectomia Síndrome do QT longo
AD, AR
KCNQ1. SCN5A, KCNE1, KCNE2
Triagem eletrocardiográfica
Genética, Ambiente e Doenças
Intervenção farmacológica precoce Aparelhos desfibriladores cardioversores implantáveis Síndrome de Marfan
AD
FBN1
Triagem ecocardiográfica Betabloqueadores profiláticos ou inibidores da ECA
Gastrintestinal Febre familiar do Mediterrâneo
AR
MEFV
Tratamento com colchicina
Hemocromatose
AR
HFE
Flebotomia
Deficiência da a,-antitripsina
AR
SERPINA1
Não fumar
Hipertensão pulmonar primária
AD
BMPR2
Pulmonar
Evitar toxinas ocupacionais e ambientais Intervenção farmacológica Transplante de pulmão
Renal Doença renal policística
AD
PKD1, PKD2
Prevenção de hipertensão Prevenção de infecções do trato urinário Transplante de rim
Diabetes insípido nefrogênico
LX.AR
AVPR2, AQP2
Substituição de líquido Tiazidas com ou sem amilorida
Endócrino Diabetes insípido neurohipofisário
AD
AVP
Substituição da vasopressina
Diabetes do jovem com aparecimento na idade adulta
AD
Múltiplos genes
Triagem e tratamento do diabetes
Hipercalcemia hipocalciúrica familiar
AD
CASR
Evitar a paratireoidectomia
Síndrome de Kallmann
LX
KAL
Indução da puberdade com substituição do hormônio
Neoplasia endócrina múltipla tipo 2
AD
RET
Tireoidectomia profilática (Continua)
524 1
QUADRO 6 3 .2
Exemplos de testes genéticos e possíveis intervenções (Continuação)
Distúrbio genético
Herança
Genes
Intervenções
Deficiência da hidrolase 21
AR
CYP21
Tratamento com glicocorticoides e mineralocorticoides
Hipertermia maligna
AD
RYR1, CACNA1S
Evitar anestésicos precipitantes
Paralisia periódica hiperpotassêmica
AD
SCN4A
Triagem para feocromocitoma e hiperparatireoidismo
Neurológico
Dieta rica em carbo-hidratos e baixa em potássio Evitar jejum, trabalho extenuante ou temperaturas frias Tiazidas ou acetazolamida
Adrenoleucodistrofia
LX
ABCD1
Possível transplante de medula óssea para a forma cerebral da infância
Distrofia muscular de Duchenne e Becker
LX
DMD
Corticosteroides
Doença de Parkinson familiar
AD, AR
SNCA, PARK2, PINK1, PARK7. LRRK2
Amantadina, anticolinérgicos, levodopa, inibidores da monoaminoxidase B
Doença de Wilson
AR
ATP7B
Zinco, trienteno
Nota:Nd, autossômico dominante; AR, autossômico recessivo; SNC, sistema nervoso central; RM, ressonância magnética; LX, ligado ao X.
a investigação fenotípica das evidências de sobrecarga de ferro, segui da p or aconselham ento genético. São necessários estudos adicionais para saberm os se a investigação genética da hem ocrom atose algum dia estará associado à avaliação da expressão fenotípica. Ao contrário da questão da triagem populacional, é im portante testar e aconselhar outros m em bros da família quando o diagnóstico de h em ocrom ato se é feito no probando. O teste perm ite ao m édico excluir m em bros da família que não estão sob risco. Tam bém propicia a detecção pré-sintom ática da sobrecarga de ferro e a instituição do tratam ento (flebotom ia) antes do aparecim ento de lesão em órgãos. As m edidas preventivas e intervenções terapêuticas não se res tringem às doenças m etabólicas. A identificação de form as fam ilia res da síndrom e do Q T longo, associada a arritm ias ventriculares, perm ite que sejam realizados exam es eletrocardiográficos p re co cem ente e o uso de terapia antiarrítm ica profilática, m arca-passos de superestím ulo ou desfibriladores (Cap. 233). Os indivíduos com m iocardiopatia hipertrófica fam iliar devem ser subm etidos ao scre ening ecocardiográfico, tratad o s com betabloqueadores ou outros fárm acos, e orientados acerca da im p ortância de se evitar exercícios físicos extenuantes e desidratação (Cap. 238). Do m esm o m odo, os indivíduos com a síndrom e de M arfan podem ser tratados com b e ta bloqueadores ou inibidores de ACE e m onitorados para aneurism as aórticos (Cap. 248). Os pacientes com deficiência de ctj-antitripsina podem ser orientados enfaticam ente a evitar o tabagism o e a exposi ção a toxinas pulm onares e hepatotoxinas am bientais. D iferentes ge nes do hospedeiro influenciam a patogenia de determ inadas d o e n ças infecciosas em seres hum anos, com o o vírus H IV (Cap. 189). O alelo do fator V de Leiden eleva o risco de trom bose (Cap. 58). Três p o r cento da população m u n d ial são heterozigotos p ara essa m utação, e ncontrada em até 25% dos pacientes com trom bose ve nosa profunda recorrente ou em bolia pulm onar. Assim, as m ulheres heterozigotas ou hom ozigotas para esse alelo devem evitar o uso de contraceptivos orais. O cam po da farm acogenôm ica busca identificar genes que al teram o m etabolism o de fárm acos ou conferem suscetibilidade às reações tóxicas p o r m edicam entos. A farm acogenôm ica p erm ite a terapia individualizada farm acológica, levando a um a m elhora nos efeitos do tratam ento, toxicidade reduzida e acom panham ento far m acêutico de custos m ais efetivos. São exem plos a sensibilidade à
succinilcolina, deficiência da tiopurina m etiltransferase (TPM T), h i perterm ia m aligna, deficiência de di-hidropirim idina desidrogenase, porfirias e deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD). C onform e m encionado anteriorm ente, a identificação de genes que aum entam o risco de tipos específicos de neoplasias está m u dando rapidam ente o tratam ento de m uitos cânceres. A identificação de fam iliares com m utações que predispõem à PAF ou à síndrom e de Lynch pode levar à recom endação de triagem precoce do câncer ou cirurgia profilática (Cap. 91). Princípios sem elhantes se aplicam às form as familiares de m elanom a, carcinom a basocelular e cânceres de m am a, ovário e glândula tireoide. C ontudo, deve-se ter em m ente que, na m aioria dos cânceres, há várias anorm alidades genéticas dis tintas no estágio em que adquirem potencial invasivo ou m etastático (Caps. 83 e 84). Em conseqüência, o principal im pacto do exame ge nético nesses casos é p erm itir um controle m ais intenso, incluindo a triagem e prevenção da doença, já que continua a ser difícil predizer a penetrância, expressão ou evolução clínica da doença. E m bora o diagnóstico genético desses e de outros distúrbios ain da esteja evoluindo no contexto clínico, os testes preditivos são p ro m issores para p erm itir a realização de intervenções m ais precoces e objetivas que possam reduzir as taxas de m orbidade e a m ortalidade. Espera-se que a disponibilidade dos exam es genéticos aum ente, in cluindo as opções diretas ao paciente. Um desafio im portante para os m édicos e outros profissionais de saúde é o de acom panhar os avan ços da m edicina genética e program ar os testes de m odo criterioso.
03 CD
Q. o" zd' 03
O O
BIBLIOGRAFIA
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525
CAPÍTULO
64
Microbioma Humano Jeffrey I. Gordon Rob Knight
Genética, Ambiente e Doenças
Bem-estar e micróbios não são term os para aparecer juntos. Os m i cróbios (ou m icrorganism os) têm um a forte conotação negativa nas sociedades contem porâneas, e são considerados em um contexto b e licoso. Os m icróbios produtores de doenças ou patogênicos são, na realidade, graves ameaças à saúde hum ana que têm recebido um a ju s tificável atenção desde o início do cam po da microbiologia. A lista de patógenos estudados e po r dem ais conhecidos é extensa. No entanto, a m aioria dos encontros hum anos com os m icróbios não é hostil, m as benigna ou até benéfica. A tualm ente, os avanços no sequenciam en to do DNA e na biologia com putacional possibilitam um a descrição abrangente da com posição e dos papéis d esem penhados pelas com u nidades m icrobianas (microbiota) associadas ao corpo hum ano. Com o todos os anim ais do planeta, os h um anos tiveram de se adaptar a um a biosfera dom inada p or m icróbios. A quantidade des ses m icrorganism os na Terra é espantosa, estim ando-se que vivam IO30 m icróbios nos oceanos, nos ecossistem as da superfície e da subsuperfície terrestres, e em cim a e dentro de anim ais e plantas. Os micróbios, aqui definidos com o organism os vivos m icroscópicos que pertencem a qualquer um dos três dom ínios conhecidos de vida na Terra (Bactéria, Archaea e Eukarya)*, habitam as superfícies expostas externa e interna do corpo h um ano (p. ex., pele, boca, vias respira tórias, trato gastrintestinal e vagina). T radicionalm ente, considera-se que o útero está livre de m icróbios, em bora novas evidências possam suscitar um a reavaliação da ideia de que esse ecossistem a é com pleta m ente estéril ao longo da gestação. A colonização m icrobiana inicia-se p or ocasião do parto; nos anos seguintes, os m icróbios chegam a ser 10 vezes m ais num erosos do que o n úm ero de células do corpo hum ano. Desse m odo, u m a visão abrangente dos h u m an o s com o um a form a de vida deve considerar os m icróbios corporais e as célu las do Homo sapiens em conjunto, com o um a rede conectada - um a sim biose coevoluída (“vivendo junto”) - em que os variados hábitats corporais servem de lares para as com unidades m icrobianas. Esses hábitats abrigam a m icrobiota com posta de m em bros que funcionam com o m utualistas (tanto o hospedeiro com o o m icróbio se benefi ciam com a presença um do outro), com ensais (um parceiro se bene ficia, sem prejuízo do outro) e patógenos potenciais ou evidentes (um parceiro se beneficia e o outro é prejudicado).
■ PROJETOS DO MICROBIOMA HUMANO Os projetos do m icrobiom a h um ano (PM Hs) refletem essa visão do corpo hum ano com o u m a reunião de células hum anas e m icrobia nas, assim com o de genes h um anos e m icrobianos. Esses projetos representam um a confluência de avanços com putacionais e técn i cos contínuos nas ciências do genom a. A m ais recente geração de sequenciadores de DNA em m odo m assivam ente paralelo pode ser usada para docum entar - com velocidade e econom ia sem preceden tes - a com posição m icrobiana de um a m icrobiota e caracterizar o conteúdo gênico de um a m icrobiota (seu microbioma). Os term os-chave relevantes aos PM Hs estão definidos no Q u ad ro 64.1. A potência com putacional e as ferram entas de program as (softwares) estão evoluindo rapidam ente para explorar a vasta q u a n ti dade de dados gerados p o r esses sequenciadores. A coevolução do desenvolvim ento de program as e da sem pre crescente geração de
* N. de R. T.: Esta classificação, com base em critérios de análise molecular, foi introduzida pelo microbiologista norte-americano Carl Woese, na década de 1970. Contudo, não é o único sistema de classificação dos seres vivos utilizado atualmente.
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conjuntos de dados não é surpreendente. Em sistem as que variam de organism os artificiais a bactérias e a m etazoários, a coevolução de predadores e presas acelera im ensam ente a taxa de evolução. Daw kins e Krebs (1979) in tro d u ziram o conceito de um a “corrida de arm as” em que o predador tem clara vantagem desenvolvendo m eios m elhores para consum ir sua presa, e esta tem um a evidente v anta gem em desenvolver m eios m elhores para evitar ser consum ida. A adaptação para escapar de um a população que está se adaptando encam inha-se para um a taxa m uito m ais rápida do que a adapta ção a um am biente que pode m udar, m as não pode evoluir de m odo adaptativo. As m esm as dinâm icas aparecem no desenvolvim ento de program as com putadorizados: o “consum idor” de program as produz conjuntos de dados cada vez m aiores que p e rtu rb a m o program a, em parte porque a disponibilidade desses recursos suscita novas es tratégias para exploração (i.e., o planejam ento de experim entos que não poderiam ter sido concebidos sem a disponibilidade de m elhores ferram entas). Essa associação íntim a entre os usuários e os criadores das ferram entas é essencial ao rápido desenvolvim ento em term os do que pode ser realizado pelo software e quais experim entos podem ser concebidos e executados em PM Hs. Esses projetos tam bém refle tem um foco m ais ecológico da m icrobiologia sobre as propriedades e funções das com unidades m icrobianas; isto é, tais projetos vão além das propriedades e funções que cada espécie com ponente dessas co m unidades exibe quando é estudada em isolam ento - ou seja, fora do seu am biente nativo. A capacidade de caracterizar as estru tu ras e funções de todas as com unidades m icrobianas sem a necessidade de cultivar seus m em bros com ponentes gerou um novo cam po científico, conheci do com o metagenômica (Q uadro 64.1). A m etagenôm ica envolve o sequenciam ento do DNA isolado diretam ente de um a com unidade m icrobiana que reside em u m determ inado ambiente; as inform ações resultantes perm item a aplicação de outras técnicas em nível de sis tem as, com o o traçado do perfil do m RNA e dos produtos proteicos expressos p o r um m icrobiom a, bem com o a caracterização das ati vidades m etabólicas de um a com unidade. O objetivo da m etagenô m ica (as caracterizações aliadas a sistem as am plos) e dos PM Hs em geral é a com preensão dos princípios ecológicos e dos vários fatores que determ inam o m odo de form ação, m anutenção e operação das com unidades m icrobianas. O s resultados p ro m etem fornecer um entendim ento m ais profundo de com o coevoluem os hábitats e es sas com unidades m icrobianas e, no caso dos hum anos, com o essas com unidades variam quanto à sua com posição e função ao longo do tem po em diferentes locais anatôm icos no interior do indivíduo ou em diferentes grupos de pessoas que vivem em distintos contextos culturais, além de com o essas com unidades contribuem para o esta do fisiológico e suas variações, a predisposição a doenças e a patogê nese m órbida dos hum anos. Além disso, os PM Hs tratam de u m a das questões m ais fu n d a m entais da genética. C om o o am biente influi na estrutura e na fu n ção dos “genes hum anos”? Ao longo de sua vida, cada hum an o e n contra u m am biente particular. Parte desse am biente experim entado pessoalm ente é incorporada à m icrobiota associada ao hábitat corpo ral. Nesse sentido, os PM H s expandirão a conceituação do potencial genético “hum ano” a partir de um a visão determ inística relativam en te fixa, em que os indivíduos h erdam som ente um conjunto definido de aproxim adam ente 20.000 genes de seus genitores para um a visão em que cada h um ano adquire um m icrobiom a que contém um con junto variado de genes m uito m aior do que os genes coletados do H. sapiens por m eio de um processo influenciado pela família, estilo de vida e experiências vitais, assim com o os genes do próprio H. sapiens. Provavelmente, os PM Hs internacionais ajudarão a determ inar se há um a dim ensão da evolução h u m an a que esteja ocorrendo no nível da m icrobiota e do m icrobiom a hu m an o s e - se houver - se, como e com que rapidez essa evolução m icrobiana pode afetar a biologia hum ana. Finalm ente, é provável que esses projetos ocasionem m ui tas questões im portantes sobre a identidade pessoal, com o definir as origens de disparidades quanto à saúde e aspectos relacionados com a privacidade e a confidenciabilidade.
QUADRO 64.1
G lossário de te rm o s usad os na d isc u s sã o do m ic ro b io m a
h u m a no Definição
Análise independente de cultura
Tipo de análise que não requer cultura de microrganismos. A informação é extraída diretamente de amostras ambientais.
Diversidade
Distribuição de diferentes tipos de organismos em hábitat(s) específico(s). De maneira ampla, a alfadiversidade é o número de espécies de orga- nismos em uma única amostra; a betadiversidade descreve como os tipos de organismos são divididos entre as amostras.
Domínios de vida
Os três maiores ramos de vida na Terra: Eukarya (incluindo os humanos), Bactéria e Archaea.
Gnotobiótica
Criação de animais em condições estéreis (livres de germes). Subsequentemente, os animais podem ser colonizados em vários estágios do seu ciclo vital com coleções de micróbios definidas.
Microbioma humano
Em ecologia, bioma refere-se a um hábitat com os organismos que ele contém. Nesse sentido, o microbioma humanoé definido como a coleção de microrganismos associados ao corpo humano. Contudo, o termo microbioma também é usado para definir o coletivo dos genomas e genes presentes nos membros de uma determinada microbiota, e o metagenoma humano é a soma do genoma humano e dos genes microbianos (microbioma). Um microbioma humano nuclear é definido como tudo que é compartilhado em um hábitat corporal particular entre todos ou a vasta maioria dos microbiomas humanos. 0 microbioma do core pode incluir um conjunto comum de genomas e genes que codificam várias famílias de proteínas e/ ou funções metabólicas. Os genes microbianos, representados de modo variável nos diferentes humanos, podem contribuir para fenótipos fisiológicos/metabólicos distintos.
Metagenômica
Campo recente que abrange estudos independentes de cultura das estruturas e funções das comunidades microbianas e de suas interações com os hábitats que elas ocupam. A metagenômica inclui: (1) se quenciamento pela estratégia shotgun do DNA microbiano isolado diretamente de um ambiente específico; e (2) triagem de alta resolução de bibliotecas de expressão, construídas com base em clones do DNA da comunidade, para identificar funções específicas, como a resistência a antibióticos (metagenômica funcional). As análises no nível do DNA propiciam os fundamentos para perfilar os mRNAs e as proteínas produzidos por um microbioma (metatranscritômica e metaproteômica) e para identificar a rede metabólica de uma comunidade (metametabolômica).
Microbiota
Comunidade microbiana que inclui bactérias, arqueias, eucariotos e vírus, e ocupa um hábitat específico.
Pangenoma
Grupo de genes encontrado nos genomas que compõem um filotipo microbiano particular, incluindo genes do core, encontrados em todos os genomas, e genes dispensáveis, encontrados em um subconjunto genômico do filotipo.
Análise filogenética
Caracterização das relações evolutivas entre os organismos e seus produtos gênicos.
Árvore filogenética
“ Árvore” em que os organismos são mostrados de acordo com suas relações com ancestrais comuns hipotéticos. Quando construída a partir de seqüências moleculares, os comprimentos de seus ramos são proporcionais à quantidade de mudanças evolutivas que separam cada par de ancestral e descendente.
Filotipo
Grupo filogenético de micróbios, definido atualmente por uma porcentagem-limiar da identidade compartilhada entre seus genes de rRNA da pequena subunidade ribossômica (p. ex., >97% para um filotipo do nível de espécie).
Rarefação
Procedimento em que se usa uma subamostragem para avaliar se toda a diversidade presente em uma amostra específica ou em um conjunto de amostras foi observada em uma profundidade amostrai específica, e para extrapolar quantas amostras adicionais são necessárias para observar toda a diversidade.
Resiliência
Capacidade de uma comunidade para retornar ao seu estado inicial após uma perturbação.
A m aio ria dos m em bros de com unidades m ic ro bianas com plexas não pode ser cultivada p or m eio das técnicas laboratoriais convencionais. A enorm e diversidade m icrobiana existente den tro e fora do corpo hum ano não pode ser caracterizada m ediante abordagens com base em culturas, porque, em gran de parte, o m eio m etabólico estabelecido p or essas com unidades em seus hábitats nativos é impossível, atualm ente, de ser duplicado in vitro. Portanto, os pesquisadores têm re co rrid o a m étodos in d ep e n dentes de culturas p ara identificar os organism os que estão presentes em u m a m ic ro b io ta e a sua abundância. O gene m ais usado para identificar os m icrorganism os e classificar suas relações evolutivas codifica o principal RNA com ponente da pequena subunidade (SSU) dos ribossom os. O gene do rRNA da SSU (ou, sim plificando, gene SSU rRNA) é m uito conservado entre todas as form as de vida conhecidas da Terra. Essa conservação perm ite que os genes SSU rRNA de diferentes organism os sejam alinhados com tanta precisão, que as regiões variáveis da seqüência nucleotídica p odem ser identificadas im ediatam en te. As com parações pareadas das seqüências do gene SSU rRNA de diferentes m icróbios possibilitam a construção de u m a árvore filogenética que represen ta um m apa evolutivo; aos organism os anteriorm en te desconhecidos pode ser atribuída um a localização (coordenada) nesse m apa. Essa abordagem , conhe cida c om o filogenética molecular, p erm ite que cada organism o seja caracterizado com base em sua dis tância evolutiva de outros organism os. Os distintos tipos filogenéticos (ou filotipos) podem ser observa dos com o ram os em um a árvore evolutiva. O m eio m ais d ireto p ara defin ir quais são os m icróbios que estão presentes em com unidades m i crobianas associadas ao corpo h um ano é a am plifi cação dos genes SSU rRNA pela reação em cadeia da polim erase (PCR), utilizando iniciadores (prim ers) orientados para regiões com seqüências nucleotídicas conservadas entre todas as bactérias (ou arqueias, ou eucariotos) e que flanqueiam as regiões m ais va riáveis. Essas regiões variáveis servem para discri m inar entre os diversos tipos de organism os p e rte n centes a cada um dos três dom ínios de vida. Com o as bactérias d o m inam as com unidades m icrobianas hum anas, a m aioria dos esforços tem sido dedicada à definição da diversidade bacteriana na m icrobiota. A coevolução do sequenciam ento de DNA de alto re n d im en to de ú ltim a geração com novas fer ra m e n ta s c o m p u ta cio n ais (softw ares) gerou um renascim ento do SSU rR N A que possibilita a ca racterização sim ultânea da diversidade presente em centenas a m ilhares de com unidades m icrobianas. O bservou-se que o sequenciam ento de um peque no fragm ento de 1.500 pb (pares de bases) do gene bacteriano codificador do rRNA da subunidade 16S (ou gene 16S rRNA) é suficiente para vários tipos de análise. Por exem plo, extensões de leitura (ou leitu ras) de 250 bases, abrangendo um a região variável desse gene, são adequadas p ara atribuições e com parações taxonôm icas da com unidade m icrobiana, um a vez que essa região ten h a sido escolhida com cuidado. O planejam ento de iniciadores para a PCR dos genes bacterianos 16S rRNA é um fator crítico: o anelam ento (ou hibridização) diferencial com pares de iniciadores distintos, planejados para am plificar
Microbioma Humano
Termo
■ UMA CAIXA DE FERRAMENTAS PARA ANÁLISES METAGENÔMICAS INDEPENDENTES DE CULTURA DE COMUNIDADES MICROBIANAS
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diversas regiões variáveis,pode levar a um a super-representação ou a u m a sub-representação de grupos taxonôm icos específicos (táxons), e distintas regiões intragênicas podem ter padrões evolutivos um pouco diferentes. Por isso, deve-se ter cuidado nas com parações da relativa abundância de táxons em am ostras caracterizadas em estu dos diferentes que utilizam m étodos tam bém diversos. U m a inovação fu n d a m e n ta l foi o seq u e n ciam e n to m últiplo, com sequenciadores de DNA m assivam ente paralelos que p o d em gerar grande q u an tid ad e de seqüências com leituras de >200 n u cleotídios. Os am plicons produzidos pela am ostra de DNA de cada com u n id ad e m icrobiana são m arcados pela incorporação, ao in i ciador, de um código de b arras de um ú nico oligonucleotídio. Os am plicons que contêm esses códigos de b arras específicos p ara as am ostras p o d e m ser reunidos, de m o d o que as am ostras m últiplas
representativas de com unidades m últiplas possam ser sequenciadas sim ultaneam ente (Fig. 64.1). Um a escolha im portante no sequenciam ento m últiplo de códi gos de barras envolve um a com pensação entre o núm ero de am ostras que podem ser processadas sim ultaneam ente e o núm ero de seqüên cias p o r am ostra, que, p o r sua vez, depende da m agnitude espera da das diferenças entre as com unidades m icrobianas. As diferenças, n a m icrobiota, entre indivíduos ou entre com unidades que ocupam hábitats corporais distintos no m esm o indivíduo são grandes; Por tanto, são necessárias relativam ente poucas leituras (< 1.000) do gene codificador do rRNA da peq u en a su b u n id ad e ribossôm ica (gene SSU rRNA) para a discrim inação entre as com unidades. C ontudo, a identificação de diferenças sistem áticas na ecologia da com unida de, que se correlacionam com o estado fisiológico ou patofisiológico,
S equenciam ento m últiplo de a m p lico ns de gene de rR N A da SSU
D N A extraído; PCR am plifica genes de rR N A da SSU com in iciadores com có d igo s de barras R egião variável
T riagem , atrib u içã o de se q ü ê n cias às am ostras, usando có d igo s de barras >AGTGAGAGAAGCAGGGTCGTAATGTT >AGTGCGATGCGTAGGGTCGTAATGTA >AGTGCGATGCGTAGGGTCGTAATGTA >AGTGGATGCTCTAGGGTCGTAATGTT >AGTGAGAGAAGCAGGGGTCGTAATGT >AGTGGATGCTCTAGGGTCGTAATGTT
Comunidade ^ A linh a m e nto de se q üências, tra n sfo rm a çã o em U TO s e in ferência de filogenia, co locando U T O s em um a árvore filo g en é tica de p rincipal referência
A m plicons
Genética, Ambiente e Doenças
A nálise p or U niFrac
(ü)
(iii)
Figura 64.1 Fonte de suprimento para estudos independentes de cultura de uma microbiota. (4) 0 DNA é extraído diretamente de uma amostra de uma comunidade microbiana associada ao hábitat corporal humano. É realizada a preci sa localização da comunidade e coletados os metadados relevantes do paciente. A reação em cadeia da polimerase (PCR) é usada para amplificar segmentos do gene bacteriano do rRNA da subunidade 16S (gene 16S rRNA) que contenham uma ou mais regiões variáveis. Iniciadores com códigos de barras corretores de erros, es pecíficos para a amostra, são planejados para reconhecer as regiões mais conser vadas do gene 16S rRNA que flanqueiam a região ou regiões variáveis marcadas. (B) Amplicons com códigos de barras de amostras múltiplas (comunidades 1 a 3) são reunidos e sequenciados, em grupos, em um sequenciador de DNA massiva mente paralelo de última geração, (Cj As leituras resultantes são processadas. Os códigos de barras denotam a amostra da qual se originou a seqüência. Depois que as seqüências com códigos de barras são removidas em silício, as leituras são alinhadas e agrupadas de acordo com um nível especificado de identidade com partilhada; por exemplo, as seqüências que compartilham >97% da identidade de seqüências nucleotídicas são consideradas representativas de uma espécie. Uma vez que as leituras sejam processadas desse modo, são colocadas em uma árvore filogenética de todas as bactérias conhecidas, para inferir sua filogenia. {D) As comunidades podem ser comparadas mutuamente por métodos baseados em tá xons, nos quais a filogenia não é considerada e o número de táxons compartilhados é simplesmente calculado, ou por métodos filogenéticos, nos quais a semelhança entre as comunidades é considerada à luz das relações evolutivas dos membros da comunidade. 0 método métrico UniFrac é geralmente usado para as comparações filogenéticas. Nos três exemplos aqui estilizados, são mostradas comunidades com graus variados de similaridade. Cada círculo representa uma unidade taxonômica
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G rup a m e nto de am o stra s com base nas distâ ncia s de U n iF rac ca lcu lad a s a p a rtir de (iii)
operacional (UT0), que é colorida segundo sua comunidade de origem e coloca da em uma árvore filogenética principal que inclui todas as linhagens de todas as comunidades. Os ramos (linhas horizontais) são coloridos com a cor de cada comunidade que contém membros desse ramo. Os exemplos (i), (ii) e (iii) variam na quantidade de comprimentos de ramos compartilhados entre as UTOs de cada comunidade. Em (i), não há comprimento de ramo compartilhado, e as três co munidades têm um escore de similaridade igual a 1. Em (ii), as comunidades são idênticas e têm escore de similaridade de 1. Em (iii), há um nível de similaridade intermediário. As comunidades representadas em vermelho e verde compartilham mais comprimentos de ramos e, portanto, têm maior escore de similaridade do que as comunidades vermelhas versus azuis ou verdes versus azuis. A quantidade de comprimentos de ramos compartilhados em cada comparação de comunidades pareadas fornece uma matriz de distância, (£} Os resultados das matrizes de dis tância com base em táxons ou em filogenética podem ser mostrados peia análise das coordenadas principais (PCoA), em que cada comunidade é plotada espacialmente, de modo o maior componente da variância é captado no eixo X (PC1) e o segundo maior componente da variância é mostrado no eixo y (PC2). No exemplo exibido, são comparadas as três comunidades de (iii) no painel D. Note-se que, para o sequenciamento pela estratégia shotgun do DNA de todas as comunidades (análise do microbioma), as leituras são comparadas com os genes presentes nos genomas de micróbios cultivados sequenciados e/ou com genes que foram anota dos por esquemas de classificação hierárquica em vários bancos de dados, como o KEGG [Enciclopédia de Genes e Genomas de Kioto], A seguir, as comunidades podem ser comparadas de acordo com a distribuição de grupos funcionais em seus microbíomas (de maneira análoga aos métodos com base em táxons para as comparações quanto ao rRNA de 16S) e os resultados são plotados por PCoA.
■ FORMANDO UM ATLAS D0 CORPO HUMANO COM BASE N0 rRNA DA SUBUNIDADE 16S BACTERIANA Em vários níveis, os hum anos são m uito sem elhantes: os genom as do H. sapiens têm >99% de identidade e têm coleções sem elhantes de células hum anas. No entanto, as com unidades m icrobianas dife rem drasticam ente tanto entre os indivíduos com o entre os hábitats no interior de um único corpo hum ano. Essa variação é m aior entre os órgãos corporais; po r exemplo, a diferença entre as com unidades m icrobianas que residem na boca de um a pessoa e as que residem no intestino dessa pessoa é com parável à diferença entre as com u nidades encontradas na terra e no mar. Até no interior de um órgão
corporal as diferenças entre as pessoas não são sutis: as com unidades do intestino e das m ãos p odem diferir em cerca de 80 a 90% no nível específico bacteriano, ainda que o grau de variação na boca pareça ser um pouco m enor (ver a seguir). O p oeta John D onne disse que “h om em algum é um a ilha”; contudo, em um a perspectiva m icro biana, cada pessoa consiste não só em u m a ilha isolada, m as em um arquipélago inteiro de hábitats diferentes que trocam m icróbios entre eles e com o “exterior” em algum nível indeterm inado. C om o acontece em outros ecossistem as, as com unidades m icro bianas associadas aos hábitats do corpo hum ano variam ao longo do tem po, e o conhecim ento dessa variação provavelm ente é essencial para a com preensão funcional da m icrobiota hum ana. E xem plifi cando, os estudos das florestas se m o strariam enigm áticos sem o en tendim ento da sucessão de eventos em que as com unidades vegetais m udam sistem aticam ente no perío d o de tem po decorrido desde a colonização dos cam pos p or espécies de ervas às grandes árvores m a duras. U m a área instigante expandida pelo sequenciam ento de alto rendim ento é a possibilidade de rastrear m últiplos locais do corpo em m uitos indivíduos ao longo do tem po, com visualização direta do fluxo de m icróbios entre diferentes hábitats corporais e distintos indivíduos na presença ou ausência de várias perturbações, com o a adm inistração de antibióticos. Os PM H s in ternacionais têm de resolver várias questões d u rante a catalogação das com unidades m icrobianas que habitam os hum anos. Q uantas pessoas têm de ser am o strad as (am plitude) e com o obter extensam ente (profundidade) u m a m edida verdadeira da extensão da diversidade m icrobiana em hum anos? O nde e com o os pesquisadores podem am o strar consistentem ente um a região de finida do hábitat corporal? N a coleta de am ostras de com unidades m icrobianas relativam ente inacessíveis, m ergulhadas nas p rofunde zas do corpo, com o pode ser m inim izado o risco para o doador? A definição das características espaciais da e strutura da com unidade m icrobiana da boca e da pele representa um desafio particularm ente assustador; por exemplo, há evidência de que cada dente de um in d i víduo tem um a m icrobiota d istinta e cada escovação dental produz um a redução im ediata e notável na diversidade. C om que frequência e em que período o ser h u m an o deve ser am ostrado? Q uais são os efeitos do gênero? Q ual é o im pacto do relacionam ento de um a pes soa com seus familiares que podem ou não estar com partilhando seu espaço vital? Q ue fatores dem ográficos devem ser avaliados (p. ex., vida rural versus urbana)? Q ual é o efeito da cultura, estilo de vida, estado de saúde, m edicam entos e do genótipo do H. sapiens? Os ecologistas, que estudam o m u n d o m acroscópico das plan tas e dos anim ais, m ostraram que a com posição de um a com unidade depende da ordem de entrada inicial das espécies com ponentes. P ro vavelm ente, o m esm o é verdadeiro no m u n d o m icrobiano. Estudos de diversidade bacteriana em am ostras fecais obtidas, ao longo do tem po, de pares de gêm eas m onozigóticas e dizigóticas adultas jovens e suas m ães revelaram que ( 1) as com unidades com o m aior grau de sem elhança são as originadas do m esm o indivíduo, (2) a sem elhança das com unidades bacterianas do intestino dos pares gemelares m onozigóticos adultos não é significativam ente diferente da encontrada nos pares gemelares dizigóticos, e (3) as com unidades fecais são mais sim ilares nos m em bros de um a m esm a fam ília do que entre m em bros de famílias diferentes. Esses resultados enfatizam que as expo sições am bientais precoces são um determ inante crítico da ecologia m icrobiana do intestino do adulto. Em hum anos, as exposições ini ciais dependem do tipo de parto. Os bebês am ostrados dentro de 20 m inutos após o nascim ento têm com unidades m icrobianas relativa m ente indiferenciadas na boca, na pele e no intestino. Nos bebês que nasceram de partos vaginais, essas com unidades assem elham -se às com unidades m icrobianas específicas encontradas na vagina m ater na; nos bebês que nasceram de parto cesáreo, suas com unidades são sem elhantes às com unidades da pele m aterna. A m icrobiota intesti nal dos infantes m odifica-se ao longo dos prim eiros 3 anos de vida, tornando-se sem elhante à com unidade intestinal do adulto, e pode continuar m udando d urante to d a a vida. A inda não foram determ i nados os estágios em que as com unidades de outros hábitats corpo rais alcançam suas form as adultas consideravelm ente diferenciadas.
Microbioma Humano
é pertu rb ad a p o r essa im ensa variação interpessoal. Por exem plo, 1.000 seqüências po r am ostra significam que espécies presentes com a abundância de 1% podem ser identificadas com razoável confian ça, em bora esse nível de cobertura seja insuficiente p ara identificar vários filotipos m ais raros no nível de espécie que p odem propiciar funções críticas para o uso de nutrientes específicos ou para o d e sencadeam ento de respostas im unes que afetam intensam ente outros com ponentes da m icrobiota. A capacidade de se realizar o sequenciam ento m últiplo de 165 genes 16S rRNA de bactéria com sequenciadores m assivam ente p a ralelos cria um problem a: as ferram entas tradicionais para o alin h a m ento de seqüências e a definição de grupos taxonôm icos pela sua sim ilaridade de seqüências [um processo conhecido com o seleção de unidades taxonômicas operacionais (SUTO)] e os m étodos habituais para análises filogenéticas não conseguem lidar com os enorm es con juntos de dados envolvidos. Esse aspecto está com eçando a ser resol vido com as novas ferram entas p ara realizar alinham entos em grande escala e análises filogenéticas baseadas em táxons de grande escala. Tanto os m étodos baseados em táxons (análises com base so m ente nas UTOs presentes, sem considerar suas relações evolutivas) com o os m étodos filogenéticos (análises com posicionais considera das à luz das relações evolutivas dos m em bros da com unidade) p o dem ser úteis. As vantagens dos m étodos baseados em táxons são a revelação direta de que os táxons contribuem para as sim ilaridades e diferenças entre as am ostras (com unidades) e não se valem de re construções de árvores possivelm ente errôneas. As vantagens dos m étodos filogenéticos são que, com a m esm a entrada de dados, usam um a visão m ais acurada da evolução para fornecer resultados m ais claros do que os m étodos baseados em táxons. Ao contrário desses últim os m étodos, os m étodos filogenéticos não presum em que todos os táxons sejam igualm ente relacionados entre eles. Um m étodo filogenético utilizado em geral e conhecido com o UniFrac com para a história evolutiva com preendida dentro de dife rentes com unidades m icrobianas, e pode ser usado para com parar quaisquer duas com unidades m ediante registro do grau de com par tilham ento dos com prim entos de ram os em um a árvore de dom ínio de vida m icrobiana: quanto mais sem elhantes forem as com unidades, mais com prim entos de ram os elas com partilharão (Fig. 64.1). Pode ser gerada um a m atriz de m edidas de distâncias entre cada par de com unidades, baseada em UniFrac, e os resultados p o d em ser re presentados p or gráficos de acordo com a análise das coordenadas principais (PCoA), a escala m ultidim ensional não m étrica (NM DS) ou outras técnicas de geom etria que projetam um conjunto de dados de alto dim ensionam ento sobre um pequeno núm ero de dim ensões que pode ser visualizado e analisado adequadam ente. As dim ensões resultantes m ostram , em ordem decrescente, as contribuições ortogonais para a variação no conjunto total dos dados (Fig. 64.1). O utro nível de análise sugere a estim ação da riqueza ou diver sidade de um a com unidade m icrobiana, m ediante plotagem do n ú m ero de diferentes tipos de seqüências de SSU rRNA em um nível filogenético específico (p. ex., nível de espécie ou de gênero), que são identificados em um a am ostra com o um a função do núm ero de se qüências coletadas. As estim ativas da diversidade baseiam -se, tip i cam ente, nos procedim entos de rarefação, que avaliam com o m uitas espécies (ou gêneros, etc.) deveriam ter sido observadas, em um a dada am ostra, se apenas 100, 200, 300 ou m ais seqüências tivessem sido coletadas.
529
Um a visão integrada inicial da distribuição espacial e tem p o ral de bactérias no corpo hum ano foi obtida de u m a averiguação de com unidades de um a m icrobiota que ocupa 27 locais em alguns hom ens e m ulheres sadios não aparentados. Os hábitats corporais am ostrados (em um dado dia para 2 dias consecutivos em duas oca siões separadas por 3 meses) incluíram o intestino (fezes), a cavidade oral, os m eatos acústicos externos, o interior das narinas e 18 locais diferentes na pele (Fig. 64.2). Entre todos os hábitats corporais, foram detectados m em bros de 22 filos bacterianos, m as a enorm e m aioria de seqüências pertencia som ente a quatro desses filos: A ctinobactérias (37%), Firm icutes (34%), Proteobactérias (12%) e Bacteroidetes (10%). U m a PCoA baseada em UniFrac revelou forte agrupam ento prim ário pelo hábitat corporal; e a com posição da com unidade foi significativam ente m enos variada dentro dos hábitats do que entre eles. D entro dos hábitats, o grau de variação foi significantem ente m enor no interior dos indivíduos am ostrados ao longo do tem po, do que entre os indivíduos am ostrados em um dia específico. Finalm en te, depois de serem considerados o hábitat e o indivíduo, o grau de variação foi significativam ente m enor durante 1 dia, do que ao longo de 3 meses. As com unidades do “corpo inteiro” com postas d iaria m ente das pessoas m ostraram agrupam ento perfeito po r hospedeiro
Genética, Ambiente e Doenças 530
e p or mês, salientando, além disso, que a assinatura da m icrobiota pessoal perm anece relativam ente estável com o passar do tempo. Diversas averiguações têm salientado que a pele abriga com uni dades com características biogeográficas previsíveis, em bora com ple xas (Fig. 64.2). Para determ in ar se essas distinções refletem diferen ças nos fatores am bientais locais, na história da exposição de um sítio específico aos m icróbios, ou em am bos, foi realizado o transplante recíproco de m icrobiotas, no qual as com unidades m icrobianas de um a região da pele são depletadas pelo tratam ento com agentes germ icidas e a região (plot) é inoculada com um a m icrobiota “estranha” coletada de diferentes regiões da pele ou de diferentes hábitats corpo rais do m esm o indivíduo ou de outro. Subsequentem ente, a form ação da com unidade no sítio do transplante é rastreada ao longo do tem po. É notável que essa form ação se processe de m odo diferente em sítios distintos: os plots do antebraço que receberam um a m icrobiota da língua perm aneceram m ais sem elhantes às com unidades linguais do que às com unidades nativas do antebraço, em term os de com po sição e diversidade. C ontudo, os plots da fronte inoculados com bac térias da língua evoluíram , tornando-se m ais sim ilares às com unida des nativas da fronte. Desse m odo, parece que os fatores ambientais, atuando no plot frontal, e a história de exposição às bactérias linguais m oldaram a form a da com unidade. Esses resu lta d o s acentuam a N arina (D) Fronte C ouro cabeludo N ariz externo N arina (E) necessidade de se especificar o h á bitat corporal, quando se realizam estu d o s de vigilância m icrobiana d estinados a exam inar o fluxo de organism os norm ais e patogênicos para dentro e para fora de diferentes sítios corporais em pacientes inter nados e seus provedores de cu id a dos de saúde. T am bém se ligam a vários tem as em ergentes de estudos de com unidades m icrobianas asso ciadas aos hum anos. Notavelm ente, há um alto nível de variabilidade in terpessoal em cada hábitat corporal estudado até o presente. A variação m írapessoal em um hábitat co rp o ral específico é m enos m arcada, tra n s fo rm a n d o em um a atrativa opção de estudo as pesquisas longi tudinais da ecologia da com unidade m icrobiana de um indivíduo antes, d urante e depois de um a p e rtu rb a ção dietética ou farm acológica, por exemplo. A resiliência das com unidades m icrobianas associadas aos h u m a nos após um a perturbação tem sido tra ta d a em ou tro s contextos. Um estudo m ostrou que lavar as m ãos acarretava m udanças profundas na c o m u n id a d e m icrobiana, a u m e n tan d o enorm em ente a diversidade (talvez devido à rem oção pre fe rencial de filotipos d om inantes e ab u n d an tes, com o a Propionibac■ Acinetobacter ■ Actinomycetales ■ Lachnospiraceae I Lachnospiraceae (inc. sed.) ■ Bacteroidales terium ). Em 6 horas, a m icrobiota ■ Clostridiales ■ Bacteroides Propionibacterineae Finegoldia ■ Coriobacterineae tin h a recuado, assem elhando-se às ■ Anaerococcus Leptotrichia I Oribacterium M Carnobacteriaceae ■ Gemella c o m u n id a d es m an u ais originais. ■ Fusobacterium ■ Neisseria ■ Capnocytophaga Pasteurellaceae Prevotellaceae Em adultos, os estudos de alguns Prevotella ■ Micrococcineae ■ Faecalibacterium ■ Alistipes Staphylococcus indivíduos que to m aram ciprofloVeillonella Peptoniphilus ■ Campylobacter ■ Lactobacillus xacino durante 5 dias revelaram que ■ Actinomycineae H Corynebacterineae Streptococcus Ruminococcaceae a restauração da com unidade fecal após a adm inistração do antibiótico Figura 64.2 Resultados de um estudo da diversidade bacteriana em 27 hábitats corporais de nove humanos levou vários meses. Tanto a n a tu adultos sadios não aparentados, baseado em seqüências do gene que codifica o rRNA da subunidade ribossômica 16S. São mostradas as proporções relativas dos principais grupos filogenéticos presentes nas diversas comunidades reza com o o tem po da restauração microbianas. Observe que as comunidades da pele que ocupam posições comparáveis nos lados direito (D) e esquerdo (E) (reconfiguração) variaram com o do corpo são semelhantes. (Adaptada de Costello e ta l)
indivíduo. A m aioria dos táxons presentes anteriorm ente retornou, em bora em proporções diferentes. Os efeitos dos antibióticos ad m i nistrados durante o prim eiro ano de vida sobre a form ação da m icro biota são m al definidos. Esses efeitos são transitórios ou persistentes? A diversidade da m icrobiota adulta é afetada? C uriosam ente, a “h i pótese da higiene” liga o desenvolvim ento do sistem a im une hum ano a exposições m icrobianas no início da vida. Evidências crescentes indicam que m enos exposições e m enor condicionam ento estão as sociados a um aum ento do risco de distúrbios alérgicos, com o asm a e várias sensibilidades alim entares. Estudos do rRNA da subunidade ribossôm ica 16S bacteriana da m icrobiota vaginal m édia em m ulheres assintom áticas sexualm ente ativas registraram diferenças significativas nas configurações da com unidade entre quatro grupos étnicos autorrelatados (m ulheres de ancestralidade branca, negra, hispânica e asiática). Ao contrário da m aioria de outros hábitats corporais averiguados, esse ecossiste m a é dom inado p o r um único gênero, Lactobacillus. Em conjunto, quatro espécies desse gênero com põem m ais de 50% das bactérias na m aior parte dessas com unidades. Foram definidos cinco grupos com unitários, designados de I a V; quatro grupos são dom inados por L. iners, L. crispatus, L.gasseri, ou L. jensii, enquanto o quinto grupo inclui proporcionalm ente m enos m em bros desse gênero e m ais ana eróbios. A representação dessas categorias com unitárias era bastante distinguível em cada um dos quatro grupos étnicos e se correlacio nava com o pH vaginal e os escores N ugent (um biom arcador para vaginose bacteriana). A identificação dos fatores que determ inam a form ação dessas com unidades distintas dentro dos grupos étnicos e entre eles, bem com o sua resistência ou sua resiliência após várias perturbações fisiológicas ou patológicas necessitará de am plos estu dos longitudinais no interior dos indivíduos, incluindo a avaliação do im pacto do ciclo m enstruai, da idade, da gestação, de infecções vaginais e do uso de antibióticos.
■ QUEM MAIS ESTÁ AÍ? OUTROS RAMOS DA ÁRVORE DA VIDA REPRESENTADOS NO CORPO HUMANO As averiguações com base no sequenciam ento do SSU rRNA têm fo calizado am plam ente as bactérias, contudo o censo de “quem está aí” nas com unidades associadas aos hábitats do corpo h um ano deve le var em conta os outros dois dom ínios de vida (arqueias e eucariotos), bem com o os vírus. A representação dos quatro filos principais de Archaea (Euryarchaeota, Crenarchaeota, N anoarchaeota e Korarchaeota) em com unidades m icrobianas hum anas e suas contribuições às funções com unitárias ainda não está b em definida, em parte devido à dificuldade para aperfeiçoar o planejam ento de iniciadores especí ficos para arqueias. Sabe-se que algum as arqueias têm papeis essen ciais no m etabolism o da com unidade; p or exemplo, as arqueias que produzem m etano (m etanogênicas) constituem 10% de todas as anaeróbias nas fezes de alguns hum anos, todavia a diversidade arqueana na m icrobiota intestinal parece ser reduzida, com Methanobrevibacter sm ithii sendo a espécie dom inante. As m etanogênicas intestinais m elhoram a eficiência da degradação e da ferm entação dos polissacarídios da dieta, im pedindo a form ação de hidrogênio gasoso, um produto final da ferm entação. Essa não é um a tarefa particularm ente recom pensadora: a união da oxidação de H 2 com a redução de C 0 2 para produzir m etano (C H 4) é um a das reações biológicas conheci das de mais baixa produção de energia. As averiguações independentes de cultura d a diversidade eucariótica nas com unidades da m icrobiota associada aos hábitats co rp o rais ainda são m uito lim itadas. As inform ações sobre a representação dos m em bros desse dom ínio de vida têm im portantes conseqüências para a definição do que é “norm al”; p or exemplo, os parasitas eucarióticos são representados em m ilhões de hospedeiros que vivem em várias partes do m undo, e podem ser interpretados com o um com po nente “norm al” nessas regiões. As análises independentes de cultura baseiam -se na m arcação de genes eucarióticos SSU rRNA que codifi cam o rRNA da subunidade ribossôm ica 18S, bem com o nas regiões espaçadoras transcritas internas (ITS, em inglês) de genes de rRNA de fungos. Os estudos m etagenôm icos da m icrobiota fecal de alguns hum anos adultos sadios indicam que o grau de diversidade eucarió-
tica é inferior ao da diversidade bacteriana, com a representação des tacada de m em bros do gênero Blastocystis - anaeróbios obrigatórios com am pla distribuição no hospedeiro e papel ainda não esclarecido com o parasitas ou patógenos no ecossistem a intestinal hum ano. A m icrobiota fecal desses hum anos sadios tam bém abriga outros gêne ros de fungos (Galactomyces, Paecilomyces e Gloeotinia). Assim como nas bactérias, as averiguações independentes de cultura e as com base em cultura fornecem im agens m uito diferentes da com posição da com unidade, com espécies do gênero Candida aparentem ente d om i nantes entre os eucariotos fecais cultiváveis. Os vírus são os principais predadores neste planeta dom inado pelos m icróbios, determ inando as linhagens m icrobianas que sobre vivem. A m aior parte da diversidade genética n a T erra é viral: os v í rus transportam o DNA de um hospedeiro m icrobiano para outro, abrigando genes originados do hospedeiro à m edida que evoluem. A visão atual é a de que h á aproxim adam ente 10 partículas sem e lhantes a vírus (PSVs) p o r célula m icrobiana em praticam ente todas as com unidades m icrobianas. O sequenciam ento do DNA das PSVs de fezes purificadas de um grupo gem elar m onozigótico e suas mães revelou que os prófagos e fagos constituem a m aior parte do virom a, com a m aioria de fagos pertencendo à família Podoviridae. Um levantam ento encontrou que a m aior p arte da diversidade viral na parte distai do intestino era nova ( f
Figura 65.1 Potência e estágio do desenvolvimento para obtenção de material para cultivo de células-tronco. Para a abreviação das células-tronco, veja o Quadro 65.1. Observe que as células-tronco com frequência são abreviadas com ou sem a palavra “célula” , por exemplo, células ES ou ESC para células-tronco embrionárias, c, camundongo; h, humano.
as células parcialm ente diferenciadas ou com prom etidas com deter m inada linhagem (p. ex., células progenitoras m ieloides) que podem se dividir para form ar diferentes tipos celulares, m as não têm capaci dade de autorrenovação. As células unipotentes ou monopotentes, por exemplo, células-tronco esperm atogoniais (SS), são aquelas capazes de dar origem a um a única linhagem diferenciada. As células defi nitivam ente diferenciadas, com o os fibroblastos, tam bém possuem capacidade de proliferação (que pode ser denom inada autorrenova ção), m as sem pre dão origem ao m esm o tipo celular (ou seja, não têm capacidade para form ar outro tipo celular) e, portanto, não são consideradas células unipotentes.
Reprogramação nuclear
Medicina Regenerativa 538
Ao longo do desenvolvim ento há um a progressão natural que se ini cia nos óvulos fertilizados totipotentes passando a epiblastos p lu ri potentes, que form am células m ultipotentes até que, finalm ente, se originam as células definitivam ente diferenciadas. De acordo com o sistem a epigenético de W addington, essa seqüência seria análoga a um a bola que se movesse ladeira abaixo. A reversão de células defi nitivam ente diferenciadas para células toti ou pluripotentes (d en o m inada reprogramação nuclear) pode ser vista com o um a escalada ladeira acim a que jam ais ocorre em condições norm ais. No entanto a reprogram ação nuclear foi conseguida usando o transplante nuclear ou transferência nuclear (TN), procedim entos (tam bém d e n o m in a dos “clonagem ”) nos quais o núcleo de um a célula diferenciada é transferido a um ovócito enucleado. Apesar de tal procedim ento te n der ao erro com índices de sucesso m uito baixos foram produzidos anim ais vivos usando-se células som áticas adultas com o doadoras, em ovelhas, cam undongos e outros m am íferos. Nos cam undongos, dem onstrou-se que as células ES derivadas de blastocistos a p artir de célula som ática com TN são indistinguíveis das células ES norm ais. É possível utilizar o TN para produzir células ES específicas com geno m a idêntico ao do paciente. E ntretanto, não há relato de sucesso deste procedim ento em hum anos. D eixando de lado questões técnicas e éticas, o suprim ento lim itado de ovócitos hum anos certam ente será um grande obstáculo à aplicação clínica do TN. C om o alternativa, foi apresentada a possibilidade de reprogram ação nuclear de células som áticas prom ovendo sua fusão com células ES em cam undongos e em seres hum anos. No entanto, ainda não está claro com o o DNA derivado das ES poderá ser rem ovido das células híbridas. Um a abordagem crescentem ente bem -sucedida é a conversão d i reta de células diferenciadas em células sem elhantes às ES [as cham a das células pluripotentes induzidas (iPS)] p or m eio de superexpres são transitória de um a com binação de fatores de transm issão (TF). No m étodo original infectavam -se fibroblastos em b rio n ário s de cam undongos com vetores retrovirais carreando quatro TF [Pou5fl (Oct4), Sox2, Klf4 e M yc} e identificava-se a rara ocorrência de células sem elhantes a ES na cultura. Em breve adaptou-se o procedim ento a
células hum anas com alguns refinam entos (p. ex., uso de m enos TF, tipos celulares diferentes e m étodos distintos para o im plante gêni co). O uso de coquetéis proteicos e de diversas pequenas m oléculas tam bém tem sido intensam ente pesquisado, um a vez que o objetivo é produzir células iPS específicas para o paciente sem alterar sua cons tituição genética.
Plasticidade ou transdiferenciação de células-tronco O paradigm a prevalente na biologia do desenvolvim ento é que, um a vez que as células estejam diferenciadas seus fenótipos serão estáveis. E ntretanto, há diversos relatos dem o n stran d o que as células-tronco teciduais que, tradicionalm ente, acreditava-se fossem células m ulti potentes com prom etidas com um a determ inada linhagem , possuem capacidade para se diferenciar em tipos celulares além dos lim ites de sua linhagem (a cham ada transdiferenciação). Por exem plo, as células HS podem ser convertidas em neurônios assim com o em cé lulas germ inativas. Essa característica talvez proporcione um m eio para que sejam usadas células-tronco teciduais obtidas diretam ente de um paciente com propósitos terapêuticos, elim inando, assim , a necessidade de utilização de células-tronco em brionárias ou de p ro cedim entos sofisticados, tais com o a reprogram ação nuclear de cé lulas som áticas de pacientes. N o entanto, serão necessários critérios m ais estritos e validação rigorosa para determ inar a plasticidade das células-tronco teciduais. Por exem plo, as observações sobre tran sd i ferenciação podem refletir fusão celular, contam inação com células progenitoras de outras linhagens celulares, ou persistência de células em brionárias pluripotentes em órgãos adultos. Portanto, a potência assinalada na Figura 65.1 para cada célula-tronco cultivada deve ser considerada com cautela. Se a transdiferenciação existe e se poderá ser usada com objetivos terapêuticos perm anece algo a ser d eterm i nado de form a conclusiva.
Diferenciação direta das células-tronco As células-tronco pluripotentes (p. ex., células ES e iPS) podem se diferenciar em diversos tipos celulares, mas, quando cultivadas, n o r m alm ente se diferenciam em populações celulares heterogêneas de form a estocástica. Entretanto, para fins terapêuticos, é desejável que seja possível direcionar as células-tronco para determ inados tipos ce lulares (p. ex., células beta p rodutoras de insulina). Esta é um a área de pesquisa bastante ativa no que se refere às células-tronco e têm sido desenvolvidos protocolos para que este objetivo seja atingido. Em qualquer um desses sistem as de diferenciação celular dirigida, o fenótipo da célula deve ser avaliado criticam ente.
■ CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DAS CÉLULAS-TRONCO Genômica e proteômica Além das abordagens convencionais da biologia m olecular, a genô m ica e a proteôm ica de alto re ndim ento têm sido extensivam ente aplicadas nas pesquisas com células-tronco. Por exemplo, a análise de m icroarranjos de DN A revelou os níveis de expressão de p ra ti cam ente todos os genes e identificou m arcadores específicos para algum as células-tronco. A im unoprecipitação da crom atina ju n to com as tecnologias de sequenciam ento de nova geração, capazes de produzir dezenas de m ilhões de leituras de seqüências em u m a única passagem , revelaram m odificações de crom atina (“m arcas epigenéticas”) relevantes às propriedades das células-tronco. De form a se m elhante, os perfis proteicos das células-tronco têm sido avaliados usando espectrofotom etria de m assa. Esses m étodos estão com eçan do a fornecer novos m eios para caracterizar e classificar as diversas células-tronco e os m ecanism os m oleculares que lhes garantem suas características exclusivas.
Regulação da célula ES E im p o rtan te identificar os genes envolvidos na regulação da fu n ção das células-tronco e investigar os efeitos da expressão alterada de genes sobre as ES e o u tras células-tronco. Por exem plo, redes nucleares de TF com o P ou5fl (O ct4), N anog e Sox2 - com andam vias/redes-chave de regulação gênica p ara a m an u te n çã o da a u to rrenovação e da p lu rip o tê n c ia das células ES de cam undongos
e de seres hu m an o s. Essas redes de TF são m o d u la d a s p o r fa to res externos específicos p o r m eio de vias de tran sd u çã o de sinais, com o fator de inibição da leucem ia (L if)/Stat3, p ro tein o q u in ases 1/3 ativadas p o r m itógeno (M A PK 1/3), superfam ília TGF(3, e W nt/ glicogênio sintase quinase 3-beta (Gsk3b). In ib id o res da sinaliza ção das M a p k l/3 e da Gsk3b aum entam a derivação de células ES e ajudam a m antê-las p lenam ente p lu rip o ten tes (“estado básico” ou “inicial”). D ados recentes indicam que RNAs de 20 a 25 n u c le o tí dios, d e n o m in ad o s m icroR N A s (m iRN A s), têm papel im p o rta n te n a regulação da função das células-tronco ao re p rim ir a trad u ção dos seus genes alvo. Por exem plo, dem o n stro u -se que o miR-21 re gula a progressão do ciclo celular em células ES e o m iR-128 evita a diferenciação de células pro g en ito ras hem atopoiéticas. Essas a n á lises talvez forneçam pistas m oleculares acerca do fu n cio n am en to das células-tronco levando a m eios m ais efetivos de m anipulá-las para futura utilização terapêutica.
CAPÍTULO
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C é lu la-tro nco
Células-Tronco HematopoiétiGas David T. Scadden Dan L. Longo
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A utorrenovação
D iferenciação
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FUNÇÕES CARDINAIS DAS CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS Todos os tipos de células-tronco têm duas funções principais: a u torrenovação e diferenciação (Fig. 66.1). Elas existem para gerar, m anter e reparar os tecidos. Funcionam com sucesso quando podem substituir um a ampla variedade de células m aduras de vida curta por períodos prolongados. O processo de autorrenovação (ver adiante) assegura que um a população de células-tronco se m antenha ao lo n go do tempo. Sem a autorrenovação, o conjunto de células-tronco se esgotaria e a m anutenção do tecido não seria possível. O processo de diferenciação leva à produção de efetores da função tecidual: células
C é lu las diferenciadas
Figura 66.1
Características próprias das células-tronco. As células-tronco
têm essencialmente dois aspectos: a capacidade de diferenciação em uma va riedade de tipos celulares maduros e a de autorrenovação. Os fatores intrínsecos associados à autorrenovação incluem a expressão de Bmi-1, Gfi-1, PTEN, STAT5, Tel/Atv6, p21, p18, MCL-1, Mel-18, FSAE28 e HoxB4. Os sinais extrínsecos para a autorrenovação incluem Notch, Wnt, SHH e Tie2/Ang-1. Com base principalmente em estudos feitos com camundongos, as células-tronco hematopoiéticas expres sam as seguintes moléculas da superfície celular: CD34,Thy-1 (CD90), receptor de c-Kit (CD117), CD133, CD164 e c-MpI (CD110, também conhecido como receptor de trombopoietina).
m aduras. Sem a diferenciação apropriada, a integridade da função tecidual ficaria com prom etida e ocorreria insuficiência de órgãos. No sangue, as células m aduras têm um a vida m édia variável, de 7 horas no caso de neutrófilos m aduros a poucos m eses no caso de hemácias, até m uitos anos em se tratando dos linfócitos de memória. Contudo, o conjunto de células-tronco é a fonte durável central de to das as células do sangue e imunes, m antendo a capacidade de produzir um a ampla variedade de células a p a rtir de um a única fonte celular, m antendo ainda o próprio vigor p or décadas de vida. À m edida que um a célula-tronco individual se divide, cum pre um dentre três des tinos: duas células-tronco, duas células destinadas à diferenciação ou um a célula-tronco e outra para diferenciação. Os dois prim eiros des tinos resultam da divisão celular sim étrica, enquanto o últim o indi ca um destino diferente para as duas células-filhas, evento conhecido como divisão celular assimétrica. O equilíbrio relativo para esses tipos de resultados pode m udar durante o desenvolvim ento e em circuns tâncias particulares de dem anda sobre o conjunto de células-tronco.
Células-Tronco Hematopoiéticas
Todos os tipos de células do sangue periférico e algum as de outros te cidos do corpo são derivadas das células-tronco hem atopoiéticas (de hemo: sangue; poiesis: criação). Q uando a célula-tronco hem atopoiética sofre lesão e não pode m ais exercer sua função (p. ex., devido a um acidente nuclear), um a pessoa pode sobreviver de 2 a 4 sem anas na ausência de m edidas de suporte extraordinárias. C om o uso clínico das células-tronco hem atopoiéticas, dezenas de m ilhares de vidas são salvas por ano (Cap. 114). As células-tronco produzem dezenas de bilhões de células sanguíneas diariam ente, a p artir de um com parti m ento que se acredita seja único entre as centenas de m ilhares exis tentes. Com o as células-tronco fazem isso, com o persistem por m uitas décadas apesar das dem andas de produção e qual a m elhor m aneira de usá-las no âmbito clínico são questões im portantes na medicina. O estudo da produção de células do sangue tornou-se um p a ra digm a para se saber com o outros tecidos p odem se organizar e serem regulados. A pesquisa básica na hem atopoiese inclui: definir as eta pas das alterações m oleculares que acom panham as alterações fu n cionais nas células em m aturação, agregar as células em subgrupos funcionais e dem onstrar a regulação das células-tronco h em atopoi éticas p or um m icroam biente especializado, conceitos im portantes na hem atologia, m as que tam bém servem de m odelos para outros tecidos. Além disso, tais conceitos podem não estar restritos à função tecidual norm al, estendendo-se às m alignidades. As células-tronco são raras entre um a população heterogênea de tipos celulares, e seu com portam ento é avaliado principalm ente em m odelos anim ais de laboratório, envolvendo a reconstituição da hem atopoiese. Portanto, m uito do que sabem os sobre as células-tronco é im preciso e baseia-se em inferências obtidas em anim ais m anipulados geneticam ente.
■ BIOLOGIA D0 DESENVOLVIMENTO DAS CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS D urante o desenvolvim ento, as células sanguíneas são produzidas em locais diferentes. De início, o saco vitelino fornece eritrócitos
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que transportam oxigênio e, em seguida, a placenta e vários locais de produção sanguínea intraem brionária ficam envolvidos. Esses locais intraem brionários engajam -se em ordem seqüencial, m ovem -se da crista genital, de um local onde a aorta, o tecido gonádico e o m esonefro estão em ergindo, para o fígado fetal e em seguida, no segundo trim estre, para a m edula óssea e o baço. À m edida que a localização das células-tronco se altera, as células po r ela produzidas tam bém se m odificam . O saco em brionário fornece eritrócitos que expressam hem oglobinas em brionárias, enquanto os sítios intraem brionários de hem atopoiese geram eritrócitos, plaquetas e as células da im unidade inata. A produção de células da im unidade adaptativa ocorre q u a n do a m edula óssea é colonizada e o tim o se form a. A proliferação de células-tronco continua alta, m esm o na m edula óssea, até p o u co depois do nascim ento, quando parece cair de form a acentuada. A credita-se que as células na m edula óssea se originam p o r via h e m atogênica a p artir de células do fígado fetal, após o início da calci ficação dos ossos longos. A presença de células-tronco na circulação não se dá apenas em d eterm inado m om ento do desenvolvim ento. Em vez disso, as células-tronco hem atopoiéticas parecem circular por toda a vida. O tem po que elas gastam circulando livres parece curto (m edido em m inutos no cam undongo), m as as células que circulam são funcionais e podem ser usadas para transplante. O núm ero de células-tronco que circula pode ser aum entado de diversas form as para facilitar a colheita e a transferência para o m esm o hospedeiro, ou para outro diferente.
O nicho das células-tronco sanguíneas m uda de acordo com cada local de produção do sangue durante o desenvolvim ento, mas na m aior parte da vida h um ana está localizado na m edula óssea. Foi proposta a existência de pelo m enos dois nichos d entro da m edula óssea: um nas superfícies ósseas trabeculares e outro no espaço perivascular. As células-tronco podem ser encontradas em am bos os locais p o r análise histológica, onde ocorre regulação funcional na superfície óssea altam ente vascularizada. Em term os específicos, as células m esenquim atosas form adoras de osso, ou osteoblastos, parti cipam da função da célula-tronco hem atopoiética, afetando sua loca lização, sua proliferação e seu núm ero. A credita-se que a base dessa interação seja um núm ero de moléculas que m edeiam a localização, com o a quim iocina CXCL12 (SD Fl), m ediante sinais de prolifera ção m ediados pela angiopoietina 1, além da sinalização para m o d u lar a autorrenovação ou a sobrevivência p or m eio de fatores com o os ligantes Notch, ligantes kit e Wnts. O utros com ponentes ósseos, com o a glicoproteína da m atriz extracelular, a osteopontina e os al tos níveis de cálcio iônico encontrados nas superfícies trabeculares, contribuem para o m icroam biente único, ou nicho de células-tronco no osso trabecular. Essa fisiologia tem aplicações práticas. Prim eiro, as m edicações que alteram os com ponentes do nicho podem ter um efeito sobre a função da célula-tronco. Isso foi m ostrado agora com inúm eros com postos e alguns estão sendo testados clinicamente. Em segundo lugar, já é possível avaliar se o nicho tem participação nos estados m órbidos e verificar se, ao ser alcançado p o r m edicações, o nicho pode alterar o prognóstico de certas doenças.
■ MOBILIDADE DAS CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS As células que entram e saem da m edula óssea o fazem m ediante um a série de interações moleculares. As células-tronco circulantes (por in term édio de CD162 e CD44) se ligam às lectinas P- e E-selectina so bre a superfície endotelial para desacelerar o m ovim ento das células para um fenótipo variável. As integrinas da célula-tronco são então ativadas e aderem com firm eza à parede vascular, com a célula-tron co VCAM-1 tendo um papel particularm ente im portante ao se ligar à VLA-4 endotelial. A quim iocina CXCL12 (SD Fl) que interage com os receptores CXCR4 da célula-tronco tam bém parece ser im p o rtan te no processo de levar as células-tronco da circulação para os locais onde se im plantam na m edula óssea. Isso é p articularm ente válido para o m ovim ento que ocorre durante o desenvolvim ento do fígado fetal para a m edula óssea, porém o papel dessa m olécula em adultos parece estar m ais relacionado com a retenção de células-tronco na m edula óssea, do que com o processo de dali retirá-las. A interrupção desse processo de retenção p or bloqueadores m oleculares específicos da interação CXCR4/CXCL12, pela clivagem de CXCL12 ou a infrarregulação do receptor podem resultar na liberação de células-tronco na circulação. Esse processo é um aspecto cada vez m ais im portante da recuperação de células-tronco para uso terapêutico, pois perm itiu a colheita p o r leucaférese, em vez de punções da m edula óssea em centros cirúrgicos. O aprim oram ento do nosso conhecim ento sobre com o as células-tronco entram na m edula óssea e dela saem pode m elhorar nossa capacidade de obtê-las e torná-las m ais eficientes, no sentido de encontrarem o cam inho para locais específicos para a produção de células sanguíneas, o cham ado nicho de células-tronco.
■ MICROAMBIENTE DA CÉLULA-TRONCO HEMATOPOIÉTICA O conceito de um m icroam biente especializado, ou nicho de células-tronco, foi proposto pela prim eira vez para explicar p or que as célu las derivadas da m edula óssea de um anim al poderiam ser usadas no transplante e ser encontradas novam ente na m edula óssea do recep tor. Mas esse nicho é m ais que um local de residência para as células-tronco. Ele é um a localização anatôm ica onde são fornecidos sinais reguladores que perm item que a célula-tronco cresça, se expanda quando necessário e forneça quantidades variáveis de células-filhas descendentes. Além disso, o crescim ento desregulado de células-tronco pode ser problem ático com base em seu estado indiferenciado e na sua capacidade de autorrenovação. Portanto, o nicho tam bém precisa regular o núm ero de células-tronco produzidas. Dessa form a, o nicho tem a função dupla de servir com o local de criação, porém im pondo lim ites para as células-tronco: na verdade, agindo tanto com o um am biente nutritivo quanto lim itante.
■ CAPACIDADE EXCESSIVA DAS CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS Na ausência de doença, as células-tronco hem atopoiéticas não se esgo tam . Na verdade, estudos seriados sobre transplantes em cam undon gos sugerem a presença de um núm ero suficiente de células-tronco para a recuperação de vários anim ais em sucessão, com produção norm al de células sanguíneas em cada anim al. O fato de que os re ceptores de transplante alogeneico de células-tronco tam bém nunca ficam sem suas células sanguíneas durante a vida, que pode durar décadas, confirm a que m esm o o fornecimento de um núm ero lim ita do de células-tronco é suficiente. Ainda não se sabe com o as células-tronco respondem a condições diferentes para aum entar ou dim i nuir sua produção de células m aduras. Sem dúvida, m ecanism os de retroalim entação negativa afetam o nível de produção da m aioria das células, ocasionando contagens norm ais de células sanguíneas estri tam ente reguladas. No entanto, muitos dos m ecanism os reguladores que governam a produção de mais células m aduras progenitoras não se aplicam às células-tronco ou o fazem de form a diferente. Da m es m a form a, a m aioria das m oléculas que m ostrou ter a capacidade de m odificar o tam anho do conjunto de células-tronco tem pouco efei to sobre as células sanguíneas mais maduras. Por exemplo, o fator de crescim ento eritropoietina, que estimula a produção de eritrócitos a partir de células precursoras mais maduras, não exerce efeito sobre as células-tronco. De m odo semelhante, o fator estim ulante de colônia de granulócitos com anda a proliferação rápida de precursores de granu lócitos, porém apresenta pouco ou nenhum efeito sobre o ciclo celular das células-tronco. Em vez disso, altera a localização de células-tronco por meios indiretos, alterando moléculas como CXCL12, que prendem as células-tronco ao seu nicho. As moléculas que se m ostraram im por tantes no sentido de alterar a proliferação, autorrenovação ou sobrevi vência das células-tronco, com o os inibidores da quinase dependentes de ciclina, os fatores de transcrição como Bmi-1, ou microRNAs como miR125a, exercem pouco ou distintos efeitos sobre as células proge nitoras. As células-tronco hematopoiéticas têm m ecanism os determ i nantes diferentes daqueles operados pelas células que elas geram.
■ DIFERENCIAÇÃO DAS CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS As células-tronco hem atopoiéticas se situam na base de um a hierar quia de células, que culm ina nos diversos tipos de células m aduras que com põem o sangue e o sistem a im une (Fig. 66.2). As etapas da m aturação que, p o r fim, levam às células sanguíneas diferenciadas e funcionais ocorrem tanto com o conseqüência de alterações in trín secas na expressão gênica, com o de m odificações nas células diri-
Células-tronco
Células progenitoras
Precursoras de linhagem
Células maduras
PAX-5, AML-1 Célula B IL4
Progenitora da célula T
IKARO S, N 0 T C H ,C B F 1
Célula T
Id2, E ts-1 1
m
f
IL15
a
,
Célula NK
Célula dendrítica plasmacitoide C élula-tronco hem atopoiética Célula dendrítica monocitoide
Monócito
Granulócito
Basófilo
Mastócito
Eosinófilo
Eritrócitos
Plaquetas
Figura 66.2
Hierarquia da diferenciação hematopoiética. As células-tronco são multipotentes e fonte de todas as células descendentes, tendo a capacidade de comandar a produção celular a longo prazo (medido em anos) ou curto prazo (medido em meses). As células progenitoras têm um espectro mais limitado de cé lulas que podem produzir e, em geral, constituem uma população de vida curta, altamente proliferativa, também conhecida como células amplificadoras transitórias. As células precursoras restringem-se a uma única linhagem celular sanguínea, mas com a capacidade contínua de proliferar; não apresentam todos os aspectos de uma célula completamente madura. Células maduras são o produto final diferenciado gidas pelo nicho e pelas citocinas nas células. N osso conhecim ento dos detalhes continua incom pleto. À m edida que as células-tronco am adurecem , tornando-se progenitoras, precursoras e, p o r fim, cé lulas efetoras m aduras, sofrem um a série de alterações funcionais. Estas incluem a aquisição óbvia de funções que definem células san guíneas m aduras, com o a capacidade de fagocitose ou a síntese de hem oglobina. Tam bém incluem a p erda progressiva de plasticidade (isto é, a capacidade de transform âr-se em outros tipos celulares). Por exemplo, a progenitora m ieloide pode originar todas as células da série m ieloide, m as nenhum a da série linfoide. À m edida que as progenitoras m ieloides com uns am adurecem , tornam -se precu rso ras de m onócitos e granulócitos ou eritrócitos e m egacariócitos, m as não de ambos. Pode haver algum a reversibilidade desse processo no início da cascata de diferenciação, m as se perde depois de certo está gio. À m edida que as células se diferenciam , tam bém podem perder a capacidade de proliferar (Fig. 66.3). Os granulócitos m aduros são incapazes de proliferar e seu núm ero só aum enta com o aum ento da produção a p a rtir de precursores. As células linfoides continuam a ter a capacidade de proliferar, mas sua proliferação está ligada ao re conhecim ento de proteínas ou peptídios particulares p o r receptores antigênicos específicos em sua superfície. N a m aioria dos tecidos, a população de células proliferativas é progenitora e m ais im atura. Em
do processo de diferenciação, sendo efetoras de atividades específicas do sangue e do sistema imune. Sua progressão por meio de vias é mediada por alterações na expressão gênica. A regulação da diferenciação por fatores solúveis e as comu nicações de uma célula com outra dentro do nicho da medula óssea ainda estão sendo definidas. Os fatores de transcrição que caracterizam transições celulares particulares estão ilustrados sobre as setas; os fatores solúveis que contribuem para o processo de diferenciação estão em azul. EPO, eritropoietina; FCT, fator da célula-tronco; TPO, trombopoietina.
o - > o
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Tronco Progenitora
®
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P recursora
M adura
Estado de diferenciação
co r—+O 0 1CD-I o" CO cn
TD
Figura 66.3
Função relativa de células na hierarquia hematopoiética. As caixas representam aspectos funcionais distintos de células das linhagens mieloide (:quadro superioi) versus linfoide (quadro inferioi).
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geral, as células do interior de um com partim ento altam ente proliferativo de células progenitoras tam bém têm um a vida relativam ente curta, seguindo seu cam inho no processo de diferenciação em um p rogram a m olecular definido, que envolve a ativação seqüencial de conjuntos particulares de genes. É difícil acelerar o program a de d i ferenciação de qualquer tipo p articu lar de célula. As progenitoras hem atopoiéticas hum anas levam 10 a 14 dias para tornar-se células m aduras, o que se evidencia clinicam ente pelo intervalo entre a q u i m ioterapia citotóxica e a recuperação da contagem de células sanguí neas nos pacientes.
■ AUTORRENOVAÇÃO
Medicina Regenerativa 542
A célula-tronco hem atopoiética precisa equilibrar seus três destinos potenciais: apoptose, autorrenovação e diferenciação. A proliferação de células em geral não está associada à capacidade de sofrer um a divisão para autorrenovação, exceto entre as células de m em ória B e T e entre as células-tronco. A capacidade de autorrenovação abre cam inho para a diferenciação com o a única opção após a divisão ce lular, quando as células deixam o conjunto de células-tronco, até que tenham a oportunidade de tornarem -se linfócitos de m em ória. Além dessa capacidade de autorrenovação, as células-tronco apresentam mais um aspecto que caracteriza sua m aquinaria de proliferação. As células-tronco, em diversos tecidos adultos m aduros, podem ser h e terogêneas com algum as sendo profundam ente quiescentes, servindo com o um a grande reserva, enquanto outras são m ais proliferativas e m antém a população progenitora de vida curta. No sistema hem atopoiético, as células progenitoras costum am ser resistentes à citocina, perm anecendo latentes m esm o quando citocinas im pulsionam p ro genitoras da m edula óssea a taxas de proliferação m edidas em horas. Em contraste, acredita-se que as células-tronco dividem -se a interva los ainda mais longos, de meses a anos, n o caso da m aioria das células quiescentes. É difícil superar essa quiescência in vitro, o que lim ita a capacidade de expandir efetivam ente as células-tronco hem atopoié ticas hum anas. O processo pode ser controlado p o r níveis p a rtic u larm ente altos de inibidores da quinase dependentes de ciclina, que restringem a entrada de células-tronco no ciclo celular bloqueando a transição G l-S. Sinais exógenos do nicho tam bém parecem reforçar a quiescência, inclusive a ativação do receptor Tie2 da tirosinoquinase nas células-tronco pela angiopoietina 1 nos osteoblastos. A regulação da proliferação de células-tronco tam bém parece m u dar com a idade. Em cam undongos, o inibidor pl6IN K 4a da quinase se acum ula nas células-tronco em anim ais idosos e está associado a um a alteração em cinco funções diferentes das células-tronco, inclu sive o ciclo celular. A redução da expressão de pl6IN K 4a em anim ais idosos m elhora o ciclo da célula-tronco e a capacidade de reconstituir a hem atopoiese em hospedeiros adotivos, tornando-os sem elhantes a anim ais jovens. O núm ero de células m aduras não é afetado. Portanto, os eventos m oleculares que governam as funções específicas das célu las-tronco estão ficando cada vez m ais claros e oferecem o potencial de novas abordagens para m udar a função da célula-tronco visando à terapia. Um a função crítica da célula-tronco que continua pouco definida é a regulação m olecular da autorrenovação. Para a m edicina, a autorrenovação talvez seja a função m ais im portan te das células-tronco porque é crítica para a regulação da sua quantidade, u m parâm etro im portante que lim ita tanto o transplante autólogo quanto o alogeneico dessas células. Se conseguirm os usar m enos células-tronco ou expandir nú m ero s lim itados delas ex vivo, poderem os dim inuir a m orbidade e o custo de colhê-las, bem com o usar outras fontes. Em term os específicos, o sangue do cordão u m bilical é um a fonte rica em células-tronco. Entretanto, o volum e n e cessário de unidades de cordão um bilical é extrem am ente pequeno, de m odo que o núm ero total de células-tronco hem atopoiéticas que se pode obter norm alm ente é suficiente p ara fazer apenas o tra n s plante em um indivíduo com m enos de 40 kg de peso. Tal lim itação restringe o que de outra form a seria um a fonte bastante prom issora de células-tronco. D ois aspectos das células-tronco sanguíneas do cordão um bilical são m uito im portantes. (1) Elas são derivadas de um a diversidade de indivíduos que excedem m uito o repertório do adulto doador e, portan to podem su p erar a m aioria dos obstáculos
de incom patibilidade im unológica. (2) As células-tronco sanguíneas do cordão um bilical têm u m grande n úm ero de células T associadas a elas, m as (paradoxalm ente) parecem estar associadas a um a incidên cia m en o r de doença do enxerto versus hospedeiro em com paração com células-tronco de outras fontes. Caso se consiga a expansão das células-tronco p o r autorrenovação, o núm ero de células disponíveis poderia ser suficiente para uso em adultos m aiores. Um a abordagem alternativa para esse problem a é m elhorar a eficiência da im plantação das células-tronco do doador. A engenharia do enxerto está explo rando m étodos para acrescentar com ponentes celulares que possam facilitar a im plantação. A lém disso, pelo m enos alguns dados suge rem que a depleção de células N K (natural killer, destruidoras n a tu rais) no hospedeiro pode dim in u ir o núm ero necessário de células-tronco para reconstituir a hem atopoiese. Sabe-se algo sobre a autorrenovação e, curiosam ente, isso im pli ca produtos gênicos associados ao estado da crom atina, um a organi zação de alta ordem do DNA crom ossôm ico que influencia a tran s crição. Eles incluem m em bros da fam ília polycom b, um grupo de reguladores da transcrição que contêm “dedos” de zinco que interage com a estrutura da crom atina, contribuindo para a acessibilidade de grupos de genes para transcrição. U m m em bro, o Bmi-1, é im p o rtan te para capacitar a autorrenovação das células-tronco hem atopoiéti cas m ediante a m odificação de reguladores do ciclo celular, com o os inibidores da quinase dependentes de ciclina. Na ausência de Bmi-1 ou do regulador transcricional, Gfi-1, o núm ero e a função das célu las-tronco hem atopoiéticas dim inuem . Em contraste, a desregulação do Bmi-1 foi associada à leucem ia; quando expresso em excesso, ele pode prom over a autorrenovação de células-tronco leucêm icas. O u tros reguladores da transcrição tam bém foram associados à autorre novação, em p articular os genes hom eobox, ou “hox”. Esses fatores de transcrição são d enom inados de acordo com sua capacidade de governar grande nú m ero de genes, inclusive os que d eterm inam o padrão corporal em invertebrados. O HoxB4 é capaz de induzir au torrenovação extensa de células-tronco p o r m eio de seu m otivo de ligação ao DNA. O bservou-se que outros m em bros da família hox de genes afetam células-tronco norm ais, m as tam bém estão associados à leucem ia. Os sinais externos que podem influenciar a autorrenova ção relativa versus os resultados da diferenciação no ciclo das células-tronco incluem os ligantes N otch e os específicos W nt. Interm ediá rios da transdução de sinal intracelular tam bém estão implicados na regulação da autorrenovação, m as é interessante n o tar que em geral não estão associados às vias ativadas pelos receptores N otch ou Wnt. Eles incluem o PTEN, u m in ib id o r da via AKT, e o STAT5, am bos em geral a jusante dos receptores de fatores de crescim ento ativados e necessários para as funções norm ais das células-tronco, inclusive a autorrenovação, pelo m enos em m odelos de cam undongos. As cone xões entre essas m oléculas ainda não foram definidas e seu papel na regulação fisiológica da autorrenovação de células-tronco continua pouco entendido.
0 CÂNCER É SEMELHANTE A UM ÓRGÃO COM CAPACIDADE DE AUTORRENOVAÇÃO_________________________________ A relação das células-tronco com o câncer é um a dim ensão im p o r tante em evolução n a biologia da célula-tronco adulta. O câncer pode com partilhar princípios de organização com tecidos norm ais. Ele pode ter a m esm a organização hierárquica de células com um a base sem elhante às células-tronco, capazes de evidenciar seus as pectos, autorrenovação e diferenciação. Essas células sem elhantes às células-tronco p o deriam ser a base para a perpetuação do tu m o r e representar um a população rara em divisão lenta com m ecanism os reguladores distintos, inclusive u m a relação com um m icroam biente especializado. Um a subpopulação de células em autorrenovação foi definida para alguns, porém não todos, tipos de câncer. Um entendi m ento mais sofisticado da organização de células-tronco dos cânce res pode trazer m elhoras nas estratégias p ara desenvolver novas tera pias para os tipos de m alignidades m uito com uns e difíceis de tratar, que têm sido relativam ente refratários às intervenções que visam à divisão celular.
O conceito de células-tronco cancerosas esclarece a origem ce lular do câncer? O fato de que algum as células em um câncer têm propriedades sem elhantes às das células-tronco não significa neces sariam ente que o câncer surgiu na própria célula-tronco. Em vez dis so, células m ais m aduras poderiam ter adquirido as características de autorrenovação das células-tronco. É improvável que qualquer even to genético isolado seja suficiente para capacitar a transform ação com pleta de um a célula norm al em um a francam ente m aligna. Pelo contrário, o câncer é um processo que ocorre em m últiplas etapas e, até que as etapas se acum ulem , a célula de origem tem de persistir por períodos prolongados e tam bém precisa ser capaz de gerar grande núm ero de células-filhas. A célula-tronco norm al tem essas proprie dades e, em virtude de sua capacidade intrínseca de autorrenovação, pode se converter com m ais facilidade em um fenótipo m aligno. Tal hipótese foi testada experim entalm ente no sistem a hem atopoiético. A proveitando a vantagem dos m arcadores de superfície celular que distinguem células hem atopoiéticas em vários estágios de m a tu ri dade, podem ser isoladas células-tronco, progenitoras, precursoras e células m aduras. E struturas potentes de transform ação gênica fo ram colocadas nessas células e descobriu-se que a célula com o m aior potencial de pro d u zir um a m alignidade era d e pendente do gene transform ante. Em alguns casos era a célula progenitora, porém em outros, esta funcionava para iniciar e p erp etu ar o câncer. Este fato m ostra que as células podem a dquirir propriedades sem elhantes às células-tronco na m alignidade.
0 QUE MAIS AS CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS FAZEM? A lguns dados experim entais sugeriram que as células-tronco h e m atopoiéticas, ou outras células m obilizadas na circulação pelos m esm os fatores que m obilizam as hem atopoiéticas. são capazes de
CAPÍTULO 6 7
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Aplicações da Biologia d a f Ê - ^ Células-Tronco na Prática Clínica John A. Kessler As lesões a um órgão dão início a um a série de eventos que levam à reconstrução do tecido danificado, incluindo proliferação, diferen ciação e m igração de diversos tipos celulares, liberação de citocinas e quim iocinas e rem odelam ento da m atriz extracelular. As células-tronco endógenas e as células progenitoras estão entre as p o p u la ções de células envolvidas na resposta às lesões. Nas condições de estabilidade, m antém -se um estado de equilíbrio no qual as células-tronco endógenas intrínsecas do tecido em questão substituem as células m ortas. Após um a lesão tecidual, as células-tronco de alguns órgãos, com o o fígado e a pele, possuem u m a im pressionante ca pacidade de regeneração do órgão, e nquanto outras populações de células-tronco com o as do coração e do cérebro apresentam capa cidade de autorreparo bem m ais lim itada. R aram ente encontram os situações nas quais as células-tronco circulantes co n trib u em para as reações regenerativas, m igrando p ara o tecido lesado e sofrendo diferenciação para os tipos celulares específicos de cada órgão. O objetivo das terapias que utilizam células-tronco é prom over a subs tituição de células em órgãos que estejam lesionados além de sua capacidade de autorreparo.
ESTRATÉGIAS GERAIS PARA SUBSTITUIÇÃO DE CÉLULAS-TRONCO P odem os visualizar no m ín im o três concepções terap êu ticas d is tintas para a substituição de células (Fig. 67.1). U m a abordagem
exercer um papel na cura do dano vascular e tecidual associado a acidente vascular encefálico e infarto do m iocárdio. Tais dados são polêm icos, e a aplicabilidade de um a abordagem com células-tronco a um a condição não hem atopoiética continua experim ental. No en tanto, a aplicação do conhecim ento em evolução sobre a biologia da célula-tronco hem atopoiética po d e levar a um a am pla variedade de usos clínicos. Portanto, a célula-tronco representa um a verdadeira espada de dois gum es. Ela tem um a enorm e capacidade de cura e é essencial para a vida. Fora de controle, pode am eaçar a vida que m antém . E fundam ental entender com o funciona, os sinais que m odificam seu com portam ento e os nichos teciduais que m odulam suas respostas às lesões e doenças, para que se desenvolva u m a m edicina m ais efetiva baseada nela. Tal aspecto da m edicina irá incluir o uso das células-tronco e de fárm acos que as ten h am com o alvo para m elhorar o reparo de tecidos danificados. Irá incluir tam bém o equilíbrio cui dadoso de intervenções, para controlá-las onde quer que possam ser disfuncionais ou m alignas.
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C arlesso
terapêutica envolve a a d m in istração d ireta de células-tronco. Isto pode ser feito com injeção das células d iretam ente den tro do órgão lesado, aonde elas irão se diferenciar no tipo celular desejado. A l ternativam ente, pode-se injetar células-tronco sistem icam ente te n do em vista sua capacidade de se deslocar aos tecidos danificados acom panhando gradientes de citocinas e quim iocinas liberadas pelo órgão atingido. A segunda abordagem envolve o transplante de cé lulas diferenciadas derivadas de células-tronco. Por exem plo, células das ilhotas pancreáticas podem ser geradas a p a rtir de células-tronco antes de serem transplantadas a pacientes diabéticos, assim com o cardiom iócitos p odem ser gerados para tra ta r a cardiopatia isquê m ica. A terceira abordagem envolve a estim ulação de células-tronco endógenas para facilitar o reparo. Isto po d e ser feito com a ad m i nistração de fatores de crescim ento e de fárm acos apropriados para am pliar o nú m ero de célu las-tro n co /p ro g en ito ras endógenas e/ou para direcioná-las a fim de que se diferenciem nos tipos celulares d e sejados. A estim ulação terapêutica das células precursoras já é um a realidade clínica no sistem a hem atopoiético onde fatores com o eritropoetina, fator estim ulador de colônia de granulócitos (G-CSF) e fator estim ulador de colônia de granulócitos-m acrófago (GM -CSF) são usados para au m en tar a p rodução de elem entos sanguíneos es pecíficos. Além dessas estratégias para reposição de células, diversas outras abordagens p o d em ser aplicadas envolvendo a utilização de células-tronco para geração de tecidos ex vivo ou in situ, no processo denom inado engenharia tecidual (C ap. 69). As células-tronco tam bém são excelentes candidatas a veículos para terapia gênica celular (Cap. 68). Finalm ente, células-tronco transplantadas podem exercer efeitos parácrinos sobre tecidos danificados sem sofrerem diferen ciação para substituição de células perdidas. O transplante de células-tronco não é um conceito recente e já faz parte da prática m édica estabelecida. As células-tronco hem a topoiéticas (Cap. 66) são responsáveis a longo prazo pelo repovoam ento de todos os elem entos sanguíneos, nos pacientes receptores de transplante de m edula óssea, e o transplante de células-tronco
cd
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C élulas-tronco indiferenciadas
C é lu las-tro n co in d iferenciadas
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no estriado
C élulas-tronco hem atopoiéticas E ritropoetina
Injeção intravenosa
Figura 67.1 Estratégias para transplante de células-tronco. 1. Células-tronco indiferenciadas ou parcialmente diferenciadas podem ser injetadas diretamente no órgão-alvo ou por via intravenosa. 2. As células-tronco podem ser diferenciadas ex vivo antes de serem injetadas no órgão-alvo. 3. Fatores de crescimento ou outros fármacos podem ser injetados para estimular as populações endógenas de células-tronco.
hem atopoiéticas é o padrão-ouro, contra o qual outras terapias com transplante de células-tronco devem ser com paradas. O transplante de células diferenciadas tam bém é um a realidade clínica e, com fre quência, utilizam -se órgãos e tecidos doados para substituir tecidos danificados. E ntretanto, a dem anda p or tecidos e órgãos doados ul trapassa facilmente a oferta disponível, e os transplantes de órgão têm potencial lim itado para alguns tecidos, com o o cérebro. As células-tronco oferecem a possibilidade de um a fonte renovável para substi tuição de células virtualm ente p ara qualquer órgão.
ORIGENS DAS CELULAS-TRONCO PARA REPARO DE TECIDOS Diversos tipos de células-tronco (Cap. 65) p odem ser usados nas estratégias regenerativas, incluindo as células-tronco em brionárias (ES), células tronco pluripotentes induzidas (células iPS), células-tronco do sangue do cordão um bilical, células-tronco som áticas específicas de cada órgão (p. ex., células-tronco neurais para o trata m ento das lesões cerebrais) e células-tronco som áticas que geram ti pos celulares específicos para o órgão-alvo e não para o órgão doador (p. ex., células-tronco m esenquim ais da m edula óssea usadas para reparo cardíaco). Cada tipo de célula tem vantagens e desvantagens e há alguns problem as genéricos para o desenvolvim ento de qualquer desses tipos celulares com o ferram enta clínica confiável.
■ CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS As células-tronco em brionárias possuem potencial para gerar todos os tipos celulares do organism o e, p ortanto, teoricam ente, não há restrições quanto ao órgão que pode ser regenerado. Elas se autorrenovam indefinidam ente, de form a que um a única linhagem celular com traços cuidadosam ente caracterizados tem potencial para gerar um núm ero quase ilim itado de células. Afastadas as restrições éticas e m orais, blastocistos hum anos não utilizados em clínicas de fertili dade poderiam ser usados para dar origem a linhagens de células ES im unologicam ente compatíveis com o receptor potencial do tran s
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plante. A lternativam ente, pode-se utilizar o processo de transferên cia nuclear para células som áticas (“clonagem terapêutica”) p ara criar linhagens de células ES geneticam ente idênticas àquelas do paciente a ser tratado. Contudo, as células ES hum anas são difíceis de serem cul tivadas e crescem lentam ente. C om eçam a ser desenvolvidas técnicas para diferenciá-las em tipos celulares específicos. As células tendem a desenvolver cariótipos anorm ais e outras anorm alidades em função do m aior tem po no processo de cultivo, e as células ES possuem o p o tencial de form ar teratom as se não estiverem todas com prom etidas com os tipos celulares desejados antes do transplante. Além disso, há controvérsias éticas relacionadas com as células ES hum anas, e neste aspecto alguns pacientes e m édicos as consideram inaceitáveis a des peito de seu im enso potencial terapêutico.
■ CÉLULAS-TRONCO PLURIPOTENTES INDUZIDAS O cam po da biologia das células-tronco sofreu um a im portante trans form ação com a descoberta de que células som áticas adultas podem ser convertidas (“reprogram adas”) em células p luripotentes por meio da superexpressão de quatro fatores de transcrição norm alm ente expressos em células pluripotentes (Cap. 65). Essas células com plu ripotência induzida (iPS) com partilham a m aioria das propriedades das células ES, em bora haja algum as diferenças na expressão gênica entre elas. Inicialm ente foram usados vírus para inserir os fatores de transcrição nas células som áticas, to rn an d o -as im prestáveis para utilização clínica. C ontudo, foram desenvolvidas diversas estratégias para resolver esse problem a, incluindo inserção de proteínas em vez de cDNAs; inserção de transpósons com os fatores program adores, seguida p or sua rem oção; e uso de construtos virais floxed* seguido po r tratam ento com recom binase Cre para sua rem oção. N enhum a
' N. de T.: Floxed é uma palavra surgida a partir da contração da frase em inglês flanked by LoxP, ou seja “flanqueado por LoxP” e descreve uma seqüência de DNA entre dois sítios LoxP.
dessas abordagens está suficientem ente desenvolvida para que tais células possam ser usadas clinicam ente, m as é provável que técnicas apropriadas evoluam rapidam ente. Suas vantagens potenciais estão relacionadas com a possibilidade de células som áticas de um paciente gerarem células iPS geneticam ente idênticas àquelas do paciente sem os constrangim ento éticos das células ES. Não está claro se as diferen ças na expressão gênica entre as células ES e iPS terão algum im pacto sobre sua utilidade clínica. Serão necessárias pesquisas sobre am bos os tipos celulares para resolver essa questão.
■ CÉLULAS-TRONCO DO CORDÃO UMBILICAL As células-tronco/progenitoras do sangue do cordão um bilical são am pla e facilm ente disponíveis e parecem estar associadas a m enor incidência de doença enxerto-hospedeiro em com paração com o u tros tipos celulares, com o as células-tronco da m edula óssea. Elas possuem m enos restrição relacionada com antígeno leucocitário h u m ano (HLA) do que as células-tronco da m edula óssea de adultos, e m enor chance de contam inação por herpesvírus. Entretanto, não está claro quantos tipos celulares diferentes p odem ser gerados a p a rtir das células-tronco do sangue do cordão um bilical, e não há m étodos disponíveis para diferenciação dessas células em fenótipos não hem atopoiéticos. Além disso, a quantidade de células que pode ser obtida é um fator lim itante.
■ CÉLULAS-TRONCO MULTIPOTENTES ÓRGÃO-ESPECÍFICAS
■ CARDIOPATIA ISQUÊMICA E REGENERAÇÃO COM CARDIOMIÓCITOS Em razão da prevalência de cardiopatia isquêm ica, têm -se envida do grandes esforços para desenvolver estratégias para terapia celular com substituição de cardiom iócitos. H istoricam ente, o coração de um indivíduo adulto era considerado com o u m órgão definitivam en te diferenciado sem capacidade de regeneração. Entretanto, pesquisas recentes dem onstraram que o coração possui a capacidade de regene rar um pequeno núm ero de cardiom iócitos (Cap. 224). Essa regene ração parece ser feita por células-tronco residentes no coração e, p o s sivelmente, p or células originadas n a m edula óssea. As células-tronco cardíacas seriam a fonte ideal para uso terapêutico, m as as técnicas para isolá-las, caracterizá-las e am plificá-las em grande núm ero não foram aperfeiçoadas. Para que haja reparo do m iocárdio o forneci m ento de células-tronco deve ser feito sistêm ica ou localm ente, as células precisam sobreviver, devem enxertar-se e diferenciar-se em cardiom iócitos funcionais que se acoplem m ecânica e eletricam en te ao m iocárdio do receptor. N ão está definido o m étodo ideal para a adm inistração das células, e os diversos estudos experim entais e clínicos realizados em pregaram com sucesso injeções intram iocárdicas, transendocárdicas, intravenosas e intracoronárias. No infarto experim ental do m iocárdio, logrou-se o b ter m elhoras funcionais após transplantes realizados com diversos tipos celulares, com o as células ES, células-tronco da m edula óssea, endoteliais e adiposas. Os estudos iniciais sugeriram que cada um desses tipos celulares tem potencial para enxertar-se e gerar cardiom iócitos. C ontudo, a m aioria dos pesquisadores observou que a geração de novos cardio m iócitos p o r essas células é, quando m uito, um evento raro e que a sobrevivência do enxerto a longo prazo é insuficiente. As evidências preponderantes sugerem que os efeitos benéficos da m aioria dos tra tam entos experim entais não ocorreram em função da geração direta de cardiom iócitos p or células-tronco, m as sim pelos efeitos indiretos dessas células-tronco sobre as células residentes. N ão está claro se este fato reflete liberação de fatores de crescim ento solúveis, in d u ção de angiogênese ou outro m ecanism o. A disponibilidade im edia ta de células-tronco da m edula óssea facilitou a realização de vários ensaios clínicos lim itados em h um anos com cardiopatia isquêmica. Foram utilizados vários m éto d o s para aplicação das células, tipos celulares e doses nos diversos estudos, e o destino das células assim com o os m ecanism os p o r m eio dos quais elas alteraram a função cardíaca continuam questões sem resposta. C onsiderados conjun tam ente, entretanto, tais estudos apresentaram m elhoras pequenas, porém m ensuráveis, na função cardíaca e, em alguns casos, redução no tam anho do infarto. As poucas evidências disponíveis sugerem que os efeitos benéficos provavelm ente refletem um a ação indireta das células transplantadas e não um a substituição genuína de células.
■ DIABETES MELITO Os casos de sucesso com transplantes de células das ilhotas e do p ró prio pâncreas com provaram o conceito de utilização de tratam entos celulares para o tratam ento do diabetes tipo I. E ntretanto, a procura por doadores de pâncreas em m uito excede o núm ero disponível, e a m anutenção a longo prazo dos enxertos é problem ática. Por isso, a busca p or um a fonte renovável de células-tronco capazes de rege nerar as ilhotas pancreáticas c ontinua a ser intensa. A substituição das células beta pancreáticas o corre m esm o no pâncreas norm al, ainda que a fonte das novas células beta seja controversa. Isso su gere que, em princípio, seria possível desenvolver estratégias para re constituir a população de células beta em pacientes diabéticos. Até o m om ento as tentativas de desenvolver técnicas, para p ro m o ver processos regenerativos endógenos, utilizando com binações de fatores de crescim ento, m edicam entos e terapia gênica, fracassaram ; m as esta abordagem c ontinua sendo considerada viável. Há diver sos tipos diferentes de células candidatas para serem usadas nas es tratégias para substituição p or células-tronco, incluindo células iPS, células ES, células progenitoras hepáticas e do dueto pancreático, e células-tronco da m edula óssea. O sucesso da terapia dependerá do desenvolvim ento de técnicas p ara obtenção de células que possam
Aplicações da Biologia das Células-Tronco na Prática Clínica
As células-tronco m ultipotentes p ara órgãos específicos têm a vanta gem de serem , de certa form a, especializadas e, assim, a indução para transform ação nos tipos celulares desejados talvez seja m ais fácil. Tais células potencialm ente podem ser obtidas do próprio paciente e amplificadas em culturas, o que resolveria os problem as associados à rejeição imunológica. As células-tronco são relativam ente fáceis de serem obtidas de alguns tecidos, com o a m edula óssea e o sangue, m as há m aior dificuldade em outros tecidos, com o o coração e o cé rebro. Entretanto, essas populações de células têm m enor potenciali dade do que as células ES e iPS pluripotentes, e talvez seja difícil obtê-las, nas quantidades necessárias, em m uitos órgãos. Assim, esforços substanciais têm sido envidados com o objetivo de desenvolver téc nicas para facilitar a obtenção de populações de células-tronco, com o as células m esenquim ais da m edula óssea (MSC) e as células-tronco adiposas, para serem utilizadas nas estratégias de regeneração. Evi dências obtidas com culturas de tecidos sugerem que essas p o p u la ções de células-tronco talvez sejam capazes de gerar tipos celulares diferenciados não relacionados com seu órgão de origem , com o m iócitos, condrócitos, células tendinosas, osteoblastos, cardiom iócitos, adipócitos, hepatócitos e neurônios, em um processo conhecido com o transdiferenciação. E ntretanto, ainda não está claro se essas células-tronco são capazes de gerar tipos celulares diferenciados que se integrem , sobrevivam e funcionem nos órgãos após o tran sp la n te in vivo. Diversos estudos iniciais com células-tronco derivadas da m edula óssea e transplantadas para o coração, fígado e outros órgãos sugeriram que as células teriam se diferenciado nos tipos celulares específicos do órgão-alvo. E ntretanto, estudos subsequentes revela ram que as células-tronco haviam sim plesm ente se fundido às células residentes nos órgãos. Serão necessários novos estudos para deter m inar se a transdiferenciação das MSCs, células-tronco adiposas, ou de outras populações de células-tronco, ocorre com um a frequência suficientem ente elevada para que possa ser utilizada na terapia de substituição com células-tronco. Independente da origem da célula-tronco utilizada nas estraté gias de regeneração há vários problem as genéricos que deverão ser solucionados para que sejam desenvolvidas aplicações clínicas bem -sucedidas. Entre esses problem as estão o desenvolvim ento de m é todos para produzir de form a confiável um a grande quantidade de tipos celulares específicos, m inim izando os riscos de form ação de tu m ores ou de proliferação de tipos celulares inapropriados; asseguran do a viabilidade e o funcionam ento adequado das células enxertadas; superando a rejeição im unológica quando não são utilizados autoenxertos; e facilitando a revascularização dos tecidos regenerados. Cada sistem a orgânico apresentará problem as específicos para as terapias com células-tronco.
APLICAÇÕES DE CÉLULAS-TRONCO PARA DOENÇAS ESPECÍFICAS
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ser amplificadas para produzir um a grande progênie com capacidade de sintetizar, estocar e liberar insulina quando necessário, principal m ente em resposta às alterações nos níveis am bientais de glicose. A capacidade proliferativa das células substitutivas deve ser estritam en te regulada para evitar expansão em excesso no núm ero de células beta com o conseqüente desenvolvim ento de hiperinsulinem ia/hipoglicemia. Além disso, as células devem resistir à rejeição im unológi ca. A inda que tenha sido relatado que as células ES e iPS possam se diferenciar em outras produtoras de insulina, tais células possuem conteúdo baixo desse horm ônio além de taxa elevada de apoptose e, de form a geral, não foram capazes de norm alizar a glicem ia em anim ais diabéticos. Assim, até o m om ento, as células ES e iPS não foram úteis para a produção em larga escala de células diferenciadas das ilhotas. D urante a em briogênese, o pâncreas, o fígado e o trato gastrintestinal são derivados do endoderm a anterior e, em algum as condições patológicas, observou-se a transdiferenciação de pâncreas para fígado e vice-versa. Há evidências substanciais sobre a existência de células-tronco m ultipotentes nas glândulas gástricas e criptas in testinais. Tais observações sugerem que as células precursoras hepáti cas, pancreáticas e/ou gastrintestinais tam bém podem ser candidatas à terapia celular do diabetes, em bora não tenha sido esclarecido se células produtoras de insulina derivadas de células-tronco pancreá ticas ou progenitoras hepáticas possam ser expandidas in vitro a um n úm ero que perm ita sua utilização clínica. Publicou-se que tanto as células-tronco da m edula óssea com o as neurais, possuem capaci dade de gerar células produtoras de insulina, m as não h á evidências convincentes de que essas células possam ter utilidade clínica.
■ SISTEMA NERVOSO
Medicina Regenerativa 546
Obteve-se um progresso substancial no desenvolvim ento de m etodo logias para geração de células neurais a p a rtir de diversas populações de células-tronco. As células ES ou iPS hum anas podem ser in d u zi das a gerar células com propriedades de células-tronco neurais e tais células, p or sua vez, geram neurônios, oligodendróglia e astrócitos. N úm eros razoavelmente expressivos dessas células foram transplan tados para o cérebro de roedores com a form ação dos tipos celulares adequados e sem desenvolvim ento de tum ores. As células-tronco m ultipotentes presentes no cérebro de adultos tam bém podem facil m ente ter seu núm ero am pliado e serem usadas para gerar todos os principais tipos celulares neurais, m as os procedim entos invasivos necessários para a obtenção dessas células autólogas representam um a grande limitação. Uma alternativa são as células-tronco neurais fetais derivadas de abortos, m as com diversos questionam entos éti cos. De qualquer form a, está em andam ento um ensaio clínico utili zando tais células para o tratam ento da doença de Batten. Há relatos de diversos pesquisadores sobre transdiferenciação de células-tronco da m edula óssea e adiposas para células neurais e vice-versa, tendo sido iniciados ensaios clínicos utilizando essa técnica para diversas doenças neurológicas. Tam bém estão sendo planejados ensaios clí nicos usando linhagens de células hum anas condicionalm ente im o r talizadas e células do sangue do cordão um bilical para tratam ento de AVE. Algumas evidências sugerem que as células-tronco ep id érm i cas tam bém tenham potencial para regeneração neural. Os d istú r bios neurológicos que foram alvos de terapias usando células-tronco incluem lesões m edulares, esclerose lateral am iotrófica (ELA), lesão cerebral traum ática, doença de Batten e doença de Parkinson. Nesta últim a, os principais sintom as m otores do distúrbio resultam da p e r da de um a única população celular - os neurônios dopam inérgicos dentro da substância negra - sugerindo que a reposição celular se ria relativam ente simples. Entretanto, nos dois ensaios clínicos com transplante da substância negra fetal observou-se fracasso quanto ao desfecho prim ário esperado além de ter havido com plicações com o surgim ento de discinesia. O transplante de células pro d u to ras de d opam ina derivadas de células-tronco oferece diversas vantagens potenciais sobre o transplante fetal, com o capacidade de m igrar e se dispersar dentro do tecido, potencial para a regulação da liberação de dopam ina e capacidade de m odificar as células para que p ro d u zam fatores que aum entem a sobrevida celular. De qualquer form a, as experiências com os transplantes fetais apontam as dificuldades que podem ser encontradas.
A lgum as das disfunções neurológicas en co n trad as após um a lesão m edular refletem o processo de desm ielinização, e tanto as células ES quanto as células-tronco da m edula óssea m ostraram -se capazes de facilitar a rem ielinização após lesão m edular experim en tal. Em m uitos países foram iniciados ensaios clínicos com células-tronco derivadas da m edula óssea para tratam ento desse distúrbio, e esta pode ser a prim eira doença-alvo para o uso clínico das células ES. As células-tronco derivadas da m edula óssea tam bém estão sen do usadas no tratam ento de AVE, de lesões cerebrais traum áticas e ELA, condições nas quais os possíveis benefícios provavelm ente são explicados m ais pelos efeitos tróficos indiretos ou pela rem ieliniza ção e m enos pela substituição de neurônios. No m om ento, nenhum a população transplantada de células-tronco se m ostrou capaz de gerar neurônios que pudessem estender axônios a longas distâncias para form ar conexões sinápticas (necessárias à substituição dos neurônios m otores superiores na ELA, no AVE ou em outros distúrbios).
■ FÍGADO Atualm ente, o transplante de fígado é o único tratam ento com bons resultados para as doenças hepáticas em estágio term inal, m as a d u ração dos enxertos de fígado é u m sério problem a. Os ensaios clínicos com transplante de hepatócitos dem onstram que este procedim ento talvez possa substituir o transplante do órgão, porém esta estratégia tam bém é lim itada pelo pequeno núm ero de células disponíveis. E n tre as fontes em potencial para a obtenção das células-tronco para estratégias regenerativas, encontram -se as células-tronco endógenas do fígado (com o as células ovais), células ES, células da m edula óssea e as do sangue do cordão um bilical. A inda que um a série de estudos em hum anos e anim ais, tenha sugerido que as células da m edula ós sea, transplantadas seriam capazes de gerar hepatócitos, na m aioria dos casos, a fusão das células transplantadas com células hepáticas endógenas parece ser o evento subjacente, prod u zin d o a im pressão errônea de que teriam sido gerados novos hepatócitos. As evidências disponíveis sugerem que as células hem atopoiéticas transplantadas são capazes de gerar células sem elhantes aos hepatócitos no fígado com frequência m uito baixa. Células ES podem ser diferenciadas em hepatócitos e transplantadas em m odelos anim ais com insuficiência hepática sem que haja form ação de teratom as.
■ OUTROS SISTEMAS ORGÂNICOS E 0 FUTURO O uso de células-tronco, com o estratégia regenerativa, é estudado para m uitos outros sistem as orgânicos e tipos celulares, com o pele, olho, cartilagem , osso, rim , pulm ão, endom étrio, endotélio vascular, m úsculo liso, m úsculo estriado, entre outros. De fato, o potencial das células-tronco na regeneração de órgãos e tecidos danificados é virtualm ente ilim itado. E ntretanto, há m uitos obstáculos a serem transpostos antes que as terapias com células-tronco possam se to r n a r um a realidade clínica dissem inada. A penas as células-tronco hem atopoiéticas foram adequadam ente caracterizadas com m arca dores de superfície, para ser indubitavelm ente identificadas, um pré-requisito para aplicações clínicas confiáveis. As vias para diferen ciação das células-tronco em fenótipos celulares específicos ainda são, em grande parte, desconhecidas, e, no m om ento, tem os pouca capacidade de controlar a m igração das células transplantadas ou de predizer suas respostas ao am biente dos órgãos enferm os. E possível que algum as estratégias em preguem a coadm inistração de um a plata form a de m atriz extracelular artificial e/ou de fatores do crescim ento para orquestrar a diferenciação das células-tronco e sua organização nos constituintes adequados dos órgãos. A tualm ente não há técni cas de im agem capazes de visibilizar as células-tronco in vivo após o transplante em hum anos, e será necessário desenvolver técnicas com essa habilidade. Felizm ente, as células-tronco podem ser m o dificadas antes de serem transplantadas de form a a conter um agente de contraste que torne possível a visibilização. O potencial para for m ação de tum ores e os problem as associados à rejeição im unológica são obstáculos e será necessário desenvolver técnicas para assegurar a vascularização dos tecidos regenerados. Já tem os m uitas estratégias para substituição de células que incluem a co-adm inistração do fator de crescim ento endotelial vasoativo (FCEV) para estim ular a vascu larização do transplante. Algum as estratégias tam bém incluem o uso
de células-tronco geneticam ente m odificadas para conter um gene suicida passível de indução de tal form a que possam ser facilm ente erradicadas nos casos que evoluam com form ação tum oral ou outra com plicação. O potencial revolucionário das terapias que utilizam células-tronco é extraordinário, e doenças com o infarto do m iocár dio, diabetes, doença de Parkinson e m uitas outras serão potencial m ente curáveis. E ntretanto, ainda nos encontram os em um estágio prelim inar no desenvolvim ento de tais terapias, e atingir a perfeição nas técnicas para transplantes clínicos com células bem caracteriza das e com portam ento previsível será um a tarefa difícil e prolongada.
■ QUESTÕES ÉTICAS Os tratam entos com células-tronco levantam questões éticas e sociais controversas que devem ser abordadas em paralelo aos avanços cien tíficos e m édicos. Esta sociedade é bastante diversa quanto às crenças religiosas, aos conceitos ligados aos direitos individuais, à tolerância para riscos e incertezas, bem com o aos lim ites que devem ser im pos tos à ciência nas intervenções para alterar a evolução das doenças. Nos EUA, o governo federal autorizou pesquisas utilizando as lin h a gens hum anas de ES já existentes, m as o acesso aos fundos federais de fom ento ainda é restrito quando o objetivo é desenvolver novas li nhagens hum anas de ES. As pesquisas em andam ento indicaram que essas linhagens existentes desenvolvem anorm alidades com o tem po de cultivo e talvez estejam contam inadas com proteínas de cam un dongos. Tais fatos apontaram a necessidade de desenvolver novas linhagens hum anas de células ES. O desenvolvim ento da tecnologia de células iPS talvez reduza a necessidade da derivação de novas li nhagens ES, m as ainda não está claro se as diferenças na expressão gênica das células ES e iPS são im portantes para a possibilidade de utilização clínica. Ao considerar as questões éticas associadas ao uso das células-tronco, é interessante a p ren d er com a experiência que tivem os com outros avanços científicos, tais com o transplantes de órgãos, tecnologia do DNA recom binante, im plante de próteses m ecânicas, neurociência e pesquisa cognitiva, fertilização in vitro e testes gené
CAPÍTULO
68
Katherine A. High A transferência gênica é um a área nova da terapêutica na qual o agente ativo consiste em um ácido nucleico e não em um a proteína ou m olécula pequena. Pelo fato de a distribuição de um DNA ou RNA desnudo para um a célula ser um processo ineficiente, a m aior parte da transferência gênica é realizada usando um vetor ou veículo de distribuição gênica. Estes veículos geralm ente são produzidos a p a rtir de vírus po r m eio da deleção de parte do genom a viral ou de todo ele e sua substituição por um gene terapêutico de interesse sob o controle de um prom otor adequado (Q uadro 68.1). As estratégias de transferência gênica podem ser descritas em term os de três elem en tos essenciais: ( 1) um vetor, (2) um gene a ser distribuído, algum as vezes cham ado de transgene e (3) um a célula-alvo relevante para a qual o DNA ou RNA é distribuído. A série de etapas pelas quais o DNA doado entra na célula-alvo e expressa o transgene é cham ada de transdução. A distribuição do gene po d e ocorrer in vivo, na qual o vetor é diretam ente injetado no paciente ou, no caso de células-alvo hem atopoiéticas ou outras, ex vivo, p or m eio da rem oção das células-alvo do paciente, seguida do re to rn o das células autólogas m odificadas após a transferência gênica no laboratório. Esta últim a
BIBLIOGRAFIA H ig g s DR: A new dawn for stem -cell therapy. N Engl J M ed 358:964,
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Mol Biol 482:55, 2009
abordagem oferece oportunidades de integrar as técnicas de transfe rência gênica às terapias celulares (Cap. 67). A tecnologia de transferência gênica ain d a está sob desenvol vim ento, em bora solicitações de licenciam ento para derivados de terapia gênica tenham sido arquivadas. A terapia gênica é um a das m odalidades terapêuticas m ais com plexas já tentadas, e cada nova doença representa um problem a terapêutico para o qual a dosagem, segurança e eficácia têm de ser definidas. E ntretanto, a transferência gênica continua sendo um dos conceitos m ais potentes na m edicina m olecular m oderna e tem o potencial de abordar um a variedade de doenças para as quais não há cura atualm ente ou, em alguns casos, nenhum tratam ento disponível. Mais de 5000 pessoas foram inscritas nos estudos de transferência gênica e eventos adversos graves foram raros. As terapias gênicas estão sendo desenvolvidas p ara um a ampla variedade de doenças (Fig. 68.1).
■ TRANSFERÊNCIA GÊNICA PARA A DOENÇA GENÉTICA As estratégias de transferência gênica para as doenças genéticas ge ralm ente envolvem terapia de adição gênica. Esta abordagem envolve m ais com um ente a transferência do gene ausente para um a célula-alvo fisiologicam ente relevante. E ntretanto, outras estratégias são possíveis, incluindo o fornecim ento de um gene que alcança um efei to biológico sem elhante através de u m a via alternativa (p. ex., fator V ila para a hem ofilia A), o fornecim ento de um oligonucleotídio antisense para rem over um éxon que sofreu m utação caso a seqüência não seja crucial para a função da proteína (com o foi feito com o gene da distrofina na distrofia m uscular de D uchenne) ou infrarregulação de resposta nociva p or m eio de um RNAsi. São usadas duas estraté gias distintas para atingir expressão de longo prazo do gene: um a é a
Terapia Gênica na Medicina Clínica
Terapia Gênica na Medicina Clínica
ticos pré-natais. Esses e outros precedentes apontam a im portância de conhecer e testar a biologia básica no am biente laboratorial e em m odelos anim ais antes de aplicar novas técnicas em ensaios clínicos cuidadosam ente controlados. Q uando esses ensaios chegam a acor rer, devem ser realizados com consentim ento plenam ente inform ado e m eticulosam ente supervisionados p o r grupos externos de controle. Finalm ente, haverá intervenções m édicas cientificam ente p o s síveis, m as ética ou socialm ente inaceitáveis para alguns m em bros da sociedade. A pesquisa com células-tronco levanta questões fu n dam entalm ente difíceis sobre a definição de vida h um ana e tem ores sobre a capacidade de p o n d erar tem as com o justiça e segurança com as necessidades dos pacientes gravem ente enferm os. O s profissio nais de saúde e especialistas com form ação em ética, direito e so ciologia devem im pedir a aplicação p re m a tu ra ou inapropriada dos tratam entos com células-tronco assim com o a utilização im própria de grupos populacionais vulneráveis. E ntretanto, essas terapias ofe recem novas estratégias im p o rtan tes para o tratam en to de doenças de o utra form a irreversíveis. U m diálogo aberto entre com unidade científica, m édicos, pacientes, juristas, legisladores e população em geral é essencial para levantar e discu tir questões éticas im portantes, e para com parar riscos e benefícios relacionados com a transferência de células-tronco.
547
QUADRO 68.1
Características dos veículos de distribuição gênica Vetores virais AAV
Vírus espumoso humano
HSV-1
DNA
DNA
RNA
DNA
DNA
RNA
Não
Não
Não
Não
Não
Não
8 a 30 kb
5 kb
8,5 kb
40 a 150 kb
5 kb
5 kb
Poucos
Extensos
Poucos
Poucos
Poucos no vírus recombinante
Poucos
Poucos
Sim
Sim
Precários
Precários
Sim
Não
Precários
Não
Expressão de longo prazo
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Não
Não
Principais vantagens
Transferên cia gênica persistente nas células em divisão
Transferên cia gênica persistente nos tecidos transduzidos
Altamente efetivo na transdução de vários tecidos
Produção de poucas respostas inflamatórias, não patogênicas
Expressão gênica persistente nas células em divisão e nas que não estão se dividindo
Grande capaci dade de acon dicionamento com transfe rência gênica persistente
Ampla faixa de células hospedeiras; ausência de imunogenicidade
Respostas imunes lim i tadas contra o vetor
Principais des vantagens
Risco teórico de mutagênese insercional (ocorrida em 3 casos)
Pode induzir à oncogênese em alguns casos
Capsídio viral produz respostas imunes fortes
Capacidade de acondi cionamento limitada
Com necessida de de sistema de acondiciona mento estável
Citotoxicidade residual com especificidade neuronal
Capacidade de acondi cionamento limitada
Expressão de gene transduzido é transitória
Características
Retrovirais
Lentivirais
Genoma viral
RNA
RNA
Exigência de divisão celular
Sim
Fase G1
Limitação de acondicionamento
8 kb
8 kb
Respostas imunes ao vetor
Poucos
Integração do genoma
Adenovirais
SV-40
Alfavírus
Abreviações:MV, vírus associado ao adenovírus; HSV, herpesvírus simples; VS, vírus do sarcoma. transdução das células-tronco com um vetor de integração, de form a que todas as células da progênie carregarão o gene doado; a outra é a transdução de células de vida longa, com o as células do m úsculo esquelético ou neurais. No caso das células de vida longa, a integração no genom a da célula-alvo não é necessária. Em vez disso, pelo fato de as células não serem divisíveis, o DNA doado pode ser estabilizado em um a form a epissôm ica, evitando problem as relacionados com a integração e m utagênese insercional.
Medicina Regenerativa
cia de transdução relativam ente baixa dos vetores retrovirais, o que requer a divisão das células-alvo para integração. C om o as CTHs são norm alm ente quiescentes, constituem um alvo de transdução form idável. E ntretanto, a identificação das citocinas que induzem divisão celular sem prom over a diferenciação das células-tronco, juntam ente com m elhoras técnicas no isolam ento e transdução das CTHs, levou a ganhos m odestos, m as reais, na eficiência da transdução. O prim eiro efeito terapêutico convincente da transferência gênica ocorreu com a im unodeficiência com binada grave ligada ao X Distúrbios de imunodeficiência: prova de princípio (ID CG ), que resulta de m utações no gene (IL2RG ) que codifica a subunidade yc de receptores da citocina necessário para o desenvol As tentativas iniciais de provocar a reposição do gene em célulasvim ento norm al das células T e N K (Cap. 316). Os lactentes acom e -tronco hem atopoiéticas (CTHs) foram frustradas po r um a eficiêntidos apresentam -se nos prim eiros m e ses de vida com infecções devastadoras O utras e/ou falha no desenvolvim ento. Neste distúrbio, reconheceu-se que as células Doenças oculares transduzidas, m esm o que em pequeno núm ero, teriam um a vantagem proli D oenças neurológicas ferativa se com paradas com as células não transduzidas, que não têm recep D oenças m onogênicas tores para as citocinas necessários para o desen v o lv im en to e m atu raç ã o do D oenças infecciosas linfócito. A reco n stitu ição com pleta V oluntários saudáveis do sistem a im une, que inclui respostas docum entadas a vacinações infantis de M arcação gênica □ rotina, desaparecim ento de infecções e ganhos m arcantes no crescim ento, D oenças cardiovasculares oco rreu na m aioria das crianças tra tadas. E n tre tan to , em vinte crianças D oenças por câncer __________!__________ l tratadas em dois estudos separados, 5 --------- 1-------------1-------------1------------ i-------------1--------------- 1 desenvolveram um a síndrom e sem e 0 200 400 600 800 1000 1200 lhante à leucem ia linfocítica aguda da N úm eros de e studos (ano 2009) célula T, com esplenom egalia, aum en FIGURA 68.1 Indicações nos experimentos clínicos de terapia gênica. 0 gráfico em barras classifica os es to no leucogram a e surgim ento de um tudos de transferência gênica clínica por doença. A maioria dos experimentos abordou o câncer, sendo os distúrbios único clone de células T. Na m aior monogênicos e as doenças cardiovasculares as próximas maiores categorias. (Adaptada, com autorização, de J Gene parte dessas crianças, o vetor retroviMed., NewJersey, Wiley, 2009.)
□
548
QUADRO 68.2
Potenciais complicações da terapia gênica
Silenciamento gênico: repressão do promotor Genotoxicidade: complicações que surgem de mutagênese insercional Fenotoxicidade: complicações que surgem de superexpressão ou expressão ectópica do transgene Imunotoxicidade: resposta imune prejudicial seja ao vetor ou ao transgene Riscos de transmissões horizontais: derramamento de vetor infeccioso no ambiente Riscos de transmissão vertical: transmissão na linha germinativa do DNA doado
Outras aplicações de vetores de integração Mais recentem ente, tam bém se relatou sucesso terapêutico no estabe lecim ento de adrenoleucodistrofia ligada ao X, um a doença desm ie
Expressão de longo prazo na doença genética: transferência gênica in vivo com vetores recombinantes associados ao adenovírus (AAV) Os vetores AAV recom binantes surgiram com o veículos de distribui ção gênica atraentes para a doença genética. C riados a p a rtir de um vírus de DNA pequeno com defeito na replicação, não apresentam seqüências de codificação viral e desencadeiam respostas im unes m uito pequenas em anim ais de laboratório. São capazes de tran sd u zir células-alvo que não se dividem , e o DNA doado é estabilizado prim ariam ente em um a form a epissom al, m inim izando, assim , os riscos associados à m utagênese insercional. C om o o vetor tem tropism o para determ inados tipos de célula de vida longa, com o o m úsculo esquelético, o sistem a nervoso central e os hepatócitos, a expressão de longo prazo pode ser atingida m esm o na ausência de integração. Os experim entos clínicos que usam vetores AAV recom binan tes estão atualm ente em and am en to p ara as distrofias m usculares, deficiência de a ,-a n titrip sin a , doença de Parkinson, deficiência de lipoproteína lipase, hem ofilia B e um a form a de cegueira congênita cham ada de am aurose congênita de Leber. A hem ofilia costum a ser considerada um m odelo p ro m isso r de doença para a transferência gênica, pois o produto gênico não requer a regulação precisa da ex pressão, e os fatores da coagulação biologicam ente ativos podem ser sintetizados em um a variedade de tipos de tecido, perm itindo amplas possibilidades de escolha do tecido-alvo. Além disso, a elevação dos níveis circulantes do fator de m enos de 1% (níveis observados nos gravem ente acom etidos) para u m a faixa de 5% m elhora g randem en te o fenótipo da doença. Os estudos pré-clínicos com vetores AAV recom binantes infundidos no m úsculo esquelético ou fígado resulta ram em expressão de longo prazo (m ais de 5 anos) do fator V III ou do fator IX no m odelo canino p ara hem ofilia. A adm inistração, no m úsculo esquelético, de um vetor AAV que expressa o fator IX em pacientes com hem ofilia foi segura e resultou em expressão de longo prazo, com o m edido pela biópsia m uscular, porém os níveis circulan tes nunca aum entaram m ais que 1% p o r períodos contínuos, e foi n e cessário um grande núm ero de injeções intram usculares (mais de 80 a 100) para obter o acesso a grande m assa m uscular. A distribuição intravascular do vetor foi em pregada p ara acessar grandes áreas do m úsculo esquelético em m odelos anim ais de hem ofilia e será testada nos experim entos vindouros. A adm inistração de um vetor AAV que expressa o fator IX para o fígado em seres h um anos com hem ofilia resultou em níveis terapêuticos circulantes na m aior dose testada, mas a expressão nestes níveis (m ais de 5%) durou apenas 6 a 10 se m anas antes de cair para o nível basal (m enos de 1%). Um a resposta de m em ória da célula T ao capsídio viral, presente nos seres h u m a nos, m as não em outras espécies de anim ais (que não são hospedeiros naturais para o vírus), pode ser um fator contribuinte para a perda da expressão (Q uadro 68.2). E studos atualm ente em andam ento es tão testando duas estratégias possíveis para superar esse obstáculo - no prim eiro, os participantes recebem um curso de cu rta duração de im unossupressão coad m in istrad o com o vetor para bloquear a resposta im une ao capsídio até que as proteínas do capsídio sejam degradadas e m etabolizadas. No segundo, a utilização de u m conjun
Terapia Gênica na Medicina Clínica
ral integrou-se em um gene, LM O -2 (LIM only-2), que codifica um com ponente de um complexo do fator de transcrição envolvido no desenvolvim ento hem atopoiético. A credita-se que a repetição term i nal longa retroviral aum ente a expressão de LMO-2. Os estudos de ID CG ligados ao X foram um evento divisor de águas no progresso da terapia gênica. Eles dem onstraram , de m anei ra conclusiva, que a terapia gênica poderia curar um a doença; das 20 crianças subsequentem ente tratadas nestes experim entos, 18 conse guiram a correção do distúrbio de im unodeficiência. Infelizm ente, 5 posteriorm ente desenvolveram um distúrbio sem elhante à leucem ia, e 1 m orreu em decorrência dessa com plicação, m as o restante está vivo e livre de com plicações po r até 10 anos após o tratam ento inicial. Estes estudos tam bém dem onstraram que a m utagênese insercional que leva a câncer era mais do que um a possibilidade hipotética (Q ua d ro 68.2). C om o resultado da experiência nestes testes, todos os p ro tocolos que usam vetores de integração nas células hem atopoiéticas têm de incluir um plano para m onitorar locais de inserção e prolife ração clonal. As estratégias adotadas para superar esta com plicação incluíram o em prego de um gene-cassete “suicida” no vetor, de form a que clones errôneos podem ser rapidam ente rem ovidos; ou o uso de elem entos “isoladores” no cassete, o que po d e lim itar a ativação dos genes que circundam o local de inserção. Vetores lentivirais, que p o dem eficientem ente transduzir células alvo não divisíveis, podem ser com provadam ente m ais seguros do que vetores retrovirais, com base em padrões de integração; o cam po está assim usando esses gradual m ente com o um a alternativa para vetores retrovirais. A tingiu-se um sucesso m ais evidente em u m experim ento de terapia gênica para ou tra form a de ID C G , deficiência de adenosina desam inase (ADA) (Cap. 316). A A D A -ID C G é clinicam ente se m elhante à ID C G ligada ao X, em b o ra possa ser tra ta d a p o r te ra pia de reposição enzim ática com u m a form a peguilada da enzim a (PEG -A D A ), que leva à reconstituição im une, m as nem sem pre a contagens norm ais das células T. A terapia de reposição enzim ática é cara (custos anuais de 200.000 a 300.000 dólares). O s estudos in i ciais sobre a terapia gênica p ara A D A -ID C G não foram b em suce didos, m as m odificações nesse protocolo in cluíram o uso de C T H e não das células T com o alvo para a transdução; a descontinuação de PEG -A D A no m o m en to da infusão do vetor, de form a que as células tran sd u zid as ten h a m um a vantagem proliferativa sobre as n ão transduzidas; e o uso de um esquem a b ra n d o de co n d icio n a m ento para facilitar o enxerto das células transduzidas. N ão houve com plicações nas 10 crianças tratad as no p rotocolo de M ilão, com um acom panham ento m édio de m ais de 4 anos. A D A -ID C G é, p o r tanto, um exem plo onde a terapia gênica m u d o u as opções tera p êu ticas para os pacientes. Para aqueles com um irm ão H LA idêntico, o transplante de m edula ainda é a m elhor opção de tratam ento, m as isso se aplica apenas a u m a m in o ria dos acom etidos. Para aqueles que n ão possuem um HLA id êntico com patível, a terap ia gênica tem eficácia com parável à PEG-A DA e não apresenta risco de n e u tralizar anticorpos p ara a enzim a bovina.
linizante fatal do sistem a nervoso central (SNC) causada p o r m u ta ções no gene que codifica um tran sp o rtad o r do conjunto de ligação à adenosina trifosfato. A deficiência dessa proteína leva à insuficiência suprarrenal e acúm ulo de ácidos graxos de cadeia m uito longa em oligodendrócitos e m icroglia, interrom pendo a m anutenção da mielina p o r estas células. M eninos acom etidos apresentam evidências clínicas e neuroradiográficas de doença aos 6-8 anos de idade e geral m ente m orrem antes da adolescência. A ubourg e colegas dem onstra ram estabilização drástica tan to clínica com o radiograficam ente da doença após transdução lentiviral de células-tronco hem atopoiéticas em m eninos em tenra idade com a doença. O utras doenças que p ro vavelm ente são tratáveis com transdução de C T H incluem a síndro m e de W iskott-A ldrich, doença granulom atosa crônica, talassem ia e anem ia falciform e, com ensaios em andam ento atualm ente para os três prim eiros desses transtornos.
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to de expressão mais eficiente com um design autocom plem entar de códons otim izados deve possibilitar a expressão do fator IX, em d o ses mais baixas do vetor, que tam bém pode evitar a resposta imune. As prim eiras experiências com AAV no fígado no ensaio de h e m ofilia sugeriram que a introdução de pequenas doses de vetor em um local im unoprivilegiado pode possibilitar expressão de longo prazo, m esm o em seres hum anos previam ente expostos ao AAV Isto tem sido m ais elegantem ente dem onstrado no caso de doença dege nerativa da retina, a am aurose congênita de Leber (ACL). A ACL, caracterizada p or cegueira de início precoce, atualm ente não é tratável, e é causada p or m utações em vários genes diferentes; aproxim a dam ente 15% dos casos de ACL são causados p o r um a m utação em um gene, RPE65, que codifica um a proteína de 65 quilodaltons asso ciada ao epitélio pigm entar retinal. Em cães com m utação nula em RPE65, a visão foi recuperada após a injeção subrretinal de um vetor AAV que expressa RPE65. A expressão transgênica parece ser estável, sendo que os prim eiros anim ais tratados há m ais de 10 anos co n ti nuam a m anifestar evidências eletrofisiológicas e com portam entais da função visual. Tal com o para o ID C G ligado ao X, a transferên cia gênica tem de ocorrer relativam ente cedo na vida para atingir a correção ideal da doença genética, em bora as lim itações exatas im postas pela idade ainda não tenham sido definidas. O s experim entos com AAV-RPE65 realizados tanto nos EUA quanto no Reino U nido apresentaram restauração da função visual e da retina em m ais de 20 indivíduos, sendo que a m elhora m ais m arcante ocorreu nos in divíduos m ais jovens tratados (8 anos de idade). O utros distúrbios retinais hereditários degenerativos tam bém podem ser receptivos à correção pela transferência gênica assim com o determ inados d istúr bios complexos adquiridos, com o a degeneração m acular relacionada com a idade, que atinge vários m ilhões de pessoas em todo o m undo. A neovascularização que ocorre na degeneração m acular relacionada com a idade pode ser inibida pela expressão dos inibidores do fa tor de crescim ento endotelial vascular (VEGF), com o a angiostatina, ou p or m eio do uso de nocaute m ediado pelo RNAi do VEGF. Os experim entos da fase inicial dos RNAsi que têm com o alvo o RNA do VEGF estão em andam ento, m as requerem injeção repetida intravitreal dos RNAsi; um a abordagem m ediada pelo vetor AAV, que poderia possibilitar inibição de longo prazo dos efeitos biológicos do VEGF através de um receptor solúvel de VEGF está atualm ente em fase inicial de teste clínico.
■ TERAPIA GÊNICA PARA 0 CÂNCER
Medicina Regenerativa
A m aior parte da experiência de transferência gênica clínica tem ocorrido em sujeitos com câncer (Fig. 68.1). De m odo geral, um a ca racterística que distingue as terapias gênicas da terapêutica conven cional para o câncer é que as prim eiras são m enos tóxicas, em alguns casos po r serem distribuídas localm ente (p. ex., injeções intratum orais) e, em outros casos, p o r alm ejarem especificam ente característi cas do tu m o r (im unoterapias, abordagens angiogênicas). As terapias gênicas para o câncer podem ser divididas em abor dagens locais e sistêm icas (Q u ad ro 68.3). A lguns dos prim eiros ex perim entos com a terapia gênica para o câncer concentraram -se na distribuição local de um profárm aco ou um gene suicida que aum en taria a sensibilidade das células tum orais aos fárm acos citotóxicos.
QUADRO 68.3
Estratégias da terapia gênica no câncer
Abordagens locais/regionais Gene suicida/profármaco Oncogene supressor Vírus oncolítico Abordagens sistêmicas Quimioproteção Imunomodulação Antiangiogênese
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Um a estratégia frequentem ente usada tem sido a injeção intratum oral de um vetor adenoviral que expressa o gene da tim idina q u in a se (TK). As células que captam e expressam o gene T K podem ser m ortas após a adm inistração de ganciclovir, que é fosforilado em um nucleosídeo tóxico pela TK. C om o a divisão celular é necessária para que o nucleosídeo tóxico afete a viabilidade celular, esta estratégia foi inicialm ente usada em tum ores cerebrais agressivos (glioblastoma m ultiform e), onde as células tum orais cíclicas foram afetadas, mas os neurônios norm ais que não se dividem não o foram . Mais recente m ente, esta abordagem foi explorada para tum ores locais recorrentes de próstata, m am as e colo, entre outros. O utra abordagem local usa expressão m ediada p o r adenovírus do supressor tum oral p53, que está m utado em am pla variedade de cânceres. Esta estratégia apresentou respostas com pletas e parciais no carcinom a espinocelular de cabeça e pescoço, no câncer esofágico e no câncer p ulm onar de células não pequenas após a injeção intratum oral direta do vetor. As taxas de resposta (aproxim adam ente 15%) são com paráveis com as de outros agentes únicos. O uso de vírus oncolíticos que se replicam seletivam ente nas células tum orais, m as não nas células norm ais, tam bém é prom issor no carcinom a espino celular de cabeça e pescoço, bem com o em outros tum ores sólidos. Tal abordagem baseia-se na observação de que a deleção de determ i nados genes virais abale sua capacidade de se replicar nas células n o r mais, m as não nas células tum orais. Um a vantagem desta estratégia é que o vetor que se replica pode proliferar e se dissem inar no tum or, facilitando a subsequente depuração tum oral. E ntretanto, as lim ita ções físicas da dissem inação viral, com o a fibrose, as células norm ais mescladas, as m em branas basais e as áreas necrosadas no tum or, p o dem reduzir a eficácia clínica. Os vírus oncolíticos estão autorizados e disponíveis em alguns países, porém não nos EUA. Com o a doença m etastática, e não o crescim ento descontrolado do tu m o r prim ário, é a origem da m ortalidade para a m aioria dos cânceres, tem havido considerável interesse n o desenvolvim ento de abordagens terapêuticas gênicas sistêm icas. U m a estratégia foi p ro m over o reconhecim ento m ais eficiente das células tum orais pelo sistem a im une. As abordagens incluíram a transdução de células tu m orais com genes de aum ento da im unidade que codificam citoci nas, quim iocinas ou moléculas coestim uladoras. As respostas clínicas contínuas fornecem evidências de que as células transduzidas podem agir com o um a vacina. Em um a abordagem relacionada, os linfóci tos do paciente foram transduzidos com genes que codificam um a m olécula sem elhante ao receptor da célula T, com um dom ínio de ligação ao antígeno do tu m o r fundido com um dom ínio de sinaliza ção intracelular para possibilitar a ativação da célula T, convertendo, assim, linfócitos norm ais em células capazes de reconhecer e destruir as células tum orais. U m a terceira abordagem im unoterápica depende da m anipulação ex vivo de células dendríticas para aum entar a apre sentação dos antígenos tum orais. Estas abordagens im unológicas p o dem ter um valor especial no tratam ento de doença residual m ínim a após outras m odalidades anticâncer. As estratégias de transferência gênica tam bém foram desenvolvi das para inibir a angiogênese tum oral, com o a expressão constitutiva de inibidores angiogênicos, tais com o a angiostatina e endostatina; o uso de RNAsi para reduzir os níveis de VEGF ou do receptor do VEGF; e abordagens com binadas nas quais células T autólogas são geneticam ente m odificadas para reconhecer antígenos específicos para a vasculatura tum oral. Esses estudos ainda encontram -se n a fase inicial de testes. O utra abordagem nova sistêm ica é o uso de transferência gênica para proteger as células norm ais contra as toxicidades da quim iote rapia. A m ais extensam ente estudada destas abordagens tem sido a transdução de células hem atopoiéticas com genes que codificam a resistência a agentes quim ioterápicos, com o o gene M D R I resistente a m últiplos fárm acos ou o gene que codifica 0 6-m etilguanina DNA m etiltransferase (M G M T ). A transdução ex vivo das células h e m a topoiéticas, seguida de transplante autólogo, está sendo pesquisada com o um a estratégia p ara possibilitar a adm inistração de doses mais altas de quim ioterapia do que seria, de o utra form a, tolerado.
■ TERAPIA GÊNICA PARA A DOENÇA VASCULAR A terceira categoria principal, abordada p or estudos de transferên cia gênica, é a doença cardiovascular. A experiência m ais extensa foi em experim entos projetados para au m entar o fluxo sanguíneo para o m úsculo esquelético (isquem ia crítica de m em bro) ou o cardíaco (angina/isquem ia do m iocárdio). As opções iniciais de tratam e n to para am bos estes grupos incluem revascularização m ecânica ou tratam ento clínico, m as um subgrupo de pacientes não é candidato a estas abordagens ou não atinge o objetivo desejado. Estes pacien tes form aram as prim eiras coortes para avaliação de transferência gênica a atingir angiogênese terapêutica. O principal transgene usa do foi o VEGF, atraente devido à sua especificidade para as células endoteliais; outros transgenes consistiram no fator de crescim ento do fibroblasto (FGF) e fator 1 induzível p or hipoxia, subunidade a (HIF- la ) . O projeto da m aior parte dos experim entos incluiu injeção intram uscular direta (ou m iocárdica) de plasm ídio ou v etor adenoviral que expressam o transgene. A m bos os vetores provavelm ente resultam em expressão apenas a curto prazo do VEGF. C ontudo, esta estratégia pode ser adequada, pois não há necessidade de expressão contínua do transgene, um a vez que os vasos novos já foram form a dos. A injeção direta favorece a expressão local, que ajudaria a evitar efeitos sistêmicos, com o a neovascularização retinal ou form ação de vaso novo em um tu m o r em brionário. E xperim entos iniciais de in jeção de adeno-V EG F ou plasm ídio-V EG F resultaram em m elhora acim a da linha basal em term os de frequência de claudicação/angina ou quantidades de consum o de nitroglicerina. Os projetos de estudos que incluem grupos controle placebo e m etas finais m ais objetivas (duração de exercício aos 3 ou 6 meses, exames de perfusão cardíaca com estresse e em repouso, bem com o m ovim ento de parede regional avaliado p or m apeam ento eletroanatôm ico não fluoroscópico) co n tinuam a sugerir um efeito benéfico da transferência gênica, em bora conclusões definitivas requeiram estudos m aiores. As áreas de con tinuação da pesquisa incluem a escolha do vetor ideal (adenoviral versus plasm ídio), o transgene ideal (VEGF, HIF-1 a , FGF etc.), o m étodo ideal de distribuição nas indicações cardíacas (intracoronário versus m iocárdico direto), m etas finais objetivas ideais e se a adm inistração concom itante de citocinas, para m obilizar as células progenitoras endoteliais, irá aum entar o efeito terapêutico.
■ OUTRAS DOENÇAS
■ RESUMO O desenvolvim ento de novas classes de terapêutica tipicam ente leva duas a três décadas; os anticorpos m onoclonais e proteínas recom binantes são exem plos recentes. A terapêutica gênica, que entrou
Elementos da anamnese dos indivíduos inscritos nos experimentos de transferência gênica 1. Que vetor foi administrado? Ele é predominantemente de integração [retroviral, lentiviral, herpesvírus (latência e reativação)] ou de não integração (plasmídio, adenoviral, M V)? 2. Qual foi a via de administração do vetor? 3. Qual era o tecido-alvo? 4. Que gene foi transferido? Um gene relacionado com a doença? Um marcador? 5. Houve eventos adversos observados após a transferência gênica? Perguntas de triagem para o acompanhamento de longo prazo dos indivíduos submetidos à transferência gênica* 1. Uma nova neoplasia maligna foi diagnosticada? 2. Um novo distúrbio neurológico/oftalmológico, ou uma exacerbação de distúrbio preexistente, foi diagnosticado? 3. Um novo distúrbio autoimune ou reumatológico foi diagnosticado? 4. Um novo distúrbio hematológico foi diagnosticado? * São fatores que influenciam o risco de longo prazo: integração do vetor ao genoma; persistên cia do vetor sem integração e efeitos específicos do transgene.
em testes clínicos no início dos anos de 1990, apresenta bom curso de desenvolvim ento e probabilidade de tornar-se cada vez mais im portante com o m odalidade terapêutica no século XXI. Um a questão fundam ental a ser abordada é a segurança de longo prazo da tran s ferência gênica; assim , as agências reguladoras exigiram um acom panham ento de 15 anos p ara os sujeitos inscritos nos experim entos de terapia gênica (Q u ad ro 68.4). A concretização de benefícios tera pêuticos do Projeto G enom a H um ano e de novas descobertas, com o o RNAi, dependerá de um contínuo avanço da tecnologia de tran s ferência gênica.
BIBLIOGRAFIA et al: Gene therapy for immunodeficiency due to adenosine deaminase deficiency. N Engl J Med 360:447,2009 B r e i t b a c h CJ et al: Navigating the clinical development landscape for oncolytic viruses and other cancer therapeutics: No shortcuts on the road to approval. Cytokine Growth Factor Rev 21:85,2010 C a r t i e r N et al: Hematopoietic stem cell gene therapy with a lentiviral vector in X-linked adrenoleukodystrophy. Science 326:818, 2009 Gene Therapy Clinical Trials Worldwide. J Gene Med. John Wiley & Sons, 2009. Accessed at http://ww w .w iley.co.uk/genetherapy/clinical/ H a c e i n - B e y - A b i n a S et al: LM02-associated clonal T cell proliferation in two patients after gene therapy for SCID-XI. Science 302:415,2003 M a g u i r e AM et al: Age-dependent effects of REP65 gene therapy for Leber s congenital amaurosis: A phase 1 dose escalation trial. Lancet 374:1597, 2009 M a n n o CS et al: Successful transduction of liver in hemophilia by AAV-Factor IX and limitations imposed by the host immune response. Nat Med 12:342, 2006 S a d e l a i n M: T-cell engineering for cancer immunotherapy. Cancer 15:451, 2009 T o n g e r s GR, L o s o r d o DW: Human studies of angiogenic gene therapy. Circ Res 105:724,2009
A iu t i A
Terapia Gênica na Medicina Clínica
O poder e a versatilidade das abordagens de transferência gênica são tais que há poucas entidades de doença grave para as quais as tera pias de transferência gênica não estejam em desenvolvim ento. Além das já discutidas, outras áreas de interesse incluem terapias gênicas para o H IV e para os distúrbios neurodegenerativos. Estes últim os incluem estudos em pacientes com doença de Parkinson, em que os vetores AAV que expressam enzim as necessárias para o aum ento da produção de dopam ina, ou do neurotransm issor inibitório ácido y-am inobutírico, foram introduzidos nas áreas acom etidas cérebro (estriado, núcleo subtalâm ico) p o r n eurocirurgia estereotáxica. Na doença de Alzheimer, um a abordagem ex vivo, na qual fibroblastos autólogos são transduzidos com um vetor retroviral que expressa o fator de crescim ento do nervo, e depois reim plantados no p ro sen céfalo basal, alenteceu a taxa de declínio cognitivo em um estudo de pequeno porte da fase I.
QUADRO 6 8 .4 Anamnese dos indivíduos inscritos nos estudos de transferência gênica
551
CAPÍTULO
69
A rca b o u ço de polím ero biodegradável
Engenharia Tecidual David M. Hoganson Howard I. Pryor, 11 Joseph P. Vacanti
O steoblastos C ondrócitos H epatócitos E nterócitos
INTRODUÇÃO C onform e avança a terapêutica m édica, hoje podem os estabelecer objetivos reais para a total substituição da atividade funcional de q u a se todos os órgãos e tecidos com prom etidos. Nas últim as décadas, as lim itações das soluções m ecânicas não vivas para o com prom eti m ento dos órgãos e tecidos estão atualm ente estabelecidas e incluem a diálise, as valvas cardíacas m ecânicas, os im plantes ortopédicos m etálicos e o dispositivo de h érnia não reabsorvível. A engenharia tecidual possui amplos objetivos que incluem o desenvolvim ento de órgãos, a elim inação do tem po de espera para os transplantes, com o do fígado e rim , a criação de substituições de tecidos vivos para os tecidos moles, osso, cartilagem , fascia e virtualm ente qualquer e stru tura do corpo.
C élulas uroteliais C élulas-tronco C élulas da m edula óssea
Im plantação in vitro
MATERIAIS E ARCABOUÇOS PARA A ENGENHARIA TECIDUAL
Medicina Regenerativa 552
A principal estrutura de sustentação m ecânica de qualquer tecido fabricado p or engenharia é o arcabouço. Estas construções trid i m ensionais geralm ente são com postas de diversos m ateriais e sus tentam as células vivas necessárias para gerar um tecido funcional (Fig. 69.1). As propriedades m ecânicas dos arcabouços com o a força e a elasticidade, devem corresponder às propriedades m ecânicas do tecido-alvo. Além disso, as células respondem aos estím ulos am bien tais, de m odo que o arcabouço deverá m im etizar o tecido-alvo para alcançar o alinham ento celular e o arranjo tridim ensional desejado das células. O s m ateriais ideais p a ra o arcabouço dos tecidos pro d u zid o s são m ateriais reabsorvíveis que se frag m en tem ao longo do te m po. D urante a reabsorção, o tecido fabricado é rem o d elad o pelos processos n orm ais de cicatrização, deix an d o apenas o tecido ce lular vivo com o tecido conectivo n a tu ra l de sustentação. M uitos im plantes ou equipam entos para órgãos estão em desenvolvim ento utilizando os princípios da engenharia tecidual com m ateriais não reabsorvíveis. Estas tecnologias, com o equipam entos de assistência p u lm o n a r e hepática e até im plantes com postos, de com ponentes reabsorvíveis e não reabsorvíveis, p a ra o reparo o rto p éd ico e de h érn ias representam um im p o rta n te passo em direção ao d e se n volvim ento de arcabouços to ta lm e n te absorvíveis p a ra to d o s os tecidos. A pesquisa atual está focalizada n o s p olím eros sintéticos reabsorvíveis (p. ex., ácido poliglicólico, p o liuretanos reabsorvíveis, ácido sebácico poliglicerol); polím eros que oco rrem na natureza (p. ex., colágenos, fibrina); e m inerais (p. ex., trifosfato de cálcio). Os m ateriais do arcabouço p o d e m ser suplem entados com fatores de crescim ento ou outras citocinas p a ra m elh o rar a in co rp o ração e a diferenciação celular. O utras m odificações de superfície, incluindo a sua texturização e a cobertura com p ro teín a ou anticorpo, po d em m elhorar a adesão e a m igração celular. O tecido conectivo ou os órgãos descelularizados representam u m a área de m ateriais em franco desenvolvim ento p a ra os tecidos fabricados. Os corações descelularizados e ressem eados com células do m iocárdio têm funcionado in vitro e a pesquisa está focalizada na expansão desta estratégia p a ra outros órgãos com o o pulm ão e o fígado, bem com o tecidos m oles usando u m tipo de d erm e descelularizada.
Figura 69.1 Esquema dos princípios básicos da engenharia tecidual. [De R. Langer, J. Vacanti: Science 260:1993, com autorização.)
CÉLULAS PARA A ENGENHARIA TECIDUAL Os com ponentes celulares dos tecidos fabricados devem alcançar a funcionalidade do órgão (p. ex., hepatócitos), m an ter a estru tu ra do órgão (p. ex., fibroblastos e células estrom ais) e fornecer sangue ao tecido (p. ex., células endoteliais e pericitos). O arranjo trid im en sio nal das células é crítico p ara o fu n c io n a m e n to correto: p ortanto, a coordenação do desenho do arcabouço e dos com ponentes celulares é essencial. A m anutenção das interações apropriadas célula a célula e célula-m atriz extracelular estabelece o m icroam biente que o rien ta a diferenciação, o potencial proliferativo e a função de diversos tipos celulares. O uso de células autólogas é um objetivo im portante quando um tecido fabricado está sendo desenvolvido. Este fato evita o efeito se vero da im unossupressão. C élulas-tronco pluripotentes induzidas e células-tronco m esenquim atosas adultas (p. ex., derivadas de m ed u la óssea ou adiposas) constituem duas fontes prom issoras de células progenitoras autólogas. Os estím ulos de diferenciação incluindo si nais solúveis e genes de incorporação podem transform ar as células progenitoras em linhagens celulares e células de órgãos-alvo (Caps. 67 e 68). Por fim, a obtenção de u m a quantidade de células adequada é im portante. Por exemplo, existem aproxim adam ente 5 X IO10 hepa tócitos em um fígado adulto norm al. Portanto, qualquer estratégia de diferenciação celular deverá levar em conta a quantidade de células necessária para sem ear o arcabouço e atingir a funcionalidade teci dual apropriada.
O uso de células alogeneicas permanece como um a opção para di versos tecidos e tem sido a principal fonte de tecidos fabricados com sucesso clínico até hoje. As células-tronco em brionárias continuam prom etendo como opção para células alogeneicas. As células xenogeneicas são im portantes para serem consideradas já que estão disponí veis em grandes quantidades, porém o seu uso tem sido principalm ente limitado aos equipamentos de suporte aos órgãos (isto é, equipamentos hepáticos) e elas não são implantadas diretam ente em um paciente.
MATURAÇÃO IN VITRO DE TECIDOS FABRICADOS Q uase todos os tecidos possuem necessidades m ecânicas básicas e m uitos tecidos, com o as valvas cardíacas, vasos sanguíneos, osso e tendões precisam apresentar pro p ried ad es m ecânicas adequadas para alcançar a funcionalidade. As forças m ecânicas são im portantes para induzir o alinham ento celular e para a produção de um a m atriz extracelular. Os biorreatores têm sido desenvolvidos para fornecer as forças m ecânicas necessárias aos tecidos fabricados, incluindo a pressão de rom pim ento, fluxo pulsátil e a pressão para as valvas e vasos sanguíneos, e a tensão axial e a com pressão para os ossos, car tilagens e tendões.
APLICAÇÕES CLÍNICAS As preparações de pele fabricada foram os prim eiros sucessos clíni cos verdadeiros dos princípios da engenharia tecidual (Q uadro 69.1). Estes produtos clinicam ente disponíveis usam fibroblastos autólogos crescidos em um arcabouço de polím ero reabsorvível p ara u m pro d u to de cam ada única ou fibroblastos cobertos com queratinócitos para um produto de duas cam adas. Produtos, recentes, que prom ovem a cicatrização da pele e feridas dérm icas tam bém incorporam fibroblas tos autólogos liberados na ferida. C ondrócitos autólogos estão sendo usados para curar articulações com prom etidas e eles têm m ostrado excelentes resultados. M ateriais acelulares baseados em colágeno, de rivados de derm e hum ana ou anim al, estão sendo im plantados para a reconstrução de tecidos m oles ou para o reparo de hérnias e são celularizados in vivo com células autólogas. M uitos tecidos fabricados estão sendo usados em ensaios clínicos (Q uadro 69.2) ou encontra-se em desenvolvim ento, incluindo aqueles para ossos, cartilagens, n e r vos, m úsculo esquelético, vasos sanguíneos de pequeno calibre, valvas cardíacas e órgãos vitais, incluindo o coração, fígado, pulm ão e rim.
QUADRO 69.1 Exemplos de produtos da engenharia tecidual aprovados pelo FDA Descrição sucinta
Alloderm (LifeCell)
Matriz dérmica acelular para reparo de tecido
Apligraf (Organogenesis)
Equivalente de pele viva aprovado para o tratamento de úlceras venosas de perna e úlceras diabéticas do pé
Carticel (Genzyme Biosurgery)
Condrócitos autólogos aprovados para o reparo de cartilagem
Dermagraft (Smith and Nephew)
Equivalente de pele viva aprovado para úlceras diabéticas do pé de espessura total
Durasis (Cook Surgical Products)
Submucosa do intestino delgado de suíno para substituição de dura-máter
Epicel (Genzyme Biosurgery)
Equivalente de pele viva aprovado para pacientes queimados
OrCel (Ortec)
Equivalente de pele viva aprovado para pacientes queimados
Surgisis (Cook Surgical Products)
Submucosa do intestino delgado de suíno para feridas dérmicas e reforço de tecido enfraquecido
FlexHD (Ethicon)
Matriz dérmica acelular para reparo tecidual
Strattice (LifeCell)
Matriz dérmica acelular para reparo tecidual
DermaMatrix (Synthes)
Matriz dérmica acelular para reparo tecidual
Produtos de engenharia tecidual sob ensaios
Dermangen (Laboratoires Genévrier)
Equivalente à pele viva
Lifeline (Cytograft)
Vasos sanguíneos vivos de pequeno calibre
Hepatocyte Matrix Implant (Baermed)
Matriz reabsovível e hepatócitos autólogos enxertados em omento para sustentar função hepática
TRC (Aastrom)
Células autólogas da medula óssea de adulto para enxerto ósseo
Myocell (Bioheart)
Células musculares autólogas encapsuladas para infarto do miocárdio
Mark II (Excorp)
Dispositivo extracorpóreo de assistência hepática
HuCNS-SC (Stem Cell Inc)
Células-tronco do sistema nervoso central humano
NT-501 (Neurotech SA)
Tecnologia de célula encapsulada para a liberação prolongada de fatores terapêuticos para a retina
Procord (Proneuron)
Terapia com macrófagos ativados autólogos para pacientes com lesão aguda completa da medula espinal
ChondroCelect (Tígenix)
Implantação de condrócitos autólogos
ELAD (Vigagen)
Dispositivo extracorpóreo de assistência hepática
Neo-Bladder (Tengion)
Bexiga viva fabricada
DESAFIOS FUTUROS Tecidos finos com o a pele, cartilagens, valvas cardíacas e vasos san guíneos são vantajosos, no sentido de que podem sobreviver sob a difusão de oxigênio e nutrientes, enquanto novos vasos sanguíneos são form ados para atingir a form ação tecidual perm anente. Tecidos espessos e órgãos sólidos dependem de um a rede elaborada de vasos sanguíneos que ocupam 150-200 (jim da cada célula deste tecido. O coração necessita de tanto oxigênio que em geral existem vasos san guíneos em am bos os lados de um único cardiom iócito. O desenvol vim ento da rede de vasos sanguíneos nos tecidos é o principal desafio para os tecidos fabricados. A angiogenese pode ser usada para criar redes de capilares para os tecidos m oles e m usculoesqueléticos, e n quanto estão sendo desenvolvidas redes vasculares fabricadas, com base nos princípios de m icrofluidos, para órgãos sólidos com o o fí gado e o pulmão. A expansão e a diferenciação in vitro de células progenitoras para células tecido-específicas tam b ém c o n tin u a a ser um im portante progresso. Este inclui a otim ização dos diferentes tipos celulares e as proporções p ara a função de cada tecido a longo prazo. As condições necessárias para a cultura in vitro e a logística do pré-im plante, com o a entrega e o arm azenam ento, estão apenas com eçando a ser conside radas para o caso de tecidos complexos.
Engenharia Tecidual
Nome do produto
QUADRO 69.2 clínicos
BIBLIOGRAFIA SF et al: Extracellular matrix as a biological scaffold material: Structure and function. Acta Biomater 5:1, 2009 G r a y s o n WL et al: Biomimetic approach to tissue engineering. Semin Cell Dev Biol 20:665, 2009 H o g a n s o n DM et al: Tissue engineering and organ structure: A vascularized approach to liver and lung. Pediatr Res 63:520,2008 K h a d f . m h o s s e i n i A et al: Progress in tissue engineering. Sei Am 300:64,2009 O t t HC et al: Perfusion-decellularized matrix: Using nature’s platform to engineer a bioartificial heart. Nat Med 14:213, 2008 S a c k s MS et al: Bioengineering challenges for heart valve tissue engineering. Annu Rev Biomed Eng 11:289,2009
Ba d y la k
553
PARTE V Envelhecimento
70 Demografia Mundial do Envelhecimento.................................. 556 71 Biologia do Envelhecimento.........................................................562 72 Problemas Clínicos do Envelhecimento.................................... 570
CAPÍTULO
70 i
Demografia Mundial do Envelhecimento Richard Suzman John G. Haaga O envelhecim ento da população está tran sfo rm a n d o o m u n d o de m an eira drástica e fundam ental. As d istribuições etárias das p o pulações m u d ara m e c o n tin u arão a m u d ar rad icalm ente, devido à redução de longo prazo nas taxas de fertilidade e m elhorias nas taxas de m o rtalidade (Q u a d ro 70.1). Esta transform ação, co n h eci da com o T ransição D em ográfica, é tam bém acom panhada p o r um a transição epidem iológica, na qual doenças crônicas não transm issí veis estão se to rn an d o as principais causas de m o rte e c o ntribuem p ara a carga de doença e incapacidade. U m co n co m itan te do e n velhecim ento da população é a m u d an ça de índices im p o rta n te s que expressam “d ependência” de o u tra m an eira - a p ro p o rção de adultos na força de trab a lh o em relação àqueles fora da força de trabalho, tais com o lactentes, crianças, “idosos jovens” aposentados (aqueles que ainda estão ativos em m uitos aspectos diferentes do trab alh o pago) e o idoso longevo. O envelhecim ento global afeta rá o crescim ento econôm ico, a m igração, os padrões de trabalho e aposentadoria, estruturas fam iliares, sistem as de pensões e de saú de, e até m esm o o com ércio e a posição relativa das nações. Tanto os nú m ero s (o tam an h o de um a faixa etária) com o as proporções (a razão entre os do gru p o de idade da força de trab alh o e os d e p endentes, com o o jovem ou o aposentado, ou a pro p o rção entre crianças e idosos) são im portantes. O tam a n h o dos gru p o s etários da população pode afetar o n úm ero de leitos hospitalares necessá rios, enquanto a razão entre crianças e pessoas idosas po d e afetar a dem anda relativa po r pediatras e geriatras. E m bora o aum ento da esperança de vida, resultante de um a série de conquistas sociais, econôm icas, de saúde pública e de vitórias m é dicas sobre a doença, possa m uito bem ser considerado o coroam ento do últim o século e meio, o aum ento do tem po de vida juntam ente com as m udanças no tam anho dos grupos dependentes em relação ao tam anho da força de trabalho, apresentam form idáveis desafios de longo prazo. O ritm o da m u d an ça está acelerando. E m países o nde a T ran sição D em ográfica com eçou m ais cedo, o processo foi m ais lento: n a França, foram necessários 115 anos p ara a p ro p o rção do g rupo e tário de 65 e m ais velhos au m e n tar de 7 p ara 14% da população total, e os E stados U nidos em breve terão com pletado esse m esm o aum ento em 69 anos. Mas em países que co m eçaram a transição m ais tarde, o processo está oco rren d o m u ito m ais rapidam ente: no Japão foram 26 anos p ara a população de 65 anos ou m ais ir de 7 a 14%, e nquanto estim a-se que a C hina e o Brasil levem apenas 24 anos. Por volta do ano 2020, pela p rim eira vez, espera-se que o n ú m ero de pessoas com idade igual ou su p erio r a 65 anos n o m u n d o ultrapasse o de crianças m enores de 5 anos de idade. Por volta da m etade do século XX, o grupo de 5 anos de idade constituía quase 15% do total da população e a faixa etária acim a de 65, 5%. Foram necessários cerca de 70 anos p ara estes dois a tingirem proporções iguais. M as as previsões populacionais preveem que levará apenas m ais 30 anos para que o grupo de idade igual ou su p erio r a 65 anos iguale cerca de 15% e o grupo de idade m ais jovem , 5%. Por volta da m etade de suas carreiras, os estudantes de m edicina na m aioria dos países devem esperar estar p raticando em populações m uito m ais velhas. Os preparativos para estas m udanças p recisam com eçar com décadas de antecedência, e os custos e p enalidades da espera p o dem ser m uito elevados. E nquanto alguns governos com eçaram o
planejam ento p ara o longo prazo, m uitos, se n ão a m aioria, ainda têm de começar.
HISTÓRICO A população que está envelhecendo em todo o m u n d o nas últim as décadas tem seguido um p a d rão am plam ente sim ilar, com eçando com um declínio da m ortalidade de lactentes e crianças que precede o declínio da fertilidade; em fases posteriores, a m ortalidade nas ida des mais avançadas declina tam bém . A dim inuição da fertilidade co m eçou no início do século XIX nos Estados U nidos e França e esten deu para o restante da E uropa e A m érica do N orte e partes do leste da Ásia por volta de m eados do século XX. Desde a Segunda G uerra M undial, a dim inuição da fertilidade com eçou em todas as outras regiões do m undo. Na verdade, m ais de m etade da população do m undo vive agora em países ou províncias com taxas de fecundidade abaixo do nível de substituição ou pouco m ais de dois nascim entos vivos p o r m ulher. As taxas de m ortalid ad e tam bém com eçaram a m udar, de m aneira relativam ente lenta no início, na E uropa O ciden tal e A m érica do N orte durante o século XIX. N o início, as m udanças eram mais evidentes nas idades m ais jovens. M elhorias no abasteci m ento de água e tratam ento de esgotos, bem com o na alim entação e habitação, foram responsáveis pela m aior parte da m elhoria antes da década de 1940, quando antibióticos e vacinas e educação cada vez m aior de m ães com eçou a ter grande influência. D esde m eados do século XX, a “Revolução de Sobrevivência Infantil” espalhou-se para todas as partes do m undo. As crianças em quase todo o m undo estão m uito m ais propensas a chegar ao final da m eia idade agora do que em gerações anteriores. Especialmente desde p or volta de 1960, a m ortalidade em idades m ais velhas m elhorou rapidam ente na m aioria dos países desenvol vidos. Esta m elhoria tem sido principalm ente em decorrência dos avanços no tratam ento de doenças cardíacas e acidente vascular cere bral e no controle de doenças com o h ipertensão e hipercolesterolem ia que levam a doenças do aparelho circulatório. Em algum as partes do m undo, as taxas caíram, e esses declínios levaram a um a m enor inci dência de m uitos tipos de câncer, doenças cardíacas e AVE. A queda inicial da fecundidade fez com que grupos etários mais velhos se to rn assem u m a fração m aio r da população total. D eclí nios em adultos e m o rtalidade na velhice co n trib u íram p ara as fases p osteriores do processo. A expectativa de vida ao nascim en to - a idade m édia até a qual se espera que alguém viva, sob condições vigentes de m ortalidade - foi calculada em to rn o de 28 anos na G ré cia antiga, talvez 30 anos na G rã-B retanha m edieval, e m enos de 25 anos na colônia de V irginia na A m érica do N orte. N os E stados U ni dos, a expectativa de vida subiu lentam ente du ran te do século XIX, chegando a 49 anos para as m ulheres brancas em 1900. O s hom ens b rancos tin h a m um a expectativa de vida 2 anos m en o r do que a das m ulheres brancas, e os am ericanos negros tin h a m a expectati va de vida 14 anos m en o r do que os am ericanos brancos em 1900. N o início do século XXI, a expectativa de vida nos Estados U nidos havia m elhorado d ram aticam ente pa ra todos, com a diferença entre os sexos e as diferenças raciais m ais estreitas do que no início do século: 76 anos p ara os h o m en s b rancos em 2006; 81 anos para as m ulheres brancas, e de 70 e 76 anos p a ra os h o m en s e m ulheres negros, respectivam ente. Em fases posteriores da transição dem ográfica, a m ortalidade di m inui nas idades m ais velhas, levando a um aum ento na população de idade igual ou superior a 65 anos, e na dos idosos m ais velhos, aqueles com idades superiores a 85 anos. A m igração tam bém pode afetar o envelhecim ento da população. Um influxo de m igrantes jo vens com altas taxas de natalidade pode retardar (em bora não parar) o processo, com o ocorreu nos E stados U nidos e C anadá; ou a m i gração para fora do jovem que deixa as pessoas m ais velhas para trás pode acelerar o envelhecim ento no nível da população, com o ocor reu em m uitas áreas rurais do m undo. G uerras e doenças pandêm icas com o a Aids tam bém podem alterar a com posição etária p o r dizim ar determ inados grupos etários adultos.
QUADRO 70.1 Indicadores selecionados de envelhecimento da população, estimativas para 2009 e projeções para 2050; regiões e países selecionados População com +60 anos (ou milhões)
Porcentagem de população +60
Expectativa de vida ao nascimento
Expectativa de vida aos 60
Proporção de suporte a idade avançada
2009
2009
2050
Homens
Mulheres
Homens
Mulheres
2009
2050
2050
737
2008
11
22
65,4
69,8
18,1
21,2
9
4
Regiões mais desenvolvidas
264
416
21
33
73,6
80,5
19,6
23,7
4
2
Regiões menos desenvolvidas
473
1592
8
20
63,9
67,4
17,3
19,6
11
4
Países menos desenvolvidos
43
185
2
11
54,7
57,2
15,3
16,8
17
9
África
53,8
212,8
5
11
52,9
55,3
15,2
17,1
16
9
Egito
6,0
24,8
7
19
68,3
71,8
16,2
18,3
14
5
2,1
8,4
5
8
54,6
56.2
16,1
17,6
17
13
Quênia
1,6
7,9
4
9
53,7
54,5
16
17,8
21
11
Nigéria
7,6
27,7
5
10
47,3
48,3
14,5
15,7
17
11
África do sul
3,6
8,1
7
14
49,9
53,2
13,6
17,8
14
7
Ásia
399,9
1236,1
10
24
67,1
75,7
17,6
20,3
10
4
China
160,2
440,4
12
31
71,3
74,8
18,2
20,7
9
3
Japão
37,8
44,9
30
44
79
86,2
22,1
27,8
3
1
Rep. da Coreia
7,3
18,0
15
41
75,9
82,5
19,7
24,6
7
2
índia
88,6
315,6
7
20
62,1
65
16
17,9
13
5
Paquistão
11,1
49,8
6
15
66
66,7
17,6
18,4
15
7
Indonésia
20,2
71,6
9
25
68,7
72,6
16,5
18,5
11
3
Austrália
4,1
8,5
19
30
79,1
83,8
22,3
25,8
5
3
Nova Zelândia
0,8
1,6
18
29
78,2
82,2
21,6
24,7
5
3
Europa
158,5
236,4
22
34
71,1b
79,1b
18,3
22,6
4
2
Federação Russa
25,0
36,8
18
32
60,3
73,1
14,3
19,2
6
3
Reino Unido
13,8
29
77,2
81,6
20,4
24
4
3
Tanzânia
20,9
22
Itália
15,8
22,3
26
39
78,1
84,1
21,5
25,9
3
2
Alemanha
21,1
27,9
26
40
77,1
82,4
20,4
24,6
3
2
França
14,1
22,0
23
33
77,6
84,7
21,6
26,6
4
2
Estados Unidos
56,2
110,5
18
27
76,9
81,4
21,2
24,6
5
3
Canadá
6,5
14,1
20
32
78,3
82,9
21,7
25,2
5
2
Demografia Mundial do Envelhecimento
Mundo
Américas
México
10,0
36,4
9
28
73,8
78,6
20,6
22,9
10
3
Argentina
5,9
12,7
15
25
71,6
79,1
18,1
23
6
3
Brasil
19,1
64,0
10
29
68,7
76
19,5
22,4
10
3
3 Divisão de População das Nações Unidas define Relação Suporte aos Idosos como o número de pessoas com 65 anos ou mais de idade por cem pessoas entre 15 e 64 anos. “A ONU inclui todas as regiões europeias em suas estatísticas globais; expectativa de vida ao nascer para homens varia de 63,8 anos na Europa Oriental a 77,4 anos na Europa Ocidental. Para mulheres varia de 74,8 a 83,1 anos na Europa Ocidental. Fonte: Divisão de População das Nações Unidas, Envelhecimento da População Mundial 2009.
ENVELHECIMENTO REGIONAL - NÚMEROS E PORCENTAGENS ACIMA DE 60 ANOS DE IDADE As regiões do m undo estão em estágios m uito diferentes da transição dem ográfica (Fig. 70.1). De um a população m undial de 6,8 bilhões em 2009, aproxim adam ente 11% tinham m ais de 60 anos, com o Ja pão (30%) e Europa (22%) sendo as regiões m ais antigas (Alem anha, Itália, e Suécia têm os m aiores percentuais, 25-26% ), e os Estados U nidos e Canadá tendo 21% e 20%, respectivam ente. A percentagem da população com idade superior a 60 anos nos Estados U nidos m an teve-se m enor do que na Europa, devido tanto as taxas de fertilidade m odestam ente m aiores taxas e m aiores taxas de imigração. O Caribe e alguns países latino-am ericanos apresentem um a m édia de 10% de pessoas com m ais de 60 anos, sendo que países com o Uruguai, Cuba
e A rgentina ficam na faixa de 15-18%. A Ásia tem cerca de 10% com idade superior a 60 anos, com os gigantes populacionais próxim os da m édia - C hina (12%), Indonésia (9%), e n a índia (7%). Países do O riente M édio e A fricano têm as m enores proporções de idosos (5% ou m enos). C om base nas estim ativas da Divisão de População das Nações Unidas, 737 m ilhões de pessoas tin h am m ais de 60 anos em 2009, dos quais 264 m ilhões viviam em países m ais desenvolvidos, 473 m ilhões em países m enos desenvolvidos (43 m ilhões desses últim os vivendo nos países m enos desenvolvidos, de acordo com classificação da O r ganização das Nações U nidas). Os países com as m aiores populações de pessoas com 60 anos ou m ais eram a C hina (160 m ilhões), índia (89 m ilhões) e os Estados U nidos (56 m ilhões).
557 1
Envelhecimento 558
associação positiva p oderosa com esta m edida de desenvolvim ento econôm i co, m as então a inclinação da relação fica plana; para os países com rendas m édias acim a de cerca de 20.000 d ó >35 lares p o r anos de expectativa de vida 3 0 -3 5 não está intim am ente relacionada com ■ 2 5 -3 0 | 2 0 -2 5 a renda. E m cada nível de desenvolvi | 1 5 -20 m e n to econôm ico, h á u m a variação □ 10-15 significativa n a expectativa de vida, □ 5 -1 0 □ < 5 in d ic a n d o que m u ito s o u tro s fatores □ N enhum influenciam a expectativa de vida. dado Japão, F rança, Itália e A ustrália atualm ente têm a expectativa de vida Figura 70.1 Porcentagens de populações nacionais com idade +60, em 2010. (De US Census Bureau, Inter entre as m ais altas do m undo, enquanto nationa Database. StatPlanet Mapping Software.) os E stados U nidos têm ficado atrás de outros países de alta renda desde cerca de 1980, especialm ente no caso de m u NÚMEROS - PROJEÇÕES DO TAMANHO POPULACIONAL lheres brancas. As causas deste atraso estão sendo exploradas, m as o núm ero cum ulativo de anos que as pessoas fum aram tabaco quando As projeções populacionais fazem uso de taxas esperadas de fertilida atingem idades m ais avançadas parece desem penhar um papel im de, m ortalidade e m igração e devem ser consideradas com o incertas, portante. quando aplicadas 40 ou m ais anos no futuro. No entanto, a p opula ção que terá idade igual ou superior a 60 anos em 2050 nasceu toda CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO MAIS VELHA - AQUELES ACIMA e sobreviveu à infância em 2010, portan to a incerteza sobre os seus núm eros (com o distinto de sua proporção na população total) não DE 85 ANOS é grande. C om parando os m apas do m u n d o em 2010 (Fig. 70.1) e U m a característica m o d ern a do envelhecim ento da população tem 2050 (Fig. 70.2), é evidente que os países de m édia e baixa renda na sido o crescim en to quase explosivo do g ru p o e tá rio con h ecid o A m érica Latina, Ásia e grande parte da África irão juntar-se à catego com o os idosos m ais velhos, variavelm ente definidos com o aqueles ria “mais antiga”. Nas quatro décadas entre 2010 e 2050, a Divisão da acim a de 80 ou 85 anos. Este é o g ru p o etário com a m aior carga de População das Nações Unidas projeta que a população m undial com doenças degenerativas não transm issíveis e deficiência relacionada. idade igual ou superior a 60 anos vai quase triplicar para 2,01 bilhões, T rinta anos atrás, esse g ru p o a tra iu p o u c a atenção p o rq u e estava com as regiões m enos desenvolvidas m ais que quadruplicando. A p o oculto na população idosa em geral n a m aio ria dos relatórios es pulação com +60 da C hina está projetada para atingir 440 m ilhões, tatísticos; p o r exem plo, os U.S. C ensus B ureau m istu ra ram -n o s na a índia 316 m ilhões e os Estados U nidos 111 m ilhões. Ao longo dos categoria de 65+. A redução da m o rtalid ad e em idades m ais avan próxim os 40 anos, espera-se que a idade m édia da população m u n çadas, ju n tam en te com coortes de n ascim en to m aiores que so b re dial aum ente em 10 anos. vivem até a idade avançada levou ao rápido crescim ento dos idosos A expectativa de vida global atual ao nascim ento é estim ada em m ais velhos. H á u m a previsão de esse g ru p o etário crescer a um a 65,4 para os hom ens e 69,8 para as m ulheres, sendo que os valores taxa significativam ente m aio r do que a p opulação +60 e u m a esti com paráveis para a região desenvolvida são de 73,6 e 80,5 anos. A m ativa apresenta os atuais 102 m ilhões com +80 a u m e n tan d o para expectativa de vida nos países m enos desenvolvidos atinge a m édia quase 400 m ilhões em 2050 (Q u a d ro 70.2). O s aum entos previstos de apenas 57,2 para as m ulheres e 54,7 para os hom ens. A expectati são surpreendentes: a população d a C h in a com +80 po d e au m entar va de vida ao nascim ento é fortem ente influenciada pela m o rtalid a de 18 para 101 m ilhões, a ín d ia de 8 m ilhões p ara 43 m ilhões, os Es de de lactentes e crianças, que é consideravelm ente m aior nos países tados U nidos de 12 para 32 m ilhões e o Japão de 8 para 16 m ilhões. pobres. Em idades m ais avançadas, a diferença entre nações ricas e O s núm eros de c entenários estão a u m e n ta n d o a u m ritm o ainda pobres é mais estreita; assim, enquanto as m ulheres que atingiram 60 mais rápido. anos de idade nos países ricos podem esperar 23,7 m ais anos de vida, em m édia, as m ulheres aos 60 anos em países pobres vivem 16,8 0 FUTURO DA EXPECTATIVA DE VIDA anos em m édia - um a diferença significativa, m as não tão gritante Os m em bros da população que p oderiam se to rn ar envelhecidos com com o a diferença da expectativa de vida ao nascim ento. N os níveis 80 anos ou m ais em 2050 são aqueles com +40 anos de idade que com PIB per capita m ais baixo, a expectativa de vida apresenta um a estão vivos hoje. O s nú m ero s reais que terão 80 ou m ais anos de idade em 2050 irão p o rta n to d e p e n d e r quase exclusivam ente das taxas de m o rtalid ad e de adultos e idosos ao longo dos próxim os 40 anos. A his tó ria do declínio da m o rtalid ad e e aum ento da expectativa de vida suge re que m elhorias no pad rão de vida que incluem o aum ento e m elhoria da educação e m elhoria da nutrição acoplada a m elhorias na saúde públi ca decorrentes de um a com preensão da teo ria m icrobiana da doença in i cialm ente levou a m elhorias, sendo que realizações m édicas, tais com o a n tib ió tic o s e u m a m elh o r c o m Figura 70.2 Porcentagens de populações nacionais com idade +60, em 2050 (projeções). (De US Census preen são dos fatores de risco para Bureau, Internationa Database. StatPlanet Mapping Software.)
QUADRO 70.2 Estimativas (2009) e projeções (2050) para a população com idade de 80 anos e mais velhas: regiões e países selecionados População com 80 anos e mais (em milhares) 2050
Mundo
101.873
394.663
Regiões mais desenvolvidas
51.827
120.982
Regiões menos desenvolvidas
50.046
273.771
Países menos desenvolvidos
3.282
18.221
África
4.136
21.042
Quênia
151
686
Congo
20
65
Tanzânia
16.4
810
África do sul
277
1226
Ásia
45.235
277.916
China
18.463
101.354
Japão
7.693
15.864
República da Coreia
895
5618
índia
7754
42583
Paquistão
1041
6156
Indonésia
1670
11515
Austrália
814
2587
Nova Zelândia
147
472
Europa
29994
66147
Federação russa
3986
6984
Reino Unido
2869
6235
Itália
3486
7670
Alemanha
4096
9926
França
3324
7634
Demografia Mundial do Envelhecimento
2009
bates sobre a expectativa de vida futura giram em torno do equilíbrio e da influência de fatores de risco, tais com o obesidade, possibilidade de reduzir as m ortes decorrentes de m atadores atuais, com o câncer, doenças cardíacas e diabetes, se há algum lim ite natural à expectativa de vida, e a possibilidade distante em bora não im possível de que a ciência encontrará um a m aneira de retardar os processos básicos do envelhecimento. E m bora alguns tenham proposto lim ites naturais à expectativa de vida hum ana, os lim ites foram ultrapassados com algum a regu laridade e, nas idades m ais avançadas nos principais países com a m aior expectativa de vida, parece haver pouca evidência de qualquer assíntota im inente. N a verdade, um a descoberta surpreendente foi que a expectativa de vida no país principal durante o últim o século e m eio, com diferentes países assum indo a liderança em diferentes épocas, poderia ser representada quase perfeitam ente por um a linha reta, com o aum ento p ara as m ulheres m ostrando um aum ento cons tante e surpreendente de 3 m eses p o r ano ou 2,5 anos p o r década (Fig. 70.3). N enhum país m anteve esse ritm o de m elhora o tem po todo, m as esta tendência põe em dúvida a noção de que a m elhoria deve abrandar, pelo m enos no futuro próxim o. A inda existe grande diversidade nas condições de saúde tanto entre com o dentro das populações nacionais. N ão há nada de inevi tável sobre a transição na m o rtalidade - em vários países africanos, a prevalência de Aids tem sido alta o suficiente para fazer a expec tativa de vida cair abaixo dos níveis de 1980. E m bora n en h u m até agora tenha alcançado u m a escala para rivalizar a epidem ia de Aids, os surtos periódicos dos novos vírus da gripe ou agentes infecciosos “em ergentes” lem bram que doenças infecciosas podem novam ente vir à tona. O progresso contra a doença crônica tam bém é reversí vel: Na Rússia e em alguns outros países que faziam parte da União Soviética antes de 1992, a expectativa de vida para os hom ens tem dim inuído, agora atingindo níveis inferiores aos dos hom ens no Sul da Ásia. G rande parte da diferença entre hom ens russos e europeus ocidentais é explicável p or um a doença cardíaca m uito m aior e lesões entre os prim eiros.
Américas Estados Unidos
11894
31501
Canadá
1282
4302
México
1477
7944
Argentina
1030
2692
Brasil
2754
14133
Fonte: Divisão da População das Nações Unidas, Envelhecimento da População Mundial 2009.
doenças cardiovasculares e circulatórias, tornaram -se fatores apenas no período pós Segunda G uerra, sendo que os m aiores avanços para doenças cardiovasculares vieram som ente nas décadas m ais recentes. As m elhorias no nível educacional de sucessivas gerações têm sido creditadas, em grande parte, às m elhorias na m o rtalidade infantil durante o século passado, um a vez que m ães educadas são p a rticu larm ente suscetíveis a com preender e tirar proveito de m edidas para reduzir a infecção. Os efeitos do progresso contínuo provavelm ente serão observados nas próxim as décadas tam bém , já que níveis de es colaridade estão associados a m elhora da saúde e sobrevivência em idades m ais avançadas. Os países apresentam variação na extensão até onde as coortes de “futuros idosos” serão m ais educadas. A C hi na em particular terá um a população idosa m uito m ais educada em 2050 (com m ais de dois terços da população com +65 tendo com pletado o ensino secundário) do que em 2000 (quando apenas 10% de pessoas idosas têm ensino secundário). Nos Estados U nidos e em outras nações ricas, essa m udança já ocorreu; m udanças futuras no nível educacional da população idosa serão m enos dram áticas. D escartando a possibilidade de novas doenças infecciosas que devastam populações com o fez a Aids em alguns países africanos, d e
(D to
Ano Figura 70.3 Expectativa de vida nas nações mais avançadas, 1800-2000, mulheres. [De J Oeppen, JW Vaupel: Science 296:1029,2002.)
559
RAZÕES E RAZÕES NA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS
Envelhecimento 560
As proporções de diferentes faixas etárias fornecem indicadores úteis em bora indicadores brutos de potenciais exijam recursos e d isponi bilidade de recursos. U m conjunto de relações, conhecida tam bém com o razões de dependência ou suporte, com param os grupos etá rios, que são mais propensos a estar na força de trabalho, com os g ru pos etários dependentes da capacidade produtiva daqueles que estão trabalhando - os jovens e os idosos, ou apenas os idosos. U m a razão com um ente usada é o núm ero de pessoas com idades com preendidas entre 15-64 po r pessoas com 65 anos e m ais velhas. E m bora m uitos em alguns países não entrem na força de trabalho até que significa tivam ente m ais velhos que 15 anos, aposentem -se antes dos 65 anos de idade ou trabalhem depois dos 65 anos, as razões realm ente re sum em fatos im portantes, especialm ente em países onde o suporte financeiro para os aposentados vem parcialm ente ou principalm ente daqueles atualm ente na força de trabalho, quer p or m eio de sistem a de pensões form al ou da família. E m bora m uitos países, incluindo C hina e a m aioria dos países africanos, não possuam sistem as de pensão form ais, exceto em setores especializados, com o o setor de governo, na Europa as pensões públicas são bastante generosas, e e n frentam m udanças dram áticas em suas relações de dependência. Ao longo dos próxim os 40 anos, a Europa O cidental enfrenta um a queda na proporção de 4 para 2. Em outras palavras, enquanto em term os brutos, existem hoje 4 trabalhadores dando suporte às pensões e o u tros custos de cada pessoa idosa, em 2050 haverá apenas 2. A C hina enfrenta um a queda ainda mais acentuada a p a rtir de 9 em idade de trabalhar para apenas 3, enquanto o Japão cai de 3 para apenas 1. M esm o na Índia, com projeção de se to rn ar o país m ais populoso, o declínio é bastante íngrem e, de 13 para 5. O núm ero de trabalhadores drasticam ente decrescente po r pes soa m ais velha (em bora determ inado) está n o cerne do desafio eco nôm ico da população em envelhecim ento. O s anos extras de vida que podem ser considerados um a realização m uito im portante em m edicina e saúde pública dos últim os 150 anos tem de ser financia dos. O m odelo econôm ico do ciclo de vida supõe que as pessoas são econom icam ente produtivas p or um núm ero lim itado de anos e que a renda de seu trabalho durante esses anos tem que ser atenuada para financiar o consum o durante as idades m enos econom icam ente p ro dutivas, tanto no seio das famílias ou pelas instituições tais com o o estado a fim sustentar o jovem , o idoso e os doentes. H á tantas m a neiras de enfrentar o desafio de um período prolongado de d e p en dência, com o p aum ento da produtividade das pessoas na força de trabalho, mais econom ia, redução do consum o, aum ento do n úm e ro de anos de trabalho m ais especialm ente p or m eio do aum ento da idade da aposentadoria, aum ento das contribuições produtivas não m onetárias voluntárias do aposentado e im igração de um grande n ú m ero de jovens trabalhadores para os países “antigos”. Pressões para aum entar as idades de aposentadoria nos países industrializados e de reduzir os benefícios estão aum entando. Mas nenhum a dessas m ed i das pode suportar a carga total de adaptação ao envelhecim ento da população, um a vez que as alterações teriam de ser tão graves e per turbadoras que seriam politicam ente impossíveis. O m ais provável será um a com binação dessas m edidas. A saúde da população e a capacidade de funcionar no trabalho e n a vida cotidiana interagem com essas proporções de população de m aneiras significativas. A capacidade física e cognitiva para co n ti n uar a trabalhar em idades m ais avançadas é fundam ental se a idade de aposentadoria for elevada. Do m esm o m odo, a prestação de cu i dados frequentem ente exige energia física e em ocional significati vas. Além disso, populações m ais velhas m ais saudáveis requerem m enos cuidado e serviços m édicos. H á apenas duas décadas, a visão prevalente de envelhecim ento era altam ente pessim ista. Epidem iologistas declararam que em bora a m edicina m o d ern a possa m anter as pessoas m ais velhas vivas, quase nada p o d e ria ser feito para evi tar, retardar ou tratar significativam ente as doenças crônicas dege nerativas do envelhecim ento. O resultado seria que se evitaria que m ais e m ais pessoas idosas com doenças crônicas m orressem , com o conseqüente acúm ulo dos idosos incapacitados p o r doença crônica.
—
6 5 -7 4
—
7 5 -8 4
— — +85
—
+65
Figura 70.4 Prevalência de incapacidade, vários anos 1982-2005, por fai xa etária acima de 65, Estados Unidos. (Adaptada de KG Manton etal: Proc Natl
Acad Sei USA 103:18374,2006.)
S urpreendentem ente, en tre 1984 e cerca de 2000, a prevalência de incapacidade na população de +65 nos E stados U nidos d im in u iu em cerca de 25%, sugerindo que, a esse respeito, o envelhecim ento foi m ais plástico do que previam ente se pensava (Fig. 70.4). Todas as causas desta m udança significativa na incapacidade ainda não são com preendidos, m as verificou-se que níveis crescentes de educação, a m elhoria do tratam ento de doenças cardiovasculares e catarata, a m aior disponibilidade de dispositivos de assistência e profissões que exigem m enos esforço físico contribuem . U m cálculo m o stro u que se a taxa de m elhoria pudesse ser m an tid a até 2050, o n ú m ero de incapazes na população idosa p o d eria ser m an tid o constante apesar do envelhecim ento da geração nascida entre 1945 e 1960 e da p o pulação idosa em si que está ficando m ais velha. Infelizm ente, está aum en tan d o a preocupação de que o rápido aum ento nas taxas de obesidade irá negar, e talvez até m esm o inverter, esta tendência mais positiva. D evido à ausência de dados com paráveis em outros países, não se sabe se a m esm a m elhora nas taxas de incapacidade (ou d e saceleração recente) está o c o rre n d o fora dos E stados U nidos, m as um a rede global de estudos lo ngitudinais sobre o envelhecim ento, saúde e aposentadoria está atualm ente fornecendo dados para res po n d er à pergunta. O en v elhecim ento p o p u lac io n al, e m u d an ç as d em ográficas relacionadas que incluem m u d an ç as na e stru tu ra fam iliar, ta m bém p odem ter efeitos p oderosos, em bora indiretos, p o r m eio da “econom ia de oferta” e fin an ciam en to dos cuidados de saúde. Em todo país, os cuidados de longo p razo das pessoas incapacitadas e as cronicam ente doentes d ep en d em m uito dos cuidadores inform ais, n o rm alm en te não re m u n e ra d o s - geralm ente cônjuges, filhos e, cada vez m ais nos países m ais desenvolvidos, cuidadores de idosos m ais velhos estão na faixa dos 60 e início dos 70. E m bora haja m u i tos hom ens que prestam cuidados de saúde, no nível da população, a prestação dos cuidados inform ais ainda é feita principalm ente p o r m ulheres. Pelo fato de tan to h om ens com o m ulheres estarem viven do m ais do que no passado, os “idosos jovens” na m aioria dos p a í ses são m enos suscetíveis de ficarem viúvos, em com paração com o passado. M as pelo fato de as m ulheres viverem m ais que os hom ens, a falta de u m cu id ad o r cônjuge provavelm ente será especialm ente um problem a para as m ulheres m ais velhas. Tanto os hom ens com o as m ulheres têm m enos filhos p ara serem cuidadores inform ais, d e vido ao declínio m undial das taxas de fecundidade. U m a proporção crescente de hom ens m ais velhos n a E uropa e A m érica do N orte passaram boa parte ou to d a a sua vida ad u lta longe de seus filhos biológicos. M enores taxas de fertilidade, casam ento tardio, além do aum ento das taxas de divórcio entre os seus filhos significa que as pessoas se aproxim ando da velhice p o d e m ser m enos propensas a
que im porta; a m aioria das doenças ou condições causa u m a in ca pacidade significativa e sofrim ento, m esm o q u an d o não fatal, po r isso esta m edida de carga captura desfechos não fatais usando p o n deração estatística. C om o m o stra a Q u a d ro 70.3, as “pragas m o d er nas” de doenças crônicas não transm issíveis já estão entre as p rin cipais causas de m o rte p rem atu ra e incapacidade m esm o em países de baixa renda. Isto se deve a um a com binação de fatores - m enores taxas de fertilidade significam m enos bebês e crianças em idades im portantes de suscetibilidade a infecções; m ais pessoas atingindo idades m ais avançadas q uando a incidência da doença crônica é alta e frequentem ente taxas m utantes de incidência devidas ao aum ento da exposição ao tabaco, dietas ocidentais inatividade. Estim a-se que as doenças não transm issíveis, u m a vez consideradas com o “ d o e n ças de riqueza” - sejam responsáveis p o r m ais da m etade da carga de doença, m esm o em países de baixa e m éd ia re n d a p o r volta do ano 2030 (Fig. 70.5).
RESUMO O envelhecim ento populacional é um fenôm eno global, com im pli cações profundas de curto e longo prazo para a saúde e necessidades
TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA - MUDANÇAS NA CARGA DE DOENÇA E FATORES DE RISCO As m elhorias seculares das idades de m o rte têm sido a co m p an h a das p o r alterações nas causas de m orte. Em term o s m ais am plos, a proporção de óbitos p o r doenças infecciosas e condições associadas a gravidez e p arto caíram e a p roporção devido a doenças crônicas n ão transm issíveis, tais com o doenças cardíacas e cerebrovascula res, diabetes, cânceres e doenças neurodegenerativas relacionadas com a idade tais com o doença de A lzheim er e de P arkinson, a u m en to u de form a constante e espera-se que co n tin u e a aum entar. A F ig u ra 70.5 m o stra resultados de u m projeto com parativo in te r nacional que atraiu u m a grande variedade de fontes de dados para fornecer estim ativas da carga global de doença n o início deste sé culo, com projeções para os anos futuros com base nas tendências recentes na prevalência da doença e taxas dem ográficas. A carga de doença nestes gráficos em pizza é u m a m edida com posta, que leva em conta tanto o nú m ero de m ortes devido a um a d oença ou c o n d i ção em p articular com o o m om ento dessas m ortes - a m o rte de um lactente representa um a perda de m ais vida-anos potencial do que a m orte de um a pessoa m uito velha. N em é a m o rte o único desfecho
QUADRO 70.3 Doenças e condições que causam a maior carga de doença para países de rendas baixa, média e alta
P aíses com rendas baixas e m édias
Países de renda baixa
Países de renda média
Países de alta renda
Infecções do trato respiratório inferior
Distúrbios depressivos bipolares
Distúrbios depressivos unipolares
Doenças diarreicas
Cardiopatia isquêmica
Cardiopatia isquêmica
HIV/Aids
Doença cerebrovascular
Doença cerebrovascular
Malária
Acidentes rodoviários
Alzheimer e outras demências
Prematuridade e baixo peso ao nascimento
Infecções do trato respiratório inferior
Distúrbios de uso de álcool
Infecções neonatais e outras
DPOC
Perda auditiva, início no adulto
Asfixia ao nascimento e traumatismo ao nascimento
HIV/Aids
DPOC
Distúrbios depressivos unipolares
Distúrbios por uso de álcool
Diabetes melito
Cardiopatia isquêmica
Erros de refração
Traqueia, brônquios, cânceres de pulmão
Tuberculose
Doença diarreica
Acidentes rodoviários
2030
P aíses com alta renda
□ C ondições transm issíveis, m aternas, p e rin a ta is e n u tricionais |
D oenças não transm issíveis
H
Lesões
Figura 70.5 Principais causas de carga de doença nas regiões do mundo 2002 e projetado para 2030. (Adaptada de Mathers e Loncar.)
10
Demografia Mundial do Envelhecimento
ter laços estreitos com as filhas e noras - os adultos que no passado eram os cuidadores m ais com uns além de cônjuges. As m ulheres adultas que n o passado p restaram cuid ad o s n ão rem u n e rad o s (e m uitos outros trabalhos voluntários essenciais) apresentam a tu a l m ente m aio r probabilidade do que no passado de trab a lh a r rem uneradam ente e, p ortanto, têm m enos horas para se dedicar aos p a péis não rem unerados. Estas tendências dem ográficas e econôm icas am plas não d eter m inam adaptações sociais ou respostas políticas particulares, obvia m ente. Podem -se im aginar m uitas respostas diferentes para os d e safios de cuidar do incapacitado - m aior dependência de agências de saúde dom iciliares e com unidades que recebem assistência para a vida, “com unidades de aposentados de ocorrência natural” nas quais os vizinhos cum prem m uitas das funções antes reservadas aos p a rentes próxim os; pagam entos diretos privados ou até m esm o com financiam ento público para com pensar os cuidadores fam iliares a n teriorm ente não pagos (um a reform a que se revelou m uito respostas populares na Alem anha) - essas e outras respostas ao desafio de cui dados de longo prazo estão sendo testados em países em envelheci m ento, e outros sem dúvida serão necessários.
Nota: A “carga de Doença" leva em conta anos de vida perdidos devido a morte prematura e também uma estimativa ponderada para anos passados com incapacidade, dor ou prejuízos devido às condições. Estas estimativas são agregadas a partir de muitos sistemas nacionais diferentes de informação e pesquisas especiais ou sistemas de vigilância, com os ajustes para a cobertura incompleta e diferentes sistemas de comunicação. Especialmente para os idosos com múltiplas condições crônicas, é difícil até mesmo para médicos familiarizados com o seu caso para designar causas subjacentes e precipitantes. Por exemplo, a doença de Alzheimer e outras demências são tratadas de maneira muito diferente e dados sobre a causa da morte são de pouca utilidade ao se estudar tendências e diferenças na prevalência de demência. DPOC, doença pulmonar obstrutiva crônica. Fonte: Organização Mundial de Saúde: The Global Burden of Disease: 2004 Atualização. © Organização Mundial da Saúde 2008. Acessado em 28 de fevereiro de 2011 em http://www. who.int/healthinfo/global_burden_disease/2004_report_update/en/index.htm
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Envelhecimento
de cuidados de longa duração, e de fato para o bem -estar econôm i co e social das nações. A tem porização e o contexto do envelheci m ento variam entre e dentro das regiões e países m undiais; os países industrializados tornaram -se ricos antes de envelheceram significa tivam ente, enquanto m uitas das regiões de baixos recursos irão enve lhecer antes de se tornarem significativam ente industrializadas. A va riação, tanto no nível populacional com o no individual indica que há um grau significativo de flexibilidade no envelhecim ento bem -sucedido, m as enfrentar os desafios irá exigir planejam ento e preparação antecipada. A extensão até a qual a pesquisa pode encontrar soluções que reduzam a incapacidade física e cognitiva em idades mais avan çadas vai ser um fator significativo em com o os países lidam com essa transform ação fundam ental das populações e das sociedades.
ase from 2002 to 2030. PLoS Med 3:e442,2006 Sam ir KC et al: Projection of populations by levei of educational attainment, age and sex for 120 countries for 2005-2050. D em ographic Research 22:Article 15,2010 (online at www.demographic-research.org) S c h o e n i RF et al: Why is late-life disability declining? Milbank Q 86:47,2008 United Nations Dept of International Economic and Social Affairs, Population Division (2010). World Population Ageing 2009. United Nations, NY, 2010 V a u p e l JW: Biodemography of human ageing. Nature 464:536,2010
BIBLIOGRAFIA C u tler
D et al: The determinants of mortality. J Econ Perspectives 20:97,
2006
CAPÍTULO
71 ^
Biologia do Envelhecimento George M. Martin Graças em grande parte ao poder da análise genética em organism os-m odelo tais com o Caenorhabditis elegans (um nem atódeo), Drosophila melanogaster (a m osca da fruta) e o cam undongo de lab o ra tório, grandes avanços foram feitos na elucidação do que pode ser cham ado de m odulações “públicas” de envelhecim ento biológico in trínseco - ou seja, associações das ações gênicas através de filos am plam ente diversificados que explicam , em parte, a plasticidade dos processos de envelhecim ento. H á indícios de que pelo m enos um a dessas vias conservadas possa estar ativa em nossa própria espécie. Estas observações, juntam ente com pesquisas relacionadas em outras vias bioquím icas, um a longa história de pesquisas sobre os efeitos benéficos da restrição alim entar (m ais recentem ente, incluindo um relatório inicial de seus efeitos benéficos sobre o período de saúde e de vida em um prim ata) (Fig. 71.1) e avanços espetaculares em genô m ica levantam a possibilidade de que possam os um dia ser capazes de atrasar os m om entos de início e dim in u ir as taxas de progressão dos processos de envelhecimento. Essas intervenções têm o potencial de estender os períodos de saúde e, p o rtan to , os períodos de vida funcionais de um a grande proporção da nossa população. Esse novo conhecim ento, no entanto, ainda é m uito distante da tradução clíni ca. M uitos continuam céticos em relação à relevância destes achados experim entais. Além disso, precisam os de m uito m ais inform ações sobre a fisiopatologia do envelhecimento, especialm ente nos m odelos de invertebrados que proporcionaram a m aior parte de nossos novos conhecim entos sobre m odulações genéticas da vida. Irem os tam bém exigir inform ações mais detalhadas sobre o im pacto do aum ento da longevidade no que pode ser descrito com o o “declínio term inal” do curso de vida, a fase da vida em seres hum anos responsáveis pela p ro longada m orbidade, fragilidade e conseqüente perda da capacidade de viver independentem ente. Estes declínios term inais são responsá veis p or um a proporção m uito substancial de todos os custos de saú de. Finalm ente, o conhecim ento novo e prom issor precisa de discus sões m ais am plas p or eticistas, econom istas, sociólogos e cientistas políticos, dentre outros, sobre os im pactos na sociedade de quaisquer traduções clínicas de larga escala.
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K, H e W: US Census Bureau, International Population reports, P95/09-1, in A n Aging World: 2008. Washington DC, Govt Printing Office 2009 L o p e z AD et al: The global and regional burden of disease and risk factors in 2001: Health priorities at the beginning of the millennium. Lancet 367:1747, 2006 M a t h e r s CD, L o n c a r D: Projections of global mortality and burden of dise K in s e l l a
■ DEFINIÇÕES DE ENVELHECIMENTO: FENÓTIPOS SENESCENTES G erontologistas de m am íferos n o rm alm en te definem o envelhe cim ento em term os do declínio gradual, insidioso e progressivo da estrutura e função (envolvendo m oléculas, células, tecidos, órgãos e organism os) que com eçam a acontecer após a conquista da m atu ri dade sexual. Estes declínios afetam a linha germ inativa, bem com o o soma. Para grandes populações de indivíduos, observam -se quedas exponenciais na probabilidade de sobrevivência. O organism o em envelhecim ento é m enos bem sucedido na sua reação a lesões e tem cada vez m ais dificuldades em m an ter a hom eostase fisiológica. O organism o, portanto, torna-se cada vez m ais vulnerável a um a ampla gama de perturbações am bientais. O envelhecim ento biológico é o principal fator de risco para a quase totalidade dos principais distúrbios geriátricos, incluindo de m ências do tipo A lzheim er (DTA), doença de Parkinson, degenera ção m acular relacionada com a idade, catarata ocular, presbiacusia, todas as form as de arteriosclerose, diabetes m elito tipo 2, insuficiên cia cardíaca congestiva, sarcopenia, osteoporose, osteoartrite, doença degenerativa do disco intervertebral, im unossenescência, hiperplasia prostática benigna e a m aioria das form as de câncer. Estas e m uitas outras doenças (Q u ad ro 71.1) p odem ser cham adas de “fenótipos senescentes.”
■ TEORIA BIOLÓGICA EVOLUTIVA CLÁSSICA D0 PORQUE ENVELHECEMOS Uma teoria convincente sobre porque o envelhecim ento ocorre tem sido desenvolvido por um a série de contribuições de biólogos evolucionistas, com eçando com JBS Haldane. H aldane queria saber por que determ inadas doenças de início tardio, com o a D oença de H u n tington, parecia ser tão prevalente na Inglaterra - talvez da ordem de um p or mil, em vez do que poderia ter sido esperado a p artir de taxas de m utação da linha germ inativa - talvez um por m ilhão. Ele concluiu que isso ocorria porque a doença havia escapado da força de seleção natural, porque as form as m ais com uns da doença não se m anifestavam até depois da reprodução ter cessado. Em populações estruturadas p or idade (isto é, as populações que consistem em indi víduos com um a vasta gam a de idades), a m aior parte da reprodução é realizada pelas coortes m ais jovens. Isso ocorre porque, historica mente, poucos indivíduos que vivem em estado selvagem escaparam dos efeitos de infecções, predação, privações nutricionais e acidentes para atingir a velhice. Assim, m esm o alelos bons de ação tardia terão apenas contribuições m enores para os pools genéticos das gerações subsequentes. Peter M edawar am pliou essa ideia, argum entando que
Figura 71.1 Fotografias de um macaco Rhesus (A,B) idoso (idade de 27,6 anos) com restrição calórica (RC) comparado com um controle da mesma idade (C, D). Os tempos de vida médios dos animais controles em cativeiro são de 27 anos e o período máximo de vida é de cerca de 40 anos. RC (30% de controles alimentados adlibitum) foi iniciada quando adultos (idades 7-14 anos). Animais restritos apresentaram sensibilidade superior à insulina, menos gordura, mais massa muscular, e menos doenças (diabetes, neoplasia, atrofia cardiovascular, cerebral). Análises preliminares de curvas de sobrevida foram compatíveis com aumento da longevidade da coorte CR. (Reproduzida de RJ Colman et al: Science 235:201,2009; com autorização.)
existem inúm eras m utações constitucionais com o essa, um a ideia que veio a ser conhecida com o a teoria do envelhecim ento do “acú m ulo de m utações”. (Estas são as m utações com as quais se nasce, e não m utações som áticas.) Por este argum ento, a m aioria de nós é suscetível a ter nascido com algum a vulnerabilidade especial a um distúrbio ou distúrbios de fim de vida. U m a segunda teoria principal, conhecida com o “pleiotropia antagônica”, foi desenvolvida p or George C. W illiams. Ele argum entou que é provável que existam m uitos alelos genéticos que foram selecionados p o r causa da m elhoria de sua aptidão reprodutiva no início do curso da vida, m as que tiveram efeitos negativos no fin a l da vida, quando a força da seleção natural terá dim inuído grandem ente. U m a conceituação m ais geral de com pensações entre a reprodução e o período de vida (a teoria do “som a descartável”) foi desenvolvida p or TBL Kirkwood. A teoria da evolu ção foi quantificada p or W illiam D. H am ilton e elaborada por Brian C harlesw orth e M ichael Rose. Talvez a m elhor indicação de que o cam po de biogerontologia finalm ente am adureceu com o ciência é o fato de que sua teoria mais querida, que agora pode ser denom inada teoria evolutiva “clássica”, passou por vários desafios. Em prim eiro lugar, dem ógrafos percebe ram que nos extrem os da idade avançada para organism os tão d i versos com o lombrigas, m oscas das frutas, m oscas-do-m editerrâneo e seres hum anos, as taxas de declínio da força da seleção natural dim inuem . Um a resposta a este desafio im portante (a hipótese do “casulo”) é que essas quedas podem sim plesm ente estar relacionadas com a cessação virtual de atividades do aparelho locom otor em ida des extremas. Q uando as m oscas deixam de voar e os verm es deixam
de se mover, podem ocorrer m enos oportunidades de lesões graves. Estes “platôs” nas taxas de m ortalidade em idades m uito avançadas são m uito m enos contundentes para pessoas; eles podem tam bém estar relacionados, em parte, com a redução da m otilidade, bem com o com tendências seculares no desenvolvim ento dos sistemas de aquecim ento central, ar condicionado e im unizações. Um segundo desafio vem de geneticistas que descobriram que, para nossa g ra n de surpresa, m uitas m utações de um único gene podem aum entar substancialm ente a expectativa de vida da levedura, de nem atódeos e das m oscas de fruta Essa questão tem sido m ais sistem aticam ente explorada em C. elegans; um a m etanálise de um conjunto inicial de exames im parciais de RNAi em todo o genom a (“knockdow ns”, mas não “knockouts” da expressão gênica) tabularam centenas de loci de um único gene capazes de au m entar a vida útil quando eles são redu zidos. Estes genes caem em um n úm ero finito de vias e, além disso, m uitos deles se encaixam no contexto de m ecanism os do envelheci m ento pleiotrópicos antagonistas. Por exemplo, m utações hipom órficas nos genes dentro das m ais fam osas dessas vias, a via de sinali zação do fator de crescim ento sem elhante à insulina(IG F)/insulina, podem ser relatados em um a diapausa evolutivam ente conservada - a m aneira de a natureza dar u m a pausa na atividade do desenvolvi m ento e reprodução d urante tem pos difíceis, com o a escassez grave de alim entos. As ações de genes associados a essas diapausas (m uitas das quais ainda não foram exploradas no nível genético bioquím i co) com preensivelm ente resultam em m aio r resistência a tensões diferentes. Um grande n úm ero destes “genes da longevidade” do C. elegans converge em um único fator de transcrição, daf2, ou influen-
QUADRO 71.1 Alterações na homeostase proliferativa nos tecidos de humanos em envelhecimento
Envelhecimento
Integumento
Atrofia epidérmica, “ manchas hepáticas” , ceratoses seborreicas, CA basocelular, carcinoma espinocelular, cabelos grisalhos e perda de cabelos, atrofia da glândula sudorípara écrina, hiperplasia das glândulas sudoríparas apócrinas, dermatite de estase, atrofia subcutânea regional, hiperplasia
Sensorial
Atrofia da glândula lacrimal, degenerações da córnea, cataratas oculares, degeneração macular associada à idade, presbiacusia, perda olfatória
Musculoesquelética
Sarcopenia, “ infiltração gordurosa” de músculo, osteoartrite, osteoporose
Hematopoiética/ imune
anemias, síndromes mielodisplásicas, leucemia, linfoma, gamopatia monoclonal e mieloma múltiplo, doenças autoimunes (p.ex., gastrite atrófica e policitemia vera), imunossenescência (acelerada na Aids)
SNC
gliose reativa, fibrose durai e meníngea
Cardiovascular
Aterosclerose, arterioloesclerose, fibrose intersticial miocárdica
Pulmonar
Fibrose intersticial, enfisema
Renal
glomeruloesclerose, fibrose intersticial
Reprodutivo masculino
hiperplasia prostática benigna (músculo liso e glândulas), adenocarcinoma da próstata, atrofia testicular
Reprodutivo feminino
Atrofia ovariana e hiperplasia das células da teca, atrofia e hiperplasia endometrial, carcinoma endometrial, atrofia de músculo liso, leiomiomas de útero
Endócrino
Atrofia do parênquima endócrino com fibrose intersticial, hiperplasias específicas do tipo de células, adenomas
GI
atrofia de mucosa e músculo liso, pólipos hiperplásicos, adenomas, adenocarcinomas de colo e reto
Fonte: De GM Martin et al: PLoS Genet 3:e125,2007.
ciam a função m itocondrial. Além disso, é possível que m uitos desses genes possam ser específicos para este m odelo laboratorial altam ente inato. Em geral, estas investigações apoiam , em vez de refutar, a teo ria da evolução do envelhecimento. Um terceiro desafio para a teo ria vem prin cip alm en te de a n tropólogos e econom istas e enfatiza transferências intergeracionais de recursos. C om o um a sim plificação exagerada, essa ideia é m u i tas vezes cham ada de “hipótese da avó.” Os m em bros m ais velhos dos grupos populacionais sobreviveram a inúm eras am eaças à sua existência e podem passar adiante para seus fam iliares m ais jovens inform ações sobre prevenção bem sucedida ou adaptação. E xperi m entos de cam po com grupos de leões e babuínos verde-oliva não conseguiram dar suporte a essa hipótese. Além disso, em bora m uitos avós estejam agora contribuindo para a aptidão reprodutiva de seus filhos e netos através da transferência de recursos, evidências atuais, em bora ainda incom pletas, indicam que esses idosos eram extrem a m ente raros nas populações de nossos ancestrais rem otos, quando a evolução de ações de genes específicos para as espécies ocorreu. Q uaisquer desses alelos favoráveis, não expressos até aqueles está gios tardios da vida seriam , portanto, vastam ente diluídos pelos ale los de sua progênie. Um últim o desafio para a teoria da evolução vem de um reexame das suposições feitas por H am ilton em seu influente trabalho de 1966. Baudisch, usando diferentes pressupostos, dem onstra que, sob algum as condições, a força da seleção natural pode aum entar durante o envelhecim ento. Por exemplo, as espécies de peixe-escorpião que continuam a crescer além da m aturidade sexual são m uito m ais p ro
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pensos a tornarem -se predadores ao invés de presas; com o tal, a força da seleção natural, na verdade, ficar m ais forte, não m ais fraca, à m e dida que envelhecem. A m ensagem é que o envelhecim ento é não adaptável. Ele não evoluiu através de um program a de ações de genes determ inantes que são projetados para levar à m orte dos organism os em envelhecim en to, porque é bom para a espécie. Além disso, a evolução nos ensinou que a expectativa de vida e seus períodos de saúde associados são plásticos, p roporcionando assim um a base racional para a eficácia potencial de futuras intervenções.
■ CLASSES DE AÇÃO GÊNICA QUE MODULAM TAXAS DE ENVELHECIMENTO Se vam os sem pre intervir de m aneira inteligente em um ou mais p ro cessos de envelhecim ento, devem os estar totalm ente fam iliarizados com a natureza das ações gênicas subjacentes. D evem os tam bém estar cientes das influências de m utações constitucionais idiossin cráticas, polim orfism os genéticos, interações gene-gene, agentes am bientais, interações gene-am biente e eventos estocásticos. Todas estas com plexidades apoiam o que os m édicos m ais experientes ap ren deram no curso de suas práticas, ou seja, que não há dois pacientes (m esm o gêm eos idênticos) que envelheçam precisam ente da m es m a m aneira; eles com partilham algum as características em com um m as tam bém têm subconjuntos únicos de deficiências estruturais e funcionais. M elhorias na prevenção e tratam en to de distúrbios ge riátricos irão, portanto, exigir um a com preensão m ais sofisticada e abrangente das bases fisiológicas celulares, m oleculares e integrativas destas variações intraespecíficas n os padrões de envelhecimento. A teoria da evolução biológica da razão do envelhecim ento for nece pistas quanto à m aneira com o envelhecemos (ou seja, a natureza das ações gênicas subjacentes). Podem os, de fato, delinear doze classes distintas de ações gênicas sugeridas pela teoria evolutiva.
Classe um: alelos bons com bons efeitos precoces e tardios:
genes de garantia de longevidade H á m uitos exem plos desses genes. Por exem plo, cerca de 150 loci genéticos hu m an o s d istintos já foram identificados para o reparo do DNA. O Q u a d ro 71.2 fornece u m exem plo dos m uitos diferen tes tipos de loci genéticos envolvidos na teoria de dano oxidativo do envelhecim ento. De acordo com essa teoria venerável, várias fontes de danos oxidativos a m acrom oléculas, nom eadam ente as que são produzidas com o subprodutos do m etabolism o oxidativo de m ito côndrias, são as principais causas do envelhecim ento biológico in trínseco. Existem atualm ente cada vez m ais evidências, no entanto, de que esta teoria é um a explicação insuficiente para variações na longevidade. No entanto, cada vez m ais evidências tam bém sugerem que a m odulação do dano oxidativo é im portante para aspectos im portantes do período de saúde. Um exem plo convincente é a evidên cia de que a engenharia genética de cam undongos para proporcionar concentrações elevadas de DNAc hum ano para catalase dirigida para a m ito cô n d ria m elhora gran d em en te um a form a de insuficiência cardíaca congestiva responsável p o r m uitas internações geriátricas. Pelo critério de anatom ia patológica e ecocardiografia, os recursos em cam undongos idosos são m uito com paráveis aos observados no envelhecim ento de indivíduos hum anos. Este achado dá suporte à proposição de que até m esm o novas ações gênicas potencialm ente boas tam bém podem escapar da força da seleção natural. A natureza tem alm ejado a catalase para peroxissom os, m as não com pleta a pro teção m itocondrial p o r d irigir tam bém um a certa quantidade ideal de catalase para a m itocôndria para dim inuir os níveis de estado esta cionário de um perigoso subproduto do m etabolism o m itocondrial, peróxido (H 20 2). Na presença de ferro, o H 20 2 resulta na síntese do radical hidroxila altam ente reativo, com danos resultantes de todas as classes de m acrom oléculas em sua vizinhança im ediata. A últim a categoria (VII) de ações de genes listados no Q uadro 71.2 é relevante para um aspecto m uito im portante do envelhecim en to de m am íferos - a m anutenção da hom eostase proliferativa. À m e dida que os m am íferos envelhecem , há um a justaposição intrigante
QUADRO 71 - 2 C ate go rias de ação g ê n ica re le v a n te s pa ra a te o ria do da no o x id a tiv o do e n v e lh e c im e n to Categoria I
Genes estruturais e regulatórios que modulam gênese de radicais livres
Categoria II
Genes estruturais e regulatórios para as enzimas scavenger
Exemplos: citocromo C oxidase; família P450
Exemplos: S0D-1,2,3; Catalase; glutamil cisteína sintetase Categoria III
Exemplos: enzimas sintéticas de ácido úrico Categoria IV
Genes que regulam o número de cópias alvo Exemplos: regulação gênica de replicação de DNA mitocondrial, fusão fissão
Categoria V
Genes que especificam estrutura alvo Exemplos: genes estruturais para proteínas de cromatina e lipoproteínas de membrana
Categoria VI
Genes estruturais e regulatórios para reparo de macromoléculas alvo Exemplos: Especificação de máquinas para reversão, reparo, tolerância de danos ao DNA
Categoria VII
Genes que especificam a substituição ordenada de células extravasadas Exemplos: Genes que modulam a replicação do DNA e a progressão do ciclo celular, apoptose, fatores de crescimento, receptores dos fatores de crescimento e biologia de células-tronco
Fonte :De GM Martin etal: Nature Genetics 13:25,1996.
tanto de atrofia com o de hiperplasia inadequada, m uitas vezes lado a lado. Isto pode envolver m últiplos tecidos e está associado a in ú m eras patologias geriátricas (Q uadro 71.1). As hiperplasias podem atuar com o prom otores de tum or, levando a neoplasias benignas e malignas. A atrofia do tecido pode ser atribuível, em parte, aos efeitos cum ulativos de apoptose das células e necrose de várias causas e fa lha das células estam inais em com pensar a atenuação gradual dos potenciais replicativos de células som áticas, um processo conhecido com o senescência replicativa ou o “lim ite de Hayflick.” A inda não se sabe se existe um fenôm eno in vivo que reflita o fenôm eno in vitro de senescência replicativa. O m ecanism o dom inante (m as não ape nas) responsável pela senescência replicativa é a perda de unidades repetidas do telôm ero a p a rtir das extrem idades dos crom ossom os. A linha germ inativa, m uitas células estam inais e a m aioria dos cânceres são protegidas de erosão dos telôm eros p o r um a enzim a conhecida com o telom erase, m as esta enzim a está ausente da m aioria das célu las som áticas. Alguns cientistas com partilharam o Prêm io N obel de 2009 pela pesquisa nesse cam po, o prim eiro prêm io a reconhecer a pesquisa m oderna em biogerontologia. As células que saíram do ciclo celular tipicam ente não sofrem necrose ou apoptose. Elas têm um a variedade de fenótipos que as caracterizam com o senescentes; m ais notavelm ente um fenótipo secretor associado à senescência (FSAS) que tem conseqüências im portantes para a patologia regional. Em resum o, essas células secretam um a gam a de citocinas pró-inflam atórias, m etalotioneínas e m itógenos. Em bora essas células possam ser poucas em núm ero dentro de um d eterm inado tecido, elas p odem ter um “efeito de cam po”, provocando a proliferação de células epiteliais vizinhas, alterando a m atriz de tecido conectivo e contribuindo para inflam ação crônica sustentada. Este últim o está recebendo u m a aten ção crescente com o um concom itante im portante do envelhecim ento biológico intrínseco. Com o observado anteriorm ente, a Categoria VII é tam bém alta m ente relevante para o cam po em ergente da m edicina regenerativa.
Biologia do Envelhecimento
Genes que regulam o fluxo de scavengers de radicais livres não enzimáticos
Um a possível generalização que surge da pesquisa sobre a interface da biologia de células-tronco com a biologia do envelhecim ento é que um fator dom inante no declínio do sucesso na m obilização de célu las estam inais para a resposta à lesão reside no m icroam biente das células estam inais. Isso tem sido m ais eficazm ente dem onstrado no reparo de lesões do m úsculo esquelético, no qual as células-tronco de satélite são m obilizadas de m aneira bastante eficaz para a reparação em cam undongos jovens, m as não em cam undongos idosos. Um ex perim ento parabiótico inteligente forneceu evidências convincentes para um fator não celular que circula de cam undongos jovens para idosos que foi capaz de am enizar acentuadam ente o reparo deficiente em cam undongos idosos. O m odelo das células tronco satélites tam bém dem onstrou um a m udança, d urante a m iogênese adulta, da via N otch - necessária para a proliferação de células estam inais - para a via W nt - necessária para a diferenciação eficaz. C om o é o caso com tantas vias de transdução de sinal, há um a com unicação cruzada entre estas duas vias. A situação é m ais com plexa, no entanto, com evidências de um papel im portante para um m em bro da família beta de fator de crescim ento tran sfo rm ad o r de citocinas. Tam bém pode haver um papel para Klotho, um a proteína transm em brana com um a estrutura sugestiva de determ inadas glicosidases. Em qualquer caso, as im plicações clínicas desse cam po da pesquisa são claras: com o um a alternativa m uito m enos com plexa e m uito m ais segura para o transplante de células estam inais, incluindo aquelas derivadas de cé lulas do próprio paciente, os m édicos poderão um dia ser capazes de injetar com postos de baixo peso m olecular para “acordar” as células estam inais endógenas do paciente.
Classe dois: alelos ruins com penetrância tardia na vida:
mutações constitucionais idiossincráticas H á um debate nacional sobre a reform a dos cuidados de saúde, in cluindo a necessidade de legislação para a proteção das crianças com distúrbios genéticos pré-existentes. Parece provável, no entanto, que todos nós tenham os condições pré-existentes - ou seja, ações de ge nes que levarão a m om entos variáveis de início e gravidades variáveis de transtornos no final da vida. D entre essas ações de genes estão m utações individualm ente raras, m as num ericam ente num erosas que não atingem um nível fenotípico de expressão até a m eia-idade ou mais, quando os efeitos terão escapado da força da seleção n a tu ral. Um exemplo prototípico é a D oença de H untington, um a de um núm ero de doenças de repetição tripla; aqueles que tiveram a infeli cidade de ter nascido com o n úm ero necessário de repetições CAG (que codifica para um a execução de poliglutam inas) no locus afetado desenvolverão a doença após o pico de reprodução. Mais exemplos convincentes, talvez, surgem de m utações autossôm icas d o m in an tes raras, m as patogeneticam ente inform ativas, em três loci distintos que resultam em DTA de início “precoce”. (“Precoce” aqui significa m enos de 60 anos de idade; a m aioria dos pacientes encontra-se no final da m eia idade, quando são diagnosticados com estas form as de doença de A lzheim er). Para se ter um a estim ativa da carga genética de m utações que eram conhecidas p o r levar a dem ências de início tardio de vários tipos, o que se segue é um a análise sistem ática das várias edições de Herança M endeliana de M cKusick nos seres hum a nos. Na edição de 1975, cerca de 55 loci foram identificados dentre 2336 listados na época. T rinta anos atrás, a sabedoria convencional era de que havia aproxim adam ente 100.000 genes codificadores de proteínas no genom a hum ano. Q u ando os resultados do sequencia m ento com pleto do genom a estavam prestes a aparecer, geneticistas participaram de um concurso (GeneSweep) para ver quem havia se aproxim ado mais dos resultados do sequenciam ento; o m enor candi dato (aprox. 26.000 genes), ganhou o evento. Supondo que o núm ero esteja, de fato, correto (algum as novas estim ativas sugerem valores um pouco inferiores ou superiores), podem os concluir que cerca de 2,4% destes genes codificadores de proteínas, ou um total de 624, têm o potencial para m odular a suscetibilidade de alguém para distúrbios dem enciais de início tardio. Esse tem de ser u m lim ite absolutam ente inferior de com o podem os ter problem as com a cognição à m edida que envelhecemos; no entanto, com o existem m ilhares de variantes de entrelaçam ento funcionalm ente distintas e m ilhares de sequên-
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cias de DNA que codificam várias fam ílias de m oléculas de RNA (a “m atéria escura” do DNA), a m aioria delas parece propensa a ter um papel na regulação da expressão do gene. Nós tam bém estam os aprendendo sobre as cham adas “proteínas m oonlighting” - proteínas únicas com duas funções distintas.
Classe três: alelos ruins precoces com bons efeitos tardios:
pleiotropia antagônica paradoxal
Envelhecimento
Em teoria, tais genes podem persistir em um a população quer de vido a um efeito fundador relativam ente recente, ou porque o alelo participa em um polim orfism o equilibrado. Frequências elevadas do Alelo 4G e do genótipo hom ozigótico 4G4G foram encontradas em centenários e foram associadas a níveis elevados de inibidor 1 do ativador do plasm inogênio. Esses altos níveis são preditivos de re corrência de infarto do m iocárdio em hom ens jovens. É, portanto, paradoxal que estes níveis elevados estejam associados a longevidade extrem a. Assim com o todos esses estudos com centenários, no e n tanto, são necessárias confirm ações independentes e controles m ais sofisticados, tais com o o uso de progênie centenária e seus cônjuges.
Classe quatro: alelos ruins precoces e tardios: síndromes
progeroides segmentares Estas condições podem ser definidas com o distúrbios genéticos que im itam , em extensões diferentes, m uitos, m as não todos, os fenótipos senescentes encontrados na população em geral. Exem plos prototípicos são a síndrom e de W erner (SW) (“Progeria do adulto”) e a síndrom e de H utchinson-G ilford (SPHG) (“Progeria da infância”). A SW resulta de hom ozigosidade para m utações nulas no locus W R N , que codifica um m em bro da fam ília RecQ de helicases. Para “fazer negócios” com o DNA, é necessário prim eiro desfazer a d u pla hélice. A proteína W RN parece ter várias funções na replicação, transcrição, recom binação e reparação do DNA. Os telôm eros são substratos p articularm ente favorecidos. Q uase todos os pacientes com SPHG sofrem da m esm a m utação de term inal C no gene Laminina A (LMNA), que codifica um filam ento interm ediário que alinha a m em brana nuclear. A m utação resulta no uso preferencial de um local de entrelaçam ento críptico, que resulta na deleção de um a se qüência de 50 am inoácidos. O produto anorm al do gene (progerina) já não atua com o um substrato para a rem oção enzim ática de um a m odificação pós-translacional (farnesilação). Isso contribui para n ú cleos estruturalm ente distorcidos e anorm alidades na expressão do gene e, portanto, conduziu a ensaios clínicos que em pregam inibido res de farnesilação. O utros fatores provavelm ente contribuem para a patologia, no entanto. M uitas síndrom es progeroides segm entares são caracterizadas pela instabilidade genôm ica. Para o caso de SW, há um aum ento de 10-100 vezes das taxas de m utação; grandes deleções são particularm ente com uns. Há um a lim itação m arcante dos tem pos de vida replicativos de células som áticas desses pacientes, prova velm ente relacionados a danos não reparados de um produto p rin cipal de dano oxidativo, 8-oxo-2’-desoxiguanosina, em telôm eros. A deficiência da helicase de W RN tam bém resulta em ações gênicas pró-inflam atórias típicas de envelhecim ento norm ativo. Para o caso de SPHG, além da instabilidade genôm ica relacio nada com as estruturas anorm ais de núcleos, há um a probabilidade de haver aberrações im portantes na regulação da expressão do gene. As evidências de que o estudo da SPHG po d e fornecer inform ações sobre o envelhecim ento norm ativo vêm da descoberta de que q u a n tidades pequenas, potencialm ente patogeneticam ente relevantes de progerina podem ser encontradas em células de indivíduos norm ais e que os efeitos desta proteína anorm al pode ser particularm ente re levante para as células estam inais.
Classe cinco: alelos bons precoces com efeitos ruins tardios:
pleiotropia antagônica Esta categoria de ação gênica pode co n trib u ir para os três dos n o s sos distúrbios geriátricos m ais devastadores - câncer, aterosclerose e DTA. A evidência de que ela d esem penha um papel na patogenia do câncer vem de pesquisas anteriorm ente citadas, em grande parte do
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laboratório de Judith Campisi. A hipótese subjacente, com o destaca do anteriorm ente, é que a repressão da telom erase em células som áti cas e m odalidades alternativas de aceleração da saída do ciclo celular m itótico (tal com o dano ao DNA e estím ulos oncogênicos) evoluí ram porque eram adaptativas p ara organism os jovens, de reprodução ativa, onde atuam com o supressores tum orais. Mais tarde na vida, no entanto, o acúm ulo de células senescentes replicativas pode atuar na prom oção de tum or, tanto via efeitos m itogênicos sobre células epiteliais circunvizinhas com o através de ações de degradação so bre a m atriz associada, que pode au m en tar a invasão local p o r cé lulas neoplásicas. Os argum entos para funções na aterosclerose e na D oença de A lzheim er são m uito m ais especulativos, m as dignos de m ais pesquisas. Para o caso de aterosclerose, pode-se argum entar que os m acrófagos desem penham um papel patogenético prim ário, p a r ticularm ente n a presença de células endoteliais envelhecidas, funcio nalm ente com prom etidas. As principais funções dos m acrófagos são engolfar e destruir patógenos, para cujo propósito em pregam um a série de receptores, incluindo receptores prom íscuos “flypaper” que tam bém podem reconhecer lipoproteínas oxidadas, que são de rele vância p ara a patogenia da aterosclerose. D ada a exposição dos seres h um anos m odernos a dietas ricas em gordura, os efeitos deletérios no fim da vida da fagocitose de lipoproteínas oxidadas p ode ser um a com pensação infeliz. Evidências dessa com pensação surgiram de ex perim entos com um m odelo m u rino de aterosclerose (cam undongos knockout APOE em um a dieta ocidental com alto teor de gordura). Q uando estes cam undongos foram cruzados com cam undongos de ficientes em receptor scavenger de classe A (M S R -A ), houve a m e lhora esperada da aterosclerose. Estes cam undongos híbridos, no entanto, m ostraram -se altam ente suscetíveis a infecção com Listeria monocytogenes ou herpesvírus simples. A evidência de um papel da ação gênica antagônica pleiotrópica na patogenia da DTA continua m odesta, m as é de considerável inte resse. A m aioria dessas discussões gira em to rn o de alelos polim órficos do gene APOE. O alelo ancestral encontrado em prim atas é o notório alelo epsilon 4, o único fator de suscetibilidade genética mais im portante para form as com uns “esporádicas” de DTA. C ontudo, em populações no m undo desenvolvido, este tornou-se um alelo m enor. A rgum entou-se que este alelo era (e ainda é, em algum as partes do m undo) um alelo im portante do H om o sapiens porque está sob se leção para suposta proteção contra um a variedade de agentes infec ciosos, quer devido à m elhora de sua resposta im une/inflam atória, quer p or causa de sua distribuição m enos eficiente de lipídios para as m em branas de agentes infecciosos com o Trypanosoma brucei, que deve obter os lipídios de seu hospedeiro infectado. No entanto, outra hipótese pleiotrópica antagônica para a existência de DTA em nos sa espécie vem de estudos de form as polim órficas de um locus que codifica um a proteína a daptadora de im p ortância no m etabolism o da proteína beta am iloide p recursora (APP), am plam ente conside rado com o de im portância central na patogenia de DTA. O gene que codifica esta proteína é form alm ente designado com o APBB1 (liga ção à proteína p recursora beta am iloide A4, Fam ília B, M em bro 1), mas é am plam ente cham ada de FE65. Dois laboratórios forneceram evidências de que os alelos polim órficos deste locus m odulam a sus cetibilidade ao que foi denom inado “doença de A lzheim er de início m uito tardio”, ou seja, dem ências com inícios após as idades de pico de aparecim ento das form as esporádicas de início tardio da doença de Alzheim er que estão associadas ao alelo 4 epsilon de APOE (um a associação que atinge o pico entre 65 e 75 anos de idade). D em ons trou-se que o polim orfism o de FE65 é independente do im pacto do polim orfism o de APOE. D em onstrou-se que seu alelo m enor, o alelo dom inante encontrado em outros m am íferos e prim atas (espécies re sistentes a DTA), liga-se com m uito m enos avidez a APP. Isto prova velm ente altera significativam ente a m odulação de funções daquela proteína, incluindo potencialm ente o papel do complexo APP/FE65/ TIP60 na transcrição. Os autores sugeriram que o novo alelo surgiu com o parte de u m conjunto de ações de genes que m elhoram as fun ções cognitivas, m as que isto veio com efeitos deletérios do m etabo lismo de APP no final da vida.
Classe seis: alelos ruins precoces e tardios: mutações somáticas
nucleares e mitocondriais
■ MUDANÇAS EPIGENÉTICAS NA EXPRESSÃO GÊNICA As próxim as seis classes de ação gênica (m etade do total) podem ser agrupadas sob esse subtítulo. O term o “epigenético” refere-se a al terações quím icas covalentes nas expressões de DNA que estão “no topo do DNA” - ou seja, em contraste com m utações ou p olim or fism os, eles não m udam a seqüência ou arranjo prim ário de nucle otídios. Essas alterações produzem as especificidades m arcantes da expressão de genes que definem os inúm eros tipos de células de m a m íferos funcionalm ente distintos e são com ponentes essenciais nas reações a várias lesões. Estas alterações quím icas são de dois tipos ge rais. U m tipo envolve m etilações de citosinas, geralm ente em “ilhas” de agrupam entos de CpG dentro de dom ínios, tais com o prom otores e potenciadores, que regulam a expressão do gene. Tais m etilações estão associadas a silenciam ento gênico. U m segundo tipo geral e n volve alterações de am inoácidos específicos dentro das proteínas his tonas que revestem o DNA, tal com o acetilações (associada a ativação genética), deacetilações (associadas ao silenciam ento do gene), fosforilações, m etilações, ubiquitinilações e ribosilações de ADP. M étodos para análise epigenética m olecular estão sendo aplicados no nível da célula única, um desenvolvim ento técnico essencial para a geronto logia, porque há m uitas m udanças na heterogeneidade da população de tecidos durante o envelhecim ento. Esses estudos são de interesse para a avaliação de ainda outro m ecanism o pleiotrópico antagonista do envelhecim ento (Classe Doze).
Biologia do Envelhecimento
O acúm ulo de m utações som áticas nos tecidos de m am íferos enve lhecidos tem sido bem docum entado e pode ser surpreendentem ente elevado. Por exem plo, d e m onstrou-se que m utações non-leaky (ou seja, m utações com perda grave de função) aum entam exponencialm ente no epitélio tubular renal de rins hum anos, atingindo níveis p or volta de 80 anos de idade - entre 10 3 e 10'4. Se supõe-se que, para cada m utação grave, há dez m utações “leaky” (ou seja, m utações com função dim inuída), pode-se concluir que os níveis de m utações no locus único que foram investigados poderia aproxim ar-se de um a em cada cem células em idades avançadas. Em cam undongos envelhe cidos, observou-se que as taxas de aum ento e os tipos de m utações som áticas nucleares variam substancialm ente de tecido para tecido. D escobriu-se que as frequências de m utações crom ossôm icas dos rins de cam undongos híbridos F1 idosos eram de até um a em cada três células, m as estes resultados notáveis provavelm ente estavam relacionados, em parte, com exposições transitórias das células para oxigênio am biente, o que atualm ente sabe-se que é particularm ente citotóxico para células m urinas. O falecido H ow ard J. Curtis, em um prim eiro exemplo do uso de gerontologia com parativa, dem onstrou que os níveis de m utações crom ossôm icas induzidas po r tetracloreto de carbono em m am íferos eram inversam ente proporcionais aos seus potenciais tem pos de vida. Cerca de 1500 genes (codificados p o r DNA nuclear e m ito co n drial) c ontribuem para o funcio n am en to das m itocôndrias. Estes alvos evidentem ente tam bém contribuem para a carga de m utações som áticas durante o envelhecim ento e doenças relacionadas à idade. A frequência de m utação som ática no DNA m itocondrial é de apro xim adam ente 500-1000 vezes m aio r do que é no D N A nuclear. Os tecidos de indivíduos podem , de fato, prom over m osaicos exclusivos e dinâm icos de padrões dessas m utações, servindo com o um a espé cie de im pressão digital forense. E m bora tenham os descrito anterior m ente que há um a dim inuição do apoio à ideia de que o período de vida é lim itado p or dano oxidativo relacionado com o m etabolism o m itocondrial, ainda há argum entos p ara um papel prim ordial nos processos de envelhecim ento. N ós vam os exigir m ais pesquisas so bre a caracterização dos tipos específicos de m utações m itocondriais que podem ser atores im p o rtan tes no envelhecim ento norm ativo, porque determ inadas m utações podem ser m ais propensas a superar as m oléculas do tipo selvagem den tro das células. Talvez m utações com rearranjos de genom a m itocondrial p roduzam m ais do que um a origem de replicação e possam levar ao dom ínio (“hom oplastia”) de m oléculas m utantes deletérias e, p ortanto, à m orte das células que possuem esse tipo de m utação. Em contraste com o presente debate sobre o papel das m utações m itocondriais e disfunções m itocondriais na gênese do envelheci m ento celular norm ativo, o apoio aos papéis de disfunção m itocon drial em doenças geriátricas com uns está se to rn a n d o m ais forte. Note-se acima a evidência de um papel im portante de disfunção m i tocondrial em um a form a com um de insuficiência cardíaca conges tiva geriátrica. A evidência de papéis im portantes de m itocôndrias disfuncionais na gênese da doença de Parkinson é atualm ente bas tante atraente, dados os papéis de m utações nos loci DJ-1 e PINK1. Há tam bém grande interesse em observações de aum entos acentua dos na prevalência de m utações n a região de controle m itocondrial nos cérebros de pacientes com DTA. D ado o papel fundam ental das m itocôndrias no controle da apoptose, aberrações desta via podem distorcer o equilíbrio da proliferação celular e m orte celular e, p o r conseguinte, m odular carcinogênese; há, de fato, um crescente inte resse em alm ejar m itocôndrias com o tratam entos para o câncer. D e leções m itocondriais parecem ser os principais eventos na gênese da sarcopenia. As m utações ou disfunções m itocondriais po d em tam bém estar envolvidas na patogenia da aterosclerose. Finalm ente, um a nova hipótese tem sido proposta im plicando m udanças que ocorrem no útero com o influências sobre as doenças do envelhecim ento. Os dados epidem iológicos m o stram u m a associação de baixo peso ao nascim ento com aum ento dos riscos de desenvolver diabetes tipo 2,
síndrom e m etabólica e doença cardiovascular na idade adulta. Leduc e Levy p ropuseram que a disfunção m itocondrial placentária está presente em casos de insuficiência placentária e pode ser um a influência fundam ental sobre o feto, levando à aterosclerose na vida adulta.
Classe sete: alelos bons infrarregulados precocemente por boas razões: silenciamento adaptativo D ada a nossa prem issa biológica evolutiva de que a natureza na ver dade não “liga” m uito p ara o im pacto das ações de genes que ocorrem no final do curso da vida (ou seja, quando a força da seleção natural é m uito fraca), quaisquer m udanças nos graus de expressão do gene que são iniciados em algum m om ento anterior da vida p o r causa de sua natureza adaptativa poderia, em princípio, ter um a vida própria e pode, portanto, continuar a ser infrarregulada ou suprarregulada até um grau que p o d e ria subsequentem ente torn ar-se deletério. A seguir, tem os dois exem plos dessas infrarregulações, um a observada em cam undongos de laboratório e a outra em pessoas. O prim eiro exem plo ocorre no período da vida quando o crescim ento som ático de cam undongos é drasticam ente dim in u íd o e quando os recursos m udam para a reprodução. C om eçando p o r volta dessa época, um subconjunto de genes que codificam a síntese de proteínas ribossom ais é silenciado. C onsequentem ente, as taxas de síntese de proteínas e volum e de proteínas dim inuem na m aioria dos tecidos. Isto leva ao acúm ulo de proteínas pós-translacionalm ente m odificadas, incluin do alterações que levam a redução das funções dessas proteínas, um processo propenso a c ontribuir para fenótipos senescentes. O segun do exem plo envolve o silenciam ento, que provavelm ente começa na p uberdade h um ana, do receptor de estrogênio na m ucosa do colo hum ano, incluindo regiões do colo, que são particularm ente suscep tíveis ao desenvolvim ento de adenocarcinom a. Este silenciam ento continua ao longo da vida adulta e, dadas outras linhas de evidência para um papel desse locus na regulação da expressão do gene, p ro vavelm ente desem penha um papel no desenvolvim ento de câncer de colo nos idosos. A m bos os exem plos envolvem silenciam ento gênico via m etilações de dinucleotídios CpG.
Classe oito: alelos bons suprarregulados precocemente por boas razões: expressão adaptativa Aqui é o contraponto para o m ecanism o m encionado anteriorm en te. Um exem plo é a expressão aum entada de loci androgênicos após m aturação sexual, um colaborador provável para o subsequente sur gim ento de hiperplasia prostática benigna m ais tarde na vida.
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Classe nove: alelos bons inadequadamente suprarregulados no fim da vida: perda não adaptativa de silenciamento O m elhor exemplo deste m ecanism o vem da pesquisa sobre cam un dongos de laboratório que estão envelhecendo. Para citar apenas um dos vários exemplos, um locus (A tp7a) no crom ossom o X inativado (um evento de com pensação de dosagem norm al) aum enta a expres são no baço com o aum ento da idade. E m bora os links para efeitos fisiopatológicos específicos desta e de outras suprarregulações aberrantes de genes ainda precise ser elucidada, parece provável que have rá contribuições para fenótipos senescentes, dado o grande núm ero dessas alterações.
Envelhecimento
Classe 10: alelos bons inadequadamente infrarregulados no final da vida: perda de expressão epigenética não adaptativa Um exem plo vem de estudos de gêm eos m onozigóticos hum anos. Tanto ganhos com o perdas de expressão foram observadas em um grande núm ero de loci. Em bora seja possível que algum as dessas al terações sejam respostas adaptativas às m udanças relacionadas à ida de na fisiologia (“sabedoria”), dado o n úm ero m uito grande dessas alterações epigenéticas na expressão do gene, é provável que m uitas resultaram em efeitos fisiopatológicos.
Classe onze: alelos bons para as mulheres, efeitos ruins para os homens (e vice-versa): pleiotropia antagonista baseada no sexo Parece provável que a evolução tenha otim izado as ações de genes de m aneira um pouco diferente em hom ens em com paração com as m ulheres para m elhorar a aptidão para estes organism os com portam entalm ente, m orfologicam ente e fisiologicam ente distintos. Assim, os alelos que evoluem p or causa de otim ização para m ulheres podem não ser ideais para o sexo m asculino, e vice-versa - um a espécie de batalha evolutiva dos sexos. Nas m oscas de fruta, um a grande p ro porção dos alelos que foram otim izados para a fertilização do sexo m asculino são prejudiciais para a fecundidade das fêmeas e vice-versa. Têm-se argum entado tam bém que, dada a herança exclusiva de m itocôndrias, através da linha germ inativa do sexo fem inino, a estru tu ra m itocondrial, e a função, incluindo inúm eras interações com o genom a nuclear, podem não funcionar tão bem em hom ens com o funcionam em m ulheres. Estes efeitos podem traduzir-se em longevidades e padrões diferenciais de disfunção m ais tarde na vida.
Classe 12: alelos bons ou ruins precoces com efeitos ruins tardios: apostas epigenéticas e desvio epigenético
entre controles do tipo selvagem e u m a população m utante de vida longa. Estas variações no tem po de vida não são hereditárias. Por tanto, quando se consideram as contribuições relativas de natureza, nutrição e chance de variações intraespecíficas no p eríodo de vida, o acaso parece ser o fator dom inante. Evidências fenotípicas para variações estocásticas são observadas nas diferenças das taxas de desenvolvim ento de aberrações na u ltra estru tu ra dos m úsculos es queléticos de verm es em envelhecim ento. A lguns destes fatores estocásticos poderiam envolver m utações som áticas - possivelm ente em m itocôndrias - m as suas prováveis frequências parecem insufi cientes para explicar estas variações m arcantes. Portanto, um a teoria sugere que, com base na proposição de que variações estocásticas na expressão gênica desenvolvem em coortes de todos os organism os, elas aum entam a sobrevida da população. Em um determ inado am biente, alguns verm es podem ter desenvolvido um conjunto “so rtu do” de expressões gênicas, enquanto que os padrões de expressão do gene podem ser bastante não adaptativos em alguns de seus gêmeos idênticos. Estes desfechos isolados poderiam ser alterados em dife rentes am bientes. Especula-se que a “aposta epigenética” possa ter evoluído antes do desenvolvim ento da m eiose com o um m ecanism o para assegurar a sobrevivência da espécie em am bientes im previsí veis. Uma vez iniciado, o “desvio epigenético” iria acontecer, levando subsequentem ente a partidas de hom eostase fisiológica e fenótipos senescentes. Evidências publicadas indicam que o desvio epigenético ocorre dentro de famílias de células isoladas isogênicas.
■ IDENTIFICAÇÃO DE VIAS DE TRANSDUÇÃO CAPAZES DE MODULAR 0 PERÍODO DE VIDA E SEU POTENCIAL COMO GUIAS PARA ALVOS FARMACOLÓGICOS No início do capítulo foram citadas evidências da existência de vias genéticas bioquím icas (ou “vias de transdução de sinal”) que, quando apropriadam ente m odificadas, p o deriam estender a expectativa de vida de várias espécies distantem ente relacionadas - em outras pala vras, há agora evidências para a existência de m ecanism os “públicos” ou com partilhado do envelhecim ento. Por causa de alegações de que os fárm acos que atuam nessas vias p o d em au m en tar a expectativa de vida em organism os m odelos (e, p o r extrapolação, talvez em pes soas), precisam os rever essas vias e as evidências para intervenções farmacológicas em m ais detalhes. D evem os ter em m ente, no entan to, que há probabilidade de haver extensa com unicação cruzada entre essas diferentes vias. Portanto, o “ajuste” de um a via pode ter efeitos im previstos sobre os tipos distantes de ações gênicas, especialm ente devido ao elevado grau de polim orfism o genético na nossa espécie.
Os histogram as da Fig. 71.2 dem o n stram um fenôm eno que tem intrigado gerontologistas p or gerações. Por que é que, apesar de todos os esforços para controlar a genética e o am biente, ainda há variações acen tuadas nos tem pos de vida de grupos de anim ais experim entais que vão de verm es a c am u n d o n 30 gos? De longe o m elhor trabalho de controle ta n to da genética com o do am biente foi conseguido 25 em experiências com C. elegans (Fig. 71.2). Estes CD organism os são h erm afroditas e, po rtan to , todo Ê locus diploide é im pulsionado para hom ozigosi® 20 dade - em outras palavras, as populações destes verm es consistem essencialm ente em gêm eos o 15 idênticos. Eles tam bém p o d e m ser cultiv ad o s § em m eios axênicos (desprovido de bactérias) em z 10 culturas de suspensão a tem p eratu ra controlada, incluindo aqueles com varetas de agitação m agné tica, de m odo que cada verm e isoladam ente “vê” o m esm o alim ento e resíduos e tem igualdade de o p ortunidades para contato com outros verm es. Não obstante, a expectativa de vida entre esses o r 10 20 30 40 50 ganism os geneticam ente definidos apresenta um a Longevidade (dias) variabilidade considerável. Esta variação in trín se Figura 71.2 Distribuições durante período de vida para nematódeos isolados de Caenorhabditis ele ca é suficiente para p roduzir um grau notável de gans em populações isogênicas de cepas do tipo selvagem (barras verdes) e idade-1 (barras vermelhas). sobreposição nas distribuições de tem pos de vida (Reproduzida de TB Kirkwood etal: MechAgeing Dev 126:439,2005, com autorização).
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Um a terceira via de crescente interesse para biogerontologistas envolve um a família de histonas deacetilases conhecidas com o sirtuínas. Os prim eiros experim entos em levedura dem onstraram que essas enzim as são associadas ao silenciam ento de genes. Suas funções estão intim am ente relacionadas com o m etabolism o de dinucleotídio adenina-nicotinam ida (NAD), um a coenzim a utilizada com o agente de oxidação ou redução de um a variedade de processos m etabólicos essenciais. Em bora ainda controverso, um im portante m em bro desta família é SIRT1, cujos hom ólogos aum entam os tem pos de vida de organism os modelo. SIRTl é um suposto alvo de resveratrol, que se acredita, ativa a enzim a e, p o r conseguinte, pode aum entar o período de vida e, presum ivelm ente, tam bém o período de saúde. Os benefí cios de saúde de grandes doses de resveratrol foram observados em cam undongos obesos diabéticos com esteatose hepática. O resvera trol, um com ponente do vinho tinto, tem povoado a im aginação do público em geral e os investim entos em dólares de algum as empresas farm acêuticas. Essas estão p ro c u ra n d o variantes m ais potentes da m olécula; há ensaios clínicos de fase lia em pacientes com diabetes tipo 2 e outras doenças em andam ento.
BIBLIOGRAFIA A
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ustad
Biologia do Envelhecimento
A via de sinalização relacionada com longevidade m ais bem do cum entada é a via de sinalização de insulina e IGF. Os detalhes desta via variam um pouco entre os nem atódeos, drosófilas, cam u n d o n gos e hom ens, m as um elem ento com um im p o rtan te é um fator de transcrição a jusante (d a fló em verm es e m em bros da família FOXO em m am íferos). Em resposta à regulação do seu estado de fosfori lação, os fatores de transcrição podem entrar no núcleo e acelerar a transcrição de um conjunto m uito grande de genes com atividades diversas que servem p ara aum entar a proteção do som a de danos m acrom oleculares. A infrarregulação de sinalização IG F-insulina, tal com o no caso de m utações hipom órficas à m ontante, libera a inibi ção desse fator de transcrição. Essa redução da sinalização está asso ciada a m aior longevidade. Tam bém tem sido m ostrado que protege C. elegans a partir dos tipos de proteotoxicidade associados a um a va riedade de doenças neurodegenerativas hum anas. É evidente, co n tu do, que um nível ideal de funcionam ento desta via deve ter evoluído para m elhorar a aptidão reprodutiva e sobrevivência tanto em épocas boas com o ruins, incluindo a prevenção de diabetes melito. Sugere-se, pelos achados iniciais de que indivíduos excepcionalm ente sau dáveis e excepcionalm ente longevos (centenários) apresentam um enriquecim ento de alelos hipom órficos variantes para o receptor de IGF-1, que essa otim ização está sujeita a m odulações p o r polim orfis m os genéticos em indivíduos hum anos. Nesse estudo, foi interessante que a progênie destes centenários portadores desses alelos era mais propensa a ter m enor estatura. Tal estatura baixa tem sido associada a um haplótipo específico para IGF1 e com m aior tem po de vida de raças de cães. U m a segunda via (na verdade duas vias relacionadas) envolve sinalização de mTOR. A nom enclatura deriva da descoberta de que esta proteína, um a quinase de serina/treonina, é um alvo da rapam icina, um fárm aco em uso clínico com o agente im unossupressor, para a prevenção da restenose de artéria coronária e para o tratam ento de neoplasias m alignas. As vias estão envolvidas em um a infinidade de funções vitais, incluindo a proliferação e a sobrevida celular, a reci clagem de m ateriais intracelulares, aspectos do m etabolism o que in cluem detecção de nutrientes, geração de ribossom os e regulação da tradução de proteínas. Tem sido cham ada de m aestro da sinfonia de sinalização celular. A rapam icina aum enta a expectativa de vida e os períodos saudáveis de cam undongos, m esm o quando adm inistrados em idades quase com paráveis aos seres hum anos de 60 anos de idade. E m bora não pareça haver im pacto desse tratam ento nos núm eros de neoplasias, a causa dom inante de m orte dessas linhagens de cam un dongos de laboratório, ainda é preciso observar se o período de vida aum entado foi atribuível, pelo m enos em parte, a um abrandam ento da taxa de crescim ento de tais neoplasias.
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Pa r t r id g e
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CAPÍTULO
72
Problemas Clínicos do Envelhecimento /
Luigi Ferrucci Stephanie Studenski E nquanto um profundo conhecim ento de m edicina interna funciona com o base, o cuidado adequado de idosos deverá ser com plem enta do pela visão dos efeitos m ultidim ensionais do envelhecim ento sobre as m anifestações da doença, suas conseqüências e resposta ao tra tam ento. Em adultos m ais jovens, as doenças individuais tendem a apresentar um a fisiopatologia m ais distinta com fatores de risco bem definidos; as m esm as doenças em pessoas idosas podem apresentar um a fisiopatologia m enos distinta e, em geral, resultam da falha de m ecanism os hom eostáticos. As causas e m anifestações clínicas são m enos específicas e podem variar am plam ente entre os indivíduos. Portanto, o cuidado de idosos dem anda um a com preensão dos efei tos do envelhecim ento sobre a fisiologia h um ana e um a perspectiva m ais am pla que incorpora síndrom es geriátricas, incapacidade, con texto sociais e objetivos do tratam ento. Por exemplo, o planejam ento do tratam ento do paciente idoso não pode ignorar a influência da expectativa de vida. Na verdade, os anos de vida restantes esperados podem orientar recom endações sobre intervenções apropriadas pre ventivas e duradouras e m oldar discussões sobre as alternativas de tratam ento. D em ografia (Cap. 70) O envelhecim ento da população com eçou a ser considerado em escala m undial, pela prim eira vez na história, no século passado. C om o o envelhecim ento influencia diversas fa cetas da vida, o governo e a sociedade enfrentam atualm ente novos desafios sociais e econôm icos que causam im pacto no tratam ento de saúde, assim com o nas responsabilidades da família e da com unida de. A Figura 72.1 m ostra alterações recentes previstas na estrutura da população am ericana. O núm ero total de crianças p erm aneceu re lativam ente estável, porém ocorreu um crescim ento explosivo entre as populações m ais idosas. O crescim ento percentual é p a rticu la r m ente dram ático entre os idosos m ais velhos. Por exemplo, o grupo de 80-89 anos de idade mais do que triplicou entre 1960 e 2010 e irá aum entar quase dez vezes entre 1960 e 2050. As m ulheres já vivem
30000 H om ens 2050 M ulheres 2050 H om ens 2010 M ulheres 2010 H om ens 1960 M ulheres 1960
25000
20000
Ano
Figura 72.2
Envelhecimento da população em diferentes regiões geográficas. (De
United Nations World Population Prospects: The 2008 Revision, http://esa.un.org/ unpp.)
m uitos anos a m ais do que os hom ens e a discrepância genérica na longevidade está projetada para um aum ento ainda m aior no futuro. O envelhecim ento da população ocorre a diferentes taxas em regiões geográficas do m u n d o variáveis. D urante o últim o século, Europa, A ustrália e A m érica do N orte apresentaram as populações com m aiores proporções de indivíduos m ais velhos, porém a Ásia e a A m érica do Sul estão envelhecendo rapidam ente, com e stru tu ra populacional que irá lem brar os países “m ais velhos” p o r volta de 2050 (Fig. 72.2). Entre os indivíduos m ais velhos, os de idade mais avançada (aqueles com m ais de 80 anos) representam o segm ento da população de crescim ento m ais rápido (Fig. 72.3) e estim a-se que o ritm o do envelhecim ento seja acelerado, na m aioria dos países, nos próxim os 50 anos. Não há evidências de que a taxa de envelhecim en to populacional esteja decrescendo.
Envelhecimento e saúde da população M uitas doenças crônicas têm a sua prevalência aum entada com a idade. Não é raro que indivíduos m ais velhos apresentem m últiplas
— — —
—
Japao Itália Reino Unido Estados Unidos China M éxico
15000
10000
5000
0-9
10-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-79 80-89 90+ Faixas etárias
Figura 72.1
Alteração na estrutura da população americana entre 1960 e 2050.
(De United Nations World Population Prospects: The 2008 Revision, http://esa. un.org/unpp.)
Anos
Figura 72.3 Porcentagem da população com idade > 80 anos de 1950 a 2050 em diferentes países representativos. (De United Nations World Population Prospects: The 2008 Revision, http://esa.un.org/unpp.)
Número de doenças crônicas ■ Q uatro ou m ais ■ Três D uas ■ Uma ■ N enhum a
70-74
75-79
80-84
85+
Faixa e tá ria (anos)
Figura 72.4 Prevalência de comorbidade por faixa etária em indivíduos com 65 anos ou mais, residentes nos Estados Unidos e envolvidos nas etapas A e B do Medicare em 1999. (De JL Wolff e cot.:Arch Intern Med 162:2269,2002.)
doenças crônicas (Fig. 72.4), em bora alguns pareçam ser m ais susce tíveis à ocorrência concom itante de problem as quando com parados com outros. Problemas funcionais com dificuldade ou necessidade de ajuda na realização de atividades básicas da vida diária (AVDs) (Q u a d ro 72.1) aum entam com a idade e são m ais com uns em m ulheres do que em hom ens. Nas últim as décadas, a prevalência de incapacidade específica pela idade dim inuiu, especialm ente nos indivíduos m ais velhos. Taxas estim adas estão m ostradas na Fig. 72.5 com o p ercen tagem de indivíduos que apresentaram dificuldade ou necessidade severa para o banho, porém os dados a respeito de outras atividades básicas diárias apresentam tendências similares. A taxa de redução da incapacidade está dim inuindo, porém a m agnitude desse declínio é pequena quando com parada ao efeito drástico do envelhecim ento da população. Portanto, o núm ero de indivíduos incapazes nos Estados U nidos e em outros países está se expandindo rapidam ente. As taxas de com prom etim ento cognitivo, com o problem as de m em ória, tam -
QUADRO 72.1 diária
Atividades básicas e instrumentais da vida
As atividades básicas da vida diária (AVDS) abrangem estas tarefas de cuidados pessoais • Higiene pessoal • Ato de se vestir e despir • Comer • Transferência da cama para a cadeira e vice-versa • Controle voluntário da eliminação de urina e fezes • Usodotoalete • Movimentação (oposta a estar acamado)
As atividades instrumentais da vida diária (AlVDs) não são necessárias para o funcionamento fundamental, porém proporcionam uma vida independente ao indivíduo na comunidade • Trabalho doméstico leve • Preparo das refeições • Tomar medicamentos • Comprar alimentos ou roupas • Usar o telefone • Controlar o dinheiro • Usar a tecnologia (gerações mais velhas poderão não apresentar desenvoltura para a tecnologia, já que não foram expostas a ela durante a sua vida.)
Efeitos sistêmicos do envelhecimento
As conseqüências sistêm icas do e n velhecim ento se apresentam disse m inadas, porém podem ser agrupadas em quatro principais d om í nios ou processos (Fig. 72.7): ( 1) com posição corporal; (2) equilíbrio entre disponibilidade de energia e dem anda de energia; (3) redes de sinalização que m antém a hom eostase; e (4) neurodegeneração. Cada dom ínio pode ser avaliado utilizando-se testes clínicos rotineiros, em bora tam bém estejam disponíveis técnicas m ais detalhadas de pesquisa (Q u ad ro 72.2).
Problemas Clínicos do Envelhecimento
65-69
bém a u m en tam com o envelheci m ento (Fig. 72.6). A doença crônica e a incapacidade levam ao aum ento do uso de recursos de tratam ento de saúde. Estes aum entam com a idade, se elevam m ais com a incapacidade e são os m ais elevados no últim o ano de vida. E ntretanto, novas tec nologias m édicas e m edicam entos caros representam m aiores influên cias sobre os custos do tratam ento de saúde do que o próprio envelhe cim ento da população. Técnicos de c aráter geral e m édicos residentes, com pouco trein am en to específico em m ed icin a geriátrica, rep resen tam a m assa de tratam ento para os indivíduos idosos.
Composição corporal Alterações profundas na com posição corporal podem representar o efeito m ais evidente e inexorável do envelheci m ento (Fig. 72.8). D urante a vida, o peso corporal tende a aum entar da infância para a puberdade e vida adulta até o período tardio da m eia-idade. O peso tende a se reduzir em hom ens entre 65 e 70 anos e, de certa form a, m ais tarde em m ulheres. A m assa corporal sólida, com posta predom inantem ente de m úsculos e órgãos viscerais, reduz caracteristicam ente após a terceira década. N o m úsculo, essa a tro fia é m aior nas fibras rápidas, quando com paradas às fibras lentas. A m assa de gordura tende a aum entar na m eia-idade e, em seguida, cai na fase tardia da vida, refletindo a trajetória da alteração de peso. É interessante m encionar que a circunferência da cintura continua a aum entar d urante a vida, sugerindo que a gordura visceral, que é responsável pela m aior parte das conseqüências patológicas da obesi dade, continue a se acum ular. Em alguns indivíduos, a gordura ta m bém se acum ula no interior do m úsculo, onde afeta sua qualidade e função. C om a idade, o tecido fibro-conectivo tende a aum entar em m uitos sistem as orgânicos. No m úsculo, o tecido fibro-conectivo a d quirido tam bém afeta a qualidade e a função m uscular. Em conjunto, a perda de m assa e qualidade m uscular levará à força m uscular redu zida, com im pacto final sobre a capacidade funcional e a m obilidade. A força m uscular dim inui com o envelhecim ento e não afeta apenas o estado funcional, com o tam bém representa um forte prognóstico independente para m ortalidade (Fig. 72.9). A desm ineralização p ro gressiva e a m odificação da arquitetura ocorrem no osso, acarretando redução da resistência óssea. A perda da força óssea aum enta o risco de fratura. As diferenças entre os sexos, observadas nos efeitos do envelhecim ento sobre a m assa óssea são devidas às diferenças sexuais no pico de m assa óssea e aos efeitos dos horm ônios gonadais sobre os ossos. Em geral, quando com paradas aos hom ens, as m ulheres te n dem a perder osso em um estágio m ais precoce e alcançam m ais ra pidam ente o lim iar da resistência óssea que eleva o risco de fraturas. Todas essas alterações na com posição corporal podem ser atribuídas ao rom pim ento da seqüência entre síntese, degradação e reparo, que norm alm ente funciona p ara rem o d elar os tecidos. A com posição corporal pode ser aproxim ada na prática clínica usando o peso, a al tura, o índice de m assa corporal (peso em quilogram as dividido pela altura em m etros quadrados) e a circunferência da cintura, ou mais
571
Figura 72.5 Prevalência de incapacidade autodeclarada (dificuldade severa) no banho entre 1992 e 2007, de acordo com a idade e sexo. (De Medicare Current Beneficiary Survey 1992-2007. Acesso em 26 de maio de 2010 em http://205.207.175.93/HDi/TabieViewer/)
E 30 o nj 25 E 10 o c
CO Q)
II 2 ©
P E
20
15
65-69
70-74
75-79
80-84
85+
Faixa etária (ano)
Figura 72.6 Taxas de comprometimento da memória em diferentes faixas etárias. A definição de “comprometimento de memória moderado ou severo” é de quatro ou menos palavras revogadas a cada 20. (Fonte: Health and fíetirement Survey. Acessado em 7 Fevereiro 2011 em http://aoa.gov/agingstatsdotnet/Main_Site/Data/2000_Documents/healthstatus. aspx.)
Envelhecimento
Domínios do fenótipo de envelhecimento
A lte ra çõ e s na co m p o siçã o corporal
D iscrepância na produção/ utilização de energia
Suscetibilidade à doença, reserva funcional reduzida, capacidade de cura reduzida, saúde instável, dificuldade de recuperação
Síndromes geriátricas
Figura 72.7
572
Um modelo unificador do envelhecimento, fragilidade e síndromes geriátricas.
QUADRO 7 2 .2
Exemplo de avaliação de diferentes domínios do fenótipo de envelhecimento Regulação homeostática
Neurodegeneração
Antropometria (peso, altura, IMC, circunferência da cintura, dobras cutâneas)
Questionários autodeclarados investigando atividade física, senso de fadiga/exaustão, tolerância ao exercício
Níveis basais de biomarcadores e níveis hormonais
Exame neurológico padrão, incluindo avaliação de cognição global [Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), Montreal Cognitive Assessment (MoCa)]
Teste de força muscular (isométrico e isocinético)
Taxa metabólica de repouso
Marcadores inflamatórios (ESR, PCR, IL-6, TNF-alfa, etc)
Avaliação objetiva da marcha, equilíbrio, tempo de reação, coordenação
Biomarcadores (creatinúria ou 3-metil-histidina de 24 horas)
Testes de função física baseados no desempenho
Biomarcadores nutricionais (vitaminas, antioxidantes, etc)
Eletroneurografia e eletromiografia
TC e RM, absortiometria de raios-X de dupla energia (DEXA)
Teste Treadmill
Resposta a testes provocativos, como o teste de tolerância à glicose oral, teste da dexametasona e outros
RM, RMf, PET e outras técnicas dinâmicas de imagem
Peso hidrostático
Avaliações objetivas de atividade física (acelerômetros, água duplo-marcada)
Resposta ao estresse
Potenciais desencadeados
Problemas Clínicos do Envelhecimento
Energética
[ Composição corporal
Figura 72.8 Alterações longitudinais de peso, composição corporal e circunferência da cintura durante um período de vida estimado em 1167 pacientes participantes do Baltimore Longitudinal Study o f Aging. Índice de Massa Corporal (IMC) e Massa Gorda estimados pelo DEXA [Fonte: The Baltimore Longitudinal Study of Aging 2010 (dados não publicados).]
45-49
50-54
55-59
60-64
Faixas etárias (anos)
65-68
71-76 77-81 82-86 87-91 92-96 Faixas e tá ria s (anos)
Figura 72.9 Diferenças em sessão transversal e alterações longitudinais na força muscular durante 27 anos de acompanhamento. Observar que os indivíduos que morre ram durante o estudo apresentaram força muscular básica inferior. (De Tfíantanen e col.: JAppl Physiol 85:2047,1998.)
573
3500 -
3000 -
2500 -
£
2000
-
1500 -
1000 H 40
CD =3 < '\ '
O
50 Idade (anos)
60
Figura 72.10 Alterações longitudinais na capacidade aeróbia em participantes do Baltimore Longitudinal Study of Aging. (De JL Fieg: Circulation 112:674,2005.)
precisam ente usando a absortiom etria de raios-X de dupla energia (DEXA), tom ografia com putadorizada ou RM.
Equilíbrio entre disponibilidade de energia e demanda de energia A li beração de fosfato a p artir do ATP proporciona a cada célula viva a energia necessária para a vida. Entretanto, o arm azenam ento de ATP é suficiente apenas para seis segundos; portanto, o ATP é constante m ente ressintetizado. Em bora a nova síntese de ATP possa ser feita durante a glicólise anaeróbia, a m aior parte da energia utilizada no corpo é gerada p o r m eio do m etabolism o aeróbio. Assim, o consum o de energia costum a ser estim ado indiretam ente pelo consum o de oxi gênio (calorim etria indireta). Atualm ente, não há um m étodo para avaliar o desem penho verdadeiro, que é a energia m áxim a que pode ser produzida pelo organism o durante períodos de tem po prolonga dos. Portanto, o desem penho é estim ado indiretam ente a p a rtir do pico m áxim o de consum o de oxigênio (pico M V02), geralm ente durante um teste de esforço (teste de esforço m áxim o) m áxim o. Estudos lo n gitudinais dem onstraram que o pico M V02 dim inui progressivam ente com o envelhecimento (Fig. 72.10) e a taxa de declínio é acelerada n a queles que são sedentários e naqueles afetados p or doenças crônicas. Uma grande porção de energia é consum ida com o a “taxa m etabólica de repouso” (TMR), a quantidade de energia gasta no repouso em um am biente de tem peratura n eutra e em um estado pós-absortivo. Em indivíduos saudáveis, a TM R cai com o envelhecimento, em sua m aior parte devido aos tecidos com m etabolism o bastante ativo da m assa corporal m agra (Fig. 72.11). Entretanto, indivíduos com hom eostase instável devido à doença necessitam de energia adicional p ara m e canism os com pensatórios. Na verdade, um a TM R inadequadam ente
alta representa um m arcador de doença, um fator de risco indepen dente para m ortalidade e poderá contribuir para a perda de peso que norm alm ente acom panha a doença severa. Por fim, por razões ainda não com pletam ente esclarecidas, idades m ais avançadas, patologia e com prom etim ento físico aum entam o custo de energia de atividades m otoras, com o um a cam inhada. No conjunto, indivíduos mais velhos com condições crônicas m últiplas possuem baixos níveis de energia disponíveis e necessitam de m ais energia, tanto no repouso quanto durante a atividade física. Portanto, idosos doentes poderão consum ir toda a sua energia disponível realizando as atividades m ais básicas da vida diária, originando sintom as de fadiga e lim itação a um a vida sedentária. O estado energético pode ser avaliado clinicam ente sim plesmente perguntando-se ao paciente sobre a sua percepção do nível de fadiga durante as atividades diárias, com o cam inhar ou se vestir. A capacidade de energia p oderá ser avaliada m ais precisam ente pela tolerância ao exercício durante um teste de cam inhada ou um teste de Treadmill acoplado à espirom etria.
Redes de sinalização responsáveis pela manutenção da homeostase
As principais vias de sinalização que controlam a hom eostase envolvem horm ô n io s, m ediadores inflam ató rio s e antioxidantes; todas são profundam ente afetadas pelo envelhecim ento. Os níveis de h o rm ô nio sexual, com o a testosterona, dim inuem com a idade, tanto em hom ens (Fig. 72.12) quanto em m ulheres, enquanto outros sistemas horm onais poderão se alterar m ais subitam ente (Q u a d ro 72.3). A m aioria dos indivíduos que está envelhecendo, m esm o aqueles que perm anecem saudáveis e com pletam ente funcionais, tende a desen volver um estado p ró-inflam atório brando, caracterizado p o r altos níveis de m arcadores inflam atórios, in clu in d o IL-6 e PCR (Fig. 72.13). Tam bém se acredita que o envelhecim ento esteja associado ao aum ento da lesão p o r estresse oxidativo, tanto p o r causa do aum ento da produção de espécies reativas de oxigênio quanto devido à m enor eficiência dos sistem as de controle dos agentes antioxidantes. Com o os horm ônios, m arcadores inflam atórios e antioxidantes estão inte grados em redes de sinalização complexas, os níveis de biom arcado res individuais podem bem refletir a adaptação com o resposta a um feedback hom eostático, e não os reais fatores causadores. Portanto, a estratégia terapêutica de substituição de um a única m olécula pode ser ineficaz ou m esm o contra-p ro d u cen te. A presença destas vias de sinalização e alças d e feedback podem ajudar a explicar porque a “terapia de substituição” de um único horm ô n io para problem as de envelhecim ento tem se dem onstrado de pouco benefício. O foco da pesquisa atual nessa área está sobre o desequilíbrio horm onal m últi plo. Por exemplo, analisados em um m esm o m om ento, níveis de tes tosterona, dihidropeiandrosterona (DH EA s) e IGF-1 não predizem m ortalidade, porém são, em com binação, altam ente prognósticos de longevidade. Esse efeito de com binação é especialm ente forte no caso de insuficiência cardíaca congestiva. Da m esm a form a, diversos mi-
Idade (anos)
Figura 72.11
Alterações na taxa metabólica de repouso com o envelhecimento. [Dados de Baltimore Longitudinal Study of Aging (não publicados).]
574
Figura 72.12 Alterações longitudinais dos níveis de testosterona livre em homens saudáveis. (De SMHarman e col.: J Clin Endocrinol Metab 86:724,2001.)
de alta ordem e que essa coordenação red u zid a está relacionada com um desem penho cognitivo fraco. Em in divíduos jovens saudáveis, a atividade Sem alteração Aumento s I Redução cerebral associada às funções cogni Colecistocinina Hormônio do crescimento Prolactina tivas executivas (p. ex., resolução de Tirotropina Hormônio luteinizante (mulheres) Hormônio luteinizante (homens) problem as, tom ada de decisões) está Fator de crescimento da insulina I Hormônios da tireoide Hormônio estimulador do folículo m u ito bem localizada, e nquanto em in divíduos saudáveis m ais velhos o Epinefrina Cortisol Testosterona p adrão de ativação cortical é m ais di Peptídio 1 semelhante ao glucagon Prolactina Estradiol fuso. A patologia cerebral tem sido as Peptídio inibidor gástrico Norepinefrina DHEA e DHEAs sociada às doenças específicas; placas Pregnenolona Insulina am iloides e massas neurofibrilares são consideradas m arcadores patológicos Vitamina D 25(0H) Paratormônio da doença de Alzheim er. E ntretanto, Aldosterona estes m arcadores patológicos têm sido Peptídio intestinal vasoativo observados na autópsia de m uitos in Melatonina divíduos m ais velhos que apresenta ram teste cognitivo n o rm al no ano anterior. C onsideradas em conjunto, ten d ên cias para alterações cerebrais cronutrientes, com o vitam inas (especialm ente vitam ina D), m inerais no envelhecim ento sugerem que algum as m anifestações neurofisio (selênio e m agnésio) e antioxidantes (vitam inas D e E) tam bém re lógicas sejam adaptações com pensatórias, e não contribuições p ri gulam aspectos do m etabolism o. Baixos níveis destes m icronutrienm árias para o declínio relacionado com a idade. C om o o cérebro é tes têm sido associados ao envelhecim ento acelerado e ao alto risco capaz de reorganização e com pensação, a neurodegeneração extensa de situações adversas. Entretanto, exceto para a vitam ina D, não há poderá não ser clinicam ente evidente. Portanto, a detecção precoce evidências claras de que a suplem entação apresente efeitos positivos requer avaliações cuidadosas. C linicam ente, alterações corticais e sobre a saúde. Infelizm ente, não existem critérios padrões que p e r subcorticais são refletidas na alta prevalência de sinais neurológicos m itam a detecção e a quantificação de desequilíbrio hom eostático. inespecíficos “leves”, em geral com m archa lenta e instável, equilíbrio Neurodegeneração Os neurônios param de se reproduzir logo após fraco e tem po de reação lento. Estas alterações de m ovim ento podem o nascim ento e a sua quantidade é reduzida progressivam ente ao ser desencadeadas m ais abertam ente usando-se “duplas tarefas” nas longo da vida. A atrofia cerebral vem com o envelhecim ento após os quais são realizadas sim ultaneam ente um a tarefa cognitiva e outra 60 anos de idade. A atrofia ocorre em diferentes níveis e em partes m otora. Em um a versão sim ples de u m a dupla tarefa, um adulto mais diferentes do cérebro (Fig. 72.14) e é norm alm en te acom panhada velho que precisa parar de cam inhar para falar acredita estar preven p o r resposta inflam atória e ativação da m icróglia. A atrofia cerebral do um risco aum entado de quedas. O desem penho ruim em duplas associada à idade pode c o n trib u ir p ara o declínio na função cog tarefas tem sido interpretado com o um m arcador de capacidade to nitiva e m otora. A atrofia tam bém pode ser um fator, em algum as tal reduzida para o processam ento central, de m odo que o processa doenças cerebrais que podem ocorrer com o envelhecim ento, com o m ento sim ultâneo é m ais restrito. Além do cérebro, a m edula espinal o com prom etim ento cognitivo leve (CCL), na qual os indivíduos tam bém sofre alterações após os 60 anos de idade, incluindo n úm e apresentam com prom etim entos brandos, p o rém detectáveis, nos ro reduzido de neurônios m otores e lesão na m ielina. Os neurônios testes de cognição, m as não apresentam incapacidade severa para as m otores que sobrevivem são com pensados com um a m aior com ple atividades diárias. No CCL, a atrofia tem sido observada principal xidade de ram ificações e p o r um a m aior abrangência das unidades m ente no córtex pré-frontal e no hipocam po, p orém esses achados m otoras. C onform e as unidades m otoras se to rn am m aiores, têm o não são específicos e sua utilidade diagnóstica não está esclarecida seu núm ero reduzido em u m a taxa de aproxim adam ente 1% ao ano, (Fig. 72.15). O utras alterações neurofisiológicas do cérebro tam bém com eçando após a terceira década. Esta m aior quantidade de u n i ocorrem frequentem ente com o envelhecim ento e podem contribuir dades m otoras contribui para reduções no controle m o to r fino e na para o declínio cognitivo. E studos funcionais de im agem têm m o s destreza m anual. A lterações relacionadas com a idade tam bém ocor trado que indivíduos m ais velhos apresentaram coordenação re d u rem no sistem a nervoso autônom o, afetando a função cardiovascular zida entre as regiões cerebrais responsáveis pelas funções cognitivas e esplênica.
QUADRO 72.3 Hormônios que reduzem, permanecem estáveis e aumentam com o envelhecimento
Problemas Clínicos do Envelhecimento
Alterações sistêmicas coexistem e se afetam mutuamente; o fenótipo do envelhecimento é a via comum final desta interação Enquanto
20-39 40-49 50-64 65-74 75-84 Faixa etária
Figura 72.13
85+
Faixa etária
Alteração em IL-6 e proteína C reativa com o envelhecimento. ‘ Valores são expressos como escores Z para fins comparativos. (De L. Ferrucci e c o i: Blood 105:2294,2005.)
as alterações sistêm icas relacionadas com a idade foram descritas individualm ente, na realidade, tais alterações se desenvolvem em paralelo e se afetam m utuam ente por meio de diversas alças com pensatórias. Algum as alterações sistêmicas estão bem esclarecidas, enquanto outras estão sob investigação. Por exemplo, a com posição corporal interage com o equilíbrio energético e a sinalização. Um m aior índice de m assa corporal aum enta o consum o de energia e m elhora a sensibilida de à insulina e o m etabolism o dos carboidra tos. Um a m aior m assa gorda, especialm ente a m assa gorda visceral, representa um sinal desencadeador da síndrom e metabólica e está associada à baixa testosterona, alta globulina ligadora dos horm ônios sexuais e níveis eleva-
575
lhecim ento podem interferir na fisiopatologia típica de doenças específicas, alterando assim m anifestações clínicas esperadas e confundin do o diagnóstico. C linicam ente, pacientes p o dem se apresentar com problem as óbvios con tidos em apenas um destes dom ínios, porém com o os sistem as interagem , todos os quatro dom ínios p rincipais deverão ser avaliados e considerados com o alvos terapêuticos p o ten ciais. Q uando os pacientes se apresentam com problem as óbvios em vários sistem as p rin ci pais afetados pelo envelhecim ento, eles tende rão a atingir graus extrem os de suscetibilidade e p erda de resiliência, um a condição que é glo balm ente conhecida com o “fragilidade”.
CD
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■ FRAGILIDADE
CD
rs
A fragilidade tem sido descrita com o um a sín drom e fisiológica caracterizada pela redução R edução do ta m a n h o co rtica l regional (DP) em cinco anos da reserva e pela resistência d im inuída a es Figura 72.14 Declínio dos volumes médios em cinco anos, avaliado em unidades de desvio padrão (d de tresses, resultantes do declínio acum ulativo de Cohen) de diferentes regiões cerebrais. 0 córtex visual primário mostra a menor redução média e o córtex diversos sistem as fisiológicos, causando vul parietal inferior e pré-frontal e o hipocampo evidenciaram a maior redução média. (De N fíaz e cot.: Ann N Y nerabilidade às condições adversas e alto risco Acad Sei 1097:84,2007.) de m orte. U m a definição proposta, caracteri zada p o r p erda de peso, fadiga, com prom eti m ento da força de preensão, atividade física dos de m arcadores pró-inflam atórios como a proteína C reativa e IL-6. reduzida e m archa lenta, tem m ostrado boa consistência in terna e A sinalização alterada pode afetar a neurodegeneração; a resistência forte valor prognóstico e tem sido usada em m uitos estudos clínicos à insulina e as adipocinas, como a leptina e a adiponectina, estão as e epidem iológicos. E ntretanto, escolas alternativas de pensam ento sociadas ao declínio da função cognitiva. Um estado de inflamação, possuem diferentes critérios diagnósticos. Por exemplo, a fragilida níveis reduzidos de testosterona e IG F-1, com binados com a perda de de tem sido apontada com o um acúm ulo randôm ico de m últiplos neurônios m otores e a disfunção da unidade m otora têm sido associa com prom etim entos com o envelhecim ento e, portanto, não podem dos ao declínio acelerado da massa e da força muscular. A coordenação ser desenvolvidos critérios padrões para o seu diagnóstico. Indepen intersistêmica norm al tam bém é afetada pelo envelhecimento. O hipo dente da definição, um a literatu ra extensa m ostra que indivíduos tálamo funciona norm alm ente como um regulador central de m etabo m ais velhos que são considerados frágeis p o r q ualquer definição lismo e uso de energia e coordena as respostas fisiológicas de todo o apresentam alterações claras nos m esm os quatro processos p rin ci organismo por meio da sinalização horm onal; alterações relacionadas pais - com posição corporal, desequilíbrio hom eostático, insuficiên com o envelhecimento no hipotálam o alteram esse controle. O sistema cia energética e neurodegeneração, as características do “fenótipo” nervoso central tam bém controla a atividade adaptativa sim pática/pade envelhecimento. Um caso clínico clássico seria o de um a m ulher rassimpática, de m odo que a degeneração do SNC relacionada com a idosa com obesidade sarcopênica caracterizada por gordura corporal idade pode apresentar implicações n a função autonôm ica. aum entada e redução m uscular (alterações n a com posição corporal); O fenótipo que resulta do processo de envelhecim ento é caracte tolerância extrem am ente baixa ao exercício e fadiga extrem a (insufi rizado pela m aior suscetibilidade às doenças, alto risco de m últiplas ciência energética); insulina alta; IGF-1 baixo; ingestão inadequada doenças coexistentes, resposta com prom etida ao estresse (incluindo de calorias; baixos níveis de vitam ina D, E e carotenoides (distúrbio habilidade lim itada para se curar ou se recuperar após um a doença de sinalização) e problem as de m em ória, m archa lenta e equilíbrio aguda), aparecim ento de “síndrom es geriátricas” (caracterizadas por instável (neurodegeneração). É provável que essa m ulher apresente m anifestações clínicas estereotipadas, porém com causas m ultifato todas as m anifestações de fragilidade, incluindo alto risco de d oen riais), resposta alterada ao tratam ento, alto risco de incapacidade e ças múltiplas, incapacidade, incontinência urinária, quedas, delirium, perda de autonom ia pessoal, com todas as suas conseqüências p si depressão e outras síndrom es geriátricas. cológicas e sociais. Além disso, estes im portantes processos de enve O conceito da fragilidade por m eio dos quatro processos básicos principais se origina de evidências acum uladas e reconhece a hetero geneidade e a natureza dinâm ica do fenótipo de envelhecim ento. O envelhecim ento é universal, porém o co rre em taxas altam ente v ariá veis, com am pla heterogeneidade na em ergência do fenótipo de e n velhecim ento. Portanto, a questão não é se u m paciente m ais velho é frágil, e sim se a severidade de sua fragilidade está além do lim ite da relevância clínica e com portam en tal. E n ten d er a fragilidade através das lentes dos q u a tro processos básicos interativos tam bém fornece Idade (anos) Idade (anos) um a interface com as doenças que, Figura 72.15 Alterações longitudinais de volume cerebrais regionais no envelhecimento e no comprometimento cognitivo com o o p ró p rio envelhecim ento, leve (CCL). (De I Driscoll e col.: Neurology 72:1906,2009.)
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■ CONSEQÜÊNCIAS DOS PROCESSOS DE ENVELHECIMENTO, 0 FENÓTIPO DE ENVELHECIMENTO E A FRAGILIDADE E nquanto a fisiopatologia da fragilidade ainda está sendo elucidada, suas conseqüências têm sido bem caracterizadas em estudos p ro s pectivos. Q uatro principais conseqüências são im portantes para a prática clínica: ( 1) resposta hom eostática ineficaz ou incom pleta ao estresse, (2) m últiplas doenças coexistentes (m ulti ou com orbidade) e polifarm ácia, (3) incapacidade física e (4) as cham adas síndrom es geriátricas. Irem os discorrer brevem ente sobre cada um a delas.
Baixa resistência ao estresse
A fragilidade pode ser considerada um a perda progressiva da reserva em m últiplas funções fisiológi cas. Em um estágio inicial e na ausência de estresse, indivíduos m ais velhos com fragilidade branda podem parecer norm ais. E ntretanto, eles apresentam habilidade reduzida para lidar com desafios, com o as doenças agudas, traum as, processos cirúrgicos ou quim ioterapia. A doença aguda envolvendo um a internação hospitalar está associada à subnutrição e à inatividade, que algum as vezes poderá ser de tal m ag nitude que a m assa m uscular residual não possua a reserva m ínim a para o ato de cam inhar. M esm o quando a nutrição é restabelecida, as reservas de energia podem ser insuficientes para reconstruir adequa dam ente a m assa m uscular. Indivíduos m ais velhos apresentam um a habilidade reduzida para tolerar infecções, em parte p or serem m e nos capazes de m ontar um a resposta inflam atória dinâm ica contra a vacinação ou contra a exposição à infecção, de m odo que as infecções apresentam m aior tendência a se tornarem severas e sistêm icas e a se resolverem mais lentam ente. No contexto da tolerância ao estresse, a avaliação dos aspectos da fragilidade pode ajudar a estim ar a h abili dade de lidar com os rigores de tratam entos agressivos, de respon der às intervenções necessárias na infecção, de antecipar e im pedir complicações da hospitalização e, em geral, a estim ar o prognóstico. Dessa form a, os planos do tratam ento podem ser ajustados para m e lhorar a tolerância e a segurança; o período acam ado e a hospitaliza ção poderão ser usados ocasionalm ente; e as infecções deverão ser prevenidas, antecipadas e adequadam ente controladas.
Comorbidade e polifarmácia
A idade m ais avançada está associada às altas taxas de aparecim ento de m uitas doenças crônicas (Fig. 72.4). Portanto, de acordo com o esperado, a percentagem de indivíduos afetados por m últiplas condições m édicas (co- ou m ultim orbidade) tam bém aum enta com a idade. Em idosos frágeis, a com orbidade ocorre em taxas m ais elevadas do que seria esperado a p a rtir da p ro babilidade com binada das condições com ponentes. E provável que a fragilidade e a com orbidade afetem -se m utuam ente, de m odo que m últiplas doenças contribuam para a fragilidade e esta aum ente a suscetibilidade às doenças. C linicam ente, pacientes com condições m últiplas apresentam desafios únicos de diagnóstico e de tratam ento. Critérios diagnósticos padrões p oderão não ser inform ativos devido à existência de sintom as e sinais adicionais confusos. U m exem plo clássico é a coexistência da deficiência de ferro e vitam ina B12, crian do um a anem ia norm ocítica aparente. A proporção risco/benefício para várias opções de tratam ento m édico e cirúrgico pode ser redu zida em face de outras doenças. O planejam ento do tratam ento com fárm acos se torna mais complexo p orque as doenças de com orbidade
podem afetar a absorção, o volum e de distribuição, a ligação à p ro teína e, especialm ente, a elim inação de diversos fármacos, levando à flutuação dos níveis terapêuticos e a um risco aum entado de sub ou superdosagem . A excreção de fárm acos é afetada por alterações renais e hepáticas com o envelhecim ento, que poderão não ser detectáveis p o r m eio de testes clínicos usuais. Fórm ulas para avaliar a taxa de filtração glom erular em pacientes idosos estão disponíveis, enquanto a estim ativa de alterações na excreção hepática ainda per m anece um desafio. Pacientes com várias doenças norm alm ente re cebem a prescrição de vários fárm acos, especialm ente quando são cuidados p or m últiplos especialistas que não se com unicam . O risco de reações adversas aos fárm acos, interações fárm aco-fárm aco e to lerância fraca aum enta geom etricam ente de acordo com o núm ero de fárm acos prescritos e com a severidade da fragilidade. Algumas regras gerais para m inim izar as chances de eventos adversos aos fár m acos são as seguintes: (a) sem pre pedir aos pacientes para trazerem todos os m edicam entos, incluindo os prescritos, os não prescritos, suplem entos vitam ínicos e preparações herbáceas (“o teste da saco la m arrom ”); (b) selecionar fárm acos desnecessários - aqueles sem indicação clara deverão ser interrom pidos; (c) sim plificar o regim e em term os de núm ero de agentes e esquem as, tentar evitar alterações freqüentes e usar regim es de dose diária única sem pre que possível; (d) evitar fárm acos que sejam caros ou que não sejam cobertos pelo plano de saúde sem pre que possível; (e) m inim izar o núm ero de fár m acos para aqueles que sejam absolutam ente essenciais e sem pre checar possíveis interações; (f) se certificar de que o paciente ou o profissional de apoio entenda o regim e de adm inistração e fornecer instruções escritas legíveis e (g) agendar revisões periódicas das m e dicações.
Problemas Clínicos do Envelhecimento
afetam o seu fenótipo. Por exemplo, a insuficiência cardíaca congesti va está associada à baixa disponibilidade de energia, m últiplos d istúr bios horm onais e a um estado pró-inflam atório, contribuindo dessa form a para a severidade da fragilidade. A doença de Parkinson é um exemplo de neurodegeneração que, em u m estágio avançado, afeta a com posição corporal, o m etabolism o energético e a sinalização h o m eostática, levando a u m a síndrom e que lem bra bastante a fragilida de. A diabetes é especialm ente im portante para o envelhecim ento e a fragilidade, pois com prom ete a com posição corporal, o m etabolism o energético, o distúrbio hom eostático e a integridade neuronal. D a m esm a form a, diversos estudos observaram que a diabetes do tipo 2 representa um forte fator de risco para a fragilidade e para m uitas de suas conseqüências. C om o a doença e o envelhecim ento interagem , o tratam ento cuidadoso e apropriado da doença é crítico para im pedir ou reduzir a fragilidade.
Incapacidade e comprometimento da recuperação de incapacidade agu da A prevalência de incapacidade para os cuidados pessoais e afa zeres dom ésticos aum enta progressivam ente com o envelhecim ento e tende a ser m aior em m ulheres do que em hom ens (Fig. 72.5). A função física e cognitiva em indivíduos idosos reflete o estado geral de saúde e indica a utilização do tratam ento de apoio, a institucio nalização e a m ortalidade m ais precisam ente do que qualquer outra avaliação biom édica conhecida. P ortanto, avaliar a função e a inca pacidade e prever o risco de incapacidade representam fun d am en tos da m edicina geriátrica. A fragilidade, independente dos critérios utilizados para a sua definição, representa um fator de risco robusto e poderoso para a incapacidade. D evido a esta forte relação, avalia ções de função física e m obilidade têm sido propostas com o critério para os padrões de fragilidade. E ntretanto, a incapacidade ocorre no final do processo de fragilidade, após a reserva e a com pensação estarem exauridas. No início do desenvolvim ento da fragilidade, a alteração na com posição corporal, o condicionam ento reduzido, o desequilíbrio hom eostático e a neurodegeneração p odem ter início sem causar im pacto no desem penho diário. Ao contrário da incapa cidade em indivíduos m ais jovens, onde a regra é p rocurar um a causa dom inante clara, a incapacidade em idosos frágeis é quase sem pre m ultifatorial. Em geral, estão envolvidos m últiplos processos de e n velhecim ento, m esm o quando a causa da precipitação parece única. Todos os fatores seguintes contribuem para a incapacidade: excesso de m assa gorda, força m uscular fraca, índice de m assa corporal re duzido, condicionam ento fraco, eficiência energética reduzida, in gestão nutricional fraca, baixos níveis circulantes de m icronutrientes antioxidantes, altos níveis de m arcadores pró-inflam atórios, sinais objetivos de disfunção neurológica e com prom etim ento cognitivo. A natureza m ultifatorial da incapacidade em idosos frágeis reduz a ca pacidade de com pensação e interfere n a recuperação funcional. Por exemplo, um infarto lacunar que causa problem as no equilíbrio pode ser recuperado, em um indivíduo jovem hipertenso, ficando de pé e cam inhando com passadas largas, um a estratégia que requer adap tação do cérebro, m úsculos fortes e bastante capacidade energética. O m esm o pequeno infarto lacunar p oderá causar um a incapacidade catastrófica em um indivíduo idoso, já afetado po r neurodegenera ção e fraqueza, que é m enos capaz de realizar com pensações. Com o conseqüência, as intervenções que p retendem prevenir e reduzir a in capacidade em indivíduos idosos deverão apresentar um duplo foco,
577
Envelhecimento
tanto no evento desencadeador quanto nos sistemas necessários para a sua com pensação. No caso do infarto lacunar, as intervenções para prom over a m obilidade deverão incluir a prevenção aos infartos, rea bilitação do equilíbrio e treinam ento de força. C om o regra clássica, a avaliação das causas responsáveis e o estabelecim ento das estraté gias de intervenção para a incapacidade em idosos deverão sem pre considerar os quatro principais processos de envelhecim ento que contribuem para a fragilidade. U m a das m ais populares estratégias para a avaliação da incapacidade é um a m odificação da Classifica ção Internacional de Lesões, Incapacidades e O bstáculos (do inglês, International Classification o f Impairm ents, Disabilities and Handicaps, O rganização M undial de Saúde, 1980), proposta pelo Instituto de M edicina (IOM , 1992). Essa classificação infere um a via causai em quatro etapas: patologia (doenças), lesão (a m anifestação física das doenças), lim itação funcional (funções globais com o cam inhar, ofegar e subir escadas) e incapacidade (capacidade de desem penhar papéis sociais no am biente). Na prática, a avaliação da lim itação funcional e da incapacidade é realizada por: 1) questionário autoinform ativo avaliando o grau de incapacidade para realizar atividades básicas ou m ais complexas; 2) avaliações da função física baseadas no desem penho em dom ínios específicos, com o equilíbrio, m archa, destreza m anual, coordenação, flexibilidade e tolerância. Um a lista
QUADRO 72.4
Síndromes geriátricas
O term o síndrom e geriátrica é usado para c ap tu rar condições clínicas que são freq u en tem en te en co n trad as em indivíduos idosos, apresentam u m efeito deletério na função e qualidade de vida, apresentam fisiopatologia m ultifatorial, em geral
Ferramentas para avaliação funcional em pacientes idosos
Instrumento de avaliação
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concisa de ferram entas básicas que podem ser usadas para avaliar a função física em indivíduos idosos está colocada no Q u a d ro 72.4. Em 2001, a OMS endossou oficialm ente um novo sistem a de classifi cação, a Classificação Internacional de Função, Incapacidade e Saúde (do inglês International Classification o f Functioning, Disability and Health), m ais com um ente conhecida com o ICF. N a ICF, as avalia ções de saúde são classificadas a p a rtir das perspectivas corporais, individuais e sociais p o r m eio de duas listas: um a lista de funções e estrutura corporal e u m a lista de dom ínios de atividade e partici pação. Com o a função e a capacidade do indivíduo ocorrem em um contexto, a ICF tam bém inclui um a lista de fatores am bientais. Uma lista detalhada de códigos, que p erm ite a classificação das funções corporais, atividades e participação, está sendo desenvolvida. O sis tem a da ICF foi am plam ente introduzido na Europa e está ganhando popularidade nos Estados Unidos. O c o m p ro m etim e n to da cognição é u m a causa m u ito im p o r tan te de incapacidade, po rém será tra ta d o em detalhes no Cap. 371.
Avaliação
Atividades/referência
Observações
índice de independência em Atividades da Vida Diária (AVDs)
Pessoal
Dificuldade/necessidade de ajuda para tomar banho, se vestir, usar o toalete, se movimentar, continência, alimentação. Katz e c o l T h e index ofADL: A standardized measure ofbiological and psychosocial function. JAMA 1963
Curta e simples, porém subjetiva
Atividades Instrumentais da Vida Diária (AlVDs)
Pessoal
Dificuldade em usar o telefone, utilizar transporte público/carros, fazer compras, preparar refeições, serviços domésticos, controle de medicamentos, controle financeiro. Lawton M P ecol.: Instrumental actlvities ofdaily living (IADL) scale: Original observer-rated version. Psychopharmacol Buli 1988
Curta e simples. Itens influenciados pelo sexo e pela cultura.
Medida de Independência Funcional (MIF)
Consenso da equipe multidisciplinar
Motora (comer, se arrumar, tomar banho, se vestir, ir ao banheiro, controle da bexiga/intestino, movimentação, caminhada, subir escadas); Cognitiva (compreensão auditiva, expressão verbal, interação social, resolução de problemas, memória). Keith RA e col.: The functionalindependence measure: A new tool for rehabilitation. Adv Clin fíehabil 1987
Administrada por profissionais de saúde treinados
índice de Barthel
Avaliada profissionalmente
Independência e necessidade de ajuda para se alimentar, se transferir da cama para a cadeira e vice-versa, se arrumar, ir ao toalete, tomar banho, caminhar, subir escadas, se vestir, continência. Mahoney Fl e col.: Functional evaluation: The Barthel Index. Md State Med J 1965
Administrada por profissionais de saúde treinados
Questionário de Mobilidade
Pessoal
Dificuldade severa em caminhar 400 metros e/ou de subir escadas.
Curta e simples
Bateria de Desempenho Físico Rápido
Baseada no desempenho objetivo
Tempo decorrido para uma caminhada de 4 metros, se levantar da cadeira cinco vezes, manter o equilíbrio por 10 segundos em posição lateral, posições em tandem (um dos pés a frente do outro) e semi-tandem. Guralnik JM e col.:A shortphysicalperform ance battery assessing lower extremity function: Association with self-reported diasbility and prediction o f mortality and nursing home admission. J Gerontol 1994
É necessário algum treinamento
Escala de Equilíbrio de Berg
Objetivo e avaliado profissionalmente
Desempenho em 14 tarefas diferentes relacionadas ao equilíbrio. Berg KO e col.: Clinical and laboratory measures o f postural balance in an elderly population. Arch Phys Med Rehabil 1992
Usado por fisioterapeutas.
Velocidade de caminhada
Desempenho objetivo
Medir a velocidade de caminhada em um curso de 4 metros. StudenskiS: Bradypedia: Is gait speed ready for clinical use? J Nutr Health Aging 2009
Simples e poderosa, porém limitada a pacientes que podem caminhar.
Caminhada de seis minutos
Baseada em desempenho objetivo
Distância percorrida em seis minutos. Guyatt GH: The 6-minute walk:A new measure o f exercise capacity in patients with chronic heart failure. Can Med Assoc J 1985
Boa avaliação de desempenho, capacidade para caminhar/resistência.
Corredor de caminhada de longa distância
Baseado em desempenho objetivo
Tempo da caminhada acelerada por 400 metros. NewmanAB e col.: Association o f long-distance corridor walk performance with mortality, cardiovascular disease, mobility limitation, and disability. JAMA 2006
Mais desafiador do que a caminhada de 6 minutos.
Delirium (Cap. 25) O delirium é u m distúrbio agudo de atenção p e rtu rb a d a que flutua com o tem po. Ele afeta entre 15-55% de p a cientes idosos hospitalizados e está associado a um a alta m ortalidade intra-hospitalar e, algum as vezes, à lesão cerebral perm anente. A Fi g u ra 72.16 m ostra breves norm as p ara avaliar e tratar o delirium em pacientes idosos hospitalizados. A apresentação clínica do delirium é heterogênea, porém são freqüentes as seguintes características (a) rápido declínio no nível de consciência com dificuldade em concen tração; (b) alteração cognitiva (fala incoerente, falhas de m em ória, desorientação, alucinações) não explicada pela dem ência e (c) histó ria m édica sugestiva de lesão cognitiva preexistente, fragilidade e co m orbidade. Os m ais fortes fatores de predisposição p ara o delirium são a dem ência, qualquer outra condição associada à disfunção n e u rológica transitória ou crônica (doenças neurológicas, desidratação, consum o de álcool, drogas psicoativas) e privação sensorial (visual e auditiva), sugerindo que o delirium é um a condição de suscetibili dade cerebral (neurodegeneração ou lesão n euronal transitória) que não pode im pedir o desequilíbrio, q u a n d o desencadeado p o r um episódio de estresse. Diversas condições de estresse têm sido im pli cadas com o fatores desencadeadores, in cluindo cirurgia, anestesia, d o r persistente, opiatos, narcóticos, anticolinérgicos, privação do sono, imobilização, hipoxia, desnutrição e distúrbios m etabólicos e eletrolíticos. O delirium, tan to precoce q u ando severo, pode ser re duzido pela pesquisa antecipada e p o r estratégias de prevenção, com o objetivo de reduzir as causas. O M étodo de Avaliação de C onfusão (M AC) é um a ferram enta sim ples validada p ara a seleção no a m biente hospitalar. A identificação im ediata e o tratam ento dos fatores desencadeadores, a privação de fárm acos que p o d e m ter facilitado o aparecim ento do delirium e o tratam e n to de apoio (controle da hipoxia, hidratação e nutrição, m obilização e m odificações am bien tais) representam os três pilares do tratam ento. A inda n ão se sabe se os pacientes alocados nas U nidades de delirium especiais apresen tam m elhores prognósticos. As restrições físicas devem ser evitadas porque tendem a aum entar a agitação e a lesão. Sem pre que possí vel, o tratam ento com o fárm aco deverá ser evitado po rq u e poderá
Problemas Clínicos do Envelhecimento
envolvem sistem as não relacionados à queixa prin cip al aparente e se m anifestam p o r apresentações clínicas estereotípicas. A lista de síndrom es geriátricas inclui in co n tin ên cia, delirium , quedas, ú l ceras de pressão, distúrbios do sono, problem as com alim entação, dor e depressão. A dem ência e a incapacidade física tam b ém são algum as vezes consideradas com o síndrom es geriátricas. U tilizar o term o síndrom e é de certa form a inadequado, já que este term o é norm alm ente usado para descrever u m pad rão de sintom as e sinais que apresentam um a única causa básica. As síndrom es geriátricas, em contrário, se referem a “condições de saúde m ultifatoriais que ocorrem quando os efeitos acum ulados das lesões nos m últiplos sis tem as deixam um idoso vulnerável aos desafios casuais”. D e acordo com essa definição, as síndrom es geriátricas refletem as interações com plexas entre as vulnerabilidades de um indivíduo e a exposição a estresses ou desafios. Essa definição é bem adequada ao conceito de que as síndrom es geriátricas deveriam ser consideradas com o conseqüências fenotípicas da fragilidade e que um n ú m ero lim itado de fatores de risco com partilhados c o n trib u em para a sua e tio lo gia. N a verdade, em várias com binações e frequências, v irtualm ente todas as síndrom es geriátricas são caracterizadas p o r alterações na com posição corporal, falhas de energia, distúrbios na sinalização e neurodegeneração. Por exem plo, a subatividade do d e tru so r (b e xiga) é u m a condição geriátrica m ultifatorial que c o n trib u i para a retenção urin ária no idoso frágil. Ela é caracterizada pela p erda do m úsculo detrusor, fibrose e degeneração axonal. R epresentam fato res que p odem c ontribuir para a incontinência urinária: um estado pró-inflam atório e a p erda da sinalização do estrogênio levando à lesão do m úsculo da bexiga e à subatividade do detrusor, e n q u a n to u m a infecção u rin ária crônica p o d e rá causar h iperatividade do detrusor. Devido ao espaço lim itado, apenas o delirium, quedas, in conti nência, dor crônica e anorexia serão com entados aqui. Os leitores in teressados poderão consultar as referências no final do capítulo para detalhes sobre as síndrom es geriátricas.
Figura 72.16 Algoritmo para avaliação e conduta de delirium em idosos hospitalizados. (Modificada de SK Inouye: N Engl J Med 354:1157,2006.)
prolongar ou agravar o delirium em alguns casos. O tratam en to de escolha é o haloperidol de baixa dose.
Quedas e distúrbios de equilíbrio M archa instável e quedas re p re sentam sérias preocupações no adulto idoso porque levam não ape nas à lesão, com o tam b ém à atividade restrita, aum ento na utiliza ção dos cuidados com a saúde e até m esm o à m orte. C om o outras síndrom es geriátricas, problem as com equilíbrio e quedas tendem a ser m ultifatoriais e estão fo rtem en te c onectados ao co m p ro m e tim ento dos sistem as com o envelhecim ento, que con trib u em para a fragilidade. U m a fraca força m uscular, lesão n eural nos gânglios basais e cerebelo, diabetes e n e u ro p atia periférica, todas estas ca racterísticas são consideradas com o fatores de risco para as quedas. Portanto, a avaliação e controle requerem u m a estratégia m ultisistêm ica e stru tu ra d a que abranja to d o s os aspectos da fragilidade, e além dela. Dessa form a, p a ra que as in terv en çõ es im peçam e re duzam a instabilidade e as quedas, é necessário um m isto de e stra tégias de m odificação am biental, reabilitação e m edicina. N orm as para a avaliação e o con tro le das quedas, liberadas pela Socieda de G eriátrica A m ericana (do inglês A m erican Geriatrics Society), reco m en d am p e rg u n ta r a to d o s os adultos idosos sobre quedas e percepção de instabilidade n a m arc h a (Fig. 72.17). Pacientes com u m a história positiva de quedas m últiplas, além de indivíduos que tenham sofrido um a ou m ais quedas prejudiciais, devem passar por u m a avaliação de m arc h a e equilíbrio, b e m com o p o r um exam e físico e histórico objetivo para detectar os fatores sensoriais, do sis tem a nervoso, cerebrais, cardiovasculares e m úsculo-esquléticos. As intervenções d ependerão dos fatores identificados, p orém incluem norm alm en te ajuste da m edicação, fisioterapia e m odificações d o m iciliares. M eta-análises de estratégias de prevenção de quedas d e m o n straram que o controle e a avaliação dos riscos m ultifatoriais, assim com o exercícios tera p êu tico s in d iv id u a lm e n te planejados, são eficazes n a sua redução. A su plem entação com 800 UI diárias de vitam ina D p o d erá ajudar a reduzir as quedas, especialm ente em indivíduos idosos com níveis reduzidos. Dor persistente A d o r devida às m últiplas origens é a queixa de sintom a m ais com um de adultos idosos nos consultórios de clínica
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AVALIAÇÃO E CONTROLE DE QUEDAS EM PACIENTES IDOSOS
Envelhecimento Figura 72.17
Algoritmo evidenciando avaliação e controle de quedas em pacientes idosos. FC, frequência cardíaca. (De American Geriatrics Society and British Geriatrics Society: Clinical Practice Guideline for the Prevention of Falls in Older Persons. New York, American Geriatrics Society, 2010.)
geral e tam bém é com um nos setores de tratam en to agudo, de longo prazo e paliativos. Os problem as de d o r aguda e d or de câncer u ltra passam o escopo deste capítulo. A d or persistente leva à atividade restrita, depressão, distúrbios do sono, isolam ento social e aum enta o risco de efeitos adversos causados pela m edicação. As causas m ais com uns de dor persistente são os problem as m úsculo-esqueléticos, porém a dor neuropática e isquêm ica ocorre com frequência e m ú l tiplas causas concorrentes costum am ser observadas. Alterações nos elem entos m ecânicos e estruturais do esqueleto norm alm ente levam a problem as secundários em outras partes do corpo, especialm ente nos tecidos m oles ou com ponentes m iofaciais. U m a história e stru tu rad a deverá obter inform ações sobre a qualidade, severidade e padrões tem porais da dor. O exam e físico deverá se concentrar nas costas e articulações, bem com o em pontos desencadeadores e áreas periarticulares e em evidências de padrões neurológicos radiculares e doença vascular periférica. O tratam e n to farm acológico deverá acom panhar as progressões padrões recom endadas pela O rganiza ção M undial de Saúde (Cap. 11), p orém os efeitos colaterais sobre o sistem a nervoso central são m ais prováveis e deverão ser m o n ito rados. Para a dor persistente, é apropriado o uso de esquem as anal gésicos regulares e deverão ser com binados com estratégias não far m acológicas com o talas, exercício físico, calor e outras m odalidades. Um a variedade de analgésicos adjuvantes, com o os antidepressivos e anticonvulsivos, deve ser usada, porém , m ais u m a vez, os efeitos sobre o tem po de reação e o grau de alerta devem ser lim itados pela dose, especialm ente em idosos com lesão cognitiva. As injeções ar ticulares ou nos tecidos m oles p oderão ser de grande ajuda. A ed u
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cação do paciente e o estabelecim ento de um objetivo m útuo são im portantes, já que a d o r não costum a ser to talm ente elim inada, e sim controlada a um nível tolerável que m axim ize a funcionalidade e m inim ize os efeitos adversos.
Incontinência urinária A incontinência u rin ária (IU ), liberação in voluntária de urina, é altam ente prevalente em indivíduos idosos, especialm ente em m ulheres e re p re se n ta u m p ro fu n d o im pacto negativo sobre a q u alid ad e de vida. A pro x im ad am en te 50% das m ulheres am ericanas sofrerão de algum a form a de incontinência u rin ária ao longo de suas vidas. Idade avançada, cor branca, m a ternidade, obesidade e c o m o rb id ad e m édica rep resen tam fatores de risco p ara a IU. As três principais form as clínicas de IU são as seguintes: (1) Incontinência do estresse é a falha do m ecanism o esfinctérico em p e rm a n ec e r fechado q u a n d o acontece um aum ento repentino n a pressão intra-ab d o m in al, com o u m a tosse ou espirro. Em m ulheres, essa condição é devida à força insuficiente dos m ús culos do soalho pélvico, e n q u an to nos h o m en s é quase que exclu sivam ente secundária à ciru rg ia de próstata. (2) Incontinência de urgência é a p erda de u rin a aco m p an h ad a po r um a sensação súbita de vontade de u rin ar e é devida à hiperatividade do m úsculo d e tru sor (falta de inibição) devido à p e rd a de controle neurológico ou irritação local. (3) In co n tin ên cia de hiperfluxo é caracterizada p or gotejam ento urinário, constan tem en te ou p o r certo perío d o após a m icção. Essa condição é devida ao com prom etim ento da contratili dade do detru so r (geralm ente devido à denervação, p o r exemplo, na diabetes) ou à obstrução da saída da bexiga (hipertrofia da próstata em hom ens e cistocele em m ulheres). Portanto, conform e o espera
Subnutrição e anorexia
O envelhecim ento norm al está associado a um declínio na ingestão do alim ento, que é m ais m arcante em h o m ens do que em m ulheres. Em certo grau, a ingestão alim entar é reduzida porque a dem anda de energia cai com o resultado de um a com binação de atividade física reduzida, queda no índice de m assa corporal e taxas m ais lentas de síntese proteica. O utros fatores co n tribuintes para o declínio da ingestão alim entar incluem as perdas da sensação de paladar, tolerância estom acal reduzida, níveis circu lantes elevados de colecistocinina e, em hom ens, baixa testosterona associada ao aum ento de leptina. Q uando a ingestão alim entar cai a um nível inferior à dem anda de energia reduzida, o resultado é a desnutrição energética. A desnutrição em indivíduos idosos deve ser
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■ COMO 0S FENÓTIPOS DE ENVELHECIMENTO AFETAM A APRESENTAÇÃO DA DOENÇA
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considerada um a síndrom e geriátrica, porque representa o resulta do da suscetibilidade intrínseca ao envelhecim ento, com plicado por m últiplas causas desencadeadoras sobrepostas. Além disso, m uitos idosos tendem a consum ir um a dieta m onótona carente em alim en tos frescos, frutas e vegetais suficientes, de form a que a ingestão de m icronutrientes im portantes é inadequada. A subnutrição em idosos está associada às m últiplas conseqüências adversas à saúde, incluindo o com prom etim ento da função m uscular, m assa óssea reduzida, dis função im unológica, anem ia, função cognitiva reduzida, cicatrização fraca, recuperação retardada de cirurgia e risco aum entado para que das, incapacidade e m ortalidade. Apesar destas sérias conseqüências, a subnutrição em geral perm anece escondida até que esteja bastante avançada, pois a perda de peso tende a ser ignorada tanto pelos p a cientes quanto pelos m édicos. A falência m uscular é um a caracterís tica freqüente da perda de peso e da desnutrição, geralm ente associa da à perda de gordura subcutânea. As principais causas da perda de peso são anorexia, caquexia, sarcopenia, m á absorção, hiperm etabolism o e desidratação, quase sem pre em diversas com binações. Muitas destas causas podem ser detectadas e corrigidas. O câncer contribui para 10-15% dos casos de perda de peso e anorexia em idosos. O u tras causas im portantes incluem um a transferência recente para um local de tratam ento de longo prazo, doença aguda (geralm ente com inflam ação), hospitalização com uso da cam a po r até 1-2 dias, d e pressão, fárm acos que causam anorexia e náuseas (p. ex., digoxina e antibióticos), problem as de deglutição, infecções orais, problem as dentários, patologia GI, distúrbios horm onais da tireoide e de outras glândulas, pobreza e isolam ento, com acesso reduzido ao alim ento. A perda de peso tam bém pode resultar da desidratação, possivelmente relacionada com a sudorese excessiva, diarréia, vôm ito ou ingestão reduzida. A identificação precoce é fundam ental e requer m inucioso m onitoram ento do peso. Os pacientes ou acom panhantes deverão ser instruídos para registrar o peso regular em casa, o paciente deverá ser pesado a cada consulta m édica e deverá ser m antido um regis tro m édico dos pesos seriados. Em caso de suspeita de desnutrição, a avaliação form al deverá se iniciar com um in strum ento de avaliação padronizado, com o a M ini-A valiação N utricional (M A N), a Ferra m enta de Avaliação U niversal de D esnutrição, ou o Q uestionário do Apetite N utricional Simplificado. O M A N inclui perguntas sobre apetite, tem po de alim entação e frequência e sabor das refeições, e apresenta sensibilidade e especificidade >75% para fu tu ra perda de peso > 5% em indivíduos idosos. M uitos suprim entos nutricionais estão disponíveis e deverão ser iniciados precocem ente para p re venir perda de peso m ais severa e suas conseqüências. Q uando um paciente idoso apresentar desnutrição, a dieta deverá ser liberada e as restrições alim entares suspensas o q uanto possível. Suprim entos nutricionais devem ser a d m inistrados entre as refeições para evitar interferência com a ingestão do alim ento no m om ento da refeição. Evidências lim itadas sustentam o uso de qualquer intervenção far m acológica para tratar a p erd a de peso. O s dois fárm acos antianoréticos m ais frequentem ente prescritos para idosos são o m egesterol e o dronabinol. A m bos p o d em elevar o peso, em bora o ganho seja principalm ente em gordura e não em m úsculo e am bos apresentam sérios efeitos colaterais. O dro n ab in o l é um excelente fárm aco no tratam ento paliativo. Existem poucas evidências de que a perda de peso intencional nos casos de sobrepeso de idosos prolonga a vida. A perda de peso após os 70 anos de idade provavelm ente é lim itada àqueles com obesidade extrem a e deverá sem pre ser supervisionada clinicamente.
Problemas Clínicos do Envelhecimento
do, a patogênese da incontinência u rin ária está ligada ao c o m p ro m etim ento dos sistem as de envelhecim ento que co ntribuem para a fragilidade, alterações na com posição corporal (atrofia da bexiga e do m úsculo do soalho pélvico) e neurodegeneração (tanto do siste m a nervoso central quanto do periférico). A fragilidade é um forte fator de risco para a incontinência urinária. N a verdade, m ulheres m ais velhas estão m ais propensas a apresentar incon tin ên cia m ista (urgência+estresse) do que qualquer form a isolada (Fig. 72.18). Em analogia às outras síndrom es geriátricas, a IU deriva de u m a pré-disposição sobreposta a um fator desencadeador de estresse. Dessa form a, o tratam en to da IU deverá se referir a am bas as situações. A prim eira lin h a de tratam e n to é o trein am en to da bexiga associado ao exercício do m úsculo pélvico (exercícios de Kegel), que algum as vezes po d e ser associado ao estím ulo elétrico. Aquelas com possível prolapso vaginal ou uterin o deverão ser encam inhadas a um espe cialista. Infecções u rin árias deverão ser investigadas e, ev en tu al m ente, tratadas. U m a longa lista de m edicam entos po d e precipitar a in continência u rinária, incluindo diuréticos, antidepressivos, h ip nóticos sedativos, agonistas ou bloqueadores adrenérgicos, a n tic o linérgicos e bloqueadores de canais de cálcio. Sem pre que possível, tais m edicam entos deverão ser in terro m p id o s. Até recentem ente, acreditava-se que o estrogênio oral ou tratam en to s locais m elh o ra vam os sintom as de IU nas m ulheres após a m enopausa, p o rém esse conceito é hoje considerado controverso. D rogas antim uscarínicas com o a tolterodina, darifenacina e fesoterodina são m o d esta m en te eficazes nos casos de in co n tin ên cia m ista, p o ré m todas p o d em afetar a cognição e, portanto, deverão ser usadas com cautela e m i nucioso acom panham ento do estado cognitivo. Em alguns casos, o tratam en to cirúrgico deverá ser considerado. O cateterism o crônico apresenta diversos efeitos adversos e deverá ser lim itado à retenção u rin ária crônica, que não poderá ser controlada p o r q ualquer outro m étodo. A bacteriúria ocorre sem pre e deverá ser tra ta d a apenas qu ando sintom ática.
80+
Faixa etária
Figura 72.18 Taxas de incontinência de urgência, estresse e mista por fai xa etária em uma amostra de 3552 mulheres. *Baseadas em uma amostra de 3553 participantes. (De JL Melville e col.: Arch Intern Med 165:537,2005.)
D oenças com uns em idosos po d erão apresentar características clí nicas atípicas e inesperadas. A m aior p arte das alterações relacio nadas com a idade na apresentação clínica, evolução e resposta ao tratam ento é devida à interação entre a fisiopatologia da doença e o desenvolvim ento do desequilíbrio dos sistem as relacionados com a idade. Algum as doenças causam im pactos diretos sobre os sistemas de envelhecim ento e, portanto, são de efeito devastador sobre a fragi lidade e suas conseqüências. A d oença de Parkinson (DP) e a diabetes serão descritas com o exemplos.
581
D o e n ça de P a rk in so n (Cap. 372) A m aioria dos casos de DP se inicia após os 60 anos de idade e a incidência aum enta até os 80 anos. A credita-se, há bastante tem po, que o envelhecim ento do cérebro e a DP estejam relacionados. O sistem a nigroestriatal deteriora com o envelhecim ento e m uitos idosos tendem a desenvolver um a form a branda de distúrbio do m ovim ento caracterizada por bradicinesia e p o r um a postura inclinada para frente, que m im etizam a DP. É in teressante m encionar que, na DP, a idade avançada na apresentação está associada a um declínio mais rápido e severo na m archa, equilí brio, problem as posturais e cognição. Estas m anifestações cognitivas e m otoras relacionadas com a idade da DP tendem a responder fraca m ente ao tratam ento com levodopa ou com agonistas da dopam ina, especialm ente em idosos. É curioso que a idade da apresentação não esteja relacionada com a severidade e a progressão de outros sinto m as clássicos da DP, com o trem or, rigidez e bradicinesia, e não afete a resposta destes sintom as à levodopa. O padrão das características da DP em idosos sugere que a DP tardia pode refletir um a falha dos m ecanism os com pensatórios norm ais em regiões cerebrais vu ln erá veis, e essa vulnerabilidade é exacerbada pela neurodegeneração re lacionada com a idade, tornando os sintom as da DP particularm ente resistentes ao tratam ento com levodopa. Além dos sintom as m o to res, pacientes idosos com DP tendem a apresentar m assa m uscular reduzida (sarcopenia), distúrbios da alim entação e fracos níveis de desem penho. Da m esm a form a, a D P é um poderoso fator de risco para a fragilidade e suas conseqüências, incluindo incapacidade, co m orbidade, quedas, incontinência, dor crônica e delirium. O uso de levodopa e agonistas dopam inérgicos em pacientes idosos com DP requer complexos esquem as de dosagem e, portanto, as fórm ulas de liberação lenta deverão ser preferidas. Tanto os agentes dopam inérgi cos quanto os anticolinérgicos elevam o risco de confusão e alucina ções. O uso de agentes anticolinérgicos deverá ser, em geral, evitado. No caso dos agentes dopam inérgicos, os efeitos colaterais cognitivos poderão ser lim itados pela dose. D iabetes (Cap. 344) Tanto a incidência quanto a prevalência da diabetes m elito aum entam com o envelhecim ento. Entre os indiví duos com 65 anos ou mais, a prevalência é de aproxim adam ente 12% e é mais elevada nos afro-am ericanos e hispânicos, refletindo os efei tos do envelhecim ento da população e a epidem ia da obesidade. A diabetes afeta todos os quatro principais sistem as de envelhecim en to que contribuem para a fragilidade. A obesidade, especialm ente a obesidade visceral, é um forte fator de risco para a diabetes. Esta está associada tanto à massa m uscular reduzida quanto às taxas aceleradas de falência muscular. Os pacientes diabéticos apresentam um a m aior taxa metabólica em repouso (do inglês resting metabolic rate, RMR) e um fraco desem penho. A diabetes está associada a m últiplos d istúr bios horm onais, a um estado pró-inflam atório e a um excesso de es tresse oxidativo. Por fim, a neurodegeneração induzida pela diabetes envolve tanto o sistema nervoso central quanto periférico. C onside radas estas características, conform e o esperado, pacientes com MD são mais propensos a apresentar fragilidade e um risco m uito elevado para desenvolver incapacidade física, depressão, delirium, lesão cog nitiva, incontinência urinária, quedas prejudiciais e dor persistente. Portanto, a avaliação dos pacientes diabéticos idosos deverá incluir sempre a seleção e a avaliação do fator de risco para estas condições. Em pacientes jovens e adultos, o principal objetivo do tratam e n to tem sido o controle estrito da glicemia, conseguido com o retorno da hem oglobina A lc aos seus níveis norm ais. E ntretanto, a relação custo/benefício é otim izada com o uso de alvos glicêm icos m enos agressivos. Na verdade, no contexto de um ensaio clínico ra n d o m i zado, o controle glicêm ico estrito foi associado a um a m ortalidade m ais elevada. Portanto, um valor m ais razoável para A lc é de 7%, ou levem ente inferior. Os objetivos do tratam en to serão alterados p o steriorm ente em adultos idosos frágeis que apresentem um alto risco para com plicações de hipoglicem ia e um a expectativa de vida inferior a cinco anos. Nesses casos, deve se considerar u m valor a in da m enos estringente de 7-8%, com o m onitoram ento de A lc a cada 6 a 12 meses. A hipoglicem ia é particularm ente difícil de ser id e n tificada em pacientes idosos diabéticos, porque os sintom as do sis tem a nervoso e autônom o ocorrem a um nível inferior de glicemia,
quando com parados aos diabéticos m ais jovens, em bora as reações m etabólicas e os efeitos da lesão neurológica sejam sem elhantes em diabéticos jovens e idosos. Os sintom as autonôm icos de hipoglice m ia são norm alm ente m ascarados p o r beta-bloqueadores. Adultos idosos frágeis apresentam um risco ainda m ais elevado para a h ip o glicem ia sérica do que os adultos idosos saudáveis m ais funcionais. Em pacientes idosos com diabetes do tipo 2, um a h istória de episó dios hipoglicêm icos severos está associada a um a m aior m o rtalid a de, com plicações m icrovasculares m ais severas e a um m aior risco de dem ência. Portanto, pacientes com episódios suspeitos ou do cu m entados de hipoglicem ia, especialm ente aqueles que são frágeis e incapazes, necessitam de valores de controle glicêm ico m ais liberais, educação cuidadosa a respeito da hipoglicem ia e acom panham ento estrito de um profissional de saúde, possivelm ente ajudado p o r um acom panhante. A c lorpropam ida possui u m a m eia-vida prolongada, particularm ente em idosos e deverá ser evitada devido à sua associa ção a u m alto risco de hipoglicem ia. A m etform ina deverá ser usada com cautela e apenas em pacientes livres de insuficiência renal seve ra. A insuficiência renal deverá ser avaliada pelo cálculo da taxa de filtração glom erular ou, em pacientes m uito idosos que apresentem m assa m uscular reduzida, p o r um a avaliação direta da depuração de creatinina em um a am ostra de u rin a de 24 horas. As alterações na dieta e no exercício e a perda de u m certo peso p odem prevenir ou retardar a diabetes em indivíduos de alto risco e é substancialm ente m ais eficaz do que a m etform ina. O risco de diabetes do tipo 2 foi reduzido em 58% em um estudo de dieta e exercício e esse efeito foi sem elhante em todas as idades e grupos étnicos. Para efeito com pa rativo, a redução do risco do tratam en to controle m ais m etm orfina foi de 31%.
■ ESTRATÉGIA PARA 0 TRATAMENTO DE INDIVÍDUOS IDOSOS Organização do tratamento de saúde para adultos idosos A com ple xa fisiologia básica do envelhecim ento leva a m últiplos problem as m édicos coexistentes e conseqüências funcionais que são, em geral, crônicos com exacerbações e rem issões recorrentes. Em com binação com as conseqüências sociais do envelhecim ento, com o a viuvez e a falta de um acom panhante disponível, idosos devem utilizar, algum as vezes, serviços não m édicos para satisfazer necessidades funcionais. O resultado final destes fatores m édicos, funcionais e sociais é que os adultos idosos utilizam diversos serviços e equipes de tratam ento de saúde e apoio social. Portanto, é essencial ao m édico residente, seja um clínico geral ou especialista, se fam iliarizar com o conjunto de serviços e suportes que são utilizados pelos seus pacientes. Para m uitos serviços, o reem bolso dos seguros de saúde requer um pedido m édico baseado em indicações específicas, de m odo que o residente ou o m édico de referência devem estar fam iliarizados com as exi gências de elegibilidade. O Q u a d ro 72.5 resum e os tipos de serviços e fontes de pagam ento para entidades com uns de tratam ento. A dul tos idosos que experim entaram um a nova condição de incapacidade durante um a hospitalização são elegíveis para serviços de reabilita ção. A reabilitação dom iciliar requer pelo m enos três horas por dia de reabilitação ativa e é lim itada a diagnósticos específicos. Mais e m ais serviços de reabilitação são fornecidos em unidades pós-agudas, onde a intensidade de serviço necessária é m enos estringente. As unidades pós-agudas tam bém são usadas para os serviços de enfer m agem complexos, com o a provisão e supervisão de m edicam entos parenterais de longo prazo ou tratam ento de feridas. Nas atuais no r m as, a Medicare cobre apenas o tratam en to pós-agudo se for o caso de um serviço elegível m édico, de enferm agem ou reabilitação. De outra form a, a assistência dom iciliar de enferm agem não é coberta pela Medicare e deverá ser custeada p o r m eios pessoais até que os recursos sejam consum idos, q u ando M edicaid se to rn a disponível. M edicaid é um recurso estatal/federal cujo m ais alto custo isolado é a assistência dom iciliar de enferm agem . Portanto, a necessidade de assistência diária crônica com assistência pessoal em um a enferm a gem dom iciliar consom e um a grande parte dos recursos estaduais da Medicaid, bem com o dos recursos pessoais. Dessa form a, alternativas para a assistência dom éstica crônica de enferm agem é de grande in teresse do estado, pacientes e famílias.
QUADRO 72.5 Unidades de tratamento para pacientes idosos Unidade
Serviços
Fonte de pagamento
Tratamento agudo hospitalar
Serviços médicos, cirúrgicos e psiquiátricos que não podem ser fornecidos em unidades menos complexas
Medicare, Medicaid e planos privados
Sala de emergência (pronto-socorro)
Reanimação, estabilização, triagem, disposição
Medicare, Medicaid e planos privados
Reabilitação domiciliar
Programa residencial baseado no hospital fornecendo equipe, médico supervisor, reabilitação terapêutica intensiva para diagnósticos específicos
Medicare, Medicaid e planos privados
Serviços preventivos, urgentes e crônicos
Medicare, Medicaid e planos privados
Serviços médicos, de enfermagem e reabilitação após hospitalização, geralmente alocados em hospitais ou casas de enfermagem
Medicare até 100 dias com exigências para elegibilidade
Tratamento de longo prazo
Programa residencial com enfermagem diária e auxiliar para indivíduos que são dependentes nos cuidados pessoais
Medicare, recurso privado, plano de tratamento de longo prazo
Vida assistida
Programa residencial com assistência diária e doméstica para indivíduos que são dependentes nos cuidados domésticos
Recurso privado
Tratamento de saúde domiciliar
Serviços de enfermagem e reabilitação durante episódios de tratamento fornecido a indivíduos na comunidade
Medicare, Medicaid
Programas diários
Unidades supervisionadas fornecendo enfermagem e auxiliares durante horas agendadas
Recurso privado, Medicaid
A lguns estados têm desenvolvido pro g ram as de tratam e n to diário subvencionados pelo Medicaid, algum as vezes baseados no m odelo P rogram a para T ratam ento de Idosos com Tudo Incluído (PACE, do inglês Program fo r All-inclusive Care o fth e Elderly). Nessa situação, idosos que são elegíveis tanto para o Medicare quanto p ara o Medicaid e, de qualquer form a, elegíveis para o tratam ento dom iciliar crônico de enferm agem , podem receber serviços m édicos e funcio nais coordenados juntam ente com um pacote de tratam ento diário. Para a m aioria dos adultos idosos, u m auxiliar deverá estar disponível para fornecer assistência durante as noites e fins de sem ana. Os servi ços de saúde dom iciliar, em atual orientação, não fornecem assistên cia funcional crônica dom iciliar, porém , no seu lugar, são orientados em episódios de tratam ento para serviços m édicos ou de reabilitação para idosos que são considerados confinados ao domicílio. Na últim a década, ocorreu um trem endo crescim ento em um am plo espectro de unidades de vida assistidas. Tais unidades não fornecem o grau de supervisão de enferm agem p or 24 horas ou o auxiliar pessoal que é disponibilizado nas casas tradicionais de enferm agem , em bora as distinções estejam se to rn an d o obscuras. A m aioria das unidades de vida assistida fornece refeições, supervisão da m edicação e servi ços dom ésticos, porém em geral necessitam que os residentes sejam capazes de se tran sp o rta r para um refeitório com unitário. A m aior parte destas unidades aceita apenas o pagam ento p or recursos priva dos dos residentes e de suas famílias e, portanto, são de difícil acesso aos idosos com recursos lim itados. A lguns estados estão explorando a cobertura para serviços de tratam en to residencial de baixo custo, com o as casas de tratam ento familiares. A lgum as agências com unitá rias, sejam privadas ou públicas, podem fornecer serviços de ajuda e assistência dom éstica para atender aos idosos confinados à casa com necessidades funcionais, porém pod erão haver exigências de paga m ento ou necessidade de custos privados caros.
Modelos de coordenação do tratamento A com plexidade e a fragm en tação do tratam ento para idosos com plexos levam a m aiores custos e a um risco elevado para com plicações iatrogênicas, com o erros de diagnóstico, eventos de m edicação adversa, piora p osterior da função e até m orte. Essas sérias conseqüências acarretaram forte interesse na coordenação do tratam ento po r m eio de equipes de fornecedores, com o objetivo de reduzir custos desnecessários e prevenir eventos adversos. O Q u a d ro 72.6 lista exem plos de m odelos de c oordena ção do tratam ento baseados em evidências que foram recom endadas em um recente registro do Instituto de M edicina. E m bora não tenha sido m encionada com o u m tipo específico de recurso de tratam ento, a m oderna tecnologia da inform ação representa prom essa su b stan cial para fornecer inform ações consistentes rapidam ente disponíveis entre unidades e equipes. Todos estes program as de equipes são fo calizados na prevenção e no controle de problem as crônicos e com
plexos. C ada m odelo dem onstrou evidências para o benefício em en saios clínicos ou estudos sem iexperim entais, e alguns apresentaram resultados suficientes para sustentar m eta-análises. As evidências de benefícios não foram sem pre consistentes entre os estudos ou tipos de tratam ento, porém incluem algum suporte para a m elhor qualida de de tratam ento, qualidade de vida, funcionalidade, sobrevivência e custos e utilização do tratam en to de saúde. A lguns m odelos de tra tam ento são específicos das doenças e se concentram em condições crônicas com uns, com o a diabetes m elito, insuficiência cardíaca con gestiva, doença pulm onar obstrutiva crônica ou isquem ia. Um desa fio destes m odelos é que um a m aioria de idosos apresentará diversas condições sim ultâneas e, p ortanto, precisará de serviços de diversos program as, que p oderão não se com unicar entre si. A m aioria dos m odelos de tratam e n to é de difícil im plem enta ção no sistem a de tratam en to de saúde atual, pois os serviços não m édicos não são reem bolsados, nem o esforço do m édico que não está incorporado no p eríodo da interação. Portanto, vários m odelos vêm sendo am plam ente desenvolvidos no sistem a do D epartm ent o f Veterans Affairs Health Care, nos profissionais do Medicare Managed Care ou outras agências de financiam ento. A Medicare desenvolveu um a série de projetos de dem onstração que po d erá ajudar p osterior m ente a con stru ir a base de evidências e servir ao estabelecim ento da política.
Problemas Clínicos do Envelhecimento
Atendimento ambulatorial Tratamento pós-agudo hospitalar
■ SELEÇÃO E PREVENÇÃO EM IDOSOS Em idosos, os testes de prevenção e as intervenções são recom en dados com m enos consistência para to d o s os pacientes assintom áticos. As norm as não levam em consideração a influência do estado de saúde e da expectativa de vida sobre as recom endações, em bora os benefícios da prevenção sejam claram ente afetados pela expecta tiva de vida. Por exemplo, na m aioria dos tipos de câncer, a seleção não oferece benefícios aos pacientes com u m a expectativa de vida igual ou inferior a cinco anos. N ecessita-se de m ais pesquisas para co n stru ir um a base de evidências apropriada p ara os serviços p re ventivos adaptados à idade e à expectativa de vida. M odificações no com portam ento da saúde, especialm ente o aum ento da atividade fí sica e a m elhora da nutrição, representam provavelm ente as duas in tervenções com o m aior potencial para prom over o envelhecim ento saudável.
Testes de seleção • Osteoporose: D ensidade m ineral óssea (DM O) pelo m enos um a vez após os 65 anos de idade. Existem poucas evidências de que o m onitoram ento regular da DM O m elhore a predição de fraturas. Entretanto, devido às lim itações na precisão do DEXA, o interva lo m ínim o entre as avaliações deverá ser de 2-3 anos.
583
QUADRO 72.6
Modelos de coordenação de tratamentos baseados em evidências para idosos (instituto de medicina 2009)
Envelhecimento
Modelo
Membros da equipe
Serviços
Tratamento primário interdisciplinar “Medicai Home”
Médico clínico geral mais assistente social, enfermeira, assistente de enfermagem ou outros coordenadores de tratamento
Coordenar necessidades médicas e sociais entre as unidades
Controle de caso
Enfermeira ou assistente social
Fornecem educação e informação aos pacientes e familiares, podendo se comunicar com profissionais e unidades
Controle da doença
Enfermeira
Fornecer educação de saúde e acompanhamento para doenças crônicas específicas
Visitas domésticas preventivas
Médico, enfermeira, assistente social e outros
Avaliação estruturada do estado físico, mental, funcional e social no ambiente doméstico, com recomendações para o tratamento e a prevenção
Avaliação e controle geriátrico amplo em paciente ambulatorial (ou paciente externo)
Médico, enfermeira, assistente social, algumas vezes acrescido de outros como farmacêutico, fisioterapeuta de reabilitação, psicólogo
Avaliação estruturada do estado físico, mental, funcional e social em paciente ambulatorial, com recomendações para o tratamento e a prevenção. Alguns programas também se responsabilizam pela implementação das recomendações
Controle do tratamento farmacêutico
Farmacêutico
Revisão e recomendações em relação ao regime total de medicação, prescrito por qualquer unidade
Autocontrole de doença crônica
Enfermeira, educador de saúde ou outro profissional de saúde
Educação de saúde e apoio para condições crônicas específicas
Prevenção/reabilitação
Terapêuta de reabilitação
Avaliação antecipatória, exercícios terapêuticos e tecnologia assistida no ambiente doméstico ou fora dele, para idosos com incapacidade física
Serviços de assistência
Assistente social, psicólogo ou outros profissionais de saúde
Educação, aconselhamento e referência de recursos para os auxiliares de idosos com problemas de saúde mental e funcionais crônicos
Coordenação de transmissão e alta hospitalar
Enfermeiro, assistente de enfermagem
Planejamento e educação da assistência para o paciente e sua família antes e depois da chegada ao hospital
Hospital domiciliar
Médico, enfermeiro, farmacêutico
Testes diagnósticos e tratamentos médicos que possam substituir a hospitalização ou reduzir a duração da internação em condições objetivas
Coordenação entre o tratamento domiciliar e a enfermagem
Assistente de enfermagem ou médico assistente
Avaliação programada e planejamento do tratamento, bem como educação dos profissionais de saúde em unidades de tratamento crônico
Tratamento amplo do delirium no hospital
Médico, enfermeiro
Prevenção, seleção e controle do delirium na unidade hospitalar
Avaliação e controle geriátrico amplo em paciente internado
Médico, enfermeiro, assistente social, algumas vezes acrescido de outros como farmacêutico, terapêutas de reabilitação, psicólogo
Unidades especializadas em ambientes para internados como a unidade de tratamento agudo do idoso (ACE) ou reunindo equipes multidisciplinares que forneçam avaliações e recomendações para as necessidades médicas, de saúde mental, funcionais e sociais. As unidades de ACE e algumas equipes assumem a responsabilidade da implementação de recomendações
Fonte: Reproduzido com autorização de Boult e col.
• H ipertensão: Pressão sanguínea pelo m enos u m a vez ao ano, com m aior frequência em pacientes com hipertensão. • Diabetes: Glicose e hem oglobina Alc séricas a cada três anos, com m aior frequência em pacientes obesos ou hipertensos. • D istúrbios lipídicos: Painel lipídico a cada cinco anos, com m aior frequência em pacientes com diabetes ou qualquer doença car diovascular. • Câncer colorretal: Teste de sangue oculto nas fezes, sigm oidosco pia ou colonoscopia, esquem a regular até 75 anos de idade. Não há norm as consensuais após os 75 anos de idade. • C âncer de m am a: M am ografia a cada dois anos entre os 50 e 74 anos de idade. Não há norm as consensuais após os 75 anos de idade. • Câncer cervical: Esfregaço de Papanicolau a cada três anos até os 65 anos de idade
Intervenções preventivas • Influenza: Im unização anual. • Herpes: Im unização contra H erpes-zóster um a vez após os 50 anos de idade. • P neum onia: Im unização penum ocóccica um a vez após os 65 anos de idade. • Infarto do m iocárdio: Ácido acetilsalicílico diário em pacientes com doença cardiovascular prevalente ou com fraco perfil de ris co cardiovascular.
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• Osteoporose: 1.200 m g de cálcio diárias e pelo m enos 800 UI de vitam ina D diárias.
■ EXERCÍCIO Taxas de atividade física regular reduzem com a idade e são as mais baixas observadas em indivíduos idosos. Este é um fato lam entável, pois a atividade física possui claros benefícios sobre o envelhecim en to. Em adultos idosos, o aum ento da atividade física m elhora a fu n ção física, força m uscular, hum or, sono e perfil de risco metabólico. Alguns estudos sugerem que o exercício pode m elhorar a cognição e prevenir a dem ência, m as ainda são controversos. Os program as de exercício, tan to aeróbios quanto de trein am en to de força, são p o s síveis e benéficos m esm o em indivíduos frágeis e m uito velhos. O exercício regular de intensidade m o d erad a pode reduzir a taxa de declínio da função física associada à idade. Os C entros A m ericanos para o C ontrole e Prevenção de D oenças recom endam que indiví duos idosos exerçam pelo m enos 150 m inutos de atividade aeróbia de intensidade m oderada (com o um a rápida cam inhada) e atividades de força m uscular que trabalhem todos os principais grupos m usculares (pernas, quadris, costas, abdom e, tórax, om bros e braços) p or dois ou m ais dias na sem ana. Na ausência de contraindicações, a ativi dade física m ais intensa e prolongada fornecerá m aiores benefícios. Indivíduos frágeis e sedentários p odem necessitar de supervisão, pelo m enos no início do program a de exercício, para evitar quedas e le sões associadas.
■ NUTRIÇÃO Indivíduos idosos são particularm ente vulneráveis à desnutrição e diversos problem as que os afetam podem ser trabalhados p or m eio da m odificação alim entar. Apesar disso, ainda não existem norm as baseadas em evidências para m odificações alim entares individuali zadas em idosos e estes tendem a ser fracam ente adaptáveis às re com endações alim entares. Princípios básicos de um a dieta saudável que tam bém são válidos p ara idosos são os seguintes:
■ NOVAS INTERVENÇÕES PARA MODIFICAR 0S PROCESSOS DE ENVELHECIMENTO O envelhecim ento é um processo com plexo com m últiplas m a n i festações a nível molecular, celular, orgânico e de todo o organism o. A natureza do processo de envelhecim ento ainda não é totalm ente com preendida, porém o envelhecim ento e seus efeitos podem ser m odulados p o r intervenções apropriadas. A lterações alim entares e genéticas podem aum entar o período de vida saudável e im pedir o desenvolvim ento de sistem as desequilibrados e o fenótipo de en velhecim ento em organism os de m odelos de laboratório. Os m eca nism os responsáveis pela expansão do período de vida são sensores “alim entares” ativados em situações de restrição alim entar, com o nas vias do IGF (fator de crescim ento sem elhante à insulina)/insulina e de TOR (alvo da rapam icina). Assim, um a restrição na ingestão de alim entos sem desnutrição estende o período de vida em 10-50% em diversos organism os, de leveduras a m acacos rhesus. Os m ecanis m os que m edeiam os efeitos da restrição calórica estão subm etidos a intenso estudo, pois representam alvos potenciais para in terv en ções com o objetivo de contra-atacar a em ergência do fenótipo de envelhecim ento e de seus efeitos deletérios em hum anos. Por exem plo, o resveratrol, um com posto natural encontrado na pele da uva que m im etiza alguns dos efeitos da restrição alim entar, aum enta a longevidade e m elhora a saúde quando utilizado com cam undongos em um a dieta de alta gordura, porém apresentou pouco efeito em cam undongos sob um a dieta norm al. O utros com postos que m im etizam potencialm ente a restrição calórica estão atualm ente em desen volvim ento e teste. Foi encontrada um a alta prevalência de m utação no gene do receptor de IGF-1 em judeus asquenazes centenarianos e em indivíduos de vida longa, sugerindo que a regulação negativa da sinalização de IGF-1 pode prom over a longevidade hum ana. Uma restrição alim entar de 30%, aplicada p o r 20 anos a m acacos rhesus
■ OUTROS ASPECTOS D0 ENVELHECIMENTO Este capítulo tocou em alguns dos aspectos fundam entais do enve lhecim ento hum ano, focalizando-se p rincipalm ente naqueles que são relevantes para o cuidado de pacientes idosos. M uitos aspectos da m edicina geriátrica não p uderam ser m encionados devido às li m itações de espaço. Tópicos im p o rtan tes foram deixados de lado, incluindo detalhes sobre a avaliação geriátrica ampla*, depressão e ansiedade, hipertensão, hipotensão ortostática, dem ência, com pro m etim ento da visão e audição, osteoporose, tratam ento paliativo, dis túrbios da próstata, problem as do pé e saúde da m ulher. Alguns des tes tópicos serão tratados extensam ente em outro ponto deste texto, algum as vezes com com entários sobre tem as específicos da idade. O leitor interessado poderá en co n trar recursos para inform ações com plem entares no final deste capítulo.
Problemas Clínicos do Envelhecimento
• E ncorajar o consum o de frutas e vegetais; eles são ricos em m icronutrientes, m inerais e fibras. Grãos integrais tam bém repre sentam um a boa fonte de fibra. L em brar que alguns destes ali m entos são caros e, portanto, m enos acessíveis aos indivíduos de baixa renda. . Boa hidratação é essencial. A ingestão de fluido deverá ser de pelo m enos 1.000 mL diários. • Encorajar o uso diário de produtos livres ou com baixo teor de gordura, legumes, aves e carnes magras. Encorajar o consum o de peixe pelo m enos um a vez por sem ana. • C om parar a ingestão de energia (calorias) com a energia total necessária a fim de m anter um peso e um índice de m assa co rp o ral saudável (IM C 20-27). Se o IM C for > 27, increm entar um a restrição calórica de 5-10%. • L im itar o consum o de alim entos com alta densidade calórica, alto açúcar e alto conteúdo de sal (m enos de 6 g p o r dia). • Lim itar a ingestão de alim entos com alto teor de ácidos graxos saturados e colesterol. • Lim itar o consum o de álcool (1 drinque po r dia o u m enos). • Indivíduos idosos que sofrem pouca exposição à radiação UVB apresentam um risco de insuficiência de vitam ina D. Portanto, alim entos fortificados pela vitam ina D e/ou suplem entos de vita m ina D deverão ser introduzidos n a dieta. • A ssegurar-se que a dieta inclui ingestão alim entar adequada de m agnésio, vitam ina A e vitam ina B12. • Para o caso de constipação: aum entar a fibra diária para 10-25 g e a ingestão de fluido para 1.500 mL diários. U m laxante (m etilcelulose ou psyllium) poderá ser adicionado.
adultos, m ostrou estar associada à redução da m orbidade p or câncer e doença cardiovascular, sinais reduzidos de envelhecim ento e m aior longevidade, em bora um segundo estudo deste tipo não tenha m os trado aum ento na longevidade. Em hum anos, a restrição alim entar é eficaz contra a obesidade e reduz a resistência à insulina, inflam a ção, pressão sanguínea, proteína C reativa e a espessura das cam adas íntim a-m édia das artérias carótidas. E ntretanto, os efeitos benéficos da restrição alim entar em h um anos ainda são controversos e alguns efeitos potenciais negativos ainda não foram suficientem ente estu dados. U m efeito interessante da restrição calórica em hum anos é a biogênese m itocondrial. A disfunção m itocondrial surgiu com o um contribuinte básico potencialm ente im portante para o envelhecim en to. A expressão reduzida de genes m itocondriais é um a característi ca fortem ente conservada do envelhecim ento ao longo de diferentes espécies. É interessante m encionar que as m itocôndrias representam a m aquinaria para a produção de energia quím ica e o cérebro e o m úsculo são particularm ente suscetíveis à função m itocondrial defi ciente. Portanto, a função m itocondrial reduzida p ode ser um a causa direta de pelo m enos três dos principais sistem as em desequilíbrio que contribuem para o fenótipo de envelhecimento.
■ CONCLUSÕES O processo universal de envelhecim ento está se tornando mais bem entendido. Os processos básicos celulares e m oleculares parecem se com pletar para induzirem am plo desequilíbrio dos sistem as chave. Esse desequilíbrio contribui para m anifestações clínicas de um fenó tipo de fragilidade e pode ser usado para e n ten d er com o avaliar e controlar o paciente idoso. A g r a d e c im e n t o s Gostaríamos de agradecer a nossos colaboradores que contribuíram com críticas e sugestões para o aprim oram ento deste capítulo. Somos particularm ente gratos ao Dr.John Morley por suas valiosas sugestões na sessão ‘'Anorexia-Desnutrição
BIBLIOGRAFIA A m e r i c a n G e r i a t r i c s S o c i e t y P a n f .l o n P h a r m a c o l o g i c a l M a n a g e m e n t o f P e r s i s t e n t P a i n i n O l d e r P e r s o n s . Pharmacological mana gement of persistent pain in older persons. I Am Geriatr Soc 57:1331,2009 B o u l t C et al: Successful models of comprehensive care for older adults with chronic conditions: Evidence for the Institute of Medicines “retooling for an aging America” report. J Am Geriatr Soc 57:2328,2009 H a l t b r JB et al: H azzards G eriatric M edicine & Gerontology, 6th ed. New York, McGraw-HilI, 2009 R e u b e n D B et al: Geriatrics at Your Fingertips: 2010,12th ed. New York, Ame rican Geriatric Society, 2010
WEBSITES The American Geriatric Society http://www.am ericangeriatrics.org/ The Gerontological Society of America http://ww w .geron.org/ World Health Organization Website on Aging h ttp ://w w w .w ho.int/topics/ ageing/en/ * N. de T.: Conhecida como AGA, o principal instrumento de avaliação geriátrica,
recentemente reconhecida e aceita pela Associação Médica Brasileira (AMB).
585
PARTE VI Nutrição
73
Necessidades Nutricionais e Avaliação da Dieta.......................588
74
Deficiência e Excesso de Vitaminas e O ligom inerais..............594
75
Desnutrição e Avaliação Nutricional............................................605
76
Nutrição Enteral e Parenteral Terapêutica................................ 612
77
Biologia da Obesidade.................................................................. 622
78
Avaliação e Tratamento da Obesidade.......................................629
79
Transtornos Alim entares............................................................. 636
80
Emagrecimento Involuntário........................................................641
CAPÍTU LO
73
Necessidades Nutricionais e Avaliação da Dieta Johanna Dwyer Os nutrientes são substâncias não sintetizadas em quantidades sufi cientes pelo corpo e, portanto, devem ser fornecidas pela dieta. As necessidades nutricionais para grupos de pessoas sadias foram d e term inadas experim entalm ente. Para se ter boa saúde, precisam os de nutrientes que forneçam energia (proteínas, lipídios e carboidratos), vitam inas, m inerais e água. As necessidades hum anas para nutrientes orgânicos incluem nove am inoácidos essenciais, vários ácidos graxos, glicose, quatro vitam inas lipossolúveis, dez vitam inas hidrossolúveis, fibra alim entar e colina. A dieta tam bém deve fornecer várias substâncias inorgânicas, incluindo quatro m inerais, sete oligom inerais, três eletrólitos e os oligoelem entos. As quantidades necessárias de am inoácidos essenciais diferem de acordo com a idade e o estado fisiológico. Os n utrientes c ondi cionalm ente essenciais não são necessários na dieta, m as devem ser com plem entados em indivíduos que não os sintetizam em q uantida des adequadas, com o aqueles com defeitos genéticos, os portadores de estados patológicos com implicações nutricionais e lactentes im a turos no seu estágio de desenvolvim ento. M uitos outros com postos orgânicos e inorgânicos presentes nos alim entos exercem efeitos na saúde. Por exemplo, o chum bo e resíduos de pesticidas podem apre sentar efeitos tóxicos.
NECESSIDADES DE NUTRIENTES ESSENCIAIS ■ ENERGIA Para m an ter o peso estável, a ingestão de energia deve igualar-se ao dispêndio de energia. Os principais c om ponentes do d ispêndio de energia são o dispêndio energético basal (DEB) e a atividade física; fontes m enores incluem o custo de energia da m etabolização dos alim entos (efeito térm ico dos alim entos ou ação dinâm ica especí fica) e a term ogênese p o r trem ores (p. ex., term ogênese induzida pelo frio). A ingestão m édia de energia é de cerca de 2.600 kcal/ dia para o hom em n orte-am ericano e de 1.900 kcal/dia p ara a m u lher norte-am ericana, em bora essas estim ativas v ariem de acordo com o tam a n h o do corpo e o nível de atividade. As fórm ulas para calcular o DEB são úteis p ara estim ar as necessidades energéticas de um indivíduo cujo peso é estável. Assim , para os hom ens, DEB - 900 + lOm, e para as m ulheres, DEB - 700 + 7m , em que m é a m assa em quilogram as. O DEB calculado é, então, ajustado para o nível de atividade física, m ultiplicando-se p o r 1,2 p ara indivíduos sedentários, 1,4 para os m oderadam ente ativos ou 1,8 para os m uito ativos. O valor final fornece um a estim ativa das necessidades calóricas totais em um estado de equilíbrio energético. Ver ab o rd ag em m ais co m p leta sobre o b alanço de en erg ia n a saúde e nas d oenças no C apítulo 75.
■ PROTEÍNA A proteína alim entar consiste em am inoácidos essenciais e não es senciais necessários à síntese proteica. Os nove am inoácidos essen ciais são histidina, isoleucina, leucina, lisina, m etionina/cisteína, fenilalanina/tirosina, treonina, triptofano e valina. C ertos am inoáci dos, com o a alanina, tam bém podem ser usados para obtenção de energia e gliconeogênese. Q uando a ingestão energética é inadequa da, a ingestão proteica deve ser aum entada, porque os am inoácidos são desviados para as vias de síntese e oxidação de glicose. Os esta dos de privação extrem a de energia podem resultar em desnutrição proteico-calórica (Cap. 75).
Em adultos, a ingestão alim entar recom endada (IAR*) de p ro teína é de —0,6 g/kg de m assa corporal desejável p or dia, consideran do que as necessidades de energia são apropriadas, e a proteína é de valor biológico relativamente alto. As recom endações atuais para um a dieta saudável estim am que pelo m enos 10 a 14% das calorias ingeri das sejam de proteínas. A m aior parte das dietas am ericanas fornece pelo m enos estas quantidades. Os valores biológicos tendem a serem m aiores para as proteínas de origem anim al, seguidas pelas proteí nas das legum inosas (feijão), cereais (arroz, trigo e m ilho) e raízes. As com binações de proteínas vegetais que se com plem entem em valor biológico ou de proteínas de origens anim al e vegetal podem aum en tar o valor biológico e dim inuir as necessidades totais de proteína. As necessidades proteicas au m en tam d u ran te o crescim ento, gravidez, lactação e reabilitação após a desnutrição. A tolerância à proteína alim entar dim inui na insuficiência renal (causando urem ia) e na insuficiência hepática. A ingestão norm al de proteínas pode pre cipitar a encefalopatia em pacientes com cirrose hepática.
■ LIPÍDI0 E CARB0IDRAT0 Os lipídios são fontes de energia concentrada, constituindo, em m é dia, 34% das calorias da dieta nos EUA. E ntretanto, para se ter ó ti m a saúde, a ingestão de gordura não deverá exceder m ais de 30% de calorias. A gordura saturada e a trans devem ser lim itadas a m enos de 10% das calorias, a poli-insaturada tam bém a m enos de 10% das calorias, e as gorduras m o noinsaturadas com preenderão o restante da ingestão de lipídios. Pelo m enos 45-55% das calorias totais devem ser derivados dos carboidratos. O cérebro necessita de cerca de 100 g/dia de glicose com o com bustível; outros tecidos usam aproxim ada m ente 50 g/dia. Alguns tecidos (p. ex., cérebro e eritrócitos) precisam da glicose fornecida exogenam ente ou a p a rtir da proteólise m uscu lar. Ao longo do tem po, são possíveis adaptações nas necessidades de carboidratos durante estados hipocalóricos.
■ ÁGUA Para os adultos, 1-1,5 mL de água p o r kcal de energia gasta são sufi cientes em condições usuais para perm itir variações norm ais na ati vidade física, sudorese e carga de solutos na dieta. As perdas hídricas incluem 50 a 100 m L /dia nas fezes, 500 a 1.000 m L /dia d urante a evaporação ou exalação e, de acordo com a carga renal de solutos, > 1.000 m L/dia na urina. Se as p erdas externas aum entarem , a ingestão deve aum entar na m esm a proporção para evitar desidratação. A fe bre aum enta a perda hídrica em aproxim adam ente 200 m L/dia para cada grau Celsius; a perda p o r diarréia varia, m as pode ser tão grande quanto 5 L/dia na diarréia grave. A sudorese excessiva e os vôm itos tam bém aum entam a perda hídrica. Q uando a função renal é norm al e a ingestão de solutos adequada, os rins podem se ajustar de acordo com o aum ento da ingestão hídrica, excretando até 18 L/dia de água em excesso (Cap. 340). No entanto, a excreção u rin ária obrigatória pode com prom eter o estado hídrico quando há ingestão inadequada, ou quando as perdas aum entam po r lesão renal ou doença. Os lactentes têm necessidades h ídricas elevadas devido à sua grande razão entre área de superfície e volum e, à capacidade lim i tada dos rins im aturos em m anipularem altas cargas de solutos e à sua incapacidade de com unicar sua sede. Q uantidades adicionais de água durante a gravidez oscilam em torno de 30 mL/dia. No d ecorrer da lactação, a produção de leite aum enta as necessidades hídricas, de m odo que aproxim adam ente 1.000 m L /dia de água adicional são necessários ou 1 mL para cada mL de leite produzido. Deve-se dar atenção especial às necessidades do idoso, cuja água corporal total fica reduzida, a sensação de sede torna-se em botada, e m ais provavel m ente poderão estar recebendo m edicações com o diuréticos.
■ OUTROS NUTRIENTES Ver C apítulo 74 p a ra descrições d e ta lh ad a s de v itam in as e oligom inerais. * N. de R. T.: Atualmente a IAR para proteína é de 1,2 g/Kg/dia, podendo chegar a 1,5 g/Kg/dia.
TAXAS DE REFERÊNCIA DA DIETA E INGESTÕES ALIMENTARES RECOMENDADAS Felizmente, a vida h um ana e o bem -estar podem ser m antidos dentro de um a variedade razoavelm ente am pla para a m aioria dos n u trie n tes. No entanto, a capacidade de adaptação não é ilim itada - a inges tão excessiva ou deficiente de um nutriente pode ter efeitos adversos ou alterar os benefícios à saúde conferidos p or o utro nutriente. Por isso, criaram -se recom endações de referência em relação à ingestão de n utrientes com a finalidade de orien tar a prática clínica. Estas previsões quantitativas da ingestão de n u trien tes são conhecidas coletivam ente com o taxas de referência da dieta (TRDs). As TRDs superam as ingestões alimentares recomendadas (IARs), os únicos va lores de referência usados nos EUA até o início dos anos 90. As TRDs incluem as necessidades médias estimadas (NM Es) de nutrientes, as sim com o outros valores de referência usados para o planejam ento da dieta dos indivíduos: as IARs, a ingestão adequada (IA) e o nível superior (NS) tolerável. As TDRs tam bém incluem faixas aceitáveis de distribuição de m acronutrientes (FADMs) para proteínas, lipídios e carboidratos. As TRDs atuais para vitam inas e elem entos são forne cidas, respectivam ente, nos Q u ad ro s 73.1 e 73.2.
■ NECESSIDADE MÉDIA ESTIMADA
■ INGESTÃO AUMENTAR RECOMENDADA A IAR é o nível m édio de ingestão alim entar diária que supre as n e cessidades nutricionais de quase todas as pessoas saudáveis de um determ in ad o sexo, idade, estágio de vida ou condição fisiológica (com o gravidez ou lactação). A IAR representa a ingestão ideal de nutrientes para o planejam ento das dietas individuais. A IAR é definida estatisticam ente com o dois desvios-padrão (DP) acim a da NME, para assegurar que as necessidades de qualquer indivíduo sejam supridas. As recom endações para indivíduos de um a determ inada idade, sexo e peso são facilm ente obtidas a p a rtir de um program a calculador, disponível na web em http://fnic.nal.usda.gov/ interactiveDRI/. Esta ferram enta online perm ite que profissionais de saúde calculem as recom endações nutricionais diárias para o plane jam ento alim entar com base nas TRDs dos indivíduos. As IARs são usadas para form ular orientações alim entares com o a usada na M inha Pirâm ide do G uia A lim entar do M inistério da A gricultura dos EUA (USDA), para criar listas de substituição de ali m entos em dietas terapêuticas e descrições do conteúdo nutricional dos alim entos processados e suplem entos nutricionais. O conteúdo nutricional de um alim ento é estabelecido pelo peso ou com o per centual dos valores diários (VD), um a variante da IAR que, para um
■ INGESTÃO ADEQUADA Não é possível determ inar um a IAR para alguns nutrientes que não têm um a N M E estabelecida. Em tais circunstâncias, a IA baseada na observação ou determ inada experim entalm ente é um a aproxim ação da ingestão nutricional em pessoas sadias. Nas TRDs, propõe-se as IAs no lugar das IARs para os lactentes de até um ano, assim com o cálcio, crom o, vitam ina D, flúor, m anganês, ácido pantotênico, biotina e colina para pessoas de todas as idades. A vitam ina D e o cálcio estão sendo reavaliados atualm ente e valores m ais precisos poderão estar disponíveis em um futuro próxim o.
■ NÍVEIS SUPERIORES TOLERÁVEIS DA INGESTÃO DE NUTRIENTES A ingestão excessiva de nutrientes pode alterar as funções orgânicas e causar distúrbios agudos, progressivos e perm anentes. O NS tolerável é o nível m ais alto de ingestão nutricional crônica (geralm ente diária) que tem pouca probabilidade de causar efeitos adversos sobre a saú de da m aioria da população. Não se dispõe de dados sobre os efeitos adversos de grandes quantidades de diversos nutrientes, ou estes são lim itados dem ais para estabelecer um NS. Assim, a falta de um NS não significa que o risco de efeitos adversos pela ingestão elevada seja inexistente. Indivíduos saudáveis não recebem benefícios estabeleci dos por consum irem níveis de nutrientes superiores aos IARs ou IAs. Os nutrientes presentes nos alim entos que a m aioria das pessoas come raram ente excedem o NS. No entanto, alim entos altam ente fortifica dos e suplem entos nutricionais fornecem quantidades mais concen tradas dos nutrientes por dose e, em conseqüência, implicam em risco potencial de toxicidade. O s suplem entos nutricionais são rotulados com o dados suplem entares, que expressam a quantidade de n u trie n te em unidades absolutas ou com o percentual do VD fornecido pelo tam anho da porção recom endada. O consum o total de nutrientes, in cluindo alim entos, suplem entos e m edicam entos adquiridos sem re ceita m édica, como os antiácidos, não deve exceder os níveis da IAR.
■ FAIXAS ACEITÁVEIS DE DISTRIBUIÇÃO DE MACRONUTRIENTES
Necessidades Nutricionais e Avaliação da Dieta
Q uando as m anifestações floridas das doenças clássicas p o r deficiên cia alim entar com o o raquitism o (deficiência de vitam ina D e cálcio), o escorbuto (deficiência de vitam ina C), a xeroftalm ia (deficiência de vitam ina A) e a desnutrição proteico-calórica eram com uns, a adequação nutricional era inferida a p a rtir da ausência de seus sinais clínicos. Mais tarde, alterações bioquím icas e outras se tornaram evi dentes m uito antes que a deficiência clínica se tornasse aparente. Em conseqüência, os critérios de adequação baseiam -se em m arcadores biológicos quando estão disponíveis. Os esforços atuais se baseiam na concentração de um nutriente que reduza o risco de doenças crô n i cas degenerativas. Dá-se prioridade à testes bioquím icos, fisiológicos ou com portam entais sensíveis que reflitam as alterações precoces no processo de regulação; m anutenção das reservas corporais de n u trientes; ou, quando disponível, à quantidade de um nutrien te que m inim ize o risco de doenças degenerativas crônicas. A NM E é a quantidade estim ada de um nutriente com o adequada para a m etade dos indivíduos sadios, de acordo com a idade e o sexo. Os tipos de evidências e critérios usados para estabelecer as necessi dades nutricionais variam conform e o nutriente, a idade e o grupo fisiológico. A NM E não é um a estim ativa eficaz para a adequação nutricional nos pacientes p or ser um a necessidade m ediana para um grupo; 50% dos indivíduos em um grupo recaem abaixo das necessi dades, e 50% ficam acima disso. Assim, um a pessoa com ingestão d iá ria na NME apresenta 50% de risco de ingestão inadequada. Por isso, outros padrões, descritos adiante, são mais úteis para fins clínicos.
adulto, representa a m ais alta IAR para um a pessoa que consom e 2.000 kcal/dia. O risco de inadequação dietética aum enta à m edida que a inges tão cai abaixo da IAR. No entanto, a IAR é um critério excessivamente generoso para avaliar a adequação nutricional. Por exemplo, por de finição a IAR excede as necessidades reais de toda a população exceto 2 a 3%. Portanto, m uitos indivíduos cujos níveis de ingestão caiam abaixo da IAR, ainda podem estar recebendo nutrientes suficientes.
A FADM é u m a faixa de insum os provedores de energia que o C o m itê de A lim entos e N utrição (do inglês, Food a nd N utrition Board) considera com o saudável para com por os m acronutrientes. Estas fai xas são de 10-35% de calorias para as proteínas, 20-35% de calorias para os lipídios e 45-65% de calorias para os carboidratos. O álcool, que tam bém fornece energia, não é um nutrien te e, portanto, não existem recom endações a seu respeito.
FATORES QUE ALTERAM AS NECESSIDADES NUTRICIONAIS As TRDs são afetadas pela idade, sexo, taxa de crescim ento, gravidez, lactação, atividade física, doenças concom itantes, fárm acos e com po sição alim entar. O planejam ento da dieta torna-se m ais difícil q uan do as necessidades para a suficiência de n utrientes estão próxim as aos níveis que indicam excesso.
■ FATORES FISIOLÓGICOS O crescim ento, atividade física extenuante, gestação e lactação au m entam a necessidade de energia e de vários nutrientes essenciais. As necessidades energéticas aum entam durante a gravidez em virtude da dem anda do crescim ento fetal e no decorrer da lactação, pelo au m ento de energia necessária à produção de leite. As necessidades de energia dim inuem com a perda de m assa corporal m agra, o principal d eterm inante do DEB. C om o a atividade física e a saúde tendem a declinar com a idade, as necessidades energéticas dos idosos, p rin cipalm ente aqueles com m ais de 70 anos, costum am ser inferiores às necessidades das pessoas jovens.
589
QUADRO 73.1
Taxas de re fe rê n c ia da d ie ta : in g e stõ e s re c o m e n d a d a s pa ra in d iv íd u o s - v ita m in a s
Vitamina ([xg/dia) Faixa etária
A3
C
Db0
K
Ed
Tiamina, mg/dia
Riboflavina Niacina (mg/dia) (mg/dia)''
Vitamina Folato B6 (mg/ (M-g/ dia) dia)'
Vitamina ^12 (M-g/ dia)
Ácido pantotênico Biotina (mg/dia) (ixg/dia)
Colina (mg/ dia)5
Recém-nascidos 0 a 6 meses
400
40
5
4
2,0
0,2
0,3
2
0,1
65
0,4
1.7
5
125
7 a 12 meses
500
50
5
5
2,5
0,3
0,4
4
0,3
80
0,5
1.8
6
150
1 a 3 anos
300
15
5
6
30
0,5
0,5
6
0,5
150
0,9
2
8
200
4 a 8 anos
400
25
5
7
55
0,6
0,6
8
0,6
200
1,2
3
12
250
375
Crianças
Homens 9 a 13 anos
600
45
5
11
60
0,9
0,9
12
1,0
300
20
900
75
5
15
75
1,2
1,3
16
1,3
400
1,8 2,4
4
14 a 18 anos
5
25
550
19 a 30 anos
900
90
5
15
120
16
1,3
400
2,4
5
30
550
31 a 50 anos
900
90
5
15
120
1,2 1,2
1,3 1,3
16
1,3
400
2,4
5
30
550
51 a 70 anos
900
90
10
15
120
1,2
1,3
16
1,7
400
2,4h
5
30
550
> 70 anos
900
90
15
15
120
1,2
1,3
16
1,7
400
2,4h
5
30
550
Mulheres 9 a 13 anos
600
45
5
11
60
0,9
0,9
12
1,0
300
20
375
700
65
5
15
75
1,0
1,0
14
400'
5
25
400
19 a 30 anos
700
75
5
15
90
1,1
1,1
14
1,2 1,3
1,8 2,4
4
14 a 18 anos
400'
2,4
5
30
425
31 a 50 anos
700
75
5
90
1,1
1,1
14
1,3
400'
30
425
700
75
10
90
1,1
1,1
14
400
5
30
425
> 70 anos
700
75
15
15
90
1,1
1,1
14
1,5 1,5
2,4 2,4h
5
51 a 70 anos
15 15
400
2,4h
5
30
425
< 1 8 anos
750
80
5
15
75
1,4
1,4
18
1,6
6001
2,6
6
30
450
19 a 30 anos
770
85
5
15
90
1,4
1,4
18
1,9
600
2,6
6
30
450
31 a 50 anos
770
85
5
15
90
1,4
1,4
18
1,9
600
2,6
6
30
450
< 1 8 anos
1.200
115
5
19
75
1,4
1,6
17
2,0
500
2,8
7
35
550
19 a 30 anos
1.300
120
5
19
90
1,4
1,6
17
2,0
500
2,8
7
35
550
31 a 50 anos
1.300
120
5
19
90
1,4
1,6
17
2,0
500
2,8
7
35
550
Gravidez
Lactação
Nota: Este quadro apresenta as ingestões alimentares recomendadas (IARs) em destaque e as ingestões adequadas (IAs) em estilo normal. As IARs e as lAs podem ser utilizadas como metas para a ingestão individual. As IARs são estabelecidas para atender às necessidades de quase todos os indivíduos (97 a 98%) em um grupo. Para recém-nascidos saudáveis em amamentação, a IA é a ingestão média. Acredita-se que a IA preencha as necessidades de todos os indivíduos em outros estágios de vida e em grupos sexuais, porém a falta ou incerteza nos dados impede a especificação confidente da porcentagem de indivíduos beneficiados por esta ingestão. aComo equivalentes da atividade retinol (EAR). 1 EAR = 1(ig retinol, 12 ^g p-caroteno, 24 ^g a-caroteno ou 24 |xg p-criptoxantina. Para calcular os EARs a partir dos equivalentes retinol (ER) dos carotenoides da provitamina A nos alimentos, dividir o ER por 2. Para a vitamina A pré-formada em alimentos ou suplementos, e para os carotenoides da provitamina A em suplementos, 1 ER = 1 EAR. ‘ Como calciferol, 1 fxg calciferol = 40 Ul vitamina D. cNa ausência de exposição adequada à luz solar. ‘'Como a-tocoferol. a -tocoferol inclui fífffí-a-tocoferol, a única forma de a-tocoferol que ocorre naturalmente nos alimentos, e as formas 2/?-estereoisoméricas do a-tocoferol (HRR-, RRS- e ffSS-a-tocoferol), que ocorrem em alimentos reforçados e suplementos. Não inclui as formas 25-estereoisoméricas do -tocoferol (SRR-, SSR-, SRS-e SSS-a-tocoferol), também encontradas em alimentos reforçados e suplementos. eComo equivalentes de niacina (EN). 1 mg niacina = 60 mg triptofano; 0 a 6 meses = niacina pré-formada (não é EM). 'Como equivalentes alimentares de folato (EAF). 1 EAF = 1 ^ g folato na dieta = 0,6 ^ g ácido fólico a partir de alimentos reforçados ou como um suplemento consumido com o alimento = 0,5 ^ g de um suplemento ingerido com o estômago vazio. 9Embora as lAs tenham sido estabelecidas para a colina, existem poucos dados para avaliar se um suplemento alimentarde colinaseria necessário em todos osestágios da vida,podendo, talvez, a necessidade de colina ser atingida por meio da síntese endógena em alguns desses estágios. "Como 10 a 30% das pessoas mais velhas podem apresentar absorção inadequada da vitamina B12 ligada aos alimentos, é aconselhável que aqueles com > 50 anos atinjam a sua IAR principalmente por meio do consumo de alimentos reforçados com B12 ou de um suplemento que contenha B12. 'Em vista das evidências que relacionam a ingestão inadequada de folato com os defeitos no tubo neural do fetorecomenda-seque todas as mulheres partir de suplementos ou alimentos reforçados, além da ingestão do folato presente em uma dieta variada.
capazes deengravidar consumam 400 |xg a
yConsidera-se que as mulheres irão continuar a consumir 400 n,g de suplementos ou alimentos reforçados até que a sua gravidez seja confirmada e que entre no acompanhamento pré-natal, o que ocorre normalmente após o final do período pré-conceptivo - o período crítico para a formação do tubo neural.
Fonte: Food and Nutrition Board, Institute of Medicine - ingestões alimentares recomendadas pela National Academy of Sciences, 2000, 2002, reeditado com autorização. Cortesia da National Academy Press, Washington DC. http://www.nap.edu.
QUADRO 73 .2 Faixa etária
Taxas de referência da dieta: ingestões recomendadas para indivíduos - elementos Cálcio Cromo Cobre (mg/dia) (jxg/dia) (fxg/dia)
Fluoreto (mg/dia)
lodo (jj-g/dia)
Ferro (mg/dia)
Magnésio Manganês (mg/dia) (mg/dia)
Molibdênio Fósforo (ixg/dia) (mg/dia)
Selênio (M-g/dia)
Zinco (mg/dia)
Recém-nascidos 0 a 6 meses
210
0,2
200
0,01
110
7 a 12 meses
270
5,5
220
0,5
130
0,27
11
30
0,003
2
100
15
2
75
0,6
3
275
20
3
3
Crianças 1 a 3 anos
500
11
340
0,7
90
7
80
1,2
17
460
4 a 8 anos
800
15
440
1
90
10
130
1,5
22
500
20 30
5
Homens 9 a 13 anos
1.300
25
700
2
120
8
240
1,9
34
1.250
40
8
14 a 18 anos
1.300
35
890
3
150
11
410
2,2
43
1.250
55
11
19 a 30 anos
1.000
35
900
4
150
8
400
2,3
45
700
55
11
31 a 50 anos
1.000
35
900
4
150
8
420
2,3
45
700
55
11
51 a 70 anos
1.200
30
900
4
150
8
420
2,3
45
700
55
11
> 70 anos
1.200
30
900
4
150
8
420
2,3
45
700
55
11
9 a 13 anos
1.300
21
700
2
120
8
240
1,6
34
1.250
40
8
14 a 18 anos
1.300
24
890
3
150
15
360
1,6
43
1.250
55
9
19 a 30 anos
1.000
25
900
3
150
18
310
1,8
45
700
55
8
31 a 50 anos
1.000
25
900
3
150
18
320
1,8
45
700
55
8
51 a 70 anos
1.200
20
900
3
150
8
320
1,8
45
700
55
8
> 70 anos
1.200
20
900
3
150
8
320
1,8
45
700
55
8
< 1 8 anos
1.300
29
1.000
3
220
27
400
2,0
50
1.250
60
12
19 a 30 anos
1.000
30
1.000
3
220
27
350
2,0
50
700
60
11
31 a 50 anos
1.000
30
1.000
3
220
27
360
2,0
50
700
60
11
< 1 8 anos
1.300
44
1.300
3
290
10
360
2,6
50
1.250
70
13
19 a 30 anos
1.000
45
1.300
3
290
9
310
2,6
50
700
70
12
31 a 50 anos
1.000
45
1.300
3
290
9
320
2,6
50
700
70
12
Mulheres
Lactação
Nota: Este quadro apresenta as ingestões alimentares recomendadas (IARs) em destaque e as ingestões adequadas (IAs) em estilo normal. As IARs e as IAs podem ser utilizadas como metas para a ingestão individual. As IARs são estabelecidas para atender às necessidades de quase todos os indivíduos (97 a 98%) em um grupo. Para os recém-nascidos saudáveis em amamentação, a IA é a ingestão média. Acredita-se que a IA preencha as necessidades de todos os indivíduos em outros estágios de vida e em grupos sexuais, porém a falta ou incerteza nos dados impedem a especificação confidente da porcentagem de indivíduos beneficiados por essa ingestão.
Necessidades Nutricionais e Avaliação da Dieta
Gravidez
Fonte: Food and Nutrition Board, Institute of Medicine - ingestões alimentares recomendadas pela National Academy of Sciences, 2000, 2002, reeditado com autorização. Cortesia da National Academy Press, Washington DC. http://www.nap.edu.
■ COMPOSIÇÃO DA DIETA
■ VIA DE ADMINISTRAÇÃO
A com posição da dieta afeta a disponibilidade e o uso dos n u trie n tes. Por exemplo, a absorção de ferro pode ser prejudicada p or altas quantidades de cálcio ou chum bo; de form a sem elhante, a captação do ferro livre pode ser prejudicada pela falta do ácido ascórbico e de am inoácidos na refeição. O uso de p roteína pelo organism o pode d im inuir quando os am inoácidos essenciais não estão presentes em quantidades suficientes. A lim entos de origem anim al, com o o leite, os ovos e a carne, têm valores biológicos elevados, estando a m aioria dos am inoácidos essenciais presente em quantidades adequadas. As proteínas vegetais no m ilho, na soja e no trigo têm valores biológicos m enores, devendo ser com binadas com as de outros vegetais ou com a proteína anim al p ara que haja u m uso ideal pelo organism o.
A IAR aplica-se apenas à ingestão oral. Q u an d o os nutrientes são adm inistrados p o r via parenteral, às vezes podem -se usar valores se m elhantes p ara os am inoácidos, carboidratos, lipídios, sódio, cloro, potássio e a m aioria das vitam inas, po rq u e sua absorção intestinal é de quase 100%. No entanto, a biodisponibilidade da m aioria dos elem entos m inerais po d e ser apenas m etade da obtida pela adm i nistração parenteral. No caso de alguns nutrientes não arm azenados im ediatam ente pelo organism o, ou que não podem ser arm azenados em grandes quantidades, po d e ser im portante o m om ento da adm i nistração. Por exemplo, os am inoácidos não podem ser usados para a síntese proteica se não forem fornecidos juntos; do contrário, serão usados para produção de energia.
591
■ DOENÇA As doenças específicas decorrentes de deficiência nutricional são a desnutrição proteico-calórica; a deficiência de ferro, iodo e vitam ina A; a anem ia m egaloblástica decorrente da deficiência de vitam ina B12 ou ácido fólico; o raquitism o por deficiência de vitam ina D e a osteom alacia; e o escorbuto, o beribéri e a pelagra (Caps. 74 e 75). Cada doença p o r deficiência se caracteriza p or desequilíbrio, em nível ce lular, entre o suprim ento de nutrientes ou energia e as necessidades nutricionais do organism o para o crescim ento, m anutenção e outras funções. Os desequilíbrios na ingestão nutricional são reconhecidos com o fator de risco para certas doenças degenerativas crônicas, como gordura saturada e colesterol na doença arterial coronariana (DAC); sódio na hipertensão arterial; obesidade nos cânceres de endom étrio, m am a e próstata dependentes de horm ônio; e etanol no alcoolismo. C om o a etiologia e patogenia dessas doenças são m ultifatoriais, a dieta é apenas um dos m uitos fatores de risco. A osteoporose, p or exemplo, associa-se à deficiência de cálcio, assim com o a fatores de risco relacionados com o am biente (p. ex., tabagism o, estilo de vida sedentário), fisiologia (p. ex., deficiência de estrogênio), determ in an tes genéticos (p. ex., defeitos no m etabolism o do colágeno) e uso de fárm acos (esteroides crônicos) (Cap. 354).
AVALIAÇÃO DA DIETA Em situações clínicas, a avaliação nutricional é um processo in te rativo que envolve: ( 1) screening para desnutrição, (2) avaliação da dieta e de outros dados para estabelecer a ausência ou presença de desnutrição e suas possíveis causas, (3) planejam ento e im plem enta ção do tratam ento nutricional mais apropriado, e (4) reavaliação dos insum os para se certificar de que foram consum idos. A lguns estados patológicos afetam a biodisponibilidade, as necessidades, o uso e a excreção de nutrientes específicos. Em tais circunstâncias, podem ser necessárias m edições específicas de vários nutrientes ou de seus bio m arcadores para garantir a reposição adequada (Cap. 73). A m aioria das instituições de saúde possui processos de screening nutricional apropriados para identificar um a possível desnutrição após a hospitalização. O screening nutricio n al é exigido pela Joint Commission on Accreáitation o f Healthcare Organizations (JCAHO), m as não há um padrão validado ou reconhecido universalm ente. Os fatores geralm ente avaliados são: peso anorm al para a estatura ou ín dice de m assa corporal anorm al (p. ex., IM C < 19 ou > 25); relato de alteração no peso (perda ou ganho involuntário > 5 kg nos ú lti m os 6 meses) (Cap. 80); diagnósticos com im plicações nutricionais conhecidas (doenças m etabólicas, qualquer doença que acom eta o trato gastrintestinal, alcoolism o e outras); prescrição atual de dieta terapêutica; dim inuição crônica do apetite; presença de problem as na m astigação e deglutição, ou intolerância significativa aos alim entos; necessidade de assistência para preparar ou com prar os alim entos, com er ou outros aspectos dos cuidados pessoais; e isolam ento social. A reavaliação do estado nutricional deve ocorrer periodicam ente em pacientes hospitalizados - pelo m enos um a vez/sem ana. Um a avaliação dietética m ais com pleta é indicada aos pacientes que apresentam alto risco ou franca desnutrição no screening n u tri cional. O tipo de avaliação varia de acordo com o contexto clínico, a gravidade da enferm idade do paciente e a estabilidade do seu estado clínico.
■ SITUAÇÕES DE ASSISTÊNCIA AGUDA Em situações de assistência aguda, a anorexia, várias doenças, exames e m edicam entos podem com prom eter a ingestão alim entar. Em d e term inadas condições, o objetivo é identificar e evitar um a ingestão inadequada e assegurar a alim entação apropriada. A avaliação dieté tica concentra-se na dieta que o paciente está recebendo atualm ente, se está apto ou não e disposto a comer, assim com o se teve ou não algum problem a com a alim entação. A avaliação da ingestão alim en tar baseia-se na inform ação da ingestão observada, relato m édico, anam nese, exam e clínico e estados a ntropom étrico, bioquím ico e funcional. O objetivo é obter inform ações suficientes para estabele cer a probabilidade de desnutrição decorrente da ingestão alim entar
inadequada, ou outras causas para determ inar se o tratam ento n u tri cional é indicado (Cap. 76). A sim ples observação pode ser suficiente para sugerir um a in gestão oral inadequada, o que inclui as anotações de nutricionistas e enferm eiras, a quantidade de alim entos ingeridos em bandejas, os exames e procedim entos freqüentes que são prováveis de levar à re cusa alim entar, as prescrições de dietas nutricionalm ente inadequa das, tais com o dieta líquida restrita ou líquida com pleta p or m ais de alguns dias, febre, desconforto gastrintestinal, vôm itos, diarréia, um estado com atoso e doenças ou tratam entos que envolvam qualquer parte do trato alim entar. Os pacientes agudam ente enferm os apre sentando doenças relacionadas com a dieta, com o o diabetes, neces sitam de avaliação porque um a dieta im própria pode exacerbar essas afecções e prejudicar outros tratam entos. Valores bioquím icos alte rados [níveis séricos de album ina < 35 g/L (< 3,5 m g/dL) e colesterol sérico < 3,9 m m ol/L (< 150 m g/dL)] são inespecíficos, m as tam bém podem indicar a necessidade de m elhor avaliação nutricional. A m aioria dos tratam en to s dietéticos oferecidos nos hospitais é calculada para su p rir as necessidades n u tricionais individuais e a IAR, se eles tiverem se alim entado. As exceções incluem líquidos claros, algum as dietas líquidas com pletas e dietas de prova (com o a preparação para procedim entos gastrintestinais), inadequadas para vários nutrientes, não devendo ser usadas, se possível, po r m ais de 24 horas. Mais da m etade dos alim entos servidos nos hospitais não é ingerida e, portanto, não se pode presum ir que a ingestão dos pacien tes hospitalizados seja adequada. A avaliação da d ieta deve com parar quanto e que tipo de alim ento o paciente consum iu com a dieta que está sendo fornecida. Desvios significativos na ingestão de energia, proteína, líquidos ou outros n u trien tes de interesse especial para a doença do paciente devem ser observados e corrigidos. A m onitoração n u tric io n al é especialm ente im p o rta n te para pacientes m uito enferm os e em re pouso p o r longos períodos. Os pacientes alim entados especialm ente p o r via enteral ou parenteral tam bém requerem avaliação nutricional individualizada, bem com o m onitoração p or m édicos e/ou nutricionistas com certificado de su porte nutricional (Cap. 76).
■ SITUAÇÕES AMBULATORIAIS O objetivo da avaliação nutricional no paciente am bulatorial é deter m inar se sua dieta habitual, em si, im plica ou não em risco à saúde ou contribui para a existência de problem as crônicos relacionados. A avaliação nutricional tam bém fornece as bases para o planejam ento de um a dieta que satisfaça as m etas terapêuticas e ao m esm o tem po garanta a adesão do paciente. No paciente am bulatorial, a avaliação deve rever a adequação da ingestão alim entar presente e habitual, incluindo suplem entos de vitam inas e m inerais, m edicam entos e ál cool, porque todos esses fatores p odem afetar o estado nutricional do paciente. A avaliação deve enfatizar os com ponentes da dieta com m aior probabilidade de serem envolvidos ou com prom etidos p or um diagnóstico específico, assim com o qualquer m orbidade conco m itante presente. Mais de u m dia de ingestão deve ser revisto para fornecer um a m elhor representação da dieta diária. Existem m uitas m aneiras de avaliar a adequação da dieta habitual do paciente, o que inclui um guia de alim entos, lista de perm utas ali mentares, anam nese dietética ou questionário de frequência de alim en tos. Um guia de alim entos com um ente usado para pessoas sadias é a pirâm ide alim entar do USDA, útil com o base para identificar a inges tão adequada de nutrientes essenciais, assim com o prováveis excessos de gordura, gordura saturada, sódio, açúcar e álcool (Q uadro 73.3). A versão on Une do guia fornece um a calculadora que leva ao núm ero de porções sugeridas para pacientes saudáveis de diferentes pesos, sexos, idades e estágios de vida: h ttp -.//www.mypyramidtracker.gov/planner/ launchpage.aspx. Os pacientes que seguem padrões alim entares étni cos ou incom uns poderão necessitar de instrução extra sobre como os alimentos devem ser categorizados, bem com o sobre as quantidades apropriadas que constituem um a porção. O processo de rever o guia com os pacientes ajuda a sua transição para padrões alimentares saudá veis e identifica grupos alim entares ingeridos em excesso em relação às recomendações, ou em quantidades insuficientes. Para aqueles que se
r
QUADRO 73.3 Minha pirâmide: o guia alimentar da USDA para indivíduos saudáveis Porções e exemplos de tamanhos de porçôes-padrão
Baixa: 1.600 kcal
Média: 2.200 kcal
Alta: |“ 2.800 kcal 1
Frutas, xícaras
1,5
2
2,5
Vegetais, xícaras
2
3
3,5
Grãos, eq. onça
5
7
10
5
6
7
3
3
3
(28,35 g)* (uma fatia de pão, uma xícara de cereal pronto, meia xícara de arroz cozido, macarrão ou cereal cozido) Carne e feijões, eq. onça (28,35 g de carne magra, ave ou peixe; um ovo, uma colher de sopa de manteiga de amendoim, um quarto de xícara de feijões secos cozidos ou 14,175 g de nozes ou sementes) Leite, xícaras
Óleos, colheres de sopa Calorias arbitrárias permitidas, kcal (calorias restantes após a contagem de todas as citadas acima)
5
6
8
132
290
426
/Vofa.-eq. onça, equivalente a onça. Fonte: Dados do Departamento de Agricultura dos EUA. http://www.MyPyramid.com. * N. de R.T.: 1 onça corresponde a 28,35 g para objetos em geral e para alimentos. Para metais e pedras preciosas, considera-se o valor de 31,1 g.
encontram sob dietas terapêuticas, pode ser útil a avaliação com parati va das listas de perm uta alimentar. Estas incluem, por exemplo, a lista de perm uta alim entar da Associação A m ericana de Diabetes.
| AVALIAÇÃO D0 ESTADO NUTRICIONAL A avaliação com pleta do estado nutricional é reservada aos pacientes gravem ente enferm os e aos de alto risco nutricional, quando a causa da desnutrição ainda é incerta após a avaliação clínica e alim entar inicial. Envolve m últiplas dim ensões, incluindo docum entação da in
CONSIDERAÇÕES GLOBAIS As TDRs com o a NM E, NS e necessidades de energia são estim ativas de necessidades fisiológicas baseadas em evi dências experim entais. A ssum indo que sejam feitos ajustes apropriados para a idade, sexo, peso corporal e nível de atividade fí sica, elas deverão ser aplicáveis aos indivíduos da m aior parte das re giões do m undo. Entretanto, as IAs são baseadas na ingestão norm al e adequada das populações norte-am ericana e canadense, que parecem ser compatíveis com a boa saúde, em vez de serem baseadas em um amplo corpo de evidências experim entais diretas. Da m esm a forma, a AM DR representa a opinião experiente a respeito de insum os aproxi m ados de nutrientes provedores de energia, que são saudáveis nestas populações norte-am ericanas. Assim, devem ser usadas com caute la em outras situações. Os padrões baseados em nutrientes, com o a TDR, tam bém foram desenvolvidos pela O rganização M undial de Saúde/O rganização de A lim entos e A gricultura das Nações Unidas (W HO/FA O) e estão disponíveis em http://w w w .w ho.int/nutrition/ topics/nutrecomm,qen/index.html. Os diferentes padrões possuem di versas sem elhanças em seus conceitos básicos, definições e níveis de recom endação de nutrientes, porém existem algum as diferenças da TDR devido aos critérios funcionais escolhidos, diferenças am bien tais, oportunidade das evidências revistas e julgam ento experiente.
•
BIBLIOGRAFIA MJ et al: Validation of the mini-nutritional assessment short form (MNA-SF): A practical tool for identification of nutritional status. J Nutr Health Aging 13:782,2009 K i n g JC, G a r z a C: Harmonization of nutrient intake values. Food Nutr Buli 28:S1, 2007 Gibson RS: Principies o f N utritional Assessm ent, 2nd ed, London, Oxford Uni versity Press, 2005 M u r p h y SP et al: Multivitamin-multimineral supplements’ effect on total nu trient intake Am J Clin Nutr 85: 280S, 2007 O t t e n JJ et al (eds): The D ietary Reference Intakes: The Essential Guide to N u trien t Requirem ents Washington Washington, DC, National Academy Press, 2006 S h i l s ME et al (eds): M o d e m N utrition in Health and Disease, lOth ed, Phila delphia, Lippincott, Williams and Wilkins, 2005
K a is f . r
Necessidades Nutricionais e Avaliação da Dieta
(uma xícara de leite ou iogurte, 42,525 g de queijo natural ou 56,7 g de queijo processado)
gestão alim entar, m edidas antropom étricas, estim ativas bioquím icas sanguíneas e urinárias, exam e clínico, histórias m édica e funcional. As prescrições alim entares terapêuticas e planejam entos de m enus para a m aioria das doenças estão disponíveis na m aioria dos h ospi tais e na Associação D ietética Am ericana. Ver abordagem m ais com p leta da avaliação n u tric io n al no C apítulo 75.
593
CAPÍTULO
74
Deficiência e Excesso de Vitaminas e Oligominerais Robert M. Russell Paolo M. Suter
PARTE VI *õ’ o
As vitam inas e os oligom inerais são constituintes essenciais da die ta hum ana, já que não são sintetizados ou o são de m aneira inade quada, pelo organism o hum ano. São necessárias apenas pequenas quantidades dessas substâncias para realizar as reações bioquím icas essenciais (p. ex., atuando com o coenzim as ou grupos prostéticos). As deficiências francas de vitam inas ou oligom inerais são raras nos países ocidentais devido à oferta abundante de alim entos variados e baratos; no entanto, deficiências de m últiplos nutrientes p odem apa recer juntas, em pessoas cronicam ente enferm as ou em alcoolistas. Após cirurgia de bypass gástrico, os pacientes se encontram em alto risco para a contração de m últiplas deficiências nutricionais. Além disso, as deficiências subclínicas de vitam inas e oligom inerais, com o as diagnosticadas p o r exames laboratoriais, são bastante com uns na população norm al - principalm ente n a faixa etária geriátrica.
QUADRO 74.1
Principais achados clínicos da nutrição deficiente em vitaminas
Nutriente
Achado clínico
Tiamina
Beribéri: neuropatia, fraqueza e perda muscular, cardiomegalia, edema, oftalmoplegia, confabulação
< 0,3 m g/1.000 kcal
Alcoolismo, uso crônico de diuréticos, hiperêmese
Riboflavina
Língua roxa, estomatite angular, seborreia, queilose
< 0,6 mg
—
Niacina*
Pelagra: exantema pigmentado das áreas expostas ao sol, língua vermelho-brilhante, diarréia, apatia, perda de memória, desorientação
< 9,0 equivalentes de niacina
Alcoolismo, deficiência de vitamina B6, deficiência de riboflavina, deficiência de triptofano
Vitamina B6
Seborreia, glossite, convulsões, neuropatia, depressão, confusão, anemia microcítica
< 0,2 mg
Alcoolismo, isoniazida
Folato
Anemia megaloblástica, glossite atrófica, depressão, T homocisteína
< 100 ixg/dia
Alcoolismo, sulfassalazina, pirimetamina, triantereno
Vitamina B12
Anemia megaloblástica, perda do sentido vibratório e postural, marcha anormal, demência, impotência, perda de controle da bexiga e intestino, T homocisteína, T ácido metilmalônico
< 1,0 |xg/dia
Atrofia gástrica (anemia perniciosa), doença do íleo-terminal, vegetarianismo estrito, fármacos redutores de ácido (p. ex., bloqueadores H2)
Vitamina C
Escorbuto: petéquias, equimoses, cabelos enrolados, gengivas inflamadas e com sangramento, efusão da articulação, cicatrização deficiente de feridas, fadiga
< 10 mg/dia
Fumo, alcoolismo
Vitamina A
Xeroftalmia, cegueira noturna, manchas de Bitot, hiperceratose folicular, desenvolvimento embrionário comprometido, disfunção imunológica
< 300 (xg/dia
Absorção deficiente de gorduras, infecção, sarampo, alcoolismo, nutrição deficiente em proteínas
Vitamina D
Raquitismo: deformação esquelética, rosário raquítico, pernas arqueadas; osteomalacia
< 2,0 |xg/dia
Envelhecimento, falta de exposição à luz do sol, absorção deficiente de gorduras, pele profundamente pigmentada
Vitamina E
Neuropatia periférica, ataxia espinocerebelar, atrofia muscular esquelética, retinopatia
Não descrita a menos que o fator contribuinte esteja presente
Ocorre apenas em caso de absorção deficiente de gordura ou anomalias genéticas do metabolismo e transporte de vitamina E
Vitamina K
Tempo de protrombina elevado, hemorragia
< 10 fjug/dia
Absorção deficiente de gordura, doença hepática, uso de antibióticos
* N. de R. T.: Niacina, também conhecida como vitamina B3.
594
Vítimas de inanição, populações atingidas por em ergências e transferidas e refugiados apresentam um risco aum entado de desnutrição proteica e de deficiências de m icronutrientes clássicos (vitam ina A, ferro, iodo), assim com o de deficiências ex plícitas de tiam ina (beribéri), riboflavina, vitam ina C (escorbuto) e niacina (pelagra). As reservas corporais de vitam inas e m inerais variam sobremodo. Por exemplo, as reservas das vitam inas B12 e A são grandes, ou um adulto pode não se tornar deficiente p or um ano ou mais após estar em dieta deficiente. No entanto, o folato e a tiam ina podem esgotar-se em questão de semanas entre os que são subm etidos a um a dieta deficien te. M odalidades terapêuticas podem esgotar as reservas de nutrientes essenciais ao organismo; por exemplo, a hem odiálise remove as vita m inas hidrossolúveis, que têm de ser repostas por suplementação. Existem vários papéis para as vitam inas e oligoelem entos nas doenças: ( 1) estados patológicos, com o a m á absorção, podem causar deficiências de vitam inas e m inerais; (2) a deficiência e o excesso de vitam inas e m inerais p odem causar doença p o r si m esm os (p. ex., intoxicação p or vitam ina A e doença hepática); e (3) podem -se usar as vitam inas e os m inerais, em quantidades elevadas, com o m edica m entos (p. ex., niacina para a hipercolesterolem ia). As vitam inas e os m inerais relacionados com questões hem atológicas (Caps. 103 e 105) ou não são considerados ou o serão sucintam ente neste capítulo, bem com o as vitam inas e os m inerais relacionados com os ossos (vitam ina D, cálcio, fósforo; Cap. 352), pois serão abordados em outros capítu los (Q uadros 74.1,74-2 e Fig. 74.1).
Nível alim entar diário associado à deficiência patente em adultos
Fatores que contribuem para a deficiência
QUADRO 74.2
Deficiências e toxicidades dos metais Deficiência
Toxicidade
Nível superior tolerável de ingestão (alimentar)
Boro
Nenhuma função biológica foi determinada
Defeitos no desenvolvimento, esterilidade masculina, atrofia testicular
20 mg/dia (extrapolado a partir de dados animais)
Cálcio
Massa óssea reduzida, osteoporose
Insuficiência renal (síndrome do leite-álcalis), nefrolitíase, absorção de ferro comprometida
2.500 mg/dia (leite-álcalis)
Cobre
Anemia, retardo no crescimento, ceratinização e pigmentação do cabelo deficientes, hipotermia, alterações degenerativas na elastina aórtica, osteopenia, deterioração mental
Náuseas, vômitos, diarréia, insuficiência hepática, tremores, deterioração mental, anemia hemolítica, disfunção renal
10 mg/dia (toxicidade hepática)
Cromo
Tolerância à glicose comprometida
Ocupacional: insuficiência renal, dermatite, câncer pulmonar
ND
Fluor
T cáries dentárias
Fluorose dental e esquelética, osteosclerose
10 mg/dia (fluorose)
lodo
Aumento da tireoide, i T4, cretinismo
Disfunção da tireoide, erupções semelhantes à acne
1.100 |xg/dia (disfunção da tireoide)
Ferro
Anormalidades musculares, coilaniquia, pica, anemia, 1 desempenho no trabalho,comprometimento de desenvolvimento cognitivo, parto prematuro, T mortalidade maternal perinatal
Efeitos gastrintestinais (náuseas, vômitos, diarréia, constipação), sobrecarga de ferro com comprometimento do órgão, toxicidade sistêmica aguda
45 mg/dia de ferro elementar (efeitos colaterais GI)
Manganês
Comprometimento do crescimento e desenvolvimento esquelético, da reprodução e do metabolismo de lipídios e carboidratos; exantema na parte superior do corpo
Geral: neurotoxicidade, sintomas semelhantes à doença de Parkinson Ocupacional: síndrome semelhante à encefalite, síndrome semelhante à doença de Parkinson, psicose, pneumoconiose
11 mg/dia (neurotoxicidade)
Molibdênio
Anomalias neurológicas graves
Anomalias reprodutoras e fetais
2 mg/dia (extrapolado a partir de dados animais)
Selênio
Miocardiopatia, insuficiência cardíaca, degeneração muscular estriada
Geral: alopecia, náuseas, vômitos, unhas anormais, instabilidade emocional, neuropatia periférica, lassitude, odor de alho na respiração, dermatite Ocupacional: carcinomas de pulmão e nasal, necrose hepática, inflamação pulmonar
400 |jig/dia (alterações de cabelo e unhas)
Fósforo
Raquitismo (osteomalacia), fraqueza muscular proximal, rabdomiólise, parestesia, ataxia, ataques, confusão, insuficiência cardíaca, hemólise, acidose
Hiperfosfatemia
4.000 mg/dia
Zinco
Retardo no crescimento, 1 paladar e olfato, alopecia, dermatite, diarréia, disfunção imunológica, falha em progredir, atrofia das gônadas, mal formações congênitas
Geral: absorção de cobre reduzida, gastrite, sudorese, febre, náuseas, vômitos Ocupacional: desconforto respiratório, fibrose pulmonar
40 mg/dia (comprometimento no metabolismo do cobre)
yVofa; GI, gastrintestinal; ND, não determinada.
VITAMINAS ■ TIAMINA (VITAMINA Bt) A tiam ina foi a prim eira vitam ina B a ser identificada e, p or isso, é cham ada de vitam ina Br A tua na descarboxilação de a-cetoácidos, com o o p iru v ato -a -cetoglutarato e dos am inoácidos de cadeia ram i ficada e, portanto, é essencial para a geração de energia. Além disso, o pirofosfato de tiam ina atua com o coenzim a para a reação de transcetolase que m edeia a conversão dos fosfatos de hexose e pentose. Foi proposto que a tiam ina exerce u m papel na condução dos nervos p e riféricos, em bora as reações quím icas exatas que fundam entam essa função não sejam conhecidas.
Fontes alimentares Nos EUA, a ingestão m édia de tiam ina contida apenas em alim en tos é de 2 m g/dia. As fontes prim árias de tiam ina são as leveduras, a carne orgânica, a carne de porco, os legum es, a carne de vaca, os grãos integrais e as nozes. O arroz m oído e os grãos contêm pouca ou nenhum a tiam ina. Portanto, a deficiência de tiam ina é m ais com um nas culturas que contam p redom inantem ente com dietas à base de
Deficiência e Excesso de Vitaminas e Oligominerais
Elemento
arroz. Chá, café (norm al e descafeinado), peixe cru e m ariscos con têm tiam inases, as quais p o d em d estru ir a vitam ina. Logo, a ingestão de grandes quantidades de chá ou café pode, teoricam ente, dim inuir as reservas corporais de tiam ina.
Deficiência A m aioria das deficiências de tiam ina em todo o m undo resulta da in gestão dietética inadequada. Em países ocidentais, as causas primárias da deficiência de tiam ina são o alcoolismo e as doenças crônicas, como o câncer. O álcool interfere diretam ente na absorção de tiam ina e na síntese de pirofosfato de tiam ina. Ela deve sem pre ser reposta quan do um paciente com alcoolism o é realim entado, já que a fartura de carboidrato sem tiam ina adequada pode precipitar a sua deficiência aguda com acidose láctica. O utras populações em risco são as m ulhe res com hiperêm ese prolongada durante a gravidez e anorexia, os pa cientes com estado nutricional geral debilitado sob glicose parenteral, os pacientes após a cirurgia de bypass bariátrico e pacientes em terapia diurética crônica devido a perdas urinárias aum entadas de tiamina. A deficiência m aterna de tiam ina pode levar ao beribéri infantil em crianças am am entadas. A deficiência de tiam ina tam bém deverá
595
ser considerada no quadro de acidentes com veículos m otorizados, associada à lesão craniana. A deficiência de tiam ina incipiente induz anorexia e sintom as inespecíficos (p. ex., irritabilidade, redução da m em ória recente).
A deficiência prolongada causa beribéri, classicam ente dividido em seco ou úm ido, em bora haja superposição considerável. Em ambas as form as de beribéri, os pacientes podem queixar-se de dor e parestesia. O beribéri úmido apresenta-se com sintom as cardiovasculares
Forma ativa do derivado ou cofator
Vitamina T iam ina (B ^
Pirofosfato de tiam ina
C o e nzim a para clivagem da ligação ca rbono-carbono; m eta b o lism o de a m in o á cid o s e ca rb o id ra tos
M ononucleotídio de flavina (FM N ) e dinucleotídio flavina-adenina (FAD)
C ofator para reações de oxidação e redução e grupos p ro fé ticos ligados cova le n te m e n te a a lgum as enzim as
nh2
X
i
^ S ^c C °Hh 2‘ CH2OH
no
R iboflavina (B2) o
Função principal
I
Ribitil
Fosfato de dinucleotídio C o e nzim a s para de nicotinam ida-adenina reações de oxidação (NADP) e dinucleotídio de e redução nicotinam ida-adenina (N A D)
N iacina
C
r L
N H
-
V itam ina B 6 CH2OH HO\ r^
o r
li h 2n
à n
C ofator para enzim as do m etabolism o dos am in o á cid o s
Form as p oliglutam ato de (5, 6 , 7, 8 ) tetrahidrofolato com ligações de unidades carbono
C o e nzim a para um a tra n sfe rê n cia de ca rb o n o no m eta b o lism o de á cid os nucleicos e am in o á cid o s
M etilcobalam ina A denosilcobalam ina
C o e nzim a para a m etio n in a -sin ta se e L -m e tilm alonil-C oA m utase
\ r/ CH2OH
Folato ço ohI"
/ = \ II H I ^ N“ ( \ /)— C --N — CH // I
0 II
Fosfato de piridoxal
4
f Y n
CH2
cooh
C------- N— CH II H | 0 J ch2 ch2 c — OH
II
O V itam ina B 12 ÇH2CH2CONH2 CONH2; h c | \ CH3M3S /C H 2CH2CONH2 ch2 H .c K .f, ■ch«oh!c o n h ! c o n h 2 HsC r
X +
U ----------- ( " í
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T X CH* "cH3
NHCOCH2CH2
CH3
:.CH3
ch2 chch3
n ^ ^ c h
o - < Y T ’
° o
fcH2CH2CONH2
// \
0
HO
HOCH2 OH— Cbl
Figura 74.1
As estruturas e principais funções das vitaminas associadas aos distúrbios humanos.
Forma ativa do derivado ou cofator
Vitamina V ita m in a C o = c — c = c — c — c — c h 2o h 1
1
Á cid o a scórbico e ácido d e hidroascórbico
P articipação co m o um íon redox em diversas reações de oxidação bio ló gica e de tra n sfe rê n cia de hidrogênio
R etinol, retinaldeído e á cido retinoico
Form ação de ro dopsina (visão) e g licoproteínas (função da célula epitelial); tam bém re gula a tra n scriçã o gênica
1,25-D ihidroxivitam ina D
M anutenção dos níveis sa n g u ín eo s de cá lcio e fósforo; ho rm ônio antiproliferação
Tocoferóis e tocotrienois
A ntio xida n te s
V ita m in a K h idroquinona
C o fato r para a carboxilação pó s-tra d u cio n al de dive rsa s pro te ína s in clu ind o fatores e sse ncia is da co a g u la ção
1
OH OH
OH
V itam ina A
Função principal
(R etinol) V itam ina D I
^
ch2
HO’' \ ^ " ' O H V itam ina E
1 Y
Q j
ÇH3 'S - C H z[CHá—CH2— CH— CHdsH
V ita m in a K
O
Figura 74.1
(Continuação).
devido ao m etabolism o prejudicado da energia m iocárdica e disautonom ia, podendo ocorrer após três meses de dieta deficiente em tia m ina. Os pacientes apresentam -se com cardiom egalia, taquicardia, insuficiência cardíaca congestiva de alto débito, edem a periférico e neurite periférica. Os pacientes com beribéri seco apresentam -se com neuropatia periférica sim étrica dos sistem as m o to r e sensorial, com reflexos dim inuídos. A neuropatia acom ete m ais acentuadam ente as pernas e estes pacientes têm dificuldade em levantar-se de um a p o sição agachada. Os pacientes alcoolistas com deficiência crônica de tiam ina tam bém podem ter m anifestações do sistem a nervoso central (SNC) co nhecidas com o encefalopatia de Wernicke, que consiste em nistagm o horizontal, oftalm oplegia (decorrente de fraqueza de um ou m ais m úsculos extra-oculares), ataxia cerebelar e d eterioração m ental (Cap. 392). Q uando há perda de m em ória e psicose confabulatória associadas, a síndrom e é conhecida com o síndrome de Wernicke-Korsakojf. Apesar do quadro clínico típico e da história, a síndrom e de W ernicke-Korsakoff é subdiagnosticada. O diagnóstico laboratorial da deficiência de tiam ina geralm ente é feito po r ensaio enzim ático funcional da atividade de transcetolase, m edida antes e depois da adição de pirofosfato de tiam ina. Um a estim ulação acim a de 25% pelo acréscim o de pirofosfato de tiam ina
Deficiência e Excesso de Vitaminas e Oligominerais
^ A
P^OH
(coeficiente de atividade de 1,25) é in terp retad a com o anorm al. A tiam ina ou os ésteres fosforilados séricos ou sanguíneos tam bém são m ensuráveis p or crom atografia líquida de alto desem penho (HPLC) para detectar a deficiência.
TRATAMENTO
Deficiência de tiamina
N a deficiência aguda de tiam ina, com sinais cardiovasculares ou neurológicos, deve-se fornecer 100 m g/dia de tiam ina p o r via p a renteral durante 7 dias, seguidos de 10 m g/dia VO, até que haja recuperação completa. A m elhora cardiovascular e oftalm oplégica ocorre em 24 horas. O utras m anifestações m elhoram gradual m ente, em bora a psicose da síndrom e de W ernicke-K orsakoff possa ser perm anente ou persistir p o r vários meses.
Toxicidade Em bora tenha sido relatada anafilaxia após altas doses de tiam ina, não foi reportado efeito adverso com doses elevadas n a alim entação ou em suplem entos. Os suplem entos de tiam ina podem ser com pra dos sem prescrição m édica em doses de até 50 m g/dia.
597
■ RIBOFLAVINA (VITAMINA B2) A riboflavina é im portante p ara o m etabolism o das gorduras, carboi dratos e proteínas, refletindo seu papel com o coenzim a respiratória e um doador de elétron. As enzim as que contêm o dinucleotídio de adenina-flavina (FAD) ou m ononucleotídio de flavina (FM N) com o grupos protéticos são conhecidas com o flavoenzim as (p. ex., ácido succínico desidrogenase, m onoam inoxidase, glutationa redutase). O FAD é um cofator para a m etiltetrahidrofolato redutase e, portanto, m odula o m etabolism o da hem ocisteína. A vitam ina tam bém desem penha um papel no m etabolism o de fárm acos e esteroides, incluindo as reações de detoxicação. E m bora m uito se saiba sobre as reações quím icas e enzim áticas da riboflavina, as m anifestações clínicas da deficiência de riboflavina são inespecíficas e são sem elhantes às de outras deficiências de vi tam inas B. A deficiência de riboflavina m anifesta-se principalm ente por lesões na superfície cutaneom ucosa da boca e na pele (Q uadro 74.1). Além das lesões cutaneom ucosas, foram descritas com a defi ciência de riboflavina vascularização da córnea, anem ia e alterações da personalidade.
Deficiência e excesso A deficiência de riboflavina quase sem pre é decorrente da deficiên cia alim entar. O leite, outros laticínios, os pães enriquecidos e os cereais são as fontes dietéticas m ais im portantes de riboflavina nos EUA, em bora a carne m agra, o peixe, os ovos, os brócolis e legumes tam bém sejam fontes ricas. A riboflavina é extrem am ente sensível à luz, devendo o leite ser arm azenado em recipientes que o protejam contra a fotodeterioração. O diagnóstico laboratorial da deficiência de riboflavina pode ser definido por m edição da concentração de ri boflavina nos eritrócitos ou na urina, ou da atividade da glutationa redutase eritrocitária com e sem acréscim o de FAD. C om o a capa cidade do trato gastrintestinal em absorver a riboflavina é lim itada (=20 m g em um a dose VO), não tem sido descrita toxicidade pela sua adm inistração.
■ NIACINA (VITAMINA B3) O term o niacina refere-se ao ácido nicotínico e à nicotinam ida e seus derivados biologicam ente ativos. O ácido nicotínico e a nicotinam ida servem com o precursores de duas coenzim as, dinucleotídio de adenina-nicotinam ida (NAD) e fosfato de NAD (NADP), im portantes em inúm eras reações de oxidação e redução no organism o. Além dis so, o NAD e NADP são ativos nas reações de transferência do difosfato de adenina-ribose envolvidas no reparo do DNA e na mobilização de cálcio.
Metabolismo e necessidades
H artnup; Cap. 364) e naqueles com síndrom e carcinoide (Cap. 350), nos quais há aum ento da conversão de triptofano em serotonina. No caso de populações carentes ou transferidas, a ocorrência de pelagra resulta da falta absoluta de niacina e tam bém a p a rtir da deficiência de m icronutrientes necessários para a conversão de triptofano em niacina (p. ex., ferro, riboflavina e piridoxina). Os sintom as precoces da pelagra são perda de apetite, fraqueza generalizada, irritabilidade, dor abdom inal e vôm itos. Então, sobrevêm glossite verm elho-viva, seguida p or um exantem a típico pigm entado e descam ativo, p a rti cularm ente em áreas da pele expostas à luz solar. Esse exantem a é conhecido com o “colar de Casal” porque circunda o pescoço; é en contrado nos casos avançados. Tam bém p o d em ocorrer vaginite e esofagite. D iarréia (em parte causada p o r proctite e em parte p or m á absorção), depressão, convulsão e dem ência tam bém fazem parte da síndrom e de pelagra - os quatro Ds: derm atite, diarréia e dem ência que levam à m orte (do inglês death).
TRATAMENTO
Pelagra
O tratam ento da pelagra consiste em suplem entação oral com 100 a 200 m g de nicotinam ida, ou ácido nicotínico, 3 vezes/dia durante 5 dias. U sam -se altas doses de ácido nicotínico (2 g/dia sob liberação tem porária) para o tratam en to de níveis elevados de colesterol e triglicerídios e/ou de níveis baixos do colesterol de alto peso m olecular (HDL) (Cap. 356).
Toxicidade Rubor m ediado pela prostaglandina, devido à ligação da vitam ina a um receptor acoplado à proteína G, foi observado com doses diárias baixas de cerca de 50 m g de niacina, quando tom adas com o suple m ento ou tratam ento para dislipidem ia. Não há evidências de toxi cidade da niacina derivada de fontes alim entares. O ru b o r sem pre se inicia pela face e pode ser acom panhado p or xerostom ia, prurido, parestesia e cefaleia. As preparações farm acêuticas de ácido nicotíni co com binadas com laropiprant, um antagonista seletivo do receptor 1 da prostraglandina D2, ou a m edicação inicial com ácido acetilsa licílico pode aliviar esses sintom as. O ru b o r está sujeito à taquifilaxia e geralm ente m elhora com o tem po. T am bém ocorrem náuseas, vôm itos e dor abdom inal com doses sem elhantes de niacina. A h e patotoxicidade é a reação tóxica m ais grave causada pela niacina e pode apresentar-se com o icterícia, com níveis elevados de aspartato-am inotransferase (AST) e alanina-am inotransferase (ALT). Foram relatados alguns casos de hepatite fulm inante, necessitando de tran s plante hepático, com doses de 3 a 9 g/dia. O utras reações tóxicas são intolerância à glicose, hiperuricem ia, edem a m acular e cistos m aculares. A com binação das preparações de ácido nicotínico com os in i bidores da 3-hidroxi-3-m etilglutaril coenzim a A (H M G -C oA ) para a dislipidem ia pode elevar o risco de rabdom iólise. O lim ite m áxim o da ingestão diária de niacina tem sido estim ado em 35 mg. Contudo, esse lim ite não se aplica ao seu uso terapêutico.
O ácido nicotínico e a nicotinam ida são bem absorvidos no estôm a go e no intestino delgado. A biodisponibilidade da niacina é alta nos feijões, no leite, na carne e nos ovos; a biodisponibilidade nos grãos dos cereais é mais baixa. C om o a farinha de trigo é enriquecida com niacina “livre” (isto é, form a não coenzim ática), a biodisponibilidade é excelente. A ingestão m édia de niacina nos EUA excede considera velm ente a ingestão diária recom endada (IDR). O am inoácido triptofano pode ser convertido em niacina com ■ PIRIDOXINA (VITAMINA Bg) A vitam ina Bf) pertence a um a fam ília de com postos que inclui a piri um a eficiência de 60:1 pelo peso. Então, a IDR para a niacina é ex doxina, o piridoxal, a piridoxam ina e seus derivados 5’-fosfato. O fos pressa em equivalentes de niacina. O correrá um a m enor conversão fato de 5’piridoxal (PLP) é cofator de m ais de 100 enzim as envolvidas de triptofano em niacina em casos de deficiência de vitam ina B6 e/ no m etabolism o dos am inoácidos. A vitam ina B6 tam bém participa ou riboflavina, e na presença de isoniazida. Os produtos de excreção na síntese do hem e e dos neurotransm issores e no m etabolism o do urinária da niacina são a 2-piridona e a 2-m etil-nicotinam ida, cujas glicogênio, dos lipídios, dos esteroides, das bases esfingoides e de vá m edições são usadas no diagnóstico da deficiência de niacina. rias vitam inas, com o a conversão de triptofano em niacina.
Deficiência A deficiência de niacina causa pelagra, que é encontrada p rim ordial m ente entre pessoas que seguem dietas à base de m ilho em partes da China, da África e da índia. A pelagra na A m érica do N orte é e n contrada principalm ente entre alcoolistas, nos pacientes com defeitos congênitos da absorção intestinal e renal de triptofano (doença de
Fontes alimentares Os vegetais contêm vitam ina Bô sob a form a de piridoxina, enquanto os tecidos anim ais contêm PLP e fosfato de piridoxam ina. A vitam ina B6 contida nos vegetais é m enos biodisponível do que a contida nos tecidos anim ais. As fontes alim entares ricas em vitam ina Bf) são os
legum es, as nozes, a farinha de trigo e a carne, em bora a vitam ina esteja presente em todos os grupos alim entares.
Deficiência
Toxicidade O lim ite superior seguro para a vitam ina B6 foi estabelecido em 100 m g/dia, em bora nenhum efeito adverso estivesse associado a altas in gestões de vitam ina B6 som ente de fontes alim entares. Q uando ocor re, a toxicidade causa neuropatia sensorial grave, levando o paciente à incapacidade de deam bular. Foram relatados alguns casos de fotos sensibilidade e derm atite.
■ FOLATO, VITAMINA B12 Ver C apítulo 105.
■ VITAMINA C O ácido ascórbico e o seu produto oxidado, ácido desidroascórbico, são biologicam ente ativos. As ações da vitam ina C incluem atividade antioxidante, prom oção da absorção de ferro não hem e, biossíntese de carnitina, conversão de dopam ina em n orepinefrina e síntese de diversos horm ônios peptídicos. A vitam ina C tam bém é im portante para o m etabolism o e o entrecruzam ento (hidroxilação da prolina) do tecido conectivo, e integra m uitos sistem as enzim áticos de m etabolização de fárm acos, em p articular dos sistem as de oxidases de função mista.
Absorção e fontes alimentares A absorção quase com pleta da v itam ina ocorre se forem adm inistra dos < 1 0 0 m g em um a única dose; no entanto, apenas 50% ou m e
Deficiência A deficiência de vitam ina C causa escorbuto. N os EUA, ela é vista p rincipalm ente entre pessoas pobres e idosas, nos alcoolistas que consom em < 1 0 m g/dia de v itam ina C e em indivíduos que conso m em dietas m acrobióticas. A deficiência de vitam ina C pode ocorrer em jovens adultos que se alim entam de dietas severam ente dese quilibradas. Além da fadiga generalizada, os sintom as do escorbuto refletem prim ariam ente a form ação prejudicada de tecido conecti vo m aduro e incluem sangram ento cutâneo (petéquias, equim oses, hem orragias perifoliculares), gengivas inflam adas e hem orrágicas e m anifestações de sangram ento d entro das articulações, da cavidade peritoneal, do pericárdio e das glândulas suprarrenais. Em crianças, a deficiência de vitam ina C pode prejudicar o crescim ento dos ossos. O diagnóstico laboratorial da deficiência de vitam ina C baseia-se nos baixos níveis plasm áticos ou leucocitários. A adm inistração de v itam ina C (200 m g/dia) m elhora os sin tom as do escorbuto em alguns dias. A suplem entação de vitam ina C em altas doses (p. ex., 1-2 g/dia) p oderia dim in u ir discretam ente os sintom as e a duração das infecções do trato respiratório superior. Relatou-se que essa suplem entação tam bém é útil n a síndrom e de Chédiak-H igashi (Cap. 60) e na osteogênese im perfeita (Cap. 363). Propôs-se que dietas ricas em vitam ina C podem dim inuir a incidên cia de certos cânceres, em p articular esofágico e gástrico. Se com pro vado, esse efeito pode advir do fato de a vitam ina C evitar a conver são de nitritos e am inas secundárias em nitrosam inas carcinogênicas. Porém , um estudo de intervenção na C hina não m ostrou a vitam ina C com o protetora. Tem sido sugerido que o uso parenteral de ácido ascórbico apresente um papel terapêutico im portante no tratam ento de cânceres avançados.
Deficiência e Excesso de Vitaminas e Oligominerais
Os sintom as da deficiência de v itam ina B6 são alterações epiteliais, vistas frequentem ente na deficiência de outras vitam inas B. Além disso, a deficiência grave de vitam ina B6p ode p ro d u z ir neuropatia periférica, eletroencefalogram as anorm ais e alterações de p erso n a lidade que incluem depressão e confusão. Em lactentes, foram rela tadas diarréia, convulsões e anem ia. A anem ia m icrocítica hipocrôm ica se deve à dim inuição da síntese de hem oglobina, um a vez que a prim eira enzim a envolvida na biossíntese do hem e (am inolevulin ato-sintase) requer o PLP com o cofator (Cap. 103). C onstatou-se tam bém disfunção plaquetária em alguns relatos de casos. C om o a vitam ina B6 é essencial à conversão de hom ocisteína em cistationina, é possível que a deficiência crônica de vitam ina B6 em baixo grau possa resultar em hiper-hom ocisteinem ia e m aior risco de doença cardiovascular (Caps. 241 e 364). Independentem ente da hom ocis teína, baixos níveis de vitam ina B6 circulantes têm sido associados à inflam ação e a níveis elevados da proteína C reativa. C ertos m edicam entos, com o a isoniazida, a L-dopa, a penicilam ina e a ciclosserina, interagem com o PLP devido a reações com os grupos carbonil. A piridoxina deve ser adm inistrada concom itantem ente à isoniazida para evitar neuropatia. O aum ento da razão entre a AST e a ALT visto na doença hepática alcoólica reflete a depen d ên cia relativa de vitam ina B6 da ALT. As síndrom es de dependência da vitam ina B6 que requerem doses farm acológicas dessa vitam ina são raras; elas incluem a deficiência de cistationina-P -sintase, anem ias responsivas à piridoxina (prim ariam ente sideroblástica) e atrofia circinada com degeneração coriorretiniana causada pela atividade d i m inuída da enzim a m itocondrial ornitina-am inotransferase. Nessas situações, o tratam ento requer 100-200 m g/dia de vitam ina B6 oral. Têm-se usado altas doses de vitam ina B6 para tratar a síndrom e do túnel cárpico, a tensão pré-m enstruai, a esquizofrenia, o autism o e a neuropatia diabética, m as não foram consideradas eficazes. O diagnóstico laboratorial da deficiência de v itam ina B6 é ge ralm ente feito com base nos valores baixos de PLP plasm ático (< 20 nm ol/L). O tratam ento da deficiência de vitam ina B6 é feito com 50 m g/dia, dando-se doses > 100-200 m g/dia se a deficiência estiver re lacionada com o uso de m edicações. A v itam ina B6não deve ser dada com a L-dopa, pois interfere na ação desse fárm aco.
nos são absorvidos com doses > 1 g. O correm degradação acentuada e excreção fecal e u rin ária de vitam ina C, após a ingestão de níveis m ais elevados. As fontes alim entares ricas em vitam ina C são frutas cítricas, ve getais verdes (especialm ente brócolis), tom ates e batatas. O consum o de cinco porções de frutas e vegetais p or dia fornece vitam ina C além da IDR de 90 m g/dia para hom ens e de 75 m g/dia para m ulheres. Além disso, aproxim adam ente 40% da população norte-am ericana consom em vitam ina C com o suplem ento alim entar, no qual as “for m as naturais” da vitam ina não se encontram m ais biodisponíveis do que as form as sintéticas. O tabagism o, a hem odiálise, a gravidez e o estresse (p. ex., infecções, traum atism o) parecem aum entar as neces sidades de vitam ina C.
Toxicidade A ingestão de m ais de 2 g de vitam ina C em dose única pode resultar em d or abdom inal, diarréia e náuseas. C om o a vitam ina C pode ser m etabolizada em oxalato, tem e-se que a suplem entação crônica com altas doses de vitam ina C possa resultar em m aior prevalência de litíase renal. N o entanto, isso não foi observado em vários estudos, exce to em pacientes com doença renal preexistente. Portanto, é razoável aconselhar os pacientes com história prévia de litíase renal para não tom arem altas doses de v itam ina C. T am bém existe um risco não com provado, porém possível, de que doses crônicas altas de vitam ina C possam prom over sobrecarga de ferro nos pacientes que estejam recebendo suplem entação de ferro. Altas doses de vitam ina C podem induzir hem ólise nos pacientes com deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase, e doses > 1 g/dia podem causar reações falso-negativas ao guáiaco, bem com o interferir nos testes de glicosúria. Altas doses podem interferir com certos fárm acos (p. ex., bortezom ib em pacientes com m ielom a).
■ BI0TINA A b iotina é um a v itam ina hidrossolúvel de papel im p o rtan te na expressão gênica, na gliconeogênese e na síntese de ácidos graxos, servindo com o tra n s p o rta d o r de C 0 2 na superfície das enzim as carboxilase m itocondrial e citossólica. A vitam ina tam bém atua no
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PARTE VI
catabolism o de am inoácidos específicos (p. ex., leucina). Excelentes fontes alim entares de biotina são a carne orgânica, com o o fígado ou o rim , a soja, os feijões, as leveduras e a gem a de ovo; contudo, a clara do ovo contém a proteína avidina que se liga fortem ente à vitam ina e reduz sua biodisponibilidade. A deficiência de b iotina por baixa ingestão alim entar é rara; ela é conseqüência de erros inatos no m etabolism o. A deficiência de b io tin a foi induzida experim entalm ente com dietas de clara do ovo e em pacientes com intestino curto que receberam nutrição parenteral sem biotina. Em adultos, a sua deficiência leva a alterações m entais (depressão, alucinações), parestesia, anorexia e náuseas. Pode ocor rer um exantem a descam ativo seborreico e eritem atoso em to rn o dos olhos, nariz e boca, assim com o nos m em bros. Em lactentes, a deficiência de biotina apresenta-se com o hipotonia, letargia e apatia. Além disso, os lactentes podem m anifestar alopecia e um exantem a típico que inclui as orelhas. O diagnóstico laboratorial da deficiência de biotina pode ser estabelecido com base em um a concentração u ri n ária dim inuída ou em um a excreção u rin ária aum entada de ácido 3-hidroxi-isovalérico, após um desafio com leucina. O tratam ento requer doses farm acológicas de biotina de até 10 m g/dia. Não há re gistros de toxicidade.
ÁCIDO PANT0TÊNIC0 (VITAMINA Bg)
Q3!
O ácido pantotênico é um com ponente da coenzim a A e da fosfopanteteína, as quais estão envolvidas no m etabolism o dos ácidos graxos e na síntese de colesterol, dos h orm ônios esteroides e de todos os com postos form ados a p a rtir de unidades isoprenoides. Além disso, o ácido pantotênico participa da acetilação das proteínas. A vitam ina é excretada na u rina e o diagnóstico laboratorial de sua deficiência baseia-se nos baixos níveis urinários. A vitam ina é onipresente no suprim ento alim entar. Fígado, gem a de ovo, grãos integrais e vegetais são fontes particularm ente ricas. A deficiência hum ana de ácido pantotênico foi m ostrada em dietas ex perim entais apenas com alim entação pobre em ácido pantotênico ou adm inistrando-se um antagonista específico da vitam ina. Os sin to m as da deficiência de ácido pantotênico são inespecíficos e incluem distúrbios gastrintestinais, depressão, cãibras m usculares, parestesia, ataxia e hipoglicem ia. Acredita-se que a deficiência de ácido p a n to tênico tenha causado a síndrom e dos pés em queim ação, vista em prisioneiros de guerra durante a Segunda G uerra M undial. Não foi relatada qualquer toxicidade dessa vitam ina.
■ COLINA A colina é um precursor da acetilcolina, dos fosfolipídios e da betaína. É essencial à integridade estrutural das m em branas celulares, ao m etabolism o dos neurotransm issores colinérgicos, dos lipídios e do colesterol, ao m etabolism o do grupo m etil e à sinalização tra n s m em brana. Recentem ente, de te rm in o u -se um a ingestão adequa da recom endada de 550 m g/dia para hom ens adultos e 425 m g/dia para m ulheres adultas, em bora certos polim orfism os genéticos p o s sam elevar a necessidade de um indivíduo. Acredita-se que a colina seja um nutriente “condicionalm ente essencial”, pois ocorre síntese original no fígado, que é m en o r do que a utilização da vitam ina em determ inadas situações de estresse (p. ex., doenças do fígado em al coolistas). A necessidade alim entar de colina depende do estado de outros doadores do grupo m etil (folato, vitam ina B12 e m etionina) e, portanto, varia amplamente. A colina se encontra am plam ente d istri buída nos alim entos (p. ex., gema de ovo, germ e de trigo, carne orgâ nica, leite) sob a form a de lectina (fosfatidilcolina). A deficiência de colina ocorreu em pacientes recebendo nutrição parenteral despro vida de colina. Essa deficiência resulta em esteatose hepática, níveis elevados de transam inases e em lesões do m úsculo esquelético com altos valores de creatina-fosfoquinase. O diagnóstico da deficiência de colina é feito atualm ente com base em baixos níveis plasm áticos, em bora condições inespecíficas (p. ex., exercícios pesados) possam suprim ir os níveis plasmáticos. A toxicidade da colina resulta em hipotensão, sudorese colinérgi ca, diarréia, salivação e um odor corporal de peixe. O lim ite superior de colina determ inado foi de 3,5 g/dia. C om o conduta terapêutica,
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a colina foi sugerida para os pacientes com dem ência e para aqueles com alto risco de doença cardiovascular, devido à sua capacidade de d im inuir os níveis de colesterol e hom ocisteína. No entanto, tais b e nefícios ainda não foram firm em ente docum entados. As dietas com restrição de colina e betaína apresentam valor terapêutico para a trim etilam inúria (síndrom e do o dor de peixe).
■ FLAV0N0IDES Os flavonoides constituem um a grande fam ília de polifenóis que contribuem para o arom a, sabor e cor das frutas e vegetais. Os p rin cipais grupos de flavonoides da dieta são as antocianidinas de cer tos frutos, as catequinas do chá verde e do chocolate, os flavonóis (p. ex., quercitina) dos brócolis, couve, alho-poró, cebola e da pele das uvas e m açãs e os isoflavonoides (p. ex., genisteína) dos legumes. Os isoflavonoides possuem um a baixa biodisponibilidade e são parcial m ente m etabolizados pela flora intestinal. A ingestão alim entar de flavonoides é estim ada entre 10 e 100 m g/dia, provavelm ente subes tim ada, pelo fato de não se conhecer a sua concentração em diversos alim entos. Têm -se dem onstrado que vários flavonoides apresentam atividade antioxidante e afetam a sinalização celular. A p a rtir de es tudos epidem iológicos m onitorados e estudos clínicos lim itados em anim ais e hum anos, têm -se proposto um papel para os flavonoides na prevenção de diversas doenças crônicas, com o doença degenera tiva, diabetes e osteoporose. A im portância e utilidade fundam ental de seus com postos contra as doenças hum anas ainda não foram de m onstrados.
■ VITAMINA A A vitam ina A refere-se, no sentido estrito, ao retinol. No entanto, os m etabólitos oxidados, retin ald eíd o e ácido retinoico, tam bém são com postos biologicam ente ativos. O term o retinoides inclui todas as m oléculas (inclusive as m oléculas sintéticas) quim icam ente relacio nadas com o retinol. O retinaldeído ( 11-cis) é a form a essencial da vitam ina A, necessária para a visão norm al, enquanto o ácido retinoi co é necessário para a m orfogênese, o crescim ento e a diferenciação celular norm ais. O ácido retinoico não atua na visão e, ao contrário do retinol, não está envolvido na reprodução. A vitam ina A tam bém exerce um papel na utilização do ferro, n a im unidade hum oral, na im unidade m ediada pelas células T, na atividade das células destruidoras naturais e na fagocitose. A vitam ina A está disponível com er cialm ente nas form as esterificadas (p. ex., acetato, palm itato), pois é mais estável com o éster. Existem mais de 600 carotenoides na natureza e aproxim adam en te 50 deles podem ser metabolizados em vitam ina A. O (3-caroteno é o carotenoide prevalente nos suprim entos alim entares que apresentam atividade de pró-vitam ina A. Em. hum anos, frações significativas de carotenoides são absorvidas sob a form a intacta e são arm azenadas no fígado e na gordura. A tualm ente estim a-se que 12 (xg ou mais (faixa, 4-27 |xg) de «ZZ-trans-P-betacaroteno alim entar sejam equivalentes a 1 |xg de atividade retinol, enquanto 24 fxg ou mais de outra pró-vita m ina A alim entar (p. ex., criptoxantina, a -caroteno) sejam equivalen tes a 1 |xg de atividade retinol. A equivalência da vitam ina A para um suplem ento de (3-caroteno em um a solução oleosa é de 2:1.
Metabolismo O fígado contém aproxim adam ente 90% das reservas de vitam ina A e a secreta sob a form a de retinol, que se encontra ligado à proteína. Um a vez que isso ten h a ocorrido, o com plexo proteico de ligação ao retinol interage com u m a segunda proteína, a transtiretina. Esse complexo trim olecular atua im pedindo que a vitam ina A seja filtrada pelos glom érulos renais, protegendo o organism o contra a toxicidade do retinol e perm itindo que este seja captado pelos receptores espe cíficos da superfície celular que reconhecem a proteína de ligação ao retinol. C erta quantidade de vitam ina A penetra nas células perifé ricas, m esm o que não esteja ligada à proteína de ligação do retinol. Depois que é interiorizado pela célula, o retinol liga-se a um a série de proteínas celulares de ligação, que funcionam com o agentes se qüestradores e transportadores, bem com o coligantes para reações enzim áticas. C ertas células tam bém contêm proteínas de ligação ao
ácido retinoico, que apresentam função seqüestradora, além de o deslocarem para o núcleo e possibilitar o seu m etabolism o. O ácido retinoico é um ligante para certos receptores que atuam com o fatores de transcrição. Duas famílias de receptores (receptores RAR e RXR) são ativas na transcrição gênica m ediada pelo retinol. Os receptores retinoides regulam a transcrição ligando-se com o com ple xos dim éricos a um local específico do DNA, os elem entos responsivos ao ácido retinoico, nos genes-alvo (Cap. 338). Os receptores podem estim ular e reprim ir a expressão gênica em resposta aos seus ligantes. O RAR liga-se ao all-trans-ácido retinoico e ao 9-c/s-ácido retinoico, enquanto o RXR se liga som ente ao 9-cís-ácido retinoico. Os receptores retinoides exercem um papel im portante no co n trole da proliferação e da diferenciação celulares. O ácido retinoico é útil no tratam ento da leucem ia prom ielocítica (Cap. 109) e tam bém é usado no tratam ento da acne cística porque inibe a ceratinização, d i m inui a secreção sebácea e possivelmente altera a reação inflam atória (Cap. 52). O RXR dim eriza-se com outros receptores nucleares para atuar com o co-regulador dos genes responsivos aos retinoides dos horm ônios tireoidianos e do calcitriol. U m agonista do RXR induz sensibilidade à insulina experim entalm ente, talvez porque o RXR seja um cofator para os receptores ativados por proliferadores peroxissôm icos (PPARs), que são os alvos p ara fárm acos tiazolidinediona com o a rosiglitazona e a troglitazona (Cap. 344).
O equivalente da atividade de retinol (EAR) é usado para expressar 0 valor de vitam ina A de um alim ento. U m EAR é definido com o 1 g de retinol (0,003491 m m ol), 12 p,g de (3-caroteno e 24 |xg de outros carotenoides pró-vitam ina A. N a literatura m ais antiga, a vitam ina A com frequência era expressada em unidades internacionais (UI), com 1 |xg de retinol sendo igual a 3,33 UI de retinol e 20 UI de (3-caroteno, porém essas unidades não estão m ais em uso científico atual. Fígado, peixe e ovos são excelentes fontes alim entares de vitam i na A pré-form ada; as fontes vegetais de carotenoides pró-vitam ina A são vegetais verde-escuros e frutas intensam ente coloridas. A cocção m oderada de vegetais aum enta a liberação de carotenoides para absor ção pelo intestino. A absorção de carotenoides tam bém é ajudada pela presença de algum a gordura na refeição. Os recém -nascidos são p a rti cularm ente suscetíveis à deficiência de vitam ina A, porque nem o leite m aterno nem o de vaca fornecem vitam ina A suficiente para evitar a deficiência. Nos países em desenvolvim ento, a deficiência alim entar crônica é a principal causa da falta de vitam ina A e é exacerbada pela infecção. No início da infância, baixos níveis de vitam ina A resultam de ingestões inadequadas de alimentos de origem anim al e de óleos co mestíveis, pois ambos são caros, ligados à inacessibilidade sazonal de vegetais e frutas e à sua ausência nos produtos alim entares industria lizados. A deficiência concom itante de zinco pode interferir na m o bilização de vitam ina A das reservas hepáticas. O álcool interfere na conversão do retinol em retinaldeído nos olhos, ao com petir pelo ál cool (retinol)-desidrogenase. Os fárm acos que interferem na absorção de vitam ina A são os óleos minerais, a neom icina e a colestiramina.
Deficiência A deficiência de vitam ina A é endêm ica onde as dietas são cronicam ente fracas, especialm ente nos estados do sul da Ásia, na África subsaariana, em algum as partes da Am érica Latina e no oeste do Pacífico, incluindo partes da China. O nível da vitam ina A é norm alm ente avaliado m edindo-se o retinol sérico [ní vel norm al, 1,05-3,50 mol/L (30-100 |xg/dL)] ou o retinol presente em um a gota de sangue, ou por testes de adaptação ao escuro. Existem m é todos de biópsia hepática invasiva, ou isotópicos estáveis para estim ar a quantidade total de vitam ina A arm azenada no corpo. Com base no retinol sérico deficiente [< 0,70 mol/L (20 (xg/dL)], existem > 90 m i lhões de crianças em idade pré-escolar com deficiência de vitam ina A, entre as quais > 4 m ilhões apresentam um a m anifestação ocular da de ficiência cham ada de xeroftalmia. Essa condição inclui estágios b ran dos de cegueira noturna e xerose conjuntiva (secura) com m anchas de Bitot (placas brancas de epitélio ceratinizado evidenciadas na esclera), assim como a rara ulceração da córnea, que leva potencialm ente à ce
TRATAMENTO
Deficiência de vitamina A
Q ualquer estágio de xeroftalm ia deverá ser tratad o com 60 m g de vitam ina A em solução oleosa, geralm ente contida em um a cápsula gelatinosa. A m esm a dose é repetida no dia seguinte e 14 dias m ais tarde. As doses deverão ser reduzidas à m etade para p a cientes de 6-11 meses de idade. As m ães com cegueira no tu rn a ou m anchas de Bitot deverão receber vitam ina A oralm ente, 3 m g/ dia ou 7,5 m g 2x/sem ana durante 3 meses. Esses program as são eficazes e m enos custosos e estão m ais am plam ente disponíveis do que a vitam ina A injetável hidrossolúvel. U m a estratégia co m um de prevenção é fornecer 60 m g a cada 4 a 6 meses às crian ças pequenas em áreas de alto risco, com a adm inistração de m eia dose para bebês de 6-11 m eses de idade. A deficiência de vitam ina A não com plicada raram ente ocor re em países industrializados. Um g rupo de alto risco, recém -nascidos com peso extrem am ente baixo (< 1.000 g), provavel m ente é deficiente em vitam ina A e deverá receber 1.500 |xg (ou EAR) de vitam ina A três vezes/sem ana d urante quatro sem anas. Em qualquer sociedade, o saram po grave pode levar à deficiência secundária de vitam ina A. C rianças hospitalizadas com saram po deverão receber duas doses de 60 m g de vitam ina A p o r 2 dias consecutivos. A deficiência de vitam ina A ocorre na m aioria das vezes em pacientes com doenças de m á absorção (p. ex., doença celíaca, síndrom e do intestino curto) que apresentam adaptação anorm al ao escuro ou sintom as de cegueira n o tu rn a sem outras alterações oculares. Tais pacientes são tratados por 1 mês com 15 m g/dia de um a preparação hidrossolúvel de vitam ina A. Esta é seguida po r um a dose de m anutenção m enor, com a quantidade exata determ inada pela m onitoração do retinol sérico. N ão há sinais e sintom as específicos que resultem da defi ciência de carotenoides. P ropôs-se que o 3 -c aro ten o seja um quim ioprofilático eficaz para o câncer porque inúm eros estudos epidem iológicos m o straram que as dietas ricas em (3-caroteno acarretavam baixa incidência de câncer nos sistem as respiratório e digestivo. No entanto, estudos controlados em fum antes usan do doses elevadas de (3-caroteno resultaram , realm ente, em um m aior núm ero de cânceres pulm onares que nos grupos tratados com placebo. Sugeriu-se que os carotenoides não pró-vitam ina A, com o a luteína e a zeaxantina, protegem contra a degeneração m acular e estudos de intervenção em larga escala foram realiza dos para testar essa hipótese. T am bém se propôs que o licopeno, outro carotenoide não pró-vitam ina A, protegeria contra o câncer de próstata. C ontudo, a eficácia desses agentes não foi com prova da p or estudos de intervenção, e desconhecem -se os m ecanism os que fundam entam tais supostas ações biológicas. Técnicas seletivas de cultivo de vegetais que levam a um m aior conteúdo de pró-vitam ina A em alim entos fundam entais podem m elhorar a m á nutrição deste elem ento nos países de p o u cos recursos. Além disso, um alim ento geneticam ente m odificado desenvolvido recentem ente (arroz Golden) apresentou um a m e lhor taxa de conversão do (3-caroteno em vitam ina A, de =3:1.
Deficiência e Excesso de Vitaminas e Oligominerais
Fontes alimentares
gueira e à necrose. A ceratom alacia (am olecim ento da córnea) leva a um a escarificação da córnea que cega pelo m enos um quarto de m i lhão de crianças a cada ano e está associada a um a taxa de letalidade de 4 a 25%. Entretanto, qualquer estágio da deficiência de vitam ina A leva a um risco aum entado de m ortalidade por diarréia, disenteria, saram po, m alária e doença respiratória. Essa deficiência pode com prom eter a barreira contra infecções e as defesas imunológicas inata e adquirida. A adm inistração de vitam ina A pode reduzir drasticam ente o risco de m ortalidade infantil (23 a 34%, em média) em áreas onde a deficiên cia for am plam ente prevalente. Cerca de 10% das m ulheres grávidas em estados de desnutrição tam bém desenvolvem cegueira noturna, identificada pela história, durante a últim a m etade da gravidez e essa deficiência m oderada de vitam ina A está associada a um risco elevado de infecção m aternal e taxa de m ortalidade.
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Toxicidade
PARTE VI cf =5g*
A toxicidade aguda da vitam ina A foi notada pela p rim eira vez em exploradores do Á rtico que com eram fígado de ursos polares, e tam bém foi observada após a adm inistração de 150 m g em adultos ou 100 m g em crianças. A toxicidade aguda se m anifesta p o r h ip er tensão intracraniana, vertigem , diplopia, abaulam ento da fontanela em crianças, convulsões e derm atite esfoliativa, p o d e n d o resultar em m orte. Em crianças que estão sendo tratadas para a deficiência de vitam ina A de acordo com os protocolos descritos an te rio rm e n te, ocorre um inchaço transitório das fontanelas em 2% dos bebês, e náuseas, vôm itos e dores de cabeça transitórios em 5% das crianças que se encontram em idade pré-escolar. A intoxicação crônica p o r vitam ina A é um a grande preocupação nos países industrializados e tem sido vista em adultos norm ais que ingerem 15 m g/dia e em crianças que ingerem 6 m g/dia, por um período de vários meses. As m anifestações são pele seca, queilose, glossite, vôm itos, alopecia, desm ineralização e dor óssea, hipercalcem ia, aum ento de linfonodos, h i perlipidem ia, am enorreia e características de pseu d o tu m o r cerebral com hipertensão intracraniana e papiledem a. A intoxicação crô n i ca p o r vitam ina A pode levar à fibrose hepática, com hipertensão portal e desm ineralização óssea. Q uando a vitam ina A é fornecida em excesso para gestantes, as m anifestações congênitas são abortos espontâneos, anorm alidades craniofaciais e cardiopatia valvar. Na gestação, a dose diária não deve exceder 3 mg. Os derivados retinoides com ercialm ente disponíveis tam bém são tóxicos, com o o ácido 13-ds-retinoico, que esteve associado a defeitos congênitos. Por co n seguinte, a anticoncepção deve ser m antida p or pelo m enos um ano e possivelm ente p or m ais tem po em m ulheres que tenham tom ado ácido 13-c?'s-retinoico. Em crianças d e sn u trid a s, os su p le m e n to s de v ita m in a A (100.000-200.000 UI) em função da idade, adm inistrados em vários ciclos durante dois anos, são tidos com o am plificadores dos efeitos inespecíficos de vacinas. Entretanto, por razões desconhecidas, pode ocorrer um efeito negativo sobre as taxas de m ortalidade em m eninas não com pletam ente vacinadas. Altas doses de carotenoides não resultam em sintom as tóxicos, porém deverão ser evitadas em fum antes devido ao risco elevado de câncer de pulm ão. Doses m uito elevadas de (3-caroteno (-2 0 0 m g/ dia) têm sido utilizadas para tratar ou prevenir as erupções cutâneas devidas à protoporfiria eritropoiética. A carotenem ia, que se carac teriza p or um a cor am arelada da pele (pregas das palm as e plantas), m as não das escleras, pode estar presente após a ingestão de > 30 m g de (3-caroteno diariam ente. Os pacientes hipertireóideos são par ticularm ente suscetíveis ao aparecim ento de carotenem ia devido à redução da degradação de caroteno em vitam ina A. A redução dos carotenos da dieta resulta no desaparecim ento da coloração am arela da da pele e da carotenem ia em um período de 30-60 dias.
■ VITAMINA D O m etabolism o da vitam ina D lipossolúvel será descrito em detalhes no C apítulo 352. Os efeitos biológicos dessa vitam ina são m ediados pelos seus receptores, que são encontrados na m aioria dos tecidos expandindo potencialm ente, portanto, as ações da vitam ina D para quase todos os sistem as celulares e órgãos (p. ex., células im unes, cérebro, m am a, colo e próstata), bem com o exercendo efeitos e n dócrinos clássicos sobre o m etabolism o do cálcio e a saúde óssea. Acredita-se que a vitam ina D seja im portante para a m anutenção do funcionam ento norm al de diversos tecidos não esqueléticos com o o m úsculo (incluindo o m úsculo cardíaco), função im unológica e in flamação, bem com o a proliferação e a diferenciação celular. Estudos têm m ostrado que ela pode ser útil com o tratam ento adjuvante da tu berculose, psoríase e esclerose m últipla ou para a prevenção de certos cânceres. A insuficiência de vitam ina D pode aum entar o risco para a diabetes m ellitus do tipo 1, insuficiência cardiovascular (resistência à insulina, hipertensão ou inflam ação de baixo grau), ou disfunção cerebral (p. ex., depressão). Entretanto, a im portância do exato p a pel fisiológico da vitam ina D nestas doenças não esqueléticas não foi esclarecida. Um a fonte im portante de vitam ina D é a sua síntese na
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pele subm etida ao raio ultravioleta B (UV-B) (com prim ento de onda 290-315 nm ). Exceto no caso dos peixes, os alim entos (a m enos que sejam for tificados) possuem quantidades apenas lim itadas de vitam ina D. A vitam ina D2 (ergocalciferol) é obtida de vegetais e representa a form a quím ica encontrada em alguns suplem entos.
Deficiência A quantificação da vitam ina D tem sido feita por m eio da m edição dos níveis séricos de 1,25-dihidroxi-vitam ina D [l,25(O H )2 vitam ina D]; entretanto, não há consenso a respeito de um a metodologia de en saio uniform e ou sobre os níveis séricos ideais. O nível ótim o poderá, de fato, diferir de acordo com a entidade com prom etida em questão. C om base em dados epidem iológicos e experim entais, um nível de l,25(O H )2 vitam ina D > 20 ng/m L (> 50 nmol/L; para converter ng/mL em nmol/L, m ultiplica-se p or 2,496) é suficiente para um a boa saúde óssea. Alguns estudiosos defendem níveis séricos mais elevados (p. ex., > 30 ng/mL) para a ação da vitam ina D em outros objetivos desejáveis. Os fatores de risco para a deficiência de vitam ina D são idade avançada, falta de exposição ao sol, pele escura (especialm ente e n tre aqueles que vivem na região n o rte), m á absorção de gorduras e obesidade. O raquitism o é a doença que representa classicam ente a deficiência de vitam ina D. Sinais da deficiência são sensibilidade muscular, fraqueza e d or óssea. A lguns destes efeitos são indepen dentes da ingestão de cálcio. A Academ ia N acional de Ciências dos Estados U nidos concluiu recentem ente que a m aioria nos norte-am ericanos está recebendo quantidades adequadas de vitam ina D (IAR = 1 5 |xg/dia ou 600 U I/ dia; Cap. 73). Entretanto, para pessoas com mais de 70 anos de idade, o IAR é de 20 (xg/dia (800 U l/dia). O consum o de alim entos fo rti ficados ou enriquecidos, bem com o a exposição suberitem al ao sol devem ser encorajadas no caso de indivíduos em risco de deficiência de vitam ina D. Se um a ingestão adequada não for alcançada, suple m entos de vitam ina D deverão ser ingeridos, especialm ente durante os meses de inverno. A deficiência de vitam ina D pode ser tratada com a adm inistração oral de 50.000 U l/sem ana durante 6-8 sem a nas, seguida p or um a dose de m anutenção de 800 U l/d ia (100 |xg/ dia) a p a rtir de alim entos e suplem entos, após o alcance dos níveis plasm áticos norm ais. Os efeitos fisiológicos da vitam ina D 2 e D 3 são idênticos quando ingeridos p or longos períodos.
Toxicidade O limite superior de ingestão foi ajustado para 400 Ul/d. Contrariando as crenças anteriores, a intoxicação aguda de vitam ina D é rara e em ge ral causada pela ingestão excessivamente descontrolada de suplem en tos ou por práticas a l i m e n t a r e s i n a d e q u a d a s . O plasm a de alta 1,25 (OH) 2 vitam ina D e os níveis elevados de cálcio no plasma são carac terísticas centrais de toxicidade. Parar a ingestão de vitam ina D e cálcio é obrigatório, e o tratam ento da hipercalcem ia pode ser necessário.
VITAMINA E Vitam ina E é o nom e coletivo de todos os estereoisôm eros de tocoferóis e tocotrienóis, em bora apenas o RR tocoferol atenda às necessi dades hum anas. A vitam ina E atua com o um antioxidante que rom pe cadeias, sendo um elim inador eficiente do radical hidroxila, que protege as lipoproteínas de baixa densidade (LDLs) e os lipídios poli-insaturados nas m em branas contra a oxidação. Um a rede de outros antioxidantes (p. ex., vitam ina C, glutationa) e enzim as m antém a vi tam ina E em estado reduzido. A vitam ina E tam bém inibe a síntese de prostaglandina e a atividade da proteinaquinase C e da fosfolipase A2.
Absorção e metabolismo Após absorção, a vitam ina E é captada dos quilom ícrons pelo fígado, e um a proteína hepática de tran sp o rte de a-tocoferol m edeia o seu transporte intracelular e a sua incorporação à lipoproteína de densi dade m uito baixa (VLDL). A proteína transportadora tem afinidade particular pela form a isom érica RRR do a-tocoferol; logo, esse isôm ero natural apresenta a m aior atividade biológica.
Necessidades
K2,
A vitam ina E está am plam ente distribuída nos suprim entos alim en tares, sobretudo nos óleos de girassol, de açafrão e de germ e de trigo; os 7 -tocotrionóis estão notavelm ente presentes no m olho de soja e no óleo de m ilho. A vitam ina E tam bém é encontrada n a carne, nas nozes e nos grãos de cereais, havendo pequenas quantidades dela nas frutas e nos vegetais. Pílulas de vitam ina E contendo doses de 501.000 m g são ingeridas por = 10% da população nos EUA. O IAR para a vitam ina E é de 15 m g/dia (34,9 |xmol ou 22,5 UI) para todos os adultos. Dietas ricas em gorduras poli-insaturadas p odem exigir um a ingestão levem ente aum entada de vitam ina E. Não h á deficiência nutricional de vitam ina E. Sua deficiência só é vista nas doenças de m á absorção grave e prolongada, com o a doença celíaca, ou após ressecção do intestino delgado. As crianças com fi brose cística ou colestase prolongada podem desenvolver deficiência de vitam ina E decorrente de arreflexia e anem ia hemolítica. As crian ças com abetalipoproteinem ia não podem absorver ou tran sp o rtar a vitam ina E, tornando-se deficientes m uito rapidam ente. Tam bém existe um a form a familiar de deficiência isolada de vitam ina E, decor rente de um defeito na proteína de transporte do a-tocoferol. A defi ciência de vitam ina E causa degeneração axonal dos grandes axônios m ielinizados, resultando em sintom as espinocerebelares e da coluna posterior. No início, a neuropatia periférica caracteriza-se por arrefle xia, evoluindo para m archa atáxica e redução das sensações vibratória e proprioceptiva. A deficiência de vitam ina E tam bém pode se carac terizar p or oftalmoplegia, m iopatia esquelética e retinopatia pigm en tada. Foi m ostrado que tanto a deficiência de vitam ina E quanto a de selênio no hospedeiro induz determ inadas m utações virais e, p o rtan to, a virulência. O diagnóstico laboratorial da deficiência de vitam ina E baseia-se nos níveis sanguíneos baixos de a-tocoferol (< 5 (xg/mL ou < 0,8 m g de a-tocoferol por gram a de lipídios totais).
n o te c id o h e p á tico . A f ilo q u in o n a p o d e s e r c o n v e rtid a em m e n a q u i
Deficiência de vitamina E
Deve-se tratar a deficiência sintom ática de vitam ina E com 8001.200 m g de a -tocoferol por dia. Os pacientes com abetalipopro teinem ia podem precisar de até 5.000 a 7.000 m g/dia. C rianças com deficiência sintom ática de vitam ina E devem ser tratadas com 400 m g/dia VO de ésteres hidrossolúveis; alternativam en te, podem -se a d m inistrar 2 m g/kg/dia IM. A vitam ina E em al tas doses pode proteger contra a fibroplasia retrolental induzida por oxigênio e a displasia broncopulm onar, assim com o contra a hem orragia intracraniana da prem aturidade. A vitam ina E foi sugerida para aum entar o desem penho sexual, tratar a claudica ção interm itente e retardar o processo de envelhecim ento, m as faltam evidências que confirm em tais propriedades. Q uando ad m inistrada em com binação com outros antioxidantes, a vitam i na E pode auxiliar a im pedir a degeneração m acular. Altas doses (60-800 m g/dia) m ostraram , em ensaios controlados, m elhorar os parâm etros da função im une e reduzir os resfriados nos residen tes de enferm agem , porém estudos de intervenção que usaram a vitam ina E para prevenir doenças cardiovasculares ou câncer não apresentaram eficácia e em doses > 400 m g/dia, a vitam ina E pode até aum entar a m ortalidade em geral.
Toxicidade Todas as form as de vitam ina E são absorvidas e podem c ontribuir para a sua toxicidade. Doses elevadas (> 800 m g/dia) podem reduzir a agregação plaquetária e interferir no m etabolism o da vitam ina K, sendo portanto contraindicadas nos pacientes que tom am varfarina e agentes antiplaquetários (com o a ácido acetilsalicílico ou clopido grel). Relataram-se náuseas, flatulência e diarréia em doses > 1 g/dia.
menaquinona, s in te tiz a d a p e la flo ra b a c te r ia n a e e n c o n tra d a
n o n a em a lg u n s ó rg ã o s.
A vitam ina K é essencial à carboxilação pós-traducional do ácido glutâm ico, o que é necessário p ara a ligação do cálcio às proteínas 7 -carboxiladas com o a pro tro m b in a (fator II), fatores VII, IX e X, proteína C, proteína S e as encontradas nos ossos (osteocalcina) e no m úsculo liso vascular (p. ex., proteína Gla da m atriz). C ontudo, não se conhece a im portância da vitam ina K para a m ineralização óssea e para a prevenção da calcificação vascular. Fárm acos do tipo da varfa rina inibem a 7 -carboxilação, im pedindo a conversão da vitam ina K em sua form a ativa, a hidroquinona.
Fontes alimentares A vitam ina K é encontrada nos vegetais verdes folhosos, com o cou ve e espinafre e quantidades apreciáveis tam bém estão presentes na m argarina e no fígado. A vitam ina K está presente nos óleos vege tais; são fontes particularm ente ricas os óleos de oliva, canola e soja. Estim a-se que a ingestão m édia diária dos norte-am ericanos seja de aproxim adam ente 100 (xg/dia.
Deficiência Os sintom as da deficiência de vitam ina K devem -se à hem orragia, com os recém -nascidos sendo particularm ente suscetíveis em v irtu de das baixas reservas de gordura, baixos níveis de vitam ina K no leite m aterno, esterilidade do trato intestinal infantil, im aturidade he pática e transporte placentário precário. Podem -se observar sangram entos intracraniano, gastrintestinal e cutâneo nos lactentes com de ficiência de vitam ina K, um a sete dias após o nascim ento. Portanto, adm inistra-se vitam ina K ao nascim ento (1 m g IM) com o profilaxia. A deficiência de vitam ina K em adultos pode ser vista nos pa cientes com doença crônica do intestino delgado (p. ex., doença celí aca, doença de C rohn), naqueles com trato biliar obstruído ou após a ressecção do intestino delgado. O tratam ento com antibióticos de largo espectro pode precipitar a deficiência de vitam ina K por redu ção das bactérias intestinais, que sintetizam as m enaquinonas, e por inibição do m etabolism o da v itam ina K. No caso de pacientes em tratam ento com a varfarina, o fárm aco antiobesidade orlistat pode levar a alterações da razão norm alizada internacional (RNI) devido à absorção deficiente de vitam ina K. O diagnóstico da deficiência de vitam ina K geralm ente é baseado na elevação do tem po de p rotrom bina ou n a redução dos fatores de coagulação, m as tam bém se pode m edir a vitam ina K diretam ente p o r CLAD. A deficiência de v ita m ina K é tratada com a adm inistração de um a dose parenteral de 10 mg. Para os pacientes com m á absorção crônica, deve-se fornecer 1 a 2 m g/dia de vitam ina K VO, ou 1-2 m g/sem ana por via parenteral. Os pacientes com doença h epática podem apresentar um tem po de p ro trom bina elevado devido à destruição dos hepatócitos, assim com o à deficiência de vitam ina K. Se 0 tem po de p rotrom bina elevado não m elhorar durante 0 tratam en to com a vitam ina K, pode-se deduzir que ele não resulta da deficiência desta vitam ina.
Deficiência e Excesso de Vitaminas e Oligominerais
TRATAMENTO
ou
Toxicidade Não foi descrita a toxicidade das filoquinonas e m enaquinonas da dieta. Altas doses de vitam ina K podem prejudicar a ação dos anti coagulantes orais.
MINERAIS Q uadro 74.2.
■ CÁLCIO Ver C apítulo 352.
■ ZINCO ■ VITAMINA K Existem duas form as naturais de vitam ina K: vitam ina K,, tam bém conhecida com o filoquinona, de fontes anim ais e vegetais, e vitam ina
O zinco é um com ponente essencial de m uitas m etaloenzim as no organism o, estando envolvido na síntese e na estabilização das p ro teínas do DNA e do RNA, além de exercer um papel estrutural nos
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ribossom os e nas m em branas. O zinco é necessário para a ligação com os receptores dos horm ônios esteroides e vários outros fatores de transcrição do DNA. É absolutam ente essencial à esperm atogêne se, ao crescim ento fetal e ao desenvolvim ento em brionário.
de neurotransm issores e na função do SNC; na síntese e no entrecruzam ento de elastina e de colágeno; e na elim inação de radicais superóxido. As fontes alim entares de cobre são m oluscos, fígado, nozes, legumes, farinha e carne de vísceras.
Absorção
Deficiência
A absorção de zinco alim entar é inibida p o r folato, fibras, oxalato, ferro e cobre, assim com o p o r certos fárm acos, com o a penicilam ina, o valproato de sódio e o etam butol. As fontes ricas em zinco biodisponível são carne, m oluscos, nozes e legum es, en q u an to o zinco presente nos grãos e legum es se encontra m enos disponível para absorção.
A deficiência dietética de cobre é relativam ente rara, em bora tenha sido descrita em lactentes p re m a tu ro s alim entados com leite a r tificial e naqueles com m á absorção (Q uadro 74.2). A anem ia po r deficiência de cobre foi relatada em pacientes com doença p o r m á absorção, síndrom e nefrótica e nos tratad o s para a doença de W ilson com altas doses de zinco oral, o qual po d e interferir na absorção de cobre. A síndrom e dos cabelos encarapinhados de M enkes é um dis túrbio do m etabolism o do cobre ligado ao X, que se caracteriza por deficiência m ental, hipocuprem ia e dim inuição da ceruloplasm ina circulante (C ap. 363). Ela é causada p o r m utações no gene tra n s p o rtad o r de cobre, ATP7A. As crianças com essa doença em geral m orrem no decorrer de cinco anos p o r an eu rism a dissecante ou ruptura cardíaca. A aceruloplasm inem ia é um a doença autossôm ica recessiva rara caracterizada pela sobrecarga de ferro tecidual, dete rioração m ental, anem ia m icrocítica e baixas concentrações séricas de ferro e cobre. O diagnóstico da deficiência de cobre costum a ser feito com base nos baixos níveis séricos de cobre (< 65 |xg/dL) e ceruloplasm ina (< 20 m g/dL). Os níveis séricos de cobre podem estar elevados na gravidez ou em condições de estresse, pois a ceruloplasm ina é um reagente da fase aguda e 90% do cobre circulante está ligado a ela.
Deficiência A deficiência leve de zinco foi descrita em m uitas d o e n ças, com o diabetes m elito, H IV /A ids, cirrose, alcoolism o, doença inflam atória intestinal, síndrom e de m á absorção e doença da célula falciforme. Nessas doenças, a deficiência crônica leve de zinco pode causar interrupção do crescim ento em crianças, sensação de gustação dim inuída (hipogeusia) e função im une precá ria. A deficiência crônica grave de zinco foi descrita com o um a causa de hipogonadism o e nanism o em vários países do O riente M édio. Nessas crianças, cabelos hipopigm entados tam bém fazem parte da síndrom e. A acroderm atite enteropática é um distúrbio autossôm ico recessivo raro que se caracteriza po r alterações na absorção de zinco. As m anifestações clínicas são diarréia, alopecia, em aciação m uscular, depressão, irritabilidade e exantem a envolvendo os m em bros, a face e o períneo. O exantem a caracteriza-se p or crostas vesiculosas e p ustu losas com descam ação e eritem a. Pacientes eventuais com doença de W ilson tiveram deficiência de zinco em conseqüência do tratam ento com penicilam ina (Cap. 360). O diagnóstico da deficiência de zinco geralm ente é feito com um nível sérico < 12 |xmol/L (< 70 (xg/dL). A gestação e os contracepti vos orais podem causar um a discreta dim inuição nos níveis séricos de zinco, e a hipoalbum inem ia de qualquer causa pode resultar em hipozincem ia. Em situações de estresse agudo, o zinco pode ser re distribuído do plasm a para os tecidos. Pode-se tratar a sua deficiên cia com 60 m g de zinco elem entar, VO, 2x/dia. Há relatos de que as pastilhas de gliconato de zinco (13 m g de zinco elem entar a cada 2 horas enquanto estiver acordado) reduzem a duração e os sintom as do resfriado com um em adultos, m as os estudos são conflitantes. A deficiência de zinco é prevalente em diversos países em d e senvolvim ento e norm alm ente coexiste com outras deficiências de m icronutrientes (especialm ente ferro). O zinco (20 m g/dia) pode representar um a estratégia terapêutica adjunta eficaz para a doença diarreica e pneum onia em crianças.
Toxicidade Após ingestão oral, a toxicidade aguda do zinco causa náuseas, vôm i tos e febre. O gás de zinco das soidas pode ser tóxico, causando febre, dificuldade respiratória, salivação excessiva, sudorese e cefaleia. D o ses crônicas altas de zinco podem deprim ir a função im une e causar anem ia hipocrôm ica em decorrência da deficiência de cobre. As p re parações intranasais de zinco devem ser evitadas porque podem levar ao com prom etim ento irreversível da m ucosa nasal e anosm ia.
Toxicidade A toxicidade do cobre geralm ente é acidental (Q uadro 74.2). Nos ca sos graves, pode resultar em insuficiência renal e hepática e coma. Na doença de W ilson, as m utações no gene tran sp o rta d o r de cobre, ATP7B, levam ao seu acúm ulo no fígado e n o cérebro, com baixos n í veis sanguíneos devido à dim inuição da ceruloplasm ina (Cap. 360).
■ SELÊNIO O selênio, na form a de selenocisteína, é um com ponente da enzim a glutationa-peroxidase, a qual serve para proteger as proteínas, m em branas celulares, lipídios e ácidos nucleicos das m oléculas oxidantes. C om o tal, o selênio tem sido intensam ente estudado com o um agente quim iopreventivo contra certos cânceres, com o o câncer de próstata. A selenocisteína tam bém é encontrada na enzim a desiodinase, que m edeia a desiodação da tiroxina em tri-iodotironina (Cap. 341). As fontes alim entares ricas são os frutos do mar, as carnes de m úsculos e os cereais, em bora o conteúdo de selênio dos cereais seja determ inado p o r sua concentração no solo. Os países que apresentam baixas concentrações no solo são partes da Escandinávia, C hina e Nova Zelândia. A doença de Keshan é um a m iocardiopatia endêm ica encontrada em crianças e m ulheres jovens que m oram em regiões da C hina onde a ingestão diária de selênio na dieta é baixa (< 20 (jig/dia). A deficiência concom itante de iodo e selênio pode agravar as m anifestações clínicas do cretinism o. A ingestão crônica de grandes quantidades de selênio leva à selenose caracterizada por fragilidade e perda do cabelo e das unhas, odor de alho na respiração, erupção cutânea, m iopatia, irritabilidade e outras anorm alidades do sistema nervoso.
■ COBRE O cobre é parte essencial de num erosos sistem as enzim áticos, com o as aminoxidases, ferroxidase (ceruloplasm ina), citocrom o-c-oxidase, superóxido-dism utase e dopam ina-hidrolase. O cobre tam bém é um com ponente da ferroproteína, um a proteína de tran sp o rte envolvida na transferência basolateral de ferro durante a absorção a p a rtir do enterócito. Desse m odo, o cobre exerce um papel no m etabolism o do ferro, na síntese de m elanina, na produção de energia, na síntese
■ CR0M0 O crom o potencializa a ação da insulina nos pacientes com intolerân cia à glicose, presum ivelm ente au m en tan d o a sinalização m ediada pelo receptor da insulina, em bora a sua utilidade no tratam ento do diabetes tipo 2 ainda não esteja com provada. Além disso, a m elho ra nos perfis sanguíneos de lipídios tem sido observada em alguns pacientes. A utilidade dos suplem entos de crom o para o desenvolvi
m ento m uscular não tem sido dem onstrada. As fontes alim entares ri cas em crom o são as leveduras, carnes e produtos de grãos. O cromo, no estado trivalente, é encontrado em suplem entos e é am plam ente atóxico; contudo, o crom o-6 é um produto da solda do aço inoxidável e é um carcinógeno pulm onar conhecido, além de causar lesão hepá tica, renal e do SNC.
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A a s h e im
■ MAGNÉSIO Ver C apítulo 352.
■ FLUOR, MANGANÊS E OLIGOELEMENTOS
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Desnutrição e Avaliação Nutricional Douglas C. Heim burger A desnutrição pode surgir de causas prim árias ou secundárias, com as prim eiras resultando do consum o de alim entos inad equados ou de baixa qualidade e as últim as de doenças que alteram o consum o de alim entos ou dos nutrientes necessários, seu m etabolism o ou sua absorção. O corre desnutrição p rim ária prin cip alm en te nos países em desenvolvim ento e em condições de atividade política, guerra ou escassez de alim entos. A desnutrição secundária, a form a principal encontrada nos países industrializados, era praticam ente desconhe cida até o início da década de 1970, q u ando se percebeu que pes soas cuja alim entação era adequada p o d iam ficar d esn u trid as po r causa de doenças agudas ou crônicas que alteram o consum o ou o m etabolism o dos nutrientes, particu larm en te doenças que causam inflam ação aguda ou crônica. Vários estudos m o straram que a des nutrição proteico-energética (DPE) afeta de 33 a 50% dos pacientes de clínica geral ou cirúrgicos em hospitais universitários. A desco b erta consistente de que o estado nutricional influencia o prognósti co do paciente enfatiza a im portância de se prevenir, detectar e tratar a desnutrição.
DESNUTRIÇÃO PROTEICO-ENERGÉTICA As definições das form as de DPE se baseiam no m etabolism o. T radi cionalm ente, os dois tipos principais de DPE têm sido o marasmo e o kwashiorkor, condições com paradas no Q u a d ro 75.1. O m arasm o tem sido considerado com o o resultado final de um a longa deficiên
cia de energia alim entar, enquanto o kwashiorkor tem sido interpreta do com o conseqüência de um a dieta pobre em proteínas. Em bora o prim eiro conceito perm aneça essencialm ente correto, estão se acum ulando evidências de que as síndrom es de DPE são dis tintas por duas características principais: ingestão alim entar e proces sos inflam atórios básicos. Dietas pobres em energia com inflamação m ínim a levam à gradual erosão da massa corporal, resultando no m a rasm o clássico. Em contraste, a inflam ação devida às doenças agudas como câncer, insuficiência pulm onar ou cardíaca e infecção por HIV poderá corroer a massa corporal escassa, m esm o na presença de inges tão alim entar relativamente suficiente, levando a um estado semelhante à kwashiorkor. Com frequência, doenças inflam atórias com prom etem o apetite e a ingestão alimentar, produzindo combinações das duas. Um com itê de consenso internacional propôs as seguintes defi nições revisadas. A desnutrição relacionada à fo m e é sugerida para os casos de desnutrição crônica sem inflam ação; a desnutrição relacio nada à doença crônica é considerada quando a inflam ação é crônica e de grau brando a m oderado; e a desnutrição relacionada à lesão ou à doença aguda, quando a inflam ação é aguda e de grau severo. E n tretanto, com o não foram elaborados critérios diagnósticos de distin ção entre estas condições, este capítulo trata de critérios que têm sido bem -sucedidos e em basados na literatura médica.
Desnutrição e Avaliação Nutricional
A inda não se descreveu um a função essencial para o flu o r nos se res hum anos, em bora ele seja útil para a m anutenção da estrutura dentária e óssea. A fluorose no adulto resulta em m anchas e defeitos no esm alte dos dentes, assim com o em ossos quebradiços (fluorose esquelética). A deficiência de m anganês e m olibdênio foi relatada em pacien tes com anom alias genéticas raras e em alguns pacientes sob nutrição parenteral com pleta prolongada. Diversas enzim as específicas para o m anganês foram identificadas (p. ex., m anganês superóxido desm utase). Relatou-se que a deficiência de m anganês resulta em desm ineralização óssea, atraso do crescim ento, ataxia, distúrbios no m etabo lismo de carboidratos e lipídios e convulsões. Os oligoelem entos são aqueles cujas necessidades são < 1 m g/ dia. Não foi estabelecida a necessidade da m aioria dos oligoelem en
CAPÍTULO
tos, porém o selênio, o crom o e o iodo são nitidam ente essenciais (Cap. 341). O molibdênio é necessário para a atividade da sulfito e da xantina-oxidase, e a deficiência de m olibdênio pode resultar em lesões esqueléticas e cerebrais.
■ MARASMO 0U CAQUEXIA O m arasm o é um estado em que praticam ente todas as reservas de gordura disponíveis do corpo se esgotaram devido à inanição. A caquexia é um estado que envolve a perda substancial de m assa corpo ral básica devido à inflam ação sistêm ica crônica. As condições que acarretam caquexia nos países em desenvolvim ento tendem a serem crônicas e indolentes, com o câncer e doença pulm onar crônica, en quanto o m arasm o ocorre em pacientes com anorexia nervosa. Estas condições são relativam ente fáceis de se detectar po r causa do aspec to d esnutrido do paciente. O diagnóstico baseia-se no desgaste de gordura e m úsculos, resultante de deficiência calórica prolongada e/ ou inflamação. A m enor espessura das dobras cutâneas reflete a per-
605
QUADRO 75.1
Comparação entre marasmo/caquexia e kwashiorkor/desnutrição proteico-calórica Kwashiorkor ou desnutrição proteico-calórica3
Marasmo ou caquexia Contexto clínico
i Consumo de energia
i Consumo de proteína durante estado de estresse
Tempo de evolução
Meses a anos
Semanas
Manifestações clínicas
Aspecto desnutrido
Aspecto bem nutrido
Peso < 80% do padrão para a altura
Facilidade de arrancar os cabelos6
Prega cutânea do tríceps < 3 mm
Edema
Circunferência do músculo no meio do braço < 15 cm
Dados laboratoriais
Albumina sérica < 2,8 g/dL
Alto índice de creatinina < 60% do padrão
Capacidade de ligação do ferro total < 200 |xg/dL Linfócitos < 1 500/jxL
PARTE VI
Anergia
Evolução clínica
Resposta ao estresse razoavelmente preservada a curto prazo
Infecções
Mortalidade
Baixa, a menos que relacionada com doença subjacente
Alta
Critérios diagnósticos
Prega cutânea do tríceps < 3 mm
Albumina sérica < 2,8 g/dL
Circunferência do músculo no meio do braço < 15 cm
Pelo menos um dos seguintes:
Má cicatrização de feridas, úlceras de decúbito, rupturas na pele
Má cicatrização de feridas, úlceras de decúbito ou rupturas na pele Facilidade de arrancar os cabelos* Edema a0s dados usados para diagnosticar o kwashiorkor devem ser inexplicáveis por outras causas. cO teste é feito puxando-se firmemente uma mecha de cabelos do alto (não dos lados ou de trás) da cabeça com o polegar e o indicador. Uma média de três ou mais fios de cabelo retirados com facilidade e sem dor é considerada anormal.
da das reservas de gordura; a circunferência m uscular reduzida do braço com desgaste dos m úsculos tem porais e interósseos reflete o catabolism o de proteína em todo o corpo, inclusive em órgãos vitais, com o o coração, o fígado e os rins. Os dados laboratoriais rotineiros no m arasm o/caquexia não cos tum am ser notáveis. O índice creatinina-altura (excreção urinária de creatinina em 24 horas com parada com os valores norm ais de acordo com a altura) está baixo, refletindo a perda de m assa muscular. O ca sionalm ente, o nível sérico de album ina está reduzido, m as m antém -se > 2,8 g/dL nos casos sem com plicações. Apesar do aspecto m ór bido, a im unocom petência, a cicatrização de feridas e a capacidade de lidar com estresse a curto prazo são razoavelm ente preservadas na m aioria dos pacientes. A desnutrição pura relacionada à fom e é um a form a crônica ra zoavelm ente adaptada de inanição, e não um a doença aguda, deven do ser tratada com cautela, na tentativa de reverter gradualm ente a tendência ao agravam ento. E m bora seja necessário aporte n u tricio nal, a reposição m uito agressiva pode resultar em desequilíbrios m e tabólicos graves, até m esm o potencialm ente fatais, com o hipofosfate m ia e insuficiência cardiorrespiratória (síndrom e de realim entação). Sempre que possível, prefere-se o suporte nutricional oral ou enteral; o tratam ento iniciado lentam ente perm ite a readaptação das funções m etabólicas e intestinais (Cap. 76).
■ KWASHIORKOR OU DESNUTRIÇÃO PROTEICO-CALÓRICA (DPC) Em contraste, nos países desenvolvidos o kwashiorkor ou D PC ocorre principalm ente em conexão com doenças agudas potencialm ente fa tais com o traum atism os e sepse. O estresse fisiológico provocado por essas doenças aum enta a necessidade de proteína e energia em um m om ento em que o consum o costum a ser lim itado. Um cenário clás sico para a DPC é um paciente com estresse agudo que recebe apenas soluções de glicose a 5% p o r períodos curtos com o duas sem anas; este cenário origina o term o proposto com o desnutrição relacionada à lesão ou à doença aguda. E m bora os m ecanism os etiológicos não
606
sejam totalm ente conhecidos, a resposta em term os de poupar p ro teína vista, norm alm ente, na inanição é bloqueada pelo estado estres sado e pela infusão de carboidrato. Em seus estágios iniciais, os achados físicos do kwashiorkor/DPC são poucos e sutis. As reservas de g ordura e m assa m uscular de início não são afetadas, dando o aspecto ilusório de nutrição adequada. Os sinais que confirm am o diagnóstico de kwashiorkor/DPC são facili dade para arrancar os cabelos, edem a, rupturas cutâneas e m á cicatri zação de feridas. O principal sine qua non é a redução acentuada dos níveis séricos de proteína com o a album ina (< 2,8 g/dL) e transfer rina (< 150 m g/dL) ou da capacidade de ligação do ferro (< 200 p,g/ dL). A função celular im une fica deprim ida, o que se reflete em linfopenia (m enos de 1.500 linfócitos/|xL em adultos e crianças m aiores) e ausência de resposta aos testes cutâneos com antígeno (anergia). O prognóstico de pacientes adultos com kwashiorkor/DPC esta belecido não é bom , m esm o com suporte nutricional agressivo. Feri das cirúrgicas em geral apresentam deiscência (não cicatrizam ), sur gem úlceras de pressão, podem o correr gastroparesia e diarréia com a alim entação enteral, o risco de sangram ento gastrintestinal decor rente das úlceras p o r estresse aum enta, as defesas do hospedeiro fi cam com prom etidas e poderá sobrevir a m orte p or causa de infecção superposta, apesar da antibioticoterapia. Ao contrário do tratam ento no m arasm o, o suporte nutricional agressivo está indicado para res tabelecer um m elhor equilíbrio m etabólico m ais rapidam ente (Cap. 76). Em bora o kwashiorkor seja m enos am eaçador em crianças, tal vez porque seja necessário m enos estresse p ara precipitar o distúrbio, ainda assim é um a condição séria.
■ CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS DOS ESTADOS HIP0 E HIPERMETABÓLICOS As características m etabólicas e necessidades nutricionais de pacien tes hiperm etabólicos estressados p o r lesão, infecção ou doenças in flam atórias crônicas diferem daquelas de pacientes hipom etabólicos sem estresse, m as com inanição crônica. Em am bos os casos, o su-
Características fisiológicas dos estados hipo e hipermetabólicos
QUADRO 7 5 .2
Paciente hipometabólico sem estresse (marásmico)
Paciente hipermetabólico estressado (risco de kwashiorkor*)
Citocinas, catecolaminas, glucagon, cortisol, insulina
i
T
Taxa metabólica, consumo de 02
1
t
Proteólise, gliconeogênese
i
T
Ureagênese, excreção de ureia
i
t
Catabolismo de gordura, utilização de ácido graxo
Relativo,
Adaptação à inanição
Normal
Características fisiológicas
T
Absoluto,
energética sem complicações. Depois de 10 dias de total inanição, um indivíduo sem estresse perde 12 a 18 g diárias de proteína (equivalen tes a aproxim adam ente 56 g de tecido m uscular ou 2 a 3 g de n itro gênio). Em contraste, nos casos de lesão e sepse, o enovelam ento de proteína acelera em proporção com o grau de estresse, atingindo 30 a 60 g/dia após cirurgia eletiva, 60 a 90 g/dia com infecção, 100 a 130 g/ dia com sepse grave ou traum atism o esquelético e mais de 175 g/dia com queim aduras graves ou lesões cranianas. Tais perdas se refletem em aum entos proporcionais na excreção de nitrogênio ureico, o p rin cipal subproduto do enovelam ento proteico. ■ GLICONEOGÊNESE
T
Anormal
porte nutricional é im portante, m as critérios enganosos na escolha da abordagem apropriada podem ter sérias conseqüências adversas. O paciente hipom etabólico típico é o indivíduo relativam en te m enos estressado, m as discretam ente catabólico e com inanição crônica que, com o tem po, desenvolve caquexia/m arasm o. O pacien te hiperm etabólico estressado em decorrência de lesão ou infecção apresenta catabolism o (perda rápida da m assa corporal) e corre alto risco de desenvolver D P C /kwashiorkor, se suas necessidades nutricionais não forem satisfeitas e/ou a doença não se resolver rapidam ente. C onform e re sum ido no Q uadro 75.2, am bos os estados se distinguem p or p e rtu r bações diferentes na taxa m etabólica, do enovelam ento de proteína (proteólise) e da gliconeogênese. Tais diferenças são m ediadas p or ci tocinas pró-inflam atórias e horm ônios contra-reguladores - fator de necrose tum oral, interleucinas 1 e 6, proteína C reativa, catecolam inas (epinefrina e norepinefrina), glucagon e cortisol cujos níveis estão relativamente reduzidos nos pacientes hipom etabólicos e aum entados nos hiperm etabólicos. Em bora os níveis de insulina tam bém estejam elevados em pacientes estressados, a resistência à insulina nos tecidos-alvo bloqueia os efeitos das ações anabólicas m ediadas p or ela. ■ TAXA METABÓLICA N a inanição e na sem i-inanição, a taxa m etabólica do repouso cai entre 10 a 30% com o um a resposta adaptativa à restrição de energia, dim inuindo a velocidade da perda de peso. Em contraste, a taxa m e tabólica do repouso aum enta na presença de estresse fisiológico, em proporção com a m agnitude da lesão. Pode aum entar cerca de 10% após cirurgia eletiva, 20 a 30% após fraturas ósseas, 30 a 60% com infecções graves, com o peritonite ou septicem ia por G ram -negativos, e até 110% após queim aduras extensas. Se a taxa m etabólica (necessidade de energia) não se iguala ao consum o de energia, ocorre perda de peso, lentam ente no hipom etabolism o e rapidam ente no hiperm etabolism o. É improvável que per das de até 10% da m assa corporal sejam prejudiciais, p orém perdas m aiores em pacientes com doença aguda hiperm etabólicos podem estar associadas à deterioração rápida na função corporal. ■ CATABOLISMO PROTEICO A taxa de enovelam ento proteico endógeno (catabolism o) para m an ter as necessidades de energia n o rm alm ente cai d urante a privação
Desnutrição e Avaliação Nutricional
T a is alterações caracterizam o paciente estressado com risco de apresentar o kwashiorkor encontrado em países desenvolvidos; elas diferem em alguns aspectos das características do kwashiorkor primário visto nos países em desenvolvimento.
O principal objetivo do catabolism o proteico durante um estado de inanição é fornecer am inoácidos glicogênicos (em especial alanina e glutam ina), que servem com o substratos para a produção endógena de glicose (gliconeogênese) no fígado. N o estado hipom etabólico/de inanição, o enovelam ento de pro teín a p ara a gliconeogênese é m i nim izado, especialm ente com o cetonas derivadas dos ácidos graxos, que se to rn am o substrato preferido p o r certos tecidos. No estado hiperm etabólico/com estresse, a gliconeogênese aum enta de form a acentuada e em proporção com a m agnitude do problem a, aum en tando o fornecim ento de glicose (o principal com bustível para o re paro). A glicose é o único com bustível que pode ser utilizado por tecidos hipoxêm icos (glicólise anaeróbia), leucócitos e fibroblastos recém -form ados. As infusões de glicose com pensam em parte um equilíbrio energético negativo, m as não suprim em de form a signi ficativa as altas taxas de gliconeogênese em pacientes catabólicos. Portanto, é necessário um fornecim ento adequado de proteína para repor os am inoácidos utilizados para essa resposta m etabólica. Em resum o, um paciente hipom etabólico está adaptado à in an i ção e conserva a m assa corporal reduzindo a taxa m etabólica e usan do a gordura com o principal com bustível (em vez da glicose e seus am inoácidos precursores). U m paciente hiperm etabólico tam bém utiliza gordura com o combustível, m as desdobra rapidam ente a p ro teína corporal para pro d u zir glicose, o que causa a perda de tecidos m usculares e orgânicos, além de colocar em perigo funções vitais.
DESNUTRIÇÃO POR MICRONUTRIENTES As m esm as doenças e reduções no consum o de nutrientes que acar retam DPE tam bém costum am ocasionar deficiências de vitam inas e m inerais (Cap. 74). Nessas deficiências, provavelm ente m ais com uns do que em geral se pensa, os nutrientes que são arm azenados em p e quenas quantidades (com o as vitam inas hidrossolúveis) são perdidos em secreções externas, com o o zinco na diarréia líquida ou no exsu dato de queim aduras. D eficiências de v itam ina C, ácido fólico e zinco são razoavel m ente com uns em pacientes doentes. Sinais de escorbuto com o pelos encaracolados nos m em bros inferiores costum am ser encontrados em pacientes cronicam ente enferm os e/ou alcoolistas. O diagnóstico pode ser confirm ado verificando-se os níveis plasm áticos de vitam i na C. O consum o e os níveis sanguíneos de ácido fólico em geral são sub-ótim os, m esm o em pessoas saudáveis; n a vigência de doenças, alcoolismo, pobreza ou problem as de dentição, estas deficiências são com uns. Níveis sanguíneos baixos de zinco são prevalentes em p a cientes com síndrom es de m á absorção, com o doença intestinal infla m atória. Os pacientes com deficiência de zinco em geral apresentam m á cicatrização de feridas, form ação de úlceras de pressão e baixa im unidade. A deficiência de tiam ina é um a com plicação com um do alcoolism o, porém podem ser prevenidas p or doses terapêuticas de tiam ina em pacientes que recebem tratam ento para o alcoolismo. Os pacientes com níveis plasm áticos baixos de vitam ina C geral m ente respondem às doses encontradas em preparados polivitam ínicos, m as aqueles com deficiências devem receber suplem entação com 250 a 500 m g/dia. Alguns preparados polivitam ínicos orais não con têm ácido fólico, de m odo que os pacientes com deficiência devem
607
receber cerca de 1 m g/dia. Aqueles com deficiência de zinco resul tante de grandes perdas externas às vezes precisam de suplem entação oral com 220 m g de sulfato de zinco 1 a 3 vezes/dia. Por essas razões, são recom endáveis avaliações laboratoriais dos níveis de m icronutrientes nos pacientes de alto risco. O corre hipofosfatem ia em pacientes hospitalizados com fre quência notável, em geral resultante de desvios intracelulares rápidos do fosfato em pacientes com caquexia ou alcoolistas que estejam re cebendo glicose intravenosa (Cap. 45). As seqüelas clínicas adversas são num erosas; algum as com o insuficiência cardiopulm onar aguda são coletivamente cham adas de síndrom e de realim entação e podem ser potencialm ente fatais.
CONSIDERAÇÕES GLOBAIS
QUADRO 75.3
0 paciente de alto risco
Baixo peso (índice de massa corporal < 1 8 ,5 ) e/ou perda recente >10% do massa corporal normal Baixo consumo: anorexia, evita alimentar-se (p. ex., condição psiquiátrica) ou estado NPO por mais de cinco dias Perdas protraídas de nutrientes: má absorção, fístulas entéricas, drenagem de abscessos ou feridas, diálise renal Estados hipermetabólicos: sepse, febre protraída, traumatismo ou queimaduras extensas Abuso de álcool ou uso de drogas com propriedades antinutritivas ou catabólicas: esteroides, antimetabólitos (p. ex., metotrexato), imunossupressores, agentes antitumorais
Empobrecimento, isolamento, idade avançada M uitos países em desenvolvim ento ainda lidam com altas prevalências das form as clássicas de DPE: m arasm o e kw a shiorkor. A insegurança alimentar, que caracteriza diversos países pobres, im pede a suficiência e/ou a qualidade alim entar con Tais m ecanism os incluem ingestão inadequada, problem as de ab sistente e leva à desnutrição cíclica ou endêm ica. Os fatores que am e sorção, baixa utilização, perdas aum entadas e m aior necessidade de açam a segurança alim entar incluem as variações na produtividade nutrientes. agrícola (ciclos de estações secas e chuvosas), secas periódicas, ativi Os indivíduos com as características relacionadas no Q u a d ro dade ou injustiça política e doenças epidêm icas especialm ente H IV / 75.3 correm risco particular de deficiências nutricionais. Aids. A coexistência da desnutrição e doenças epidêm icas exacerba as últim as e aum enta as complicações e taxas de m ortalidade, criando ■ EXAME FÍSICO ciclos viciosos de desnutrição e doença. Os achados físicos que sugerem deficiências e excessos de vitam inas, C onform e acontece a prosperidade econôm ica, observou-se que m inerais e proteico-energéticas estão relacionados no Q u a d ro 75.4. os países em desenvolvim ento passam p or um a transição epidem ioA m aioria dos achados físicos não é específica de deficiências n u tri lógica, um com ponente que vem sendo cham ado de transição nutri cionais individuais e precisa ser integrada à anam nese, à antropom e cional. E nquanto os recursos econôm icos possibilitam um a m aior tria e aos dados laboratoriais. Por exemplo, o achado de hiperceratose diversidade alim entar, as populações com recursos m édios (p. ex., folicular na parte posterior dos braços é norm al e razoavelm ente co África do Sul, C hina e Am érica Latina) com eçam a adotar os hábitos m um . Entretanto, se for dissem inada em um a pessoa que consom e do estilo de vida das nações industrializadas, com m aior consum o de poucas frutas, verduras e legum es e fum a regularm ente (aum ento da energia e gordura e níveis reduzidos de atividade física. Este fato leva necessidade de ácido ascórbico), é provável que haja deficiência de ao aum ento dos níveis de obesidade, síndrom e m etabólica, diabetes, vitam ina C. D a m esm a form a, a facilidade de arrancar cabelos pode doença cardiovascular e câncer, ocorrendo algum as vezes ao m esm o ser um a conseqüência de quim ioterapia, m as em um paciente hospi tem po em populações com subnutrição persistente. talizado com feridas cirúrgicas que cicatrizam m al e hipoalbum ine As deficiências de m icronutrientes tam bém continuam prevalen mia, sugere DPC/kwashiorkor. tes em diversos países do m undo, prejudicando o estado funcional e a
•
produtividade e aum entando as taxas de m ortalidade. Uma deficiên cia de vitam ina A afeta talvez, 20% da população m undial, prejudi cando a visão e elevando as taxas de m orbidade e m ortalidade a partir de infecções, como por exemplo, o sarampo. Os program as da com u nidade de suplementação de vitam ina A reduziram significativamente as taxas de m ortalidade por saram po nas populações vulneráveis. A deficiência de ferro branda a m oderada pode ser prevalente em até 50% da população m undial, devido à pobre diversidade alim entar aliada à perda sanguínea periódica e à gravidez. A deficiência de iodo continua prevalente em aproxim adam ente 35% da população m u n dial, causando gota, hipotireoidism o e cretinism o. A deficiência de zinco é endêm ica em m uitas populações produzindo retardo no cres cimento, hipogonadism o e derm atoses e prejudicando a cicatrização.
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Com o as interações entre doença e nutrição são com plexas, m uitos achados físicos e laboratoriais refletem tanto a doença subjacen te quanto o estado nutricional. Portanto, a avaliação nutricional de um paciente requer a integração da anam nese com o exam e físico, a antropom etria e os dados laboratoriais. Essa abordagem ajuda a de tectar problem as nutricionais e im pede a conclusão de achados isola dos que sugerem problem as nutricionais, quando não é verdade. Por exemplo, a hipoalbum inem ia causada p o r um a doença subjacente nem sem pre é indício de desnutrição.
■ ANAMNESE NUTRICIONAL A anam nese nutricional visa identificar m ecanism os subjacentes que colocam os pacientes em risco de depleção ou excesso nutricional.
U ANTROPOMETRIA As m edidas an tropom étricas fornecem inform ação sobre a m assa m uscular corporal e as reservas de gordura. As m edidas m ais práticas e com um ente usadas são o peso corporal, a altura, a prega cutânea do tríceps (PCT) e a circunferência do m úsculo no m eio do braço (CMM B). O peso corporal é um dos p arâm etros nutricionais m ais úteis em pacientes com doenças agudas ou crônicas. Perda de peso não intencional d urante doença em geral reflete a p erda de m assa corporal m agra (m úsculo e tecido orgânico), em especial quando é rápida e não causada p or diurese. Pode ser u m m au sinal, pois indica o uso das reservas corporais vitais de proteína para combustível m etabólico. O padrão de referência para peso corporal norm al, índice de m assa corporal (IMC: peso em quilogram as dividido pela altura em m etros ao quadrado), é discutido no C apítulo 78. Um IM C < 18,5 é considerado baixo peso, de 18,5 a 24,9 é n orm al, de 25 a 29,9 indica sobrepeso e > 30, obesidade. A m edida da espessura da prega cutânea é útil para estim ar as reservas corporais de gordura, porque cerca de 50% da gordura cor poral n orm alm ente estão na região subcutânea. A espessura da prega cutânea tam bém pode perm itir d iscrim inar a m assa de gordura da m assa m uscular. A PCT é um local conveniente, em geral represen tativo do nível global de gordura do corpo. U m a espessura < 3 m m sugere esgotam ento praticam ente com pleto das reservas de gordura. A CMMB pode ser usada para se estim ar a m assa m uscular esquelé tica, calculada da seguinte m aneira: CMMB (cm ) = circunferência da p arte su p erio r do braço (cm) [0,314 X PCT (m m )]
QUADRO 75.4 Achados físicos de deficiências nutricionais Achados clínicos
Possível deficiência3
Excesso possível
Cabelos/pelos, unhas Encaracolados e encravados
Possível deficiência3
Excesso possível
Orais Vitamina C
Papilas linguais atróficas (língua lisa)
Riboflavina, niacina, folato, vitamina B12, proteína, ferro
Glossite (língua escarlate, em carne viva)
Riboflavina, niacina, piridoxina, folato, vitamina B12
Fáceis de arrancar
Proteína
Sinal da bandeira (despigmentação transversal dos pelos)
Proteína
Pelos esparsos
Proteína, biotina, zinco
Cristas transversais nas unhas
Proteína
Vitamina A
Hipogeusestesia, hiposmia
Zinco
Gengivas tumefactas, retraídas, hemorrágicas (se houver dentes)
Vitamina C
Ossos, articulações
Pele Aspecto de celofane
Proteína
Rachada (dermatose descamativa ou pavimentosa)
Proteína
Hiperceratose folicular
Vitaminas A, C
Petéquias (especialmente perifoliculares)
Vitamina C
Púrpura
Vitaminas C, K
Pigmentação e descamação nas áreas expostas ao sol
Niacina
Má cicatrização de feridas, úlceras de decúbito
Proteína, vitamina C. zinco
Descamação
Vitamina A, ácidos graxos essenciais, biotina
Vitamina A
Pigmentação amarelada poupando as escleras (benigna)
Zinco (hiperpigmentado)
Caroteno
Costelas com aspecto de rosário, epífises tumefactas, pernas arqueadas
Vitamina D
Sensibilidade, hemorragia subperióstea em crianças
Vitamina C
Neurológicos
Sonolência, letargia, vômitos Demência
Periorais Riboflavina, piridoxina, niacina
Queilose (lábios ressecados, rachados, ulcerados)
Riboflavina, piridoxina, niacina
Niacina, vitamina B12, folato Vitamina A
Oftalmoplegia
Tiamina, fósforo
Neuropatia periférica (p ex., fraqueza, parestesias, ataxia, queda do pé e dimi nuição dos reflexos tendinosos, da sensibilidade tátil fina, da sensação vibratória e da sensação de posição)
Tiamina, piridoxina, vitamina b ,2
Tetania
Cálcio, magnésio
Piridoxina
Outros Vitamina A
Estomatite angular
Vitamina A
Cefaleia
Vitamina A
Papiledema
Tiamina (psicose de Korsakoff)
Desnutrição e Avaliação Nutricional
Confabulação. desorientação
Olhos Cegueira noturna
Achados clínicos
Edema
Proteína, tiamina
Insuficiência cardíaca
Tiamina (beribéri “ úmida”), fósforo
Hepatomegalia
Proteína
Aumento das parótidas
Proteína (considerar também bulimia)
Insuficiência cardíaca súbita, morte
Vitamina C
Vitamina A
sNeste quadro, "deficiência de proteína” significa kwashiorkoríDPC.
■ EXAMES LABORATORIAIS Vários exames laboratoriais rotineiros na prática clínica podem for necer boa inform ação sobre o estado nutricional de um paciente, quando se usa um a abordagem ligeiram ente diferente para sua in terpretação. Por exemplo, níveis séricos de album ina anorm alm ente baixos, capacidade de ligação do ferro total e anergia podem ter um a explicação distinta, m as coletivam ente podem representar kwashio rkor. No contexto clínico de um paciente agudam ente enferm o h i perm etabólico com edem a, facilidade de a rran car os cabelos e co n sum o inadequado de proteína, o diagnóstico de D PC /kwashiorkor é inconfundível. Os exames laboratoriais de uso com um para avaliar o estado nutricional estão relacionados no Q u a d ro 75.5, onde tam bém
há tópicos que ajudam a evitar atribuir-se significado nutricional a exames que podem ser anorm ais p o r m otivos não nutricionais.
Avaliação de proteínas circulantes (viscerais) As proteínas séricas m ais co m u m en te usadas p ara se avaliar o es tad o n u tricional são a album ina, a capacidade de ligação do ferro total (ou transferrina), a p ré -a lb u m in a fixadora de tiroxina (transtirretina) e a proteína que liga o retinol. C om o suas taxas de síntese e m eias-vidas são diferentes - a m eia-vida da album ina sérica é de aproxim adam ente 21 dias, en q u an to a da pré-album ina e a da p ro teína de ligação do retinol se aproxim am de dois dias e 12 horas, respectivam ente -, algum as dessas proteínas refletem alterações no
609
QUADRO 75.5
Exames laboratoriais para avaliação nutricional
Exame (valores normais) Albumina sérica (3,5 a 5,5 g/dL)
Uso nutricional
Causas de valor normal apesar da desnutrição
Outras causas de valores anormais
2,8 a 3,5: estado proteico comprometido
Desidratação
Baixos
< 2,8: possível kwashiorkor
Infusão de albumina, plasma fresco congelado ou sangue total
Comuns:
Valores maiores refletem equilíbrio proteico positivo
Infecção e outro estresse, especialmente com baixo consumo de proteína Queimaduras, traumatismos Insuficiência cardíaca congestiva Sobrecarga hídrica
PARTE VI
Doença hepática grave Incomuns: Síndrome nefrótica Deficiência de zinco Estase/proliferação bacteriana no intestino delgado Pré-albumina sérica, também chamada transtirretina (20-40 mg/dL; mais baixo em crianças pré-púberes)
10-15 mg/dL: depleção discreta de proteína
Insuficiência renal crônica
Semelhante à albumina sérica
Deficiência de ferro
Baixos Semelhante à albumina sérica
5-10 mg/dL: depleção moderada de proteína < 5 mg/dL: depleção grave de proteína Valores maiores refletem equilíbrio proteico positivo
Capacidade de ligação do ferro total (CLFT) no soro 240-450 fxg/dL
< 200: estado proteico comprometido, possível kwashiorkor Valores maiores refletem equilíbrio proteico positivo Mais lábil que a albumina
Altos Deficiência de ferro
Tempo de protrombina 12-15,5 s
Prolongado: deficiência de vitamina K
Creatinina sérica 0,6-1,6 mg/dL
< 0,6: desgaste muscular por déficit prolongado de energia
Altos
Reflete massa muscular
Apesar do desgaste muscular
Prolongado Terapia com anticoagulante (varfarina) Doença hepática grave
Insuficiência renal Desidratação grave Creatinina urinária de 24 h 500-1.200 mg/dia (padronizado por altura e sexo)
Valor baixo: desgaste muscular por déficit prolongado de energia
Colheita > 24 h
Baixos
Creatinina sérica diminuída
Aumento da creatinina sérica
Colheita de urina incompleta Desgaste neuromuscular
Ureia nitrogenada urinária (UNU) de 24 h < 5 g/dia (depende do consumo de proteína)
Determinar o nível de catabolismo (pelo tempo em que o consumo de proteína seja >10 g abaixo da perda de proteína calculada ou < 20 g total, mas pelo menos sejam fornecidos 100 g de carboidrato) 5-10 g/dia = catabolismo discreto ou condições alimentares normais 10-15 g/dia = catabolismo moderado > 15 g/dia = catabolismo grave Estimativa do equilíbrio proteico Equilíbrio proteico = consumo de proteína - perda de proteína, em que a perda de proteína (taxa de catabolismo proteico) = [UNU 24 h (g) + 4] x 6,25 São necessários ajustes no caso de pacientes com queimaduras e outros com grandes perdas não urinárias de nitrogênio e naqueles com níveis de BUN flutuantes (p. ex., insuficiência renal) (Continua)
610
QUADRO 7 5 .5
Exames laboratoriais para avaliação nutricional (C on tinu ação )
Exame (valores normais)
Uso nutricional
Ureia nitrogenada sanguínea (BUN), 8-23 mg/dL
< 8: possivelmente consumo inadequado de proteína 12-23: possivelmente consumo adequado de proteína > 23: possivelmente consumo excessivo de proteína Se a creatinina sérica for normal, usar BUN Se a creatinina sérica estiver elevada, usar proporção BUN/creatinina (a variação normal é praticamente a mesma da BUN)
Causas de valor normal apesar da desnutrição
Outras causas de valores anormais Baixos Doença hepática grave Estado anabólico Síndrome da secreção inadequada de hormônio antidiurético
Altos Apesar do baixo consumo de proteína Insuficiência renal (usar proporção BUN/ creatinina) Insuficiência cardíaca congestiva Hemorragia gastrintestinal
sidade total de energia m ultiplicando-se GEB p o r um fator respon sável pelo estresse ou doença. Ao m ultiplicar p o r 1,1-1,4, obtém -se um a variação de 10-40% acim a do nível basal que serve com o estim a tiva do gasto energético em 24 horas da m aioria dos pacientes. Usa-se o valor m ais baixo (1, 1) para pacientes sem evidência de estresse fisiológico significativo e o m ais alto (1,4) para aqueles com estresse acentuado, com o sepse ou traum atism o. O resultado é usado com o um a m eta de ingestão de energia em 24 horas. Q uando é im portante obter um a avaliação mais acurada do gasto energético, pode-se medi-lo à beira do leito usando a calorim etria indi reta, técnica útil para os pacientes em que se suspeita de um estado hi permetabólico causado por sepse ou traum atism o e cujo peso corporal não pode ser verificado com precisão. A calorim etria indireta tam bém pode ser útil em pacientes que apresentam dificuldade ao afastam en to de um ventilador, pois suas necessidades energéticas não devem ser excedidas para evitar produção excessiva de C 0 2. Pacientes nos extre m os de peso (p. ex., obesos) e/ou idosos tam bém são bons candidatos, porque as equações de Harris-Benedict foram desenvolvidas a partir de médias em adultos com peso corporal razoavelmente normal. C om o a ureia é o principal subproduto do catabolism o proteico, pode-se usar a quantidade de ureia nitrogenada excretada a cada dia para estim ar a taxa de catabolism o proteico e determ inar se o consu m o de proteína é adequado. A perda total de proteína e o equilíbrio proteico p odem ser calculados a p a rtir da ureia nitrogenada na urina (U N U ) da seguinte m aneira:
Avaliação do estado vitamínico e de minerais
Taxa de catabolism o proteico (g/dia) = [UN U em 24 h (g) + 4] X 6,25 (g de proteína/g de nitrogênio)
O uso de exames laboratoriais para c o nfirm ar suspeita de deficiên cias de m icronutrientes é válido porque os achados físicos p ara aque las deficiências costum am ser equivocados ou inespecíficos. Níveis sanguíneos baixos de m icronutrientes p odem anteceder m anifesta ções clínicas m ais sérias e tam bém po d em indicar interações entre fárm acos e nutrientes.
ESTIMATIVA DAS NECESSIDADES DE ENERGIA E PROTEÍNA E possível estim ar o gasto energético basal (GEB, m edido em quilocalorias p or dia) a p artir da altura, do peso, da idade e do sexo de um paciente pelo uso das equações de H arris-Benedict: Hom ens: GEB = 66,47 + 13,75P + 5A - 6,761 Mulheres: GEB = 655,10 + 9,56P + 1,85A - 4,681
Desnutrição e Avaliação Nutricional
estado nutricional m ais rapidam ente que outras. N o entanto, flutu ações rápidas tam bém podem to rn a r m enos confiável a m eia-vida curta das proteínas. Os níveis de proteínas circulantes são influenciados p o r suas ta xas de síntese e catabolism o, perdas no “terceiro espaço” (perdas nos espaços intersticiais) e, em alguns casos, perdas externas. Em bora um consum o adequado de calorias e proteína seja necessário para alcan çar níveis circulantes ideais de proteína, os níveis séricos de proteína em geral não refletem seu consum o. Por exemplo, um a queda no n í vel sérico de album ina ou transferrina costum a acom panhar estres se fisiológico significativo (p. ex., decorrente de infecção ou lesão) e não é necessariam ente indício de desnutrição ou baixo consum o. Um nível sérico baixo de album ina em um paciente com queim adura, hiperm etabolism o e perdas elevadas de proteína pode não ser indício de desnutrição. Entretanto, o suporte nutricional adequado das n e cessidades de calorias e proteína do paciente é fundam ental para que os níveis circulantes de proteínas voltem ao n orm al à m edida que o estresse se resolve. Portanto, valores baixos em si não im plicam des nutrição, m as em geral apontam alto risco para a sua ocorrência por causa do estresse hiperm etabólico. Q uanto m ais tem po persiste um estresse fisiológico significativo, os níveis séricos de p roteína conti nuam baixos, m esm o com suporte nutricional agressivo. Entretanto, se os níveis não subirem após a m elhora da doença subjacente, as necessidades calóricas e proteicas do paciente devem ser reavaliadas para se ter certeza de que o consum o é suficiente.
O valor de 4 g adicionado à U N U representa um a estim ativa li beral da perda não m edida de nitrogênio na u rina (p. ex., creatinina e ácido úrico), pelo suor, cabelos, pele e fezes. Q uando o consum o de proteína é baixo (p. ex., inferior a cerca de 20 g/dia), a equação indica tanto a necessidade de p roteína do paciente quanto a gravidade do estado catabólico (Q uadro 75.5). U m consum o m ais substancial de proteína pode elevar a U N U porque p arte da proteína ingerida (ou infundida) sofre catabolism o e é convertida em UNU. Portanto, no caso de baixo consum o de proteína, a equação é útil para estim ar as necessidades, e um consum o m aior de proteína é útil para se avaliar o equilíbrio proteico. Equilíbrio proteico (g/dia) = consum o de proteína taxa catabólica de proteína
onde P é o peso em quilogram as, A é a altura em centím etros e I é a idade em anos. Após a resolução destas equações, estim a-se a neces
611
T CW, R i t c h i e CS (eds): Handbook o f Clinical N utrition a nd Aging, 2nd ed. New York, Humana, 2009 G o t t s c h l i c h MM (ed): The A.S.P.E.N. N utrition Support Core Curriculum : A Case-Based Approach - The A dult Patient. Silver Spring, MD, A.S.P.E.N., 2007. Available online at www.nutritioncare.org H e i m b u r g e r DC, ARD JD (eds): H andbook o f Clinical N utrition, 4th ed. Phi ladelphia, Mosby Elsevier, 2006 Bales
CAPÍ TULO PARTE VI
76
Nutrição Enteral e Parenteral Terapêutica Bruce R. Bistrian David F. Driscoll A capacidade de fornecer suporte nutricional especializado (SNE) representa u m avanço prim ordial na terapia clínica. O suporte n u tri cional, seja p or via enteral ou parenteral, é indicado em duas situa ções principais: ( 1) proporcionar um consum o nutricional adequado durante a fase de recuperação de doenças ou lesões, quando a capa cidade do paciente de ingerir ou absorver nutrientes está co m p ro m etida, e (2) m anter o paciente durante a resposta sistêm ica à infla m ação, lesão ou infecção durante um a doença grave prolongada. O SNE tam bém é em pregado em pacientes com perda p erm anente do com prim ento ou da função intestinal. Além disso, um núm ero cada vez m aior de pacientes idosos que vivem em instituições geriátricas e de cuidados crônicos recebe alim entação enteral, geralm ente com o conseqüência do consum o nutricional inadequado. Enteral refere-se à alim entação p o r u m tubo colocado no intesti no para liberar fórm ulas líquidas que contenham todos os nutrientes essenciais. Nutrição parenteral refere-se à infusão de soluções com pletas de nutrientes na corrente sanguínea po r um a veia periférica ou, m ais com um ente, um acesso venoso central p ara satisfazer as necessidades nutricionais. A alim entação enteral costum a ser prefe rida po r causa dos benefícios derivados da m anutenção das funções digestiva, de absorção e de barreira im unológica do trato gastrintes tinal. Os tubos flexíveis de pequeno calibre foram praticam ente subs tituídos po r tubos de b orracha mais calibrosos, o que facilitou sua colocação e aceitação pelos pacientes. As bom bas de infusão tam bém aprim oram a liberação de soluções nutrientes. Para uso a curto prazo, os tubos enterais p odem ser colocados por via nasal no estômago, duodeno ou jejuno. Para uso prolongado, pode-se ter acesso a estes locais, através da parede abdom inal, p o r m eio de procedim entos endoscópicos, radiológicos ou cirúrgicos. A tolerância intestinal ao tubo de alim entação pode ser lim itada d u ra n te doença aguda, em decorrência de retenção gástrica ou diarréia. A alim entação parenteral im plica m aior risco de infecção, refletida na necessidade de acesso venoso, e m aior propensão à indução de hip er glicemia. Contudo, esses riscos em geral podem ser controlados com sucesso pelas equipes de SNE. No caso do paciente em período pós-operatório com desnutrição preexistente ou daqueles com trau m a tism o antes bem -nutridos, o SNE é efetivo com relação ao custo. Na m aioria dos pacientes críticos em unidade de tratam en to intensivo, o SNE pode aum entar a sobrevida. E m bora a nutrição enteral (NE) possa ser instituída pela m aioria das equipes de saúde que cuidam de pacientes hospitalizados, geralm ente a nutrição parenteral (NP) segura e efetiva requer equipes especializadas.
612
GL et al: Adult starvation and disease-related malnutrition: A proposal for etiology-based diagnosis in the clinical practice setting from the International Consensus Guideline Committee. J Parenter Enteral Nutr 34:156, 2010 S h i l s ME et al (eds): M o d e m N utrition in Health and Disease, lOth ed. Balti more, Lippincott Williams & Wilkins, 2005 W e s t KP et al: Nutrition, in International Public Health: Diseases, Programs, Systems, and Policies, 2nd ed, MH Merson et al (eds). Sudbury, MA, Jones and Bartlett, 2006, pp 207-269
Je n s e n
b ib l io g r a f ia
Necessidade de suporte nutricional especializado INDICAÇÕES PARA SUPORTE NUTRICIONAL ESPECIALIZADO Em bora 15-20% dos pacientes em hospitais de assistência aguda tenham evidência de desnutrição significativa, apenas um a pequena fra ção se beneficia do SNE. Para outros, a desnutrição é um com ponente inevitável de um a doença term inal cuja evolução não se altera com o SNE. A decisão de se fazer uso do SNE deve basear-se na probabilidade de que a prevenção da desnutrição proteico-calórica (DPC) vai aum entar a probabilidade de recuperação, re duzir os índices de infecção, m elhorar a cicatrização ou encurtar o tem po de hospitalização. No caso de pacientes idosos ou com doença crônica cuja recuperação com pleta não é esperada, a de cisão de alim entá-los em geral baseia-se na possibilidade do SNE prolongar a vida ou m elhorar a qualidade de vida. O processo de tom ada de decisão usado para avaliar quando em pregar o SNE está ilustrado na Figura 76.1. A p rim eira etapa, ao d ecidir a d m in istrar o SNE, consiste em considerar as im plicações nutricionais do processo m órbido. C onsiderar se as condições ou seu tratam ento prejudicarão a in gestão e a absorção de alim entos p or um período prolongado. Por exemplo, um indivíduo b e m -n u trid o pode tolerar cerca de sete dias de inanição enquanto apresenta um a resposta inflam atória sistêmica (RIS). A segunda etapa consiste em determ inar se o p a ciente já está desnutrido o suficiente para com prom eter a cicatri zação de feridas, a resposta im une ou a função ventilatória (Cap. 75). Um a perda de peso intencional > 10% durante os seis meses anteriores ou um a relação entre peso e altura < 90% do padrão, quando associadas a com prom etim ento fisiológico, representam DPC significativa. A presença ou ausência de RIS devem ser ve rificadas, pois inflam ação, lesão e infecção aum entam a perda de tecido m agro. A RIS tam bém exerce efeitos fisiopatológicos que influenciam as respostas nutricionais, com o retenção hídrica e hiperglicem ia, bem com o o com prom etim ento das respostas anabólicas ao suporte nutricional. U m a vez estabelecido que um p a cien te esteja ficando ou corre o risco de ficar d e sn u trid o , a etapa seguinte consiste em decidir se o SNE terá u m im pacto positivo sobre a resposta dele à doença. N os estágios term in ais de m u itas doen ças crônicas em que há DPC, p a rtic u la rm e n te as d e co rre n te s de câncer ou d istúrbios neurológicos term in ais, a n u trição n ão consegue re v erter a D PC nem m elh o rar a qualidade de vida. E m bora o for necim ento de alim ento e água faça p a rte da assistência m édica básica, a in tro d u ç ão de dieta p o r tu b o ou cateter, seja enteral ou p arenteral, está associada a risco e desconforto. Por isso, o SNE só deve ser reco m en d ad o q u a n d o os benefícios potenciais superam os riscos, além de ser in stitu íd o após o c o n se n tim en to do paciente. C om o ou tras m edidas de su p o rte vital, é difícil in te rro m p er a terapia en teral ou a p arenteral, um a vez in stitu í das. Pode ser apropriado iniciar o su p o rte nu tricio n al antes que um prognóstico definitivo p o ssa ser estabelecido, m as isso não
ALGORITMO PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE SNE
Nutrição Enteral e Parenteral Terapêutica Figura 76.1 Tomada de decisão para indicar suporte nutricional especializado (SNE). DPC, desnutrição proteico calórica;CVC, cateter venoso central; PICC, cateter periférico central. (Adaptada do capítulo no Harrison 's Principies of Internai Medicine, 16th ed., escrito por Lyn Howard, MD.)
deve excluir sua suspensão subsequente. Se a prevenção ou o trata m e n to da D PC com SNE forem a p ro p riad o s, será preciso d e te rm in a r as necessidades n u tric io n ais e o m éto d o a ser e m pregado. A via ideal depende do grau de função in testinal e, até certo ponto, dos recursos técnicos disponíveis. O m o m en to cer to para in stitu ir o suporte n u tricional baseia-se n a avaliação do estado nutricio n al preexistente, na p resença e extensão da RIS, bem com o n a evolução clínica esperada. A RIS é iden tificad a pelos sinais clínicos típicos de leucocitose, taqu icard ia, taquipneia e /o u elevação ou queda da tem p eratu ra. E m bora o grau de hipo alb u m in em ia forneça um a estim ativa da gravidade da RIS, os níveis séricos de alb u m in a n ão v oltam aos valores n o rm ais com o suporte nutricional adequado até que a RIS rem ita, m es m o que benefícios n u tric io n ais p o ssam ser alcançados com a alim entação adequada.
A RIS pode ser classificada com o grave, m oderada ou leve. Exemplos de RIS grave incluem sepse ou outras condições infla m atórias graves, com o pancreatite, que requerem cuidados em UTI, traum atism o m últiplo com um Escore de G ravidade da Le são > 20-25 ou Avaliação de Saúde C rônica e Fisiológica II (do in glês, Acute Physiology and Chronic Health Evaluation II, APACHE II) > 25, lesão craniana fechada com escala de com a de Glasgow < 8 ou queim aduras de terceiro grau em m ais de 40% da superfície corporal. A RIS m oderada inclui infecções, lesões ou condições inflam atórias m enos graves, com o pneum onia, cirurgia de grande porte, insuficiências hepática ou renal aguda, e exacerbações de colite ulcerativa ou enterite regional que requeiram hospitaliza ção. A D PC tam bém deve ser definida com o grave, m oderada ou m ínim a, de acordo com a avaliação da relação entre peso e altura, porcentagem de perda de peso recente e índice de m assa corporal,
613
índice de m assa corporal (IMC) e estado
gravídica, há considerável evidência clínica de que ele m elhora o prognóstico da gravidez.
im c
Estado nutricional
> 30 kg/m2
Obeso
RISCOS E BENEFÍCIOS D0 SUPORTE NUTRICIONAL ESPECIALIZA DO Os riscos são determ inados principalm ente p o r fatores do
> 25 a 30 kg/m2
Sobrepeso
20 a 25 kg/m2
Normal
< 18,5 kg/m2
Desnutrição moderada
< 16 kg/m2
Desnutrição grave
QUADRO 7 6 .1 nutricional r
< 13 kg/m2
Letal em homens
< 11 kg/m2
Letal em mulheres
Fonte: De D Driscoll, B Bistrian: Parenteral and enteral nutrition in the intensive care unit, em
PARTE VI c" ~
Intensive Care Medicine, R Irwín, J Rippe (eds.). Lippíncott Williams & Wilkins, Philadelphia, 2003.
listado no Q u ad ro 76.1 com relação ao estado nutricional. Um paciente com um a RIS requer alim entação precoce nos prim eiros dias de cuidados porque a condição é propensa a induzir consu m o espontâneo inadequado nos 7 dias subsequentes. U m a RIS m oderada, conform e verificada com um ente durante um período pós-operatório sem consum o oral p o r mais de 5 dias, beneficia-se da alim entação adequada p o r volta do quinto ou sétim o dias, se o paciente estava bem -n u trid o no início do processo. Caso gravem ente desnutridos, os candidatos à cirurgia eletiva de grande porte beneficiam-se da reposição nutricional pré-operatória p or 5 a 7 dias. Entretanto, isso nem sem pre é possível, razão pela qual a alim entação pós-operatória precoce é indicada. Os pacientes com RIS e DPC m oderadas tam bém se beneficiam da alim entação pre coce nos prim eiros dias.
EFICÁCIA DO SNE EM DIFERENTES ESTADOS MÓRBIDOS Estudos sobre a eficácia m ostraram que pacientes d esnutridos subm eti dos à cirurgia toracoabdom inal de grande p o rte beneficiam -se do SNE. D oenças graves que requeiram cuidados em UTI, com o queim aduras extensas, traum atism os significativos, sepse grave, lesão craniana fechada e pancreatite grave (TC positiva e APA CHE II > 10), beneficiam -se do SNE precoce, conform e indicado pela redução da m orbidade e da m ortalidade. Na doença grave, o início do SNE até 24 horas após a lesão ou a chegada à U TI está associado à redução de cerca de 50% na m ortalidade. Pacientes com distúrbios em que ocorre acúm ulo de nitrogênio decorrente de insuficiências renal e hepática apresentam um a probabilidade > 50% de apresentar DPC e, pelo m enos, um a RIS m oderada. O SNE está associado a ganhos na m orbidade, incluindo taxas de infecção, encefalopatia, funções hepática ou renal, e d im inuiu o período de hospitalização. D oença inflam atória intestinal - p a r ticularm ente a doença de C rohn e, em m enor extensão, a colite ulcerativa - geralm ente acarreta DPC. No contexto am bulatorial, o SNE na doença de C rohn pode m elhorar o estado nutricional, a qualidade de vida e a probabilidade de rem issão. No pacien te gravem ente enferm o com doença pulm onar, o SNE m elhora o estado ventilatório, e, na lesão p u lm o n ar aguda, o uso de áci dos graxos ôm ega 3 com o com ponente do SNE m elhora a troca gasosa e a dinâm ica respiratória, além de reduzir a necessidade de ventilação m ecânica. A baixa m assa corporal na doença p u l m onar obstrutiva crônica está associada a condições pulm onares precárias, pouca capacidade de exercício e altos índices de m o rta lidade. No entanto, há pouca evidência convincente de que o SNE com o suplem entação calórica m elhore a n utrição ou a função pulm onar. A DPC tam bém é com um na evolução do câncer e na doença causada pelo HIV, em bora em m enor grau no últim o caso, com o advento da terapia antirretroviral altam ente ativa. Q uando ocorre DPC em conseqüência de RIS nessas condições, a pro b a bilidade de eficácia ou benefício substancial do SNE é lim itada. Contudo, quando a D PC ocorre com o conseqüência de disfunção gastrintestinal, o SNE pode ser efetivo. E m bora não tenham sido feitos ensaios random izados com o SNE nos casos de hiperêm ese 6 14
paciente com o estado de alerta, capacidade para deglutir, via de introdução, condições subjacentes e experiência da equipe clínica de supervisão. A abordagem m ais segura e m enos onerosa é evi tar o SNE m ediante atenção estrita à ingestão oral de alim entos, acrescentando um suplem ento líquido oral ou, em certas condi ções crônicas, pelo uso de m edicam entos que estim ulem o apetite. A m onitoração do consum o de nutrientes m ediante contagens calóricas freqüentes ou a escolha de um a fórm ula oral são m elhores quando feitas p o r nutricionistas. Em geral é necessária a passagem de um a sonda para alim en tação enteral em pacientes com anorexia, dificuldade de deglutir ou doença intestinal. O intestino e os órgãos digestivos associa dos obtêm 70% de suas necessidades de nutrientes diretam ente do alim ento no lúm en. A rginina, glutam ina, ácidos graxos de cadeia curta, ácidos graxos de cadeia longa ôm ega 3 e nucleotídios d ispo níveis em algum as fórm ulas enterais especiais são particularm ente im portantes para a m anutenção da im unidade. A alim entação e n teral m antém ainda a função intestinal ao estim ular o fluxo san guíneo esplâncnico, a atividade neuronal, a liberação de anticorpo IgG e a secreção de horm ônios gastrintestinais que estim ulam a atividade trófica intestinal. Tais fatores m antêm o intestino como um a barreira im unológica contra patógenos entéricos. Por essas razões, algum a nutrição intralum inal deve ser providenciada m es m o quando é necessária nutrição parenteral (NP) para fornecer a m aior parte do suporte nutricional. A com binação de alim entação enteral por via oral ou sonda enteral com a alim entação parente ral frequentem ente encurta o trânsito para a alim entação enteral completa, que em geral pode ser usada quando m ais de 50% das necessidades podem ser satisfeitas p o r via enteral. E possível obter um benefício nutricional substancial fornecendo cerca de 50% das necessidades energéticas por períodos de até 10 dias, se forem sa tisfeitas as necessidades de proteína e outros nutrientes essenciais. D urante períodos m aiores, poderá ser preferível fornecer 75-89% das necessidades de energia em vez de alim entação total, se isso m elhorar a tolerância gastrintestinal e o controle glicêmico, além de evitar a adm inistração excessiva de líquido. No passado, o repouso intestinal m ediante a NP era a base do tratam ento de m uitos distúrbios gastrintestinais graves. Entretanto, a im portância de fornecer m esm o quantidades m ínim as de NE é agora bastante aceita. Protocolos que facilitam o uso mais dissem i nado da NE incluem início nas prim eiras 24 horas de UTI, m anter o paciente sempre com a cabeça em posição elevada, utilização de sondas de alim entação pós-pilórica e nasojejunal, agentes prociné ticos, aum ento na frequência das refeições, tolerância a resíduos gástricos m aiores e algoritm os adm inistrados pela enferm agem para o progresso da alim entação. A N P exclusiva geralm ente só é necessária à disfunção intestinal grave decorrente de íleo paralítico por tem po prolongado, obstrução ou pancreatite hem orrágica gra ve. No paciente em estado grave, a alim entação adequada por NP iniciada nas prim eiras 24 horas de cuidados dim inui a m ortalida de, sendo mais efetiva que a NE tardia. A alim entação precoce do paciente em estado grave na UTI está associada à redução de 50% na m ortalidade, mas tam bém há um aum ento de 50% no risco de infecção. Grande parte do aum ento na m orbidade relacionada com a NP e a NE deve-se a hiperglicem ia, que pode sofrer significativa redução com a terapia insulínica. O nível glicêmico necessário para atingir essa m eta, se < 110 m g/dL ou < 140 mg/dL, ainda não foi definido. Os pacientes cirúrgicos adequadam ente nutridos podem se beneficiar de um nível inferior de glicose, porém estudos de tera pia isolada com insulina intensiva sem alim entação completa m os traram um aum ento de m orbidade e m ortalidade, com um controle mais frouxo da glicose < 180 m/dL. E m bora de início a N P seja relativam ente onerosa, seus com ponentes costum am custar m enos que as fórm ulas enterais espe-
* N. de R. T.: Técnica cujo uso vem crescendo entre nós e é conhecida pela abreviatura PICC.
QUADRO 76.2
considerações im portantes ao determ inar a adequação da N P ou NE dom iciliar são um prognóstico m aior do que alguns m eses e o fato de que a terapia beneficia a qualidade de vida. Avanços recentes nas técnicas cirúrgicas e nas terapias im unossupressoras tornaram o transplante intestinal um a alternativa viável para al guns pacientes de nutrição parenteral dom iciliar a longo prazo. E m bora a qualidade de vida possa ser m elhorada com o tra n s plante intestinal, em relação à NP dom iciliar, a sobrevida a longo prazo ainda é de certa form a m en o r com o transplante, m esm o nos centros m ais bem equipados. SUPORTE NUTRICIONAL ESPECÍFICO DA DOENÇA O SNE é basica m ente um a terapia de apoio, considerada prim ária apenas com o tratam ento ou prevenção de desnutrição. C ertas condições reque rem m odificação do suporte nutricional devido ao com prom eti m ento de algum órgão ou sistem a. Por exem plo, nos distúrbios com acúm ulo de nitrogênio, pode ser preciso dim in u ir o consu m o de proteína. C ontudo, na doença renal, exceto p or períodos curtos de alguns dias, o consum o de proteína deve aproxim ar-se dos níveis necessários de pelo m enos 0,8 g/kg ou até 1,2 g/kg en quanto a ureia nitrogenada sanguínea não ultrapassar 100 mg/dL. Se isso não for possível, deve-se considerar a diálise ou outro tra tam ento de substituição renal para um a alim entação m elhor. Na insuficiência hepática, deve-se ten tar um consum o de 1,2 a 1,4 g/ kg até o ideal de 1,5 g/kg enquanto não ocorrer encefalopatia cau sada p o r intolerância a proteínas. Para os casos de intolerância a proteínas, fórm ulas que contêm 33-50% de am inoácidos de cadeia ram ificada estão disponíveis e devem ser fornecidas no nível de 1,2 a 1,4 g/kg. Os pacientes cardíacos e m uitos com estresse grave em geral se beneficiam da restrição de líquido e sódio a níveis de 1.000 mL da fórm ula de n utrição parenteral total (N PT) e 5-20 m Eq de sódio p or dia. Em pacientes com D PC crônica grave ca racterizada p o r perda de peso grave e desgaste tecidual, é preciso
Resumo do prognóstico para pacientes sob nutrição parenteral e enteral domiciliar (NPED)
Diagnóstico
Número de pacientes
Idade em anos
% de sobrevida com a terapia3
Estado da terapia (% em 1 ano)6
Estado de reabilitação (% em 1 ano)c
Complicações por paciente-anoc’
Nutrição oral total
C
NPED
Sem NPED
NPED contínua
Óbitos
P
M
Nutrição Enteral e Parenteral Terapêutica
cíficas. A colocação percutânea de um cateter venoso central na veia subclávia ou na jugular interna, com avanço para a veia cava superior, pode ser conseguida à beira do leito p or profissionais treinados usando técnicas estéreis. Cateteres centrais inseridos perifericam ente (PICC)* tam bém podem ser colocados no lúm en de um a veia central, m as essa técnica, em geral, é m ais apropriada para pacientes que não estejam na UTI. Cateteres na subclávia ou jugular interna oferecem um m aior risco, incluindo pneum otórax ou lesão séria do vaso, porém são bem tolerados e podem ter seus fios trocados sem necessitar de reinserção quando o correr um a infecção do cateter. Os cateteres periféricos ficam sujeitos ao fluxo relacionado com a posição, não p odendo ter seus fios trocados. A inserção de um tubo nasogástrico é um procedim ento feito à beira do leito, m as m uitos pacientes em estado grave têm proble m as com o esvaziam ento gástrico, o que aum enta o risco de p neu m onia por aspiração, o qual pode ser reduzido pela alim entação diretam ente no jejuno, abaixo do ligam ento de Treitz, o que geral m ente requer orientação fluoroscópica ou colocação endoscópica. Nos pacientes com laparotom ias planejadas ou outras condições que provavelm ente vão requerer SNE prolongado, é válido colo car a sonda de alim entação jejunal no m om ento da cirurgia. Em bora a m aior parte do SNE seja feita nos hospitais, alguns pacientes precisam dele p or longos períodos. Se o am biente em que vivem for seguro e eles quiserem ap ren d er as técnicas de cuidados pessoais, o SNE p oderá ser ad m in istrad o em casa. O prognóstico clínico de pacientes com distúrbios intestinais gra ves tratados com N P ou NE em casa está resum ido no Q u a d ro 7 6 .2 . A N P infundida em casa costum a ser feita à noite, para que o paciente disponha de m ais tem po livre du ran te o dia. O utras
Nutrição parenteral em casa Doença de Crohn
562
36
96
70
25
2
60
38
2
0,9
1,1
Doença intestinal isquêmica
331
49
87
27
48
19
53
41
6
1,4
1,1
Distúrbio da motilidade
299
45
87
31
44
21
49
39
12
1,3
1,1
Defeito intestinal congênito
172
5
94
42
47
9
63
27
11
2,1
1,0
Hiperêmese gravídica
112
28
100
100
0
0
83
16
1
1,5
3,5 2,5
Pancreatite crônica
156
42
90
82
10
5
60
38
2
1,2
Enterite por irradiação
145
58
87
28
49
22
42
49
9
0,8
1,1
Obstruções adesivas crônicas
120
53
83
47
34
13
23
68
10
1,7
1,4 3,7
51
17
50
38
13
36
24
66
16
0,8
2.122
44
20
26
8
63
29
57
14
1,1
3,3
280
33
10
13
6
73
8
63
29
1,6
3,3
Distúrbios neurológicos da deglutição
1.134
65
55
19
25
48
5
24
71
0,3
0,9
Câncer
1.644
61
30
30
6
59
21
59
21
0,4
2,7
Fibrose cística Câncer Aids Nutrição enteral domiciliar
â0s índices de sobrevida com a terapia são valores obtidos em 1 ano, calculados pelo método da tabela vital. Diferem da porcentagem listada como óbitos em estado da terapia, pois todos os pacientes com pontos terminais conhecidos são considerados nessa última medida. A proporção de óbitos observados vs. esperados é equivalente a uma proporção de mortalidade-padrão. “Não são mostrados os pacientes que retornaram ao hospital ou tiveram seu tratamento modificado por 12 meses. CA reabilitação é considerada completa (C), parcial (P) ou mínima (M) com relação à capacidade do paciente de manter uma atividade normal relativa à sua idade. % complicações referem-se apenas às que resultaram em nova hospitalização. Fonte: Derivado do North American HPEN Registry. Adaptado do capítulo no Harrison's Principies of Infernal Medicine, 16th ed., escrito por Lyn Howard, MD.
615
atinge 40-45 kcal/kg. O paciente com doença crônica e p erda de teci do m agro apresenta um gasto energético basal reduzido, bem com o a inatividade, que resulta em um gasto energético total em torno de 20-25 kcal/kg. A proxim adam ente 95% desses pacientes precisam de m enos de 30 kcal/kg para alcançar o equilíbrio energético. C om o o fornecim ento de cerca de 50% do gasto energético m edido na form a de SNE tem a m esm a eficácia pelo m enos nos prim eiros 10 dias de doença grave, em geral não é necessária um a estim ativa real do gasto energético no período inicial de SNE. No entanto, nos pacientes que continuam em estado grave p o r várias sem anas, naqueles com desnu trição grave cujas estim ativas do gasto energético não são confiáveis ou nos que têm dificuldade de ser afastados do ventilador, é razoável PLANEJAMENTO DE REGIMES INDIVIDUAIS obter-se m edida real do gasto energético e tentar conseguir o equilí brio energético para 1,2 vezes o gasto m edido com o SNE. ■ NECESSIDADES DE LÍQUIDO A resistência à insulina devida à RIS está associada ao aum ento da A necessidade diária norm al de líquido é de 30 m L/kg da m assa cor gliconeogênse e baixa utilização de glicose periférica, predispondo o poral, seja qual for a fonte (infusão intravenosa, sonda ou ingestão paciente à hiperglicemia, o que é agravado nos pacientes que estiverem oral), mais qualquer reposição de perdas anorm ais, com o a p a rtir de recebendo carboidratos exógenos a p artir do SNE. A norm alização da um a diurese osm ótica, drenagem nasogástrica, secreção de feridas ou glicemia m ediante a infusão de insulina nos pacientes em estado gra diarreia/ostom ia. As perdas de eletrólitos e m inerais podem ser esti ve sob SNE dim inui a m orbidade e a m ortalidade. Nos pacientes com m adas ou m edidas, precisando tam bém ser repostas (Q uadro 76.3). desnutrição leve ou m oderada, um a m eta razoável é fornecer suporte A restrição de líquido pode ser necessária em pacientes com sobrecar m etabólico para m elhorar a síntese de proteína e m anter a hom eosta ga hídrica, devendo-se lim itar o consum o de líquido a 1.200 m L/dia se m etabólica. A nutrição hipocalórica que só fornece cerca de 1.000 se a urina for o único débito de líquido significativo. Q uando existe kcal/dia e 70 g de proteína por até 10 dias requer m enos líquido e reduz sobrecarga hídrica grave, a solução ideal para adm inistração venosa a probabilidade de controle glicêmico precário. O conteúdo de energia central de N P é concentrada em 1 L contendo 7% de am inoácidos pode ser aum entado para 20-25 kcal/kg com 1,5 g de proteína/kg as cristalinos (70 g) e 21% de glicose (210 g), fornecendo um a quantida sim que as condições m etabólicas do paciente perm itam e de form a de de nitrogênio e glicose perfeitam ente efetiva para poupar proteína. definitiva durante a segunda sem ana de SNE. Os pacientes com trau Os pacientes que precisam de NP ou NE no contexto da assistên m atism os múltiplos, lesão craniana fechada e queim aduras graves em cia aguda em geral têm algum elem ento de adaptações horm onais as geral têm um gasto energético m uito maior, mas há pouca evidência sociadas às suas doenças críticas de base (p. ex., aum ento da secreção de que o fornecim ento de mais de 30 kcal/kg ofereça algum benefício de horm ônio antidiurético, aldosterona, insulina, glucagon ou corti adicional, o que aum enta substancialm ente os riscos de hiperglicemia. sol) que causam retenção de líquido e hiperglicemia. O ganho de peso Em geral, com o a glicose é um combustível essencial p ara os teci no paciente em estado grave recebendo ou não SNE, é conseqüência dos, ela e os am inoácidos são fornecidos p or via parenteral até que o invariável da retenção de líquido, pois o crescim ento de tecido m agro gasto energético do repouso seja alcançado, m om ento em que o acrés é m ínim o na fase aguda da doença, m esm o com a alim entação. Com o cim o de lipídios é benéfico, pois um a m aior quantidade de glicose pode ser difícil rem over o excesso de líquido, é m ais efetivo lim itar o parenteral estimula a neolipogênese hepática - processo ineficente em seu consum o para perm itir o equilíbrio entre consum o e débito. term os de energia. Os triglicerídios poli-insaturados de cadeia longa, com o o óleo de soja, são o principal ingrediente na m aioria das em ul ■ NECESSIDADES DE ENERGIA sões parenterais de lipídios e constituem a m aior parte da gordura nas O gasto total de energia com preende aquele em repouso, o gasto de fórm ulas para alim entação enteral. Essas em ulsões à base de óleos ve energia que ocorre com a atividade e o efeito térm ico da alim enta getais fornecem ácidos graxos essenciais. O conteúdo de lipídios das ção (Cap. 75). O gasto energético em repouso (66%) inclui as calo fórmulas para alim entação enteral varia de 3 até 50% de calorias, em rias necessárias ao m etabolism o basal em repouso no leito. O gasto bora os lipídios parenterais venham em recipientes separados como energético com a atividade representa 25-33% do total, e o efeito tér emulsões de 10, 20 e 30%, que podem ser infundidas separadam ente m ico da alim entação corresponde a cerca de 10% do gasto total de ou m isturadas na farm ácia, sob condições controladas, com o um a energia. Para os indivíduos saudáveis norm alm ente bem -nutridos, o m istura de nutrientes totais com glicose, am inoácidos, lipídios, eletró gasto energético total é de cerca de 30-35 kcal/dia. E m bora a doença litos, vitam inas e m inerais. Em bora sejam necessários apenas cerca de grave aum ente o gasto energético no repouso, apenas nos indivíduos 3% das necessidades de energia na form a de gordura parenteral para inicialm ente b em -n u trid o s com a m ais alta resposta inflam atória satisfazer as necessidades de ácidos graxos essenciais, quando forneci sistêmica, com o a decorrente de traum atism o m últiplo grave, quei das como um a m istura com pleta de carboidratos, lipídios e proteína, m aduras, lesão craniana fechada ou sepse, o gasto energético total são fornecidos 2 a 3% de gordura nas m isturas para NPT, represen tan d o cerca de 20-30% das calo QUADRO 76.3 Volume de líquido entérico e seu conteúdo de eletrólitos3 rias na form a de gordura, para as L/dia Na K Cl hco3 segurar a estabilidade da emulsão. Se ad m in istrad a separadam ente, Consumo oral 2a3 a gordura parenteral não deve ser Secreções entéricas fornecida a taxas que ultrapassem Saliva 1a2 15 50 30 15 — 0,11 g/kg de m assa corporal por Suco gástrico 1,5 a 2 50 a 70 5 a 15 90 a 120 0 70 a 100 h o ra ou cerca de 100 g em mais de 12 horas - o equivalente a 1 L Bile 0,5 a 1,5 120 a 150 5 a 15 80 a 120 30 a 50 — de gordura parenteral a 10% e 500 Pancreáticas 0,5 a 1 100 a 140 10 70 a 100 60 a 110 — mL de gordura parenteral a 20%. Do intestino delgado 1a2 80 a 140 10 a 20 80 a 120 20 a 40 — O s trig lic e ríd io s de cadeia ^odos em mEq/L. m édia, que contêm ácidos graxos Fonte: Adaptado do capítulo no Harrison's Principies of Internai Medicine, 16th ed., escrito por Lyn Howard, I saturados com cadeias de 6, 8, 10 instituir a N PT gradualm ente por causa da antinatriurese p ro fu n da, da antidiurese e do acúm ulo intracelular de potássio, m ag nésio e fósforo, que se desenvolve com o conseqüência dos altos níveis de insulina. Esta alteração de N P T é norm alm ente conse guida lim itando o consum o de líquido inicialm ente para cerca de 1.000 mL, contendo um nível m odesto de carboidrato de 10-20% de glicose, pouco sódio e bastante potássio, m agnésio e fósforo, com avaliação diária cuidadosa do estado hidreletrolítico. Não é preciso restringir a proteína.
PARTE VI VO PÚ! O
616
T
ou 12 carbonos, são fornecidos em diversas fórm ulas para alim en tação enteral p o r serem absorvidos preferencialm ente. Óleo de p ei xe contém ácidos graxos poli-insaturados da fam ília ôm ega 3, que com provadam ente m elhoram a função im une e reduzem a resposta inflam atória. Os carboidratos são fornecidos com o glicose hídrica, fornecendo 3,4 kcal/kg nas fórm ulas para NP. Nas fórm ulas enterais, a glicose é a fonte de carboidratos nas dietas ditas m onom éricas, que fornecem proteína na form a de am inoácidos e gordura em quantidades m ín i m as (3%), para satisfazer as necessidades de am inoácidos essenciais. As fórm ulas m onom éricas são adm inistradas para otim izar a absor ção no intestino com com prom etim ento grave. C om o as dietas que m elhoram a im unidade, essas fórm ulas são bastante caras. Nas dietas polim éricas, a fonte de carboidratos em geral é um polissacarídio m e nos ativo osm oticam ente, a proteína costum a ser de soja ou caseína, e a gordura está presente em quantidades que variam de 25-50%. Tais fórm ulas costum am ser bem toleradas pelos pacientes com com pri m ento intestinal norm al, e algumas são aceitáveis para consum o oral.
■ NECESSIDADES DE PROTEÍNA OU AMINOÁCIDOS
■ NECESSIDADES DE MINERAIS E VITAMINAS As necessidades de eletrólitos, vitam inas e oligoelem entos p a re n terais estão resum idas nos Q u a d ro s 76.4, 76.5 e 76.6. São necessá rias m odificações nos eletrólitos em casos de perdas gastrintestinais graves po r drenagem nasogástrica ou perdas intestinais p or fístulas, diarréia ou diabetes de ostom ias. Tais perdas não im plicam perdas em extras de cálcio, m agnésio e zinco. Perdas urinárias excessivas ou de potássio com anfotericina, ou de m agnésio com cisplatina, ou na insuficiência renal requerem ajustes no equilíbrio de sódio, potássio, m agnésio, fósforo e ácido-básico. As necessidades de vitam inas e oligoelem entos são satisfeitas pelo fornecim ento diário de um suple m ento vitam ínico e m ineral parenteral com pleto p or NP, bem com o pelo fornecim ento de quantidades adequadas de fórm ulas para ali m entação enteral que contenham esses m icronutrientes.
Eletrólito
Equivalente parenteral das NDRs
Consumo habitual
Sódio
1 -2 mEq/kg + reposição, mas pode ser de apenas 5-40 mEq/dia
Potássio
40-100 mEq/dia + reposição de perdas incomuns
Cloreto
Conforme necessário para o equilíbrio ácido-básico, mas em geral 2:1 a 1:1 com acetato
Acetato
Conforme necessário para o equilíbrio ácido-básico
Cálcio
10 mEq
10-20 mEq/dia
Magnésio
10 mEq
8-6 mEq/dia
Fósforo
30 mmol
20-40 mmol
para aum entar a liberação de calorias. O volum e total necessário para fornecer um consum o m arginal de pro teín a de 60 g e um total de 1.690 kcal é de 2,5 L. Além disso, o risco de m orbidade e m ortalidade significativas decorrente de incom patibilidades entre os sais de cálcio e fósforo é m aior com esses esquem as de baixa osm olaridade e pobres em glicose. A alim entação parenteral via um a veia periférica em geral visa suplem entar a alim entação oral, não sendo a ideal para os p a cientes em estado grave. A nutrição parenteral total pode ser benéfica se forem co-infundidas pequenas quantidades de heparina na base de 1.000 U/L com lipídios parenterais para reduzir a osm olaridade, mas ainda assim as restrições de volum e lim itam o valor dessa terapia. PICCs podem ser usados a curto prazo p ara fornecer soluções paren terais concentradas com 20-25% de glicose e 4-7% de am inoácidos, evitando algum as das com plicações da colocação de cateter em um a grande veia central.
QUADRO 76.5 em adultos
Necessidades de vitaminas parenterais
I Vitamina
Valor revisto recentemente
Vitamina A
3.300 UI
Tiamina (B,)
6 mg
Riboflavina (B2)
3,6 mg
Niacina (B3)
40 mg
Ácido fólico
600 |xg
Ácido pantotênico
15 mg
Piridoxina (B6)
6 mg
Cianocobalamina(B12)
5 |j,g
Biotina
60 |i.g
Ácido ascórbico (C)
200 mg
Vitamina D
200 UI
■ TÉCNICA DE INFUSÃO E MONITORAÇÃO DO PACIENTE
Vitamina E
10 UI
A alim entação parenteral por veia periférica é lim itada p or restrições de osm olaridade e volume. As soluções que contêm m ais de 3% de am inoácidos e 5% de glicose (290 kcal/L) são pouco toleradas por via periférica. E possível ad m in istrar lipídios (20%) p o r via parenteral
Vitamina Ka
150 |xg
NUTRIÇÃO PARENTERAL
Nutrição Enteral e Parenteral Terapêutica
Em bora a quantidade recom endada perm itida de proteína seja de 0,8 g/kg/dia, ocorrem taxas m áxim as de repleção com 1,5 g/kg em pes soas desnutridas. No paciente com catabolism o grave, essa quantida de m aior m inim iza a perda de proteína. Aos que precisam de SNE no contexto da assistência aguda, recom enda-se pelo m enos 1 g/kg, com aum entos até 1,5 g/kg conform e a tolerância a volum e, renal e hepá tica perm ita. As fórm ulas parenterais e enterais consideradas padrão contêm proteína de alto valor biológico e satisfazem as necessidades dos oito am inoácidos essenciais quando as necessidades de nitrogê nio são alcançadas. Em condições de intolerância à proteína, com o nas insuficiências renal e hepática, devem ser consideradas fórm ulas com am inoácidos m odificados. N a insuficiência hepática, as fórm u las enriquecidas com am inoácidos de cadeias ram ificadas m aiores parecem m elhorar o prognóstico. O equilíbrio proteico (nitrogenado) fornece um a m edida da efi ciência alim entar da N P ou NE, sendo calculado com o o consum o de proteína/6,25 porque as proteínas têm em m édia 16% de nitrogênio (N), m enos a ureia nitrogenada na u rina (U N U ) de 24 horas mais 4 g de N, o que reflete outras perdas de N. N o paciente em estado grave, em geral não é difícil alcançar um equilíbrio negativo de 2 -4 g de N / dia com u m equilíbrio positivo sim ilarm ente discreto no paciente em recuperação. Cada gram a de N representa aproxim adam ente 30 g de tecido magro.
QUADRO 76.4 Acréscimos diários habituais de eletrólitos à nutrição parenteral
Há um produto disponível que não contém vitamina K, cuja suplementação é recomendada na dose de 2-4 mg/semana em pacientes que não estejam recebendo tratamento com anticoagu lação oral e usarem tal produto.
617
QUADRO 7 6 .6
QUADRO 76.7
Suplementação parenteral de oligoelementos
para adultos3
Monitoração do paciente sob NP
Dados clínicos monitorados diariamente
Oligoelemento
Quantidade
Zinco
2,5-4 mg/dia, um adicional de 10-15 mg/dia por litro de débito fecal ou por ileostomia
Cobre
0,5-1,5 mg/dia, com possibilidade de retenção no caso de obstrução do trato biliar
Manganês
0,1-0,3 mg/dia, com possibilidade de retenção no caso de obstrução do trato biliar
j Sensação generalizada de bem-estar
Equilíbrio hídrico: peso várias vezes por semana, consumo de líquido (parenteral e enteral) i/ersí/s débito de líquido (urina, fezes, drenagem gástrica, feridas, ostomia)
PARTE VI
10-15 |xg/dia
Selênio
20-100 |xg/dia, NP necessária por tempo prolongado, opcional para a NPT por pouco tempo
Molibdênio
20-120 |xg/dia, NP necessária por tempo prolongado, opcional para a NP por pouco tempo
Dados laboratoriais diários
lodo
75-150 (xg/dia, NP necessária por tempo prolongado, opcional para a NP por pouco tempo
Glicose com sangue da ponta do dedo
3x/dia até ficar estável
Glicemia, Na, K, Cl, HC03, BUN
Diariamente até ficarem estáveis e completamente avançados, em seguida 2x/semana
Níveis séricos de creatinina, albumina, P04, Ca, Mg, Hb/Ht, leucometria
Basais e em seguida 2x/semana
RNI
Basal, em seguida semanalmente
Testes com micronutrientes
Conforme indicado
C ontudo, com os PICCs, o fluxo pode estar relacionado com a posição, não podendo tais cateteres ser trocados sobre um fio-guia para m onitorar infecção. Por essas razões, prefere-se o uso de catete res venosos centrais no paciente em estado grave. A abordagem pela veia subclávia é mais bem tolerada pelos pacientes e a m ais fácil para a troca de curativos. A abordagem jugular tem m enor probabilidade de acarretar pneum otórax. A abordagem fem oral não é aconselhável devido ao m aior risco de infecção do cateter. Para alim entação p ro longada em casa, cateteres tunelizados e im plantados (porto-caters) reduzem o risco de infecção e são m ais aceitos pelos pacientes. E n tretanto, os cateteres tunelizados precisam ser im plantados em um centro cirúrgico. Os cateteres são feitos de silastic, poliuretano ou cloreto de polivinil. Os de silastic são m enos trom bogênicos e os m elhores para tunelização. O poliuretano é m elhor no caso dos cateteres tem porários. As trocas de curativo com gaze seca em intervalos regulares devem ser feitas p o r enferm eiras habilitadas nos cuidados com cateteres, para evitar infecção. A solução de clorexidina é m ais efetiva que o álcool ou com postos à base de iodo. A m onitoração apropriada dos pacientes sob NP está resum ida no Q u ad ro 76.7.
■ COMPLICAÇÕES Mecânicas A inserção de um cateter venoso central deve ser feita p o r pessoal treinado e experiente em pregando técnicas assépticas para lim itar as com plicações mais comuns: pneum otórax e punção ou lesão arterial inadvertida. Deve-se confirm ar com radiografias a posição do cateter na veia cava superior, distai à junção com a veia jugular ou subclávia, e não diretam ente contra a parede do vaso. Pode ocorrer trom bose relacionada com o cateter no local de entrada na veia e estender-se de form a a encaixar o cateter. A infecção do cateter predispõe a trom bo se bem com o a RIS. O acréscim o de 6.000 U de heparina à fórm ula parenteral diária para os pacientes hospitalizados com cateteres tem porários reduz o risco de form ação de bainha de fibrina e infecção do cateter. Os cateteres tem porários que desenvolvem u m trom bo devem ser removidos e, com base nos achados clínicos, tratados com anticoagulantes. Pode-se considerar a terapia trom bolítica para os pacientes com cateteres perm anentes, dependendo da facilidade de substituição e presença de locais de acesso venoso alternativos, ra zoavelmente aceitáveis. Doses baixas de varfarina, 1 m g/dia, reduzem o risco de trom bose em cateteres perm anentes usados para N P em
618
Sinais vitais, como temperatura, pressão sanguínea, pulso e frequência respiratória
Cromo
aHá produtos comerciais disponíveis com os quatro primeiros, cinco e até os sete minerais nas quantidades recomendadas. Nota: NP, nutrição parenteral; NPT, nutrição parenteral total.
«õ‘ o
Força evidenciada por tentativas de sair do leito, caminhar, resistência ao exercício, conforme o caso
Equipamento para NP: sonda, bomba, filtro, cateter, curativos Composição da solução de nutrientes
Nota: Na, sódio; K, potássio; Cl, cloro; HC03, bicarbonato de sódio; BUN, nitrogênio ureico sé rico; P04, fosfato; Ca, cálcio; Mg, magnésio; Hb, hemoglobina; Ht, hematócrito; RNI, relação internacional normalizada, WBC, contagem de glóbulos brancos. Fonte: Adaptado do capítulo no Harrison’s Principies of Internai Medicine, 16th ed., escrito por Lyn Howard, MD.
casa, m as pode ser necessário anticoagulação com pleta em pacientes que têm trom bose recorrente relacionada com cateteres perm an en tes. Um a recom endação recente da entidade am ericana Food and Drug Administration para reform ular os polivitam ínicos adm inistra dos p or via parenteral, de m odo a incluir a vitam ina K na dose de 150 |xg diários, pode afetar a eficácia da terapia com varfarina em dose baixa. Dispõe-se de um a versão “sem vitam ina K” para pacientes sob essa terapia. Os cateteres p o d em apresentar obstrução m ecânica e ter sua extrem idade ocluída p o r fibrina ou seu lúm en obstruído por gordura, m inerais ou fárm acos. Essas obstruções podem ser elim i nadas com doses baixas de alteplase para a fibrina, lavagem interna do cateter com álcool a 70% para gordura, ácido clorídrico a 0,1 N para precipitados m inerais e ácido clorídrico a 0,1 N ou hidróxido de sódio a 0,1 N para os fárm acos, dependendo de seu pH.
Metabólicas Os problem as mais com uns relacionados com a NP são sobrecarga hí drica e hiperglicemia (Q uadro 76.8). A glicose hipertônica estimula a insulina a um nível mais alto que um a refeição normal. Com o a insu lina é um horm ônio antinatriurético e antidiurético potente, a hiperinsulinem ia causa retenção de sódio e líquido. Na ausência de perdas gastrintestinais ou disfunção renal, é provável a ocorrência de retenção hídrica líquida quando o consum o total de líquido ultrapassa 2.000 m L/dia. É necessária a m onitoração estrita da m assa corporal bem como do consum o e do débito de líquido, para prevenir essa complica ção. Na ausência de com prom etim ento renal significativo, é provável que o conteúdo de sódio da urina seja < 10 mEq/L. O fornecimento de sódio em quantidades lim itadas de 40 mEq/L e o uso de glicose e gor dura na m istura de NP para dim inuir o total de glicose e sódio ajudam a reduzir a retenção de líquido. A insulina elevada tam bém aumenta o transporte intracelular de potássio, magnésio e fósforo, o que pode
QUADRO 76.8
Distúrbios metabólicos selecionados e sua correção
I Distúrbio
Ação corretiva com NP
Causa
Hiponatremia
Aumento da água corporal total ou queda do sódio corporal total
Diminuir a água livre ou aumentar o sódio
Hipernatremia
Comum com excesso de líquido isotônico ou hipertônico seguido pela administração de diurético com depuração de água livre; também pode ocorrer com desidratação e sódio corporal total normal
Aumentar a água livre para obter um equilíbrio hídrico líquido positivo, mantendo o de sódio e cloreto
Hipopotassemia
Consumo inadequado com relação às necessidades
Usar suplementos
Diurese excessiva, disfunção tubular
Usar suplementos
Deficiência de magnésio
Aumentar o magnésio na NP
Alcalose metabólica
Corrigir a alcalose
Hiperpotassemia
Hiperinsulinemia
Manter NP constante, aumentar o potássio
Fornecimento excessivo
Reduzir os suplementos
Acidose metabólica
Avaliar acidose, tratar com NP que contenha sal de acetato e diminuir o potássio Avaliar paciente e ajustar NP conforme indicado Aumentar o cálcio
Efeito de doença grave
Aumentar o cálcio
Má absorção grave
Cálcio suplementar
Hipercalcemia
Administração excessiva ou patológica (câncer, hiperparatireoidismo)
Reduzir ou eliminar o cálcio
Hipomagnesemia
Maior necessidade devido ao uso de diurético, alcoolismo, má absorção, desnutrição
Magnésio suplementar
Doença grave
Magnésio suplementar
Hipofosfatemia
Consumo inadequado com relação às necessidades e devido à desnutrição e uso de álcool
Fósforo suplementar
Maior consumo de cálcio
Usar suplementos
Hiperfosfatemia
Administração excessiva ou agravamento da função renal
Reduzir o fósforo
Azotemia
Infusão excessiva de aminoácidos ou agravamento da função renal
Reduzir o nível de aminoácido, mas considerar terapia de reposição renal se não for possível fornecer 1 g de proteína por quilograma durante períodos prolongados
Nota: NP, nutrição parenteral.
precipitar um a síndrom e de realim entação perigosa se o conteúdo to tal de glicose da solução de NP for aum entado m uito rapidam ente em pacientes com desnutrição grave. Em geral é m elhor com eçar a NP com m enos de 200 g de glicose/dia para avaliar a tolerância do pa ciente à glicose. Pode-se acrescentar insulina regular à fórm ula de NP para estabelecer o controle glicêmico, podendo as doses de insulina ser aum entadas proporcionalm ente à m edida que se aum enta a glicose. Com o regra geral, os pacientes com diabetes dependente de insulina precisam do dobro da sua dose caseira habitual de insulina quando estão recebendo NPT na base de 20-25 kcal/kg, em grande parte como conseqüência da adm inistração parenteral de glicose e algum a perda de insulina para o recipiente de NPT. Com o um a estimativa grosseira, a quantidade de insulina pode ser fornecida em um a proporção similar à quantidade de calorias fornecidas com o NPT com relação à alim en tação completa, e a insulina pode ser colocada na fórm ula de NPT. Pode-se adm inistrar insulina regular subcutânea (SC) para m elhorar o controle glicêmico, conform e avaliado por estimativas da glicemia a cada 6 horas. Aproxim adamente 66% da quantidade total de 24 horas pode ser acrescentada às prescrições para o dia seguinte, com insulina SC suplem entar conform e necessário. Os avanços na concentração da N PT devem ser feitos quando um controle razoável da glicose esti ver estabelecido, ajustando a dose de insulina proporcionalm ente às calorias acrescentadas com o glicose e am inoácidos. Essas regras são gerais e conservadoras. Dado o im pacto clínico adverso da hipergli cemia, a terapia intensiva com insulina pode ser necessária como um a infusão separada de acordo com um protocolo-padrão para estabele cer o controle inicial. Uma vez estabelecido, essa dose de insulina pode ser acrescentada à fórm ula de NP. Tam bém é com um a ocorrência de
desequilíbrio ácido-básico durante a terapia com NP. As fórmulas de am inoácidos são tam ponadas, m as os pacientes em estado grave ten dem a desenvolver acidose m etabólica, em geral devido ao com pro m etim ento tubular renal. O uso de sais de acetato de sódio e potássio na fórmula de NP pode resolver esse problem a. Os sais de bicarbonato não devem ser usados porque são incom patíveis com as formulações para NPT. A drenagem nasogástrica acarreta alcalose hipoclorêm ica que pode ser tratada com a atenção voltada para o equilíbrio de clo reto. Ocasionalm ente, pode ser necessário ácido clorídrico para um a resposta mais rápida ou quando a terapia diurética lim ita a capacidade de fornecer um a quantidade substancial de sódio. Até 100 mEq/L e até 150 m Eq/L de ácido clorídrico por dia podem ser colocados em uma fórmula de N P sem gordura.
Nutrição Enteral e Parenteral Terapêutica
Deterioração renal Resposta recíproca à repleção de fósforo
Hipocalcemia
|
Infecciosas As infecções decorrentes do acesso do cateter central são raras nas prim eiras 72 horas. A febre durante esse período em geral decorre de infecção em outro local ou p o r causa diversa. A febre que surge d u rante a N P pode ser cuidada verificando-se o local do cateter e, se ele estiver lim po, trocando-o sobre um fio-guia e providenciando cul turas do conteúdo bem com o da extrem idade dele. Caso as culturas sejam negativas, com o ocorre na m aioria dos casos, o novo cateter poderá continuar a ser usado. Se um a cultura for positiva para um a bactéria relativam ente não patogênica, com o o Staphylococcus epidermidis, considerar um a segunda tro ca sobre fio-guia com repetição das culturas ou substituição do cateter, dependendo das circunstân cias clínicas. Se as culturas forem positivas para m ais de um a bactéria patogênica ou para fungos, com o a Candida albicans, geralm ente será
619
indicado a colocação de um novo cateter em outro lugar. Se a decisão clínica for pelo tratam ento com antibiótico, m as houver crescim ento de C. albicans nas hem oculturas de um paciente que esteja recebendo NP, se deverá tratá-lo tam bém nesse sentido, porque as conseqüên cias da falha do tratam ento poderão ser péssimas. As infecções do cateter podem ser m inim izadas usando o cate ter de alim entação exclusivam ente para a NP, sem obter am ostras de sangue nem ad m inistrar m edicações po r ele. As infecções do cate ter central são um a complicação séria com m ortalidade atribuída de 12-25%. As infecções em cateteres venosos centrais exclusivos para alim entação devem o correr com frequência inferior a 3 p o r 1.000 cateteres-dia. Os cateteres para N P de uso dom éstico que ficam in fectados podem ser tratados sem a necessidade de rem ovê-los, em p articular se o m icrorganism o agressor for o S. epidermidis. A lim peza do biofilm e e da bainha de fibrina m ediante o tratam ento local do cateter com alteplase pode aum entar a probabilidade de erradica ção. A antibioticoterapia local em altas concentrações, com ou sem o acréscim o de heparina ao tratam ento sistêmico, pode m elhorar a eficácia. Sepse com hipotensão deve precipitar a retirada do cateter, seja ele tem porário ou perm anente.
NUTRIÇÃO ENTERAL ■ COLOCAÇÃO DA SONDA E MONITORAÇÃO DO PACIENTE Os tipos de sonda para alim entação enteral, m étodos de inserção, seus usos clínicos e com plicações potenciais estão delineados no Q u ad ro 76.9. Os diferentes tipos de form ulação enteral estão relacionados no Q u ad ro 76.10. Os pacientes que recebem NE correm o risco de apre
QUADRO 76.9
sentar m uitas das com plicações m etabólicas dos que recebem NP, devendo, por isso, ser m onitorados da m esm a form a. A NE pode ser um a fonte de problem as sem elhantes, m as não da m esm a intensida de, porque a resposta insulínica a ela eqüivale à m etade da observada na NP. As fórm ulas para alim entação enteral têm com posições fixas de eletrólitos em geral m odestas com relação ao sódio e contêm um pouco m ais de potássio. Os distúrbios ácido-básicos podem ser con tornados em m enor extensão na NE. É possível acrescentar sais de acetato à fórm ula para tratar a acidose m etabólica crônica. Pode-se acrescentar cloreto de cálcio p ara tratar um a alcalose m etabólica crô nica discreta. M edicações e outros aditivos às fórm ulas enterais p o dem entupir as sondas (p. ex., o cloreto de cálcio pode interagir com fórm ulas à base de caseína, gerando produtos insolúveis de caseinato de cálcio) e reduzir a eficácia de alguns fárm acos (p. ex., fenitoína). C om o sondas pouco calibrosas deslocam -se com facilidade, deve-se verificar a posição da sonda em intervalos freqüentes, aspirando e m edindo o pH do líquido intestinal (< 4 no estômago, > 6 no jejuno).
■ COMPLICAÇÕES Aspiração O paciente debilitado com esvaziam ento gástrico precário, com pro m etim ento da deglutição e tosse corre o risco de aspiração, em p a r ticular se estiver sob ventilação m ecânica. A aspiração da traqueia induz a tosse e regurgitação gástrica, e o acolchoam ento dos tubos endotraqueais ou de traqueostom ia raram ente protege contra aspi ração. As m edidas preventivas incluem a elevação da cabeça em 30° com relação ao leito, usando algoritm os controlados pela enferm a gem para os avanços na fórm ula, com binando a alim entação enteral
Sondas para alimentação enteral
Tipo/técnica de inserção
Usos clínicos
Complicações potenciais
Sonda nasogástrica Medida externa: narina, orelha, xifoesterno; tubo enrijecido com água gelada ou estilete; posição verificada injetando ar e por auscultação ou radiografia
Situação clínica a curto prazo (semanas) ou períodos Aspiração; ulceração de tecidos nasais e maiores com inserção intermitente; bolo alimentar mais esofágicos,acarretando estenose simples, porém gotejamento contínuo com bomba mais bem-tolerado
Sonda nasoduodenal Medida externa: narina, orelha, espinha ilíaca anterior superior; tubo enrijecido por estilete e passado através do piloro sob fluoroscopia ou com alça endoscópica
Situações clínicas a curto prazo em que o esvaziamento gástrico está comprometido ou se suspeita de extravasamento proximal; requer gotejamento contínuo com bomba
Desvio espontâneo para o estômago (posição verificada pelo conteúdo aspirado, pH > 6); diarréia comum, fórmulas que contenham fibras podem ajudar
Situações clínicas a longo prazo, distúrbios da deglutição ou absorção comprometida no intestino delgado, requerendo gotejamento contínuo
Aspiração, irritação em volta do local de saída da sonda; vazamento peritoneal; migração do balão e obstrução pilórica
Situações clínicas a longo prazo em que o esvaziamento gástrico está comprometido; requer gotejamento contínuo com bomba; a JEP é a mais confortável para o paciente
Entupimento ou deslocamento da sonda; fístula jejunal se a sonda for calibrosa; diarréia devido à estase; irritação da sutura cirúrgica de ancoragem
Sonda de gastrostomia Colocação percutânea endoscópica, radiológica ou cirúrgica; após a estabilização do trajeto, pode ser convertido em um “ botão” gástrico Sonda de jejunostomia Colocação percutânea endoscópica ou radiológica via piloro ou endoscópica ou cirúrgica diretamente no jejuno Sonda de gastrojejunostomia combinada Colocação percutânea endoscópica, radiológica ou cirúrgica; braço intragástríco para aspiração gástrica contínua ou intermitente; baço jejunal para alimentação enteral
Usado para pacientes com comprometimento do esvaziamento gástrico e sob alto risco de aspiração, ou aqueles com pancreatite aguda ou vazamentos proximais
Entupimento: especialmente se o tubo jejunal for de pequeno calibre
Atofa; Todas as sondas finas correm o risco de entupimento, em especial se usadas para administrar medicamentos esmagados. Nos pacientes sob alimentação enteral prolongada, as sondas de gastrostomia e jejunostomia podem ser substituídas por um “botão" de baixo perfil assim que um trajeto for estabelecido. JEP, jejunostomia endoscópica percutânea. Fonte:Adaptado do capítulo no Harrison's Principies of Internai Medicine, 16th ed., escrito por Lyn Howard, MD.
QUADRO 76.10
Fórmulas enterais
Características da composição
Indicações clinicas
Fórmula enteral padrão 1. Produtos dietéticos completos (+)a a. Densidade calórica de 1 kcal/mL
Adequados para a maioria dos pacientes que precisam de alimentação por sonda; em alguns, podem ser usados VO
b. Proteína, aproximadamente 14% das calorias, caseinato, soja, lactoalbumina c. Carboidratos, aproximadamente 60% das calorias, amido de milho hidrolisado, maltodextrina, sacarose d. Gordura, aproximadamente 30% das calorias, óleo de milho, soja e girassol e. Consumo diário recomendado de todos os minerais e vitaminas em mais de 1.500 kcal/dia f. Osmolaridade (mosmol/kg) de aproximadamente 300
Fórmulas enterais modificadas 1. Densidade calórica de 1,5-2 kcal/mL (+) 2. a.Rica em proteína, com aproximadamente 20-25% de proteína (+) b. Proteína hidrolisada em pequenos peptídios (+)
t Arginina, glutamina, nucleotídios e ácidos graxos w3 (+++)
Dietas que melhoram a imunidade
d. T Aminoácidos de cadeia ramificada, i aminoácidos aromáticos (+++)
Pacientes com insuficiência hepática intolerantes a 0,8 g de proteína/kg
e. Pobre em proteína de alto valor biológico
Pacientes com insuficiência renal por breves períodos de doença grave
3. a.Pobre em gordura, substituição parcial de TCM (+)
Má absorção de gordura
t Gordura para mais de 40% das calorias (++) t Gordura de AGMI (++)
Insuficiência pulmonar com retenção de C02 na fórmula-padrão, utilidade limitada
d. T Gordura de w3 e I ácido linoleico de u>6 (+++)
Melhora a ventilação na SDRA
b. c.
Pacientes em estado grave Absorção comprometida
4. Fibras fornecidas como polissacarídio de soja (+)
Melhora do índice glicêmico, controle do diabetes Melhora a laxação
Custo: +, baixo; ++, moderadamente alto; +++, muito alto. Nota: SDRA, síndrome do desconforto respiratório agudo; CHO, carboidrato; TCM, triglicerídeos de cadeia média; AGMI, ácidos graxos monoinsaturados; v3 ou v6, gordura poliinsaturada com ligação dupla no terceiro (óleos de peixe) ou no sexto carbonos (óleos vegetais). Fonte: Adaptado do capítulo no Harrison’s Principies of Internai Medicine, 16th ed., escrito por Lyn Howard, MD.
com a parenteral e instituindo a alim entação pós-ligam ento de Treitz. A alim entação p or sonda não deve ser interrom pida para a retirada de m enos de 300 mL de resíduos gástricos, a m enos que haja outros sinais de intolerância gastrintestinal, com o náuseas, vôm itos ou dis tensão abdom inal. A alim entação contínua com bom ba é m ais bem tolerada p or via intragástrica, sendo essencial à alim entação jejunal. Na alim entação pelo intestino delgado, não se faz avaliação dos re síduos, m as a dor e a distensão abdom inal devem ser m onitoradas.
Diarréia A alim entação enteral geralm ente acarreta diarréia, em especial se a função intestinal estiver com prom etida p or doença ou fárm acos, em particular antibióticos de am plo espectro. A diarréia pode ser co n trolada com o acréscim o de um agente antidiarreico à fórm ula. No entanto, antes de usar um antidiarreico deve-se excluir a presença de Clostridium difficile, um a causa com um de diarréia em pacientes ali m entados por sonda. Os bloqueadores H 2 tam bém podem ajudar a reduzir o líquido presente no colo. A diarréia associada à alim enta ção enteral não implica necessariam ente em absorção inadequada de nutrientes além de água e eletrólitos. Os am inoácidos e a glicose são particularm ente bem absorvidos n a parte superior do intestino delga do, exceto no caso do intestino doente ou curto. C om o os nutrientes lum inais exercem efeitos tróficos sobre a m ucosa intestinal, costum a ser válido persistir com a alim entação p or sonda apesar da diarréia, m esm o quando é necessário suporte hídrico suplem entar parenteral.
Nutrição Enteral e Parenteral Terapêutica
c.
Pacientes com restrição de líquido
■ CONSIDERAÇÕES GLOBAIS N os E stados U nidos, a única em ulsão lipídica parenteral disponível é feita com óleo de soja e tem sido sugerido que seus ácidos graxos constituintes podem apresentar p roprie dades im unossupressoras sob determ inadas circunstâncias. Na E uro pa e no Japão, existem diversas outras em ulsões lipídicas disponíveis, incluindo aquelas contendo apenas óleo de peixe; m isturas de óleo de peixe, triglicerídeos de cadeia m édia e triglicerídeos de cadeia longa, com o o óleo de oliva e/ou óleo de soja; m isturas de triglicerídeos de cadeia m édia e triglicerídeos de cadeia longa com o o óleo de soja; e m isturas de triglicerídeos de cadeia longa de óleo de oliva e óleo de soja, que podem ser m ais benéficas em term os de m etabolism o e função hepática e im unológica. Além disso, está disponível um dipeptídio contendo glutam ina para a inclusão em fórm ulas de N P na E uropa que pode ser útil em term os de função im unológica e resis tência à infecção. A g r a d e c im e n t o s Os autores agradecem a contribuição de Lyn Howard, M D , autora deste capítulo nas edições anteriores.
BIBLIOGRAFIA K: Nutritional support in the adult intensive care unit: Key controversies. Crit Care Med 34:1525,2006
B i s t r i a n B, M c C o w e n
621
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PARTE VI
CAPÍ TULO
77
Biologia da Obesidade Jeffrey S. Flier Eleftheria Maratos-Flier
»o CO!
O
Em um m undo onde a oferta de alim entos é interm itente, a capaci dade de arm azenar energia acim a das necessidades im ediatas é es sencial à sobrevida. As células adiposas, residindo em depósitos de tecido adiposo am plam ente dispersos, são adaptadas para arm aze na r o excesso de energia, de m aneira eficiente, com o triglicerídios e, quando necessário, liberar a energia arm azenada com o ácidos graxos livres p ara uso em outros locais. Esse sistem a fisiológico, coordenado por vias endócrinas e neurais, perm ite que o ser hu m an o sobreviva à fom e po r até vários meses. No entanto, na presença de alim entos abundantes e um estilo de vida sedentário, bem com o sob a influên cia significativa da constituição genética, tal sistem a aum enta as re servas adiposas de energia com conseqüências adversas p ara a saúde.
NICE-SUGAR S t u d y I n v e s t i g a t o r s : Intensive versus conventional glu cose control in critically ill patients. N Engl J Med 360:1283,2009 S i m p s o n F, D o i g GS: Parenteral vs. enteral nutrition in the critically ill pa tient: A meta-analysis of trials using the intention to treat principie. Intensive Care Med 31:12,2005 S i n g e r P et al: ESPEN guidelines on parenteral nutrition: Intensive care. Clin Nutr 28:387,2009 v a n d e n B e r g h e G et al: Intensive insulin therapy in the critically ill patients. N Engl J Med 345:1359, 2001 Z e i g l e r TR: Parenteral nutrition in the critically ill patient. N Engl J Med 361:1088, 2009
The
rapêutica, principalm ente na presença de fatores de risco influencia dos pela adiposidade, com o hipertensão e intolerância à glicose. A distribuição do tecido adiposo em diferentes espaços anatôm i cos tem implicações im portantes para a m orbidade. E specificam en te, a gordura intra-ab d o m in al e a subcutânea abdom inal são m ais im portantes que a gordura subcutânea presente nas nádegas e nos m em bros inferiores. O m odo m ais fácil de fazer essa distinção clini cam ente é determ inando a razão cintura/quadris. Um núm ero > 0,9 em m ulheres ou > 1 em hom ens é considerado anorm al. M uitas das complicações im portantes da obesidade, com o a resistência à insuli na, diabetes, hipertensão, hiperlipidem ia e, em m ulheres, o hip eran drogenism o, estão mais fortem ente associadas à gordura intra-abdom inal e/ou da parte superior do corpo que à adiposidade total (Cap. 242). O m ecanism o subjacente dessa associação é desconhecido, mas pode estar ligado ao fato de que os adipócitos intra-abdom inais têm m aior atividade lipolítica do que os dos outros depósitos. A liberação dos ácidos graxos livres para a circulação portal tem efeitos m etabó licos adversos, sobretudo no fígado. Um a área de investigação ativa visa confirm ar se os adipócitos e as citocinas secretados pelos a d i pócitos viscerais desem penham um papel a m ais nas com plicações sistêmicas da obesidade.
■ PREVALÊNCIA ■ DEFINIÇÃO E MEDIÇÃO Obesidade é um estado de excesso de m assa adiposa. É com um associá-la a excesso de peso, m as isso nem sem pre é correto: indiví duos m agros, porém m uito m usculosos, p odem apresentar excesso de peso segundo padrões num éricos, m as não têm aum ento da massa adiposa. A distribuição do peso corporal na população é contínua, o que torna a escolha de um a distinção clinicam ente significativa entre m agro e obeso um tanto arbitrária. A obesidade é m ais bem -definida pela avaliação de sua ligação com a m orbidade e m ortalidade. Em bora não seja m edida direta da adiposidade, o m étodo mais usado para avaliar a obesidade é o índice de massa corporal (IM C), igual ao p eso/estatura2 (em k g/m 2) (Fig. 77.1). O utras abordagens para a quantificação da obesidade são a antropom etria (espessura da prega cutânea), densitom etria (pesagem sob a água), T C ou RM e a im pedância elétrica. Segundo os dados das tabelas da M etropolitan Life, o IM C do ponto m édio para todas as estaturas e compleições, entre hom ens e m ulheres, vai de 19 a 26 k g/m 2. As m ulheres têm mais gordura corporal que os hom ens com determ inado IMC. Com base em dados de m orbidade substancial, um IM C de 30 é o lim iar mais usado para a obesidade em am bos os sexos. Estudos epidem iológi cos em grande escala sugerem que a m orbidade total p or doenças m etabólicas, câncer e doenças cardiovasculares com eça a aum entar (porém lentam ente) quando os IM C são iguais ou superiores a 25, sugerindo que o ponto de corte da obesidade deve ser rebaixado. A m aioria das autoridades usa o term o sobrepeso (e não obesidade) para descrever os indivíduos com IM C entre 25 e 30, que devem ser considerados clinicam ente significativos e dignos de intervenção te
622
D ados do N ational H ealth a n d N u tritio n E x am ination Surveys (NHANES) indicam que a porcentagem da população norte-am eri cana adulta com obesidade (IM C > 30) aum entou de 14,5% (entre 1976 e 1980) para 33,9% (entre 2007 e 2008). Até 68% dos adultos norte-am ericanos com 20 anos de idade ou m ais tin h am sobrepeso (definido com o IM C > 25) entre 2007 e 2008. A obesidade extrem a (IM C > 40) tam bém aum entou e atinge 5,7% da população. O au m ento da prevalência de obesidade clínica é preocupante. A obesi dade é m ais com um entre m ulheres e pobres e entre negros e hispâ nicos; mas, a prevalência em crianças tam bém está aum entando em taxa preocupante.
■ REGULAÇÃO FISIOLÓGICA D0 EQUILÍBRIO ENERGÉTICO H á evidências substanciais de que o peso corporal é regulado por fa tores endócrinos e neurais que term in am p o r influenciar os braços efetores da absorção e do dispêndio de energia. Esse complexo siste m a regulador é necessário porque m esm o pequenos desequilíbrios entre a e ntrada e o dispêndio de energia term in am p o r ter efeitos im portantes sobre o peso corporal. Por exemplo, um desequilíbrio de 0,3% durante 30 anos levaria a um ganho de 9 kg de peso. Essa regu lação precisa do equilíbrio energético não é facilm ente m onitorada pela contagem calórica com relação à atividade física. Na verdade, a regulação ou desregulação do peso corporal dependem de um a in teração com plexa de sinais neurais e horm onais. Alterações no peso norm al induzidas p o r alim entação forçada ou privação de alim entos induzem a m udanças fisiológicas que se opõem a essas perturbações. Q uando há perda de peso, o apetite aum enta e o dispêndio de energia
p o d em influenciar o apetite, visto que a hipoglicem ia induz à fome; en tretan to , a glicose n o rm a lm e n E jr-3 4 0 te não é um regulador im portante 150— — = — 320 125— do apetite. Esses diversos sinais 140— — -5 0 -300 Indice de massa corporal (IMC) h orm o n ais, m etabólicos e neurais 130— [kg/m a] atuam influenciando a expressão e I— 280 1 30liberação de vários peptídios h ip o -4 r 70 120 -2 6 0 talâm icos (p. ex., n e uropeptídio Y 1 1 0 - — 240 [NPY], p e p tíd io relacionado com 135 — ^í-6 0 MULHERES HOMENS a p ro te ín a aguti [AgRP], h o rm ô R ISCO R ISC O nio estim ulante dos m elanócitos a 100— -220 "E~ 50 R ELATIVO RELATIVO 140 — - 5 5 95 (a-M S H ) e horm ônio concentrador 200 da m elanina [M CH ]), substâncias 90 M UITO ALTO M UITO ALTO 145 — EÍE- 190 integradas às vias sinalizadoras se--4 0 85 -Ê rotoninérgicas, catecolam inérgicas, ALTO ALTO 8 0 - ^ 180 end o can ab in o id es e opioides (ver J E -1 7 0 15075_= = a d ia n te). Fatores p sicológicos e MODERADO MODERADO -6 0 160 — 30 culturais tam bém parecem ter um 70-EÊ 1 5 5 150 papel na expressão final do apetite. BAIXO BAIX O 65E ~140 C om a exceção de raras síndrom es 160genéticas que envolvem a leptina, 60-130 seu receptor e o sistem a da m ela M UITO BAIXO M UITO BAIX O 165 — 65 20 5 5 — E “ 120 n o c o rtin a , os defeitos específicos nessa rede com plexa de controle do 1 7 0 -110 50apetite que influenciam os casos co m uns da obesidade não foram bem175 — -100 45-definidos. 70 - 95 O dispêndio de energia envolve 180 - 90 40os seguintes com ponentes: ( 1) taxa - 85 m etabólica basal ou em repouso; (2) 185- 80 custo energético da m etabolização — 10 35190e do arm azenam ento do alim ento; ■75 - 75 (3) efeito térm ico do exercício; e (4) - 70 195term ogênese adaptativa, que varia 3 0 - E - 65 em função da ingestão calórica de 200longo prazo (m aior quando aum en 60 -8 0 205ta a ingestão). A taxa m etabólica basal resp o n d e p o r cerca de 70% 2555 210 — do dispêndio diário de energia, e n 85 50 q uan to a atividade física responde p o r 5 a 10%. Assim, grande parte do Figura 77.1 Nomograma para determinar o índice de massa corporal. Para usar esse nomograma, coloque uma consum o diário de energia é fixa. régua ou outro objeto reto entre o peso corporal (sem roupas) em quilogramas, localizado na linha à esquerda, e a estatura M odelos genéticos em cam u n (sem os sapatos) em centímetros, localizada na linha à direita. 0 índice de massa corporal é lido a partir do meio da escala d ongos indicam que m utações em e está em unidades do sistema métrico. (Copyright 1979, GeorgeA. Bray, MD, com autorização.) certos genes (p. ex., deleção isolada do recep to r de insulina no tecido dim inui. Com excesso de alim entação, o apetite dim inui e o dispên adiposo) protegem contra a obesidade, aparentem ente m ediante o dio de energia aum enta. No entanto, o últim o m ecanism o com pensa aum ento do consum o de energia. A term ogênese adaptativa ocorre tório falha com frequência, o que perm ite o surgim ento da obesidade no tecido adiposo marrom (TAM ), que tem u m papel im portante no quando há alim entos abundantes e pouca atividade física. U m regu m etabolism o de energia em m uitos m am íferos. D iferente do tecido lador im portante dessas respostas adaptativas é o h o rm ônio leptina, adiposo branco, usado para arm azenar energia na form a de lipídios, produzido pelos adipócitos. Tal substância age através de circuitos o TAM arm azena energia na form a de calor. U m a proteína de desacerebrais (sobretudo no hipotálam o) para influenciar o apetite, o dis coplamento m itocondrial (U C P-1) no TAM dissipa o gradiente de pêndio de energia e a função n euroendócrina (ver adiante). íons hidrogênio form ado n a cadeia respiratória oxidativa e libera O apetite é influenciado p or m uitos fatores integrados no cére a energia na form a de calor. A atividade m etabólica do TAM a u bro, sobretudo no hipotálamo (Fig. 77.2). Os sinais que entram no m en ta com a ação central da leptina. Tal interação ocorre através centro hipotalâm ico incluem aferentes neurais, horm ô n io s e m eta do sistem a nervoso sim pático, que inerva intensam ente esse tecido. bólitos. Os im pulsos vagais são especialm ente im portantes, pois tra Em roedores, a ausência de TAM causa obesidade e diabetes; a esti zem inform ações das vísceras, com o a distensão dos intestinos. Os m ulação do TAM com um agonista adrenérgico específico (agonista sinalizadores horm onais incluem a leptina, a insulina, o cortisol e a 3) protege contra o diabetes e a obesidade. E m bora o TAM exista os peptídios intestinais. Entre os últim os, estão a grelina, elaborada em seres h um anos (sobretudo em recém -nascidos), e em bora não no estôm ago e que estim ula a alim entação, o p eptídio YY (PYY) e se conheça seu papel fisiológico, a identificação de TAM funcional a colecistocinina, elaborados no intestino delgado e que sinalizam em adultos que usam tom ografia p o r em issão de pósitrons (PET) ao cérebro por ação direta nos centros de controle hipotalâm icos e/ aum entou o interesse pelas im plicações do tecido para patogenia e ou p or interm édio do nervo vago. Os m etabólitos, com o a glicose, terapia de obesidade. Peso
kg
Estatura
lb
cm
in-
Biologia da Obesidade 623
T Fatores p sicológicos
Controladores centrais do apetite Fatores culturais
A um entam D im inuem o apetite N PY a -M S H M CH C AR T A gR P GLP-1 O rexina S erotonina E ndocanabinoide
A ferentes neurais (vagais)
PARTE VI o CDi O
/ Peptídios intestinais CCK G relina PYY
■ ETIOLOGIA DA OBESIDADE ■H orm ônios Leptina Insulina C ortisol
\ M etabólitos G licose C etonas
Figura 77.2 Os fatores que regulam o apetite por intermédio de efeitos sobre o sistema nervoso central. Estão relacionados alguns fatores que aumen tam ou diminuem o apetite. NPY, neuropeptídio Y; MCH, hormônio concentrador de melatonina; AgRP, peptídio relacionado com a proteína aguti; a-MSH, hormônio a estimulador dos melanócitos; CART, transcrito relacionado à cocaína e à anfetamina; GLP-1, peptídio 1 relacionado com o glucagon; CCK, colecistocinina.
■ 0 ADIPÓCITO E 0 TECIDO ADIPOSO O tecido adiposo é form ado pelas células adiposas, que arm azenam lipídios, e p o r um co m partim ento estrom ático e vascular, onde fi cam células com o os pré-adipócitos e m acrófagos. A m assa adiposa aum enta com o crescim ento das células adiposas à m edida que m ais lipídios se depositam , bem com o pelo aum ento do nú m ero de ad i pócitos. O tecido adiposo obeso tam bém se caracteriza p o r m aior núm ero de m acrófagos infiltrados. O processo que origina as células adiposas a p a rtir do pré-adipócito m esenquim atoso envolve um a série coordenada de etapas de diferenciação, m ediadas p o r u m a cas cata de fatores de transcrição específicos. Um dos fatores fu n d a m e n tais é o receptor ativado do proliferador dos peroxissomos 7 (PPAR7 ), um receptor nuclear que se liga aos fárm acos sensibilizantes à insuli na da classe das tiazolidinedionas, usadas no tratam ento do diabetes tipo 2 (Cap. 344). E m bora geralm ente seja tido com o d epósito p a ra a rm a ze n a m en to de go rd u ra, o a d ipócito tam b é m é u m a célula e n d ó c rin a que libera diferentes m oléculas de form a regulada (Fig. 77.3), al gum as das quais são o h o rm ô n io leptina, que regula o equilíbrio energético, citocinas, com o o fator de n ecro se tu m o ra l a (T N F ), e a in terleu cin a (IL )-6, fatores com plem entares, com o o fator D (tam b ém ch am ad o adipsina), agentes p ró -tro m b ó tic o s , com o o inibidor da ativação do plasm inogênio I, e u m co m p o n en te do sis tem a de regulação da pressão sanguínea, o a n giotensinogênio. A adiponectina, um a p roteína abun d an te derivada do tecido adiposo cujos níveis ficam reduzidos na obesidade, au m en ta a sensibilidade à in su lin a e a oxidação lipídica, além de exercer efeitos pro teto res da vasculatura, en q u an to a resistina e RBP4, cujos níveis se m o s tram aum entados na obesidade, p o d e m in d u zir resistência à in su
Fatores do com plem ento Fator D /adipsina __
O utros IAP-1 Angiotensinogênio RBP 4 E nzim as A rom atase 11P-HSD-1
H orm ônios Leptina A dip o ne ctin a R esistina
S ubstratos Á cid o s g ra xo s livres G licerol
Figura 77.3 Fatores liberados pelo adipócito que podem afetar os tecidos periféricos. IAP, inibidor do ativador do plasminogênio; FNT, fator de necrose tumo ral; RBP4, proteína de ligação retinal 4.
624
lina. Esses fatores, e outros ainda n ão identificados, p a rticip a m da fisiologia da h om eostase dos lipídios, da sensibilidade à insulina, do controle da pressão arterial, da coagulação e da saúde vascular, b em com o provavelm ente co n trib u em p a ra as patologias relaciona das com a obesidade.
As vias reguladoras do equilíbrio energético estão com eçando a ser desvendadas, m as as causas da obesidade perm anecem obscuras, re fletindo em parte o fato de que a obesidade é um grupo heterogê neo de doenças. De um lado, a fisiopatologia da obesidade parece simples: um excesso crônico de aporte de nutrientes com relação ao nível de dispêndio energético. No entanto, devido à com plexidade dos sistemas neuroendócrinos e m etabólicos que regulam a ingestão, o arm azenam ento e dispêndio de energia, é difícil quantificar todos os parâm etros relevantes (p. ex., consum o de alim entos e dispêndio de energia) ao longo do tem po em pacientes hum anos.
Papel dos genes versus 0 ambiente A obesidade costum a o c o rre r em fam ílias, e a h ered itaried ad e do peso c o rp o ra l é sem elhante à da e statu ra. Porém , a h e ran ç a não co stu m a ser m endeliana, sen d o difícil d istin g u ir o papel dos ge nes e fatores am bientais. Pessoas ad o ta d as se assem elham m ais a seus pais biológicos que aos adotivos q u a n to à obesidade, 0 que é um forte in d ic a d o r da influ ên cia genética. D e m o d o sem elhante, gêm eos idênticos têm IM C b a stan te sem elhantes, in d e p e n d e n te m en te de serem criados ju n to s ou separados, e seus IM C co rrela cionam -se m u ito m ais estreitam en te que os de gêm eos dizigotos. Esses efeitos genéticos p a rec em e star associados à ingestão e ao dispêndio de energia. Mas, seja qual for o papel dos genes, é evidente que o am bien te tem im portância fundam ental na obesidade. Um a evidência é 0 fato de que a fom e previne a obesidade m esm o no indivíduo m ais propenso a essa doença. Além disso, o recente aum ento na preva lência da obesidade nos EUA é rápido dem ais para ser explicado por alterações no conjunto dos genes. C ontudo, os genes sem dúvida in fluenciam a tendência à obesidade em resposta a dietas específicas e à disponibilidade de alim entos. Fatores culturais tam bém são im portantes, estando ligados tanto à disponibilidade e com posição da dieta quanto a alterações do nível de atividade física. Em sociedades industrializadas, a obesidade é m ais com um em m ulheres pobres, e nquanto nos países subdesenvolvidos as m ulheres m ais afluentes são m ais obesas. Em crianças, a obesidade tem algum a correlação com o tem po que passam em frente à televisão. E m bora o papel da com posição da dieta na obesidade continue a gerar controvérsia, p a rece que as dietas ricas em gorduras p o d em prom over a obesidade, quando com binadas com dietas ricas em carboidratos simples, rapi dam ente absorvidos. O utros fatores am bientais p odem co n trib u ir para o aum ento da prevalência da obesidade. T anto correlações epidem iológicas com o dados experim entais sugerem que a privação de sono acarreta o au m ento da obesidade. As alterações n o m icro b io m a intestinal com capacidade de m od ificar o equilíbrio energético estão recebendo suporte ex p erim ental de estudos em anim ais e u m possível papel p ara as infecções virais obesogênicas c o n tin u a a receber atenção esporádica.
Síndromes genéticas específicas Sabe-se há m uitos anos que, em roedores, a obesidade é causada por um a série de m utações distintas d istribuída p o r todo o genom a. A m aioria de tais defeitos gênicos isolados causa hiperfagia e dim inui ção do dispêndio de energia, o que sugere u m a ligação fisiológica e n tre esses dois parâm etros na hom eostase energética. A identificação da m utação no gene ob em cam undongos geneticam ente obesos (ob/ ob) foi um grande avanço no referido cam po. O cam undongo ob/ob desenvolve obesidade grave, resistência à insulina e hiperfagia, além de um m etabolism o deficiente (ele engorda m esm o quando recebe a m esm a quantidade de calorias que os cam undongos m agros na m es m a gaiola). O produto do gene ob é 0 peptídio leptina, o nom e que
Cérebro H ipotálam o ■M etabolism o de g licose e lipídios • Fom e/saciedade
1
• Term ogênese/sistem a autônom o ■Função n e u roendócrina
Barreira hem atencefálica C é lu las p Alvos periféricos
C élulas im unes O utras
f Leptina
E stado alim e n ta d o / obesidade
O A dipócito
Figura 74.4 Sistema fisiológico regulado pela leptina. Os níveis da leptina em elevação ou queda atuam através do hipotálamo, influenciando o apetite, o gasto de energia e a função endócrina, bem como por intermédio de locais periféricos, como o sistema imune
deriva do grego leptos, o qual significa magro. A leptina é secretada pelas células adiposas e atua sobretudo no hipotálam o. O nível de sua produção serve com o índice das reservas adiposas de energia (Fig. 77.4). Níveis altos de leptina dim inuem o consum o de alim ento e au m entam o gasto de energia. O utro cam undongo m utante, o db/db, resistente à leptina, apresenta m utação no receptor desse horm ônio e um a síndrom e sem elhante. O gene O B está presente em seres h u m anos onde tam bém é expresso na gordura. Já foram descritas vá rias famílias com obesidade m órbida de início precoce causada por m utações que inativam a leptina ou seu receptor, o que dem onstra a im portância biológica da via da leptina em seres hum anos. A obe sidade nesses indivíduos com eça logo após o nascim ento, é grave e acom panha-se de anorm alidades neuroendócrinas, a mais im p o rtan
QUADRO 77.1
Alguns genes da obesidade em seres humanos e camundongos Produto gênico
Mecanismos da obesidade
No ser humano
Em roedores
Lep (ob)
Leptina, um hormônio derivado da gordura
A mutação impede que a leptina libere o sinal de saciedade; o cérebro percebe a fome
Sim
Sim
LepR(db)
Receptor de leptina
Idem acima
Sim
Sim
POMC
Proopiomelanocortina, um precursor de vários hormônios e neuropeptídios
A mutação impede a síntese do hormônio estimulante dos melanócitos (MSH), um sinal de saciedade
Sim
Sim
MC4R
Receptor do tipo 4 para o MSH
A mutação impede a recepção do sinal de saciedade do MSH
Sim
Sim
AgRP
Peptídio relacionado com a proteína aguti, expresso no hipotálamo
A hiperexpressão inibe o sinal através do MC4R
Não
Sim
PC-1
Pró-hormônio convertase 1, uma enzima processadora
A mutação impede a síntese de neuropeptídio, provavelmente MSH
Sim
Não
Fat
Carboxipeptidase E, uma enzima processadora
Idem acima
Não
Sim
Tub
Tub, uma proteína hipotalâmica de função desconhecida
Disfunção hipotalâmica
Não
Sim
TrkB
TrkB, um receptor de neurotrofina
Hiperfagia devido a um defeito hipotalâmico não caracterizado
Sim
Sim
I Gene
Biologia da Obesidade
[ Leptina
E stado de jejum
te das quais é o hipogonadism o hipogonadotrópico, que a reposição de leptina pode reverter no subgrupo deficiente em leptina. No m o delo do cam undongo, observam -se hipotireoidism o central e atraso do crescim ento, alterações não tão visíveis em seres hum anos com deficiência de leptina. Não se encontraram , até hoje, evidências de que m utações dos genes da leptina ou de seu receptor sejam im p o r tantes nas form as com uns de obesidade. M utações de vários outros genes p odem causar obesidade gra ve em seres hu m an o s (Q u a d ro 77.1); porém , tais síndrom es são raras. As m utações do gene que codificam a proopiom elanocortina (PO M C) causam obesidade grave po rq u e não ocorre a síntese de a-M S H , um neuropeptídio fu ndam ental que inibe o apetite no h i potálam o. A ausência de PO M C tam bém causa insuficiência suprar renal secundária devido à falta do h o rm ô n io adrenocorticotrópico (ACTH) bem com o palidez cutânea e cabelos averm elhados pela fal ta de a-M SH . As m utações da proenzim a convertase 1 (PC-1) ta m bém causam obesidade, acreditando-se que isso se deva à inibição da síntese de a-M S H a p a rtir de seu p eptídio precursor, a POMC. O a-M S H se liga ao receptor da m elanocortina do tipo 4 (MC4R), um receptor hipotalâm ico im p o rtan te que inibe a alim entação. As m utações heterozigotas de perda da função nesse receptor parecem responder p o r até 5% dos casos graves de obesidade. Esses cinco de feitos genéticos definem u m a via pela qual a leptina (ao estim ular a PO M C e au m entar o a-M S H ) restringe o consum o de alim entos e lim ita o peso (Fig. 77.5). Os resultados de estudos de associação em todo o genom a para identificar loci genéticos responsáveis pela obe sidade na população geral até o m om ento são decepcionantes. Mais de 10 loci replicados ligados á obesidade foram identificados, m as juntos são responsáveis p o r m enos de 3% da variação interindividual no IMC. O m ais replicado desses é um gene cham ado FTO, que tem função desconhecida, m as assim com o m uitos dos outros candidatos recentem ente descritos, é expressado n o cérebro. C om o se estim a que a herdabilidade da obesidade seja de 40 a 70%, é provável que m uito m ais loci tenham de ser identificados. A lém desses genes h u m an o s de obesidade, estudos em ro e d o res revelaram vários ou tro s cand id ato s m oleculares a m ediadores hipotalâm icos da obesidade ou da m agreza em seres hum anos. O gene tub codifica u m p ep tíd io hipo talâm ico de função desconhe cida; m utações nesse gene causam o besidade de início tardio. O gene f a t codifica a carboxipeptidase E, u m a enzim a processadora de peptídios, acreditando-se que m utações nesse gene tam bém causam obesidade ao p e rtu rb a r a p rodução de um ou m ais neuropeptídios. A AgRP é expressa ju n to com o N PY em n e u rô n io s do núcleo ar queado. A AgRP antagoniza o a -M S H nos receptores de M C4, e
625
E nzim a processadora PC-1 . i R eceptor
t
Lepti„ a
Expressão da . .
R eceptor do sinal de m e la n o co rtin a 4
- t do s L ^ t Pr r „ f de leptina
#
_
i
(pQ M C )
\ f D im inui o apetite
M utações conhecidas no se r hum ano
Figura 77.5 Uma via central por meio da qual a leptina age para regular o apetite e o peso corporal. A leptina sinaliza para os neurônios através da proopio
PARTE VI o CD! O
melanocortina (POMC) no hipotálamo para induzir a aumento da produção do hormô nio estimulante dos melanócitos (a-MSH), requerendo a enzima processadora PC-1 (proenzima convertase 1). 0 a-MSH age como um agonista sobre os receptores de melanocortina 4 para inibir o apetite, e o neuropeptídio AgRP (peptídio relacionado com a proteína aguti) age como antagonista desse receptor. As mutações que cau sam obesidade em seres humanos estão indicadas por setas preenchidas verdes.
sua expressão excessiva induz à obesidade. Já os cam undongos com deficiência do peptíd io M C H , cuja adm inistração induz à alim en tação, são m agros. Várias síndrom es hum anas, complexas e de herança definida, es tão associadas à obesidade (Q uadro 77.2). Em bora ainda genes espe cíficos tenham definição lim itada atualm ente, sua identificação deve m elhorar nossa com preensão das form as m ais com uns de obesidade hum ana. N a síndrom e de Prader-W illi, u m distúrbio m ultigênico
QUADRO 77.2
do neurodesenvolvim ento, a obesidade coexiste com baixa estatura, deficiência m ental, hipogonadism o hipogonadotrópico, hipotonia, m ãos e pés pequenos, boca em form a de peixe e hiperfagia. A m aio ria desses pacientes tem um a deleção a região crom ossôm ica 1 5 q ll13 e a expressão reduzida da p roteína sinalizadora necdina pode ser um a causa im portante de desenvolvim ento neural hipotalâm ico de feituoso (Cap. 62). A síndrom e de Bardet-Biedl (SBB) é um distúrbio geneticam ente heterogêneo que se caracteriza p o r obesidade, defi ciência m ental, retinite pigm entosa, diabetes, m alform ações renais e cardíacas, polidactilia e hipogonadism o hipogonadotrópico. Foram identificados pelo m enos 12 loci genéticos e a m aioria das proteínas codificadas form a dois com plexos m ultiproteína que estão envolvi dos na função ciliar e transporte intracelular baseado em m icrotúbulos. Evidências recentes sugerem que as m utações podem perturbar o tráfego do receptor de leptina n os principais neurônios hipotalâm icos, causando resistência à leptina.
Outras síndromes específicas associadas à obesidade Síndrome de Cushing
Os obesos podem ter obesidade central, h iper tensão e intolerância à glicose, m as não outros estigm as específicos da síndrom e de C ushing (Cap. 342). A pesar disso, é com um que se pense em doença de C ushing. A p rodução de cortisol e de m e tabólitos urinários (170H -esteroides) pode se en co n trar aum enta da na obesidade simples. C ontudo, diferentem ente da síndrom e de Cushing, os níveis basais de cortisol no sangue e na urina, bem como após a injeção do horm ônio liberador de corticotropina (CRH) ou ACTH são norm ais; o teste de supressão em 24 horas com 1 m g de dexam etasona é norm al em 90% dos casos. Os restantes dão resulta dos norm ais em um teste-padrão de dexam etasona em baixas doses p or 2 dias. A obesidade pode estar associada à reativação local exces
Comparação das síndromes de obesidade - hipogonadismo e deficiência mental Síndrome
Característica
Prader-Willi
Laurence-Moon-Biedl
Ahlstrom
Cohen
Carpenter
Herança
Esporádica; cerca de 66% têm o defeito
Autossômica recessiva
Autossômica recessiva
Provavelmente autossômica recessiva
Autossômica recessiva
Estatura
Baixa
Normal, raramente baixa
Normal, raramente baixa
Baixa ou alta
Normal
Obesidade
Generalizada
Generalizada
No tronco
No tronco
No tronco, glútea
Moderada a grave
Início precoce com 1 a 2 anos
Início precoce com 2 a 5 anos
No meio da infância, aos 5 anos
Indistinta
Indistinta
Início com 1 a 3 anos Craniofacial
Diâmetro bifrontal estreito
Ponte nasal alta
Acrocefalia
Olhos amendoados
Palato arqueado
Ponte nasal plana
Estrabismo
Boca aberta
Palato alto arqueado
Boca em forma de V
Filtro curto
Palato alto arqueado Membros
Mãos e pés pequenos
Polidactlia
Sem anormalidades
Hipotonia
Hipotonia
Polidactilia
Mãos e pés estreitos
Sindactilia Joelho valgo
Estado reprodutivo
Hipogonadismo primário
Outras características
Hipoplasia do esmalte
Orelhas displásicas
Hiperfagia
Puberdade tardia
Hipogonadismo primário
Hipogonadismo em homens, mas não em mulheres
Função gonádica normal ou hipogonadismo hipogonadotrópico
Hipogonadismo-secundário
Temper tantrums Fala anasalada Deficiência mental
626
Discreto a moderado
Inteligência normal
Discreto
Leve
siva do cortisol na gordura pela 11 (3-hidroxiesteroide desidrogenase 1, enzim a que converte a cortisona inativa em cortisol. Hipotireoidismo É um a causa incom um de obesidade, m as deve-se pensar nessa etiologia. A m edição do h o rm ô n io estim ulante da ti reoide (TSH) perm ite excluir o hipertireoidism o facilm ente. G ra n de parte do ganho de peso que ocorre nessa deficiência h orm onal se deve ao m ixedem a (Cap. 341). Insulinoma Os pacientes com insulinom a costum am gan h ar peso po rq u e com em excessivam ente p a ra evitar os sin to m as da h ip o glicem ia (Cap. 345). O au m en to do su b strato e os altos níveis de insulina fazem com que a energia seja arm azenada com o gordura, o que po d e ser acentuado em alguns indivíduos, m as é discreto na m aioria dos casos.
Patogenia da obesidade comum A obesidade pode ser causada p or aum ento da ingestão de energia, dim inuição do dispêndio ou um a com binação de am bos. Assim, identificar a etiologia da obesidade exige m edições dos dois p a râ m etros. Mas é difícil fazer m edidas precisas e diretas da ingestão de energia em indivíduos em vida livre, e os obesos em p articular cos tum am subestim ar sua ingestão. As m edições do dispêndio crônico de energia são possíveis pelo uso de água duplam ente m arcada ou câm aras e salas m etabólicas. Em pacientes com peso e com posição corporal estáveis, a ingestão de energia é igual ao dispêndio. Assim, pode-se concluir que essas técnicas p erm item avaliar a ingestão de energia em indivíduos em vida livre. Os níveis de dispêndio de ener gia são diferentes em obesos em períodos de ganho ou de p erda de peso, e nos estados pré ou pós-obesidade. Os estudos que não levam em conta esses fenôm enos são difíceis de interpretar. O conceito de um ponto de equilíbrio do peso co rp o ral tem sus citado co n tín u o interesse. Em favor dessa ideia, existem m ecan is m os fisiológicos em to rn o de um sistem a sensor no tecido adiposo que reflete as reservas de g o rdura, e u m receptor, o u adipostato, presente nos centros hipotalâm icos. Q u a n d o as reservas de g o rd u ra d im in u em , o sinal do adip o stato cai, e o h ip o tá lam o resp o n d e e stim ulando a fom e e d im in u in d o o d isp ê n d io de energia. N o e n tanto, q u a n d o as reservas de g o rd u ra são a b u n d an tes, o sinal a u m enta, e o h ipotálam o responde d im in u in d o a fom e e a u m e n tan d o o dispêndio de energia. A recente descoberta do gene ob e seu p ro duto, a leptina, b em com o do gene d b, cujo p ro d u to é o receptor da lectina, fornece um a base m olecular a esse conceito fisiológico (ver a n teriorm ente).
Qual a situação da ingestão de alimentos nos obesos? (Os obesos comem mais que os magros?) Tal questão suscitou intenso debate, o que se deve em parte às difi culdades m etodológicas inerentes à d ete rm in a çã o da ingestão ali m entar. M uitos in divíduos obesos c o n sid era m que ingerem p o u ca com ida, achado m u itas vezes c o n firm ad o pelos resu ltad o s de q u estio n ário s sobre a ingestão de alim entos. N o e ntanto, hoje se sabe que a ingestão m édia de energia a u m e n ta com a obesidade.
Qual a situação do dispêndio de energia na obesidade? O dispêndio total m édio diário de energia é m aior entre os obesos do que entre os m agros quando m edido no peso estável. No entanto, o dispêndio energético dim in u i à m edida que se perde peso, o que se deve em parte à perda de m assa corporal m agra e dim inuição da atividade nervosa sim pática. Q uando atingem um peso próxim o do norm al e perm anecem assim p o r algum tem po, (alguns) indivíduos obesos gastam m enos energia que (alguns) indivíduos magros. Tam bém há um a tendência, entre os que se tornaram obesos na infância, de ter taxas m enores de dispêndio de energia do que os que p e rm a necem magros. A origem fisiológica das taxas variáveis de dispêndio de ener gia (m antidos constantes o peso corporal e a ingestão de energia) é praticam ente desconhecida. M utação no receptor (33-adrenérgico hum an o pode estar associada a um risco m aior de obesidade e de resistência à insulina em algum as populações. Um com ponente da term ogênese recém -descrito, denom inado termogênese da atividade fora do exercício (NEAT), foi relacionado com a obesidade. Trata-se da term ogênese que acom panha outras ati vidades físicas que não o exercício voluntário, com o tarefas cotidia nas, m ovim entos aleatórios, contração m uscular espontânea e m an u tenção da postura. A NEAT responde p o r cerca de 66% do aum ento do dispêndio diário de energia induzido pelo excesso de alimentação. A am pla variação no arm azenam ento de gordura, observada em in divíduos alim entados sem excesso, pode ser prevista pela intensidade com que a NEAT é induzida. A origem m olecular e a regulação desse fenôm eno são desconhecidas.
Biologia da Obesidade
Craniofaringioma e outros distúrbios que envolvem o hipotálamo Seja em d ecorrência de tum ores, trau m atism o ou inflam ação, a d isfu n ção dos sistem as hipotalâm icos que controlam a saciedade, a fom e e o dispêndio de energia pode resultar em graus variados de obesida de (Cap. 339). É incom um en co n trar um a base anatôm ica distinta p ara essas alterações. Provavelm ente, disfunções sutis do h ip o tá la m o são causas m ais com uns de obesidade que se po d e d e m o n stra r com as técnicas neurorradiológicas disponíveis hoje. O h o rm ô n io do crescim ento (G H ), que tem atividade lipolítica, m ostra-se d im i n uído n a obesidade e au m en tad o com a perda de peso. A pesar dos níveis baixos de GH , a p rodução do fator de crescim en to análogo à insulina do tipo I (IGF-I ou som atom edina) é norm al, sugerindo que a supressão do G H seja resposta que com pense o au m en to da oferta n utricional.
D e acordo com as leis da term o d in âm ic a , os obesos devem com er m ais que os m agros em m éd ia p ara m an te r seu peso m ais alto. No entanto, é possível que alguns dos indivíduos predisposto s à obesi dade sejam capazes de ficar obesos sem u m a u m e n to absoluto no consum o calórico.
Leptina na obesidade comum A grande m aioria dos obesos tem níveis elevados de leptina, m as não apresenta m utações nem na leptina nem em seu receptor. Por isso parecem ter u m a form a funcional de resistência à leptina. Dados sugerem que alguns desses indivíduos produzem m enos leptina por unidade de m assa adiposa que outros, ou têm um a form a relativa de deficiência de leptina que predispõe à obesidade, m as isso ainda é c ontraditório e incom pleto. O m ecanism o de resistência à leptina, e a possibilidade de revertê-la com a elevação dos níveis desse h o rm ô nio ou com com binação de leptina e outros tratam entos em um sub grupo de indivíduos obesos, ainda não foi elucidado. Alguns dados sugerem que a leptina pode ser incapaz de atravessar a barreira hem atencefálica à m edida que os níveis sobem . Tam bém há evidências, a p artir de estudos com anim ais, de que inibidores da sinalização da leptina, com o SOCS3 e P T P lb , estejam im plicados no m ecanism o de resistência.
■ CONSEQÜÊNCIAS PATOLÓGICAS DA OBESIDADE (Ver ta m b é m Cap. 78.) A obesidade tem efeitos adversos im p o r tantes sobre a saúde. Está associada a um aum ento na m ortalidade, elevação de 50 a 100% no risco de m o rte p o r todas as causas em com paração com os indivíduos de peso norm al, principalm ente p or causas cardiovasculares. E m conjunto, a obesidade e o sobrepeso são a segunda causa de m o rte passível de prevenção nos EUA, sen do responsáveis p or 300.000 óbitos anuais. As taxas de m ortalidade aum entam com a progressão da obesidade, principalm ente quando ela está associada a u m au m en to da g o rd u ra in tra-ab d o m in al (ver anteriorm ente). A expectativa de vida de um indivíduo com obesi dade m o d erad a po d e d im in u ir 2 a 5 anos, e um h om em com 20 a 30 anos de idade e IM C > 45 po d e p e rd er 13 anos de vida. Parece tam bém que o efeito da obesidade sobre determ in ad o s sistem as o r gânicos é influenciado p o r genes de suscetibilidade, os quais variam na população.
627
Resistência à insulina e diabetes melito do tipo 2 A hiperinsulinem ia e a resistência à insulina são com uns na obesida de. Pioram com o ganho de peso e dim inuem com sua perda (Cap. 242). A resistência à insulina está m ais relacionada com a gordura intra-abdom inal que a gordura em outras localizações. A relação m o lecular entre a obesidade e a resistência à insulina na gordura, m ú s culos e fígado tem sido pesquisada há m uitos anos. São alguns fato res im portantes: ( 1) a própria insulina, ao induzir à subrregulação do receptor; (2) os ácidos graxos livres, que ficam elevados e podem bloquear a ação da insulina; (3) o acúm ulo intracelular de lipídios; e (4) os vários peptídios circulantes produzidos pelos adipócitos, com o as citocinas T N F -a e IL-6, RBP4 bem com o as adipocinas adiponecti na e resistina, que apresentam expressão alterada nos adipócitos dos obesos e podem m odificar a ação da insulina. O utros m ecanism os são inflam ação ligada à obesidade, com o infiltração de m acrófagos nos tecidos com o gordura, e indução de resposta ao estresse de re tículo endoplasm ático, que pode p roduzir resistência à ação da in sulina nas células. A pesar da prevalência da resistência à insulina, a m aioria dos obesos não m anifesta diabetes, o que sugere que o diabetes exige interação entre a resistência à insulina induzida pela obesidade e outros fatores, com o o com prom etim ento da secreção de insulina (Cap. 344). No entanto, a obesidade é um im portante fator de risco para o diabetes, e até 80% dos pacientes com diabetes m elito do tipo 2 são obesos. A perda de peso e o exercício, ainda que m o d es tos, aum entam a sensibilidade à insulina e m uitas vezes m elhoram o controle da glicose no diabetes.
Distúrbios da reprodução As doenças do eixo re p ro d u to r estão associadas à obesidade em am bos os sexos. O hipogonadism o m asculino está associado a um aum ento do tecido adiposo, que m uitas vezes se distribui em um a conform ação m ais típica de m ulheres. H om ens cujo peso é m ais de 160% do peso corporal ideal (PCI) têm m uitas vezes redução da tes tosterona plasm ática e da globulina de ligação aos horm ônios sexuais (SHBG), e níveis de estrogênio (derivados da conversão de androgê nios suprarrenais no tecido adiposo) aum entados (Cap. 346). Pode ocorrer ginecom astia, m as na m aioria desses indivíduos a m asculinização, libido, potência e esperm atogênese são norm ais. A testos terona livre pode dim inuir em hom ens com obesidade m órbida cujo peso excede 200% do PCI. Em m ulheres, a obesidade está m uito associada a a n o rm alid a des m enstruais, prin cip alm en te em m ulheres com obesidade na parte superior do corpo (Cap. 347). A chados com uns são aum ento na produção de androgênios, dim inuição da SHBG e aum ento da conversão periférica de androgênios em estrogênios. A m aioria das m ulheres obesas com oligom enorreia apresenta a síndrom e do ová rio policístico (SOP), associada a anovulação e hiperandrogenism o ovariano; 40% das m ulheres com ovário policístico são obesas, e a m aioria das m ulheres não obesas com ovários policísticos tam bém tem resistência à insulina, o que sugere que a resistência à insuli na, a hiperinsulinem ia ou am bas podem causar ou co n trib u ir para a fisiopatologia ovariana da SOP em m ulheres m agras e obesas. Em m ulheres obesas com SOP, a p erda de peso ou o tratam en to com fár m acos sensibilizantes à insulina m uitas vezes norm alizam a m en s truação. O aum ento da conversão da a n drostenediona em estrogê nio, m ais com um em m ulheres com obesidade na parte inferior do corpo, pode aum entar a incidência de câncer do útero em m ulheres obesas na pós-m enopausa.
Distúrbios cardiovasculares O estudo Fram ingham revelou que a obesidade foi um fator de ris co independente para a incidência d urante 26 anos de doenças vas culares em hom ens e m ulheres, com o doença arterial coronariana (DAC), acidente vascular encefálico e insuficiência cardíaca conges
tiva (ICC). A razão cintura/quadril pode ser o m elhor fator preditivo desses riscos. O im pacto da obesidade fica ainda m ais evidente quan do se consideram os efeitos adicionais da hipertensão e intolerância à glicose associados ao excesso de peso. O efeito da obesidade na m or talidade cardiovascular em m ulheres p ode ser verificado com IM C de apenas 25. A obesidade, sobretudo a abdom inal, está associada a um perfil lipídico aterogênico com aum ento no colesterol-lipoproteína de baixa densidade (LDL), na lipoproteína de m uito baixa densidade e nos triglicerídios, além de d im inuição no colesterol-lipoproteína de alta densidade e nos níveis da adipocina vascular protetora adiponec tin a (Cap. 356). A obesidade tam bém está associada à hipertensão. A m edição da pressão arterial em obesos requer um m anguito m aior para evitar aum entos espúrios da pressão. A h ipertensão induzida pela obesidade tam bém pode causar elevação da resistência vascular periférica e do débito cardíaco, aum ento no tônus do sistema nervoso sim pático, exacerbação da sensibilidade ao sal e retenção de sal m e diada pela insulina; com frequência, a hipertensão m elhora após um a pequena perda ponderai.
Distúrbios pulmonares A obesidade pode estar associada a um a série de anorm alidades pul m onares, com o a dim inuição da com placência da parede torácica, au m ento no trabalho respiratório, aum ento do volum e-m inuto devido à m aior atividade m etabólica e dim inuição da capacidade pulm onar total, da capacidade residual funcional e do volum e expiratório de reserva (Cap. 252). A obesidade grave pode estar associada à apneia obstrutiva do sono e síndrom e de hipoventilação da obesidade, com respostas ventilatórias hipóxicas e hipercapneicas atenuadas (Cap. 264). A apneia do sono pode ser obstrutiva (m ais com um ), central ou m ista, e está associada a hipertensão. A perda de peso (10 a 20 kg) pode trazer m elhora substancial, assim com o a perda substancial de peso que ocorre após cirurgias gástricas restritivas ou bariátricas. A pressão positiva contínua nas vias respiratórias tem sido usada com algum êxito.
Doença hepatobiliar A obesidade frequentem ente é associada ao distúrbio com um doença gordurosa hepática não alcoólica (NAFLD ou D H GNA ). Essa in filtração gordurosa do fígado de NAFLD ou D H G N A pode evoluir em um subgrupo para esteatohepatite não alcoólica inflam atória (EHNA) e m ais raram ente para cirrose e carcinom a hepatocelular. O bservou-se que a esteatose m elhora após perda de peso, secundária a dieta ou cirurgia bariátrica. O m ecanism o para a associação con tinua obscuro. A obesidade pode aum entar a secreção biliar de co lesterol, a supersaturação da bile e elevar a incidência de cálculos, sobretudo de colesterol (Cap. 311). Em um a pessoa 50% acim a do PCI tem um a incidência seis vezes m aior de cálculos biliares sinto m áticos. Paradoxalm ente, o jejum aum enta a supersaturação da bile ao reduzir o com ponente fosfolipídico. A colecistite induzida pelo jejum é um a complicação das dietas extremas.
Câncer A obesidade m ascu lin a está associada a m aio r m o rta lid a d e p or câncer. A lguns tu m o res responsáveis são os cânceres de esôfago, colo, reto, pâncreas, fígado e próstata. A obesidade fem inina eleva a m ortalidade p o r câncer da vesícula biliar, dos duetos biliares, das m am as, do endom étrio, do colo u terin o e dos ovários. O aum ento da taxa de conversão da a n d ro sten e d io n a em estrona, que ocorre no tecido adiposo de obesos, p ode causar alguns desses tum ores. O utras possíveis ligações m ecanicistas são outros horm ônios cujos níveis estão ligados ao estado n u tricio n al, com o insulina, leptina, ad ip o n ectin a e IGF-1. E stim ou-se recen tem en te que, nos EUA, a obesidade é responsável p o r 14% dos cânceres em hom ens e 20% em m ulheres.
Doenças dos ossos, das articulações e da pele A obesidade pode aum entar o risco de osteoartrose. N ão há duvida de que isso se deve em parte ao traum atism o devido ao peso extra, m as potencialm ente ligados tam bém à ativação de vias inflam atórias que p o deriam prom over patologia sinovial. A prevalência de gota tam bém pode ser m aior (Cap. 333). Entre as afecções da pele associa das à obesidade, encontram -se a acantose nigricans, que se m anifesta po r escurecim ento e espessam ento das dobras da pele no pescoço, nos cotovelos e espaços interfalangianos dorsais. A acantose reflete a gravidade da resistência à insulina subjacente e dim inui com a perda de peso. A friabilidade da pele tam bém pode aum entar, sobretudo nas dobras, o que aum enta o risco de infecções p or leveduras e fu n gos. Finalm ente, a estase venosa é m ais com um no obeso.
BIBLIOGRAFIA
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Bochukova
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Avaliação e Tratamento da Obesidade Robert F. Kushner M ais de 66% dos adultos nos Estados U nidos são categorizados com o tendo sobrepeso, e a prevalência da obesidade vem a u m e n tando rapidam ente na m aioria dos países industrializados. C rianças e adolescentes tam bém estão ficando m ais obesos, o que indica que as tendências atuais vão se acelerar com o tem po. A obesidade está associada a um m aior risco de m últiplos problem as de saúde, com o hipertensão, diabetes tipo 2, dislipidem ia, doença articular degene rativa e algum as m alignidades. Assim, é im portante que os m édicos identifiquem , avaliem e tratem os pacientes com obesidade e c ondi ções com órbidas associadas.
■ AVALIAÇÃO Os m édicos deverão proceder a triagem para obesidade de todos os pacientes adultos, bem com o oferecer aconselham ento intensivo e intervenções com portam entais para prom over um a perda de peso sustentada. As cinco etapas principais na avaliação da obesidade, conform e descrita abaixo são: (1) anam nese voltada para a obesida de, (2) exam e físico para determ in ar o grau e o tipo de obesidade, (3) condições com órbidas, (4) nível de aptidão e (5) disposição do paciente em alterar seu estilo de vida.
Anamnese voltada para a obesidade A inform ação obtida com a anam nese deve basear-se nas seis p e r guntas seguintes: • Q ue fatores contribuem para a obesidade do paciente? • De que form a a obesidade está afetando a saúde do paciente? • Qual o nível de risco da obesidade para o paciente?
• Quais as m etas e expectativas do paciente? • O paciente está m otivado para com eçar um program a de con trole de peso? • De que tipo de ajuda o paciente precisa? E m bora a grande m aioria dos casos de obesidade possa ser a tri buída a aspectos co m portam entais que afetam a dieta e os padrões de atividade física, a anam nese pode sugerir causas secundárias que requeiram m aior avaliação. Os distúrbios a considerar são a sín d ro m e do ovário policístico, hipotireoidism o, síndrom e de C ushing e doença hipotalâm ica. O ganho de peso induzido p o r fárm acos tam bém deve ser considerado. São causas com uns os m edicam entos para diabetes (insulina, sulfonilureias, tiazolidinedionas), horm ônios es teroides, agentes psicogênicos, estabilizadores do h u m o r (lítio), anti depressivos (tricíclicos, inibidores da m onoam inoxidase, paraxetina, m irtazepina) e antiepilépticos (valproato, gabapentina, carbam azepi na). O utras m edicações com o os anti-inflam atórios não esteroides e os bloqueadores dos canais de cálcio p o d em causar edem a periférico, m as não aum entam a gordura corporal. A alim entação e os padrões de atividade física atuais do pacien te podem revelar fatores que contribuem para o desenvolvim ento de obesidade, além de identificar com portam entos com vistas ao trata mento. É m ais fácil se obter esse tipo de inform ação histórica usando um questionário com binado com um a entrevista.
Avaliação e Tratamento da Obesidade
CAPÍ TULO
IMC e circunferência da cintura H á três m edidas antropom étricas im portantes para se avaliar o grau de obesidade: o peso, a estatura e a circunferência da cintura. O índi ce de m assa corporal (IM C), calculado com o o peso (kg)/altura (m )2, ou o peso (libras)/altura (polegadas)2 X 703, é usado para classificar a condição do peso e o risco de doença (Q u a d ro s 78.1 e 78.2). O IM C é usado porque fornece um a estim ativa da gordura corporal e está relacionado com o risco de doença. Foram propostos lim iares baixos de IM C para o sobrepeso e a obesidade para a região asiática do Pacífico, porque esta população de peso corporal baixo parece es tar sob risco de apresentar anorm alidades da glicose e dos lipídios. O excesso de gordura abdom inal, avaliado pela m edida da cir cunferência da cintura ou pela proporção entre a cintura e os quadris, é associado de form a independente a u m m aior risco de diabetes me-
629
QUADRO 78.1
Tabela do índice de massa corporal (IMC) 19
Peso corporal (kg)
147
41
44
45
48
50
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54
150
43
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21
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63
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34
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73
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74
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78
33
PARTE VI
160
49
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55
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175
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178
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104
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73
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130
51
52
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54
89
86
IMC
36
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38
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40
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EB
44
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IMC Altura (cm)
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186
190
193
197
201
.
QUADRO 78.2
QUADRO 78.4
Classificação do peso e risco de doença IMC (kg/m2)
Classe da obesidade
R evisão dos s is te m a s o rg â n ic o s re la c io n a d o s
com a ob e sid a d e Risco de doença
Cardiovascular
Respiratório
Subpeso
< 1 8 ,5
Hipertensão
Dispnéia
Peso saudável
18,5-24,9
Insuficiência cardíaca congestiva
Apneia do sono obstrutiva
Sobrepeso
25.0-29,9
Aumentado
Cor pulmonale
Síndrome hipoventilatória
Obesidade
30.0-34,9
Alto
Veias varicosas
Síndrome de Pickwick
Obesidade
35.0-39,9
Muito alto
Embolia pulmonar
Asma
Obesidade extrema
S 40
Extremamente alto
Doença arterial coronariana
Gastrintestinal
Endócrino
Fonte: Adaptado de National Institutes of Health, National Heart, Lung, and Blood Institute: Cli nical Guidelines on the Identification, Evaluation, and Treatment of Overweight and Obesity in Adults. U. S. Department of Health and Human Services, Public Health Service, 1998.
lito e doença cardiovascular. A m edição da circunferência da cintura é um substituto do tecido adiposo visceral, devendo ser feita no plano horizontal, acim a da crista ilíaca (Q uadro 78.3).
Doença hepática gordurosa não alcoólica
Dislipidemia
Colelitíase
Síndrome do ovário policístico
Hérnias
Musculoesquelético
Aptidão física
Câncer de colo
Geniturinário
Imobilidade
Incontinência urinária por estresse
Osteoartrite (joelhos e quadris)
Glomerulopatia relacionada com a obesidade
Psicológico
Condições de morbidade associadas à obesidade
Tegumento
Dor nas costas Síndrome do túnel do carpo Depressão/baixa autoestima Distúrbio da imagem corporal Estigmatização social Estrias Estase e pigmentação das pernas
Hipogonadismo (masculino) Cânceres de mama e uterino Complicações da gravidez
Neurológico Acidente vascular encefálico Hipertensão intracraniana idiopática Meralgia parestética Demência
Linfedema Celulite
QUADRO 78.3
Intertrigo, carbúnculos
V alores e tn o -e s p e c ífic o s pa ra a c irc u n fe rê n c ia
Acantose nigricans
d a c in tu ra
I
Grupo étnico
Circunferência da cintura
\
Avaliação e Tratamento da Obesidade
Hiperuricemia e gota
Vários estudos prospectivos dem onstraram que a aptidão física, rela tada em questionário ou m edida em um teste de esforço m áxim o em esteira, é um previsor im portante da taxa de m ortalidade p or qual quer causa, independentem ente do IM C e da com posição corporal. Tais observações esclarecem a im portância de se obter um a história de exercício durante o exame, bem com o de enfatizar a atividade físi ca com o um a abordagem terapêutica.
A avaliação das condições m órbidas concom itantes deve basear-se na m anifestação de sintom as, nos fatores de risco e no índice de sus-
Doença do refluxo gastresofágico
Diabetes tipo 2
Síndrome metabólica
Acrocórdon (sinais cutâneos) Hidradenite supurativa
Europeus Homens
> 94 cm
Mulheres
> 80 cm
Asiáticos do sul e chineses Homens
> 90 cm
Mulheres
> 80 cm
Japoneses Homens
> 85 cm
Mulheres
> 90 cm
Etnias das Américas do Sul e Central
Usar as recomendações para os asiáticos do sul até que estejam disponíveis dados mais específicos
Populações da África Subsaariana
Usar os dados para os europeus até que estejam disponíveis dados mais específicos
Populações do leste do Mediterrâneo e do Oriente Médio (árabes)
Usar os dados para os europeus até que estejam disponíveis dados mais específicos
Fonte: De KGMM Alberti e col. para o IDF Epidemiology Task Force Consensus Group: Lancet 366:1059,2005.
peita. Deve-se solicitar u m painel de lipídios em jejum [colesterol total, lipoproteína de baixa densidade (LDL) e lipoproteína de baixa densidade (HD L) e níveis de triglicerídeos] de todos os pacientes, além de m edir a glicemia e a pressão sanguínea. Os sintom as e do en ças direta e indiretam ente relacionados com obesidade constam do Q u ad ro 78.4. Apesar da variação individual, o núm ero e a gravidade das condições com órbidas específicas em geral aum entam com n í veis m aiores de obesidade. Os pacientes sobre risco absoluto m uito alto incluem aqueles com doença arterial coronariana (DAC), outras doenças ateroscleróticas, com o a arterial periférica, aneurism a da aorta abdom inal e doença sintom ática da artéria carótida, diabetes tipo 2 e apneia do sono.
Avaliação da disposição do paciente para mudar U m a tentativa de iniciar m odificações no estilo de vida, quando o paciente ainda não está p ronto, geralm ente acarreta frustração e pode prejudicar esforços futuros para em agrecer. A avaliação inclui m otivar e apoiar o paciente, eventos estressantes da vida, estado psi-
631
quiátrico, disponibilidade e lim itações de tem po, além de estabelecer m etas e expectativas apropriadas. A disposição do paciente pode ser vista com o o equilíbrio entre duas forças opostas: ( 1) m otivação ou a vontade do paciente de m udar, e (2) resistência ou a relutância do paciente à m udança. U m m éto d o válido p ara com eçar um a avaliação nesse se n ti do consiste em am arrar o interesse e o com prom isso do paciente a um a escala num érica. C om essa técnica, pede-se ao paciente que classifique seu interesse e com prom isso em um a escala de 0 a 10, sendo 0 sem im portância (ou garantia) e 10, m uito im portante (ou garantido) perder peso no tem po estabelecido. Tal exercício ajuda a estabelecer a disposição do paciente para m u d ar e serve com o base para m ais diálogo.
TRATAMENTO
Obesidade
OBJETIVO DA TERAPIA O objetivo prim ário do tratam ento é m e lhorar as condições com órbidas relacionadas com a obesidade e reduzir o risco do desenvolvim ento de com orbidades futuras. A inform ação obtida a p a rtir da anam nese, do exam e físico e dos testes diagnósticos é usada para d eterm inar o risco e elaborar um plano de tratam ento (Fig. 78.1). A decisão quanto a instituir um tratam ento até certo ponto agressivo e que m odalidade usar é de term inada pelo risco do paciente, p o r suas expectativas e pelos recursos disponíveis. O tratam ento da obesidade sem pre começa com um a m udança no estilo de vida e pode incluir farm acotera-
PARTE VI ALGORITMO PARA O TRATAMENTO DA OBESIDADE E ncontro com o paciente Tratam ento
•n Cü! o
^ " IM C m edido nos ú ltim os 2 anos?
M edir o peso, a altura e a circunferência da cintura C a lcula r o IMC
IM C > 25 OU circunferência da cintura > 88 cm (M) \ > 1 0 2 cm (H)
. ^ Í M C 30 O U {[IM C ^ de 26 a 29,9 OU circunferência da cintura > 88 cm (M ) > 102 cm (H) E dois " \ o u m ais fatores de r i s c o ] ! , / '
A valiar os fatores de risco
O paciente quer perder peso? R eforço/orientação breve sobre o controle do peso
Avisar para m anter o peso, observar outros fatores de risco
16 V erificação pe rió d ica do peso
O clínico e o paciente e stabelecem m etas e a estratégia para a perda de peso e para co n tro lar os fatores de risco
Há pro g re sso /m e ta s alcançadas?
M anter o aconselham ento: • Tratam ento dietético • Terapia com portam ental • Fisioterapia
Figura 78.1 Algoritmo para o tratamento. Esse algoritmo se aplica à ava liação de sobrepeso e obesidade, bem como às decisões subsequentes sobre tal avaliação. Ele não reflete qualquer avaliação global inicial de outras condições que o médico julgue necessário. IMC, índice de massa corporal; Hist., história. (De National,
632
A valiar as razões da fa lh a em p e rd e r peso
Heart, Lung, and Blood Institute: Clinical guidelines on the identification, evaluation, and treatment of overweight and obesity in adults: The evidence report. Washington, DC, US Department of Health and Human Services, 1998)
QUADRO 7 8 .5
Guia para a escolha do tratamento Categoria de IMC
Tratamento
25-26,9
27-29,9
30-35
35-39,9
>40
Dieta, exercício, terapia comportamental
Com comorbidades
Com comorbidades
+
+
+
Com comorbidades
+
+
+
Com comorbidades
+
Farmacoterapia Cirurgia
Fonte: De National Heart, Lung, and Blood Institute, North American Association for the Study of Obesity (2000).
pia ou cirurgia, dependendo da categoria de risco do IM C (Q u a d ro 78.5). U m a perda de peso de 10% em seis m eses constitui m eta inicial realista.
MODIFICAÇÃO DO ESTILO DE VIDA
Tratamento dietético
O foco prim ário da terapia dietética é re duzir o consum o global de calorias. As diretrizes do Instituto Nacional de Coração, Pulm ão e Sangue (do inglês, The National Heart, Lung and Blood Institute - NHLBI) recom endam iniciar o tratam ento com um déficit de calorias de 500-1.000 kcal/dia em com paração com a alim entação habitual do paciente. Tal redução é com patível com a m eta de perda de aproxim adam ente 450 g a 1 kg p or sem ana. Esse déficit calórico pode ser conseguido suge rindo alim entos substitutos ou alternativos, com o, p o r exemplo, porções m enores, com er m ais frutas, legum es e verduras, m ais cereais integrais, escolher cortes de carne e laticínios com m enos gordura, reduzir frituras bem com o o acréscim o de outras gor duras e óleos, além de beber água em vez de bebidas calóricas. É im portante que o aconselham ento dietético continue centrado no paciente e as m etas sejam práticas, realistas e viáveis. A composição dos m acronutrientes da dieta irá variar de acor do com a preferência e condição clínica do paciente. As diretrizes dietéticas de 2005 para os norte-am ericanos do D epartam ento de Agricultura dos EUA (Cap. 73), que enfocam a prom oção da saúde e redução dos riscos, podem ser aplicadas ao tratam ento dos p a cientes com sobrepeso ou obesos. As recom endações indicadas são m anter um a dieta rica em cereais integrais, frutas, legum es e ver duras, além de fibras; o consum o de duas porções (180 g) de peixe rico em ácidos graxos ômega 3 por sem ana; dim inuir o sódio para menos de 2.300 mg/dia; tom ar três copos de leite (ou o equivalente em laticínios desnatados) por dia; lim itar o colesterol a m enos de 300 m g/dia e m anter o total de gordura entre 20 e 35% das calorias diárias e as gorduras saturadas em m enos de 10% das calorias diá rias. A aplicação dessas diretrizes a metas calóricas específicas pode ser encontrada no website www.mypyramid.gov. O Dietary Referen ce Intakesfor Macronutrients revisto, liberado pelo Instituto de Me dicina, recom enda 45-65% de calorias de carboidratos, 20-35% de gordura e 10-35% de proteína. As diretrizes tam bém recom endam um consum o diário de fibra de 38 g (hom ens) e 25 g (m ulheres) para as pessoas com mais de 50 anos de idade e 30 g (hom ens) e 21 g (mulheres) com m enos de 50 anos de idade. O controle das porções é um a das estratégias m ais difíceis para os pacientes; o uso de p ro d u to s p reparados previam ente, com o substitutos de refeições, é um a sugestão sim ples e conve niente. São exemplos as entradas congeladas, bebidas enlatadas e barras de cereais.
Avaliação e Tratamento da Obesidade
O tratam e n to da obesidade abrange atenção para três elem entos essenciais do estilo de vida: hábitos alim entares, atividade física e m odificação do c om porta m ento. Com o a obesidade é fundam entalm ente um a doença de corrente do desequilíbrio energético, todos os pacientes precisam aprender com o e quando a energia (alim ento) é consum ida, com o e quando é gasta (atividade física), e com o incorporar essas infor m ações ao seu cotidiano (terapia com portam ental). M ostrou-se que a m udança no estilo de vida resultou em perda de peso m o desta (em geral, de 3 a 5 kg) em com paração com a ausência de tratam ento ou a conduta habitual.
O uso de substituições de refeições na alim entação tem leva do a um a perda de peso de 7-8%. Um a área atual de investigação é o uso de dietas pobres em carboidrato e ricas em p ro teín a para a p erd a de peso, as quais se baseiam no conceito de que os carboidratos são a causa p ri m ária de obesidade e acarretam resistência à insulina. A m aioria das dietas pobres em carboidratos (p. ex., South Beach, Z one and Sugar Busters!) encerra um nível de carboidratos de aproxim a dam ente 40-46% de energia. A dieta A tkins d ependendo da fase, contém 5-15% de carboidratos. D ietas pobres em carboidratos e com alto teor proteico parecem ser m ais eficazes em reduzir o IMC, m elhorar os fatores de risco de DAC, incluindo um a u m en to no colesterol HDL e u m a queda nos níveis de triglicerídeos e controlar a saciedade a c u rto prazo, q uando com paradas às die tas com baixo teor de gorduras. E ntretanto, após 12 m eses, não houve diferença significativa en tre as dietas. D iversos estudos dem onstraram que a m anutenção da adesão à dieta, m ais do que o seu tipo, parece ser o m elhor indicador do prognóstico para a perda de peso. O utra abordagem dietética a ser considerada é o conceito de densidade energética, que se refere ao núm ero de calorias (ener gia) contido em um alim ento p o r u n id ad e de peso. As pessoas tendem a ingerir um volum e constante de alim ento, qualquer que seja seu conteúdo calórico ou de m acronutrientes. O acréscim o de água ou fibras a um alim ento dim in u i sua densidade energética, por aum entar o peso sem afetar o conteúdo calórico. São exem plos de alim entos com baixa densidade energética as sopas, frutas, legum es e verduras, farinha de aveia e carnes magras. Os alim en tos secos e os ricos em gordura, com o pretzels (biscoito salgado crocante típico da culinária alem ã), queijos, gema de ovo, batatas fritas e carne verm elha, têm alta densidade energética. M ostrou-se que as dietas que contêm alim entos com baixa densidade ener gética controlam a fom e e resultam em baixo consum o calórico bem com o perda de peso. O casionalm ente, dietas m u ito pobres em calorias (D M PC) são prescritas com o u m a fo rm a de tera p ia d ietética agressiva. O objetivo p rim á rio de um a D M PC é p ro m o v er um a p erda de peso rápida e significativa (13-23 kg) a c u rto prazo em u m pe ríodo de 3-6 m eses. Essas fórm ulas com erciais costum am forne cer 800 kcal ou m enos, 50-80 g de pro teín a e 100% do consum o diário re co m en d a d o de v itam in as e m inerais. D e acordo com um a revisão da N ational Task Force sobre a prevenção e o tra tam ento da obesidade, as indicações p ara se iniciar um a D M PC incluem indivíduos b e m -m o tiv a d o s com obesidade m o d erad a a grave (IM C > 30), falha das abordagens m ais conservadoras p a ra p e rd er peso e os que te n h a m u m a c ondição clínica que p o d eria m elh o rar im ed iatam en te com a p e rd a ráp id a de peso. Tais condições incluem diabetes tipo 2 n ão controladas, hipertrigliceridem ia, apneia do sono o b stru tiv a e edem a periférica sintom ático. O risco de form ação de cálculos biliares aum enta exponencialm ente com taxas de p e rd a de peso > 1 ,5 kg/sem ana. A profilaxia c ontra a form ação de cálculos biliares com ácido ursodesoxicólico na dose de 600 m g /d ia é efetiva para reduzir esse risco. D evido à necessidade de m on ito ração m etabólica estrita, tais dietas em geral são prescritas p o r m édicos especializados no tratam ento da obesidade.
633
1
Terapia com atividade física
E m bora o exercício isoladam ente te nha eficácia apenas m oderada em term os de perda de peso, com binado com a m odificação dietética, constitui a abordagem com p o rtam ental m ais efetiva no tratam ento da obesidade. O papel m ais im portante do exercício parece ser na m anutenção da perda de peso. As N orm as de Atividade Física de 2008 para os A m erica nos recom endam que os adultos devem se engajar em um a ativi dade física aeróbia de intensidade m oderada durante 150 m inutos p o r sem ana ou de intensidade forte d urante 75 m inutos p or se m ana, realizadas em episódios de pelo m enos 10 m inutos, prefe rencialm ente distribuídos ao longo da sem ana. As norm as podem ser encontradas em www.health.gov/paguidelines. O foco deve ser sugerir m aneiras sim ples de acrescentar atividade física à rotina diária norm al com o form a de lazer, viagens e trabalho dom éstico. São exem plos as cam inhadas, o uso de escadas, os cuidados da casa e da área externa desta, bem com o praticar algum esporte. Um a estratégia útil é pedir que o paciente use um pedôm etro para m on ito rar o acúm ulo total de passos com o parte das atividades cotidianas. A contagem de passos tem alta correlação com o nível de atividade. E studos dem onstraram que as atividades do estilo de vida são tão efetivas quanto program as estruturados de exercí cios para m elhorar a aptidão cardiorrespiratória e perda de peso. U m a atividade física intensa (m ais de 300 m inutos de atividade de intensidade m oderada p o r sem ana) é norm alm ente necessária para perder e sustentar a perda de peso. Estas recom endações de exercícios assustam um pouco a m aioria dos pacientes, precisan do ser im plem entadas gradualm ente. A consulta a um fisiologista especializado em exercícios ou personal trainer (treinador p a rti cular) pode ser útil.
Terapia comportamental
E usada p ara ajudar a m u d an ça bem com o reforçar os novos com portam entos alim entares e de ativi dade física. As estratégias incluem técnicas de autom onitoração (p. ex., u m diário, verificação do peso, m edição da quantidade de alim ento ingerida e da atividade), controle do estresse e dos estí m ulos (p. ex., uso de pratos m enores, não com er vendo televisão ou no carro), apoio social, solução de problem as e re-estruturação cognitiva para ajudar os pacientes a desenvolverem ideias m ais positivas e realistas sobre si m esm os. Ao recom endar qualquer m udança com portam ental no estilo de vida, fazer com que o paciente identifique o quê, quando, onde e com o a m udança de com portam ento será feita. O paciente deve m anter um registro da m odificação com portam ental esperada, de m odo que o progres so possa ser revisto na próxim a consulta. C om o a im plem entação dessas técnicas dem anda tem po, em geral são ensinadas por um a equipe auxiliar do consultório, com o um a enferm eira clínica ou um nutricionista profissional.
FARMACOTERAPIA
Os tratam en to s farm acológicos adjuvantes devem ser considerados no caso dos pacientes com um IM C > 30 kg/m 2 ou um IM C > 27 kg /m 2 para aqueles que tam bém possu am doenças concom itantes relacionadas com a obesidade e para aqueles cuja terapia dietética e atividade física não tenham tido êxito. Q uando se prescreve um m edicam ento antiobesidade, os pacientes devem estar ativam ente engajados em um program a de m udança do estilo de vida que forneça as estratégias e habilidades necessárias ao uso efetivo do fárm aco, pois esse tipo de apoio au m enta a perda de peso total. A terapia farm acológica para a obesidade tem vários alvos potenciais. O tratam ento mais explorado é a supressão do apetite via m edicações de ação central que alterem os neurotransm issores m onoam ínicos. Uma segunda estratégia consiste em reduzir a ab sorção de m acronutrientes seletivos no trato gastrintestinal (GI), com o as gorduras.
Medicações anorexígenas de ação central
Os fárm acos supres sores do apetite, com o os anorexígenos, afetam a saciedade - a ausência de fome depois de com er - e a própria fom e - um a sen sação biológica que desencadeia a ingestão de alim ento. Ao a u
m en tar a saciedade e dim in u ir a fom e, esses agentes ajudam os pacientes a reduzirem o consum o de calorias sem a sensação de privação. O alvo para a ação dos anorexígenos é constituído pelas hipotalâm icas laterais no sistem a nervoso central (Cap. 77). Seu efeito biológico sobre a regulação do apetite é causado pelo au m ento da neurotransm issão de três m onoam inas: norepinefrina, serotonina [5-hidroxitriptam ina (5-H T)] e, em m enor extensão, dopam ina. Os agentes adrenérgicos sim paticom im éticos clás sicos (benzfetam ina, fendim etrazina, dietilpropiona, m azindol e fenterm ina) funcionam estim ulando a liberação da n o repine frina ou bloqueando sua reabsorção. D iferentem ente, a sibutram ina funciona com o um inibidor da reabsorção de serotonina e norepinefrina. D iferentem ente de outros anorexígenos usados antigam ente, a sibutram ina não tem relação farm acológica com a anfetam ina nem potencial de criar dependência. A sibutram ina* foi o único anorexígeno aprovado pelo Food and Drug A dm inistration (FDA) dos E stados U nidos para uso prolongado, até ter sido retirado voluntariam ente do m ercado am ericano pelo fabricante em outubro de 2010, devido a u m risco aum entado de infarto do m iocárdio e choque não fatais, entre in divíduos com doença cardiovascular preexistente.
Medicações de ação periférica
O orlistat (Xenical) é um deriva do hidrogenado sintético de um inibidor da lipase de ocorrência natural, lipostatin produzido pelo fungo Streptomyces toxytricini. Consiste em um inibidor potente, lentam ente reversível, das lipases pancreáticas, gástricas e carboxiléster, bem com o da fosfolipase A2, necessárias à hidrólise da gordura dietética em ácidos graxos e m onoacilgliceróis. O fárm aco age nos lum ens do estô m ago e intestino delgado, ao form ar um a ligação covalente com o local ativo dessas lipases. T om ado na dose terapêutica de 120 mg 3 vezes/dia, o orlistate bloqueia a digestão e absorção de aproxi m adam ente 30% da gordura dietética. Após a interrupção de sua adm inistração, as concentrações de gordura em geral voltam ao norm al em 48-72 horas. Vários estudos random izados duplo-cegos controlados p or placebo m ostraram que, depois de u m ano, o orlistate induz a um a perda de peso de cerca de 9-10%, com parada com u m a perda de peso de 4-6% nos grupos tratados com placebo. C om o a absor ção do orlistate no trato GI é m ínim a (< 1%), ele não tem efeitos colaterais sistêm icos. A tolerância ao orlistate está relacionada com a m á absorção de gordura dietética e a subsequente elim ina ção dela nas fezes. Há relatos de efeitos adversos no trato GI em pelo m enos 10% dos pacientes tratad o s com orlistate. Estes efei tos incluem flatulência com elim inação fecal, urgência fecal, fezes gordurosas/oleosas e aum ento da defecação. Em geral, tais efeitos colaterais são observados precocem ente, dim inuem à m edida que os pacientes controlam o consum o de gordura e poucas vezes fa zem com que os pacientes saiam dos ensaios clínicos. O m uciloide psyllium é útil no controle dos efeitos colaterais GI induzidos pelo orlistate quando usado junto com o m edicam ento. As concentra ções séricas das vitam inas lipossolúveis D e E, bem com o do betacaroteno podem ficar reduzidas, sendo recom endáveis suplem en tos vitam ínicos para prevenir deficiências potenciais. O orlistate foi aprovado para venda sem prescrição em 2007.
0 sistema endocanabinoide
Os receptores canabinoides e seus ligantes endógenos foram im plicados em um a variedade de fu n ções fisiológicas, com o a alim entação, a m odulação da dor, o com p o rtam ento em ocional e o m etabolism o periférico dos lipídios. A Cannabis e seu principal ingrediente, o À9-tetraidrocanabinol (TH C), são com postos canabinoides exógenos. Dois endocanabinoides foram identificados, a anandam ida e o glicerídio 2-araquidonil. Foram identificados dois receptores canabinoides: o CB, (abundante no cérebro) e CB2 (presente nas células imunes). A credita-se que o sistem a en docanabinoide cerebral controle o * N. de R. T.: No Brasil, ainda é vendido sob receituário controlado.
consum o de alim entos reforçando a m otivação para en co n trar e consum ir alim entos com alto valor de incentivo e regulação das ações de outros m ediadores do apetite. O prim eiro canabinoide seletivo antagonista do receptor CB,, o rim onabant, foi desco b erto em 1994. A m edicação antagoniza o efeito orexígeno do TH C e suprim e o apetite. Vários ensaios prospectivos ra n d o m i zados e controlados de grande p orte d e m o n stra ram a eficácia do rim onabant com o agente para a perda de peso com m elhoras concom itantes na circunferência da cintura e nos fatores de risco cardiovasculares. E ntretanto, o risco aum entado de efeitos colate rais neurológicos e psiquiátricos - ataques, depressão, ansiedade, insônia, agressividade e pensam entos suicidas entre pacientes ex postos random icam ente ao rim onabant - resultou em um a norm a contra a aprovação do fárm aco pelo FDA em ju n h o de 2007. E m bora estivesse disponível em 56 países em todo o m undo em 2008, a perm issão foi oficialm ente suspensa pela Agência de M edicina Européia (do inglês, European Medicines Agency - EMEA) em ja neiro de 2009, afirm ando que os benefícios do rim o n ab an t não eram m aiores que os seus riscos. É necessário o desenvolvim ento de antagonistas de CB,, que não penetram no cérebro e escolhem seletivam ente o sistem a endocanabinoide periférico. U m tem a e m e r gente na farm acoterapia para a obesidade é o de atingir diver sos pontos nas vias reguladoras que controlem o peso corporal. Várias com binações de tratam entos com fárm acos com pletaram os ensaios de fase III e foram subm etidos à aprovação pelo FDA. A bupropiona e a naltrexona (C ontrave), um inibidor da recap tação de dopam ina e norepinefrina e um antagonista do recep to r de opioide, respectivam ente, são com binados para reduzir a m otivação/reforço que a com ida proporciona (efeito dopam ina) e o prazer/palatabilidade de se com er (efeito opioide). O utra for m ulação de bupropiona com zonisam ida (Em patic) com bina a bupropiona com um anticonvulsivo que possui atividade serotonérgica e dopam inérgica. Por fim, um a form ulação de fenterm ina e topiram ato (Qnexa) com bina um liberador de catecolam ina e um anticonvulsivo, respectivam ente, que levaram independente m ente à perda de peso. O m ecanism o responsável pela perda de peso causada pelo topiram ato é desconhecido, p orém acredita-se que seja realizado pela sua m odulação de receptores do ácido gam a-am inobutírico (GABA), inibição da anidrase carbônica e antagonism o do glutam ato para reduzir a ingestão de alim ento. Em outubro de 2010, o FDA rejeitou a aplicação inicial do Q n e xa com o um novo fárm aco, citando aspectos clínicos em relação aos riscos teratogênicos potenciais do topiram ato em m ulheres de idade reprodutiva. Um fárm aco adicional em investigação, a lorcaserina, um agonista do receptor 5-H T 2C, com pletou os ensaios de fase III com o agente isolado. O FDA rejeitou a aplicação inicial da Lorcaserina com o novo fármaco, com a critica clínica de que a eficácia da perda de peso em indivíduos com sobrepeso e obesos sem diabetes do tipo 2 seria m arginal e com aspectos não clínicos em relação aos adenocarcinom as m am ários em ratos fêmeas.
CIRURGIA
Pode-se considerar a cirurgia b ariátrica para os p a cientes com obesidade grave (IM C > 40 kg /m 2) ou aqueles com obesidade m oderada (IM C > 35 k g /m 2), associadas a um a condi ção m édica grave. A perda de peso cirúrgica funciona reduzindo o consum o de calorias e, dependendo do procedim ento, a absor ção dos m acronutrientes. As cirurgias de perda de peso enquadram -se em um a de duas categorias: restritivas e restritivo-pouco absortivas (Fig. 78.2). As prim eiras lim itam a quantidade de alim ento que o estôm ago co n segue m anter e tornam o esvaziam ento gástrico m ais lento. A gastroplastia com banda vertical (GVB) é o protótipo dessa categoria, sendo, porém , atualm ente feita de form a m uito lim itada devido à falta de eficácia encontrada em ensaios a longo prazo. A faixa gástrica ajustável de silicone laparoscópica (BGAVL) substituiu a
150 cm
Figura 78.2
Procedimentos de cirurgia bariátrica. Exemplos de intervenções operatórias usadas para a manipulação cirúrgica do trato gastrintestinal. A. Banda laparoscópica gástrica (BGAL). B Bypass gástrico em Y de Roux (BGYR). C. Diversão biliopancreática com desvio duodenal. D. Diversão biliopancreática. (De ML Kendrick, GFDakin. May o Clin Proc 815:518,2006; com autorização.)
Avaliação e Tratamento da Obesidade
Fármacos antiobesidade em desenvolvimento
GVB com o a cirurgia restritiva feita m ais com um ente. O prim eiro dispositivo de faixa, a faixa lap, foi aprovado para uso nos EUA, em 2001 e o segundo, a faixa REALIZE, em 2007. D iferentem en te dos dispositivos anteriores, o diâm etro dessas faixas é ajustável po r m eio de um a conexão com um reservatório im plantado sob a pele. A injeção ou rem oção de solução fisiológica no reservatório apertam ou afrouxam o diâm etro interno da faixa, m odificando, assim, o tam anho da abertura gástrica. Os três procedim entos de bypass restritivo-pouco absortivos com binam os elem entos da restrição gástrica com os da m á ab sorção seletiva e incluem o bypass gástrico em Y de Roux (BGYR) bem com o o desvio biliopancreático e o desvio biliopancreático com derivação duodenal (D BPDO) (Fig. 78.2). O BGYR é o p ro cedim ento de bypass m ais com um ente executado e aceito, p o d e n do ser feito com incisão aberta ou p o r via laparoscópica. E m bora n enhum ensaio controlado recente tenha com para do a perda de peso após intervenções cirúrgicas e não cirúrgicas, dados de m etanálises obtidos prim ordialm ente de estudos obser vacionais sugerem que a cirurgia bariátrica seja o tratam ento mais efetivo para que os indivíduos com obesidade clinicam ente gra ve percam peso. Tais procedim entos costum am resultar em um a perda de peso corporal total de 30 a 35%, m antida em quase 60% dos pacientes em 5 anos. Em geral, a perda de peso m édia é m aior após procedim entos restritivo-pouco-absortivos com binados do que após procedim entos restritivos. M uitos dados confirm am o im pacto positivo da cirurgia bariátrica sobre as condições m ór-
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PARTE VI
bidas relacionadas com a obesidade, com o diabetes melito, h ip er tensão, apneia do sono obstrutiva, dislipidem ia e doença hepática gordurosa não alcoólica. Acredita-se que a rápida m elhora obser vada na diabetes após procedim entos restritivo-pouco-absortivos seja devida aos efeitos específicos da cirurgia e independentes do peso sobre a hom eostase da glicose, causados pela alteração dos horm ônios intestinais. A m ortalidade cirúrgica em decorrência da cirurgia bariátrica em geral é inferior a 1%, m as varia de acordo com o procedim ento, a idade do paciente e suas condições com órbidas, bem com o com a experiência da equipe cirúrgica. As complicações cirúrgicas m ais com uns consistem em estenose do estôm ago ou úlceras m arginais (que ocorrem em 5-15% dos pacientes), as quais se m anifestam por náuseas e vôm itos prolongados após com er ou impossibilidade de voltar a consum ir um a dieta sólida. Tais complicações são tra tadas por dilatação endoscópica com balão e terapia de supressão ácida, respectivam ente. Para os pacientes subm etidos à BGAVL, não há anorm alidades na absorção intestinal além da redução m ecânica no tam anho e efluxo gástricos. Por isso, a ocorrência de deficiências seletivas é incom um , a m enos que haja desequilíbrios nos hábitos alim entares. Em contrap artid a, os procedim entos restritivo-pouco absortivos aum entam o risco de deficiências de m icronutrientes, com o a vitam ina B12, ferro, folato, cálcio e vita m ina D, de m odo que os pacientes subm etidos a eles requerem suplem entação desses m icronutrientes pelo resto da vida.
CAPÍ TULO
79
Transtornos Alimentares B. Tim othy Walsh Evelyn Attia A anorexia nervosa e a bulim ia nervosa caracterizam -se p o r graves perturbações do com portam ento alim entar. A característica p roem i nente da anorexia nervosa (AN) é um a restrição voluntária da inges tão de alim ento relativa às necessidades calóricas, levando a u m peso corporal inadequadam ente baixo. A bulim ia nervosa (BN) caracte riza-se p or episódios recorrentes de exageros alim entares, seguidos po r com portam entos com pensatórios anorm ais, com o a autoindução de vôm itos. A AN e a BN são síndrom es clínicas distintas, porém com partilham características com uns. Am bas acom etem sobretudo m ulheres previam ente sadias que se tornaram extrem am ente preo cu padas com a form a e o peso corporais. M uitas pacientes com BN têm história pregressa de AN, e m uitas com AN se envolvem no com por tam ento de exageros alim entares e purgação. No sistem a diagnóstico atual, a distinção fundam ental entre a AN e a BN depende do peso corporal; as pacientes com AN m ostram -se, p o r definição, significa tivam ente abaixo do peso, enquanto aquelas com BN têm pesos cor porais na faixa norm al ou acima. O transtorno de compulsão alim entar periódica (TCAP) é um a síndrom e descrita m ais recentem ente, que se caracteriza p o r episó dios repetidos de alim entação exagerada, sem elhantes aos da BN, na ausência de com portam ento com pensatório im próprio.
636
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ANOREXIA NERVOSA ■ EPIDEMIOLOGIA Nas m ulheres, a prevalência da síndrom e com pleta de A N ao longo da vida é de aproxim adam ente 1%. A AN é bem m enos com um no sexo m asculino e m ais prevalente em culturas em que o alim ento é abundante e que o fato de ser m agro está associado à sedução. Os in divíduos que exercem atividades nas quais há um a recom pensa pela magreza, com o as bailarinas e as m odelos, correm risco m ais alto. A incidência de AN aum entou nas últim as décadas.
■ ETIOLOGIA A etiologia da AN é desconhecida, porém parece envolver um a com binação de fatores de risco psicológicos, biológicos e culturais. A l guns fatores, com o o abuso sexual ou m aus-tratos físicos e história fam iliar de transtornos do hum or, são encarados com o fatores de ris co inespecíficos que aum entam a vulnerabilidade a um a variedade de transtornos psiquiátricos, incluindo a AN. As pacientes que desenvolvem AN tendem a ser m ais obsessi vas e perfeccionistas que seus pares. O distúrbio geralm ente se inicia com o dieta indistinguível, a princípio, das realizadas po r m uitas ado lescentes e m ulheres jovens. À m edida que a perda ponderai avança, aum enta o m edo de ganhar peso; a dieta se to rn a m ais rigorosa, e as anorm alidades psicológicas, com portam entais e clínicas se inten sificam. Os transtornos alim entares, com o a AN, po d em acom eter indivíduos com diabetes m elito tipo 1 e estão associados a um pior controle glicêmico e m aior frequência de com plicações (Cap. 344). N um erosas perturbações fisiológicas, incluindo anorm alidades em um a variedade de sistem as dos neurotransm issores, foram des critas na AN (ver adiante). É difícil distinguir entre as alterações neuroquím icas, m etabólicas e horm onais, que p o d em ter um papel na
iniciação ou perpetuação da síndrom e e as que são secundárias ao distúrbio. A resolução da m aioria dessas anorm alidades com a res tauração do peso é um argum ento contra um papel etiológico. Os fatores genéticos contribuem para o risco de AN, pois sua incidência é m aior nas fam ílias com u m m em bro acom etido, e a concordância em gêmeos m onozigóticos é m aior do que em gêmeos dizigóticos. No entanto, não se identificaram genes específicos ou loci de fatores de risco.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A AN com eça, em geral, do m eio para o final da adolescência, às vezes em associação a um evento estressante da vida, com o sair de casa para estudar fora (Q u ad ro 79.1). O distúrbio às vezes surge no início da puberdade, antes da m enarca, m as raram ente inicia-se após
QUADRO 79.1
os 40 anos. Apesar de estarem abaixo do peso, as pacientes que de senvolvem AN têm um m edo irracional de ganhar peso. Elas tam bém exibem distorção da im agem corporal; apesar de estarem em aciadas, as pacientes com AN acreditam que to d o o seu corpo, ou algum a parte dele, é gordo dem ais. A perda adicional de peso é considerada pela paciente com o realização satisfatória, enquanto o ganho p o n derai é tido com o falha pessoal. As pacientes com A N raram ente se queixam de fom e ou fadiga, e m uitas delas praticam exercícios p or longos períodos. A pesar da negação da fom e, 25-50% das pacientes com AN dedicam -se a excessos alim entares. Elas tendem a se retrair socialm ente e se co m prom eter m uito com o trabalho ou o estudo, dieta e exercício. À m edida que a p erda ponderai avança, os pensa m entos em alim entos dom inam a vida m ental, e regras idiossincrásicas desenvolvem -se em to rn o da alim entação. As pacientes com AN
Características comuns da anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno de compulsão alimentar periódica Anorexia nervosa3
Bulimia nervosa
Transtorno de compulsão alimentar"
Início
Meio da adolescência
Final da adolescência/inicio da idade adulta
Final da adolescência/início da idade adulta
Homens:mulheres
10:1
10:1
2:1
Prevalência por toda a vida
1% de mulheres
1 -3 % de mulheres
4% de homens e mulheres
Peso
Acentuadamente diminuído
Geralmente normal
Geralmente obeso
Menstruação
Ausente
Geralmente normal
Geralmente normal
Compulsão alimentar
25-50%
Necessária para o diagnóstico
Necessária para o diagnóstico
Mortalidade
~ 5% por década
Baixa
Baixa
j
Características clínicas
Pele/membros
Lanugem
Transtornos Alimentares
Achados físicos e laboratoriais3
Acrocianose Edema Cardiovasculares
Bradicardia Hipotensão
Gastrintestinais
Aumento das glândulas salivares
Aumento das glândulas salivares
Esvaziamento gástrico lento
Erosão dentária
Constipação Elevação das enzimas hepáticas Hematopoiéticos
Anemia normocítica normocrômica
Líquidos/eletrólitos
Aumento do BUN e da creatinina
Leucopenia Hipopotassemia
Hipopotassemia
Hipocloremia
Hipofosfatemia
Alcalose
Hipomagnesemia Endócrinos
Hipoglicemia Nível baixo de estrogênio ou testosterona Nível baixo de LH e FSH Tiroxina baixa a normal TSH normal Aumento do cortisol
Ósseos
Osteopenia
aAs pacientes com anorexia nervosa que também podem exibir, frequentemente, os achados físicos e laboratoriais associados à bulimia nervosa. ^Pacientes obesos com transtorno de compulsão alimentar apresentam risco para complicações advindas da obesidade.
Nota: BUN, nitrogênio ureico sérico; FSH, hormônio foliculo estimulante; LH, hormônio luteinizante; TSH, hormônio estimulante da tireoide.
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podem colecionar, obsessivam ente, livros de culinária e receitas, bem com o ficar envolvidas em ocupações relacionadas com alim entos.
Características físicas As pacientes que apresentam AN apresentam , poucas queixas físicas, mas podem m encionar intolerância ao frio. A m otilidade gastrintes tinal m ostra-se dim inuída, levando a atraso do esvaziam ento gástrico e constipação. A lgum as m ulheres que desenvolvem AN após a m e narca relatam que suas m enstruações cessaram antes de ter ocorrido perda ponderai significativa. O peso e a estatura devem ser m edidos p ara p e rm itir o cálculo do índice de m assa corporal (IMC; k g /m 2). Os sinais vitais podem revelar bradicardia, hipotensão e hipoterm ia leve. Às vezes, ocorre crescim ento de pêlos lisos e m acios (lanugem ), assim com o a alopecia. O aum ento das glândulas salivares, associado à inanição assim com o a excessos alim entares e vôm itos, pode tornar a face surpreendentem ente cheia diferentem ente gasto ou consupção geral acentuada. A crocianose dos dedos é com um e, na ausência de hipoalbum inem ia, pode-se observar edem a periférico, em particular quando a paciente volta a ganhar peso. O consum o de grandes qu an tidades de vegetais que contêm vitam ina A pode resultar em um a co loração am arelada na pele (hipercarotenemia), especialm ente notável nas palm as.
Alterações laboratoriais A anem ia norm ocítica norm ocrôm ica leve é freqüente, assim com o leucopenia leve a m oderada, com redução desproporcional dos leu cócitos polim orfonucleares. A desidratação pode resultar em leve aum ento dos níveis séricos de ureia e creatinina. Os níveis séricos de transam inases podem aum entar, especialm ente d urante as fases iniciais da realim entação. O nível das proteínas séricas geralm ente é norm al. A glicemia costum a ser baixa, e o colesterol sérico pode estar m oderadam ente elevado. A hipopotassem ia, geralm ente acom panha da de alcalose, sugere autoindução de vôm itos ou uso de diuréticos. A hiponatrem ia é com um , podendo resultar do excesso de ingestão hídrica e de alterações na secreção do horm ônio antidiurético. A h i pofosfatem ia e a hipom agnesem ia podem estar presentes na AN se vera, especialm ente com o parte de um a síndrom e de realim entação.
Anormalidades endócrinas A regulação de praticam ente todo o sistem a en d ó crin o m ostra-se alterada na AN, porém as alterações m ais surpreendentes ocorrem no sistem a reprodutivo. A am enorreia é de origem hipotalâm ica, re fletindo a produção dim inuída do ho rm ô n io liberador das gonado tropinas (GnRH ). A deficiência resultante de gonadotropinas causa baixo nível plasm ático de estrogênio nas m ulheres e redução da tes tosterona nos hom ens. O gerador hipotalâm ico de pulsos de GnRH é bastante sensível, particularm ente nas m ulheres, ao peso corporal, estresse e exercício, cada um podendo contribuir para a amenorreia hipotalâmica na AN (Cap. 347). Os níveis séricos de leptina apresentam -se acentuadam ente redu zidos na AN com o resultado da subnutrição e dim inuição da m assa gordurosa do corpo. A redução na leptina é o principal fator respon sável pelos distúrbios do eixo hipotalâm ico-hipofisário-gonádico e um m ediador im portante das anorm alidades neuroendócrinas carac terísticas da AN (Cap. 77). Os níveis de cortisol sérico e o cortisol livre na urina de 24 horas encontram -se geralmente elevados, porém sem os sinais clínicos típi cos do excesso de cortisol. As provas da função tireóidea lem bram o padrão verificado na síndrom e do enferm o eutireóideo (Cap. 341). Os níveis de tiroxina (T4) e T 4 livre geralm ente se situam na faixa n or mal baixa, os de triiodotironina (T3) m ostram -se reduzidos, e o T3 re verso (T3r) encontra-se elevado. O nível do horm ônio estim ulante da tireoide (TSH) apresenta-se norm al ou parcialm ente suprim ido. Há aum ento do horm ônio do crescimento, porém o fator de crescim en to sem elhante à insulina 1 (IGF-1), produzido principalm ente pelo fígado, m ostra-se reduzido com o em outros estados de inanição. É
QUADRO 79.2 Aspectos diagnósticos da anorexia nervosa Recusa a manter o peso corporal em um valor minimamente normal ou acima para a idade e estatura. (Isso inclui falha em conseguir o peso esperado durante um período de crescimento, o que acarreta um peso corporal anormalmente baixo.) Muito medo de ganhar peso ou engordar. Distorção da imagem corporal (p. ex., achar que está gorda apesar do peso objetivamente baixo ou minimizando a seriedade do peso baixo). Amenorreia. (Critério preenchido se os períodos menstruais só ocorrerem após a administração de hormônio, como, por exemplo, estrogênio.)
com um observar a dim inuição da densidade óssea na AN com o refle xo dos efeitos de m últiplas deficiências nutricionais, redução dos este roides gonádicos, aum ento do cortisol e redução de IGF-1. A redução da densidade óssea é proporcional à duração da doença e as pacientes correm risco de sofrer fraturas sintomáticas. A ocorrência de AN d u rante a adolescência pode levar à cessação prem atura do crescim ento ósseo linear e incapacidade de alcançar a estatura adulta esperada.
Anormalidades cardíacas O débito cardíaco fica reduzido, e raram ente ocorre insuficiência cardíaca congestiva durante a realim entação rápida. O eletrocardio gram a geralm ente m ostra bradicardia sinusal, redução da voltagem do QRS e alterações inespecíficas de segm ento ST e onda T. A lgu m as pacientes desenvolvem um intervalo Q T Cprolongado, que pode predispor a arritm ias graves, sobretudo q u ando há anorm alidades eletrolíticas.
■ DIAGNÓSTICO O diagnóstico da AN baseia-se na presença dos atributos com por tam entais, psicológicos e físicos típicos (Q u a d ro 79.2). Os critérios diagnósticos am plam ente aceitos são fornecidos pelo M anual diag nóstico e estatístico de transtornos m entais (do inglês, Diagnostic and Statistical M anual o f M ental Disorders) (DSM -IV) da Academ ia Am ericana de Psiquiatria. Estes critérios incluem m anutenção de um peso corporal inferior ao m ínim o norm al para a idade e altura. Pesos inferiores a 85% do esperado, o que eqüivale aproxim adam ente a um IM C de 18,5 k g/m 2, norm alm ente se encaixam neste critério, porém um paciente que pese u m pouco m ais e que apresente todos os outros critérios ainda m erecerá o diagnóstico de AN. Os critérios diagnós ticos atuais exigem que as m ulheres com AN não tenham m en stru a ções espontâneas; pacientes que apresentam outras características de AN e reportam atividade m enstruai provavelm ente deverão receber o diagnóstico. O diagnóstico de A N geralm ente pode ser definido de form a confiável pela anam nese, quando a perda ponderai é conseguida com dieta restritiva e exercício excessivo, sendo acom panhada por acentu ada relutância em ganhar peso. As pacientes com A N geralm ente n e gam que tenham um problem a grave e podem ser levadas a p rocurar um m édico pela preocupação da fam ília ou de amigos. E specialm en te nas apresentações atípicas, devem -se considerar outras causas de perda ponderai significativa em pessoas jovens previam ente sadias, com o doença inflam atória intestinal, obstrução da saída gástrica, tu mores do SNC e neoplasias (Cap. 80).
■ PROGNÓSTICO A progressão e o resultado da AN são altam ente variáveis. Por fim, 25-50% das pacientes acabam ap resentando recuperação com ple ta, com poucas seqüelas psicológicas ou físicas. No entanto, m uitas têm dificuldades persistentes de m anutenção do peso, depressão e transtornos alim entares, com o a BN. O desenvolvim ento de obesida de após a AN é raro. A m ortalidade a longo prazo causada pela AN está entre as m ais altas associadas a qualquer transtorno psiquiátrico.
A proxim adam ente 5% das pacientes m orrem p o r década de acom panham ento, p rim ariam ente devido aos efeitos físicos da inanição crônica ou p o r suicídio. Praticam ente todas as anorm alidades psicológicas associadas à AN são observadas em outras form as de inanição e aum entam acen tuadam ente ou desaparecem com o ganho de peso. U m a exceção preocupante é a redução de m assa óssea, que pode não se recuperar com pletam ente, sobretudo se a AN ocorre d urante a adolescência, quando norm alm ente se alcança o pico da m assa óssea.
TRATAMENTO
Anorexia nervosa
ALGORITMO PARA O TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES
Figura 79.1 Um algoritmo para as decisões terapêuticas básicas a res peito de pacientes com anorexia nervosa ou bulimia nervosa, com base nas diretrizes da Associação Psiquiátrica Americana para o tratamento de pacientes com transtornos alimentares. ‘ Embora o tratamento ambulatorial possa ser considerado para as pacientes com anorexia nervosa e peso menor que 75% do esperado, deve rá haver um limiar baixo para usar intervenções mais intensivas, se a perda de peso tiver sido rápida ou se o peso atual for menor que 80% do esperado.
Transtornos Alimentares
Em razão dos profundos efeitos psicológicos e fisiológicos da in a nição, há um am plo consenso de que a restauração do peso para 90% do previsto é o principal objetivo no tratam ento da AN. In felizm ente, com o a m aioria das pacientes resiste a esse objetivo, o tratam ento da AN m uitas vezes é acom panhado de frustração para a paciente, a fam ília e o m édico. G eralm ente, as pacientes exageram ao inform ar sua ingestão alim entar e m inim izam seus sintom as. Algum as recorrem a subterfúgios para to rn ar seu peso aparentem ente m ais alto, como, por exemplo, a ingestão de um a carga hídrica antes de serem pesadas. Na tentativa de em penhar a paciente no tratam ento, pode ser útil para o m édico esclarecer as preocupações físicas da paciente (p. ex., sobre osteoporose, fraqueza ou fertilidade) e fornecer aconselham ento sobre a im p ortância da norm alização do estado nutricional com relação a essas preocupações. O m édico deve tentar tranqüilizar a paciente, explicando que ele não p erm itirá que o ganho de peso se torne fora de controle, porém sim ultaneam ente precisa enfatizar que a recuperação do peso é clínica e psicologicam ente obrigatória.
A intensidade do tratam en to inicial, incluindo a necessida de de hospitalização, é d eterm inada pelo peso atual da paciente, pela rapidez da perda ponderai recente, bem com o pela gravidade das com plicações clínicas e psicológicas (Fig. 79.1). A hospitali zação deve ser fortem ente considerada para as pacientes com peso m enor que 75% do esperado, m esm o que os resultados dos exa m es de sangue rotineiros estejam nos lim ites norm ais. Problemas clínicos agudos, com o desequilíbrios eletrolíticos graves, devem ser identificados e tratados. A restauração nutricional geralm en te pode ser bem -sucedida se realizada p or alim entação oral e os m étodos parenterais raram ente são necessários. Para as pacientes gravem ente abaixo do peso, as calorias suficientes (aproxim ada m ente 1.200 a 1.800 kcal/dia) devem ser fornecidas inicialm ente em refeições divididas, com o alim entos ou suplem entos líquidos, para m anter o peso e p erm itir a estabilização fisiológica. Podem -se aum entar gradualm ente as calorias, de m odo a alcançar um ganho de peso de 1-2 kg p o r sem ana, exigindo um a ingestão de 3.000-4.000 kcal/dia. O ideal é que as refeições sejam supervisio nadas por pessoas conscientes da necessidade da ingestão alim en tar, em páticas com relação aos desafios vinculados e confiantes na recuperação subsequente d a paciente. As pacientes têm grande dificuldade psicológica de cu m p rir o aum ento da ingestão caló rica, sendo geralm ente necessária a assistência de psiquiatras ou psicólogos experientes no tratam en to da AN. As pacientes com acom etim en to m enos grave po d em ser tratadas em um program a de hospitalização parcial, em que se disponha de supervisão clínica e psiquiátrica, bem com o várias refeições possam ser m onitoradas a cada dia. O tratam ento am bu latorial pode ser suficiente para as pacientes levem ente enferm as. O peso deve ser m o n itorado em intervalos freqüentes, estabele cendo objetivos explícitos para o ganho de peso, com a com preen são de que um tratam ento m ais intensivo será necessário se o n í vel do tratam ento inicialm ente em pregado não for bem -sucedido. Para as pacientes m ais jovens, a participação ativa da fam ília no tratam ento será crucial, seja qual for o procedim ento terapêutico. As intervenções externas ao paciente, que ajudam aos pais a realim entar seus filhos, têm apresentado bastante sucesso em alcançar o restabelecim ento do peso. O tratam ento psiquiátrico enfatiza dois aspectos. Prim eiro, as pacientes precisam de m uito apoio em ocional durante o período de ganho de peso. C om frequência, elas concordam intelectual m ente com a necessidade de ganhar peso, m as resistem bastante a aum entos da ingestão calórica e m uitas vezes descartam clan destinam ente os alim entos fornecidos. Segundo, as pacientes de vem aprender a fu n d am en tar sua autoestim a não em conseguir um peso in apropriadam ente baixo, m as no desenvolvim ento de relações pessoais satisfatórias bem com o no alcance de objetivos acadêm icos e ocupacionais razoáveis. E m bora isso frequentem en te seja possível, algum as pacientes com A N apresentam outros sintom as em ocionais e com portam entais graves, com o depressão, autom utilação, com portam ento obsessivo-com pulsivo e ideias de suicídio. Tais sintom as p o d em exigir intervenções terapêuticas adicionais na form a de psicoterapia, m edicação ou hospitalização. Com plicações clínicas às vezes ocorrem durante a realim en tação. Em especial nas prim eiras fases do tratam ento, pacientes com inanição grave podem desenvolver um a síndrom e de reali mentação que se caracteriza p o r hipofosfatem ia, hipom agnese m ia e instabilidade cardiovascular. Foi descrita dilatação gástrica aguda quando em caso de realim entação rápida. C om o em outras form as de desnutrição, pode haver retenção hídrica e edem a pe riférico, m as em geral isso não exige tratam ento específico na au sência de disfunção cardíaca, renal ou hepática. Elevações transi tórias m odestas nos níveis séricos das enzim as hepáticas ocorrem ocasionalm ente. D evem -se a d m in istrar polivitam ínicos, sendo
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im portante garantir um a ingestão adequada de vitam ina D (400 U l/dia) e cálcio (1.500 m g/dia). N ão há m edicação psicotrópica com valor estabelecido no tratam ento da AN, em bora existam recentes evidências prelim i nares de que a m edicação antipsicótica atípica olanzapina possa ajudar alguns pacientes, elevando a taxa de ganho de peso e red u zindo o pensam ento obsessivo. As alterações no m etabolism o do cortisol e horm ônio tireoidiano não exigem tratam ento específico e são corrigidas com o ganho ponderai. O tratam en to com es trogênio parece não trazer benefícios para a densidade óssea das pacientes abaixo do peso, e o pequeno benefício do tratam ento com bifosfonato parece ser superado pelos riscos potenciais de tais agentes em m ulheres jovens.
BULIMIA NERVOSA ■ EPIDEMIOLOGIA Em m ulheres, a síndrom e com pleta de BN ocorre com um a p re valência de 1-3% ao longo da vida. Variantes do transtorno, com o com pulsão alim entar periódica ou purgação, são bem m ais com uns e ocorrem em 5-10% das m ulheres jovens. A frequência da BN em hom ens é 10% m enor da observada nas m ulheres. A prevalência da BN aum entou abruptam ente nas décadas de 1970 e 1980, m as parece ter-se estabilizado ou declinado um pouco nos últim os anos.
■ ETIOLOGIA C om o na AN, a etiologia da BN provavelm ente é m ultifatorial. As pacientes que apresentam BN descrevem um a prevalência m aior do que a esperada de obesidade na infância ou nos pais, sugerindo que um a predisposição para a obesidade possa aum entar a vulnerabilida de a esse transtorno alim entar. O aum ento acentuado no núm ero de casos de BN durante os últim os 30 anos e a raridade da BN em países subdesenvolvidos im plicam na im portância dos fatores culturais.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A paciente típica que se apresenta para o tratam ento da BN é um a m ulher de peso norm al com idade em to rn o de 25 anos, que relata farras alim entares e vôm itos 5-10 vezes/sem ana há 5-10 anos (Q ua dro 79.3). Em geral, o distúrbio com eça no final da adolescência ou início da idade adulta, durante ou após um a dieta, m uitas vezes em associação ao hu m o r deprim ido. A restrição calórica autoim posta leva a aum ento da fom e e superalim entação. Em um a tentativa de evitar o ganho ponderai, a paciente induz os vôm itos, tom a laxantes ou diuréticos, ou adota outra form a de com portam ento com pensató rio. D urante os exageros alim entares, as pacientes com esse distúrbio tendem a consum ir grandes quantidades de alim entos doces com alto teor de gordura, com o as sobrem esas. Os com portam entos com pensatórios m ais freqüentes são a autoindução de vôm itos e o uso de laxante, porém se descreveu am pla variedade de técnicas, com o a om issão das injeções de insulina p or indivíduos com diabetes melito tipo 1. Inicialm ente, as pacientes podem ter um a sensação de satis fação e de que os alim entos atraentes podem ser ingeridos sem que ocorra ganho de peso. No entanto, quando o distúrbio progride, elas
apresentam um a dim inuição do controle com relação à alim entação. As farras alim entares au m en tam em volum e e frequência, sendo provocadas po r um a variedade de estím ulos, com o depressão tra n sitória, ansiedade ou um a sensação de que alim entos dem ais foram consum idos em um a refeição norm al. Entre os exageros alim entares, as pacientes restringem a ingestão de calorias, o que aum enta a fome e prepara o cenário para a próxim a farra. As pacientes com bulim ia têm vergonha de seu com portam ento e se esforçam para m anter seu distúrbio escondido da família e dos amigos. C om o as pacientes que têm AN, aquelas com BN colocam ênfase incom um no peso e na form a corporal com o a base da sua autoestim a. E m bora os vôm itos possam ser desencadeados inicialm ente pela estim ulação m anual do reflexo nauseoso, a m aioria das pacientes com BN desenvolve a habi lidade de induzir os vôm itos com a vontade. Raram ente, as pacientes recorrem ao uso regular de xarope de ipeca. Laxantes e diuréticos são tom ados com frequência em quantidades im pressionantes, com o 3060 com prim idos laxativos em um a única ocasião. A perda de líquido resultante induz à desidratação e a um sentim ento de vazio, porém acarreta pouco im pacto no balanço calórico. As anorm alidades físicas associadas à BN resultam prim ordial m ente do c om portam ento purgativo. Pode-se observar hipertrofia indolor bilateral das glândulas salivares (sialadenose). Um a cicatriz, ou calo, no dorso da m ão pode surgir devido ao traum atism o repe tido dos dentes nas pacientes que estim ulam m anualm ente o reflexo nauseoso. Os vôm itos recorrentes e a exposição da superfície lingual dos dentes ao ácido gástrico levam à perda do esm alte dentário e, m ais tarde, à quebra e erosão dos incisivos. Surpreendentem ente, as anorm alidades laboratoriais são infrequentes, m as às vezes se obser vam hipopotassem ia, hipoclorem ia e hiponatrem ia. Os vôm itos repe tidos podem resultar em alcalose, enquanto o uso repetido de laxan tes pode induzir um a acidose m etabólica leve. A amilase sérica pode estar um pouco elevada devido a um aum ento da isoenzim a salivar. As com plicações físicas graves que resultam da BN são raras. A oligom enorreia e a am enorreia são m ais freqüentes que nas m u lheres sem tran sto rn o s alim entares. A rritm ias ocorrem ocasional m ente, em v irtu d e dos desequilíbrios eletrolíticos. R elataram -se laceração do esôfago e ru p tu ra do estôm ago, que constituem even tos potencialm ente fatais. A lgum as pacientes que abusaram cro n i cam ente de laxantes ou d iuréticos desenvolvem edem a periférico transitório quando esse co m p o rtam en to term ina, presum ivelm ente devido aos altos níveis de a ldosterona secundários à depleção hidreletrolítica persistente.
■ DIAGNÓSTICO As características diagnósticas cruciais da BN são episódios repeti dos de farras alim entares, seguidos de com portam entos im próprios com o objetivo de evitar o ganho p o n d e rai (Q uadro 79.3). O diag nóstico de BN requer um a histó ria franca da paciente detalhando as farras alim entares freqüentes, seguidas pelo uso p ropositado de m ecanism os inadequados para evitar o ganho ponderai. A m aioria das pacientes com BN que se apresenta para tratam ento está sofren do com sua incapacidade em controlar o co m portam ento alim entar e será capaz de fornecer esses detalhes, se inq u irid a de m aneira so lidária e neutra.
■ PROGNÓSTICO QUADRO 79.3
Características diagnósticas da bulimia nervosa
Episódios recorrentes de compulsão alimentar, que se caracteriza pelo consumo de grande quantidade de alimento em um período curto e sensação de falta de controle para comer
O prognóstico da BN é m uito m ais favorável que o da AN. A m o rta lidade é baixa e a recuperação com pleta ocorre em aproxim adam ente 50% das pacientes em 10 anos. A proxim adam ente 25% das pacientes têm sintom as persistentes da BN p or m uitos anos. Poucas pacientes evoluem da BN para a AN.
Comportamento recorrente impróprio para compensar a compulsão alimentar, como vômitos autoinduzidos A ocorrência simultânea de compulsão alimentar e comportamento de compensação impróprio pelo menos 2x/semana, em média por 3 meses Preocupação excessiva com a forma e o peso do corpo Nota: Se os critérios diagnósticos para anorexia nervosa forem preenchidos simultaneamente, deverá ser feito apenas o diagnóstico de anorexia nervosa.
TRATAMENTO
Bulimia nervosa
A BN geralm ente pode ser tratada em nível am bulatorial (Fig. 79.1). A terapia c o g n itiv o -co m p o rta m en ta l (TCC) é u m tra tam ento psicológico de cu rto prazo (4 a 6 m eses) que põe em
TRANSTORNO DE COMPULSÃO AUMENTAR PERIÓDICA O tran sto rn o de com pulsão alim entar periódica (TCAP) é caracteri zado p o r episódios freqüentes de ingestão de quantidades an o rm al m ente elevadas de alim ento, seguidos pelo sentim ento de perda de controle. Em contraste com os indivíduos que apresentam BN, os pacientes com TCAP n o rm alm ente não se encaixam em um co m p o rtam en to apropriado para com pensar a alim entação periódica. Além disso, o TCA P está com um ente associado à obesidade (Q u a d ro 79.1). O TCAP ocorre m ais frequentem ente do que a NA e a BN em am bas as am ostras populacionais, clínicas e com unitárias, e os h om ens representam um a m aior fração de indivíduos afetados.
CAPÍ TUL O
80
Emagrecimento Involuntário Russell G. Robertson J. Larry Jameson O em agrecim ento involuntário (EI) geralm ente é insidioso e pode ter im plicações im portantes, porque com um ente prenuncia um a doença coexistente grave. O em agrecim ento clinicam ente im portante é defi nido p or perdas de 4,5 kg ou > 5% do peso corporal do indivíduo ao longo de um intervalo de 6 a 12 meses. O EI é detectado em até 8% de todos os adultos atendidos am bulatorialm ente e em 27% dos indiví duos frágeis com 65 anos ou mais. Em até 25% dos pacientes, não há um a causa identificável, apesar da investigação detalhada. Por outro lado, até 50% dos indivíduos que se queixam de em agrecim ento não apresentam indícios com provados de perda de peso. Os indivíduos sem causa detectável para o em agrecim ento geralm ente têm pro g nósticos m ais favoráveis que os pacientes com causas conhecidas, principalm ente quando a etiologia é neoplásica. O em agrecim ento dos indivíduos idosos está associado a vários efeitos deletérios, inclu sive fratura do quadril, úlceras de pressão, im unossupressão, redução do nível funcional e m orte. C om o seria esperado, o em agrecim ento significativo está associado ao aum ento da m ortalidade, que pode va
Em com paração com os indivíduos obesos sem TCAP, aqueles que apresentam a doença apresentam taxas m ais elevadas de ansiedade, depressão e uso de cuidados m édicos. U m conjunto de tratam entos psicológicos, com o a TC C , a terapia interpessoal (TIP) e as m edi cações, incluindo anti-depressivos e fárm acos em agrecedores, pare cem ajudar na redução da com pulsão alim entar periódica. Surpre endentem ente, a in terrupção do processo não costum a ser seguida pela perda de peso.
CONSIDERAÇÕES GLOBAIS Os tran sto rn o s alim entares são m ais com uns em culturas nas quais o alim ento está disponível e o estado de m agreza é alm ejado. E ntretanto, estes têm sido registrados em todo o m undo, incluindo m uitas regiões da Ásia e África. A variação cul tural pode contribuir p ara diferentes apresentações dos sintom as dos transtornos alim entares. Por exemplo, em alguns grupos culturais, o racional para a recusa do alim ento p o r indivíduos de baixo peso que exibem vários sintom as de AN podem não incluir o critério DSM IV, “m edo intenso de g anhar peso ou se to rn ar gordo.”
BIBLIOGRAFIA E, W a l s h BT: Behavioral management for anorexia nervosa. N Engl J Med 30:500,2009 K a t z m a n DK: Medicai complications in adolescents with anorexia: A review of the literature. Int J Eat Disord 37(Suppl):S52, 2005 K e s k i - R a h k o n e n A et al: Epidemiology and course of anorexia nervosa in the community. Am J Psychiatry 164:1259, 2007 M e h l e r PS: Clinical practice. Bulimia nervosa. N Engl J Med 349:875,2003 M e h l e r PS, M a c k e n z i e TD: Treatment of osteopenia and osteoporosis in anorexia nervosa: A systematic review of the literature. Int J Eat Disord 42:195, 2009 T r e a s u r e 1 et al: Eating Disorders. Lancet 375:583, 2010 Ya g e r I et al: Practice guideline for the treatment of patients with eating di sorders, 3rd ed, in A m erican Psychiatric Association Practice Guidelines fo r the Treatm ent o f Psychiatric Disorders C om pendium 2006, American Psychiatric Association (ed). Arlington, Virginia, American Psychiatric Association, 2006 At t ia
Emagrecimento Involuntário
evidência a intensa preocupação com a form a e o peso, a dieta persistente, bem com o as farras alim entares e purgação que ca racterizam esse distúrbio. As pacientes devem ser orientadas para m onitorar as circunstâncias, os pensam entos e as em oções asso ciados aos episódios de com pulsão alim entar periódica/purgação, a com er regularm ente e a contestar suas suposições que ligam o peso à autoestim a. A TC C resulta em rem issão assintom ática em 25-50% das pacientes. N um erosos ensaios duplo-cegos controlados com placebo docum entaram que os antidepressivos são úteis no tratam ento da BN, m as provavelm ente são um pouco m enos eficazes que a TCC. Em bora se tenha estabelecido eficácia para praticam ente todas as classes quím icas de antidepressivos, apenas o inibidor seletivo da recaptação da serotonina, a fluoxetina (Prozac), foi aprovado para uso na BN pelo órgão am ericano Food and Drug Adm inistration. Os antidepressivos são úteis m esm o para as pacientes com BN que não se m ostram deprim idas, e a dose de fluoxetina recom enda da para a BN (60 m g/dia) é m aior do que a usada para tratar a depressão. Tais observações sugerem que m ecanism os diferentes possam explicar a utilidade desses fárm acos na BN e na depressão. Um su b g ru p o de pacientes não responde à TC C , aos a n ti depressivos ou a sua com binação. Form as m ais intensivas de tratam en to , com o a hospitalização, p o d em ser necessárias para tais pacientes.
riar de 9 a 38% no intervalo de 1 a 2,5 anos se o paciente não receber cuidados m édicos e intervenção apropriada.
■ FISIOPATOLOGIA DA REGULAÇÃO D0 PESO COM 0 ENVELHECIMENTO (Ver tam bém os Caps. 71 e 77.) Entre os indivíduos idosos saudáveis, o peso corporal total atinge níveis m áxim os na sexta década de vida e, em geral, perm anece estável até à nona década, quando então começa a diminuir. Por outro lado, a massa corporal seca (massa sem gordura) começa a declinar a um a taxa de 0,3 kg por ano a p artir da terceira década e a taxa de declínio aum enta ainda mais a partir da idade de 60 anos nos hom ens e de 65 anos nas m ulheres. Essas alterações da massa corporal m agra refletem basicam ente o declínio da secreção de horm ônio do crescimento associado ao envelhecimento e, consequen temente, a redução dos níveis circulantes do fator de crescimento tipo I semelhante à insulina (IGF-I), que é observado com o envelhecimento norm al. Nos indivíduos idosos saudáveis, o aum ento do tecido gordu roso equilibra a perda de m assa corporal até um a idade m uito avança da, quando ocorrem perdas de m úsculo esquelético e tecido adiposo. As alterações associadas ao envelhecim ento tam bém ocorrem no nível celular. Os telôm eros encurtam e a m assa celular corporal - com po nente celular sem gordura - declina progressivam ente com a idade. Entre as idades de 20 e 80 anos, a ingestão calórica m édia dim i nui em até 1.200 kcal/dia nos h om ens e 800 kcal/dia nas m ulheres. A redução da fome é um reflexo da dim inuição da atividade física e da perda de m assa corporal m agra, que dim inuem as dem andas de calo rias e ingestão alim entar. Várias alterações fisiológicas, associadas ao
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envelhecim ento tam bém predispõem os indivíduos idosos à perda de peso, inclusive o declínio da função quim iossensorial (olfato e gusta ção), a dim inuição da eficiência da mastigação, o esvaziam ento gás trico m ais lento e as alterações do sistem a neuroendócrino, inclusive as alterações dos níveis de leptina, colecistoquinina, neuropeptídio Y e outros horm ônios e peptídios. Essas alterações estão associadas à saciedade precoce e aos declínios do apetite e da apreciação prazerosa dos alim entos. Em conjunto, todos esses fatores contribuem para a “anorexia do envelhecim ento”.
■ CAUSAS DE EMAGRECIMENTO INVOLUNTÁRIO A m aioria das causas de EI pode ser classificada em quatro grupos: (1) neoplasias malignas, (2) doenças inflam atórias ou infecciosas crô nicas, (3) distúrbios m etabólicos (p. ex., hipertireoidism o e diabetes) ou (4) transtornos psiquiátricos (Q uadro 80.1). Em geral, o EI pode ser causado p or m ais de um a dessas causas. Na m aioria dos estudos publicados, o EI era causado por doenças m alignas em 25% dos casos e p o r doenças orgânicas em cerca de 30% dos casos; os casos restan-
QUADRO 80.1
Causas de emagrecimento involuntário
Câncer Intestino grosso
Sedativos
Hepatobiliar
Antibióticos
Hematológico
Anti-inflamatórios não esteroides
Pulmão Mama
Inibidores da recaptação de serotonina
Geniturinário
Metformina
Ovário
Levodopa
Próstata
Inibidores da enzima conversora da angiotensina
Distúrbios gastrintestinais Má absorção Úlcera péptica Doença intestinal inflamatória Pancreatite Obstrução/constipação Anemia perniciosa
Distúrbios endócrinos e metabólicos Hipertireoidismo Diabetes Feocromocitoma Insuficiência supra-renal
Distúrbios cardíacos Isquemia crônica Insuficiência cardíaca congestiva crônica
Distúrbios respiratórios Enfizema Doença pulmonar obstrutiva crônica
Outros fármacos
Distúrbios da boca e dos dentes Cáries Disgeusia
Fatores relacionados com o envelhecimento Alterações fisiológicas Reduções do olfato e do paladar Limitações funcionais
Distúrbios neurológicos Acidente vascular encefálico Doença de Parkinson Distúrbios neuromusculares Demência Fatores sociais Isolamento Dificuldades financeiras
Transtornos psiquiátricos e comportamentais Depressão
Insuficiência renal
Ansiedade
Doenças reumáticas
Paranóia
Infecções
Privação por morte de um cuidador
HIV Tuberculose Infecção parasitária Endocardite bacteriana subaguda
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Fármacos
Alcoolismo Transtornos alimentares Atividade ou exercícios excessivos
Idiopáticas
tes eram atribuíveis aos transtornos psiquiátricos, ao uso de fárm acos ou às etiologias indefinidas. As causas m alignas mais com uns de EI são tum ores m alignos gas trintestinais, hepatobiliares, hem atológicos, pulm onares, m am ários, geniturinários, ovarianos e prostáticos. C inqüenta por cento de todos os pacientes com câncer perdem algum peso corporal; u m terço perde mais de 5% do seu peso corporal original e até 20% de todas as m ortes por câncer são causadas diretam ente pela caquexia (causada por im o bilidade e/ou insuficiência cardíaca/respiratória). A incidência mais alta de em agrecim ento ocorre entre os pacientes com tum ores sóli dos. As neoplasias m alignas diagnosticadas em razão de um a perda significativa de peso geralm ente têm prognóstico m uito desfavorável. Além das neoplasias m alignas, os distúrbios gastrintestinais es tão entre as causas m ais im portantes de EI. D oença ulcerosa péptica, doença intestinal inflam atória, síndrom es caracterizadas p or distúr bios da m otilidade, pancreatite crônica, doença celíaca, constipação e gastrite atrófica são algum as das causas m ais com uns. Os problem as dentários e orais podem passar despercebidos facilm ente e eviden ciam -se p or halitose, higiene oral precária, xerostom ia, incapacidade de m astigar, dim inuição da força da m astigação, falha de oclusão, síndrom e da articulação tem porom andibular, ausência de dentes e dor causada p or cáries ou abscessos. Tuberculose, doenças fúngicas, parasitoses, endocardite bacteriana subaguda e infecção por H IV estão entre as causas bem conhecidas de EI. As doenças cardiovasculares e pulm onares causam perda de peso porque aum entam a dem anda metabólica e dim inuem o apetite e a in gestão calórica. A uremia causa náusea, anorexia e vômitos. As doenças do tecido conectivo podem aum entar as dem andas m etabólicas e al terar o equilíbrio nutricional. À m edida que a incidência do diabetes melito aum enta com a idade, a glicosúria associada pode contribuir para a perda de peso. O hipertireoidism o do idoso pode evidenciar-se por manifestações sim paticom im éticas proem inentes e caracteriza-se por “hipertireoidism o apático” ou toxicose por T3 (Cap. 341). Os distúrbios neurológicos com o acidentes vasculares encefáli cos, tetraplegia e esclerose m últipla p odem causar disfunções visce rais e autonôm icas, que p odem reduzir a ingestão calórica. A disfagia causada p o r esses distúrbios neurológicos é um m ecanism o comum. A incapacidade funcional que interfere com as atividades da vida diá ria (AVDs) é um a causa com um de desnutrição na população idosa. Os déficits visuais causados p or doenças oftálm icas ou do sistem a nervoso central (inclusive trem or) p o d em lim itar a capacidade de preparar e ingerir as refeições. O EI pode ser um a das prim eiras m a nifestações da dem ência de Alzheimer. O isolam ento e a depressão são causas im portantes de EI e p o dem evidenciar-se p o r incapacidade de cuidar de si próprio, inclusive de atender às necessidades nutricionais. U m a reação m etabólico-inflam atória em cadeia desencadeada pelas citocinas pode ser a causa e um a das m anifestações da depressão. A privação depois da m orte de um cuidador pode causar EI e, quando está presente, é m ais grave nos hom ens. As form as m ais graves das doenças m entais com o os transtornos paranoides p odem causar ilusões quanto aos alim entos e em agrecim ento. O alcoolism o pode ser um a causa im portante de em agrecim ento e desnutrição. Os indivíduos idosos que vivem em condições de pobreza p o dem ser obrigados a o p tar entre co m p rar alim entos ou fárm acos. A institucionalização é um fator de risco independente, porque até 30-50% dos pacientes intern ad o s em asilos têm ingestão alim entar inadequada. Os fárm acos podem causar anorexia, náusea, vôm itos, transtor nos gastrintestinais, diarréia, ressecam ento da boca e alterações gus tatórias. Isso é p articularm ente com um nos idosos, dentre os quais m uitos utilizam cinco ou m ais fárm acos sim ultaneam ente.
■ AVALIAÇÃO As quatro m anifestações clínicas principais do EI são: (1) anorexia (perda do apetite), (2) sarcopenia (perda de m assa m uscular), (3) caquexia (um a síndrom e evidenciada p o r em agrecim ento, perdas de tecidos m usculares e adiposos, anorexia e fraqueza) e (4) desidrata-
r
------------------------------ção. A epidem ia atual de obesidade aum enta a com plexidade, p o r que o excesso de tecido adiposo pode ocultar o desenvolvim ento de sarcopenia e postergar a detecção da caquexia. Se não for possível determ inar o peso diretam ente, a alteração dos núm eros das roupas usadas, a confirm ação da perda de peso po r um parente ou amigo e a estim ativa quantitativa da perda de peso fornecida pelo paciente sugerem em agrecim ento real. A avaliação inicial inclui a história e o exame físico detalhados, um hem ogram a completo, dosagens das enzim as hepáticas, proteína C-reativa, velocidade de hem ossedim entação, provas de função re nal, provas de função tireóidea, radiografias do tórax e ultrasso n o grafia abdom inal (Q u ad ro 80.2). Tam bém é necessário realizar exa m es de triagem para cânceres específicos para a idade, o sexo e os fatores de risco, inclusive m am ografia e colonoscopia (Cap. 82). Os pacientes de risco devem fazer um teste para HIV. Todos os pacientes
idosos com perda de peso devem fazer u m a triagem para d em ên cia e depressão p or m eio de instru m en to s com o o M ini-Exam e do Estado M ental e a Escala de Depressão G eriátrica, respectivam ente (Cap. 72). A M ini-avaliação N utricional (www.mna-elderly.com) e o Instrum ento de Triagem N utricional (www.aafp.org/afp/980301ap/ edits.html) tam bém estão disponíveis para a avaliação nutricional dos indivíduos idosos. Quase todos os pacientes com neoplasias malignas e > 90% dos indivíduos com outras doenças orgânicas têm no m íni m o u m a anorm alidade laboratorial. Nos pacientes com EI expressivo, as doenças orgânicas e m alignas principais são improváveis quando a avaliação inicial é absolutam ente norm al. A conduta recom endável é o acom panham ento cuidadoso em vez dos exames aleatórios, porque o prognóstico do em agrecim ento de causa indeterm inada geralmente é favorável.
TRATAMENTO QUADRO 80.2 Avaliação clínica e exames complementares para emagrecimento involuntário Indicações
Perfil metabólico e eletrolítico abrangente, inclusive provas das funções hepática e renal
25% das refeições rejeitadas por mais de 7 dias
Provas de função tireóidea
Alteração dos ajustes das roupas
Velocidade de hemossedimentação
Alteração do apetite, do olfato ou do paladar
Ferritina
Dor abdominal, náusea, vômitos, diarréia, constipação, disfagia
Testes para HIV (se houver indicação)
Avaliação Exame físico completo, inclusive exame dentário
Proteína C reativa
Exames radiológicos Radiografias do tórax Ultrassonografia do abdome
Emagrecimento Involuntário
Hemograma completo
Perda de 10% do peso em 180 dias índice de massa corporal < 21
As prim eiras prioridades do tratam ento do em agrecim ento invo luntário são identificar e tratar sistem aticam ente as causas sub jacentes. O tratam ento dos distúrbios metabólicos, psiquiátricos, infecciosos ou sistêm icos coexistentes pode ser suficiente para recuperar gradativam ente o peso e o estado funcional. Os fárm a cos que causam náusea ou anorexia devem ser interrom pidos ou substituídos, quando possível. Nos casos de EI inexplicável, os su plem entos nutricionais (p. ex., bebidas hipercalóricas) revertem a perda de peso em alguns casos. O rientar os pacientes a consum ir suplem entos entre as refeições, em vez de junto com as refeições, pode ajudar a atenuar a supressão do apetite e facilitar o aumento da ingestão oral. Os fárm acos orexígenos, anabólicos e anticitoci na estão sendo investigados com essa indicação. Em pacientes se lecionados, o antidepressivo m irtazapina produz aum entos signi ficativos do peso corporal, da m assa gordurosa e da concentração de leptina. Os pacientes com distúrbios debilitantes e que podem aderir a um program a de exercícios apropriados adquirem massa proteica, força e resistência m usculares e podem am pliar suas ca pacidades de realizar as AVDs.
Exames laboratoriais
Perda de 5% do peso em 30 dias
Emagrecimento involuntário
Revisão dos fármacos usados Testes de triagem recomendados para câncer Mini-exame do estado mental* Mini-avaliação nutricional* Instrumento de triagem nutricional* Questionário simplificado de avaliação nutricional* Observação da ingestão alimentar* Atividades da vida diária* Atividades instrumentadas da vida diária* * Pode ser mais específico para investigar emagrecimento na população idosa.
BIBLIOGRAFIA SM et al: An approach to the management of unintentional weight loss in elderly people. CMAJ 172:773,2005 C h e n SP et al: Evaluating probability of cancer among older people with unexplained, unintentional weight loss. Arch Gerontol Geriatr 50 Suppl 1:S27, 2010 M i l l e r SL, W o l f e RR: The danger of weight loss in the elderly. J Nutr Health Aging 12:487, 2008 R o l l a n d Y et al: Office management of weight loss in older persons. Am J Med 119:1019,2006 V a n d e r s c h u e r e n S et al: The diagnostic spectrum of unintentional weight loss. Eur J Intern Med 16:160,2005 V i s v a n a t h a n R , C h a p m a n IM: Undernutrition and anorexia in the older person. Gastroenterol Clin North Am 38:393,2009
A
l ib h a i
643
PARTE VII Oncologia e Hematologia
SEÇÃO 1
SEÇÃO 2
81 Abordagem ao Paciente com Câncer....................................... 646
103
Deficiência de Ferro e Outras Anemias Hipoproliferativas... 844
82 Prevenção e Detecção Precoce do Câncer.............................. 655
104
Hemoglobinopatias....................................................................852
83 Genética do Câncer.................................................................... 663
105
Anemias Megaloblásticas........................................................ 862
84 Biologia Celular e Angiogênese do Câncer.............................. 672
106 Anemias Hemolíticas e Causadas por Perda Sanguínea A g u d a .......................................................................872
85 Princípios do Tratamento do Câncer......................................... 689 86 Infecções em Pacientes com Câncer....................................... 712 87 Câncer de P ele........................................................................... 723 88 Cânceres de Cabeça e Pescoço................................................ 733 89 Neoplasias de Pulmão................................................................ 737 90 Câncer de Mama......................................................................... 754 91 Câncer do Trato Gastrintestinal................................................ 764 92 Tumores do Fígado e do Trato Biliar......................................... 777 93 Câncer de Pâncreas.................................................................. 786 94 Carcinomas de Bexiga e de Células Renais........................... 790 95 Doenças Benignas e Malignas da Próstata.............................. 795
107 Anemia Aplásica, Mielodisplasia e Síndromes Relacionadas à Insuficiência da Medula Ó ssea.................... 887 108 Policitemia Vera e Outras Doenças Mieloproliferativas.........898 109 Leucemias Mieloides Aguda e Crônica....................................905 110 Neoplasias das Células Linfoides............................................. 919 e21 Neoplasias Malignas Hematológicas Menos Comuns 111
Distúrbios de Plasmócitos.........................................................936
112 A m iloidose..................................................................................945 113 Biologia e Terapia Transfusionais............................................. 951 114 Transplante de Células Hematopoiéticas............................... 958
96 Câncer de Testículo.................................................................... 806 97 Cânceres Ginecológicos........................................................... 810 98 Sarcomas Ósseos e das Partes Moles e Metástases Ósseas.................................................................... 817 99 Carcinoma de Sítio Primário Desconhecido........................... 821 100 Síndromes Paraneoplásicas: Endocrinológicas/Hematológicas............................................. 826 101 ^0
Síndromes Paraneoplásicas: Neurológicas.............................. 833 e20 Timoma
102 Conseqüências Tardias do Câncer e do seu Tratamento___ 838
SEÇÃO 3 115
Distúrbios das Plaquetas e daParede V ascular.....................965
116
Distúrbios da Coagulação........................................................973
117
Trombose Arterial e Venosa..................................................... 983
118
Agentes Antiplaquetários, Anticoagulantes e Fibrinolíticos..............................................................................988
SEÇ Ã 01
Distúrbios Neoplásicos
CAPÍ TULO
81
Abordagem ao Paciente com Câncer Dan L. Longo
Oncologia e Hematologia
A aplicação das técnicas atuais de tratam e n to (cirurgia, ra d io tera pia, quim ioterapia e terapia biológica) p erm ite a cura de aproxim a dam ente 2 de cada 3 pacientes diagnosticados com câncer. A inda assim , os pacientes recebem o diagnóstico de câncer com o um dos acontecim entos m ais traum áticos e avassaladores de suas vidas. In dependentem ente do prognóstico, o diagnóstico traz consigo u m a alteração da autoim agem e do papel que o indivíduo exerce em casa e no trabalho. O p rognóstico de alguém que acabou de d escobrir que tem câncer de pâncreas é idêntico ao do in divíduo com este nose aórtica que desenvolve os prim eiros sintom as de insuficiência cardíaca congestiva (sobrevida m édia de cerca de 8 m eses). Todavia, o paciente com cardiopatia po d e p e rm a n ec e r ativo e ver-se com o um a pessoa totalm ente norm al, com apenas u m a disfunção em p a r te do corpo, ou seja, com um órgão enferm o (“coração fraco”). Já o paciente com câncer de pâncreas passa p o r u m a alteração total de sua autoim agem e passa a ser visto de m o d o diferente pela fam ília e p o r q ualquer um que ten h a c onhecim ento do diagnóstico. O in divíduo p o rtad o r de câncer está sendo atacado e invadido p o r um a doença capaz de se localizar em q ualquer p a rte do corpo. A o co r rência de q ualquer d o r ou d esconforto passa a ter um significado terrível. O câncer é um a exceção à interação co ordenada entre célu las e órgãos. Em geral, as células de um organism o m ulticelular são program adas para a colaboração. M uitas doenças oco rrem porque as células especializadas deixam de executar a tarefa que lhes é a tri buída. O câncer exacerba essa disfunção. N ão apenas a célula cance rosa é incapaz de m an ter a sua função especializada, com o tam bém ataca a si m esm a; a célula cancerosa com pete p a ra sobreviver utili zando a m utabilidade natural e a seleção natu ral para ter vantagem sobre as células norm ais, em u m a recapitulação da evolução. U m a conseqüência desse c om portam ento traiçoeiro das células cancero sas é que o indivíduo sente-se traído pelo p róprio corpo. O paciente com câncer sente que ele com o um todo, e não apenas parte de seu corpo, está enferm o.
A MAGNITUDE DO PROBLEMA N ão existe u m cadastro nacional sobre a o co rrên cia de câncer nos EUA. Por conseguinte, a incidência de câncer é estim ada com base nos dados do N ational C ancer In stitute’s Surveillance, E pidem iology, and E nd Results (SEER) que cataloga as incidência e m o rta lidade da doença a p a rtir de nove localidades que co rresp o n d em cerca de 10% da população n o rte-a m e rica n a, b em com o, a p a rtir dos dados populacionais, do U.S. C ensus Bureau. Em 2010, foram diagnosticados 1 m ilhão e 530 m il novos casos de câncer invasivo (789.620 em hom ens, 569.490 em m ulheres) e m o rre ra m 569.490 pessoas (299.200 hom ens, 270.290 m ulheres) de câncer. A d istri buição porcentual dos novos casos de câncer e das m ortes causadas p o r essa doença em hom ens e m ulheres é ap resentada no Q u a d ro 88.1. D esde 1992, a incidência de câncer vem declinando em cerca de 2% a cada ano.
646
QUADRO 81.1
Distribuição da incidência de câncer e das
mortes em 2010 Sexo masculino %
Sexo feminino Número
Locais
%
Número
Incidência de câncer Próstata
28
217.730
Mama
28
207.090
Pulmão
15
116.750
Pulmão
14
105.770
Colorretal
9
72.090
Colorretal
10
70.480
Bexiga
7
52.760
Endométrio
6
43.470
Melanoma
5
38.870
Tireoide
5
33.930
Linfoma
4
35.380
Linfoma
4
30.160
Rim
4
35.370
Melanoma
4
29.260
Cavidade oral
3
25.420
Rim
3
22.870
Leucemia
3
24.690
Ovário
3
21.880
Pâncreas
3
21.370
Pâncreas
3
21.770
Todos os outros
10
149.190
Todos os outros
20
153.260
Todos os locais
100
789.620
Todos os locais
100
739.940
71.080
Mortes por câncer Pulmão
29
86.220
Pulmão
26
Próstata
11
32.050
Mama
15
39 840
Colorretal
9
26.580
Colorretal
9
24.790
Pâncreas
6
18.770
Pâncreas
7
18.030
Fígado
4
12.720
Ovário
5
13.850
Leucemia
4
12.660
Linfoma
4
9.500
Esôfago
4
11.650
Leucemia
3
9.180
Linfoma
4
10.710
Endométrio
3
7.950
Bexiga
3
10.410
Fígado
2
6.190
Rim
3
8.210
SNC
2
5.720
Todos os outros
23
69.220
Todos os outros
24
64.160
Todos os locais
100
299.200
Todos os locais
100
270.290
O fator de risco m ais significativo para o câncer, de m odo global, é a idade; 66% de todos os casos são observados em indivíduos aci m a de 65 anos de idade. A incidência de câncer aum enta segundo a idade do indivíduo elevada à terceira, qu arta ou q uinta potência em diferentes locais. Entre o nascim ento e os 39 anos de idade, 1 em cada 70 hom ens e um a em cada 48 m ulheres apresentarão câncer; entre 40 e 59 anos, 1 em 12 hom ens e um a em 11 m ulheres terão câncer; e, entre 60 e 79 anos, o câncer acom eterá 1 em cada 3 hom ens e um a em cada 5 m ulheres. De m odo geral, os hom ens apresentam u m risco de 44% de desenvolver câncer em algum m om ento de suas vidas; nas m ulheres, o risco equivalente é de 38%. O câncer é a segunda causa principal de m orte, perdendo apenas para as cardiopatias. Nos EUA, as m ortes decorrentes de cardiopa tias declinaram 45% desde 1950 e continuam a dim inuir. O câncer ultrapassou a cardiopatia com o a principal causa de m orte em pes soas abaixo dos 85 anos (Fig. 81.1). D epois de um p eríodo de 70 anos de crescim ento, as m ortes p o r câncer com eçaram a declinar em 1990 a 1991 (Fig. 81.2). E ntre 1990 e 2006 as m ortes causadas p o r câncer foram reduzidas em 21% nos h om ens e em 12,3% nas
8.000
Menos de 85 anos
340 n
85 anos ou mais
320 300
7 .0 0 0 -
C a rdiopatia
280
C a rdiopatia
260
6.000
240 -
|c
220
5 .0 0 0
to
S 200
80
M
Pulmão
Leucemia
Leucemia
Pulmão
Pulmão
Pulmão
F
Pulmão
Leucemia
Mama
Mama
Pulmão
Pulmão
M
Próstata
SNC
SNC
Colorretal
Colorretal
Próstata
F
Mama
SNC
Colo uterino
Pulmão
Mama
Colorretal Colorretal
3
Colorretal
Sarcoma ósseo
Colorretal
Fígado
Próstata
F
Colorretal
Endócrino
Leucemia
Colorretal
Colorretal
Mama
4
M
Pâncreas
Endócrino
Linfoma
Pâncreas
Pâncreas
Bexiga
F
Pâncreas
Sarcoma ósseo
Colorretal
Ovário
Pâncreas
Pâncreas
5
M
Leucemia
Sarcoma de tecidos moles
Pulmão
Esôfago
Esôfago
Pâncreas
F
Ovário
Sarcoma de tecidos moles
SNC
Pâncreas
Ovário
Linfoma
Nota: M, masculino; F, feminino.
648
Abaixo de 20
QUADRO 81.3 Incidência e mortalidade do câncer em grupos raciais e étnicos, EUA, 2002 a 2006 Asiáticos/ Ilhéus do índios norteBrancos Negros Pacífico -americanos Hispânicos
Local
Incidência por 100.000 habitantes Todos
M
550.1
626,8
334,5
318,4
430,3
F
420,0
389,5
276,3
265,1
326,8
123,5
113,0
81,6
67,2
90,2
M
58,2
68,4
44,1
38,1
50,0
F
42,6
51,7
33,1
30,7
35,1
M
19,7
20,6
9,0
16,6
18,2
F
10,3
10,6
4,5
10,6
10,3
M
8,0
12,5
21,4
8,9
15,9
F
2,8
3,8
8,1
4,6
6,2
M
85,9
104,8
50,6
57,9
49,2
F
57,1
50,7
27,6
41,3
26,5
146,3
231,9
82,3
82,7
131,1
Mama Colorretal Rim Fígado Pulmão Próstata
Mortes por 100.000 habitantes 226,7
304,2
135,4
183,3
154,8
F
157,3
183,7
95,1
140,1
103,9
Mama
23,9
33,0
12,5
17,6
15,5
Colorretal
M
21,4
31,4
13,8
20,0
16,2
F
14,9
21,6
10,0
13,7
10,7
Rim
M
6,1
6,0
2,4
9,0
5,2
F
2,8
2,7
1,2
4,2
2,4
M
6,8
10,8
15,0
10,3
11,2
F
2,9
3,9
6,6
6,5
5,1
M
69,9
90,1
36,9
48,0
33,9
F
41,9
40,0
18,2
33,5
14,4
23,6
56,3
10,6
20,0
19,6
Fígado Pulmão Próstata
Atofa-M, masculino; F, feminino.
ANAMNESE DO PACIENTE O m édico obtém inform ações im portantes a p a rtir da anam nese de rotina e do exame físico. A duração dos sintom as revela a cronicidade da doença. A história pregressa e os antecedentes do paciente podem alertar o m édico para a presença de doenças subjacentes que possam influenciar a escolha da terapia ou os efeitos colaterais do tratam ento. A história social pode revelar exposição ocupacional a carcinógenos ou hábitos, com o tabagism o ou consum o de álcool, capazes de in fluenciar a evolução da doença e o seu tratam ento. A história fam i liar pode sugerir um a predisposição fam iliar subjacente ao câncer e apontar para a necessidade de pro p o r m edidas de vigilância ou outra terapia preventiva nos irm ãos do paciente que não sejam portadores da doença. A revisão dos sistem as indica a presença de sintom as ini ciais de doença m etastática ou um a síndrom e paraneoplásica.
■ DIAGNÓSTICO O diagnóstico de câncer deve ser feito com base na biópsia tecidual invasiva e nunca deve ser firm ado sem que se ten h a obtido um a am ostra tecidual; n en h u m exam e diagnóstico não invasivo é sufi ciente para definir um processo m órbido com o o câncer. Apesar de a aspiração com agulha fina ser um procedim ento diagnóstico acei tável em alguns raros contextos clínicos (p. ex., nódulos da tireoide), o diagnóstico geralm ente depende da obtenção de um a am ostra ade quada de tecido para p e rm itir u m a cuidadosa avaliação histológica do tum or, seu grau e sua invasividade, bem com o para obter infor m ações m oleculares diagnósticas adicionais, com o a expressão de m arcadores da superfície celular ou proteínas intracelulares capazes de caracterizar d eterm inados tipos de câncer, ou a presença de um m arcador m olecular específico, com o a translocação t(8; 14) caracte rística do linfom a de Burkitt. Há cada vez mais evidências associando a expressão de certos genes ao prognóstico e à resposta ao tratam ento (Caps. 83 e 84). Ocasionalm ente, um paciente se apresenta com um a doença m e tastática que à biópsia é definida com o câncer, m as sem que se possa definir a princípio o local prim ário. É necessário envidar todos os esforços para definir o local prim ário com base na idade, no sexo, nos locais de com prom etim ento, na histologia e nos m arcadores tu m orais, bem com o na história pessoal e familiar. Deve-se dar atenção particular à exclusão das causas m ais tratáveis (Cap. 99). Um a vez firm ado o diagnóstico de câncer, a abordagem ao pa ciente é m ais bem efetuada em um contexto de colaboração m ultidisciplinar entre m édico de atenção prim ária, oncologistas clínicos e cirúrgicos, radioterapeutas, enferm eiros especializados em oncolo gia, farm acêuticos, assistentes sociais, especialistas em reabilitação e vários outros profissionais consultores trabalhando em estreita cola boração entre si com o paciente e sua família.
Abordagem ao Paciente com Câncer
M
Todos
ao redor do m undo. Esses fatores são: tabagism o, consum o de bebi das alcoólicas, obesidade, inatividade física, baixo consum o de frutas e vegetais, sexo inseguro, poluição do ar, fum aça em am bientes fecha dos produzida po r com bustíveis caseiros e injeções contam inadas.
■ DEFINIÇÃO DA EXTENSÃO DA DOENÇA E DO PROGNÓSTICO
Á frica A m érica do Norte
Região geográfica i Incidência (n = 10.864.499)
■ M ortalidade (n = 6.724.931)
Prevalência (n = 24.576.453)
Figura 81.3 Incidência e mortalidade anuais e prevalência em 5 anos de todos os cânceres ao redor do mundo para o período entre 1993 e 2001. (De Kamangaretal.)
A prioridade básica na assistência ao paciente tão logo o diagnóstico de câncer ten h a sido estabelecido e com partilhado com ele é deter m inar a extensão da doença. A curabilidade de um tu m o r costum a ser inversam ente proporcional à carga tum oral. O ideal é diagnos ticar o tu m o r antes do aparecim ento dos sintom as ou com o conse qüência de procedim entos de rastream ento (Cap. 82). U m a grande proporção desses pacientes pode ser curada. E ntretanto, a m aioria dos casos de câncer já se apresenta com sintom as relacionados com a doença, causados pelos efeitos expansivos do tu m o r ou por alterações associadas à produção tum oral de citocinas ou de horm ônios. N a m aioria dos cânceres, avalia-se a extensão da doença por m eio de u m a variedade de exam es e pro ced im en to s diagnósticos não invasivos e invasivos. Esse processo é denom inado estadiam en to. Existem dois tipos: o estadiam ento clínico é feito com base no
649
Oncologia e Hematologia 650
exame físico, nas radiografias, cintilografias, TC e outros exam es de im agem ; o estadiam ento patológico leva em consideração as in fo r m ações obtidas du ran te um p rocedim ento cirúrgico, p o d e n d o in cluir palpação intraoperatória, ressecção de linfonodos regionais e/ ou de tecido adjacente ao tu m o r e inspeção e biópsia de órgãos que costum am ser acom etidos no processo de dissem inação da doença. O estadiam ento patológico inclui o exam e histológico de todos os tecidos rem ovidos d urante o p rocedim ento cirúrgico. O s pro ced i m entos cirúrgicos realizados podem incluir biópsia sim ples de lin fonodos ou outros m ais extensos, com o toracotom ia, m ediastinoscopia ou laparotom ia. O estadiam ento cirúrgico pode ser efetuado com o um procedim ento separado ou d urante a ressecção cirúrgica definitiva do tu m o r prim ário. O conhecim ento sobre a tendência de determ inados tum ores a dissem inarem -se para órgãos adjacentes ou distantes ajuda a orientar a investigação para o estadiam ento. As inform ações obtidas a p artir do estadiam ento são usadas para definir a extensão da doença com o localizada, dissem inada regional m ente para fora do órgão de origem , m as não para locais distantes, ou m etastática p ara locais distantes. O sistem a de estadiam ento m ais am plam ente usado é o T N M (tum or, linfonodo, m etástase), cria do pela International U nion Against C ancer e pelo A m erican Joint C om m ittee on Cancer. A classificação T N M é um sistem a de base anatôm ica que classifica o tum or de acordo com o tam anho da lesão tum oral prim ária (T I a 4, em que núm eros m aiores indicam tu m o res m aiores), o com prom etim ento de linfonodos (em geral, NO e N l indicando, respectivam ente, ausência e presença de linfonodos aco m etidos, em bora alguns tum ores tenham sistem as m ais elaborados de gradação de linfonodos) e a presença de doença m etastática (MO e M l indicando, respectivam ente, ausência e presença de m etástase). As várias com binações dos escores T, N e M (às vezes incluindo o grau histológico G do tum or) subdividem -se em estágios, habitual m ente designados po r algarism os rom anos de I-IV. A carga tum oral aum enta e a curabilidade dim inui com o aum ento do estágio. O utros sistemas de estadiam ento anatôm ico são usados para alguns tum ores, como, p o r exemplo, a classificação de Dukes para os cânceres colorretais, a classificação da International F ederation o f Gynecologists and O bstetricians para os cânceres ginecológicos e a classificação de Ann A rbor para a doença de Hodgkin. C ertos tum ores não podem ser classificados com base nos as pectos anatôm icos. Assim, p o r exemplo, os tum ores hem atopoiéticos, com o a leucem ia, o m ielom a e o linfom a, em geral já estão dis sem inados quando o paciente é exam inado pela p rim eira vez e não se dissem inam com o os tum ores sólidos. Para esses tum ores, foram identificados outros fatores prognósticos (Caps. 109 a 111). Além da carga tum oral, um segundo determ in an te im portante para o resultado do tratam ento é a reserva fisiológica do paciente. Os pacientes acam ados antes do desenvolvim ento do câncer tendem a apresentar um a evolução m ais grave em cada estágio que os total m ente ativos. A reserva fisiológica é um d eterm in an te que indica com o um paciente provavelm ente enfrentará os estresses fisiológicos im postos pelo câncer e pelo seu tratam ento. É difícil avaliar direta m ente esse fator. Em vez disso, em pregam -se m arcadores substitutos para a reserva fisiológica, com o a idade do paciente ou o índice de desem penho de K arnofsky (Q u a d ro 81.4) ou o índice de d esem penho do Eastern Cooperative O ncology G roup (ECO G ) (Q uadro 81.5). Os pacientes com idade m ais avançada e aqueles com índice de desem penho de K arnofsky < 70 ou com índice de desem penho do ECOG > 3 apresentam um prognóstico som brio, a m enos que o baixo desem penho seja u m a conseqüência reversível do tum or. C ada vez mais, as características biológicas do tu m o r estão sen do relacionadas com o prognóstico. C onstatou-se que a expressão de determ inados oncogenes, genes de resistência a fárm acos, genes relacionados à apoptose e genes envolvidos em m etástases influencia a resposta à terapia e o prognóstico. A presença de anorm alidades citogenéticas específicas pode influenciar a sobrevida. Os tum ores com frações de crescim ento m ais altas, conform e avaliado pela ex pressão de m arcadores relacionados com a proliferação, com o o a n tígeno nuclear de proliferação celular, co m portam -se de m odo mais agressivo que aqueles com frações de crescim ento m ais baixas. As
QUADRO 81.4 índice de desempenho de Karnofsky Nível de desempenho
Capacidade funcional do paciente
100
Normal; nenhuma queixa; nenhuma evidência da doença
90
Capaz de manter as atividades normais; sinais ou sintomas mínimos da doença
80
Atividades normais com esforço; alguns sinais ou sintomas da doença
70
Cuida de si; incapaz de manter as atividades normais ou de trabalhar ativamente
60
Necessita de assistência ocasional, mas é capaz de atender à maioria das necessidades
50
Necessita de assistência considerável e de cuidados médicos com frequência
40
Incapacitado; necessita de cuidados e assistência especiais
30
Gravemente incapacitado; indicada hospitalização ainda que a morte não seja iminente
20
Muito enfermo, necessária a hospitalização; necessidade de tratamento de suporte ativo
10
Agonizante, progredindo rapidamente para a morte
0
Morte
inform ações obtidas a p a rtir do estudo do próprio tu m o r estão sen do cada vez m ais utilizadas para influenciar as decisões relativas ao tratam ento. Os genes do paciente envolvidos com o m etabolism o do fárm aco em questão p odem influenciar a segurança e a eficácia de determ inados tratam entos.
■ ELABORAÇÃO DO PLANO DE TRATAMENTO C om base nas inform ações sobre a extensão da doença e o p rog nóstico, e levando em consideração o desejo do paciente, é possível determ inar se a abordagem terapêutica será curativa ou paliativa. A cooperação entre os vários profissionais envolvidos no tratam ento é de sum a im portância no planejam ento. Para alguns cânceres, a qui m ioterapia ou a quim ioterapia associada à radioterapia instituídas antes do tratam en to cirúrgico definitivo (a cham ada terapia neo-adjuvante) podem m elhorar o prognóstico, com o parece ser o caso do câncer de m am a localm ente avançado e dos cânceres de cabeça e pescoço. Em certas situações nas quais se pretenda instituir um a tera pia com m odalidades com binadas, a coordenação entre o oncologista clínico, o radioterapeuta e o cirurgião é fundam ental para que sejam obtidos os m elhores resultados. A lgum as vezes, é preciso adm inis trar quim ioterapia e radioterapia de m odo seqüencial e, outras vezes, concom itantem ente. Os procedim entos cirúrgicos podem preceder outras abordagens terapêuticas ou sucedê-las. É m elhor que o pla-
QUADRO 81.5 índice de desempenho do Eastern Cooperative Oncology Group (ECOG) ECOG grau 0: Plenamente ativo, capaz de desempenhar sem restrição todas as atividades praticadas antes da doença ECOG grau 1: Restrição para atividades físicas extenuantes, mas mantendo a capacidade deambulatória e de realizar trabalhos leves ou sedentários, p. ex., tarefas domésticas leves, trabalho de escritório ECOG grau 2: Mantém a capacidade deambulatória e de autocuidado, mas incapaz de realizar qualquer atividade laborativa. Ativo em mais de 50% do período de vigília ECOG grau 3: Limitação na capacidade de autocuidado, confinado ao leito ou à poltrona em mais de 50% do período de vigília. ECOG grau 4: Totalmente incapacitado. Incapaz de autocuidado. Totalmente confinado ao leito ou à poltrona. ECOG grau 5: morto. Fonte: De MM Oken et al.: Am J Clin Oncol 5:649,1982.
no terapêutico siga exatam ente um protocolo pad rão ou faça parte de um protocolo de pesquisa clínica em andam ento para a avaliação de novos tratam entos. A introdução de m odificações especiais nos protocolos padronizados provavelm ente com prom ete os resultados do tratam ento. Antigam ente, a escolha das abordagens terapêuticas era d e te r m inada pela cultura local, tanto no am biente universitário quanto na clínica particular. E ntretanto, hoje é possível ter acesso eletronica m ente a protocolos padronizados e a todos os estudos de pesquisa clínica aprovados nos EUA p o r m eio de um com putador pessoal co nectado à In te rn e t/ O m édico habilitado tam bém tem m uito a oferecer ao paciente para o qual a terapia curativa não é m ais um a opção. C om frequên cia, u m a com binação de sentim ento de culpa e frustração diante da incapacidade de curar o paciente, além da pressão de um horário to talm ente preenchido, lim ita sobrem aneira o tem po que o m édico d e dica aos pacientes que só estejam recebendo tratam entos paliativos. É preciso evitar essa situação. Além dos m edicam entos adm inistrados para aliviar os sintom as (ver adiante), é im portante lem brar o confor to que pode ser proporcionado p o r gestos com o segurar a m ão do p a ciente, continuar realizando exames regularm ente ou, sim plesm ente, conversar com ele.
■ TRATAMENTO DA DOENÇA E DE SUAS COMPLICAÇÕES
* O National Cancer Institute mantém um banco de dados denominado PDQ (Physician Data Query) que está acessível na Internet sob a rubrica CancerNet no endereço wwwicic.nci.nih.gov/health.htm. Podem ser obtidas informações via fax usando o CancerFax pelo telefone 301-402-5874. Também são fornecidas infor mações aos pacientes pelo National Cancer Institute em pelo menos 3 formatos: na Internet por meio do CancerNet em wwwicic.nci.nih.gov/patient.htm, pelo nú mero de fax apresentado acima, ou pelo telefone 1-800-4-CANCER, número nos EUA. O controle de qualidade das informações fornecidas é rigoroso.
Abordagem ao Paciente com Câncer
Com o as terapias para o câncer são tóxicas (Cap. 85), o tratam ento do paciente envolve a abordagem das possíveis com plicações tanto da doença quanto do seu tratam ento, incluindo os complexos proble m as psicossociais associados. A curto prazo, durante o curso de um a terapia curativa, o estado funcional do paciente p ode se deteriorar. A toxicidade induzida pelo tratam ento é m enos aceitável se o objetivo da terapia for paliativo. Os efeitos colaterais m ais com uns do tra ta m ento são náuseas e vôm itos (ver adiante), neutropenia febril (Cap. 86) e m ielossupressão (Cap. 85). Já se dispõe de recursos terapêuticos para abrandar a toxicidade aguda do tratam ento do câncer. Os novos sintom as que eventualm ente surjam no decorrer do tratam ento do câncer devem ser sem pre considerados reversíveis, até prova em contrário. C onsiderar de form a fatalista que a anorexia, a perda ponderai e a icterícia são decorrentes de um tu m o r recorrente ou progressivo pode resultar na m orte do paciente p or um a colecisti te intercorrente reversível. Uma obstrução intestinal tem m aior chan ce de ser causada p o r aderências reversíveis do que p o r um tu m o r progressivo. As infecções sistêmicas, às vezes causadas p or patógenos incom uns, podem ser conseqüência da im unossupressão associada à terapia do câncer. Alguns fárm acos utilizados no tratam e n to do câncer ou de suas com plicações (p. ex., náuseas) p o d e m provocar sintom as do sistem a nervoso central que se assem elham àqueles da doença m etastática ou podem sim ular síndrom es paraneoplásicas, com o a síndrom e de secreção inapropriada de h o rm ô n io antidiurético. Deve-se buscar o diagnóstico definitivo, o que pode exigir bióp sias repetidas. U m com ponente crítico para o controle do câncer é a avalia ção da resposta ao tratam ento. Além do exam e físico m inucioso, a p a rtir do qual todos os locais com p ro m etid o s pela doença devem ser avaliados e fisicam ente m en su rad o s com registro em um flu xogram a de acordo com a data, a avaliação da resposta re q u er a repetição periódica dos exam es de im agem que ten h am sido an o r m ais na época do estadiam ento. Q u a n d o esses exam es se to rn am norm ais, deve-se repetir a biópsia do tecido previam ente acom etido para do cu m en tar a resposta com pleta p o r critérios patológicos. Em geral, não há necessidade de biópsias se houver doença residual m a croscópica. A resposta completa é definida pelo desaparecim ento de
todas as evidências da doença, enquanto a resposta parcial refere-se a um a redução > 50% na som a dos p ro d u to s dos diâm etros p e rp e n diculares de todas as lesões m ensuráveis. A determ inação de um a resposta parcial tam bém p o d e ser baseada na redução de 30% na som a dos m aiores d iâm etros das lesões (Response Evaluation Criteria in Solid Tum ors ou critérios RECIST). A doença progressiva é definida pelo aparecim ento de q ualquer lesão nova ou p or um a u m ento > 25% na som a dos p ro d u to s dos diâm etros perpendiculares de todas as lesões m ensuráveis (ou p o r um aum ento de 20% nas som as dos m aiores diâm etros, de acordo com os RECIST). A clas sificação doença estável descreve as situações em que a redução ou o crescim ento do tu m o r não p reenchem q ualquer um desses crité rios. A lguns locais de co m p ro m etim e n to (p. ex., osso) ou padrões de co m p ro m etim en to (p. ex., in filtrad o s pu lm o n ares linfangíticos ou difusos) são c onsiderados im ensuráveis. N en h u m a resposta é com pleta sem d o c u m e n taç ão da resolução p o r biópsia, po rém as respostas parciais p o d e m excluir sua avaliação, a m enos que tenha o corrido progressão objetiva e bem definida. Os m arcadores tum orais podem ser úteis no tratam ento de d e term inados tum ores. E possível que haja dificuldade p ara avaliar com precisão a resposta à terapia. E ntretanto, alguns tum ores induzem ou desencadeiam a produção de m arcadores passíveis de m edição no soro ou na u rina e, em um dado paciente, a elevação e a redução dos níveis do m arcador geralm ente estão associadas, respectivam ente, ao aum ento e à dim inuição da carga tum oral. O Q u a d ro 81.6 apre senta alguns m arcadores tum orais clinicam ente úteis. Os m arcado res tum orais não são, em si, específicos o suficiente para perm itir o estabelecim ento de um diagnóstico de câncer; entretanto, um a vez diagnosticada u m a neoplasia que esteja com provadam ente associada a níveis elevados de um m arcador tum oral, este pode ser utilizado para avaliar a resposta ao tratam ento. O reconhecim ento e o tratam ento da depressão são com ponen tes im portantes nos cuidados ao paciente. A incidência global de depressão em indivíduos com câncer é cerca de 25%, p o dendo ser m aior naqueles m uito debilitados. Esse diagnóstico pode ser consi derado provável nos pacientes com h u m o r deprim ido (disforia) e/ou perda de interesse pelo prazer (anedonia) durante pelo m enos duas semanas. Além disso, três ou m ais dos seguintes sintom as costum am estar presentes: alteração do apetite, problem as com o sono, retardo ou agitação psicom otores, fadiga, sentim ento de culpa ou de inutili dade, incapacidade de concentração e ideação suicida. Os pacientes com esses sintom as devem ser tratados. Inicialm ente deve-se tentar o tratam ento clínico com um inibidor da recaptação de serotonina, com o a fluoxetina (10 a 20 m g/dia), a sertralina (50 a 150 m g/dia) ou a paroxetina (10 a 20 m g/dia), ou com um antidepressivo tricíclico, com o a am itriptilina (50 a 100 m g/dia) ou a desipram ina (75 a 150 m g/dia), aguardando um a reação no perío d o de 4 a 6 sem anas. A terapia efetiva deve ser m antida d urante pelo m enos 6 meses após o desaparecim ento dos sintom as. Se a terapia não for bem -sucedida, podem -se usar outras classes de antidepressivos. Além da medicação, as intervenções psicossociais podem ser benéficas, com o grupos de apoio, psicoterapia e im aginação orientada. M uitos pacientes optam po r abordagens terapêuticas não aprova das ou infundadas quando a m edicina convencional aparentem ente tem pouca probabilidade de ser curativa. Aqueles que procuram essas alternativas são frequentem ente pessoas instruídas e podem estar no início da evolução da doença. Em geral, as abordagens infundadas são apregoadas com base em fatos observados sem controle e, além de não ajudarem o paciente, podem ser prejudiciais. O m édico deve esforçar-se para m an ter um a com unicação aberta e sem preconcei tos, de m odo que os pacientes possam discutir com ele o que estão realm ente fazendo. O aparecim ento de toxicidade inesperada pode ser um a indicação de que o paciente esteja fazendo uso de algum a terapia suplementar.**
** Informações sobre métodos falaciosos podem ser obtidas junto ao National Council Against Health Fraud, Caixa Postal 1276, Loma Linda, CA 92354, ou jun to ao Center for Medicai Consumers and Health Care Information, 237 Thompson Street, New York, NY 10012.
651
QUADRO 81.6
Marcadores tumorais Câncer
Condições não neoplásicas
Gonadotropina coriônica humana
Doença trofoblástica gestacional, tumor gonadal de células germinativas
Gravidez
Calcitonina
Câncer medular da tireoide
Catecolaminas
Feocromocitoma
Marcadores tumorais Hormônios
Antígenos oncofetais Alfafetoproteína
Carcinoma hepatocelular, tumor gonadal de células germinativas
Cirrose, hepatite
Antígeno carcinoembrionário
Adenocarcinomas do colo, pâncreas, pulmão, mama, ovário
Pancreatite, hepatite, doença inflamatória intestinal, tabagismo
Enzimas Fosfatase ácida prostática
Câncer de próstata
Enolase específica dos neurônios
Câncer pulmonar de pequenas células, neuroblastoma
Desidrogenase láctica
Linfoma, sarcoma de Ewing
Hepatite, anemia hemolítica, muitas outras
Antígeno prostático específico
Câncer de próstata
Prostatite, hipertrofia prostática
Imunoglobulina monoclonal
Mieloma
Infecção, GMSI3
CA-125
Câncer ovariano, alguns linfomas
Menstruação, peritonite, gravidez
CA 19-9
Câncer do colo, pâncreas e mama
Pancreatite, colite ulcerativa
CD30
Doença de Hodgkin, linfoma anaplásico de células grandes
—
CD25
Leucemia de células pilosas, leucemia/linfoma de células T do adulto
Prostatite, hipertrofia prostática
Proteínas associadas a tumores
Oncologia e Hematologia 652
Nota: GMSI, gamopatia monoclonal de significado incerto.
■ ACOMPANHAMENTO A LONGO PRAZO E COMPLICAÇÕES TARDIAS Ao final do tratam ento, deverão ser reavaliados os locais original m ente acom etidos pelo tum or, em geral p o r m eio de radiografias ou outras técnicas de aquisição de im agem , devendo-se proceder à biópsia de qualquer anorm alidade persistente. Se a doença perdurar, a equipe m ultiprofissional irá discutir um novo plano de tratam ento. Se o paciente ficou livre da doença com o tratam ento original, inicia-se um acom panham ento regular para d etectar qualquer recidiva. Não há diretrizes consideradas ideais p ara o acom panham ento desses pacientes. D urante m uitos anos, adotou-se a rotina de acom panhar o paciente com consultas m ensais durante 6 a 12 meses, seguidas de consultas em meses alternados durante um ano; a cada 3 meses, no ano seguinte; a cada 4 meses no ano subsequente; a cada 6 m eses por m ais um ano e, po r fim, anualm ente. Em cada consulta, era solicita da um a bateria de exames laboratoriais, radiográficos e de imagem, partindo-se do princípio de que seria m elhor detectar um a doença recorrente antes que ela se tornasse sintom ática. Entretanto, quando esse procedim ento de acom panham ento foi avaliado, constatou-se que o pressuposto não era válido. Os estudos realizados com pacien tes portadores de câncer de mam a, m elanom a, câncer pulm onar, cân cer de colo e linfom a não confirm aram a noção de que as recidivas assintom áticas seriam mais facilm ente curadas pela terapia de resgate do que as recidivas sintom áticas. Tendo em vista o enorm e custo de um a bateria com pleta de exames diagnósticos e a ausência de qual quer efeito na sobrevida do paciente, novas diretrizes têm surgido propondo consultas de acom panham ento m enos freqüentes d u ra n te as quais a anam nese e o exam e físico são os principais m étodos de investigação.
À m edida que o tem po passa, a p ro babilidade de recidiva do câncer prim ário dim inui. Para m uitos tipos de câncer, um a sobrevida de 5 anos sem recidiva eqüivale à cura. E ntretanto, podem ocorrer proble m as clínicos im portantes durante o trata m ento do câncer e tais problem as devem ser abordados (Cap. 102). Alguns surgem em função da doença e outros em conse qüência do tratam ento. A com preensão desses problem as relacionados à doença e ao tratam en to pode ajudar na sua detec ção e em seu controle. Apesar dessas preocupações, a m aio ria dos pacientes que têm o câncer curado reassum e um a vida norm al.
■ TRATAMENTO DE APOIO Em m uitos aspectos, o sucesso da terapia do câncer depende do êxito do tratam ento de apoio. A incapacidade de controlar os sintom as do câncer e do seu tratam ento pode levar o paciente a abandonar a tera pia curativa. De igual im portância, o tra tam ento de apoio é um dos principais de term inantes da qualidade de vida. Mesmo quando não é possível prolongar a vida, o m édico deve lutar para preservar a quali dade de vida do paciente. As m edidas da qualidade de vida tornaram -se indicadores com uns para os desfechos esperados nas pesquisas clínicas. Além disso, o tratam en to paliativo dem onstrou ter relação custo/ efetividade positiva quando abordado de form a organizada. Um axioma da oncolo gia poderia ser: curar alguns casos, prolon gar a vida de m uitos e confortar todos.
Dor A dor ocorre com frequência variável nos pacientes com câncer: de 25 a 50% apre sentam dor na época do diagnóstico, 33% têm dor associada ao tra tam ento e em 75% dos casos ela surge com a progressão da doença. A dor pode ter várias causas. Em cerca de 70% dos casos, ela é causada pelo próprio tum or - p or invasão de ossos, nervos, vasos sanguíneos ou mucosas, ou por obstrução de um a víscera oca ou de um dueto. Em cerca de 20% dos casos, a dor está relacionada ao procedim ento cirúrgico ou clínico invasivo, ou com a lesão decorrente da irradiação (mucosite, enterite ou lesão de um plexo ou da m edula espinal) ou da quimioterapia (mucosite, neuropatia periférica, flebite, necrose assép tica da cabeça femoral induzida por esteroides). Em 10% dos pacien tes, a dor não está relacionada com o câncer ou com seu tratamento. A avaliação da dor exige investigação m etódica de sua história, localização, caráter, além dos aspectos tem porais, fatores desencadeantes e paliativos e intensidade (Cap. 11); requer ainda revisão das histórias oncológica e patológica pregressa, bem com o da história pessoal e social; e exame físico completo. Deve-se fornecer ao pacien te um a escala analógica visual com 10 divisões para que ele indique a intensidade da dor. O estado clínico costum a ser dinâm ico, exigindo reavaliações freqüentes do paciente. A terapia da d or não deve ser interrom pida enquanto sua causa estiver sendo investigada. A tualm ente, dispom os de um a variedade de recursos para ali viar a dor do câncer. Cerca de 85% dos pacientes obtêm alívio com a intervenção farm acológica. Todavia, outras m odalidades, incluindo a terapia antitum oral (com o alívio cirúrgico de obstrução, radiotera pia e tratam ento com estrôncio-89 e sam ário-153 para a dor óssea), técnicas de neuroestim ulação, analgesia regional ou procedim entos neuroablativos, são eficazes em m ais 12% dos casos. Por conseguinte, se forem instituídas m edidas apropriadas, pouquíssim os pacientes
não terão alívio adequado da dor. Para u m a abordagem m ais especí fica sobre analgesia ver o C apítulo 09.
Náusea
Derrames Pode haver acúm ulo anorm al de líquido na cavidade pleural, no pericárdio ou no peritônio. Os derram es m alignos assintom áticos talvez não requeiram tratam ento. Os derram es sintom áticos que acom pa nham tum ores que respondem à terapia sistêm ica habitualm ente não necessitam de tratam ento local, pois tam bém respondem ao tra ta m ento do tum or subjacente. Os derram es sintom áticos que ocorrem com tum ores que não respondam à terapia sistêm ica podem exigir tratam ento local em pacientes que tenham expectativa de vida de no m ínim o 6 meses. Os derram es pleurais causados p or tum ores podem ou não con ter células m alignas. O câncer de pulm ão, o câncer de m am a e os linfom as são responsáveis p o r cerca de 75% dos derram es pleurais m alignos. Sua natureza exsudativa costum a ser d e te rm in a d a pela constatação de um a razão das proteínas d erram e/soro > 0,5 ou por um a razão das desidrogenases lácticas d erram e/soro > 0,6. Q uando o distúrbio é sintom ático, em geral realiza-se a toracocentese em p ri
Nutrição O câncer e seu tratam ento podem resultar na dim inuição da inges tão de nutrientes a ponto de provocar p erda ponderai e alteração do m etabolism o interm ediário. É difícil estim ar a prevalência desse p ro blem a em razão das diversas definições para a caquexia decorrente do câncer; entretanto, a m aioria dos pacientes com doença avançada apresenta perda de peso e dim inuição do apetite. Diversos fatores derivados do tum or (p. ex., bom besina, h o rm ônio adrenocorticotrópico) e do hospedeiro (p. ex., fator de necrose tum oral, interleucinas 1 e 6, horm ônio do crescim ento) contribuem para a alteração do m etabolism o, com estabelecim ento de um círculo vicioso, em que o catabolism o proteico, a intolerância à glicose e a lipólise não podem ser revertidos pelo suprim ento de calorias. Há controvérsias sobre a m elh o r m an eira de avaliar o estado nutricional e sobre q u ando e com o intervir. Os esforços envidados para to rn ar essa avaliação objetiva têm incluído o uso de um índice nutricional prognóstico baseado nos níveis de album ina, na espes sura da prega cutânea tricipital, nos níveis de transferrina e no teste cutâneo de hipersensibilidade de tipo tardio. E ntretanto, um a abor dagem m ais sim ples tem sido definir o lim iar de intervenção n u tri cional com o um a perda de peso corporal inexplicável > 10%, níveis séricos de transferrina < 1.500 m g/L (150 m g/dL) e album ina sérica < 3 4 g/L (3,4 g/dL). A decisão é im portante, pois parece que a terapia do câncer é significativam ente m ais tóxica e m enos efetiva na presença de des nutrição. E ntretanto, ainda não está bem definido se a intervenção nutricional pode alterar a história natural. A m enos que exista algu m a patologia afetando a função de absorção do trato gastrintestinal, dá-se preferência à nutrição enteral adm inistrada p or via oral ou por sonda à suplem entação parenteral. E ntretanto, os riscos associados à sonda podem ultrapassar os benefícios. O acetato de m egestrol, um agente progestacional, tem sido recom endado com o form a de inter venção farm acológica para m elhorar o estado nutricional. As pesqui sas nessa área poderão fornecer m ais recursos no futuro, à m edida que forem elucidados os m ecanism os m ediados p or citocinas.
Abordagem ao Paciente com Câncer
Em geral, os vôm itos no paciente com câncer são causados pela qui m ioterapia (Cap. 85). Sua intensidade pode ser prevista com base nos fárm acos a serem em pregados no tratam ento. São reconhecidas três form as de vôm itos, classificadas de acordo com o m om ento em que ocorrem em relação ao estím ulo nocivo. A emese aguda, a variedade mais com um , ocorre nas prim eiras 24 h após o tratam ento. A em e se tardia surge de 1 a 7 dias após o tratam ento; é rara, m as quando presente ocorre habitualm ente após a adm inistração de cisplatina. A emese antecipada ocorre antes da adm inistração da quim ioterapia, representando um a resposta condicionada a estím ulos visuais e ol fatórios previam ente associados à adm inistração de quim ioterápicos. A emese aguda é a form a m ais b em com preendida. Os estím ulos que ativam os sinais na zona de gatilho quim iorreceptora no bulbo, no córtex cerebral e, perifericam ente, no intestino resultam na esti m ulação do centro de vôm itos do bulbo, o centro m o to r responsável pela coordenação da atividade secretora e de contração m uscular que resulta nos vôm itos. Diversos tipos de receptores participam do processo, incluindo receptores de dopam ina, serotonina, histam ina, opioides e acetilcolina. Os antagonistas do receptor da serotonina, ondansetrona e granisetrona, são os fárm acos m ais eficazes contra agentes altam ente em etogênicos, m as seu custo é m uito elevado. A exemplo da escala de analgesia, a terapia dos vôm itos deve ser individualizada, adaptando-se a cada situação. Para os agentes leve e m oderadam ente em etogênicos, a adm inistração de proclorperazi na, 5 a 10 m g VO ou 25 m g VR, tem -se m ostrado efetiva. Pode-se au m entar sua eficácia a d m in istran d o -a antes da quim ioterapia. A dexam etasona, 10 a 20 m g IV, tam bém é efetiva e pode aum entar a eficácia da proclorperazina. Para os agentes altam ente em etogênicos, com o a cisplatina, a m ecloretam ina, a dacarbazina e a estreptozocina, as associações m edicam entosas atuam m elhor, devendo-se iniciar a adm inistração 6 a 24 h antes do tratam ento. A ondansetrona, na dose de 8 m g VO, 6/6 h no dia anterior, e IV no dia da quim ioterapia, associada a 20 mg de dexam etasona IV antes da quim ioterapia, é um esquem a eficiente. O acréscim o de um aprepitante oral (antagonista do receptor da substância P /neurocinina 1) a este esquem a (125 m g no 1° dia, 80 m g no 2o e no 3o dias) reduz ainda m ais o risco de emese aguda e tardia. A exem plo da dor, é m ais fácil prevenir a em ese do que remediá-la. A emese tardia pode estar relacionada com a presença de um a inflam ação intestinal decorrente da terapia, p o dendo ser controlada com dexam etasona VO e m etoclopram ida oral, um antagonista do receptor de dopam ina que em altas doses tam bém bloqueia os recep tores de serotonina. A m elhor estratégia para prevenir a emese ante cipada consiste em controlá-la nos prim eiros ciclos da quim ioterapia para evitar que ocorra condicionam ento. Se essa m edida não tiver sucesso, o uso de antiem éticos profiláticos no dia anterior ao tra ta m ento pode ser útil. Estudos experim entais estão avaliando terapias com portam entais.
m eiro lugar. Na m aioria dos casos, verifica-se u m a m elhora sintom á tica que perdura m enos de 1 mês. É necessário recorrer à drenagem torácica com tubo se houver recidiva dos sintom as em duas semanas. O líquido é aspirado até que o fluxo seja < 100 mL em 24 h. A seguir, são infundidas 60 unidades de bleom icina ou 1 g de doxiciclina no dreno torácico em 50 mL de soro glicosado a 5%; o dreno é pinçado; o paciente é deitado nas 4 posições, sendo deixado 15 m inutos em cada um a delas; e, após 1 a 2 h, o dreno é novam ente inserido para aspiração p or m ais 24 horas. A seguir, o tubo é desconectado do aspirador e deixado para drenagem p or gravidade. Se houver m e nos de 100 mL de drenagem nas 24 h seguintes, o tubo é retirado e um a radiografia é realizada em 24 horas. Se o tubo torácico continuar drenando líquido a um a taxa inaceitavelm ente alta, pode-se repetir a esclerose. A bleom icina pode ser u m pouco m ais efetiva do que a doxiciclina, porém seu custo é m ais elevado. Em geral, a doxiciclina é o fárm aco de prim eira escolha. Se n en h u m a das duas m ostrar-se efetiva, pode-se optar pela utilização de talco. Os derram es pericárdicos sintom áticos costum am ser tratados criando-se um a janela pericárdica ou p o r descolam ento da m em bra na. Se o estado do paciente não p e rm itir a realização de um proce dim ento cirúrgico, pode-se recorrer à esclerose com doxiciclina e/ ou bleom icina. A ascite m aligna é habitualm ente tratad a com paracenteses re petidas de pequenos volum es de líquido. Se a neoplasia m aligna sub jacente não responder à terapia sistêm ica, podem -se instalar shunts peritoniovenosos. Em bora haja tem or de dissem inação de células tu m orais para a circulação, as m etástases dissem inadas são um a com plicação incom um . As principais com plicações são oclusão, extrava sam ento e sobrecarga de líquido. Os pacientes com hepatopatia grave podem evoluir com coagulação intravascular dissem inada.
Apoio psicossocial As necessidades psicossociais dos pacientes variam de acordo com sua situação. Os pacientes subm etidos a tratam en to sentem m edo,
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ansiedade e depressão. C om frequência, a autoim agem está seria m ente com prom etida em decorrência de cirurgias deform antes e de queda dos cabelos. As m ulheres que têm acesso a um aconselha m ento estético que as ajude a ter um a aparência m elhor tam bém se sentem m elhor. A perda do controle sobre o próprio tem po pode contribuir para um a sensação de vulnerabilidade. As exigências do trabalho e da família associadas àquelas do tratam ento podem criar um grande estresse. A disfunção sexual é altam ente prevalente e p re cisa ser discutida abertam ente com o paciente. Um a equipe de saúde em pática e sensível às necessidades individuais de cada paciente per m ite que haja negociação e flexibilização da conduta, desde que não se com prom eta a evolução do tratam ento. Os sobreviventes de câncer têm outros tipos de dificuldade. Os pacientes podem ter m edo associado ao térm ino de um tratam ento ao qual conjugam sua sobrevivência. É necessário que se adaptem às perdas físicas e às incapacidades, sejam elas reais ou percebidas. Os pacientes podem preocupar-se com problem as físicos insignificantes. Percebem um declínio na sua atividade ocupacional e passam a se considerar profissionais m enos requisitados. É possível que haja dis crim inação no trabalho e/ou pelas seguradoras. Eles talvez tenham dificuldades em reassum ir sua vida anterior norm al. Podem sentir-se culpados p or terem sobrevivido e ficar com um a sensação de vulne rabilidade a resfriados e outras doenças. Talvez a preocupação mais profunda e am eaçadora seja o m edo constante de recidiva (síndrom e de Dâmocles). Os pacientes que não tiveram sucesso com a terapia apresentam outros problem as relacionados com o térm ino de suas vidas.
A morte e o processo de morrer
Oncologia e Hematologia 654
As causas m ais com uns de m orte em pacientes com câncer incluem infecção (resultando em insuficiência circulatória) e as insuficiências respiratória, hepática e renal. A obstrução intestinal pode resultar em inanição e desnutrição. A doença no sistem a nervoso central pode causar convulsões, com a e hipoventilação central. Cerca de 70% dos pacientes desenvolvem dispnéia na fase p ré-term inal. E ntretanto, ge ralm ente decorrem m uitos m eses entre o diagnóstico de câncer e o aparecim ento dessas complicações, e, durante esse período, o pacien te é gravem ente afetado pela possibilidade de m orte. O cam inho do fracasso no tratam ento do câncer geralm ente ocorre em três fases. Prim eiro, há otim ism o com esperança de cura; quando o tu m o r so fre recidiva, o paciente reconhece que a doença é incurável e a tera pia paliativa é acolhida na esperança de conseguir conviver com a doença; por fim, ao vislum brar a m orte im inente, ocorre outro ajuste na percepção da realidade. O paciente im agina o pior, preparando-se para o fim de sua vida, e pode passar por vários estágios de adaptação ao diagnóstico. Essas fases incluem negação, isolam ento, raiva, barga nha, depressão, aceitação e esperança. O bviam ente, nem todos pas sam po r todos os estágios ou seguem a m esm a seqüência ou ritm o. Contudo, no acom panham ento dos casos, é im portante tentar com preender com o cada paciente foi afetado pelo diagnóstico e com o está lidando com a situação. O m elhor é falar francam ente com o paciente e sua família sobre a provável evolução da doença. Essas conversas podem ser difíceis tanto para o m édico quanto para o paciente e sua família. O m ais im portante nessa relação é assegurar ao paciente e à sua fam ília que tudo o que puder ser feito para proporcionar-lhes conforto será feito. Não serão abandonados em m om ento algum . M uitos pacientes p re ferem receber cuidados em casa ou em um a instituição, em lugar de
um hospital. O A m erican College o f Physicians publicou um livro intitulado Hom e Care Guide fo r Cancer: H ow to Care fo r Family and Friends at Home, que ensina form as de abordagem para solucionar os problem as que surgem na assistência dom iciliar. C om um plane jam ento apropriado, é possível fornecer ao paciente a assistência m é dica necessária, bem com o apoio psicológico e espiritual para evitar o sentim ento de isolam ento e a sensação de despersonalização que podem acom panhar a m orte em um hospital. A assistência a pacientes term inais po d e representar um ônus para o médico. Foi descrita um a síndrom e de “exaustão”, caracteriza da p or fadiga, afastam ento dos pacientes e colegas e perda da capaci dade de autossatisfação. Os esforços para d im inuir o estresse, m anter um a vida equilibrada e estabelecer m etas realistas podem com bater esse distúrbio.
Decisões do fim da vida Infelizm ente, nem sem pre é possível u m a tran sição suave de um tratam ento curativo para o u tro que seja apenas paliativo em razão do aparecim ento de com plicações graves relacionadas com o tra ta m ento ou a progressão rápida da doença. A credita-se que seja ju s tificável fornecer um suporte m édico vigoroso e invasivo para um a doença ou para com plicações reversíveis do tratam ento. Entretanto, se houver dúvida quanto à reversibilidade da situação, os desejos do paciente é que d eterm in arão o nível de assistência m édica. Es ses desejos devem ser revelados antes da fase term in al da doença e reavaliados periodicam ente. Pode-se obter inform ações sobre in struções antecipadas no A m erican A ssociation o f R etired Persons, 601 E Street, NW, W ashington, D C 20049, 202-434-2277 ou Choice in Dying, 250 W est 57th Street, New York, NY 10107, 212-366-5540. P ara u m a ab o rd ag e m m ais c o m p le ta so b re assistência ao doen te term in al ver o C apítulo 09.
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CAPÍ TULO
82
Prevenção e Detecção Precoce do Câncer Jennifer M. Croswell Otis W. Brawley Barnett S. Kramer Os avanços na com preensão da carcinogênese têm possibilitado que a prevenção e detecção precoce (tam bém conhecidas com o controle do câncer) expandam -se além da identificação e exclusão de carcinógenos. Os objetivos são intervenções específicas, para evitar o câncer nos indivíduos em risco e um screening eficaz p ara sua d e tecção precoce. A carcinogênese não é sim plesm ente um evento, m as sim um processo, um a série de alterações celulares e teciduais discretas ao longo do tem po, que resultam em processos celulares m ais a u tô n o mos. A prevenção trata da identificação e m anipulação dos fatores biológicos, am bientais e genéticos na via causai do câncer.
EDUCAÇÃO E HÁBITOS SAUDÁVEIS
■ ABANDONO DO TABAGISMO O tabagism o é um fator de risco im portante e m utável associado às doenças cardiovascular e pu lm o n ar e ao câncer. Os fum antes apre sentam um risco de m orte prem atura aproxim ado de 1:3 durante a vida devido ao câncer relacionado com o tabaco, à doença cardiovas cular ou à pulm onar. O tabagism o causa um m aior núm ero de m or tes p or doença cardiovascular do que o câncer. O câncer de pulm ão e os cânceres de laringe, orofaringe, esôfago, rins, bexiga, pâncreas e estômago estão relacionados com o tabaco. O núm ero de cigarros consum idos p o r dia e o nível de inalação da fum aça de cigarro correlacionam -se com o risco de m ortalidade por câncer de pulm ão. Os cigarros light e com baixo teor de alcatrão não são m ais seguros, porque os fum antes tendem a inalá-los com m aior frequência e profundidade. Os que deixam de fum ar apresentam u m a taxa de m ortalidade p or câncer pulm onar, em 10 anos, 30 a 50% m en o r do que os que continuam a fumar, a despeito do fato de que algum as m utações ge néticas induzidas p or carcinógenos persistem du ran te anos após o abandono do tabagism o. O abandono e a prevenção do tabagism o têm o potencial de salvar m ais vidas do que qualquer o u tra atividade de saúde pública. O risco do tabagism o não está restrito ao fum ante. A fum aça de tabaco no ambiente, conhecida com o fum o passivo, causa câncer de pulm ão e outras doenças cardiopulm onares em não fum antes. A prevenção do tabagism o é um a questão pediátrica. M ais de 80% dos fum antes norte-am ericanos adultos com eçaram a fum ar a n tes dos 18 anos de idade. A proxim adam ente 20% dos norte-am erica nos entre os 9 e 12 anos de idade fum aram u m cigarro no últim o mês. O aconselham ento de adolescentes e adultos jovens é fundam ental na prevenção do tabagismo. O simples conselho do m édico para não co m eçar a fum ar ou a deixar o cigarro pode ser benéfico. Os profissio nais devem inquirir seus pacientes sobre o uso do tabaco e oferecer aos fum antes, assistência para deixar o vício.
■ ATIVIDADE FÍSICA E stá associada a um a redução do risco de cânceres de colo e de m am a. U m a variedade de m ecanism os foi proposta. Porém , tais estu dos tendem a apresentar pontos de confusão, com o viés de m em ória, associação do exercício a outras práticas relacionadas com a saúde e efeitos de cânceres pré-clínicos no hábito da prática de exercícios (causalidade reversa).
■ MODIFICAÇÃO DA DIETA Estudos epidem iológicos internacionais sugerem que as dietas ricas em gordura estão associadas a u m a u m e n to do risco de câncer de m am a, colo, próstata e endom étrio. Esses cânceres apresentam inci dência e taxas de m ortalidade m ais elevadas em culturas ocidentais, onde a gordura representa, em m édia, u m terço do total de calorias consum idas. Apesar das correlações, n ão se d em o n stro u que a gordura ali m en tar causa o câncer. O s estudos epidem iológicos de casos de controle e de coortes fornecem resultados divergentes. Além disso, a dieta representa um a exposição altam ente com plexa a num erosos nutrientes e substâncias quím icas. As dietas com baixo teor de gor d ura são associadas a m uitas m udanças dietéticas além da sim ples subtração da gordura. O utras alterações no estilo de vida tam bém estão associadas à adesão a um a dieta com baixo teor de gordura. Em estudos observacionais, as fibras alim entares estão associa das a um baixo risco de desenvolvim ento de pólipos colônicos e cân cer invasivo do colo. E ntretanto, os efeitos protetores contra o câncer, pelo aum ento das fibras e redução dietética da gordura, não foram confirm ados no contexto de um estudo clínico prospectivo. Os su postos m ecanism os protetores são com plexos e especulativos. A fibra liga ácidos biliares oxidados e gera derivados solúveis da fibra, tais
Prevenção e Detecção Precoce do Câncer
A educação do público para evitar os fatores de risco identificados para o câncer e estim ular hábitos saudáveis co n trib u em p a ra a p re venção e o controle do câncer. O m édico é um m ensageiro p o d e roso nesse processo. O e n co n tro profissio n al-p acien te possibilita u m a o p o rtu n id a d e p a ra o rie n ta r os p acientes sobre os riscos do tabagism o, as características de um estilo de vida saudável, o uso de m étodos de screening aperfeiçoados e a prevenção da exposição ao sol.
As abordagens atuais para interrom per o tabagism o reconhecem que ele é um vício (Cap. 395). O fum ante que está deixando de fu m ar passa po r um processo com estágios identificáveis que incluem a ideia de deixar o cigarro, um a fase de ação em que o fum ante efeti vam ente deixa o cigarro, e um a fase de m anutenção. Os fum antes que abandonam o cigarro p or com pleto possuem m aior probabilidade de ter sucesso do que os que reduzem gradualm ente o núm ero de cigar ros consum idos ou passam a fum ar cigarros com teor m ais baixo de alcatrão ou nicotina. Mais de 90% dos n o rte-am ericanos que tive ram sucesso ao deixar de fum ar venceram po r sua própria iniciativa, sem participação em um program a organizado p ara deixar de fumar, em bora esses program as sejam úteis para alguns fum antes. O Ensaio de Intervenção C om unitária para o A bandono do Fum o (do inglês, C om m unity Intervention Trial fo r Sm oking Cessation) (CO M M IT) foi um program a de qu atro anos e m o stro u que os fum antes leves (m enos de 25 cigarros p or dia) apresentam m aior probabilidade de se beneficiarem de sim ples m ensagens e de program as para deixar de fum ar do que aqueles que não recebem intervenção algum a. A taxa de abandono foi de 30,6% no grupo da intervenção e de 27,5% no grupo controle. C ontudo, as intervenções do C O M M IT não ob tiveram sucesso com fum antes inveterados (m ais de 25 cigarros por dia), os quais podem necessitar de um program a intensivo e amplo de abandono do tabagism o, que inclui aconselham ento, estratégias com portam entais e adjuvantes farm acológicos, com o reposição de nicotina (gom as de m ascar, adesivos, sprays, pastilhas e inaladores), bupropiona e/ou vareniclina. Os riscos dos charutos à saúde são sem elhantes aos dos cigarros. O fum o de um ou dois charutos p o r dia dobra o risco de cânceres de boca e esôfago; três ou quatro charutos p o r dia aum entam o risco de câncer oral m ais de oito vezes e o de câncer esofágico quatro vezes. Os riscos do consum o eventual são desconhecidos. O tabaco que não em ite fum aça tam bém representa um risco substancial para a saúde. O fum o de m ascar é um carcinógeno asso ciado a cáries dentárias, gengivite, leucoplaquia oral e câncer de boca. Os efeitos sistêm icos do tabaco sem fum aça (incluindo o rapé) p o dem aum entar os riscos de outros cânceres. O câncer de esôfago está ligado aos carcinógenos do tabaco dissolvidos na saliva e deglutidos.
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com o o butirato, que podem ter propriedades diferenciadoras. A fi bra não aum enta o tem po do trânsito intestinal. Dietas com alto teor de fibras poderiam reduzir o risco de cânceres de m am a e próstata, pois absorvem e inativam os prom otores estrogênicos e androgênicos dietéticos do câncer. Entretanto, dois estudos de coorte prospectivos de grande porte, com m ais de 100.000 profissionais de saúde, não m ostraram qualquer associação entre a ingestão de frutas e vegetais e o risco de câncer. O Polyp Prevention Trial distribuiu aleatoriam ente 2.000 indiví duos idosos, que tiveram pólipos rem ovidos em dois grupos, um que recebeu um a dieta pobre em gordura e rica em fibras e outro subm e tido a um a dieta com um , com acom panham ento durante 4 anos. Não se observou qualquer diferença na form ação de pólipos. A pesquisa Iniciativa de Saúde da M ulher (do inglês, W om ens H e a lth In itia tiv e ), patrocinada nos Estados U nidos pelo N IH (N a tio n a l In stitu te s o f H e a lth ) e iniciada em 1994, foi um estudo clínico de longo prazo que incluiu m ais de 100.000 m ulheres de 45 a 69 anos de idade. As m ulheres foram colocadas em 22 grupos de in terv en ção. As participantes receberam suplem entos de cálcio e vitam ina D, terapia de reposição h o rm o n al e aconselham ento para au m entar a atividade física, ingerir um a dieta pobre em gordura com consum o aum entado de frutas, vegetais e fibras, e parar de fum ar. O estudo m ostrou que, em bora a ingestão dietética de gordura fosse mais baixa no grupo de intervenção da dieta, os cânceres de m am a invasivos não foram reduzidos durante um período de acom panham ento de oito anos, quando com parado com o grupo controle. N ão foi observada redução na incidência de câncer colorretal no grupo que sofreu inter venção alim entar. A diferença na gordura da dieta atingiu um a m édia de aproxim adam ente 10% entre os dois grupos. Evidências atuais não estabeleceram o valor anticarcinogênico dos suplem entos vitam ínicos, m inerais e nutricionais em quantidades superiores às fornecidas po r um a dieta balanceada.
■ EQUILÍBRIO ENERGÉTICO O risco de câncer parece aum entar à m edida que o índice de m assa corporal aum enta para m ais de 25 kg/m 2. A obesidade está associa da a um risco aum entado de cânceres de colo, m am a (m ulheres na p ós-m enopausa), endom étrio, rins (carcinom a de células renais) e de esôfago, em bora a causalidade ainda não tenha sido estabelecida. Em estudos experim entais, os riscos relativos de câncer de colo estão aum entados na obesidade em 1,5 a 2,0 para os hom ens e 1,2 a 1,5 para as m ulheres. As m ulheres obesas na pós-m enopausa apre sentam 30-50% de aum ento do risco de câncer de m am a. Um a h i pótese para explicar a associação é que o tecido adiposo sirva com o depósito para a aromatase, que facilita a produção de estrogênio.
■ EXPOSIÇÃO A0 SOL Os cânceres de pele não m elanom a (basocelulares e espinocelula res) são induzidos p or exposição cum ulativa à radiação ultravioleta (UV). A exposição aguda e interm itente ao sol e as lesões causadas pela exposição foram associadas ao m elanom a, porém as evidências são inconsistentes. As queim aduras solares, sobretudo na infância e adolescência, podem estar associadas a um aum ento do risco de m e lanom a na idade adulta. A redução da exposição ao sol m ediante o uso de roupas protetoras e m udanças nos padrões de atividades ao ar livre pode dim inuir o risco de câncer de pele. Os filtros solares dim inuem o risco de ceratose actínica, o precursor do câncer de pele espinocelular, m as o risco de m elanom a poderá não estar reduzido. Os filtros solares previnem a queim adura, porém podem estim ular um a exposição m ais prolongada ao sol e não filtrar os com prim entos de onda de energia que causam o m elanom a. As intervenções educativas para ajudar as pessoas a avaliar com exatidão o risco de desenvolver câncer de pele possuem algum im pac to. O autoexam e das características de pigm entação cutânea associa das ao câncer de pele, com o o aparecim ento de sardas, pode ser útil para identificar os indivíduos com alto risco. As pessoas que reconhe cem que estão correndo risco tendem a aderir mais às recom endações para evitar a exposição ao sol. Os fatores de risco para o desenvol vim ento de m elanom a incluem a propensão a queim aduras solares, grande núm ero de nevos melanocíticos benignos e nevos atípicos.
QUIMIOPREVENÇÃO D0 CÂNCER A quim ioprevenção envolve o uso de agentes quím icos específicos naturais ou sintéticos para reverter, suprim ir ou prevenir a carcinogê nese antes do desenvolvim ento de neoplasia m aligna invasiva. O câncer desenvolve-se em conseqüência do acúm ulo a n o rm a lidades teciduais associadas às alterações genéticas e epigenéticas que representam pontos potenciais de intervenção na prevenção do câncer. As alterações iniciais são denom inadas iniciações. A alteração pode ser herdada ou adquirida pela ação de carcinógenos físicos, in fecciosos ou químicos. Assim com o a m aioria das doenças hum anas, o câncer surge de um a interação entre genética e exposições am bien tais (Q uadro 82 .1). As influências que fazem com que a célula inicia da prossiga pelo processo carcinogênico e sofra alteração fenotípica são denom inadas p ro m o to re s, os quais incluem horm ônios, com o os androgênios, ligados ao câncer de próstata, e o estrogênio, associado aos cânceres de m am a e endom étrio. A distinção entre um iniciador
QUADRO 82.1
Carcinógenos suspeitos
1 Carcinógenos3
Câncer ou neoplasia associada
Agentes alquilantes
Leucemia mieloide aguda, câncer de bexiga
Agentes imunossupressores (azatioprina, ciclosporina, glicocorticoides)
Linfoma não Hodgkin
Álcool etílico
Cânceres de fígado, esôfago, cabeça e pescoço
Aminas aromáticas (tinturas)
Câncer de bexiga
Androgênios
Câncer de próstata
Arsênico
Cânceres de pulmão, pele
Asbestos
Cânceres de pulmão, pleura, peritônio
Benzeno
Leucemia mielocítica aguda
Cloreto de vinil (monômero)
Câncer de fígado (angiossarcoma)
Cromo
Câncer de pulmão
Dietilestilbestrol (pré-natal)
Câncer de vagina (célula clara)
Esquistossomíase
Câncer de bexiga (espinocelular)
Estrogênios
Cânceres de endométrio, fígado, mama
Fenacetina
Cânceres de pelve renal e bexiga
Gás de mostarda nitrogenada
Cânceres de pulmão, cabeça e pescoço, seios nasais
Helicobacter pylori
Câncer de estômago, linfoma gástrico MALT
Hidrocarbonetos policíclicos
Cânceres de pulmão, pele (especialmente o carcinoma espinocelular da pele escrotal)
Luz solar (UV)
Cânceres de pele (espinocelular e melanoma)
Papilomavírus humano
Cânceres de colo uterino, cabeça e pescoço
Poeira de níquel
Cânceres de pulmão, seios nasais
Radiação ionizante (terapêutica ou diagnóstica)
Mama, bexiga, tireoide, tecidos moles, osso, hematopoiético e muitos outros
Tabaco (incluindo o sem fumaça)
Cânceres de trato aerodigestivo superior, bexiga
Vírus da imunodeficiência humana
Linfoma não Hodgkin, sarcoma de Kaposi, carcinomas espinocelulares (especialmente do trato urogenital)
Vírus das hepatites B ou C
Câncer de fígado
Vírus Epstein-Barr
Linfoma de Burkitt, linfoma de célula T nasal
Vírus linfotrópico humano de células T tipo I (HTLV-1)
Leucemia/linfoma de célula T adulta
‘Agentes que, considera-se, agem como iniciadores e/ou promotores do câncer.
e um prom otor às vezes é arbitrária; alguns com ponentes da fum aça de cigarro são carcinógenos completos, que atuam com o iniciadores e prom otores. O câncer pode ser prevenido ou controlado m ediante a interferência nos fatores que causam iniciação, prom oção ou p ro gressão do câncer. Os com postos de interesse na quim ioprevenção frequentem ente possuem atividade antim utagênica, m oduladora de horm ônios, anti-in flam atória, antiproliferativa ou p ró-apoptótica (ou u m a com binação destas atividades).
■ QUIMIOPREVENÇÃO DOS CÂNCERES DO TRATO RESPIRATÓRIO-DIGESTIVO SUPERIOR O tabagism o provoca lesão epitelial difusa na cavidade oral, pescoço, esôfago e pulmão. Os pacientes curados dos cânceres epiderm oides de pulm ão, esôfago, cavidade oral e pescoço correm risco (de até 5% ao ano) de desenvolver um segundo câncer do trato aerodigestivo supe rior. O abandono do tabagism o não dim inui acentuadam ente o risco de um a segunda neoplasia maligna no paciente curado de câncer, em bora reduza o risco de câncer nos que nunca desenvolveram neoplasia maligna. O abandono do fum o pode interrom per os estágios iniciais do processo carcinogênico (com o a m etaplasia), m as pode não ter efeito algum sobre os estágios avançados da carcinogênese. Esta h i pótese de carcinogênese de campo para o câncer do trato aerodigestivo superior fez com que os pacientes curados se tornassem im portante população para a quim ioprevenção de segundas neoplasias malignas. A infecção oral pelo papilom a-vírus hum ano (HPV), particular m ente pelo H PV -16, aum enta o risco de cânceres da orofaringe. Essa associação existe m esm o na ausência de outros fatores de risco como o tabagism o ou o uso de álcool (em bora a m agnitude do risco elevado pareça m aior do que aditiva quando ambos, a infecção por HPV e o tabagismo, estão presentes). Acredita-se que a infecção oral por HPV seja amplamente adquirida por vias sexuais. A introdução da vacina do HPV poderá reduzir eventualm ente as taxas de câncer de orofaringe. A leucoplaquia oral, lesão pré-m aligna com um ente e n co n tra da em fum antes, tem sido utilizada com o m arcador interm ediário, p erm itindo a dem onstração da atividade quim iopreventiva em estu dos clínicos de m enor p orte e duração m ais curta, random izados e placebo-controlados. A resposta foi associada a um a supra-regulação do receptor (3 do ácido retinoico (RAR-£). A terapia com doses al tas, relativam ente tóxicas de isotretinoína (13-ds-ácido retinoico), produz regressão da leucoplaquia oral. E ntretanto, as lesões sofrem recidivas quando a terapia é suspensa, sugerindo a necessidade de adm inistração a longo prazo. Doses m ais toleráveis de isotretinoína não apresentaram benefício com provado na prevenção dos cânceres de cabeça e pescoço. A isotretinoína tam bém falhou na prevenção de segundas neoplasias m alignas em pacientes curados de câncer de pulm ão de células não pequenas em estágio inicial; as taxas de m o r talidade na verdade aum entaram nos fum antes correntes. Diversos estudos clínicos em larga escala avaliaram os agentes utilizados na quim ioprevenção do câncer de p ulm ão em pacientes de alto risco. No Ensaio de Prevenção do C âncer de Pulm ão p or a-T ocopherol/(3-C arotene (ATBC), os participantes eram hom ens fum antes, com 50 a 69 anos de idade à adm issão. Os participantes haviam fum ado, em m édia, um m aço de cigarros p o r dia durante 35,9 anos. Receberam ot-tocoferol, b etacaroteno e/o u placebo em um esquem a fatorial dois-por-dois random izado. D epois de um acom panham ento m ediano de 6,1 anos, constatou-se um aum ento estatisticam ente significativo na incidência e na taxa de m ortalidade p o r câncer de pulm ão nos que estavam recebendo betacaroteno. O a-tocoferol não teve efeito sobre a taxa de m ortalidade p or câncer de pulm ão, nem foram encontradas evidências sugerindo um a in te ra ção entre os dois fárm acos. Os pacientes que receberam a-tocoferol tiveram m aior incidência de acidente vascular cerebral hem orrágico. O Ensaio de Eficácia do (3-Caroteno e R etinol (CARET) envol veu 17.000 fum antes e trabalhadores norte-am ericanos expostos ao asbesto, os quais foram distribuídos aleatoriam ente em grupos e re ceberam betacaroteno, retinol e/ou placebo em um esquem a fatorial dois-por-dois. Esse estudo clínico tam bém d em o n stro u um efeito prejudicial do betacaroteno: um a taxa de câncer p u lm o n ar de 5 em 1.000 indivíduos por ano, entre os indivíduos que receberam placebo e 6 em 1.000 por ano nos que tom aram betacaroteno.
Os resultados do ATBC e CARET m ostram a im portância em testar as hipóteses de quim ioprevenção criteriosam ente antes de sua am pla im plem entação, visto que os resultados contradizem diversos estudos observacionais. O Ensaio de Saúde dos M édicos não d e m o nstrou qualquer alteração no risco de câncer pulm onar nos que utilizaram betacaroteno; entretanto, um núm ero m en o r de partici pantes era constituído de fum antes em com paração com os dos estu dos ATBC e CARET.
■ QUIMIOPREVENÇÃO D0 CÂNCER DE COLO M uitos dos estudos clínicos sobre a prevenção do câncer de colo baseiam -se na prem issa de que a m aioria dos cânceres colorretais desenvolve-se a partir de pólipos adenom atosos. Tais estudos clínicos utilizam a recidiva ou o desaparecim ento do adenom a com o desfe cho substituto (ainda não validados) p ara a prevenção do câncer de colo. Os prim eiros resultados desses estudos clínicos sugerem que os anti-inflam atórios não esteroides (AINEs), com o o piroxicam , sulindaco e ácido acetilsalicílico, podem evitar a form ação de adenom a ou causar a regressão dos pólipos adenom atosos. No entanto, o m eca nism o de ação dos AINEs é desconhecido, m as se presum e que esses fárm acos possam atuar através da via da ciclo-oxigenase. Achados conjuntos de estudos investigacionais em coortes dem onstram um a redução relativa na incidência de câncer colorretal de aproxim ada m ente 22% e um a redução relativa na incidência de adenom a color retal em torno de 28%, com o uso regular do ácido acetilsalicílico; entretanto, em dois ensaios random izados controlados (o Ensaio de Saúde dos M édicos e o Ensaio de Saúde das M ulheres), o ácido ace tilsalicílico não apresentou efeito sobre a incidência de câncer de colo ou adenom a em indivíduos sem h istória prévia de lesões colônicas, com até dez anos de terapia. Os ensaios controlados random izados m ostraram um a redução do risco relativo de aproxim adam ente 18% para a incidência de adenom a de colo em indivíduos com um a histó ria prévia de adenom as após um ano de terapia. Os inibidores da ciclo-oxigenase 2 (COX-2) tam bém tem sido considerados para os casos de câncer colorretal e para a prevenção de pólipos. Experim entos com inibidores da COX-2 foram iniciados, porém foi observado um risco aum entado de eventos cardiovascula res naqueles que estavam recebendo estes com postos, sugerindo que estes não sejam adequados para quim ioprevenção na população geral. Os estudos epidem iológicos sugerem que as dietas ricas em cál cio dim inuem o risco de câncer de colo. O cálcio liga-se à bile e aos ácidos graxos, que causam a proliferação do epitélio colônico. For m ulou-se a hipótese de que o cálcio reduz a exposição intralum inal a esses com postos. O Estudo de Prevenção de Pólipos e Cálcio, c ontro lado e random izado, m ostrou que a suplem entação de cálcio dim inui o risco absoluto de recidiva dos pólipos adenom atosos em cerca de 7% em quatro anos; um acom p an h am en to estendido dem onstrou um a redução do risco absoluto de 12%, cinco anos após a interrupção do tratam ento. Entretanto, no estudo Iniciativa de Saúde das M ulhe res, o uso com binado de carbonato de cálcio e vitam ina D duas vezes ao dia não reduziu a incidência de câncer colorretal invasivo, quando com parado, após sete anos, com o grupo que recebeu placebo. O estudo Iniciativa de Saúde das M ulheres d e m onstrou que as m ulheres na pós-m enopausa, que receberam estrogênio e progestina apresentaram um risco 44% m enor de câncer colorretal quando com paradas com as m ulheres que tom aram placebo. Nas m ais de 16.600 m ulheres random izadas e acom panhadas p o r um período m ediano de 5,6 anos, ocorreram 43 cânceres colorretais invasivos no grupo tratado com horm ônios e 72 no grupo-placebo. O efeito positivo no câncer de colo é suavizado pelo m odesto aum ento dos riscos cardio vasculares e de câncer de m am a associados à terapia com binada de estrogênio e progestina. Um estudo de casos controle sugeriu que as estatinas reduzem a incidência de câncer colorretal; entretanto, diversos casos controle e estudos subsequentes em coortes não dem onstraram um a associação entre o uso regular de estatina e um risco reduzido de câncer colorre tal. N enhum ensaio controlado random izado estudou essa hipótese. Um a m etanálise do uso da estatina não m ostrou nenhum efeito p ro tetor deste fárm aco na incidência geral de câncer ou na ocorrência do óbito.
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■ QUIMIOPREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA O tam oxifeno é um antiestrogênio com atividade agonista estrogênica p a rd a l em alguns tecidos, com o o e ndom étrio e o osso. U m a de suas ações é a supra-regulação do fator de crescim ento transfor m ador 3 (TGF-P), que dim inui a proliferação das células m am árias. Em estudos clínicos random izados placebo-controlados para avaliar o tam oxifeno com o adjuvante no tratam ento do câncer de m am a, ele reduziu em m ais de 33% o núm ero de novos cânceres na m am a ilesa. Em um estudo clínico de prevenção random izado placebo-controlado, que envolveu m ais de 13.000 m ulheres em alto risco, o tam oxife no dim inuiu o risco de desenvolvim ento de câncer de m am a em 49% (de 43,4 para 22,0 p or 1.000 m ulheres) após um acom panham ento m édio de aproxim adam ente 6 anos. O tam oxifeno tam bém reduziu as fraturas ósseas; constatou-se u m pequeno aum ento no risco de câncer endom etrial, acidente vascular cerebral, em bolia p ulm onar e trom bose venosa profunda. O Estudo Internacional de Intervenção no Câncer de M am a (IBIS-I) e o Estudo Italiano R andom izado de Prevenção pelo Tamoxifeno tam bém dem onstraram um a redução na incidência de câncer de m am a com o uso deste últim o. O tam oxifeno foi aprovado nos Estados U nidos pelo Food and D rug A dm inistration para a redução do câncer de m am a em m ulheres com alto risco para a doença (1,66% em 5 anos com base n o m odelo de risco de Gail: http://w w w . nci. nih.gov/cancertopics/pdq/genetics/breast-and-ovarian/healthprofessional#Section_66). Um estudo que com parou o tam oxifeno com outro m odulador seletivo do receptor do estrogênio, o raloxifeno, m ostrou que o úl tim o é com parável ao prim eiro em term os de prevenção do câncer. Este estudo incluiu apenas m ulheres no período pós-m enopausa. O raloxifeno, em com paração com o tam oxifeno, foi associado a um câncer de m am a m enos invasivo; tais fárm acos são sem elhantes quanto aos demais efeitos adversos, com o riscos para a contração de outros cânceres, fraturas, doença cardíaca isquêm ica e AVE. Pelo fato de os inibidores de arom atases serem ainda m ais efetivos do que o tam oxifeno na terapia adjuvante do câncer de m am a, espera-se que tam bém o sejam na prevenção do câncer de m am a. E ntretanto, ainda não há dados disponíveis sobre este assunto.
■ QUIMIOPREVENÇÃO D0 CÂNCER DE PRÓSTATA A finasterida é um inibidor da 5-a-redutase, inibindo a conversão da testosterona em dihidrotestosterona (D H T), um potente estim ulador da proliferação das células da próstata. O Estudo de Prevenção do C âncer de Próstata (PCPT) designou, aleatoriam ente, hom ens com 55 anos de idade ou mais com u m risco m édio para o câncer de prós tata, a tom arem finasterida ou placebo. Todos os hom ens participan tes do ensaio estavam sendo regularm ente avaliados quanto aos seus níveis de PSA e exames de toque retal. Após sete anos de terapia, a incidência do câncer de próstata foi de 18,4% no grupo da finasterida e de 24,8% no grupo-placebo, um a diferença estatisticam ente signi ficativa. Entretanto, o grupo que recebeu finasterida apresentou mais pacientes com tum ores com escore de Gleason de 7 ou mais, quando com parados com os do grupo-placebo (6,4 versus 5,1%). C ontudo, a significância clínica deste achado, se existe, é desconhecida. O au m ento observado nos tum ores de alto grau foi falso e provavelmente devido a um a sensibilidade aum entada dos exames de PSA e de toque retal em hom ens que estavam sendo tratados com finasterida. O utro inibidor da 5-a-redutase, a dutasterida, tam bém tem sido avaliado com o agente preventivo para o câncer de próstata. O estu do de Redução dos Eventos de Câncer de Próstata pela D utasterida (REDUCE) foi um ensaio random izado duplo-cego no qual aproxi m adam ente 8.200 hom ens, com um PSA elevado (2,5-10 ng/m L para hom ens entre 50 a 60 anos e 3-10 ng/m L para hom ens com 60 anos ou m ais) e um a biópsia de próstata negativa, receberam doses d iá rias de 0,5 m g de dutasterida ou placebo. Um resultado prelim inar deste ensaio m ostrou um a redução significativa do risco relativo de 23% na incidência do câncer de próstata detectado p o r biópsia, no grupo que recebeu tratam ento com dutasterida p o r quatro anos (659 casos versus 857 casos, respectivam ente). D iferentem ente do PCPT, n enhum a diferença foi observada nas taxas de câncer de próstata de alto grau. C om o todos os hom ens em am bos os ensaios realizaram exames preventivos e com o o screening aproxim adam ente dobra a
redução da taxa de câncer de próstata, não se sabe se a finasterida ou a dutasterida dim inui o risco de câncer de próstata em hom ens que não estejam sendo avaliados. D iversos estudos experim entais e laboratoriais favoráveis le varam à avaliação form al do selênio e do a-to co fero l (vitam ina E) com o potenciais agentes preventivos do câncer de próstata. O Estudo de Prevenção de C âncer p o r Selênio e V itam ina E (SELECT) anali sou 35.533 hom ens divididos em quatro grupos, recebendo 200 p,g/ dia de selênio, 400 U l/d ia de a-tocoferol, selênio m ais vitam ina E ou placebo. Após um acom panham ento m édio de 5,5 anos, não foram observadas diferenças significativas na taxa de incidência do câncer de próstata em qualquer grupo. Na verdade, em com paração com o grupo que recebeu placebo, foi observada um a tendência para um risco aum entado em desenvolver câncer de próstata nos indivíduos que receberam apenas v itam ina E (taxa de risco 1,13, intervalo de confiança 95%, 0,99 a 1,29).
■ VACINAS E PREVENÇÃO D0 CÂNCER N um erosos agentes infecciosos causam câncer. As hepatites B e C estão ligadas ao câncer de fígado, alguns tipos de papilom a-vírus h u m ano (HPV) estão ligados aos cânceres de colo uterino bem com o de cabeça e pescoço, e o Helicobacter pylori está associado ao adeno carcinom a gástrico e ao linfom a gástrico. As vacinas que protegem contra estes agentes p odem reduzir o risco de cânceres associados. A vacina anti-hepatite B é eficaz na prevenção da hepatite e dos hepatom as causados p o r infecção crônica pelo vírus da hepatite B. As autoridades de saúde pública estão estim ulando a adm inistração dissem inada da vacina an ti-hepatite B, sobretudo na Ásia, onde a doença é epidêmica. Uma vacina tetravalente anti-H PV cobrindo os subtipos 6, 11, 16 e 18 e um a vacina bivalente (cobrindo os sub-tipos de HPV 16 e 18) estão disponíveis para uso nos Estados Unidos. Os tipos de HPV 16 e 18 causam câncer cervical e os tipos 6 e 11 causam papilom as genitais. No caso de m ulheres que não foram infectadas previam ente com estes subtipos, as vacinas dem onstram alta eficiência na prevenção de in fecções persistentes de HPV cepa-específicas. Ensaios que avaliaram a capacidade das vacinas em prevenir o câncer cervical se basearam em avaliações de resultados representativos [neoplasia intraepitelial cer vical (CIN) I, II e III] e nenhum caso de câncer cervical foi observado em ambos os grupos, controle e vacinado. As vacinas não parecem ter impacto sobre infecções preexistentes; a eficiência foi bastante inferior nas populações que foram previam ente expostas aos tipos de HPV es pecíficos das vacinas. A vacina é recom endada às m eninas e mulheres entre os 9 e 26 anos de idade. A redução destes tipos de HPV pode evitar mais de 70% dos cânceres de colo uterino em todo o m undo.
PREVENÇÃO CIRÚRGICA D0 CÂNCER Certos órgãos em alguns indivíduos estão sob risco tão elevado de cân cer que se pode considerar a sua remoção. As m ulheres com displasia grave do colo uterino precisam ser tratadas com conização e, às vezes, até com esterectomia. Recorre-se à colectom ia para prevenir o câncer de colo nos pacientes com polipose familiar ou colite ulcerativa. A m astectom ia bilateral profilática pode ser escolhida para a p re venção do câncer de m am a entre m ulheres com predisposição gené tica para este tipo de câncer. Em um a série prospectiva de 139 m ulhe res com m utações de BRCA1 e BRCA2, 76 escolheram subm eter-se à m astectom ia profilática, e 63 à vigilância rigorosa. Em três anos, nenhum caso de câncer de m am a foi diagnosticado nas que op ta ram pela cirurgia, porém oito pertencentes ao grupo de vigilância desenvolveram câncer de m am a. U m estudo retrospectivo realizado em um a coorte de m aior p orte (n = 639) relatou que três pacientes desenvolveram câncer de m am a após m astectom ia profilática, com parados com um a incidência esperada de 30-53 casos: um a redução de 90-94% no risco de câncer de m am a. O efeito do procedim ento sobre a m ortalidade é desconhecido. A ooforectom ia profilática tam bém pode ser em pregada na pre venção dos cânceres de ovário e m am a entre as m ulheres em alto risco. Um estudo de caso controle de m ulheres com m utações em BRCA1 ou BRCA2 m ostrou que 6 (2,8%) das 259 m ulheres que sofre ram ooforectom ia profilática bilateral apresentaram câncer de ovário
de estágio I, no m om ento da cirurgia e 2 (0,8%) desenvolveram car cinom a peritoneal seroso papilar ao longo de nove anos. Em com pa ração, 58 (19,9%) das 292 m ulheres do grupo controle desenvolver câncer de ovário: essa incidência corresponde a um a redução de risco relativo de 96% p ara o câncer de ovário com o uso da cirurgia profilática. E studos de ooforectom ia profilática para a prevenção do câncer de m am a em m ulheres com m utações genéticas m ostraram reduções do risco relativo de aproxim adam ente 50%. N o m om ento, todas as evidências em relação ao uso de m astec tom ia e ooforectom ia profiláticas para os cânceres de m am a e ovário em m ulheres com alto risco têm sido de natureza experim ental; tais estudos estão propensos a sofrer diversas influências, incluindo a se leção de casos, a relação fam iliar entre pacientes e indivíduos co n trole e a inform ação inadequada sobre o uso do horm ônio. Portanto, eles podem superestim ar a m agnitude do benefício.
■ SCREENING DO CÂNCER O screening é um a form a de detectar um a doença incipiente em in divíduos assintom áticos, com o objetivo de dim inuir a m orbidade e a m ortalidade. E m bora tenha o potencial de reduzir os óbitos espe cificam ente causados pela doença, o que já foi com provado no caso dos cânceres de colo uterino, colo e m am a, o screening tam bém está sujeito a num erosos vieses que podem sugerir u m benefício onde, na verdade, não há. Os vieses podem até encobrir um efeito prejudicial. A detecção precoce não traz em si qualquer benefício. Para ter valor, o screening deve detectar a doença em seu estágio m ais inicial, e o tra tam ento da doença incipiente deve produzir m elhores resultados do que o instituído p or ocasião do aparecim ento dos sintom as. A taxa de m ortalidade relacionada com a causa específica, m ais que a sobrevida após o diagnóstico, é o desfecho preferido (ver adiante). Com o é efetuado em indivíduos sadios e assintom áticos, o scre ening deve oferecer um a probabilidade substancial de trazer um b e nefício m aior que o dano. Os testes de screening e seu uso apropriado devem ser cuidadosam ente avaliados antes de estim ular o uso disse m inado em program as com o m edida de saúde pública. U m grande e crescente núm ero de m utações genéticas e polim or fism os de nucleotídios tem sido associado a um risco aum entado de câncer. O screening destas m utações genéticas poderá, em teoria, d e finir um a população de alto risco. Entretanto, a m aioria das m utações identificadas apresenta um a p enetrância m uito baixa e fornece in d i vidualm ente um a precisão preventiva m ínim a. A capacidade de p re dizer o desenvolvim ento de determ inado câncer poderá, algum dia, p roporcionar opções terapêuticas, bem com o dilem as éticos. Por fim, p o d erá p erm itir a intervenção precoce para prevenir um câncer ou lim itar sua gravidade. Os indivíduos de alto risco podem ser candida tos ideais à quim ioprevenção e ao screening; entretanto, é necessário investigar a eficácia dessas intervenções na população de alto risco. A tualm ente, os indivíduos sob alto risco de um determ inado câncer podem participar de um screening intensivo. Mas, em bora esse cam i n h o seja clinicam ente racional, não se sabe se consegue salvar vidas em tais populações.
A precisão do screening São utilizados quatro índices para descrever a precisão, ou capacida de de discrim inar um a doença, de um teste de screening: sensibilida de, especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo (Q u a d ro 82.2). A sensibilidade, tam bém cham ada de taxa verdadei ra positiva, refere-se à proporção de indivíduos que apresentam a doença e acusam teste positivo (isto é, refere-se à capacidade do teste em detectar um a doença quando presente). A especificidade, ou 1 - a taxa de falsos positivos, refere-se à proporção de indivíduos que não apresentam a doença cujo screening é negativo (isto é, capacidade de u m teste de identificar corretam ente que a ausência da doença). O valor preditivo positivo refere-se à proporção de indivíduos com teste positivo que realm ente apresentam a doença. De m odo sem elhante, o valor preditivo negativo refere-se à proporção de indivíduos com teste negativo que não apresentam a doença. A sensibilidade e espe cificidade de um teste são independentes da prevalência (ou risco) subjacente da doença na população subm etida ao screening, m as os valores preditivos dependem fortem ente da prevalência da doença.
QUADRO 82.2 Avaliação do valor de um exame diagnóstico3 Condição presente
Condição ausente
Exame positivo Exame negativo a= b= cd=
verdadeiro positivo falso positivo falso negativo verdadeiro negativo
Sensibilidade
A proporção de pessoas com a condição que apresentam resultado positivo: a/(a + c)
Especificidade
A proporção de pessoas sem a condição que apresentam resultado negativo: d/(b + d)
Valor preditivo positivo (VPP)
A proporção de pessoas com um exame positivo que têm a condição: a/(a + b)
Valor preditivo negativo
A proporção de pessoas com um exame negativo que não têm a condição: d/(c + d)
A prevalência, sensibilidade e especificidade determinam VPP v p p _ _________________ prevalência x sensibilidade__________________ (prevalência x sensibilidade) + (1 - prevalência) (1 - especificidade) aPara as doenças de baixa prevalência, tais como o câncer, a especificidade precária tem um efeito adverso drástico no VPP de forma que apenas uma pequena fração de exames positivos é verdadeira positiva.
O screening é m ais benéfico, eficiente e econôm ico quando a doença-alvo é com um na população que está sendo exam inada. Para ser valioso, o teste de screening deve ter alta especificidade; a sensibi lidade não precisa ser m uito alta.
Vieses potenciais dos testes de screening Os vieses comuns do screening incluem o de avanço, amostragem com viés de duração e seleção. Estes vieses podem fazer que um teste de scre ening pareça ser benéfico quando, na verdade, não o é (podendo m es mo causar efeito prejudicial). Seja benéfica ou não, o screening pode dar a falsa impressão de um a epidemia po r aum entar o núm ero de cânceres diagnosticados. Também produz m udança na proporção de pacientes diagnosticados em um estágio precoce e aum enta as estatísticas de so brevida sem reduzir a m ortalidade (isto é, o núm ero de mortes decor rentes de determ inado câncer com relação ao núm ero de indivíduos que correm risco de desenvolvê-lo). Neste caso, a duração aparente da sobrevida (m edida a partir da data do diagnóstico) aumenta, sem que vidas sejam salvas ou que haja qualquer m udança na esperança de vida. O viés de avanço ocorre quando um teste não influencia a histó ria natural da doença; o paciente é apenas diagnosticado mais cedo. Q uando o viés de avanço ocorre, a sobrevida parece estar aum entada, porém a vida, na verdade, não é prolongada. O teste de screening ape nas prolonga o tem po durante o qual o indivíduo tem conhecim ento da doença e passa a ser considerado um paciente. O viés de duração ocorre porque os testes de screening podem em geral detectar mais facilmente os cânceres m enos agressivos e de cres cimento lento. Os cânceres diagnosticados devido ao aparecimento de sintomas entre screenings program ados são, em média, mais agressivos, e os resultados do tratam ento, m enos favoráveis. Uma form a extrema de viés de duração denom ina-se diagnóstico excessivo, a detecção de pseudodoença. O reservatório de alguns tum ores de crescimento lento não detectados é grande. Muitos desses tum ores atendem aos critérios histológicos de câncer, mas nunca se tornarão clinicamente significati vos nem causarão morte. Este problem a é complicado pelo fato de que os cânceres mais com uns aparecem mais frequentem ente em idades em que outras causas de m orte são mais freqüentes. O viés de seleção deve ser considerado na avaliação dos resulta dos de qualquer m étodo de screening. A população que tem mais p ro babilidade de procurar um screening pode diferir da população geral à qual o teste se destinaria. Em geral, os voluntários para estudos têm mais consciência da im portância da saúde e tendem a apresentar m e lhor prognóstico ou m enor taxa de m ortalidade independentem ente do resultado do screening. Essa situação é conhecida com o efeito do voluntário sadio.
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Desvantagens potenciais do screening Os riscos associados ao screening consistem em danos causados pela própria intervenção, prejuízos decorrentes da investigação adicio nal de indivíduos com resultados positivos (tanto verdadeiros p o sitivos quanto falsos positivos) e o efeito prejudicial do tratam ento de indivíduos com resultado verdadeiro positivo, m esm o se a vida for prolongada pelo tratam ento. O diagnóstico e o tratam en to dos cânceres que nunca teriam causado problem as clínicos podem estar associados ao prejuízo de um tratam ento desnecessário e geração de ansiedade no paciente diante de um diagnóstico de câncer. O im pac to psicossocial do screening do câncer tam bém pode ser significativo quando aplicado à população geral.
Avaliação dos testes de screening
Oncologia e Hematologia
U m bom planejam ento para o estudo clínico pode evitar alguns vie ses do screening e m ostrar os riscos e benefícios relativos a este. Um estudo clínico de screening random izado e controlado, em que o des fecho é a m ortalidade p o r causa específica, proporciona o suporte mais consistente para um a intervenção de screening. A m ortalidade total tam bém deve ser relatada para detectar um efeito adverso do screening e do tratam ento, em desfechos de outras doenças (p. ex., doença cardiovascular). Em um estudo clínico random izado, duas populações sem elhantes são recrutadas aleatoriam ente. Um a delas recebe assistência padrão norm al (que pode não envolver screening algum ), enquanto a outra recebe a intervenção de screening que está sendo avaliada. As duas populações são com paradas no decorrer do tem po. A eficácia para a população estudada é estabelecida quando o grupo subm etido ao teste de screening apresenta u m a m elhor taxa de m ortalidade p or causa específica do que a do grupo de c o n tro le. Os estudos que m ostram um a redução na incidência de doença em estágio avançado, aum ento da sobrevida ou m udança de estágio constituem um a evidência m ais fraca (e talvez enganosa) de benefí cio. Esses últim os critérios são necessários, porém insuficientes, para estabelecer o valor de um teste de screening. E m bora um estudo clínico de screening random izado e controla do forneça as evidências m ais consistentes para confirm ar um teste de screening, ele não é perfeito. A m enos que esteja baseado em um a população, não elim ina a questão da generalidade da população-alvo. Os estudos clínicos de screening geralm ente envolvem m ilhares de in divíduos e têm duração de vários anos. Por conseguinte, são frequen tem ente utilizados planos de estudo m enos definitivos para estim ar a eficácia das práticas de screening. E ntretanto, toda a elaboração do estudo não random izado está sujeita a fortes controvérsias. Em ordem decrescente de im portância, tam bém é possível o b ter evidências a p a rtir dos achados de estudos clínicos controlados internam ente que utilizam m étodos de alocação para intervenções diferentes da random ização (p. ex., alocação d eterm inada pela data de nascim ento, data da consulta); os achados de estudos observacio nais analíticos de coortes ou casos de controle; ou os resultados de m últiplos estudos seriados com ou sem intervenção.
S creening de cânceres específicos O screening am plo para os cânceres de colo uterino, colo e m am a é benéfico para determ inadas faixas etárias. D iversas organizações consideraram a possibilidade de apoiar ou não o uso rotineiro de cer tos testes de screening. Com o não em pregaram os m esm os critérios para determ inar se um teste deve ser aprovado, esses grupos fizeram recom endações diferentes. A Sociedade A m ericana de C âncer (ACS) e a Força Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados U nidos (USPSTF) publicam diretrizes de conduta para o screening (Q u ad ro 82.3); o Colégio A m ericano de M édicos (ACP) e a A cadem ia A m ericana de Praticantes de Família (AAFP) geralm ente seguem /endossam as recom endações da USPSTF. A vigilância especial daqueles com alto risco para um câncer específico devido à história fam iliar ou fator de risco genético pode ser prudente, m as poucos estudos avaliaram sua influência na m ortalidade.
Câncer de mama O autoexam e da m am a, o exame clínico da m am a p o r um profissional de saúde, a m am ografia e a RM vêm sendo varia velm ente defendidos com o recursos de screening úteis.
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Vários estudos clínicos sugeriram que o screening anual ou bienal com m am ografia isolada, ou com m am ografia m ais exam e clínico, das m am as em m ulheres de risco norm al com m ais de 50 anos de idade reduz a m ortalidade p o r câncer de m am a. Mas, cada estudo foi criticado p or falhas no seu desenho. N a m aioria dos estudos, a taxa de m ortalidade p or câncer de m am a dim inuiu em 15 a 30%. Os espe cialistas discordam a respeito do screening regular de m ulheres entre os 40 e 49 anos de idade com risco m édio (Q uadro 82.3). O Estudo sobre as Faixas Etárias do Reino Unido, o único ensaio random izado de screening de câncer de m am a para avaliar especificam ente o im pacto da m am ografia em m ulheres com idade entre 40-49 anos, não observou diferenças estatisticam ente significativas na m ortalidade do câncer de m am a entre as m ulheres subm etidas ao procedim ento e as do grupo controle, após 11 anos de acom panham ento (taxa de ris co 0,83, intervalo de confiança 95%, 0,66 a 1,04); entretanto, m enos de 70% das m ulheres do grupo que receberam intervenção se subm e teram ao procedim ento, diluindo potencialm ente o efeito observado. Um a m eta-análise de oito grandes estudos random izados m ostrou um a redução relativa de 15% na m ortalidade (TR 0,85; IC 95%, 0,75 a 0,96) pelo uso da m am ografia em m ulheres entre 39 a 49 anos de idade, após 11 a 20 anos de acom panham ento. Isso é equivalente a se convidar um núm ero de 1.904 m ulheres para se subm eter ao p ro cedim ento durante dez anos, para atingir a prevenção de um óbito p or câncer de m am a. Ao m esm o tem po, quase m etade das m ulheres entre os 40 a 49 anos de idade subm etidas anualm ente ao screening apresentará m am ografias falso-positivas, exigindo m aior avaliação, incluindo m uitas vezes um a biópsia. As estim ativas de diagnósticos excessivos vão de 10 a 40% dos cânceres invasivos diagnosticados. N enhum estudo de autoexam e das m am as dem onstrou a re d u ção da m ortalidade. Um estudo controlado random izado de aproxi m adam ente 266.000 m ulheres chinesas não encontrou diferenças na m ortalidade entre um grupo que recebeu exaustivas instruções para autoexam e de m am a e reforços e o grupo controle, em 10 anos de acom panham ento. Entretanto, um núm ero m aior de lesões benignas de m am a foram descobertas e foi realizada um a m aior quantidade de biópsias de m am a no grupo que fez autoexam e. O screening genético das m utações de BRCA1 e BRCA2, bem com o outros m arcadores do risco de câncer de m am a, identificou u m grupo de m ulheres sob alto risco de câncer de m am a. Infeliz m ente, não se definiu o m om ento inicial e a frequência ideal do screening. A m am ografia é m enos sensível na detecção do câncer de m am a nas m ulheres com m utações de BRCA1 e BRCA2, possi velm ente porque tais cânceres acom etem m ulheres m ais jovens, nas quais se sabe que a m am ografia é m enos sensível. O screening com RM pode ser m ais sensível do que a m am ografia em m ulheres com alto risco devido à prediposição genética ou em m ulheres com m a m as densas, porém a especificidade p o d erá ser inferior. Um aum en to no diagnóstico superestim ado p oderá a com panhar a m aior sen sibilidade. O im pacto da RM n a m ortalid ad e p o r câncer de m am a com ou sem uso concom itante de m am ografia não foi avaliado em um ensaio controlado random izado.
Câncer de colo uterino
O screening com o exame preventivo diminui a m ortalidade por câncer de colo uterino. A taxa de m ortalidade por esse câncer caiu significativamente desde o uso do exame preventivo. As di retrizes para o screening recom endam o exame preventivo regular para todas as mulheres que tenham completado 21 anos de idade; algumas organizações defendem o início mais precoce dependendo da história sexual. Com o início da atividade sexual, surge o risco de transmissão sexual do HPV, o fator etiológico mais com um do câncer de colo ute rino. O intervalo recom endado para o screening e exame preventivo varia de 1 a 3 anos. Aos 30 anos de idade, as m ulheres que tiveram três exames norm ais sucessivos podem passar a se subm eter ao screening a cada 2 a 3 anos. Não se sabe se há um a idade-lim ite m áxim a em que o screening deixa de ser eficaz, mas as mulheres com 65 a 70 anos de idade ou mais sem resultados anorm ais nos últim os 10 anos podem escolher interrom pê-lo. O procedim ento deve ser interrom pido em m ulheres que sofreram esterectomia por motivos não ligados ao câncer. E m bora a eficácia do exam e preventivo em re d u zir a m o rta li dade p o r câncer de colo u terin o n u n c a ten h a sido co n firm ad a d i
QUADRO 82.3
Recomendações de screening para os indivíduos de risco normal assintomáticosa
Exame ou procedimento Sigmoidoscopia
USPSTF
ACS
Adultos 50-75 anos: cada 5 anos (“A” )b
Adultos > 50 anos: screening a cada 5 anos
Adultos 76-85 anos: “ C” Adultos > 85 anos: “ D” Pesquisa de sangue oculto nas fezes (FOBT)
Adultos 50-75 anos: anualmente (“A” )
Colonoscopia
Adultos 50-75 anos: cada 10 anos C‘A”)b
Adultos > 50 anos: screening a cada ano
Adultos 76-85 anos: “ C” Adultos > 85 anos: “ D” Adultos > 50 anos: screening a cada 10 anos
Adultos 76-85 anos: “ C” Adultos > 85 anos: “ D” Teste de DNA fecal
T
Adultos > 50: screening com intervalo incerto
Teste imunoquímico fecal (FIT)
T
Adultos > 50: screening a cada ano
Colonografia por TC
“ I”
Adultos > 50: screening a cada 5 anos
Exame de toque retal (TR)
Nenhuma recomendação
Homens > 50 anos, com uma expectativa de vida de 10 anos; homens > 45 anos, se afro-americanos ou homens com um parente de primeiro grau dignosticado com câncer de próstata e < 65 anos; â 40 anos, caso tenha vários parentes com câncer de próstata e < 65 anos: discutir e oferecer (com o teste de PSA) anualmente
Antígeno prostático específico (PSA)
Homens < 75 anos: “ I”
Semelhante ao TR
Homens > 75 anos: “ D” Exame de Papanicolaou (Pap)
Mulheres < 65 anos: iniciar 3 anos após a primeira relação sexual ou com 21 anos, screening pelo menos a cada 3 anos (“A” )
Mulheres < 30 anos: iniciar 3 anos após a primeira relação sexual ou com 21 anos. Anual para Pap padrão; bianual com teste líquido.
Mulheres > 65 anos, com Paps recentes adequados: “ D”
Mulheres 30-70 anos: a cada 2-3 anos, em caso de 3 testes normais consecutivos
Mulheres após esterectomia total por causas não neoplásicas: “ D”
Mulheres > 70 anos: o screening pode ser interrompido na ausência de Pap anormal por 10 anos Mulheres após estercetomia total por causas não neoplásicas: não proceder screening
Autoexame da mama
“ D”
Mulheres > 20 anos: o autoexame de mama é opcional
Exame clínico da mama
Mulheres > 40 anos: “ I” (como dado único sem mamografia)
Mulheres 20-40 anos: realizar a cada 3 anos
Mamografia
Mulheres 40-49 anos: a decisão deverá ser individual e considerar o paciente no contexto (“ C”)
Mulheres > 40 anos: realizar anualmente
Mulheres > 40 anos: realizar anualmente
Mulheres 50-74 anos: a cada 2 anos (“ B”) Mulheres > 75 anos: (“ I” ) Ressonância magnética (RM)
“ I”
Mulheres > 20% risco de câncer de mama: realizar RM mais mamografia anualmente Mulheres 15-20% risco de câncer de mama: discutira opção de realizar RM mais mamografia anualmente Mulheres < 15% risco de câncer de mama: não realizar RM anualmente
Exame cutâneo completo
T
Autoexame mensal; exame clínico como parte do check-up rotineiro relacionado ao câncer
aResumo dos procedimentos de screening recomendados para a população geral pela USPSTF e ACS. Estas recomendações referem-se a pessoas assintomáticas que não apresentam fatores de risco, que não a idade ou o sexo, para a condição-alvo. 6As recomendações escritas da USTSTF são definidas como se segue: "A” : A USTSTF recomenda fortemente o oferecimento (do serviço) aos pacientes elegíveis pelos médicos; “ B” : A USTSTF re comenda o oferecimento (deste serviço) aos pacientes elegíveis pelos médicos; *C": A USTSTF não faz recomendações a favor ou contra a provisão rotineira (do serviço); “ D” : A USTSTF recomenda contra a provisão rotineira (do serviço) aos pacientes assintomáticos; “ 1” : A USTSTF conclui que as evidências são insuficientes fazer recomendações a favor ou contra a provisão rotineira (do serviço).
Nota: ACS, American Cancer Society; USTSTF, U. S. Preventive Services Task Force.
retam ente, em um estudo contro lad o e ran d o m izad o , u m ensaio random izado em g rupo avaliou, n a ín d ia , o im pacto de um único exam e visual do colo seguido p o r colposcopia, biópsia e/o u crioterapia (quando indicados) versus o aconselham ento, sobre os óbitos p o r câncer de colo uterin o de m ulheres entre 30 a 59 anos de id a de. Após sete anos de acom panham ento, a taxa de m o rte devida ao câncer de colo uterino, p adronizada pela faixa etária, foi de 39,6 por 100.000 indivíduos do grupo de intervenção versus 56,7 p o r 100.000 do grupo controle.
Câncer colorretal
A pesquisa de sangue oculto nas fezes (FOBT), o toque retal (TR), a sigm oidoscopia rígida e flexível, a colonoscopia e a colonografia por T C têm sido utilizados no screening para o câncer colorretal. A realização anual de FOBT pode reduzir em aproxim a dam ente 33% a taxa de m ortalidade do câncer colorretal. A sensibi lidade do sangue oculto nas fezes au m en tará se as am ostras forem reidratadas antes da realização do exam e, porém à custa de m enor especificidade. A taxa de resultados falso-positivos para a FOBT rei dratadas é alta: 1 a 5% dos indivíduos testados apresentam resultado
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Oncologia e Hematologia
positivo. Apenas 2 a 10% dos que apresentam sangue oculto nas fezes têm câncer, e 20 a 30% têm adenom as. A elevada taxa de resultados falso-positivos na FOBT aum enta sobrem aneira o n úm ero de colonoscopias efetuadas. Testes im unoquím icos fecais parecem apresentar m aior sensibi lidade para o câncer colorretal do que os testes de FOBT não reidratados. O teste de DNA fecal é um a m odalidade em ergente; parece apresentar m aior sensibilidade e especificidade sem elhante ao FOBT e poderá reduzir potencialm ente os prejuízos associados ao acom pa nham ento de testes falso-positivos. As evidências sobre as caracterís ticas operacionais e a eficácia dos testes de DNA fecal em reduzir a m ortalidade p o r câncer colorretal é lim itada. Dois estudos de casos controle sugerem que o screening regular de indivíduos com m ais de 50 anos de idade, com sigm oidoscopia, dim inui a taxa de m ortalidade. Esse tipo de estudo tende a vieses relacionados com a seleção. Podem -se detectar 25 a 33% dos p ó li pos à sigm oidoscopia rígida; m etade é encontrada com um sigm oidoscópio flexível de 35 cm, e 66 a 75% com um equipam ento de 60 cm. O diagnóstico de pólipos adenom atosos à sigm oidoscopia deve suscitar um a avaliação de todo o colo p or colonoscopia. O intervalo m ais eficiente p ara o screening com sigm oidoscopia não é conhecido, m as frequentem ente recom endam -se cinco anos. Os estudos de casos controle sugerem que a realização do exam e em intervalos de até 15 anos pode ser benéfica. A colonoscopia única detecta aproxim adam ente 25% m ais lesões avançadas (pólipos com m ais de 10 m m , adenom as vilosos, pólipos adenom atosos com displasia em alto grau, câncer invasivo) do que a FOBT única p or sigm oidoscopia. As taxas de perfuração enco n tram -se em torno de 3/1.000 para a colonoscopia e de 1/1.000 para a sigm oidoscopia. O debate continua, a respeito do argum ento de que a colonoscopia seria dispendiosa e invasiva dem ais para uso disse m inado com o recurso de screening nas populações de risco básico. Dois estudos observacionais sugerem que a eficácia da colonosco pia em reduzir a m ortalidade p or câncer colorretal é restrita ao lado esquerdo do colo. A colonografia p or TC, se realizada em centros especializados, parece apresentar um a sensibilidade para pólipos > 6 m m , com parável à colonoscopia. E ntretanto, a taxa de episódios extracolônicos de anorm alidades de significado incerto, porém que deverão ser de qualquer form a resolvidas, é alta (= 15-30%); o risco do acúm ulo de radiação a longo prazo de repetidos testes de colono grafia tam bém é um a preocupação.
Câncer de pulmão
Os raios X de tórax e a citologia do escarro fo ram avaliados em estudos de screening random izados para o câncer de pulm ão. N ão foi constatada redução algum a da taxa de m o rta li dade p or câncer de pulm ão nesses estudos, em bora to d o s os e stu dos clínicos controlados tivessem baixo p o d e r estatístico. A chados p relim inares (não publicados) do E studo N acional de Screening de Pulm ão, um ensaio co ntrolado ra n d o m iza d o de screening para câncer de p u lm ão em apro x im ad am en te 53.000 in d iv íd u o s com um a histó ria de tabagism o de m ais de 30 pacotes de cigarro p or ano, m ostraram um a redução estatisticam ente significativa de 20% na m ortalidade p o r câncer de pulm ão, no g ru p o sub m etid o à TC espiral (354 óbitos) com parado ao grupo que se su b m eteu ao raio X do tórax (442 óbitos). E ntretanto, os benefícios sobre a m o rta li dade devem ser pesados contra as desvantagens da T C espiral para um a determ in ad a população. Estas incluem os riscos potenciais da radiação associados às m últiplas varred u ras, o d esco b rim en to de achados incidentais de significado obscuro e um a alta taxa de resul tados falso-positivos dos testes. As duas últim as situações poderão levar a procedim entos diagnósticos invasivos associados à ansieda de, custos e com plicações (p. ex., pneu m o ou h em otórax após b ió p sia de pulm ão).
Câncer de ovário A palpação dos anexos, US transvaginal e deter m inação do CA -125 sérico foram utilizadas no screening do câncer de ovário. Estes exames isolados e em com binação não apresentam sensibilidade ou especificidade alta o suficiente para serem recom en dados com o exames de rotina do câncer de ovário. Os riscos e cus tos associados ao alto núm ero de resultados falso-positivos são um
662
im pedim ento ao uso rotineiro destas m odalidades de screening. Um am plo estudo controlado random izado m o stro u que, das m ulheres participantes que fizeram pelo m enos um teste sérico para C A -125 falso-positivo, 14% passaram p o r um procedim ento cirúrgico im p o rtante (p. ex., laparotom ia com ooforectom ia) p or causa de um a doença benigna. No caso do US transvaginal, a taxa se aproxim ou de 40%.
Câncer de próstata
As m odalidades m ais com uns de screening do câncer de próstata são o T R e ensaios p a ra o antígeno prostático específico (PSA). Os testes séricos m ais recentes, com o a m edição da razão entre o PSA ligado e livre no soro, ainda não foram to ta l m ente avaliados. A ênfase no screening do PSA fez com que o câncer de próstata se tornasse o câncer não cutâneo m ais com um ente diag nosticado em hom ens norte-am ericanos. Essa doença está bastante sujeita ao viés de avanço, ao de duração e ao diagnóstico superesti m ado, havendo m uita polêm ica entre os especialistas quanto à sua eficácia. O screening para o câncer de próstata sem dúvida detecta m uitos cânceres assintom áticos, porém a capacidade de distinguir os tum ores letais, m as ainda curáveis, dos que am eaçam pouco a saúde ou não representam am eaça é lim itada. Os hom ens com m ais de 50 anos de idade apresentam alta prevalência de cânceres da próstata indolentes e clinicam ente insignificantes. Dois ensaios controlados random izados a respeito do im pacto do screening de PSA sobre a taxa de m ortalidade p or câncer de próstata foram publicados. O Ensaio sobre o Screening de C âncer de Próstata, Pulm ão, C olorretal e O variano (PLCO) foi um estudo m ulticêntrico realizado nos Estados U nidos que com parou quase 77.000 hom ens, entre as idades de 55 a 74 anos, que tiveram o seu PSA avaliado anualm ente du ran te seis anos ou receberam tratam e n to norm al. Em sete anos de acom panham ento, não foram observadas diferen ças estatisticam ente significativas no nú m ero de óbitos p o r câncer de próstata entre os dois grupos (RR 1,13; IC 95%, 0,75-1,90). Os dados obtidos após 10 anos (67% com pletos) m ostraram resultados sem elhantes. A proxim adam ente 44% dos hom ens no grupo controle fizeram pelo m enos um teste de PSA d urante o ensaio, o que pode ter diluído potencialm ente um efeito observado. O E studo E uropeu R andom izado de Screening do C âncer de Próstata (ERSPC) foi um estudo m u ltin acio n al que ran d o m izo u aproxim adam ente 162.000 h om ens entre as idades de 50 a 74 anos (com um grupo “central” de screening pré-definido de hom ens entre 55-69 anos) para terem ou não o seu PSA testado a cada quatro anos. Os procedim entos de recrutam ento e random ização e a frequência real dos testes de PSA variaram de um país para outro. Após um acom panham ento m édio de nove anos, foi observada um a redução relativa de 20% no risco de m orte p o r câncer de p róstata no grupo que recebeu screening, contido no grupo de screening “central” (não foi observada diferença na m o rtalidade na população total do estu do). O ensaio tam bém m o stro u que 1.140 hom ens necessitariam de screening e 48 casos adicionais foram tratados para evitar u m a m orte po r câncer de próstata. A eficácia dos tratam e n to s p ara o câncer de p ró sta ta incipiente está sendo objeto de estudos. E n tre tan to , ta n to a ciru rg ia com o a rad io terap ia p o d em causar significativa m o rb id ad e, tal com o im potência e in co n tin ên c ia u rin ária. A com p aração e n tre prostatectom ia radical e a espera vigilante em cânceres de p ró sta ta d iagnos ticados clinicam ente (não d etectad o s p o r screening) m o stro u um a p e q u en a redução na taxa de m o rta lid a d e p o r c ân cer de próstata p ara os subm etidos à cirurgia; n ão foi observ ad a redução estatisti cam ente significativa na m o rta lid a d e to tal após 11 anos de aco m p anham ento. Os benefícios foram re strito s a h o m en s com m enos de 65 anos de idade. A in co n tin ên c ia u rin á ria e a im p o tên cia se xual foram m ais com uns n o g ru p o da cirurgia. Um h o m em deveria ter um a expectativa de vida de pelo m en o s 10 anos p a ra ser elegível para o screening. A USPSTF n ão e n c o n tro u evidências suficientes p ara re co m e n d a r o screening do c ân cer de p ró sta ta em h om ens com m enos de 75 anos de idade; ela não re co m e n d a o screening p ara o câncer de p ró stata em h o m en s com 75 anos ou m ais (reco m endação “D”) (Q u ad ro 82.3).
Câncer de endométrio
O US transvaginal e a coleta de am ostra de endom étrio foram recom endados com o testes de screening do câncer de endom étrio. Não se constatou benefício algum com o screening de rotina. O US transvaginal e a coleta de am ostra endom etrial são indicados para a avaliação de sangram ento vaginal em m ulheres após a m enopausa, porém não são considerados testes de screening em m ulheres sintomáticas.
Câncer de pele A inspeção visual de toda a superfície cutânea pelo paciente ou p o r um profissional de saúde é utilizada no screening dos cânceres basocelulares e espinocelulares, assim com o do m elanom a. Não foi feito qualquer estudo prospectivo random izado para inves tigar um a redução na taxa de m ortalidade. Infelizm ente, o screening está associado a um a taxa substancial de diagnóstico superestim ado.
B ach PB et al: Computed tomography screening and lung cancer outcomes.
JAMA 297:953, 2007 E et al: Effects of raloxifene on cardiovascular events and breast cancer in postmenopausal women. N Engl J Med 355:125,2006 K r a m e r BS et a l: Cancer s c r e e n in g : The c la s h of S c ie n c e a n d i n t u i t i o n . Annu Rev Med 60:125,2009. N e l s o n HD et al: Screening for breast cancer: An update for the U.S. Preven tive Services Task Force. Ann Intern Med 151:727, 2009 P r e n t i c e RL et al: Low-fat dietary pattern and risk of invasive breast cancer. The Womens Health Initiative randomized controlled dietary modification trial. JAMA 295:629, 2006 S c i i r o e d e r FH et al: Screening and prostate-cancer mortality in a randomi zed European study. N Engl J Med 360: 1320,2009 Ba r r e t t -C o n n o r
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CAPÍ TULO
83
Genética do Câncer Pat J. Morin Jeffrey M. Trent Francis S. Collins BertVogelstein 0 CÂNCER É UMA DOENÇA GENÉTICA O câncer é causado p or um a série de alterações som áticas do DNA que levam à proliferação celular irrestrita. A m aioria destas alterações envolve m odificações na seqüência real do DNA (isto é, m utações). Eles podem ser conseqüências de erros aleatórios de replicação, ex posição a carcinógenos (p. ex., radiação) ou defeitos nos processos de reparo do DNA. Em bora a m aior parte dos cânceres seja esporádica, certas famílias apresentam vários casos porque possuem m utação de um gene m aligno na linhagem germ inativa.
PERSPECTIVA HISTÓRICA A ideia de que o câncer é causado p or m utações som áticas seq ü en ciais de determ inados genes só ganhou aceitação geral nos últim os 25 anos. A ntes da era do m icroscópio, acreditava-se que o câncer fosse com posto de agregados de m uco ou outros m ateriais acelulares. Só em m eados do século XIX, ficou claro que os tum ores eram m assas de células e que estas se originavam de células n orm ais do tecido. No entanto, a base m olecular da proliferação descontrolada das células cancerosas p erm aneceria u m m istério p o r m ais um sé culo. Nesse período, foram propostas várias teorias para a origem do câncer. O grande bioquím ico O tto W arburg propôs a teoria da com bustão do câncer, a qual postulava que o câncer era devido a um m etabolism o anorm al do oxigênio. Além disso, outros acreditavam que o câncer era causado p or vírus ou que o câncer era, na verdade, um a doença contagiosa. Finalm ente, as observações dos tu m o res em varredores de cha m iné, os estudos com raios X, a en o rm e q u a n tid a d e de dados d e m o n stran d o que a fum aça de cigarro causa câncer de pu lm ão e o trabalho de Am es sobre a m utagênese quím ica, forneceram evidên cias convincentes de que o câncer se originou a p a rtir de alterações
htm
The National Cancer Institute Cancernet: http://www.cancer.gov/cancertopics
no DNA. C ontudo, e m b o ra a teo ria viral do câncer n ão se tenha m o strad o universalm ente co rreta (com exceção do papilom a-vírus hum ano, que pode levar ao câncer do colo u terin o em hum anos), o estudo dos retrovírus levou à descoberta dos p rim eiro s oncogenes h um anos no final da década de 1970. Logo depois, o estudo de fa m ílias com ten d ên cia genética ao cân cer foi vital à d escoberta dos genes supressores tum orais. O cam po que estu d a os tipos de m u ta ção e suas conseqüências nas células tu m o ra is se cham a genética do câncer.
A ORIGEM CL0NAL E A EVOLUÇÃO GRADATIVA D0 CÂNCER Q uase todos os cânceres se originam de um a única célula, origem clonal que se m ostra vital para a distinção entre neoplasia e h ip er plasia. A progressão de um tum or, do fenótipo norm al para o m a ligno, exige invariavelm ente o acúm ulo de várias m utações. Pode-se conceber este processo com o m icroevolução darw iniana, em que, a cada etapa sucessiva, as células m utantes adquirem u m a vantagem n a capacidade de crescim ento, to rn an d o -a s m ais num erosas que as células vizinhas (Fig. 83.1). C om base nas observações de que a fre quência do câncer aum enta d u ran te o envelhecim ento, juntam ente com trabalhos recentes de genética m olecular, acredita-se que sejam necessárias 5 a 10 m utações cum ulativas para que um a célula evolua do fenótipo norm al para o totalm ente m aligno. Estam os com eçando a com preender a exata natureza das altera ções genéticas responsáveis p o r alguns cânceres e a ter um a noção da ordem em que elas ocorrem . O exem plo m ais bem estudado é o câncer de colo, no qual análises do DNA de tecido colônico norm al, adenom as e carcinom as identificaram alguns dos genes m utantes envolvidos no processo (Fig. 83.2). A credita-se que outras m alignidades progridam de form a gradual sem elhante, em bora a ordem e a identidade dos genes afetados possam ser diferentes.
DOIS TIPOS DE GENES D0 CANCER: ONCOGENES E GENES SUPRESSORES DE TUMORES Há dois tipos principais de genes do câncer. O prim eiro tipo com preende os genes que influenciam positivam ente a form ação do tu m o r e que são conhecidos com o oncogenes. O segundo tipo de ge nes do câncer influencia negativam ente o crescim ento dos tum ores e foram cham ados de genes supressores de tumores. A m bos exercem seus efeitos sobre o crescim ento do tu m o r pela sua habilidade em controlar a divisão celular (nascim ento de células) ou a m orte celular (apoptose), em bora os m ecanism os possam ser extrem am ente com-
663
ficiências de reparo dos erros de em parelham ento do DNA. A grande m aioria dos cânceres, entretanto, não origina deficiências de reparo e a sua taxa de m utação é sem elhante à observada nas células norm ais. Porém m uitos destes apresentam um tipo diferente de instabilidade genética, afetando a perda ou ganho de crom ossom os inteiros ou de grandes partes destes (com o será explicado abaixo em mais detalhes).
ONCOGENES EM CÂNCERES HUMANOS
Figura 83.1 O desenvolvimento clonal da neoplasia maligna em múltiplas etapas. Neste diagrama, uma série de cinco mutações cumulativas (T1, T2, T4, T5 e T6), cada qual com uma vantagem modesta de crescimento agindo isoladamente, subsequentemente resulta em um tumor maligno. Observar que nem todas estas al terações resultam em progressão; por exemplo, o clone deT3 não tem progresso. 0 número real de mutações cumulativas necessário à transformação de estado normal em maligno é desconhecido na maioria dos tumores. (DePNowelI, Science 194:23, 1976, com autorização.)
Oncologia e Hematologia
plexos. E nquanto são estritam ente regulados nas células norm ais, os oncogenes adquirem m utações nas células cancerosas, cujos controle são aliviados levando ao aum ento da atividade dos produtos gênicos. Tal m utação costum a ocorrer em um único alelo do oncogene e atua de m odo dom inante. Por outro lado, os genes supressores tum orais têm com o função norm al restringir o crescim ento tum oral, ocorren do nos cânceres a perda desta função. Em virtude da n atureza diploi de das células m am íferas, am bos os alelos devem ser inativados para que um a célula perca com pletam ente a função de um gene supressor tum oral, levando a um m ecanism o recessivo no nível celular. A partir dessas ideias e dos estudos das form as hereditárias do retinoblasto m a, K nudson e outros form ularam a hipótese das suas etapas, que na sua versão m o d ern a declara que as duas cópias do gene supressor tum oral devem ser inativadas no câncer. Existe um a subpopulação de genes supressores de tum ores, os genes mantenedores, que não afetam o crescim ento celular d ireta m ente, porém controlam a capacidade da célula de m anter intacto o seu genoma. As células que apresentam um a deficiência nestes genes possuem um a taxa de m utação m aior em seus genom as, inclusive nos oncogenes e genes supressores tum orais. Tal fenótipo m utante foi suposto prim eiro por Loeb para explicar com o os vários eventos m utates necessários à gênese tum oral po d em ocorrer durante a vida de um indivíduo. Um fenótipo m utante tem sido observado atual m ente em algum as form as de câncer, com o aqueles associados às de
Um trabalho de Peyton Rous no início do ano 1900 revelou que um sarcom a de galinha p oderia ser transm itido de um anim al para o u tro em extratos acelulares, sugerindo que o câncer p o d e ria ser in duzido p o r um agente que atuasse positivam ente para prom over a form ação do tum or. O agente responsável pela transm issão do cân cer foi um retrovírus (vírus do sarcom a de Rous, RSV) e o oncogene responsável foi identificado 75 anos m ais tarde com o o v-src. O utros oncogenes tam bém foram d escobertos p o r m eio de sua presença no genom a de retrovírus capazes de causar câncer em galinhas, ca m undongos e ratos. Os hom ólogos celulares destes genes virais são, m uitas vezes, alvos de m utação ou regulação aberrante em cânceres hum anos. E nquanto vários oncogenes foram descobertos devido à sua presença em retrovírus, outros, e em p a rticu la r os envolvidos nas translocações típicas de certas leucem ias e linfom as, foram isola dos p o r técnicas genéticas. Os pesquisadores clonaram as seqüências em to rn o das translocações crom ossôm icas observadas p o r citoge nética, e deduziram a p a rtir daí a n atureza dos genes afetados p or estas translocações (ver adiante). A lguns dos referidos oncogenes já haviam sido descritos em retrovírus (com o o A BL, envolvido na leu cem ia m ieloide crônica [LMC]), e outros eram novos (com o o BCL2, do linfom a das células B). N o am biente celular norm al, os proto-oncogenes desem penham papéis cruciais na proliferação e divisão celulares. O Q u ad ro 83.2 traz um a lista parcial de oncogenes im pli cados em cânceres hum anos. Os fatores de crescim ento controlam o crescim ento e a diferen ciação norm ais das células, os quais se ligam aos receptores na super fície celular. Os receptores na m em brana celular geram sinais tran s m itidos ao interior da célula por cascatas de sinalização envolvendo quinases, proteínas G e outras proteínas reguladoras. Por fim, estes sinais afetam a atividade dos fatores de transcrição no núcleo, regu lando, assim, a expressão de genes cruciais à proliferação, diferencia ção e m orte celulares. D escobriu-se que os produtos dos oncogenes estão presentes em etapas fundam entais dessas vias (Cap. 84), e um a inativação inapropriada de tais vias pode induzir a tum origênese.
MECANISMOS DE ATIVAÇÃO DOS ONCOGENES ■ MUTAÇÕES PONTUAIS
A m utação p o n tu al é um m ecanism o com um de ativação dos o nco genes. Por exem plo, até 85% dos cânce res de pâncreas e 50% dos de colo apre sentam m utação em um dos genes R AS (H R A S, K R A S ou N R A S ), p o ré m são Instabilidade dos m icrossatélites (M IN ) ou in sta bilid a de crom ossôm ica (CIN) relativam ente in co m u n s em o utros ti p os de câncer, em b o ra possam ocorrer em frequências significativas na leuce Inativação de A tivação de m ia e nos cânceres de p ulm ão e tireo i APC ou ativação K-RAS ou de. É im p o rta n te m encionar que - e em de BRAF de (i catenina c o n tra ste com a diversidade de m u ta ções e n co n trad as nos genes supressores tu m o ra is (ver abaixo) a m aioria dos genes R A S ativados c ontém m utações pontuais nos códons 12,13 ou 61 (estas m utações reduzem a atividade da RAS G TPases, levando à ativação constituti va d a pro teín a RAS m utante). O padrão Figura 83.2 Etapas mutantes somáticas progressivas no desenvolvimento do carcinoma de colo. 0 acúmulo de alterações em numerosos genes diferentes resulta na progressão de epitélio normal através do adenoma restrito de m utações o bservado nos o n até o carcinoma metastático. A instabilidade genética (de microssatélites ou cromossômica) acelera a progressão, cogenes, em com paração com os genes aumentando a probabilidade de mutação em cada etapa. Os pacientes com polipose familiar já se encontram na supressores tu m o rais, reflete o fato de primeira etapa deste processo, pois herdam uma alteração na linhagem germinativa do gene APC. TGF, fator de que as m u ta ç õ es dos o ncogenes que crescimento transformador.
664
QUADRO 83.1
O ncogenes co m u n s a lte ra d o s nos c â n c e re s hu m a n o s Função
Alteração no câncer
Neoplasia
Serina/treoninoquinase
Amplificação
Estômago
AKT2
Serina/treoninoquinase
Amplificação
Ovário, mama, pâncreas
BRAF
Serina/treoninoquinase
Mutação pontual
Melanoma, pulmão, colorretal
CTNNB1
Transdução de sinal
Mutação pontuai
Colo, próstata, melanoma, pele, outros
FOS
Fator de transcrição
Superexpressão
Osteossarcomas
1 Oncogene AKT1
ERBB2
Tirosinoquinase do receptor
Mutação pontual, amplificação
Mama, ovário, estômago, neuroblastoma
JUN
Fator de transcrição
Superexpressão
Pulmão
MET
Tirosinoquinase do receptor
Mutação pontual, rearranjo
Osteocarcinoma, rins, glioma
MYB
Fator de transcrição
Amplificação
LMA, LMC, colorretal, melanoma Mama, colo, gástrico, pulmão
C-MYC
Fator de transcrição
Amplificação
L-MYC
Fator de transcrição
Amplificação
Pulmão, bexiga
N-MYC
Fator de transcrição
Amplificação
Neuroblastoma, câncer de pulmão
HRAS
GTPase
Mutação pontual
Colo, pâncreas, pulmão
KRAS
GTPase
Mutação pontual
Melanoma, colorretal, LMA
NRAS
GTPase
Mutação pontual
Vários carcinomas, melanoma
REL
Fator de transcrição
Rearranjo, amplificação
Linfomas
WNT1
Fator de crescimento
Amplificação
Retinoblastoma
Nota: LMA, leucemia mieloide aguda; LMC, leucemia mieloide crônica.
■ AMPLIFICAÇÃO DO DNA O segundo m ecanism o de ativação dos o ncogenes é a am plifica ção de seqüências de DNA, levando à superexpressão do p ro d u to gênico. Este au m en to no n ú m ero de cópias de D N A p o d e causar alterações crom ossôm icas visíveis citologicam ente, c h am ad as de regiões de coloração hom ogênea (HSRs), se integradas aos c ro m o s som os, ou duplos cromossomos dim inutos (D M s), se forem de n a tu reza extracrom ossôm ica. O re co n h e cim en to da am plificação do DNA é realizado p o r m eio de várias técnicas citogenéticas, com o a hibridização com parativa do g enom a (C G H ) e a h ibridização in situ com fluorescência (FISH ), que p e rm ite m visu alizar as a b e r rações crom ossôm icas u san d o c orantes fluorescentes. A lém d is so, estratégias não citogenéticas b asead as em m icroarrays estão atu alm en te disponíveis p a ra id en tific ar alteraçõ es n o n ú m ero de cópias com alta resolução. E stratégias de se q u e n c ia m e n to m ais recentes baseadas em seqüências c u rta s (short-tags) têm sido u sa das p a ra avaliar am plificações. Q u a n d o aliada aos in stru m e n to s de sequenciam ento de nova geração, esta estratégia oferece o m ais alto grau de resolução e quantificação disponíveis. C om am bas as tecnologias de microarrays e de se q u en ciam en to , to d o o genom a po d e ser rastreado à p ro c u ra de ganhos ou p erd as de seqüência de DNA, o que viabiliza a localização de regiões crom ossôm icas com p robabilidade de conter genes im p o rta n te s p ara o su rg im en to ou progressão do câncer. Várias am plificações gênicas já foram associadas ao câncer. D i versos genes, com o N M Y C e LM Y C , foram id en tificad o s devido à sua presença em seqüências de D N A am plificadas de tu m o re s e apresentavam hom ologias com oncogenes conhecidos. C o m o a região am plificada p o d e conter cen ten as de m ilh ares de pares de
bases, m últiplos oncogenes p o d e m ser am plificados em um único am plicon em alguns tip o s de cânceres (p a rticu la rm e n te em sarcom as). N a verdade, os genes M D M 2, GLI, CDK4 e SAS localizados nos cromossomos 1 2ql3-15 são am plificados sim ultâneam ente em diversos tip o s de sarco m a e o u tro s tu m o re s. A am plificação de um gene celular c o stu m a ser in d ic a d o r de m au p rognóstico; p o r exem plo, os genes E RBB2/H ER2 e N M Y C estão norm alm en te am plificados nos cânceres de m am a agressivos e no neuroblastom a, respectivam ente.
■ REARRANJOS CROMOSSÔMICOS As alterações crom ossôm icas fornecem im p o rta n te s indícios das alterações genéticas o c o rrid a s n o câncer. As alterações c ro m o s sôm icas de tu m o res sólidos h u m an o s, com o os carcinom as, são heterogêneas e com plexas, e o co rrem com o resultado da in stab i lidade crom ossôm ica freqüente (C IN ) ob serv ad a nestes tum ores (ver abaixo). Em contraste, as alterações crom ossôm icas de tu m o res m ieloides e linfoides co stu m am ser translocações sim ples, i. e, transferências recíprocas dos braços de um crom ossom o para o o u tro. Por isso, foram feitas m uitas análises crõm ossôm icas detalhadas e inform ativas em cânceres hem atopoiéticos. Os p ontos de quebra das anorm alidades crom ossôm icas recorrentes costum am o correr nos loci de oncogenes celulares. O Q u a d ro 83.3 cita exem plos im p o rtan tes de alterações cro m o ssô m icas reco rren tes que ocorrem no câncer e o(s) gene(s) associados rearran jad o s ou desregulados pelo reposicionam ento dos crom ossom os. As translocações são es pecialm ente com uns em tu m o res linfoides, provavelm ente porque estes tipos celulares são capazes de rearran jar o seu D N A para gerar receptores de antígeno. N a verdade, os genes que codificam recep tores de antígeno estão n o rm alm en te envolvidos nas translocações, im plicando em que a patogenia p o d e envolver im perfeições na re gulação do rearranjo. Um exem plo interessante é o linfom a de Burkitt, um tu m o r de células B que tem com o característica um a translocação recíproca entre os crom ossom os 8 e 14. A análise m olecular dos linfom as de B urkitt dem o n stro u que os p o n to s de quebra ocorrem d entro ou próxim o do locus M Y C no crom ossom o 8 ou no locus da cadeia pe sada da im unoglobulina no crom ossom o 14, resultando na ativação da transcrição de M YC. A ativação de seqüências acentuadoras por translocação, em bora não seja universal, parece ter um papel im por tante na transform ação m aligna. Além dos fatores de transcrição e
Genética do Câncer
acarretam ganho de função são m ais difíceis de o c o rre r do que as m utações que levam sim plesm ente à p erd a de atividade. N a ver dade, é possível inativar um gene apenas pela in tro d u ç ão de um códon de parada em qualquer po n to da seqüência codificadora, e n quan to as ativações exigem substituições precisas de resíduos que n o rm alm en te dim inuem a atividade da p ro teín a codificada. É im p o rtan te ressaltar que a especificidade das m utações de oncogenes oferece o p o rtu n id a d es diagnósticas, pois os testes que identificam as m utações em posições específicas são m u ito m ais fáceis de ser elaborados do que os testes que preten d em detectar alterações randôm icas em um gene.
665
QUADRO 83.2 Oncogenes representativos nas translocações cromossômicas 1 Gene (cromossomo)
Oncologia e Hematologia
Translocação
Neoplasia maligna
ABL (9q34.1)-BCR (22q11)
(9;22) (q34;q11)
Leucemia mieloide crônica
ATF1 (12q13)-EWS (22q12)
(12;22) (q13;q12)
Melanoma maligno de partes moles
BCL1 (11 q13.3)-lgH (14q32)
(11;14)(q13;q32)
Linfoma de célula do manto
fl02(18q21.3)-lgH (14q32)
(14:18)(q32;q21)
Linfoma folicular
FLI1 (11 q24)-EWS(22q12)
(11 ;22)(q24;q12)
Sarcoma de Ewing
Z.C/C(1 p34)-TCRB (7q35)
(1 ;7)(p34;q35)
Leucemia linfocítica aguda de células T
MYC (8q24)-lgH (14q32)
(8;14)(q24;q32)
Linfoma de Burkitt, LLA de células B
PAX3 (2q35)-FKHR/ALV (13q14)
(2;13)(q35;q14)
Rabdomiossarcoma alveolar
PAX7 (1 p36)-KHR/ALV (13q14)
(1 ;13) (p36;q14)
Rabdomiossarcoma alveolar
REL (2p13)-NRG (2p11,2-14)
Inv2(p13;p11,2-14)
Linfoma não Hodgkin
RET (10q11.2)
(10;17)(q11 2;q23)
Carcinomas da tireoide
TAL 1 (1 p32)-TCTA (3p21)
(1; 3) (p34;p21)
Leucemia aguda da célula T
7M (1q23-1q24)- TPM3 (1Q31)
Inv1 (1 ;13) (q23;q31)
Carcinoma de colo
WT1 (11 p13)- EWS (223q12)
(11:22) (p13;q12)
Tumor desmoplásico de pequenas células redondas
Fonte: De R Hesketh: The Oncogene and Tumour Suppressor Gene Facts Book, 2nd ed., San Diego, Academic Press, 1997; com autorização.
C rs 9
das m oléculas transdutoras de sinais, a translocação p oderá levar à superexpressão de proteínas reguladoras do ciclo celular, tais com o as ciclinas e proteínas que regulam a m orte celular. A p rim eira anorm alidade crom ossôm ica a ser e ncontrada em um câncer hum ano foi o crom ossom o Filadélfia da LMC. Tal an o r m alidade citogenética é gerada po r um a translocação recíproca que envolve o oncogene A B L localizado no crom ossom o 9, que codifica um a tirosinoquinase, posicionada próxim o ao gene BCR (breakpoint cluster region) no crom ossom o 22. A Figura 83.7 ilustra a gênese da translocação e de seu p roduto proteico. A conseqüência da expressão do produto do gene BCR-ABL é a ativação das vias de transdução de sinais, o que leva ao crescim ento celular independentem ente dos si nais externos norm ais. O im atinibe (com ercializado com o Gleevec), um fárm aco que bloqueia especificam ente a atividade de BCR-ABL, exibiu notável eficácia com p o u ca toxicidade em pacientes com LMC. Espera-se que o conhecim ento das alterações genéticas em o u tros tipos de cânceres possa levar à concepção de fárm acos com base nos m ecanism os de ação e ao desenvolvim ento de um a nova geração de agentes quim ioterapêuticos.
INSTABILIDADE CROMOSSÔMICA NOS TUMORES SÓLIDOS Os tum ores sólidos costum am ser altam ente aneuploides, contendo um n úm ero anorm al de crom ossom os; estes crom ossom os tam bém exibem alterações estru tu rais com o translocações, deleções e a m plificações. Estas anorm alidades são coletivam ente referidas com o instabilidade crom ossôm ica (C IN ). As células n o rm ais possuem vários p o n to s de verificação do ciclo celular, essenciais requisitos do controle de qualidade que p recisam ser c u m p rid o s antes que eventos posteriores possam ocorrer. O p o n to de verificação do fuso, que garante a fixação adequada dos crom ossom os ao fuso m itótico antes de p e rm itir a separação das crom átides-irm ãs, se encontra al terado em alguns cânceres. A base m olecular da C IN ainda não foi identificada, em bora seja e n co n trad o certo nú m ero de genes m itóticos de pontos de verificação m utantes ou a n o rm alm ente expressos em vários tum ores. Os exatos efeitos destas alterações no po n to de verificação m itótico são desco n h ecid o s e am bos os efeitos foram propostos para a sua alteração, en fraquecim ento e superativação. A identificação da causa de C IN em tum ores será provavelm ente um a tarefa árdua, co nsiderando a prem issa de que m uitas centenas de
C rs 9 alterado C rs 22
C rs Ph G ene q u im é rico -► i
BCR
____ **
ABL
ABL-
Figura 83.3 Translocação específica observada na leucemia mieloide crônica (LMC). 0 cromossomo Filadélfia (Ph) deriva-se de uma translocação reciproca entre os cromossomos 9 e 22, com o ponto de quebra juntando as seqüências do
666
oncogene ABL com o gene BCR. A fusão destas seqüências de DNA possibilita a geração de uma proteína de fusão completamente nova com função modificada,
genes controlam o po n to de verificação m itótico e outros processos celulares que m antêm a correção da segregação crom ossôm ica. In d ep endentem ente dos m ecanism os da CIN , a avaliação do n úm ero de alterações crom ossôm icas presentes em tu m o res é atualm ente possível com a ajuda das técnicas citogenéticas e m oleculares e v á rios estudos já m ostraram que estas inform ações p odem ter u tilida de prognostica. Além disso, com o o ponto de verificação m itótico é essencial para a viabilidade celular, poderá se to rn ar u m alvo p ara novas estra tégias terapêuticas.
INATIVAÇÃO DE GENES SUPRESSORES DE TUMORES EM CÂNCER A p rim eira indicação da existência de genes supressores de tu m o res veio de experim entos m ostrando que a fusão de células malignas m urinas com fibroblastos m urinos norm ais origina células híbridas de fenótipo não m aligno. O papel norm al dos genes supressores de tum ores é restringir o crescim ento celular e a sua função encontra-se inativada no câncer. Os dois tipos principais de lesão som ática o b servados nos genes supressores tum orais durante o desenvolvim ento tum oral são as mutações pontuais e as grandes deleções. As m utações pontuais na região codificadora dos genes supressores tum orais fre quentem ente produzem produtos proteicos truncados ou proteínas não funcionantes. De m aneira sem elhante, as deleções levam à perda de um produto funcional e, algum as vezes, envolvem o gene inteiro ou até todo o braço de um crom ossom o, levando à perda da heterozigosidade (PD H ) no DNA tum oral, quando com parado com o
DNA do tecido norm al correspondente (Fig. 83.3). A PDH no DNA tum oral é considerada indicadora da presença de um gene supressor tum oral em um a d eterm inada localização crom ossôm ica, e os estu dos de PD H têm sido úteis na clonagem posicionai de vários genes supressores tum orais. O silenciam ento do gene, um a alteração epigenética que leva à perda da expressão gênica e ocorre em conjunto com a hiperm etilação do p ro m o to r e a desacetilação da histona, é o utro m ecanism o de inativação de genes supressores de tum ores. (U m a modificação epigenética se refere a u m a alteração no genom a, h erd ad a pela progênie celular, que não envolve alteração na seqüência de DNA. A inativação do segundo c rom ossom o X das células fem ininas é um exem plo de um silenciam ento epigenético que im pede a expressão gênica do crom ossom o inativado). D urante o desenvolvim ento em briológico, regiões de crom ossom os de um dos pais são silenciadas e a expressão gênica c o n tin u a a p a rtir do c ro m o sso m o do o utro indiv íd u o parental. P ara a m aio ria dos genes, a expressão ocorre a p a rtir de am bos os alelos ou ran d o m ica m en te a p a rtir de um ou outro alelo. A expressão preferencial de um d e te rm in a d o gene ex clusivam ente de um alelo de um dos pais é cham ada de im printing parental e acredita-se que seja regulada p o r m odificações covalentes da cro m atin a e do D N A (n o rm alm en te m etilação) do alelo si lenciado. O papel dos m ecanism os de controle epigenéticos no desenvol vim ento do câncer hum an o é desconhecido. E ntretanto, observa-se que um a redução geral no nível de m etilação do DNA é um a alte-
R earranjo do crom ossom o no tu m o r
Tipagem do m icrossatélite
N
N Perda e reduplicação M arcadores de m icrossatélites Ae B
A1
A2
B1
- B2
A1 B2 -
A3 ! Rb B3
A1- — A3- — B 1B 3N
Formação do tumor
A1 B1
A3 Rb B3
Crossingover m itótico
M utação independente ou pequena deleção
A1- — A3- — B1 B 3-
N A1A3- — B1 B 3~ M arcadores A
Figura 83.4 Diagrama dos possíveis mecanismos para a formação de tumores em um indivíduo com retinoblastoma hereditário (familiar). À es querda, apresenta-se o heredograma de um indivíduo afetado que herdou o alelo anormal (Rb) de sua mãe afetada. 0 alelo normal está mostrado com um (+). Os quatro cromossomos de seus genitores estão desenhados para indicar sua origem. Adjacentes ao locus do retinoblastoma encontram-se os marcadores de microssa télites (A e B) também analisados nesta família. Os marcadores A3 e B3 estão no
N
T
— — —
T
N
T
—
Genética do Câncer
Perda do crom ossom o 13 norm al
A1 - — A3- — B 1B 3-
T
— •”
T
T
N
—
— — ““ “
T
N
T
— —
— —
_
—
B
cromossomo portador da doença, do gene do retinoblastoma. A formação de tumor ocorre quando o alelo normal, que este paciente herdou de seu pai, é inativado. À di reita, são mostradas quatro vias possíveis pelas quais isso poderia ocorrer. Em cada caso, o arranjo resultante do cromossomo 13 é mostrado, assim como os resultados do PCR usando os marcadores de microssatélites, comparando tecido normal (N) e tecido tumoral (T). Observar que, nas três primeiras situações, o alelo normal (B1) foi perdido no tecido tumoral, o que se chama perda da heterozigosidade neste locus.
667
ração com um no câncer. Além disso, num erosos genes, incluindo alguns supressores de tum ores, parecem ser hiperm etilados e silen ciados durante a tum origênese. Os genes VHL e pl61N K 4 são exem plos bem estudados destes casos. Em conjunto, os m ecanism os epigenéticos podem ser responsáveis pela reprogram ação da expressão de um grande núm ero de genes no câncer e, aliados à m utação de genes específicos, provavelm ente são cruciais para o desenvolvim ento de m alignidades hum anas.
SÍNDROMES DO CÂNCER FAMILIAR
Oncologia e Hematologia 668
U m a p e q u en a fração de cânceres o co rre em p acientes com u m a predisposição genética. N estas fam ílias, os indivíduos acom etidos são p red isp o sto s ao cân cer p o rq u e ap resen tam u m a m u tação de p e rd a de função em um alelo de um gene supressor tum oral. Os tum ores em tais pacientes m o stram a p erda do alelo no rm al re m a nescente em decorrência de eventos som áticos (m utações pontuais ou deleções), em consonância com a hipótese das duas etapas (Fig. 83.4). Assim , a m aioria das células de u m in divíduo com m utação h e re d itá ria de p e rd a de fu n ção em u m gene su p re sso r tu m o ra l apresenta função norm al, e som ente as raras células que a p rese n tarem m utação no alelo n o rm al rem anescente exibirão regulação descontrolada. Já foram descritas cerca de 100 síndrom es de câncer hereditário, p o rém m uitas são raras. A m aioria é de tran sm issão autossôm ica dom inante, m as algum as síndrom es associadas a defeitos no reparo de DNA (xeroderm a pigm entoso, anem ia de Fanconi, ataxia-telan giectasia) são autossôm icas recessivas. O Q u a d ro 83.3 m o stra um a série de síndrom es que p redispõem ao câncer e os genes re sp o n sáveis p o r elas. A credita-se que os genes m utantes das síndrom es fam iliares tam bém possam sofrer m utações som áticas nos tum ores esporádicos (não hereditários). O estudo das síndrom es de câncer forneceu valiosas inform ações sobre os m ecanism os de progressão de vários tipos de tum ores. Esta seção exam ina em detalhes o c â n cer de colo hereditário, m as os m esm os princípios gerais p o d em ser aplicados a várias síndrom es de câncer descritas no Q u a d ro 83.3. Em particular, o estudo do câncer de colo h e red itá rio irá ilustrar claram ente a diferença entre dois tipos de genes supressores de tu mores: os guarda-portões, que regulam diretam ente o crescim ento de tum ores e os mantenedores, que, q u an d o m utados, levam à in s tabilidade genética e, portanto, atuam in d iretam ente sobre o cresci m ento do tum or. A polipose adenom atosa fam iliar (PAF) é um a sín d ro m e de câncer de colo autossôm ica dom inante causada po r m utações na li nhagem germ inativa do gene supressor tum oral da polipose adeno m atosa do colo (APC), localizado no crom ossom o 5. Os portadores desta síndrom e desenvolvem centenas a m ilhares de adenom as no colo, os quais não têm o outro alelo, norm al, do gene APC, m as ainda não adquiriram as m utações adicionais necessárias à geração de cé lulas totalm ente malignas (Fig. 83.2). A perda do segundo alelo APC funcional em tum ores de famílias com PAF ocorre norm alm ente por m eio da perda da heterozigose. No entanto, entre os m ilhares de ade nom as benignos, vários irão adquirir outras anorm alidades, e alguns se transform arão em câncer. Assim, o A PC é considerado um guarda-portão contra a tum origênese no colo: na ausência de m utação neste guarda-portão (ou em um gene atuando na m esm a via), um tum or colorretal sim plesm ente não pode se form ar. A Figura 83.4 m ostra as m utações germ inativas e som áticas que atingem o gene APC. A função da proteína APC ainda não é totalm ente conhecida, porém provavelm ente envia sinais de diferenciação e apoptose às células do colo, à m edida que m igram nas criptas. Defeitos neste processo podem levar ao acúm ulo anorm al de células que, em condições n o r mais, sofreriam apoptose. Diferentem ente dos pacientes com PAF, os pacientes com câncer de colo sem polipose hereditário (CCSPH ou síndrom e de Lynch) não possuem m últiplos pólipos, e sim apresentam apenas um ade
nom a, ou um pequeno núm ero deles, que evoluem rapidam ente para câncer. A m aioria dos casos de CCSPH é causada p o r m utações em um dos quatro genes de reparo do em parelham ento errôneo do DNA (Q uadro 83.3), que são com ponentes de um sistem a que norm alm en te corrige erros no DNA recém -replicado. As m utações do M SH 2 e M LH 1 na linhagem germ inativa respondem p o r m ais de 90% dos casos de CCSPH, e as do M SH 6 e PM S2 são bem m enos com uns. Q uando um a m utação som ática inativa o alelo do tipo selvagem re m anescente de um gene de reparo de incongruência, a célula desen volve um fenótipo hiperm utável caracterizado p or p rofunda instabi lidade genôm ica, especialm ente para as seqüências repetidas curtas denom inadas microssatélites. A instabilidade de microssatélites (MSI) favorece o surgim ento de câncer po r aum entar a taxa de m utações de m uitos genes, com o os oncogenes e genes supressores tum orais (Fig. 83.2). Estes genes podem , portanto, ser considerados m antenedores. É interessante m encionar que a instabilidade crom ossôm ica (CIN) tam bém pode ser encontrada no câncer de colo, porém MSI e CIN parecem ser m utuam ente excludentes, sugerindo que representam m ecanism os alternativos para a geração de um fenótipo m utante neste tipo de câncer (Fig. 83.2). O utros tipos de câncer raram ente exibem MSI, porém a m aioria exibe CIN. E n q u a n to a m a io ria das sín d ro m e s de c ân c er h e re d itá ria s autossôm icas d o m in a n tes é causada p o r m u taçõ es dos genes su pressores tum orais (Q u ad ro 83.3), existem algum as exceções in te ressantes. A neoplasia e n d ó c rin a m últip la do tip o II, u m a doença d o m in a n te m arcad a p o r a d en o m as hip o fisário s, c arcin o m a m e dular da tireoide e (em alguns h ered o g ram as) feocrom ocitom as, é causada p o r m utações de ganho de função no p roto-oncogene RET, no crom ossom o 10. De m o d o sem elhante, m utações de ganho de função no d o m ín io da tiro sin o q u in a se do oncogene M E T levam ao carcinom a papilar renal hereditário. U m fato interessante é que as m utações da p e rd a de função do gene R E T causam um a doença totalm ente diferente, a doença de H irsc h sp ru n g (m egacólon agangliônico [Caps. 297 e 351]). Em bora as form as m endelianas de câncer tenham nos ensinado m uito sobre os m ecanism os de controle do crescim ento, a m aioria das form as de câncer não segue padrões de herança simples. Em m ui tos casos (p. ex., câncer de pulm ão), existe a forte contribuição da ação am biental. C ontudo, m esm o nestas circunstâncias, alguns p a cientes podem ser mais propensos a desenvolver tum ores devido à presença de alelos m odificadores.
INVESTIGAÇÃO GENÉTICA DO CÂNCER FAMILIAR A desco b erta dos genes de su scetib ilid ad e ao câncer levantou a possibilidade de se testar o D N A p ara avaliar o risco de câncer nos m em bros das fam ílias acom etidas. A F ig u ra 83.6 m ostra um algo ritm o de avaliação do risco de câncer e de to m a d a de decisões em fam ílias de alto risco. Q u a n d o se descobre m utação em um a fam í lia, os testes em m em bros assintom áticos desta fam ília p o d em vir a ser cruciais para o tratam ento. U m teste genético negativo nestes pacientes p o u p a anos de ansiedade q u a n d o o indivíduo descobre que seu risco de câncer não é m aior que o da população geral. Um teste positivo po d e alterar a co n d u ta clínica. O m édico poderá, por exem plo, fazer exam es de triagem de cân cer com m ais frequência e, q u ando viável e apropriado, in d ic a r cirurgia profilática. A lguns efeitos negativos de um teste positiv o são o estresse psicológico (ansiedade e depressão) e a d iscrim inação, em bora o Ato de Indiscrim inação da Inform ação G enética (G IN A ) o to rn e ilegal com o inform ação genética prevista, p a ra ser usada com o discrim inação em casos de planos de saúde ou em pregos. P or isso, não se devem fazer testes sem aconselhar o p aciente antes e depois dos resulta dos. A decisão de investigar tam b ém deve dep en d er da existência de intervenções eficazes co n tra o tipo de câncer que será pesquisado. A pesar destes problem as, a investigação genética de algum as sín drom es de câncer já parece ter benefícios m aiores que os riscos, e
QUADRO 83.3
Síndromes de predisposição ao câncer e genes associados Gene
Cromossomo
Herança
Tumores
Ataxia telangiectasia
ATM
11 q22-q23
AR
Mama
Síndrome linfoproliferativa autoimune
FAS FASL
10q24 1q23
AD
Linfomas
Síndrome de Bloom
BLM
15q26,1
AR
Diversos tipos
Síndrome de Cowden
PTEN
10q23
AD
Mama, tireoide
Polipose adenomatosa familiar
APC
5q21
AD
Adenoma intestinal, câncer colorretal
1 Síndrome
Melanoma familiar
p16INK4
9p21
AD
Melanoma, pancreático
Tumor de Wilms familiar
WT1
11 p13
AD
Renal (pediátrico)
Cânceres de mama/ovário hereditário
BRCA1 BRCA2
17q21 13q12,3
AD
Mama, ovário, colo, próstata
Câncer gástrico difuso hereditário
CDH1
16q22
AD
Estômago
Exostose múltipla hereditária
EXT1 EXT2
8q24 11p11-12
AD
Exostose. condrossarcoma
HPC1
1q24-25
AD
Próstata
RB1
13q14,2
AD
Retinoblastoma, osteossarcoma
Câncer de colo sem polipose hereditário (CCSPH)
MSH2 MLH1 MSH6 PMS2
2p16 3p21,3 2p16 7p22
AD
Carcinomas de colo, endométrio, ovário, estômago, intestino delgado, ureter
Carcinoma papilar renal hereditário
MET
7q31
AD
Tumor papilar renal
Polipose juvenil
SMAD4
18q21
AD
Gastrintestinal, pancreático
Li-Fraumeni
TP53
17p13,1
AD
Sarcoma, mama
Neoplasia endócrina múltipla tipo 1
MEN1
11 q13
AD
Paratireóideo, endócrino, pâncreas, hipófise
Neoplasia endócrina múltipla tipo 2a
RET
10q11,2
AD
Carcinoma medular da tireoide, feocromocitoma
Neurofibromatose tipo 1
NF1
17q11,2
AD
Neurofibroma, neurofibrossarcoma, tumor cerebral
Neurofibromatose tipo 2
NF2
22q12,2
AD
Schwannoma vestibular, meningioma, coluna
Síndrome do carcinoma basocelular nevoide (síndrome de Gorlin)
PTCH
9q22,3
AD
Carcinoma basocelular, meduloblastoma, cistos mandibulares
Esclerose tuberosa
TSC1 TSC2
9q34 16p13,3
AD
Angiofibroma, angiomiolipoma renal
Von Hippel-Lindau
VHL
3p25-26
AD
Rins, cerebelo, feocromocitoma
Genética do Câncer
Câncer de próstata hereditário Retinoblastoma hereditário
Nota:/\D, autossômico dominante; AR, autossômico recessivo.
m uitas com panhias oferecem testes para os vários genes associados à predisposição ao câncer de m am a (BRCA1 e B R C A 2), m elanom a (p l6 IN K 4 ) e câncer de colo (A P C e os genes do CCSPH ). Em virtude dos problem as inerentes aos testes genéticos, com o o custo, a sensibilidade e a especificidade, ainda não é apropriado ofe recer investigação genética à população geral. Não obstante, os testes podem ser adequados em algum as subpopulações com risco elevado, m esm o sem história fam iliar conhecida. Por exemplo, duas m utações no gene de suscetibilidade ao câncer de m am a BRCA1, 185delAG e 5382insC, exibem um a frequência suficientem ente alta na população de judeus asquenazes para justificar o teste genético em indivíduos deste grupo étnico. C onform e observado acim a, é im portante que os resultados dos testes genéticos sejam com unicados às famílias p o r indivíduos com treinam ento específico em aconselham ento genético, especialm ente nos casos de alta penetrância e alto risco, com o a síndrom e hereditá ria do câncer de m am a/ovário (B RCA1/BRCA2). Os testes genéticos devem ser sem pre precedidos de aconselham ento, para que os p a
cientes entendam claram ente as vantagens e desvantagens, bem como o im pacto que o resultado po d e ter sobre o tratam ento da doença e sua m ente. A com unicação dos resultados dos testes genéticos aos familiares exige habilidade. U m exem plo de erro com um é a interpre tação incorreta de resultados negativos. M uitos dos testes de detecção de genes que predispõem ao câncer possuem sensibilidade m enor que 70% (ou seja, em cada 100 parentes testados são encontradas m utações patogênicas em um m áxim o de 70). Por isso, o teste deve com eçar em um fam iliar acom etido pela doença (o fam iliar m ais jo vem, ainda vivo, que tiver apresentado o tu m o r pesquisado). Se não for identificada m utação neste indivíduo, dever-se-á descrever o teste com o não inform ativo (Fig. 83.6) em vez de negativo (pois é possível que, p or m otivos técnicos, os testes genéticos-padrão não consigam detectar a m utação deste paciente). Por o u tro lado, se m utação for encontrada no referido indivíduo, poderá ser realizado o teste em ou tros familiares, e a sensibilidade dos testes subsequentes será de 100% (porque, neste caso, sabe-se que a m utação da fam ília é detectável pelo m étodo utilizado).
669
MCR
i-------- 1
TESTE GENETICO EM UMA FAMÍLIA COM PREDISPOSIÇÃO AO CÂNCER
Linhagem somática
O s pacientes (1) de uma fam ília com um a síndrom e de câncer, (2) de um a fam ília com história de câncer, (3) com câncer de início precoce
20 aa
,8 140 ra 120
Linhagem germinativa
5 100 E 80 ■o 60 2 40
Revisão da história fa m ilia r para confirm ar/identificar possíveis síndrom es de câncer e genes-candidatos
2 20 0
200
400
600
800
1.000 1.200 1.400 1.600 1.800 2.000 2.200 2.400 2.600 2.800
Número de aminoácidos
Figura 83.5 Mutações de linhagens germinativa e somática no gene su pressor tumoral APC. 0 APC codifica uma proteína de 2.843 aminoácidos com seis domínios principais: uma região de oligomerizagão (0), repetições armadillo (ARM), repetições de 15 aminoácidos (15 aa), repetições de 20 aminoácidos (20 aa), uma região básica, bem como um domínio envolvido na ligação de EB1 e grande homólogo dos discos da Drosophila (E/D). As posições no interior do gene APC, de um total de 650 mutações somáticas e 826 de linhagem germinativa, são mostradas (da base de dados do APC em http:/www.umd.be/APQ. A grande maioria destas mutações resulta em truncamento da proteína APC. Descobriu-se que as mutações de linhagem germinativa são distribuídas de maneira relativamente uniforme no có don 1.600, exceto para os dois pontos de acesso da mutação nos aminoácidos 1.061 e 1.309 que juntos são responsáveis por 33% das mutações encontradas em famílias com polipose adenomatosa familiar (PAF). As mutações somáticas de APC nos tumores de colo agrupam-se em uma área do gene conhecida como mutation clusterregion (MCR). A localização de MCR sugere que o domínio de 20 aminoácidos desempenha um papel fundamentai na supressão do tumor.
MICRORNAS E CANCER O
MicroRNAs (miRNAs) são pequenos RNAs não codificantes de 2022 nucleotídios, envolvidos na regulação gênica pós-transcricional. E studos sobre a leucem ia linfocítica crônica sugeriram inicialm en te um a ligação entre os m iRNAs e o câncer, quando foi observada a deleção ou a downregulation dos genes miR-15 e miR-16 na grande m aioria dos tum ores. Diversos miRNAs foram desde então encontra dos com expressão anorm al em várias m alignidades hum anas. A ex pressão aberrante de miRNAs em câncer tem sido atribuída a diver sos m ecanism os, tais com o rearranjos crom ossôm icos, alteração do núm ero de cópias no genom a, m odificações epigenéticas, defeitos na via de biogênese dos m iRNAs e regulação de fatores transcricionais. Funcionalm ente, tem sido sugerido que os m iRNAs contribuem para a tum origênese p or m eio da sua habilidade em regular as vias de sinalização oncogênicas. Por exemplo, os genes miR-15 e miR-16 atuam sobre o oncogene BCL2, levando à sua downregulação nas cé lulas leucêm icas e na apoptose. C om o outro exemplo do envolvim en to dos miRNAs nas vias oncogênicas, o gene supressor de tu m o r p53 pode induzir a transcrição de miR-34 após estresse genotóxico e a sua indução é im portante na m ediação da função de p53. A expressão de miRNAs é extrem am ente específica e existem evidências de que os seus padrões de expressão podem ser úteis em distinguir linhagens e estados de diferenciação, bem com o diagnósticos e prognósticos de câncer. Entretanto, n enhum gene m iRNA m utante foi observado no câncer, seja na linhagem germ inativa ou som ática. Atualm ente, a única form a absolutam ente confiável de se im plicar casualm ente um gene no processo neoplásico hum ano é pela evidência de seu estado m utante. C entenas de outros genes, além dos miRNAs, são expressos em níveis superiores ou inferiores no câncer, q u ando com parados à sua expressão nos tecidos norm ais correspondentes, e o papel de qualquer um destes no câncer hum ano perm anece conjectural.
670
Aconselham ento pré-teste ou outras intervenções
C onsentim ento inform ado
Teste de paciente com câncer
Identificação da m utação causadora de doença
Triagem de m em bros assintom áticos da fam ília
Teste negativo: m em bro da fam ília não apresenta aum ento de risco de câncer
Falha em identificar m utações
Fim do teste, não inform ativo
Teste positivo: m em bro da fam ília requer o aum ento da triagem ou outras intervenções
Figura 83.6 Algoritmo para teste genético em uma família com predis posição ao câncer. A principal etapa é a identificação de mutação em um pa ciente com câncer, que possibilita o teste dos membros assintomáticos da família. Os membros assintomáticos da família que apresentam resultado positivo podem necessitar de uma triagem maior ou cirurgia, enquanto outros não apresentam risco maior para câncer do que a população geral.
VÍRUS N 0 CÂNCER HUMANO Alguns cânceres hum anos estão associados a vírus. São exem plos o linfom a de Burkitt (vírus E pstein-B arr), o carcinom a hepatocelular (vírus da hepatite), o câncer de colo uterino [papilom a-vírus h u m a no (HPV)] e a leucem ia das células T (retrovírus). O m ecanism o de ação destes vírus é variável, m as sem pre envolve a ativação das vias prom otoras do crescim ento ou inibição de produtos dos supressores tum orais nas células infectadas. Por exemplo, as proteínas E6 e E7 do H PV se ligam e inativam , respectivam ente, os genes supressores tu m orais p53 e pRB. Os vírus não são suficientes p ara provocar câncer, porém constituem um a alteração no processo m últiplo da progressão do câncer. A EXPRESSÃO GENICA N 0 CANCER O processo de tum origênese, em preendido p or alterações em supres sores tum orais, oncogenes e regulação epigenética, é acom panhado de alterações na expressão gênica. O advento de técnicas potentes ou perfis de expressão gênica, baseados em sequenciam entos ou m i croarrays, perm itiu o estudo com preensivo da expressão dos genes em células neoplásicas. Na verdade, é possível identificar os níveis de expressão de m ilhares de genes em tecidos norm ais e cancerosos. A F igura 83.7 m ostra um típico experim ento de microarray analisan do a sua expressão no câncer. O conhecim ento global da expressão gênica perm ite a identificação de genes expressos diferencialm ente
e, em princípio, a com preensão dos circuitos m oleculares complexos que regulam os com portam entos norm ais e neoplásicos. Esses estu dos p erm itiram definir o perfil m olecular dos tum ores, um avanço que sugeriu linhas gerais para distinguir os tum ores com co m p o r tam entos biológicos diferentes (classificação m olecular), elucidar vias im portantes no desenvolvim ento dos tum ores e identificar alvos m oleculares que perm itam detectar e tratar o câncer. As prim eiras aplicações práticas desta tecnologia sugerem que os perfis globais de expressão gênica podem fornecer inform ações prognósticas que não podem ser obtidas p or outros testes clínicos ou laboratoriais. O Sanger Cancer Genome Project (www.sanger.ac.uk/genetics/CGP/) m a n tém um a base de dados dedicada a coletar dados sobre a expressão gênica em tecidos norm ais e m alignos e torná-los disponíveis na In ternet. O Gene Expression Om nibus (GEO, http://w w w .ncbi.nlm .nih. gov/geo/) é outro fornecedor de dados online para os experim entos com perfis de expressão.
PERFIS MUTACIONAIS DO GENOMA DO CÂNCER C om a com plexidade do Projeto G en o m a H u m a n o e os avanços nas tecnologias de seq u en ciam en to , a análise m u ta c io n a l siste m ática do genom a do câncer se to rn o u possível. T odos os genes que codificam proteínas presentes no genom a h u m a n o foram se quenciados nos tum ores, de m am a, pâncreas, cérebro e colorretal. In teressantem ente, descobriu-se que em geral existem de 40-100 alterações genéticas que afetam a seqüência proteica em u m câncer típico, em bora análises estatísticas sugiram que apenas 8 a 15 estão funcionalm ente envolvidas na tum origênese. O q u a d ro que surge
N orm al
destes estudos diz que a m aio ria dos genes m u ta d o s em tu m o res estão, na verdade, m u tad o s em frequências relativam ente baixas (< 5%), en q u an to um p e q u en o n ú m ero de genes (com o p53, K R A S ) estão m utados em u m a gran d e p ro p o rção dos tu m o res (Fig. 83.8). N o passado, o foco da p esquisa se situava nos genes que sofriam m utações freqüentes, p o ré m parece que o grande n ú m ero de ge nes que não são m utados com frequência representam os principais contribuintes para o fenótipo do câncer. C onhecer as vias de sinali zação alteradas p o r m utações nesses genes, bem com o a relevância funcional destas diferentes m utações, representa o próxim o desafio no cam po. O Atlas do G e n o m a do C âncer {http://cancergenom e. nih.gov) representa um esforço co o rd en a d o pelo N ational Cancer Institute e pelo N ational H um an Genom e Research Institute p ara ca racterizar sistem aticam ente to d o o espectro de alterações genôm i cas envolvido nos cânceres h um anos.
TRATAMENTO DO CÂNCER PERSONALIZADO BASEADO NOS PERFIS MOLECULARES Os perfis de expressão gênica e as técnicas de sequenciam ento do genom a têm levado a u m en ten d im en to sem precedentes do câncer em nível m olecular. Tem sido sugerido que o c onhecim ento in d i vidualizado das vias ou genes d esregulados em um d ete rm in a d o tu m o r (genôm ica personalizada) p o d e rep re se n tar um guia para
C âncer
Genética do Câncer
Figura 83.7
Um experimento de microarray. 0 RNA é preparado a partir das células, transcrito em cDNA e marcado com corantes fluorescentes (verde para as células normais e vermelho para as células cancerosas). As sondas fluorescentes são misturadas e hibridizadas com um array de cDNA. Cada ponto no array é um oligonucleotídio (ou fragmento de cDNA) que representa um gene diferente. A ima gem é, então, capturada com uma câmera sensível à luz fluorescente; os pontos vermelhos indicam expressão maior nas células tumorais quando comparada com a referência, enquanto os pontos verdes representam a expressão inferior nas cé lulas tumorais. Os sinais amarelos indicam níveis de expressão iguais nas amostras normais e tumorais. Após a análise em agrupamentos dos múltiplos arrays, os re sultados são representados em um gráfico usando um software de visualização, que evidencia, para cada amostra, uma representação da expressão para cada gene, codificados em cores.
Figura 83.8 Mapas bidimensionais de genes mutados no câncer colorre tal. Os mapas bidimensionais representam as posições dos genes RefSec ao longo dos cromossomas e a altura dos picos representam a frequência das mutações. No mapa de cima, os picos mais altos representam os genes que estão comumente mutados no câncer de colo, enquanto que o grande número de colinas pequenas indicam os genes que são mutados com menor frequência. No mapa inferior, as mutações de dois tumores individuais estão indicadas. Observa-se que há pequena superposição entre os genes mutados dos dois tumores mostrados. Essas diferenças podem representar a base para a heterogeneidade em termos de comportamento e sensibilidade à terapia observada no câncer humano. {De Wood et al.: Ciência 318:1108,2007, com autorização.)
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as opções terapêuticas para este tum or, levando, p o rtan to à terapia personalizada. C om o o com portam ento do tu m o r é altam ente h e te rogêneo, m esm o considerando um único tipo de tum or, a m edicina personalizada baseada nessas inform ações p o d erá fornecer u m a al ternativa viável p ara u m a terapia atual única, especialm ente no caso de tum ores resistentes às estratégias terapêuticas convencionais. O sucesso dessa estratégia irá d epender da inform ação acum ulada so bre o co m portam ento e os fenótipos do câncer. Por exem plo, a id en tificação de um a m utação particular, com o a que ocorre em BRAF, p o d erá indicar se um determ in ad o tu m o r (com o o m elanom a) está p ro p e n so a ser suscetível a u m d e te rm in a d o fárm aco d irigido ao gene m utante BRAF. Do m esm o m odo, a identificação de o u tra m u tação, em K R A S, p o d e rá in d icar que o tu m o r provavelm ente não será sensível a um anticorpo direcionado contra EGFR. A expressão gênica tam bém oferece o potencial de p red izer as suscetibilidades ao fárm aco, bem com o fornecer inform ações prognósticas. Testes diagnósticos com erciais, com o o M a m m a p rin t e o O ncotype D X para o câncer de m am a, estão disponíveis p a ra aju d ar os p a cien tes e os m édicos a tom arem as decisões de tratam ento. A m edicina personalizada é um novo e excitante cam in h o p ara o trata m e n to do câncer com base nos perfis m oleculares e esta técnica está em processo de alterar nossas estratégias de form a fu n d am en tal para a terapia do câncer.
0 FUTURO Houve um a revolução na genética do câncer nos últim os 25 anos. A identificação de genes alterados levou a um a com preensão p ro fu n da do processo de tum origênese e teve repercussões im portantes em
Oncologia e Hematologia
CAPÍ TULO
84
Biologia Celular e Angiogênese do Câncer Dan L. Longo BIOLOGIA DA CÉLULA NEOPLÁSICA Os cânceres caracterizam -se p o r proliferação celular d e sc o n tro la da, invasão dos tecidos e m etástases. As neoplasias são benignas qu ando crescem de form a descontrolada, m as não invadem os te cidos. O crescim ento com invasão dos tecidos é típico das n e o p la sias malignas. Os cânceres recebem suas d en o m in açõ es de acordo com suas origens: as neoplasias m alignas dos tecidos epiteliais são conhecidas com o carcinomas; as originadas dos tecidos m esen q u i m ais são sarcomas; e as derivadas dos tecidos h em atopoiéticos são leucemias ou linfomas. Os cânceres quase sem pre se desenvolvem em conseqüência das alterações genéticas. O coriocarcinom a pode ser um a exceção à re gra, porque a inserção experim ental de um a célula deste tu m o r no blastocisto de um anim al pode resultar na form ação das estruturas corporais norm ais a p artir da célula neoplásica, em razão da influên cia indutiva do em brião em desenvolvim ento. Essa ocorrência po d e ria ser improvável quando há lesão genética irreversível. A lguns cânceres parecem ser causados pela alteração de um gene dom inante que possibilita a proliferação celular descontrolada. Dois exem plos são a leucem ia m ieloide crônica (gene abi) e o linfo m a de B urkitt (gene c-myc). Os genes que p o d em prom over a p ro liferação celular quando estão alterados são conhecidos geralm ente
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todos os cam pos da biologia do câncer. Em particular, o avanço das técnicas poderosas dos perfis de expressão gênica e das análises de m utações tem fornecido um quadro detalhado dos defeitos m olecu lares presentes nos tum ores específicos. Além disso, o tratam ento in dividualizado com base nas alterações genéticas específicas de alguns tipos de tum ores já se to rn o u possível. E nquanto estes avanços ainda não se transform aram em alterações com pletas na prevenção, prog nóstico e tratam ento do câncer esperam -se que continuem surgindo esclarecim entos nestas áreas, que sejam aplicáveis a um núm ero sem pre crescente de cânceres.
BIBLIOGRAFIA WD: Inherited susceptibility to common cancers. N Engl J Med 359:2148, 2008 L e y TJ et al: DNA sequencing of a cytogenetically normal acute myeloid leukaemia genome. Nature 456:66,2008 M a r k o w i t z SD, B e r t a g n o l u M: Molecular basis of colorectal cancer. N Engl] Med 361:2449, 2009 M o u s s e s S et al: Using biointelligence to search the cancer genome: an epistemological perspective on knowledge recovery strategies to enable precision medicai genomics. Oncogene 27:S58, 2009 S c h v a r t z m a n J M et al: Mitotic chromosomal instability and cancer: mouse modelling of the human disease. Nat Rev Cancer 10:102, 2010 T i m p W et al: A new link between epigenetic progenitor lesions in cancer and the dynamics of signal transduction. Cell Cycle 8:383,2009 V o g e l s t e i n B, K i n z l e r K W : The multistep nature of cancer. Trends Genet 9:138,1993 W o o d LD et al: The genomic landscapes of human breast and colorectal can cers. Science 318:1108, 2007
Foulkes
com o oncogenes. Esses genes foram identificados inicialm ente com o elem entos essenciais dos v íru s que causam tu m o res nos anim ais; m ais tarde, observou-se que os genes virais tin h am correspondentes norm ais com funções celulares im portantes, que tin h am sido cap turados e transform ados pelos vírus à m edida que passaram de um hospedeiro para outro. C ontudo, a grande m aioria dos cânceres hu m an o s caracteriza-se p o r várias anorm alidades genéticas, das quais todas contribuem para a perda do controle da proliferação e da diferenciação celulares e a aquisição de novos recursos com o a capacidade de invadir teci dos e a angiogênese. M uitos cânceres passam p o r etapas bem d e finidas de fenótipos progressivam ente m ais anorm ais: hiperplasia, adenom a, displasia, carcinom a in situ e câncer invasivo (Q u a d ro 84.1). Essas p ropriedades não são e n co n trad a s nas células adultas norm ais, das quais se originou o tum or. N a verdade, as células n o r m ais dispõem de vários recursos pro teto res para evitar a prolifera ção descontrolada e a invasão. N a m aioria dos órgãos, apenas as células não funcionais prim iti vas são capazes de proliferar e estas células perdem esta capacidade à m edida que se diferenciam e adquirem sua capacidade funcional. A expansão das células prim itivas está relacionada com algum a neces sidade funcional do hospedeiro e depende da ativação dos receptores que recebem sinais do am biente local ou das influências horm onais trazidas pela irrigação sanguínea. Na ausência desses sinais, as células ficam em repouso. A inda existem poucas inform ações sobre os sinais que m antêm as células prim itivas em repouso. T am bém é possível que esses sinais sejam am bientais, ten d o com o base as observações de que o fígado em regeneração para de crescer quando consegue substituir a parte que foi rem ovida cirurgicam ente e de que a medula óssea em regeneração para de proliferar quando as contagens do san gue periférico voltam ao norm al. E videntem ente, as células neoplási cas perderam sua capacidade de responder a esses controles e não os reconhecem quando ultrapassam os nichos que ocupavam norm al-
QUADRO 84.1
Características fenotípicas das células malignas
Proliferação celular descontrolada: perda da função dos reguladores
negativos da proliferação (oncogenes supressores como Rb, p53) e aumento da atividade dos reguladores positivos (oncogenes, isto é, Ras, Myc). Isso leva às anormalidades do controle do ciclo celular e inclui a perda das respostas aos pontos de controle/checagem normais. Incapacidade de diferenciação: bloqueio em um estágio anterior à
diferenciação completa. Pode conservar algumas propriedades das células-tronco. (Observada comumente nas leucemias em razão da repressão transcricional dos programas de desenvolvimento pelos produtos gênicos das translocações cromossômicas). Perda dos mecanismos normais de apoptose: inativação da p53, aumentos dos componentes da família Bcl-2. Essa anormalidade prolonga a sobrevivência das células com mutações oncogênicas e instabilidade genética, bem como permite a expansão e a diversificação clonais dentro do tumor, sem ativação dos mecanismos fisiológicos de morte celular. Instabilidade genética: falhas no processo de reparo do DNA, resultando em mutações pontuais ou de oligonucleotídios (como ocorre na instabilidade de microssatélites IMS) ou, mais comumente, em instabilidade cromossômica (INC) resultando em aneuploidia. É causada pela perda de função do p53 e do BRCA1/2, das enzimas de reparação do DNA e do spindle checkpoint.
Perda da senescência replicativa: /«vitro, as células normais param de dividir-se depois de 25-50 duplicações. A interrupção é mediada pelas vias do Rb, do p16INK4a e do p53. A replicação adicional resulta em perda do telômero e colapso celular. As células sobreviventes geralmente têm anormalidades cromossômicas grosseiras. A relevância desse mecanismo no câncer humano in vivo ainda não foi definida. Muitos cânceres humanos expressam telomerases. Aumento da angiogênese: atribuído ao aumento da expressão dos genes dos fatores pró-angiogênicos (VEGF, FGF, IL-8) pelas células tumorais ou estrômicas, ou à perda dos reguladores negativos (endostatina, tunstatina, trombospondina).
Metástases: disseminação das células tumorais aos linfonodos ou aos tecidos distantes. Limitadas pelo potencial de sobrevivência das células tumorais em um ambiente estranho. Evasão ao sistema imune: hiporregulação das moléculas do MHC classes I e II; indução de tolerância pelas células T; inibição das funções normais das células dendríticas e/ou dos linfócitos T; variantes com perda antigênica e heterogeneidade clonal; aumento das células T reguladoras. Nota; FGF, fator de crescimento dos fibroblastos; IL, interleucina; MHC, complexo de histocompatibilidade principal; VEGF, fator de crescimento do endotélio vascular.
m ente no órgão do qual se originam . Existem pouquíssim as infor m ações sobre esse m ecanism o de regulação da proliferação celular.
■ CONFERÊNCIA DO CICLO CELULAR As células norm ais dispõem de alguns m ecanism os de controle, que são alvos das alterações genéticas específicas do câncer. A progres são de um a célula ao longo do ciclo de divisão celular é regulada em alguns pontos de conferência p o r diversos genes. N a prim eira fase (G,), a célula faz os preparativos para replicar o m aterial genético. A célula interrom pe esse processo antes de entrar na fase de síntese do DNA (ou fase S) para fazer um inventário. Estam os prontos para re plicar nosso DNA? O m ecanism o de reparação do DNA está a postos para corrigir quaisquer m utações detectadas? As enzim as de replica ção do DNA estão disponíveis? Há suprim ento adequado de nucle otídios? Há energia suficiente. O principal m ecanism o de controle desse processo é a proteína do retinoblastom a (Rb). Q uando a célula
Biologia Celular e Angiogênese do Câncer
Invasão: perda dos contatos intercelulares (junções comunicantes, caderinas) e maior produção de metaloproteinases matriciais (MPM). Em geral, assume a forma de transição epiteliomesenquimal (TEM), na qual as células epiteliais ancoradas ficam mais semelhantes aos fibroblastos móveis.
determ ina que está preparada para ir adiante, a ativação seqüencial das quinases dependentes da ciclina (CDKs) resulta na inativação desse controle (Rb) p o r fosforilação. A Rb fosforilada libera o fator de transcrição regulador da fase S (E2F/DP1) e os genes necessários à progressão da fase S são expressos. Q uando a célula define que não está pronta para iniciar a replicação do DNA, alguns inibidores con seguem bloquear as ações das CDKs, inclusive a p21Cip2/Wafl, a p l 6Ink4a e a p27K,pl. Quase todos os cânceres têm um ou mais danos genéticos na etapa de verificação da Gp que perm ite a progressão para a fase S. Ao final da fase S, quando a célula duplicou seu DNA com p re cisão, há u m segundo inventário na etapa de verificação desta fase. Todos os crom ossom os foram com pletam ente duplicados? Algum segm ento do DNA foi copiado m ais de um a vez? D ispom os do n ú m ero exato de crom ossom os e da quantidade certa de DNA? Em caso afirm ativo, a célula passa para a fase G2, na qual se prepara para a divisão sintetizando o fuso m itótico e outras proteínas necessárias à form ação das duas células descendentes. Q uando a célula detecta algum dano ao DNA, a via da p53 é ativada norm alm ente. Conhecida com o guardiã do genom a, a p53 é um fator de transcrição presente norm alm ente na célula em níveis m uito baixos. Em geral, o nível des se fator é regulado p o r seu turnover rápido. Em condições norm ais, a p53 fica ligada à m dm 2, que a tran sp o rta para fora do núcleo para ser decom posta no proteassom o. Q uando se detecta algum a lesão, a via da ATM (ataxia-telangiectasia m utante) é ativada; a ATM fosforila a m dm 2, que se desliga da p53, que então interrom pe a progressão do ciclo celular, dirige a síntese das enzim as reparadoras ou, se a lesão for m uito extensa, inicia a apoptose celular para evitar a propagação de um a célula danificada (Fig. 84.1). O segundo m ecanism o de ativação da p53 consiste na indução da p l4 (p l9 nos cam undongos) pelos oncogenes. A ARF compete com a p53 pela ligação à m dm 2 e perm ite que este prim eiro fator es cape aos efeitos da m dm 2 e acum ule-se na célula. Em seguida, a p53 bloqueia a progressão do ciclo celular po r ativação dos inibidores das CDKs (inclusive p21) e/ou iniciação da via da apoptose. As m utações do gene da p53 localizado no crom ossom o 17p são encontradas em m ais de 50% dos cânceres hum anos. Na m aioria dos casos, essas m u tações são adquiridas pelos tecidos m alignos em um alelo, enquanto o segundo alelo é deletado, deixando a célula desprotegida dos agen tes lesivos ao DNA. A lgum as exposições am bientais produzem m u tações de assinatura na p53; p o r exem plo, a exposição à aflatoxina causa substituição (m utação) da arginina p or serina no códon 249 e estim ula o desenvolvim ento do carcinom a hepatocelular. Em casos raros, as m utações da p53 afetam a linhagem de células germ inativas (síndrom e de Li-Fraum eni) e geram um a síndrom e neoplásica fam i liar. A ausência da p53 causa instabilidade crom ossôm ica e acum ula ção de danos ao DNA, inclusive a aquisição de propriedades que con ferem vantagens proliferativas e de sobrevivência à célula anorm al. Assim como ocorre com a disfunção da Rb, a maioria dos cânceres tem mutações que inabilitam a via da p53. N a verdade, a im portância da p53 e da Rb no desenvolvim ento dos cânceres é ressaltada pelo m e canism o de transform ação neoplásica dos papilom avírus hum anos. Esses vírus têm dois oncogenes principais (E6 e E7). O oncongene E6 aum enta o turnover rápido da p53, enquanto o E7 inibe a função da Rb; a inibição destes dois alvos é suficiente para causar neoplasia. O utra etapa de verificação do ciclo celular ocorre quando a cé lula entra em processo de divisão, tam bém conhecida com o etapa de verificação do fuso m itótico. O s detalhes desse processo ainda não estão esclarecidos; contudo, aparentem ente, se o fuso m itótico não se alinha adequadam ente nos crom ossom os para a divisão, se o núm ero de crom ossom os estiver alterado (isto é, m aior ou m enor que 4 n), se os centrôm eros não estiverem corretam ente pareados com seus correspondentes duplicados, a célula inicia o processo de m orte celular para evitar a produção de descendentes aneuploides. As anorm alidades da etapa de verificação do fuso m itótico facilitam a ocorrência de aneuploidia. C om alguns tum ores, a aneuploidia é um com ponente genético predom inante. Em outros, a instabilidade dos m icrossatélites é a anorm alidade genética principal. A instabili-
673
1.
P o n to de C o n tr o le /C h e c a g e m de
D anos
ao
DNA
2.
P o n to de C o n t r o l e / C hecagem
dos
O
ncogenes
Tetrâm ero de p53
Figura 84.1 Indução da p53 pelos danos ao DNA e os pontos de contro le/checagem dos oncogenes. Em resposta aos estímulos deletérios, a p53 e a mdm2 são fosforiladas pela quinase mutante da ataxia-telangiectasia (ATM) e pela serina/treoninoquinase relacionadas com a ATM, ATR, assim como pelas quinases dos pontos reguladores distais imediatos (Chkl e Chk2). Isso acarreta a dissociação da p53 da mdm2, resultando no aumento dos níveis da proteína p53 e na transcri ção dos genes que levam ao bloqueio do ciclo celular (p21apiywaf1) ou à apoptose (p. ex., membros pró-apoptóticos da família Bcl-2, como Noxa e Puma). Entre os induto res da p53 estão a hipoxemia, os danos ao DNA (causados pela radiação ultravioleta, irradiação gama ou quimioterapia), a escassez de ribonucleotídios e o encurtamento dos telômeros. 0 segundo mecanismo de indução da p53 é ativado pelos oncogenes como o Myc, que promove a transição anômala da fase G, para a fase S. Essa via é regulada por outro produto do locus Ink4a (p14ARF, ou p19 nos camundongos), codi ficado por uma estrutura de leitura alternativa (do inglês altemative reading frame) do mesmo fragmento de DNA que codifica a p16lnk4a. Os níveis da ARF são hiperregulados pelo Myce E2F, e a ARF liga-se à mdm2 e livra a p53 dos seus efeitos inibi tórios. Esse ponto de controle mediado por oncogene leva à morte ou à senescência (bloqueio irreversível em do ciclo celular) das células renegadas que tentam entrar na fase S sem os sinais fisiológicos apropriados. As células senescentes foram iden tificadas nos pacientes cujas lesões pré-malignas possuem oncogenes ativados, por exemplo, nevos displásicos que codificam uma versão ativada da BRAF (ver adiante), demonstrando que a indução da senescência é um mecanismo protetor atuante nos seres humanos para evitar a proliferação descontrolada das células neoplásicas. dade dos m icrossatélites origina-se das anorm alidades dos genes de reparo das discrepâncias do DNA. Em geral, os tum ores apresentam anorm alidades do núm ero de crom ossom os ou instabilidade dos m i crossatélites, m as não as duas ao m esm o tem po. As anorm alidades que resultam no câncer incluem etapas anorm ais de verificação do ciclo celular, reparo inadequado do DNA e incapacidade de preservar a integridade do genoma. Hoje, pesquisadores têm realizado esforços para recuperar as fa lhas da regulação do ciclo celular que caracterizam o câncer.
■ 0 CÂNCER COMO UMA ESTRUTURA QUE IGNORA SEU NICHO As anorm alidades celulares fundam entais que produzem as neopla sias m alignas ocorrem no nivel celular. C ontudo, o problem a não é apenas esse. Os cânceres com portam -se com o estruturas que perde ram suas funções especializadas e deixaram de responder aos sinais que norm alm ente lim itam seu crescimento. Em geral, os cânceres h u m anos tornam -se detectáveis clinicam ente quando o tu m o r prim ário m ede no m ínim o 1 cm de diâm etro - esta m assa consiste em cerca de 109 células. Na m aioria dos casos, os pacientes apresentam -se com tum ores com IO10 células ou mais. A carga tum oral letal é de cerca de 1012 células. Se todas as células do tu m o r estivessem em divisão p or ocasião do diagnóstico, os pacientes alcançariam um a carga tum oral letal em pouquíssim o tem po. E ntretanto, os tum ores hum anos cres cem de acordo com a cinética gom pertiziana - isto significa que nem todas as células descendentes produzidas p or um a célula em divisão são capazes de dividir-se. A taxa de crescim ento do tu m o r declina exponencialm ente com o tem po. A taxa de crescim ento da prim eira célula m aligna é de 100% e, na ocasião em que o paciente procura atendim ento m édico, a taxa de crescim ento é de 2 a 3% ou m enos. Essa taxa é sem elhante à taxa de proliferação da m edula óssea e do
epitélio intestinal norm ais (tecidos norm ais que m ais proliferam nos seres hum anos); este fato pode explicar os efeitos tóxicos dose-lim itantes dos agentes quim ioterápicos que atuam nas células em divisão. A implicação disso é que o tu m o r cresce lentam ente ao longo do tem po. C om o isso ocorre? As células tum orais contêm vários danos genéticos que tendem a estim ular sua proliferação, ainda que, qu an do o tu m o r é detectável clinicam ente, sua capacidade de proliferação tenha dim inuído. E preciso entender m ais claram ente com o o tum or interrom pe seu próprio crescim ento. A lguns fatores podem co n tri buir para a incapacidade de as células tum orais proliferarem in vitro. Algum as células ficam hipoxêm icas e têm suprim entos insuficientes de nutrientes e energia. Algum as apresentam m uitos danos genéticos que im pedem a conclusão do ciclo celular e perderam a capacidade de e ntrar em apoptose. C ontudo, um a subpopulação expressiva não se divide ativam ente, m as retém a capacidade de dividir-se e começa o processo de divisão novam ente quando a m assa tu m oral é reduzi da pelo tratam ento. Assim com o a m edula óssea aum enta sua taxa de proliferação em resposta aos agentes que causam danos à m edula óssea, o tu m o r tam bém parece perceber quando as contagens de cé lulas tum orais dim inuíram e responde aum entando sua taxa de cres cim ento. Entretanto, a m edula para de proliferar quando alcança suas m etas de produção. O m esm o não acontece com os tum ores. A longo prazo, não é interessante que o tu m o r destrua seu hospe deiro, m as erra quando suplanta os lim ites im postos pelo nicho que ocupa. E provável que sejam descobertos outros pontos fracos das cé lulas tum orais quando entenderm os m elhor com o as células norm ais respondem aos sinais de “parada” presentes no seu am biente e como as células tum orais não conseguem perceber estes sinais,
■ A SENESCÊNCIA IN VITRO É IMPORTANTE PARA A CARCINOGÊNESE? Q uando as células norm ais são cultivadas in vitro, a m aioria não con segue m anter seu crescim ento. Os fibroblastos são exceções à regra. Q uando são cultivados, os fibroblastos podem dividir-se 30-50 vezes e, em seguida, entram no que se conhece com o “crise”, durante a qual a m aioria das células para de dividir-se (em geral, em conseqüência do aum ento da expressão da p 21, u m in ibidor das CDKs), m uitas m orrem e um a percentagem peq u en a adquire alterações genéticas que lhes perm item m anter a proliferação descontrolada. A cessação da proliferação das células no rm ais em cu ltu ra é conhecida com o “senescência” e ainda não está claro se este fenôm eno é relevante a qualquer processo fisiológico in vivo. A DNA polim erase não é capaz de replicar as pontas dos c ro m ossom os, resultando na p e rd a do D N A situado nas extrem idades especializadas dos c rom ossom os (conhecidas com o telômeros) a cada ciclo de replicação. Ao nascer, os telôm eros hu m an o s m edem 15-20 quilobases (kb) de com p rim en to e são form ados p o r repeti ções paralelas de um a seqüência de seis nucleotídios (TTAGGG), que se com binam com proteínas especializadas de ligação dos telô m eros para form ar um a e stru tu ra de alça em T que im pede que as extrem idades dos crom ossom os sejam reconhecidas erroneam ente com o fragm entos danificados. A p e rd a das repetições telom éricas a cada ciclo de divisão celular provoca o en cu rtam e n to progressi vo dos telôm eros e resulta n o bloqueio da proliferação (conhecido com o senescência) quando u m ou m ais telôm eros criticam ente en cu rtad o s desencadeiam um a resposta regulada pela p53 (etapa de verificação) do DNA danificado. As células p o d em fugir a esse blo queio da proliferação q u an d o a pRB e a p53 não são funcionantes, m as a m orte celular ocorre q u ando as extrem idades desprotegidas dos crom ossom os causam fusões crom ossôm icas ou outras recom binações catastróficas do DNA. A capacidade de fu g ir às limitações da proliferação dependentes dos telômeros parece ser um a etapa f u n dam ental da evolução da m aioria das neoplasias malignas. Isso ocor re p o r reativação da expressão da telom erase nas células cancerosas. A telom erase é um a enzim a que acrescenta repetições TTAGGG nas extrem idades 3’ dos crom ossom os. Essa enzim a possui um a subuni dade catalítica com atividade de transcriptase reversa (hTERT) e um com ponente de RNA que fornece o m olde para a am pliação do telômero. A m aioria das células som áticas n orm ais não expressa telo-
m erase suficiente para evitar o desgaste dos telôm eros a cada divisão celular. As exceções são as células-tronco (com o as que estão p resen tes nos tecidos hem atopoiéticos, nos epitélios intestinal e cutâneo, bem com o nas células germ inativas), que necessitam de divisões ce lulares freqüentes para m an ter a hom eostasia dos tecidos. M ais de 90% dos cânceres h u m an o s expressam níveis altos de telom erase, que im pedem o e n cu rtam e n to crítico dos telôm eros e p erm item a proliferação celular inesgotável. Experiências in vitro indicaram que a inibição da atividade da telom erase prom ova a apoptose das célu las tum orais. Hoje, esforços expressivos são realizados para d esen volver m étodos visando inibir a atividade dessa enzim a nas células neoplásicas. A atividade de transcriptase reversa da telom erase é um alvo prim ordial dos agentes farm acêuticos de baixo peso m olecular. Além disso, o com ponente proteico da telom erase (hTERT) pode atuar com o antígeno associado ao tu m o r e po d e usado com o alvo para as abordagens de im unização antitum oral. Todas as funções conhecidas da telom erase estão relacionadas com a divisão celular. Desse m odo, ainda não está claro com o os telô m eros interferem com as funções diferenciadas das células norm ais. No entanto, a am pliação expressiva da indústria de pesquisa m édica descobriu um a correlação entre telôm eros curtos e doenças h u m a nas, inclusive diabetes, doença arterial coronariana e doença de A l zheimer. O quadro fica ainda m ais com plicado pelo fato de que an o m alias genéticas raras da enzim a telom erase parecem causar fibrose pulm onar, m as não insuficiência hem atopoiética ou anorm alidades da absorção de nutrientes no intestino, estruturas presum ivelm ente m ais sensíveis à proliferação celular deficiente. A inda é necessário aprender m uito sobre encurtam ento e conservação dos telôm eros no que se refere às doenças hum anas em geral e ao câncer em particular.
■ VIAS DE TRANSDUÇÃO DE SINAIS DAS CÉLULAS NEOPLÁSICAS
Biologia Celular e Angiogênese do Câncer
Os sinais que regulam o com portam ento celular provêm das células adjacentes, do estrom a no qual as células estão localizadas, dos sinais horm onais originados a distância e das próprias células (sinalização autócrina). Em geral, esses sinais exercem sua influência na célula receptora p o r m eio da ativação das vias de transdução de sinais, que tem com o resultado final a indução dos fatores de transcrição ativa dos; estes fatores m edeiam u m a alteração da função ou do co m porta m ento da célula, ou a aquisição dos m ecanism os efetores necessários à realização de um a tarefa nova. E m bora as vias de transdução de sinais possam causar vários efeitos, m uitas destas vias dependem das cascatas de sinais que ativam seqüencialm ente diferentes proteínas ou glicoproteínas e lipídios ou glicolipídios; em geral, as etapas de ati vação envolvem o acréscim o ou a rem oção de um ou m ais grupos de fosfato num a estrutura distai. O utras alterações quím icas podem re sultar das vias de transdução de sinais, m as a fosforilação e a desfosforilação desem penham um a função fundam ental. As proteinoquinases geralm ente pertencem a duas classes diferentes; um a delas atua nas m oléculas de tirosina e a outra nas m oléculas de serina/treonina. As tirosinoquinases geralm ente desem penham funções críticas nas vias de transdução de sinais e p odem ser tirosinoquinases recepto ras, ou podem estar relacionadas com outros receptores da superfície celular p o r m eio de proteínas de ancoragem associadas (Fig. 84.2). N orm alm ente, a atividade das tirosinoquinases tem curta d u ra ção e é revertida pelas tirosinofosfatases proteicas (PTPs). Entretanto, em alguns cânceres hum anos, as tirosinoquinases ou os com ponentes dos seus processos distais são ativados p or mutação, amplificação dos genes ou translocações crom ossôm icas. C om o essas vias regulam a proliferação, a sobrevivência, a m igração e a angiogênese, elas foram reconhecidas com o alvos im portantes dos agentes antineoplásicos. A inibição da atividade das quinases é eficaz no tratam ento de algum as neoplasias. Os cânceres de pulm ão com m utações do recep to r do fator de crescim ento epidérm ico são altam ente sensíveis ao erlotinibe e ao gefitinibe (Q u a d ro 84.2). Os cânceres de p ulm ão com ativação da quinase do linfom a anaplásico (ALK) respondem ao crizotinibe (um inibidor da ALK). U m inibidor do BRAF é altam ente eficaz contra os m elanom as e os cânceres da tireoide com expressão aum entada deste com ponente. Os inibidores das quinases de Janus são eficazes nas síndrom es m ieloproliferativas, nas quais a ativação
da JAK2 é um com ponente patogenético. O im atinibe é eficaz con tra os tum ores que expressam atividade excessiva de c-Abl (inclusive leucem ia m ieloide crônica), c-Kit (tum ores de células estrôm icas do trato gastrintestinal) ou receptor do fator de crescim ento derivado das plaquetas (PDGFR; leucem ia m ielom onocítica crônica); os con gêneres de segunda geração (p. ex., desatinibe e nilotinibe) são ainda m ais eficazes. O sorafenibe e o sunitinibe, agentes que inibem grande núm ero de quinases, estão em processo de investigação am pla e de m onstraram atividade antitum oral prom issora contra câncer de cé lulas renais e carcinom a hepatoceular. Os inibidores do alvo da rapam icina dos m am íferos (mTOR), inclusive tensirolum o, tam bém são eficazes contra o câncer de células renais. A lista de com postos ativos e das indicações terapêuticas aum enta rapidam ente. Esses fárm acos novos iniciaram um a nova era de tratam ento dirigido. A cada dia que passa, torna-se m ais com um avaliar os tum ores rem ovidos quanto às alterações m oleculares específicas que preveem a resposta e orientar as decisões terapêuticas com base nestes resultados. Entretanto, é im p o rtan te reconhecer que n en h u m desses trata m entos possibilita a cura de qualquer neoplasia m aligna. As razões da im possibilidade de conseguir a cura não estão definidas p or com pleto. C ontudo, ao m enos algum as causas dessa resistência são co nhecidas. C om alguns tum ores, a resistência aos inibidores de qui nase está relacionada com um a m utação adquirida da quinase alvo, que im pede a ligação ao fárm aco. M uitos desses inibidores de quina se atuam com o inibidores com petitivos da bolsa de acoplam ento do ATP. O ATP é o doador de fosfato dessas reações de fosforilação. A m utação da quinase BCR-ABL da bolsa de acoplam ento do ATP (p. ex., substituição da tirosina p o r isoleucina no códon 315) pode evitar a ligação do im atinibe. O utros m ecanism os da resistência incluem a alteração das vias de transdução de sinais de form a a prescindir da via inibida. Alguns inibidores de quinase são m enos específicos para um alvo oncogênico que se pretendia e os efeitos tóxicos relacionados à inibição de outras quinases lim itam sua utilização em doses que poderiam inibir a quinase im portante para as células neoplásicas. À m edida que os m ecanism os de resistência sejam m ais bem definidos, surgirão estratégias racionais para superar essa resistência. O utra estratégia usada para am pliar os efeitos antitum orais dos fárm acos dirigidos é utilizá-los em com binações racionais e em as sociações com agentes quim ioterápicos que destroem as células por m ecanism os diferentes dos utilizados pelos fárm acos dirigidos. Por exemplo, com o tu m o r de células estrôm icas gastrintestinais (GIST) com expressão exagerada de c-Kit, a resistência ao im atinibe desen volve-se em conseqüência de m utações secundárias do c-Kit e m uitos destes tum ores são sensíveis ao tratam en to com sunitinibe, inibidor que atua em várias TKs e é ativo contra os receptores do c-Kit, bem com o do PD G F e do fator de crescim ento do endotélio vascular (VEGF). O sunitinibe foi aprovado pelo FDA am ericano (Food and D rug A dm inistration) para o tratam ento dos pacientes com GIST re sistentes ao im atinibe, ou que não conseguem tolerar este fárm aco (Q uadro 84.2). C uriosam ente, os tum ores com m utações do éxon 11 da região justam em branar do c -Kit são particularm ente sensíveis ao im atinibe, enquanto os cânceres com m utações do éxon 9 (dom ínio extracelular) respondem m elhor ao sunitinibe que ao im atinibe. No futuro, o tratam ento básico dos GISTs p oderá ser determ inado pela anorm alidade m olecular específica do c-Kit. E m bora os tratam entos dirigidos ainda não tenham conseguido curas quando foram utilizados isoladam ente, sua utilização com o agentes coadjuvantes e em com binação com outros tratam entos efi cazes aum entou expressivam ente a percentagem dos pacientes cura dos. Por exemplo, o acréscim o do rituxim abe (um anticorpo anti-CD20) em poliquim ioterapia para pacientes com linfom a difuso de células B grandes aum enta o índice de cura em 15 a 20%. O acrésci m o do trastuzum abe (anticorpo anti-H E R 2) em poliquim ioterapia com o tratam ento coadjuvante para câncer de m am a HER2-positivo reduz os índices de recidiva em 50%. Hoje, pesquisadores desenvolvem tratam entos dirigidos às vias do ras/proteinoquinase ativada por m itógeno, à via hedgehog, a várias vias da angiogênese e às vias de sinalização p o r fosfolipídios, inclu sive fosfatidilinositol-3-quinase (PI3K) e fosfolipase C-y, que parti-
675
Ligante RTK
I— Anticorpo monoclonal
q p PIP2 P I3K
PIP3 AKT-
PDK1
• V ários alvos
Inibidores de tirosinoquinases Inibidores da quinase— |R af Raf I Inibidores deMEK '
RapamicinaH m TOR p70S 6k
\ GAP
%
\
IM E K
E RK1/2
Fatores de transcrição ativados
ECM C itoesqueleto
í
M últip lo s alvos cito p la sm á ticos AP-1 (Jun/Fos) Fator de resposta sérico
Briostatina
1 PKC — ►Vários alvos
R egulação _ do ciclo celular
M YC C iclina D1 C om plexos
Núcleo
Tamoxifeno, S ER M S
Oncologia e Hematologia 676
Inibidores de farnesiltransferase
S íntese de proteínas
I
R eceptor de integrina
____
G rb2/m SO S
F la v o p irid o l j___ _________ j
/
R eceptor de estrogênio
Figura 84.2 Ação terapêutica dirigida contra as vias de transdução de sinais das células neoplásicas. Três vias de transdução de sinais principais são ativadas pelas tirosinoquinases receptoras (RTK). 1. 0 proto-oncogene Ras é ativado pelo fator de permuta de nucleotídios de guanina Grb2/mS0S, que induz a combinação com o Raf e a ativação das quinases subsequentes (MEK e ERK1/2). 2. A PI3K ativada fosforila o PIP da membrana e produz PIP2, que atua como ponto de acoplamento à membrana para algumas proteínas celulares, inclusive as serino/ treoninoquinases PDK1 e Akt. A PDK1 tem vários alvos celulares, inclusive a Akt e o mTOR. A Akt fosforila as proteínas alvos que promovem a resistência à apoptose e aceleram a progressão do ciclo celular, enquanto o mTOR e seu alvo p70S6K hiperregulam a síntese proteica e estimula a proliferação celular. 3 A ativação da PLC-y resulta na formação do diacilglicerol (DAG) e aumenta o nível intracelular do cálcio, com ativação de várias isoformas da PKC e outras enzimas reguladas pelo sistema do cálcio/calmodulina. Outras vias de sinalização importantes envolvem as tirosinoquinases não receptoras (não RTKs) ativadas pelos receptores de citocina
ou integrina. As quinases de Janus (JAK) fosforilam os fatores de transcrição STAT (transdutor de sinais e ativador da transcrição), que se transferem ao núcleo e ativam os genes alvos. Os receptores de integrina medeiam as interações celulares com a matriz extracelular (EMC), estimulando a ativação da FAK (quinase de adesão focal) e o c-Src, que ativam várias vias subsequentes, inclusive a modulação do citoesquele to celular. Muitas quinases e fatores de transcrição ativados migram ao núcleo, onde regulam a transcrição dos genes e, deste modo, completam o processo iniciado pelos sinais extracelulares (inclusive fatores de crescimento) de forma a alterar o fenótipo celular (p. ex., indução da diferenciação ou proliferação da célula). Os alvos nucleares desses processos incluem os fatores de transcrição (p. ex., Myc, AP-1 e fator de resposta sérico) e o maquinário do ciclo celular (CDKs e ciclinas). Pesqui sadores desenvolveram inibidores de muitas dessas vias, que são utilizados para o tratamento dos cânceres humanos. 0 círculo roxo demonstra alguns exemplos de inibidores que estão em processo de investigação hoje.
cipam de grande núm ero de processos celulares im portantes para o desenvolvim ento e a progressão dos cânceres. U m a das estratégias usadas p ara desenvolver fárm acos novos é ap ro v eitar a c h am ad a adição o ncogênica. Essa c o n d ição (Fig. 84.3) ocorre q u ando u m a célula do tu m o r a d q u ire u m a m utação ativadora de um oncogene, que se to rn a a via p re d o m in an te , e m bo ra com contribuições m enores das vias auxiliares. Essa d e p e n dência de u m a única via resulta na fo rm ação de um a célula v u l nerável aos inibidores da via do oncogene. P or exem plo, as células que ap resentam m utações do gene B R A F são m u ito sensíveis aos inibidores de MEK. M uitos fatores de transcrição são ativados p o r fosforilação, que pode ser im pedida pelos inibidores das tirosinoquinases ou serino/ treoninoquinases. O fator de transcrição N F - k B é um heterodím ero form ado p or subunidades p65 e p50, que se com binam com um in i bidor (I kB) no citoplasm a da célula. Em resposta a um fator de cres cim ento ou aos sinais das citocinas, um a quinase de m últiplas u n id a des conhecida com o IKK (It H 20 + + e" h 2o + + h 2o - > h 3o + + o h O /H ’ —» dano celular A curva de dose e resposta tem um com ponente linear e um ex ponencial. O linear é proveniente de quebras da dupla fita de DNA provocadas p o r lesões únicas, e nquanto o exponencial representa quebras produzidas por lesões m últiplas. A análise gráfica da fração de sobrevivência das células contra as doses de raios X ou radiação 7 m ostra um a curva: a porção não linear (om bro) reflete doses em que há reparo do dano às células, seguida p o r um a parte linear, que reflete a predom inância da m orte de células subm etidas a doses m aiores de radiação. As características que tornam determ inada célula mais sen sível ou m ais resistente aos efeitos biológicos da radiação ainda não foram com pletam ente definidas.
Princípios do Tratamento do Câncer
Também há procedim entos cirúrgicos para que um paciente com cân cer recupere completamente a saúde. Poderão ser necessários procedi m entos ortopédicos para assegurar locom oção adequada. A reconstru ção da m am a pode ter grande im pacto sobre a percepção da paciente sobre o sucesso do tratam ento. A cirurgia plástica e reconstrutora pode corrigir os efeitos de um tratam ento prim ário desfigurante.
A irradiação terapêutica é liberada de três m aneiras: (1) teleterapia, com feixes de radiação gerados a um a distância e dirigidos ao tu m o r dentro do paciente de m aneira que a radiação atravesse os tecidos saudáveis; (2) braquiterapia, com fontes encapsuladas de ir radiação im plantadas diretam ente nos tecidos tum orais ou em suas adjacências; (3) terapia sistêmica, com radionuclídios dirigidos de algum a form a ao local do tum or. A teleterapia é a form a de radiotera pia mais com um ente utilizada. Os raios X e 7 são as form as de radiação usadas mais com um ente para tratar o câncer. A m bos consistem em ondas eletrom agnéticas não particuladas que causam a ejeção de um elétron orbital quando absorvidas. Essa ejeção de um elétron orbital denom ina-se ionização. Os raios X são gerados p o r aceleradores lineares; os raios 7 são ge rados a p a rtir do decaim ento de núcleos atôm icos em radioisótopos com o 0 cobalto e o rádio. Essas ondas com portam -se biologicam ente com o pacotes de energia, denom inados fótons. T am bém são usadas form as particuladas de radiação em certas circunstâncias. Os feixes de elétrons têm penetração m uito baixa nos tecidos e são usados para tratar condições cutâneas com o a m icose causada por fungos. Os fei xes de prótons estão se torn an d o m ais am plam ente disponíveis e p o dem ser m elhores para adequar a dose ao tu m o r em certas localiza ções anatôm icas. No entanto, além desses usos especializados, form as particuladas de radiação com o nêutrons, p rótons e m ésons negativos, que acabam causando m ais dano tecidual p or causa de sua alta tra n s ferência linear de energia e m en o r dependência do oxigênio, não são superiores, na m aioria das aplicações, aos raios X ou gam a em estu dos clínicos até hoje reportados. Vários parâm etros influenciam o dano tecidual causado pela radia ção. As células hipoxêmicas são relativamente resistentes. As células que não estão em divisão são mais resistentes que as que estão se dividindo. Além desses parâm etros biológicos, os parâm etros físicos da radiação tam bém são cruciais. A energia da radiação determ ina sua capacidade de penetrar nos tecidos. Feixes de baixa energia e ortovoltagem (150 a 400 kV) dispersam-se quando entram em choque com o corpo, de for ma m uito semelhante à difusão da luz quando se choca com partículas no ar. Tais feixes resultam em mais dano aos tecidos norm ais adjacentes e m enos radiação liberada para 0 tumor. A radiação de megavoltagem (> 1 MeV) tem dispersão lateral muito baixa, o que resulta em um efeito poupador da pele, distribuição mais hom ogênea da energia da radia ção e maior deposição de energia no tum or ou volume-alvo. Os tecidos que o feixe atravessa para chegar até 0 tum or denom inam -se volume de trânsito. A dose m áxim a no volume-alvo costum a ser a causa de com plicações para os tecidos localizados no volum e de trânsito, e a dose m ínim a no volume-alvo influencia a probabilidade de recorrência do tumor. A homogeneidade da dose no volume-alvo é o objetivo a ser al cançado. Estratégias computacionais e a emissão de diversos feixes que convergem para uma lesão alvo representam a base para a “faca gama” e estratégias relacionadas para liberar altas doses para pequenos volumes de tumor, poupando o tecido norm al. A radiação é quantificada com base na quantidade de radiação absorvida pelo paciente; não se baseia na quantidade de radiação ge rada pelo aparelho. O rad (dose de radiação absorvida) é definido com o 100 ergs de energia p or gram a de tecido. A unidade do sistema internacional (SI) de unidades para o rad é o Gray (Gy); 1 Gy = 100 rads. A dose de radiação é m edida p o r detectores colocados na su perfície corporal ou calculando-se a dose com base nos fantasm as de radiação, que lem bram form as e com posição dos tecidos hum anos. A dose de radiação possui três determ inantes: dose total absorvida, núm ero de frações e tem po. Um erro freqüente é om itir o núm ero de frações e a duração do tratam ento, o que é análogo a dizer que um corredor com pletou um a corrida em 20 segundos; sem saber com o correu o fato, é difícil in terp retar o resultado. O tem po poderia ser m uito bom para um a corrida de 200 m ou m uito ruim para um a de 100 m. Por isso, um a evolução típica da radioterapia seria descrita com o 4.500 Gy liberados em um alvo p articular (p. ex., m ediastino) durante cinco sem anas, em frações de 180 Gy. Esquem as radioterápicos m ais curativos são liberados 1 vez/dia, 5 dias p or sem ana, em frações de 150 a 200 cGy. C ertos fárm acos usados no tratam e n to do câncer tam bém p o dem atuar com o sensibilizadores à radiação. Por exemplo, com postos
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que se incorporam no DNA e alteram sua estereoquím ica (p. ex., pirim idinas halogenadas, cisplatina) aum entam os efeitos da radiação, com o a hidroxiureia, outro inibidor da síntese de DNA.
■ APLICAÇÃO AOS PACIENTES Teleterapia A radioterapia pode ser usada sozinha ou com binada com a quim io terapia, para a cura de tum ores localizados e o controle do sítio p ri m ário de doença em tum ores dissem inados. A terapia é planejada com base no uso de um sim ulador com o cam po ou os cam pos de tratam ento designados para acom odar aspectos anatôm icos do p a ciente. O planejam ento do tratam ento individual aplica u m escudo de chum bo adaptado à form a do cam po, de m odo a lim itar a expo sição do tecido norm al à radiação. Em geral, a radiação é liberada de duas ou três posições diferentes. O planejam ento tridim ensional do tratam ento perm ite a liberação de doses m aiores de radiação para o volum e-alvo sem aum entar as complicações no volum e de trânsito. A radioterapia é um com ponente do tratam ento curativo de n u m erosas doenças, com o câncer de m am a, doença de H odgkin, cân cer de cabeça e pescoço, câncer de próstata e cânceres ginecológicos. Tam bém pode ser paliativa para os sintom as de doenças em um a variedade de contextos: alívio da dor óssea por causa de doença m e tastática, controle de m etástases cerebrais, reversão da com pressão espinal e da obstrução da veia cava superior, encolhim ento de m as sas dolorosas e ab ertura de vias respiratórias am eaçadas. Nos co n textos de alto risco, a radioterapia pode prevenir o desenvolvim ento de doença leptom eníngea e m etástases cerebrais na leucem ia aguda, bem com o no câncer pulm onar.
Braquiterapia Abrange a colocação de fonte vedada de radiação no tu m o r ou p e r to dele e a retirada da fonte de radiação após um período calculado precisam ente para liberar um a dose escolhida de radiação no tum or. Essa abordagem geralm ente é usada p ara tratar tum ores de próstata e câncer cervical. A dificuldade com a braquiterapia é a curta faixa de efeitos da radiação (a lei do quadrado inverso) e a im possibilidade de fazer a radiação se adaptar ao volum e visado. O tecido norm al pode receber exposição tóxica à radiação, levando à enterite ou cistite nos casos de câncer de cérvice ou à lesão cerebral nos de tu m o r cerebral.
Radionuclídios e radioimunoterapia M édicos especializados em m edicina nuclear ou radioterapeutas p o dem a d m inistrar radionuclídios com efeitos terapêuticos. Usa-se o iodo 131 para tratar o câncer da tireoide porque o iodo é captado n a turalm ente, de m odo preferencial, pela tireoide; ele em ite raios y que destroem a tireoide norm al e o tumor. O estrôncio 89 e o sam ário 153 são dois radionuclídios captados preferencialm ente pelos ossos, em particular nos locais de neoform ação óssea. A m bos são capazes de controlar m etástases ósseas e a dor associada a elas, m as a toxicidade lim itante da dose é a mielossupressão. A nticorpos m onoclonais e outras m oléculas podem ser m odifi cadas por radioisótopos, por conjugação (isótopos não m etálicos) ou p o r quelação (isótopos m etálicos), de m odo a gerar drogas tum or-seletivas e que resultam no acúm ulo do radionuclídio preferencial m ente no tum or. O anti-C D 20 m arcado com iodo 131 ou ítrio 90 é ativo no linfom a de células B; outros anticorpos m arcados estão sendo avaliados. A captação tireóidea do iodo m arcado é bloqueada pelo iodo frio. A toxicidade lim itante da dose destes com postos é a mielossupressão.
Terapia fotodinâmica Algumas estruturas quím icas (porfirinas, ftalocianinas) são captadas de form a seletiva p or células cancerosas m ediante m ecanism os ain da não com pletam ente definidos. Q uando a luz, geralm ente liberada p o r um laser, incide sobre as células que contêm esses com postos, são gerados radicais livres, e as células m orrem . C ada vez mais estão sendo usadas hem atoporfirinas e luz para tratar os cânceres de pele, ovário, pulm ão, colo, reto e esôfago. A paliação de doença local re corrente avançada às vezes pode ser excelente e d u rar m uitos meses.
■ TOXICIDADE E m bora a radioterapia seja adm in istrad a m ais frequentem ente em um a determ inada região, podem ocorrer efeitos sistêmicos, com o fa diga, anorexia, náuseas e vôm itos, em parte relacionados com o volu m e de tum or irradiado, o fracionam ento da dose, os cam pos de irra diação e a suscetibilidade individual. O osso situa-se entre os órgãos m ais radiorresistentes, com os efeitos da radiação se m anifestando principalm ente em crianças, m ediante a fusão prem atura da placa de crescim ento epifisária. D iferentem ente, os testículos nos hom ens, os ovários nas m ulheres e a m edula óssea são os órgãos m ais sensíveis. Q ualquer quantidade de m edula óssea em um cam po de radiação pode ser erradicada pela irradiação terapêutica. Os órgãos com m e nor necessidade de renovação celular, com o o coração, a m usculatura esquelética e os nervos, são m ais resistentes aos efeitos da radiação. Nos órgãos resistentes à radiação, o endotélio vascular é o com po nente m ais sensível. Os órgãos com m aior taxa de autorrenovação com o parte da hom eostasia norm al, tais com o o sistem a hem atopoi ético e o revestim ento m ucoso do trato intestinal, são m ais sensíveis. As toxicidades agudas consistem na m ucosite, eritem a cutâneo (ul ceração nos casos graves) e a que ocorre na m edula óssea. Em geral, podem ser aliviadas pela interrupção do tratam ento. As toxicidades crônicas são m ais graves. A irradiação das re giões da cabeça e do pescoço costum a desencadear insuficiência da tireoide. Cataratas e danos na retina podem ocasionar cegueira. As glândulas salivares deixam de elaborar saliva, o que acarreta cáries dentárias e m á dentição. O paladar e o olfato podem ser afetados. A irradiação do m ediastino pode triplicar o risco de infarto fatal do m iocárdio. O utros efeitos vasculares tardios incluem pericardite constritiva crônica, fibrose pulm onar, estenose de víscera, transecção da m edula espinal e enterite causada pela radiação. Um a toxicidade tardia séria é o desenvolvim ento de segundos tum ores sólidos nos cam pos irradiados ou em suas proxim idades. Tais tum ores podem desenvolver-se em qualquer órgão ou tecido e ocorrer em um a taxa de 1% ao ano, com eçando na segunda década após o tratam ento. A suscetibilidade de alguns órgãos à carcinogênese induzida por radia ção varia. Um a m ulher que recebe radioterapia de cam po em m anto para doença de H odgkin aos 25 anos de idade corre 30% de risco de desenvolver câncer de m am a p o r volta dos 55 anos, o que tem m ag nitude com parável à das síndrom es genéticas de câncer de m am a. M ulheres tratadas após os 30 anos correm um risco pouco ou nada m aior de ter câncer de m am a. Não há dados sugestivos de que exista um a dose lim iar de radiação terapêutica abaixo da qual a incidência de segundos cânceres seja m enor. O bservam -se altos índices de se gundos tum ores em pessoas que recebem apenas 1.000 cGy.
PRINCÍPIOS DA QUIMIOTERAPIA A oncologia clínica é a especialidade da m edicina interna que cuida dos pacientes com câncer e projeta, para estes, abordagens de trata m ento em conjunto com os oncologistas cirúrgicos e radioterapeu tas. As principais habilidades do oncologista clínico incluem o uso de fárm acos que possam ter um efeito benéfico sobre a história natural da doença do paciente ou que influenciem de m odo favorável a qua lidade de vida do paciente.
■ DESFECHOS DA INTERVENÇÃO QUIMIOTERAPÊUTICA O conceito de que fárm acos adm inistrados de form a sistêm ica p o dem causar um efeito benéfico sobre o câncer foi historicam ente derivado de três conjuntos de observações. Paul Ehrlich, no século dezenove, observou que diferentes corantes reagiam com diferentes células e com ponentes celulares. Ele form ulou a hipótese da existên cia de com postos que seriam “balas m ágicas” que poderiam se ligar a tum ores, devido à afinidade do agente pelo tum or. Uma segunda observação foi a de que os efeitos tóxicos de certos derivados do gás mostarda sobre a m edula óssea, durante a Prim eira G uerra M undial, levando à ideia de que doses inferiores desses agentes poderiam ser usadas para tratar tum ores de células derivadas da m edula. Por fim, a observação de que certos tum ores de tecidos responsivos aos h o r m ônios, por exemplo, tum ores de m am a, p o deriam encolher após ooforectom ia, levando à ideia de que as substâncias endógenas que
prom ovem o crescim ento de um tu m o r poderiam ser antagonizadas. As substâncias quím icas que atingem cada um dos objetivos re p re sentam de form a real ou intelectual os protótipos dos agentes quim ioterápicos atualm ente utilizados contra o câncer. Os agentes quim ioterápicos podem ser usados para o tratam en to de cânceres ativos, clinicamente detectáveis. No Q uadro 85.1/4, há um a lista dos tum ores considerados curáveis pelos agentes quim io terápicos convencionais disponíveis, quando usados para erradicar cânceres dissem inados ou metastáticos. Se um tu m o r está restrito a um único local, deve-se considerar com seriedade um a cirurgia ou radioterapia prim ária, já que tais m odalidades podem ser curativas como tratam ento local. A quim ioterapia pode ser empregada após fa lha dessas modalidades em erradicar um tum or local ou como parte de abordagens m ultim odais no tratam ento prim ário de um tum or loca lizado. Em tal circunstância, é possível preservar um órgão quando a quim ioterapia é adm inistrada com a radioterapia, como na laringe ou em outras vias respiratórias superiores, ou no caso de tum ores sensí veis à radiação quando adm inistrada, p. ex., a pacientes que já estejam recebendo radioterapia para câncer pulm onar ou de cérvice (Q uadro 85.1B). A quim ioterapia pode ser adm inistrada com o adjuvante, isto é, além da cirurgia (Q uadro 85.1C) ou da radioterapia, depois que toda a doença clinicamente detectável tenha sido removida. Esse uso da qui mioterapia pode ter potencial curativo nas neoplasias de m am a e cân ceres colorretais, como tentativa de elim inar um tu m o r clinicamente não detectável, mas que já possa ter se dissem inado. Conform e assi nalado antes, tumores pequenos costum am ter altas frações de cresci m ento e, portanto, podem ser intrinsecam ente mais suscetíveis à ação de agentes antiproliferativos. A quim ioterapia é usada de form a roti neira nos esquemas posológicos “convencionais”. Em geral, essas doses exercem efeitos colaterais agudos reversíveis que consistem p rim o r dialm ente em mielossupressão transitória, com ou sem toxicidade gas trintestinal (geralmente náuseas), tratadas sem dificuldade. Esquemas quimioterápicos com altas doses exigem lem brar que a curva de dose e resposta de m uitos agentes antineoplásicos é ascendente, de m odo que um aum ento na dose pode intensificar de m aneira acentuada o efei to terapêutico, em bora à custa de complicações potencialm ente fatais que requerem suporte intensivo, em geral na form a de células-tronco hematopoiéticas do próprio paciente (autólogas) ou de doadores com patíveis para os loci de histocom patibilidade (alogênicas). Esquemas de altas doses apresentam um potencial de cura definido em contextos clínicos tam bém definidos (Q uadro 85.1D). K arnoksky foi um dos prim eiros a avaliar criteriosam ente o be nefício de um agente quim ioterápico, ao quantificar com cuidado seu efeito sobre o tam anho do tu m o r e usar essas m edidas para decidir, com objetividade, a base para o tratam ento adicional de u m determ i nado paciente ou estender a avaliação clínica do potencial de um fár maco. Um a resposta parcial (RP) é definida de m odo convencional com o redução de pelo m enos 50% na área bidim ensional do tum or; um a resposta com pleta (RC) im plica no desaparecim ento do tum or; progressão da doença significa aum ento de tam anho das lesões exis tentes > 25% do nível anterior ou m enores dim ensões detectadas ao longo do tratam ento, ou desenvolvim ento de novas lesões; e “doença estável” é a que não se encaixa em qualquer dessas categorias. Siste m as m ais novos de avaliação, com o o R EC IST (C ritérios de Avalia ção de Resposta em Tum ores Sólidos, do inglês Response Evaluation Criteria in Solid Tumors), utilizam a m edida unidim ensional, m as a intenção é sem elhante para definir com rigor evidências de atividade do agente ao avaliar seu valor para o paciente. Se a cura não for possível, a quim ioterapia pode ser instituída com o objetivo de paliação de algum aspecto do efeito do tu m o r so bre o hospedeiro. Os tum ores com uns, que podem m elhorar bastante com a paliação, estão relacionados no Q u a d ro 8 5 .IE. Em geral, os sintom as relacionados com o tu m o r p odem ser dor, perda de peso ou algum sintom a local relacionado com o efeito do tu m o r sobre estruturas norm ais. Os pacientes que recebem tratam e n to paliati vo devem estar certos de seu diagnóstico e das lim itações dos tra tam entos propostos, ter acesso a cuidados de suporte e um “estado de desem penho” adequado de acordo com algoritm os de avaliação com o o elaborado p or Karnofsky ou pelo Eastern Cooperative Onco logy Group (ECOG). Os pacientes no estado de desem penho 0 (PSO)
QUADRO 85.1
Cura de cânceres com a quimioterapia
A. Cânceres avançados passíveis de cura Leucemias linfoide e mieloide agudas (pediátricas/em adultos) Doença de Hodgkin (pediátrica/em adultos) Linfomas - certos tipos (pediátricos/em adultos) Neoplasias de células germinativas Carcinoma embrionário Teratocarcinoma
D. Cânceres passíveis de cura por quimioterapia com “dose alta” e suporte de células-tronco Leucemias linfoides e mieloides recidivantes Linfomas recidivantes, de Hodgkin e não Hodgkin Leucemia mieloide crônica Mieloma múltiplo E. Cânceres que respondem à paliação útil, não curáveis com quimioterapia
Seminoma ou disgerminoma
Carcinoma da bexiga
Coriocarcinoma
Leucemia de células pilosas
Leucemia mieloide crônica
Neoplasia trofoblástica gestacional
Leucemia linfoide crônica
Neoplasias pediátricas
Mieloma múltiplo
Linfoma - certos tipos
Tumor deWilm
Carcinoma gástrico
Rabdomiossarcoma embrionário
Carcinoma de cérvice uterina
Sarcoma de Ewing Neuroepitelioma periférico Neuroblastoma Carcinoma pulmonar de pequenas células Carcinoma de ovário B. Cânceres avançados passíveis de cura por quimioterapia e radioterapia Carcinoma espinocelular (de cabeça e pescoço) Carcinoma espinocelular (anal)
Carcinoma endometrial Sarcoma de tecido mole Cânceres de cabeça e pescoço Carcinoma adrenocortical Neoplasias de células das ilhotas Carcinoma de mama Carcinoma colorretal Carcinoma renal F. Tumores em estágios avançados que respondem mai à quimioterapia
Carcinoma de mama
Carcinoma pancreático
Carcinoma da cérvice uterina
Neoplasias do trato biliar
Carcinoma de pulmão não pequenas células (estágio III)
Carcinoma da tireoide
Carcinoma de pulmão de pequenas células
Carcinoma de pulmão não pequenas células
C. Cânceres passíveis de cura por quimioterapia como adjuvante de cirurgia Carcinoma de mama Carcinoma colorretal3
Carcinoma da vulva
Carcinoma de próstata Melanoma Carcinoma hepatocelular Câncer de glândula salivar
Sarcoma osteogênico Sarcoma de tecido mole ê0 reto também recebe radioterapia. do ECOG não têm sintom as; os pacientes PS1 se locom ovem porém apresentam restrições em atividades físicas extenuantes; os pacientes PS2 se locom ovem porém são incapacitados para o trabalho e ficam de pé durante 50% do dia ou mais; pacientes PS3 são capazes de rea lizar cuidados pessoais lim itados e ficam de pé p o r m enos de 50% do dia; pacientes PS4 são totalm ente confinados ao leito ou à cadeira e incapazes de realizar cuidados pessoais. Som ente os pacientes nos estágios PSO, PS1 e PS2, em geral, são considerados apropriados para o tratam ento paliativo (não curativo). Se houver potencial curativo, m esm o os pacientes com baixo d esem penho p oderão ser tratados, m as seu prognóstico costum a ser inferior ao daqueles com bom d e sem penho, tratados com esquem as similares.
Um a perspectiva im portante que o médico de assistência p rim á ria pode dar aos pacientes e famílias ante um câncer incurável é que, diante do valor lim itado das abordagens quim ioterápicas em algum p onto na história natural, os cuidados paliativos ou abordagens ba seadas na hospitalização, com atenção m eticulosa e constante para o alívio dos sintom as e apoio psicológico, espiritual à família, devem re ceber o m áxim o de atenção com o plano terapêutico valioso (Cap. 9). A m elhora da qualidade de vida, m ais que seu prolongam ento, pas sa a ser um a intervenção inestimável. Os pacientes que enfrentam a progressão inexorável de um a doença potencialm ente fatal costum am preferir subm eter-se a tratam entos tóxicos de pouco ou nenhum valor concreto, de m odo que o apoio proporcionado pelo clínico geral ao avaliar as opções paliativas e hospitalares, em contraste com o fato de receber tratam entos tóxicos e ineficazes, pode ser fundam ental para que os pacientes tenham um a base para tom ar suas decisões.
Modelo pré-clínico (p. ex. camundongo ou rato)
■ FÁRMACOS PARA 0 TRATAMENTO DO CÂNCER: REVISÃO E PRINCÍPIOS DE USO
Oncologia e Hematologia 6 94
Os tratam entos medicam entosos para o câncer são de quatro tipos am plos. Em term os históricos, os agentes quimioterápicos convencionais originaram -se da observação empírica de que essas “pequenas m olécu las” (em geral com massa m olecular < 1.500 Da) podiam causar maior regressão de tum ores em crescimento em anim ais de experimentação. Esses agentes atuavam m odificando principalm ente a estrutura do DNA ou interferindo na segregação do DNA, como nos cromossom os em mitose. Os agentes alvo-dirigidos referem-se a pequenas moléculas ou “agentes biológicos” (geralmente m acromoléculas como anticorpos ou citocinas) projetados e desenvolvidos para interagir com um alvo molecular definido, selecionado por desem penhar um papel im portan te na m anutenção da m alignidade ou por ser expresso de form a sele tiva pelas células tumorais. Conform e descrito no Cap. 84, os tum ores bem -sucedidos têm vias bioquím icas ativadas que levam à proliferação descontrolada m ediante a ação, por exemplo, de produtos oncogênicos, perda de inibidores do ciclo celular ou da regulação da m orte celular, e que adquiriram a capacidade de replicar crom ossom os indefinida mente, invadir, induzir m etástases e escapar do sistema imunológico. As terapias direcionadas exploram a base biológica do com portam ento celular aberrante como fundam ento para os efeitos terapêuticos. As te rapias hormonais (a prim eira forma de terapia direcionada) baseiam-se nas vias bioquím icas da função e das ações estrógenas e andrógenas subjacentes, como a base terapêutica para a abordagem aos pacientes com tum ores de origens m am ária, prostática, uterina e ovariana. As terapias biológicas geralmente consistem em m acromoléculas com um alvo particular (p. ex., anticorpos contra fatores de crescimento ou ci tocinas) ou podem ter a capacidade de regular o crescimento de célu las tum orais ou induzir um a resposta im une do hospedeiro a células tum orais m ortas. Por isso, as terapias biológicas incluem não apenas anticorpos, mas tam bém citocinas e terapias gênicas. A utilidade de qualquer fárm aco é determ inada pela extensão em que certa dose causa um resultado útil (efeito terapêutico; no caso de agentes antineoplásicos, toxicidade para as células tum orais) em opo sição a um efeito tóxico para o hospedeiro. índice terapêutico é o grau de distinção entre doses tóxicas e terapêuticas. Os fármacos realmente úteis possuem altos índices terapêuticos, o que geralm ente ocorre quando o alvo do fármaco é expresso no com partim ento causador da doença, em vez de fazê-lo no com partim ento norm al. Classicamente, a toxicidade seletiva de um agente terapêutico para um órgão é determ i nada pela expressão de seu alvo, pelo acúm ulo diferencial deste alvo nos com partim entos onde a toxicidade ocorre ou pela sua eliminação nos com partim entos onde a toxicidade é m enos intensa. Os agentes qui mioterápicos usados atualmente possuem a lamentável propriedade de ter seus alvos presentes tanto em tecidos norm ais quanto nos tumores. Portanto, apresentam índices terapêuticos relativamente estreitos. A Figura 85.2 ilustra as etapas do descobrim ento e do desenvol vim ento dos fárm acos usados em câncer. Após a dem onstração de ati vidade antitum oral em m odelos anim ais, os agentes anticancerígenos potencialm ente úteis são avaliados ainda para definir um esquem a ideal de adm inistração e chegar a um a form ulação do fárm aco apro-
Fase II
R aio X
Tum or
Tum or
Figura 85.2 Etapas da descoberta e do desenvolvimento dos fármacos usa dos no câncer. Atividade pré-clínica (no alto da figura) em modelos animais de câncer podem ser usadas como evidência para apoiar a entrada de droga candidata na fase I de estudos em humanos para definir a dose correta e observar qualquer efeito clínico antitumor que possa ocorrer. A droga pode, então, avançar para a fase II do estudo direcionado para um determinado tipo de tumor, com rigososa quantificação dos efeitos antitumor (centro). A fase III de estudo então pode revelar uma atividade superior ao tratamento padrão ou não. priada para determ inada via e esquem a de adm inistração. O teste de segurança em duas espécies, sob um esquem a análogo de adm inistra ção, define a dose inicial para u m ensaio de fase I em hum anos, o que é estabelecido com o um a fração, em geral um sexto a um décim o da dose que causa um a toxicidade facilm ente reversível na espécie ani mal mais sensível. Em seguida, são adm inistradas doses escalonadas durante o ensaio de fase I em hum anos até que se observe toxicidade reversível. A toxicidade lim itante da dose (TLD) define um a dose com toxicidade m aior do que a aceitável na prática rotineira, perm itindo definir a m enor dose m áxim a tolerada (DM T). Se possível, correlacio na-se a ocorrência de toxicidade com as concentrações plasmáticas do fármaco. A DMT, ou um a dose logo abaixo dela, em geral é a adequa da para ensaios de fase II, em que se adm inistra um a dose fixa a um conjunto relativam ente hom ogêneo de pacientes com um tipo parti cular de tum or, na tentativa de definir se o fárm aco causa regressão de tum ores. Um agente “ativo” convencionalm ente apresenta taxas de
RP de pelo m enos 20 a 25% com efeitos colaterais não potencialm ente plo, p or dano físico com as características de tum efação celular e ru p fatais reversíveis, de m odo que pode ser adequado para estudos em tu ra da m em brana celular. Apoptose, ou m orte celular program ada, ensaio de fase III, no intuito de avaliar sua eficácia em com paração refere-se a um processo altam ente coordenado em que as células res com um padrão ou com nenhum a terapia. pondem a estím ulos definidos m orrendo, o que lem bra a m orte celu A resposta, definida como dim inuição das dimensões do tumor, é o lar necessária observada durante a ontogenia do organism o. Anoikis indicador mais imediato do efeito do fármaco. Para terem valor clínico, ou anoiquia (m orte por desalojam ento) refere-se à m orte das células as respostas precisam traduzir-se em benefício clínico, o que é estabe epiteliais após sua rem oção do m eio norm al de substratos em que vi lecido de m aneira convencional por um efeito benéfico na sobrevida vem, particularm ente do contato entre células. Os agentes quim iote global ou, pelo menos, por um retardo na progressão da doença. Estão rápicos antineoplásicos podem provocar necrose e apoptose. A apop sendo feitos esforços ativos para quantificar os efeitos de agentes anti tose caracteriza-se pela condensação da crom atina (dando origem neoplásicos sobre a qualidade de vida. Por convenção, os ensaios clíni aos corpos apoptóticos), retração da célula e, nos anim ais vivos, fago cos com esses fármacos usam um a escala gradativa em que a toxicidade citose pelas células circundantes do estrom a sem evidência de infla de grau I não requer tratam ento, a de grau II em geral requer tratam en mação. Este processo é regulado p or sistem as de transdução de sinais to sintomático, a de grau III costuma requerer tratam ento sintomático, que prom ovem a m orte celular após ser alcançado determ inado nível mas não é potencialm ente fatal se não for tratada, a de grau IV é p o de dano ou em resposta a receptores específicos da superfície celular tencialmente fatal, e a de grau V é a que resulta na m orte do paciente. que m edeiam os sinais de m orte celular. A m odulação da apoptose O desenvolvim ento de agentes alvo-dirigidos pode prosseguir de pela m anipulação das vias de transdução de sinais surgiu com o base m aneira bem diferente. Enquanto os ensaios de fases I-III ainda estão para com preender as ações dos fárm acos e elaborar novas estratégias sendo conduzidos, a análise m olecular de tum ores hum anos poderá destinadas a aprim orar o seu uso. A autofagia é um a resposta celular levar à definição precisa da expressão dos alvos em um tum or do p a à lesão, onde a célula não m orre inicialm ente e sim sofre catabolismo, ciente, que seja necessário ou relevante para a ação do fármaco. Esta de um a form a que leva à perda do potencial de replicação. informação poderá, então, perm itir a seleção de pacientes que expres sam o alvo do fárm aco para partici parem de todas as fases do ensaio. T erapias d irecio n a d a s a alvos e alvos da terapia biológica Estes pacientes poderão apresentar, em seguida, um a m aior chance de R eceptor do sinal de m orte desenvolver um a resposta p o siti R -FN T FC va ao fárm aco, p or expressarem a FASR molécula-alvo no tumor. Os ensaios TR A IL-R clínicos podem ser concebidos para —n D ano à r - r io r \ incorporar um a avaliação do com _ S M ase ; m em brana Q \ j portam ento do alvo em relação ao P-Ba< \W FLIC E \ A K T____ ^ fárm aco (estudos farm acodinâm i/ \ ~ C eram ida / y' cos). O ideal é que a concentração FADD \ \ / / plasm ática que afeta o alvo do fár m aco seja conhecida, para que o escalonam ento da DM T não se faça necessário. Em vez disso, a correla ção de toxicidade para o hospedeiro, y- ç enquanto se alcança um a “dose bio
\
3'
E strutura crom o ssô m ica de so rg a n izad a
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Princípios do Tratamento do Câncer
lógica ótim a”, passa a ser um desFECho mais relevante para ensaios de fase I e início da fase II com agentes alvo-dirigidos. As estratégias terapêuticas antineoplásicas positivas usando agen tes quim ioterápicos convencionais, agentes alvo-dirigidos, tratam entos horm onais ou biológicos apresen tam um de dois resultados valiosos. Eles podem induzir a m orte de cé lulas cancerosas, levando à redução do tum or, com m elhora correspon dente na sobrevida do paciente ou ao aum ento do tem p o até que a doença progrida. O u tro resultado potencial é a indução de diferencia ção das células cancerosas ou sua latência com a perda do potencial de replicação e reaquisição de p ro priedades fenotípicas que lem bram as células norm ais. O bloqueio da diferenciação de células tum orais pode ser um aspecto fundam ental na patogenia de certas leucemias. A m orte celular é um processo bem regulado. Necrose refere-se à m orte celular induzida, p o r exem
C élulas-alvo
Figura 85.3 Integração das respostas de morte celular. A morte celular por um mecanismo apoptótico requer par ticipação ativa da célula na resposta à privação do fator de crescimento (FC) ou da propagação de sinais de morte de certas citocinas (p. ex., receptor do fator de necrose tumoral, R-TNF), ocorre ativação de cisteinoaspartil proteases (caspases), a montante da cascata de eventos, que, em seguida, digerem diretamente as proteínas citoplasmáticas e nucleares, resultando na ativação de caspases a jusante da cascata que causa ativação de nucleases, resultando na fragmentação característica do DNA, um aspecto marcante da apoptose (caspases efetoras). Os agentes quimioterápicos que causam lesões no DNA ou alteram a função do fuso mitótico parecem ativar aspectos desse processo ao acabar prejudicando a função das mitocôndrias, talvez ativando a transcrição de genes cujos produtos podem causar ou modular a toxicidade de radicais livres. Além disso, o dano à membrana com a ativação de esfingomielinases resulta na produção de ceramidas, que podem atuar diretamente nas mitocôndrias. A proteína antiapoptótica bcl2 atenua a toxicidade mitocondrial, enquanto produtos de genes pró-apoptóticos como bax antagonizam a ação da bcl2. As mitocôndrias danificadas liberam citocromo C e fator de ativação da apoptose (FAAP), que pode ativar diretamente a caspase 9, resultando na propagação de um sinal direto para outras caspases a jusante da via de ativação das proteases. 0 fator indutor da apoptose (FIA) também é liberado da mitocôndria e pode se translocar para o núcleo, ligar-se ao DNA e gerar radicais livres para lesionar ainda mais o DNA. Um estímulo pró-apoptótico adicional é a proteína bad, que pode se heterodimerizar com produtos dos genes membros da família bcl2 para antagonizar a apoptose. No entanto, é importante lembrar que a função da proteína bad pode ser retardada por seu seqüestro como forma fosforilada (,fosfo-bad) por meio das proteínas adaptadoras 14-3-3. A fosforilação de bad é mediada pela ação da quinase AKT, definindo como os fatores de crescimento que ativam essa quinase podem retardar a apoptose e promover a sobrevivência da célula.
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Oncologia e Hematologia
Um a ideia geral sobre com o funcionam os tratam en to s para o câncer é que a interação de um agente quim ioterápico com seu alvo induz um a “cascata” de etapas adicionais de sinalização. Esses sinais acabam causando a m orte celular ao desencadear um a “fase de exe cução” em que ocorre ativação de proteases, nucleases e reguladores endógenos da via de m orte celular (Fig. 85.3). Os agentes alvo-dirigidos diferem dos quimioterápicos porque re gulam a ação de vias particulares, em vez de causarem lesões m acromoleculares indiscriminadamente. Por exemplo, a atividade tirosinoquinase da proteína de fusão p210bcr abl determ ina a progressão da leucemia mieloide crônica (LMC), e o HER-2/neu estimula a proliferação de cer tos cânceres de mama. O tum or foi descrito como “viciado” na função dessas moléculas, um a vez que, sem a ação contínua da via, a célula tum oral não consegue sobreviver. Dessa forma, os agentes dirigidos a alvos podem alterar os “limiares” de sensibilidade dos tum ores à apop tose, sem na verdade criarem quaisquer lesões moleculares, como um a quebra direta na fita de DNA ou alteração na função da membrana. Em bora os m ecanism os apoptóticos sejam im portantes na regu lação da proliferação celular e no com portam ento das células tu m o rais in vitro, ainda não foi estabelecido se todas as ações dos agentes quim ioterápicos que causam m orte celular podem ser atribuídas aos m ecanism os apoptóticos. C ontudo, as alterações m oleculares que regulam a apoptose estão correlacionadas com os resultados clíni cos (p. ex., a hiperexpressão de bcl2 em certos linfom as é associada a um prognóstico som brio; a expressão da proteína pró-apoptótica bax é associada a um m elhor resultado no tratam ento do carcinom a de ovário após quim ioterapia). É necessário um m aior entendim ento da relação entre os m ecanism os de m orte e sobrevivência celulares. Levantou-se a hipótese de que a resistência aos agentes quim ioterá picos surge de células que não estão na fase apropriada do ciclo celular que possibilita a letalidade do fármaco, ou na de m enor captação, m aior efluxo, metabolismo do fármaco ou alteração do alvo, por exemplo, por mutação ou hiperexpressão. Na verdade, a pl70P G P (P-glicoproteína p l70, produto do gene mdr) foi reconhecida, a partir de experim en tos com células em cultura de tecido, com o m ediadora do efluxo de agentes quim ioterápicos em células resistentes. Certas neoplasias, em particular os tum ores hematopoiéticos, apresentam um prognóstico desfavorável se expressarem altos níveis de pl70PGP, tendo-se tentado m odular a função dessa proteína por meio de várias estratégias. “Quim ioterapia de com binação” se refere ao uso de program as onde diferentes fármacos são com binados com o objetivo de alcançar pelo menos um efeito aditivo e, de preferência, superior ao aditivo. Os fármacos componentes destes program as apresentam idealmente toxi cidades distintas e não aditivas para o hospedeiro, são em certo grau individualmente ativos e foram observados em um ensaio clínico como toleráveis e de valor clínico, em contraste com o uso de agentes isolados.
■ AGENTES QUIMIOTERÁPICOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DO CÂNCER No Q u ad ro 85.2, há um a lista de agentes quim ioterápicos an tin eo plásicos com um ente utilizados para o tratam ento do câncer e as m a nifestações clínicas p ertinentes a seu uso. Os fárm acos e esquem as relacionados são exem plos com provadam ente toleráveis e úteis; as doses específicas que podem ser prescritas a um d eterm inado p a ciente podem variar de acordo com o protocolo ou plano particular de tratam ento. Q ualquer variação significativa dessas faixas posológicas deve ser verificada com cuidado, para se evitar ou esperar toxicidade. Não foram incluídos, no quadro em questão, os agentes direcionados para os receptores horm onais, pois os efeitos colaterais em geral são os esperados com a interrupção ou aum ento do efeito horm onal, e as doses usadas na m aioria dos casos são as que saturam adequadam ente o receptor do h orm ônio visado. Os fárm acos citados podem ser convenientem ente agrupados em três categorias gerais: os que afetam o DNA, os que afetam os m icrotúbulos e os agentes com alvos m oleculares definidos.
Agentes de interação direta com o DNA O corre replicação do DNA durante a síntese ou fase S do ciclo celu lar, acontecendo a segregação de crom ossom os constituídos do DNA replicado na fase M, ou de m itose. As “fases de intervalo” G I e G2
696
antecedem as fases S e M, respectivam ente. Antigam ente, os agentes quim ioterápicos eram divididos em “inespecíficos da fase”, que p o dem agir em qualquer fase do ciclo celular, e em “específicos da fase”, que requerem que a célula esteja em determ inada fase do ciclo celular para exercer seu efeito m áxim o. Após a ação do fárm aco ou agente, as células podem progredir para “pontos de controle” no ciclo celular, em que o dano relacionado com o fárm aco pode ser avaliado e repa rado, ou iniciar a apoptose. U m a função im portante do produto de certos genes supressores tum orais com o o p53 pode ser a de m odular a função dos pontos de controle.
Formação de adutos covalentes de DNA C om o um a classe, os agentes alquilantes são inespecíficos da fase do ciclo celular, sendo conver tidos, espontaneam ente ou após m etabolism o em órgãos norm ais ou nas células tum orais, em interm ediários reativos que m odificam de m odo covalente as bases do DNA, o que acarreta o entrecruzam ento das fitas de DNA ou aparecim ento de quebras em decorrência das tentativas de reparo. O DNA “quebrado” ou entrecruzado é intrinsecam ente incapaz de com pletar a replicação ou divisão celular norm ais; além disso, constitui um ativador potente dos pontos de controle do ciclo celular e ativa ainda m ais as vias de sinalização na célula, o que pode precipitar a apoptose. Tam bém com o classe, os agentes alquilantes com partilham efeitos tóxicos sem elhantes: m ie lossupressão, alopecia, disfunção gonadal, m ucosite e fibrose p u l m onar. Diferem acentuadam ente no seu espectro de toxicidade nos órgãos norm ais. A inda com o classe, com partilham a capacidade de causar “segundas” neoplasias, em particu lar leucem ia, m uitos anos após seu uso, particularm ente quando adm inistrados em baixas d o ses p or longos períodos. A ciclofosfam ida é inativa, a m enos que seja m etabolizada pelo fígado em 4-hidroxiciclofosfam ida, que se decom põe em um a espé cie alquilante, bem com o em cloroacetaldeído e acroleína. A últim a causa cistite quím ica, daí a necessidade de m an ter um a hidratação excelente durante o uso de ciclofosfamida. Se grave, o tratam ento da cistite com m esna (2-m ercaptoetanossulfonato) pode ser efetivo. A doença hepática prejudica a ativação do fárm aco. A pneum onia in tersticial esporádica, que acarreta fibrose pulm onar, pode acom pa nhar o uso de ciclofosfam ida e as altas doses utilizadas em esquemas de condicionam ento para transplante de m edula óssea podem causar disfunção cardíaca. A ifosfam ida é u m análogo da ciclofosfam ida, tam bém ativada no fígado, porém m ais lentam ente, o que requer a coadm inistração de m esna para evitar lesão da bexiga. Podem ser observados efeitos sobre o sistem a nervoso central (SNC), com o so nolência, confusão e psicose, após o uso de ifosfamida; a incidência parece estar relacionada com um a área de superfície corporal peque na ou com a redução da depuração da creatinina. Vários agentes alquilantes são utilizados com m en o r frequência. A m ostarda nitrogenada (m ecloretam ina) é o protótipo dessa classe de fárm acos, que sofre decom posição rápida em solução aquosa, p ro duzindo potencialm ente u m íon carbônio bifuncional. Tem de ser adm inistrada logo após seu preparo, p o r m eio de cateter intravenoso de fluxo rápido. Trata-se de um poderoso vesicante cujos sintom as de extravasam ento podem ser am enizados m ediante a infiltração lo cal de tiossulfato 1/6 M. M esm o que não haja extravasam ento, é co m um ocorrer trom boflebite asséptica. Pode ter uso tópico, na form a de solução diluída, nos linfom as cutâneos, com incidência notável de reações de hipersensibilidade. Provoca náuseas m oderadas após adm inistração intravenosa. A bendam ustina é um derivado nitrogenado da m ostarda, com evidência de atividade na leucem ia linfoide crônica e em certos linfom as. C loram bucil causa m ielossupressão, azoosperm ia, náuseas e efeitos colaterais pulm onares previsíveis. O bussulfano pode causar m ielossupressão profunda, alopecia e toxicidade pulm onar, m as é considerado poupador dos linfócitos. Seu uso rotineiro no tratam ento da leucem ia m ieloide crônica (LMC) foi suspenso em favor do im ati nibe ou do desatinibe, m as ainda é em pregado em esquem as de pre paração para transplante. O m elfalano tem biodisponibilidade oral variável e sofre extensa ligação com a album ina e a glicoproteína oq ácida. O corre m ucosite com m ais frequência, contudo tem atividade notável no m ielom a m últiplo.
QUADRO 85.2
Agentes quimioterápicos antineoplásicos de uso comum
1 Agente
Exemplos de doses habituais
Toxicidade
Interações/advertências
]
Agentes que interagem diretamente com o DNA Agentes alquilantes Ciclofosfamida
400- 2.000 mg/m2IV 100 mg/m2/diaV 0
Medular (poupa relativamente as plaquetas) Cistite Alquilante comum3 Cardíaca (dose alta)
É necessário metabolismo hepático para ativar a mostarda fosforamida + acroleína Mesna protege contra o dano vesical causado por “ dose alta”
Mecloretamina
6 mg/m2IV nos 1o e 8o dias
Medular Vesicante Náuseas
Uso tópico no linfoma cutâneo
Clorambucil
1-3 mg/m2/dia VO
Medular Alquilante comum3
Melfalano
8 mg/m2/dia durante 5 dias VO
Carmustina (BCNU)
200 mg/m 2IV 150 mg/m2VO
Medular (nadir retardado) GI (dose alta) Medular (nadir retardado) GI, fígado (dose alta) Renal
A função renal diminuída atrasa a depuração
100-300 mg/m 2V0
Medular (nadir retardado)
Ifosfamida
1,2 g/m2/dia durante 5 dias + mesna
Mielossupressão Bexiga Neurológica Acidose metabólica Neuropatia
Análogo isomérico da ciclofosfamida Mais lipossolúvel Maior atividade versus neoplasias testiculares e sarcomas É preciso usar mesna
Procarbazina
100 mg/m2/dia durante 14 dias
Medular Náuseas Neurológica Alquilante comum3
É necessário metabolismo hepático e tecidual Com etanol, efeito semelhante ao do dissulfiram Age como IMAO (inibidor de monoaminoxidases) PSA após alimentos ricos em tirosinase
Dacarbazina (DTIC)
375 mg/m 2IV nos 10e 15o dias
Medular Náuseas Semelhante a resfriado
Ativação metabólica
Temozolomida
150-200 mg/m2/dia durante 5 dias a cada 28 dias ou 75 mg/m2/día durante 6 a 7 semanas
Náuseas/vômitos Cefaleia/fadiga Constipação
Mielossupressão infrequente
Altretamina (antigamente hexametilmelamina)
260 mg/m2/dia durante 14 a 21 dias, fracionados em 4 doses orais
Náuseas Neurológica (oscilação do humor) Neuropatia Medular (menos)
Ativação hepática Os barbitúricos acentuam/diminuem cimetidina
Cisplatina
20 mg/m2/dia IV durante 5 dias a cada 3-4 semanas ou 100 a 200 mg/m 2por dose IV a cada 3 a 4 semanas
Náuseas Neuropatia Auditiva Plaquetas medulares > leucócitos Mg2+, Ca2+ renais
Manter alto fluxo urinário, diurese osmótica, monitorar ingesta/débito de K+, Mg2+ Emetogênica - é necessário profilaxia Dose total de DCr > 60 mlVmin e tolerar líquido forçado
Carboplatina
365 mg/m 2IV a cada 3-4 semanas, conforme ajustado pela DCr
Plaquetas medulares > leucócitos Náuseas Renal (dose alta)
Reduzir a dose de acordo com a DCr: para a ASC de 5-7 mg/mL [ASC = dose/(DCr + 25)]
Oxaliplatina
130 mg/m 2a cada 3 semanas por 2 h ou 85 mg/m 2a cada 2 semanas
Náuseas Anemia
Neurotoxicidade aguda reversível; neurotoxicidade sensorial crônica cumulativa com a dose; espasmo laringofaríngeo reversível
Princípios do Tratamento do Câncer
Lomustina (CCNU)
Antibióticos antitumorais e venenos contra topoisomerases Bleomicina
15-25 mg/dia durante 5 dias, bolo IV ou IV contínuo
Pulmonar Efeitos cutâneos Síndrome de Raynaud Hipersensibilidade
Inativada pela hidrolase da bleomicina (diminuída no pulmão/na pele) 02acentua a toxicidade pulmonar Diminuição induzida pela cisplatina na DCr pode aumentar as toxicidades cutânea/ pulmonar Reduzir a dose se a DCr < 60 mL/min
Actinomicina D
10-15 |xg/kg/dia durante 5 dias em bolo IV
Medular Náuseas Mucosite Vesicante Alopecia
Reforçar a radioterapia
(Continua)
697
QUADRO 85.2
Agentes quimioterápicos antineoplásicos de uso comum (Continuação) Exemplos de doses habituais
Toxicidade
Interações/advertências
Etoposídeo (VP16-213)
100-150 mg/m2/dia IV por 3-5 dias ou 50 mg/m2/diaV0 por 21 dias ou até 1.500 mg/m2/dose (dose alta com suporte de célula-tronco)
Medular (leucócitos > plaquetas) Alopecia Hipotensão Hipersensibilidade (IV rápida) Náuseas Mucosite (dose alta)
Metabolismo hepático - renal, 30% Reduzir as doses com insuficiência renal Dependente do esquema (5 dias é melhor do que 1) Leucemogênese tardia Ação antimetabólito acentuada
Topotecana
20 mg/m2 IV a cada 3-4 semanas por 30 min ou 1,5-3 mg/m2 a cada 3-4 semanas por 24 h ou 0,5 mg/m2/dia durante 21 dias
Medular Mucosite Náuseas Alopecia discreta
Reduzir a dose com insuficiência renal Sem toxicidade hepática
Irinotecano (CPTII)
100-150 mg/m2 IV por 90 min a cada 3-4 semanas ou 30 mg/m2/dia durante 120 h
Diarréia: “ início precoce” com cãibra, rubor, vômitos; “início tardio” com várias doses Medular Alopecia Náuseas Vômitos Pulmonar
0 profármaco requer depuração enzimática
Doxorrubicina e daunorrubicina
45 a 60 mg/m2 a cada 3-4 semanas ou 10-30 mg/m2a cada semana ou esquema de infusão contínua
Medular Mucosite Alopecia Cardiovascular aguda/crônica Vesicante
Heparina agregada; a coadministração aumenta a depuração Acetaminofeno e BCNU aumentam a toxicidade hepática Reforçar a radioterapia
Idarrubicina
10-15 mg/m2 IV a cada 3 semanas ou 10 mg/m2/dia IV por 3 dias
Medular Cardíaca (menos que a doxorrubicina)
Nenhuma estabelecida
Epirrubicina
150 mg/m2IV a cada 3 semanas
Medular Cardíaca
Nenhuma estabelecida
Mitoxantrona
12 mg/m2/dia durante 3 dias ou 12-14 mg/m2 a cada 3 semanas
Medular Cardíaca (menos que a doxorrubicina) Vesicante (discreta) Urina, escleras e unhas azuladas
Interage com a heparina Menos alopecia e náuseas que a doxorrubicina Reforçar a radioterapia
1 Agente
’
para o fármaco ativo “SN 38” Diarréia inicial provavelmente decorrente de excreção biliar Na diarréia tardia, usar “alta dose” de loperamida (2 mg a cada 2-4 h)
Oncologia e Hematologia
Agentes que Interagem Indiretamente com o DNA Antimetabólitos
Desoxicoformicina
4 mg/m2IV em semanas alternadas
Náuseas Imunossupressão Neurológica Renal
Excreção na urina Reduzir a dose na insuficiência renal Inibe a adenosina desaminase
6-mercaptopurina
75 mg/m2V0 ou até 500 mg/m 2V0 (dose alta)
Medular Hepática Náuseas
Biodisponibilidade variável Metabolizada pela xantina oxidase Diminuir a dose com alopurinol Maior toxicidade com deficiência de tiopurina metiltransferase
6-tioguanina
2-3 mg/kg/dia durante até 3-4 semanas
Medular Hepática Náuseas
Biodisponibilidade variável Maior toxicidade com deficiência de tiopurina metiltransferase
Azatioprina
1-5 mg/kg/dia
Medular Náuseas Hepática
É metabolizada em 6MP, por isso reduzir a dose com alopurinol Maior toxicidade com deficiência de tiopurina metiltransferase
2-clorodesoxiadenosina
0,09 mg/kg/dia durante 7 dias como infusão contínua
Medular Renal Febre
Uso notável na leucemia de células pilosas
Hidroxiureia
20-50 mg/kg/dia (peso corporal magro) V0 ou 1-3 g/dia
Medular Náuseas Mucosite Alterações cutâneas Renal, hepática, pulmonar, do SNC rara
Diminuir a dose com insuficiência renal Aumenta o efeito antimetabólito
Metotrexato
15-30 mg/dia V0 ou IM por 3 a 5 dias ou 30 mg/dia IV nos 1o e 8o dias ou 1,5-12 g/m2/dia (com leucovorina)
Medular Hepática/pulmonar Tubular renal Mucosite
Resgate com leucovorina Excretada na urina Diminuir a dose na insuficiência renal AINEs aumentam a toxicidade renal (Continua)
698
QUADRO 85.2 Agentes quimioterápicos antineoplásicos de uso comum (Continuação) Exemplos de doses habituais
Toxicidade
Interações/advertências
5-fluoruracila (5FU)
375 mg/m2/dia IV por 5 dias ou 600 mg/m2/dia IV nos 1o e 8o dias
Medular Mucosite Neurológica Alterações cutâneas
A toxicidade aumenta com a leucovorina A deficiência de diidropirimidina desidrogenase aumenta a toxicidade É metabolizada nos tecidos
Capecitabina
665 mg/m 22 vezes/dia continuamente; 1.250 mg/m 22 vezes/ dia por 2 semanas alternando 1; 829 mg/m22 vezes/dia por 2 semanas, alternando 1 + 60 mg de leucovorina/ dia
Diarréia Síndrome da mão e do pé
Profármaco de 5FU devido a metabolismo intratumoral
Citosina arabinosídío
100 mg/m2/dia durante 7 dias, infusão contínua ou 1-3 g/m 2em bolo IV
Medular Mucosite Neurológica (dose alta) Conjuntivite (dose alta) Edema pulmonar não cardiogênico
Aumenta a atividade de agentes alquilantes É metabolizada nos tecidos por desaminação
Azacitidina
750 mg/m2/semana ou 75-200 mg/m2/dia durante 5-10 dias (bolo) ou (IV contínua ou subcutânea)
Medular Náuseas Hepática Neurológica Mialgia
Uso limitado à leucemia A metilação alterada do DNA altera a expressão gênica
Gencitabina
1.000 mg/m2IV semanalmente por 7 vezes
Medular Náuseas Hepática Febre/“ síndrome semelhante a resfriado” Medular Neurológica Pulmonar
1 Agente
O 3>
Redução da dose com insuficiência renal Metabolizada em F-ara convertida para F-ara ATP nas células pela desoxicitidina quinase
Fosfato de fludarabina
25 mg/m2/dia IV por 5 dias
Asparaginase
25.000 Ul/m2a cada 3-4 semanas ou 6.000 Ul/m2/dia durante 3-4 semanas ou 1.000-2.000 Ul/m2/dia durante 10-20 dias
Síntese proteica Fatores da coagulação Glicose Albumina Hipersensibilidade SNC Pancreatite Hepática
Bloqueia a ação do metotrexato
200 mg/m2a cada 3 semanas
Anemia Neutropenia Trombocitopenia
Dar suplemento de folato/B12 Cuidado na insuficiência renal
Pemetrexede
-a —T c= i— o w 00 cn
E5' o ■o' o' cn CL o —I
Agentes antimitóticos Vincristina
1-1,4 mg/m2/semana (atingindo com frequência dose total de 2 mg)
Vesicante Medular Neurológica GI. íleo/constipação; hipotoxicidade vesical; SIHAD Cardiovascular
Depuração hepática Reduzir a dose se a bilirrubina for > 1,5 mg/dL Esquema intestinal profilático
Vimblastina
6-8 mg/m2/semana
Vesicante Medular Neurológica (menos comum, porém de espectro semelhante ao de outras vincas) Hipertensão Síndrome de Raynaud
Depuração hepática Reduzir a dose com vincristina
Vinorelbina
15-30 mg/m2/semana
Vesicante Medular Alergia/broncospasmo (imediato) Díspneia/tosse (subaguda) Neurológica (menos proeminante, mas de espectro semelhante ao de outras vincas)
Depuração hepática
£>" 3 CD Z3 O Q. O O Cú> =3 O CD
(Continua)
699
QUADRO 85.2 Agentes quimioterápicos antineoplásicos de uso comum (Continuação) Agente
Exemplos de doses habituais
Toxicidade
Interações/advertências
Paclitaxel
135-175 mg/m 2em infusão por 24 h ou 175 mg/m 2em infusão por 3 h ou 140 mg/m2em infusão por 96 h ou 250 mg/m2em infusão por 24 h mais G-CSF
Hipersensibilidade Medular Mucosite Alopecia Neuropatia sensorial Distúrbio da condução CV Náuseas - infrequentes
Pré-medicar com esteroides e bloqueadores H, e H2 Depuração hepática Redução da dose como com as vincas
Docetaxel
100 mg/m2em infusão por 1 h a cada 3 semanas
Hipersensibilidade Síndrome da retenção hídrica Medular Dermatológica Neuropatia sensorial Náuseas infrequentes Alguma estomatite
Pré-medicar com esteroides e bloqueadores H ,eH 2
Fosfato de estramustina
14 mg/kg/dia fracionados em 3-4 doses com água mais de 2 h após as refeições Evitar alimentos ricos em Ca2+
Náuseas Vômitos Diarréia ICC Trombose Ginecomastia
NAB-paclitaxel (lígante à proteína)
260 mg/m2a cada 3 semanas
Neuropatia Anemia Neutropenia Trombocitopenia
Ixabepilona
40 mg/m2a cada 3 semanas
Mielossupressão Neuropatia
Cuidado na insuficiência hepática
Agentes para alvos moleculares Retinoides
Oncologia e Hematologia
Tretinoína
45 mg/m2/dia até completar a resposta + esquema baseado na antrociclina na LPA
Teratogênica Cutânea
Diferenciação da síndrome LPA: disfunção/ infiltrado pulmonar, efusões pleural/pericárdica, febre
Bexaroteno
300-400 mg/m2/dia continuamente
Hipercolesterolemia Hipertrigliceridemia Cutânea Teratogênico
Hipotireoidismo central
9-18 jxg/kg/dia durante 5 dias a cada 3 semanas
Náuseas/vômitos Calafrios/febre Astenia Hepática
Hipersensibilidade aguda: hipotensão, vasodilatação, exantema, aperto torácico Extravasamento vascular: hipotensão, edema, hipoalbuminemia, eventos trombóticos (IM, TVP, AVE)
Toxinas alvo
Denileucina diftitox
Inibidores da tirosinoquinase
Imatinibe
400 mg/dia, contínua
Náuseas Edema periorbital
Mielossupressão não freqüente em indicações de tumores sólidos
Gefitinibe
250 mg/dia V0
Exantema Diarréia
Nos EUA, apenas com benefício prévio documentado
Erlotinibe
150 mg/dia VO
Exantema Diarréia
1 h antes, 2 h após as refeições
Dasatinibe
70 mg V0 2x/dia
Alterações hepáticas Exantema Neutropenia Trombocitopenia
Sorafenibe
400 mg VO 2 vezes/dia
Diarréia Síndrome da mão e do pé Outro exantema
Sunitinibe
50 mg/dia V0 por 4-6 semanas
Fadiga Diarréia Neutropenia (Continua)
700
QUADRO 85.2
Agentes quimioterápicos antineoplásicos de uso comum (Continuação)
| Agente
Exemplos de doses habituais
Toxicidade
Interações/advertências
|
Inibodores de proteossomos
Bortezomibe
1-3 mg/m2nos dias 1 e 4
Neuropatia Trombocitopenia
Inibidores da desacetilase de histonas
Vorinostate
400 mg/dia
Fadiga Diarréia Trombocitopenia Embolismo
Romidepsina
14 mg/m2nos dias 1,8 e 15
Náuseas Vômitos Citopenias Condução cardíaca
Temsirolimus
25 mg por semana
Estomatite Trombocitopenia Náuseas Anorexia, fadiga Metabólica (glicose, lipíedeos)
Everolimus
10 mg por dia
Estomatite Fadiga
0,16 mg/kg/dia durante até 50 dias na LPA
tQ Tc Neuropatia periférica Dor musculoesquelética Hiperglicemia
Inibidores de mTOR
Outros Trióxido de arsênico
Diferenciação da síndrome LPA (ver em tretinoína)
As nitrosureias decom põem -se em espécies carbam ilantes que, não apenas provocam um padrão distinto de toxicidade direcionada contra pares de bases do DNA, com o tam bém m odificam proteínas de form a covalente. C om partilham a característica de causar m ielotoxicidade relativam ente tardia, que pode ser cum ulativa e de longa duração. A m etil-C C N U (lom ustina) provoca lesão glom erular dire ta bem com o lesão tubular, relacionada cum ulativam ente com a dose e o tem po de exposição. A procarbazina é m etabolizada no fígado e possivelm ente nas células tum orais, produzindo um a variedade de radicais livres e es pécies alquilantes. Além da m ielossupressão e dos efeitos hipnóticos, exerce outros efeitos sobre o SNC, com o pesadelos vividos. Pode causar um a síndrom e sem elhante à induzida pelo dissulfiram com a ingestão de etanol. Em term os quím icos, a altretam ina (antigam ente hexam etilm elam ina) e a tiotepa podem originar espécies alquilantes, em bora a natureza do dano ao DNA não ten h a sido bem -caracterizada em qualquer dos casos. A dacarbazina (D TIC) é ativada no fígado, produzindo o cátion altam ente reativo m etildiazônio e causa m ielossupressão apenas m odesta 21 a 25 dias após a adm inistração de um a dose, mas provoca náuseas notáveis no prim eiro dia. A tem ozolom ida apresenta relação estrutural com a dacarbazina, porém foi designada para ser ativada p or hidrólise não enzim ática em tum ores e possui biodisponibilidade oral. A cisplatina foi descoberta casualm ente graças à observação de que as bactérias presentes em soluções resultantes de eletrólise m e diada po r eletrodos de platina (Pt) não pod iam se dividir. A penas a configuração cis diam ina é ativa com o agente antitum oral. Foi le vantada a hipótese de que no am biente intracelular ocorre perda de um cloreto de cada posição, sendo substituído p o r um a m olécula de água. A espécie resultante com carga positiva é u m a substância bifuncional eficiente que interage com o DNA, form ando ligações c ru zadas com base na Pt. A adm inistração de cisplatina requer h id rata
ção adequada, incluindo diurese forçada com m anitol para prevenir lesão renal; m esm o com o uso de hidratação, é com um observar a di m inuição gradual da função renal, além de anem ia acentuada. Com frequência, o uso de cisplatina é acom panhado de hipom agnesem ia, que pode resultar em hipocalcem ia e tetania. O utros efeitos tóxicos com uns incluem neurotoxicidade com neuropatia sensorim otora em m eias-e-luvas. O corre perda auditiva em 50% dos pacientes tratados com doses convencionais. A cisplatina é intensam ente emetogênica, exigindo o uso profilático de antiem éticos. A m ielossupressão é m e nos evidente que com o uso de outros agentes alquilantes. A toxicida de vascular crônica (fenôm eno de Raynaud, doença arterial corona riana) é um efeito tóxico m ais incom um . A carboplatina exibe m enos nefro, oto e neurotoxicidade. Todavia, a m ielossupressão é m ais fre qüente e, com o o fárm aco é d e purado exclusivam ente pelos rins, o ajuste da dose de acordo com a depuração da creatinina deve ser feito m ediante o uso de vários nom ogram as posológicos. A oxaliplatina é um análogo da platina com atividade notável nos cânceres de colo refratários a outros tratam entos, porém é extrem am ente neurotóxica.
Princípios do Tratamento do Câncer
"Alquilante comum: alopecia, pulmonar, infertilidade, mais teratogênese. Nota: LPA, leucemia promielocítica aguda; ASC, área sob a curva; ICC, insuficiência cardíaca congestiva; SNC, sistema nervoso central; CICr, depuração da creatinina; CV, cardiovascular; AVE, acidente vascular encefálico; TVP, trombose venosa profunda; G-CSF, fator estimulador de colônia de granulócitos; GI, gastrintestinal; PSA, pressão sanguínea alta; IMAO, inibidor da monoaminoxidase; IM, infarto do miocárdio; 6MP, 6-mercaptopurina; mTOR, alvo da rapamicina em mamíferos; AINEs, anti-inflamatórios não esteroides; SIHAD, síndrome da secreção inadequada de hormônio antidiurético.
Antibióticos antitumorais e venenos contra a topoisomerase
Os a n ti bióticos antitum orais são substâncias produzidas p or bactérias que, na natureza, parecem pro p o rcio n ar um a defesa quím ica contra ou tros m icrorganism os hostis. C om o classe, eles ligam -se d iretam en te ao DNA e com frequência podem sofrer reações de transferência de elétrons para gerar radicais livres em estreita proxim idade com o DNA, o que resulta em dano à m olécula n a form a de quebras de fila m entos únicos ou ligações cruzadas. Os venenos contra a topoisom e rase incluem produtos naturais ou substâncias sem i-sintéticas deriva das de vegetais, e m odificam as enzim as que regulam a capacidade do DNA de se desenovelar para p e rm itir a sua replicação ou transcrição norm ais. C onsistem na topoisom erase I, a qual causa quebras de fi lam entos únicos que em seguida voltam a juntar-se após a passagem
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do outro filam ento de DNA p or m eio da quebra; e a topoisom erase II, que cria quebras no filam ento duplo p o r m eio do qual outro seg m ento de DNA de filam ento duplo passa antes de voltar a juntar-se. O dano ao DNA causado p or esses agentes pode ocorrer em qualquer fase do ciclo celular, induzindo a parada das células tratadas nas fases S ou G2 do ciclo celular, em especial no caso de células tum orais que apresentem defeitos m oleculares nas vias de p53 e Rb. Devido ao p a pel da topoisom erase I no processam ento da forquilha de replicação, os venenos contra ela serão letais se as lesões dependentes de to p o i som erase I tiverem ocorrido na fase S. A doxorrubicina pode intercalar-se no DNA, alterando, assim , sua estrutura, replicação e a função da topoisom erase II. Pode, a in da, sofrer reações de redução ao aceitar elétrons em seu sistem a de anel de quinona, com a capacidade de sofrer reoxidação para form ar radicais de oxigênio reativos. Ela causa m ielossupressão previsível, alopecia, náuseas e m ucosite. Além disso, induz a cardiotoxicidade aguda na form a de arritm ias atriais e ventriculares que ra ra m e n te apresentam im portância clínica. Já doses cum ulativas > 550 m g/ m 2 são associadas a um a incidência de 10% de m iocardiopatia crô nica. A incidência de m iocardiopatia parece estar relacionada com o esquem a (concentração sérica m áxim a), sendo o tratam ento com doses baixas e freqüentes ou infusões contínuas m ais bem -tolerado que exposições interm itentes a altas doses. A cardiotoxicidade foi re lacionada com a oxidação e a redução da doxorrubicina catalisada pelo ferro, e não com a ação da topoisom erase. A cardiotoxicidade está relacionada com a dose plasm ática m áxim a, de m odo que doses m enores e infusões contínuas são m enos propensas a causar lesão cardíaca. A toxicidade da doxorrubicina aum enta quando adm inis trada juntam ente com o trastuzum abe, o anticorpo anti-HER2/«ew. É com um o reforço da irradiação ou a interação com a adm inistração concom itante de radioterapia, causando com plicações locais. O fár m aco é um vesicante potente, e a necrose tecidual evidencia-se 4 a 7 dias após um extravasam ento, razão pela qual deve ser adm inistrado em cateter intravenoso de fluxo rápido. O dexrazoxano é um an tí doto para o extravasam ento induzido pela doxorrubicina. A últim a é m etabolizada pelo fígado, exigindo redução de 50 a 75% nas doses n a presença de disfunção hepática. A d au n o rru b ic in a tem estreita relação com a doxorrubicina e foi intro d u zid a p rim eiram en te no tratam ento da leucem ia, para a qual continua sendo incluída nos es quem as curativos; constatou-se que ela é preferível à doxorrubicina, por causar m enos m ucosite e lesão do colo. A idarrubicina tam bém é usada no tratam ento da leucem ia m ieloide aguda e pode ser preferí vel à daunorrubicina em virtude de sua atividade. A encapsulação da d aunorrubicina em um a form ulação lipossom al atenuou a sua car diotoxicidade e apresenta atividade no sarcom a de Kaposi, bem com o no câncer de ovário. A bleom icina é um a m istura de glicopeptídios que tem a caracte rística de form ar complexos com o Fe2+ enquanto tam bém se liga ao DNA. Ela continua sendo um com ponente im portante de regim es de cura para a doença de H odgkin e neoplasias de células germ inativas. A oxidação do Fe2' produz radicais superóxido e hidroxila. O fárm a co causa pouca ou nenhum a mielossupressão. O fárm aco sofre depu ração rápida, porém o aum ento da toxicidade cutânea e pulm onar na presença de insuficiência renal levou à recom endação de redução de 50 a 75% na sua dose com depuração da creatinina < 25 m L /m in. A bleom icina não é vesicante, podendo ser adm inistrada p or vias in tra venosa, intram uscular ou subcutânea. Os efeitos colaterais com uns são febre e calafrios, rubor facial e fenôm eno de Raynaud. A adm inis tração intravenosa rápida pode ser seguida po r hipertensão, e a inci dência de anafilaxia com as prim eiras form ulações do fárm aco levou à prática de se adm inistrar inicialm ente um a dose de teste de 0,5 a 1 unidade. A com plicação m ais tem ida do tratam ento com bleom icina é a fibrose pulm onar, cuja incidência aum enta com a adm inistração cum ulativa de m ais de 300 unidades e cuja resposta ao tratam ento (p. ex., glicocorticoides) é m ínim a. O indicador m ais precoce de um efeito adverso é um declínio da DLC0, em bora a im ediata interrupção da adm inistração do fárm aco após a docum entação de redução da DLC0 possa não im pedir o declínio subsequente da função pulm onar. A bleom icina é inativada pela bleom icina hidrolase, cuja concentra ção fica dim inuída na pele e nos pulm ões. C om o o transporte de elé
trons depende do 0 2, a toxicidade da bleom icina pode evidenciar-se após exposição transitória a valores m uito elevados de P io 2- Portanto, durante procedim entos cirúrgicos, os pacientes com exposição pré via à bleom icina devem ser m antidos com a m en o r P io 2 compatível com a m anutenção de um a oxigenaçâo tecidual adequada. A m itoxantrona é um com posto sintético desenvolvido para recapitular as características da doxorrubicina, porém com m enor car diotoxicidade. É quantitativam ente m enos cardiotóxica (com parando as razões entre as doses cardiotóxicas e terapeuticam ente eficazes), m as ainda está associada a um a incidência de 10% de cardiotoxici dade com doses cum ulativas > 1 5 0 m g /m 2. Tam bém causa alopecia. Vêm surgindo casos de leucem ia prom ielocítica aguda (LPM) logo após exposição de pacientes à m itoxantrona, em particular no trata m ento adjuvante do câncer de m am a. E m bora a leucem ia associada à quim ioterapia geralm ente seja do tipo m ieloide agudo, a LPM que surge no contexto do tratam ento prévio com m itoxantrona apresenta a translocação crom ossôm ica típica t(15;17) associada à LPM, m as os pontos de ruptura da translocação parecem estar no local da topoiso merase II, que seriam os locais preferidos da ação da m itoxantrona, ligando claram ente a ação do fárm aco à geração de leucemia. A etoposídeo foi derivada sinteticam ente do produto vegetal podofilotoxina; liga-se diretam ente à topoisom erase II e ao DNA em um complexo ternário reversível. Estabiliza o interm ediário na ação da enzim a, quando esta se liga de form a covalente ao DNA. Em ter m os históricos, essa ligação ao DNA “alcalilábil” foi o prim eiro indí cio da possível existência de um a enzim a com o a topoisom erase. Por isso, o fárm aco causa um a p arada notável em G2, refletindo a ação de um ponto de controle na lesão do DNA. Os efeitos clínicos im p o rtan tes são m ielossupressão, náuseas e hipotensão transitória relacionada com a velocidade de adm inistração do fárm aco. A etoposídeo é um vesicante leve, porém relativam ente desprovida de outros efeitos tó xicos em grandes órgãos. Q uando adm inistrados em altas doses ou com m uita frequência, os inibidores da topoisom erase podem causar leucem ia aguda associada a anorm alidades do crom ossom o llq 2 3 em até 1% dos pacientes expostos. A cam ptotecina foi isolada de extratos de um a árvore chinesa e exibiu notável atividade antileucêm ica, em m odelos m u rin o s pré-clínicos. Os estudos clínicos prelim inares em h um anos com o sal de sódio da lactona de cam ptotecina hidrolisada m ostraram evidên cia de toxicidade com pouca atividade antitum oral. A identificação da topoisom erase I com o alvo das cam ptotecinas e a necessidade de preservar a estru tu ra lactona levaram a um m aior em penho na identificação dos m em bros ativos dessa série. A topoisom erase I é responsável pelo desenrolam ento da fita de DNA, ao introduzir que bras nos filam entos únicos e p erm itir a rotação de um filam ento em torno do outro. Na fase S, as rupturas induzidas pela topoisom erase I, que não são prontam ente reparadas, levam à progressão da forquilha de replicação da extrem idade de um filam ento de DNA. A lesão do DNA é um sinal potente para a indução de apoptose. As cam ptoteci nas prom ovem a estabilização do DNA ligado à enzim a em um cha m ado complexo clivável, análogo à ação da etoposídeo com a topoi som erase II. O topotecana é um derivado da cam ptotecina aprovado para uso nos tum ores ginecológicos e no carcinom a p u lm o n ar de pequenas células. A toxicidade restringe-se à m ielossupressão e m u cosite. O CPT-11 ou irinotecano é um a cam ptotecina com evidência de atividade contra o carcinom a de colo. Além da m ielossupressão, provoca diarréia secretora relacionada com a toxicidade de um m eta bólito cham ado SN-38. A diarréia pode ser tratada de m odo eficiente com loperam ida ou octreotida.
Efetores indiretos da função do DNA: antimetabólitos U m a definição abrangente dos a n tim etab ó lito s in cluiria os co m postos com sem elhança e stru tu ra l aos p recu rso res das p u rin as ou pirim idinas, ou que interferem n a síntese de am bas. Os a n tim eta bólitos podem causar lesão in d ireta ao D N A p o r sua incorporação incorreta na dupla fita, tem p o ou progressão an o rm ais da síntese do DNA, ou alteração n a função das enzim as da biossíntese das pu rin as e pirim idinas. T endem a in d u zir m aio r toxicidade p ara as células na fase S, e o grau de toxicidade a u m en ta de acordo com a duração da exposição. As m anifestações tóxicas com uns são es-
O arabinosídio de citosina (ara-C) é incorporado ao DNA após a form ação de ara-CTP, resultando em toxicidade relacionada com a fase S. Os esquem as de infusão contínua proporcionam m áxim a efi ciência com captação m áxim a em concentrações de 5-7 (xM. O ara-C pode ser adm inistrado p or via intratecal. Os efeitos adversos com preendem náuseas, diarréia, estom atite, conjuntivite quím ica e ataxia cerebelar. A gencitabina é um derivado da citosina que se assemelha ao ara-C pela sua incorporação ao DNA após anabolism o em trifosfato, tornando o DNA suscetível à quebra e induzindo seu reparo, no que difere do ara-C, visto que as lesões induzidas pela gencitabina são rem ovidas de m odo m uito ineficiente. D iferentem ente do ara-C, a gencitabina parece ter atividade apropriada em um a variedade de tum ores sólidos, com efeitos tóxicos não m ielossupressores lim ita dos. A 6-tioguanina e a 6-m ercaptopurina (6M P) são utilizadas no tratam en to da leucem ia linfoide aguda. M esm o adm inistradas po r via oral, apresentam biodisponibilidade variável. A 6M P é m etaboli zada pela xantina oxidase, sendo, p o r isso, necessário reduzir a dose quando adm inistrada com alopurinol. O fosfato de fludarabina é um pró-fárm aco do F-arabinosídio de adenina (F-ara-A ), planejado para d im inuir a suscetibilidade do ara-A à adenosina desam inase. O F-ara-A incorpora-se ao DNA e pode causar citotoxicidade tardia m esm o em células com baixa fração de crescim ento, com o na leucem ia linfocítica crônica e nos linfom as fo liculares de células B. Além de m ielossupressão, podem ocorrer dis função do SNC e depleção das células T, resultando em inFECções oportunistas. A 2-clorodesoxiadenosina é um com posto sem elhante, ativo na leucem ia de células pilosas. A 2-desoxicoform icina inibe a adenosina desam inase, resultando em aum ento dos níveis de dATP, o que provoca a inibição da ribonucleotídio redutase bem com o aum ento da suscetibilidade à apoptose, em p articular nas células T. Além de im unossupressão, a toxicidade consiste em notáveis insufi ciência renal e disfunção do SNC. A hidroxiureia inibe a ribonucleo tídio redutase, resultando em bloqueio da fase S. A presenta biodispo nibilidade oral, sendo o fárm aco de escolha para o tratam ento agudo dos estados m ieloproliferativos. A asparaginase é um a enzim a bacteriana que causa ru p tu ra da asparagina extracelular necessária à síntese de proteína em certas cé lulas leucêm icas, o que in terro m p e efetivam ente a síntese do DNA na célula tum oral, porque tal síntese requer a síntese concom itante de proteína. Por isso, o resultado da ação da asparaginase é m uito sem elhante ao dos antim etabólitos de m oléculas pequenas. Com o a asparaginase é um a proteína estranha, reações de hipersensibilidade são com uns, bem com o efeitos sobre certos órgãos, com o o pâncreas e o fígado, que exigem a síntese contínua de proteínas, o que pode resultar em redução da secreção de insulina com hiperglicem ia, com ou sem hiperam ilasem ia e anorm alidades da função da coagulação. A estrita m onitoração das funções da coagulação deve acom panhar o uso de asparaginase. Paradoxalm ente, devido à depleção dos fatores anticoagulantes de m eia-vida curta, tam bém p odem ocorrer tro m boses, em particular acom etendo o SNC, com o uso de asparaginase.
Princípios do Tratamento do Câncer
tom atite, diarréia e m ielossupressão. Seu uso não está associado a segundas neoplasias. O m etotrexato inibe a dihidrofolato redutase, que regenera os folatos reduzidos a p a rtir dos oxidados produzidos, quando ocorre a form ação do m onofosfato de tim idina a p a rtir do m onofosfato de desoxiuridina. Na ausência de folatos reduzidos, as células m orrem em v irtude de “carência de tim ina”. O N 5-tetraidrofolato ou N 5-form iltetraidrofolato (leucovorina) podem contornar esse bloqueio e resgatar as células do m etotrexato, m antido nas células p o r poliglutam ilação. O fárm aco e outros folatos reduzidos são tra n sp o rta dos nas células pelo carreador de folato e, em altas concentrações, podem desviar-se desse carreador, o que perm ite a difusão direta do fárm aco nas células. Tais propriedades sugeriram a elaboração de es quem as de m etotrexato em “altas doses” com leucovorina no resgate da m edula óssea e da m ucosa norm ais, com o p arte de abordagens curativas do osteossarcom a em contexto adjuvante e de neoplasias hem atopoiéticas em crianças e adultos. O m etotrexato é depurado pelos rins tanto p or filtração glom erular quanto p o r secreção tubular e sua toxicidade aum enta na presença de disfunção renal e de fár m acos com o os salicilatos, a probenecida e os anti-inflam atórios não esteroides, que sofrem secreção tubular. Na função renal norm al, a adm inistração de leucovorina, na dose de 15 m g /m 2, resgata 1CT8 a 10~6 M de m etotrexato em três a quatro doses. C ontudo, se houver redução da depuração da creatinina, deverão ser m antidas doses de 50-100 m g/m 2 até atingir níveis de m etotrexato < 5 X 1 0 ~SM. Além de m ielossupressão e irritação da m ucosa, o próprio m etotrexato pode causar insuficiência renal em altas doses devido à cristalização nos túbulos renais; p or isso, nos esquem as com altas doses é necessária a alcalinização da u rin a com aum ento do fluxo m ediante hidratação. O m etotrexato pode ser seqüestrado em coleções no terceiro espaço e retornar à circulação geral, causando m ielossupressão prolongada. Efeitos adversos m enos freqüentes incluem aum entos reversíveis das transam inases e síndrom e p ulm onar sem elhante à hipersensibilida de. O uso crônico de m etotrexato em doses baixas pode causar fibro se hepática. Q uando adm inistrado no espaço intratecal, o m etotrexa to pode provocar aracnoidite quím ica e disfunção do SNC. O pem etrexedo é um novo antim etabólito cujo alvo m olecular é o folato. M ostra-se “m ultidirecional” pois inibe a atividade de vá rias enzim as, com o a tim idilato sintetase, a dihidrofolato redutase e a glicinam ida ribonucleotídio form iltransferase, afetando, assim , a síntese dos precursores de ácidos nucleicos, tanto das purinas quanto das pirim idinas. Para evitar toxicidade significativa para os tecidos norm ais, os pacientes que estejam recebendo pem etrexedo tam bém devem receber suplem entação com folato e vitam ina B12 em doses baixas. O pem etrexedo apresenta notável atividade contra certos cân ceres pulm onares e, quando com binado com a cisplatina, tam bém atua contra os m esoteliom as. O palatrexato é um antifolato aprovado para uso nos casos de linfom a de célula T, transportado com bastante eficiência para o interior das células neoplásicas. O 5-fluoruracila (5FU) representa um exem plo prelim in ar da elaboração “racional” de fárm acos, visto que surgiu da observação de que as células tum orais in co rp o ram uracila radiom arcada com m ais eficiência no DNA que as células norm ais, em p a rticu la r no intestino. O 5FU é m etabolizado nas células em 5'FdU M P, que in i be a tim idilato sintetase (TS). Além disso, a incorporação incorreta pode levar a quebras de filam entos únicos, e o RNA p ode incorporar o FU M P de m odo aberrante. O 5FU é m etabolizado pela dih id ro pirim idina desidrogenase, cuja deficiência pode a carretar toxicida de excessiva do 5FU. A biodisponibilidade oral varia de m odo não confiável, m as foram desenvolvidos análogos do 5FU adm inistrados p o r via oral, com o a capecitabina, p ro p o rcio n a n d o atividade pelo m enos equivalente a m uitas abordagens baseadas no 5FU p o r via parenteral. A adm inistração intravenosa de 5FU resulta em m ielos supressão após infusões de cu rta duração e estom atite após infusões prolongadas. A leucovorina aum enta a atividade da 5FU ao p ro m o ver a form ação do com plexo covalente tern ário de 5FU, folato re d u zido e TS. Efeitos tóxicos m enos freqüentes são a disfunção do SNC, com sinais cerebelares proem inentes, e a toxicidade endotelial, que se m anifesta na form a de trom bose, incluindo em bolia p u lm o n ar e infarto do m iocárdio.
Inibidores do fuso mitótico Os m icrotúbulos são estru tu ras celulares que form am o fuso m itó tico e que, nas células em intérfase, são responsáveis pelo arcabouço celular ao longo do qual ocorrem diversos processos envolvidos com m igração e secreção celulares. Os m icrotúbulos são constituídos de complexos m ultim éricos repetitivos não covalentem ente ligados dos heterodím eros da isoform a a e b da proteína tubulina. A vincristina liga-se ao dím ero da tubulina, causando a desagregação dos m icro túbulos. O resultado é o bloqueio das células em crescim ento na fase M, m as tam bém são evidentes efeitos tóxicos nas fases G, e S, refle tindo efeitos sobre as atividades celulares dos m icrotúbulos. A vin cristina é m etabolizada pelo fígado, sendo necessário ajustar a dose na presença de disfunção hepática. Trata-se de um vesicante potente cujo extravasam ento p ode ser tratado com calor local e infiltração de hialuronidase. Nas doses intravenosas usadas na prática clínica, é fre qüente a neurotoxicidade na form a de neuropatia em meias e luvas. Os efeitos neuropáticos agudos são do r n a m andíbula, íleo paralítico, retenção urinária e síndrom e de secreção inapropriada de horm ônio antidiurético. Não ocorre m ielossupressão. A vim blastina assemelha-
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-se à vincristina, exceto p o r sua m aior tendência à m ielotoxicidade, com trom bocitopenia m ais freqüente, bem com o m ucosite e estom a tite. A vinorelbina é um alcalóide da vinca que parece ter diferenças nos padrões de resistência, em com paração com a vincristina e a vimblastina; pode ser adm inistrada p o r via oral. Os tax an o s in clu em o paclitaxel e o docetaxel, agentes que diferem dos alcalóides da vinca pela capacidade de estabilizar os m icrotúbulos c o n tra a despolim erização. Os m ic rotúbulos “estabi lizados” fu ncionam de m o d o anorm al, sendo incapazes de sofrer as alterações dinâm icas e stru tu ra is e funcionais n o rm ais necessárias p ara co m pletar o ciclo celular. O s taxanos estão e n tre os agentes antineoplásicos m ais am plam ente ativos para uso c o n tra os tu m o res sólidos, com evidência de atividade n o s cânceres de ovário e m am a, sarcom a de Kaposi e tum ores pulm onares. São a d m in istra dos p o r via intravenosa, e o paclitaxel exige o uso de u m veículo que co n te n h a crem óforo, que p o d e causar reações de h ip ersen si bilidade. A pré-m edicação com dexam etasona (8-16 m g VO ou IV, 12 e 6 horas antes do tratam en to ), d ifen id ram in a (50 m g) e cim e tid in a (300 m g), as duas últim as 30 m in u to s antes do tratam en to , dim inui, m as não elim ina, o risco de reações de hipersensibilidade ao veículo do paclitaxel. O docetaxel vem em u m a form ulação de polissorbato 80 que po d e causar retenção hídrica, além de reações de hipersensibilidade, e com frequência usa-se p ré-m edicação com dexam etasona com ou sem anti-histam ínicos. U m a form ulação de paclitaxel ligado a p ro teín as (d e n o m in a d a nab-paclitaxel) a p re senta atividade antineoplásica pelo m en o s equivalente, com risco m en o r de toxicidade. O paclitaxel tam b ém po d e causar reações de hipersensibilidade, m ielossupressão, neu ro to x icid ad e n a form a de d o rm ên c ia em luvas-e-m eias e parestesia. F oram observ ad o s d is tú rb io s do ritm o cardíaco em ensaios clínicos das fases I e II, m ais com um ente b radicardia assintom ática e tam b ém , m ais raram ente, graus variáveis de bloq u eio atrio v en tricu lar. Tais eventos n ão se m o strara m clinicam ente significativos n a m aioria dos pacientes. O docetaxel causa graus com paráveis de m ielossupressão e n e u ro p a tia. As reações de h ipersensibilidade, com o b ro n co sp asm o , d isp n éia e hipotensão, são m en o s freqüentes, m as o c o rre m , em certo grau, em até 25% dos pacientes. A retenção h íd ric a parece resultar de u m a sín d ro m e de extrav asam en to vascular, p o d e n d o agravar d e rra m es preexistentes. A a d m in istra ç ã o de docetaxel p o d e ser com plicada p o r exantem a, que aparece de form a im p o rta n te com o ex an tem a m a c u lo p a p u la r p ru rig in o s o , a co m ete os a n te b raç o s e tam b é m tem sido associado a sulcos e q u eb ras das u nhas, bem com o à pigm entação cutânea. A estom atite parece ser ligeiram ente m ais freqüente que com o uso do paclitaxel. A resistência aos taxanos tem sido relacionada à em ergência de efluxo eficiente de taxanos a p artir de células tum orais, p or m eio da P-glicoproteína p l7 0 (produto do gene mdr) ou à presença de form as variantes ou m utantes de tubulina. As epotilonas representam um a classe de novos agentes estabilizadores de m icrotúbulos que foram conscienciosam ente m elhorados para a atividade sobre os tum ores resistentes ao taxano. A ixabepilona apresenta claras evidências de atividade sobre tum ores de m am a resistentes aos taxanos e antraci clinas, com o a doxorrubicina. Ela possui efeitos colaterais esperados aceitáveis, incluindo m ielossupressão e tam bém causa neuropatia sensorial periférica. A estram ustina foi sintetizada originalm ente com o um deriva do da m ostarda nitrogenada, com possível utilidade nas neoplasias com receptores de estrogênio. E ntretanto, não se observou qualquer evidência de interação com o DNA. Surpreendentem ente, o fárm aco causou interrupção na m etáfase, e um estudo subsequente revelou que ele se liga a proteínas associadas aos m icrotúbulos, resultando em anorm alidade da função m icrotubular. T am bém se liga a proteí nas de ligação com o a estram ustina (EMBP), notavelm ente encontra da no tecido tum oral da próstata. O fárm aco é utilizado em pacientes com câncer de próstata. Em até 10% dos pacientes, ocorrem efeitos adversos gastrintestinais e cardiovasculares relacionados com o com ponente estrogênico, com o o agravam ento da insuficiência cardíaca e fenôm enos trom boem bólicos. Tam bém podem ocorrer ginecom astia e hipersensibilidade dos m amilos.
Agentes hormonais As m oléculas relacionadas com os receptores de horm ônios esteroi des surgiram com o alvo notável para pequenas m oléculas úteis no tratam ento do câncer. Q uando fixados aos seus ligantes cognatos, es ses receptores são capazes de alterar a transcrição gênica e, em certos tecidos, induzir apoptose. O efeito farm acológico é um espelho ou um a caricatura dos efeitos n orm ais dos agentes que atuam sobre o tecido norm al não transform ado, em bora os efeitos sobre os tum ores sejam m ediados por efeitos indiretos em alguns casos. Em geral, os glicocorticoides são adm inistrados em pulsos de al tas doses nas leucem ias e nos linfom as, nos quais induzem apoptose nas células tum orais. A síndrom e de C ushing ou a supressão inadver tida das glândulas suprarrenais com a interrupção dos glicocorticoi des em altas doses podem ser com plicações significativas, além das inFECções com uns em pacientes im unossuprim idos, em particular a pneum onia p or Pneumocystis, que classicam ente surge poucos dias após o térm ino de um ciclo de glicocorticoides em altas doses. O tam oxifeno é um antagonista parcial dos receptores do estro gênio, com atividade antitum oral dez vezes m aior em pacientes com câncer de m am a cujos tum ores expressam receptores do estrogênio, do que naqueles com baixos níveis de expressão ou nenhum . Ele pode ser considerado o protótipo do agente “alvo m olecular”. Devido às suas atividades agonísticas nos tecidos vascular e uterino, os efei tos colaterais incluem um ligeiro aum ento do risco de complicações cardiovasculares, com o fenôm enos trom boem bólicos, e um pequeno aum ento na incidência do carcinom a endom etrial que aparece após seu uso crônico (geralm ente m ais de 5 anos). Os agentes progestacionais - com o o acetato de m edroxiprogesterona, androgênios que incluem a fluoxim esterona (H alostetin) e, paradoxalm ente, os estro gênios - exibem aproxim adam ente o m esm o grau de atividade no tratam ento horm onal prim ário dos cânceres de m am a com expressão elevada da proteína receptora do estrogênio. O próprio estrogênio frequentem ente não é utilizado em virtude de suas atividades cardio vascular e uterotrópica proem inentes. A aromatase refere-se a um a fam ília de enzim as que catalisam a form ação de estrogênio em vários tecidos, com o o ovário e o tecido adiposo periférico, bem com o algum as células tum orais. Os inibi dores da arom atase são de dois tipos: os análogos de esteroides que atuam com o inibidores irreversíveis, com o o exem estano; e os rever síveis, com o o anastrozol ou letrozol. O anastrozol é superior ao ta moxifeno no tratam ento adjuvante do câncer de m am a, em pacientes após a m enopausa com tum ores positivos para receptor de estrogê nio. O tratam ento com letrozol oferece benefícios após o tratam ento com tam oxifeno. Os efeitos adversos dos inibidores da arom atase p o dem incluir m aior risco de osteoporose. O câncer de próstata é tratado classicam ente com a privação de androgênio. O dietilestilbestrol (DES), ao agir com o um análogo es trogênico no hipotálam o, leva à dim inuição da produção hipotalâm i ca do horm ônio luteinizante (LH), resultando na redução da p ro d u ção testicular de testosterona. Por esse m otivo, a orquiectom ia é tão eficaz quanto o DES em doses m oderadas, induzindo respostas em 80% dos pacientes com câncer de próstata que não receberam trata m ento prévio, porém sem os efeitos colaterais cardiovasculares proe m inentes do DES, com o trom bose e exacerbação da doença arterial coronariana (DAC). Se a orquiectom ia não for aceita pelo paciente, a supressão do androgênio testicular tam bém poderá ser feita por agonistas do horm ônio liberador do horm ônio luteinizante (LHRH), como a leuprolida e a goserelina, agentes que causam estim ulação tô nica do receptor de LHRH com perda da sua ativação pulsátil norm al, o que resulta em m enor débito de LH pela hipófise anterior. Portanto, como m anipulação horm onal prim ária no câncer de próstata, pode-se escolher a orquiectom ia ou a leuprolida, m as não ambas. O acréscimo de bloqueadores do receptor de androgênios, incluindo a flutam ida ou a bicalutamida, tem benefício adicional incerto na extensão da d u ração global da resposta: a com binação de orquiectom ia ou leuprolida mais flutam ida é conhecida com o bloqueio androgênico total. Os tum ores que respondem a algum tipo de m anipulação h o r m onal p rim ária p odem resp o n d er a u m a segunda e a um a terceira m anipulações horm onais. Assim, os tum ores de m am a que respon
deram previam ente ao tam oxifeno têm , em caso de recidiva, índices notáveis de resposta à sus pensão do próprio tam oxifeno ou ao acréscim o subsequente de um in ib id o r da arom atase ou progestina. De m odo sem elhante, o tratam ento inicial de cânceres de p róstata com leuprolida mais flutam ida pode ser seguido, após a progres são d a doença, por resposta à interrupção da a d m inistração de flutam ida. Tais respostas podem resultar da rem oção de antagonistas dos recep tores m utantes dos h o rm ô n io s esteroides, que passaram a depender da presença do antagonista com o influência prom otora do crescimento. O u tra s estratégias p a ra o trata m e n to dos cânceres refratários de m am a e de p róstata que apresentam receptores dos h o rm ô n io s esteroi des tam bém podem utilizar a capacidade da su prarrenal de produzir androgênios e estrogênios m esm o após o rq u iec to m ia ou oofo recto m ia, respectivam ente. Assim , é possível u sar am in o g lutetim ida ou cetoconazol para b loquear a síntese suprarrenal ao interferir nas enzim as do m etabolism o dos h o rm ô n io s esteroides. A a d m inistração desses agentes exige reposição co n com itante de h idrocortisona e doses adicionais de glicocorticoides a d m in istrad a s em caso de estresse fisiológico. Os m ecanism os hum orais tam bém podem resultar em com plicações a p a rtir de um a n e o plasia básica que esteja produzindo o horm ônio. O s carcinom as adrenocorticais p o d em causar síndrom e de C ushing e as decorrentes do ex cesso de androgênio ou estrogênio. O m itotano pode contrabalançar este processo ao dim inuir a síntese dos horm ônios esteroides. As neoplasias de células d a ilhota podem causar diarréia debilitante, tratad a com o análogo da som atostatina octreotida. Os tum ores secretores de prolactina podem ser tratados de m aneira eficaz com o ago nista dopam inérgico brom ocriptina.
Vaso sa n g u ín eo induzido pelo tum or
Figura 85.4 Local de ação dos agentes direcionados. Os sinais desencadeados pela ativação de receptores com atividade de tirosinoquinases (RTK) relacionadas com fatores de crescimento, como R-EGF, erbB2 ou c-kit, podem ser bloqueados por lapatinibe, erlotinibe, gefitinibe e imatinibe, que agem no sítio de ligação do ATP, ou pelos anticorpos cetuximabe, trastuzumabe ou panitumumabe atuando no receptor. As tirosinoquinases (TK) não estimuladas diretamente por fatores de crescimento, como a p210 bcr-abl ou src, podem ser inibidas por imatinibe, desatinibe ou nilotinibe. Os sinais deflagrados a jusante da cascata de sinalização a partir de receptores do fator de crescimento podem ser afetados pelo inibidor de quinase multidirecional sorafenibe, que age sobre c-raf, e, após chegar ao núcleo, altera a expressão gênica, que pode ser afetada pelos moduladores transcricionais alvo-dirigidos vorinostat (atuando na histona desacetilase), derivados da azacitidina (atuando na DNA-metiltransferase) ou moduladores do receptor de retinoides, como o ácido a//-/rans-retinoico (ATRA) ou bexaroteno. Os receptores de citocina (CkRs) são um estímulo à degradação da subunidade inibitória do fator de transcrição NFk B pelo proteossomo. O bortezomibe inibe esse processo e pode prevenir a ativação de genes dependentes de NFk B, entre outros efeitos relacionados com o crescimento. O sorafenibe e o sunitinibe, atuando como inibidores dos receptores do fator de cres cimento endotelial vascular (VEGF) podem modular a função dos vasos sanguíneos tumorais mediante sua ação sobre as células endoteliais, enquanto o anticorpo bevacizumabe atinge o mesmo alvo ao se combinar com o próprio VEGF.
■ TERAPIAS DIRIGIDAS A m elhor com preensão da biologia das células cancerosas sugeriu num erosos alvos novos para a descoberta e o desenvolvim ento de agentes antineoplásicos, que incluem os produtos de oncogenes e ge nes supressores tum orais, reguladores das vias de m orte celular, m e diadores da im ortalidade celular com o a telom erase, além de m olé culas responsáveis pela m odelagem m icroam biental, com o proteases e fatores angiogênicos. A diferença essencial no desenvolvim ento de agentes cujos alvos são representados p o r esses processos reside no fato de que a base para a descoberta do fárm aco-candidato é a im portância a priori do alvo na biologia do tum or, m ais que a detecção inicial de candidatos com base no fenôm eno de regressão das células tum orais em culturas teciduais ou em anim ais. Os exem plos que se seguem refletem a atividade de pesquisa clínica em rápida evolução nessa área. Na Figura 85.4, há um resum o do m o d o de ação dos agentes dirigidos a alvos m oleculares aprovados pelo FDA.
Neoplasias hematopoiéticas O im atinibe tem com o alvo o sítio de ligação do ATP na proteína tirosinoquinase p 210bcr_abl, form ada com o resultado da translocação entre os crom ossom os 9 e 22, o crom ossom o Filadelphia, na LMC. O im atinibe é superior ao interferon m ais quim ioterapia no tratam ento inicial da fase crônica desse distúrbio. Tem m en o r atividade na fase blástica da LMC, em que as células podem ter a dquirido m utações adicionais na própria p210bc'“abi ou outras lesões genéticas. Seus efei tos colaterais são relativam ente toleráveis na m aioria dos pacientes e consistem em disfunção hepática, diarréia e retenção hídrica. R ara m ente, os pacientes que recebem o im atinibe têm redução da função cardíaca, que pode persistir após se interrom per a adm inistração do
fármaco. A qualidade da resposta ao im atinibe entra na decisão so bre quando encam inhar os pacientes com LMC para consideração de transplante. O nilotinibe é um inibidor de tirosinoquinases com espectro sim ilar de atividade ao do im atinibe, m as com m aior po tên cia e talvez m elhor tolerância p o r p arte de certos pacientes. O dasatinibe, outro inibidor das oncoproteínas p 210bcr ab, é ativo em certas variantes m utantes da p 210bcr”abl que são refratárias ao im atinibe e surgem durante a terapia com o últim o ou estão presentes de novo. O dasatinibe tam bém tem ação inibitória contra quinases pertencentes à família da proteína tirosinoquinase src; pode ser que tal atividade contribua para seus efeitos nas neoplasias hem atológicas e sugere um papel nos tum ores sólidos, onde as quinases src são ativas. Apenas o m utante T315I é resistente ao dasatinibe; um a nova classe de inibido res, cham ados inibidores da quinase aurora, está em desenvolvim en to para resolver esse problem a. O ácido all-trans-retinoico (ATRA) atua na p ro teín a de fusão a do recep to r de ácido re tin o ico (RAR) na LPM , que resulta da translocação patogênica dos cro m o sso m o s 15 e 17 p ara a m aioria das form as de LPA. A d m in istra d o p o r via oral causa diferenciação dos prom ielócitos neoplásicos em granulócitos m aduros e atenua a taxa de com plicações hem orrágicas. O s efeitos adversos são cefaleia com ou sem p se u d o tu m o r cerebral, b em com o toxicidade g a strin testinal e cutânea. O u tro retin o id e ativo é o ligante do receptor do retinoide X sintético bexaroteno, que exibe atividade no linfom a de células T cutâneo. O bortezom ibe é u m in ib id o r de proteossom o, estru tu ra supram olecular de m últiplas subunidades com atividade proteolítica responsável pela degradação seletiva de p roteínas im portantes na regulação da ativação de fatores de transcrição, com o N F k B e p ro
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teínas reguladoras da progressão do ciclo celular. Tem atividade no m ielom a m últiplo e em certos linfomas. Os efeitos adversos são n e u ropatia, hipotensão ortostática com ou sem hiponatrem ia, além de trom bocitopenia reversível. O vorinostate é um inibidor das desacetilases das histonas, res ponsável po r m anter a orientação adequada das histonas no DNA com capacidade resultante para a prontidão transcricional. As histo nas acetiladas perm item a entrada de fatores de transcrição e, p o rtan to, a m aior expressão de genes reprim idos de form a seletiva nos tu mores. O resultado pode ser a diferenciação com o surgim ento de um fenótipo celular m ais norm al ou um a parada no ciclo celular com a expressão de reguladores endógenos da progressão do ciclo celular. O vorinostate foi aprovado para uso clínico no linfom a de células T com excelente depleção das células tum orais da pele e m uito poucos efeitos colaterais. A rom idepsina é um a classe m olecular distinta de inibidor da histona desacetilase tam bém ativo no linfom a cutâneo de célula T. Os inibidores da m etiltransferase do DNA, incluindo a 5-azacitidina e a 2 '-desóxi-5-azacitidina (decitabina), tam bém podem au m entar a transcrição de genes “silenciados” du ran te a patogenia de um tum or, ao causar a desm etilação das citosinas m etiladas a d quiridas com o m odificação “epigenética” (isto é, após a replicação do DNA) no DNA. Antes, esses fárm acos eram considerados antim eta bólitos, m as apresentavam valor clínico nas síndrom es m ielodisplásicas e em certas leucem ias quando adm inistrados em doses baixas. Com binações de inibidores da m etiltransferase do DNA e desaceti lase das histonas podem representar novas abordagens para regular novam ente a função da crom atina. As toxinas alvo-dirigidas utilizam m oléculas com o anticorpos ou citocinas com alta afinidade p or m oléculas definidas da superfície celular do tum or, com o um antígeno de diferenciação na leucem ia, para o qual um anticorpo terapêutico pode liberar um a citocina p o tente ligada de form a covalente ou um fator de crescim ento, com o a IL-2, para liberar um a toxina (na form a da toxina diftérica na denileucina diftitox) para células que ten h am o receptor para a IL-2. O valor de tais abordagens alvo-dirigidas é que, além de m an ter o índice terapêutico pela expressão diferencial do alvo no tu m o r (ao contrário das células norm ais não renováveis), perm item a utilização destes alvos para a seleção criteriosa de pacientes que poderão se b e neficiar do tratam ento.
Tumores sólidos Os antagonistas m oleculares do fator de crescim ento epidérm ico (EGF) atuam no sítio de ligação de ATP, no dom ínio tiro sin o q u in a se do receptor do EGF. Nos prim eiros ensaios clínicos, o gefitinibe m ostrou evidência de respostas em um a pequena fração de pacientes com câncer pulm onar de células não pequenas (NSCLC). Os efeitos colaterais geralm ente eram aceitáveis, consistindo principalm ente em exantem a e diarréia. A análise subsequente de pacientes respondedores revelou um a alta frequência de m utações ativadoras no recep tor de EGF. Em geral, os pacientes que desenvolveram resistência ao gefitinibe adquiriram m utações adicionais na enzim a sem elhantes às observadas na LMC resistente ao im atinibe. O erlotinibe é outro antagonista da atividade tirosinoquinase do receptor do EGF, que m ostrou prognóstico de certa form a superior em ensaios clínicos de NSCLC. M esm o pacientes com receptores de EGF do tipo selvagem podem beneficiar-se do tratam ento com erlotinibe. O lapatinibe é antagonista da atividade tirosinoquinase de am bos receptor de EGF e erbB2, com atividade nos cânceres de m am a refratários aos anticor pos antierbB2. Além da quinase p210ixr~abl, o im atinibe tam bém tem atividade contra a tirosinoquinase c-kit, ativada nos tum ores estrom ais gastrin testinais (GIST) e contra o receptor do fator de crescim ento derivado das plaquetas (R-FCDP), ativado pela translocação em certos sarcomas. D escobriu-se que o im atinibe tem utilidade clínica nessas neo plasias, antes refratárias às abordagens quim ioterápicas. Os antagonistas das quinases “m ultid irecio n ais” são p e q u e nas m oléculas cujo alvo é o sítio de ligação do ATP, no dom ínio de quinases e que inibem m ais de um a proteinoquinase. Os fárm acos desse tipo com atividade proem inente contra a tirosinoquinase do receptor do fator de crescim ento endotelial vascular (R-VEGF) são
ativos no carcinom a de células renais. O sorafenibe é um antagonista do R-VEGF com atividade tam bém contra a serino/treoninoquinase raf. O sunitinibe é igualm ente ativo contra o R-VEGF, o R-FCDP e a c-kit. A presenta respostas notáveis e estabilização da doença nos cânceres de células renais e tum ores estrom ais gastrintestinais. A m aioria dos efeitos colaterais de am bos os agentes é aceitável, sendo a fadiga e diarréia encontradas com am bos. A “síndrom e da m ão e pé” com eritem a e descam ação das extrem idades distais, que em alguns casos requer a m odificação da dose, pode ocorrer com o sorafenibe. O tensirolim o e o everolim o são alvos dos inibidores da rapam icina (mTOR) em m am íferos, com atividade nos cânceres renais. Eles p ro duzem estom atite, fadiga e algum a hiperlipidem ia (10%), m ielossu pressão ( 10%) e toxicidade p ulm onar rara.
Tratamento personalizado do câncer O reconhecim ento de que as terapias dirigidas podem beneficiar subpopulações de pacientes com diagnósticos histológicos id ên ti cos, porém cujo tu m o r apresenta viabilidade dependente da função da m olécula alvo, levou a pesquisa a definir estratégias diagnósticas m oleculares para escolher pacientes potencialm ente respondedores. Além disso, a linhagem germ inativa de DNA de um paciente pode conter indicadores de capacidade diferencial para m etabolizar agen tes quim ioterápicos usados no câncer e, po rtan to , ser suscetível à toxicidade induzida pelo fárm aco. E nquanto os esforços nesta área ainda são foco da pesquisa básica e clínica, as seguintes conclusões podem ser alinhavadas e são aplicáveis a pacientes que estão sendo inicialm ente tratados no setor de tratam ento prim ário. Todos os pacientes que passam p o r avaliação diagnóstica in i cial para câncer de m am a deverão ter seus tum ores testados para a expressão de receptor de estrogênio (ER), receptor de progesterona (PR) e a oncoproteína c-erbB2 (HER2; H E R 2/neu), p o r im uno-his toquím ica ou hibridização in situ fluorescente (FISH). Os pacientes que expressam o ER e/ou PR são candidatos às terapias adjuvantes dirigidas ao receptor do horm ônio. Os pacientes com evidência de expressão abundante de HER2 ou amplificação gênica de HER2 irão provavelm ente se beneficiar do tratam en to com trastuzum ab. Além disso, o Oncotype D x é u m teste de expressão do gene 21 que foi apro vado pelo FDA para definir pacientes sem envolvim ento de linfono dos, porém com tum ores com ER+, que poderão apresentar a m elhor chance de benefício com a quim ioterapia adjuvante adicionada à te rapia adjuvante com estrogênio. O teste M am m aP rint tem objetivo sem elhante para os pacientes linfonodo-negativos, porém sem refe rência ao estado de expressão de ER. A im portância de se caracterizar o estado m utante da via do re ceptor do fator de crescim ento epidérm ico (EGF) em pacientes com câncer de pulm ão tam bém é um interesse das investigações clínicas atuais. E nquanto o inibidor da tirosinoquinase erlotinib está apro vado para o uso em todos os pacientes com NSCLC que apresenta ram progressão da doença apesar do tratam ento quim ioterápico com platina, subpopulações de pacientes, com o as m ulheres asiáticas não fum antes, apresentaram um a alta incidência de m utações em EGF-R que levam a um a forte sensibilidade ao erlotinib. E é possível que, em um a população m aior de pacientes com NSCLC, este teste possa perm itir a seleção de pacientes nos quais o uso inicial do erlotinib tam bém possa ser considerado. Por outro lado, a presença de um o n cogene K-ras m utado em pacientes com adenocarcinom a de pulm ão está associada à ausência de benefício pelo tratam ento com erlotinib. Em pacientes com câncer de colo, um oncogene K-ras m utado está claram ente associado à ausência de benefício pelo uso do anticor po cetuximab, dirigido ao EGF-R e a caracterização do estado m uta cional de K-ras deverá ser feita com o parte da avaliação diagnóstica rotineira de pacientes com câncer de colo m etastático récem -diagnosticados ou récem -recorrentes. Os pacientes que estão fazendo avalia ção diagnóstica para tratam ento inicial de câncer de colo m etastático deverão passar preferencialm ente pela avaliação do estado de seu alelo de linhagem germ inativa u ridina difosfato glicuronosil transfe rase (UGT) 1A1, já que a expressão de alelos variantes naquele locus influencia a suscetibilidade à toxicidade hem atológica induzida pelo irinotecano. Pacientes com doença de G ilbert diagnosticada deverão receber irinotecano com m uita cautela, ou talvez não usá-lo.
■ COMPLICAÇÕES AGUDAS DA QUIMIOTERAPIA DO CÂNCER Mielossupressão Os agentes quim ioterápicos citotóxicos com uns quase sem pre afetam a função da m edula óssea. A titulação desse efeito determ ina, em m uitos casos, a DM T do fárm aco em determ inado esquema. A cinética norm al de renovação das células sanguíneas influencia a seqüên cia e a sensibilidade de cada um dos elem entos figurados. Os leucó citos polim orfonucleares (PM N; tm - 6 a 8 horas), as plaquetas (tm = 5 a 7 dias) e os eritrócitos (í1/2 = 120 dias) exibem , respectivam ente, suscetibilidade maior, m enor e m ínim a aos agentes citotóxicos habi tualm ente adm inistrados. A contagem m ínim a de cada tipo celular, em resposta às classes de fárm acos, é típica. O corre neutropenia m á xim a 6 a 14 dias após doses convencionais de antraciclinas, antifolatos e antim etabólitos. Os agentes alquilantes diferem entre si quanto ao m om ento de ocorrência das citopenias. As nitrosureias, D TIC e procarbazina podem exibir toxicidade m edular tardia que aparece pela prim eira vez até 6 sem anas após a adm inistração da dose. As com plicações da m ielossupressão resultam das seqüelas p re visíveis da função das células ausentes. Neutropenia febril refere-se à m anifestação clínica de febre (tem peratura > 38,5°C ou três leituras > 38°C, porém < 38,5°C em 24 horas) em um paciente neutropênico com neoplasia fora de controle que acom ete a m edula óssea, ou, mais com um ente, em um paciente subm etido a tratam en to com agentes citotóxicos. A taxa de m ortalidade p o r infecção fora de controle va ria inversam ente à contagem de neutrófilos. Se a contagem m ínim a de neutrófilos for > 1.000/(xL, o risco será pequeno; sendo < 500/ (jlL, o risco de m orte será bem maior. O tratam ento da n e utropenia febril tem incluído, convencionalm ente, um a c obertura em pírica com a n tibióticos (Cap. 86). A escolha dos antibióticos é determ in ad a pela associação esperada entre as inFE C ções e certas neoplasias subja centes, p o r um exam e físico m inucioso (com avaliação dos locais de colocação de cateteres, da dentição, de superfícies m ucosas e pal pação suave dos orifícios genitais e perirretais), pela radiografia de tórax, bem com o pela coloração de G ram e p o r culturas de am ostras de sangue, urin a e escarro (se houver), para estabelecer o possível local de infecção. Na ausência de qualq u er local de origem , inicia-se em piricam ente a adm inistração de um betalactâm ico de am plo espectro com atividade a n ti-Pseudomonas, com o a ceftazidim a. O acréscim o de vancom icina para a c o b ertu ra de locais cutâneos de origem em potencial (até que sejam excluídos ou até a dem onstração de m icrorganism os sensíveis à m eticilina) ou de m etronidazol ou im ip en ém para infecção abdom inal ou outros locais que favorecem o estabelecim ento de anaeróbios reflete m odificações individualiza das para o quadro clínico de cada paciente. A coexistência de co m pro m etim en to p ulm onar sugere u m grupo distinto de patógenos em potencial, com o a Legionella, Pneum ocystis e fungos, p o d e n d o exi g ir outras avaliações diagnósticas, com o broncoscopia com lavado broncoalveolar. Os pacientes neutropênicos febris p o d em ser estratificados de form a am pla em dois gru p o s de prognóstico. Pode-se e sp e ra r que os do prim eiro grupo, com cu rta duração esperada da n e u tro p e n ia e ausência de sinais de hipotensão ou sintom as ab d o m inais ou outros sintom as localizados, respondam de m odo satisfa tó rio aos esquem as p o r via oral, com o, p o r exem plo, ciprofloxacino o u m oxifloxacino, ou am oxicilina m ais ácido clavulânico. O grupo de prognóstico m enos favorável inclui pacientes com expectativa de neu tro p en ia prolongada, evidência de sepse e com prom etim ento de órgãos-alvo, em particular p neum onia. Esses pacientes necessitam de um a individualização do esquem a de antibióticos para o d istú r bio subjacente, com o acréscim o em pírico freqüente de agentes an ti fúngicos se a febre persistir p o r sete dias sem a identificação de um m icrorganism o ou foco tratado adequadam ente. A transfusão de granulócitos n ão desem penha qualquer papel no tratam en to da neutropenia febril em virtude de sua m eia-vida extre m am ente curta, da fragilidade m ecânica e de síndrom es clínicas de com prom etim ento p ulm onar com leucostase após seu uso. Em seu lugar, utilizam -se os fatores estim ulantes de colônias (FEC) para a u m en ta r a produção de PM N pela m edula óssea. O uso clínico dos fa tores de ação precoce, com o a IL-1, a IL-3 e o fator de células-tronco, não foi tão útil quanto o dos fatores específicos de linhagem e ação
tardia, com o o G-CSF (fator estim ulador de colônias de granulócitos) ou GM-CSF (fator estim ulador de colônias de granulócitos e m acró fagos), a eritropoietina, trom bopoietina, IL-6 e IL -11. Os CSFs são excessivam ente utilizados n a prática oncológica. Os contextos em que seu uso se m ostrou eficaz são lim itados. Hoje, o G-CSF, GM -CSF, eritropoietina e IL -11 já foram aprovados para uso. A American Society o f Clinical Oncology desenvolveu diretrizes práticas para o uso do G-CSF e GM-CSF (Q u ad ro 85.3). A profilaxia p rim ária (isto é, pouco depois do térm ino da q u i m ioterapia para reduzir o nadir) adm inistra G-CSF a pacientes que estejam recebendo esquem as citotóxicos associados à incidência de 20% de neutropenia febril. Esquem as de “dose densa”, em que o ciclo de quim ioterapia deve ser com pletado sem atraso nas doses ad m i nistradas, tam bém p odem ser benéficos, porém tais pacientes não devem fazer parte de um ensaio clínico. A adm inistração de G-CSF em tais circunstâncias reduziu em cerca de 50% a incidência de neu tropenia febril em vários estudos. C ontudo, a m aioria dos pacien tes recebe esquem as cujo risco esperado de neu tro p en ia febril não é tão alto, e, p or isso, de início essa m aioria não recebe G-CSF ou GM-CSF. C ircunstâncias especiais - com o histó ria d o cum entada de neutropenia febril com o esquem a em determ inado paciente ou certas categorias de pacientes de alto risco, com o os com mais de 65 anos com linfom a agressivo tratados com esquem as quim ioterápicos curativos; com prom etim ento extenso da m edula óssea devido à radio ou quim ioterapia prévia; ou infecções ativas, de feridas abertas, pro fundas - podem sustentar um tratam en to prim ário com G-CSF ou GM-CSF. A adm inistração de G-CSF ou GM -CSF a pacientes n e u tropênicos sem febre ou sob baixo risco de n e utropenia febril não é recom endada, da m esm a form a que provavelm ente não o seja para aqueles sob quim io e radioterapia sim ultâneas, em particular os que apresentem neoplasias torácicas. D iferentem ente, a adm inistração de G-CSF a pacientes de alto risco com neu tro p en ia febril e evidência de co m prom etim ento orgânico, com o síndrom e séptica, infecção fúngica invasiva, hospitalização concom itante quando a febre ocorre, pneum onia, neutropenia profunda (< 0,1 X 109/L), ou idade superior a 65 anos, é razoável. Profilaxia secundária refere-se à a d m in istraç ão de CSF a p a cientes que tenham tido u m a com plicação n eutropênica em d ecor rência de um ciclo prévio de q uim ioterapia; a redução ou o atraso da dose p o d em ser alternativas razoáveis a se considerar. Por co n venção, a adm inistração de G-CSF ou GM -CSF é iniciada 24 a 72 horas após o térm in o da q uim ioterapia e c ontinua até a obtenção de um a contagem de PM N de 10.000/pJL, a m enos que se use u m a p re paração em “depósito” de G-CSF, com o a peg-filgrastina, esquem a em que se adm inistra u m a dose 14 dias antes da próxim a sessão de quim ioterapia program ada. A lém disso, os pacientes com leucem ias m ieloides subm etidos à terapia de indução pod erão apresentar li geira redução na duração da n e u tro p en ia, se a adm inistração de G-CSF for iniciada após o térm in o do tratam ento, p odendo ter valor p articu lar nos pacientes idosos, p orém a influência nos resultados de longo prazo ainda não foi definida. E provável que o GM -CSF te nha utilidade m ais restrita que o G-CSF, sendo o seu uso atualm ente lim itado aos pacientes após transplantes autólogos de m edula óssea, em bora não ten h am sido feitas com parações diretas com o G-CSF na m aioria dos casos. O G M -CSF po d e estar associado a efeitos co laterais m ais sistêm icos. A tro m b o cito p en ia em graus perigosos não é u m a com plicação freqüente do tratam e n to de pacientes com tum ores sólidos subm e tidos à q u im ioterapia citotóxica (com a possível exceção de certos esquem as que contêm c arb o p latin a), m as é freqüente nos p acien tes com certas neoplasias hem atológicas, em que ocorre infiltração tu m o ra l da m edula óssea. O c o rre sa n g ram e n to grave relacionado com a trom bocitopenia com m aio r frequência na presença de co n tagens plaquetárias < 20.000/|xL, sendo m uito prevalente com c o n tagens < 5.000/ (jlL. O ponto exato de “disparo” para fazer transfusões nos pacien tes está sendo avaliado em um ensaio random izado. Tal questão é im portante não apenas p or causa dos custos de transfusões freqüen tes com o tam bém porque transfusões desnecessárias de plaquetas expõem o paciente aos riscos de alossensibilização e perda do valor
QUADRO 85.3 ou GM-CSF
Indicações para o uso clínico de G-CSF
Usos preventivos Com o 1o ciclo de quimioterapia (a conhecida administração primária de CSF) Desnecessário como prática de rotina Usar se a probabilidade de neutropenia febril for > 20% Usar se o paciente tiver neutropenia ou infecção ativa preexistente Idade > 65 anos tratado para linfoma com intenção curativa ou outro tumor tratado por esquemas semelhantes Estado de baixo desempenho Quimioterapia extensa prévia Esquemas de dose densa em um ensaio clínico ou com forte evidência de benefício Com ciclos subsequentes se já tiver ocorrido neutropenia febril (a conhecida administração secundária) Desnecessário após neutropenia de curta duração sem febre Usar se o paciente teve neutropenia febril com ciclo prévio Usar se a neutropenia prolongada (mesmo sem febre) fez com que se adiasse a terapia Usos terapêuticos Pacientes neutropênicos afebris Sem evidência de benefício Pacientes neutropênicos febris Sem evidência de benefício Pode compelir a usar ante deterioração clínica decorrente de sepse, pneumonia ou infecção fúngica, mas o benefício é incerto No transplante de medula óssea ou de célula-tronco do sangue periférico
Oncologia e Hematologia
Usar para mobilizar células-tronco da medula Usar para acelerar a recuperação mieloide Na leucemia mieloide aguda G-CSF tem benefício mínimo ou nenhum GM-CSF não tem benefício e pode ser prejudicial Nas síndromes mielodisplásicas Não tem benefício na prática de rotina Usar de forma intermitente no subconjunto com neutropenia e infecção recorrente Que dose e que esquema usar? G-CSF: 5 mg/kg/dia por via subcutânea GM-CSF: 250 mg/m2/dia por via subcutânea Peg-filgrastim: 1 dose de 6 mg 24 horas após a quimioterapia Quando começar e terminar a terapia? Quando indicado, começar 24 a 72 horas após a quimioterapia Continuar até que a contagem absoluta de neutrófilos seja de 10.000/|xL Não usar simultaneamente com a quimio ou radioterapia Nota: G-CSF, fator estimulador de colônia de granulócitos; GM-CSF, fator estimulador de colônia de granulócitos e macrófagos. Fonte:American Society of Clinical Oncology.
de transfusões subsequentes, devido à rápida depuração de plaque tas bem com o aos riscos de infecção e hipersensibilidade inerentes a qualquer transfusão. O uso de transfusões profiláticas para m anter a contagem de plaquetas > 20.000/ |xL é justificável em pacientes leucêm icos que se apresentem febris ou com outras causas de m orbidade (o lim iar para transfusão é de 10.000/jxL em pacientes com tu m o res sólidos, sem o utra diátese hem orrágica ou estresses fisiológicos, com o febre ou hipotensão, nível que tam bém p oderia ser considera do razoável para pacientes com leucem ia e trom bocitopênicos, m as sem com orbidades ou outras condições clínicas ou sangram ento).
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Diferentem ente, os pacientes com estados m ieloproliferativos podem apresentar plaquetas com alteração funcional apesar de quantitativa m ente norm ais, e a transfusão com plaquetas de d oador deverá ser considerada quando houver evidência de sangram ento nesses p a cientes. A cuidadosa revisão das listas de m edicam entos para evitar exposição a anti-inflam atórios não esteroides e a m anutenção de n í veis adequados dos fatores da coagulação, para g arantir um resultado quase norm al no tem po de protrom bina e no tem po parcial de tro m boplastina, são im portantes para m inim izar o risco de sangram ento do paciente trom bocitopênico. C ertas citocinas em fase de investigação clínica (p. ex., IL-6, IL1, trom bopoietina) d em onstraram ter a capacidade de aum entar as contagens plaquetárias, porém os benefícios clínicos e a segurança ainda não foram com provados. A IL -11 (oprelvecina) foi aprovada para uso no contexto de trom bocitopenia esperada, m as seus efeitos sobre a contagem de plaquetas são pequenos e seu uso está associado a efeitos colaterais com o cefaleia, febre, m al-estar, síncope, arritm ias cardíacas e retenção hídrica. A anem ia associada à quim ioterapia pode ser tratada com tran s fusão de concentrado de hem ácias, que só deverá ser feita quando a hem oglobina cair para m enos de 80 g/L (8 g/dL) ou se houver com prom etim ento da função de órgãos-alvo, ou se algum a afecção sub jacente (p. ex., DAC) exigir a m anutenção da hem oglobina > 90 g/L (9 g/dL). Os pacientes que precisam de tratam ento p o r m ais de dois meses em um esquem a “estável” e têm probabilidade de necessitar de transfusões contínuas tam bém são candidatos ao uso de eritropoie tina (EPO). Ensaios random izados em certos tum ores aventaram a possibilidade de que o uso da EPO possa prom over eventos adversos relacionados aos tum ores. Essa inform ação deveria ser considerada no tratam ento de pacientes em nível individual. N o caso de estar sen do realizado tratam ento com EPO, deve-se alm ejar m anter os níveis de hem oglobina entre 90-100 g/L (9-10 g/dL). Na presença de reser vas de ferro adequadas e níveis séricos de eritropoietina < 1 0 0 ng/ mL, a adm inistração de eritropoietina, 150 U 3 vezes/sem ana, pode induzir um aum ento lento da hem oglobina no decorrer de cerca de 2 meses de tratam ento. As form ulações de depósito são adm inistradas com m enor frequência. Não se sabe ao certo se os níveis m ais eleva dos de hem oglobina, de até 110 a 120 g/L (11-12 g/dL), são associa dos à m elhora da qualidade de vida a ponto de justificar o uso mais intensivo de eritropoietina. Os esforços p ara alcançar níveis > 120 g/L (12 g/dL) têm sido associados a m aiores índices de trom boses e taxas de m ortalidade. A eritropoietina pode resgatar células hipoxêm icas da m orte e contribuir para a radiorresistência tum oral.
Náuseas e vômitos O efeito colateral m ais com um da quim ioterapia é constituído p e las náuseas com ou sem vôm itos. As náuseas p odem ser agudas (até 24 horas após a quim ioterapia), tardias (após m ais de 24 horas) ou antecipatórias à adm inistração da quim ioterapia. É possível estratificar os pacientes pelo risco de suscetibilidade às náuseas e vôm itos, sendo o risco m aior encontrado em jovens, m ulheres, pacientes que tenham recebido tratam en to prévio m aciço sem história de uso de álcool ou drogas, m as com antecedentes de em etogênese associada ao m ovim ento ou m atinal. Os agentes antineoplásicos variam na sua capacidade de causar náuseas e vôm itos. Os fárm acos altam en te em etogênicos (> 90%) incluem a m ecloretam ina, nitrosureias, estreptozotocina, D TIC, ciclofosfam ida em doses > 1.500 m g /m 2 e cisplatina; os m od erad am en te em etogênicos (30 a 90% de risco) incluem a carboplatina, arabinosídio de citosina (> 1 m g /m 2), ifos fam ida, ciclofosfam ida em doses convencionais e antraciclinas; os agentes de baixo risco (10-30%) incluem o fluoruracila, os taxanos, a etoposídeo e o bortezom ibe, com risco m ínim o (< 10%) proporcio nado pelo tratam ento com anticorpos, bleom icina, bussulfano, fludarabina e os alcalóides da vinca. A êmese é um reflexo causado pela estim ulação do centro dos vôm itos no bulbo. O estím ulo para o cen tro dos vôm itos provém d a zona de gatilho quim iorreceptora (ZGQ) e de aferentes do trato gastrintestinal, córtex cerebral e coração. As “síndrom es” de êmese diferentes requerem abordagens terapêuticas distintas. Além disso, um reflexo condicionado pode contribuir para
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Diarréia Esquem as que incluem infusões de fluoruracila e/ou irinotecano p o dem causar diarréia grave. C om o nas síndrom es de vôm itos, a diar réia induzida pela quim ioterapia pode ser im ediata ou o correr até 48 a 72 horas após o uso dos fárm acos. É preciso m uita atenção para m anter a hidratação e repor eletrólitos p o r via intravenosa, se neces sário, junto com tratam entos antim otilidade com o loperam ida em “doses altas”, com eçando com 4 m g na p rim eira ocorrência de d iar réia, 2 m g repetidos a cada 2 até 12 horas sem perdas fecais, sem ex ceder um a dose diária total de 16 mg. Para pacientes que não respon dem à loperam ida, podem -se considerar a octreotida (100-150 jxg), um análogo da som atostatina, ou preparações à base de opioides.
Mucosite A irritação e inflam ação das m ucosas, que afligem em particular a m ucosa oral e a anal, m as que apresentam o potencial de acom eter todo o trato gastrintestinal pode acom panhar a quim ioterapia citotóxica. A m ucosite deve-se ao dano das células em proliferação na base do epitélio m ucoso descam ativo ou nas criptas intestinais. Terapias tópicas, com o anestésicos e preparações que criam barreiras, podem proporcionar alívio sintom ático nos casos leves. A paliferm ina ou o fator de crescim ento dos ceratinócitos, um m em bro da família dos fatores de crescim ento dos fibroblastos, é efetivo na prevenção da m ucosite grave no contexto da quim ioterapia em altas doses com transplante de células-tronco para neoplasias hem atológicas. Tam bém pode prevenir ou m elhorar a m ucosite decorrente da irradiação.
Alopecia Os agentes quim ioterápicos variam am plam ente na sua capacidade de in d u zir alopecia, com as antraciclinas, os agentes alquilantes e os inibidores da topoisom erase causando previsivelm ente alopecia quase total, q u ando a d m in istrad o s em doses terapêuticas. Os a n ti m etabólitos são associados à pro d u ção de alopecia de m aneira m ais variável. D evem -se incentivar o apoio psicológico e o uso de recu r sos estéticos, além de desestim ular as “toucas p ara quim ioterapia”, que reduzem a te m p e ra tu ra do c o u ro cabeludo, p a ra d im in u ir o grau de alopecia, em p a rticu la r d u ra n te o tratam e n to com p ro p ó si to curativo de neoplasias com o a leucem ia, o linfom a ou na terapia adjuvante do câncer de m am a. N ão há dúvida de que o couro cabe ludo altam ente vascularizado po d e abrigar d oença m icrom etastática ou d issem inada.
Disfunção gonadal e gravidez Os esquem as que contêm agentes alquilantes - e venenos contra topoisom erases - resultam certam ente em interrupção da ovulação e azoosperm ia. A duração desses efeitos varia de acordo com a idade e o sexo. H om ens tratad o s p ara a doença de H odgkin com esque m as que contêm m ecloretam ina e p rocarbazina tornam -se de fato estéreis, m as a fertilidade costum a ser restabelecida após o uso de esquem as que contêm cisplatina, vim blastina ou etoposídeo e após a adm inistração de b leom icina p ara o câncer testicular. Pode-se considerar o uso do banco de esperm a antes do tratam ento para dar apoio aos pacientes que possam ficar estéreis com o tratam ento. As m ulheres apresentam am enorreia com anovulação após o tratam ento com agentes alquilantes, m as tendem a recuperar o ciclo m enstruai norm al se o tratam ento for concluído antes dos 30 anos; essa recu peração é improvável depois dos 35 anos. M esm o as que voltam a ter um ciclo m enstruai geralm ente apresentam m enopausa prem atura. C om o pode ser difícil prever a m agnitude e a extensão da dim inui ção da fertilidade, as pacientes devem ser aconselhadas a m anter um a contracepção efetiva, de preferência p o r m eios m ecânicos de barrei ra, durante e após o tratam ento. O reinicio da tentativa de concepção deve ser considerado no contexto do prognóstico provável da p a ciente. Deve-se instituir um a terapia de reposição horm onal para as m ulheres que não apresentam tu m o r responsivo a horm ônios. Para as pacientes que tiveram u m tu m o r sensível a horm ônios, prim aria m ente tratado p or algum a m odalidade local, a prática convencional é desaconselhar a reposição horm onal, em bora essa questão seja objeto de investigação clínica atual. Os agentes quim ioterápicos exercem efeitos variáveis sobre o sucesso da gravidez. Todos os fárm acos tendem a estar associados a um risco elevado de conseqüências adversas quando adm inistra dos durante o prim eiro trim estre de gestação, devendo-se considerar estratégias para adiar a quim ioterapia, se possível, até depois desse período se a gravidez for levada a term o. As pacientes nos segundo ou terceiro trim estres p odem ser tratadas com a m aioria dos esque mas para neoplasias com uns que acom etem m ulheres em idade fértil, com exceção dos antim etabólitos, em particu lar os antifolatos, que exercem efeitos teratogênicos ou fetotóxicos notáveis d urante toda a gestação. A necessidade de quim ioterapia antineoplásica em si ra ram ente é m otivo claro para recom endar o térm ino de um a gestação
Princípios do Tratamento do Câncer
as náuseas antecipadas que surgem após ciclos repetidos de quim io terapia. Por conseguinte, os agentes antiem éticos diferem no local e m om ento de ação. A associação de fárm acos de diferentes classes ou o uso seqüencial de diferentes classes de fárm acos é a base do trata m ento bem -sucedido das náuseas e vôm itos induzidos pela quim io terapia. São de grande im portância a adm inistração profdática de agentes e o uso de técnicas psicológicas, com o a m anutenção de um am biente de apoio, aconselham ento e relaxam ento, para au m entar a ação dos antiem éticos. Os antagonistas da serotonina (5-H T3) e do receptor de neurocina (NK1) são úteis nos esquem as quim ioterápicos de “alto risco”. A com binação age tanto em locais gastrintestinais periféricos que controlam as náuseas e vôm itos quanto no SNC. Por exemplo, 100 m g p or via intravenosa ou via oral do bloqueador 5-HT3 dolasetrona, 12 m g de dexam etasona e 125 m g p o r via oral do antagonista de NK1 aprepitante devem ser com binados no dia da adm inistração de esquem as gravem ente em etogênicos, com repetição da dexam etaso na (8 mg) e do aprepitante (80 mg) nos segundo e terceiro dias para náuseas tardias. A ntagonistas 5-HT3 alternados incluem a ondanse trona, adm inistrada em três doses IV de 15 m g/kg antes e 4 a 8 horas após a quim ioterapia, a palonosetrona, na dose de 0,25 m g durante 30 segundos, 30 m inutos antes da quim ioterapia, e a granisetrona em dose única de 0,01 m g/kg im ediatam ente antes da quim ioterapia. A êmese de esquem as quim ioterápicos m oderadam ente em éticos pode ser prevenida com o antagonista 5-HT3 e dexam etasona apenas em pacientes que não estejam recebendo com binações de doxorrubicina e ciclofosfam ida; que requerem 5-H T 3/dexam etasona/aprepitante no prim eiro dia, m as apenas aprepitante nos segundo e terceiro dias. A êmese decorrente de esquem as com baixo risco em ético pode ser prevenida com 8 m g de dexam etasona apenas ou com abordagens sem os antagonistas 5-HT3 nem NK1, que incluem as que se seguem. Os fenotiazínicos a ntidopam inérgicos atuam diretam en te na ZGQ e incluem a proclorperazina, 10 m g IM ou IV, 10-25 m g VO ou 25 m g VR a cada 4 a 6 horas até quatro doses, e tietilperazina, 10 m g p o r todas as vias de adm inistração já citadas a cada 6 horas. O haloperidol é um a butirofenona antagonista da dopam ina, sendo ad m inistrado na dose de 1,0-1 m g p o r via in tram uscular ou oral a cada 8 horas. A nti-histam ínicos, com o a difenidram ina, têm pouca capacidade antiem ética intrínseca, m as são frequentem ente a d m i nistrados para prevenir ou tratar as reações distônicas passíveis de com plicar o uso de agentes antidopam inérgicos. O lorazepam é um benzodiazepínico de ação curta com efeito ansiolítico, aum entando a eficácia de um a variedade de fárm acos quando adm inistrado na dose de 1-2 m g pelas vias intram uscular, intravenosa ou oral a cada 4 a 6 horas. A m etoclopram ida atua sobre os receptores dopam inérgicos periféricos acelerando o esvaziam ento gástrico e é utilizada em altas doses nos esquem as altam ente em etogênicos ( 1-2 m g/kg intraveno sa 30 m inutos antes da quim ioterapia e a cada 2 horas até 3 doses adicionais, conform e necessário); para os esquem as m oderadam ente em etogênicos, são utilizadas doses intravenosas de 10-20 m g a cada 4 a 6 horas, conform e necessário, ou 50 m g via oral 4 horas antes e 8 e 12 horas depois da quim ioterapia. O 5-9-tetraidrocanabinol é um antiem ético b astan te fraco em com paração com outros fárm acos disponíveis, m as pode ser útil para as náuseas persistentes, sendo adm inistrado na dose de 10 m g VO, a cada 3 a 4 horas, conform e necessário.
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concom itante, em bora nessa circunstância cada estratégia de tra ta m ento deva ser individualizada de acordo com as necessidades pecu liares da paciente. Os efeitos crônicos do trata m e n to do câncer são revistos no Cap. 102.
TERAPIA BIOLÓGICA O objetivo da terapia biológica é m anipular a interação do hospedei ro com o tu m o r em favor do prim eiro, potencialm ente em um a dose biológica ótim a que poderá ser diferente do que um a DMT. C om o classe, as terapias biológicas podem ser diferenciadas dos agentes d i rigidos contra alvos m oleculares, pois m uitas das prim eiras exigem um a resposta ativa (p. ex., nova expressão de genes silenciados) p o r parte das células tum orais ou do hospedeiro (p. ex., efeitos im unoló gicos) para que haja efeito terapêutico, o que pode se diferenciar da resposta antiproliferativa ou apoptótica, que constituem a m eta final dos agentes alvo-dirigidos já discutidos. E ntretanto, existem m uitos aspectos com uns nas estratégias para avaliar e utilizar os agentes alvo-dirigidos e as terapias biológicas.
■ MEDIADORES IMUNES DE EFEITOS ANTITUMORAIS
Oncologia e Hematologia
Os tum ores dispõem de um a variedade de m eios para evitar o sistema imune: ( 1) com frequência, são apenas sutilm ente diferentes de suas contrapartes norm ais; (2) têm a capacidade de efetuar a dim inuição da expressão dos seus antígenos do complexo principal de histocom patibilidade, dissim ulando-os de m aneira eficiente para evitar o re conhecim ento pelas células T; (3) são ineficazes na apresentação de antígenos ao sistem a im une; (4) podem ocultar-se em um a concha protetora de fibrina, para m inim izar o contato com os m ecanism os de vigilância; e (5) produzir um a variedade de moléculas solúveis, in cluindo alvos im unes potenciais, que podem im pedir o sistema im une de reconhecer a célula tum oral ou m atar as células im unes efetoras. Inicialm ente, alguns dos produtos celulares polarizam a resposta im u ne, afastando-a da im unidade celular (deslocando as respostas T H1 para T H2; Cap. 314), e, p or fim, resultando em defeitos nas células T que im pedem sua ativação e atividade citotóxica. O tratam ento do câncer suprim e ainda mais a im unidade do hospedeiro. Várias estraté gias estão sendo testadas para suplantar essas barreiras.
Imunidade mediada por células A evidência mais definitiva de que o sistem a im une tem a capacidade de exercer efeitos antitum orais clinicam ente significativos provém do transplante de m edula óssea alogênico. As células T do doador transferidas e adotadas sofrem expansão no hospedeiro p o rtad o r do tum or, reconhecem o tum or com o estranho e podem m ediar efeitos antitum orais notáveis (efeitos do enxerto versus o tum or). Estão sen do desenvolvidos três tipos de intervenção experim ental que tiram proveito da capacidade da célula T de m atar as células tum orais. 1. Faz-se a transferência de células T alogênicas para hospedeiros portadores de câncer em três contextos principais: na form a de transplante de m edula óssea alogeneico; com o transfusões de linfócitos puros, um a vez recuperada a m edula óssea após o transplante de m edula óssea alogeneico; e com o transfusões de linfócitos puros após terapia im unossupressora (m as não mieloablativa; os d enom inados m initransplantes). Em cada um desses casos, as células efetoras são células T do doador que re conhecem o tu m o r com o estranho, provavelm ente p o r peque nas diferenças de histocom patibilidade. O principal risco dessa form a de tratam ento é o aparecim ento da doença do enxerto versus hospedeiro devido à diferença m ínim a entre o câncer e as células norm ais do hospedeiro. Tal abordagem tem sido alta m ente eficaz em certos cânceres hem atológicos. 2. São rem ovidas células T autólogas do hospedeiro p o rtad o r de tum or, m anipuladas de diversas m aneiras in vitro e devolvidas ao paciente. As duas principais classes de m anipulação de cé lulas T autólogas são: (a) o desenvolvim ento de células T es pecíficas contra antígenos tum orais e sua expansão, atingindo grandes núm eros ex vivo no decorrer de m uitas sem anas antes
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de sua adm inistração, e (b) a ativação das células com estim uladores policlonais, com o anti-C D 3 e anti-CD 28, depois de um curto período ex vivo, e tentativa de expandi-las no hospedei ro após transferência adotiva com estim ulação pela IL-2, p or exemplo. Períodos curtos de rem oção do paciente perm item que as células superem os defeitos das células T induzidos pelo tum or, e essas células transitam e se estabelecem nos locais de doença m ais adequadam ente que as células em culturas du ran te m uitas semanas. 3. As vacinas antitum orais destinam -se a reforçar a im unidade das células T. O achado de que oncogenes m utantes expressos apenas intracelularm ente podem ser reconhecidos com o alvos das células T para destruição am pliou enorm em ente as possi bilidades de desenvolvim ento de vacinas contra tum ores. Não é mais difícil descobrir algo diferente sobre as células tumorais. Entretanto, a principal dificuldade é conseguir que os peptídios específicos do tum or sejam apresentados de m odo a estim ular as células T. Os próprios tum ores são m uito deficientes na apre sentação de seus próprios antígenos às células T por ocasião da prim eira exposição ao antígeno (prim ing), m elhor realizada por células profissionais com o apresentadoras de antígenos (células dendríticas). Assim, diversas estratégias experim entais têm por objetivo a preparação de células T do hospedeiro contra os pep tídios associados a tum ores. Os adjuvantes de vacinas, com o o GM-CSF, parecem ser capazes de atrair as células apresentado ras de antígenos a um local da pele que contém um antígeno tu moral. D ocum entou-se que essa abordagem erradica a doença residual m icroscópica no linfom a folicular, dando origem a células T específicas contra o tum or. Células apresentadoras de antígenos purificadas podem ser expostas ou pulsadas com o tum or, suas m em branas ou d eterm inados antígenos tum orais e adm inistradas com o vacina. U m exem plo é a Sipuleucel-T, aprovada para o uso em pacientes com câncer de próstata in dependente do horm ônio. Nesta estratégia, o paciente sofre leucoférese, quando células m ononucleares (que incluem células apresentadoras de antígeno) são rem ovidas de seu sangue. As células são pulsadas em laboratório com um a proteína de fusão antigênica com posta de um a proteína expressa com frequência pelas células de câncer de próstata, a fosfatase ácida da próstata, fundida ao GM-CSF e m aturada para aum entar a sua capacida de apresentadora de antígenos para as células im unes efetoras. As células são então devolvidas ao paciente, em um p rocedi m ento bem tolerado. E nquanto ainda não foi observada um a resposta tum oral objetiva, a sobrevivência m édia foi elevada em cerca de quatro meses. As células tum orais tam bém podem ser transfectadas com genes que atraiam as células apresentadoras de antígenos. As vacinas contra vírus que causam cânceres são seguras e efetivas. A vacina contra a hepatite B previne o carci nom a hepatocelular, e um a vacina tetravalente contra o papilo m avírus h um ano previne a infecção pelos tipos virais que atual m ente são responsáveis p or 70% dos casos de câncer cervical. C ontudo, essas vacinas são ineficazes para tratar os pacientes que tenham desenvolvido um câncer induzido po r vírus.
Anticorpos Em geral, os anticorpos não são m uito eficazes na destruição das cé lulas cancerosas. C om o o tu m o r parece influenciar o hospedeiro para pro d u zir anticorpos em lugar de gerar im u n id ad e celular, pode-se deduzir que seja m ais fácil para o tu m o r desviar-se dos anticorpos. É possível constatar que m uitos pacientes apresentam anticorpos séri cos dirigidos contra tum ores, m as esses anticorpos não parecem in fluenciar a progressão da doença. Todavia, a capacidade de produzir quantidades m uito grandes de anticorpos de alta afinidade direciona dos contra um tum or, pela técnica do hibridom a, levou à aplicação de anticorpos no tratam ento do câncer. C onseguiu-se eficácia clínica antitum oral usando anticorpos em que as regiões de com binação de antígenos são enxertadas nos p ro dutos gênicos da im unoglobulina h u m an a (quim erizada ou h u m a
Citocinas Existem m ais de 70 proteínas e glicoproteínas distintas com efeitos biológicos nos seres hum anos: interferons (IFN) a , P e 7 , bem como IL-1 a 29 (até o m om ento); a fam ília dos T N Fs [como a linfotoxina, o ligante in dutor de apoptose relacionado com 0 T N F (TRAIL), o ligante de CD40 e outros]; e a família das quim iocinas. Apenas parte dessas substâncias foi testada contra o câncer, e som ente o IF N -a e a IL-2 são utilizados rotineiram ente na prática clínica. Cerca de 20 genes diferentes codificam o IF N -a e seus efeitos biológicos são indistinguíveis. O in terferon induz à expressão de m uitos genes, inibe a síntese das proteínas e exerce vários efeitos d i ferentes sobre diversos processos celulares. As duas form as recom bi nantes disponíveis no com ércio são o IF N -a2 a e a2b. O interferon
não é curativo para tu m o r algum , m as pode induzir respostas p a r ciais no linfom a folicular, na leucem ia de células pilosas, na LMC, no m elanom a e no sarcom a de Kaposi. Tem sido utilizado com o adju vante no m elanom a de estágio II, m ielom a m últiplo e linfom a folicu lar, com efeitos incertos na sobrevida. Provoca febre, fadiga, sín d ro m e de tipo gripai, m al-estar, m ielossupressão e depressão, podendo induzir doença autoim une clinicam ente significativa. A IL-2 precisa exercer seus efeitos antitum orais indiretam ente m ediante acentuação da função im une. Sua atividade biológica con siste em prom over o crescim ento e a atividade das células T (natural killer [NK]). A IL-2 em altas doses pode induzir regressão do tu m o r em certos pacientes com m elanom a m etastático e câncer de células renais. Cerca de 2-5% dos pacientes p o d em obter rem issões com pletas e duradouras, diferentem ente de qualquer o utro tratam ento utilizado para esses tum ores. A IL-2 é associada a vários efeitos co laterais clínicos: depleção do volum e intravascular, síndrom e de ex travasam ento capilar, síndrom e do desconforto respiratório agudo, hipotensão, febre, calafrios, exantem a, b em com o com prom etim ento das funções renal e hepática. Os pacientes podem necessitar de su porte da pressão arterial e terapia intensiva para lidar com os efeitos tóxicos. Todavia, um a vez interrom pida a adm inistração do agente, a m aioria dos efeitos tóxicos reverte p o r com pleto em 3 a 6 dias.
TERAPIAS GÊNICAS N enhum a terapia gênica foi aprovada para uso clínico rotineiro. Vá rias estratégias estão em fase de avaliação, com o o uso de vírus inca pazes de se replicar p ara expressar genes passíveis de p erm itir a ação de fárm acos ou inibir diretam ente o crescim ento das células cance rosas; vírus com capacidade de replicação, porém apenas no contex to das células tum orais; ou vírus capazes de expressar antígenos no contexto do tu m o r e, portanto, de provocar resposta im une m ediada pelo hospedeiro. As questões m ais im portantes p ara o sucesso dessas abordagens incluem a definição de sistem as de vetores virais segu ros que possam escapar da função im une do hospedeiro e dirigir-se efetivam ente contra o tu m o r ou o am biente celular tum oral. O utras estratégias de terapia gênica utilizam oligonucleotídios terapêuticos, tendo com o alvo a expressão de genes im portantes para a m anuten ção da viabilidade das células tum orais. A g r a d e c im e n t o s Stephen M. Hahn, M D, e Eli Glatstein, M D , contribuíram com um capítulo so bre radioterapia em um a edição anterior, e parte do m aterial preparado por eles fo i incorporada neste capítulo.
BIBLIOGRAFIA 2006 Update of recommendations for the use of white blood cell growth factors: A n evidence-based clinical practice guideline. J C l i n Oncol 24:3187,2006 C h a b n e r BA, L o n g o DL (eds): Cancer C hem otherapy and Biotherapy: Prin cipies and Practice, 5th ed. Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, A m e r ic a n S o c ie t y o f C l in ic a l O n c o l o g y :
Princípios do Tratamento do Câncer
nizada) ou derivam de novo de cam undongos portadores de loci do gene da im unoglobulina hum ana. Tais anticorpos h um anizados con tra a m olécula CD20 expressa em linfom as de células B (rituxim abe) e contra o receptor H ER-2/neu hiperexpresso nos cânceres epiteliais, em particular o de m am a (trastuzum abe), tornaram -se recursos con fiáveis no arsenal dos oncologistas. C ada um deles, utilizado isola dam ente, pode causar a regressão do tu m o r (o rituxim abe m ais que o trastuzum abe), e am bos parecem potencializar os efeitos da p oli quim ioterapia aplicada logo após a adm inistração do anticorpo. Os anticorpos para-C D 52 são ativos na leucem ia linfoide crônica e nas neoplasias m alignas das células T. A nticorpos direcionados p ara o R-EGF (com o o cetuxim abe e panitum um abe) apresentam atividade no câncer colorretal refratário à quim ioterapia, em p articular quando usado para aum entar a atividade de um esquem a de quim ioterapia adicional e no tratam ento prim ário dos cânceres de cabeça e pescoço tratados com radioterapia. O m ecanism o de ação é incerto. Efeitos diretos sobre o tum or podem m ediar um efeito antiproliferativo, bem com o estim ular a participação de m ecanism os do hospedeiro que e n volvem as respostas im une celular ou m ediada pelo com plem ento, fixado ou ativado pelo anticorpo ligado à célula tum oral. Além disso, o anticorpo pode alterar a liberação de fatores parácrinos que p ro m o vem a sobrevida da célula tum oral. O anticorpo anti-V EG F bevacizum abe m ostra pouca evidência de efeito antitum oral quando usado sozinho, m as quando com binado com agentes quim ioterápicos m elhora a m agnitude do encolhim ento tum oral e o tem po de progressão da doença nos cânceres colorretais, de pulm ão e m am a. O m ecanism o desse efeito é incerto e pode ser que tenha relação com a capacidade do anticorpo de alterar a libera ção bem com o a captação do agente quim ioterápico ativo pelo tum or. Os efeitos colaterais incluem reações de hipersensibilidade re lacionadas com a infusão, em geral lim itadas à p rim e ira infusão, que p odem ser tratadas com glicocorticoides e/ou profilaxia com anti-histam ínicos. Além disso, surgiram síndrom es d istintas com anticorpos diferentes. Os anticorpos contra o R-EGF provocam um exantem a acneiform e que responde m al ao tratam ento com crem e es teroide. O trastuzum abe (anti-HER2) pode inibir a função cardíaca, em particular nos pacientes expostos previam ente às antraciclinas. O bevacizum abe tem vários efeitos colaterais de im portância clínica, com o hipertensão, trom bose, proteinúria, hem orragia e perfuração gastrintestinal com ou sem cirurgias prévias. A conjugação dos anticorpos com fárm acos e toxinas já foi discu tida; os conjugados de anticorpos com isótopos, agentes fotodinâm icos e outros com ponentes destruidores tam bém podem ser eficazes. Os radioconjugados que têm com o alvo a CD20 em linfom as foram aprovados para uso [ibritum om abe tiuxetana, utilizando ítrio-90 ou I13l-tositum om abe]. O utros conjugados são associados a problem as ainda não resolvidos (p. ex., antigenicidade, instabilidade, pouca p e netração no tum or).
2011
et al: Antiemesis: Clinical practice guidelines in oncology. J Natl Compr Cancer Network 7:572,2009 M c D e r m o t t U, S e t t l e m a n J: Personalized cancer therapy with selective kinase inhibitors: An emerging paradigm in medicai oncology. I Clin Oncol 27: 5650, 2009 O l o p a d e OI et al. Advances in breast cancer: Pathways to personalized medi cine. Clin Cancer Res 14: 7988, 2008 Rizzo JD et al: ASCO special article: Use of epoetin and darbepoetin in pa tients with cancer: 2007 American Society of Clinical Oncology / Ame rican Society of Hematology Clinical Practice Guideline update. J Clin Oncol 26,132,2008 Et t in g e r D S
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r CAPÍTULO
86
Infecções em Pacientes com Câncer Robert Finberg As infecções constituem u m a causa com um de m orte e causa ainda mais com um de m orbidade em pacientes que apresentam am pla va riedade de neoplasias m alignas. Os estudos de necrópsia revelam que a m aioria das m ortes p o r leucem ia aguda e m etade das m ortes p or linfom a são diretam ente provocadas p or infecção. C om a introdução da quim ioterapia m ais intensiva, os pacientes com tum ores sólidos tam bém passaram a ter m aior probabilidade de m orrer p o r infecções. Felizmente, a evolução da abordagem na prevenção e no tratam ento das com plicações infecciosas do câncer tem dim inuído as taxas de m ortalidade associadas às infecções e provavelm ente co ntinuará a fazê-lo. Esse progresso resultou de três etapas principais:
Oncologia e Hematologia 712
1. O conceito de antibióticos empíricos precoces reduziu as taxas de m ortalidade, entre os pacientes com leucem ia e bacterem ia, de 84% em 1965 para 44% em 1972. Essa dram ática m elhora é atribuída à intervenção precoce com terapia antim icrobiana apropriada. 2. A terapia antifúngica “empírica” reduziu a incidência de infec ção fúngica dissem inada. Em situações de estudos clínicos, as taxas de m ortalidade atuais variam de 7 a 21%. A dm inistra-se um agente antifúngico - com base na probabilidade de infecção fúngica - a pacientes neutropênicos que, depois de 4 a 7 dias de antibioticoterapia, perm anecem febris, porém sem cultura positiva. Em um estudo, a taxa de sobrevivência em sete dias foi de -85% entre pacientes que apresentaram febre e neutropenia com o resultado de quim ioterapia do câncer e que precisaram de tratam ento antifúngico.
QUADRO 86.1
3. O uso de antibióticos para os pacientes neutropênicos sem febre, com o profilaxia de am plo espectro co n tra infecções, dim inuiu ainda m ais as taxas de m ortalidade e m orbidade. A estratégia atual para o tratam ento de pacientes com n eutrope nia severa (p. ex., aqueles recebendo quim ioterapia de alta dose para leucem ia ou linfom as de alto grau) é baseada n a terapia profilática inicial no surgim ento da neutropenia, com subse quente terapia antibacteriana “em pírica” objetivando os orga nism os cujo envolvim ento seja provável, com base nos achados físicos (na m aioria das vezes febre isolada) e finalm ente terapia antifúngica “empírica” baseada na probabilidade conhecida que a infecção fúngica irá se to rn ar um a situação séria após 4-7 dias de terapia antibacteriana de am plo espectro. A produção de u m a solução de continuidade na pele pela neo plasia pode resultar em predisposição física à infecção em pacientes com câncer (Q uadro 86.1). Por exemplo, o carcinom a das células es cam osas p ode causar invasão local da epiderm e, perm itindo o acesso de bactérias ao tecido subcutâneo e desenvolvim ento de celulite. O fecham ento artificial de um orifício norm alm en te aberto tam bém pode predispor à infecção; p o r exem plo, a obstrução de um ureter p or tu m o r pode causar infecção do trato urinário, enquanto a obs trução do dueto biliar pode causar colangite. Parte da defesa norm al do hospedeiro contra infecções depende do esvaziam ento contínuo de um a víscera; sem esse esvaziam ento, algum as bactérias que estão presentes em decorrência de bacterem ia ou do trânsito local podem m ultiplicar-se e causar doença. Um problem a sem elhante pode afetar pacientes cuja integridade dos linfonodos foi rom pida p o r cirurgia radical, particularm ente os pacientes subm etidos a dissecções radicais dos linfonodos. Um p ro blem a clínico com um após m astectom ia radical consiste no apareci m ento de celulite (habitualm ente causada p or estreptococos ou estafilococos) devido à linfedem a e/ou drenagem linfática inadequada. Na m aioria dos casos, esse problem a pode ser solucionado p or m eio de m edidas locais destinadas a im p ed ir o acúm ulo de soluções de continuidade na pele; todavia, a profilaxia com antibióticos tem sido necessária nos casos refratários.
Ruptura de barreiras normais passíveis de predispor às infecções em pacientes com câncer
Tipo de defesa
Lesão específica
Células envolvidas
Microrganismo
Associação com câncer
Doença
Barreira física
Soluções de continuidade na pele
Células epiteliais cutâneas
Estafilococos, estreptococos
Carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço
Celulite, infecção cutânea extensa
Esvaziamento de coleções de líquido
Oclusão de orifícios: ureteres, dueto biliar, colo
Células epiteliais luminais
Bacilos Gram-negativos
Doenças metastáticas renais, ovarianas e da árvore biliar de muitos cânceres
Bacteremia rápida e maciça; infecção do trato urinário
Função linfática
Dissecção de linfonodos
Linfonodos
Estafilococos, estreptococos
Cirurgia para o câncer de mama
Celulite
Depuração esplênica de microrganismo
Esplenectomia
Células reticuloendoteliais esplênicas
Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Neisseria meningitidis, Babesia, Capnocytophaga canimorsus
Doença de Hodgkin, leucemia, púrpura trombocitopênica idiopática
Sepse rápida e maciça
Fagocitose
Ausência de granulócitos
Granulócitos (neutrófilos)
Estafilococos, estreptococos, microrganismos entéricos, fungos
Leucemia de células pilosas, leucemia mielocítica aguda e leucemia linfocítica aguda
Bacteremia
Imunidade humoral
Ausência de anticorpos
Células B
S. pneumoniae, H. influenzae, N. meningitidis
Leucemia linfocítica crônica, mieloma múltiplo
Infecções por microrganismos encapsulados, sinusite, pneumonia
Imunidade celular
Ausência de células T
Células Te macrófagos
Mycobacterium tuberculosis, Listeria, herpesvírus, fungos, parasitos intracelulares
Doença de Hodgkin, leucemia, linfoma de células T
Infecções por bactérias, fungos e parasitos intracelulares
U m problem a potencialm ente fatal com um a m uitos pacientes com câncer é a p erda da capacidade reticuloendotelial de rem over os m icrorganism os após esplenectom ia, que pode ser efetuada com o p arte do tratam ento da leucem ia das células pilosas, leucem ia lin focítica crônica (LLC) e leucem ia m ielocítica crônica (LMC), bem com o na doença de H odgkin. Mas, m esm o após o tratam ento cu ra tivo da doença subjacente, a falta do baço predispõe esses pacientes a infecções rapidam ente fatais. A perda do baço em conseqüência de traum atism o tam bém predispõe o hospedeiro norm al a infecções m aciças durante toda a sua vida. O paciente esplenectom izado deve ser orientado quanto aos riscos de infecção p or certos m icrorganis m os, com o o protozoário Babesia (Cap. 211) e a Capnocytophaga canimorsus, um a bactéria presente na boca de anim ais (Caps. 146 e e-24). C om o as bactérias encapsuladas (Streptococcus pneum oniae, H aemophilus influenzae e Neisseria m eningitidis) são os m icrorga nism os m ais com um ente associados à sepse pós-esplenectom ia, os indivíduos esplenectom izados devem ser vacinados (e revacinados; Q u a d ro 86.2 e Cap. 116) contra os polissacarídios capsulares des ses m icrorganism os. M uitos m édicos recom endam a d m inistrar aos pacientes esplenectom izados um a pequena quantidade de antibióti cos efetivos contra o S. pneumoniae, N. meningitidis e H. influenzae, para evitar a ocorrência de sepse rápida e m aciça caso não consigam procurar assistência m édica im ediatam ente após o aparecim ento de febre ou de outros sintom as de infecção bacteriana. U m a escolha ra zoável para esse propósito consiste em alguns com prim idos de amoxicilina/ácido clavulânico. O índice de suspeita de infecção p o r certos m icrorganism os deve d epender do tipo de câncer diagnosticado (Q u a d ro 86.3). O
QUADRO 86.2
diagnóstico de m ielom a m últiplo ou de LLC deve alertar o m édico quanto à possibilidade de hipogam aglobulinem ia. Em bora a terapia de reposição com im unoglobulinas possa ser efetiva, os antibióticos profiláticos são, na m aioria dos casos, de m enor custo, constituindo um m étodo mais conveniente para elim inar as infecções bacterianas em pacientes com LLC que apresentam hipogam aglobulinem ia. Os pacientes com leucem ia linfocítica aguda (LLA), os pacientes com linfom a não H odgkin e todos os pacientes com câncer tratados com altas doses de glicocorticoides (ou com esquem as quim ioterápicos que contenham glicocorticoides) devem receber profilaxia antibió tica para a infecção p or Pneum ocystis (Q uadro 86.3) durante a qui m ioterapia. Além de exibir suscetibilidade a certos m icrorganism os infecciosos, os pacientes com câncer tendem a m anifestar as infec ções de form as características. Por exemplo, a febre - geralm ente um sinal de infecção na m aioria dos hospedeiros - continua a ser um in dicador confiável em pacientes neutropênicos. Em contraste, pacien tes recebendo glicocorticoides e agentes que prejudiquem a função e a secreção de citocinas pela célula T p oderão apresentar sérias infec ções na ausência de febre. De form a sem elhante, pacientes neutropê nicos norm alm ente apresentam celulite sem purulência e pneum onia sem escarro ou m esm o sinais ao raio X (ver abaixo). O uso de anticorpos m onoclonais contra células B e T, bem com o fárm acos que interferem em eventos de transdução de sinal de linfócitos, estão associados à reativação de infecções latentes. O uso de rituxim ab, o anticorpo anti-C D 20 (um a proteína de m em bra na da célula B), está associado ao desenvolvim ento da reativação da tuberculose, bem com o da hepatite B, infecção p or citom egalovírus (CMV) e outras infecções latentes. C om o os receptores de transplan-
Vacinação de pacientes com câncer submetidos à quimioterapia3
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Uso em pacientes indicados
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Vacina
Quimioterapia intensiva
Doença de Hodgkin
Difteria-tétano*
Série primária e reforços, quando necessário
Nenhuma recomendação especial
3 doses administradas 6-12 meses após o transplante
Poliomielitec
Série primária completa e reforços
Nenhuma recomendação especial
3 doses administradas 6-12 meses após o transplante
Haemophilus influenzae tipo b conjugada
Série primária e reforços para crianças
Imunização antes do tratamento e reforço 3 meses depois
3 doses administradas 6-12 meses após o transplante
Papilomavírus humano
3 doses para meninas e mulheres até 26 anos
3 doses para meninas e mulheres até 26 anos
3 doses para meninas e mulheres até 26 anos
Hepatite A
Como indicada para hospedeiros normais com base na profissão e no estilo de vida
Como indicada para hospedeiros normais com base na profissão e no estilo de vida
Como indicada para hospedeiros normais com base na profissão e no estilo de vida
Hepatite B
Como indicada para hospedeiros normais
Como indicada para hospedeiros normais com base na profissão e no estilo de vida
3 doses administradas 6-12 meses após o transplante
Polissacarídio pneumocócico 23-valented
A cada 5 anos
Imunização antes do tratamento e reforço 3 meses depois
1 ou 2 doses administradas 6-12 mêses após o transplante
Vacina meningocócica A-valente*
Deve ser administrada aos pacientes esplenectomizados e aos que vivem em áreas endêmicas, incluindo os estudantes universitários em dormitórios
Deve ser administrada aos pacientes esplenectomizados e aos que vivem em áreas endêmicas, incluindo os estudantes universitários em dormitórios
Deve ser administrada aos pacientes esplenectomizados e aos que vivem em áreas endêmicas, incluindo os estudantes universitários em dormitórios
influenza
Imunização sazonal
Imunização sazonal
Imunização sazonal
Sarampo/caxumba/rubéola
Contraindicada
Contraindicada durante a quimioterapia
Depois de 24 meses em pacientes sem a doença do enxerto versus hospedeiro
Vírus varicela-zóster'
Contraindicada9
Contraindicada
Contraindicada
Infecções em Pacientes com Câncer
Transplante de células-tronco hematopoiéticas
aAs últimas recomendações do Advisory Committee on Immunization Practices e as normas do CDC podem ser encontradas em http://www.cdc.gov/vaccines.
bA combinação Td (tétano-difteria) foi recomendada para adultos. As vacinas contra coqueluche não eram recomendadas para os indivíduos com > 6 anos de idade. Entretanto, dados recentes indicam que o produto Tdap (tétano-difteria-coqueluche acelular) é tanto seguro quanto eficaz para adultos. Recomenda-se atualmente uma dose única de Tdap para adultos. CA vacina de vírus vivo está contraindicada; deve-se utilizar a vacina de vírus inativados. aAs vacinas conjugadas pneumocócica 7- e 13-Valente são atualmente recomendadas para crianças. 'Vacina conjugada meningocóccica (MCV4) é recomendada para adultos com < 55 anos e a vacina polissacarídica meningocóccica (MPSV4) para aqueles com mais de 56 anos de idade. 'inclui tanto a vacina varicella para crianças quanto a vacina zósterpara adultos. ^Entrar em contato com o fabricante para mais informações sobre o uso em crianças com leucemia linfocítica aguda.
713
r
dante. A ectim a gangrenosa, que se localiza em áreas não subm etidas à pressão (d istin g u in d o -se das lesões Anormalidade imune Câncer subjacente Microrganismos que causam infecção necróticas associadas à falta de circu lação), está frequentem ente associada Mieloma múltiplo Hipogamaglobulinemia Streptococcus pneumoniae, Haemophilus à bacterem ia p o r Pseudomonas aeru influenzae, Neisseria meningitidis ginosa (Cap. 152), em bora possa ser Leucemia linfocítica crônica Hipogamaglobulinemia S. pneumoniae, H. influenzae, N. causada p o r outras bactérias. meningitidis A can d id em ia (Cap. 203) ta m Leucemia mielocítica ou Bactérias Gram-positivas e Granulocitopenia, lesões bém está associada a um a variedade linfocítica aguda cutâneas e das mucosas Gram-negativas extracelulares, fungos de afecções cutâneas (Fig. e-7.38) e Doença de Hodgkin Função anormal das células T Patógenos intracelulares (Mycobacterium m anifesta-se com um ente na form a de tuberculosis, Listeria, Salmonella, exantem a m aculopapular. A biópsia Cryptococcus, Mycobacterium avium) cutânea por trépano pode constituir o Linfoma não Hodgkin e Quimioterapia com Pneumocystis m elhor m étodo para o estabelecim en leucemia linfocítica aguda glicocorticoides, disfunção das to do diagnóstico. células T e B A celulite, u m a inflam ação d is sem in ad a aguda da pele, é m ais fre Tumores de colo e reto Anormalidades locais3 Streptococcus bovis (bacteremia) q u e n te m en te causada pela infecção Leucemia de células pilosas Função anormal das células T Patógenos intracelulares (M. p o r Streptococcus do g rupo A ou p or tuberculosis, Listeria. Cryptococcus, M. Staphylococcus aureus, m icro rg an is avium) m os v irulentos norm alm en te e n co n aO motivo dessa associação ainda não foi bem definido. trad o s n a pele (C ap. 125). Apesar de sua ten d ê n cia a ser circu n scrita em h ospedeiros norm ais, a celulite pode tes de órgãos (Cap. 132), os pacientes que apresentam testes po si sofrer rápida dissem inação em pacientes n eutropênicos. U m a d i tivos para produtos de proteína purificada e infecção viral básica m in u ta solução de co n tin u id ad e n a pele p o d e levar à disse m in a devem ser cuidadosam ente m onitorados para o caso de reativação ção da celulite, que se caracteriza p o r d o r e eritem a; nos pacientes da doença. acom etidos, os sinais de infecção (p. ex., p urulência) estão frequen tem ente ausentes. O que p o d e ria ser um fu rú n cu lo no hospedeiro no rm al po d e exigir am putação devido à infecção sem controle em SÍNDROMES ESPECIFICAS POR SISTEMAS um paciente que apresenta leucem ia. Resposta p ro n u n ciad a à infec ■ SÍNDROMES CUTÂNEAS ESPECÍFICAS ção que po d eria ser banal no h ospedeiro n o rm al po d e con stituir o As lesões cutâneas são com uns em pacientes com câncer, e o aspec prim eiro sinal de leucem ia. Felizm ente, os pacientes granulocitopêto dessas lesões pode p erm itir o estabelecim ento do diagnóstico de nicos tendem a ser infectados p o r certos tipos de m icrorganism os infecção bacteriana ou fúngica sistêmica. E m bora a celulite causada (Q u a d ro 86.4), de m o d o que a escolha do esquem a antibiótico é por m icrorganism os cutâneos, com o o Streptococcus ou Staphylococum pouco m ais fácil do que seria em outras situações (ver “Terapia cus, seja com um , os pacientes neutropênicos - isto é, os que apre A ntibacteriana”, abaixo). É fu n d a m e n ta l reconhecer precocem ente sentam < 500 leucócitos polim orfonucleares (PM N ) funcionais/|xL a celulite e tratá-la de m o d o agressivo. Os pacientes neutropênicos - e aqueles com o co m prom etim ento da circulação sanguínea ou ou que receberam antibióticos p o r outras razões p o d e m desenvol drenagem linfática p odem ad q u irir infecções p o r m icrorganism os ver celulite p o r m icrorganism os in co m u n s (p. ex., Escherichia coli, incom uns. As m áculas ou pápulas de aspecto benigno po d em cons Pseudomonas ou fungos). O tratam e n to precoce, m esm o das lesões tituir o prim eiro sinal de sepse bacteriana ou fúngica em pacientes de aspecto benigno, é essencial para evitar a necrose e perda de te im unocom prom etidos (Fig. 86.1). No hospedeiro neutropênico, a cido. Algum as vezes, o desbridam ento p ara im pedir a dissem inação m ácula evolui rapidam ente para a ectim a gangrenosa (Fig. e-7.35), p o d e ser necessário no início da evolução da doença; todavia, com lesão necrótica e redonda, habitualm ente indolor, c onstituída p o r frequência po d e ser efetuado após a q uim ioterapia, q u ando a c o n um a escara central preta ou preto-acinzentada com eritem a c irc u n tagem dos PM N aum enta.
QUADRO 86.3
Oncologia e Hematologia
Figura 86.1 dia seguinte.
7 14
Infecções associadas a tipos específicos de câncer
A. Pápulas relacionadas com a bacteremia por Escherichia coli em paciente neutropênico com leucemia linfocítica aguda. B. A mesma lesão no
dim entação. Tanto as lesões quanto a elevação da tem peratura res pondem notavelm ente à adm inistração de glicocorticoides. O trata m ento é iniciado com altas doses de glicocorticoides (60 m g/dia de prednisona), seguidas da redução gradual das doses no decorrer das 2 a 3 sem anas seguintes. Os dados indicam que o eritem a m ultiform e (Fig. e-7.25) com c o m p ro m etim e n to das m ucosas está freq u en tem en te associado à infecção pelo h erpesvírus sim ples (HSV), sendo distinto da sín d ro m e de Stevens-Johnson, associada a fárm acos e que tende a exibir d istribuição m ais dissem inada. C o m o os pacientes com câncer se a p rese n tam im u n o s su p rim id o s [e, p o rta n to , suscetíveis às in fecções h erp éticas e são su b m e tid o s a tra ta m e n to farm acológico intenso sendo, p o rtan to , sujeitos à sín d ro m e de Stevens-Johnson (Fig. e-12.4)], am bas as afecções são c om uns n essa população de pacientes. As citocinas, utilizadas com o adjuvantes ou com o tratam ento p rim ário do câncer, p odem causar exantem as típicos, com plicando ainda m ais o diagnóstico diferencial. Esse fenôm eno constitui um problem a particular nos receptores de transplante de m edula óssea (Cap. 132) que, além de apresentar os exantem as habituais induzidos po r quim ioterapia, antibióticos e citocinas, são afligidos pela doença do enxerto versus hospedeiro.
QUADRO 86.4 Organismos que tendem a causar infecções em pacientes com granulocitopenia Enterobacter spp.
Cocos Gram-positivos Staphyiococcus epidermidis
Serratia spp. Acinetobacterspp3
Staphyiococcus aureus Streptococcus viridans
Citrobacter spp.
Enterococcus faecalis
Bacilos Gram-positivos
Streptococcus pneumoniae
Difteroides
Bacilos Gram-negativos Escherichia coli
Bacilo JK* Fungos
Klebsiella spp.
Candida spp.
Pseudomonas aeruginosa
Aspergillus spp.
Pseudomonas spp. não aeruginosas3 'Frequentemente associadas a cateteres intravenosos.
A síndrom e de Sweet ou dermatose neutrofílica febril foi origi nalm ente descrita em m ulheres com contagens elevadas de leucó citos. A doença caracteriza-se pela presença de leucócitos na parte p ro fu n d a da derm e, com edem a do corpo papilar. Ironicam ente, essa doença é, hoje, habitualm ente observada em pacientes n e u tropênicos com câncer, m ais frequentem ente em associação com a leucem ia aguda, m as tam bém associada a u m a variedade de outras neoplasias m alignas. Em geral, a síndrom e de Sweet m anifesta-se na form a de pápulas verm elhas ou verm elho-azuladas, ou nódulos, que podem coalescer, form ando placas com bordas bem delim itadas (Fig. e-7.41). O edem a pode sugerir vesículas; todavia, à palpação as lesões apresentam -se sólidas, e, provavelm ente, nunca aparecem ve sículas nessa doença. As lesões são m ais com uns n a face, no pescoço e nos braços. Nas pernas, podem ser confundidas com o eritem a n o doso (Fig. e-7.40). O desenvolvim ento das lesões é frequentem ente acom panhado de febre alta e aum ento da velocidade de hem osse
Abordagem às infecções de cateter em pacientes im unocom prom etidos
Apresentação clínica
Remoção do cateter
Antibióticos
Comentários
Evidências de infecção, hemoculturas negativas
Eritema no local de saída
Não há necessidade, se a infecção responder ao tratamento
Em geral, iniciar o tratamento para cocos Gram-positivos
Os estafilococos coagulase-negativos são mais comuns
Eritema no local do túnel
Necessária
Tratar para os cocos Gram-positivos enquanto se aguardam os resultados de cultura
A não remoção do cateter pode resultar em complicações
Infecções em Pacientes com Câncer
QUADRO 86.5
■ INFECÇÕES RELACIONADAS COM 0 USO DE CATETERES C om o os cateteres intravenosos são com um ente utilizados na qui m ioterapia do câncer e estão sujeitos a infecção (Cap. 131), repre sentam um problem a im p o rtan te na assistência dos pacientes com câncer. Algum as infecções associadas ao uso de cateteres podem ser tratadas com antibióticos, ao passo que, em outras, é preciso rem over o cateter (Q uadro 86.5). Se o paciente tiver um cateter com túnel (que consiste em um local de entrada, um túnel subcutâneo e um local de saída), o aparecim ento de um a estria verm elha sobre a parte subcutâ nea do cateter (o túnel) indicará a necessidade de rem oção im ediata do equipam ento. Nestas circunstâncias, a não rem oção dos cateteres pode resultar em extensa celulite e necrose tecidual. Mais com uns do que as infecções do túnel do cateter são as in fecções do local de saída, freq u en tem en te com eritem a em to rn o
Infecções com hemoculturas positivas
Estafilococos coagulase-negativos
A remoção do cateter é ótima, mas poderá não ser necessária se o paciente estiver clinicamente estável e responder aos antibióticos
Em geral, tratar com vancomicina. (A linezolida, quinupristina/ dalfopristina e daptomicina são apropriadas)
Se não houver contraindicação para a remoção do cateter, essa conduta será ótima. Se o cateter for removido, poderá não haver necessidade de antibióticos
Outros cocos Gram-positivos (p. ex., Staphyiococcus aureus; Enterococcus)] bacilos Gram-positivos (Bacillus. Corynebacterium spp.)
Recomendada
Tratar com antibióticos aos quais o microrganismo é sensível, sendo a duração do tratamento baseada no quadro clínico
Devido à incidência de infecções metastáticas após infecção por S aureus e à dificuldade de tratar a infecção enterocócica, a remoção do cateter é a conduta recomendada. Além disso, os bacilos Gram-positivos não respondem prontamente ao uso de antibióticos apenas
Bactérias Gram-negativas
Recomendada
Utilizar um agente ao qual o microrganismo é sensível
É muito difícil tratar infecções por microrganismos, como a Stenotrophomonas, Pseudomonas e Burkholderia
Fungos
Recomendada
—
É extremamente difícil tratar as infecções fúngicas de cateteres
715
da área onde o cateter atravessa a pele. A m aioria dos especialistas (Cap. 135) recom enda o tratam ento (habitualm ente com vancom i cina) para a infecção do local de saída causada p o r Staphyiococcus coagulase-negativo. O tratam en to da infecção p o r estafilococo coagulase-positivo está associado a um desfecho m ais som brio, sendo aconselhável rem over o cateter, quando possível. De m odo sem e lhante, m uitos médicos rem ovem os cateteres associados a infecções p o r P. aeruginosa e por espécies de Candida, visto que é difícil tratar tais infecções, e as infecções da corrente sanguínea por esses m icror ganism os tendem a ser fatais. As infecções do cateter causadas por Burkholderia cepacia, Stenotrophomonas spp., Agrobacterium spp., e Acinetobacter haum annii, b em com o p or Pseudomonas spp., diferen tes da causada p or aeruginosa, tendem a ser de erradicação m uito difícil apenas com o uso de antibióticos. De m odo sem elhante, o isolam ento de Bacillus, Corynebacterium e Mycobacterium spp. deve levar à rem oção do cateter.
■ SÍNDROMES ESPECÍFICAS DO TRATO GASTRINTESTINAL Doença do trato gastrintestinal superior Infecções da boca A cavidade oral é rica em bactérias aeróbias e
Oncologia e Hematologia
anaeróbias (Cap. 164) que norm alm ente vivem em relação com ensal com o hospedeiro. Os efeitos antim etabólicos da quim ioterapia causam o colapso das defesas do hospedeiro, levando à ulceração da boca e invasão potencial p or bactérias residentes. As ulcerações da boca afligem a m aioria dos pacientes subm etidos à quim ioterapia citotóxica e têm sido associadas à bacterem ia p or Streptococcus viridians. As infecções da boca por Candida são muito comuns. O flucona zol m ostra-se claram ente efetivo no tratam ento das infecções locais (candidíase oral) e infecções sistêmicas (esofagite) por Candida albi cans. Outros azóis (p. ex., o voriconazol), bem com o as equinocandinas, oferecem eficácia e atividade sem elhantes contra os organism os resistentes ao fluconazol, associados ao tratam ento extenso com este fárm aco (Cap. 203). A noma (cancro oral), com um ente observada em crianças desnu tridas, é um a doença penetrante dos tecidos m oles e duros da boca e áreas adjacentes, com conseqüente necrose e gangrena. Tem um a contraparte em pacientes im unocom prom etidos, acreditando-se que seja causada pela invasão dos tecidos po r Bacteroides, Fusobacterium e outros habitantes norm ais da boca. A nom a está associada à debili dade, higiene oral precária e im unossupressão. Os vírus, particularm ente o HSV, constituem um a causa p roem i nente de m orbidade em pacientes im unocom prom etidos, nos quais estão associados à m ucosite grave. O uso profilático ou terapêutico do aciclovir é valioso.
dos granulócitos) sugerem que a resposta do hospedeiro à C andi da representa u m im p o rta n te c o m p o n e n te das m anifestações da doença. Em m uitos casos, em bora os m icrorganism os sejam visíveis, as culturas do m aterial o btido p o r biópsia p o d em ser negativas. A designação candidíase hepatoesplênica ou candidíase hepática é in correta, visto que a doença frequentem ente acom ete os rins e outros tecidos; a expressão candidíase dissem inada crônica po d e ser m ais apropriada. D evido ao risco de sangram ento com a biópsia h e p áti ca, o diagnóstico baseia-se, com frequência, nos exam es de im agem (RM, TC). O tratam ento deve ser dirigido para o agente etiológico (norm alm ente C. albicans, p orém algum as vezes C. tropicalis ou o u tras espécies m enos com uns de Candida).
Tiflite A tiflite (tam bém designada com o colite necrosante, colite n e u tro pênica, enteropatia necrosante, síndrom e ileocecal e cecite), é um a síndrom e clínica de febre e hipersensibilidade no quadrante inferior direito de um hospedeiro im unossuprim ido. Classicam ente, esta sín drom e é observada em pacientes neutropênicos após quim ioterapia com agentes citotóxicos. Pode ser m ais com um em crianças do que em adultos e parece ser m uito m ais freqüente entre os pacientes que apresentam leucem ia m ielocítica aguda (LMA) ou LLA do que entre aqueles com outros tipos de câncer; foi relatada um a síndrom e sem e lhante em pacientes infectados pelo H IV tipo 1. O exame físico revela hipersensibilidade no quadrante inferior direito, com ou sem h iper sensibilidade de rebote. É com um haver diarréia associada (frequen tem ente sanguinolenta), e o diagnóstico pode ser confirm ado pelo achado de espessam ento da parede do ceco na TC, RM ou US. As radiografias simples podem revelar m assa no quadrante inferior d i reito, porém a TC com contraste ou a RM constituem procedim entos m uitos m ais sensíveis para o diagnóstico. E m bora se recorra algum as vezes à cirurgia para tentar evitar a p erfuração p or isquemia, a m aio ria dos casos regride com tratam en to clínico apenas. A doença é al gum as vezes associada a hem oculturas positivas (habitualm ente para bacilos G ram -negativos aeróbios), recom endando-se o tratam ento para amplo espectro de bactérias (sobretudo bacilos Gram -negativos, que tendem a ser encontrados na flora intestinal). A cirurgia é indi cada para o caso de perfuração.
Diarréia induzida por C lostridiu m d iffic ile
O diagnóstico diferencial de esofagite (que habitualm ente se m anifesta n a form a de d o r torácica subesternal à deglutição) inclui a h erp es sim ples e a candidíase, am bas facil m ente tratáveis.
O s pacientes com câncer são p re d isp o sto s ao desenvolvim ento de d iarré ia p o r C. difficile (C ap. 129) em co n se q ü ên c ia da q u im io terapia. P or conseguinte, p o d e m a p re se n ta r testes de toxina p o sitivos antes da a d m in istraç ão de an tibióticos. O bviam ente, esses pacientes tam b ém estão sujeitos à d iarré ia in d u zid a p o r C. difficile em conseqüência da pressão exercida pelos antibióticos. D eve-se co n sid era r sem pre a p o ssib ilid a d e de C. difficile com o causa de diarréia em pacientes com cân cer que receberam tratam e n to com antibióticos.
Doença do trato gastrintestinal inferior
■ SÍNDROMES ESPECÍFICAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Infecções do esôfago
A candidíase hepática (Cap. 203) resulta da dissem inação para o fígado (habitualm ente de fonte gastrintestinal) em pacientes n e u tropênicos. É m ais com um entre pacientes em tratam en to para a leucem ia aguda e, em geral, m anifesta-se sintom aticam ente p or oca sião da resolução da neutropenia. O quadro clínico característico é o de febre persistente, refratária aos antibióticos; do r e hipersensi bilidade abdom inais ou náuseas e níveis séricos elevados de fosfa tase alcalina em um paciente com neoplasia m aligna hem atológica que recentem ente se recuperou da neutropenia. O diagnóstico dessa doença (que pode se m anifestar de m o d o indolente e persistir po r vários meses) baseia-se no achado de leveduras ou pseudo-hifas em lesões granulom atosas. A ultrassonografia (US) ou TC do fígado p o dem revelar lesões em olho de boi. Em alguns casos, a RM revela pequenas lesões não visíveis em outras m odalidades de imagem. A patologia (um a resposta granulom atosa) e o m om ento de seu ap a recim ento (com a resolução da n eutropenia e elevação da contagem
Meningite O quadro clínico de m eningite em pacientes com linfom a ou LLC, nos subm etidos à quim io terap ia (p a rticu la rm e n te com glicocor ticoides) p ara tu m o res sólidos e em receptores de transplante de m edula óssea sugere um diagnóstico de infecção p o r criptococos ou Listeria. C onform e assinalado anteriorm ente, os pacientes esplenec tom izados são suscetíveis a c o n tra ir infecção rápida e m aciça por bactérias encapsuladas (incluindo S. pneum oniae, H. influenzae e N. meningitidis). De form a sem elhante, os pacientes que apresentam deficiência de anticorpos (p. ex., aqueles com LLC, pacientes que re ceberam quim ioterapia intensiva ou pacientes subm etidos ao tran s plante de m edula óssea) tendem a apresentar infecções causadas por essas bactérias. E ntretanto, ou tro s pacientes com câncer, devido à deficiência da im unidade celular, tendem a ser infectados po r outros patógenos (Q uadro 86.3).
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QUADRO 86.6 Diagnóstico diferencial das infecções do sistema nervoso central em pacientes com câncer
QUADRO 86.7 Diagnóstico diferencial dos infiltrados torácicos em pacientes imunocomprometidos
Predisposição subjacente Achados na TC ou RM
Neutropenia prolongada
Defeitos da imunidade celular3
Lesões expansivas
Abscesso cerebral por Aspergillus, Nocardia ou Cryptococcus
Toxoplasmose DLP-EBV
LMP (vírus JC)
Infecções por VZV, CMV, HSV, HHV-6, vírus J-C (LMP), Listeria
Encefalite difusa
terapia com altas doses de glicocorticoides, quimioterapia citotóxica. Nota: CMV, citomegalovírus; DLP-EBV, doença linfoproliferativa por vírus Epstein-Barr; HHV-6, herpesvírus humano tipo 6; HSV, herpesvírus simples; LMP, leucoencefalopatia multifocal pro gressiva; VZV, vírus varicela-zóster.
Causa da pneumonia Infiltrado
Infecciosa
Não infecciosa
Localizado
Bactérias (incluindo Legionella. micobactérias)
Hemorragia ou embolia local, tumor
Nodular
Fungos (p. ex., Aspergillus ou Mucor), Nocardia
Tumor recorrente
Difuso
Vírus (particularmente CMV). Chlamydia, Pneumocystis, Toxoplasma gondii. micobactérias
Insuficiência cardíaca congestiva, pneumonite por irradiação, lesão pulmonar induzida por fármacos, hemorragia alveolar difusa (descrita após TMO)
Nota: TMO, transplante de medula óssea; CMV, citomegalovírus.
Encefalite
Tumores cerebrais As lesões expansivas do cérebro apresentam -se m ais frequentem ente na form a de cefaleia, com ou sem febre ou anorm alidades neurológi cas. As infecções associadas a lesões expansivas podem ser causadas por bactérias (particularm ente Nocardia), fungos (sobretudo Cryp tococcus ou Aspergillus) ou parasitos ( Toxoplasma). A doença linfo proliferativa associada ao vírus E pstein-B arr (EBV) tam bém pode m anifestar-se na form a de lesões expansivas isoladas ou m últiplas do cérebro. Pode ser necessária a realização de biópsia para o diagnós tico definitivo.
■ INFECÇÕES PULMONARES Pode ser difícil estabelecer o diagnóstico de pneu m o n ia (Cap. 257) em pacientes im u n o co m p ro m etid o s, visto que os m étodos c o n vencionais de diagnóstico dependem da presença de neutrófilos. A pneum onia bacteriana em pacientes n eutropênicos pode não apre sentar secreção brônquica - ou, na verdade, pode não apresentar n e nhum tipo de escarro - e não fornecer achados físicos sugestivos de consolidação torácica (estertores ou egofonia). Em pacientes granulocitopênicos que apresentam febre persis tente ou recorrente, o padrão da radiografia de tórax pode ajudar a localizar um a infecção e, portanto, a determ in ar os testes e p rocedi m entos de investigação a serem realizados, bem com o as opções tera pêuticas a considerar (Q uadro 86.7). Neste caso, um sim ples raio X de tórax é um a ferram enta de investigação; com o a resposta com pro
m etida do hospedeiro leva a um a m en o r evidência de consolidação ou infiltração, a TC de alta resolução é recom endada para o diagnós tico de infecções pulm onares. As dificuldades encontradas no trata m ento dos infiltrados pulm onares estão relacionadas, em parte, com dificuldades na realização de procedim entos diagnósticos no pacien te acom etido. Q uando a contagem das plaquetas pode ser aum entada até níveis adequados p or m eio de transfusão, a avaliação m icroscópi ca e m icrobiológica do líquido obtido pelo lavado brônquico endoscópico frequentem ente é diagnóstica. Deve-se efetuar um a cultura do líquido do lavado para Mycoplasma, Chlamydia, Legionella, Nocardia, patógenos bacterianos m ais com uns e fungos. Além disso, deve-se considerar a possibilidade de p n eu m o n ia p o r Pneumocystis, p a rti cularm ente em pacientes com LLA ou linfom a que não receberam profilaxia com sulfam etoxazol-trim etoprim a (SM X-TMP). As carac terísticas do infiltrado p o d em ajudar nas decisões sobre m anobras diagnósticas e terapêuticas adicionais. A presença de infiltrados n o dulares sugere p neum onia p o r fungos (p. ex., causada p o r Aspergillus ou Mucor). Os p rocedim entos de biópsia com visualização podem constituir a m elhor abordagem para essas lesões. As espécies de Aspergillus (Cap. 204) podem colonizar a pele e o trato respiratório, ou causar doença sistêm ica fatal. E m bora esse fu n go possa provocar aspergilom as em um a cavidade previam ente exis tente ou causar doença broncopulm onar alérgica, o principal proble m a ocasionado p or esse gênero em pacientes neutropênicos consiste em doença invasiva p o r A. fu m igatus ou A. flavus. Os m icrorganis m os p enetram no hospedeiro após a colonização do trato respirató rio, com a invasão subsequente de vasos sanguíneos. A doença tende a se m anifestar na form a de episódio trom bótico ou embólico, devido à capacidade dos fungos de invadir os vasos sanguíneos. O risco de infecção p o r Aspergillus correlaciona-se diretam ente com a duração da neutropenia. Na n eutropenia prolongada, as culturas de vigilância positivas para a colonização nasofaringeana p or Aspergillus podem prever o desenvolvim ento da doença. Os pacientes com infecção p or Aspergillus frequentem ente apre sentam dor torácica pleurítica e febre, algum as vezes acom panhadas de tosse. A hem optise po d e c onstituir u m sinal som brio. As ra d io grafias de tórax podem revelar novos infiltrados focais ou nódulos. A TC de tórax pode m o strar um halo característico, constituído por infiltrado sem elhante a u m a m assa, circu n d ad o p or área de baixa atenuação. A presença de um “sinal em crescente” na radiografia ou na TC de tórax, em que a m assa progride para a cavitação central, é típica de infecção invasiva p or Aspergillus, m as p ode surgir à m edida que as lesões sofrem resolução. Além de causar doença pulm onar, o Aspergillus pode invadir o nariz ou o palato, com penetração p ro fu n d a nos seios paranasais. O
Infecções em Pacientes com Câncer
O espectro das doenças que resultam de encefalite viral apresenta-se am pliado nos pacientes im unocom prom etidos. O bserva-se p re d is posição a infecções po r m icrorganism os intracelulares sem elhantes aos encontrados em indivíduos com A ids (Cap. 189) nos pacientes que apresentam câncer subm etidos a ( 1) quim io terap ia citotóxica em altas doses; (2) q u im ioterapia capaz de afetar a função das cé lulas T (p. ex., fludarabina); ou (3) a nticorpos que elim inam as cé lulas T (p. ex., anti-C D 3, alem tuzum ab, anti-C D 52) ou a atividade das citocinas (agentes antifator de necrose tu m o ral ou antagonistas do receptor de interleucina 1). A infecção pelo vírus varicela-zóster (VZV) tem sido associada à encefalite, que p o d e ser causada p o r vasculite relacionada com o V Z V As infecções virais crônicas ta m bém p odem estar associadas à dem ência e a m anifestações encefalíticas, devendo-se considerar um diagnóstico de leucoencefalopatia m ultifocal progressiva (Cap. 381) q u an d o u m paciente que recebeu quim ioterapia apresenta dem ência (Q u a d ro 86.6). O utras a n o rm a lidades do sistem a nervoso central (SNC) que podem ser co n fu n d i das com infecção são a hidrocefalia de pressão n o rm al e vasculite em conseqüência de irradiação do SNC. É possível diferenciar esses distúrbios p o r RM.
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Oncologia e Hematologia
aparecim ento de área pigm entada nas vias nasais ou no palato duro deve levar à pesquisa de invasão por Aspergillus. Essa situação p ro vavelmente exige desbridam ento cirúrgico. As infecções de cateteres p o r Aspergillus exigem habitualm ente a rem oção do cateter e tra ta m ento antifúngico. Os infiltrados intersticiais difusos sugerem p n e u m o n ia viral, p arasitária ou p o r Pneumocystis. Se o paciente exibir um pad rão intersticial difuso na radiografia de tórax, poderá ser razoável, c o n siderando-se a realização de procedim entos diagnósticos invasivos, in stitu ir u m tratam e n to em pírico para P neum ocystis com SMX-TM P e para Chlamydia, M ycoplasma ou Legionella com um a q u i nolo na ou um derivado da eritrom icina (p. ex., azitrom icina). Os procedim entos não invasivos podem ser úteis, com o a coloração de esfregaços de escarro para Pneumocystis, testes de antígeno criptocóccico sérico e teste urinário para o antígeno da Legionella. A reali zação de testes séricos para galactom anana e b-D -glucano pode ser útil no diagnóstico de infecção p or Aspergillus, porém sua utilidade é lim itada pela sua falta de sensibilidade. N os pacientes soropositivos para o CM V subm etidos ao transplante, deve-se considerar a determ inação da carga de CM V no soro. Os estudos de sobrecarga viral (que possibilitam a quantificação dos vírus pelo m édico) su plantaram a determ inação sim ples da IgG sérica, que apenas d o c u m enta um a exposição anterior ao vírus. As infecções p o r vírus que provocam apenas sintom as respiratórios superiores em hospedeiros im unocom petentes, com o o vírus sincicial respiratório (RSV), os ví rus da influenza e parainfluenza, podem estar associadas à pneum onite fatal no hospedeiro im unocom prom etido. O teste de reação de polim erização em cadeia (PCR) perm ite atualm ente o rápido diag nóstico de pneum onia viral, que pode levar ao tratam ento em alguns casos (p. ex., influenza). A bleom icina constitui a causa mais com um de doença pulm onar induzida p or quim ioterapia. O utras causas são os agentes alquilantes (com o ciclofosfam ida, cloram bucil e m elfalano), n itrosureia [carm ustina (BCNU), lom ustina (CCNU ) e m etil-C C N U ], bussulfano, procarbazina, m etotrexato e hidroxiureia. Tanto a pneum onite in fecciosa quanto a não infecciosa (induzida p o r fárm acos e/o u irra diação) podem causar febre e anorm alidade na radiografia de tórax. Por conseguinte, o diagnóstico diferencial de infiltrado em pacientes subm etidos à quim ioterapia abrange am pla variedade de afecções (Q uadro 86.7). O tratam ento da pneum onite p o r irradiação (que pode responder notavelm ente aos glicocorticoides) ou p neum onite induzida p or fárm acos é diferente daquele da pneum onia infecciosa e pode ser im portante efetuar um a biópsia para o diagnóstico. Infe lizm ente, não se pode estabelecer o diagnóstico definitivo em -30% dos casos, m esm o após broncoscopia. A biópsia pulm onar a céu aberto constitui o “padrão-ouro” das técnicas diagnósticas. A biópsia por m eio de toracostom ia com vi sualização pode substituir, em m uitos casos, o procedim ento a céu aberto. Nos casos em que não é possível efetuar u m a biópsia, pode-se instituir o tratam ento em pírico com um a quinolona, ou um deriva do da eritrom icina (azitrom icina) e SM X-TPM usados na presença de infiltrados difusos, e um agente antifúngico é ad m in istrad o no caso dos infiltrados nodulares. C ontudo, os riscos devem ser cuida dosam ente avaliados nesses casos. Se forem adm inistrados fárm acos inapropriados, o tratam ento em pírico poderá ser tóxico ou ineficaz; qualquer um desses desfechos pode representar um risco m aior do que a biópsia.
sugere tal diagnóstico. As hem o cu ltu ras são negativas nessa doença de patogenia desconhecida.
■ SÍNDROMES ENDÓCRINAS Foram descritas infecções do sistem a endó crin o em pacientes im u nocom prom etidos. Pode ser difícil d iagnosticar a infecção da ti reoide p o r Candida durante o período neutropênico. Pode ser diag nosticada pela cintilografia com leucócitos m arcados com índio ou cintilografias de gálio após o aum ento das contagens dos neutrófilos. A infecção p or CM V pode causar adrenalite com ou sem insuficiên cia supra-renal resultante. O súbito aparecim ento de anom alia endó crina em um paciente im unocom prom etido pode constituir um sinal de infecção do órgão-alvo envolvido.
■ INFECÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS Pode ocorrer infecção em conseqüência de com prom etim ento vas cular, resultando em gangrena, quando um tu m o r restringe o supri m ento sanguíneo para os m úsculos, ossos ou articulações. O proces so de diagnóstico e tratam ento desse tipo de infecção assem elha-se ao do hospedeiro norm al, com as seguintes ressalvas: 1. Em term os de diagnóstico, a ausência de achados físicos em conseqüência da falta de g ranulócitos n o paciente granulocitopênico deve levar o m édico a u m a co n d u ta m ais agressiva na obtenção de am ostras de tecido, em vez de se basear nos sinais físicos; 2. E m termos de tratamento, pode ser n ecessário o d esb rid am en to agressivo dos tecidos infectados; todavia, é habitualm ente difícil o p e rar pacientes su b m e tid o s à q u im io terap ia recente devido à ausência de plaquetas (resu ltan d o em com plicações hem orrágicas) e falta de leucócitos (p o d e n d o levar a infec ções secundárias). A o btenção de h e m o c u ltu ra positiva para o C lostridium perfringens - u m m ic ro rg an ism o com um ente associado à gangrena gasosa - po d e ter diversos significados (Cap. 142). As infecções da corrente sanguínea p o r m icrorga nism os entéricos, com o o Streptococcus bovis e C. perfringens, p odem surgir espontaneam ente a p a rtir de lesões g astrintesti nais inferiores (tum ores ou pólipos). A lternativam ente, essas lesões p o d em ser p re cu rso ra s de d o e n ça invasiva. É preciso considerar o contexto clínico, a fim de d e fin ir o tratam e n to apropriado para cada caso.
■ INFECÇÕES RENAIS E URETERAIS As infecções do trato urin ário são com uns entre os pacientes que apresentam com prom etim ento da excreção ureteral (Q uadro 86.1). A Candida, que possui predileção pelo rim , pode invadir os pacientes im unocom prom etidos a pa rtir da corrente sanguínea ou de m odo re trógrado (através dos ureteres ou da bexiga). A presença de bolas de fungos ou de candidúria persistente sugere doença invasiva. A fungúria persistente (por Aspergillus bem com o Candida) deve levar a um a pesquisa de foco infeccioso no rim. Em geral, certos vírus são apenas observados em pacientes im u nossuprim idos. O vírus BK (poliom avírus h u m an o 1) tem sido d o cum entado na urina dos receptores de transplante de m edula óssea e, a exemplo do adenovírus, pode estar associado à cistite hem orrágica. Em geral, a cistite induzida pelo vírus BK regride com a m elhora da im unossupressão. Relatos inform ais descreveram o tratam ento de in fecções p or adenovírus e vírus BK com cidofovir.
■ INFECÇÕES CARDIOVASCULARES O s pacientes com a doença de H o dgkin estão pro p en so s a infec ções persistentes p o r Salmonella, afetando, algum as vezes (e com frequência especial o paciente idoso), u m sítio vascular. O uso de cateteres intravenosos d eliberadam ente alojados no á trio direito está associado à elevada incidência de e ndocardite bacteriana, p re sum ivelm ente relacionada com lesão valvar, seguida de bacterem ia. A endocardite trom bótica não bacteriana tem sido descrita em as sociação a um a variedade de neoplasias m alignas (m ais freq u en te m ente, tum ores sólidos) e p ode ocorrer após transplante de m edula óssea. A ocorrência de evento em bólico com novo sopro cardíaco
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ANORMALIDADES QUE PREDISPÕEM A INFECÇÕES (Q uadro 86.1)
■ 0 SISTEMA LINFOIDE Os detalhes relativos aos processos pelos quais todas as anorm alida des im unológicas, que resultam do câncer ou de quim ioterapia para o câncer, levam a infecções estão além dos objetivos deste capítulo. Os distúrbios do sistem a im une são discu tid o s em outras seções deste livro. C onform e assinalado a n teriorm ente, os pacientes com deficiência de anticorpos estão predispostos a infecções m aciças por
bactérias encapsuladas (com o o S. pneum oniae, H. influenzae e N. meningitidis). As infecções que resultam da falta de um sistem a im u ne celular funcional são descritas no Cap. 189. Não obstante, convém m encionar que os pacientes subm etidos à quim ioterapia intensiva para qualquer form a de câncer irão apresentar não apenas defeitos em conseqüência da granulocitopenia com o tam bém disfunção linfocitária, que pode ser profunda. Por conseguinte, esses pacientes em particular os que recebem esquem as com glicocorticoides ou fár m acos que inibem a ativação das células T (inibidores de calcineurina ou fárm acos com o a fludarabina, que afetam a função do linfócito) ou a indução de citocinas - devem receber profilaxia contra a p n e u m onia po r Pneumocystis.
■ 0 SISTEMA HEMATOPOIÉTICO
TRATAMENTO
Infecções em pacientes com câncer
TERAPIA ANTIBACTERIANA
Foram testadas centenas de esquem as antibacterianos para os pacientes que têm câncer. O principal ris co de infecção está relacionado com o grau de neutropenia obser vado em conseqüência da doença ou do tratam ento. M uitos dos estudos relevantes envolveram pequenas populações, nas quais os
E xam e físico: lesões cutâneas, m ucosas, locais de cateteres IV, área perirretal C ontagem de g ranulócitos: contagem absoluta < 500/j^L; d uração da n e u tropenia esperada H em oculturas; radiografia de tórax; outros exam es apro p ria d o s com base na an a m n e se (escarro, urina, b iópsia de pele)
Avaliação inicial
Tratamento inicial
Acompa nhamento
Tratar com a n tibiótico(s) efetivo(s) contra a e ró b io s G ram -negativos e G ram -positivos Foco infeccioso óbvio detectado
Tratamento Tratar a infecção com os subsequente m elhores a n tibióticos disponíveis. Não re stringir o espectro d e snecessariam ente. C on tin u a r tra ta n do para os aeróbios G ram -p o sitivo s e G ram -negativos
A usência de foco infeccioso óbvio
1 • i; "=z=
Afebril
Febril
C o n tin u a r o esquem a
Acrescentar um agente antifúngico de amplo espectro
C ontin u a r o tra ta m e n to até a re solução da neutropenia (contagem de gra n u ló cito s > 500/jj.L).
Figura 86.2 Algoritmo para o diagnóstico e tratamento dos pacientes neu tropênicos febris.
desfechos foram geralm ente satisfatórios, e a m aioria não teve p o der estatístico para detectar diferenças entre os esquem as estuda dos. C ada paciente n eutropênico febril deve ser abordado com o caso único, dedicando p a rticu la r atenção a infecções anteriores e exposições recentes a antibióticos. Várias diretrizes gerais são úteis para o tratam ento inicial dos pacientes neutropênicos que apresentam febre (Fig. 86.2): 1. No esquem a inicial, é necessário utilizar antibióticos ativos contra as bactérias G ram -negativas e G ram -positivas (Q ua dro 86.4); 2. M onoterapia com u m am inoglicosídio ou um antibiótico sem boa atividade contra os m icrorganism os G ram -positi vos (p. ex., ciprofloxacino ou aztreonam ), não é adequada nessa situação; 3. Os fárm acos utilizados devem refletir tanto a epidem iologia quanto o padrão de resistência aos antibióticos do hospital; 4. Se o padrão de resistência justificar o seu uso, um a única cefalosporina de terceira geração constituirá um esquem a inicial apropriado em m uitos hospitais; 5. A m aioria dos esquem as convencionais destina-se aos p a cientes que não receberam profilaxia prévia com antibióti cos. O aparecim ento de febre em u m paciente que recebeu antibióticos afeta a escolha do tratam ento subsequente, que deve ser dirigido contra os m icrorganism os resistentes e os que reconhecidam ente causam infecções em pacientes tra tados com os antibióticos já adm inistrados; 6. E studos clínicos random izados m o straram a segurança no uso dos esquem as de antibióticos orais no tratam ento dos pacientes de baixo risco que apresentam febre e n eu tro p e nia. Os pacientes am bulatoriais que presum ivelm ente irão perm anecer neutropênicos p o r < 1 0 dias e que não apresen tam problem as clínicos concom itantes (com o hipotensão, com prom etim ento p u lm o n ar ou d or abdom inal) podem ser classificados com o de baixo risco e tratados com um esque m a oral de am plo espectro; 7. Vários estudos em grande escala indicam que a profilaxia com um a fluoroquinolona (ciprofloxacino ou levofloxaci-
Infecções em Pacientes com Câncer
X Estudos prelim inares efetuados na década de 1960 revela r á : M ram notável aum ento na incidência de infecções (fatais e não fatais) entre os pacientes com câncer, que apresentam contagens de leucócitos < 500/ (jlL. O uso de agentes antibacterianos profiláticos reduziu o núm ero de infecções bacterianas, porém 3578% dos pacientes neutropênicos febris que estão sendo tratados para m alignidades hem atológicas desenvolvem infecções em algum m om ento durante a quim ioterapia. Patógenos aeróbios (tanto G ram -positivos quanto G ram -negativos) predom inam em todas as séries, porém os organism os exatos isolados variam de centro para centro. Infecções com organism os anaeróbios são raras. Padrões geográficos afetam os tipos de fungos isolados. A tuberculose e a m alária são cau sas com uns de febre nos países em desenvolvim ento e podem tam bém se apresentar neste cenário. Os pacientes neutropênicos são inusitadam ente suscetíveis a ad quirir infecções p o r am pla variedade de bactérias. Por esse m otivo, deve-se instituir a antibioticoterapia im ediata para a c obertura dos prováveis patógenos se houver suspeita de infecção. C om efeito, o início precoce do uso de agentes antibacterianos é obrigatório para evitar a m orte. C om o a m aioria dos pacientes im u n o co m p ro m eti dos, os pacientes neutropênicos são am eaçados pela sua própria flora m icrobiana, incluindo organism os G ram -positivos e Gram -negativos com um ente encontrados na pele e no intestino (Q uadro 86.4). Com o o tratam ento com agentes de espectro estreito leva a infecções por m icrorganism os não cobertos pelos antibióticos adm inistrados, o esquem a inicial deve ser orientado para todos os patógenos que p o s sam causar infecção bacteriana inicial em hospedeiros n e u tro p ê n i cos. De acordo com o algoritm o m ostrado na Figura 86.2, a adm inis tração de agentes antim icrobianos é rotineiram ente m antida até que a n eutropenia se resolva - isto é, que a contagem de granulócitos seja m antida acim a de 500/m L p o r pelo m enos dois dias. Em alguns ca sos, os pacientes perm anecem febris após a resolução da neutropenia. Nesses casos, o risco de m orte súbita po r bacterem ia é bastante red u zido e os seguintes diagnósticos devem ser seriam ente considerados: ( 1) infecção fúngica, (2) abscessos bacterianos ou focos de infecção não drenados e (3) febre p o r fárm acos (incluindo reações a agentes antim icrobianos, bem com o à quim ioterapia ou citocinas). Na situa ção adequada, a infecção viral ou a doença enxerto versus hospedeiro devem ser consideradas. Na prática clínica, a terapia antibacteriana é norm alm ente interrom pida quando o paciente não estiver m ais neu tropênico e todas as evidências de doenças bacterianas tiverem sido elim inadas. Os agentes antifúngicos são, então, descontinuados, se não houver mais evidências de doenças fúngicas. Se o paciente con tin u ar febril, é feita um a pesquisa para doenças virais ou patógenos raros, enquanto as citocinas e outros fárm acos desnecessários são eli m inados sistem aticam ente do tratam ento.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO PARA OS PACIENTES COM NEUTROPENIA FEBRIL
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no) dim inui as taxas de m orbidade e m ortalidade entre os pacientes afebris, nos quais se espera um a neu tro p en ia de longa duração.
Oncologia e Hematologia 720
O esquem a antibacteriano inicial deve ser ap rim o rad o com base nos resultados de cu ltura (Fig. 86.2). As hem o cu ltu ras são as m ais im portantes para servir de base ao tratam ento; as cu ltu ras de superfície da pele e das m ucosas podem ser enganosas. No caso de bacterem ia p o r G ram -positivos ou o u tra infecção p o r m icrorganism os G ram -positivos, é im portante que o antibiótico seja ideal para o m icrorganism o isolado. E m bora não seja dese jável deixar o paciente desprotegido, o acréscim o de m ais e m ais agentes antibacterianos ao esquem a não é apropriado, a m enos que exista algum a razão clínica ou m icrobiológica p ara fazê-lo. A terapia progressiva planejada (a adição seriada e em pírica de um fárm aco após o outro, sem dados de cultura) não é eficaz na m aioria das situações, p o d e n d o ter conseqüências desastrosas. O sim ples acréscim o de o utro an tibiótico pelo m edo da p re sença de infecção p o r m icrorganism os G ram -negativos é um a p rática duvidosa. O sinergism o exibido pelos betalactâm icos e am inoglicosídios contra certos m icrorganism os G ram -negativos (p articu larm en te P. aeruginosa) fornece a base racional para o uso de dois antibióticos nesse contexto, porém análises re ce n tes sugerem que a eficácia não aum enta com a adição de a m i noglicosídios, enquanto houver o aum ento da toxicidade. U m a sim ples cobertura dupla, com o acréscim o de um a q uinolona ou de o utro antibiótico que provavelm ente não exibe sinergism o, não d e m o n stro u ser benéfica, p o d e n d o causar efeitos tóxicos e efeitos colaterais adicionais. As cefalosporinas p o d e m causar m ielossupressão, e a vancom icina está associada à n e u tro p e n ia em alguns indivíduos sadios. Além disso, a adição de várias ce falosporinas pode in d u zir à produção de betalactam ase p o r al guns m icrorganism os. As cefalosporinas e duplas associações de betalactâm icos provavelm ente devem ser evitadas nas infecções p o r Enterobacter.
TERAPIA ANTIFÚNGICA As infecções fúngicas em pacientes que têm câncer estão m ais frequentem ente associadas à neutropenia. Os pacientes neutropênicos estão predispostos a c ontrair infec ções fúngicas invasivas, m ais com um ente p or espécies de Candida e Aspergillus, bem como, em certas ocasiões, p o r Fusarium, Trichosporon e Bipolaris. A infecção criptocóccica, com um entre os pacientes que estão fazendo uso de agentes im unossupressores, é rara entre os pacientes neutropênicos subm etidos à quim io tera pia para a LMA. A doença invasiva p or Candida é habitualm ente causada p o r C. albicans ou C. tropicalis, m as tam bém pode ser causada p or C. krusei, C. parapsilosis e C. glabrata. D urante décadas, o acréscim o de anfotericina B a esquem as antibacterianos tem sido um a prática clínica com um quando o paciente neutropênico perm anece febril, apesar de 4 a 7 dias de tratam en to com agentes antibacterianos. A base racional para este acréscim o em pírico reside na dificuldade de obter culturas de fungos antes que causem doença dissem inada e nas elevadas taxas de m ortalidade p or infecções fúngicas dissem inadas em pacientes granulocitopênicos. Antes da introdução dos azóis m ais recentes na prática clínica, a anfotericina B era a base da terapia a n tifú n gica. A insolubilidade da anfoterina B levou à com ercialização de várias form ulações lipídicas, m enos tóxicas do que o com plexo desoxicolato de anfotericina B. As equinocandinas (p. ex., caspofungina) são úteis n o tra ta m ento de infecções causadas p or Candida resistente ao azol, bem com o na terapia para aspergilose e têm se m ostrado equivalentes à anfotericina B lipossom al para o tratam en to em pírico de p a cientes com febre prolongada e neutropenia. Novos azóis têm se m ostrado eficazes neste cenário. E m bora o fluconazol seja efi caz no tratam ento das infecções causadas p or m uitas espécies de
Candida, seu uso contra as infecções fúngicas graves em pacien tes im unocom prom etidos é lim itado em v irtu d e de seu espectro estreito: o fluconazol carece de atividade contra o Aspergillus ou contra várias espécies de Candida que não a C. albicans. Os azóis de am plo espectro (p. ex., voriconazol e posaconazol) represen tam o utra opção para o tratam e n to da infecção p o r Aspergillus (Cap. 204), incluindo a infecção do SNC, em que a anfotericina B geralm ente não p roduz resultados. Os m édicos devem saber que o espectro de cada agente azol é um tan to diferente e que n e n h u m fárm aco po d e ser consid erad o eficaz contra todos os fungos. P or exem plo, en q u an to o voriconazol é ativo co n tra a Pseudallescheria boydii, a anfotericina B não exibe n en h u m a ati vidade; todavia, o voriconazol não tem atividade contra o Mucor. O posaconazol, que é ad m in istrad o oralm ente, é útil com o um agente profilático em pacientes com neu tro p en ia prolongada. Es tudos em andam ento estão avaliando o uso destes agentes de for m a sim ultânea. Para u m a discu ssão p o rm e n o riz a d a da terap ia antifúngica, ver o Cap. 198.
TERAPIA ANTIVIRAL
A d isp o n ib ilid ad e de u m a v ariedade de agentes com atividade co n tra os vírus do g rupo herpes, in cluin do alguns agentes recentes que apresentam espectro de atividade m ais am plo, levou a u m m aio r enfoque no tratam e n to das in fecções virais, que representam sério problem a no paciente com câncer. As doenças virais causadas pelo g ru p o dos herpesvírus são proem inentes. As infecções graves (e, algum as vezes, fatais) p or HSV e CM V são bem -docum entadas, e as infecções causadas p o r VZV p odem ser fatais em pacientes subm etidos à qu im io terapia. Os papéis dos h erpesvírus h u m an o s H H V -6, H H V -7 e H H V -8 (herpesvírus associado ao sarcom a de Kaposi) em p a cientes que têm câncer estão ainda sendo definidos (Cap. 182). E m bora a experiência clínica seja m ais extensa com o aciclovir, que pode ser utilizado com o terapia ou profilaxia, diversos fár m acos derivados oferecem certas vantagens em com paração com esse agente (Q u ad ro 86.8). Além dos vírus do g rupo herpes, diversos vírus respiratórios (particularm ente o RSV) podem causar doença grave em pacien tes que têm câncer. E nquanto se recom enda a vacinação contra a influenza (ver abaixo), tal conduta pode ser ineficaz nessa p o pulação de pacientes. A disponibilidade de agentes antivirais que exibem atividade contra os vírus da influenza fornece ao m édi co opções adicionais para o tratam en to dos referidos pacientes (Q uadro 86.9).
OUTRAS MODALIDADES TERAPÊUTICAS O u tra m an eira de abor dar os problem as do paciente n e u tro p ê n ic o febril é rep o r a p o pulação de neutrófilos. E m bora as transfusões de granulócitos sejam eficazes no tratam e n to da bacterem ia refratária p o r m i crorganism os G ram -negativos, seu papel na profilaxia não foi docum entado. Em virtude de seu alto custo, do risco de reações de leucoaglutinina (que provavelm ente dim in u iu com o a prim o ram ento dos p rocedim entos de separação de células) e do risco de transm issão do CM V de doadores não subm etidos à triagem (reduzido com o uso de filtros), as transfusões de granulócitos são reservadas aos pacientes que não respondem aos antibióticos. Essa m odalidade m ostra-se eficaz na b acterem ia do cu m en tad a p or m icrorganism os G ram -negativos refratários aos antibióticos, particularm ente em situações em que o n úm ero de granulócitos ficará dim inuído apenas p o r um c u rto p e río d o de tem po. A u ti lidade dem onstrada do fator de estim ulação das colônias de gra nulócitos (G-CSF) na m obilização dos neutrófilos e os progressos nas técnicas de preservação p odem to rn a r essa opção m ais útil do que no passado. D iversas citocinas, in clu in d o o G-CSF e o fator estim ulador de colônias de g ra n u ló c ito s e m acrófagos (G M -C SF), m elh o ram a recuperação dos g ranulócitos após a q u im ioterapia e, em
r QUADRO 86.8
Agentes antivirais ativos contra o herpervírus
Agente
Descrição
Espectro
Toxicidade
Outros aspectos
Aciclovir
Inibe a polimerase do HSV
HSV, VZV (± CMV, EBV)
História longa de segurança; agente antiviral original
Fanciclovir
Pró-fármaco do penciclovir (um análogo da guanosina)
HSV, VZV (± CMV)
Raramente apresenta efeitos colaterais; pode ocorrer cristalúria com altas doses Associado a câncer em ratos
Valaciclovir
Pró-fármaco do aciclovir, melhor absorção
HSV, VZV (± CMV)
Associado a microangiopatia trombótica em um estudo de pacientes imunocomprometidos
Ganciclovir
Inibidor mais potente da polimerase; mais tóxico do que o aciclovir
HSV, VZV, CMV, HHV-6
Mielossupressão
Melhor absorção oral e meia-vida efetiva mais longa que a do aciclovir; pode ser administrado em dose diária única para profilaxia A neutropenia pode responder ao G-CSF ou GM-CSF
Valganciclovir
Pró-fármaco do ganciclovir; melhor absorção
HSV, VZV, CMV, HHV-6
Mielossupressão
-
Cidofovir
Nucleotídio análogo à citosina
HSV, VZV, CMV, boa atividade in vitro contra adenovírus e outros vírus
Nefrotóxico, mielossupressão
Administrado por via intravenosa 1 vez/semana
Foscarnet
Ácido fosfonofórmico; inibe a DNA polimerase viral
HSV, VZV, CMV, HHV-6
Nefrotóxico, é comum a ocorrência de anormalidades eletrolíticas
IV apenas
Meia-vida efetiva mais longa que a do aciclovir
Nota: ±, agente com alguma atividade, porém não suficiente para o tratamento de infecções; CMV, citomegalovírus; EBV, vírus Epstein-Barr; G-CSF, fator estimulador de colônias de granulócitos; GM-CSF, fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos; HHV, herpesvírus humano; HSV, herpesvírus simples; VZV, vírus varicela-zóster.
QUADRO 86.9
Um a vez resolvida a n e u tropenia, o risco de infecção reduz dram aticam ente. E ntretanto, dependendo dos fárm acos adm inis trados, os pacientes que continuam em protocolos de q u im iote rapia perm anecem com alto risco de desenvolver certas doenças. Todo paciente ao qual se ad m in istra m ais do que um a dose de m anutenção de glicocorticoides (incluindo m uitos esquem as de tratam ento para o linfom a difuso) tam bém deve receber profila xia com SM X-TMP devido ao risco de infecção po r Pneumocystis-, os pacientes que apresentam LLA devem receber essa profilaxia durante toda a quim ioterapia.
Outros agentes antivirais úteis no tratamento de infecções em pacientes com câncer
Agente
Descrição
Espectro
Toxicidade
Outros aspectos
Amantadina, rimantadina
Interferem no desnudamento
Influenza A apenas
5 a 10% menos de efeitos sobre o SNC com a rimantadina
Podem ser administradas profilaticamente
Zanamivir Oseltamivir
Inibidor da neuraminidase
Influenzas A e B
Habitualmente bem-tolerado
Apenas por inalação
Inibidor da neuraminidase
InfluenzasA e B
Habitualmente bem-tolerado
Dose VO
Pleconarila
Bloqueia a ligação e o desnudamento dos enterovírus
90% dos enterovírus, 80% dos rinovírus
Geralmente bem-tolerado
Diminui a duração da meningite; disponível para uso compassivo
Interferon
Citocinas com amplo espectro de atividade
Utilizadas localmente para verrugas, sistemicamente para a hepatite
Febre, mialgias, mielossupressão
Não se mostram úteis na infecção por CMV: uso limitado em virtude de sua toxicidade
Ribavirina
Análogo da purina (o mecanismo exato de sua ação é desconhecido)
Amplo espectro teórico; uso documentado contra VSR, vírus da febre de Lassa e vírus da hepatite (com interferon)
A forma IV provoca anemia
Administrada por aerossol para a infecção por RSV (eficácia duvidosa; aprovada para uso em crianças com cardíopatia/doença pulmonar); administrada com interferon para hepatite C
Infecções em Pacientes com Câncer
conseqüência, e n cu rtam o p e río d o de v ulnerabilidade m áxim a a infecções fatais. G am a interferon tem sido d em o n stra d o com o eficaz em algum as infecções causadas p o r o rganism os in tra c e lulares, presum ivelm ente devido à sua habilidade em ativar m a crófagos. C ontudo, o papel dessas citocinas n a p rática de ro tin a a inda é objeto de certa controvérsia. A m aioria dos especialis tas só reco m en d a o seu uso q u a n d o a n e u tro p e n ia for grave e prolongada. As p ró p rias citocinas p o d e m ter efeitos adversos, com o febre, hipoxem ia e d erram es pleurais ou serosite em o u tras áreas (Cap. 314).
Nota: CMV, citomegalovírus; SNC, sistema nervoso central; VSR, vírus sincicial respiratório.
721
PREVENÇÃO DA INFECÇÃO EM PACIENTES COM CÂNCER
m atismo, visto que m esm o cortes m icroscópicos p odem resultar em invasão bacteriana e sepse fatal.
■ EFEITO DO AMBIENTE Os surtos de infecção fatal po r Aspergillus têm sido associados, em vários hospitais, a projetos e m ateriais de construção. A associação entre as contagens dos esporos e o risco de infecção sugere a necessi dade de um sistem a de processam ento do ar altam ente eficiente nos hospitais que tratam de grande núm ero de pacientes neutropênicos. O uso de salas com fluxo lam inar e a profilaxia com antibióticos d i m in u íram o núm ero de episódios com infecção em pacientes que apresentam neutropenia grave. Todavia, em virtude do elevado custo desse program a e da incapacidade de dem onstrar que ele afeta dras ticam ente as taxas de m ortalidade, a m aioria dos centros não utiliza rotineiram ente o fluxo lam inar na assistência dos pacientes n e u tro pênicos. Alguns centros utilizam o isolamento reverso, em que os p ro fissionais de saúde e visitantes de um paciente neutropênico utilizam roupão e luvas. C om o a m aioria das infecções que esses pacientes desenvolvem é causada p or m icrorganism os que colonizam o intesti no do próprio paciente, a validade de tais esquem as é duvidosa, e os dados clínicos lim itados não corroboram o seu uso. A lavagem das m ãos p o r todos os profissionais de saúde que tratam dos pacientes neutropênicos deve ser exigida para evitar a dissem inação dos m i crorganism os resistentes. A presença de grande núm ero de bactérias (particularm ente P. aeruginosa) em certos alim entos, sobretudo vegetais frescos, levou alguns especialistas a recom endar dietas especiais com baixo número de bactérias. Um a dieta constituída de alim entos cozidos e enlatados é satisfatória para a m aioria dos pacientes neutropênicos e não envol ve protocolos elaborados de desinfecção ou esterilização. C ontudo, não existem estudos conduzidos para sustentar esse tipo de restrição alim entar. Recom enda-se o aconselham ento dos pacientes p ara evi tar sobras, alim entos de delicatessen e laticínios não pasteurizados.
■ MEDIDAS FÍSICAS
Oncologia e Hematologia
Em bora poucos estudos tratem dessa questão, os pacientes que têm câncer são predispostos a infecções em conseqüência de com prom e tim ento anatôm ico (p. ex., linfedem a em decorrência de dissecção de linfonodos após m astectom ia radical). Os cirurgiões especialistas em cirurgia de câncer podem fornecer diretrizes específicas para os cuidados desses pacientes, que se beneficiam dos conselhos sensatos sobre com o prevenir infecções em áreas vulneráveis.
■ REPOSIÇÃO DE IMUNOGLOBUUNAS M uitos pacientes que têm m ielom a m últiplo ou LLC apresentam deficiência de im unoglobulinas em conseqüência de sua doença, e todos os receptores de transplante de m edula óssea alogênica apre sentam hipogam aglobulinem ia p o r um p eríodo de tem po após o transplante. Entretanto, as recom endações atuais reservam a terapia de reposição com im unoglobulina intravenosa aos pacientes que apresentam hipogam aglobulinem ia grave (< 400 m g/dL ) e p ro lo n gada. Foi constatado ser a profilaxia com antibióticos m ais barata e eficaz na prevenção de infecções, na m aioria dos pacientes com LLC que apresentam hipogam aglobulinem ia. Não se recom enda o uso ro tineiro de reposição com im unoglobulina.
■ PRÁTICAS SEXUAIS Recom enda-se o uso de preservativos para os pacientes que apresen tam im unocom prom etim ento grave. Toda prática sexual que resulte em exposição oral a fezes não é recom endada. Deve se aconselhar os pacientes neutropênicos a evitar qualquer prática passível de tra u
722
■ PROFILAXIA COM ANTIBIÓTICOS Diversos estudos indicam que o uso de fluoroquinolonas orais im pede a infecção e dim inui a taxa de m ortalidade entre os pacientes com neutropenia grave. O fluconazol evita as infecções p o r Candida quando adm inistrado profilaticam ente aos pacientes subm etidos ao transplante de m edula óssea. O uso de agentes antifúngicos de espec tro mais amplo (p. ex., posaconazol) parece ser m ais eficaz. A profi laxia contra o Pneumocystis é obrigatória para os pacientes que têm LLA e para todos os pacientes que, tendo câncer, são subm etidos a esquemas quim ioterápicos com glicocorticoides.
■ VACINAÇÃO DE PACIENTES COM CÂNCER Em geral, os pacientes subm etidos à quim ioterapia respondem de m odo m enos satisfatório às vacinas do que os hospedeiros norm ais. Por conseguinte, sua m aior necessidade de vacinas leva a um dilema no seu tratam ento. As vacinas de proteínas purificadas e as vacinas quase nunca estão contraindicadas, devendo ser adm inistradas aos pacientes m esm o durante a quim ioterapia. Por exem plo, todos os adultos devem receber reforços de toxoide diftérico-tetânico nos pe ríodos indicados bem com o a vacina sazonal contra a influenza. To davia, se possível a vacinação não deve ser efetuada ao m esm o tem po em que a quim ioterapia citotóxica. Se os pacientes tiverem que rece ber quim ioterapia durante vários meses, e a vacinação estiver indica da (p. ex., vacinação contra a influenza no outono), a vacina deverá ser adm inistrada no m eio do ciclo - o mais longe possível dos agentes antim etabólicos que im pedem um a resposta im une. As vacinas de polissacarídios m eningocóccicos e pneum ocóccicos devem ser adm i nistradas aos pacientes antes da esplenectom ia, se possível. Deve-se adm inistrar vacina conjugada para o H. influenzae tipo B a todos os pacientes esplenectom izados. Em geral, as vacinas de vírus vivos (ou de bactérias vivas) não de vem ser adm inistradas a pacientes durante a quim ioterapia intensiva devido ao risco de infecção dissem inada. O Q uadro 86.2 fornece um resum o das recom endações para vacinação.
BIBLIOGRAFIA A et al: Antibiotic prophylaxis for bacterial infections in afebrile neutropenic patients following chemotherapy. Cochrane Database Syst Rev 4:CD004386, 2009 G u p t a A et al: Infections in acute myeloid leukemia: An analysis of 382 febrile episodes. Med Oncol, published online October 15,2009 M e r m e l LA et al: Clinical practice guidelines for the diagnosis and manage ment of intravenous catheter-related infection: 2009 update by the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis 49:1,2009 P a u l M et al: Beta-lactam versus beta-lactam-aminoglycoside combination therapy in cancer patients with neutropenia. Cochrane Database Syst Rev 3:CD003038, 2010 P i c k e r i n g LK et al: Immunization programs for infants, children, adolescents, and adults: Clinical practice guidelines by the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis 49:817,2009 T o m b l y n M et al: Guidelines for preventing infectious complications among hematopoietic cell transplantation recipients: A global perspective. Biol Blood Marrow Transplant 15:1143, 2009 U l l m a n n AJ et al: Posaconazole or fluconazole for prophylaxis in severe graft-versus-host disease. N Engl J Med 356:335, 2007 V e n t o S et al: Lung infections after cancer chemotherapy. Lancet Oncol 9:982, 2008 G a f t e r -G v i l i
CAPÍTULO
87
Câncer de Pele W alter J. Urba Carl V. Washington Hari Nadim inti MELANOMA As lesões pigm entadas estão entre os achados m ais com uns do exame da pele. O desafio é diferenciar os m elanom as cutâneos, responsáveis pela grande m aioria das m ortes que advêm do câncer cutâneo, do restante, que com raras exceções é benigno. O m elanom a cutâneo pode ocorrer em adultos de todas as idades, m esm o em indivíduos jovens e de todas as etnias; localiza-se na pele, onde é visível; e apre senta características clínicas distintas que o tornam detectável em um m om ento no qual é possível ser feita a excisão cirúrgica completa. Na Figura 87.1 são m ostrados exem plos de lesões pigm entadas m alignas e benignas.
■ EPIDEMIOLOGIA
D
Figura 87.1 Lesões pigmentadas atípicas e malignas. 0 melanoma mais comum é o melanoma extensivo superficial (não está ilustrado). A. 0 melanoma lentiginoso acral é o melanoma mais comum em negros, asiáticos e hispânicos, ocorrendo como uma mácula ou placa hiperpigmentada que aumenta de tamanho nas palmas das mãos e plantas dos pés. Ocorre difusão lateral do pigmento. B. A manifestação mais comum do melanoma nodular é um nódulo negro de crescimento rápido, em geral ulcerado ou crostoso. C. 0 lentigo maligno-melanoma ocorre na pele exposta ao sol, como uma grande mácula ou placa com margens irregulares e pigmentação variável. D. Nevos displásicos são lesões nevomelanocíticas de formato e pigmentação irregulares que podem estar associadas ao melanoma familiar.
Câncer de Pele
O m elanom a é um a m alignidade agressiva dos m elanócitos: células produtoras de pigm ento, que se originam na crista neural e m igram para a pele, m eninges, m em branas m ucosas, esôfago su p erio r e olhos. Os m elanócitos de cada um a destas regiões apresentam o p o tencial para a transform ação maligna. Nos Estados U nidos, espera-se que quase 69.000 indivíduos desenvolvam m elanom a e aproxim ada m ente 9.000 cheguem ao óbito em 2010. E m bora a incidência total e a m ortalidade tenham aum entado nas últim as décadas, as taxas de m ortalidade dos pacientes m ais jovens se estabilizaram , enquanto as taxas dos indivíduos com m ais de 65 anos continuou a aum entar. É um a m alignidade que ocorre p redom inantem ente em indivíduos brancos (98% dos casos) e a incidência se relaciona com a latitude de residência, im plicando fortes evidências no papel da exposição ao sol. Os hom ens são afetados ligeiram ente m ais do que as m ulheres (1,3:1) e a idade m ediana de diagnóstico é o final da década dos 50 anos. A população de pele m orena (com o os indianos e p o rto -riq u e nhos), negros e asiáticos do leste tam bém desenvolvem m elanom a, porém em taxas 10 a 20 vezes inferiores àquelas dos brancos. Nestas populações, os m elanom as cutâneos são diagnosticados m ais fre quentem ente em um estágio m ais avançado e os pacientes tendem a apresentar piores prognósticos. Além disso, em populações não b ra n cas, ocorre um a m aior frequência de m elanom as acral (subungual, plantar, palm ar) e mucoso.
>50% de desenvolver m elanom a ao longo da vida e são encam inha dos para um acom panham ento estrito com um derm atologista. Dos
■ FATORES DE RISCO Os m aiores fatores de risco p ara o m elanom a são a presença de m últi plos nevos benignos ou atípicos e um a história fam iliar ou pessoal da doença (Q uadro 87.1). A presença de nevos m elanocíticos, com uns ou displásicos, é um m arcador para o risco aum entado de m elanom a. Os nevos têm sido considerados com o lesões precursoras porque p o dem se transform ar em m elanom as; entretanto, o real risco de qual quer nevo específico é m uito baixo. A proxim adam ente um quarto dos m elanom as são histologicam ente associados aos nevos, porém a m aioria se origina de novo. O Q u a d ro 87.2 lista as características de sinais clinicam ente atípicos e as características que os diferenciam dos nevos benignos adquiridos. O núm ero de sinais clinicam ente atí picos varia de um a a várias centenas e, em geral, diferem entre si na aparência. As m argens frequentem ente são obscuras e indistintas, e o padrão de pigm entação é m ais altam ente variável que o dos nevos benignos adquiridos. Indivíduos com sinais clinicam ente atípicos e um a forte história fam iliar de m elanom a têm apresentado um risco
QUADRO 87.1 melanoma
Fatores associados a um risco elevado para
Nevos no corpo todo (maior número = maior risco) História pessoal ou familiar Nevos displásicos Pele clara / cor dos olhos e cabelos Sensibilidade excessiva ao sol Manchas pequenas e amarronzadas Exposição aos raios UV/queimaduras solares/câmaras de bronzeamento Mutação em CDKN2A Variantes de MC 1fí
723
QUADRO 87.2 Lesões pigmentadas que precisam ser distinguidas do melanoma cutâneo e seus precursores Carcinoma basocelular pigmentado
Margem papulosa. Pode ter ulceração central. Geralmente em uma superfície exposta ao sol em um paciente idoso. O paciente costuma ter olhos castanho-escuros e cabelos castanho-escuros ou negros
Ceratose seborreica
Lesões com margens definidas, ásperas, macias e “estucadas"; a cor varia desde cor-de-pele a castanha até castanho-escuro. A presença de tampões de ceratina na superfície é útil para distinguir especialmente lesões escuras de melanomas
Dermatofibroma pigmentado
A lesão não é bem-demarcada visualmente, é firme e afunda ao ser comprimida lateralmente. Em geral nas extremidades, < 6 mm
Hemangioma
Nódulo avermelhado, purpúrico, azul, em forma de cúpula. A compressão com uma lâmina de microscopia pode resultar em branqueamento. Precisa ser distinguido do melanoma nodular
Hematoma subungueal
Coloração acastanhada (marrom-avermelhada). Á medida que a lesão cresce por fora da prega ungueal, vê-se uma área clara curva
Lentigo Juvenil
Lesão plana uniformemente marrom médio a escuro com margens nítidas.
Solar
Os lentigos solares são lesões adquiridas em locais de exposição solar crônica (face e dorso das mãos) Têm 2 mm a s 1 cm ou mais. Os lentigos solares têm pigmentação reticulada quando vistos sob aumento
Nevo azul
Azul metálico ou cerúleo, azul-acinzentado Estável com o tempo. Metade ocorre no dorso das mãos e dos pés. As lesões em geral são únicas, pequenas, com 3 mm a < 1 cm. Precisam ser distinguidos do melanoma nodular
Nevo composto
Formato arredondado ou oval, bem demarcado, margens lisas. Pode ter forma de cúpula ou ser papilomatoso; as cores variam de cor-de-pele a castanho muito escuro, com os nevos individuais tendo uma coloração relativamente homogênea
Nevojuncional
Lesão castanha plana a um pouco elevada. Margens nítidas. Pigmentação fina pontilhada visível, em especial quando vista sob aumento
Tatuagem (clínica ou traumática)
Nas tatuagens clínicas, as lesões são pequenos pontos pigmentados, em geral azuis ou verdes, que formam um padrão regular (retângulo). As tatuagens traumáticas são irregulares e a pigmentação pode parecer negra
90% dos pacientes com m elanom a cuja doença é esporádica (isto é, não têm história familiar de m elanom a), cerca de 40% têm sinais cli nicam ente atípicos, com parados com um a estim ativa de 5 a 10% na população geral. Os nevos m elanocíticos congênitos, que são classificados com o pequenos (< 1,5 cm), m édios (1,2-20 cm ) e gigantes (> 20 cm), p o dem ser precursores de m elanom as. O risco é m ais elevado para o nevo m elanocítico gigante, tam bém cham ado de nevo do calção do banhista, um a m alform ação rara que afeta um em cada 30.000 a 100.000 indivíduos, com um risco de desenvolver m elanom a ao lo n go da vida estim ado em até 6%. A tualm ente, não existem norm as de controle uniform es para o nevo congênito gigante, porém devido ao seu potencial para a m alignidade, a excisão profilática em um p e ríodo precoce da vida é prudente. Esta norm alm ente deve ser reali
724
zada em etapas com cobertura p o r enxerto cutâneo. A cirurgia não pode rem over todas as células do nevo em risco, pois algum as podem p en etrar nos m úsculos ou no sistem a nervoso central (SNC) abaixo do nevo. Os nevos melanocíticos congênitos pequenos a médios acom e tem aproxim adam ente 1% das pessoas; o risco de desenvolver m e lanom a nessas lesões é desconhecido, m as parece ser relativam ente baixo. O tratam ento dos nevos m elanocíticos congênitos de tam anho pequeno a m édio perm anece controverso.
História pessoal e familiar Talvez o m aior fator de risco isolado para o desenvolvim ento de m e lanom a seja um a história pessoal de doença. U m a vez diagnosticada, pacientes com m elanom a deverão ser acom panhados p o r toda a vida, pois apresentam um risco dez vezes m aior do que a população geral. Parentes em prim eiro grau apresentam um m aior risco em desenvol ver m elanom a do que indivíduos sem um a história familiar, porém apenas 5 a 10% de todos os m elanom as são verdadeiram ente fam ilia res. No m elanom a familiar, os pacientes tendem a ser m ais jovens no prim eiro diagnóstico, as lesões são m ais finas, a sobrevida é m elhor e os m elanom as prim ários m últiplos são com uns.
Suscetibilidade genética A proxim adam ente 20 a 40% dos casos de m elanom a hereditário (0,22% de todos os m elanom as) são devidos às m utações germ inativas no gene regulador do ciclo celular, que codifica a quinase inibidora de 2A dependente da ciclina (CDK N2A). N a verdade, 70% de todos os m elanom as cutâneos apresentam m utações som áticas ou deleções afetando o locus CDKN2A n o crom ossom o 9p21. Esse locus codifica duas proteínas supressoras de tu m o r d istintas a p artir de dois fram es de leitura alternados: p ló e ARF (p l4 ARF). A proteína p l 6 inibe a fos forilação m ediada p or CDK 4/6 e a inativação da proteína do retin o blastom a (RB), enquanto ARF inibe a degradação de p53 m ediada pela ubiquitina M DM 2. O resultado final da perda de CDKN2A é a inativação de duas vias críticas supressoras de tum or, RB e p53, que controlam a entrada das células no ciclo celular. Diversos estudos m ostraram um risco aum entado de câncer pancreático em famílias com tendência ao m elanom a com m utações em CDKN2A. O gene que codifica o recep to r de m e la n o co rtin a - 1 (MC1R) tam bém é um fator de suscetibilidade ao m elanom a hereditário. A radiação solar estim ula a produção de m elanocortina [um h o rm ô nio estim ulador de m elanócito (a-M SH ), o ligante para MC1R, um receptor acoplado à proteína G que sinaliza via AM P cíclico e regula a quantidade e o tipo de pigm ento produzido. M C1R é altam ente p o lim órfica e entre as suas 80 variantes estão aquelas que levam à p e r da parcial de sinalização e à p rodução de feom elanina, que não tem função de proteção solar e pro d u z cabelo verm elho. O fenótipo de cor de cabelo verm elho (RHC) está associado à pele sensível, cabelo verm elho, sardas, sensibilidade aum entada ao sol e risco aum entado para o m elanom a.
■ CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA Tradicionalmente, quatro principais tipos de m elanom a cutâneo têm sido caracterizados (Q u a d ro 87.3). Em três deles - melanoma exten sivo superficial, lentigo m aligno-m elanom a e m elanom a lentiginoso acral —, a lesão tem um p eríodo de crescim ento superficial (denom i nado radial) durante o qual aum enta de tam anho, p orém não penetra profundam ente. É d u ra n te esse perío d o que o m elanom a pode ser curado p o r excisão cirúrgica. O qu arto tipo - melanom a nodular não tem um a fase reconhecível de crescim ento radial, se apresentan do em geral com o um a lesão profundam ente invasiva, capaz de p ro duzir m etástases precoces. Q uando os tum ores com eçam a penetrar profundam ente na pele, entram na denom inada fase de crescim ento vertical. Os m elanom as em fase de crescim ento radial caracterizam -se por m argens irregulares, às vezes entalhadas, p or variação no p a drão da pigm entação e cor. O paciente observa aum ento de tam anho ou alteração da cor em 70% das lesões iniciais. Sangram ento, ulce ração e dor são sinais tardios, sendo de pouco auxílio para o reco nhecim ento inicial. O m elanom a extensivo superficial é a variante
QUADRO 87.3
Classificação do melanoma maligno Idade média por ocasião do diagnóstico, em anos
Duração de existência conhecida, em anos
Superfícies expostas ao sol, em particular a região malar das bochechas e as têmporas
70
5-20 ou maisa
Nas partes planas, tonalidades do marrom e castanho predominantes, mas às vezes branco-acinzentada; nos nódulos, tonalidades do marrom-avermelhado, cinza-azulado, negro-azulado
Melanoma extensivo superficial
Qualquer local (mais comum na parte superior das costas e, em mulheres, nas pernas)
40-50
1-7
Tonalidades do marrom misturadas com vermelho-azulado (violáceo), negro-azulado, marrom-avermelhado e muitas vezes rosa-esbranquiçado, com a margem da lesão pelo menos em parte visível e/ou palpavelmente elevada
Melanoma nodular
Qualquer local
40-50
Meses-A) que resulta em um a substituição do am inoácido valina pelo glutam ato (V600E). As m utações V600E em BRAF não apresentam a m utação pad rão de exposição ao UV (dím ero de p irim idina), porém estão presentes n a m aio ria dos m elanom as que surgem nos locais com exposição in term itente ao sol e estão ausentes n os m elanom as de peles lesadas de form a crônica pelo sol. O s m elanom as tam b é m ap resen tam m utações em AKT (p ri m ariam e n te em AKT3) e em PT E N (ho m ó lo g a à fosfatase e tensina). AKT p o d e ser am plificada e PT E N p o d e ser d e le tad a ou passar p o r silenciam ento epigenético que leva à ativação c o n sti tutiva da via PI3K /A K T e ao a u m e n to da sob rev id a celular pelo an tagonism o da via intrínseca da apoptose. A p erd a de PT E N , que desregula a atividade de AKT e a m u tação em AK T3 p rolongam a sobrevivência p o r m eio da inativação de BAD, an ta g o n ista de Bcl2 na m orte celular, e a ativação do fator de tran scrição F O X O l, que leva à síntese de genes pró-sobrevivência. No m elanom a, estas duas vias de sinalização ativam a tum origênese, a qu im io rresistên cia, a m igração e a desregulação do ciclo celular. E stão sendo e m pregados agentes alvos que inibem cada via, p o rém é provável que u m a terap ia antim elan o m a eficaz re q u eira a in ibição sim u ltân ea das vias M A PK e PI3K.
■ DIAGNÓSTICO O principal objetivo é diagnosticar o m elanom a no início da sua his tória natural, antes da ocorrência de invasão do tu m o r e das m etásta ses fatais. A detecção precoce do m elanom a pode ser facilitada apli cando-se a regra ABCDEs: A ssim etria (lesões benignas geralm ente são sim étricas); Bordas irregulares (a m aioria dos nevos tem bordas bem dem arcadas); Cores variadas (as lesões benignas em geral têm pigm ento claro ou escuro uniform e); D iâm etro > 6 m m (o tam anho de um a borracha de lápis; Evolução (qualquer alteração no tam anho, form a, cor ou elevação ou novos sintom as com o sangram ento, coceira e espessam ento). O objetivo do diagnóstico diferencial é distinguir as lesões pigm entadas benignas dos m elanom as e seus precursores. Se a hipótese for de m elanom a, a biópsia é adequada. A lguns nevos benignos sem elhantes podem ser rem ovidos no processo de se tentar
726
1. Tam anho: Nevos benignos geralm ente p ossuem < 6 m m de diâ m etro; m anchas atípicas geralm ente são > 6 m m de diâm etro. 2. Forma: Nevos benignos geralm ente são redondos com bordos distintos e podem ser achatados ou elevados; m anchas atípicas costum am apresentar bordos irregulares com claream ento do pigm ento nos seus limites. 3. Cor: Nevos benignos costum am ser uniform em ente m arrons ou corados; m anchas atípicas costum am apresentar m isturas variáveis de pigm entos m arrom , preto ou verm elho e diferem uns dos outros. 4. Localização: Nevos benignos costum am surgir na pele exposta ao sol acim a da cintura, envolvendo raram ente o couro cabelu do, seios ou nádegas; m anchas atípicas norm alm ente aparecem na pele exposta ao sol, com m ais frequência nas costas, porém pode envolver o couro cabeludo, seios ou nádegas. 5. N úm ero: Nevos benignos estão presentes em 85% dos adultos, com 10-40 m anchas espalhadas p o r todo o corpo; nevos atípi cos podem estar presentes em centenas. Toda a superfície cutânea, incluindo o couro cabeludo e as m em branas m ucosas, assim com o as unhas, deverá ser exam inada em cada paciente. É im portante um a ilum inação brilhante do am biente e um a lupa de m ão pode ser útil para se avaliar a variação no p a drão do pigm ento. Q uaisquer lesões deverão sofrer biópsia, avaliadas por um especialista, ou registradas p o r desenho e/ou fotografia para acom panham ento. Um m étodo focado no exam e de lesões indivi duais, a derm oscopia, utiliza um p equeno aum ento da epiderm e e pode p erm itir um a visualização m ais precisa de padrões de pigm en tação do que seria possível a olho nu. O exam e físico com pleto, com atenção aos linfonodos regionais, é p arte da avaliação inicial em um paciente suspeito de m elanom a. O paciente deverá ser aconselhado a trazer outros m em bros da família para o exame, caso esteja presente o m elanom a ou m anchas clinicam ente atípicas (nevos displásicos). Os pacientes que se encaixem nos grupos de alto risco deverão ser instruídos a realizar autoexam es m ensais.
Biópsia Q ualquer lesão cutânea pigm entada que ten h a sofrido alterações de tam anho ou form a ou com outras características sugestivas de m e lanom a m aligno deve ser biopsiada. A técnica recom endada é um a biópsia excisional, porque facilita a avaliação patológica da lesão, perm ite a m edida exata de sua espessura se a lesão for m elanom a, sendo terapêutica se a lesão for benigna. Para lesões grandes ou em locais anatôm icos onde a biópsia excisional pode não ser exeqüível (com o a face, as m ãos ou os pés), é aceitável um a biópsia incisional por m eio da área mais n odular ou m ais escura da lesão, devendo in cluir a fase de crescim ento vertical do tu m o r prim ário, se houver. A biópsia incisional não parece facilitar a dissem inação do m elanom a. No caso de lesões suspeitas, deverão ser feitas todas as tentativas para preservar a capacidade de acessar a m argem p rofunda e periférica e para realizar a im uno-histoquím ica. As biópsias p or raspagem e a cauterização deverão ser evitadas. A biópsia deverá ser analisada por um patologista experiente em lesões pigm entadas e os elem entos m ínim os do estudo deverão incluir a espessura de Breslow, m itoses p o r m ilím etro quadrado para lesões < 1 m m , presença ou ausência de ulceração e estado da m argem periférica e profunda. Espessura de Brelow é a m aior espessura de u m m elanom a cutâneo prim ário m edida na lâm ina, da parte superior da cam ada granular epidérm ica ou da base da úlcera à p arte inferior do tum or. Para se distinguir os m elanom as dos nevos benignos, em casos de histologia duvidosa, a técnica de hibridização in situ com fluorescência (FISH) de diversas sondas poderá ser útil.
■ FATORES PROGNÓSTICOS O s fatores p ro g n ó stico s de m aio r im p o rtâ n c ia p a ra u m paciente recém d iag n o sticad o estão in clu íd o s n a classificação d o estadia-
m ento (Q u a d ro 87.4). O m elh o r p revisor do risco m etastático é a espessura de Breslow da lesão. O nível Clark, que d efine os m ela nom as com base n a cam ada de pele que o m elanom a invadiu, não adiciona inform ação pro g n o stica significativa e não é m ais usado. O u tro s fatores im p o rta n te s reconhecidos pela classificação do es tad ia m e n to incluem a presença de ulceração, evidência de envol v im ento nodal, a lactato desidrogenase sérica (LD H ) e a p resença e o local das m etástases distantes. O s efeitos destes fatores p ro g nósticos im p o rta n te s sobre a sobrevivência p o d e m ser vistos na Fig. 87.3, on d e a sobrevida está p lo ta d a de aco rd o com o estágio (Q uadro 87.4). O u tro fator d e te rm in a n te é o sítio anatôm ico; sítios favoráveis são o a ntebraço e a p e rn a (excluindo o pé) e os sítios desfavoráveis in clu em o couro cabeludo, m ãos, pés e m e m b ra nas m ucosas. Em geral, m ulheres com a doença n o estágio I ou II apresentam m elh o r sobrevida do que os h om ens, talvez em p a rte devido ao diag n ó stico precoce; m u lh eres ap rese n tam fre q u e n te m en te m elanom as n a p a rte in ferio r da p e rn a, on d e o a u to rreco n h ecim en to é m ais provável e o pro g n ó stico é m elhor. O im p acto da idade n ão é crucial. Indivíduos m ais velhos, especialm ente h o m ens com m ais de 60 anos, ap resen tam piores pro g n ó stico s, um a chado que tem sido explicado em p a rte p o r um a ten d ên cia a um d iagnóstico m ais tard io (e, p o rta n to , a tu m o re s m ais espessos) e em p arte devido a um a m aio r pro p o rção de m elanom as acriais em h om ens. E n tretanto, existe u m m aio r risco de m etástase de lin fo nod o s em pacientes jovens.
■ ESTADIAMENTO U m a vez co n firm ad o o diagnóstico de m elanom a, é preciso esta belecer o estágio do tu m o r p a ra se d e te rm in a r o p ro g n ó stico e o
tratam ento. As n o rm as de 2009 da AJCC revisaram o estadiam ento dos m elanom as e a classificação está m o strad a no Q uadro 87.4. O estágio clínico do paciente é d e te rm in a d o após a avaliação p a to ló gica d a lesão cu tân ea do m ela n o m a e q u alq u er avaliação clínica/ radiológica p a ra d o en ça m etastática. O e stad iam en to patológico tam b é m inclui a avaliação pato ló g ica dos lin fo n o d o s regionais o b tid a p o r b ió p sia do lin fo n o d o se n tin e la ou lin fa d en e c to m ia com pleta. T odos os pacientes com m elan o m a deverão passar p o r com pleta anam nese e exam e físico, com atenção aos sintom as que p o ssam re p re se n ta r d o e n ça m eta státic a , co m o m al-estar, p erd a ponderai, cefaleias, dificuldades visuais e dor. O exam e físico deve ser direcio n ad o p ara o local do m ela n o m a prim ário , p ro c u ra n d o doença persistente ou n ó d u lo s d érm ico s ou subcu tân eo s que p o s sam representar m etástases satélites ou em trânsito. O exam e físico tam bém deverá incluir os linfo n o d o s que d re n am a região, o SNC, o fígado e os pulm ões. D eve-se realizar u m a contagem sanguínea com pleta (CBC), um painel m etabólico com pleto e u m a dosagem sérica de LDH. E m bora estes sejam testes de baixo alcance para o desco b rim en to de d o en ça m etastática, u m a anem ia m icrocítica abrirá a possibilidade de m etástases p ara os intestinos, p a rticu la r m ente no intestino delgado e u m nível elevado de LDH inexpücado to rn a rá im ediata u m a avaliação m ais extensa, in clu in d o um a T C ou possivelm ente um a tom ografia p o r em issão de p ó sitro n (PET) (ou u m a com binação T C /P E T ). Se os sinais ou sintom as de doença m etastática forem descobertos, deverá ser realizado o diagnóstico apropriado p o r im agem . N a apresentação inicial, m ais de 80% dos pacientes apresentarão a d o en ça c o n fin ad a à pele e um a h istória e um exam e físico negativos, em cujos casos o diagnóstico p o r im a gem não costum a ser indicado.
1,0
2 °-9 ias c>
•o icü 0,9
o
Q-
í>
0,8
o 0,8 Q.
0 S ° ’7
O S °>7
•§ 0,6
•|
0,6
n0,5r-
1 0,4
I o , IIC (n = 1.397)
« 0,3
I
Câncer de Pele
1,0
Z 0,3
0.2
H o,i H 2,5
5,0
7,5
10,0
12,5
15,0
17,5
|
0,2
^
0,1
20,0
2,5
Tem po (anos)
5,0
7,5
10,0
12,5
15,0
17,5
20,0
Tem po (anos)
1.0
1,0
0,9
—
LD H norm al (n = 387) LDH a n orm al (n = 377) Faixa lo garítm ica P < 0,0001
1o03 ° '9
0,8
o Q.
0,7
0,8
2 0,7 a.
«0
0,6
0,6
0,5
0,5
0,4
1 0,4
Pele, SC, ou nodos distante (n = 1.474)
0,3 0,2
.o o
’
w a> 0,3 ’
-o
co 0 ,2 x
0,1
H 0,1 V ísceras não pu lm o n ares (n = 4.603)
t --------- 1--------- 1--------- 1--------- 1--------- 1--------- 1--------- 1--------- 1--------- r
---------------- 1----------------1----------------1-------------- r
1
0
2
3
4
5
6
7
8
9
Tem po desde o d iagnóstico do e stágio IV (anos)
10 D
2
46
8
i 10
Tem po d e sd e o d ia g n ó stico do estágio IV (anos)
Figura 87.3 Curvas de sobrevivência para pacientes com melanoma. A. doença em estágio I e II; B, doença em estágio III; C, estágio IV de acordo com o sítio da doença metastática; D, estágio IVde acordo com o nível de lactato desidrogenase. SC, subcutâneo. (De Balch e col., com autorização.)
727
QUADRO 87.4
Critérios de estadiamento para o melanoma
Estágio patológico e de TNM
Espessura, em mm
Ulceração
N° de linfonodos envolvidos
Envolvimento nodal
Tis
In situ
Não
0
Nenhum
T1a
4
Sim
0
Nenhum
N1a
T1-4a
Não
1
Microscópico
N2a HIB
T1-4a
Não
2 ou 3
Microscópico
N1a
Qualquer
Sim
1
Microscópico
N2a
Qualquer
Sim
2 ou 3
Microscópico
N1b
Qualquer
Sim ou não
1
Macroscópico
N2b
Qualquer
Sim ou não
2 ou 3
Macroscópico
N2c
Qualquer
Sim ou não
Metástases em trânsito/satélites, sem envolvimento nodal
Qualquer
Sim ou não
1
Macroscópico Macroscópico
Nenhum
IIB Nenhum
IIC
Oncologia e Hematologia
NIC N1b N2b
Qualquer
Sim ou não
2 ou 3
N2c
Qualquer
Sim ou não
Metástases em trânsito/satélites sem envolvimento modal
N3
Qualquer
Sim ou não
4+, nodos metastáticos, nodos opacos ou metástases em trânsito/ satélites, com nodos metastáticos
Metástase distante
IV M1a
Pele, subcutâneo
M1b
Pulmão
M1c
Outros sítios viscerais Lactato desidrogenase elevada
Nota: TNM, metástase tumor-linfonodo. Fonte: 2009 Critérios de estadiamento do AJCC (American Joint Commission for Cancer), modificado por Tsao e col.: N Engl J Med 351:9 9 0 ,2004
TRATAMENTO
Melanoma
TRATAMENTO DO MELANOMA CLINICAMENTE LOCALIZADO (ESTÁGIOS I, II) Para um m elanom a cutâneo recém -diagnosticado, é neces sária am pla excisão cirúrgica da lesão com um a m argem de pele norm al, para rem over todas as células m alignas e m inim izar um a possível recorrência local. As seguintes m argens são recom enda das para o m elanom a prim ário: in situ, 0,5 cm; invasivo até 1 m m de espessura - 1 cm; > 1,01-2 m m , 1-2 cm; > 2 m m , 2 cm. Para as lesões da face, m ãos e pés, a obediência rígida a essas m argens deve dar lugar a considerações individuais sobre as lim itações da cirurgia e a m inim ização da m orbidade. Em todos os casos, no entanto, a inclusão da gordura subcutânea na am ostra cirúrgica facilita a m ensuração adequada da espessura e a determ inação das m argens cirúrgicas pelo patologista. Tem sido feito uso de im iqui-
728
m ode tópico, particularm ente para lentigno m aligna, em locais cosm eticam ente sensíveis. A biópsia do linfonodo sentinela (BLNS) é um a ferram enta valiosa para analisar o estadiam ento que substituiu a dissecção ganglionar regional eletiva p ara a avaliação do estado dos linfono dos regionais. A BLNS fornece inform ação prognostica e ajuda a identificar pacientes em alto risco de recorrência, que possam ser candidatos à terapia adjuvante. O (s) gânglio(s) de d re n ag e m inicial (se n tin e la) do local p rim á rio é(são) identificado(s) in je tan d o -se u m corante azul e u m ra dioisótopo em to rn o do local p rim á rio . E m seguida, o(s) n o d o (s) se n tin e la(s) é(são) id en tific ad o (s) p ela inspeção da bacia g anglionar em busca do gânglio co rad o de azul e /o u do gânglio com alta captação do ra dioisótopo. O s gânglios id en ti ficados são rem ovidos e su b m etid o s a pro cessam en to histopa-
tológico cuidadoso com cortes seriados corados com hem ato xilina e eosina, b e m com o p o r corantes im u n o -h isto q u ím ic o s que identificam m elanócitos (p. ex., S100, H M B45 e M elanA ). N em todos os pacientes são cand id ato s à BLNS. O s pacientes com m elanom as de espessura < 1 m m e com < 1 figura m itótic a /m m 2 têm um excelente p rognóstico e geralm ente não p re cisam passar p o r BLNS, a m enos que haja o u tro s aspectos de alto risco, com o idade precoce, ulceração p rim á ria e m argens pro fu n d as positivas. Eles p o d erão ser e n ca m in h a d o s para um a excisão am pla com o terapia definitiva. A m aioria dos outros p a cientes com linfo n o d o s clinicam ente negativos deverão passar p o r BLNS. Os pacientes cuja BLNS seja negativa são pou p ad o s de um a dissecção n odal com pleta e da m o rbidade conseqüente. Eles pod erão ser sim plesm ente a com panhados ou considerados para terapia adjuvante ou um ensaio clínico, com o apro p riad o para a lesão prim ária. O atual p a d rão de tratam e n to para todos os pacientes com u m a BLNS positiva é a realização de u m a linfadenectom ia com pleta; en tretan to , estudos clínicos em a n d a m en to estão ten ta n d o d e te rm in a r se pacientes com m etástases de p equeno volum e no n ódulo sentinela p o d e m ser controlados de form a segura sem ciru rg ia adicional. Pacientes com lin fo n o d o s m icroscopicam ente positivos deverão ser c onsiderados p a ra tera p ia adjuvante com in te rfe ro n ou envolvidos em um ensaio clínicos.
TRATAMENTO DO MELANOMA REGIONALMENTE METASTÁTICO (ES TÁGIO III) M etástases regionais p o d em o c o rre r com o u m a re
TRATAMENTO
Doença metastática
Q uando u m p aciente com u m a h istó ria de m elanom a desenvol ve sinais ou sintom as de d o e n ça reco rren te, ele deverá passar p o r um novo estadiam ento. E sta etapa inclui u m a RM do cére bro e um a PE T /T C do co rp o to d o ou TCs do tórax, abdom e e pélvis. M etástases distan tes (estágio IV ), que p o d em envolver qualquer órgão, n o rm alm en te incluem m etástases na pele e lin fonodos, bem com o m etástases nas vísceras, ossos o u cérebro. O m elanom a m etastático é geralm ente incurável e a sobrevida m é dia oscila entre seis e 15 m eses, d e p en d e n d o do órgão envolvido (Fig. 87.3C, D). O p rognóstico é m elh o r n o caso de m etástases na pele e subcutâneas (M ia ) do q ue no p ulm ão (M lb ) ou outras m etástases viscerais (M lc ). U m nível sérico elevado de LDH em um p aciente com d o e n ça m eta státic a é u m fator prognóstico ru im e coloca o paciente no estágio M lc , in d ep en d en te do local das m etástases. A única quim ioterapia aprovada pelo FDA para o m elanom a é a dacarbazina (DTIC). O utros agentes com atividade m odesta incluem a tem ozolom ida (TM Z), a cisplatina e a carboplatina, os taxanos paclitaxel e docetaxel isolados ou ligados à album ina e a carm ustina (BCNU ), que m ostrou taxas de resposta entre 12 e 20%. Apesar de sua eficácia lim itada, a dacarbazina em m o n o terapia ainda é considerada o tratam ento-padrão, pois as com bi nações de fárm acos nunca apresentaram m elhora na sobrevida. E m bora não aprovada pelo FDA com o tratam ento para o m ela nom a, a TMZ, que com partilha um m etabólito ativo com a DTIC, tem sido am plam ente utilizada devido à sua facilidade para a d m inistração oral, excelente tolerância e penetração pela barreira hem ato-encefálica. Estão sendo feitas tentativas p ara definir com binações superiores e identificar novos agentes ativos. A terapia baseada em interleucina 2 (IL-2) tem sido associa da a um a sobrevida longa livre de doença (provável cura) em 5% dos pacientes tratados. O tratam en to geralm ente consiste em al tas doses de IL-2 isolada, p o rém alguns centros com binam IL-2 com IF N -a e quim ioterapia (bioquim ioterapia). A terapia com IL-2 geralm ente é reservada aos pacientes com um a boa perfor mance e a d m in istrad a em centros com experiência n o co n tro le da toxicidade relacionada à interleucina. O m ecanism o pelo qual IL-2 atua na regressão do tu m o r não foi identificado, porém acredita-se que induza células T m elanom a-específicas que cau sam a regressão do tum or. C om base nesse conceito, Rosenberg e colaboradores, na Divisão de C irurgia do Instituto nacional do C âncer (N CI), utilizaram a im u n o terap ia adotiva com linfócitos infiltrantes do tu m o r expandidos in vitro com altas doses de IL-2. Um a série de estudos com a terapia adotiva das células T em p a cientes tratados com quim ioterapia não m ieloablativa (algum as vezes com binada com irradiação total do corpo) registraram re gressão do tu m o r em m ais de 50% dos pacientes com m elanom a refratário à IL-2. D iversos investigadores ten ta ra m desenvolver estratégias de vacinação c o n tra o m elanom a usando proteínas purificadas do tum or, p eptídios, vetores de DNA, células d e n dríticas e células tu m o rais não m odificadas ou geneticam ente alteradas com o im unógenos p ara in d u zir respostas da célula T m elanom a-específicas, porém n e n h u m a destas estratégias che gou a algum sucesso clínico. U m a nova estratégia p ro m isso ra é o b loqueio de CTLA-4 com um a n tic o rp o m o n o clo n a l. O s a n tic o rp o s anti-C T L A -4 bloqueiam o sinal in ib itó rio p ro d u z id o q u an d o CTLA-4 se liga nas células T ativadas, a u m e n ta a fu n ção da célula T e causa regressão do tu m o r em m odelos anim ais. A a d m in istraç ão de
Câncer de Pele
co rrên cia local n a m argem da cicatriz ou enxerto; com o m e tástases satélite, que são separadas da cicatriz, p o ré m g uardam um a d istância de 2 a 5 cm; com o m etástases em trân sito , que são recorrências a > 5 cm da cicatriz; ou, com o na m aio ria dos casos com uns, com o m etástase p ara um lin fo n o d o d ren an te. C ada um a destas recorrências é tratad a cirurgicam ente, q u a n do possível, com a possib ilid ad e de alcançar u m a sobrevida prolongada livre de doença. U m a opção p ara os pacientes com recorrências regionais cutâneas extensas em u m a e x tre m id a de é a perfusão ou infusão isolada do m em b ro com m elfalan e h iperterm ia. Altas taxas de resposta com pleta têm sido regis trad as e as respostas estão associadas à m elh o ra significativa dos sintom as. A pós cirurgia, pacientes com m etástases regionais que são m antidos livres da doença podem se en co n trar em alto risco para um a recorrência local ou distante. P ortanto, alguns pacientes devem ser considerados para a terapia adjuvante. A radioterapia adjuvante pode reduzir o risco de recorrência total após linfadenectom ia, porém não afeta a sobrevida global. Pacientes com o envolvim ento de linfonodos m últiplos ou grandes (> 3-4 cm) ou dissem inação extranodal ao exam e m icroscópico devem ser co n siderados para a radioterapia. A terapia adjuvante sistêm ica é in dicada prim ariam ente para pacientes com doença de estágio III, porém pacientes de alto risco e com nodos negativos (> 4 m m de espessura ou lesões ulceradas) ou pacientes com doença de está gio IV tam bém poderão se beneficiar. Interferon a 2 b (IF N -a2b), que é adm inistrado d urante um ano em dose intravenosa de 20 m ilhões de u n id ad e s/m 2, cinco dias p o r sem ana du ran te quatro sem anas, seguida p o r 10 m ilhões de u n id ad e s/m 2 p o r via subcu tânea, tres vezes por sem ana d urante 11 meses, é o único agente aprovado pela Food and D rug A dm in istratio n (FDA) nos EUA para terapia adjuvante. Altas doses de interferon estão associadas a um a toxicidade significativa, incluindo um a d oença sem elhante à gripe, declínio da performance e o desenvolvim ento de depres são em um a fração am pla de pacientes. A toxicidade po d e ser controlada na m aioria dos pacientes pela terapia apropriada aos sintom as, redução da dose, interrupção do tratam en to e, no caso de u m terço dos pacientes, com a in terru p ção precoce do in te r feron. O tratam ento adjuvante com altas doses de interferon tem sido associado à m elhora da sobrevida livre de doença, porém o im pacto sobre a sobrevida global é desconhecido. O envolvi m ento em um estudo clínico é apropriado para estes pacientes,
m uitos dos quais seriam , de o u tra form a, observados sem tra tam ento, ou p o r serem fracos candidatos ao IFN ou porque um paciente (ou seu oncologista) não acredita nos efeitos benéficos do IFN independente da toxicidade.
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Oncologia e Hematologia
anti-C TLA -4 (ipilim um ab) a pacientes com m elanom a m eta stá tico previam ente tratad o em um estudo ra n d o m iza d o m o stro u m elh o ra na sobrevida global, q u a n d o c o m p a rad a a pacientes que receberam u m a vacina de peptídio. Um novo esp ectro de efeitos colaterais que im plica no desenvolvim ento de autoim unid ad e, cham ados de eventos adversos relacionados à im u n i dade, foi observado. Os pacientes que desenvolvem eru p çõ es cutâneas, diarréia e colite, e hipofisite, sintom as esses que p o dem ser controlados, parecem ap rese n tar taxas m ais elevadas de regressão do tum or. Terapias-alvo representam um a estratégia excitante para p a cientes com m elanom a m etastático. Os agentes disponíveis m ais prom issores são aqueles se que destinam a ativar m utações em BRAF e c-kit, que resulta n a ativação constitutiva da via da MAP-quinase. V600E BRAF é a m utação de quinase m ais com um no m elanom a. Um inibidor oral de BRAF altam ente seletivo, PLX4032, foi desenvolvido e têm sido registradas taxas de até 70% de regressão do tu m o r em ensaios clínicos iniciais; até o m o m en to, a m aior p arte das rem issões parece ser parcial e de duração lim itada. M utações ativadoras no receptor de c-kit, um a tirosino quinase, tam bém são encontradas no m elanom a, p orém p rim a riam ente nos tipos m ucoso, acral lentiginoso e m aligno-lentigo. Com o estes tum ores são encontrados em apenas 5% dos pacientes com m elanom a m etastático, o núm ero de pacientes com m utação em c-kit é m uito pequeno. De qualquer form a, quando presente, elas são bastante idênticas às m utações encontradas nos tum ores estrom ais gastrintestinais (GISTs) e os m elanom as com m utações ativadoras em c-kit podem apresentar respostas m uito dram áticas ao im atinib. A disponibilidade de terapias-alvo fará com que p a cientes selecionados tenham seus tum ores enviados para tipagem m olecular, para determ in ar a sua adequação ao tratam ento com agentes disponíveis ou a sua elegibilidade para ensaios clínicos de agentes recém desenvolvidos. A lguns pacientes com doença em estágio IV irão experim entar sobrevida longa livre de doença após resseção cirúrgica de suas m etástases (m etastatectom ia). A cirurgia geralm ente é realizada em pacientes com doença m etas tática que envolva um pequeno núm ero de sítios, ou antes ou após terapia sistêmica. Estes pacientes p odem apresentar um a m etás tase solitária no pulm ão ou cérebro, p orém a cirurgia está cada vez m ais sendo utilizada em pacientes que apresentam m etástases em m ais de um sítio. Após a cirurgia, os pacientes em evidência de doença podem ser considerados para terapia com IFN ou um ensaio clínico, porque o risco de desenvolverem m etástases adi cionais é m uito alto. A terapia atual para a grande m aioria dos pacientes é palia tiva e, portanto, o envolvim ento em um ensaio clínico é sem pre um a opção adequada, m esm o para pacientes previam ente virgens de tratam ento. E ntretanto, com o a m aioria dos pacientes com doença em estágio IV são incuráveis, um foco principal de trata m ento, particularm ente para os pacientes com performance ruim , deverá ser a integração program ada do tratam ento paliativo com a hospedagem .
■ ACOMPANHAMENTO O exame e a fiscalização da pele são recom endados pelo m enos um a vez p o r ano para todos os pacientes com m elanom a. As norm as do National Cancer Comprehensive N etw ork (N C C N ) para pacientes com m elanom a em estágio IB-IV recom endam um a h istória com preensiva e um exame físico a cada 3 a 6 meses d urante dois anos, e em seguida a cada 3 a 12 meses d urante tres anos e, após este período, anualm ente, conform e indicado clinicam ente. Deve-se reservar p a r ticular atenção aos linfonodos drenantes dos pacientes em estágios I-III, já que a resseção dos linfonodos recorrentes p oderá ainda ser curativa. Uma CBC, dosagem de LDH e u m raio X de tórax são reco m endados sob orientação médica. V arredura p o r im agem rotineira para doença m etastática não é recom endada nesse m om ento, pois não há benefício explícito na sobrevida pela detecção precoce de doença metastática.
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■ PREVENÇÃO A prevenção do m elanom a p rim ário se baseia na proteção ao sol, que inclui o uso de roupas protetoras, evitar a exposição intensa aos raios UV do m eio-dia e a câm aras de bronzeam ento e aplicação rotineira de um bloqueador solar de am plo espectro ultravioleta-A /ultravioleta-B (UV-A/UV-B) com fator de proteção solar >15. A prevenção secundária consiste na educação e na investigação. Os pacientes devem ser instruídos sobre as características clínicas do m elanom a (ABCDEs) e aconselhados a inform ar qualquer crescim ento ou outra alteração em um a lesão pigm entada. Folhetos inform ativos estão dis poníveis na American Cancer Society, Am erican Academ y o f D erm a tology, National Cancer Institute e Skin Cancer Foundation. O autoe xam e com intervalo de 6 a 8 sem anas pode aum entar a probabilidade de se detectar alterações. Embora a instituição am ericana Preventive Services Task Force pre conize que as evidências são insuficientes para se posicionar a favor ou contra o screening de câncer de pele, um exame completo do corpo parece ser um a form a sim ples e prática de se conseguir redução da taxa de m ortalidade p or este tipo de câncer. Este fato é particularm en te verdadeiro para os pacientes com m anchas clinicam ente atípicas (nevos displásicos) e aqueles com um a história pessoal de melanoma. Indivíduos com três ou mais m elanom as prim ários e famílias com pelo m enos um m elanom a invasivo e dois ou mais casos de m elanom a e/ou câncer pancreático entre os parentes de prim eiro ou segundo grau, do m esm o lado da família, poderão se beneficiar do teste genético.
CÂNCER DE PELE NÃO MELANOMA O câncer de pele não m elanom a (C PN M ) é o câncer m ais com um nos EUA, com incidência anual estim ada em m ais de 1,5 a 2 m ilhões de casos. Os carcinom as basocelulares (CBCs) são responsáveis por 70-80% dos CPNM . Os carcinom as espinocelulares (CECs), em bora representem apenas =20% dos C PN M s, são m ais significativos d e vido à sua capacidade de enviar m etástases (Fig. 87.4). São respon sáveis pela m aioria das 2.400 m ortes anuais. As taxas de incidência aum entaram drasticam ente na ú ltim a década.
■ ETIOLOGIA As causas do CBC e do CEC são m ultifatoriais. A exposição cum ulati va à luz solar, principalm ente ao espectro UV-B, é o fator mais signifi cativo. O utros fatores associados à m aior incidência de câncer de pele são sexo m asculino, idade avançada, ascendência céltica, compleição clara, cabelos louros ou verm elhos, olhos azuis ou verdes, tendência a se queim ar pelo sol com facilidade e ocupação ao ar livre. A incidên cia desses tum ores aum enta à m edida que a latitude dim inui. A m aio ria dos tum ores se desenvolve em áreas da cabeça e do pescoço expos tas ao sol. Os tum ores são m ais com uns do lado esquerdo do corpo nos EUA, porém na Inglaterra a incidência m aior é no lado direito, presum ivelm ente pela exposição assim étrica ao dirigir um veículo. A m edida que a cam ada protetora de ozônio da terra continua a dim i nuir, é possível prever futuros aum entos da incidência de câncer de pele. Em certas regiões geográficas, a exposição ao arsênico da água de poços ou de fontes industriais pode aum entar o risco de CBC e CEC. O câncer de pele nos indivíduos acom etidos pode ser observado com ou sem outros m arcadores cutâneos de arsenism o crônico (p. ex., ceratoses arsenicais). É m enos com um a exposição aos hidrocarbonetos arom áticos cíclicos em piche, fuligem e argila. O risco de CEC labial ou oral aum enta com o tabagism o. O papilom avírus hum ano e a radiação ultravioleta podem atuar com o cocarcinógenos. Os fatores do hospedeiro associados a um risco m ais elevado de câncer de pele são a im unossupressão induzida p or doença ou m edicam entos. Receptores de transplantes de órgãos sólidos sob te rapia im unossupressora crônica apresentam um a m aior incidência de CPN M . Os CECs são os m ais com uns, com um aum ento de 65 vezes em sua incidência, enquanto os CBCs apresentam um aum ento de incidência de 10 vezes. A frequência do câncer de pele é p ropor ciona] ao nível e à duração da im unossupressão, bem com o à exten são da exposição ao sol antes e após o transplante. Os CECs nesta p o pulação tam bém dem onstram com p o rtam en to m ais agressivo com taxas mais elevadas de recorrência local, m etástase e m ortalidade.
D. O carcinoma metastático na pele caracteriza-se por nódulos dérmicos inflama tórios, em geral ulcerados. £ A micose fungoide é um linfoma cutâneo de células T; neste paciente, são vistas lesões no estágio de placa. F. O ceratoacantoma é um carcinoma espinocelular de baixo grau de malignidade que se apresenta como um nódulo exofítico com restos ceratinosos centrais, G. Carcinoma basocelular exibindo ulceração central e um tumor com margem perolada, arredondado, telangiectásico.
O câncer de pele não é raro em pacientes infectados pelo HIV, podendo ser m ais agressivo nesse contexto. O utros fatores incluem radiação ionizante, cicatrizes de queim adura térm ica e úlceras crô nicas. Diversas afecções hereditárias estão associadas ao câncer de pele (p. ex., albinism o, xeroderm a pigm entoso, síndrom e de Rombo, spíndrom e Bazex-D upré-C hristol e síndrom e do nevo basocelular). M utações em genes da via hedgehog, prim ariam ente genes que codi ficam as proteínas hom ólogas patch 1 (P TC H 1) e sm oothened (SMO), ocorrem em CBC. Na verdade, um inibidor oral da via hedgehog tem se m ostrado prom issor em ensaios clínicos, tratan d o casos de CBC inoperáveis avançados ou m etastáticos.
CEC aparecer com o um n ódulo eritem atoso ulcerado ou um a ero são superficial na pele ou no lábio inferior, m as pode se apresentar com o um a pápula ou placa verrucosa. Telangiectasias sobrejacentes são incom uns. As m argens desse tu m o r podem ser pouco definidas e pode ocorrer fixação às estruturas subjacentes. O CEC cutâneo pode se desenvolver em qualquer lugar do corpo, m as em geral surge na pele lesionada pelo sol. U m a neoplasia relacionada, o ceratoacanto ma, aparece com o um a pápula em form a de cúpula com um a cratera ceratótica central, se expande rapidam ente e em geral regride sem terapia. Pode ser difícil diferenciar essa lesão do CEC. As ceratoses actínicas e a queilite, am bas as form as pré-m alignas de CEC, apresentam -se com o pápulas hiperceratóticas nas áreas ex postas ao sol. O potencial de degeneração m aligna nas lesões sem tratam ento varia de 0,25 a 20%. A doença de Bowen, a form a in situ de CEC, apresenta-se com o um a placa eritem atosa descam ativa. O tratam ento das lesões pré-m alignas e daquelas in situ reduz o risco subsequente de doença invasiva.
■ APRESENTAÇÃO CLÍNICA Os CPN M s em geral são assintom áticos, m as nas lesões avançadas podem ocorrer ulcerações que não cicatrizam , sangram ento ou dor.
Carcinoma basocelular O CBC é um a neoplasia m aligna de origem basocelular na epider me. Os subtipos m enos invasivos de CBC, o CBC superficial, consis tem classicam ente em placas eritem atosas descam ativas no tronco, que crescem lentam ente. Esse subtipo de CBC pode ser confundido com derm atoses inflam atórias benignas, especialm ente o eczem a num ular e a psoríase. O CBC tam bém pode se apresentar com o um nódulo perolado pequeno, de crescim ento lento, m uitas vezes com pequenos vasos telangiectásicos em sua superfície (CBC nodular). A presença eventual de m elanina nessa variante de CBC nodular (CBC pigmentado) pode causar confusão clínica com m elanom a. Os CBCs esclerodermiforme (fibrosante) e micronodular, os subtipos m ais in vasivos, se m anifestam com o placas solitárias, planas ou levem ente deprim idas, endurecidas, esbranquiçadas ou am areladas. As m argens são indiferenciáveis, característica associada ao m aior potencial de ampla dissem inação subclínica.
Câncer de Pele
Figura 87.4 Neoplasias cutâneas. A. 0 linfoma não Hodgkin envolve a pele com nódulos violáceos típicos "cor de ameixa” . B. O carcinoma espinocelular é visto aí como uma placa hiperceratótica crostosa e com alguma erosão no lábio inferior. A pele exposta ao sol como na cabeça, no pescoço, nas mãos e braços constitui outra localização típica de acometimento. C. A ceratose actínica consiste em pápu las e placas eritematosas hiperceratóticas na pele exposta ao sol, que surgem em adultos de meia-idade a idosos e têm algum potencial de transformação maligna.
■ HISTÓRIA NATURAL Carcinoma basocelular A história n atural do CBC é a de um a neoplasia de aum ento lento, com invasão local. O grau de destruição local e o risco de recorrência variam com o tam anho, a duração, a localização e o subtipo h isto lógico do tum or, a presença de doença recorrente e várias caracte rísticas do paciente. A localização no m eio da face, nas orelhas ou no couro cabeludo pode indicar um risco maior. Os pequenos CBC nodulares, pigm entados, císticos ou superficiais respondem bem à m aioria dos tratam entos. Lesões grandes e os subtipos m icronodular e escleroderm iform e p odem ser m ais agressivos. O potencial m etas tático de CBC foi estim ado com o de 0,0028 a 0,1%. As pessoas com CBC ou CEC correm m aior risco de desenvolver cânceres de pele subsequentes, que é estim ado em até 40% em cinco anos.
Carcinoma espinocelular O CEC cutâneo prim ário é um a neoplasia m aligna das células epi dérm icas queratinizantes. O CEC pode crescer e enviar m etástases rapidam ente. Suas características clínicas variam m uito. É com um o
Carcinoma espinocelular A história natural do CEC depende tanto do tu m o r com o das carac terísticas do hospedeiro. Os tum ores oriundos de pele lesada pelo sol
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têm um potencial m etastático m enor do que o existente nas super fícies protegidas. O CEC cutâneo sofre m etástase em 0,3 a 5,2% de indivíduos, em m aior frequência nos linfonodos drenantes regionais. Os tum ores do lábio inferior e da orelha têm potencial m etastático em torno de 13 e 11%, respectivam ente. O potencial m etastático de CEC oriundo de cicatrizes, ulcerações crônicas e da superfície geni tal ou m ucosa é maior. A taxa m etastática global dos tum ores recor rentes pode aproxim ar-se de 30%. Tum ores grandes, pouco diferen ciados, profundos, com invasão perineural ou linfática em geral se com portam de m odo agressivo. M últiplos tum ores com crescim ento rápido e com portam ento agressivo podem ser um desafio terapêutico nos pacientes im unossuprim idos.
TRATAMENTO
Carcinoma basocelular
Oncologia e Hematologia
As m odalidades de tratam e n to m ais freq u en tem en te e m p re gadas para o CBC com preendem eletrodessecação e curetagem (EDC), excisão, criocirurgia, radioterapia, terapia a laser, cirurgia m icrográfica de M ohs (CM M ), 5-fluoruracila tópico, terapia fotodinâm ica e im unom oduladores tópicos. O tipo de tratam ento escolhido depende das características do tum or, da idade do p a ciente, de seu estado de saúde, suas preferências e outros fatores. A EDC continua a ser o m étodo m ais com um ente em pregado pelos derm atologistas, sendo preferida para os tum ores de b ai xo risco (p. ex., tu m o r prim ário pequeno ou um subtipo m enos agressivo em localização favorável). A excisão, que oferece a v an tagem do controle histológico, em geral é escolhida para tum ores m ais agressivos ou aqueles em localizações de alto risco ou, em m uitos casos, p or questões estéticas. A criocirurgia com nitrogê nio líquido pode ser usada em certos tum ores de baixo risco, m as requer dispositivos especializados (criossondas) para ser utilizada de m aneira eficiente. A radioterapia, em bora não usada com tanta frequência com o um a m odalidade prim ária, oferece um a exce lente o portunidade de cura em m uitos casos de CBC, sendo útil para os pacientes que não são considerados candidatos à cirurgia e com o adjuvante para os tum ores de alto risco. Os pacientes m ais jovens podem não ser bons candidatos à radioterapia, pelos ris cos de carcinogênese a longo prazo e radioderm atite. Apesar dos rápidos avanços na tecnologia a laser, sua eficácia a longo prazo no tratam ento das lesões infiltrantes ou recorrentes é desconhe cida. Por outro lado, a CMM , um tipo especializado de excisão cirúrgica que perm ite m elhor controle histológico e preservação do tecido sadio, está associado a taxas de cura superiores a 98%. É a m odalidade preferida para as lesões recorrentes, em locais de alto risco ou tum ores grandes e pouco definidos, nos quais a co n servação m áxim a de tecido é fundam ental (p. ex., pálpebras). A terapia tópica com 5-fluoruracila deve ser lim itada ao CBC su perficial. Im unom oduladores tópicos (p. ex., im iquim ode) são prom issores para o tratam ento dos CBCs superficiais e até m es m o dos pequenos nodulares. A quim ioterapia intralesional (5-flu oruracila e interferon) e a terapia fotodinâm ica (que em prega a ativação seletiva de um fárm aco fotoativo pela luz visível) têm sido usadas com sucesso em pacientes com tum ores num erosos. M ostrou-se que um a endonuclease tópica (a loção de lipossom o T4N5) repara o DNA e pode dim inuir a taxa de CPN M no xero derm a pigmentoso.
CARCINOMA ESPINOCELULAR O tratam ento do CEC cutâneo deve se basear na análise dos fatores de risco que influenciam o com portam ento biológico do tum or. Estes fatores incluem tam anho, localização e grau de diferenciação histológica do tum or, idade e condição física do paciente. A excisão cirúrgica, a CM M e a ra dioterapia são os m étodos de tratam ento considerados padrões. A criocirurgia e a ED 8cC têm sido usadas com sucesso em lesões pré-m alignas e tum ores prim ários pequenos. As m etástases são tratadas p o r dissecção dos linfonodos, irradiação ou am bos. O ácido 13-ds-retinoico (1 m g/kg/dia VO) junto com IF N -a (3 m i
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lhões de U /dia SC ou IM ) induz um a resposta parcial na m aioria dos pacientes. As associações de quim ioterapia sistêm ica com cis platina tam bém podem ser paliativas em alguns pacientes.
■ PREVENÇÃO C om o a vasta m aioria dos cânceres de pele está relacionada com a exposição crônica à radiação UV, a orientação aos pacientes e m é dicos pode reduzir sua incidência. D evem -se enfatizar as m edidas preventivas que se iniciam cedo na vida. Os pacientes precisam com preender que os danos causados pela UV-B com eçam cedo, em bora os cânceres surjam anos depois. O uso regular de protetores solares e de roupas protetoras deve ser estim ulado. É recom endável evitar o bronzeam ento artificial e a exposição ao sol no m eio do dia (de 10 às 14 horas). As lesões pré-cancerosas e in situ devem ser tratadas im ediatam ente. A detecção precoce de pequenos tum ores possibili ta o uso de m odalidades terapêuticas m ais sim ples, com altas taxas de cura e m enos m orbidade. N os pacientes com história de câncer de pele, deve-se enfatizar o acom panham ento a longo prazo para a detecção de recorrência, m etástases e novos cânceres de pele. A quim ioprofilaxia com retinoides sintéticos, bem com o a redução p or im unossupressão em pacientes transplantados, pode ser útil para o controle de novas lesões naqueles com m últiplos tum ores.
■ OUTROS CÂNCERES CUTÂNEOS NÃO MELANOMA As neoplasias dos anexos cutâneos e sarcom as de tecidos fibroso, mesenquim atoso, lipídico e vascular constituem os restantes 1 a 2% dos CPN M s (Q uadro 87.1). O carcinoma das células de Merkel é um cân cer derivado da crista neural (citoqueratina-20-positivo) altam ente agressivo que exibe taxas de m o rtalidade de aproxim adam ente 33% em três anos. Estudos recentes im plicaram um novo poliom avírus oncogênico das células de M erkel que está presente em 80% dos tu mores. O prognóstico depende am plam ente da extensão da doença: 90% de sobrevida com doença local, 52% com envolvim ento nodal e 10% com doença distante em três anos. A incidência triplicou de 1986 para 2001 com u m a estim ativa atual de 1.200 casos p o r ano nos Estados Unidos. Ele se apresenta com o um tu m o r assintom ático verm elho/rosa que se expande rapidam ente na pele exposta ao sol de pacientes brancos m ais velhos. O tratam ento é a excisão cirúrgica com ou sem biópsia do linfonodo sentinela, geralm ente seguida por radiação adjuvante. A doença extram am ária de Paget é um câncer apócrino raro que se origina nas células progenitoras da epiderm e e se caracteriza histologicam ente pela presença das células de Paget. Estes tum ores se apresentam com o placas eritem atosas úm idas n a porção anogenital ou, m enos com um ente, axilar da pele de idosos. O tratam ento pode ser desafiador, já que estes tum ores se estendem caracteristicam en te m uito além das m argens clínicas; a excisão cirúrgica com MMS apresenta as m ais elevadas taxas de cura. D a m esm a form a, MMS é o tratam ento de escolha para outros tum ores cutâneos raros com extensão subclínica, tais com o dermatofibromasarcoma protuberans. O sarcoma de Kaposi (SK) é um sarcom a de tecido m ole de o ri gem vascular que é induzido pelo herpesvírus hum ano 8. A incidên cia do SK era rara antes da epidem ia da Aids. O SK associado à Aids reduziu em dez vezes a instituição da terapia anti-retroviral altam en te ativa. A g r a d e c im e n t o s
Hensirt Tsao, MD eArthurJ. Sober, MD, contribuíram para este capítulo na 17a edição, material que foi incluído aqui.
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CAPÍTULO
88
Cânceres de Cabeça e Pescoço
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Não foram identificados fatores de risco específicos ou carcinó genos am bientais p ara os tum ores das glândulas salivares.
HISTOPATOLOGIA, CARCINOGÊNESE E BIOLOGIA MOLECULAR
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Cânceres de Cabeça e Pescoço
Os cânceres epiderm oides de cabeça e pescoço dividem -se nas cate gorias bem -diferenciado, m oderadam ente diferenciado e pouco dife renciado. Os tum ores pouco diferenciados têm um prognóstico mais Everett E. Vokes reservado que os bem -diferenciados. Para os cânceres de nasofaringe, o carcinom a epiderm oide diferenciado m enos com um distingue-se Os carcinom as epiteliais de cabeça e pescoço se originam das su do carcinom a não ceratinizado e indiferenciado (linfoepiteliom a), perfícies m ucosas das regiões da cabeça e do pescoço, tendo com o que contém infiltrado de linfócitos e é com um ente associado ao EBV. origem as células escamosas. Essa categoria com preende os tum ores Os tum ores da glândula salivar podem se originar das glândulas dos seios paranasais, da cavidade oral bem com o da nasofaringe, salivares m aiores (parótidas, subm andibulares, sublinguais) ou m e orofaringe, hipofaringe e laringe. Os tum ores das glândulas salivares nores (localizadas na subm ucosa do trato aerodigestivo superior). A diferem dos carcinom as m ais com uns de cabeça e pescoço em term os m aioria dos tum ores de parótida é benigna, m as a m etade dos tu m o de etiologia, histopatologia, apresentação clínica e tratam ento. As n e res das glândulas subm andibulares e sublinguais, bem com o a m aio oplasias m alignas da tireoide são descritas no Cap. 341. ria dos tum ores das glândulas salivares m enores são m alignas. Os tum ores m alignos são os carcinom as m ucoepiderm oides e císticoINCIDÊNCIA E EPIDEMIOLOGIA -adenoides, além dos adenocarcinom as. O núm ero anual de novos casos de câncer de cabeça e pes A superfície m ucosa de toda a faringe é exposta aos carcinógenos coço nos EUA foi de 36.540 em 2010, respondendo por cer relacionados com o álcool e tabaco, correndo o risco de desenvolver ca de 3% das neoplasias m alignas em adultos; 7.880 pessoas lesão pré-m aligna ou m aligna. A eritroplasia (um a m ancha verm e m orreram da doença. A incidência m undial ultrapassa m eio m ilhão lha) ou leucoplasia (um a m ancha branca) pode ser histopatologicade casos p or ano. Na A m érica do N orte e Europa, os tum ores geral m ente hiperplasia, carcinom a in situ ou carcinom a. C ontudo, a m aio m ente originam -se da cavidade oral, orofaringe ou laringe, enquanto ria dos cânceres de cabeça e pescoço não apresentam um a história de o câncer de nasofaringe é m ais com um ente visto nos países do M edi lesões pré-m alignas. M últiplos cânceres sincrônicos ou m etacrônicos terrâneo e Extrem o Oriente. tam bém podem ser observados. N a realidade, com o decorrer do tem po, os pacientes com cânceres iniciais de cabeça e pescoço cor ETIOLOGIA E GENÉTICA rem m aior risco de m o rrer devido a ou tra neoplasia m aligna do que pela recidiva da doença prim ária. O uso de álcool e o de tabaco são os fatores de risco m ais im p o r As segundas neoplasias m alignas de cabeça e pescoço em geral tan te s do c ân cer de cabeça e pesco ço n o s EUA. O tab aco sem não são induzidas pelo tratam ento; refletem a exposição da m u co fum aça é o u tro agente etiológico p a ra os cânceres orais. O u tro s sa aerodigestiva superior aos m esm os carcinógenos que causaram o carcinógenos em potencial são a m aco n h a e as exposições o c u p a prim eiro câncer. Esses segundos cânceres prim ários se desenvolvem cionais, com o o re fin a m e n to de níquel, exposição a fibras têxteis nas regiões da cabeça e do pescoço, nos pulm ões ou no esôfago. Ra e carpintaria. ram ente, os pacientes podem desenvolver um sarcom a induzido por A dieta pode contribuir. A incidência do câncer de cabeça e pes radioterapia após serem subm etidos a radioterapia anterior para cân coço é m aior entre as pessoas que consom em m enos frutas e vegetais. ceres de cabeça e pescoço. C ertas vitam inas, com o os carotenoides podem ser protetoras se in A carcinogênese m olecular do câncer de cabeça e pescoço é um a cluídas em um a dieta balanceada. Não foi com provado se os suple história em desenvolvim ento. A ativação de oncogenes e a inativa m entos de retinoides, tais com o o ácido cis-retinoico, evitam os cân ção de genes supressores de tu m o r (frequentem ente do p 5 3) foram ceres de cabeça e pescoço (ou câncer de pulm ão) e podem aum entar descritas. A expressão excessiva do receptor do fator de crescim ento o risco em fum antes ativos. epidérm ico (EGFR) é com um e de im portância prognostica. Alguns cânceres de cabeça e pescoço têm etiologia viral. A infec As am ostras tum orais ressecadas com m argens histopatológição pelo vírus Epstein-Barr (EBV) está frequentem ente associada ao cas negativas (ressecção total) p o d em ter células tum orais residuais câncer de nasofaringe, endêm ico em alguns países do M editerrâneo com m utações de p53 persistentes nas m argens. Por isso, m utação de e no Extrem o Oriente, onde se p odem verificar os títulos de anticor p53 específica para um dado tu m o r pode ser detectada em algum as pos anti-EBV para a triagem das populações de alto risco. Tal câncer m argens cirúrgicas fenotipicam ente normais, indicando doença resi tam bém está associado ao consum o de peixes salgados. dual. Os pacientes com tal acom etim ento m arginal subm icroscópico Nos países ocidentais, o papilom avírus hum ano (HPV) está asso podem ter um prognóstico pior do que os pacientes com m argens ciado com cerca de 50% dos tum ores que surgem da orofaringe, isto verdadeiram ente negativas. é, o leito tonsilar e a base da língua. C om o no câncer cervical, o HPV 16 e o HPV 18 são os subtipos virais com um ente associados. A inci APRESENTAÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL dência de cânceres orofaríngeos está crescendo nas cidades ociden A m aioria dos cânceres de cabeça e pescoço ocorre em pacientes tais. O câncer orofaríngeo epidem iologicam ente relacionado ao HPV com mais de 50 anos de idade. As neoplasias m alignas relacionadas ocorre em um a população m ais jovem e está associado com núm eros ao H PV são m uitas vezes diagnosticadas em pacientes com cerca de crescentes de parceiros sexuais e de práticas de sexo oral.
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Oncologia e Hematologia
40 anos enquanto o câncer nasofaríngeo relacionado ao EBV pode ocorrer em todas as idades, incluindo adolescentes. As m anifestações variam segundo o estágio e local prim ário do tum or. Os pacientes com sinais e sintom as inespecíficos nas regiões de cabeça e pescoço devem ser avaliados p or um exame otolaringológico com pleto, par ticularm ente se os sintom as persistirem p o r m ais de 2 a 4 sem anas. O câncer da nasofaringe não causa sintom as precoces. N o e n tanto, ocasionalm ente pode causar otite m édia serosa unilateral pela obstrução da tuba auditiva, obstrução nasal uni ou bilateral, ou epis taxe. O carcinom a nasofaríngeo avançado causa neuropatia craniana devido ao envolvim ento da base do crânio. Os carcinom as da cavidade oral se apresentam com o úlceras que não cicatrizam , alterações do ajuste de dentaduras ou lesões d oloro sas. Os tum ores da base da língua ou orofaringe podem causar dim i nuição da m obilidade da língua e alterações na fala. Os cânceres da orofaringe ou hipofaringe raram ente causam sintom as precoces, m as podem causar dor de garganta e/ou otalgia. A rouquidão pode ser um sintom a inicial do câncer de laringe, e a rouquidão persistente requer o encam inham ento a especialista para laringoscopia indireta e/ou exames radiológicos. Se um a lesão de ca beça e pescoço tratada inicialm ente com antibióticos não se resolver em um curto período, será indicada avaliação diagnóstica m ais de talhada, pois sim plesm ente continuar o tratam ento antibiótico pode significar desperdiçar a o portunidade de fazer o diagnóstico precoce de neoplasia maligna. Os cânceres avançados de cabeça e pescoço em qualquer local podem causar dor intensa, otalgia, obstrução das vias respiratórias, neuropatias cranianas, trism o, odinofagia, disfagia, dim inuição da m obilidade da língua, fístulas, acom etim ento da pele e linfadenopa tia cervical m aciça, a qual pode ser u ni ou bilateral. A lguns pacientes apresentam linfonodos aum entados m esm o sem lesão prim ária d e tectável p o r endoscopia ou biópsia; esses pacientes são considerados com o tendo carcinom a prim ário desconhecido (Fig. 88.1). Se os lin fonodos aum entados estiverem na região cervical superior e as célu las tum orais forem escam osas, a neoplasia provavelm ente originou-se em superfície m ucosa na cabeça ou no pescoço. Células tum orais nos linfonodos supraclaviculares tam bém podem se originar de um local prim ário no tórax ou abdome. O exam e físico deve incluir a inspeção de to d as as superfícies m ucosas visíveis e a palpação do soalho da boca, da língua e do pes coço. A lém dos próprios tum ores, p o d e m -se ob serv ar leucoplasia (m ancha branca n a m ucosa) ou eritroplasia (m ancha verm elha na m ucosa); essas lesões pré-m alignas p o d em representar hiperplasia,
AVALIAÇÃO DO PACIENTE COM ADENOPATIA CERVICAL
Figura 88.1 Avaliação de um paciente com adenopatia cervical sem lesão primária de mucosa; exame diagnóstico. MF, aspiração com agulha fina.
734
displasia ou carcinom a in situ e requerem biópsia. O s exam es ad i cionais devem ser executados pelo especialista. Os procedim entos adicionais de estadiam ento incluem T C da cabeça e pescoço para identificar a extensão da doença. N os pacientes com acom etim ento dos linfonodos, devem ser feitas u m a radiografia de tórax e to m o grafia óssea p ara p esquisar m etástases distantes. U m a tom ografia p o r em issão de pósitrons tam b ém p o d e ser realizada e p ode ajudar a identificar ou excluir m etástases distantes. O procedim ento defi nitivo de estadiam ento é a e n doscopia sob anestesia, que p ode in cluir laringoscopia, esofagoscopia e broncoscopia; d urante esse p ro cedim ento, devem ser o btidas m últiplas am ostras de biópsia para estabelecer o diagnóstico p rim ário , d e fin ir a extensão da doença p rim ária e identificar quaisquer o u tras lesões pré-m alignas ou se gundos cânceres prim ários. Os tum ores de cabeça e pescoço são classificados de acordo com o sistem a TN M do A m erican Joint C om m ittee on Cancer, classifica ção que varia de acordo com o local anatôm ico específico (Q uadros 88.1 e 88.2). M etástases a distância são encontradas em < 10% dos pacientes no m om ento do diagnóstico inicial e são m ais com uns em pacientes com linfonodos em estágio avançado; o acom etim ento m i croscópico dos pulm ões, ossos ou fígado é m ais com um , particular m ente nos pacientes com doença avançada nos linfonodos cervicais. N o futuro, as técnicas de im agem m odernas podem aum entar o n ú m ero de pacientes com m etástases distantes clinicam ente detectáveis. N os pacientes com acom etim ento dos linfonodos e sem lesão prim ária visível, o diagnóstico deve ser feito p or excisão do linfo nodo. Se os resultados indicarem carcinom a epiderm oide, deverá ser efetuada um a pan-endoscopia, com biópsia de todas as áreas de aparência suspeita e biópsias dirigidas dos locais prim ários comuns, com o a nasofaringe, as amígdalas, a base da língua e o seio piriform e.
TRATAMENTO
Cânceres de cabeça e pescoço
Os pacientes com cânceres de cabeça e pescoço podem ser cate gorizados m acroscopicam ente em três grupos clínicos: os com doença localizada, os com doença local ou regional avançada, e os com doença recorrente e/ou m etastática. As com orbidades asso ciadas ao abuso de álcool e tabaco p odem afetar os resultados do tratam ento e definir riscos a longo prazo para os pacientes cu ra dos da doença.
DOENÇA LOCALIZADA C erca de 33% dos pacientes têm doença localizada, ou seja, lesões T l ou T2 (estágios I ou II) sem aco m etim ento detectável dos linfonodos nem m etástases a distância. Essas lesões são tratadas com intenção curativa po r cirurgia ou ra dioterapia. A escolha da m odalidade difere segundo a localização anatôm ica e o nível de especialização institucional. A radioterapia m uitas vezes é preferida para o câncer de laringe a fim de preser var a função vocal, sendo a cirurgia preferida para as pequenas lesões na cavidade oral para evitar as com plicações a longo prazo da radiação, com o xerostom ia e deterioração dentária. A sobrevi da global após 5 anos é de 60 a 90%. O correm m ais recidivas nos 2 prim eiros anos após o diagnóstico, sendo geralm ente localizadas. DOENÇA AVANÇADA LOCAL OU REGIONAL A doença avançada local ou regional - quer dizer, doença com um grande tum or prim ário e/ou m etástase para os linfonodos —, é o estágio de apresenta ção para m ais de 50% dos pacientes. Tais pacientes tam bém p o dem ser tratad o s com intenção curativa, m as não com cirurgia ou apenas radioterapia. A m odalidade de tratam ento associado a cirurgia, rádio e quim ioterapia é m ais bem -sucedida. Ela pode ser adm inistrada com o quim ioterapia de indução (quim ioterapia a n tes da cirurgia e/ou radioterapia) ou com o quim ioterapia e radio terapia concom itantes (sim ultâneas), sendo que esta atualm ente é usada com m ais frequência e é sustentada em evidências. Em pacientes com estágio interm ediário (estágio III e início do está gio IV) a quim ioterapia concom itante é dada no pós-operatório. Ela pode ser adm inistrada seja com o tratam en to prim ário para os pacientes com doença não operável, a fim de orientar-se por
QUADRO 88.1 e pescoço
Classificação TNM para os cânceres de cabeça
QUADRO 88.2
Definição de TNM - nasofaríngeo
Tumor primário (T)
I Local do tum or primário (exemplo) Tis
Carcinoma in situ
Grau T
Orofaringe
Hipofaringe
T1
Tumor restrito à nasofaringe
T1
0 a 2 cm
0 a 2 cm
T2
Tumor estende-se para os tecidos moles parafaríngeos
T2
2,1 a 4 cm
> 1 local, 2.1 a 4 cm
T3
T3
> 4 cm
> 4 cm ou fixação de hemilaringe
Tumor envolve estruturas ósseas da base do crânio e/ou seios paranasais
T4
T4a
Invasão da laringe, músculo da língua, pterigoide médio, palato duro, mandíbula
Invasão das cartilagens tireoide/cricoide, osso hioide, glândula tireoide, esôfago ou invasão dos tecidos moles do compartimento central
Tumor com extensão intracraniana e/ou envolvimento de nervos cranianos, fossa infratemporal, hipofaringe, órbitas ou espaço mastigador
T4b
Invasão do músculo pterigoide lateral, placas pterigoides, nasofaringe lateral ou base do crânio, ou envolve a artéria carótida
Linfonodos regionais (N) A distribuição e o impacto no prognóstico de disseminação regional para linfonodos do câncer de nasofaringe, particularmente do tipo não diferenciado, são diferentes dos de outros cânceres da mucosa da cabeça e do pescoço, justificando o uso de um esquema de classificação N diferente
Invasão de fáscia pré-vertebral, envolve artéria carótida ou estruturas mediastinais NO
Nenhuma metástase de linfonodo regional
N1
Metástase unilateral em linfonodo(s), < 6 cm em sua maior dimensão, acima da fossa supraclavicular
N2
Metástase bilateral em linfonodo(s), < 6 cm em sua maior dimensão, acima da fossa supraclavicular
Linfonodos regionais (N) NX
Linfonodos regionais não podem ser avaliados
NO
Nenhuma metástase de linfonodo regional
N3
N1
Metástase unilateral em linfonodo(s), < 3 cm em sua maior dimensão
Metástase em linfonodo(s) > 6 cm e/ou na fossa supraclavicular
N3a
Mais de 6 cm de dimensão
N2
Linfonodo ipsolateral único, > 3,1, < 6 cm ou linfonodos ípsolaterais ou contralaterias múltiplos < 6 cm. Metástase bilateral em linfonodo(s), < 6 cm em sua maior dimensão, acima da fossa supraclavicular
N3b
Extensão para a fossa supraclavicular
N3
Linfonodo > 6 cm em sua maior dimensão
Nasofaringe Estágio 0
Tis
NO
Estágio I
T1
NO
MO
Estágio II
T1
N1
MO
T2
NO a N1
MO
T1
N2
MO MO
MO
Tis
NO
MO
Estágio I
T1
NO
MO
Estágio II
12
NO
MO
Estágio III
T3
NO
MO
T2
N2
T1 aT3
N1
MO
T3
N 0a N 2
MO
T4a
NO
MO
Estágio IVA
T4
NO a N2
MO
Estágio 0
Estágio IVA
Estágio IVB Estágio IVC
Estágio III
T4a
N1
MO
Estágio IVB
Qualquer T
N3
MO
T1aT4a
N2
MO
Estágio IVC
Qualquer T
Qualquer N
M1
T4b
Qualquer N
MO
Qualquer T
N3
MO
Qualquer T
Qualquer N
M1
abordagem que preserve o órgão, seja em caso pós-cirúrgico para os tum ores operáveis em estágio interm ediário.
Quimioterapia de indução C om essa estratégia, os pacientes rece bem quim ioterapia [o padrão atual é um esquem a de três fárm a cos, incluindo docetaxel, cisplatina e fluoruracila (5-FU)] antes da cirurgia e radioterapia. A m aioria dos pacientes que recebem três ciclos m ostra redução tum oral, e a resposta é clinicam ente total em até m etade deles. Essa m ultim odalidade de tratam ento seqüencial possibilita a preservação do órgão (om issão de c iru r gia) nos pacientes com cânceres de laringe e hipofaringe, tendo sido com provado que resulta em taxas m ais altas de cura ao ser com parado com a radioterapia isolada.
Quimiorradioterapia concomitante
Com a estratégia concom itan te, as quim io e radioterapia são adm inistradas de form a sim ultâ nea em vez de seqüencialm ente. As recidivas tum orais de cânceres de cabeça e pescoço desenvolvem -se m ais com um ente de form a
Cânceres de Cabeça e Pescoço
Grupamento por estágio
Estágio anatômico/grupos prognósticos
local ou regional (nas regiões da cabeça e do pescoço dos linfonodos prim ários e drenados). A abordagem concom itante tem com o objetivo m elhorar a destruição das células tum orais pela ra dioterapia na presença de quim ioterapia (aum ento de radiação). Os efeitos tóxicos (especialm ente m ucosite, graus 3 ou 4 em 70 a 80%) são exacerbados com a quim iorradioterapia concom itante. No entanto, m etanálises de estudos random izados docum entam m elhora de 8% na sobrevida após 5 anos com o tratam ento con com itante de quim ioterapia e radioterapia. Os resultados parecem m ais favoráveis em estudos recentes quando fárm acos m ais ativos ou esquem as de radioterapia m ais intensa são utilizados. A sobre vida após 5 anos é de 34 a 50%. A lém disso, a q u im iorradiotera pia concom itante produz m aior sobrevida livre de laringectom ia (preservação do órgão) do que a radioterapia isolada em pacientes com câncer de laringe avançado. O uso da radioterapia junto com cisplatina tam bém produziu m elhora na sobrevida dos pacientes com câncer avançado de nasofaringe. O desfecho dos cânceres re lacionados ao HPV parece ser especialm ente favorável após qui m iorradioterapia com base em cisplatina. O sucesso da q u im iorradioterapia concom itante nos pacien tes com doença irressecável levou à testagem de abordagens se-
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m elhantes p ara os pacientes com doença ressecável de estágio interm ed iário com o terapia pós-operatória. A q u im io rra d io te rapia concom itante p ro d u z m elhora significativa sobre a ra d io terapia pó s-o p erató ria isolada p a ra os pacientes cujos tum ores d e m o n stra m m aiores características de risco, tais com o disse m inação extracapsular além dos lin fo n o d o s envolvidos, envol vim ento de m últiplos linfonodos ou m argens positivas no local prim ário após cirurgia. U m anticorpo m onoclonal para o EGFR (cetuxim abe) a u m enta as taxas de sobrevida quando adm inistrado durante a ra dioterapia. O bloqueio do EGFR resulta em sensibilização à radia ção e apresenta efeitos colaterais sistêm icos mais brandos do que os agentes quim ioterápicos tradicionais, em bora um exantem a acneiform e seja com um ente observado. A integração do cetuxi m abe nos esquem as atuais padrões de quim iorradioterapia está sendo pesquisada.
DOENÇA RECORRENTE E/OU METASTÁTICA Cerca de 10% dos p a cientes apresenta-se com doença m etastática, e m ais da m etade dos pacientes com d o en ça avançada, local ou regionalm ente, apresenta recidiva, frequentem ente fora das regiões da cabeça e do pescoço. O s pacientes com doença recorrente e /o u m eta stá tica são, com poucas exceções, tratad o s com intenção paliativa. A lguns pacientes p o d em necessitar de radioterapia local ou re gional para o controle da dor, m as a m aioria recebe qu im io tera pia. As taxas de resposta à quim ioterapia são, em m édia, apenas de 30 a 50%, a duração da resposta é, em m édia, de apenas 3 m eses, e o tem po m ediano de sobrevida é de 6 a 8 m eses. Por isso, a q u im ioterapia oferece um benefício sintom ático tra n s i tório. Os fárm acos com atividade m onoterápica nesse contexto são o m etotrexato, 5-FU, cisplatina, paclitaxel e docetaxel. Mas, associações de cisplatina com 5-FU, carb o p latin a com 5-FU e cisplatina ou carboplatina com paclitaxel ou docetaxel tam bém são usadas com frequência. As terapias orientadas para o EGFR, com o anticorpos m o n o clonais (p. ex., cetuxim abe) e inibidores da tirosinoquinase (TKls) da via de sinalização do EGFR (p. ex., erlotinibe ou gefitinibe) têm atividade m onoterápica de aproxim adam ente 10%. Os efei tos colaterais em geral são restritos a um exantem a acneiform e e diarréia (para os TKls). O acréscim o de cetuxim abe à quim iotera pia de com binação padrão com cisplatina ou carboplatina e 5-FU resultou em um aum ento significativo na sobrevida m ediana.
COMPLICAÇÕES As complicações do tratam ento dos cânceres de cabeça e pescoço geralm ente estão relacionadas com a extensão da cirurgia e exposição de estruturas teciduais norm ais à radiação. A tualm ente, a extensão da cirurgia tem sido lim itada ou com ple tam ente substituída p o r quim io e radioterapia com o abordagem prim ária. As com plicações agudas da radiação são a m ucosite e disfagia. As complicações a longo prazo são a xerostom ia, perda do paladar, dim inuição da m obilidade da língua, segundos cânce
res, disfagia e fibrose cervical. As com plicações da quim ioterapia variam de acordo com o esquem a usado, m as em geral com preen dem m ielossupressão, m ucosite, náuseas, vôm itos e nefrotoxicidade (com a cisplatina). Os efeitos colaterais da terapia nas m ucosas p o d e m levar a m á n utrição e desidratação. M uitos centros tratam as questões da dentição antes de com eçar o tratam e n to , e alguns colocam sondas nasogástricas p ara assegurar o controle da hidratação e nutrição. C erca de 50% dos pacientes desenvolvem h ip o tire o i dism o devido ao tratam ento; p o r isso, a função da tireoide deve ser m onitorada.
TUMORES DAS GLÂNDULAS SALIVARES A m aioria dos tum ores benignos das glândulas salivares é tratada por excisão cirúrgica, e os pacientes com tum ores invasivos das glândulas salivares devem ser tratados com cirurgia e radioterapia. Esses tu m ores podem apresentar recidiva regional; o carcinom a cisticoadenoide tende a recorrer ao longo do trajeto dos nervos. As m etástases a distância podem ocorrer até 10 ou 20 anos depois do diagnóstico inicial. Para a doença m etastática, o tratam ento é adm inistrado com intenção paliativa, geralm ente quim ioterapia com doxorrubicina e/ ou cisplatina. A identificação de novos agentes com atividade nesses tum ores é de alta prioridade.
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Verm orken
CA PÍTULO
89
Neoplasias de Pulmão Leora Horn W illiam Pao David H. Johnson
EPIDEMIOLOGIA O câncer de pulm ão é a causa mais com um de m orte p or câncer e n tre os hom ens e m ulheres americanos. Mais de 220.000 pessoas serão diagnosticadas com câncer de pulm ão nos Estados U nidos em 2010. A incidência de câncer de pulm ão atingiu o pico entre os hom ens no final de 1980 e atingiu o platô nas mulheres. O câncer de pulm ão é raro com idade inferior a 40 anos, com taxas que aum entam até a idade de 80 anos, após o que a taxa dim inui gradualm ente. A probabilidade prevista para desenvolver câncer de pulm ão é estim ada em cerca de 8% entre os hom ens e cerca de 6% entre as m ulheres. A incidência de câncer de pulm ão varia por grupo racial e étnico, com a m aior taxa de incidência ajustada para a idade entre afro-am ericanos. O excesso nas taxas ajustadas po r idade entre afro-am ericanos ocorre apenas entre os hom ens, mas taxas específicas para a idade m ostram que abaixo de 50 anos de idade a m ortalidade por câncer de pulm ão é superior a 25% entre africanos-am erícanos do que entre as m ulheres caucasianas. As taxas de incidência e m ortalidade entre os hispânicos e americanos indígenas e asiáticos são de aproxim adam ente 40-50% a dos brancos.
■ FATORES DE RISCO E nquanto a grande m aioria (80-90% ) dos cânceres de pulm ão é causada pelo tabagism o, vários outros fatores têm sido im plicados, em bora nenhum com a extensão do tabaco. Os fum antes de cigarros apresentam um aum ento de dez vezes ou m ais do risco desse tipo de
Neoplasias de Pulmão
O câncer de pulm ão é preponderantem ente um a doença do hom em m oderno e foi considerado bastante raro antes de 1900, com m enos de 400 casos descritos na literatura m édica. No entanto, em m eados do século XX, o câncer de pulm ão tornou-se epidêm ico e firm em ente estabelecido com o a principal causa de m orte relacionada ao câncer na A m érica do N orte e na Europa, m atando m ais de três vezes mais hom ens se com parado com o câncer de próstata e quase duas vezes m ais m ulheres do que o câncer de m am a. Este fato é particularm ente preocupante já que o câncer de pulm ão é um dos m ais evitáveis de todas as neoplasias m alignas m ais com uns. O consum o de tabaco é a principal causa de câncer de pulm ão, um fato firm em ente estabe lecido em m eados do século XX e codificado com o lançam ento do relatório de 1964 da U.S. Surgeon G eneral sobre os efeitos sobre a saúde do fum o do tabaco. Após o relatório, o uso do cigarro com e çou a dim inuir na A m érica do N orte e partes da Europa, e com ele dim inuiu a incidência de câncer de pulm ão. Até o m om ento, o declí nio no câncer de pulm ão é observado m ais claram ente em hom ens; apenas recentem ente o declínio tornou-se evidente entre as m ulheres nos Estados U nidos. Infelizm ente, em m uitas partes do m undo, espe cialm ente em países com econom ias em desenvolvim ento, o uso do cigarro continua a aum entar, e junto com ele, a incidência de cânce res de pulm ão tam bém está crescendo. E m bora o tabagism o conti nue sendo a principal causa de câncer de pulm ão em todo o m undo, m ais de 60% dos novos cânceres de pulm ão ocorrem naqueles que nunca fum aram (fum aram 100 cigarros p o r tem po de vida, deixaram após > 1 ano), m uitos dos quais deixaram décadas atrás. Além disso, um a em cada 5 m ulheres e 1 em cada 12 hom ens diagnosticados com câncer de pulm ão nunca fum aram . D ada a m agnitude do problem a, cabe a todo clínico geral ter um amplo conhecim ento sobre o câncer de pulm ão e seu tratam ento.
câncer em com paração com aqueles que nunca fum aram . Um estu do de sequenciam ento sugere que um a m utação genética é induzida para cada 15 cigarros fum ados. O risco de câncer de pulm ão é m enor entre as pessoas que param de fum ar do que entre aqueles que conti nuam a fum ar; ex-fum antes têm um risco nove vezes m aior de desen volver câncer de pulm ão em com paração com os hom ens que nunca fum aram e m ais de vinte vezes naqueles que continuam a fumar. O tam anho da redução do risco aum enta com o tem po que a pessoa p a rou de fumar, em bora geralm ente m esm o ex-fum antes de longo p ra zo tenham têm m aiores riscos de câncer de pulm ão do que aqueles que nunca fum aram . O tabagism o aum enta o risco de todos os p rin cipais tipos de câneceres pulm onares. A fum aça de tabaco am biental (FTA) ou o fum o passivo tam bém é um a causa com provada de cân cer de pulm ão. O risco de FTA é inferior ao do tabagism o ativo, com aum ento de 20-30% no câncer de p ulm ão observado entre os que nunca fum aram casados p o r m uitos anos com fum antes, em com pa ração com aum ento de 2000% entre fum antes ativos contínuos. E m bora o cigarro seja a causa dom inante de câncer de pulm ão, vários outros fatores de risco foram identificados, incluindo expo sições ocupacionais a am ianto, arsênico, bis-cloro-m etil-éter, crom o hexavalente, gás m ostarda, níquel (com o em determ inados processos de refinam ento de níquel) e hidrocarbonetos arom áticos policíclicos. Estudos ocupacionais tam bém têm fornecido inform ações sobre p o s síveis m ecanism os de indução de câncer de pulm ão. Por exemplo, o risco de câncer de pulm ão entre trabalhadores expostos ao am ianto aum enta principalm ente entre aqueles com asbestose subjacente, le vantando a possibilidade de que a form ação de cicatrizes e inflam a ção p roduzida por esta doença pulm onar fibrótica não m aligna pode, em m uitos casos (em bora provavelm ente n ão em todos), ser o gatilho para o câncer de pulm ão induzido p or am ianto. Várias outras exposi ções ocupacionais têm sido associadas ao aum ento das taxas de cân cer de pulm ão, mas a natureza causai da associação não é tão clara. O risco de câncer de pulm ão parece m aior entre os indivíduos com baixa ingestão de frutas e vegetais durante a vida adulta. Esta ob servação levou à hipótese de que n utrientes específicos, em especial os retinoides e carotenoides, p odem ter efeitos quim iopreventivos para câncer de pulm ão. No entanto, ensaios clínicos random izados não validam essa hipótese. Na verdade, os estudos descobriram que a incidência de câncer de pulm ão era aum entada entre os fum antes com suplem entação. A radiação ionizante é tam bém um cancerígeno pulm onar estabelecido, m ais convincentem ente d em onstrada a partir de estudos que m ostram aum ento das taxas de câncer de pulm ão en tre os sobreviventes das bom bas atôm icas lançadas sobre H iroshim a e Nagasaki e os grandes excessos entre os trabalhadores expostos a radiação alfa de radônio n a m ineração subterrânea de urânio. A ex posição prolongada a um nível baixo de radônio em residências pode conferir um risco de câncer de pulm ão igual ou m aior ao da FTA. Doenças pulm onares anteriores com o bronquite crônica, enfisem a e tuberculose tam bém foram associados a aum ento do risco de câncer de pulm ão.
Cessação do tabagismo D ada a ligação inegável entre tabagism o e câncer de pulm ão (nem m esm o abordando outras doenças relacionadas com o tabaco), os m édicos devem prom over abstinência do tabaco. Os m édicos tam bém devem ajudar seus pacientes fum antes a parar de fumar. A cessa ção do tabagism o, m esm o na m eia-idade, pode m inim izar um risco subsequente individual de câncer de pulm ão. Parar o uso do tabaco antes da m eia idade evita m ais de 90% do risco de câncer de pulm ão atribuível ao tabaco. No entanto, há pouco benefício para a saúde de rivado apenas do “corte”. E im p o rtan te ressaltar que a cessação do tabagism o pode até ser benéfica para indivíduos com u m diagnóstico estabelecido de câncer de pulm ão, pois está associado a um a m elhor sobrevida, m enos efeitos colaterais da terapia e um a m elhoria global da qualidade de vida. Além disso, o fum o pode alterar o m etabolis m o de m uitos fárm acos da quim ioterapia, potencialm ente alterando negativam ente as toxicidades e benefícios terapêuticos dos agentes.
737
C onsequentem ente, é im portante prom over a cessação do tabagismo, m esm o após o diagnóstico de câncer de pulm ão ser estabelecido. Os m édicos precisam entender os elem entos essenciais da terapia de cessação do tabagism o. O indivíduo deve querer p a rar de fum ar e deve estar disposto a esforçar-se ao m áxim o para atingir a m eta de abstinência tabágica. Estratégias de autoajuda po r si só afetam ape nas m arginalm ente as taxas de abandono, enquanto farm acoterapias isoladas e com binadas em com binação com aconselham ento podem aum entar significativam ente as taxas de cessação. O tratam ento com antidepressivo (p.ex., bupropiona) ou a terapia de substituição da n i cotina (vareniclina, um agonista parcial do receptor de acetilcolina nicotínico a 4(32), são aprovados pela U.S. Food and D rug A dm inistration (FDA) com o tratam entos de prim eira linha para dependência de nicotina. No entanto, relatou-se que am bos os fárm acos au m en tam a ideação suicida e devem ser usados com cautela. Em um ensaio clínico random izado, a vareniclina foi m ais eficaz do que a bupropio na ou placebo. O uso prolongado de vareniclina além da fase de in dução inicial m ostrou-se útil na m anutenção da abstinência tabágica. A clonidina e nortriptilina são recom endadas com o tratam entos de segunda linha (Cap. 395).
Predisposição hereditária ao câncer de pulmão
Oncologia e Hematologia
A exposição a carcinógenos ambientais, tais com o os encontrados na fumaça do tabaco, induz ou facilita a transform ação de células broncoepiteliais em fenótipo maligno. A contribuição de agentes cancerígenos na transform ação é m odulada por variações polim órficas em genes que afetam os aspectos do m etabolism o carcinogênico. D eterm inados polim orfism os genéticos do sistema da enzim a P450, especificamente CYP1A1, ou fragilidade crom ossôm ica são associados ao desenvol vim ento de câncer de pulmão. Estas variações genéticas ocorrem em frequência relativamente elevada na população, mas sua contribuição para o risco de câncer de pulm ão de um indivíduo é geralmente baixa. No entanto, devido à sua frequência na população, o im pacto global sobre o risco de câncer de pulm ão poderia ser alto. Além disso, fatores am bientais, com o m odificado pelos m oduladores hereditários, p ro vavelmente afetam genes específicos por desregulam entação de vias im portantes vias para possibilitar o fenótipo do câncer. Parentes de prim eiro grau de probandos com câncer de pulm ão têm duas a três vezes m ais risco de câncer de pulm ão e outros cânce res, m uitos dos quais não estão relacionados com o tabagism o. Estes dados sugerem que genes específicos e/ou variantes genéticas podem contribuir para a suscetibilidade ao câncer de pulm ão. No entanto, m uito poucos desses genes já foram identificados. O s indivíduos com m utações hereditárias em RB (pacientes com retinoblastom a que vivem até a idade adulta) e genes p53 (síndrom e de Li-Fraum eni) podem desenvolver câncer de pulm ão. Três loci genéticos para risco de câncer de pulm ão foram identificados p o r estudos de associação do genoma, incluindo 5 p l5 (TERT-CLPTM1L), 15q25 (subunidades do receptor de acetilcolina nicotínico CHRN A5-CHRN A-3) e 6p21 (BAT3-MSH5). U m a rara m utação germ inativa (T790M) envolvendo o receptor do fator de crescim ento epidérm ico (RFCE) talvez esteja ligada à suscetibilidade do câncer de pulm ão em quem nunca fum ou. Atualm ente, no entanto, nenhum critério m olecular é utilizado para selecionar pacientes para esquem as de triagem m ais intensos ou para estratégias quim iopreventivas específicas.
■ PATOLOGIA O term o câncer de pulm ão refere-se a tum ores que surgem do epitélio respiratório (brônquios, bronquíolos e alvéolos). M esoteliom as, lin fomas e tum ores do estrom a (sarcom as) são diferentes dos cânceres de pulm ão epiteliais. De acordo com a classificação da O rganização M undial de Saúde, os cânceres de pulm ão epiteliais originam -se em quatro tipos principais de células: câncer de pulm ão de pequenas células (CPPC) e as cham adas histologias de câncer de pulm ão não pequenas células (CPN PC), com o o adenocarcinom a, carcinom a es pinocelular e carcinom a de células grandes (Fig. 89.1). Essas quatro histologias são responsáveis p o r aproxim adam ente 90% de todos os cânceres de pulm ão epiteliais. O restante inclui carcinom as indiferenciados, carcinoides, tum ores das glândulas brônquicas (com o os carcinom as císticos adenoides e tum ores m ucoepiderm oides) e tipos
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C â n ce r de Pulm ão de Pequenas C é lu las (C P PC ) C â n ce r de P ulm ão N ão Pequenas C élulas (C P N P C ) A de n o ca rcin o m a C arcin o m a e sp inocelular C arcin o m a de grandes células
Figura 89.1
Vista tradicional do câncer de pulmão.
m ais raros de tum or. Os tum ores podem ocorrer com o histologia de tipo único ou misto. Todos os tipos histológicos de câncer de pulm ão podem ser e n contrados em fum antes atuais e anteriores. H istoricam ente, as his tologias associadas ao uso pesado de tabaco são os carcinom as espi nocelulares e de pequenas células. O carcinom a espinocelular foi a form a m ais com um ente diagnosticada de C PN PC; no entanto, com o declínio constante do consum o de cigarros nas últim as quatro dé cadas e m udanças na fabricação do cigarro (incluindo a utilização de diferentes tipos de filtros), o adenocarcinom a substituiu o carcinom a espinocelular com o o subtipo histológico m ais freqüente na A m é rica do Norte. A incidência de carcinom a de pequenas células tam bém está em declínio. N aqueles que nunca fum aram durante toda a vida, todas as form as histológicas de câncer de pulm ão podem ser encontradas, em bora adenocarcinom a tenda a predom inar. E ntre as m ulheres e adultos jovens (m enos de 60 anos), o adenocarcinom a tam bém tende a ser a form a m ais com um de câncer de pulm ão. O carcinom a de pequenas células é um tu m o r neuroendócrino pouco diferenciado que tende a o co rrer com o u m a m assa central com o crescim ento endobrônquico e está fortem ente associado ao tabagism o. Células de carcinom a de pequenas células têm citoplas m a escasso, núcleos hipercrom áticos p equenos com um padrão de crom atina fina (“sal e pim enta”) e nucléolos proem inentes. Os tu m o res podem estar dispostos em lâm inas difusas de células ou podem apresentar padrões neuro en d ó crin o s, com o rosetas, trabéculas ou paliçada periférica de células na periferia dos ninhos. Frequentem en te, há necrose celular generalizada. C arcinom as de pequenas células, com m ais frequência do que os carcinom as de não pequenas células, podem produzir horm ônios peptídicos específicos, tais com o o h o r m ônio adrenocorticotrófico (A CTH ), arginina-vasopressina (AVP), fator natriurético atrial (FNA) e peptídio liberador de gastrina (PLG). Esses horm ônios podem ser associados a síndrom es paraneoplásicas distintas que sugerem exame e subsequente diagnóstico (Cap. 100). Os carcinom as espinocelulares do pulm ão são m orfologicam ente idênticos aos carcinom as espinocelulares extrapulm onares (ou seja, de cabeça e pescoço) e requerem correlação clínica para diferencia ção. Estes tum ores tendem a o co rrer centralm ente e são classica m ente associados a um a história de tabagism o. Histologicam ente, o padrão m ais com um é o de um nin h o infiltrante de células tum orais que não possuem pontes intercelulares. A ceratina geralm ente pode ser observada quando presente. A denocarcinom as frequentem ente ocorrem em locais p ulm ona res m ais periféricos e podem ser associados a um a história de taba gismo. No entanto, os adenocarcinom as são o tipo m ais com um de câncer de pulm ão que ocorre em não fum antes. Histologicam ente, o tecido pode conter a presença de glândulas, estrutura papilar, padrão bronquioalveolar, m ucina celular ou p a d rão sólido se m al diferen ciadas. Variantes de adenocarcinom as incluem anel de sinete, células claras e adenocarcinom as m ucinosos e fetais. O carcinom a bronquioloalveolar (CBA) é um subtipo de adenocarcinom a que cresce ao longo dos alvéolos, sem invasão e pode m ostrar-se nas radiografias com o um a m assa única, um a lesão m u ltin o d u lar difusa, um a infil tração difusa e, à TC, com o um a opacidade em “vidro fosco” (OVF). O CBA puro é relativam ente raro. O adenocarcinom a com aspectos de CBA é m ais com um . O CBA pode apresentar-se em um a form a
m ucinosa, que tende a ser m ulticêntrica, e um a form a não m ucinosa, que tende a ser solitária. C arcinom as de grandes células tendem a ocorrer perifericam ente e são definidos com o carcinom as precariam ente diferenciados do pulm ão com postos de células m alignas m aiores sem evidência de d i ferenciação escamosa, glandular, ou características de carcinom a de pequenas células p o r m icroscopia de luz. Estes tum ores geralm ente consistem em lâm inas de grandes células malignas, m uitas vezes com necrose associada. Citologicam ente, o tu m o r é tam bém disposto em grupos sinciciais e células únicas. Variantes de carcinom a de grandes células incluem carcinom a basaloide, que pode se apresentar com o um a lesão endobrônquica e pode assem elhar-se a um tu m o r neuroendócrino de alto grau, e carcinom a sem elhante a linfoepiteliom a, o qual é sem elhante ao tu m o r de m esm o nom e de outros locais e está relacionado com o vírus Epstein-Barr. H istoricam ente, para fins de tratam en to e prognóstico, a p rin cipal distinção tem sido entre C PPC e CPN PC, pois esses tum ores têm histórias naturais e abordagens terapêuticas bastante diferentes. O CPPC tipicam ente apresenta-se am plam ente dissem inado no m o m ento do diagnóstico. M esm o se localizado, raram ente é curável p or cirurgia. Em contrapartida, o CPN PC pode ser potencialm ente cu ra do p or ressecção em até 30% dos casos. Cânceres de pequenas células tendem a responder de m aneira m ais favorável a agentes quim ioterá picos citotóxicos tradicionais. A resistência intrínseca é a n o rm a ta n to para CPPC e CPN PC. À m edida que o conhecim ento da biologia tum oral aum enta, esquem as de classificação m ais sofisticados estão em desenvolvim ento, incluindo aqueles baseados em p arte n a p re sença de m utações específicas e alterações m oleculares (Fig. 89.2). O reconhecim ento dessas distinções m oleculares pode ajudar a guiar a terapia no futuro.
QUADRO 89.1 Marcadores imuno-histoquímicos comuns usados no diagnóstico de tumores de pulmão Histologia Carcinoma espinocelular
Coquetel de citoceratina (CK), p.ex., AE1/AE3 CK5/6 CK7 raro
Adenocarcinoma
Coquetel de citoceratina (CK), p.ex., AE1/AE3 CK7 FTT-1 Marcadores neuroendócrinos raros, p.ex., CD56, ENE
Carcinoma de grandes células
Citoceratina FTT-1 raro Marcadores neuroendócrinos raros (p.ex., CD56, ENE)
Carcinoma neuroendócrino de grandes células
Coquetel de citoceratina (CK), p .e x , AE1/AE3 FTT-1
CD56 Cromogranina Sinaptofisina Carcinoma de pequenas células
Coquetel de citoceratina (tende a ser irregular) FTT-1 CD56
■ IMUNO-HISTOQUÍMICA
Cromogranina Sinaptofisina Abreviações: WT-1, gene do tumor de Wilms 1; ENE, enolase neurônio-específica; MACN, mo lécula de adesão de célula neural; FTT-1, fator de transcrição da tireoide 1.
para CK20, enquanto o câncer de p ulm ão espinocelular será negativo tanto para CK7 com o para CK20. O m esoteliom a pode ser facilm ente identificado u ltraestruturalm ente, m as tem sido historicam ente d i fícil de diferenciar de adenocarcinom a através de m orfologia e co loração im uno-histoquím ica. Diversos m arcadores nos últim os anos têm provado ser m ais úteis, incluindo CK5/6, calretinina e do gene do tu m o r de W ilm s 1 (W T-1), todos os quais m ostram positividade em m esoteliom a.
Neoplasias de Pulmão
O diagnóstico de câncer de pulm ão baseia-se m ais frequentem ente nas características m orfológicas ou citológicas correlacionadas com achados clínicos e radiográficos. A im u n o -h isto q u ím ica po d e ser utilizada para verificar a diferenciação n e u ro en d ó c rin a d en tro de um tum or, com m arcadores tais com o enolase neurônio-específica (ENE), CD56 ou m olécula de adesão de célula neural (M A CN ), sinaptofisina, crom ogranina e Leu7 (Q uadro 89.1). a im u n o -h isto q u í m ica tam bém é útil na diferenciação p rim ária de adenocarcinom as metastáticos. O fator de transcrição da tireoide 1 (TTF-1), identifica do em tum ores de origem tireóidea e pulm onar, é positivo em m ais de 70% dos adenocarcinom as pulm onares e é um indicador confiável de câncer prim ário de pulm ão, desde que um prim ário da tireoide tenha sido excluído. Um TTF-1 negativo, no entanto, não exclui a possibilidade de um prim ário do pulm ão. TTF-1 tam bém é positivo em tum ores n eu ro en d ó crin o s de origem p u lm o n a r e extrapulm onar. C itoceratinas 7 e 20 utilizadas em com binação p odem ajudar a reduzir o diagnóstico diferencial; o C PN PC não espinocelular, o C PPC e m esoteliom a podem corar positivos para CK7 e negativos
Marcadores imuno-histoquímicos positivos
■ PATOGENIA MOLECULAR
O câncer é um a doença que envolve alterações dinâm icas no geno ma. C om o proposto p o r H anahan e W einberg, praticam ente todas as células cancerosas adquirem seis capacida des m arcantes: a autossuficiência em sinais de crescim ento, a insensibilidade p ara com sinais PIK3CA anticrescim ento, a evasão de apoptose, o p o Fusão ROS tencial replicativo ilim itado, a angiogênese A m p R FC D P sustentada e a invasão tecidual e m etástase. A o rdem em que essas capacidades m arcan K RAS tes são adquiridas parece bastante variável e p ode diferir de tu m o r para tum or. Eventos que levaram à aquisição dessas características p odem variar am plam ente; em bora em geral os cânceres surjam com o resultado de acú M utações associadas à se n sibilidade a fá rm aco s m ulos de m utações de ganho de função em G719X, exon 19 dei, L858R , L861Q oncogenes e m utações de perda de função nos Mutações associadas à resistência ao fármaco principal genes supressores de tum or. Para com plicar exon 20 dup ainda m ais o estudo do câncer de pulm ão, a Mutações associadas à resistência a fármaco secundário seqüência de eventos que levam à doença é L747S, D 761Y, T854A , T790M claram ente diferente para as diversas entida am plificação TEM des histopatológicas. Figura 89.2 2010: Adenocarcinoma de pulmão - vários subgrupos moleculares.
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Oncologia e Hematologia
A célula exata de origem dos cânceres de pulm ão não é conhe cida. Não se sabe se um a célula de origem leva a todas as form as histológicas de câncer de pulm ão. E ntretanto, pelo m enos p ara o adenocarcinom a de pulm ão, as células epiteliais de tipo II (ou célu las epiteliais alveolares) têm a capacidade de produzir tum ores. Para CPPC, as células de origem neuroendócrina foram im plicadas com o precursoras. Para cânceres em geral, um a teoria afirm a que um su b grupo pequeno das células dentro do tu m o r (ou seja, “células-tron co”) é responsável p o r todo o c om portam ento m aligno do tum or. C om o parte desse conceito, o grande volum e de células em um cân cer é a “prole” de tais células-tronco cancerosas. E m bora tenha um a relação clonal com a subpopulação de células-tronco cancerosas, a m aioria das células p o r si m esm as não pode regenerar to d o o fenó tipo m aligno. O conceito de célula-tronco pode explicar a falha das terapias clínicas padrão em erradicar cânceres de pulm ão, m esm o quando há um a resposta clínica completa. A doença recidiva porque as terapias não elim inam o com ponente da célula-tronco, que pode ser mais resistente à quim ioterapia. A inda há necessidade de se iden tificar as células-tronco do câncer de p ulm ão hum ano. As células de câncer de pulm ão abrigam várias anorm alidades crom ossôm icas, incluindo m utações, amplificações, inserções, dele ções e translocações. Um dos prim eiros grupos de oncogenes verifi cados com o aberrantes foi a família MYC de fatores de transcrição (M YC, M Y C N e M YCL). M Y C é m ais frequentem ente ativada atra vés da amplificação do gene ou desregulação transcricional tanto em C PPC com o C PN PC, enquanto que as anorm alidades de M Y C N e M YCL geralm ente ocorrem em CPPC. Atualm ente, não existem fár m acos MYC-específicos. Até o m om ento, entre histologias de câncer de pulm ão, os ade nocarcinom as têm sido os m ais extensivam ente catalogados para ganhos e perdas genôm icos recorrentes, bem com o para m utações somáticas. Em bora vários tipos diferentes de aberrações tenham sido encontrados, um a classe im portante envolve as “m utações condutoras” - m utações que ocorrem em genes que codificam proteínas de sinalização que, quando aberrantes, conduzem a iniciação e m a nutenção de células tum orais (Q u ad ro 89.2). E im portante ressaltar que m utações condutoras podem servir com o calcanhares de A qui les para os tum ores se seus produtos gênicos puderem ser alm ejados apropriadam ente. Por exemplo, um conjunto de m utações envolve o receptor do fator de crescim ento epidérm ico (RFCE), que p e r tence à família ERBB (HER) de protooncogenes, incluindo o RFCE (ERBB1), H er2/neu (ERB2), HER3 (ERBB3) e HER4 (ERBB4). Estes genes codificam receptores de superfície celular que consistem em um dom ínio extracelular de ligação ao ligando, um a estru tu ra trans-
QUADRO 89.2 Lista de alguns genes somaticamente alterados em subtipos histológicos diferentes de câncer de pulmão Histologia
Oncogene
Genes de supressão tumoral
Adenocarcinoma
RFCE
TP53
KRAS
CDKN2A/B
ALK
9p16,p14) LKB1 (STK11)
Carcinoma espinocelular
RFCE
TP53
PIK3CA
TP63
IGF-1 R Carcinoma de pequenas células
MYC
TP53
BCL-2
RB1 FHIT
Carcinoma de células grandes (não muito bem estudado) Abreviações: RFCE, receptor do fator de crescimento epidérmico; ALK, quinase de linfoma anaplásico; IGF-1 R, receptor do fator de crescimento semelhante à insulina 1; RB1, proteína 1 do retinoblastoma.
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m em brana e um dom ínio intracelular da tirosinoquinase (TK). A ligação do ligando ao receptor ativa a dim erização do receptor e autofosforilação de TK, iniciando um a cascata de eventos intracelulares, levando a aum ento da proliferação celular, angiogênese, m etástase e um a redução da apoptose. A denocarcinom as pulm onares podem surgir quando os tum ores expressam RFCE m utante. Esses m esm os tum ores apresentam alta sensibilidade aos inibidores de tirosinoqui nase do RFCE de pequenas moléculas. Exemplos adicionais de m u ta ções condutoras em adenocarcinom a de pulm ão incluem aqueles que envolvem as m oléculas de sinalização a jusante do RFCE, po r exem plo, a tirosinoquinase HER2; a GTPase, KRAS; a serina-treonina qui nase, BRAF e a quinase lipídica, PIK3CA. Em 2007, outros subgrupos de adenocarcinom a de pulm ão foram encontrados sendo definidos pela presença de translocações específicas que fazem a fusão de tiro sinoquinases, com o ALK e ROS a parceiros aberrantes a m ontante. Notavelm ente, pelo m enos m utações de RFCE, KRAS e E M L4-A LK são m utuam ente exclusivas, sugerindo que a aquisição de um a dessas m utações condutoras seja suficiente para prom over a tum origênese. Até agora, m utações condutoras potencialm ente almejáveis foram na sua m aioria identificadas em adenocarcinom as de pulm ão em oposi ção a cânceres de pulm ão que apresentam outros tipos de histologias. Identificou-se tam bém um grande núm ero de genes supressores tum orais (oncogenes recessivos) que são inativados durante a pato genia do câncer de pulm ão (Q uadro 89.2). Esses genes incluem TP53, RB1, RASSF1A, CDKN2A/B, LKB1 (STK11) e FHIT. Quase 90% dos CPPC abrigam m utações em TP53 e RB1. Vários genes supressores tum orais codificados no crom ossom o 3p parecem estar envolvidos em quase todos os cânceres de pulm ão. A p erda de alelos nessa re gião ocorre m uito cedo na patogenia do câncer de pulm ão, inclusive no epitélio pu lm o n ar histologicam ente n orm al não lesionado pela fum aça.
DETECÇÃO PRECOCE E TRIAGEM O resultado clínico de câncer de pulm ão está relacionado ao estágio de diagnóstico. Assim, presum e-se que a detecção precoce de tum ores ocultos conduzirá à m elhora da sobrevida. A detecção precoce é um processo que envolve testes de triagem , vigilância, diagnóstico e trata m ento precoce. Em contrapartida, a triagem é definida com o um teste sistem ático de indivíduos assintom áticos para a doença pré-clínica. A m aioria dos pacientes com câncer de pulm ão apresenta doença avançada, levantando a questão sobre se a triagem poderia detectar tum ores de pulm ão em estágios iniciais quando eles são teoricam ente m ais curáveis. Para que um program a de triagem seja bem sucedi do, a carga da doença na população deve ser elevada, o tratam ento eficaz deve estar disponível e ser capaz de reduzir a taxa de m ortali dade e o teste deve ser acessível, custo-eficaz, e tanto sensível quanto específico. Com qualquer procedim ento de triagem , é preciso ter em m ente a possível influência de viés de antecipação do diagnóstico (ou seja, detectar o câncer mais cedo sem um efeito na sobrevida), viés de duração (ou seja, cânceres indolentes são detectados na triagem e podem realm ente não afetar a sobrevida, enquanto os cânceres agres sivos provavelmente causam sintom as m ais cedo nos pacientes e apre sentam m enor probabilidade de ser detectados), e sobrediagnóstico (ou seja, diagnosticar cânceres de crescim ento tão lento que não são suscetíveis de causar a m orte do paciente) (Cap. 82). Estudos random izados controlados de 1960 a 1980 não relataram n enhum im pacto na taxa de m ortalidade específica para câncer de pulm ão usando radiografias de tórax de triagem com ou sem citolo gia do escarro em pacientes de alto risco (idade > 50 anos o u história de tabagism o). Em bora esses estudos tenham sido criticados po r seu design, análises estatísticas e m odalidades de im agem desatualiza das, eles resultaram nas recom endações atuais para não usar essas ferram entas para detectar câncer de pulm ão. O m ais recente estudo Prostate, Lung, C olorectal and O varian (PLCO) C ancer Screening Trial concluiu com petência. Este estudo envolveu m ais de 150.000 pacientes random izados para o tratam ento padrão ou radiografia de tórax p óstero-anterior de incidência única no m om ento basal. Um total de 5.991 (8,9%) raios X do tórax de m om ento basal foi relatado com o suspeito de câncer de pulm ão, m ais alto em fum antes atuais
ABORDAGEM AO NÓDULO PULMONAR SOLITÁRIO
e ex-fum antes. D uzentos e seis pacientes fizeram biópsia, das quais 126 (61%) foram positivas para câncer de pulm ão. Entre aqueles com biópsias positivas, 52% eram de estágio I, 12% estavam no estágio II e 22% estavam no estágio III. O acom panham ento de longo prazo é necessário para determ inar o efeito sobre a taxa de m ortalidade, se houver algum. A TC de tórax helicoidal ou espiral de cortes finos, com baixa dose, sem contraste, surgiu com o um a nova ferram enta possível para a triagem de câncer de pulm ão. N a T C de tórax em espiral, apenas o parênquim a p ulm onar é exam inado, anulando assim o uso de co n traste intravenoso e a necessidade de um m édico estar presente no exame. O exame geralm ente p ode ser realizado com rapidez (em um período de um a respiração) e envolve doses baixas de radiação. No entanto, os benefícios da triagem com essa tecnologia precisam ser determ inados. O Internacional Early Lung C ancer A ction Project (I-ECLAP) rastreou 31.567 pacientes assintom áticos de alto risco para câncer de pulm ão (idade > 60 anos, com h istória de tabagism o de pelo m enos 10 m aços-ano), utilizando um a TC de m om ento basal de dose baixa e triagem anual em 27.456 participantes do estudo. Le sões suspeitas que exigiam biópsias foram indicadas em 535 partici pantes. O câncer de pulm ão foi diagnosticado em 484 participantes; 405 na linha de base, 74 na triagem subsequente e 5 participantes devido aos sintom as entre as consultas anuais. D os 484 participantes que receberam diagnóstico de câncer de pulm ão, 412 (85%) eram de estágio clínico I com um a taxa de sobrevida estim ada de 10 anos de 88%, independentem ente do tratam ento e 92% entre os 302 p a rtici pantes que foram subm etidos à ressecção em um p eríodo de 1 m ês após o diagnóstico. Um segundo ensaio random izou 1276 pacientes para triagem com TC de doses baixas e 1196 para raio X de m o m en to basal seguido de exam e clínico anual. Em u m acom panham ento de 3 anos, este estudo encontrou um a tendência de m ais pacientes diagnosticados com câncer de pulm ão de estágio I no braço da CT de baixa dose, não havendo diferença no n úm ero de pacientes com
diagnóstico de câncer de pulm ão avançado ou m ortes p or câncer de pulm ão. São necessários dados m ais am adurecidos de todos os e n saios para determ inar se o rastream ento reduz as taxas de m ortalida de p or câncer de pulm ão. Um grande desafio que confronta os defensores da triagem por TC é a alta taxa de falsos positivos; na triagem inicial de populações de risco, as taxas de falsos positivos variam entre 10 e 20%, m as p o dem ser de até 50%, d e p en d e n d o da região geográfica. Os valores preditivos positivos variam de 2,8-11,6%. Os falsos positivos podem ter um im pacto substancial sobre os pacientes p o r conta e risco de u m a nova avaliação e estresse em ocional desnecessários. Taxas fal sas positivas e valores preditivos positivos são um pouco m elhorados nos exames de TC anuais de acom panham ento, m as ainda há espaço para m elhorias. C om base em dados existentes, parece que nódulos 4,5 kg As sín d ro m es paran eo p lásicas são • Musculoesqueléticos: dor esquelética focal com uns em pacientes com câncer de pul • Neurológicos: cefaleias, síncope, convulsões, fraqueza de m ão, especialm ente aqueles com CPPC, e extremidade, mudança recente do estado mental p odem ser o achado à apresentação ou o Sinais encontrados no exame físico • Linfadenopatia (>1 cm) p rim eiro sinal de recorrência. Além dis so, p odem sim ular doença m etastática e, • Rouquidão, síndrome da veia cava superior a m enos que sejam detectadas, levam a • Sensibilidade óssea u m tra ta m e n to paliativo im próprio em • Hepatomegalia (faixa de >13 cm) vez de curativo. G eralm ente, a síndrom e • Sinais neurológicos focais, papiledema paraneoplásica pode ser aliviada com o • Massa de tecido mole tratam en to bem -sucedido do tum or. Em alguns casos, a fisiopatologia da síndrom e Exames laboratoriais de rotina • Hematócrito: 1 5 m m de diâm etro. D e m onstrou-se que a imagem com binada de ISF-FDG T C-PET m elhora a precisão do estadiam ento em C PN PC se com parado com a corre lação visual de PET e TC ou cada estudo isoladam ente. D escobriu-se que TC-PET é superior na identificação de linfonodos m ediastinais patologicam ente aum entados e m etástases extratorácicas. Um valor
padronizado de captação (VPC) de > 2,5 na PET é altam ente suspeito de m alignidade. Falsos negativos po d em ser observados no diabetes, em lesões m enores que 8 m m , em tum ores de crescim ento lento e em infecções sim ultâneas tais com o a tuberculose. Os falsos p ositi vos podem ser observados nas infecções e doença granulom atosa. Assim, o PET nunca deve ser utilizado isoladam ente para diagnos ticar o câncer de pulm ão, envolvim ento m ediastinal ou m etástases. É necessária a confirm ação com biópsia. Para m etástases cerebrais, a ressonância m agnética é o m étodo m ais eficaz. A ressonância m agné tica tam bém pode ser útil em determ inadas circunstâncias, tais com o tum ores de sulco superior, para d escartar o envolvim ento do plexo braquial, m as em geral não desem penha um papel im portante no es tadiam ento de CPNPC. Em pacientes com C PN PC , as m aiores contraindicações a p o tencial ressecção curativa são: m etástases extratorácicas; síndrom e da veia cava superior; paralisia das pregas vocais e, na m aioria dos casos, do nervo frênico; d erram e pleural m aligno; tam p o n am en to cardíaco; tu m o r de 2 cm da carina (potencialm ente curável com com binação de quim iorradioterapia); m etástases pulm ão co ntrala teral; m etástase para linfo n o d o s supraclaviculares; m etástase para n o d o m ediastinal contralateral (potencialm ente curável com q u i m iorradioterapia com binada), e envolvim ento da artéria p ulm onar principal. Nas situações em que farão um a diferença no tratam ento, os achados anorm ais de exam e requerem confirm ação tecidual de m alignidade para que os pacientes não sejam im pedidos de fazer ci rurgia potencialm ente curativa. O m elhor previsor de doença m etastática continua sendo um a história cuidadosa e exame físico. Se os sinais, sintom as ou achados de exame físico sugerem a presença de m alignidade, em seguida deve-se realizar im agem seqüencial com eçando com o estudo m ais ade quado. Se os resultados da avaliação clínica forem negativos, então estudos de im agem além de TC-PET são desnecessários e a pesquisa para a doença m etastática é concluída. Mais controversa é a m aneira com o se deve avaliar pacientes com doença conhecida de estágio III. C om o esses pacientes são m ais propensos a ter doença m etastática
MANEJO DE CÂNCER DE PULMÃO NÃO PEQUENAS CÉLULAS
Figura 89.4
Algoritmo para tratamento de câncer de pulmão não pequenas células.
oculta assintom ática, as diretrizes atuais recom endam um a avalia ção m ais am pla da im agem , incluindo im agens do cérebro com TC ou RM. Em pacientes nos quais a doença m etastática distante tenha sido descartada, a situação dos linfonodos deve ser avaliada através de um a com binação de imagens radiográficas e/ou técnicas m in im a m ente invasivas, com o as m encionadas anteriorm ente e/ou técnicas invasivas com o a m ediastinoscopia, m ediastinotom ia, toracoscopia e toracotom ia. Cerca de um quarto até m etade dos pacientes diagnos ticados com C PN PC irá ter m etástase de linfonodo m ediastinal no m om ento do diagnóstico. A am ostragem de linfonodos é recom en dada em todos os pacientes com gânglios aum entados detectados pela TC ou PET e em pacientes com tum ores grandes ou tum ores que ocupam o terço interno do pulmão. A extensão do envolvim ento ganglionar m ediastinal é im portante na determ inação da estratégia de tratam ento apropriada: ressecção cirúrgica seguida de quim iotera pia adjuvante versus quim iorradioterapia isolada (ver adiante). Um a nom enclatura padrão para referir-se à localização dos linfonodos e n volvidos no câncer de pulm ão tem evoluído (Fig. 89.5). Há dados lim itados sobre o uso do TC-PET no estadiam ento de pacientes com CPPC (Fig. 89.6). As recom endações de estadiam ento atuais incluem TC de tórax e abdom e (devido à alta frequência de e n volvim ento hepático e suprarrenal), RM do cérebro (positivo em 10% dos pacientes assintom áticos), e exam e de radionuclídio (osso) se os sinais ou sintom as sugerirem o envolvim ento da doença nessas áreas.
Figura 89.5
■ SISTEMA DE ESTADIAMENTO PARA CÂNCER DE PULMÃO NÃO PEQUENAS CÉLULAS
O sistem a internacional de estadiam ento T N M fornece inform ações prognósticas úteis e é usado para e stadiar o C PN PC dos pacientes. Os vários T (tam anho do tum or), Linfonodos mediastinais superiores N (aco m etim en to de linfonodos regionais) e M (presença ou a u ® 1. M ediastinais m ais altos sência de m etástase a distância) são com binados para form ar g ru 0 2. P aratraqueais superiores pos de estágios diferentes (Q uadro 89.5). O antigo sistem a de estadia @ 3. P ré-vascular e retrotraqueal m en to tu m o r-n ó d u lo -m e tá s ta se (T N M ) p a ra c ân cer de p ulm ão O 4. P aratraqueal inferior (inclusive (sexta edição) foi desenvolvido os linfonodos ázigos) com base em u m banco de dados N2 = dígito único, ipsolateral relativam ente pequeno de pacien N3 = dígito único, contralateral tes de u m a única instituição. Em ou su p ra cla vicu lar 1999, a Intern atio n al A ssociation for the Study o f Lung Cancer esta Linfonodos aórticos beleceu o projeto de estadiam ento do câncer de p ulm ão e os dados £ 5. S ubaórticos (janela A-P) coletados em m ais de 68.000 casos de 46 fontes em m ais de 19 países Q 6. P ara-aórtico (aorta ascendente p a ra desenvolver o novo sistem a ou frênico) de e sta d ia m e n to T N M (sétim a edição), que entrou em uso a partir de 2010. C om o se vê nos Q uadros Linfonodos mediastinais inferiores 89.5 e 89.6, a distinção principal entre a sexta e a sétim a edições do © 7. S ubcaríneo sistem a de estadiam ento está d en tro da classificação T; tum ores T l O 8. P araesofágico (abaixo da carina) são divididos em tum ores de tam a n h o < 2 cm , pois descobriu-se que O 9. Ligam ento p u lm o n ar esses pacientes tinham um m elhor prognóstico em com paração com tu m o res > 2 cm, m as < 3 cm. Os tu m o res T2 são divididos naque Linfonodos N1 les que são > 3 cm, m as < 5 cm e O 10. H ilares aqueles que são > 5 cm, m as < 7 cm. Os tum ores T3 são > 7 cm. Os ® 11. Interlobares tu m o res T4 incluem aqueles que têm nódulos adicionais no m esm o O 12. Lobares lobo ou tum ores que têm um der ram e p leural m aligno. N enhum a O 13. S egm entares alteração foi feita para a classifi cação atual de com prom etim ento O 14. S ubsegm entares linfonodal (N). Os pacientes com m etástases p odem ser classificados
Neoplasias de Pulmão
Ligt. pulm . inf.
Biópsias de m edula óssea e aspirações raram ente são realizadas dada a baixa incidência de m etástases isoladas da m edula óssea. Pode-se conseguir confirm ação da doença m etastática, nódulos pulm onares ipsolaterais ou contralaterais ou m etástases além do m ediastino por m eio das m esm as m odalidades recom endadas anteriorm ente para pacientes com CPNPC. Se um paciente tem sinais ou sintom as de com pressão da m edula espinal (dor, fraqueza, paralisia, retenção urinária), deve-se realizar um a TC ou RM espinal e exam e da citologia do líquido cerebrospinal. Se há evidências de m etástases na im agem , um neurocirurgião deve ser consultado para possível ressecção cirúrgica paliativa e/ou um oncologista radiologista deve ser consultado para radioterapia paliativa no local da com pressão. Se os sinais de sintom as de leptom eningite desenvolverem em q ualquer m om ento em um paciente com câncer de pulm ão, um a RM do cérebro e da m edula espinal deve ser realizada, bem com o punção espinal para detecção de células malignas. Se a punção lom bar for negativa, deve-se considerar um a repetição da punção. Não existe atualm ente terapia aprovada para tratam ento de doença leptom eníngea.
Estações do linfonodo regional para estadiamento do câncer de pulmão não pequenas células.
745
TRATAMENTO DE CÂNCER DE PEQUENAS CÉLULAS
Nota: Independente da doença, p a cientes que têm um a boa resposta à terapia inicial devem se r considerados para irradiação craniana p rofilática após te rapia se r concluída
Figura 89.6
O
Algoritmo de tratamento de câncer de pequenas células.
QUADRO 89.5
Comparação da sexta e sétima edições dos sistemas de estadiamento TNM para câncer de pulmão pequenas células
Sexta edição
Sétima edição
Tumor < 3 cm de diâmetro sem invasão mais proximal que brônquio lobar
Tumor < 2 cm de diâmetro, circundado por pulmão ou pleura visceral, sem invasão mais proximal que brônquio lobar
Tumor (T) TI
Tumor < 2 cm de diâmetro
T ia T1b T2
Tumor >2 cm mas < 3 cm de diâmetro Tumor > 3 cm de diâmetro OU tumor de qualquer tamanho com qualquer dos seguintes
Tumor > 3 cm mas < 7 cm com qualquer dos seguintes: Envolve brônquio principal, > 2 cm distai à carina
Invasão pleural visceral
Invade pleura visceral
Atelectasia de menos que todo o pulmão
Associado a atelectasia ou pneumonite obstrutiva que se estende até região hilar mas sem envolver todo o pulmão
Extensão proximal de pelo menos 2 cm da carina T2a
Tumor > 3 cm mas < 5 cm de diâmetro
T2b
Tumor > 5 cm mas < 7 cm de diâmetro
T3
Tumor de qualquer tamanho que invade qualquer dos seguintes: parede torácica, diafragma, pleura mediastinal, pericárdio parietal
Tumor > 7 cm ou invade diretamente qualquer dos seguintes: parede torácica (incluindo tumores do sulco superior), nervo frênico, pleura mediastinal, pericárdio parietal
Tumor < 2 cm distai a carina
Tumor < 2 cm distai a carina mas sem envolvimento de carina Tumor com atelectasia associada ou pneumonite obstrutiva de todo o pulmão Nódulo(s) de tumor separado(s) no mesmo lobo
T4
Tumor de qualquer tamanho que invade qualquer dos seguintes: mediastino, coração ou grandes vasos, traqueia, esôfago, corpo vertebral, carina
Tumor de qualquer tamanho que invade qualquer dos seguintes: mediastino, coração ou grandes vasos, traqueia, nervo laríngeo recorrente, esôfago, corpo vertebral, carina
Tumor com derrame pleural ou pericárdico maligno
Nódulo(s) de tumor separado(s) em um lobo ipsolateral diferente
Nódulos tumorais separados no mesmo lobo (Continua)
746
QUADRO 89.5 Comparação da sexta e sétima edições dos sistemas de estadiamento TNM para câncer de pulmão pequenas células (Continuação) Sexta edição
Sétima edição
N0
Sem metástase de linfonodo regional
Sem metástase de linfonodo regional
N1
Metástase em peribrônquio ipsolateral e/ou linfonodo(s) hilar(es)
Metástase em peribrônquio ipsolateral e/ou linfonodo(s) hilar(es) e nodo(s) intrapulmonar, incluindo envolvimento por extensões diretas
N2
Metástase em linfonodo(s) mediastinais e/ou subcarinais
Metástase em linfonodo(s) mediastinal(is) e/ou subcarinal(is)
N3
Metástase em linfonodo(s) mediastinal, hilar contralateral, escaleno ipsolateral ou contralateral ou supraclavicular
Metástase em linfonodo(s) mediastinal, hilar, escaleno ipsolateral ou contralateral ou supraclavicular
■
!,
Nodos(N)
M etástase (M) M0
Nenhuma metástase distante
Nenhuma metástase distante
M1
Metástase distante (inclui nódulos tumorais em lobo diferente do primário)
Metástase distante Nódulos tumorais separados em um lobo contralateral
M1a
Tumor com nódulos pleurais ou derrame pleural maligno ou pericárdico Metástase distante
M1b Fonte: Reproduzido com autorização de P Goldstraw et al: J Thorac Oncol 2:706,2007
com o M ia , derram e pleural ou pericárdico m aligno, nódulos pleu rais ou nódulos no pulm ão contralateral ou m etástases à distância M lb (p.ex., m etástase óssea, de fígado, suprarrenal ou cerebral). Com base nestes dados, cerca de 33% dos pacientes apresentam doença localizada que pode ser tratada com um a tentativa de cura (cirurgia ou radioterapia), 33% têm doença local ou regional que pode ou não ser passível de um a tentativa de cura e 33% têm doença m etastática no m om ento do diagnóstico.
O cân cer p u lm o n a r de p eq u en as células tem um sistem a d is tin to de dois estágios. O s pacientes com d o e n ça em estágio lim itado (DL) têm câncer que está restrito ao h em itó rax ipsolateral e p o d e m ser e n q u ad ra d o s em um cam po tolerável de radiação. Por isso, o a co m etim en to de lin fo n o d o s supraclaviculares co n tralaterais, do n erv o laríngeo re co rre n te e o b stru ç ão da veia cava su p e rio r p o-
QUADRO 89.6 Comparação de sobrevida por estágio nas sexta e sétima edições
Estágio
TNM sexta edição
TNM sétim a edição
Taxa de sobrevida em 5 anos (%)*
IA
T1 NO MO
T1a-T1bN0M0
73
IB
T2 NO MO
T2aN0M0
58
IIA
T1 N1 M0
T1a-T2aN1M0 ou
46
T2bN0M0 IIB HIA
T2 N1 M0 0U
T2bN1M0 ou
T3 N0 M0
T3N0M0
T3 N1 M0 ou
T1a-T3N2M0 ou
T1-3N 2 M0
T3N1M0 ou
36 24
T4N0-1M0 HIB IV
Qualquer TN3M 0 ou T4 qualquer N M0
T4N2M0 ou
Qualquer T, qualquer N,M1
Qualquer T qualquer N M1aou M1b
‘Sobrevida de acordo com sétima edição.
9
T1a-T4N3M0 13
■ ESTADIAMENTO FISIOLÓGICO Os pacientes com câncer de pulm ão em geral têm outras condições com órbidas relacionadas com tabagism o, com o doença cardiovas cular e D POC. Para m elhorar sua condição pré-operatória, os p ro blem as passíveis de correção (p. ex., anem ia, distúrbios h idreletro líticos, infecções, doença cardíaca e arritm ias) devem ser resolvidos, fisioterapia torácica apropriada instituída e os pacientes devem ser incentivados a parar de fum ar. C om o nem sem pre é possível prever se um a lobectom ia ou pneum onectom ia será necessária até a época da operação, um a abordagem conservadora consiste em restringir a cirurgia de ressecção aos pacientes com possibilidade de tolerar um a pneum onectom ia. Os pacientes com VEF, (volume expiratório força do em 1 s) de mais de 2 L ou m ais que 80% do previsto podem tole rar um a pneum onectom ia, e aqueles com VEF, m aior que 1,5 L têm reserva adequada para um a lobectom ia. Em pacientes com função pulm onar borderline, m as um tu m o r ressecável, o teste de esforço cardiopulm onar poderia ser realizado com o parte da avaliação fisio lógica. Esse teste possibilita um a estim ativa do consum o m áxim o de oxigênio (V 0 2max). Um V 0 2m ax < 15 m L/(kg.m in) prevê um m aior risco de com plicações pós-operatórias. Os pacientes considerados incapazes de tolerar lobectom ia ou pneum onectom ia a p artir de um ponto funcional pu lm o n ar p odem ser candidatos a ressecções mais lim itadas, com o a ressecção segm entar em cunha ou anatôm ica, em bora esses procedim entos estejam associados a taxas significativa m ente m ais altas de recorrência local e um a tendência a redução da sobrevida global. Todos os pacientes devem ser avaliados para risco cardiovascular usando as diretrizes do A m erican College o f C ardio logy e da A m erican H eart A ssociation. Um infarto do m iocárdio nos últim os 3 meses constitui um a contraindicação à cirurgia torácica, porque 20% dos pacientes irão m o rrer p o r causa de um novo infar to. Um infarto nos últim os 6 m eses é um a contraindicação relativa. O utras contraindicações im portantes são as arritm ias fora de contro le, VEF1 de m enos de 1 L, retenção de C 0 2 (Pco2 repouso > 45 m m H g), DLco < 40% e hipertensão p u lm o n ar grave.
Neoplasias de Pulmão
■ SISTEMA DE ESTADIAMENTO PARA CÂNCER DE PULMÃO DE PEQUENAS CÉLULAS
dem ser p a rte da d o e n ça em estágio lim itado. O s p acientes com d o en ça de estágio extenso (DE) ap rese n tam d o e n ça m etastática evidente em im agem o u exam e físico. T am p o n am e n to cardíaco, d erram e pleural m aligno e a co m etim e n to bilateral do p a rên q u im a p u lm o n a r em geral qualificam a d o en ça com o no estágio extenso, um a vez que os órgãos envolvidos não p o d e m ser e n q u ad rad o s de m an eira segura ou eficaz n o cam po de ú n ica radioterapia. Sessen ta a 70% dos pacientes são d iag n o stic ad o s com do en ça extensa à apresentação.
747
TRATAMENTO
Câncer de pulmão não pequenas células
A abordagem terapêutica global para pacientes com C PN PC é m ostrada n a Fig. 89.4.
TRATAMENTO DE CARCINOMAS OCULTOS E NO ESTÁGIO 0
Os p a cientes com atipia grave na citologia do escarro têm um aum ento do risco de desenvolvim ento de câncer de pulm ão com parado com aqueles sem atipia. Na circunstância incom um em que cé lulas m alignas são identificadas em um a am ostra de escarro ou lavado brônquico m as a im agem do tórax parece norm al (tum or no estágio TX), a lesão precisa ser localizada. É possível localizar m ais de 90% de tum ores m ediante um exam e m eticuloso da á r vore brônquica com um broncoscópio de fibra óptica sob aneste sia geral e coleta de um a série de raspados diferenciais e biópsias. A ressecção cirúrgica após localização broncoscópica m elhora a sobrevida se com parada com ausência de tratam ento. O acom p anham ento estrito desses pacientes é indicado devido à elevada incidência de segundos cânceres de pulm ão prim ários (5% por paciente por ano).
NÓDULO PULMONAR SOLITÁRIO E OPACIDADES EM “VIDRO FOS CO” Um nódulo pulm onar solitário é definido com o densidade aos raios X com pletam ente circundada p o r pulm ão aerado n o r m al com m argens circunscritas, de qualquer form ato, em geral com 1 a 6 cm no seu m aior diâm etro. A abordagem a um paciente com nódulo pulm onar solitário baseia-se em um a estim ativa da probabilidade de câncer, d eterm inada de acordo com a história de tabagism o do paciente, sua idade e as características na imagem (Q uadro 89.7). Raios X e TC torácicos antigos devem ser obtidos se disponíveis para comparação. Um exam e de PET pode ser útil se a lesão tiver mais de 7 a 8 cm de diâm etro. Caso o diagnóstico não seja evidente, os pesquisadores da Mayo Clinic relataram que características clínicas (idade, estado de tabagism o e diagnóstico anterior de câncer) e três características radiológicas (diâm etro do nódulo, especulação e locação no lobo superior) eram previ sores independentes de malignidade. Até o m om ento, apenas dois critérios radiográficos são considerados preditores da natureza benigna de um nódulo p u lm o n ar solitário: ausência de cresci m ento n u m período m aior que 2 anos e d eterm inados padrões característicos de calcificação. Som ente a calcificação não exclui m alignidade, porém um ninho central denso, m últiplos focos pontilhados e calcificações em form a de “olho de touro” (granulom a) e “pipoca” (ham artom a) são altam ente sugestivos de lesão benigna. Em contrapartida, um a lesão relativam ente grande, a u sência de ou calcificação assim étrica, sintom as torácicos, atelec tasia associada, pneum onite ou crescim ento da lesão revelados
QUADRO 89.7 Avaliação de risco de câncer em pacientes com nódulos pulmonares solitários Risco Variável
Baixo
Intermediário
Alto
Diâmetro (cm)
2,3
Idade (anos)
60
Estado de tabagismo
Não fumante
Fumante atual (20 cigarros/ dia)
Estado de cessação do tabagismo
Parou à7 anos atrás ou parou
Parou 2 cm nitidam ente visíveis em exam es de im agem ou linfonodos m ediastinais ipsolaterais em m últiplos níveis) até nodos claram ente inoperáveis. A cirurgia seguida por quim ioterapia adjuvante é o tratam ento de escolha para pacientes com doença de estágio IIIA causada por envolvim ento nodal hilar (T3N1). A cirurgia para a doença N2 é mais controversa. Um ensaio random izado de fase III dem onstrou m elhora na sobrevida sem progressão da doença m as nenhum a m elhora na sobrevida global quando pacientes com CPN PC N2 patologicam ente estadiado foram tratad o s com quim ioterapia concom itante (cisplatina e etoposida) e 45 Gy de radiação segui dos p or cirurgia com parada com quim ioterapia e 61 Gy de radio terapia sem cirurgia. A m ortalidade relacionada com o tratam ento é m aior no grupo da cirurgia (8% versus 2%), com a m aioria das m ortes ocorrendo nos pacientes subm etidos à pneum onectom ia. Na análise do subgrupo, os pesquisadores observaram que a sobre vida era m elhorada se lobectom ia fosse realizada m as não pn eu m onectom ia com parada com quim iorradioterapia isoladamente. A pesar de um a avaliação cuid ad o sa de estadiam ento pré-operatório, até 25% dos pacientes apresentarão m etástases para
Ensaios de quimioterapia adjuvante no câncer de pulmonar não pequenas células
Ensaio
BR10
TRATAMENTO DE CPNPC DE ESTÁGIO III
Neoplasias de Pulmão
Vários ensaios avalia ram o papel da quim ioterapia adjuvante em pacientes com C P N PC de estágio IA-IIIA ressecado com resultados conflitantes (Q u ad ro 89.8). Um a m etanálise, a Lung A djuvant Cisplatin Eva luation Study (LACE), relatou um a m elhora de 5,4% na sobre vida em 5 anos para a quim ioterapia adjuvante em com paração com a cirurgia isolada em pacientes com C PN PC de estágio I-IIIA. O efeito da cisplatina com vinorelbina pareceu m arginal m ente m elhor do que outros esquem as baseados em doublets de cisplatina. A análise, no entanto, m o stro u um efeito prejudicial para a quim ioterapia em pacientes com doença em estágio IA, com benefício questionável em pacientes com doença em estágio IB. A quim ioterapia tam bém parece ser prejudicial em pacientes com estado de desem penho precário (ECOG PS2). Os resultados destes estudos levaram à recom endação para quim ioterapia a d juvante som ente em pacientes com C PN PC de estágio II ou III. A quim ioterapia deve com eçar 6 a 8 sem anas após a cirurgia, se o paciente recuperou-se, e deve ser adm inistrada durante quatro ciclos. Todos os pacientes devem ser tratados com um esquem a à base de cisplatina. A carboplatina é um a consideração razoável em pacientes que não são suscetíveis a tolerar cisplatina p o r ra zões com o dim inuição da função renal, presença de neuropatia ou deficiência auditiva. O tratam ento de pacientes com C PN PC de estágio IB p e rm a nece controverso. Análises retrospectivas de subgrupos de ensaios clínicos random izados de fase III não relataram n e n h u m bene fício para quim ioterapia adjuvante em pacientes com doença de estágio IB. O único ensaio para avaliar a quim ioterapia adjuvante em pacientes com C PN PC de estágio não relatou n en h u m a m e lhora na sobrevida global; no entanto, um a análise retrospectiva do ensaio relatou um benefício em pacientes com tum ores de ta m anho > 4 cm. Neste m om ento, os riscos e benefícios da quim io terapia devem ser considerados com base em pacientes isolados.
Q uatro estudos avaliaram quim ioterapia neoadjuvante (qui m ioterapia antes da cirurgia) em pacientes com CPN PC de está gio I-III, dos quais três relataram um a tendência para a m elhoria na sobrevida livre de progressão e global. N o entanto, nesse m o m ento, nen h u m dado fornece suporte para o uso de quim iotera pia neoadjuvante nos pacientes com CPN PC. Todos os pacientes com C PN PC ressecados correm alto risco de recorrência ou de desenvolver u m segundo câncer de pulm ão prim ário. Por isso, é razoável aco m p an h ar esses pacientes com im agens regulares. A m odalidade m ais adequada e a frequência não foram definidas. C om o a m aior parte dos pacientes apresen ta recorrência nos prim eiros 2 anos após a terapia, um a diretriz sugere TC de tórax com contraste a cada 6 m eses nos prim eiros 2 anos após a cirurgia, seguida de T C anuais do tórax sem contraste nos anos subsequentes.
IB-II IB-IIIA l-lll l-lll IB
N
Sobrevida de 5 anos
P
Baseado na cisplatina
932
44.5
< 0 ,3
Controle
835
40,4
Cisplatina-vinorelbina
242
69
Controle
240
54
Cisplatina-vinorelbina
407
60
Controle
433
58
MVP
548
50
Controle
540
45
Baseado na cisplatina
192
60
Controle
189
58
Cisplatina + paclitaxel
173
59
171
57
0,03 0,017 0,49 0,90 0,10
Abreviações: IALT, International Adjuvant Lung Cancer Trial; ANITA, Adjuvant Navelbine International Trialist Association; ALPI, Adjuvant Lung Cancer Project Italy; BLT, Big Lung Trial; CALGB, Cancer and Lung Cancer Group B; MVP, mitomicina, vindesina e cisplatina.
749
Oncologia e Hematologia
os nodos N 2 em exame de corte congelado no m om ento da toracotom ia ou em exame patológico definitivo da am ostra cirúrgica. Para pacientes com um a m etástase de nodo m ediastinal de única estação, oculta reconhecida na toracotom ia em que um a ressec ção com pleta dos nodos e tu m o r prim ário é tecnicam ente possí vel, a m aioria dos cirurgiões torácicos prosseguiu com a ressecção pulm onar planejada e um a linfadenectom ia m ediastinal. Se um a ressecção com pleta não for possível ou não houver doença nodal em m últiplas estações ou volum osas ou doença nodal extracapsular, em seguida a ressecção pulm onar planejada deve ser abortada. Estes pacientes p odem então ser considerados para q u im io rra dioterapia com binada com o descrito adiante. Em bora a ressecção incom pleta raram ente resulte em sobrevida de longo prazo, os resultados coletados indicam que a cirurgia isolada na doença de estágio IIIA (doença N 2) está associada a 14-30% de sobrevida em 5 anos. A m elhor taxa de sobrevida é observada nos casos com doença N2 m ínim a e ressecção completa. A com binação de quim ioterapia e radioterapia constitui o tra tam ento de escolha para pacientes com envolvim ento nodal N3 ou doença volum osa no estágio IIIA. Em geral, os pacientes com linfonodos histologicam ente envolvidos m aiores de 2 cm em diâm etro de eixo curto m edidos por Tc, que têm envolvim ento extranodal ou doença de m últiplas estações juntam ente com grupos de m últiplos linfonodos m enores envolvidos, são considerados com o tendo doença volum osa irressecável. E studos random izados de fase III dem onstraram inicialm ente m elhora na sobrevida m edia na e de longo prazo com quim ioterapia seguida p or radioterapia em com paração com a radioterapia apenas. Ensaios subsequentes m ostraram que a adm inistração concom itante de quim ioterapia e radioterapia resulta em m elhor sobrevida em com paração com a terapia em seqüência, em bora com m ais efeitos colaterais, com o fadiga, esofagite e neutropenia. Portanto, o tratam ento de m odali dade com binada com quim ioterapia e radioterapia é recom enda do em pacientes que são capazes de tolerar o tratam ento.
Quimioterapia de primeira linha para câncer de pulmão não peque nas células metastático ou recorrente A p rim e ira indicação do benefício da quim ioterapia em pacientes com C P N P C avança do veio de u m a m etanálise publicada em 1995 que relatou u m a vantagem de sobrevida em pacientes tra ta d o s com q u im io tera pia baseada na cisplatina, c o m p arativ am en te com aqueles que recebem cuidados de su p o rte isolados (H R = 0,73; p 3 nodos positivos; invasão da serosa ou estruturas adjacentes 7 ou mais nodos positivos; penetra a parede sem invadir a serosa ou estruturas adjacentes
IV
T4N2M0
Linfonodo positivo; aderência a tecido circundante
T1-4N0-2-M1
Metástases distantes
ou
Abreviações: ACS, American Cancer Society; TNM, tumor, nodo, metástase
mais. As recorrências podem ocorrer ao m enos p o r 8 anos após a cirurgia. Se não houver ascite ou m etástases peritoneais ou hepá ticas extensas, deve-se oferecer a ressecção da lesão prim ária até m esm o a pacientes que a cirurgia não possa curar. A redução do volum e tum oral é o m elhor paliativo, podendo m elhorar o resul tado da terapia subsequente. O adenocarcinom a gástrico é um tu m o r relativam ente radiorresistente, e o controle adequado do tu m o r prim ário exige doses de radiação externa superiores às que as estruturas adjacen tes, com o a mucosa intestinal e m edula espinal, suportariam . Por tanto, o principal papel da radioterapia nesses pacientes tem sido aliviar a dor. A radioterapia isolada após ressecção com pleta não aum enta a sobrevida. Em casos de doença irressecável cirurgica m ente lim itada ao epigástrio, os pacientes que receberam 3.5004.000 cGy não tiveram sobrevida superior aos que não receberam radioterapia. No entanto, houve ligeiro aum ento da sobrevida
O linfom a gástrico prim ário é relativam ente incom um , responden do p or m enos de 15% dos cânceres gástricos e aproxim adam ente 2% dos linfom as. No entanto, o estôm ago é o sítio extralinfonodal mais com um de ocorrência de linfom a, e essa frequência vem aum entan do nos últim os 30 anos. A diferenciação clínica entre linfom a e ade nocarcinom a gástrico é difícil; am bos os tum ores ocorrem durante a sexta década de vida e se apresentam com d or epigástrica, sacie dade precoce e fadiga generalizada, em geral se caracterizando p or ulcerações com um padrão m ucoso espessado irregular, visíveis nas radiografias com contraste. A da m ucosa gástrica às vezes perm ite definir o diagnóstico de linfom a gástrico, m as o diagnóstico costum a requerer biópsia gastroscópica ou laparotom ia. Não se deve interpre tar a falha da biópsia gastroscópica n a detecção do linfom a com o um resultado definitivo, pois biópsias superficiais podem não atingir um infiltrado linfoide profundo. A patologia m acroscópica do linfom a gástrico tam bém pode sim ular um adenocarcinom a, ao form ar um a lesão ulcerada volum osa, no corpo ou no antro, ou um processo d ifu so dissem inado por toda a subm ucosa gástrica, que pode até alcançar o duodeno. À m icroscopia, a m aioria dos linfom as gástricos são lin fomas não H odgkin de células B, e a doença de H odgkin do estômago é extrem am ente incom um . A histologia desses tum ores pode variar de processos superficiais bem diferenciados [tecido linfoide associa do à m ucosa (MALT)] a linfom as de grandes células de alto grau. A s sim com o no adenocarcinom a gástrico, a infecção p o r H. pylori au m enta o risco de linfom a gástrico em geral e o de linfom a MALT em particular. A propagação dos linfom as gástricos se dá inicialm ente para os linfonodos regionais (m uitas vezes para o anel de W aldeyer) e podem , então, se dissem inar. O estadiam ento dos linfom as gástricos é igual ao dos outros linfom as (ver Cap. 110).
TRATAMENTO
Câncer do Trato Gastrintestinal
Linfonodo positivo; invasão de muscular própria ou através da parede
IIIB
T3N3M0
■ LINFOMA GÁSTRICO PRIMÁRIO
Linfoma gástrico primário
O linfom a gástrico p rim á rio resp o n d e m uito m elhor ao tra ta m ento do que o adenocarcinom a do estôm ago. Por isso, o diag nóstico correto é essencial. A erradicação do H. pylori com a n tibióticos faz regredirem apro x im ad am en te 75% dos linfom as MALT gástricos, devendo ser considerada antes de p roceder à cirurgia, radioterapia ou quim ioterapia. A ausência de resposta à terapia antim icrobiana foi relacionada com um a anorm alidade crom ossôm ica específica, isto é, t( ll;1 8 ). O s pacientes que res pondem ao antibiótico devem fazer endoscopias de seguim ento periódicas, porque ainda não se sabe se o clone neoplásico é eli m inado ou apenas suprim ido, em bora a resposta ao tratam ento
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antim icrobiano seja bastante durável. N os pacientes com linfo m as de alto grau localizados, a gastrectom ia subtotal, g eralm en te seguida de poliquim ioterapia, perm ite um a taxa de sobrevida após cinco anos de 40-60%. Q uestiona-se a necessidade de um a cirurgia de grande porte, principalm ente em pacientes com evi dências radiológicas de acom etim ento linfonodal no p ré -o p e ra tório. Nesses casos, a quim ioterapia com C H O P (ciclofosfam i da, doxorrubicina, v incristina e prednisona) m ais rituxim abe é eficaz. O papel da radioterapia perm anece indefinido, p orque a m aioria das recidivas surge em locais distantes.
■ SARCOMA GÁSTRICO (NÃO LINFOIDE) Os leiom iossarcom as e GIST respondem p o r 1-3% das neoplasias gástricas. São m ais com uns nas paredes anterior e posterior do fu n do gástrico, e m uitas vezes ulceram e sangram . M esm o as lesões de aspecto benigno ao exam e histológico p odem ter c om portam ento maligno. Esses tum ores raram ente invadem as vísceras adjacentes e têm com o característica não enviar m etástases para linfonodos, m as podem dissem inar-se para o fígado e os pulm ões. O tratam ento de escolha é a ressecção cirúrgica. Deve-se reservar a p o liquim iotera pia para pacientes com m etástases. Em todos esses tum ores, deve-se pesquisar a m utação do receptor c-kit. Os GIST não respondem à quim ioterapia convencional; aproxim adam ente 50% desses pacientes apresentam resposta objetiva e sobrevida prolongada quando tra ta dos com m esilato de im atinibe (Gleevec) (400-800 m g/dia p o r via oral), um inibidor seletivo da tirosinoquinase c-kit. M uitos pacientes com GIST, cujos tum ores se tornaram refratários ao im atinibe, su b seqüentem ente beneficiaram -se do sunitinibe (Sutent), outro inibi dor da tirosinoquinase c-kit.
CÂNCER COLORRETAL
Oncologia e Hematologia
■ INCIDÊNCIA Nos EUA, só o câncer de pulm ão m ata m ais que o câncer do intestino grosso. Em 2010, ocorreram 142.570 casos novos e 51.370 m ortes p or câncer de colo. A taxa de incidência reduziu significativam ente nos últim os 20 anos, provavelm ente devido a m aior adesão a m étodos de screening. Da m esm a form a, as taxas de m ortalidade nos Estados Unidos foram reduzidas em aproxim adam ente 25%, principalm ente com o resultado da m elhora no tratam ento e da detecção precoce.
■ PÓLIPOS E PATOGENIA MOLECULAR A m aioria dos cânceres colorretais, de q ualquer etiologia, surge de pólipos adenom atosos. O pólipo é um a p ro tru são visível da su p erfí cie m ucosa. À patologia, um pólipo adenom atoso pode ser classifi cado com o h am arto m a não neoplásico (pólipo juvenil), proliferação m ucosa hiperplásica (pólipo hiperplásico) ou pólipo adenomatoso. Só os adenom as são claram ente pré-m alignos, e poucas dessas le sões se tornam cancerosas. Os pólipos adenom atosos p o d em ser en contrados no colo de aproxim adam ente 30% das pessoas de m eia-idade e 50% dos idosos. No entanto, m enos de 1% dessas lesões se to rn a m aligna. A m aioria dos pólipos é assintom ática e não provoca sinais clínicos. M enos de 5% dos pacientes com pólipos têm sangue oculto nas fezes. O bservam -se algum as alterações m oleculares nos pólipos ade nom atosos, lesões displásicas e pólipos com focos m icroscópicos de células tum orais (carcinom a in situ). A credita-se que eles represen tem um processo de vários estágios que ocorre na m ucosa colônica norm al e culm ina com a form ação de um carcinom a invasivo, p o ten cialm ente letal. Algum as etapas deste processo de carcinogênese são (m as não estão restritas a elas): m utações pontuais no proto-oncogene K-ras; hipom etilação do DNA, levando à ativação de genes; perda de DNA (perda alélica) no local de um gene supressor tum oral [o gene de polipose adenom atosa colônica (APC)], no braço longo do crom ossom o 5 (5q21); a perda alélica no local de um gene supressor
tum oral localizado no crom ossom o 18q [o gene deletado no câncer de colo (DCC)]; e a perda alélica no crom ossom o 17p, associada a m utações do gene supressor tum oral p53 (Fig. 83-2). Assim, as alte rações do padrão proliferativo na m ucosa colônica - que acarretam progressão para pólipo e, em seguida, para carcinom a - podem e n volver a ativação m utacional de um oncogene, seguida e com binada com a perda de genes que norm alm ente suprim em a tum origênese. A inda não se sabe se essas aberrações genéticas ocorrem sem pre na m esm a ordem . C om base nesse m odelo, acredita-se que o câncer ocorre apenas nos pólipos onde a m aior parte (se não todos) destes eventos m utacionais ocorreu. Clinicam ente, a possibilidade de um pólipo adenom atoso evo luir para câncer depende de seu aspecto m acroscópico, caracterís ticas histológicas e tam anho. Os pólipos adenom atosos podem ser pedunculados ou sésseis (planos), e os cânceres são m ais com uns em pólipos sésseis. À histologia, os pólipos adenom atosos p odem ser tu bulares, vilosos (papilares) ou túbulo-vilosos. Os adenom as vilosos, a m aioria dos quais são sésseis, têm três vezes m ais chances de se to r nar m alignos que adenom as tubulares. A probabilidade de um a lesão polipoide do intestino grosso conter um câncer invasivo depende do tam anho do pólipo, sendo dim inuta ( 40 antígenos diferentes no sistem a Rh, cinco determ inantes são os responsáveis pela grande m aioria dos fenótipos. A presença do a n tígeno D confere a “positividade” para o Rh, enquanto os indivíduos que carecem do antígeno D são Rh-negativos. Dois pares antigênicos alélicos, E/e e C/c, tam bém são encontrados na proteína Rh. Os três genes Rh, E/e, D e C/c, estão dispostos lado a lado no crom ossom o 1, sendo herdados com o um haplótipo, isto é, cDE ou Cde. Dois haplótipos podem resultar na expressão fenotípica de 2 a 5 antígenos Rh. O antígeno D é um potente aloantígeno. Cerca de 15% dos in d i víduos não o têm . A exposição dessas pessoas Rh-negativas a células R h-positivas p o r transfusão ou du ran te a gravidez, m esm o em p e quenas quantidades, pode levar à p rodução de aloanticorpo anti-D.
Biologia e Terapia Transfusionais
O estudo dos antígenos eritrocitários e seus anticorpos form a a base da m edicina transfusional. No início, esses antígenos foram carac terizados p o r estudos sorológicos, m as atualm ente a com posição e estru tu ra m oleculares de m uitos deles já são conhecidas. Tais a n tí genos, tanto carboidratos quanto proteínas, estão vinculados a um sistem a de grupos sanguíneos com base na estru tu ra e sem elhança dos epitopos determ inantes. O utros elem entos celulares do sangue e proteínas plasmáticas tam bém são antigênicos, podendo resultar em aloimunização, ou seja, a produção de anticorpos dirigidos contra os antígenos de grupos sanguíneos de outro indivíduo. Esses anticorpos são denom inados aloanticorpos. Os anticorpos dirigidos contra antígenos eritrocitários podem ser produzidos em conseqüência da exposição natural, particularm ente a carboidratos que sim ulam alguns antígenos de grupos sanguíneos. Esses anticorpos que ocorrem p o r m eio de estím ulos naturais são h a bitualm ente produzidos po r um a resposta independente das células T (e, p o r isso, não geram m em ória), sendo do isotipo IgM. Os auto-anticorpos (anticorpos contra antígenos de grupos sanguíneos autólogos) surgem espontaneam ente ou em conseqüência de seqüelas infecciosas (p. ex., p or M ycoplasma pneum oniae, e frequentem ente tam bém são IgM. Tais anticorpos m uitas vezes não são clinicam en te significativos em virtude de sua baixa afinidade pelo antígeno na tem peratura corporal. E ntretanto, os anticorpos IgM podem ativar a cascata do com plem ento, resultando em hemólise. Os anticorpos que surgem em conseqüência de exposição alogênica, com o transfusão ou gravidez, em geral são IgG, os quais se ligam com um ente aos antí genos em tem peraturas m ais altas e podem hem olisar os eritrócitos. Ao contrário dos anticorpos IgM, os anticorpos IgG são capazes de atravessar a placenta e ligar-se aos eritrócitos fetais portadores do a n tígeno correspondente, resultando em doença hem olítica do recém -nascido ou hidropsia fetal. A aloim unização contra os leucócitos, plaquetas e p roteínas plasm áticas tam bém pode resultar em com plicações transfusionais, com o febre e urticária, m as geralm ente não provoca hem ólise. Esses outros aloanticorpos não costum am ser m edidos de m odo rotineiro; entretanto, podem ser detectados com o uso de ensaios especiais.
carecem das transferases “A” e “B” são fenotipicam ente do grupo “O”, enquanto os que herdam am bas as transferases são do tipo “AB”. Ra ros indivíduos carecem do gene H, que codifica a fucosetransferase e, por isso, são incapazes de sintetizar a substância H. Esses indivíduos são hom ozigotos para o alelo h silencioso (hh) e apresentam o fenótipo Bom bay (O h). O sistem a de grupo sanguíneo ABO é im portante, pois pratica m ente todos os indivíduos produzem anticorpos contra o carboidrato antigênico ABH que não possuem . Os anticorpos anti-A e anti-B, de ocorrência natural, são denom inados isoaglutininas. Por conse guinte, os indivíduos do tipo A form am anticorpos anti-B, enquanto os indivíduos do tipo B produzem anti-A. N enhum a das isoaglutini nas é detectada em indivíduos AB, enquanto os indivíduos do grupo O produzem tanto anti-A quanto anti-B. Por esse m otivo, os indiví duos do grupo AB são “receptores universais”, pois não produzem anticorpos contra qualquer fenótipo ABO, enquanto os indivíduos do tipo O podem doar sangue a praticam ente todos os receptores, visto que suas células não são reconhecidas p o r qualquer das isoaglu tininas ABO. Os raros indivíduos com fenótipo Bom bay produzem anticorpos contra a substância H (presente em todos os eritrócitos exceto nos com o fenótipo hh) bem com o contra os antígenos A e B, de m odo que são com patíveis apenas com outros doadores hh. Na m aioria das pessoas, os antígenos A e B são secretados pelas células e estão presentes na circulação. Os não secretores são suscetí veis a um a variedade de infecções (p. ex., Candida albicans, Neisseria m eningitidis, Streptococcus pneum oniae, Haem ophilus influenzae), visto que num erosos m icrorganism os podem ligar-se a polissacarídios nas células. Os antígenos solúveis dos grupos sanguíneos podem bloquear essa ligação.
■ OUTROS SISTEMAS DE GRUPOS SANGUÍNEOS E ALOANTICORPOS Existem m ais de 100 sistem as de grupos sanguíneos reconhecidos, com postos de m ais de 500 antígenos. A presença ou ausência de de term inados antígenos tem sido associada a diversas doenças e an o malias; os antígenos tam bém atuam com o receptores para agentes infecciosos. No Q u a d ro 113.1, citam os os aloanticorpos im portantes na prática clínica rotineira. Os anticorpos dirigidos contra os antígenos de carboidrato do sistema Lewis são a causa m ais com um de incom patibilidade durante a triagem pré-transfusional. O p roduto do gene Lewis é um a fucosiltransferase, m apeada no crom ossom o 19. O antígeno não é um a estrutura integrante da m em brana, sendo, porém , adsorvido à m em brana eritrocitária a pa rtir do plasm a. Os anticorpos contra os antíge nos Lewis geralm ente são da classe IgM e são incapazes de atravessar a placenta. Os antígenos Lewis podem ser adsorvidos em células tu m orais, podendo atuar com o alvos terapêuticos.
951
QUADRO 113.1 Sistemas de grupos sanguíneos eritrocitários e aloantígenos Sistema de grupo sanguíneo
Antígeno
Aloanticorpo
Importância clínica
Rh (D, C/c, E/e)
Proteína eritrocitária
IgG
RTH, DHRN
Lewis (Lea, Leb)
Oligossacarídio
IgM/lgG
RTH rara
Kell (K/k)
Proteína eritrocitária
IgG
RTH,DHRN
Duffy (FyVFy6)
Proteína eritrocitária
IgG
RTH, DHRN
Kidd (Jka/Jkb)
Proteína eritrocitária
IgG
RTH (frequentemente tardia), DHRN (branda)
l/i
Carboidrato
IgM
Nenhuma
MNSsU
Proteína eritrocitária
IgM/lgG
DHRN rara anti-M, DHRN anti-S, anti-s e antiu, RHT
Nota: DHRN, doença hemolítica neonatal; RTH, reação transfusional hemolítica.
Oncologia e Hematologia 952
Os antígenos do sistema I tam bém são oligossacarídios relacio nados com H, A, B e Le. Os antígenos I e i não são pares de alelos, porém são antígenos de carboidrato que só diferem na extensão de sua ramificação. O antígeno i é um a cadeia não ram ificada conver tida pelo produto do gene J, um a glicosiltransferase, em um a cadeia ramificada. O processo de ramificação afeta todos os antígenos ABH, que se to rn am progressivam ente m ais ram ificados nos prim eiros 2 anos de vida. Alguns pacientes com doença da crioaglutinina ou com linfom as podem produzir autoanticorpos anti-I, causando destruição dos eritrócitos. Alguns pacientes com m ononucleose ou pneum onia p o r Mycoplasma podem desenvolver crioaglutininas com especifici dade anti-I ou anti-i. A m aioria dos adultos não expressa i; assim, não é difícil encontrar um doador para os pacientes com anti-i. E m bora a m aioria dos adultos expresse o antígeno I, a ligação costum a ser fraca à tem peratura corporal. Assim, a adm inistração de sangue aquecido im pede a isoaglutinação. O sistema P é outro grupo de antígenos carboidratos controlado p or glicosiltransferases específicas. Sua im portância clínica lim ita-se a raros casos de sífilis e infecção viral que resultam em hem oglobinúria paroxística ao frio. Nesses casos, ocorre a produção de um autoanticorpo incom um contra P, que se liga aos eritrócitos no frio e fixa o com plem ento com o aquecim ento. Os anticorpos que exibem essas propriedades bifásicas são denom inados anticorpos de Donath-Landsteiner. O antígeno P é o receptor celular do parvovírus B19 e pode ser receptor para a ligação da Escherichia coli às células uroteliais. O sistema M N SsU é regulado p o r genes localizados no crom os som o 4. M e N são determ inantes na glicoforina A, um a proteína da m em brana eritrocitária, enquanto S e s são determ inantes na glico forina B. A nticorpos IgG anti-S e anti-s p odem surgir após gravidez ou transfusão, com conseqüente hemólise. Os anticorpos anti-U são raros, porém problemáticos; praticam ente todos os doadores são in compatíveis, visto que quase todas as pessoas expressam U. A proteína Kell é m uito grande (720 am inoácidos), e sua e stru tu ra secundária contém m uitos epitopos antigênicos. A im unogenicidade de Kell é a terceira, depois dos sistem as ABO e Rh. A ausência da proteína precursora Kell (codificada por um gene no crom ossom o X) está associada a acantose, redução da sobrevida dos eritrócitos e um a form a progressiva de distrofia m uscular que inclui defeitos car díacos. Essa entidade rara é denom inadafenótipo McLeod. O gene está ligado ao com ponente de 91 kD a da N A D PH -oxidase no cro m ossom o X, cuja deleção ou m utação são responsáveis p o r cerca de 60% dos casos de doença granulom atosa crônica. Os antígenos D uffy são alelos codom inantes, Fya e Fyb, que tam bém servem como receptores para o Plasmodium vivax. Mais de 70%
dos indivíduos em áreas endêm icas de m alária carecem desses a n tígenos, provavelm ente em decorrência de influências seletivas da infecção sobre a população. Os antígenos Kidd, Jka e Jkb, p o d em suscitar anticorpos tran si toriam ente. U m a reação transfusional hem olítica tardia, que ocorre com sangue compatível segundo os testes, está frequentem ente rela cionada com o aparecim ento tardio de anti-Jka.
TESTES PRE-TRANSFUSIONAIS Os testes pré-transfusionais de um receptor potencial consistem em “tipagem e triagem ”. A “tipagem direta” determ ina o fenótipo ABO e Rh dos eritrócitos do receptor p or m eio de anti-soros dirigidos co n tra os antígenos A, B e D. A “tipagem reversa” detecta a existência de isoaglutininas no soro do paciente, devendo correlacionar-se com o fenótipo ABO ou tipagem direta. A triagem dos aloanticorpos identifica os anticorpos dirigidos contra outros antígenos eritrocitários. Tal triagem é feita ao m isturar o soro do paciente com eritrócitos do tipo O que contêm os p rin ci pais antígenos da m aioria dos sistem as de grupos sanguíneos e cujo fenótipo am pliado é conhecido. A especificidade do aloanticorpo é identificada pela correlação da presença ou ausência do antígeno com os resultados de aglutinação. Solicita-se um a prova cruzada quando existe alta probabilidade de o paciente necessitar de transfusão de concentrado de hemácias. O sangue selecionado para a prova cruzada deve ser ABO com patí vel e não ter antígenos contra os quais o paciente possua aloanticor pos. U m a prova cruzada negativa confirm a a ausência de qualquer incom patibilidade im portante, de m odo que a unidade é apropriada para o paciente. No caso de pacientes R h-negativos, devem -se envidar todos os esforços para adm inistrar h em ocom ponentes Rh-negativos, a fim de prevenir a aloim unização contra o antígeno D. Em um a emergência, é possível tran sfu n d ir com segurança sangue R h-positivo a pacien tes R h-negativos que não tenham anti-D ; todavia, o receptor corre o risco de se to rn ar aloim unizado e p ro d u z ir anti-D . As m ulheres Rh-negativas em idade fértil às quais são adm inistradas transfusões com produtos contendo hem ácias Rh-positivas devem receber im u nização passiva com anti-D (R hoG am ou W inR ho) a fim de reduzir ou im pedir a sensibilização.
COMPONENTES SANGUÍNEOS Os hem ocom ponentes para fins de transfusão são rotineiram ente co letados com o sangue total (450 mL) com diversos anticoagulantes. A m aior parte do sangue doado é processada em com ponentes: con centrado de hem ácias, plaquetas e plasm a fresco congelado (PFC) ou crioprecipitado (Q uadro 113.2). O sangue total é inicialm ente sepa rado em concentrado de hem ácias e plasm a rico em plaquetas por centrifugação lenta. Em seguida, o plasm a rico em plaquetas é centri fugado em alta velocidade para p roduzir u m a unidade de plaquetas de doadores randôm icos (DR) e um a unidade de PFC. O criopreci pitado é produzido ao descongelar o PFC para precipitar as proteínas plasmáticas, depois separadas p or centrifugação. A tecnologia da aférese é utilizada para a coleta de m últiplas u n i dades de plaquetas de um único doador. Essas plaquetas de aférese de doador único (PADU) contêm o equivalente a pelo m enos seis u n i dades de plaquetas de DR e têm proporcionalm ente m enos leucócitos contam inantes que as plaquetas de DR. O plasm a tam bém po d e ser coletado p o r aférese. Os derivados do plasma, com o a album ina, im unoglobulina intravenosa, antitrom bina e concentrados de fatores da coagulação, são preparados a partir de plasm a de m uitos doadores e tratad o s para elim inar os agentes infecciosos.
■ SANGUE TOTAL A um enta a capacidade de tran sp o rte de oxigênio e expande o v o lum e. É o com ponente ideal para os pacientes que apresentam he-
■ PLAQUETAS
QUADRO 113.2 Características de componentes sanguíneos selecionados Componente
Volume, mL
CH
Plaquetas
Conteúdo
Resposta clínica
180-200
Hemácias com conteúdo leucocitário variável e pequena quantidade de plasma
Aumento de 10 g/L na hemoglobina e de 3% no hematócrito
50-70
5,5 x 1010/unidade de DR
Aumento da contagem das plaquetas de 5.000 a 10.000/jjuL
200-400
> 3,0 x 1011/produtode PADU
ACC > 1 0 x 109/L em 1 h e > 7 ,5 x 109em um período de 24 h pós-transfusão
PFC
200-250
Proteínas plasmáticas fatores de coagulação, proteínas C e S, antitrombina
Aumenta os fatores da coagulação em cerca de 2%
Crioprecipitado
10-15
Proteínas plasmáticas insolúveis no frio, fibrinogênio, fatores VIII, vWF
Cola tópica de fibrina, também 80 Ul do fator VIII
Nota: ACC, aumento de contagem corrigida; CH, concentrado de hemácias; DR, doador randomizado; PADU, plaquetas de aférese de doador único; PFC, plasma fresco congelado; vWF, fator de von Willebrand.
■ CONCENTRADO DE HEMÁCIAS É um produto que aum enta a capacidade de tran sp o rte de oxigênio no paciente anêm ico. Pode-se m an te r u m a oxigenação adequada com níveis de hem oglobina de 7g/dL no paciente norm ovolêm ico sem cardiopatia; entretanto, os fatores com órbidos m uitas vezes podem exigir um a transfusão em um lim iar m ais alto. A decisão de tran sfu n d ir deve ser orientada pela situação clínica e não p o r um valor laboratorial arbitrário. No contexto do tratam e n to agudo de em ergência, o uso liberal de transfusões para m an ter níveis quase norm ais de hem oglobina não dem onstrou ser vantajoso. Na m aioria dos pacientes que necessitam de transfusão, a obtenção de níveis de hem oglobina de lOg/dL é suficiente para evitar que o suprim ento de oxigênio fique criticam ente baixo. O concentrado de hem ácias (CH ) pode ser m odificado p ara pre venir certas reações adversas. Na atualidade, os hem ocom ponentes celulares são, em sua m aioria, leucorreduzidos, e a redução universal dos leucócitos pré-arm azenam ento tem sido recom endada. A filtra gem pré-arm azenam ento parece ser superior à filtragem à beira do leito, pois quantidades m enores de citocinas são geradas n o p roduto arm azenado. Essas unidades de CH contêm < 5 X 106 leucócitos de doadores, e seu uso reduz a incidência de febre pós-transfusional, infecção p o r citom egalovírus (CM V) e aloim unização. O u tro s b e nefícios teóricos consistem em m enos im unossupressão no receptor e risco m en o r de infecções. O plasm a, que po d e provocar reações alérgicas, pode ser rem ovido dos com ponentes sanguíneos celulares p or lavagem.
A refratariedade à transfusão de plaquetas pode ser avaliada pelo uso do au m en to da contagem corrigida (ACC): contagem pós-transfusão (u,L) - contagem pré-transfusão (u,L) ACC = ------------------------------------------- --------------------------- X ASC (m2) número de plaquetas transfundidas X 10~n onde ASC é a área de superfície corporal m edida em m etros q u a drados. A contagem de plaquetas efetuada 1 h após a transfusão será considerada aceitável se o ACC for na ordem de 10 X 109/mL, e d e pois de 18-24 h espera-se um increm ento de 7,5 X 109/mL. Os p a cientes com resposta aquém do nível esperado provavelm ente recebe ram m últiplas transfusões, apresentando anticorpos dirigidos contra antígenos HLA da classe I. A refratariedade pode ser investigada pela detecção de anticorpos anti-H L A no soro do receptor. Os pacientes sensibilizados frequentem ente reagem com 100% dos linfócitos utili zados para a triagem de anticorpos anti-H LA , devendo-se considerar o uso de PADU HLA -com patíveis para os pacientes que necessitam de transfusão. Em bora as PADU A B O -idênticas e HLA-compatíveis forneçam a m elh o r o p o rtu n id a d e para au m e n tar a contagem de plaquetas, é difícil conseguir esses produtos. A prova cruzada para plaquetas está disponível em alguns centros. O utras causas clínicas de ACC plaquetário baixo são febre, sangram ento, esplenom egalia, CIVD ou m edicam entos utilizados pelo receptor.
Biologia e Terapia Transfusionais
m orragias agudas persistentes com p erda > 25% do volum e sanguí neo total. O sangue total deve ser conservado a 4°C p ara m an ter a viabilidade dos eritrócitos; todavia, ocorrem disfunção plaquetária e degradação de alguns fatores da coagulação. Além disso, os níveis de 2,3-bisfosfoglicerato declinam com o decorrer do tem po, resul tando em aum ento da afinidade da hem oglobina pelo oxigênio e re dução da capacidade de liberar oxigênio para os tecidos, problem a observado com todas as form as de arm azenam ento de hem ácias. O sangue total fresco evita esses problem as, p o ré m só é tipicam ente utilizado em situações de em ergência (isto é, m ilitares). O sangue total não é rapidam ente disponível devido a seu processam ento roti neiro em com ponentes.
A trom bocitopenia é um fator de risco para hem orragia, e a transfusão de plaquetas dim inui a incidência de sangra m ento. O lim iar para as transfusões profiláticas de plaque tas é de 10.000/p,L. Em pacientes sem febre ou infecção, um lim iar de 5.000/(xL pode ser suficiente para im pedir a ocorrência de hem orragias espontâneas. Para os proce dim entos invasivos, o nível de 50.000/pJL de plaquetas é o alvo habitual. As plaquetas são ad m in istrad as de form a conjunta, preparadas a p a rtir de doadores randôm icos (DR) ou pla quetas de aférese de doador único (PADU). No paciente não sensibilizado, sem consum o aum entado de plaque tas [esplenom egalia, febre, coagulação intravascular dis sem inada (C IV D )], espera-se que a transfusão de duas unidades de DR po r m etro q u adrado de área de superfí cie corporal (ASC) aum ente a contagem plaquetária em aproxim adam ente 10.000/(jlL. O s pacientes que receberam m últiplas transfusões p o d em ser aloim unizados contra num erosos antígenos HLA e plaquetários específicos, exi bindo pouco ou n enhum aum ento das contagens plaquetárias pós-transfusionais. Os pacientes que podem neces sitar de m últiplas transfusões preferencialm ente tratados com o uso de PADU e com ponentes leucorreduzidos para reduzir o risco de aloim unização.
■ PLASMA FRESCO CONGELADO O PFC contém fatores da coagulação estáveis e proteínas plasmáticas: fibrinogênio, antitrom bina, album ina e proteínas C e S. As indicações para o uso de PFC são: correção das coagulopatias, incluindo a rápida reversão do efeito da varfarina; suprim ento de proteínas plasmáticas deficientes; e tratam ento da p ú rp u ra trom bocitopênica trom bótica. O PFC não deve ser rotineiram ente utilizado para expandir o volum e sanguíneo. É um com ponente acelular que não transm ite infecções intracelulares, como, por exemplo, CMV. Os pacientes com deficiên cia de IgA que necessitam de suporte com plasm a devem receber PFC de doadores com deficiência de IgA, a fim de evitar a ocorrência de anafilaxia (ver adiante).
■ CRI0PRECIPITAD0 É um a fonte de fibrinogênio, fator V III e fator de von W illebrand (FvW ). Ideal para repor fibrinogênio em pacientes hipovolêm icos.
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Q uando não h á disponibilidade de concentrados do fator V III, o crioprecipitado tam bém pode ser utilizado, visto que cada unidade contém cerca de 80 unidades do fator VIII, o qual tam bém pode re por o FvW para os pacientes com a doença de von W illebrand disfuncionante (tipo II) ou ausente (tipo III).
■ DERIVADOS DO PLASMA O plasm a de m ilhares de doadores pode ser m isturado para a ob ten ção de concentrados de proteínas específicas, com o album ina, im u noglobulina intravenosa, antitrom bina e fatores da coagulação. Além disso, os doadores com títulos elevados de anticorpos contra agentes ou antígenos específicos fornecem globulinas h iperim u nes, com o anti-D (RhoG am e W inRho) e anti-soros contra o vírus da hepatite B (HBV), o vírus varicela-zóster, o CM V e outros agentes infecciosos.
REAÇÕES ADVERSAS A TRANSFUSÕES SANGUÍNEAS
Oncologia e Hematologia
As reações adversas a componentes sanguíneos transfundidos ocorrem apesar da realização de m últiplos testes, inspeções e verificações. Feliz m ente, as reações mais com uns não am eaçam a vida, em bora as rea ções graves possam manifestar-se com sinais e sintomas leves. Algumas reações podem ser reduzidas ou evitadas com o uso de com ponentes sanguíneos modificados (m ediante filtração, lavagem ou irradiação). Q uando se suspeita de reação adversa, a transfusão deve ser interrom pida e o problem a notificado ao banco de sangue para investigação. As reações transfusionais podem decorrer de m ecanism os im u nes e não imunes. As reações m ediadas im unologicam ente são m ui tas vezes causadas p o r anticorpos pré-form ados do do ad o r ou do receptor; entretanto, os elem entos celulares tam bém podem causar efeitos adversos. As causas não im unes de reação se devem às p ro priedades físicas e quím icas do com ponente sanguíneo arm azenado e seus aditivos. As infecções virais transm itidas p or transfusão são cada vez m ais raras graças ao aperfeiçoam ento da triagem e dos testes. À m edida que o risco de infecção viral dim inui, o risco relativo de outras rea ções aum enta com o reações transfusionais hem olíticas e sepse por com ponentes contam inados com bactérias. Os progressos realizados na garantia da qualidade pré-transfusional aum enta ainda m ais a se gurança da terapia transfusional. As infecções, assim com o qualquer reação transfusional adversa, devem ser notificadas ao banco de san gue para exames apropriados (Q u ad ro 113.3).
■ REAÇÕES MEDIADAS IMUNOLOGICAMENTE Reações transfusionais hemolíticas agudas O corre hem ólise im unologicam ente m ed iad a q u ando o receptor apresenta anticorpos pré-form ados e lisa os eritrócitos do doador. As isoaglutininas ABO são responsáveis pela m aioria dessas reações, em bora aloanticorpos dirigidos contra outros antígenos e ritro citá rios, isto é, Rh, Kell e Duffy, possam resultar em hem ólise. As reações hemolíticas agudas podem apresentar-se com h ip o tensão, taquipneia, taquicardia, febre, calafrios, hem oglobinem ia, he moglobinúria, dor torácica e/ou no flanco, bem com o desconforto no local de infusão. A monitoração dos sinais vitais do paciente, antes e no decorrer da transfusão, é im portante para a identificação im ediata des sas reações. Q uando se suspeita de hemólise aguda, a transfusão deve ser interrom pida im ediatam ente, o acesso venoso m antido, e a reação notificada ao banco de sangue. É necessário enviar um a am ostra de sangue pós-transfusional corretam ente rotulada bem com o qualquer sangue ainda não transfundido ao banco de sangue para análise. A ava liação laboratorial da hemólise inclui a determ inação dos níveis séricos de haptoglobina, desidrogenase láctica (LDH) e bilirrubina indireta. Os im unocom plexos que resultam em lise dos eritrócitos podem causar insuficiência renal. Deve-se induzir a um a diurese com infu são endovenosa de líquidos e furosem ida ou m anitol. O fator tecidual liberado dos eritrócitos lisados pode desencadear CIVD. Os estudos da coagulação, incluindo o tem po de pro tro m b in a (TP), tem po de trom b o p lastin a parcial ativada (T T P a), fibrinogênio e contagem de plaquetas, devem ser m o n ito rad o s em pacientes com reações hemolíticas.
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QUADRO 113.3
Riscos de complicações na transfusão Frequência, episódios: unidade |
]
Reações Febril (RTFNH)
• 1 a 4:100
Alérgica
• 1 a 4:100
Hemolítica tardia
• 1:1.000
LPART
• 1:5.000
Hemolítica aguda
• 1:12.000
Hemolítica fatal
• 1:100.000
Anafilática
• 1:150.000
Infecções3 Hepatite B
• 1:220.000
Hepatite C
• 1:1.800.000
HlV-1,2
• 1:2.300.000
HTLV-I e II
• 1:2.993.000
Malária
• 1:4.000.000
Outras complicações Alossensibilização eritrocitária
• 1:100
Alossensibilização do HLA
• 1:10
Doença do enxerto versus hospedeiro
Rara
30s agentes infecciosos raramente associados à transfusão, teoricamente possível ou de risco desconhecido, incluem: vírus do Nilo Ocidental,vírus da hepatite A, parvovírus B-19, Babesia microti(babesiose), Borrelia burgdorferi(doença de Lyme), Anaplasna phagocytofilum (erliquiose granulocítica humana), Trypanosoma cruzi(doença de Chagas), Treponema pallidu e herpesvírus humano 8.
Nota: RTFNH, reação transfusional febril não hemolítica; LPART, lesão pulmonar aguda relacio nada à transfusão; HTLV, vírus linfotrópico T humano.
Os erros com etidos à beira do leito do paciente, com o rotulagem incorreta da am ostra ou transfusão no paciente errado, são responsá veis pela m aioria dessas reações. A investigação dessas reações pelo banco de sangue inclui o exam e de am ostras pré e pós-transfusionais à procura de hem ólise, bem com o tipagem repetida das am ostras do paciente; teste direto da antiglobulina (TDA), às vezes denom inado teste de Coombs direto, da am ostra pós-transfusional; repetição da prova cruzada do com ponente sanguíneo e verificação de todos os registros escritos à p ro cu ra de possíveis erros. O teste direto da a n tiglobulina detecta a presença de anticorpo ou com plem ento ligados aos eritrócitos in vivo.
Reações transfusionais hemolíticas e sorológicas tardias Não é possível evitar p or com pleto as reações transfusionais h em o líticas tardias (RTHT). Essas reações são observadas em pacientes previam ente sensibilizados a aloantígenos eritrocitários com tria gem de aloanticorpos negativa, devido aos baixos níveis de anticor pos. Q uando o paciente recebe um a transfusão de sangue antígeno-positiva, ocorre um a resposta das células de m em ória, resultando na produção precoce de aloanticorpos que se ligam aos eritrócitos do doador. O aloanticorpo é detectável no decorrer de 1-2 sem anas após a transfusão, e o TDA pós-transfusional pode tornar-se positi vo devido aos eritrócitos circulantes do do ad o r recobertos p or a n ti corpos ou com plem ento. Os eritrócitos transfundidos e recobertos p o r aloanticorpos são d ep u rad o s pelo sistem a reticuloendotelial. Tais reações são detectadas m ais com um ente no banco de sangue, quando um a am ostra subsequente do paciente revela um a triagem de aloanticorpos positiva e um novo aloanticorpo em um receptor recém -transfundido. Em geral, não há necessidade de terapia específica, em bora pos sam ser necessárias transfusões adicionais de hem ácias. As reações transfusionais sorológicas tardias assem elham -se às RTHT, visto que o TDA é positivo e detectam -se aloanticorpos; todavia, a destruição dos eritrócitos não se m ostra aum entada.
Reação transfusional febril não hemolítica A reação mais frequentem ente associada à transfusão de com ponen tes sanguíneos celulares é a reação transfusional febril não h em olí tica (RTFNH). Essa reação caracteriza-se p o r calafrios e trem ores, bem com o elevação da tem peratura > 1°C. A ocorrência de RTFNH é diagnosticada quando são excluídas outras causas de febre no p a ciente transfundido, podendo ser m ediada p o r anticorpos dirigidos contra os leucócitos e antígenos HLA do doador; p o r conseguinte, acredita-se que os pacientes politransfundidos e as m ulheres m ultíparas sejam os que correm m aior risco. E m bora se possa d em o n s trar a presença de anticorpos anti-H L A no soro do receptor, essa investigação não é realizada rotineiram ente devido à natureza leve da m aioria das RTFNH. O uso de hem ocom ponentes leucorreduzi dos pode evitar ou retardar a sensibilização a antígenos leucocitários e, portanto, reduzir a incidência desses episódios febris. A RTFNH pode ser m ediada p or citocinas liberadas das células nos com ponen tes sanguíneos arm azenados; po r conseguinte, a redução do núm ero de leucócitos antes do arm azenam ento p ode evitar essa reação.
Reações alérgicas As reações urticariform es estão relacionadas à presença de proteínas plasm áticas encontradas nos com ponentes transfundidos. As reações leves podem ser tratadas sintom aticam ente pela interrupção tem p o rária da transfusão e adm inistração de anti-histam ínicos. A tra n s fusão pode ser concluída após a resolução dos sinais e/ou sintom as. Os pacientes com história de reação transfusional alérgica devem ser pré-m edicados com anti-histam ínico. Os com ponentes celulares p o dem ser lavados a fim de rem over o plasm a residual para o paciente extrem am ente sensibilizado.
Reação anafilática
Doença do enxerto versus hospedeiro A doença de enxerto versus hospedeiro (DEVH ) representa um a com plicação freqüente do transplante de células-tronco alogênicas, no qual linfócitos do doador atacam e não p odem ser elim inados por um hospedeiro im unodeficiente. A DEVH relacionada à transfusão é m ediada p o r linfócitos T do doador, que reconhecem os antíge nos HLA do hospedeiro com o estranhos, desencadeando um a res posta im une que se m anifesta, clinicam ente, pelo desenvolvim ento de febre, erupção cutânea característica, diarréia e anorm alidades da função hepática. A DEVH tam bém pode ocorrer q uando com ponen tes sanguíneos que contêm linfócitos T viáveis são transfundidos a receptores im unodeficientes ou a receptores im unocom petentes que com partilham antígeno HLA com o d oador (p. ex., doador da fam í lia). Além das m anifestações clínicas m encionadas, a D EVH asso ciada à transfusão (DEVH-AT) caracteriza-se p o r aplasia m edular e pancitopenia. A DEVH-AT é altam ente resistente ao tratam ento com im unossupressores, com o glicocorticoides, ciclosporina, globulina antitim ócito e terapia ablativa seguida de transplante de m edula ós sea alogênica. As m anifestações clínicas aparecem em 8-10 dias, e a m orte ocorre 3-4 sem anas após a transfusão.
Lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão A lesão pulm onar aguda relacionada à transfusão (LPART) m anifes ta-se na form a de insuficiência respiratória aguda, durante a transfu são ou dentro de um p eríodo de 6 h. O receptor desenvolve sintom as de com prom etim ento respiratório e sinais de edem a p ulm onar não cardiogênico, incluindo infiltrados intersticiais bilaterais na rad io grafia de tórax. O tratam en to é de suporte, e os pacientes recupe ram -se habitualm ente sem seqüelas. Em geral, a LPART resulta da transfusão de plasm a de d oador que contém altos títulos de anticor pos anti-H L A que se ligam aos leucócitos do receptor. Os leucóci tos sofrem agregação na circulação pulm onar e liberam m ediadores, que aum entam a perm eabilidade capilar. A pesquisa de anticorpos anti-H L A no plasm a do d o ad o r po d e con firm ar esse diagnóstico. Os doadores im plicados são frequentem ente m ulheres m ultíparas, devendo-se evitar a transfusão de seu com ponente plasmático.
Púrpura pós-transfusional Essa reação m anifesta-se na form a de tro m b o cito p en ia d entro de 7-10 dias após a transfusão de plaquetas e ocorre p re d o m in an te m ente em m ulheres. São detectados anticorpos específicos contra as plaquetas no soro do receptor, e o antígeno m ais frequentem en te reconhecido é o H P A -la detectado no receptor da glicoproteína Illa das plaquetas. A tro m bocitopenia tardia deve-se à produção de anticorpos que reagem contra as plaquetas tanto do do ad o r quanto do receptor. As transfusões adicionais de plaquetas podem agravar a trom bocitopenia, devendo, p or isso, ser evitadas. O tratam ento com im unoglobulina intravenosa p ode neutralizar os anticorpos efetores, ou pode-se utilizar plasm aférese para rem over os anticorpos.
Aloimunização O receptor pode torn ar-se aloim unizado contra diversos antígenos presentes nos elem entos sanguíneos celulares e proteínas p lasm á ticas. São detectados aloanticorpos contra antígenos eritrocitários durante os testes pré-transfusionais, e sua presença pode retardar o achado de hem ocom ponentes antígeno-negativos e com prova c ru zada com patível para transfusão. As m ulheres em idade fértil sensi bilizadas contra d eterm in ad o s antígenos eritrocitários (isto é, D, c, E, Kell ou Duffy) correm risco de ter um feto com doença hem olítica do recém -nascido. A com patibilidade para o antígeno D é o único teste de seleção pré-transfusional capaz de im pedir a aloim unização eritrocitária. A aloim unização c o n tra antígenos presentes nos leucócitos e plaquetas pode resultar em refratariedade do indivíduo a transfusões plaquetárias. Um a vez estabelecida a aloim unização, pode ser difícil encontrar plaquetas HLA compatíveis de doadores que partilhem a n tígenos sem elhantes com o receptor. Por conseguinte, a prática tran s fusional prudente visa prevenir a sensibilização pelo uso de com po nentes celulares leucorreduzidos bem com o à restrição da exposição a antígenos pelo uso criterioso de transfusões e uso de PADU.
Biologia e Terapia Transfusionais
Essa reação grave m anifesta-se após a transfusão de apenas alguns m ililitros do com ponente sanguíneo. O s sinais e sintom as consis tem em dificuldade resp irató ria, tosse, n áuseas e vôm itos, h ip o tensão, broncospasm o, p erda da consciência, p arad a resp irató ria e choque. O tratam e n to consiste em su sp en d er a transfu são, m an te r um acesso vascular e a d m in istrar ep in efrin a (0,5-1 m L de diluição a 1:1.000 SC). N os casos graves, p o d e ser necessário o uso de g li cocorticoides. Os pacientes com deficiência de IgA, que constituem < 1% da população, podem estar sensibilizados a essa classe de Ig e correm risco de reações anafiláticas associadas à transfusão de plasma. Por conseguinte, os indivíduos com deficiência grave de IgA só devem receber plasm a deficiente em IgA e com ponentes sanguíneos celula res lavados. Os pacientes que apresentam reações anafiláticas ou alér gicas repetidas a com ponentes sanguíneos devem ser testados quanto à deficiência de IgA.
A DEVH -AT pode ser evitada pela irradiação dos co m p o n en tes celulares (com no m ínim o 2.500 cGy) antes de sua transfusão em pacientes de risco. Os pacientes que correm risco de DEVH-AT in cluem fetos que recebem transfusões intrauterinas, receptores im u nocom petentes selecionados (p. ex., pacientes com linfom a) ou im unocom prom etidos, receptores de unidades de d oador sabidam ente aparentados e receptores que foram subm etidos a tran sp lan te de m edula. As doações diretas p o r familiares devem ser desestim uladas (pois não têm m enor tendência a transm itir infecções); se não houver outras opções, os hem ocom ponentes obtidos de fam iliares deverão ser sem pre irradiados.
■ REAÇÕES NÃO IMUN0LÓGICAS Sobrecarga hídrica Os com ponentes sanguíneos são excelentes expansores de volume, podendo a transfusão resultar rapidam ente em sobrecarga de volu me. Tal problem a pode ser m inim izado pela m onitoração da veloci dade e do volum e da transfusão, bem com o o uso de diurético.
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Hipotermia Os c om ponentes sanguíneos refrigerados (4°C) ou congelados (-18°C ou m enos) podem provocar hipoterm ia quando infundidos rapidam ente. Podem ocorrer arritm ias cardíacas em conseqüência da exposição do nó sinoatrial a líquidos frios, com plicação evitada pelo uso de um aquecedor no circuito transfusional.
Toxicidade por eletrólitos A lise dos eritró cito s d u ra n te o a rm a ze n a m e n to a u m e n ta a c o n c en tração de p otássio n a u nidade. O s re cé m -n a sc id o s e p a c ie n tes com insuficiência renal correm risco de h ip erp o tassem ia. As m edidas preventivas, com o o uso de hem ácias frescas ou lavadas, justificam -se nas transfusões neonatais, visto que essa com plicação po d e ser fatal. O citrato, com um ente utilizado para anticoagular os com ponen tes sanguíneos, é um quelante do cálcio e, p or isso, inibe a cascata da coagulação. A hipocalcem ia, que se m anifesta po r dorm ência perioral e/ou sensação de form igam ento nos dedos das m ãos e dos pés, pode resultar de m últiplas transfusões rápidas. C om o o citrato é ra pidam ente m etabolizado em bicarbonato, raram ente são necessárias infusões de cálcio nessa situação. Se houver necessidade de cálcio ou de qualquer outra infusão intravenosa, sua adm inistração deverá ser feita p or m eio de um acesso distinto.
Sobrecarga de ferro
Oncologia e Hematologia
C ada unidade de hem ácias contém 200-250 m g de ferro. Os sinais e sintom as de sobrecarga de ferro que afetam as funções endócrina, hepática e cardíaca são com uns após a transfusão de 100 unidades de concentrado de hem ácias (carga de ferro corporal total de 20 g). É preferível evitar essa complicação com o uso de terapias alternati vas (p. ex., eritropoietina) e transfusão criteriosa, m edidas conside radas custo-efetivas. Os agentes quelantes, com o a desferroxam ina e o deferasirox estão disponíveis, porém a resposta é frequentem ente subótim a.
Reações de hipotensão Pode-se verificar a ocorrência de hipotensão transitória em pacientes subm etidos a transfusão que estejam usando inibidores da enzim a conversora de angiotensina (ECA). C om o os hem o co m p o n en tes contêm bradicinina norm alm ente degradada pela ECA, os pacientes m edicados com inibidores da ECA podem apresentar aum ento dos níveis de bradicinina, o que causa hipotensão no receptor. A pressão arterial norm aliza-se sem qualquer intervenção.
Imunomodulação A transfusão de sangue alogênico é im unossupressora. O s recep tores de transplante renal subm etidos a m últiplas transfusões têm m en o r tendência a rejeitar o enxerto, p o d e n d o a transfusão resultar em p io r prognóstico nos pacientes com câncer e a u m e n tar o risco de infecções. A credita-se que a im uno m o d u lação relacionada com a transfusão seja m ediada p o r leucócitos tran sfu n d id o s. O uso de pro d u to s celulares com depleção de leucócitos causa m en o s im u nossupressão, m as não se obtiveram dados controlados, sendo im provável que sejam obtidos na m edida em que a leucorredução seja universalm ente adotada.
■ COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS Efetua-se inicialm ente a triagem dos d oadores pela seleção de v o lu n tário s sadios sem co m p o rtam e n to de risco, pro b lem as clínicos ou exposição a patógenos transm issíveis, com o uso de drogas intravenosas ou viagem para áreas en d êm icas de m alária. A re ali zação de diversos testes no sangue do d o a d o r p ara d e te cta r a p re sença de agentes infecciosos u tilizando o teste de am plificação do ácido nucleico (NAT) ou evidência de infecções prévias p o r m eio
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da pesquisa de an tic o rp o s c o n tra d e te rm in a d o s patógenos reduz ainda m ais o risco de infecções a d q u irid as p o r transfusão.
Infecções virais Vírus da hepatite C As doações de sangue são testadas para a detec ção de anticorpos contra o H CV e o RNA do HCV. Hoje, calcula-se que o risco de adquirir HCV através de transfusão seja de aproxim a dam ente 1 em 2 m ilhões de unidades. A infecção pelo HCV pode ser assintom ática ou resultar em hepatite crônica ativa, cirrose e insufi ciência hepática.
Vírus da imunodeficiência humana tipo 1 O sangue doado é testado à procura de anticorpos a nti-H IV -1, antígeno p24 do HIV-1 e RNA do HIV, usando NAT. Identificaram -se aproxim adam ente 12 doadores soronegativos que abrigavam o RNA do HIV. O risco de infecção pelo HIV-1 p or episódio de transfusão é de 1 em 2 m ilhões. Os anticorpos anti-H IV -2 tam bém são pesquisados no sangue doado. N enhum caso de infecção pelo HIV-2 foi notificado nos EUA desde 1992. Vírus da hepatite B
Pesquisa-se o HBV no sangue doado p or m eio de ensaios para o antígeno de superfície da hepatite B (HbsAg). O teste NAT não é prático devido à baixa replicação viral e níveis m enores de virem ia. O risco de infecção pelo HBV associado a transfusões é várias vezes m aior do que o do H C V A vacinação dos indivíduos que necessitam de terapia transfusional a longo prazo pode evitar essa complicação.
Outros vírus da hepatite
O vírus da hepatite A raram ente é transm iti do po r transfusão, e a infecção é assintom ática e não acarreta doença crônica. Os outros vírus transm itidos po r transfusão, - TTV, SEN-V e GBV-C, não causam hepatite crônica ou outros estados patológicos. A execução de testes rotineiros não parece ser justificada.
Vírus do Oeste do Nilo (V. 0. N.)
D o cu m en taram -se infecções pelo VON transm itidas p or transfusão em 2002. Este vírus de RNA pode ser detectado usando o NAT; a triagem rotineira com eçou em 2003. As infecções pelo VON variam quanto à gravidade, desde assintom áticas até fatais, correndo m ais risco a população idosa.
Citomegalovírus
Este vírus universal infecta > 50% da população ge ral e é transm itido por leucócitos infectados existentes no concentrado de hemácias ou nos com ponentes plaquetários transfundidos. Os com ponentes celulares que sofrem redução de leucócitos encerram baixo risco de transm itir o CMV independentem ente do estado sorológico do doador. Os grupos de risco para as infecções pelo CMV incluem pacientes im unossuprim idos, receptores de transplante CMV-soronegativos e recém-nascidos; esses pacientes devem receber hem ocom po nentes CMV-soronegativos ou com depleção de leucócitos.
Vírus linfotrópico T humano (HTLV) tipo I
U tilizam -se ensaios para a detecção dos HTLV-I e II na triagem de todo sangue doado. O HTLV-I está associado à leucem ia/linfom a das células T do adulto e paraparesia espástica tropical em um a pequena porcentagem de indivíduos infectados (Cap. 188). O risco de infecção pelo HTLV-I através de transfusão é de 1 em 641.000 episódios de transfusão. O HTLV-II não está claram ente associado a qualquer doença.
Parvovírus B19 Os com ponentes sanguíneos e hem ocom ponentes obtidos de plasm a p odem tran sm itir esse vírus, o agente etiológico do eritem a infeccioso (ou quinta doença) da infância. O parvovírus B I9 exibe tropism o p or precursores eritroides e inibe tanto a p rodu ção quanto a m aturação dos eritrócitos. Em indivíduos com doença hem atológica subjacente com o anem ia falciform e ou talassem ia, pode ocorrer aplasia eritroide pura, que se m anifesta na form a de cri se aplásica aguda ou anem ia crônica com redução da sobrevida dos eritrócitos (Cap. 107). O feto de um a m ulher soronegativa corre risco de desenvolver hidropsia quando infectado por esse vírus.
Contaminação bacteriana
Outros agentes infecciosos D iversos parasitas, incluindo os agentes da m alária, babesiose e doença de Chagas, são transm itidos p o r transfusões sanguíneas. A m igração geográfica e as viagens dos doadores m odificam a incidên cia dessas infecções raras. O utros agentes im plicados n a tran sm is são p o r transfusão incluem dengue, vírus chikungunya, variante da doença de Creutzfeld-Jakob, A naplasm a phagocytophilum e vírus da vacina da febre amarela, porém a lista c ontinua crescendo. D ispõe-se de testes para alguns patógenos, com o Trypanosom a cruzi, porém não são universalm ente exigidos Estas infecções devem ser conside radas no paciente subm etido à transfusão no contexto clínico ap ro priado.
ALTERNATIVAS A TRANSFUSÃO As alternativas às transfusões sanguíneas alogênicas, a fim de evi tar a exposição a doadores hom ólogos com seus riscos infecciosos e im unológicos concom itantes, continuam a ser atraentes. O sangue autólogo é a m elhor opção quando existe um a previsão de transfusão. Entretanto, a razão custo-benefício da transfusão autóloga perm ane ce elevada. N enhum a transfusão é isenta de risco; os erros de identi ficação e a contam inação bacteriana continuam sendo com plicações potenciais m esm o com as transfusões autólogas. O utros m étodos de transfusão autóloga no paciente cirúrgico consistem em hem odiluição pré-operatória, recuperação do sangue em locais cirúrgicos esté reis e coleta de drenagem pós-operatória. A doação dirigida ou indi vidualizada de amigos ou da fam ília do receptor não tem sido mais segura que as transfusões de com ponentes de doadores voluntários. Essas doações diretas podem , na verdade, estar associadas a m aior risco de complicações no receptor, com o DEVH e aloim unização. Os fatores de estim ulação de colônias de granulócitos e de granulócitos-m acrófagos são clinicam ente úteis para acelerar a recuperação dos leucócitos em pacientes com leucopenia associada à quim iotera pia em altas doses. A eritropoietina estim ula a produção de eritrócitos em pacientes com anem ia decorrente da insuficiência renal crônica ou de outras condições, evitando ou reduzindo, assim, a necessidade de transfusão. Esse horm ônio tam bém é capaz de estim ular a eritro poiese no doador autólogo, perm itindo doações adicionais.
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Biologia e Terapia Transfusionais
0 risco relativo de infecção bacteriana tran sm itid a p o r transfusão aum entou na m edida em que o risco absoluto de infecções virais foi drasticam ente reduzido. A m aioria das bactérias não cresce b em em tem peraturas baixas; po r conseguinte, os concentrados de hem ácias e o PFC não consti tuem fontes com uns de contam inação bacteriana. E ntretanto, algu m as bactérias Gram -negativas podem crescer entre I o e 6°C. Espécies de Yersinia, Pseudomonas, Serratia, Acinetobacter e Escherichia foram im plicadas nas infecções relacionadas com a transfusão de concen trados de hem ácias. Os concentrados de plaquetas, arm azenados à tem peratura ambiente, são m ais propensos a apresentar contam inantes cutâneos, com o m icrorganism os G ram -positivos, incluindo estafilococos coagulase-negativos. Estim a-se que 1 em cada 1.000-2.000 com ponentes plaquetários esteja contam inado com bactérias. O risco de m orte devido à sepse associada à transfusão foi calculado em 1 em 17.000 para as plaquetas derivadas de doação de sangue total e 1 em 61.000 para os produtos de aférese. Desde 2004, os bancos de sangue instituíram m étodos para d etectar com ponentes plaquetários contam inados. Os receptores de transfusões co ntam inadas p o r bactérias p o dem desenvolver febre e calafrios, que podem progredir para choque séptico e CIVD. Tais reações p o d em o correr bruscam ente, poucos m inutos após o início da transfusão ou depois de várias horas. Com frequência, o início dos sinais e sintom as é súbito e fulm inante, o que diferencia a contam inação bacteriana de um a RTFNH. As reações, em particular as relacionadas com contam inantes G ram -negativos, resultam da infusão de endotoxinas form adas no com ponente conta m inado, durante o arm azenam ento. Q uando se suspeita destas reações, a transfusão deve ser in te r rom pida im ediatam ente. A terapia é orien tad a p ara a reversão de quaisquer sinais de choque e devem -se adm inistrar antibióticos de amplo espectro. O banco de sangue deve ser notificado para que iden tifique qualquer erro adm inistrativo ou sorológico. A bolsa do hem ocom ponente deve ser enviada para cultura e coloração de Gram.
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CAPÍTULO
114
Transplante de Células Hematopoiéticas Frederick R. Appelbaum Transplante de medula óssea foi o term o original usado para descre ver a coleta e o transplante de células-tronco hem atopoiéticas, mas, com a dem onstração recente de que o sangue periférico e o sangue do cordão umbilical tam bém são fontes úteis de células-tronco, trans plante de células hematopoiéticas to rnou-se o term o genérico prefe rencial para esse processo. Em geral, o procedim ento é realizado por dois motivos: ( 1) substituir o sistem a linfo-hem atopoiético anorm al, porém não m aligno, po r u m de doador norm al ou (2) tratar o câncer m ediante a adm inistração de doses de terapia m ielossupressora mais elevadas do que seria possível de outro m odo. O uso do transplante de células hem atopoiéticas vem aum entando, tanto em virtude de sua eficácia em determ inadas doenças quanto devido à disponibilidade cada vez m aior de doadores. O C enter for International Blood and M arrow Transplant Research (http://www.cibmtr.org) estim a que são realizados cerca de 65.000 transplantes p o r ano.
A CÉLULA-TRONCO HEMATOPOIÉTICA Várias características da c élula-tronco h em atopoiética to rn am o transplante clinicam ente exeqüível, com o a sua notável capacidade de regeneração, a capacidade de se fixar no espaço m edular após inje ção intravenosa e a possibilidade de criopreservação da célula-tronco (Cap. 66). O transplante de um a única célula-tronco pode substituir todo o sistem a linfo-hem atopoiético de u m cam undongo adulto. Em seres hum anos, o transplante de um a pequena porcentagem do volu m e de m edula óssea de um doador resulta, regularm ente, na substi tuição completa e prolongada de todo o sistem a linfo-hem atopoiético do receptor, incluindo todas as hem ácias, os granulócitos, linfócitos B e T, além das plaquetas, bem com o as células que pertencem à p o pulação de m acrófagos fixos, com o as células de Kupffer do fígado, os m acrófagos alveolares pulm onares, osteoclastos, as células de Langerhans da pele e as células da m icróglia no cérebro. A capacidade da célula-tronco hem atopoiética de se fixar na m edula óssea após injeção intravenosa é m ediada, em parte, p o r u m a interação entre o fator derivado da célula estrom al 1 (SD Fl), produzido pelas células do estrom a m edular, e o receptor de alfa-quim iocina CXCR4 enco n trado nas células-tronco. O guiam ento (hom ing) tam bém é influen ciado pela interação de m oléculas da superfície celular, denom inadas selectinas, presentes nas células endoteliais da m edula óssea, com seus ligantes, denom inados integrinas, nas células hem atopoiéticas im aturas. As células-tronco hem atopoiéticas hum anas têm a capaci dade de sobreviver ao congelam ento e descongelam ento com pouco ou nenhum dano, possibilitando a rem oção e a conservação de parte da m edula óssea do próprio paciente para posterior reinfusão após o tratam ento do indivíduo com terapia m ielotóxica em doses altas.
CATEGORIAS DE TRANSPLANTE DE CÉLULAS HEMATOPOIÉTICAS Pode-se descrever o transplante de células hem atopoiéticas de acordo com o parentesco entre o paciente e o doador, bem com o a origem anatôm ica das células-tronco. Em cerca de 1% dos casos, os pacientes têm gêmeos idênticos que servem de doadores. C om o uso de do a dores singênicos, não há qualquer risco de doença do enxerto versus hospedeiro (DEVH) que frequentem ente com plica o transplante alo gênico e, diferente do uso de m edula autóloga, não existe o risco de contam inação das células-tronco com células tum orais. O transplante alogênico envolve um d o ad o r e um receptor que não são geneticam ente idênticos. A pós transplante alogênico, as cé
lulas im unes, transplantadas com as células-tronco ou que se desen volvem a p a rtir delas, podem reagir contra o paciente, produzindo a DEVH. De outro m odo, se o esquem a de preparação im unossupressor utilizado para tratar o paciente antes do transplante for inade quado, as células im unocom petentes do paciente poderão provocar rejeição do enxerto. Os riscos dessas com plicações são bastante in fluenciados pelo grau de com patibilidade existente entre o doador e o receptor quanto aos antígenos codificados por genes do complexo principal de histocom patibilidade. As m oléculas do antígeno leucocitário h um ano (HLA) são res ponsáveis pela ligação a proteínas antigênicas e apresentação destas às células T. Os antígenos apresentados p or m oléculas do HLA podem derivar de fontes exógenas (p. ex., durante infecções ativas) ou con sistir em proteínas endógenas. Se os indivíduos não forem HLA-compatíveis, as células T de um indivíduo irão reagir fortem ente contra o HLA-incompatível, ou “antígenos principais”, do segundo. Mesmo se os indivíduos forem HLA-compatíveis, as células T do doador pode rão reagir a diferentes antígenos endógenos ou “antígenos m enores” apresentados pelo HLA do receptor. As reações a antígenos m eno res tendem a ser m enos intensas. Os genes de m aior im portância nos transplantes são o HLA-A, -B, -C e -D; tais genes estão intim am ente ligados e, po r isso, tendem a ser herdados com o haplótipos com rara ocorrência de crossover entre eles. Por conseguinte, as chances de que um irm ão consanguíneo seja compatível com o paciente são de um a em quatro, e a probabilidade de que o paciente tenha um irm ão HLA-idêntico é de 1 - (0,75)", onde n é igual ao núm ero de irmãos. Com as técnicas atuais, o risco de rejeição de enxerto é de 1 a 3%, e o risco de DEVH aguda grave e potencialm ente fatal é de cerca de 15% após um transplante entre irm ãos H LA-idênticos. A incidência de rejeição do enxerto e de DEVH aum enta progressivam ente com o uso de parentes doadores incom patíveis para um , dois ou três antíge nos. Apesar de a sobrevida após o transplante com incom patibilidade de um antígeno não ser acentuadam ente alterada, a sobrevida após transplantes com incom patibilidade de dois ou três antígenos é signi ficativam ente reduzida, e esses transplantes só devem ser realizados com o parte de estudos clínicos. Desde a form ação do N ational M arrow D onor Program e outros registros, tornou-se possível identificar doadores HLA-compatíveis não aparentados para m uitos pacientes. Os genes que codificam os antígenos do HLA são polim orfos, razão pela qual a probabilida de de que dois indivíduos não aparentados sejam H LA -idênticos é baixíssim a, da ordem de m enos de 1 em 10.000. E ntretanto, com a identificação e tipagem de > 14 m ilhões de doadores voluntários, hoje é possível en co n trar doadores HLA-com patíveis para cerca de 50% dos pacientes para os quais se inicia um a pesquisa. Em média, são necessários 3-4 m eses para com pletar u m a pesquisa e efetuar um transplante com doador não aparentado. C om os avanços na tipagem HLA e as m edidas de assistência de suporte, a sobrevida após tran s plante de doador não aparentado com patível é essencialm ente igual àquela obtida com irm ãos HLA-compatíveis. O transplante autólogo envolve a rem oção e a conservação das células-tronco do próprio paciente, com reinfusão subsequente após o paciente receber terapia mieloablativa em doses altas. Ao contrário do transplante alogênico, não há risco de DEVH ou de rejeição de enxer to com o transplante autólogo. Por outro lado, o transplante autólogo não apresenta o efeito enxerto versus tum or (EVT) e as células-tronco autólogas coletadas podem ser contam inadas com células tum orais, o que poderia levar a um a recidiva. Foram desenvolvidas diversas técni cas para “purificar” produtos autólogos de células tum orais. Algumas utilizam anticorpos dirigidos contra antígenos associados ao tum or mais complemento, anticorpos ligados a toxinas, ou anticorpos conju gados com esferas im unom agnéticas. Constatou-se tam bém que a in cubação in vitro com determ inados agentes quim ioterápicos, como a 4-hidroperoxiciclofosfam ida, e a cultura prolongada da m edula óssea dim inuem o núm ero de células tum orais nos produtos de coletas de células-tronco. O utra técnica consiste na seleção positiva de células-tronco utilizando anticorpos anti-CD34, seguida de técnicas de ade
um m aterial que de o utro m odo seria descartado. U m resum o dos prim eiros 562 transplantes de sangue do cordão um bilical de in d i víduos não aparentados, auxiliados pelo New York Blood Center, registrou pega do enxerto em cerca de 85% dos pacientes, porém em um ritm o m ais lento do que o observado com a m edula óssea. O bservou-se D EV H grave em 23% dos pacientes. O risco de falha de pega do enxerto e a taxa de m o rta lid a d e relacionada ao tra n s plante estiveram relacionados com a dose de células do sangue do cordão p o r quilogram a, lim itando, assim , o tran sp lan te de sangue de um único cordão um bilical p a ra o trata m e n to de adolescentes m aiores e pacientes adultos. E studos clínicos subsequentes sugerem que o uso de duas unidades de cordão dim inui o risco de falha de pega do enxerto e a m ortalidade precoce, m esm o que no final ape nas um a das unidades sobreviva.
ESQUEMA DE PREPARAÇÃO PARA 0 TRANSPLANTE O esquem a de tratam en to ad m in istrad o a pacientes im ediatam en te antes da realização do transplante tem p o r objetivo erradicar a doença subjacente e, no caso de tran sp lan te alogênico, pro d u zir im unossupressão adequada para evitar a rejeição da m edula óssea transplantada. Por conseguinte, o esquem a apropriado depende da doença e da fonte de m edula óssea. Por exemplo, quando se realiza um transplante para o tratam ento da im unodeficiência com binada grave e o doador é um irm ão histocom patível, não há necessidade de tratam ento, p or não ser preciso erradicar célula algum a do hospe deiro, e o paciente já se en co n trar im unoincom petente dem ais para rejeitar a m edula transplantada. Na anem ia aplásica, não há qualquer população grande de células para ser erradicada, e a adm inistração de doses altas de ciclofosfam ida m ais globulina antitim ócito produz im unossupressão suficiente p ara que o paciente possa aceitar ade quadam ente o enxerto m edular. N a presença de talassem ia e anem ia falciforme, frequentem ente adiciona-se bussulfano em doses altas à ciclofosfam ida, a fim de errad icar a hem atopoiese hiperplásica do hospedeiro. Foram desenvolvidos vários esquem as diferentes para o tratam ento de doenças m alignas. A m aioria desses esquem as inclui agentes com intensa atividade contra o tu m o r em doses convencio nais e que causam m ielossupressão com o principal toxicidade limitante da dose. Assim, tais esquem as incluem com um ente bussulfano, ciclofosfamida, m elfalano, tiotepa, carm ustina, etoposídeo e irradia ção corporal total em várias com binações. E m bora os esquem as de tratam e n to em doses altas sejam usa dos no transplante, a com preensão de que grande p arte do efeito a n titum oral do transplante deriva de um a resposta EVT m ediada im unologicam ente levou os pesquisadores a indagar se esquem as de condicionam ento de intensidade reduzida poderiam ser eficazes e m ais toleráveis. As evidências de u m efeito EVT originam -se de estudos que m o stram taxas de recidiva p ós-transplante mais baixas nos pacientes que desenvolvem D EV H aguda e crônica, m ais alta nos pacientes sem D EV H e ain d a m ais alta nos receptores de m e dula óssea alogênica sem células T ou singênica. A dem onstração de que rem issões com pletas p odem ser obtidas em m uitos pacientes que recidivaram pós-transplante, a d m in istran d o sim plesm ente lin fócitos viáveis oriundos do doador original, fortaleceu ainda m ais o argum ento favorável a um efeito EVT potente. Em conseqüência, fo ram estudados diversos esquem as não m ieloablativos m enos ativos, variando, em intensidade, desde o m ín im o necessário para alcan çar o enxertam ento (p. ex., fludarabina m ais 200 cGy de irradiação corporal total) até esquem as de in tensidade m ais im ediata (p. ex., fludarabina associada a m elfalano). Até o presente, os estudos re gistram que o enxertam ento pode ser alcançado com rapidez e com m enos toxicidade do que acontece no tran sp la n te convencional. Além disso, a gravidade da D EVH aguda parece ser reduzida porque ocorre m enos lesão tecidual devido a doses m ais baixas de fárm acos no esquem a preparatório. Respostas sustentadas com pletas foram registradas em m uitos pacientes, particularm ente naqueles com tu m ores hem atológicos de evolução m ais lenta. E ntretanto, o papel do condicionam ento de intensidade reduzida em qualquer doença não foi totalm ente definido.
Transplante de Células Hematopoiéticas
rência em coluna ou técnicas de citom etria de fluxo para selecionar as células-tronco norm ais, excluindo as células tum orais. Todas essas abordagens podem reduzir o núm ero de células tum orais de 1.00010.000 vezes e são clinicamente exeqüíveis; no entanto, nenhum estu do clínico random izado prospectivo dem onstrou que qualquer um a das referidas abordagens consiga redução na taxa de recidiva ou au m ento da sobrevida global ou livre de doença. A m edula óssea aspirada das cristas ilíacas posterior e anterior tem constituído tradicionalm ente a fonte de células-tronco h em ato poiéticas para transplante. São coletadas 1,5 a 5 X 108 células nucleadas da m edula óssea p or quilogram a para transplante alogênico. Diversos estudos recentes constataram aum ento da sobrevida com o transplante de quantidades m aiores de células m edulares de irm ãos e de doadores não aparentados compatíveis. As células-tronco hem atopoiéticas circulam no sangue perifé rico, m as em concentrações m uito baixas. Após a adm inistração de determ inados fatores de crescim ento hem atopoiéticos, com o o fator estim ulador das colônias de granulócitos (G-CSF) ou o fator estim ulador das colônias de granulócitos-m acrófagos (GM -CSF), e durante a recuperação de quim ioterapia intensiva, verifica-se um aum ento acentuado na concentração de células progenitoras hem atopoiéticas no sangue, m edida pelas unidades form adoras de colônias ou pela expressão do antígeno CD34. Tal aum ento possibilitou a coleta de quantidades adequadas dessas células-tronco do sangue periférico para transplante. Os doadores são tratados com fator de crescim ento hem atopoiético durante 4 ou 5 dias, e, a seguir, coletam -se as células-tronco em um a ou duas sessões de aférese de 4 h. O transplante au tólogo de > 2,5 X IO6 células CD34 por quilogram a, um núm ero que pode ser coletado na m aioria das circunstâncias, perm ite um enxerto rápido e duradouro em praticam ente todos os casos. Nos 10 a 20% dos pacientes que não conseguem m obilizar um n úm ero suficiente de células CD34+ apenas com fator de crescim ento, pode ser útil a adição de plerixafor, um antagonista de CXCR4. Q uando com para do com o uso de m edula autóloga, o em prego de células-tronco do sangue periférico resulta em um a recuperação hem atopoiética mais rápida com recuperação das contagens de granulócitos para 500/pT no 12° dia, e recuperação das plaquetas para 20.000/|xL no 14° dia. E m bora essa recuperação rápida d im inua a taxa de m orbidade do transplante, nenhum estudo m ostrou aum ento da sobrevida. A relutância em estudar o uso das células-tronco do sangue pe riférico para transplante alogênico deveu-se ao fato de que os p ro d u tos das células-tronco do sangue periférico contêm 1 log a mais de células T em com paração com a coleta típica da m edula óssea; em anim ais, a incidência da DEVH está relacionada com o núm ero de células T transplantadas. Entretanto, estudos clínicos m ostraram que o uso das células-tronco do sangue periférico, m obilizadas p or fato res do crescimento, obtidas de parentes HLA-com patíveis, resulta em enxerto mais rápido sem aum ento da incidência de DEVH aguda. A incidência de DEVH crônica pode au m entar com o uso das células-tronco do sangue periférico, porém nos estudos conduzidos até o m om ento esse inconveniente foi m ais do que com pensado pelas re duções obtidas nas taxas de recidiva e taxas de m ortalidade sem reci diva, verificando-se um aum ento da sobrevida global com o uso das células-tronco do sangue periférico. Estudos clínicos random izados estão avaliando atualm ente o uso de sangue periférico versus m edula óssea para transplante de doadores com patíveis não aparentados. O sangue do cordão um bilical c ontém alta c o n ce n tra ç ão de células progenitoras hem atopoiéticas, possibilitando seu uso com o fonte de células-tronco p ara transplante. O tran sp la n te de sangue do cordão um bilical de m em bros da fam ília tem sido explorado em situações em que a necessidade prem en te de tran sp lan te im pede a espera du ran te 9 meses ou m ais geralm ente necessária para o cres cim ento do lactente até o po n to de d o ar a m edula óssea. O uso de sangue do cordão um bilical resulta em pega do enxerto e recu p era ção da contagem periférica m ais lenta do que o o btido com a m e dula óssea, porém um a baixa incidência de DEVH, talvez refletindo o n úm ero baixo de células T no sangue do cordão. Foram criados vários bancos p ara a coleta e conservação do sangue do cordão u m bilical para possível transplante, em pacientes não aparentados, de
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■ 0 PROCEDIMENTO DE TRANSPLANTE Em geral, a m edula óssea é coletada das cristas ilíacas posteriores e, algum as vezes, anteriores, com anestesia geral ou raquidiana. São as pirados 10-15 m L/kg da m edula óssea, colocados em m eio heparinizado e filtrados através de telas de 0,3 m m e 0,2 m m para rem over gordura e espículas ósseas. A m edula coletada pode sofrer processa m ento adicional, d ependendo da situação clínica, com o a rem oção de eritrócitos p ara prevenir hem ólise em transplantes AJBO-incompatíveis, a rem oção das células T do doador para evitar o desenvolvim en to de D EVH ou tentativas de rem over as possíveis células tum orais contam inantes no transplante autólogo. A doação de m edula óssea é um procedim ento seguro com raríssim os relatos de complicações. As células-tronco do sangue periférico são coletadas p o r leuco-aférese após o tratam ento do do ad o r com fatores de crescim ento hem atopoiético ou, no caso de transplante autólogo, algum as vezes após tratam ento com um a com binação de quim ioterapia e fatores de crescimento. As células-tronco p ara transplante são infundidas geral m ente através de um cateter venoso central de grosso calibre. Essas infusões costum am ser bem toleradas, em bora ocasionalm ente os p a cientes m anifestem febre, tosse ou dispnéia. Em geral, tais sintom as desaparecem ao reduzir a taxa de infusão. Q uando o pro d u to con tendo a células-tronco é criopreservado utilizando dim etilsulfóxido, os pacientes apresentam náuseas ou vôm itos de cu rta duração m ais frequentem ente devido ao od o r e sabor do crioprotetor.
■ PEGA DO ENXERTO Em geral, os hem ogram as alcançam o valor m ínim o no decorrer de vários dias a 1 sem ana após o transplante, em conseqüência do es quem a de preparação; em seguida as células produzidas pelas célu las-tronco transplantadas com eçam a aparecer no sangue periférico. A taxa de recuperação depende da fonte de células-tronco, do uso dos fatores de crescim ento após o transplante e do tipo de profilaxia em pregado para a DEVH. Se a m edula óssea for a fonte de células-tronco, ocorrerá recuperação para 100 granulócitos/|xL no 16° dia e para 500/jjlL no 22° dia. O u so de células-tronco do sangue periférico m obilizadas pelo G-CSF acelera a taxa de recuperação em cerca de 1 sem ana em com paração com a m edula óssea, e nquanto a pega do en xerto após transplante de sangue do cordão tipicam em ente tem um atraso de cerca d e i sem ana em com paração com a m edula óssea. O uso de fator de crescim ento m ieloide (G-CSF ou GM -CSF) após o transplante pode acelerar a recuperação em 3-5 dias, e a utilização de m etotrexato, para im pedir a DEVH, retarda a pega do enxerto du ra n te um período sem elhante. Após o transplante alogênico, o enxertam ento p ode ser registrado p o r m eio de hibridização in situ com fluo rescência dos crom ossom os sexuais se o do ad o r e o receptor forem de sexos diferentes, tipagem do HLA se houver incom patibilidade do HLA ou análise dos polim orfism os do com prim ento de fragm entos de restrição se am bos forem do m esm o sexo e HLA-compatíveis.
■ COMPLICAÇÕES APÓS 0 TRANSPLANTE DE CÉLULAS HEMATOPOIÉTICAS Quimiorradiotoxicidade direta precoce O esquema de preparação para transplante pode produzir um espectro de efeitos tóxicos agudos, que variam de acordo com a intensidade do esquem a e os agentes específicos utilizados, m as que resulta frequen tem ente em náuseas, vôm itos e eritem a cutâneo leve (Fig. 114.1). Os esquemas que incluem a ciclofosfamida em doses altas podem resultar em cistite hemorrágica, que pode ser evitada habitualm ente por irriga ção da bexiga ou pela adm inistração do com posto sulfidrila m ercaptoetanossulfonato (MESNA). Raram ente observa-se cardite hem or rágica aguda. A m aioria dos esquemas de preparação em altas doses para transplante resulta em m ucosite oral, que surge 5-7 dias após o transplante, exigindo, m uitas vezes, analgesia com narcóticos. O uso de dispositivo para analgésicos controlado pelo paciente proporciona m aior conforto e resulta em m enor dose cum ulativa do narcótico. O fator de crescimento dos queratinócitos (paliferm ina) pode dim inuir a duração da m ucosite em vários dias após o transplante autólogo. Os pacientes começam a ter queda dos cabelos 5-6 dias após o transplante e, em 1 semana, apresentam geralmente pancitopenia profunda.
Pancitopenia Toxicidades relacionadas com o esquema
Neutropenia Trombocitopenia Mucosite DVO
Doença de enxerto versus hospedeiro Infecções
Pneumonia idiopática DEVH aguda
DEVH crônica
Gram-positiva Gram-negativa
Bacterianas
Bactérias encapsuladas Candida
Fúngicas Virais
Aspergillus HVS CMV e adenovírus
t " ------------- T Dia 180 Dia 360
Figura 114.1 Principais síndromes que complicam o transplante de me dula óssea. DV0, doença venoclusiva; DEVH, doença do enxerto versus hospe deiro; HVS, herpesvírus simples; CMV, citomegalovírus; VZV, vírus varicela-zóster. 0 tamanho da área sombreada reflete de maneira aproximada o risco de complicação.
D ependendo da intensidade do esquem a de condicionam ento, 3 a 10% dos pacientes irão desenvolver síndrom e de obstrução sinusoidal do fígado, um a síndrom e que resulta da lesão citotóxica direta ao endotélio hepático venular e sinusoidal com subsequente depósito de fibrina e desenvolvim ento de um estado de hipercoagulabilidade local. Essa cadeia de eventos leva aos sintom as clínicos de hepatom egalia dolorosa à palpação, ascite, icterícia e retenção hídrica. Tais sintom as p odem surgir em qualquer m om ento d urante o prim eiro m ês pós-transplante, com o pico de incidência no 16° dia. Os fatores predisponentes incluem exposição anterior a quim ioterapia intensi va, hepatite pré-transplante de qualquer causa e uso de esquem as de condicionam ento m ais intensos. A taxa de m ortalidade da síndrom e de obstrução sinusoidal é de cerca de 30%, com insuficiência hepá tica progressiva culm inando em síndrom e hepatorrenal term inal. Os agentes trom bolíticos e os antitrom bóticos, com o o ativador tecidual de plasm inogênio, a h eparina e a prostaglandina E, foram estudados com o terapia, m as n enhum m ostrou benefício im portante consisten te em estudos controlados, e todos apresentam toxicidade significa tiva. Os estudos prelim inares com a defibrotida, um polidesoxirribonucleotídio, parecem prom issores. E m bora a m aioria dos casos de pneu m o n ia após o transplante seja causada p o r agentes infecciosos, detecta-se pneum onia inters ticial difusa em cerca de 5% dos pacientes, que se acredita seja con seqüência de toxicidade direta dos esquem as de preparação em altas doses para transplante. O lavado broncoalveolar m ostra a ocorrência de hem orragia alveolar, e as biópsias caracterizam -se p o r lesão al veolar difusa, em bora alguns casos possam exibir um padrão mais claram ente intersticial. A terapia com glicocorticoides em altas doses ou o fator de necrose a n titum oral são utilizados com o tratam ento, m as não há estudos clínicos random izados avaliando sua utilidade.
Quimiorradiotoxicidade direta tardia As complicações tardias do esquem a de preparação para o transplan te incluem dim inuição da velocidade de crescim ento em crianças e desenvolvim ento tardio dos caracteres sexuais secundários. Essas com plicações podem ser atenuadas, em parte, com o uso de reposi ção adequada de horm ônios do crescim ento e sexuais. A m aioria dos hom ens torna-se azoospérm ica, e a m aior parte das m ulheres na pós-puberdade desenvolve insuficiência ovariana, que deve ser tratada. A lgum as vezes, ocorre disfunção da tireoide, geralm ente bem com pensada. A catarata ocorre em 10 a 20% dos pacientes, sendo mais com um naqueles tratad o s com irradiação corporal total e nos que recebem terapia com glicocorticoides após o transplante para tra ta m ento de DEVH. Cerca de 10% dos pacientes sofrem necrose assép tica da cabeça do fêmur, particularm ente freqüente nos que recebem terapia crônica com glicocorticoides. As quim iorradiotoxicidades
tanto agudas quanto tardias (exceto aquelas associadas aos glicocor ticoides) são consideravelm ente m enos freqüentes em receptores de esquem as de preparação com doses reduzidas em com paração com altas doses.
Doença de enxerto versus hospedeiro
Fracasso do enxerto
Em bora se observe habitualm ente um enxerto completo e duradouro após o transplante, em certas ocasiões a função da m edula óssea não retorna ou, depois de um breve período de enxerto, é perdida. A fa lha de pega do enxerto após transplante autólogo pode resultar de um núm ero inadequado de células-tronco transplantadas, lesão durante o tratam ento ex vivo ou criopreservação, ou exposição do paciente a agentes m ielotóxicos após o transplante. As infecções po r citomegalovírus (CMV) ou pelo herpesvírus hum ano tipo 6 tam bém estão associadas à perda da função m edular. O fracasso do enxerto após transplante alogênico tam bém pode advir de rejeição imunológica do enxerto por células im unocom petentes do hospedeiro. A rejeição do enxerto de origem im unológica é mais com um após o uso de esquemas de preparação m enos im unossupressores em receptores de células-tronco com depleção de células T e em pacientes que recebem enxer tos de doadores ou de sangue de cordão umbilical HLA-incompatíveis Em geral, o tratam ento da falha de pega do enxerto consiste na rem oção de todos os agentes potencialm ente m ielotóxicos do esque m a de tratam ento e tentativa de adm inistração de um a prova tera pêutica de cu rta duração de fator de crescim ento m ieloide. A p e r sistência de linfócitos do hospedeiro em receptores de transplante alogênico com falha do enxerto indica rejeição im unológica. Nesses pacientes, a reinfusão de células-tronco do d oador geralm ente não tem sucesso, a m enos que seja precedida de um segundo esquem a im unossupressor de preparação. Em geral, os esquem as padroniza dos de preparação em altas doses para tra n s plante são m al tolerados quando a d m in istra dos no deco rrer de 100 dias após o prim eiro QUADR0114.1 Estadiamento e graduação clínicos da doença de enxerto versu s transplante, devido aos efeitos tóxicos cum ula hospedeiro aguda tivos. Todavia, o uso de esquem as de com bina ção, com o, p or exem plo, anticorpos anti-CD 3 Estágio Fígado - bilirrubina, clínico Pele (jimol/L (mg/dL) Intestino com doses altas de glicocorticoides, fludarabi na m ais dose baixa de irradiação corporal total 1 Exantema < 25% da 34-51 (2-3) Diarréia 500-1.000 mL/dia ou ciclofosfam ida m ais globulina antitim ócito, superfície corporal tem sido efetivo em alguns casos. 2 Exantema 25 a 50% da 51-103(3-6) Diarréia 1.000-1.500 mL/dia superfície corporal Infecção 3
Eritroderma generalizado
103-257(6-15)
Diarréia > 1.500 mL/dia
4
Descamação e bolhas
> 2 5 7 (> 15 )
íleo
Grau clínico geral
Estágio cutâneo
Estágio hepático
Estágio intestinal
I
1-2
0
0
II
1-3
1
1
III
1-3
2-3
2-3
IV
2-4
2-4
2-4
Transplante de Células Hematopoiéticas
A DEVH resulta da transferência de células T alogênicas com o inóculo de células-tronco do doador, que reagem contra alvos antigêni cos nas células do hospedeiro. A DEVH que se desenvolve nos p ri m eiros 3 meses após o transplante é denom inada D E V H aguda, e a que se desenvolve ou persiste p or m ais de 3 m eses cham a-se D E V H crônica. Com mais frequência, a DEVH aguda m anifesta-se pela p ri m eira vez 2-4 sem anas após a realização do transplante e se caracte riza por erupção m aculopapulosa eritem atosa; anorexia e/ou diarréia persistentes; e hepatopatia com níveis séricos elevados de bilirrubina, alanina e aspartato-am inotransferase bem com o fosfatase alcalina. Com o m uitos distúrbios podem sim ular a DEVH aguda, geralm ente o diagnóstico requer a realização de biópsias cutânea, hepática ou endoscópica para confirm ação. Em todos esses órgãos, ocorrem lesão endotelial e infiltrados linfocitários. Na pele, a epiderm e e os folículos pilosos são lesionados; no fígado, os pequenos duetos biliares exibem ruptura segm entar; e nos intestinos, pode-se e ncontrar des truição das criptas e ulceração da m ucosa. O Q u a d ro 114.1 expõe um sistem a de graduação com um ente utilizado para a DEVH aguda. A DEVH aguda grau I tem pouca im portância clínica, não m odifi ca a probabilidade de sobrevida e não necessita de tratam ento. Por outro lado, os graus II a IV de DEVH estão associados a sintom as im portantes e m enor probabilidade de sobrevida, exigindo terapia agressiva. A incidência de DEVH aguda é m ais alta nos receptores de células-tronco oriundas de doadores incom patíveis ou não apa rentados, em pacientes idosos e naqueles incapazes de receber doses plenas dos fárm acos usados para evitar a doença. U m a abordagem geral na prevenção da D EVH consiste na a d m inistração de agentes im unossupressores logo após a realização do transplante. As com binações de m etotrexato e ciclosporina ou tacrolim o estão entre os esquem as m ais eficazes e am plam ente utilizados. Prednisona, anticorpos dirigidos contra células T, m icofenolato m ofetila e outros agentes im unossupressores tam bém foram ou estão sendo estudados em diversas com binações. Um a segunda abordagem geral para a prevenção da DEVH é a rem oção das células T do inóculo de células-tronco. Apesar de sua eficácia na prevenção da DEVH, a depleção de células T está associada a m aior incidência de falha de pega do enxerto e de recidiva do tu m o r após o transplante; até o m om ento, poucas evidências sugerem que a depleção de células T aum enta as taxas de cura em qualquer situação específica. Apesar da profilaxia, a DEVH aguda significativa acom ete cerca de 30% dos receptores de células-tronco de irm ãos compatíveis e até
60% dos que recebem células-tronco de doadores não aparentados. Em geral, a doença é tratada com glicocorticoides, im unossupresso res adicionais ou anticorpos m onoclonais dirigidos contra as células T ou subgrupos dessas células. Verifica-se o desenvolvim ento de D E V H crônica em 20 a 50% dos pacientes que sobrevivem m ais de 6 m eses após a realização de transplante alogênico. A doença é m ais com um em pacientes ido sos, em receptores de células-tronco incom patíveis ou de doador não aparentado e naqueles que apresentaram episódio anterior de DEVH aguda. A doença assem elha-se a um distúrbio autoim une com eru p ção cutânea m alar, síndrom e sicca, artrite, bronquiolite obliterante bem com o degeneração dos duetos biliares e colestase. Atualm ente, o tratam ento-padrão consiste em m o noterapia com prednisona ou ciclosporina, em bora estejam sendo conduzidos estudos com o u tros agentes. N a m aioria dos pacientes, a DEV H crônica regride, m as podem ser necessários 1 a 3 anos de terapia im unossupressora antes que esses agentes possam ser suspensos sem haver recidiva da doença. C om o são suscetíveis a infecções significativas, os pacientes que apresentam DEVH crônica devem receber tratam ento profilático com sulfam etoxazol-trim etoprim a, e todas as infecções suspeitas de vem ser investigadas e tratadas de m aneira agressiva.
Os pacientes transplantados, particularm ente os receptores de transplante alogênico, preci sam de abordagens especiais para o problem a da infecção. Logo após o transplante, os p a cientes encontram -se profundam ente neutropênicos e, com o o risco de infecção bacteriana é m uito alto, a m aioria dos centros adm inistra antibioticoterapia quando a contagem de gra nulócitos cai para < 500/(xL. A profilaxia com fluconazol, em um a dose de 200-400 m g/dia,
961
Oncologia e Hematologia
reduz o risco de infecções p or Candida. Os pacientes soropositivos para o herpesvírus sim ples devem receber profilaxia com aciclovir. O Q u a d ro 114.2 fornece um a abordagem para a profilaxia das in fecções. Apesar dessas m edidas profiláticas, a m aioria dos pacientes apresenta febre e sinais de infecção após o transplante. O tratam ento dos pacientes que se tornam febris apesar da profilaxia bacteriana e fúngica representa um difícil desafio e é orientado p o r aspectos p a r ticulares dos pacientes e pela experiência da instituição. O problem a geral da infecção no h ospedeiro im u n o co m p ro m e tid o é analisado no C apítulo 132. Um a vez estabelecido o enxerto, a incidência de infecção bacte riana dim inui; todavia, os pacientes, em particular os receptores de transplante alogênico, continuam sob risco im portante de infecção. D urante o período que se estende da pega do enxerto até cerca de 3 meses após a realização do transplante, as causas m ais com uns de in fecção são bactérias Gram -positivas, fungos (particularm ente Asper gillus) e vírus, com o o CMV. A infecção pelo CMV, o utrora freqüente e geralm ente fatal, pode ser evitada nos pacientes soronegativos sub m etidos a transplante de doadores soronegativos por m eio do uso de hem ocom ponentes soronegativos ou de produtos a p a rtir dos quais foram rem ovidos os leucócitos. Nos pacientes soropositivos ou n a queles transplantados de doadores soropositivos, o uso do ganciclo vir, com o profilaxia na época do enxertam ento ou adm inistrado com a prim eira reativação do CMV, conform e evidenciado pelo apareci m ento de antigenem ia ou virem ia, pode reduzir, significativam ente, o risco de doença pelo CMV. O foscarnet m ostra-se eficaz em alguns pacientes que desenvolvem antigenem ia ou infecção pelo CM V ape sar do uso de ganciclovir, ou que não toleram o fármaco. A pneum onia p or Pneumocystis jiroveci, anteriorm ente enco n trada em 5 a 10% dos pacientes, pode ser evitada m ediante tratam e n to com sulfam etoxazol-trim etoprim a oral durante 1 sem ana antes do transplante, reiniciando o tratam ento após a pega do enxerto. O risco de infecção dim inui consideravelm ente após 3 meses da realização do transplante, a m enos que o corra DEVH crônica, exi gindo im unossupressão contínua. A m aioria dos centros de tra n s plante recom enda a m anutenção da profilaxia com sulfametoxazol-trim etoprim a enquanto os pacientes estiverem recebendo quaisquer agentes im unossupressores, bem com o a m onitoração cuidadosa devido à possibilidade de reativação tardia, do CMV. Além disso, a m aior parte dos centros tam bém recom enda profilaxia contra o vírus varicela-zóster com aciclovir durante 1 ano após o transplante. Os pacientes devem ser revacinados contra o tétano, a difteria, Haem o philus influenzae, poliom ielite e pneum onia pneum ocócica dentro de 12 meses após o transplante e contra o saram po, a caxum ba e a ru b é ola dentro de 24 meses.
QUADRO 114.2 Abordagem à profilaxia da infecção em receptores de transplante alogênico Microrganismo
Abordagem
Bacteriano
Levofloxacino
750m g,V 0 ou IV ao dia
Fúngico
Fluconazol
400 mg, V0 todos os dias até o dia 75 pós-transplante
Pneumocystis carinii
Sulfametoxazol-trimetoprima
1 comprimido de dupla concentração V0 2x/dia, 2 dias/ semana até o dia 180 ou a suspensão da imunossupressão
Herpes simples
Aciclovir
800 mg V0,2x/dia até o dia 30
Varicela-zóster
Aciclovir
800 mg V0,2x/dia até o dia 365
Citomegalovírus
Ganciclovir
5 mg/kg IV, 2x/dia durante 7 dias, em seguida, 5 (mg/kg)/dia 5 dias/ semana até o dia 100
Viral
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TRATAMENTO DE DOENÇAS ESPECÍFICAS USANDO TRANSPLANTE DE CÉLULAS HEMATOPOIÉTICAS
TRATAMENTO
Doenças não malignas
IMUNODEFICIÊNCIAS Ao su b stitu ir as células-tronco anorm ais por células de um doador norm al, o transplante de células hem a topoiéticas pode curar pacientes p ortadores de diversos distú r bios da im unidade, com o a im unodeficiência com binada grave, a síndrom e de W iskott-A ldrich e a síndrom e de Chédiak-H igashi. A m aior experiência tem sido com a im unodeficiência com binada grave, em que se esperam taxas de cura de 90% com doadores HLA-idênticos e relataram -se taxas de sucesso de 50 a 70% utili zando genitores haplótipo-incom patíveis com o doadores (Q u a d ro 114.3). ANEMIA APLÁSICA
O transplante a p a rtir de irm ãos com patíveis após um esquem a de preparação com ciclofosfam ida em doses al tas e globulina antitim ócito pode curar até 90% dos pacientes com idade < 40 anos e que apresentam anem ia aplásica grave. Os resul tados em pacientes com m ais idade e em receptores de m edula ós sea de fam iliar incom patível ou não aparentado são m enos favo ráveis; por conseguinte, recom enda-se habitualm ente um a prova terapêutica com agentes im unossupressores para esses pacientes antes de considerar a realização do transplante. O transplante é eficaz em todas as form as de anem ia aplásica, como, por exemplo, as síndrom es associadas a hem oglobinúria paroxística n o tu rn a e anem ia de Fanconi. Os pacientes com anem ia de Fanconi são anorm alm ente sensíveis aos efeitos tóxicos de agentes alquilantes e, deste m odo, deve-se utilizar esquem as preparatórios m enos in tensivos em tais casos (Cap. 107).
HEMOGLOBINOPATIAS
O transplante de m edula óssea de um ir m ão H LA-idêntico após esquem a preparatório com bussulfano e ciclofosfamida pode curar 70 a 90% dos pacientes com talassem ia maior. Os m elhores resultados p odem ser esperados quando os pacientes são subm etidos ao transplante antes do desenvolvim en to de hepatom egalia ou de fibrose portal, e se tiverem recebido terapia de quelação do ferro adequada. Entre tais pacientes, a pro babilidade de sobrevida após 5 anos e de sobrevida sem doença é de 95 e 90%, respectivam ente. E m bora seja possível um a sobrevi da prolongada com terapia quelante agressiva, o transplante é o único tratam ento curativo da talassem ia. Ele está sendo estudado com o abordagem curativa para os pacientes com anem ia falcifor me. Foram relatadas taxas de sobrevida após 2 anos e de sobrevida sem doença de 90 e 80%, respectivam ente, após transplante com m edula de irm ão com patível. As decisões quanto à seleção dos pacientes e ao m om ento de realização do transplante são difíceis, porém o transplante constitui um a opção razoável para os pacien tes m ais jovens que sofrem crises repetidas ou que apresentam outras complicações significativas, e que não respondem a outras intervenções (Cap. 104).
OUTRAS DOENÇAS NÃO MALIGNAS
T eoricam ente, o tra n sp la n te de células hem atopoiéticas deve ser capaz de c u rar qualquer doença causada p or um erro inato do sistem a linfo-hem atopoié tico. O transplante tem sido utilizado com sucesso no tratam en to dos distúrbios congênitos de leucócitos, com o a síndrom e de K ostm ann, doença granulom atosa crônica e deficiência de ade rência leucocitária. As anem ias congênitas, com o a anem ia de B lackfan-D iam ond, tam bém p o d em ser curadas com tran sp lan te. A osteopetrose m aligna infantil deve-se a um a incapacidade de reabsorção óssea pelos osteoclastos e, com o tais células d e ri vam da m edula óssea, o transplante po d e curar esse raro distú r bio hereditário. O transplante de células hem atopoiéticas tem sido utilizado com o tratam ento de diversas doenças de depósito causadas por
QUADRO 114.3 transplante*
Taxas estimadas de sobrevida 5 anos após o Alogênico, %
Doença
Autólogo, %
Imunodeficiência combinada grave
90
N/A
Anemia aplásica
90
N/A
Talassemia
90
N/A
Leucemia mieloide aguda 55-60
50
40
30
Primeira remissão
50
40
Segunda remissão
40
30
Fase crônica
70
Dl
Fase acelerada
40
Dl
Crise blástica
15
Dl
Leucemia linfocítica crônica
50
Dl
Mielodisplasia
45
Dl
Mieloma múltiplo
30
35
40
40
40
50
Estágio II de alto risco
N/A
70
Estágio IV
N/A
15
Leucemia linfocítica aguda
Leucemia mieloide crônica
Linfoma não Hodgkin Primeira recidiva/segunda remissão Doença de Hodgkin Primeira recidiva/segunda remissão Câncer de mama
LEUCEMIA CRÔNICA ‘ Estas estimativas geralmente são baseadas em dados relatados pelo International Bone Marrow Transplantation Registry. A análise não foi revisada por seu Comitê Consultivo.
Nota: N/A, não aplicável; Dl, dados insuficientes.
deficiências enzim áticas, com o a doença de Gaucher, a síndrom e de Hurler, a síndrom e de H unter e a leucodistrofia m etacrom ática infantil. O transplante nessas doenças não tem sido un ifo rm e m ente bem -sucedido, porém o tratam ento no início de sua evolu ção, antes da ocorrência de lesão irreversível de órgãos extram edulares, aum enta a probabilidade de sucesso. O transplante está sendo explorado com o form a de tratam e n to para os distúrbios autoim unes adquiridos graves. Esses expe rim entos baseiam -se em estudos que dem onstram que o tra n s plante pode reverter distúrbios autoim unes em m odelos anim ais, bem com o na observação de que alguns pacientes com distúrbios autoim unes e neoplasias m alignas hem atológicas coexistentes fo ram curados das duas doenças com o transplante.
TRATAMENTO
Doenças malignas
LEUCEMIA AGUDA O transplante de células hem atopoiéticas alo gênico cura 15 a 20% dos pacientes que não alcançam a resposta com pleta com a quim ioterapia de indução p ara a leucem ia m ieloi de aguda (LMA) e é a única form a de tratam ento que pode curar esses pacientes. São observadas taxas de cura de 30 a 35% q u a n do os pacientes são subm etidos ao transplante durante a segunda rem issão ou na prim eira recidiva. Os m elhores resultados com transplante alogênico são obtidos du ran te a p rim eira rem issão, com taxas de sobrevida livre de doença que atingem , em m édia,
O transplante de células hem atopoiéticas alogênico é a única terapia que com provadam ente cura um a par cela significativa de pacientes com leucem ia m ieloide crônica (LMC). As taxas de sobrevida livre de doença após 5 anos são de 15 a 20% para os pacientes transplantados devido à crise blástica, 25 a 50% para os pacientes em fase acelerada, e 60 a 70% para os pacientes na fase crônica, com taxas de cura alcançando 80% em alguns centros. E ntretanto, com a disponibilidade do m esilato de im atinibe, um agente oral relativam ente atóxico e de notável efi cácia, a m aioria dos m édicos prefere reservar o transplante para aqueles que não conseguem obter um a resposta citogenética com pleta com o im atinibe, apresentam recidiva após um a resposta inicial ou são intolerantes ao fárm aco (Cap. 109). O transplante alogênico utilizando um esquem a de p re p a ração em altas doses foi raram ente usado para a leucem ia linfo cítica crônica (LLC), em grande parte devido à natureza crônica da doença e ao perfil etário dos pacientes. Nos casos em que foi estudado, foram obtidas rem issões com pletas na m aioria dos p a cientes, com taxas de sobrevida livre de doença de cerca de 50% em 3 anos, apesar do estágio avançado da doença po r ocasião do transplante. Os efeitos antitum orais acentuados resultaram no uso e estudo crescentes do transplante alogênico utilizando o condi cionam ento de intensidade reduzida para o tratam ento da LLC.
Transplante de Células Hematopoiéticas
Primeira remissão Segunda remissão
55 a 60%. M etanálises de estudos com parando o transplante de doadores aparentados com patíveis com a quim ioterapia para p a cientes adultos de < 60 anos de idade com LMA m ostram um a vantagem do transplante no que concerne à sobrevida. Essa van tagem é m aior para os pacientes que apresentam LMA com risco desfavorável, porém é perdida para aqueles com doença com risco favorável. O papel do transplante autólogo no tratam ento da LMA não está tão bem definido. As taxas de recidiva da doença com transplante autólogo são m ais elevadas do que as encontradas após transplante alogênico, e as taxas de cura são, em geral, um pouco m enores. A sem elhança dos pacientes com LMA, os adultos com leu cem ia linfocítica que não conseguem um a resposta com pleta à quim ioterapia de indução podem ser curados em 15 a 20% dos casos com transplante im ediato. As taxas de cura atingem 30 a 50% na segunda rem issão, e, desse m odo, o transplante pode ser recom endado a adultos que apresentam doença persistente após quim ioterapia de indução ou àqueles que sofrem recidiva subse quente. O transplante realizado na prim eira rem issão está asso ciado a um a taxa de cura de cerca de 55%. O transplante parece oferecer nítida vantagem sobre a quim ioterapia para os pacientes com doença de alto risco, com o aqueles com doença com crom os som o Filadélfia positivo. C ontinua havendo controvérsias sobre a realização de transplante em adultos com doença de risco-padrão durante a prim eira rem issão, ou se o transplante deve ser reser vado para o m om ento da recidiva. O transplante autólogo está associado à taxa m ais alta de recidiva, porém há um risco ligeira m ente m enor de m ortalidade sem recidiva em com paração com o transplante alogênico. De m odo geral, o transplante autólogo não desem penha n enhum papel óbvio para a LLA na prim eira rem is são, e, para pacientes em segunda rem issão, a m aioria dos especia listas recom enda o uso de células-tronco alogênicas se houver um doador apropriado disponível.
MIELODISPLASIA
E ntre 40 e 50% dos pacientes com m ielodispla sia parecem estar curados com o transplante alogênico. Os resul tados são m elhores entre os pacientes m ais jovens e naqueles com doença m enos avançada. E ntretanto, alguns pacientes com m ielo displasia podem viver p o r períodos extensos sem intervenção, de m odo que o transplante é geralm ente recom endado apenas para aqueles com doença classificada com o de risco interm ediário I, ou m aior, de acordo com o International Prognostic Scoring Sys tem (Cap. 107).
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LINFOMA Os pacientes com linfom a não H odgkin dissem inado de grau interm ediário ou alto, que não foram curados pela q u i m ioterapia de prim eira linha e são subm etidos a transplante d u rante a prim eira recidiva ou a segunda remissão, ainda p o d em ser curados em 40 a 50% dos casos, o que representa nítida vantagem sobre os resultados obtidos com a quim ioterapia de resgate com dose convencional. A inda não foi estabelecido se os pacientes com doença de alto risco se beneficiam da realização de tra n s plante durante a prim eira remissão. A m aioria dos especialistas prefere o uso do transplante autólogo ao alogênico para os p a cientes com linfom a não H odgkin de grau interm ediário ou alto, visto que ocorrem m enos complicações com essa abordagem e a sobrevida parece ser equivalente. Para aqueles com linfom a não H odgkin recorrente, dissem inado, indolente o transplante autólo go resulta em taxas de resposta altas e m elhora da sobrevida sem progressão com parados com a quim ioterapia de resgate. No e n tanto, são observadas recidivas tardias após o transplante. O papel do transplante autólogo no tratam ento inicial dos pacientes está sendo estudado. Os esquem as de condicionam ento de intensidade reduzida seguidos de transplante alogênico resultam em taxas de resposta altas em pacientes com linfom as indolentes, m as o papel exato dessa abordagem continua tendo de ser definido. O papel do transplante na doença de H odgkin assem elha-se àquele no linfom a não H odgkin de grau interm ediário ou alto. C om o transplante, a sobrevida livre de doença em 5 anos varia de 20 a 30% em pacientes que nunca conseguiram u m a prim eira rem issão com quim ioterapia padrão, e atinge 70% para os subm e tidos ao transplante durante a segunda rem issão. O transplante não tem papel definido na doença de H odgkin durante a prim eira remissão.
MIELOMA Os pacientes com m ielom a que progrediu du ran te a
Oncologia e Hematologia 964
terapia de prim eira linha às vezes se beneficiam do transplante alogênico ou autólogo. O transplante autólogo foi estudado com o parte da terapia inicial desses pacientes, e tanto a sobrevida livre de doença quanto a sobrevida global foram m elhoradas com esta abordagem nos experim entos random izados. O uso de transplan te autólogo, seguido de transplante alogênico não m ieloablativo, está sendo objeto de pesquisa atual.
TUMORES SÓLIDOS Entre as m ulheres com câncer de m am a m e tastático, foram relatadas taxas de sobrevida livre de doença de 3 anos de cerca de 15 a 20%, sendo os m elhores resultados obser vados em pacientes mais jovens que responderam p or com pleto à terapia com dose-padrão antes da realização do transplante. Estu dos random izados não apresentaram taxa de sobrevida superior para as pacientes tratadas com quim ioterapia em doses altas além de suporte com células-tronco para a doença m etastática. Estudos clínicos random izados para avaliar o transplante com o tratam e n to para o câncer de m am a prim ário apresentaram resultados m is tos. Não se estabeleceu nenhum papel para o transplante autólogo no tratam ento do câncer de m am a.
Os pacientes com câncer testicular refratário à q u im io tera pia de prim eira linha têm sido tratados com transplante autólogo; aproxim adam ente 10 a 20% desses pacientes aparentem ente fo ram curados com tal abordagem . O uso de quim ioterapia em doses altas com suporte de cé lulas-tronco autólogas está sendo estudado para vários outros tum ores sólidos, com o o neuroblastom a e sarcom as pediátricos. Com o na m aioria das outras situações, os m elhores resultados fo ram obtidos em pacientes com graus lim itados da doença e nos casos em que o tu m o r rem anescente perm anece sensível à qui m ioterapia em doses convencionais. Foram realizados poucos estudos clínicos random izados sobre transplante nessas doenças. Relataram -se respostas parciais e com pletas após transplante alogênico não m ieloablativo em alguns tum ores sólidos, p rin ci palm ente tum ores de células renais. O efeito EVT, bem d o cu m en tado no tratam ento dos tum ores hem atológicos, pode, sob certas circunstâncias, ser aplicado em alguns tum ores sólidos.
RECIDIVA PÓS-TRANSPLANTE
Os pacientes que recidivam após transplante autólogo algum as vezes respondem à quim ioterapia adicional e podem ser candidatos a possível transplante alogênico, particularm ente se a rem issão foi prolongada após o transplante autólogo inicial. Dispõe-se de várias opções para os pacientes que sofrem recidiva após transplante alogênico. De particular interes se são as taxas de resposta observadas com a infusão de linfócitos não irradiados do doador. Foram relatadas respostas com pletas em até 75% dos pacientes com leucem ia m ieloide crônica, em 40% dos pacientes com m ielodisplasia, em 25% dos casos de LMA e em 15% dos portadores de m ielom a. As principais com plicações das infusões de linfócitos incluem m ielossupressão transitória e desenvolvim ento de DEVH. Essas com plicações dependem do núm ero de linfócitos do doador infundidos e do esquem a das in fusões, sendo observada m enos DEV H em esquem as com doses m ais baixas e fracionadas.
BIBLIOGRAFIA FR: Hematopoietic-cell transplantation at 50. N Engl J Med 357:1472, 2007 G y u r k o c z a B et al: Allogeneic hematopoietic cell transplantation: The State of the art. Expert Rev Hematol 3:285,2010 K o r e t h J et al: Allogeneic stem cell transplantation for acute myeloid leuke mia in first complete remission: A systematic review and meta-analysis of prospective clinical trials. JAMA 301(22):2349,2009 L e e SJ et al: High-resolution donor-recipient HLA matching contributes to the success of unrelated donor marrow transplantation. Blood 110:4576, 2007 T o m b l y n M et al: Guidelines for preventing infectious complications among hematopoietic cell transplantation recipients: A global perspective. Biol Blood Marrow Transplant 15:1143,2009 A ppelba u m
SEÇÃO 3
Distúrbios da Hemostasia
CAPÍTULO
115
Distúrbios das Plaquetas e da Parede Vascular Barbara Konkle A hem ostasia é um processo dinâm ico no qual as plaquetas e as p a redes dos vasos sanguíneos desem penham papéis fundam entais. As plaquetas são ativadas depois de aderirem ao fator de von W illebrand (FVW ) e ao colágeno exposto no subendotélio após um a lesão. A ati vação das plaquetas tam bém é m ediada pelas forças de cisalham ento geradas pelo próprio fluxo sanguíneo, principalm ente nas áreas em que há anorm alidades das paredes dos vasos; este processo de ativação tam bém é afetado pelo estado inflam atório do endotélio. A superfície das plaquetas ativadas é a principal estru tu ra fisiológica para a ativação dos fatores da coagulação, o que am plia a quantidade de plaquetas ativadas e leva à form ação de fibrina. As influências ge néticas e adquiridas que atuam nas plaquetas e nas paredes dos vasos, assim com o os sistemas da coagulação e o fibrinolítico, determ inam se o resultado será a hem ostasia norm al, sangram ento ou distúrbios da coagulação.
■ APLAQUETA
DISTÚRBIOS DAS PLAQUETAS ■ TROMBOCITOPENIA A trom bocitopenia pode ser causada p or um ou m ais dos três proces sos enum erados a seguir: ( 1) redução da produção pela m edula ós sea; (2) seqüestro, geralm ente no baço aum entado; e/ou (3) aum ento da destruição das plaquetas. Os distúrbios da produção podem ser hereditários ou adquiridos. D urante a avaliação de um paciente com trom bocitopenia, duas etapas fundam entais são revisar o esfregaço de sangue periférico e excluir inicialm ente a “pseudotrom bocitopenia”, principalm ente nos pacientes sem causa evidente para a tro m bocitopenia. A p seudotrom bocitopenia (Fig. 115.15) é um artefato in vitro resultante da aglutinação das plaquetas p or anticorpos (ge ralm ente IgG, m as tam bém IgM e IgA) quando a concentração do cálcio foi reduzida pela coleta do sangue com ácido etilenodiam inotetracético (EDTA), que é o anticoagulante presente nos tubos (com tam pa roxa) utilizados para colher am ostras de sangue para h e m o gram a com pleto (HC). Se a contagem das plaquetas de um a am os tra de sangue anticoagulada com EDTA estiver baixa, o esfregaço de sangue deve ser exam inado e a contagem repetida em o utra am ostra obtida com citrato de sódio (tubo de tam pa azul) ou heparina (tubo de tam pa verde), ou pode-se exam inar um a am ostra recém -coletada de sangue sem anticoagulante, com o p o r punção da polpa digital).
H
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Distúrbios das Plaquetase da Parede Vascular
As plaquetas são liberadas pelos m egacariócitos, provavelm ente sob influência do fluxo sanguíneo nos seios capilares. A contagem n o r m al de plaquetas varia de 150.000-450.000/|xL. O principal regulador da produção de plaquetas é o horm ô n io trom bopoietina (TPO) sin tetizado no fígado. A síntese desse ho rm ô n io aum enta com a infla m ação e principalm ente sob ação da interleucina 6 (IL-6). A TPO liga-se ao seu receptor presente nas plaquetas e nos m egacariócitos e, em seguida, é rem ovida da circulação. Desse m odo, a quantidade reduzida de plaquetas e m egacariócitos na circulação aum entam o nível da TPO, que depois estim ula a produção de plaquetas. As pla quetas circulam com sobrevida m édia de 7 a 10 dias. C erca de 33% das plaquetas estão localizadas no baço, e esta porcentagem aum enta proporcionalm ente ao tam anho do baço, em bora as contagens ra ra m ente dim inuam para < 40.000/|jlL à m edida que as dim ensões do órgão aum entam . As plaquetas são fisiologicam ente m uito ativas, m as não possuem núcleos e, por essa razão, têm capacidade lim itada de sintetizar proteínas novas. O endotélio vascular norm al ajuda a evitar a trom bose p or in i bir a função plaquetária (Cap. 58). Q u an d o o endotélio vascular é lesado, esses efeitos inibitórios são suplantados e as plaquetas aderem à superfície da íntim a exposta, principalm ente p o r m eio do FVW, um a proteína polim érica grande presente no plasm a e na m atriz ex tracelular do subendotélio da parede vascular. A adesão das plaquetas resulta na geração de sinais intracelulares, que levam à ativação dos receptores da glicoproteína (Gp) plaquetária Ilb/IIIa ( a IIbP3) e à agre gação plaquetária. As plaquetas ativadas liberam o conteúdo dos seus grânulos, que incluem nucleotídios, proteínas de adesão, fatores de crescim ento e procoagulantes que atuam para prom over a agregação plaquetária e a coagulação sanguínea e influenciam as condições que envolvem a form ação dos trom bos. D urante a agregação plaquetária, outras p la quetas são recrutadas ao local da lesão e resultam na form ação de trom bos plaquetários oclusivos. O tam pão de plaquetas é estabilizado pela rede de fibrina que se desenvolve sim ultaneam ente em conse qüência da ativação da cascata da coagulação.
■ A PAREDE VASCULAR As células endoteliais revestem a superfície de todo o sistem a circu latório, totalizando 1-6 X 10B células, um n úm ero suficiente para cobrir um a superfície equivalente a cerca de seis quadras de tênis. O endotélio é fisiologicam ente ativo e co ntrola a perm eabilidade vascular, o fluxo de m oléculas e nutrientes biologicam ente ativos, as interações das células sanguíneas com a parede vascular, a resposta inflam atória e a angiogênese. E m condições n o rm ais, o e n dotélio co n stitu i u m a superfície a n titrom bótica (Cap. 58), m as rapidam ente se tran sfo rm a em um a e stru tu ra protro m b ó tica q u ando é estim ulado; nestas condições, ele estim ula a coagulação, inibe a fibrinólise e ativa as plaquetas. Em al guns casos, os vasodilatadores derivados do endotélio tam bém são inibidores p laquetários (p. ex., óxido n ítrico) e, p o r o u tro lado, os vasoconstritores liberados pelo endotélio (p. ex., en dotelina) ta m bém p o d e m ativar as plaquetas. O efeito final da vasodilatação e da inibição da função p laq u etária é assegurar a fluidez sanguínea, e nquanto o efeito final da v asoconstrição e da ativação plaquetária é prom over a trom bose. Por essa razão, a fluidez d o sangue e a h e m ostasia são reguladas pelo equilíbrio en tre as pro p ried ad es antitrom bóticas/protrom bóticas e vasodilatadoras/vasoconstritoras das células endoteliais.
Trombocitopenia
A anam nese e o exam e físico, os resultados do H C e a revisão do esfregaço de sangue periférico são com ponentes fundam entais da investigação inicial dos pacientes com trom bocitopenia (Fig. 115.2). O estado geral de saúde do paciente e o fato de estar sen do tratado ou não com fárm acos influenciam o diagnóstico dife rencial. Os adultos jovens e saudáveis com trom bocitopenia têm diagnóstico diferencial m uito m ais restrito que os pacientes h o s pitalizados tratados com vários fárm acos. Com exceção de alguns distúrbios hereditários raros, a produção reduzida de plaquetas geralm ente é causada p o r anorm alidades da m edula óssea, que tam bém afetam a form ação das hem ácias e/ou dos leucócitos. Com o a m ielodisplasia pode evidenciar-se p or trom bocitopenia
965
Oncologia e Hematologia
Figura 115.1
Fotomicrografias do esfregaço de sangue periférico. A. Sangue periférico normal. B. Formação de grumos plaquetários na pseudotrombocitopenia. C. Plaquetas anormalmente grandes da macrotrombocitopenia autossômica dominante. D. Esquizócitos e número diminuído de plaquetas na anemia hemolítica microangiopática.
ALGORITMO PARA AVALIAÇAO DA TROMBOCITOPENIA
Figura 115.2 penia.
966
Algoritmo para investigação do paciente com trombocito-
isolada, a m edula óssea deve ser exam inada em pacientes de mais de 60 anos de idade com esta anorm alidade. Em bora a trom boci topenia hereditária seja rara, as contagens de plaquetas realizadas no passado devem ser obtidas e deve-se investigar a existência de história fam iliar de trom bocitopenia. Deve-se obter um a história detalhada dos fárm acos utilizados, inclusive fárm acos vendidos sem prescrição e fitoterápicos, visto que os fárm acos constituem um a causa com um de trom bocitopenia. O exam e físico po d e d e te cta r baço aum entado, indícios de doença hepática crônica e ou tro s d istúrbios coexistentes. A es plenom egalia leve a m o d era d a p o d e ser difícil de d etectar em alguns indivíduos, em razão d a sua constituição física e/ou de obesidade, m as p o d e ser avaliada facilm ente pela u ltra sso n o grafia abdom inal. Para m an te r a integridade vascular da m icro circulação, é necessária u m a contagem de plaquetas de cerca de 5.000-10.000. Q u a n d o a contagem está acen tu ad am en te re d u zida, prim eiro surgem petéquias nas áreas sob pressão venosa a u m e n tad a (tornozelos e pés dos pacientes am bulatoriais). As petéquias são hem orragias p untiform es que não em palidecem à pressão e geralm ente constituem indício de contagens reduzidas de plaquetas, não de disfunção p laquetária. A p ú rp u ra úm ida, ou bolhas de sangue que se fo rm am na m ucosa oral, parecem indicar risco aum entado de hem orragia potencialm ente fatal nos pacientes com trom bocitopenia. A form ação excessiva de eq u i m oses está associada aos d istúrbios qualitativos e quantitativos das plaquetas.
Trombocitopenia induzida por infecção M uitas infecções virais e bacterianas causam trom bocitopenia e re presentam a etiologia não iatrogênica m ais com um das contagens baixas de plaquetas. Esse distúrbio pode ou não estar associado às evidências laboratoriais de coagulação intravascular dissem inada (CID), que é m ais com um nos pacientes com infecções sistêm icas p o r bactérias G ram -negativas. As infecções podem afetar a p ro d u ção e a sobrevivência das plaquetas. Além disso, m ecanism os im unes tam bém podem atuar com o ocorre na m ononucleose infecciosa e nos estágios iniciais da infecção pelo HIV. Nas fases avançadas da in fecção pelo HIV, é m ais com um observar pancitopenia com plaque tas displásicas e num ericam ente reduzidas. Nas crianças, a tro m b o citopenia im une geralm ente ocorre depois de infecções virais e quase sem pre regride espontaneam ente. Essa associação entre infecção e PTI2 não é tão evidente nos adultos. O exame da m edula óssea geralm ente é necessário à investigação de infecções ocultas. Um estudo realizado para avaliar a utilidade do exame da m edula óssea com o investigação da febre de etiologia des conhecida nos pacientes H lV -positivos dem onstrou que em 86% dos pacientes os m esm os diagnósticos foram firm ados po r técnicas m e nos invasivas, principalm ente hem ocultura. E ntretanto, em algum as situações, o diagnóstico pode ser estabelecido m ais rapidam ente; por esta razão, o exame e a cultura das am ostras de m edula óssea são re com endados quando o diagnóstico precisa ser firm ado urgentem en te, ou quando os outros m étodos m enos invasivos foram ineficazes.
QUADRO 115.1 Fármacos como causa comprovada ou provável de trombocitopenia isolada* Abciximabe
Fluconazol
Ácido iopanoico
Furosemida
Ácido nalidíxico
Gliburida
Ácido valproico
Hidroclorotiazida
Acetaminofeno
Ibuprofeno
Aciclovir
Imipenem/Cilastatina
Ácido aminossalicílico
Levamisol
Aminoglutetimida
Linezolida
Amiodarona
Meclofenamato
Ampicilina
Meticilina
Anfotericina B
Metildopa
Captopril
Naproxeno
Carbamazepina
Ouro
Cimetidina
Oxifembutazona
Clorpropamida
Piperacilina
Danazol
Procainamida
Diatrizoato de meglumina (Hypaque Meglumine®)
Quinina
Diclofenaco
Quinidina
Trombocitopenia induzida por fármacos
Digoxina
Rifampicina
M uitos fárm acos foram associados à trom bocitopenia. Em razão da supressão da m edula óssea, h á um a redução previsível da contagem de plaquetas depois do tratam ento com alguns agentes quim ioterápi cos (Cap. 85). O Q u ad ro 115.1 relaciona outros fárm acos utilizados com um ente capazes de causar trom bocitopenia isolada, m as todos devem ser considerados suspeitos nos pacientes com trom bocitope nia sem causa evidente e devem ser interrom pidos ou substituídos, caso seja possível. Um website útil, Platelets on the Internet (http:// www.ouhsc.edu/platelets/index.htm l) relaciona os fárm acos e suple m entos que com provadam ente causam trom bocitopenia e o nível de evidência que embasa estas associações. Em bora não tenham sido tão bem estudados, os fitoterápicos e preparados de venda livre tam bém podem causar trom bocitopenia e devem ser interrom pidos nos p a cientes com redução das contagens de plaquetas. Os anticorpos farm acodependentes clássicos são anticorpos que reagem com antígenos específicos da superfície plaquetária e provo cam trom bocitopenia apenas quando o fárm aco está presente. M ui tos fárm acos conseguem induzir esses anticorpos, m as p o r algum a razão eles são mais com uns com a q uinina e as sulfonam idas. A liga ção dos anticorpos farm acodependentes pode ser dem onstrada p or ensaios laboratoriais, que evidenciam a ligação quando o fárm aco está presente no ensaio, m as não em sua ausência. Em geral, a tro m bocitopenia ocorre depois de um p eríodo de exposição inicial (em m édia, 21 dias) ou durante a exposição repetida e geralm ente regride em 7-10 dias depois da interrupção do fárm aco. A trom bocitopenia causada pelos inibidores da G pIIb/IIIa plaquetária, com o o abciximabe, é diferente porque pode ocorrer nas prim eiras 24 h da exposi ção inicial. Isso parece decorrer da existência de anticorpos naturais com reatividade cruzada para o fárm aco ligado à plaqueta.
Dipiridamol
Sinvastatina
A trom bocitopenia induzida pela heparina é diferente da que se ob serva com outros fárm acos por duas razões. (1) Em geral, a tro m bocitopenia não é grave e as contagens m ais baixas raram ente são < 20.000/|xL. (2) A trom bocitopenia induzida pela heparina (TIH) não está associada a sangram entos e, na verdade, aum enta expressivamente o risco de trom bose. A TIH é causada pela form ação de anticorpos contra um complexo form ado pela proteína plaquetária específica co nhecida como fator 4 plaquetário (PF4) e a heparina. O anticorpo anti-heparina/PF4 pode ativar as plaquetas por m eio do receptor Fc7 R.Ha e tam bém ativa os m onócitos e as células endoteliais. Muitos pacientes expostos à heparina desenvolvem anticorpos contra o complexo hepa-
Sulfametoxazol/trimetoprima
Etambutol
Tamoxifeno
Famotidina
Tirofibana
Fármacos contendo sulfa
Vancomicina
Fenitoína 'Relatados em > 2 pacientes.
Fonte: Dados de http://ouhsc.edu/platelets/index.html.
rina/PF4, mas não parecem apresentar conseqüências adversas. Uma parcela daqueles que produzem anticorpos irá desenvolver TIH, e um a porcentagem deles (até 50%) irá apresentar trom bose (TTIH). A T IH pode o co rrer após exposição à hep arin a de baixo peso m olecular (HBPM ), bem com o à hep arin a não fracionada (H N F), em bora seja cerca de 10 vezes m ais com um com esta últim a prepara ção. A m aioria dos pacientes desenvolve T IH depois do tratam ento com heparina p o r 5-14 dias (Fig. 115.3). Essa com plicação ocorre antes de 5 dias naqueles que foram expostos à heparina nas sem anas ou meses anteriores (< -1 0 0 dias) e têm anticorpos a n ti-heparina/ PF4 na circulação. Em casos raros, a tro m bocitopenia e a tro m b o se com eçam vários dias depois da in terru p ção do tratam ento com heparina (condição conhecida com o T IH de início tardio). Foi reco m endado o uso dos 4 T no algoritm o diagnóstico para TIH: from bocitopenia, fem po de redução da contagem das plaquetas, from bose e outras seqüelas com o reações cutâneas localizadas e ouíras causas de trom bocitopenia não evidente. Um novo m odelo de escore baseado na opinião geral de especialistas [o H IT E xpert Probability (HEP) Score] m elhorou as características operacionais e deve ser de m aior utilidade com o sistem a de escore.
Distúrbios das Plaquetase da Parede Vascular
Trombocitopenia induzida por heparina
Eptifibatida
Exames laboratoriais para TIH
O s a nticorpos da T IH (anti-heparina/PF4) podem ser detectados com o uso de dois tipos de ensaio. A técnica m ais am plam ente disponível é um im unoensaio ligado a enzim a (ELISA), que utiliza com o antígeno um com plexo de PF4/ poliânion. C om o alguns pacientes desenvolvem anticorpos, em bora não tenham m anifestações clínicas de T IH , esse teste é pouco espe cífico para o diagnóstico desta com plicação. Isso é particularm ente válido nos pacientes subm etidos à cirurgia de bypass cardiopulm onar, entre os quais cerca de 50% desenvolvem esses anticorpos no período pós-operatório. Os ELISA específicos para IgG aum entam a especifidade, porém podem dim inuir a sensibilidade. A o utra técnica
967
Púrpura trombocitopênica imune (PTI)
TIH apenas se tiver sido utilizada heparina n o s últimos -10 0 dias
O
A TIH de início tardio ocorre raramente
Risco de TIH
5
14
Dias de exposição à heparina (H N F ou H BPM )
Figura 115.3 Curso do desenvolvimento da trombocitopenia induzida por heparina. 0 tempo de desenvolvimento após a exposição à heparina constitui um fator crítico na determinação da probabilidade de TIH em determinado paciente. A TIH ocorre dentro de pouco tempo após a exposição à heparina na presença de anticorpos preexistentes contra o complexo heparina/fator 4 plaquetário (PF4), os quais desaparecem da circulação dentro de ~100 dias após uma exposição anterior. Raramente, a TIH pode ocorrer mais tarde após exposição à heparina (denominada TIH de instalação tardia). Nesse contexto, o teste para anticorpo anti-heparina/PF4 é fortemente positivo. A TIH pode ocorrer após exposição à heparina não fracionada (HNF) ou à heparina de baixo peso molecular (HBPM).
é um ensaio de ativação plaquetária, que avalia a possibilidade do soro do paciente de ativar plaquetas na presença de heparina, dep en dendo da concentração presente. Esse teste é m enos sensível, porém é mais específico do que o ELISA. Entretanto, a T IH continua sendo u m diagnóstico clínico.
A p ú rp u ra trom bocitopênica im une (PTI; tam bém conhecida como púrpura trombocitopênica idiopática) é um distúrbio adquirido, em que ocorrem destruição im une das plaquetas e, possivelm ente, in i bição da sua liberação pelos m egacariócitos. Nas crianças, a PTI geralm ente é um a doença aguda associada m ais com um ente a um a infecção e tem evolução autolim itada. N os adultos, a evolução da PTI geralm ente é m ais crônica. A PTI é classificada com o secundária se estiver associada a um distúrbio subjacente e as causas com uns são doenças autoim unes, prin cip alm en te lúpus eritem atoso sistêm ico (LES), e infecções pelo vírus da hepatite C e pelo HIV. A associação entre PTI e infecção p or Helicobacter pylori não está estabelecida. A PT I caracteriza-se p o r san g ram e n to m u co c u tân e o e c o n tagens de plaquetas baixas, que frequentem ente são m uito baixas, po rém com esfregaço e células sanguíneas periféricas n orm ais sob ou tro s aspectos. Em geral, os pacientes apresentam equim oses e petéquias, ou têm tro m b o cito p en ia detectada casualm ente em um H C de rotina. T am bém po d e haver sa ngram entos m ucocutâneos (m ucosa oral) ou gastrintestinais ou m enstruais profusos. Em casos raros, podem o correr h em orragias p otencialm ente fatais, inclusive no sistem a nervoso central. P ú rp u ra úm id a (bolhas de sangue na boca) e hem orragias n a retin a p o d e m p ren u n ciar um a hem orragia potencialm ente fatal.
Avaliação laboratorial na PTI
TRATAMENTO
Oncologia e Hematologia 968
Trombocitopenia induzida por heparina
A detecção precoce é fundam ental para o tratam ento da TIH , de form a que a heparina seja interrom pida im ediatam ente e substi tuída p or um anticoagulante alternativo. Trom bose é um a com plicação com um da T IH , m esm o depois da interrupção do trata m ento com heparina, e pode afetar os sistem as arterial e venoso. Os pacientes com títulos m ais elevados de anticorpos anti-heparina/PF 4 correm m aior risco de trom bose. Nos pacientes com diagnóstico de TIH , os exames de im agem para avaliar o paciente à procura de de trom bose (no m ínim o ecodoppler dos m em bros inferiores) são recom endáveis. Os pacientes que necessitam de anticoagulação devem ter a h ep arin a substituída p o r um outro anticoagulante. Os inibidores diretos da trom bina (IDT) com o o argatrobana e a lepirudina são eficazes n a TTIH . O ID T bivalirudina e o pentassacarídio de ligação à antitrom bina fondaparinux tam bém são eficazes, m as ainda não foram aprovados pelo U.S. Food and Drug Adm inistration (FDA) para esta indicação. O danaparoide - um a m istura de glicosam inoglicanos com atividade anti-Xa - tem sido utilizado am plam ente no tratam ento d a T TIH , em bora não seja mais com ercializado nos EUA, apenas em outros países. Os anticorpos da T IH m ostram reatividade cruzada com as HBPM e estas preparações não devem ser utilizadas no tra ta m ento da TIH. Em vista da alta incidência de trom boses nos pacientes com T IH , a anticoagulação deve ser cu id a d o sa m e n te considerada, m esm o que não haja m anifestações tro m b ó ticas. Em p re se n ça de trom bose, a h e p arin a p o d e ser su b stitu íd a p o r varfarina, que geralm ente é m an tid a p o r 3 a 6 m eses. N os pacientes sem trom bose, a duração necessária da anticoagulação ainda não foi definida. O risco aum entado de tro m b o se está presente ao m e nos p o r 1 m ês depois do diagnóstico; con tu d o , a m aio ria das trom boses ocorre antes disto e ainda n ão está claro se elas ocor rem m ais tarde caso o paciente receba anticoagulantes desde o início. E ntre as opções está m an te r a anticoagulação até poucos dias depois da recuperação, ou p o r 1 m ês. A in tro d u ção da var farina isoladam ente em presença de T IH ou T T IH p o d e p ro v o car trom bose, principalm ente gangrena venosa, provavelm ente se c u n d ária à ativação da coagulação e às red u çõ es extrem as dos níveis das proteínas C e S. A terapia com varfarina, quando iniciada, deve ser su p erp o sta com um ID T ou fo n d a p arin u x e instituída após resolução da tro m b o c ito p e n ia e d im in u ição do estado protrom bótico.
Em geral, os exam es laboratoriais para detectar anticorpos (testes sorológicos) são inúteis em razão da sen sibilidade e especificidade baixas dos exam es atuais. O exame da m e dula óssea pode ser reservado aos idosos (em geral, m ais de 60 anos) ou aos pacientes com outros sinais ou anorm alidades laboratoriais inexplicáveis pela PTI, ou aos indivíduos que não responderam ao tratam ento inicial. O esfregaço do sangue periférico pode m o strar plaquetas grandes com m orfologia norm al sob outros aspectos. D e pendendo da existência de história de sangram ento, pode haver ane m ia ferropênica. Os exam es laboratoriais estão indicados para investigar as cau sas secundárias da PTI e incluem sorologia para infecção pelo H IV e hepatite C (e outras infecções, se houver necessidade); testes soro lógicos para LES; eletroforese das proteínas séricas e dosagens das im unoglobulinas para detectar possíveis casos de hipogam aglobulinemia; pesquisa seletiva para deficiência de IgA ou gam opatias m o noclonais; e, se houver anem ia, teste da antiglobulina direta (teste de Coom bs) para excluir a possibilidade de anem ia hem olítica autoim u ne com binada com PTI (síndrom e de Evans).
TRATAMENTO
Púrpura trombocitopênica imune
O tratam ento da PTI consiste em fárm acos que reduzem a re tenção reticuloendotelial das plaquetas ligadas a anticorpos, d i m inuem a form ação dos anticorpos e/ou aum entam a produção de plaquetas. O diagnóstico de PTI não significa necessariam ente que o tratam ento deva ser iniciado. Os pacientes com contagens de plaquetas acim a de 30.000/|xL não parecem ter m ortalidade aum entada em razão da trom bocitopenia. O tratam ento inicial dos pacientes sem m anifestações h em or rágicas graves, sem trom bocitopenia grave (< 5.000/(jlL), o u sem sinais de sangram ento im inente (p. ex., hem orragias da retina ou sangram ento extenso na m ucosa oral) pode ser instituído am bulatorialm ente com utilização de um único fárm aco. T radicional m ente, esse fárm aco tem sido a pred n iso n a na dose de 1 m g/kg, em bora a im unoglobulina R h0(D) na dose de 50 a 75 (xg/kg (W inRho SDF) tam bém seja utilizada nesses casos. A im unoglobulina Rh0(D) deve ser utilizada apenas nos pacientes Rh-positivos, visto que o seu m ecanism o de ação consiste na produção de hem ólise lim itada, com “saturação” dos receptores Fc pelas células reco bertas p o r anticorpos e inibição da função destes receptores. A m onitoração dos pacientes p o r um p eríodo de 8 h após a infusão é atualm ente aconselhada pelo FDA, devido à rara ocorrência de hem ólise intravascular. A gam aglobulina intravenosa (IgGIV),
Trombocitopenia hereditária Seja com o an orm alidade isolada ou com o p arte de u m a síndrom e, a tro m b o cito p en ia raram en te é hered itária, m as p o d e ser tra n s m i tid a com p a d rão autossôm ico d o m in a n te ou recessivo, ou ligado ao X. Hoje, algum as apresentações da tro m b o c ito p e n ia au to ssô m i ca d o m in a n te estão reco n h ecid am en te associadas às m utações do gene M Y H 9 da cadeia pesada da m io sin a não m uscular. C u rio sa m ente, isso inclui a anom alia de M ay-H egglin e as sín d ro m es de Sebastian, de Epstein e de Fechtner, todas com m anifestações clíni cas diferentes. U m achado com um nessas d oenças são as plaquetas grandes (Fig. 115.1C). E ntre os d istúrbios autossôm icos recessivos está a tro m b o c ito p e n ia am egacariocítica congênita, a tro m b o c i to p en ia com agenesia do rád io e a sín d ro m e de B e rn ard Soulier. Essa últim a sín d ro m e é basicam en te u m d istú rb io fu ncional das plaquetas, atribuído à ausência da GPIb-IX-V, ou receptor de ade são do FVW. Os d istú rb io s ligados ao X in clu em a sín d ro m e de W iskott-A ldrich e um a sín d ro m e d ise m a to p o ié tic a resultante de um a m utação do GATA-1, um regulador tran scricio n al im p o rta n te da hem atopoiese.
■ PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA TROMBÓTICA E SÍNDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA As m icroangiopatias tro m b o c ito p ê n ic a s tro m b ó tica s con stitu em u m g rupo de distúrbios que se caracterizam p o r trom bocitopenia, anem ia h em olítica m ic ro an g io p á tic a ev id e n cia d a p o r hem ácias
fragm entadas (Fig. 11 5 .ID ) e indícios laboratoriais de hem ólise e trom bose m icrovascular. Esses distúrbios incluem a p ú rp u ra tro m b ocitopênica tro m b ó tica (PT T ) e a sín d ro m e h em o lítico-urêm ica (SHU), além das síndrom es que com plicam o transplante de m ed u la óssea, alguns fárm acos e infecções, gravidez e vasculite. N a CID, e m b o ra haja tro m b o c ito p e n ia e m icroangiopatia, a coagulopatia pred o m in a com consum o dos fatores da coagulação e do fib rin o gênio resultando na elevação do tem po de protrom bina (TP) e, em m uitos casos, tam bém do tem p o de tro m b o p lastin a parcial ativada (TTPa). O TP e o T T P a estão caracteristicam ente n orm ais na PT T e na SHU.
Púrpura trombocitopênica trombótica No passado, a PT T e a SH U eram consideradas síndrom es sobre postas. C ontudo, nos últim os anos, a fisiopatologia das PTT here ditária e idiopática foram m ais bem esclarecidas e isto as diferenciou claram ente da SHU. A PT T foi descrita inicialm ente em 1924 por Eli M oschowitz, que a caracterizou com o um a pêntade que incluía anem ia hem olítica m icroangiopática, trom bocitopenia, insuficiência renal, sinais neurológicos e febre. A síndrom e com pleta é diagnosti cada m enos com um ente hoje, provavelm ente porque o diagnóstico é firm ado m ais precocem ente. A introdução do tratam ento com plas m aférese m elhorou expressivam ente o prognóstico dos pacientes e a m ortalidade dim inuiu de 85-100% para 10-30%. A fisiopatologia das P T T h e red itá ria (síndrom e de U pshaw -Schulm an) e idiopática está relacionada com a deficiência ou com anticorpos contra a m etaloprotease ADAM TS13, que cliva o FVW. Em condições norm ais, o FVW é secretado na form a de m ultím eros ultragrandes, que são então clivados pela ADAMTS13. A credita-se que a persistência das m oléculas u ltragrandes do FVW contribui para as anorm alidades da adesão e da agregação plaquetárias (Fig. 115.4). E ntretanto, essa anorm alidade não é suficiente para provocar PTT, visto que os pacientes com ausência congênita de ADAMTS13 desenvolvem PT T apenas transitoriam ente. Os outros fatores desencadeantes ainda não foram definidos. O nível de atividade da ADAMTS13, assim com o os títulos dos anticorpos, pode ser detectado hoje p o r ensaios laboratoriais. C ontudo, ainda não existem ensaios definidos com sensibilidade e especificidade suficientes para orientar o tratam ento clínico. A P T T idiopática parece ser m ais c o m u m nas m ulheres que nos hom ens, m as não há d istrib u ição geográfica ou racial definida. A PT T é m ais co m u m nos pacientes H lV -positivos e nas gestantes. A P T T d u ra n te a gravidez n ão está claram en te relacionada com a A D A M TS13. A an em ia h e m o lític a m ic ro an g io p á tic a associa da a fárm acos po d e ser se c u n d ária à form ação de an tico rp o s (ticlopidina e possivelm ente clopidogrel) ou à toxicidade endotelial d ireta (ciclosporina, m ito m ic in a C, tacrolim us, qu in in a), em bora isto nem sem pre fique claro; o m ed o de su sp en d e r o tratam en to e tam bém a inexistência de outros fárm acos eficazes leva à aplicação am pla da plasm aférese. C o n tu d o , a in te rru p ç ã o ou a redução da dose dos agentes tóxicos ao e n dotélio d im in u e m hab itu alm en te a m icroangiopatia.
TRATAMENTO
Distúrbios das Plaquetase da Parede Vascular
que contém várias classes de anticorpos, m as p rincipalm ente IgG, tam bém bloqueia o sistem a receptor Fc, m as parece atuar p rin ci palm ente p or m ecanism o(s) diferente(s). A IgGIV é m ais eficaz do que a anti-R h0(D) nos pacientes esplenectom izados. A dose total da IgGIV é de 2 g/kg em doses fracionadas ao longo de 2-5 dias. Os efeitos colaterais geralm ente estão relacionados com o volum e da infusão e, em casos raros, incluem m eningite assépti ca e insuficiência renal. Todas as preparações de im unoglobulina provêm do plasm a hum ano e são subm etidas a tratam ento para inativação viral. Para os pacientes com PTI grave e/ou sinais e sintom as h e m orrágicos, recom enda-se a internação hospitalar, e institui-se um tratam en to de m odalidade com binada com doses altas de glicocorticoides e terapia com IgGIV ou an ti-R h 0(D) e, se for necessário, outros agentes im unossupressores. O rituxim abe, um anticorpo anti-C D 20 (células B), dem onstrou ser eficaz no trata m ento da PTI refratária. A esplenectom ia é realizada com o tratam ento para pacientes com recidivas depois da redução progressiva das doses dos cor ticoides. A esplenectom ia ainda é um a opção terapêutica im p o r tante, m as agora o núm ero de pacientes que entram em rem issão com o tran sco rre r do tem po é m aior do que antes. O bservação (se a contagem de plaquetas for suficientem ente alta) ou tra ta m ento in term iten te com an ti-R h 0(D) ou IgGIV p ode ser u m a c onduta razoável para verificar se a PTI regridirá. A vacinação c o n tra bactérias encapsuladas (p rin cip alm en te pneum ococos, m as tam bém m eningococos e H aem ophilus influenzae, d e p e n dendo da idade do paciente e do potencial de exposição) é re com endada antes da esplenectom ia. Baço(s) acessório(s) é um a causa m uito rara de recidiva. Na atualidade, dispõe-se de agonistas do receptor da tro m b o poietina para o tratam ento da PTI. Essa abordagem baseia-se no achado de que m uitos pacientes com PTI não apresentam níveis elevados de TPO, conform e se acreditava antes. Os níveis de TPO refletem a m assa de m egacariócitos, que habitualm ente está n o r m al na PTI. Dois fárm acos, um adm inistrado p or via subcutânea (rom iplostim ) e o utro p o r via oral (eltrom bopag), p ro duziram respostas em m uitos pacientes portad o res de PTI refratária. A utilidade desses fárm acos no tratam en to da PTI ainda não está plenam ente definida; entretanto, tendo em vista a cronicidade do tratam ento, eles geralm ente são reservados para pacientes com doença refratária.
Púrpura trombocitopênica trombótica
A PTT é um a doença devastadora, caso não seja diagnosticada e tratada im ediatam ente. Nos pacientes que se apresentam com trom bocitopenia de início recente, com ou sem indícios de insu ficiência renal e outros com ponentes da PT T clássica, os exames laboratoriais devem ser realizados para excluir CID e investigar a existência de anem ia hem olítica m icroangiopática. Entre as anor m alidades sugestivas do diagnóstico da PT T estão os níveis altos de desidrogenase lactato e b ilirru b in a indireta, concentrações baixas de haptoglobina e contagem alta de reticulócitos com teste de antiglobulina direta negativo. O esfregaço do sangue periféri co deve ser exam inado quanto à presença de esquizócitos (Fig. 115.1D). Em geral, tam bém há policrom asia em virtude da quan tidade aum entada de hem ácias jovens e os eritrócitos nucleados
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FVW e adesão plaquetária
TRATAMENTO
Síndrome hemolítico-urêmica
O tratam ento da SHU consiste basicam ente em m edidas de su porte. Na D +SHU, algum as crianças (~ 40%) necessitam ao m enos de algum período de suporte com diálise; contudo, a m ortalidade geral é < 5%. Na D"SHU, a m ortalidade é m aior e chega a cerca de 26%. E studos dem onstraram que a infusão de plasm a ou a plas maférese não alteraram a evolução global da doença. Em geral, os níveis da ADAMTS13 são norm ais na SHU, em bora estivessem reduzidos em alguns casos publicados. N a m edida em que os e n saios para ADAMTS13 sejam aperfeiçoados, eles poderão ajudar a definir o subgrupo que m ais se encaixa no diagnóstico de PTT e pode responder à plasmaférese.
■ TROMBOCITOSE
M ultím eros n orm ais
M ultím eros “ultragrandes”
PTT?
Figura 115.4 Patogenia da púrpura trombocitopênica trombótica (PTT). Nor malmente, os multímeros de peso molecular ultragrandes do fator de von Willebrand (FVW) produzidos pelas células endoteliais são processados em multímeros menores por uma metaloproteinase plasmática conhecida como ADAMTS13. Na PTT, a atividade dessa protease está inibida, e os multímeros de FVW com peso molecular ultragrande desencadeiam a agregação das plaquetas e a trombose.
A trom bocitose quase sem pre é causada p or (1) deficiência de ferro; (2) inflam ação, câncer ou infecção (trom bocitose reativa); ou (3) um processo m ieloproliferativo coexistente [trom bocitopenia idiopática ou policitem ia vera (Cap. 108)] ou, raram ente, ao processo m ielodisplásico-5q (Cap. 107). Os pacientes com contagens altas de plaquetas devem ser avaliados quanto à coexistência de inflam ação ou neopla sia m aligna e a deficiência de ferro deve ser excluída. A trom bocitose que se desenvolve em resposta à inflam ação aguda ou crônica não foi associada ao aum ento do risco de trom bose. Na verdade, pacientes com elevações extrem as das contagens de plaquetas (> 1,5 m ilhão) geralm ente têm um distúrbio m ieloproliferativo que aum enta o ris co de sangram ento. Ao m enos em parte, isso parece ser atribuído à doença de von W illebrand (DVW ) secundária à adesão e à rem oção dos complexos plaquetas-FVW .
■ DISTÚRBIOS QUALITATIVOS DA FUNÇÃO PLAQUETÁRIA Distúrbios hereditários da função plaquetária são encontrados frequentem ente, o que parece ser atribuído aos infartos na m icrocirculação da m edula óssea. A plasm aférese continua sendo o com ponente principal do tratam en to da PTT. A PT T m ediada p o r an tico rp o s co n tra a ADAMTS13 (PTT idiopática) parece responder m elhor à plas m aférese. Essa m odalidade de tratam e n to é m an tid a até que a contagem das plaquetas esteja norm al e os sinais de hem ólise te nham desaparecido há pelo m enos 2 dias. Em bora nunca tenham sido avaliados em estudos clínicos, os glicocorticoides parecem constituir um a abordagem razoável, porém devem ser utilizados apenas com o coadjuvantes à plasm aférese. Além disso, estudos dem onstraram que outros tratam entos im unom oduladores foram eficazes nos casos refratários ou recidivantes de PTT, inclusive ri tuxim abe, vincristina, ciclofosfamida e esplenectom ia. O papel do rituxim abe no tratam ento desse distúrbio ainda não está definido. Observa-se um a taxa de recidiva significativa: 25-45% dentro de 30 dias após a “rem issão” inicial e 12-40% com recidivas tardias. As recidivas podem ser mais com uns nos pacientes com deficiên cia grave de ADAMTS13 por ocasião da apresentação.
Síndrome hemolítico-urêmica A SHU é um distúrbio que se caracteriza p o r insuficiência renal aguda, anem ia hem olítica m ic ro an g io p ática e tro m b o c ito p e n ia . Essa síndrom e é diagnosticada p rin cip alm en te nas crianças e, na m aioria dos casos, é precedida p o r um episódio de diarréia, geral m ente do tipo hem orrágico. A Escherichia coliO 157:H7 é o sorotipo etiológico associado m ais com um ente, em bora não seja o único. A SHU não associada à diarréia (conhecida com o S H U D ) tem ap re sentação clínica e evolução m ais variáveis. E studos d em o n stra ram que algum as crianças que desenvolveram SH U D tin h am m utações nos genes que codificam o fator H, um regulador solúvel do c o m plem ento, e a proteína do cofator de m em b ran a expressa prin cip al m ente nos rins.
Os distúrbios hereditários da função plaquetária parecem ser relati vam ente raros, em bora a prevalência das form as brandas das an o r m alidades da função plaquetária seja desconhecida, em parte porque os testes disponíveis para estes distúrbios fiquem aquém do ideal. E n tre os distúrbios qualitativos raros estão os distúrbios autossôm icos recessivos com o a trom bastenia de G lanzm ann (ausência do receptor da G pIIb/IIIa plaquetária) e a síndrom e de B ernard Soulier (ausên cia do receptor da G pIb-IX -V plaquetária). Esses dois distúrbios são transm itidos com o p adrão autossôm ico recessivo e evidenciam -se por sintom as de sangram ento na infância. O distúrbio do arm azen am en to das plaquetas (DAP) é a form a clássica dos distúrbios plaq u etário s qualitativos autossôm icos d o m inantes. Essa doença resulta das anorm alidades na form ação dos grânulos p laquetários e tam b ém é diag n o sticad a com o parte dos distúrbios hereditários d a form ação dos grânulos, inclusive a sín drom e de H erm anksy-P udlak. O s sintom as hem orrágicos da DAP são variáveis, porém freq u en tem en te brandos. O s distúrbios here ditários m ais com uns da função plaquetária são os que im pedem a secreção n orm al do c onteúdo dos grânulos. A lgum as dessas a n o r m alidades foram estudadas a nível m olecular, m as provavelm ente são causadas p o r várias anom alias. Em geral, essas d oenças são conhecidas com o distúrbios da secreção. Os sintom as hem orrágicos são habitualm ente brandos.
TRATAMENTO
Distúrbios hereditários da função plaquetária
O controle dos sintom as h em orrágicos ou a profilaxia do san gram ento nos pacientes com disfunção plaquetária grave geral m ente exige transfusões de plaquetas. É im portante ter o cuidado de reduzir o risco de aloim unização p or redução da exposição e utilização de plaquetas leucodepletadas antes do arm azenam ento para transfusão. Os distúrbios plaquetários associados a sintom as hem orrágicos m ais brandos geralm ente m elhoram com desm o-
pressina [l-d esam in o -8-D -arginina-vasopressina (DDAVP)]. A DDAVP aum enta os níveis plasm áticos do FVW e do FVIII; além disso, pode exercer tam bém um efeito direto sobre a função pla quetária. Principalm ente para os sintom as de hem orragia das m u cosas, o tratam ento antifibrinolítico (ácido epsilo-am inocaproico ou ácido tranexâm ico) é adm inistrado isoladam ente ou em com binação com DDAVP ou infusão de plaquetas.
D is t ú r b io s a d q u ir id o s d a f u n ç ã o p l a q u e t á r ia
A disfunção plaquetária adquirida é com um e, em geral, é causada por fármacos, seja como efeito desejável (p. ex., tratam ento antiplaquetário) ou indesejável (p. ex., doses altas de penicilina). A disfunção pla quetária adquirida tam bém ocorre na urem ia e provavelmente é m ulti fatorial, em bora os efeitos resultantes sejam as reduções da adesão e da ativação. A anorm alidade plaquetária m elhora bastante com a diálise, mas tam bém pode m elhorar com a elevação do hem atócrito para 2732%, com a adm inistração de DDAVP (0,3 jxg/kg) ou a utilização de estrogênios conjugados. A disfunção plaquetária tam bém ocorre com o bypass cardiopulm onar em razão do efeito do circuito artificial sobre as plaquetas e os sintomas hem orrágicos respondem à transfusão de plaquetas. A disfunção plaquetária associada aos distúrbios hem atoló gicos subjacentes pode ser causada pela interferência inespecífica das paraproteínas circulantes, ou por anorm alidades plaquetárias intrínse cas nas síndrom es mieloproliferativas e mielodisplásicas.
■ DOENÇA DE VON WILLEBRAND
Diagnóstico laboratorial da doença de von
Tipo
TTPa
Antígeno do FVW
Atividade do FVW
Atividade do FVIII
1
N ou t
1
1
1
Distribuição normal, quantidade reduzida
2A
N ou T
1
Perda dos multímeros de PM intermediário ealto
2Ba
N ou t
1
II
1
Perda dos multímeros de PM alto
2M
N ou t
1
II
1
Distribuição normal, quantidade reduzida
2N
TT
N ou I 6
N OU l
II
Distribuição normal
3
TT
i l
II
II
Ausente
6
Multímero
aEm geral, a contagem de plaquetas também está reduzida. bNo tipo 2N, no estado homozigoto, o nível do FVIII está muito baixo; no estado heterozigoto, é observado apenas em combinação com DVW tipo 1. Mjfa.-TTPa, tempo de tromboplastina parcial ativada; F, fator; PM, peso molecular; N, normal; FVW, fator de von Willebrand.
Tipo 1
H
a
o
t t
O
VIII FVW : Ag FV W :R C of RIPA Padrão de m ultím eros
DVW heterozigota
Zl O Normal Tipo 2A
O1 - T »2
VIII FV W :A g FV W :R C of RIPA Padrão de m ultím eros
6□Ô 1
a
o
|
|Q
2
3
DVW heterozigota
a - i- o m alguns casos, esse distúrbio é descrito com o hemofilia autossômica. A D V W tipo 3 ou DV W grave descreve pacientes que p raticam ente não apresentam nenhum a proteína do FVW e níveis de FVIII < 10%. Esses pacien tes exibem sintom as de sangram ento das m ucosas e articulações no pós-operatório, bem com o outros sintom as hem orrágicos. Alguns pacientes com DVW tipo 3, principalm ente os que possuem deleções grandes do gene do FVW, têm risco aum entado de desenvolver anti corpos ao FVW infundido. A D V W adquirida é um distúrbio raro e n co n trad o m ais co m u m ente nos pacientes com distúrbios linfoproliferativos subjacentes, inclusive gam opatias m onoclonais de significado in d ete rm in ad o (GM SI), m ielom a m últiplo e m acroglobulinem ia de W aldenstrõm . Essa d o e n ça é e n co n trad a m ais c o m u m e n te n o s pacientes com GM SI e deve ser considerada nos pacientes com início recente de sintom as de sangram ento grave das m ucosas, p rincipalm ente se fo rem idosos. São en co n trad as evidências lab o rato riais de D V W a d q u irid a em alguns pacientes com doença da valva aórtica. A sín d ro m e de H eyde (estenose aó rtica com sa n g ram e n to gastrin testin al) é a tri buída à presença de angiodisplasia do trato gastrintestinal dos p a cientes com estenose aórtica. C ontudo, o estresse de cisalham ento gerado pelo sangue que passa pela valva a ó rtica parece p ro d u z ir u m a alteração do FVW, to rn an d o -o suscetível às proteases séricas. Por essa razão, os m ultím eros m aiores são p e rd id o s e isto resulta na D V W tipo 2 adq u irid o , que regride q u a n d o a valva a ó rtica é substituída.
TRATAMENTO
Doença de von Willebrand
O c om ponente fu n d a m e n ta l do tra ta m e n to da D V W tipo 1 é a l-d e s a m in o -8-D -arginina-vasopressina (DDAVP, ou desm opressina), que estim ula a liberação do FV W e do FV III das re servas endoteliais. A DDAVP pode ser ad m in istrad a p or via in travenosa ou spray intranasal de alta concentração (1,5 m g/m L). O pico de atividade obtida depois da adm in istração intravenosa ocorre em cerca de 30 m inutos, m as d em o ra cerca de 2 h com a adm inistração intranasal. A dose habitual é de 0,3 |xg/kg IV, ou dois jatos (um em cada narina) p ara os pacientes com > 50 kg (1 jato para os indivíduos com < 50 kg). É recom endável que os
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pacientes com D V W sejam testados com DDAVP para avaliar sua resposta antes de utilizar o fárm aco. N os pacientes que res p o n d e m satisfatoriam ente (aum entos de 2 a 4 vezes nos níveis do FV W ), o fárm aco p o d e ser utilizado antes de p ro c e d im e n tos com risco leve a m o d e ra d o de sangram ento. D e p en d en d o do procedim ento, p o d em ser necessárias doses adicionais, que geralm ente são ad m in istrad as a cada 12-24 h. A adm inistração m enos freqüente pode causar taquifilaxia, que ocorre q u an d o a síntese não consegue co m p en sar as reservas liberadas. O efei to colateral principal da DDAVP é h ip o n atrem ia causada pela redução da elim inação de água livre. Isso é m ais c o m u m nos pacientes m uito jovens e m uito idosos, m as a restrição de líqui dos deve ser recom endada a todos os pacientes nas 24 h que se seguem à adm inistração de cada dose. A lguns pacientes com D V W dos tipos 2A e 2M resp ondem à DDAVP, de form a que ela p o d e ser utilizada antes de p ro c e dim entos pequenos. Para os o u tro s subtipos, p a ra a d o en ça do tipo 3 e para proced im en to s m aiores que exigem p erío d o s m ais longos de hem ostasia, a reposição do FV W po d e ser utilizada. O s co n ce n tra d o s do FV W in ativ ad o s p a ra vírus p a rec em ser m ais seguros do que o crio p re cip ita d o com o p ro d u to p ara re posição. O tratam en to antifibrinolítico com ácido e-am inocaproico ou ácido tranexâm ico é im p o rtan te, seja utilizado isoladam en te ou em com binação com outros tratam entos, p rincipalm ente para a profilaxia ou o tratam ento dos sangram entos das mucosas. Esses fárm acos são p articu larm en te úteis na profilaxia dos p ro cedim entos dentários, reservando-se a DDAVP p ara extrações d entárias e tonsilectom ia, m en o rra g ia ou proced im en to s prostáticos. Esses fárm acos estão contraindicados aos pacientes com sangram ento das vias u rinárias superiores, tendo em vista o risco de obstrução ureteral.
DISTÚRBIOS DA PAREDE VASCULAR A parede vascular é um com ponente integrante da hem ostasia e a separação de um a fase líquida é artificial, principalm ente nos d istúr bios com o a PT T ou a T IH , que certam ente afetam tam bém o e n dotélio. A inflam ação lim itada à parede vascular (p. ex., vasculite) ou os distúrbios hereditários do tecido conectivo são anorm alidades intrínsecas da parede vascular.
■ DISTÚRBIOS METABÓLICOS EINFLAMATÓRIOS As doenças febris agudas p o d e m causar lesão vascular. Isso pode ser atribuído aos im unocom plexos c ontendo antígenos virais ou os próprios vírus. A lguns patógenos, com o as riquétsias que causam a febre m aculosa das M ontanhas Rochosas, replicam -se nas células endoteliais e provocam sua destruição. A p ú rp u ra vascular pode ocorrer nos pacientes com gam opatias policlonais, m as é m ais c o m u m nas gam opatias m onoclonais com o a m acroglobulinem ia de W aldenstrõm , o m ielom a m últiplo e a crioglobulinem ia. Os pacien tes com crioglobulinem ia m ista desenvolvem um a erupção m aculopapulosa m ais extensa associada à lesão das paredes vasculares pelos im unocom plexos. Os pacientes com escorbuto (deficiência de vitam ina C) apresen tam episódios dolorosos de sangram ento cutâneo perifolicular, além de sintom as hem orrágicos mais sistêmicos. A vitam ina C é necessária à síntese da hidroxiprolina, que é um com ponente essencial do colá geno. Os pacientes com síndrom e de C ushing ou em tratam ento p ro longado com glicocorticoides desenvolvem sangram entos cutâneos e são m ais suscetíveis às equim oses secundárias à atrofia do tecido conectivo de sustentação. Um fenôm eno sem elhante ocorre com o envelhecim ento quando, depois de traum atism os leves, o sangue es palha-se superficialm ente sob a epiderm e. Essa condição é conhecida com o púrpura senil. É m ais com um na pele previam ente lesionada p or exposição ao sol. A p ú rp u ra de H enoch-S chõnlein, ou anafilactoide, é um tipo específico e autolim itado de vasculite que ocorre nas crianças e nos
adultos jovens. Os pacientes têm um a reação inflam atória aguda com deposição de IgA e com ponentes do com plem ento nos capilares, nos tecidos mesangiais e nas arteríolas de pequeno calibre, resultando no aum ento da perm eabilidade vascular e hem orragias localizadas. Em geral, essa síndrom e é precedida de um a infecção das vias respirató rias superiores, geralm ente faringite estreptocócica, ou é desencadea da p o r alergias aos fárm acos ou aos alim entos. Os pacientes apresen tam erupção pu rp ú rica nas superfícies extensoras dos braços e das pernas, geralm ente acom panhadas de poliartralgias ou artrite, dor abdom inal e hem atúria causada pela glom erulonefrite focal. Todos os testes da coagulação são norm ais, m as pode haver disfunção renal. Os glicocorticoides podem proporcionar alívio sintom ático, m as não alteram a evolução da doença.
DISTÚRBIOS HEREDITÁRIOS DA PAREDE VASCULAR Os pacientes com distúrbios hereditários da m atriz do tecido conec tivo, inclusive síndrom e de M arfan, síndrom e de E hlers-D anlos e pseudoxantom a elástico, frequentem ente referem equim oses ao m ais leve traum atism o. As anorm alidades vasculares hereditárias podem aum entar o risco de sangram ento. Isso é m arcante na telangiectasia hem orrágica hereditária (TH H , ou doença de O sler-W eber-R endu), distúrbio no qual os capilares telangiectásicos anorm ais originam episódios freqüentes de sangram ento, principalm ente nasal e gastrin testinal. A m alform ação arteriovenosa (MAV) no pulm ão, no cérebro e no fígado tam bém pode ocorrer na TH H . Em geral, a telangiectasia pode ser detectada nas m ucosas oral e nasal. Os sinais e sintom as desenvolvem -se com o decorrer do tem po. A epistaxe com eça, em m édia, aos 12 anos de idade e acom ete > 95% dos indivíduos afeta dos na m eia-idade. Os dois genes envolvidos na patogenia da doença
116
Distúrbios da Coagulação Valder R. Arruda Katherine A. High As deficiências dos fatores da coagulação são conhecidas há séculos. Os pacientes com deficiências genéticas dos fatores da coagulação plasm áticos apresentam episódios hem orrágicos recidivantes e d u radouros nas articulações, nos m úsculos e nos espaços fechados, que ocorrem espontaneam ente ou depois de traum atism os. As deficiên cias m ais com uns dos fatores da coagulação são as hem ofilias, que são doenças ligadas ao X causadas pela deficiência do fator (F) VIII (hem ofilia A) ou fator IX (hem ofilia B). Os distúrbios hem orrágicos congênitos raros atribuídos às deficiências de outros fatores, inclusive FII (protrom bina), FV, FVII, FX, FXI, FXIII e fibrinogênio, costu m am ser transm itidos com o padrão autossôm ico recessivo (Q uadro 116.1). Os avanços na caracterização das bases m oleculares das defi ciências dos fatores da coagulação contribuíram para o entendim ento m ais claro dos fenótipos das doenças e podem , p o r fim, possibilitar intervenções terapêuticas m ais específicas, p o r m eio do desenvolvi m ento de m oléculas pequenas, proteínas recom binantes ou terapias celulares ou genéticas. Os testes utilizados com um ente para avaliar a hem ostasia p o s sibilitam um a triagem inicial da atividade dos fatores da coagulação (Fig. 116.1), e o fenótipo da doença geralm ente se correlaciona com o nível de atividade destes fatores. U m a anorm alidade isolada do tem po de protrom bina (TP) sugere deficiência do FVII, enquanto o prolongam ento do tem po de trom boplastina parcial ativada (TTPa) indica m ais com um ente hem ofilia ou deficiência do fator XI (Fig.
A
g r a d e c im e n t o s
O Dr. Robert H andin contribuiu para a elaboração deste capítulo na 16“ edição do Harrison e parte do m aterial daquele capítulo fo i incluída nesta edição.
BIBLIOGRAFIA GM, O r t e l TL: Heparin-induced thrombocytopenia. A n n u Rev Med 61:77, 2010 A s t e r RH et al: Drug-induced immune thrombocytopenia: Pathogenesis, diagnosis and management. J Thromb Haemost 7:911,2009 B u s s e l JB: Traditional and new approaches to the management of immune thrombocytopenia: Issues of when and who to treat. Hematol Oncol Clin North A m 23:1329, 2009 Diagnosis, Evaluation and M anagem ent o f von W illebrand Disease. NIH Publication #08-5832. National Heart, Lung and Blood Institute, 2007, www. A repally
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116.1). Os prolongam entos do TP e do T TPa sugerem deficiência de FV, FX, FII ou anorm alidades do fibrinogênio. A reposição do fa tor deficiente no plasm a do paciente em doses variáveis irá corrigir as anorm alidades dos tem pos de coagulação; o resultado é expresso com o porcentagem da atividade detectada nos indivíduos norm ais. As deficiências adquiridas dos fatores da coagulação plasm áti cos são m ais freqüentes do que os distúrbios congênitos, e entre os mais com uns estão as diáteses hem orrágicas das doenças hepáticas, a coagulação intravascular dissem inada (CID ) e a deficiência de vita m ina K. Nesses distúrbios, a coagulação sanguínea está prejudicada pela deficiência de m ais de um fator da coagulação, e os episódios hem orrágicos resultam de anorm alidades da hem ostasia prim ária (coagulação) e secundária (p. ex., interações entre plaquetas e pare des vasculares). A p rodução de an tico rp o s c o n tra as p roteínas plasm áticas da coagulação, clinicam ente conhecidos com o inibidores, é um a doença relativam ente rara, que acom ete frequentem ente pacientes com h e m ofilia A ou B e deficiência de FXI, tratados com doses repetidas da proteína deficiente para controlar episódios hem orrágicos. Os inibi dores tam bém ocorrem em pacientes sem deficiência genética de fa tores da coagulação (p. ex., no puerpério, com o m anifestação de um a doença autoim une ou neoplásica subjacente, ou de form a idiopática. Casos raros de inibidores da trom bina ou do FV foram descritos em pacientes tratados com preparações tópicas de trom bina bovina u ti lizada com o agente hem ostático tópico em cirurgias complexas. A detecção dos inibidores baseia-se nos m esm os testes utilizados para diagnosticar as deficiências hereditárias dos fatores da coagulação plasmática. Entretanto, o acréscim o da proteína deficiente ao plasma de um paciente com inibidor não corrige as anorm alidades do TTPa e/ou TP. Essa é a principal diferença entre as deficiências e os inibi dores. O utros testes são necessários para avaliar a especificidade do inibidor e seu título. Em geral, o tratam en to desses distúrbios hem orrágicos consis te na reposição da proteína deficiente utilizando hem ocom ponentes
Distúrbios da Coagulação
CAPl T ULO
são o e n g (endoglina) do crom ossom o 9q 33-34 (tam bém conhecida com o T H H tipo 1), que está associado às MAV pulm onares em 40% dos casos; e o a l k l (quinase 1 sem elhante ao receptor de ativina) do crom ossom o 12ql3, que está associado a um risco m uito m enor de MAV pulm onares.
973
QUADRO 116.1 Deficiência de fatores da coagulação
Características genéticas e laboratoriais dos distúrbios hereditários da coagulação Anormalidade laboratorial3
Níveis hemostáticos mínimos
Tratamento
Meia-vida plasmática
Hereditariedade
Prevalência na população geral
Fibrinogênio
AR
1 em 1.000.000
+
+
+
100 mg/dL
Crioprecipitado
2-4 dias
Protrombina
AR
1 em 2.000.000
+
+
-
20-30%
PFC/CCP
3-4 dias
Fator V
AR
1 em 1.000.000
+ /-
+ /-
-
15-20%
PFC
36 h
Fator VII
AR
1 em 500.000
-
+
-
15-20%
PFC/CCP
4-6 h
Fator VIII
Ligada ao X
1 em 5.000
+
-
-
30%
Concentrado de FVIII
8-12 h
Fator IX
Ligada ao X
1 em 30.000
+
-
-
30%
Concentrado de FIX
1 8 -2 4 h
TTPa
TP
TT
Fator X
AR
1 em 1.000.000
+ /-
+ /-
-
15-20%
PFC/CCP
40- 60 h
Fator XI
AR
1 em 1.000.000
+
-
-
15-20%
PFC
40- 70 h
Fator XII
AR
ND
+
-
-
b
6
60 h
HK
AR
ND
+
-
-
b
b
150 h
Pré-calicreína
AR
ND
+
-
-
b
b
35 h
Fator XIII
AR
1 em 2.000.000
-
-
+ /-
2 a 5%
Crioprecipitado
11-14 dias
aValores dentro da faixa normal (-) ou prolongados (+). "Sem risco de sangramento; não há indicação para tratamento.
Nota:TTPa, tempo de tromboplastina parcial ativada; AR, autossômica recessiva; PFC, plasma fresco congelado; HK, cininogênio de alto peso molecular; ND, indeterminado; CCP, concentrado de complexo protrombínico; TP, tempo de protrombina; TT, tempo de trombina.
Oncologia e Hematologia 9 74
plasm áticos purificados ou recom binantes, ou plasm a fresco conge lado (PFC). Por essa razão, é fundam ental chegar ao diagnóstico cor reto para otim izar a assistência prestada ao paciente sem exposição desnecessária a um tratam ento subótim o e aos riscos das doenças transm itidas pelo sangue.
HEMOFILIA ■ PATOGENIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A hem ofilia é um a doença hem orrágica recessiva ligada ao X, causada por m utações do gene F8 (hem ofilia A ou clássica) ou do gene F9 (he mofilia B). Em todo o m undo, essa doença acom ete 1 em cada 10.000 hom ens de todos os grupos étnicos, e a hem ofilia A representa 80% de todos os casos. Os indivíduos do sexo m asculino apresentam m a nifestações clínicas da doença, enquanto as m ulheres são p ortadoras de um gene m utante e geralm ente são assintomáticas. Em cerca de 30% dos casos, não há histó V ia intrínseca Via extrínseca ria fam iliar da doença. Nesses casos, 80% das m ães são p ortadoras do alelo m utante C a2* VII adq u irid o de novo. Foram identificadas m ais de 500 m utações diferentes nos ge nes F8 ou F9 dos pacientes com hemofilia A ou B, respectivam ente. Um a das m uta ções m ais com uns na hem ofilia A resulta de um a inversão de seqüência do intron 22, que está presente em 40% dos casos de hem ofilia A grave. Hoje, os avanços do d iagnóstico m o lecular p erm item a identificação exata das m utações, possibi litando o diagnóstico preciso das m ulhe res p ortadoras do gene da hem ofilia nas famílias afetadas. C linicam ente, as hem ofilias A e B são indistinguíveis. O fenótipo da doença correlaciona-se com a atividade residual do FVIII ou FIX, que pode ser classifica da em grave (< 1%), m oderada (1-5%) ou b randa (6-30%). Nas form as m oderada e grave, a doença caracteriza-se p o r sa n gram ento nas articulações (hem artrose), nos tecidos m oles e nos m úsculos depois de trau m atism o s m ínim os ou até m es m o espontaneam ente. Os pacientes com Figura 116.1 Cascata da coagulação e avaliação laboratorial das deficiências dos fatores da coagula doença leve apresentam sangram entos ção pelo tempo de protrombina parcial ativada (TTPa), tempo de protrombina (TP) e tempo de trombina (TT).
TRATAMENTO
Hemofilia
Sem tratam ento, a hem ofilia grave tem u m a expectativa de vida reduzida. Os avanços da in d ú stria de fracio n am en to do sangue d urante a II G uerra M undial levaram ao reconhecim ento de que o plasm a p oderia ser utilizado p ara tra ta r a hem ofilia, porém os volum es necessários para conseguir elevações ainda que m o d es tas dos fatores circulantes lim itam a utilidade das transfusões de plasm a com o abordagem terapêutica p ara a doença. Na década de 1960, a descoberta de que a fração de crioprecipitado do plas m a c ontinha grandes quantidades de fator FV III e a purificação final do FV III e do FIX a p a rtir do plasm a resultaram na in tro dução da terapia transfusional d o m iciliar com co n cen trad o de fator na década seguinte. A d isponibilidade do c o n ce n tra d o de fator possibilitou u m aum ento expressivo da expectativa de vida e da qualidade de vida dos pacientes com hem ofilia grave. E n tre tanto, a contam inação dos suprim entos de sangue pelos v írus da hepatite e depois pelo H IV resultou na transm issão generalizada dessas infecções hem atogênicas en tre a população de h e m o fí licos; hoje, as com plicações associadas às infecções pelo H IV e pelo vírus da hepatite C são as causas principais dos óbitos entre adultos norte-am ericanos com hem ofilia grave. Em m eados da década de 1980, a intro d u ção das etapas de inativação viral na preparação dos h e m o co m p o n en tes red u ziu os riscos de infec ção pelo H IV e hepatite; estes riscos foram reduzidos ainda m ais com a produção bem -sucedida das proteínas FV III e FIX recom binantes, que foram registradas na década de 1990. O s pacientes
hem ofílicos nascidos depois de 1985 raram ente adquirem hepa tite ou infecção pelo H IV e sua expectativa de vida fica na faixa de 65 anos de idade. A terapia de reposição dos fatores deficientes na hem ofilia pode ser adm inistrada em resposta a um episódio h em o rrág i co, ou com o m edida profilática. A profilaxia prim ária é definida com o um a estratégia p ara m anter o fator da coagulação deficiente em níveis de cerca de 1% ou mais, de form a regular com o objeti vo de evitar sangram entos, especialm ente as prim eiras hem artro ses. Os m eninos hem ofílicos tratados com infusões regulares de FVIII (3 dias/sem ana) ou FIX (2 dias/sem ana) p odem chegar à puberdade sem anorm alidades articulares detectáveis. A profilaxia tornou-se gradualm ente m ais com um para p a cientes jovens. O C enter for Disease C ontrol and Prevention re latou que 51% das crianças com hem ofilia grave com m enos de 6 anos de idade recebem profilaxia, o que representa um aum ento considerável em relação aos 33% em 1995. Apesar de ser altam en te recom endada, o seu elevado custo, as dificuldades de acesso a veias periféricas em pacientes de pouca idade e os riscos infec ciosos e trom bóticos potenciais do uso prolongado de cateteres em veias centrais constituem fatores lim itadores im portantes para m uitos pacientes. As considerações gerais relativas ao tratam ento dos sangram en tos associados à hemofilia incluem ( 1) a necessidade de iniciar o tra tam ento tão logo seja possível, porque os sintomas geralmente pre cedem as evidências objetivas de sangram ento; em razão da m aior eficácia da intervenção terapêutica precoce, os sintomas clássicos do sangram ento intra-articular, as cefaleias e os acidentes autom obilís ticos ou outros traum atism os exigem reposição e avaliação labora torial adicional imediatas; e (2) a im portância de evitar fármacos que deprim em a função plaquetária com o ácido acetilsalicílico ou preparações contendo este fármaco; para controlar a dor, é preferí vel utilizar ibuprofeno ou propoxifeno. O Fator VIII e o FIX são dosados em unidades. Um a unidade é definida com o a quantidade de FVIII (100 ng/m L) ou de FIX (5 (xg/mL) presente em 1 mL de plasm a. U m a unidade de FVIII por quilogram a de peso corporal aum enta o nível plasm ático do fator em 2%. Para um paciente de 70 kg com hem ofilia grave (< 1%), é possível calcular a dose necessária para aum entar os níveis do Fator V IIII a 100% utilizando a fórm ula sim ples reproduzida a seguir. Desse m odo, 3.500 unidades do FVIII aum entam o nível circulante a 100%. Dose do FVIII (UI) = nível-alvo do FVIII - nível basal do FVIII X peso corporal (kg) X 0,5 unidade/kg
Distúrbios da Coagulação
infrequentes, que geralm ente são secundários a traum atism os. Nos indivíduos com atividade residual de FVIII ou FIX > 25% do n o r m al, a doença é detectada apenas quando há sangram entos depois de traum atism os graves ou p o r m eio dos exam es laboratoriais pré-operatórios de rotina. Nos casos típicos, os testes gerais da coagula ção m ostram apenas prolongam ento isolado do TTPa. Os pacientes com hem ofilia têm tem pos de sangram ento e contagens de plaquetas norm ais. O diagnóstico é firm ado depois da determ inação específica da atividade coagulante do FVIII ou do FIX. Nos prim eiros m eses de vida, os sangram entos podem ocorrer depois da circuncisão ou raram ente na form a de hem orragias in tra cranianas. A doença fica mais evidente quando as crianças com eçam a engatinhar ou andar. Nas formas graves, as m anifestações hem orrági cas mais com uns consistem em hem artroses recidivantes, que podem acom eter qualquer articulação, m as são m ais com uns nos joelhos, nos cotovelos, nos tornozelos, nos om bros e nos quadris. As hem artroses agudas são dolorosas e os sinais clínicos consistem em edem a e eritem a localizados. Para evitar a dor, o paciente pode adotar um a posição fixa, que p or fim provoca contraturas m usculares. As crianças que não conseguem com unicar-se verbalm ente apresentam irritabilida de e lim itação da m obilidade da articulação afetada. As hem artroses crônicas são debilitantes e provocam espessam ento sinovial e sinovite em resposta ao sangue intra-articular. Depois da lesão da articulação, os episódios hem orrágicos repetidos resultam na condição conhecida clinicam ente com o “articulação-alvo” que, em seguida, desencadeia um círculo vicioso de sangram ento com deform idade articular p ro gressiva; nos casos m uito graves, a única opção de tratam ento é cirú r gica. Os hem atom as m usculares dos segm entos distais dos m em bros podem causar com pressão extrínseca das artérias, das veias ou dos nervos, podendo evoluir para um a síndrom e com partim ental. Os sangram entos nos espaços orofaríngeos, no sistem a nervoso central (SNC) ou no retroperitônio são potencialm ente fatais e exigem tratam ento imediato. As hem orragias retroperitoneais podem acum u lar grandes quantidades de sangue, que form am massas com calcificação e reação tecidual inflam atória (síndrom e do pseudotum or), e tam bém resultam em lesão do nervo femoral. Os pseudotum ores tam bém podem desenvolver-se nos ossos, especialm ente nos ossos longos dos m em bros inferiores. H em atúria é com um nos pacientes hemofílicos, m esm o que não haja um a lesão geniturinária. Em geral, essa queixa é autolim itada e nem sempre requer tratam ento específico.
A dose para reposição do FIX é diferente da relativa ao fator FVIII, porque a recuperação pós-infusão do FIX geralm ente é de apenas 50% do valor previsto. Por essa razão, a fórm ula para repo sição desse fator é a seguinte: Dose do FIX (UI) = nível alm ejado do FIX - nível basal do FIX X peso corporal (kg) X 1 unidade/kg A m eia-vida de 8-12 h do FVIII requer duas injeções diárias para m anter o nível terapêutico, enquanto a m eia-vida do FIX é m ais longa, de cerca de24 h, razão pela qual basta um a injeção diária. Em situações específicas com o o pós-operatório, a infusão contínua do fator pode ser recom endável em razão da sua eficácia para m anter seus níveis estáveis a um custo total menor. O c rioprecipitado c ontém g randes quan tid ad es do FVIII (cada bolsa contém cerca de 80 UI deste fator) e era utilizado co m um ente no tratam en to da hem ofilia A alguns anos atrás; este produto ainda é utilizado em alguns países em desenvolvim ento, mas em vista do risco de transm issão hem atogênica das infecções, este hem oderivado deve ser evitado nos pacientes hem ofílicos quando o concentrado de fator estiver disponível. Os sangram entos leves com o h em artroses sem com plicações ou hem atom as superficiais devem ser tratad o s inicialm ente d o ses necessárias para atingir níveis de 30 a 50%. D oses adicionais
975
para m anter os níveis entre 15 e 25% du ran te 2-3 dias estão in dicadas p ara hem artroses graves, prin cip alm en te q u an d o estes episódios afetarem a “articulação-alvo”. O s h e m a to m a s v o lu m osos ou os sangram entos m usculares exigem níveis de fator de 50% ou m ais, caso os sintom as clínicos não m elhorem , e a reposição do fator po d e ser necessária p o r 1 sem ana ou m ais. O controle dos sangram entos graves, inclusive os que envolvem os espaços orofaríngeos, o SNC e o retroperitônio, req u er níveis estáveis de 50 a 100% du ran te 7-10 dias. A reposição profilática antes de cirurgias tem com o objetivo alcançar níveis no rm ais dos fatores (100%) po r um p eríodo de 7-10 dias; em seguida, a reposição pode ser reduzida progressivam ente, d ep en d e n d o da extensão da ferida cirúrgica. Os procedim entos cirúrgicos da ca vidade oral causam lesões extensas dos tecidos, que geralm ente exigem reposição do fator du ran te 1-3 dias e fárm acos antifibrinolíticos orais.
TRATAMENTO NÃO TRANSFUSIONAL DA HEMOFILIA
Oncologia e Hematologia
DDAVP (1-desamino-8-D-arginina-vasopressina). A DDAVP é um análogo sintético da vasopressina, que causa elevações transitórias dos níveis do FVIII e do fator de von W illebrand (vW F), m as não do FIX, p or um m ecanism o que envolve a liberação destes fatores pelas células endoteliais. Os pacientes com hem ofilia A leve ou m oderada devem fazer um teste para determ in ar se responderão à DDAVP antes de iniciar o tratam ento. Em doses de 0,3 (xg/kg de peso corporal, adm inistradas durante um período de 20 m inutos, espera-se que a DDAVP eleve em duas a três vezes os níveis do FVIII em com paração com os níveis basais, com valores m áxim os alcançados entre 30 e 60 m inutos depois da infusão. A DDAVP não aum enta os níveis do FVIII dos pacientes com hem ofilia A grave, visto que não há reservas para a sua liberação. A aplicação de doses repetidas da DDAVP causa taquifilaxia, visto que o m e canism o de ação envolve aum entar a liberação e não a síntese. A aplicação de m ais de três doses consecutivas torna-se ineficaz e, se for necessário tratam ento adicional, o FVIII deve ser adm inistra do para conseguir a hem ostasia. Agentes antifibrinolíticos
Os sangram entos gengivais, gastrintes tinais e durante procedim entos cirúrgicos da cavidade oral devem ser tratados com agentes antifibrinolíticos orais, inclusive o ácido fi-am inocaproico (EACA) ou o ácido tranexâm ico, para controlar a hem ostasia local. D ependendo da indicação clínica, a duração do tratam ento é de 1 sem ana ou mais. O ácido tranexâm ico é a d m inistrado em doses de 25 m g/kg, 3-4x/dia. O tratam en to com EACA consiste em um a dose de ataque de 200 m g/kg (m áxim o de 10 g), seguida de 100 m g/kg por dose (m áxim o de 30 g/dia) a cada 6 h. Esses fárm acos não estão indicados para controlar a h em atú ria, tendo em vista o risco de form ação de trom bos obstrutivos no lúm en das estruturas do trato geniturinário.
COMPLICAÇÕES Formação de inibidores. Hoje, a produção de aloanticorpos co n tra o FVIII ou o FIX é a com plicação principal do tratam ento da hem ofilia. A prevalência estim ada dos inibidores do FVIII varia entre 5 e 10% de todos os casos e cerca de 20% dos pacientes com hem ofilia A grave. Os inibidores do FIX são detectados em apenas 3 a 5% de todos os pacientes com hem ofilia B. O grupo de alto risco para form ação de inibidores inclui os pacientes com defi ciência grave (> 80% de todos os casos com inibidores), história fam iliar de inibidor, descendência africana, m utações do gene do FVIII ou do FIX que provocam deleção de grandes regiões co dificadoras ou recom binações grosseiras dos genes. Em geral, os inibidores são produzidos nos prim eiros anos de vida (em m édia, 2 anos de idade) e depois de 10 dias de exposição cum ulativa. E n tretanto, a terapia de reposição intensiva, com o aquela usada para cirurgia de grande porte, sangram ento intracraniano ou trau m a tismo, aum enta o risco de form ação de inibidor em pacientes de todas as idades, exigindo um a m onitoração laboratorial rigorosa nas sem anas seguintes.
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O diagnóstico clínico dos inibidores deve ser considerado quando os pacientes não respondem à reposição do fator em doses terapêuticas. Os inibidores aum entam a m orbidade e a m ortalida de associadas à hemofilia. Com o a detecção precoce do inibidor é fundam ental ao controle eficaz do sangram ento ou à erradicação do anticorpo, a m aioria dos centros especializados em hem ofilia realiza um a triagem anual para inibidores. O exame laboratorial necessário para confirm ar a presença de um inibidor é um TTPa com m istura (com plasma norm al). Na m aioria dos pacientes he mofílicos, um a m istura a 1:1 com plasm a norm al corrige comple tam ente o TTPa. Nos pacientes com inibidores, o T TPa de um a m istura a 1:1 está anorm alm ente prolongado porque o inibidor neutraliza a atividade coagulante do FVIIII presente no plasm a norm al. O ensaio de Bethesda baseia-se em um princípio sem e lhante e define a especificidade do inibidor e seu título. Os resul tados são expressos em unidades Bethesda (UB) e 1 UB eqüivale à quantidade de anticorpo necessária para neutralizar 50% do FVIII ou do FIX presente no plasm a norm al depois de 2 h de incubação a 37°C. Clinicamente, os pacientes com inibidores são classificados como respondedores baixos ou altos e isto fornece orientação ao tratam ento ideal. O tratam ento dos pacientes com inibidores tem dois objetivos, que consistem em controlar os episódios hem orrá gicos agudos e erradicar o inibidor. Para o controle dos episódios hem orrágicos, os baixos respondedores, aqueles com título < 5 UB, respondem bem às doses altas do FVIII hum ano ou suíno (50-100 U/kg) com aum ento m ínim o ou nulo dos títulos do inibidor. Entre tanto, os pacientes altos respondedores, aqueles com título inicial do inibidor > 1 0 UB ou resposta anam néstica no título do anti corpo para > 10 UB, m esm o quando os títulos estão inicialm ente baixos, não respondem aos concentrados de FVIII ou de FIX. Nos pacientes respondedores altos, o controle dos episódios hem orrági cos pode ser conseguido com a utilização de concentrados enrique cidos com protrom bina, FVII, FIX, FX [concentrados de complexo protrom bínico (CCP) ou CCP ativado] e, mais recentem ente, com fator VII ativado recom binante (FVIIa) (Fig. 116.1). Os índices de sucesso terapêutico são m aiores com o FVIIa que com os CCP ou CCPa. Para erradicação do anticorpo inibidor, a im unossupressão isoladam ente não é eficaz. A abordagem m ais eficaz é a indução de tolerância im une (ITI) baseada na infusão diária da proteína deficiente até que o inibidor desapareça, o que geralm ente requer intervalos m aiores que 1 ano com índices de sucesso na faixa de 60%. O tratam ento de pacientes com hemofilia A grave e inibidores resistentes à ITI representa um desafio. Acreditava-se que o uso do anticorpo m onoclonal anti-CD 20 (rituxim abe) com binado com o FVIII fosse efetivo. Em bora essa terapia possa reduzir os títulos de inibidor, a erradicação duradoura é incom um e pode exigir duas a três infusões de concentrados de FVIII por semana.
Doenças infecciosas A infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) é a principal causa de m orbidade e a segunda causa mais com um de m ortes entre os pacientes hem ofílicos expostos aos concentrados m ais antigos de fatores da coagulação. A grande m aioria dos p a cientes jovens tratados com hem ocom ponentes plasm áticos entre 1970 e 1985 adquiriu a infecção pelo HCV. A lgum as estim ativas sugeriram que > 80% dos pacientes com m ais de 20 anos de idade tinham anticorpos positivos para o vírus em 2006. A com orbi dade da doença hepática subjacente dos pacientes com hem ofilia fica evidente quando eles necessitam realizar procedim entos in vasivos e, nestes casos, pode ser necessário corrigir as deficiências genética e adquirida (secundária à doença hepática). A infecção pelo H IV tam bém se espalhou na população de pacientes que u ti lizaram hem ocom ponentes plasm áticos há 2 décadas. A co-infecção pelo HCV e HIV, presente em quase 50% dos pacientes hem o fílicos, é um fator agravante da evolução da doença hepática. Na hem ofilia, a resposta ao tratam en to antiviral para infecção pelo HCV ocorre em < 30% dos pacientes e este índice é ainda m e nor entre os indivíduos co-infectados pelo HIV e HCV. A doença hepática term inal levando ao transplante de fígado pode curar a hepatopatia e a hemofilia.
Problemas clínicos emergentes em pacientes idosos com hemofi lia. Tem havido um a contínua m elhora no tratam ento da hem o
Abordagem dos portadores de hemofilia.
Em geral, considera-se fora de risco de sangram ento p o rtad o re s de hem ofilia com n í veis de fator em to rn o de 50%. E ntretanto, foi relatado um a a m pla gam a de valores (22 a 116%) devido à inativação aleatória do crom ossom o X (lionização). Por conseguinte, é im p o rta n te m ed ir o nível do fator nos p o rtad o re s p ara iden tificar aqueles que correm risco de sangram ento e o tim izar a co n d u ta tanto pré quan to pós-operatória. D u ran te a gravidez, os níveis de FV III e FIX aum entam g radualm ente até o parto. Os níveis de FVIII au m e n tam a proxim adam ente 2-3 vezes em co m p aração com m ulheres não grávidas, e n q u an to o a u m e n to do FIX é m enos pron u n ciad o . D epois do parto , observa-se u m a rá p id a queda das elevações dos níveis de fatores da coagulação m atern o s in duzidas pela gravidez. Isso representa um risco im in en te de sa n gram ento, que pode ser evitado pela infusão de con cen trad o de fatores até níveis de 50 a 70% po r 3 dias p ara p a rto vaginal e p or até 5 dias p ara cesariana. Nos casos leves, recom enda-se o uso de DDAVP e/ou agentes antifibrinolíticos.
O Fator XI é o zim ogênio de um a serina protease ativa (FXIa) e n volvida na via intrínseca da coagulação sanguínea que ativa o FIX (Fig. 116.1). Existem dois processos que levam à form ação do FXIa. Em um ensaio baseado no TTPa, a protease resulta da ativação pelo FXIIa em com binação com cininogênio de alto peso m olecular e calicreína. D ados in vitro sugerem que a trom bina constitui o ativador fi siológico do FXI. A produção de trom bina pela via do fator tecidual/ fator V ila ativa o FXI na superfície das plaquetas, o que contribui para a geração de m ais trom bina após a form ação do trom bo e, deste m odo, acentua a resistência à fibrinólise p o r m eio de um inibidor fibrinolítico ativado pela trom bina (IFAT). A deficiência de Fator XI é u m d istú rb io hem o rrág ico raro e n co n trad o na população geral com frequência de um caso em 1.000.000. Entretanto, essa doença é altam ente prevalente nas p o p u lações de judeus ashkenázicos e iraquianos, nas quais a frequência de heterozigotos é de 6% e a de hom ozigotos varia de 0,1 a 0,3%. Foram descritas mais de 65 m utações do gene do FXI, enquanto foi detec tado um m enor núm ero de m utações (duas ou três) nas populações judias acom etidas. Os níveis norm ais de atividade coagulante do FXI variam de 70150 U/dL. Nos pacientes heterozigotos com deficiência m oderada, o FXI varia de 20-70 U /dL, enquanto nos indivíduos hom ozigotos ou heterozigotos duplos os níveis deste fator ficam abaixo de 1-20 U/dL. Os pacientes com níveis de FXI < 10% do norm al têm risco elevado de sangram ento, m as o fenótipo da doença nem sem pre se correlaciona com a atividade coagulante residual deste fator. A his tória fam iliar é sugestiva do risco de sangram ento nos descenden tes. Clinicam ente, a ocorrência de hem orragias m ucocutâneas como equim oses, sangram entos gengivais, epistaxe, hem atúria e m enorragia é com um , principalm ente depois de traum atism os. Esse fenótipo hem orrágico sugere que os tecidos com atividade fibrinolítica abun dante sejam m ais suscetíveis à deficiência do FXI. Os sangram entos pós-operatórios são com uns, m as nem sem pre ocorrem , m esm o en tre os pacientes com níveis m uito baixos do FXI. Indica-se a reposição do FXI para pacientes com doença grave que precisam ser subm etidos a um procedim ento cirúrgico. Uma história negativa de complicações hem orrágicas após procedim entos invasivos não exclui a possibilidade de um risco aum entado de hemorragia.
TRATAMENTO
Deficiência do fator XI
O tratam ento da deficiência do fator XI consiste na infusão de PFC em doses de 15-20 m L/kg p ara m anter níveis m ínim os na faixa de 10 a 20%. C om o o FXI tem m eia-vida de 40-70 h, a terapia de reposição pode ser adm inistrada em dias alternados. A adm inis tração dos agentes antifibrinolíticos ajuda a controlar os sangra m entos, com exceção da hem atúria ou dos sangram entos vesicais. A produção de um inibidor do FXI foi detectada em 10% dos pa cientes com deficiência grave deste fator, que fizeram tratam ento de reposição. Os pacientes com deficiência de FXI grave que de senvolvem inibidores habitualm ente não apresentam sangram ento espontâneo. Entretanto, o sangram ento que ocorre após um proce dim ento cirúrgico ou traum atism o pode ser grave. Nesses pacien tes, deve-se evitar o uso de PFC e concentrados de FXI. O uso de CCP/CCPa ou FVII ativado recom binante tem sido efetivo.
Distúrbios da Coagulação
filia, dado o crescim ento da população de adultos que vivem até depois da m eia-idade nos países em desenvolvim ento. A expecta tiva de vida de um paciente com hemofilia grave é de apenas cerca de 10 anos m ais curta que a da população m asculina geral. Em pacientes com hem ofilia leve ou m oderada, a expectativa de vida aproxim a-se daquela da população m asculina sem coagulopatia. Os pacientes idosos com hemofilia apresentam problem as diferen tes em com paração com a geração de pacientes m ais jovens; têm artropatia mais grave e dor crônica devido ao tratam ento subótimo, bem como taxas elevadas de infecções por H C V e/ou HIV. Os dados prelim inares indicam que a taxa de m ortalidade por doença arterial coronária é m ais baixa em pacientes com hem ofi lia do que na população m asculina geral. A hipocoagulabilidade subjacente provavelm ente proporciona um efeito p rotetor contra a form ação de trom bos, porém não im pede o desenvolvim ento de aterogênese. À sem elhança da população geral, esses pacientes são expostos a fatores de risco cardiovasculares, com o idade, obe sidade e tabagismo. Além disso, é com um a observação de falta de atividade física, hipertensão e doença renal crônica em pacientes com hem ofilia. Nos pacientes portad o res de H IV subm etidos a terapia antirretroviral com binada, pode haver um aum ento ad i cional no risco de doença cardiovascular. Por conseguinte, esses pacientes devem ser cuidadosam ente considerados para a b o r dagens profiláticas e terapêuticas visando m inim izar o risco de doença cardiovascular. Deve-se evitar a terapia de reposição em excesso, e é prudente in fu n d ir lentam ente os concentrados de fatores. A infusão co n tínua do fator de coagulação é preferível à adm inistração in tra venosa direta em pacientes com fatores de risco cardiovascula res subm etidos a procedim entos invasivos. A abordagem de um evento isquêmico agudo e revascularização coronária deve incluir a colaboração de hem atologistas e internistas. O pressuposto in i cial de que a hem ofilia poderia proteger contra a doença vascular oclusiva pode m u dar nessa população idosa. O câncer constitui um a causa com um de m ortalidade em p a cientes idosos com hemofilia, visto que correm risco de neoplasias m alignas associadas ao H IV e HCV. O carcinom a hepatocelular (CHC) é o câncer de fígado prim ário m ais prevalente e constitui um a causa com um de m orte em pacientes H lV -negativos. As re com endações para triagem de câncer na população devem ser as m esm as p ara pacientes com hem ofilia de idade equivalente. Entre aqueles com alto risco de HCV, recom enda-se um a ultrassonografia um a ou duas vezes p o r ano, bem com o a determ inação da a-fetoproteína para CHC. A triagem para neoplasias urogenitais na presença de hem atúria ou de hem atoquezia pode ser adiada, devido à doença hem orrágica subjacente, im pedindo, assim, um a intervenção precoce. A interação m ultidisciplinar deve facilitar a tentativa de assegurar recom endações ótim as para a prevenção e o tratam ento do câncer em pacientes com hemofilia.
■ DEFICIÊNCIA DO FATOR XI
■ DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS RAROS Coletivam ente, os distúrbios hereditários resultantes das deficiências de outros fatores da coagulação além do FVIII, FIX e FXI (Q uadro 116.1) constituem um grupo de doenças hem orrágicas raras. Os sin tom as hem orrágicos desses pacientes variam dos casos assintom áticos (disfibrinogenem ia ou deficiência de FVII) até as complicações potencialm ente fatais (deficiência de FX ou FXIII). Não há m anifes tações clínicas patognom ônicas sugestivas de u m a doença específica, mas em geral, ao contrário do que se observa na hem ofilia, as hem ar troses são raras e os sangram entos das m ucosas ou depois do clam-
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As enzim as 7 -glutam ilcarboxilase e epóxido-redutase são funda peam ento do cordão um bilical são com uns. Os indivíduos heterozi m entais ao m etabolism o e à regeneração da vitam ina K. As m utações gotos para as deficiências dos fatores da coagulação geralm ente são dos genes que codificam a gam a-carboxilase (GCCX) ou o complexo assintom áticos. Depois da triagem com testes gerais da coagulação 1 da epóxido-redutase da vitam ina K (VKORC1) resultam em defi (Q uadro 116.1), a avaliação laboratorial do fator específico deficiente ciências enzim áticas e, deste m odo, na redução da atividade dos fa irá definir o diagnóstico. O tratam ento de reposição com plasm a fresco congelado (PFC) tores dependentes de vitam ina K, que varia de 1 a 30% do norm al. O fenótipo da doença caracteriza-se po r episódios hem orrágicos leves ou concentrado de complexo protrom bínico (contendo p ro tro m b i a m oderados desde 0 nascim ento. A lguns pacientes m elhoram com na, FVII, FIX e FX) assegura um a hem ostasia adequada em respos doses altas de vitam ina K. Para os sangram entos graves, pode ser n e ta aos sangram entos ou com o m edida profilática. A utilização dos cessário fazer reposição com PFC ou CCP para conseguir o controle C CP deve ser cuidadosam ente m o nitorada e evitada nos pacientes hem ostático definitivo. com doença hepática subjacente, ou nos indivíduos com alto risco de trom bose, tendo em vista o risco de ocorrência de coagulopatia ■ COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA intravascular dissem inada. A coagulação intravascular dissem inada (CID) é um a síndrom e cli■ DEFICIÊNCIAS FAMILIARES MÚLTIPLAS DA COAGULAÇÃO nicopatológica que se caracteriza p or form ação intravascular gene ralizada de fibrina em resposta à atividade excessiva das proteases Existem vários distúrbios hem orrágicos caracterizadas pela defi sanguíneas, que suplanta os m ecanism os anticoagulantes naturais. ciência hereditária de m ais de um fator da coagulação. Até hoje, os Existem várias patologias subjacentes associadas à C ID (Q u ad ro defeitos genéticos de duas dessas doenças foram caracterizados e 116.2). forneceram um a nova com preensão da regulação da hem ostasia por proteínas codificadas p o r genes que não fazem parte da coagulação sanguínea.
Deficiências combinadas de FV e FVIII
Oncologia e Hematologia
Os pacientes com deficiências com binadas de FV e FVIII apresentam atividade coagulante residual de cerca de 5% para cada um destes fa tores. Curiosam ente, o fenótipo da doença consiste em predisposição branda às hem orragias, geralmente depois de traum atism os. A m uta ção responsável foi identificada no gene do com partim ento interm e diário do retículo endoplasm ático/aparelho de Golgi (ERGIC-53), que codifica um a proteína de ligação da m anose localizada no aparelho de Golgi que funciona com o acom panhante do FV e do FVIII. Em outras famílias, foram definidas mutações do gene 2 da deficiência m últipla dos fatores da coagulação (MCFD2); este gene codifica um a proteína que form a complexos Ca2+-dependentes com ERGIC-53 e atua com o cofator n a mobilização intracelular do FV e do FVIII.
Q U A D R 0 1 1 6 .2
Deficiências múltiplas dos fatores da coagulação dependentes da vitamina K
• Parasitária
D uas enzim as envolvidas no m etabolism o da vitam ina K foram as sociadas à deficiência sim ultânea de todas as proteínas dependentes desta vitam ina, inclusive as proteínas procoagulantes, com o p ro trom bina, VII, IX e X e as proteínas anticoagulantes C e S. A vitam i na K é lipossolúvel e atua com o cofator na carboxilação do carbono gam a dos resíduos de ácido glutâm ico dos fatores dependentes desta vitam ina, que é um a etapa fundam ental à ligação do cálcio e dos fos folipídios destas proteínas (Fig. 116.2).
Traumatismo e lesão tecidual
Fármacos
• Lesão cerebral (projéteis de arma de fogo)
• Agentes fibrinolíticos • Aprotinina
• Queimaduras extensas
• Varfarina (principalmente em recémnascidos com deficiência de proteína C)
Causas clínicas comuns de coagulação intravascular disseminada
Sepse
Distúrbios imunológicos
• Bacteriana
• Reação transfusional hemolítica aguda
Estafilococos, estreptococos, pneumococos. meningococos, bacilos Gram-negativos
• Rejeição a transplante de órgãos ou tecidos • Doença de enxerto versus hospedeiro
• Viral • Micótica • Riquetsial
• Embolia gordurosa • Rabdomiólise
• Concentrados de complexo protrombínico
Distúrbios vasculares
Envenenamentos
• Hemangiomas gigantes (síndrome de KasabachMerrit)
• Cobras • Insetos
• Drogas ilícitas (anfetaminas) ALGORITMO DO CICLO DA VITAMINA K
Varfarina
• Aneurismas de grandes vasos (p. ex., aorta)
Complicações obstétricas
Doenças hepáticas
• Placenta prévia
• Insuficiência hepática fulminante
• Embolia de líquido amniótico
• Cirrose • Fígado gorduroso da gestação
• Síndrome da morte fetal • Abortamento séptico
Câncer Figura 116.2 0 ciclo da vitamina K. A vitamina K é um cofator necessário à formação dos resíduos de ácido 7 -carboxiglutâmico nas proteínas da coagulação. A -7-glutamilcarboxilase dependente de vitamina K, que é a enzima que catalisa a epóxido-redutase desta vitamina, regenera a vitamina K reduzida. A varfarina blo queia a ação da redutase e inibe competitivamente os efeitos dessa vitamina.
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• Adenocarcinoma (próstata, pâncreas, etc.) • Neoplasias malignas hematológicas (leucemia promielocítica aguda)
Causas diversas • Choque • Síndrome do desconforto respiratório agudo • Transfusão maciça
Na CID crônica, as m anifestações hem orrágicas são discretas e lim itam -se às superfícies cutâneas ou m ucosas. O estado de h ip er coagulabilidade da CID evidencia-se p o r o bstrução dos vasos da m icrocirculação com falência secundária dos órgãos. Tam bém pode haver trom bose de grandes vasos e em bolia cerebral. As com plica ções hem odinâm icas e o choque são com uns nos pacientes com CID aguda. As taxas de m ortalidade variam de 30 a > 80%, dependendo da doença subjacente, da gravidade da CID e da idade do paciente. O diagnóstico da CID clinicam ente significativa baseia-se na existência de anorm alidades clínicas e/ou laboratoriais da coagula ção ou da trom bocitopenia. O diagnóstico laboratorial da CID deve levar à investigação im ediata da causa subjacente, caso já não este ja evidente. Não existem n e n h u m exam e isolado para estabelecer o diagnóstico de CID. A investigação laboratorial deve incluir testes da coagulação [TTPa, TP, tem po de trom bina (TT)] e m arcadores dos produtos de degradação da fibrina (PDF), além das contagens de plaquetas e hem ácias e do exam e do esfregaço de sangue periférico. Esses exames devem ser repetidos no decorrer de um período de 6 a 8 horas, visto que um a anorm alidade inicialm ente leve pode sofrer um a m udança dram ática em pacientes com CID grave. As anorm alidades com uns incluem prolongam ento do TP e/ou do TTPa; contagens de plaquetas < 100.000/m m 3, ou declínio rápido da plaquetometria; presença de esquizócitos (hemácias fragm entadas) no esfregaço de sangue periférico; e níveis elevados dos PDF. O exame mais sensível para CID é o nível dos PDF. A CID é um diagnóstico im provável na presença de níveis norm ais de PDF. O teste do D-dímero é mais específico para a detecção dos produtos de degradação da fibrina - mas não do fibrinogênio - e indica que a rede de fibrina foi digerida pela plasmina. Com o o fibrinogênio tem m eia-vida longa, os níveis plasmáticos dim inuem rapidam ente apenas nos casos graves de CID. A CID grave tam bém está associada aos níveis de antitrom bina III ou de atividade do plasm inogênio < 60% do norm al.
CID crônica A CID com pensada pode o correr em condições clínicas, incluindo hem angiom a gigante, carcinom a m etastático ou síndrom e da m orte fetal. Os níveis plasm áticos dos PDF ou dos D-dím eros estão eleva dos. Os resultados do TTPa, do TP e do fibrinogênio estão dentro das variações norm ais ou elevados. T rom bocitopenia b randa ou conta gens norm ais de plaquetas tam bém são com uns. A fragm entação das hem ácias é detectada com um ente, m as em m enores quantidades do que na CID aguda.
Diagnóstico diferencial ALGORITMO PARA COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA
Figura 116.3 Fisiopatologia da coagulação intravascular disseminada (CID). As interações entre os sistemas da coagulação e fibrinolítico provocam sangramento e trombose na microcirculação de pacientes com CID.
O diagnóstico diferencial entre CID e doença hepática grave é difícil e requer determ ina ções repetidas dos parâm etros laboratoriais usados para avaliar esse distúrbio. Os pacien tes com doença hepática grave têm risco de sangram ento e apresentam anorm alidades la boratoriais com o trom bocitopenia (atribuída ao seqüestro das plaquetas, à hipertensão p or tal ou ao hiperesplenism o), síntese reduzida dos fatores da coagulação e dos anticoagulantes naturais e níveis altos dos PDF em razão da depuração hepática dim inuída. Contudo, ao contrário da CID, esses parâm etros labora toriais não se alteram rapidam ente na doença hepática. O utros indícios diferenciadores im portantes incluem a existência de hipertensão portal ou outras evidências clínicas ou labora toriais de doença hepática subjacente. Os distúrbios m icroangiopáticos como a pú rp u ra trom bocitopênica trom bótica carac terizam -se p or um a doença clínica de início súbito, acom panhada de trom bocitopenia, fragm entação das hemácias e falência de m úl tiplos órgãos. Entretanto, não há consumo dos fatores da coagulação nem hiperfibrinólise.
Distúrbios da Coagulação
As causas m ais com uns são sepse bacteriana, doenças neoplásicas malignas, com o tum ores sólidos ou leucem ia prom ielocítica aguda, e causas obstétricas. A CID é diagnosticada em quase 50% das gestan tes com placenta prévia ou em bolia de líquido am niótico. T raum a tism os envolvendo principalm ente o cérebro tam bém podem causar CID. A exposição do sangue aos fosfolipídios dos tecidos lesionados, a hem ólise e a destruição do endotélio são fatores que contribuem para o desenvolvim ento da CID nessa população. A p ú rp u ra fulm i nante é um a form a grave da CID resultante da trom bose de áreas extensas da pele; esta condição acom ete prin cip alm en te crianças pequenas que tiveram infecções virais ou bacterianas, especialm ente quando há um estado de hipercoagulabilidade hereditária ou adqui rida causada p or deficiências dos com ponentes da via da proteína C. Os recém -nascidos hom ozigotos para a deficiência de proteína C tam bém têm risco elevado de desenvolver p ú rp u ra fulm inante, com ou sem trom bose de grandes vasos. O m ecanism o fundam ental da CID é a produção descontrolada de trom bina pela exposição do sangue aos níveis patológicos do fator tecidual (Fig. 116.3). A supressão sim ultânea dos mecanism os anticoagulantes fisiológicos e a fibrinólise anorm al aceleram ainda mais o p ro cesso. Em conjunto, essas anorm alidades contribuem para a deposição sistêmica de fibrina nos vasos de pequeno e m édio calibres. A duração e a intensidade da deposição de fibrina podem com prom eter a irriga ção sanguínea de alguns órgãos, especialmente pulm ões, rins, fígado e cérebro, resultando na falência secundária de suas funções. A ativação persistente da coagulação leva ao consum o dos fatores da coagulação e das plaquetas que, por sua vez, causa sangram ento sistêmico. O p ro cesso é ainda mais agravado pela hiperfibrinólise secundária. Estudos realizados em anim ais dem onstraram que o sistem a fibrinolítico na verdade estava suprim ido por ocasião da ativação m áxim a da coagula ção. Curiosamente, nos pacientes com leucemia prom ielocítica aguda, geralmente há um estado de hiperfibrinólise grave, além da ativação da coagulação. A liberação de várias citocinas proinflam atórias, como a interleucina-6 e o fator de necrose tum oral a desem penha um papel fundam ental na geração dos defeitos da coagulação na CID e dos sin tomas associados à síndrom e de resposta inflam atória sistêmica (SRIS). As manifestações clínicas da CID estão relacionadas com a m ag nitude do desequilíbrio da hem ostasia, com a doença subjacente, ou ambas. As anorm alidades encontradas m ais com um ente são sangra m entos, que variam desde sangram ento nos locais de punção venosa, petéquias e equim oses a hem orragias graves no trato gastrintestinal, nos pulm ões ou no SNC.
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TRATAMENTO
Coagulação intravascular disseminada
A m orbidade e a m ortalidade associadas à CID estão relaciona das principalm ente com a doença subjacente, m ais do que com as com plicações da CID. Por essa razão, o controle ou a e rra d i cação da causa subjacente deve ser a preocupação principal. Os pacientes com DIC grave necessitam de controle dos parâm etros hem odinâm icos, suporte respiratório e procedim entos cirúrgicos invasivos em alguns casos. As tentativas de controlar a CID sem tratar a doença subjacente são geralm ente infrutíferas.
CONTROLE DAS MANIFESTAÇÕES HEMORRÁGICAS O controle do sangram ento nos pacientes com CID e trom bocitopenia acentua da (contagens de plaquetas < 10.000-20.000/m m 3) e níveis baixos dos fatores da coagulação consiste no tratam ento de reposição. O TP (> 1,5 vez o norm al) fornece um indicador confiável da gra vidade do consum o dos fatores da coagulação. A reposição com PFC está indicada (nos adultos sem CID, 1 unidade de PFC au m enta a m aioria dos fatores da coagulação em 3%). Os níveis bai xos de fibrinogênio (< 100 mg/dL) ou a hiperfibrinólise ativa exi ge infusão de crioprecipitado (fração plasm ática enriquecida com fibrinogênio, FVIII e vW F). A reposição de 10 U de crioprecipita do para cada 2-3 U de PFC é suficiente para corrigir a hem ostasia. O esquem a de transfusões deve ser ajustado de acordo com a evo lução clínica e laboratorial do paciente. Os concentrados de pla quetas em doses de 1-2 U /10 kg de peso corporal são suficientes para a m aioria dos pacientes com CID e trom bocitopenia grave. Os concentrados de fatores da coagulação não são recom en dados para o controle da hem orragia associada a CID em vista da eficácia lim itada conseguida com a reposição isolada de alguns fa tores (concentrados de FVIII ou FIX) e o risco elevado de p ro d u tos contendo traços de CCPa, que agravam ainda mais a doença.
Oncologia e Hematologia
REPOSIÇÃO DE INIBIDORES DA COAGULAÇÃO OU DA FIBRINÓLISE Os fárm acos usados para controlar a coagulação, com o a heparina, concentrados de ATIII ou agentes fibrinolíticos, foram experi m entados no tratam ento da CID. A infusão co n tín u a de doses baixas de heparina (5-10 U /kg/h) pode ser eficaz nos pacientes com CID b randa associada a um tu m o r sólido, leucem ia p ro m ielocítica aguda ou nos casos em que há trom bose detectada. A heparina tam bém está indicada para o tratam ento da p ú rp u ra fulm inante, durante a ressecção cirúrgica dos hem angiom as gi gantes e durante a rem oção de um feto m orto. Na CID aguda, a adm inistração de heparina provavelm ente agrava o sangram ento. Até hoje, a adm inistração de heparina a pacientes com CID grave não tem qualquer benefício com provado na sobrevida. A utilização de agentes antifibrinolíticos, EACA ou ácido tranexâm ico para evitar a degradação da fibrina pela plasm ina pode reduzir os episódios hem orrágicos dos pacientes com CID e hiperfibrinólise confirm ada. C ontudo, esses fárm acos podem au m entar o risco de trom bose e indica-se o uso concom itante de h e parina. Os pacientes com leucem ia prom ielocítica aguda ou CID crônica associada aos hem angiom as gigantes estão entre os p o u cos indivíduos que podem ser beneficiados p or esse tratam ento. O uso de concentrados de pro teín a C para tra ta r a p ú rp u ra fulm inante associada à deficiência a d q u irid a desta pro teín a ou à m eningococcem ia d em o n stro u ser eficaz. O s resultados c o n seguidos com a reposição de ATIII foram prom issores nos estu dos iniciais, m as precisam ser m ais bem avaliados p o r estudos adicionais.
■ DEFICIÊNCIA DE VITAMINA K As proteínas dependentes da vitam ina K constituem um grupo h e terogêneo que inclui os fatores da coagulação e tam bém proteínas presentes nos ossos, nos pulm ões, nos rins e na placenta. A vitam ina K m edeia a m odificação pós-translacional das m oléculas de glutam ato em 7 -carboxiglutam ato, que é u m a etapa fu ndam ental à ati vidade das proteínas dependentes desta vitam ina, que se ligam ao 980
cálcio e form am as m em branas fosfolipídicas norm ais (Fig. 116.2). A deficiência hereditária de atividade funcional das enzim as envol vidas no m etabolism o da vitam ina K, principalm ente a GGCX ou a VKORC-1 (ver anteriorm ente), causa distúrbios hem orrágicos. Em geral, a quantidade de v itam ina K fornecida pela dieta é a etapa li m itante da reação de carboxilação; p or essa razão, a reciclagem desta vitam ina é fundam ental à m anutenção dos níveis norm ais das p ro teínas dependentes da vitam ina K. N os adultos, a ingestão dietética baixa raram ente é a única razão da deficiência de vitam ina K, m as pode ser com um nos pacientes tratados com antibióticos de espectro amplo. D oenças ou intervenções cirúrgicas que afetam a capacidade de absorção intestinal da vitam ina K, seja p o r alterações anatôm icas ou m odificação do teor lipídico dos sais biliares e dos sucos pancreá ticos no intestino delgado proxim al, podem reduzir expressivam en te os níveis desta vitam ina. As doenças hepáticas crônicas com o a cirrose biliar prim ária tam bém esgotam as reservas de vitam ina K. A deficiência neonatal de vitam ina K e os distúrbios hem orrágicos resultantes foram praticam ente elim inados com a adm inistração ro tineira dessa vitam ina a todos os recém -nascidos. O prolongam ento do TP é a alteração m ais com um e precoce observada nos pacientes com deficiência de vitam ina K, em razão das reduções dos níveis da protrom bina, do FVII, do FIX e do FX. E ntre esses fatores, o FVII tem a m eia-vida m ais curta, o que pode prolongar o TP antes de cau sar alterações do TTPa. A adm inistração parenteral de vitam ina K na dose total de 10 m g é suficiente para recuperar os níveis norm ais dos fatores da coagulação em 8-10 h. Em presença de sangram ento ativo ou necessidade de correção im ediata antes de um procedim ento invasivo, é necessário fazer reposição com PFC ou CCP. Este últi m o produto deve ser evitado nos pacientes com doenças hepáticas graves, em vista do risco alto de provocar trom bose. A reversão do tratam ento anticoagulante excessivo com varfarina ou fárm acos se m elhantes pode ser conseguida com doses m ínim as de vitam ina K (1 mg, VO ou injeção intravenosa) nos indivíduos assintom áticos. Essa abordagem pode dim inuir o risco de sangram ento e, ao m esm o tem po, m anter a anticoagulação terapêutica dos pacientes com um distúrbio protrom bótico subjacente. Em pacientes com hem orragia potencialm ente fatal, foi constata do que o uso do fator V ila recom binante em pacientes sem hem ofilia em uso de anticoagulantes é efetivo para restaurar rapidam ente a h e mostasia, perm itindo um a intervenção cirúrgica de em ergência. E n tretanto, os pacientes com doença vascular subjacente, traum atism o vascular e outras com orbidades correm risco de complicações trom boem bólicas que afetam tanto o sistem a arterial quanto o venoso. Por conseguinte, o uso do fator V ila nesse contexto lim ita-se à adm inis tração de baixas doses, com núm ero lim itado de injeções. A m onito ração rigorosa para com plicações vasculares está altam ente indicada.
■ DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO ASSOCIADOS À INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA O fígado é fundam ental à hem ostasia porque nele são sintetizadas e depuradas m uitas proteínas anticoagulantes e procoagulantes n a tu rais e com ponentes essenciais do sistem a fibrinolítico. A insuficiência hepática está associada a um risco elevado de sangram ento secundá rio à síntese insuficiente de fatores procoagulantes e à fibrinólise exa gerada. Trom bocitopenia é um a anorm alidade com um nos pacientes com doenças hepáticas e p ode ser decorrente de esplenom egalia con gestiva (hiperesplenism o) ou à redução da sobrevida das plaquetas por m ecanism os im unes (cirrose biliar prim ária). Além disso, várias anorm alidades anatôm icas causadas pela doença hepática subja cente aum entam a suscetibilidade às hem orragias (Q u ad ro 116.3). D isfibrinogenem ia é um a anorm alidade relativam ente com um nos pacientes com doenças hepáticas, em razão da redução da polim erização da fibrina. O desenvolvim ento concom itante de CID nos pacientes com doenças hepáticas crônicas n ão é incom um e pode au m entar o risco de sangram ento. A avaliação laboratorial é fundam en tal à intervenção terapêutica ideal, seja para controlar a hem orragia ativa ou preparar pacientes com doença hepática para procedim entos invasivos. Em geral, esses pacientes apresentam prolongam ento do TP, do T TPa e do T T (dependendo da gravidade da lesão hepática),
QUADRO 116.3 Distúrbios da coagulação e da hemostasia nas doenças hepáticas Sangramento
Hipertensão portal Varizes esofágicas Trombocitopenia Esplenomegalia CID aguda ou crônica Síntese reduzida dos fatores da coagulação Insuficiência hepatocelular Deficiência de vitamina K Fibrinólise sistêmica CID Disfibrínogenemia
Trombose Síntese reduzida de inibidores da coagulação; proteínas C e S, antitrombina Insuficiência hepatocelular Deficiência de vitamina K (proteínas C e S) Incapacidade de depurar as proteínas ativadas da coagulação (CID) Disfibrínogenemia latrogênica: transfusão de concentrado de complexo protrombínico Agentes antifibrinolíticos: EACA, ácido tranexâmico Nota: CID: coagulação intravascular disseminada; EACA, ácido e-aminocaproico.
os pacientes. A m onitoração dos sintom as clínicos e dos tem pos de coagulação determ ina a necessidade de repetir as doses 8-12 h depois da prim eira infusão. Os concentrados de plaquetas estão indicados quando as contagens são < 10.000-20.000/m m 3 para controlar um sangram ento ativo, ou pouco antes de um procedim ento invasivo se as contagens forem < 50.000/m m 3. O crioprecipitado está indicado apenas quando os níveis do fibrinogênio forem inferiores a 100 m g/ mL, e a dose é de seis bolsas p o r dia para um indivíduo de 70 kg. A infusão de concentrado de com plexo protrom bínico a pacientes com insuficiência hepática deve ser evitada em vista do risco elevado de complicações trom bóticas. A segurança do uso dos agentes antifibrinolíticos adm inistrados para controlar sangram entos em pacientes com insuficiência hepática ainda não está bem definida, e esses fár m acos devem ser evitados.
Doença hepática e tromboembolismo
trom bocitopenia e níveis norm ais ou ligeiram ente elevados dos PDF. Os níveis do fibrinogênio estão reduzidos apenas na hepatite fulm i nante, na cirrose descom pensada ou na doença hepática avançada, ou se o paciente tiver CID. A presença de T T prolongado e os níveis n o r mais de fibrinogênio e PDF sugerem disfibrínogenem ia. Em geral, os níveis do FVIII estão norm ais ou elevados nos pacientes com in suficiência hepática e níveis baixos sugerem CID concom itante. C om o SANGRAMENTO TROMBOSE o FV é o único fator sintetizado nos Trom bocitopenia hepatócitos e não é dependente da Níveis a u m e n ta d os de FV W v itam ina K, níveis baixos p odem ÇC F unção plaq u e tá ria anorm al 05 indicar insuficiência hepatocelular. iw
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ÍL-18 IPAF
Subunidade antrax LF
S ubstrato desconhecido
S ubunidade antrax PA
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Doenças Infecciosas
Vírus Vaccinia > —3 B) 2 t/i ro o 3 Lipossom o/ fagossom o
Figura 120.4 As proteínas do receptor NOD-like (NLR) NALP1 b, criopirina/NALP3 e IPAF e a proteína HIN-200 AIM2 se ligam a um complexo do inflamassoma ativado pela caspase-1 em resposta a fatores específicos microbianos ou bacterianos. 0 inflamassoma murino NALP1 b reconhece a presença da toxina letal do antrax no citossol. 0 inflamassoma criopirina/NALP3 reconhece padrões moleculares múlti plos associados a patógenos (PAMPs) em combinação com ATP ou nigericina, assim como substâncias cristalinas como MSU, sílica e partículas de asbesto. 0 inflamas soma IPAF é sensibilizado pela flagelina de Salmonella e Legionella e por um com posto ainda não identificado de Shigella flexneri, todas com acesso ao citossol por um sistema de secreção do tipo III ou IV. As PAMPs citossólicas podem estimular
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a união de um complexo particular de inflamassoma, causando modificações em fatores desconhecidos do hospedeiro (X, Y, Z) que são monitorados por proteínas NLR específicas. Em contraste, AIM2 se liga diretamente ao DNA de dupla fita (DNAds) no citossol para induzir a ativação da caspase-1. A proteína adaptadora é constituída por CARD/pirina ASC para todos esses complexos de inflamassomas, embora seu papel no inflamassoma NALP1 b ainda não esteja formalmente estabelecido. Uma vez ativada, a caspase-1 processa precursores de IL-10 e IL-18 em citocinas madu ras, que são secretadas através de um mecanismo desconhecido. [Figura e legenda de Lamkanfi M, Dixit VM (2009) The inflamassomes. PLoS Pathog 5(12): e1000510. doi: 10.1371/journal.ppat. 1000510.]
e na E. coli invasiva, as proteínas da m em brana externa são essenciais à invasão e m ultiplicação bacteriana nas células epiteliais. A Neisseria e as espécies de Haemophilus penetram nas células m ucosas por meio de m ecanism os pouco elucidados antes de sua dissem inação hem atogênica. Os estafilococos e estreptococos elaboram um a variedade de enzim as extracelulares, com o a hialuronidase, lipases, nucleases e hem olisinas, provavelm ente im portantes para rom per as estruturas celulares e da m atriz, bem com o p e rm itir o acesso das bactérias a tecidos m ais profundos e ao sangue. Os m icrorganism os que coloni zam o trato gastrintestinal frequentem ente podem translocar-se p ara o sangue p o r m eio da m ucosa e, em circunstâncias nas quais as defe sas do hospedeiro são inadequadas, causar bacterem ia. A Y. enterocolitica pode invadir a m ucosa p or m eio da atividade da proteína invasina. Algum as bactérias (p. ex., Brucella) podem ser transportadas de um local da m ucosa para um local distante p o r células fagocíticas (p. ex., neutrófilos polim orfonucleares) que as ingerem , m as que são incapazes de destruí-las. Os fungos patogênicos quase sem pre tiram proveito do com pro m etim ento im unológico do hospedeiro p ara efetuar a sua dissem ina ção para tecidos m ais profundos p o r via hem atogênica. A epidem ia da A ids ilustrou de form a eloqüente esse princípio: a im unodeficiên cia de m uitos pacientes infectados pelo H IV favorece o aparecim en to de infecções fúngicas potencialm ente fatais no pulm ão, sangue e cérebro. Além da cápsula do C. neoformans, os antígenos fúngicos específicos envolvidos na invasão tecidual ainda não foram bem -caracterizados. Tanto os fungos patogênicos quanto os protozoários patogênicos (p. ex., espécies de Plasm odium e E.histolytica) sofrem alterações m orfológicas para dissem inar-se no interior do hospedei ro. Os parasitos da m alária crescem nas células hepáticas na form a de m erozoítos, liberados no sangue para invadir os eritrócitos, transform ando-se em trofozoítos. A E. histolytica ocorre tanto na form a de cisto quanto na form a de trofozoíto na luz intestinal, p o r m eio da qual esse patógeno p e netra no hospedeiro; todavia, apenas os trofozoítos são capazes de sofrer dissem inação sistêm ica, causando abscessos hepáticos am ebianos. O utros protozoários patogênicos, com o T. gondii, Giardia lamblia e Cryptosporidium, tam bém sofrem alterações m orfológicas extensas após a infecção inicial para que possam se dissem inar para outros tecidos.
Tropismo tecidual
■ LESÃO TECIDUAL E DOENÇA A doença é u m fenôm eno com plexo que resulta da invasão e des truição teciduais, produção de toxinas e resposta do hospedeiro. Os vírus causam grande parte de sua lesão ao exercer um efeito citopático sobre as células do hospedeiro e inibir as defesas do hospedeiro. O crescim ento de bactérias, fungos e protozoários nos tecidos, que pode ou não ser acom panhado pela pro d u ção de toxinas, tam bém pode com p ro m eter a função tecidual e levar ao desenvolvim ento de doença. Para algum as bactérias e, possivelm ente, alguns fungos patogênicos, a produção de toxinas constitui um dos m ecanism os m oleculares m ais bem caracterizados de patogênese, e nquanto os fatores do hospedeiro, com o a IK-1, T N F -a , cininas, proteínas in flam atórias, p ro d u to s de ativação do com plem ento e m ediadores derivados de m etabólitos do ácido araquidônico (leucotrienos) e da desgranulação celular (histam inas) c o n trib u em facilm ente p ara a gravidade da doença.
Doença viral Patógenos virais são conhecidos p o r inibir respostas im unes do hos pedeiro p or u m a variedade de m ecanism os. As respostas im unes p o dem ser afetadas pela redução da produção da m aioria das m oléculas do complexo de histocom patibilidade principal (proteína E3 do adenovírus), pela dim inuição do reconhecim ento de células infectadas p o r vírus pela célula T citotóxica (antígeno EBNA1 do vírus Epstein-Barr e proteína IE do citom egalovírus), pela produção de proteínas receptoras do com plem ento codificadas pelo vírus que protegem as células infectadas da lise m ediada pelo com plem ento (vírus da herpes e vírus vaccinia), pela produção de proteínas que interferem na ação do IFN (vírus da influenza e pox vírus) e pela elaboração de pro teínas sem elhantes aos superantígenos (vírus do tu m o r m am ário de cam undongos e retrovírus relacionados e o nucleocapsídio do vírus da raiva). Os superantígenos ativam grandes populações de células T que expressam subpopulações particulares da proteína (3 do receptor da célula T, induzindo a liberação m aciça de citocinas e as reações subsequentes do hospedeiro. O u tro m ecanism o m olecular de v iru lência viral envolve a produção de fatores de crescim ento peptídicos para as células hospedeiras, que p ertu rb am o crescim ento, a prolife ração e a diferenciação celular norm al. Além disso, fatores virais p o dem se ligar e interferir na função de receptores do hospedeiro para m oléculas sinalizadoras. A m odulação da produção de citocinas d u rante a infecção viral pode estim ular o crescim ento viral no interior das células com receptores para a citocina e m oléculas hom ólogas às citocinas codificadas pelo vírus (p. ex., p roteína BCRF1 do vírus Epstein-Barr, que é altam ente hom óloga à m olécula im unoinibitória IL-10) podem im pedir p otencialm ente a depuração de partículas virais m ediada pelo sistem a im une. Os vírus podem causar doença nas células neurais interferin d o nos níveis de neurotransm issores sem necessariam ente d estru ir as células, ou podem induzir a m orte
o > -H C I— O Ni O
Mecanismos Moleculares da Patogênese Microbiana
A propensão de certos m icrorganism os a causar doença p o r m eio da infecção de tecidos específicos já era conhecida desde os prim órdios da bacteriologia; contudo, a base m olecular dessa propensão está um pouco m ais elucidada para os patógenos virais do que p ara os outros agentes de doenças infecciosas. As interações específicas receptor-ligante são claram ente subjacentes à capacidade que certos vírus têm de p e n etrar nas células de tecidos e in te rro m p er a função tecidual norm al; entretanto, a sim ples presença de um receptor para determ i nado vírus em um tecido-alvo não é suficiente para a ocorrência de tropism o tecidual. Fatores existentes na célula, a via de entrada dos vírus, a capacidade viral de p en etrar nas células, os elem entos gené ticos virais que regulam a expressão gênica e as vias de dissem inação viral em um tecido afetam o tropism o tecidual. A lguns genes virais são m ais bem transcritos em células-alvo específicas, com o os genes do vírus da hepatite B nas células hepáticas e genes do vírus Epstein-Barr nos linfócitos B. A via de inoculação do poliovírus determ ina o seu neurotropism o, em bora a base m olecular dessa circunstância ainda não tenha sido elucidada. C om parado ao tropism o tecidual viral, o tropism o tecidual de infecções bacterianas e parasitárias ainda não foi claram ente elucida do, porém estudos em espécies de Neisseria forneceram perspectivas. Tanto a N. gonorrhoeae, que coloniza e infecta o trato genital h u m a no, quanto a N. meningitidis, que coloniza principalm ente a orofaringe hum ana podendo se espalhar p ara o cérebro, produzem pili do tipo IV (Tfp) que m edeiam a aderência aos tecidos hospedeiros. No caso da N. gonorrhoeae, o Tfp se liga a u m a adesina contendo glicosam ina-galactose da superfície das células cervicais e uretrais; no caso da N. meningitidis, o Tfp se liga às células das m eninges hum anas
a fim de atravessar a b arreira hem ato-encefálica. A N. meningitidis expressa um polissacarídio capsular, enquanto a N. gonorrhoeae não o faz. Todavia, não h á n e n h u m a indicação de que tal propriedade possa desem penhar algum papel nos tropism os teciduais diferentes exibidos p or essas duas espécies bacterianas. A N. gonorrhoeae pode utilizar o ácido m onofosfato de citidina AT-acetilneuramínico dos tecidos do hospedeiro para adicionar o ácido N -acetilneuram ínico (ácido siálico) à cadeia lateral O de seu lipo-oligossacarídio, alteração que parece to rn ar o m icrorganism o resistente às defesas do hospedei ro. A presença de lactato em altos níveis sobre as superfícies m ucosas genitais estim ula a sialilação do lipo-oligossacarídio dos gonococos. As bactérias com açúcares do ácido siálico em suas cápsulas, com o N. meningitidis, E. coli K l e estreptococos do grupo B, tendem a causar m eningite, p orém essa generalização tem m uitas exceções. Por exem plo, todos os sorotipos reconhecidos dos estreptococos do grupo B contêm ácido siálico em suas cápsulas, p orém apenas um sorotipo (III) é responsável pela m aioria dos casos de m eningite p o r estrep tococos do grupo B. Além disso, tanto o H. influenzae quanto o S. pneum oniae p odem facilm ente causar m eningite, em bora esses m i crorganism os não tenham ácido siálico em suas cápsulas.
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celular program ada (apoptose) para d estruir tecidos ou inibidores da apoptose para p erm itir a infecção viral prolongada das células. Para que a infecção se espalhe, m uitos vírus devem ser liberados pelas cé lulas. Em um a função recentem ente identificada, a proteína viral U (Vpu) do H IV facilita a liberação do vírus, um processo específico de d eterm inadas células. As células de m am íferos produzem um fator de restrição envolvido na inibição da liberação do vírus; no caso do HIV, esse fator é designado BST-2 (antígeno 2 do estrom a de m edula óssea)/H M l,24/C D 317, ou teterina. A Vpu do H IV interage com a teterina, prom ovendo a liberação do vírus infeccioso. Em conjunto, a interrupção do funcionam ento norm al das células e tecidos devido à infecção, replicação e liberação viral prom ove a doença clínica.
Toxinas bacterianas Entre as prim eiras doenças infecciosas elucidadas, encontravam -se as causadas por bactérias que elaboram toxinas. As toxinas da difteria, do botulism o e do tétano são responsáveis pelas doenças associadas às infecções locais causadas p o r Corynebacterium diphtheriae, Clos tridium botulinum e Clostridium tetani, respectivam ente. As enterotoxinas produzidas por E. coli, Salmonella, Shigella, Staphyiococcus e V. cholerae contribuem para a doença diarreica causada p or esses m icrorganism os. Os estafilococos, estreptococos, P. aeruginosa e Bordetella elaboram diversas toxinas que provocam doença ou que contribuem para ela, com o a toxina da síndrom e do choque tóxico 1, a toxina eritrogênica, as toxinas A, S, T e U e a toxina pertussis. Várias dessas toxinas (p. ex., toxina da cólera, toxina diftérica, toxina pertussis, toxina term olábil da E. coli e a exotoxina da P. aerugino sa) possuem atividade adenosina difosfato-ribosil-tranferase - isto é, as toxinas catalisam enzim aticam ente a transferência da porção adenosina-difosfato-ribosil do difosfato de nicotinam ida ad enina para proteínas-alvo, inativando-as. As enterotoxinas estafilocócicas, a toxina 1 da síndrom e do choque tóxico e as exotoxinas piogênicas estreptocócicas com portam -se com o superantígenos, estim ulando certas células T a proliferar, sem o processam ento da toxina proteica por células apresentadoras de antígeno. Parte deste processo envolve a estim ulação das células apresentadoras de antígeno para produzir IL-1 e T N F -a, que têm sido im plicados em m uitas m anifestações clí nicas de doenças, com o a síndrom e do choque tóxico e a escarlatina. Diversos patógenos Gram -negativos (Salmonella, Yersinia e P. aerugi nosa) podem injetar diretam ente as toxinas no interior das células-alvo do hospedeiro, p or m eio de um conjunto com plexo de proteínas, designado com o sistema de secreção do tipo III. Em geral, a perda ou a inativação deste sistem a de virulência reduzem acentuadam ente a capacidade de um patógeno bacteriano de causar a doença.
Endotoxina A fração lipídica A do LPS dos m icrorganism os G ram -negativos p o s sui atividades biológicas potentes, responsáveis p o r m uitas das m an i festações clínicas da sepse por bactérias p or G ram -negativas, com o febre, proteólise m uscular, coagulação intravascular descontrolada e choque. Os efeitos do lipídio A parecem ser m ediados pela produção de citocinas potentes devido à ligação do LPS à CD 14 e transdução de sinais p or m eio dos TLRs, particularm ente o TLR4. As citocinas exibem potente atividade hipotérm ica através de efeitos sobre o h i potálam o; além disso, aum entam a perm eabilidade vascular, alteram a atividade das células endoteliais e induzem à atividade pró-coagulante das células endoteliais. N um erosas estratégias terapêuticas, com o objetivo de neutralizar os efeitos da endotoxina, estão em fase de investigação; todavia, até o m om ento os resultados foram desapontadores. Foi constatado que um fárm aco, a proteína C ativada reduz as taxas de m ortalidade em =20% na sepse grave - afecção que pode ser induzida pela liberação de endotoxina durante a sepse p o r bactérias Gram -negativas.
Invasão Muitas doenças são causadas principalm ente p or patógenos que cres cem em tecidos norm alm ente estéreis. A pneum onia pneum ocócica é atribuível, em grande parte, ao crescim ento do S. pneum oniae no pulm ão e à conseqüente resposta inflam atória do hospedeiro, em bo
ra fatores específicos que intensificam este processo (p. ex., pneum olisina) possam ser responsáveis p or parte do potencial patogênico do pneum ococo. A doença que surge após a bacterem ia e invasão das m eninges p o r bactérias p rodutoras de m eningite, com o N. meningi tidis, H. influenzae, E. coli K l e estreptococos do grupo B, parece ser devida exclusivam ente à capacidade de tais m icrorganism os de ter acesso aos referidos tecidos, m ultiplicar-se neles e induzir à produção de citocinas, com a conseqüente inflam ação que lesa os tecidos. Os m ecanism os m oleculares específicos, responsáveis pela inva são tecidual por fungos e protozoários patogênicos, ainda não foram tão bem -caracterizados. À exceção dos estudos que apontam para fatores com o a produção de cápsula e m elanina p or C. neoformans, além de (possivelm ente) níveis de glicanos da parede celular em al guns fungos patogênicos, a base m olecular da invasão dos fungos não está bem definida. Foi constatado que a m elanina protege a célula fúngica contra a m orte causada p or fatores fagocíticos, com o o óxido nítrico, superóxido e hipoclorito. A variação m orfogênica e produção de proteases (p. ex., a aspartil proteinase da Candida) foram im plica das na invasão dos tecidos do hospedeiro p o r fungos. Para que possam invadir efetivam ente os tecidos do hospedeiro (particularm ente o sangue), os patógenos devem evitar as principais defesas do hospedeiro, representadas pelo com plem ento e pelas cé lulas fagocíticas. Com m ais frequência, as bactérias evitam essas de fesas através de seus polissacarídios de superfície - polissacarídios capsulares ou antígenos de cadeia lateral O longa, característicos do LPS liso das bactérias G ram -negativas. Essas m oléculas podem im p edir a ativação e/ou o depósito de opsoninas do com plem ento ou podem lim itar o acesso das células fagocíticas com receptores para as opsoninas do com plem ento a tais m oléculas, quando estão deposita das sobre a superfície bacteriana, abaixo da cam ada capsular. O utro m ecanism o potencial de virulência m icrobiana consiste na capacida de de alguns m icrorganism os de apresentar a cápsula com o um a n tí geno aparentem ente próprio, p or m eio de m im etism o m olecular. Por exemplo, a cápsula de ácido polissiálico da N. meningitidis de grupo B é quim icam ente idêntica a u m oligossacarídio encontrado nas cé lulas do cérebro hum ano. Os estudos im unoquím icos dos polissacarídios capsulares leva ram ao reconhecim ento da enorm e diversidade quím ica que pode resultar da ligação de alguns m onossacarídios. Por exemplo, três hexoses podem com binar-se em mais de 300 m aneiras diferentes, poten cialmente distintas em term os sorológicos, enquanto três aminoácidos têm apenas seis com binações peptídicas possíveis. Os polissacarídios capsulares foram utilizados com o vacinas efetivas contra a m eningite m eningocócica bem com o contra infecções pneum ocócicas e por H. influenzae e podem ter o seu valor com provado com o vacinas contra quaisquer m icrorganism os capazes de expressar um polissacarídio capsular im unogênico não tóxico. Além disso, os patógenos encapsulados tornam -se, em sua m aioria, praticam ente avirulentos quando a produção da cápsula é interrom pida p o r m anipulação genética; tal observação ressalta a im portância dessa estrutura na patogênese.
Resposta do hospedeiro A resposta in flam atória do h o sp ed eiro é essencial à interru p ção e resolução do processo infeccioso, m as tam bém frequentem ente responsável pelos sinais e sintom as da doença. A infecção prom ove um a complexa série de respostas do hospedeiro, envolvendo as vias do com plem ento, das cininas e da coagulação. A produção de citoci nas, com o a IL-1, IL -18, T N F -a e outros fatores regulados em parte pelo fator de transcrição NF-kB, leva à febre, proteólise m uscular e outros efeitos. A incapacidade de d e stru ir ou de conter o m icrorga nism o resulta habitualm ente em lesão adicional devido à progressão da inflam ação e infecção. Por exemplo, em m uitas infecções crônicas, a desgranulação das células inflam atórias do hospedeiro pode levar à liberação das proteases, elastases, h istam inas e outras substâncias tóxicas do hospedeiro, que podem degradar seus tecidos. A inflam a ção crônica em qualquer tecido pode resultar em sua destruição e no desenvolvim ento de doença clínica associada à perda da função orgâ nica, com o a esterilidade que ocorre na doença inflam atória pélvica, causada pela infecção crônica p o r N. gonorrhoeae.
A natureza da resposta do hospedeiro desencadeada pelo p a tó geno frequentem ente d eterm ina a patologia de infecção específica. A inflam ação localizada produz lesão tecidual local, enquanto a in flam ação sistêmica, com o a observada durante a sepse, pode resultar nos sinais e sintom as de choque séptico. A gravidade do choque sép tico está associada ao grau de produção de efetores do hospedeiro. A doença decorrente de parasitism o intracelular resulta na form ação de granulom as, no interior dos quais o hospedeiro tenta isolar o parasito dentro de lesão fibrótica, circundada p o r células epiteliais fundidas, que form am as denom inadas células gigantes m ultinucleadas. Alguns patógenos, particularm ente as bactérias anaeróbias, os estafilococos e os estreptococos, provocam a form ação de abscesso, provavelm ente devido à presença de polissacarídios de superfície dipolares, com o o polissacarídio capsular do Bacteroid.es fragilis. O desfecho de um a infecção depende do equilíbrio entre a resposta efetiva do hospedei ro, que elim ina o patógeno, e um a resposta inflam atória excessiva, associada à incapacidade de elim inar o patógeno e conseqüente lesão tecidual que leva à doença.
■ TRANSMISSÃO PARA NOVOS HOSPEDEIROS C om o parte do processo patogênico, os m icrorganism os são, em sua m aioria, elim inados do hospedeiro, frequentem ente em um a for m a infecciosa para outros indivíduos suscetíveis. E ntretanto, a taxa de transm issibilidade não é necessariam ente alta m esm o quando a doença se apresenta grave no indivíduo infectado, visto que estes traços não estão ligados. A m aioria dos patógenos deixa o hospedei ro pela m esm a via de sua entrada: os patógenos respiratórios, pelas “ondas” dos espirros ou da tosse, ou pela dissem inação salivar; os patógenos gastrintestinais, p or dissem inação fecal-oral; as doenças sexualm ente transmissíveis, po r m eio de dissem inação venérea; e os m icrorganism os transm itidos p or vetores, pelo contato direto com o próprio vetor, durante a sua alim entação hem atofágica, ou pelo con tato indireto com m icrorganism os liberados em fontes am bientais, com o a água. Os fatores m icrobianos que prom ovem especificam ente a transm issão ainda não foram bem caracterizados. A elim inação res piratória é facilitada pela produção excessiva de secreções m ucosas com a conseqüente intensificação dos espirros e da tosse. As toxinas diarreicas, com o a toxina da cólera, as toxinas term olábeis de E. coli e as toxinas de Shigella, provavelm ente facilitam a dissem inação fecal-oral de células m icrobianas no grande volum e de líquido diarreico produzido durante a infecção. A capacidade de pro d u zir variantes fenotípicas que resistem aos fatores am bientais hostis (p. ex., os cistos
121
BIBLIOGRAFIA DM, P r i e t o D: The role of the cell wall in fungai pathogenesis. Microb Biotechnol 2:308, 2009 C h a i LY et al: Fungai strategies for overcoraing host innate immune response. Med Mycol 47:227, 2009 D i a c o v i c h L, G orvel JP: Bacterial manipulation of innate immunity to promote infection. Nat Rev Microbiol 8:117,2010 Duan K et al: Chemical interactions between organisms in microbial communities. Contrib Microbiol 16:1,2009 I m b e r t y A, V a rro t A: Microbial recognition of human cell surface glycoconjugates. Curr Opin Struct Biol 18:567,2008 Iwasaki A, M edzhitov R: Regulation of adaptive immunity by the innate immune system. Science 327:291,2010 Kawai T, A kira S: The roles of TLRs, RLRs and NLRs in pathogen recogni tion. Int Immunol 21:317,2009 Kline KA et al: Bacterial adhesins in host-microbe interactions. Cell Host Microbe 5:580, 2009 S tu tz A et al: Inflammasomes: Too big to miss. J Clin Invest 119:3502,2009
A rana
lu.hi,yjm nDoença febril #... aguda, M ia -
Abordagem ao Paciente Febril Infectado Agudamente Enfermo
Antes de realizar a anam nese e u m exame físico, a avaliação inicial de aparência geral do paciente pode fornecer inform ações valio sas. C om frequência, a sensação subjetiva do m édico perspicaz de que um paciente está séptico ou toxêm ico m ostra-se acurada. Agitação ou ansiedade visíveis em paciente febril pode ser suges tivo de doença grave.
Tamar F. Barlam Dennis L. Kasper
HISTÓRIA Os sintom as de apresentação são frequentem ente ines
O m édico que assiste a um paciente febril ag u d am en te enferm o deve estar apto a reconhecer as infecções que exigem atenção u r gente. Se essas infecções não forem ad equadam ente avaliadas e tra tadas precocem ente, p oder-se-a p e rd er a o p o rtu n id a d e de alterar um prognóstico som brio. Neste capítulo, são discutidas as apresen tações clínicas e a abordagem aos pacientes que apresentam em er gências relativam ente com uns em doenças infecciosas. Tais proces sos infecciosos e seus tratam en to s são discu tid o s em detalhes em outros capítulos.
pecíficos. Devem ser feitas perguntas detalhadas sobre o início e a duração dos sintom as, bem com o acerca de alterações na gravi dade ou na velocidade de progressão ao longo do tem po. Fatores do hospedeiro e distúrbios com órbidos podem aum entar o risco de infecção p or determ inados m icrorganism os ou o risco de um curso m ais fulm inante do que o habitualm ente observado. A au sência de função esplênica, alcoolism o com doença hepática sig nificativa, uso de drogas IV, infecção pelo HIV, diabetes, câncer, transplante de órgãos e quim ioterapia predispõem a determ in a das infecções e, frequentem ente, a m aior gravidade. O paciente deve ser inquirido sobre os fatores que possam ajudar a identificar
Abordagem ao Paciente Febril Infectado Agudamente...
CAPÍTU LO
altam ente resistentes da E. histolytica excretados nas fezes) represen ta outro m ecanism o de patogenia relevante para a transm issão. Os parasitos sanguíneos, com o as espécies de Plasmodium, m odificam o seu fenótipo após a sua ingestão por um m osquito - um pré-requisito para a transm issão contínua desse patógeno. Os patógenos tran sm i tidos p or via venérea podem sofrer variação fenotípica devido à p ro dução de fatores específicos que facilitam a transm issão; todavia, a excreção desses patógenos no am biente não resulta na form ação de focos infecciosos. E m resum o, os m ecanism os m oleculares utilizados pelos p a tógenos p a ra colonizar, invadir, in fectar e d e stru ir o ho sp ed eiro são n u m ero so s e diversos. C ada fase do processo infeccioso e n volve u m a variedade de fatores m icro b ian o s e do hospedeiro, que interage de m o d o a p o d e r levar ao desenvolvim ento de doença. O reco n h e cim en to da regulação gênica c o o rd en a d a da elaboração de fatores de virulência q u a n d o os m icrorganism os passam de seu am biente n a tu ra l para o m am ífero h o sp e d e iro ressalta a natureza com plexa da interação h o sp edeiro-parasito. Felizm ente, a necessi dade de diversos fatores p a ra o sucesso d a infecção e da doença im plica a necessidade de desenvolver u m a variedade de estratégias terapêuticas p ara in te rro m p er tal processo e, assim , prevenir e tra ta r as infecções m icrobianas.
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o foco de um a infecção invasiva, tais com o infecções recentes do trato respiratório superior, gripe ou varicela, traum atism o prévio, ru p tu ra da barreira cutânea devido a lacerações, queim aduras, ci rurgias, colocação d epiercings no corpo ou úlceras de decúbito e presença de corpos estranhos, com o tam ponam ento nasal após rinoplastia, tam pões ou próteses articulares. Viagens, contato com anim ais de estim ação ou outros, ou ainda atividades que possam resultar na exposição a carrapatos ou pernilongos podem levar a diagnósticos que de outro m odo não seriam considerados. Dieta recentem ente ingerida, uso de m edicam entos, contatos sociais ou ocupacionais com indivíduos enferm os, histórico de vacinação, contatos sexuais recentes e histórico m en stru ai p odem ser re levantes. U m a revisão dos sistem as deve enfocar qualquer sinal neurológico ou alterações do sensório, exantem as ou lesões cu tâ neas e d or ou hipersensibilidade localizadas, bem com o incluir tam bém um a revisão geral dos sintom as respiratórios, gastrintes tinais ou geniturinários.
herniação. D evem-se adm inistrar antibióticos antes de exames de imagem, mas após a coleta de sangue para culturas. Se as culturas do LCS forem negativas, as hem oculturas fornecerão o diagnósti co em 50 a 70% dos casos. Os abscessos focais requerem TC ou RM im ediatas com o par te da avaliação sobre a necessidade de intervenção cirúrgica. O u tros procedim entos diagnósticos, tais com o culturas de feridas, não devem retardar o início do tratam en to m ais do que alguns m inutos. Um a vez realizados a avaliação de em ergência, os p ro cedim entos diagnósticos e (se apropriado) um parecer cirúrgico (ver adiante), podem -se c onduzir outros exam es laboratoriais. R adiografias apropriadas, to m o g rafia axial co m putad orizada, RM, exam e de urina, d eterm inação da velocidade de hem ossedim entação (VHS), bem com o ecocardiogram as transtorácico e transesofágico podem ser im portantes.
EXAME FÍSICO Deve-se realizar um exam e físico com pleto, com
TRATAMENTO
especial atenção a várias áreas às vezes m enosprezadas nos exa m es de rotina. A avaliação do aspecto geral e dos sinais vitais do paciente, o exame da pele e dos tecidos m oles, assim com o a ava liação neurológica são de especial im portância. O paciente pode parecer ora ansioso e agitado, ora letárgi co e apático. Em geral, há febre, m as os pacientes idosos e im unocom prom etidos [p. ex., pacientes urêm icos ou cirróticos e os que tom am glicocorticoides ou anti-inflam atórios não esteroides (AINEs)] podem se m ostrar afebris a despeito de infecção grave subjacente. A aferição da pressão arterial, e das frequências car díaca e respiratória ajuda a d e te rm in a r o grau de com prom eti m entos hem odinâm ico e m etabólico. As vias respiratórias do p a ciente devem ser avaliadas, de m odo a excluir o risco de obstrução p or infecção orofaríngea invasiva. O diagnóstico etiológico pode tornar-se evidente pelo exame com pleto da pele (ver tam bém o Cap. 17). O s exantem as petequiais geralm ente são observados na m eningococcem ia ou n a fe bre m aculosa das M ontanhas Rochosas (FMMR; ver Fig. e-7.16); a eritroderm ia associa-se à síndrom e do choque tóxico (SCT) e à febre m edicam entosa. O exame dos tecidos m oles e dos m úsculos é crucial. Áreas de eritem a ou escurecim ento, edem a e do r à palpação podem indicar fasciite necrosante, m iosite ou m ionecrose subjacentes. O exame neurológico deve incluir avaliação cuida dosa do estado m ental para sinais de encefalopatia incipiente. Pesquisam -se evidências de rigidez de nuca ou achados n e u ro lógicos focais.
Doenças Infecciosas 1024
INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA Após rápida avaliação clínica, d e vem -se coletar im ediatam ente am ostras para o diagnóstico, bem com o instituir antibioticoterapia e m edidas de apoio. Pode-se ob ter sangue (para culturas; hem ogram a com pleto com contagem diferencial; dosagem dos eletrólitos séricos, ureia e creatinina sé ricas, além de glicemia; e provas de função hepática) no m om en to em que um cateter IV é instalado e antes de se adm inistrarem antibióticos. Três coletas para hem ocultura são feitas em pacien tes sob suspeita de endocardite aguda. Em pacientes asplênicos, inspecionam -se o esfregaço sanguíneo para confirm ar a presença de corpúsculos de Howell-Jolly (indicativa de ausência da função esplênica) e o crem e leucocitário à procura de bactérias; esses p a cientes podem ter > 106m icrorganism os p o r m ililitro de sangue (em com paração com loVm L em pacientes com baço intacto). Os esfregaços sanguíneos de pacientes sob risco de parasitose grave, tal com o m alária ou babesiose (ver Cap. e27), devem ser exam i nados para o diagnóstico e quantificação da parasitem ia. Os es fregaços sanguíneos tam bém p odem ser diagnósticos em casos de erliquiose e anaplasmose. Os pacientes com possível m eningite devem ter um a am ostra de líquido cerebrospinal (LCS) obtida antes do início da antibio ticoterapia. Sinais focais, com prom etim ento do estado m ental ou papiledem a devem ser investigados p o r exam e neurorradiológico antes da punção lom bar que, nesta condição, pode desencadear
0 paciente agudamente enfermo
No paciente agudam ente enferm o, a antibioticoterapia em pírica é crucial, devendo ser instituída sem dem ora indevida. A crescente prevalência de resistência aos antibióticos entre as bactérias a d quiridas na com unidade deve ser levada em conta no m om ento de se selecionarem os antibióticos. O Q u a d ro 121.1 lista os tra tam entos de prim eira linha para as infecções consideradas neste capítulo. Além da rápida adm in istração de antibióticos, várias dessas infecções exigem atenção cirúrgica urgente. Avaliação de neurocirurgia para um em piem a subdural, de cirurgia otolaringológica para um a possível m ucorm icose e de cirurgia cardíaca para os pacientes criticam ente enferm os com endocardite aguda é tão im portante quanto a antibioticoterapia. Para infecções, tais com o fasciite necrosante e m ionecrose p o r clostrídios, a rápida intervenção cirúrgica tem prim azia sobre outras m anobras diag nosticas e terapêuticas. Os tratam entos adjuvantes podem reduzir as taxas de m orbi dade e m ortalidade e incluem dexam etasona para m eningite bac teriana; im unoglobulina IV para SCT e para fasciite necrosante causada p o r Streptococcus do grupo A; doses baixas de hidrocortisona e fludrocortisona para choque séptico; e drotrecogina alfa (ativada), tam bém conhecida com o proteína C ativada hum ana, recom binante para m eningococem ia e sepse grave. Os tratam en tos adjuvantes devem em geral ser iniciados nas prim eiras horas do tratam ento; entretanto, a dexam etasona para m eningite b acte riana deve ser adm inistrada antes da p rim eira dose de antibiótico.
APRESENTAÇÕES ESPECÍFICAS As infecções, consideradas adiante de acordo com a sua apresentação clínica com um podem evoluir rapidam ente para um desfecho catas trófico, e o reconhecim ento e o tratam ento im ediatos podem salvar a vida do paciente. Os esquem as terapêuticos em píricos recom endados são os apresentados no Q uadro 121.1.
■ SEPSE SEM FOCO EVIDENTE DE INFECÇÃO PRIMÁRIA Esses pacientes têm , inicialm ente, um breve pró d ro m o de sinais e sintom as inespecíficos que evoluem rapidam ente para instabilidade hem odinâm ica com hipotensão, taquicardia, taquipneia, dificuldade respiratória e alteração do estado m ental. A presença de coagulação intravascular dissem inada (CIVD ) com evidências clínicas de diátese hem orrágica é um sinal de prognóstico som brio.
Choque séptico (Ver tam b é m Cap. 271.) O s pacientes com bacterem ia que leva a choque séptico po d em ter um foco prim ário de infecção (p. ex., pneum onia, pielonefrite ou colangite) que não é evidente de início. Pacientes idosos com distúrbios com órbidos, hospedeiros com pro m etidos p o r câncer ou neutropenia, e pacientes que se subm eteram recentem ente a um procedim ento cirúrgico ou hospitalização cor-
Q U A D R 0 121.1
Tratamento empírico das emergências mais comuns em doenças infecciosas
I Síndrome clínica
Possíveis etiologias
Tratamento
Comentários
Ver o Cap.
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Sepse sem um foco claro Choque séptico
Pseudomonas spp., bacilos Gram-negativos entéricos, Staphylococcus spp., Streptococcus spp.
Vancomicina (1 g a cada 12 h) mais Gentamicina (5 mg/kg/dia) mais um dos seguintes: Piperacilina/tazobactam (3,375 g a cada 4 h) ou Cefepima (2 g a c a d a 1 2 h )
Ajuste o tratamento quando os resultados das culturas estiverem disponíveis. A drotrecogina alfa (ativada)3 ou hidrocortisona e fludrocortisona6em doses baixas podem melhorar a evolução em pacientes com choque séptico
135,136, 149,152, 271
Sepse devastadora pós-esplenectomia
Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Neisseria meningitidis
Ceftriaxona (2 g a cada 12 h) mais Vancomicina (1 g a cada 12 h)
Se uma cepa sensível a betalactâmicos for identificada, o uso de vancomicina pode ser interrompido
271
Babesiose
Babesia microti (EUA), B. divergens (Europa)
Um dos seguintes: Clindamicina (650 mg 3x/dia) mais Quinino (650 mg 3x/dia) ou Atovaquona (750 mg a cada 12 h) mais Azitromicina (500 mg como dose de ataque; em seguida, 250 mg/dia)
A atovaquona e a azitromicina são tão eficazes como a clindamicina e o quinino e associam-se a menos efeitos colaterais Pode ser prudente o tratamento com doxiciclina (100 mg 2x/diac) para uma possível coinfecção por Borrelia burgdorferi ou Anaplasma ssp.
208,211
Sepse com manifestações cutâneas Meningococemia
N. meningitidis
Penicilina (4 mU a cada 4 h) ou Ceftriaxona (2 g a cada 12 h)
Considere a reposição de proteína C na meningococemia fulminante
143
Febre maculosa das Montanhas Rochosas (FMMR)
Rickettsia rickettsii
Doxiciclina (100 mg 2x/dia)
Se a meningococemia e a FMMR forem ambas uma possibilidade, use o cloranfenicol isoladamente (50 a 75 mg/kg/dia fracionados em quatro doses) ou ceftriaxona (2 g a cada 12 h) mais doxiciclina (100 mg 2 vezes/diac) Se for diagnosticada FMMR, a doxiciclina é comprovadamente superior
174
Púrpura fulminante
S. pneumoniae, H. influenzae, N. meningitidis
Ceftriaxona (2 g a cada 12 h) mais Vancomicina (1 g a cada 12 h)
Se for identificada uma cepa sensível a betalactâmicos, o uso de vancomicina pode ser interrompido
134,143, 145,271
Eritrodermia: síndrome do choque tóxico
Streptococcus do grupo A, Staphylococcus aureus
Vancomicina (1 g a cada 12 h) mais Clindamicina (600 mg a cada 8 h)
Se for isolada uma cepa sensível a penicilina ou oxacilina, esses antibióticos são superiores à vancomicina (penicilina, 2 mü a cada 4 h; ou oxacilina, 2 g a cada 4 h). O local da bactéria toxigênica deve ser desbridado; imunoglobulina IV pode ser usada em casos graves1*
135,136
Fasciite necrosante
Streptococcus do grupo A, flora mista aeróbia/ anaeróbia, CA-MRSA6
Vancomicina (1 g a cada 12 h) mais Clindamicina (600 mg a cada 8 h) mais Gentamicina (5 mg/kg/dia)
É crítica a avaliação cirúrgica urgente. Se uma cepa sensível a penicilina ou oxacilina for isolada, esses agentes são superiores à vancomicina (penicilina, 2 mU a cada 4 h; ou oxacilina, 2 g a cada 4 h).
125,135, 136
Mionecrose por clostrídios
Clostridium perfringens
Penicilina (2 mU a cada 4 h) mais Clindamicina (600 mg a cada 8 h)
É crítica a avaliação cirúrgica urgente
142
S. pneumoniae, N. meningitidis
Ceftriaxona (2 g a cada 12 h) mais Vancomicina (1 g a cada 12 h)
Se for identificada uma cepa sensível a betalactâmicos, o uso de vancomicina pode ser interrompido. Se o paciente tem mais de 50 anos ou comorbidades, adicione ampicilina (2 g a cada 4 h) para prevenir Listeria Dexametasona (10 mg a cada 6 h durante 4 dias) melhora a evolução de pacientes adultos com meningite (especialmente pneumocócica) que têm LCS turvo, com bactérias visíveis ao Gram ou com contagem de leucócitos > 1.000/|xL
381
Infecções neurológicas Meningite bacteriana
(Continua)
Abordagem ao Paciente Febril Infectado Agudamente...
Sepse com comprometimento dos tecidos moles
1025
QUADRO 121.1
Tratamento empírico das emergências mais comuns em doenças infecciosas (Continuação)
I Síndrome clínica Abscesso cerebral, infecções supurativas intracranianas
Malária cerebral
Possíveis etiologias
Tratamento
Comentários
Ver 0 Cap.
Streptococcus spp., Staphylococcus spp., anaeróbios, bacilos Gram-negativos
Vancomicina (1 g a cada 12 h) mais Metronidazol (500 mg a cada 8 h)
É crítica a avaliação cirúrgica urgente. Se for isolada uma cepa sensível a penicilina ou oxacilina, esses antibióticos são superiores à vancomicina (penicilina, 4 mU a cada 4 h; ou oxacilina, 2 g a cada 4 h)
381
Plasmodium falciparum
Artesunato (2,4 mg/kg IV a 0,12 e 24 h; depois 1x/dia)
Não use glicocorticoides. Use quinidina IV se quinina IV não estiver disponível. Durante tratamento com quinidina IV, a pressão arterial e a função cardíaca devem ser monitoradas continuamente e a glicemia monitorada periodicamente.
208,210
mais Ceftriaxona (2 g a cada 12 h)
Ou Quinino (dose de ataque IV de 20 mg sal/kg; depois 10 mg/kg a cada 8 h) Mais Doxiciclina (100 mg IV a cada 12 h) Abscesso extradural espinal
Staphylococcus spp. bacilos Gram-negativos
Vancomicina (1 g a cada 12 h) mais Ceftriaxona (2 g a cada 24 h)
É crítica a avaliação cirúrgica urgente. Se for isolada uma cepa sensível a penicilina ou oxacilina, esses antibióticos são superiores à vancomicina (penicilina, 4 mU a cada 4 h; ou oxacilina, 2 g a cada 4 h)
377
S. aureus, estreptococos p-hemolíticos, grupo HACEK.e Neisseria spp., S. pneumoniae
Ceftriaxona (2 g a cada 12 h) mais Vancomicina (1 g a cada 12 h)
Ajuste 0 tratamento quando os resultados da cultura estiverem disponíveis. É essencial a avaliação cirúrgica
124
Infecções focais Endocardite bacteriana aguda
"Drotrecogina alfa (ativada) é administrado em uma dose de 24 jxg/kg por hora para 96 h. Foi aprovado para uso em pacientes com sepse grave e alto risco de morte como definida por um escore da Avaliação de saúde Crônica e Fisiologia Aguda II (APACHE II) 2 25 e / ou falência de múltiplos órgãos. bHidrocortisona (50 mg IV bolus a cada 6h) com fludrocortisona (comprimido de 50 jxg por dia durante 7 dias) pode melhorar os resultados de sepse grave, particularmente no caso de insuficiência suprarrenal relativa. ‘Tetraciclinas podem ser antagônicas em ação aos agentes p-lactâmicos. Ajuste 0 tratamento logo que 0 diagnóstico for confirmado. ÚA dose ideal de imunoglobulina IV não foi determinada, mas a dose média em estudos observacionais é de 2 g/kg (dose total administrada durante 1-5 dias). eS. aureus resistente à meticilina adquirido na comunidade. Nos Estados Unidos, 0 artesunato deve ser obtido pelo Centers for Disease Contrai and Prevention. Para pacientes diagnosticados com malária grave, doses completas de tratamento antimalárico parenteral deve ser iniciado seja com que agente antimalárico recomendado estiver disponível primeiro.
sHaemophilus aphrophilus, H. paraphrophilus, H. parainfluenzae, Aggregatibacter (anteriormente Actinobacillu$ actinomycetemcomitans, Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens e Kingella kingae.
Doenças Infecciosas
rem risco m ais alto de evolução adversa. A bacterem ia p o r m icrorga nism os Gram -negativos, com o Pseudomonas aeruginosa ou Escherichia coli, e as infecções p o r m icrorganism os G ram -positivos, com o Staphylococcus aureus, incluindo S. aureus resistentes à m eticilina (MRSA), ou estreptococos do grupo A, p odem apresentar-se com o hipotensão intratável e falência de m últiplos órgãos. Em geral, insti tui-se o tratam ento em pírico de acordo com a apresentação clínica, fatores do hospedeiro (Q uadro 271.3) e padrões locais de resistência bacteriana. As piores evoluções são evidentes quando o tratam ento antim icrobiano é retardado ou a etiologia patogênica finalm ente p ro va ser não suscetível ao esquem a inicial. Os agentes antim icrobianos de am plo espectro são, portanto, recom endados. O tratam en to a d juvante com drotrecogina alfa (ativada) ou glicocorticoides deve ser considerado em pacientes com sepse grave.
Infecção devastadora em pacientes asplênicos (Ver tam bém Cap. 271.) Os pacientes sem função esplênica estão sob risco de sepse bacteriana devastadora. Os pacientes adultos asplêni cos sucum bem à sepse em um a frequência 58 vezes m ais alta do que a população geral. Acredita-se que a m aioria das infecções ocorre nos prim eiros 2 anos após a esplenectom ia, com um a taxa de letalidade de aproxim adam ente 50%, mas o risco continua aum entado pelo res to da vida. Na asplenia, as bactérias encapsuladas causam a m aioria das infecções. Os adultos, que, com toda a probabilidade, já têm a n ticorpos contra esses m icrorganism os, estão sob m enor risco do que as crianças. Streptococcus pneum oniae é a bactéria m ais co m u m en te isolada, causando 50 a 70% dos casos, porém o risco de infecção p o r Haemophilus influenzae ou Neisseria meningitidis tam bém é alto. Descreveram -se manifestações clínicas graves da infecção por E. coli,
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S. aureus, estreptococos do grupo B, P. aeruginosa, Capnocytophaga, Bordetella holmesii, Babesia e Plasmodium.
Babesiose (Ver tam b é m o Cap. 211.) H istória de viagem recente a áreas endê m icas levanta a possibilidade de infecção p o r Babesia. U m a a 4 se m anas após u m a picada de carrapato, o paciente m anifesta calafrios, fadiga, anorexia, m ialgia, artralgia, dispnéia, náuseas e cefaleia; às vezes, ob serv am -se eq u im o ses e /o u petéq u ias. O c arra p ato que m ais com um ente tran sm ite a Babesia, o Ixodes scapularis, tam bém transm ite a Borrelia burgdorferi (agente da doença de Lyme) e A naplasma; p o d e haver coinfecção, o que resulta em doença m ais grave. A infecção pela espécie europeia Babesia divergens é m ais frequen tem ente fulm inante do que a d ecorrente da espécie norte-am ericana Babesia microti. A B. divergens causa u m a sín d ro m e febril com hem ólise, icterícia, hem oglobinem ia, insuficiência renal e se associa a u m a taxa de letalidade > 50%. A babesiose grave é especialm ente com um em hospedeiros asplênicos, m as tam b ém acom ete h o sp e deiros com função esplênica n o rm al, so b retu d o aqueles que têm m ais de 60 anos de idade e aqueles com condições im unossupressoras subjacentes, com o infecção p o r H IV ou neoplasia m aligna. As com plicações incluem insuficiência renal, insuficiência respiratória aguda e CIVD.
Outras síndromes sépticas A tularem ia (Cap. 158) é observada em todo o territó rio dos EUA, m as ocorre p rin cip alm en te nos estados de A rkansas, M issouri, D akota do Sul e O klahom a. Está associada ao contato om coelhos silvestres, carrapatos e m oscas tabanídeas. A form a tifoide pode as
sociar-se a choque séptico por G ram -negativos e a um a taxa de letalidade de m ais de 30%, especialm ente em pacientes com com ordidade subjacente ou condições im unossupressores. A peste ocorre com pouco frequência nos EUA (Cap. 159), principalm ente após contato com esquilos terrestres, cães-da-pradaria ou tâm ias, m as é endêm ica em outras partes do m undo, com m ais de 90% dos casos o c o rre n do na África. A form a séptica é especialm ente rara e está associada a choque, falência de m últiplos órgãos e taxa de letalidade de 30%. Essas infecções devem ser consideradas no contexto epidem iológico apropriado. Os C enters for Disease C ontrol and Prevention citam a Francisella tularensis e a Yersinia pestis (os agentes da tularem ia e peste, respectivam ente) juntam ente com Bacillus anthracis (o agente do antraz) com o m icrorganism os im portantes que p odem ser usados para fins de b ioterrorism o (Cap. 221).
■ SEPSE COM MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS (Ver tam b é m o Cap. 17.) Os exantem as m aculopapulares p odem refletir um a doença m eningocócica ou riquetsiose incipiente, m as em geral estão associados a infecções sem um caráter em ergente. Os exantem as costum am ser virais. A infecção prim ária pelo H IV costu m a apresentar-se com u m exantem a que é m aculopapular e envolve a parte superior do corpo, m as pode dissem inar-se para as palm as e plantas. O paciente geralm ente se apresenta febril e pode ter lin fadenopatia, cefaleia intensa, disfagia, diarréia, m ialgias e artralgias. O reconhecim ento dessa síndrom e dá o p ortunidade de se im pedir a transm issão e instituir tratam ento e controle precoces. Os exantem as petequiais causados por vírus raram ente se acom panham de hipotensão ou fáscies toxêm ica, em bora possa haver ex ceções (p. ex., saram po grave ou infecção arboviral). Em outros con textos, os exantem as petequiais requerem atenção m ais urgente.
Meningococcemia
(Ver ta m b é m Cap. 174.) A FM M R, u m a d o en ça tran sm itid a p or carrapatos e causada pela Rickettsia rickettsii, ocorre em todo o ter ritório das A m éricas do N orte e do Sul. Até 40% dos pacientes não relatam história de picada de carrapato; m as com frequência pode-se o bter um relato de viagem ou de atividade ao ar livre (p. ex., acam pam ento em áreas infestadas de carrapatos). N os prim eiros 3 dias, ocorrem cefaleia, febre, m al-estar, m ialgias, náuseas, vôm itos e anorexia. No terceiro dia, m etade dos pacientes tem achados c u tâ neos. As m áculas que em palidecem à pressão surgem prim eiro nos pulsos e tornozelos, e depois se estendem às p ern as e ao tronco. As lesões to rn a m -se hem o rrág icas e são freq u e n tem e n te petequiais. Mais tarde na evolução, o exantem a se expande às palm as e plantas. A dissem inação c en tríp eta é um aspecto clássico da FM M R, m as ocorre em um a m in o ria de pacientes. A lém disso, 10 a 15% dos p a cientes que têm FM M R jam ais apresentam exantem a. O paciente pode estar hipotenso e m anifestar edem a p u lm o n ar não cardiogêni co, confusão, letargia e encefalite, evoluindo p ara o com a. O LCS contém 10 a 100 células/fxL, em geral com p re d o m ín io de células m ononucleares. O nível de glicose n o LCS é, com frequência, n o r m al, e a concentração de pro teín a po d e se en co n trar u m pouco ele vada. O bservam -se lesões renal e hepática, bem com o sangram ento secundário à lesão vascular. A infecção não tratad a tem um a taxa de letalidade de 20-30%. W , O utras doenças p o r riquétsias podem causar significajjj '•jM tiva m orbidade e m o rtalidade em todo o m undo. A febre maculosa do M editerrâneo, causada pela Rickettsia cono rii, é e ncontrada na África, no centro-sul e no sudoeste da Ásia e no sul da Europa. Os pacientes têm febre, sintom as gripais e um a úlcera de inoculação no local da picada do carrapato. Um exante m a m aculopapular surge em 1 a 7 dias, envolvendo as palm as e as plantas, m as poupando a face. Os idosos e os pacientes com diabetes, alcoolism o, urem ia ou insuficiência cardíaca congestiva estão sob risco de doença grave, caracterizada p or envolvim ento neurológico, desconforto respiratório e gangrena dos dedos. A taxa de letalidade dessa form a grave da doença aproxim a-se dos 50%. O tifo epidêmi co, causado pela Rickettsia prowazekii, é tran sm itid o em am bientes infestados p or piolhos e em erge em condições de extrem a pobreza, guerra ou desastres naturais. O início da doença é súbito, com febre alta, cefaleia intensa, tosse, m ialgias e dor abdom inal. Um exantem a m aculopapular surge (principalm ente no tronco) em m ais de 50% dos pacientes e pode progredir para petéquias e púrpura. Sinais gra ves incluem delirium, com a, convulsões, edem a p u lm o n ar não car diogênico, necrose da pele e gangrena periférica. A taxa de letalidade chegava a 60% na era pré-antibiótica e continua a superar 10 a 15% nos surtos atuais. O tifo fluvial, causado pela Orientia tsutsugamushi - um gênero distinto na fam ília Rickettsiaceae - é transm itido p or larvas de ácaros e é um a das infecções m ais com uns no Sudeste Asi ático e no Pacífico ocidental. O organism o pode ser encontrado em áreas densam ente cobertas de arbustos (p. ex., ao longo do barranco dos rios). Os pacientes p odem ter um a úlcera de inoculação e podem desenvolver um exantem a m aculopapular. Os casos graves evoluem com pneum onia, m eningoencefalite, CIVD e insuficiência renal. A taxa de letalidade varia de 1 a 35%. Q uando reconhecidas pron tam en te, às riquetsioses respondem m uito bem ao tratam en to . A doxiciclina (100 m g 2x/dia d urante 3 a 14 dias) é o tratam e n to de escolha tan to em adultos com o em crianças. Os novos m acrolídios e o cloranfenicol são alternativas adequadas.
Púrpura fulminante (Ver tam b é m Caps. 143 e 271.) É a m anifestação cutânea da CIVD e apresenta-se com o grandes áreas equim óticas e bolhas h e m o rrá gicas. A evolução das petéquias a p úrpuras, equim oses e gangrena associa-se a insuficiência cardíaca congestiva, choque séptico, insufi ciência renal aguda, acidose, hipoxia, hipotensão e m orte. A p úrpura fulm inante está associada p rincipalm ente a N. meningitidis - mas, em pacientes esplenectom izados, pode originar-se p or S. pneumoniae e H. influenzae. Vários pequenos estudos sugeriram que a correção
Abordagem ao Paciente Febril Infectado Agudamente...
(Ver tam b é m o Cap. 143.) Q uase 75% dos pacientes com infecção bacterêm ica p o r N. m eningitidis têm exantem a. A m en in g o c o ce m ia acom ete m ais frequentem ente crianças peq u en as (isto é, entre 6 m eses e 5 anos de idade). N a Á frica Subsaariana, a alta prev alên cia de doença m eningocócica pelo so ro g ru p o A tem sido, há m ais de um século, u m a am eaça à saúde pública. C en ten as de m o rtes o co rrem a nualm ente nessa área, que é conhecida com o “c in tu rão da m en in g ite” e grandes ondas epidêm icas o c o rre m ap ro x im ad a m en te a cada 8 a 12 anos. N os EUA, casos e sp o rád ico s e su rto s o co rrem em creches, escolas (da escola p rim á ria à u niversidade) e em acam pam entos m ilitares. O s fam iliares do caso-índice têm risco de adoecer 400 a 800 vezes m aio r do que o da população ge ral. O s pacientes p o d em exibir febre, cefaleia, náuseas, vôm itos, m ialgias, alterações do estado m ental e m eningism o. E ntretanto, a form a rapidam ente progressiva da d o en ça não co stu m a se associar a m eningite. O exantem a surge n o tro n co e nos m em bros, é inicial m ente róseo, m ac u lo p ap u lar e em palidece à pressão; m as depois to rn a-se hem orrágico, fo rm an d o petéquias, que são p rim e ira m e n te observadas nos tornozelos, pulsos, axilas, superfícies m ucosas, bem com o nas conjuntivas palpebrais e bulbares, com subsequente extensão aos m em bros inferiores e ao tronco. P ode-se e n c o n tra r um a glom erado de petéq u ias n o s locais sujeitos a pressão - p o r exem plo, onde o m anguito do aparelho de pressão foi insuflado. Na m eningococem ia rapidam ente progressiva (10 a 20% dos casos), o exantem a petequial torna-se rapidam ente p u rp ú ric o (ver Fig. 51.5) e os pacientes m anifestam CIV D , falência de m ú ltip lo s órgãos e choque. D esses pacientes, 50 a 60% m o rrem , e os sobreviventes frequentem ente requerem extensos d esb rid am en to s ou am putação de extrem idades gangrenadas. A p re sen ç a de h ip o te n sã o e p e té quias p o r m ais de 12 horas está associada a letalidade significati va. Cianose, com a, oligúria, acidose m etabólica e tem p o parcial de tro m b o p la stin a elevado tam b ém se associam ao desfecho letal. A correção da deficiência de p ro teín a C p o d e m e lh o ra r a evolução. A ntibióticos adm inistrados pelo m édico de assistência p rim á ria no consultório, antes da avaliação e da in tern ação em u m hospital, p o dem m elh o rar o prognóstico; esta o bservação sugere que o início precoce do tratam en to pode salvar a vida.
Febre maculosa das Montanhas Rochosas
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da deficiência d e proteína C presente n a p úrpura fulm inante m eningocócica c o m drotrecogina alfa (ativada) pode m elhorar dram atica m ente a evolução.
Ectima gangrenoso O choque séptico causado pela P. aeruginosa ou p o r Aerom onas hydrophila pode associar-se ao ectim a gangrenoso (ver Figs. 152.1 e e-7.35): vesículas hem orrágicas circundadas p o r um halo de eritem a, com necrose e ulceração centrais. A bacterem ia p o r esses G ram -ne gativos é m ais com um entre pacientes com neutropenia, queim adu ras extensas e hipogam aglobulinem ia.
Outras emergências infecciosas associadas ao exantema O Vibrio vulnificus e outras infecções bacterêm icas p o r espécies não coléricas de Vibrio (Cap. 156) p odem causar lesões cutâneas focais e sepse devastadora em hospedeiros hepatopatas, diabéticos, com insuficiência renal ou outras condições im unossupressoras. A pós a ingestão de m ariscos crus contam inados, há um súbito início de m al-estar, calafrios, febre e hipotensão. O paciente apresenta lesões cutâneas bolhosas ou hem orrágicas, geralm ente nos m em bros infe riores, e 75% dos pacientes têm dores nas pernas. A taxa de letali dade pode alcançar 50 a 60%, p a rticu larm en te q u an d o o paciente apresenta hipotensão. O utras infecções, causadas p o r agentes com o Aeromonas, Klebsiela e E. coli, po d em causar bolhas hem orrágicas e m orte devido a sepse devastadora nos pacientes cirróticos. A Capnocytophaga canim orsus pode causar choque séptico em p a cien tes asplênicos. As infecções ocorrem tipicam ente após m o rd ed u ra de cão. Os pacientes apresentam febre, calafrios, m ialgia, vôm itos, diarréia, dispnéia, confusão e cefaleia. O s achados p o d em incluir exantem a ou eritem a polim orfo (ver Figs.51.9 e e-7.25), m osqueam ento cianótico ou cianose periférica, petéquias e equim oses. Cerca de 30% dos pacientes com essa form a fulm inante m o rrem de sepse devastadora e CIVD, e os sobreviventes po d em necessitar de am p u tação devido à gangrena.
Eritrodermia
Doenças Infecciosas
A SCT (Caps. 135 e 136) está geralm ente associada à eritroderm ia. O paciente apresenta-se com febre, m al-estar, mialgias, náuseas, vôm i tos, diarréia e confusão. Há um exantem a sem elhante à queim adura solar, que pode ser sutil e descontínuo, m as que é geralm ente difuso e observado na face, no tronco e nos m em bros. A eritroderm ia, que descarna após 1 a 2 sem anas, é m ais com um na SCT associada ao Staphyiococcus do que na associada ao Streptococcus. A hipotensão se instala rapidam ente - m uitas vezes em horas - após o início dos sin tomas. O bserva-se falência de m últiplos órgãos. A insuficiência renal precoce pode anteceder a hipotensão e distingue esta síndrom e de outras síndrom es de choque séptico. Pode não haver um a indicação da infecção focal prim ária, em bora possíveis portas de entrada cu tâ neas ou m ucosas para o m icrorganism o possam ser d eterm inadas quando se obtém um a anam nese cuidadosa. A colonização em vez de infecção franca da vagina ou de um a ferida pós-operatória, po r exemplo, é típica na SCT estafilocócica, e as áreas m ucosas parecem hiperêm icas, m as não infectadas. A SCT estreptocócica é m ais fre quentem ente associada a infecção cutânea ou de tecido m ole (com o fasciite necrosante) e os pacientes são m ais propensos a bacterem ia. O diagnóstico de SCT é definido p or critérios clínicos de febre, exan tem a, hipotensão e com prom etim ento de m últiplos órgãos. A taxa de letalidade é de 5% para a SCT associada à m enstruação, 10 a 15% para a SCT sem relação com a m enstruação e de 30 a 70% para a SCT estreptocócica.
Febres hemorrágicas virais (Ver Caps. 196 e 197.) São zoonoses causadas po r vírus que 'M existem em reservatórios anim ais ou vetores artrópodes. Essas doenças ocorrem em to d o o m undo e estão restritas às áreas em que vive a espécie hospedeira. São causadas po r quatro
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principais grupos de vírus: A renaviridae (p. ex., a febre de Lassa, na África), Bunyaviridae (p. ex., a febre de Rift Valley na Á frica ou a febre hem orrágica com síndrom e renal p o r hantavírus, na Ásia), Filoviridae (p. ex., infecções pelos vírus Ebola e M arburg, na África) e Flaviviridae (p. ex., febre am arela na África e na A m érica do Sul, e dengue na Ásia, África e Am éricas). A febre de Lassa e as infecções pelos vírus Ebola e M arburg, tam bém é transm itida de pessoa a pes soa. Os vetores da m aior parte das febres virais são encontrados em áreas rurais; a dengue e a febre am arela são im portantes exceções. Após um p ródrom o de febre, m ialgias e m al-estar, surgem evidên cias de lesão vascular, petéquias e hem orragias localizadas. Choque, hem orragias difusas e sinais neurológicos (p. ex., convulsões e coma) indicam um m au prognóstico. A dengue (Cap. 196) é a arbovirose m ais com um em todo o m undo. Mais de 500 m il casos de dengue hem orrágica ocorrem a cada ano, com pelo m enos 12.000 m ortes. Os pacientes têm um a tríade de sintom as: m anifestações hem orrágicas, evidências de extravasam ento de plasm a e contagens de plaquetas < 100.000/p,L. A taxa de letalidade é de 10 a 20%. Se sobrevier a sín d ro m e de choque p or dengue, a letalidade pode chegar a 40%. Em bora o tratam ento de suporte para m an ter a pressão arterial e o volum e intravascular com reposição de volum e cuidadosa seja essencial, a ribavirina tam bém pode ser útil contra Arenaviridae e Bunyaviridae.
U SEPSE COM FOCO PRIMÁRIO NOS TECIDOS MOLES/ MUSCULARES Ver tam bém o Cap. 125.
Fasciite necrosante Esta infecção é caracterizada p or necrose extensa do tecido subcutâ neo e fáscia. Ela pode surgir no local de um traum atism o m ínim o ou um a incisão operatória, p o d en d o tam bém estar associada a varicela recente, parto ou distensão m uscular. As causas m ais com uns de fas ciite necrosante são os estreptococos do grupo A de m odo isolado (Cap. 136) e um a flora m ista, p o r germ es facultativos e anaeróbios (Cap. 125). Diabetes m elito, doença vascular periférica e uso de d ro gas IV são fatores de risco associados. Os achados físicos são m ín i mos, quando com parados com a gravidade da d or e o grau de febre. O exam e físico é frequentem ente inexpressivo, exceto p o r edem a e eritem a dos tecidos moles. A área infectada encontra-se averm elha da, quente, brilhante, edem aciada e extrem am ente dolorosa. Na in fecção não tratada, a pele sobrejacente exibe m anchas cinza-azuladas após 36 h, e bolhas cutâneas e necrose surgem após 3 a 5 dias. A fas ciite necrosante decorrente da flora m ista, m as não a associada aos estreptococos do grupo A, pode associar-se à produção de gás. Sem tratam ento, a dor dim inui p or causa da trom bose dos pequenos vasos sanguíneos e a conseqüente destruição dos nervos periféricos - um sinal funesto. A taxa de letalidade global é de 15 a 34%, chegando a mais de 70% quando associada à SCT e a quase 100% na ausência de intervenção cirúrgica. A fasciite necrosante tam bém pode ser devida a infecção p or Clostridium perfringens (Cap. 142); nesta condição, o paciente m ostra-se extrem am ente toxêm ico e a taxa de letalidade é alta. D entro de 48 h, sobrevêm invasão tecidual rápida e toxicidade sistêmica, associadas a hem ólise e m orte. A distinção entre essa e n tidade e a m ionecrose p o r clostrídios é feita p or biópsia m uscular. Foi relatada fasciite necrosante causada p o r MRSA adquirido na co m unidade. Em um a série os pacientes infectados p o r MRSA neces sitaram de extenso desbridam ento cirúrgico, m as n ão houve m ortes.
Mionecrose por clostrídios (Ver tam bém o Cap. 142.) A m ionecrose associa-se frequentem ente a traum atism o ou cirurgia, m as pode ser espontânea. O período de incubação costum a ser de 12 a 24 h, e gangrena necrosante m aciça surge horas após o início. Toxemia, choque e m orte podem ocorrer em 12 h. A d or e a aparência toxêm ica do paciente são desproporcio nais aos achados físicos. Ao exam e físico, o paciente apresenta-se fe bril, apático, taquicárdico e taquipneico, podendo expressar sensação
de m orte im inente. A hipotensão e a insuficiência renal surgem m ais tarde, e o estado de hipervigilância é evidente no m om ento pré-term inal. A pele sobre a área afetada é castanho-bronzeada, m osqueada e edem atosa. Pode haver desenvolvim ento de lesões bolhosas com drenagem serossanguinolenta e odor de cam undongo ou adocicado. A crepitação é secundária à produção de gás no tecido m uscular. A taxa de letalidade é superior a 65% com a m ionecrose espontânea, que frequentem ente se associa ao Clostridium septicum e a câncer subjacente. As taxas de letalidade associadas à infecção do tronco e dos m em bros são de 63% e de 12%, respectivam ente, e qualquer re tardo no tratam ento cirúrgico eleva o risco de m orte.
■ INFECÇÕES NEUROLÓGICAS COM OU SEM CHOQUE SÉPTICO Meningite bacteriana (Ver tam b ém o Cap. 381) A m eningite bacteriana é u m a das em er gências m ais com uns que envolvem o sistem a nervoso central nas doenças infecciosas. Em bora os hospedeiros com im unodeficiência celular (incluindo receptores de transplantes, pacientes diabéticos, idosos, pacientes com câncer que recebem certos agentes quim ioterá picos) estejam sob risco especial de m eningite p o r Listeria monocytogenes, a m aioria dos casos em adultos é causada p o r S. pneum oniae (30 a 50%) e N. meningitidis (10 a 35%). A apresentação clássica com febre, m eningism o e estado m ental alterado é observada apenas em m etade a 66% dos pacientes. Os idosos podem apresentar-se sem febre ou sinais m eníngeos, a despeito de letargia e confusão. A dis função cerebral se evidencia p o r confusão, delirium e letargia, que podem evoluir para coma. Em alguns casos, ocorre um a apresenta ção fulm inante, com sepse e edem a cerebral; o papiledem a é incom um à apresentação, e sua presença sugere outro diagnóstico (p. ex., um a lesão intracraniana). Sinais focais, com o paralisia do IV, VI e VII nervos cranianos, são observados em 10 a 20% dos casos; 50 a 70% dos pacientes têm bacterem ia. A presença de coma, de hipotensão, de m eningite por S. pneum oniae, de desconforto respiratório, de nível liquórico de glicose < 0,6 m m ol/L (< 10 m g/dL), de nível liquórico de proteínas m aior que 2,5 g/L, de leucom etria m en o r que 5.000/|xL no sangue periférico e de nível sérico de sódio de m enos de 135 m m ol/L encerra um prognóstico som brio. O início rápido do tratam ento é essencial; a probabilidade de desfecho desfavorável pode aum entar em 30% para cada hora de atraso no tratam ento.
Infecções intracranianas supurativas
(Ver tam b é m Cap. 381.) O abscesso cerebral frequentem ente ocorre sem sinais sistêmicos. Q uase m etade dos pacientes apresenta-se afebril, e as apresentações são m ais com patíveis com lesão expansiva no cérebro; 70% dos pacientes têm cefaleia e/ou estado m ental alterado, 50% apresentam sinais neurológicos focais; e 25% apresentam papi ledem a. Os abscessos p odem surgir com o lesões únicas ou m últiplas resultantes de focos contíguos ou hem atogênicos de infecção, com o na endocardite. A infecção evolui d u ra n te vários dias, de cerebrite até abscesso com cápsula bem form ada. M ais de m etade das infec ções é polim icrobiana, com etiologia que abrange bactérias aeróbias (principalm ente espécies de estreptococos) e anaeróbias. O s absces sos que surgem por via hem atogênica são especialm ente propensos a rom per para os espaços ventriculares, causando deterioração súbita e grave do estado clínico, bem com o alta letalidade. Se a ru p tu ra não ocorrer, a letalidade será baixa, m as a m orbidade alta (30 a 55%). Os pacientes que se apresentam com qu ad ro de acidente vascular e n cefálico e foco infeccioso param eníngeo, tal com o sinusite ou otite, podem ter abscesso cerebral, devendo o m édico m an ter alto índice de suspeita. O prognóstico piora em pacientes com evolução fulm i nante, retardo no diagnóstico, ru p tu ra do abscesso para o interior dos ventrículos, abscessos m últiplos ou an o rm alid ad es d a função neurológica à apresentação.
Abscessos extradurais intracranianos e espinais (Ver tam b ém Cap. 377.) Os abscessos extradurais espinais e in tra cranianos (AEE e AEIC) podem resultar em déficits neurológicos perm anentes, sepse e m orte. Os pacientes em risco incluem aque les com diabetes m elito; uso de fárm aco IV; uso crônico de álcool, traum atism o espinal recente, cirurgia ou anestesia epidural e outras condições com órbidas, com o infecção p or HIV. Nos Estados U nidos e C anadá, onde o tratam ento precoce de otite e sinusite é padrão, o AEIC é raro m as o n úm ero de casos de AEE está aum entando. Na Á frica e áreas com acesso lim itado aos cuidados de saúde, os AEE e os AEIC causam m orbidade e m o rtalidade significativas. Os AEIC apresentam -se com febre, alteração do estado m ental e dor no pesco ço, enquanto os AEE frequentem ente apresentam febre, sensibilidade espinal localizada e d o r nas costas. Os AEIC são polim icrobianos, enquanto os AEE são m ais frequentem ente causadas p or sem eadura hem atogência, sendo os estafilococos o agente etiológico m ais com um . O diagnóstico precoce e o tratam ento, que podem incluir drenagem cirúrgica, m inim izam as taxas de m ortalidade e seqüelas neurológicas perm anentes.
Malária cerebral (Ver tam b é m o Cap. 210.) E sta entid ad e deve ser urgentem ente considerada quando os pacientes que viajaram recentem ente para áreas endêm icas de m alária apresentam -se com doença febril, letar gia ou outros sinais neurológicos. A m alária fulm inante é causada por Plasmodium falciparum e está associada a tem peraturas > 40°C, hipotensão, icterícia, síndrom e do desconforto respiratório agudo e sangram ento. Q ualquer paciente com alteração do estado m ental ou convulsões repetidas no contexto de m alária fulm inante tem, por de finição, m alária cerebral. Em adultos, essa doença febril inespecífica evolui para com a ao longo de alguns dias; às vezes, o com a ocorre em horas e a m orte sobrevêm em m enos de 24 h. Rigidez de nuca e fotofobia são raras. Ao exame físico, a encefalopatia sim étrica é típica, e a disfunção do neurônio m o to r superior com postura de decorticação e descerebração pode ser observada na doença avançada. A infecção não reconhecida resulta em taxa de letalidade de 20 a 30%.
Outras síndromes focais com evolução fulminante Q uase todos os focos p rim ário s de infecção (p. ex., osteom ielite, pneum onia, pielonefrite ou colangite) podem resultar em bactere m ia e sepse. A SCT está associada a infecções focais, tais como artrite séptica, peritonite, sinusite e infecções de feridas. Rápida deteriora
Abordagem ao Paciente Febril Infectado Agudamente...
(Ver tam b é m Cap. 381.) Nessas infecções, lesões intracran ian as ra ras surgem juntam ente com sepse e instabilidade hem odinâm ica. O rápido reconhecim ento de um paciente toxêm ico com sinais n e u ro lógicos centrais é crucial para a m elh o ra do desalentador p ro g n ó s tico dessas entidades. O em piem a subdural surge a p a rtir dos seios paranasais em 60 a 70% dos casos. E streptococos m icroaerófilos e estafilococos são os agentes etiológicos pred o m in an tes. O p a cien te m ostra-se toxêm ico com febre, cefaleia e rigidez de nuca. E ntre os pacientes, 75% têm sinais focais e 6 a 20% m orrem . A despeito da m elhora das taxas de sobrevida, 15 a 44% dos pacientes ficam com déficits neurológicos perm anentes. A trombose séptica do seio cavernoso segue-se a u m a infecção dos seios da face ou do seio esfenoidal; 70% dos casos são causados p o r estafilococos (incluindo MRSA) e o restante deve-se prin cip alm en te a estreptococos aeróbios ou anaeróbios. Cefaleia unilateral o u re tro rb itá ria evolui em dias para febre e estado toxêm ico. C erca de 75% dos pacientes têm edem a periorbitário unilateral, que se to rn a bilateral e, em seguida, evolui para ptose, proptose, oftalm oplegia e papiledem a. A taxa de letalidade chega a 30%. A trombose séptica do seio sagital superior dissem ina-se a p a rtir dos seios etm oidais e m axilares e é causada p o r S. pneum oniae, outros estreptococos e estafilococos. A evolução fulm in an te caracteriza-se p o r cefaleia, náuseas, vôm itos e rápida progressão para confusão e com a, rigidez de nuca e sinais de acom etim ento do tronco encefálico. Se a trom bose do seio for total, a taxa de m ortalidade excederá 80%.
Abscesso cerebral
1029
i
ção clínica e m orte podem estar associadas à destruição do local da infecção prim ária, com o se observa na endocardite e nas infecções necrosantes da orofaringe (nas quais o edem a subitam ente com prim e as vias respiratórias).
Mucormicose rinocerebral (Ver tam bém o Cap. 205.) Os pacientes com diabetes ou condições im unossupressão estão sob risco de m ucorm icose rinocerebral inva siva. A presentam -se com febre baixa, d or surda nos seios paranasais, diplopia, depressão do estado m ental, dim inuição dos m ovim entos oculares, quem ose, proptose, conchas nasais escuras ou necróticas e lesões necróticas do palato duro que respeitam a linha m édia. Sem reconhecim ento e intervenção rápidos, o processo segue curso inva sivo inexorável com alta letalidade.
pacientes com doença grave do trato respiratório, sobretudo quando foram expostos a aves de criação. O s pacientes apresentam -se com febre alta, com doença gripai e sintom as respiratórios baixos; essa doença pode evoluir rapidam ente para pneum onia bilateral, sín d ro m e do desconforto respiratório agudo, falência de m últiplos órgãos e m orte. O tratam ento antiviral com inibidores da neuram inidase deve ser instituído precocem ente, juntam ente com m edidas agressivas de suporte. D iferentem ente da gripe aviária, para a qual a transm issão hum an o -h u m an o tem sido ra ra até o m om ento, um novo vírus A/ H1N1 de influenza associada a suínos dissem inou rapidam ente po r todo o m undo. No início da pandem ia, houve um aum ento súbito de pneum onia grave que afetou a população m ais jovem . Os pacientes em m aior risco de doença grave são as crianças com m enos de 5 anos de idade, pessoas idosas, pacientes com condições crônicas subjacen tes e m ulheres grávidas.
Endocardite bacteriana aguda (Ver tam bém Cap. 124.) Esta entidade apresenta-se com curso m u i to m ais agressivo do que a endocardite subaguda. Bactérias, com o S. aureus, S. pneumoniae, L. monocytogenes, Haemophilus spp. e estrep tococos dos grupos A, B e G, atacam valvas nativas. A endocardite de valvas nativas causada p o r S. aureus, incluindo MRSA, está a u m en tando, particularm ente em locais para cuidados de saúde. As taxas de letalidade variam de 10 a 40%. O hospedeiro pode ter com orbidades, com o câncer subjacente, diabetes melito, uso de drogas intravenosas ou alcoolismo. O paciente apresenta-se com febre, fadiga e m al-estar < 2 sem anas após o início da infecção. Ao exam e físico, podem -se encontrar sopro variável e insuficiência cardíaca congestiva. Às ve zes, surgem m áculas hem orrágicas nas palm as e plantas (lesões de Janeway). Petéquias, m anchas de Roth, hem orragias subungueais e esplenom egalia são incom uns. A rápida destruição valvar, p a rtic u larm ente da valva aórtica, resulta em edem a pulm onar e hipotensão. Podem form ar-se abscessos m iocárdicos que erodem para o septo ou para o in terio r do sistem a de condução, causando arritm ias e b lo queios de condução de alto grau, potencialm ente fatais. As vegeta ções grandes e friáveis podem resultar em grandes êm bolos arteriais, infecção m etastática ou infarto tecidual. Os pacientes m ais idosos que têm endocardite p or S. aureus são especialm ente propensos a apresentar-se com sintom as inespecíficos - circunstância que retarda o diagnóstico e piora o prognóstico. A rápida intervenção é crucial para um a boa evolução.
Carbúnculo inalatório
Doenças Infecciosas
(Ver tam b é m o Cap. 221.) O carbúnculo inalatório, a form a m ais grave da doença causada pelo B. anthracis, não era descrito nos EUA há m ais de 25 anos, até o recente em prego desse m icrorganism o com o agente de bioterrorism o em 2001. Os pacientes apresentavam -se com m al-estar, febre, tosse, náuseas, sudorese copiosa, dispnéia e cefaleia. Rinorreia era incom um . Todos os pacientes tin h am ra d io grafias de tórax anorm ais à apresentação. Infiltrados pulm onares, alargam ento do m ediastino e derram es pleurais eram os achados m ais com uns. Em 38% desses pacientes observava-se m eningite h e m orrágica. A sobrevivência era m ais provável quando os antibióticos eram adm inistrados durante o período prodrôm ico e quando se em pregavam regim es com m últiplos agentes. Sem intervenção urgente com antibióticos e tratam ento de apoio, o carbúnculo inalatório evo lui rapidam ente para hipotensão, cianose e m orte.
Infecção pelo vírus da influenza aviária (H5N1) (Ver tam bém o Cap. 187.) Os casos h um anos de gripe aviá ria ocorreram principalm ente no Sudeste Asiático, especial m ente no Vietnã. A gripe aviária deve ser considerada em
1030
Síndrome pulmonar por hantavírus (Ver tam b é m o Cap. 196.) Esta síndrom e já foi descrita nos EUA (principalm ente nos estados do sudoeste), no C anadá e na A m érica do Sul. A m aior parte dos casos ocorre em áreas rurais e está associa da a exposição a roedores. Os pacientes apresentam -se com p ró d ro m o viral inespecífico de febre, m al-estar, mialgias, náuseas, vôm itos e tontura que podem progredir para edem a pulm onar e insuficiência respiratória. A síndrom e p u lm o n a r p o r hantavírus deprim e o m io cárdio e aum enta a p erm eabilidade vascular pulm onar; portanto, são cruciais um a cuidadosa reposição de líquidos e o uso de agentes pressores. Um suporte cardiopulm onar agressivo durante as prim ei ras poucas horas da doença pode salvar a vida. O início precoce de trom bocitopenia pode ajudar a distin g u ir essa síndrom e de outras doenças febris em um contexto epidem iológico adequado.
CONCLUSÃO Os pacientes febris agudam ente enferm os com as síndrom es discuti das neste capítulo necessitam de estrita observação, m edidas de apoio agressivas e - na m aioria dos casos - internação em unidade de tera pia intensiva. A tarefa m ais im portante do m édico é distinguir esses pacientes de outros p ortadores de infecções febris cuja doença não irá evoluir p ara um a doença fulm inante. O m édico vigilante deve re conhecer as em ergências agudas em doenças infecciosas e proceder, em seguida, com a urgência necessária.
BIBLIOGRAFIA F: Rocky Mountain spotted fever. Lancet Infect Dis 7:724, 2007 F i t c h MT, v a n d e B e e k D: Emergency diagnosis and treatment of adult meningitis. Lancet Infect Dis 7:191, 2007 H a s h a m S et al: Necrotising fasciitis. BMJ 330:830, 2005 H a y d e n FG et al: Clinical aspects of pandemic 2009 influenza A (H1N1) virus infection. N Engl J Med 362:1708,2010 L a p p i n E, F e r g u s o n AJ: Gram-positive toxic shock syndromes. Lancet Infect Dis 9:281, 2009 N g u y e n HB et al: Severe sepsis and septic shock: Review of the literature and emergency department management guidelines. Ann Emerg Med 48:28, 2006 _ P r a d i l l a G et al: Epidural abscess of the CNS. Lancet Neurol 8:292,2009 S p e l m a n D et al: Guidelines for the prevention of sepsis in asplenic and hyposplenic patients. Intern Med J 38:349, 2008 S t e p h e n s DS et al: Epidemic meningitis, meningococcemia, and Neisseria m eningitidis. Lancet 369:2196,2007 T a l a n DA et al (eds): Infectious D isease Emergencies. Infect Dis Clin North Am 22:1-187,2008 [entire volume] D a n t a s -T o r r e s
CAPÍTULO
122 m
Princípios de Imunização e Uso de Vacinas Anne Schuchat Lisa A. Jackson Poucas intervenções m édicas do últim o século podem igualar o efei to que a im unização exerceu sobre a longevidade, redução de custos e qualidade de vida. Dezessete doenças são atualm ente passíveis de prevenção p or vacinas adm inistradas rotineiram ente a crianças e adultos nos Estados U nidos (Q uadro 122. 1) e a m aioria destas do en ças da infância se apresenta historicam ente em baixos níveis (Q u a d ro 122.2). As instituições de tratam ento de saúde oferem a grande m aioria de vacinas nos Estados U nidos com o p arte dos serviços de saúde rotineiros e, portanto, desem penham um papel im portante no sistem a de saúde pública da nação.
■ IMPACTO DAS VACINAS Efeitos diretos e indiretos As im unizações contra doenças infecciosas específicas protegem os indivíduos co n tra a infecção e, dessa form a, im p ed em as doenças sintom áticas. Vacinas específicas p o d em ab ran d a r a severidade da doença clínica (p. ex., vacinas c o n tra rotavírus e g a strenterite se vera) ou re d u zir as com plicações (p. ex., vacinas c o n tra zóster e neuralgia pós-terpética). A lgum as im unizações tam b ém reduzem a transm issão de agentes infecciosos de pessoas im unizadas para o u tras, reduzindo assim o im pacto da dissem inação da infecção. Esse im pacto in direto é conhecido com o im unidade associada. O nível de im unização necessária para alcançar proteção in d ire ta de in d i
QUADRO 122.1 Doenças não passíveis de prevenção por vacinas rotineiramente administradas nos Estados Unidos em crianças e/ou adultos População alvo para o uso rotineiro
Coqueluche
Crianças, adolescentes, adultos
Difteria
Crianças, adolescentes, adultos
Tétano
Crianças, adolescentes, adultos
Poliomielite
Crianças
Controle, eliminação e erradicação de doenças passíveis de prevenção por vacinas Os program as de im unização estão associados aos objetivos de con trolar, elim inar ou erradicar um a doença. O controle de um a doença passível de prevenção p o r vacinas reduz o aparecim ento da doença e, em geral, lim ita os im pactos associados aos surtos da doença nas com unidades, escolas e instituições. Os program as de controle ta m bém p odem reduzir as faltas ao trabalho dos indivíduos doentes e dos pais que cuidam de crianças doentes, dim inuir as ausências na escola e lim itar a utilização do tratam en to de saúde associado às vi sitas médicas. A eliminação de um a doença é um objetivo m ais exigente do que o controle, necessitando em geral da redução do n úm ero de casos a zero em um a área geográfica definida, p orém algum as vezes é defi nida com o a redução na transm issão in erente de um a infecção em um a área geográfica. C om o em 2010, os E stados U nidos elim inaram a transm issão nativa de saram po, rubéola, poliom ielite e difteria. A im portação de patógenos de outras partes do m u n d o continua a ser im p o rta n te e espera-se que os esforços da saúde pública reajam p ro n tam en te a esses casos e lim item a p o ste rio r transm issão do agente infeccioso. A erradicação de u m a doença é alcançada quando a sua elim inação pode ser m antida sem intervenções contí nuas. A única doença passível de ser prevenida p or vacina que foi globalm ente erradicada até hoje é a varíola. E m bora a vacina contra varíola não seja m ais adm in istrad a rotineiram ente, a doença não ressurgiu naturalm ente porque todas as cadeias de transm issão hum ana foram interrom pidas pelos esforços precoces da vacinação e os seres hum anos eram os únicos reservatórios naturais do vírus. Atualm ente, um a iniciativa de saúde im portante é o objetivo da erra dicação global da pólio. A transm issão contínua da pólio vem sendo elim inada na m aioria das nações, m as n u n ca foi interrom pida em quatro países: A feganistão, índia, N igéria e Paquistão. A detecção de um caso de doença que tenha sido m arcado para erradicação ou elim inação é considerada um evento sentinela, que poderia perm itir que o agente infeccioso se restabelecesse na com unidade ou região. Portanto, tais episódios devem ser im ediatam ente inform ados às au ---toridades de saúde pública.
Sarampo
Crianças
Caxumba
Crianças
Rubéola, síndrome de rubéola congênita
Crianças
Hepatite B
Crianças
Detecção e controle de surtos
Infecção pelo Haemophilus influenzae do tipo b
Crianças
Hepatite A
Crianças
Influenza
Crianças, adolescentes, adultos
Varicela
Crianças
Doença pneumocócica invasiva
Crianças, idosos
Doença meningocócica
Crianças, adolescentes
Infecção por rotavírus
Bebês
Infecção pelo papilomavírus humano, câncer cervical
Meninas adolescentes, mulheres
Zóster
Idosos
O conjunto de casos de um a doença passível de prevenção po r vaci na, detectado em um a instituição, um a prática m édica ou um a co m unidade podem sinalizar im portantes alterações no patógeno, na vacina ou no am biente. A lguns fatores podem levar a aum entos na doença, incluindo ( 1) baixas taxas de im unização que resultam em um acúm ulo de indivíduos suscetíveis (p. ex., ressurgim ento do sa ram po entre os abstêm ios de vacinação); (2) alterações no agente in feccioso que perm item o seu escape à proteção (p. ex., pneum ococos não passíveis de prevenção p o r vacina); (3) redução de im unidade induzida pela vacina (p. ex., coqueluche entre adolescentes e adultos vacinados no início da infância); e (4) introduções pontuais de gran des inóculos (p. ex., exposição ao vírus da hepatite A em alim entos). A inform ação de episódios de doenças propensas a surtos às autori
Princípios de Imunização e Uso de Vacinas
Condição
víduos não im unizados em um a população varia substancialm ente com a vacina específica. Desde que as vacinas da infância se tornaram am plam ente dispo níveis nos Estados U nidos, im portantes quedas nas taxas de doenças passíveis de prevenção p or vacinas entre crianças e adultos se to rn a ram evidentes (Q uadro 122.2). Por exemplo, a vacinação de crianças com < 5 anos de idade contra sete tipos de Streptococcus pneum oniae levou a um a redução total de > 90% na doença invasiva causada por estes tipos. Um a série de vacinas dirigidas contra dez doenças da in fância, passíveis de prevenção, em um a coorte de nascim entos isola dos levou à prevenção de 33.000 m ortes prem aturas e de 14 m ilhões de casos de doença e econom izou 42 bilhões de dólares americanos: 9 bilhões em econom ia m édica direta e 33 bilhões em econom ias in diretas para a sociedade.
1031
QUADRO 122.2 Redução das doenças passíveis de prevenção nos Estados Unidos após a implementação ampla das recomendações de vacinação nacional
Condição
Número anual de casos anteriores à vacina (Média)
Varíola
29.005
0
100
Difteria
21.053
0
100
Sarampo
530.217
61
>99
Número de casos registrados em 2010a
Redução (%) dos casos após vacinação ampla
dation trouxeram substancial m elhora aos esforços globais para reduzir as doenças pas síveis de prevenção por vacinas, indo além dos esforços anteriores da OMS, UNICEF e dos governos dos países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Incrementando a imunização em adul tos E m bora a im unização ten h a se to r
Caxumba
162.344
2.528
98
Coqueluche
200.752
21.291
89
Poliomielite (paralítica)
16.316
0
100
Rubéola
47.745
6
>99
Síndrome de rubéola congênita
152
0
100
Tétano
580
8
99
Infecção pelo Haemophilus influenzae do tipo b
20.000
270b
99
Hepatite A
117.333
11.049
91
Hepatite B (aguda)
66.232
11.269
83
Infecção pneumocócica invasiva: todas as idades
63.067
44.000c
30
nado u m a peça-chave das visitas m édicas pediátricas rotineiras, ela não se integrou tão bem às visitas do tratam ento de saúde em adultos. Este capítulo focaliza os p rin cípios da im unização e o u so da vacina em adultos. Evidências acum uladas sugerem que a c o b ertu ra da im unização pode ser aum en tad a p o r m eio de esforços direcio n ados ao consum idor, fornecedor, in sti tuição e fatores em nível de sistem a. A lite ratu ra sugere que a aplicação de m últiplas estratégias é m ais eficaz em elevar as taxas de c obertura do que o uso de qualquer es tratégia isolada.
Infecção pneumocócica invasiva: < 5 anos de idade
16.069
4.167°
74
Recomendações para as imunizações em adultos O C om itê de A conselham ento
Varicela
4.085.120
sobre as Práticas de Im unização dos CDCs (A CIP) é a p rin cip al fonte de reco m en dações p ara o uso de vacinas licenciadas aExceto para casos de hepatite A, hepatite B e infecção pneumocócica, para os quais são mostradas figuras referentes à 2008. pelo Food and Drug Adm inistration (FDA) "Inclui 16 infecções do tipo b e 254 infecções causadas por tipos desconhecidos (< 5 anos de idade am ericano, para crianças e adultos na p o cDados do Active Bacterial Core Surveillance Report do CDC; www.cdc.gov/abcs/survreports/spneu08.pdf. pulação civil am ericana. O ACIP é o com i Fonte:Adaptado de Roush e col., com autorização. tê de aconselham ento federal que consiste em 15 m em bros votantes (especialistas nos dades de saúde pública pode facilitar o reconhecim ento de grupos cam pos associados à im unização) indicados pela Secretaria do D e que necessitarão de posteriores intervenções. partam ento de Saúde e Serviços H um anos dos EUA; oito m em bros ex-oficiais representando agências federais; e 26 m em bros não votan Informação de saúde pública O reconhecim ento de casos suspeitos tes representantes de várias organizações ligadas, incluindo im p o r de doenças program adas para elim inação ou erradicação - ju n ta tantes sociedades m édicas e organizações de tratam ento controlado. m ente com outras doenças que necessitem de intervenções urgentes As recom endações do ACIP são harm onizadas o m áxim o possível da saúde pública, com o o rastreio de contatos, adm inistração de quicom as recom endações das vacinas feitas p or outras organizações, in m ioprofilaxia ou im unoprofilaxia, ou investigação epidem iológica cluindo o Colégio A m ericano de O bstetras e Ginecologistas (A m eri para exposição de origem com um - é associado às exigências espe can College o f Obstetricians and Gynecologists), a A cadem ia A m erica ciais de notificação. M uitas doenças contra as quais as vacinas são na dos Médicos de Fam ília (American A cadem y o f Family Physicians) rotineiram ente utilizadas, incluindo saram po, coqueluche, doença e o Colégio A m ericano de M édicos (American College o f Physicians). invasiva pelo Haemophilus influenzae e varicela, são nacionalm ente 449.363
Doenças Infecciosas
notificadas. M édicos e equipes de laboratório possuem um a respon sabilidade de inform ar a ocorrência das doenças passíveis de preven ção às autoridades de saúde pública locais ou estaduais, de acordo com critérios específicos de definição dos casos. Todos os profissio nais de saúde deverão estar cientes das necessidades da doença na cidade ou no estado e as m elhores form as de contatar as autoridades de saúde pública. U m a resposta im ediata aos surtos dessas doenças pode aum entar em m uito a eficiência das m edidas de controle.
Considerações globais Diversas iniciativas internacionais de saúde se concentram atualm ente na redução das doenças passíveis de prevenção por vacinas pelo m undo. Estes esforços incluem a m elhora do acesso às vacinas novas e subutilizadas, como o conjugado pneumocócico, rotavírus, papilom avírus hum ano (HPV) e as vacinas conjugadas do m eningococo A. A Cruz Vermelha Am erica na, a Organização M undial de Saúde (OMS), a Fundação das Nações Unidas, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e os Centros de Controle e Prevenção das Doenças (CDCs) são parceiros na Iniciativa do Sarampo, que almejaram a redução m undial das mortes por sarampo em 90% de 2000 até 2010. De 2000-2008, as taxas de m or talidade globais do saram po foram reduzidas em 78% - isto é, de um núm ero estimado de 733.000 m ortes em 2000 para 164.000 m ortes em 2008.0 Rotary Internacional, a UNICEF, os CDCs e a OMS são os prin cipais líderes na erradicação global da pólio, um em preendim ento que reduziu o núm ero anual de casos de pólio paralítica de 350.000 em 1988 para < 2000 em 2009. A GAVT Alliance e a Bill and Melinda Gates Foun
1032
89,0
Programas de imunização em adultos Os esquem as de im unização para adultos nos Estados U nidos são atualizados anualm ente e p o dem ser encontrados online (www.cdc.gov/vaccines/recs/schedules/ adult-schedule.htm ). Em janeiro, os p rogram as são publicados na Am erican Family Physician, nos A nnals o f Internai M edicine e no M orbidity and M ortality Weekly Report (www.cdç.gov/m m wr). Os program as de im unização p a ra adultos de 2011 estão resum idos na Fig. 122.1. Inform ações e especificações adicionais estão conti das nos rodapés destes program as. No período entre as publicações anuais, adições e alterações aos program as sãò publicadas com o N o tas aos Leitores no M orbidity and M ortality Weekly Report. ■ PADRÕES DAS PRÁTICAS DE IMUNIZAÇÃO A adm inistração de im unizações aos adultos envolve diversos p ro cessos, tais com o decidir quem vacinar, avaliar as contraindicações e precauções da vacina, fornecer norm as de inform ação sobre as vaci nas (VISs), assegurar o arm azenam ento e a m anipulação apropriada das vacinas, adm inistrar as vacinas e m anter seus registros. Além dis so, fornecer o registro de eventos adversos que acom panham a vaci nação é um com ponente essencial do sistem a de m onitoram ento de segurança das vacinas.
Decidindo quem vacinar Todos os esforços devem ser feitos para assegurar que os adultos re cebam todas as vacinas indicadas tão rapidam ente quanto possível.
Calendário de imunização recomendado para adultos
ESTA D O S UNIDOS - 2011 Nota: Estas recomendações devem ser lidas com os rodapés que se seguem contendo o número de doses, os intervalos entre as doses e outras informações importantes.
Calendário de imunização recomendado para adultos, por vacina e faixa etária FAIXA ETARIA ►
60-64 anos
27-49 anos
> 65 anos
1 dose anual
Influenza'■* Tétano, difteria e coqueluche
Substituir uma dose única de Tdap por booster de Td; em seguida, b o o s t e r d e Td a cada dez anos
Booster deTd a cada 10
(Td, Tdap)2'* 2 doses
Varicela3'* Papilomavírus humano (HPV)4’*
3 doses (mulheres)]
Zóster5 Sarampo, caxumba e rubéola (MMR)6’*
1 ou 2 doses
Pneumocócica (polissacarídica)7-8
1 ou 2 doses 1 ou mais doses
Meningocócica9'* Hepatite A10* Hepatite B "’*
'Cobertas pelo Vaccine Injury Compensalion Program Recomendada se houver algum outro fator de risco 1 Não recomendada (p. ex., com base em Indicações clinicas, ocupacionais, de estilo de vida ou outras indicações) _________________________________________________________________________________
Para todas as pessoas nessa categoria que preenchem as exigências de idade e carecem de evidências de imunidade (p. ex., falta de documentação de vacinação ou sem evidência de infecção prévia)
Inform ar todas as reações pós-vacinação clinicam ente significativas ao Vaccine Adverse Event Reporiing System (VAERS). Form ulários e instruções sobre o preenchimento de um VAERS estão disponíveis em http://w w w .vaers.hhs.gov ou pelo telefone 800-822-7967. Informações sobre o preenchim ento de um pedido para o Vaccine Injury C om pensation Program estão disponíveis em http:/Avw w.hrsa.gov/vaccinecom pensation ou pelo telefone 800-338-2382. Informações sobre o preenchim ento de um pedido para o vaccine injury estão disponíveis na C ourt o f Federal Clalm s dos EUA, 717 Madison Place, N.W., W ashington, D.C. 20005; telefone 202-357-6400.
Inform ações a dicionais sobre as va cina s deste calendário, e xte n são dos d ad os d ispo n íve is e co ntraindicações para a v a cinação tam bém estão d ispo n íve is em http://w w w .cdc.gov/vaccines no C entro de C ontato C D C -IN F O em 8QO-CDC-INFO (800-232-4636) em inglês e espanhol, 2 4 horas por dia, sete d ias por sem ana.
Vacinas que podem ser indicadas para adultos com base em indicações médicas e outras C ondições im unodeficientes (excluin do o vírus da im u no de ficiên cia humana [HIV])3" ” cé1ulas/j*L ; céíulas^iL
INDICAÇÃO ► VACINA
Diabetes, in su ficiên cia cardíaca, in su ficiên cia pu lm onar crom ca, alco olism o c ro n ico
A sp len ia12 (in clu in d o esplenectom ia eletiva) e deficiências pe rsisten tes do com ponente com plem ento
In su ficiên cia hepática c rô n ica
in su ficiên cia renal, doença renal te rm ina l, rece pto r de hem odíállse
1 dose anual
1 dose anual TIV Tétano, difteria e coqueluche (Td, Tdap)2*
Td
Varicela3’*
S u b stitu ir um a d o se única de Tdap por b o o s te r de Td; em s eguida, b o o s te r de Td a cada dez anos
Contraindicada 3 doses até 26 anos de idade
Papilomavírus humano (HPV)4’’ Zóster5
Contraindicada
Sarampo, caxumba e rubéola (MMR)6*
Contraindicada
Pneumocócica (polissacarídica)78 Meningocócica9’*
1 ou 2 doses
1 ou 2 doses 1 ou mais doses
N 00 •O COl o
Hepatite A10’*
3 doses
Hepatite B11’*
CD •Cobertas pelo Vaccine Injury Compensalion Program
Para todas as pessoas nessa categoria que preenchem as exigências de idade e carecem de evidências de Imunidade (p. ex., falta de documentação de vacinação ou sem evidência de infecção prévia)
Recomendada se houver algum outro fator de risco (p. ex., com base em indicações clínicas, ocupacionais, de estilo de vida ou outras Indicações)
Não recomendada
CO
o Q. CD
Estes calendários indicam as faixas etárias recom endadas e as indicações médicas para a adm inistração de vacinas atualm ente licenciadas, norm alm ente indicadas para adultos com 9 anos, com o o de 4 de fevereiro de 2011. N o caso de todas as vacinas recom endadas no calendário de im unização para adultos, uma série não precisa ser reiniciada, independente do tem po decorrido entre as doses. Vacinas com binadas licenciadas podem ser usadas sempre que qualquer componente da combinação seja indicado e quando os outros componentes da vacina não forem contraindicados. Para recom endações detalhadas sobre todas as vacinas, incluindo aquelas usadas prim ariam ente para viajantes ou que sao referidas durante o ano, consultar a em balagem do fabricante e a s regula m entações com pletas do Advisory Com mittee on Immunization Practices (http://w w w .cdc.gov/vaccines/pubs/acip-list.htm ). As recomendações deste calendário foram aprovadas pelo Comitê de Aconselhamento sobre Práticas de Imunização (Advisory Committee on Immunization Practices - ACIP) dos Centros para Controle de Doenças (Ccnters for Disease Control -CDCs), pela Academia Americana dos Médicos de Família (American Academy of Familial Physicians - AAFP), pelo Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (American College of Obstetricians and Gynecologists - ACOG) e pelo Colégio Americano de Médicos (American College of Physicians - ACP).
Figura 122.1
(4
U.S. DEPARTMENT OF HEALTH ANO HUMAN SERVICES CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (Departamento de Saúde e Centro de Serviços Humanos para o Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos)
< 0 01
pj y . L J ^ I«
CO
Calendário de imunização recomendado para adultos*, Estados Unidos, 2011. Para recomendações completas do Advisory Committee on
Immunization Practices (ACIP), visite www.cdc.gov/vaccines/pubs/ACIP-list.htm. (Continua)
N. de R. T.: O calendário de imunização recomendado para adultos e idosos no Brasil está disponível em www.saude.gov.br, seção “orientação e prevenção”, subseção “vacinação”.
1033
Figura 122.1
(Continuação).
1. Vacinação contra influenza Vacinação anual contra influenza é recomendada
Doenças Infecciosas 1034
para todos os indivíduos com mais de seis meses, incluindo todos os adultos. Adultos saudáveis não grávidos com menos de 50 anos sem condições médicas de alto risco podem receber a vacina viva administrada por via intranasal, a vacina atenuada (FluMist) ou a vacina inativada. Outros indivíduos devem receber a vacina inativada. Adultos com 65 anos ou mais podem receber a vacina padrão contra a influenza ou a vacina de alta dose (Fluzone). Informações adicionais sobre a vacinação contra in fluenza estão disponíveis em http://www.cdc.gov/vaccines/vpd-vac/flu/defaulf.htm. 2. Vacinação contra tétano, difteria e coqueluche acelular (Td/Tdap) Admi nistrar uma dose única de Tdap a adultos com menos de 65 anos que não a tenham recebido previamente, ou para os quais o estado da vacina seja desconhecido para substituir um dos boosters de Td a cada 10 anos e, logo que possível, em (1) todas as mulheres após o parto, (2) contatos íntimos de bebês com menos de 12 meses (p. ex., avós e babás) e (3) equipe de saúde em contato direto com o paciente. Adultos com 65 anos ou mais que não tenham recebido Tdap previamente e que tenham um contato íntimo com um bebe com menos de 12 meses também deverão ser vacinados. Outros adultos com > 65 anos poderão receber Tdap. Tdap pode ser administrada independente do intervalo decorrido desde a última vacina contra tétano ou difteria. Adultos com história incerta ou incompleta sobre terem completado uma série de va cinação primária de três doses com vacinas contendo Td devem iniciar ou completar a série. Para adultos não vacinados, administrar as primeiras duas doses com uma distância entre si de pelo menos quatro semanas e a terceira dose de 6-12 meses após a segunda. No caso de vacinação incompleta (isto é, menos de três doses), ad ministrar as doses restantes. Substituir uma dose única de Tdap por uma das doses de Td, ou na série primária ou no booster rotineiro, o que vier primeiro. Se uma mulher estiver grávida e tiver recebido a mais recente vacina de Td pelo menos nos últimos dez anos, administrá-la durante o segundo ou terceiro trimestre. Se a mulher recebeu a vacinação de Td em pelo menos 10 anos, administrar Tdap durante o período imediato após o parto. Com a discrição do médico, Td pode ser abolida durante a gravidez e Tdap substituída no período imediato pós-parto, ou Tdap pode ser administrada em substituição à Td em uma mulher grávida, após uma discussão informada com a mesma. Consultar as instruções do ACIP sobre as recomendações para a administração de Td como profilaxia no tratamento de feridas em http://www.cdc.gov/vaccines/pubs/ acip-list.htm). 3. Vacinação contra varicela Todos os adultos sem evidência de imunidade à varicela devem receber duas doses da vacina de antígeno único, em caso de não terem sido vacinados previamente ou uma segunda dose se tiverem recebido apenas uma, salvo alguma contraindicação médica. Deve-se dedicar especial consideração às pessoas que (1) têm contato íntimo com indivíduos com alto risco de doença grave (p. ex., profissionais de saúde e contatos familiares de pessoas imunocomprometidas) ou (2) correm alto risco de exposição ou transmissão (p. ex., professores de crianças pequenas, funcionários em creches, residentes e membros da equipe de instituições, incluindo instituições de correção, estudantes universitários, militares, adolescentes e adultos que habitam com crianças, mulheres não grávidas em idade reprodutiva e viajantes internacionais). A comprovação de imunidade à varicela em adultos inclui qualquer um dos seguintes requisitos: (1) documentação de duas doses da vacina com intervalo de pelo menos quatro semanas; (2) nascido nos EUA antes de 1980 (embora para profissionais de saúde e mulheres grávidas o nascimento antes de 1980 não deva ser considerado evidência de imunidade); (3) história de varicela com base no diagnóstico ou verifica ção por profissional de saúde (para o paciente que relata a história ou que apresenta um caso atípico, caso leve ou ambos, o profissional de saúde deve procurar uma ligação epidemiológica com um caso típico de varicela ou evidências de confirma ção laboratorial, se tiver sido efetuada por ocasião da doença aguda); (4) história de herpes-zóster com base no diagnóstico clínico; ou (5) evidência laboratorial de imunidade ou confirmação laboratorial de doença. Mulheres grávidas devem ser avaliadas para evidências de imunidade à varicela. As mulheres que não apresentam evidência de imunidade devem receber a primeira dose da vacina ao completar a gravidez, ou antes, de receber alta da maternidade. A segunda dose deve ser administrada 4-8 semanas após a primeira dose. 4. Vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) A vacinação contra HPV, seja com a vacina quadrivalente (HPV4) ou com a vacina bivalente (HPV2), é reco mendada para mulheres com 11 ou 12 anos de idade e mandatóría para mulheres entre 13 e 23 anos. Idealmente, a vacina deve ser administrada antes da exposição potencial ao HPV por meio de atividade sexual, entretanto, mulheres que são sexualmente ativas deverão ainda ser vacinadas de forma consistente com as recomendações baseadas na faixa etária. Mulheres sexualmente ativas que não foram infectadas por qualquer um dos quatro tipos da vacina (tipos 6 ,1 1 ,1 6 e 18, prevenidos pela HPV4) ou por um dos dois tipos prevenidos pela vacina HPV2 (tipos 16 e 18) se beneficiarão completa
mente da vacinação. A vacinação é menos benéfica para mulheres que já tenham sido infectadas por um ou mais dos tipos de HPV utilizados nas vacinas. HPV2 e HPV4 podem ser administradas a mulheres com uma história de feridas genitais, teste de Papanicolaou anormal ou teste de DNA positivo para HPV, pois estas con dições não representam evidências de infecção prévia por todos os tipos de HPV utilizados nas vacinas. HPV4 pode ser administrado a homens com idade entre 9 e 26 para reduzir a proba bilidade da ocorrência de feridas genitais. HPV4 será mais eficiente quando adminis trada antes da exposição pelo contato sexual. Uma série completa de HPV4 ou HPV2 consiste em três doses. A segunda dose deverá ser administrada 1-2 meses após a primeira; a terceira dose deverá ser administrada seis meses após a primeira. Embora a vacinação contra HPV não seja especificamente recomendada para indi víduos com as indicações médicas descritas na Figura 2, “Vacinas que podem ser indicadas para adultos com base em indicações médicas ou outras", ela pode ser administrada a essas pessoas por não ser uma vacina de vírus vivo. Entretanto, a resposta imune e a eficácia da vacina poderão ser inferiores para indivíduos com as condições médicas descritas na Figura 2, quando comparadas às observadas em indivíduos que não as possuam ou que sejam imunocompetentes. 5. Vacinação contra herpes-zóster Uma única dose da vacina contra zóster é recomendada para adultos com > 60 anos, independente de terem registrado um episódio prévio de herpes-zóster. Indivíduos com condições médicas crônicas podem ser vacinados a menos que sua condição represente uma contraindicação. 6. Vacinação contra sarampo, caxumba e rubéola (MMR) Adultos nascidos antes de 1957 geralmente são considerados imunes ao sarampo e à caxumba. Os nascidos em 1957 ou depois devem apresentar documentação de uma ou mais doses da vacina contra MMR, salvo se houver contraindicação médica, evidência laboratorial de imunidade para cada uma das três doenças ou documentação do diagnóstico de sarampo ou caxumba por profissional de saúde. Para a rubéola, a documentação do diagnóstico não é considerada evidência aceitável de imunidade. Componente do sarampo: Recomenda-se uma segunda dose de MMR, administrada em um tempo mínimo de 28 dias após a primeira dose, para adultos que (1) foram recentemente expostos ao sarampo ou que estejam submetidos a um contexto de surto; (2) sejam estudantes de curso superior; (3) trabalhem em uma instituição de saúde; ou (4) planejem uma viagem internacional. Indivíduos que receberam vacina inativada (morta) contra sarampo ou de tipo desconhecido durante 1963-1967 de verão ser revacinados com duas doses da vacina MMR. Componente da caxumba: Recomenda-se uma segunda dose de MMR, administrada em um tempo mínimo de 28 dias após a primeira dose, para adultos que (1) vivam em uma comunidade submetida a um contexto de surto de caxumba e se situem em uma faixa etária afetada; (2) sejam estudantes de curso superior; (3) trabalhem em uma instituição de saúde; ou (4) planejem uma viagem internacional. Indivíduos que receberam vacina inativada (morta) contra caxumba ou de tipo desconhecido antes de 1979 e que se encontram em alto risco de infecção (p. ex., indivíduos que estejam trabalhando em uma instituição de saúde) deverão ser revacinados com duas doses da vacina MMR. Componente da rubéola: Para mulheres em idade reprodutiva, independentemente do ano de nascimento, determinar rotineiramente a imunidade à rubéola. Se não houver evidência de imunidade, as mulheres não grávidas devem ser vacinadas. As mulheres que não apresentam evidência de imunidade devem receber a vacina MMR ao completar a gravidez e antes da alta da maternidade. Equipe de saúde nascida antes de 1957: Para o pessoal dã equipe de saúde não vacinada nascida antes de 1957 que não possui evidência laboratorial de sarampo, caxumba e/ou imunidade à rubéola ou confirmação laboratorial de doença, a insti tuição de saúde deve: 1) considerar a vacinação rotineira da equipe com duas doses da vacina MMR com o intervalo apropriado (para sarampo e caxumba) e uma dose da vacina MMR (para rubéola), e 2) recomendar duas doses da vacina MMR com o intervalo apropriado durante um surto de sarampo ou caxumba e uma dose durante um surto de rubéola. Informações complementares sobre evidência de imunidade estão disponíveis em http://www.cdc.gov/vaccines/recs/provisional/defaut.htm. 7. Vacinação polissacarídica pneumocócica (PPSV) Vacinar todos os indivíduos com as seguintes indicações: Médicas: distúrbios crônicos do sistema pulmonar (incluindo asma); doenças car diovasculares crônicas; diabetes melito; doenças hepáticas crônicas; cirrose; alcoolismo crônico; asplenia funcional ou anatômica (p. ex., anemia falciforme ou esplenectomia [se for planejada uma esplenectomia eletiva, vacinar pelo menos 2 semanas antes da cirurgia]); condições imunossupressoras (incluindo insuficiência renal crônica ou síndrome nefrótica); e implantes cocleares e derrames do líquido cerebrospinal. Vacinar o mais próximo possível do diagnóstico de infecção por HIV. Outras: Residentes em clínicas geriátricas ou outras instituições de assistência de longo prazo e indivíduos fumantes. O uso rotineiro de PPSV não é recomen
Figura 122.1
(Continuação). As formulações de vacinas de um único antígeno devem ser administradas em um esquema de duas doses com intervalo de 0 e 6-12 meses (Havrix) ou 0 e 6-18 me ses (Vaqta). Se for utilizada a vacina combinada contra as hepatites A e B (Twinrix), administrar três doses aos 0,1 e 6 meses; alternativamente, um esquema de quatro doses pode ser utilizado, administradas nos dias 0,7 e 21-30, seguidas por uma dose booster no décimo segundo mês. 11. Vacinação contra hepatite B Indivíduos vacinados com qualquer das indica ções seguintes e qualquer indivíduo que busque a proteção contra a infecção pelo vírus da hepatite B (HBV): Comportamentais: pessoas sexualmente ativas que não estão em uma relação mu tuamente monogâmica de longa duração (isto é, pessoas com mais de um parceiro sexual nos 6 meses anteriores); usuários de drogas injetáveis atuais ou recentes; e homossexuais masculinos. Ocupacionais: profissionais de saúde e funcionários de segurança pública expostos a sangue ou outros líquidos corporais potencialmente infecciosos. Médicas: pacientes com doença renal terminal, incluindo os que recebem hemodiálise; indivíduos com infecção pelo HIV; e indivíduos com doença hepática crônica. Outras: contatos domiciliares e parceiros sexuais de pessoas com infecção crônica pelo HBV; pacientes e membros de equipe de instituições para pacientes com trans tornos do desenvolvimento; viajantes internacionais para países com prevalência alta ou intermediária de infecção crônica pelo HBV (consultar a lista de países em vmw. cdc.gov/travel/contentdiseases.asp)?i. A vacinação contra hepatite B é recomendada para todos os adultos nas seguin tes condições: clínicas de tratamento de DST; estabelecimentos que oferecem teste para o HIV e tratamento; estabelecimentos que fornecem tratamento para abuso de drogas e serviços de prevenção; instalações de assistência à saúde que fornecem serviços para usuários de drogas injetáveis ou homossexuais masculinos; institui ções de correção; programa para doença renal terminal e instituições para pacientes submetidos à hemodiálise crônica; e instituições e creches não residenciais para pessoas com distúrbios do desenvolvimento. Administrar as doses perdidas para completar uma série de três doses da vacina contra a hepatite B aos indivíduos não vacinados ou não completamente vacinados. A segunda dose deve ser administrada um mês após a primeira; a terceira dose deve ser administrada pelo menos dois meses após a segunda (e pelo menos quatro me ses após a primeira dose). Se a vacina combinada contra as hepatites A e B (Twinrix) for utilizada, administrar três doses nos meses 0,1 e 6; alternativamente, pode ser utilizado um esquema de quatro doses do Twinrix, administradas nos dias 0 ,7 e 2130 e seguidas por uma dose booster no décimo segundo mês. Pacientes adultos submetidos à hemodiálise e outros adultos imunocomprometidos, uma dose de 40 (xg/mL (Recombivax HB), administradas em um esquema de três doses ou dois doses de 20 |xg/mL (Engerix-B) administradas simultaneamente em um esquema de quatro doses nos meses 0, 1,2 e 6. 12. Condições especiais nas quais a vacina contra o Haem ophilus in flu en zae do tipo b (Hib) pode ser usada Uma dose da vacina contra o Hib deve ser considerada para indivíduos com anemia falciforme, leucemia ou infecção por HIV, ou que tenham sofrido esplenectomia, caso não tenham recebido previamente a vacina. 13. Condições relacionadas à imunodeficiência Vacinas inativadas geralmente são aceitáveis (p. ex., pneumocócica, meningocócica, contra influenza [vacina inativada] e vacinas vivas em geral são evitadas em indivíduos com deficiências imunológicas ou condições imunocomprometidas. Informações sobre condições específicas em http://www.cdc.gov/vaccines/pubs/acip-list.htm.
Q uando os adultos se apresentam para o tratam ento, a sua história de im unização deverá ser avaliada e registrada e essa inform ação p ode rá ser usada para identificar as vacinas necessárias, de acordo com a versão mais atual do program a de im unização para adultos. As ferra m entas que baseiam a decisão, incorporadas aos registros eletrônicos de saúde, podem fornecer decisões rápidas para a vacinação necessá ria. Prescrições perm anentes, que são norm alm ente usadas para as vacinas rotineiram ente indicadas (p. ex., vacinas contra a influenza e pneum ococo), perm item que um a enferm eira ou outro profissional licenciado possa adm inistrar as vacinas sem um a prescrição especí fica de um m édico, reduzindo assim as barreiras para a im unização dos adultos.
de um a reação anafilática contra um a dose de vacina ou a um com ponente de um a vacina é um a contraindicação para doses p osterio res. Uma precaução é um a condição que poderá elevar o risco de um evento adverso ou que p o d erá com prom eter a habilidade da vacina de induzir im unidade (p. ex., adm inistrar a vacina do saram po a um indivíduo que recebeu recentem ente um a transfusão sanguínea e que poderá apresentar um a im unidade passiva transitória ao saram po). N orm alm ente, um a vacina não é adm in istrad a quando se observa um a precaução. E ntretanto, pod erão o co rrer situações onde os b e nefícios da vacinação ultrapassem o risco de um evento adverso e o profissional poderá decidir vacinar o paciente apesar da precaução. Em alguns casos, contraindicações e precauções são tem porárias e poderão ocasionar apenas um retardo na vacinação até um m o m ento posterior. Por exemplo, doenças febris m oderadas ou severas são geralm ente consideradas precauções transitórias para a vacina ção e poderão levar a um a postergação da adm inistração da vacina até que a fase aguda tenha se resolvido; portanto, a sobreposição de efeitos adversos da vacinação ao quadro clínico da doença de base e
Avaliando contraindicações e regulamentos Antes da vacinação, todos os pacientes devem ser investigados q u a n to às contraindicações e precauções. U m a contraindicação é um a condição tida com o responsável pela elevação substancial do risco de um a reação adversa séria à vacinação. Por exemplo, um a história
Princípios de Imunização e Uso de Vacinas
dado a índios americanos/nativos do Alasca ou indivíduos com < 65 anos, a menos que apresentem condições médicas básicas como indicações para PPSV. Entretanto, as autoridades de saúde pública podem considerar a recomendação da PPSV para os índios americanos/nativos do Alasca e indivíduos com 50-64 anos que estejam vivendo em áreas onde o risco de doença pneumocócica in vasiva é elevado. 8. Revacinação com PPSV Revacinação em dose única depois de cinco anos para pessoas entre 19-64 anos com insuficiência renal crônica ou síndrome nefrótica; asplenia funcional ou anatômica (p. ex., anemia falciforme ou esplenectomia); ou para indivíduos em condições imunossupressoras. Para pessoas com > 65 anos de idade, a revacinação em dose única é recomendada se tiverem sido vacinadas há > 5 anos e tinham < 65 anos de idade por ocasião da vacinação primária. 9. Vacinação meningocócica A vacina meningocócica deve ser administrada a indivíduos com as seguintes indicações: Médicas: Uma série de duas doses da vacina conjugada meningocócica é reco mendada para adultos com asplenia anatômica ou funcional, ou deficiências dos componentes terminais do complemento. Adultos infectados pelo HIV e que tenham sido vacinados também devem receber uma série rotineira de duas doses. As duas doses devem ser administradas nos meses 0 e 2. Outras: Uma dose única da vacina meningocócica é recomendada para universitá rios calouros que vivem em alojamentos; microbiologistas rotineiramente expostos a cepas isoladas de Neisseria meningitidis-, recrutas militares; e pessoas que visitam ou vivem em países onde a doença meningocócica é hiperendêmica ou endêmica (p. ex., o “cinturão de meningite” da África Subsaariana durante a estação seca [dezembro-junho]), particularmente se o contato com as populações locais for prolongado. O governo da Arábia Saudita exige a vacinação para todos os que viajam para Meca durante o Hajj anual. Prefere-se a vacina conjugada meningocócica quadrivalente (MCV4) para adultos com qualquer uma das indicações precedentes com < 55 anos de idade; a vacina meningocócica polissacarídica (MPSV4) é preferível para adultos com > 56 anos de idade. A revacinação com MCV4 a cada cinco anos é recomendada para adultos previamente vacinados com MCV4 ou MPSV4 que permaneçam com risco elevado de infecção (p. ex., adultos com asplenia anatômica ou funcional, ou deficiências dos componentes terminais do complemento). 10. Vacinação contra hepatite A Indivíduos vacinados com qualquer das seguin tes indicações e qualquer indivíduo que busque a proteção contra a infecção pelo vírus da hepatite A (HAV): Comportamentais: homossexuais masculinos e usuários de drogas ilícitas. Ocupa cionais: pessoas que trabalham com primatas infectados pelo HAV ou com o HAV em laboratório de pesquisa. Médicas: pessoas com doença hepática crônica e indivíduos que recebem concen trados de fatores da coagulação. Outras: pessoas que viajam ou trabalham em países que apresentam endemicidade alta ou intermediária da hepatite A (pode-se consultar a lista de países em www.cdc. gov/travel/contentdiseases. asptf. Indivíduos não vacinados que esperam ter contato pessoal íntimo (p. ex., emprega dos ou babás regulares) com uma criança estrangeira adotada, durante os primeiros 60 dias após a chegada nos Estados Unidos vindo de um país com endemicidade intermediária ou alta, deverão ser vacinados. A primeira de uma série de duas doses da vacina contra hepatite A deve ser administrada logo que a adoção for planejada, idealmente com > 2 semanas antes da chegada do adotado.
1035
QUADRO 122.3
Contraindicações e precauções para as vacinas normalmente aplicadas em adultos
Formulação da vacina
Contraindicações e precauções
Todas as vacinas
Contraindicação
j
Reação alérgica grave (p. ex., anafilaxia) após uma dose prévia da vacina ou a um componente da vacina
Precaução Doença aguda moderada ou grave, com ou sem febre; retardar a vacinação até que a doença se resolva Td
Precauções
Tdap
Contraindicação
GBS em 6 semanas após uma dose prévia de vacina contendo TT; retardar a vacinação até pelo menos 10 anos após a última dose História de encefalopatia (p. ex., coma ou choque prolongado) não atribuível a outra causa identificada em 7 dias após a administração de uma vacina com componentes do pertussis, como DTaP ou Tdap
Precauções GBS em 6 semanas após uma dose prévia de vacina contendo TT Condição neurológica instável (p. ex., eventos cerebrovasculares e condições encefalopáticas agudas) Histórias de reação de hipersensibilidade do tipo Arthus após uma dose prévia de vacina contendo TT e/ou DT, incluindo MCV4; retardar a vacinação até pelo menos 10 anos após a última dose Gravidez HPV
Contraindicação História de hipersensibilidade imediata à levedura (para Gardasil)
Precaução Gravidez. Se uma mulher se descobrir grávida após o início da série da vacinação, o que restar do regime de dose tripla deverá ser retardado até o final da gravidez. Se tiver sido administrada uma dose da vacina durante a gravidez, nenhuma intervenção será necessária. Um registro de vacina-durante-gravidez foi estabelecido por Gardasil; pacientes e profissionais de saúde deverão informar qualquer exposição à vacina quadrivalente contra HPV durante a gravidez MMR
Contraindicações História de reação de hipersensibilidade imediata à gelatina3 ou neomicina Gravidez Imunodeficiência grave conhecida (p. ex., tumores hematológicos e sólidos, imunodeficiência congênita, tratamento imunossupressor de longo prazo; imunocomprometimento severo devido à infecção pelo HIV)
Precaução Administração recente (até 11 meses) de hemocomponentes contendo anticorpos Varicela
Contraindicações Gravidez Imunodeficiência severa conhecida História de reação de hipersensibilidade imediata à gelatina3 e neomicina
Precaução Administração recente (até 11 meses) de hemocomponentes contendo anticorpos Influenza, injetável, trivalente
Contraindicação História de reação de hipersensibilidade imediata à ovosb
Precauções História de GBS em 6 semanas após uma dose prévia da vacina contra influenza Gravidez não representa contraindicação ou precaução. Essa vacina é recomendada para mulheres que ficarão grávidas durante a temporada da influenza. Influenza, viva atenuada
Contraindicações
Doenças Infecciosas
História de reação de hipersensibilidade imediata a ovosb Idade > 50 anos Gravidez Imunossupressão, incluindo a causada por medicações ou infecção por HIV; imunodeficiência severa conhecida (p. ex., tumores sólidos e hematológicos, quimioterapia, imunodeficiência congênita, terapia imunossupressora de longo prazo, imunocomprometimento severo devido à infecção por HIV) Certas condições médicas crônicas, como a diabetes melitus, insuficiência pulmonar crônica (incluindo asma), insuficiência cardiovascular crônica (exceto hipertensão), distúrbios renais, hepáticos, neurológicos/neuromusculares, hematológicos ou metabólicos Contato íntimo com pessoas com graus inferiores de imunossupressão (p. ex., pessoas recebendo quimioterapia ou radioterapia que não estejam sendo cuidadas em um ambiente protetor, pessoas com infecção por HIV) não representa contraindicação ou precaução.
Precaução História de GBS em 6 semanas após uma dose prévia da vacina contra influenza Polissacarídica pneumocócica
Nenhuma
Hepatite A
Precaução Gravidez
Hepatite B
Contraindicação História de hipersensibilidade imediata à levedura (Continua)
1036
QUADRO 122.3
Contraindicações e precauções para as vacinas normalmente aplicadas em adultos (Continuação)
Formulação da vacina
Contraindicações e precauções
Conjugada meningocócica
Contraindicações Idade > 55 anos (licenciada para o uso apenas entre indivíduos 2-55 anos de idade) História de reação alérgica severa à borracha natural desidratada (látex) ou às vacinas contendo DT
Precauções História de GBS Polissacarídica meningocócica
Contraindicação
Zóster
Contraindicações
História de reação alérgica severa à borracha natural desidratada (látex) Idade < 60 anos Gravidez Imunodeficiência severa conhecida História de reação de hipersensibilidade imediata à gelatina8ou neomicina
3Extrema cautela deve ser tomada na administração das vacinas contra MMR, varicela ou zóster a indivíduos com uma história de uma reação anafilática à gelatina ou a produtos contendo gelatina. Após a administração, deve-se considerar a realização do teste cutâneo para sensibilidade à gelatina. Entretanto, nenhum protocolo específico com este propósito foi publicado. "Foram publicados protocolos para a administração segura da vacina contra influenza a indivíduos com alergia à ovos. Ver referências 222-224 em Fiore AE e col., MMWR 57:1,2008.
Nota: DT, toxoide diftérico; GBS, síndrome Guillain-Barré; HPV, papilomavírus humano; MMR, sarampo, caxumba e rubéola; Td, toxoides tetânico e diftérico; Tdap, toxoides tetânico e didtérico e coqueluche acelular; TT, toxoide tetânico.
a atribuição errônea de um a m anifestação clínica da doença de base à vacina são evitadas. C ontraindicações e precauções das vacinas li cenciadas nos Estados U nidos para uso em adultos civis estão resu m idas no Q u ad ro 122.3. É im portante reconhecer condições que não representem contraindicações a fim de não se perder oportunidades de vacinação. Por exemplo, na m aioria dos casos, um a doença aguda branda (com ou sem febre de baixo grau), um a história de reação lo cal branda a m oderada a um a dose prévia da vacina e a am am entação não representam contraindicações para a vacinação.
História de hipersensibilidade imediata a um componente da vacina
Gravidez As vacinas de vírus vivos são contraindicadas d urante a gravidez devido à possibilidade que a replicação do vírus possa cau sar infecção congênita ou possa apresentar efeitos adversos sobre o feto. A m aioria das vacinas de vírus vivos, incluindo a vacina contra varicela, não é secretada no leite m aterno; portanto, a am am entação não é um a contraindicação para as vacinas de vírus vivos ou outras. A gravidez não é um a contraindicação para a adm inistração de vaci nas inativadas, m as a m aioria é evitada nesse caso porque os dados de segurança relevantes são lim itados. A única vacina rotineiram en te recom endada, nos Estados Unidos, para m ulheres que estejam ou estarão grávidas durante a estação da influenza é a vacina trivalente inativada contra a influenza. Algumas outras vacinas, com o a do téta no e difteria toxoide (Td) e a do tétano, difteria toxoide e coqueluche acelular (Tdap), podem ser a dm inistradas a m ulheres grávidas em certas circunstâncias. O ressurgim ento da coqueluche em algum as áreas incentivou o m aior uso da Tdap durante a gravidez.
1. Indivíduos com leucem ia, linfom as ou outras neoplasias m alig nas afetando a m edula óssea ou o sistem a linfático. Entretanto, pacientes cuja leucem ia está em rem issão e que não receberam quim ioterapia (p. ex., fárm acos alquilantes ou antim etabólitos) ou radioterapia pelo m enos nos últim os três meses podem re ceber a vacina contra zóster. 2. Indivíduos com A ids ou outras m anifestações clínicas da infec ção p o r HIV, incluindo indivíduos com contagens de linfócitos CD4+ < 200/|xL ou < 15% dos linfócitos totais. 3. Indivíduos re ceb en d o tera p ia im u n o ssu p resso ra, in cluindo glicocorticoides em dose alta (> 20 m g de p re dnisona p o r dia ou equivalente) p o r > 2 sem anas. A vacinação co n tra zóster deverá ser re ta rd ad a para pelo m en o s u m m ês após a in te r ru p ç ão desta terapia. A tera p ia breve com glicocorticoides (4 m g/kg po r sem ana), azatioprina (< 3,0 m g/kg p o r dia) ou 6-m ercaptopurina (< 1,5 m g/kg p o r dia) para o tratam en to de artrite reum atoide, psoríase, póliom iosite, sarcoidose, doença in testin al inflam atória e ou tras condições sem elhantes não constituem um a contraindicação. 4. Indivíduos com evidências clínicas ou laboratoriais de outra im unodeficiência celular inespecífica. E ntretanto, indivíduos com im unidade h um oral com p ro m etid a (p. ex., h ip o g am a globulinem ia ou disgam aglobulinem ia) podem receber vacina contra zóster. 5. Indivíduos recebendo transplante de célula progenitora de m e dula. A experiência desses pacientes com vacinas contendo o vírus varicela-zóster (p. ex., vacina contra zóster) é lim itada. Os m édicos devem avaliar o estado im unológico do receptor a cada caso para determ inar os riscos relevantes. Se for tom ada a decisão de se adm inistrar a vacina contra zóster, a vacinação não deverá ser feita antes de 24 meses após o transplante. 6. Indivíduos recebendo m ediadores im unológicos h um anos re com binantes e m oduladores im unológicos, especialm ente os agentes antifator de necrose tum oral adalim um ab, inflixim ab e etanercept. A segurança e eficácia da vacina contra zóster, si m ultânea a estes agentes, são desconhecidas. Se não for possível adm inistrar a vacina contra zóster aos pacientes antes do início da terapia, os m édicos deverão avaliar o estado im unológico em cada caso p ara determ inar os riscos e benefícios relevantes. De outra form a, a vacinação deverá ser retardada para pelo m e nos um m ês após a interrupção da terapia.
liofilizadas, a sua durabilidade será lim itada e deverão ser arm aze nadas sob condições de luz e tem peratura adequadas. Por exemplo, as vacinas contra varicela e zóster devem ser protegidas da luz e a d m inistradas em 30 m in u to s após a reconstituição; a vacina contra M M R deve ser protegida da luz, p orém poderá ser usada em até oito horas após a reconstituição. Frascos de dose única da vacina polissacarídica m eningocócica devem ser usados em 30 m inutos após a reconstituição, enquanto os frascos p ara várias doses p odem ser usa dos dentro de 35 dias. As vacinas são arm azenadas na tem peratura da geladeira (2-8°C) ou do freezer (-15°C ou inferior). E m geral, vacinas inativadas (p. ex., influenza inativada, polissacarídica pneum ocócica e conjugadas m eningocócicas) são arm azenadas n a tem peratura da geladeira, e n quanto os frascos de pó liofilizado contendo vírus vivos (p. ex., vaci nas contra varicela, zóster e M M R) são arm azenados à tem peratura do freezer. Diluentes para as vacinas liofilizadas deverão ser arm aze nados na geladeira ou à tem peratura am biente. A vacina de vírus ate nuados contra a influenza - um a form ulação líquida de vírus vivo ad m inistrada po r spray nasal - é m antida na tem peratura da geladeira. Para evitar flutuações de tem peratura, as vacinas deverão ser ar m azenadas no interior da geladeira e n ão na porta, gavetas para vege tais, chão, próxim as à parede ou ao freezer - locais onde a tem peratu ra poderá variar significativam ente. A abertura freqüente da porta de um a geladeira para apanhar alim entos p oderá alterar a tem peratura interna da unidade e com prom eter as vacinas; portanto, alim entos e bebidas não deverão ser arm azenados na m esm a geladeira que as va cinas. Vacinas congeladas deverão ser arm azenadas no interior (não na porta) de um freezer que possua sua própria po rta externa separa da da geladeira. Elas não deverão ser arm azenadas em frigobares. A tem peratura das geladeiras e freezers usados para o arm azenam ento de vacinas deverá ser m onitorada e registrada pelo m enos duas vezes ao dia. Idealm ente, são utilizados term ôm etros contínuos e as tem pe raturas são registradas durante todo o dia e noite.
■ ESTATUTOS DE INFORMAÇÃO SOBRE VACINAS (VIS)
Doenças Infecciosas
Um VIS é um a folha de inform ações (frente e verso) produzida pelo CDC, que inform a aos receptores de vacinas sobre os seus benefícios e riscos. Os VISs são orientados pelo National Childhood Vaccine In ju ry A ct (NCVIA) de 1986 e - se o receptor da vacina for um a criança ou um adulto - deverá ser fornecido para qualquer vacina coberta pelo Vaccine Injury Compensation Act. A p a rtir de ju n h o de 2009, as vacinas cobertas pelo NCVIA e licenciadas para o uso em ad u l tos incluem as vacinas contra Td, Tdap, hepatite A, hepatite B, HPV, influenza inativada influenza intranasal viva, saram po/caxum ba/rubéola (MMR), m eningocócica, pólio e varicela. Q uando forem ad m i nistradas vacinas com binadas que não possuam VISs separados (p. ex., a vacina com binada contra as hepatites A e B), todos os VISs re levantes deverão ser fornecidos. Tam bém existem VISs para algum as vacinas não cobertas pelo NCVIA, com o as vacinas polissarídica penum ocócica, tifoide, contra encefalite japonesa, raiva, zóster, e febre amarela. O uso destes VISs é encorajado, porém não é obrigatório. Todos os VISs atuais estão disponíveis na in te rn et em dois web sites-, o site de Vacinas e Im unizações do CD C (www.cdc.gov/vaccines) e o site da lm m unization Action Coalition ('w w w .im m unize.org/vis/). (O últim o site tam bém inclui traduções dos VISs.) O s VISs destes sites podem ser baixados e im prim idos.
■ ARMAZENAMENTO E MANUSEIO Vacinas injetáveis são acondicionadas em frascos p ara várias doses ou doses únicas ou em seringas de dose única enchidas pelo fabri cante. A vacina contra influenza viva atenuada é acondicionada em fracos de spray nasal com dose única. A vacina tifoide oral é a rm a zenada em cápsulas. A lgum as vacinas, com o as M M R, a polissacarídica m eningocócica, contra varicela e zóster, vêm em pó liofilizado (em gelo seco) que devem ser reconstituídos (isto é, m isturados com um diluente líquido) antes do uso. O pó liofilizado e o diluente são em balados em frascos separados. Os diluentes não são intercam biáveis e sim especificam ente form ulados p ara cada tipo de vacina; apenas o diluente específico fornecido pelo fabricante, p ara cada tipo de vacina, deve ser utilizado. U m a vez reconstituídas as vacinas
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■ ADMINISTRAÇÃO DE VACINAS Vacinas parenterais recom endadas para a adm inistração rotineira em adultos nos Estados U nidos são adm inistradas p or via IM ou SC. A m aioria das vacinas parenterais é adm inistrada po r via IM em adul tos. As vacinas adm inistradas p o r via SC incluem as vacinas de vírus vivo com o contra varicela, zóster e MM R, bem com o a vacina polis sacarídica m eningocócica inativada. A vacina polissacarídica pn eu m ocócica 23-valente po d e ser ad m in istrad a p o r am bas essas vias, porém prefere-se a via IM p o r ser associada a um m en o r risco de reações no local da injeção. As vacinas adm inistradas a adultos p o r via SC são aplicadas no quadrante superior externo do tríceps e utilizam um a agulha de 5/8 polegadas (Fig. 122.2). As vacinas adm inistradas a adultos p o r via IM são injetadas no m úsculo deltoide (Fig. 122.2) com u m a agulha cujo com prim ento deverá ser escolhido com base no sexo e no peso do receptor, para assegurar a penetração adequada no m úsculo. N or m as atuais indicam que, para h om ens e m ulheres com m ais de 60 kg, um a agulha de 5/8 polegadas é suficiente; para m ulheres entre 60-90 kg e para hom ens entre 60-118 kg, será necessária um a agulha de 1-1,5 polegada e para m ulheres com m ais de 90 kg e hom ens com mais de 118 kg, será utilizada um a agulha d e 1,5 polegadas. A aspiração é o ato de se puxar o êm bolo da seringa após a p e netração na pele, porém antes da injeção, para assegurar que o co n teúdo da seringa não será injetado em um vaso sanguíneo. Em bora essa prática seja defendida pela m aioria dos especialistas, a aspiração não é necessária devido à ausência de vasos sanguíneos de grande calibre nos locais recom endados para a injeção das vacinas. Vacinas m últiplas pod erão ser a dm inistradas na m esm a visita; na verdade, essa prática é encorajada. E studos m ostraram que as va cinas são igualm ente eficazes q u ando adm inistradas sim ultânea ou individualm ente e a adm inistração sim ultânea de m últiplas vacinas não está associada a um risco au m en tad o de efeitos colaterais a d versos. Se m ais de um a vacina tiver que ser adm inistrada no m esm o m em bro, os locais de injeção deverão conservar u m a distância de 1-2 polegadas entre si, de m odo que quaisquer reações locais possam
Injeção subcutânea (SC)
Ângulo de 45
Injeção intramuscular (IM)
 ngulo de 90° l
í ■ J
7
____________ Pele Tecido subcutâneo
M úsculo
M úsculo
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MONITORAMENTO DA SEGURANÇA DA VACINA E REGISTRO DE EVENTO COLATERAL
Avaliações pré-licenciamento da segurança da vacina Antes que as vacinas sejam licenciadas pelo FDA, elas são avaliadas em ensaios clínicos com vo lu n tários. Estes ensaios são conduzidos em três fases progressivas. Os ensaios de fase 1 são pequenos, envolvendo geralm ente m enos de 100 voluntários. O seu propósito é fornecer um a avaliação básica de segurança e identificar efeitos colaterais com uns. Os ensaios de fase 2, que são mais am plos e podem envolver várias centenas de participantes, coletam inform ações adicionais sobre segurança e tam bém são planejados p ara avaliar a im unogenicidade. Os dados obtidos nos ensaios de fase 2 podem ser usados para d eterm in ar a com posição da vacina, o núm ero de doses necessárias e um perfil dos efeitos colaterais com uns. As vacinas prom issoras são ava liadas em ensaios de fase 3, que envolvem centenas a m ilhares de voluntários e são geralmente planejados para dem o n strar a eficácia da vacina e fornecer in form ações adicionais sobre a sua segurança.
Monitoramento pós-licenciamento de segurança da vacina
Princípios de Imunização e Uso de Vacinas
Após o licenciam ento, a segurança de um a vacina é avaliada p o r diversos m ecanism os. O NCVIA de 1986 pede que os profissionais de saúde inform em certos eventos adversos que acom panham a vaci nação de crianças. C om o um m ecanism o para esse registro, o Vaccine Adverse Event Reporting System Administração subcutânea (VAERS) foi criado em 1990 e é controlado sim ul Administração intramuscular taneam ente pelo CD C e pelo FDA. Este sistem a de Figura 122.2 Técnicas para administração SC e IM de vacinas em adultos. (Adaptada de material segurança coleta registros de eventos adversos as fornecido pela Immunization Action Coalition; www.immunize.org.) sociados às vacinas atualm ente licenciadas nos Es tados Unidos. Eventos adversos são definidos como ser diferenciadas. Se um a vacina e um a preparação im unológica de efeitos na saúde que ocorrem após a im unização, globulina forem adm inistradas sim ultaneam ente (p. ex., vacina Td e podendo ou não estar relacionados à vacina. E nquanto o VAERS foi glogulina im une tetânica), deverá ser usado um local anatôm ico se estabelecido em resposta ao NCVIA, qualquer evento adverso após parado para cada injeção. a vacinação - seja em u m a criança ou em um adulto e seja ou não Para certas vacinas (p. ex., contra H PV e hepatite B), serão n e atribuído à vacinação - pode ser registrado pelo VAERS. Em 2008, o cessárias m últiplas doses para um a resposta adequada e persistente VAERS recebeu > 25.000 registros de eventos adversos após a vacina do anticorpo. Os esquemas de vacinação recom endados especificam ção. Destes, 9,5% foram considerados sérios, levando à incapacidade, os intervalos entre as doses. M uitos adultos que recebem a prim eira hospitalização, doenças fatais ou m orte. dose de um a série de vacinas de m últiplas doses não com pletarão a Q ualquer um pode p reencher um registro da VAERS, incluin série ou não receberão as doses subsequentes no intervalo recom en do profissionais de saúde, fabricantes e receptores da vacina ou seus dado; nessas circunstâncias, a eficácia da vacina e/o u a duração de pais ou tutores. Os registros da VAERS po d em ser subm etidos online sua proteção poderão estar com prom etidas. Os fornecedores deverão (http://www.vaers.hhs.gov/esub/index) ou preenchendo u m form u im plem entar sistemas de cham ada que irão alertar os pacientes para lário retirado na internet, pelo telefone (800-822-7967) ou p o r fax o retorno nas doses subsequentes, nos intervalos apropriados de um a (877-721-0366). O form ulário da VAERS pede as seguintes inform a série de vacinação. Com exceção da vacina tifoide oral, um a in te r ções: o tipo de vacina recebida, o tem po de vacinação, o m om ento do rupção no esquema não levará ao reinicio da série e nem à adição de aparecim ento do evento adverso e as doenças ou m edicações atuais doses extras. do receptor, história dos eventos adversos após a vacinação e carac A síncope poderá ocorrer após a vacinação, especialm ente em terísticas dem ográficas (p. ex., idade e sexo). Estas inform ações são adolescentes e adultos jovens. Foi relatada a ocorrência de lesões sé inseridas em um a base de dados. O indivíduo que registra um evento rias, incluindo traum atism os cranianos e acidentes de m otos. Deve adverso recebe, em seguida, u m a carta de confirm ação pelo correio rão ser usados procedim entos que m inim izem o im pacto da síncope com um n úm ero de identificação ju n to ao VAERS, que poderá ser pós-vacinação na adm inistração de vacinas. Para evitar o traum a, usado em caso de se subm eter inform ações adicionais m ais tarde. Em quando ocorre a síncope, os pacientes deverão ser sentados durante a casos selecionados de reações adversas sérias, o estado de recupera ção do paciente p oderá ser acom panhado p o r 60 dias até um ano vacinação. A recom endação da ACIP é de que os adm inistradores da após a vacinação. O FDA e o C D C têm acesso aos dados do VAERS vacina observem os pacientes cuidadosam ente p o r 15 m inutos após e usam essas inform ações para m o n ito rar a segurança da vacina e terem sido vacinados. Se ocorrer a síncope, os pacientes deverão ser conduzir os estudos de pesquisa. Os dados do VAERS (exceto infor observados até o desaparecim ento dos sintomas. m ações pessoais) tam bém estão disponíveis para o público. A anafilaxia é um a complicação rara da vacinação. Todas as in s E nquanto o VAERS fornece inform ações úteis sobre a seguran tituições que fornecem im unizações devem possuir um kit de em er ça da vacina, esse sistem a de registro passivo possui im portantes gência contendo epinefrina aquosa, p ara adm inistração no caso de lim itações. Um a é que ele coleta inform ações sobre eventos apenas um a reação anafilática sistêmica.
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após a vacinação; ele não avalia se um d eterm inado tipo de evento ocorre com m aior frequência do que o esperado após a vacinação. Uma segunda lim itação é que o evento registrado é incom pleto e d i recionado preferencialm ente para os eventos que se acredita estarem mais provavelmente ligados à vacinação e que ocorrem relativam ente após esta. Para se obter inform ações m ais sistem áticas sobre eventos adversos que ocorrem em indivíduos vacinados e não vacinados, o projeto Vaccine Safety D atalink foi iniciado em 1991. D irigido pelo CDC, esse projeto inclui oito organizações de tratam ento controlado nos Estados Unidos; a base de dados dos m em bros inclui inform a ções sobre im unizações, condições m édicas, dem ográficas, resulta dos laboratoriais e prescrições de m edicações. O D epartam ento de Defesa utiliza um sistem a sem elhante m onitorando a segurança de im unizações entre os m ilitares da ativa. Além disso, avaliações pós-licenciam ento da segurança da vacina são norm alm ente requeridas pelo FDA com o um a condição para o licenciam ento da vacina.
Manutenção de registros da vacina Todas as vacinas adm inistradas devem ser totalm ente docum entadas no registro m édico perm anente do paciente. A docum entação deverá incluir a data de adm inistração, o nom e ou abreviatura com um da vacina, o núm ero do lote e o fabricante da vacina, o local de adm inis tração, a edição do VIS, a data em que o VIS foi fornecido e o nom e do indivíduo que adm inistrou a vacina.
■ ACESSO DO CONSUMIDOR E PEDIDO PARA A IMUNIZAÇÃO Rem ovendo barreiras para o consum idor ou paciente, os fornecedo res e as instituições de saúde poderão increm entar o uso da vacina. Barreiras financeiras têm sido tradicionalm ente im portantes restri ções, particularm ente entre os adultos sem recursos. M esm o para os adultos com recursos, os custos excessivos associados às vacinas m ais novas e caras (p. ex., vacina contra zóster) representam um obstá culo a ser vencido. Após a inclusão pelo Medicare da vacina contra influenza para todos os beneficiários em 1993, a cobertura dobrou entre os indivíduos com > 65 anos de idade (de =30% em 1989 para > 60% em 1997; Fig. 122.3). O utras estratégias que aum entam o aces so do paciente à vacinação incluem horários estendidos dos postos (p. ex., durante a noite e finais de sem ana) e clínicas dedicadas ape nas à vacinação, onde o tem po de espera é reduzido. A provisão de vacinas fora da “am biente m édico” (p. ex., p o r m eio de clínicas, u n i versidades e postos) poderá expandir o acesso para adultos que não efetuam visitas m édicas com frequência. Proporções crescentes de jovens adultos estão sendo vacinadas nesses locais. Os esforços para prom oção da saúde, focalizados em aum entar a d em anda pela im unização, são com uns. A pro p ag an d a direta ao consum idor, feita pelas com panhias farm acêuticas, tem sido usada p ara algum as vacinas m ais recentes de adolescentes e adultos. Os esforços para elevar a dem anda do c o n su m id o r pelas vacinas não têm increm entado as taxas de vacinação, a m enos que im plem enta dos em conjunto com outras estratégias que objetivem o reforço de
práticas do prestador de serviços de saúde ou a redução de barreiras ao consum idor. A titudes e benefícios relacionados à vacinação podem represen tar im pedim entos consideráveis ao pedido do consum idor. M uitos adultos consideram as vacinas com o im p o rtan te para crianças, p o rém estão m enos fam iliarizados com as vacinações direcionadas à prevenção das doenças em adultos. Várias vacinas são reco m en d a das p ara adultos com determ inados fatores m édicos de risco, porém a autoidentificação com o um indivíduo de alto risco é relativam ente rara. A pesquisa de com unicação sugere que m uitos adultos com doenças crônicas p o d em ser m ais m otivados a receber u m a vacina pelo desejo de proteger os m em bros de sua fam ília do que para re duzir o seu próprio risco. A lgum as vacinas são explicitam ente reco m endadas para indivíduos com risco relativam ente baixo de co m plicações sérias, com o objetivo de re d u zir o risco de transm issão para os contatos que apresentam m aiores riscos. Por exem plo, para os pais e auxiliares de recém -nascidos, as vacinas contra influenza e coqueluche são recom endadas.
■ ESTRATÉGIAS PARA OS PRESTADORES E INSTITUIÇÕES DE TRATAMENTO DE SAÚDE Recomendações para o prestador de serviços de saúde Os profissionais de saúde podem exercer grande influência sobre p a cientes em relação à im unização. U m a recom endação vinda de um m édico ou enferm eira possui m ais peso do que as recom endações de sociedades profissionais ou endossadas p or celebridades. Os for necedores devem estar bem inform ados sobre os riscos e benefícios da vacina, de m odo que possam esclarecer as dúvidas com uns aos pacientes. O CDC, o Colégio A m ericano de M édicos (American Col lege o f Physicians) e a A cadem ia A m ericana dos M édicos de Família (.American A cadem y o f Family Physicians) revisaram e atualizaram o program a anual de im unização para adultos e tam bém desenvolve ram m aterial educacional para facilitar as discussões m édico-paciente sobre a vacinação (www.cdc.gov/vaccines).
Suportes do sistema C onsultórios m édicos p o d e m in co rp o ra r um a variedade de m éto dos para assegurar que os profissionais ofereçam consistentem ente im unizações específicas p a ra pacientes com indicações p a ra v a cinas específicas. F erram entas p a ra su sten tar as decisões têm sido incorporadas em alguns registros de saúde eletrônicos para alertar o profissional quando as vacinas específicas são indicadas. Lem bre tes m anuais ou autom áticos e ordens de serviço têm sido discutidos (ver “D ecidindo Q uem V acinar”, acim a) e têm m elhorado consisten tem ente a c obertura da vacinação tan to no consultório quanto nos am bientes hospitalares. A m aioria das estim ativas dos m édicos a res peito a respeito de seu p róprio desem penho diverge das avaliações objetivas da cobertura da im unização de seus pacientes; foi m o stra do, na prática pediátrica, que a avaliação quantitativa e a resposta aum entaram significativam ente o d esem penho da im unização. A l guns planos de saúde instituíram incentivos p ara ó's prestadores de serviços com altas taxas de c o b ertu ra da im unização. Profissionais especializados, incluindo obstetras-ginecologistas, p o d em ser os únicos profissionais que atendam pacientes ,de alto risco com indica ções para vacinas específicas (p. ex., vacinas contra HPV, influenza e polissacarídica pneum ocócica).
Exigências para imunização A vacinação contra doenças com unicáveis específicas é requerida para a adm issão em m uitas universidades e colégios, assim com o para o serviço m ilitar nos EUA ou para alguns postos ocupacionais (p. ex., cuidado de crianças, laboratórios, veterinárias e tratam ento de saúde). Im unizações são recom endadas e, algum as vezes, exigidas no caso de viagens para d eterm inados países (ver Cap. 123).
Vacinação da equipe de saúde Figura 122.3 Cobertura da vacinação contra influenza entre adultos com > 65 anos de idade, nos Estados Unidos, 1989-2008. (De http://www.cdc.gov/FLU/PROFESSI0NALS/VACCINATI0N/pdf/NHIS89_08fluvaxtrendtab.pdf.)
Um a área p articu lar de foco p ara os am bientes m édicos é a vaci nação de seus profissionais de saúde, incluindo aqueles com e sem responsabilidades diretas sobre o tratam e n to do paciente. A Joint
Commission (que licencia as organizações de tratam ento de saúde), o Healthcare Infection Control Practices Advisory Comm ittee do CD C e a ACIP recom endam , em conjunto, a vacinação de toda a sua equi pe de saúde contra a influenza; novas recom endações se concentram em exigir a docum entação de declinação dos profissionais que não aceitam a vacinação anual contra influenza. A lgum as instituições e jurisdições im plem entaram m andatos sobre a vacinação de seus profissionais de saúde contra influenza e expandiram as exigências anteriores relacionadas à vacinação ou prova de im unidade p ara a hepatite B, saram po, caxum ba, rubéola e varicela.
cica e contra a influenza (avaliados pelo Behavioral Risk Factor Surveillance System do CD C) revelam substancial variação geográfica na cobertura. Existem disparidades persistentes nas taxas de cobertura da im unização em adultos entre os brancos e as m inorias étnicas e ra ciais. Em contraste, disparidades raciais e econôm icas na im unização de crianças jovens têm sido dram aticam ente reduzidas durante a úl tim a década. M uito desse progresso é atribuído ao Vaccinesfor Children Program, que desde 1994 vem aceitando crianças sem recursos para receberem vacinas grátis. A proxim adam ente 70% das crianças hispânicas e afro-am ericanas são elegíveis para esse program a.
■ VACINAÇÃO EM AMBIENTES NÃO MÉDICOS
■ TENDÊNCIAS FUTURAS
As taxas de vacinação em consultórios m édicos são as m ais altas e n tre crianças, jovens e adultos com > 65 anos de idade. Os indivíduos destas faixas etárias fazem m ais visitas ao consultório e estão m ais propensos a receber tratam ento em um “am biente m édico” consis tente do que crianças m ais velhas, adolescentes e adultos jovens. A vacinação fora do consultório m édico pode expandir o acesso daque les que fazem visitas m édicas lim itadas e reduzir o m ovim ento em práticas clínicas congestionadas. Em alguns lugares, restrições finan ceiras relacionadas às exigências de inventário e arm azenam ento le varam os profissionais de saúde a arm azenar poucas, ou nenhum a, vacinas. Fora dos consultórios particulares e am bientes hospitalares, a vacinação tam bém pode ocorrer em departam entos de saúde, a m bientes de trabalho, locais de prom oção (incluindo farm ácias e su perm ercados) e escolas. Q uando as vacinas são adm inistradas em am bientes não m éd i cos, é im portante que os padrões da prática de im unização sejam se guidos. Os consum idores devem receber a inform ação sobre com o reportar eventos adversos (p. ex., através da provisão de um VIS) e a docum entação de adm inistração da vacina deve ser encam inhada ao clínico geral e à saúde pública do estado ou cidade, para o regis tro da imunização. D ocum entação detalhada deve ser exigida para o emprego, a adm issão na escola e a viagem. Os registros de saúde per sonalizados podem ajudar aos consum idores a m anterem o controle de suas im unizações e algum as clínicas de saúde ocupacionais incor poraram registros autom áticos de im unização que ajudam aos em pregadores a se m anter atualizados com as vacinações recom endadas.
Em bora a m aioria das vacinas desenvolvidas no século vinte tenha tido com o alvo doenças infecciosas agudas da infância, vacinas mais recentem ente desenvolvidas im pedem condições crônicas prevalentes entre adultos. A vacina contra hepatite B previne a cirrose e o car cinom a hepatocelular relacionado a essa doença, a vacina contra zós ter im pede herpes-zóster e a neuralgia pós-terpética e a vacina contra HPV previne alguns tipos de câncer cervical, bem com o feridas genitais e cânceres anogenitais. Novos alvos para o desenvolvim ento e a pesquisa sobre vacinas poderão ampliar, posteriorm ente, a defini ção da doença passível de prevenção. E ncontra-se em andam ento a pesquisa sobre vacinas para prevenir a diabetes m elito dependente de insulina, a dependência da nicotina e a doença de Alzheimer. As estratégias em expansão para o desenvolvim ento de vacinas estão in corporando estratégias m oleculares com o as vacinas de DNA, vetores e peptídios. Novas tecnologias, com o o uso da via transdérm ica ou de outras vias de adm inistração que não utilizem agulhas, estão sendo aplicadas ao uso da vacina.
■ MONITORANDO 0 DESEMPENHO
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BIBLIOGRAFIA B o nh oeffer
1041
CAPÍTULO
123
ACONSELHAMENTO GERAL
Recomendação de Saúde para Viagens Internacionais Jay S. Keystone Phyllis E. Kozarsky De acordo com a Organização M undial de Turismo, os desem barques turísticos internacionais cresceram exponencialm ente de 25 m ilhões em 1950 para > 900 m ilhões em 2008. Observa-se que não apenas um m aior núm ero de pessoas está viajando, m as tam bém que os viajantes estão buscando destinos cada vez m ais exóticos e rem otos. As viagens dos países industrializados para os países em desenvolvim ento têm aum entado, sendo a Ásia e o Pacífico, a África e o M édio Leste os des tinos atuais emergentes. A Figura 123.1 resum e a incidência m ensal de problem as de saúde durante as viagens aos países em desenvolvi mento. Os estudos realizados m ostram que 50-75% dos que viajam para os trópicos e regiões subtropicais, e lá perm anecem p or curto tem po, relatam algum com prom etim ento de sua saúde. Esses proble m as de saúde são, em sua m aioria, pequenos: apenas 5% necessitam de atenção m édica, e < 1% exige hospitalização. Apesar dos agentes infecciosos contribuírem consideravelm ente para a m orbidade entre os viajantes, tais patógenos respondem p or apenas = 1% das m ortes nesta população. As doenças cardiovasculares e os traum atism os constituem as causas mais freqüentes de m orte entre os viajantes que partem dos EUA, sendo responsáveis p o r 49 e 22% das m ortes, res pectivam ente. As taxas de m ortalidade por doenças cardiovasculares específicas de determ inadas faixas etárias assem elham -se entre via jantes e não viajantes. Diferentem ente, as taxas de m orte decorrentes de traum atism o (a m aioria p o r veículos m otorizados, afogam ento ou acidentes aéreos) são m uitas vezes m aiores entre os viajantes. Ex cluindo-se a m ortalidade devida à doença cardiovascular e a doenças preexistentes, os acidentes de veículos m otores representam > 40% das m ortes restantes.
As recom endações para a m anutenção da saúde baseiam -se não ape nas no destino do viajante, com o tam bém na avaliação do risco, deter m inado p or variáveis com o o estado de saúde, o itinerário específico, o propósito da viagem, a estação do ano e o estilo de vida do indivíduo durante a viagem. Podem -se obter inform ações detalhadas, a respeito dos riscos e recom endações específicas de cada país, na publicação dos C entersfor Disease Control and Prevention (CDC) Health Infor mation fo r International Travei (disponível em www.ccdc.gov/travel/ ). A aptidão do indivíduo para viajar é um a questão que está cau sando crescente preocupação, devido ao núm ero cada vez m aior de indivíduos idosos e cronicam ente doentes que viajam para destinos exóticos (ver “Viagens e hospedeiros especiais”, adiante). C om o os aviões com erciais ficam , em sua m aioria, pressurizados a 2.500 m acim a do nível do m ar (o que corresponde a um a P a 0 2 de =55 m m H g), os indivíduos com problem as cardiopulm onares graves oa anem ia devem ser avaliados antes da viagem . Além disso, os recen tem ente subm etidos à cirurgia, que sofreram infarto do m iocárdio, acidente vascular cerebral ou trom bose venosa profunda podem cor rer risco elevado de eventos adversos d urante o voo. O Aerospace M e dicai Association A ir Transport Medicine Comm ittee (www.asma.org/ publications/) publicou um resum o das atuais recom endações sobre a aptidão para o voo. Pode-se aconselhar um a avaliação da saúde a n tes da viagem para os indivíduos que planejam atividades recreativas particularm ente arriscadas, com o alpinism o e m ergulho com apare lho autônom o de respiração.
■ IMUNIZAÇÕES PARA VIAGEM As im unizações para viagem são classificadas em três grandes catego rias: as de rotina (reforços infantis/para adultos necessários indepen dentem ente da viagem ), as obrigatórias (im unizações exigidas pelos regulam entos internacionais para a entrada em determ inadas áreas ou para cruzar certas fronteiras) e as recomendadas (im unizações desejáveis devido aos riscos relacionados com a viagem). As vacinas com um ente requeridas e recom endadas aos viajantes estão relaciona das no Q u ad ro 123.1.
Imunizações de rotina Difteria, tétano e poliomielite
100% _ 100.000
S _______ Q u a lqu e r problem a de saúde:
Doenças Infecciosas
D iarréia do v ia ja n te -
______ »
10% M alária (nenhum a quim ioprofilaxia, Á frica O cidental) • Infecção febril aguda d o -----trato respiratório
utilizou m ed icam entos ou adoeceu -------S entiu-se subjetivam ente doente 10.000
1.000
C onsultou um m édico no e strangeiro ou após retornar - P erm aneceu acam ado Incapacidade de trabalhar após o retorno H o spitalizado no e strangeiro
H epatite A G onorreia Mordeduras por animais com risco de raiva —
H epatite B --------------------------------------Febre tifoide (índia; N /N O da Á fric a )------Legionelose -
0,01%
Evacuação em via g em aérea M orte no e strangeiro (VC P)
Sarampo
Febre tifoide (outras áreas) P oliom ielite assintom ática — 0,001%
M orte no estrangeiro (q u a lq u e r viajante)
C ó le ra Poliom ielite p a ra lític a ---------------------------- 1
Figura 123.1 Taxa de incidência mensal de problemas de saúde durante a perma nência em países em desenvolvimento. VCP, voluntários do Corpo da Paz. (De Steffen R, Lobel H0: Epidemiologic basis for the practice of travei medicine. J Wilderness Med 5:56,1994. Reimpressa, com autorização, de Chapman e Hall, New York.)
1042
A difteria (Cap. 138) conti nua sendo um problem a m undial. O correram grandes sur tos em países que reduziram seus program as públicos de vacinação. Os inquéritos sorológicos realizados m ostram a ausência da antitoxina tetânica (Cap. 140) em m uitos in divíduos norte-am ericanos, especialm ente m ulheres com mais de 50 anos de idade. O risco de poliom ielite (Cap. 191) para o viajante internacional é extrem am ente baixo, e o poliovírus do tipo silvestre já foi erradicado do Hemisfé rio Ocidental e da Europa. Todavia, estudos conduzidos nos EUA sugerem que 12% dos viajantes adultos não estão p ro tegidos contra pelo m enos um sorogrupo de poliovírus. A viagem para o estrangeiro oferece um a oportunidade ideal para atualizar essas imunizações^ Çom o recente aum ento da coqueluche em adultos, a vacina tríplice antidiftérica-antitetânica-anticoqueluche acelular (Tdap) é atualm ente recom endada para adultos com o um a dose única de substi tuição ao booster Td anteriorm ente válido por 10 anos. O saram po (rubéola) continua sendo um a im portante causa de m orbidade e de m ortalidade no m undo em desenvolvim ento (Cap. 192). N os EUA, vários surtos de saram po foram associados a casos im portados. O g ru po de m aior risco consiste em pessoas nascidas depois de 1956 e vacinadas antes de 1980, em m uitas das quais a va cinação prim ária falhou. Influenza C onstituindo, possivelm ente, a infecção mais com um passível de prevenção com vacina em viajantes, a influenza ocorre d urante todo o ano, nos trópicos, bem
QUADRO 123.1
V acinas c o m u m e n te u tiliz a d a s pa ra v ia g e n s Série primária
Intervalo para reforço
Cólera, viva oral (CVD103-HgR)
1 dose
6 meses
Encefalite japonesa (JE-VAX)
3 doses, com intervalo de 1 semana, SC
12 a 18 meses (primeiro reforço); a seguir, 4 anos
Encefalite japonesa (Ixiaro)
2 doses, com intervalo de 1 mês, SC
Esquema ótimo de reforço ainda não determinado
1 Vacina
Febre amarela
1 dose SC
10 anos
Febre tifoide, polissacarídio capsular Vi, injetável (Typhim Vi)
1 doseIM
2 anos
Febre tifoide Ty21a, viva atenuada oral (Vivotif)
1 cápsula em dias alternados vezes 4 doses
5 anos
Hepatite A (Havrix), 1.440 U/mL em imunoensaio enzimático
2 doses, com intervalo de 6 a 12 meses, IM
Desnecessário
Hepatite A (VAQTA, AVARXM, EPAXAL)
2 doses, com intervalo de 6 a 12 meses, IM
Desnecessário
Hepatite B (Engerix B); esquema acelerado
3 doses nos meses 0,1 e 2 ou nos dias 0 ,7 e 21, mais reforço dentro de 1 ano, IM
12 meses, apenas 1x
Hepatite B (Engerix B ou Recombivax): esquema-padrão
3 doses, nos meses 0,1 e 6, IM
Desnecessário
Hepatites A/B combinadas (Twinrix)
3 doses nos meses 0,1 e 6 a 12 ou nos dias 0, 7 e 21, mais reforço em 1 ano, IM
Desnecessário exceto aos 12 meses (apenas uma vez para o esquema acelerado)
Imunoglobulina (prevenção da hepatite A)
1 dose IM
Em intervalos de 3 a 5 meses, dependendo da dose inicial
Meningocócica, tetravalente [Menimmune (polissacarídio), Menactra, Menveo (conjugada)]
1 dose SC
> 3 anos (o esquema ótimo de reforço ainda não foi determinado)
Raiva (HDCV), vacina anti-rábica absorvida (RVA) ou vacina de células embrionárias de pinto purificadas (PCEC)
3 doses nos dias 0 ,7 e 21 ou 28, IM
Desnecessário exceto em caso de exposição
com o nos meses de verão, no Hem isfério Sul (coincidindo com o in verno no Hem isfério Norte). Um estudo prospectivo m ostrou que a influenza acom eteu 1% dos viajantes para o Sudeste Asiático p or mês de perm anência. Deve-se considerar a vacinação para todos os que viajam para essas regiões, p articularm ente os indivíduos idosos ou pessoas cronicam ente doentes. A influenza relacionada com viagens continua ocorrendo durante os meses de verão, no Alasca e nos te rri tórios do noroeste do C anadá, entre os passageiros e tripulantes dos navios de cruzeiro (Cap. 187). A velocidade da dissem inação global do vírus pandêm ico H1N1 ilustra m ais u m a vez o m otivo da im uni zação contra a influenza ser tão im portante p ara os viajantes.
Infecção pneumocócica
Imunizações obrigatórias Febre amarela A d ocum entação de vacinação co n tra a febre a m a rela (Cap. 196) pode ser exigida com o requisito para en tra d a ou trânsito p or países da Á frica Subsaariana e A m érica do Sul equato rial, onde a doença é endêm ica ou epidêm ica, ou p a ra países com risco de in trodução da infecção. Esta vacina só é ad m in istrad a p or centros de febre am arela autorizados pelos serviços de saúde, d e vendo a sua a d m in istração ser d o c u m e n tad a em u m certificado internacional de vacinação oficial. O s C D C s (www.cdc.gov/travel/) dispõem de um a lista de clínicas nos EUA que oferecem a vacina. D ados recentes sugerem que m enos de 50% dos viajantes que e n tram em áreas endêm icas p a ra a febre am arela são im unizados. R ecentem ente, foi constatado um aum ento n a incidência de efeitos adversos graves associados a esta vacina. Os que recebem a vacina pela p rim eira vez po d em apresentar u m a sín d ro m e caracterizada com o neurotrópica (1 caso p o r 125.000 doses) ou viscerotrópica (1 caso po r 250.000 doses; entre os indivíduos de 60 a 69 anos de ida de, 1 caso por 100.000 doses; e entre indivíduos > 70 anos de idade, 1 caso p or 40.000 doses). A im unossupressão e a d o en ça do tim o aum entam o risco desses eventos adversos (www.cdc.gov/vaccines/ pubs/vis/dow nloads/vis-yf-pdf).
Meningite meningocócica
É necessária um a proteção contra a m e ningite (utilizando-se um a das vacinas tetravalentes) para entrada na Arábia Saudita, durante o Hajj (Cap. 143).
Influenza Tanto a vacina para H 1N 1 sazonal com o pandêm ica (a úl tim a, quando disponível) foram exigidas para entrar na Arábia Sau dita durante o Hajj em 2009. Imunizações recomendadas Hepatites A e B A hepatite A (Cap. 304) constitui um a das infecções mais com uns dos viajantes passível de prevenção com vacina. O risco é seis vezes m aior p ara os viajantes que se afastam das rotas tu rísti cas habituais. A taxa de m o rtalidade da hepatite A aum enta com a idade, alcançando 3% entre os indivíduos com m ais de 50 anos de idade. Das quatro vacinas contra a hepatite A atualm ente disponíveis na A m érica do N orte (duas nos EUA), todas são intercam biáveis e apresentam um a taxa de eficácia >95% . Os indivíduos que trabalham com longa perm anência além -m ar parecem co rrer considerável risco de infecção pelo vírus da h e p a tite B (Cap. 304). A recom endação p ara a im unização de todos os viajantes co n tra a hepatite B antes de sua p a rtid a é sustentada por dois estudos, m o stran d o que 17% dos viajantes avaliados que n e cessitaram de assistência m édica no exterior receberam algum tipo de injeção. De acordo com a O rganização M undial de Saúde, são utilizados equipam entos não esterilizados-em até 75% das injeções aplicadas nos países em desenvolvim ento. U m esquem a acelerado de três sem anas, da vacina com binada co n tra as hepatites A e B foi aprovado nos E stados U nidos. Praticam ente todos os viajantes que se dirigem aos países m enos desenvolvidos deverão ser im unizados contra as hepatites A e B.
Febre tifoide A taxa de ataque da febre tifoide (Cap. 153) é de 1 caso p o r 30.000 viajantes, p o r m ês de viagem nos países em desenvolvi m ento. E ntretanto, as taxas de ataque na índia, Senegal e norte da África são dez vezes m ais altas, m o strando-se particularm ente ele vadas entre os viajantes para destinos relativam ente rem otos e entre os VFR (im igrantes e suas fam ílias que retornam a seus países de ori gem para visitar am igos ou parentes). N os EUA, entre 1999 e 2006, 66% dos casos im portados envolveram esse últim o grupo. Am bas as vacinas disponíveis - um a oral (viva) e a outra injetável (polissacarí-
Recomendação de Saúde para Viagens internacionais
Independentem ente da viagem , deve-se a d m inistrar a vacina pneum ocócica rotineiram ente aos indivíduos id o sos e pessoas com alto risco de contrair infecção grave, com o aqueles com doença cardíaca, pulm o n ar ou renal crônica, e os que foram subm etidos à esplenectom ia ou que apresentam anem ia falciform e (Cap. 134).
§
1043
i
deo) - apresentam um a taxa de eficácia de =70%. Em alguns países, dispõe-se de um a vacina com binada contra a hepatite A/febre tifoide.
Meningite meningocócica Em bora o risco de doença m eningocócica entre os viajantes não tenha sido quantificado, é provavelm ente m ais alto entre os viajantes que convivem com populações nativas pobres em condições de aglom eração (Cap. 143). Devido à sua capacidade aum entada para prevenir a transm issão nasal (com parada à vacina polissacarídica m ais antiga), um a vacina do conjugado tetravalente é o produto de escolha para a im unização de pessoas que viajam para a África Subsaariana durante a estação seca ou para áreas do m undo onde há epidemias. A vacina, que protege contra os sorotipos A, C, Y e W-135, apresenta um a taxa de eficácia > 90%.
Encefalite japonesa O risco de encefalite japonesa (Cap. 196), infecção transm itida por m osquitos em áreas rurais da Ásia e Sudeste Asiático, é de cerca de 1 caso por 5.000 viajantes por mês de perm anência em área endêmica. Entre os residentes nos EUA, as infecções sintomáticas e n volveram, em sua maioria, militares ou suas famílias. A taxa de eficácia da vacina é > 90%. A vacina é recom endada para as pessoas que perm a necem > 1 mês em áreas rurais endêmicas ou por períodos mais curtos, se as suas atividades nessas áreas aum entam o risco de exposição (p. ex., acampamento, ciclismo, cam inhadas longas). Nos EUA, um a nova vacina de células Vero encontra-se atualmente disponível.
Cólera
O risco de cólera (Cap. 156) é extrem am ente baixo, com cer ca de 1 caso por 500.000 viagens para áreas endêm icas. A vacina anticólera, não mais disponível nos EUA, era raram ente recom endada, porém o seu uso foi considerado para os auxiliares e profissionais de saúde em cam pos de refugiados ou em áreas atingidas p o r desastres ou arrasadas pela guerra. O utros países dispõem de um a vacina anticólera oral mais efetiva.
Raiva
Doenças Infecciosas 1044
Os anim ais dom ésticos, principalm ente os cães, constituem os principais transm issores da raiva nos países em desenvolvim en to (Cap. 195). Diversos estudos m ostraram que o risco de raiva p or m ordida de cão, em um a área endêm ica, é de 1 a 3,6 casos po r 1.000 viajantes p or m ês de perm anência. Os países onde a raiva canina é altam ente endêm ica são o México, as Filipinas, o Sri Lanka, a índia, a Tailândia e o Vietnã. As três vacinas disponíveis nos EUA p ro p o r cionam > 90% de proteção. R ecom enda-se a vacina antirrábica aos viajantes de longa perm anência, particularm ente crianças, e às pes soas passíveis de exposição ocupacional à raiva em áreas endêm icas; entretanto, em um estudo de larga escala, quase 50% de exposições potenciais ocorreram no prim eiro m ês de viagem. M esm o após a a d m inistração de um a série de vacinas antirrábicas antes da exposição, fazem -se necessárias duas doses após a exposição. Os viajantes que receberão a série pré-exposição não necessitarão de im unoglobulina antirrábica (frequentem ente não disponível nos países em desenvol vim ento) se forem expostos à doença.
■ PREVENÇÃO DA MALÁRIA E DE OUTRAS DOENÇAS TRANSMITIDAS POR INSETOS Estim a-se que m ais de 30.000 viajantes norte-am ericanos e europeus contraiam a m alária a cada ano (Cap. 210). O risco para os viajantes é m aior na Oceania e África Subsaariana (estim ado em 1:5 e 1:50 por m ês de perm anência, respectivam ente, entre os indivíduos que não fazem uso de quim ioprofilaxia), interm ediário em áreas de m alária no subcontinente indiano e do Sudoeste Asiático (1:250 a 1:1.000 por m ês), e baixo nas Am éricas do Sul e C entral (1:2.500 a 1:10.000 po r mês). D os m ais de 1.000 casos de m alária notificados anualm ente nos EUA, 90% dos causados pelo P lasm odium falciparum ocorrem em viajantes que retornam ou im igram da África e Oceania. Os im i grantes que retornam a seus países de origem , para visitar amigos ou parentes, correm m aior risco de ad q u irir m alária. C om o aum ento m undial da m alária pelo falciparum resistente à cloroquina ou a m úl tiplos fárm acos, as decisões quanto à quim ioprofilaxia tornaram -se mais difíceis. Além disso, a dissem inação da m alária devida às cepas do Plasmodium vivax resistentes à prim aq u in a e cloroquina co n tri buiu para a com plexidade do tratam ento, assim com o a “m alária dos m acacos” dos hum anos recentem ente descoberta, que é causada pelo
Pknowlesi. A taxa de m o rtalidade da m alária pelo falciparum nos EUA é de 4%; todavia, em apenas 33% dos casos fatais, o diagnóstico de malária é considerado antes da morte do paciente. Diversos estudos indicam que m enos de 50% dos viajantes seguem as recom endações básicas para a prevenção da m alária. Os aspectos essenciais à prevenção da m alária consistem em m edidas de proteção pessoal contra picadas de m osquito (particularm ente entre o crepús culo e a aurora) e quimioprofilaxia contra a malária. As prim eiras m e didas incluem o uso de repelentes para insetos que contenham DEET, m osquiteiros e roupas im pregnados com p erm etrina, dorm itórios protegidos com telas e roupas protetoras. Por conseguinte, em regiões onde ocorre transm issão de infecções, com o a m alária, recom enda-se o uso de produtos que contenham DEET (25-50%) m esm o para crianças em geral e lactentes no nascim ento. Estudos sugerem que concentrações de DEET superiores a =50% não oferecem um aum ento m arcante no tem po de proteção contra m osquitos. O CD C tam bém recom enda a picaridina (icaridina), o óleo de eucalipto limão (PMD, para-m entano-3, 8-diol) e o IR3535 (etil butilacetilam inipropionato). Em geral, maiores concentrações do ingrediente ativo fornecem um a m aior duração de proteção, independente do ingrediente em questão. As m edidas de proteção pessoal tam bém ajudam a prevenir outras doenças transm itidas por insetos, com o o dengue (Cap. 196). Nesta últim a década, a incidência de dengue aum entou, particularm ente na região do Caribe, na Am érica Latina e no Sudeste Asiático. Ambos os vírus do dengue e do chikungunya são transm itidos por um m osquito urbano que pica principalm ente na alvorada e no crepúsculo. O Q u a d ro 123.2 relaciona os fárm acos de escolha atualm ente re com endados para a profilaxia da m alária, com base no destino.
■ PREVENÇÃO DE DOENÇAS GASTRINTESTINAIS A diarréia, que constitui a principal causa de doença em viajantes (Cap. 128), é habitualm ente um a afecção autolim itada e de curta d u ração; todavia, 40% dos indivíduos acom etidos precisam alterar seu esquem a de atividades, e outros 20% ficam acamados. O d eterm inan te de risco m ais im portante é o país de destino. Foram relatadas taxas baixas de incidência, p o r perm anência de 2 sem anas, de apenas 8% em países industrializados, e altas, de até 55% em partes da África, Am éricas C entral e do Sul, bem com o Sudeste Asiático. Os lactentes e os adultos jovens correm risco particularm ente alto. Revisões recen tes sugerem que exista pouca correlação entre as im prudências alim entares e a ocorrência de diarréia do viajante. Estudos anteriores de estudantes norte-am ericanos no México m ostraram que alim entar-se em restaurantes e cafeterias, ou consum ir alim entos preparados por vendedores de rua estava associado a um risco aum entado.
QUADR0123.2 Esquemas quimiossupressores para a malária de acordo com a área geográfica3 Area geográfica
Fármaco de escolha
América Central (norte do Panamá), Haiti, República Dominicana, Iraque, Egito, Turquia, norte da Argentina e Paraguai
Cloroquina
América do Sul, incluindo Haiti, República Dominicana e Panamá (exceto o norte da Argentina e Paraguai); Ásia (incluindo o Sudeste Asiático); África e Oceania
Doxiciclina Atovaquona-proguanil Mefloquina
Fronteiras da Tailândia-Mianmare Tailândia-Camboja e Vietnã Central
Atovaquona-proguanil Doxiciclina
Ater CDC’s Health Information for International Travei 2005-2006. "Malarone
Nota: Ver também o Cap. 210.
Alternativas ✓
Atovaquona/ proguanil6 Doxiciclina Mefloquina Primaquina (exceto Honduras)
Etiologia
Doença após o retorno
(Ver ta m b é m o Q u a d ro 128.3.) O s pató g en o s id en tificad o s com m ais frequência com o fatores etiológicos da diarréia dos viajantes consistem na Escherichia coli toxigênica e E. coli en teroagregativa (Cap. 149), em bora, em algum as p artes do m u n d o (notavelm ente no n o rte da Á frica e Sudeste A siático), as infecções causadas pelo C am pylobacter (C ap. 155) pareçam p red o m in ar. O u tro s m ic ro r ganism os co m u n s co n sistem n a Salm onella (C ap. 153), Shigella (Cap. 154), ro tav íru s (Cap. 190) e n o ro v íru s (C ap. 190). Este ú l tim o víru s tem causado n u m ero so s su rto s em cruzeiros. À exce ção da giardíase (C ap. 215), as infecções parasitárias rep resen tam causas incom uns da diarréia dos viajantes. U m p roblem a cada vez m aior para os viajantes consiste no desenvolvim ento de resistência aos antibióticos entre m uitos patógenos bacterianos, in clu in d o ce pas de C am pylobacter resistentes às q u in o lo n a s e cepas de E. coli, Shigella e Salm onella resisten tes à c o m b in a çã o sulfam eto x azo l-trim eto p rim a.
Apesar de extrem am ente com um , a diarréia aguda dos viajantes cos tum a ser autolim itada e acessível à antibioticoterapia. Os problem as intestinais persistentes, observados após o viajante ter retornado a seu país, possuem um a etiologia m enos bem definida, podendo exi gir a atenção m édica de um especialista. Os agentes infecciosos (p. ex., Giardia lamblia, Cyclospora cayetanensis, Entamoeba histolytica) parecem ser responsáveis p o r apenas um a pequena proporção de casos com sintom as intestinais persistentes. Sem dúvida, as causas m ais com uns da diarréia persistente após u m a viagem consistem em seqüelas pós-infecciosas, com o intolerância à lactose ou síndrom e do intestino irritável. Um a m etanálise m ostrou que a síndrom e do intes tino irritável pós-infecciosa, que dura de m eses a anos, pode ocor rer em até 4 a 13% dos casos. Q u an d o não se consegue identificar nenhum a etiologia infecciosa, os sintom as de m uitos pacientes são aliviados com um a prova terapêutica com m etronidazol para um a suposta giardíase, dieta estrita isenta de lactose durante um a sem ana ou um a prova terapêutica de várias sem anas com m uciloide hidrofílico em altas doses (m ais um laxante osm ótico com o a lactulose ou PEG 3350 para as pessoas com diarréia interm itente e constipação).
Precauções As precauções gerais com os alim entos e a água incluem ingerir ali m entos excessivamente quentes, evitar alim entos crus, inadequada m ente cozidos ou vendidos nas ruas e beber apenas água fervida ou engarrafada com ercialm ente, particularm ente as gasosas. O aqueci m ento destrói os m icrorganism os causadores da diarréia, enquanto o congelam ento não tem esse efeito; po r conseguinte, devem -se evitar cubos de gelo feitos com água não purificada. A pesar dessas reco m endações, a literatura tem docum entado repetidam ente in d iscri ções alim entares em aproxim adam ente 98% dos viajantes dentro das prim eiras 72 horas após a sua chegada no destino. A m áxim a “Ferva, cozinhe, descasque ou esqueça!” parece ser fácil de lem brar, porém aparentem ente difícil de ser seguida.
Autotratamento
Profilaxia A profilaxia da diarréia dos viajantes com subsalicilato de bism uto é am plam ente utilizada, p o ré m a sua eficácia é de ap en as «60% . Para certos indivíduos (p. ex., atletas, pessoas com h istó ria de ep i sódios rep etid o s de d iarréia dos viajantes e pessoas com d o e n ça crônica), um a dose ún ica diária de quin o lo n a, azitro m icin a ou r i faxim ina d u ra n te um a viagem de < 1 m ês de d uração tem eficácia de 75-90% n a prevenção da d iarré ia dos viajantes. O s p robióticos apresen taram apenas -2 0 % de eficácia com o agentes profiláticos. N a E uropa e C anadá, u m a su b u n id a d e o ral da v a cin a c o n tra a cólera, que faz p roteção cru zad a c o n tra a E. coli entero toxigênica, tem apresen tad o u m a p ro teção de 30-50% c o n tra a d iarré ia dos viajantes.
Os viajantes correm alto risco de a d q u irir doenças sexualm ente transmissíveis (Cap. 130). As pesquisas m ostraram que um grande núm ero se envolve em sexo casual, havendo relutância em utilizar preservativos de m odo consistente. Em um núm ero cada vez m aior de viajantes, estabelece-se o diagnóstico de esquistossomose (Cap. 219). Os viajantes devem ser advertidos para evitarem tom ar banho, nadar ou cam inhar em lagos de água doce, riachos ou rios em partes do nordeste da A m érica do Sul, no Caribe, na Á frica e no Sudeste Asiático. A prevenção do traum atism o associado a viagens depende, em sua m aior parte, de precauções baseadas no bom senso. Não se re com enda andar de m otocicleta (especialm ente sem capacete) ou em veículos públicos superlotados; nos países em desenvolvim ento, o in divíduo não deve viajar p or estradas em áreas rurais após o anoitecer. Além de sua associação a acidentes autom obilísticos, o uso excessivo de álcool tem sido um fator significativo em afogam entos, assaltos e traum atism os. A conselha-se ao viajante não an d ar descalço devido ao risco de infecções p o r ancilóstom os e Strongyloides (Cap. 217), bem com o picadas de cobra (Cap. 3 96).
■ 0 ESTOJO MÉDICO D0 VIAJANTE É extrem am ente aconselhável dispor de um estojo m édico de viagem. O conteúdo pode variar am plam ente, dependendo do itinerário, d u ração da perm anência do viajante, tipo de viagem e recursos m édicos locais. Em bora m uitos m edicam entos estejam disponíveis no estran geiro (frequentem ente m edicam entos de venda livre), as instruções para o seu uso podem faltar ou encontrar-se num a língua estranha, ou o p roduto pode estar com a validade vencida ou ser falsificado. Por exemplo, um estudo conduzido em diversos^países no Sudeste Asiático, revelou que, em m édia, 53% (faixa de 21-92%) dos fárm acos antim aláricos eram falsificados ou continham quantidades inade quadas do fárm aco ativo. No estojo de m edicam entos, o indivíduo que irá fazer um a viagem de curta duração deve levar um analgésico, um agente antidiarreico e um antibiótico para o autotratam ento da diarréia dos viajantes; anti-histam ínicos, laxativos, sais para reidratação oral, protetor solar com fator de proteção de pelo m enos 30, um repelente para insetos que contenha DEET para aplicação na pele, um inseticida para roupas (perm etrina) e, se necessário, um fárm aco antim alárico. A esses m edicam entos, o indivíduo que deverá fazer um a viagem de longa duração deve acrescentar um antibiótico de am plo espectro para uso geral (levofloxacino ou azitrom icina), um a pom ada antibacteriana para os olhos e a pele, assim com o um cre m e antifúngico tópico. In dependentem ente da duração da viagem, deve-se considerar um estojo de prim eiros socorros, contendo itens com o tesouras, pinças e curativos. U m a abordagem prática, para o a utotratam ento de infecções no viajante de longa perm anência que leva um a dose diária de antibiótico (p. ex., levofloxacina) consiste em
Recomendação de Saúde para Viagens Internacionais
(Ver tam bém o Q u ad ro 128.5.) C om o a diarréia dos viajantes ocorre frequentem ente, a despeito das rigorosas precauções com os alim en tos e a água, os viajantes devem levar consigo m edicam entos para autotratam ento. Um antibiótico ajuda a reduzir a frequência das eva cuações e a duração da doença, na diarréia m oderada a intensa. O esquem a-padrão consiste em um ciclo de 3 dias de um a quinolona 2 vezes/dia (ou, no caso de algum as form ulações m ais novas, 1 vez/ dia). Entretanto, os estudos realizados d em onstraram que um a ú n i ca dose dupla de um a quinolona pode ser igualm ente efetiva. Para a diarréia adquirida em áreas com o a Tailândia, onde > 90% das in fecções causadas pelo Campylobacter são resistentes às quinolonas, a azitrom icina pode constituir alternativa m ais adequada. A rifaxim i na, um derivado da rifam picina que sofre pouca absorção, m ostra-se altam ente efetiva contra os patógenos bacterianos não invasivos, com o a E. coli toxigênica ou enteroagregativa. A atual abordagem para o autotratam ento da diarréia dos via jantes é a de que o viajante leve consigo três doses de um antibiótico, 1 vez/dia, e utilize o núm ero de doses necessário p ara controlar a doença. Se a diarréia não for acom panhada de febre alta n em de san gue nas fezes, a loperam ida poderá ser tom ada em associação com o antibiótico; estudos m ostraram que essa com binação é m ais eficaz do que os antibióticos isolados.
■ PREVENÇÃO DE OUTROS PROBLEMAS RELACIONADOS COM VIAGENS
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utilizar três com prim idos p ara infecções intestinais e vesicais (abaixo da cintura) e seis com prim idos para infecções cutâneas e respirató rias (acima da cintura).
E ntretanto, tam pouco existem dados sobre a segurança de gestantes em altitudes de > 4.500 m.
■ 0 VIAJANTE INFECTADO PELO HIV VIAGENS E HOSPEDEIROS ESPECIAIS ■ GRAVIDEZ E VIAGENS (Ver tam bém o Cap. 07.) A história m édica, o itinerário, a qualida de da assistência m édica no país de destino e o grau de flexibilidade da m ulher determ inam se a viagem é p ru d en te durante a gravidez. De acordo com o Am erican College o f Obstetrics and Gynecology, o p eríodo da gestação m ais seguro para viajar situa-se entre 18 e 24 sem anas, quando há m enor perigo de aborto espontâneo ou tra b a lho de p arto prem aturo. Alguns obstetras preferem que a m ulher se m antenha dentro de um a área de algum as centenas de quilôm etros de sua casa depois da 28a sem ana de gestação, caso surjam problemas. Todavia, geralm ente pode-se dizer às m ulheres sadias que é aceitável fazer um a viagem. As contraindicações relativas p ara viagens internacionais d u rante a gravidez incluem h istória de aborto, p a rto prem aturo, incontinência do colo ou toxem ia. Problem as m édicos gerais, com o diabetes, insuficiência cardíaca, anem ia grave ou história de doença trom boem bólica, tam bém devem levar a gestante a adiar suas via gens. Por fim, as regiões em que a gestante e o seu feto podem correr risco excessivo (p. ex., grandes altitudes, regiões onde são necessárias vacinas de vírus vivos e aquelas em que a m alária resistente a m últi plos fárm acos é endêm ica) não constituem destinos ideais durante qualquer um dos trim estres.
Malária D urante a gravidez, a m alária está associada a um risco significativo de m orbidade e m orte. Os níveis de parasitem ia apresentam -se mais altos, e a incapacidade de elim inar os parasitos após o tratam ento é freqüente entre as prim igrávidas. D urante a gestação, é p articu lar m ente provável que ocorra doença grave com com plicações, com o m alária cerebral, hem ólise m aciça e insuficiência renal. As seqüelas para o feto consistem em aborto espontâneo, natim orto, p arto p re m aturo e infecção congênita.
Infecções entéricas
Doenças Infecciosas
As gestantes que viajam devem ser extrem am ente cuidadosas quanto ao consum o de alim entos e água. A desidratação em decorrência da diarréia dos viajantes pode levar a um fluxo sanguíneo placentário inadequado. Certas infecções, com o a toxoplasm ose, hepatite E e listeriose, tam bém podem provocar graves seqüelas durante a gravidez. A base do tratam ento da diarréia dos viajantes consiste em reidra tação. A loperam ida pode ser utilizada, se necessário. Para autotratam ento, a azitrom icina pode ser a m elhor opção. Em bora as quinolonas estejam sendo cada vez mais utilizadas com segurança durante a gravidez, e a rifaxim ina seja pouco absorvida pelo trato gastrintesti nal, esses fármacos não foram aprovados para essa indicação. Devido aos sérios problem as enco n trad o s q u ando se oferecem alim entos e bebidas locais aos lactentes, devem -se incentivar for tem ente as m ães a am am en tar o recém -nascido e n q u an to estiver viajando. U m a m ãe com diarréia do viajante d urante a lactação não deve in terrom per o aleitam ento, porém deve a um entar a quantidade de líquidos.
Viagens aéreas e destinos em grandes altitudes A viagem aérea com ercial não representa um risco para a gestante sadia ou para o feto. Os m aiores níveis de radiação registrados em altitudes de > 10.500 m não devem representar um problem a para a viajante grávida sadia. Com o cada com panhia aérea tem a sua políti ca a respeito da gravidez e do voo, é m elhor verificar as exigências no m om ento de fazer as reservas. Em geral, a viagem aérea dom éstica é perm itida até a 36a sem ana, enquanto a viagem aérea internacional é geralm ente restrita depois da 32a sem ana. Não há riscos conhecidos para a gestante que viaja para destinos em grandes altitudes e perm anece lá p o r curtos períodos de tem po.
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(Ver tam b ém o Cap. 189.) O viajante infectado pelo H IV corre ris co especial de adquirir infecções graves p or diversos patógenos que podem ser m ais prevalentes no destino de sua viagem do que no país de origem . E ntretanto, a m ag n itu d e do risco depende, p rim a ria m ente, do estado do sistem a im une p o r ocasião da viagem. Para os indivíduos cuja contagem das células T CD 4+ apresenta-se norm al ou > 500/|xL, não há dados que sugiram um risco m aior durante a viagem em com paração com as pessoas sem infecção pelo HIV. Os indivíduos com Aids (contagens das células T CD4+ de < 2 00/|xL) e outros indivíduos sintom áticos necessitam de aconselham ento es pecial, devendo consultar um m édico especialista em m edicina de viagens antes da partida, sobretudo se estiverem viajando para países em desenvolvim ento. Hoje, vários países negam rotineiram ente a entrada de indivíduos HlV-positivos para estadia prolongada, em bora tal procedim ento não pareça dim inuir as taxas de transm issão do vírus. Em geral, o teste para o H IV é exigido para os indivíduos que desejam perm anecer no exterior por > 3 meses ou que pretendem trabalhar ou estudar no ex terior. Alguns países aceitam um teste sorológico para o H IV efetua do até seis m eses antes da partida, enquanto outros não aceitam, em nenhum m om ento, um teste sanguíneo realizado no país de origem do viajante. As autoridades da alfândega frequentem ente têm poder para investigar os indivíduos que entram em um país e verificar os m edicam entos que levam. Se fárm acos antirretrovirais são identifica dos, a pessoa poderá ser im pedida de entrar no país. As inform ações sobre a exigência de testes em países específicos estão disponíveis nos consulados, porém estão sujeitas a freqüentes m udanças.
Imunizações Todas as im unizações de rotina do viajante infectado pelo HIV devem estar atualizadas (Cap. 122). A resposta à im unização pode se m os trar com prom etida na presença de contagens das células T CD4+ de < 200/fxL e, em alguns casos, m esm o com contagens m ais altas. Por conseguinte, os indivíduos infectados pelo HIV devem ser vacinados o mais cedo possível para assegurar um a resposta im une adequada a todas as vacinas. Em pacientes subm etidos à terapia antirretroviral, são necessários pelo m enos três m eses para que as células T CD4+ regeneradas possam ser consideradas totalm ente funcionais; por con seguinte, a vacinação destes pacientes deve ser retardada. Entretanto, quando o risco de doença é alto, ou as seqüelas são graves, recom en da-se a imunização. Em certas circunstâncias, pode ser prudente veri ficar antes da partida a adequação da resposta dos anticorpos séricos. Em virtude do risco aum entado de infecções pelo Streptococcus pneum oniae e outros patógenos bacterianos que causam pneum onia após a influenza, devem -se ad m inistrar as vacinas pneum ocócica p o lissacarídica e contra a influenza. As taxas estim adas de resposta à vacina contra a influenza são > 80% entre os indivíduos com infecção assintom ática pelo HIV e < 50% entre aqueles com Aids. Em geral, as vacinas vivas atenuadas estão contraindicadas para os indivíduos com disfunção im une. C om o o saram po (rubéola) pode ser um a infecção grave ou letal em pacientes H lV -positivos, esses indivíduos devem receber a vacina anti-saram po (ou a vaci na com binada contra saram po-caxum ba-rubéola), a não ser que a contagem das células T CD 4+ seja < 2 0 0 /(xL. Entre 18-58% dos va cinados, infectados pelo H IV e sintom áticos, desenvolvem títulos adequados de anticorpos e 50-100% dos indivíduos assintom áticos infectados pelo HIV sofrem soroconversão. Recom enda-se que a vacina viva contra a febre am arela não seja adm inistrada a viajantes infectados pelo HIV. E m bora os efeitos a d versos potenciais de um a vacina viva adm inistrada a um indivíduo infectado pelo H IV devam ser sem pre considerados, parece não ter havido nenhum caso de doença relatada nos que receberam inadver tidam ente essa vacina. E ntretanto, se a contagem das células T CD4+ for < 2 0 0 / jjlL, recom enda-se um itinerário alternativo que não esteja associado a um risco de exposição à febre amarela. Se o viajante for
para ou passar por um a área onde a vacina seja exigida, m as o risco de doença for baixo, deverá ser obtida um a dispensa médica. Foi dem onstrada um a elevação transitória da virem ia do H IV (de vários dias a sem anas de duração) em indivíduos infectados pelo H IV após im unização contra a influenza, infecção pneum ocócica e tétano (Cap. 189). Todavia, não há evidências, a este ponto, de que tal aum ento transitório seja prejudicial.
Doença gastrintestinal Os níveis dim inuídos de ácido gástrico, a im unidade anorm al da m u cosa gastrintestinal, outras com plicações da infecção pelo H IV e os m edicam entos tom ados pelos pacientes infectados pelo H IV fazem com que a diarréia dos viajantes seja p articularm ente problem ática nesses indivíduos. A diarréia dos viajantes tende a ocorrer com mais frequência, ser mais grave, acom panhada de bacterem ia e m ais difícil de tratar. As infecções pelo Cryptosporidium, Isospora belli e Microsporidium , apesar de incom uns, estão associadas a um aum ento da m orbidade e da m ortalidade em pacientes com Aids. O viajante infectado pelo H IV deve ter o cuidado de consum ir apenas bebidas e alim entos adequadam ente preparados, p o dendo beneficiar-se da profilaxia antibiótica contra a diarréia dos viajantes. As sulfonam idas (utilizadas na prevenção da pneum ocistose) são ineficazes devido à resistência dissem inada.
Outras infecções relacionadas com viagens Não se dispõe de dados sobre a gravidade de m uitas doenças transm i tidas por vetores em indivíduos infectados pelo HIV. A m alária é parti cularmente grave em indivíduos asplênicos e naqueles com Aids. A car ga de HIV duplica durante a malária, com declínio em =8-9 semanas; todavia, o significado desse aumento da carga viral não é conhecido. Foi relatada a ocorrência de leishm aniose visceral (Cap. 212) em num erosos viajantes infectados pelo HIV. Pode ser difícil estabelecer o diagnóstico, visto que a esplenom egalia e a hiperglobulinem ia fre quentem ente estão ausentes, e os resultados sorológicos costum am ser negativos. É possível evitar picadas de flebótom os com o uso de repelentes de insetos aplicados à tarde. C ertas doenças respiratórias, com o a histoplasm ose e a coccidioidom icose, causam m aiores m orbidade e m ortalidade em pacientes com Aids. Em bora a tuberculose seja com um entre as pessoas infec tadas pelo HIV (particularm ente nos países em desenvolvim ento), a aquisição dessa infecção pelo viajante infectado pelo H IV com p e r m anência de curta duração não foi relatada com o problem a significa tivo. Em um estudo prospectivo, estim a-se que, para os viajantes não pertencentes à área m édica, o risco de infecção p o r tuberculose é de cerca de 3% p or ano de viagem.
Medicamentos As reações adversas causadas por m edicam entos e as interações m e dicam entosas são comuns, representando questões complexas para os indivíduos infectados pelo HIV. As taxas de reação cutânea (p. ex., au m ento da sensibilidade cutânea às sulfonam idas) são inusitadam ente elevadas entre os pacientes com Aids. Com o a zidovudina é m etaboli zada por glicuronidação hepática, os inibidores deste processo podem elevar os níveis séricos do fármaco. A adm inistração concom itante do agente antim alárico m efloquina e do agente antirretroviral ritonavir pode resultar em níveis plasm áticos dim inuídos de ritonavir. Dife rentem ente, em dois viajantes infectados pelo HIV, não foi detectada nenhum a influência significativa da adm inistração concom itante de m efloquina sobre os níveis plasm áticos de indinavir ou nelfinavir. Existe um a forte preocupação teórica de que os agentes antim aláricos lum efantrina (com binada com artem isina na m arca Coartem ) e halofantrina possam interagir com inibidores da protease do H IV e com inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa, visto que estes últim os atuam como potentes inibidores do citocrom o P450.
■ DOENÇAS CRÔNICAS, INCAPACIDADE E VIAGEM Os problem as crônicos de saúde não devem im pedir as viagens, p o rém m edidas especiais podem to rn ar a jo rn ad a m ais segura e m ais confortável.
Cardiopatias Os eventos cardiovasculares constituem a principal causa de m orte entre viajantes e de em ergências durante voos em aviões comerciais. Suprim entos extras de todos os m edicam entos devem ser m antidos na bagagem de mão, juntam ente com um a cópia de um eletrocardio gram a recente bem com o o nom e e núm ero de telefone do m édico do viajante no seu país de origem . Os m arca-passos não são afeta dos pelos dispositivos de segurança dos aeroportos, em bora as ve rificações eletrônicas da função do m arca-passo feitas p or telefone não possam ser transm itidas p o r satélites internacionais. Os viajantes com desfibriladores eletrônicos devem levar u m aviso e solicitar con trole m anual. O viajante pode beneficiar-se de oxigênio suplem entar; com o os sistem as de fornecim ento de oxigênio não são p adroniza dos, o m édico do viajante deve solicitar oxigênio suplem entar antes da hora do voo. Os viajantes podem beneficiar-se de um assento ju n to ao corredor e andar, efetuar exercícios de alongam ento e flexão, considerar o uso de meias de sustentação e perm anecer hidratados durante o voo para evitar a ocorrência de trom bose venosa e em bo lia pulm onar.
Doença pulmonar crônica A doença p ulm onar obstrutiva crônica é um dos diagnósticos mais com uns em pacientes que necessitam de avaliação em pro n to -socorro para os sintom as que surgiram d urante viagens aéreas. O m elhor fator indicador de desenvolvim ento de problem as durante o voo consiste na P a 0 2 a nível do mar. Um a P a 0 2 de pelo m enos de 72 m m H g corresponde a um a P a 0 2 arterial durante o voo de cerca de 55 m m H g, quando a cabine é pressurizada a 2.500 m. Se o valor basal da P a 0 2 do viajante for < 72 m m H g, deverá ser considerado o fornecim ento de oxigênio suplem entar. As contraindicações para o voo incluem broncospasm o ativo, infecção das vias respiratórias infe riores, flebite venosa profunda nos m em bros inferiores, hipertensão pulm onar e cirurgia torácica recente (nas 3 sem anas precedentes) ou pneum otórax. Deverá ser considerada um a redução da atividade ao ar livre no país de destino, se a poluição atm osférica for excessiva.
Diabetes melito A ocorrência de alterações no controle da glicose e m udanças nas necessidades de insulina constituem problem as com uns em pacien tes com diabetes que viajam . As m udanças de fuso horário, as alte rações na quantidade e no h o rário das refeições, bem com o na ativi dade física exigem um a avaliação m inuciosa do controle m etabólico. O viajante com diabetes deve ter em sua bagagem m edicam entos (incluindo um frasco de insulina regular p ara em ergências), se rin gas e agulhas de insulina, equipam ento e suprim entos para a m o n i toração da glicemia e refeições ligeiras. A insulina perm anece estável durante cerca de três m eses em tem p eratu ra am biente, porém deve ser m antida tão fria q uanto possível. O viajante deve levar consigo o nom e e o núm ero de telefone do m édico no país de origem , bem com o um cartão e um a pulseira que in d iq u em os seus problem as m édicos além do tipo e a dose de insulina utilizada. Q uando se viaja para o leste (p. ex., dos EUA p ara a E uropa), pode ser necessário re duzir a dose m atinal de insulina na chegada. A seguir, pode-se veri ficar o nível de glicem ia d urante o dia para d eterm inar a necessidade ou não de u m a dose adicional de insulina.'P ara os vôos em direção ao oeste, que prolongam o dia, pode ser necessária um a dose adicio nal de insulina regular.
Outros grupos especiais O utros grupos para os quais são recom endadas m edidas especiais durante viagens consistem em pacientes subm etidos à diálise, pacien tes transplantados e portadores de outras incapacidades. Até 13% dos que viajam apresentam algum a incapacidade, porém poucos grupos de ativism o e com panhias de tu rism o dedicam -se a essa crescente população. As interações m edicam entosas representam um a fonte de séria preocupação para tais viajantes, devendo ser levadas inform a ções m édicas apropriadas jun tam en te com o nom e e o núm ero de telefone do m édico no país de origem . A lguns viajantes em uso de glicocorticoides levam doses de estresse caso venham a adoecer. A
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im unização desses viajantes im unocom prom etidos pode resultar em proteção inadequada. Por conseguinte, o viajante e o m édico devem considerar cuidadosam ente quais os destinos apropriados.
TURISMO MÉDICO
Doenças Infecciosas
A viagem com o propósito de se obter cuidados m édicos no exterior tem recebido recentem ente um a boa dose de atenção no m eio e na literatura m édica. De acordo com o levantam ento de voos do D epar tam ento de Com ércio dos EUA, ocorreram =500.000 viagens transoceânicas durante 2006, nas quais o tratam ento de saúde representava pelo m enos um dos objetivos da viagem. O custo inferior é geralm en te citado com o a m otivação para esse tipo de tu rism o e um a in d ú s tria com pleta floresceu com o resultado desse fenôm eno. Entretanto, a qualidade das facilidades, os serviços de assistência e os cuidados não são uniform es e nem regulados; portanto, na m aioria dos casos, a responsabilidade de avaliar a adequação de um program a individual ou de um a facilidade recai apenas sobre o viajante. Os indivíduos que consideram essa opção devem estar cientes de que estarão quase sem pre em desvantagem quando estiverem sendo tratad o s em um país estrangeiro, particularm ente se ocorrerem complicações. P reo cupações a serem consideradas incluem a qualidade da facilidade do tratam ento de saúde e a sua equipe; o idiom a e as diferenças culturais que possam im pedir a interpretação precisa da com unicação verbal e não verbal; diferenças religiosas e éticas que possam ser encontradas a respeito de tem as com o os esforços para se preservar a vida e os m em bros ou o cuidado de doentes term inais; a dificuldade relativa de conseguir o acom panham ento do tratam e n to q u an d o da volta aos Estados Unidos, e a possibilidade de que esse acom panham ento apresente problem as e com plicações. Se surgirem questões sérias, o recurso legal poderá ser difícil ou impossível. Pacientes que estejam planejando viajar para o exterior para o b ter tratam ento de saúde, especialm ente nos casos envolvendo c iru r gia, deverão ser im unizados contra hepatite B e deverão considerar se subm eter aos testes básicos pré-operatórios contra hepatite C e HIV. As taxas de prevalência das hepatites B e C e da infecção p o r H IV variam consideravelm ente pelo m undo e são em geral m ais elevadas nas regiões em desenvolvim ento do que nos E stados U nidos e na E u ropa Ocidental. A últim a inform ação disponível sobre a segurança do fornecim ento de sangue fora dos Estados U nidos são o Global Databse on Blood Safety da Organização M undial de Saúde, baseado nos dados de 2004 a 2005 (www.who.int/bloodsafety/global_database/en). Indivíduos que estejam p ro curando acreditação para as instalações no exterior devem observar que, em bora estas sejam parte de um a cadeia, são consideradas e concedidas individualm ente. As fontes de acreditação incluem (1) a Joint Commission International www.jointcommissioninternational.org), (2) a Australian C ouncilfor Healthcare Standards International (www.achs.org.au/ACHSI), e (3) o Canadian Council on Health Services www.cchsa.ca).
PROBLEMAS APÓS 0 RETORNO Os problem as m édicos m ais com uns com os quais se deparam os via jantes após o retorno ao país de origem consistem em diarréia, febre, doenças respiratórias e doenças de pele (Fig. 123.2). O s problem as frequentem ente ignorados incluem fadiga e estresse em ocional, so bretudo nos viajantes com longa perm anência no exterior. A abor dagem para o diagnóstico exige algum conhecim ento de m edicina geográfica, em particular da epidem iologia e do quadro clínico das doenças infecciosas. A história geográfica deve enfocar o itinerário exato do viajante, incluindo as datas de chegada e de partida; a his tória de exposição (im prudências alim entares, fontes de água p o tá vel, contato com água doce, atividade sexual, contato com anim ais, picadas de inseto); o local e o estilo de viagem (urbano versus rural, acom odações em hotel de p rim eira lin h a versus acam pam ento); a história de imunizações; o uso de quim ioprofilaxia antim alárica.
■ DIARRÉIA Ver “Prevenção de doenças gastrintestinais”, acima.
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■ FEBRE A febre em um viajante que re to rn o u de área de m alária deve ser considerada em ergência m édica, visto que u m a doença de apenas vários dias de duração p o d e ser seguida de m orte pela doença causa da pelo P. falciparum . E m bora a.febre dos trópicos nem sem pre tenha u m a causa tropical, a m alária deve ser o p rim eiro diagnóstico consi derado. O risco de m alária pelo P. falciparum apresenta-se m ais alto entre os viajantes que re to rn a m da Á frica ou O ceania, bem com o entre os que se to rn am sintom áticos nos prim eiros dois m eses após o retorno. O utras causas im portantes de febre após um a viagem in cluem hepatite viral (hepatites A e E), febre tifoide, enterite bacteria na, infecções p or arbovírus (p. ex., dengue), riquetsioses (incluindo 0 tifo do carrapato, tifo ru ral e febre Q) e - em raros casos - leptospirose, infecção aguda pelo H IV e abscesso hepático am ebiano. Um estudo cooperativo conduzido pelo GeoSentinel (um grupo de vigi lância de doenças infecciosas em ergentes estabelecido pelos CDCs e pela International Society o f Travei M edicine) m o stro u que, entre 3.907 viajantes que re to rn a ram com febre, a m alária foi ad quirida m ais frequentem ente na África, a dengue no Sudeste Asiático e C ari be, a febre tifoide no sul da Ásia, e as riquetsioses (tifo do carrapato) no sul da Á frica (Q u a d ro 123.3). Em pelo m enos 25% dos casos, não é possível en co n trar ne n h u m a etiologia e a febre sofre resolução espontânea. Os m édicos devem ter em m ente que n en h u m agente antim alárico disponível assegura proteção co n tra a m alária, e que algum as im unizações (notavelm ente aquela contra a febre tifoide) são apenas parcialm ente protetoras. Q uando não se estabelece diagnóstico específico, são sugeridos os seguintes exames, quando aplicáveis: hem ogram a com pleto, p ro vas de função hepática, esfregaços sanguíneos espessos/finos ou tes tes diagnósticos rápidos para a m alária (repetidos 2 vezes, se neces sário), exame de urina, culturas de urin a e hem oculturas (repetidas 1 vez), radiografia de tórax e coleta de am ostra de soro da fase aguda para exame subsequente, juntam ente com am ostras pareadas de soro da fase de convalescença.
■ DOENÇAS DA PELE As afecções cutâneas m ais com uns que acom etem viajantes após o seu retorno ao país de origem consistem em pioderm ite, queim adu ras solares, picadas de insetos, úlceras de pele e larva migrans cutânea. Nos pacientes com úlceras de pele persistentes, deve-se considerar o diagnóstico de leishm aniose cutânea, infecção p o r m icobactérias ou infecção fúngica. A cuidadosa e com pleta inspeção da pele é im por tante para detectar a escara p o r riquétsias em um paciente febril ou o orifício respiratório central em um furúnculo devido à miíase.
■ DOENÇAS INFECCIOSAS EMERGENTES
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Nestes últim os anos, as viagens e o com ércio propiciaram a disse m inação m undial da infecção pelo HIV, levaram ao reaparecim ento do cólera com o am eaça global à saúde e criaram um considerável tem o r acerca da possível dissem inação da sín d ro m e respiratória aguda grave (SRAG) e influenza aviária (H 5N l).JPorém , para os que viajam, existem preocupações m ais realistas. Um dos m aiores surtos de dengue jam ais docu m en tad o está reinando atualm ente na A m é rica Latina; o vírus chikungunya se espalhou rapidam ente da África para a África do Sul e recentem ente p a ra'o sul da Europa; a esquistossom ose tem sido descrita em lagos onde não ocorria na África; e cepas de patógenos sexualm ente transm issíveis e entéricos resistentes a antibióticos vêm em ergindo nu m a taxa alarm ante nos países em desenvolvim ento. A lém disso, surgiu a preocupação a respeito do potencial de bioterrorism o envolvendo não apenas cepas com uns de agentes incom uns com o tam bém cepas m utantes. O tem po dirá se os viajantes (bem com o os que não viajam) deverão ser rotineiram ente vacinados contra doenças, com o o antraz e a varíola. C om o assinalou o g anhador do Prêm io N obel, Dr. Joshua Lederberg: “O m icrorga nism o que ontem lançou p o r terra um a criança em um continente distante pode alcançar as nossas crianças hoje e sem ear um a pandem ia global am anhã”. O m édico vigilante entende que nunca é demais enfatizar a im portância de um a história m inuciosa de viagem.
180■Diarréia crônica*
170-
16 0 -
150 —
140 —
■Diarréia crônica*
■Diarréia crônica*
130 —
120•Diarréia crônica* 110-
100 •Diarréia parasitária
90-
■Diarréia aguda*
■Diarréia aguda*
■Diarréia aguda* ■Febre*
80-
■Diarréia aguda* ' Diarréia parasitária
•Febre* • Diarréia parasitária • Doença respiratória
■Larva migrans
70-
60.
■Diarréia bacteriana • Diarréia bacteriana
■ Diarréia parasitária
50-
■Diarréia bacteriana ■Picada de inseto
•Malária pelo Plasmodium falciparum
-Doença respiratória
10«T
1
Picada de inseto Fadiga Blastocistos Dengue Larva migrans Gastrenterite Malária pelo P. vivax Nematódeo intestinal Exantema alérgico Abscesso cutâneo Esquistossomose Exantema* Infecção urinária Micose superficial Hepatite aguda Gastrite aguda
Todas as regiões
•Nematódeo intestinal Gastrite aguda Gastrenterite ■Fadiga
C
-T
■Exantema* ■Blastocistos - Micose superficial l - Mononucleose -Infecção urinária -Artrite não séptica 'Picada de animais marinhos ■Constipação e bemorroidas
Caribe
Figura 123.2 Morbidade proporcional entre viajantes doentes que re tornam de países em desenvolvimento, de acordo com a região da via gem. As proporções (mas não as taxas de incidência) são fornecidas para cada um
• Doença respiratória
■ Diarréia bacteriana ■Picada de inseto ■Leishmaniose Larva migrans Exantema alérgico Fadiga r- Blastocistos ^ - ■Miíase Nematódeo intestinal S5— i Dengue j- Gastrenterite T * i- Exantema**- Malária pelo P. vivax Leishmaniose ■ " T r Constipação e hemorroidas «H1_/Ácaros e escabiose Mononucleose ■ f Abscesso cutâneo
América Central
■Larva migrans ■Blastocistos r- Miíase * ^ -E x a n te m a alérgico
^a 0,1 (jug/mL (Q uadro 124.4).
Estreptococos O tratam ento ideal para endocardite estreptocóci ca é baseado na concentração inibitória m ínim a (CIM ) para pen i cilina do agente causai isolado (Q uadro 124.4). Os esquem as de 2 sem anas com penicilina/gentam icina ou ceftriaxona/gentam icina não devem ser usados para tratar um a EVN com plicada ou EVP. O esquem a indicado para estreptococos relativam ente resistentes a penicilina é recom endado para o tratam e n to da endocardite estreptocócica dos grupos B, C ou G. Os organism os n u tric io nalm ente variantes (espécies de Granulicatella ou Abiotrophia) e a Gemella morbillorum são tratados com o esquem a para estrep tococos m oderadam ente resistentes a penicilina, tal com o a EVP
Enterococos Os enterococos são resistentes a oxacilina, nafcilina e cefalosporinas, sendo apenas inibidos - e não destruídos - , por penicilina, am picilina, teicoplanina (não disponível nos EUA) e vancom icina. Para d e stru ir os enterococos, é necessária a in te ração sinérgica de u m antibiótico ativo contra a parede celular (penicilina, am picilina, vancom icina ou teicoplanina) que seja eficaz nas concentrações séricas obteníveis e um am inoglicosídio (gentam icina ou estreptom icina) ao qual a am ostra não exiba re sistência de alto nível, A resistência de um a am ostra a fárm acos que atuam na parede celular, ou a sua capacidade de replicar-se na presença de > 500 [xg/mL de gentam icina ou de 1.000 a 2.000 |xg/mL de estreptom icina - fenôm eno cham ad 6 m eses após a in
0 momento oportuno para a cirurgia cardíaca em pacientes com endocardite Indicação para intervenção cirúrgica
Momento Emergente (no mesmo dia)
Forte evidência em favor da cirurgia
Evidências conflitantes, mas a maior parte das opiniões favorece a cirurgia
Regurgitação aórtica aguda com fechamento precoce da valva mitral Abscesso do seio de Valsalva roto para o átrio direito Ruptura para o saco pericárdico
Urgente (em até 1 a 2 dias)
Obstrução valvar pela vegetação Próteses instáveis (deiscentes)
Êmbolo importante mais vegetação grande persistente (> 10 mm de diâmetro)
Endocardite Infecciosa
QUADR0124.6
Infecção sem controle H em oculturas continuam ente positivas ou febre persistente inexplicada (em pacientes com endocardite com ou sem hem oculturas positivas), a despeito de antibioticoterapia ideal podem refletir infecção sem controle e indicar cirurgia. O tratam ento cirúrgico tam bém é aconselhado na endocardite cau-
Regurgitação aguda aórtica ou mitral com insuficiência cardíaca (classe III ou IV da New York Heart Association) Perfuração de septo Extensão perivalvar da infecção com ou sem novas alterações eletrocardiográficas do sistema de condução Inexistência de tratamento antibiótico eficaz Eletiva (preferivelmente precoce)
Regurgitação protética paravalvar progressiva
EVP estafilocócica
Disfunção valvar com infecção persistente após s 7 a 10 dias de tratamento antimicrobiano
EVP precoce (< 2 meses após a cirurgia valvar)
Endocardite fúngica (fungos filamentosos)
Organismos resistentes aos antibióticos
Endocardite fúngica (Candida spp.)
Nota: EVP, endocardite de valva protética. Fonte:Adaptado de L Olaison, G Petterson: Infect Dis Clin North Am 16:453,2002.
1061
sada por m icrorganism os para os quais a experiência indica que o tratam ento antim icrobiano eficaz é escasso (p. ex., leveduras, fungos, P. aeruginosa e outros bacilos G ram -negativos altam ente resistentes, espécies de Brucella e, provavelmente, C. burnetii).
Endocardite por S. aureus A taxa de letalidade da EVP excede 50% com o tratam en to clínico, m as é reduzida para 25% com o tratam e n to cirúrgico. Em pacientes com com plicações in tra ca r díacas associadas a infecção p or S. aureus de EVP, o tratam e n to cirúrgico reduz em 20 vezes a taxa de letalidade. O tratam e n to cirúrgico deve ser considerado em pacientes acom etidos de in fecção p o r S. aureus das valvas m itral ou aórtica nativa que têm vegetações dem onstráveis p or ETT e que perm an eçam sépticos d u ra n te a sem ana inicial de tratam ento. A e n d o card ite isolada de valva tricúspide, m esm o com febre persisten te, ra ra m en te requer cirurgia. Prevenção de êmbolos sistêmicos A m orte e a m orbidade persis tente que decorrem dos êm bolos lim itam -se, em grande parte, aos pacientes que sofrem oclusão das artérias cerebrais e coronárias. A determ inação ecocardiográfica do tam anho e da anatom ia da vegetação, em bora preditiva de alto risco de em bolização sistêm i ca, não identifica os pacientes nos quais os benefícios da cirurgia para prevenir os êm bolos excedem claram ente os riscos do p ro cedim ento cirúrgico. A real existência de benefícios provenientes da cirurgia para prevenção de êm bolos é m ais observada quando outros benefícios cirúrgicos podem ser obtidos sim ultaneam ente - p or exemplo, o reparo de um a valva com disfunção m o d e ra da ou o desbridam ento de abscesso paravalvar. A penas 3,5% dos pacientes são subm etidos à cirurgia unicam ente p ara prevenir os êm bolos sistêmicos. O reparo da valva evitando a inserção de prótese torna a relação risco/benefício da cirurgia para tratar das vegetações mais favorável.
Doenças Infecciosas
Momento oportuno para a cirurgia cardíaca Em geral, quando há indicações de tratam ento cirúrgico na endocardite infecciosa não se deve retardar a cirurgia sim plesm ente para perm itir tratam ento adicional com antibióticos, já que este tipo de ação aum enta o ris co de m orte (Q uadro 124.6). Após 14 dias do tratam ento antibió tico recom endado, 99% e 50% das valvas excisadas de pacientes com endocardite estreptocócica e p or S. aureus, respectivam ente, são negativas à cultura. O recrudescim ento da endocardite sobre um a valva protética recém -im plantada sucede à cirurgia para EVN e EVP ativas em 2% e 6 a 15% dos pacientes, respectiva m ente. Essas frequências não justificam o risco de resultado a d verso com retardo da cirurgia, em p articu lar em pacientes com insuficiência cardíaca grave, disfunção valvar e infecções p or estafilococos. O retardo é justificado apenas quando a infecção for controlada e a ICC estiver resolvida com terapia clínica. E ntre os pacientes que apresentam um a com plicação n e u rológica da endocardite pode o correr deterioração neurológica adicional em conseqüência da cirurgia cardíaca. O risco de d e terioração neurológica tem relação com o tipo de com plicação neurológica e o intervalo entre a com plicação prévia e cirurgia. Sem pre que possível, a cirurgia cardíaca deve ser postergada p or 2 a 3 sem anas após infarto em bólico não hem orrágico e p or 4 se m anas após um a hem orragia cerebral. O aneurism a m icótico roto deve ser tratado antes de se proceder à cirurgia cardíaca. Tratamento antibiótico após cirurgia cardíaca
A presença de bac térias visíveis nas preparações po r G ram das valvas excisadas não necessariam ente indica falha da antibioticoterapia. Foram detec tados m icrorganism os na coloração pelo G ram - ou o seu DNA detectado p or PCR - nas valvas excisadas de 45% dos pacientes que levaram a bom term o o tratam ento recom endado para en d o cardite. Em apenas 7% desses pacientes os m icrorganism os, em sua m aioria incom uns e resistentes aos antibióticos, puderam ser cultivados a partir das valvas. A despeito da detecção dos organis m os ou do seu DNA, é incom um a recidiva da endocardite após a cirurgia. Assim, quando as culturas de valvas forem negativas nas
1062
EVN não com plicadas e causadas p o r m icrorganism os sensíveis, a duração do tratam en to pré -o p e ra tó rio som ada à duração do tratam ento pós-operatório deve ser igual à duração total do tra tam ento recom endado, sendo de cerca de 2 sem anas o tratam en to ad m inistrado após a cirurgia. Para endocardites com plicadas por abscesso paravalvar, para EVP parcialm ente tratadas ou para casos com cultura positiva das valvas, deve ser adm inistrado um curso com pleto de tratam ento no pós-operatório.
Complicações extracardíacas
O s abscessos esplênicos surgem em 3 a 5% dos pacientes com endocardite. O tratam en to eficaz requer drenagem percutânea o rientada p o r im agem ou esplenec tom ia. Os aneurism as m icóticos ocorrem em 2 a 15% dos pacien tes com endocardite; m etade desses casos envolve as artérias ce rebrais e se apresenta com cefaleia, sintom as neurológicos focais ou hem orragias. Os aneurism as cerebrais devem ser m onitorados p o r angiografia. A lguns se resolvem com o tratam e n to a n tim i crobiano eficaz, m as os que persistem a u m en tam de tam a n h o ou extravasam devem , se possível, ser tratad o s p or cirurgia. Os aneurism as extracerebrais apresentam -se com dor local, massa, isquem ia local ou sangram ento; esses aneurism as são tratados p o r ressecção.
■ PROGNÓSTICO Idade avançada, com orbidade grave e diabetes, retardo do diagnós tico, envolvim ento de valvas protéticas ou da valva aórtica, um pató geno invasivo (S. aureus) ou resistente aos antibióticos (P. aerugino sa, leveduras), com plicações intracardíacas e grandes com plicações neurológicas, e um a associação com os cuidados da saúde afetam adversam ente o prognósico. M uitas vezes, a m o rte e u m resultado adverso não estão relacionados com falha da antibioticoterapia, m as com interações entre a com orbidade e com plicações dos órgãos-alvo inerentes à endocardite. As taxas de sobrevida para os pacientes com EVN causada p or estreptococos viridans, m icrorganism os HACEK ou enterococos (sensíveis a tratam en to sinérgico) são de 85 a 90%. Para EVN p o r S. aureus em pacientes que não usam drogas injetá veis, as taxas de sobrevida são de 55 a 70%, ao passo que 85 a 90% dos usuários de drogas injetáveis sobrevivem à infecção. A EVP que surge em até 2 meses após a im plantação da valva acarreta um a taxa de letalidade de 40 a 50%, enquanto as taxas são apenas de 10 a 20% nos casos de início tardio.
■ PREVENÇÃO N o passado, em um a tentativa de p re v en ir a end o card ite (há tem pos um objetivo na prática clínica), os com itês de especialistas têm apoiado a adm in istração de antibióticos sistêm icos antes de m u i tos p ro c ed im e n to s in d u to re s de b acterem ia. N a ausência de e n saios com h um anos, um a reavaliação da evidência in d ireta para a profilaxia p o r antibióticos p a ra a e n d o carite pela A m erican H eart A ssociation resultou em orien taçõ es que inv ertem as reco m en d a ções anteriores e restringem o uso de profilaxia p o r antibióticos. Na m elh o r das hipóteses, o benefício d a profilaxia p o r antibióticos é m ínim o. A m aioria dos casos de endocardite não sucede a nen h u m procedim ento. Em estudos de controle de caso, os tratam entos d e n tários, am plam ente aceitos com o p redisponentes à endocardite, não são m ais freqüentes nos 3 m eses que an teced em as endocardites do que em controles pareados. A lém disso, a frequência e a m ag n itu d e das bacterem ias associadas aos p ro ced im en to s d e ntários e às atividades ro tin eiras diárias (p. ex., escovar os dentes e usar fio dental) são sem elhantes. C om o os procedim entos dentários não são freqüentes, a exposição de e stru tu ra s cardíacas aos organism os da cavidade oral bacterêm icos é notav elm en te m aior com as ativida des rotineiras diárias do que com a assistência dentária. A relação entre procedim entos g astrintestinais e g eniturinários e um a subse quente endocardite é ainda m ais tên u e do que a dos procedim entos dentários. A lém disso, as estim ativas de custo-efetividade e custo-benefício sugerem que a profilaxia p o r antibióticos representa uso indevido de recursos.
QUADRO 124.7 Esquemas antibióticos para profilaxia da endocardite em adultos com lesões cardíacas de alto risco3'* A. Esquema oral padrão 1. Amoxicilina 2,0 g V 0 1 h antes do procedimento B Impossibilidade de ingestão oral de medicamentos 1. Ampicilina 2,0 g IV ou IM 1 h antes do procedimento C. Alergia a penicilina 1 Claritromicina ou azitromicina 500 mg V 0 1 h antes do procedimento 2. Cefalexinac 2,0 g V 0 1 h antes do procedimento 3. Clindamicina 600 mg V 0 1 h antes do procedimento
quando há m anipulação do tecido gengival, da região periapical do dente ou em que haja perfuração da m ucosa oral (incluindo cirurgia do trato respiratório). A profilaxia não é recom endável para pacien tes subm etidos a procedim entos gastrintestinais ou geniturinários. Pacientes em alto risco devem ser tratados antes que sejam subm e tidos a procedim entos que evolvam trato geniturinário infectado, pele infectada ou tecidos m oles infectados. A British Society for Antim icrobial C hem otherapy continua a recom endar a profilaxia para pacientes em alto risco que se subm etem a procedim entos gastrin testinais e genitourinários selecionados. Em contrapartida, o N atio nal Institute for Health and Clinicai Excellence no Reino Unido não encontrou evidência convincente de que a profilaxia antibiótica fosse custo-efetiva e aconselhou a interrupção da prática. Ver http://www. nice.org.uk/guidance/CG64.).
D. Alergia a penicilina, impossibilidade de ingestão oral de medicamentos 1 Cefazolinac ou ceftriaxona1' 1,0 g IV ou IM 30 min antes do procedimento 2. Clindamicina 600 mg IV ou IM 1 h antes do procedimento ‘'Doses para crianças: para amoxicilina, ampicilina, cefalexina ou cefadroxila, empregar 50 mg/ kg VO; cefazolina, 25 mg/kg IV; clindamicina, 20 mg/kg VO, 25 mg/kg IV; claritromicina, 15 mg/ kg VO e vancomicina, 20 mg/kg IV. úPara lesões de alto risco, ver o Quadro 124.8. Não se aconselha a profilaxia para outras lesões. cNão usar cefalosporinas em pacientes com hipersensibilidade imediata (urticária, angioedema, anafilaxia) a penicilina. fonfe.-WWilson et al.: Circulation, publicação onlineem 19/04/07.
Estudos com m odelos de anim ais sugerem que a profilaxia por antibióticos pode ser efetiva. Assim, é possível que raros casos de endocardite sejam prevenidos. Após considerar os possíveis benefí cios, os possíveis efeitos adversos e os custos associados à profila xia antibiótica, a A m erican H eart Association e a E uropean Society of C ardiology recom enda agora antibióticos profiláticos (Q u a d ro 124.7) apenas p ara os pacientes sob o m ais alto risco de doença grave ou m orte p o r endocardite (Q uadro 124.8). A m anutenção de um a boa higiene dentária é essencial. A profilaxia é recom endada apenas
QUADRO 124.8 Lesões cardíacas de alto risco para as quais é aconselhável a profilaxia da endocardite antes de procedimentos dentários
Endocardite prévia Doença cardíaca congênita cianótica não corrigida, incluindo os shuntse derivações paliativas Defeitos cardíacos congênitos completamente corrigidos, nos 6 meses que se seguem à correção Doença cardíaca congênita com correção incompleta, com defeitos residuais contíguos ao material protético Valvulopatia que surge após transplante cardíaco Fonte:\N Wilson et al.: Circulation, publicação online em 19/04/07.
O et al: Early surgery in patients with infective endocarditis: A propensity score analysis. Clin Infect Dis 44:364,2007 B a d d o u r LM et al: Diagnosis, antimicrobial therapy, and management of complications. A statement for healthcare professionals from the Com mittee on Rheumatic Fever, Endocarditis, and Kawasaki Disease, Council on Cardiovascular Disease in the Young, and the Councils on Clinicai Car diology, Stroke, and Cardiovascular Surgery and Anesthesia, American Heart Association. Circulation 11 l:e394,2005 B a n n a y A et al: The impact of valve surgery on short- and longterm mortality in left-sided infective endocarditis: Do differences in methodological approaches explain previous conflicting results? Eur Heart J epub ahead of print, Feb 9, 2009 (h ttp :// eurheartj.oxfordjournal.org/content/early/2009/02/09/eurheartj. ehp008)
Benito N et al: Health care-associated native valve endocarditis: Importance of non-nosocomial acquisition. Ann Intern Med 150:586,2009 C osgrove SE et al: Initial low-dose gentamicin for Staphylococcus aureus bac teremia and endocarditis is nephrotoxic. Clin Infect Dis 48:713,2009 D u rack DT: Prevention of infective endocarditis, in Principies and Practice o f Infectious Diseases, 7th ed, GL Mandell et al (eds). Philadelphia, Elsevier Churchill Livingstone, 2010, pp 1143-1151 F ow ler VG Jr et al: Endocarditis and intravascular infections, in Principies a nd Practice o f Infectious Diseases, 7 th ed, GL Mandell et al (eds). Philadel phia, Elsevier Churchill Livingstone, 2010, pp 1067-1112 Habbib G et al: Guidelines on the prevention, diagnosis, and treatment of infective endocarditis (new version 2009). Eur Heart J 30:2369,2009 M urdoch DR et al: Clinicai presentation, etiology, and outcome of infective endocarditis in the 21st century. Arch Intern Med 169:463, 2009 Rybak MI et al: Vancomycin therapeutic guidelines: A summary of consensus recommendations from the Infectious Diseases Society of America, the American Society of Health-System Pharmacists, and the Society of Infectious Diseases Pharmacists. Clin Infect Dis 49:325,2009 T h u n y F et al: The timing of surgery influences mortality and morbidity in adults with severe complicated infective endocarditis: A propensity analy sis. Eur Heart J epub ahead of print, March 26, 2009 (http://eurheartj. oxfordjournal.org/content/ early/2009/03/26/eurheart).ehp089)
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W il s o n W
Endocardite Infecciosa
Valvas cardíacas protéticas
BIBLIOGRAFIA A k so y
1063
CAPÍ TULO
125
Infecções da Pele, dos Músculos e dos Tecidos Moles Dennis L. Stevens ■ RELAÇÕES ANATÔMICAS: SINAIS PARA O DIAGNÓSTICO DE INFECÇÕES DOS TECIDOS MOLES As infecções da pele e dos tecidos m oles têm feito parte do sofrim en to hum ano p or séculos. Entretanto, entre 2000 e 2004, as adm issões hospitalares devidas às infecções da pele e tecidos m oles au m en ta ram em 27%, um efeito m arcante que foi atribuído am plam ente ao aparecim ento do clone USA300 do S. aureus resistentes à m eticilina (MRSA). Esse capítulo fornece um a estratégia anatôm ica para o e n tendim ento dos tipos de infecções dos tecidos m oles e dos diversos m icrorganism os responsáveis. A proteção contra infecção da epiderm e depende da b arreira m ecânica proporcionada pelo estrato córneo, visto que a epiderm e é desprovida de vasos sanguíneos (Fig. 125.1). A ru p tu ra dessa cam ada p or queim adura ou m ordedura, escoriações, corpos estranhos, d is túrbios derm atológicos im portantes (p. ex., herpes sim ples, varicela e ectim a gangrenoso), cirurgia ou úlceras vasculares ou com pressão perm ite a penetração de bactérias em estruturas m ais profundas. De m odo sem elhante, o folículo piloso pode servir com o po rta de e n tra da para com ponentes da flora n orm al (p. ex., Staphyiococcus) ou para bactérias extrínsecas (p. ex., Pseudomonas na foliculite da banheira quente). A infecção intracelular do epitélio escam oso com form ação de vesículas pode surgir p o r inoculação cutânea, com o na infecção pelo herpesvírus simples (HSV) tipo 1; através do plexo capilar dérmico, com o na varicela e em infecções p o r outros vírus associadas a virem ia; ou através das raízes nervosas cutâneas, com o no herpes-zóster. As bactérias que infectam a epiderm e, com o o Streptococcus pyogenes, podem ser transferidas lateralm ente para estruturas m ais profundas p or m eio dos vasos linfáticos, evento que resulta na rápida dissem inação superficial da erisipela. Mais tarde, o ingurgitam ento ou a obstrução dos vasos linfáticos causa edem a flácido da epiderm e, outra característica da erisipela. O rico plexo de capilares abaixo da papila dérm ica fornece n u trição ao estrato germ inativo e as respostas fisiológicas desse plexo
Doenças Infecciosas 1064
pro d u zem sinais e sintom as clínicos im portantes. Por exem plo, a vasculite infecciosa do plexo resulta em petéquias, nódulos de Osler, lesões de Janeway e p ú rp u ra palpável, que, se presentes, são indícios im portantes da existência de endocardite (Cap. 124). Além disso, a infecção m etastática dentro desse plexo p o d e resultar em m anifesta ções cutâneas de infecção fúngica dissem inada (Cap. 203), de infec ção gonocócica (Cap. 144), de infecções p o r Salmonella (Cap. 153), de infecção p or Pseudomonas (i. e, ectim a gangrenoso) (Cap. 152), de m eningococem ias (Cap. 143) e de infecção estafilocócica (Cap. 135). O plexo tam bém fornece acesso das bactérias à circulação, facilitando assim a dissem inação local ou a bacterem ia. As vênulas pós-capilares desse plexo são um local im p o rtan te de seqüestro de leucócitos polim orfonucleares, diapedese e quim iotaxia para o local da infecção cutânea. A exacerbação desses m ecanism os fisiológicos pelos níveis exces sivos de citocinas ou toxinas bacterianas causa leucoestase, oclusão venosa e edem a com cacifo. Edem a com bolhas purpúreas, equim ose e anestesia cutânea sugerem p erda da integridade vascular e requer exploração das estruturas m ais profundas em busca de evidências de fasciite necrosante ou m ionecrose. O diagnóstico precoce requer um alto nível de suspeição em situações de febre inexplicada e de dor e hipersensibilidade nos tecidos moles, m esm o n a ausência de inflam a ção cutânea aguda. O Q u a d ro 125.1 indica os capítulos nos quais as infecções des critas adiante são discutidas em m ais detalhe. M uitas dessas infecções são ilustradas nos capítulos citados ou no Cap. e7 (Atlas de Exante m as Febris).
■ INFECÇÕES ASSOCIADAS A VESÍCULAS
(Quadro 125-1) A form ação de vesícula p o r infecção é causada por proliferação viral d entro da epiderm e. N a varicela e na varíola, a vi rem ia precede o início de um eritem a cutâneo centrípeto difuso que progride de m áculas para vesículas, em seguida para pústulas e, final m ente, para crostas em 1 a 2 sem anas. As vesículas da varicela têm aparência “em gota de orvalho” e surgem aleatoriam ente em grupos sobre o tronco, os m em bros e a face em 3-4 dias. O herpes-zóster ocorre em um único derm átom o; o aparecim ento das vesículas é pre cedido de do r d urante vários dias. O herpes-zóster pode acom eter pessoas de qualquer idade, p o rém é m ais com um entre indivíduos im unossuprim idos e em pacientes idosos, e nquanto a m aioria dos casos de varicela ocorre em crianças pequenas. As vesículas do HSV são encontradas nos lábios, ao red o r dos lábios (HSV-1) ou na geni tália (HSV-2), m as podem aparecer na cabeça e no pescoço de luta dores jovens (herpes do gladiador) ou nos dedos de profissionais de saúde (paroníquia herpética). H erpes labial (HSV-1) e herpes genital recorren Folículo piloso tes são com uns após a infecção prim ária. O vírus V esícula E scara B olha Coxsackie A 16 causa caracteristicam ente vesícu las nas m ãos, no pés e n a boca de crianças. O ec tim a contagioso é causado p o ru m vírus de DNA J Erisipelas Papilas dérm icas relacionado com o vírus da varicela e infecta os G lândula sebácea E strato germ inativo dedos de indivíduos que trabalham com cabras e ovelhas. O vírus do m olusco contagioso induz vesículas flácidas na pele de indivíduos sadios e im unocom prom etidos. Em bora a varíola natural tenha sido erradicada em 1977, os recentes even Fasciite necrosante tos terroristas renovaram o interesse po r essa in Vaso linfático fecção devastadora (Cap. 214). Após um período de incubação de 12 dias, a virem ia é seguida de um exantem a m aculopapular difuso, com rápi da evolução de vesículas, pústulas e, em seguida, crostas. Casos secundários podem ocorrer entre contatos íntim os. A riq u etsio se variceliform e se inicia após Figura 125.1 Componentes estruturais da pele e dos tecidos moles, infecções superficiais e inoculação p ercu tân ea da Rickettsia akari pela infecções das estruturas mais profundas. A rica rede capilar sob as papilas dérmicas tem um papel picada de u m ácaro. U m a pápula com vesícula essencial na localização da infecção e no desenvolvimento da reação inflamatória aguda
QUADRO 1 2 5 .1
In fe c çõ e s da pe le e dos te c id o s m o le s
| Lesão, síndrome clínica
Agente infeccioso
Capítulo(s)
1
Vesículas Varíola
Vírus da varíola
221
Varicela
Vírus varicela-zóster
180
Herpes-zóster
Vírus varicela-zóster
180
Herpes labial, paroníquia herpética, herpes do gladiador
Herpesvírus simples
179
Doença da mão-pé-boca
Vírus Coxsackie A16
191
Ectima contagioso
Parapoxvírus
183
Molusco contagioso
Vírus Pox-símile
183
Ríquetsiose variceliforme
Rickettsia akari
174
Dactilite bolhosa distai
Staphylococcus aureus ou Streptococcus pyogenes
135,160
Síndrome da pele escaldada estafilocócica
S. aureus
135
Fasciite necrosante
S. pyogenes, Clostridium spp., associação de aeróbios e anaeróbios
136,142,164
Gangrena gasosa
Clostridium spp.
142
Infecção por vibriões halofílicos
Vibrio vulnificus
156
Impetigo bolhoso/ectima
S. aureus
135
Impetigo contagioso
S. pyogenes
136
Tinha
Fungos dermatófitos superficiais
206 206
Bolhas
Lesões crostosas
Esporotricose
Sporothrlx schenckii
Histoplasmose
Histoplasma capsulatum
199
Coccidioidomicose
Coccidioides immltis
200
Blastomicose
Blastomyces dermatitidis
201
Leishmaniose cutânea
Leishmania spp.
212
Tuberculose cutânea
Mycobacterium tuberculosis
165
Nocardiose
Nocardia asteroides
162
Furunculose
S. aureus
135
Foliculite da banheira quente
Pseudomonas aeruginosa
152
Prurido dos nadadores
Schistosoma spp.
219
Acne vulgar
Propionibacterium acnes
52
Granuloma das piscinas ou dos aquários
Mycobacterium marinum
167
Larva migrans cutânea
Ancylostoma braziliense
216
Dracunculíase
Dracunculus medinensis
218
Dermatite por cercárias
Schistosoma mansoni
219
Verruga vulgar
Papilomavírus humanos 1,2 e 4
185
Condiloma acuminado (verruga anogenital)
Papilomavírus humanos 6 ,1 1 ,1 6 e 18
185
Oncocercose nodular
Onchocerca volvulus
218
Miíase cutânea
Dermatobia hominis
301-
Verruga peruana
Bartonella bacilliformis
160
Doença da arranhadura do gato
Bartonella henselae
Lepra lepromatosa
Mycobacterium leprae
Sífilis secundária (lesões papuloescamosas. nodulares e de condiloma plano)
Treponema pallidum
169
Sífilis terciária (lesões gomosas nodulares)
T. pallidum
160
Foliculites
Lesões papulares e nodulares
166
Úlceras com ou sem escaras Carbúnculo
Bacillus anthracis
221
Tularemia ulceroglandular
Francisella tularensis
158,221
Peste bubônica
Yersinia pestis
159,221
Úlcera de Buruli
Mycobacterium ulcerans
167
Lepra
M. leprae
166 (Continua)
Infecções da Pele, dos Músculos e dos Tecidos Moles
160 _ _
1065
QUADRO 125.1
Infecções da pele e dos tecidos moles (Continuação)
Lesão, síndrome clinica
Agente infeccioso
Capítulo(s)
Tuberculose cutânea
M. tuberculosis
165
Cancroide
Haemophilus ducreyi
145
T. pallidum
169
Sífilis primária Erisipelas
S. pyogenes
136
Celulite
Staphyiococcus spp., Streptococcus spp.. várias outras bactérias
Vários 136
Fasciite necrosante Gangrena estreptocócica
S.pyogenes
Gangrena de Fournier
Associação de bactérias aeróbias e anaeróbias
164
Fasciite necrosante estafilocócica
S. aureus resistente a meticilina
135
Miosite e mionecrose Piomiosite
S. aureus
135
Miosite estreptocócica necrosante
S pyogenes
136
Gangrena gasosa
Clostridium spp.
142
Miosite crepitante não clostridial
Associação de bactérias aeróbias e anaeróbias
164
Mionecrose anaeróbia sinérgica não clostridial
Associação de bactérias aeróbias e anaeróbias
164
central evolui para escara escurecida crostosa indolor de 1-2,5 cm, com um halo eritem atoso e adenopatia proxim al. E m bora tenha sido m ais com um no nordeste dos EUA e na U crânia em 1940 a 1950, a riquetsiose variceliform e foi descrita recentem ente nos estados de Ohio, A rizona e Utah. A dactilite bolhosa é um a infecção dolorosa, vesiculosa, causada po r S. aureus ou p o r estreptococos do grupo A, localizada nas polpas digitais distais das mãos.
Blastomyces dermatitidis e o Sporothrix schenckii podem inicialm ente apresentar-se com o lesões crostosas da pele que lem bram a d e rm a tofitose. A infecção dissem inada p o r Coccidioides im m itis tam bém pode com prom eter a pele, devendo-se realizar biópsia e cultura em lesões crostosas nos pacientes de áreas endêm icas. Lesões nodulares crostosas causadas p or M ycobacterium chelonei foram descritas em pacientes soropositivos para o HIV. O tratam ento com claritrom icina parece prom issor.
■ INFECÇÕES ASSOCIADAS A BOLHAS
Doenças Infecciosas 1066
(Q uadro 125.1) A síndrom e da pele escaldada estafilocócica (SPEE) em neonatos é causada p o r um a toxina (esfoliatina) do S. aureus do fagogrupo II. A SPEE deve ser diferenciada da necrólise epidérm ica tóxica (NET), que ocorre principalm ente em adultos, é induzida por fárm acos e se associa a um a m aior taxa de letalidade. A biópsia p or punção com congelam ento é útil na realização dessa diferenciação, pois o plano de clivagem é o estrato córneo na SPEE e o estrato ger m inativo na NET (Fig. 125.1). A gam aglobulina intravenosa é um tratam ento prom issor para a NET. A fasciite necrosante e a gangrena gasosa tam bém induzem a form ação de bolhas (ver Fasciite n e cro sante, adiante). A infecção p or vibrião halofílico p ode ser tão agressi va e fulm inante quanto a fasciite necrosante; um indício útil para seu diagnóstico é um a história de exposição às águas do Golfo do México ou do litoral do Atlântico ou (em paciente com cirrose) a ingestão de frutos do m ar crus. O agente etiológico ( Vibrio vulnificus) é altam en te sensível à tetraciclina.
■ INFECÇÕES ASSOCIADAS A LESÕES CR0ST0SAS (Q uadro 125.1) O im petigo contagioso é causado p o r S. pyogenes e o im petigo bolhoso tem com o agente etiológico o S. aureus. As duas lesões de pele podem ter um estágio bolhoso inicial, m as depois se assem elham a crostas espessas de cor c astanho-dourada. Já foram descritas epidem ias de im petigo causadas p o r MRSA. As lesões estreptocócicas são m ais com uns em crianças de 2-5 anos e as epide m ias podem ocorrer em am bientes de higiene precária, p a rticu la r m ente entre crianças de condições socioeconôm icas desfavoráveis em climas tropicais. É im portante reconhecer o im petigo contagioso por causa de sua relação com a glom erulonefrite pós-estreptocócica. A febre reum ática não é um a complicação da infecção cutânea causa da p o r S. pyogenes. A derm atofitose superficial (tinha) pode ocorrer em qualquer superfície cutânea e o raspado de pele tratado po r KOH é diagnóstico. As infecções prim árias p o r fungos dim orfos com o o
■ FOLICULITE (Q uadro 125.1) Os folículos pilosos servem com o po rta de entrada para algum as bactérias, em bora o S. aureus seja a causa m ais com um de foliculite localizada. As glândulas sebáceas se esvaziam nos folí culos e duetos pilosos e, se estes p ortais forem bloqueados, form am cistos sebáceos que p odem parecer abscessos estafilocócicos ou se infectam secundariam ente. A infecção das glândulas sudoríparas (hidradenite supurativa) tam bém pode sim ular infecção do folículo piloso, particularm ente na axila. A foliculite crônica é incom um , ex ceto no acne vulgar, em que os constituintes da flora norm al (p. ex., Propionibacterium acnes) podem exercer um papel. A foliculite difusa o co rre em duas circunstâncias. A foliculi te da b a n h eira quente é causada p o r Pseudom onas aeruginosa em águas in suficientem ente cloradas e m an tid as a u m a te m p e ra tu ra de 37-40°C. A infecção é geralm ente autolim itada, em b o ra tenham sido relatados b acterem ia e choque. O p ru rid o do n ad ad o r ocorre q u ando u m a superfície de pele é exposta a água in fe s ta d a p o r esquistossom as aviários de água doce. T em peraturas quentes e o pH alcalino da água são a dequados p a ra m oluscos que servem com o hospedeiros interm ediários entre aves e seres h um anos. As cercárias do esquistossom a, que nad am livrem ente, p en etram com facilidade nos folículos pilosos ou n o s poros hu m an o s, m as m o rrem ra p id a m ente e desencadeiam u m a reação alérgica fugaz, causando p rurido e eritem a intensos.
■ LESÕES PAPULOSAS E NODULARES (Q uadro 125.1) As lesões elevadas da pele assum em m uitas form as diferentes. As infecções de pele po r Mycobacterium m arinum podem apresentar-se com o celulite ou n ódulos eritem atosos elevados. As pápulas eritem atosas são m anifestações precoces da doença da a rra nhadura do gato (surgindo as lesões no local prim ário de inoculação da Bartonella henselae) e da angiom atose bacilar (tam bém causada
p o r B. henselae). Erupções elevadas serpiginosas ou lineares são típi cas da larva migrans cutânea, que consiste em larvas escavadoras de parasitos de cães e gatos (A ncylostoma braziliense), que os seres h u m anos adquirem po r contato com solo contam inado p o r fezes desses anim ais. Lesões elevadas sim ilares estão presentes na dracunculíase causada p o r m igração da fêmea adulta do nem atódeo Dracunculus medinensis. Os nódulos causados p or Onchocerca volvulus têm 1-10 cm de diâm etro e ocorrem sobretudo em pessoas picadas p or moscas do gênero Sim ulium na África. Os nódulos contêm o verm e adul to envolvido em tecido fibroso. A m igração de m icrofilárias para os olhos pode resultar em cegueira. A verruga p eruana é causada p or Bartonella bacilliformis, transm itida a seres h u m an o s p o r insetos alados do gênero Phlebotomus. Essa lesão pode assum ir a form a de lesões gigantescas únicas (m uitos centím etros de diâm etro) ou várias lesões pequenas (com m uitos m ilím etros de diâm etro). N um erosos nódulos subcutâneos tam bém podem estar presentes na cisticercose causada pela larva de Taenia solium. M últiplas pápulas eritem atosas se desenvolvem na esquistossom ose, cada qual representando um local de invasão p o r cercárias. Os nódulos de pele e tam bém tecido subcutâneo espessado são características proem inentes da hanseníase leprom atosa. N ódulos grandes ou gom as são característicos da sífilis terciária, enquanto lesões papuloescam osas planas são carac terísticas da sífilis secundária. O papilom avírus hum ano pode causar verrugas únicas (verruga vulgar) ou várias verrugas na área anogenital (condilom as acum inados). Estas últim as são problem as relevantes em indivíduos infectados pelo HIV.
■ ÚLCERAS COM OU SEM ESCARAS
■ ER1SIPELAS (Q uadro 125.1) A erisipela se deve ao S. pyogenes e caracteriza-se p or início abrupto de edem a verm elho-vivo na face e nos m em bros. As características que distinguem a erisipela são m argens de induração bem definidas, em especial ao longo da prega nasolabial, progressão rápida e dor intensa. Bolhas flácidas p odem se desenvolver durante o segundo ou terceiro dia de doença, m as a extensão para tecidos m oles mais profundos é rara. O tratam ento com penicilina é eficaz; o edem a pode progredir apesar do tratam en to apropriado, em bora
■ CELULITE (Q u a d ro 125.1) A celulite é um d istú rb io in fla m ató rio agudo da pele que se c aracteriza p o r dor, e ritem a e calor localizados. Ela p o d e ser causada pela flora nativa que coloniza a pele e os a p ê n dices cutâneos (p. ex., S. aureus e S. pyogenes) ou p o r u m a grande v a rie d ad e de b actérias en d ó g en as. C o m o as b a ctéria s exógenas envolvidas n a celulite o c u p am n ich o s ú n ico s na n a tu re za , u m a an am n ese co m p leta (in c lu in d o d a d o s e p idem iológicos) fornece indícios im p o rta n te s da etiologia. Q u a n d o existe drenagem , um a ferida ab erta ou u m a p o rta de en tra d a óbvia, a coloração de G ram e a c u ltu ra fornecem um diag n ó stico definitivo. N a ausência d e s ses achados, é difícil estabelecer a etiologia b acterian a da celulite e, em alguns casos, a celulite estafilocócica e a estreptocócica p odem ter características sem elhantes. M esm o com a aspiração p o r ag u lha da b o rd a em expansão ou u m a biópsia com punch do p róprio tecido com celulite, as cu ltu ras são positivas em apenas 20% dos casos. Tal observação sugere que q u a n tid a d e s relativam ente b a i xas de bactérias p o d e m causar celulite e que a área de eritem a em expansão na pele pode ser causada p o r um efeito d ireto de toxinas extracelulares ou de m ediadores inflam ató rio s solúveis produzidos pelo hospedeiro. As bactérias podem ter acesso à epiderm e através de fissuras na pele, abrasões, cortes, queim aduras, picadas de insetos, incisões ci rúrgicas e cateteres IV. A celulite causada p o r S. aureus se dissem ina de um a infecção localizada central, tal com o um abscesso, foliculite ou u m corpo estran h o infectado (p. ex., u m a farpa, um a p ró tese ou um cateter IV). O MRSA está su b stitu in d o rapidam ente o S. aureus sensível à m eticilina (MSSA) com o causa de celulite tanto no am biente hospitalar quan to fora do hospital. A celulite causada p o r MSSA ou MRSA está n o rm alm en te associada à um a infecção focal, com o um furú n cu lo , um c arbúnculo, um a ferida cirúrgica ou um abcesso. Em contraste, a celulite p o r S. pyogenes é um p ro cesso difuso de dissem inação m ais rápida, que é frequentem ente se acom panha de linfangite e febre. A celulite estreptocócica recorrente dos m em bros inferiores po d e ser causada p o r m icrorganism os dos grupos A, C ou G em associação com estase venosa crônica ou safenectom ia para cirurgia de revascularização do m iocárdio. Os es treptococos tam bém causam celulite recorrente entre pacientes com linfedem a crônico resultante de elefantíase, dissecção de linfonodos ou doença de Milroy. As infecções cutâneas estafilocócicas recorren tes são m ais com uns entre indivíduos com eosinofilia e níveis séricos elevados de IgE (síndrom e de Job) e po rtad o res de estafilococos na cavidade nasal. A celulite causada p o r Streptococcus agalactiae (es treptococos do grupo B) ocorre principalm ente em pacientes idosos e naqueles que têm diabetes m elito ou doença vascular periférica. O Haemophilus influenzae geralm ente causa celulite periorbitária associada à sinusite, otite m édia ou epiglotite em crianças. Não está claro se essa form a de celulite (assim com o a m eningite) se tornará m enos com um em conseqüência da grande eficácia da vacina para H. influenzae tipo b. —— M uitas outras bactérias causam celulite. Felizm ente, esses m i crorganism os ocorrem em am bientes tão característicos que um a boa anam nese fornece indícios úteis para o diagnóstico. A celulite associada a m ordeduras de gatos e, em grau m enor, a m ordeduras caninas costum am ser causadas p o r Pasteurella multocida, em bora no últim o caso Staphylococcus interm edius e Capnocytophaga canimorsus (antigam ente DF-2) devam tam bém ser considerados. Locais de celulite e abscessos associados a m ordeduras de cães e hum anas tam bém contêm um a variedade de m icrorganism os anaeróbios, in cluindo Fusobacterium, Bacteroides, estreptococos aeróbios e anae róbios e Eikenella corrodens. A Pasteurella é notavelm ente resistente
Infecções da Pele, dos Músculos e dos Tecidos Moles
(Q uadro 125.1) O carbúnculo cutâneo com eça com o pápula pruriginosa, que se desenvolve em questão de dias p ara úlcera com vesículas e edem a circundantes e, em seguida, para um a úlcera grande com escara negra. O carbúnculo cutâneo pode causar úlceras crônicas não cicatrizantes com um a m em brana cinza-escura sobrejacente, porém as lesões tam bém podem sim ular psoríase, eczem a ou im petigo. A tularem ia ulceroglandular pode ter lesões de pele ulceradas associa das à adenopatia regional dolorosa. E m bora os bubões sejam as p rin cipais m anifestações cutâneas da peste, úlceras com escaras, pápulas ou pústulas tam bém estão presentes em 25% dos casos. Mycobacterium ulcerans causa tipicam ente u m a úlcera crônica de pele nos m em bros de indivíduos que vivem nos trópicos. Mycobacte rium leprae pode estar associado a ulcerações cutâneas em pacientes com hanseníase leprom atosa relacionada com o fenôm eno de Lucio, no qual ocorre destruição im unologicam ente m ediada do tecido con tendo altas concentrações de M. leprae, em geral vários meses após o início do tratam ento eficaz. M ycobacterium tuberculosis tam bém pode causar ulcerações, pápulas ou lesões m aculoeritem atosas da pele em pacientes norm ais e im unocom prom etidos. As úlceras de decúbito devem -se à hipoxem ia tecidual pela in suficiência vascular induzida p o r pressão e p o d em infectar-se se c u n d ariam en te com com ponentes das floras cu tân ea e g astrin tes tinal, incluindo anaeróbios. Lesões ulceradas na região an terio r da p erna p odem ser provocadas p o r p io d erm a gangrenoso, que deve ser diferenciado de lesões sim ilares de etiologia infecciosa p o r ava liação histológica dos locais subm etidos à biópsia. As lesões ulce radas na genitália p odem ser dolorosas (cancro m ole) ou indolores (sífilis prim ária).
a febre, a d or e o eritem a intenso dim inuam . A descam ação da pele com prom etida ocorre em 5-10 dias de doença. Os lactentes e os ido sos são m ais com um ente acom etidos e a gravidade da toxicidade sis têm ica varia.
1067
à dicloxacilina e à nafcilina, m as é sensível a todos os outros a n ti m icrobianos betalactâm icos e tam bém às quinolonas, à tetraciclina e à eritrom icina. A m picilina/clavulanato, am picilina/sulbactam e cefoxitina são boas escolhas para o tratam ento de infecções de m or deduras de anim ais ou hum anas. Aeromonas hydrophila causa celulite agressiva em tecidos ao redor de lacerações que ocorreram em águas lim pas (lagos, rios, riachos). Esse m icrorganism o p erm anece sensível aos am inoglicosídios, fluoroquinolonas, cloranfenicol, sulfam etoxa zol-trim etoprim a e cefalosporinas de terceira geração; entretanto, é resistente à ampicilina. A bactéria P. aeruginosa causa três tipos de infecção dos tecidos moles: ectim a gangrenoso em pacientes neutropênicos, foliculite da banheira quente e celulite após traum atism o penetrante. Mais c o m um ente, JR aeruginosa é introduzida em tecidos m ais profundos quando um a pessoa pisa em algo pontiagudo. O tratam ento inclui inspeção cirúrgica e drenagem , principalm ente se a lesão tam bém com prom eter ossos ou cápsulas articulares. A escolha do tratam ento empírico, enquanto se aguardam os dados da suscetibilidade an tim i crobiana, inclui um am inoglicosídio, u m a cefalosporina de terceira geração (ceftazidim a, cefoperazona ou cefotaxim a), um a penicilina sem i-sintética (ticarcilina, m ezlocilina ou piperacilina) ou um a fluo roquinolona (em bora os fárm acos do últim o grupo não estejam in d i cados para o tratam ento de crianças com m enos de 13 anos). A celulite por bacilos Gram -negativos, incluindo aquela causada por P. aeruginosa, é m ais com um entre hospedeiros hospitalizados, im unocom prom etidos. As culturas e os testes de sensibilidade são de im portância crucial, por causa da resistência a m últiplos fárm acos (Cap. 152). O bastonete G ram -positivo aeróbio Erysipelothrix rhusiopathiae está m ais frequentem ente associado a peixes e suínos dom ésticos e causa celulite principalm ente em m agarefes e peixeiros. E. rhusiopa thiae tem -se m antido suscetível à m aioria dos antibióticos betalactâ m icos (incluindo penicilina), eritrom icina, clindam icina, tetraciclina e cefalosporinas, m as é resistente às sulfonam idas, ao cloranfenicol e à vancom icina. Sua resistência à vancom icina, que não é com um entre bactérias G ram -positivas, é de significado clínico im portante, porque esse agente às vezes é usado no tratam ento em pírico de in fecções cutâneas. A lim ento de peixe que contenha a pulga aquática Daphnia às vezes está contam inado p or M. m arinum , que pode cau sar celulite ou granulom as na superfície cutânea exposta a águas de aquário ou pele lesionada em piscinas. Rifam picina m ais etam butol representam um a com binação terapêutica eficaz em alguns casos, em bora não se tenha realizado qualquer estudo abrangente a respei to. Além disso, algum as cepas de M. m arinum são suscetíveis à tetra ciclina ou ao sulfam etoxazol-trim etoprim a.
Doenças Infecciosas 1068
■ FASCIITE NECROSANTE (Q uadro 125.1) A fasciite necrosante, antigam ente cham ada de gan grena estreptocócica, pode estar associada ao Streptococcus do g ru po A, a um a associação de bactérias aeróbias e anaeróbias ou ainda o correr com o parte da gangrena gasosa causada p o r Clostridium perfringens. Cepas de MRSA p rodutoras da toxina leucocidina de Panton-V alentine (LPV) já foram descritas com o causa de fasciite necrosante. O diagnóstico precoce pode ser difícil quando dor e febre inexplicáveis são as únicas m anifestações à apresentação. A tum efa ção se desenvolve e é seguida de edem a rijo e dor à palpação. C om a progressão, a induração verm elho-escura da epiderm e aparece junto com bolhas preenchidas com secreção azulada ou arroxeada. Mais tarde, a pele se torna friável e adquire coloração azulada, acastanhada ou enegrecida, estágio em que a trom bose de vasos sanguíneos na papila dérm ica (Fig. 125.1) é extensa. A extensão da infecção para o nível da fáscia profunda leva esse tecido a a dquirir um a aparência verde-acastanhada. A dissem inação rápida ocorre ao longo dos pla nos fasciais, através de canais venosos e linfáticos. Os pacientes nos estágios mais avançados apresentam -se toxêm icos e m anifestam com freqüência choque e falência de m últiplos órgãos.
A fasciite necrosante causada pela associação de bactérias aeró bias e anaeróbias se inicia com quebra na integridade de um a barreira de m em brana m ucosa, tal com o a m ucosa dos tratos gastrintestinal ou geniturinário. A p orta de entrada pode ser um câncer, um divertí culo, um a hem orroida, um a fissura anal ou um a ruptura uretral. O u tros fatores predisponentes incluem doença vascular periférica, d ia betes m elito, cirurgia e lesão abdom inal penetrante. A extensão para a área perineal resulta em um a síndrom e denom inada de gangrena de Fournier, que se caracteriza p or edem a m aciço da bolsa escrotal e do pênis com extensão para o períneo ou para a parede abdom inal e as pernas. A fasciite necrosante causada p or S. pyogenes aum entou em fre qüência e gravidade desde 1985. Existem duas apresentações clínicas distintas: aquelas sem po rta de entrada e aquelas com um a porta de entrada definida. As infecções da prim eira categoria geralm ente se iniciam profundam ente no local de um traum atism o leve não p e n e trante, tal com o um a contusão ou um a distensão m uscular. É prová vel que a infecção local ocorra a p a rtir de um a bacterem ia tran sitó ria, em bora a m aioria dos pacientes negue infecção estreptocócica prévia. Os pacientes afetados se apresentam apenas com dor severa e febre. N o curso tardio, os sinais clássicos de fasciite necrosante, como bolhas p ú rp u ras (violáceas), pele ú m ida e toxicidade progressiva, se desenvolvem. Nas infecções do segundo tipo, o S. pyogenes tam bém pode atingir a fáscia profunda através de um local de infecção c u tâ nea ou traum atism o penetrante. Estes pacientes apresentam sinais precoces de infecção cutânea superficial com progressão p ara fasciite necrosante. Em am bos os casos, a toxicidade é grave e a disfunção renal pode preceder o desenvolvim ento de choque. Em 20-40% dos casos há concom itância de m iosite e, tal com o na gangrena gasosa (ver adiante), os níveis séricos de creatinofosfoquinase pod em estar acentuadam ente elevados. A fasciite necrosante p or associação de bactérias aeróbias e anaeróbias pode estar associada a gás no tecido profundo, m as em geral não há gás quando a causa é o S . pyogenes ou MRSA. A exploração cirúrgica im ediata, aprofundada até a fáscia e o m úsculo, é essencial. O tecido necrótico deve ser rem ovido ciru r gicam ente e a coloração de G ram e a cultura do tecido excisado são úteis para se estabelecer se há estreptococos do grupo A, associação de bactérias aeróbias e anaeróbias, MRSA ou espécies de Clostridium (ver Tratam ento, adiante).
■ MIOSITE E MIONECROSE (Q uadro 125.1) Pode ocorrer com prom etim ento m uscular na infec ção viral (p. ex., influenza, dengue ou infecção pelo vírus Coxsackie B) ou invasão parasitária (p. ex., triquinelose, cisticercose ou toxo plasm ose). E m bora possa o co rrer m ialgia na m aioria dessas infec ções, a dor m uscular intensa é característica da p leurodin ia (vírus Coxsackie B), da triquinelose e da infecção bacteriana. A rabdom ió lise aguda ocorre previsivelm ente na m iosite p o r clostrídios e na es treptocócica, m as tam bém pode estar associada aos vírus influenza, vírus Echo, Coxsackie, Epstein-B arr e à infecção p o r Legionella. A piom iosite geralm ente se deve ao S. aureus; é com um em áreas tropicais e na m aioria dos casos se desconhece a p o rta de entrada. Casos de piom iosite causados p o r MRSA pro d u zin d o a toxina LVP têm sido descritos entre crianças nos E stados U nidos. A infecção m uscular se inicia no local exato do traum a-ou do esforço m u scu lar. A infecção perm anece localizada e não se desenvolve, a m enos que os m icrorganism os produzam a toxina 1 da síndrom e do choque tóxico ou certas enterotoxinas e que o paciente não ten h a os an ti corpos p ara as toxinas produzidas pelos m icrorganism os infectantes. Em contraste, S. pyogenes p o d e in d u zir m iosite prim ária (denom i nada miosite necrosante estreptocócica), associada à toxicidade sistê m ica grave. A m ionecrose coexiste com fasciite necrosante em cerca de 50% dos casos. A m bas são integrantes da síndrom e do choque tóxico estreptocócico. A gangrena gasosa geralm ente o co rre após lesões penetrantes graves que resultam na in te rru p çã o do su p rim en to sanguíneo e na
in tro d u ç ão de d etritos d e n tro das feridas. Tais casos de gangrena trau m ática são geralm ente causados pelas espécies clostridiais C. perfringens, C. septicum e C. histolyticum . R aram ente, a gangrena reco rren te ou latente po d e o c o rre r anos após o trau m atism o p e netrante; os responsáveis provavelm ente são esporos latentes que residem no local da lesão prévia. A gangrena não trau m ática esp o n tânea de pacientes com neu tro p en ia, câncer gastrintestinal, diverticulose ou radioterapia recente do abdom e é causada p o r várias espécies de clostrídios, das quais a m ais co m u m é C. septicum . A tolerância desse anaeróbio ao oxigênio provavelm ente explica p o r que ele pode iniciar infecção espontaneam ente em tecido n orm al de qualquer local do corpo. A gangrena gasosa do útero, especialm ente devida à C. sordellii, ocorreu historicam ente com o conseqüência do aborto ilegal ou auto-induzido e atualm ente tam bém acom panha o aborto espontâneo, o parto vaginal e a cesariana. Infecções p or C. sordellii em jovens, an te riorm ente m ulheres saudáveis, se apresentam com um único quadro clínico: pouca ou n en h u m a febre, ausência de secreção puru len ta, hipotensão refratária, edem a periférico extenso e efusões, hem oconcentração e um a contagem de leucócitos fortem ente elevada. A infecção é quase sem pre fatal, com a m orte ocorrendo rapidam ente. A m ionecrose anaeróbia sinérgica não clostridial, tam bém co nhecida com o m iosite cutânea necrosante e celulite necrosante si nérgica, é um a variante da fasciite necrosante causada po r bactérias aeróbias e anaeróbias m istas com a exclusão de m icrorganism os Clos tridium (ver Fasciite necrosante, anteriorm ente).
■ DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
Infecções da pele, músculos e tecidos moles
Uma descrição completa do tratam ento clínico de todas as en tid a des apresentadas aqui está além do objetivo deste capítulo. C om o
um guia para o clínico na seleção do tratam en to apropriado, o Q u ad ro 125.2 cita os agentes antim icrobianos úteis para as infec ções cutâneas m ais com uns e m ais fulm inantes. F urúnculos, c arb ú n c u lo s e abscessos causados p o r MRSA e MSSA são com uns e o seu trata m e n to dep en d e do tam an h o da lesão. F u rú n cu lo s com d iâm e tro 50 anos de idade)
Aciclovir, 800 mg V0 5 vezes/dia durante 7 a 10 dias
Fanciclovir, 500 mg V0 3 vezes/dia durante 7 a 10 dias
180
ou Valaciclovir, 1.000 mg V0 3 vezes/dia durante 7 dias
Celulite (estafilocócica ou estreptocócica*1)
Oxacilina, 2 g IV a cada 4 a 6 h
Cefazolina, 1 a 2 g a cada 8 h
135,136
ou Ampicilina/sulbactam, 1,5 a 3,0 g IVa cada 6 h ou Eritromicina, 0,5 a 1,0 g IV a cada 6 h ou Clindamicina, 600 a 900 mg IV a cada 8 h
Infecção cutânea por MRSA"
Vancomicina, 1 g IV a cada 12 h
Linezolida, 600 mg IV a cada 12 h
135
Fasciite necrosante (por estreptococos do grupo A6)
Clindamicina, 600 a 900 mg IV a cada 6a8h
Clindamicina, 600 a 900 mg IV a cada 6 a 8 h
136
mais
Cefalosporina (primeira ou segunda gerações)
mais
Penicilina G, 4 milhões de unidades IV a cada 4 h Fasciite necrosante (associação de aeróbios e anaeróbios)
Doenças Infecciosas
Ampicilina, 2 g IV a cada 4 h
Vancomicina, 1 g IV a cada 6 h
mais
mais
Clindamicina, 600 a 900 mg IV a cada 6a8h
mais
mais
Ciprofloxacino, 400 mg IV a cada 6 a 8 h
164
Metronidazol, 500 mg IV a cada 6 h
Ciprofloxacino, 400 mg IV a cada 6 a 8 h Gangrena gasosa
Clindamicina, 600 a 900 mg IV a cada 6a8h
mais
Clindamicina, 600 a 900 mg IV a cada 6 a 8 h
mais
Cefoxitina, 2 g IV a cada 6 h
Penicilina G, 4 milhões de unidades IV a cada 4 a 6 h
142
*
8Pasteurella multocida, uma espécie usualmente associada com mordedura de cães e gatos, é resistente a cefalexina, dicloxacilina, clindamicina e eritromicina. Eikenella corrodens, uma bactéria associada com mordeduras humanas, é resistente a clindamicina, penicilinas penicilinase-resistentes, e metronidazol, mas é sensível a sulfametoxazol + trimetoprim e fluoroquinodonas. “A frequência da resistência a eritromicina em estreptococos do grupo A é atualmente - 5 % nos Estados Unidos, mas alcança 70 a 100% em alguns países. A maioria, mas não a totalidade, dos estreptococos do grupo A resistentes a eritromicina são suscetíveis a clindamicina. Aproximadamente 90-95% dos Staphyiococcus aureus são sensíveis a clindamicina. Infecções hospitalares graves por S. aureus ou infecções comunitárias por S. aureus que não respondem ao tratamento com beta-lactâmicos recomendados nesta tabela podem ser causados por cepas meticilino-resistentes, necessitando uma troca para vancomicina ou linezolida. "Algumas cepas de S. aureus resistentes à meticilina (MRSA) podem permanecer a tetraciclina e sulfametoxazol-trimetoprim. Daptomicina (4 mg/kg IVa cada 24 horas) ou tigeciclina (100 mg de dose de ataque seguido de 50 mg IV a cada 12 horas) são tratamentos alternativos para MRSA.
e o entendim ento dos m ecanism os fisiopatológicos que essas in fecções envolvem. Inform ações m ais detalhadas são encontradas nos capítulos sobre as infecções específicas.
1 070
BIBLIOGRAFIA AI, S t e v e n s DL: Streptococcal infections in skin and soft tissues. N Engl J Med 334:240,1996 B r e m a n JG, H e n d e r s o n DA: Diagnosis and management of smallpox. N Engl J Med 346:1300,2002 B is n o
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CAPÍ TULO
126
Osteomielite
------- : Necrotizing soft tissue infections. Curr Treat Opt Infect Dis 2:359, 2000
------- et al: Practice guidelines for the diagnosis and manage ment of skin and soft-tissue infections.Clin Infect Dis 41:1373, 2005 T a l a n DA et al: Bacteriologic analysis of infected dog and cat bites. Emergency Medicine Animal Bite Infection Study Group. N Engl J Med 340:85, 1999 Z i m b e l m a n J et al: Improved outcome of clindamycin compared with beta-lactam antibiotic treatment for invasive Streptococcus pyogenes infection. Pediatr Infect Dis J 18:1096,1999
QUADR0126.1
Microrganismos que causam osteomielite
Microrganismo
Bactérias encontradas com frequência Staphylococcus aureus
Frequentemente focos metastáticos com bacteremia Considerar cirurgia precoce Estafilococos que não o S. aureus (coagulase-negativos)
Em geral associado a material estranho ou implantes
Estreptococos
Pode disseminar rapidamente através dos tecidos moles
Enterobacteriaceae (Escherichia coli, Klebsiella, outros)
Variação considerável de suscetibilidade antibiótica
Produção de biofilme
Pseudomonas aeruginosa
Cada vez mais resistente a antibióticos Sucesso freqüente de outras bactérias quando terapia inicial falha
CAPÍTULO 126
Aumento da resistência a antibiótico com excesso de uso Pode tornar-se resistente a antibióticos durante terapia
■ ETIOLOGIA (QUADR0126.1) A principal causa bacteriana de osteom ielite é o Staphylococcus a u reus. Os m icrorganism os G ram -negativos, tais com o Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli, estafilococos coagulase-negativos, enterococos e p ro p ionibacteria tam bém p o d e m estar envolvidos. O M ycobacterium tuberculosis é um a causa com um de osteom ielite em países com recursos m édicos lim itados; outras espécies de m i cobactérias que infectam osso incluem M. m arinum , M. chelonei e M . fortuitum . As etiologias de fungos incluem Candida, Coccidioides, Histoplasma e espécies de Aspergillus. M ecanism os patogênicos não infecciosos que podem causar doença m im etizando osteom ielite in cluem necrose avascular, artrite reum atoide, neuropatia com trau m a tism o crônico, gota e doenças malignas. O evento, ou os eventos que desencadeiam a evolução para os teom ielite variam m uito. Im plantes de prótese articular e dispositivos de estabilização que estão sendo cada vez m ais usados em cirurgia o rtopédica são associados a infecções com plexas. O traum atism o tam bém é um a causa com um de infecção, especialm ente quando há envolvim ento de um a ferida e há contam inação de osso ou te cido circundante, juntam ente com dano ou destruição significativa. M esm o na ausência de um a ferida aberta ou um a fratura exposta, o tecido danificado e sangue extravasado podem retardar a circulação, o que estabelece um m eio favorável para o crescim ento de bactérias que podem atingir a área através de baixo nível de bacterem ia a p a r tir da circulação venosa periférica ou de canais linfáticos distais. A bacterem ia - se causada p or endocardite ou devido a sem eadura a
Mais provável patógeno bacteriano Agressivo, invasivo
Alan D. Tice A osteomielite, um a infecção óssea que leva à destruição do tecido e m uitas vezes à debilidade, pode ser causada p or um a am pla v arieda de de bactérias (incluindo m icobactérias) e fungos e pode estar as sociada a infecções virais. Seu tratam ento deve ser individualizado e depende de inúm eros fatores, incluindo o m icrorganism o causador, o osso específico envolvido, o suprim ento vascular, a função nervosa, corpos estranhos, lesões recentes, o estado fisiológico do hospedeiro e com orbidades associadas. O espectro da doença pode variar de ex tensa (p.ex., osteomielite tibial e vertebral) a localizada (p.ex., invasão óssea associada a um abscesso dentário). Dois sistem as im portantes de classificação para a osteom ielite são utilizados na tom ada de deci sões sobre a terapia clínica e cirúrgica. Lee e W aldvogel classificaram os casos com o agudos ou crônicos, hem atogênicos ou contíguos, e com ou sem com prom etim ento vascular. O sistem a de classificação de Cierny e M ader para osteom ielite de ossos longos abrange a loca lização e extensão da infecção, bem com o inúm eros outros fatores.
Comentário
Pode estar relacionado com contaminação
Microrganismos incomuns Bactérias anaeróbias
Em geral misturadas com bactérias aeróbias Podem ser sinérgicas Sobrevida dependente de tecido desvitalizado ✓
Bartonella henselae
Associada a arranhadura do gato e provavelmente a pulgas
Espécies de Brucella
Proeminente em países em desenvolvimento, especialmente com leite não pasteurizado
Fungos
Candida é o gênero mais provável Considerável variação na suscetibilidade, dependendo da espécie Cirurgia pode ser útil se infecção for invasiva
Mycobacterium tuberculosis
Pode envolver qualquer osso Osteomielite vertebral comum em alguns países
Micobactérias que não a M. tuberculosis
Precisa de meio de cultura especial para recuperação
Vírus
Associado a algumas infecções virais, como varicela e varíola
1071
p a rtir de outros locais de infecção (p.ex., abscessos, furúnculos ou dispositivos vasculares) - tam bém é um fator etiológico freqüente na osteom ielite. E studos de bacterem ia p or S. aureus indicam um a taxa de osteom ielite m etastática que se aproxim a de 28%, se h o u ver um a prótese articular existente; a bacterem ia p o r S. aureus pode ser com plicada pelo envolvim ento de cepas resistentes à m eticilina (MRSA), que estão progressivam ente substitu in d o cepas que são mais suscetíveis a antibióticos. As circulações sobrepostas do trato urinário e coluna vertebral podem ser u m a fonte de osteom ielite ver tebral devido a patógenos do trato urinário tais com o Escherichia coli e Klebsiella. O utros fatores predisponentes incluem um suprim ento arterial e venoso precário, que pode lim itar a perfusão óssea até ao p onto de um a resposta inadequada e cicatrização precária, m esm o em pacientes com função norm al. Os fatores do hospedeiro, com o diabetes e suas conseqüências co ntribuem significativam ente para o desenvolvim ento de osteom ielite através de com prom etim ento da im unidade com hiperglicem ia, perda da sensibilidade, doença vascu lar e insuficiência renal.
■ EPIDEMIOLOGIA
Doenças Infecciosas
Nos E stados U nidos, a osteom ielite aguda afeta aproxim adam ente 0,1-1,8% da população adulta saudável em outros aspectos. Depois de um a perfuração no pé, 30-40% dos adultos com diabetes desen volvem osteomielite. Neste país, tem havido um a grande m udança no perfil de d eterm inados agentes patogênicos bacterianos, com a em er gência de cepas de MRSA na últim a década. MRSA to rnou -se um a fonte de grande preocupação em hospitais, especialm ente após c iru r gia. A m orbidade e as conseqüências econôm icas parecem ser m aio res para osteom ielite p or MRSA do que para osteom ielite p o r cepas de S. aureus sensíveis à m eticilina. No entanto, não se sabe se estes resultados m ais precários po r MRSA são devidos a fatores de virulên cia novos ou m ais destrutivos. Em vez disso, eles podem ser sim ples m ente o resultado de um atraso no tratam ento antim icrobiano eficaz. Os tipos e etiologias de osteom ielite variam p o r região e com o tem po. Os Estados U nidos têm observado um au m ento das infecções relacionadas com o uso crescente de cirurgia ortopédica para correção de deform idades e im plantação de parafusos, pinos, hastes, placas, articulações e próteses. Com o enve lhecim ento das populações e a epidem ia de obesidade e diabetes em alguns países, a frequência destes fatores predisponentes continua a aum entar, exigindo adaptações nas abordagens de tratam ento. Q ual quer tipo de instrum entação pode levar a infecção em um a pequena proporção de casos. A osteomielite atribuível a dispositivos ortopédi cos e intervenções cirúrgicas é consideravelm ente m enos com um em países com recursos médicos lim itados, onde a tuberculose pode ser a infecção dom inante e a brucelose não é incom um . Em m uitas destas áreas, as lesões agrícolas, os acidentes industriais e as feridas de guerra são m uito m ais com uns do que nos países ricos e os patógenos que causam infecção refletem essas lesões. A osteom ielite é m ais com um em situações em que as feridas não podem ser prontam ente debridadas e reparadas, os laboratórios de m icrobiologia não estão p ro n ta m ente disponíveis e há escassez de agentes antim icrobianos eficazes.
■ PATOGENIA O fator predisponente mais com um para osteom ielite é um a área de osso ou tecido circundante contíguo que é anorm al em term os de viabilidade, suprim ento sanguíneo, sensação ou edem a. O tecido le sionado não só com prom ete a circulação saudável para a área, m as pode retardar o fluxo de sangue venoso e linfático, fornecendo assim nutrientes para as bactérias e favorecendo dano contínuo. Fatores do hospedeiro com o m á nutrição e im unossupressão tam bém podem ser relevantes. Diabetes em adultos constitui o risco m ais significa tivo. A neuropatia diabética adiciona-se à progressão da osteom ie lite pois o paciente pode não ter consciência da infecção à m edida que ela se espalha para o osso; as conseqüências incluem m ilhares de am putações a cada ano. O utras fontes de im unossupressão, com o a quim ioterapia e tratam ento com glicocorticoides ou inibidores do fator de necrose tum oral (TNF), tam bém inibem m ecanism os n o r m ais de defesa e, assim, predispõem a infecções m ais freqüentes e
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graves cujos sintom as são d im inuídos devido às respostas inflam a tórias reduzidas. As bactérias envolvidas na osteom ielite perpetuam -se através da elaboração de toxinas que danificam ainda m ais os tecidos, incluindo ossos. S. aureus é p articularm ente p erito nesse caso; ele coloniza a área nasal em cerca de 33% dos indivíduos saudáveis e pode produzir um a grande variedade de citocinas, enzim as, e toxinas que destroem o tecido e afetam a resposta de neutrófilos. Algum as bactérias S aureus sobrevivem à captação para os vacúolos fagocíticos de m acró fagos e continuam a causar doenças e recrudescim ento pela persis tência em evitar os m ecanism os de defesa usuais. Essa capacidade de “hibernação” e persistência pode possibilitar que o S. aureus p erm a neça dorm ente p or décadas antes de a infecção irrom per nos locais de lesões antigas (p.ex., estilhaços ou outros ferim entos penetrantes). Estafilococos coagulase-negativos geralm ente não são tão virulentos com o o S. aureus m as descobriu-se que persistem através da produção de um biofilm e que os protege do hospedeiro e, aparente m ente, possibilita-lhes existir p o r m uitos anos em próteses articula res, com sintom as m ínim os. A extensão em que os outros organis m os usam biofilm e para sua vantagem não é clara, m as a produção de biofilm e, provavelm ente, desem penha um papel significativo na osteomielite, especialm ente as form as crônicas. Várias bactérias podem ser recuperadas de culturas, especial m ente quando há um a ferida de entrada. As decisões sobre quais devem ser alvo de antibioticoterapia são m uitas vezes difíceis. M icró bios com uns que habitam e colonizam a pele geralm ente não preci sam ser tratados e o tratam ento excessivo na verdade resulta em to xicidade desnecessária e aum enta a resistência antim icrobiana entre os organism os que sobrevivem . Bactérias anaeróbias podem m uitas vezes ser recuperadas e podem desem penhar um papel sinérgico com patógenos habituais ou incom uns; terapia específica às vezes é bené fica nessas situações. Os fatores intrínsecos de organism os que são responsáveis pela persistência e destruição óssea ainda não foram identificados. No entanto, existe provavelm ente u m a variação de cepa para cepa nos fatores de virulência produzidos p o r clones particulares, sendo que algum as cepas consequentem ente são m uito m ais virulentas do que outras. A prevenção da produção de biofilm e m erece investigação a este respeito.
Osteomielite A m elhor abordagem para o cuidado de um paciente com osteo m ielite significativa é m o n tar um a equipe de profissionais que p o dem trabalhar em conjunto na análise da m icrobiologia da infec ção e tom ar decisões sensatas sobre antibioticoterapia e cirurgia. O program a m ais eficaz irá incluir a avaliação e adm inistração de antibióticos, m icrobiologia, farm acologia, níveis de glicose, doença vascular, neuropatia e função renal, com acom panham en to rigoroso p or um m édico experiente, que esteja ipteressado em liderar a equipe na coordenação do cuidado. Q uando houver suspeita de osteom ielite, é necessária um a abordagem cuidadosa e m etódica (ver “M anifestações Clínicas e D iagnóstico”, adiante). Os pacientes devem ser instruídos sobre o significado de u m a infecção que envolve ossos, especialm ente se os fatores de risco não puderem ser elim inados. Os exames de sangue, culturas, radiografia padrão, cintilografias, biópsias e ci rurgias podem todos ser necessários para um diagnóstico claro e delineam ento com pleto do agente patogênico. A coleta dessa in form ação de base pode ser m uito im portante tanto na tom ada de decisão precoce com o na tardia. As avaliações iniciais para osteom ielite devem ser agressi vas, pois a infecção pode p rogredir rapidam ente na ausência de terapia antibiótica eficaz contra a am pla variedade de patógenos potenciais. Inadequações nas culturas, cirurgia ou contem porização de m edidas p odem agravar consideravelm ente os danos causados pela infecção. A hospitalização pode ser indicada para
um a avaliação m ultidisciplinar rápida, de im agem e de estabiliza ção de infecções complexas, tais com o com pé diabético. A terapia am bulatorial pode não ser adequada para o trabalho em equipe e intervenções necessárias. A internação precoce e procedim entos podem na verdade e ncurtar a duração da internação. O m édico deve inform ar ao paciente sobre o valor de todas as avaliações necessárias, as im plicações da cirurgia e a possibi lidade de um curso prolongado de antibiótico intravenoso, seja no hospital ou em casa. O m edo de am putação de um paciente pode levar a atrasos desordenados na busca p or tratam ento que possibilitam que a infecção evolua. Além disso, não é incom um um paciente recusar cirurgia e am putação em bora tais tratam en tos aum entem claram ente a probabilidade de um estilo de vida funcional. Portanto, é m elhor preparar os pacientes no início se houver a possibilidade de resultados negativos, com o a am puta ção e, talvez, para estabelecer critérios e prazos para o sucesso ou fracasso do tratam ento e intervenções.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO O diagnóstico de osteom ielite aguda d entro das prim eiras sem anas de início é im portante e é relativam ente fácil. Se não se fizer o diag nóstico, no entanto, os sintom as podem tornar-se crônicos, com p ro gressão lenta ou um a fase dorm ente de vários anos. A nam nese e exame físico com pletos são os principais pilares de avaliação para osteomielite. Um padrão claro de dor, inchaço e, p o s sivelmente, drenagem após cirurgia ou lesão, deve levantar suspeita, m as esses indicadores não podem estar todos presentes, m esm o em um paciente com neuropatia, com prom etim ento da circulação, ede m a crônico, falência de órgãos, diabetes ou outros fatores predisponentes. Perguntas diretas sobre lesões prévias, infecções, cirurgias, ou im plante de aparelho - m esm o décadas antes - pode gerar inform a ções im portantes para orientar antibioticoterapia em pírica e cirurgia. U m a história de lesão é particularm ente im portante, m esm o se a pele não estiver rom pida e não houver sinais clínicos de bacterem ia. Não é incom um um a lesão do tecido m ole servir com o um nin h o de in fecção óssea secundária, presum ivelm ente sem eada p or baixo nível de bacterem ia e, que, m uitas vezes, ocorrem sem sintom as. O utras fontes de sem eadura podem incluir furúnculos, abcessos, celulite, ou locais de injeção. Um exam e cuidadoso é essencial na identificação de outros fatores predisponentes e avaliação do papel de com orbidades, tais com o neuropatia, doença arterial, insuficiência venosa e traum atism o crônico que pode levar a um acúm ulo grave de calos nos pés insensíveis. A consideração e a avaliação cuidadosas de distúrbios que podem im itar ou acom panhar osteomielite são essenciais. A rtrite, gota, isquemia, neuropatias, e cirurgia recente podem ser diagnosticadas quando osteomielite é a causa real dos sintom as com o um cofator. Por exem plo, a dor nas costas crônica pode ser atribuída a artrite degenerativa, mas pode haver um a perda substancial de função neurológica se a dor for realm ente causada por discite com osteomielite vertebral. O diagnóstico correto precoce de osteom ielite tem im plicações cruciais para a função tardia, deficiência, custo do tratam ento e risco de um desfecho fatal. Um a variedade de ferram entas deve ser utili zada para diagnosticar definitivam ente ou descartar conclusivam en te um a infecção. Um raio X padrão é um bom ponto de p artida que pode revelar um a variedade de anorm alidades (Fig. 126.IA ) e pode elim inar a necessidade de estudos de im agem com plem entares. Per da óssea, sequestros, elevação periosteal ou inchaço (que podem se desenvolver no início) e as som bras em to rn o de corpos estranhos são marcas registradas da infecção óssea. No entanto, estes resultados tam bém podem ser encontrados com outros distúrbios, com o tu m o res, traum atism o, necrose avascular e gota. Im agens padrão bidim en sionais podem ter valor lim itado na avaliação de ossos complexos. O valor de radiologia pode ser lim itado pelo tem po necessário para um a infecção tornar-se aparente; a dissolução real ou a reabsorção do osso devido a infecção pode não ser aparente p or várias sem anas ou mais. D ependendo dos resultados iniciais de raios-x, investigações adi cionais com técnicas invasivas podem ser adequadas. A drenagem
de pus p o r aspiração com agulha através de um a área lim pa de um a coleção fechada não apenas docum enta infecção óssea m as tam bém possibilita a recuperação e avaliação do patógeno(s). Um a cultura de um swab de ferida pode ser de algum valor, m as é claram ente m enos confiável na identificação do verdadeiro agente causador, que pode estar presente no osso, m as ausente da sua superfície. A biópsia for nece inform ações m icrobiológicas m ais precisas do que aspiração com agulha e fornece tecido para exam es de patologia, que podem ser úteis. A lguns organism os que geralm ente não são recuperados (em tem po hábil ou em m om ento algum ) p o r culturas padrão podem ficar visíveis com coloração especial de am ostras de tecido. Infeliz m ente, o tam anho da agulha usada para biópsia pode não ser apro priado para ossos pequenos das m ãos ou pés. A exploração cirúrgica aberta, biópsia e drenagem , que podem fornecer am ostras de tecido de alta qualidade para a cultura e patologia e oferecer um a visão do osso infectado e área circundante, tam bém deve ser considerada. O tecido necrosado pode ser rem ovido e a circulação avaliada com um procedim ento. A reação em cadeia da polim erase e outras tecnologias de sequenciam ento estão sendo cada vez m ais utilizadas para detec tar e identificar organism os específicos, e até m esm o para determ inar suas suscetibilidades - dentro de algum as horas ao invés de dias ou semanas. Inform ações sobre cepas específicas de m icrorganism os incom uns podem ter seu valor, especialm ente em casos difíceis. Os exam es laboratoriais são úteis na avaliação de osteom ielite, m as geralm ente não p roduzem inform ações específicas relevantes para a etiologia ou a gravidade. L eucocitose pode ser observada na infecção aguda, m as é m enos provável na infecção crônica, que tam bém pode ser associada a anem ia. A determ inação da velocidade de hem ossedim entação (VHS) é um a ajuda sim ples e barata para o diagnóstico; serve com o um indicador de resposta com infecções por S. aureus, m as não é tão útil para infecções G ram -negativas porque as citocinas e os elem entos inflam atórios que resultam em elevações são diferentes para infecções G ram -positivas (Staphylococcus aureus) do que para infecções G ram -negativas. A m ensuração da proteína C -reativa (PCR) pode ser útil, especialm ente na avaliação das crian ças, m as pode não ser útil com o u m a determ inação de VHS em al guns casos. As alterações de PCR ocorrem m ais cedo em resposta a infecção bacteriana. Tanto as determ inações de VHS com o as de PCR têm lim itações significativas em doenças m ultifatoriais, com valores elevados que refletem condições diferentes da osteom ielite. O utros exam es laboratoriais para doenças associadas a perda óssea que podem im itar ou com plicar osteom ielite devem incluir m edição dos níveis de glicose e testes para insuficiência renal, gota, vasculite e doenças reum atoides. E studos de im agem adicionais podem ser de valor se o diagnós tico perm anecer incerto. T C pode delinear o osso m ais claram ente do que a radiografia padrão e oferece exibições tridim ensionais que podem ser extrem am ente úteis na detecção de anorm alidades e de senvolver um a abordagem cirúrgica. A RM (Fig. 126.1B-D) fornece imagens de alta qualidade do tecido m ole em torno da anorm alidade óssea e pode ser essencial no diagnóstico de um abscesso epidural relacionado com osteom ielite vertebral. Exam es com tecnécio e de isótopos de leucócitos oferecem inform ações sobre a atividade do processo da doença e o local afetado(s). E m bora estas ferram entas de triagem adicionais possam ser úteis na avaliação e tom ada de deci sões, elas podem não ser rentáveis.
TRATAMENTO
Osteomielite
A terapia para osteom ielite é um desafio p or causa da variedade de m icrorganism os causadores, as com orbidades com uns, a n e cessidade de um curso prolongado e adm inistração IV, as lim ita ções físicas freqüentes do paciente e altos custos. Uma abordagem terapêutica agressiva se justifica dadas as terríveis conseqüências de falha de terapia clínica, que pode incluir perda de m em bros. Q uanto m ais cedo a infecção é diagnosticada e tratada, m elhor o resultado e m enos danos ocorrem d urante o atraso na interven ção. Deve-se usar antibioticoterapia agressivam ente para parar a
Doenças Infecciosas
c Figura 126.1
D
(A) Imagem radiológica padrão indica infecção com esclerose da tíbia proximal e elevação perióstea e destruição óssea evidente com uma cavidade aparente e a sugestão de seqüestro na tíbia mediai proximal. (B, C) Imagens de ressonância magnética mais claramente visualizam a anatomia do osso e tecido mole, confirmando uma infecção extensa com destruição da tíbia proximal que se
estendeu para os tecidos moles circundantes e articulação, bem como um anel de calcificação mais compatível com um abscesso. (D) RM longitudinal mostra a exten são da destruição longitudinal do osso e envolvimento de partes moles com realce de contraste que sugere medula viável a partir do meio para a diáfise distai da tíbia.
progressão da doença e ela deve ser p rojetada para evitar o d e senvolvim ento de organism os resistentes. A intervenção cirúrgica precoce (p.ex., desbridam ento) pode confirm ar a infecção, id en tificar e caracterizar os agente(s) etiológico(s) e rem over o teci do m orto ou desvitalizado que pode estar fornecendo nutrientes para as bactérias e possibilitando que elas se espalhem . Um a va riedade de antibióticos está disponível para a m aioria dos agentes patogênicos prováveis (Tabela 126.2), em bora o patógeno m ais com um - S. aureus - continue a desenvolver m ecanism os para evitar esses m edicam entos. As cepas de MRSA representam um problem a crescente tanto em hospitais com o na com unidade. Es
tafilococos e enterobactérias resistentes a ainda m ais antibióticos do que MRSA parecem estar evoluindo. Os alvos m ais c o m u n s p a ra a tera p ia a n tib ió tica em pírica são os estafilococos, que são c arre g ad o s assin to m a tic am e n te nas n a rin a s e em to rn o delas p o r quase 33% das pessoas sau dáveis. O s a n tib ió tic o s (3-lactâm icos c o m u n s p ro p o rc io n a m excelentes resu ltad o s c o n tra as cepas de S. aureus sensíveis a m eticilina. A oxacilina e nafcilina são agentes de prim eira linha, m as p o dem provocar reações m ais adversas do que as cefalosporinas. A cefazolina é um a alternativa razoável no hospital, m as a ceftriaxo-
1074 éL
QUADRO 126.2
Antibióticos para o tratamento de osteomielite
I Microrganismo Staphilococcus aureus suscetível a meticilina
Agente antimicrobiano
Dosagem
Comentários
Oxacilina ou nafcilina*
2 g IV 6/ 6h
Pode ser mais ativo do que cefalosporinas Mais difícil do que cefalosporinas para administrar por longos períodos
Cefalosporinas
Cefazolina: 2 g IV 8/ 8h
Ceftriaxona vantajosa com ATPA
Ceftriaxona: 1 -2 g IV 24/24h Clindamicina3
600-900 mg IV 8/8h
Não bem estudado para osteomielite Forma oral possível (300-600 mg oral 8/ 8h) Resistência significativa e crescente Toxicidade diferente da dos antibióticos (3-lactâmicos
S. aureus resistente a meticilina
Vancomicina
15 mg/kg IV 12/12h
Cepas com CIM de >2 (xg/mL podem não responder bem.
Daptomicina3
4 -6 mg/kg IV 24/24h
Promissor, mas preocupação sobre efeitos adversos com terapia prolongada
Linezolida
600 mg IV ou V0 12/12h
Eficácia e efeitos adversos com terapia prolongada não conhecidos
Penicilina
5 mU IV 6/ 6h ou 20 mU/dia por Infusão contínua
Bacteriostática Estreptococos
Enterococos
Enterobacteriaceae (E. coli, Klebsiella, outras) Pseudomonas aeruginosa
Nem todos os estreptococos são suscetíveis Ceftriaxona (1 g/dia IV ou IM) e ampicilina (12 g/dia IV) são alternativas
Penicilina
Como anteriormente
mais gentamicina
5 mg/kg/dia IV
Vancomicina
Como anteriormente
Se cepa for suscetível
Ceftriaxona ou outra cefalosporina
Como anteriormente
Se cepa for suscetível
Ciprofloxacino
400 mg IV a cada 8-12h
500-750 mg a cada 8 -1 2h Se cepa for suscetível
Ciprofloxacino
Como anteriormente
Resistência pode desenvolver durante terapia; se cepa for resistente, fármacos a considerar incluem cefepima e ceftazidima
Se cepa for suscetível
Abreviações: CIM, concentração inibitória mínima; ATPA, antibioticoterapia parenteral ambulatorial. * N. de R. T.: Nafcilina não está disponível no Brasil.
na é preferida com o fárm aco am bulatorial porque p ode ser a d m i nistrada (por via IV ou IM) apenas um a vez p or dia. As cepas de MRSA foram controladas com vancom icina po r m uitos anos, mas esse fárm aco parece estar p erdendo sua eficá cia contra esses m icróbios. Novos antibióticos foram projetados para atender a essa necessidade, em bora a sua eficácia não tenha sido docum entada. No am bulatório, a vancom icina não parece ser tão eficaz contra a osteomielite estafilocócica sensível à m eticili na com o a oxacilina ou ceftriaxona. Publicações sobre o valor da daptom icina para osteom ielite são encoraj adoras. A tigeciclina é ativa contra MRSA, mas é apenas bacteriostática e não tem ainda um registro bem estabelecido de desfechos. A telavancina tam bém pode ser de valor contra estafilococos resistentes a vancom icina mas ainda não foi adequadam ente testada para infecções ósseas. O utros agentes antim icrobianos para uso co n tra infecções p or estafilococos incluem linezolida, que oferece a vantagem de form ulações tanto orais com o IV m as é bacteriostática e ainda não foi bem estudada. Além disso, a sua utilização - em bora apa rentem ente m enos cara do que a de outros fárm acos parenterais está lim itada pelo seu custo. A clindam icina tam bém pode ser u ti lizada tanto com o um agente IV com o oral, em bora a resistência antim icrobiana seja um problem a crescente. A rifam picina, um adjuvante potencial para outros agentes antiestafilocócicos, é al tam ente ativa in vitro e pode p e n etrar vacúolos fagocíticos para alcançar os estafilococos no interior. Infelizm ente, há desenvol vim ento rápido de resistência se a rifam picina for utilizada isola dam ente e os resultados clínicos nem sem pre são tão bons quanto o previsto. O utros agentes, tais com o am inoglicosídios, in ibido
res de ácido fólico e m acrolídios, podem desem penhar um papel lim itado; eles geralm ente não são tão eficazes nem tão tóxicos quanto outros agentes disponíveis. As fluoroquinolonas oferecem tanto opções terapêuticas orais como intravenosas e frequentem ente são incluídas na recom enda ção padrão para o tratam ento de m uitas cepas sensíveis de espécies de Enterobacteriaceae e Pseudomonas. Fárm acos dessa classe têm , no entanto, algum as lim itações em term os de resistência emergente (m esm o durante a terapia) e podem exercer alguns efeitos neurom usculares adversos (p.ex., ru p tu ra do tendão e cicatrização deficiente) que podem ser particularm ente relevantes para os cursos prolongados de antibióticos norm alm ente necessários para curar a infecção. Em geral, as fluoroquinolonas não deve ser utilizadas para tratar as infecções p or S. aureus p o r causa dessas lim itações e da disponibilidade de antibióticos mais bem estudados. A via ideal e a duração da terapia para osteom ielite perm ane cem controversas. As recom endações usuais resultam de um estu do de 1970, no qual casos de osteom ielite foram caracterizados e os resultados foram avaliados em relação à duração da terapia IV. M elhores resultados parecem estar relacionados com um curso igual ou superior a 4 sem anas em alguns tipos de infecção. E m bora as características das bactérias e os antibióticos disponíveis fossem bastante diferentes naquele m om ento, um curso de 4 a 6 sem anas de terapia IV continua sendo o padrão e é o m ínim o n o r m alm ente recom endado. Esta recom endação tem sido contestada em estudos pediátricos na luz da evidência crescente de que agen tes orais e cursos mais curtos podem ser adequados. Pelo fato de alguns dos agentes ativos atingirem níveis com paráveis quando
CAPÍTULO 126
aNão aprovado para uso na osteomielite pelo U.S. Food and Drug Administration.
g rj cd
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Doenças Infecciosas
adm inistrados p o r via oral, um a m udança da adm inistração IV recom endada para a terapia oral pode ser apropriada em algu m as situações. A duração apropriada da terapia antim icrobiana depende de um a variedade de fatores, incluindo o organism o infectante, o osso envolvido, os procedim entos cirúrgicos e a tole rância ao fárm aco e sua segurança. C ursos prolongados podem ser justificados p o r doença extensa, im unossupressão, resposta clínica precária e osteomielite vertebral. A verdadeira cura de um a infecção óssea torna-se evidente apenas com o tem po; a recidiva não é incom um e pode ocorrer anos m ais tarde, especialm ente em pacientes com fatores de risco contínuos e com orbidades. A literatura sugere que um período de acom panham ento de 6 m e ses seja adequado para determ in ar o sucesso do tratam ento. Os pacientes devem ser acom panhados p or pelo m enos esse tem po, em bora os antibióticos tenham sido descontinuados. A possibili dade de recidivas e o potencial para sua prevenção não devem ser m enosprezados. A cirurgia é um a ferram enta im portante no tratam ento da os teom ielite, oferecendo os benefícios da observação direta, a rem o ção im ediata de todo o tecido e osso desvitalizados e drenagem do local da infecção. No entanto, não é sem risco, e a perda de osso ou de outro tecido pode afetar negativam ente a função. Além disso, pelo fato de o osso poder regenerar até certo ponto q u a n do a infecção é erradicada, a cirurgia nem sem pre é necessária. Abordagens cirúrgicas variam com o osso envolvido e a extensão da doença. O sistem a de classificação C ierny-M ader é útil q u a n do se realiza um a im agem tridim ensional e a RM pode ajudar a determ inar a viabilidade do osso ou da m edula. Espaços m ortos residuais são um a fonte de preocupação e podem exigir retalhos de tecidos e fechamento. A ntibióticos locais e cim ento ou g râ n u los im pregnados p odem ser de valor, m as não devem substituir antibioticoterapia IV sem um estudo m ais aprofundado. Se um a cirurgia for realizada e a m aior parte ou todo o osso infectado for rem ovido, provavelm ente não é necessário um curso de 4 a 6 sem anas de terapia IV. No entanto, a duração exata que é neces sária não é clara e m ais provavelm ente depende principalm ente de outros fatores envolvidos em casos individuais. U m a sem ana de terapia IV após a cirurgia pode ser justificada para garantir a erradicação do patógeno e a cura. A antibioticoterapia parenteral am bulatorial (ATPA) é um m eio valioso de fornecer o curso longo dos antibióticos IV, que é considerado o p adrão de atendim ento e tem -se m ostrado efi caz ao longo de décadas. A pesar dos riscos potenciais fora do hospital que os pacientes e seus prestadores de cuidados devem considerar, a ATPA é segura e eficaz q u ando m anejada e a d m i n istrad a de m aneira adequada. Esta abordagem co n d u z a um a m elhor qualidade de vida em um am biente fam iliar, é conside rada m ais segura p or causa da ausência de exposição a infecções relacionadas com o h ospital (que afetam a proxim adam ente 1 paciente em cada 20 adm itidos), é m uito m enos dispendiosa do que o tratam ento adm inistrado no hospital e geralm ente facilita a recuperação, frequentem ente possibilitando ao paciente re tornar ao trabalho ou retom ar outras atividades do dia-a-dia d urante o curso do tratam ento.
■ COMPLICAÇÕES As com plicações da osteom ielite são inúm eras e estão m ais co m u m ente relacionadas com a perda da função com pleta do osso ou dos tecidos de suporte. As fraturas são m ais prováveis com doença p ro gressiva. A dissem inação local e infecção tam bém são possíveis. O erro de diagnóstico é particularm ente provável quando outra doença está com plicando a infecção. Em casos raros, inflam ação crônica e infecção podem levar à transform ação m aligna em carcinom a espinocelular ou sarcoma.
1076
■ PROGNÓSTICO Os resultados de osteom ielite variam enorm em ente dependendo do osso envolvido, dos fatores predisponentes, das doenças subjacentes e do tratam ento fornecido. D iretrizes padrão não p odem ser aplica das de m odo uniform e; p o r exemplo, um caso de infecção da m andíbula decorrente de um abscesso no dente pode ser curada apenas com um a extração, enquanto que um caso de osteom ielite vertebral pode necessitar de um curso prolongado de terapia IV pois não pode ser abordada cirurgicam ente sem seqüelas neurológicas. Para ossos grandes, o curso de 4 a 6 sem anas de terapia IV ainda parece razoá vel, em bora estudos recentes sugiram que, com alguns agentes novos antim icrobianos um curso m ais cu rto de terapia IV, possivelm ente com um a m udança precoce para terapia oral pode ser suficiente. D e term in ar o resultado, m esm o de osteom ielite de osso longo é com plicado pela incerteza quanto à duração do acom panham ento neces sário. O resultado concreto em term os de prevenção de debilidade e salvam ento do m em bro pode ser tão d ependente de fatores subjacen tes e com plicadores e de cuidados quanto o é da antibioticoterapia.
■ PREVENÇÃO A osteomielite pode ser prevenida em alguns casos através de m elho res m edidas de controle de infecção, especialm ente antes da cirurgia. Tanto a m upirocina com o a clorexidina são de valor com provado na prevenção de infecções operatórias, que são um a causa crescente de infecções dos ossos associadas a m aterial im plantado. O tratam ento im ediato de bacterem ia e elim inação de fontes de infecção (p.ex., fu rúnculos ou foliculite) antes da cirurgia e em outras situações pode prevenir infecções. O tratam ento cirúrgico agressivo de lesões tam bém pode ajudar a evitar a constelação de fatores que conduzem a infecções dos ossos. A conscientização dos locais de infecção persistente e tentativas razoáveis de erradicação p odem prom over a prevenção. M uitas in fecções persistentes que inicialm ente prejudicam a função ou causam dor são ignoradas pelos pacientes; um exem plo é fornecido pelo p ro blem a clássico de infecções do pé diabético, com úlceras que cavam as plantas dos pés insensíveis e frequentem ente atingem os ossos. Da m esm a m aneira, úlceras sacrais m uitas vezes são negligenciadas ou ignoradas tanto po r m édicos com o pelos pacientes com com prom eti m ento neurológico. As tentativas de erradicar ou fechar a entrada das feridas são críticas e devem ser realizadas logo no início.
BIBLIOGRAFIA I et al: Pharmacotherapy of diabetic foot osteomyelitis. Expert Opin Pharmacother 10:3033,2009 F o w l e r VG J r et al: S. aureus Endocarditis and Bacteremia Study Group. Daptomycin versus standard therapy for bacteremia and endocarditis caused by Staphylococcus aureus. N Engl ] Med 355:653,2006 L e s e n s O et al: Culture of per-wound bone specimen: A simplified approach for the medicai management of diabetic foot osteomyelitis. Clin Microbiol Infect 17:285, 2011 L e w DP, W a l d v o g e l FA: Osteomyelitis. Lancet 364:369,, 2004 L i u C et al: Clinicai practice guidelines by the Infectious Diseases Society of America for the treatment of methicillin-resistant Staphylococcus aureus infections in adults and children. Clin Infect Dis 52:1, 2011 N i c o l a u DP, S t e i n GE: Therapeutic options for diabetic foot infections: A re view with an emphasis on tissue penetration characteristics. J Am Podiatr Med Assoc 100:52,2010 P à à k k õ n e n M et al: Sensitivity of erythrocyte sedimentation rate and C-reactive protein in childhood bone and joint infections. Clin Orthop Relat Res 468:861,2010 Tice AD et al: Practice guidelines for outpatient parenteral antimicrobial the rapy. IDSA guidelines. Clin Infect Dis 38:1651,2004 ------- et al: Outcomes of osteomyelitis among patients treated with outpatient parenteral antimicrobial therapy. Am ] Med 114:723, 2003 Z i m m e r l i W : Clinicai practice. Vertebral osteomyelitis. N Engl J Med 362:1022, 2010 By r e n
CAPÍ TULO
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Infecções e Abscessos Intra-Abdominais Miriam J. Baron, Dennis L. Kasper As infecções in tra p erito n ia is geralm ente surgem q u a n d o o co rre ru p tu ra de um a b a rre ira anatô m ica no rm al. Essa situação p o d e o correr q u ando o apêndice, um divertículo ou um a úlcera sofrem ruptura; q u ando a parede do in testin o é d ebilitada p o r isquem ia, tum ores ou inflam ação (p. ex., na doença in testinal inflam atória), ou quando há processos inflam atórios adjacentes, com o pan creati te ou doença inflam atória pélvica, nos quais enzim as (no prim eiro caso) ou m icrorganism os (no segundo caso) p o d em extravasar p ara a cavidade peritonial. Seja qual for o evento desencadeante, há um a seqüência previsível de eventos a p a rtir do m o m en to em que ocorre inflam ação e os m icrorganism os habitualm ente existentes n o in te rior do intestino ou outro órgão p en etram no espaço p eritonial n o r m alm ente estéril. As infecções in tra -ab d o m in ais oco rrem em dois estágios: peritonite e - se o paciente sobreviver a esse estágio e n ão for tratado - form ação de abscesso. Os tipos de m icrorganism os que p redom inam em cada estágio da infecção são responsáveis pela patogenia da doença.
PERITONITE
■ PERITONITE BACTERIANA PRIMÁRIA (ESPONTÂNEA) A peritonite é p rim ária (sem fonte aparente de contam inação) ou secundária. Os tipos de m icrorganism os e n contrados e as apresen tações clínicas desses dois processos são diferentes. N os adultos, a peritonite bacteriana prim ária (PBP) ocorre m ais com um ente em as sociação com cirrose hepática (que frequentem ente resulta de alcoo lism o). E ntretanto, a doença tam bém tem sido relatada em adultos com doença m aligna m etastática, cirrose pós-necrótica, hepatite crô nica ativa, hepatite viral aguda, insuficiência cardíaca congestiva, lú pus eritem atoso sistêmico e linfedem a, bem com o em pacientes sem nenhum a doença subjacente. Apesar de a PBP quase sem pre acom e ter pacientes com ascite preexistente, trata-se, em geral, de um evento
S ubepático
Paracólico direito
Subfrênico esquerdo
B olsa om ental
P aracólico esquerdo
Figura 127.1
Diagrama dos espaços intraperitoniais, mostrando a circula ção de líquido e as possíveis áreas de formação de abscessos. Alguns compartimen tos acumulam líquido ou pus mais frequentemente do que outros. Esses comparti mentos incluem a pelve (porção inferioi), os espaços subfrênicos dos lados direito e esquerdo e a bolsa de Morrison, que é uma extensão póstero-superior dos espaços subepáticos, constituindo a parte mais inferior do sulco paravertebral quando o pa ciente encontra-se em decúbito dorsal. 0 ligamento falciforme que separa os espa ços subfrênicos direito e esquerdo parece atuar como barreira para a disseminação da infecção; em conseqüência, é raro encontrar acúmulos subfrênicos bilaterais. [Reimpressa, com autorização, de B Lorber (ed.): Atlas of Infectious Diseases, vol. VII Intra-abdominal Infections, Hepatitis, and Gastroenteritis. Philadelphia, Current Medicine, 1996, p 1.13]
incom um , observado em < 10% dos pacientes cirróticos. A causa da PBP ainda não foi estabelecida definitivam ente, p orém acredita-se que envolva a dissem inação hem atogênica dos m icrorganism os em um paciente no qual um a doença hepática e u m a alteração da cir culação p o rtal resultam em defeito na função de filtração norm al. Os m icrorganism os m ultiplicam -se na ascite, que proporciona um bom m eio de cultura. As proteínas da cascata do com plem ento têm sido detectadas no líquido peritonial, com níveis m ais baixos em p a cientes cirróticos do que naqueles com ascite de outras etiologias. As propriedades opsônicas e fagocíticas dos PM N estão dim inuídas em pacientes com doença hepática avançada. A apresentação da PBP difere daquela d a perito n ite secundária. A m anifestação mais com um consiste em febre, cuja presença é rela tada em até 80% dos pacientes. O bserva-se a ocorrência de ascite, que quase sem pre precede a infecção. A do r abdom inal, o início agudo dos sintom as e a irritação peritonial detectada ao exam e físico p o dem ser úteis para o diagnóstico, p orém a ausência de qualquer um desses achados não exclui esse diagnóstico freqüentem ente sutil. A observação de sintom as não localizados (com o m al-estar, fadiga ou encefalopatia) sem outra etiologia clara deve levar à consideração de PBP em um paciente suscetível. É de su m aim p o rtân cia coletar am os tras de líquido peritonial de qualquer p aciente cirrótico com ascite e febre. O achado de > 250 PM N/fxL é diagnóstico de PBP, de acordo com C onn (http://jac. oxfordjournals. org/cgi/content/full/47/'3/369.). Esse critério não se aplica à p erito n ite secundária (ver adiante). A m icrobiologia da PBP tam bém é distinta. E m bora sejam mais com u m ente encontrados bacilos G ram -negativos entéricos, com o Esche richia coli, verifica-se algum as vezes a presença de m icrorganism os G ram -positivos, com o estreptococos, enterococos ou até m esm o pneum ococos. N a PBP, é típico o isolam ento de um único m icrorga nism o; os anaeróbios são encontrados com m enos frequência na PBP do que na peritonite secundária, em que a regra consiste no achado de u m a flora m ista, incluindo anaeróbios. C om efeito, se houver sus peita de PBP, e forem isolados m últiplos m icrorganism os, incluindo anaeróbios, do líquido peritonial, deve-se reconsiderar o diagnóstico, devendo-se investigar um a fonte de peritonite secundária.
Infecções e Abscessos Intra-Abdominais
A peritonite é um evento com risco de vida, que é frequentem ente acom panhada de bacterem ia e síndrom e séptica (Cap. 271). A cavi dade peritonial é grande, porém é dividida em com partim entos. As cavidades peritoniais inferior e superior são separadas pelo m esocólon transverso; o om ento m aior estende-se a p a rtir do m esocólon transverso e do polo inferior do estôm ago para revestir a cavidade peritonial inferior. O pâncreas, o duodeno e o colo ascendente e o descendente estão localizados no espaço retroperitonial anterior; os rins, os ureteres e as suprarrenais residem no espaço retroperitonial posterior. Os dem ais órgãos, incluindo o fígado, o estôm ago, a vesí cula biliar, o baço, o jejuno, o íleo, o colo transverso, o colo sigmoide, o ceco e o apêndice, encontram -se no interior da cavidade peritonial. A cavidade é revestida p o r um a m em brana serosa, que pode atuar com o condutor de líquidos - um a propriedade explorada na diálise peritonial (Fig. 127.1). U m a pequena quantidade de líquido seroso está norm alm ente presente no espaço peritonial, com conteúdo de proteínas (consistindo principalm ente em album ina) de < 30 g/L e < 300 leucócitos (geralm ente m ononucleares) p o r m icrolitro. Nas in fecções bacterianas, o recrutam ento dos leucócitos p ara a cavidade peritonial infectada consiste em um influxo inicial de leucócitos polim orfonucleares (PM N) e em um a fase subsequente prolongada de m igração de células m ononucleares. O fenótipo dos leucócitos que durante a evolução da inflam ação infiltram a cavidade é regulado prim ariam ente pela síntese de quim iocinas pelas células residentes.
S ubfrênico direito
1077
quido ascítico após o tratam en to deve levar a um a pesquisa para diagnósticos adicionais.
Prevenção Prevenção primária
Um estudo observacional traz o questionam en to de que a terapia com inibidores da bom ba de p róton (IBP) poderia aum entar o risco de PBP. N enhum estudo prospectivo avaliou se o não uso de IBP poderia prevenir a PBP.
Prevenção secundária A PBP apresenta um a elevada taxa de recor rência. Até 70% dos pacientes sofrem recidiva em 1 ano. A profila xia com antibióticos reduz essa taxa para m enos de 20% e m elhora as taxas de sobrevida de c urto prazo. Os esquem as profiláticos para adultos com função renal n orm al incluem fluoroquinolonas (cipro floxacino, 750 m g/sem ana; norfloxacino, 400 m g/dia) ou sulfam etoxazol-trim etoprim a (1 com prim ido de concentração dupla ao dia). Todavia, foi constatado que a adm inistração a longo prazo de a n ti bióticos de amplo espectro nesses casos aum enta o risco de infecções estafilocócicas graves.
■ PERITONITE SECUNDÁRIA
Figura 127.2 Pneumoperitônio. A presença de ar livre sob o diafragma nessa radiografia de tórax em posição ortostática sugere uma perfuração intestinal e peri tonite associada. (Cortesia do Dr. John Braver; com autorização.)
O diagnóstico de PBP não é fácil. D epende da exclusão de um a fonte intra-abdom inal prim ária de infecção. A T C contrastada m ostra-se útil para a identificação de um a fonte intra-abdom inal de in fecção. Pode ser difícil isolar m icrorganism os nas culturas do líquido peritonial, presum ivelm ente devido à carga baixa de m icrorganis mos. Todavia, é possível otim izar o resultado com a colocação direta de 10 mL de líquido peritonial em um frasco de hem ocultura. C om o a PBP é frequentem ente acom panhada de bacterem ia, deve-se efetuar sim ultaneam ente hem ocultura. Não h á exam e radiográfico específi co útil para o diagnóstico de PBP Espera-se que radiografia sim ples de abdom e possa revelar a ascite. Devem -se efetuar radiografias de tórax e abdom e em pacientes com dor abdom inal para excluir a pre sença de ar livre, que indica perfuração (Fig. 127.2).
Doenças Infecciosas 1078
TRATAMENTO
Peritonite bacteriana primária
O tratam ento da PBP é orientado para o m icrorganism o isolado do sangue ou do líquido peritonial. N a PBP, a coloração de G ram do líquido peritonial frequentem ente fornece resultados nega tivos. Por conseguinte, até que sejam obtid o s os resultados da cultura, o tratam en to deve p ro p o rcio n a r um a co b ertu ra contra bacilos G ram -negativos aeróbios e cocos G ram -positivos. As ce falosporinas de terceira geração, com o a cefotaxim a (2 g a cada 8 h IV), proporcionam um a cobertura inicial razoável nos pacien tes m oderadam ente enferm os. Os antibióticos de am plo espectro, com o com binações de penicilina/inibidores da betalactam ase (p. ex., piperacilina/tazobactam , 3,375 g a cada 6 h IV para adultos com função renal norm al) ou ceftriaxona (2 g a cada 24 h IV), tam bém constituem opções. A co b ertu ra em pírica para an aeró bios não é necessária. Após a identificação do m icrorganism o infectante, o espectro do tratam en to deve ser reduzido de m odo a atu ar contra o patógeno específico. Os p acientes com PBP respondem habitualm ente d e n tro de 72 h a an tibioticoterapia apropriada. O tratam en to antim icrobiano p ode ser a d m in istra do durante apenas 5 dias se for observada um a rápida m elhora e se as hem oculturas forem negativas; todavia, pode ser necessário um ciclo de até 2 sem anas para pacientes com bacterem ia e para aqueles cuja m elhora é lenta. A persistência de leucócitos no lí
V erifica-se o desenvolvim ento de p e rito n ite secu n d ária q uando as bactérias con tam in am o p e ritô n io em conseqüência de e x tra vasam ento de um a víscera in tra -ab d o m in al. Os m icrorganism os enco n trad o s quase sem pre co n stitu em u m a flora m ista, na qual predom inam bacilos G ram -negativos facultativos e anaeróbios, par ticularm ente quando a fonte de contam inação é o colo. No início da evolução da infecção, quando a resposta do h ospedeiro é direcionada para conter a infecção, verifica-se a presença de exsudato contendo fi brina e PM N. A m orte precoce nestes casos é devida à sepse por baci los G ram -negativos e à presença de endotoxinas potentes na corrente sanguínea (Cap. 271). Os bacilos G ram -negativos, particularm ente E. coli, constituem isolados com uns da corrente sanguínea; todavia, ocorre tam bém bacterem ia p or Bacteroides fragilis. A intensidade da dor abdom inal e a evolução clínica d ependem do processo desen cadeante. Os m icrorganism os isolados do peritônio tam bém variam de acordo com a fonte do processo inicial e a flora norm al naquele local. A peritonite secundária pode resultar p rim ariam ente de irri tação quím ica e/ou contam inação bacteriana. Por exemplo, contanto que o paciente não ten h a acloridria, u m a úlcera gástrica perfurada irá liberar um conteúdo gástrico de pH baixo que irá atuar com o irri tante químico. A flora norm al do estôm ago com preende os m esm os m icrorganism os e ncontrados na orofaringe (Cap. 164), porém em m en o r núm ero. Por conseguinte, a carga bacteriana em um a úlcera p erfurada é desprezível em com paração com a de um apêndice roto. A flora colônica n orm al abaixo do ligam ento de Treitz contém cer ca de 10u m icrorganism os anaeróbios/g de fezes, porém apenas 108 aeróbios/g; portanto, as espécies anaeróbias respondem p or 99,9% das bactérias. O extravasam ento do conteúdo do colo (pH 7 a 8) não provoca peritonite quím ica significativa, porém^a infecção é intensa, devido à carga m aciça de bactérias. D ependendo do evento desencadeante, podem ocorrer sintom as locais na peritonite secundária - como, po r exemplo, dor epigástrica devido à úlcera gástrica perfurada. N a apendicite (Cap. 300), os sin tom as iniciais são frequentem ente vagos, com desconforto perium bilical e náuseas seguidos, em algum as horas, de dor m ais localizada no quadrante inferior direito. As localizações pouco habituais do apêndice (incluindo um a posição retrocecal) podem com plicar ainda m ais essa apresentação. Após a dissem inação da infecção para a ca vidade peritonial, a dor aum enta, particularm ente quando a infecção acom ete o peritônio parietal, que é extensam ente inervado. Em geral, os pacientes perm anecem imóveis, frequentem ente com os joelhos em flexão para evitar a distensão das fibras nervosas da cavidade p e ritonial. A tosse e os espirros, que aum entam a pressão no interior da cavidade peritonial, estão associados a um a dor aguda. Pode ou não haver dor localizada no órgão infectado ou enferm o a p a rtir do qual surgiu a peritonite secundária. Em geral, os pacientes com peritonite secundária apresentam achados anorm ais ao exame abdom inal, com
acentuada defesa voluntária e involuntária da m usculatura abdom i nal anterior. Os achados m ais tardios consistem em sensibilidade do lorosa, particularm ente a de rebote. Além disso, pode haver achados localizados na área do evento desencadeante. Em geral, os pacientes estão febris, com leucocitose pro n u n ciad a e desvio dos leucócitos para a esquerda, com form as em bastão. E m bora o isolam ento de m icrorganism os do líquido peritonial seja m ais fácil na peritonite secundária do que na prim ária, a punção do abdom e raram ente constitui o procedim ento de escolha na p e ri tonite secundária. Um a exceção é constituída pelos casos que envol vem traum atism o, nos quais pode ser necessário excluir inicialm ente a possibilidade de hem operitônio. Se o paciente estiver hem odinam icam ente estável, devem -se efetuar exames de urgência (com o TC do abdom e) para identificar a fonte de contam inação peritonial; os pacientes instáveis p odem necessitar de intervenção cirúrgica sem obtenção prévia de imagem.
TRATAMENTO
Peritonite secundária
■ PERITONITE EM PACIENTES SUBMETIDOS A DPAC U m terceiro tipo de peritonite é o que surge em pacientes subm eti dos a diálise peritonial am bulatorial contínua (DPAC). Ao contrário da PBP e da peritonite secundária, que são causadas p o r bactérias endógenas, a peritonite associada à DPAC envolve habitualm ente m icrorganism os da pele. A patogenia da infecção assem elha-se àque la da infecção relacionada com dispositivos intravasculares, em que m icrorganism os da pele m igram ao longo do cateter, que serve com o p o rta de entrada e, ao m esm o tem po exerce o efeito de um corpo estranho. A peritonite associada à DPAC pode ou não ser acom pa nhada de infecção no local de saída ou no túnel. A sem elhança da PBP, a peritonite associada à DPAC é habitualm ente causada p or um único m icrorganism o. Com efeito, a peritonite constitui a razão mais com um para a interrupção da DPAC. A prim oram entos no desenho
TRATAMENTO
Peritonite por DPAC
O tratam ento em pírico da peritonite p o r DPAC deve ser direcio nado contra o S. aureus, o Staphyiococcus coagulase-negativo e ba cilos G ram -negativos até a obtenção dos resultados das culturas. As diretrizes publicadas em 2005 sugerem que os agentes devem ser escolhidos com base na experiência local com m icrorganis m os resistentes. Em alguns centros, um a cefalosporina de prim ei ra geração, com o a cefazolina (para bactérias G ram -positivas), e um a fluoroquinolona ou cefalosporina de terceira geração, com o a ceftazidim a (para bactérias G ram -negativas) podem constituir um a abordagem razoável; nas áreas com altas taxas de infecção p o r S. aureus resistente à m eticilina, deve-se utilizar a vanco m icina em lugar da cefazolina, e po d e ser necessário am pliar a cobertura para m icrorganism os G ram -negativos. Um a am pla co bertura, incluindo a vancom icina, deve ser particularm ente con siderada para pacientes toxêm icos e para aqueles que apresentam infecções do local de saída do cateter. São adm inistradas doses de ataque p or via intraperitonial; as doses dependem do m étodo de diálise e da função renal do paciente. São adm inistrados antibió ticos de m odo contínuo (isto é, a cada troca) ou interm itente (isto é, lx /d ia , com perm an ên cia da dose na cavidade peritonial d u rante pelo m enos 6 h). Se o paciente estiver gravem ente enferm o, devem -se acrescentar antibióticos IV em doses apropriadas para o grau de insuficiência renal do paciente. A resposta clínica a um esquem a de tratam en to em pírico deve ser rápida; se o paciente não responder depois de 4 8-96 h de tratam ento, deve-se conside rar a rem oção do cateter.
■ PERITONITE TUBERCULOSA Ver Cap. 165.
Infecções e Abscessos Intra-Abdominais
O tratam en to da peritonite secundária inclui a adm inistração precoce de antibióticos dirigidos particularm ente contra bacilos G ram -negativos aeróbios e anaeróbios (ver adiante). A doença leve a m oderada pode ser tratada com num erosos fárm acos que proporcionem cobertura para esses m icrorganism os, incluindo com binações de penicilina de am plo espectro/inibidores da betalactam ase (p. ex., ticarcilina/clavulanato, 3,1 g a cada 4 a 6 h IV), cefoxitina (2 g a cada 4 a 6 h IV) ou um a com binação de fluoroquinolona (p. ex., levofloxacina, 750 m g a cada 24 h IV) ou cefalosporina de terceira geração (p. ex., ceftriaxona, 2 g a cada 24 h IV) mais m etronidazol (500 mg a cada 8 h IV). Os pacientes em unidades de terapia intensiva devem receber im ipeném (500 m g a cada 6 h IV), m eropeném (1 g a cada 8 h IV) ou com binações de fármacos, com o ampicilina m ais m etronidazol m ais ciprofloxaci no. O papel dos enterococos e de Candida spp. em infecções m is tas é controvertido. A peritonite secundária exige habitualm ente intervenção cirúrgica para a abordagem do processo desencade ante, bem com o antibióticos para tra ta r a bacterem ia precoce, d im inuir a incidência de form ação de abscessos e de infecção da ferida e evitar a dissem inação distante da infecção. A pesar de a cirurgia estar raram ente indicada em PBP em adultos, ela pode salvar a vida do paciente com peritonite secundária. A proteína C h um ana ativada recom binante parece reduzir as taxas de m ortalidade entre pacientes com sepse grave e pode beneficiar alguns pacientes com peritonite secundária. Pode ocorrer peritonite com o com plicação de cirurgias ab dom inais. Essas infecções podem ser acom panhadas de d or lo calizada e/o u sintom as não localizados, com o febre, m al-estar, anorexia e toxem ia. C om o infecção hospitalar, a peritonite pós-operatória pode estar associada a certos m icrorganism os, com o estafilococos, com ponentes da flora hospitalar G ram -negativa e m icrorganism os que causam PBP e peritonite secundária, confor m e já descrito.
dos equipam entos, particularm ente o conector em Y, resultaram em um a redução de um caso de peritonite a cada 9 meses de DPAC para um caso a cada 24 meses. A apresentação clínica da p e rito n ite p o r DPAC assem elha-se àquela da peritonite secundária, visto que é com um a ocorrência de dor difusa e sinais peritoniais. O dialisado é habitualm ente turvo e contém > 100 leucócitos/(xL, dos quais m ais de 50% são neutrófilos. Os m icrorganism os m ais com uns consistem em Staphyloccus spp., que responderam p o r cerca de 45% dos casos em um a série. H is toricam ente, as espécies de estafilococos coagulase-negativas eram mais com um ente identificadas nessas infecções; todavia, m ais recen tem ente, houve um a redução na frequência desses m icrorganism os. O Staphyiococcus aureus está m ais frequentem ente envolvido entre pacientes p ortadores nasais desse m icrorganism o do que nos não portadores, e esse m icrorganism o constitui o patógeno m ais com um nas infecções do local de saída do cateter. São tam bém encontrados bacilos G ram -negativos e fungos, com o Candida spp. Foi relatado que os enterococos resistentes à vancom icina e o S. aureus de resis tência interm ediária à vancom icina produzem peritonite em pacien tes com DPAC. O achado de m ais de um m icrorganism o na cultura do dialisado deve levar a um a avaliação do paciente para peritonite secundária. A exemplo da PBP, a cultura do líquido do dialisado em frascos de hem ocultura aum enta a taxa de resultados positivos. Para facilitar o diagnóstico, algum as centenas de m ililitros de líquido de diálise rem ovido devem ser concentradas p or centrifugação antes de efetuar a cultura.
ABSCESSOS INTRA-ABDOMINAIS ■ ABSCESSOS INTRAPERITONIAIS A form ação de abscessos é com um na peritonite não tratada quando não há sepse estabelecida p o r m icrorganism os G ram -negativos, ou quando esta se desenvolve m as não é fatal. Em m odelos experim en tais de form ação de abscessos, são inoculados por via intraperitonial m isturas de m icrorganism os aeróbios e anaeróbios. N a ausência de
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tratam ento direcionado para os anaeróbios, os anim ais desenvolvem abscessos intra-abdom inais. C om o nos seres hum anos, esses absces sos experim entais podem dissem inar pela cavidade peritonial, loca lizar-se no om ento ou m esentério ou até m esm o desenvolver-se na superfície ou no interior de um a víscera, com o o fígado.
Patogenia e imunidade
Doenças Infecciosas
C om frequência, h á discordância sobre o fato de um abscesso repre sentar um estado m órbido ou um a resposta do hospedeiro. De certa form a, o abscesso representa as duas coisas: em bora seja um a infec ção na qual m icrorganism os infectantes viáveis e PM N estão co n ti dos em um a cápsula fibrosa, tam bém constitui um processo pelo qual o hospedeiro confina os m icróbios d entro de um espaço lim itado, im pedindo, desse m odo, a dissem inação adicional da infecção. De qualquer m odo, os abscessos causam sintom as im portantes, e os p a cientes com abscessos podem ficar m uito enferm os. Trabalhos expe rim entais ajudaram a definir quais as células do hospedeiro e quais os fatores de virulência bacterianos responsáveis - m ais notavelm ente no caso do B.fragilis. Este m icrorganism o, em bora represente apenas 0,5% da flora colônica norm al, é o anaeróbio m ais frequentem ente isolado das infecções intra-abdom inais; m ostra-se particularm ente proem inente em abscessos e constitui o isolado anaeróbio m ais co m um na corrente sanguínea. Por conseguinte, em bases clínicas, o B. fragilis parece ser singularm ente virulento. A lém disso, ele atua isoladam ente, causando abscessos em m odelos anim ais de infecção intra-abdom inal, enquanto a m aioria de outras espécies de Bacteroides deve atuar de m odo sinérgico com u m m icrorganism o facultativo para induzir a form ação de abscessos. E ntre os vários fatores de virulência identificados no B. fragi lis, um deles é fundam ental: o com plexo de polissacarídio capsular (CPC) encontrado na superfície bacteriana. O C PC com preende pelo m enos oito polissacarídios distintos de superfície. A análise e stru tural desses polissacarídios m ostrou um p adrão pouco habitual de açúcares de cargas opostas. Os polissacarídios que exibem essas ca racterísticas zwitteriônicas, com o o polissacarídio A (PSA), induzem um a resposta do hospedeiro na cavidade peritonial, que localiza as bactérias no interior dos abscessos. Foi constatado que o B.fragilis e o PSA aderem às células m esoteliais p rim árias in vitro; p o r sua vez, essa aderência estim ula a produção de fator de necrose tum oral a (T N -a) e da m olécula de adesão intercelular I (IC A M -I) pelos m acrófagos peritoniais. E m bora os abscessos con ten h am caracteristicam ente PM N, o processo de indução do abscesso depende da estim ulação dos linfócitos T p or esses polissacarídios zw itteriônicos singulares. Os linfócitos T CD4+ estim ulados secretam citocinas leucoatraentes e quim iocinas. A via alternativa do com plem ento e o fibrinogênio tam bém participam da form ação dos abscessos. E m bora a presença de anticorpos contra o CPC intensifique a depuração do B.fragilis na corrente sanguínea, as células T CD4+ são fundam entais na im unidade aos abscessos. Q uando adm inistrados p o r via subcutânea, o PSA do B. fragilis possui características im unom oduladoras e estim ula a produção de IL-10 pelas células T CD4+ reguladoras p o r m eio e um m ecanism o dependente da interleucina (IL) 2. A IL-10 dim inui a resposta inflam atória, im pedindo, assim, a form ação de abscesso.
Apresentação clínica De todos os abscessos intra-abdom inais, 74% são intraperitoniais ou retroperitoniais, e não viscerais. A m aioria dos abscessos intraperito niais resulta do extravasam ento fecal a p artir de um a fonte colônica, com o apêndice inflam ado. Os abscessos tam bém p odem surgir de outros processos. Em geral, form am -se sem anas após o desenvol vim ento de peritonite e podem ser encontrados em um a variedade de localizações - desde o om ento até o m esentério, da pelve até o m úsculo psoas, e do espaço subfrênico até um órgão visceral, com o o fígado, onde podem desenvolver-se sobre a superfície do órgão ou no seu interior. É com um a ocorrência de abscessos periapendiculares e diverticulares. Os abscessos diverticulares têm m enos tendência a sofrer ruptura. As infecções do trato genital fem inino e a pancreatite
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tam bém estão entre os eventos causais m ais com uns. Q uando ocor rem abscessos no trato genital fem inino - seja com o infecção p rim á ria (p. ex., abscesso tubo-ovariano), seja com o um a infecção que se estende no interior da cavidade pélvica ou do peritônio - , o B.fragilis destaca-se proem inentem ente entre os m icrorganism os isolados. Ele não é encontrado em grande n úm ero na flora vaginal norm al. Por exemplo, ocorre m enos com um ente na doença inflam atória pélvica e na endom etrite sem abscesso associado. Na pancreatite com extra vasam ento de enzim as pancreáticas nocivas, a inflam ação é proem i nente. Por conseguinte, achados clínicos com o febre, leucocitose e até m esm o d or abdom inal não diferenciam a pancreatite em si das suas com plicações, com o pseudocisto pancreático, abscesso pancreático (Cap. 313) ou coleções in tra-ab d o m in ais de pus. Particularm ente nos casos de pancreatite necrosante, em que a incidência de infecção pancreática local pode atingir 30%, deve-se efetuar um a aspiração p or agulha sob orientação da TC para obter am ostras de líquido para cultura. M uitos centros prescrevem antibióticos de m odo antecipado para pacientes com pancreatite necrosante. C om frequência, utiliza-se o im ipeném para esse propósito, visto que esse fárm aco alcança níveis teciduais elevados no pâncreas (em bora não seja o único com essa característica). Se a aspiração p o r agulha fornecer um líquido infectado em casos de pancreatite necrotizante aguda, a m aioria dos especialistas concorda que a cirurgia é superior à drenagem percutânea. Pseudocistos infeccionados que ocorrem rem otam ente prove nientes da pancreatite aguda são im prováveis de estarem associados com quantidades significativas de tecido necrótico e podem ser tra tados com drenagem cirúrgica ou po r cateter percutâneo com terapia antibiótica apropriada.
Diagnóstico Os procedim entos de varredura facilitaram de m odo considerável o diagnóstico dos abscessos intra-abdom inais. A TC do abdom e tem, provavelmente, o m elhor rendim ento, em bora a ultrassonografia seja particularm ente útil para o q uadrante superior direito, os rins e a pel ve. Os leucócitos m arcados com índio e gálio tendem a concentrar-se nos abscessos e podem ser úteis p ara detectar um a coleção. C om o o gálio é captado pelo intestino, os leucócitos m arcados com índio p o dem ter um rendim ento ligeiram ente m aior nos abscessos próxim os ao intestino. Entretanto, nem a cintilografia com leucócitos m arcados com índio nem a com gálio servem com o base para um diagnósti co definitivo; am bas devem ser com plem entadas p o r outros exames m ais específicos, com o a TC, se um a área possivelm ente anorm al for identificada. O diagnóstico de abscessos contíguos ou contidos d en tro de divertículos é particularm ente difícil com procedim entos de varredura. Em certas ocasiões, o enem a de bário pode detectar um abscesso diverticular não diagnosticado p o r outros m étodos, em bora o bário não deva ser injetado se houver suspeita de perfuração. Se o exame for negativo, um segundo exam e pode revelar um a coleção. E m bora a laparotom ia exploratória tenha sido utilizada m enos co m um ente desde o advento da TC, ela deve ser realizada em casos de forte suspeita clínica de abscesso.
TRATAMENTO
Abscessos intraperitoniais
A Fig. 127.3 fornece u m algoritm o p a ra o tratam e n to de pacien tes com abscessos intra-ab d o m in ais (incluindo intraperitoniais). O tratam ento das infecções intra-ab d o m in ais envolve a identifi cação do foco inicial de infecção, a adm inistração de antibióticos de am plo espectro dirigidos p ara os m icrorganism os envolvidos e a realização de um p ro ced im en to de drenagem se um ou mais abscessos definitivos já se fo rm ara m . Em geral, o tra ta m e n to antim icrobiano é adjuvante p a ra a d renagem e /o u correção cirúrgica de u m a lesão ou p ro cesso subjacente n o s abscessos intra-abdom inais. Ao c o n trá rio dos abscessos intra-abdom inais oriundos da m aioria das causas, p ara os quais algum tipo de d re nagem é geralm ente necessário, os abscessos associados à diver-
ALGORITMO PARA O USO DE DRENAGEM PERCUTÂNEA NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM ABSCESSOS INTRA-ABDOMINAIS
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Figura 127.3 Algoritmo para o tratamento de pacientes com abscessos intra-abdominais utilizando a drenagem percutânea. 0 tratamento antimicro biano deve ser administrado concomitantemente. [Reimpressa, com autorização, de B Lorber (ed.): Atlas of Infection Diseases. vol. VII: Intra-abdominal Infections, Hepatitis, and Gastroenteritis. Philadelphia, Current Medicine, 1996, p 1.30, como adap tado de OD Rotstein, RL Simmons, em SL Gorbach et al. (eds.): Infectious Diseases. Philadelphia, Saunders, 1992, p. 668,]
ticulite são habitualm ente contidos localm ente após ru p tu ra do divertículo, de m o d o que a intervenção cirúrgica não é ro tin e i ram ente necessária. Diversos agentes exibem excelente atividade contra os bacilos Gram -negativos aeróbios. Com o o óbito em casos de sepse intra-abdom inal está ligado à bacterem ia p o r m icrorganism os G ram - negativos, o tratam ento em pírico da infecção intra-abdom inal sem pre deve incluir um a cobertura adequada contra m icrorganis m os G ram -negativos aeróbios, facultativos e anaeróbios. M esm o quando os anaeróbios não são cultivados a p a rtir das am ostras clínicas, é ainda necessário efetuar um a cobertura com o esquem a terapêutico. A antibioticoterapia em pírica deve ser igual àquela discutida anteriorm ente para a peritonite secundária.
■ ABSCESSOS VISCERAIS O fígado é o órgão m ais sujeito à form ação de abscessos. Em um estudo de 540 abscessos intra-abdom inais, 26% foram viscerais. Os abscessos hepáticos responderam p o r 13% do total ou 48% de todos os abscessos viscerais. Os abscessos hepáticos po d em ser solitários ou m últiplos; podem surgir da dissem inação hem atogênica de bac térias ou de dissem inação local de focos contíguos de infecção no interior da cavidade peritonial. No passado, a apendicite com ruptura e dissem inação subsequente da infecção era a fonte m ais com um de abscesso hepático. Na atualidade, a doença associada do trato biliar é m ais com um . A pileflebite (trom bose supurativa da veia porta), que habitualm ente surge de infecção na pelve, m as que algum as vezes decorre de infecção em outro local da cavidade peritonial, constitui outra fonte com um de dissem inação bacteriana do fígado. A febre constitui o sinal de apresentação m ais com um no abs cesso hepático. Alguns pacientes, p articularm ente aqueles que p o s suem doença associada do trato biliar, apresentam sinais e sintom as localizados no quadrante superior direito, incluindo dor, defesa ab dom inal, dor à punho-percussão e até m esm o dor à descom pressão súbita. Podem surgir tam bém sintom as inespecíficos, com o calafrios, anorexia, perda de peso, náuseas e vôm itos. C ontudo, apenas 50% dos pacientes com abscessos hepáticos apresentam hepatom egalia, dor à palpação do quadrante superior direito ou icterícia; p or c o n seguinte, m etade dos pacientes não apresenta sinais ou sintom as que
orientem a atenção para o fígado. A febre de origem obscura (FOO) pode constituir a única m anifestação do abscesso hepático, p a rticu larm ente no idoso. Os exam es diagnósticos do abdom e, particular m ente os do q uadrante su p erio r direito, devem constituir parte de qualquer investigação para FOO. O único achado laboratorial mais confiável é a elevação da concentração sérica de fosfatase alcalina, que é d ocum entada em 70% dos pacientes com abscesso hepático. O utras provas de função hepática po d em fornecer resultados n o r m ais, porém 50% dos pacientes apresentam níveis séricos elevados de bilirrubina, e 48% têm concentrações elevadas de aspartato aminotransferase. O utros achados laboratoriais são leucocitose em 77% dos pacientes, anem ia (habitualm ente norm ocítica norm ocrôm ica) em 50% e hipoalbum inem ia em 33%. Verifica-se a presença de bac terem ia concom itante em um terço até a m etade dos pacientes. O abscesso hepático é algum as vezes sugerido pela radiografia de tórax, especialm ente quando se observa um a elevação recente do hem idiafragm a direito; outros achados sugestivos consistem em infiltrado na base direita e derram e pleural à direita. O s exam es de im agem c onstituem os m éto d o s m ais confiáveis para o diagnóstico dos abscessos hepáticos. Esses exam es incluem u ltrasso n o g rafia, T C (Fig. 127.4), c in tilo g ra fia com leucócitos m arcados com ín d io ou cin tilo g rafia com gálio e RM. Pode ser necessário efetuar m ais de um desses exam es. Os m icrorganism os isolados de abscessos hep ático s v ariam de acordo com a origem . Na infecção hepática que surge d a árvore biliar, os bàcilos G ram -negativos en térico s aeróbios e os en te ro co c o s são c o m u m en te isolados. A n ão ser que se te n h a efetuado a n te rio rm e n te u m a ci rurgia, os anaeróbios geralm ente não estão envolvidos nos absces sos hepáticos que surgem de infecções biliares. Em contraste, nos abscessos hepáticos que se o rig in am de fontes pélvicas ou outras fontes intraperitoniais, é com um a presenç-a-de um a flora m ista, in cluindo espécies tanto aeróbias quan to anaeróbias; o B.fragilis cons titui a espécie m ais freq u en tem en te isolada. C om a dissem inação h em atogênica da infecção, id entifica-se hab itu alm en te um único m icrorganism o; essa espécie p o d e ser o S. aureus ou um a espécie de estreptococo, com o S. milleri. O s resultados das culturas obtidas dos locais de drenagem n ão são confiáveis para definir a etiologia das infecções. Os abscessos hepáticos tam bém p odem ser causados por Candida spp.; em geral, esses abscessos a com panham a fungem ia em pacientes subm etidos a quim ioterapia para o câncer e, com frequência, m anifestam -se q u a n d o os P M N re to rn a m ao n orm al depois de um p eríodo de neutropenia. Os abscessos hepáticos amebianos n ão constituem um problem a incom um (Cap. 209). Os testes sorológicos para am ebas fornecem resultados positivos em mais de 95% dos casos; p o r conseguinte, a obtenção de u m resultado negati vo ajuda a excluir esse diagnóstico.
Infecções e Abscessos Intra-Abdominais
Abscessos hepáticos
Figura 127.4 Abscesso hepático multilocular na TC. Os abscessos múltiplos ou multiloculares são mais comuns do que os abscessos solitários. [Reimpresso, com autorização, de B Lorber (ed.): Atlas o f Infection Diseases. Vol. VII: Intra-abdominal Infections, Hepatitis, and Gastroenteritis. Philadelphia, Current Medicine, 1996, Fig. 1.22.]
1081
TRATAMENTO
Abscessos hepáticos
(Fig. 127.3) Em bora a drenagem - seja percutânea (cateter com orifícios laterais m an tid o no local), seja cirúrgica - c ontinue sendo a base do tratam ento dos abscessos intra-abdom inais (in cluindo os hepáticos), há um crescente interesse pelo tratam ento clínico isolado dos abscessos hepáticos piogênicos. Os fárm acos utilizados no tratam ento em pírico incluem os m esm os agentes prescritos na sepse intra-abdom inal e na peritonite bacteriana secundária. Em geral, deve-se obter um aspirado diagnóstico do conteúdo do abscesso e h em oculturas antes do início do tra ta m ento em pírico, devendo as escolhas dos antibióticos ser ajusta das quando forem obtidos os resultados da coloração de G ram e da cultura. Os casos tratados sem drenagem definitiva geralm ente necessitam de ciclos m ais longos de antibioticoterapia. Q uando se com para a drenagem percutânea com a drenagem cirúrgica aber ta, a perm anência m édia no hospital para a prim eira m odalidade de drenagem corresponde a quase o dobro da segunda, em bora o tem po necessário para a resolução da febre e a taxa de m ortalida de sejam iguais nos dois procedim entos. A despeito do tratam e n to, a taxa de m ortalidade foi significativa, atingindo, em m édia, 15%. Diversos fatores podem predizer o insucesso da drenagem percutânea e, desse m odo, favorecer um a intervenção cirúrgica prim ária. Esses fatores incluem a presença de abscessos m últiplos e de tam anho considerável; abscessos de conteúdo viscoso que tende a obstruir o cateter; doenças associadas (p. ex., doença do trato biliar) exigindo cirurgia; ou ausência de resposta clínica à drenagem p ercutânea em 4 a 7 dias. O tratam ento dos abscessos hepáticos p o r Candida frequen tem ente consiste na adm inistração inicial de anfotericina B ou anfotericina lipossom al, com tratam ento subsequente com fluconazol (Cap. 203). Em alguns casos, pode-se utilizar apenas o trata m ento com fluconazol (6 m g/kg/dia) - p or exemplo, em pacientes clinicam ente estáveis, cujo m icrorganism o isolado é suscetível a esse fármaco.
Abscessos esplênicos
Doenças Infecciosas 1082
Os abscessos esplênicos são m uito m enos com uns que os hepáticos. A incidência de abscessos esplênicos variou de 0,14 a 0,7% em várias séries de necropsias. O contexto clínico e os m icrorganism os isolados habitualm ente diferem daqueles dos abscessos hepáticos. É neces sário um alto grau de suspeita clínica para o abscesso esplênico, visto que essa afecção é frequentem ente fatal se não for tratada. M esm o nas séries publicadas m ais recentem ente, o diagnóstico foi estabele cido apenas na necropsia em 37% dos casos. E m bora os abscessos esplênicos possam surgir, em certas ocasiões, de dissem inação con tígua de infecção ou de traum atism o direto do baço, a dissem inação hem atogênica da infecção é m ais com um . A endocardite bacteriana constitui a infecção associada m ais freqüente (Cap. 124). Pode-se verificar o desenvolvim ento de abscessos esplênicos em pacientes subm etidos a terapia im unossupressora extensa (particularm ente n a queles com neoplasia m aligna acom etendo o baço), bem com o em pacientes com hem oglobinopatias ou outras doenças hem atológicas (particularm ente anem ia falciforme). E m bora cerca de 50% dos pacientes com abscessos esplênicos tenham dor abdom inal, a dor é localizada no qu ad ran te su p erio r esquerdo em apenas m etade desses casos. Verifica-se a presença de esplenom egalia em cerca de 50% dos casos. Em geral, ocorrem fe bre e leucocitose; em um a série, a febre precedeu o diagnóstico em 20 dias, em m édia. Os achados do lado esquerdo do tórax podem incluir anorm alidades à ausculta, e os achados na radiografia de tó rax podem consistir em infiltrado ou derram e pleural esquerdo. A TC do abdom e tem sido o instrum ento diagnóstico m ais sensível. A ultrassonografia pode levar ao diagnóstico, porém é m enos sensível. A cintilografia hepatoesplênica ou a cintilografia com gálio tam bém podem ser úteis. As espécies de estreptococos constituem as bactérias m ais com uns isoladas de abscessos esplênicos, seguidas de S. aureus
- refletindo, presum ivelm ente, a endocardite associada. Foi relatado um aum ento na prevalência de aeróbios G ram -negativos isolados de abscessos esplênicos; com frequência, esses m icrorganism os provêm de u m foco do trato urinário, com bacterem ia associada, ou de o u tro foco intra-abdom inal. As espécies de Salmonella são encontradas com bastante frequência, particularm ente em pacientes com hem oglobinopatia falciform e. As espécies anaeróbias constituem apenas 5% dos m icrorganism os isolados nas m aiores séries reunidas, porém o relato de certo núm ero de “abscessos estéreis” pode indicar que não foram utilizadas técnicas ideais para o isolam ento de anaeróbios.
TRATAMENTO
Abscessos esplênicos
Devido à elevada taxa de m ortalidade relatada para os abscessos esplênicos, a esplenectom ia com antibióticos adjuvantes tem sido tradicionalm ente considerada tratam ento-padrão e continua sen do a m elhor abordagem para abscessos m ultiloculares complexos ou abscessos m últiplos. Todavia, a drenagem percutânea foi bem-sucedida em abscessos pequenos (< 3 cm) e solitários em alguns estudos, p o dendo ser útil tam bém para pacientes com alto risco cirúrgico. Os pacientes subm etidos a esplenectom ia devem ser vacinados contra m icrorganism os encapsulados (Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Neisseria meningitidis). O fator m ais im portante para o tratam en to bem -sucedido dos abs cessos esplênicos é o estabelecim ento precoce do diagnóstico.
Abscessos perinefréticos e renais Os abscessos perinefréticos e renais não são com uns: o prim eiro foi responsável p o r apenas cerca de 0,02% de internações hospitalares, e o segundo p or cerca de 0,2% na série de A ltem eier de 540 absces sos intra-abdom inais. Antes da disponibilidade dos antibióticos, os abscessos renais e perinefréticos eram , em sua m aioria, de origem hem atogênica, com plicando h abitualm ente a bacterem ia prolongada, sendo o S. aureus m ais com um ente isolado. Em contraste, na atuali dade, m ais de 75% dos abscessos perinefréticos e renais surgem de um a infecção do trato urinário. A infecção ascende da bexiga para o rim , e verifica-se a o corrência de pielonefrite antes da form ação de abscesso. As bactérias podem invadir diretam ente o parênquim a renal, da m edula para o córtex. Os canais vasculares locais existentes no interior do rim tam bém podem facilitar o transporte dos m icror ganismos. As áreas onde ocorre form ação de abscesso no interior do parênquim a podem sofrer ru p tu ra no espaço perinefrético. Os rins e as glândulas supra-renais são circundados p o r um a cam ada de gor dura perirrenal que, p or sua vez, está envolta pela fáscia de Gerota, que se estende superiorm ente até o diafragm a e inferiorm ente até a gordura pélvica. Os abscessos que se estendem no espaço perinefré tico podem form ar um trajeto p or m eio da fáscia de G erota para o interior dos m úsculos psoas e transverso, no interior da cavidade p e ritonial anterior, superiorm ente ao espaço subdiafragm ático, ou infe riorm ente até a pelve. E ntre os fatores de risco que foram associados ao desenvolvim ento de abscessos perinefréticos, o mais im portante é a presença de nefrolitíase concom itante,xausando obstrução do flu xo urinário. Entre os pacientes com abscesso perinefrético, 20 a 60% apresentam cálculos renais. O u tras anorm alidades e struturais do trato urinário, história de cirurgia urológica anterior, traum atism o e diabetes m elito foram tam bém identificados com o fatores de risco. Os m icrorganism os m ais frequentem ente encontrados nos abs cessos perinefréticos e renais são a E. coli, Proteus spp. e Klebsiella spp. A E. coli, que é a espécie aeróbia m ais com um ente encontrada na flora colônica, parece ter propriedades virulentas singulares no trato urinário, incluindo fatores que prom ovem a aderência às células uroepiteliais. A urease de espécies de Proteus desdobra a ureia, criando, desse m odo, um am biente m ais alcalino e m ais hospitaleiro para a proliferação bacteriana. As espécies de Proteus são frequentem ente encontradas em associação a grandes cálculos de estruvita produzi dos pela precipitação de sulfato de am ônio e m agnésio no am biente
alcalino. Esses cálculos servem com o nicho para infecções recorren tes do trato urinário. E m bora um a única espécie bacteriana seja h a bitualm ente isolada de um abscesso perinefrético ou renal, m últiplas espécies tam bém podem ser encontradas. Se a urocultura não estiver contam inada com a flora periuretral e revelar m ais de um m icrorga nism o, deve-se considerar a possibilidade de abscesso perinefrético ou renal no diagnóstico diferencial. As uroculturas tam bém podem ser polim icrobianas nos casos de divertículo vesical. As espécies de Candida podem provocar abscessos renais. Esse fungo pode dissem inar-se para o rim por via hem atogênica ou por as censão a partir da bexiga. O aspecto característico desta últim a via de infecção consiste em obstrução ureteral com grandes bolas fúngicas. A apresentação dos abscessos perinefréticos e renais é bastante inespecífica. E com um haver dor no flanco e no abdom e. Pelo m enos 50% dos pacientes são febris. A do r pode ser referida para a virilha ou a perna, particularm ente quando há extensão da infecção. O diag nóstico de abscesso perinefréticos, com o o do abscesso esplênico, é frequentem ente estabelecido de m odo tardio, e a taxa de m ortalidade em algum as séries é considerável, em bora m enor do que a registrada no passado. O abscesso perinefréticos ou renal deve ser considerado com m ais seriedade quando um paciente apresenta sinais e sintom as de pielonefrite e p erm anece febril depois de 4 ou 5 dias de tratam e n to. Além disso, quando a u rocultura revela um a flora polim icrobiana, quando se sabe que o paciente apresenta cálculos renais, ou quando a febre e a piúria coexistem com um a urocultura estéril, esses diagnós ticos devem ser considerados. A ultrassonografia renal e a TC abdom inal constituem as m o dalidades diagnósticas de m aior utilidade. Se for estabelecido o diagnóstico de abscesso renal ou perinefréticos, deve-se excluir a n e frolitíase, particularm ente quando o pH elevado da u rin a sugerir a presença de um m icrorganism o que desdobra a ureia.
cesso do psoas. Na atualidade, o S. aureus ou um a m istura de m i crorganism os entéricos, incluindo bacilos G ram -negativos aeróbios e anaeróbios, são habitualm ente isolados dos abscessos do psoas nos EUA. O S. aureus tem m ais tendência a ser isolado quando o abscesso do psoas surge p o r dissem inação hem atogênica ou de um foco contí guo de osteomielite; a etiologia m ais provável consiste em um a flora entérica m ista quando o abscesso tem um a fonte intra-abdom inal ou pélvica. Os pacientes com abscesso do psoas frequentem ente apre sentam febre, d or abdom inal baixa ou lom bar, ou d or referida para o quadril ou o joelho. A T C constitui a técnica diagnóstica mais útil.
TRATAMENTO
Abscesso do psoas
O tratam ento consiste em drenagem cirúrgica e adm inistração de esquem a de antibióticos dirigido contra o(s) m icrorganism o(s) causador(es).
Abscessos pancreáticos Ver Cap. 313. A g r a d e c im e n t o s Agradecemos a D ori F. Z alezn ik; MD, pelo seu trabalho em edições anteriores, contribuindo im ensam ente para este capítulo.
BIBLIOGRAFIA JS et al: Association of proton pump inhibitor therapy with spontaneous bacterial peritonitis in cirrhotic patients with ascites. Am J Gastroenterol
B a ja j
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Ba r ie
TRATAMENTO
Abscessos perinefréticos e renais
2010
O tratam ento dos abscessos perinefréticos e renais, com o os dos outros abscessos intra-abdom inais, inclui a drenagem de pus e antibioticoterapia dirigida para o(s) m icrorganism o(s) isolado(s). N os abscessos perinefréticos, a drenagem percutânea é habitual m ente bem -sucedida.
Abscesso do psoas
P ira in o B et al: Peritoneal dialysis-related infections recommendations: 2005 update. Perit Dial Int 25:107,2005 Saab S et al: Oral antibiotic prophylaxis reduces spontaneous bacterial peri tonitis occurrence and improves short-term survival in cirrhosis: A meta-analysis. Am J Gastroenterol 104:993,2009 S ifri CD, M a d o ff LC: Infections of the liver and biliary system, in Principies and Practice o f Infectious Diseases, 7th ed, GL Mandell et al (eds). Philadel phia, Elsevier Churchill Livingstone, 2010, pp 1035-1044 S olom kin JS, M azuski J: Intra-abdom inal sepsis:'Newer interventional.and antimicrobial therapies. Infect Dis Clin N orth Am 23:593,2009 T zian ab o s AO et al: T cells activated by zwitterionic molecules prevent abs cesses induced by pathogenic bactéria. J Biol Chem 275:6733,2000 v an R u le r O et al: Com parison of on-dem and vs planned relaparotomy strategy in patients with severe peritonitis: A random ized trial. JAMA 298:865, 2007
Infecções e Abscessos Intra-Abdominais
O m úsculo psoas constitui outro local onde se form am abscessos. Os abscessos do psoas podem surgir de u m a fonte hem atogênica, por dissem inação contígua de um processo intra-abdom inal ou pélvico, ou por dissem inação contígua a p a rtir de estruturas ósseas próxim as (p. ex., corpos vertebrais). Nesses abscessos, é com um haver osteo m ielite associada, devido à dissem inação dos ossos para o m úsculo ou do m úsculo para os ossos. Q uando a doença de Pott era com um , o Mycobacterium tuberculosis constituía um a causa freqüente de abs
N a v a rro L ó p e z V et al: GTI-SEMI Group: Microbiology and outcome of iliopsoas abscess in 124 patients. Medicine (Baltimore) 88:120,2009
1083
CAPÍ TULO
128 ^
Tamanho do inóculo O núm ero de m icrorganism os que deve ser ingerido para causar doença varia sobrem aneira de um a espécie para outra. Para Shigella, Escherichia coli êntero-hem orrágica, Giardia lamblia ou Entamoeba, apenas 10-100 bactérias ou cistos causam infecção, ao passo que, no caso do Vibrio cholerae, 105-10's m icrorganism os devem ser ingeri dos para causar doença. A dose infectante de Salmonella varia am plam ente, de acordo com a espécie, o hospedeiro e o alim ento que servem de veículo. A capacidade dos m icrorganism os de sobrepujar as defesas do hospedeiro tem im portantes im plicações para a tra n s m issão; Shigella, E. coli ê ntero-hem orrágica, E ntam oeba e Giardia podem dissem inar-se por contato interpessoal, ao passo que, em cer tas circunstâncias, a Salmonella tem de crescer p o r várias horas no alim ento, antes de alcançar um a dose infecciosa eficaz.
Doenças Diarreicas Infecciosas Agudas e Intoxicação Alimentar Bacteriana Regina C. LaRocque Edward T. Ryan Stephen B. Calderwood V ariando de um pequeno a b orrecim ento a um a doença com desidratação devastadora, a doença diarreica aguda é um a causa im portante de doença global, com um a estim ati va de 4,6 bilhões de episódios p or ano em todo o m undo. A doença diarreica fica atrás apenas da infecção respiratória do trato inferior, que representa a causa infecciosa m ais com um de m o rte em todo o m undo. Em crianças com m enos de cinco anos, a doença diarreica é um a causa de m orte particularm ente im portante. A cada ano, m o r rem quase dois m ilhões de crianças de doença diarreica nesta faixa etária; a m aioria destas jovens crianças é pobre e vive em áreas de poucos recursos. Ao contribuir para a desnutrição e reduzir, assim, a resistência a outros agentes infecciosos, a doença diarreica atua tam bém com o fator indireto para elevar m uito o ônus im posto pela doença em geral. A am pla variedade de m anifestações clínicas das doenças gas trintestinais agudas corresponde à grande diversidade de agentes infecciosos im plicados, que abrangem vírus, bactérias e parasitos (Q u ad ro 128.1). Este capítulo discute os fatores que perm item a tais patógenos gastrintestinais causarem doenças, revê os m ecanism os de defesa do hospedeiro e delineia um a abordagem destinada à avalia ção e ao tratam ento dos pacientes que se apresentam com diarréia aguda. Os m icrorganism os que causam as doenças gastrintestinais agudas são discutidos individualm ente e em detalhes nos capítulos subsequentes.
MECANISMOS PATOGÊNICOS
Doenças Infecciosas
Os patógenos entéricos desenvolveram um a variedade de táticas para sobrepujar as defesas do hospedeiro. A com preensão dos fatores de virulência em pregados p or esses m icrorganism os é im portante para o diagnóstico e tratam ento das doenças clínicas.
QUADRO 128.1
I
M uitos m icrorganism os precisam , com o etapa inicial no processo patogênico, aderir à m ucosa gastrintestinal; assim , os m icrorganis m os capazes de com petir com a flora intestinal norm al e colonizar a m ucosa contam com um a im p o rtan te vantagem para causar doença. Proteínas específicas da superfície celular, envolvidas na aderência da bactéria às células intestinais, são im portantes determ inantes da virulência. O V. cholerae, p o r exem plo, adere à b orda em escova dos enterócitos do intestino delgado p o r m eio de adesinas de superfície específicas, com o os pili corregulados com a toxina e outros fatores de colonização acessórios. A E. coli enterotoxigênica, que causa diar réia aquosa, pro d u z u m a p ro teín a de aderência cham ada antígeno do fa to r de colonização, essencial à colonização do intestino delgado proxim al pelo m icrorganism o antes da p rodução da enterotoxina. A E. coli enteropatogênica, agente diarreico em crianças pequenas, e a E. coli êntero-hem orrágica, que causa colite hem orrágica e sín drom e hem olítico-urêm ica, p ro d u zem d eterm inantes de virulência que lhes perm item ligar-se à b o rd a em escova do epitélio intestinal e destruí-la.
Produção de toxina A produção de um a ou m ais exotoxinas é im portante na patogenia de num erosos m icrorganism os entéricos. Tais toxinas consistem nas enterotoxinas, que causam diarréia aquosa atuando diretam ente sobre os m ecanism os secretores na m ucosa intestinal; citotoxinas, que cau sam destruição das células da m ucosa e diarréia inflam atória conco m itante; e neurotoxinas, que atuam diretam ente nos sistem a nervoso central ou periférico. O protótipo de enterotoxina é a toxina colérica, proteína heterodim érica com posta de um a subunidade A e cinco subunidades B. A
Patógenos gastrintestinais que causam diarréia aguda
✓
Mecanismo
Localização
Doença
Achados nas fezes
Exemplos dos patógenos envolvidos
Não inflamatórias (enterotoxinas)
Intestino delgado proximal
Diarréia aquosa
Sem leucócitos fecais; aumento leve ou nulo da lactoferrina fecal
Vibrio cholerae, Escherichia coli enterotoxigênica (LT e/ ou ST), £ coli enteroagregativarC/osfr/tí/um perfrmgens, Bacillus cereus, Staphylococcus aureus, Aeromonas hydrophila, Plesiomonas shigelloides, rotavírus, norovírus, adenovírus entéricos, Giardia lamblia, Cryptosporidium spp., Cyclosporaspp., microsporídios
Inflamatória (invasão ou citotoxina)
Colo ou intestino delgado distai
Disenteria ou diarréia inflamatória
Leucócitos fecais polimorfonucleares; substancial elevação da lactoferrina fecal
Shigella spp., Salmonella spp., Campylobacter jejuni, E. coli êntero-hemorrágica, E. coli enteroinvasiva, Yersinia enterocolitica, Listeria monocytogenes, Vibrio parahaemolyticus, Clostridium difficile, A. hydrophila, P. shigelloides, Entamoeba histolytica, Klebsiella oxytoca
Penetrante
Intestino delgado distai
Febre entérica
Leucócitos fecais mononucleares
Salmonella typhi, Y. enterocolitica
Abreviações: LT, enterotoxina termolábil; LS, enterotoxina termoestável. Fonte: Segundo Guerrant e Steiner.
1084
Aderência
;
subunidade A responde pela atividade enzim ática da toxina, ao passo que o pentâm ero que com põe a subunidade B liga a holotoxina ao re ceptor da superfície do enterócito, o gangliosídio GM1. Após a ligação da holotoxina, um fragm ento da subunidade A é translocado através da m em brana da célula eucariótica p ara o in terio r do citoplasm a, onde catalisa a A D P-ribosilação de um a proteína de ligação ao GTP, levando à ativação persistente da adenilato ciclase. O resultado final é um aum ento do AM P cíclico na m ucosa intestinal, o que eleva a secreção de Cl" e dim inui a absorção de N a \ acarretando p erda de líquido e diarréia. As cepas enterotoxigênicas de E. coli podem p roduzir um a p ro teína cham ada enterotoxina termolábil (LT), que é sim ilar à toxina colérica e causa diarréia secretora pelo m esm o m ecanism o. A lterna tivam ente, as cepas enterotoxigênicas de E. coli podem p roduzir um a enterotoxina termoestável (ST), um a form a que causa diarréia p or ativação da guanilato ciclase e elevação do GM P cíclico intracelular. Algum as cepas enterotoxigênicas de E. coli produzem LT e ST. Diferentem ente, as citotoxinas bacterianas destroem as células da m ucosa intestinal e produzem um a síndrom e disentérica, com fezes sanguinolentas que contêm células inflam atórias. Os patógenos en téricos que produzem tais citotoxinas são a Shigella dysenteriae tipo 1, o Vibrio parahaemolyticus e o Clostridium difficile. As cepas de S. dysenteriae tipo 1 e de E. coli produtoras da toxina de Shiga p ro d u zem citotoxinas potentes, já tendo sido associadas a surtos de colite hem orrágica e síndrom e hem olítico-urêm ica. As neurotoxinas são habitualm ente produzidas p or bactérias fora do hospedeiro e, por isso, causam sintom as logo após a ingestão. In cluídas entre elas, estão a toxina estafilocócica e a toxina do Bacillus cereus, que atuam no sistem a nervoso central, induzindo vômitos.
Invasão A disenteria pode resultar não apenas da produção de citotoxinas, m as tam bém da invasão bacteriana e destruição das células da m uco sa intestinal. As infecções causadas po r Shigella e E. coli enteroinvasiva caracterizam -se p or invasão das células do epitélio da m ucosa p e los m icrorganism os, com m ultiplicação intraepitelial e subsequente dissem inação para as células adjacentes. A Salmonella causa diarréia inflam atória pela invasão da m ucosa do intestino, m as geralm ente não se associa à destruição dos enterócitos ou à síndrom e clínica com pleta de disenteria. A Salmonella typhi e a Yersinia enterocolitica podem penetrar a m ucosa intestinal íntegra, m ultiplicar-se no inte rior das células nas placas de Peyer e nos linfonodos intestinais, dis sem inando-se, em seguida, através da corrente sanguínea para causar febre entérica, síndrom e caracterizada p o r febre, cefaleia, bradicardia relativa, dor abdom inal, esplenom egalia e leucopenia.
Flora normal O grande núm ero de bactérias que n o rm alm ente habita o intestino atua com o im portante defesa do hospedeiro, im pedindo a coloni zação p or patógenos entéricos em potencial. Pessoas que albergam bactérias intestinais em m enor núm ero, com o os lactentes em que ainda não houve um a colonização entérica norm al ou que recebem antibióticos, correm risco significativam ente m ais alto de infecções p or patógenos entéricos. A com posição da flora intestinal é tão im p ortan te quanto o núm ero de m icrorganism os presentes. Mais de 99% da flora colônica norm al são constituídos de bactérias anaeró bias e o pH ácido, bem com o os ácidos graxos voláteis produzidos por esses m icrorganism os, parecem ser fundam entais na resistência à colonização.
O pH ácido do estôm ago é u m a barreira im portante aos patógenos entéricos, e um a frequência m aior de infecções decorrentes da Sal monella, G. lamblia e a um a variedade de helm intos já foi descrita entre pacientes subm etidos a cirurgia gástrica ou que sofrem de acloridria por qualquer o utra razão. De m odo similar, a neutralização da acidez gástrica com antiácidos ou bloqueadores H 2 - prática com um no tratam ento de pacientes hospitalizados - eleva o risco de coloni zação entérica. Além disso, alguns m icrorganism os podem sobrevi ver à extrem a acidez do am biente gástrico; os rotavírus, p or exemplo, são altam ente estáveis em m eio ácido.
Motilidade intestinal A p eristalse n o rm al é o p rin cip al m ecan ism o p ara a depuração das bactérias do in testin o delgado proxim al. Q u a n d o há co m p ro m etim ento da m otilidade intestinal, p o r exem plo, pelo tratam en to com opiáceos ou com ou tro s fárm acos inibidores da m otilidade, p or anorm alidades anatôm icas ou em estados de hipom otilidade, a freqüência de crescim ento b a cterian o excessivo e de infecção do intestino delgado po r patógenos entéricos é maior. A lguns pacientes cuja infecção com Shigella é tra ta d a com cloridrato de difenoxilato associado à a tro p in a (L om otil) ex p erim e n tam pro lo n g am en to da febre e da elim inação de m icrorganism os, ao passo que os pacientes tratad o s com opiáceos p a ra gastren terite leve p o r Salmonella têm m aior frequência de bacterem ia do que os que não são tratados com opiáceos.
Imunidade A resposta im une celular e a p ro d u ção de anticorpos exercem p a péis im p o rtan tes na p roteção c o n tra infecções entéricas. A im u n i dade h um oral co n tra os patógenos entéricos consiste n a elaboração de IgG e IgM sistêm icas, além de IgA secretora. O sistem a im une da m ucosa po d e ser a p rim e ira linha de defesa contra m uitos patóge nos gastrintestinais. A ligação de antígenos bacterianos à superfície lu m inal das células M no in te stin o delgado distai e a su b seq u en te apresentação de antígenos ao tecido linfoide subepitelial levam à proliferação de linfócitos sensibilizados, que circulam e povoam todos os tecidos m ucosos do corpo sob a form a de plasm ócitos se cretores de IgA.
Determinantes genéticos A variação genética do hospedeiro influencia na suscetibilidade às doenças diarreicas. Indiv íd u o s com g ru p o sanguíneo O exibem m aior suscetibilidade à doença devido às infecções p o r V. cholerae, Shigella, E. coli 0 1 5 7 e norovírus. Os polim orfism os nos genes que codificam m ediadores inflam atórios têm sido associados ao surgi m ento de infecções entéricas conjuntas p o r E. coli, E. coli produtoras de enterotoxinas, Salmonella, C. difficile e V. cholerae. ,
Diarréia infecciosa ou intoxicação alimentar bacteriana A abordagem ao paciente com possível diarréia infecciosa ou in toxicação alim entar b acteriana é m o stra d a na Fig. 128.1.
HISTÓRIA As respostas a questões de alto valor discrim inativo podem rapidam ente estreitar a faixa de causas potenciais da diar réia e ajudar a determ inar se o tratam ento é necessário. Elem entos im portantes da anam nese estão detalhados na Fig. 128.1. EXAME FÍSICO O exam e físico dos pacientes à procura de sinais de desidratação fornece inform ações essenciais sobre a gravidade da doença diarreica e a necessidade de tratam en to rápido. Uma desidratação leve é indicada pela presença de sede, boca seca, d i m inuição da sudorese axilar, dim inuição do débito urinário e leve perda de peso. Os sinais de desidratação m oderada consistem em hipotensão ortostática, sinal da prega cutânea e olhos encovados
Doenças Diarreicas Infecciosas Agudas e Intoxicação...
DEFESAS DO HOSPEDEIRO D ado o enorm e n úm ero de m icrorganism os ingeridos a cada re feição, o hospedeiro norm al com bate um constante influxo de p o tenciais patógenos entéricos. O estudo das infecções que acom etem pacientes com alterações dos m ecanism os de defesa conduziu a um a m elhor com preensão dos diferentes m odos pelos quais o hospedeiro norm al se protege das doenças.
Acidez gástrica
1085
Figura 128.1 Algoritmo clínico para a abordagem ao pacientes com diar réia infecciosa ou intoxicação alimentar bacteriana adquiridas na comuni dade. Chave para os sobrescritos: 1. A diarréia que dura > 2 semanas é geralmen
Doenças Infecciosas
te definida como crônica: em tais casos, muitas causas de diarréia aguda passam a ser muito menos prováveis, e um novo espectro de etiologias requer consideração. 2. A presença de febre frequentemente implica doença invasiva, embora a febre e a diarréia possam também resultar da presença de infecção fora do trato gastrin testinal, como ocorre na malária. 3. Fezes que contenham sangue ou muco indicam ulceração do intestino grosso. As fezes sanguinolentas sem leucócitos fecais devem alertar o laboratório para a possibilidade de infecção com Escherichia coli êntero-hemorrágica produtora de toxina de Shiga. Fezes brancas e volumosas sugerem acometimento do intestino delgado, causando má absorção. A emissão profusa de fezes em "água de arroz" sugere cólera ou um processo toxigênico similar. 4. A ocorrência de evacuações freqüentes em um dado intervalo de tempo pode ser o primeiro aviso de desidratação iminente. 5. A dor abdominal pode ser mais grave nos processos inflamatórios, como os que se devem a Shigella, Campylobacter e toxi nas necrosantes. Em casos graves de cólera, podem surgir contrações musculares abdominais dolorosas, causadas pela perda de eletrólitos. A distensão é comum na
(ou, em lactentes, depressão das fontanelas). Os sinais de desidra tação grave incluem letargia, obtundação, pulso fraco, hipotensão e choque franco.
ABORDAGEM DIAGNOSTICA
A pós d e te rm in a r a gravidade da doença, o médico deve d istinguir entre doença inflamatória e não inflamatória. U sando a anam nese e os aspectos epidem iológicos do caso com o guias, o m édico pode avaliar rapidam ente a neces sidade de intervenção terapêutica e de esforços adicionais para definir um a etiologia específica. O exam e de u m a am ostra fecal
1086
giardíase. Uma síndrome semelhante à apendicite indica a realização de cultura para Yersinia enterocolitica com enriquecimento a frio. 6. O tenesmo (espasmos retais dolorosos acompanhados de forte urgência para defecar, mas com pouca eliminação fecal) pode ser um aspecto de casos com proctite, como ocorre na shigelose e na amebíase. 7. A presença de vômitos implica infecção aguda (p. ex., uma doença mediada por toxina ou intoxicação alimentar), mas os vômitos podem ser também proeminentes em uma variedade de doenças sistêmicas (p. ex., malária) e na obs trução intestinal. 8. Perguntar aos pacientes se sabem se alguém mais está doente é um meio mais eficiente de identificar uma fonte comum que elaborar uma lista de alimentos recentemente ingeridos. Se a existência de uma fonte comum pare ce provável, os alimentos específicos podem ser investigados. Ver texto para uma discussão sobre intoxicação alimentar bacteriana. 9. História atual ou recente de antibioticoterapia sugere diarréia por Clostridium difficile (Cap.’ 129). Se possível, interromper a antibioticoterapia e considerar a realização detestes para as toxinas do C. difficile. O uso de antibióticos pode aumentar o risco de outras infecções, como a salmonelose. 10. Ver texto (e o Cap. 123) para uma discussão sobre a diarréia dos viajantes (Segundo Steiner e Guerrant; RL Guerrant, DA Bobak: N Engl J Med 325:327,1991, com autorização).
pode com plem entar a anam nese. Fezes grosseiram ente m ucoides ou sanguinolentas sugerem um processo inflam atório. A pesqui sa de leucócitos fecais (um a preparação que consiste em um fino esfregaço de fezes sobre u m a lâm ina, adicionado de um a gota de azul de m etileno e exam inado entre lâm ina e lam ínula) pode su gerir doença inflam atória em pacientes com diarréia, em bora o valor preditivo desse teste ainda seja objeto de debate. O teste para lactoferrina fecal, um m arcador de leucócitos fecais, é m ais sen sível e está disponível nos form atos de aglutinação pelo látex e de
QUADRO 128.2 Complicações pós-diarreicas da doença diarreica infecciosa aguda Complicação
Comentários
Diarréia crônica • Deficiência de lactase
Ocorre em cerca de 1% dos viajantes com diarréia aguda
• Pululação bacteriana no intestino delgado
• Protozoários respondem por cerca de 33% dos casos
• Síndromes de má absorção (esprus tropical e celíaco) Apresentação inicial ou exacerbação de doença intestinal inflamatória
Pode ser precipitada pela diarréia dos viajantes
Síndrome do intestino irritável
Ocorre em cerca de 10% dos viajantes com diarréia dos viajantes
Artrite reativa (anteriormente conhecida como síndrome de Reiter)
Particularmente provável após infecção com microrganismos invasivos (Shigella, Salmonella, Campylobacter, Yersinia)
Síndrome hemolítico-urêmica (anemia hemolítica, trombocitopenia e insuficiência renal)
Segue-se a infeções por bactérias produtoras da toxina de Shiga (Shigella dysenteriae tipo 1 e Escherichia coli êntero-hemorrágica)
Síndrome de Guillain-Barré
Particularmente provável após infecção por Campylobacter
enzim aim unoensaio. As causas das diarréias infecciosas agudas, classificadas com o inflam atórias e não inflam atórias, são citadas no Q uadro 128.1.
taxas de ataque algo m ais baixas. O utros m icrorganism os com uns, frequentem ente dissem inados pelo contacto fecal-oral, são Shigella, C. jejuni e Cryptosporidium. Um aspecto peculiar da infecção entre crianças que freqüentam creches é a alta taxa de casos secundários entre os m em bros da família. De m odo sem elhante, os hospitais são locais onde as infecções entéricas se concentram . A diarréia é u m a das m anifestações m ais com uns das infecções hospitalares. O C. difficile é a causa p re d o m inante de diarréia h ospitalar entre adultos nos EUA. A Klebsiella oxytoca tem sido identificada com o u m a causa de colite h e m o rrá gica associada aos antibióticos. Os patógenos virais, especialm en te o rotavírus, podem d issem inar-se rap id am en te nas enferm arias pediátricas. A E. coli enteropatogênica já foi associada a surtos de diarréia em berçários. A cada ano, ap roxim adam ente 33% dos p a cientes idosos em instituições de assistência crônica desenvolvem doença diarréica significativa; m ais da m etade destes casos é causa da p o r C. difficile, p ro d u to r de citotoxina. O tratam en to antim icro biano pode predispor à colite pseu d o m em b ran o sa ao alterar a flora colônica no rm al de m o d o a p e rm itir a m ultiplicação do C. difficile (Cap. 129).
QUADR0 1 28.3
Causas da diarréia do viajante
Agente etiológico
Percentual aproximado dos casos
Bactérias
50-75
£ coli enterotoxigênica
10-45
Agente isolado mais importante
E. coli enteroagregativa
5-35
Está emergindo como um patógeno de distribuição mundial
COMPLICAÇÕES PÓS-DIARREICAS C om plicações crônicas podem surgir após a cura de um episódio diarreico agudo. O m édico deve investigar a prévia presença de doença diarreica q uando se depara com os distúrbios listados no Q u a d ro 128.2.
EPIDEMIOLOGIA
Campylobacter jejuni
5-25
Mais comum na Ásia
Shigella
0-15
Principal causa de disenteria
Salmonella
0-15
Outras
0-5
História de viagem
•
0-20 0-10
Associada a navios de cruzeiro
0-5
Particularmente comum entre crianças
0-10 0-5
Afeta andarilhos e acampados que bebem água fresca corrente; reservatórios de água contaminada na Rússia
0-5
Resistente ao tratamento com cloro
24 horas.
Fontes alimentares comuns
Campylobacter jejuni
Diarréia inflamatória
Aves, leite cru
Shigella spp.
Disenteria
Salada de batatas ou de ovos, alface, verduras cruas
Vibrio parahaemolyticus
Disenteria
Moluscos, crustáceos
N em toda a intoxicação alim entar é bacteriana. Os agentes não bacterianos da intoxicação a lim en tar com c urto p eríod o de incubação incluem a capsaicina, e ncontrada naí; pim entas fortes, e um a variedade de toxinas encontradas em peixes e m oluscos (Cap. 396).
| AVALIAÇÃO LABORATORIAL M uitos casos de diarréia não in flam ató ria são autolim itados, p o dendo ser tratados em piricam ente e, nestas circunstâncias, o clínico pode não necessitar determ in ar a etiologia. As E.^coli potencialm en te patogênicas são indistinguíveis da flora fecal norm al po r culturas de rotina, e testes para detectar enterotoxinas não estão disponíveis na m aior p arte dos laboratórios clínicos. Em situações nas quais o cólera é u m a possibilidade, as fezes devem ser cultivadas em um m eio seletivo com o o ágar tiossulfato-citrato-sais biliares-sacarose (TCBS) ou telurite-taurocolato-gelatina (TTG ). Um teste de agluti nação do látex to rn o u m ais prática para m uitos laboratórios a rápida detecção do rotavírus nas fezes, en q u an to que já foram desenvolvi dos, para a identificação dos norovírus, um a reação em cadeia da polim erase com transcriptase reversa e im unoensaios enzim áticos para a detecção de antígeno específico. A m ostras fecais deverão ser exam inadas p o r ensaios rápidos de im unofluorescência ou (m enos sensíveis) m icroscopia pad rão para os cistos de Giardia ou Cryptosporidium , se o grau de suspeição clínica da participação desses m i crorganism os for alto. Todos os pacientes com febre e evidências de doença inflam ató ria adquirida fora do hospital devem ter as fezes cultivadas para Sal monella, Shigella e Campylobacter. Salmonella e Shigella podem ser
QUADRO 128.5
Tratamento da diarréia dos viajantes com base nas manifestações clínicas3
Síndrome clínica
Tratamento sugerido
Diarréia aquosa (sem sangue nas fezes, sem febre), 1 ou 2 fezes malformadas por dia sem sintomas de desconforto intestinal
Líquidos orais (solução de rehidratação oral, Pedialyte, Lytren ou água mineral aromatizada) e biscoito cream cracker
Diarréia aquosa (sem sangue nas fezes, sem febre), 1 ou 2 fezes malformadas por dia com sintomas de desconforto intestinal
Subsalicilato de bismuto (para adultos): 30 mL ou 2 comprimidos (262 mg/comprimido) a cada 30 min por 8 doses; ou loperamida®: 4 mg inicialmente, seguidos por 2 mg após cada evacuação de fezes malformadas; não exceder 8 comprimidos (16 mg) por dia (dose prescrita) ou 4 drágeas (8 mg) por dia (dose vendida no balcão nos EUA); estes fármacos podem ser tomados por 2 dias
Diarréia aquosa (sem sangue nas fezes, sem sintomas de desconforto intestinal, sem febre), > 2 evacuações de fezes mal formadas por dia
Antibacterianoc mais (para adultos) loperamida* (ver dose acima)
Disenteria (evacuação de fezes sanguinolentas) ou febre (> 37,8°C)
Antibacterianoc
Vômitos, diarréia mínima
Subsalicilato de bismuto (para adultos: ver dose acima)
Diarréia em lactentes (< 2 anos)
Líquidos e eletrólitos (solução de rehidratação oral, Pedialyte, Lytren); continuar a alimentar, especialmente com leite materno, procurar auxílio médico para desidratação moderada, febre que dure > 24 h, fezes sanguinolentas ou para diarréia que dure mais que alguns dias
8Todos os pacientes deverão receber fluidos orais (Pedialyte, Lytren ou água mineral aromatizada) mais biscoitos cream craker. Se a diarréia se tomar moderada ou severa, se a febre persistir ou se
aparecerem fezes com sangue ou desidratação, o paciente deverá procurar assistência médica. 6A loperamida não deve ser usada por pacientes com febre ou disenteria. Seu uso pode prolongar a diarréia em pacientes com infecção por Shigella ou outros microrganismos invasivos. cOs antibacterianos recomendados são os seguintes: Viagem para país de alto risco que não a Tailândia:
Adultos: (1) uma fluorquinolona como o ciprofloxacino, 750 mg em dose única ou 500 mg 2 vezes/dia durante 3 dias; levofloxacino, 500 mg em dose única ou 500 mg 2 vezes/dia durante 3 dias; ou norfloxacino, 800 mg em dose única ou 400 mg 2 vezes/dia durante 3 dias. (2) Azitromicina, 1.000 mg em dose única ou 500 mg cada dia durante 3 dias. (3) Rifaximina, 200 mg 3 vezes/dia ou 400 mg 2 vezes/dia durante 3 dias (uso não recomendado nas disenterias).
Crianças: azitromicina, 10 mg/kg no dia 1; 5 mg/kg nos dias 2 e 3 se a diarréia persistir. Fármaco alternativo: furazolidona, 7,5 mg/kg/dia fracionados em quatro doses durante 5 dias. Viagem para a Tailândia (com risco de Campylobacter resistente a fluorquinolona):
Adultos: azitromicina (nas doses acima, para adultos). Fármaco alternativo: uma fluorquinolona (nas doses acima, para adultos). Crianças: o mesmo que para as crianças que viajam para outras áreas (ver anteriormente).
Fonte: Segundo Hillecol.
selecionadas no ágar de M acConkey com o colônias (incolores) não ferm entadoras de lactose ou ser cultivadas em ágar Salmonella-Shigella ou em caldo de enriquecim ento com selenita, os quais inibem a m aioria dos m icrorganism os, exceto esses patógenos. A avaliação da diarréia hospitalar deve, inicialm ente, enfocar o C. difficile; coproculturas para outros patógenos têm , nesse contexto, um a taxa de positividade baixíssim a e não apresentam relação custo-benefício fa vorável. As toxinas A e B produzidas p o r cepas patogênicas de C. di fficile são detectáveis p or im unoensaios enzim áticos rápidos e testes de aglutinação do látex (Cap. 129). O isolam ento do C. jejuni requer a inoculação de fezes frescas em m eios de crescim ento seletivos e in cu bação a 42°C em atm osfera m icroaerofílica. Em m uitos laboratórios nos EUA, a E. coli 0157:H 7 está entre os patógenos m ais com um ente isolados a p artir de fezes visivelm ente sanguinolentas. As cepas desse sorotipo êntero-hem orrágico podem ser identificadas p o r sorotipagem em laboratórios especializados, m as podem tam bém ser id enti ficadas presuntivam ente em laboratórios hospitalares, com o colônias indol-positivas, ferm entadoras de lactose e não ferm entadoras de sorbitol (colônias brancas) em placas de M acC onkey com sorbitol. Se a apresentação clínica sugerir a possibilidade de am ebíase intestinal, as fezes deverão ser exam inadas p or um ensaio rápido de detecção de antígeno ou (m enos sensível) po r m icroscopia.
TRATAMENTO
Diarréia infecciosa ou intoxicação alimentar bacteriana
Em m uitos casos, não há necessidade nem possibilidade de o rien tar o tratam ento por m eio de um diagnóstico específico. O m édi co pode agir contando com as inform ações obtidas da anam nese, no exame de fezes e na avaliação da gravidade da desidratação. O Q u ad ro 128.5 lista os esquem as em píricos para o tratam en to da diarréia dos viajantes.
O principal fun d am en to do tratam en to é a adequada reh i dratação. O tratam ento do cólera e de outras doenças diarréicas desidratantes sofreu um a revolução com o advento das soluções de rehidratação oral (SRO), cuja eficácia dependente da absorção de sódio e água facilitada pela glicose perm anecer intacta no in testino delgado, m esm o na presença da toxina colérica. O uso de SROs reduziu as taxas de letalidade do cólera de > 50% (em casos sem tratam ento) para < 1%. D iversas form ulações de SROs têm sido utilizadas. As preparações iniciais foram baseadas no trata m ento de pacientes com cólera e incluíram um a solução com 3,5 g de cloreto de sódio, 2,5 g de bicarbonato de sódio, 1,5 g de clo reto de potássio e 20 g de glicose (ou 40 g de sacarose) p or litro de água. Esta preparação ainda pode ser usada para o tratam ento de cólera severa. E ntretanto, m uitas causas de diarréia secretora estão associadas a um a m en o r p erd a de eletrólitos do que ocorre na cólera; com eçando em 2002, a O rganização M undial de Saúde recom endou um a SRO de “osm olaridade reduzida/sal reduzido”, que é m ais bem tolerada e m ais eficaz do .que a SRO clássica. Esta preparação contém 2,6 g de cloreto de sódio, 2,9 g de citrato trissódico, 1,5 g de cloreto de potássio e 13,5 g de glicose (ou 27 g de sacarose) p o r litro de água. As form ulações de SRO que contêm arroz ou outros cereais com o fonte de carboidrato podem ser a in da m ais eficazes que as soluções baseadas em glicose. Os pacien tes gravem ente desidratados ou nos quais os vôm itos im pedem o uso da terapia oral devem receber soluções EV, com o o lactato de Ringer. E m bora a m aioria das form as secretoras de diarréia dos via jantes (habitualm ente d ecorrente da E. coli enterotoxigênica ou enteroagregativa ou de Campylobacter) possa ser tratada eficien tem ente com rehidratação, subsalicilato de bism uto ou agentes antiperistálticos, os antim icrobianos podem reduzir a duração da
1089
doença de 3-4 dias para 24-36 horas. A influência das m odifica ções da dieta sobre a duração da doença nunca foi dem onstrada, e a eficácia dos probióticos continua em debate. A m aioria dos indivíduos que se apresenta com disenteria (diarréia com sangue e febre) deverá ser tratada em piricam ente com um agente an tim i crobiano (p. ex., um a fluoroquinolona ou um m acrolídio) e feita a análise m icrobiológica das fezes. Indivíduos com shiguelose d e verão ser tratados p o r um período de 3-7 dias. Indivíduos com infecção p o r Campylobacter tam bém costum am ser beneficiados pelo tratam ento antim icrobiano. Devido à resistência aum entada da Campylobacter às fluoroquinolonas, especialm ente em regiões da Ásia, poderá se optar p or um m acrolídio, com o a eritrom icina ou a azitrom icina, para os casos desta infecção. O tratam ento da salm onelose deverá ser dirigido a cada p a ciente. C om o a adm inistração de agentes an tim icrobianos em geral prolonga a colonização intestinal com Salmonella, esses fár m acos são reservados geralm ente aos indivíduos com alto risco de com plicações p or salm onelose dissem inada, com o crianças jovens, pacientes com aparelhos protéticos, pacientes idosos e in divíduos im unocom prom etidos. Os agentes antim icrobianos não deverão ser adm inistrados a indivíduos (especialm ente crianças) suspeitos de infecção p o r E. coli êntero-hem orrágica. Estudos de laboratório, realizados com cepas êntero-hem orrágicas de E. coli, dem onstraram que alguns antibióticos induzem a replicação de bacteriófagos lam bdoides produtores da toxina Shiga, au m en tan do, assim, significativam ente a produção de toxina p o r estas ce pas. Há estudos clínicos que apoiam tais resultados laboratoriais e o uso de antibióticos pode aum entar em vinte vezes o risco de síndrom e urêm ica-hem olítica e insuficiência renal d urante a in fecção êntero-hem orrágica p or E. coli. U m a pista clínica para o diagnóstico desta últim a infecção é a diarréia com sangue com febre baixa ou ausência de febre.
PROFILAXIA
Doenças Infecciosas 1090
Para que a prevalência das doenças diarreicas possa ser significati vam ente reduzida nos países em desenvolvim ento, é necessário p ro m over m elhoras na higiene destinadas a lim itar a dissem inação fecal-oral dos patógenos entéricos. Os viajantes podem reduzir o risco de diarréia ingerindo apenas alim entos quentes, cozidos recentem ente; evitando vegetais crus, saladas e frutas não descascadas; bebendo so m ente água fervida ou tratada; e evitando o gelo. É notório que p o u cos viajantes p ara áreas turísticas aderem a estas restrições da dieta. O subsalicilato de bism uto é um agente barato para a profilaxia da diarréia dos viajantes, sendo em pregado na dose de dois com pri m idos (525 m g) 4 vezes/dia. O tratam ento parece ser eficaz e seguro po r até três sem anas, porém podem ocorrer eventos adversos com o escurecim ento tem porário da língua e tinito. U m a m eta-análise su gere que o probiótico pode reduzir a probabilidade da dirréia do viajante em -15% . Os antim icrobianos profiláticos, em bora eficazes, geralm ente não são recom endados para a prevenção da diarréia dos
viajantes exceto quando estes estão im uno co m p ro m etid o s ou têm outras doenças subjacentes que os colocam em alto risco de m orbida de p o r infecção gastrintestinal. O risco de efeitos colaterais e a p ossi bilidade de desenvolver um a infecção p or m icrorganism os resistentes ao fárm aco ou p or um a bactéria m ais danosa e invasiva tornam mais razoável instituir um ciclo curto de tratam ento em pírico, caso surjam sintom as. Se a profilaxia for indicada, a rifaxim ina antibiótico não absorvido poderá ter seu uso considerado em regiões com o a A m éri ca Latina e África, onde a E. coli não invasiva predom ina com o agente etiológico da diarréia do viajante. A rifaxim ina não é eficaz contra enteropatógenos invasivos. A possibilidade de exercer um im pacto im p o rtan te na m o rb i dade e m ortalidade m undiais associadas às doenças diarreicas le vou a intensos esforços para desenvolver vacinas eficazes contra os patógenos entéricos bacterianos e virais m ais com uns. U m a vacina eficaz contra o rotavírus está atualm ente disponível. Vacinas contra S. typhi e V. cholerae tam bém se en contram disponíveis, em bora ofe reçam proteção incom pleta e/ou de curta duração. Atualm ente, não há vacina eficaz com ercialm ente disponível contra Shigella, E. coli enterotoxigênica, Campylobacter, Salmonella não tifoide, norovírus ou parasitas intestinais. A g r a d e c im e n t o s Agradecemos entusiasticam ente as substanciais contribuições de Joan R. Butterton, MD, autor deste capítulo nas edições anteriores.
BIBLIOGRAFIA C et al: F.stimating child mortality due to diarrhea in developing countries. Buli WHO 86:710, 2008 C h r i s t o p h e r P R et al: Antibiotic therapy for Shigella dysentry. Cochrane Databse Syst Rev August 4;(8):CD006784, 2010 C o h e n SH et al: Clinicai pratice guidelines for C lostridium Difficile infection in adults: 2010 update by the Society for Healthcare Epidemiology of America (SHEA) and the infectious Diseases Society of America (IDSA). Infect Control Hosp Epidemiol 31:431,2010 D u p o n t HL: Clinicai pratice. Bacterial diarrhea. N Engl J Med 361:1560,2009 H il l DR et al: The practice of travei medicine: Guidelines by the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis 43:1499,2006 ------- et al: Management of travellers’ diarrhea. BMJ 337:863, 2008 H o g e n a u e r C et al: Klebsiella oxytoca as a causative organism of antibiotic-associated hemorrhagic colitis. N Engl J Med 355:2418,2006 S a z a w a l S et al: Efficacy of probiotics in prevention of acute diarrhoea: A meta-analysis of masked, randomised, placebo-controlled trials. Lancet Infect Dis 6:374, 2006 S h a h N et al: Global etiology of traveler’s diarrhea: Systematic review from 1973 to the present. Am J Trop Med Hyg 80:609,2009 S o d h a S V et al: Foodborne disease, in M andell, Douglas, and B e n n e tfs Prin cipies and Practice o f Infectious Diseases, 7,h ed, GL Mandell et al (eds). Philadelphia, Churchill Livingstone, 2010, pp 1413-1427 . S t e i n e r T S , G u e r r a n t RL: Principies and syndromes of enteric infection, in B o s c h i- P in t o
M andell, Douglas, and B e n n e tfs Principies a n d Practice-of Infectious Dise ases, 7,h ed, GL Mandell et al (eds). Philadelphia, Churchill Livingstone,
2010, pp 1335-1351
CAPÍ TULO
129
Infecção por Clostridium difficile, Incluindo Colite Pseudomembranosa Dale N. Gerding Stuart Johnson ■ DEFINIÇÃO A infecção p or Clostridium difficile (ICD) é um a doença singular do colo adquirida quase exclusivam ente em associação ao uso de a n ti m icrobianos e conseqüente ataque da flora colônica norm al. A ICD, a doença diarreica hospitalar diagnosticada com m aior frequência, re sulta da ingestão de esporos de C. difficile que vegetam , m ultiplicam -se e secretam toxinas, causando diarréia e colite pseudom em branosa (CPM).
■ ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA
Os esporos do C. difficile toxigênicos são ingeridos; esses esporos so brevivem à acidez gástrica, germ inam no intestino delgado e coloni zam o trato intestinal inferior, onde elaboram duas grandes toxinas: a toxina A (um a enterotoxina) e a toxina B (um a citotoxina). Essas to xinas dão início a processos que levam à ruptura da função da barrei ra das células epiteliais, à diarréia e à form ação de pseudom em brana. A toxina A é um poderoso quim ioatraente dos neutrófilos, e am bas as toxinas glicosilam as proteínas de ligação do GTP da subfam ília Rho, que regulam o citoesqueleto celular de actina. D ados a pa rtir de estudos utilizando a degradação m olecular dos genes da toxina em m utantes isogênicos sugerem que a toxina B seja o fator essencial de virulência; essa possibilidade, se confirm ada, po d erá ser responsá vel pela ocorrência da doença clínica causada pelas cepas negativas para a toxina A. A degradação do citoesqueleto resulta em perda da form a, aderência e junções firm es das células, com conseqüente ex travasam ento de líquido. Um a terceira toxina, a toxina binária CDT, era anteriorm ente e n co n trad a em apenas -6 % das cepas; todavia, encontra-se presente em todos os isolados da cepa epidêm ica recém-reconhecida (ver C onsiderações globais, adiante). Esta toxina está relacionada com a toxina iota do C. perfringens e seu papel na patoge nia da ICD ainda não foi definido. As pseudom em branas da CPM restringem -se à m ucosa colôni ca e aparecem , inicialm ente, sob a form a de placas am arelo-esbranquiçadas de 1-2 m m . A m ucosa interposta possui aparência norm al; entretanto, com a evolução da doença, as pseudom em branas coalescem, form ando placas m aiores e tornando-se confluentes em toda a parede do colo (Fig. 129.1). Em geral, ocorre com prom etim ento de todo o colo; todavia, o reto é poupado em 10% dos pacientes. Q uan do exam inadas ao m icroscópio, as pseudom em branas possuem um ponto de fixação na m ucosa e contêm leucócitos necróticos, fibrina, m uco e restos celulares. O epitélio sofre erosão e necrose em áreas focais, com infiltração da m ucosa p o r neutrófilos. A princípio, acreditava-se que os pacientes colonizados com C. difficile corressem alto risco de ICD. E ntretanto, quatro estudos
Infecção por Clostridium difficile, Incluindo Colite...
O C. difficile é um bacilo G ram -positivo, fo rm ad o r de esporos e anaeróbio obrigatório cujos esporos são am plam ente encontrados na natureza, sobretudo no am biente hospitalar e em instituições de as sistência crônica. A ICD ocorre m ais frequentem ente em hospitais e clínicas geriátricas onde o uso de agentes antim icrobianos é intenso e o am biente está contam inado com esporos do C. difficile. A clindam icina, a am picilina e as cefalosporinas foram os p ri m eiros antibióticos associados à ICD. As cefalosporinas de segun da e terceira gerações, particularm ente a cefotaxim a, a ceftriaxona, a cefuroxim a e a ceftazidim a, são os agentes m ais frequentem ente responsáveis p or essa afecção, e as fluoroquinolonas (ciprofloxacino, levofloxacino e m oxifloxacino) constituem a classe m ais recente de fárm acos im plicados em surtos hospitalares. As com binações de p e nicilina/inibidores da betalactam ase, com o a ticarcilina/clavulanato e a piperacilina/tazobactam , encerram um risco significativam ente menor. Entretanto, foi constatado que todos os antibióticos, incluin do a vancom icina e o m etronidazol (os agentes m ais com um ente u ti lizados no tratam ento da ICD), estão associados a um risco de ICD subsequente. Foram relatados casos raros em pacientes sem exposi ção prévia a antibióticos. O C. difficile é adquirido de form a exógena, m ais frequentem ente no hospital e na internação dom iciliar, e encontrado nas fezes de p a cientes tanto sintom áticos quanto assintom áticos. A taxa de coloniza ção fecal atinge, com frequência, > 20% entre pacientes adultos h o s pitalizados p or m ais de um a sem ana; em contraste, a taxa é de 1-3% em residentes da com unidade. A ICD que ocorre na com unidade, sem hospitalização recente, contribui com 15.000 leucócitos (W BCs)/|xL. Esses pacientes correm alto risco de com pli cações da infecção p or C. difficile, p articularm ente m egacolo tóxico e sepse. A diarréia p o r C. difficile sofre recidiva após o tratam en to em -15-30% dos casos, e esse n ú m ero pode estar aum entando. A sus cetibilidade às recorrências p o d e m representar recidivas causadas pela m esm a cepa ou reinfecções p o r um a nova cepa. A recorrência da ICD clínica resulta, provavelm ente, do contínuo ataque da flora fecal norm al causado pelo antibiótico utilizado no tratam ento da ICD.
■ DIAGNÓSTICO O diagnóstico de ICD baseia-se em um a com binação de critérios clí nicos: (1) diarréia (> 3 evacuações de fezes não m oldadas a cada 24 horas, durante > 2 dias) sem outra causa aparente; e (2) detecção das toxinas A ou B nas fezes, detecção de C. difficile p rodutor de toxina nas fezes p or reação de polim erização em cadeia (PCR) ou cultura, ou observação de pseu d o m em b ran as no colo. A CPM representa um a form a mais avançada de ICD e pode ser visualizada na endoscopia em apenas -50% dos pacientes com diarréia com resultado posi tivo da coprocultura e ensaio da toxina de C. difficile (Q uadro 129.1). A endoscopia constitui um recurso diagnóstico rápido p ara pacientes gravem ente enferm os com suspeita de CPM e abdom e agudo; to d a via, a obtenção de um resultado negativo nesse exam e não exclui a possibilidade de ICD. Apesar da disponibilidade de um a série de testes p ara C. difficile e suas toxinas (Q u a d ro 129.1), n enhum exam e isolado possui alta sen sibilidade e especificidade e resultados rápidos. A m aioria dos testes laboratoriais, incluindo enzim aim unoensaio (ELISA), carece de sen sibilidade. Todavia, não se recom enda o exam e de m últiplas am ostras adicionais de fezes. Os ensaios de PCR foram agora aprovados como testes diagnósticos e parecem ser tanto rápidos quanto sensíveis, e n quanto conservam alta especificidade. O tratam en to em pírico será apropriado se houver forte suspeita de ICD em bases clínicas. Não se recom enda a avaliação de pacientes assintom áticos, exceto para fins de estudo epidem iológico. Em particular, os d en o m in ad o s testes de cura após tratam ento não são recom endados, visto que m uitos p a cientes continuam abrigando o m icrorganism o e a toxina após a re solução da diarréia, e os resultados dos exam es nem sem pre indicam recorrência da ICD. Por conseguinte, esses resultados não devem ser empregados para restringir o alojam ento de pacientes em instituições de assistência a longo prazo ou em clínicas geriátricas.
TRATAMENTO
Infecção por Clostridium difficile
ICD PRIMÁRIA Q uando possível, recom enda-se in terro m p er a adm inistração de qualquer agente antim icrobiano com o prim eira etapa no tratam ento da ICD. Os estudos prelim inares indicaram que 15-23% dos pacientes respondem a essa m edida simples. E n
QUADR0129.1
Sensibilidade e especificidade relativas dos testes diagnósticos para a infecção por Clostridium difficile (ICD)
Tipo de teste
Sensibilidade relativa3
Especificidade relativa3
Coprocultura para C. difficile
++++
+++
Teste de maior sensibilidade; a especificidade é + + + + se o teste para toxina do isolado de C. difficile for positivo; na presença de dados clínicos, é diagnóstico de ICD; tempo de realização muito lento para a prática clínica
Teste de citotoxina em cultura celular de fezes
+++
++++
Na presença de dados clínicos, é diagnóstico de ICD; altamente específico, mas não tão sensível quanto a coprocultura; tempo de realização lento
Enzimaimunoensaio para toxina A ou para as toxinas A e B nas fezes
++ a +++
+++
Na presença de dados clínicos, é diagnóstico de ICD; obtenção rápida dos resultados, porém não é tão sensível quanto a coprocultura ou o teste de citotoxina em cultura celular
Enzimaimunoensaio para antígeno comum de C. difficile nas fezes
+++ a ++++
+++
Detecta a glutamato desidrogenase encontrada em cepas toxigênicas e não toxigênicas do C. difficile e outros microrganismos fecais; mais sensível e menos específico do que o enzimaimunoensaio para toxinas; resultados rápidos
PCR para o gene da toxina B do C. difficile nas fezes
+
++++
Detecta C. difficile toxigênico nas fezes; recentemente aprovado para teste clínico, porém parece ser mais sensível do que o teste da toxina por enzimaimunoensaio e pelo menos tão específico quanto
Colonoscopia ou sigmoidoscopia
+
++++
Altamente específicas quando se observa a presença de pseudomembranas; insensíveis quando comparadas com outros exames
Comentário
*De acordo com critérios tanto clínicos quanto baseados nos testes.
Nota:++++, > 90%; + + + , 71-90%; ++ , 51-70%; +, -50% .
ticularm ente se apresentarem um a elevada contagem de W BCs (>15.000/ |jlL ) o u um nível de creatinina que seja >1,5 vezes m aior do que o valor p ré-m órbido (Q u a d ro 129.2). Pequenos ensaios random izados de nitazoxanida, bacitracina, rifaxim ina e ácido fusídico têm sido realizados para o tratam en to da ICD. Em bora estes fárm acos ainda não tenham sido estudados extensam ente, nem se m ostrado superiores ou aprovados pelo FDA para essa in dicação, fornecem alternativas potenciais para a vancom icina e o m etronidazol.
ICD RECORRENTE De m o d o global, -15-30% dos pacientes so frem recorrências da ICD, sejam com o recidivas causadas pelo m icrorganism o original, sejam com o reinfecções após o tratam en to. As taxas de recidiva são m aiores em pacientes com > 65 anos de idade, naqueles que continuam a tom ar antibióticos enquanto estão sendo tratados p ara ICD e entre aqueles que perm anecem no hospital após o episódio inicial de ICD. Os pacientes que so frem um a prim eira recorrência da ICD apresentam um a elevada taxa de segunda recorrência (33-65%). N a prim eira recorrência, o retratam ento com m etronidazol é com parável ao tratam ento com vancom icina (Q u a d ro 129.2). Foi atualm ente docum entado que a doença recorrente, outrora considerada relativam ente leve, está associada a um risco significativo (11%) de com plicações graves (choque, megacolo, perfuração, colectom ia ou m orte em 30 dias). Não existe nenhum tratam ento-padrão para as recorrências m úl tiplas; todavia, os ciclos longos ou repetidos d e ^ e tro n id a z o l de vem ser evitados, em virtu d e de sua neurotoxicidade potencial. As abordagens incluem a adm inistração de vancom icina, seguida do fungo Saccharomyces boulardiv, a adm inistração de vancom i cina seguida de enem a bacteriano fecal sintético; e a colonização intencional do paciente com u m a cepa não toxigênica de C. di fficile. N enhum a dessas abordagens bioterapêuticas foi aprovada pelo FDA p ara uso nos EUA. O u tras estratégias incluem (1) o uso de vancom icina em doses decrescentes ou com dosagem em pulsos em dias alternados, d urante 2-8 sem anas, e (2) tratam ento seqüencial com vancom icina (125 m g, 4 vezes/dia durante 10-14 dias), seguida de rifaxim ina (400 mg, 2 vezes/dia durante 14 dias). A im unoglobulina IV, que tam bém tem sido utilizada com algum sucesso, proporciona presum ivelm ente anticorpos contra as toxi nas do C. difficile.
Infecção por Clostridium difficile, Incluindo Colite...
tretanto, com o advento da atual cepa epidêm ica e a rápida dete rioração clínica associada de alguns pacientes, a instituição im e diata de um tratam ento específico para a ICD tornou-se padrão. As diretrizes gerais para o tratam ento incluem hidratar o paciente e evitar agentes antiperistálticos e opiáceos, que po d em m asca rar os sintom as e, possivelm ente, agravar a doença. E ntretanto, os agentes antiperistálticos têm sido utilizados com segurança em associação com vancom icina ou m etronidazol para a ICD leve a m oderada. Todos os fárm acos, em particular a vancom icina, devem ser adm inistrados p o r via oral, se possível. Q uando se adm inistra m etronidazol por via IV, são obtidas concentrações bactericidas fecais do fárm aco durante a diarréia aguda, e o tratam ento da ICD é bem -sucedido; todavia, na presença de íleo adinâm ico, o trata m ento da CPM com m etronidazol IV tem fracassado. Em estu dos random izados anteriores, as taxas de resposta da diarréia ao tratam ento oral com vancom icina ou com m etronidazol foram > 94%; entretanto, quatro estudos recentes de observação verifica ram um declínio das taxas de resposta ao m etronidazol para 6278%. Em bora o tem po m édio para a resolução da diarréia seja de 2-4 dias, a resposta ao m etronidazol pode ser m uito m ais lenta. Não se deve considerar a possibilidade de falha do tratam ento até que um fárm aco tenha sido a d m in istrad o du ran te pelo m enos seis dias. Com base em dados obtidos com ciclos m ais curtos de vancom icina, recom enda-se que o m etronidazol ou a vancom ici na sejam adm inistrados durante pelo m enos 10 dias, em bora não se disponha de com parações controladas. E m bora o m etro n id a zol não tenha sido aprovado para essa indicação pelo U. S. Food and D rug A dm inistration (FDA), porém a m aioria dos pacientes com doença leve ou m oderada responde a 500 m g VO, 3 vezes/ dia durante 10 dias; pode ser necessário estender o perío d o de tratam ento para aqueles que apresentam um a resposta m ais lenta. Além dos registros de aum entos nas falhas do tratam en to com m etronidazol, um estudo prospectivo random izado duplo-cego controlado po r placebo dem onstrou a superioridade da vancom i cina sobre o m etronidazol para o tratam en to da ICD severa. A m edida de avaliação da severidade neste estudo incluiu a idade e os parâm etros laboratoriais (tem peratura elevada, baixo nível de album ina ou contagem elevada de W BCs), docum entação da CPM por endoscopia ou tratam ento da ICD na unidade de tra ta m ento intensivo. Em bora ainda não esteja disponível a validação de um a m edida de severidade, é im portante iniciar o tratam ento com vancom icina oral para pacientes seriam ente doentes, p a r
ICD FULMINANTE 0U SEVERA COMPLICADA A ICD fulm inante (ra pidam ente progressiva e grave) representa o desafio m ais difícil quanto ao seu tratam ento. C om frequência, os pacientes com
1093
QUADRO 1 2 9 .2
Recomendações para o tratamento da infecção por Clostridium difficile (ICD) Comentários
Situação clínica
Tratamento(s)
Episódio iniciai, brando a moderado
Metronidazol oral (500 mg 3x/dia x 10-14 dias)
Episódio inicial, severo
Vancomicina oral (125 mg 4x/dia x 10-14 dias)
Indicadores de doença severa podem incluir leucocitose (>15.000 WBCs/pL) e nível de creatinina >1,5 vezes o valor pré-mórbido
Episódio inicial, complicado severo ou fulminante
Vancomicina (500 mg V0 ou via tubo nasogástrico) mais metronidazol (500 mg IV q8 horas) mais consideração
ICD complicada severa ou fulminante é definida como ICD severa com a adição de hipotensão, choque, íleo ou megacolo tóxico. A duração do tratamento poderá ser >2 semanas e é determinada pela resposta. Considerar o uso de tigeciclica (50 mg cada 12 horas após uma dose de ataque de 100 mg) no lugar do metronidazol.
Instilação retal de vancomicina (500 mg em 100 mL de salina normal como enema de retenção q6-8 horas)
Primeira recorrência
Semelhante ao do episódio inicial
Segunda recorrência
Vancomicina em regime de pulso
Regime de pulso típico: 125 mg 4x/dia x 10-14 dias, em seguida 2x/dia x 1 semana, em seguida 2-3 dias durante 2-8 semanas
Múltiplas recorrências
Considerar as seguintes opções:
0 único estudo controlado de tratamento para ICD recorrente usou S. boulardii e mostrou significância no limite, quando comparado ao placebo.
• Repetir vancomicina de pulso • Vancomicina (500 mg 4x/dia x 10 dias) mais Saccharomyces boulardii (500 mg bid x 28 dias) • Vancomicina (125 mg 4x/dia x 10-14 dias); em seguida interromper a vancomicina e iniciar a rifaximina (400 mg 2x/dia x 2 semanas) • Nitazoxanida (500 mg 2x/dia 10 dias) • Transplante fecal • Imunoglobulina IV (400 mg/kg)
Doenças Infecciosas
doença fulm inante não apresentam diarréia, e a sua doença si m ula um abdom e cirúrgico agudo. A sepse (hipotensão, febre, taquicardia, leucocitose) pode resultar da ID C grave. O abdom e agudo (com ou sem megacolo tóxico) pode incluir sinais de obs trução, íleo, espessam ento da parede colônica e ascite na T C do abdom e, frequentem ente com leucocitose do sangue periférico (> 20.000 W BCs/L). Haja ou não diarréia, o diagnóstico diferencial do abdom e agudo, da sepse ou do megacolo tóxico deverá incluir a ICD se o paciente recebeu antibióticos nos últim os dois meses. A sigm oidoscopia ou a colonoscopia efetuadas com cautela para visualizar a CPM e a TC do abdom e constituem os m elhores exa m es diagnósticos em pacientes sem diarréia. A conduta m édica na ICD fulm inante é subótim a, devido à dificuldade em fazer com que o m etronidazol ou a vancom icina adm inistrada por via oral alcance o colo na presença de íleo p a ralítico (Q u ad ro 129.2), Em estudos não controlados, a com bina ção de vancom icina (adm inistrada por sonda nasogástrica e p or enem a de retenção) m ais m etronidazol IV tem sido utilizada com algum sucesso, assim com o a tigeciclina IV em estudos não con trolados de pequena escala. A colectom ia cirúrgica poderá salvar a vida do paciente se não houver nenhum a resposta ao tratam ento clínico. Q uando possível, a colectom ia deverá ser realizada antes que o nível sérico de lactato atinja 5 m m oles/L. A incidência de ICD fulm inante que exige colectom ia parece estar aum entando na epidem ia em expansão.
■ PROGNÓSTICO A taxa de m ortalidade atribuída à ICD, que previam ente era de 0,63,5%, atingiu 6,9% em surtos recentes e aum enta progressivam ente com a idade. A m aioria dos pacientes recupera-se, porém as recor rências são comuns.
1094
■ PREVENÇÃOECONTROLE As estratégias para prevenção da IC D são de dois tipos: as que visam im pedir a transm issão do m icrorganism o para o paciente e aquelas que visam reduzir o risco de IC D q u a n d o o m icrorganism o já foi transm itido. A transm issão do C. difficile n a prática clínica tem sido evitada m ediante o uso de luvas pelos profissionais, elim inação do em prego de term ô m etro s eletrônicos c o n tam in ad o s e uso de um a solução de hipocloreto p a ra descontam inação am biental dos q u ar tos dos pacientes. A higiene das m ãos é essencial; recom enda-se a lavagem das m ãos n o s su rto s de ICD, visto que os géis de álcool para as m ãos não são esporicidas. Surtos de IC D já foram c o n tro lados com sucesso ao re strin g ir o uso de antibióticos específicos, com o a clindam icina e as cefalosporinas de segunda e de terceira gerações. Os surtos de IC D causados p o r cepas resistentes a clinda m icina tiveram um a resolução im ediata q u an d o se restringiu o uso da clindam icina.
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CAPÍ TULO
130
Infecções Sexualmente Transmissíveis: Considerações Gerais e Abordagem Clínica Jeanne M. Marrazzo King K. Holmes CLASSIFICAÇÃO E EPIDEMIOLOGIA
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FA et al: A comparison of vancomycin and metronidazole for the tre atment of C lostridium 4,5; (3) liberação de odor peculiar de peixe (atribuível a am inas voláteis, com o a trim etilam ina) im edia tam ente após a m istura das secreções vaginais com solução de KOH a 10%; e (4) dem onstração m icroscópica de “células indicadoras” (cé lulas do epitélio vaginal cobertas p o r m icrorganism os cocobacilares, que exibem aspecto granuloso e bordas indistintas; Fig. 130.3) em um a preparação a fresco efetuada pela m istu ra das secreções vaginais com solução salina norm al em um a relação de cerca de 1:1.
Infecções Sexualmente Transmissíveis: Considerações...
(Ver tam bém Cap. 215.) Em geral, a tricom oníase sintom ática p ro voca secreção vaginal profusa, amarela, p urulenta e hom ogênea, bem com o irritação vulvar, às vezes com inflam ação visível do epitélio vaginal e do vulvar, além de lesões petequiais no colo uterino (o de nom inado colo uterino em m orango, habitualm ente evidente apenas à colposcopia). O pH do líquido vaginal - norm alm ente < 4,7 - cos tum a elevar-se para 5 ou mais. Nas m ulheres com sinais e sintom as típicos de tricom oníase, o exam e m icroscópico da secreção vaginal m isturada com solução salina revela Trichomonas m óveis na m aioria dos casos de cultura positiva. Todavia, a m icroscopia com solução salina provavelm ente detecta apenas 50% de todos os casos, e, em especial na ausência de sinais ou sintom as, a cultura é em geral neces sária à detecção do m icrorganism o. O NAAT para T. vaginalis é tão sensível quanto a cultura ou m ais sensível, e o NAAT da u rina revelou prevalências surpreendentem ente altas desse patógeno entre hom ens em várias clínicas de DST nos EUA. O tratam en to dos casos assin tom áticos, bem com o sintom áticos, reduz as taxas de transm issão e im pede o desenvolvim ento posterior de sintom as.
dose oral única de 2 g m ostra-se efetivo e é m uito m ais barato do que os fárm acos alternativos. O tinidazol possui m eia-vida m ais longa do que o m etronidazol, causa m enos sintom as gas trin testin ais e m o stra-se especialm ente útil no tratam e n to da tricom oníase que não responde ao m etronidazol. O tratam ento dos parceiros sexuais - facilitado pelo fornecim ento de m e tro nidazol à paciente para que ela o dê a seu(s) parceiro(s), com a advertência de evitar o uso concom itante de álcool - reduz sig nificativam ente tanto o risco de reinfecção quanto o reservató rio da infecção; o tratam e n to do parceiro constitui o pad rão de cuidados. O tratam en to intravaginal com gel de m etronidazol a 0,75% não é confiável p ara a tricom oníase vaginal. O uso sistê m ico do m etronidazol é recom endado d urante to d a a gravidez. Em um grande estudo clínico random izado, o tratam ento da tri com oníase com m etronidazol du ran te a gravidez não reduziu a frequência de m orbidade p erinatal - e, na verdade, a aum entou; assim, o rastream ento de rotina de gestantes assintom áticas para tricom oníase não é recom endado.
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BV6: BVAB1 (verde) i- BVAB2 (verm elho) i DAPI (azul)
Figura 130.2 A amplificação do rDNA 16S pela PCR de ampla variedade no líquido vaginal de uma mulher com vaginose bacteriana mostra um cam po de bactérias hibridizando com sondas para a bactéria 1 associada a vaginose bacteriana (BVAB1, visível na forma de bastonete curvo, fino e verde) e para BVAB2 (vermelho). 0 detalhe mostra que o BVAB1 possui uma morfologia semelhante a do Mobiluncus (bastonete curvo). (Reimpressa, com autorização, de DN Fredricks et al.)
TRATAMENTO
Vaginose bacteriana
A dose-padrão de m etronidazol oral para o tratam ento da vagino se bacteriana é de 500 mg, 2 vezes/dia durante 7 dias. A dose ú n i ca de 2 g de m etronidazol VO, recom endada para a tricom oníase, produz taxas de cura de curto prazo significativam ente m ais b ai xas e não deve ser usada. O tratam ento intravaginal com crem e de clindam icina a 2% [um aplicador cheio (5 g que contêm 100 m g de fosfato de clindam icina) a cada noite durante 7 noites] ou com gel de m etronidazol a 0,75% [um aplicador cheio (5 g que co n têm 37,5 m g de m etronidazol) 2x/dia durante 5 dias] tam bém foi aprovado p ara uso nos EUA e não provoca reações adversas sistê micas; a resposta para estes dois tratam entos é sim ilar à resposta ao m etronidazol oral. O utras alternativas incluem clindam icina oral (300 m g 2x/dia durante 7 dias), óvulos de clindam icina (100 g por via intravaginal 1 vez ao deitar d urante 3 dias) e tinidazol oral
Doenças Infecciosas Figura 130.3 A preparação a fresco do líquido vaginal revela céluias indica doras típicas de vaginose bacteriana em uma mulher. Observar as margens obscurecidas das células epiteliais e o aspecto granuloso atribuível a numerosas bactérias aderentes (ampliado 400x). [Fotografia cedida por Lorna K. Rabe, reimpressa, com autorização, de S Hiliiere t al, in KKHolmes et al. (eds.). Sexually TransmittedDisea ses, 4th ed., New York, McGraw-Hiil, 2008]
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(1 g diariam ente p o r 5 dias ou 2 g diariam ente po r 3 dias). Infe lizm ente, a recidiva durante um longo prazo (isto é, vários meses depois) é com um após tratam ento oral ou intravaginal. U m estu do clínico random izado que com parou gel intravaginal contendo 37,5 m g de m etronidazol com um supositório contendo 500 mg de m etronidazol m ais nistatina (este últim o não com ercializado nos EUA) m ostrou taxas significativam ente m ais altas de recor rência com o esquem a de 37,5 mg; tal resultado sugere que o uso de doses m ais altas de m etronidazol pode ser im portante no tra tam ento intravaginal tópico. As recorrências p odem ser significa tivam ente dim inuídas com o uso duas vezes p or sem ana de gel de m etronidazol intravaginal para efeito supressor. C om o afirm ado acima, o tratam ento dos parceiros m asculinos com m etronidazol não im pede a recidiva da vaginose bacteriana. Esforços para reabastecer nú m ero s de lactobacilos vaginais que produzem peróxido de hidrogênio e provavelm ente susten tam a saúde vaginal não têm , em sua m aioria, obtido sucesso. E nquanto um estudo clínico random izado de lactobacilos inge ridos VO constatou um a redução na taxa de vaginose bacteriana recorrente, esse resultado ainda não foi confirm ado nem refutado, e um estudo clínico m ulticêntrico random izado conduzido nos EUA não encontrou n en h u m benefício pela inoculação intrava ginal repetida de um a espécie vaginal de Lactobacillus produtora de peróxido após tratam ento da vaginose bacteriana com m etro nidazol. Uma m etanálise de 18 estudos concluiu que a vaginose bacteriana durante a gravidez aum enta consideravelm ente o risco de parto prem aturo e aborto espontâneo. Todavia, a m aioria dos estudos de tratam ento intravaginal tópico da vaginose bacteriana com clindam icina d urante a gravidez não reduziu os desfechos adversos da gravidez. N um erosos estudos clínicos do tratam ento com m etronidazol oral durante a gravidez forneceram resultados inconsistentes, e um a revisão de C ochrane de 2007 concluiu que o tratam ento pré-natal de m ulheres com vaginose bacteriana m esm o daquelas com antecedentes de p a rto p rem atu ro - não reduziu o risco de p arto prem aturo. A Preventive Services Task Force dos EUA não recom enda desse m odo o exame de rotina de m ulheres grávidas para a vaginose bacteriana.
Prurido, queimação ou irritação vulvovaginais A candidíase vulvovaginal provoca p rurido, queim ação ou irritação vulvares, geralm ente sem sintom as de aum ento ou o d o r fétido da secreção vaginal. O herpes genital p o d e p ro d u z ir sintom as sem e lhantes, com lesões algum as vezes difíceis de distinguir das fissuras e da inflam ação causadas pela candidíase. O s sinais de candidíase vulvovaginal consistem em eritem a vulvar, edem a, fissuras e h iper sensibilidade. N a candidíase, u m a secreção vaginal escassa e b ra n ca algum as vezes assum e a form a de placas brancas sem elhantes à candidíase oral ou coalhos sem elhantes a queijo cottage, que aderem frouxam ente à m ucosa vaginal. A C. albicans responde p o r quase todos os casos de candidíase vulvovaginal sintom ática, que provavel m ente surgem de cepas endógenas de C. albicans que colonizaram a vagina ou o trato intestinal. A candidíase vulvovaginal com plicada inclui casos que sofrem recidiva quatro ou m ais vezes p o r ano, inusitadam ente graves, causados p o r espécies de Candida não albicans, ou que ocorrem em m ulheres com diabetes não controlado, debilita ção, im unossupressão ou gravidez. Além dos sintom as clínicos com patíveis, o diagnóstico de candi díase vulvovaginal envolve habitualm ente a dem onstração de pseudo-hifas ou hifas ao exame m icroscópico do líquido vaginal m istura do com solução salina ou KOH a 10% ou subm etido à coloração de Gram . O exame m icroscópico é m enos sensível do que a cultura, p o rém exibe m elhor correlação com os sintom as. A cultura é reservada para casos que não respondem aos agentes antim icóticos de prim eira linha padrões e é em pregada para elim inar a resistência ao imidazol ou azol (m uitas vezes associada com Candida glabrata) ou antes do início da terapia antifúngica supressora para a doença recorrente.
TRATAMENTO
M G /G C
Prurido, queimação ou irritação vulvovaginais
Os sinais e sintom as de candidíase vulvovaginal justificam o tra tam ento, que habitualm ente consiste na adm inistração intravaginal de qualquer um dos vários antibióticos im idazólicos (p. ex., m iconazol ou clotrim azol) durante 3 a 7 dias ou um a dose única de fluconazol oral (Q uadro 130.5). A com ercialização sem receita dessas preparações reduziu o custo do tratam ento e o to rn o u mais conveniente para m uitas m ulheres acom etidas de vulvovaginite recorrente p or leveduras. Todavia, a m aioria das m ulheres que com pram tais preparações não possui candidíase vulvovaginal, enquanto m uitas apresentam , na verdade, outras infecções vagi nais, que necessitam de tratam ento diferente. Por conseguinte, apenas as m ulheres com sintom as clássicos de p ru rid o vulvar e história de episódios prévios de vulvovaginite p o r leveduras, d o cum entados p or um clínico experiente, devem se autom edicar. O tratam ento intravaginal tópico a curto prazo com agentes azólicos é efetivo para o tratam ento da candidíase vulvovaginal não com plicada (p. ex., 2 com prim idos vaginais de 100 m g de clotrimazol, 1 vez/dia durante 3 dias, ou m iconazol, um supositório vaginal de 1.200 m g em dose única). O tratam en to oral em dose única com fluconazol (150 mg) tam bém é efetivo, e m uitos pacientes o preferem . O tratam ento dos casos com plicados (ver an te rio r m ente) e o dos que não respondem ao tratam ento oral intravagi nal ou em dose única habitual frequentem ente envolvem terapia oral prolongada ou periódica, situação extensam ente discutida em 2010 CD C STD, treatm ent guidelines, (http://www.cdc.gov/ std/treatm ent.). O tratam ento dos parceiros sexuais tam pouco é rotineiram ente indicado.
Outras causas de secreção vaginal ou vaginite
■ CERVICITE MUCOPURULENTA A cervicite m ucopurulenta (CM P) refere-se à inflam ação do epitélio colunar e subendotélio da endocérvice, bem com o de qualquer epi télio colunar contíguo exposto em posição ectópica na ectocérvice. A CM P em m ulheres representa o “parceiro silencioso” da uretrite nos hom ens, sendo igualm ente com um e, com frequência, causada pelos m esm os agentes (N. gonorrhoeae, C. trachomatis ou - conform e de m onstrado por estudos de controle de casos - M. genitalium); to d a via, é m ais difícil reconhecer a CM P do que a uretrite. A CMP, p o r ser a m anifestação mais com um dessas infecções bacterianas graves em m ulheres, pode ser um precursor ou sinal de infecção do trato genital superior, tam bém conhecida com o doença inflamatória pélvica (DIP; ver adiante). Nas gestantes, a CM P pode levar a com plicações obstétricas. Em um estudo prospectivo, realizado em Seattle (EUA), de 167 pacientes consecutivas com CM P [definida com base na presença de m ucopus endocervical am arelo ou > 30 leucócitos polim orfonucleares (PM N )/cam po m icroscópico com aum endo de m il vezes] exam i nadas em clínicas de DST durante a década de 1980, um pouco mais
de 33% das am ostras cervicovaginais, testadas para a C. trachomatis, N. gonorrhoeae, M. genitalium , HSV e T. vaginalis, não revelou ne nhum a etiologia identificável (Fig. 130.4). Mais recentem ente, um estudo em Baltimore usando NAATs para estes patógenos ainda não conseguiu identificar um a etiologia m icrobiológica em aproxim ada m ente um terço das 133 m ulheres com CMP. O diagnóstico de CM P baseia-se na detecção de sinais cardinais na cérvice, incluindo secreção m uco p u ru len ta am arela proveniente do óstio cervical, sangram ento endocervical após aplicação suave de swab, e ectopia cervical edem atosa (ver abaixo); os dois últim os acha dos são um tanto m ais com uns com CM P devido à infecção por clam ídia, m as sinais isolados não perm item um a distinção entre os p a tógenos causadores. Diferente da endocervicite causada p or infecção po r gonococos ou clam ídias, a cervicite pelo HSV provoca lesões ul cerativas sobre o epitélio escam oso estratificado da ectocérvice, bem com o sobre o epitélio colunar. O achado de m uco cervical am arelo sobre um swab branco rem ovido da endocérvice indica a presença de PM N. A coloração de G ram pode c o nfirm ar sua presença, em bora acrescente m uito pouco ao valor diagnóstico da avaliação para sinais cervicais. A presença de > 20 PM N /cam po m icroscópico de mil vezes no interior dos filam entos de m uco cervical não contam inado p or células epiteliais escam osas vaginais ou p o r bactérias vaginais in d i ca endocervicite. A detecção de diplococos G ram -negativos in tra celulares no m uco endocervical cuidadosam ente coletado é m uito específica de gonorreia, porém apresenta sensibilidade < 50%. Por conseguinte, são sem pre indicados testes específicos e sensíveis para a N. gonorrhoeae, bem com o para a C. trachomatis (p. ex., NAAT) na avaliação da CMP.
TRATAMENTO
Cervicite mucopurulenta
E m bora os critérios anteriorm ente descritos para a CM P não se jam altam ente específicos nem altam ente preditivos de infecção p or gonococos ou clam ídias em m uitas situações, as diretrizes dos C D C DST de 2010 solicitam que se considere o tratam ento em pírico da CM P enquanto se aguardam os resultados dos testes na m aioria dos pacientes. Deve-se instituir um tratam ento com anti bióticos ativos contra C. trachomatis em m ulheres com m aior ris co dessa IST com um (fatores de risco: idade < 25 anos, parceiros
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Infecções Sexualmente Transmissíveis: Considerações...
Na vaginite ulcerativa associada à sín d ro m e do choque tóxico estafilocócico, o Staphyiococcus aureus deve ser p ro n ta m e n te id e n tificado no líquido vaginal pela coloração de G ram e cultura. N a vaginite inflam atória descam ativa, os esfregaços do líquido vaginal revelam neutrófilos, esfoliação m aciça de células epiteliais vaginais com n ú m ero a u m en tad o de células parabasais e cocos G ra m -p o sitivos. Esta sín d ro m e po d e re sp o n d er ao tra ta m e n to com crem e de clindam icina a 2%, m uitas vezes a d m in istrad o em com binação com p rep araçõ es de e steroides tópicos d u ra n te várias sem anas. O u tras causas de vaginite e de sin to m as vulvovaginais consistem na retenção de c orpos e stran h o s (p. ex., tam p õ e s), diafragm as, esperm icidas vaginais, prep araçõ es ou d uchas an ti-sép ticas v ag i nais, atrofia epitelial vaginal (em m ulheres após a m en o p au sa ou d u ra n te a am am entação pro lo n g ad a no p e río d o p ó s-p a rto ), re a ções alérgicas a preservativos de látex, aftas vaginais associadas à infecção pelo H IV ou síndrom e de B ehçet e vestibulite (síndrom e pouco com preendida).
Figura 130.4 M icrorganism os detectados em pacientes em clínicas de DST com cervicite mucopurulenta (n = 167). GC, gonococo; CT, Chlamydia tra chomatis; MG, Mycoplasma genitalium; TV, Trichomonas vaginalis; HSV, herpesvírus simples. (Cortesia da Dra. Lisa Manhart; com autorização.)
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sexuais novos ou m últiplos e sexo desprotegido), particularm ente quando não é possível assegurar um acom panham ento. Indica-se a terapia concom itante para gonorreia se a prevenção dessa infecção for substancial na população p articular da paciente (p. ex., adultos jovens, clínica com prevalência alta docum entada). N esta situação, o tratam ento deve incluir um esquem a de dose única efetivo contra a gonorreia, juntam ente com tratam ento para a infecção p o r clam ídias, conform e delineado no Q uadro 130.4 para o tratam ento da uretrite. Nas situações em que a gonorreia é bem m enos com um do que a infecção p or clamídias, o tratam ento inicial da infecção por clamídias p or si só é suficiente, enquanto se aguardam os resultados dos testes para gonorreia. A etiologia e o benefício potencial do tratam ento da endocervicite não associada à gonorreia ou à infecção p or clam ídias ainda não foram estabele cidos. Em bora a sensibilidade do M. genitalium a antim icrobianos ainda não tenha sido bem definida, o m icrorganism o frequente m ente persiste após tratam ento com doxiciclina, e, na atualidade, parece razoável utilizar a azitrom icina para o tratam ento de p o s sível infecção p or M. genitalium nesses casos. O(s) parceiro(s) sexual(ais) de um a m ulher com CM P deve(m ) ser exam inado(s) e subm etido(s) a um esquem a sem elhante ao escolhido para a m u lher, a não ser que os resultados dos testes para gonorreia ou a infecção p o r clam ídias em um dos parceiros justifique um trata m ento diferente ou nenhum tratam ento.
■ ECTOPIA CERVICAL A ectopia cervical, frequentem ente designada de m o d o incorreto com o “erosão cervical”, é facilm ente confundida com a e ndocervi cite infecciosa. A ectopia advém da presença de epitélio colunar com apenas um a célula de espessura que se estende da endocérvice para a ectocérvice visível. Na ectopia, o óstio cervical pode conter m uco claro ou ligeiram ente turvo, mas não costum a haver secreção m uco purulenta amarela. A colposcopia revela um epitélio intacto. N orm al m ente encontrada durante a adolescência e no início da vida adulta, a ectopia regride de m odo gradual durante as segunda e terceira déca das de vida, à m edida que a m etaplasia escam osa substitui o epitélio colunar ectópico. O uso de contraceptivos orais favorece a persistên cia ou o reaparecim ento da ectopia, enquanto o tabagism o aparente m ente acelera a m etaplasia escamosa. A cauterização da ectopia não é justificada. A ectopia pode to rn ar a cérvice m ais suscetível a infec ções po r N. gonorrhoeae, C. trachomatis ou HIV.
■ DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA O term o doença inflamatória pélvica refere-se, habitualm ente, a um a infecção que ascende da cérvice ou da vagina para acom eter o e n dom étrio e/ou as tubas uterinas. A infecção pode estender-se além do trato reprodutor, causando peritonite pélvica, peritonite genera lizada, peri-hepatite, periesplenite ou abscesso pélvico. Raram ente, a infecção não relacionada com patógenos específicos sexualm ente transm issíveis estende-se secundariam ente para os órgãos pélvicos (1) a p artir de focos adjacentes de inflam ação (p. ex., apendicite, ileíte regional ou diverticulite), ou vaginose bacteriana, (2) em d ecorrên cia de dissem inação hem atogênica (p. ex., tuberculose ou bacterem ia estafilocócica) ou (3) com o com plicação de certas doenças tropicais (p. ex., esquistossom ose). A infecção in tra -u terin a pode ser p rim á ria (ocorrendo de m odo espontâneo e sendo, em geral, sexualm ente transm itida) ou secundária a procedim entos cirúrgicos intra-uterinos invasivos [p. ex., dilatação e curetagem , interrupção da gravidez, inserção de dispositivo intrauterino (DIU ) ou histerossalpingografía] ou ao parto.
Etiologia Os agentes m ais frequentem ente im plicados na D IP aguda incluem as causas prim árias de endocervicite (p. ex., N. gonorrhoeae e C. tra chomatis) e os m icrorganism os que podem ser considerados com po nentes de um a m icrobiota vaginal alterada. Em geral, a D IP é m ais frequentem ente causada p or N. gonorrhoeae em locais onde existe alta incidência de gonorreia - p or exemplo, nas populações de cida
des do interior nos EUA. Em estudos de controle de casos, o M. ge nitalium tam bém foi significativam ente associado a um diagnóstico histopatológico de endom etrite e à salpingite. M icrorganism os anaeróbios e facultativos (particularm ente espé cies de Prevotella, peptoestreptococos, E. coli, Haemophilus influen zae e estreptococos do grupo B), bem com o m icoplasm as genitais, foram isolados de am ostras de líquido peritonial ou das tubas u teri nas em um a proporção variável de m ulheres com DIP (25 a 33%) es tudadas nos EUA. A dificuldade de determ inar a exata etiologia m i crobiana de um caso de DIP - com exceção do uso de procedim entos invasivos para a coleta de am ostras - tem implicações na abordagem do tratam ento antim icrobiano em pírico dessa infecção.
Epidemiologia Nos EUA, o núm ero anual estim ado de atendim entos iniciais em consultórios m édicos para a D IP p o r m ulheres de 15 a 44 anos de idade caiu de um a m édia de 400.000 d urante a década de 1980 para 250.000 em 1999 e, a seguir, para 104.000 em 2008. A hospitalização para a DIP aguda nos EUA tam bém teve um declínio uniform e no decorrer dos anos 80 e no início da década de 1990, porém perm ane ceu bastante constante em 70.000 a 100.000 po r ano desde 1995. Os fatores de risco im portantes para a D IP aguda consistem na presença de infecção endocervical ou vaginose bacteriana, história de salpingi te ou de aplicação recente de ducha vaginal, e inserção recente de um DIU. O utros fatores iatrogênicos, com o dilatação e curetagem ou cesárea, podem aum entar o risco de DIP, especialm ente entre m ulheres com infecção endocervical p o r gonococos ou clam ídias, ou vaginose bacteriana. C om frequência, os sintom as de D IP associada à N. go norrhoeae e C. trachomatis com eçam durante ou logo após o período m enstruai, sugerindo que a m enstruação constitui um fator de risco de infecção ascendente a p a rtir do colo e da vagina. A inoculação experim ental das tubas uterinas em prim atas não hum anos m ostrou que a exposição repetida à C. trachomatis leva a um grau m áxim o de inflam ação e lesão dos tecidos; p o r conseguinte, a im unopatologia provavelm ente contribui para a patogenia da salpingite causada p o r clamídias. As m ulheres em uso de contraceptivos orais parecem correr risco dim inuído de D IP sintom ática, e a esterilização tubária dim inui o risco de salpingite, u m a vez que im pede a dissem inação intralum inal da infecção no interior das tubas.
Manifestações clínicas Endometrite: uma síndrome clínicopatológica
U m estudo de m ulhe res com suspeita clínica de D IP subm etidas a biópsia endom etrial e laparoscopia m ostrou que as m ulheres acom etidas apenas com endo m etrite diferiam daquelas que tam bém apresentavam salpingite por terem um a frequência significativam ente m enor de hipersensibilida de no quadrante inferior, anexos ou m obilização do colo uterino, ou descom pressão abdom inal, de febre ou de níveis elevados de proteína C reativa. Além disso, as m ulheres que apresentavam apenas en d o m etrite diferiram das sem e n d o m etrite n em salpingite p o r terem com m ais frequência gonorreia, infecção p o r clam ídias e fatores de risco, com o uso de duchas ou de D IU Por conseguinte, as m ulheres com endom etrite apenas se encontraram em um a posição interm e diária entre aquelas sem endom etrite nem salpingite e as acom etidas de salpingite no que diz respeito aos fatores~de risco, m anifestações clínicas, prevalência de infecção cervical e níveis elevados de proteína C reativa. As m ulheres com endom etrite apenas correm m enor risco de oclusão tubária subsequente e conseqüente infertilidade do que aquelas que apresentam salpingite.
Salpingite
Os sintom as de salpingite não tuberculosa evoluem clas sicam ente a p artir de um a secreção vaginal am arela ou fétida, causa da p o r CM P e/ou vaginose bacteriana, para o aparecim ento de dor abdom inal na linha m ediana e sangram ento vaginal anorm al cau sados pela endom etrite, bem como, finalm ente, para quadro de dor abdom inal inferior e pélvica bilateral causada pela salpingite, acom panhada de náuseas e vôm itos, e aum ento da hipersensibilidade do abdom e à palpação, quando há desenvolvim ento de peritonite. A dor abdom inal na salpingite não tuberculosa é habitualm ente descrita com o vaga ou surda. Em alguns casos, a dor está ausente ou
é atípica; todavia, são detectadas alterações inflam atórias ativas no decorrer de um a avaliação ou procedim ento não relacionado, com o exam e laparoscópico para infertilidade. O san g ram en to uterino anorm al precede ou coincide com o início da dor em cerca de 40% das m ulheres com DIP, ocorrem sintom as de uretrite (disúria) em 20%, e, em certas ocasiões, são observados sintom as de proctite (dor anorretal, tenesm o e secreção ou sangram ento retais) em m ulheres com infecção gonocócica ou po r clamídias. O exame com espéculo m ostra sinais de CM P (secreção e n d o cervical amarela, sangram ento endocervical facilm ente induzido) na m aioria das m ulheres com D IP gonocócica ou p o r clam ídias. A h i persensibilidade à m obilização cervical é produzida pelo estiram ento dos ligam entos anexiais para o lado em que o colo uterino é em p u r rado. O exame bim anual revela hipersensibilidade do fundo uterino, devido à endom etrite, e hipersensibilidade anorm al dos anexos, habi tualm ente devido à salpingite, não necessariam ente bilateral. É possí vel palpar um a tum efação anexial em cerca da m etade das m ulheres com salpingite aguda, porém a avaliação dos anexos em um a paciente com hipersensibilidade pronunciada não é confiável. A tem peratura inicial é > 38°C em apenas cerca de 33% das pacientes com salpingite aguda. Os achados laboratoriais consistem em elevação da velocidade de hem ossedim entação (VHS) em 75% das pacientes com salpingite aguda e elevação da contagem dos leucócitos do sangue periférico em até 60%. D iferente da salpingite não tuberculosa, a tuberculose genital ocorre frequentem ente em m ulheres de idade m ais avançada, m u i tas das quais passaram da m enopausa. Os sintom as de apresentação consistem em sangram ento vaginal anorm al, d or (incluindo dism e norreia) e infertilidade. Cerca de 25% dessas m ulheres tiveram m as sas anexiais. A biópsia endom etrial revela granulom as tuberculosos e fornece am ostras ótim as p ara cultura.
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Infecções Sexualmente Transmissíveis: Considerações...
Peri-hepatite e periapendicite Verificam-se dor pleurítica e hipersen sibilidade na parte superior do abdom e, habitualm ente localizadas no quadrante superior direito (QSD) em 3 a 10% das m ulheres com DIP aguda. Os sintomas de peri-hepatite surgem durante ou após o apare cim ento dos sintomas de DIP e podem obscurecer os sintom as na p ar te inferior do abdom e, levando, assim, a um diagnóstico incorreto de colicistite. Em talvez 5% dos casos de salpingite aguda, a laparoscopia precoce revela inflam ação periepática, que varia desde edem a e eri tem a da cápsula hepática até um exsudato com aderências fibrinosas entre os peritônios visceral e parietal. Q uando o tratam ento é adiado e a laparoscopia é realizada tardiam ente, podem -se observar aderências densas em “cordas de violino” sobre o fígado; quando existe tração sobre as aderências, ocorre dor crônica no QSD postural ou aos es forços. Em bora a peri-hepatite, tam bém conhecida com o síndrome de Fitz-Hugh-Curtis, tenha sido especificam ente atribuída à salpingite gonocócica durante m uitos anos, a m aioria dos casos atualm ente é atribuída à salpingite por clamídias. Em pacientes com salpingite por clamídias, os títulos séricos de anticorpos, revelados p or im unofluorescencia, dirigidos contra a C. trachomatis - m ostram -se m uito mais elevados na presença de peri-hepatite do que na sua ausência. Os achados físicos consistem em hipersensibilidade do QSD bem como, em geral, hipersensibilidade dos anexos e cervicite m esm o em pacientes cujos sintom as não sugerem salpingite. Os resultados das provas de função hepática e a ultrassonografia do QSD quase sempre são norm ais. A presença de CMP e de hipersensibilidade pélvica, em um a m ulher jovem com dor pleurítica subaguda no QSD e ultrassono grafia norm al da vesícula biliar, indica um diagnóstico de peri-hepatite. A periapendicite (serosite apendicular sem o com prom etim ento da m ucosa intestinal), que tem sido observada em cerca de 5% das pacientes subm etidas a apendicectom ia devido à suspeita de ap en dicite, pode ocorrer com o com plicação da salpingite gonocócica ou po r clamídias. Nas mulheres com salpingite, a infecção pelo HIV está associada à m aior gravidade da salpingite e ocorrência de abscesso tubo-ovariano, exigindo hospitalização e drenagem cirúrgica. Todavia, entre as m ulhe res com infecção pelo H IV e salpingite, a resposta clínica ao tratam ento antimicrobiano convencional (associado à drenagem do abscesso tubo-ovariano, quando presente) tem sido habitualm ente satisfatória.
Diagnóstico O tratam ento apropriado da DIP não deve ser negado em pacien tes cujo diagnóstico é equívoco; é m elhor pecar p or excesso tanto no diagnóstico quanto no tratam ento. Por outro lado, é essencial dife renciar a salpingite de outra patologia pélvica, particularm ente em er gências cirúrgicas, com o apendicite e gravidez ectópica. N enhum exame, a não ser a laparoscopia, consegue identificar definitivam ente a salpingite; todavia, a laparoscopia de rotina para confirm ar a suspeita de salpingite não é geralm ente prática. A m aio ria das pacientes com DIP aguda apresenta dor abdom inal baixa de m enos de 3 sem anas de duração, hipersensibilidade pélvica ao exame bim anual da pelve e sinais de infecção do trato genital inferior (p. ex., CM P). Cerca de 60% dessas pacientes apresentam salpingite à laparoscopia, e talvez 10 a 20% tenham apenas endom etrite. Nas p a cientes com tais achados, a tem peratura retal > 38°C, a presença de m assa anexial palpável e a elevação da VHS para > 1 5 m m /h tam bém aum entam a probabilidade de salpingite, que tem sido detectada à la paroscopia em 68% das pacientes com um desses achados adicionais, em 90% das pacientes com dois e em 96% das pacientes com três. Entretanto, apenas 17% das pacientes com salpingite confirm ada por laparoscopia tinham os três achados adicionais. Nas m ulheres com dor e hipersensibilidade pélvicas, o aum ento no núm ero de PM N (30 por cam po m icroscópico de m il vezes nos filam entos do m uco cervical) ou um núm ero m aior de leucócitos do que de células epiteliais no líquido vaginal (na ausência de vaginite p or Trichomonas, que tam bém p roduz PM N na secreção vaginal) elevam o valor preditivo do diagnóstico clínico de DIP aguda, assim como o início com a m enstruação, história de sangram ento m enstruai anorm al recente, presença de DIU, história de salpingite e exposição sexual a parceiro com uretrite. O diagnóstico de apendicite ou de ou tra afecção do intestino é favorecido pelo início precoce de anorexia, náuseas ou vôm itos; pelo aparecim ento de dor depois do 14° dia do ciclo m enstruai; ou pela do r unilateral lim itada ao quadrante inferior direito ou esquerdo. Sem pre que se considera o diagnóstico de DIP, devem -se efetuar ensaios séricos para a (3-gonadotropina coriônica hum ana; esses testes são habitualm ente positivos na gravidez ectópi ca. A ultrassonografia e a RM podem ser úteis para a identificação de abscesso tubo-ovariano ou pélvico. A RM das tubas tam bém pode revelar aum ento do diâm etro tubário, presença de líquido no interior das tubas ou espessam ento de suas paredes nos casos de salpingite. O principal e incontestável valor da laparoscopia em m ulheres com dor abdom inal baixa consiste na exclusão de outros problem as cirúrgicos. Alguns dos problem as m ais com uns e m ais graves que podem ser confundidos com salpingite (p. ex., apendicite aguda, gravidez ectópica, sangram ento do corpo lúteo, tu m o r ovariano) são unilaterais. A dor ou a presença de m assa pélvica unilaterais, apesar de incom patíveis com DIP, constituem forte indicação para a lapa roscopia, a não ser que o quadro clínico justifique a sua realização. O utras indicações com uns para a laparoscopia consistem em achados clínicos atípicos, com o ausência de infecção do trato genital inferior, om issão de um período m enstruai, teste de gravidez positivo ou au sência de resposta ao tratam ento apropriado. A biópsia endom etrial é relativamente sensível e específica para o diagnóstico de endom etrite, que se correlaciona de m odo satisfatório com a presença de salpingite. As am ostras obtidas com swab endocervical devem ser exam ina das pelas NAATs para N. gonorrhoeae e C. trachomatis. Em um nível m ínim o, o líquido vaginal deve ser avaliado para a presença de PMNs e secreções endocervicais idealm ente devem ser avaliadas por colora ção de Gram na pesquisa de PM N e diplococos G ram -negativos, que indicam infecção gonocócica. O diagnóstico clínico de DIP estabe lecido p or ginecologistas experientes é confirm ado p o r laparoscopia ou biópsia endom etrial em cerca de 90% das m ulheres que tam bém apresentam culturas positivas para N. gonorrhoeae ou C. trachoma tis. M esm o entre as m ulheres sem sintom as sugestivos de DIP aguda que foram atendidas em u m a clínica de DST ou de ginecologia em Pittsburgh (EUA), a endom etrite esteve associada significativam ente à gonorreia endocervical ou à infecção p o r clam ídias ou à vaginose bacteriana, detectadas, respectivam ente, em 26, 27 e 15% das m ulhe res com essas afecções.
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TRATAMENTO
Doença inflamatória pélvica
Em 2010, as diretrizes dos CDC recom endaram a instituição de tratam ento em pírico para a DIP em m ulheres jovens sexual m ente ativas e outras m ulheres com risco de D IP se estiverem se queixando de dor pélvica ou abdom inal baixa, se não foi possível identificar nenhum a outra causa para a dor, e se o exame pélvico revelar um ou m ais dos seguintes critérios de DIP: hipersensibili dade à m obilização cervical, hipersensibilidade uterina ou h ip er sensibilidade dos anexos. As m ulheres com suspeita de DIP podem ser tratadas em am bulatório ou no hospital. No estudo clínico m ulticêntrico Pelvic Inflam m atory Disease Evaluation e C linical H ealth (PEACH ), 831 m ulheres com sinais e sintom as leves a m oderadam ente gra ves de DIP foram random izadas para receber tratam en to h o s pitalar com cefoxitina e doxiciclina intravenosa, ou tratam ento am bulatorial com dose in tram uscular única de cefoxitina m ais doxiciclina oral. Os desfechos m icrobiológicos e clínicos a curto prazo, assim com o os desfechos a longo prazo foram equivalentes em am bos os grupos. E ntretanto, deve-se considerar a hospitali zação da paciente quando (1) o diagnóstico for incerto, e certas em ergências cirúrgicas, com o apendicite e gravidez ectópica, não puderem ser excluídas, (2) a paciente estiver grávida, (3) houver suspeita de abscesso pélvico, (4) a presença de doença grave ou náuseas e vôm itos im pedirem o tratam en to am bulatorial, (5) a paciente possuir infecção pelo HIV, (6) a paciente for conside rada incapaz de seguir ou tolerar um esquem a am bulatorial, ou (7) a paciente não tiver respondido ao tratam ento am bulatorial. Alguns especialistas tam bém preferem hospitalizar adolescentes com DIP para o tratam ento inicial, em bora as m ulheres m ais jo vens respondam tão bem quanto as m ulheres de m ais idade ao tratam ento ambulatorial. Os esquem as de com binação recom endados para o tratam e n to am bulatorial ou parenteral da DIP são apresentados no Q u a d ro 130.6. As m ulheres tratadas no am bulatório devem receber um esquem a com binado com ampla atividade, com o a ceftriaxo na, para co bertura de possível infecção gonocócica, seguida de
QUADRO 130.6 Esquemas antimicrobianos combinados recomendados para tratamento ambulatorial ou para tratamento parenteral da DIP
Doenças Infecciosas
Esquemas ambulatoriais3
Esquemas parenterais
Ceftriaxona, 250 mg IM em dose única mais Doxiciclina, 100 mg V0 2 vezes/ dia durante 14 dias maisf
Iniciar o tratamento parenteral com um dos seguintes esquemas; continuar o tratamento parenteral até 48 h após a melhora clínica; a seguir, mudar para o tratamento ambulatorial, conforme descrito no texto
Metronidazol, 500 mg V0 2 vezes/dia durante 14 dias
Esquema A Cefotetana, 2 g IV a cada 12 h ou Cefoxitina, 2 g IV a cada 6 h mais Doxiciclina, 100 mg IV ou V0, a cada 12 h
Esquema B Clindamicina, 900 mg IV a cada 8 h mais Gentamicina, dose de ataque de 2 mg/kg IV ou IM: a seguir, dose de manutenção de 1,5 mg/kg a cada 8 h aVer o texto para discussão de opções no paciente que é intolerante a cefalosporinas. "Alguns especialistas recomendam a adição de metronidazol, particularmente se houver presen ça de vaginose bacteriana.
Fonte: Adaptado dos Centers for Disease Control and Prevention: MMWR Recomm Rep 59(RR12):1, 2010.
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doxiciclina (para cobertura de possível infecção p o r clam ídias). Pode-se acrescentar o m etronidazol, quando tolerado, para a u m entar a atividade contra anaeróbios; este acréscim o deve ser for tem ente considerado se a vaginose bacteriana for docum entada. A inda que poucos estudos clínicos m etodologicam ente consisten tes (particularm ente com acom panham ento prolongado) tenham sido conduzidos, um a m etanálise sugeriu um benefício em p ro porcionar boa cobertura contra anaeróbios. N em a doxiciclina, nem as fluoroquinolonas fornecem , nos dias de hoje, cobertura confiável para a infecção gonocócica. As sim , o tratam ento oral adequado de m ulheres com séria intole rância a cefalosporinas é um desafio. Se as penicilinas forem um a opção, a am oxicilina/ácido clavulânico com binados com doxici clina tem produzido um a resposta clínica de curto prazo em um ensaio clínico. Se as fluoroquinolonas forem a única opção e se a prevalência na com unidade e o risco individual para gonorreia são conhecidos com o baixos, a levofloxacina oral (500 m g um a vez ao dia) ou ofloxacina (400 m g duas vezes ao dia) po r 14 dias, com ou sem m etronidazol, pode ser considerado. Neste caso, é im perativo executar um teste diagnóstico sensível para gonorreia (de m aneia ideal, cultura para testar a suscetibilidade antim icrobiana) antes de iniciar a terapia. Para aquelas m ulheres cujo DIP envolve a go norreia resistente à quinolona, o tratam ento é incerto, mas pode incluir gentam icina parenteral ou azitrom icina oral, em bora este últim o agente não tenha sido estudado para este propósito. Para pacientes hospitalizadas, os dois esquem as parenterais a seguir forneceram resultados quase idênticos em um estudo clíni co random izado m ulticêntrico: 1. doxiciclina (100 m g 2 vezes/dia, adm inistrados p or vias IV ou VO) m ais cefotetana (2 g IV a cada 12 h) ou cefoxitina (2 g IV a cada 6 h). A adm inistração desses fárm acos deve ser m antida IV durante pelo m enos 48 h após a m elhora do estado da paciente, sendo seguida de doxiciclina oral (100 mg, 2 vezes/dia) para com pletar 14 dias de tratam ento; 2 clindam icina (900 m g IV a cada 8 h) m ais gentam icina (2 m g/kg IV ou IM, seguidos de 1,5 m g/kg a cada 8 h) em p a cientes com função renal norm al. O uso de um a dose única diária de gentam icina (com binando a dose diária total em um a única dose ao dia) não foi avaliado na DIP, porém tem sido eficaz em outras infecções graves e pode substituir o esquem a convencional. O tratam e n to com esses fárm acos deve ser m antido durante pelo m enos 48 h após m elhora do estado da paciente, sendo, então, seguido de doxiciclina oral (100 m g 2 vezes/dia) ou clindam icina (450 m g 4 vezes/dia) para com pletar 14 dias de tratam ento. N os casos de abscesso tubo-ovariano, a continuação do tratam ento com clindam i cina em lugar de doxiciclina proporciona m elhor cobertura para a infecção por anaeróbios.
ACOMPANHAMENTO As pacientes hospitalizadas devem apresentar um a considerável melhora clínica em 3 a 5 dias. As múlheres tratadas em ambulatório devem ser reavaliadas clinicamente em 72 h. Um in quérito por telefone para acom panham ento de m ulheres atendidas no departam ento de emergência e liberadas com prescrição de doxi ciclina oral durante 10 dias para o tratam ento da DIP verificou que 28% nunca seguiram a prescrição, enquanto 41% interrom peram precocemente a medicação (depois de 4,1 dias em média) frequen tem ente devido à persistência dos sintom as, ausência de sintomas ou ocorrência de efeitos colaterais. As m ulheres que não respondem favoravelmente ao tratam ento am bulatorial devem ser hospitaliza das para tratam ento parenteral e avaliação diagnóstica adicional, incluindo consideração de laparoscopia. Os parceiros sexuais devem ser avaliados e tratados de m odo empírico para gonorreia e infecção por clamídias. Uma vez concluído o tratam ento, devem-se efetuar testes para detectar a persistência ou recorrência da infecção por N. gonorrhoeae ou C. trachomatis se os sintomas persistirem ou sofre rem recidiva, ou se a paciente não tiver seguido o tratam ento ou tiver sido reexposta a parceiro sexual que não foi tratado.
CIRURGIA A cirurgia é necessária para o tratam ento da salpingite apenas no contexto de infecção potencialm ente fatal (com o ru p tura ou am eaça de ru p tu ra de abscesso tubo-ovariano) ou para drenagem de abscesso. Os procedim entos cirúrgicos conservado res são habitualm ente suficientes. C om frequência, os abscessos pélvicos podem ser drenados por colpotom ia posterior, e pode-se utilizar a lavagem peritonial p ara a p eritonite generalizada.
Prognóstico As seqüelas tardias consistem em infertilidade decorrente de oclusão tubária bilateral, gravidez ectópica devido a cicatrização tubária sem oclusão, d or pélvica e salpingite recorrente. O risco global de inferti lidade após salpingite, em virtude de oclusão tubária, em um grande estudo realizado na Suécia, foi de 11% após um episódio de salpingi te, de 23% após dois episódios e de 54% após três ou m ais episódios. Um estudo da U niversidade de W ashington verificou um aum ento de sete vezes no risco de gravidez ectópica e de oito vezes na taxa de histerectom ia após DIP.
Prevenção Um estudo clínico controlado e random izado concebido para deter m inar se a triagem seletiva da infecção po r clam ídias reduz o risco de D IP subsequente m ostrou que as m ulheres random izadas para subm eter-se a triagem tiveram , no ano seguinte, u m a taxa de DIP 56% m enor que a das m ulheres que receberam os cuidados habituais sem triagem . Esse relato levou à elaboração de diretrizes nacionais nos EUA para triagem de m ulheres jovens para clam ídias, com base no risco, visando reduzir a incidência de DIP e prevalência de se qüelas após DIP, além de dim inuir tam bém a transm issão sexual de C. trachomatis. O C D C e o Preventive Services Task Force dos EUA recom endaram que as m ulheres sexualm ente ativas com CIM). Ver Quadro 133.4.
QUADRO 133.4 índices farmacodinâmicos das principais classes de antimicrobianos Parâmetro previsor da resposta
paciente determ inam a incidência e tipo de efeito colateral que p o dem ser esperados de certos antibacterianos.
■ LOCAL DA INFECÇÃO Fármaco ou classe de fármaco
Tempo acima da CIM
Penicilinas, cefalosporinas, carbapenemas, aztreonam
ASC das 24 h/CIM
Aminoglicosídios, fluoroquinolonas, tetraciclinas, vancomicina, macrolídios, clindamicina, quinupristina/dalfopristina, tigeciclina, daptomicina
Concentração máxima/CIM
Aminoglicosídios, fluoroquinolonas
Nota: CIM, concentração inibitória mínima; ASC, área sob a curva de concentração.
patógeno previsto), m uitas vezes em longos intervalos (com relação à m eia-vida sérica). O uso de am inoglicosídios em dose única diária é um a conseqüência prática dessas relações. O utra estratégia é a ad m i nistração de doses m ais altas de vancom icina do que aquelas usadas no passado (p. ex., m ais de 2 g/dia para um adulto com função renal norm al) com a finalidade de aum entar a razão ASC/CIM em um es forço de m elhorar as taxas de resposta dos pacientes infectados p or S. aureus resistentes à m eticilina (MRSA). Por outro lado, as estratégias posológicas para antibióticos dependentes do tem po ressaltam a m a nutenção de concentrações séricas superiores à CIM para 30 a 50% do intervalo entre as doses. Por exemplo, alguns m édicos recom en dam infusões prolongadas - ou até m esm o constantes - de alguns antibióticos (3-lactâmicos, com o os carbapenens e os (3-lactâmicos/ inibidores da (3-lactamase para aum entar T > CIM entre as doses. As implicações clínicas dessas relações farm acodinâm icas continuam sendo elucidadas; a sua consideração levou à esquem as posológicos mais racionais de antibacterianos. O Q u a d ro 133.4 resum e as p ro priedades farm acodinâm icas das principais classes de antibióticos.
■ ESTADO DO HOSPEDEIRO
■ QUIMIOTERAPIA EM ASSOCIAÇÃO U m dos princípios da q u im ioterapia an tibacteriana é o de que se deve instituir a quim ioterapia m ais específica possível se a bactéria infecciosa foi identificada. O uso de um único agente com estreito espectro de atividade contra o patógeno dim inui a alteração da flora norm al, lim itando, assim , o crescim ento excessivo de m icrorganis m os hospitalares resistentes (p. ex., Candida albicans, enterococos, Clostridium difficile ou MRSA); evita a potencial toxicidade de es quem as com m últiplos fárm acos; e reduz o custo. Entretanto, certas circunstâncias, com o as resum idas a seguir, exigem o uso de m ais de um antibacteriano. 1. Prevenção da emergência de m utantes resistentes. M utações es pontâneas ocorrem com um a frequência detectável em certos genes que codificam as proteínas-alvo de alguns antibacteria nos. O uso desses agentes p ode elim inar a população sensível, selecionar m utantes resistentes no local de infecção e resultar no insucesso da quim ioterapia. Os m utantes resistentes são ge ralm ente selecionados quando a CIM do antibacteriano para a
Tratamento e Profilaxia das Infecções Bacterianas
Vários fatores devem ser considerados na determ inação da qu im io terapia antibacteriana. A função im une antibacteriana do hospedeiro é im portante, em particular no que se relaciona com a função opsônico-fagocitária. C om o a m aior parte da defesa do hospedeiro contra infecções bacterianas graves é constituída pelos leucócitos polim orfonucleares, os pacientes com neutropenia devem ser tratados agres siva e empi ricam ente com fárm acos bactericidas para a infecção sob suspeita (Cap. 86). De m odo sem elhante, os pacientes que apresen tam deficiência da im unidade hum oral (p. ex., na leucem ia linfocítica crônica e no m ielom a m últiplo) e indivíduos com asplenia cirúrgica ou funcional (p. ex., na anem ia falciform e) devem ser tratados empiricam ente para infecções p o r m icrorganism os encapsulados, em especial pneum ococos. A gravidez aum enta o risco de toxicidade de certos antibacteria nos para a m ãe (p. ex., a toxicidade hepática p o r tetraciclina), afeta a disposição do fárm aco e sua farm acocinética, b em com o - pelo risco de toxicidade fetal - im põe grave lim itação à escolha de agentes para o tratam ento de infecções. C ertos antibacterianos são contraindicados na gravidez devido à sua segurança ainda não estabelecida (cate gorias B e C) ou por serem reconhecidam ente tóxicos (categorias D e X). O Q u ad ro 133.5 resum e a segurança dos fárm acos antibacteria nos na gestação. Em pacientes com infecções virais concomitantes, a incidência de reações adversas aos antibacterianos pode ser notavelm ente alta. Por exemplo, os pacientes com m ononucleose infecciosa ou infectados pelo HIV experim entam , respectivam ente, reações cutâneas m uito m ais freqüentes às penicilinas e aos inibidores da síntese de ácido fólico, com o o SMX-TMP. Além disso, a idade, o sexo, a herança racial, a constituição ge nética, o uso concom itante de fárm acos e a capacidade excretória do
P ode d e se m p e n h a r papel im p o rta n te n a escolha e dosagem do a n tim ic ro b ia n o . O s p acien tes com su sp eita de m eningite devem re ce b er fárm aco s que c ru za m a b a rre ira h em a to liq u ó ric a ; além disso, em razão d a relativa escassez de fagócitos e o p so n in a s no local de infecção, os agentes devem ser bactericid as. O s agentes (3-lactâm icos c o n stitu e m a base da tera p ia p a ra a m aio ria d e s sas infecções, ap esar de n ã o a tin g ire m c o n c e n tra ç õ e s elevadas n o LCS. Sua eficácia d eco rre do a u m e n to da p e rm e ab ilid a d e das b arreiras h em atencefálica e h e m a to liq u ó ric a a m oléculas hidrofílicas d u ra n te a inflam ação, bem co m o das baixas concentrações bactericidas m ín im as (CBM ) p ara a m aio ria dos m icro rg an ism o s infecciosos. A vegetação, o principal local de infecção na endocardite bac teriana, tam bém é um foco protegido dos m ecanism os de defesa norm ais do hospedeiro. O tratam en to antibacteriano deve ser bactericida, sendo o agente selecionado adm inistrado p or via parenteral durante longo período e em doses capazes de erradicar o m icrorga nism o infectante. De m odo sem elhante, a osteomielite envolve um local resistente à rem oção opsônico-fagocitária das bactérias infectantes; além disso, o osso avascular (seqüestro) representa um corpo estranho que se opõe aos m ecanism os norm ais de defesa do h o sp e deiro. A prostatite crônica é dificílim a de curar, pois a m aioria dos antibióticos não penetra os capilares que irrigam a próstata, especial m ente na ausência de inflam ação aguda. As infecções intraoculares, em especial a endoftalm ite, tam bém são de difícil tratam ento, porque os capilares retinianos desprovidos de fenestração im pedem a pene tração no vítreo do fárm aco presente no sangue. A inflam ação p o u co altera essa barreira. Assim, em m uitos casos, a introdução direta no hu m o r vítreo é necessária. A penetração direta do fárm aco em abscessos é geralm ente fraca, e as condições locais (p. ex., pH baixo ou a presença de enzim as que o hidrolisam ) podem antagonizar sua atividade antibacteriana. Por outro lado, as infecções do trato urinário (ITU ) são, q u a n do lim itadas à bexiga, relativam ente fáceis de curar, em parte devi do ao fato de que as concentrações da m aioria dos antibióticos são m ais altas na urin a que no sangue. C om o o sangue é o líquido de referência habitual para a definição da sensibilidade (Fig. 133.2), m esm o m icrorganism os considerados resistentes a concentrações séricas podem ser sensíveis às concentrações obtidas na urina. No caso de fárm acos utilizados apenas no tratam ento das ITU, com o os antissépticos do trato urin ário nitro fu ran to ín a e sais de m etenam ina, usam -se as concentrações u rinárias alcançáveis para determ inar a sensibilidade.
1141
QUADR0133.5
Agentes antibacterianos na gravidez
Agentes Antibacteriano (Categoria de risco para gravidez3)
Toxicidade na gravidez
Recomendações
Aminoglicosídios (C/D)
Possível toxicidade para o oitavo par craniano
Cautela3
Cloranfenicol (C)
Síndrome cinzenta no recém-nato
Cautela no termo
Fluoroquinolonas (C)
Artropatia em animais imaturos
Cautela
Claritromicina (C)
Teratogenia em animais
Contraindicada
Ertapeném (B)
Baixo peso em animais
Cautela
Estolato de eritromicina (B)
Hepatite colestática
Contraindicado
Imipeném/cilastatina (C)
Toxicidade em alguns animais prenhes
Cautela
Linezolida (C)
Toxicidade embrionária e fetal em ratos
Cautela
Meropeném (B)
Desconhecida
Cautela
Metronidazol (B)
Nenhuma conhecida, mas é carcinogênico em ratos
Cautela
Nitrofurantoína (B)
Anemia hemolítica em recém-natos
Cautela; contraindicada no termoc
Quinupristina/dalfopristina (B)
Desconhecida
Cautela
Sulfonamidas (C/D)
Hemólise no recém-nato com deficiência de G6PDd; kernicterus no recém-nato
Cautela; contraindicadas no termoc
Telavancina (C)
Desconhecida (desenvolvimento adverso em animais)
Teste de gravidez antes do uso
Tetraciclinas/tigeciclina (D)
Manchas nos dentes, inibição do crescimento ósseo no feto; hepatotoxicidade
Contraindicadas
Vancomicina (C)
Desconhecida
Cautela
^Categoria A: Estudos controlados em mulheres não demonstraram qualquer risco para o feto; a possibilidade de prejuízo fetal parece ser remota. Categoria B: (1) Estudos de reprodução em animais não demonstraram qualquer risco fetal, porém não foram conduzidos estudos controlados em mulheres grávidas ou (2) estudos de reprodução em animais demonstraram um efeito adverso (outro além de uma diminuição da fertilidade) que não foi confirmado em estudos controlados de mulheres no primeiro trimestre de gestação (e não há nenhuma evidência de risco nos outros trimestres). Categoria C: Estudos em animais revelaram efeitos adversos no feto (teratogênicos, embriocidas ou outro efeito), porém não foram conduzidos estudos clínicos em mulheres. 0 fármaco só deve ser administrado se o benefício potencial justificar o risco potencial para o feto. Categoria D: Há evidências positivas de risco fetal humano, porém os benefícios do uso em mulheres grávidas podem ser aceitáveis (p. ex., se houver necessidade do fármaco em uma situação potencialmente fatal ou para alguma doença grave para a qual fármacos mais seguros não podem ser usados ou não são efetivos. °Uso apenas para indicação clínica bem definida, na ausência de alternativa apropriada. “Ver Crider etal., 2009. "G6PD, gIicose - 6-f osfato desidrogenase.
bactéria infectante está p erto dos níveis atingidos no soro ou nos tecidos e/ou quando as características do local de infecção lim itam o acesso ou a atividade do agente. Entre os exem plos m ais com uns, estão a rifam picina para os estafilococos, o imipeném para a Pseudomonas e as fluoroquinolonas para estafi lococos e Pseudomonas. Variantes estafilocócicas de colônias pequenas resistentes aos am inoglicosídios surgem tam bém d u rante a m onoterapia com esses antibióticos. Um segundo agen te antibacteriano com m ecanism o de ação diferente daquele do prim eiro deve ser acrescentado em um a tentativa de prevenir a em ergência de m utantes resistentes (p. ex., im ipeném m ais um am inoglicosídio ou um a fluoroquinolona nas infecções sistê m icas p or Pseudomonas). E ntretanto, com o surgiram m utantes resistentes após a quim ioterapia em com binação, tal a borda gem nem sem pre é bem -sucedida. 2. A tividade sinérgica ou aditiva. Envolve a d im inuição da CIM ou da CBM de um ou de todos os fárm acos testados em co m binação contra um a d eterm in ad a bactéria. Na sinergia, cada agente é m ais ativo quando com binado a um segundo do que seria isoladam ente, e a atividade dos fárm acos com binados é, assim , m aior do que a som a das atividades individuais de cada um . Em um a associação aditiva, a atividade com binada dos fárm acos é igual à som a de suas atividades individuais. E ntre os m elhores exem plos de efeitos sinérgico ou aditivo, c o nfirm ado tan to in vitro q u a n to p o r estudos em anim ais, está a m aior atividade bactericida de certas com binações de (3-lactâmicos com am inoglicosídios c o n tra enterococos, es treptococos viridans e P. aeruginosa. As atividades sinérgica ou aditiva dessas com binações tam bém foram dem onstradas para
isolados selecionados de bactérias G ram -negativas entéricas e estafilococos. A com binação de sulfam etoxazol e trim e to p ri m a tem atividade sinérgica o u aditiva contra m uitas bactérias G ram -negativas entéricas. A m aio ria das outras com binações de antim icrobianos apresenta atividade indiferente (p. ex., a com binação não é melhor do que o m ais ativo dos dois a n ti m icrobianos usado isoladam ente), e algum as com binações (p. ex., penicilina m ais tetraciclina contra o pneum ococo) podem ser antagonistas (p. ex., a com binação é pior do que qualquer um dos fárm acos isoladam ente). 3. Terapia dirigida contra m últiplos patógenos em potencial. Em certas infecções, suspeita-se de u m a m istu ra de patógenos ou o paciente está criticam ente e n ferm o com 65 G rupo etário (anos)
Figura 134.5 Taxas de doença pneumocócica invasiva antes da introdu ção da vacina pneumocócica conjugada, de acordo com o grupo etário: EUA, 1998. [Fonte: CDC, Active Bacterial Core Surveillance/Emerging Infectious Program
Network, 2000. Dados adaptados de MMWR 49(RR-9), 2000] 1153
As razões de letalidade [case-fatality ratios (CFR)] para a p n e u m onia pneum ocócica e a DPI variam de acordo com a idade, a co n dição clínica subjacente e o acesso à assistência médica. Além disso, a CFR para a pneum onia pneum ocócica varia de acordo com a gra vidade da doença p o r ocasião de sua m anifestação (e não de acor do com o fato de o episódio de pneu m o n ia estar ou não associado a bacterem ia) e idade do paciente (de m enos de 5% entre pacientes hospitalizados com 18 a 44 anos de idade até m ais de 12% n aq u e les com m ais de 65 anos, m esm o quando se dispõe de tratam en to apropriado e instituído no m om ento opo rtu n o ). N otavelm ente, a probabilidade de m orte nas prim eiras 24 horas de hospitalização não m udou substancialm ente com a introdução de antibióticos; essa observação surpreendente ressalta o fato de que a fisiopatologia da pneum onia pneum ocócica grave entre adultos reflete u m a cascata rapidam ente progressiva de eventos, que frequentem ente sucedem , independentem ente da adm inistração de antibióticos. O tratam ento em um a unidade de terapia intensiva pode fornecer suporte crítico para o paciente durante o p eríodo agudo, com m enor CFR. As taxas de doença pneum ocócica variam de acordo com a esta ção, sendo m ais altas nos m eses m ais frios do que nos meses de mais calor nos clim as tem perados; com o sexo, sendo os indivíduos do sexo m asculino m ais frequentem ente acom etidos que os do sexo fe m inino; e com o grupo de risco, em que os fatores de risco incluem condições clínicas subjacentes, problem as com portam entais e grupo étnico. Nos EUA, algum as populações norte-am ericanas nativas (in cluindo nativos do Alasca) e afro-am ericanas apresentam taxas mais altas da doença do que a população geral; o risco aum entado é prova velm ente atribuível às condições socioeconôm icas e à prevalência de fatores de risco subjacentes para a doença pneum ocócica. As condi ções clínicas que aum entam o risco de infecção pneum ocócica estão listadas no Q u ad ro 134.1. Os surtos da doença são bem reconheci dos com condições de aglom erações em indivíduos suscetíveis, com o creches para lactentes, acam pam entos m ilitares e clínicas geriátricas. Além disso, existe um a clara associação entre a ocorrência anterior de doença respiratória viral (p articularm ente, m as não exclusiva m ente, gripe) e risco de infecções pneum ocócicas secundárias. O p a pel significativo da p neum onia pneum ocócica nas taxas de m orbida de e m ortalidade associadas à influenza sazonal e pandêm ico está sendo cada vez m ais reconhecido. A redução da sensibilidade dos pneum ococos à penicili na foi observada pela prim eira vez em 1967, porém som ente na década de 1990 é que a sensibilidade reduzida aos an ti bióticos emergiu como problem a clínico e de saúde pública significa tivo, com prevalência crescente de pneum ococos isolados, resistentes a um a classe única ou a m últiplas classes de antibióticos, e aum ento na m agnitude absoluta das concentrações inibitórias m ínim as (CIM). Na atualidade, são encontradas cepas com sensibilidade reduzida à p en i cilina G, cefotaxima, ceftriaxona, m acrolídios e outros antibióticos no m undo inteiro, sendo responsáveis p or um a proporção significativa de cepas causadoras de doença em m uitas localidades, particu lar m ente entre as crianças. A resistência à vancom icina ainda não foi observada em am ostras clínicas de pneum ococos. A ausência de sen sibilidade antim icrobiana está claram ente relacionada a um subgrupo de sorotipos, m uitos dos quais causam desproporcionalm ente doença entre crianças. O ciclo vicioso de exposição a antibióticos, seleção de m icrorganism os resistentes na nasofaringe e transm issão desses m i crorganism os na com unidade, resultando em infecções de tratam ento difícil e exposição aum entada aos antibióticos, foi interrom pido, em certo grau, pela introdução e uso rotineiro da PCV. As implicações clínicas da ausência de sensibilidade dos pneum ococos aos antim icro bianos são consideradas adiante, na seção sobre tratam ento.
■ PATOGENIA Os pneum ococos colonizam a nasofaringe hum ana já em um a idade precoce; os eventos relacionados à colonização são geralm ente descri tos como assintomáticos, porém há evidências que associam a aquisi ção dos pneum ococos a sintom as respiratórios leves, particularm ente na criança m uito pequena. A p artir da nasofaringe, as bactérias propagam -se, através da corrente sanguínea, para áreas distantes (p. ex., cérebro, articulações, ossos, cavidade peritoneal) ou localm ente para
QUADRO 134.1 pneumocócica
Grupos de risco clínico para a infecção
Grupo de risco clínico
Exemplos
Asplenia ou disfunção esplênica
Doença falciforme, doença celíaca
Doença respiratória crônica
Doença pulmonar obstrutiva crônica. bronquiectasia, fibrose cística, fibrose pulmonar intersticial, pneumoconiose, displasia broncopulmonar, risco de aspiração, doença neuromuscular (p ex.. paralisia cerebral), asma grave
Doença cardíaca crônica
Doença cardíaca isquêmica, cardiopatia congênita, hipertensão com complicações cardíacas, insuficiência cardíaca crônica
Doença renal crônica
Síndrome nefrótica, insuficiência renal crônica, transplante renal
Doença hepática crônica
Cirrose, atresia biliar, hepatite crônica
Diabetes melito
Diabetes melito exigindo insulina ou agentes hipoglicemiantes orais
Imunocomprometimento/ imunossupressão
Infecção pelo HIV, imunodeficiência variável comum, leucemia, linfoma, doença de Hodgkin, mieloma múltiplo, neoplasia maligna generalizada, quimioterapia, transplante de órgãos ou de medula óssea, tratamento sistêmico com glicocorticoides durante > 1 mês, em uma dose equivalente a > 20 mg/dia (crianças, > 1 mg/kg/dia)
Próteses cocleares
—
Extravasamento do líquido cerebrospinal
—
Diversos
Lactância e idade avançada; hospitalização prévia; alcoolismo; desnutrição; tabagismo; atendimento em creches; residência em acampamentos de treinamento militar, presídios, abrigos para moradores de rua
Nota: Os grupos para os quais a vacina pneumocócica é recomendada pelas Advisory Committee on Immunization Practices podem ser encontrados no http://www.cdc.gov/vaccines/recs/ schedules/default.htm.
superfícies m ucosas, onde p odem causar otite m édia ou p n e u m o nia. Pode ocorrer dissem inação direta da nasofaringe para o sistema nervoso central (SNC) em casos raros de fratura da base do crânio, em bora a m aioria dos casos de m eningite pneum ocócica seja secun dária à dissem inação hem atogênica. Os pneum ococos podem causar doença em quase todos os órgãos ou partes do corpo; entretanto, a otite m édia, a pneum onia, a bacterem ia e a m eningite são mais co m uns. A colonização é um evento relativam ente freqüente; todavia, a doença é rara. Na nasofaringe, os pneum ococos sotirevivem no muco secretado pelas células epiteliais, onde podem evitar os fatores im u nes locais, com o os leucócitos e o com plem ento. O próprio m uco é um com ponente dos m ecanism os de defesa locais, e o fluxo de m uco (im pelido, em parte, pelos cílios em um pTõcesso conhecido com o escada rolante mucociliar) efetua a rem oção m ecânica dos pneum oco cos. Em bora m uitos episódios de colonização sejam de curta duração, estudos longitudinais realizados em adultos e em crianças revelaram um a colonização persistente de um sorotipo específico durante m ui tos meses. A colonização finalm ente leva à produção de IgG sérica específica contra a cápsula, que se acredita desem penhe um papel ao m ediar a elim inação das bactérias da nasofaringe. Os anticorpos IgG dirigidos contra a parede celular exposta na superfície ou as proteí nas secretadas tam bém aparecem na circulação dependendo da idade ou após a colonização; o papel biológico desses anticorpos não está tão bem esclarecido. A aquisição recente de um novo sorotipo colo nizador tem m ais tendência a estar associada a invasão subsequente, presum ivelm ente em conseqüência da ausência de im unidade tipo-específica. As infecções virais intercorrentes to rn am o hospedeiro mais suscetível à colonização pneum ocócica, e a doença pneum ocó-
cica em um indivíduo colonizado frequentem ente ocorre após a per turbação da mucosa nasofaríngea por essas infecções. Acredita-se que a produção local de citocinas após um a infecção viral suprarregula os fatores de adesão no epitélio respiratório, possibilitando a adesão dos pneum ococos a um a variedade de m oléculas de adesinas de superfí cie, incluindo PsaA, PspA, CbpA, PspC, Hyl, pneum olisina e as neuram inidases (Fig. 134.2). A adesão acoplada à inflam ação induzida por fatores pneum ocócicos, como peptidoglicanos e ácidos teicoicos, resulta em invasão. É a inflam ação induzida por vários fatores deriva dos das bactérias que é responsável pela patologia associada à infecção pneum ocócica. Os ácidos teicoicos e os peptidoglicanos derivados da parede celular induzem um a variedade de citocinas, incluindo as cito cinas pró-inflam atórias, a interleucina (IL) 1, IL-6 e o fator de necrose tum oral (TNF), e ativam o com plem ento através da via alternativa. Em conseqüência, os leucócitos polim orfonucleares são atraídos, e inicia-se um a intensa resposta inflam atória. A pneum olisina tam bém é im portante na patologia local, induzindo a produção de citocinas pró-inflam atórias pelos m onócitos locais. A cápsula do pneum ococo, que consiste em polissacarídios com propriedades antifagocíticas em virtude de sua resistência ao depósi to de com plem ento, desem penha um im portante papel na patogenia. E nquanto a m aioria dos tipos capsulares pode causar doença h u m a na, determ inados tipos capsulares são mais com um ente isolados dos locais de infecção. O m otivo do predom ínio de alguns sorotipos em relação a outros na DPI, conform e m ostrado na Figura 134.3, não está bem esclarecido.
■ MECANISMOS DE DEFESA DO HOSPEDEIRO Imunidade inata
Imunidade adquirida A im unidade adquirida, induzida por m eio de contato após coloni zação ou por meio de antígenos de reatividade cruzada, depende, em grande parte, da produção de anticorpos IgG séricos específicos contra o polissacarídio capsular pneum ocócico. Quase todos os polissacarí dios são antígenos independentes das células T; as células B podem produzir anticorpos contra esses antígenos, sem o auxílio das células T. Todavia, em crianças com m enos de 1 a 2 anos de idade, as respostas das células B estão pouco desenvolvidas. Essa ontogenia tardia da IgG específica contra cápsulas em crianças de pouca idade está associada a um a suscetibilidade à infecção pneum ocócica (Fig. 134.5). O risco extrem am ente alto de infecção pneum ocócica na ausência de im uno globulinas séricas (isto é, em condições com o agam aglobulinem ia)
Infecções pneumocócicas A doença pneum ocócica não tem n en h u m a apresentação patognom ônica; os pacientes podem m anifestar um a variedade de sín drom es e p odem exibir m ais de um a síndrom e clínica (p. ex., pneum onia e m eningite). O S. pneum oniae pode infectar quase qualquer tipo de tecido no corpo e m anifestar-se com o doença cuja gravidade varia de leve e autolim itada até potencialm ente fa tal. O diagnóstico diferencial das síndrom es clínicas com uns, com o pneum onia, otite m édia, febre de origem indeterm inada e m eningite, deve sem pre incluir a infecção pneum ocócica. Um diagnóstico confirm ado m icrobiologicam ente só é estabelecido em um a m inoria de casos pneum ocócicos, visto que, na m aioria das circunstâncias (e, em particular, na pneum onia e na otite m é dia), não se dispõe de m aterial do local de infecção para determ i nação etiológica. C om frequência, indica-se a terapia em pírica, que inclui tratam ento apropriado do S. pneumoniae. Foram desenvolvidos algoritm os para avaliação e tratam ento de crianças enferm as para uso nas regiões em desenvolvim ento ou em outros contextos nos quais pode não ser possível um a avaliação por um m édico treinado. As crianças que apresentam sinais de gravidade, com o incapacidade de beber, convulsões, letargia e desnutrição grave, são consideradas como portadoras de doença m uito grave sem qualquer avaliação adicional pelo profissional de saúde da com unidade, recebem a n tibióticos e são im ediatam ente encam inhadas a um hospital para diagnóstico e tratam ento. As crianças que apresentam tosse e taquipneia (sendo esta últim a definida de acordo com os estratos etá rios específicos) são ainda classificadas em categorias de gravidade, com base na presença ou ausência de m ovim ento da parte inferior da parede torácica para dentro e são tratadas de acordo com a n tibióticos isoladam ente ou antibióticos e encam inham ento a um hospital. As crianças com tosse, porém sem taquipneia são classi ficadas como portadoras de doença respiratória sem pneum onia.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Infecções Pneumocócicas
C onform e descrito anteriorm ente, a integridade do epitélio respira tório e diversos fatores im unes inespecíficos ou inatos (p. ex., m uco, função esplênica, neutrófilos e m acrófagos) constituem a prim eira linha de defesa contra os pneum ococos. Os fatores físicos, com o o re flexo da tosse e a escada rolante m ucociliar, são im portantes na elim i nação das bactérias dos pulm ões. Os fatores im unológicos tam bém são fundam entais: a proteína C reativa (CRP) liga-se à fosforilcolina na parede celular pneum ocócica, induzin d o a ativação do com plem ento e levando à rem oção das bactérias; o receptor Toll-like-2 (TLR2) reconhece tanto o ácido lipoteicoico quanto o peptidoglicano da parede celular dos pneum ococos, e, em m odelos anim ais, a ausên cia do TLR2 no hospedeiro resulta em infecção m ais grave e com prom etim ento da elim inação da colonização nasofaríngea. O TLR4 parece ser necessário para o efeito pró-inflam atório da pneum olisina sobre os m acrófagos. A im portância do reconhecim ento do TLR é ressaltada pelas descrições de u m a deficiência hereditária da quinase 4 associada ao receptor de IL-1 (IRAK-4) hum ano, que se m anifesta na form a de suscetibilidade incom um à infecção p o r bactérias, in cluindo S. pneumoniae. A IRAK-4 é essencial para a função norm al de vários TLR. O utros fatores que interferem nesses m ecanism os inespecíficos (p. ex., infecções virais, fibrose cística, bronquiectasia, deficiência de com plem ento e doença pulm o n ar obstrutiva crônica) predispõem ao desenvolvim ento da pneum onia pneum ocócica. Os pacientes que carecem de baço ou que apresentam u m a função esplê nica anorm al (p. ex., indivíduos com doença falciform e) correm alto risco de desenvolver doença pneum ocócica maciça.
ressalta o im portante papel dos anticorpos anticapsulares na proteção contra a doença. A cápsula de cada sorotipo é quim icam ente distinta; por conseguinte, a im unidade tende a ser específica para o sorotipo, em bora exista algum a im unidade cruzada. Por exemplo, os anticor pos induzidos pela vacina conjugada, dirigidos contra o sorotipo 6B, im pedem a infecção causada pelo sorotipo 6A. Entretanto, a proteção cruzada contra sorotipos dentro de sorogrupos não é universal; por exemplo, os anticorpos dirigidos contra o sorotipo 19F não parecem conferir proteção contra a doença causada pelo sorotipo 19A. A nticor pos contra a superfície exposta ou proteínas pneum ocócicas secreta das (como pneum olisina, PsaA e PspA) tam bém aparecem na circula ção com o aum ento de idade do hospedeiro, porém a sua im portância funcional ainda não foi esclarecida. Em bora dados obtidos de modelos m urinos indiquem que as células T CD4+ podem desem penhar algum papel na prevenção da colonização e doença pneum ocócica, esses da dos ainda não foram reproduzidos em seres hum anos.
As m anifestações clínicas da doença pneum ocócica dependem do local de infecção e da duração da doença. As síndrom es clínicas são classificadas em não invasivas (p. ex., otite m édia e pneum onia não bacterêm ica) ou invasivas (p. ex., pneum onia bacterêm ica). A p ato genia da doença não invasiva envolve a dissem inação contígua da nasofaringe ou pele; a doença invasiva envolve a infecção de líquido corporal norm alm ente estéril ou ocorre após bacterem ia. Pneumonia A pneum onia, que constitui a síndrom e pneum ocócica grave m ais com um , é considerada invasiva quando associada a h e m ocultura positiva. A pneum onia pneum ocócica pode ocorrer como infecção leve adquirida na com unidade em um dos extrem os e como doença potencialm ente fatal, exigindo intubação e suporte intensivo, no outro extremo.
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Manifestações iniciais A apresentação da pneum onia pneum ocócica não a diferencia de for m a confiável da pneum onia de outras etiologias. Em um subgrupo de casos, a pneum onia pneum ocócica é reconhecida no início com o associada a um a infecção respiratória superior viral e caracteriza-se pelo início abrupto de tosse e dispnéia, acom panhadas de febre, ca lafrios com trem ores e mialgias. A tosse evolui desde um escarro não purulento até um escarro produtivo purulento e, algum as vezes, tingi do de sangue. Os pacientes podem descrever um a d or torácica pleurí tica em facada e dispnéia significativa, indicando o com prom etim ento da pleura parietal. No idoso, os sintom as clínicos iniciais podem ser m enos específicos, com confusão ou mal estar, porém sem febre ou tosse. Nesses casos, é necessário ter um elevado índice de suspeita, visto que a pneum onia pneum ocócica, quando não tratada im ediata m ente em um paciente idoso, tende a resultar em rápida evolução da infecção, com m aior gravidade, m orbidade e risco de m orte.
Achados no exame físico Os sinais clínicos associados à pneum onia pneum ocócica em adultos consistem em taquipneia (mais de 30 incursões respiratórias/m in) e taquicardia, hipotensão nos casos graves e febre na m aioria dos casos (em bora não seja observada em todos os pacientes idosos). Os sinto m as respiratórios variam, incluindo macicez à percussão em áreas do tórax com consolidação significativa, crepitações à ausculta, expansão reduzida do tórax em alguns casos em conseqüência da lim itação para reduzir a dor, respiração brônquica em um a m inoria de casos, atrito pleural em casos ocasionais e cianose nos casos com hipoxem ia signi ficativa. Nos lactentes com pneum onia grave, é com um a ocorrência de m ovim ento da parede torácica para dentro e batim ento das asas do nariz. Os achados não respiratórios podem incluir dor abdom inal superior se a pleura diafragmática estiver acometida, bem como altera ções do estado mental, particularm ente confusão em pacientes idosos.
Diagnóstico diferencial O diagnóstico diferencial da pneum onia pneum ocócica inclui condi ções cardíacas, como infarto do m iocárdio e insuficiência cardíaca com edem a pulm onar atípico; condições pulm onares, com o atelectasia; e pneum onia causada por patógenos virais, m icoplasmas, Haemophilus influenzae, Klebsiella pneumoniae, Staphyiococcus aureus, Legionella ou (em indivíduos infectados pelo HIV e hospedeiros im unocom prom e tidos) Pneumocystis. Nos casos que apresentam sintomas abdominais, o diagnóstico diferencial inclui colecistite, apendicite, doença ulcerosa péptica perfurada e abscesso subnéfrico. O desafio nos casos com sin tomas abdominais consiste em lem brar a inclusão da pneum onia pneumocócica - um processo não abdom inal - no diagnóstico diferencial.
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Doenças Infecciosas 1156
Diagnóstico Algum as autoridades recom endam tratar a pneum onia não com pli cada e não grave adquirida na com unidade sem estabelecer a etiolo gia m icrobiológica, visto que essa inform ação provavelm ente não irá alterar o tratam ento clínico. Entretanto, os esforços para identificar a causa da pneum onia são im portantes quando a doença é mais grave, e quando o diagnóstico de pneum onia não está claram ente estabeleci do. O padrão ouro para o diagnóstico etiológico da pneum onia p n eu mocócica consiste no exame patológico do tecido pulm onar. Em lugar desse procedim ento, a evidência de um infiltrado na radiografia de tórax justifica um diagnóstico de pneum onia. Entretanto, ocorrem ca sos de pneum onia sem evidência radiográfica. O infiltrado pode estar ausente no início da evolução da doença ou na presença de desidrata ção; com a reidratação, observa-se habitualm ente o aparecim ento de um infiltrado. O aspecto radiográfico da pneum onia pneum ocócica é variado; classicamente, consistem consolidação lobar ou segm entar (Fig. 134.6); todavia, em alguns casos, é focal. Pode haver com prom e tim ento de mais de um lobo em cerca de 30% dos casos. A consolida ção pode estar associada a pequeno derram e pleural ou em piem a nos casos complicados. Nas crianças, a “pneum onia redonda”, um a conso lidação nitidam ente esférica na radiografia de tórax, está associada a um a etiologia pneum ocócica. A pneum onia redonda é incom um nos adultos. O S. pneumoniae não constitui a única causa dessas lesões; é preciso considerar outras causas, particularm ente o câncer.
Figura 134.6 Radiografia de tórax mostrando a pneumonia lobar clássica no lobo inferior direito do pulmão de um paciente idoso. A m ostras de sangue de pacientes com suspeita de pneum onia pneum ocócica podem ser usadas p a ra exam es com plem entares de suporte ou definitivos. As hem oculturas são positivas para pneum o cocos em um a m inoria de casos (< 30%) de pneum onia pneum ocó cica. Os achados inespecíficos consistem em contagem elevada dos leucócitos polim orfonucleares (> 15.000/|ulL e acim a de 40.000/p,L em alguns casos), leucopenia em m enos de 10% dos casos (um sinal prognóstico som brio associado a desfecho fatal) e valores elevados das provas de função hepática (p. ex., hiperbilirrubinem ia tanto con jugada quanto não conjugada). Em cerca de 20 a 30% dos pacientes, ocorrem anem ia, baixos níveis séricos de album ina, hiponatrem ia e níveis séricos elevados de creatinina. Os ensaios para antígeno pneum ocócico na u rina facilitaram o diagnóstico etiológico. Nos adultos, nos quais a prevalência da co lonização nasofaríngea p o r p n eum ococos é relativam ente baixa, a obtenção de um resultado positivo no teste de antígeno pneum ocóci co urinário possui um alto valor preditivo. O m esm o não se aplica a crianças, nas quais um teste de antígeno urinário positivo pode refle tir a m era presença de S. pneum oniae na nasofaringe. Os casos de pneum onia pneum ocócica são diagnosticados, em sua m aioria, po r m eio da coloração pelo G ram e cultura de escarro. A utilidade de um a am ostra de escarro está diretam ente relacionada com a sua qualidade e o estado de tratam ento antibiótico do paciente.
Complicações O em piem a constitui a com plicação focal m ais com um da p n e u m o nia pneum ocócica, ocorrendo em m enos de 5% dos casos. Q uando a presença de líquido no espaço pleural é acom panhada de febre e leucocitose (m esm o em baixo grau) depois de.4 a 5 dias de tratam en to antibiótico apropriado para a pneum onia pneum ocócica, deve-se considerar a possibilidade de em piem a. Os derram es parapneum ônicos são m ais com uns do que o em piem a e representam um a resposta inflam atória autolim itada à pneum onia. O líquido pleural com pus franco, bactérias (detectadas ao exam e m icroscópico) ou pH 2,0 (xg/mL. E ntretanto, os re sultados in vitro frequentem ente não eram preditivos da resposta do paciente ao tratam ento de doenças pneum ocócicas distintas da m eningite. As novas recom endações foram baseadas nos pontos de corte revistos da penicilina G estabelecidos em 2008 pelo Cli nicai and Laboratory Standards Institute. Para o tratam ento IV da m eningite com pelo m enos 24 m ilhões de unidades po r dia, em 8 doses fracionadas, o po n to de corte de sensibilidade perm anece em < 0,06 |xg/mL, e as C IM de > 0,12 p,g/mL indicam resistência. Para o tratam ento IV de infecções não m eníngeas com 12 m ilhões de unidades p or dia, em 6 doses fracionadas, os pontos de corte são de < 2 fjig/mL para m icrorganism os sensíveis, 4 p,g/mL para m icrorganism os interm ediários e > 8 p,g/mL para m icrorganis m os resistentes; recom enda-se um a dose de 18 a 24 m ilhões de unidades p o r dia para cepas com CIM na categoria interm ediária. Os pontos de corte originais perm anecem os m esm os para o tra tam ento oral das infecções não m eníngeas com penicilina V. E m bora as d iretrizes p a ra a antib io tico terap ia devam ser determ inadas, em parte, pelos padrões locais de resistência, as diretrizes de organizações nacionais em m uitos países (p. ex., a Infectious Diseases Society of A m erica/A m erican T horacic Socie ty, a British T horacic Society e a E uropean R espiratory Society) estabelecem abordagens baseadas em evidências. As seguintes di retrizes para síndrom es de sepse individuais baseiam -se naquelas recom endadas pela A m erican A cadem y o f Pediatrics e publicadas no 2009 Red Book. s
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dos os dados de sensibilidade aos antibióticos, o tratam ento deve ser m odificado, quando necessário. Se o m icrorganism o isolado for sensível à penicilina, a vancom icina pode ser interrom pida, e a penicilina pode substituir a cefalosporina, ou a cefotaxima ou cef triaxona podem ser continuadas isoladam ente. Se o m icrorganis mo isolado exibir qualquer resistência à penicilina, porém for sen sível às cefalosporinas, a vancom icina pode ser interrom pida, e a cefotaxima ou ceftriaxona são continuadas. Caso o m icrorganism o isolado exiba qualquer resistência à penicilina e não seja sensível à cefotaxima e ceftriaxona, pode-se continuar a adm inistração de vancom icina e de cefotaxima ou ceftriaxona em altas doses; a ri fampicina tam bém pode ser acrescentada, se o m icrorganism o iso lado for sensível, e houver agravamento da condição clínica do p a ciente, se o LCS perm anecer positivo para bactérias, ou se a CIM da cefalosporina em questão contra a cepa infectante for alta. Alguns médicos defendem o uso de glicocorticoides em crianças com mais de 6 meses de idade, porém essa recom endação perm anece contro versa e não é universalm ente considerada com o padrão de trata mento. Os glicocorticoides reduzem significativamente as taxas de m ortalidade, perda pronunciada da audição e seqüelas neurológi cas em adultos e devem ser adm inistrados àqueles que apresentam m eningite bacteriana adquirida na com unidade. Se a dexam etaso na for adm inistrada a adultos ou crianças, deve ser adm inistrada antes ou juntam ente com a prim eira dose de antibiótico.
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Doenças Infecciosas
Infecções invasivas (excluindo a meningite) Em crianças previa m ente sadias que apresentam doença não crítica, deve-se in sti tu ir a antibioticoterapia com um antibiótico recom endado nas seguintes doses: penicilina G, 250.000 a 400.000 un id ad es/k g / dia (em doses fracionadas, a intervalos de 4 a 6 h); cefotaxim a, 75 a 100 m g/dia (doses a intervalos de 8 h); ou ceftriaxona, 50 a 75 m g/dia (doses a intervalos de 12 a 24 h). Para crianças em estado crítico, incluindo aquelas com m iocardite ou pneum onia m ultilobular com hipoxia ou hipotensão, pode-se acrescentar a vancom icina se o m icrorganism o isolado for possivelm ente resis tente aos agentes (3-lactâmicos, sendo o seu uso revisto um a vez obtidos os dados de sensibilidade. Se o m icrorganism o for resis tente aos agentes (3-lactâmicos, o tratam ento deve ser m odificado com base na resposta clínica e na sensibilidade do m icrorganism o a outros antibióticos. A clindam icina ou a vancom icina podem ser usadas com o agente de prim eira Unha p ara crianças com acen tuada hipersensibilidade aos (3-lactâmicos, porém a vancom icina não deve ser continuada se for dem o n strad a a sensibilidade do m icrorganism o a outros antibióticos não (3-lactâmicos. Para tratam ento am bulatorial, a am oxicilina (1 g a cada 8 h) p roporciona um tratam ento efetivo para praticam ente todos os casos de pneum onia pneum ocócica. N em as cefalosporinas nem as quinolonas, que são m uito m ais dispendiosas, oferecem qual quer vantagem em relação à am oxicilina. O levofloxacino (500 a 750 m g/dia em dose única) e o m oxifloxacino (400 m g/dia em dose única) tam bém têm alta probabilidade de serem efetivos nos EUA, exceto em pacientes que provêm de populações fechadas onde esses fárm acos são usados largam ente, ou que foram tr a tados recentem ente com um a quinolona. A clindam icina (600 a 1.200 m g/dia, a cada 6 h) m ostra-se efetiva em 90% dos casos, e a azitrom icina (500 m g no dia 1, seguidos de 250 a 500 m g/dia) ou a claritrom icina (500 a 750 m g/dia em dose única), em 80% dos casos. Em pacientes tratados em piricam ente com azitrom icina, foi am plam ente docum entada um a falha do tratam ento, resul tando em doença bacterêm ica devido a cepas isoladas resistentes aos m acrolídios. Conform e assinalado anteriorm ente, as taxas de resistência a todos esses antibióticos são relativam ente baixas em alguns países e m uito m ais altas em outros; a am oxicilina em altas doses continua sendo a m elhor opção no m u n d o inteiro.*
* N de R. T.: No Brasil, têm-se encontrado taxas crescentes de resistência a pericilina, mas os últimos estudos ainda demonstram taxas baixas de resistên cia aos macrolídios.
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A duração ideal do tratam ento da pneum onia pneum ocócica é indeterm inada, porém a sua continuação durante pelo m enos 5 dias após o paciente ficar afebril parece constituir um a abordagem prudente. Os casos com um segundo foco de infecção (p. ex., em piem a ou artrite séptica) exigem tratam ento m ais longo.
Otite média aguda R ecom enda-se a am oxicilina (80 a 90 m g/kg/ dia) para crianças com otite m édia aguda, exceto em situações onde se recom endam a observação e o tratam en to sintom áti co sem antibióticos. Essas situações incluem doença não grave e diagnóstico incerto em crianças com 6 m eses a 2 anos de idade e doença não grave (m esm o se o diagnóstico for aparentem ente certo) em crianças com m ais de 2 anos de idade. E m bora a d u ração ideal do tratam ento não tenha sido estabelecida de m odo conclusivo, recom enda-se um ciclo de 10 dias para crianças de m enos idade e aquelas com doença grave em qualquer idade. Para crianças com m ais de 6 anos de idade que apresentam doença leve ou m oderada, um ciclo de 5 a 7 dias é considerado adequado. Os pacientes cuja doença não responde devem ser reavaliados dentro de 48 a 72 horas. Se a otite m édia aguda for confirm ada, e o trata m ento antibiótico não tiver sido instituído, deve-se iniciar a adm i nistração de amoxicilina. Se a antibioticoterapia não tiver sucesso, indica-se um a modificação. A ausência de resposta aos antibióti cos de segunda linha tam bém indica a possível necessidade de miringotom ia ou tim panocentese para obter am ostras para cultura. As recom endações anteriores tam bém p odem ser seguidas para o tratam en to da sinusite. Inform ações detalhadas sobre o tratam ento adicional dessas condições em crianças foram publi cadas pela A m erican Academ y o f Pediatrics e pela A m erican Aca dem y o f Famiy Physicians.
■ PREVENÇÃO As m edidas para prevenção da doença pneum ocócica incluem vacina ção contra S. pneumoniae e vírus da influenza, redução das com orbida des que aum entam o risco de doença pneum ocócica e prevenção do uso excessivo de antibióticos, que aum enta a resistência dos pneumococos.
Vacinas polissacarídicas capsulares A vacina polissacarídica pneum ocócica 23-valente (PPV23), que con tém 25 |xg de cada polissacarídio capsular, foi aprovada para uso desde 1983. As recom endações para o seu uso variam de acordo com o país. O U.S. Advisory C om m ittee on Im m unization Practices recom enda a PPV23 para todas as pessoas a p artir de 65 anos de idade e para aque las entre 2 e 64 anos de idade que apresentam condições clínicas sub jacentes que as colocam em situação de risco aum entado de doença pneum ocócica ou gravidade (Q uadro 134.1; ver tam bém http://www. cdc.gov/vaccines/recs/schedules/default.htm). R ecom enda-se a revacinação 5 anos depois da prim eira dose para indivíduos com mais de 2 anos de idade que apresentam condições clínicas subjacentes, porém de m odo rotineiro para indivíduos cuja única indiçação é a sua idade de 65 anos ou mais. A PPV23 não induz um a resposta anam néstica, e as concentrações de anticorpos dim inuem com o passar do tempo; por conseguinte, a revacinação é particularm ente im portante para in divíduos com condições que resultam em pérda dos anticorpos. As preocupações sobre um a revacinação repetida concentraram -se na segurança (isto é, reações locais) e na indução de hiporresponsividade imune. Nem a relevância clínica nem a base biológica da hiporresponsividade estão claras; entretanto, tendo em vista a possibilidade de sua ocorrência, não se recom enda m ais de um a revacinação. A efetividade da PPV23 contra a DPI, a pneum onia pn eum ocó cica, a p neum onia de todas as etiologias e a evolução para a m orte é controversa, com am plas variações nas observações realizadas. As num erosas m etanálises publicadas da eficácia da PPV frequentem en te chegaram a conclusões opostas no que concerne a determ inada e n tidade clínica. Em geral, os estudos observacionais citam um a m aior eficiência do que os ensaios clínicos controlados. O consenso é de que a PPV é efetiva contra a DPI, p orém m enos efetiva ou ineficaz contra a pneum onia pneum ocócica não bacterêm ica. Entretanto, os
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ensaios clínicos publicados, os estudos observacionais e as m etaná lises contradizem essa opinião. C om frequência, a eficácia é m enor no idoso e em pacientes im unodeficientes, cuja condição está asso ciada a um a resposta h um oral reduzida às vacinas em com paração com populações m ais sadias e m ais jovens. Q uando a PPV é efetiva, a duração da proteção depois de um a dose única da vacina é estim ada em cerca de 5 anos. O que não é questionado é a necessidade de m elhores vacinas pneum ocócicas para adultos. M esm o no contexto da vacinação ro tineira de lactentes (que indiretam ente protege os adultos das cepas dos sorotipos da vacina), a doença causada p o r sorotipos não incluí dos na vacina continua sendo responsável p or um a carga significativa de doença entre os adultos.
Vacinas polissacarídicas conjugadas com proteína Os lactentes e as crianças pequenas respondem de m o d o insatisfa tório à PPV, que contém antígenos independentes das células T. Por esse motivo, foi desenvolvida o utra classe de vacinas pneum ocócicas, as PCV, especificam ente para lactentes e crianças pequenas. O p ri m eiro produto, um a PCV 7-valente, foi aprovada em 2000, nos EUA. Até 2010, três produtos de PCV - contendo 7, 10 e 13 sorotipos, res pectivam ente tornaram -se com ercialm ente disponíveis. Os soroti pos incluídos nessas PCV constituem causas im portantes de DPI e de resistência a antibióticos entre crianças pequenas. Ensaios clínicos controlados e random izados dem onstraram um alto grau de eficácia das PCV contra a DPI p or sorotipos incluídos na vacina, bem com o um a eficácia contra a pneum onia, otite m édia, colonização nasofa-
Introdução da PCV7*
ríngea e m ortalidade de todas as causas. As PCV são recom endadas pela O rganização M undial da Saúde para inclusão nos calendários de vacinação infantil no m undo inteiro, particularm ente nos países com elevada taxa de m ortalidade infantil. Os EUA foram o prim eiro país a introduzir a PCV, sendo p o rtan to aquele que possui a experiência m ais longa com seus efeitos sobre a com unidade. A introdução da PCV nos EUA resultou em um a re dução de mais de 90% da DPI p o r sorotipos incluídos na vacina entre a população geral (Fig. 134.7). Esse declínio foi observado não ape nas nos grupos etários vacinados, m as tam bém em adultos e é a tri buído à quase elim inação da colonização nasofaríngea p o r sorotipos incluídos na vacina em lactentes im unizados, reduzindo a dissem i nação para adultos. Essa proteção dos m em bros da com unidade não vacinados po r m eio da vacinação de um subgrupo de indivíduos da com unidade é denom inada efeito indireto. Foram observados aum en tos da colonização p or - e, concom itantem ente, na doença causada p or - cepas de sorotipos não incluídos na vacina (isto é, colonização de substituição e doença); entretanto, os aum entos absolutos na taxa de DPI causada p or sorotipos não incluídos na vacina é, em geral, pequena, particularm ente em relação às reduções observadas na DPI causada por sorotipos incluídos na vacina (ver "Epidem iologia”, a n teriorm ente). C om o as cepas dos sorotipos contidos na vacina são m ais com um ente resistentes aos antibióticos do que os sorotipos que não estão na vacina, o uso da PCV tam bém resultou em um notável declínio na proporção e taxas absolutas de doença pneum ocócica re sistente a fárm acos. As recom endações do A dvisory C om m ittee on Im m unization Practices para o uso das vacinas conjugadas pode ser encontrado no http://w w w .cdc.gov/M M W R /pdf/w k/m m 5909.pdf. Re centem ente, foi constatado que a PCV im pede a ocorrência de infec ção pneum ocócica em adultos infectados pelo HIV.
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G rupo de sorotipos
Outras estratégias de prevenção A doença pneum ocócica tam bém pode ser evitada por m eio da prevenção de doenças que predispõem o indivíduo a infecções pneum ocócicas. As m edidas relevantes in cluem vacinação contra influenza e m elh o r tratam ento e controle do diabetes, infecção pelo HIV, doença cardíaca e doença pulm onar. Por fim, a redução do uso inadequado de antibióticos constitui um a estratégia para a prevenção da doença pneum ocócica, visto que a resistência aos antim icrobianos p erpetua, direta e indiretam ente, a transm issão dos m icrorganism os e a doença na com unidade.
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O 20
BIBLIOGRAFIA 10
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French N
1998 1999 2000 2001 2002 200 3 2004 2005 200 6 2007 A no
Introdução da PCV7* 40 35 30 25 ” \ o
G rupo de sorotipos
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Figura 134.7 Mudanças na incidência da doença pneumocócica invasi va (DPI) por grupo de sorotipos entre crianças com menos de 5 anos de idade [parte superíot) e adultos com mais de 65 anos [parte inferioi), de 1998 a 2007. A vacina pneumocócica conjugada 7-valente (PCV7)* foi introduzida nos EUA para administra ção rotineira a lactentes e crianças pequenas durante a segunda metade de 2000.
(Reimpressa, com autorização, de Pilishvilietal., 2010)
WEBSITES American Academy of Pediatrics RED BOOK. The report of the Committee on Infectious Diseases: http://aapredbook.aappublications.org Pneumococcal Regional Serotype Distribution for Pneumococcal AMC TPP: http://w w w . vaccineamc. org/files/TPP_Codebook.pdf
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1
CA PÍ T UL O
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C ocos G ram -positivos
T e s te d a c a ta la s e
Infecções Estafilocócicas E s ta filo c o c o s
Franklin D. Lowy O Staphylococcus aureus, a m ais virulenta das m uitas espécies de es tafilococos, tem dem onstrado sua versatilidade pelo fato de ainda ser um a causa significativa de m orbidade e m o rtalidade apesar da disponibilidade de vários antibióticos antiestafilocócicos eficazes. O S. aureus é um patógeno m uito versátil, podendo causar doenças m e diadas po r toxinas ou p or m ecanism os diretos. Esse m icrorganism o é responsável por infecções hospitalares e adquiridas na com unidade, que variam desde processos infecciosos relativam ente leves da pele e dos tecidos m oles principalm ente até infecções sistêm icas que com po rtam risco de vida. Os “outros” estafilococos, designados coletivam ente com o estafi lococos coagulase-negativos (CoNS), são m uito m enos virulentos do que o S. aureus, m as ainda são patógenos im portantes principalm en te em infecções associadas a dispositivos protéticos.
MICROBIOLOGIA E TAXONOMIA
Doenças Infecciosas
Os estafilococos, que são cocos G ram -positivos da fam ília M icrococcaceae, form am estruturas sem elhantes a cachos de uva na coloração de G ram (Fig. 135.1). Esses m icrorganism os são catalase-positivos (ao contrário das espécies de estreptococos), imóveis, aeróbios e a n a eróbios facultativos. São capazes de sobrevida prolongada em super fícies am bientais, em condições variáveis. Mais de 30 espécies de estafilococos são patogênicas. A Figura 135.2 m ostra um a estratégia simples para a identificação das espécies clinicam ente m ais im portantes. Existem sistem as diagnósticos au to m atizados, kits para caracterização bioquím ica e ensaios baseados em DNA para a identificação das espécies. C om poucas exceções, o S. aureus é diferenciado das dem ais espécies estafilocócicas p or p ro duzir coagulase, um a enzim a de superfície capaz de converter o fi brinogênio em fibrina. Kits de látex para a detecção da proteína A e do fator de agregação tam bém são capazes de diferenciar o S. aureus de outras espécies de estafilococos. O S. aureus tam bém ferm enta m anitol, é positivo para a p roteína A e pro d u z DNAse. Nas placas de ágar-sangue, o S. aureus tende a form ar colônias (3-hem olíticas douradas; p o r outro lado, os CoNS produzem pequenas colônias não hem olíticas brancas. A análise para determ in ar se diversas cepas isoladas de estafi lococos de diferentes pacientes são iguais ou diferentes é freqüente-
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Figura 135.1 Coloração de Gram de S. aureus em amostra de escarro com leucócitos polimorfonucleares. (DeASMMicrobelLibrary.org.© Pfizer, Inc.) 1160
E s tre p to c o c o s
C o a g u la s e /p ro te ín a A
S. aureus
E s ta filo c o c o s c o a g u la s e -n e g a tiv o s
S e n s ív e is à n o v o b io c in a
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S. saprophyticus S. xylosus
Figura 135.2 Caracterização bioquímica dos estafilococos: algoritmo dos testes bioquímicos utilizados para diferenciar os estafilococos clini camente importantes. São necessários outros testes para identificar todas as diferentes espécies.
m ente relevante quando houver dúvida de que um surto hospitalar seja devido a um a fonte de contam inação com um (p. ex., in stru m e n to m édico contam inado). Os m étodos de tipagem m olecular, com o a eletroforese em gel de cam po pulsado e técnicas baseadas em se qüência (p. ex., tipagem da proteína estafilocócica A (spa), vêm sen do cada vez m ais utilizados com essa finalidade.
INFECÇÕES PELO S. AUREUS ■ EPIDEMIOLOGIA O S. aureus faz p arte da flora h u m an a norm al; cerca de 25 a dos indivíduos sadios p odem ter colonização persistente ou tran si tória. A taxa de colonização é m aior entre diabéticos dependentes de insulina, pacientes infectados pelo HIV, pacientes em hem odiálise e indivíduos com lesões cutâneas. A parte anterior das narinas consti tui um local freqüente de colonização no ser hum ano, em bora a pele (particularm ente quando lesada), a vagina, as axilas, o períneo e a orofaringe tam bém possam ser colonizados. Esses locais de coloniza ção funcionam com o reservatório de cepas para futuras infecções, e os indivíduos colonizados p o r S. aureus correm m aior risco de infec ções subsequentes do que os não colonizados. * Algum as doenças aum entam o risco de infecção pelo S. aureus-, o diabetes, p o r exemplo, com bina um a taxa aum entada de coloniza ção pelo S. aureus e o uso de insulina injetável, com a possibilidade de com prom etim ento da função dos leucócitos. Os indivíduos com defeitos qualitativos ou quantitativos congênitos ou adquiridos dos leucócitos polim orfonucleares (PM N ) correm risco aum entado de infecções p o r S. aureus; esse grupo engloba os pacientes n eu tro p ê nicos (p. ex., os que recebem agentes quim ioterápicos), aqueles com doença granulom atosa crônica e aqueles com síndrom e de Job ou Chédiak-H igashi. O utros grupos que correm risco incluem indiví duos com anorm alidades cutâneas e aqueles com próteses. Em geral, o S. aureus é um a causa im portante de infecções hos pitalares. C onstitui a causa m ais com um de infecções das feridas ci rúrgicas e é superado apenas pelos CoNS com o causa de bacterem ia prim ária. A porcentagem das cepas hospitalares resistentes a diversos antibióticos está aum entando progressivam ente. N a com unidade, o S. aureus ainda é um a causa im p o rta n te de infecções da pele e dos tecidos moles, de infecções respiratórias e (entre usuários de drogas
injetáveis) de endocardite infecciosa. A prevalência crescente da tera pia de infusão dom iciliar constitui outra causa de infecções estafilo cócicas adquiridas na com unidade. Os indivíduos que desenvolvem infecções p o r S. aureus são, em sua m aioria, infectados p or suas próprias cepas colonizadoras. E ntre tanto, o S. aureus tam bém pode ser adquirido de outras pessoas ou de exposição ambiental. A transm issão resulta, com m ais frequência, da colonização tran sitó ria das m ãos da equipe hospitalar, que então transfere as cepas de um paciente para outro. Foi tam bém relatada a dissem inação de estafilococos em aerossóis de secreções respiratórias ou nasais de indivíduos m aciçam ente colonizados. Nos últim os 10 anos, foram relatados num erosos surtos de infecção adquirida na com unidade causados p o r S. au reus resistente à m eticilina (MRSA) em pacientes sem expo sição m édica pregressa. Esses surtos ocorreram tanto em áreas rurais quanto urbanas, em regiões m uito distantes no m u n d o inteiro. Os relatos docum entam um a notável m udança na epidem iologia das in fecções por MRSA. Os surtos ocorreram entre grupos distintos com o crianças, prisioneiros, atletas, índios norte-am ericanos e usuários de drogas. Os fatores de risco com uns a esses surtos incluem condições higiênicas precárias, contato íntim o, m aterial contam inado e lesão da pele. As infecções associadas à com unidade foram causadas p o r um núm ero lim itado de cepas de MRSA. Nos EUA, a cepa USA300 (defi nida po r eletroforese em gel de cam po pulsado) tem sido o clone pre dom inante. Em bora as infecções causadas p or esse clone de MRSA adquirido na com um idade tenham , em sua m aior parte, acom etido a pele e os tecidos m oles, 5 a 10% dos casos foram invasivos. A USA300 tam bém é responsável p or um núm ero crescente de infecções h o s pitalares. A aparente capacidade das cepas de MRSA adquiridas na com unidade (CA-MRSA) de provocar doença grave em indivíduos im unocom petentes tem sido objeto de preocupação.
■ PATOGENIA Conceitos gerais
Regulação da expressão dos genes de virulência Nas doenças causadas pelo S. aureus m ediadas por toxi nas ou outros m ecanism os, a expressão dos determ inan tes de virulência associados à infecção depende de um a série de genes reguladores [p. ex., gene regulador acessó rio (agr) e regulador acessório estafilocócico (sar)] que controlam de m aneira coordenada a expressão dos num erosos genes de virulência. O gene regulador agr faz p arte de um a via de tra n s dução de sinais sensível ao qu ó ru m que percebe e responde à d e n sidade de bactérias. As proteínas de superfície dos estafilococos são sintetizadas durante a fase de crescim ento bacteriano exponencial in vitro. Por outro lado, m uitas proteínas secretadas, com o a toxina a , as enterotoxinas e enzim as variadas, são liberadas durante a fase de crescim ento pós-exponencial em resposta à transcrição da m olécula efetora de agr, RNAIII. A lguns pesquisadores sugeriram a hipótese de que esses genes reguladores funcionam de form a sem elhante in vivo. A invasão bem -sucedida depende da expressão seqüencial desses diferentes elem en tos bacterianos. Adesinas bacterianas são necessárias à iniciação da colonização das superfícies teciduais do hospedeiro. A liberação sub sequente de várias enzim as perm ite que a colônia obtenha suporte nutricional e que as bactérias se propaguem para os tecidos adjacen tes. Estudos com cepas em que esses genes reguladores são inativados dem onstraram um a redução da virulência em vários m odelos an i m ais de infecção por S. aureus.
Patogenia da infecção por S. aureus invasiva
Os estafilococos são o p ortunistas. Para que esses m icrorganism os invadam o hospedeiro e causem infecção, fazem-se necessárias algu mas ou todas as seguintes: contam inação e colonização das superfí cies teciduais, estabelecim ento de u m a infecção localizada, invasão, evasão às respostas do h ospedeiro e dissem inação m etastática. O início da infecção estafilocócica depende de um a falha nas barreiras cutâneas ou mucosas. As cepas colonizadoras ou as cepas transm iti das de outros indivíduos são introduzidas na pele lesionada, em um a ferida ou na corrente sanguínea. As recidivas das infecções p o r S. aureus são com uns, aparente m ente devido à capacidade desses m icrorganism os de sobreviver, persistir em estado de latência em vários tecidos e, p or fim, de causar infecções recidivantes quando surgirem condições favoráveis. > Colonizaçao das superfícies corporais por S. aureus A parte anterior das narinas constitui o principal local de colonização estafilocócica 0 genoma do S. aureus em seres hum anos. A colonização parece envolver a fixação do S. N um erosas cepas de S. aureus tiveram seus genom as toaureus às células epiteliais ceratinizadas na parte anterior da narina. talm ente sequenciados. E ntre as descobertas interessanO utros fatores que p odem c o n trib u ir para a colonização são a in tes, encontram -se (1) um grau elevado de sem elhança nas fluência de outras bactérias nasais da flora residente e sua densidade, I seqüências dos nucleotídios entre as diferentes cepas;fatores (2) do hospedeiro e lesão da m ucosa nasal (p. ex., provocada pelo a aquisição de um a quantidade relativam ente grande de uso de m edicam entos inalados. O utros locais do corpo colonizados, inform ações genéticas p o r transferência horizontal a p a rtir de o u com o a pele lesionada, a virilha e a orofaringe, podem constituir re tras espécies bacterianas; e (3) a presença de ilhas “genôm icas” ou servatórios particularm ente im portantes de cepas de CA-MRSA. de “patogenicidade” singulares - elem entos genéticos m óveis que Inoculação e colonização de superfícies teciduais Os estafilococos contêm grupos de genes produtores de enterotoxinas e exotoxinas, podem ser inoculados nos tecidos p o r m eio de escoriações m ínim as, ou determ inantes da resistência antim icrobiana. E ntre os genes p re da adm inistração de fárm acos com o a insulina ou da instalação de sentes nessas ilhas encontram -se os que transportam o mecA, o gene acessos IV p o r cateteres. A pós sua intro d u ção nos tecidos, as bac responsável pela resistência à m eticilina. As ilhas que contêm genes térias se replicam e colonizam a superfície tecidual do hospedeiro. de resistência à m eticilina foram cham adas de cromossomos cassetes Um grupo de proteínas superficiais estruturalm ente relacionadas do estafilocócicos mecs (SCCmecs), e seu tam anho varia de aproxim ada S. aureus, conhecidas com o M SCRAM M (com ponentes da superfície m ente cerca de 20-60 kb. Até o m om ento, foram identificados oito m icrobiana que reconhecem as m oléculas de adesão da m atriz), de SCCmecs. O tipos 1 a 3 estão trad icionalm ente associados a casos
Infecções Estafilocócicas
O S. aureus é um patógeno piogênico conhecido p or sua capacida de de induzir a form ação de abscessos nas infecções localizadas ou m etastáticas. Essa resposta patológica clássica ao S. aureus define as condições básicas em que a infecção evoluirá. As bactérias desenca deiam um a resposta inflam atória, que se caracteriza p or um a infiltra ção inicial intensa de PM N, seguida da infiltração p or m acrófagos e fibroblastos. A resposta celular do hospedeiro (incluindo o depósito de fibrina e colágeno) controla a infecção, ou o processo espalha-se para os tecidos adjacentes ou para a corrente sanguínea. N a doença estafilocócica m ediada p o r toxinas, a infecção nem sem pre está presente. Por exem plo, u m a vez form ada a toxina nos alim entos, o paciente pode apresentar intoxicação alim entar estafi locócica na ausência de bactérias viáveis. N a síndrom e do choque tóxico (SCT) estafilocócico, as condições que p e rm item a elab o ração da toxina nos locais colonizados (p. ex., a presença de um tam pão superabsorvente) são suficientes p ara desencadear doença clínica.
isolados de MRSA, enquanto os tipos 4 a 6 foram associados às cepas de CA-MRSA epidêmicas. Um núm ero lim itado de clones de MRSA tem sido responsável pela m aioria das infecções adquiridas na com unidade e infecções hospitalares no m undo inteiro. A com paração dessas cepas com as de surtos anteriores (p. ex., as cepas de fago 80/81 da década de 1950) revelou a preservação da seqüência de nucleotídios no decorrer do tem po. Essa observação sugere que tais cepas possuem d eterm inan tes que facilitam a sobrevida e a dissem inação.
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sem penha um papel im portante com o m ediador da aderência a esses locais. Por m eio de sua adesão às m oléculas da m atriz (p. ex., fibri nogênio, fibronectina), as MSCRAM MA, com o o fator de agregação e a proteína de ligação ao colágeno, p erm item que as bactérias co lonizem diferentes superfícies teciduais; essas proteínas contribuem para a patogenia das infecções invasivas, com o endocardite e artrite, facilitando a aderência do S. aureus às superfícies que possuem fibri nogênio ou colágeno exposto. Em bora os CoNS sejam classicam ente reconhecidos p or sua ca pacidade de produzir biofilm es e de colonizar dispositivos artificiais, o S. aureus tam bém possui os genes responsáveis pela form ação desse biofilm e, com o o locus de aderência intracelular ( ica). A fixação a esses dispositivos ocorre em etapas, envolvendo a aderência dos estafilococos a com ponentes séricos que recobrem a superfície do d is positivo e a elaboração subsequente do biofilm e. Por essa razão, o S. aureus constitui um a causa freqüente de infecções de dispositivos biomédicos. Invasão Depois da colonização, os estafilococos se replicam no foco inicial de infecção, produzindo enzim as com o serina-proteases, hialuronidases, term onucleases e lipases, que facilitam a sobrevida e dis sem inação local das bactérias pelas superfícies teciduais, em bora sua função exata nas infecções não esteja bem definida. As lipases podem facilitar a sobrevida dos m icrorganism os nas áreas ricas em lipídios com o os folículos pilosos, onde as infecções p or S. aureus m uitas ve zes começam . A toxina do S. aureus, conhecida com o leucocidina de Panton-Valentine, provoca a citólise dos PM N, m acrófagos e m onócitos. As cepas que produzem essa toxina foram epidem iologicam ente relacionadas a infecções cutâneas e m ais graves causadas p o r cepas de CA-MSRA. Os achados constitucionais podem resultar de infecções localiza das ou sistêmicas. A parede celular dos estafilococos - que consiste em unidades alternadas de ácido N -acetilm urâm ico e N-acetilglicosam ina, com binadas com outro com ponente da parede celular, o ácido lipoteicoico - pode desencadear um a resposta inflam atória que inclui a síndrom e séptica. A toxina a estafilocócica, que provoca a form ação de poros em várias células eucarióticas, tam bém pode suscitar um a resposta inflam atória com m anifestações clínicas sugestivas de sepse. Evasão dos mecanismos de defesa do hospedeiro A evasão dos m eca nism os de defesa é fundam ental para a invasão. Os estafilococos pos suem um a microcápsula polissacarídica antifagocitária. A m aioria das infecções hum anas por S. aureus é causada pelos tipos capsulares 5 e 8. A cápsula dessa bactéria tam bém desem penha um papel im portan te na form ação dos abscessos. Os polissacarídios capsulares são zwitteriônicos: possuem cargas tanto positivas quanto negativas - um a característica decisiva para a form ação do abscesso. A proteína A, um a MSCRAMM típica do S. aureus, funciona com o um receptor de Fc, ligando-se à porção Fc das IgG de subclasses 1, 2 e 4 e im pedindo o processo de opsonofagocitose pelos PM N. Tanto a proteína inibitória da quim iotaxia dos estafilococos (CHIPS, um a proteína secretada) quanto a proteína de aderência extracelular (EAP, um a proteína de su perfície) interferem na migração dos PM N para os locais de infecção. Um m ecanism o potencial adicional de evasão do S. aureus é sua capacidade de sobrevida intracelular. Os fagócitos inespecíficos e es pecializados internalizam os estafilococos. A internalização dessas bactérias pelas células endoteliais pode proporcionar um refúgio que protege as bactérias contra as defesas do hospedeiro. Isto tam bém re sulta em alterações celulares, com o a expressão de integrinas e recep tores Fc, que podem contribuir para as m anifestações sistêm icas da doença, com o sepse e vasculite. O am biente intracelular favorece a expressão fenotípica das va riantes de S. aureus que form am colônias pequenas. Em geral, esses m utantes auxotróficos de m enadiona e hem ina não possuem a toxina a e podem persistir dentro das células endoteliais. As variantes for m adoras de colônias pequenas geralm ente são selecionadas depois do tratam ento com am inoglicosídios e isoladas m ais com um ente nos focos de infecção persistente (p. ex., osteom ielite crônica) e nas se creções respiratórias de pacientes com fibrose cística. Essas variantes podem facilitar a sobrevida prolongada dos estafilococos e a u m en tar a probabilidade de recidivas. Por fim, o S. aureus pode sobreviver
dentro dos PM N e usar estas células para dissem inar-se e colonizar outros tecidos. Patogenia das infecções por MRSA adquiridas na comunidade Foram identificados vários fatores de virulência com o determ inantes para a patogenia das infecções p o r CA-MRSA. Existe um a forte associa ção epidem iológica entre a presença do gene para a leucocidina de Panton-V alentine e infecções da pele e dos tecidos moles, bem com o infecções invasivas, com o a pneu m o n ia necrotizante. O utros deter m inantes que podem d esem p en h ar um papel na patogenia dessas infecções incluem o elem ento m óvel catabólico da arginina (ACME), um agrupam ento de genes singulares que podem facilitar a evasão dos m ecanism os de defesa do hospedeiro; m odulinas solúveis em fenol, um a família de peptídios citolíticos, e toxina alfa.
Resposta do hospedeiro à infecção por S. aureus A principal resposta do hospedeiro à infecção p or S. aureus consiste no recrutam ento de PM N. Essas células são atraídas para os locais de infecção por com ponentes bacterianos com o peptídios form ilados ou peptidoglicana, bem com o p or citocinas com o o fator de necrose tu m oral (FNT) e as interleucinas (IL) 1 e 6, liberadas pelos m acrófagos ativados e pelas células endoteliais. Em bora a m aioria dos indivíduos tenha anticorpos antiestafilocócicos, ainda não está claro se seus níveis são qualitativa ou quanti tativam ente suficientes para evitar a infecção. E m bora os anticorpos anticapsulares e anti-M SCRA M M facilitem a opsonização in vitro e tenham sido protetores contra a infecção em diversos m odelos ani mais, eles ainda não conseguiram im pedir com sucesso as infecções estafilocócicas em ensaios clínicos.
Patogenia da doença mediada por toxina O S. aureus produz três tipos de toxina: citotoxinas, superantígenos das toxinas pirogênicas e toxinas esfoliativas. Tanto os dados epidem iológicos quanto estudos em anim ais sugerem que os anticorpos antitoxinas são protetores contra a SCT, a intoxicação alim entar esta filocócica e a síndrom e da pele escaldada estafilocócica (SPEE). Essas doenças desenvolvem -se depois da síntese e absorção da toxina e da resposta subsequente do hospedeiro desencadeada pela toxina. Enterotoxina e toxina 1 da síndrome do choque tóxico (TSCT-1) Os superantígenos de toxinas pirogênicas form am um a fam ília de p ro teínas pequenas, estruturalm ente sem elhantes e de baixo peso m ole cular, responsáveis p or duas doenças: SCT e intoxicação alim entar. A SCT é atribuída à capacidade que as enterotoxinas e a TSCT-1 pos suem de funcionar com o m itógenos das células T. No processo n o r m al de apresentação antigênica, o antígeno é inicialm ente processado dentro da célula e, em seguida, os peptídios são apresentados à fenda do complexo principal de histocom patibilidade (M HC) classe II, de sencadeando um a resposta detectável das células T. Por outro lado, as enterotoxinas ligam -se d iretam ente à região invariável do M H C - fora da fenda da classe II do M H C. Em seguida, as enterotoxinas podem ligar-se a receptores das células T p o r m eio da cadeia v(3, e esta ligação resulta em um a acentuada hiperexpansão dos clones de células T (até 20% da população total de células T). A conseqüência dessa expansão de células T consiste em um a “tem pestade de citocinas”, com liberação de'm ediadores inflam atórios, com o interferon-y, IL-1, IL-6, F N T -a e FNT-(3. A doença m ultissistêm ica resultante produz um conjunto de achados que sim ulam aqueles do choque endotóxico; contudo, os m ecanism os patogênicos são diferentes. A liberação de endotoxina pelo trato gastrintestinal pode aum entar de m odo sinérgico os efeitos da toxina. O utra região da m olécula de en terotoxina é responsável pelos sinais e sintom as da intoxicação alim entar. As enterotoxinas são term oestáveis e podem sobreviver a condições que destroem as bac térias. A doença resultante é causada pela ingestão da toxina pré-form ada. Por esta razão, o p eríodo de incubação é c urto (1 a 6 h). A toxina estim ula o nervo vago e o centro dos vôm itos no encéfalo. Além disso, estim ula a atividade peristáltica do intestino. Toxinas esfoliativas e a síndrome da pele escaldada estafilocócica As toxinas esfoliativas são responsáveis pela SPEE. As toxinas que p ro
duzem essa doença nos seres hum anos são de dois sorotipos: ETA e ETB. Tais toxinas rom pem os desm ossom os que unem duas células adjacentes. Em bora o m ecanism o dessa ru p tu ra ainda não esteja es clarecido, alguns estudos sugeriram que as toxinas possuem atividade de protease que - por m ecanism os desconhecidos - provoca esfoliação. O resultado disto é o desprendim ento da epiderm e na cam ada granulosa e tal lesão é responsável pela descam ação superficial da pele, típica da referida doença.
QUADRO 135.1 Doenças comuns causadas por Staphylococcus aureus Infecções da pele e dos tecidos moles Foliculite Furúnculo, carbúnculo Celulite Impetigo
■ DIAGNÓSTICO As infecções estafilocócicas são facilm ente diagnosticadas pela colo ração de G ram (Fig. 135.1) e pelo exam e m icroscópico do conteúdo de um abscesso ou dos tecidos infectados. Em geral, a cultura ro ti neira do m aterial infectado fornece resultados positivos, e as h e m o culturas são positivas em alguns casos, m esm o quando as infecções estão localizadas em focos extravasculares. Os ensaios baseados na reação em cadeia da polim erase (PCR) têm sido usados para firm ar o diagnóstico rápido das infecções p or S. aureus e estão sendo cada vez m ais utilizados nos laboratórios de m icrobiologia clínica. Até hoje, os testes sorológicos não se m ostraram úteis para o diagnóstico das infecções estafilocócicas. A inda existe dificuldade em determ inar se os pacientes com bacterem ia p o r S. aureus do cu m en tad a tam bém têm endocardite infecciosa ou um foco infeccioso m etastático. As hem oculturas uniform em ente positivas sugerem um a infecção endovascular, com o a endocardite (ver “B acterem ia, sepse e endocardite infecciosa”, adiante).
Mastite Infecções de feridas cirúrgicas Hidradenite supurativa Infecções musculoesqueléticas Artrite séptica Osteomielite Piomiosite Abscesso do psoas Infecções do trato respiratório Pneumonia hospitalar ou associada ao uso de respiradores Êmbolos pulmonares sépticos Pneumonia pós-viral (p. ex., influenza) Empiema Bacteremia e suas complicações Sepse, choque séptico
■ SÍNDROMES CLÍNICAS (Q uadro 135.1)
Infecções da pele e dos tecidos moles O 5. aureus causa várias infecções cutâneas, m uitas das quais tam bém podem ser causadas p o r estreptococos do grupo A ou (m enos com u m ente) p or outras espécies de estreptococos. Os fatores predisponentes com uns para a infecção cutânea p o r S. aureus incluem afecções crônicas da pele (p. ex., eczema), lesões cutâneas (p. ex., picadas de insetos, traum atism os m ínim os), injeções (p. ex., diabéticos e usuá rios de drogas injetáveis) e higiene pessoal precária. Essas infecções caracterizam -se pela form ação de bolhas contendo pus, que geral m ente com eçam nos folículos pilosos e espalham -se para os tecidos adjacentes. A foliculite é um a infecção superficial que envolve o folículo piloso, com um a área central de purulência (pus) circundada p o r induração e eritem a. Os furúnculos (leicenços) são lesões m ais dolorosas e extensas que tendem a ocorrer nas regiões pilosas e ú m i das do corpo e espalhar-se a p a rtir dos folículos pilosos, form ando um abscesso propriam ente dito com área de purulência central. Os carbúnculos localizam -se m ais com um ente na região inferior do pes coço e são lesões ainda m ais graves e dolorosas que resultam da coalescência de outras lesões que acom etem as cam adas m ais profundas dos tecidos subcutâneos. Em geral, os furúnculos e carbúnculos são diagnosticados de im ediato e frequentem ente h á pus, que pode ser esprem ido do abscesso ou drenar espontaneam ente. O corre m astite em 1 a 3% das m ães nutrizes. Essa infecção das m am as, que geralm ente ocorre de 2-3 sem anas após o parto, carac teriza-se por um quadro clínico que varia da celulite à form ação de abscesso. Os sinais sistêmicos, com o febre e calafrios, geralm ente es tão presentes nos casos m ais graves. O utras infecções cutâneas causa das pelo S. aureus incluem impetigo, celulite e hidradenite supurativa (infecção folicular recidivante em regiões com glândulas apócrinas, com o nas axilas). Essa bactéria constitui um a das causas m ais co m uns de infecção de feridas cirúrgicas.
Infecções musculoesqueléticas O S. aureus está entre os agentes etiológicos m ais com uns das infec ções ósseas - tanto as que resultam da dissem inação hem atogênica quanto as que se surgem p or contiguidade a p a rtir de um foco infec cioso adjacente. N a m aioria dos casos, a osteomielite hematogênica das crianças acom ete os ossos longos. As infecções causam febre e d o r óssea, ou
Focos metastáticos de infecção (rins, articulações, ossos, pulmões) Endocardite infecciosa Endocardite infecciosa Associada ao uso de drogas injetáveis Valva nativa Prótese valvar Hospitalar Infecções associadas a dispositivos (p. ex., cateteres intravasculares, próteses articulares) Doenças mediadas por toxinas Síndrome do choque tóxico Intoxicação alimentar Síndrome da pele escaldada estafilocócica Infecções invasivas associadas ao MRSA adquirido na comunidade Fasciite necrosante Síndrome de Waterhouse-Friderichsen Pneumonia necrotizante Púrpura fulminante
a criança reluta em su sten tar peso sobre o m em bro acom etido. A contagem de leucócitos e a velocidade de hem ossedim entação ge ralm ente estão elevadas. As hem oculturas são positivas em cerca de 50% dos casos. Q uando necessário, as biópsias ósseas a fim de obter m aterial para cultura, e o exam e histopatológico geralm ente firm am o diagnóstico. As radiografias de ro tin a p odem ser norm ais p or até 14 dias depois do início dos sinais e sintom as. Em geral, a cintilogra fia com fosfato de " mTc d em onstra evidências precoces de infecção. A RM é m ais sensível do que as outras m odalidades para firm ar o diagnóstico radiológico. Em adultos, a osteom ielite hem atogênica dos ossos longos é m enos com um . E ntretanto, a osteomielite vertebral é um a das apre sentações clínicas m ais freqüentes. As infecções da coluna vertebral são observadas mais frequentem ente em pacientes com endocardite, indivíduos em hem odiálise, diabéticos e usuários de drogas intravenosas. Essas infecções podem causar dor lom bar intensa e febre, mas tam bém p odem passar despercebidas clinicam ente, causando dor lom bar crônica e febre baixa.
Infecções do trato respiratório
Figura 135.3 Osteomielite vertebral por S. aureus e abscesso epidural acometendo o disco torácico entre T9 e T10. A RM sagital da coluna após con traste ilustra a destruição do espaço intervertebral T9-T10 com realce [seta). Ocorre compressão da medula torácica, e observa-se uma coleção epidural que se estende de T9 até T11 [setas curfas).
Doenças Infecciosas 1164
O S. aureus com stitui a causa mais com um de abscesso epidural, um a com plicação que pode causar disfunção neurológica. Os pacien tes queixam -se de dificuldade de u rin ar ou deam bular e de d or rad i cular, além de referirem sinais e sintom as associados à osteomielite. Nesses casos, a intervenção cirúrgica geralm ente constitui um a em er gência médica. O recurso mais confiável para firm ar o diagnóstico é a RM (Fig. 135.3). As infecções ósseas resultantes da dissem inação contígua tendem a desenvolver-se a p a rtir das infecções dos tecidos m oles, com o as associadas a úlceras diabéticas ou vasculares, cirurgia ou traum atis mo. Osso exposto, fístula com drenagem , dificuldade de cicatrização ou drenagem persistente sugerem envolvim ento do osso subjacente. O acom etim ento ósseo é confirm ado pela cultura e pelo exam e h is topatológico do osso (revelando, p or exem plo, sinais de infiltração de PM N). A contam inação do m aterial de cultura pelos tecidos a d jacentes poderá dificultar o diagnóstico da osteom ielite quando não for possível confirm á-lo pelo exame histopatológico. Além disso, às vezes é difícil diferenciar radiologicam ente entre osteom ielite e infec ção dos tecidos moles que recobrem um foco de osteíte subjacente. Tanto em crianças quanto em adultos, o S. aureus constitui a causa m ais com um da artrite séptica em articulações naturais. Essa infecção evolui rapidam ente e pode estar associada à destruição ex tensa da articulação se não for tratada. O paciente tem d or intensa à m obilização da articulação afetada, edem a e febre. A aspiração da articulação dem onstra líquido turvo com > 50.000 PM N/p-L e co cos G ram -positivos em cachos na coloração de G ram (Fig. 135.1). Nos adultos, a artrite pode ser causada p o r traum atism o, cirurgia ou dissem inação hem atogênica. As articulações acom etidas com m aior frequência são os joelhos, os om bros, quadris e falanges. A infecção frequentem ente se desenvolve nas articulações já lesionadas po r osteoartrite ou artrite reum atoide. Tam bém podem ocorrer infecções iatrogênicas resultantes da aspiração ou injeção de bactérias dentro da articulação. Nesses casos, o paciente tem agravam ento da dor, ede m a da articulação envolvida e febre. A piomiosite é um a infecção incom um dos m úsculos esqueléti cos, diagnosticada principalm ente nas regiões de clim a tropical, m as que tam bém ocorre em pacientes im unocom prom etidos e infectados pelo HIV. A piom iosite m anifesta-se sob a form a de febre, edem a e dor localizada sobre o m úsculo acom etido. A aspiração de líquido do tecido acom etido detecta a presença de pus. Em bora a infecção possa estar associada a um a história de traum atism o, a patogenia não está bem esclarecida.
As infecções respiratórias causadas pelo S. aureus ocorrem em algu m as situações clínicas especiais. Essa bactéria causa infecções graves do trato respiratório em recém -nascidos e lactentes; tais infecções produzem dispnéia, febre e insuficiência respiratória. As radiografias de tórax podem d em onstrar pneum atoceles (cavidades irregulares de paredes finas). Pneum otórax e em piem a são as com plicações típicas dessa infecção. Em adultos, as infecções pulm onares hospitalares causadas p or S. aureus são com um ente encontradas nos pacientes intubados m an ti dos em unidades de terapia intensiva. Os pacientes com colonização nasal correm m aior risco de adquirir essas infecções. A apresentação clínica não é diferente das infecções pulm onares causadas p or outras bactérias. Os pacientes produzem grandes volum es de secreção b rô n quica e m anifestam insuficiência respiratória, febre e infiltrados pul m onares novos. A diferenciação entre p neum onia bacteriana e outras causas de insuficiência respiratória ou infiltrados pulm onares novos em pacientes críticos geralm ente é difícil e depende de um conjunto de m anifestações clínicas, radiológicas e laboratoriais. As infecções respiratórias adquiridas na com unidade, causadas pelo S. aureus, ocorrem habitualm ente após infecções virais, mais com um ente influenza. Os pacientes podem ter febre, expectoração sanguinolenta e pneum atoceles nos cam pos pulm onares m édios ou m últiplos infiltrados de distribuição irregular (Fig. 135.4). O diag nóstico é firm ado pela coloração de G ram e p o r cultura. Em bora se jam úteis, as hem oculturas geralm ente são negativas.
Bacteremia, sepse e endocardite infecciosa A bacterem ia p o r S. aureus pode ser com plicada p or sepse, endocar dite, vasculite ou dissem inação m etastática (form ação de coleções supurativas em outros locais teciduais). A frequência da dissem inação m etastática durante a bacterem ia foi estim ada em até 31%. Entre os órgãos m ais com um ente acom etidos pelos focos m etastáticos estão as articulações, os rins, ossos e pulm ões. A detecção dessas com plicações baseando-se apenas em m éto dos diagnósticos clínicos e laboratoriais é, com frequência, difícil. As condições com órbidas que frequentem ente são observadas em associação à bacterem ia po r S. aureus e que aum entam o risco de com plicações incluem diabetes, infecção pelo H IV e disfunção renal. O utros fatores do hospedeiro associados a um risco aum entado de com plicações consistem em bacterem ia p o r S. aureus adquirida na com unidade (exceto em usuários de drogas injetáveis), a ausência de um foco prim ário detectável de infecção e a presença de dispositivos ou m ateriais protéticos.
Figura 135.4 TC ilustrando a pneumonia necrotizante devido a MRSA, ad quirido na comunidade em uma mulher diabética que originalmente apresentou um abscesso cutâneo.
C linicam ente, a sepse pelo S. aureus causa um q u a d ro sem e lhante ao observado na septicem ia associada a outras bactérias. A evolução bem conhecida das alterações h e m o d in â m ica s - c o m e çando com alcalose respiratória e achados clínicos de hipo ten são e febre - é com um . O diagnóstico m icrobiológico é firm ad o p o r hem oculturas positivas. A incidência global da endocardite p o r S. aureus tem au m en ta do ao longo dos últim os 20 anos. N a atualidade, o S. aureus consti tui a principal causa de endocardite no m u n d o inteiro, re spondendo por 25 a 35% dos casos. Esse aum ento é atribuível, pelo m enos em parte, à am pliação do uso de dispositivos intravasculares; os e stu dos de ecocardiografia transesofágica revelaram u m a incidência de 25% de endocardite infecciosa entre pacientes com b acterem ia p o r S. aureus e cateteres intravasculares. O utros fatores associados ao aum ento do risco de endocardite são o uso de drogas injetáveis, hem odiálise, presença de dispositivos artificiais intravasculares p o r ocasião da b acterem ia e im unossupressão. A pesar da disp o n ib ili dade de antibióticos eficazes, as taxas de m o rtalid ad e associadas a tais infecções ainda v ariam de 20 a 40%, d e p en d e n d o do tipo de hospedeiro e da natureza da infecção. As com plicações da en d o car dite associada ao S. aureus são a insuficiência das valvas cardíacas, em bolia periférica, dissem inação m etastática e aco m etim en to do sistem a nervoso central (SNC) (p. ex., an eu rism as m icóticos, aci dente vascular encefálico em bólico). A endocardite por S. aureus é encontrada em quatro situações clínicas: (1) endocardite das câm aras direitas associada ao uso de drogas injetáveis; (2) endocardite das valvas esquerdas naturais; (3) endocardite de valvas protéticas; e (4) endocardite hospitalar. Em todas essas circunstâncias, o diagnóstico é firm ado pelo reconheci m ento das m anifestações clínicas sugestivas de endocardite, o que inclui m anifestações cardíacas com o sopros cardíacos valvares n o vos ou m odificados; sinais cutâneos, com o lesões vasculíticas, nodos de O sler ou lesões de Janeway; indícios de doença em bólica direita ou esquerda; e história sugestiva de risco aum entado para b actere m ia p or S. aureus. Se o paciente não tiver sido tratado an terio rm en te com antibióticos, as hem oculturas quase sem pre serão positivas. Em bora seja m enos sensível do que a ecocardiografia transesofágica, a ecocardiografia transtorácica é m enos invasiva e, com frequência, dem onstra a existência de vegetações valvares. Os critérios de D uke (ver Q u a d ro 124.3) são, hoje, com um ente utilizados para ajudar a estabelecer a probabilidade desse diagnóstico. A endocardite aguda da valva tricúspide direita pelo S. aureus é diagnosticada m ais com um ente entre os usuários de drogas injetá veis. A apresentação clínica clássica inclui febre alta, aspecto clíni co de toxem ia, d or torácica pleurítica e a expectoração de secreção brônquica (sanguinolento em alguns casos). A radiografia de tórax m ostra evidências de êm bolos pulm onares sépticos (pequenas lesões circulares periféricas, que podem form ar cavidades com o tem po). Um a porcentagem elevada dos pacientes acom etidos não tem h istó ria de lesão valvar preexistente. No início da doença, tais pacientes podem ter apenas febre, sem outras anorm alidades cardíacas ou si nais que indiquem a origem do processo. Por esta razão, u m grau elevado de suspeição é essencial para o diagnóstico. Os pacientes com lesões preexistentes das valvas cardíacas apre sentam -se m ais com um ente com endocardite das valvas esquerdas naturais, que já estavam alteradas. Esses pacientes tendem a ter idade m ais avançada do que os indivíduos com endocardite no lado direi to, seu prognóstico é m ais reservado e a incidência de com plicações (incluindo êm bolos periféricos, descom pensação cardíaca e dissem i nação m etastática) é maior. O S. aureus é um a das causas m ais com uns de endocardite de valva protética. A infecção é particularm ente fulm inante no período pós-operatório imediato e está associada a um a taxa de letalidade ele vada. Na m aioria dos casos, o tratam ento clínico não é suficiente e o paciente deve ser reoperado em caráter de urgência para substituir a valva acom etida. Os pacientes tendem a desenvolver insuficiência valvar ou abscessos m iocárdicos que se form am na região onde a val va foi im plantada.
A frequência aum entada de endocardite hospitalar (15 a 30% dos casos, de acordo com a série) reflete em parte o uso crescente dos dispositivos intravasculares. Esse tipo de endocardite é m ais co m um ente causado pelo S. aureus. O diagnóstico é frequentem ente om itido, visto que os pacientes geralm ente se encontram em estado crítico, vêm recebendo antibióticos p o r várias outras razões e têm com orbidades.
Infecções do trato urinário As infecções do trato urinário (ITU) raram ente são causadas pelo S. aureus. Ao contrário do que ocorre com a m aioria dos outros pató genos urinários, a presença dessa bactéria na u rin a sugere dissem i nação hem atogênica. Em alguns casos, as infecções ascendentes por S. aureus são causadas pela instrum entação do trato geniturinário.
Infecções associadas a dispositivos protéticos O S. aureus é responsável por um a grande porcentagem das infecções relacionadas com os dispositivos protéticos. Em geral, essas infecções envolvem cateteres intravasculares, valvas protéticas, dispositivos o r topédicos, cateteres peritoniais, m arca-passos, dispositivos de suporte ventricular esquerdo e enxertos vasculares. Ao contrário da apresen tação clínica mais indolente das infecções causadas pelos CoNS, as in fecções pelo S. aureus relacionadas com dispositivos têm apresentação mais aguda, com m anifestações clínicas localizadas e sistêmicas. Essas últim as infecções tam bém tendem a apresentar evolução mais rápida. E relativamente com um encontrar um a coleção piogênica no local em que o dispositivo está im plantado. A aspiração de tais coleções e a realização de hem oculturas são elem entos im portantes para a confir m ação do diagnóstico. As infecções po r S. aureus tendem a ser mais com uns pouco depois da im plantação, a m enos que o dispositivo seja usado como acesso (p. ex., cateteres intravasculares ou de hem odiáli se). Neste últim o caso, infecções podem o correr a qualquer m omento. Com o na m aioria das infecções de dispositivos protéticos, o suces so do tratam ento geralm ente depende da rem oção do dispositivo. Se perm anecerem no local, os dispositivos funcionarão com o um nicho potencial para infecções persistentes ou recidivantes.
Infecções associadas a MRSA adquirido na comunidade Em bora a pele e os tecidos m oles constituam os locais m ais com uns de infecção associada ao CA-M RSA, 5 a 10% dessas infecções são de caráter invasivo e p o d em até m esm o c o m p o rtar risco de vida. Estas últim as infecções incluem fasciite necrosante, pneum onia n e crotizante e sepse com síndrom e de W arterhouse-F riderichsen, ou p úrpura fulm inante. Essas infecções potencialm ente fatais refletem a virulência aum entada das cepas de MRSA.
Doenças mediadas por toxinas Intoxicação alimentar O S. aureus está en tre os agentes etiológicos m ais com uns dos surtos de infecção tran sm itid a p o r alim entos nos EUA. A intoxicação a lim en tar causada p o r estafilococos resulta da inoculação do S. aureus p ro d u to r de toxinas n o s alim entos pelas m ãos colonizadas das pessoas que p re p ara m os alim entos. Em se guida, a toxina é p ro d u z id a nos alim entos que favorecem o cres cim ento bacteriano, com o o crem e de ovos, a salada de batata ou carnes industrializadas. A in d a que as b actérias sejam elim inadas pelo aquecim ento, a toxina term oestável n ão é destruída. O início da doença é rápido, o c o rre n d o 1-6 h depois da ingestão. A intoxi cação alim entar caracteriza-se p o r náuseas e vôm itos, em bora ta m bém possa haver diarréia, hipotensão e desidratação. O diagnóstico diferencial inclui diarréia de outras etiologias, especialm ente aquela causada p o r toxinas sem elhantes (p. ex., toxinas elaboradas pelo Bacillus cereus). O início rápido, a inexistência de febre e a natureza epidêm ica da apresentação clínica (sem dissem inação secundária) levam à suspeita de intoxicação a lim en tar estafilocócica. E m geral, os sintom as regridem d e n tro de 8-10 h. O diagnóstico pode ser es tabelecido pelo isolam ento das b actérias ou pela d em onstração de enterotoxina no alim ento im plicado. O tratam en to consiste unica m ente em m edidas de suporte.
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Síndrome do choque tóxico A SCT atraiu a atenção nos prim eiros anos da década de 1980, quando houve um surto nacional entre m ulheres jovens e sadias nos dem ais aspectos e que estavam m en s truadas. Os estudos epidem iológicos d em onstraram que tais casos estavam associados ao uso de tam pões altam ente absorventes que haviam sido lançados recentem ente no m ercado. Estudos subsequen tes dem onstraram o papel da TSCT-1 nessas doenças. A retirada do m ercado dos referidos tam pões resultou no rápido declínio da inci dência da doença. E ntretanto, casos durante e fora da m enstruação continuam a ser relatados. A apresentação clínica é sem elhante na SCT das m ulheres m ens truadas ou não, em bora a natureza do fator de risco seja diferente. As evidências de infecção clínica por S. aureus não são pré-requisitos. A SCT é decorrente da produção de um a enterotoxina ou da TSCT-1, estruturalm ente sem elhante às enterotoxinas. Mais de 90% dos casos m enstruais são causados pelo TSCT-1, e um a porcentagem alta dos casos não m enstruais é provocada por enterotoxinas. A SCT começa com sinais e sintom as gripais relativam ente ines pecíficos. Nos casos m enstruais, a doença geralm ente tem início 2 ou 3 dias depois do começo da m enstruação. As pacientes têm febre, hipotensão e eritroderm ia de intensidade variável. O acom etim ento das m ucosas é com um (p. ex„ hiperem ia conjuntival). A doença pode evoluir rapidam ente e causar sinais e sintom as com o vôm itos, diar réia, confusão, mialgias e dor abdom inal. Essas m anifestações clíni cas refletem a natureza m ultissistêm ica da doença, na qual há aco m etim ento do fígado, dos rins, do trato gastrintestinal e/ou do SNC. A descam ação da pele ocorre durante o período de convalescença, geralm ente 1-2 sem anas depois do início da doença. Os achados la boratoriais podem incluir azotem ia, leucocitose, hipoalbum inem ia, trom bocitopenia e anorm alidades da função hepática. O diagnóstico de SCT ainda depende do reconhecim ento de inú meros sinais e sintomas em vez de um a única anorm alidade específica e da falta de evidências de outras infecções possíveis (p. ex., febre m a culosa das M ontanhas Rochosas; (Q uadro 135.2). O utros diagnósticos que devem ser considerados são toxicidade m edicam entosa, exante mas virais, sepse e doença de Kawasaki. Essa doença ocorre apenas nos indivíduos que não possuem anticorpos contra TSCT-1. Recidivas serão possíveis se o paciente não produzir anticorpos após a doença.
Doenças Infecciosas
Síndrome da pele escaldada estafilocócica A SPEE acom ete m ais frequentem ente recém -nascidos e crianças. A doença pode variar da form ação de bolhas localizadas até a esfoliação de grande p arte da superfície cutânea. Em geral, a pele é frágil e sensível, com bolhas de paredes finas cheias de líquido. A aplicação de pressão suave induz a ru p tu ra das lesões, deixando a pele subjacente descoberta (sinal de Nikolsky; Fig. 135.5). As m ucosas geralm ente estão preservadas. Nos casos de infecção m ais generalizada, m uitas vezes há sinais e sinto m as constitucionais com o febre, letargia e irritabilidade, com d im i nuição da ingestão alim entar. Q uantidades significativas de líquido podem ser perdidas nos casos m ais extensos. Em geral, a doença ocorre depois da infecção localizada em um entre vários locais p o s síveis. A SPEE é m uito m enos com um em adultos, m as pode suceder infecções causadas p or cepas que produzem toxina esfoliativa.
QUADRO 135.2 Definição dos casos de síndrome do choque tóxico causada por S. aureus 1. Febre: temperatura > 38,9°C 2. Hipotensão: pressão arterial sistólica ^ 90 mmHg ou hipotensão ortostática (queda ortostática da pressão arterial diastólica em > 15 mmHg, síncope ou tontura ortostática) 3. Exantema macular difuso com descamação dentro de 1 a 2 semanas após o início (incluindo as palmas das mãos e as plantas dos pés) 4. Acometimento multissistêmico a. Hepático: níveis de bilirrubina ou aminotransferases > 2 vezes o normal b. Hematológico: contagem de plaquetas < 100.000/fxL c. Renal: níveis de ureia sanguínea ou creatinina sérica > 2 vezes o limite superior normal d. Mucosas: hiperemia vaginal, orofaríngea ou conjuntival e. Gastrintestinal: vômitos ou diarréia nos estágios iniciais da doença f. Muscular: mialgias graves ou nível sérico de creatinofosfoquinase > 2 vezes o limite superior normal g. Sistema nervoso central: desorientação ou alteração da consciência sem sinais neurológicos focais, na ausência de febre e hipotensão 5. Sorologia ou outros testes negativos para sarampo, leptospirose e febre maculosa das Montanhas Rochosas, bem como hemoculturas ou culturas de líquido cerebrospinal negativas para outros microrganismos além de S. aureus Fonte: M Wharton et al.: Case definitions for public health surveillance. MMWR 39:1,1990; com autorização.
lise dos ensaios clínicos realizados sugere que pode haver tam bém um a redução na incidência de infecções pós-cirúrgicas em pacientes com colonização nasal p or S. aureus. A aplicação de intervenções clínicas selecionadas em um a d e term inada seqüência de etapas prescritas (“bundles”) reduziu as ta xas de infecções hospitalares relacionadas a procedim entos, com o a inserção de cateteres intravenosos, nos quais os estafilococos estão entre os patógenos mais com uns (ver Q u a d ro 131.3). Foram avalia das diversas estratégias de im unização para a prevenção das infec ções p o r S. aureus - tanto ativas (p.ex., vacina conjugada de proteína-polissacarídio capsulares) quanto passivas (p. ex., anticorpo contra o fator de agregação). E ntretanto, n e n h u m a delas teve sucesso para profilaxia ou tratam ento.
■ PREVENÇÃO A profilaxia da dissem inação das infecções p or S. aureus no am biente hospitalar requer a lavagem das m ãos e a adesão rigorosa aos proce dim entos apropriados de isolam ento. C om um a cuidadosa triagem do estado de portad o r de MRSA e a aplicação estrita das práticas de isolam ento, alguns países escandinavos conseguiram u m sucesso sig nificativo na prevenção da introdução e dissem inação dos MRSA nos hospitais. O utros países, com o os EUA e a G rã-B retanha, têm alcan çado m enos sucesso. O uso de agentes antim icrobianos tópicos (p. ex., m upirocina) para erradicar a colonização nasal e/ou clorexidina para elim inar a colonização cutânea po r S. aureus e evitar a infecção susbsequente foi investigado em alguns contextos clínicos. A elim inação do estado de p o rtad o r nasal do S. aureus reduziu a incidência das infecções entre pacientes subm etidos a hem odiálise e diálise peritonial. A m upiroci na elim ina efetivamente a colonização nasal p or S. aureus. Um a aná-
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Figura 135.5 Evidência de síndrome da pele escaldada estafilocócica em um menino de 6 anos de idade. 0 sinal de Nikolsky, com separação da camada superficial da camada epidérmica externa é visível. (Reimpressa, com autorização, de LA Schenfeld et al.: N Engl J Med 342:1178, 2000. © 2000 Massachusetts
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INFECÇÕES CAUSADAS POR ESTAFILOCOCOS COAGULASE-NEGATIVOS Em bora sejam consideravelm ente m enos virulentos do que o S. a u reus, os CoNS estão entre as causas m ais com uns de infecções de dispositivos protéticos. Cerca de 50% das espécies identificadas de CoNS estão associadas às infecções hum anas. Entre tais espécies, o S. epidermidis é o patógeno h um ano m ais com um . Esse com ponente da flora hum ana norm al é encontrado na pele (onde constitui a espécie bacteriana m ais abundante), na orofaringe e na vagina. O S. saprophyticus, que é um a espécie resistente à novobiocina, é um patógeno nas infecções do trato urinário (ITU).
■ PATOGENIA E ntre os CoNS, o S. epidermidis é a espécie m ais com um ente associa da às infecções dos dispositivos protéticos. Essa infecção caracteriza-se p or um processo de duas etapas, com aderência inicial ao dispo sitivo, seguida de colonização. O S. epidermidis está particularm ente adaptado para colonizar tais dispositivos, porque possui a capacidade de elaborar o polissacarídio extracelular (glicocálice ou m uco visco so) que facilita a form ação de um biofilm e p rotetor na superfície do dispositivo. O m aterial artificial im plantado geralm ente é recoberto pelo soro ou pelos constituintes teciduais do hospedeiro, com o o fibrinogênio ou a fibronectina. Essas m oléculas funcionam com o ligantes p o ten ciais de fixação, facilitando a aderência inicial das bactérias à super fície do dispositivo. Diversas proteínas associadas à superfície, com o a autolisina (AtlE), a proteína de ligação do fibrinogênio e a proteína associada ao acúm ulo (PAA), podem d esem penhar u m papel im portante na fixação das bactérias às superfícies artificiais norm ais ou m odificadas. A adesina intercelular, que é um polissacarídio, facilita a colonização subsequente dos estafilococos e o seu acúm ulo sobre a superfície dos dispositivos. No S. epidermidis, os genes da adesi na intercelular (ica) são enco n trad o s m ais com um ente nas cepas associadas às infecções dos referidos dispositivos do que nas cepas associadas à colonização das superfícies m ucosas. O film e parece a tu ar com o barreira protetora das bactérias contra os m ecanism os de defesa do hospedeiro, bem com o dos antibióticos, ao m esm o tem po em que fornece um am biente adequado à sobrevida das bactérias. O ácido poli-'y-DL-glutâm ico, que é secretado pelo S. epidermidis, p ro porciona u m a proteção contra a fagocitose pelos neutrófilos. Duas espécies adicionais de estafilococos - S. lugdunensis e S. schleiferi - produzem infecções m ais graves (endocardite das valvas naturais e osteom ielite) do que os outros CoNS. O m ecanism o des sa virulência m ais intensa é desconhecido, em bora as duas espécies pareçam com partilhar de m ais determ inantes de virulência com o S. aureus (p. ex., fator aglutinante e Iipase) do que o CoNS. A capacidade do S. saprophyticus de causar ITU em m ulheres jo vens parece estar relacionada com sua m aior capacidade de aderir às células do epitélio urinário. Um a hem aglutinina/adesina de 160 kDa pode contribuir p ara essa afinidade.
■ DIAGNÓSTICO E m bora a detecção de CoNS nos focos infecciosos ou na corrente sanguínea não seja difícil pelos m étodos convencionais de cultura m icrobiológica, a interpretação desses resultados geralm ente é p ro blem ática. C om o tais m icrorganism os estão presentes em grandes quantidades na pele, geralm ente contam inam as culturas. Algum as estim ativas indicaram que apenas 10 a 25% das hem oculturas positi vas para CoNS realm ente revelam bacterem ia. Problem as sem elhan tes ocorrem com as culturas obtidas de outros locais. E ntre as m a nifestações clínicas sugestivas de bacterem ia verdadeira estão febre, sinais de infecção localizada (p. ex., eritem a ou secreção p urulenta no local de acesso do cateter IV), leucocitose e sinais sistêm icos de sepse. As alterações laboratoriais sugestivas de bacterem ia verdadeira co n sistem em m últiplos isolam entos da m esm a cepa (ou seja, da m esm a espécie com antibiogram a igual ou um fingerprint de DNA m uito sem elhante) em culturas separadas, crescim ento da cepa em 48 h, e crescim ento bacteriano em frascos de cultura aeróbios e anaeróbios.
■ SÍNDROMES CLÍNICAS Os CoNS causam infecções de diversos dispositivos protéticos como valvas cardíacas artificiais e articulações, enxertos vasculares, dispo sitivos intravasculares e shunts do SNC. Em todas essas situações, a apresentação clínica é sem elhante. Os sinais de infecção localizada geralm ente são sutis, a taxa de progressão da doença é lenta e fre quentem ente há poucas m anifestações sistêmicas. Os sinais de infec ção, com o secreção purulenta, d or localizada ou afrouxam ento dos im plantes artificiais, são evidentes em alguns casos. É com um haver febre, m as isto não ocorre sem pre e pode haver leucocitose branda. Os níveis dos reagentes de fase aguda, a velocidade de hem ossedim entação e a concentração de proteína C -reativa podem estar elevados. As infecções não associadas a dispositivos protéticos são inco m uns, porém a endocardite das valvas naturais causada pelos CoNS é responsável p o r cerca de 5% dos casos descritos em algum as revi sões. O S. lugdunensis parece ser um patógeno m ais virulento nessa circunstância, causando m o rtalid ad e m ais alta e destruição valvar rápida com form ação de abscesso.
TRATAMENTO
Infecções estafilocócicas
PRINCÍPIOS GERAIS DO TRATAMENTO A incisão cirúrgica e a d re nagem de todas as coleções supurativas constituem a intervenção terapêutica m ais im p o rtan te p ara as infecções estafilocócicas. A em ergência dos MRSA na com unidade au m en to u a im p o rtâ n cia de p roceder a culturas de todas as coleções com o objetivo de identificar os patógenos e d e te rm in a r a sensibilidade a a n ti m icrobianos. As infecções dos dispositivos protéticos tendem a não re sp o n d er adequadam ente ao tratam ento, a m enos que os dispositivos sejam rem ovidos. Em algum as situações, nas quais a rem oção do dispositivo é im possível ou a infecção se deve ao CoNS, pode-se fazer um a tentativa inicial de tratam en to clínico sem retirar o im plante. D evido ao risco bem -conhecido de com plicações associadas à bacterem ia p o r S. aureus (p. ex., e ndocar dite, focos m etastáticos de infecção), o tratam en to geralm ente é prolongado (4 a 8 sem anas), a m enos que se d em onstre que o paciente faz p arte da p e q u en a porcentagem de indivíduos com baixo risco de complicações.
DURAÇÃO DO TRATAMENTO ANTIMICROBIANO A inda existe contro vérsia em torno da duração do tratam en to recom endado para as infecções bacterêm icas p o r S. aureus. Entre as anorm alidades associadas ao risco elevado de bacte rem ia com complicações estão as hem oculturas persistentem ente positivas p o r 48-96 h depois de iniciado o tratam ento, a aquisi ção da infecção na com unidade, a não elim inação de um foco de infecção removível (p. ex., cateter intravascular) e infecção com m anifestações cutâneas ou em bólicas. N os pacientes im unocom petentes aos quais se planeja ad m in istrar tratam ento a curto prazo, deve-se realizar u m a ecocardiografia transesofágica para excluir a existência de endocardite, visto que nefti as m anifesta ções clínicas nem os achados laboratoriais são suficientes para detectar lesões cardíacas. Além disso, indica-se frequentem ente um a investigação radiológica detalhada para identificar possíveis coleções m etastáticas. Todos os focos sintom áticos devem ser cui dadosam ente avaliados. SELEÇÃO DOS AGENTES ANTIMICROBIANOS
A escolha dos a n ti m icrobianos usados para tra ta r as infecções causadas p o r esta filococos tan to coagulase-positivos quanto coagulase-negativos tornou-se cada vez m ais problem ática, em virtude da prevalên cia de cepas resistentes a m últiplos fárm acos. A resistência dos estafilococos à m aioria das fam ílias de antibióticos, incluindo P-lactâm icos, am inoglicosídios, fluoroquinolonas e (em m enor grau) glicopeptídios, aum entou. Essa tend ên cia é m ais eviden te com os CoNS: > 80% das cepas hospitalares são resistentes à m eticilina, e essas cepas resistentes à m eticilina tam bém dem ons tram habitualm ente resistência à m aioria dos outros antibióticos.
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Doenças Infecciosas 1 168
C om o a seleção dos agentes antim icrobianos para as infecções p o r S. aureus é sem elhante àquela para as infecções p o r CoNS, as opções de tratam ento para esses patógenos são analisadas em conjunto e estão resum idas no Q uadro 135.3. Em razão da dissem inação generalizada dos plasm ídios que contêm a enzim a penicilinase, poucas cepas estafilocócicas (< 5%) continuam sensíveis às penicilinas. C ontudo, frente às cepas sensíveis, a penicilina ainda é a prim eira opção de tratam ento. As cepas resistentes à penicilina são tratadas com penicilinas sem i-sintéticas resistentes à penicilinase (SPRP), com o a oxacilina ou nafcilina. A m eticilina foi a prim eira SPRP sintetizada, m as já não é utilizada com frequência atualm ente. As cefalosporinas são agentes terapêuticos alternativos para essas infecções. As cefalos porinas de segunda e terceira gerações não oferecem vantagens terapêuticas com relação às cefalosporinas de p rim eira geração no tratam ento das infecções estafilocócicas. O carbapenéns têm excelente atividade contra S. aureus sensível à m eticilina, m as não contra MRSA. O isolam ento dos MRSA foi descrito 1 ano após a introdução da m eticilina. A prevalência dos MRSA tem aum entado continua m ente desde então. Em alguns hospitais, de 40 a 50% das cepas de S. aureus hoje isoladas são resistentes a esse antibiótico. A resis tência à m eticilina indica um a resistência a todas as SPRP, bem com o a todas as cefalosporinas. A p rodução de um a nova pro teín a de ligação à penicilina (PBP 2a ou 2 ') é responsável pela resistência à m eticilina. Essa proteína é sintetizada pelo gene mecA, que (conform e descrito) faz parte de um grupo extenso de elem entos genéticos - u m a ilha de patogenicidade ou genôm ica - conhecido com o SCCmec. Al guns pesquisadores sugeriram a hipótese de que esse m aterial ge nético tenha sido adquirido p or m eio da transferência horizontal a p artir de um a espécie estafilocócica relacionada, com o S. sciuri. A expressão fenotípica da resistência à m eticilina pode ser consti tutiva (expressa p or todos os m icrorganism os de um a população) ou heterogênea (dem onstrada apenas p or um a p arte da p o p u la ção total de m icrorganism os). A detecção da resistência à m etici lina no laboratório de m icrobiologia clínica p oderá ser difícil se a cepa expressar resistência heterogênea. Por esta razão, os testes de sensibilidade são realizados rotineiram ente sob tem peraturas reduzidas (< 35°C durante 24 h), com aum ento das concentrações de sal do m eio para facilitar a expressão da resistência. Além das técnicas de PCR, pesquisadores desenvolveram alguns m étodos rápidos para a detecção da resistência à m eticilina. A vancom icina continua sendo o fárm aco preferido para o tratam ento das infecções p or MRSA. C om o esse antibiótico é m e nos bactericida do que os agentes (3-lactâmicos, deve ser usado apenas depois de cuidadosa consideração em pacientes com h is tória de alergias a P-lactâm icos. Surgiram três tipos de resistência dos estafilococos à vancom icina. (1) A “ascensão” da c oncentra ção inibitória m ínim a (CIM ) refere-se ao aum ento increm entai da CIM da vancom icina que foi detectada em várias áreas geo gráficas. Os estudos realizados sugerem que as infecções causadas p or cepas de S. aureus com CIM da vancom icina de > 1 pg/m L podem não responder tão bem à terapia com vancom icina quanto aquelas causadas por cepas com CIM de < 1 fxg/mL. A lgum as au toridades (p. ex., The Medicai Letter) recom endaram a escolha de um agente alternativo nessa situação. (2) Em 1997, pesquisadores japoneses descreveram um a cepa de S. aureus com sensibilidade reduzida à vancom icina (VISA). Em seguida, foram relatados ou tros isolados clínicos de VISA. Todas essas cepas eram resisten tes à m eticilina e a m uitos outros antibióticos. As cepas de VISA parecem ter evoluído (sob a pressão seletiva da vancom icina) a pa rtir das cepas sensíveis à vancom icina, m as são heterogêneas, pois um a porcentagem pequena da população bacteriana expressa o fenótipo de resistência. O m ecanism o de resistência dos VISA deve-se a um a parede celular anorm alm ente grande. A vancom i cina é retida pelo entrecruzam ento anorm al das peptidoglicanas e não se liga ao peptídio alterado.
(3) Em 2002, relatou-se o prim eiro isolado clínico de S. au reus totalm ente resistente à vancom icina. A resistência dessa cepa e de seis isolados clínicos subsequentem ente relatados era devida à presença do vanA, o gene responsável pela expressão da resis tência à vancom icina nos enterococos. Tal constatação sugeriu que a resistência tenha sido adquirida em conseqüência da trans ferência conjugal horizontal deste gene a p a rtir de u m a cepa de Enterococcus faecalis resistente à vancom icina. Vários pacientes tinham infecções das quais foram cultivados MRSA e enteroco cos resistentes a esse antibiótico. O gene vanA é responsável pela síntese do dipeptídio D-Ala-D-Lac em vez do D-Ala-D-Ala. A van com icina é incapaz de ligar-se ao peptídio alterado. A telavancina* é um derivado lipoglicopeptídico parenteral da vancom icina, que foi recentem ente aprovada pela U.S. Food and D rug A dm inistration para o tratam en to das infecções com plicadas da pele e dos tecidos moles. Esse fárm aco possui dois al vos: a parede celular e a m em brana celular. C ontinua sendo ativa contra cepas de VISA. A daptom icina, um novo agente bactericida parenteral com atividade antiestafilocócica, foi aprovada para o tratam en to da bacterem ia (incluindo a endocardite do lado direito) e das in fecções cutâneas com plicadas. Esse antibiótico é ineficaz para o tratam ento das infecções respiratórias. A daptom icina possui um novo m ecanism o de ação: ela rom pe a m em brana citoplasmática. Foi relatada a ocorrência de resistência dos estafilococos à dapto m icina, que algum as vezes se desenvolve durante a terapia. A linezolida - a prim eira das oxazolidinonas - possui ativi dade bacteriostática contra os estafilococos e oferece a vantagem de exibir um a biodisponibilidade com parável após adm inistração oral ou parenteral. Não existem descrições de resistência cruzada com outros inibidores da síntese de proteína. Entretanto, foi rela tada a ocorrência de resistência à linezolida. As reações adversas graves à linezolida consistem em trom bocitopenia, casos ocasio nais de neutropenia e raros casos de neuropatia periférica. A estreptogram ina parenteral, a quinupristina/dalfopristina, é um antibiótico que exibe atividade bactericida contra todos os estafilococos, incluindo as cepas VISA. Esse fárm aco foi usado com sucesso no tratam ento das infecções graves p or MRSA. Nos casos de resistência à eritrom icina ou clindam icina, a quinupristi na/dalfopristina é bacteriostática contra os estafilococos. Existem dados lim itados sobre a eficácia da quinupristina/dalfopristina ou da linezolida para o tratam ento da endocardite infecciosa. E m bora as quinolonas sejam razoavelm ente ativas contra es tafilococos in vitro, a frequência de resistência dos estafilococos a esses agentes tem aum entado progressivam ente, em especial entre as cepas resistentes à m eticilina. Q uanto ao MRSA, é particular m ente preocupante observar a possível em ergência de resistência às quinolonas durante o tratam ento. A resistência às quinolonas é m ais com um ente crom ossôm ica e resulta de m utações dos genes da topoisom erase IV ou da DNA-girase, em bora bom bas de eflu xo de vários fárm acos tam bém possam contribuir. .C onquanto as quinolonas m ais novas m ostrem m ais atividade antiestafilocócica in vitro, ainda não está claro se esse aum ento significa m aior ati vidade tam bém in vivo. A tigeciclina, um análogo da m in o c iclin a de am plo espec tro, possui atividade bacterio stática c o n tra o MSRA e foi a p ro vada para uso no tratam e n to de infecções da pele e dos tecidos m oles, bem com o das infecções in tra -ab d o m in ais p o r S. aureus. O u tro s antibióticos, com o a m in o c iclin a e o sulfam etoxazol-trim e to p rim a , foram usados com sucesso p a ra o trata m e n to das infecções p o r MRSA em casos de toxicidade ou intolerância à vancom icina. Em alguns casos, usam -se com binações de agentes antiestafilocócicos p ara am pliar a atividade b actericid a no tratam en to das infecções graves, com o a end o card ite ou a osteom ielite. Em casos selecionados (p. ex., e n d o ca rd ite das câm aras cardíacas * N de R. T.: Ainda não disponível no Brasil.
QUADR0135.3
Tratamento antimicrobiano das infecções estafilocócicas graves8
Sensibilidade/resistência do isolado
Fármaco de escolha
Alternativo(s)
Comentários
Terapia parenteral para infecções graves Sensível à penicilina
Penicilina G (4 mg a cada 4 h)
Nafcilina ou oxacilina (2 g a cada 4h), cefazolina (2 g a cada 8 h), vancomicina (1 g a cada 12 h
Menos de 5% dos isolados são sensíveis à penicilina
Sensível à meticilina
Nafcilina ou oxacilina (2 g a cada 4 h)
Cefazolina (2 g a cada 8 h6), vancomicina (15 a 20 mg/kg a cada 8 a 12h®)
Os pacientes alérgicos à penicilina podem ser tratados com uma cefalosporina se a alergia não envolver uma reação anafilática ou acelerada; a dessensibilização aos p-lactâmicos pode estar indicada em casos selecionados de infecção grave, quando há necessidade de atividade bactericida máxima (p. ex., endocardite de prótese valvard). A p-lactamase de tipo A pode hidrolisar rapidamente a cefazolina e reduzir a sua eficácia na endocardite. A vancomicina é um opção menos efetiva.
Resistente à meticilina
Vancomicina (15-20 mg/ kg a cada 8-12 h6)
Daptomicina (6 mg/kg a cada 24 h ) para bacteremia, endocardite e infecções cutâneas complicadas, linezolida (600 mg a cada 12 h, exceto: 400 mg a cada 12 h para infecções cutâneas não complicadas); quinupristina/dalfopristina (7,5 mg/kg a cada 8 h).
Testes de sensibilidade são necessários antes de iniciar o uso de um fármaco alternativo. Os fármacos adjuvantes (que devem ser utilizados apenas em associação com outros agentes antimicrobianos) são a gentamicina (1 mg/kg a cada 8 h6), a rifampicina (300 mg VO a cada 8 h) e o ácido fusídico (500 mg a cada 8 h; não está facilmente disponível nos EUA*). Para algumas infecções graves, foram usadas doses mais altas de daptomicina. A quinupristina/dalfopristina tem atividade bactericida contra cepas isoladas resistentes à meticilina, a menos que a cepa seja resistente à eritromicina ou à clindamicina. A eficácia do tratamento adjuvante não está bem demonstrada em muitas situações. Tanto a linezolida quanto a quinupristina/dalfopristina mostraram ter atividade in vitro contra a maioria das cepas de VISA e VRSA. Ver o rodapé para o tratamento da endocardite de próteses valvares/
Resistente à meticilina, com resistência intermediária ou total à vancomicina6
Não definido
Igual à recomendada para as cepas resistentes à meticilina; verificar os resultados do antibiograma
Iguais aos relacionados com as cepas resistentes à meticilina; verificar os resultados do antibiograma
Ainda desconhecidas (isto é, tratamento empírico)
Vancomicina (15-20 mg/ kg a cada 8- 12h")
0 tratamento empírico é administrado quando a sensibilidade da cepa isolada não é conhecida. A vancomicina, com ou sem um aminoglicosídio, é recomendada para os casos suspeitos de infecção por Staphylococcus aureus adquirida na comunidade ou hospitalar, tendo em vista a frequência aumentada de cepas resistentes à meticilina na comunidade**
Terapia oral para infecções da pele e dos tecidos moles Sensível à meticilina
Dicloxacilina (500 mg 4x/dia***, cefalexina (500 mg 4x/dia)
Resistente à meticilina
Clindamicina (300-450 mg/kg 3x/dia), SMX-TMP (1 ou 2 comprimidos de cd, 2x/dia), minociclina ou doxiciclina (100 mg a cada 12 hb), linezolida (400-600 mg, 2x/dia)
Minociclina ou doxiciclina (100 mg a cada 12 hb), SMX-TMP (1 ou 2 comprimidos de cd, 2x/dia). clindamicina (300-450 mg/kh, 3x/dia)
É importante conhecer a sensibilidade das cepas isoladas aos antibióticos na região geográfica específica. Deve-se efetuar uma cultura em todo material de drenagem. É importante conhecer a sensibilidade das cepas isoladas aos antibióticos na região geográfica específica. Deve-se efetuar uma cultura todo material de drenagem.
aAs doses recomendadas são para adultos com funções renal e hepática normais. ‘Deve-se ajustar a dose para pacientes com redução da depuração de creatinina. CA daptomicina não pode ser utilizada na pneumonia. ^a ra o tratamento da endocardite de próteses valvares, recomenda-se a adição de gentamicina (1 mg/kg a cada 8 h), com ajuste da dose de gentamicina se a depuração da creatinina estiver reduzida, ío ra m relatadas cepas isoladas de S. aureus resistentes à vancomicina de pacientes com infecções clínicas.
Nota: SMX-TMP, sulfametoxazoi-trimetoprima; VISA, S. aureus de resistência intermediária à vancomicina; VRSA, S. aureus resistente à vancomicina. Fonte: Modificado, com autorização, de FD Lowy: N Engl J Med 339:520, (© 1998 Massachusetts Medicai Society. Todos os direitos reservados) e de DL Stevens et al.: Clin Infect Dis 41:1373,2006, e Med Lett 48:13,2006. * N. de R. T.: No Brasil, o ácido fusídico somente está disponível para uso tópico. ** N. de R. T.: No Brasil, a prevalência de MRSA na comunidade é baixa, não justificando terapia empírica com vancomicina. *** N. de R. T.: Não disponível no Brasil.
1169
direitas), as com binações de fárm acos tam bém são usadas para abreviar a duração do tratam ento. E ntre os agentes a n tim ic ro bianos usados sim ultaneam ente estão a rifam picina, os a m in o glicosídios (p. ex., gentam icina) e o ácido fusídico (não e n c o n trad o facilm ente nos EUA). E m bora esses fárm acos não sejam efetivos isoladam ente, devido ao freqüente aparecim ento de re sistência, eles p o d em ser úteis quando com binados com outros agentes p o r sua atividade bactericid a c o n tra os estafilococos. E ntretanto, até o m om ento, os estudos clínicos realizados não docum entaram qualquer benefício terapêutico, e relatos recentes dem onstraram um a certa preocupação quanto à nefrotoxicidade potencial da gentam icina e qu an to a reações m edicam entosas adversas com a adição de rifam picina.
Doenças Infecciosas 1170
TRATAMENTO ANTIMICROBIANO PARA SITUAÇÕES ESPECIAIS Q u a n do necessário, o uso de agentes antiestafilocócicos orais para infecções da pele e dos tecidos m oles sem com plicações é hab i tualm ente eficaz. Para as dem ais infecções, o tratam ento deve ser parenteral. Em geral, a endocardite causada pelo S. aureus é u m a in fecção aguda potencialm ente fatal. Por esta razão, as h e m o c u l turas devem ser realizadas im ediatam ente e seguidas da p ronta instituição do tratam e n to antim icrobiano em pírico. Para a e n docardite de valvas n aturais p o r S. aureus que com porta risco de vida, m uitos m édicos iniciam o tratam en to com u m ciclo de 3-5 dias de um (i-lactâm ico com um am inoglicosídio (gentam i cina, 1 m g/kg IV a cada 8 h), em bora os dados que sustentam essa escolha sejam lim itados. Se for isolada um a cepa de MRSA, recom enda-se a d m in istrar v an com icina (15-20 m g/kg a cada 8-12 h, adm inistrados em doses iguais, até a dose total de 2 g). A dose de vancom icina deve ser ajustada com base nos níveis séricos de vale do fárm aco. Esses pacientes são geralm ente tra tados d urante 4-6 sem anas, depen d en d o a duração da presença ou não de com plicações. Na endocardite de valva protética, além da antibioticoterapia, geralm ente é necessário realizar um a inter venção cirúrgica. Nesses casos, recom enda-se a com binação de um agente (3-lactâmico - ou vancom icina (30 m g/kg a cada 24 h, adm inistrados em doses até um total de 2 g), se a cepa isolada for resistente a estes antibióticos - com um am inoglicosídio (genta m icina, 1 m g/kg IV a cada 8 h) e rifam picina (300 m g VO ou IV a cada 8 h). Essa com binação é usada para evitar a possibilidade de surgir resistência à rifam picina d urante o tratam ento caso sejam utilizados apenas dois fárm acos. N a osteom ielite hem atogênica ou artrite séptica das c ria n ças, geralm ente é suficiente ad m in istrar um ciclo de tratam ento durante 4 sem anas. Em adultos, o tratam en to costum a ser mais prolongado. Para as form as crônicas de osteom ielite, o desbridam ento cirúrgico é essencial, além da antibioticoterapia. Nas in fecções articulares, um com ponente fundam ental do tratam ento é a aspiração ou artroscopia repetida da articulação afetada, para evitar a destruição pelos leucócitos. A com binação de rifam picina com ciprofloxacino tem sido usada com sucesso no tratam ento das infecções das próteses articulares, sobretudo quando o disp o sitivo não pode ser rem ovido. A eficácia dessa com binação pode ser devida a um aum ento da atividade contra os estafilococos p re sentes no biofilme, bem com o à obtenção de concentrações in tra celulares eficazes. A escolha do tratam ento em pírico para as infecções estafilo cócicas depende em parte dos resultados dos antibiogram as refe rentes à área geográfica específica. C ada vez mais, a vancom icina
(em com binação com um am inoglicosídio ou rifam picina nos ca sos de infecções graves) é a opção preferida para tratar infecções adquiridas na com unidade e nos hospitais. O aum ento da in cid ên cia de infecções da pele e dos tec i dos m oles p o r CA-M RSA cham ou a atenção para a necessidade de iniciar-se um tra ta m e n to em p írico apropriado. O s agentes orais que têm sido efetivos c o n tra essas cepas isoladas incluem a clindam icina, o sulfam eto x azo l-trim eto p rim a, a doxiciclina e a linezolida. TRATAMENTO DA SÍNDROME DO CHOQUE TÓXICO A terapia de su porte com reversão da hipotensão constitui a base do tratam e n to para a SCT. Alguns pacientes podem necessitar de líquidos e agentes vasopressores. Os tam pões ou outro m aterial compressivo devem ser rem ovidos im ediatam ente. O papel dos antibióticos não é m uito evidente. Alguns pesquisadores recom endaram um a com binação de clindam icina com um a penicilina sem i-sintética ou vancom icina (se a cepa isolada for resistente à m eticilina). A clindam icina é recom endada porque, com o inibidor da síntese proteica, reduz a síntese das toxinas in vitro. A linezolida tam bém parece ser efetiva com o inibidor da síntese de toxina. R ecom en da-se o uso de um a penicilina sem i-sintética ou de glicopeptídio para erradicar qualquer foco infeccioso potencial e elim inar o estado de portad o r persistente que poderia aum entar a probabili dade de recidiva da doença. Relatos inform ais com provam o uso bem -sucedido da im unoglobulina IV no tratam en to da SCT. O papel dos glicocorticoides no tratam en to dessa síndrom e ainda não está estabelecido. TRATAMENTO DE OUTRAS DOENÇAS MEDIADAS POR TOXINAS O tratam ento da intoxicação alim entar estafilocócica inclui apenas m edidas de suporte. No caso da SPEE, o tratam ento com agentes antiestafilocócicos tem com o objetivo erradicar o foco prim ário da infecção.
BIBLIOGRAFIA Bode
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Bu rto n
CAPÍ TULO
136
conferindo frequentem ente um a aparência esverdeada ao ágar. Esses estreptococos a-hem olíticos são, ainda, identificados po r testes bio quím icos e incluem o S. pneum oniae (Cap. 134), im portante causa de pneum onia, m eningite e outras infecções, bem com o várias espécies de estreptococos designados coletivam ente com o estreptococos viri dans, que fazem parte da flora oral norm al e que constituem agentes im portantes da endocardite bacteriana subaguda. Por fim, alguns estreptococos não são hem olíticos, um padrão algum as vezes den o m inado hemólise y. Entre os microrganismos classificados sorologicamente como estreptococos do grupo D, os enterococos são classificados como gênero distinto (Cap. 137). O Q u ad ro 136.1 fornece um resum o da classificação dos principais grupos de estreptococos que causam infecções hum anas.
Infecções Estreptocócicas Michael R. Wessels M uitas variedades de estreptococos ocorrem com o parte da flora h u m ana norm al que coloniza os tratos respiratório, gastrintestinal e ge niturinário. Várias espécies constituem causas im portantes de doença hum ana. O Streptococcus do grupo A (SGA, S. pyogenes) é respon sável pela faringite estreptocócica, um a das infecções bacterianas m ais com uns nas crianças em idade escolar, e pelas síndrom es pós-infecciosas da febre reum ática aguda (FRA) e glom erulonefrite pós-estreptocócica (GNPE). O Streptococcus do grupo B (SGB, 5. agalactiae) constitui a principal causa de sepse e m eningite bacterianas em recém -nascidos, bem com o im portante causa de endom etrite e febre em m ulheres parturientes. Os Streptococcus viridans constituem a causa mais com um de endocardite bacteriana. Os enterococos, que se assem elham m orfologicam ente aos estreptococos, são atualm ente com siderados um gênero separado com base em estudos de hom ologia do DNA. Por conseguinte, as espécies anteriorm ente designadas com o S. faecalis e S. faecium receberam as novas denom inações de Enterococcus faecalis e E. faecium , respectivam ente. Os enterococos são discutidos no C apítulo 137. Estreptococos são bactérias G ram -positivas, de form a esférica a ovoide, que form am cadeias quando cultivadas em m eios líquidos. Os estreptococos que causam infecções hum anas são, em sua m aio ria, anaeróbios facultativos, em bora alguns sejam anaeróbios e stri tos. Os estreptococos são m icrorganism os relativam ente exigentes, requerendo um m eio enriquecido para o seu crescim ento no labo ratório. Os m édicos e m icrobiologistas clínicos identificam os estrep tococos com base em vários sistemas de classificação, com o o padrão hem olítico, o grupo de Lancefield, a denom inação da espécie e a d e nom inação com um ou trivial. M uitos dos estreptococos associados a infecções hum anas produzem um a zona de hem ólise com pleta ((3) ao redor da colônia bacteriana quando cultivados em ágar-sangue. Os estreptococos (3-hem olíticos podem ser classificados pelo siste m a de Lancefield, um agrupam ento sorológico baseado na reação de antissoros específicos com antígenos de carboidrato da parede celular bacteriana. C om raras exceções, os m icrorganism os p e rte n centes aos grupos A, B, C e D de Lancefield são beta-hem olíticos, cada qual associado a padrões característicos de infecção hum ana. O utros estreptococos produzem um a zona de hem ólise parcial (a ),
O grupo A de Lancefield consiste em um a única espécie, S. pyogenes. C om o o próprio nom e da espécie indica, esse m icrorganism o está associado a um a variedade de infecções supurativas. Além disso, os SGA podem desencadear as síndrom es pós-infecciosas de FRA (ex clusivam ente associada à infecção pelo S. pyogenes; Cap. 322) e GNPE (Cap. 283). No m undo inteiro, as infecções por SGA e suas seqüelas pós-infecciosas (principalm ente FRA e cardiopatia reum á tica) são responsáveis p or um núm ero estim ado de 500.000 m ortes po r ano. Em bora os dados disponíveis não estejam completos, acredita-se que a incidência de todas as form as de infecções p or SGA e a da cardiopatia reum ática sejam dez vezes m ais altas em países com recursos lim itados do que nos países desenvolvidos (Fig. 136.1).
■ PATOGENIA O SGA elabora um a série de com ponentes da superfície celular e produtos extracelulares, im portantes tanto na patogenia da infecção quanto na resposta im une do hospedeiro hum ano. A parede celular contém um antígeno de carboidrato que pode ser liberado m ediante tratam ento com ácido. A reação desses extratos ácidos com antissoro específico do grupo A constitui a base para a identificação definitiva de um a cepa estreptocócica, com o o S. pyogenes. A principal proteína de superfície do SGA é a proteína M, que ocorre em m ais de 100 tipos antigenicam ente distintos e que constitui a base para a sorotipagem de cepas com antissoros específicos. As m oléculas da proteína M são estruturas fibrilares ancoradas na parede celular do m icrorganism o, que se estendem com o projeções piliform es a p artir da superfície ce lular. A seqüência de am inoácidos da porção distai ou am inoterm inal da m olécula da proteína M é m uito variável, contribuindo para a variação antigênica dos diferentes tipos M , enquanto as regiões mais
Classificação dos estreptococos
I Grupo de Lancefield
Espécies representativas
* Padrão hemolítico
Infecções típicas
____I
A
S. pyogenes
P
Faringite, impetigo, celulite, escarlatina
B
S. agalactiae
P
Sepse e meningite neonatais, infecção puerperal, infecção do trato urinário, infecção de úlceras diabéticas, endocardite
C, G
S. dysgalactiae subespécie equisimilis
P
Celulite, bacteremia, endocardite
Habitualmente não hemolíticos
Infecção do trato urinário, bacteremia hospitalar, endocardite Bacteremia, endocardite
D
Enterococos3: £ faecalis; E. faecium Não enterococos: S. bovis
Habitualmente não hemolíticos
Variável ou não grupável
Estreptococos viridans: S. sanguis; S. mitis
a
Endocardite, abscessos dental e cerebral
Grupo intermedius ou milleri: S. intermedius, S. anginosus, S. constellatus
Variável
Abscessos cerebral e visceral
Estreptococos anaeróbiosb: Peptostreptococcus magnus
Habitualmente não hemolítico
Sinusite, pneumonia, empiema, abscessos cerebral e hepático
Infecções Estreptocócicas
QUADR0136.1
ESTREPTOCOCOS DO GRUPO A
aVer Cap. 137. V er Cap. 164.
1171
T
Presença de cardiopatia reumática (casos por 1.000) 0,3 0,8
I
A\ 1,0
I
l 1,3
l 1,8
l
I 2,2
a
3,5 5,7
Figura 136.1 Prevalência da cardiopatia reumática em indivíduos de 5 a 14 anos de idade. Os círculos na Austrália e Nova Zelândia representam populações nativas (bem como habitantes das ilhas do Pacífico na Nova Zelândia). (De Carapetis et al., 2005, com autorização.)
Doenças Infecciosas
proxim ais da proteína são relativam ente conservadas. Um a técnica m ais recente para a determ inação do tipo M em cepas isoladas de SGA utiliza a reação em cadeia da polim erase para am plificar a re gião variável do gene em m , que codifica a p roteína M. A análise da seqüência do DNA do segm ento gênico am plificado pode ser co m parada com um a extensa base de dados [desenvolvida nos C enters for Disease C ontrol and Prevention (CDC)] para a determ inação do tipo emm. Esse m étodo elim ina a necessidade de tipagem dos soros, disponíveis em apenas alguns laboratórios de referência. A presença da proteína M em um a cepa isolada de SGA correlaciona-se com a sua capacidade de resistir à destruição fagocítica em sangue h u m a no fresco, fenôm eno que parece ser devido, pelo m enos em parte, à ligação do fibrinogênio plasm ático às m oléculas de proteína M sobre a superfície do estreptococo, in terferindo na ativação do com ple m ento e no depósito de fragm entos de com plem ento opsônicos na parede bacteriana. Tal resistência à fagocitose pode ser superada p o r anticorpos específicos contra a proteína M; assim, os indivíduos com anticorpos contra determ inado tipo M adquiridos em conseqüência de infecção prévia ficam protegidos contra infecção subsequente p or m icrorganism os do m esm o tipo M, m as não contra aqueles com ti pos M diferentes. O SGA tam bém elabora, em graus variáveis, um a cápsula de p o lissacarídio com posta de ácido hialurônico. A produção de grandes quantidades de cápsula por d eterm inadas cepas confere um a aparên cia m ucoide característica às colônias. O polissacarídio capsular de sem penha im portante papel na proteção dos SGA contra a ingestão e destruição pelos fagócitos. Ao contrário da proteína M, a cápsula de ácido hialurônico é um im unógeno fraco, não tendo sido constatado que os anticorpos anti-hialuronato sejam im portantes na im unidade protetora. A suposta explicação reside na aparente identidade e stru tural entre o ácido hialurônico estreptocócico e o ácido h ialu rô n i co dos tecidos conectivos dos m am íferos. O polissacarídio capsular tam bém pode agir na colonização da faringe com SGA p or m eio de sua ligação à CD44, um a proteína de ligação do ácido hialurônico expressa nas células epiteliais hum anas da faringe. O SGA produz grande núm ero de produtos extracelulares que podem ser im portantes nas toxicidades local e sistêm ica, bem com o na dissem inação da infecção através dos tecidos. Esses produtos in cluem as estreptolisinas S e O, toxinas que causam lesão das m em branas celulares e que são responsáveis pela hem ólise provocada p e los m icrorganism os; estreptoquinase; DNases; SpyCEP, um a serina protease que cliva e inativa a citocina quim ioatrativa, a interleucina 8, inibindo, assim, o recrutam ento para o local de infecção; e várias exotoxinas pirogênicas. A nteriorm ente conhecidas com o toxinas eritrogênicas, as exotoxinas pirogênicas provocam o exantem a da escar
latina. Desde m eados da década de 1980, as cepas de SGA produtoras de exotoxinas pirogênicas foram associadas a infecções invasivas inusitadam ente graves, com o a fasciite necrosante e a síndrom e do cho que tóxico (SCT) estreptocócica. D iversos pro d u to s extracelulares estim ulam as respostas de anticorpos específicos úteis no diagnóstico sorológico de infecção estreptocócica recente. Os testes para esses anticorpos são utilizados principalm ente para a detecção de infecção estreptocócica precedente em casos de suspeita de FRA ou GNPE.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Faringite Apesar de ser observada em pacientes de todas as idades, a faringite p o r SGA é um a das infecções bacterianas m ais com uns da infância, sendo responsável p or 20 a 40% dos casos de faringite exsudativa em crianças; é rara entre crianças com m enos de 3 anos de idade. As crianças de m enos idade podem m anifestar a infecção estreptocócica com um a síndrom e de febre, m al-estar e linfadenopatia, sem faringi te exsudativa. A infecção é adquirida p o r m eio do contato com o u tro indivíduo p ortador do m icrorganism o. As gotículas respiratórias constituem o m ecanism o habitual de dissem inação, em bora tenham sido descritas outras vias, com o surtos produzidos p or alim entos. O período de incubação é de 1-4 dias. Os sintom as consistem em dor de garganta, febre e calafrios, m al-estar bem como, algum as vezes, queixas abdom inais e vôm itos, particularm ente em crianças. Os sinais e sintom as são m uito variáveis, indo desde um leve des conforto da garganta, com achados físicos m íniníós, até febre alta e faringite intensa associadas a eritem a intenso e edem a da m ucosa faríngea, com a presença de exsudato p u ru len to na parede faríngea posterior e nos pilares das amígdalas. A faringite exsudativa é com u m ente acom panhada de linfonodos cervicais anteriores aum entados e hipersensíveis. O diagnóstico diferencial de faringite estreptocócica inclui as num erosas outras etiologias b acterianas e virais (Q u a d ro 136.2). A infecção estreptocócica constitui u m a causa im provável quando os sinais e sintom as sugestivos de infecção viral são proem inentes (conjuntivite, coriza, tosse, ro uquidão ou lesões ulcerativas distintas nas m ucosas bucal ou faríngea). D evido à variedade de apresentações clínicas da faringite estreptocócica e ao gran d e nú m ero de outros agentes passíveis de p roduzir o m esm o q uadro clínico, o diagnósti co de faringite estreptocócica com base apenas nos achados clínicos não é confiável. A cultura de am ostras da orofaringe continua sendo o padrão-ouro do diagnóstico. A cultura de u m a am ostra da orofaringe ade quadam ente coletada (isto é, com fricção vigorosa de um swab estéril
1172
i
QUADRO 136.2
Etiologias infecciosas da faringite aguda
| Microrganismo
Síndrome(s) clinica(s) associada(s) I
Vírus Rinovírus
Resfriado comum
Coronavírus
Resfriado comum
Adenovírus
Febre t aringoconj untival
Vírus da influenza
Influenza
Vírus parainfluenza
Resfriado, crupe
Vírus Coxsackie
Herpangina, doença da mão, pé e boca
Herpesvírus simples
Gengivostomatite (infecção primária)
Vírus Epstein-Barr
Mononucleose infecciosa
Citomegalovírus
Síndrome semelhante à mononucleose
HIV
Síndrome de infecção aguda (primária)
Bactérias Estreptococos do grupo A
se a natureza da dessa alergia não consistir em um a reação de h i persensibilidade im ediata (anafilaxia ou urticária) ou outra m a nifestação que p o tencialm ente c o m p o rta risco de vida (p. ex., exantem a grave e febre). Fárm acos alternativos incluem a e ritro m icina e a azitrom icina. A azitrom icina e de custo m ais elevado, porém oferece as vantagens de m elhor tolerabilidade gastrintesti nal e ciclo de tratam ento de 5 dias, em um a dose de 12 mg/kg, lx / dia (m áxim o, 500 mg). A resistência à eritrom icina e a outros m acrolídios é com um em cepas isoladas de vários países, incluindo Espanha, Itália, Finlândia, Japão e Coreia. A resistência aos m acrolídios pode estar se tornando m ais prevalente em outras áreas com o uso crescente dessa classe de antibióticos. Nas áreas onde as taxas de resistência ultrapassam 5 a 10%, deve-se evitar o uso de m acrolídios, a não ser que os resultados do antibiogram a sejam conhecidos. A cultura de acom panham ento após o tra ta m ento não é m ais recom endada de m odo rotineiro, porém pode ser justificada em casos selecionados, com o aqueles envolvendo pacientes ou famílias com infecções estreptocócicas freqüentes ou os que ocorrem em situações nas quais se acredita que o risco de FRA seja alto (p. ex., quando casos de FRA foram recentem ente notificados na com unidade).
Faringite, escarlatina
Estreptococos dos grupos C ou G
Faringite
Anaeróbios mistos
Angina de Vincent
Arcanobacterium haemolyticum
Faringite, exantema escarlatiniforme
Neisseria gonorrhoeae
Faringite
Treponema pallidum
Sífilis secundária
Francisella tularensis
Tularemia faríngea
Corynebacterium diphtheriae
Difteria
Yersinia enterocolitica
Faringite, enterocolite
Yersinia pestis
Peste
Clamídias Chlamydia pneumoniae
Bronquite, pneumonia
Chlamydia psittaci
Psitacose
Complicações As com plicações supurativas da faringite estreptocó cica tornaram -se incom uns com o uso dissem inado de antibióticos para a m aioria dos casos sintom áticos. Essas com plicações resultam da dissem inação da infecção da m ucosa faríngea para tecidos m ais profundos p or extensão direta ou p o r vias hem atogênica ou linfática, podendo consistir em linfadenite cervical, abscesso periam igdalar ou retrofaríngeo, sinusite, otite m édia, m eningite, bacterem ia, en d o cardite e pneum onia. As com plicações locais, com o a form ação de abscesso periam igdalar ou parafaríngeo, devem ser consideradas em um paciente que apresenta sintom as incom um ente graves ou prolon gados, ou dor localizada associada a febre alta e aparência toxêmica. As com plicações não supurativas incluem FRA (Cap. 322) e GNPE (Cap. 283), acreditando-se que am bas possam resultar de respostas im unes à infecção estreptocócica. Foi constatado que o tratam ento
Micoplasmas Mycoplasma pneumoniae
Bronquite, pneumonia
TRATAMENTO
I Infecção Faringite
Tratamento3
\
Penicilina G benzatina, 1,2 mU IM: ou penicilina V, 250 mg V0 3x/dia ou 500 mg V0 2x/dia durante 10 dias (Crianças < 27 kg: penicilina G benzatina. 600.000 unidades IM; ou penicilina V, 250 mg V0 2 ou 3x/dia durante 10 dias)
Impetigo
Igual ao da faringite
Erisipela/celulite
Grave: penicilina G, 1 a 2 mU IV a cada 4 h Leve a moderada: penicilina procaína, 1,2 mü IM 2x/dia
Fasciite necrosante/ miosite
Desbridamento cirúrgico; mais penicilina G, 2-4 mU IV a cada 4 h; mais clindamicina,6600-900 mg a cada 8 h
Pneumonia/ empiema
Penicilina G, 2-4 mü IV a cada 4 h; mais drenagem do empiema
Síndrome do choque tóxico estreptocócica
Penicilina G, 2-4 mU IV a cada 4 h; mais clindamicina," 600-900 mg a cada 8 h; mais imunoglobulina IV,62 g/kg em dose única
Faringite por SGA
Na evolução habitual da faringite estreptocócica não com plicada, os sintom as sofrem resolução depois de 3 a 5 dias. O tem po de evolução é ligeiram ente e n cu rtad o pelo tratam en to , instituído basicam ente para evitar as com plicações supurativas e a FRA, cuja prevenção depende da erradicação do m icrorganism o da fa ringe, e não sim plesm ente da resolução dos sintom as, exigindo 10 dias de tratam ento com penicilina (Q u a d ro 136.3). U m a cefalosporina de prim eira geração, com o a cefalexina ou a cefadroxila, pode substituir a penicilina nos casos de alergia à penicilina,
Tratamento das infecções por estreptococos
✓
Infecções Estreptocócicas
nos pilares das amígdalas) e processada constitui o m étodo m ais sen sível e específico para o estabelecim ento de um diagnóstico definiti vo. Um kit diagnóstico rápido, utilizando a aglutinação em látex ou o im unoensaio enzim ático de am ostras de swab, constitui um adju vante útil da cultura da orofaringe. A pesar da variação dos valores exatos de sensibilidade e especificidade, os kits diagnósticos rápidos geralm ente apresentam um a especificidade > 95%. Por conseguinte, a obtenção de um resultado positivo pode ser utilizada p ara diagnós tico definitivo, elim inando a necessidade de cultura da orofaringe. E ntretanto, com o os testes diagnósticos rápidos são m enos sensíveis do que as culturas da orofaringe (com sensibilidade relativa de 55 a 90% em estudos com parativos), os resultados negativos devem ser confirm ados com um a cultura da orofaringe.
QUADRO 136.3 do grupo A
aAlergia à penicilina: A penicilina pode ser substituída por uma cefalosporina de primeira geração, como cefalexina ou cefadroxila, nos casos de alergia à penicilina se a natureza da alergia não for uma reação de hipersensibilidade imediata (anafilaxia ou urticária) ou outra manifestação potencialmente fatal (p. ex., exantema grave e febre).Os agentes alternativos para terapia oral consistem em eritromicina (10 mg/kg V0,4x/dia, até 250 mg por dose no máximo) e azitromicina (ciclo de 5 dias de tratamento em uma dose de 12 mg/kg 1x/dia, até um máximo de 500 mg por dia). A vancomicina é uma alternativa para terapia parenteral. "Eficácia não comprovada, porém recomendada por vários especialistas. Ver discussão no texto.
1173
da faringite estreptocócica com penicilina reduz a probabilidade de FRA, m as não de GNPE.
Fracasso do tratamento bacteriológico e estado de portador assintomático As culturas de vigilância m ostraram que até 20% dos indivíduos em determ inadas populações podem apresentar colonização assintom á tica da faringe com SGA. Mas, não h á diretrizes definitivas para o controle desses portadores assintom áticos ou de indivíduos assinto m áticos que ainda têm um a cultura da orofaringe positiva depois de um ciclo com pleto de tratam ento para a faringite sintom ática. Um a atitude razoável consiste em m in istra r um único ciclo de 10 dias de penicilina para a faringite sintom ática e, se as culturas positivas persistirem , não tratar novam ente, a não ser que haja recidiva dos sintom as. Os estudos da história natural do estado de p o rtad o r e da infecção estreptocócica m ostraram que o risco de desenvolver FRA e transm itir a infecção a outros indivíduos é consideravelm ente m e n o r entre portadores assintom áticos do que entre indivíduos com faringite sintom ática. Por conseguinte, as tentativas francam ente agressivas para erradicar o estado de po rtad o r provavelm ente não se justificam na m aioria das circunstâncias. Um a exceção é a situação em que um portad o r assintom ático constitui um a fonte potencial de infecção para outros. Os surtos de infecção provocada p o r alim entos e de infecção puerperal hospitalar têm sido atribuídos a portadores assintom áticos, que podem abrigar os m icrorganism os na garganta, vagina, ânus ou pele.
TRATAMENTO
Colonização assintomática da faringe com SGA
Q uando um p o rtad o r está transm itindo a infecção a outras pes soas, as tentativas de erradicar o estado de p o rtad o r se justificam . Mas, os dados são lim itados sobre o m elhor esquem a para elim i nar os SGA quando a penicilina isoladam ente fracassa. A com bi nação de penicilina V (500 mg, 4x/dia du ran te 10 dias) com ri fam picina (600 mg, 2x/dia, nos últim os 4 dias) tem sido utilizada para elim inar o estado de p o rtad o r faríngeo. Um ciclo de 10 dias de vancom icina oral (250 mg, 4x/dia) e rifam picina (600 mg, 2x/ dia) erradicou a colonização retal.
Escarlatina
Doenças Infecciosas 1174
A escarlatina consiste em um a infecção estreptocócica, h a b itu a l m ente faringite, a com panhada de exantem a característico (Fig. 136.2). O exantem a surge em conseqüência dos efeitos de um a de três toxinas, atualm ente designadas com o exotoxinas pirogênicas es treptocócicas A, B e C, antes conhecidas com o toxinas eritrogênicas ou da escarlatina. No passado, acreditava-se que a escarlatina pudesse refletir a infecção de um indivíduo que não tinha im unidade especí fica para a toxina p or um a cepa de SGA p rodutora de toxina. A sus cetibilidade à escarlatina foi correlacionada com resultados do teste de Dick, em que um a pequena q u antidade de toxina eritrogênica injetada na derm e produzia eritem a local em indivíduos suscetíveis, porém não desencadeava nenhum a reação naqueles com im unidade específica. Estudos subsequentes sugeriram que o desenvolvim ento do exantem a da escarlatina pode refletir um a reação de hipersensi bilidade, exigindo exposição prévia à toxina. Por m otivos ainda não esclarecidos, a escarlatina to rnou-se m enos com um nesses últim os anos, em bora cepas de SGA que produzem exotoxinas pirogênicas continuem sendo prevalentes na população. Os sintom as da escarlatina são iguais aos da faringite. O exante m a surge no prim eiro ou no segundo dias da doença na parte supe rior do tronco e dissem ina-se para acom eter os m em bros, poupando as palm as das m ãos e plantas dos pés. O exantem a é constituído de m inúsculas pápulas, conferindo à pele um a sensação característica de lixa. Os achados associados incluem palidez perioral, “língua em fram boesa” (aum ento das papilas em um a língua revestida, que mais tarde pode tornar-se desnuda) e acentuação do exantem a nas pregas cutâneas (linhas de Pastia). A dim inuição do exantem a em 6-9 dias
Figura 136.2 Exantema da escarlatina. 0 eritema finamente pontilhado tor nou-se confluente (escarlatiniforme); podem ocorrer petéquias, que possuem uma configuração linear dentro do exantema nas dobras corporais (linhas de Pastia). (De Fitzpatrick, Johnson, Wolff: ColorAtlas and Synopsis of Clinical Dermatology, 4th ed., New York, McGraw-HilI, 2001, com autorização.)
é seguida, no decorrer de vários dias, de descam ação das palm as das m ãos e plantas dos pés. O diagnóstico diferencial da escarlatina inclui outras causas de febre e exantem a generalizado, com o saram po e ou tros exantem as virais, doença de Kawasaki, síndrom e do choque tó xico e reações alérgicas sistêmicas (p. ex., erupções m edicam entosas).
Infecções da pele e dos tecidos moles O SGA - e, em certas ocasiões, outras espécies de estreptococos provoca um a variedade de infecções que acom etem a pele, os tecidos subcutâneos, os m úsculos e a fáscia. E m bora várias síndrom es clíni cas ofereçam um m eio útil para a classificação dessas infecções, nem todos os casos enquadram -se exatam ente em determ inada categoria. As síndrom es clássicas constituem diretrizes gerais para antecipar o nível de acom etim ento tecidual em determ inado paciente, a provável evolução clínica e a possível necessidade de intervenção cirúrgica ou de suporte agressivo à vida. Impetigo (piodermite) O im petigo, infecção superficial da pele, é causado p rim ariam ente p o r SGA e, em certas ocasiões, p o r outros estreptococos ou pelo Staphyiococcus aureus. É observado m ais fre quentem ente em crianças pequenas, tende a ocorrer durante os m e ses m ais quentes e se m ostra m ais com um nos clim as sem itropicais ou tropicais do que nas regiões m ais frias. A infecção é m ais freqüen te em crianças que vivem em condições de higiene-precária. Estudos prospectivos m ostraram que a colonização da pele íntegra p o r SGA precede a infecção clínica. A seguir, trau m atism o s insignificantes, com o arran h ad u ra ou picada de inseto, podem servir para inocular os m icrorganism os na pele. Por conseguinte, a m elhor m aneira de prevenir o im petigo é dispensar atenção adequada à higiene. Os lo cais habituais de acom etim ento são a face (particularm ente ao redor do nariz e da boca) e as pernas, em bora possam o correr lesões em outras localizações. As lesões surgem na form a de pápulas vermelhas, que se transform am rapidam ente em lesões vesiculosas e, a seguir, pustulosas, rom pendo e coalescendo para form ar as crostas caracte rísticas sem elhantes a favo de mel (Fig. 136.3). Em geral, as lesões são indolores, e os pacientes não parecem enferm os. A febre não consti tui um a característica do im petigo e, se presente, sugere a extensão da infecção para tecidos m ais profundos ou o utro diagnóstico. O quadro clássico do im petigo geralm ente apresenta pouca difi culdade diagnóstica. As culturas das lesões im petiginosas frequente m ente revelam S. aureus bem com o SGA. Em quase todos os casos, os estreptococos são isolados inicialm ente, e os estafilococos aparecem
Figura 136.3 0 impetigo contagioso é uma infecção superficial por es treptococos ou Staphyiococcus aureus que consiste em crostas cor de mel e erosões exsudativas eritematosas. Em certas ocasiões, podem-se observar lesões bolhosas. (Cortesia de Mary Spraker, MD, com autorização.) mais tarde, presum ivelm ente com o flora colonizadora secundária. No passado, a penicilina era quase sem pre efetiva contra essas infecções. Entretanto, a frequência crescente de falha do tratam ento com p e n i cilina sugere que o S. aureus pode ter-se tornado m ais proem inente com o causa do impetigo. O impetigo bolhoso devido ao S. aureus é diferenciado da infecção estreptocócica típica pela presença de lesões bolhosas mais extensas, que se rom pem e deixam crostas finas papiráceas em lugar das crostas am areladas e espessas do im petigo estreptocócico. O utras lesões cutâneas que podem ser confundidas com o im petigo são as lesões herpéticas - as do herpes sim ples orolabial ou as da varicela ou herpes-zóster. Em geral, as lesões herpéticas podem ser diferenciadas, pelo seu aspecto, com o vesículas agrupadas m ais distintas e pelo resultado positivo do teste de Tzanck. Nos casos difí ceis, as culturas do líquido das vesículas devem revelar a presença de SGA no impetigo e o vírus responsável nas infecções por Herpesvírus.
TRATAMENTO
de entrada pode consistir num a ferida traum ática ou cirúrgica, pica da de inseto ou qualquer outra solução de continuidade na integri dade da pele. C om frequência, nenhum local de entrada é aparente. Um a form a de celulite estreptocócica, a erisipela, caracteriza-se p or ter aparência eritem atosa brilhante da pele acom etida que forma elevação nitidam ente dem arcada da pele norm al circundante (Fig. 136.4). A lesão é quente ao toque, pode ser sensível bem com o pa rece brilhante e tumefeita. C om frequência, a pele exibe um a textura de casca de laranja, que se acredita reflita o acom etim ento dos vasos linfáticos superficiais; pode-se verificar a form ação de vesículas ou bolhas superficiais, habitualm ente dentro de 2-3 dias após o início. A lesão desenvolve-se em poucas horas e está associada a febre e cala frios. A erisipela tende a ocorrer na área m alar da face (frequentem en te com extensão sobre a ponte do nariz para a região m alar contralate ral) e os m em bros inferiores. Depois de um episódio, não é incom um ter recorrência no m esm o local - algum as vezes anos m ais tarde. Os casos clássicos de erisipela, com m anifestações típicas, são quase sem pre devidos a estreptococos beta-hem olíticos, h abitual m ente SGA e, em certas ocasiões, do g ru p o C ou do G. Todavia, m uitas vezes o aparecim ento de celulite estreptocócica não é típico o suficiente para p erm itir o estabelecim ento de um diagnóstico espe cífico em bases clínicas. A área de acom etim ento pode não ser típica da erisipela, a lesão pode ser m enos intensam ente eritem atosa do que o habitual e pode desaparecer gradualm ente n a pele adjacente, e/ou o paciente pode parecer apenas levem ente enferm o. Nesses casos, é prudente am pliar o espectro do tratam ento antim icrobiano em pírico para incluir outros patógenos, sobretudo o S. aureus, que pode p ro vocar celulite com a m esm a aparência. Deve-se suspeitar de infecção estafilocócica se a celulite surgir ao redor de ferida ou úlcera. A celulite estreptocócica tende a desenvolver-se em locais anatô m icos cuja drenagem linfática norm al foi interrom pida, com o locais de celulite prévia, o braço ipsolateral a m astectom ia e dissecção de linfonodos axilares, um m em bro inferior anterio rm en te acom eti do p or trom bose venosa p ro fu n d a ou linfedem a crônico, ou a p e r na em que u m a veia safena foi retirad a para enxerto de um a ponte na artéria coronária. O m icrorganism o po d e p e n etrar p o r m eio de ru p tu ra da derm e a certa distância do futuro local da celulite clíni ca. Por exemplo, alguns pacientes com celulite recorrente na perna após a rem oção da veia safena só deixam de ter episódios recorrentes após o tratam ento da tin h a do pé no m em bro acom etido. As fissu ras na pele presum ivelm ente servem com o p o rta de entrada para os estreptococos que, a seguir, provocam infecção m ais proxim alm ente na perna, no local de lesão prévia. A celulite estreptocócica tam bém
Impetigo estreptocócico
O tratam ento do im petigo estreptocócico é igual ao da faringite estreptocócica. Em virtude das evidências de que o S. aureus se tornou um a causa relativam ente freqüente do im petigo, os esque m as em píricos devem ser cobrir tanto os estreptococos quanto o S. aureus. Por exemplo, podem -se ad m in istrar dicloxacilina* ou cefalexina em um a dose de 250 mg, 4x/dia, du ran te 10 dias. A pom ada de m upirocina tópica tam bém é efetiva. A cultura pode estar indicada para excluir a possibilidade de S. aureus resistente à m eticilina, particularm ente se a resposta ao tratam en to em pí rico não for satisfatória. A FRA não constitui um a seqüela das infecções cutâneas estreptocócicas, em bora possa ocorrer GNPE após infecção da pele ou orofaringe. A razão dessa diferença não é conhecida. Uma hipótese é a de que a resposta im une necessária para o desenvolvim ento de FRA só ocorre após a infecção da m u cosa faríngea. Além disso, as cepas do SGA que causam faringite são geralm ente de tipos de proteína M diferentes das associadas a infecções cutâneas; p or conseguinte, as cepas que causam farin gite podem ter potencial reum atogênico, enquanto as cepas que infectam a pele podem não exibir esse potencial. N. de R. T.: Não disponível no Brasil.
Celulite A inoculação de m icrorganism os na pele pode levar à celuli te: u m a infecção que acom ete a pele e os tecidos subcutâneos. A porta
Figura 136.4 A erisipela é uma infecção estreptocócica da derme su perficial que consiste em placas eritematosas, edematosas, quentes e bem de marcadas.
1175
pode acom eter feridas cirúrgicas recentes. O SGA situa-se entre os poucos patógenos bacterianos que produzem sinais de infecção de ferida e celulite circundante nas prim eiras 24 h após a cirurgia. Essas infecções de ferida estão habitualm ente associadas a exsudato fino e podem sofrer dissem inação rápida na form a de celulite na pele e no tecido subcutâneo, ou com o infecção dos tecidos m ais profundos (ver adiante). A infecção de ferida ou a celulite localizada p or estrep tococos tam bém podem estar associadas a linfangite, que se m anifes ta po r estrias eritem atosas que se estendem proxim alm ente ao longo dos vasos linfáticos superficiais a p artir do local de infecção.
TRATAMENTO
Celulite estreptocócica
inflam atório seguindo o trajeto dos planos fasciais acim a dos grupos m usculares e entre eles, sem acom etim ento dos próprios m úsculos. O processo estende-se habitualm ente além da área de acom etim ento clínico e é necessário efetuar um desbridam ento extenso. A drenagem e o d esbridam ento são fundam entais no tratam ento da fasciite necrosante; a antibioticoterapia constitui m edida adjuvante útil (Q uadro 136.3), porém a cirurgia salva a vida do paciente. O tratam ento da m iosite estreptocócica consiste em d re n a gem cirúrgica - habitualm ente p or um procedim ento aberto que perm ite a avaliação da extensão da infecção e assegura um desbri dam ento adequado dos tecidos acom etidos - e penicilina em altas doses (Q uadro 136.3).
Ver Q uadro 136.3 e C apítulo 125.
Pneumonia e empiema Infecções dos tecidos moles profundos A fasciite necrosante (gangrena estreptocócica hemolítica) acom ete a fáscia superficial e/ou fáscia profunda que revestem os m úsculos de um m em bro ou o tronco. A fonte de infecção é a pele, em que os m i crorganism os são introduzidos no tecido p o r m eio de traum atism o (algum as vezes trivial), ou a flora intestinal, em que os m icrorganis m os são liberados durante a cirurgia abdom inal ou de fonte entérica oculta, com o abscesso diverticular ou apendicular. O local de inoculação pode ser inaparente e, com frequência, fica a algum a distância do local de acom etim ento clínico; p or exemplo, a introdução de m i crorganism os p o r m eio de traum atism o insignificante na m ão pode estar associada à infecção clínica dos tecidos que revestem o om bro ou tórax. Em geral, os casos associados à flora intestinal são polim icrobianos, envolvendo um a m istura de bactérias anaeróbias (com o Bacteroides fragilis ou estreptococos anaeróbios) e m icrorganism os facultativos (habitualm ente bacilos G ram -negativos). Os casos não relacionados com contam inação p o r m icrorganism os intestinais são m ais com um ente causados p or SGA isoladam ente ou em associação a outros m icrorganism os (mais frequentem ente S. aureus). De m odo global, o SGA está im plicado em cerca de 60% dos casos de fasciite necrosante. Em geral, o início dos sintom as é m uito agudo e assi nalado p or dor intensa no local de acom etim ento, m al-estar, febre, calafrios e aparência toxêm ica. Os achados físicos, particularm ente no início da doença, podem não ser notáveis, observando-se apenas a presença de eritem a m ínim o da pele sobrejacente. A do r e h ip er sensibilidade são habitualm ente intensas. D iferentem ente, na celulite mais superficial, o aspecto da pele é m ais alterado, p orém a do r e a hipersensibilidade são apenas leves ou m oderadas. C om a evolução da infecção (frequentem ente em questão de várias horas), a intensi dade e extensão dos sintom as se agravam , e as alterações cutâneas tornam -se m ais evidentes, com o aparecim ento de eritem a escuro ou m osqueado e edema. A hipersensibilidade pronunciada da área aco m etida pode evoluir para anestesia quando o processo inflam atório dissem inado provoca infarto dos nervos cutâneos. Em bora a m iosite seja m ais com um ente devida à infecção pelo S. aureus, o SGA provoca, em certas ocasiões, abscessos nos m úsculos esqueléticos (miosite estreptocócica), com pouco ou n en h u m acom e tim ento da fáscia adjacente ou da pele sobrejacente. A apresentação é habitualm ente subaguda; entretanto, foi descrita u m a form a fulm i nante em associação a toxicidade sistêm ica grave, bacterem ia e alta taxa de m ortalidade. A form a fulm inante pode refletir o m esm o p ro cesso m órbido básico observado na fasciite necrosante; entretanto, o processo inflam atório necrosante estende-se nos próprios m úsculos em lugar de perm anecer lim itado às cam adas fasciais.
TRATAMENTO
infecções dos tecidos moles profundos
Q uando se suspeita de fasciite necrosante, a exploração cirúrgi ca precoce está indicada para o estabelecim ento do diagnóstico e tratam ento. A cirurgia revela a presença de necrose e líquido
O SGA constitui um a causa ocasional de pneum onia, geralm ente em indivíduos antes sadios. O início dos sintom as pode ser abrupto ou gradual. As m anifestações características consistem em dor torácica pleurítica, febre, calafrios e dispnéia. A tosse costum a estar presente, m as pode não ser proem inente. C erca da m etade dos pacientes com pneum onia por SGA sofre derram e pleural associado. D iferentem en te dos derram es p arapneum ônicos estéreis típicos da pneum onia pneum ocócica, os que com plicam a p n eu m o n ia estreptocócica são quase sem pre infectados. O líquido do em piem a é habitualm ente vi sível na radiografia de tórax à apresentação inicial, e seu volum e pode aum entar rapidam ente. Essas coleções pleurais devem ser drenadas logo no início, visto que tendem a se to rn a r rapidam ente loculadas, resultando em reação fibrótica crônica que pode exigir toracotom ia para sua remoção.
Bacteremia, sepse puerperal e síndrome do choque tóxico estreptocócica A bacterem ia p or SGA está habitualm ente associada a infecção local identificável. A bacterem ia ocorre raram ente com faringite não com plicada sob os dem ais aspectos, algum as vezes com celulite ou pn eu m onia, e de m odo relativam ente freqüente com a fasciite necrosante. A bacterem ia sem um a fonte identificada levanta a possibilidade de endocardite, abscesso oculto ou osteom ielite. Diversas infecções fo cais podem surgir secundariam ente a p a rtir da bacterem ia estrepto cócica, incluindo endocardite, m eningite, artrite séptica, osteom ieli te, peritonite e abscessos viscerais. Em certas ocasiões, o SGA está im plicado em com plicações in fecciosas do parto, habitualm ente endom etrite e bacterem ia associa da. Na era anterior aos antibióticos, a sepse puerperal era com um ente causada p or SGA; na atualidade, é causada com m ais frequência por SGB. Vários surtos hospitalares de infecção puerperal p o r SGA foram atribuídos a algum p ortador assintom ático, geralm ente um indivíduo presente no parto. O local do estado de p o rtad o r pode ser a pele, gar ganta, ânus ou vagina. No final da década de 1980, surgiram vários relátos descrevendo pacientes com infecções p or SGA associadas a choque e falência de m últiplos órgãos. Esta síndrom e foi d enom inada SCT estreptocócica, visto que com partilha certas características com a SCT estafilocócica. Em 1993, foi form ulada um a definição de caso para a SCT estrepto cócica (Q uadro 136.4). As características gerais da doença consistem em febre, hipotensão, co m prom etim ento renal e síndrom e do des conforto respiratório agudo. Foram descritos vários tipos de exan tem a; todavia, em geral não h á desenvolvim ento de exantem a. As anorm alidades laboratoriais incluem acentuado desvio da contagem diferencial dos leucócitos para a esquerda, com num erosos granuló citos im aturos; hipocalcem ia; hipoalbum inem ia; e trom bocitopenia, que habitualm ente se torna m ais p ronunciada no segundo ou no ter ceiro dias da doença. D iferentem ente dos pacientes com SCT estafi locócica, a m aioria dos pacientes com SCT estreptocócica apresenta bacterem ia. A infecção associada m ais com um é u m a infecção dos tecidos m oles - fasciite necrosante, m iosite ou celulite - , em bora se tenha descrito um a variedade de outras infecções locais associadas, incluindo pneum onia, peritonite, osteom ielite e m iom etrite. A SCT
w Q U A D R 0 1 3 6 .4 Definição de caso proposta para a síndrom e do choque tóxico estreptocócica3 I. Isolamento de estreptococos do grupo A (Streptococcus pyogenes) A. De um local normalmente estéril
rações de im unoglobulina em pool contêm anticorpos capazes de neutralizar os efeitos das toxinas estreptocócicas. Relatos infor m ais e séries de casos sugeriram respostas clínicas favoráveis à im unoglobulina IV, porém não foram efetuados estudos clínicos controlados prospectivos adequadam ente qualificados.
B. De um local não estéril II. Sinais clínicos de gravidade A. Hipotensão e B. > 2 dos seguintes sinais 1. Comprometimento renal 2. Coagulopatia 3. Comprometimento da função hepática 4. Síndrome do desconforto respiratório agudo 5. Exantema macular eritematoso generalizado, que pode descarnar 6. Necrose dos tecidos moles, incluindo fasciite necrosante ou miosite; ou gangrena 1jma doença que preencha os critérios IA, IIA e IIB é classificada como um caso definido. Uma doença que preencha os critérios IB, IIA e IIB é definida como um caso provável se não for iden tificada nenhuma outra etiologia.
Fonte: Modificado de Working Group on Severe Streptococcal Infections: JAMA 269:390,1993.
estreptocócica está associada a um a taxa de m ortalidade de > 30%, sendo a m aioria das m ortes secundária ao choque e insuficiência res piratória. Em virtude de sua evolução rapidam ente progressiva e letal, o reconhecim ento precoce da síndrom e é fundam ental. Os pacientes devem receber tratam ento de suporte agressivo (reanim ação com lí quido, pressores e ventilação m ecânica), além do tratam ento antim i crobiano e, nos casos associados a fasciite necrosante, desbridam ento cirúrgico. Não se sabe exatam ente p o r que d eterm inados pacientes desenvolvem esta síndrom e fulm inante. Os estudos iniciais das cepas estreptocócicas isoladas de tais pacientes d em onstraram um a forte associação com a produção de exotoxina pirogênica A. C ontudo, esta associação tem sido inconsistente nas séries de casos subsequentes. A exotoxina pirogênica A e várias outras exotoxinas estreptocócicas atuam com o superantígenos, deflagrando a liberação de citocinas in flam atórias dos linfócitos T. A febre, o choque e a disfunção orgânica na SCT estreptocócica podem refletir, em parte, os efeitos sistêmicos da liberação de citocinas m ediada p or superantígenos.
TRATAMENTO
Síndrome do choque tóxico estreptocócica
ESTREPTOCOCOS DOS GRUPOS C E G Os streptococcus dos grupos C e G são bactérias (3-hemolíticas que, em certas ocasiões, provocam infecções hu m an as sem elhantes às causadas por SGA. As cepas que form am colônias pequenas em ágar-sangue (< 0,5 m m ) são geralm ente m em bros do grupo do S. milleri (S. intermedius, S. anginosus) (ver “Streptococcus viridans”, adiante). Na atualidade, os estreptococos dos grupos C e G de origem hum ana, que form am grandes colônias, são considerados um a única espécie, S. dysgalactiae subespécie equisimilis. Esses estreptococos têm sido associados à faringite, celulite e infecções dos tecidos moles, p n e u m onia, bacterem ia, endocardite e artrite séptica. Foi tam bém rela tada a ocorrência de sepse puerperal, m eningite, abscesso epidural, abscesso intra-abdom inal, infecção do trato urinário e sepse neonatal. A bacterem ia causada po r estreptococos dos grupos C ou G afeta m ais frequentem ente pacientes idosos ou cronicam ente enferm os, e, na ausência de infecção local óbvia, tende a refletir a presença de endocardite. A artrite séptica, que algum as vezes acom ete m últiplas articulações, pode com plicar a endocardite ou desenvolver-se na sua ausência. Espécies distintas de estreptococos do grupo C de Lancefield provocam infecções em anim ais dom ésticos, particularm ente cavalos e gado; algum as infecções hum anas são adquiridas por m eio do contato com anim ais ou do consum o de leite não pasteurizado. Esses m icrorganism os zoonóticos incluem S. equi subespécie zooepidemicus bem com o S. equi subespécie equi.
TRATAMENTO
Infecção por estreptococos dos grupos C ou G
Infecções Estreptocócicas
Tendo em vista o possível papel das exotoxinas pirogênicas ou de outras toxinas estreptocócicas na SCT estreptocócica, o tratam en to com clindam icina vem sendo defendido p or algum as autorida des (Q uadro 136.3), as quais argum entam que, p o r m eio de sua ação direta sobre a síntese proteica, a clindam icina é m ais efetiva para interrom per rapidam ente a produção de toxina do que a p e nicilina - um agente que atua na parede celular. A confirm ação dessa opinião provém de estudos de um m odelo experim ental de m iosite estreptocócica, em que cam undongos tratados com clin dam icina tiveram um a taxa de sobrevida m ais alta do que os trata dos com penicilina. Não se dispõe de dados com paráveis sobre o tratam ento de infecções hum anas, em bora um a análise retrospec tiva tenha sugerido a obtenção de um m elhor resultado quando pacientes acom etidos de infecção invasiva dos tecidos m oles são tratados com clindam icina, em lugar de antibióticos ativos contra a parede celular. Em bora a resistência à clindam icina no SGA seja incom um (< 2% entre as cepas isoladas nos EUA), tem sido d o cum entada. Por conseguinte, se a clindam icina for utilizada para o tratam ento inicial de um paciente criticam ente enferm o, deverá ser adm inistrada tam bém penicilina até que a sensibilidade do estreptococo isolado aos antibióticos seja conhecida. A im unoglobulina IV tem sido utilizada com o tratam en to adjuvante para a SCT estreptocócica (Q uadro 136.3). As p re p a
Prevenção N ão de dispõe de vacina c o n tra o SGA disponível no com ércio. U m a form ulação que consiste em p e p tíd io s reco m b in an tes c o n tendo epitopos de 26 tipos de p ro teín a M e ncontra-se em teste das fases 1 e 2 em voluntários. O s resultados iniciais indicam que a va cina é b em -to lerad a e p ro d u z respostas de an tico rp o s específicos co n tra o tipo de p ro teín a M . As vacinas baseadas em u m a região conservada da proteína M ou em um a m istu ra de outros antígenos proteicos conservados do SGA e n co n tram -se em fases m ais iniciais de desenvolvim ento. Os contatos dom iciliares de indivíduos com infecção invasiva por SGA (p. ex., bacterem ia, fasciite necrosante e SCT estreptocóci ca) correm m aior risco de infecção invasiva do que a população geral. A colonização assintom ática da faringe com SGA foi detectada em até 25% dos indivíduos com exposição de > 4 h/d ia a um caso-índice na m esm a sala. Todavia, a profilaxia com antibióticos não é rotineira m ente recom endada para os contatos de pacientes com doença inva siva, visto que essa abordagem (se for efetiva) irá exigir o tratam ento de centenas de contatos para evitar u m único caso.
A penicilina constitui o fárm aco de escolha p ara o tratam ento das infecções causadas pelos Streptococcus dos grupos C e G. A an ti bioticoterapia é igual à utilizada para as síndrom es sem elhantes causadas p o r SGA (Q uadro 136.3). Os pacientes com bacterem ia ou artrite séptica devem receber penicilina IV (2-4 m U a cada 4 h). Todos os estreptococos dos grupos C e G são sensíveis à p e nicilina; quase todos são inibidos in vitro p o r concentrações < 0,03 p,g/mL. Cepas ocasionais isoladas exibem tolerância: em bora sejam inibidas por baixas concentrações de penicilina, são des truídas apenas p or concentrações significativam ente m ais altas. Mas, a im portância clínica da tolerância não é conhecida. Devido à resposta clínica insatisfatória de alguns pacientes à penicilina adm inistrada com o único m edicam ento, algum as autoridades re-
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com endam a adição de gentam icina (1 m g/kg a cada 8 h para os pacientes com função renal norm al) para o tratam ento da en d o cardite ou artrite séptica causadas p or Streptococcus dos grupos C ou G; entretanto, não foi constatado ser o tratam ento de com bi nação superior à penicilina com o m onoterapia. Os pacientes com infecções articulares frequentem ente exigem aspirações repetidas ou drenagem aberta e desbridam ento para a cura; a resposta ao tratam ento pode ser lenta, p articularm ente nos pacientes debilita dos e naqueles com com prom etim ento de m últiplas articulações. A infecção de próteses articulares quase sem pre exige a rem oção da prótese além da antibioticoterapia.
ESTREPTOCOCOS DO GRUPO B Identificados pela prim eira vez com o causa da m astite em vacas, os estreptococos que pertencem ao grupo de B. Lancefield foram , des de então, reconhecidos com o im portante causa de sepse e m eningite em recém -nascidos hum anos. O SGB tam bém constitui um a causa freqüente da febre periparto em m ulheres e um a causa ocasional da infecção grave em m ulheres adultas não grávidas. D esde a institu i ção dissem inada de triagem pré-natal para SGB na década de 1990, a incidência de infecção neonatal p or 1.000 nascim entos vivos caiu de cerca de 2-3 casos para cerca de 0,8 caso. D urante o m esm o período, a infecção p o r SGB em adultos com doenças crônicas subjacentes tornou-se mais com um ; hoje, os adultos respondem p o r um a pro p o r ção m aior de infecções invasivas p or SGB do que os recém -nascidos. O grupo B de Lancefield é constituído p or u m a única espécie, S. agalactiae, identificada definitivam ente com antissoro específico para o antígeno de carboidrato associado à parede celular de estreptococos do grupo B. U m a cepa isolada de estreptococo pode ser classificada presuntivam ente com o SGB com base em testes bioquím icos, com o a hidrólise do hipurato de sódio (em que 99% das cepas isoladas são positivos), hidrólise de esculina-bile (em que 99 a 100% são nega tivos), sensibilidade à bacitracina (em que 92% são resistentes) e produção do fator CAM P (em que 98 a 100% são positivos). O fator CAM P é um a fosfolipase produzida pelo SGB que provoca hem óli se sinérgica com a (3-lisina produzida p o r determ inadas cepas de S. aureus. Sua presença pode ser dem onstrada p o r sem eadura cruzada do isolado do teste e um a cepa estafilocócica apropriada na placa de ágar-sangue. Os SGB que causam infecções hum anas são encapsulados por um de dez polissacarídios antigenicam ente distintos. O polis sacarídio capsular é um im portante fator de virulência. Os anticorpos dirigidos contra o polissacarídio capsular conferem proteção contra o SGB do m esm o tipo capsular (m as não de um tipo diferente).
■ INFECÇÕES EMNE0NAT0S Dois tipos gerais de infecção p o r SGB em lactentes são definidos pela idade do paciente na apresentação. As infecções de início precoce ocorrem na prim eira sem ana de vida, com idade m ediana de 20 h no início da doença. Cerca da m etade desses lactentes apresenta sinais de doença por SGB ao nascim ento. A infecção é adquirida durante o nascim ento ou pouco antes a p artir do trato genital m aterno coloni zado. Os estudos de vigilância m ostraram que 5 a 40% das m ulheres são portadoras vaginais ou retais de SGB. Cerca de 50% dos lactentes nascidos p or parto vaginal de m ães portadoras tornam -se coloniza dos, em bora apenas 1 a 2% dos colonizados desenvolvam infecção clinicam ente evidente. A prem aturidade e os fatores de risco m ater nos (trabalho de parto prolongado, com plicações obstétricas e febre m aterna) estão frequentem ente envolvidos. A apresentação da infec ção de início precoce é igual à de outras form as de sepse neonatal. Os achados típicos consistem em insuficiência respiratória, letargia e hipotensão. Praticam ente todos os lactentes com doença de início precoce apresentam bacterem ia, cerca de 33 a 50% têm pneum onia e/ ou síndrom e do desconforto respiratório agudo, e aproxim adam ente 33% apresentam m eningite. O correm infecções de início tardio em lactentes de 1 sem ana a 3 meses de idade e, em raros casos, em lactentes de m ais idade (idade m édia de início de 3-4 sem anas). O m icrorganism o infectante pode ser adquirido no decorrer do parto (com o nos casos de início p re
coce) ou durante o contato posterior com a m ãe colonizada, pessoal de enferm agem ou outra fonte. A m eningite constitui a m anifestação mais com um da infecção de início tardio e, na m aioria dos casos, está associada a um a cepa de tipo III capsular. Os lactentes apresentam febre, letargia ou irritabilidade, alim entação precária e convulsões. Os vários outros tipos de infecção de início tardio consistem em bac terem ia sem fonte identificada, osteom ielite, artrite séptica e celulite facial associada a adenite subm andibular ou pré-auricular.
TRATAMENTO
,nfecÇão Por estreptococos do grupo B em neonatos
A penicilina constitui o agente de escolha para todas as infecções por SGB. Em geral, o tratam ento em pírico de am plo espectro para os casos suspeitos de sepse bacteriana, que consiste em am picili na e gentam icina, deve ser adm inistrado até que sejam obtidos os resultados da cultura de urina. Q uando as culturas revelam a pre sença de SGB, m uitos pediatras continuam a a d m inistrar genta m icina, juntam ente com am picilina ou penicilina, durante alguns dias até que a m elhora clínica se torne evidente. Os lactentes com bacterem ia ou infecção dos tecidos m oles devem receber penici lina em um a dose de 200.000 unidad es/k g /d ia em doses fracionadas; Para a m eningite, os lactentes de < 7 dias de idade devem receber 250.000-450.000 unidades/kg/dia, em três doses fracionadas; os lactentes com > 7 dias devem receber 450.000-500.000 unidades/kg/dia em quatro doses fracionadas. A m eningite deve ser tratada pelo m enos p o r 14 dias, devido ao risco de recidiva com ciclos mais curtos.
Prevenção A incidência da infecção p or SGB é incom um ente alta entre os lac tentes de m ulheres com fatores de risco: p arto prem aturo, ruptura precoce das m em branas (> 24 h antes do parto), trabalho de parto prolongado, febre ou corioam nionite. C om o a fonte habitual dos m i crorganism os que infectam um neonato é o canal de parto da mãe, são envidados esforços para evitar infecções po r SGB pela identificação das mães portadoras de alto risco e seu tratam ento com várias form as de profilaxia antibiótica ou im unoprofilaxia. A adm inistração profi lática de am picilina ou penicilina a essas pacientes durante o parto reduz o risco de infecção no recém -nascido. Porém , tal abordagem tem sido dificultada p o r problem as logísticos na identificação de m ulheres colonizadas antes do parto; os resultados das culturas vagi nais no início da gravidez são indicadores inadequados do estado de p ortador por ocasião do parto. Os CD C recom endam a triagem das m ulheres para colonização anogenital, com 35-37 sem anas de gesta ção, por m eio da cultura de swab da vagina inferior e região anorretal; recom enda-se a quim ioprofilaxia intrap arto para as m ulheres com culturas positivas e as que, independentem ente do resultado da cultu ra, tenham dado à luz previam ente um recém -nascido com infecção p o r SGB ou que possuam história de bacteriúria de SGB durante a gravidez. As m ulheres cujo resultado de cultura não é conhecido e que apresentam trabalho de parto prem aturo ( 18 h) ou febre intraparto tam bém devem receber quim ioprofilaxia intraparto. O esquem a recom endado para a quim ioprofilaxia consiste em um a dose de ataque de 5 m ilhões de unidades de penicilina G, seguidos de 2,5 m ilhões de unidades, a cada 4 h, até o parto. A cefazolina constitui um a alternativa para as m ulhe res com história de alergia à penicilina, que não se acredita corram alto risco de anafilaxia. Para as m ulheres com história de hipersensibi lidade imediata, pode-se recorrer à clindam icina ou eritrom icina, mas apenas se a cepa isolada colonizadora d em onstrar ser sensível. Se os resultados do antibiogram a não estiverem disponíveis ou indicarem resistência, deverá ser utilizada a vancom icina nesta situação. O tratam ento de todas as m ulheres grávidas colonizadas ou que apresentam fatores de risco para infecção neonatal irá resultar na exposição de até um terço das m ulheres grávidas e recém -nascidos a antibióticos, com os riscos associados de reações alérgicas e sele ção de m icrorganism os resistentes. E m bora ainda esteja em fase de
desenvolvim ento, um a vacina de SGB p oderá finalm ente oferecer m elhor solução para a prevenção. Com o a passagem transplacentária de anticorpos m aternos p roduz níveis de anticorpos protetores nos recém -nascidos, iniciativas são realizadas no sentido de desenvolver um a vacina contra o SGB que possa ser adm inistrada a m ulheres em idade fértil antes da ou durante a gravidez. Os resultados dos estudos clínicos da fase 1 de vacinas conjugadas de proteína-polissacarídio capsular de SGB sugerem que u m a vacina conjugada m ultivalente deve ser segura e altam ente im unogênica.
■ INFECÇÕES EM ADULTOS As infecções p or SGB em adultos sadios sob os demais aspectos estão relacionadas, em sua m aioria, com a gravidez e o parto. A febre periparto, que constitui a m anifestação mais com um , é algum as vezes acom panhada de sinais e sintom as de endom etrite ou corioam nionite (distensão abdom inal e hipersensibilidade uterina ou dos anexos). As hem oculturas e culturas de swab vaginal são frequentem ente positi vas. Em geral, a bacterem ia é transitória; todavia, em certas ocasiões resulta em m eningite ou endocardite. As infecções em adultos não as sociadas ao período periparto acom etem , em geral, indivíduos idosos ou que apresentam alguma doença crônica subjacente, com o o diabe tes m elito ou neoplasia maligna. Entre as infecções que se desenvol vem com certa frequência em adultos, destacam -se a celulite e infec ção dos tecidos moles (como úlceras cutâneas diabéticas infectadas), infecção do trato urinário, pneum onia, endocardite e artrite séptica. O utras infecções docum entadas incluem a m eningite, a osteomielite e abscessos intra-abdom inais ou pélvicos. Em cerca de 4% dos casos, docum enta-se a ocorrência de recidiva ou recorrência da infecção in vasiva dentro de sem anas a meses depois do prim eiro episódio.
TRATAMENTO
lnfecÇ^° P°r estreptococos do grupo B em adultos
O SGB é menos sensível à penicilina do que o SGA, exigindo doses ligeiramente mais altas. Os adultos com infecções localizadas graves (pneum onia, pielonefrite, abscesso) devem receber doses de cer ca de 12 m ilhões de unidades de penicilina G ao dia; os pacientes com endocardite ou com m eningite devem receber 18-24 m ilhões de unidades ao dia em doses fracionadas. A vancom icina constitui um a alternativa aceitável para os pacientes alérgicos à penicilina.
ESTREPTOCOCOS DO GRUPO D NÃO ENTEROCÓCICOS Os principais estreptococos do grupo D não enterocócicos que cau sam infecções hum anas perten cem a várias espécies previam ente consideradas com o um a única espécie, S. bovis. Os microrganismos que compreendem S. bovis foram recentem ente subdivididos em qua tro espécies: S. gallolyticus, S. pasteurianus, S. infantarius e S. lutetiensis. A endocardite p o r S. bovis está frequentem ente associada a neoplasias do trato gastrintestinal - com m ais frequência, carcinom a ou pólipo do colo - , m as tam bém foi d o cum entada em associação a outras lesões intestinais. Q uando lesões gastrintestinais ocultas são investigadas com cuidado, são encontradas anorm alidades em > 60% dos pacientes com endocardite p or S. bovis. D iferentem ente dos e n terococos, os estreptococos do grupo D não enterocócicos, com o o S. bovis, são destruídos confiavelm ente pela penicilina com o agente único, de m odo que a penicilina constitui o agente de escolha para as infecções p or S. bovis.
TRATAMENTO
Infecção por Streptotoccus viridans
As cepas isoladas de pacientes neutropênicos com bacterem ia são frequentem ente resistentes à penicilina. Por conseguinte, esses pacientes devem ser tratados, de m odo presuntivo, com vancom i cina até a obtenção dos resultados do antibiogram a. Os estrepto cocos viridans isolados em outras situações clínicas são habitual m ente sensíveis à penicilina.
■ ESPÉCIES DE ABIOTROPHIA E GRANULICATELLA (ESTREPTOCOCOS NUTRICIONALMENTE VARIANTES) Cepas isoladas ocasionais cultivadas a p a rtir do sangue de pacien tes com endocardite não conseguem crescer quando subcultivadas em m eios sólidos. Esses estreptococos nutricionalmente variantes exi gem com postos tióis suplem entares ou form as ativas de vitam ina B6 (piridoxal ou piridoxam ina) para o seu crescim ento em laboratório. Em geral, os estreptococos nutricionalm ente variantes são agrupados com os estreptococos viridans, visto que causam tipos de infecções sem elhantes. Entretanto, foram reclassificados com base em com pa rações da seqüência do RNA ribossôm ico 16S em dois gêneros dis tintos: Abiotrophia, com um a única espécie (A. defectivus), e Granulicatella, com três espécies associadas a infecção hum ana (G. adjacens, G. para-adjacens e G. elegans).
Infecções Estreptocócicas
■ OUTROS STREPTOCOCCUS DO GRUPO D
vivem em estreita associação com os dentes e a gengiva. Algumas especies contribuem para o desenvolvimento de cáries dentárias. A nteriorm ente conhecido com o S. morbillorum, a Gemella morbillorum foi colocada em u m gênero distinto, juntam ente com a G. haemolysans, com base em estudos de relação genética Essas espé cies assem elham -se aos estreptococos viridans quanto a seu hábitat no hospedeiro hum ano e infecções associadas. Acredita-se que a bacterem ia transitória p or estreptococos viri dans, induzida p or alim entação, escovação dos dentes, uso de fio de dental e outras fontes de traum atism o insignificante, juntam ente com aderência a superfícies biológicas, seja responsável pela predileção desses m icrorganism os p o r causar endocardite (ver Fig. 124.1). Os estreptococos viridans tam bém são isolados, frequentem ente com o parte de um a flora m ista, dos locais de sinusite, abscesso cerebral e abscesso hepático. A bacterem ia p o r estreptococos viridans ocorre com relativa frequência em pacientes neutropênicos, particularm ente após tran s plante de m edula óssea ou altas doses de quim ioterapia para o cân cer. A lguns desses pacientes desenvolvem um a síndrom e de sepse com febre alta e choque. Os fatores de risco para a bacterem ia por estreptococos viridans consistem em quim ioterapia com altas doses de citosina arabinosídio, tratam ento prévio com sulfam etoxazol-trim etoprim a ou um a fluoroquinolona, tratam en to com antiácidos ou antagonistas da histam ina, m ucosite e neutropenia profunda. O grupo do S. milleri (tam bém designado com o grupo do S. intermedius ou S. anginosus) inclui três espécies que causam doença hum ana: S. intermedius, S. anginosus e S. constellatus. Esses m icror ganism os são frequentem ente considerados estreptococos viridans, em bora sejam ligeiram ente diferentes dos outros estreptococos viri dans quanto a seu pad rão hem olítico (podem ser a , (3 ou não hem olíticos) e às síndrom es de doença que causam . Tal grupo provoca com um ente infecções supurativas, em p articu lar abscesso cerebral e das vísceras abdom inais, bem com o infecções relacionadas com a cavidade oral ou o trato respiratório, com o abscesso periam igdalar, abscesso pulm onar e empiema.
STREPTOCOCCUS VIRIDANS E OUTROS ESTREPTOCOCOS ■ STREPTOCOCCUS VIRIDANS Os Streptococcus viridans, que consistem em m últiplas espécies de es treptococos a-hem olíticos, form am um grupo heterogêneo de m icror ganismos im portantes como agentes da endocardite bacteriana (Cap. 124). Várias espécies de estreptococos viridans, com o o S. salivarius, S. mitis, S. sanguis e S. mutans, fazem parte da flora oral norm al, onde
TRATAMENTO
lníecÇão Por estreptococos nutricionalmente variantes
O fracasso do tratam ento e a ocorrência de recidiva parecem ser mais com uns nos casos de endocardite p o r estreptococos n u tri cionalm ente variantes do que nos causados pelos estreptococos
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* L, G i g l i o t t i F: Viridans group streptococcal infections among children with cancer and the importance of emerging antibiotic resistance. Semin Pediatr Infect Dis 17:153, 2006 C a r a p e t i s IR et al: The global burden of group A streptococcal diseases. Lan cet Infect Dis 5:685,2005 E d w a r d s M S , B a k e r C J: Group B streptococcal infections in elderly adults. Clin Infect Dis 41:839,2005 G e r b e r MA et al: Prevention of rheumatic fever and diagnosis and treatment of acute streptococcal pharyngitis: A scientific statement from the Ameri can Heart Association Rheumatic Fever, Endocarditis, and Kawasaki Dise ase Committee of the Council on Cardiovascular Disease in the Young, the Interdisciplinary Council on Functional Genomics and Translational Biology, and the Interdisciplinary Council on Quality of Care and Outcomes Research: Endorsed by the American Academy of Pediatrics. Circulation 119:1541,2009 Gibbs RS et al: Perinatal infections due to group B streptococci. Obstet Gyne col 104:1062, 2004 K o t l o f f K: The prospect ofvaccination against group A betahemolytic strep tococci. Curr Infect Dis Rep 10:192, 2008 P h a r e s CR et al: Epidemiology of invasive group B streptococcal disease in the United States, 1999-2005. JAMA 299:2056,2008 T h e P r e v e n t i o n o f I n v a s iv e G r o u p A St r e p t o c o c c a l I n f e c t io n s W o r k s h o p P a r t i c i p a n t s : Prevention of invasive group A streptococcal disease among household contacts of case patients and among postpartum and postsurgical patients: Recommendations from the Centers for Disease Control and Prevention. Clin Infect Dis 35:950,2002 V a n D y k e MK et al: Evaluation of universal antenatal screening for group B streptococcus. N Engl J Med 360:2626,2009 BRUCKNER
viridans habituais. Por conseguinte, recom enda-se a adição de gentam icina (1 m g/kg a cada 8 h para os pacientes com função re nal norm al) ao esquem a de penicilina no tratam ento da endocar dite causada pelos m icrorganism os nutricionalm ente variantes.
■ OUTROS ESTREPTOCOCOS O S. suis é um patógeno im portante em suínos, ten d o sido relata do que essa espécie provoca m eningite em seres hum anos, habitual m ente em indivíduos com exposição ocupacional a porcos. As cepas de S. suis associadas a infecções hum anas reagiram , em geral, com soro de tipagem do grupo R de Lancefield e, algum as vezes, tam bém com o soro de tipagem do grupo D. As cepas isoladas podem ser a ou (3-hemolíticas e m ostram -se sensíveis à penicilina. O S. iniae, um patógeno de peixes, é associado a infecções em seres hum anos que m anipulavam peixes vivos ou recentem ente m ortos. A celulite da m ão constitui a form a m ais com um de infecção hum ana, em bora se tenha relatado a ocorrência de bacterem ia e endocardite. Os estrepto cocos anaeróbios ou peptostreptococos fazem parte da flora norm al da cavidade oral, do intestino e da vagina. As infecções causadas pelos estreptococos anaeróbios são d iscutidas n o Cap. 164.
BIBLIOGRAFIA AL, St e v e n s DL: Streptococcal infections of skin and soft tissues. N Engl J Med 334:240,1996
B is n o
CAPÍ TULO
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Infecções Enterocócicas Cesar A. Arias Barbara E. Murray
Doenças Infecciosas
Os enterococos foram reconhecidos, há m ais de um século, com o patógenos hum anos potenciais, porém só recentem ente é que esses m icrorganism os adquiriram proem inência com o causa de infecções hospitalares. Em virtude da capacidade dos enterococos de sobre viver e/ou de se dissem inar no am biente h ospitalar e ad q u irir d e term inantes de resistência a antibióticos, o tratam en to de algum as infecções enterocócicas representa um grande desafio em pacientes em estado crítico. Os enterococos foram citados pela prim eira vez na literatura francesa, em 1899; o “enterocoque” foi encontrado no trato gastrintestinal hum ano, e foi observado que esse m icrorganism o tem o potencial de produzir doença significativa. De fato, a prim eira des crição patológica de um a infecção enterocócica data do m esm o ano. Um a am ostra clínica isolada de um paciente que m orreu em conse qüência de endocardite foi inicialm ente designada com o Micrococcus zymogenes e, posteriorm ente, denom inada Streptococcus faecalis subespécie zymogenes; na atualidade, seria classificada com o Enterococ cus faecalis. A capacidade dessa cepa isolada de causar doença grave tanto em coelhos quanto em cam undongos ilustrou a sua letalidade potencial em contextos apropriados.
do rRNA 16S dem onstraram claram ente que os enterococos deveriam ser agrupados com o gênero distinto dos estreptococos. Todavia, ao contrário da m aioria dos estreptococos, os enterococos hidrolisam a esculina na presença de sais biliares a 40% e crescem em altas concen trações de sal (6,5%) e em tem peraturas elevadas (46°C). Os enteroco cos são habitualm ente descritos pelo laboratório clínico com o m icror ganism os não hem olíticos, com base na sua incapacidade de lisar os eritrócitos ovinos ou bovinos com um ente usados em placas de agar; entretanto, algum as cepas de E. faecalis lisam efetivam ente eritróci tos de seres hum anos, cavalos e coelhos. As espécies de enterococos clinicam ente relevantes hidrolisam , em sua m aioria, a pirrolidonil-
ETIOLOGIA Os enterococos são m icrorganism os G ram -positivos. Em am ostras clínicas, são habitualm ente observados com o células isoladas, diplococos ou cadeias curtas (Fig. 137.1), em bora sejam observadas longas cadeias em algumas cepas. Os enterococos foram originalm ente clas sificados como estreptococos, visto que os m icrorganism os dos dois gêneros com partilham m uitas características m orfológicas e fenotí picas, incluindo um a reação catalase geralm ente negativa. Som ente os estudos de hibridização do DNA e, em seguida, o sequenciam ento
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Figura 137.1 Coloração de Gram de hemocultura de um paciente com bacteremia enterocócica. As bactérias Gram-positivas ovais estão dispostas em dipiococos e cadeias curtas. (Cortesia deAudrey Wanger, PhD)
(3-naftilam ida (PYR); essa característica é útil para diferenciar os enterococos dos m icrorganism os do grupo do Streptococcus bovis (S. gallolyticus subesp. Gallolyticus, S. gallolyticus subesp. pasteurianus e S. infantarius subesp. coli) e das espécies de Leuconostoc. Em bora tenham sido isoladas pelo m enos 18 espécies de enterococos de in fecções hum anas, a esm agadora m aioria dos casos é causada p or duas espécies: E. faecalis e E. faecium . Com m enos frequência, as espécies isoladas incluem E. gallinarum, E. durans, E. hirae e E. avium.
PATOGENIA
Genética O sequenciam ento dos genom as bacterianos am pliou nossa com preensão sobre a diversidade, evolução, p a togenia e m ecanism os de resistência b acterian o s aos antibióticos. N a atualidade, estão disponíveis as seqüên cias de genom a de m ais de 80 cepas de enterococos, e algum as foram totalm ente fechadas e registradas. A análise das se qüências m ostrou que a diversidade genética dos enterococos resul ta principalm ente da aquisição de D N A m óvel (p. ex., plasm ídios, transposons e fagos) e do rearranjo de genom as “centrais”. Além dis so, a análise do E .faecium indica que essa espécie abriga um genom a maleável (o genom a acessório) no qual são incorporados elem entos exógenos (incluindo DNA de fagos) em níveis substanciais. Essa in form ação genôm ica forneceu novos indícios sobre a evolução dos enterócicos a p a rtir de um m icrorganism o com ensal para um im p o rtante patógeno hospitalar.
EPIDEMIOLOGIA De acordo com a N ational H ealthcare Safety N etw ork dos C enters for Disease C ontrol and P revention, os enterococos constituem os segundos m icrorganism os m ais com uns (depois dos estafilococos) isolados de infecções hospitalares nos Estados Unidos. E m bora o E. faecalis continue sendo a espécie p redom inante isolada de infecções hospitalares, o isolam ento do E .faecium aum entou substancialm ente nos últim os 10 a 15 anos. De fato, o E. faecium é, hoje, quase tão com um quanto o E. faecalis com o agente etiológico de infecções hos pitalares. Esse aspecto é im portante, visto que o E. faecium é, sem dúvida algum a, a espécie enterocócica m ais resistente ao tratam ento, constituindo um grande desafio; com efeito, m ais de 80% dos isola dos de E .faecium notificados em hospitais dos Estados U nidos são resistentes à vancom icina, e m ais de 90% d em onstram resistência à am picilina (historicam ente, o agente (3-lactâmico m ais efetivo contra enterococos). A resistência à vancom icina e a am picilina em isolados de E. faecalis é m uito m enos com um (cerca de 7% e cerca de 4%, respectivam ente).
Infecções Enterocócicas
Nos seres hum anos, os enterococos são habitantes norm ais do intes tino grosso de adultos, em bora representem habitualm ente m enos de 1% da m icroflora intestinal passível de cultura. No trato gastrintesti nal de seres hum anos sadios, os enterococos são sim biontes, coexis tindo com outras bactérias; com efeito, a utilidade de determ inadas cepas enterocócicas com o probióticos no tratam ento da diarréia su gere o seu possível papel na m anutenção do equilíbrio hom eostático do intestino hum ano. Os enterococos são intrinsecam ente resistentes a um a variedade de antibióticos com um ente usados; p o r conseguin te, um dos fatores m ais im portantes que rom pe esse equilíbrio e p ro move um aum ento da colonização gastrintestinal p o r enterococos é a adm inistração de agentes antim icrobianos. Em particular, os an ti bióticos que são excretados na bile e que possuem atividade de amplo espectro (isto é, certas cefalosporinas dirigidas contra anaeróbios e bactérias Gram -negativas) estão associados ao isolam ento de m aiores núm eros de enterococos das fezes. Essa colonização aum entada pare ce ser devida não apenas à simples substituição pelos enterococos em determ inado “nicho biológico” após a erradicação dos com ponentes com petitivos da m icrobiota, m as tam bém (pelo m enos nos cam un dongos) à supressão - com a redução da m icrobiota G ram -negativa pelos antibióticos - de sinais im unológicos im portantes (p. ex., a lectina Reglll-y), que ajudam a m anter as contagens de enterococos baixas no intestino hum ano norm al. Vários estudos realizados m o s traram que os níveis m ais altos de colonização gastrintestinal consti tuem um fator crítico na patogenia das infecções enterocócicas. E n tretanto, os m ecanism os pelos quais os enterococos colonizam com sucesso o intestino e têm acesso aos vasos linfáticos e/ou à corrente sanguínea ainda não foram totalm ente elucidados. Vários m odelos de vertebrados, helm intos e insetos foram desen volvidos para estudar o papel de possíveis determ inantes patogêni cos do E. faecalis e do E. faecium . Três grupos principais de fatores podem aum entar a capacidade dos enterococos de colonizar o trato gastrintestinal e/ou de causar doença. O prim eiro grupo, os fa to res secretados enterocócicos, são m oléculas liberadas fora da parede bacteriana, que contribuem para o processo de infecção; entre essas moléculas, as que foram m ais bem estudadas incluem a hem olisina/ citolisina enterocócicas e duas proteases enterocócicas (gelatinase e serina protease). A citolisina enterocócica é um a toxina heterodim érica produzida por algum as cepas de E. faecalis, que tem a capacidade de lisar eritrócitos hum anos, bem com o leucócitos polim orfonucleares e m acrófagos. A credita-se que as proteases GelE e SprE do E. f a ecalis possam m ediar a virulência po r m eio de vários m ecanism os, incluindo a degradação dos tecidos do hospedeiro e a m odificação de com ponentes críticos do sistem a imune. Os m utantes que carecem dos genes que correspondem a essas proteínas são altam ente atenua dos na peritonite, endocardite e endoftalm ite experim entais. Acredita-se que o segundo g rupo de fatores de virulência, os com ponentes de superfície enterocócicos (p. ex., adesinas), c o n tri buem para a ligação bacteriana a m oléculas da m atriz extracelular do hospedeiro hum ano. Várias m oléculas na superfície dos entero cocos foram caracterizadas, e foi constatado que elas desem penham um papel na patogenia das infecções enterocócicas. Entre as adesinas caracterizadas, destaca-se a substância de agregação de E. faecalis, que m edeia a fixação das células entre si, facilitando, assim , a troca de plasm ídios p o r conjugação. Várias linhas de evidências indicam que a substância de agregação e a citolisina enterocócica atuam de m odo sinérgico para aum entar o potencial de virulência das cepas de E. faecalis na endocardite experim ental. A proteína de superfície do E. faecalis (adesina do colágeno de E. faecalis ou Ace) e seu hom ólogo
E. faecium (Acm) são com ponentes de superfície m icrobianos que reconhecem m oléculas da m atriz adesivas (MSCRAM M) envolvidas na fixação das bactérias a proteínas do hospedeiro, com o colágeno, fibronectina e fibrinogênio; tanto a Ace quanto a Acm são im portan tes na patogenia da endocardite experim ental. Foi constatado que as fím brias (pili) das bactérias G ram -positivas são im portantes m edia dores da fixação e da invasão dos tecidos do hospedeiro e são consi deradas com o alvos potenciais para im unoterapia. Tanto o E. faecalis quanto o E.faecium possuem fím brias de superfície. Os m utantes de E. faecalis que carecem de fím brias são atenuados tanto na e n d o cardite quanto em infecções do trato u rinário (ITU) experim entais. O utras proteínas de superfície que com partilham um a hom ologia es tru tu ral com as M SCRAM M e que parecem desem penhar um papel na fixação dos enterococos ao hospedeiro e na virulência incluem a proteína de superfície enterocócica (Esp) do E. faecalis e o seu h o m ólogo no E .faecium (Espfm), a segunda adesina do colágeno de E. faecium (Sem), as proteínas de superfície de E .faecium (Fms), SgrA (que se liga a com ponentes da lâm ina basal) e EcbA (que se liga ao colágeno tipo V). O utros com ponentes de superfície aparentem ente associados à patogenicidade incluem polissacarídios, que se acredita tenham a propriedade de interferir na fagocitose dos m icrorganism os p or células im unológicas do hospedeiro. A lgum as cepas de E. faecalis parecem apresentar pelo m enos três classes distintas de polissacarí dio capsular; alguns desses polissacarídios desem penham um papel na virulência e constituem alvos potenciais da im unoterapia. O terceiro grupo de fatores de virulência não foi bem caracteri zado: a proteína de estresse do E. faecalis, Gls24, que tem sido asso ciada à resistência enterocócica a sais biliares, parece ser im portante na patogenia da endocardite, e os plasm ídios contendo hylEfm do E. faecium , que são transferíveis entre cepas e que aum entam a coloni zação p or E.faecium . Em um m odelo m u rin o de peritonite, a aquisi ção desses plasm ídios aum entou a letalidade de um a cepa com ensal de E.faecium.
1181
A dinâm ica da transm issão e dissem inação dos enterococos no am biente hospitalar foi extensam ente estudada, com enfoque nos enterococos resistentes à vancom icina (VRE). Esses estudos reve laram que a colonização do trato gastrintestinal p or VRE constitui um a etapa crítica na história natural da doença enterocócica, e que um a proporção substancial de pacientes colonizados p o r VRE p e r m anecem colonizados p or períodos prolongados de tem po (algum as vezes, mais de 1 ano) e têm mais tendência a desenvolver um a doença relacionada ao Enterococcus (p. ex., bacterem ia) do que os pacientes colonizados p or cepas suscetíveis aos antibióticos. Os fatores m ais im portantes associados à colonização e persistência do VRE no in testino incluem hospitalização prolongada; ciclos longos de antibio ticoterapia; hospitalização em instituições de cuidados prolongados, unidades cirúrgicas e/ou unidades de terapia intensiva; transplante de órgãos; insuficiência renal (particularm ente em pacientes subm e tidos a hem odiálise) e/ou diabetes; escores elevados do APACHE; e proxim idade física de pacientes infectados ou colonizados p or VRE ou perm anência nos quartos desses pacientes. Q uando o paciente é colonizado p or VRE, vários fatores-chaves estão envolvidos na dis sem inação dos m icrorganism os no am biente hospitalar. Os VRE p o dem sobreviver à exposição ao calor e a determ inados desinfetantes e foram encontrados em num erosos objetos inanim ados no hospital, incluindo grades de leitos, equipam ento m édico, m açanetas, luvas, telefones e teclados de com putador. Por conseguinte, os profissio nais de saúde desem penham um papel central na transm issão dos enterocócicos entre pacientes, e as m edidas de controle de infecção são cruciais para rom per a cadeia de transm issão. Além disso, duas m etanálises constataram que a infecção p or VRE aum enta o risco de m orte, independentem ente do estado clínico do paciente, em co m paração com indivíduos infectados p o r u m a enterocócica suscetível a glicopeptídios.
■ PERSPECTIVA GLOBAL
Doenças Infecciosas 1182
A epidem iologia d a doença enterocócica e a em ergência de VRE seguiram tendências u m tan to diferentes em o u tras partes do m u n d o , em com paração com os EUA. N a E uropa, a em ergência de VRE em m eados da década de 1980 foi observada principalm ente em isolados de anim ais e seres h um anos sadios, e não de pacientes hospitalizados. A presença de VRE foi associada ao uso do glicopeptídio avoparcina com o p ro m o to r do crescim ento em rações para anim ais; essa associação levou a U nião E uropéia a pro ib ir o uso desse co m p o sto n a p ecu ária, em 1996. E ntretanto, após um a dim inuição inicial n o isolam ento de VRE de anim ais e seres h um anos, a prevalência de infecções hospitalares p o r VRE au m en to u lentam ente em alguns países da E uropa, com im portantes diferenças regionais. Por exem plo, as taxas de resistên cia à vancom icina entre isolados clínicos de E. faecium na E uropa são m ais altas n a Grécia, n o R eino U nido e Portugal (10 a 30%), e n q u an to aquelas em países escandinavos e n o s países baixos são inferiores a 1%. Essas diferenças regionais foram atribuídas, em p a r te, à im plem entação de políticas agressivas de controle de infecção em países com o a H olanda; essas políticas m antiveram a frequência de S. aureus resistentes à m eticillina (MRSA) e de VRE hospitalares m uito baixas. Apesar das diferenças regionais, as taxas de VRE c o n tin u a m sendo m uito m ais baixas na m aior p arte da E uropa do que nos EUA. Os m otivos não estão totalm ente esclarecidos, em bora se tenha postulado que a diferença está relacionada aos m aiores níveis de uso de antibióticos nos EUA. As taxas de resistência dos en tero cocos à vancom icina em alguns países da A m érica Latina tam bém são baixas (cerca de 4%) do que as dos EUA. Em contrap artid a, na Ásia, as taxas de resistência à vancom icina entre enterococos p a recem ser sem elhantes àquelas dos hospitais n o rte-am ericanos. As análises genéticas do E. faecium resistente à v an com icina em dife rentes partes do m undo sugerem que a em ergência e a dissem inação hospitalares desses m icrorganism os estão relacionadas globalm ente ao sucesso de linhagens clonais singulares (p. ex., g ru p a m e n to clo nal 17 ou CC17), que inicialm ente se caracterizavam p o r resistência à am picilina e que m ais tarde ad q u iriram os genes responsáveis pela resistência à vancom icina.
SÍNDROMES CLÍNICAS ■ INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO E PROSTATITE Os enterococos são agentes bem conhecidos de ITU hospitalar, a in fecção m ais com um causada p o r esses m icrorganism os (Cap. 288). As ITU enterocócicas estão habitualm ente associadas a cateterism o de dem ora, instrum entação ou anorm alidades anatôm icas do trato genitourinário, e, com frequência, é difícil diferenciar u m a infec ção verdadeira da colonização (particularm ente em pacientes com cateteres de dem ora crônicos). A presença de leucócitos na u rina juntam ente com m anifestações sistêm icas (p. ex., febre) ou sinais e sintom as localizados de infecção sem ou tra explicação e a obtenção de um a cultura de u rina positiva (> 105 CFU) sugerem o diagnósti co. Além disso, as ITU enterócitos frequentem ente ocorrem em p a cientes em estado crítico, cujas com orbidades p odem obscurecer o diagnóstico. Em m uitos casos, a retirada do cateter de dem ora pode ser suficiente, sem a necessidade de terapia antim icrobiana específi ca. Em raras circunstâncias, as IT U causadas p o r enterococos podem seguir um a evolução com plicada, com desenvolvim ento de pielonefrite e abscessos perinefríticos que p odem constituir um a po rta de entrada para infecções da corrente sanguínea (ver adiante). Os ente rococos tam bém constituem um a causa conhecida de prostatite crô nica, particularm ente em pacientes em que houve m anipulação ci rúrgica ou endoscópica do trato urinário. Pode ser difícil tratar essas infecções, visto que os agentes m ais potentes contra os enterococos (isto é, am inopenicilinas e glicopeptídios) penetram pouco no tecido prostático. A infecção prostática crônica pode constituir um a fonte de bacterem ia enterocócica recorrente.
■ BACTEREMIA E ENDOCARDITE A bacterem ia sem e n d o ca rd ite co n stitu i u m a das apresentações m ais com uns da doença enterocócica. Esses episódios de bactere m ia estão com um ente associados ao uso de cateteres intravasculares e outros dispositivos (Cap. 131). O u tras fontes bem conhecidas de bacterem ia enterocócica incluem os tratos gastrintestinal e hepatobiliar; focos pélvicos e intra-abdom inais; e (com m enos frequência) infecções de feridas, ITU e infecções ósseas. N os EUA, os enteroco cos ocupam o segundo lugar (depois dos estafilococos coagulase-negativos) com o agentes etiológicos da bacterem ia associada ao uso de linhas centrais. Os pacientes com bacterem ia enterocócica apre sentam habitualm ente com orbidades, têm perm anência prolongada no hospital e/ou receberam vários ciclos de antibióticos. Diversos estudos indicam que a presença de E. faecium (em contraposição a outras espécies de enterococos) na corrente sanguínea pode levar a resultados m ais graves e a um aum ento da taxa de m ortalidade; esse achado pode estar relacionado à m aior prevalência de resistência à vancom icina e am picilina do E. faecium , com conseqüente redução das opções terapêuticas. Em m u ito s casos (habitualm ente quando o trato gastrintestinal constitui a fonte), a b acterem ia enterocócica pode ser polim icrobiana, com isolam ento concom itante de m icror ganism os G ram -negativos. A lém disso, hoje, fo ram docum entados casos graves em que a bacterem ia enterócica foi associada à sín d ro m e de hiperinfecção p o r Strongyloides stercoralis em pacientes im u nocom prom etidos. Os enterococos constituem causas im portantes de endocardite associada à com unidade e cuidados m édicos, ocupando o segundo lugar depois dos estafilococos nessas infecções (Cap. 124). A suposta fonte inicial de bacterem ia que leva à endocardite é o trato gastrin testinal ou genitourinário - p o r exemplo, em pacientes que apresen tam distúrbios m alignos ou inflam atórios do intestino ou que foram subm etidos a proced im en to s com m anipulação desses tratos. Os pacientes acom etidos tendem a ser hom ens e indivíduos idosos e a apresentar outras doenças debilitantes e problem as cardíacos. Tanto as próteses valvares quanto as valvas nativas podem estar acometidas; as valvas atrioventricular esquerda e da ao rta são afetadas com mais frequência. A endocardite associada à com unidade (habitualm ente causada p or E. faecalis) tam bém ocorre em pacientes sem fatores de risco aparentes ou anorm alidades cardíacas. A endocardite tem sido bem descrita em m ulheres de idade reprodutiva. A apresentação típi
ca da endocardite enterocócica é de curso subagudo de febre, perda de peso, m al estar e sopro cardíaco; os estigm as típicos da e ndocardi te (p. ex., petéquias, nódulos de Osler, m anchas de R oth) são obser vados em apenas um a m inoria de pacientes. A lgum as m anifestações atípicas consistem em artralgias e sinais e sintom as de doença m etas tática (abscessos esplênicos, soluços, dor no flanco esquerdo, d e rra m e pleural e espondilodiscite). As complicações em bólicas são variá veis e podem afetar o cérebro. A insuficiência cardíaca constitui um a com plicação com um da endocardite enterocócica, e a substituição valvar pode ser crítica na cura dessa infecção, particularm ente qu an do estão envolvidos m icrorganism os resistentes a m últiplos fárm acos ou com plicações significativas. A duração da terapia é habitualm ente de 4 a 6 sem anas, e sugere-se o uso de ciclos m ais prolongados para isolados resistentes a m últiplos fárm acos na ausência de substituição valvar ou em caso de doença prolongada antes do tratam ento.
■ MENINGITE A m eningite enterocócica é um a doença incom um (responsável p or apenas cerca de 4% dos casos de m eningite), que está frequentem ente associada a intervenções neurocirúrgicas e a condições com o d e ri vações, traum atism o do sistem a nervoso central (SNC) e extravasam ento do líquido cerebrospinal (LCS) (Cap. 381). Em alguns ca sos - habitualm ente em pacientes com condição debilitante, com o doença cardiovascular ou doença cardíaca congênita, insuficiência renal crônica, neoplasia m aligna, terapia im unossupressora ou H IV / Aids - , a suposta dissem inação hem atogênica das m eninges é obser vada em infecções com o a endocardite ou bacterem ia. A febre e as alterações do estado m ental são com uns, enquanto os sinais m eníngeos francos são m enos freqüentes. Os achados no LCS são com pa tíveis com infecção bacteriana - isto é, pleocitose com predom ínio de leucócitos polim orfonucleares (em m édia, cerca de 500/L), nível elevado de proteínas (habitualm ente > 100 m g/dL) e concentração dim inuída de glicose (em m édia, 28 m g/dL). A coloração pelo m éto do de G ram fornece um resultado positivo em cerca da m etade dos casos, com alta taxa de isolam ento do m icrorganism o de culturas do LCS; as espécies isoladas m ais com uns são E.faecalis e E. faecium . As com plicações consistem em hidrocefalia, abscessos cerebrais e aci dente vascular encefálico; foi tam bém docum entada um a associação à hiperinfecção p or Strongyloiães.
período prolongado, foram subm etidos a m últiplos procedim entos, apresentam sepse e acúm ulos abdom inais persistentes ou exibem fa tores de risco para o desenvolvim ento de endocardite (isto é, próteses valvares ou lesão de valvas cardíacas). Por outro lado, o tratam ento para enterococos no prim eiro episódio de infecção intra-abdom inal que se origina na com unidade e que acom ete pacientes previam ente sadios sem fatores de risco cardíacos im portantes para a endocardite não parece ser benéfico. Os enterococos são com um ente isolados de infecções dos tecidos m oles (Cap. 125), particularm ente as que envolvem feridas cirúrgicas (Cap. 131). De fato, esses m icrorganism os ocupam o terceiro lugar com o agentes de infecção cirúrgica hospitalar, com E. faecalis com o espécie mais frequentem ente isolada. A relevância clínica dos entero cocos em algum as dessas infecções - com o nas infecções intra-abdom inais - é objeto de controvérsia; a diferenciação entre colonização e infecção verdadeira pode representar um desafio, em bora, em alguns casos, os enterococos tenham sido isolados de abscessos pulm onares, hepáticos e cutâneos. O pé diabético e as úlceras de decúbito são fre quentem ente colonizados com enterococos e pode constituir a porta de entrada para infecções ósseas.
■ OUTRAS INFECÇÕES Os enterococos constituem causas bem conhecidas de infecções neonatais, incluindo sepse (principalm ente de início tardio), bactere m ia, m eningite, pneum onia e ITU. Foram docum entados surtos de sepse enterocócica em unidades neonatais. Os fatores de risco para a doença enterocócica em recém -nascidos incluem prem aturidade, baixo peso ao nascer, dispositivos de d em ora e cirurgia abdom inal. Os enterococos tam bém foram descritos com o agentes etiológicos de infecções ósseas e articulares, incluindo osteom ielite vertebral, habi tualm ente em pacientes com condições subjacentes, com o diabetes ou endocardite. De form a sem elhante, foram isolados enterococos de infecções ósseas em pacientes que foram subm etidos a artroplastia ou reconstrução de fraturas com colocação de próteses. Com o os en terococos podem produzir um biofilm e que tende a alterar a eficácia dos agentes norm alm ente ativos contra os enterococos, o tratam ento das infecções que envolvem m aterial estranho é desafiador, e pode ser necessária a retirada da prótese para erradicar a infecção. Foram relatados raros casos de pneum onia enterocócica, abscesso p ulm onar e em piem a espontâneo.
■ INFECÇÕES INTRA-ABDOMINAIS, PÉLVICA E DOS TECIDOS MOLES TRATAMENTO
Infecções enterocócicas
PRINCÍPIOS GERAIS Os enterococos são intrinsecam ente resisten tes e/ou tolerantes a vários agentes antim icrobianos [sendo a tole rância definida com o a ausência de destruição po r concentrações do fárm aco 16 vezes m aiores do que a concentração inibitória m ínim a (CIM )]. A m onoterapia com um antibiótico p-lactâm ico para a endocardite (ao qual m uitos enterococos são tolerantes) tem produzido resultados decepcionantes, com ^baixas taxas de cura no final da terapia. E ntretanto, a adição de um am inoglico sídio a um agente ativo contra a parede celular ((3-lactâmico ou glicopeptídio) aum enta as taxas de cura e erradica os m icrorga nism os; além disso, essa com binação é sinérgica e bactericida in vitro. Por conseguinte, a terapia de com binação com um agente ativo contra a parede celular e um am inoglicosídio constitui o p a drão de tratam ento para infecções endovasculares causadas por enterococos. Esse efeito sinérgico pode ser explicado, pelo m e nos em parte, pela m aior penetração do am inoglicosídio na célula bacteriana, presum ivelm ente em conseqüência de alterações da parede celular atribuíveis ao (3-lactâm ico ou ao glicopeptídio. E n tretanto, tem sido cada vez m ais difícil obter um a atividade bacte ricida sinérgica no tratam ento das infecções enterocócicas graves, devido ao desenvolvim ento de resistência a praticam ente todos os antibióticos disponíveis para essa finalidade. O tratam ento do E. faecalis difere substancialm ente daquele para o E. faecium (Q uadros 137.1 e 137.2), principalm ente devido a diferenças nos perfis de resistência (ver adiante); por exemplo,
Infecções Enterocócicas
C onform e assinalado anteriorm ente, os enterococos fazem parte da flora com ensal do trato gastrintestinal e p odem p roduzir peritonite espontânea em indivíduos cirróticos e pacientes subm etidos a d iá lise peritoneal am bulatorial crônica (Cap. 127). Esses m icrorganis m os são com um ente encontrados (em geral, com outras bactérias, incluindo espécies Gram -negativas entéricas e anaeróbios) em am os tras clínicas de pacientes com condições intra-abdom inais e pélvicas. A presença de presença de enterococos em infecções intra-ab d o m i nais é algum as vezes considerada de pouca relevância clínica. Vários estudos m ostraram que o papel dos enterococos nas infecções intra-abdom inais que se originam na com unidade e acom etem pacientes previam ente sadios é de pouca im portância, visto que a cirurgia e os agentes antim icrobianos de am plo espectro não dirigidos especi ficam ente contra enterococos são, com frequência, suficientes para o tratam ento bem -sucedido dessas infecções. E ntretanto, nessas últi m as décadas, esses m icrorganism os tornaram -se proem inentes com o causa de infecções intra-abdom inais em pacientes hospitalizados, de vido à em ergência e dissem inação da resistência à vancom icina entre enterococos e a um aum ento nas taxas de infecções hospitalares p or isolados de E. faecium resistentes a m últiplos fárm acos. Com efeito, vários estudos docum entaram atualm ente fracassos do tratam ento devido à enterococos, com conseqüente aum ento nas taxas de com plicações pós-operatórias e de m ortalidade nas infec ções intra-abdom inais. Por conseguinte, recom enda-se o tratam en to contra enteroco cos na peritonite hospitalar em pacientes im unocom prom etidos ou gravem ente enferm os que perm aneceram h o spitalizados p o r um
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QUADR0137.1
Esquemas sugeridos para o tratamento de infecções causadas por Enterococcus faecalis
Síndrome clínica Infecções endovasculares (incluindo a endocardite)
Ampicilina ou penicilina'1
Resistência de alto nível aos aminoglicosídios6
Sensível
Não
Opções terapêuticas sugeridasc AmDicilina (12 a/dia IV em doses fracionadas. a cada 4 h ou Dor infusão contínua) ou penicilina (18 a 30 milhões de unidades/dia IV. em doses fracionadas. a cada 4 h ou por infusão contínua) mais um aminoalicosídioVancomicina (15 a 20 mg/kg por dose, a cada 8 a 12 h, sem ultrapassar 2 g por dose)8 mais um aminoglicosídio"
Sensível
Sim
Ampicilina (12 a/dia IV em doses fracionadas. a cada 4 h) mais ceftriaxona (2 a a cada 12 h) ou cefotaxima Daptomicina em alta dose'± outro agente ativo9 Vancomicina (15 a 20 mg/kg por dose, a cada 8 a 12 h, sem ultrapassar 2 g por dose)6 Ampicilina mais imipeném
Bacteremia não endovascular"
Sensível
Não
Ampicilina (12 a/dia IV. em doses fracionadas a cada 4 h) ou Denicilina (18 mU/dia IV em doses fracionadas. a cada 4 hV Vancomicina (15 a 20 mg/kg por dose, a cada 8 a 12 h, sem ultrapassar 2 g por dose)6''
Sensível
Sim
Ampicilina7(12 g/dia IV, em doses fracionadas, a cada 4 h) ou penicilina Vancomicina (15 a 20 mg/kg por dose, a cada 8 a 12 h, sem ultrapassar 2 g por dose)® Daptomicina em alta dose’’
Meningite
Sensível
Não
AmDicilina (20 a 24 a/dia IV. em doses fracionadas. a cada 4 h) ou penicilina (24 mU/dia IV. em doses fracionadas. a cada 4 h) mais um aminoalicosídio* Vancomicina (500 a 750 mg IV, a cada 6 h)e mais um aminoglicosídio* Linezolida
Sensível
Sim
AmDicilina (20 a 24 a/dia IV. em doses fracionadas, a cada 4 h) ou Deniiclina (24 mU/dia IV. em doses fracionadas. a cada 4 h) mais ceftriaxona (2 a a cada 12 h) ou cefotaxima Vancomicina (500 a 750 mg IV a cada 6 h)e Linezolida Daptomicina em alta dose' (mais daptomicina intratecal) ± outro agente ativo5
Infecções do trato urinário (não complicadas)
Não aplicável
Não aplicável
Amoicilina (500 ma IV ou VO a cada 6 h) Nitrofurantoína (100 mg VO a cada 6 h) Fosfomicina (3 g em dose única VO)'
aEm raros casos, podem ser encontrados microrganismos isolados produtores de p-lactamase. Como esses isolados não são detectados pela determinação convencional da CIM, são recomendados testes adicionais (p. ex., teste com disco de nitrocefina) para isolados da endocardite. O uso de ampicilina/sulbactam (12 a 24 g/dia) é sugerido nesses casos.
Doenças Infecciosas
‘'Determinada pelo laboratório de microbiologia clínica apenas para a gentamicina ou a estreptomicina na torma de crescimento dos enterococos em ágar infusão de cérebro-coração contendo gentamicina (500 |i,g/mL) e estreptomicina (2000 (jig/mL). A resistência a um dos compostos não indica a resistência ao outro, e o laboratório relata uma resistência de alto nível a cada composto individualmente. Neste quadro, o Sim para a resistência de alto nível aos aminoglicosídios indica que o laboratório relatou uma resistência ao sinergismo com gentamicina e estreptomicina. cO esquema de primeira escolha do autor é sublinhado em cada categoria. "Gentamicina (1 a 1,5 mg/kg IV, a cada 8 h) ou estreptomicina (15 mg/kg por dia IV ou IM em duas doses fracionadas). "A vancomicina só é recomendada como alternativa dos agentes -lactâmicos em caso de alergia, toxicidade ou incapacidade de dessensibilização. Recomenda-se a monitoração dos níveis de van comicina, embora não se disponha de dados para os enterococos; alguns especialistas sugerem um esquema para obter níveis séricos mínimos de 15 a 20 ng/mL, embora as altas doses possam predispor à toxicidade renal. As concentrações no LCS também podem ser determinadas. Foram relatadas cepas de £ faecalis resistentes à vancomicina. 'Considerar doses de 8 a 12 mg/kg/dia (uso sem indicação na bula). S0s agentes ativos podem incluir ampicilina, uma fluoroquinolona (que pode ser preferida na meningite, se o isolado for sensível) e tigeciclina. "Em casos selecionados de bacteremia associada ao uso de cateter, a retirada do cateter e um ciclo curto de terapia (~5 a 7 dias) podem ser suficientes. Uma únicahemocultura positivaque prova velmente está associada ao uso de cateter em um paciente que está passando bem nos demais aspectos pode não exigir tratamento após a remoção do cateter. 'Pode-se considerar a adição de um aminoglicosídio nas infecções graves. 'Pode-se considerar a adição de ceftriaxona (ou cefotaxima) nas infecções graves. '‘Algumas autoridades sugeriram a adição de terapia intratecal ou intraventricular com gentamicina (2 a 10 mg/dia) ou vancomicina (10 a 20 mg/dia) para os casos recalcitrantes, quando o isolado é sensível. 'Aprovada pela FDA apenas para infecções não complicadas do trato urinário causada por £ faecalis sensível à vancomicina.
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QUADRO 137.2
Esquemas sugeridos para o tratamento de infecções causadas por Enterococcus faecium resistente à vancomicina
Síndrome clínica Infecções endovasculares (incluindo endocardite)
Ampicilina CIM (ixg/mL)
Resistência de alto nível aos aminoglicosídios3
< 64
Não
Opções terapêuticas sugeridas6 AmDicilina em alta dose£ mais aminoalicosídioíf Ver os esquemas para CIM > 64 |xg/mL
>64
Não
Daotomicina em alta dose® mais um aminoalicosídio outro aaente ativo-' Q/D9 (22,5 mg/kg/dia, em doses fracionadas a cada 8 h) ± outro agente ativo' Linezolida5(600 mg IV a cada 12 h) ± outro agente ativo'
< 64
Sim
Ampicilina em alta dose£ mais daptomicina em alta dose® Q/D9 (22,5 mg/kg/dia, em doses fracionadas a cada 8 h) mais ampicilina em alta dose® ou doxiciclina (100 mg IV a cada 12 h) com rifampicina (300 mg VO a cada 12 h, se for sensível) Ampicilina em alta dose mais imipeném-cilastatina (500 mg IV a cada 6 h)*
>64
Sim
Daotomicina em alta dose mais outro aaente ativo' Q/D9 (22,5 mg/kg/dia, em doses fracionadas a cada 8 h) mais doxiciclina (100 mg IV a cada 12 h) com rifampicina (300 mg V0 a cada 12 h, se for sensível) Linezolida9 (600 mg IV a cada 12 h) ± outro agente ativo' Ampicilina em alta dose® ± um aminoalicosídio-
Bacteremia não endovascular'
64
Não
Q/D® ± outro aaente ativo' Daotomicina® ± um aminoalicosídio^ Linezolida9 outro agente ativo' Ampicilina em alta dose£ ± Q/D® (22.5 ma/ka/dia. em doses fracionadas a cada 8 h)
64
Sim
Daotomicina® ± outro aaente ativo'
16
Não
Linezolida ± outro aaente ativo aue Denetre no LCS4
Linezolida9 (600 mg IV a cada 12 h) ± outro agente ativo' Meningite7
Daptomicina em alta dose® (mais daptomicina intratecaf) mais gentamicina (5,1 a 7 mg/kg, dose única diária) ou estreptomicina (15 mg/ kg, dose única diária)' ± outro agente ativo que penetre no LCS* 150.000 casos e > 5.000 m or tes. As cepas toxigênicas clonalm ente relacionadas do C. diphtheriae do complexo ET8 foram associadas a esse surto. C om o o complexo ET8 expressou um a toxina contra a qual a vacina com toxoide difté rico prevalente era efetiva, a epidem ia foi atribuída a um a falha da infraestrutura de saúde pública na vacinação efetiva da população. A epidem ia, que com eçou em 1998, foi co ntrolada p o r program as de vacinação em massa. D urante a epidem ia, a taxa de incidência foi elevada entre indivíduos de > 15 anos de idade até os 50 anos. Os fa tores que contribuíram nesse surto foram a instabilidade socioeconôm ica, a m igração, a deterioração dos program as de saúde pública, a freqüente escassez de vacinas, os atrasos na im plem entação da vaci nação e do tratam ento em resposta a casos e a falta de orientação e alerta do público. C ontinuam sendo relatados surtos significativos de dif teria e de m ortalidade associada a esta infecção em m uitos países em desenvolvim ento, particularm ente na África e na Ásia. D ados de estatística coletados pela O rganização M undial da Saúde indicam a ocorrência de cerca de 7.000 casos de difteria relata dos em 2008 e aproxim adam ente 5.000 m ortes p or difteria em 2004. E m bora cerca de 82% da população m undial tenham sido adequada m ente vacinados, apenas 26% dos países vacinaram com sucesso > 80% dos indivíduos em todos os distritos. A difteria cutânea é h abitualm ente um a infecção secundária que ocorre após u m a lesão prim ária da pele devido a traum atism o, aler gia ou auto-im unidade. C om m ais frequência, as bactérias isoladas de casos de doença cutânea carecem do gene tox e, portanto, não ex pressam a toxina diftérica. Em regiões tropicais, a difteria cutânea é m ais com um que a difteria respiratória. Ao contrário da doença res piratória, a difteria cutânea n ão é um a doença notificável nos EUA. As cepas não toxigênicas do C. diphtheriae tam bém têm sido as sociadas à ocorrência de bacterem ia e doença invasiva na população urbana pobre de Vancouver, no C anadá, bem com o de faringite na Europa. Foram observados surtos entre hom ossexuais m asculinos e usuários de drogas IV.
■ PATOGENIA E IM U N 0L0G IA
>
A toxina diftérica, p roduzida p o r cepas toxigênicas do C. diphthe riae, é o principal fator de v irulência n a doença clínica. A toxina é sintetizada na form a de precursor, liberada com o proteína de cadeia sim ples de 535 am inoácidos e possui um a LD50 de cerca de 100 ng/ kg de peso corporal. Ela é p ro d u z id a na lesão pseudom em branosa e penetra na corrente sanguínea, através da qual é d istribuída para todos os sistem as orgânicos. U m a vez ligada ao seu receptor de su perfície celular (um p recu rso r sem elhante ao fator de crescim ento da epiderm e de ligação da h e p arin a), a toxina é internalizada p or endocitose m ediada pelo receptor e penetra no citosol, proveniente de um com partim ento endossôm ico acidificado. A toxina in vitro pode ser separada em duas cadeias após a sua digestão com serinoproteases: o fragm ento A N -term in al e o fragm ento B C -term inal. A liberação do fragm ento A no citosol na célula eucariótica resulta em inibição irreversível da síntese de proteínas p o r ribosilação do ADP d ependente de NAD+ do fator de alongam ento 2. O resultado final é a m orte da célula.
Em 1926, Ram on, do Instituto Pasteur, verificou que a form alinização da toxina diftérica resultava na produção do toxoide diftérico, que não era tóxico, porém altam ente im unogênico. E studos subse quentes m ostraram que a im unização com toxoides diftéricos in d u zia a produção de anticorpos que neutralizavam a toxina e que im pediam a m aioria das m anifestações da difteria. N a década de 1930, com eçou nos EUA e na E uropa a im unização em m assa de crianças e adultos suscetíveis. Os indivíduos com título de a ntitoxina de > 0,01 u n id ad e /m L correm baixo risco de doença diftérica. Nas populações em que a m aioria dos indivíduos apresenta títulos de antito x in a protetores, a taxa de estado de p o rta d o r de cepas toxigênicas de C. diphtheriae dim inui, e observa-se u m a redução no risco global de difteria entre indivíduos suscetíveis. E n tretanto, os indivíduos com títulos não protetores po d em c ontrair a difteria em viagens ou após exposição a indivíduos que recentem ente voltaram de regiões onde a doença é endêm ica. Os achados patológicos característicos da difteria consistem em úlceras da m ucosa com um revestim ento pseudom em branoso cons tituído de um a faixa interna de fibrina e faixa lum inal de n eutrófi los. As pseudom em branas, que a princípio são brancas e firm em ente aderentes, tornam -se, na difteria avançada, cinzentas e até m esm o verdes ou pretas com a progressão da necrose. As úlceras da m ucosa resultam da necrose do epitélio induzida pela toxina, acom panhada de edem a, hiperem ia e congestão vascular da base subm ucosa. Surge um exsudato fibrinossupurativo da úlcera na pseudom em brana. As úlceras e as pseudom em branas na difteria respiratória grave podem estender-se da faringe para as vias respiratórias brônquicas de tam a nho m édio. As m em branas em expansão e descam ação podem resul tar em obstrução fatal das vias respiratórias.
Difteria
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Difteria respiratória O diagnóstico clínico de difteria baseia-se na constelação de faringi te, lesões pseudom em branosas aderentes nas am ígdalas, na faringe ou no nariz e febre baixa. Além disso, o diagnóstico requer o iso lam ento do C. diphtheriae ou o isolam ento histopatológico de m i crorganism os G ram -positivos com patíveis. O s C en ter for Disease C ontrol and Prevention (CDC) reconhecem a difteria respiratória confirm ada (com provada pelo laboratório ou epidem iologicam ente ligada a um caso confirm ado p or cultura) e a difteria respiratória provável (clinicam ente com patível, m as não com provada pelo la boratório nem ligada epidem iologicam ente). Os p ortad ores são d e
camada epitelial respiratória mediada pela toxina diftérica, produzindo um exsudato coaguiativo fibrinoso. 0 edema da submucosa contribui para o estreitamento das vias respiratórias. A faringite é de início agudo, e pode ocorrer obstrução respira tória devido à pseudomembrana nos casos graves. A inoculação de fragmentos de pseudomembrana ou de swabs submembranosos em meio seletivo de Lõffler ou telurito revela C. diphtheriae. (Fotografia de P. Strebel, MD, usada com autorização. De Kadirova FI et al.: J Infect Dis 181 :S110,2000.)
finidos com o indivíduos que apresentam culturas positivas para C. diphtheriae, assintom áticos ou com sintom as, m as carecem de pseu dom em branas. Na m aioria dos casos, o paciente procura assistência m édica devido a m anifestações iniciais de faringite e febre. Em certas ocasiões, as m anifestações iniciais consistem em fraqueza, disfagia, cefaleia e m udança da voz. O edem a do pescoço e a dificuldade na respiração são observados nos casos m ais avançados e apresentam prognóstico som brio. As m anifestações sistêmicas da difteria d ecorrem da toxina difté rica e consistem em fraqueza devido à neurotoxicidade e a arritm ias cardíacas ou insuficiência cardíaca congestiva, devido à m iocardite. A lesão pseudom em branosa localiza-se, com m ais frequência, na re gião amigdalofaríngea. C om m enos frequência, as lesões são detecta das na laringe, nas narinas e na traqueia ou passagens brônquicas. As pseudom em branas grandes estão associadas à doença grave e p rog nóstico som brio. A lguns pacientes desenvolvem tum efação m aciça das amígdalas e apresentam difteria “em pescoço de touro”, que resul ta do edem a m aciço das regiões subm andibular e paratraqueal, e que se caracteriza, além disso, p o r haütose, fala grossa e respiração com estridor. A pseudom em brana diftérica é cinzenta ou esbranquiçada e nitidam ente dem arcada. Ao contrário da lesão exsudativa associada a faringite estreptocócica, a p seudom em brana na difteria adere fir m em ente aos tecidos subjacentes. A tentativa de retirar a m em brana pode causar sangram ento. A ro uquidão sugere difteria laríngea, e, neste caso, a laringoscopia pode ser útil para o diagnóstico.
Difteria cutânea Trata-se de um a derm atose variável, m ais frequentem ente caracteri zada p o r lesões ulcerativas em “saca-bocado”, com descam ação necrótica ou form ação de pseudom em brana (Fig. 138.2). O diagnóstico requer a cultura do C. diphtheriae das lesões, que ocorrem m ais co m um ente nos m em bros. Em geral, o paciente procura assistência m é dica devido a úlceras cutâneas que não cicatrizam ou aum entam , que
Difteria e Outras Infecções Causadas por Corinebactérias...
E m bora a difteria seja rara nos EUA e em outros países desen volvidos, esse diagnóstico deve ser co nsiderado em pacientes que apresentam faringite grave, p a rticu la rm e n te com dificul dade na deglutição, com prom etim ento respiratório ou sinais de doença sistêm ica, incluindo m iocardite ou fraqueza generaliza da. N o diagnóstico diferencial, as principais causas de faringite a considerar incluem vírus respiratório (rinovírus, vírus influen za, vírus para influenza, coronavírus e adenovírus: cerca de 25% dos casos), estreptococos do grupo A (15 a 30%), estreptococos do grupo C (cerca de 5%), bactérias atípicas, com- Mycoplasma pneum oniae e Chlamydophila pneum oniae (15 a 20% em algum as séries) e outros vírus, com o o herpesvírus sim ples (cerca de 4%) e o vírus Epstein-B arr (EBV; < 1% na m ononucleose infecciosa). As causas m enos com uns consistem em infecção aguda pelo HIV, infecção p or Neisseria gonorrheae, infecção p o r fusobactérias (p. ex., síndrom e de Lem ierre) e candidíase oral causada p or Can dida albicans ou outra espécie de Candida. A presença de um a pseudom em brana faríngea ou de exsudato extenso deve levar à consideração de difteria (Fig. 138.1).
Figura 138.1 Difteria respiratória devido a C. diphtheriae toxigênico, pro duzindo faringite exsudativa em uma mulher de 47 anos de idade com ede ma do pescoço e pseudomembrana que se estende da úvula até a parede da faringe. A pseudomembrana branca característica é causada por necrose da
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m ento com antitoxina diftérica pode resultar em doença do soro (ver “Tratam ento da difteria”, adiante).
■ DIAGNÓSTICO
Figura 138.2 Difteria cutânea causada por C. diphtheriae não toxigênico no membro inferior. (Do Centers for Disease Control and Prevention.)
podem estar associadas a ferida preexistente ou derm atoses, com o eczema, psoríase e doença p or estase venosa. As lesões raram ente ul trapassam 5 cm.
Outras manifestações clínicas O C. diphtheriae é responsável p or casos raros de endocardite e de a r trite séptica, mais frequentem ente em pacientes com fatores de risco preexistentes, com o cardiopatia valvar, uso de drogas injetáveis ou cirrose.
■ COMPLICAÇÕES
Doenças Infecciosas 1190
A obstrução das vias respiratórias representa um risco precoce signi ficativo em pacientes com difteria avançada. As pseudom em branas podem desprender-se e provocar obstrução das vias respiratórias ou podem estender-se para a laringe ou a árvore traqueobrônquica. As crianças são particularm ente propensas a obstrução, devido às p e quenas vias respiratórias. A polineuropatia e a m iocardite constituem m anifestações tóxicas tardias da difteria. D urante o surto na República do Q uirquizistão, em 1995, foi constatada a ocorrência de m iocardite em 22% e neuropatia em 5% dos pacientes hospitaliza dos. A taxa de m ortalidade foi de 7% entre pacientes com m iocardite, em contraposição com 2% dos pacientes sem m anifestações m iocárdicas. O intervalo m ediano até a m orte nos pacientes hospitalizados foi de 4,5 dias. A m iocardite está associada a arritm ia do trato de con dução e m iocardiopatia dilatada. As m anifestações neurológicas p odem aparecer na p rim eira ou segunda sem anas da doença e com eçam com disfagia e disartria n a sal, evoluindo para outros sinais de com prom etim ento dos nervos cranianos, que incluem fraqueza da língua e entorpecim ento facial. A paralisia ciliar, que é típica, m anifesta-se na form a de visão turva, devido à paralisia da acom odação pupilar, com preservação do re flexo à luz. A neuropatia craniana pode ser seguida de fraqueza dos m úsculos respiratórios e abdom inais, exigindo ventilação artificial. Várias sem anas depois - algum as vezes, q u ando a neu ro p atia c ra niana está m elhorando - pode surgir u m a p o lineuropatia sensorial e m otora generalizada, com m anifestações autônom as p ro e m in e n tes (incluindo hipotensão) em alguns casos. A síndrom e clínica e os achados na punção lom bar, com níveis elevados de p roteínas sem pleocitose no líquido cerebrospinal, assem elham -se à síndrom e de G uillain-B arré (Cap. 385). Do po n to de vista patológico, a n e u ro patia diftérica é um distúrbio desm ielinizante não inflam atório m e diado pela exotoxina. A m elhora gradual é a regra nos pacientes que sobrevivem à fase aguda. O utras complicações da difteria incluem pneum onia, insuficiên cia renal, encefalite, infarto cerebral e em bolia pulm onar. O tra ta
O diagnóstico de difteria baseia-se nos sinais e sintom as clínicos, ju n ta m en te com confirm ação laboratorial. D eve-se co n sid erar a possibilidade de difteria respiratória em pacientes que apresentam faringite, exsudatos faríngeos e febre. O utros sintom as podem incluir rouquidão, estridor ou paralisia do palato. A presença de um a pseu dom em brana deve levar à consideração de difteria. Um a vez estabe lecido o diagnóstico clínico de difteria, deve-se adm inistrar a antito xina diftérica o m ais rápido possível. O diagnóstico laboratorial baseia-se na cu ltu ra do C. diphthe riae ou do C. ulcerans toxigênico obtido do local da infecção, ou na dem onstração de lesões locais com histopatologia característica. O C. pseudodiphtheriticum , um m icrorganism o não toxigênico, é um com ponente com um da flora orofaríngea no rm al e não representa um risco significativo. Devem -se enviar am ostras da orofaringe ao la boratório para cultura, com a notificação de suspeita de difteria. Essa inform ação exige a cultura em m eio seletivo especial e na realização de um teste bioquím ico subsequente para diferenciar o C. diphtheriae de outras corinebactérias com ensais da nasofaringe. Todos os isola dos laboratoriais do C. diphtheriae, incluindo cepas não toxigênicas, devem ser enviados ao CDC. O diagnóstico de difteria cutânea req u er confirm ação lab o ra torial, visto que as lesões não são características e são clinicam ente indistinguíveis de outras derm atoses. Em certas ocasiões, as úlceras diftéricas apresentam algum as vezes - m as não de m aneira consis tente - um aspecto “em saca-bocado” (Fig. 138.2). N os pacientes em que se identifica a difteria cutânea, deve-se efetuar u m a cultura da nasofaringe para C. diphtheriae. O s m eios laboratoriais para a dif teria cutânea são iguais àqueles utilizados p ara difteria respiratória: m eio seletivo de Lõffler ou de Tinsdale, além de m eio não seletivo, com o ágar-sangue. C onform e já m encionado, a difteria respiratória continua sendo u m a doença notificável nos EUA, ao con trário da difteria cutânea.
TRATAMENTO
Difteria
ANTITOXINA DIFTÉRICA
A adm inistração im ediata de antitoxina diftérica é fundam ental no m anejo da difteria respiratória. A a n titoxina - antissoro equino - é efetiva para reduzir a extensão da doença local, bem com o o risco de com plicações de m iocardite e neuropatia. A rápida instituição do tratam en to com antitoxina está associada a um a redução significativa no risco de m ortalida de. C om o a antitoxina diftérica não consegue neutralizar a toxina ligada às células, sua instituição im ediata é im portante. A a n ti toxina diftérica, que não é m ais pro d u zid a com ercialm ente nos EUA, está disponível nos C D C com o protocolo de novo fárm aco experim ental e pode ser obtida en tran d o em contato com Emergency O perations C enter pelo telefone 770-488-7100; o website correspondente é w w w .cdc.gov/vaccines/vpd-vac/diphtheria/dat/ dat-m ain.htm . O protocolo atual para o uso da antitoxina inclui um a dose de teste para excluir a possibilidade de hipersensibilida de de tipo im ediato. Os pacientes que exibem hipersensibilidade necessitam de dessensibilização antes da adm inistração da dose terapêutica integral da antitoxina.*
TRATAMENTO ANTIMICROBIANO
Os antibióticos são utilizados no controle da difteria p rincipalm ente para evitar a transm issão a outros contatos suscetíveis. As opções recom endadas para o trata m ento de pacientes com difteria respiratória são as seguintes: ( 1) penicilina G procaína, em um a dose de 600.000 unidades (para N. de R. T.: No Brasil, a antitoxina diftérica está disponível através do Institu to Butantan, www.butantan.gov.br.
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crianças, 12.500 a 25.000 U/kg) IM, a cada 12 h, até que o paciente possa deglutir sem dificuldade; a seguir, adm inistra-se penicilina V oral, 125-250 m g 4x/dia, para com pletar um ciclo de 14 dias; ou (2) eritrom icina, em um a dose de 500 m g IV, a cada 6 h (para crianças, 40-50 m g/kg/dia IV, em 2 ou 4 doses fracionadas), até que o paciente possa deglutir sem dificuldade; essa dose é seguida de 500 m g por via oral, 4x/dia, para com pletar um ciclo de 14 dias. Um estudo clínico conduzido no V ietnã verificou SM que a penicilina estava associada a um a resolução m ais rápida da febre e a um a taxa m ais baixa de resistência bacteriana do que a eritrom icina; entretanto, as recidivas foram m ais com uns com a penicilina. O tratam ento com eritrom icina atua sobre a síntese de proteínas e, p or conseguinte, oferece o su posto benefício de in terrom per a síntese de toxina m ais rapida m ente do que um (3-lactâmico ativo contra a parede celular. A ri fampicina e a clindam icina são agentes alternativos para pacientes que são alérgicos a penicilina ou que não podem tom ar e ritrom i cina. A erradicação do C. diphtheriae deve ser docum entada pelo m enos 1 dia após o térm ino do tratam ento antim icrobiano. Re com enda-se repetir a cultura de garganta 2 sem anas depois. Para os pacientes em que os m icrorganism os não foram erradicados depois de um ciclo de 14 dias de eritrom icina ou penicilina, reco m enda-se um ciclo adicional de 10 dias, seguido de nova cultura. A difteria cutânea deve ser tratada conform e descrito para a doença respiratória. Os indivíduos infectados p or cepas toxigêni cas devem receber antitoxina. É im portante tratar a causa subja cente das derm atoses, além da superinfecção pelo C. diphtheriae. Nos pacientes que se recuperam das difterias respiratória ou cutânea, devem -se determ inar os níveis de antitoxina. Se a antito xina diftérica tiver sido adm inistrada, esse teste deve ser realizado em 6 meses. Esses pacientes devem receber a vacina apropriada (ver “Prevenção”, adiante) para assegurar o desenvolvim ento de tí tulos de anticorpos protetores, que não ocorre em todos os casos.
CONTROLE
Os pacientes com suspeita de d ifteria devem ser hospitalizados em quartos com isolam ento respiratório e estreita m onitoração da função cardiorrespiratória. R ecom enda-se um a avaliação cardíaca para verificar a possibilidade de m iocardite. Nos pacientes com pseudom em branas extensas, recom enda-se consultar um anestesista ou um otorrinolaringologista, devido à possível necessidade de traqueostom ia ou intubação. Em algum as situações, as pseudom em branas podem ser rem ovidas cirurgica m ente. Não foi constatado que o tratam ento com glicocorticoides tenha reduzido o risco de m iocardite ou polineuropatia.
O corre difteria pseudom em branosa fatal em pacientes com títulos de anticorpos não protetores e naqueles não im unizados. A pseudom em brana pode aum entar de tam anho em relação ao m om ento em que foi observada pela prim eira vez. Os fatores de risco que levam à m orte incluem difteria “em pescoço de touro”, m iocardite com taquicardia ventricular, fibrilação atrial, bloqueio atrioventricular completo, ida de superior a 60 anos ou inferior a 6 meses, alcoolismo, aum ento ex tenso da pseudom em brana e com prom etim ento da laringe, traqueia ou brônquios. O utro indicador im portante de desfecho fatal é o inter valo entre o desenvolvim ento de doença local e da adm inistração de antitoxina. A difteria cutânea apresenta um a baixa taxa de m ortalida de e raram ente está associada à m iocardite ou neuropatia periférica.
■ PREVENÇÃO Vacinação As cam panhas constantes de vacinação de crianças e a vacinação de reforço adequada de adultos são responsáveis pela incidência extre m am ente baixa da difteria na m aioria dos países desenvolvidos. Na atualidade, a vacina de toxoide diftérico é coadm inistrada com a vaci na antitetânica (com ou sem anticoqueluche acelular). A DTaP (toxoi-
Profilaxia dos contatos Os contatos íntim os de pacientes com difteria devem efetuar culturas de am ostras de orofaringe p ara determ in ar se são portadores. Após a obtenção de am ostras de orofaringe para cultura, deve-se conside rar profilaxia antim icrobiana para todos os contatos íntim os, m esm o aqueles com cultura negativa. As opções consistem em 7-10 dias de eritrom icina oral ou um a dose de penicilina G benzatina IM (1,2 m i lhão de unidades para indivíduos com > 6 anos de idade ou 600.000 unidades para crianças com m enos de 6 anos). Os contatos de pacientes com difteria cujo estado de im unização seja incerto devem receber vacina apropriada contendo toxoide dif térico. Na atualidade, recom enda-se a Tdap (em lugar da Td) com o vacina de reforço de escolha para adultos que recentem ente não rece beram vacina anticoqueluche acelular. Os portadores do C. diphthe riae devem ser tratados e vacinados quando identificados.
CORINEBACTERIAS NAO DIFTERICAS E ESPECIES RELACIONADAS As corinebactérias não diftéricas, tam b ém d enom inadas difteroides ou bactérias corineformes, form am u m conjunto am plam ente diverso de bactérias reunidas taxonom icam ente com base em seus nucleotídios de assinatura de rD N A 16S. A diversidade desse grupo é exem plificada pela am pla variedade no conteúdo de guanina-m ais-citosina (45 a 70%). Apesar de serem frequentem ente consideradas colonizadoras ou co n tam in an tes, as corin eb actérias não d iftéri cas têm sido associadas a doença invasiva, sobretudo em pacientes im u n ocom prom etidos. E specificam ente, p o r exem plo, esses m i crorganism os foram im plicados na bacterem ia, na endocardite e em outras infecções graves, p articularm ente em associação a cateteres e próteses. Os pacientes infectados p o r corinebactérias não diftéricas apresentam habitualm ente com orbidade clínica significativa ou im u nossupressão. Vários desses m icrorganism os, incluindo C. jeikeium e C. urealyticum, estão associados a resistência a m últiplos antibióti cos. O m icrorganism o relacionado Rhodococcus equi está associado a pneum onia necrotizante e infecção granulom atosa, particularm ente em indivíduos im unocom prom etidos. O utras espécies relacionadas que podem causar infecções em seres hum anos incluem Actinomyces (anteriorm ente Corynebacterium) pyogenes e Arcanobacterium (ante riorm ente Corynebacterium) haemolyticum.
■ MICROBIOLOGIA E DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Esses m icrorganism os são bacilos aeróbios ou anaeróbios facultati vos, catalase-positivos e não álcool-ácido-resistentes. A m orfologia das colônias varia am plam ente; algum as espécies são pequenas e a-hem olíticas (à sem elhança dos lactobacilos), enquanto outras for mam grandes colônias brancas (sem elhantes a leveduras). Muitas bac térias corineform es não diftéricas exigem m eios de cultura especiais (p. ex., m eio de Lõffler, de Tinsdale ou telureto) para crescimento.
Difteria e Outras Infecções Causadas por Corinebactérias...
■ PROGNÓSTICO
des diftérico e tetânico e vacina anticoqueluche acelular, adsorvidos, em nível integral) é a vacina atualm ente recom endada para crianças até 7 anos de idade. A DTaP substituiu a DTP (toxoides diftérico e te tânico e vacina anticoqueluche de células integrais) em 1997. A Tdap é um a vacina de toxoide tetânico, toxoide diftérico reduzido e antico queluche acelular, form ulada para adolescentes e adultos. A Tdap foi licenciada para uso nos EUA em 2005 e constitui a vacina de reforço recom endada para crianças de 11 a 12 anos de idade e a vacina de em parelham ento recom endada para crianças de 7-10 e 13-18 anos de idade. A partir de 2006, foram feitas as seguintes recom endações: (1) adultos de 19-64 anos de idade devem receber um a dose única de Tdap se a últim a dose de Td (toxoides tetânico e diftérico de dose reduzida, adsorvidos) foi adm inistrada a > 10 anos, e (2) intervalos de m enos de 10 anos para vacinação com Tdap dos profissionais de saúde, adultos com previsão de contato com lactentes e adultos não previam ente vacinados para coqueluche. Os adultos que receberam vacinas anticoqueluche acelular devem continuar recebendo vacina ções de reforço com Td a intervalos de 10 anos. O calendário de vaci nação é apresentado detalh ad am en te no C apítulo 122.
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■ EPIDEMIOLOGIA Os seres hum anos são reservatórios naturais de várias bactérias corineform es não diftéricas, incluindo C. xerosis, C. pseudodiphtheriti cum, C. striatum, C. m inutissim um , C. jeikeium , C. urealyticum e A. haemolyticum. Os anim ais reservatórios são responsáveis pelo estado de p o rtad o r de A. pyogenes, C. ulcerans e C. pseudotuberculosis. O solo constitui o reservatório natural do R. equi. O C. pseuãodiphtheriticum faz p arte da flora no rm al da faringe e pele nos seres hum anos. O C. xerosis é encontrado na pele, na n a sofaringe e na conjuntiva; o C. auris, no canal auditivo externo, e o C. striatum , nas narinas anteriores e na pele. O C. jeikeium e o C. urealyticum são encontrados nas axilas, na virilha e no períneo, p a rti cularm ente em pacientes hospitalizados. As infecções p o r C. ulcerans e por C. pseudotuberculosis foram associadas ao consum o de leite cru de gado infectado.
■ BACTÉRIAS CORINEFORMES NÃO DIFTÉRICAS ESPECÍFICAS C. ulcerans Esse m icrorganism o provoca um a doença sem elhante a difteria e produz um a toxina diftérica, bem com o um a toxina derm onecrótica. O C. ulcerans é com ensal em cavalos e no gado e foi isolado do leite de vaca. Esse m icrorganism o causa faringite exsudativa, prin cip al m ente durante os m eses de verão, em áreas rurais e entre indivíduos expostos ao gado. Ao contrário da difteria, a infecção pelo C. ulcerans é considerada um a zoonose, e foram identificados porcos com o fonte de infecção hum ana; a transm issão interpessoal não foi estabelecida. Todavia, deve-se instituir o tratam ento com antitoxina e antibióticos nos casos em que se identifica o C. ulcerans respiratório, e deve-se efetuar um a pesquisa de contatos (incluindo culturas de am ostras de garganta para determ inar a necessidade de profilaxia antim icrobiana e vacinação com a vacina apropriada contendo toxoide diftérico para contatos h um anos não im unizados). O m icrorganism o cresce em m eios de Lõffler, de Tinsdale e de telurito, bem com o em ágar-sangue. Além da faringite exsudativa, foi relatada a ocorrência de doença cutânea causada pelo C. ulcerans. O C. ulcerans m ostra-se sensível a um amplo painel de antibióticos. A eritrom icina e os m acrolídios parecem constituir os agentes de p rim eira linha.
Doenças Infecciosas 1192
crescem na form a de pequenas colônias não hem olíticas, brilhantes, cinzentas a brancas em ágar-sangue. O C. jeikeium carece de urease e de nitrato redutase e não ferm enta a m aioria dos carboidratos. M ostra resistência à m aioria dos antibióticos testados, à exceção da vancom icina. O tratam ento efetivo envolve a rem oção da fonte da infecção, seja ela um cateter, um a prótese articular ou um a prótese valvar. Esforços vêm sendo envidados para prevenir a infecção pelo C. jeikeium m ediante o uso de sabão antibacteriano nos cuidados de pacientes de alto risco em unidades de terapia intensiva.
C. urealyticum (grupo D2) Identificado com o Corynebacterium não diftérico urease-positivo em 1972, o C. urealyticum constitui um a causa o portunista de sepse e de infecção do trato urinário. Esse m icrorganism o parece ser o agente etiológico de um a síndrom e grave, do trato urinário conhecida com o cistite incrustada alcalina: u m a infecção inflam atória crônica da be xiga associada ao depósito de fosfato de am ônio-m agnésio sobre a superfície e as paredes de lesões ulcerativas na bexiga. Foi relatada a ocorrência de uropatia obstrutiva associada a esse m icrorganism o em receptores de transplante renal. Além disso, C. urealyticum tem sido associado à pneum onia, peritonite, endocardite, osteom ielite e infecção de feridas. A ssem elha-se ao C. jeikeium na sua resistência a m aioria dos antibióticos, à exceção da vancom icina, que tem sido utilizada com sucesso no tratam ento das infecções graves.
C. m inutissim um O eritrasm a é um a infecção cutânea que produz placas intertriginosas castanho-averm elhadas, m aculares, descam ativas e p ruriginosas. Ao exam e com lâm pada de W ood, essas lesões derm atológicas apresentam fluorescência verm elho-coral. O C. m inutissim um parece constituir um a causa com um de eritrasm a, em bora haja evidências de um a etiologia polim icrobiana em certas situações. A lém disso, esse m icróbio fluorescente tem sido associado a bacterem ia em p a cientes com neoplasia m aligna hem atológica. O eritrasm a responde a aplicação tópica de eritrom icina, claritrom icina, clindam icina ou ácido fusídico, em bora as infecções m ais graves possam exigir trata m ento oral com m acrolídios.
C. pseudotuberculosis (ovis)
■ OUTRAS CORINEBACTÉRIAS NÃO DIFTÉRICAS
As infecções causadas p o r C. pseudotuberculosis são raras e relata das quase exclusivamente na Austrália. O C. pseudotuberculosis causa linfadenite granulom atosa supurativa e síndrom e de pneum onia eosinofílica em indivíduos que m anuseiam cavalos, gado, cabras e cervos ou que ingerem leite não pasteurizado. O m icrorganism o é um im portante patógeno veterinário, que provoca linfadenite supurativa, abscessos e pneum onia, porém é raram ente um patógeno hum ano. Foi relatado o tratam ento bem -sucedido com eritrom icina ou tetra ciclina, e efetua-se tam bém a cirurgia, quando indicado.
O C. xerosis é um com ensal h u m an o enco n trad o na conjuntiva, na nasofaringe e n a pele. Esse m icrorganism o não toxigênico é algu mas vezes identificado com o fonte de infecção invasiva em pacientes im unocom prom etidos ou no pós-operatório, bem com o em recep tores de próteses articulares. O C. striatum é e ncontrado nas n a ri nas anteriores, assim com o na pele, na face e na p arte superior do tronco de indivíduos norm ais. Esse m icrorganism o, que tam bém é não toxigênico, tem sido associado a infecções oportunistas invasivas em pacientes gravem ente enferm os ou im unocom prom etidos. O C. amycolatum é um a espécie isolada da pele h um ana, identificada com base em um a seqüência singular do RNA ribossôm ico 16S associada a infecção oportunista. O C. glucuronolyticum é urrfa espécie não lipofílica que causa infecções do trato geniturinário m asculino, como prostatite e uretrite. Essas infecções podem ser tratadas com suces so p o r m eio de um a am pla v ariedade de agentes antibacterianos, incluindo betalactâm icos, rifam picina, am inoglicosídios ou vanco m icina; todavia, esse m icrorganism o parece ser resistente as fluoro quinolonas, aos m acrolídios e às tetraciclinas. O C. imitans foi identi ficado na Europa O riental com o causa não toxigênica de faringite. O C. auris foi isolado de crianças com otite m édia e m ostra-se sensível às fluoroquinolonas, à rifam picina, à tetraciclina e à vancom icina, porém é resistente à penicilina G e variavelm ente sensível aos m acro lídios. O C. pseudodiphtheriticum (C. hofm annii) é um com ponente não toxigênico da flora h u m an a norm al. Apenas raram ente, foram identificadas infecções hum anas - particu larm en te endocardite de próteses valvares ou de valvas nativas e p neum onia invasiva. Em bora o C. pseudodiphtheriticum possa ser isolado da nasofaringe de p a cientes com suspeita de difteria, constitui parte da flora norm al e não produz toxina diftérica. O C. propinquun, um a espécie estreitam ente
C. je ike iu m (grupo JK) D epois de u m a análise de doenças causadas p o r corinebactérias não diftéricas em 1976, o grupo JK dos C D C foi reconhecido com o im p o rtan te patógeno o p o rtu n ista em pacientes n e u tro p ê n ic o s e, m ais tarde, em ergiu em pacientes infectados pelo H IV com o causa de infecção o portunista associada à Aids. Em conseqüência, o m i crorganism o foi reclassificado com o espécie separada, C. jeikeium . A síndrom e predom inante associada ao C. jeikeium é a sepse, que pode ocorrer juntam ente com pneum onia, endocardite, m eningite, osteom ielite ou abscesso epidural. Os fatores de risco para a infecção pelo C. jeikeium incluem neoplasia m aligna hem atológica, neu tro p e nia de afecções co-m órbidas, hospitalização prolongada, exposição a m últiplos antibióticos e ru p tu ra da pele. H á evidências de que o C. jeikeium faz parte da flora norm al das regiões inguinais, axilares, genitais e perirretais de pacientes hospitalizados. O tratam ento antim icrobiano de am plo espectro parece selecio n a r a colonização desses m icrorganism os. O riginalm ente descrito nos EUA, o C. jeikeium tam bém foi relatado na Europa. Os cocobacilos Gram -positivos, que lem bram ligeiram ente os estreptococos,
relacionada com o C. pseudodiphtheriticum, faz parte do grupo ANF3 dos C D C e foi isolado de am ostras do trato respiratório e do sangue de seres hum anos. O C. afermentans subespécie lipophilum pertence ao grupo ANF-1 dos C D C e foi isolado do sangue e de infecções de abscessos em seres hum anos. O C. accolens tem sido isolado de d re nagem de feridas, swabs de garganta e escarro e é identificado com o satélite de estafilococos; tem sido associado a endocardite. O C. bovis é um com ensal veterinário que ainda não foi claram ente identificado com o causa de doença hum ana. O C. aquaticum é um m icrorganis m o associado à água, algum as vezes isolado de pacientes que fazem uso de dispositivos clínicos (p. ex., para diálise peritonial am bulato rial crônica ou acesso venoso).
■ RHODOCOCCUS
■ ACTINOMYCES PYOGENES O A. pyogenes, um a causa de úlceras de perna sazonais em indivíduos das áreas rurais da Tailândia, é um patógeno bem conhecido do gado bovino, ovinos, caprinos e suínos. Foram relatados alguns casos h u m anos de sepse, endocardite, artrite séptica, pneum onia, m eningite e empiema. O m icrorganism o m ostra-se sensível a (3-lactâmicos, tetra ciclinas, am inoglicosídios e fluoroquinolonas.
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Difteria e Outras Infecções Causadas por Corinebactérias...
As espécies de Rhodococcus estão filogeneticam ente relacionadas com as corinebactérias. Esses cocobacilos G ram -positivos têm sido associados a infecções sem elhantes à tuberculose em seres hum anos com patologia granulom atosa. E m bora o R. equi seja m ais bem co nhecido, foram identificadas outras espécies, incluindo R. (tam bém Gordonia) bronchialis, R. (tam bém Tsukamurella) aurantiacus, R. luteus, R. erythropolis, R. rhodochrous e R. rubropertinctus. O R. equi vem sendo reconhecido com o causa de pneum onia em cavalos desde a década de 1920; provoca infecções relacionadas no gado, em ovinos e suínos. O R. equi é encontrado no solo com o m icróbio am biental. Os m icrorganism os variam no seu com prim ento; aparecem com o bastonetes esféricos a longos, curvos ou em form a de clava e p ro d u zem grandes colônias m ucoides irregulares. O R. equi não ferm enta os carboidratos nem liqüefaz a gelatina e, com frequência, é álcool-ácido-resistente. O R. equi, um patógeno intracelular de macrófagos, pode causar necrose granulom atosa e caseificação. O m icrorganism o foi identificado m ais com um ente em infecções pulm onares; e n tre tanto, foram tam bém relatadas infecções do cérebro, dos ossos e da pele. Com m ais frequência, a doença causada pelo R. equi m anifesta-se na form a de pneum onia cavitária nodular do lobo superior - um quadro sem elhante àquele observado na tuberculose ou na nocardiose. Os pacientes são, em sua m aioria, im unocom prom etidos, fre quentem ente com infecção pelo HIV. Foram tam bém identificadas lesões nodulares subcutâneas. Deve-se considerar a participação do R. equi em todo paciente que apresente u m a síndrom e sem elhante à tuberculose. A infecção pelo R. equi tem sido tratada com sucesso por m eio de antibióticos que penetram no interior da célula, incluin do m acrolídios, clindam icina, rifam picina, sulfam etoxazol-trim e toprim a, tigeciclina e linezolida. Os antibióticos p-lactâm icos não têm sido úteis. O m icrorganism o m ostra-se rotineiram ente sensível à vancom icina, que é considerada o fárm aco de escolha, em bora o tratam ento oral com agentes bactericidas, com o a linezolida, possa desem penhar um papel.
■ ARCANOBACTERIUM HAEMOLYTICUM O A. haemolyticum foi identificado com o agente de infecções de fe ridas em soldados norte-am ericanos no sul do Pacífico durante a II G uerra Mundial. Esse m icrorganism o parece ser um comensal da na sofaringe e da pele de seres hum anos, m as tem sido implicado como causa de faringite e de úlceras de pele crônicas. Em contraste com a faringite m uito m ais com um causada p o r Streptococcus pyogenes, a faringite pelo A. haemolyticum está associada a um exantema escárlatiniform e no tronco e na parte proxim al dos m em bros em cerca de 50% dos casos; em certas ocasiões, essa doença é confundida com a síndrom e do choque tóxico. C om o a faringite causada pelo A. hae molyticum afeta prim ariam ente adolescentes, foi postulado que a sín drom e de exantem a-faringite p ode representar um a co-patogenicidade ou sinergism o com a infecção secundária p or EBV ou oportunista com plicando a infecção pelo EBV. O A. haem olyticum tam bém foi relatado com o causa de bacterem ia, infecção dos tecidos moles, os teom ielite e pneum onite cavitária, predom inantem ente no contexto de diabetes m elito subjacente. O m icrorganism o m ostra-se sensível a betalactâm icos, m acrolídios, fluoroquinolonas, clindam icina, vanco m icina e doxiciclina. Foi relatada um a resistência à penicilina.
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CAPÍ TULO
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Infecções por Listeria
monocytogenes Elizabeth L. Hohmann Daniel A. Portnoy A Listeria monocytogenes, um patógeno transm itido p o r alim entos, pode causar infecções sérias, particularm ente em gestantes e indiví duos im unocom prom etidos. Uma bactéria am biental saprófita e ubí qua, a L. monocytogenes, tam bém é um patógeno intracelular facul tativo, com um a ampla variedade de hospedeiros. Os seres hum anos são provavelm ente hospedeiros acidentais deste m icrorganism o. A L. monocytogenes não é interessante apenas para a m edicina clínica; é de interesse tam bém para a ciência básica, com o um m odelo de patóge no intracelular em pregado para estudar os m ecanism os essenciais da patogênese m icrobiana e im unidade do hospedeiro.
■ MICROBIOLOGIA A L. monocytogenes é um bacilo G ram -positivo, não esporulado e anaeróbio facultativo, que cresce em um a am pla faixa de tem p era turas, incluindo as em pregadas em refrigeração. É m óvel durante o crescim ento em baixas tem peraturas, m as não tanto a 37°C. A grande m aioria dos casos de doença h um ana p o r listérias se deve aos soro tipos l/2 a , l/2 b e 4. A L. monocytogenes é fracam ente (3-hem olítica em ágar-sangue e (com o detalhado adiante) a sua 3 -hem olisina é um determ inante essencial de sua patogenicidade.
■ PATOGENIA
Doenças Infecciosas 1194
As infecções p o r L. monocytogenes se seguem à ingestão de alim entos contam inados com altas concentrações da bactéria. A conversão de um saprófita am biental em patógeno envolve a regulação coordenada de determ inantes bacterianos da patogenia, que m edeiam a e n tra da nas células, o crescim ento intracelular e a dissem inação de célula para célula. M uitas das estratégias patogênicas desse organism o p o dem ser exam inadas experim entalm ente em m odelos de infecção em cultura de tecidos; um desses m odelos é apresentado na Figura 139.1. Tal com o outros patógenos entéricos, a L. monocytogenes induz sua própria internalização p o r células que não são norm alm ente fagocíticas. Sua entrada nas células é m ediada po r proteínas da su perfície do hospedeiro classificadas com o internalinas. A penetração m ediada p or internalina é im portante no cruzam ento das barreiras intestinais, hem atencefálica e fetoplacentária, em bora o m odo pelo qual a L. monocytogenes se desloca do intestino para o cérebro ou para o feto esteja apenas com eçando a ser investigado. No m odelo de infecção em cobaias prenhes, dem onstrou-se que a L. monocytogenes desloca-se dos órgãos m aternos para a placenta e, su rp re en d e n te m ente, tam bém da placenta em direção aos órgãos m aternos. Esses dados são com patíveis com um m odelo em que o aborto pode ser considerado com o estratégia de defesa do hospedeiro para elim inar um foco de infecção. Um d eterm inante essencial da patogenia da L. monocytogenes seja a sua (3-hemolisina, a listeriolisina O (LLO). A LLO é um a citolisina form adora de poros e dependente de colesterol (as citolisinas relacionadas com a listeriolisina incluem a estreptolisina O, a p n e u m olisina e a perfringolisina O, todas produzidas p o r patógenos ex tracelulares). A LLO é em grande parte a responsável pela m ediação da ru p tu ra da m em brana do fagossom o que se form a após a fago citose da L. monocytogenes. A LLO provavelm ente age inserindo-se em um fagossomo acidificante, im pedindo, deste m odo, a m aturação da vesícula. Além disso, a LLO age com o um poro de translocação para um a ou ambas as fosfolipases da L. monocytogenes, que tam bém contribuem para a lise vacuolar. A síntese e a atividade da LLO são
Figura 139.1
Estágios do ciclo de vida intracelular de Listeria m onocyto genes. 0 diagrama central mostra a penetração na célula, o escape de um vacúolo, a nucleação da actina, a motilidade baseada na actina e a disseminação de célula para célula. Em torno do diagrama central, estão as micrografias eletrônicas re presentativas das quais o diagrama foi derivado. ActA, proteína de superfície que medeia a nucleação dos filamentos de actina do hospedeiro para a propulsão intra e intercelular da bactéria; LLO, listeriolisina 0; PLC, fosfolipases C; Inl, internalina. Ver o texto para mais detalhes. (Adaptada, com autorização, deLG Tilney e DA Portnoy: J Cell Biol 109:1597, 1989.© fíockfeller University Press.)
controladas em m últiplos níveis de m odo a assegurar que a sua ação lítica se lim ite aos vacúolos ácidos e não afete o citosol. As m utações da LLO que influenciam a sua síntese, a sua m eia-vida no citosol ou o seu pH ótim o determ inam a toxicidade prem atura das células infec tadas. H á um a relação inversa entre a toxicidade e a virulência - isto é, quanto m ais citotóxica é a cepa, m enos v irulenta ela é em anim ais. Essa relação pode parecer paradoxal, po rém L. monocytogenes, sendo um patógeno intracelular, beneficia-se p o r não causar dano à célula do hospedeiro onde se encontra. Logo após a sua exposição ao citosol da célula do m am ífero, a L. m onocytogenes expressa u m a p ro te ín a de superfície, ActA, que m edeia a nucleação dos filam en to s de a ctin a do h o sp ed eiro de m o d o a p e rm itir a p ro p ag ação in tra e in tercelu lar da bactéria. A ActA, ao estim ular as p ro p ried a d es de nucleação da actina pelo com plexo A rp2/3, m im etiza p ro teín as do h o sp ed eiro pertencentes à fam ília de p ro teín as da sín d ro m e de W isk o tt-A ld rich (WASP). A ssim , a L. m onocytogenes p o d e p e n e tra r o citosol de quase todas as células ou extratos de células eu carióticas e explorar um sistem a de m o tilid ad e co n se rv a d o e essencial, b asead o n a actina. O u tro s patógenos, tão diversos q u a n to Shigella, M ycobacterium , Rickettsia e B urkholderia spp. usam u m a e stratég ia pfatogênica sim ilar, que p erm ite a d issem inação célula a célula sem exposição ao m eio extracelular.
■ RESPOSTA IMUNE As respostas im unes inata e a d quirida à L. monocytogenes já foram extensam ente estudadas em cam undongos. Logo após a injeção por via IV, a m aior parte das bactérias é e n co n trad a no fígado, no in terior das células de Kupffer, sendo alguns m icrorganism os enco n trados em células dendríticas e em m acrófagos do baço. As listérias que sobrevivem à atividade bactericida dos m acrófagos inicialm ente infectados crescem no citosol e se dissem inam de célula para célula. No fígado, o resultado é a infecção dos hepatócitos. Os neutrófilos são cruciais para a defesa do hospedeiro d u ran te as prim eiras 24 h da infecção, ao passo que o influxo de m acrófagos ativados, proce dentes da m edula óssea, é crítico subsequentem ente. C am undongos que sobrevivem a inóculos subletais elim inam a infecção em 1 se m ana, ao que se segue um a im u n id ad e esterilizante. Estudos com cam undongos geneticam ente m o d ificad o s têm sido im p o rtan tes
para definir os papeis desem penhados pelas quim iocinas e citocinas d urante a infecção. Por exemplo, o in te rfero n -7 e o fator de n e cro se tu m oral (FN T) são essenciais para c ontrolar a infecção. E m bora a im unidade inata seja suficiente para conter a infecção, a resposta im une adquirida é necessária para a im unidade esterilizante. A im u nidade é m ediada p o r células e os anticorpos não têm n en h u m p a pel evidente. As células efetoras críticas são linfócitos T citotóxicos (C D 8+), que reconhecem e lisam as células infectadas, de m odo que as bactérias extracelulares liberadas são destruídas p o r fagócitos cir culantes ativados. Os anim ais que sobrevivem a um a exposição a d o ses subletais de bactérias tornam -se im unes à infecção subsequente. U m a característica essencial do m odelo da L. monocytogenes é que as vacinas m ortas não proporcionam im unidade protetora. A explica ção para esta observação fundam ental é m ultifatorial, envolvendo a geração de citocinas apropriadas e a com partim entalização das p ro teínas bacterianas para processam ento e apresentação dos antígenos. C om o os m icrorganism os têm a capacidade de induzir um a resposta im une celular intensa, foram desenvolvidas cepas atenuadas p or e n genharia para expressar antígenos estranhos, que estão sendo objeto de estudos clínicos com o vacinas terapêuticas para aplicação no cân cer e em doenças infecciosas.
■ EPIDEMIOLOGIA A L. monocytogenes invade habitualm ente o corpo p or m eio do trato gastrintestinal, para onde é levada pelos alim entos. A listeriose o co r re m ais frequentem ente de m an eira esporádica, em b o ra tam bém ocorram surtos. As recentes incidências anuais nos EUA variam de 2-9 casos p or 1 m ilhão de habitantes. N ão há com provação e pide m iológica ou clínica de transm issão direta de ser h u m an o para ser h u m an o (que não a transm issão vertical da m ãe p ara o feto) ou de infecção veiculada pela água. C oerentem ente com a sua sobrevivên cia e m ultiplicação em tem peraturas de refrigeração, a L. m onocyto genes é co m u m en te e n co n trad a em alim entos de origem anim al ou vegetal processados e não processados, especialm ente queijos m oles, iguarias à base de carne, cachorros-quentes, leite e saladas frias. C om o o suprim ento de alim entos é cada vez m ais centralizado e os hospedeiros norm ais toleram bem o m icrorganism o, os surtos p odem não ser im ediatam ente aparentes; a eletroforese de cam po pulsátil em gel já se m o stro u útil para v incular casos da infecção a alim entos específicos. A FoodN et, u m program a de vigilância ativo nos EUA, não d o cu m en to u q ualquer m u d an ça significativa na in cidência estim ada de listeriose du ran te o perío d o de 2005-2008. A U.S. Food and D rug A dm inistration tem um a política de tolerância zero para a L. monocytogenes em alim entos vendidos pro n to s para o consum o.
Gastrenterite A gastrenterite por listérias, que só foi reconhecida após os surtos do final da década de 1980, desenvolve-se dentro de 48 h após a in gestão de um grande inóculo de bactérias presentes em alim entos contam inados, tais com o 0 leite, as iguarias à base de carne e saladas. As taxas de ataque são altas (50 a 100%). As coproculturas de rotina não podem e não se destinam a detectar a L. monocytogenes, m as o seu envolvim ento em surtos deve ser considerado quando as culturas para outros prováveis patógenos são negativas. A doença intestinal esporádica parece ser incom um . As m anifestações clínicas são febre, diarréia, d or de cabeça e sintom as constitucionais. O m aior surto descrito foi o que ocorreu em um a rede de escolas italianas envolven do 1.566 indivíduos, dos quais cerca de 20% foram hospitalizados, em bora apenas um a pessoa tivesse hem ocultura positiva. A doença gastrintestinal isolada não requer tratam ento antibiótico. Estudos de controle m ostram que de 0,1 a 5% dos adultos saudáveis assintom áti cos p odem ter coproculturas positivas para o m icrorganism o.
Bacteremia A septicem ia por L. monocytogenes apresenta-se com febre, calafrios e m ialgias/artralgias e não pode ser diferenciada das septicem ias que envolvem outros organism os. A presença de sintom as m eníngeos, achados neurológicos focais ou alterações do estado m ental pode su gerir o diagnóstico. A bacterem ia é d ocum entada em 70 a 90% dos pacientes cancerosos com listeriose. Um a doença febril inespecífica sem elhante a um a gripe é um a apresentação com um em gestantes. A endocardite de valvas protéticas e nativas é um a com plicação in com um , para a qual as séries de casos descrevem taxas de letalidade de 35 a 50%. A realização de um a p unção lom bar é m uitas vezes p ru dente, em bora não necessária, em gestantes sem sintom as relativos ao sistema nervoso central (SNC).
Meningite Nos EUA, a L. monocytogenes causa cerca de 5 a 10% de todos os ca sos de m eningite bacteriana a d q u irid a n a com unidade p o r adultos. As taxas de letalidade descritas são de 15 a 26% e não parecem ter se alterado com o tem po. Este diagnóstico deve ser considerado em todos os casos de m en in g ite “asséptica” em idosos ou adultos p o r tadores de doenças crônicas. A apresentação é subaguda (na qual a d oença se desenvolve ao longo de vários dias) com m ais frequência do que ocorre com as m eningites bacterian as de ou tras etiologias, e a rigidez de nuca e sinais m en ín g eo s são m enos com uns. A foto fobia é infrequente. A chados focais e convulsões são com uns em algum as séries, m as n ão em todas. O perfil do LCS n a m eningite p o r listérias m o stra m ais freq u e n tem e n te contagens leucocitárias na faixa de 100-5.000/p,L (raram ente m ais altas); 75% dos pacientes têm contagens de leucócitos abaixo de 1.000/|xL, sendo o pred o m í n io de neutrófilos hab itu alm en te m ais m o d esto do que em outras m eningites bacterianas. Em cerca de 30"a"40% das vezes há níveis baixos de glicose e resu ltad o s positivos n a coloração pelo Gram . Pode o correr hidrocefalia.
Meningoencefalite e infecção focal do SNC A Listeria monocytogenes pode invadir diretam ente o parênquim a cerebral, pro d u zin d o cerebrites ou abscessos focais. Os abscessos m acroscópicos resultantes de dissem inação bacterêm ica constituem aproxim adam ente 10% dos casos de infecção do SNC; os pacientes afetados frequentem ente têm hem oculturas positivas. Pode existir m eningite concom itante, m as o LCS p ode m ostrar-se norm al. Os abscessos podem ser erroneam ente diagnosticados com o tum ores m etastáticos ou prim ários. Em raras ocasiões, ocorrem no cerebe lo e na m edula espinal. A invasão do tronco encefálico resulta em um a característica e grave rom bencefalite, que ocorre habitualm ente
Infecções por Listeria monocytogenes
■ DIAGNÓSTICO Os sintom as de infecção p o r listérias em grande p arte se superpõem aos de outras doenças infecciosas. O diagnóstico o p o rtu n o exige que a possibilidade da doença seja considerada nos g ru p o s sob risco: gestantes; idosos; neonatos; indivíduos im u n o c o m p ro m e tid o s p o r transplantes de órgãos, câncer, tratam ento com antagonistas do TN F ou com glicocorticoides; e em pacientes com um a variedade de es tados m édicos crônicos, com o alcoolism o, diabetes, doenças renal e reum atológica e sobrecarga de ferro. A o corrência de m eningite em idosos (especialm ente com co m p ro m etim en to do parênquim a cerebral ou n a presença de abscessos cerebrais subcorticais) deve d espertar a suspeita de infecção p o r L. monocytogenes. A listeriose ocasionalm ente afeta indivíduos saudáveis, jovens e m ulheres não gestantes. Os pacientes infectados pelo H IV estão sob risco; e n tretanto, a listeriose parece ser prevenida pela profilaxia feita para o utras infecções relacionadas com a A ids com sulfam etoxazol-trim etoprim a (SM X-TM P). O diagnóstico é feito p o r h em ocultura ou p o r cultura do líquido cerebrospinal (LCS) ou am niótico. No LCS corado p o r G ram , a L. monocytogenes po d e ser c o n fu n d id a com “difteroides” ou com pneum ococos ou, p o r ser G ram -variável, com H aemophilus spp. Os testes sorológicos e os ensaios de reação em cadeia da polim erase não são ainda ferram entas diagnósticas clini cam ente úteis.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As infecções po r listérias apresentam -se sob a form a de várias sín drom es clínicas, entre as quais a m eningite e a septicem ia são as mais com uns. A m onocitose é observada em coelhos infectados, m as não é um a característica da infecção hum ana.
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em adultos idosos em tudo m ais saudáveis. A apresentação pode ser bifásica, com um p ródrom o de febre e cefaleia seguido p o r déficits assim étricos dos nervos cranianos, sinais cerebelares, hem iparesias ou déficits hem issensoriais. Pode ocorrer insuficiência respiratória. O curso subagudo e as frequentem ente m ínim as anorm alidades do LCS podem retardar o diagnóstico, que pode ser sugerido p o r im a gens de ressonância m agnética (RM) em que há lesões com intensifi cação em anel após a injeção de contraste à base de gadolínio e lesões hiperintensas nas imagens ponderadas p o r difusão. A RM é superior à tom ografia com putadorizada (TC) no diagnóstico dessas infecções.
im ipeném , m eropeném , linezolida, tetraciclina e m acrolídios, em bora tam bém haja relatos de falha clínica ou desenvolvim ento de doença com alguns desses agentes. As cefalosporinas não são eficazes e não devem ser em pregadas. Os neonatos devem receber ampicilina e gentam icina em doses baseadas no peso corporal. A duração do tratam ento depende da síndrom e: 2 sem anas para bacterem ia, 3 sem anas para m eningite, 6-8 sem anas para abscesso cerebral/encefalite e 4-6 sem anas para a endocardite do neonato e do adulto. A doença neonatal de início precoce pode ser mais grave e deve ser tratada p o r > 2 sem anas.
Infecções durante a gestação e em recém-nascidos A listeriose na gravidez é um a infecção grave e im portante. A apre sentação habitual é a de um a doença febril inespecífica, aguda ou subaguda, com mialgias, artralgias, dor lom bar e cefaleia. As gestan tes com listeriose estão habitualm ente bacterêm icas. A ocorrência desta síndrom e indica a realização de hem oculturas, especialm ente na ausência de outra explicação razoável. O envolvim ento do SNC é raro na ausência de outros fatores de risco. O parto prem aturo é um a com plicação com um , e o diagnóstico pode ser feito apenas no pós-parto. Cerca de 70 a 90% dos fetos de m ães infectadas infectam -se tam bém . O tratam ento das m ães bacterêm icas no pré-parto aum enta as chances de darem à luz um lactente saudável. As m ulheres habi tualm ente evoluem bem no pós-parto; as m ortes m aternas são m uito raras, m esm o quando o diagnóstico é feito no final da gestação ou no pós-parto. A letalidade global entre os fetos infectados in utero aproxim a-se dos 50% em algum as séries; entre os neonatos nascidos vivos e tratados com antibióticos, as taxas de letalidade são m uito m ais baixas (cerca de 20%). A granulomatose infantil séptica é um a avassaladora infecção fetal p or listérias, em que há m icroabscessos e granulom as miliares, presentes mais frequentem ente na pele, no fíga do e no baço. Infecções neonatais m enos graves adquiridas in utero po dem apresentar-se no nascim ento. A doença neonatal de “início tardio” desenvolve-se cerca de 10 a 30 dias após o parto. As m ães de lactentes com doença de início tardio não estão doentes.
■ COMPLICAÇÕES E PROGNÓSTICO O diagnóstico e tratam ento im ediatos resultam na recuperação com pleta de m uitos indivíduos, m as são com uns as seqüelas neurológicas perm anentes em pacientes com abscessos cerebrais ou rom boencefalites. Já foram descritas infecções focais de órgãos viscerais, do olho, dos espaços pleural, peritonial e pericárdico, bem com o dos ossos e das articulações. De 100 neonatos nascidos vivos estudados em um a série, 60% se recuperaram plenam ente, 24% m orreram e 13% tiveram seqüelas ou outras com plicações a longo prazo.
■ PREVENÇÃO Pessoas saudáveis devem to m ar as precauções de rotina para preve n ir doenças veiculadas p o r alim entos: c ozinhar com pletam ente as carnes, lavar os vegetais crus, lim par cuidadosam ente os utensílios e evitar os laticínios não pasteurizados. Além disso, os indivíduos sob risco de listeriose, incluindo as gestantes, devem evitar queijos moles (em bora os queijos duros e o iogurte não tragam problem as) e evi tar ou reaquecer com pletam ente as iguarias e alim entos prontos para comer, m esm o que o risco absoluto im posto p o r esses alim entos seja relativam ente baixo.
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Doenças Infecciosas 1196
N enhum ensaio clínico com parou agentes antim icrobianos para o tratam ento das infecções por L. monocytogenes. Os dados o b ti dos em estudos in vitro e em anim ais, e tam bém os dados clínicos observacionais indicam que a am picilina é o fárm aco de escolha, em bora a penicilina tam bém seja intensam ente ativa. Os adultos devem receber am picilina p or via IV em altas doses (2 g a cada 4 h), e m uitos especialistas recom endam a adição de gentam icina para sinergism o (1,0 a 1,7 m g/kg a cada 8 h); os ensaios clínicos não controlados retrospectivos não são conclusivos, porém um estudo sugere que a gentam icina pode não ser útil. A associação SMX-TMP, dada p or via IV, é a m elhor alternativa para o paciente alérgico a penicilina (15-20 m g/kg/dia de TMP, em doses dividi das a cada 6-8 h). As doses recom endadas cobrem as infecções do SNC e a bacterem ia (ver adiante quanto à duração); devem ser reduzidas em pacientes com insuficiência renal. U m pequeno es tudo não random izado apoia a com binação de am picilina e SMX-TMP. Relatos de casos docum entam o sucesso com vancom icina,
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M it ja
CA P ÍT U LO 1 4 0 ^ Tétano
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C. Louise Thwaites Lam Minh Yen O tétano é um a doença aguda, m anifestada p o r espasm o da m uscula tura esquelética e distúrbio do sistem a nervoso autônom o. É causado p or um a poderosa neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium tetani e é totalm ente prevenível p o r vacinação. O C. tetani é enco n trado no m undo inteiro, e o tétano ocorre com um ente onde a taxa de vacinação é baixa. Nos países desenvolvidos, a doença é observada em certas ocasiões em indivíduos que não estão totalm ente vacina dos. Em qualquer contexto, o tétano estabelecido é um a doença gra ve, com elevada taxa de m ortalidade.
■ DEFINIÇÃO O tétano é diagnosticado em bases clínicas (algum as vezes, com confirm ação laboratorial da presença de C. tetani; ver “Diagnóstico”, adiante), e as definições de casos são frequentem ente em pregadas para facilitar as avaliações clínicas e epidemiológicas. Os Centers for Dise ase Control and Prevention (CDC) definem o tétano com o “o início agudo de hipertonia ou com o contrações m usculares dolorosas (ha bitualm ente nos m úsculos da m andíbula e do pescoço) e espasm os musculares generalizados, sem outra causa clínica aparente.” O tétano neonatal é definido pela Organização M undial da Saúde (OMS) como “um a doença que ocorre em um a criança com capacidade norm al de sugar e chorar nos prim eiros 2 dias de vida, mas que perde essa capaci dade entre 3 e 28 dias de idade e torna-se rígida e apresenta espasmos.” Tendo em vista a m anifestação singular do tétano neonatal, a história geralmente possibilita um a classificação acurada da doença com alto grau de probabilidade. O tétano m aterno é definido pela OMS como o tétano que ocorre durante a gravidez ou dentro de 6 sem anas após a sua conclusão seja por nascim ento, aborto espontâneo ou aborto.
■ ETIOLOGIA O C. tetani é um bastonete G ram -positivo, fo rm ad o r de esporos e anaeróbio, cujos esporos são altam ente resistentes e podem sobrevi ver facilm ente no am biente em todo o m undo. Os esporos resistem à fervura e a m uitos desinfetantes. Além disso, os esporos do C. tetani e bacilos sobrevivem nos sistemas intestinais de m uitos anim ais, e a eli m inação fecal é com um . Os esporos ou as bactérias penetram no cor po através de abrasão, feridas ou (no caso de recém -nascidos) coto umbilical. Um a vez encontrado um am biente anaeróbio apropriado, os m icrorganism os crescem, m ultiplicam -se e liberam a toxina tetânica, um a exotoxina que entra no sistem a nervoso e provoca doença. C oncentrações m uito baixas dessa toxina altam ente potente podem resultar em tétano (dose letal hum ana m ínim a: 2,5 ng/kg). Em cerca de 20% dos casos de tétano, não se encontra nenhum a ferida para a entrada do m icrorganism o. As abrasões superficiais dos m em bros constituem o local m ais com um de infecção nos adultos. As infecções m ais p rofundas (p. ex., atribuídas à fratura exposta, aborto ou injeções de drogas) estão associadas à doença m ais grave e prognóstico mais som brio. Nos recém -nascidos, a infecção do coto um bilical pode resultar de cuidados inadequados do cordão um bili cal; em algum as culturas, p or exemplo, o cordão é cortado com ca pim , ou aplica-se esterco ao coto. A circuncisão ou a perfuração da orelha tam bém podem resultar em tétano neonatal.
■ EPIDEMI0L0GIA É difícil a obtenção de dados epidem iológicos confiáveis sobre a incidência m undial, e a notificação do tétano é notoriam ente incom pleta. Estudos m ostraram que, em grande parte do m undo, apenas 2 a 10% dos casos de tétano são notificados. m! W
As estim avas do início da década de 1980 sugeriram que o tétano causava m ais de 1 m ilhão de m ortes p or ano. C om um a m aior cober tu ra de vacinação no m u n d o inteiro, houve um declínio no núm ero de casos, particularm ente entre crianças e recém -nascidos, que têm sido os principais alvos em program as recentes de vacinação. Em 2006, a estim ativa foi de 290.000 casos fatais de tétano, principalm en te no sudeste da Ásia e na África. A eliminação do tétano m aterno e neonatal constitui um a m eta da OMS e de seu Expanded Program m e on Im m unization (EPI). A taxa de m ortalidade m aterna estim ada em 5% na década de 1990 foi atri buída ao tétano m aterno. A prevenção do tétano em mulheres grávidas e recém-nascidos é efetuada por vacinação m aterna durante a gestação (ver “Prevenção”, adiante), que constitui um com ponente integral do EPI. Em bora a cobertura de vacinação continue aum entando, o téta no m aterno e neonatal continua representando um a im portante carga para a saúde global, causando cerca de 180.000 m ortes por ano. O tétano é um a doença rara nos países desenvolvidos. Em 2007, foram notificados 28 casos ao sistem a de vigilância nacional dos EUA. A m aioria dos casos de tétano ocorre em indivíduos que não estão totalm ente vacinados ou que não foram vacinados. Os indiví duos com mais de 60 anos de idade correm m aior risco de tétano, vis to que os níveis de anticorpos dim inuem com o passar do tem po. Os usuários de drogas injetáveis - particu larm en te os que injetam h e roína p or via subcutânea (skin-popping) - estão sendo cada vez mais reconhecidos com o grupo de alto risco. E ntre 1995 e 2000, 15 a 18% das infecções p or tétano nos EUA ocorreram em usuários de drogas injetáveis. Em 2004, houve um su rto de tétano no Reino Unido, que anteriorm ente tin h a baixas taxas notificadas entre usuários de d ro gas. Os m otivos para esse surto ainda não estão bem esclarecidos, porém acredita-se que envolvam um a com binação de contam inação da heroína, injeção subcutânea e vacinação incom pleta.
■ PATOGENIA O C. tetani produz duas exotoxinas: a tetanolisina e a tetanospasm ina. A tetanolisina, que está relacionada com as toxinas de clostrídios e estreptolisina, não desem penha nenhum papel na patogenia da doença. A tetanospasm ina, geralm ente designada com o “toxina tetânica”, é a neurotoxina que provoca as manifestações da doença. A toxina é trans portada até os núcleos m otores dos nervos cranianos e cornos ventrais da m edula espinal po r transporte intra-axônico. A toxina tetânica é produzida na forma de um a única proteína de 150 kDa, que é clivada, produzindo cadeias pesadas (100 kDa) e leves (50 kDa) ligadas por uma ponte de dissulfeto e forças não covalentes. A extremidade carboxi-term inal da cadeia C liga-se a com ponentes específicos da m em brana nas term inações nervosas a-m o to ras pré-sinápticas; evidências sugerem um a ligação a polisialogangliosídios e a proteínas de m em brana. Essa ligação resulta na internalização da toxina e sua captação nos nervos. (As toxinas botulínicas entram no sistema nervoso por um m étodo si milar, porém perm anecem , em sua m aior parte, na junção neurom uscular e, portanto, produzem diferentes manifestações clínicas.) Uma vez no interior do neurônio, a toxina entra em um a via de transporte retrógrado, po r interm édio da qual é transportada proxim alm ente até o neurônio m otor, p o r m eio de um processo que p a rece ser altam ente específico. Ao c o ntrário de outros com ponentes do conteúdo endossôm ico, que sofrem acidificação após a sua inter7 nalização, a toxina tetânica é tran sp o rta d a em um am biente de pH neutro cuidadosam ente regulado, que im pede um a alteração de con form ação induzida p or ácido, que resultaria na expulsão das cadeias leves no citosol circundante. O estágio seguinte no transporte da toxina não está tão bem es clarecido, porém envolve o escape da toxina tetânica dos processos de degradação norm ais dos lisossom os e a sua translocação através da sinapse para as term inações interneuronais inibitórias pré-sinápticas GABA-érgicas. Neste local, a cadeia leve, que é um a endopeptidase de pendente de zinco, cliva o monofosfato associado à vesícula (VAMP2, tam bém conhecido como sinaptobrevina). Essa molécula é necessária para a ligação pré-sináptica e liberação do neurotransm issor; dessa m a neira, a toxina tetânica impede a liberação do transm issor e bloqueia
Y efetivamente a descarga interneuronal inibitória. O resultado consiste em um a atividade desregulada do sistema nervoso motor. A ativida de semelhante no sistema autônom o é responsável pelas manifestações características de espasmo da m usculatura esquelética e distúrbio do sistema autônomo. Os níveis circulantes aum entados de catecolaminas no tétano grave estão associados a complicações cardiovasculares. Pouco se sabe acerca dos processos de recuperação do tétano. A recuperação pode levar várias sem anas. O brotam ento de nervos p e riféricos está envolvido na recuperação do botulism o, e pode ocorrer um brotam ento sem elhante do sistem a nervoso central no tétano. O utras evidências sugerem a degradação da toxina com o m ecanism o de recuperação.
Tétano As m anifestações clínicas do tétano só ocorrem quando a toxina tetânica alcança os nervos inibitórios pré-sinápticos. Q uando esses efeitos se tornam aparentes» pouco pode ser feito para m odificar a evolução da doença. As estratégias de manejo visam sustentar as funções vitais até o desaparecim ento dos efeitos da toxina. Recen temente, houve interesse por m étodos intratecais de adm inistração de antitoxina para neutralizar a toxina dentro do sistema nervoso central e lim itar a progressão da doença (ver “Tratam ento”, adiante).
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O tétano produz um am plo espectro de m anifestações clínicas, que podem ser am plam ente divididas em generalizadas (incluindo n eo natais) e locais. Na form a habitualm ente leve do tétano local, apenas áreas isoladas do corpo são acom etidas, e apenas pequenas áreas de
N a avaliação do prognóstico, a velocidade de desenvolvim ento do tétano é im portante. O p eríodo de incubação (intervalo entre a ferida e o aparecim ento do prim eiro sintom a) e o período de início (intervalo entre o prim eiro sintom a e o prim eiro espasm o generaliza do) são de im portância particular; os intervalos m ais curtos estão as sociados a um prognóstico m ais som brio. No tétano neonatal, qu an to m ais novo o lactente no m om ento em que aparecem os sintom as, m ais grave o prognóstico. Os sintom as iniciais m ais com uns consistem em trism o (m andí bula travada), d or e rigidez m usculares, d o r nas costas e dificuldade na deglutição. Nos recém -nascidos, a apresentação habitual consiste na dificuldade de alim entação. C om a evolução da doença, surgem espasm os m usculares. O espasm o m uscular generalizado pode ser m uito doloroso. Em geral, os m úsculos laríngeos são acom etidos inicialm ente ou até m esm o de m o d o isolado. T rata-se de um even to potencialm ente fatal, visto que pode ocorrer obstrução com pleta das vias respiratórias. O espasm o dos m úsculos respiratórios resulta em falência respiratória. Sem suporte ventilatório, a insuficiência res piratória constitui a causa m ais com um de m orte no tétano. Foram relatados espasm os fortes o suficiente para p ro d u z ir avulsões dos tendões e fraturas por esm agam ento, porém esse evento é raro. O distúrbio autônom o é m áxim o durante a segunda sem ana de tétano grave, e a m orte em conseqüência de eventos cardiovasculares passa a constituir um im portante risco. A pressão arterial está habitual m ente lábil, com rápidas flutuações de alta para baixa, acom panhadas de taquicardia. Além disso, podem ocorrer episódios de bradicardia e bloqueio atrioventricular. O com prom etim ento autônom o manifesta-se por estase gastrintestinal, sudorese, aum ento das secreções traqueais e insuficiência renal aguda (frequentem ente de alto débito).
■ DIAGNÓSTICO O diagnóstico do tétano é clínico, e a cu ltu ra do C. tetani a p a rtir
Doenças Infecciosas Figura 140.1 (sinaptobrevina).
1198
Progressão clínica e patológica do tétano. PA, pressão arterial; GABA, ácido 7 -aminobutírico; GI, gastrintestinal; VAMP, monofosfato associado a vesícula
TRATAMENTO
Tétano
■ PROGNÓSTICO O rápido desenvolvim ento do tétano está associado à doença m ais grave e prognóstico m ais reservado; é im portante registrar o m o m ento de início e a duração do período de incubação. M odelos mais sofisticados baseados em dados obtidos de adultos revelaram outros preditores im portantes do prognóstico (Q u ad ro 140.1). Poucos es tudos consideraram form alm ente as conseqüências de longo prazo do tétano. E ntretanto, aceita-se de m odo geral, que a recuperação é com pleta, a não ser que os períodos de hipoventilação tenham sido prolongados ou que outras com plicações tenham ocorrido. Estudos realizados em crianças e recém -nascidos sugeriram que os recém -nascidos que sofreram períodos prolongados de hipoxia podem cor rer risco aum entado de incapacidades de aprendizagem , problem as de com portam ento e paralisia cerebral.
■ PREVENÇÃO A prevenção do tétano é o btida p o r m eio de tratam en to adequado das feridas e im unização (Cap. 122). N os recém -nascidos, o uso de práticas lim pas e seguras de p arto e cuidados do cordão um bilical, bem com o a vacinação m aterna é essencial. O toxoide tetânico (TT) para vacinação está disponível em várias preparações: T T em dose única, T T com doses altas ou baixas de toxoide diftérico ou TT com toxoide diftérico em com binação com vacina contra coqueluche de células integrais/acelular, Haemophilus influenzae tipo b, hepatite B ou poliomielite. As diretrizes da OMS para a vacinação contra tétano consistem em um a série p rim ária de três doses na lactância, doses de reforço aos 4 a 7 e l 2 a l 5 anos de idade e um reforço na idade adulta. Nos EUA, os CD C sugerem um a dose adicional com 14 a 16 m eses de idade e reforços a cada 10 anos. Os esquem as de “recuperação” re com endam um a série p rim ária de três doses para adolescentes não vacinados, seguida de duas doses adicionais. Para os indivíduos que receberam um a série prim ária com pleta na infância, porém sem n e nh u m reforço, são recom endadas duas doses com intervalo de pelo m enos 4 sem anas. As recom endações padrões da OMS para a prevenção do tétano m aterno e neonatal exigem a adm inistração de duas doses de TT com intervalo de pelo m enos 4 sem anas p ara a m ulher grávida previa m ente não vacinada. Todavia, em áreas de alto risco, um a abordagem
CAPÍTULO 140
Q uando possível, a ferida de entrada deve ser identificada, com lim peza e desbridam ento do m aterial necrótico para rem over fo cos anaeróbios da infecção e im pedir a produção adicional de to xina. O m etronidazol (400 m g p or via retal ou 500 m g IV, a cada 6 horas, durante 7 dias) é o antibiótico preferido. U m a alternativa é a penicilina (100.000 a 200.000 U l/kg ao dia), em bora esse fárm a co possa, teoricam ente, exacerbar os espasmos. A im possibilidade de rem over focos de infecção vigente pode resultar em tétano re corrente ou prolongado. A antitoxina deve ser adm inistrada precocem ente, na ten ta ti va de desativar qualquer toxina tetânica circulante e im pedir a sua captação no sistem a nervoso. D ispõe-se de duas preparações: a im unoglobulina antitetânica (TIG) hum ana e a antitoxina equina. A TIG constitui a preparação de escolha, visto que tem m enos tendência a estar associada a reações anafilactoides. O tratam ento convencional consiste em 3.000 a 6.000 UI de TIG ou 10.000 a 20.000 U de antitoxina equina em dose única IM. E ntretanto, há evidências de que a adm inistração intratecal de TIG inibe a p ro gressão da doença e leva a um prognóstico m ais satisfatório. Os resultados de um ensaio clínico controlado random izado foram confirm ados p o r um a m etanálise de ensaios clínicos envolvendo tanto adultos quanto recém -nascidos, com doses de TIG de 50 a 1.500 UI adm inistradas p or via intratecal. Os espasm os são controlados com sedação intensa utilizando benzodiazepínicos. A clorprom azina ou o fenobarbital são c o m um ente usados no m undo inteiro, e o sulfato de m agnésio IV tem sido adm inistrado com o relaxante m uscular. U m problem a significativo com todos esses tratam entos é o fato de que as d o ses necessárias para controlar os espasm os tam bém causam d e pressão respiratória; por conseguinte, em situações com recursos lim itados, sem ventiladores m ecânicos, o controle dos espasm os com m anutenção de um a ventilação adequada é problem ático, e a insuficiência respiratória constitui um a causa com um de m orte. Em locais onde se dispõe de equipam ento de ventilação, os espas m os intensos são mais bem controlados com um a com binação de sedativos ou m agnésio e agentes bloqueadores neurom usculares não despolarizantes de ação curta e inertes quanto a efeitos car diovasculares, que possibilitam um a titulação da intensidade dos espasmos. As infusões de propofol tam bém têm sido usadas com sucesso para controlar os espasm os e fornecer sedação. É im portante estabelecer um a via respiratória segura no iní cio do tétano grave. Em condições ideais, os pacientes devem ser m antidos em um am biente calm o e tranqüilo, visto que a luz e os ruídos podem desencadear os espasm os. O corre aum ento das se creções traqueais no tétano, e a disfagia causada pelo com prom e tim ento faríngeo, com binada com a hiperatividade dos m úsculos laríngeos, dificulta a intubação endotraqueal. Por conseguinte, a traqueostom ia constitui o m étodo habitual de assegurar as vias respiratórias no tétano grave. E m uito difícil tratar a instabilidade cardiovascular no tétano grave. Podem ocorrer rápidas flutuações na pressão arterial e na frequência cardíaca. A estabilidade cardiovascular m elhora m e diante sedação crescente com sulfato de m agnésio IV (concen tração plasm ática de 2 a 4 m m ol/L), m orfina ou outros sedativos. Além disso, podem ser necessários fárm acos que atuam especifi cam ente sobre o sistem a cardiovascular (p. ex., esm olol, antago nistas do cálcio e agentes inotrópicos). Os fárm acos de ação curta que possibilitam um a rápida titulação são preferidos; deve-se ter cuidado p a rticu la r quando se a d m in istram (3-antagonistas de ação m ais longa, visto que o seu uso tem sido associado a parada cardíaca hipotensiva. As complicações decorrentes do tratam ento são com uns e in cluem trom boflebite associada à injeção de diazepam , pneum onia associada ao ventilador, infecções de linha central e septicem ia. Em alguns centros, a profilaxia contra a trom bose venosa p ro fu n da e a trom boem bolia é rotineira.
A recuperação do tétano pode levar 4 a 6 sem anas. Os pacien tes precisam receber um ciclo prim ário com pleto de vacinação, visto que a toxina tetânica é pouco im unogênica, e a resposta im u ne após a infecção natural é inadequada.
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QUADRO 140.1 Fatores associados a um prognóstico reservado no tétano I Tétano adulto Idade > 70 anos
Tétano neonatal Idade mais jovem, nascimento prematuro
Período de incubação < 7 dias
Período de incubação < 6 dias
Curto período de tempo entre o primeiro sintoma e a internação
Demora na internação
Puerperal, IV, pós-operatório, local de entrada de queimadura
Capim usado para cortar o cordão umbilical
Período de início3< 48 h Frequência cardíaca > 140 bpmfi Pressão arterial sistólica acima de 140 mmHg6 Doença grave ou espasmos" Temperatura > 38, Tempo decorrido entre o primeiro sintoma e o primeiro espasmo generalizado. 'Ma internação.
1199
mais intensiva foi bem -sucedida, em que todas as m ulheres de idade reprodutiva recebem um a série prim ária, juntam ente com educação sobre práticas seguras de parto e pós-natal. Os indivíduos que sofrem feridas sujeitas a tétan o devem ser im unizados se o seu estado de vacinação for incom pleto ou desco nhecido, ou se o últim o reforço foi adm inistrado há mais de 10 anos. Os pacientes que têm feridas não classificadas com o lim pas ou m ín i m as tam bém devem receber im unização passiva com TIG.
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CAPÍ TULO
141
Botulismo Jerem y Sobel Susan Maslanka
Doenças Infecciosas
A toxina botulínica é a substância mais tóxica conhecida. O botulis m o, que é um a doença rara, ocorre naturalm ente na form a de quatro síndrom es: ( 1) doença transm itida p or alim entos, devido à ingestão da toxina no alim ento contam inado; (2) infecção de feridas, devido à colonização da ferida p o r clostrídios toxigênicos, com produção de toxina in situ; (3) botulism o do lactente, devido à colonização do intestino do lactente p o r clostrídios toxigênicos, com produção de toxina in situ; e (4) toxem ia intestinal do adulto, um a form a rara de colonização, com aspectos sem elhantes aos do botulism o do lactente. Além dessas form as naturais reconhecidas, o botulism o tem sido re latado em associação a injeções de toxina botulínica para propósitos cosm éticos ou terapêuticos, bem com o após inalação da toxina b o tu línica aerossolizada. O botulism o é causado pela inibição da liberação de acetilcolina pela toxina na junção neurom uscular, po r m eio de um m ecanism o enzimático. Todas as form as de botulism o m anifestam -se com o síndrom e clínica característica de paralisia sim étrica de n e r vos cranianos, seguida de paralisia flácida sim étrica descendente dos m úsculos voluntários, podendo progredir para o com prom etim ento respiratório e a m orte do indivíduo. As bases do tratam ento consis tem em terapia intensiva cuidadosa e adm inistração, no m om ento oportuno, de antitoxina, que pode lim itar a extensão da paralisia. O estabelecim ento rápido de um diagnóstico clínico é de sum a im por tância p ara a tom ada das decisões relativas ao tratam ento.
■ ETIOLOGIA E PATOGENIA Os clostrídios produtores de toxina botulínica são m icrorganism os G ram -positivos anaeróbios, que form am esporos subterm inais e que são ubíquos no am biente. Os esporos resistentes sobrevivem às co n dições am bientais e ao procedim ento habitual de cozim ento. E ntre tanto, a produção de toxina exige a germ inação dos esporos, que só ocorre com um a rara confluência de circunstâncias: um a atm osfera anaeróbia, um pH de > 4,5, baixas concentrações de sal e de açúcar e tem peraturas de 4 a 120°C. Apesar de serem com um ente ingeridos, os esporos não germ inam norm alm ente no intestino. As várias espécies de clostrídios toxigênicos - C. botulinum dos grupos I, II e III; C. argentinense (toxina tipo G); C. baratii (toxina tipo F); e C. butyricum (toxina tipo E) - p o d em ser diferenciadas 1200
com base nas suas características fenotípicas, incluindo p ro p ried a des bioquím icas específicas e aspecto m orfológico em agar gema de ovo. As cepas de d eterm in ad a espécie p o d e m ser distinguidas pela especificidade antigênica da n eurotoxina b otulínica que elas p ro d u zem; certas cepas p odem p ro d u z ir m ais de um sorotipo de toxina. Os sete sorotipos de toxina identificados (A, B, C, D, E, F e G) são antigenicam ente distintos, porém sem elhantes do p o n to de vista estrutural (proteínas de zinco-endopeptidases de cerca de 150 kDa, que consistem em um a cadeia pesada de 100-kDa e um a cadeia leve de 50 kDa). Seja ela ingerida, inalada ou p ro d u zid a no intestino ou em um a ferida, a neurotoxina bo tulínica entra no sistem a vascular e é tran sp o rtad a até as term inações nervosas colinérgicas periféricas, incluindo as junções neurom usculares, as term inações nervosas p a rassim páticas pós-ganglionares e os gânglios periféricos. O sistem a nervoso central provavelm ente não é acom etido. As etapas na ativi dade da neurotoxina incluem : ( 1) ligação da cadeia pesada às te r m inações nervosas, (2) internalização em vesículas endocíticas, (3) translocação para o citosol, e (4) clivagem de cadeia leve específica do sorotipo de u m a das várias p roteínas envolvidas n a liberação do n eurotransm issor acetilcolina. A inibição da liberação de acetilcoli na p or qualquer um dos sete sorotipos de toxina resulta em paralisia flácida característica. A recuperação ocorre após o b rotam ento de novas term inações nervosas. Os sorotipos de toxina A, B, E e (raram ente) F causam doença hum ana. A toxina tipo A é a que produz a síndrom e de m aior gravi dade, em que a m aior proporção de pacientes exige ventilação m ecâ nica. A toxina tipo B parece causar doença m ais leve que a do tipo A. H á mais de 50 anos, foram relatados dois casos de doença hum ana devido à toxina tipo C e u m su rto causado pela tpxina tipo D. As razões para a raridade de casos provocados pelos tipos C e D não são conhecidas; todos os quatro sorotipos que afetam os seres hum anos produzem botulism o em m odelos experim entais. A toxina tipo E, que mais frequentem ente está associada a alim entos de origem aquá tica, produz um a síndrom e de gravidade variável. Os raros casos de doença produzida pela toxina tipo F caracterizam -se por um a rápida evolução para quadriplegia e insuficiência respiratória, m as tam bém p or um a recuperação relativam ente rápida.
■ EPIDEMIOLOGIA Não foi descrita a transm issão interpessoal do botulism o. w O botulismo transm itido por alim entos é causado pelo Ip-jM consum o de alim entos contam inados com toxina botulínica. Os casos de botulism o são, em sua m aioria, esporádicos, os surtos são pequenos, envolvendo dois ou três casos. A am pla va riação nas taxas relatadas de botulism o p o r região e continente p ro vavelm ente reflete diferenças tanto na verdadeira incidência quanto na capacidade de estabelecer o seu diagnóstico e notificação. A taxa
Botulismo como arma potencial de bioterrorismo A toxina botulínica foi “transform ada em arm a” p o r governos e o r ganizações terroristas. Para um ataque, seria possível em pregar a aerossolização da toxina ou a contam inação de alim entos ou bebidas, variando, quanto a seu objetivo, desde um a adulteração em pequena escala até a contam inação de um alim ento am plam ente distribuído. A princípio, poderia ser difícil diferenciar um surto de ocorrência natural de um ataque intencional. Um evento não natural poderia ser sugerido por relações incom uns entre pacientes e veículos de ex posição atípicos e tipos de toxina. As características epidem iológicas associadas à dissem inação p o r aerossol pode incluir o fato de as ví
tim as estarem em u m local com um (p. ex., prédio ou área pública) ou serem expostas a um sistem a de ventilação com um , juntamente com falta de exposição com um a alim entos. As características epi dem iológicas incom uns de um surto de botulism o transm itido por alim entos poderiam incluir um alim ento industrializado improvável. E ntretanto, um surto de botulism o não intencional transm itido Por alim entos tam bém pode exibir características incom uns, enquanto um evento intencional pode apresentar características convencionais.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A síndrom e clínica característica do botulism o consiste em paralisia sim étrica de nervos cranianos, seguida de paralisia flácida descen dente sim étrica, que pode evoluir para a parada respiratória e m orte do paciente. No botulism o transm itido p o r alimentos, o período de incubação desde a ingestão do alim ento contendo toxina botulínica até o início dos sintom as é h abitualm ente de 18 a 36 h; todavia, d e pen d en d o da dose de toxina, pode variar de poucas horas a vários dias. A extensão da paralisia (desde alguns nervos cranianos apenas até quadriplegia) tam bém depende da dose de toxina. A doença va ria desde u m a condição leve, para a qual o indivíduo não p ro cu ra assistência m édica, até um a doença grave que po d e levar à m orte em 24 h. No botulism o d eferid a s em usuários de drogas injetáveis, é difícil estabelecer o perío d o de incubação, visto que a m aioria dos pacientes injeta drogas várias vezes p o r dia. A síndrom e clínica é indistinguível daquela associada ao b otulism o transm itido p o r ali m entos, exceto que, não há sintom as gastrintestinais. C om frequên cia, o abscesso é um a lesão m enor, um fu rúnculo ou tem aspecto de celulite. A apresentação clínica do botulism o infantil assem elha-se a form as de botulism o do adulto, incluindo incapacidade de sugar e deglutir, enfraquecim ento da voz, ptose e pescoço caído, algum as vezes com evolução p ara a flacidez generalizada e o com prom eti m ento respiratório. O acom etim ento de nervos cranianos, que quase sem pre m arca o início dos sintom as do botulism o, pro d u z habitualm ente diplopia, disartria, disfonia e/o u disfagia. As paralisias de nervos cranianos constituem as m anifestações de apresentação, que levam o paciente a procurar assistência m édica; a sua ausência ou início após o apare cim ento de outros sintom as neurológicos to rn am o botulism o alta m ente improvável. A fraqueza progride, m uitas vezes rapidam ente, da cabeça para o pescoço, braços, tórax e pernas; em certas ocasiões, a fraqueza é assim étrica. A paralisia de nervos cranianos é seguida de paralisia flácida, totalm ente sim étrica e descendente dos m úscu los voluntários. Foi relatada a ocorrência de anestesias, que podem representar a com pressão se c u n d ária de nervos p o r im obilidade devido à paralisia. A paralisia do diafragm a e dos m úsculos respi ratórios acessórios pode resultar em com prom etim ento ou parada respiratória e m orte. O colapso da faringe em decorrência da paralisia de nervos cranianos pode com prom eter as vias respiratórias, exigindo intubação na ausência de com prom etim ento dos m úsculos respiratórios. Os sintom as autônom os p odem incluir anidrose, com eritem a p ronunciado da m ucosa e d o r sim ulando a faringite, bem com o hipotensão postural. N o botulism o transm itido p or alim entos, a náusea, os vôm itos e a dor abdom inal p odem preceder o início da paralisia ou ocorrer depois. A constipação devida ao íleo paralítico é quase universal, e a retenção u rin ária tam bém é com um . A paralisia dos m úsculos extraoculares m anifesta-se na form a de visão em baça da ou diplopia e incapacidade de acom odação para a visão turva. A ptose e a paralisia facial são freqüentes; os reflexos pupilares podem estar deprim idos, e são observadas pupilas fixas ou dilatadas em 50% dos pacientes. É com um a ocorrência de tontura, boca seca e, ocasio nalm ente, garganta m uito seca. Os sinais vitais estão habitualm ente norm ais; todavia, em alguns casos, ocorre hipotensão. O paciente é habitualm ente afebril. O reflexo da ânsia pode estar suprim ido, e os reflexos tendíneos profundos podem estar norm ais ou podem desa parecer progressivam ente. Os pacientes habitualm ente não exibem n e n h u m déficit senso rial ou cognitivo. Em geral, apresentam -se alerta e orientados, m as p o d em estar sonolentos, agitados e ansiosos. Até m esm o quando intubados, p o d em re sp o n d er a p erg u n ta s m ovendo os dedos das
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m ais alta de incidência, no m u n d o inteiro, é relatada na R epública da Geórgia e A rm ênia na região do sul do Cáucaso, onde a doença está associada a práticas perigosas de preparo caseiro de conservas. Nos EUA, durante 1990 a 2000, o núm ero m ediano de casos transm itidos p o r alim entos p o r ano foi de 23 (faixa de 17 a 43). A taxa de incidên cia foi m aior e o núm ero de casos tam bém m aior no Alasca, sendo am bos atribuídos a pratos tradicionais contam inados dos nativos do Alasca. Fora do Alasca, o alim ento foi considerado responsável em 75 de 101 casos de intoxicação botulínica. D os 68 casos provocados p o r alim entos caseiros, 47 (69%) envolveram o p reparo de conservas caseiras de alim entos. D os 7 casos provocados p o r alim entos não caseiros, cinco (que acom eteram 10 pessoas) foram causados p o r alim entos com erciais, e dois (que acom eteram 25 pessoas), p o r ali m entos preparados em restaurantes. Surtos graves atribuídos a ali m entos industrializados ocorreram nesses últim os anos. Em 2006, pacientes nos estados da G eórgia e Flórida, nos EUA, bem com o na província de O ntário, no C anadá, desenvolveram b otulism o grave após o consum o de suco de cenoura industrializado, c ontam inado com alto nível de toxina tipo A. Foram observados níveis m uito a l tos de toxina em algum as am ostras de soro desses pacientes, com persistência da toxem ia p o r 25 dias após o início da doença em um dos pacientes. O correram surtos causados p o r pim entas com erciais contam inadas em 2001 (15 casos no Texas) e 2007 (8 casos em Ohio, em Indiana e no Texas). O botulism o deferidas é causado pela contam inação de feridas com esporos do C. botulinum, germ inação subsequente dos esporos e produção de toxina no m eio anaeróbio de um abscesso. D esde o início da década de 1990, os casos notificados nos EUA ocorreram quase exclusivam ente em usuários de drogas intravenosas. O pacien te típico é um residente da parte ocidental dos EUA, de 30 a 50 anos de idade, com longa história de injeção de heroína do tipo alcatrão negro. O botulismo infantil resulta da absorção de toxina produzida in situ p o r clostrídios toxigênicos que colonizam o intestino de crianças com < 1 ano de idade. A credita-se que a colonização se deva ao fato de a flora intestinal norm al ainda não estar totalm ente estabelecida; essa teoria é corroborada p o r estudos realizados em anim ais. O b o tulism o infantil constitui a form a m ais com um da doença nos EUA, com cerca de 80 a 100 casos notificados anualm ente. Os “pontos quentes” geográficos estão localizados em áreas ao redor da Pensilvânia e Califórnia. O botulismo com toxemia intestinal do adulto resulta da absor ção de toxina produzida in situ após a ocorrência rara de colonização intestinal com clostrídios toxigênicos. Em geral, os pacientes apre sentam algum a anorm alidade intestinal anatôm ica ou funcional, ou fizeram uso recente de antibióticos que podem proteger as espécies de Clostridium norm alm ente exigentes de espécies com petitivas da flora intestinal. Apesar do tratam ento com antitoxina, p o d em ser o b servados sintom as prolongados, ou pode ocorrer recidiva devido à produção intralum inal contínua de toxina. O botulismo iatrogênico resulta da injeção de toxina. O correu p a ralisia de gravidade variável após a injeção de produtos de toxina b o tulínica licenciados para o tratam ento de condições que apresentam hipertonicidade de grandes grupos m usculares. A injeção de doses aprovadas de produtos licenciados para fins cosm éticos não foi as sociada ao botulism o. O correu tam bém botulism o exigindo suporte ventilatório devido à injeção ilegal de toxina de grau de pesquisa.
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m ãos ou dos pés, a não ser que a paralisia os tenha afetado. Infeliz m ente, em alguns casos, a ptose acentuada, a face inexpressiva e a fonação fraca dos pacientes com b otulism o têm sido interpretadas com o sinais de alteração do estado m ental p o r intoxicação alco ó lica, overdose de drogas, encefalite ou m eningite; nessas c irc u n s tâncias, as conseqüências p odem incluir estabelecim ento tardio do diagnóstico, paralisia prolongada e com plicações. D evido à p a rali sia da m usculatura esquelética, os pacientes que sofrem insuficiên cia respiratória podem parecer calm os e desligados, m esm o quando estão p e rto de um a parada respiratória. No botulism o não tratado, a m o rte deve-se, habitualm ente, à obstrução das vias respiratórias p o r paralisia dos m úsculos da faringe e volum e de ar co rrente in a dequado, devido à paralisia do diafragm a e dos m úsculos respirató rios acessórios. A m orte tam bém resulta de infecções hospitalares e de outras seqüelas da paralisia prolongada, hospitalização e suporte com ventilação m ecânica. A ligação da toxina é irreversível, porém as term inações nervosas se regeneram . Nos EUA, 95% dos pacientes recuperam -se p or co m pleto, porém esse processo pode levar m uitos meses e, com frequên cia exige um a extensa terapia de reabilitação am bulatorial.
■ DIAGNÓSTICO Diagnóstico diferencial
Doenças Infecciosas 1202
Em um a situação de surto com m últiplos casos, o diagnóstico é fa cilm ente sugerido p or ele próprio, isto é, um grupo de dois ou m ais casos com sintom as com patíveis é essencialm ente patognom ônico, visto que as outras doenças que se assem elham ao botulism o não provocam surtos. E ntretanto, nos casos isolados (esporádicos), o diagnóstico é frequentem ente om itido. O diagnóstico diferencial deve incluir a síndrom e de Guillain-Barré (SGB), a miastenia gravis, As síndrom es de acidente vascular encefálico, a síndrom e de Eaton-Lam bert e a paralisia causada p or carrapatos. As causas m enos p ro váveis consistem em intoxicação p or tetrodotoxina, m ariscos ou n u m erosos agentes m ais raros e paralisia associada a antim icrobianos. Uma anam nese com pleta e um exame físico m inucioso podem elim i nar efetivam ente a m aioria dos diagnósticos alternativos. A im agem cerebral pode ajudar a excluir síndrom es raras de acidente vascular encefálico não lateralizantes. A SGB, um a p o lin e u ro p atia d esm ielinizante au to im u n e rara, que frequentem ente ocorre após u m a infecção aguda, m anifesta-se, com m ais frequência, com o paralisia ascendente e n u n ca provoca surtos. Casos ocasionais de SGB ocorrem na form a da variante de M iller Fisher, cuja tríad e característica de oftalm oplegia, ataxia e arreflexia é facilm ente c o n fu n d id a com a p aralisia d e scen d en te precoce do botulism o. O s níveis de p ro teín a no líquido cerebrospinal (LCS) estão elevados em to d as as form as de SGB; com o esse aum ento p ode levar vários dias após o início dos sintom as, pode ser necessário repetir um a punção lo m b ar realizada precocem ente com resultado negativo. Por o utro lado, os achados do LCS estão geralm ente n orm ais no botulism o, em b o ra se tenha relatado um a elevação m arginal das concentrações de pro teín a do LCS em alguns pacientes com botulism o de feridas. Em m ãos experientes, a eletrom iografia pode revelar achados com patíveis com a SGB, m as não com o botulism o. O teste com edrofônio (Tensilon) é algum as vezes im portante para diferenciar o botulism o (em geral, resultado negativo; algum as vezes, positivo limítrofe) da miastenia gravis (resultado positivo). Um teste com edrofônio fortem ente positivo, na presença ou ausência de autoanticorpos contra o receptor de acetilcolina, confirm a o diagnós tico de miastenia gravis. Na m aioria dos acidentes vasculares encefálicos, o exam e físico revela paralisia assim étrica e sinais de neu rô n io m o to r superior. A im agem do cérebro pode revelar o raro acidente vascular encefálico basilar que provoca paralisia bulbar sim étrica. A síndrom e de Eaton-L am bert m anifesta-se, habitualm ente, com o fraqueza proxim al dos m em bros em um paciente já debilitado p or câncer. A paralisia cau sada p or carrapatos é um a condição flácida rara, que se assem elha estreitam ente ao botulism o, m as que é causada p or neurotoxinas de certos carrapatos.
Anamnese e confirmação laboratorial Em um paciente com suspeita de botulism o transm itido por alim en tos, deve-se obter um a história alim entar de 3 a 5 dias, com perg u n tas específicas acerca de alim entos preparados em conservas caseiras, alim entos exóticos e incom uns. Um a história de consum o recente de alim entos em conservas caseiras aum enta substancialm ente a p roba bilidade de botulism o transm itido p o r alim entos. Devem -se obter ra pidam ente os nom es das pessoas que podem ter consum ido os m es m os alim entos se a doença do paciente evoluir para a insuficiência respiratória. No botulism o de feridas, deve-se coletar o m aterial dos abscessos em tubos de cultura anaeróbia para a realização de testes em laboratórios de saúde pública, e am ostras de soro tam bém devem ser coletadas. Os exames de sangue e radiológicos convencionais não são úteis para o diagnóstico do botulism o. O botulism o em um paciente sintom ático pode ser confirm ado no laboratório pela dem onstração da toxina em am ostras clínicas (soro, fezes, enem a de água estéril ou de soro fisiológico, aspirado gástrico, m aterial de ferida) ou em am ostras dos alim entos consu m idos. O isolam ento de clostrídios toxigênicos das fezes tam bém fornece um a evidência de botulism o; o m icrorganism o raram ente é isolado das fezes de indivíduos assintom áticos. As culturas de feridas que produzem o m icrorganism o são altam ente sugestivas nos casos sintom áticos. Nos EUA, o teste é realizado apenas em laboratórios de saúde pública, com equipe experiente. O m étodo universalm ente aceito para confirm ação do botulism o é o bioensaio em cam u n d o n gos. A neutralização dos efeitos paralíticos em cam undongos por um a antitoxina específica fornece a prova da presença desse sorotipo de toxina na am ostra clínica. Os resultados do bioensaio em cam un dongos pode não estar disponível até 48 h; p or conseguinte, todas as decisões acerca do m anejo clínico, incluindo a adm inistração de a n titoxina botulínica, deve basear-se na apresentação clínica, de m odo que os resultados do bioensaio servem com o confirm ação do diag nóstico. A sensibilidade do bioensaio varia inversam ente com o tem po decorrido entre o aparecim ento dos sintom as e a coleta da am os tra. Pode-se obter um resultado negativo até m esm o em um paciente com botulism o; entretanto, se a apresentação clínica for questionável, e os resultados do teste forem negativos, podem ser necessários ou tros testes para excluir a possibilidade de outras condições. Novos testes para o botulism o estão sendo desenvolvidos, porém ainda são experim entais. No m om ento atual, não existe n en h u m a alternativa ao bioensaio em cam undongos p ara a confirm ação laboratorial do botulism o. N os m úsculos acom etidos, os achados com patíveis com botulism o incluem redução da am plitude dos potenciais m otores e potencialização com estim ulação repetitiva rápida. A prim eira am ostra de soro disponível (p. ex., aquela obtida por ocasião da internação do paciente) deve ser preservada para testes. Os vôm itos ou as secreções da sonda nasogástrica devem ser im edia tam ente coletados. Deve-se obter um a am ostra de fezes por m eio de enem a de água estéril se o paciente tiver constipação ou for incapaz de fornecer um a am ostra. Todas as am ostras, incluindo as dos ali m entos suspeitos, devem ser m antidas refrigeradas - m as não con geladas - enquanto se aguardam as orientações de tran sp o rte dos funcionários de saúde pública. Em geral, a toxina ingerida só pode ser dem onstrada no soro dentro de m ais de 1 sem ana após a exposi ção, em bora se tenha docum entado a sua detecção até 25 dias após a ingestão do alim ento. A toxina e os clostrídios toxigênicos podem ser detectados em am ostras de fezes p o steriorm ente na evolução da doença, e a toxina perm anece indefinidam ente estável em m uitos ali mentos. O diagnóstico de botulism o com toxem ia intestinal do adul to exige a dem onstração de excreção prolongada dos m icrorganism os e da toxina nas fezes.
TRATAMENTO
Botulismo
Os aspectos fundam entais do tratam en to para o botulism o con sistem em terapia intensiva m eticulosa e adm inistração im ediata de antitoxina botulínica. Indivíduos de todas as idades (incluindo lactentes) com suspeita de b otulism o devem ser hospitalizados
■ NOTIFICAÇÃO, CONSULTA COM ESPECIALISTA E FORNECIMENTO DE ANTITOXINA Todos os casos de botulism o constituem um a em ergência de saúde pública. O m édico deve notificar todo caso suspeito com o em ergên cia à secretaria estadual de saúde, que irá iniciar u m a investigação epidem iológica e irá colocar o m édico em contato com o serviço de
consultoria de botulism o de 24 horas (Em ergency Operations Center: 770-488-7100) do C enters for Disease C ontrol and Prevention (CDC) ou com um serviço local disponível. O consultor do CDC irá ( 1) rever o caso p o r telefone; (2) ajudar a obter confirm ação labora torial em laboratórios apropriados para esses testes; e (3) providen ciar o transporte de em ergência da antitoxina (apenas para casos em adultos), que, nos EUA, está exclusivam ente disponível nos CDC Além disso, o Infant Botulism T reatm ent and Prevention Program of the Califórnia D epartm ent of Public H ealth (510-231-7600) oferece um a consulta de 24 horas e distribui a antitoxina (BabyBIG® licencia da) para tratam ento dos casos de botulism o infantil. Exceto para os casos de lactentes que residem na C alifórnia, os pedidos de exames laboratoriais precisam ainda ser autorizados pela secretaria estadual de saúde onde se encontra o lactente ou pelos CDC.
■ PREVENÇÃO Não se dispõe de nenhum a profilaxia ou vacina licenciada para o b o tulism o. O C D C dispõe de um a vacina experim ental para adm inis tração a funcionários de laboratório. Os indivíduos expostos à toxina botulínica devem ser avaliados p o r u m m édico e cuidadosam ente observados quanto ao ap arecim ento de sintom as. Caso apareçam sintom as, o paciente precisa ser im ediatam ente tratado com a ntito xina botulínica, conform e já descrito. Se o estoque de antitoxina for lim itado, o tratam ento irá m ais provavelm ente beneficiar pacientes com sintom as progressivos, m as que ainda não evoluíram para a in suficiência respiratória.
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im ediatam ente em um a unidade de terapia intensiva, com m o nitoração freqüente da capacidade vital e ventilação m ecânica, se necessário. A paralisia pode ter um a duração de várias sem anas ou meses, e são necessários cuidados intensivos m eticulosos d u rante todo esse período de debilitação. A decisão quanto à a d m i nistração de antitoxina botulínica - o único tratam ento específi co - deve basear-se no diagnóstico clínico, e não pode ser adiada enquanto se aguarda a confirm ação do laboratório. A antitoxina botulínica só neutraliza as m oléculas de toxina que ainda não es tão ligadas às term inações nervosas; ela é incapaz de reverter a p a ralisia estabelecida. Por conseguinte, a antitoxina deve ser ad m i nistrada precocem ente na evolução da doença, sendo o m om ento ideal dentro de < 24 h após o início dos sintom as. O botulism o do lactente é tratado com antitoxina de origem h um ana licenciada; em bora a taxa de sobrevida no botulism o infantil seja de quase 100%, com ou sem adm inistração de antitoxina, esse tratam ento reduz à m etade o período m ediano de hospitalização (de 6 a 3 se m anas). O utras form as de botulism o são tratadas com antitoxina de origem equina. O tratam ento com antitoxinas de origem equi na licenciadas, sem processo de desespeciação, usadas há m uito tem po nos EUA, está associado à anafilaxia, outras reações de h i persensibilidade e doença do soro. U m a nova antitoxina equina heptavalente com desespeciação substituiu, naquele país, a antito xina equina sem desespeciação anteriorm ente usada. N o botulism o de feridas, deve-se proceder à lim peza das fe ridas e abscessos suspeitos, com desbridam ento e drenagem im e diata. O C. botulinum é sensível às penicilinas e a vários outros agentes antim icrobianos. A eficiência da terapia antim icrobiana não foi estabelecida para o botulism o de feridas, e esse tratam ento deve ser orientado pela avaliação clínica. Em bora não se tenha relatado nenhum caso de transm issão in terpessoal de botulism o, e em bora os níveis de toxina nos líquidos orgânicos (incluindo soro e fezes) não sejam suficientes para causar doença grave, a absorção da toxina botulínica através das superfí cies mucosas, dos olhos ou da pele não intacta provoca algumas vezes paralisia local. É preciso seguir as precauções padrão quando os pacientes são avaliados e tratados. Com o m edida de precaução, os indivíduos expostos a líquidos orgânicos ou às fezes com b o tu lismo devem ser alertados sobre os prim eiros sinais de botulism o e instruídos a procurar um a avaliação caso esses sinais sejam obser vados. Procedim entos de descontam inação hospitalar universais devem ser usados para lim peza do equipam ento m édico e supri m entos que tiveram contato com um paciente com botulismo.
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Gangrena Gasosa e Outras Infecções por Clostridium Amy E. Bryant Dennis L. Stevens O gênero Clostridium abrange mais de 60 espécies, que podem ser com ensais da m icroflora intestinal ou que podem causar um a varieda de de infecções nos seres hum anos e anim ais p or m eio da produção de um a grande quantidade de exotoxinas proteináceas. O C. tetani e o C. botulinum, p or exemplo, causam doença clínica específica p or m eio de toxinas únicas, porém altam ente potentes. Em co n trap arti da, o C. perfringens e o C. septicum provocam infecções necrosantes agressivas, que são atribuíveis a m últiplas toxinas, incluindo pro tea ses, fosfolipases e citotoxinas bacterianas.
AGENTE ETI0L0GIC0 As células vegetativas das espécies de Clostridium são pleom órficas e em form a de bastonete e ocorrem isoladam ente ou em cadeias c u r tas (Fig. 142.1); as células exibem extrem idades arred o n d ad as ou, algum as vezes, pontudas. E m bora os clostrídios tenham um a colo ração G ram -positiva nos estágios iniciais de seu crescim ento, podem tornar-se posteriorm ente G ram -negativos ou variáveis quanto à sua coloração G ram d urante o ciclo de crescim ento ou em am ostras de tecido infectado. As cepas são m óveis e deslocam -se p o r m eio de flagelos peritríquios; o C. septicum desloca-se em m eios sólidos. As espécies imóveis incluem o C. perfringens, o C. ram osum e o C. innocuum . As espécies são, em sua m aioria, anaeróbios obrigatórios, em bora haja um a am pla variação na tolerância dos clostrídios ao oxigênio; algum as espécies (p. ex., C. septicum, C. tertium ) crescem, porém não esporulam no ar. Os clostrídios produzem mais toxinas proteicas do que qualquer outro gênero bacteriano, e foram identificadas m ais de 25 toxinas de clostrídios letais para cam undongos. Essas proteínas consistem em neurotoxinas, enterotoxinas, citotoxinas, colagenases, perm eases, toxinas necrosantes, lipases, lectinases, hem olisinas, proteinases,
hialuronidases, DNases, A D P-ribosiltransferases e neuram inidases. As neurotoxinas botulínicas e tetânicas são as m ais potentes toxinas conhecidas, com doses letais de 0,2 a 10 ng/kg nos seres hum anos. A toxina épsilon, um a proteína de 33-kD a produzida p o r C. perfringens dos tipos B e D, provoca edem a e h em orragia no cérebro, no cora ção, na m edula espinal e nos rins de anim ais. Está entre as m ais letais das toxinas de clostrídios e é considerada com o agente potencial de bioterrorism o (Cap. 221). N a atualidade, dispõe-se das seqüências genôm icas de alguns clostrídios patogênicos, o que provavelm ente irá facilitar um a abordagem abrangente para com preender os fatores de virulência envolvidos na patogenia dos clostrídios.
EPIDEMIOLOGIA E TRANSMISSAO
Doenças Infecciosas
As espécies de Clostridium estão dissem inadas na n a tu re za, fo rm ando endosporos que co stu m am ser encontrados no solo, nas fezes, em detrito s e nos sedim entos m arinhos. A ecologia do C. perfringens n o solo é acentuadam ente influenciada pelo grau e duração da atividade pecuária em d ete rm in a d o local e é relevante para a incidência da gangrena gasosa causada p o r c o n tam inação de feridas de g uerra com solo. Por exem plo, a incidência de gangrena gasosa p o r clostrídios é m aio r em regiões agrícolas da E uropa do que no D eserto Saara da África. D e m o d o sem elhante, a incidência do tétan o e a do bo tu lism o tran sm itid o p o r alim entos estão claram ente relacionadas com a p resença de esporos de clos trídios no solo, na água e em m uitos alim entos. O s clostrídios são e n co n trad o s em grandes n ú m ero s n a m ic ro b io ta nativa do trato intestinal de seres h u m an o s e anim ais, no trato genital fem inino e na m ucosa oral. C onvém assinalar que n em todos os clostrídios com ensais são toxigênicos. As infecções causadas p o r clostrídios continuam sendo um gra ve problem a de saúde pública no m u n d o inteiro. Nos países em de senvolvim ento, a intoxicação alim entar, a enterocolite necrosante e a gangrena gasosa são com uns, visto que um a grande porção da p o p u lação é pobre e tem pouco ou n en h u m acesso im ediato à assistência m édica. Essas infecções tam bém continuam prevalentes nos países desenvolvidos. A gangrena gasosa ocorre com um ente após feridas p o r faca ou arm a de fogo ou acidentes p o r veículos, ou desenvolve-se com o com plicação de cirurgia ou de carcinom a gastrintestinal. As infecções graves p o r clostrídios em ergiram com o am eaça a saú de nos usuários de drogas injetáveis e m ulheres parturientes ou que fazem aborto. H istoricam ente, a gangrena gasosa p o r clostrídios foi o flagelo dos cam pos de batalha. A situação política global prevê outro cenário possível, envolvendo vítim as em m assa da guerra ou do terrorism o, com lesões extensas propícias à gangrena gasosa. Por conseguinte, existe um a contínua necessidade de desenvolver novas estratégias para prevenir ou atenuar o curso das infecções p or clos trídios tanto em civis quanto em m ilitares. A vacinação contra exoto xinas im portantes na patogenia seria de grande benefício nos países em desenvolvim ento e tam bém poderia ser usada com segurança em populações de risco, com o os idosos, os pacientes com diabetes que podem necessitar de cirurgia dos m em bros inferiores devido a tra u m atism o ou circulação deficiente e pacientes subm etidos à cirurgia intestinal. Além disso, um a globulina h iperim une seria um a valiosa ferram enta para profilaxia em vítim as de lesão traum ática aguda ou para atenuar a dissem inação da infecção em pacientes com gangrena gasosa estabelecida.
SÍNDROMES CLINICAS
Figura 142.1
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Micrografia eletrônica de varredura do C. perfringens.
As infecções p o r clostrídios p o ten c ialm e n te fatais incluem desde intoxicações (p. ex., intoxicação alim entar, tétano) até enterite necrosante/enterocolite, bacterem ia, m ionecrose e sín d ro m e do cho que tóxico (SCT). O té ta n o e o b o tu lism o são d isc u tid o s n o s Caps. 140 e 141, resp ectiv am en te. A colite p o r C. difficile é d e sc rita no Cap. 129.
■ CONTAMINAÇÃO DE FERIDAS POR CLOSTRÍDIOS E ntre as feridas traum áticas abertas, 30 a 80% são c ontam inadas p o r espécies de clostrídios. N a ausência de tecido desvitalizado, a presença de clostrídios não leva necessariam ente à infecção. Nas le sões traum áticas, os clostrídios são isolados com igual frequência de feridas supurativas e feridas com boa cicatrização. Por con seg u in te, o diagnóstico e o tratam en to da infecção p o r clostrídios devem basear-se nos sinais e sintom as clínicos, e não apenas nos achados bacteriológicos.
pírico razoável consiste em am picilina ou am picilina/sulbactam em com binação com clindam icina ou m etronidazol (Q u a d ro 142.1). Pode ser necessária um a cobertura m ais am pla contra m icrorganis m os Gram -negativos caso o paciente tenha sido recentem ente h ospi talizado ou tratado com antibióticos. Pode-se efetuar essa cobertu ra pela substituição da am picilina p or ticarcilina/ácido clavulânico, piperacilina/sulbactam ou um antibiótico penem ou pela adição de um a fluoroquinolona ou u m am inoglicosídio ao esquema.
■ INFECÇÕES ENTÉRICAS POR CLOSTRÍDIOS ■ INFECÇÕES POLIMICROBIANAS ENVOLVENDO CLOSTRÍDIOS Espécies de clostrídios podem ser encontradas em infecções polim icrobianas que tam bém envolvem com ponentes m icrobianos da flora nativa. Nessas infecções, os clostrídios frequentem ente aparecem em associação a anaeróbios não form adores de esporos e a m icrorga nism os facultativos ou aeróbios. As infecções de cabeça e pescoço, a conjuntivite, o abscesso cerebral, a sinusite, a otite, a pneum onia por aspiração, o abscesso pulm onar, o em piem a pleural, a colecistite, a artrite séptica e as infecções ósseas podem envolver clostrídios. Essas condições estão frequentem ente associadas à inflam ação local grave, m as podem carecer dos sinais sistêm icos característicos de toxicida de e rápida progressão observados em outras infecções causadas por clostrídios. Além disso, os clostrídios são isolados de cerca de 66% das infecções in tra-abdom inais em que houve com prom etim ento da integridade da m ucosa do intestino ou do sistem a respiratório. Nesse contexto, o C. ramosum, o C. perfringens e o C. bifermentans constituem as espécies m ais com um ente isoladas. Sua presença nem sem pre resulta em desfecho som brio. Os clostrídios têm sido isolados de infecções supurativas do trato genital fem inino (p. ex., abscesso ovariano ou pélvico) ou de vesícula biliar acom etida p o r doença. Em bora a espécie isolada com m ais frequência seja C. perfringens, a gangrena não é observada; entretanto, a form ação de gás no sistem a biliar pode levar à colecistite enfisem atosa, p articularm ente em p a cientes diabéticos. O C. perfringens em associação a m icróbios aeró bios e anaeróbios m istos podem causar fasciite necrosante tipo I ou gangrena de Fournier potencialm ente fatal. O tratam ento da infecção aeróbia/anaeróbia m ista do abdom e, p eríneo ou órgãos ginecológicos deve basear-se na coloração de Gram , cultura e inform ação do antibiogram a. U m tratam en to em
QUADRO 142.1
O C. perfringens tipo A constitui um a das causas bacterianas mais com uns de intoxicação alim entar nos EUA e no Canadá. Os alim en tos im plicados incluem carne in adequadam ente cozida e produtos contendo carne (p. ex., m olho com caldo de carne), em que esporos residuais germ inam e proliferam du ran te o resfriam ento lento ou o reaquecim ento insuficiente. A doença resulta da ingestão de ali m ento contendo pelo m enos cerca de 108 células vegetativas viáveis, que esporulam no am biente alcalino do intestino delgado, pro d u zin do enterotoxina do C. perfringens no processo. A diarréia que surge dentro de 7 a 30 horas após o consum o de alim ento contam inado é, em geral, leve e autolim itada; entretanto, no indivíduo m uito jo vem, no idoso e no indivíduo im unocom prom etido, os sintom as são mais graves e, em certas ocasiões, fatais. O C. perfringens produtor de enterotoxina tem sido im plicado com o agente etiológico de diarréia persistente em pacientes idosos em clínicas geriátricas e instituições de cuidados terciários, e acredita-se que tenha um papel na diarréia associada a antibióticos sem colite pseudom em branosa. As cepas do C. perfringens associadas à intoxicação alim entar possuem o gene (cpe) que codifica a enterotoxina, que atua através da form ação de poros nas m em branas celulares do hospedeiro. As cepas do cpe isoladas de doenças não transm itidas p or alim ento, com o a diarréia associada a antibióticos e a diarréia esporádica, transportam o cpe em um plasm ídio que pode ser transm itido a outras cepas. Fo ram descritos vários m étodos para a detecção da enterotoxina do C. perfringens nas fezes, incluindo ensaio para cultura celular (células Vero), ensaio de im unoadsorção ligado a enzim a, aglutinação em lá tex de fase invertida e am plificação do cpe p o r reação em cadeia da polim erase (PCR). C ada um desses m étodos tem as suas vantagens e lim itações.
Tratamento das infecções por clostrídios
| Afecção
Tratamento antibiótico
Tratamento adjuvante/nota
Ampicilina (2 g IV a cada 4 h)
Vancomicina (1 g IV a cada 12 h)
mais
Metronidazol (500 mg IV a cada 6 h)
0 tratamento empírico deve ser iniciado. A terapia deve basear-se na coloração de Gram e nos resultados de cultura e antibiograma, quando disponíveis. Acrescentar uma cobertura contra microrganismos Gram-negativos, quando indicado (ver o texto).
Nenhum
infecções anaeróbias polimicrobianas envolvendo clostrídios (p. ex.,da parede abdominal, ginecológicas)
Clindamicina (600 a 900 mg IV a cada 6 a 8 h) mais
mais Ciprofloxacino (400 mg IV a cada 6 a 8 h)
Ciprofloxacino (400 mg IV a cada 6 a 8 h) Sepse por clostrídios
Penicilina, 3 a 4 mü IV a cada 4 a6h
Clindamicina isoladamente
mais
Metronidazol
Clindamicina (600 a 900 mg IV a cada 6 a 8 h)
Gangrena gasosa
Penicilina G (mU IV a cada 4 a 6 h)
ou
A bacteremia transitória sem sinais de toxicidade sistêmica pode ser clinicamente insignificante.
ou Vancomicina como para as infecções anaeróbias polimicrobianas (ver acima)
mais
Cefoxitina (2 g IV a cada 6 h) mais
Clindamicina (600 a 900 mg IV a cada 6 a 8 h)
Clindamicina (600 a 900 mg IV a cada 6 a 8 h)
A exploração cirúrgica emergente e o desbridamento amplo são de suma importância. A terapia com oxigênio hiperbárico pode ser considerada após a cirurgia e após iniciar os antibióticos.
Gangrena Gasosa e Outras Infecções por Clostridium
Alergia à penicilina
Contaminação de ferida
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Doenças Infecciosas
A enterite necrótica (gangrena gasosa do intestino) é um a doença clínica fulm inante, caracterizada p o r necrose extensa da m ucosa e parede intestinais. Podem ocorrer casos esporadicam ente em adul tos ou com o epidem ia em indivíduos de todas as idades. A enterite necrótica é causada p or cepas de C. perfringens tipo C produtoras de toxina - e toxina (3; a toxina (3 está localizada em um plasm ídio e é principalm ente responsável pela patogenia do processo. Essa infec ção que com porta risco de vida provoca necrose isquêm ica do jejuno. Em Papua Nova Guiné, durante a década de 1960, foi constatado ser a enterite necrótica (conhecida, nessa região, com o pigbel) a causa mais com um de m orte em crianças; foi associada a banquetes de p o r cos e ocorre tanto esporadicam ente quanto em surtos. A im unização intram uscular contra a toxina resultou em dim inuição da incidência da doença em Papua Nova G uiné. A enterite necrótica tam bém foi reconhecida nos EUA, no Reino Unido, na A lem anha (darm brand), e em outros países desenvolvidos; os adultos d esnutridos ou p o rta dores de diabetes, os que apresentam doença hepática alcoólica ou pacientes com neutropenia são particularm ente acom etidos. A enterocolite necrosante, um a doença que se assem elha à e n terite necrótica, m as que está associada ao C. perfringens tipo A, foi en co n trad a na A m érica do N orte em adultos previam ente sadios. T rata-se tam bém de um a doença gastrintestinal grave de lactentes (prem aturos) de baixo peso ao nascer, h o spitalizados em u n id a des de terapia intensiva neonatais. A etiologia e a patogenia dessa doença perm aneceram enigm áticas p o r m ais de quatro décadas. As sem elhanças patológicas entre a enterocolite necrosante e a e n te ri te necrótica incluem o p adrão de necrose do intestino delgado, que acom ete a subm ucosa, a m ucosa e a m uscular; a presença de gás dis secando os planos teciduais; e o grau de inflam ação. A enterite n e crótica acom ete m ais com um ente o jejuno, enquanto a enterocolite necrosante acom ete o íleo e, com frequência, a papila ileal. A m bas as doenças po d em m anifestar-se na form a de cistos gasosos intestinais, em bora essa característica seja m ais na enterocolite necrosante. As fontes do gás, que contêm hidrogênio, m etano e dióxido de carbono, provavelm ente derivam das atividades ferm entativas das bactérias intestinais, incluindo os clostrídios. O s dados epidem iológicos sus ten tam que o C. perfringens ou outros m icrorganism os produtores de gás (p. ex., C. neonatale, vários outros clostrídios ou espécies de Klebsiella) desem penham um im portante papel na patogenia da e n terocolite necrosante. Pacientes com suspeita de infecção entérica p o r clostrídios d e vem ser subm etidos à aspiração nasogástrica e receber líquidos IV. O pirantel é adm inistrado por via oral, e efetua-se um repouso intesti nal com jejum . A dm inistra-se benzilpenicilina (1 m U ) p o r via in tra venosa, a cada 4 h, e observa-se o paciente quanto à possível oco rrên cia de com plicações exigindo cirurgia. Os pacientes com casos leves recuperam -se sem intervenção cirúrgica. E ntretanto, na presença de indicação cirúrgica (gás na cavidade peritoneal, ausência dos sons in testinais, hipersensibilidade de rebote, rigidez abdom inal), a taxa de m ortalidade varia de 35 a 100%; a evolução fatal deve-se, em parte, à perfuração do intestino. Com o o pigbel continua sendo um a doença com um em Papua Nova G uiné, é preciso considerar o uso de um a vacina de toxoide de C. perfringens tipo C em áreas locais. Duas doses adm inistradas com intervalo de 3 a 4 meses são preventivas.
■ BACTEREMIA POR CLOSTRÍDIOS As espécies de Clostridium constituem causas im portantes de infec ções da corrente sanguínea. E studos epidem iológicos m oleculares de bacterem ia po r anaeróbios identificaram o C. perfringens e o C. tertium com o as duas espécies isoladas com m ais frequência; esses m icrorganism os são responsáveis p o r até 79 e 5% dos casos de bac terem ia p o r clostrídios, respectivam ente. Em certas ocasiões, ocorre b acterem ia por C. perfringens na ausência de infecção identificável em o u tro local. Q uando associada a m ionecrose, a bacterem ia tem prognóstico grave. O C. septicum tam bém está com um ente associado a bacterem ia. Essa espécie é isolada apenas raram ente das fezes de indivíduos sa
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dios, mas pode ser encontrada no apêndice norm al. Mais de 50% dos pacientes cujas hem oculturas são positivas para esse m icrorganism o apresentam algum a anom alia gastrintestinal (p. ex., doença diverticular) ou neoplasia m aligna subjacente (p. ex., carcinom a do colo). Além disso, foi observada um a associação clinicam ente im portante da bacterem ia p or C. septicum com a neu tro p en ia de qualquer o ri gem - e, m ais especificamente, com a enterocolite neutropênica aco m etendo o íleo term inal ou ceco. Os pacientes com diabetes melito, doença cardiovascular aterosclerótica grave ou m ionecrose anaeróbia (gangrena gasosa) tam bém podem desenvolver bacterem ia por C. septicum. O C. septicum tem sido isolado da corrente sanguínea de pacientes cirróticos, assim com o C. perfringens, C. bifermentans e outros clostrídios. As infecções da corrente sanguínea p or C. sordellii e C. perfringens têm sido associadas à SCT. A infecção da corrente sanguínea pelo C. tertium, isoladam ente ou em com binação com C. septicum ou C. perfringens, pode ser en contrada em pacientes com doença subjacente grave, com o neoplasia m aligna ou pancreatite aguda, com ou sem enterocolite n e utropêni ca; a sua frequência não foi sistem aticam ente estudada. O C. tertium pode apresentar problem as especiais no que concerne à sua id en tificação e tratam ento. Esse m icrorganism o pode exibir coloração G ram -negativa; é aerotolerante; e m ostra-se resistente ao m etronida zol, clindam icina e cefalosporinas. O utros clostrídios do grupo do C. clostridioforme (incluindo C. clostridioforme, C. hathewayi e C. bolteae) podem causar bacterem ia. N unca é dem ais enfatizar a im p o rtân cia clínica de identificar a presença de bacterem ia po r clostrídios - p articularm ente aquela cau sada por C. septicum - e iniciar im ediatam ente o tratam ento apro priado. Em geral, os pacientes com essa condição estão gravem ente enferm os, e a infecção pode m etastatizar para locais anatôm icos dis tantes, resultando em m ionecrose espontânea (ver seção seguinte). Na atualidade, não se dispõe de m étodos alternativos para identificar essas cepas, com o PCR ou outros testes diagnósticos rápidos. As h e m oculturas de anaeróbios e a in terpretação da coloração de Gram continuam sendo os m elhores testes diagnósticos nesse contexto.
■ INFECÇÕES DA PELE E DOS TECIDOS MOLES POR CLOSTRÍDIOS As espécies histotóxicas de clostrídios, com o C. perfringens, C. histolyticum, C. septicum, C. novyi e C. sordellii, causam infecções necrosantes agressivas da pele e dos tecidos moles. Essas infecções são atribuíveis, em parte, à elaboração de proteases, fosfolipases e citotoxinas bacterianas. As infecções necrosantes de tecidos m oles por clostrídios são rapidam ente progressivas e caracterizam -se por acen tuada destruição tecidual, presença de gás nos tecidos e choque; com frequência, levam à m orte. A dor intensa, a crepitação, a induração pronunciada com rápida progressão para descam ação da pele, a for m ação de bolhas violáceas e a taquicardia acentuada constituem ca racterísticas encontradas na m aioria dos pacientes.
Mionecrose por clostrídios (gangrena gasosa) Gangrena gasosa traumática
A m ionecrose (gangrena gasosa) p or C. perfringens constitui um a das infecções m ais fulm inantes p or b acté rias G ram -positivas em seres hum anos. M esm o com antibioticotera pia apropriada e tratam ento em u m a unidade de terapia intensiva, a destruição tecidual pode progredir rapidam ente. A gangrena gaso sa é acom panhada de bacterem ia, hipotensão e falência m últipla de órgãos, sendo invariavelm ente fatal se não for tratada. A gangrena gasosa é u m a verdadeira em ergência, que exige desbridam ento ci rúrgico imediato. O desenvolvim ento da gangrena gasosa exige um am biente anaeróbio e a contam inação de um a ferida com esporos ou m icror ganism os vegetativos. O tecido desvitalizado, os corpos estranhos e a isquem ia reduzem localm ente os níveis disponíveis de oxigênio e favorecem o crescim ento exagerado de células vegetativas e esporos. Por conseguinte, as condições que p redispõem à gangrena gasosa traum ática incluem lesão p o r esm agam ento, laceração de artérias de grande ou m édio calibre e fraturas expostas de ossos longos, conta
m inadas com solo ou pedaços de roupa contendo esporos b acteria nos. O corre gangrena gasosa da parede abdom inal e dos flancos após lesões penetrantes, com o feridas p o r faca ou arm a de fogo, que são suficientes para com prom eter a integridade intestinal, com conse qüente extravasam ento do conteúdo intestinal para os tecidos moles. A proxim idade de fontes fecais de bactérias constitui um fator de ris co p ara casos após cirurgia de quadril, injeções de adrenalina nas n á degas ou am putação da perna para doença vascular isquêm ica. Nessa últim a década, a gangrena gasosa cutânea causada p o r C. perfringens, C. novyi e C. sordellii foi descrita nos EUA e N orte da Europa em in divíduos que injetavam heroína black-tar por via subcutânea. O período de incubação para a gangrena gasosa traum ática pode ser curto, de apenas 6 horas, porém é habitualm ente de m enos de 4 dias. A infecção caracteriza-se pelo início súbito de d o r excruciante no lado acom etido e pelo rápido desenvolvim ento de ferida de odor fétido contendo um a secreção sorossanguinolenta rala e bolhas de gás. Há desenvolvim ento de edem a e induração acentuados, segui dos de vesículas cutâneas contendo um líquido azulado a castanho-averm elhado. Posteriorm ente, esse tecido pode tornar-se liqüefei to e descarnar. A m argem entre o tecido sadio e o tecido necrótico frequentem ente avança vários centím etros p o r hora, a despeito da antibioticoterapia apropriada, e a am putação radical continua se n do a única intervenção capaz de salvar a vida da pessoa. A gangrena gasosa é frequentem ente acom panhada de choque e falência orgâni ca; quando o paciente apresenta bacterem ia, a taxa de m ortalidade ultrapassa 50%. O diagnóstico de gangrena gasosa traum ática não é difícil, visto que a infecção sem pre com eça no local de traum atism o significati vo, estar associada à presença de gás no tecido e é rapidam ente p ro gressiva. A coloração pelo G ram da drenagem ou do tecido obtido por biópsia é habitualm ente definitiva, dem onstrando a presença de grandes bastonetes G ram -positivos (ou G ram -variáveis), ausência de células inflam atórias e necrose dissem inada do tecido mole.
de 67 a 100% nos adultos; entre crianças, a taxa de m ortalidade é de 59%, ocorrendo a m orte, em sua m aior parte, dentro de 24 horas após o início.
Patogenia da gangrena gasosa
N a gangrena gasosa traum ática, os m icrorganism os são introduzidos no tecido desvitalizado. É im por tante reconhecer que, no caso do C. perfringens e do C. novyi, o trau m atism o deve ser suficiente para interro m p er o suprim ento sanguí neo e, dessa m aneira, estabelecer um am biente anaeróbio ideal para o crescim ento dessas espécies. Essas condições não são estritam ente necessárias para as espécies m ais aerotolerantes, com o o C. septicum e o C. tertium , que p odem invadir os tecidos norm ais a p artir de le sões gastrintestinais. U m a vez introduzidos em um nicho apropriado, os m icrorganism os proliferam no local e elaboram exotoxinas. As principais toxinas extracelulares do C. perfringens implicadas na gangrena gasosa são a toxina a e a toxina 0. A toxina ct, um a hem olisina letal que possui atividade tanto da fosfolipase C quanto da esfingom ielinase, foi im plicada com o p rincipal fator de virulência do C. perfringens. A im unização de cam undongos com o dom ínio C -term inal da toxina a proporciona proteção coíftra a exposição le tal ao C. perfringens, e cepas m utantes isogênicas com deficiência de a toxina do C. perfringens não são letais em um m odelo m urino de gangrena gasosa. Em m odelos experim entais, foi constatado que a do r intensa, a rápida progressão, a destruição tecidual acentuada e a ausência de neutrófilos na gangrena gasosa causada po r C. perfrin gens são atribuíveis, em grande parte, à oclusão dos vasos sanguíneos induzida pela toxina a p o r agregados heterotípicos de plaquetas e neutrófilos. A form ação desses agregados, que ocorre dentro de p o u cos m inutos, é m ediada, em grande parte, pela capacidade da toxina a de ativar a m olécula de adesão plaquetária g p llb llla (Fig. 142.3); a implicação é que os inibidores da glicoproteína plaquetária (p. ex., eptifibatida, abcixim abe) p odem ser terapêuticos para a m anutenção do fluxo sanguíneo tecidual. A toxina 0 do C. perfringens (perfringolisina) é um m em bro da fam ília de citolisinas ativadas p o r tiois, conhecidas com o citolisinas dependentes de colesterol, que incluem a estreptolisina O do Strep-
Gangrena Gasosa e Outras Infecções por Clostridium
Gangrena gasosa espontânea (não traumática) Em geral, a gangrena gasosa espontânea ocorre p or dissem inação hem atogênica do m ú s culo norm al por clostrídios histotóxicos - principalm ente C. perfrin gens, C. septicum e C. novyi e, em certas ocasiões, C. tertium - a pa rtir de um a p o rta de entrada do trato gastrintestinal (com o na neo p la sia m aligna colônica, doença intestinal inflam atória, diverticulite, enterocolite necrosante, cecite ou ileíte distai, ou após cirurgia gas trintestinal). Essas patologias gastrintestinais possibilitam o acesso das bactérias à corrente sanguínea; em conseqüência, o C. septicum aerotolerante pode proliferar nos tecidos norm ais. Os pacientes que sobrevivem à bacterem ia ou gangrena espontânea p o r C. septicum devem ser subm etidos a exames com plem entares agressivos para ex cluir a possibilidade de patologia gastrintestinal. O u tro s fatores p red isp o n en tes do h o sp e d e iro incluem leuce m ia, d istú rb io s linfoproliferativos, q u im io tera p ia do câncer, ra dioterapia e Aids. A n e u tro p e n ia cíclica, c ongênita ou a d q u irid a tam bém está fortem ente associada a um a incidência aum entada de gangrena gasosa espontânea p o r C. septicum; nesses casos, é com um a ocorrência de enterocolite necrosante, cecite ou ileíte distai, p a rti cularm ente em crianças. O prim eiro sintom a de gangrena gasosa espontânea pode consis tir em confusão, seguida de início abrupto de d or excruciante na au sência de traum atism o. Esses achados, juntam ente com febre, devem aum entar a suspeita de gangrena gasosa espontânea. E ntretanto, de vido à ausência de um a po rta de entrada óbvia, o diagnóstico correto é frequentem ente retardado ou om itido. A infecção caracteriza-se pela rápida progressão de destruição tecidual, com presença de gás dem onstrável no tecido (Fig. 142.2). O edem a aum enta, e aparecem bolhas repletas de líquido claro, turvo, hem orrágico ou arroxeado. A pele circundante tem um a tonalidade p ú rp u ra, o que pode refletir o com prom etim ento vascular em decorrência da difusão de toxinas bacterianas para os tecidos circundantes. O corre rapidam ente inva são do tecido sadio, com rápida progressão p ara o choque e a falência m últipla de órgãos. As taxas de m ortalidade nesse contexto variam
Figura 142.2 Radiografia de paciente com gangrena gasosa espontâ nea causada por C. septicum, mostrando o gás no braço e ombro acometidos.
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Figura 142.3 Ilustração esquemática dos mecanismos moleculares dos agregados de plaquetas/neutrófilos induzidos pela toxina a do C. pefringens. Os agregados homotípicos de plaquetas {não ilustrados) e os agregados heterotípicos de plaquetas e leucócitos são produzidos pela ativação induzida pela toxina a do receptor de fibrinogênio plaquetário gpllbllla e pela suprarregulação de CD11 b/CD18 dos leucócitos. A ligação do fibrinogênio (vermelho) estabelece a cone xão entre essas moléculas de adesão em células adjacentes. Foi também demons trado um papel auxiliar da suprarregulação induzida pela toxina a da P-selectina plaquetária e sua ligação ao ligante de glicoproteína da P-selectina 1 (PSGL-1) ou outros carboidratos de superfície do leucócito.
Doenças Infecciosas
tococcus do grupo A, a pneum olisina do Streptococcus pneum oniae e várias outras toxinas. As citolisinas dependentes de colesterol ligam-se na form a de oligôm eros ao colesterol nas m em branas celulares do hospedeiro. Q uando presentes em altas concentrações, essas toxinas form am poros sem elhantes a anéis, resultando em lise celular. Em concentrações sublíticas, a toxina 9 hiperativa os fagócitos e as células endoteliais vasculares. O colapso cardiovascular e a falência de órgãos-alvo ocorrem num a fase avançada da evolução da gangrena gasosa causada pelo C. perfringens e são atribuíveis, em grande parte, aos efeitos tanto d i retos quanto indiretos das toxinas a e 0. E m m odelos experim entais, a toxina 6 provoca um a acentuada redução da resistência vascular sistêm ica, porém com aum ento do débito cardíaco (p. ex., “choque quente”), provavelm ente p or m eio da indução de m ediadores endógenos (p. ex., prostaciclina, fator de ativação das plaquetas) que produzem vasodilatação. Esse efeito assem elha-se àquele observado na sepse p o r m icrorganism os G ram -negativos. Em nítido c ontras te, a toxina suprim e diretam ente a contratilidade do m iocárdio; em conseqüência, ocorre h ip o te n sã o p rofunda, devido a u m a súbita redução do débito cardíaco. Os papéis de outros m ediadores endógenos, com o citocinas (p. ex., fator de necrose tum oral, interleucina 1, interleucina 6) e vasodilatadores (p. ex., bradicinina), ainda não estão totalm ente elucidados. O C. septicum pro d u z q uatro toxinas principais - a toxina a (com atividade necrosante, hem olítica e letal), a toxina (3 (DNase), a toxina y (hialuronidase) e a toxina A (septicolisina, um a hem osilina lábil ao oxigênio)-, bem com o u m a protease e um a neuram inidase. Ao contrário da toxina a do C. perfringens, a do C. septicum não possui atividade de fosfolipase. Os m ecanism os e n volvidos ainda não estão totalm ente elucidados, m as é provável que cada um a dessas toxinas contribua de m odo singular para a gangrena gasosa causada pelo C. septicum.
TRATAMENTO
Gangrena gasosa
Os pacientes com suspeita de gangrena gasosa (traum ática ou es pontânea) devem ser subm etidos à inspeção cirúrgica im ediata do local infectado. O exam e direto de um esfregaço dos tecidos acom etidos corado pelo m étodo de G ram é de sum a im portância. Os achados histológicos característicos na gangrena gasosa por clostrídios incluem destruição tecidual dissem inada, escassez de leucócitos nos tecidos infectados, ju n ta m en te com acúm ulo de leucócitos nos vasos adjacentes (Fig. 142.4), e presença de bas-
1208
Figura 142.4 Histopatologia da gangrena gasosa experimental causada pelo C. perfringens, mostrando a necrose muscular disseminada, escassez de leu cócitos nos tecidos infectados e acúmulo de leucócitos em vasos adjacentes {setas). Essas características são devidas aos efeitos das toxinas a e 0 sobre as células musculares, as plaquetas, os leucócitos e as células endoteliais.
tonetes G ram -positivos (com ou sem esporos). A TC e a RM são valiosas para determ inar se a infecção está localizada ou se ela está dissem inada ao longo dos planos fasciais, e, um aspirado de agulha ou biópsia por punch podem proporcionar um diagnóstico etiológico em pelo m enos 20% dos casos. Entretanto, essas técni cas não devem substituir a exploração cirúrgica, a coloração de G ram e o exame histopatológico. Q uando há suspeita de gangrena gasosa espontânea, deve-se obter um a hem ocultura, visto que a bacterem ia precede habitualm ente as m anifestações cutâneas em várias horas. Para pacientes com evidências de gangrena gasosa p o r clos trídios, o desbridam ento cirúrgico em ergente com pleto é de suma im portância. Todo o tecido desvitalizado deve ser am plam ente ressecado até atingir o m úsculo viável e pele saudáveis, de m odo a elim inar as condições que poderiam p erm itir a proliferação con tínua dos m icrorganism os anaeróbios. O fecham ento das feridas traum áticas ou fraturas expostas deve ser adiado p o r 5 a 6 dias até que se tenha certeza de que esses locais estão livres de infecção. O tratam en to da gangrena gasosa trau m ática ou esp o n tâ nea com antibióticos (Q uadro 142.1) consiste na adm inistração de penicilina e clindam icina d u ran te 10 a 14 dias. A penicilina é recom endada com base nos dados de sensibilidade in vitro; recom enda-se a clindam icina em virtu d e de sua m aior eficácia em com paração com a penicilina em m odelos anim ais de gan grena gasosa p or C. perfringens e em alguns relatos’clínicos. Não foram conduzidos ensaios clínicos controlados com parando a efi cácia desses fárm acos nos seres hum anos. No paciente alérgico à penicilina, a clindam icina pode ser usada com o único agente. A eficácia superior da clindam icina deve-se, provavelm ente, à sua capacidade de inibir a produção de toxinas proteicas bacterianas, à sua insensibilidade ao tam an h o da carga bacteriana ou ao está gio de crescim ento das bactérias e à sua capacidade de m odular a resposta im une do hospedeiro. O C. tertium é resistente à penicilina, cefalosporinas e clinda m icina. A antibioticoterapia apropriada para a infecção causada pelo C. tertium consiste em vancom icina (1 g a cada 12 h IV) ou m etronidazol (500 m g a cada 8 h IV). O valor do tratam ento adjuvante com oxigênio hiperbárico (OHB) para a gangrena gasosa perm anece controverso. Estudos científicos básicos sugerem que o OHB pode inibir o crescim ento do C. perfringens, m as não o do C. septicum m ais aerotolerante. In vitro, o sangue e m úsculo m acerado inibem o potencial bacte-
ricida do OHB. N um erosos estudos conduzidos em anim ais d e m onstram pouca eficácia do OHB isoladam ente, enquanto os a n tibióticos com o único tratam ento - particularm ente aqueles que inibem a síntese de proteínas bacterianas - conferem um acentua do benefício. A inclusão do OHB no esquem a terapêutico fornece algum benefício adicional, porém apenas se o tratam en to com OHB for precedido de cirurgia e adm inistração de antibióticos. Para concluir, a gangrena gasosa é um a infecção rapidam en te progressiva, cujo prognóstico depende de seu reconhecim ento im ediato, cirurgia de em ergência e adm inistração, no m om ento oportuno, de antibióticos que inibem a produção de toxinas. A gangrena gasosa associada à bacterem ia provavelm ente rep re senta um estágio m ais avançado da doença e está associada a um prognóstico mais grave. O desbridam ento cirúrgico de em ergên cia é crucial para assegurar a sobrevida do indivíduo, e os p rocedi m entos auxiliares (p. ex., TC ou RM) ou o transporte do paciente à unidade de OHB não devem retardar essa intervenção. Alguns centros de traum atism o associados a unidades de OH B podem ter habilidade especial no tratam ento dessas infecções agressivas, porém a proxim idade e velocidade de transferência precisam ser cuidadosam ente avaliadas em relação à necessidade de urgência.
Prognóstico da gangrena gasosa O prognóstico para pacientes com gangrena gasosa é m ais favorável quando a infecção acom ete um m em bro, e não o tronco ou órgãos viscerais, devido à m aior dificul dade de desbridam ento desses locais. A gangrena gasosa tem m ais tendência a progredir para o choque e a m o rte em pacientes com bacterem ia associada e hem ólise intravascular. As taxas de m o rta li dade são m ais altas para pacientes em estado de choque p or ocasião do diagnóstico. As taxas de m ortalidade são relativam ente altas entre pacientes com gangrena gasosa espontânea, p articularm ente aquela causada p or C. septicum. Os sobreviventes da gangrena gasosa p o dem sofrer m últiplos desbridam entos e enfrentar longos períodos de hospitalização e reabilitação. Prevenção da gangrena gasosa
Síndrome do choque tóxico A infecção do endom étrio po r clostrídios, particu larm en te pelo C. sordellii, pode ocorrer após procedim entos ginecológicos, parto ou aborto (espontâneo ou eletivo, cirúrgico ou m édico) e, um a vez es tabelecida, evolui rapidam ente para a SCT e a m orte. As m anifesta ções sistêmicas, incluindo edem a, derram es, leucocitose acentuada e hem oconcentração, são seguidas de rápido início de hipotensão e falência m últipla de órgãos. A elevação do hem atócrito para 75 a 80% e a leucocitose de 50.000 a 200.000 células p o r m icrolitro, com desvio para a esquerda, são características da infecção pelo C. sordellii. A dor pode não ser um a m anifestação proem inente, e pode não haver febre. Em um a série, 18% de 45 casos de infecção p or C. sordellii foram as sociados a parto norm al, 11% a aborto clinicam ente induzido e 0,4% a aborto espontâneo; a taxa de m ortalidade-caso foi de 100% nesses grupos. Entre as infecções dessas séries que não foram associadas a procedim entos ginecológicos ou partos, 22% ocorreram em usuárias de drogas injetáveis, e 50% dessas pacientes m orreram . O utras infec ções ocorreram após traum atism o ou cirurgia (42%), p rincipalm ente
O diagnóstico precoce das infecções causadas pelo C. sordellii frequentem ente é difícil p o r vários m otivos. Em prim eiro lugar, a prevalência dessas infecções é baixa. Em segundo lugar, os sinto m as iniciais são inespecíficos e francam ente enganosos. No início da evolução, a doença assem elha-se a qualquer u m a de várias doenças infecciosas, incluindo síndrom es virais. Tendo em vista esses sinto m as vagos e a ausência de febre, os m édicos habitualm ente não so licitam outros exam es com plem entares. Em v irtude da ausência de sinais locais de infecção e ausência de febre, o diagnóstico precoce da infecção p or C. sordellii é p articularm ente problem ático em pacien tes que desenvolvem infecção de localização p rofunda após o parto, a borto terapêutico, cirurgia gastrintestinal ou traum atism o. C om frequência, esses casos são avaliados p ara em bolia pulm onar, sangra m ento gastrintestinal, pielonefrite ou colecistite. Lam entavelm ente, esses atrasos no estabelecim ento do diagnóstico aum entam o risco de m orte, e, com o na m aioria das infecções necrosantes de tecidos moles, os pacientes são hipotensos, com evidências de disfunção o r gânica p o r ocasião do aparecim ento de sinais e sintom as locais. Por outro lado, é m ais fácil suspeitar da infecção em usuários de drogas injetáveis que apresentam edem a local, do r e verm elhidão nos locais de injeção; o reconhecim ento precoce provavelm ente contribui para a m enor taxa de m ortalidade observada nesse grupo. Os m édicos devem suspeitar da infecção pelo C. sordellii em p a cientes que procuram assistência m édica dentro de 2 a 7 dias após le são, cirurgia, injeção de drogas, parto ou aborto e que se queixam de dor, náusea, vôm itos e diarréia, m as que não apresentam febre. Existe pouca inform ação acerca do tratam ento apropriado para as infecções causadas pelo C. sordellii. De fato, o intervalo entre o aparecim ento dos sintom as e a ocorrência de m orte frequentem ente é tão curto que existe pouco tem po disponível para iniciar a terapia antim icrobiana em pírica. C om efeito, as hem oculturas e culturas de aspirado de feri das anaeróbias levam tem po, e m uitos laboratórios hospitalares não realizam rotineiram ente um antibiogram a para anaeróbios. Os dados de sensibilidade a antibióticos de estudos m ais antigos sugerem que o C. sordellii, à sem elhança da m aioria dos clostrídios, é sensível aos antibióticos (3-lactâmicos, à clindam icina, tetraciclina e cloranfeni col, porém é resistente aos am inoglicosídios e às sulfonam idas. Os antibióticos que suprim em a síntese de toxinas (p. ex., clindam icina) possivelm ente podem ser úteis com o adjuvantes terapêuticos, visto que são efetivos nas infecções necrosantes causadas por outros m i crorganism os G ram -positivos produtores de toxinas.
Outras infecções da pele e dos tecidos moles por clostrídios A celulite crepitante (tam bém d en o m in ad a celulite anaeróbia) ocor re p rin cip alm en te em p acientes d iabéticos e acom ete os tecidos subcutâneos ou retroperitoneais, enquanto o m úsculo e a fáscia não são acom etidos. Essa infecção pode evoluir para ajdoença sistêm ica fulm inante. Foram tam bém d o c u m e n tad o s casos de infecção pelo C. histolyticum com celulite, form ação de abscesso ou endocardite em usuários de drogas injetáveis. Foi descrita à ocorrência de endoftal m ite p or C. sordellii ou C. perfringens. O C. ramosum tam bém é iso lado frequentem ente de am ostras clínicas, incluindo sangue e tecidos intra-abdom inal e mole. Essa espécie pode ser resistente à clindam i cina e a m últiplas cefalosporinas.
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A lda pe M J
Gangrena Gasosa e Outras Infecções por Clostridium
O d esbridam ento agressivo inicial do tecido desvitalizado pode reduzir o risco de gangrena gasosa em feridas p rofundas contam inadas. As intervenções que devem ser evitadas incluem aplicação prolongada de torniquetes e fecham ento cirúrgico de feridas traum áticas; os pacientes com fraturas expostas correm risco significativo de gangrena gasosa se a ferida for fechada cirurgicam ente. A vacinação contra a toxina a é protetora em m o delos anim ais experim entais de gangrena gasosa p o r C. perfringens, porém ainda não foi investigada nos seres hum anos. Além disso, co n form e assinalado anteriorm ente, um a globulina hiperim une pode re presentar um avanço significativo para profilaxia em vítim as de lesão traum ática aguda ou para atenuação da dissem inação da infecção em pacientes com gangrena gasosa estabelecida.
em pessoas sadias, e 53% delas m orreram . De m odo global, a taxa de m ortalidade foi de 69% (31 de 45 casos). D as pacientes que su cum biram , 85% m orreram de infecção inicial ou após procedim entos dentro de 2 a 6 dias.
1209
AE et al: Clostridial gas gangrene II: Phospholipase C-induced activation of platelet gpIIb/IIIa mediates vascular occlusion and myonecrosis in C. perfringens gas gangrene. J Infect Dis 182:808,2000 O b l a d e n M: Necrotizing enterocolitis -150 years of fruitless search for the cause. Neonatology 96:203, 2009 S a y e e d S et al: Beta toxin is essential for the intestinal virulence of Clostridium perfringens type C disease isolate CN3685 in a rabbit ileal loop model. Mol Microbiol 67:15,2008 Bryant
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Doenças Causadas por Bactérias Gram-Negativas
SEÇÃO 6
CAPÍ TULO
143 ^
Infecções Meningocócicas Andrew J. Pollard ' ".J t K
DEFINIÇÃO
i. " r
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A infecção p o r Neisseria meningitidis m anifesta-se m ais com um ente com o colonização assintom ática da nasofaringe de adolescentes e adultos sadios. R aram ente, ocorre doença invasiva, a qual se m a nifesta habitualm ente na form a de m en in g ite b a cteria n a ou se p ticem ia m eningocócica. Os pacientes tam b é m p o d e m apresentar bacterem ia oculta, pn eu m o n ia, a rtrite séptica, conjuntivite e m e ningococcem ia crônica.
■ ETIOLOGIA E MICROBIOLOGIA
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100nm Figura 143.1 Micrografia eletrônica de Neisseria meningitidis. Pontos ne gros são proteínas de opacidade de superfície de ligação de anticorpos policlonais marcados com ouro. Podem ser observadas vesículas da membrana externa libera das da superfície bacteriana [ver seta). [Cortesia de D. Ferguson, Oxford University.)
rológicos capazes de d istin g u ir e n tre as p ro teín as de superfície altam ente variáveis dos m icrorganism os. Nos locais onde está dispo nível, o sequenciam ento dos genes de antígenos de alta taxa de tran s ferência suplantou a sorologia p a ra a tipagem dos m eningococos. U m grande banco de dados e seqüências gênicas de antígenos para as proteínas da m em brana externa PorA, PorB, FetA, O pa e proteína de ligação do fator H está disponível online (www.neisseria.org). O n úm ero de proteínas especializadas reguladas pelo ferro en co n tra das na m em brana externa dos m eningococos (p o r exemplo, FetA e proteínas de ligação da transferrina) ressalta a dependência dos m i crorganism os em relação ao ferro de fontes hum anas. U m a fina p a rede celular de peptidoglicano separa a m em brana externa da m em brana citoplasm ática. A estrutura de populações m eningocócicas envolvidas em dissem inação local e global foi estudada com eletro forese enzim ática m ultilocus (MLEE), que caracteriza os isolados de acordo com diferenças na m obilidade eletroforética das enzim as citoplasmáticas. E ntretanto, essa técnica foi substituída, em grande parte, pela tipagem de seqüências m ultilocus (MLST), em que os m eningococos são caracterizados pelos tipos de seqüências estabelecidos com base em seqüências de fragm entos internos de sete genes de m anutenção. O banco de dados atual de MLST online inclui mais de 13.000 isolados de m eningococos e 7.600 tipos singulares de seqüências (http://pubm lst.org/neisseria/). Foram identificadas sete linhagens hiperinvasivas de N. m eningitidis, que são responsáveis
•
Infecções Meningocócicas
A N. meningitidis é um diplococo G ram -negativo aeróbio, que co loniza som ente os seres hu m an o s e que provoca a doença após transm issão a um indivíduo suscetível. Foram identificados vários m icrorganism os relacionados, incluindo o patógeno N. gonorrhoeae e os com ensais N. lactamica, N. flavescens, N. mucosa, N. sicca e N. subflava. A N. meningitidis é um m icrorganism o catalase e oxidase-positivo, que utiliza a glicose e a m altose para p roduzir ácido. Os m eningococos associados à doença invasiva são h a b itu a l m ente encapsulados com polissacarídio, e a natureza antigênica da cápsula é que determ ina o sorogrupo do m icrorganism o (Q u a d ro 143.1). Ao todo, foram identificados 13 sorogrupos (A-D-X-Z, 29E, W 135, H-J e L); todavia, apenas 5 sorogrupos - A, B, C, Y e W 135 - respondem pela m aioria dos casos de doença invasiva. Os m en in gococos acapsulares são com um ente isolados da nasofaringe em es tudos de portadores; a ausência de cápsula frequentem ente resulta de um a variação de fase da expressão da cápsula, porém até 16% dos isolados carecem dos genes para a síntese e a m ontagem da cápsula. Esses m eningococos sem cápsula e aqueles que expressam cápsu las diferentes de A, B, C, Y e W 135 só raram ente estão associados à doença invasiva e são m ais com um ente identificados na nasofaringe de portadores assintomáticos. Abaixo da cápsula, os m eningocócicos são circundados p or um a m em brana fosfolipídica externa contendo lipopolissacarídio (LPS, endotoxina) e m últiplas proteínas de m em brana externa (Figs. 143.1 e 143.2). A variabilidade antigênica nas porinas expressas na m em brana externa define o sorotipo (PorB) e o sorossubtipo (PorA ) do m icrorganism o, enquanto as diferenças estruturais no LPS determ i nam o im unotipo. Os m étodos sorológicos para tipagem dos m e n in gococos são restritos pela disponibilidade lim itada de reagentes so-
QUADR0143.1
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Estrutura da cápsula de polissacarídio dos meningococos comuns que causam doença
Sorogrupo dos meningococos
Estrutura química do oligossacarídio
Epidemiologia atual da doença
A
2-acetamido-2-desoxi-0-manopiranosil fosfato
Doença epidêmica principalmente na África Subsaariana; casos esporádicos no mundo inteiro
B
Ácido a - 2,8-/V-acetilneuramínico
Casos esporádicos no mundo inteiro; propensão a causar doença hiperendêmica
C
Ácido a-2,9-0-acetilneuram ínico
Pequenos surtos e doença esporádica
Y
Ácido 4-0-a-D-glicopiranosil-/V-acetilneuramínico
Doença esporádica e pequenos surtos ocasionais em instituições
W135
Ácido 4-0-a-D-galactopiranosil-W-acetilneuramínico
Doença esporádica; surtos da doença associados a aglomerações em massa; epidemias na África Subsaariana 1211
Doenças Infecciosas
Na atualidade, a m aioria dos países apresenta casos predom i nante esporádicos (0,3 a 5 casos por 100.000), com m uitos clones diferentes causadores de doença envolvidos e, em geral, sem um a C ápsula de clara ligação e p id e m io ló g ica polissacarídio entre um caso e outro. A inci dência da doença e a distribui ção das cepas m eningocócicas variam em diferentes regiões do m undo, bem com o em qualquer E spaço localização com o passar do tem p e riplasm ático po. Por exem plo, nos Estados U nidos, a incidência da doença M em brana m eningocócica caiu de 1,2 caso citoplasm ática p or 100.000 em 1997 para < 0,4 caso p or 100.000 em 2007 (Fig. 143.3). N os E stados U nidos, C om plexo tra n sp o rta d o r A parelho de a do en ça m en in g o c ó cica era da m em brana interna m ontagem do Pilus p re v ia m e n te d o m in a d a pelos p or exem plo, FbpB, FbpC sorogrupos B e C; entretanto, o Figura 143.2 Corte transversal através das estruturas de superfície de Neisseria meningitidis. (Impressa com sorogrupo Y em ergiu durante a autorização de Sadarangani e Pollard, 2010.) década de 1990 e tornou-se mais com um do que o sorogrupo C pela m aioria dos casos de doença m eningocócica invasiva no m undo em 2007. Por outro lado, a incidência da doença na Inglaterra e País inteiro. A aparente estabilidade genética desses clones m eningocócide Gales aum entou para m ais de 5 casos p or 100.000 durante a década cos durante décadas e d urante a sua am pla dissem inação geográfica de 1990, devido a um aum ento dos casos provocados pelo clone do indica que eles estão bem adaptados ao am biente da nasofaringe do sorogrupo C ST 11. Em conseqüência de um program a de vacinação hospedeiro e à sua transm issão eficiente. em m assa contra o sorogrupo C, em 1999, quase todos os casos no O genom a dos m eningococos do grupo B tem um c om prim en Reino Unido são atualm ente atribuídos a sorogrupo B (Fig. 143.4). to de > 2 m egabases e contém 2.158 regiões de codificação. M uitos genes sofrem variação de fase, to rn an d o possível o controle de sua Fatores associados ao risco de doença e suscetibilidade expressão; essa capacidade é provavelm ente im portante n a adaptação O principal determ inante da suscetibilidade à doença é a idade, com dos m eningococos ao am biente do hospedeiro e evasão da resposta incidência m áxim a no prim eiro ano de vida (Fig. 143.5). A suscetibi imune. Os m eningococos p odem obter DNA de seu am biente e pode lidade da criança m uito pequena presum ivelm ente resulta da ausên adquirir novos genes - incluindo o operon capsular - , p odendo ocor cia de im unidade adaptativa específica, em com binação com contato rer u m a m udança de um sorogrupo para outro. m uito íntim o com indivíduos colonizados, in cluindo os pais. Em com paração com outros grupos etários, os lactentes parecem ser par ■ EPIDEMIOLOGIA ticularm ente sensíveis à doença causada pelo sorogrupo B: nos Esta Padrões de doença dos U nidos, m ais de 30% dos casos provocados pelo sorogrupo B ocorrem d urante o prim eiro ano de vida. No início da década de A credita-se que ocorrem até 500.000 casos de doença m eningocócica 1990, na A m érica do Norte, as idades m edianas para pacientes com no m undo inteiro a cada ano, sendo a doença fatal em cerca de 10% doença causada pelos sorogrupos B, C, Y e W 135 foram de 6 ,1 7 ,2 4 e dos indivíduos acom etidos. A doença possui vários padrões: epidê 33 anos, respectivam ente. mica, em surtos (pequenos grupam entos de casos), hiperendêm ica e D epois da p rim eira infância, observa-se um segundo esporádica ou endêm ica. pico da doença em adolescentes e adultos jovens (15 a 25 As epidem ias continuaram oco rren d o desde a descri anos de idade) na E uropa e na A m érica do Norte. Acreditação original da doença m eningocócica, afetando p a rtic u larm ente o cinturão de m eningite subsaariano da África, onde podem ser registrados dezenas a centenas de m ilhares de casos (provocados principalm ente pelo sorogrupo A, m as tam bém pelos 1,4 □ O utros sorogrupos W 135 e X) durante um a estação, com taxas que podem 1,2 atingir até 1.000 casos p o r 100.000 indivíduos. O correram epidem ias do sorogrupo A na E uropa e A m érica do N orte depois da Prim eira e o 1 o Segunda G uerras M undiais, e foram docum entados surtos causados o ò pelo sorogrupo A no decorrer dos últim os 30 anos na Nova Zelândia, O 0,8 China, Nepal, Mongólia, índia, Paquistão, Polônia e Rússia. o O co rrem grupos de casos q u a n d o surge a o p o rtu n id a d e de w 0,6 o m aior transm issão - isto é, em com unidades (sem i) fechadas, com o
•
escolas, faculdades, universidades, centros de trein am en to m ilitares e cam pos de refugiados. R ecentem ente, esses grupos foram , em p a r ticular, fortem ente ligados a um clone específico (seqüência tipo 11), que está principalm ente associado à cápsula do sorogrupo C. Sur tos em com unidades de m aior alcance e m ais prolongados (doença hiperendêm ica), devido a clones isolados de m eningococos do so rogrupo B são responsáveis p or > 1 0 casos p o r 100.000. As regiões afetadas nesta últim a década incluem o noroeste do Pacífico nos Estados U nidos, a Nova Z elândia (am bas as ilhas) e a província da N orm andia na França. 1212
0,2
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 A no
Figura 143.3 Doença meningocócica nos Estados Unidos ao longo dos anos. (Adaptada de ABC Surveillance data, Centers for Disease Control and Preven tion; www.cdc.gov.)
Figura 143.4
Distribuição global dos sorogrupos meningocócicos, 1999 a 2009.
com uns (W 135, X, Y, Z, 29E) apresentam deficiência de com ple -se que esse pico esteja relacionado a com portam entos sociais e a ex m ento. A deficiência de com plem ento parece estar associada apenas pansões am bientais nesse grupo etário, conform e discutido adiante. Na atualidade, os casos de infecção p o r N. meningitidis nos países raram ente à doença pelo sorogrupo B. O s indivíduos com recidivas da doença m eningocócica, p a rticu la rm e n te p o r sorogrupos não B desenvolvidos, são, em sua m aioria, esporádicos, e a rarid ad e da devem ser avaliados p ara a deficiência de com plem ento p o r m eio doença sugere que a suscetibilidade individual pode ser im portante. da determ in ação da atividade hem olítica to tal do com plem ento. Diversos fatores provavelm ente co ntribuem para a suscetibilidade Existem tam bém evidências lim itadas de que o hipoesplenism o (por individual, incluindo a constituição genética do hospedeiro, o am biente e o contato com um indivíduo p o rtad o r ou um caso. m eio de um a redução da atividade fagocítica) e a hipogam aglobuliA associação genética m ais bem d o cu m en tad a com a nem ia (por m eio da ausência de anticorpos específicos) aum entam doença m eningocócica é a deficiência de com plem ento, o risco de doença m eningocócica. Os estudos genéticos realizados revelaram a existência de várias associações com a suscetibilidade p rincipalm ente dos c om ponentes te rm in ais do com ple à doença, incluindo deficiência de com plem ento e de lectina ligan m ento (C5 a 9), p ro p e rd in a ou fator D; essa deficiência aum enta o risco de doença em até 600 vezes e po d e resultar em ataques terede m anose, polim orfism os de um único nucleotídio no receptor Toll-like (TLR) 4 e fator H do com plem ento e variantes dos recepto correntes. A credita-se que os com ponentes do com plem ento sejam res Fc gama. im portantes para a atividade bactericida do soro, que é considerada Os fatores que aum entam a probabilidade de um indivíduo sus com o o principal m ecanism o de im unidade contra a doença m e n in cetível de a dquirir N. m eningitidis p o r via respiratória tam bém a u gocócica invasiva. E ntretanto, quando investigada, a deficiência de m enta o risco de doença m eningocócica. A transm issão ocorre por com plem ento só é e ncontrada em u m a proporção m uito pequena de m eio de contato íntim o com po rtad o res em conseqüência de aglo indivíduos com doença m eningocócica (0,3%). Por outro lado, 7% a m eração excessiva (p o r exem plo, em situações socioeconôm icas 20% dos indivíduos cuja doença é causada pelos sorogrupos m enos precárias, cam pos de refugiados, durante a p eregrinação Hajj â cidade de M eca e durante a residência dos calouros em dor 350 m itórios universitários) e certos com por 300 tam entos sociais (por exemplo, freqüen tar bares e boates, beijar). Podem ocorrer 250 □ G rupo B G rupo C casos secundários em contatos íntim os de um caso índice (por exemplo, familiares 200 e pessoas que beijam o indivíduo infec 150 tado); o risco desses contatos pode ser de até 1.000 vezes a taxa basal na p o p u 100 lação. Os fatores que provocam lesão do epitélio da nasofaringe tam bém aum en 50 tam o risco tanto de colonização com N. 0 m eningitidis quan to de doença invasiva. 24 22 10J colônias de bactérias, geralm ente associada à infecção do trato urinário, indicam um a possível uretrite p o r C. trachomatis. A infecção uretral p or N. gonorrhoeae tam bém po d e o co rrer nesse contexto, m as em tal cir cunstância as uroculturas são habitualm ente positivas.
Vaginite gonocócica
Figura 144.1 A coloração de Gram da secreção uretral de um paciente com gonorreia mostra monococos e diplococos Gram-negativos intracelu lares. (De Public Health Agency of Canada.)
A m ucosa vaginal de um a m ulher sadia é for m ada p or epitélio estratificado escam oso e raram ente se infecta por N. gonorrhoeae. No entanto, a vaginite gonocócica pode ocorrer em m ulheres anestrogênicas (p. ex., m eninas pré-púberes e m ulheres na pós-m enopausa), nas quais há com frequência apenas um epitélio es tratificado escam oso adelgaçado sobre a cam ada basal, a qual pode,
então, ser infectada p or N. gonorrhoeae. A intensa inflam ação da va gina torna o exame físico (especular e bim anual) extrem am ente dolo roso. A m ucosa vaginal apresenta-se verm elha e edem atosa, estando presente secreção brônquica abundante. A infecção da u retra bem com o a das glândulas de Skene e Bartholin com frequência acom pa n ham a vaginite gonocócica. Tam bém p odem ocorrer erosões cer vicais inflam atórias ou abscessos nos cistos de N aboth. A cervicite coexistente pode resultar em pus no óstio cervical.
Gonorreia anorretal C om o a anatom ia fem inina perm ite a propagação do exsudato cer vical para o reto, a N. gonorrhoeae é às vezes isolada do reto de um a m ulher com cervicite gonocócica não com plicada. O reto é o único local de infecção em apenas 5% das m ulheres com gonorreia. Tais m ulheres geralm ente são assintom áticas, m as às vezes têm proctite aguda m anifestada p or dor anorretal ou prurido, tenesm o, secreção retal purulenta e sangram ento retal. Entre os hom ens hom ossexuais (HHS), a frequência de infecções gonocócicas, com o a infecção retal, caiu > 90% em todo o território dos EUA no início dos anos 1980, m as já se docum entou, a p a rtir da década de 1990, um recrudescim ento da gonorreia entre os HHS em várias cidades. Os isolados gonocócicos do reto dos HHS tendem a ser m ais resistentes aos anti m icrobianos que os gonococos isolados de outros locais. Os isolados gonocócicos com um a m utação do mtrR (o repressor de resistência transferível m últipla) ou da região prom otora do gene que codifica este repressor transcricional exibem m aior resistência a substâncias antim icrobianas hidrofóbicas, com o os ácidos biliares e ácidos graxos presentes nas fezes, sendo, p or isso, encontrados com m aior frequên cia nos HHS. Tal situação pode ter sido responsável pelas taxas mais altas de fracasso do tratam ento da gonorreia anorretal com os antigos esquem as de penicilina ou tetraciclinas.
Gonorreia faríngea A gonorreia faríngea é leve ou assintom ática, em bora ocorra ocasio nalm ente faringite sintom ática com linfadenite cervical. O m odo de aquisição é a exposição sexual orogenital, sendo a felação um m eio mais eficaz de transm issão que a cunilíngua. A m aioria dos casos re solve espontaneam ente, e a transm issão a p a rtir da faringe para os contatos sexuais é rara. A infecção faríngea quase sem pre coexiste com a infecção genital. Os swabs da faringe devem ser sem eados dire tam ente em m eios seletivos para gonococos. A colonização faríngea com N. meningitidis precisa ser diferenciada da colonização p or o u tras espécies de Neisseria.
Gonorreia ocular em adultos
Gonorreia em mulheres grávidas, recém-nascidos e crianças A gonorreia na gravidez pode ter graves conseqüências para a m ãe e o lactente. O rápido reconhecim ento da gonorreia na gravidez ta m bém identifica um a população de risco para outras IST, p rin cip al m ente infecção p or Chlamydia, sífilis e tricom oníase. Os riscos de salpingite e DIP - condições associadas a alta taxa de perda fetal são mais altos durante o p rim eiro trim estre. A infecção faríngea, mais
Artrite gonocócica (IGD) A IGD (artrite gonocócica) resulta da bacterem ia gonocócica. Na dé cada de 1970, a IGD ocorreu em cerca de 0,5 a 3% das pessoas com infecção gonocócica não tra ta d a das m ucosas. A incidência atual mais baixa de IGD provavelm ente é atribuída ao declínio na preva lência de cepas particularm ente propensas a dissem inar-se. As cepas de IGD resistem à ação b actericida do soro hum ano e geralm ente não deflagram inflam ação nos locais genitais, provavelm ente devido a lim itação na form ação dos fatores quim iotáticos. Cepas isoladas de casos de IGD na década de 1970 eram frequentem ente do sorotipo PorB .lA , m ostravam -se altam ente suscetíveis à penicilina e tinham necessidades especiais para o seu crescim ento - incluindo arginina, hipoxantina e uracila - que tornavam o m icrorganism o m ais exigen te e m ais difícil de isolar. A m enstruação é um fator de risco para a dissem inação, e 66% dos casos de IGD ocorrem em m ulheres. Em cerca de m etade das m ulheres acom etidas, os sintom as de IGD iniciam -se 7 dias após o início da m enstruação. As deficiências de com plem ento, principal m ente dos com ponentes envolvidos na m ontagem do complexo de ataque à m em brana (C5-C9), predispõem à bacterem ia por Neisseria, e pessoas com m ais de um episódio de IGD devem se subm eter a um ensaio da atividade hem olítica total do com plem ento. As m anifestações clínicas da IG D algum as vezes são classifica das em dois estágios: um estágio bacterêm ico, hoje m enos com um , e outro estágio de localização articular, com artrite supurativa. G e ralm ente, não se evidencia evolução bem definida. Os pacientes no estágio bacterêm ico apresentam tem p eratu ras m ais altas, e a febre
Infecções Gonocócicas
Geralm ente, resulta da autoinoculação a p a rtir de local genital infec tado. Assim com o se dá na infecção genital, as m anifestações variam de doença grave a ocasionalm ente leve ou assintom ática. A variabi lidade das m anifestações clínicas pode ser atribuída a diferenças da capacidade das cepas infectantes de deflagrar resposta inflam atória. A infecção pode resultar em edem a palpebral, hiperem ia grave, quem ose e secreção brônquica profusa. A conjuntiva intensam ente infla m ada pode dobrar-se sobre a córnea e o limbo. As enzim as líticas dos PM N infiltrados às vezes causam ulceração da córnea e, raram ente, perfuração. O reconhecim ento e tratam ento im ediatos desta afecção são c ru ciais. A coloração de G ram e cultura da secreção brônquica estabele cem o diagnóstico. Tam bém se deve realizar a cultura das secreções genitais.
frequentem ente assintom ática, pode ser m ais com um durante a gra videz, devido a alterações nas práticas sexuais. A ruptura prolongada das m em branas, o parto prem aturo, corioam nionite, funisite (infec ção do coto do cordão umbilical) e sepse do lactente (com N. gonor rhoeae detectada no aspirado gástrico do recém -nascido durante o parto) são complicações com uns da presença de infecção gonocócica m aterna no term o. O utros m icrorganism os e afecções, com o Mycoplasm a hominis, Ureaplasma urealyticum, C. trachomatis e vaginose bacteriana (frequentem ente acom panhada de infecção p or Trichomo nas vaginalis), têm sido associados a com plicações semelhantes. A form a m ais com um de gonorreia nos neonatos é a oftalm ia neonatal, que resulta da exposição às secreções cervicais infectadas durante o parto. A instilação ocular neonatal de agente profilático (p. ex., colírio de nitrato de prata a 1% ou preparações oftálm icas que contêm eritrom icina ou tetraciclina) previne a oftalm ia neonatal, m as é ineficaz para o seu tratam ento, que requer antibióticos sistê micos. As m anifestações clínicas são agudas e habitualm ente surgem 2-5 dias após o nascim ento. Conjuntivite inicial inespecífica com se creção serossanguínea é seguida de edem a tenso de am bas as pálpe bras, quem ose e secreção brônquica espessa e profusa. Ulceração da córnea que resulta em opacidade ou perfuração pode levar a sinéquia anterior, estafilom a anterior, p an-oftalm ite e cegueira. As infecções descritas em outros locais m ucosos do lactente, com o vaginite, rinite e infecção anorretal, são provavelm ente assintom áticas. D em ons trou-se a colonização faríngea em 35% dos lactentes com oftalm ia gonocócica, sendo a tosse o sintom a m ais proem inente nesses casos. A artrite séptica (ver adiante) é a m anifestação m ais com um da infec ção sistêm ica ou IGD no recém -nascido. O início geralm ente se dá aos 3-21 dias de idade, sendo com um o envolvim ento poliarticular. Em raros casos, observam -se sepse, m eningite e pneum onia. Q ualquer IST nas crianças após o p e río d o neonatal suscita a possibilidade de abuso sexual. A vulvovaginite gonocócica é a m a nifestação m ais com um de infecção gonocócica em crianças após a lactância. As infecções anorretal e faríngea são com uns nessas crian ças, sendo frequentem ente assintom áticas. R aram ente estão envolvi das a uretra, as glândulas de Skene e B artholin, assim com o o trato genital superior. Todas as crianças com infecção gonocócica tam bém devem ser avaliadas para infecções p o r Chlamydia, sífilis e possível infecção pelo HIV.
1223
Figura 144.2 Lesões cutâneas características em pacientes com bactere mia comprovada por gonococos. As lesões encontram-se em vários estágios de evolução. A. Petéquia muito precoce em um dedo. B. Lesão papulosa precoce com 7 mm de diâmetro na parte inferior da perna. C. Pústula com escara central resultante
Doenças Infecciosas
é m ais frequentem ente acom panhada de calafrios. As articulações dolorosas são com uns e costum am ocorrer juntam ente com tenossinovite e lesões cutâneas. As poliartralgias geralm ente incluem os joelhos, cotovelos e articulações m ais distais; o esqueleto axial co m um ente é poupado. O bservam -se, em cerca de 75% dos pacientes, lesões cutâneas que incluem pápulas e pústulas, frequentem ente com um com ponente hem orrágico (Fig. 144.2; ver tam b ém Fig. e-7.44). O utras m anifestações de derm atite não infecciosa, com o lesões n o dulares, urticária e eritem a m ultiform e, já foram descritas. Essas le sões geralm ente localizam -se nos m em bros, e seu núm ero atinge 5 a 40. O diagnóstico diferencial do estágio bacterêm ico da IGD inclui a artrite reativa, artrite reum atoide aguda, sarcoidose, eritem a nodoso, artrite m edicam entosa e infecções virais (p. ex., hepatite B e infecção aguda pelo HIV). A distribuição dos sintom as articulares na artrite reativa difere daquela da IGD (Fig. 144.3), tal com o as m anifestações cutâneas e genitais (Cap. 325). A artrite supurativa envolve um a ou duas articulações, m ais fre quentem ente os joelhos, pulsos, tornozelos e cotovelos (por ordem decrescente de frequência); outras articulações são ocasionalm ente acom etidas. M uitos pacientes que apresentam artrite séptica gonocó cica o fazem sem poliartralgia ou lesões cutâneas prévias; na ausência de infecção genital sintom ática, essa doença é indistinguível da a r trite séptica causada p or outros patógenos. O diagnóstico diferen cial da artrite aguda em adultos jovens é abordado no C apítulo 334. R aram ente, a osteom ielite com plica a artrite séptica das pequenas articulações da mão. A endocardite gonocócica, em b o ra rara atualm ente, era um a com plicação da IGD relativam ente com um na era pré-antibiótica, respondendo p o r cerca de 25% dos casos relatados de endocardite. O utra com plicação incom um da IGD é a m eningite.
de lesão petequial precoce. D. Lesão pustulosa em um dedo. f . Lesão madura com necrose central (negra) sobre base hemorrágica. F. Bolha na região tibial anterior. (.Reimpressa, com autorização, de KK Holmes et al.: Disseminated gonococcal infec tion. Ann Intern Med 74:979, 1971.) detectado p o r reação em cadeia da polim erase (PCR) m ais co m u m ente no sêm en de hom ens H lV -positivos com uretrite gonocócica do que nos H lV -positivos com uretrite não gonocócica. A positividade da PCR é duas vezes m en o r após o tratam ento apropriado da uretrite. A gonorreia não apenas intensifica a transm issão do HIV com o tam bém pode au m en tar o risco de o indivíduo adquiri-lo. O m ecanism o proposto é o núm ero significativam ente m aior de linfóci tos T CD4+ e células dendríticas, que p odem ser infectadas pelo HIV, nas secreções endocervicais das m ulheres com IST não ulcerativa do que naquelas com IST ulcerativas.
Infecção g o nocócica d isse m in a d a
Em vários estudos bem controlados, principalm ente no Q uênia e Zai re, com provou-se a associação entre gonorreia e aquisição do HIV. As IST não ulcerativas intensificam em três a cinco vezes a transm issão do HIV possivelmente em v irtude do aum ento da elim inação genital do vírus nas pessoas com uretrite ou cervicite (Cap. 189). O H IV foi
1224
(N = 173)
M ãos e de d os P unhos C otovelos O m bro E sterno* C o lu n a e Sl*
Jo e lho s Tornozelos Pés e a rte lh o s i
60
Infecções gonocócicas em indivíduos infectados pelo HIV
A rtrite reativa
102)
(N=
i
50
i
40
i
30
i
20
i
10
I
0
i
10
i
20
30
40
50
—1 60
Porcentagem de pacientes
Figura 144.3 Distribuição das articulações com artrite em 102 pacien tes com infecção gonocócica disseminada e em 173 pacientes com artri te reativa. Inclui as articulações esternoclaviculares. ^ I, articulação sacroilíaca. (.Reimpressa, com autorização, de MKousa etal:. Frequentassociation ofchlamydial infection with Reiter’s syndrome. Sex Transm Dis 5:57,1978.)
■ DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
D evem -se realizar hem oculturas nos casos suspeitos de IGD. O uso de tubos de hem ocultura Isolator pode aum entar a taxa de positividade. A probabilidade de h em ocultura positiva dim inui após 48 h de doença. Deve-se in ocular o líquido sinovial em m eio líquido para hem ocultura e sem eá-lo em placas de ágar-chocolate em vez de m eios seletivos, pois é improvável que esse líquido esteja contam ina do p or bactérias comensais. Os gonococos raram ente são isolados de derram es articulares iniciais que contenham < 20.000 leucócitos/fjiL, mas podem ser detectados em derram es com > 80.000 leucócitos/|xL. Os m icrorganism os raram ente são isolados do sangue e líquido sino vial do m esm o paciente.
TRATAMENTO
Infecções gonocócicas
A falha do tratam en to pode resultar n a continuidade da tra n s m issão e em ergência de resistência antibiótica. N unca é dem ais enfatizar a im portância do tratam ento adequado com um esque m a ao qual o paciente irá aderir. Por esta razão, desenvolveram -se esquem as em dose única altam ente eficazes para o tratam ento das infecções gonocócicas não com plicadas. O Q u ad ro 144.1 resum e as diretrizes de 2010 dos C enters for Disease C ontrol and Preven tion para o tratam ento das infecções gonocócicas; as recom enda ções para a gonorreia não com plicada aplicam -se aos pacientes infectados pelo H IV assim com o aos pacientes não infectados p or esse vírus. Os esquem as em pregando doses únicas das cefalosporinas de terceira geração, a ceftriaxona (ad m in istrad a p o r via IM) e a cefixim a (por via oral), constituem , atualm ente, a base do trata m ento para as infecções gonocócicas não com plicadas da uretra, colo uterino, reto ou faringe e quase sem pre resultam em cura efe tiva. Fora dos EUA, a cefixim a tem sido associada a raros casos de fracasso terapêutico devido a cepas de N. gonorrhoeae com MIC elevada de cefalosporinas de terceira geração. Os esquem as que contêm quinolonas não são m ais recom endados com o tratam ento de prim eira linha nos EUA, p o r causa da resistência dissem inada a estes agentes. C om o frequentem ente o co rre a co-infecção p o r C. tracho m atis, os esquem as de trata m e n to inicial devem , tam bém , in c o rp o ra r um agente (p. ex., azitrom icina o u doxiciclina) eficaz co n tra a infecção p o r C hlam ydia. As gestantes com gonorreia, que não p o d em to m ar doxiciclina, devem receber tratam en to concom itante com um antibiótico m acrolídio para um a possível infecção p o r Chlamydia. U m a dose única de 1 g de azitrom icina, eficaz para as infecções não com plicadas p o r clam ídias, resulta em taxa de cura inaceitavelm ente baixa (93%) para as infecções gonocócicas, não devendo ser ad m in istrad a sozinha. Um a dose única de 2 g de azitrom icina, p a rticu larm en te na form ulação de m icroesferas de liberação prolongada, libera o fárm aco no trato g astrintestinal inferior, m elh o ran d o , assim , a tolerabiiidade. A azitrom icina é eficaz c o n tra as cepas sensíveis, m as este fárm a co é caro, causa desconforto gastrintestinal e não é recom endado para o tratam en to de ro tin a ou de p rim e ira linha para a gonor reia. A espectinom icina tem sido usada com o esquem a alternati vo para o tratam ento das infecções gonocócicas não com plicadas em indivíduos alérgicos à penicilina fora dos EUA, porém não é atualm ente disponível nesse país. E interessante assinalar que a eficiência lim itada da esp ectinom icina no tratam en to da infec ção faríngea reduz a sua utilidade em populações nas quais essa infecção é com um , com o os HHS. As pessoas com infecções não com plicadas que recebem um esquem a recom endado não precisam reto rn ar para um teste de cura. D everá ser realizada cu ltu ra para a N. gonorrhoeae se os sintom as persistirem após o tratam e n to com um esquem a esta belecido, devendo qualquer gonococo isolado ser subm etido ao antibiogram a.
Infecções Gonocócicas
Pode-se obter um diagnóstico rápido de infecção gonocócica nos hom ens p o r coloração de G ram do exsudato uretral (Fig. 144.1). A detecção de m onococos e diplococos G ram -negativos intracelulares costum a ser altam ente específica e sensível no diagnóstico de uretrite gonocócica em hom ens sintom áticos, m as tem sensibilidade de ape nas cerca de 50% no diagnóstico de cervicite gonocócica. Devem -se coletar as am ostras com swabs de D acron ou raiom . Deve-se sem ear p arte da am ostra em um a placa de m eio T hayer-M artin m odifica do ou outro m eio de cultura seletivo para gonococos. É im portante processar todas as am ostras im ediatam ente, pois os gonococos não toleram o ressecam ento. Se as placas não puderem ser incubadas de imediato, poderão ser conservadas com segurança p or várias horas à tem peratura am biente em recipientes em cujo interior um a vela acesa se apaga após o seu fechamento. Se o processam ento ocorrer em 6 h, o transporte das am ostras poderá ser facilitado pelo uso de sistem as não nutritivos de transporte de swabs, com o os m eios de Stuart ou de Amies. Para períodos de espera prolongados (p. ex., quando as am os tras para cultura necessitam de postagem ), podem -se usar m eios de cultura com sistem as internos de geração de C O , (com o os sistem as JEMBEC ou G ono-Pak). Tam bém se devem obter am ostras para o diagnóstico de infecção p or Chlamydia (Cap. 176). C om frequência, observam -se PM N nas secreções endocervicais, na coloração de Gram , e um núm ero anorm alm ente aum entado (> 30 PM N por cam po m icroscópico em pelo m enos cinco cam pos de im ersão em óleo com am pliação de l.OOOx) estabelece a presença de secreção inflam atória (cervicite m ucopurulenta). Infelizm ente, a presença ou ausência de m onococos ou diplococos G ram -negativos intracelulares nos esfregaços cervicais não p redizem com certeza quais pacientes têm gonorreia, devendo o diagnóstico nesse contexto ser feito po r cultura ou outro m étodo fidedigno de diagnóstico. A sensibilidade de um a única cultura endocervical é de cerca de 80 a 90%. Se um a história de sexo anal for obtida, deverá ser cultivado um swab da parede retal (não contam inado p o r fezes). Um diagnóstico presuntivo de gonorreia não pode ser definido com base nos esfre gaços de diplococos G ram -negativos da faringe, onde outras espécies de Neisseria são com ponentes da flora norm al. Os exam es com sonda de ácido nucleico estão sendo cada vez m ais usados em lugar da cultura para a detecção direta de N. gonor rhoeae em am ostras urogenitais. U m ensaio com um em prega um a sonda de DNA de quim iolum inescência não isotópica que se hibridiza especificam ente com o RNA ribossôm ico 16S. Este ensaio é tão sensível quanto as técnicas de cultura convencionais. Um a desvan tagem dos ensaios não baseados na cultura é que a N. gonorrhoeae não pode ser cultivada a p a rtir dos sistem as de transporte. Assim, um teste confirm atório p o r cultura e um antibiogram a convencional não podem , se necessário, ser realizados. Os testes de am plificação do ácido nucleico (NAAT), que consistem no A m plicor da Roche, A PTIM A Com bo2 da G ene-Probe (que tam bém detecta Chlamydia) e ProbeTec ET da BD, oferecem um a vantagem : as am ostras de u ri na podem ser testadas com um a sensibilidade sem elhante à obtida quando as am ostras uretrais ou swabs cervicais são avaliados p or cul tura e p or outros testes que não os NAAT. D evido às im plicações legais, o m éto d o preferível para o diag nóstico da infecção gonocócica em crianças é um a cultura p a d ro nizada. Dois NAAT positivos, cada qual dirigido a um a seqüência diferente do ácido nucleico, podem substituir a cultura do colo u te rino ou da uretra com o evidência legal da infecção; porém , am ostras cervicais não são recom endadas a m eninas pré-púberes. A U.S. Food and D rug A dm inistration não aprovou outros exam es que não a cul tura para uso com am ostras obtidas da faringe e do reto de crianças infectadas. Devem -se obter culturas da faringe e do ânus de am bos os sexos, da vagina das m eninas e da u re tra dos m eninos. Para os m eninos com secreção uretral, u m a am ostra m eatal da secreção é adequada para cultura. As colônias presuntivas de N. gonorrhoeae devem ser identificadas definitivam ente po r pelo m enos dois m éto dos independentes.
1225
QUADRO 1 4 4 .1
Tratamento recomendado para as infecções gonocócicas: diretrizes de 2010 do Centers for Disease Control and
Prevention Diagnóstico
Tratamento de escolha3
i
Infecção gonocócica não complicada do colo do útero, uretra, faringe4 ou reto Esquemas de primeira linha
Ceftriaxona (125 mg IM, dose única) ou Ceflxima (400 mg VO, dose única) mais Tratamento para Chlamydia se esta infecção não puder ser excluída: Azitromicina (1 g VO, dose única) ou Doxiciclina (100 mg VO 2x/dia durante 7 dias)
Esquemas alternativos
Ceftizoxima (500 mg IM, dose única) ou Cefotaxima (500 mg IM, dose única) ou Espectinomicina (2 g IM, dose únlca)c,rf ou Cefotetana (1 g IM, dose única) mais probenecida (1 g VO, dose única)c ou Cefoxitina (2 g IM, dose única) mais probenecida (1 g VO, dose única)c
Epididimite
Ver Cap. 130
Doença inflamatória pélvica
Ver Cap. 130
Conjuntivite gonocócica em adultos
Ceftriaxona (1 g IM, dose única)e
Oftalmia dos neonatos'
Ceftriaxona (25-50 mg/kg IV, dose única, sem exceder 125 mg)
Infecção gonocócica disseminada9 Tratamento inicial'’ Pacientes tolerantes a (3-lactâmicos
Ceftriaxona (recomendado: 1 g IM ou IV a cada 24 h) ou Cefotaxima (1 g IV a cada 8 h) ou Ceftizoxima (1 g IV a cada 8 h)
Pacientes alérgicos a p-lactâmicos Tratamento de manutenção Meningite ou endocardite
Espectinomicina (2 g IM a cada 12 h)* Cefixima (400 mg VO 2x/dia) Ver texto'
aO verdadeiro insucesso do tratamento com o esquema recomendado é raro e indica a pesquisa de uma possível reinfecção ou a consideração de um diagnóstico alternativo.
Doenças Infecciosas
bA ceftriaxona é o único agente recomendado para o tratamento da infecção faríngea. c0s agentes alternativos espectinomicina, cefotetana e cefoxitina não estão mais disponíveis ou têm fornecimento limitado nos EUA. dA espectinomicina pode ser ineficaz no tratamento da gonorreia faríngea. eMais lavagem do olho infectado com solução salina (uma vez). 'Os esquemas profiláticos são discutidos no texto. 9A hospitalização está indicada se o diagnóstico se mostra incerto, se o paciente tem artrite evidente com derrame articular, ou se não é possível confiar na adesão do paciente ao tratamento. ‘Todos os esquemas devem ser mantidos por 24-48 h após o início da melhora clínica, momento em que podem ser substituídos por um dos esquemas de manutenção, para^ompletar 1 semana de antibioticoterapia. 0 tratamento para a clamídia (acima) deverá ser feito se esta infecção não puder ser excluída. "Todos os esquemas iniciais devem ser mantidos por 24-48 h após o aparecimento de uma melhora clínica, quando pode-se passar para um dos esquemas de continuação, a fim de completar uma semana de tratamento antimicrobiano. O tratamento para a infecção por clamídias (ver anteriormente) deve ser instituído se essa infecção não tiver sido excluída. As fluoroquinolonas podem constituir uma opção quando a sensibilidade antimicrobiana pode ser documentada pela cultura do microrganismo etiológico. — 'A hospitalização está indicada para afastar a suspeita de meningite ou endocardite.
1226
r A faringite gonocócica sintom ática é mais difícil de erradicar do que a infecção genital. Q uando se dispõe de espectinom icina, pode-se tratar com este agente as pessoas que não toleram cefa losporinas ou nas quais haja contraindicação p ara quinolonas, m as a espectinom icina resulta em taxa de cura < 52%. Pessoas que receberam esse agente devem ter um a am ostra faríngea cultivada 3-5 dias após o tratam ento, com o teste de cura. U m a dose única de 2 g de azitrom icina pode ser usada em áreas onde as taxas de resistência à azitrom icina são baixas. Os tratam entos para a epididim ite gonocócica e D IP são dis cutidos no C apítulo 130. D evem -se tratar as infecções oculares gonocócicas em crianças m aiores e adultos com um a dose única de ceftriaxona com binada à irrigação da conjuntiva com soro fi siológico (am bas realizadas prontam ente), devendo os pacientes se subm eter a um a avaliação oftalm ológica cuidadosa que inclua um exame com lâm pada de fenda. O tratam ento da IGD pode requerer doses m ais altas m an ti das por mais tem po (Q uadro 144.1). A internação será indicada se o diagnóstico for incerto, se o paciente tiver doença articular loca lizada que necessite de aspiração ou se não se puder contar com a sua adesão ao tratam ento. A drenagem aberta é necessária apenas em alguns casos - p o r exemplo, no tratam ento das infecções do quadril, que podem ser de difícil drenagem p o r via percutânea. Os anti-inflam atórios não esteroides podem estar indicados para aliviar a dor e acelerar a m elhora clínica das articulações acom e tidas. A m eningite e endocardite gonocócicas devem ser tratadas no hospital com altas doses intravenosas de ceftriaxona ( 1-2 g de 12/12 h); o tratam ento deve co ntinuar durante 10-14 dias para a m eningite e pelo m enos po r 4 sem anas para a endocardite. Todas as pessoas que apresentem m ais de u m episódio de IGD devem ser avaliadas quanto à deficiência de com plem ento.
■ PREVENÇÃOECONTROLE
A g r a d e c im e n t o s
Os autores agradecem as contribuições dos Drs. King K. H olm es e Stephen A. Morse na elaboração deste capítulo nas edições anteriores.
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Infecções Gonocócicas
Q uando usados adequadam ente, os preservativos oferecem proteção eficaz contra a transm issão e aquisição de gonorreia, assim com o ou tras infecções transm issíveis para a e a p a rtir da superfície m ucosa genital. As preparações esperm icidas usadas com um diafragm a ou as esponjas cervicais im pregnadas com nonoxinol 9 oferecem algum a proteção contra as infecções por gonorreia e Chlamydia. No en tan to, o uso freqüente de preparações que contenham nonoxinol 9 está associado à lesão da m ucosa, o que paradoxalm ente eleva o risco de infecção pelo H IV durante a exposição. Devem -se in stru ir todos os pacientes a encam inhar os parceiros para avaliação e tratam ento. To dos os parceiros sexuais de pessoas com gonorreia deverão ser avalia dos e tratados para infecções por N. gonorrhoeae e C. trachomatis se o seu últim o contato com o paciente tiver ocorrido a 60 dias ou m enos
antes do início dos sintom as ou do diagnóstico da infecção no pacien te. Se o últim o encontro sexual do paciente houver ocorrido há mais de 60 dias antes do início dos sintom as ou do diagnóstico, deverá ser tratado o parceiro sexual m ais recente do paciente. Os m edicam en tos ou a prescrição de m edicam entos para gonorreia e infecção por clamídias, fornecidos pelo próprio paciente ao parceiro, dim inuem a probabilidade de reinfecção (ou recidiva) no paciente infectado. Nos EUA, em unidades da federação onde isso é legal, a referida aborda gem é um a opção para a conduta frente ao parceiro. Os pacientes de vem ser instruídos a se abster do ato sexual até que o tratam ento seja concluído e seu parceiro sexual não tenha mais sintomas. Deve-se dar grande ênfase à prevenção pela educação para a saúde pública, pelo aconselham ento individual do paciente e pela m odificação do seu com portam ento. Deve-se oferecer triagem das IST às pessoas sexual m ente ativas, especialm ente aos adolescentes. Nos hom ens, a triagem pode basear-se no teste NAAT na u rin a ou no swab uretral. Prevenir a dissem inação da gonorreia pode ajudar a reduzir a transm issão do HIV. A inda não se dispõe de um a vacina eficaz contra a gonorreia, m as estão em andam ento testes com várias candidatas.
1227
W
CAPÍ TULO
145 x
Infecções por Haemophilus e Moraxella Timothy F. Murphy HAEMOPHILUS INFLUENZAE ■ MICROBIOLOGIA
Doenças Infecciosas 1228
O Haemophilus influenzae foi reconhecido pela prim eira vez em 1892 por Pfeiffer, que concluiu erroneam ente que a bactéria era a causa da influenza. A bactéria é um pequeno m icrorganism o G ram -negativo (1 X 0,3 |xm) de form ato variável; assim , m uitas vezes é descrita com o um cocobacilo pleom orfo. Em am ostras clínicas, com o o líqui do cerebrospinal (LCS) e o escarro, o m icrorganism o frequentem ente se cora apenas fracam ente com safranina, pelo que pode facilm ente passar despercebido. O H. influenzae prolifera aeróbia e anaerobiam ente. A prolife ração aeróbia necessita de dois fatores: a hem ina (fator X) e o d in u cleotídio de adenina-nicotinam ida (fator V). Essas necessidades são usadas no laboratório clínico para identificar a bactéria. C ontudo, é necessário cuidado na distinção entre o H. influenzae e o H. haemolyticus, um com ensal do trato respiratório que tem , em relação ao seu crescimento, necessidades idênticas. O H. haemolyticus era classicam ente diferenciado do H. influen zae pela hem ólise em ágar-sangue equino. E ntretanto, verificou-se agora que um a proporção significativa de isolados de H. haem olyti cus não produz hemólise. A análise das seqüências ribossôm icas 16S é o único m eio confiável de distinguir essas duas espécies. Identificaram -se seis principais sorotipos de H. influenzae; d e signados com o a -f esses sorotipos apresentam diferenças antigênicas nas cápsulas polissacarídias. Além disso, algum as cepas carecem de cápsula polissacarídia e são cham adas de não tipáveis. O tipo b e as cepas não tipáveis são as cepas m ais relevantes clinicam ente (Q uadro 145.1), em bora cepas encapsuladas de outros tipos que não o b tam bém possam causar doença. O H. influenzae foi o p rim eiro m icrorga nism o de vida livre a ter todo o seu genom a sequenciado. A cápsula do tipo b antigenicam ente distinta é com posta de um polím ero linear de fosfato de ribosil-ribitol. As cepas de H. influenzae tipo b (Hib) causam doença principalm ente em lactentes e crianças com m enos de 6 anos de idade. As cepas não tipáveis são basicam ente patógenos das m ucosas, m as às vezes causam doença invasiva.
QUADRO 145.1 Características das cepas do tipo b e não tipáves do Haemophilus influenzae Característica
Cepas do tipo b
Cepas não tipáveis
Cápsula
Fosfato de ribosil-ribitol
Não encapsuladas
Patogenia
Infecções invasivas por disseminação hematogênica
Infecções mucosas por disseminação por contiguidade
Manifestações clínicas
Meningite e infecções invasivas em lactentes e crianças imunizados de maneira incompleta
Otite média em lactentes e crianças; infecções do trato respiratório inferior em adultos com bronquite crônica
História evolutiva
Basicamente clonais
Geneticamente diversos
Vacina
Vacinas conjugadas altamente eficazes
Nenhuma disponível; em desenvolvimento
Figura 145.1 Incidência estimada (taxa por 100.000) de doença invasiva causada pelo Haemophilus influenzae tipo b entre crianças com menos de 5 anos: 1987 a 2000. Menos de 40 casos por ano foram notificados desde 2000. (Dados do Centers for Disease Control and Prevention.)
■ EPIDEMIOLOGIA E TRANSMISSÃO O H. influenzae, um patógeno exclusivam ente hum ano, dissem ina-se por gotículas veiculadas pelo ar ou p or contato direto com secreções e fômites. A colonização com o H. influenzae não tipável é um p ro cesso dinâm ico; novas cepas são adquiridas e outras são substituídas periodicam ente. O uso dissem inado de vacinas conjugadas contra o Hib em m uitos países in d u strializad o s resu lto u em notáveis reduções das taxas de colonização nasofaríngea po r Hib e da incidência de infecção p o r Hib (Fig. 145.1). E ntretanto, a m aior parte das crianças do m u n d o perm anece sem im unização. Em todo o m undo, a doença invasiva p or Hib ocorre predom inantem ente em crianças não im unizadas ou nas que não concluíram a série prim ária de im unização. C ertos grupos populacionais têm m aior incidência de doença invasiva por Hib que a população geral, incluindo crianças negras e grupos de nativos norte-am ericanos. E m bora essa m aior incidência ainda não tenha sido explicada, vários fatores podem ser relevantes, com o a idade no m om ento da exposição à bactéria, as condições socioeconôm icas e as diferenças genéticas.
■ PATOGENIA As cepas H ib causam do en ça sistêm ica p o r invasão e d isse m in a ção hem atogênica a p a rtir do trato respiratório para locais distantes com o as m eninges, os ossos e as articulações. A cápsula p olissa carídia do tipo b é um fator de viru lên cia im p o rta n te , que se rela ciona com capacidade da b actéria de evitar a opsonização e causar doença sistêm ica. As cepas não tipáveis causam doença p o r invasão local da super fície mucosa. A otite m édia ocorre quando a bactéria alcança a orelha m édia p or m eio da tuba auditiva. Os adultos com bronquite crônica apresentam infecções recorrentes do trato respiratório inferior p ro vocadas p or cepas não tipáveis. Além disso^colonização persistente p or H. influenzae não tipável das vias respiratórias inferiores de adul tos com doença pulm onar obstrutiva crônica (D PO C) contribui para a inflam ação das vias respiratórias que é típica da doença. As cepas não tipáveis que causam infecção em adultos com D PO C diferem, quanto ao potencial patogênico e conteúdo de genom as, das cepas que causam otite m édia. A incidência da d oença invasiva causada por cepas não tipáveis é baixa. As cepas que provocam doença invasiva são genética e fenotipicam ente diversas.
■ RESPOSTA IMUNE Os anticorpos co n tra a cápsula são im p o rta n te s na proteção contra as infecções p o r cepas de Hib. O nível de a nticorpos séricos (adqui ridos da m ãe) contra o polissacarídio capsular, que é um polím ero de fosfato de rib ose-polirribitol (PRP), declina desde o nascim ento
r até os 6 m eses e, n a ausência de vacinação, p erm an ece baixo até cerca de 2 ou 3 anos de idade. A idade do n a d ir dos a n tico rp o s correlaciona-se com o pico de incid ên cia da d o en ça causada p o r cepas do tipo b. Os anticorpos co n tra o PRP surgem a p a rtir de e n tão, em p arte com o resultado da exposição ao Hib, em p arte com o resposta a antígenos de reação cruzada. A doença sistêm ica po r Hib é ra ra após os 6 anos de idade, devido à p resença de a n tic o rp o s p rotetores. D esenvolveram -se vacinas nas quais o PRP é conjugado a m oléculas proteicas tran sp o rtad o ras, am plam ente utilizadas hoje. Essas vacinas geram um a resposta dos anticorpos co n tra o PRP em lactentes e p revinem de m an eira eficaz as infecções invasivas em lactentes e crianças. C om o as cepas não tipáveis não possuem cápsula, a resposta im une à infecção é direcionada aos antígenos não capsulares. Esses antígenos geraram considerável interesse com o alvos da resposta im une hum ana e com o possíveis com ponentes de vacinas. A resposta im une hum ana parece ser específica para a cepa, o que explica em parte a propensão que têm essas cepas de causar otite m édia recor rente e exacerbações recorrentes de bronquite crônica em hospedei ros im unocom petentes.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Hib
H. influenzae não tipável O H. influenzae não tipável constitui a causa bacteriana m ais com um de exacerbações da DPOC; essas exacerbações caracterizam -se p or aum ento da tosse, produção de escarro e dispnéia. A febre é baixa, e não há evidências de infiltrados na radiografia de tórax. As cepas não tipáveis tam bém causam pneum onia bacteriana adquirida na co m unidade em adultos, particularm ente entre pacientes com D PO C
■ DIAGNÓSTICO O m étodo m ais confiável para se estabelecer o diagnóstico de infec ção p or Hib é o isolam ento do m icrorganism o em cultura. A presen ça de cocobacilos G ram -negativos na coloração do LCS pelo G ram é um a forte evidência de m eningite p o r Hib. O isolam ento do m icror ganism o no LCS confirm a o diagnóstico. C ulturas de outros locais do corpo norm alm ente estéreis, com o o sangue, o líquido articular, líquido pleural, líquido p ericárdico e coleção subdural, confirm am as outras infecções. A detecção do PRP é um com plem ento im portante da cultura no diagnóstico rápido da m eningite p o r Hib. A im unoeletroforese, a aglutinação do látex, a coaglutinação e o ensaio de im unoadsorção ligada a enzim a (ELISA) são eficazes na detecção do PRP. Esses e n saios são particularm ente úteis quando os pacientes receberam trata m ento antim icrobiano prévio e, p o r esta razão, são m ais propensos a ter culturas negativas. C om o o H. influenzae é prim ariam ente um patógeno das m uco sas, ele constitui um com ponente de um a flora mista; por esse m o ti vo, o diagnóstico etiológico representa um desafio. A infecção pelo H. influenzae não tipável é fortem ente sugerida pela predom inância de cocobacilos G ram -negativos entre leucócitos polim orfonucleares abundantes na coloração de G ram de um a am ostra de escarro de um paciente no qual se suspeita de pneum onia. E m bora a bacterem ia seja detectável em um a pequena proporção de pacientes com p n e u m onia causada p o r H. influenzae não tipável, a m aior p arte desses pacientes tem hem oculturas negativas. O diagnóstico de otite m édia baseia-se na detecção de líquido na orelha m édia p or otoscopia pneum ática. O diagnóstico etiológico requer tim panocentese, m as não é rotineiram ente buscado. Tam bém é necessário um procedim ento invasivo p ara d eterm inar a etiologia da sinusite; assim, quando se suspeita do diagnóstico com base nos sintom as clínicos e nas radiografias dos seios paranasais, o tratam en to é frequentem ente empírico.
Infecções por Haemophilus e Moraxella
A m anifestação m ais grave da infecção p o r Hib é a meningite (Cap. 381), que acom ete principalm ente crianças com m enos de 2 anos. As m anifestações clínicas da m eningite p o r Hib são sem elhantes às causadas p or outros patógenos bacterianos. As características m ais com uns na apresentação são febre e alteração da função do sistem a nervoso central. A rigidez de nuca pode ou não ser evidente. Suspeita-se de coleção subdural, a com plicação m ais com um , quando, apesar da antibioticoterapia apropriada p or 2 ou 3 dias, o lactente apresenta convulsões, hem iparesia ou continua com em botam ento. A taxa de letalidade global da m eningite p or Hib é de 5%, e a taxa de m orbidade é alta. Dos sobreviventes, 6% têm surdez neurossensorial perm anente, e 25% têm incapacidade significativa de algum tipo. Se forem pesquisadas deficiências m ais sutis, até 50% dos sobreviventes apresentam algum a seqüela neurológica, com o perda da acuidade auditiva e atraso no desenvolvim ento da linguagem. A epiglotite (Cap. 31) é um a infecção p or H ib potencialm ente fatal que consiste em celulite da epiglote e dos tecidos supraglóticos. Pode levar à obstrução aguda das vias respiratórias altas. Suas características epidem iológicas únicas são a ocorrência em um a faixa etária m ais elevada (2 a 7 anos) que a das outras infecções p or Hib e a sua ausência, nos EUA, entre os índios Navajo e os esquim ós do Alasca. A dor de garganta e a febre evoluem rapidam ente para disfagia, salivação e obstrução das vias respiratórias. A epiglotite tam bém ocorre em adultos. A celulite (Cap. 125) causada pelo H ib ocorre em crianças p e quenas. Os locais m ais com uns são a cabeça e o pescoço, e as áreas envolvidas às vezes tom am um a cor verm elho-azulada característi ca. M uitos pacientes têm bacterem ia, e 10% têm focos de infecção adicionais. O Hib causa pneum onia em lactentes. A infecção não se d istin gue clinicam ente dos outros tipos de pneu m o n ia bacteriana (p. ex., pneum onia pneum ocócica) exceto pelo fato de que o Hib tem m aior probabilidade de envolver a pleura. Várias outras afecções invasivas m enos com uns p odem ser m an i festações clínicas im portantes da infecção p or Hib em crianças. Elas incluem osteomielite, artrite séptica, pericardite, celulite orbital, endoftalm ite, infecção do trato urinário, abscesso e bacterem ia sem um foco identificável.
ou Aids. As m anifestações clínicas da p neum onia p or H. influenzae são sem elhantes às de outros tipos de pneum onia bacteriana (como a pneum onia pneum ocócica). O H. influenzae não tipável é um a das três causas m ais com uns de otite m édia na infância (as outras duas são o Streptococcus p n e u moniae e a Moraxella catarrhalis) (Cap. 31). Os lactentes m ostram -se febris e irritados, enquanto as crianças m aiores relatam otalgia. C om frequência, a otite m édia é precedida p or sintom as de infecção viral do trato respiratório superior. O diagnóstico é feito p o r otoscopia pneum ática. O diagnóstico etiológico, em bora não seja ro ti neiram ente procurado, pode ser estabelecido p or tim panocentese e cultura do líquido da orelha m édia. As características clínicas asso ciadas à otite m édia p or H. influenzae incluem história de episódios recorrentes, fracasso do tratam ento, conjuntivite concom itante, otite m édia bilateral e terapia antim icrobiana recente. O uso crescente de vacinas pneum ocócicas conjugadas em lactentes está resultando em um relativo aum ento da proporção de casos de otite m édia causados p or H. influenzae. O H. influenzae não tipável tam bém causa sepse puerperal, sen do um a causa im portante de bacterem ia neonatal. Essas cepas não tipáveis, estreitam ente relacionadas com o H. haemolyticus, tendem a ser do biotipo IV e causam doença invasiva após colonização do trato genital feminino. O H. influenzae não tipável causa sinusite (Cap. 31) em adultos e crianças. Além disso, a b actéria é um a causa m enos com um de várias infecções invasivas. Essas infecções consistem em em piem a, epiglo tite no adulto, pericardite, celulite, artrite séptica, osteom ielite, e n docardite, colecistite, infecções intra-abdom inais, infecções do trato urinário, m astoidite, infecções de enxerto aórtico e bacterem ia sem um foco detectável. As infecções invasivas causadas por H. influenzae em países onde as vacinas contra H ib são am plam ente usadas são causadas, em sua m aioria, p o r cepas não tipáveis. M uitos pacientes com bacterem ia p or H. influenzae apresentam um a condição subja cente, com o infecção pelo HIV, doença cardiopulm onar, alcoolismo ou câncer.
1229
TRATAMENTO
Haemophilus influenzae
culo im portante ao uso m ais am plo da vacinação é a inexistência, em m uitos países em desenvolvim ento, de dados sobre a epidem iologia e a carga da doença por Hib. Todas as crianças devem ser im unizadas com vacinas conjugadas contra o Hib, recebendo a p rim eira dose em to rn o dos 2 m eses, o restante da série prim ária entre 2 e 6 m eses, bem com o um a dose de reforço aos 12 a 15 meses. As recom endações específicas variam para cada um a das vacinas conjugadas. Indicam os ao leitor as reco m endações da Academ ia A m ericana de Pediatria (Cap. 122 e www. cispimmunize. org). A tualm ente, não há n e n h u m a vacina disponível para a preven ção da doença causada p o r H. influenzae não tipável. E ntretanto, um a vacina contendo um a pro teín a de superfície do H. influenzae conjugada com polissacarídios pneum ocócicos m ostrou ter eficácia parcial na prevenção da otite m édia p o r H. influenzae. Espera-se um progresso adicional no desenvolvim ento de vacinas contra o H. in flu e n za e não tipável.
O tratam e n to inicial p a ra a m en in g ite causada p o r H ib deve consistir em um a cefalosporina, com o a ceftriaxona ou a cefota xim a. Para crianças, a dose de ceftriaxona é de 75 a 100 m g/kg/ dia de 12/12 h. A dose p ediátrica da cefotaxim a é 200 m g /kg/dia de 6/6 h. As doses para adultos são 2 g de 12/12 h de ceftriaxo na e 2 g a cada 4 a 6 h de cefotaxim a. Um esquem a alternativo para o tratam en to inicial é am picilina (200 a 300 m g/k g /d ia em 4 doses diárias) m ais cloranfenicol (75 a 100 m g /k g /d ia em 4 doses diárias). O tratam e n to deve c o n tin u a r p o r um total de 1 a 2 sem anas. A adm inistração de glicocorticoides a pacientes com m en in gite por Hib reduz a incidência de seqüelas neurológicas. O m e canism o suposto é a redução da inflam ação induzida pelos m e diadores presentes na parede celular bacteriana, liberados quando as células são m ortas pelos antim icrobianos. R ecom enda-se a de xam etasona (0,6 m g/kg/dia IV em 4 doses diárias durante 2 dias) Quimioprofilaxia para o tratam ento da m eningite p or Hib nas crianças com m ais O risco de doença secundária é m aior que o n o rm al entre os c o n ta de 2 meses. tos dom iciliares de pacientes com doença p o r Hib. Portanto, todas O utras infecções invasivas que não a m eningite são tratadas as crianças e adultos (exceto m ulheres grávidas) em dom icílios em com os m esm os agentes antim icrobianos. Para a epiglotite, a dose que haja pelo m en o s um c o n tato não c o m p letam en te im un izad o de ceftriaxona é de 50 m g/kg/dia e a de cefotaxim a de 150 m g/kg/ com m enos de 4 anos de idade devem receber profilaxia com r i dia, em 3 doses diárias de 8/8 h. A epiglotite é um a em ergência fam picina oral. Q u an d o dois ou m ais casos de doença invasiva po r m édica e a m anutenção da desobstrução das vias respiratórias é H ib o co rrem no p e río d o de 60 dias em u m a creche que atende decisiva. A resposta clínica determ ina a duração do tratam ento. crianças com vacinação incom pleta, a ad m in istração de rifam pici G eralm ente é apropriado um ciclo de 1 a 2 semanas. na está indicada para to d as as crianças e fun cio n ário s, com o é re P odem -se tratar m uitas infecções causadas p o r cepas não c om endado p ara os contatos dom iciliares. A quim ioprofilaxia não tipáveis de H. influenzae, com o a otite m édia, sinusite e exacer está ind icad a para os c o n ta to s n o b e rçá rio e creche de u m único bações de D PO C , com antim icrobianos orais. A proxim adam en caso-índice. O leitor po d e co n su ltar as recom endações da A cade te 20 a 35 % das cepas não tipáveis pro d u zem (3-lactamase (sen m ia A m ericana de Pediatria. do a exata proporção d e p en d e n te da localização geográfica) e são resistentes à am picilina. Vários agentes têm excelente ativi HAEMOPHILUS DUCREYI dade contra o H. influenzae não tipável, incluindo a am oxicilina/ O Haemophilus ducreyi é o agente etiológico do cancro m ole (Cap. ácido clavulânico, várias cefalosporinas de am plo espectro e os 130), um a doença sexualm ente transm issível caracterizada po r ul m acrolídios azitrom icina e claritrom icina. As fluoroquinolonas ceração genital e linfadenite inguinal. O H. ducreyi representa um são altam ente ativas contra o H. influenzae e são úteis em adultos im portante problem a de saúde pública nos países em desenvolvim en com exacerbações da D P O C . E ntretanto, as fluo ro q u in o lo n as to. Além de ser um a causa de m orbidade em si, o cancro m ole está não são recom endadas atualm ente p ara o tratam e n to de crianças associado à infecção pelo H IV devido ao papel da ulceração genital ou m ulheres grávidas devido aos possíveis efeitos sobre a cartila na transm issão do HIV. O cancro m ole aum enta tanto a eficiência, gem articular. quanto a transm issão e o grau de suscetibilidade à infecção pelo HIV. Além da produção de pi-lactamase, a alteração das proteínas de ligação às penicilinas - um segundo m eca ■ MICROBIOLOGIA nism o de resistência a am picilina - já foi detectada em isolados de H. influenzae. Em bora raras nos EUA, essas cepas re O H. ducreyi é um cocobacilo G ram -negativo altam ente exigente cujo crescim ento requer o fator X (hem ina). E m bora a bactéria tenha sistentes à ampicilina e não produtoras de p-lactam ases têm pre valência crescente na Europa e no Japão. Será im portante a m o n i sido classificada no gênero H aemophilus levando em conta essa ne toração contínua da evolução dos padrões de sensibilidade do H. cessidade, os estudos de hom ologia de DNA e de quim iotaxonom ia influenzae aos antim icrobianos. m ostraram im portantes diferenças entre o H. ducreyi e as outras es pécies de Haemophilus. A reclassificação taxonôm ica do m icrorga nism o é provável no futuro, m as aguarda estudos m ais profundos. As úlceras contêm predom inantem ente células T. O fato de que pacien ■ PREVENÇÃO tes que tiveram cancro m ole p odem sofrer infecções repetidas indica Vacinação que a infecção não confere proteção. (Ver tam b ém o Cap. 122.) D uas vacinas conjugadas que ■ EPIDEMIOLOGIA E PREVALÊNCIA previnem infecções invasivas p o r Hib em lactentes e crian ças estão licenciadas nos EUA. Além de induzir à produção O cancro m ole é um a causa com um de úlcera genital nos países em de anticorpos protetores, essas vacinas previnem a doença reduzindo desenvolvim ento. É atualm ente endêm ico em algum as regiões dos as taxas de colonização faríngea p or Hib. EUA, onde vários grandes su rto s oc o rre ra m desde 1981. C aracte A am pla utilização das vacinas conjugadas reduziu espetacu rísticas epidem iológicas recorrentes foram visíveis nesses surtos: ( 1) larm ente a incidência de doença p o r H ib nos países desenvolvidos. a transm issão foi p redom inantem ente heterossexual; (2 ) os hom ens E m bora a fabricação da vacina seja dispendioso, a vacinação é custoexcederam as m ulheres na proporção de 3:1 para 25:1; (3) as p rosti tutas foram im portantes na transm issão da infecção; e (4) o cancro -efetiva. A Aliança Global para Vacinas e Im unizações reconheceu a m ole esteve fortem ente associado ao uso de drogas ilícitas. O n ú subutilização das vacinas conjugadas contra o Hib. O ônus im posto m ero de casos notificados anualm ente nos EUA perm aneceu estável pela doença foi reduzido nos países em desenvolvim ento que im ple desde 2000. m entaram a vacinação de rotina (p. ex., Gâm bia, Chile). Um obstá
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■ TRATAMENTO
Haemophilus ducreyi
Os esquem as de tratam ento recom endados pelo C enters for Dise ase C ontrol and Prevention incluem: (1) um a dose oral única de 1 g de azitrom icina; (2) ceftriaxona (250 m g po r via intram uscular, em dose única); (3) ciprofloxacino (500 mg p or via oral, 2x/dia durante 3 dias); e (4) eritrom icina base (500 m g p or via oral, 3x/ dia durante 7 dias). Os isolados de pacientes que não respondem im ediatam ente ao tratam en to devem ser subm etidos a um teste para resistência a antim icrobianos. N os pacientes com infecção pelo HIV, a resolução pode ser lenta, e às vezes são necessários ciclos m ais longos de tratam en to . Um fracasso do tratam ento clínico em pacientes H lV -soropositivos pode refletir coinfecção, especialm ente pelo herpesvírus simples. Os contatos de pacientes com cancro m ole devem ser identificados e tratados, tenham ou não sintom as, caso ten h am tido relações sexuais com o paciente nos últim os 10 dias antes do início dos sintom as deste.
MORAXELLA CATARRHALIS ■ MICR0BI0L0GIA Figura 145.2
Câncro mole com úlceras penianas características, acompa
nhadas por adenite inguinal esquerda (bubão).
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
■ DIAGNÓSTICO O diagnóstico clínico do cancro m ole m uitas vezes é im preciso e deve-se tentar um a confirm ação laboratorial nos casos suspeitos. O diagnóstico exato do cancro m ole depende de culturas da lesão para H. ducreyi. Além disso, deve-se considerar a aspiração e cultura dos linfonodos supurados. C om o o crescim ento do m icrorganism o é difícil, é necessário o uso de m eios seletivos e enriquecidos. Existe um ensaio m ultiplex p o r reação em cadeia da polim erase capaz de amplificar sim ultaneam ente certos segm entos de DNA do H. ducreyi, Treponema pallidum e herpesvírus sim ples tipos 1 e 2. Q uando for comercializado, esse ensaio será um instrum ento útil para identificar a etiologia de úlceras genitais.
■ EPIDEMI0L0GIA A colonização nasofaríngea pela M . catarrhalis é com um na lactância, com taxas de colonização que variam entre 33 e 100%, dependen do da localização geográfica. Diversos fatores provavelm ente são res ponsáveis p or essa variação geográfica, incluindo condições de vida, creches, higiene, tabagism o em casa e genética da população. A pre valência da colonização dim inui uniform em ente com a idade. O uso dissem inado de vacinas pneum ocócicas conjuM gadas em alguns países resultou em m udanças nos padrões de colonização nasofaríngea em populações residentes. O correu um aum ento relativo na colonização p o r sorotipos de p n e u m ococos não incluídos na vacina, H. influenzae não tipável e M. ca tarrhalis. Essas alterações dos padrões de colonização podem estar m odificando a distribuição dos patógenos tanto da otite m édia quan to da sinusite em crianças.
■ PATOGENIA A M. catarrhalis provoca infecções da m ucosa do trato respiratório. As cepas exibem acentuada diversidade genética e diferenças nas suas propriedades de virulência. A espécie é com posta de duas li nhagens genéticas distintas; a linhagem resistente ao com plem ento está m ais fortem ente associada à virulência do que as cepas sensíveis ao com plem ento. A expressão de várias m oléculas de adesina com diferentes especificidades para vários receptores da célula do hospedeiro reflete a im portância da aderência à superfície epitelial respiratória na patoge nia da infecção. A M. catarrhalis invade m últiplos tipos celulares. Sua residência intracelular no tecido linfoide proporciona um reservató rio potencial para a sua persistência no trato respiratório hum ano.
Infecções por Haemophilus e Moraxella
A infecção é ad q u irid a devido a um a ru p tu ra do epitélio du ran te o contato sexual com um a pessoa infectada. A pós um perío d o de incubação de 4 a 7 dias, aparece a lesão inicial - u m a pápula com eritem a circundante. Em 2 a 3 dias, a pápula evolui para um a p ú stu la, com rupturas espontâneas, e form a um a úlcera bem circunscrita que não é geralm ente endurada (Fig. 145.2). As úlceras são d oloro sas e sangram com facilidade; m as pouca ou n e n h u m a inflam ação é evidente na pele ao redor. Cerca de 50% dos pacientes desenvolvem aum ento e sensibilidade dos linfonodos inguinais, os quais com fre quência to rn am -se flutuantes e rom pem -se espontaneam ente. Em geral, os pacientes procuram auxílio m édico após 1 a 3 sem anas de sintom as dolorosos. A apresentação do cancro m ole em geral não inclui todas as ca racterísticas clínicas, sendo às vezes atípica. Várias úlceras podem coalescer e form ar um a úlcera gigante. As úlceras podem aparecer e re solver-se, sobrevindo linfadenite inguinal (Fig. 145.2) e supuração 1 a 3 sem anas depois; esse quadro clínico pode confundir-se com o do linfogranulom a venéreo (Cap. 176). Várias úlceras pequenas podem assem elhar-se a foliculites. O utros diagnósticos diferenciais a serem considerados são as várias infecções que causam ulceração genital, com o a sífilis prim ária, a sífilis secundária (condilom a plano), h e r pes genital e donovanose. Em raros casos, as lesões do cancro m ole tornam -se secundariam ente infectadas p o r bactérias; o resultado é um a inflam ação extensa.
A M . catarrhalis é um diplococo G ram -negativo não encapsulado, cujo nicho ecológico é o trato re sp irató rio hum ano. O m icro rg a nism o foi in icialm ente d esig n ad o com o Micrococcus catarrhalis, porém o seu nom e m u d o u para Neisseria catarrhalis, em 1970, devi do a sem elhanças fenotípicas com espécies com ensais de Neisseria. C om base em u m a análise m ais rigorosa de sua relação genética, a Moraxella catarrhalis é, hoje, a designação am plam ente aceita para essa espécie.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Nas crianças, a M. catarrhalis provoca infecções predom inantem ente da m ucosa quando a bactéria m igra da nasofaringe para a orelha m é
1231
dia ou os seios (Cap. 31). O evento desencadeante para a otite m édia e a sinusite consiste, com frequência, em um a infecção viral prece dente. De m odo global, as culturas do líquido da orelha m édia obtido po r tim panocentese indicam que a Aí. catarrhalis responde p or 15 a 20% dos casos de otite m édia aguda. A otite m édia aguda causada por M. catarrhalis ou po r H. influenzae não tipável é clinicam ente m ais leve do que aquela causada p or S. pneum oniae, com m enos fe bre e m enor prevalência de protuberância da m em brana tim pânica averm elhada. Entretanto, a ocorrência de sobreposição significativa im pede prever a etiologia em determ inada criança, com base nas m a nifestações clínicas. Um a pequena proporção de infecções virais do trato respiratório superior é com plicada po r sinusite bacteriana. As culturas de aspira dos dos seios p or punção m ostram que a Aí. catarrhalis é responsável po r cerca de 20% dos casos de sinusite bacteriana aguda em crianças e por um a m enor proporção nos adultos. A Aí. catarrhalis constitui u m a causa com um de exacerbações em adultos com D POC. A bactéria passou despercebida nesse c o n texto clínico, visto que era considerada, há m uito tem po, com o com ensal e visto que ela é facilm ente c o n fu n d id a com espécies com ensais de Neisseria em culturas de secreções respiratórias (ver “D iagnóstico”, adiante). Várias linhas in dependentes de evidências estabeleceram a M. catarrhalis com o patógeno na D PO C . Incluem (1) a dem onstração da Aí. catarrhalis nas vias respiratórias inferiores d urante exacerbações, (2) a associação da exacerbação à aquisição de novas cepas, (3) elevações dos m arcadores inflam atórios em asso ciação à M . catarrhalis, e (4) desenvolvim ento de respostas im unes específicas após a infecção. A Aí. catarrhalis constitui a segunda cau sa bacteriana m ais com um de exacerbações da D P O C (depois do H. influenzae), conform e d em onstrado em um estudo prospectivo de 10 anos; a distribuição da aquisição de novas cepas é m ostrada na Fig. 145.3. Não estão incluídos casos com cu ltura negativa ou ca-
E xacerbações a ssociadas a novos isolados
sos a p a rtir dos quais um patógeno foi previam ente isolado. C om a aplicação de critérios clínicos rigorosos para definir a etiologia das exacerbações (com culturas tanto positivas quanto negativas), cerca de 10% de todas as exacerbações no m esm o estudo foram causadas p o r Aí. catarrhalis. A s m anifestações clínicas de u m a exacerbação causada p o r Aí. catarrhalis assem elham -se àquelas das exacerbações p or outros patógenos bacterianos, incluindo H. influenzae e S. p n e u moniae. Os principais sintom as consistem em tosse com produção aum entada de escarro, purulência do escarro e dispnéia em com pa ração com os sintom as basais. A pneum onia causada pela Aí. catarrhalis ocorre no idoso, par ticularm ente na presença de doença c ard io p u lm o n ar subjacente, em bora seja infrequente. As infecções invasivas, com o bacterem ia, endocardite, m eningite neonatal e artrite séptica são raras.
■ DIAGNÓSTICO A tim panocentese é necessária para o diagnóstico etiológico da o ti te m édia, p orém esse pro ced im en to n ão é realizado de m o d o ro ti neiro. Por esse m otivo, o trata m e n to da otite m éd ia é geralm ente em pírico. De m o d o sem elhante, o d iagnóstico etiológico de sin u site requer um procedim ento invasivo, que h abitualm ente não está disponível p ara o m édico. O isolam ento da Aí. catarrhalis de um a am ostra de escarro expectorado de um adulto com sintom as clíni cos de exacerbação é sugestivo, m as n ão diagnóstico de M . catarrha lis com o fator etiológico. Nas culturas, as colônias de Aí. catarrhalis assem elham -se a neissérias que fazem parte da flora no rm al das vias respiratórias supe riores. C onform e assinalado anteriorm ente, a dificuldade em dife renciar as colônias de M. catarrhalis das colônias de neissérias em culturas de secreções respiratórias explica, em parte, p o r que a M. catarrhalis tem sido ignorada com o patógeno. Em contraste com es sas espécies de Neisseria, as colônias de Aí. catarrhalis podem ser des lizadas através da superfície da ágar sem ru p tu ra (o “sinal do disco de hóquei”). Além disso, depois de 48 h de crescim ento, as colônias de M. catarrhalis adquirem um a cor rosada e tendem a ser m aiores do que as colônias de neissérias. U m a variedade de testes bioquím icos pode distinguir a Aí. catarrhalis das neissérias. D ispõe-se no com ér cio de kits que fazem uso dessas reações bioquím icas.
TRATAMENTO
Moraxella catarrhalis
A Aí. catarrhalis adq u iriu rap id am en te (3-lactamases du ran te as décadas de 1970 e 1980; desde então, os p adrões de sensibilidade a agentes antim icrobianos perm aneceram relativam ente estáveis, e, n a atualidade, m ais de 90% das cepas p ro d u zem [3-lactamase e, p o rtan to , são resistentes à am oxicilina. A o tite m édia em crianças e as exacerbações da D P O C em adultos são geralm ente tratadas de m o d o em pírico com agentes antibacterianos ativos contra S. pneum oniae, H. influenzae e Aí. catarrhalis. A m aioria das cepas de Aí. catarrhalis é sensível à am oxicilina/ácido clavulânico, cefalosporinas de espectro am pliado, novos m acrolídios (azitrom icina, claritro m icin a), su lfam eto x azo l-trim eto p rim a e fluoroquinolonas.
BIBLIOGRAFIA M .cat
S.pn
Figura 145.3 Resultados cumulativos de um estudo prospectivo (19942004) de infecção bacteriana na DPOC, mostrando a etiologia das exacer bações. Os números de exacerbações mostrados indicam a aquisição de uma nova cepa simultaneamente com sintomas clínicos de exacerbação. NTHI, H. influenzae não tipável; M. cat, M. catarrhalis; S.pn, Streptococcus pneumoniae; PA, Pseudomo nas aeruginosa. (Adaptada de Murphy and Parameswaran, com autorização. ©2009 Infectious Diseases Society of America.)
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CAPÍ TULO
146
Infecções Causadas pelo Grupo HACEK e por Outras Bactérias Gram-Negativas Tam ar F. Barlam Dennis L. Kasper 0 GRUPO HACEK Os m icrorganism os HACEK são um grupo de bactérias G ram -nega tivas exigentes, cujo crescim ento lento exige um a atm osfera contendo dióxido de carbono. As espécies que pertencem a esse grupo incluem várias espécies de Haemophilus, Aggregatibacter (anteriorm ente Actinobacillus) actinomycetemcomitans, Cardiobacterium hominis, Eikenella corredens e Kingella kingae. As bactérias HACEK norm alm ente residem na cavidade oral e têm sido associadas a infecções locais da boca. São tam bém conhecidas com o causa de infecções sistêm icas graves - mais frequentem ente endocardite bacteriana, que pode desenvolver-se em valvas nativas ou próteses valvares (Cap. 124).
■ ENDOCARDITE POR HACEK Em grandes casuísticas, até 3% dos casos de endocardite infecciosa são atribuídos a m icrorganism os HACEK, m ais frequentem ente A. actinomycetemcomitans, espécies de Haemophilus e C. hominis. Em geral, ocorre infecção invasiva em pacientes com h istó ria de car diopatia valvar, frequentem ente no contexto de um procedim ento dentário recente, infecção nasofaríngea ou piercing ou raspagem da língua. As valvas aórtica e m itral são m ais com um ente acom etidas. A evolução clínica da endocardite p o r HACEK tende a ser subaguda; entretanto, é com um a ocorrência de embolização. A prevalência glo bal de grande êm bolos associados à endocardite po r HACECK varia de 28% a 71% em diferentes séries. No ecocardiogram a, são obser vadas vegetações valvares em 85% dos pacientes. C om frequência, as vegetações são grandes, em bora o seu tam anho não esteja d ire tam ente correlacionado com o risco de em bolização. As h e m o c u l turas de pacientes com suspeita de endocardite p o r HACEK podem necessitar de até 30 dias p ara se tornarem positivas, e o laboratório de m icrobiologia deve ser alertado quando há suspeita de um m icro r ganism o do grupo HACEK. E ntretanto, a m aioria das culturas que finalm ente produzem um m icrorganism o HACEK torna-se positiva na prim eira sem ana, particularm ente em sistem as de cultura aperfei çoados, como o BACTEC. Além disso, as técnicas de reação de cadeia em polim erase (p. ex., de valvas cardíacas) estão facilitando o diag nóstico de infecções p o r HACEK. Em virtude do crescim ento lento dos m icrorganism os, o antibiogram a pode ser difícil, e a produção de p-lactam ases pode não ser detectada. A m etodologia do teste E pode aum entar a acurácia do antibiogram a.
Espécies de Haemophilus As espécies de Haemophilus são diferenciadas pela necessidade de fator X (hem ina) e fator V (dinucleotídio de nicotinam ida adenina) para o seu crescim ento in vitro. O H. aphrophilus requer apenas o fa tor X para o seu crescim ento, enquanto as espécies designadas como para- exigem apenas o fator V. O H. aphrophilus e o H. parainfluenzae são as espécies de Haemophilus m ais com um ente isoladas de casos de endocardite p or HACEK; o H. paraphrophilus é m ais com um . Entre os pacientes com endocardite p or HACEK causada p or espécies de Haemophilus, 60% já estão doentes p o r m enos de 2 meses antes de serem inicialm ente atendidos, e ocorre insuficiência cardíaca con gestiva em 19 a 50%. Foram relatadas taxas de m ortalidade de até 30 a 50% em séries m ais antigas; entretanto, estudos mais recentes docum entaram taxas de m ortalidade de m enos de 5%. O H. aphro philus tam bém provoca infecções ósseas e articulares invasivas, e o H. parainfluenzae foi isolado de outras infecções, com o a m eningite, abscessos cerebrais, dentários e hepáticos, pneum onia e septicemia.
A ggregatibacter actinom ycetem com itans O A. actinomycetemcomitans pode ser isolado de infecções de tecidos m oles e abscessos em associação ao Actinomyces israelii. Os pacientes que desenvolvem endocardite com A. actinomycetem comitans apre sentam doença periodontal grave ou foram subm etidos recentem ente a procedim entos odontológicos na presença de lesão cardíaca valvar subjacente. A doença é insidiosa; os pacientes podem estar doentes vários meses antes do estabelecim ento do diagnóstico. As com plica ções freqüentes consistem em fenôm enos em bólicos, insuficiência cardíaca congestiva e insuficiência renal. O A. actinomycetem comi tans foi isolado de pacientes com abscesso cerebral, m eningite, endoftalm ite, parotidite, osteom ielite, infecção do trato urinário, pn eu m onia e em piem a, entre outras infecções.
Cardiobacterium hom inis O C. hom inis causa p rincipalm ente endocardite em pacientes com cardiopatia valvar subjacente ou com próteses valvares. Esse m i crorganism o acom ete com m ais frequência a valva aórtica. Muitos pacientes apresentam sinais e sintom as de infecção crônica antes do diagnóstico, com evidências de em bolização arterial, vasculite, aci dentes vasculares encefálicos, glom erulonefrite por im unocom plexos ou artrite na apresentação. As com plicações com uns incluem em bo lização, aneurism as m icóticos e insuficiência cardíaca congestiva. Na atualidade, foi descrita um a segunda espécie, C. valvarum, em asso ciação à endocardite.
Eikeneila corrodens A E. corrodens é m ais frequentem ente isolada de locais de infecção juntam ente com outras espécies bacterianas. As fontes clínicas da E. corrodens incluem locais de feridas po r m o rd ed u ra h um ana (lesões por punho fechado), endocardite, infecções de tecidos moles, osteo mielite, infecções de cabeça e pescoço, infecções respiratórias, corioam nionite, infecções ginecológicas associadas a dispositivos intrauterinos, m eningite e abscessos cerebrais, bem com o abscessos viscerais.
1233
Kingella kingae D evido aos avanços na m etodologia m icrobiológica, o iso lam e n to da K. kingae está sen d o cada vez m ais com um . A in o cu lação de am ostras clínicas (por exem plo, líquido sinovial) em frascos de h e m o c u ltu ra p a ra aeróbios a u m en ta a recu p eração desse m ic ro r ganism o. Os estudos do líquido a rticu la r pela PCR específica em tem p o real p o d em identificar a K. kingae em casos com c u ltu ra n e gativa. As infecções invasivas p o r K. kingae com bacterem ia estão associadas a infecções do trato resp irató rio su p erio r e a estom atite dos casos. As taxas de colonização o ro farín g e a com K. kingae são m ais altas n o s 3 p rim e iro s anos de vida, c o in c id in d o com a incidência a u m e n tad a de infecções ósseas p o r esse m ic ro r ganism o. A bacterem ia p o r K. kingae pode m anifestar-se na form a de exantem a p etequial sem elhante àquele observado n a sepse p o r Neisseria meningitidis. A endocardite infecciosa, ao contrário de outras infecções cau sadas pela K. kingae, ocorre em crianças de m ais idade e adultos. A m aioria dos pacientes apresenta doença valvar preexistente. Observa-se um a elevada incidência de complicações, incluindo em bolia arte rial, acidentes vasculares encefálicos, insuficiência tricúspide e in su ficiência cardíaca congestiva com colapso cardiovascular.
TRATAMENTO
Endocardite causada por microrganismos HACEK
Ver o Q u ad ro 146.1. A endocardite de valvas nativas deve ser tra tada durante 4 sem anas com antibióticos, enquanto a endocardite de próteses valvares exige 6 sem anas de tratam ento. As taxas de cura para a endocardite de próteses valvares p or HACEK parecem ser altas. Ao contrário da endocardite de próteses valvares causa da p or outros m icrorganism os G ram -negativos, a endocardite por HACEK é frequentem ente curada com antibioticoterapia apenas - isto é, sem a necessidade de intervenção cirúrgica.
OUTRAS BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS Achrom obacter xylosoxidans
Doenças Infecciosas
O A chrom obacter (a n te rio rm e n te Alcaligenes) xolosoxidans faz provavelm ente p arte da flora in testin al en d ó g en a e foi isolado de u m a v ariedade de fontes de água, in clu in d o água de poço, líq u i dos IV e um idificadores. O s h o sp e d e iro s im u n o c o m p ro m e tid o s, incluindo pacientes com câncer e com n e u tro p e n ia p ó s-q u im io terapia, cirrose, insuficiência renal c rônica e fibrose cística correm risco aum entado. Os su rto s h o sp itala res e os p se u d o -su rto s de
QUADR0146.1
infecção pelo A. xylosoxidans fo ram a trib u íd o s a líq u id o s c o n ta m in ad o s, e a doença clínica foi associada a isolados de nu m ero so s locais, incluindo sangue (freq u en tem en te na p resen ça de d isp o si tivos intracelulares). A b acterem ia p o r A. xylosoxidans a d q u irid a na co m u n id ad e ocorre hab itu alm en te n o contexto da p neum onia. Verifica-se a presença de lesões cutâneas m etastáticas em 20% dos casos. A taxa de m o rta lid a d e relatada é de 67% - um p e rcen tu al sem elhante às taxas para ou tras p n e u m o n ia s bacterêm icas p o r m i crorganism os G ram -negativos.
TRATAMENTO
Infecções por Achromobacter xulosoxidans
O tratam ento baseia-se no antibiogram a in vitro de todos os isola dos clinicam ente relevantes. O im ipenem , a piperacilina-tazobactam e o sulfam etoxazol-trim etoprim a (SM X-TM P) constituem os agentes m ais ativos, porém foram relatados isolados resistentes a m últiplos fárm acos que são apenas sensíveis à colistina.
Espécies de Aeromonas Mais de 85% das infecções p o r Aeromonas são causados p or A. hydrophila, A. caviae e A. veronii biovar sobria. A A eromonas prolifera em água potável, água fresca e no solo. C ontinua havendo controvérsia sobre o fato de a Aeromonas ser um a causa de gastrenterite bacte riana; com frequência, ocorre colonização assintom ática do trato in testinal p or Aeromonas. E ntretanto, foi constatado que raros casos de síndrom e h em olítico-urêm ica após diarréia sanguinolenta são secundários à presença de Aeromonas. A A eromonas causa sepse e bacterem ia em lactentes com m ú l tiplos problem as m édicos e em hospedeiros im unocom prom etidos, particularm ente naqueles com câncer ou com doença hepatobiliar. Podem ocorrer infecção e sepse p o r Aeromonas em pacientes que so freram traum atism o (incluindo traum atism o grave com m ionecrose) e em pacientes queim ados expostos a Aeromonas p o r contam inação am biental (com água doce ou terra) das feridas. As taxas de m or talidade relatadas variam de 25% em adultos im unocom prom etidos com sepse a > 90% em pacientes com m ionecrose. A Aerom onas pode produzir ectim a gangrenoso (vesículas hem orrágicas circun dadas por um a borda de eritem a com necrose e ulceração centrais; (ver Fig. e-7.35), lem brando as lesões observadas na infecção por Pseudomonas aeruginosa. A Aerom onas causa infecções hospitalares relacionadas a cateteres, incisões cirúrgicas ou uso de ventosas. O u tras m anifestações incluem fasciite necrosante, m eningite, peritonite, pneum onia e infecções oculares.
Tratamento de endocardite causada por organismos do grupo HACEK3 Tratamento inicial
Agentes alternativos
Comentários
Espécies de Haemophillus, Aggegatibacter actinomycetemcomitans
Ceftriaxona 2(g/dia)
Ampicilina/sulbactam (3 g de ampicilina q6h) ou fluoroquinolonas11
Ampicilina ± aminoglicosídio pode ser usado se o microrganismo não produz p-lactamasec
Cardiobacterium hominis
Ceftriaxona (2 g/dia)
Ampicilina/sulbactam (3 g de ampicilina a cada 6 h)
Deve-se usar penicilina (16 a 18 üm a cada 4 h) ou ampicilina (2 g a cada 4 h) se o microrganismo for sensível
Eikenella corrodens
Ampicilina (2 g a cada 4 h)
Ceftriaxona (2 g/dia) ou fluoroquinolonas6
0 microrganismo é tipicamente resistente à clindamicina, metronidazol e aminoglicosídios.
Kingella kingae
Ceftriaxona (2 g/dia) ou ampicilina/ sulbactam (3 g de ampicilina a cada 6 h2)
Fluoroquinolonas6
A prevalência de (3-lactamase produzindo cepas está aumentada. Eficácia para infecções invasivas é melhor demonstrada por tratamento de primeira linha
I Microrganismo
a0 antibiograma deve ser realizado em todos os casos para orientar o tratamento. Ver o texto para as durações recomendadas de tratamento. bAs fluoroquinolonas não são recomendadas para tratamento de crianças < 18 anos de idade. cAs diretrizes europeias para tratamento da endocardite recomendam a adição de gentamicina (3 mg/dia em 3 doses fracionadas, durante 2 a 4 semanas).
1234
TRATAMENTO
Infecções por Aeromonas
As espécies de Aeromonas são geralm ente sensíveis às fluoroqui nolonas (por exemplo, ciprofloxacino, na dose de 500 m g VO, a cada 12 h ou 400 m g IV, a cada 12 h), às cefalosporinas de tercei ra geração, carbapenem e am inoglicosídios. Com o a A eromonas pode pro d u zir várias (3-lactamases, incluindo carbapenem ases, deve-se efetuar um antibiogram a para orientar o tratam ento. A profilaxia com antibióticos (por exemplo, com ciprofloxacino) é indicada quando são usadas sanguessugas m edicinais.
Espécies de Capnocytophaga Este gênero de cocobacilos G ram -negativos fusiform es e exigentes é um anaeróbio facultativo, que necessita de um a atm osfera e n riq u e cida com dióxido de carbono para crescim ento ideal. A C.ochracea, a C. gingivalis, a C. haem olytica e a C. sputigena foram associadas à sepse em hospedeiros im u n ocom prom etidos, p a rticu larm en te p a cientes neutropênicos com ulcerações orais. Essas espécies tam bém foram isoladas de m uitos outros locais, h abitualm ente com o p arte de u m a infecção polim icrobiana. As infecções p o r C apnocytopha ga são, em sua m aioria contíguas com a orofaringe (p o r exem plo, doença periodontal, infecções do trato respiratório, abscessos cer vicais e endoftalm ite. A C. canim orsus e a C. cynodegm i são endógenas na boca de caninos (Cap. e24). Os pacientes infectados p o r essas espécies fre qu en tem en te fornecem um a h istó ria de m o rd ed u ra s p o r cão ou exposição a cães sem a rran h õ es ou m o rdeduras. A asplenia, a te rapia com glicocorticoides e o abuso de álcool con stitu em c o n d i ções predisponentes que p odem estar associadas à sepse grave com choque e coagulação intravascular dissem inada. Em geral, os p a cientes apresentam exantem a petequial, que po d e evoluir de lesões pu rp ú ricas para a gangrena. A m eningite, a endocardite, a celulite, a osteom ielite e a artrite séptica tam bém foram associadas a esses m icrorganism os.
TRATAMENTO
Infecções por Capnocytophaga
Espécies de Chryseobacterium O Chryseobacterium (anteriorm ente Flavobacterium) meningosepticum constitui um a im p o rtan te causa de infecções hospitalares, incluindo surtos devido a líquidos c o n tam in ad o s (p o r exem plo, desinfetantes e antibióticos aerossolizados) e infecções esporádicas p or dispositivos de dem ora, sondas alim entares e outros dispositi vos associados a líquidos. A infecção h ospitalar p o r meningosepticum acom ete habitualm ente recém -nascidos ou pacientes com im unossu pressão subjacente (p. ex., relacionada neoplasia m aligna). Foi rela tado que o C. meningosepticum causa m eningite (principalm ente em recém -nascidos), pneum onia, sepse, endocardite, bacterem ia e infec ções de tecidos moles. O C. indologenes já causou bacterem ia, sepse e pneum onia, em pacientes im unocom prom etidos com dispositivos de longa perm anência.
Infecções por Chryseobacterium
As criseobactérias são frequentem ente sensíveis às fluoroquinolo nas e ao SMX-TMP. Podem ser sensíveis a agentes 3-lactâm icos/ inibidores da P-lactam ase, com o piperacilina-tazobactam , mas p o d e m p o ssu ir (3-lactam ase de espectro am pliado e m etalo|3-lactamase. Deve-se efetuar um antibiogram a.
Pasteurella m ultocida P. multocida é um cocobacilo G ram -negativo de coloração bipolar, que coloniza os tratos respiratórios e gastrintestinal de anim ais d o mésticos; as taxas de colonização da orofaringe são de 70% a 90% em gatos e de 50% a 65% em cães. A P. multocida pode ser transm itida a seres hum anos p or m eio de m ordeduras ou arranhaduras, ou através do trato respiratório p or contato com poeira contam inada ou gotícu las infecciosas, ou ainda pelo depósito do m icrorganism o sobre a pele ou m ucosas lesionadas durante as lam bidas. A m aior parte das infec ções nos seres hum anos acom ete a pele e os tecidos moles; quase 66% dessas infecções são causados p o r gatos. Os pacientes nos extrem os de idade ou com distúrbios subjacentes graves (p. ex., cirrose, diabe tes) correm risco aum entado de m anifestações sistêmicas, incluindo m eningite, peritonite, osteom ielite e artrite séptica, endocardite e choque séptico; entretanto, ocorreram tam bém casos em indivíduos sadios. Q uando inalada, a P. multocida pode causar infecção aguda do trato respiratório, particularm ente em pacientes com doença sub jacente dos seios da face ou dos pulm ões.
TRATAMENTO
Infecções por Pasteurella multocida
A P. multocida é sensível à penicilina, am picilina, am picilina/sul bactam , cefalosporinas de segunda e de terceira gerações, tetraci clinas e fluoroquinolonas. Foram relatadas cepas produtoras de P-lactam ase.
OUTROS MICRORGANISMOS O Rhizobium (anteriorm ente Agrobacterium) radiobacter tem sido associado h abitualm ente a infecções na presença de dispositivos m édicos, incluindo infecções relacionadas a cateteres intravascula res, infecções de próteses articulares e valvares e peritonite causada p or cateteres de diálise. A m aior p arte dos casos ocorre em hospe deiros im unocom prom etidos, particu larm en te em indivíduos com neoplasia m aligna ou infecção pelo HIV. As cepas são habitualm ente sensíveis às fluoroquinolonas, cefalosporinas de terceira e de quarta gerações e carbapenens. A Shewanella putrefaciens e a S. algae são m icrorganism os ubí quos encontrados principalm ente na água do mar. Os tecidos desvitalizados po d em ser colonizados com Shewanella atuando com o nicho para a infecção sistêmica. As espécies de Shewanella provocam infecções da pele e dos tecidos m oles, úlceras crônicas dos m em bros inferiores, infecções da orelha, infecções dc trato biliar, pneum onia, fasciite necrosante, bacterem ia e sepse. A evolução fulm inante está associada à cirrose, neoplasia m aligna ou o utras condições subja centes graves. Os m icrorganism os são frequentem ente sensíveis às fluoroquinolonas, cefalosporinas de terceira e q uarta gerações e am i noglicosídios. O Chromobacterium violaceum tem sido responsável por infec ções potencialm ente fatais com sepse grave e abscessos m etastáticos, particularm ente em crianças com deficiência da função dos neu tró filos (por exem plo, crianças com doença granulom atosa crônica). O Ochrobactrum anthropi causa infecções relacionadas a cateteres venosos centrais em hospedeiros im unocom prom etidos; foram des critas outras infecções invasivas. O utros m icrorganism os implicados em infecções hum anas incluem espécies de Weeksella; vários grupos
Infecções Causadas pelo Grupo HACEK e por Outras...
Devido à produção crescente de (3-lactamase, um derivado da penicilina m ais um inibidor da |3-lactam ase - com o am picilina/ sulbactam (1,5 a 3,0 g de am picilina a cada 6 h) - são atualm ente recom endados para o tratam ento em pírico das infecções causadas p or espécies de Capnocytophaga. Se for constatada a sensibilidade do isolado, as infecções p o r C. canimorsus deve ser tratada com penicilina (12 a 18 m ilhões de unidades a cada 4 h). A Capnocyto phaga tam bém é sensível à clindam icina (600 a 900 m g a cada 6 a 8 h). Esse esquem a ou a am picilina/sulbactam devem ser a d m inistrados profilaticam ente a pacientes asplênicos que sofreram lesões p or m ordedura cão.
TRATAMENTO
1235
CDC, com o EF4 e Ve-2; espécies de Flavimonas-, espécies de Sphingobacterium; espécies de Protomonas; e Oligella urethralis. Recom enda-se ao leitor consultar livros de referências especializadas para infor m ações adicionais sobre esses m icrorganism os.
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CAPÍ TULO
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Infecções por Legionella Miguel Sabria Victor L. Yu A legionelose refere-se a duas síndrom es clínicas causadas po r bac térias do gênero Legionella. A febre de Pontiac é u m a doença febril aguda e autolim itada, correlacionada sorologicam ente a espécies do gênero Legionella, enquanto a doença dos legionários é a designação para a pneum onia causada p or essas espécies. A doença dos legioná rios foi identificada pela prim eira vez em 1976, quando ocorreu um surto de pneum onia em um hotel na Filadélfia, durante um a conven ção da Legião Am ericana.
■ MICROBIOLOGIA
Doenças Infecciosas
A família Legionellaceae com preende m ais de 50 espécies, com m ais de 70 sorogrupos. A espécie L. pneum ophila é responsável po r 80 a 90% das infecções hum anas e abrange pelo m enos 16 sorogrupos; os sorogrupos 1,4 e 6 são os m ais com um ente im plicados nas infecções hum anas. Até o m om ento, 18 espécies, além da L. pneum ophila, fo ram associadas a infecções hum anas, entre as quais a L. micdadei (o agente da pneum onia de Pittsburgh), L. bozemanii, L. dum offii e L. longbeachae são as m ais com uns. Os m em bros da fam ília Legionellaceae são bacilos G ram -nega tivos aeróbios que não crescem em m eios m icrobiológicos de rotina. O m eio utilizado para a cultura da Legionella é o ágar com extrato de levedura de carvão vegetal tam ponado (BCYE, na sigla em inglês).
■ ECOLOGIA E TRANSMISSÃO Os habitats naturais da L. pneum ophila são os m eios aquáticos, com o os lagos e riachos. A L. longbeachae já foi isolada do solo natural e de terra com ercial para vasos. As legionelas podem sobreviver em am pla variedade de condições ambientais; assim, p o r exemplo, os m i crorganism os podem sobreviver durante anos em am ostras de água refrigerada. As coleções naturais de água contêm apenas um pequeno núm ero de legionelas. E ntretanto, quando esses m icrorganism os p e netram em reservatórios de água construídos pelo hom em (com o sis tem as de água potável), podem crescer e proliferar. Os fatores reco nhecidos que aum entam a colonização e amplificação das legionelas incluem tem peraturas m ornas (25 a 42°C), crostas e sedim entos. A L. pneum ophila pode form ar m icrocolônias dentro de biofilmes; a sua erradicação dos sistemas de água potável exige o uso de desinfetan tes capazes de penetrar no biofilme. A presença de m icrorganism os sim bióticos, incluindo algas, am ebas, protozoários ciliados e outras bactérias aquáticas, prom ove o crescim ento de legionelas. Esses m i
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Ya g u p s k y
crorganism os podem invadir protozoários de vida livre e m ultiplicar-se em seu interior. A chuva e a um idade foram identificadas com o fatores de risco am bientais. A doença dos legionários esporádica adquirida na com unidade tem sido associada à colonização de suprim entos de água residenciais e industriais. Os sistemas de água potável em hospitais e instituições de assistência de longo prazo foram vinculados à doença dos legioná rios associada a cuidados médicos. As torres de resfriam en to e os c o n d en sad o res de evaporação foram su p e restim ad o s com o fontes de Legionella. As p rim eiras pesquisas que im plicaram as to rres de resfriam en to antecedem a descoberta de que o m icrorganism o tam bém po d e o correr na água potável. Em m uitos surtos atribuídos a torres de resfriam ento, casos de doença dos legionários c o n tin u aram o co rren d o apesar da desinfecção das torres; a água potável era a v erdadeira fonte do m icro r ganism o. Os postulados de Koch n u n ca foram preenchidos no caso dos surtos associados a to rres de resfriam ento com o o foram para a doença dos legionários a d q u irid a em hospitais. Todavia, as to r res de resfriam ento têm sido, em certas ocasiões, identificadas em surtos adquiridos na com unidade, in clu in d o um su rto em M urcia, Espanha, em que várias centenas de casos suspeitos de doença dos legionários o co rreram d e n tro de um p e río d o de 3 sem anas. C o n form e já assinalado, as infecções causadas p o r L. longbeachae foram associadas a terra usada para vasos, p o rém o m o d o de transm issão ainda não foi esclarecido. Existem diversos m odos de transm issão da Legionella aos seres hum anos, com o aerossolização, aspiração e instilação direta nos p u l m ões d urante as m anipulações do trato respiratório. A tualm ente, a aspiração constitui o m odo predom inante de transm issão, m as ainda não foi esclarecido se a Legionella p enetra nos pulm ões p o r m eio de colonização da orofaringe ou d iretam ente p o r m eio da ingestão de água contam inada. Foi d em onstrada a o co rrên ciaiie colonização da ofaringe em pacientes subm etidos a transplante. As sondas nasogástricas foram relacionadas com a doença dos legionários hospitalar; a m icroaspiração de água contam inada foi a suposto m o d o de tra n s missão. A cirurgia com anestesia geral constitui um fator de risco co nhecido compatível com aspiração. É particularm ente convincente a incidência relatada de 30% de doença dos legionários pós-operatória entre pacientes subm etidos a cirurgias da cabeça e pescoço em um hospital com suprim ento de água contam inado; a aspiração constitui seqüela reconhecida nesses casos. E studos de pacientes com a doença dos legionários hospitalar m o strara m que esses indivíduos foram subm etidos a intubação endotraqueal com u m a frequência e duração significativam ente m aiores do que os pacientes com pneum onia hos pitalar de outras etiologias. A aerossolização de Legionella p o r m eio de dispositivos com água de torneira, com o redem oinhos de água, nebulizadores e um idificadores, foi implicada. Uma m áquina de vapor ultrassônica, no setor de produção de um a m ercearia, foi o vetor em um surto na com unidade. A febre de Pontiac foi associada a aerossóis contendo Legionella de
m áquinas que utilizam água, torres de resfriam ento, condicionadores de ar e redem oinhos de água.
■ EPIDEMIOLOGIA A incidência da doença dos legionários depende do grau de contam i nação do reservatório aquático, estado im une dos indivíduos expos tos à água desse reservatório, intensidade da exposição e disponibi lidade de testes laboratoriais especializados nos quais o diagnóstico correto pode ser baseado. N um erosos estudos prospectivos classificaram a Legionella e n tre as quatro principais causas m icrobianas de p n eu m o n ia a d q u iri da na com unidade, resp o n d en d o p o r 2 a 9% dos casos (ocupando o Streptococcus pneum oniae, H aem ophilus influenzae e Chlam ydophila pneum oniae habitualm ente o prim eiro, segundo e terceiro lu gares, respectivam ente). C om base em estudo m u ltiospitalar sobre a p n eu m o n ia ad q u irid a na co m u n id ad e em O hio, os C enters for Disease C ontrol an d P revention (C D C ) estim aram que até 18.000 casos de doença dos legionários esporádica ad q u irid a na c o m u n i dade oco rrem anualm ente, nos EUA, e que apenas 3% desses ca sos são diagnosticado de m o d o correto. A Legionella é responsável p or 10 a 50% dos casos de pneu m o n ia hospitalar q u ando o sistem a de abastecim ento de água do hospital está colonizado com os m i crorganism os. A incidência da doença dos legionários hospitalar depende do grau de contam inação da água potável, definido pela taxa de positividade de am ostras de água em locais distais (não d e finido quantitativam ente pelo n ú m ero de u nidades form adoras de colônias p o r m ililitro). Os fatores de risco para a doença dos legionários consistem em tabagism o, doença pu lm o n ar crônica, idade avançada, hospitaliza ção anterior com alta no decorrer de 10 dias antes do aparecim ento dos sintom as de pneum onia, e im unossupressão. As condições im unossupressoras que predispõem à doença dos legionários consistem em transplante, infecção pelo H IV e tratam ento com glicocorticoi des ou com antagonistas do fator de necrose tum oral a . Todavia, em um estudo prospectivo de grande porte da pneum onia adquirida na com unidade, 28% dos pacientes com a doença dos legionários não apresentaram esses fatores de risco clássicos. A cirurgia constitui um fator predisponente proem inente na infecção hospitalar, e os recep tores de transplante são os que correm m aior risco. Na atualidade, ca sos hospitalares estão sendo reconhecidos entre neonatos e crianças im unossuprim idas. A febre de Pontiac ocorre em epidem ias. A elevada taxa de ata que (> 90%) reflete a sua transm issão aérea.
A Legionella penetra nos pulm ões p or m eio de aspiração ou inalação direta. A fixação do m icrorganism o às células do hospedeiro é m e diada p or pili bacterianos do tipo IV, proteínas do choque térm ico, um a proteína principal da m em brana externa e com plem ento. C om o o m icrorganism o possui pili capazes de m ediar a aderência às célu las epiteliais do trato respiratório, as condições que com prom etem a depuração mucociliar, com o tabagism o, doença pulm onar ou alcoo lismo, predispõem à doença dos legionários. As respostas im unes, tan to in ata q u a n to adaptativa, de se m penham um papel na defesa do hospedeiro. Os receptores Toll-like m edeiam o reconhecim ento da L. pneum ophila nos m acrófagos alveolares e intensificam o recrutam ento precoce dos neutrófilos para o local de infecção. Os m acrófagos alveolares fagocitam as legionelas po r um m ecanism o convencional ou de enrolam ento. A proteína de superfície de potencialização da infectividade dos m acrófagos (PIM ) intensifica a infecção dos m acrófagos. A pós a sua fagocitose, a L. pneum ophila escapa da destruição intracelular ao inibir a fusão do fagossom o com o lisossomo. E m bora m uitos m icrorganism os sejam destruídos, alguns proliferam no interior da célula até esta sofrer ru p tura; a seguir, as bactérias são novam ente fagocitadas p o r fagócitos recém -recrutados, e um novo ciclo recomeça. O papel dos neutrófilos na im unidade parece ser m ínim o: os pacientes com neutropenia não exibem predisposição à doença dos legionários. Em bora a L. pneum ophila seja suscetível a sistemas m i-
O sistem a im une hum oral é ativo contra a Legionella É possível m edir anticorpos IgM e IgG tipo-específicos algum as sem anas após a infecção. Os anticorpos in vitro prom ovem a destruição da Legionella p or fagócitos (neutrófilos, m onócitos e m acrófagos alveolares) Os anim ais im unizados desenvolvem um a resposta hum oral específica com resistência subsequente à exposição à Legionella. E ntretanto os anticorpos não intensificam a lise pelo com plem ento nem inibem a m ultiplicação intracelular dentro dos fagócitos. Algum as cepas d e L pneum ophila são claram ente m ais virulentas do que outras, em bora os fatores precisos que m edeiam a virulência perm aneçam incertos. Por exemplo, em bora m últiplas cepas possam colonizar sistem as de distribuição de água, apenas algum as provo cam doença em pacientes expostos à água desses sistemas. Pelo m e nos um epitopo de superfície da L. pneum ophila do sorogrupo 1 está associado à virulência. Um anticorpo m onoclonal do subtipo mAb2 foi associado à virulência. A L. pneum ophila do sorogrupo 6 está m ais com um ente envolvida na doença dos legionários hospitalar e tende m ais a estar associada a um desfecho adverso. Foi estabelecida a seqüência do genom a da L. pn eu mophila. A credita-se que um a am pla variedade de tran s portadores de m em brana dentro do genom a possa otim i zar o uso de nutrientes na água e no solo.
■ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E LABORATORIAIS Febre de Pontiac A febre de Pontiac consiste em u m a d o e n ça aguda, autolim itada e sem elhante à gripe, com p e río d o de incubação de 24-48 h. Não há o desenvolvim ento de p n eu m o n ia. O s sintom as m ais com uns, que ocorrem em 97% dos casos, consistem em m al-estar, fadiga e m ialgias. A febre (habitualm ente com calafrios) é observada em 80 a 90% dos casos, e ocorre cefaleia em 80%. O utros sintom as (obser vados em < 50% dos casos) consistem em artralgias, náuseas, tosse, d o r a b d o m in al e diarréia. A lgum as vezes, detecta-se leucocitose m odesta com p redom ínio de neutrófilos. O corre recuperação com pleta d en tro de poucos dias; não h á necessidade de a ntibioticote rapia. A lguns pacientes p o d e m ap resen tar cansaço du ran te m uitas sem anas após a recuperação. O diagnóstico é estabelecido p or soroconversão de anticorpos.
Doença dos legionários (pneumonia) A doença dos legionários é freq u e n tem e n te incluída no d iag n ó s tico diferencial de “p n e u m o n ia atípica”, ju n ta m e n te com a p n e u m o n ia causada p o r C. pneum oniae, C hlam ydophila, M ycoplasma pneum oniae, Coxiella burnetii e alguns vírus. As sem elhanças clí nicas entre esses tipos de p n e u m o n ia consistem em um a tosse rela tivam ente im p ro d u tiv a e baixa in cid ên cia de escarro francam ente purulento. E ntretanto, as m anifestações clínicas da doença dos le gionários são h a b itu a lm en te m ais graves do que as da m aioria das p n e u m o n ia s atípicas, e a evolução e o p rognóstico da pneum onia p or Legionella assem elham -se m ais estreitam ente aos da p n e u m o nia p n eu m o có cica b a cteria n a do que aos da p n e u m o n ia causada p o r ou tro s patógenos atípicos. O s pacientes com a doença dos le gionários a d quirida na co m u n id a d e apres'entam um a p robabilida de significativam ente m aio r de serem in te rn ad o s em u n id ad e de terapia intensiva à apresentação do que os pacientes com p n e u m o nia decorrente de outras etiologias. O período de incubação da doença dos legionários é habitual m ente de 2-10 dias, em bora tenham sido docum entados períodos mais longos de incubação. Os sinais e sintom as podem incluir des de um a tosse leve e febre baixa até estupor com infiltrado pulm onar dissem inado e falência de m últiplos sistem as. No início da doença, são observados sintom as inespecíficos - m al-estar, fadiga, anorexia e cefaleia. As mialgias e artralgias são incom uns, porém proem inentes em alguns pacientes. Os sintom as das vias respiratórias superiores, com o a coriza, são raros. A tosse leve observada na doença dos legionários é apenas li geiram ente produtiva. A lgum as vezes, o escarro é raiado de sangue.
Infecções por Legionella
■ PATOGENIA E IMUNIDADE
crobiológicos dependentes de oxigênio in vitro, resiste à destruição pelos neutrófilos.
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QUADRO 147.1 legionários
Indícios clínicos sugestivos da doença dos
Diarréia Febre alta (> 40°C) Numerosos neutrófilos, porém nenhum microrganismo revelado pela coloração de Gram das secreções respiratórias Hiponatremia (nível sérico de sódio < 131 mg/dL) Incapacidade de responder a antibióticos (3-lactâmicos (penicilinas ou cefalosporinas) e aminoglicosídios Ocorrência de doença em ambiente em que se sabe que o suprimento de água potável está contaminado por Legionella Início dos sintomas 10 dias após a alta hospitalar
Doenças Infecciosas
A do r torácica - pleurítica ou não - pode constituir m anifestação proem inente e, quando acom panhada de hem optise, pode levar ao diagnóstico incorreto de em bolia pulm onar. A dispnéia é relatada em cerca de 33 a 50% dos pacientes. As dificuldades gastrintestinais são frequentem ente pro n u n cia das; 10 a 20% dos pacientes apresentam d or abdom inal, náuseas e vôm itos. A diarréia (m ais aquosa do que sanguinolenta) é relatada em 25 a 50% dos casos. As anorm alidades neurológicas m ais com uns consistem em confusão ou alteração do estado m ental; entretanto, os num erosos sintom as neurológicos relatados incluem desde cefaleia e letargia até encefalopatia. Os pacientes com a doença dos legionários quase sem pre apre sentam febre. Foram registradas tem peraturas acim a de 40,5°C em 20% dos casos em um a série. A bradicardia relativa tem sido exces sivam ente enfatizada com o achado diagnóstico útil; ocorre p rim a riam ente em pacientes de m ais idade com pneum onia grave. O exa m e do tórax revela estertores no início da evolução e evidências de consolidação com a evolução da doença. O exam e do abdom e pode revelar hipersensibilidade generalizada ou localizada. Em bora as m anifestações clínicas frequentem ente consideradas clássicas da doença dos legionários (Q u ad ro 147.1) possam sugerir o diagnóstico, estudos com parativos prospectivos m ostraram que as m anifestações clínicas em geral são inespecíficas e que a doença dos legionários não é facilm ente distinguível da p n eu m o n ia de outras etiologias. Em um a revisão de 13 estudos de pneum onia adquirida na com unidade, as m anifestações clínicas que ocorreram com frequên cia significativam ente m aior na doença dos legionários consistiram em diarréia, achados neurológicos (incluindo confusão) e tem peratu ra de > 39°C. A hiponatrem ia, elevação das provas de função hepática e hem atúria tam bém ocorreram com mais frequência na doença dos legionários. O utras anorm alidades laboratoriais consistiram em ele
Figura 147.1 Achados na radiografia de tórax de um homem de 52 anos de idade que apresentou pneumonia subsequentemente diagnosticada como doença dos legionários. 0 paciente era fumante e apresentava doença pulmonar obstrutiva crônica, bem como miocardiopatia alcoólica; havia recebido glicocorticoides. A L. pneumophila foi identificada pela coloração com anticorpo
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vação da creatinofosfoquinase, hipofosfatem ia, elevação da creatini na sérica e proteinúria. Os casos esporádicos de doença dos legionários pare cem ser m ais graves do que os casos associados a surtos e adquiridos em hospitais, presum ivelm ente porque o seu diagnóstico é tardio. Os resultados do E studo A lem ão CAPNETZ m ostraram que, entre os casos de pneum onia p or Legionella adquiri da na com unidade, os casos am bulatoriais são tão com uns quanto os casos que exigem hospitalização.
•
Legionelose extrapulmonar C om o a p o rta de entrada para a Legionella é o pulm ão em pratica m ente todos os casos, as m anifestações extrapulm onares resultam habitualm ente de dissem inação hem atogênica a p artir do pulmão. A Legionella foi identificada nos linfonodos, baço, fígado ou rins em necropsia de casos. O local extrapulm onar mais com um da legio nelose é o coração; num erosos relatos descreveram a ocorrência de m iocardite, pericardite, síndrom e pós-cardiotom ia e endocardite de próteses valvares. A m aioria dos casos foi adquirida no hospital. Em alguns pacientes que não apresentam evidências francas de pneu m o nia, os m icrorganism os podem p e n etrar p o r m eio de ferida esternal pós-operatória exposta a água contam inada ou de local de inserção de tubo m ediastinal. A sinusite, peritonite, pielonefrite, infecção da pele e dos tecidos moles, artrite séptica e pancreatite têm sido obser vadas predom inantem ente em pacientes im unossuprim idos.
Radiografia de tórax Praticam ente todos os pacientes com a doença dos legionários apre sentam radiografias de tórax anorm ais que revelam infiltrados pulm o nares por ocasião da apresentação clínica. Em alguns casos de doença hospitalar, a febre e os sintom as do trato respiratório têm precedido o aparecim ento do infiltrado na radiografia. Os achados radiológi cos são inespecíficos. O derram e pleural é evidente em 28 a 63% dos pacientes na sua internação. Nos pacientes im unossuprim idos, p a rti cularm ente naqueles em uso de glicocorticoides, podem -se observar opacidades nodulares arredondadas distintas; essas lesões podem so frer expansão e cavitação (Fig. 147.1). De form a sem elhante, podem ocorrer abscessos em hospedeiros im unossuprim idos. A progressão dos infiltrados e do derram e pleural na radiografia de tórax, a despei to da antibioticoterapia apropriada na prim eira sem ana, é com um , e a m elhora radiográfica aparece mais tarde, vários dias após a m elhora clínica. A resolução com pleta dos infiltrados leva 1-4 meses.
■ DIAGNÓSTICO Tendo em vista as m anifestações clínicas inespecíficas da doença dos legionários e as taxas elevadas de m ortalidade da doença não tra ta da, recom enda-se o uso do teste para Legionella - particularm ente o teste do antígeno de Legionella u rinário - para todos os pacientes
fluorescente direto e cultura de escarro. A, radiografia de tórax basal que mostra cardiomegalia de longa data. B, radiografia de tórax feita na internação mostrando novas opacidades circulares. C, radiografia de tórax obtida 3 dias após a internação durante o tratamento com eritromicina.
QUADRO 147.2 Utilidade dos testes laboratoriais especiais para o diagnóstico da doença dos legionários 1 Teste
Sensibilidade, %
Especificidade, % |
Cultura Escarro*
80
Aspirado transtraqueal
90
100
Coloração do escarro com anticorpo fluorescente direto
50 a 70
96 a 99
Teste do antígeno urinário6 Sorologia de anticorpos"
100
70
100
40 a 60
96 a 99
Uso de múltiplos meios seletivos com corantes. "Apenas o sorogrupo 1. “Teste da IgG e IgM em amostras de soro das fases aguda e convalescente. Um único título de 2: 1 :256 é considerado presuntivo, enquanto uma soroconversão de quatro vezes é tida como definitiva.
com pneum onia adquirida na com unidade, incluindo pacientes com pneum onia am bulatorial e crianças hospitalizadas. É necessária um a disponibilidade mais am pla das culturas para Legionella, um a vez que o teste do antígeno urinário pode diagnosticar apenas L. pneum ophi la do sorogrupo 1. Nos hospitais onde a água potável é com provadam ente colonizada por espécies de Legionella, as culturas para este m icrorganism o devem ser rotineiram ente disponíveis para todos os pacientes com pneum onia hospitalar. O diagnóstico da doença dos legionários exige o uso de testes m icrobiológicos especiais (Q uadro 147.2). A sensibilidade das am os tras de broncoscopia é sem elhante àquela das am ostras de escarro para cultura em m eios seletivos; se não houver escarro disponível, as am ostras de broncoscopia p oderão levar ao crescim ento do m i crorganism o. O líquido do lavado broncoalveolar apresenta um a taxa m aior de crescim ento do que as am ostras de lavado brônquico. D e verá ser efetuada um a toracocentese se for constatada a presença de derram e pleural, e o líquido deverá ser avaliado p o r coloração com anticorpo fluorescente direto, cultura e ensaio de antígeno desenvol vido para uso na urina.
Coloração
Cultura O m étodo definitivo de diagnóstico da infecção p or Legionella co n siste no isolam ento do m icrorganism o de secreções respiratórias, em bora seja necessária u m a c u ltu ra de 3-5 dias. O s antibióticos acrescentados ao m eio de cultura suprim em o crescim ento da flora com petitiva de locais não estéreis, e os corantes visualizam as colô nias e ajudam na sua identificação. É necessário o uso de m últiplos m eios BCYE seletivos para atingir um a sensibilidade m áxim a. Q uan do as placas de cultura exibem um crescim ento excessivo de outra flora, o pré-tratam ento da am ostra com ácido ou calor pode m elho rar acentuadam ente a positividade. C om frequência, a L. p n e u m o phila é isolada de escarro que não é puru len to ao exam e m acroscó pico ou microscópico; as am ostras de escarro que contêm m ais de 25 células epiteliais p or cam po de grande aum ento (achado que sugere
Detecção de anticorpos É necessário efetuar um teste de anticorpos em amostras de soro das fases aguda e convalescente. U m a elevação de quatro vezes no título é diagnostica; com frequência, são necessárias 12 sem anas para a de tecção de resposta dos anticorpos. Um único título de 1:128 em um paciente com pneum onia fornece evidência circunstancial da doença dos legionários. A sorologia é utilizada principalm ente em estudos epidem iológicos. A especificidade da sorologia para outras espécies de Legionella além da L. pneum ophila é incerta; observa-se um a re atividade cruzada com outras espécies de Legionella e alguns bacilos Gram -negativos.
Antígeno urinário O ensaio p ara o antígeno solúvel da Legionella n a u rin a é rápido, relativam ente barato, de fácil execução, apenas superado pela cul tu ra em term o s de sensibilidade e altam ente específico. D ispõe-se no com ércio de vários im unoensaios enzim áticos e de um ensaio im unocrom atográfico rápido. O ensaio im unocrom atográfico rápi do é relativam ente barato e de fácil execução. O teste do antígeno urinário está disponível apenas para a L. pneum ophila do sorogrupo 1, que causa cerca de 80% das infecções p o r Legionella. A reativi dade cruzada com outros sorogrupos de L. pneum ophila e com o u tras espécies de Legionella foi detectada em até 22% das am ostras de urina de pacientes com casos com provados p o r cultura. O antígeno urinário pode ser detectado 3 dias após o início da doença clínica e desaparece em 2 meses; a positividade pode ser prolongada quando os pacientes recebem glicocorticoides. O teste não é afetado pela a d m inistração de antibióticos.
Métodos moleculares A coloração pelo AFD po d e identificar diversas espécies de Legio nella. A m bos os corantes de a n tic o rp o s p oliclonais e antico rp o s m onoclonais são com ercialm ente disponíveis. E m bora sua aplica ção seja atualm ente restrita a pesquisas, a reação em cadeia da p o lim erase (PCR) com sondas de D N A é, teoricam ente, m ais sensível e m ais específica do que os ou tro s m étodos. U m a sonda m olecular está sendo avaliada. A PCR m o stro u -se ligeiram ente útil na id en ti ficação da Legionella em am ostras de água am biental. N a PCR (ao c o ntrário da cultura), não é possível efetuar associações epidem iológicas, visto que o patógeno infectante não está disponível para a subtipagem m olecular.
TRATAMENTO
Infecção por Legionella
Com o a Legionella é um patógeno intracelular, os antibióticos ca pazes de atingir concentrações intracelulares elevadas têm m ais probabilidade de serem clinicam ente efetivos. As doses dos vários m edicam entos utilizados no tratam e n to da infecção p o r Legio nella estão correlacionadas no Q u a d ro 147.3. Os m acrolídios (especialm ente a azitrom icina) e as q u in o lonas respiratórias constituem , na atualidade, os antibióticos de escolha, m ostrando-se eficazes com o m onoterapia. Em com pa ração com a eritrom icina, os m acrolídios m ais recentes possuem atividade in vitro superior, exibem m aior atividade intracelular, alcançam concentrações m ais altas nas secreções respiratórias e no tecido pulm onar, e apresentam m enos efeitos adversos. A far m acocinética dos novos m acrolídios e das quinolonas tam bém perm ite a adm inistração de um a ou duas doses ao dia. As q uino lonas constituem os antibióticos preferidos para os receptores de transplante, visto que tanto os m acrolídios quanto a rifam picina interagem farm acologicam ente com a ciclosporina e o tacrolimo. Estudos retrospectivos não controlados m ostraram que as com plicações da pneum onia ocorrem em m enor núm ero e a resposta clínica é m ais rápida em pacientes que recebem quinolonas do que nos tratados com m acrolídios. Os agentes alternativos in-
Infecções por Legionella
A coloração de G ram de m aterial obtido de locais norm alm ente es téreis, com o o líquido pleural ou tecido pulm onar, sugere algum as vezes o diagnóstico; os esforços para a detecção da Legionella no escarro por m eio da coloração de G ram revelam num erosos leucó citos, porém n en h u m m icrorganism o. Q uando são visualizados, os m icrorganism os aparecem com o pequenos bacilos G ram -negativos pleom órficos e pálidos. Os m icrorganism os L. micdadei p odem ser detectados em am ostras clínicas na form a de bacilos fraca ou parcial m ente álcool-ácido-resistentes. O teste do anticorpo fluorescente direto (AFD) é rápido e alta m ente específico, porém m enos sensível do que a cultura devido à necessidade de grande núm ero de m icrorganism os para visualização microscópica. Esse teste tende mais a ser positivo na doença avança da do que no início da doença.
classicam ente a presença de contam inação) ainda podem p erm itir o crescim ento da L. pneumophila.
1239
QUADRO 147.3 Legionella
Antibioticoterapia para a infecção por
Agente antimicrobiano
Dosea
|
Macrolídios Azitromicina
500 mg* V0 ou IVCa cada 24 h
Claritromicina
500 mg V0 ou IVCa cada 12 h
que não recebem tratam ento antim icrobiano apropriado no início da evolução da doença. Com a antibioticoterapia apropriada e adm inis trada no m om ento correto, as taxas de m ortalidade da doença dos legionários adquirida na com unidade em pacientes im unocom petentes varia de 0 a 11%; sem tratam ento, esse valor pode atingir 31%. Em um estudo de sobreviventes de um surto da doença dos legionários adquirida na com unidade, foram observados seqüelas de fadiga, sin tom as neurológicos e fraqueza em 63 a 75% dos pacientes 17 meses após o tratam ento com antibióticos.
Quinolonas Levofloxacino
750 mg IV a cada 24 h 500 mg* V0 a cada 24 h
Ciprofloxacino
400 mg IV a cada 8 h 750 mg V0 a cada 12 h
Moxifloxacino
400 mg6V 0a ca da 24 h
Cetolídio Telitromicina
800 mg V0 a cada 24 h
Tetraciclinas Doxiciclina
100 mg6V0 ou IVa cada 12 h
Minociclina
100 mg6V0 ou IVa cada 12 h
Tetraciclina
500 mgVO ou IVa cada 6 h
Tigeciclina
Dose de ataque de 100 mg IV; a seguir, 50 mg IV a cada 12 h
Outros Sulfametoxazol-trimetoprima
800/160 mg IV a cada 8 h 800/160 mg V0 a cada 12 h
Rifampicina^
300 a 600 mg V0 ou IV a cada 12 h
aAs doses provêm da experiência clínica. "Os autores recomendam dobrar a primeira dose. CA formulação IV não está disponível em alguns países. tfA rifampicina só deve ser utilizada em combinação com um macrolídio ou uma quinolona.
Doenças Infecciosas
cluem a tetracilina e seus análogos, a doxiciclina e am inociclina. A tigeciclina m ostra-se ativa in vitro, porém a experiência clínica com este fárm aco é m ínim a. Relatos inform ais descreveram su cessos e fracassos com o sulfam etoxazol-trim etoprim a, o im ipeném e a clindam icina. Para pacientes gravem ente enferm os com infiltrados pulm onares extensos, pode se considerar um a com bi nação de dois fárm acos, com um m acrolídio m ais recente ou um a quinolona mais rifam picina para tratam ento inicial. A rifam picina m ostra-se altam ente ativa in vitro e em m o d e los celulares, porém a sua interação com m uitas outras m edica ções, incluindo m acrolídios, é problem ática. O tratam ento inicial deve ser adm inistrado p o r via intravenosa. Em geral, obtém -se u m a resposta clínica em 3-5 dias, quando pode se instituir o tra tam ento oral. A duração total do tratam ento no hospedeiro im unocom petente é de 10-14 dias; um ciclo m ais longo (3 sem anas) pode ser apropriado para os pacientes im unossuprim idos e aque les com doença avançada. N o caso da azitrom icina, com m eia-vida longa, um ciclo de 5-10 dias é suficiente. A febre de Pontiac exige apenas tratam ento sintom ático sem tratam ento antim icrobiano.
■ PROGNÓSTICO As taxas de m ortalidade da doença dos legionários varia de acordo com a doença subjacente do paciente e a sua gravidade, o estado im u nológico do paciente, a gravidade da pneum onia e o m om ento de a d m inistração da terapia antim icrobiana apropriada. As taxas de m o r talidade são m ais altas (80%) entre os pacientes im unossuprim idos
124 0
■ PREVENÇÃO R ecom enda-se um a cu ltura am biental rotineira do su p ri m ento de água do hospital com o abordagem na prevenção da doença dos legionários de origem hospitalar. As d ire trizes que exigem essa abordagem proativa foram adotadas em vá rios estados dos EUA. As culturas positivas do suprim ento de água exigem o uso de testes laboratoriais especializados (particularm ente culturas em m eios seletivos e teste do antígeno urinário) para os p a cientes com pneum onia hospitalar. Os estudos realizados m ostraram que nem um alto grau de lim peza externa do sistem a de água nem a aplicação rotineira de m edidas de m anutenção dim inuem a frequên cia ou intensidade da contam inação p o r Legionella. Por conseguinte, as diretrizes de engenharia e norm as de construção, em bora rotinei ram ente defendidas com o m edidas preventivas, têm pouco im pacto sobre a presença da Legionella. A desinfecção do suprim ento de água potável é efetiva. Dois m é todos d em onstraram ser confiáveis e com relação custo-benefício favorável. O m étodo de superaquecim ento e lavagem requer o aque cim ento da água até que a tem p eratu ra da saída distai seja de 70 a 80°C e a lavagem das saídas distais com água quente durante pelo m enos 30 m inutos. Esse m étodo é ideal para as situações de em er gência. Os sistem as com erciais de ionização com cobre e prata d e m onstraram ser efetivos em num erosos hospitais. O dióxido de cloro é um a m odalidade prom issora. Os filtros para água de torneira têm sido efetivos em áreas com pacientes de alto risco, com o as unidades de transplante ou de terapia intensiva. A hipercloração não é mais recom endada devido a seu alto custo, carcinogenicidade, efeitos cor rosivos na tubulação e eficácia duvidosa.
•
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CAPÍ TULO
148 i
Coqueluche e Outras Infecções por Bordetella ScottA. Halperin A coqueluche é um a infecção aguda do trato respiratório causada pela Bordetella pertússis. O term o pertússis significa tosse violenta, que descreve apropriadam ente a característica m ais constante e p ro em inente da doença. O ruído inspiratório produzido no final de um episódio de tosse paroxística deu origem ao nom e com um da doença, coqueluche. E ntretanto, essa característica m ostra-se variável: é in co m um em lactentes com < 6 meses de idade e frequentem ente ausente em crianças m aiores e adultos. A denom inação chinesa para a co queluche é tosse de 100 dias, o que descreve acuradam ente a evolução clínica da doença. A identificação da B. pertússis foi inicialm ente re latada por Bordet e Gengou em 1906, e as vacinas foram produzidas nas duas décadas seguintes.
■ MICR0BI0L0GIA
■ EPIDEMI0L0GIA A coqueluche é u m a doença altam ente contagiosa, cuja taxa de ataque é de 80 a 100% entre os contatos dom iciliares não im unizados e de 20% entre os contatos dom iciliares em p o pulações bem -im unizadas. A infecção tem um a distribuição m u n dial, com surtos cíclicos a cada 3-5 anos (um padrão que vem persis tindo a despeito da im unização dissem inada). A coqueluche ocorre em todos os meses; todavia, nos EUA atinge o seu pico de atividade no verão e outono. N os países em desenvolvim ento, a coqueluche continua sendo im portante causa de m orbidade e m ortalidade infantis. A incidência relatada da coqueluche no m undo inteiro d im inuiu em decorrência de m elhor cobertura com vacinas. Todavia, as taxas de cobertura ain da são < 50% em m uitos países em desenvolvim ento (Fig. 148.1). A O rganização M undial da Saúde (OM S) estim a que 90% da carga da coqueluche ocorrem em regiões em desenvolvim ento. Além disso, o relato superestim ado da cobertura de im unização e a subnotificação da doença resultam em considerável subestim ativa da carga global da coqueluche. A OMS estim ou que, em 2004, ocorreram 254.000 m ortes por coqueluche entre crianças. Antes da instituição de program as de im unização dissem inados no m undo desenvolvido, a coqueluche era um a das causas infeccio sas m ais com uns de m orbidade e óbito. N os EUA, antes da década de 1940, entre 115.000 e 270.000 casos da doença eram notificados anualm ente, com taxa anual m édia de 150 casos p or 100.000 habi tantes. Com a im unização infantil universal, o núm ero de casos n o tificados caiu para m ais de 95% com redução ainda m aior nas taxas de m ortalidade. Apenas 1.010 casos de coqueluche foram notificados em 1976 (Fig. 148.2). Depois disso, as baixas taxas históricas da co queluche aum entaram lentam ente, alcançando um pico de > 25.000 casos anualm ente em 2004 e 2005. Em 2007, foram relatados 10.454 casos de coqueluche nos EUA. E m bora seja co nsiderada um a doença infantil, a coqueluche pode afetar pessoas de todas as idades e está sendo cada vez mais identificada com o causa de doença tussígena prolongada em ad o lescentes e adultos. Em populações não im unizadas, a incidência de coqueluche atinge o seu pico nos anos pré-escolares, e bem mais de 50% das crianças apresentam a doença antes de atingir a idade adulta. Nas populações altam ente im unizadas, com o a da A m érica do Norte, a incidência m áxim a é observada entre lactentes com m enos de 1 ano de idade que ainda não concluíram a série de im unização prim ária com três doses. Entretanto, as tendências recentes m ostram um a in cidência crescente de coqueluche entre adolescentes e adultos. Em 2007, nos EUA, em bora lactentes com < 6 m eses de idade tenham tido a m aior incidência de coqueluche, a m aioria dos casos foi n o tificada em adolescentes e adultos. Além disso, os núm eros para os adolescentes e adultos provavelm ente são subestim ativas, devido ao m aior grau de subidentificação e subnotificação nesses grupos etá-
Coqueluche e Outras Infecções por Bordetella
Entre as 10 espécies identificadas do gênero Bordetella, apenas três são de im portância clínica significativa. A B. pertússis infecta som en te os seres hum anos e constitui a espécie de Bordetella m ais im p o r tante causadora de doença hum ana. A B. parapertussis produz um a doença em seres hum anos que se assem elha à coqueluche, porém é m ais leve; foram docum entadas coinfecções p or B. parapertussis e B. pertússis. A B. bronchiseptica é um im portante patógeno de anim ais dom ésticos que causa tosse cani na em cães, rinite atrófica e pneum onia em porcos, bem com o p n e u m onia em gatos. Tanto a infecção respiratória quanto infecções o por tunistas p o r B. bronchiseptica são relatadas, em certas ocasiões, no hom em . Duas espécies adicionais, B. hinzii e B. holmesii, constituem causas incom uns da bacterem ia; am bas foram isoladas de pacientes com sepse, mais frequentem ente de pacientes im unocom prom etidos. As espécies de Bordetella são bacilos G ram -n eg ativ o s pleom órficos aeróbios que c o m p a rtilh am características genotípicas com uns. A B. pertússis e B. parapertussis são as espécies m ais p a re cidas, p orém a B. parapertussis n ão expressa o gene que codifica a toxina da coqueluche. A B. pertússis é um m icrorganism o exigente de crescim ento lento que necessita de m eio de cultura seletivo e que form a pequenas colônias bifurcadas e brilhantes. As colônias sus peitas são p resuntivam ente identificadas com o B. pertússis p o r m eio do teste do anticorpo fluorescente (AFD) direto ou aglutinação com a nti-soro específico de cada espécie. A B. pertússis é, ainda, dife renciada de outras espécies de Bordetella pelas suas características bioquím icas e de m otilidade. A B. pertússis produz am pla série de toxinas e produtos biologi cam ente ativos, im portantes na sua patogenia e im unidade. Esses fa tores de virulência estão, em sua m aioria, sob o controle de um único locus genético que regula a sua produção, resultando em m odulação antigênica e variação de fase. E m bora estes processos ocorram ta n to in vitro quanto in vivo, sua im portância na biopatologia de tais m icrorganism os perm anece desconhecida; podem desem penhar um papel na persistência intracelular e dissem inação de pessoa a pessoa. O fator de virulência m ais im portante do m icrorganism o é a toxina da coqueluche, com posta p o r um a subunidade B de ligação a oligôm eros e um p rom otor A, enzim aticam ente ativo, que ribosila um a proteína reguladora de ligação dos nucleotídios da guanina (proteína G) com ADP nas células-alvo, p roduzindo um a variedade de efeitos biológicos. A toxina da coqueluche apresenta um a atividade m itogê-
nica im portante, afeta a circulação dos linfócitos e serve com o adesina para a ligação das bactérias às células ciliadas respiratórias. O utros fatores de virulência e adesinas im portantes incluem a hemaglutinina filam entosa, um com ponente da parede celular, e a pertactina, um a proteína da m em brana externa. As fím brias, apêndices bacterianos que desem penham um papel na fixação das bactérias, constituem os principais antígenos contra os quais os anticorpos aglutinadores são dirigidos. Esses anticorpos aglutinadores foram , historicam ente, os principais m eios de sorotipagem das cepas de B. pertússis. O utros fa tores de virulência incluem a citotoxina traqueal, que provoca lesão do epitélio respiratório; a toxina da adenilato ciclase, que com pro m ete a função das células im unes do hospedeiro; a toxina derm onecrótica, que pode c ontribuir p ara a lesão da m ucosa respiratória; e o lipooligossacarídio, que possui propriedades sem elhantes às das outras endotoxinas de b actérias Gram -negativas.
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100
2.500.000
□
N úm ero de casos
C o b ertura oficial
Figura 148.1 Incidência anual global notificada de coqueluche e taxa de cobertura com DTP3 (vacina contra difteria, tétano e coqueluche, três doses), 1980-2008. (© Organização Mundial da Saúde, 2009. Todos os direitos
rios. Diversos estudos de doença tussígena prolongada sugerem que a coqueluche pode constituir o agente etiológico em 12 a 30% dos adultos com tosse que não m elhora em 2 sem anas. Em u m estudo da eficácia de um a vacina anticoqueluche acelular em adolescentes e adultos, a incidência de coqueluche no grupo que recebeu placebo foi de 3,7-4,5 casos p or 1.000 pessoas-ano. Mas, em bora esse estu do prospectivo de coorte tenha fornecido estim ativa m ais baixa que os estudos de doença tussígena, seus resultados ainda significam 600.000-800.000 casos de coqueluche em adultos p o r ano nos EUA. Todavia, a m orbidade grave e elevada taxa de m ortalidade estão qua se totalm ente restritas aos lactentes. No C anadá, ocorreram 16 m o r tes p or coqueluche entre 1991 e 2001; todos os pacientes que m o r reram eram lactentes com até 6 meses de idade. E m bora as crianças de idade escolar constituam a fonte de infecção para a m aioria dos contatos dom iciliares, os adultos representam a provável fonte para os lactentes de alto risco e podem servir de reservatório da infecção entre os anos epidêmicos.
'E stim a tiv a s da O M S /U N IC E F
reservados. De http://www. who.int/immunization.monitoring/diseases/pertussis/en/ index.html. Fonte: WHO/IVB database, 2009.)
■ PATOGENIA A infecção p o r B. pertussis com eça pela fixação do m icrorganism o às células epiteliais ciliadas da nasofaringe. A fixação é m ediada por adesinas de superfície (p. ex., pertactin a e hem aglutinina filam entosa) que se ligam à família das integrinas das proteínas de superfície celular, provavelm ente em associação com a toxina da coqueluche. O papel das fím brias na aderência e m anutenção da infecção ainda não foi totalm ente delineado. No local de fixação, o m icrorganism o m ul tiplica-se, produzindo um a variedade de outras toxinas que causam lesão na m ucosa local (citotoxina traqueal, toxina derm onecrótica). O com prom etim ento da defesa do hospedeiro pela B. pertussis é m e diado pela toxina da coqueluche e toxina da adenilato ciclase. O corre invasão celular local com persistência intracelular da bactéria; entre tanto, não há dissem inação sistêm ica. As m anifestações sistêm icas (linfocitose) resultam dos efeitos das toxinas. A patogenia das m anifestações clínicas da coqueluche ainda foi pouco elucidada. Não se sabe o que causa a tosse paroxística caracte-
CD o o o ' co
CO cn
A no
Figura 148.2
Incidência de coqueluche (por 100.000 habitantes) por ano, nos Estados Unidos, 1976-2006. [De Centers for Disease Control and Prevention,
MMWR Morb Mortal Wkly Rep 55(53):60,2008.[
1242
rística. Foi proposto um papel fundam ental para a toxina da coque luche. Os proponentes dessa posição apontam para a eficácia da p re venção dos sintom as clínicos com um a vacina que contenha apenas o toxoide da coqueluche. Os opositores contra-atacam afirm ando que a toxina da coqueluche não constitui o fator fundam ental, visto que a tosse paroxística tam bém ocorre em pacientes infectados p or B. para pertussis, que não produz a toxina da coqueluche. Acredita-se que os eventos neurológicos observados na coqueluche, com o as convulsões e a encefalopatia, sejam causados m ais pela hipoxia decorrente dos paroxism os da tosse ou apneia do que dos efeitos de produtos bacte rianos específicos. A pneum onia p o r B. pertússis ocorre em até 10% dos lactentes com coqueluche, sendo habitualm ente infecção p rim á ria bilateral difusa. Nas crianças m aiores e nos adultos com coque luche, a pneum onia deve-se, com frequência, a infecção bacteriana secundária por estreptococos ou estafilococos.
QUADRO 148.1 Manifestações clínicas da coqueluche por grupo etário e fase do diagnóstico Porcentagem de pacientes Adolescentes e adultos Manifestação
Confirmação laboratorial
Sem confirmação laboratorial
Crianças
Tosse
95 a 100
95 a 100
95 a 100
Prolongada
60 a 80
60 a 80
60 a 95
Paroxística
60 a 90
50 a 90
80 a 95
Que perturba o sono
50 a 80
50 a 80
90 a 100
Guincho
10 a 40
5 a 30
40 a 80
Vômitos pós-tosse
20 a 50
5 a 30
80 a 90
■ IMUNIDADE A credita-se que tanto a im unidade hum oral quanto a celular sejam im portantes na coqueluche. Os anticorpos contra a toxina da coque luche, hem aglutinina filam entosa, p ertactina e fím brias são pro teto res em m odelos anim ais. As aglutininas da coqueluche foram cor relacionadas com proteção em estudos iniciais de vacinas celulares integrais contra a coqueluche. Não foram estabelecidos correlatos sorológicos da proteção conferida pelas vacinas acelulares anticoqueluche, apesar de o anticorpo contra pertactina, contra fím brias e (em m enor grau) contra a toxina da coqueluche ter sido m ais bem -correlacionado com a proteção em dois estudos clínicos de eficácia. A duração da im unidade após a adm inistração da vacina celular inte gral contra a coqueluche é curta, com persistência de pouca proteção depois de 10-12 anos. Depois de um a série prim ária de três doses para lactentes de vacina acelular contra a coqueluche, a proteção p e r siste durante pelo m enos 5-6 anos; a duração da im unidade depois de um esquem a de quatro ou cinco doses ainda não é conhecida, porém os estudos sorológicos e de m odelagem sugerem que pode haver n e cessidade de um reforço depois dos 10 anos. E m bora a im unidade após a infecção natural fosse considerada perm anente, as evidências soroepidem iológicas dem onstram que isso claram ente não ocorre, sendo os episódios subsequentes de coqueluche clínica evitados p or infecções subclínicas interm itentes.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
■ COMPLICAÇÕES A coqueluche está frequentem ente associada a com plicações, m ais com uns entre lactentes do que em crianças m aiores ou adultos. O aum ento da pressão intratorácica gerado p o r acessos graves de to s se pode resultar em hem orragias subconjuntivais, hérnias inguinais e abdom inais, p n eum otórax e petéquias na face e no tronco. Pode ocorrer perda ponderai em conseqüência de dim inuição na ingestão calórica. Em um a série de > 1.100 crianças com m enos de 2 anos de idade hospitalizadas com coqueluche, 27,1% tiveram apneia, 9,4% pneum onia, 2,6% convulsões e 0,4% encefalopatia; 10 c ria n ças (0,9%) m orreram . A pneum onia, relatada em m enos de 5% dos adolescentes e adultos, aum enta de frequência depois dos 50 anos de idade. D iferentem ente da pneum onia por B. pertússis prim ária, que se desenvolve em lactentes, a pneum onia observada em adolescen tes e adultos com coqueluche é habitualm ente causada p or infecção secundária po r m icrorganism os encapsulados, com o o Streptococcus pneum oniae ou Haemophilus influenzae. Em adolescentes e adultos com coqueluche, foram relatados pneum otórax, perda ponderai p ro nunciada, h érnia inguinal, fratura de costela, aneurism a da artéria carótida e síncope por tosse.
■ DIAGNÓSTICO Se os sintom as clássicos da coqueluche estiverem presentes, o diag nóstico clínico não será difícil. Todavia, particularm ente em crianças m aiores e adultos, é difícil diferenciar as infecções causadas p or B. pertússis e B. parapertussis das outras infecções do trato respiratório com base em critérios clínicos. Por conseguinte, deve-se recorrer à confirm ação laboratorial em todos os casos. A linfocitose - contagem absoluta dos linfócitos de > 10&-109/L - é com um entre crianças pe
Coqueluche e Outras Infecções por Bordetella
A coqueluche é u m a doença tussígena prolongada, com m an ifes tações clínicas que variam de acordo com a idade (Q u a d ro 148.1). Apesar de n ão ser incom um entre adolescentes e adultos, a coquelu che clássica é observada m ais frequentem ente nas crianças em id a des pré-escolar e escolar. D epois de um p eríodo de incubação que se estende, em m édia, p o r 7-10 dias, surge um a doença indistinguível do resfriado com um , caracterizada p o r coriza, lacrim ejam ento, to s se leve, febre baixa e m al-estar. D epois de 1-2 sem anas, essa fase catarral evolui para a.fase paroxística: a tosse to rn a-se m ais freqüente e espasm ódica, com acessos repetidos de 5-10 tossidas, frequente m ente com um a única expiração. Os vôm itos pós-tosse são freqüen tes, e, em certas ocasiões, um tam pão m ucoso é expelido no final de um episódio. O episódio po d e te rm in a r com um guincho audível, que ocorre com um a rápida inspiração c o n tra a glote fechada no final do paroxism o. D urante o espasm o, pode haver a distensão p ro nunciada das veias do pescoço, olhos esbugalhados, p ro tru sã o da língua e cianose. Os paroxism os po d em ser precipitados p o r ruído, alim ento ou contato físico. E ntre os acessos, a aparência do paciente é norm al; entretanto, observa-se fadiga crescente. A frequência dos episódios paroxísticos varia am plam ente, de vários p o r hora a 5-10 p o r dia. C om frequência, os episódios agravam -se à noite e in te r ferem no sono. A p erd a p o n d erai não é in co m u m devido à in te r ferência da doença na alim entação. As com plicações ocorrem , em sua m aioria, d urante o estágio paroxístico. A febre é infrequente e sugere superinfecção bacteriana.
Depois de 2-4 sem anas, os episódios de tosse tornam -se m enos freqüentes e m enos graves - as m udanças anunciam o início da fase convalescente, a qual, p o d e n d o d u ra r de 1-3 m eses, caracteriza-se pela gradual resolução dos episódios de tosse. D urante 6-12 meses, infecções virais intercorrentes p odem estar associadas a um recrudescim ento da tosse paroxística. Nem todos os indivíduos que desenvolvem coqueluche apresentam a doença clássica. As m anifestações clínicas em adolescentes e adultos são, com m ais frequência, atípicas. Em um estudo alem ão sobre a coqueluche em adultos, m ais de 66% apresentaram tosse paroxística e m ais de 33% tiveram guincho. Na A m érica do Norte, a doença em adultos difere dessa experiência: a tosse pode ser grave e prolongada, porém é m enos frequentem ente paroxística, e o guincho é incom um . Os vôm itos com a tosse cons tituem o m elhor indicador de coqueluche com o causa de tosse p ro longada em adultos. O utras características preditivas consistem em tosse notu rn a e exposição a outros indivíduos com doença associada a tosse prolongada.
1243
Doenças Infecciosas
quenas (nas quais é infrequente na presença de outras infecções), mas não entre adolescentes e adultos. A cultura das secreções nasofaríngeas perm anece o padrão-ouro do diagnóstico, em bora a detecção do DNA pela reação em cadeia da polim erase (PCR) tenha substituído a cultura em m uitos laboratórios, devido à sua m aior sensibilidade e obtenção m ais rápida dos resultados. A m elhor am ostra é coleta da p or aspiração nasofaríngea, em que um cateter de plástico fino e flexível, conectado a um a seringa de 10 mL, é introduzido na n a so faringe e retirado enquanto se aplica um a aspiração suave. C om o a B. pertussis é altam ente sensível ao ressecam ento, as secreções para cultura devem ser inoculadas sem dem ora em um m eio apropriado (B ordet-G engou ou Regan-Lowe), ou o cateter deve ser lavado com um a solução salina tam ponada com fosfato para cultura e/ou PCR. Um a alternativa para o aspirado consiste em um swab nasofaríngeo de Dacron ou raiom, neste caso tam bém , a inoculação em placas de cultura deve ser im ediata, ou deve-se utilizar um m eio de transporte apropriado (p. ex., m eio com carvão de Regan-Lowe). Os resultados da PCR podem ser obtidos em poucas horas; as culturas tornam -se positivas no quinto dia de incubação. A B. pertussis e B. parapertussis podem ser diferenciadas por aglutinação com antissoro específico ou por im unofluorescência direta. As culturas nasofaríngeas na coqueluche não tratada p e rm a n e cem positivas durante um período de 3 sem anas, em m édia, após o início da doença; essas culturas tornam -se negativas 5 dias após a instituição do tratam ento antim icrobiano apropriado. A duração da PCR positiva na coqueluche não tratad a ou após tratam ento não é conhecida, sendo, porém , m aior que a das culturas positivas. Com o a m aior parte do período durante o qual o m icrorganism o pode ser isolado da nasofaringe estende-se pela fase catarral, quando ainda não se suspeita da etiologia da infecção, existe apenas um a peque na janela de o p ortunidade para a confirm ação do diagnóstico po r cultura. As culturas de lactentes e de crianças pequenas são m ais frequentem ente positivas do que as de crianças m aiores e adultos; essa diferença pode refletir a subm issão m ais precoce da doença, no prim eiro grupo, aos cuidados médicos. Os testes de AFD das secre ções nasofaríngeas para o diagnóstico direto ainda estão disponíveis em alguns laboratórios, m as não devem ser utilizados devido às suas poucas sensibilidade e especificidade. Foram relatados p seu d o -su r tos de coqueluche em conseqüência de resultados falso-positivos na PCR. Uma m aior padronização na m etodologia da PCR poderá solu cionar esse problem a. Em virtude das dificuldades decorrentes do diagnóstico labora torial da coqueluche em adolescentes, adultos e pacientes que têm sido sintom áticos p or mais de 4 sem anas, crescente atenção está sen do dispensada ao diagnóstico sorológico. Foram desenvolvidos im unoensaios enzim áticos para a detecção de anticorpos IgA e IgG con tra a toxina da coqueluche, a hem aglutinina filam entosa, a p ertactina e as fímbrias, tendo sido esses im unoensaios avaliados quanto à sua reprodutibilidade. A observação de aum entos de duas a quatro vezes nos títulos de anticorpos sugere coqueluche, apesar de a reatividade cruzada com alguns antígenos (com o a hem aglutinina filam entosa e pertactina) entre as espécies de Bordetella to rn a r difícil a dep en dência diagnóstica da soroconversão envolvendo um único tipo de anticorpo. Apresentação tardia para assistência m édica e im uniza
QUADR0148.2
1244
ção prévia tam bém com plicam o diagnóstico sorológico, visto que a prim eira am ostra obtida pode ser, na verdade, u m a am ostra da fase convalescente. Os critérios para o diagnóstico sorológico baseados n a com paração dos resultados de u m a única am ostra de soro com valores estabelecidos na população estão ganhando aceitação, e a de term inação sorológica do anticorpo antitoxina da coqueluche p ro vavelm ente irá se to rn ar m ais am plam ente padronizada e disponível para fins diagnósticos.
■ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A criança que apresenta tosse paroxística, vôm itos pós-tosse e g u in cho provavelm ente tem um a infecção causada p or B. pertussis ou B. parapertussis; a presença de linfocitose aum enta a probabilidade de um a etiologia por B. pertussis. Vírus, com o o vírus sincicial respira tó rio e o adenovírus, foram isolados de pacientes com coqueluche clínica, m as provavelm ente representam um a co-infecção. Nos adolescentes e adultos, que frequentem ente não apresentam tosse paroxística ou guincho, o diagnóstico diferencial de doença tus sígena prolongada é m ais extenso. Deve-se suspeitar de coqueluche quando um paciente apresenta tosse que n ão m elhora no decorrer de 14 dias, tem tosse paroxística de qualquer duração, tosse seguida de vôm itos (adolescentes e adultos) ou quaisquer sintom as respiratórios após o contato com um caso de coqueluche confirm ado pelo labora tório. O utras etiologias a considerar incluem infecções causadas por M ycoplasma pneum oniae, Chlamydophila pneum oniae, adenovírus, vírus da influenza e outros vírus respiratórios. O uso de inibidores da enzim a conversora de angiotensina (ECA), a disfunção reativa das vias respiratórias e a doença p o r refluxo gastresofágico constituem causas não infecciosas bem descritas de tosse prolongada em adultos.
TRATAMENTO
Coqueluche
ANTIBIÓTICOS
A finalidade da antibioticoterapia na coqueluche consiste em erradicar as bactérias infectantes da nasofaringe; o tratam ento não altera consideravelm ente a evolução clínica, a não ser que seja instituído no início da fase catarral. Os antibióticos m acrolídios constituem os fárm acos de escolha para o tratam ento da coqueluche (Q u ad ro 148.2); foram relatadas cepas de B. per tussis resistentes aos m acrolídios, em bora sejam raras. R ecom en da-se o com binado sulfam etoxazol-trim etoprim a com o alternati va p ara os indivíduos alérgicos aos m acrolídios.
TRATAMENTO DE SUPORTE
O s lactentes p eq u en o s apresentam as m aiores taxas de com plicação e m o rta lid a d e p o r coqueluche; p o r conseguinte, os lactentes (e as crianças de m ais idade com doença grave) devem ser, em sua m aioria, hospitalizados. Um am biente calm o pode d im in u ir a estim ulação passível de desen cadear episódios paroxísticos. A lgum as auto rid ad es têm re co m endado o uso de agonistas ^ -a d ren é rg ico s e/o u glicocorticoi des, porém essa co n d u ta não provou ser efetiva. O j supressores da tosse não são efetivos n em d esem p en h am qualquer papel no tratam en to da coqueluche.
Terapia antimicrobiana para a coqueluche
Fármaco
Dose diária para o adulto
Frequência
Duração (dias)
Comentários
Estolato de eritromicina
1-2 g
3 doses fracionadas
7-14
Efeitos colaterais gastrintestinais freqüentes
Claritromicina
500 mg
2 doses fracionadas
7
Azitromicina
500 mg no primeiro dia, 250 mg subsequentemente
1 dose diária
5
Sulfametoxazol-trimetoprima
800 mg de sulfametoxazol. 160 mg de trimetoprima
2 doses fracionadas
14
Para os pacientes alérgicos aos macrolídios; dados limitados sobre a sua eficácia
^
T MEDIDAS DE CONTROLE DA INFECÇÃO
Os pacientes hospitalizados com coqueluche devem ser colocados em isolam ento respiratório, sendo adotadas precauções apropriadas contra a dissem inação dos patógenos p or grandes gotículas respiratórias. O isolam ento deve estender-se p o r 5 dias após o início do tratam ento com e ri trom icina ou p or 3 sem anas (isto é, até que as culturas de n a so faringe estejam consistentem ente negativas) quando o paciente é incapaz de tolerar a antibioticoterapia.
■ PREVENÇÃO Quimioprofilaxia Devido ao elevado risco de transm issão da B. pertússis p or m eio de contato dom iciliar, a quim ioprofilaxia é am plam ente recom endada para os contatos dom iciliares dos casos de coqueluche. A eficiência da quim ioprofilaxia, apesar de não com provada, é sustentada p o r di versos estudos epidem iológicos de surtos em instituições e na com u nidade. No único estudo random izado e controlado com placebo, o estolato de eritrom icina (50 m g/kg/dia em 3 doses fracionadas; dose m áxim a de 1 g/dia) foi efetivo para reduzir em 67% a incidência da coqueluche confirm ada bacteriologicam ente; entretanto, não houve declínio na incidência da doença clínica. A pesar desses resultados desapontadores, m uitas autoridades continuam a recom endar a q u i m ioprofilaxia, particularm ente nos contatos dom iciliares com m em bros que correm alto risco de doença grave (crianças com m enos de 1 ano de idade, m ulheres grávidas). N ão se dispõe de dados sobre o uso dos m acrolídios m ais recentes para quim ioprofilaxia, porém esses fárm acos são com um ente utilizados em virtude de sua m aior tolerabilidade e eficácia.
Imunização
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L ee
Coqueluche e Outras Infecções por Bordetella
(Ver tam b ém o Cap. 122) A base da prevenção da coqueluche é a im unização ativa. A vacina contra coqueluche, disponível há > 80 anos, passou a ser am plam ente utilizada n a A m érica N orte depois da década de 1940; desde então, os casos relatados de coqueluche caíram em m ais de 90%. As vacinas celulares integrais contra a coqueluche são preparadas p or m eio de aquecim ento, inativação quím ica e p u ri ficação de m icrorganism os integrais de B. pertússis. Apesar de efica zes (estim ativa de eficácia m édia de 85%; faixa para diferentes p ro d u tos de 30 a 100%), as vacinas de células integrais contra a coqueluche estão associadas a efeitos adversos - tanto com uns (febre; dor, erite m a e edem a no local de injeção; irritabilidade) quanto incom uns (convulsões febris, episódios hipotônicos hiporresponsivos). As asso ciações alegadas da vacina de células totais contra a coqueluche com encefalopatia, síndrom e de m orte súbita do lactente e autism o, apesar de não corroboradas, geraram pressão de grupos anti-im unização. O desenvolvim ento de vacinas acelulares contra a coqueluche, efetivas, porém m enos reatogênicas, aliviou en o rm e m e n te a preocupação quanto à inclusão da vacina contra a coqueluche no calendário de im unizações infantis com binadas. E m bora as vacinas de células totais ainda sejam utili zadas extensam ente em regiões do m u n d o em desenvolvi m ento, as vacinas acelulares são utilizadas exclusivam ente para im unização infantil em grande p arte dos países desenvolvidos. Na A m érica do Norte, as vacinas acelulares contra coqueluche para crianças são adm inistradas, em um a série prim ária de três doses, aos 2, 4 e 6 meses de idade, com doses de reforço aos 15-18 m eses de idade e aos 4-6 anos de idade.
Apesar do desenvolvim ento de am pla variedade de vacinas acelulares contra a coqueluche, apenas algum as ainda são largam ente comercializadas; todas contêm o toxoide da coqueluche e hem aglutinina filam entosa. Um a vacina acelular contra a coqueluche tam bém contém pertactina, enquanto o utra apresenta p ertactina e dois tipos de fím brias. C om base em estudos de eficácia de fase 3, a m aioria dos especialistas concluiu que as vacinas acelulares anticoqueluche com dois com ponentes são m ais efetivas do que as vacinas de m onocom ponente, e que a adição de pertactina aum enta, ainda, a eficácia. A adição posterior de fím brias parece increm en tar a eficácia prote tora contra a doença m ais leve. Em dois estudos, a proteção confe rida pelas vacinas anticoqueluche exibiu m elhor correlação com a p rodução de anticorpos co n tra a pertactin a, as fím brias e a toxina da coqueluche. As form ulações das vacinas acelulares c o n tra coqueluche para adultos m ostraram -se seguras, im unogênicas e eficazes em estudos clínicos de adolescentes e adultos, sendo, n a atualidade, reco m en dadas p ara a im unização ro tin e ira desses gru p o s em vários países, incluindo os EUA. Nesse país, os adolescentes devem receber a for m ulação para adultos d a vacina c o n tra d ifteria, tétan o e coqueluche acelular p o r ocasião da co n su lta m édica pré-adolescente, e todos os adultos n ão vacin ad o s devem receb er u m a dose ún ica dessa vacina com binada. A lém disso, recom enda-se que to d o s os profis sionais de saúde nos EUA sejam vacinados co n tra a coqueluche. A c obertura com vacina co n tra coqueluche entre adolescentes norte-am ericanos au m en to u de 10,8 p ara 30,4% de 2006-2007. Avanços adicionais na co b ertu ra de adolescentes e adultos com esta vacina po d em p e rm itir um m ellhor controle da coqueluche em todo o es pectro etário, com proteção colateral dos lactentes m uito pequenos para serem im unizados.
1245
CAPÍ TULO
149
Doenças Causadas por Bacilos Gram-Negativos Entéricos Thomas A. Russo Jam es R. Johnson ASPECTOS E PRINCÍPIOS GERAIS Os bacilos G ram -negativos entéricos constituem causas com uns de um a am pla variedade de infecções que acom etem diversos locais anatôm icos em hospedeiros tanto sadios quanto im u n o c o m p ro m etidos. A lguns m em bros desse grupo tornaram -se cada vez m ais resistentes ao tratam ento antim icrobiano, e novas síndrom es infec ciosas surgiram . Por conseguinte, é necessário a dquirir um perfeito conhecim ento das m anifestações clínicas e das escolhas terapêuticas apropriadas para obter resultados ótim os.
■ EPIDEMIOLOGIA Escherichia coli, Klebsiella, Proteus, Enterobacter, Serratia, Citrobacter, Morganella, Providencia e Edwardsiella são com ponentes da flora colônica anim al e hum ana norm al e/ou da flora de um a variedade de habitats am bientais, incluindo as instituições para cuidados a lon go prazo e os hospitais. Em conseqüência, estes gêneros são, com a exceção de certos patótipos de E. coli patogênicos para o intestino, patógenos globais. Em seres hum anos saudáveis, a E. coli é a espécie de bacilo G ram -negativo (GNB) predom inante na flora do colo. Os GNB (principalm ente E. coli, Klebsiella e Proteus) colonizam apenas transitoriam ente a orofaringe e a pele de indivíduos saudáveis. Em contraste, no contexto das instituições para cuidados a longo prazo e dos hospitais, um a variedade de GNB em erge com o a flora d o m in an te das superfícies m ucosas e cutâneas, associando-se particularm ente ao uso de antim icrobianos, às doenças graves, e aos tem pos p ro lo n gados de internação. Esta colonização pode levar a u m a infecção sub sequente; p or exemplo, a colonização orofaríngea po d e resultar em pneum onia. Em geral, nos adultos, a incidência de infecção causada p or esses m icrorganism os aum enta com a idade. Por esse m otivo, à m edida que a idade m édia da população aum enta, o m esm o ocorre com o núm ero dessas infecções.
Doenças Infecciosas
■ ESTRUTURA E FUNÇÃO Os GNB possuem um a m em brana externa extracitoplasm ática, um a característica em geral com um às bactérias G ram -negativas. Esta
■ PATOGÊNESE M últiplos fatores de virulência b acterian a são necessários para a patogênese de infecções causadas pelos GNB. A posse de genes de virulência especializados define os patógenos e os capacita a infec tar de m aneira eficiente o hospedeiro. Os hospedeiros e seus p ató genos cognatos vêm se coadaptando ao longo da h istória evolutiva, e especula-se que a infecção talvez seja apenas u m ponto do espectro das relações que evoluíram entre m icróbios e hospedeiros. Em um a extrem idade do espectro está um a interação com ensal/sim biótica (p. ex., m itocôndrias - inicialm ente bactérias - no interior de células eucarióticas); em outra extrem idade está um desfecho letal, resultan do em um a “relação sem saída” (p. ex., o vírus Ebola). D urante essa “partida de xadrez” disputada ao longo do tem po entre hospedeiro e patógeno, em ergiram , tan to nos patógenos quanto nos seus hospe deiros, várias e redundantes estratégias que capacitam a estes parcei ros m anter a sua coexistência (Q u ad ro 149.1). Cepas de E. coli patogênicas extraintestinais (ExPEC) e os outros gêneros discutidos neste capítulo causam infecção fora do intestino. Todos são prim ariam ente patógenos extracelulares e, portanto, com partilham certos aspectos patogênicos: a im unidade inata (incluindo as atividades do com plem ento, peptídios antim icrobianos e fagócitos profissionais) e a im unidade hum oral são os principais com ponentes da defesa do hospedeiro. A suscetibilidade à infecção e a gravidade desta aum entam com a disfunção ou a deficiência destes com ponen tes (Cap. 119). D iferentem ente, os fatores de virulência das E. coli patogênicas intestinais - isto é, daquelas d eterm in ad as cepas que podem causar doença diarreica - são, em sua m aior parte, diferen tes daqueles das ExPEC e de outros GNB que causam infecções ex traintestinais. Esta distinção reflete p articularidades específicas do am biente infectado no hospedeiro e dos seus m ecanism os de defesa. Os fatores de virulência dos GNB patogênicos extraintestinais desem penham diversas funções. Um a d eterm inada cepa possui, ha bitualm ente, m últiplas adesinas para a sua ligação a um a variedade de células do hospedeiro (p. ex., na E. coli: fím brias tipo 1, S e F1C; pili P). A aquisição de nutrientes (p. ex., de ferro, po r m eio de sideróforos) requer m uitos genes que são necessários m as não suficientes para a patogênese. A capacidade de resistir à atividade bactericida do com plem ento e aos fagócitos na ausência de anticorpos (tal com o a conferida, p or exemplo, pela cápsula ou pelo antígeno O do LPS) é um dos traços definidores de um patógeno extracelular. A lesão tis-
QUADR0149.1 Interações entre E. c o li patogênica extraintestinal e o hospedeiro humano: um paradigma para bactérias Gram-negativas patogênicas extracelulares e extraintestinais Obstáculo interposto pelo hospedeiro
Solução encontrada pela bactéria
Adesão extraintestinal
Fluxo urinário, cobertor mucociliar
Adesinas múltiplas (p. ex., fímbrias tipo 1, S e F1C, pili P)
Aquisição de nutriente para crescimento
Seqüestro de nutrientes (p. ex., de ferro, por armazenamento intracelular e depuração extracelular por lactoferrina e transferrina)
Lise celular (p. ex., hemolisina); múltiplos mecanismos de competição pelo ferro (p. ex., sideróforos) e por outros nutrientes
Prevenção inicial da atividade bactericida do hospedeiro
Complemento, fagócitos, peptídios antimicrobianos
Polissacarídios capsulares, lipopolissacarídios
Transmissão
?
Lesão tecidual irritativa resultando no aumento da excreção (p. ex., toxinas como as hemolisinas)
Prevenção tardia da atividade bactericida do hospedeiro
Imunidade adquirida (p. ex., anticorpos específicos), tratamento com antibióticos
? Penetração nas células, aquisição de resistência aos antibióticos
I Objetivo da bactéria
1246
m em brana externa consiste em um a bicam ada lipídica associada a proteínas, lipoproteínas e polissacarídios [cápsula, lipopolissacarídio (LPS)]. A m em brana externa é a interface entre a bactéria e o seu am biente, incluindo o hospedeiro hum ano. Diversos com ponentes da m em brana externa são determ inantes críticos da patogênese e da resistência aos antim icrobianos.
sular (tal como, p or exemplo, a m ediada pela hem olisina no caso da E. coli) pode facilitar a dissem inação dentro do hospedeiro. Sem d ú vida, m uitos im portantes genes de virulência aguardam identificação e nosso entendim ento de m uitos aspectos da patogênese de infecções causadas pelos GNB está ainda na sua infância (Cap. 120). A capacidade de induzir choque séptico é um outro aspecto d e finidor destes gêneros. Os GNB são as causas m ais com uns dessa síndrom e potencialm ente letal. A fração lipídio A do LPS (m ediante interação com receptor Toll-like 4 do hospedeiro) e provavelm ente tam bém outros fatores bacterianos estim ulam um a resposta pró-inflam atória do hospedeiro que, quando é excessivamente exuberante, resulta em choque (Cap. 271). A m aior parte dos gêneros de GNB se com põe de m uitas varian tes antigênicas (sorotipos). Há, p o r exemplo, m ais de 150 antígenos O específicos e mais de 80 antígenos capsulares na espécie E. coli. Esta variação antigênica, que perm ite a evasão im une e a infecção recor rente por diferentes cepas de um a m esm a espécie, é o que im pede o desenvolvim ento de um a vacina (Cap. 122).
■ SÍNDROMES INFECCIOSAS Em bora certas cepas de E. coli tenham evoluído de m odo a tornarem -se patógenos estritam ente intestinais, causando gastrenterites p or um a variedade de m ecanism os patogênicos especiais, as infecções extraintestinais constituem a apresentação predom inante da doença causada geralm ente pelos GNB entéricos. D ependendo tanto do h o s pedeiro quanto do patógeno, quase todos os órgãos ou cavidades cor porais podem ser infectados pelos GNB. A E. coli e - em m enor grau - a Klebsiella e o Proteus respondem pela m aior parte das infecções extraintestinais causadas p o r GNB e são os m ais virulentos patóge nos dentro desse grupo. Entretanto, outros gêneros estão se tornando cada vez m ais im portantes, particularm ente entre os indivíduos que residem nas instituições para cuidados a longo prazo e nos pacientes hospitalizados. Essa diversidade em expansão de gêneros causadores de doença deve-se, grande parte, à resistência intrínseca ou adquirida aos antim icrobianos por parte destes organism os, e ao núm ero cada vez m aior de hospedeiros com alterações ou desarranjos em suas d e fesas. A letalidade é substancial em m uitas infecções p o r GNB e se correlaciona com a gravidade da doença. E specialm ente problem á ticas são: a pneum onia e a bacterem ia (surgindo de qualquer fonte) quando se complicam p or falência dos órgãos (sepse grave) e/ou por choque, com taxas de m ortalidade associadas de 20 a 50%.
■ DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
Infecções causadas por bacilos Gram-negativos entéricos
(Ver tam bém Caps. 133.) Neste capítulo, será utilizada a classifi cação do Clinicai L aboratory Standards Institute (CLSI) para as cefalosporinas, segundo a qual as cefalosporinas anteriorm ente designadas com o de prim eira, segunda, terceira e quarta gerações passam a ser denom inadas cefalosporinas I, II, III e IV, respectiva mente. De form a sem elhante, será evitado o em prego dos term os espectro am pliado ou expandido, que eram em pregados para des crever as cefalosporinas de terceira e de q uarta gerações. Há evi dências cum ulativas indicando que o início de um tratam ento
Doenças Causadas por Bacilos Gram-Negativos Entéricos
O isolam ento de um GNB a p a rtir de locais anatôm icos habitual m ente estéreis quase sem pre im plica infecção, ao passo que o seu iso lam ento de locais não estéreis, particularm ente em feridas abertas de tecidos m oles e no trato respiratório, requer correlação clínica para que se possa diferenciar a colonização da infecção. A identificação laboratorial provisória, com base na ferm entação de lactose e na produção de indol (descrita adiante para cada gênero), que habitual m ente já é possível antes da identificação final dos organism os e da determ inação de sua sensibilidade aos antim icrobianos, pode guiar o tratam ento antim icrobiano empírico.
antim icrobiano em pírico apropriado bem cedo no curso das in fecções p or GNB (particularm ente das infecções graves) resulta em m elhores desfechos. A fam iliaridade com os padrões de evolu ção da resistência antim icrobiana nos GNB entéricos é necessária para que se possa selecionar um tratam ento em pírico apropriado, particularm ente devido ao tem po decorrido entre as taxas de re sistência em tem po real e as publicadas e devido à prevalência sem pre crescente de GNB resistentes a m últiplos fárm acos (RMF). Entretanto, se o tratam ento de am plo espectro tiver sido iniciado e as inform ações sobre a sensibilidade a antim icrobianos forem disponíveis, é igualm ente im portante ad m in istrar o agente mais apropriado de espectro m ais estreito. Essa abordagem antim icro biana responsável irá evitar a seleção desnecessária e a superinfecção potencial p or bactérias resistentes, poderá d im inuir os custos e irá m axim izar a longevidade útil dos agentes antim icrobianos disponíveis. De form a sem elhante, é im p o rtan te não tratar p a cientes que estão colonizados, porém não infectados. Os perfis de resistência dos GNB aos antim icrobianos variam conform e as es pécies, a localização geográfica, o uso regional de antim icrobianos e o local do hospital (p. ex., unidades de tratam e n to intensivo (UTI) versus enferm arias). No m om ento, os agentes de ação mais confiáveis contra os GNB entéricos são os carbapenens (p. ex., im ipenem ), o am inoglicosídio am icacina, a cefalosporina IV cefepim a, e a piperacilina-tazobactam . • As betalactam ases, que inativam os agentes betalacSM tâm icos, são nos GNB os m ais im portantes m ediadores de resistência a estes fárm acos. A redução da perm ea bilidade e/ou efluxo ativo dos agentes betalactâm icos, em bora m enos com um , p o d e m o c o rre r isoladam ente ou em com bina ção com a resistência m ediada p o r betalactam ases. As betalac tam ases de amplo espectro, que m edeiam a resistência a m uitas penicilinas e cefalosporinas I, são frequentem ente expressas nos GNB entéricos. Essas enzim as são inibidas p o r agentes com o o clavulanato. As betalactam ases de espectro estendido (ESBL, na sigla em inglês) conferem resistência aos m esm os fárm acos que as betalactam ases de am plo espectro, m as tam bém a cefalospori nas III, ao aztreonam , e (em alguns casos) a cefalosporinas IV. A prevalência de genes que codificam ESBL adquiridos p o r m eio de plasm ídios transferíveis é cada vez m ais com um nos GNB de todo o m undo, com taxas que variam grandem ente, m esm o e n tre hospitais de u m a dada região. Até agora, as ESBL são m ais prevalentes em Klebsiella pneum oniae, K. oxytoca e E. coli, m as tam bém ocorrem (não sendo provavelm ente inteiram ente reco nhecidas) em Enterobacter, Citrobacter, Proteus, Serratia e outros GNB entéricos. A tualm ente, as prevalências regionais de GNB produtores de ESBL d im inuem na ordem que se segue: A m érica Latina > Pacífico O cidental > E uropa > EUA e Canadá. Os GNB p rodutores de ESBL foram in icialm ente descritos em hospitais (U T I > enferm arias) e em in stituições para cuidados de longo prazo. E ntretanto, no deco rrer dessa últim a década, foram cada vez m ais descritas ESBL CTX -M em cepas adquiridas na com u nidade. Surtos hospitalares provocados p o r cepas produtoras de ESBL já foram associados ao uso intensivo de cefalosporinas III, particu larm en te a ceftazidim a. O s carbapenens são os agentes betalactâm icos de ação m ais confiável co n tra as cepas que ex pressam ESBL. Os GNB que expressam ESBL p odem tam bém p o ssuir m utações de p o rin a que resultam em redução da cap tação de cefalosporinas e das com binações de betalactâm icos/ inibidores de betalactam ase. Assim , os isolados pro d u to res de ESBL devem ser considerados resistentes a todas as penicilinas, cefalosporinas e aztreonam . O ceftobiprol, que atualm ente está sendo analisado pelo U.S. Food and D rug A dm inistration (FDA), é um a cefalosporina de p rim eira classe com atividade contra o Staphylococcus aureus resistente à m eticilina e contra a m aioria das Enterobacteriaceae; entretanto, possui pouca atividade in vi tro contra GNB produtores de ESBL. As opções de fárm acos por
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Doenças Infecciosas 1248
via oral para o tratam ento de cepas que expressam ESBL CTX-M são lim itadas (ver “T ratam ento das Infecções Extraintestinais por E. coli”, adiante). As (3-lactamases A m p C conferem resistência aos m esm os substratos que as ESBL, m as tam bém às cefam icinas (p. ex., ce foxitina e cefotetana). As enzim as A m pC resistem à inibição por inibidores da (3-lactamase. A presença de (3-lactamases A m pC crom ossôm icas constitutivas em quase todas as cepas de Entero bacter, Serratia, Citrobacter, Proteus vulgaris, Providencia e Morganella resulta em resistência às am inopenicilinas, à cefazolina e à cefoxitina. Além disso, algum as cepas de E. coli, de K. pneum oniae e de outras Enterobacteriaceae adquiriram plasm ídios contendo genes da betalactam ase Am pC. A cefalosporina de quarta geração cefepim a é estável frente às betalactam ases A m pC e é u m a o p ção de tratam ento apropriado se a presença concom itante de um a ESBL p uder ser excluída. As c arb ap en em ases (p. ex., fam ílias IMP, V IM e KPC) conferem resistência aos m esm os fárm acos que as ESBL, m ais as cefam icinas e os carb ap en en s. A resistência ligada às flu o ro q u in o lo n a s e aos am ino g lico síd io s é com um . E m certas ocasiões, a resistência aos carbapenens deve-se à existência de um a (3-lactamase, ju n ta m en te com p erm eabilidade dim inuída. Infelizm ente, os GNB entéricos pro d u to res de carbapenem ases estão se to rn a n d o cada vez m ais com uns, e a infecção p o r essas cepas está associada a taxas de m o rtalid ad e elevadas. Os siste m as autom áticos p ara sensibilidade p o d em não ser confiáveis p ara a detecção das carbapenem ases, p a rtic u la rm e n te as que conferem resistência ao im ipenem e m eropenem . A resistência ao ertap en em constitui o m arcad o r m ais sensível de resistência aos carbapenens em sistem as autom áticos. A obtenção de u m a concentração inibitória m ín im a elevada do carbapenem deve le var à realização de um teste adicional com reação em cadeia da polim erase (PCR) para os genes de resistência ou teste de H odge m odificado; esses m étodos são m ais confiáveis p ara a detecção das cepas p ro d u to ras de carbapenem ase. A tigeciclina e as p o lim ixinas exibem a m aior atividade in vitro c o n tra essas cepas. E ntretanto, a tigeciclina alcança apenas concentrações baixas no soro e na urina, um aspecto que requer certa preocupação q u a n to a seu uso no tratam en to da bacterem ia e da infecção do trato u rin ário (ITU). Além disso, a resistência em ergente a am bos os agentes leva ao risco do advento de um a era p ó s-antim icrobiana n o que concerne aos GNB. A resistência às fluoroquinolonas habitualm ente se deve a al terações no local-alvo (DNA girase e/ou topoisom erase IV) com ou sem redução da perm eabilidade, efluxo ativo ou proteção do local-alvo. A resistência às fluoroquinolonas está cada vez m ais prevalente entre os GNB e está associada à resistência a outras classes de antim icrobianos; p or exemplo, 20 a 80% dos GNB enté ricos produtores de ESBL tam bém são resistentes às fluoroquino lonas. Atualm ente, as fluoroquinolonas não devem ser considera das confiáveis no tratam ento em pírico das infecções p o r GNB em pacientes criticam ente doentes. D ada a crescente prevalência de RMF p o r p arte dos GNB, é razoável - até que se saiba os resultados dos testes de sensibili dade - com binar agentes para o tratam e n to em pírico de infec ções p o r GNB em pacientes criticam ente doentes. A resistência a antim icrobianos nem sem pre pode ser identificada p o r m eio de testes in vitro; p o r conseguinte, é im p o rta n te avaliar a res posta clínica ao tratam ento. Além disso, pode surgir resistência du ran te o tratam en to (p. ex., p o r m eio de desrepressão estável das (3-lactamases Am pC). Além disso, a drenagem dos abscessos e a rem oção de corpos estranhos infectados são frequentem ente necessárias para a cura. Os GNB estão com um ente envolvidos em infecções polim icrobianas, nas quais o papel de cada patógeno é incerto (Cap. 164). Em bora alguns GNB sejam m ais patogênicos que outros, é habitualm ente prudente, quando possível, com por um esquem a antim icrobiano que seja ativo contra todos os GNB identificados,
já que cada um deles pode, p o r sua própria capacidade, ser o ú n i co responsável pela patogenicidade. Por fim, é preciso ter sem pre em m ente a possibilidade de um a superinfecção (p. ex., colite por Clostridium difficile).
■ PREVENÇÃO (Ver tam bém o Cap. 131.) A derir diligentem ente aos protocolos de higiene das m ãos e evitar o uso inapropriado de antim icrobianos são, p o r parte dos profissionais de saúde, as m edidas essenciais para a prevenção de infecção e do posterior desenvolvim ento de resistência aos antim icrobianos. É necessário im plem entar precauções de conta to para pacientes colonizados ou infectados p o r GNB resistentes aos carbapenens (e talvez outros RMF). Do m esm o m odo, evitar o uso de dispositivos de dem ora (p. ex., cateteres urin ário s e intravasculares, tubos endotraqueais) e, quando estes são necessários, a sua colocação de acordo com um protocolo apropriado dim inuem o risco de infec ção. O posicionam ento do paciente (p. ex., cabeceira do leito em um ângulo de > 30°) e um a boa higiene oral dim inuem a incidência de pneum onia nos pacientes ventilados.
INFECÇÕES POR ESCHERICHIA COLI ■ CEPAS COMENSAIS Na sua m aior parte, as variantes com ensais de E. coli, que constituem considerável p roporção da flora intestinal facultativa no rm al na m aioria dos seres hum anos, conferem benefícios para o hospedeiro (p. ex., resistência à colonização po r organism os patogênicos). Estas cepas geralm ente carecem dos fatores de virulência especializados que capacitam às cepas de E. coli patogênicas intestinais e extrain testinais causar doença dentro ou fora do trato gastrintestinal, res pectivam ente. E ntretanto, até m esm o as cepas com ensais de E. coli podem estar envolvidas em infecções extraintestinais na presença de um fator agravante, com o um corpo estranho (p. ex., um cateter u ri nário), deficiências do hospedeiro (p. ex., anorm alidades anatôm icas ou funcionais locais, com o obstrução dos tratos urinário ou biliar ou im unodepressão sistêmica) ou um inóculo grande ou que contenha um a m istura de espécies bacterianas (p. ex., contam inação fecal da cavidade peritonial).
■ CEPAS PATOGÊNICAS EXTRAINTESTINAIS (ExPEC) A m aior parte dos isolados de E. coli em infecções sintom áticas do trato urinário, corrente sanguínea, líquido cerebrospinal, trato respi ratório e peritônio (peritonite bacteriana espontânea) pode ser dife renciada das cepas patogênicas intestinais e com ensais de E. coli em virtude de seu perfil próprio de fatores de v irulência (Q uadros 149.1 e 149.2) e de sua situação filogenética. As cepas de ExPEC podem tam bém causar infecção de feridas cirúrgicas, osteom ielites e m iosites, m as o núm ero de casos estudados ate hoje é m uito pequeno para p erm itir um a avaliação confiável das proporções. Tal com o a E. coli com ensal (m as em contraste com a E. coli p a togênica intestinal) as cepas ExPEC são frequentem ente encontradas na flora intestinal norm al de indivíduos sadios e não causam gastren terite em seres hum anos. E m bora a aquisiçã.0..de um a cepa ExPEC pelo hospedeiro seja um pré-requisito para a infecção p o r ExPEC, esta aquisição não é o fator decisivo. Ao contrário, o fator decisivo é a penetração de um a cepa de ExPEC presente em seu local de coloniza ção (p. ex., o colo, vagina, ou orofaringe) em um local extraintestinal norm alm ente estéril (p. ex., o trato urinário, a cavidade peritonial, ou pulm ões). As cepas ExPEC adquiriram genes que codificam diversos fatores de virulência extraintestinais que capacitam à bactéria cau sar infecções fora do trato g astrintestinal em hospedeiros norm ais e com prom etidos (Q uadro 149.1). Esses genes de virulência são, em sua m aior parte, distintos dos que capacitam as cepas patogênicas in testinais a causar doença diarreica. Todos os grupos etários, todos os tipos de hospedeiro e quase todos os órgãos e locais anatôm icos são suscetíveis à infecção p o r ExPEC. Até m esm o hospedeiros previa m ente saudáveis podem ficar gravem ente doentes ou m o rrer infecta
QUADRO 1 4 9 .2
E. c o li patogênicas intestinais
Patótipo3
Epidemiologia
Síndrome clínica"
Traço molecular definidor
STEC/EHEC
Alimento, água, pessoa a pessoa; todas as idades, países industrializados
Colite hemorrágica, síndrome hemolítico-urêmica
Toxina de Shiga
Bacteriófago lambda símile codificando Stx1 ou Stx2
ETEC
Alimento, água, crianças pequenas e pessoas que viajam para países em desenvolvimento
Diarréia do viajante
Enterotoxinas termoestável e termolábil; fatores de colonização
Plasmídio(s) de virulência
EPEC
Pessoa a pessoa, crianças pequenas e neonatos em países em desenvolvimento
Diarréia aquosa, diarréia persistente
Adesão localizada, lesão por adesão e supressão no epitélio intestinal
Ilha de patogenicidade em plasmídio com fator de adesão para EPEC [locus para a supressão dos enterócitos (LEE)]
EIEC
Alimento, água, crianças e pessoas que viajam para países em desenvolvimento
Disenteria
Invasão das células epiteliais do colo, multiplicação intracelular, disseminação de célula para célula
Múltiplos genes contidos primariamente em um grande plasmídio de virulência
EAEC
? Alimento, água; crianças e pessoas que viajam para países em desenvolvimento; todas as idades, países industrializados
Diarréia do viajante, diarréia aguda, diarréia persistente
Adesão agregativa/ difusa, fatores de virulência regulados porAggR
Genes de adesão e toxinas associados a cromossomos ou plasmídios
Elemento genético responsávelc
a EAEC, £ coli enteroaderente; EHEC, £ coli êntero-hemorrágica; EIEC, £ coli enteroinvasiva; EPEC, £ co//enteropatogênica; ETEC, £ coli enterotoxigênica; STEC, £ coli produtora de toxina de Shiga. "Síndromes clássicas; ver o texto para detalhes sobre o espectro de doenças. CA patogênese é multigênica e inclui outros genes além dos listados.
dos com ExPEC; entretanto, os desfechos adversos são m ais com uns entre hospedeiros com com orbidades e anorm alidades da defesa do hospedeiro. A E. coli é o GNB entérico m ais com um que causa in fecção extraintestinal em pacientes de am bulatório, instituições para cuidados a longo prazo e hospitais. A diversidade e o im pacto m édico e econôm ico das infecções por ExPEC são evidentes quando se co n sideram as seguintes síndrom es específicas.
Síndromes infecciosas extraintestinais
Infecções abdominais e pélvicas O abdom e e a pelve são o segundo local m ais com um de infecção extraintestinal p or E. coli. Um a ampla variedade de síndrom es clínicas ocorre nestas localizações, incluin do a peritonite aguda secu n d ária à contam inação fecal, peritonite bacteriana espontânea, perito n ite associada a diálise, diverticulite, apendicite, abscessos intraperitoniais ou viscerais (hepáticos, pancreáticos, esplênicos), pseudocistos pancreáticos infectados e colangite e/ou colecistites. Nas infecções intra-abdom inais, a E. coli pode ser isolada com o a única bactéria ou (com o ocorre frequentem ente) em associação a outros m em bros facultativos e/ou anaeróbios da flora intestinal (Cap. 127). Pneumonia
A E. coli não é habitualm ente considerada um a causa de pneum onia (Cap. 251). De fato, os GNB entéricos respondem por apenas 2 a 5% dos casos de p n e u m o n ia ad q u irid a na com unidade (PAC), em parte porque estes organism os colonizam apenas transi to riam ente a orofaringe em u m a m in o ria de indivíduos saudáveis. E ntretanto, as taxas de colonização oral com E.'coli e outros GNB aum entam com a gravidade da doença e o uso de antibióticos. C o n sequentem ente, os GNB constituem um a causa com um de p n eu m o nia em residentes de instituições para cuidados a longo prazo e são a causa m ais com um (60 a 70% dos casos) das pneum onias adquiridas no hospital (PAH) (Cap. 127), p a rticu la rm e n te entre pacientes no p ó s-operatório ou na U T I (p o r ex., p n e u m o n ia associada a v enti lação m ecânica). A infecção p u lm o n a r é h abitualm ente adquirida p o r aspiração de peq u en o s volum es m as, ocasionalm ente, ocorre p or dissem inação hem atogênica, caso em que infiltrados nodulares m ultifocais po d em ser observados. É com um a necrose do tecido, provavelm ente causada p o r citotoxinas p ro d u z id a s pelos GNB. A despeito de im portante variação institucional, a E. coli é geralm ente o terceiro ou quarto GNB m ais com um ente isolado nas pneum onias adquiridas no hospital, resp o n d en d o p o r 5 a 8% dos episódios em estudos feitos nos EUA e na Europa. In d ependentem ente do hospe deiro, a pneum onia causada p or GNB entéricos é um a doença séria, com altas taxas de m ortalidade b ru ta e atribuível (20 a 60% e 10 a 20%, respectivam ente).
Doenças Causadas por Bacilos Gram-Negativos Entéricos
Infecção do trato urinário O trato u rin á rio é o local m ais freq u e n tem ente infectado pelas ExPEC. U m a infecção e xtraordinariam ente com um entre pacientes am bulatoriais, as IT U respondem p o r 1% das consultas am bulatoriais nos EUA e são, en tre as infecções que dete rm in a m hospitalização, ultrapassadas apenas pelas infecções do trato respiratório baixo. E m elh o r considerar as IT U conform e a síndrom e clínica (p. ex., cistite não com plicada, pielonefrite e ITU associadas a cateter) e no contexto de h o sp ed eiro s específicos (p. ex., m ulheres em idade fértil, ho sp e d e iro s com p ro m etid o s; C ap. 288). A E. coli é o patógeno m ais c o m u m en te isolado em todas as com binações de síndrom es clínicas com gru p o s de hospedeiro. A cada ano, nos EUA, a E. coli causa 85 a 95% dos 6 a 8 m ilhões de episódios de cistite não com plicada que se estim am o c o rre r em m ulheres em idade fértil. E stim am -se em 1,6 bilhão de dólares os custos diretos da assistência m édica. Além disso, 20% das m ulheres sofrendo um episódio inicial de cistite têm freqüentes recorrências (de 0,3 a > 20 p o r ano). A cistite não com plicada, a síndrom e de ITU aguda m ais com um , caracteriza-se p or disúria, polaciúria e d or suprapúbica. A presença de febre e/ou dor nas costas sugere progressão para pielonefrite. Até m esm o com tratam ento apropriado da pielonefrite, a febre pode le var 5 a 7 dias para desaparecer p or completo. A persistência de febre e contagens de neutrófilos elevadas ou em elevação indicam um a ava liação quanto à presença de um abscesso intrarrenal ou perinefrético e/ou obstrução. A lesão do parên q u im a renal e a perda da função renal durante a pielonefrite ocorrem principalm ente quando há obs trução urinária. As gestantes estão sob risco extraordinariam ente alto de desenvolver pielonefrite que pode afetar de m odo adverso o des fecho da gestação. C onsequentem ente, a triagem pré-natal para d e tecção e tratam ento de bacteriúria assintom ática é um procedim ento padrão. A infecção prostática é um a com plicação potencial da ITU
em hom ens. O diagnóstico e o tratam en to das ITU, tal com o d eta lhado no Cap. 288, devem ser adaptados ao hospedeiro individual, à natureza e ao local da infecção, b em com o aos padrões locais de sensibilidade aos antim icrobianos.
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Meningite (Ver tam bém o Cap. 381.) A E. coli é um a das duas p rin cipais causas de m eningite neonatal, sendo a outra o Streptococcus do grupo B. A m aior parte das cepas de E. coli que causam m eningite neonatal possui o antígeno capsular K l e origina-se de um núm ero lim itado de grupos clonais associados à m eningite familiar. Após o prim eiro m ês de vida, a m eningite p or E. coli é incom um , ocorrendo predom inantem ente no contexto da ru p tu ra das m eninges p o r craniotom ia ou traum atism o, ou na presença de cirrose. Em pacientes com cirrose que desenvolvem m eningite, as m eninges são presum i velm ente sem eadas em resultado da m á depuração hepática da bac terem ia da veia porta. Celulite/infecção m usculoesquelética A E. coli con trib u i freq u e n tem ente para a infecção de úlceras de decúbito e, ocasionalm ente, para a infecção de úlceras e feridas das extrem idades inferiores em pacientes diabéticos ou em outros hospedeiros com com p ro m eti m ento neurovascular. Nestes contextos, pode o correr osteom ielite secundária à dissem inação p or contiguidade. A E. coli tam bém causa celulite ou infecção de locais de queim adura ou de incisão cirúrgica (respondendo, de fato, p o r 10% das infecções de locais cirúrgicos), particularm ente quando a infecção tem origem próxim o ao períneo. A osteom ielite adquirida p or via hem atogênica, particularm ente a dos corpos vertebrais, é m ais com um ente causada p or E. coli do que é geralm ente apreciado: este organism o responde p o r até 10% dos casos em algum as séries (Cap. 126). A E. coli ocasionalm ente causa infecção associada a dispositivos ortopédicos e artrite séptica, e, ra ra m ente, m iosite hem atogênica. A m iosite da parte superior das pernas ou a fasciite causada p or E. coli deve ser prontam ente avaliada quanto a um a possível fonte abdom inal a p artir da qual houve dissem inação po r contiguidade. Infecção endovascular A despeito de ser um a das m ais com uns cau sas de bacterem ia, a E. coli raram ente infecta valvas cardíacas nativas. Q uando infecta valvas nativas, o m icrorganism o habitualm ente o faz no contexto de um a doença valvar prévia. As infecções de aneuris m as e enxertos vasculares p o r E. coli são incom uns. Infecções diversas A E. coli pode causar infecção em quase todos os órgãos e locais anatôm icos. O casionalm ente causa m ediastinite pós-operatória ou sinusite com plicada e, incom um ente, endoftalm ite ou abscesso cerebral.
Doenças Infecciosas 1250
Bacteremia B acterem ia p o r E. coli pode surgir de um a infecção p rim ária em qualquer local extraintestinal. A lém disso, a b acte rem ia prim ária p or E. coli pode ter origem a p a rtir de dispositivos intravasculares percutâneos ou biópsias transretais de p róstata ou do aum ento da perm eabilidade da m ucosa intestinal que se obser va em neonatos e em situações de n eutropenia e m ucosite induzida p or quim ioterapia, traum atism o e queim aduras. Proporções aproxi m adam ente iguais de casos de bacterem ia p or E. coli se originam na com unidade e no hospital. Na m aior parte dos estudos, a E. coli e o S. aureus são os dois isolados sanguíneos de im portância clínica mais com uns. A E. coli, que responde p or 17 a 37% dos casos, constitui o GNB m ais frequentem ente cultivado do sangue em pacientes am bu latoriais e na m aior parte dos pacientes de instituições para cuidados a longo prazo e hospitalizados. O isolam ento de E. coli no sangue tem quase sem pre im portância clínica e se acom panha de síndrom e séptica, sepse grave (disfunção induzida pela sepse de pelo m enos um órgão ou sistema) ou choque séptico (Cap. 271). Cálculos basea dos em estim ativas conservadoras para a incidência de sepse grave (0,76/1.000), a contribuição proporcional da E. coli para a sepse grave (17%) e um a taxa de m ortalidade associada à sepse de 30% se tra d u zem em um a estimativa de 265.000 m ortes p or ano no m undo inteiro (dados do censo de 2009). O trato urinário é a fonte m ais com um de bacterem ia p or E. coli, respondendo p or 50 a 66% dos episódios. A bacterem ia originária do trato urinário é particularm ente com um em pacientes com pielo nefrite, obstrução do trato urinário, ou instrum entação feita na pre sença de urina infectada. O abdom e é a segunda fonte m ais com um , respondendo por 25% dos episódios. E m bora a obstrução biliar (cál culos, tum ores) e a ru p tu ra do intestino, que são reconhecidas com
facilidade, sejam responsáveis por m uitos destes casos, algum as fon tes abdom inais (p. ex., abscessos) são notavelm ente silenciosas clini cam ente e requerem identificação p or m eio de estudos de imagem (p. ex., TC). Portanto, o m édico deve ser cauteloso quando atribui ao trato urinário a origem de um a bacterem ia p o r E. coli na ausência de sinais e sintom as característicos de ITU. Infecções do tecido mole, ossos, pulm ões e cateteres intravasculares são outras fontes de bac terem ia p or E. coli.
Diagnóstico As cepas de E. coli que causam infecções extraintestinais geralm ente crescem nos m eios diagnósticos p adrão em até 24 h, tan to em aerobiose quanto em anaerobiose. São facilm ente identificadas pelo labo ratório de m icrobiologia clínica p o r critérios bioquím icos de rotina. Mais de 90% das cepas de ExPEC são ferm entadoras rápidas de lac tose e indol positivas.
TRATAMENTO
Infecções extraintestinais por E. coli
No passado, a m aior parte dos isolados de E. coli eram altam ente sensíveis a um a ampla variedade de agentes antim icrobianos. Essa situação, infelizm ente, m udou e, entre as Enterobacteriaceae, a E. coli é a espécie cuja resistência está evoluindo m ais rapidam ente. Em geral, a elevada prevalência da resistência im pede o uso em pí rico da am picilina e am oxicilina-clavulanato, até m esm o para as infecções adquiridas na com unidade. A prevalência de resistência às cefalosporinas I e à associação sulfam etoxazol-trim etoprim a (SM X-TMP) está crescendo entre as cepas adquiridas na com uni dade nos EUA (sendo as taxas atuais de 10 a 40%) e é ainda m aior fora da A m érica do Norte. Até recentem ente, a associação SMX-TM P era o fárm aco de escolha para o tratam en to da cistite não com plicada em m uitos locais. E m bora o uso em pírico e contínuo de SM X-TM P previsivelm ente deva resultar em índices de cura sem pre decrescentes, sua com pleta substituição p o r agentes alter nativos (p. ex., fluoroquinolonas) tam bém irá acelerar a em ergên cia dissem inada de resistência a estas classes de antim icrobianos, com o já está ocorrendo em algum as áreas. M ais de 90% dos iso lados que causam cistite não com plicada perm anecem sensíveis à n itrofurantoína e fosfom icina. A prevalência da resistência às fluoroquinolonas aum entou uniform em ente durante a últim a dé cada (p. ex., de 5 p ara 20% na A m érica do N orte entre 2002 e 2005 e de 8 para 25% entre isolados de bacterem ia no Reino Unido e na Irlanda, entre 2001 e 2006) e é ainda m ais alta em outras regiões (México, índia). A prevalência é m ais elevada em situações onde a profilaxia com fluoroquinolonas é usada intensam ente (p. ex., em pacientes com leucem ia, receptores de transplantes e em pacientes com cirrose) e entre os isolados de instituições para cuidados a longo prazo e hospitais. No que concerne à resistência às cefa losporinas, os dados da U.S. N ational H ealthcare Safety Netw ork (NHSN) indicaram que apenas 6% das infecções po r E. coli de lo cais cirúrgicos/associadas a dispositivos eram devidos a cepas re sistentes às cefalosporinas III entre 2006 e 2007. Entretanto, foram relatadas taxas significativam ente m ais altas fora da A m érica do N orte; 54% dos isolados avaliados pelo International Nosocom ial Infection C ontrol C onsortium (IN ICC), entre 2002 e 2007, foram resistentes. As cepas contendo ESBL são cada m ais prevalentes entre isolados am bulatoriais e associados à assistência m édica (5 a 10%) (dependendo os núm eros da região analisada). Um n ú m ero crescente de relatos descreve cepas de E. coli causando ITU adquiridas na com unidade, que contêm ESBL CTX-M . Os dados sugerem que a aquisição de cepas contendo CTX-M e resistentes às fluoroquinolonas pode resultar do consum o de carnes de ani mais tratados com cefalosporinas III e IV e fluoroquinolonas. As opções de tratam ento com fárm acos orais são lim itadas para essas cepas; entretanto, os dados in vitro e dados clínicos lim itados indi cam que a fosfom icina e - para a cistite - a nitrofurantoína pare-
cem ser opções viáveis. Os carbam apenens (p. ex., o im ipenem ) e a am icacina constituem os agentes m ais previsivelm ente ativos de m odo global; entretanto, as cepas produtoras de carbapenem ases estão aum entando (1 a 5% entre isolados associados à assistência m édica). A tigeciclina e a polim ixina B têm sido usadas com mais frequência para esses isolados quase panresistentes. Em bora essa resistência a antim icrobianos em evolução seja objeto de m uita preocupação, de igual im portância é a necessidade de usar o agen te m ais apropriado e de espectro m ais estreito sem pre que possível e evitar o tratam ento de pacientes colonizados, porém não infec tados, de m odo que a seleção sem pre crescente de bactérias cada vez mais resistentes não seja desnecessariam ente estim ulada.
■ CEPAS PATOGÊNICAS INTESTINAIS Certas cepas de E. coli são capazes de causar doença diarreica. O utros im portantes patógenos intestinais são discutidos nos Caps. 128,142 e 153 a 156. Pelo m enos no m undo industrializado, as cepas patogê nicas intestinais de E. coli são raram ente encontradas na flora fecal de pessoas saudáveis. Preferencialm ente, parecem ser essencialm ente patógenos obrigatórios. Houve nestas cepas um a evolução da capa cidade especial de causar enterite, enterocolite e colite quando inge ridas em quantidade suficiente p or um hospedeiro não im une. Há pelo m enos cinco patótipos de E. coli patogênicas intestinais; (1) E. coli produtora de toxina de Shiga (STEC)/£. coli êntero-hem orrágica (EHEC), (2) E. coli enterotoxigênica (ETEC), (3) E. coli enteropatogênica (EPEC), (4) E. coli enteroinvasiva (EIEC) e (5) E. coli enteroagregativa (EAEC). A E. coli difusam ente aderente (DAEC) e a E. coli citodesagregadora são patótipos putativos adicionais. A transm issão se dá predom inantem ente pela água e alim entos contam inados para a ETEC, STEC/EHEC, EIEC e EAEC e p o r dissem inação pessoa a p es soa para a EPEC (e ocasionalm ente STEC/EHEC). A acidez gástrica confere algum a proteção contra a infecção; p ortanto, pessoas com redução dos níveis estomacais de ácido são especialm ente suscetíveis. Os seres hum anos são o principal reservatório (exceto para STEC/ EHEC, tendo-se em vista os bovinos que estão envolvidos); a varie dade de hospedeiros parece d epender de fatores relativos à adesão espécie-específica das bactérias. E m bora haja algum a superposição, cada patótipo possui um a única com binação de fatores de virulência, o que resulta em um m ecanism o patogênico intestinal distinto para cada um deles (Q uadro 149.2). Estas cepas são em grande parte inca pazes de causar doença fora do trato intestinal. Exceto nos casos de STEC/EHEC e de EAEC, a doença causada po r este grupo de patóge nos ocorre principalm ente nos países em desenvolvim ento.
■ £ COLI PRODUTORAS DE TOXINA DE SHIGA E ÊNTERO-HEMORRÁGICAS As cepas STEC/EHEC constituem um grupo em ergente de patógenos capazes de causar colite hem orrágica e síndrom e hem olítico urêm ica (SHU). Vários grandes surtos, originados do consum o de alim entos frescos (p. ex., alface, espinafre, brotos) e de carne m oída m alcozida, receberam considerável atenção da m ídia. O sorotipo 0157:H 7 é o m ais proem inente, m as os sorogrupos 0 6 , 0 2 6 , 0 5 5 , 0 9 1 , 0 1 0 3 , 0111, 0 1 1 3 e 0X 3 tam bém já foram associados a estas síndrom es. A capacidade da STEC/EHEC de pro d u zir toxina de Shiga (Stx2 e/ou Stxl) ou toxinas relacionadas é um fator crítico na expressão clínica da doença. As cepas de Shigella dysenteriae que produzem a toxina de Shiga proxim am ente relacionada com a Stx podem causar a m esm a síndrom e. A Stx2 e sua variante Stx2C (que pode estar variavelm en te presente em com binação com Stx2 e/ou S txl) parecem ser m ais im portantes que a Stxl no desenvolvim ento da HUS. Todas as toxi nas de Shiga estudadas até o presente são m ultím eros com postos de um a subunidade A enzim aticam ente ativa e de cinco subunidades B idênticas, que m edeiam a ligação às globosil ceram idas, que são glicolipídios associados à m em brana expressos em certas células do hospedeiro. A subunidade A da Stxlcliva um a adenina do rRNA 28S da célula do hospedeiro, deste m odo in ibindo irreversivelm ente a função ribossôm ica, enquanto a subunidade A da Stx2 inativa Bcl2, induzindo apoptose.
Propriedades adicionais, com o a tolerância ao ácido e a adesão, são necessárias para a plena patogenicidade das cepas STEC. A m aior parte dos isolados causadores de doença possui o locus crom ossôm ico para a supressão dos enterócitos (LEE). Esta ilha de patogenicida de foi prim eiram ente descrita em cepas de EPEC e contém genes que m edeiam a adesão às células epiteliais intestinais. As cepas de EHEC constituem um subgrupo das cepas de STEC que possuem stx, e/ou stx2 bem com o LEE. R um inantes dom esticados, p a rticu la rm e n te o gado e bezerros jovens, são o principal reservatório das STEC/EHEC. A carne m oída - a fonte m ais com um de cepas ST E C /E H E C - é frequentem ente c o ntam inada d u ra n te o processam ento. A lém disso, o esterco de gado ou de outros anim ais (incluindo aquele na form a de fertilizan te) pode contam inar as colheitas (batatas, alface, espinafre, couves de Bruxelas, m açãs caídas) e os rem anescentes fecais desse m aterial p o dem contam inar os sistem as de abastecim ento de água. A nim ais em jardins zoológicos constituem o utra fonte de infecção. Estim a-se que < 102 CPU de STEC /EH EC p o d em causar doença. P ortanto, não apenas as pequenas quantidades presentes nos alim entos ou no am biente contam inado (p. ex., na água engolida ao nadar) resultam em doença, m as tam bém a transm issão pessoa a pessoa (p. ex., nas cre ches e em instituições) é u m a im p o rta n te via de dissem inação se cundária. Tam bém ocorrem infecções associadas ao laboratório. A doença causada p o r este grupo de patógenos ocorre tanto em surtos, quanto sob a form a de casos esporádicos, com um pico de incidência nos meses de verão. Em co n tra ste com o u tro s p a tó tip o s in testinais, as STEC/EHEC causam infecções m ais frequentem ente em países in dustrializados do que em regiões em desenvol vim ento. As cepas 0 1 5 7 :H 7 são a q u a rta causa m ais com um ente notificada de diarréia nos EUA (após Campylobacter, Salmonella e Shigella). A colonização do colo e talvez do íleo resulta em sintom as após um p eríodo de incubação de 3 ou 4 dias. O edem a do colo e a diarréia secretora não sanguinolenta inicial p odem evoluir para a síndrom e característica das STEC/EHEC, u m a diarréia francam ente sanguinolenta (detectada pela h istória ou pelo exam e) em m ais de 90% dos casos. São com uns a dor abdom inal im portante e a presença de leucócitos fecais (70% dos casos), ao passo que febre não é; a au sência de febre pode levar incorretam ente à suspeita diagnostica de afecções não infecciosas (p. ex., intussuscepção e doença intestinal inflam atória ou isquêm ica). O casionalm ente, as infecções causadas p o r C. difficile, K. oxytoca (ver “Infecções p o r Klebsiella”, a d ia n te), Campylobacter e Salmonella se apresentam de m odo similar. A doença p or STEC/EHEC é habitualm ente autolim itada, durando 5 a 10 dias. Um a complicação incom um , porém tem ida, dessa infecção é a SHU, que ocorre d entro de 2 a 14 dias após a diarréia em 2 a 8% dos casos, afetando mais frequentem ente pacientes m uito jovens ou ido sos. Estim a-se que > 50% de todos os casos de SHU nos EUA e 90% dos casos de SHU em crianças sejam causados por STEC/EHEC. Esta com plicação é provavelm ente m ediada pela translocação sistêm ica das toxinas de Shiga. Os eritrócitos podem servir com o carreadores de Stx para as células endoteliais localizadas nos pequenos vasos dos rins e do cérebro. O desenvolvim ento subsequente de m icroangiopatia trom bótica (talvez com efeitos diretam ente m ediados pela toxina sobre várias células não endoteliais) com um ente produz um a com bi nação de febre, trom bocitopenia, insuficiência renal e encefalopatia. Em bora o suporte de diálise faça a letalidade cair para m enos de 10%, pode haver disfunções renal e neurológica residuais.
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■ £ COLI ENTEROTOXIGÊNICA Nos países tropicais ou em desenvolvim ento, a ETEC é a prin cip al causa de d iarré ia endêm ica. N estes locais, as crianças, após o desm am e, com um ente experim entam vá rios episódios de infecção p or ETEC d urante os prim eiros 3 anos de vida. A incidência da doença dim inui com a idade, um padrão que se correlaciona com o desenvolvim ento de im unidade m ucosa aos fatores de colonização (isto é, adesinas). Nos países industrializados, a infecção habitualm ente ocorre em indivíduos que reto rn am de viagens a áreas endêm icas, em bora ocorram surtos ocasionais tran s
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m itidos p or alim entos A ETEC é o agente m ais com um de diarréia do viajante, causando 25 a 75% dos casos. A incidência da infecção pode ser reduzida pelo prudente ato de evitar o consum o de líquidos e alim entos possivelm ente contam inados (Cap. 123). A infecção por ETEC é incom um nos EUA, m as já ocorreram surtos secundários ao c onsum o de produtos alim entares im portados de áreas endêm icas. E necessária a inoculação em grande escala (106 a IO10 CFU ) para p roduzir a doença. Após a ingestão de água ou alim ento contam ina dos (particularm ente quando m alcozidos, com idos com casca ou não refrigerados), ocorre em 12 a 72 h um a adesão intestinal m ediada por um fator de colonização. A doença é m ediada principalm ente p o r um a toxina term olábil (LT-1) e/ou p or um a toxina term oestável (STa) que causa secreção de líquido m ediante a ativação da adenilato ciclase (LT-1) e/ou guanilato ciclase (STa) no jejuno e no íleo. O resultado é um a diarréia aquosa acom panhada por cólicas. A LT-1 consiste em um a subunidade A e de um a subunidade B e é estrutural e funcionalm ente sim ilar a toxina do cólera. A forte ligação da subunidade B ao gangliosídio GM, p re sente na superfície das células epiteliais intestinais leva à translocação da subunidade A, que funciona com o um a A D P-ribosiltransferase. A STa m adura é um peptídio de 18 ou 19 am inoácidos cuja ativida de biológica é m ediada pela ligação à guanilato ciclase C encontrada na m em brana da borda em escova dos enterócitos; esta ligação re sulta em aum ento das concentrações intracelulares de GM P cíclico. C aracteristicam ente ausentes na doença m ediada p o r ETEC são as alterações histopatológicas do intestino delgado; o m uco, sangue e células inflam atórias nas fezes; e a febre. O espectro da doença varia desde um quadro leve a um a síndrom e coleriform e potencialm ente fatal. Em bora os sintom as sejam habitualm ente autolim itados (d u rando 3 dias), a infecção pode resultar em significativa m orbidade e m ortalidade (principalm ente com o resultado de depleção profunda de volum e) quando o acesso aos serviços de saúde ou a reidratação apropriada são lim itados e quando são afetadas crianças pequenas e/ ou m alnutridas.
po r febre, dor abdom inal, tenesm o e fezes escassas que contêm muco, sangue e células inflam atórias. Os sintom as são habitualm ente auto lim itados (7 a 10 dias).
■ £ COLI ENTEROAGREGATIVA E DIFUSAMENTE ADERENTE A EAEC foi prim eiram ente descrita em países desenvolvi dos e em crianças pequenas. E ntretanto, estudos recentes indicam que a EAEC p ode ser u m a causa relativam ente com um de diarréia em todos os grupos etários nos países industria lizados. A EAEC tam bém tem sido cada vez m ais reconhecida como u m a im portante causa de diarréia do viajante. Um grande inóculo é necessário para a infecção, que se m anifesta com o diarréia aq u o sa e algum as vezes persistente em hospedeiros tan to sadios quanto infectados pelo HIV. In vitro, os m icrorganism os exibem um padrão difuso, ou de “tijolos em pilhados”, de adesão às células epiteliais. Os fatores de virulência que provavelm ente são necessários para a doença são regulados em p arte pelo ativador transcricional AggR e incluem as fím brias de adesão agregativa (A A F/I-III); a adesina Hda; a dispersão de proteínas de superfície; e as enterotoxinas Pet, EAST1, ShE T l e ShET2. A lgum as cepas de D AEG são capazes de causar doença diarreica, principalm ente em crianças de 2 a 6 anos de idade, em alguns países em desenvolvim ento, e talvez possam causar diar réia do viajante As adesinas A F a/D r p o d em c ontribuir para a p a to gênese da infecção.
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■ DIAGNÓSTICO
U m a abordagem prática para a avaliação da diarréia é distinguir os casos não inflam atórios dos inflam atórios (Cap. 128). A ETEC, EPEC e DAEC são causas incom uns de diarréia não inflam atória nos EUA; a incidência de infecção p or EAEC naquele país pode estar subestim ada. O diagnóstico destas infecções requer ensaios especia lizados (p. ex., testes baseados em PCR para genes específicos de patotipos) que não estão ro tineiram ente disponíveis e que raram ente são necessários, já que as doenças são autolim itadas. A ETEC causa a m aioria e a EAEC a m inoria dos casos de diarréia não inflam atória ■ E. COLI ENTEROPATOGÊNICA do viajante. O diagnóstico definitivo geralm ente não é necessário. O A EPEC causa doença principalm ente em crianças p eq u e tratam ento antim icrobiano em pírico (ou sintom ático) é, ju n ta m en te com a reidratação, um a c o nduta razoável. Se a diarréia persiste nas, incluindo neonatos. O prim eiro patótipo de E. coli re conhecido com o um agente de doença diarreica, a EPEC a despeito do tratam ento, deve-se investigar a presença de Giardia ou Cryptosporidium (ou, em hospedeiros im unocom prom etidos, de foi responsável p or surtos de diarréia em lactentes (incluindo alguns outros agentes m icrobianos). O diagnóstico de infecção p or EIEC, surtos em berçários de hospital) em países industrializados nos anos um a rara causa de diarréia inflam atória nos EUA, tam bém requer en 1940 e 1950. Atualm ente, a infecção por EPEC é um a causa incom um de diarréia nos países desenvolvidos, m as é um a causa im portante de saios especializados. Entretanto, está indicada um a avaliação quanto diarréia (tanto esporádica quanto epidêm ica) entre os lactentes dos a um a possível infecção p or STEC/EHEC, p articularm ente quando é descrita ou observada diarréia sanguinolenta. E m bora o m étodo países em desenvolvim ento. A am am entação dim inui a incidência de infecção por EPEC. Pode ocorrer rápida transm issão de pessoa a m ais com um atualm ente utilizado para a detecção de STEC/EHEC pessoa. Com a colonização do intestino delgado, os sintom as se de seja a triagem para cepas de E. coli que não ferm entam sorbitol, com sorotipagem subsequente para 0 1 5 7 , o teste para os toxinas de Shiga senvolvem após um breve período de incubação (1 a 2 dias). A ade são localizada inicial leva ao característico apagam ento das m icroviou para os genes da toxina é m ais sensível, específico e rápido. Esta últim a abordagem oferece a vantagem adicional de detectar tanto as losidades, com a form ação de pedestais sem elhantes a cálices, ricos cepas de STEC/EHEC não 0 1 5 7 q uanto as cepas de 015 7 :H 7 que em actina. Os verdadeiros m ecanism os de produção de diarréia são ferm entam sorbitol, as quais, de outro m odo, seriam de difícil id en atualm ente um a área de investigação. As fezes diarreicas frequente m ente contêm muco, m as não sangue. E m bora autolim itada (durante tificação. Há ensaios baseados no DNA, de im unoadsorção ligada a enzim a e de citotoxicidade em vários estágios de desenvolvim ento, 5 a 15 dias), a diarréia po r EPEC pode persistir por sem anas. que estão surgindo com o m étodos de escolha-para diagnóstico.
• Doenças Infecciosas
■ E. COLI ENTEROINVASIVA A EIEC, um a causa relativam ente incom um de diarréia, é raram ente identificada nos EUA, em bora alguns poucos surtos relacionados com alim entos tenham sido descritos. TRATAMENTO Infecções intestinais por E. coli Em países em desenvolvim ento a doença esporádica é infrequen(Ver tam bém o Cap. 128.) O principal sustentáculo do tratam en tem ente reconhecida em crianças e viajantes. A EIEC com partilha to de todas as síndrom es diarreicas é a reposição de água e eletró m uitos aspectos genéticos e clínicos com Shigella; entretanto, dife litos. O uso de antibióticos profiláticos p ara prevenir a diarréia rentem ente da Shigella, a EIEC necessita grandes inóculos (108 a 10lü do viajante deve ser em geral desencorajado, especialm ente à luz CFU) para produzir doença, cujo início geralm ente tem lugar após das altas taxas de resistência aos antim icrobianos. Entretanto, em um período de incubação de 1 a 3 dias. Acredita-se que enterotoxinas pacientes selecionados (p. ex., naqueles que não podem suportar induzam inicialm ente diarréia secretora no intestino delgado. Sub um a doença breve ou que têm m aior suscetibilidade à infecção), sequentem ente, a colonização e a invasão da m ucosa do colo, onde é razoável usar rifaxim ina, que não é absorvível e é bem tolerada. ocorre em seguida replicação e dissem inação da bactéria célula a cé Q uando não h á m uco e sangue nas fezes, o tratam ento precoce da lula, resulta no desenvolvim ento de colite inflam atória caracterizada
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diarréia do viajante, iniciado pelo próprio paciente com um a fluoroauinolona ou com azitrom icina, dim inui a duração da doença, e o uso de loperam ida pode fazer cessar os sintom as em poucas horas. Em bora a disenteria causada p o r EIEC seja autolim itada, o tratam ento acelera a resolução dos sintom as, particularm ente nos casos graves. Por outro lado, o tratam ento antim icrobiano da infecção p or STEC/EHEC (cuja presença é sugerida po r diarréia visivelmente sanguinolenta sem febre) deve ser evitado, já que os antibióticos podem aum entar a incidência de SHU (possivelm en te m ediante o aum ento da produção/liberação de Stx).
de risco. lal com o em todas as pneum onias causadas p or GNB enté ricos, a produção de secreção brônquica e evidências de doença das vias respiratórias são tipicas. A apresentação em fases m ais precoces e m enos avançadas da infecção é m ais com um do que o classicam ente descrito infiltrado lobar com abaulam ento de cisura. C om a progressão da doença, p odem ocorrer, necrose pulm onar, derram e pleural e em piem a.
■ ITU A K. pneum oniae reponde p or apenas 1 a 2% dos episódios de ITU entre adultos saudáveis, m as p o r 5 a 17% dos episódios de ITU com plicada, incluindo as infecções associadas a cateteres urinários de dem ora.
INFECÇÕES POR KLEBSIELLA
■ SÍNDROMES INFECCIOSAS Pneumonia A K. pneum oniae é responsável p or apenas um a p e q u en a p ro p o r ção dos casos de PAC (Cap. 257); entretanto, a PAC causada p o r K. pneum oniae é m ais com um na Á frica e n a Ásia do que na E uropa e nos EUA. Essa infecção é observada principalm ente em hospedeiros com condições subjacentes (p. ex., alcoolism o, diabetes ou doença pulm onar crônica). A infecção p u lm o n ar é p articularm ente com um entre residentes de instituições p ara cuidados de longo prazo e p a cientes hospitalizados, devido às taxas au m entadas de colonização orofaríngea. A ventilação m ecânica constitui um im p o rtan te fator
Infecção abdominal A Klebsiella causa um esp ectro de infecções abdom inais sim ilar ao causado p o r E. coli, m as é m enos frequentem en te isolada nestas infecções. A nova variante hipervirulenta de K. pneum oniae (hvKP), que em ergiu no d eco rrer dessa últim a década, foi inicialm ente d escrita n a costa do Pacífico, porém foi subsequentem ente relatada nos EUA, no C anadá, na E uropa e em outros países. A princípio, a infecção pela hvKP foi caracterizada e diferenciada das infecções tradicionais p o r cKP pela (1) apresenta ção na form a de abscesso hepático a d q u irid o n a co m unidade, (2) ocorrência em pacientes sem história clínica de d oença hepatobiliar, e (3) propensão à dissem inação m etastática para locais distantes (p. ex., olhos, sistem a nervoso central, pulm ões) em 1 1 a 80% dos ca sos (Fig. 149.1, à esquerda). M ais recentem ente, essa variante ta m bém foi id entificada com o causa de u m a v ariedade de infecções/ abscessos extra-h ep ático s graves. C om frequência, os indivíduos acom etidos têm diabetes m elito e são de origem asiática; e n tre ta n to, indivíduos não diabéticos e to d o s os grupos étnicos p odem ser afetados. N ão raram en te, os h o sp e d e iro s são jovens e sadios. Os pacientes que sobrevivem com d issem inação m etastática freq u en tem ente apresentam m o rbidade catastrófica, com o perda da visão e seqüelas neurológicas.
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Outras infecções A celulite ou a infecção do tecido m ole p o r Klebsiella afetam mais frequentem ente o tecido desvitalizado (p. ex., úlceras de decúbito e diabéticas, locais de queim aduras) e hospedeiros im unocom prom e tidos. A Klebsiella causa alguns casos de infecção de sítio cirúrgico, endoftalm ite de origem hem atogênica (especialm ente em associação a abscesso hepático) e sinusite hospitalar, além de casos esporádicos de osteom ielite contígua a infecções de tecidos m oles, m iosite não tropical e m eningite (tanto no período neonatal quanto após neu ro cirurgia). Cepas de K. oxytoca p rodutoras de citotoxinas foram im pli cadas com o causa de colite hem orrágica (m as não não hem orrágica) associada a antibióticos, não causada p o r C. difficile.
Bacteremia A infecção p o r Klebsiella em q u alquer local pode p ro d u z ir bacte rem ia. As infecções do trato urinário, do trato respiratório e do ab dom e (especialm ente abscesso hepático) respondem p or 15 a 30% dos episódios de b acterem ia p o r Klebsiella. Infecções relacionadas com dispositivos intravasculares respondem po r outros 5 a 15% dos episódios e, pelos dem ais casos, as infeções de sítio cirúrgico e de outros locais. A Klebsiella é um a causa de sepse em neonatos e de bacterem ia em pacientes n eutropênicos. Tal com o os GNB en téri cos, em geral, a Klebsiella raram ente causa endocardite ou infecção endovascular.
■ DIAGNÓSTICO As Klebsiella são p rontam ente isoladas e identificadas no laborató rio. Estes organism os habitualm ente ferm entam lactose, em bora as subespécies rhinoscleromatis e ozaenae sejam não ferm entadoras e indol negativas. A nova variante clínica hipervirulenta é m ais com u m ente do sorotipo capsular K l ou K2 e possui um fenótipo hiperm ucoviscoso (Fig. 149.1, à direita).
Doenças Causadas por Bacilos Gram-Negativos Entéricos
A K. pneum oniae é, sob o po n to de vista m édico, a m ais im p o rta n te espécie de Klebsiella, causando infecções a d quiridas n a com unidade, nas instituições para cuidados a longo prazo e no hospital. O K. oxytoca é o principal patógeno e n contrado no am biente das instituições para cuidados a longo prazo e hospitais. As espécies de Klebsiella são am plam ente prevalentes no am biente e colonizam as superfícies m ucosas dos m am íferos. Em seres h um ano s norm ais, a prevalência de colonização p o r K. pneum oniae é de 5 a 35% no colo e de 1 a 5% n a orofaringe; a pele é habitualm ente colonizada apenas transitoriam ente. Nas instituições para cuidados a longo prazo e nos hospitais, ocorre tam bém coloni zação p o r K. oxytoca, e as taxas de p o rtad o res entre a equipe m édica e os pacientes são igualm ente significantes. A dissem inação pessoa a pessoa é o m o d o de aquisição predom inante. A m aioria das in fecções p or Klebsiella causadas p o r K. pneum oniae “clássica” (cKP) ocorre atualm ente em hospitais e em instituições p a ra cuidados de longo prazo. As síndrom es clínicas m ais com uns causadas p o r cKP consistem em pn eu m o n ia, ITU, infecção abd o m in al, infecção de dispositivos intravasculares, infecção de sítio cirúrgico, infecção de tecidos m oles e bacterem ia subsequente. U m a característica essen cial da cKP com o patógeno b em -sucedido associado à assistência m édica foi a sua evolução em um bacilo G ram -negativo RMF. As cepas de cKP RMF tem causado diversos su rto s de infecção h o sp i talar em U T I e berçários neonatais. H istoricam ente, a cKP causava grave pneum onia adquirida na com unidade, p rincipalm ente em alcoolistas; essa síndrom e é ainda observada com certa frequência na Á frica e na Ásia, po rém to rn o u -se cada vez m ais ra ra nos E stados U nidos e na E uropa. As cepas de cKP parecem ser genom icam ente distintas da K. pneum oniae h ip erv iru len ta (hvKP), u m patógeno em ergente que vem sendo reconhecido cada vez m ais nessas últi m as duas décadas (ver “Infecção A bdom inal”, adiante); entretanto, é possível que as cepas de cKP e hvKP ten h am fatores de v iru lê n cia em com um . A K. pneum oniae subespécie rhinoscleromatis é o agente etiológico do rinosclerom a, u m a infecção g ran u lo m ato sa da m ucosa do trato respiratório su p e rio r que pro g rid e lentam ente (no deco rrer de m eses ou anos) e que provoca necrose e, em cer tas ocasiões, obstrução das vias nasais. A K. pneum oniae subespécie ozaenae já foi im plicada com o causa de rinite atrófica crônica e, ra ram ente, de doença invasiva em hospedeiros com prom etidos. Essas duas subespécies de K. pneum oniae são hab itu alm en te isoladas de pacientes que residem em clim as tropicais e são g en om icam ente distintas da cKP e HvKP.
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V Figura 149.1 Nova variante hipervirulenta de K. pneumoniae (hvKP). À esquerda: Imagem de TC abdominal de um homem vietnamita de 24 anos de idade previamente sadio, mostrando um abscesso hepático primário (seta vermelha) com disseminação metastática para o baço (seta preta). (Cortesia de Drs. Chiu-Bin Hsaio e Diana Pomakova.) À direita: Cultura da cepa hvKP responsável a partir de amostra
TRATAMENTO
Doenças Infecciosas 125 4
Infecções por Klebsiella
A K. pneum oniae e a K. oxytoca exibem perfis de resistência aos antibióticos em grande parte sem elhantes. Essas espécies são intrinsecam ente resistentes à am picilina e à ticarcilina, e a n itro fu rantoína é apenas discretam ente ativa co n tra elas. D ados do N H SN indicaram que 24% das infecções associadas a dispositi vos, causadas por K. pneumoniae, eram devidos a cepas resisten tes às cefalosporinas III entre 2006 e 2007. Foram relatadas taxas até m esm o m ais altas fora da Am érica do N orte, com resistência de 68% dos isolados do IN IC C entre 2002 e 2007. Essa resistên cia crescente é m ediada p rincipalm ente p o r ESBL codificadas p or plasm ídios. Além disso, esses plasm ídios habitualm ente co dificam a resistência aos am inoglicosídios, tetraciclinas e SMX-TMP. Além disso, foram obtidos isolados de K. pneum oniae que contêm ESBL CTX-M de pacientes am bulatoriais sem contato recente com assistência m édica (ver E. coli para opções de tra ta m ento). A resistência a com binações de p-lactâm icos/inibidores da (3-lactamase e às cefamicinas independente de plasm ídios que codificam ESBL tam bém tem sido descrita com frequência cres cente, particularm ente na A m érica Latina. A prevalência de resis tência às fluoroquinolonas é de 15 a 20% de um m odo geral e de 50% entre cepas contendo ESBL. D ada a im possibilidade de tratar estas últim as cepas com penicilinas ou cefalosporinas e tendo em vista a resistência às fluoroquinolonas frequentem ente associada às ESBL, é prudente o tratam ento em pírico de infecções p o r Kle bsiella graves ou associadas a cuidado de saúde com am icacina ou carbapenens. Presum ivelm ente, entretanto, o uso de carbapenens estim ulado por ESBL determ inou a seleção de cepas de Klebsiella que possuem carbapenem ases, conferindo resistência aos substra tos das ESBL, bem com o às cefam icinas e aos carbapenens. Nos EUA, algum as cepas de Klebsiella possuem carbapenem ases da família KPC em plasm ídios transferíveis e tam bém exibem resis tência às fluoroquinolonas e aos am inoglicosídios. O tratam ento de infecções causadas p o r cepas que possuem carbapenem ases representa um grande desafio, e essas cepas são cada vez m ais quase panresistentes. A escolha ideal do tratam ento não está bem definida. A tigeciclina, a polim ixina B e a polim ixina E (colistina) constituem os agentes m ais ativos in vitro, que são usados com m ais frequência. E ntretanto, a resistência a esses agentes já está em ergindo, e cepas de Klebsiella resistentes a todos os agentes a n tim icrobianos conhecidos foram descritas nos EUA e em todo o m undo. Na atualidade, não se dispõe de nenhum a opção de trata
de sangue e abscesso do paciente. Um fenótipo hipermucoviscoso foi associado às cepas de hvKP que causam abscesso hepático primário adquirido na comunidade. Esse fenótipo foi definido, semiquantitativamente, como “teste do barbante" positivo (formação de um barbante viscoso de > 5 mm de comprimento quando colônias bacterianas em uma placa de ágar são esticadas por uma alça de inoculação).
m ento para essas cepas. No tratam ento de isolados que são mais “receptivos a antim icrobianos”, é fu n d am en tal utilizar o agente m ais apropriado e de espectro m ais estreito, sem pre que possível.
INFECÇÕES POR PROTEUS O P. mirabilis causa 90% das infecções p o r Proteus que ocorrem na com unidade, nas instituições para cuidados a longo prazo e nos h o s pitais. O P. vulgaris e o P penneri associam -se principalm ente à infec ções adquiridas naquelas instituições e nos hospitais. As espécies de Proteus são parte da flora colônica de um a am pla variedade de m a míferos, pássaros, peixes e répteis. A capacidade destes GNB de gerar histam ina em peixes contam inados os im plicou na patogênese do envenenam ento escom broide (pela histam ina de peixes) (Cap. 396). O P. mirabilis coloniza seres hum anos saudáveis (prevalência de 50%), enquanto o P. vulgaris e o P. penneri são isolados principal m ente de indivíduos com doença subjacente. O trato urinário é, sem dúvida, o local m ais com um de infecção p o r Proteus, cujas adesinas, flagelos, protease de IgA e urease representam im portantes fatores de urovirulência conhecidos. As infecções p o r Proteus são m enos co m uns em vários outros locais extraintestinais.
■ SÍNDROMES INFECCIOSAS ITU A m aior parte das infecções p o r Proteus tem origem no trato u rin á rio. O P. mirabilis causa apenas 1 a 2% dos casos de ITU em m ulheres saudáveis, e as espécies de Proteus causam coletivam ente apenas 5% dos casos de ITU adquiridas no hospital. E ntretanto, os Proteus são responsáveis p or 10 a 15% dos casos de IT U com plicada, principal m ente os associados a cateterism o; com efeito, entre isolados de ITU de pacientes subm etidos a cateterism o prolongado, a prevalência de Proteus é de 20 a 45%. Esta alta prevalência se deve em parte à p ro dução, pela bactéria, de urease, que h idrolisa a ureia em am ônia e produz alcalinização da urina. A alcalinização da urina, p or sua vez, leva à precipitação de com postos orgânicos e inorgânicos, o que con tribui para a form ação de cristais de estruvita e carbonato-apatita, form ação de biofilm es sobre os cateteres e/ou de cálculos visíveis. O Proteus se associa então aos cálculos e biofilmes; a p a rtir daí, só pode ser erradicado pela rem oção dos cálculos e do cateter. C om o tem po, podem form ar-se cálculos coraliform es dentro da pelve renal, que le vam à obstrução e à insuficiência renal. Por esta razão, am ostras de urina de alcalinidade inexplicada devem ser cultivadas para Proteus,
e a identificação de um a espécie de Proteus na urina indica a im ediata avaliação quanto à presença de urolitíase.
Outras infecções Os Proteus ocasionalm ente causam p n e u m o n ia s (principalm ente em residentes em instituições para cuidados a longo prazo ou em pacientes hospitalizados), sinusites nosocom iais, abscessos in tra -abdom inais, infecções do trato biliar, infecções de sítio cirúrgico, infecções dos tecidos m oles (especialm ente úlceras de decúbito e diabéticas) e osteom ielites (principalm ente p o r contiguidade); em raras ocasiões, causam m iosite não tropical. Além disso, os Proteus raram ente causam m eningite neonatal, sendo o um bigo a fonte co m um ente im plicada; com frequência, esta doença é com plicada pelo desenvolvim ento de um abscesso cerebral. Abscessos cerebrais otogênicos tam bém ocorrem .
Bacteremia A m aioria dos episódios de bacterem ia p or Proteus se origina do trato urinário; entretanto, qualquer dos locais m enos com uns de in fecção, bem com o dispositivos intravasculares, p odem ser tam bém fontes potenciais. A infecção endovascular é rara. Espécies de Proteus são ocasionalm ente os agentes de sepse em neonatos e de bacterem ia em pacientes neutropênicos.
■ DIAGNÓSTICO O Proteus é p rontam ente isolado e identificado n o laboratório. A m aior parte das cepas são lactose-negativas, produzem H 2S e sua m o tilidade dá origem ao típico crescim ento em enxam eam ento nas pla cas de ágar. O P. mirabilis é indol-negativo, ao passo que o P. vulgaris e o P. penneri são indol-positivos.
TRATAMENTO
Infecções por Proteus
INFECÇÕES POR ENTEROBACTER O E. cloacae t o E. aerogenes são responsáveis pela m aior p arte das infecções por Enterobacter (65 a 75% e 15 a 25%, respectivam ente); o E. sakazakii (recentem ente renom eado Cronobacter sakazakii) e o E. gergoviae são m enos com um ente isolados (1% e m enos de 1% dos isolados de Enterobacter, respectivam ente). As espécies de Enterobac ter causam prim ariam ente infecções adquiridas no hospital e em ou tras instituições de assistência à saúde. Os m icrorganism os são am plam ente prevalentes nos alim entos, em fontes am bientais (incluindo o equipam ento de instituições de assistência à saúde) e em um a va riedade de anim ais. Poucos seres h um anos saudáveis são coloniza dos, m as a porcentagem aum enta significativam ente nos residentes em instituições para cuidados a longo prazo ou em indivíduos hospi talizados. Em bora a colonização seja um im portante antecedente na gênese da infecção, tam bém ocorre a introdução direta p o r m eio de
■ SÍNDROMES INFECCIOSAS Pneum onias, ITU (particularm ente relacionadas com cateter), infec ções relacionadas com dispositivos intravasculares, infecções de sítio cirúrgico e infecções abdom inais (principalm ente pós-operatórias ou relacionadas com dispositivos com o stents biliares) são as síndrom es mais com um ente encontradas. As sinusites nosocom iais, m eningites relacionadas com procedim entos neurocirúrgicos (incluindo o uso de m onitores de pressão intracraniana), osteom ielites e as endoftalm ites que surgem após cirurgia ocular são m enos freqüentes. O E. (C.) sakazakii se associa a m eningites/sepses neonatais (particular m ente em lactentes prem aturos); fórm ulas contam inadas já foram im plicadas com o um a fonte destas infecções, que são frequentem en te com plicadas p or abscesso cerebral ou ventriculite. A bacterem ia pode resultar da infecção em qualquer local anatôm ico. Nas bacte rem ias p o r Enterobacter cuja origem é incerta, devem ser conside radas a contam inação dos líquidos ou m edicam entos IV, de h em o com ponentes ou de derivados de plasm a, dos líquidos para lavagem do cateter, dos m onitores de pressão e do equipam ento de diálise, particularm ente em situações de surto. O Enterobacter pode tam bém causar bacterem ia em pacientes neutropênicos. A endocardite por Enterobacter é rara, ocorrendo principalm ente em associação com o uso de drogas ilícitas IV ou valvas prostéticas.
■ DIAGNÓSTICO O Enterobacter é prontam ente isolado e identificado no laboratório. A m aior parte das cepas são lactose-positivas e indol-negativas.
TRATAMENTO
Infecções por Enterobacter
Um a significativa resistência aos antim icrobianos existe entre as cepas de Enterobacter. A am picilina e as cefalosporinas I e II têm pouca ou nenhum a atividade. O intenso uso de cefalosporinas III resultou na seleção de cepas em que a produção de (3-lactamase A m pC é desreprim ida, o que confere resistência às cefalospori nas III, aos m onobactâm icos (p. ex., aztreonam ) e - em m uitos casos - a com binações de betalactâm icos/inibidores de betalac tamase. A resistência pode em ergir durante o tratam ento; em um estudo, a em ergência de resistência foi docum entada em 20% dos pacientes. A resistência de novo deve ser considerada quando há deterioração clínica após m elhora inicial, e as cefalosporinas III devem ser evitadas no tratam ento de infecção graves p or Entero bacter. Os dados do N ational N osocom ial Infections Surveillance System para 2003 identificaram resistência às cefalosporinas III em 31% dos isolados de ITU, enquanto os dados do IN IC C para 2002-2007 relataram esse tipo de resistência em 57% dos isolados. A cefepim a é estável na presença de betalactam ase AmpC; sendo assim, é um a opção adequada para o tratam ento de infecções por Enterobacter, contanto que não haja ESBL coexistente. Entretanto, a prevalência da produção de ESBL em espécies de Enterobacter (particularm ente E. cloacae) tem crescido e é agora de 5 a 30%. Tais cepas, que tam bém são resistentes à cefepim a, podem re presentar um desafio para tratam ento. Felizm ente, nos EUA, os carbapenens, a am icacina e as fluoroquinolonas têm geralm ente m ostrado excelente atividade (90 a 99% dos isolados são sensí veis). Em bora a experiência clínica seja ainda lim itada, a tigecicli na é altam ente ativa in vitro. N este caso tam bém , é fundam ental utilizar o agente m ais apropriado e de espectro mais estreito, sem pre que possível.
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CO
Doenças Causadas por Bacilos Gram-Negativos Entéricos
0 P. mirabilis é habitualm ente suscetível à m aior parte dos agentes antim icrobianos, exceto tetraciclina, nitrofurantoína, polim ixina B e tigeciclina. Já há resistência à am picilina e às cefalosporinas 1 em 10 a 50% das cepas. Em geral, 10 a 15% dos isolados de P. mirabilis são resistentes às fluoroquinolonas; 5% dos isolados nos EUA agora produzem ESBL. Além disso, os isolados de P. mirabi lis que contêm ESBL CTX-M foram obtidos de pacientes am bula toriais sem contato recente com assistência m édica (ver “E. coli” para opções de tratam ento). O P. vulgaris e o P. penneri exibem resistência aos fárm acos m ais extensa que o P. mirabilis. A resis tência à ampicilina e às cefalosporinas I é regra e 30 a 40% dos iso lados são resistentes às fluoroquinolonas. A desrepressão de um a betalactam ase Am pC crom ossôm ica induzível (que não existe no Proteus mirabilis) ocorre em até 30% dos isolados de P. vulgaris. O im ipenem , as cefalosporinas IV (p. ex., cefepim a), a am icacina e o SMX-TMP m ostram excelente atividade contra as espécies de Proteus (90 a 100% dos isolados sensíveis).
linhas IV (p. ex., líquidos IV ou m onitores de pressão contam inados). Um a resistência extensa aos antibióticos se desenvolveu em espécies de Enterobacter e provavelm ente contribuiu para a em ergência desses organism os com o proem inentes patógenos nosocom iais. Os indiví duos que receberam previam ente tratam en to antibiótico, que têm com orbidades, e que estão sendo tratados em UTI estão sob m aior risco de infecção. Os Enterobacter causam u m espectro de infecções extraintestinais sim ilar ao descrito para os outros GNB.
1255
INFECÇÕES POR SERRATIA A S. marcescens causa a m aioria (m ais de 90%) das infeções p or Serratia; a S. liquefasciens, S. rubidaea, S. fonticola e S. odorifera são iso ladas ocasionalm ente. As Serratia são encontradas principalm ente no am biente (inclusive o das instituições de assistência à saúde), p articu larm ente em locais úm idos. Em bora Serratia tenham sido isoladas de um a variedade de anim ais, os seres hum anos são raram ente coloni zados. Nas instituições p ara cuidados a longo prazo e hospitais, os re servatórios dos m icrorganism os incluem as m ãos e unhas dos dedos de profissionais de saúde, os alim entos, o leite (em unidades neona tais), as pias, o equipam ento respiratório, os m onitores de pressão, as soluções IV ou m edicam entos parenterais (particularm ente aqueles fornecidos p or farm ácias industriais), os frascos de m edicação com m últiplos acessos, os hem ocom ponentes (p. ex., plaquetas), sabão e loções para as m ãos, as soluções de irrigação e até m esm o os desin fetantes. A infecção resulta da inoculação direta (p. ex., p or líquidos IV) ou se segue a um a colonização (prim ária do trato respiratório). As infecções esporádicas são m ais freqüentes, m as ocasionalm ente ocorrem epidem ias (envolvendo frequentem ente cepas RMF em UTI de adultos e neonatais) e surtos de origem com um . O espectro de infecções extraintestinais causadas p o r Serratia é sim ilar ao de o u tros GNB. As espécies de Serratia são habitualm ente consideradas com o agentes etiológicos da infecção associada à assistência m édica e respondem por 1 a 3% das infecções hospitalares. Entretanto, estu dos de vigilância laboratorial em nível populacional no C anadá e na Austrália dem onstraram que as infecções adquiridas na com unidade ocorrem mais com um ente do que se acreditava.
■ SÍNDROMES INFECCIOSAS O trato respiratório, o trato geniturinário, os dispositivos intravascu lares e as feridas cirúrgicas são os locais m ais com uns de infecção p or Serratia e im portantes fontes de bacterem ia por Serratia. As infecções dos tecidos moles (incluindo m iosite), osteomielites, infecções ab d o m inais e do trato biliar (pós-procedim ento), as ceratites associadas às lentes de contato, as endoftalm ites, artrites sépticas (prim ariam ente após injeções intra-articulares) e as bacterem ias relacionadas com in fusões ocorrem m enos com um ente. As Serratia são causa incom um de m eningite neonatal ou pós-cirúrgica e de bacterem ias em pacien tes neutropênicos. A endocardite é rara.
■ DIAGNÓSTICO As Serratia são prontam ente cultivadas e identificadas pelo laborató rio. São habitualm ente negativas para lactose e indol. A lgum as cepas de S. marcescens são pigm entadas de verm elho.
■ SÍNDROMES INFECCIOSAS O trato u rinário responde p or 40 a 50% das infecções por Citrobacter. Locais m enos com um ente envolvidos incluem a árvore biliar (parti cularm ente com cálculos ou obstrução), o trato respiratório, os sítios cirúrgicos, o tecido m ole (p. ex., úlceras de decúbito), o peritônio e dispositivos intravasculares. As osteom ielites (habitualm ente a partir de um foco contíguo), as infecções relacionadas com neurocirurgia e as m iosites ocorrem raram ente. Incom um ente, os Citrobacter (parti cularm ente C. koseri) causam tam bém m eningites neonatais que se com plicam p or abscesso cerebral em 50 a 80% dos casos. A bactere m ia é m ais frequentem ente provocada pelas ITU, infecções biliares ou abdom inais, ou por infecções de dispositivos intravasculares. Em certas ocasiões, os Citrobacter causam bacterem ia em pacientes n e u tropênicos. As endocardites e as infecções endovasculares são raras.
■ DIAGNÓSTICO As espécies de Citrobacter são prontam ente isoladas e identificadas; 35 a 50% dos isolados são lactose-positivos, enquanto 100% são n e gativos para oxidase. O C. freundii é indol-negativo, ao passo que o C. koseri é indol-positivo.
TRATAMENTO
Infecções por Citrobacter
O C. freundii é m ais extensam ente resistente aos antibióticos do que o C. koseri. A am picilina e as cefalosporinas I e II m ostram atividade precária. As espécies de Citrobacter possuem betalactam ases A m pC induzíveis, cuja desrepressão estável pode preexistir ou se desenvolver durante o tratam ento. A resistência às penicili nas antipseudom onas, aztreonam , fluoroquinolonas, gentam icina e cefalosporinas III é variável, m as está aum entando. A prevalên cia de isolados produtores de ESBL é de m enos de 5%. Os carba penens, a am icacina, a cefepim a, a tigeciclina (cuja experiência clínica é lim itada), o ceftobiprol (que está aguardando aprovação pelo FDA), a fosfomicina* (disponível nos EUA apenas com o for m ulação oral) e as polim ixinas (os agentes de últim o recurso, de vido às suas toxicidades potenciais) são m ais ativos, com m ais de 90% de cepas sensíveis. * N. de R. T.: No Brasil, não está disponível.
Doenças Infecciosas
INFECÇÕES POR MORGANELLA E PROVIDENCIA TRATAMENTO
Infecções por Serratia
A m aior parte das cepas de Serratia (> 80%) é resistente à am pici lina, cefalosporinas I e polim ixina B. Em geral, m ais de 90% dos isolados de Serratia são sensíveis a outros antibióticos apropria dos para uso contra GNB. A desrepressão estável de betalactam ases A m pC crom ossôm icas induzíveis podem preexistir ou surgir durante o tratam ento. Tanto nos EUA quanto em todo o m undo a prevalência de isolados produtores de ESBL é de m enos de 5%.
INFECÇÕES POR CITROBACTER O C. freundii e o C. koseri causam a m aior p arte das infecções h u m anas p or Citrobacter, que são epidem iológica e clinicam ente sim i lares às infecções p or Enterobacter. As espécies de Citrobacter estão com um ente presentes na água, alim entos, solo e em certos anim ais. O Citrobacter é parte da flora fecal norm al em um a m inoria de seres hum anos saudáveis, m as as taxas de colonização aum entam nas in s tituições para cuidados a longo prazo e nos hospitais - os am bientes nos quais quase todas as infecções p o r Citrobacter ocorrem . As espé cies de Citrobacter respondem por 1 a 2% das infecções nosocom iais. Os hospedeiros afetados estão habitualm ente im unocom prom etidos
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e têm com orbidades. O Citrobacter causa infecções extraintestinais sim ilares às descritas para os outros GNB.
M. morganii, P. stuartii e (m enos frequentem ente) P. rettgeri são os m em bros de seus respectivos gêneros que causam infecções h u m a nas. Em term os de associações epidem iológicas, propriedades p a togênicas e m anifestações clínicas, estes organism os são em grande parte sim ilares às espécies de Proteus-, entretanto, a Morganella e a Providencia ocorrem m ais com um ente em residentes de instituições para cuidados a longo prazo; em m enor grau, acom etem tam bém pa cientes hospitalizados. —-
■ SÍNDROMES INFECCIOSAS Estas espécies são principalm ente patógenos do trato urinário, cau sando ITU, m ais frequentem ente, associadas a cateterism os a longo prazo (> 30 dias). Tais infecções levam com um ente à form ação de biofilm es e crostas no cateter (às vezes causando a sua obstrução) ou ao desenvolvim ento de cálculos vesicais ou renais de estruvita (às vezes causando obstrução renal e servindo com o foco para a recidi va). O utras síndrom es infecciosas m enos com uns incluem infecção no sítio cirúrgico, infecção de tecidos m oles (envolvendo p rim aria m ente úlceras de decúbito e diabéticas) infecção em queim aduras, pneum onias (particularm ente as associadas ao ventilador), infecção de dispositivos intravasculares e infecção intra-abdom inal. R aram en te, podem ocorrer as outras infecções extraintestinais descritas para os GNB. A bacterem ia é incom um ; em bora qualquer local infectado
possa servir com o fonte, o trato urinário responde pela m aior parte dos casos, sendo as próxim as fontes m ais com uns os sítios cirúrgicos, os tecidos m oles e locais hepatobiliares.
■ DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
A M. morganii e a Providencia são prontam ente isoladas e identifica das. Quase todos os isolados são lactose-negativos e indol-positivos.
TRATAMENTO
sua presença em am ostras fecais. A produção de sulfeto de hidrogê nio constitui um a propriedade bioquím ica característica.
Infecções por Morganella e Providencia
As Morganella e as Providencia podem ser extensam ente resisten tes aos antibióticos. A m aior parte dos isolados é resistente a am picilina, cefalosporinas I, nitrofurantoína, fosfom icina, tigeciclina e polim ixina B; 40% são resistentes às quinolonas. As Morganella e as Providencia possuem betalactam ases A m pC induzíveis, cuja desrepressão pode preexistir ou surgir d urante o tratam ento. A resistência às penicilinas antipseudom onas, aztreonam , gentam i cina, SM X-TMP e cefalosporinas II e III está em ergindo, m as é ainda variavelm ente prevalente. O inibidor de betalactam ase tazobactam aum enta a sensibilidade aos agentes betalactâm icos, m as o sulbactam e o ácido clavulânico não. O im ipenem , a a m i cacina e a cefepim a são os agentes m ais ativos (m ais de 90% dos isolados são sensíveis). A rem oção de um cálculo ou cateter colo nizado pode ser essencial para a erradicação de um a ITU.
Infecções por Edwardsiella
A E. tarda é suscetível à m aio r p a rte dos agentes a n tim icrobia nos apropriados para uso contra os GNB. A g astrenterite é geral m ente autolim itada, m as o tratam e n to com um a fluoroquinolo n a pode acelerar a resolução. N o contexto de u m a sepse grave, as fluoroquinolonas, as cefalosporinas III e IV, os carbapenens e a am icacina - quer isoladas, ou em com binação - constituem as escolhas m ais seguras en q u an to se aguardam os dados sobre a sensibilidade.
INFECÇÕES CAUSADAS POR GÊNEROS DIVERSOS Espécies de H afnia, Kluyvera, Cedecea, Pantoea, Ewingella e Photorhabdus são ocasionalm ente isoladas de diversos espécim ens clí nicos, incluindo sangue, escarro, líquido cerebrospinal, líquido a rti cular, bile e feridas. Esses organism os são raros e, em geral, causam infecção no hospedeiro im unocom prom etido ou em caso de proce dim ento invasivo ou presença de corpo estranho.
BIBLIOGRAFIA HJ et al: Serratia sp. bacteremia in Canberra, Australia: A population-based study over 10 years. E u r) Clin Microbiol Infect Dis 28:821,2009
Engel
INFECÇÕES POR EDWARDSIELLA
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Fa l a g a s
A E.tarda é o único m em bro do gênero Edwardsiella associado à doença hum ana. Este m icrorganism o é e ncontrado p re d o m in an te m ente em águas doces e em am bientes m arinhos, e nas espécies an i mais associadas. A aquisição hum ana ocorre p rim ariam ente durante a interação com estes reservatórios. A infecção por E. tarda é rara nos EUA; os casos recentem ente descritos são em sua m aioria do Sudes te Asiático. Este patógeno com partilha m anifestações clínicas com espécies de Salmonella (ver “Patógeno diarreico”; Cap. 153) e com Vibrio vulnificus (com o patógeno extraintestinal; Cap. 156).
■ SÍNDROMES INFECCIOSAS
■ DIAGNÓSTICO E m bora a E. tarda possa ser pro n tam en te isolada e identificada, a m aior parte dos laboratórios não procura identificar rotineiram ente
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So u l i
Doenças Causadas por Bacilos Gram-Negativos Entéricos
A gastrenterite é a síndrom e infecciosa predom inante (50 a 80% das infecções). Um a diarréia aquosa autolim itada é o m ais com um , m as tam bém ocorre colite grave. A infecção extraintestinal mais com um é a infecção de ferida decorrente de inoculação direta, frequentem ente associada a lesões sofridas em contato com água doce ou do mar, ou envolvendo serpentes. O utras síndrom es infecciosas resultam da invasão do trato gastrintestinal e da bacterem ia subsequente. A m aior parte dos hospedeiros afetados têm com orbidades (p. ex., doença hepatobiliar ou sobrecarga de ferro, câncer ou diabetes m elito). Um a síndrom e bacterêm ica prim ária, às vezes com plicada p or m eningite, tem letalidade de 40%. Tam bém ocorrem abscessos viscerais (prim a riam ente hepáticos) e intraperitoniais.
J, O k h u y s e n PC: Enteroaggregative Escherichia coli infection. Curr Opin Gastroenterol 25:8, 2009
Flores
1257
CAPÍ TULO
150
Infecções por Acinetobacter David L. Paterson Anton Y. Peleg As infecções causadas por bactérias do gênero Acinetobacter to rn a ram -se um problem a significativo no m undo inteiro. O Acinetobacter baum annii é particularm ente tem ido, em v irtude de sua propensão a adquirir determ inantes de resistência aos antibióticos. Os surtos de infecção causados por cepas de A. baum annii resistentes a m últiplas classes de antibióticos, incluindo os carbapenens, representam um a séria preocupação em m uitas unidades hospitalares especializadas, incluindo a unidade de terapia intensiva (UTI). A m aior conseqüên cia da infecção p or A. baum annii resistente a carbapenens consiste na necessidade de antibióticos de “últim a linha”, com o colistina, poli m ixina B ou tigeciclina; essas opções têm o potencial de to rn ar essas bactérias resistentes a todos os antibióticos disponíveis.
■ DEFINIÇÃO As espécies de Acinetobacter são bacilos G ram -negativos curtos, oxidase-negativos, imóveis e não ferm entadores, que crescem bem à 37° C em condições aeróbias em um a variedade de m eios de cul tura laboratoriais (p. ex., ágar sangue). Algum as espécies podem não crescer em ágar de M acConkey. É difícil diferenciar as espécies de Acinetobacter com os m eios disponíveis na m aioria dos laboratórios de m icrobiologia clínica, incluindo sistem a de identificação sem iautom áticos com erciais. A hibridização de D N A-DN A constitui um m étodo em pregado para determ inação da espécie em laboratórios de referência. Foi descrita a identificação da espécie clinicam ente mais relevante, A. baumannii por detecção do gene da carbapenem ase se m elhante à blaoia.Sp intrínseco dessa espécie.
■ ETIOLOGIA
Doenças Infecciosas
As espécies de Acinetobacter, que estão am plam ente distribuídas pela natureza, podem ser encontradas na água, no solo e em vegetais. O Acinetobacter é um com ponente da flora cutânea h um ana e, algum as vezes, é identificado com o contam inante em am ostras de sangue co letadas para cultura. A elim inação fecal pode ser detectada em in d i víduos tanto saudáveis quanto hospitalizados. Apesar da obiquidade de algum as espécies de Acinetobacter, o habitat natural do A. bau m annii ainda não está totalm ente definido.
■ EPIDEMIOLOGIA As infecções p o r A. baum annii têm sido diagnosticadas em pacientes de todos os continentes. A grande m aioria das infecções ocorre em pacientes hospitalizados e outros pacientes com contato significativo com serviços de saúde. Os su r tos de A. baum annii resistente aos carbapenens são particularm ente problem áticos. Uma im portante questão é a introdução de A. bau m annii resistente aos carbapenens em hospitais com o resultado de transferências, particularm ente de hospitais onde o m icrorganism o é altam ente endêmico.
Américas Em 1991 e 1992, ocorreram surtos de infecção p o r A. baum annii resistente aos carbapenens em um hospital da cidade de Nova Io r que. Subsequentem ente, num erosos outros hospitais nos EUA e na A m érica do Sul tiveram surtos de A. baum annii resistente aos carba penens. Nos EUA e no Canadá, a incidência de infecções p o r A. bau m annii entre m ilitares aum entou desde 2002; 102 pacientes tiveram infecções da corrente sanguínea em centros m édicos que tratavam de m ilitares norte-am ericanos feridos no Iraque ou no A feganistão de 1 de Janeiro de 2002 até 31 de Agosto de 2004. U m a investigação epide
1258
m iológica revelou que o A. baum annii tin h a a capacidade de crescer em am bientes de hospitais de cam panha, e que as cepas am bientais estavam estritam ente relacionadas, em seu genótipo, aos isolados clí nicos. As cepas de A. baum annii de m ilitares feridos nos EUA e no Reino Unido tam bém eram genotipicam ente relacionadas; esse acha do forneceu m ais um a evidência de que o A. baum annii estava sendo adquirido em hospitais de cam panha.
Europa As infecções po r A. baum annii passaram a representar um desafio clínico significativo em m uitas partes da E uropa, desde o início da década de 1980. Três clones (clones europeus I, II e III) constituíram as causas predom inantes de infecção p or A. baum annii nos hospitais da Europa. A resistência aos carbapenens no A. baum annii representa um problem a significativo em m uitos países da E uropa, m ais n o ta velm ente Reino Unido, Grécia, Itália, Espanha e Turquia.
Ásia, Austrália, Oriente Médio e África Em bora os dados de vigilância sejam escassos em m uitos países des sas regiões, os problem as com o A. baum annii resistente aos carba penens são num erosos. As infecções adquiridas na com unidade são bem descritas no norte da A ustrália e em algum as partes da Ásia. Essas infecções podem ter mais tendência a acom eter hom ens com > 45 anos de idade que apresentam história de tabagism o, alcoolismo, diabetes m elito ou doença obstrutiva crônica das vias respiratórias. As cepas adquiridas n a com unidade são m ais sensíveis aos agentes antim icrobianos do que as cepas adquiridas em hospitais.
■ PATOGENIA O A. baum annii coloniza pacientes expostos à am bientes hospitala res m uito contam inados ou as m ãos de profissionais de saúde nesses locais. A colonização das vias respiratórias superiores em pacientes subm etidos a ventilação m ecânica pode levar à pneum onia hospita lar. A colonização da pele pode resultar em infecção hem atogênica associada ao acesso central, infecção do trato u rin ário (ITU) asso ciada ao uso de cateter, infecção de feridas ou m eningite pós-neurocirurgia. O estado de p o rtad o r faríngeo e a m icroaspiração podem estar envolvidos na patogenia da pneu m o n ia p o r A. baum annii a d quirida na com unidade. Os m ecanism os de virulência e a resposta do hospedeiro ao A. baum annii são m uito m enos conhecidos do que aqueles de outras bactérias G ram -negativas patogênicas. D evido a em ergência de cepas resistentes a m últiplos fárm acos, incluindo aquelas resistentes a todos os antibióticos disponíveis, houve um crescente estím ulo para estu dar a patogenia do A. baumannii. Novos alvos para o desenvolvim en to de agentes antibacterianos são extrem am ente necessários, e fár m acos que tenham m ecanism os de antivirulência podem representar novas opções terapêuticas. Os m ecanism os específicos de virulência no A. baum annii incluem sistem as de aquisição e tran sp o rte do fer ro, proteína da m em brana externa A (O m pA ) que m edeia a adesão, invasão e citotoxicidade de células de m am íferos através de lesão m i tocondrial e iniciação do processo apoptose dependente de caspase; lipopolissacarídio (LPS), e capacidade de fo rm a ru m biofilm e sobre superfícies tanto abióticas quanto bióticas. A form ação de um biofil m e sobre superfícies abióticas depende de um sistem a de m ontagem de pilus, que, p o r sua vez, é controlado p o r um sistem a regulador tradicional de dois com ponentes, m ediado p o r bfmR. Na form ação do biofilme, são tam bém im portantes as proteínas associadas ao bio filme; OmpA; o gene sensor de qu o ru m abai, que controla a secreção de 3-hidroxi-C ]2 hom oserina lactona; e o locus pga que é essencial para a produção do polissacarídio poli-fi-l.ó-N -acetilglicosam ina. Foram descritos novos sistem as de m odelos para o estudo da in fecção p or A. baumannii, incluindo m odelos tanto não m am íferos (invertebrados) quanto m am íferos. Além disso, o uso de bibliotecas de m utantes gerados de transposons de A. baum annii para triagem de m utantes com crescim ento atenuado em líquidos biológicos h u m anos (soro e líquido ascítico) possibilitou a identificação de novos m ecanism os de virulência. Estes incluem fosfolipase D; produção de
cápsula m ediada po r p tk e epsA; proteína de ligação à penicilina 7/8 codificada pelo gene pbpG e um a glicosiltransferase im portante na biossíntese de LPS codificada pelo gene IpsB. O LPS do A. baum annii parece desem penhar um papel significa tivo na indução de respostas do hospedeiro. Em estudos com cam u n dongos knockout, foi constatada a im portância do receptor Toll-like 4 e de CD 14 no reconhecim ento, na sinalização e na produção de ci tocinas pelo hospedeiro em resposta a A. baumannii. Foram tam bém descritas respostas hum orais direcionadas para proteínas da m em brana externa reguladas po r ferro e com ponente O -polissacarídico do LPS.
Infecção por Acinetobacter
baumannii. Esta últim a está algum as vezes relacionada com o uso de lentes de contato ou com cirurgia ocular.
■ DIAGNÓSTICO Deve-se suspeitar de infecção p o r Acinetobacter quando são o b servados cocobacilos arre d o n d a d o s em am ostras de secreções do trato respiratório coradas pelo G ram , hem oculturas ou líquido cerebrospinal. A lgum as vezes, é difícil p roceder à descoloração dos m icrorganism os. Tendo em vista o seu pequeno tam anho, podem ser identificados in corretam ente com o corpos G ram -negativos ou G ram -positivos.
TRATAMENTO
Infecção por Acinetobacter (Quadro 150.1)
O Acinetobacter precisa ser considerado no diagnóstico diferen cial da pneum onia hospitalar, infecção de corrente sanguínea associada a acesso central, infecção de ferida pós-traum ática em m ilitares que retornam do Iraque e Afeganistão e m eningite pós-neurocirurgia.
O tratam ento é dificultado pela notável capacidade do A. bau m annii de suprarregular ou a dquirir determ inantes de resistência a antibióticos. O exem plo m ais proem inente é o das (3-lactamases, incluindo aquelas capazes de in ativ ar os carbapenens, as ce falosporinas e as penicilinas. Essas enzim as, que incluem as (3-lactam ases do tipo OXA (p. ex., OXA-23) e as m etalo-(3lactam ases, são resistentes a inibidores da |3-lactam ase, com o o clavulanato ou o tazobactam . Os plasm ídios que abrigam genes ■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS que codificam essas p -lactam ases tam b ém p o d em apresentar genes que codificam resistência aos am inoglicosinos e sulfas. O Pneumonia resultado final é que o A. baum annii resistente aos carbapenens Pode ser difícil distinguir entre a colonização das vias respiratórias pode tornar-se verdadeiram ente a resistente a m últiplos fármacos. superiores p o r A. baum annii e a p n eu m o n ia hospitalar. E stim a-se A seleção da antibioticoterapia em pírica quando há suspeita que 5 a 10% dos casos de pneum onia associada ao respirador sejam de A. baum annii é um desafio e deve basear-se no conhecim en devidos à A. baumannii, em bora exista m uita variação regional. Em to da epidem iologia local. O intervalo entre o início da infecção geral, os pacientes com pneum onia p o r A. baum annii associada ao e a instituição da terapia em pírica efetiva influencia claram ente respirador tiveram um a perm anência prolongada em UTI; todavia, os resultados. Tendo em vista a diversidade dos m ecanism os de em situações de surto, os pacientes podem adquirir a infecção dentro resistência no A. baum annii, a terapia definitiva deve basear-se de poucos dias após a sua internação em um a UTI. A pneum onia nos resultados do antibiogram a. Os carbapenens (im epenem , meadquirida na com unidade causada p o r A. baum annii foi ropenem e doripenem , m as não o ertapenem ) foram considera descrita em regiões tropicais da A ustrália e da Ásia. A dos há m uito tem po, com o os agentes de escolha para infecções doença ocorre durante a estação “úm ida”, entre indivíduos graves causadas p or A. baumannii. E ntretanto, a utilidade clínica com história de uso abusivo de álcool. A infecção pode resultar em dos carbapenens está sendo cada vez m ais am eaçada pela p ro d u p neum onia fulm inante, exigindo internação em U TI, com taxa de ção de carbapenem ases, conform e já descrito. O sulbactam pode m ortalidade de cerca de 50%. constituir um a alternativa para os carbapenens. D iferentem ente de outros inibidores da [5-lactamase (p. ex., ácido clavulânico e Infecção de corrente sanguínea tazobactam ), o sulbactam possui atividade intrínseca contra o E m bora o A. baum annii responda p o r apenas cerca de 1 a 2% das Acinetobacter; essa atividade é m ediada pela ligação do fárm aco infecções hem atogênicas hospitalares, as taxas de m ortalidade dessas à proteína de ligação de penicilinas 2, m ais do que pela sua capainfecções podem alcançar 40%. A fonte de infecção hem atogênica é
•
um acesso central ou um a pneum onia subjacente, IT U ou infecção de ferida.
Feridas traumáticas em campo de batalha e outras feridas O A. baum annii é um patógeno bem conhecido em unidades de queim ados. Esse m icrorganism o é co m u m en te isolado de feridas de casos de com bate no Iraque ou Afeganistão; foi o m icrorganism o m ais com um ente isolado em u m a avaliação de vitim as de com bate com fraturas expostas da tíbia, po rém não pareceu c o n trib u ir d i retam ente para a não consolidação persistente ou a necessidade de am putação.
Meningite O A. baum annii pode causar m eningite após procedim entos neurocirúrgicos. Em geral, os pacientes apresentam dreno v entricular in situ.
Infecção do trato urinário O A. baum annii representa um a causa ocasional de ITU associada a cateter. É m uito raro que esse m icrorganism o provoque ITU não com plicada em m ulheres saudáveis.
Outras manifestações clínicas
QUADRO 150.1 acinetobacter I Antibiótico
Opções de tratamento para infecções por Comentários
Sulbactam
Atividade intrínseca contra Acinetobacter. não ligado à inibição da p-lactamase
Sulfametoxazol-Trimetoprima
Pode constituir uma opção para a infecção do trato urinário ou infecção de ferida
Meropenem
Amplamente usado na pneumonia associada ao respirador, porém a resistência aos carbapenens é disseminada
Amicacina
Pode constituir uma opção para cepas resistentes aos carbapenens
Tigeciclina
Pode constituir uma opção para cepas resistentes aos carbapenens, porém é inapropriada para infecção do trato urinário, infecção hematogênica ou meningite
Colistina ou polimixina B
Pode constituir uma opção para cepas resistentes aos carbapenens, porém a sua farmacocinética ainda não está bem elucidada
Em um pequeno núm ero de relatos de casos, foi descrita a o co rrên cia de endocardite de prótese valvar e endoftalm ite/ceratite p o r A.
1259
cidade de inibir as p-lactam ases. O sulbactam está disponível no com ércio em um a form ulação com binada com am picilina ou cefoperazona e tam bém pode estar disponível com o único fárm aco em alguns países. Apesar da ausência de estudos clínicos ra n d o m izados, o sulbactam parece ser equivalente aos carbapenens na sua eficiência clínica contra cepas suscetíveis. A terapia para a infecção p o r A. baum annii resistente aos carbapenens é particularm ente problem ática. As únicas escolhas atualm ente disponíveis são as polim ixinas (colistina e polim ixina B) ou a tigeciclina. N enhum a opção é perfeita. As polim ixinas podem ser nefrotóxicas e neurotóxicas. A dose ideal e o esquem a de adm inistração das polim ixinas a pacientes em grupos vulne ráveis (p. ex., pacientes que necessitam de terapia renal su b sti tutiva) não são conhecidos. As doses convencionais de tigecicli na podem não resultar em concentrações séricas adequadas do fárm aco para o tratam ento das infecções de corrente sanguínea. A resistência do A. baum annii à tigecilina p ode desenvolver-se durante o tratam ento com esse fárm aco. Evidentem ente, são n e cessárias novas opções de tratam en to para as infecções graves causadas p o r A. baumannii.
As fontes am bientais de A. baum annii incluem teclados de com pu tadores, glicosím etros, frascos de m edicam entos de m últiplas doses, nutrição IV, transdutores de pressão arterial reutilizáveis inadequa dam ente esterilizados, equipo de respirador, cateteres de aspiração, um idificadores, recipientes de água destilada, recipientes de coleta de u rin a e roupas de cam a úm idas. O tratam en to de feridas com lava gem pulsátil - um sistem a de irrigação de alta pressão em pregado para desbridam ento de feridas - foi associado a um surto de infecção p o r A. baumannii. Os objetos inanim ados contam inados devem ser rem ovidos do am biente de atendim ento ao paciente ou subm etidos a um a m aior lim peza ambiental. Em bora os procedim entos de isolam ento de con tato (uso de luvas e aventais quando em contato com pacientes colo nizados ou seu am biente), a acom odação de pacientes em quartos se parados e a m elhor higiene das m ãos sejam fundam entais, a atenção para o am biente de atendim ento ao paciente p ode ser a única m edida que irá levar ao controle de surtos de infecção p or A. baumannii.
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■ COMPLICAÇÕES E PROGNÓSTICO Tendo em vista a propensão do A. baum annii de causar infecções em pacientes em estado crítico na U TI, não é su rp re en d e n te que as infecções p o r A. baum annii estejam associadas a u m a elevada taxa de m ortalidade. Por conseguinte, um a questão p e rtin en te é es tabelecer se as infecções p o r A. baum annii estão associadas a um a alta taxa de m ortalidade atribuível após o controle da gravidade da doença. Diversos estudos analisaram essa questão, p o rém tiveram resultados divergentes. No m om ento atual, não se sabe se esses re sultados discrepantes p odem ser explicados exclusivam ente p o r d i ferenças m etodológicas.
■ PREVENÇÃO
Doenças Infecciosas 1260
O A. baumannii resistente a m últiplos fárm acos claram ente provoca surtos de infecção. Em m uitos desses surtos, apenas um ou dois tipos de cepa são identificados m ediante análise epidem iológica molecular. M esm o em situações endêm icas, predom ina um pequeno núm ero de tipos de cepa. Por exemplo, nos surtos ocorridos n a cidade de Nova Iorque, dois tipos de cepa responderam p or > 80% dos m icrorganis m os isolados resistentes aos carbapenens. Essa “oligoclonalidade” de m onstra claram ente a im portância potencial das intervenções para controle da infecção em reposta a surtos de infecção p o r A. baum an nii resistente a m últiplos fármacos. O am biente hospitalar representa um im portante reservatório de m icrorganism os capazes de colonizar os pacientes e causar infecção.
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CAPÍ TULO
151
A
Infecções por Helicobacter pylori John C. Atherton Martin J. Blaser ■ DEFINIÇÃO
ras. O utros fortes fatores de risco para a colonização p o r H. pylori são os m arcadores de aglom eração e colonização m aterna. A baixa inci dência em crianças nos países desenvolvidos decorre, pelo m enos em parte, da m enor colonização m aterna e do m aior uso de antibióticos. Os seres h u m an o s são o único reserv ató rio im p o rta n te do H. pylori. As crianças p o d em a d q u irir o organism o de seus pais (m ais freq u en tem en te da m ãe) ou de o u tras crianças. N ão se sabe se a transm issão ocorre m ais frequentem ente p o r via fecal-oral ou pela via oral, m as o H. pylori é facilm ente cultivado no m aterial de v ô m itos e de refluxo gastresofágico, m as m en o s facilm ente a p a rtir das fezes.
O Helicobacter pylori coloniza o estôm ago de cerca de 50% ■ PATOLOGIA E PATOGENIA da população h um ana do m u n d o d urante to d a a vida. A colonização p o r este m icrorganism o constitui o principal A colonização pelo H. pylori induz um a resposta tecidual no estôm a fator de risco p ara a úlcera péptica (Cap. 293), bem com o para o ade go, a gastrite superficial crônica, que inclui a infiltração da m ucosa nocarcinom a gástrico e o linfom a do MALT (tecido linfoide asso po r células m ononucleares e polim orfonucleares. (O term o gastrite ciado à m ucosa) (Cap. 91). O tratam ento do H. pylori revolucionou deve ser usado especificam ente para descrever aspectos histológicos; a conduta frente à úlcera péptica, resultando em cura definitiva na tam bém tem sido utilizado para descrever os aspectos endoscópim aioria dos casos. Esse tratam ento tam bém representa um a terapia cos e até m esm o os sintom as que, no entanto, não se correlacionam de prim eira linha para pacientes com linfom a MALT gástrico de estreitam ente com os achados m icroscópicos e nem m esm o com a baixo grau. O tratam ento do H. pylori não tem n e n h u m benefício presença do H. pylori.) E m bora seja capaz de num erosas adaptações no tratam ento do adenocarcinom a gástrico, porém a prevenção da que previnem a excessiva estim ulação do sistem a im une, a coloniza colonização pelo H. pylori po d eria evitar potencialm ente o câncer ção se acom panha de um a considerável e persistente resposta imune, gástrico e a úlcera péptica. Por outro lado, há evidências crescentes incluindo a produção de anticorpos locais e sistêmicos, bem com o de indicando que a colonização pelo H. pylori pode oferecer algum a respostas m ediadas p or células. E ntretanto, estas respostas são inefi proteção contra com plicações da doença p o r refluxo gastresofágico cazes na elim inação da bactéria. Essa elim inação ineficiente parece (DRGE), incluindo adenocarcinom a esofágico. As pesquisas recentes dever-se em parte à inibição, pelo H. pylori, do sistem a im une, o que procuraram estabelecer se a colonização p o r H. pylori constitui um facilita a sua persistência. fator de risco para algum as doenças extragástricas, e se a sua presen A m aioria das pessoas colonizadas pelo H. pylori não apresenta ça é protetora contra alguns problem as clínicos recentem ente em er seqüelas clínicas. O fato de algum as m anifestarem doença franca e gentes, com o a asm a e a obesidade, outras não relaciona-se a um a com binação de fatores: diferenças nas cepas bacterianas, suscetibilidade do paciente à doença e fatores am ■ AGENTE ETIOLÓGICO bientais. O H. pylori é um bacilo G ram -negativo que coloniza n a tu ra lm e n V ários fatores de viru lên cia do H. pylori são m ais te os seres hum anos há pelo m enos 50.000 anos e, provavelm ente, com uns nas cepas associadas à doença que entre as ce no decorrer de toda a evolução hum ana. Reside na m ucosa g ástri pas que não o são. A ilha cag corresponde a u m grupo ca, com um a pequena proporção de bactérias aderentes à m ucosa, de genes que codifica um sistem a de secreção bacteria havendo, possivelmente, um pequeno núm ero que entra nas células no, p or m eio do qual um a pro teín a específica, a CagA, ou que penetra na m ucosa; sua distribuição nunca é sistêm ica. O H. é translocada para o in terio r das células epiteliais. A CagA afeta a pylori tem form a helicoidal e flagelos, conferindo-lhe m obilidade no transdução de sinais nas células do hospedeiro, induzindo alterações am biente mucoso. Possui vários m ecanism os de resistência ao ácido, proliferativas,citoesqueléticas e inflam atórias; u m a proporção de principalm ente a alta expressão de urease, que catalisa a hidrólise cam undongos transgênicos que expressam CagA no estôm ago d e da ureia pro d u zin d o am ônia tam ponante. O H. pylori é m icroaesenvolvem adenocarcinom a gástrico. O sistem a de secreção tam bém rofílico (requer baixos níveis de oxigênio), tem crescim ento lento transloca com ponentes solúveis da parede celular de peptidoglicano e exige m eios de crescim ento com plexos in vitro. A publicação de para dentro da célula epitelial gástrica; esses com ponentes são reco várias seqüências genôm icas com pletas do H. pylori a p a rtir de 1997 nhecidos pelo receptor bacteriano de em ergência intracelular, N o d l, p roporcionou avanços significativos no conhecim ento da biologia que estim ula um a resposta das citocinas pró-inflam atórias, resultan do m icrorganism o. do em aum ento da inflam ação gástrica. Um a pequena proporção das infecções gástricas p o r Helicobacter Os pacientes com úlcera péptica ou adenocarcinom a gástrico são se deve a espécies outras que não o H. pylori, possivelm ente a dquiri mais propensos que as pessoas sem essas afecções a estarem colo das com o zoonoses. Se estes Helicobacter não pylori causam ou não nizados p or cepas cag positivas. A proteína VacA secretada pelo H. doença perm anece controverso. Em hospedeiros im unocom prom eti pylori ocorre em várias form as. As cepas com as form as m ais ati dos, várias espécies não gástricas (intestinais) de Helicobacter podem vas são m ais com um ente isoladas de pacientes com úlcera péptica causar doença com sintom as clínicos que lem bram os das infecções ou carcinom a gástrico que de pessoas sem essas patologias. O utros po r Campylobacter; estas espécies serão abordadas no Cap. 155. fatores bacterianos que estão associados a u m risco aum entado de doença incluem adesinas, com o BabA e SabA, e genes que não estão ■ EPIDEMIOLOGIA com pletam ente caracterizados, com o dupA. Os determ inantes de doença no hospedeiro m ais bem caracte A prevalência do H. pylori em adultos é de cerca de 30% rizados são os polim orfism os genéticos que acarretam aum ento na nos EUA e em outros países desenvolvidos, em com para ativação da resposta im une inata, com o polim orfism os em genes das ção com mais de 80% na m aioria dos países em desenvolvi citocinas ou genes que codificam proteínas de reconhecim ento bac m ento. Nos EUA, a prevalência varia com a idade: estão colonizados teriano, com o os receptores Toll-like (TLR). Por exemplo, as pessoas aproxim adam ente 50% dos indivíduos com 60 anos, cerca de 20% colonizadas com polim orfism os no gene da interleucina (IL) 1, que dos que têm 30 anos e m enos de 10% das crianças. O H. pylori é ge determ inam a produção de grandes quantidades desta citocina em ralm ente adquirido na infância. A associação com a idade se deve resposta à infecção p o r H. pylori, correm risco aum entado de ade principalm ente a um efeito de coorte p o r ano de nascim ento, pelo nocarcinom a gástrico. Além disso, os cofatores am bientais são im qual os indivíduos que têm atualm ente 60 anos de idade foram mais portantes na patogenia. O tabagism o aum enta os riscos de úlcera e com um ente colonizados na infância do que as crianças hoje. A aqui câncer em indivíduos H. pylori-positivos. As dietas ricas em sal e os sição espontânea ou a elim inação do H. pylori na idade adulta são ra
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alim entos em conserva aum entam o risco de câncer, e as dietas ricas em antioxidantes e vitam ina C conferem proteção. O pad rão de inflam ação gástrica se associa com o risco de doença: gastrite pred o m in an tem en te antral é m ais estreitam ente relacionada com ulceração duodenal, ao passo que a pangastrite é ligada à ulceração gástrica e ao adenocarcinom a. Esta diferença p ro vavelm ente explica p or que os pacientes com úlcera duodenal não correm alto risco de desenvolver adenocarcinom a gástrico m ais tarde na vida, a despeito de serem colonizados p o r H. pylori. O m odo pelo qual a colonização gástrica causa úlcera duodenal está agora se torn an d o m ais conhecido. A inflam ação induzida pelo H. pylori dim inui o núm ero de células D produtoras de som atostatina. C om o a som atostatina inibe a liberação de gastrina, os níveis de gastrina estão m ais altos que nos indivíduos H. pylori-negativos, e esses níveis m ais elevados levam a um aum ento da secreção ácida estim ulada pelas refeições no corpo do estôm ago, que está apenas levem ente inflam ado quando a gastrite predom ina no antro. A inda existem controvérsias sobre o m odo pelo qual isso aum enta o ris co de úlcera duodenal, porém a secreção aum entada de ácido pode c ontribuir para a form ação da m etaplasia gástrica potencialm ente protetora observada no duodeno de pacientes com úlcera duodenal. A m etaplasia gástrica no duodeno pode tornar-se colonizada por H. pylori e subsequentem ente inflam ada e ulcerada. A patogenia da úlcera gástrica e do adenocarcinom a gástrico é m enos bem com preendida, em bora am bas as condições surjam em associação com pangastrite ou gastrite que predom ina no corpo. As alterações horm onais descritas anteriorm ente ainda ocorrem , m as a inflam ação do corpo gástrico significa que ele produz m enos ácido (hipocloridria), a despeito da hipergastrinem ia. Úlceras gástricas ge ralm ente ocorrem na junção entre as m ucosas do antro e do corpo, região particularm ente inflam ada. O câncer gástrico provavelm ente origina-se do dano progressivo ao DNA e da sobrevivência de clo nes de células epiteliais anorm ais. A credita-se que a lesão do DNA advenha principalm ente de espécies reativas de oxigênio e nitrogê nio oriundas das células inflam atórias e, talvez, em relação a outras bactérias que sobrevivem em um estôm ago hipoclorídrico. Análises
Doenças Infecciosas 1262
longitudinais de espécim ens de biópsia gástrica, obtidos do m esm o paciente com anos de intervalo, m o stram que o tipo intestinal co m um de adenocarcinom a gástrico se segue a alterações passo a passo que vão desde um a sim ples gastrite até atrofia gástrica, m etaplasia intestinal e displasia. Um segundo tip o difuso de adenocarcinom a gástrico pode surgir diretam ente a p artir de gastrite crônica apenas.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Todas as pessoas colonizadas com H. pylori têm respostas teciduales gástricas, porém m enos de 15% apresentam doenças associadas, com o úlcera péptica, adenocarcinom a gástrico ou linfom a gástrico (Fig. Va *5- 151.1). Em todo o m undo, m ais de 80% das úlceras duodenais e m ais de 60% das úlceras gástricas são relacionadas com a colonização pelo H. pylori (Cap. 293), em bora a proporção das úlceras provocadas po r ácido acetilsalicílico ou por anti-inflam atórios não esteroides (AINEs) esteja aum entando, especialm ente nos países desenvolvidos. As principais linhas de evidência sobre o papel do H. pylori na prom oção de úlceras pépticas são: (1) a presença do m icrorganism o consitui um fator de risco para úlceras; (2) as úlceras não induzidas pelos AINEs raram ente ocorrem na ausência do H. pylori; (3) a erradicação do H. pylori reduz sobrem odo as taxas de recidiva de úlcera gástrica; e (4) a infecção experim ental de gerbilos com H. pylori produz ulceração gástrica. E studos de caso controle inseridos em prospectivos m ostraram que a colonização pelo H. pylori é u m fator de risco p ara a d en o carcinom as da parte distai (extracárdia) do estôm ago (Cap. 91). A infecção experim ental de longa duração em gerbilos tam bém pode resultar em adenocarcinom a gástrico. Além disso, a presença de H. pylori associa-se fortem ente ao linfom a gástrico prim ário, em bora este seja um distúrbio m uito m enos com um . Vários linfom as gástri cos de baixo grau de células B originados no MALT são estim ulados pela proliferação de células T, que, p o r sua vez, são estim uladas por antígenos do H. pylori. Os tum ores estim ulados p or antígenos do H. pylori podem sofrer regressão total ou parcial após a erradicação do H. pylori, porém exigem um a cuidadosa monitoração de longo prazo. M uitos pacientes ap resen tam sintom as gas trintestinais altos, m as têm resultados norm ais na e ndoscopia digestiva alta (a ch am ad a dispepsia funcional ou não ulcerativa; Cap. 293). Com o o H. pylori é com um , alguns desses pacientes são colo nizados pelo m icrorganism o. A erradicação do H. pylori leva à resolução dos sintom as um pouco mais Fenôm eno com um ente (7%) que o tratam e n to com placebo. R esposta te cid ua l (inflam ação) prim ário: ___ N ão está claro se esses pacientes possuem úlcera T péptica em rem issão no m om ento da endoscopia E stim ulação Fenôm eno G astrite 9 ou se um pequeno subgrupo de pacientes com ver H iperacidez p o r antíge n o s atrófica secundário: dadeira dispepsia funcional responde ao tratam en J " 1 to do H. pylori. U lceração Linfom a de Esofagite por A de n o ca rcin o m a R esultado Tem havido bastante interesse no possível papel duodenal cé lulas B refluxo e g á strico extracárdia clínico: protetor do H. pylori contra a DRGE (Cap. 292), o seqüelas esôfago de B arrett (Cap. 292) e o adenocarcinom a do esôfago e do cárdia gástrico (Cap. 91). As p rin A ssociação a 0,2-0,6 3-8 3-6 6-50 cipais linhas de evidência desse papel protetor são: H. pylori (OR): (1) há um a relação tem poral entre a dim inuição da prevalência da colonização gástrica po r H. pylori e Figura 151.1 Esquema das relações entre a colonização por Helicobacter pylori e as doen o aum ento da incidência dessas afecções; e (2) na ças do trato gastrintestinal alto entre indivíduos de países desenvolvidos. Praticamente todos m aioria dos estudos, a prevalência da colonização os indivíduos colonizados por H. pylori desenvolvem uma resposta do hospedeiro, que é geralmente p o r H. pylori (especialm ente com cepas pró-infla denominada gastrite crônica. A natureza da interação do hospedeiro com a população bacteriana em m atórias cagA+) é significativam ente m enor em pa questão determina a evolução clínica. A colonização por H. pylori aumenta o risco de doença ulcerosa cientes com essas doenças esofágicas do que entre péptica, câncer gástrico fora da cárdia e linfoma gástrico não Hodgkin de células B durante toda a vida indivíduos controles. O m ecanism o subjacente a tal [razão de chances (OR) para todos > 3]. Em contrapartida, existem evidências crescentes indicando que a colonização por H. py/or/ (particularmente por cepas cagA*) protege contra o adenocarcinoma do esôfago efeito p rotetor parece incluir a hipocloridria in d u (e o adenocarcinoma do cárdia gástrico algumas vezes relacionado) e contra lesões pré-malignas, como zida pelo H. pylori. C om o - em nível individual o esôfago de Barrett (0R < 1). Embora as incidências de doença ulcerosa péptica (casos que não se de os sintom as da DRGE p odem dim inuir, piorar ou vem ao uso de anti-inflamatórios não esteroides) e de câncer gástrico extracárdia estejam declinando nos p erm an ecer inalterados após o tratam en to do H. países desenvolvidos, a incidência do adenocarcinoma de esôfago está crescendo rapidamente. (Adapta pylori, a preocupação com a DRGE não deve afetar da de Blaser MJ: Hypothesis: The changing relationships of Helicobacter pylori and humans: Implications as decisões sobre o tratam ento do H. pylori quando for health and disease. J Infect Dis 179:1523,1999, com autorização.) existe um a indicação.
O H. pylori tem um papel cada vez m ais reconhecido em outras patologias gástricas. Pode desencadear o início da gastrite autoim u ne e da anem ia perniciosa, bem com o predispor alguns pacientes à deficiência de ferro p o r m eio da perda oculta de sangue e/ou hipocloridria e redução da absorção de ferro. Além disso, várias pato lo gias não gastrintestinais associam -se à colonização pelo H. pylori, em bora as evidências de causalidade não sejam tão fortes. Vários estudos de pequeno po rte sobre o tratam en to do H. pylori na p ú r p u ra trom b o cito p ên ica idiopática descreveram u m a m elhora das contagens de plaquetas ou até m esm o a sua norm alização. U m a as sociação potencialm ente im portante, porém ainda m ais controversa, é a que existe com a cardiopatia isquêm ica e com a doença cerebro vascular. Entretanto, a força de tais associações é p equena quando se levam em conta os fatores de confusão, e a m aioria das autoridades considera as associações com o não causais. Estudos recentes m o s traram um a associação inversa do H. pylori CagA+ com a asm a de início na infância, a febre do feno e distúrbios atópicos. A inda não foi estabelecido se o estado de H. pylori constitui tão-som ente um m arcador ou se está causalm ente associado a um a proteção contra essas doenças.
■ DIAGNÓSTICO Os testes para a presença H. pylori dividem -se em dois grupos: os testes invasivos, que exigem endoscopia digestiva alta e baseiam -se na análise de am ostras de biópsia gástrica, e os testes não invasivos (Q uadro 151.1). A endoscopia geralm ente não é realizada na condu ta inicial frente a pacientes com dispepsia sem sintom as de “alarm e”, m as é com um ente usada para excluir câncer em pacientes m ais ve lhos. Se a endoscopia for realizada, o exam e m ais conveniente b a seado na biópsia será o teste da urease, no qual duas am ostras p e quenas ou um a am ostra grande de biópsia do antro são colocadas em gel contendo ureia e um indicador. A presença de urease do H. pylori leva a um a alteração do pH e, p o r conseguinte, a um a m udança de cor, que frequentem ente ocorre em alguns m inutos, m as que pode requerer até 24 h. O exame histológico da am ostra de biópsia para H. pylori tam bém é acurado, desde que seja usado um corante especial (p. ex., o corante de Giemsa m odificado ou um corante de prata) que perm ita a visualização ótim a do m icrorganism o. Se forem obtidas am ostras de biópsias do antro e do corpo, o estudo histológico forne cerá inform ações adicionais, com o o grau e o padrão de inflam ação, atrofia, metaplasia e displasia. A cultura m icrobiológica é mais espe cífica, m as pode ser insensível devido à dificuldade de isolam ento do H. pylori. Um a vez que o m icrorganism o seja cultivado, sua id en ti
Testes comumente empregados para detectar Helicobacter pylori
I Teste
Vantagens
Desvantagens
Invasivos (com base na biópsia endoscópica) Teste da urease na biópsia
Rápido, simples
Alguns testes comerciais não são totalmente sensíveis antes de 24 h
Histologia
Pode fornecer informações histológicas adicionais
A sensibilidade depende da experiência e do uso de corantes especiais
Cultura
Permite determinar a sensibilidade aos antibióticos
A sensibilidade depende da experiência
Sorologia
De baixo custo e conveniente; não é afetada pelo uso recente de antibióticos ou inibidores da bomba de prótons no mesmo grau que o teste de depuração respiratória e o teste nas fezes
Não pode ser usada para acompanhamento precoce após o tratamento; alguns kits comerciais não são acurados, e todos são menos acurados do que o teste de depuração respiratória
Teste de depuração respiratória da ureia com C13
De baixo custo e mais simples do que a endoscopia; útil para acompanhamento após o tratamento
Exige jejum; não e tão conveniente quanto os testes em amostras de sangue ou de fezes
Teste de antígeno fecal
De baixo custo e conveniente; útil para acompanhamento após o tratamento; pode ser útil em crianças
Pode não ser preferido por pessoas de algumas culturas; pode ser ligeiramente menos acurado do que o teste de depuração respiratória da ureia, particularmente quando usado para avaliar o sucesso do tratamento
Não invasivos
Infecções por Helicobacter pylori
QUADR0151.1
ficação com o H. pylori pode ser confirm ada pelo seu aspecto típico na coloração de G ram e suas reações positivas nos testes de oxidase, catalase e urease. Além disso, pode-se definir a sensibilidade do m i crorganism o aos antibióticos, e esta inform ação pode ter utilidade clínica nos casos difíceis. As am ostras de biópsia que eventualm ente contenham espécies gástricas m enos com uns de Helicobacter isto é espécies outras que não o H. pylori, produzem apenas resultados fra cam ente positivos no teste de urease na biópsia. A identificação p o sitiva dessas bactérias requer a visualização, nos cortes histológicos, das suas características estruturas helicoidais longas e compactas. Os exames não invasivos para a pesquisa de H. pylori são atual m ente a norm a, quando não é necessário excluir o câncer gástrico p o r endoscopia. O exam e de acurácia m ais constante é o teste da ureia no ar exalado. Nesse teste sim ples, o paciente ingere um a solu ção de ureia m arcada com o isótopo não radioativo C u , e em seguida, sopra dentro de um tubo. Se a urease do H. pylori estiver presente, a ureia será hidrolisada e o dióxido de carbono m arcado detectado nas am ostras de ar exalado. O teste de antígeno nas fezes, um outro exa m e simples, é mais conveniente e possivelm ente m enos dispendioso que o teste da ureia no ar exalado, m as tem sido um pouco m enos preciso em alguns estudos com parativos. Os testes m ais simples para d eterm inar o status quanto ao H. pylori são os ensaios sorológicos que m edem os níveis de IgG específica no soro, p o r ensaio de im unoadsorção ligada a enzim a ou p o r im m unoblot. Os m elhores entre estes testes são tão precisos quanto os outros m étodos diagnósticos, m as m uitos testes com erciais - especialm ente os testes rápidos para uso no consultório - não têm bom desem penho. O teste da ureia no ar exalado, o teste de antígeno nas fezes e os exam es de biópsia p odem ser usados p ara avaliar o sucesso do tratam ento (Fig. 151.2). E ntretanto, com o esses testes dependem da quantidade de H. pylori, seu uso antes de 4 sem anas após o tratam en to pode produzir resultados falsos negativos. Além disso, estes testes tam bém não são confiáveis q u ando realizados no período de 4 se m anas após tratam ento intercorrente com antibióticos ou com postos de bism uto, ou cerca de 2 sem anas após a interrupção do tratam ento com inibidores da bom ba de prótons (IBP). Na avaliação do sucesso do tratam ento, dá-se geralm ente preferência a exames não invasivos; entretanto, no acom p an h am en to da úlcera gástrica a endoscopia deve ser repetida para garantir a cura e excluir o carcinom a gástrico por m eio de am ostras histológicas adicionais. Os testes sorológicos não são usados para m onitorar o sucesso do tratam ento, já que a queda gradual nos títulos de anticorpos específi cos para o H. pylori é m uito lenta para ter valor prático.
1263
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Figura 151.2 Algoritmo para a conduta na infecção por H elicobacter pylo ri. *Em certas ocasiões, uma endoscopia e um teste baseado na biópsia são usados em iugar de um teste de depuração respiratória da ureia no acompanhamento após o tratamento. A principal indicação para esses testes invasivos é a ulceração gástri
TRATAMENTO
Doenças Infecciosas 1264
Infecções por H. pylori
As indicações mais precisas de tratam ento são as úlceras duodenais ou gástricas relacionadas com o H. pylori e o linfom a gás trico de células B de baixo grau. O H. pylori deve ser erradicado em pacientes com doença ulcerosa d ocum entada, in d ep e n d en tem ente de as úlceras estarem ou não ativas, a fim de reduzir a probabilidade de recidiva (Fig. 151.2). M uitas diretrizes atuais recom endam a erradicação do H. pylori na dispepsia sim ples não investigada, após um diagnóstico não invasivo; outras tam bém recom endam o tratam ento na dispepsia funcional, para o caso de o paciente ser talvez um dos 7% que se beneficiam com esse tratam ento (além dos que m elhoram com o efeito placebo). Os indivíduos com forte história fam iliar de câncer gástrico devem ser tratados para erradicar o H. pylori na esperança de que seu risco de câncer seja reduzido. Na atualidade, a triagem am pla do H. pylori na com unidade e o seu tratam en to com o profilaxia prim ária do câncer gástrico e das úlceras pépticas não são reco m endados, principalm ente porque ainda não foi esclarecido se o tratam ento do H. pylori reduz o risco de câncer em relação a pessoas que nunca adquiriram o m icrorganism o. O m aior estudo controlado e random izado até o m om ento (realizado na China) não m ostrou nenhum a redução do risco de câncer durante os 7 anos de acom panham ento, em bora um a análise de subgrupos post hoc tenha docum entado um a m elhora no g rupo de p a rticip a n tes que ainda não tin h a m atrofia gástrica ou m etaplasia intesti nal. O utros estudos constataram um a redução do risco de câncer após o tratam ento, porém a m agnitude desse efeito em diferentes populações ainda não está elucidada, e é necessário aguardar os resultados de estudos intervencionais prospectivos adicionais em larga escala. O utros m otivos para não tra ta r o H. pylori em populações assintom áticas na atualidade incluem (1) os efeitos adversos dos m últiplos esquem as de antibióticos usados (que são com uns e que podem ser graves em raros casos); (2) a resistência aos antibióticos, que pode surgir no H. pylori ou em outras bac térias incidentalm ente presentes; (3) a ansiedade que pode surgir em indivíduos sadios sob os dem ais aspectos, particularm ente se o tratam ento não for bem -sucedido; e (4) a aparente existência de
ca; nesta situação, ao contrário da úlcera duodenal, é importante verificar a cura e excluir um adenocarcinoma gástrico subjacente. f Hoje, algumas autoridades utilizam esquemas empíricos de terceira linha, vários dos quais já foram descritos.
um subgrupo de indivíduos que desenvolvem sintom as de DRGE após o tratam ento, em bora, em m édia, o tratam ento do H. pylori não afete os sintom as nem a gravidade da DRGE. E m bora o H. pylori seja sensível a um am pla variedade de antibióticos in vitro, a m onoterapia não é habitualm ente bem -sucedida, provavelm ente em razão da distribuição inadequada do antibiótico no nicho da colonização. A falha da m onoterapia e n sejou o desenvolvim ento de esquem as terapêuticos com m últiplos fárm acos, dos quais os m ais bem -sucedidos são com binações trí plices e quádruplas. Inicialm ente, esses esquem as produziram ta xas de erradicação do H. pylori de m ais de 90% em m uitos estudos clínicos; todavia, nesses últim os anos, a resistência a antibióticos im portantes tornou-se m ais com um , um a tendência responsável p or taxas de erradicação do H. pylori de apenas 75 a 80% com os esquem as m ais com um ente usados. Na atualidade, os esquem as terapêuticos consistem em IBP ou citrato de bism uto-ranitidina m ais dois ou três agentes antim icrobianos adm inistrados p or 7 a 14 dias (Q u a d ro 151.2). As pesquisas de otim ização de com binações de fárm acos para au m en tar a eficácia prosseguem , e é provável que as diretrizes irão m u d ar com o desenvolvim ento desse cam po de pesquisa e à m edida que os paísés forem in d i vidualizando cada vez m ais o tratam en to para ajustar os padrões de resistência local a antibióticos e as necessidades econôm icas. Os dois fatores m ais im portantes para o tratam ento bem -sucedido do H. pylori são a adesão rígida do paciente ao esquem a terapêutico e o uso de fárm acos c o n tra os quais as cepas do H. pylori do paciente não ten h am desenvolvido resistência. A falha de tratam ento após pequenos lapsos na adesão ao m esm o é um evento com um e frequentem ente leva à resistência adquirida ao m etronidazol ou à claritrom icina. Para enfatizar a im portância da adesão ao tratam ento, devem -se fornecer instruções p or escrito ao paciente e inform á-lo sobre os efeitos colaterais m enores do esquem a terapêutico. A resistência à claritrom icina e, em m enor grau, ao m etronidazol constitui crescente preocupação. A resis tência à claritrom icina é m enos prevalente m as, quando presente, resulta geralm ente em falha do tratam ento. As cepas de H. pylori que são aparentem ente resistentes ao m etronidazol são m ais co m uns, porém ainda p o d em ser elim inadas p o r esquem as tera-
TI
QUADRO 151.2
Esquemas de tratamento recomendados para H e lic o b a c te r p y lo ri
Esquema (Duração)
Fármaco 1
Fármaco 2
Fármaco 3
Fármaco 4
Esquema 1: COM (7 a 14 dias)8
Omeprazol6(20 mg, 2x/dia)
Claritromicina (500 mg 2x/dia)
Metronidazol (500 mg 2x/dia)
—
Esquema 2: OCA (7 a 14 dias)3
Omeprazol* (20 mg, 2x/dia)
Claritromicina (500 mg 2x/dia)
Amoxicilina (1 g 2x/dia)
—
Esquema 3 :0BTM (14 dias)c
Omeprazol" (20 mg, 2x/dia)
Subsalicilato de bismuto (2 comprimidos 4x/dia)
Cloridrato de tetraciclina (500 mg 4x/dia)
Metronidazol (500 mg 3x/dia)
Esquema 4": seqüencial (5 dias + 5 dias)
Omeprazol* (20 mg, 2x/dia)
Amoxicilina (1 g 2x/dia)
Tinidazol (500 mg 2x/dia)
Omeprazol'’ (20 mg, 2x/dia)
Claritromicina (500 mg 2x/dia)
Levofloxacino (500 mg 2x/dia)
Esquema 5e: 0AL (10 dias)
Omeprazol* (20 mg, 2x/dia)
Amoxicilina (1 g 2x/dia)
3As metanálises demonstram que um ciclo de 14 dias de tratamento é ligeiramente superior ao de 7 dias. Entretanto, em populações nas quais o tratamento de 7 dias apresenta taxas comprovadas de sucesso muito altas, esse ciclo mais curto continua sendo usado com frequência. *0 omeprazol pode ser substituído por qualquer inibidor da bomba de prótons em uma dose equivalente ou, nos esquemas 1 e 2, com ranitidina e citrato de bismuto (400 mg). cOs dados sustentam que esse esquema provêm principalmente da Europa e baseiam-se no uso do subcitrato de bismuto e metronidazol (400 mg 3x/dia). Trata-se do esquema de segunda linha mais comumente usado. ‘tos dados que sustentam esse esquema provém da Europa. Embora os dois ciclos de cinco dias de diferentes fármacos tenham sido habitualmente administrados de modo seqüencial, as evidências recentes sugerem que essa abordagem não tem nenhum benefício adicional. Por conseguinte, um ciclo de 10 dias dos quatro fármacos combinados pode ser igualmente satisfatório e pode contribuir para a adesão ao tratamento. e0s dados que sustentam esse esquema de segunda ou de terceira linha provêm da Europa. Esse esquema pode ser menos efetivo quando as taxas de uso das quinolonas são altas. Teoricamente, pode ser também prudente evitá-lo em populações nas quais a infecção por Clostridium difficile é comum após o uso de antibióticos de amplo espectro.
nização experim ental de anim ais já forneceu resultados prom issores. Entretanto, com o o H. pylori coevoluiu com o seu hospedeiro h um a no durante m ilênios, a prevenção ou elim inação da colonização em toda a população podem trazer nítidas desvantagens. Por exemplo, a ausência perm anente do H. pylori representa um fator de risco para a DRGE e suas complicações, incluindo o adenocarcinom a esofágico. Especulam os que o desaparecim ento do H. pylori pode estar associa do a um risco aum entado de doenças em ergentes, refletindo aspectos do atual estilo de vida ocidental, com o asm a, obesidade e, concebivelm ente, até m esm o diabetes m elito tipo 2.
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M a rsh all
Infecções por Helicobacter pylori
pêuticos contendo m etronidazol, que possuem eficácia apenas levem ente reduzida. A avaliação da sensibilidade aos antibióticos antes do tratam ento seria o ideal; mas, em geral, não é realizada, pois a endoscopia e a biópsia da m ucosa são necessárias para o b ter H. pylori para cultura e a m aior parte dos laboratórios de m icrobiologia é inexperiente com o cultivo de H. pylori. Na ausên cia de inform ações do antibiogram a, deve-se obter um a história do uso de antibióticos do paciente (m esm o distante) para outras condições; o uso do agente deve ser então evitado, se possível, particularm ente no caso da claritrom icina (p. ex., adm inistração prévia para infecção respiratória superior). Se o tratam ento inicial do H. pylori falhar, pode-se utilizar um a de duas estratégias (Fig. 151.2). A abordagem mais com um consiste na repetição em pírica do tratam ento com outro esquem a de fárm acos, habitualm ente um esquem a terapêutico quádruplo (Q uadro 151.2). A segunda abordagem é a endoscopia, biópsia e cultura, juntam ente com tra tam ento baseado na sensibilidade docum entada aos antibióticos. Se houver falha do novo tratam ento, a conduta ideal é obter um antibiogram a, em bora tratam entos em píricos de terceira linha se jam frequentem ente utilizados. A elim inação de Helicobacter gástricos não pylori pode se guir-se ao uso isolado de com postos de bism uto ou ao em prego de esquem as com três fárm acos. Entretanto, na ausência de estudos, não está claro se esse desfecho representa um tratam en to bem -sucedido ou sim plesm ente a elim inação natural da bactéria.
1265
CAPÍ TULO
152
a
Infecções Causadas por Espécies de Pseudomonas e Microrganismos Relacionados Reuben Ramphal
Doenças Infecciosas 1266
As pseudom onas são um grupo heterogêneo de bactérias G ram -negativas, que têm em com um a incapacidade de ferm entar lactose. O u trora classificados no gênero Pseudomonas, os m em bros deste grupo são agora alocados em três gêneros de im portância m édica - Pseu domonas, Burkholderia e Stenotrophomonas - cujos com portam entos biológicos têm ao m esm o tem po sim ilaridades e notáveis diferenças e cujos repertórios genéticos diferem em m uitos aspectos. A patogenicidade da m aior parte das pseudom onas é baseada no o p o rtu n is m o; as exceções são os m icrorganism os que causam a m elioidose (B. pseudom allei) e o m orm o (B. mallei), que podem ser considerados patógenos prim ários. A P. aeruginosa, o principal patógeno do grupo, constitui causa significativa de infecções em pacientes hospitalizados e em pacien tes com fibrose cística (FC, Cap. 259). A quim ioterapia citotóxica, a ventilação m ecânica e o tratam ento antibiótico de amplo espectro provavelm ente prepararam o cam inho para o n úm ero crescente de pacientes colonizados e infectados p or esse m icrorganism o. Desde a im plem entação destes avanços no tratam ento médico, a m aior parte das afecções que predispõem a infecções p or P. aeruginosa envolvem o com prom etim ento do hospedeiro e/ou o uso de antibióticos de amplo espectro. Os outros m em bros do gênero Pseudomonas - P. putida, P. fluorescens e P. stutzeri - infectam o hom em infrequentem ente. O gênero Burkholderia com preende > 40 espécies, das quais a B. cepacia é a m ais frequentem ente encontrada em países O cidentais. Tal com o P. aeruginosa, a B. cepacia é ao m esm o tem po patógeno nosocom ial e causa de infecção em pacientes com FC. O utros m em bros de im portância m édica deste gênero são B. pseudomallei e B. mallei, que, conform e assinalado anteriorm ente, causam m elioidose e m o r m o, respectivam ente. O gênero Stenotrophomonas contém um a espécie de significado m édico, S. maltophilia (previam ente classificada no gênero Pseudo monas e Xanthom onas). Este organism o é estritam ente o portunista que “aparece” em situações em que se usam antibióticos potentes e de largo espectro.
PSEUDOMONAS AERUGINOSA ■ EPIDEMIOLOGIA A P. aeruginosa pode ser encontrada na m aior parte dos ambientes. O solo, as plantas, os vegetais, a água de torneira, a superfície de m esas e balcões são todos reservatórios deste m icrorganism o, visto que suas necessidades nutricionais são m uito simples. D ada a ubiquidade da P. aeruginosa, o contato com o m icrorganism o obviam ente não é su ficiente para a colonização ou para a infecção. O bservações clínicas e experim entais sugerem que m uitas vezes a infeção p or P. aerugi nosa ocorre concom itantem ente ao com prom etim ento da defesa do hospedeiro, a traum atism os da m ucosa, ao desarranjo fisiológico e à supressão da flora norm al ocasionada p or antibióticos. Assim, não chega a ser surpresa que a m aior parte das infecções p o r P. aeruginosa ocorra em unidades de terapia intensiva (UTI), onde estes fatores fre quentem ente convergem. Acredita-se que o organism o é inicialm ente adquirido a partir de fontes am bientais, m as a dissem inação paciente a paciente tam bém ocorre em clínicas e famílias. Os pacientes queim ados apareciam outrora com o inusitadam ente suscetíveis a P. aeruginosa. Por exem plo, nos anos 1959-1963, a
sepse p o r Pseudomonas devido a queim aduras foi a principal causa de m orte em 60% dos pacientes queim ados no U.S. A rm y Institute o f Surgical Research. Por m otivos obscuros, a infecção p or P. aeruginosa em queim ados não é mais o grande problem a que era durante os anos 1950 e 1960. De form a sem elhante, nos anos 1960, a P. aeruginosa aparecia com o um patógeno com um em pacientes que recebiam qui m ioterapia citotóxica em m uitas instituições dos EUA, porém subse quentem ente p erdeu essa im portância. A despeito desse declínio, a P. aeruginosa continua sendo um dos m ais tem íveis patógenos nestas populações, devido à sua alta taxa atribuível de m ortalidade. Em algum as partes da Ásia e da A m érica Latina, a P. aeruginosa continua sendo a causa m ais com um de bactere m ia p or G ram -negativos em pacientes neutropênicos. Em contraste com as tendências entre os pacientes queim ados e neutropênicos nos EUA, a incidência de infecções p or P. aeruginosa entre os pacientes com FC não se alterou. A P. aeruginosa continua sendo o fator contribuidor m ais com um para a insuficiência respi ratória na FC e é a responsável pela m aioria das m ortes entre os p a cientes com FC.
•
■ ACHADOS LABORATORIAIS A P. aeruginosa é um bacilo G ram -negativo não exigente, móvel, que cresce nos m eios de laboratório m ais com uns, incluindo o ágar-sangue e o M acConkey. É facilm ente identificada no laboratório em pla cas de ágar de isolam ento prim ário pela p rodução de um pigm ento que lhe confere um a aparência am arela a v erde-escura ou até m esm o azulada. As colônias têm um a aparência brilhante de “m etal de arm a” e um odor característico de fruta. D uas das características bioquím i cas que identificam a P. aeruginosa são a incapacidade de ferm entar lactose no ágar M acConkey e reação positiva no teste da oxidase. A m aior parte das cepas são identificadas com base nestes aspectos la boratoriais prontam ente detectáveis, m esm o antes da realização de testes bioquím icos m ais extensos. A lguns isolados de pacientes com FC são facilm ente identificados p o r sua aparência m ucoide, decor rente da produção de grande quantidade de um alginato de exopolissacarídio mucoide.
■ PATOGENIA A elucidação dos m ecanism os subjacentes à doença causada p o r P. aeruginosa m ostrou-se desafiadora. E ntre as bactérias G ram -negati vas com uns, nenhum a o utra espécie p roduz um núm ero tão grande de supostos fatores de virulência (Q u a d ro 152.1). A inda assim, P. ae ruginosa raram ente dá início a um processo infeccioso na ausência de um a lesão ou com prom etim ento do h ospedeiro e poucos ou nenhum dos seus fatores de virulência m o stram -se definitivam ente envol vidos na doença de seres hum anos. A despeito de sua versatilidade m etabólica e da posse de m últiplos fatores de colonização, a P. aeru ginosa não tem n en h u m a vantagem com petitiva sobre as bactérias
QUADRO 152.1 Principais fatores de virulência atribuídos a pseudomonas aeruginosa Substância/ organela
Função
Virulência em doença de animais
Pili
Adesão às células
?
Flagelos
Adesão, motilidade, inflamação
Sim
Lipopolissacaridio
Atividade antifagocítica, inflamação
Sim
Sistema de secreção tipo III
Citotoxicidade (ExoU)
Sim
Proteases
Atividade proteolítica, citotoxicidade
?
Fosfolipases
Citotoxicidade
?
ExotoxinaA
Citotoxicidade
?
entéricas do intestino hum ano nem é um habitante norm al do trato gastrintestinal hum ano, a despeito da contínua exposição am biental do hospedeiro ao m icrorganism o.
de choque térm ico) capazes de ativar o sistem a de TLR ou outro sis tem a proinflam atório.
Atributos de virulência envolvidos nas infecções agudas por P. aeruginosa Motilidade e colonização Um dogm a geral da patogênese bacteriana
A infecção crônica por P. aeruginosa ocorre principalm ente nos pul m ões, na vigência de doenças pulm onares estruturais. O exemplo clássico é a FC; outros exem plos incluem bronquiectasias e panbronquite recidivante crônica, um a doença observada no Japão e em algu mas ilhas do Pacífico. A característica destas doenças é um a alteração da função depuradora m ucociliar que resulta em estase e acúm ulo de m uco nos pulmões. Há provavelmente u m fator com um que seleciona a P. aeruginosa, facilitando a colonização p or este m icrorganism o nes sas doenças pulm onares - talvez a adesão da P. aeruginosa ao muco, um fenôm eno que não é observado na m aior parte das outras bacté rias G ram -negativas com uns, e/ou a capacidade que a P. aeruginosa tem de evadir-se das defesas do hospedeiro presentes no muco. Além disso, P. aeruginosa parece evoluir de m odo a propiciar a sua sobre vida prolongada no pulm ão, sem acarretar a m orte precoce do h o s pedeiro. As cepas encontradas em pacientes com FC exibem m ínim a produção de fatores de virulência. Algum as cepas até m esm o perdem a capacidade de produzir pili e flagelos, a m aioria torna-se sensível ao com plem ento por perda da cadeia lateral O de suas m oléculas de LPS. Um exemplo do im pacto destas alterações é a interrupção, por parte do m icrorganism o, da produção de flagelina (provavelm ente a sua m olécula pró-inflam atória m ais forte) quando se encontra no m uco purulento. Esta m odificação provavelm ente tolhe a resposta do hospedeiro, perm itindo que o organism o sobreviva no muco. Acre dita-se que durante o crescim ento no m uco a P. aeruginosa perca a capacidade de secretar m uitas de suas toxinas injetáveis. Em bora se considere que tenha um papel na sobrevivência dos m icrorganism os, a cobertura de alginato não é essencial, visto que as cepas não m ucoi des tam bém podem predom inar por longos períodos de tem po. Em resum o, a virulência exibida nas infecções crônicas pode ser m ediada principalm ente pela resposta inflam atória atenuada do hospedeiro, que vai causando lesão do pulm ão ao longo de várias décadas.
Infecções crônicas por P. aeruginosa
é que a m aior parte das bactérias deve aderir a superfícies ou colo nizar um nicho do hospedeiro a fim de iniciar a doença. A m aior parte dos patógenos estudados até agora possui fatores de adesão denom inados adesinas. A P. aeruginosa não é exceção. E ntre as suas várias adesinas estão os pili, que têm propriedades adesivas para um a variedade de células e aderem m elhor a superfícies celulares lesadas. No flagelo do m icrorganism o, existe um a m olécula, a flagelina, que se liga às células; a extrem idade do flagelo se liga a m ucinas m ediante o reconhecim ento de cadeias de glicanas. Os m utantes não flagelados de P. aeruginosa são m enos virulentos ou avirulentos em alguns m o delos anim ais, m as não em todos eles; entretanto, não está claro se esta m enor virulência se deve à p erda da adesão ou de outras funções flagelares. O utras adesinas de P. aeruginosa incluem a estrutura exter na da m olécula de lipopolissacarídio (LPS), que se liga ao regulador de condutância transm em brana da fibrose cística (CFTR) facilitando a internalização do m icrorganism o, e a cobertura de alginato das ce pas m ucoides, que intensificam a adesão às células e m ucinas. Além disso, as proteínas e lectinas de m em brana têm sido propostas com o fatores de colonização. A parentem ente, a deleção de algum as das adesinas não é suficiente para anular a capacidade da P. aeruginosa de colonizar superfícies.
Evasão das defesas do hospedeiro A transição da colonização bac teriana para a doença requer a evasão das defesas do hospedeiro por um núm ero substancial de bactérias. A P. aeruginosa parece estar bem equipada para esta evasão. M ediante um sistem a de secreção tipo III, as bactérias aderidas injetam q uatro toxinas conhecidas (ExoS, ExoU, ExoT e ExoY) que lhes perm item evadir-se das células fagocíticas, seja p or citotoxicidade, seja p o r inibição da fagocitose. M utantes com defeitos nesse sistem a são incapazes de dissem inar-se em alguns m odelos anim ais de infecção. As toxinas secretadas, com o a exotoxina A e leucocidina, têm o potencial de d estru ir células fagocitárias; m últiplas proteases secretadas podem degradar moléculas efetoras do hospedeiro, com o as citocinas e as quim iocinas, que são liberadas em resposta à infecção.
Componentes inflamatórios Os com ponentes inflam atórios de P. ae ruginosa [p. ex., as respostas inflam atórias ao com ponente lipídio A dos LPS e à flagelina, m ediadas pelo sistem a de receptores Toll-like (TLR) (principalm ente TLR4 e TLR5)] foram com siderados com o fator m ais im portante na causa da doença. E m bora essas respostas inflam atórias sejam necessárias para um a defesa bem -sucedida co n tra P. aeruginosa (isto é, em sua ausência, os anim ais são indefesos contra a infecção por P. aeruginosa), as respostas exuberantes tendem a resultar em doença. Q uando a síndrom e séptica e o choque séptico surgem na infecção por P. aeruginosa, eles são provavelm ente o resul tado da resposta do hospedeiro a um a ou am bas as substâncias, p o rém a lesão pulm onar causada p or toxinas de Pseudomonas tam bém pode resultar em síndrom es de sepse, possivelm ente ao causar m orte das células e a liberação de com ponentes celulares (p. ex., proteínas
Bacteremia Foram relatadas taxas globais de m ortalidade superiores a 50% em pacientes com bacterem ia p o r P. aeruginosa. Consequentem ente, esta entidade clínica já foi m uito tem ida, e o seu tratam ento tentado com o uso de m últiplos antibióticos. As publicações m ais recentes des crevem taxas de letalidade atribuída de 28 a 44%, o núm ero preciso depende da adequação do tratam ento e da gravidade da doença sub jacente. No passado, um paciente com bacterem ia p o r P. aeruginosa era classicam ente neutropênico ou gole queim ado. Hoje, entretanto, apenas um a m inoria desses pacientes tem infecções bacterêm icas por P. aeruginosa. Sem dúvida, a bacterem ia p o r P. aeruginosa é mais fre quentem ente observada em pacientes na UTI. A apresentação clínica de bacterem ia p or P. aeruginosa raram en te difere das de um a sepse em geral (Cap. 270). Os pacientes estão habitualm ente febris, m as os m ais gravem ente doentes podem estar em choque e até m esm o hipotérm icos. A única diferença entre esta entidade e as sepses po r outros G ram -negativos pode ser a presen ça de lesões da pele próprias da infecção p or Pseudomonas (ectim a gangrenoso), que ocorrem quase que exclusivam ente em pacientes notavelm ente neutropênicos e em pacientes com Aids. Estas lesões, pequenas ou grandes, dolorosas, averm elhadas, m aculopapulares, têm m argem geográfica; são inicialm ente róseas, depois escuras ou p urpúricas e finalm ente enegrecidas e necróticas (Fig. 152.1). Os estudos histopatológicos indicam que as lesões se devem à invasão vascular e estão repletas de bactérias. E m bora possam ocorrer lesões sim ilares na aspergilose e na m ucorm icose, sua presença sugere bac terem ia p or P. aeruginosa com o o diagnóstico m ais provável.
Infecções Causadas por Espécies de Pseudomonas.
Lesão tecidual Entre as bactérias G ram -negativas, a P. aeruginosa é a que provavelm ente produz o m aior núm ero de substâncias tóxicas para as células e que podem po r esta razão lesar os tecidos. As toxinas secretadas pelo sistem a de secreção tipo III têm a capacidade de lesar os tecidos. Entretanto, sua liberação requer a adesão do organism o às células. Assim os efeitos destas toxinas são provavelm ente locais ou dependem da presença de um vasto n úm ero de bactérias. Por outro lado, as toxinas difusíveis, que são secretadas pelo sistem a de secre ção tipo II do m icrorganism o, podem agir livrem ente onde quer que entrem em contato com as células. A exotoxina A, quatro proteases diferentes, pelo m enos duas fosfolipases, os ram nolipídios, a piocian in a e o ácido cianídrico são todos produzidos p o r P. aeruginosa e são capazes de induzir lesão do hospedeiro.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A P. aeruginosa infecta quase todos os locais do corpo, porém exibe um a predileção bastante forte pelos pulm ões. As infecções enco n tradas m ais com um ente em pacientes hospitalizados são descritas adiante.
1267
Figura 152.1 neutropênico.
Ectima gangrenoso com 3 dias de evolução em um paciente
TRATAMENTO
Bacteremia
Doenças Infecciosas
(Q uadro 152.2) O tratam ento antim icrobiano da bacterem ia por P. aeruginosa tem sido alvo de controvérsias. Antes de 1971, o des fecho de bacterem ia por Pseudomonas em pacientes febris neu tro pênicos tratados com os agente então disponíveis - gentam icina e polim ixinas - era desalentador. Os estudos publicados po r essa época indicaram que o tratam en to com carbenicilina, com ou sem o acréscim o de um am inoglicosídio, m elhorou significativa m ente os desfechos. Ao m esm o tem po, várias análises retrospec tivas sugeriam que o uso de dois agentes sinérgicos in vitro contra patógenos Gram -negativos resultava em m elhor desfecho para os pacientes neutropênicos. Assim, o tratam e n to em com binação tornou-se o padrão - p rim eiro para a bacterem ia em pacientes neutropênicos febris e depois para todas as infecções p o r P. aeru ginosa em todos os pacientes, neutropênicos ou não. Com a introdução dos novos fárm acos antipseudom onas, al guns estudos retornaram à questão da escolha entre o tratam ento em com binação e a m onoterapia para bacterem ia p or Pseudomo nas. Em bora a m aioria dos especialistas ainda prefira o tratam en to em com binação, a m aior parte destes estudos observacionais indicam que um único agente (3-lactâmico antipseudom onas m o derno, para o qual o isolado seja sensível, é tão eficaz quanto um a com binação. M esm o em pacientes sob risco m áxim o de m orte precoce p or bacterem ia p or P. aeruginosa (isto é, aqueles com fe bre e neutropenia), a m onoterapia antipseudom onas em pírica é, segundo as diretrizes práticas da Infections Diseases Society of A m erica, tida com o tão eficaz quanto o tratam ento em pírico em combinação. Um a conclusão consistente é a de que a m onoterapia com um am inoglicosídio não é ótim a. Há, naturalm ente, instituições e países onde as taxas de sensibilidade de P. aeruginosa aos antibióticos de p ri m eira linha são inferiores a 80%. Por conseguinte, q u a n do um paciente séptico com alta probabilidade de infecção p or P. aeruginosa se encontra em tal situação, um tratam ento em pírico em com binação deve ser adm inistrado até que o patógeno seja identificado e os dados de sensibilidade estejam disponíveis. Pos teriorm ente, se um ou dois agentes devem ser m antidos continua sendo um a questão de preferência individual.
Pneumonia aguda As infecções respiratórias são as m ais com uns entre as infecções causadas p or P. aeruginosa. Este m icrorganism o está em prim eiro ou segundo lugar na m aior parte das listas de causas de pneum onia associada a ventilação m ecânica (VAP). E ntretanto, há m uito debate sobre o real papel da P. aeruginosa na VAP. M uitos dos dados a este respeito baseiam -se em culturas de escarro ou em aspirados do tubo endotraqueal e podem representar apenas colonização não p atogêni ca da árvore traqueobrônquica, biofilm es sobre o tubo endotraqueal ou sim plesm ente traqueobronquite. Os antigos relatos de pneu m o n ia p o r P. aeruginosa descreviam pacientes com um a síndrom e clínica aguda de febre, calafrios, tosse e pneum onia necrotizante, indistinguível de outras pneum onias por bactérias Gram -negativas. Os relatos tradicionais descreviam um a
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infecção fulm inante com cianose, taquipneia, escarro copioso e to xicidade sistêmica. As radiografias de tórax m ostravam pneum onia bilateral, com freqüentes densidades nodulares e com ou sem cavitações. Este quadro é agora notavelm ente raro. Hoje, o paciente típico está sob ventilação m ecânica, tem um infiltrado lentam ente progres sivo e já foi colonizado p o r P. aeruginosa p o r alguns dias. Em bora alguns casos possam p rogredir rapidam ente d u ra n te 48-72 h, eles são exceções. D ensidades nodulares não são com um ente observadas. Entretanto, os infiltrados podem evoluir para necrose. A pneum onia necrotizante tam bém já foi vista na com unidade (p. ex., após inalação de água contam inada de banheiras quentes p ara relaxam ento com P. aeruginosa). O paciente típico tem febre, leucocitose e secreção brônquica, e a radiografia de tórax m ostra um novo infiltrado ou a expansão de um infiltrado preexistente. O exame do tórax geralm en te detecta estertores ou macicez; naturalm ente, tais achados são bem com uns entre pacientes sob ventilação m ecânica em UTI. A colora ção de G ram do escarro m ostrando predom ínio de neutrófilos poli m orfonucleares (PMS) acom panhada de cultura positiva para P. ae ruginosa sugere neste contexto um diagnóstico de pneum onia aguda por P. aeruginosa. Não há consenso sobre o fato de u m procedim ento invasivo (p. ex., lavado broncoalveolar ou obtenção de um a am ostra das vias respiratórias distais com escovado) ser superior à aspiração traqueal na obtenção de am ostras p a ra culturas pulm onares, para confirm ar a ocorrência de pneum onia p o r P. aeruginosa e prevenir o uso excessivo de antibióticos.
TRATAMENTO
Pneumonia aguda
(Q uadro 152.2) Os resultados do tratam ento da p neum onia por P. aeruginosa têm sido insatisfatórios. Os relatos sugerem taxas de letalidade de 40 a 80%, m as não se sabe quantas dessas m ortes são na verdade atribuíveis à doença subjacente. Os fárm acos de esco lha para a pneum onia p or P. aeruginosa são sim ilares aos em pre gados na bacterem ia. U m potente (3-lactâmico antipseudom onas é a principal base do tratam ento. As taxas de fracasso foram altas quando os am inoglicosídios foram usados com o agentes únicos, possivelm ente devido à sua pouca penetração nas vias respira tórias e à sua ligação às secreções das vias respiratórias. Por esta razão, não se pode defender com m uita insistência a inclusão de um am inoglicosídios nos esquem as usados contra m icrorganis m os totalm ente suscetíveis, especialm ente dada a evidência de que os am inoglicosídios não têm , nas concentrações norm alm en te alcançadas após a adm inistração p or via intravenosa, atividade ótim a nos pulm ões. Não obstante, os am inoglicosídios são com u m ente usados na prática clínica. A lguns especialistas sugerem a com binação de um agente betalactâm ico com um a fluorquinolona antipseudom onas quando a terapia com binada é necessária.
Infecções crônicas do trato respiratório
^
A P. aeruginosa é responsável pelas infecções crônicas das vias respiratórias associadas a algum as condições subja centes ou predisponentes - m ais com um ente FC em p o pulações caucasianas (Cap. 259). Um estado de colonização crônica que com eça logo na infância é observado em algum as populações asiáticas acom etidas de p a nbronquite crônica ou difusa, doença de etiologia desconhecida. A P. aeruginosa é um dos organism os que co loniza os brônquios lesados na bronquiectasia, doença secundária a múltiplas causas, na qual grandes anorm alidades estruturais das vias respiratórias resultam em estase do muco.
TRATAMENTO
Infecções crônicas do trato respiratório
A co n d u ta ideal frente à infecção p u lm o n a r c rônica p o r P. ae ruginosa n ão foi ain d a d e te rm in a d a . O s p acientes resp o n d em
QUADRO 152.2
T ra ta m e n to a n tib ió tic o de in fe c çõ e s p o r p s e u d o m o n a s a e ru g in o s a e e s p é cie s re la c io n a d a s
Infecção
Antibióticos e doses
Outras considerações
Monoterapia: Ceftazidima (2 g IV a cada 8 h) ou cefepima (2 g IV a cada 12 h) Tratamento combinado: Piperacilina/tazobactam (3,375 g IV a cada 4 h) ou imipenem (500 mg IV a cada 6 h) ou meropenem (1 g IV a cada 8 h) ou doripenem (500 mg IV a cada 8 h)
Acrescentar um aminoglicosídio para pacientes em choque e em regiões ou hospitais onde as taxas de resistência aos agentes (3-lactâmicos primários sejam altas. A tobramicina pode ser usada no lugar da amicacina (se a sensibilidade permitir).
Bacteremia Hospedeiro não neutropênico
íTIãiS
Amicacina (7,5 mg/kg IV a cada 12 h ou 15 mg/kg IV a cada 24 h) Hospedeiro neutropênico
Cefepima (2 g IV a cada 8 h) ou todos os outros agentes (exceto o doripenem) nas dosagens acima
Endocardite
Esquemas antibióticos como os usados para bacteremia por 6-8 semanas
É comum o aparecimento de resistência durante o tratamento. A cirurgia é necessária nas recaídas.
Pneumonia
Fármacos e doses como os usados para bacteremia, exceto que os carbapenens disponíveis não devem ser os únicos fármacos primários, por causa das altas taxas de resistência durante o tratamento
As diretrizes da IDSA recomendam o acréscimo de um aminoglicosídio ou ciprofloxacino. A duração do tratamento é de 10-14 dias.
Infecção óssea, otite externa maligna
Cefepima ou ceftazidima nas mesmas doses que as usadas na bacteremia; os aminoglicosídios não são um componente necessário ao tratamento; o ciprofloxacino (500-750 mg VO a cada 12 h) pode ser usado
A duração do tratamento varia com o fármaco usado (p. ex., 6 semanas para agentes p-lactâmicos; pelo menos 3 meses para tratamento oral exceto na osteomielite por feridas penetrantes, para as quais a duração do tratamento deve ser de 2-4 semanas).
Infecção do sistema nervoso central
Ceftazidima ou cefepima (2 g IV a cada 8 h) ou meropenem (1 g IV a cada 8 h)
Abscessos ou outras infecções de espaço fechado podem requerer drenagem. A duração do tratamento é de > 2 semanas.
Ceratite/úlcera
Tratamento tópico com colírio de tobramicina/ciprofloxacino/ levofloxacino
Usar a maior concentração disponível ou a manipulada pela farmácia.
Endoftalmite
Ceftazidima ou cefepima como para a infecção do sistema nervoso central mais Tratamento tópico
Infecções oculares
infecção do trato urinário
Ciprofloxacino (500 mg VO a cada 12 h) ou levofloxacino (750 mg a cada 24 h) ou qualquer aminoglicosídio (dose diária total administrada 1 vez/dia)
Pode ocorrer recaída na presença de obstrução ou corpo estranho.
Infecções por P. aeruginosa resistente a múltiplos fármacos
Colistina (100 mg IV a cada 12 h) durante o menor período possível até obter resposta clínica
As doses usadas variam. 0 ajuste das doses é necessário na insuficiência renal. A colistina inalada pode ser acrescentada para pneumonia (100 mg a cada 12 h).
Infecção por Stenotrophomonas maltophilia
SMX-TMP (320/1.600 mg IV a cada 12 h durante 14 dias) Ticarcilina/clavulanato (3,1 g IV a cada 4 h durante 14 dias)
A resistência a todos os agentes está crescendo. 0 levofloxacino pode ser uma alternativa, mas há pouca experiência clínica publicada com este agente.
Infecção por Burkholderia cepacia
Meropenem (1 g IV a cada 8 h durante 14 dias), SMX-TMP (320/1.600 mg IV a cada 12 h durante 14 dias)
A resistência a ambos os agentes está aumentando. Não devem ser usados em combinação em função do possível antagonismo.
Melioidose, mormo
Ceftazidima (2 g a cada 6 h durante 2 semanas) ou meropenem (1 g a cada 8 h durante 2 semanas) ou imipenem (500 mg a cada 6 h durante 2 semanas) seguido de SMX-TMP (320/1.600 mg VO a cada 12 h durante 3 meses)
Ver a Bibliografia para mais detalhes sobre o tratamento e os agentes alternativos.
Nota: IDSA, Infectious Disease Society of America; SMX-TMP, sulfametoxazol-trimetoprima.
clinicam ente ao tra ta m e n to a n tip se u d o m o n as, m as o m ic ro r ganism o raram ente é erradicado. C om o a errad icação é im p ro vável, o objetivo do tra ta m e n to da infecção c rô n ic a é deb elar as exacerbações da inflam ação. O s esquem as são sim ilares aos usados p ara p n eu m o n ia, m as um am inoglicosídio é quase sem pre adicionado, pois a resistência é c o m u m na d o en ça crônica. E ntretanto, pode ser ap ro p riad o u sa r p o r via in alató ria de a m i noglicosídio, com o fim de m ax im izar os níveis do fárm aco nas vias respiratórias.
Infecções endovasculares A endocardite infecciosa p o r P. aeruginosa é doença de usuários de drogas IV com envolvim ento de valvas nativas. A endocardite de valva prostética po r este m icrorganism o tam bém já foi descrita. Nas valvas nativas, os locais previam ente lesados pela injeção de m aterial estranho, com o talco ou fibras, provavelm ente servem de nicho para a adesão bacteriana à valva cardíaca. As m anifestações de endocardi te por P. aeruginosa em usuários de drogas IV lem bram as de outras form as de endocardite aguda, exceto que a doença é m ais indolente que a endocardite p or Staphyiococcus aureus. E m bora a m aior p a r
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te das doenças envolva o lado direito do coração, a endocardite do lado esquerdo não é rara e a doença m ultivalvar é com um . Febre é um a m anifestação com um , tal com o o envolvim ento pulm onar (que se deve a êm bolos sépticos para os pulm ões). Por esta razão, os p a cientes tam bém podem apresentar do r torácica e hem optise. O aco m etim ento do lado esquerdo do coração pode levar a sinais de in suficiência cardíaca, em bolização sistêmica e envolvim ento cardíaco local, com abscessos dos seios de Valsalva e defeitos de condução. As manifestações cutâneas são raras nesta doença e o ectima gangrenoso não é observado. O diagnóstico é baseado em hem oculturas positivas juntam ente com sinais clínicos de endocardite.
TRATAMENTO
Infecções endovasculares
(Q u a d ro 152.2) Tem sido h a b itu a l u sa r com binações de a n tibióticos sinérgicos p ara tratar a end o card ite p o r P. aerugino sa, ten d o em vista o desenvolvim ento de resistência d u ra n te o tratam e n to com u m ú nico (3-lactâm ico an tip se u d o m o n as. O tratam e n to de com binação preferível é, no entanto, incerto, já que todas as com binações falharam . Casos de endocardite p o r P. aeruginosa que não respondem ou recaem na vigência de tra ta m ento são com frequência causados p o r organism os resistentes e p o d em necessitar tratam e n to cirúrgico. As ou tras indicações de reposição valvar são sim ilares às de outras form as de e n d o cardite (Cap. 124).
cirúrgico ou traum atism o craniano. A entidade clínica m ais frequen tem ente observada é a m eningite pós-operatória ou pós-traum ática. A infecção subdural ou epidural ocasionalm ente resulta da contam i nação destas áreas. Tam bém já se descreveu a ocorrência de absces sos cerebrais decorrentes de doença em bólica p o r endocardite em usuários de drogas IV. O perfil do líquido cerebrospinal (LCS) na m eningite por P. aeruginosa não é diferente do das m eningites piogênicas de qualquer outra etiologia.
TRATAMENTO
Infecções do sistema nervoso central
(Q uadro 152.2) O tratam e n to de m eningite p o r Pseudomonas é difícil; há pouca inform ação publicada e não existem ensaios controlados em seres hum anos. E ntretanto, os princípios gerais envolvidos no tratam ento das m eningites se aplicam, incluindo a necessidade de altas doses de antibióticos bactericidas, para obter altos níveis do fárm aco no LCS. O agente de m aior experiência publicada na m eningite p o r P. aeruginosa é a ceftazidim a, m as outros (3-lactâmicos antipseudom onas que alcançam altas co n centrações no LCS, com o a cefepim a e o m eropenem , tam bém já foram usados com sucesso. As outras form as de infecção do SNC p or P. aeruginosa, com o abscessos cerebrais, abscesso epidural e em piem a subdural geralm ente requerem d renagem cirúrgica, além de tratam ento com antibióticos.
Infecções oculares Infecções dos ossos e das articulações
Doenças Infecciosas
E m bora P. aeruginosa seja causa infrequente de infecções ósseas e articulares, a osteom ielite vertebral e as artrites das articulações esternoclaviculares p o r Pseudomonas, causadas p o r bacterem ia ou p or endocardite infecciosa decorrente da injeção de drogas ilícitas contam inadas, já foram bem docum entadas. A apresentação clínica da osteomielite vertebral por P. aeruginosa é m ais indolente que a da osteom ielite estafilocócica. A duração dos sintom as em usuários de drogas IV com osteom ielite vertebral p or P. aeruginosa varia de se m anas a meses. A febre não está uniform em ente presente; quando presente, tende a ser de baixo grau. Pode haver dolorim ento leve no local do envolvim ento. As hem oculturas são habitualm ente negati vas, a m enos que haja endocardite concom itante. A velocidade de hem ossedim entação (VHS) é geralm ente alta. A osteom ielite vertebral por P. aeruginosa tam bém já foi descrita em idosos, casos em que se origina de infecções do trato urinário (ITU). A infecção geralm ente envolve a área lom bossacra, porque a drenagem venosa (os plexos de Batson) é partilhado entre coluna lom bossacra e pelve. A a rtri te séptica esternoclavicular po r P. aeruginosa é observada quase que exclusivam ente em usuários de drogas IV. Esta doença pode ocorrer com ou sem endocardite e local prim ário de infecção frequentem ente não é encontrado. As radiografias sim ples m ostram envolvim ento da articulação ou do osso. O tratam ento destas form as da doença é ge ralm ente bem -sucedido. A osteomielite do pé po r Pseudomonas se segue m ais frequente m ente a lesões penetrantes produzidas p o r solas de sapatos de b o r racha, afetando mais frequentem ente crianças. A principal m anifes tação é a dor no pé, às vezes com celulite superficial em to rn o de um a lesão puntiform e, e dolorim ento à palpação profunda da ferida. M últiplas articulações ou ossos do pé podem estar envolvidos. Os sintom as sistêmicos estão geralm ente ausentes e as hem oculturas são habitualm ente negativas. As radiografias p odem ou não ser a n o r mais, m as a cintilografia óssea é habitualm ente positiva, tal com o os estudos por MRI. A aspiração p or agulha geralm ente resulta no diag nóstico. A cirurgia im ediata, com exploração do trajeto da p erfu ra ção por prego e o desbridam ento dos ossos e cartilagens envolvidos, é geralm ente recom endada, além do tratam ento antibiótico.
Infecções do sistema nervoso central (SNC) As infecções do SNC por P. aeruginosa são relativam ente raras. O e n volvim ento do SNC é quase sem pre secundário a um procedim ento 1270
As infecções oculares p o r P. aeruginosa o c o rre m p rin cip alm en te com o conseqüência da in o cu lação d ire ta n o in te rio r dos tecidos p o r trau m atism o s ou lesões su perficiais p o r lentes de contato. A ceratite e as úlceras de có rn ea são os tipos m ais com uns de doença o cular e frequentem ente se associam às lentes de contato (especial m ente as de uso prolongado). A ceratite p o d e p ro g red ir lenta ou ra pidam ente, m as a descrição clássica é a de u m a doença que p ro g ri de d u ran te 48 h p ara envolver to d a a córnea, com opacificação e às vezes perfuração. A ceratite p o r P. aeruginosa deve ser considerada em ergência m édica, p o r causa da rapidez com que p o d e p rogredir para a p e rd a da visão. A en d o fta lm ite p o r P. aeruginosa se c u n d á ria à bacterem ia é a m ais d evastadora das infecções oculares p o r jR aeruginosa. A doença é fulm inante, com d o r grave, quem ose, d im i nuição da acuidade visual, uveíte anterior, envolvim ento do vítreo e pan-oftalm ite.
TRATAMENTO
Infecções oculares
(Q u a d ro 152.2) O tra ta m e n to h a b itu a l p a ra a ceratite é a a d m in istra çã o de antib ió tico s tópicos. O tra ta m e n to das endoftalm ites inclui o uso de altas doses de a n tib ió tico s locais e siss têm icos (para o b ter altas co n cen traçõ es do fárm aco no olho) e vitrectom ia.
Infecções da orelha As infecções da orelha p o r P. aeruginosa variam desde leves “ore lhas de n a d a d o r” a graves infecções p o ten c ialm e n te fatais e com seqüelas neurológicas. A “orelha de n a d a d o r” é m ais com um entre crianças e resulta de infecção de pele ú m id a e m acerada do canal auditivo externo. A m aior parte dos casos resolve com tratam ento, m as alguns pacientes desenvolvem secreção crônica. A “orelha de n ad ad o r” é tratad a com antibióticos tópicos (soluções auriculares). Vários nom es já foram dados à form a m ais séria de infecção da ore lha p or Pseudomonas: duas destas designações, otite externa m aligna e otite externa necrotizante são agora usadas para a m esm a en tid a de. Essa doença foi originalm ente descrita em pacientes diabéticos idosos, nos quais a m aior parte dos casos a inda ocorre. E n tre tan to, já foi descrita em pacientes com A ids e em pacientes idosos sem
diabetes ou im unodeficiência subjacente. Os sintom as habituais de apresentação são queda da audição e d o r de ouvido, que p o d e ser grave e lancinante. O lóbulo da orelha é habitualm ente doloroso. O canal auditivo externo pode tam bém estar doloroso e quase sem pre m ostra sinais de inflam ação, com tecido de granulação e exsudato. O dolorim ento a nterior ao trago pode se estender até a articulação tem porom andibular e ao processo m astoide. Um a p equena m in o ria de pacientes tem sintom as sistêm icos. Os pacientes nos quais o diagnóstico é feito tardiam ente podem apresentar-se com paralisias de nervos cranianos e até m esm o com trom bose do seio cavernoso. A VHS está invariavelm ente elevada (> 100 m m /h). O diagnóstico é feito em bases clínicas nos casos graves; entretanto, o “padrão ouro” é um a cintilografia óssea com tecnécio 99 positiva em um paciente com otite externa p o r P. aeruginosa. Em pacientes diabéticos, um a captação óssea positiva constitui evidência presuntiva p ara este diag nóstico e deve indicar a im ediata realização de um a biópsia ou de tratam ento empírico.
TRATAMENTO
Infecções da orelha
(Q uadro 152.2) Tendo em vista a infecção da cartilagem auricular, às vezes com envolvim ento do m astoide ou da crista do petroso, os pacientes com otite externa m aligna (necrotizante) são trata dos com o se tivessem osteomielite.
Infecções do trato urinário As ITU p or P. aeruginosa geralm ente ocorrem com o um a com plica ção da presença de corpo estranho no trato urinário, de obstrução do sistem a geniturinário ou de instrum entação ou cirurgia urológicas. E ntretanto, ITU por P. aeruginosa têm sido descritas em pacientes pediátricos am bulatoriais sem cálculo ou obstrução evidentes. /
TRATAMENTO
Infecções do trato urinário
Infecções da pele e dos tecidos moles Além do p io d erm a gan g ren o so em p acien tes n e u tro p ê n ic o s, a foliculite e outras lesões papulares ou vesiculares causadas p o r P. aeruginosa têm sido descritas e são co letivam ente d e n o m in a d as dermatites. M últiplos su rto s já foram relacionados com b anheiras de hidrom assagem , spas e piscinas. Para im p ed ir tais surtos, a p ro liferação de P. aeruginosa no lar ou em am bientes de recreação deve ser controlada p or cloração adequada da água. A m aior p arte dos casos de foliculite em banheiras quentes p ara relaxam ento são autolim itados, e necessitam apenas que se evite a reexposição à fonte de água contam inada. As infecções das m em b ran a s in te rd ig itais o c o rre m com fre q u ê n cia especial n o s tró p ico s. A “sín d ro m e d a u n h a v erde” é causada p o r p a ro n íq u ia p o r P. aeruginosa, e resu lta da freqüente subm ersão das m ãos em água. N essa ú ltim a entidade, o esverdeam en to resulta da difusão de pio cian in a para o in te rio r do leito u n gueal. A P. aeruginosa c o n tin u a sendo im p o rta n te causa de infec ção em queim aduras em algum as pa rte s do m undo. O tratam e n to dessas infecções deve ser realizado p o r especialistas em u n id ad e de queim ados.
N a neutropenia febril, a P. aeruginosa tem sido, historica m ente, um m icrorganism o para o qual a cobertura em píri ca é sem pre essencial. Nos anos 1960 e no início dos anos 1970, a infecção p or P. aeruginosa ocorria com um ente em pacientes neutropênicos febris com altos índices de letalidade. Em bora essas infecções sejam agora m enos com uns nos países ocidentais, sua im portância não dim inuiu, pois seus índices de letalidade continuam elevados. Tam bém em outras partes do m u n d o a P. aeruginosa con tinua a ser um im portante problem a na neutropenia febril, causando m aior proporção de infecções em pacientes neutropênicos febris do que qualquer outro m icrorganism o isoladam ente. A P. aeruginosa foi, p o r exemplo, responsável p or 28% das infecções docum entadas em 499 pacientes neutropênicos febris em um estudo realizado no sub continente indiano, e p or 31% destas infecções em um outro estudo. Em um grande estudo de infecções em pacientes leucêm icos reali zado no Japão, a P. aeruginosa foi a causa m ais frequentem ente docu m entada de infecção bacteriana. Em estudos realizados na Am érica do N orte, no norte da E uropa e na A ustrália, a incidência de bacte rem ia p o r P. aeruginosa n a n e u tro p en ia febril foi bem variável. Em um a revisão dos 97 relatos publicados em 1987 a 1994, a incidência foi descrita com o 1 a 2,5% em pacientes n eutropênicos febris tratados em piricam ente e de 5 a 12% nas infecções com docum entação m icrobiológica. As síndrom es clínicas m ais com um ente encontradas foram bacterem ia, pneum onia e infecções dos tecidos m oles m anifestando-se principalm ente com o ectim a gangrenoso.
TRATAMENTO
Infecções em pacientes neutropênicos febris
(Q uadro 152.2) M uitos estudos têm descrito, em com paração com os valores de três décadas atrás, m elhores índices de resposta ao tratam ento antibiótico. Um estudo de 127 pacientes dem ons trou um a redução da taxa de letalidade de 71% para 25% com a introdução da ceftazidim a e do im ipenem . C om o os neutrófilos - as defesas norm ais do hospedeiro contra este organism o - es tão ausentes nos pacientes n eutropênicos febris, doses m áxim as de antibióticos (3-lactâmicos antipseudom onas devem ser usadas para controlar a bacterem ia p or P. aeruginosa.
Infecções em pacientes com Aids Infecções p o r P. aeruginosa, tan to com unitárias quanto hospitala res, foram docum entadas em pacientes com Aids antes do advento do tratam ento antirretroviral. D esde a introdução dos inibidores da protease, as infecções p o r P. aeruginosa têm sido observadas m enos frequentem ente em pacientes com Aids, em bora ainda ocorram , par ticularm ente sob a form a de sinusite. A apresentação clínica da infec ção por Pseudomonas em pacientes com Aids (especialm ente p neu m onia e bacterem ia) é característica no sentido de que pode ser fatal não obstante a sua aparência p o r vezes não m uito grave. Os pacien tes com bacterem ia podem ter apenas febre baixa e apresentarem -se com ectim a gangrenoso. A bacterem ia pode denunciar a presença de doença subjacente em outro local (frequentem ente pneum onia ou si nusite). A pneum onia, com ou sem bacterem ia, é talvez o tipo mais com um de infecção p or P. aeruginosa em pacientes com Aids. Os pa cientes com Aids e pneum onia p o r P. aeruginosa exibem os clássicos sinais e sintom as clínicos de pneum onia, com o febre, tosse pro d u ti va e dor torácica. A infecção pode ser lobar, m ultilobar e não exibir qualquer predisposição por um a determ inada localização. O aspecto m ais m arcante é a alta frequência de doença cavitária.
TRATAMENTO
Infecções em pacientes com Aids
O tratam ento de qualquer um destes quadros clínicos em pacien tes com Aids não é diferente do em pregado nos outros pacientes. Entretanto, a recaída é a regra, a m enos que a contagem de célu-
Infecções Causadas por Espécies de Pseudomonas...
(Q uadro 152.2) As ITU p or P. aeruginosa são em sua m aior parte consideradas com o com plicadas e devem ser tratadas p o r m ais tem po que as cistites não com plicadas. Em geral, um curso de 7-10 dias de tratam ento é suficiente, com até 2 sem anas de tra ta m ento em casos de pielonefrite. Cateteres urinários, stents ou cál culos devem ser rem ovidos para prevenir a recaída, que é com um e pode dever-se não à resistência, m as a outros fatores, com o cor po estranho não retirado ou obstrução m antida.
Infecções em pacientes neutropênicos febris
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Ias T CD4+ do paciente suba para > 50/L ou que um tratam ento antibiótico supressivo seja adm inistrado. C om o fim de curar e prevenir as recaídas, o tratam ento tende a ser m ais prolongado do que no caso de um paciente im unocom petente.
Infecções resistentes a múltiplos fármacos (Q uadro 152.2) A P. aeruginosa é fam osa pela sua resistên cia aos antibióticos. D urante três décadas, o im pacto da re sistência foi m inim izado pelo rápido desenvolvim ento de potentes agentes antipseudom onas. E ntretanto, essa situação m udou recentem ente, com a seleção, em todo o m undo, de cepas p o rta d o ras de determ inantes que m edeiam a resistência a (3-lactâmicos, flu oroquinolonas e am inoglicosídios. Essa situação com plicou-se com a ausência, p o r quase duas décadas, do desenvolvim ento de novas classes de fárm acos antipseudom onas. Os m édicos recorrem agora a fárm acos com o a colistina ou a polim ixina, que tinham sido abando nados décadas atrás. Essas abordagens alternativas na conduta frente à infecção p or P. aeruginosa m ultirresistente foi usada pela prim eira vez há algum tem po em pacientes com CF, que recebiam colistina (polim ixina E) IV e p or aerossol, a despeito de sua toxicidade renal. A colistina está se torn an d o rapidam ente o últim o recurso entre os agentes de escolha, m esm o em pacientes sem CF infectados com P. aeruginosa m ultirresistente. A evolução clínica da infecção p o r P. aeruginosa m ultirresistente tratada com colistina é difícil de julgar a p a rtir de relatos de casos, es pecialm ente p or causa dos m últiplos fárm acos em pregados na com plexa conduta frente a estes pacientes. E m bora os prim eiros relatos tenham descrito eficácia m arginal e nefrotoxicidade e neurotoxicidade graves, os relatos recentes são m ais encorajadores. C om o a co listina m ostra sinergia com outros agentes antim icrobianos in vitro, pode ser possível reduzir a sua dose - e assim a toxicidade - quando com binada com fárm acos com o a rifam picina e os (3-lactâmicos; en tretanto, até o m om ento nenhum estudo em seres hum anos ou a n i mais apoia esta abordagem.
OUTRAS PSEUDOMONAS ■ STENOTROPHOMONAS MALTOPHILIA A S. maltophilia é o único patógeno h um ano potencial em um gênero de m icrorganism os onipresentes n a rizosfera (isto é, no solo ao redor das raízes das plantas). O organism o é um opo rtu n ista adquirido a p a rtir do ambiente, m as é ainda m ais lim itado que P. aeruginosa em sua capacidade de colonizar pacientes ou causar infecção. A im u n o deficiência não é suficiente para p e rm itir este evento; sem dúvida, grandes perturbações da flora hum ana são habitualm ente necessárias para o estabelecim ento de um a infecção p o r S. maltophilia. C onse quentem ente, a m aior parte dos casos de infecção h um ana ocorre no contexto de um tratam ento antibiótico de espectro m uito amplo feito com fárm acos avançados, com o as cefalosporinas e os carbapenens, que erradicam a flora norm al e outros patógenos. A notável capacida de da S. maltophilia em resistir a quase todas as classes de antibióticos é atribuível a bom bas de efluxo de antibióticos e a duas (3-lactamases (LI e L2), que m edeiam a resistência aos P-lactâm icos, incluindo os carbapenens. É prom issor que a virulência da S. maltophilia pareça ser lim itada. Em bora um a serina protease esteja presente em algumas cepas, a virulência é provavelm ente resultado da resposta inflam ató ria do hospedeiro a com ponentes do m icrorganism o, com o o LPS e a flagelina. A S. maltophilia é m ais com um ente encontrada no trato respiratório de pacientes subm etidos a ventilação m ecânica, casos em que é frequentem ente difícil fazer a distinção entre o seu papel com o um colonizador e o seu papel com o patógeno. Entretanto, a S. maltophilia causa pneum onia e bacterem ia nesses pacientes e estas infecções podem levar a choque séptico. Tam bém com um é a infec ção associada a um acesso venoso central (com ou sem bacterem ia) que tem sido descrita m ais frequentem ente em pacientes com câncer. A S. maltophilia é um a rara causa de ectim a gangrenoso em pacientes neutropênicos. Já foi isolada de cerca de 5% dos pacientes com FC, m as não se acredita que seja um patógeno im portante nesse contexto.
TRATAMENTO
Infecções por S. maltophilia
A resistência intrínseca de S. maltophilia à m aior parte dos a n tibióticos dificulta o tratam ento da infecção. Os antibióticos aos quais ela é m ais frequentem ente (m as não uniform em ente) sen sível são a associação sulfam etoxazol-trim etoprim a (SM X-TMP), a ticarcilina/clavulanato e o levofloxacino (Q uadro 152.2). C o n sequentem ente, um a com binação de SM X-TM P com ticarcilina/ clavulanato é recom endada para o tratam ento inicial. Os cateteres devem ser rem ovidos no tratam ento da bacterem ia para acelerar a cura e prevenir as recaídas. O tratam ento da VAP p o r S. malto philia é m uito m ais difícil que o da bacterem ia, sendo freqüente o desenvolvim ento de resistência durante o tratam ento.
■ BURKHOLDERIA CEPACIA A B. cepacia ganhou notoriedade com o causa da síndrom e rapidam ente fatal de sofrim ento respiratório e sepse (a “sín drom e p o r cepacia”) em pacientes com FC. Ela tin h a sido reconhecida previam ente com o um patógeno nosocom ial resistente aos antibióticos (era então designada Pseudomonas cepacia) em p a cientes de UTI. Pacientes com doença granulom atosa crônica são tam bém predispostos a doença pu lm o n ar p or B. cepacia. O m icror ganism o foi reclassificado em nove subgrupos, dos quais apenas al guns são com uns na FC. A B. cepacia é um organism o am biental que habita am bientes úm idos e é en contrado na rizosfera. Este m icror ganism o possui m últiplos fatores de virulência, que podem ter papel na doença, e tam bém fatores de colonização capazes de prom over a ligação ao m uco do pulm ão - um a habilidade que pode explicar a predileção da B. cepacia pelos pulm ões na FC. A B. cepacia secreta elastase e possui os com ponentes de um sistem a de secreção de to xina injetável sem elhante ao da P. aeruginosa; seu LPS está entre os m ais potentes em estim ular resposta inflam atória nos pulm ões. A in flam ação pode constituir a principal causa da doença pulm onar o b servada na síndrom e p or cepacia. O m icrorganism o pode penetrar as superfícies epiteliais em virtude de sua m otilidade e da inibição das defesas im unes inatas do hospedeiro. Além de infectar os pulm ões na FC, a B. cepacia surge com o u m colonizador das vias respiratórias durante o tratam ento com antibióticos de am plo espectro e é causa de VAP, infecções associadas a cateter e infecções de ferida.
TRATAMENTO
Infecções por B. cepacia
A B. cepacia é intrinsecam ente resistente a m uitos antibióticos. O tratam ento deve, portanto, ser adaptado de acordo com as sensi bilidades. A associação SMX-TMP, o m eropenem e a doxiciclina são os agentes m ais eficazes in vitro e podem ser iniciados com o agentes de p rim eira lin h a (Q u ad ro 152.2). A lgum as cepas são sensíveis às cefalosporinas de terceira geração ^e às fluorquinolonas e estes agentes p o d em ser usados contra os isolados sabi dam ente sensíveis. O tratam ento em com binação para a infecção pulm onar grave (p. ex., na FC) é sugerido para cepas resistentes a m últiplos fárm acos; entretanto, a com binação de m eropenem com SM X-TM P pode apresentar antagonism o. O aparecim ento de resistência durante o tratam en to já foi descrito para todos os agentes usados.
■ BURKHOLDERIA PSEUDOMALLEI A B. pseudom allei é o agente causai da m elioidose, um a doença de seres hum anos e anim ais geograficam ente restrita ao Sudoeste da Ásia e ao n orte da Austrália, com casos es porádicos em países com o a índia e a China. Esse organism o pode ser isolado de indivíduos que retornam diretam ente dessas regiões endê micas e de m ilitares que serviram em regiões endêm icas e retornaram para casa com escalas na Europa. Os sintom as dessa doença podem se desenvolver com grande atraso, pela capacidade do organism o em
causar infecção latente. A B. pseudomallei é encontrada no solo e na água. Os seres hum anos e os anim ais infectam -se p or inoculação, inalação ou ingestão; só raram ente o m icrorganism o se transm ite de pessoa a pessoa. Não há colonização sem infecção em seres hum anos. Entre as pseudom onas, a B. pseudomallei é talvez a m ais virulenta. O com prom etim ento do hospedeiro não é um pré-requisito essencial para a doença, em bora m uitos pacientes com um ente tenham doenças m édicas subjacentes (p. ex., diabetes m elito ou insuficiência renal). A B. pseudomallei é um organism o intracelular facultativo, cuja re plicação nos PM N e nos m acrófagos pode ser auxiliada p or apresen tar um a cápsula de polissacarídio. O m icrorganism o tam bém possui elem entos de um sistem a de secreção tipo III, que tem um papel na sua sobrevivência intracelular. D urante a infecção, há um a exuberante resposta inflam atória cujo papel na doença não é claro. A B. pseudomallei causa um amplo espectro de doenças que va riam desde um a infecção assintom ática até abscessos, p neum onia e doença dissem inada. Em áreas endêm icas é um a im portante causa de p neum onia e septicem ia fatais adquiridas na com unidade, com letalidades de até 44% descritas na Tailândia. As infecções pulm onares agudas são a form a mais com um ente diagnosticada de melioidose. A pneum onia pode ser assintom ática (com radiografias de tórax de ro tina m ostrando principalm ente infiltrados dos lobos superiores) ou pode se apresentar com o doença necrotizante grave. A B. pseudom al lei tam bém causa infecções pulm onares crônicas com m anifestações sistêm icas que m im etizam as da tuberculose, incluindo tosse crô n i ca, febre, hem optise, suores n o tu rn o s e doença p u lm o n ar cavitária. Além da pneum onia, a outra principal form a de doença p o r B. pseu domallei é a ulceração cutânea acom panhada de linfangite e linfade nopatia regional. A dissem inação a p a rtir dos pulm ões ou da pele, m ais frequentem ente d ocum entada em indivíduos debilitados, dá origem a form as septicêm icas de m elioidose, que têm alta letalidade.
TRATAMENTO
Infecções por B. pseudomallei
A B. pseudomallei é sensível a penicilinas e cefalosporinas avan çadas e aos carbapenens (Q uadro 152.2). O tratam ento é dividido em dois estágios: um a fase intensiva de 2 sem anas de tratam e n to com ceftazidim a ou um carbapenem , seguido p o r pelo m enos 12 sem anas de SMX-TMP oral para erradicar o m icrorganism o e prevenir as recaídas. O reconhecim ento dessa bactéria com o um potencial agente de guerra biológica estim ulou o interesse no de senvolvim ento de um a vacina.
A B. mallei causa o m orm o, um a doença equina da África, Ásia e A m érica do Sul. O organism o foi erradicado da E uropa e da A m érica do N orte décadas atrás. O últim o caso visto nos EUA ocorreu em 2001 em um laboratorista; antes disso, a B. mallei tin h a sido vista nesse país em 1949. D iferentem ente de outros m icrorganism os d is cutidos neste capítulo, a B. mallei não é um m icrorganism o am biental e não persiste fora dos hospedeiros eqüinos. C onsequentem ente, a infecção p o r B. mallei é, em áreas do m u n d o onde ainda existe, um risco ocupacional de tratadores de cavalos, açougueiros de carne de cavalo e veterinários. A cápsula polissacarídia é u m crítico d eterm i
TRATAMENTO
Infecções por B. m allei
O padrão de sensibilidade antibiótica da B. mallei é sim ilar ao da B. pseudomallei; além disso, o organism o é sensível aos novos m a crolídios azitrom icina e claritrom icina. A infecção po r B. mallei deve ser tratad a com os m esm os fárm acos e du ran te o m esm o tem po que a melioidose.
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C h astre
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Infecções Causadas por Espécies de Pseudomonas...
■ BURKHOLDERIA MALLEI
nante da virulência; os diabéticos são considerados m ais suscetíveis à infecção p or este m icrorganism o. O m icrorganism o é transm itido do anim al para seres hum anos p o r inoculação na pele, onde causa infecção local com n ó dulos e linfadenite. A linfadenopatia regio nal é com um . As secreções respiratórias dos cavalos infectados são extrem am ente infectantes. A inalação resulta em sinais clínicos de pneum onia típica, mas tam bém p ode causar doença febril aguda com ulceração da traqueia. O m icrorganism o pode dissem inar-se a partir da pele ou dos pulm ões para causar septicem ia com sinais de sepse. A form a septicêm ica associa-se frequentem ente ao choque e a um a alta letalidade. A infecção pode tam bém entrar em um a fase crônica e apresentar-se com o abscessos dissem inados. A infecção p or B. mallei pode apresentar-se tão precocem ente com o 1-2 dias após a inalação ou (na doença cutânea) não se to rn ar evidente durante meses.
1273
CAPÍ TULO
153
Salmonelose David A. Pegues Sam uel I. Miller As bactérias do gênero Salmonella são altam ente adaptadas para o crescim ento tanto em seres hum anos quanto em anim ais, sendo responsáveis po r um am plo espectro de doenças. O crescim ento de sorotipos de S. typhi e S. paratyphi lim ita-se aos hospedeiros h u m a nos, nos quais esses m icrorganism os causam febre entérica (tifoide). Os sorotipos rem anescentes (Salmonella não tifoide ou SNT) podem colonizar o trato gastrintestinal de um a am pla variedade de anim ais, incluindo m am íferos, répteis, aves e insetos. Mais de 200 sorotipos são patogênicos para os seres hum anos, nos quais causam frequente m ente gastrinterite e podem estar associados a infecções localizadas e/ou bacterem ia.
■ ETIOLOGIA
Doenças Infecciosas
Esse grande gênero de bacilos G ram -negativos dentro da família Enterobacteriaceae consiste em duas espécies: a S. enterica, que contém seis subespécies, e a S. bongori. A S. enterica subespécie I inclui qua se todos os sorotipos patogênicos para os seres hum anos. De acordo com o atual sistem a de nom enclatura de Salmonella, a designação taxonôm ica com pleta de S. enterica subespécie enterica do sorotipo typhim urium pode ser reduzida a Salmonella sorotipo typhim urium ou sim plesm ente Salmonella typhim urium . Os m em bros das sete subespécies de Salmonella são classificados em > 2.500 sorotipos (sorovariantes) de acordo com o antígeno O so m ático [com ponentes da parede celular de lipopolissacarídio (LPS)], o antígeno Vi de superfície (restrito à S. typhi e S. paratyphi C) e o antígeno H flagelar. Para m aior sim plicidade, os sorotipos de Salmo nella são, em sua m aioria, designados de acordo com a cidade onde foram identificados, e o sorotipo é frequentem ente utilizado com o designação de espécie. As salm onelas são bacilos G ram -negativos anaeróbios faculta tivos e não form adores de esporos, que m edem 2 a 3 p o r 0,4 a 0,6 |jim. A identificação inicial das salm onelas no laboratório de m icrobiologia clínica baseia-se nas características de crescim ento. As sal m onelas, a exemplo de outras Enterobacteriaceae, produzem ácido à ferm entação da glicose, reduzem nitratos e não produzem citocrom o oxidase. Além disso, todas as salm onelas, exceto a S. gallinarum -pullorum, são móveis p or m eio de flagelos peritríquios, e todas, à exceção da S. typhi, produzem gás (H 2S) pela ferm entação de açúcar. É notável assinalar que apenas 1% dos isolados clínicos ferm enta a lactose; deve-se m anter um alto nível de suspeita para detectar esses raros isolados clínicos ferm entadores de lactose. E m bora a sorotipagem de todos os antígenos de superfície p o s sa ser utilizada para identificação form al, a m aioria dos laboratórios recorre a algum as reações simples de aglutinação, que definem soro grupos de antígeno O específicos, designados com o A, B, C p C2, D e E. As cepas destes seis sorogrupos causam cerca de 99% das infecções po r Salmonella nos seres hum anos e em outros anim ais hom eotérmicos. São utilizados m étodos de tipagem m olecular, com o a eletro forese em gel de cam po pulsado e a im pressão digital p o r reação em cadeia da polim erase (PCR), em investigações epidem iológicas para diferenciar as cepas de Salmonella de um sorotipo com um .
■ PATOGENIA Todas as infecções p or Salmonella com eçam com a ingestão de m i crorganism os, mais com um ente em água ou alim entos con tam in a dos. A dose infecciosa é de 103-106 unidades form adoras de colônias. As situações que dim inuem a acidez do estôm ago (idade < 1 ano, ingestão de antiácidos ou doença aclorídrica) ou a integridade intes 1274
tinal (doença inflam atória intestinal, histó ria pregressa de cirurgia gastrintestinal ou alteração da flora intestinal em conseqüência da adm inistração de antibióticos) aum entam a suscetibilidade à infec ção p or Salmonella. Após alcançarem o intestino delgado, as S. typhi e S. paratyphi p enetram na cam ada de m uco do intestino e atravessam a cam ada intestinal p or m eio das células M presentes na m ucosa intestinal aci m a das placas de Peyer no epitélio associado ao folículo. As salm one las podem desencadear a form ação de prolongam entos ou pregas na m em brana em células epiteliais norm alm ente não fagocíticas. Esses prolongam entos ou pregas alcançam e englobam bactérias aderentes d entro de grandes vesículas p o r m eio de um processo denom inado endocitose mediada por bactérias (EMB). A EMB depende do acesso direto das proteínas de Salmonella ao citoplasm a das células epite liais p o r m eio de um sistem a bacteriano especializado de secreção (secreção tipo III). Essas proteínas bacterianas m edeiam alterações no citoesqueleto de actina necessárias para a captação da Salmonella. Após atravessarem a cam ada epitelial do intestino delgado, a S. typhi e S. paratyphi, responsáveis pela febre entérica (tifoide), são fagocitadas por macrófagos. Essas salm onelas sobrevivem ao am biente antim icrobiano do m acrófago em itindo sinais am bientais que defla gram alterações nos sistem as reguladores das bactérias fagocitadas. Por exemplo, o PhoP/PI (o sistem a regulador m ais bem caracteriza do) induz a expressão de proteínas da m em brana externa e m edeia m odificações no LPS, de m odo que a superfície alterada da bactéria possa resistir às atividades m icrobicidas e alterar potencialm ente a sinalização das células do hospedeiro. Além disso, as salm onelas co dificam um segundo sistem a de secreção tipo III, que tran sp o rta di retam ente proteínas bacterianas através da m em brana do fagossomo para o citoplasm a dos macrófagos. Esse sistem a de secreção funciona para rem odelar o vacúolo que contém Salmonella, prom ovendo, as sim, a sobrevida e replicação das bactérias. Um a vez fagocitadas, as salm onelas tifoides dissem inam -se por todo o corpo nos m acrófagos p o r m eio dos vasos linfáticos e coloni zam os tecidos reticuloendoteliais (fígado, baço, linfonodos e m edula óssea). Os pacientes apresentam relativam ente poucos sinais e sinto m as ou n enhum durante esse estágio de incubação inicial. Os sinais e sintom as, com o febre e d o r abdom inal, provavelm ente resultam da secreção de citocinas pelos m acrófagos e pelas células epiteliais em resposta aos pro d u to s bacterian o s reconhecidos p o r recepto res im unes inatos quando ocorre replicação de um n úm ero crítico de m icrorganism os. Com o decorrer do tem po, o desenvolvim ento de hepatoesplenom egalia provavelm ente fica relacionado com o re crutam ento de células m ononucleares e o desenvolvim ento de um a resposta im une celular adquirida específica contra a colonização por S. typhi. O recrutam ento de células m ononucleares e de linfócitos adicionais para as placas de Peyer du ran te as várias sem anas após a colonização/infecção inicial pode resultar em acentuado aum ento e necrose das placas de Peyer, p o d e n d o o processo ser m ediado por produtos bacterianos que prom ovem a m o rte celulár, bem com o a resposta inflam atória. D iferentem ente da febre entérica, que se caracteriza p o r infil tração de células m ononucleares na m ucosa d o intestino delgado, a gastrenterite p o r SNT caracteriza-se p o r infiltração m aciça de leu cócitos polim orfonucleares (PM N ) na m ucosa do intestino grosso e intestino delgado. Essa resposta parece d e p en d e r da indução da interleucina (IL) 8, um p oderoso fator quim iotático de neutrófilos, que é secretado pelas células intestinais em conseqüência da colo nização p o r Salmonella e translocação de proteínas bacterianas no citoplasm a das células do hospedeiro. A degranulação e a liberação de substâncias tóxicas pelos neutrófilos p o d em resultar em lesão da m ucosa intestinal, causando a d iarréia inflam atória observada na gastrenterite não tifoide.
FEBRE ENTÉRICA (TIFOIDE) A febre entérica (tifoide) é um a doença sistêm ica, caracterizada por febre e dor abdom inal e causada pela dissem inação de S. typhi ou S.
paratyphi. A doença foi inicialm ente denom inada febre tifoide, em virtude de sua sem elhança clínica com o tifo. Todavia, no início do século XIX, a febre tifoide foi claram ente definida, em term os p a tológicos, com o um a doença singular com base na sua associação a u m aum ento das placas de Peyer e dos linfonodos m esentéricos. Em 1869, devido ao local anatôm ico da infecção, foi proposto o term o febre entérica com o denom inação alternativa para diferenciar a febre tifoide do tifo. Entretanto, até hoje as duas designações são utilizadas com o sinônim os.
plam ente. Essas cepas contêm plasm ídios que codificam resistência ao cloranfenicol, à am picilina e à trim eto p rim a - antibióticos que vêm sendo utilizados há m uito tem po no tratam ento da febre entéri ca. Com o crescente uso das fluoroquinolonas para tratar a febre e n térica p o r cepas RMF na década de 1990, surgiram cepas de S. typhi e S. paratyphi com sensibilidade reduzida ao ciprofloxacino [concen tração inibitória m ínim a (CIM ) de 0,125 a 1 |xg/mL] no subconti nente indiano, sul da Ásia e (m ais recentem ente) na África subsaa riana, e sua presença esteve associada a falhas do tratam ento clínico. A determ inação da resistência das cepas isoladas ao ácido nalidíxico, ■ EPIDEMIOLOGIA um a quinolona de prim eira geração, detecta a m aioria das cepas com sensibilidade reduzida ao ciprofloxacino, m as não todas elas. Ao contrário de outros sorotipos de Salmonella, os agentes etiológi cos da febre entérica - S. typhi e S. paratyphi sorotipos A, B e C - não A incidência de febre entérica entre viajantes norte-am ericanos é estim ada em 3-30 casos p o r 100.000. Dos 1.902 casos de febre enté possuem outros hospedeiros conhecidos, a não ser os seres hum anos. rica associada a S. typhi notificados aos C enters for Disease C ontrol Mais com um ente, a transm issão p or alim entos ou pela água resulta and Prevention (CD C) de 1999 a 2006, 79% estavam associados a da contam inação fecal p o r portadores crônicos doentes ou assinto viagem internacional recente, m ais com um ente para a ín d ia (47%), m áticos. Foi descrita a transm issão sexual da doença entre parceiros Paquistão (10%), Bangladesh (10%), M éxico (7%) e Filipinas (4%). do sexo masculino. Em certas ocasiões, os profissionais de saúde a d Apenas 5% dos indivíduos que fizeram viagens, com diagnóstico de quirem febre entérica após exposição a pacientes infectados ou d u febre entérica, tinham sido vacinados contra S. typhi. De m odo glo rante o processam ento de am ostras clínicas e culturas. bal, 13% das cepas isoladas de S. typhi nos EUA m ostraram -se resis Com a m elhora na m anipulação dos alim entos e tra tentes à ampicilina, ao cloranfenicol e ao sulfam etoxazol-trim etopri tam ento da água/esgotos, a febre entérica to rn o u -se rara m a (SM X-TMP), e a proporção de cepas isoladas resistentes ao ácido nos países desenvolvidos. Entretanto, no m undo inteiro, há nalidíxico aum entou de 19% em 1999 para 58% em 2006. A infecção um núm ero estim ado de 22 m ilhões de casos de febre entérica, com p or S. typhi resistente ao ácido nalidíxico (RAN) esteve associada a 200.000 m ortes anualm ente. A incidência é m aior (> 100 casos por viagens para o subcontinente indiano. Dos 25 a 30% dos casos notifi 100.000 indivíduos p o r ano) no centro-sul e Sudeste Asiático; m é cados de febre entérica nos EUA com aquisição domiciliar, a m aioria dia (10-100 casos p or 100.000) no restante da Ásia, África, Am érica foi esporádica, porém continuam ocorrendo surtos associados a p ro Latina e Oceania, excluindo a Austrália e Nova Zelândia; e baixa em dutos alim entares contam inados e portadores crônicos previam ente outras partes do m undo (Fig. 153.1). A elevada incidência da febre não reconhecidos. entérica correlaciona-se com condições precárias de saneam ento e falta de acesso a água potável. Nas regiões endêm icas, a febre entérica ■ EVOLUÇÃO CLÍNICA é m ais com um nas áreas urbanas do que nas rurais e entre as c ria n ças pequenas e adolescentes. Os fatores de risco consistem em água A febre entérica é um a denom inação incorreta, visto que as caracte ou gelo contam inados, inundações, bebidas e alim entos adquiridos rísticas essenciais dessa doença - febre e dor abdom inal - são variá de vendedores de rua, frutas e vegetais crus cultivados em cam pos veis. E nquanto a febre é docum entada na apresentação em > 75% dos fertilizados com esgoto, contatos dom iciliares doentes, falta de lavar casos, ocorre dor abdom inal em apenas 30 a 40%. Por conseguinte, é as m ãos e de acesso a banheiro, bem com o evidências de infecção necessário ter um alto índice de suspeita para essa doença sistêmica anterior p or Helicobacter pylori (associação provavelm ente relaciona potencialm ente fatal quando um a pessoa apresenta febre e história de da com a redução crônica da acidez gástrica). E stim a-se que ocorra viagem recente a um país em desenvolvim ento. um caso de febre paratifoide para cada quatro casos de febre tifoide, O período de incubação da S. typhi é, em m édia, de 10-14 dias, porém a incidência da infecção associada à S. paratyphi parece estar porém varia de 3-21 dias, dependendo do tam anho do inóculo, bem aum entando, especialm ente na índia; esse aum ento pode ser o resul com o do estado de saúde e im unológico do paciente. O sintom a mais proem inente consiste em febre prolongada (38,8 a 40,5°C), que pode tado da vacinação contra S. typhi. persistir p or até 4 sem anas se não tratada. Acredita-se que a S. para Em 1989, surgiram cepas de S. typhi resistentes a m últiplos fár typhi A provoque doença m ais leve do que a S. typhi, com sintom as m acos (RMF) na C hina e Sudeste Asiático, que se dissem inaram am
•
Salmonelose
Q ] Alta (> 100/10 0 .000/ano)
Q ] M édia (1 0 -1 0 0 /1 00.000/ano)
□
B a ix a
(< 10/10 0 .000/ano)
Figura 153.1 Incidência anual da febre tifoid e por 100.000 da população. (Adaptada de Crump JA et al.: The global burden o f typhoid fever, Buli World Health Organ 82:346,2004.)
1275
dentro de 2-3 sem anas após a resolução da febre bem com o em asso ciação ao m esm o tipo de cepa e perfil de sensibilidade. Até 10% dos pacientes com febre tifoide sem tratam e n to ex cretam S. typhi nas fezes p o r um p e río d o de até 3 m eses, e 1 a 4% to rn am -se portadores assintom áticos crônicos, elim inando S. typhi n a urin a ou nas fezes d urante m ais de 1 ano. O estado de portad o r crônico é m ais com um entre m ulheres, lactentes e indivíduos que apresentam anorm alidades biliares ou infecção concom itante da be xiga p or Schistosoma haem atobium . As anorm alidades anatôm icas associadas a essas últim as afecções p resum ivelm ente propiciam a colonização prolongada.
■ DIAGNÓSTICO
Figura 153.2 “Manchas róseas”, o exantema da febre entérica causada por S. typhi ou S. paratyphi.
Doenças Infecciosas 1276
p red o m inantem ente gastrintestinais. E ntretanto, um estudo prospectivo de 669 casos consecutivos de febre entérica em K athm andu, Nepal, constatou que as infecções eram clinicam ente indistinguíveis. Nessa série, os sintom as relatados p o r ocasião da avaliação m éd i ca inicial consistiram em cefaleia (80%), calafrios (35 a 45%), tosse (30%), sudorese (20 a 25%), mialgias (20%), m al-estar (10%) e artralgia (2 a 4%). Os sintom as gastrintestinais consistiram em anorexia (55%), dor abdom inal (30 a 40%), náuseas (18 a 24%), vôm itos (18%) e diarréia (22 a 28%) m ais com um ente do que obstipação (13 a 16%). Os achados físicos consistiram em língua saburrosa (5 1 a 56%), es plenom egalia (5 a 6%) e hipersensibilidade abdom inal (4 a 5%). Os achados físicos precoces da febre entérica consistem em exan tem a (“m anchas róseas”; 30%), hepatoesplenom egalia (3 a 6%), epistaxe e bradicardia relativa p o r ocasião do pico de febre alta (< 50%). As m anchas róseas (Fig. 153.2; ver tam bém a Fig. e-7.9) constituem um exantem a m aculopapular tênue, cor de salm ão e que empalidece à pressão, localizado principalm ente no tronco e tórax. O exantem a é evidente em cerca de 30% dos pacientes no final da prim eira sem ana e regride sem deixar m arcas depois de 2-5 dias. Os pacientes podem ter dois ou três agrupam entos de lesões, po d en d o a Salmonella ser cultivada a p artir de am ostras de biópsia p or punção dessas lesões. A sutileza do exantem a torna difícil a sua detecção em pacientes de pele m uito pigm entada. O desenvolvim ento de doença grave (que ocorre em cerca de 10 a 15% dos pacientes) depende dos fatores do hospedeiro (im unossu pressão, tratam ento com antiácidos, exposição prévia e vacinação), da virulência da cepa e inóculo, assim com o da escolha da antibio ticoterapia. O sangram ento gastrintestinal (10 a 20%) e a p e rfu ra ção intestinal (1 a 3%), que ocorrem m ais com um ente nas terceira e qu arta sem anas de doença, resultam de hiperplasia, ulceração e necrose das placas de Peyer ileocecais no local inicial de infiltração da Salmonella. Am bas as complicações am eaçam a vida do paciente, exigindo hidratação e intervenção cirúrgica im ediatas com cobertu ra antibiótica de espectro am pliado para a peritonite polim icrobiana (Cap. 127) e tratam ento da hem orragia gastrintestinal, incluindo res secção intestinal. O correm m anifestações neurológicas em 2 a 40% pacientes, com o m eningite, síndrom e de G uillain-B arré, n eurite e sintom as neuropsiquiátricos (descritos com o “delirium m u rm u ra n te” ou “com a vígil”), com atos de m exer na roupa de cam a ou apanhar objetos imaginários. As raras complicações, cuja incidência é reduzida pela im ediata instituição de antibioticoterapia, consiste em coagulação intravascu lar dissem inada, síndrom e hem atofagocítica, pancreatite, abscesso, assim com o granulom as hepáticos e esplênicos, endocardite, p ericar dite, m iocardite, orquite, hepatite, glom erulonefrite, pielonefrite, síndrom e hem olítico-urêm ica, pneum onia grave, artrite, osteom ielite e parotidite. Até 10% dos pacientes sofrem recidiva leve, habitualm ente
Com o a apresentação clínica da febre entérica é relativam ente inespecífica, é preciso considerar esse diagnóstico em todo indivíduo febril que viajou e retorna de um a região em desenvolvim ento, especial m ente o subcontinente indiano, as Filipinas ou a A m érica Latina. O utros diagnósticos que devem ser considerados nesses viajantes são a m alária, hepatite, enterite b acteriana, febre da dengue, riquetsioses, leptospirose, abscessos hepáticos am ebianos e infecção aguda pelo H IV (Cap. 123). Exceto po r um a cultura positiva, n en h u m exame laboratorial específico é diagnóstico da febre entérica. Em 15 a 25% dos casos, é possível detectar a presença de leucopenia e neutropenia. A leucocitose é mais com um entre crianças, durante os prim eiros 10 dias da doença e nos casos com plicados p o r perfuração intestinal ou infecção secundária. O utros resultados laboratoriais inespecíficos in cluem alteração m oderada das provas de função hepática e dos níveis das enzim as m usculares. O diagnóstico definitivo da febre entérica requer o isolam ento de S. typhi ou de S. paratyphi do sangue, da m edula óssea, de o u tros locais estéreis, das m anchas róseas, das fezes ou das secreções intestinais. A sensibilidade das h em oculturas é de apenas 40 a 80%, provavelm ente devido às elevadas taxas de uso de antibióticos nas áreas endêm icas e devido às pequenas quantidades de S. typhi (isto é, < 15 m icrorganism os/m L) presentes no sangue. C om o quase todas as S. typhi no sangue estão associadas à fração de células m ononucleares/plaquetas, a centrifugação do sangue e a cultura do crem e leucocitário podem reduzir consideravelm ente o tem po levado para o isolam ento do m icrorganism o, porém sem aum entar a sensibilidade. A cultura de m edula óssea possui um a sensibilidade de 55%, e, diferentem ente da hem ocultura, seu rendim ento não é reduzido por um período de até 5 dias de antibioticoterapia prévia. A cultura de secreções intestinais (m ais bem obtidas p o r um teste de barbante duodenal não invasivo) pode ser positiva apesar de um a cultura de m edula óssea negativa. Se o sangue, a m edula óssea e as secreções in testinais forem todos cultivados, o índice de resultados positivos será > 90%. As coproculturas, apesar de negativas em 60 a 70% dos casos durante a prim eira sem ana, podem tornar-se positivas na terceira se m ana de infecção em pacientes sem tratam ento. D ispõe-se de vários testes sorológicos, com o o teste clássico de W idal para “aglutininas febris”. C ontudo, n en h u m destes testes é sen sível ou específico o suficiente para substituir os m étodos baseados em cultura para o diagnóstico de febre entérica nos países desenvol vidos. Estão sendo identificados ensaios de PCR e com sondas de DNA para a detecção de S. typhi no sangue; entretanto, ainda não foram desenvolvidos para uso clínico.
TRATAMENTO
Febre entérica (tifoide)
A adm inistração im ediata de antibioticoterapia apropriada im pe de as complicações graves da febre entérica e resulta em um a taxa de casos fatais de < 1%. A escolha inicial dos antibióticos depende da sensibilidade das cepas de S. typhi e S. paratyphi na área de residência ou viagem do paciente (Q u a d ro 153.1). Para o trata m ento da febre tifoide sensível a fárm acos, as fluoroquinolonas constituem a classe de fárm acos m ais efetiva, com taxas de cura de cerca de 98% bem com o taxas de recidiva e estado de p ortador fecal < 2%. A experiência é m ais extensa com o ciprofloxacino. De
r QUADR0153.1
Antibioticoterapia para a febre entérica em adultos
Indicação
Agente
Dose (via)
Duração, dias
Tratamento empírico Ceftriaxona3
1-2 g/dia (IV)
7-14
Azitromicina
1 g/dia (V0)
5
Totalmente sensível Ciprofloxacino6 (de primeira linha)
500 mg 2x/dia (V0) ou 400 mg a cada 12 h (IV)
5-7
Amoxicilina (de segunda linha)
1 g 3x/dia (V0) ou 2 g a cada 6 h (IV)
14
Cloranfenicol
25 mg/kg 3x/dia (V0 ou IV)
14-21
Sulfametoxazol-trimetoprima
800/160 mg 2x/dia(V0)
7-14
Resistente a múltiplos fármacos Ciprofloxacino
500 mg 2x/dia (VO) ou 400 mg a cada 12 h (IV)
5-7
Ceftriaxona
2-3 g/dia (IV)
7-14
Azitromicina
1 g/dia (V0)c
5
Resistente ao ácido nalidíxico Ceftriaxona
2-3 g/dia (IV)
7-14
Azitromicina
1 g/dia (V0)
5
Ciprofloxacino em altas doses
750 mg 2x/dia (V0) ou 400 mg a cada 8 h (IV)
10-14
s0u outra cefalosporina de terceira geração [p. ex., cefotaxima, 2 g a cada 8 h (IV), ou cefixima, 400 mg 2x/dia (VO)]. sOu ofloxacino, 400 mg 2x/dia (VO) durante 2-5 dias. c0u 1 g no dia 1, seguido de 500 mg/dia VO durante 6 dias.
início da década de 1980, a adm inistração de dexam etasona (dose inicial de 3 m g/kg, seguida de 8 doses de 1 m g/kg a cada 6 h) com cloranfenicol foi associada a um a taxa de m ortalidade consi deravelm ente m ais baixa do que o tratam en to com cloranfenicol apenas (10% versus 55%). E m bora esse estudo não tenha sido re petido na “era pós-cloranfenicol”, a febre entérica grave continua sendo um a das poucas indicações para o tratam ento de infecção bacteriana aguda com glicocorticoides. Os 1 a 5% dos pacientes que desenvolvem o estado de p o rta d or crônico de Salmonella podem ser tratados durante 4 a 6 sem a nas com um antibiótico oral apropriado. O tratam ento com am o xicilina oral, SMX-TMP, ciprofloxacino ou norfloxacino é cerca de 80% efetivo na erradicação do estado de p o rtad o r crônico de m icrorganism os sensíveis. Todavia, n o s casos de anorm alidade anatôm ica (p. ex., litíase biliar ou renal), a erradicação freqüentem ente exige antibioticoterapia e correção cirúrgica.
CAPÍTULO 153
form a sem elhante, um ciclo de curta duração de tratam ento com ofloxacino m ostra-se bem -sucedido contra a infecção causada por cepas sensíveis ao ácido nalidíxico. E ntretanto, a m aior inci dência de S. typhi RAN na Ásia, provavelm ente relacionada com a am pla disponibilidade das fluoroquinolonas de venda livre, está lim itando o uso dessa classe de fárm acos para tratam ento em píri co. Os pacientes infectados p or cepas de S. typhi RAN devem ser tratados com ceftriaxona, azitrom icina ou altas doses de ciproflo xacino. O tratam ento com altas doses de fluoroquinolonas d u ra n te 7 dias para a febre entérica p o r cepas RAN tem sido associado a um a resolução tardia da febre e elevada taxa de estado de p o rta dor fecal durante a convalescença. Para as cepas RAN, prefere-se o uso da ciprofloxacino em altas doses durante 10 a 14 dias. A ceftriaxona, a cefotaxim a e a cefixim a (oral) são efetivas para o tratam en to da febre entérica RMF, incluindo p o r cepas RAN e resistentes às fluoroquinolonas. Esses agentes elim inam a febre em cerca de 1 sem ana, com taxas de fracasso de cerca de 5 a 10%, taxas de estado de p o rtad o r fecal < 3% e taxas de recidiva de 3 a 6%. A azitrom icina VO resulta em defervescência em 4 a 6 dias, com taxas de recidiva e estado de p o rtad o r fecal conva lescente < 3%. Para as cepas RAN, a azitrom icina está associa da a taxas m ais baixas de fracasso do tratam ento e a um a m enor duração de hospitalização do que as fluoroquinolonas. Apesar da destruição in vitro eficiente de Salmonella, as cefalosporinas de prim eira e segunda gerações, bem com o os am inoglicosídios, são ineficazes no tratam ento das infecções clínicas. Os pacientes com febre entérica não com plicada podem ter, em sua m aioria, tratam ento dom iciliar com antibióticos e antipi réticos orais. Os pacientes com vôm itos, diarréia e/ou distensão abdom inal persistentes devem ser hospitalizados e receber trata m ento de suporte, bem com o cefalosporina de terceira geração ou fluoroquinolona p o r via parenteral, d ependendo do perfil de sensibilidade do m icrorganism o. O tratam ento deve ser adm inis trado durante pelo m enos 10 dias ou p or 5 dias após a resolução da febre. Em um estudo duplo-cego prospectivo e random izado de pa cientes criticam ente enferm os com febre entérica (isto é, em es tado de choque e com obnubilação) na Indonésia, conduzido no
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CD
■ PREVENÇÃOECONTROLE
§
Teoricam ente, é possível elim inar as salm onelas q u e causam a febre entérica, um a vez que essas bactérias sobrevivem apenas em hospe deiros h um anos e dissem inam -se pela água e alim entos contam i nados. E ntretanto, tendo em vista a alta prevalência da doença nos países em desenvolvim ento que carecem de um sistem a de esgoto e tratam ento de água adequados, esse objetivo é, no m om ento atual, ir realista. Por conseguinte, os viajantes para países em desenvolvim en to devem ser aconselhados a controlar cuidadosam ente a ingestão de alim entos e água, bem com o a considerar a vacinação. D ispõe-se, no com ércio, de duas vacinas contra a febre tifoide: (1) Ty21a, vacina oral de S. typhi viva atenuada (adm inistrada nos dias I o, 3, 5 e 7, com reforço a cada 5 anos); e (2) Vi CPS, vacina parenteral que consiste em polissacarídio Vi purificado da cápsula bacteriana (adm inistrada em um a dose com reforço a cada 2 anos). A antiga vacina parenteral de células integrais contra as febres tifoide/ paratifoide A e B não é m ais licenciada, em grande p arte devido à ocorrência de efeitos colaterais significativos (ver adiante). Dispõe-se de um a vacina de células integrais destruídas p or acetona apenas para uso pelo exército norte-am ericano. As idades m ínim as p ara va1277
cinação são de 6 anos para a Ty21a e 2 anos para a Vi CPS. Na atuali dade, não existe vacina licenciada contra a febre paratifoide. Um a m etanálise de grande escala dos estudos clínicos da vacina, com parando a vacina de células integrais, a Ty21a e a Vi CPS em p o pulações de áreas endêm icas, indica que, em bora as três vacinas te nham eficácia sem elhante no prim eiro ano, a eficácia cum ulativa por 3 anos da vacina de células integrais (73%) excede a da Ty21a (51%) e Vi CPS (55%). Além disso, a vacina de células integrais destruídas pelo calor m antém a sua eficácia p or 5 anos, enquanto a Ty21a e a Vi CPS m antêm a sua eficácia p or 4 e 2 anos, respectivam ente. Todavia, a vacina de células integrais está associada a um a incidência m uito m aior de efeitos colaterais (especialm ente febre: 16% versus 1 a 2%) do que as outras duas vacinas. A vacina Vi CPS contra febre tifoide é pouco im unogênica em crianças com m enos de 5 anos de idade, devido às propriedades in dependentes das células T. Na vacina Vi-rEPA recém -desenvolvida, o Vi é ligado a um a proteína recom binante atóxica idêntica à exotoxina A da Pseudomonas aeruginosa. Em crianças de 2 a 4 anos de idade, duas injeções de Vi-rEPA induziram um a m aior resposta das células T e níveis séricos m ais elevados de anticorpo IgG contra Vi do que a Vi CPS em indivíduos de 5-14 anos. Em um estudo clínico de 2 doses em crianças de 2-5 anos no Vietnã, a vacina Vi-rEPA produziu um a eficácia de 91% em 27 meses e de 88% em 43 meses, tendo sido m uito bem tolerada. Essa vacina ainda não está com ercialm ente disponível nos EUA. Pelo m enos três novas vacinas vivas encontram -se em fase de desenvolvim ento clínico e poderão ser m ais eficazes e de duração m ais longa do que as vacinas vivas anteriores. A vacina contra a febre tifoide não é requerida p ara viagens in ter nacionais, porém é recom endada para viajantes com destino a áreas onde exite um risco m oderado a alto de exposição a S. typhi, p a rticu larm ente para aqueles que viajam para o sul da Ásia e outras regiões em desenvolvim ento da Ásia, África, C aribe e A m éricas C entral e do Sul e que ficarão expostos a água e alim entos potencialm ente conta m inados. A vacina contra febre tifoide deve ser considerada tam bém para as pessoas que planejam um a viagem de < 2 sem anas de duração para áreas de alto risco. Além disso, os funcionários de laboratório que trabalham com S. typhi e os indivíduos que têm contato d o m i ciliar com portadores conhecidos de S. typhi devem ser vacinados. C om o a eficácia protetora da vacina pode ser superada pelos grandes inóculos que são com um ente encontrados nas exposições a alim entos contam inados, a vacinação constitui um procedim ento auxiliar, m as não substitui a conduta de evitar alim entos e bebidas com alto risco de contam inação. A im unização não é recom endada para adultos que residem em áreas de alta endem icidade, nem para o tratam ento de pessoas que p odem ter sido expostas em um surto de fonte com um . A febre entérica é um a doença notificável nos EUA. As unidades de saúde têm suas próprias diretrizes quanto à autorização para que m anipuladores de alim entos ou profissionais de saúde doentes ou co lonizados retornem ao trabalho. O sistem a de notificação perm ite às unidades de saúde pública identificar os pacientes de fonte potencial e tratar os portadores crônicos de m odo a evitar surtos posteriores. Além disso, com o 1 a 4% dos pacientes com infecção p o r S. typhi tornam -se portadores crônicos, é im portante m onitorar os pacientes (especialm ente os que fornecem cuidados a crianças e m anipuladores de alim entos) para a identificação do estado de p o rtad o r crônico e tratam ento dessa condição, quando indicado.
SALMONELOSE NÃO TIFOIDE ■
EPIDEMIOLOGIA
Nos EUA, a incidência de infecção p or SNT duplicou nas últim as 2 décadas; o núm ero em 2009 é de cerca de 14 m ilhões de casos anual m ente. Em 2007, a incidência de infecção p o r SNT nos EUA foi de 14,9 p o r 100.000 indivíduos - a m aior taxa alcançada entre os 11 patógenos entéricos transm itidos p or alim entos sob vigilância ativa. Cinco sorotipos responderam p or 50% das infecções nos EUA, em 2007: typhim urium (19%), enteritidis (14%), N ew port (9%), Javiana (5%) e Heidelberg (4%). A incidência de salm onelose não tifoide é m ais alta d u ra n te a estação chuvosa em clim as tropicais e d u ran te os m eses m ais q u e n
tes em clim as tem perados, c o incidindo com pico de su rto s de o ri gem alim entar. As taxas de m o rb id a d e e m o rta lid a d e associadas à SNT são m ais altas entre os idosos, lactentes e indivíduos im u n o com prom etidos, incluindo os que apresentam hem oglobinopatias, infecção pelo H IV ou infecções que provocam bloqueio do sistem a reticuloendotelial (p. ex., b artonelose, m alária, esquistossom ose e histoplasm ose). D iferente da S. typhi e S. paratyphi, cujo único reservatório é o ser hum ano, a SNT pode ser ad q u irid a de m últiplos reservatórios anim ais. A transm issão está m ais com um ente associada a produtos alim entares de origem anim al, especialm ente ovos, aves dom ésticas, carne m oída m alcozida, laticínios e frutas frescas contam inados com dejetos animais. A infecção p or S. enteritidis associada a ovos de galinha surgiu com o im p o rtan te causa de doença de origem alim entar d urante as décadas de 1980 e 1990. A infecção p o r S. enteritidis dos ovários e tecido do oviduto superior de galinhas resulta em contam inação do conteúdo dos ovos antes da deposição da casca. A infecção dissem i na-se p ara galinhas p oedeiras de b an d o s de p rocriação e p o r m eio do contato com roedores e estrum e. D os 997 su rto s de S. enteritidis com fonte confirm ada, notificados aos C D C de 1985-2003,75% fo ram associados ao consum o de ovos crus ou inadequadam ente co zidos. A pós atingir u m pico de 3,9 casos p o r 100.000 na população n o rte-am ericana em 1995, a incidência de infecção p or S. enteritidis declinou substancialm ente para 1,7 p o r 100.000 em 2003, um a d i m inuição que provavelm ente reflete as m elhores m edidas de c o n trole nas fazendas, refrigeração e educação dos consum idores e das pessoas que trabalham no setor de alim entação. A transm issão por ovos contam inados po d e ser evitada pelo cozim ento dos ovos até que a gem a fique solidificada ou p o r m eio da pasteurização dos p ro dutos de ovos. A centralização do processam ento dos alim entos e da sua am pla distribuição contribuiu para a m aior incidência de SNT nos países desenvolvidos. Os alim entos m anufatu rados responsabilizados p o r recentes surtos de Salmonella incluem m anteiga de am endoim , derivados do leite, incluindo fórm ulas para lactentes, e vários alim entos processados, com o cereais m atinais em balados, salsa, refeições preparadas congeladas e alim entos para lanche. G randes surtos tam bém foram associados a verduras e frutas frescas, com o brotos de alfafa, m elão, suco de laranja fresco e to m a tes, itens que se tornam contam inados p o r estrum e ou água em um único local e, a seguir, são am plam ente distribuídos. De acordo com as estim ativas, 6% das infecções esporádicas por Salmonella nos EUA são atribuídos a contatos com répteis e anfíbios, especialm ente iguanas, serpentes, tartaru g as e lagartos. A infecção por Salmonella associada a répteis leva m ais com um ente à hospitali zação e acom ete lactentes m ais frequentem ente do que outras infec ções p o r Salmonella. O utros anim ais de estim ação, com o os porcos-espinhos africanos, serpentes, aves, roedores, pintos, patos, cães e gatos, tam bém constituem fontes potenciais de SNT. A crescente resistência aos antibióticos nas espécies de SNT é um problem a global que tem sido associado do uso dissem inado de agentes antim icrobianos em anim ais e es pecialm ente em rações para anim ais. No início da década de 1990, o fago definitivo tipo 104 (DT104) da S. typhim urium , caracterizado p or resistência a > 5 antibióticos (am picilina, cloranfenicol, estrep tom icina, sulfonam idas e tetraciclinas; ACSSuT tipo R), surgiu no m undo inteiro. Em 2005, a resistência a pelo m enos ACSSuT foi o fenótipo de RMF m ais com um entre cepas isoladas de SNT nos EUA. A aquisição está associada à exposição a anim ais de granja doentes e a vários produtos derivados da carne, com o carne m oída crua ou m alcozida. Em bora não sejam provavelm ente m ais virulentas do que as cepas sensíveis de S. typhim urium , as cepas DT104 estão associa das a m aior risco de infecção da corrente sanguínea e hospitalização. Estão surgindo cepas DT104 RAN e resistentes à trim etoprim a, espe cialm ente no Reino Unido. D evido à m aior resistência a antibióticos convencionais, com o am picilina e SMX-TMP, as cefalosporinas de espectro am pliado e as flu o ro q u in o lo n as pa ssa ram a c o n stitu ir os agentes de escolha p ara o tratam e n to das infecções p o r SN T RMF. Em 2005, 2% de
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•
todas as cepas de SNT e 12,6% das cepas S. N ew port m o straram -se In fe c ç õ e s lo c a liz a d a s resistentes à ceftriaxona. As cepas isoladas resistentes à ceftriaxona Infecções intra-abdominais As infecções intra-abdom inais causadas foram , em sua m aioria, enco n trad as em crianças com m enos de 18 po r SNT são raras, m anifestando-se, habitualm ente, com o abscessos anos de idade, p ara os quais a ceftriaxona constitui o antibiótico de hepáticos ou esplênicos, ou com o colecistite. Os fatores de risco con escolha no tratam e n to da infecção invasiva p o r SNT. Estas cepas sistem em anorm alidades anatôm icas hepatobiliares (p. ex., cálculos c ontinham betalactam ases A m pC codificadas p o r plasm ídios, p ro biliares), neoplasia abdom inal e anem ia falciform e (especialm ente vavelm ente adquiridos p o r transferência genética horizo n tal de ce com abscessos esplênicos). A erradicação da infecção exige, com fre pas de Escherichia coli em anim ais criados para alim entação - even quência, a correção cirúrgica das anorm alidades e drenagem p ercu to associado ao uso d isse m in a d o da cefalo sp o rin a utilizada em tânea dos abscessos. veterinária, o ceftiofur. Infecções do sistema nervoso central A m eningite p o r SNT desen A resistência ao ácido nalidíxico e às fluoroquinolonas volve-se m ais com um ente em lactentes de 1-4 meses de idade. Com tam bém com eçou a surgir, sendo m ais com um ente asso ciada a m utações p untiform es nos genes da DNA girase frequência, resulta em seqüelas graves (com o convulsões, hid ro ce infarto cerebral e deficiência m ental), com m orte em até 60% g yrA e gyrB. A resistência ao ácido nalidíxico constitui falia, um bom casos. O utras infecções raras do sistem a nervoso central incluem indicador de redução da sensibilidade a fluoroquinolonasdos clinica ventriculite, em piem a subdural e abscessos cerebrais. m ente úteis. De 1996-2005, a taxa de cepas isoladas de SNT RAN
Q
nos EUA aum entou cinco vezes (de 0,5 para 2,4%). Na D inam arca, a infecção p or S. typhim urium DT104 RAN foi associada a suínos e apresentou um risco três vezes m aior de doença invasiva ou m orte em 90 dias. Em Taiwan, em 2000, um a cepa de S. choleraesuis resis tente ao ciprofloxacino (CIM > 4 jxg/mL) produziu u m grande surto de infecções invasivas, que foi associado ao uso de enrofloxacino na ração dos porcos.
Infecções pulmonares As infecções pulm onares p or SNT m anifes tam -se habitualm ente na form a de pneum onia lobar, e as com plica ções consistem em abscesso pulm onar, em piem a e form ação de fís tulas broncopleurais. A m aioria dos casos ocorre em pacientes com câncer de pulm ão, doença pulm onar estrutural, anem ia falciforme ou uso de glicocorticoides. Infecções dos tratos urinário e genital
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Gastrenterite A infecção p o r SNT resulta m ais frequentem ente em g a stren teri te indistinguível daquela causada p o r outros patógenos entéricos. O correm náuseas, vôm itos e diarréia d entro de 6-48 h após a inges tão de alim entos ou água contam inados. C om frequência, os pacien tes têm cólica abdom inal e febre (38 a 39°C). As fezes diarreicas são habitualm ente am olecidas, não sanguinolentas e de volum e m o d e rado. E ntretanto, podem o correr fezes aquosas de grande volum e, fezes sanguinolentas ou sintom as de disenteria. R aram ente, a SNT provoca pseudo-apendicite ou d oença que sim ula a doença inflam a tória intestinal. A gastrenterite causada po r SNT é habitualm ente autolim itada. A diarréia cede em 3-7 dias, e a febre, em 72 h. As coproculturas p e r m anecem positivas p o r 4-5 sem anas após a infecção e - em casos raros de estado de po rtad o r crônico (< 1%) - durante > 1 ano. O tra tam ento com antibióticos habitualm ente não é recom endado e pode prolongar o estado de portad o r fecal. Os recém -nascidos, indivíduos idosos e pacientes im unossuprim idos (p. ex., receptores de transplan tes, indivíduos infectados pelo H IV ) com gastrenterite p or SNT são particularm ente suscetíveis à desidratação e dissem inação, podendo exigir hospitalização e antibioticoterapia. Em um estudo recente con duzido na Espanha, a gastrenterite aguda p o r SNT foi associada a um aum ento de três vezes no risco de dispepsia e síndrom e do intestino irritável em 1 ano.
Bacteremia e infecções endovasculares Até 8% dos pacientes com gastrenterite p o r SNT apresentam bactere mia, e 5 a 10% desses indivíduos desenvolvem infecções localizadas. A bacterem ia e a infecção m etastática são m ais com uns com S. cho leraesuis e S. D ublin, bem com o entre lactentes, indivíduos idosos e pacientes im unocom prom etidos. D eve-se su sp eitar de infecção endovascular po r SNT na bacterem ia de alto grau, particularm ente com cardiopatia valvar preexistente, doença vascular aterosclerótica, enxerto vascular protético e aneurism a aórtico. Deve-se suspeitar de artrite em pacientes idosos com febre prolongada e dores nas costas, torácica e abdom inal que aparecem depois de um episódio de gas trenterite. A endocardite e arterite são raras (< 1% dos casos), porém estão associadas a com plicações potencialm ente fatais, com o a per furação de valva cardíaca, abscesso endom iocárdico, trom bo m ural infectado, pericardite, aneurism as m icóticos, ru p tu ra de aneurism a, fístula aortoentérica e osteom ielite vertebral. Em algum as áreas da África subsaariana, a SNT pode estar entre as causas m ais com uns ou até m esm o a causa m ais com um - de bacterem ia em crianças. A bacterem ia por SNT entre essas crianças n ão está associada à diarréia e tem sido associada ao estado nutricional e à infecção pelo HIV.
As infecções do trato u rin á rio causadas p or SNT m anifestam -se com o cistite ou pielonefrite. Os fatores de risco consistem em neoplasia m aligna, urolitíase, anorm a lidades estruturais, infecção pelo H IV e transplante renal. As infec ções genitais p or SNT são raras e consistem em abscessos ovarianos e testiculares, prostatite e epididim ite. A exem plo de outras infecções focais, as infecções do trato gen itu rin ário podem ser com plicadas pela form ação de abscessos.
Infecções dos ossos, das articulações e dos tecidos moles A osteom ie lite por Salmonella acom ete m ais com um ente o fêmur, a tíbia, o úm e ro ou as vértebras lom bares, sendo com m ais frequência, observada em associação com anem ia falciforme, hem oglobinopatias ou doença óssea preexistente (p. ex., fraturas). R ecom enda-se o tratam ento p ro longado com antibióticos para dim inuir o risco de recidiva e a osteo m ielite crônica. A artrite séptica, que ocorre na m esm a população de pacientes acom etidos por osteom ielite, afeta habitualm ente as articu lações do joelho, quadril ou om bro. A gastrenterite po r SNT pode ser acom panhada de artrite reativa (síndrom e de Reiter), observada mais frequentem ente em indivíduos com o antígeno de histocom patibilidade HLA-B27. A SNT raram ente pode causar infecções dos tecidos m oles, habitualm ente em áreas de trau m atism o local em pacientes im unossuprim idos. ■ DIAGNÓSTICO O diagnóstico de infecção p o r SNT baseia-se no isolam ento do m i crorganism o de fezes recém -elim inadas ou do sangue ou outro líqui do corporal norm alm ente estéril. Todas as salm onelas isoladas em laboratórios clínicos devem ser rem etidas a unidades locais de saúde pública para sorotipagem . D evem -se efetuar h em oculturas sem pre que um paciente tiver febre prolongada ou recorrente. Deve-se sus peitar de infecção endovascular se houver bacterem ia de alto grau (> 50% de três ou mais hem oculturas positivas). A ecocardiografía, a TC e a cintilografia com leucócitos m arcados com índio são utilizadas para identificar a infecção localizada. Nos casos em que há suspeita de o utra infecção localizada, devem -se efetuar culturas do líquido ar ticular da drenagem do abscesso ou do líquido cerebrospinal, quando clinicam ente indicado.
TRATAMENTO
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O cn
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Salmonelose não tifoide
Os antibióticos devem ser utilizados rotineiram ente no tratam en to da gastrenterite p or SNT não com plicada. Os sintom as são h a bitualm ente autolim itados, e a duração da febre e da diarréia não é significativam ente reduzida pela antibioticoterapia. Além disso, 1279
o tratam ento antibiótico tem sido associado a um aum ento na taxa de recidiva, colonização gastrintestinal prolongada e reações m edicam entosas adversas. A desidratação secundária à diarréia deve ser tratada com reposição hidreletrolítica. D eve-se c o n sid era r o tra ta m e n to an tib ió tic o a n te cip a d o (Q u a d ro 153.2) para pacientes com m aio r risco de infecção invasiva p o r SNT, com o os recém -nascidos (provavelm ente até 3 m eses de idade), in divíduos com m ais de 50 anos de idade com suspeita de aterosclerose e pacientes com im u n o ssu p re s são, ano rm alid ad es de valvas cardíacas ou endovasculares, ou do en ça a rticu la r significativa. O tra ta m e n to consiste em um antibiótico oral ou intravenoso a d m in istrad o d u ra n te 48-72 h ou até o paciente se to rn a r afebril. Os indivíduos im u n o c o m p ro m etidos p odem necessitar de até 7-14 dias de tratam ento. Em < 1% dos indivíduos que apresentam estado de p o rta d o r crônico de SNT, deve-se a d m in istrar um ciclo prolongado de a n tib ió ti cos, conform e descrito a n teriorm ente p ara o estado de p o rta d o r crônico de S. typhi. Em virtu d e da prevalência cada vez m aior de resistência a antibióticos, o tratam en to em pírico para a bacterem ia p o r SNT p o ten c ialm e n te fatal o u infecção focal p o r SNT deve in clu ir u m a cefalosporina de terceira geração ou u m a fluoroquinolona (Q uadro 153.2). Se a bacterem ia for de baixo grau (< 50% de h e m oculturas positivas), o paciente deve ser tratad o d u ra n te 7-14 dias. O s pacientes com H IV /A ids e com b acterem ia p o r SNT devem receber 1-2 sem anas de an tib io tico terap ia intravenosa, seguida de 4 sem anas de tratam en to oral com u m a flu o ro q u in o lona. Os pacientes cujas infecções sofrem recidiva depois desse
QUADR0153.2
esquem a devem receber tra ta m e n to su p re sso r a longo p razo com um a flu o ro q u in o lo n a ou SM X-TM P, c o n fo rm e indicado pelo antibiogram a. Se o paciente tiver endocardite ou arterite, indica-se o trata m ento durante 6 sem anas com um antibiótico (3- lactâm ico in travenoso (com o ceftriaxona ou am picilina). O ciprofloxacino in travenoso seguido de tratam ento oral prolongado, constitui um a opção, porém a experiência publicada é lim itada. R ecom enda-se a ressecção cirúrgica precoce de aneurism as infectados ou outros locais endovasculares infectados. Os pacientes com enxertos vas culares protéticos infectados que não podem ser ressecados têm sido m antidos com sucesso com tratam en to supressor oral crô nico. Para infecções extra-intestinais não vasculares, recom enda-se habitualm ente um ciclo de 2-4 sem anas de antibioticoterapia (dependendo do local da infecção). Na osteom ielite crônica, abs cessos ou infecção urinária ou hepatobiliar associados a an o rm a lidades anatôm icas, pode ser necessário efetuar um a ressecção ci rúrgica ou drenagem além da antibioticoterapia prolongada para erradicar a infecção.
■ PREVENÇÃOECONTROLE A despeito dos esforços envidados para evitar ou reduzir a contam i nação bacteriana dos produtos alim entares de origem anim al bem com o m elhorar a educação e o trein am en to na segurança dos ali m entos, o recente declínio na incidência de SNT nos EUA tem sido m odesto, em com paração com a redução da incidência de outros patógenos de origem alim entar. Essa observação provavelm ente re-
Antibioticoterapia para a infecção por S a lm o n e lla não tifoide em adultos
I Inidicação
Agente
Dose (via)
Duração, dias
Ciprofloxacino"
500 mg 2x/dia (V0)
2-3
3-7
Tratamento antecipado3
Gastrenterite grave6
Doenças Infecciosas
Ciprofloxacino
500 mg 2x/dia (V0) ou 400 mg a cada 12 h (IV)
Suifametoxazol-trimetoprima
800/160/mg 2x/dia(V0)
Amoxicilina
1 g 3x/dia (VO)
Ceftriaxona
1 a 2 g/dia (IV)
Ceftriaxona"
2 g/dia (IV)
Ciprofloxacino
400 mg a cada 12 h (IV); a seguir, 500 mg 2x/dia (V0)
Ceftriaxona
2 g/dia (IV)
Ciprofloxacino
400 mg a cada 8 h (IV); a seguir, 750 mg 2x/dia (VO)
Ampicilina
2 g a cada 4 h (IV)
Bacteremia 7-14
Endocardite ou arterite 42
Meningite Ceftriaxona
2 g a c a d a 1 2 h (IV )
Ampicilina
2 g a cada 4 h (IV)
Ceftriaxona
2 g/dia (IV)
Ciprofloxacino
500 mg 2x/dia (V0) ou 400 mg a cada 12 h (IV)
Ampicilina
2 g a cada 6 h (IV)
14-21
Outra infecção localizada 14-28
sConsiderar para recém-nascidos, indivíduos com > 50 anos de idade com possível doença vascular aterosclerótica e pacientes com imunossupressão, enxerto endovascular ou prótese articular. "Ou ofloxacino, 400 mg 2x/dia (VO). cConsiderar em uma base individual para pacientes com diarréia intensa e febre alta que necessitam de hospitalização. "0u cefotaxima, 2 g a cada 8 h (IV).
1280
flete a complexa epidem iologia da SNT. A identificação de estraté gias efetivas para a redução dos riscos exige a m onitoração de cada etapa da produção de alim entos, desde a m anipulação de produtos anim ais ou vegetais crus até a preparação de alim entos prontos. Os alim entos contam inados podem tornar-se seguros para o consum o por m eio de pasteurização, irradiação ou cozim ento apropriado. To dos os casos de infecção po r SNT devem ser notificados às unidades locais de saúde pública, visto que a descoberta e a m onitoração desses casos podem levar à identificação da(s) fonte(s) de infecção e ajudar as autoridades a antecipar grandes surtos. Por fim, o uso p rudente de agentes antim icrobianos, tanto em seres hum anos quanto em an i mais, é necessário para lim itar o aparecim ento de Salmonella RMF.
H araga
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C ohen
CAPÍ TULO
154
Shigelose Philippe Sansonetti Jean Bergounioux
■ DEFINIÇÃO A Shigella é um a bactéria G ram -negativa não form adora de esporos que, ao contrário da E. coli, é imóvel e não produz gás a p artir de açú cares, assim com o não descarboxila a lisina nem hidrolisa a arginina. Algum as sorovariantes produzem indol, e cepas ocasionais utilizam acetato de sódio. A S. dysenteriae, a S.flexneri, a S. boydii e a S. sonnei (sorogrupos A, B, C e D, respectivam ente) podem ser diferenciadas com base nas suas características bioquím icas e sorológicas. A deter m inação da seqüência do genom a de E. coli K12, S.flexneri 2a, S. son nei, S. dysenteriae tip o l e S. boydii revelou que essas espécies possuem cerca de 93% dos genes em com um . As três principais “assinaturas” genômicas de Shigella são as seguintes: (1) um plasm ídio de virulência de 215-kb, que transporta a m aior parte dos genes necessários para a patogenicidade do m icrorganism o (particularm ente a sua capacidade de invasão); (2) a ausência ou alteração das seqüências genéticas que codificam produtos (p. ex., lisina descarboxilase) que, quando expres sas, atenuam a patogenicidade; e (3) na S. dysenteriae tipo 1, a presen ça de genes que codificam a toxina Shiga, um a poderosa citotoxina.
■ EPIDEMIOLOGIA O trato intestinal hum ano constitui o principal reservatório da Shi gella, que tam bém é encontrada (ainda que raram ente) em prim atas superiores. C om o a excreção das shigelas é m aior na fase aguda da
doença, as bactérias são transm itidas m ais de m aneira eficiente pela via fecal-oral, p or m eio de seu transporte pelas m ãos; entretanto, al guns surtos refletam um a transm issão pela água ou pelos alimentos. Em áreas de pobreza, a Shigella pode ser transm itida p o r m oscas O elevado grau de infectividade da Shigella reflete-se pelo inóculo m ui to pequeno necessário para pro d u zir infecção experim ental em vo luntários [100 unidades form adoras de colônias (CFU )], pelas taxas m uito altas de ataque du ran te surtos em creches (33 a 73%) e pelas taxas elevadas de casos se cu n d ário s entre fam iliares de crianças doentes (26 a 33%). A shigelose tam b é m po d e ser tran sm itid a sexualm ente. Em toda a história, as epidem ias de Shigella frequenI M tem ente ocorreram em contextos de aglom eração hum ana em condições precárias de higiene - p or exemplo, entre sol dados em cam panhas militares, habitantes de cidades sitiadas, grupos em peregrinações e refugiados em cam pos. A epidem ia segue um p a drão cíclico em determ inadas áreas, com o o subcontinente Indiano e a África Subsaariana. Essas epidem ias devastadoras, que são mais frequentem ente causadas pelas S. dysenteriae tipo 1, caracterizam -se por altas taxas de ataque e m ortalidade. Por exemplo, em Bangladesh, um a epidem ia causada p o r S. dysenteriae tipo 1 foi associada a um aum ento de 42% nas taxas de m ortalidade de crianças de 1-4 anos de idade. Fora essas epidem ias, a shigelose é fundam entalm ente um a doença endêm ica, e 99% dos casos ocorrem nos países em desenvolvim ento, com prevalência m ais elevada nas áreas de m aior pobreza, onde a higiene pessoal e geral está aquém dos padrões. A S. flexneri predom ina em áreas m enos desenvolvidas, enquanto a S. sonnei é mais prevalente em regiões econom icam ente em ergentes e nos países industrializados.
CAPÍTULO 154
A descoberta da Shigella com o agente etiológico da disenteria - um a síndrom e clínica de febre, cólicas intestinais e evacuação freqüente de fezes m ucopurulentas, sanguinolentas e de pequeno volum e - é atribuída ao m icrobiologista japonês Kiyoshi Shiga, que isolou o b a cilo Shiga (atualm ente conhecido com o Shigella dysenteriae tipo 1) das fezes de pacientes, em 1897, d urante um a grande e devastadora epidem ia de disenteria. A Shigella não pode ser diferenciada da Es cherichia coli por hibridização do DNA e continua sendo um a espécie distinta apenas em bases históricas e clínicas.
JK et al: Antimicrobial-resistant nontyphoidal Salmonella is associa ted with excess bloodstream infections and hospitalizations. J Infect Dis 191:554, 2005
Va r m a
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Prevalência nas regiões em desenvolvimento Em um a revisão publicada sob os auspícios da Organização M undial da Saúde (OMS), o núm ero total anual de casos entre 1966 e 1997 foi estim ado em 165 m ilhões, dos quais 69% ocorreram em crianças com m enos de 5 anos de idade. Nessa revisão, o núm ero anual de m ortes foi calculado entre 500.000 e 1,1 m ilhão. D ados m ais recentes (20002004) de seis países asiáticos indicam que, apesar de a incidência da shigelose perm anecer estável, as taxas de m ortalidade associadas a esta doença podem ter dim inuído significativam ente, talvez com o re sultado da m elhora do estado nutricional. Entretanto, o uso extenso e essencialm ente descontrolado de antibióticos, que tam bém pode ser responsável pelo declínio das taxas de m ortalidade, aum entou a taxa de em ergência de cepas de Shigella resistentes a m últiplos fármacos.
1281
Um a com plicação da shigelose que frequentem ente passa des percebida consiste no com prom etim ento a curto e longo prazos do estado nutricional das crianças infectadas nas áreas endêm icas. A enteropatia exsudativa resultante das escoriações da m ucosa, com bi nada com a anorexia, contribui para a rápida deterioração do estado nutricional do paciente. Por conseguinte, a shigelose é um im p o rta n te fator contribuinte para o retardo do crescim ento entre crianças de países em desenvolvim ento. A shigelose endêm ica, cuja incidência m áxim a é observada na população pediátrica, é rara em adultos jovens e de m eia-idade, p ro vavelm ente devido à im unidade adquirida naturalm ente. Em segui da, a incidência volta a aum entar na população idosa.
Prevalência no mundo industrializado Em populações pediátricas, ocorrem surtos locais quando norm as de higiene apropriadas e adaptadas não são im plem entadas em insti tuições com o creches e instituições para indivíduos com deficiência m ental. Nos adultos, assim com o nas crianças, são observados casos esporádicos entre viajantes que retornam de áreas endêm icas, e raros surtos de m agnitude variável podem ocorrer após infecções tran sm i tidas p o r água e alim entos.
■ PATOGENIA E PATOLOGIA A infecção por Shigella ocorre essencialm ente po r m eio de contam i nação oral, por transm issão fecal-oral direta, devido à pouca adapta ção do m icrorganism o para a sua sobrevivência no m eio am biente. A resistência a condições de pH baixo perm ite a sobrevivência das shigelas em sua passagem através da barreira gástrica, e essa capaci dade pode explicar, em parte, a razão pela qual um pequeno inóculo (apenas 100 FCU) é suficiente para causar infecção. A diarréia aquosa que geralm ente precede a síndrom e disentérica é atribuível à secreção ativa e reabsorção anorm al de água - um efeito secretor em nível jejunal que foi descrito em m acacos rhesus com infecção experim ental. Essa evacuação inicial é provavelm ente provocada pela ação com binada de um a enterotoxina (ShET-1) e in flam ação da mucosa. A síndrom e disentérica, que se m anifesta p or fezes sanguinolentas e m ucopurulentas, reflete invasão da m ucosa. A patogenia da Shigella é essencialm ente determ in ad a p or um grande plasm ídio de virulência de 214 kb, que com preende cerca de 100 genes, dos quais 25 codificam um sistem a de secreção tipo III que é introduzido na m em brana da célula do hospedeiro, p erm itindo a que efetores transitem do citoplasm a da bactéria para o citoplasm a
da célula do hospedeiro (Fig. 154.1). Por conseguinte, as bactérias são capazes de invadir as células epiteliais intestinais ao induzir sua própria captação após atravessar inicialm ente a barreira epitelial atra vés das células M (as células epiteliais de translocação especializadas encontradas no epitélio associado aos folículos, que recobre os n ó d u los linfoides da m ucosa). Os m icrorganism os induzem apoptose dos m acrófagos residentes subepiteliais. U m a vez no interior do citoplas m a das células epiteliais intestinais, os efetores de Shigella induzem os rearranjos do citoesqueleto necessários para a captação direta do m icrorganism o na célula epitelial. A seguir, o vacúolo contendo Shi gella é rapidam ente lisado, liberando as bactérias no citosol. A seguir, as shigelas intracelulares u tilizam com ponentes do citoesqueleto para a sua propulsão no in terio r da célula infectada; quando o m icrorganism o em m ovim ento e a m em brana da célula do hospedeiro entram em contato, form am -se protrusões celulares, que são fagocitadas pelas células adjacentes. Essa série de eventos perm ite a dissem inação bacteriana de um a célula para outra. As citocinas liberadas p o r um nú m ero crescente de células epi teliais intestinais infectadas atraem núm eros aum entados de células im unes [particularm ente leucócitos polim orfonucleares (PM N)] ao local de infecção, desestabilizando ainda m ais a b arreira epitelial, exacerbando a inflam ação e levando à colite aguda que caracteriza a shigelose. As evidências indicam que alguns efetores injetados do sis tem a de secreção tipo III podem controlar a extensão da inflamação, facilitando, assim, a sobrevida das bactérias. A toxina Shiga p roduzida pela S. dysenteriae tipo 1 aum enta a gravidade da doença. Esta toxina pertence a um grupo de toxinas proteicas A1-B5, cuja subunidade B liga-se ao receptor globotriaosilceram ida na superfície da célula-alvo, enquanto a subunidade A cata lítica é internalizada po r m eio de endocitose m ediada p or receptor e interage com o m ecanism o subcelular p ara inbir a síntese de proteína ao expressar atividade de RNA N -glicosidase no RNA ribossôm ico 28S. Esse processo leva à inibição da ligação do am ino-acil-tR N A à subunidade ribossôm ica 60S e, portanto, a um a interrupção geral na biossíntese de proteínas da célula. As toxinas Shiga são translocadas do intestino para a circulação. Após a ligação das toxinas às células-alvo no rim , as alterações fisiopatológicas podem resultar n a síndro m e hem olítico-urêm ica (SFIU; ver adiante).
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A apresentação e a gravidade da shigelose dependem , em certo grau, do sorotipo infectante, porém ainda m ais da idade e do estado im u-
Doenças Infecciosas
Shigella C élula M C élulas epiteliais A tivação do N F- k B ca usada pela IL-1 p e ativação do NLR in tra ce lu la r
D isse m in a çã o in te rce lu la r
IpaC + R uptura da barreira de pe rm ea b ilida d e epitelial pelos PM N
Secreção tipo III
A poptose do m acrófago A tivação da ca sp ase -l p o r IpaB • S obrevida d as b actérias • Iniciação da inflam ação
Invasão m aciça do epitélio IL-18
Figura 154.1 Estratégia de invasão da Shigella flexneri. IL, interleucina; NF-kB, fator nuclear kB; NLR, receptor semelhante ao NOD (do inglês nucleotidebinding oligomerization úomain): PMN, leucócito polimorfonuclear.
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nológico e nutricional do hospedeiro. A pobreza e os padrões de h i giene precários estão fortem ente relacionadas com o núm ero e a gra vidade dos episódios de diarréia, particularm ente em crianças com m enos de 5 anos de idade que desm am aram . A shigelose evolui po r m eio de quatro fases: incubação, diarréia aquosa, disenteria e fase pós-infecciosa. O perío d o da incubação costum a ser de 1-4 dias, m as pode estender-se p ara até 8 dias. As m anifestações iniciais típicas consistem em febre transitória, diarréia aquosa lim itada, m al-estar e anorexia. Os sinais e sintom as podem incluir desde um discreto desconforto abdom inal até cólicas intensas, diarréia, febre, vôm itos e tenesm o. As m anifestações geralm ente são exacerbadas em crianças, com tem peraturas de até 40-41°C e anore xia e diarréia aquosa m ais graves. Essa fase inicial pode representar a única m anifestação clínica da shigelose, particularm ente nos países desenvolvidos. Nos dem ais contextos, ocorre disenteria em algum as horas ou dias, caracterizada pela excreção in in terru p ta de pequenos volum es de fezes m ucopurulentas e sanguinolentas, com tenesm o aum entado e cólicas abdom inais. Nesse estágio, a Shigella p ro v o ca colite aguda, acom etendo principalm ente o colo distai e o reto. D iferentem ente da m aioria das síndrom es diarreicas, as síndrom es disentéricas raram ente apresentam desidratação com o im p o rta n te característica. A endoscopia dem onstra um a m ucosa edem atosa e hem orrágica, com ulcerações e, possivelm ente, exsudatos sobrejacentes, que se assem elham a pseudom em branas. A extensão das lesões correlaciona-se com o n úm ero e a frequência de evacuações bem com o com o grau de perda de proteína p o r m eio de m ecanis m os exsudativos. Os episódios são, em sua m aioria, autolim itados e regridem sem qualquer tratam ento em 1 sem ana. C om tratam ento apropriado, a recuperação ocorre em poucos dias a 1 sem ana, sem nenhum a seqüela. As com plicações agudas potencialm ente fatais são observadas com m ais frequência em crianças com m enos de 5 anos de id a de (particularm ente aquelas que estão desnutridas) e em pacientes idosos. Os fatores de risco para a m orte em um caso clinicam ente grave incluem diarréia não sanguinolenta, desidratação m oderada a grave, bacterem ia, ausência de febre, hipersensibilidade abdom inal e prolapso retal. As principais com plicações são predom inantem ente intestinais (p. ex., m egacólon tóxico, perfurações intestinais, prolapso retal) ou m etabólicas (p. ex., hipoglicem ia, hiponatrem ia, desidrata ção). A bacterem ia é rara, e a sua ocorrência é relatada, com m ais frequência, em pacientes gravem ente desnutridos e infectados pelo HIV. Podem ocorrer alterações da consciência, incluindo convulsões, delirium e coma, especialm ente em crianças com m enos de 5 anos de idade; essas alterações estão associadas a um prognóstico som brio. A febre e as alterações m etabólicas graves constituem m ais frequen tem ente as principais causas de alteração da consciência do que a m eningite ou a síndrom e de Ekiri (encefalopatia tóxica associada à postura bizarra, edem a cerebral e degeneração gordurosa das vísce ras), cuja ocorrência foi relatada principalm ente em crianças jap o n e sas. Raram ente, foi registrada a ocorrência de pneum onia, vaginite e ceratoconjuntivite por Shigella. Na ausência de desnutrição grave, as m anifestações clínicas graves e m uito incom uns, com o a m eningite, podem estar associadas a defeitos genéticos da função im une inata [isto é, deficiência de quinase 4 associada ao receptor de interleucina 1 (IRAK-4)], podendo exigir um a investigação genética. O m egacólon tóxico e a SHU constituem duas com plicações de im portância particular. O m egacólon tóxico é um a conseqüência da inflam ação grave, que se estende até a cam ada m uscular lisa do colo, causando paralisia e dilatação. O paciente apresenta distensão e h i persensibilidade abdom inais, com ou sem sinais de peritonite locali zada ou generalizada. A radiografia do abdom e revela dilatação p ro nunciada do colo transverso (com m aior distensão nos segm entos ascendente e descendente); im pressões digitais causadas pelo edem a inflam atório da m ucosa; e perda do padrão haustral norm al associa do a pseudopólipos, estendendo-se frequentem ente no lúm en. A pneum atose colônica é um achado ocasional. Se ocorrer perfuração,
os sinais radiográficos de pneum operitônio podem tornar-se aparen tes. Devem -se investigar os fatores predisponentes (p. ex., hipopotas sem ia e uso de opioides, anticolinérgicos, loperam ida, sem entes de psyllium e antidepressivos). A toxina Shiga produzida pela S. dysenteriae tipo 1 foi associada a SH U nos países em desenvolvim ento, porém raram ente nos países industrializados, onde a E. coli ênte ro-hem orrágica (ECEH) p re d o m in a com o agente etiológico dessa síndrom e. A SHU é um a com plicação precoce, que surge m ais fre quentem ente depois de vários dias de diarréia. O exame clínico re vela palidez, astenia e irritabilidade e, em alguns casos, sangram ento do nariz e das gengivas, oligúria e edem a crescente. A SHU é um a anem ia hem olítica não im une (negativa no teste de Coom bs), defini da p or um a tríade diagnóstica: anem ia hem olítica m icroangiopática [nível de hem oglobina < 80 g/L (< 8 g/dL)], trom bocitopenia (de gra vidade leve a m oderada; < 60.000 plaquetas/|i.L) e insuficiência renal aguda devido à trom bose dos capilares glom erulares (com acentuada elevação dos níveis de creatinina). A anem ia é grave, com eritrócitos fragm entados (esquizócitos) no esfregaço de sangue periférico, con centrações séricas elevadas de lactato desidrogenase e hem oglobina circulante livre e contagens elevadas de reticulócitos. O corre insufi ciência renal aguda em 55 a 70% dos casos; todavia, a função renal recupera-se na m aioria desses casos (até 70% em diversas séries). Reações leucem oides, com contagens de leucócitos de 50.000/|jiL, são algum as vezes observadas em associação com a SHU. A com plicação im u n o ló g ica pó s-in feccio sa c o n h ecid a com o artrite reativa po d e desenvolver-se várias sem anas ou m eses após a shigelose, p a rticu larm en te em pacientes que expressam o antíge no de h istocom patibilidade HLA-B27. C erca de 3% dos pacientes infectados pelo S. fle x n e ri desenvolvem p o ste rio rm en te essa sín drom e, com artrite, inflam ação o cular e uretrite - um a afecção que pode d u ra r vários m eses ou anos e q ue po d e evoluir para u m a a rtri te crônica de tratam en to difícil. A artro p atia pós-infecciosa só ocor re após infecção pela S. fle x n eri, e n ão após a infecção p or outros sorotipos de Shigella.
•
■ DIAGNÓSTICO LABORATORIAL O diagnóstico diferencial em pacientes com síndrom e disentérica depende dos contextos clínico e am biental. Em áreas em desenvolvim ento, deve-se considerar a possibilidade de diarréia infecciosa cau sada p or outras bactérias patogênicas invasivas (Salmonella enteritidis, Campylobacter jejuni, Clostridium difficile, Yersinia enterocolitica) ou por parasitos (Entamoeba histolytica). A penas os exames bacterio lógicos e parasitológicos das fezes podem realm ente diferenciar esses patógenos. Deve-se considerar u m a exacerbação inicial de doença intestinal inflam atória, com o doença de C rohn ou colite ulcerativa (C ap. 295), em pacientes nos países industrializados. Apesar dos sintom as sem elhantes, a anam nese diferencia a shigelose, que surge habitualm ente após u m a viagem recente em um a região endêm ica, dessas outras afecções. O exam e m icroscópico de esfregaços de fezes revela a presença de trofozoítos eritrofagocíticos com u m n úm ero m uito pequeno de PM N n a infecção p o r E. histolytica, enquanto as infecções bacteria nas êntero-invasivas (p a rticu la rm e n te a shigelose) caracterizam -se po r contagens elevadas de PM N em cada cam po m icroscópico. E ntretanto, com o a shigelose m anifesta-se frequentem ente apenas com o diarréia aquosa, são necessárias tentativas sistem áticas de iso lam ento de Shigella. O “p a d rã o -o u ro ” p a ra o diag n ó stico de infecção p o r Shigella c o n tin u a sen d o o iso lam e n to e a iden tificação do patógeno de am ostras de fezes. U m a d ificuldade significativa, en co n trad a p a r tic u larm en te nas áreas en dêm icas o n d e os recursos laboratoriais não estão im e d iatam e n te disponíveis, consiste na fragilidade da Shigella e no seu desaparecim ento co m u m d u ran te o tran sp o rte das am ostras, so b retu d o com m u d an ças rápidas de tem p e ra tu ra e de pH . Na ausência de um m eio de en riq u e cim en to confiável, pode-
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1283
-se utilizar a solução salina com glicerol tam p o n a d o ou m eio de C ary-B laír com o m eio de conservação; todavia, a inoculação im e diata em m eio de isolam ento é indispensável. A prob ab ilid ad e de isolam ento do m icrorganism o é m aio r q u a n d o a am o stra de fezes que contém m ateriais sanguinolento e /o u m u co p u ru len to é d ireta m ente coletada. Podem -se utilizar swabs retais, visto que oferecem a m aior taxa de isolam ento b em -sucedido d u ran te a fase aguda da doença. As h em oculturas são positivas em m enos de 5% dos casos, p o rém devem ser efetuadas se o paciente apresentar um q u a d ro clí nico de sepse grave. Além do rápido processam ento, o uso de diversos m eios au m en ta a probabilidade de isolam ento bem -sucedido do m icrorganism o: um m eio não seletivo, com o ágar-lactose brom ocresol-púrpura; m eio de baixa seletividade, com o o m eio de M acConkey ou eosina-azul de m etileno; e um m eio de alta seletividade, com o o m eio de Hektoen, Salmonella-Shigella, ou ágar xilose-lisina-desoxicolato. Após incuba ção nesses m eios durante 12-18 h a 37°C, as shigelas aparecem com o colônias não ferm entadoras de lactose, com diâm etro de 0,5-1 m m e superfície lisa convexa e translúcida. As colônias suspeitas em m eio não seletivo ou de baixa seletividade podem ser repicadas em m eio de alta seletividade antes de sua identificação específica ou identifica ção direta por sistemas com erciais padronizados com base em quatro características principais: positividade para glicose (habitualm ente sem produção de gás), negatividade para lactose, negatividade para H 2S e ausência de m otilidade. A seguir, os quatro sorogrupos de Shi gella (A-D) podem ser diferenciados p o r características adicionais. Essa abordagem requer m ais tem po e aum enta a dificuldade no p ro cesso de identificação; entretanto, após estabelecim ento de um diag nóstico presuntivo, deve-se considerar o uso de m étodos sorológicos (por exemplo, aglutinação em lâm ina, com antissoros específicos de grupo e, a seguir, específicos de tipo). Os antissoros específicos de grupo estão am plam ente disponíveis; em contraste, devido ao gran de núm ero de sorotipos e subssorotipos, os antissoros específicos de tipo são raros e de m aior custo e, portanto, lim itam -se, com frequên cia, a laboratórios de referência.
TRATAMENTO
Tratamento antimicrobiano recomendado na
shigelose Agente antimicrobiano
Esquema de tratamento Em crianças
Em adultos
15 mg/kg
500 mg
Limitações
De primeira linha Ciprofloxacino
2x/dia, durante 3 diasVO
De segunda linha Pivmecilinam
20 mg/kg
100 mg
4x/dia, durante 5 dias V0
Custo Nenhuma formulação pediátrica Administração freqüente Aparecimento de resistência
Ceftriaxona
50-100 mg/
—
Eficácia não validada
kg 1x/dia IM, durante 2 a 5 dias Azitromicina
6-20 mg/kg
1 -1,5 g
1x/dia, durante 1-5 dias V0
Precisa ser injetada Custo Eficácia não validada CIM próxima à concentração sérica Rápido aparecimento de resistência, que se dissemina para outras bactérias
Fonte: WHO Library Cataloguing-in-Publication Data; Guidelines for the control of shigellosis, including epidemics due to Shigella dysenteriae type 1 (www.searo.who.int/LinkFiles/CAH_Publications_shigella.pdf).
Shigelose
SENSIBILIDADE DA SHIGELLA A ANTIBIÓTICOS
Doenças Infecciosas 1284
Q U A D R 0154.1
A shigelose, p or ser um a doença êntero-invasiva, requer tratam en to antibiótico. E n tretanto, desde m eados da década de 1960, a resistência crescente a m últiplos fárm acos tem sido um fator d om inante nas decisões de tratam ento. As taxas de resistência são altam ente dependentes da área geográfica. A dissem inação clonal de determ inadas cepas e a transferência horizontal de determ inantes de resistência, p a r ticularm ente p or m eio de plasm ídios e transposons, contribuem p ara a resistência dos m icrorganism os a m últiplos fárm acos. O estado global atual - isto é, taxas elevadas de resistência aos a n ti bióticos clássicos de p rim eira linha, com o a am oxicilina - levou a u m a rápida m udança para as quinolonas, com o o ácido nalidíxico. E ntretanto, a resistência a essas quinolonas de geração inicial tam bém em ergiu e propagou-se rapidam ente em decorrência de m utações crom ossôm icas, afetando a DNA girase e a topoisom e rase IV; essa resistência exigiu o uso de quinolonas de geração m ais avançada com o antibióticos de p rim eira lin h a em m uitas áreas. Por exemplo, um a revisão da história de resistência da Shi gella a antibióticos na índia constatou que, após a sua introdução no final da década de 1980, as quinolonas de segunda geração, norfloxacino, ciprofloxacino e ofloxacino, foram altam ente efeti vas no tratam ento da shigelose, incluindo casos provocados po r cepas de S. dysenleriae tipo 1 resistentes a m últiplos fárm acos. E ntretanto, pesquisas de surtos subsequentes na ín d ia e em B an gladesh detectaram um a resistência ao norfloxacino, ao ciproflo xacino e ao ofloxacino em 5% das cepas isoladas. A incidência de resistência a m últiplos fárm acos segue paralelam ente ao uso dis sem inado e descontrolado de antibióticos e requer o uso racional de fárm acos efetivos.
TRATAMENTO ANTIBIÓTICO DA SHIGELOSE
(Q u ad ro 154.1) Devido à p ronta transm issibilidade da Shigella, as recom endações atuais de saúde pública nos EUA consistem no tratam ento de todos os casos com antibióticos. Recom enda-se o ciprofloxacino com o tra tam ento de prim eira linha. Vários outros fárm acos foram testados e dem onstraram ser efetivos, incluindo a ceftriaxona, a azitrom i cina, o pivm ecilinam e algum as quinolonas de qu in ta geração. E nquanto as infecções causadas p o r Shigella não dysenteriae em indivíduos im unocom petentes são ro tineiram ente tratadas com um ciclo de 3 dias de antibióticos, recom enda-se que as infecções po r S. dysenteriae tipo 1 sejam tratadas durante 5 dias, e que as in fecções causadas por Shigella em pacientes im unocom prom etidos sejam tratados durante 7-10 dias. O tratam ento da shigelose deve ser adaptado ao contexto clí nico, com o reconhecim ento de que os pacientes m ais frágeis são crianças com m enos de 5 anos de idade, que representam 66% de todos os casos no m undo inteiro. Existem poucos dados sobre o uso das quinolonas em crianças, porém a disenteria induzida por Shigella constitui um a indicação bem reconhecida para o seu uso. A m eia-vida do ciprofloxacino é m ais longa em lactentes do que em indivíduos de m ais idade. Em geral, a dose de ciprofloxacino recom endada para crianças é de 30 m g/kg/dia, divididos em 2 d o ses. Os adultos que vivem em áreas com altos padrões de higiene tendem a desenvolver u m a doença m ais leve e de duração m ais curta, enquanto os lactentes em áreas endêm icas po d em desen volver disenteria grave e algum as vezes fatal. No prim eiro co n texto, o tratam ento continua sendo m ínim o, e, com frequência, obtém -se um a prova bacteriológica de infecção após a resolução dos sintomas; na segunda situação, o tratam ento antibiótico e me-
didas m ais agressivas, incluindo, possivelm ente, reanim ação, são frequentem ente necessários.
REIDRATAÇÃO E NUTRIÇÃO A infecção p o r Shigella raram en te provoca desidratação significativa. Os casos que necessitam de reidratação agressiva (particularm ente nos países industrializa dos) são raros. N os países em desenvolvim ento, a desnutrição continua sendo o principal indicador de m orte relacionada com diarréia, ressaltando a im portância da nutrição no tratam ento ini cial. A reidratação deve ser oral, a não ser que o paciente esteja com atoso ou em choque. Devido à m elhor eficiência da solução de reidratação oral de osm olaridade reduzida (especialm ente para crianças com diarréia aguda não causada p or cólera), a OMS e a UN ICEF recom endam habitualm ente um a solução-padrão de 245 m O sm /L (75 m m ol/L de sódio, 65 m m ol/L de cloreto, 75 m m ol/L de glicose (anidra), 20 m m ol/L de potássio, 10 m m ol/L de citrato). Na shigelose, o transporte acoplado de sódio à glicose pode ser afetado de m odo variável, porém o tratam ento com rei dratação oral continua sendo a form a de reidratação m ais fácil e m ais eficiente, sobretudo nos casos graves. A nutrição deve ser iniciada o m ais cedo possível após com pletar a reidratação inicial. A reintrodução precoce da alim enta ção é segura, bem -tolerada e clinicam ente benéfica. C om o o alei tam ento m aterno dim inui as perdas diarreicas e a necessidade de reidratação oral em lactentes, deve ser m antido na ausência de contraindicações (p. ex., infecção m aterna pelo HIV). TRATAMENTO SINTOMÁTICO INESPECÍFICO Os agentes de antim otilidade foram im plicados na febre prolongada que ocorreu em voluntários com shigelose. Suspeita-se que esses agentes possam aum entar o risco de m egacólon tóxico, e acredita-se que tenham sido responsáveis pela SHU em crianças infectadas p o r cepas de ECEH. Por m otivos de segurança, é m elhor evitar o uso de agen tes de antim otilidade na diarréia sanguinolenta.
TRATAMENTO DAS COMPLICAÇÕES N ão existe n enhum consenso
■ PREVENÇÃO Recom enda-se a lavagem das m ãos após a defecação ou m anipulação das fezes de crianças e antes do m anuseio de alim entos. A descon tam inação das fezes (p. ex., com hipoclorito de sódio), juntam ente com um protocolo de lim peza p ara a equipe m édica, b em com o para os pacientes, dem onstrou ter utilidade com provada, lim itando a dis sem inação da infecção durante surtos de Shigella. Idealm ente, os p a cientes devem ter um a coprocultura negativa para que sua infecção seja considerada curada. As recidivas são raras se as m edidas tera pêuticas e preventivas forem corretam ente im plem entadas. E m bora várias possíveis vacinas vivas atenuadas orais e de su b u n id ad es parenterais ten h a m sido p ro d u zid as e estejam em fase de estudos clínicos, não se dispõe, no m o m en to atual, de n en h u m a vacina contra a shigelose. D evido à rápida progressão da resistência da Shigella a antibióticos, em p articular, a necessidade de um a va cina é urgente.
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T raa
CAPÍTULO 154
a respeito do m elhor tratam ento para o m egacólon tóxico. O p a ciente deve ser exam inado frequentem ente po r um a equipe m édi ca e cirúrgica. A anem ia, a desidratação e os déficits eletrolíticos (particularm ente a hipopotassem ia) podem agravar a atonia co lônica e devem ser tratados ativam ente. A aspiração nasogástrica ajuda a desinflar o colo. A nutrição parenteral não dem onstrou ser benéfica. A febre que persiste p o r m ais de 48-72 h levanta a possibilidade de perfuração local ou abscesso. A m aioria dos es tudos recom enda a colectom ia caso a distensão colônica persista depois de 48-72 h. E ntretanto, alguns m édicos recom endam a continuação do tratam ento clínico p o r um p eríodo de até 7 dias quando o paciente parece estar m elhorando clinicam ente, a des peito do m egacólon persistente sem perfuração livre. A p erfu ra ção intestinal seja ela isolada ou com o com plicação do megacólon tóxico, exige tratam ento cirúrgico e suporte clínico intensivo. O prolapso retal deve ser tratado o m ais rápido possível. Com o uso de luvas cirúrgicas e um tecido úm ido, m o rn o e macio, o
profissional de saúde, com o paciente em posição genupeitoral, reintroduz o reto prolapsado em sua posição. Se o edem a da m u cosa retal for evidente (dificultando a reintegração), pode ser osm oticam ente reduzido pela aplicação de gaze im pregnada em solução m orna de sulfato de m agnésio saturado. C om frequência, o prolapso retal sofre recidiva, porém regride habitualm ente com a resolução da disenteria. A SHU deve ser tratada com restrição hídrica, incluindo in terrupção da solução de reidratação oral e alim entação rica em potássio. Em geral, há necessidade de hem ofiltração.
J
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V o n Se id l e in
^ ^ O CD
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W o r l d H e a l t h O r g a n iz a t io n :
1285
CAPÍ TULO
155 ^
Infecções por Campylobactere Microrganismos Relacionados Martin J. Blaser ■ DEFINIÇÃO As bactérias do gênero Campylobacter e dos gêneros relacionados, Arcobacter e Helicobacter (Cap. 151), causam um a variedade de dis túrbios inflam atórios. E m bora as doenças diarreicas agudas sejam m ais com uns, esses m icrorganism os podem provocar infecções em praticam ente todas as partes do corpo, sobretudo em hospedeiros im unocom prom etidos, e essas infecções podem ter seqüelas não su purativas tardias. A designação Campylobacter provém do grego e significa “bastão curvo”, referindo-se à m orfologia do m icrorganism o sem elhante a um vibrião.
■ ETIOLOGIA
Doenças Infecciosas
As espécies de Campylobacter são bastonetes G ram -negativos c u r vos, m óveis e não form adores de esporos. O riginalm ente conheci dos com o Vibrio fetus, esses bacilos foram reclassificados com o novo gênero em 1973, após o reconhecim ento de sua diferença em rela ção com outros vibriões. D esde então, foram identificadas m ais de quinze espécies. Na atualidade, essas espécies são divididas em três gêneros: Campylobacter, Arcobacter e Helicobacter. N em todas as es pécies são patógenos de seres hum anos. O s patógenos hum anos são divididos em dois grupos principais: os que causam prim ariam ente doença diarreica e aqueles que provocam infecção extraintestinal. O principal patógeno diarreico é o C. jejuni, que responde p o r 80 a 90% de todos os casos de doença reconhecida causada p o r Campylobacter e gêneros relacionados. O utros m icrorganism os que causam doença diarreica incluem C. coli, C. upsaliensis, C. lari, C. hyointestinalis, C. fetus, A. butzleri, A. cryaerophilus, H. cinaedi e H. fennelliae. As duas espécies de Helicobacter que provocam doença diarreica, H. cinaedi e H. fennelliae, são m icrorganism os intestinais, m ais do que gástricos; quanto às características clínicas das doenças que causam , essas espé cies assem elham -se m ais estreitam ente ao Campylobacter do que ao H. pylori (Cap. 151), razão pela qual são considerados neste capítulo. A principal espécie que provoca doenças ex tra-intestinais é o C. fetus. E ntretanto, qualquer um dos agentes diarreicos a n te rio r m ente citados tam bém pode causar infecção sistêm ica ou localiza da, particu larm en te em hospedeiros im u nocom prom etidos. Esses m icrorganism os m icroaerófilos, que não são aeróbios nem a n ae róbios estritos, estão adaptados para sobreviver n a cam ada m ucosa gastrintestinal. Este capítulo irá enfocar o C. jeju n i e C. fe tu s com o principais patógenos e protótipos de seus grupos. As características essenciais da infecção estão relacionadas de acordo com a espécie (excluindo o C. jejuni, que é descrito de m o d o detalhado no texto adiante) no Q u ad ro 155.1.
■ EP1DEMI0L0GA Os Campylobacter são encontrados no trato gastrintestinal de m uitos anim ais utilizados para alim entação (incluindo aves, gado bovino, ovinos e suínos) e m uitos anim ais dom ésticos (incluindo pássaros, cães e gatos). Em geral, esses m icrorganism os não causam doença nos anim ais hospedeiros. N a m aioria dos casos, são transm itidos aos seres hum anos em produtos alim entares crus ou m alcozidos, ou por m eio de contato direto com anim ais infectados. N os EUA e em o u tros países desenvolvidos, a ingestão de aves dom ésticas contam ina das que não foram cozidas o suficiente constitui o m odo de aquisição mais com um (30 a 70% dos casos). O utros m odos de transm issão in cluem a ingestão de leite cru (não pasteurizado) ou água não tratada, contato com anim ais dom ésticos infectados, viagem para países em
1286
desenvolvim ento (os Compylobacter estão entre as principais causas de diarréia do viajante; C aps. 123 e 128), contato sexual oral-anal e em certas ocasiões contato com um caso-índice apresentando incontinência fecal (p. ex., um lactente). As infecções p or Campylobacter são com uns. Diversos estudos indicam que, nos EUA, a doença diarreica causada p o r Campylobac ter é m ais com um do que a causada p or Salmonella e Shigella juntas. As infecções ocorrem durante o ano inteiro, porém sua incidência atinge um pico durante o verão e no início do outono. Indivíduos de todas as idades são acom etidos; todavia, as taxas de ataque p o r C. je ju n i são mais altas entre crianças pequenas e adultos jovens, e nquan to as de C. fetu s são m ais altas nos extrem os de idade. As infecções sistêmicas causadas p or C. fetu s (e p o r outros Campylobacter e espé cies relacionadas) são m ais com uns entre hospedeiros im unocom prom etidos. Os indivíduos com risco elevado incluem aqueles com Aids, hipogam aglobulinem ia, neoplasia, doença hepática, diabetes m elito e aterosclerose generalizada, b em com o recém -nascidos e m u lheres grávidas. E ntretanto, m ulheres não grávidas e aparentem ente sadias desenvolvem, em certas ocasiões, bacterem ia transitória por Campylobacter com o parte de um a doença gastrintestinal. Por outro lado, em m uitos países em desenvolvim en to, as infecções p or C. jeju n i são hiperendêm icas, sendo as taxas m ais altas observadas entre crianças com m enos de 2 anos de idade. As taxas de infecção declinam com a idade, assim com o a relação entre doença e infecção. Essas observações sugerem que a exposição freqüente ao C. jejuni leva à aquisição de im unidade.
■ PATOLOGIA E PATOGENIA As infecções p or C. jejuni podem ser subclínicas, sobretudo em h o s pedeiros em países em desenvolvim ento que tiveram m últiplas infec ções prévias e que, portanto, são parcialm ente im unes. As infecções sintom áticas ocorrem principalm ente em 2-4 dias (faixa de 1-7 dias) após exposição ao m icrorganism o no alim ento ou na água. Os locais de lesão tecidual incluem o jejuno, íleo e o colo. As biópsias revelam um a reação inflam atória inespecífica aguda, com neutrófilos, m onócitos e eosinófilos na lâm ina p rópria, bem com o lesão do epitélio, incluindo p erd a de m uco, degeneração glandular e abscessos das criptas. Os achados da biópsia p odem ser com patíveis com a doença de C rohn ou a colite ulcerativa, porém essas doenças inflam atórias crônicas “idiopáticas” não devem ser diagnosticadas, a não ser que ten h a sido excluída a colite infecciosa, incluindo especificamente a decorrente de infecção p o r espécies de Campylobacter e m icrorga nism os relacionados. A elevada frequência de infecções p or C. jejuni e sua gravidade e recorrência entre pacientes com hipogam aglobulinem ia sugerem que os anticorpos são im portantes na im unidade protetora. A patogenia da infecção perm anece incerta. T anto a m otilidade da cepa quanto sua capacidade de aderência aos tecidos do hospedeiro parecem favo recer a doença; todavia, as enterotoxinas e citotoxiijas clássicas (em bora descritas e incluindo a toxina distensora citoletal ou CDT) não parecem desem penhar um papel significativo na lesão tecidual ou na produção de doença. Os m icrorganism os já foram visualizados den tro do epitélio, em bora em núm eros baixos.'A"docum entação de um a resposta tecidual significativa e, em certas ocasiões, de bacterem ia p or C. jejuni tam bém sugere que a invasão tecidual é clinicam ente significativa, e os estudos realizados in vitro são com patíveis com essa característica patogênica. A patogenia das infecções p or C. fetu s é m ais bem definida. Prati cam ente todos os isolados clínicos de C. fetu s possuem um a estrutura proteinácia sem elhante a u m a cápsula (um a cam ada S), o que torna o m icrorganism o resistente à destruição e opsonização m ediadas pelo com plem ento. Em conseqüência, o C. fetu s pode causar bacterem ia e estabelecer residência em locais além do trato intestinal. A capacida de do m icrorganism o de m udar as proteínas expressas na cam ada S um fenôm eno que resulta em variabilidade antigênica - pode contri buir para a cronicidade e a elevada taxa de recorrência das infecções por C. fetu s em hospedeiros com prom etidos.
ir
QUADR0155.1 Manifestações clínicas associadas à infecção por C a m p y lo b a c te r “atípico” e espécies relacionadas implicadas como causas de doença humana í Espécies
Manifestações clínicas comuns
Manifestações clínicas menos comuns
Informações adicionais
Campylobacter coli
Febre, diarréia, dor abdominal
Bacteremia3
Clinicamente indistinguível de C. jejuni
Campylobacter fetus
Bacteremia,3sepse, meningite, infecções vasculares
Diarréia, febre recorrente
Habitualmente não isolado de meios contendo cefalotina ou incubados a 42°C
Campylobacter upsaliensis
Diarréia aquosa, febre baixa, dor abdominal
Bacteremia, abscessos
Isolamento difícil, devido à sensibilidade à cefalotina
Campylobacter larí
Dor abdominal, diarréia
Colite, apendicite
Gaivotas frequentemente colonizadas; com frequência, o microrganismo é transmitido a seres humanos por meio da água contaminada
Campylobacter hyointestinalis
Diarréia aquosa ou sanguinolenta, vômitos, dor abdominal
Bacteremia
Provoca enterite proliferativa em suínos
Helicobacter fennelliae
Diarréia leve crônica, cólicas abdominais, proctite
Bacteremia3
Mais bem tratada com fluoroquinolonas
Helicobacter cinaedi
Diarréia leve crônica, cólicas abdominais, proctite
Bacteremia3
Mais bem tratada com fluoroquinolonas; identificado em hamsters sadios
Campylobacter jejuni subespécie doylei
Diarréia
Gastrite crônica, bacteremia6
Papel incerto como patógeno humano
Arcobacter cryaerophilus
Diarréia
Bacteremia
Cultivado em condições aeróbias
Arcobacter butzlerí
Febre, diarréia, dor abdominal, náuseas
Bacteremia, apendicite
Cultivado em condições aeróbias; enzoótico em primatas não humanos
Campylobacter sputorum
Abscessos pulmonares, perianais, inguinais e axilares; diarréia
Bacteremia
Três biovariantes clinicamente relevantes: sputorum, fecalis, paraureolyticus
aEm hospedeiros imunocomprometidos, particularmente indivíduos infectados pelo HIV. ‘ Em crianças.
Fonte: Adaptado de BM Allos, MJ Blaser: Clin Infect Dis 20:1092,1995.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
tecidos vasculares: podem ocorrer endocardite, aneurism a micótico e trom boflebite séptica. A infecção d urante a gestação frequentem ente leva à m orte fetal. Diversas espécies de Campylobacter e H. cinaedi podem causar celulite recorrente com febre e bacterem ia em hospe deiros im unocom prom etidos.
■ COMPLICAÇÕES Exceto no caso da infecção pelo C. fetu s, a bacterem ia é incom um e surge, com m ais frequência, em hosp ed eiro s im u n o c o m p ro m e tidos, bem com o nos ex trem o s de idade. Foram observados três p adrões de infecção extra-intestinal: (1) bacterem ia tran sitó ria no h ospedeiro n o rm al com en terite (evolução benigna, não havendo necessidade de n en h u m tratam e n to específico); (2) bacterem ia d u ra d o u ra ou infecção focal n o h o sp e d e iro n o rm al (bacterem ia em decorrência de enterite, com resposta satisfatória dos pacientes ao tratam en to antim icrobiano); e (3) b acterem ia d u ra d o u ra ou infec ção focal em hospedeiro im unocom prom etido. A enterite pode não estar clinicam ente aparente. O tratam en to antim icrobiano, que p o s sivelm ente deve ser prolongado, é necessário para a supressão ou a cura da infecção. As infecções por Campylobacter, Arcobacter e pelo Helicobacter intestinal em pacientes com Aids ou com hipogam aglobulinem ia p o dem ser graves, persistentes e extraintestinais; é com um a ocorrência de recidiva após a cessação do tratam ento. Os pacientes com hipoga m aglobulinem ia tam bém podem desenvolver osteom ielite e exante m a sem elhante à erisipela ou celulite. As com plicações supurativas locais da infecção consistem em colecistite, pancreatite e cistite; as com plicações distantes incluem m eningite, endocardite, artrite, peritonite, celulite e aborto séptico. Todas essas complicações são raras, exceto nos hospedeiros im u n o com prom etidos. Em certas ocasiões, a infecção aguda é com plicada p o r hepatite, nefrite intersticial e síndrom e hem olítico-urêm ica. Po de-se verificar o desenvolvim ento de artrite reativa e outras queixas reum atológicas várias sem anas após a infecção, particularm ente em indivíduos com o fenótipo HLA-B27.
Infecções por Campylobactere Microrganismos...
As m anifestações clínicas das infecções p o r Campylobacter e pelas espécies relacionadas de Arcobacter e Helicobacter intestinal, que causam doença entérica, parecem ser m uito sem elhantes. O C. jejuni pode ser considerado o protótipo, em parte pelo fato de ser in co m paravelm ente o patógeno entérico m ais com um no grupo. C om fre quência, ocorre um p ródrom o de febre, cefaleia, m ialgia e/ou m al-estar 12-48 h antes do aparecim ento dos sintom as diarreicos. Os sinais e os sintom as m ais com uns da fase intestinal consistem em diarréia, dor abdom inal e febre. O grau da diarréia varia de várias evacuações de fezes am olecidas até fezes nitidam ente sanguinolentas; a m aioria dos pacientes que procuram assistência m édica apresenta > 10 eva cuações no pior dia da doença. A dor abdom inal geralm ente consiste em cólicas e pode constituir o sintom a m ais proem inente. Em geral, a dor é generalizada, m as pode tornar-se localizada; a infecção por C. jejuni pode provocar pseudoapendicite. A febre pode ser a única m anifestação inicial da infecção pelo C. jejuni, um a situação que si m ula os estágios iniciais da febre tifoide. As crianças pequenas febris podem apresentar convulsões. Em geral, a enterite p o r Campylobac ter é autolim itada; todavia, os sintom as persistem p or m ais de 1 se m ana em 10 a 20% dos pacientes que procuram assistência médica, e ocorrem recidivas clínicas em 5 a 10% desses pacientes não tratados. E studos de epidem ia de fonte com um indicam que podem ocorrer com um ente doenças m ais leves ou infecções assintom áticas. O C. fetu s pode causar um a doença diarreica sem elhante àque la causada pelo C. jejuni, particularm ente em hospedeiros norm ais. Esse m icrorganism o tam bém pode provocar diarréia interm itente ou d or abdom inal inespecífica, sem sinais de localização. As seqüelas são incom uns, e o desfecho é benigno. O C. fetu s tam bém pode cau sar doença sistêm ica recidivante prolongada (com febre, calafrios e mialgias) que não tem nenhum a fonte prim ária óbvia; essa m anifes tação é particularm ente com um entre hospedeiros com prom etidos. A dissem inação secundária para um órgão (p. ex., m eninges, cérebro, osso, trato urinário ou tecido m ole) com plica a evolução, que pode ser fulm inante. As infecções pelo C. fetu s exibem tropism o para os
1287
As infecções p o r C am pylobacter são ra ra m en te seguidas de sín d ro m e de G uillain-B arré ou de sua v ariante de M iller Fisher ou p o lin e u ro p atia cran ian a - isto é, 1 em cada 1.000-2.000 casos ou, p ara d ete rm in a d o s sorotipos de C. je ju n i (com o 0 1 9 ), 1 em cada 100-200 casos. A pesar da baixa freq u ê n c ia d essa com plicação, estim a-se, a tu alm en te, que as infecções p o r Campylobacter, em v irtu d e de sua elevada incidência, p o d e m d e se n ca d ea r 20 a 40% de to d o s os casos de sín d ro m e de G uillain-B arré. Essa sín d ro m e tam b é m p o d e ser d esen cad ead a pela infecção a ssin to m ática p o r Campylobacter. A doença im u noproliferativa do in testin o delgado (doença da cadeia alfa), u m a form a de linfom a que se orig in a no tecido linfoide associado à m ucosa do in testin o delgado, tem sido associada a C. jejuni; o tra ta m e n to a n tim ic ro b ia n o re su lto u em acentuada m elhora clínica.
■ DIAGNÓSTICO
Doenças Infecciosas 128 8
Nos pacientes com enterite por Campylobacter, as contagens de leu cócitos no sangue periférico refletem a gravidade do processo infla m atório. Entretanto, as fezes de quase todos os pacientes infectados por Campylobacter que procuram assistência m édica nos EUA co n têm leucócitos ou eritrócitos. Os esfregaços de am ostras fecais com coloração de G ram ou de W right devem ser exam inados em todos os casos suspeitos. Q uando há suspeita de diagnóstico de enterite p or Campylobacter com bases nos achados indicando diarréia inflam a tória (febre, leucócitos fecais), o m édico pode solicitar ao laborató rio de m icrobiologia a busca dos m icrorganism os com m orfologia vibrioide característica por m eio de exame m icroscópico direto das fezes com coloração de G ram ou uso de m icroscopia de contraste de fase ou de cam po escuro para identificação da m otilidade “dardejante” típica dos m icrorganism os. A confirm ação do diagnóstico de infecção por Campylobacter baseia-se na identificação de um isolado de culturas de fezes, sangue ou outro local. D evem -se utilizar m eios específicos para Campylobacter para a cultura de fezes de todos os pacientes com diarréia inflam atória ou sanguinolenta. C om o as es pécies de Campylobacter são exigentes, não costum am ser isoladas, sem que sejam utilizados m eios seletivos ou outras técnicas seletivas. Nem todos os m eios são igualm ente úteis para o isolam ento da ampla variedade de cepas de Campylobacter; p or conseguinte, a incapacida de de isolar esses m icrorganism os das fezes não exclui por com pleto a sua presença. A detecção dos m icrorganism os nas fezes quase sem pre implica um a infecção; existe um breve p eríodo de estado de po rtad o r fecal pós-convalescente, porém n e n h u m com ensalism o óbvio nos seres hum anos. Em contraste, o C. sputorum e m icrorganism os re lacionados encontrados na cavidade oral são com ensais que apenas raram ente dem onstram im portância patogênica. D evido aos baixos níveis de atividade m etabólica das espécies de Campylobacter nos m eios padrões de hem ocultura, pode ser difícil detectar a bacterem ia po r Campylobacter, a não ser que o laboratorista esteja verificando resultados positivos baixos em ensaios quantitativos.
■ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Os sintom as de enterite p or Campylobacter não são raros o suficiente para diferenciar essa doença daquela causada p or Salmonella, Shi gella, Yersinia e outros patógenos. A com binação de febre e leucócitos ou eritrócitos fecais indica diarréia inflam atória, e o diagnóstico defi nitivo baseia-se na cultura ou na dem onstração dos m icrorganism os característicos em esfregaços fecais corados. De m odo sem elhante, a doença extraintestinal p o r Campylobacter é diagnosticada p o r cu l tura. Deve-se suspeitar de infecção p o r Campylobacter no contexto do aborto séptico e tam bém da infecção p or C. fetu s especificam ente no contexto da trom boflebite séptica. É im portante reiterar que (1) a apresentação da enterite por Campylobacter pode sim ular a da colite ulcerativa ou da doença de C rohn, (2) a enterite p o r Campylobacter é m uito m ais com um do que as últim as duas (particularm ente e n tre adultos jovens), e (3) a biópsia pode não ser capaz de diferenciar essas entidades. Por conseguinte, o diagnóstico de doença intestinal inflam atória só deve ser estabelecido quando for excluída a infecção
p or Campylobacter, sobretudo em indivíduos com história de viagem ao exterior, contato significativo com anim ais, im unodeficiência ou exposição im plicando alto risco de transm issão.
TRATAMENTO
Infecção por Campylobacter
A reposição hidreletrolítica é central no tratam ento das doenças diarreicas (Cap. 128). Até m esm o nos pacientes que p rocuram as sistência m édica com enterite p o r Campylobacter, nem todos se beneficiam claram ente do tratam ento antim icrobiano específico. As indicações para o tratam ento incluem febre alta, diarréia san guinolenta, diarréia intensa, persistência p o r m ais de 1 sem ana e agravam ento dos sintom as. O esquem a de escolha consiste em um ciclo de 5-7 dias de eritro m icin a (250 m g VO, 4x/dia ou p ara crianças - 30-50 m g/kg/dia, em doses fracionadas). Tanto os estudos clínicos realizados quanto os testes de sensibilidade in vitro indicam que outros m acrolídios, incluindo a azitrom icina (esquem a de 1-3 dias), tam bém são agentes terapêuticos úteis. Um esquem a alternativo para adultos consiste em ciprofloxacino (500 m g VO, 2x/dia) ou outra fluoroquinolona durante 5-7 dias; todavia, a resistência a essa classe de fárm acos, bem com o às te traciclinas, está aum entando. Os pacientes infectados p o r cepas resistentes a antibióticos correm m aior risco de desfechos adver sos. Não se recom enda o uso de agentes antim otilidade, que p o dem prolongar a duração dos sintom as e que tem sido associados à m egacólon tóxico e m orte. Para as infecções sistêmicas, o tratam en to com gentam icina (1,7 m g/kg IV, a cada 8 h, após um a dose de ataque de 2 m g/kg), im ipenem (500 m g IV, a cada 6 h) ou cloranfenicol (50 m g/kg/dia IV, em 3 ou 4 doses fracionadas) deve ser iniciado em piricam ente; todavia, a seguir, deve-se efetuar um antibiogram a. O ciprofloxa cino e a am oxicilina/clavulanato são agentes alternativos para ce pas sensíveis. Na ausência de im unocom prom etim ento ou de in fecções endovasculares, o tratam ento deve ser m inistrado por 14 dias. Para pacientes im unocom prom etidos com infecções sistêm i cas causadas p or C. fetu s e para aqueles com infecções endovascu lares, é habitualm ente necessário um tratam ento prolongado (por um período de até 4 sem anas). Para as infecções recorrentes em hospedeiros im unocom prom etidos, o tratam ento/profilaxia p e r m anentes são algum as vezes necessários.
■ PROGNÓSTICO Q uase todos os pacientes recu p eram -se p o r com pleto da enterite p o r Campylobacter, seja de m o d o e spontâneo ou após tra ta m e n to antim icrobiano. A depleção de volum e provavelm ente contribui para as poucas m ortes notificadas. C onform e assinalado a n te rio r m ente, alguns pacientes desenvolvem artrite reativa ou síndrom e de Guillain-B arré ou suas variantes. A infecção sistêm ica p o r C. fetu s é m uito m ais frequentem ente fatal do que aquela causada p or espé cies relacionadas; essa m aior taxa de m ortalidade reflete, em parte, a população acom etida. O prognóstico depende da rapidez com que o tratam ento apropriado é instituído. Os hospedeiros sadios sob os dem ais aspectos geralm ente sobrevivem às infecções p o r C. fetu s sem quaisquer seqüelas. Com frequência, os hospedeiros im unocom pro m etidos apresentam infecções recorrentes e /ou potencialm ente fatais devido a um a variedade de espécies de Campylobacter.
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M ead
CAPÍ TULO
156
•ãÊÊk
Cólera e Outras Vibrioses Mattew K. Waldor Edward T. Ryan
Os m em bros do gênero Vibrio causam diversas sín d ro m es in fec ciosas im p o rtan tes. E ntre elas, a sín d ro m e clássica é re p re se n ta da pelo cólera, um a d o en ça d iarre ic a d e v asta d o ra c ausada pelo V. cholerae, que foi responsável p o r sete p a n d em ias globais e p o r m uito so frim en to nos ú ltim o s dois séculos. O cólera epidêm ico continua sendo um a preocupação de saúde pública significativa n o m u n d o em desenvolvim ento atual. O u tra s vibrioses causadas p o r outras espécies de Vibrio incluem sín d ro m es de diarréia, infecção de tecidos m oles ou sepse p rim á ria. T odas as espécies de Vibrio são b astonetes G ram -negativos curvos, altam ente m óveis e a n ae róbios facultativos, com u m ou m ais flagelos. N a natu reza, os vibriões residem m ais com um ente em rios com m arés e em baías em condições de salinidade m oderada. Proliferam nos m eses de verão, qu ando a tem p eratu ra da água u ltrapassa 20°C. C om o seria espe rado, as doenças que eles causam tam b ém au m en tam de frequência du ran te os meses de calor.
C0LERA ■ DEFINIÇÃO
■ MICROBIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA A espécie V. cholerae é classificada em m ais de 200 sorogrupos, com base nos determ inantes de carboidrato de seus antígenos O de lipopolissacarídio (LPS). E m bora alguns sorogrupos de V. cholerae não O l (cepas que não sofrem aglutinação em antissoros contra o antígeno do grupo O l) tenham causado, em certas ocasiões, surtos esporádicos de diarréia, o sorogrupo O l foi, até o aparecim ento do sorogrupo 0139, em 1992, a causa exclusiva do cólera epidêm ico. D istinguem -se dois biótipos de V. cholerae O l, o clássico e o EI Tor. Cada biotipo é ainda subdividido em dois sorotipos, denom inados Inaba e Ogawa.
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N ylund
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O habitat natural do V cholerae é a água salgada costeira e os es tuários salobros, onde o m icrorganism o vive em estreita relação com o plâncton. Os seres h u m an o s to rn am -se infectados casualm ente; entretanto, um a vez infectados, podem atuar com o veículos de disse minação. A ingestão de água contam inada p o r fezes hum anas consti tui o m eio m ais com um de aquisição do cholerae. O consum o de alim entos contam inados tam bém pode contribuir para a dissem ina ção. Não existe n en h u m reservatório anim al conhecido. Em bora a dose infectante seja relativam ente alta, é acentuadam ente reduzida em indivíduos com hipocloridria, nos que fazem uso de antiácidos, e quando a acidez gástrica é tam ponada p o r um a refeição. O cólera é predom inantem ente um a doença pediátrica em áreas endêm icas; to davia, acom ete igualm ente adultos e crianças quando recém -introduzido em d eterm inada população. Nas áreas endêm icas, a carga da doença é frequentem ente m aior d urante as “estações do cólera” asso ciadas a altas tem peraturas, chuvas fortes e inundações, em bora o cólera possa ocorrer o ano todo. Por m otivos ainda não explicados, a suscetibilidade ao cólera é significativam ente influenciada pelo g ru po sanguíneo ABO; os indivíduos com sangue de tipo O correm m aior risco de doença grave quando infectados, enquanto os do tipo AB têm m enor risco. O cólera é nativo do delta do Ganges no su bcontinen te indiano. D esde 1817 ocorreram sete pandem ias globais. A pandem ia atual (a sétim a) - a prim eira foi causada pelo biotipo EI T our - com eçou na Indonésia, em 1961, e propagou-se por toda a Ásia, à m edida que o V. cholerae EI Tor substituía o bioti po clássico endêm ico. No início da década de 1970, o cólera causado p o r EI Tor eclodiu na África, causando grandes epidem ias antes de se to rn a r um problem a endêm ico persistente. Na atualidade, mais de 90% dos casos de cólera notificados anualm ente à O rganização M undial da Saúde (OM S) são da Á frica (Fig. 156.1), porém a ver dadeira carga da doença na África, bem com o na Ásia, não é conhe cida, visto que o diagnóstico é, com frequência, sindrôm ico, e visto que m uitos países com cólera endêm ica não notificam a doença à OMS. E possível que m ais de 3 m ilhões de casos de cólera ocorram anualm ente (dos quais apenas cerca de 200.000 são notificados à OM S), resultando em m ais de 100.000 m ortes p o r ano (das quais m enos de 5.000 são notificadas à OMS). A história recente do cólera tem sido pontuada por surtos graves, particularm ente entre indivíduos pobres ou desalojados. Esses surtos são frequentem ente precipitados pela guerra ou por outras circuns tâncias que levam a um a desorganização das m edidas de saúde públi ca. Este foi o caso observado em cam pos de refugiados de Ruanda es tabelecidos, em 1994, ao redor de Gom a, no Zaire; entre 2008 e 2009 em Zimbabwe; e em 2010 no Haiti. Desde 1973, infecções endêm icas esporádicas causadas p or cepas de V. cholerae O l relacionadas com a cepa da sétim a pandem ia, foram reconhecidas ao longo da costa do Golfo de Louisiana e Texas, nos EUA. Em geral, essas infecções estão associadas ao consum o de m oluscos contam inados coletados no local. Em certas ocasiões, casos registrados em locais dos EUA distantes da Costa do Golfo foram associados a frutos do m ar prove nientes da Costa do Golfo.
•
Cólera e Outras Vibrioses
O cólera é um a doença diarreica aguda que pode, em questão de h o ras, produzir desidratação rapidam ente progressiva e profunda, le vando à m orte. Por conseguinte, o cólera gravis (a form a grave do cólera) é um a doença m uito tem ida, particularm ente em sua m an i festação epidêmica. Felizmente, a reposição h ídrica im ediata e vigo rosa e a assistência de suporte podem evitar a elevada taxa de m o r talidade que o cólera tem provocado historicam ente. E m bora tenha sido ocasionalm ente aplicado a qualquer doença diarreica secretora gravem ente desidratante, de etiologia infecciosa ou não, o term o cóle ra refere-se, hoje, à doença causada pelo V. cholerae do sorogrupo O l ou 0 1 3 9 - isto é, os sorogrupos com potencial epidêm ico.
I et al (eds): C am pylobacter jejuni, 3rd ed. Washington, Ameri can Society for Microbiology, 2008
N a c h a m k in
1289
^
Figura 156.1
Doenças Infecciosas 1290
Países que notificam casos im p o rta d o s de cólera
[ [ ^ ] Á reas que notificam a o corrência de su rto s
Distribuição mundial do cólera em 2009. (Adaptada de WHO: Cholera, 2009.)
D epois de um século sem cólera na A m érica Latina, a pandem ia atual alcançou as Am éricas C entral e do Sul, em 1991. Depois de um a propagação explosiva inicial que acom eteu m ilhões de pessoas (Fig. 156.2), houve um a acentuada redução da carga da doença na A m é rica Latina, em bora, com o sucedeu na África há duas décadas antes, a cepa epidêm ica EI Tor tenha sido capaz de se estabelecer em água doce continental, e não em seu nicho clássico de águas salgadas cos teiras. Em 2010, o cólera reapareceu no Haiti, depois de um a ausência de um século. Em outubro de 1992, ocorreu um surto em larga escala de cólera clínico causado p or um novo sorogrupo, 0 1 3 9 , no Sudeste da índia. O m icrorganism o parece derivar do EI Tor O l, porém apresenta um LPS distinto e um a cápsula de polissacarídio de antígeno O im unologicam ente relacionada. (Os m icrorganism os O l não são encapsulados.) Depois de um a propagação inicial p o r 11 países da Ásia (Fig. 156.3), o V. cholerae 0 1 3 9 foi, mais um a vez, substituído em grande parte pelo O l, em bora o 0 1 3 9 ainda seja responsável p o r um a m in o ria de casos em alguns países asiáticos. As m anifestações clínicas da doença causada pelo V. cholerae 0 1 3 9 são indistinguíveis daquelas do cólera O l. E ntretanto, a im unidade a um deles não é protetora contra o outro.
enzim ático m onom érico (a subunidade A) e um a parte pentam érica de ligação (a subunidade B). O p entâm ero B liga-se ao gangliosídio G M1, um glicolipídio presente na superfície das células epiteliais que atua com o receptor da toxina e possibilita a liberação da subunidade A a seu alvo citosólico. A su bunidade A ativada (A,) transfere, de m odo irreversível, a A D P-ribose do dinucleotídio de adenina nicoti nam ida à sua proteína-alvo específica, o com ponente regulador de ligação do GTP da adenilato ciclase. A pro teín a G A D P-ribosilada
■ PATOGENIA Em últim a análise, o cólera é um a doença m ediada p o r toxina. A diarréia aquosa característica do cólera deve-se à ação da toxina do cólera, um a potente enterotoxina proteica elaborada pelo m icrorga nism o no intestino delgado. O pilus corregulado pela toxina (TCP, toxin-coregulated pilus), assim d enom inado pelo fato de a sua sín tese ser regulada paralelam ente com a da toxina do cólera, é essen cial para a sobrevida e m ultiplicação do V. cholerae (colonização) no intestino delgado. A toxina do cólera, o TCP e vários outros fatores de virulência são regulados de m odo coordenado pela ToxR. Essa proteína m odula a expressão dos genes que codificam os fatores de virulência em resposta a sinais am bientais, p or m eio de um a cascata de proteínas reguladoras. O utros processos reguladores, incluindo respostas bacterianas à densidade da população bacteriana (em um fenôm eno conhecido com o percepção do quorum ), controlam a v iru lência do V. cholerae. Um a vez estabelecido no intestino delgado hum ano, o m icrorga nism o produz a toxina do cólera, que consiste em um com ponente
Epidem ia inicial Janeiro de 1991 A go sto de 1991 Fevereiro de 1992 N ovem bro de 1994
Figura 156.2 Propagação do Vibrio cholerae 01 nas Américas, 1991 a 1994. (Cortesia do Dr. Robert V. Tauxe, Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta; com autorização.)
Figura 156.3 Propagação do Vibrio cholerae 0139 no subcontinente india no e em outras partes da Ásia, 1992 a 1994. (Cortesia do Dr. Robert V. Tauxe, CDC, Atlanta; com autorização.)
suprarregula a atividade da adenilato ciclase; o resultado consiste no acúm ulo intracelular de altos níveis de AM P cíclico. Nas células epi teliais do intestino, o AM P cíclico inibe o sistem a de tran sp o rte absortivo de sódio nas células das vilosidades e ativa o sistem a de trans porte secretor de cloreto nas células das criptas, eventos que levam ao acúm ulo de cloreto de sódio na luz intestinal. C om o a água se m ove passivam ente para m anter a osm olalidade, ocorre o acúm ulo de lí quido isotônico na luz. Q uando o volum e de líquido excede a capaci dade do restante do intestino de reabsorvê-lo, há diarréia aquosa. A não ser que o líquido e os eletrólitos perdidos sejam adequadam ente repostos, ocorrem choque (devido à desidratação profunda) e acidose (em decorrência da perda de bicarbonato). E m bora a perturbação da via da adenilato ciclase constitua o m ecanism o prim ário pelo qual a toxina do cólera provoca secreção excessiva de líquido, a toxina tam bém intensifica a secreção intestinal através das prostaglandinas é/ou receptores da histam ina neurais. O genom a do V. cholerae com preende dois cro m o s som os circulares. A transferência gênica lateral d esem p en h o u um papel essencial n a evolução do V. cholerae epidêm ico. Os genes que codificam a toxina do cólera (ctx A B ) fazem parte do g en o m a de um bacteriófago, CTXcf>. O receptor desse fago na superfície do V. chole rae é o fator de colonização intestinal TCP. C om o ctxA B faz parte de um elem ento genético m óvel (CTXcj)), a transferência horizontal desse bacteriófago pode ser responsável pela em ergência de novos sorogrupos toxigênicos de V. cholerae. M uitos dos outros genes im portantes para a patogenicidade do V. cholerae, incluindo os genes que codificam a biossíntese de TCP, os que codificam fatores de colonização acessórios e os que regulam a expressão dos genes de virulência, estão agrupados na ilha de p atogenicidade do V. cholerae. U m grupam ento sem elhante de genes de virulência é encontrado em outros patógenos bacterianos. A credita-se que as ilhas de patogeni cidade sejam adquiridas p or transferência h o rizontal de genes. O V. cholerae 0 1 3 9 deriva provavelm ente de um a cepa 0 1 EI Tor, que a d quiriu os genes para a síntese de antígeno O 0 1 3 9 p o r transferência horizontal de genes.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os indivíduos infectados pelo V. cholerae O l ou 0 1 3 9 exibem um a gam a de m anifestações clínicas. A lguns indivíduos são assintom á-
ticos ou só apresentam diarréia leve; outros apresentam início sú bito de diarréia explosiva e potencialm ente fatal (cólera gravis). Os m otivos pela variedade de sinais e sintom as da doença não estão totalm ente esclarecidos, m as incluem o nível de im unidade preexis tente, o tipo sanguíneo e o estado n utricional. Em um indivíduo não im une, depois de um período de incubação de 24 a 48 horas, o cóle ra com eça com a ocorrência súbita de diarréia aquosa indolor, que pode tornar-se rapidam ente volum osa. C om frequência, os pacien tes apresentam vôm itos. N os casos graves, a perda de volum e pode ultrapassar 250 m L/kg nas prim eiras 24 horas. Se não houver repo sição de líquidos e eletrólitos, podem sobrevir choque hipovolêm ico e m orte. Em geral, não há febre. É com um a ocorrência de câim bras m usculares, devido aos distúrbios eletrolíticos. As fezes exibem um a aparência característica: um líquido cinzento, ligeiram ente turvo e sem bile, com fragm entos de m uco, sem sangue e o d o r de peixe. Foram d en o m in ad as fezes em “água de arro z ” em virtu d e de sua sem elhança com a água em que foi lavado o arroz (Fig. 156.4). Os sintom as clínicos acom panham a contração de volum e: C om perdas de m enos de 5% do peso corporal norm al, observa-se o aparecim en to de sede; com perdas de 5 a 10%, oco rrem hipotensão postural, fraqueza, taquicardia e dim inuição do tu rg o r da pele; e com m ais de 10%, as características consistem em oligúria, pulso fraco ou ausen te, olhos fundos (e, nos lactentes, fontanelas fundas), pele enrugada (“de lavadeira”), sonolência e com a. As com plicações derivam exclu sivam ente dos efeitos da depleção de volum e e eletrólitos e incluem desde insuficiência renal até necrose tubular aguda. Por conseguinte, se o paciente for adequadam ente tratad o com líquidos e eletrólitos, as com plicações são evitadas, e o processo to rn a-se autolim itado, com resolução em poucos dias. Em geral, os dados laboratoriais revelam hem atócrito elevado (devido à hem oconcentração) nos pacientes não anêm icos; leucoci tose neutrofílica leve; níveis sanguíneos elevados de ureia e creati nina com patíveis com azo tem ia pré-renal; níveis norm ais de sódio,
o
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Figura 156.4 Fezes em água de arroz do cólera. Observe o muco que flutua e a aparência aquosa acinzentada. (Cortesia do Dr. ASG Faruque, International Centre for Diarrhoeal Disease Research, Dhaka; com autorização.)
1291
potássio e cloreto; acentuada redução do nível de bicarbonato (< 1 5 m m ol/L); e hiato aniônico elevado (devido a aum entos nos níveis sé ricos de lactato, proteína e fosfato). O pH arterial m ostra-se habitual m ente baixo (cerca de 7,2).
■ DIAGNÓSTICO A suspeita clínica de cólera pode ser confirm ada pela identificação do tf cholerae; entretanto, o m icrorganism o precisa ser especifica m ente pesquisado. Com experiência, pode ser detectado diretam ente p or m icroscopia de cam po escuro, em preparação a fresco de fezes, e pode-se estabelecer o seu sorotipo por imobilização com antissoro específico. O isolam ento laboratorial do m icrorganism o requer o uso de m eio seletivo, com o ágar taurocolato-telurito-gelatina (TTG ) ou ágar de tiossulfato-citrato-sais biliares-sacarose (TCBS). Se for espe rado um atraso no processam ento da am ostra, o m eio de transporte de Carey-Blair e/ou um m eio de enriquecim ento de água peptonada alcalina tam bém podem ser usados. Nas áreas endêm icas, há pouca necessidade de confirm ação e caracterização bioquím icas, em bora essas tarefas possam ser valiosas em locais onde o V. cholerae cons titui um m icrorganism o isolado incom um . O teste bioquím ico m icrobiológico padrão para as E nterobacteriaceae será suficiente para a identificação do V. cholerae. Todos os vibriões são oxidase-positivos. N a atualidade, dispõe-se no com ércio de um ensaio com tira para detecção do antígeno do cólera realizado junto ao paciente, para uso em cam po ou onde faltam recursos laboratoriais. /
TRATAMENTO
Doenças Infecciosas 1292
Cólera
A m orte po r cólera ocorre em conseqüência do choque hipovo lêm ico; p o r conseguinte, o tratam en to de indivíduos com cólera requer, em prim eiro lugar e acim a de tudo, reidratação e c o n trole. Tendo em vista o nível de desidratação (Q u a d ro 156.1) e a idade e peso do paciente, a euvolem ia deve ser rap id am en te re stau ra d a em p rim e iro lugar; a seguir, deve-se m a n te r um a hidratação a dequada p ara re p o r as perd as híd ricas con tín u as (Q u a d ro 156.2). A adm inistração de solução de reidratação oral (SRO) recorre ao m ecanism o de cotransporte de hexose-N a+ para tran sp o rta r o N a+ através da m ucosa intestinal, juntam ente com um a m olé cula ativam ente transportada, com o a glicose (ou a galactose). Esse processo é acom panhado de Cl" e água. Esse m ecanism o de transporte perm anece intacto, m esm o quando a toxina do cólera é ativa. A SRO pode ser preparada pela adição de água potável a envoltórios contendo sais e açúcar, ou pela adição de m eia co lher de chá de sal de cozinha (NaCl; 3,5 g) e 4 colheres de sopa de açúcar de m esa (glicose; 40 g) a 1 L de água potável. Deve-se
QUADRO 156.1 Avaliação do grau de desidratação em pacientes com cólera Grau de desidratação
Achados clínicos
Nenhum ou leve, porém com diarréia
Sede em alguns casos; perda de menos de 5% do peso corporal total
Moderado
Sede, hipotensão postural, fraqueza, taquicardia, diminuição do turgor da pele, ressecamento da boca/língua, ausência de lágrimas; perda de 5 a 10% do peso corporal total
Grave
Perda da consciência, letargia ou “flacidez” ; pulso fraco ou ausente; incapacidade de ingerir líquidos; olhos fundos (e, em lactentes, fontanelas fundas); perda de mais de 10% do peso corporal total
QUADR0156.2 desidratação3
Tratamento do cólera, com base no grau de
Grau de desidratação, idade (peso) do paciente
Tratamento
Nenhum ou leve, porém com diarréia6 Menos de 2 anos
1/4 a 1/2 xícara (50 a 100 mL) de SRO, até 0,5 L/dia no máximo
2 a 9 anos
1/2 a 1 xícara (100 a 200 mL) de SRO, até 1 L/dia no máximo
10 ou mais anos
A quantidade necessária de SRO, até 2 L/dia no máximo
Moderado6' Menos de 4 meses (menos de 5 kg)
200 a 400 mL de SRO
4 a 11 meses (5 a menos de 8 kg)
400 a 600 mL de SRO
12 a 23 meses (8 a menos de 11 kg)
600 a 800 mL de SRO
2 a 4 anos (11 a menos de 16 kg)
800 a 1.200 mL de SRO
5 a 14 anos (16 a menos de 30 kg)
1.200 a 2.200 mL de SRO
15 anos ou mais (30 kg ou mais)
2.200 a 4.000 m Lde SRO
Grave6 Todas as idades e pesos
Reposição de líquidos IV com lactato de Ringer (ou, se não estiver disponível, soro fisiológico): 100 mL/kg no primeiro período de 3 h (ou no primeiro período de 6 h para crianças com menos de 12 meses de idade); iniciar rapidamente; em seguida, reduzir a velocidade; total de 200 mLAg nas primeiras 24 h; continuar até que o paciente esteja desperto, possa ingerir SRO e não tenha mais um pulso fraco
Nota: Continuar a alimentação normal durante o tratamento. 3Adaptado da Organização Mundial da Saúde: First steps tor managing an outbreak of acute diarrhoea. Global Task Force on Cholera Control, 2009 (www.who.int/topics/cholera). SRO, solução de reidratação oral. ‘Reavaliar regularmente; monitorar o volume de fezes e vômitos. cAs quantidades indicadas de SRO devem ser administradas nas primeiras 4 h.
incentivar a ingestão de potássio presente em bananas ou água de coco. Dispõe-se de várias form ulações de SRO, e, na atualidade, a OMS recom enda um a SRO de “baixa osm olaridade” para o trata m ento de indivíduos com diarréia causadora de desidratação de qualquer etiologia (Q u a d ro 156.3). Q uando disponível, a SRO a base de arroz é considerada superior à SRO p adrãô para o trata m ento do cólera. A SRO po d e ser ad m in istrad a p o r sonda nasogástrica a in d i víduos que não p odem ingerir líquidos; entretanto, o tratam ento ideal de indivíduos com desidratação grave inclui a a d m in istra ção de líquidos e eletrólitos IV. C o m o a acidose p ro fu n d a (pH inferior a 7,2) é co m u m nesse g ru p o de pacientes, a solução de lactato de R inger constitui a m elh o r escolha en tre os pro d u to s com erciais (Q u a d ro 156.4). Deve ser utilizada com su p lem en tos adicionais de potássio, a d m in istra d o s de p referência po r via oral. O déficit híd rico total nos pacientes gravem ente desi d ratados (m ais de 10% do peso co rp o ral) p o d e ser reposto de m odo seguro nas prim eiras 3 a 6 h de terapia, sendo a m etade na p rim eira hora. É com um a o corrência de câim bras m uscula res transitórias e tetania. P osteriorm ente, a terapia oral pode ser
r
■ PREVENÇÃO
QUADRO 156.3 Composição da solução de reidratação oral (SRO) da Organização Mundial da Saúdea &
I
Componente
Concentração, mmol/L
Na+
75
K+
20
cr
65
Citrato'
10
Glicose
75
Osmolaridade total
245
^
aContém (por embalagem, a ser adicionada a 1 L de água potável): NaCI, 2,6 g; Na3C6Hs0 7.2H20, 2,9 g;KCI, 1,5 g ;e glicose, 15 g. "Se a SRO já preparada não estiver disponível, uma alternativa caseira simples poderá ser obtida combinando 3,5 g de NaCI (cerca de meia colher de chá) com 50 g de cereal de arroz pré-cozido ou 40 g de açúcar comum (sacarose) (4 colheres de sopa) em 1 L de água potável. Nesse caso, o potássio deverá ser fornecido separadamente (p. ex., em suco de laranja ou água de coco). ‘Í 0 mmol de citrato por litro, que fornecem 30 mmol de HC03/L.
QUADRO 156.4 Composição eletrolítica das fezes no cólera e da solução de reidratação intravenosa Concentração, mmol/L Substância
jj
cr
Base
15
100
45
25
90
30
4a
109
28
Na+
K+
Adulto
135
Criança
100 130
Fezes
Lactato de Ringer
a0s suplementos de potássio, administrados de preferência por via oral, são necessários para repor as perdas habituais de potássio nas fezes.
|
Cólera e Outras Vibrioses
habitualm ente iniciada, tendo com o objetivo m an ter u m aporte de líquido igual à sua elim inação. E ntretanto, os pacientes com diarréia volum osa contínua p o d em necessitar de tratam e n to IV prolongado para com pensar as p erd as h ídricas gastrintestinais, Pode haver desenvolvim ento de hip o p o tassem ia grave, que irá responder ao potássio ad m in istrad o p o r vias IV ou oral. N a au sência de um a equipe adequada p ara m o n ito ra r a evolução do paciente, a via oral de reidratação e reposição de potássio é m ais segura do que a via IV. E m bora não seja necessário para a cura, o uso de um a n ti biótico ao qual o m icrorganism o seja sensível d im inui a duração e o volum e da perda hídrica e acelera a elim inação do m icrorga nism o pelas fezes. A OMS recom enda a a d m inistração de a n ti bióticos a pacientes com cólera apenas se estiverem gravem ente desidratados, em bora o seu uso m ais am plo frequentem ente seja justificável. A doxiciclina (em dose única de 300 m g) ou a te tra ciclina (12,5 m g/kg, 4x/dia durante 3 dias) podem ser efetivas em adultos, porém não são recom endadas para crianças com m enos de 8 anos de idade, devido a seu possível depósito nos ossos e nos dentes em desenvolvim ento. Existe sem pre a preocupação de desenvolvim ento de resistência aos fárm acos. Para m ulheres não grávidas com cólera em áreas onde prevalece a resistência à tetraciclina, o ciprofloxacino [em dose única (30 m g/kg, sem ultrapassar um a dose total de 1 g) ou em ciclo c urto (15 m g/kg, duas vezes/dia du ran te 3 dias, sem ultrapassar um a dose diária total de 1 g)], a eritrom icina (40 a 50 m g/kg/dia, em três doses fracionadas, d urante 3 dias) ou a azitrom icina (em dose única de 1 g) podem constituir um substituto clinicam ente efetivo. As m ulheres grávidas e as crianças são habitualm ente tratadas com eritrom icina ou azitrom icina (10 m g/kg para crianças).
O fornecim ento de água potável e a disponibilidade de instalações para elim inação sanitária das fezes, bem com o um a m elhor nutrição, e a atenção no preparo e no arm azenam ento dos alim entos no lar podem reduzir significativam ente a incidência do cólera. M uitos esforços foram envidados para o desenvolvim ento de um a vacina efetiva contra o cólera nessas últim as décadas, com ênfa se especial em cepas vacinais orais. A vacina contra cólera tradicional com m icrorganism os m ortos, adm inistrada p or via intram uscular, fornece pouca proteção aos indivíduos não im unes e, de m odo pre visível, causa efeitos adversos, incluindo d or no local da injeção, m al estar e febre. A eficácia lim itada da vacina deve-se, pelo m enos em parte, à sua incapacidade de in d u zir um a resposta im une local na superfície da m ucosa intestinal. Foram desenvolvidos dois tipos de vacinas contra cólera orais. A prim eira é um a vacina com células integrais (W C) m ortas. Foram preparadas duas form ulações de vacina com W C m ortas: um a que contém tam bém a subunidade B não tóxica da toxina do cólera (W C/ BS) e o utra com posta exclusivam ente de bactérias m ortas. Em en saios clínicos de cam po controlados com placebo em Bangladesh, ambas as vacinas com m icrorganism os m ortos proporcionaram um a proteção significativa contra o cólera nos prim eiros 6 meses após a vacinação, com taxas de proteção de cerca de 58% para a vacina WC e de 85% para a vacina WC/BS. As taxas de eficácia de proteção para am bas as vacinas declinaram p ara cerca de 50% em 3 anos após a adm inistração da vacina. A im unidade foi relativam ente duradoura em indivíduos vacinados com m ais de 5 anos de idade, porém não foi bem sustentada em crianças vacinadas de m enos idade. A vacina WC/BS dem onstrou ser efetiva em um ensaio clínico conduzido em um a população da África Subsaariana com prevalência elevada de infecção pelo HIV. Ensaios clínicos de vacinas de W C m ortas p ro duzidas localm ente forneceram resultados prom issores no Vietnã e em Calcutá, na índia. As vacinas orais com m icrorganism os m ortos tam bém conferem proteção de grupo a indivíduos não vacinados que residem em proxim idade com indivíduos vacinados. Na atualidade, a OMS recom enda que a vacinação contra o cólera constitua parte de um plano de resposta m aior p ara populações com risco de có lera epidêm ico. As vacinas com m icrorganism os m ortos orais estão disponíveis na E uropa e na Ásia, m as (com o outras vacinas contra cólera) não nos EUA. O segundo tipo de vacina contra o cólera em fase de desenvolvi m ento envolve o uso de um a vacina oral com cepas vivas atenuadas desenvolvidas, p or exemplo, p or isolam ento ou produção de m u tan tes que carecem dos genes que codificam a toxina do cólera. Uma vacina desse tipo, CVD 103-HgR, m ostrou-se segura e im unogênica nos estudos de fases 1 e 2, p orém forneceu proteção m ínim a em um grande ensaio clínico de cam po na Indonésia. O utras cepas can d i datas a vacinas vivas atenuadas foram preparadas a p a rtir do V. cho lerae EI Tor e 0 1 3 9 e estão sendo atualm ente subm etidas a ensaios clínicos. O desenvolvim ento de vacinas efetivas e seguras contra o cólera e de estratégias que proporcionem um a im unidade da m ucosa protetora de longa duração, particularm ente entre crianças e adultos desnutridos, pobres e potencialm ente infectados pelo H IV (os indi víduos com m aior risco de cólera), constitui um a prioridade. C o n form e assinalado anteriorm ente, não existe nenhum a vacina contra o cólera com ercialm ente disponível nos EUA.
OUTRAS ESPÉCIES DE VIBRIO •
O gênero Vibrio inclui diversos patógenos h um anos que não causam o cólera. E n co n trad o s em a b undância nas águas costeiras do m u n d o inteiro, os vibriões não coléricos podem alcançar altas concentrações nos tecidos de m oluscos filtradores. Em conseqüência, a ingestão de água do m ar ou de m oluscos crus ou inadequadam ente cozidos é com um ente seguida de infec ção h um ana (Q u a d ro 156.5). Os vibriões não coléricos podem ser
1293
QUADRO 156.5
Características de vibrioses selecionadas não cólera
Microrganismo V. parahaemolyticus V. cholerae não 01/0139 V. vulnificus V. alginolyticus
Veículo ou atividade
Hospedeiro com risco
Síndrome
Moluscos, água do mar
Normal
Gastrenterite
Água do mar
Normal
Infecção de feridas
Moluscos, viagem
Normal
Gastrenterite
Água do mar
Normal
Infecção de feridas, otite média
Moluscos
Imunossuprimido3
Sepse, celulite secundária
Água do mar
Normal, imunossuprimido3
Infecção de feridas, celulite
Água do mar
Normal
Infecção de feridas, celulite, otite
Água do mar
Queimados, outros pacientes imunossuprimidos
Sepse
“Particularmente com doença hepática ou hemocromatose.
Fonte: Quadro 161.3 em Harríson Internai Medicine, 14th ed.
cultivados, em sua m aioria, em sangue ou ágar de M acConkey, que contém sal suficiente para sustentar o crescim ento dessas espécies halofílicas. No laboratório de m icrobiologia, as espécies de vibriões não coléricos são diferenciadas p or testes bioquím icos padrões. Os mais im portantes desses m icrorganism os são o V. parahaemolyticus e V. vulnificus. O s dois p rin cip ais tip o s de sín d ro m e s p ro v o c ad a s p o r e s sas espécies consistem em d o en ça g astrin testin al (causada p o r V. parahaem olyticus, V. cholerae n ão O l, V. m im icus, V. flu via lis, V. hollisae e V.furnissií) e infecções de tecidos m oles (causadas p o r V. vulnificus, V. alginolyticus e V. damselae). O V. vulnificus tam b ém c onstitui u m a causa da sepse p rim á ria em alguns indivíduos im u nocom prom etidos.
intensas, náusea, vôm itos e fezes sanguinolentas ou m ucoides. O V. parahaemolyticus tam bém é responsável p o r casos raros de infecção de feridas e otite e por casos m uito raros de sepse. Os casos de doença gastrintestinal associada ao V. parahaemolyti cus, independentem ente da apresentação, são, em sua m aioria, autolim itados e não necessitam de tratam ento antim icrobiano nem de hospitalização. As m ortes são extrem am ente raras entre indivíduos im unocom petentes. As infecções graves estão associadas a doenças subjacentes, incluindo diabetes, doença hepática preexistente, esta dos de sobrecarga de ferro ou im unossupressão. O caso grave ocasio nal deve ser tratado com reposição hídrica e antibióticos, conform e descrito anteriorm ente para o cólera.
■ ESPÉCIES ASSOCIADAS PRIMARIAMENTE À DOENÇA GASTRINTESTINAL
Não é possível distinguir os m icrorganism os heterogêneos V. cholerae não 0 1 /0 1 3 9 do V. cholerae O l ou 0 1 3 9 p or m eio de exames bioquí m icos de rotina; entretanto, eles não aglutinam em antissoro contra 0 1 ou 0139. As cepas não 0 1 /0 1 3 9 têm causado vários surtos bem estudados de gastrenterite transm itidos p o r alim entos e tam bém têm sido responsáveis p or casos esporádicos de otite m édia, infecção de feridas e bacterem ia; em bora possam ocorrer surtos de gastrenterite, as cepas de V. cholerae não 0 1 /0 1 3 9 não causam epidem ias de cóle ra. A exemplo de outros vibriões, os m icrorganism os V. cholerae não 01/0139 estão am plam ente distribuídos em am bientes m arinhos. Na m aioria das vezes, os casos reconhecidos nos EUA têm sido associa dos ao consum o de ostras cruas ou a viagem recente para o M éxi co. O am plo espectro clínico da doença diarreica causada por esses m icrorganism os deve-se, provavelm ente, aos atributos de virulência heterogêneos do grupo. Nos EUA, cerca de 50% dos isolados de V. cholerae não 01/0139 provêm de am ostras fecais. O p eríodo de incubação típico para a gas trenterite causada por esses m icrorganism os é inferior a 2 dias; e a doença dura cerca de 2 a 7 dias. As fezes dos pacientes podem ser copiosas e aquosas, ou parcialm ente form adas, m enos volum osas e sanguinolentas ou m ucoides. A diarréia p ode resultar em desidra tação grave. M uitos casos apresentam cólicas abdom inais, náuseas, vôm itos e febre. A exem plo dos pacientes com cólera, os pacientes que apresentam desidratação grave devem receber hidratação oral ou intravenosa; o valor dos antibióticos não foi b em definido. As infecções e x tra in te stin a is causadas p o r V. cholerae não 0 1 /0 1 3 9 ocorrem com um ente após exposição ocupacional ou recreacional à água do mar. Cerca de 10% dos isolados de V. cholerae não 01/0139 provêm de casos de infecção de feridas, 10% de casos de otite m édia e 20% de casos de bacterem ia (que tende a desenvolver-se particularm ente em pacientes com doença hepática). As infecções extraintestinais devem ser tratadas com antibióticos. As inform ações para orientar a seleção e dose do antibiótico são lim itadas, porém a m aioria das cepas se m ostra sensível in vitro à tetraciclina, ao cipro floxacino e às cefalosporinas de terceira geração.
V. cholerae não 01/0139 (não cólera)
V. parahaem olyticus
Doenças Infecciosas 1294
O V. parahaemolyticus halofílico, que é encontrado dissem i nado nos am bientes m arinhos, causa enterite transm itida p o r alim entos em todo o m undo. Essa espécie foi original m ente im plicada n a enterite no Japão, em 1953, tendo sido responsá vel p or 24% dos casos relatados em um estudo - um a taxa presum i velm ente decorrente da prática com um de ingerir frutos do m ar crus naquele país. Nos EUA, surtos de diarréia de m esm a fonte, causados po r esses m icrorganism os, foram ligados ao consum o de frutos do m ar m al cozidos ou inapropriadam ente m anipulados, ou de outros alim entos contam inados pela água do mar. Desde m eados da década de 1990, a incidência de infecções po r V. parahaemolyticus aum entou em vários países, incluindo nos EUA. Os sorotipos 03:K 6, 04:K 68 e 0 1 :K -n ã o tipável, que estão geneticam ente relacionados entre si, são responsáveis p o r esse aum ento. A enteropatogenicidade do V. parahaem olyticus está ligada à sua capacidade de causar hem ólise em ágar de W agatsum a (isto é, o fenôm eno de Kanagawa). Em bora o m ecanism o pelo qual o m icrorganism o provoca diarréia p e rm a neça incerto, a seqüência do genom a do V. parahaemolyticus contém dois sistem as de secreção tipo I I I , que injetam diretam ente proteínas bacterianas tóxicas nas células do hospedeiro. O V. parahaemolyticus deve ser considerado com o possível agente etiológico em todos os casos de diarréia que possam estar ligados epidem iologicam ente ao consum o de frutos do m ar ou ao próprio mar. As infecções p or V. parahaem olyticus p odem resultar em duas apresentações gastrintestinais distintas. A m ais com um dessas duas apresentações (incluindo quase todos os casos na A m érica do N o r te) caracteriza-se por diarréia aquosa, que habitualm ente ocorre em associação a cólicas abdom inais, náusea e vôm itos, sendo acom pa nhada, em cerca de 25% dos casos, de febre e calafrios. D epois de um período de incubação de 4 horas a 4 dias, os sintom as surgem e per sistem p or um tem po m ediano de 3 dias. A disenteria, que constitui a apresentação m enos com um , caracteriza-se p or cólicas abdom inais
■ ESPÉCIES PRIMARIAMENTE ASSOCIADAS À INFECÇÃO DE TECIDOS MOLES OU BACTEREMIA (Ver tam bém o Cap. 125.)
V. vulnificus A infecção pelo V vulnificus é rara, porém esse m icrorganism o cons titui a causa mais com um de infecções graves p or Vibrio nos EUA. À sem elhança da m aioria dos vibriões, o V. vulnificus prolifera nos meses quentes de verão e necessita de um am biente salino para o seu crescim ento. Naquele país, as infecções hum anas ocorrem nos esta dos costeiros, entre m aio e outubro, e acom etem m ais com um ente hom ens com mais de 40 anos de idade. O V. vulnificus tem sido li gado a duas síndrom es distintas: a sepse prim ária, que ocorre h a b i tualm ente em pacientes com doença hepática subjacente, e a infecção prim ária de feridas, que acom ete, em geral, pessoas sem doença su b jacente. ( V. vulnificus é um a palavra latina, que significa “causador de feridas”.) Alguns autores sugeriram que o V. vulnificus tam bém provoca gastrenterite independentem ente de outras m anifestações clínicas. Ele é dotado de diversos atributos de virulência, incluindo um a cápsula que confere resistência à fagocitose e à atividade bacteri cida do soro hum ano, bem com o um a citolisina. M edida com o dose 50% letal em cam undongos, a virulência do m icrorganism o aum enta consideravelm ente em condições de sobrecarga de ferro, observação compatível com a tendência do V. vulnificus a infectar pacientes que apresentam hem ocrom atose. A sepse p rim ária desenvolve-se, com m ais frequência, em p a cientes com cirrose ou hem ocrom atose. E ntretanto, a b acterem ia por V. vulnificus tam bém pode acom eter indivíduos que apresentam distúrbios hem atopoiéticos ou insuficiência renal crônica, pacientes em uso de m edicam entos im unossupressores ou álcool, ou (em casos raros) os que não apresentam doença subjacente conhecida. Depois de um período de incubação m ediano de 16 h, o paciente apresenta m al-estar, calafrios, febre e prostração. C erca de 33% dos pacientes desenvolvem hipotensão, frequentem ente evidente na adm issão. Na m aioria dos casos, surgem m anifestações cutâneas (em geral, ap ro xim adam ente 36 h após o início) que acom etem os m em bros (os m em bros inferiores m ais frequentem ente do que os superiores). Em u m a seqüência com um , placas eritem atosas são seguidas de equim oses, vesículas e bolhas. C om efeito, a sepse e as lesões cutâneas bolhosas hem orrágicas sugerem o diagnóstico nos contextos ap ro priados. A necrose e descam ação tam bém p o d em ser evidentes. Os exames de laboratório revelam leucopenia m ais frequentem ente do que leucocitose, trom bocitopenia ou níveis elevados de produtos de degradação da fibrina. O V. vulnificus pode ser cultivado a p a rtir de am ostras de sangue ou de lesões cutâneas. A taxa de m o rtalidade aproxim a-se de 50%, sendo a m aioria das m ortes causada p o r sepse descontrolada. Por conseguinte, o tratam ento im ediato é de sum a im portância e deve in cluir a adm inistração em pírica de antibióticos, desbridam ento agres sivo e cuidados gerais de suporte. O V. vulnificus m ostra-se sensível in vitro a diversos antibióticos, com o a tetraciclina, as fluoroquino lonas e as cefalosporinas de terceira geração. D ados obtidos de m o delos anim ais sugerem que um a fluoroquinolona ou a com binação de m inociclina e cefotaxim a devem ser utilizadas no tratam ento da septicem ia por tf vulnificus. O V. vulnificus pode infectar u m a ferida recente ou antiga que e ntra em contato com água do m ar; o paciente p o d e ou não ap re
sentar doença subjacente. D epois de um c u rto período de in cu b a ção (4 h a 4 dias; m édia de 12 h), a d o en ça com eça com edem a, eritem a e (em m uitos casos) d o r intensa ao redor da ferida. Estes sinais e sintom as são seguidos de celulite, que se dissem ina rapida m ente e que, algum as vezes, é aco m p an h ad a de lesões vesiculosas, bolhosas ou necróticas. O s eventos m etastáticos são incom uns. A m aioria dos pacientes apresenta febre e leucocitose. O V vulnificus pode ser cultivado a p a rtir de lesões cutâneas e, em certas ocasiões, do sangue. A antibioticoterapia im ediata e o desbridam ento são h a bitualm ente curativos.
V. alginolyticus Identificado pela prim eira vez com o patógeno de seres hum anos em 1973, o V. alginolyticus provoca, em certas ocasiões, infecções nos olhos, nas orelhas e em feridas. Essa espécie é a m ais tolerante ao sal entre os vibriões, podendo crescer em concentrações salinas > 10%. Os isolados clínicos provêm , em sua m aioria, de feridas superinfectadas, que presum ivelm ente se torn aram contam inadas na praia. Ape sar de sua variação quanto à gravidade, a infecção p or V. alginolyticus não tende a ser grave e, em geral, responde de m odo satisfatório à antibioticoterapia e drenagem . Foram descritos alguns casos de otite externa, otite m édia e conjuntivite causados p or esse patógeno. Em geral, o tratam ento com tetraciclina resulta em cura. O V. alginolyti cus constitui um a causa rara de bacterem ia em hospedeiros im u n o com prom etidos. A g r a d e c im e n t o s Os autores agradecem imensamente as valiosas contribuições dos Drs. Robert Deresiewicz e Gerald T. Keusch, coautores deste capítulo em edições anteriores.
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CAPÍ TULO
157
Brucelose M ichael J. Corbel Nicholas J. Beeching ■ DEFINIÇÃO A brucelose é um a zoonose bacteriana transm itida de m odo direto ou indireto aos seres hum anos a p a rtir de anim ais infectados, p re d om inantem ente rum in an tes e suínos dom esticados. A doença é conhecida coloquialm ente com o febre ondulante em virtude de seu caráter rem itente. Possui distribuição m undial, exceto pelos poucos países onde foi erradicada do reservatório anim al. Em bora a b ru c e lose se apresente com um ente na form a de doença febril aguda, suas m anifestações clínicas variam am plam ente, p o dendo não haver si nais definitivos que indiquem o diagnóstico. Por conseguinte, o diag nóstico clínico deve geralm ente ser confirm ado pelos resultados dos exames bacteriológicos e/ou sorológicos.
■ AGENTES ETIOLÓGICOS
Doenças Infecciosas 1296
A brucelose h u m an a é causada p o r cepas de Brucella, um gênero de bactéria que fo i anteriorm ente considerado, com base em análises genéticas, com o c o n stitu íd o de u m a ú n ica espécie, B. melitensis, com diversas variantes biológicas exibindo preferências p o r h o sp e deiros particulares. Esse p o n to de vista foi q u e stio n a d o com base em diferenças detalhadas na e stru tu ra crom ossôm ica e preferência p o r hospedeiros. Hoje, prefere-se a classificação tradicional em n o m es de espécies devido a tais diferenças e pelo fato de que esse es quem a de classificação reflete estreitam ente os p adrões ep id em io lógicos da infecção. O sistem a de nom es reconhece a B. melitensis, que constitui a causa m ais com um de d o en ça sintom ática em seres h u m an o s e cujas principais fontes são ovelhas, cabras e cam elos; a B. abortus, h abitualm ente a d q u irid a de bovinos ou búfalos; a B. suis, geralm ente ad q u irid a de suínos, m as que ap resenta u m a v a riante enzoótica em renas e caribus, bem com o o u tra em roedores; e a B . canis, adquirida m ais frequentem ente de cães. A B. ovis, que provoca doença reprodutiva em ovelhas, e a B . neotomae, que é es pecífica de roedores do deserto, não foram claram ente im plicadas em doenças hum anas. Foram isoladas o u tras brucelas de m am ífe ros m arinhos, tendo sido propostos dois novos no m es de espécies, B. ceti sp. nov. e B. pinnipedialis sp. nov. para essas cepas isoladas; fo i descrito pelo m enos um caso de doença h u m a n a a d q u irid a em lab o ra tó rio de co rre n te de u m a dessas espécies p ro p o sta s, te n d o sido relatados casos aparentes de infecção h u m a n a n atu ral. C om o as infecções em m am íferos m arin h o s parecem ser dissem inadas, p o d em ser identificados m ais casos de infecção zoonótica. O u tras espécies recentem ente propostas incluem B. microti sp. nov., isola da do ra to-do-cam po, e B. inopinata sp. nov., isolada de u m a p a ciente com im plante de m am a. A lém disso, to rn o u -se aparente que a Brucella está estreitam ente relacionada ao gênero O chrobactrum, que inclui bactérias am bientais algum as vezes associadas a in fec ções oportunistas. Todas as brucelas consistem em peq u en o s bastonetes ou cocobacilos G ram -negativos im óveis, não encapsulados e não esporulados. C rescem aerobiam ente em m eios à base de p ep to n a, in c u bados a 37°C; o crescim ento de alguns tip o s é estim ulado p o r C 0 2 suplem entar. In vivo, as b rucelas c o m p o rtam -se com o parasitos intracelulares facultativos. O s m icrorganism os m o stram -se sensí veis à luz solar, radiação ionizante e calor m oderado; são destruídos pela fervura e pasteurização, p o ré m resistentes ao congelam ento e ressecam ento. A resistência ao ressecam ento to rn a as brucelas estáveis na form a de aerossol, facilitando a transm issão aérea. Os m icrorganism os p odem sobreviver p o r u m p e río d o de até 2 meses em queijos de consistência m ole fabricados com leite de cabra ou
ovelha; du ran te pelo m enos 6 sem anas em solo seco contam inado com urina, secreção vaginal ou tecidos placentários ou fetais infec tados; e d u ran te pelo m enos 6 sem anas em solo ú m ido ou esterco líquido m antido em condições frias e de escuridão. As brucelas são facilm ente destru íd as p o r u m a am pla v a ried ad e de desinfetantes com uns utilizados em condições ideais, p o rém tendem a ser m uito m ais resistentes em baixas tem peraturas ou n a presença de c ontam i nação orgânica maciça.
■ EPIDEMIOLOGIA A brucelose é um a zoonose cuja ocorrência está estreitam ente rela cionada à sua prevalência em anim ais dom esticados. A verdadeira prevalência global da brucelose h u m an a perm anece desconhecida devido à falta de precisão do diagnóstico bem com o à inadequação dos sistemas de notificação e vigilância em m uitos países. M esm o nos países desenvolvidos, a verdadeira incidência pode ser 10-20 vezes m aior do que os núm eros relatados. A brucelose bovina tem sido objeto de program as de controle em m uitas partes do m u n d o e foi erradicada dos rebanhos bovinos da A ustrália, Nova Zelândia, Bul gária, Canadá, Chipre, G rã-B retanha (incluindo as ilhas do Canal da M ancha), Japão, Luxem burgo, Rom ênia, países escandinavos, Suíça bem com o as Repúblicas Tcheca e Eslovaca, entre outros países. A sua incidência foi reduzida a um baixo nível nos EUA e na m aioria dos países da Europa O cidental, com um quadro variado em outras partes do m undo. Há evidências de seu reaparecim ento na Europa O riental após as m udanças econôm icas ocorridas nos últim os anos, e tam bém ocorreram surtos na Irlanda. Os esforços para erradicar a infecção pela B. melitensis dos rebanhos de ovelhas e cabras tiveram m uito m enos sucesso. Esses esforços contaram principalm ente com os program as de vacinação, que tenderam a flutuar de acordo com as m udanças das condições econôm icas e políticas. Em alguns países (p. ex., Israel), a B. melitensis provocou graves surtos no gado bovino. As infecções p or B. melitensis ainda representam um grande proble m a de saúde pública nos países do M editerrâneo; em países do oeste, centro e sul da Ásia; e em partes da África assim com o das Am éricas do Sul e Central. A brucelose h um ana está habitualm ente associada à exposição ocupacional ou dom éstica a anim ais infectados ou produtos deriva dos desses anim ais. Os lavradores, pastores de ovelhas e cabras, vete rinários e trabalhadores em m atadouros e fábricas de processam ento de carnes em áreas endêm icas sofrem exposição ocupacional à infec ção. Os familiares de indivíduos envolvidos nos cuidados a anim ais podem correr risco, em bora seja frequentem ente difícil diferenciar a infecção transm itida p o r alim entos da contam inação am biental nessas circunstâncias. Os fu n cio n ário s de laboratórios envolvidos na m anipulação de culturas ou am ostras infectadas tam bém correm risco. Os viajantes e residentes de centros urbanos habitualm ente ad quirem a infecção p o r m eio do consum o de alim entos contam inados. N os países que erradicaram a doença, os novos casos são m ais co m um ente adquiridos no exterior. Os laticínios, especialm ente queijos de consistência mole, leite não pasteurizado e sorvete, constituem as fontes de infecção im plicadas com m ais frequência; a carne crua e a m edula óssea podem constituir fontes de infecção em circunstâncias excepcionais. Foram relatadas infecções adquiridas p o r m eio de tra tam entos cosm éticos utilizando m ateriais de origem fetal. A tran s missão interpessoal é extrem am ente rara, assim com o a transferência da infecção p o r m eio de doação de sangue ou tecidos. A pesar de a brucelose ser u m a infecção intracelular crônica, não h á evidências de aum ento da prevalência ou gravidade entre indivíduos que apresen tam infecção pelo H IV ou im unodeficiência ou im unossupressão de outras etiologias. A brucelose pode ser adquirida p o r ingestão, inalação ou expo sição m ucosa ou percutânea. A injeção acidental de cepas de vacinas vivas de B. abortus (19 e RB51) e B. melitensis (Rev 1) pode causar doença. A B. melitensis e a B . suis foram desenvolvidas com o arm as biológicas p or vários países, p odendo ser utilizadas para bioterroris m o (Cap. 221). Deve-se ter essa possibilidade em m ente no evento de surtos súbitos e inexplicados.
■ IMUNIDADE E PATOGENIA A exposição à brucelose desencadeia respostas im unes tanto hum oral quanto celular. Presum e-se que os m ecanism os da im unidade prote tora contra brucelose hum ana sejam sem elhantes aos docum entados em anim ais de laboratório. A resposta à infecção e seu desfecho são influenciados pela virulência, fase e espécie da cepa infectante. Foram relatadas diferenças entre a B. abortus e a B. suis no m odo de entrada celular, bem com o na com partim entalização e processam ento subse quentes. Os anticorpos prom ovem a elim inação das brucelas extrace lulares por ação bactericida e facilitação da fagocitose pelos fagócitos polim orfonucleares e m ononucleares; entretanto, os anticorpos iso ladam ente são incapazes de erradicar a infecção. Os m icrorganism os capturados pelos m acrófagos e p or outras células podem estabelecer infecções intracelulares persistentes. A célula-alvo fundam ental é o macrófago, e os m ecanism os bacterianos para suprim ir a destruição e apoptose intracelulares resultam em populações intracelulares m u i to grandes. As bactérias opsonizadas são ativam ente fagocitadas por granulócitos neutrofílicos e m onócitos. Nessas células, bem com o em outros tipos de células, a fixação inicial ocorre p or meio de receptores específicos, como Fc, C3, fibronectina e proteínas ligantes de m anose. As bactérias opsonizadas - mas não as não opsonizadas - deflagram um surto oxidativo no interior dos fagócitos. As bactérias não opso nizadas são internalizadas através de receptores sem elhantes, porém com eficiência bem menor. As cepas lisas penetram as células do h o s pedeiro através do transporte de lipídios. O lipopolissacarídio (LPS) liso, a 3 -glicana cíclica e, possivelm ente, um a proteína de ligação-invasão (IalB) estão envolvidos nesse processo. O fator de necrose tum oral a (T N F-a), produzido precocem ente no curso da infecção, estim ula os linfócitos citotóxicos e ativa os m acrófagos, que podem m atar as brucelas intracelulares (talvez principalm ente p or m eio da produção de interm ediários de nitrogênio e oxigênio reativos) e eli m inar a infecção. Entretanto, as células de Brucella virulentas podem suprim ir a resposta ao T N F-a; e, nessa situação, o controle da infec ção depende da ativação dos m acrófagos e das respostas do interferon 7 (IFN -7 ). As citocinas, como a interleucina (IL) 12, prom ovem a produção de IFN -7 , que elicita respostas do tipo T H1 e estim ula a ati vação dos macrófagos. As citocinas inflam atórias, com o a IL-4, IL-6 e IL-10, inibem a resposta protetora. Com o em outros tipos de infecção intracelular, supõe-se que a replicação inicial das brucelas ocorra no interior das células dos linfonodos que drenam o ponto de entrada. A dissem inação hem atogênica subsequente pode resultar em infecção crônica localizada em praticam ente qualquer local, em bora o sistema reticuloendotelial, os tecidos m usculoesqueléticos e 0 sistem a geniturinário sejam os alvos m ais freqüentes. Verifica-se o desenvolvim ento de respostas inflam atórias tanto agudas quanto crônicas na brucelose, e a resposta tecidual local pode incluir a form ação de granulom a com ou sem necrose e caseificação. Além disso, podem surgir abscessos, especialmente na infecção crônica localizada. Os determ inantes da patogenicidade da Brucella ainda não foram caracterizados por completo, e os m ecanism os subjacentes às m an i festações da brucelose não foram totalm ente elucidados. O m icrorga nism o é um patógeno “furtivo”, cuja estratégia de sobrevida baseia-se em processos que evitam que sejam desencadeadas respostas im unes inatas e que perm item a sua sobrevida no interior das células m onocíticas. O LPS liso da Brucella, que possui um a com posição incom um de cadeia O e lipídio central, possui atividade de endotoxina relativa m ente baixa e desem penha um papel essencial na pirogenicidade, bem como na resistência à fagocitose e à destruição sérica no hospedeiro não imune. Além disso, acredita-se que o LPS possa desem penhar um papel-chave na supressão da fusão fagossom o-lisossom o e no dire cionam ento das bactérias internalizadas para vacúolos localizados no retículo endoplasm ático, onde ocorre replicação intracelular. A inda não foram isoladas exotoxinas específicas, porém foi identificado um sistema de secreção tipo IV (VirB), que regula a sobrevida e 0 trânsito intracelulares. Na B. abortus, esse sistem a pode ser ativado extracelularm ente, ao passo que, na B. suis, é ativado (por pH baixo) apenas durante 0 crescim ento intracelular. A seguir, as brucelas produzem proteínas estáveis em meio ácido, o que facilita a sobrevida dos m icror ganismos em fagossomos e pode aum entar a sua resistência a inter
m ediários reativos de oxigênio. Foi tam bém identificado um sistema de secreção tipo III, baseado em estruturas flagelares modificadas. As brucelas virulentas m ostram -se resistentes às defensinas e produzem um a Cu-Zn superóxido dism utase que aum enta a sua resistência a in term ediários reativos de oxigênio. Uma proteína sem elhante à hem olisina pode desencadear a liberação de brucelas das células infectadas.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A brucelose quase sem pre provoca febre, que pode estar associada a sudorese profusa, especialm ente à noite. Nas áreas endêm icas, pode ser difícil distinguir a brucelose das m uitas outras causas de febre. E ntretanto, duas características identificadas no século XIX dife renciam a brucelose de outras febres tropicais, com o febre tifoide e malária: ( 1) Q uando não tratada, a febre da brucelose exibe um p a drão ondulante que persiste p o r várias sem anas antes do início de um período afebril que pode ser seguido de recidiva. (2) A febre da brucelose está associada a sinais e sintom as m usculoesqueléticos em cerca da m etade dos pacientes. As síndrom es clínicas produzidas pelas diferentes espécies são sem elhantes, p orém a B. melitensis tende a estar associada a um a apresentação mais aguda e agressiva, enquanto a B. suis está associa da a indução de abscessos focais. As infecções p o r B. abortus podem ter início m ais insidioso e possuem m ais tendência a se tornarem crô nicas. Foi relatada a presença freqüente de infecções por B. canis com sintom as gastrintestinais agudos. O p eríodo de incubação varia de 1 sem ana a vários m eses, e o início da febre e de outros sintom as pode ser repentino ou insidio so. Além da febre e sudorese, os pacientes tornam -se cada vez mais apáticos e cansados; perdem o apetite e peso; e apresentam mialgia inespecífica, cefaleia e calafrios. De m odo global, 0 quadro clínico da brucelose frequentem ente segue u m de três padrões: doença febril, que se assem elha à febre tifoide, porém m enos grave; febre e m onoartrite aguda, que acom ete 0 quadril o u joelho, em um a criança peque na; e febre de longa duração, sofrim ento e dor lom bar ou no quadril em hom ens idosos. Em áreas endêm icas (p. ex., em grande parte do O riente M édio), deve-se considerar o diagnóstico de brucelose em um paciente com febre e dificuldade de cam inhar até o am bulatório, até prova em contrário. Os indícios diagnósticos na anam nese do paciente incluem via gem para um a área endêm ica, trabalho em laboratório de diagnósti co m icrobiológico, consum o de laticínios não pasteurizados (incluin do queijos m oles), contato com anim ais, inoculação acidental com vacinas contra Brucella de uso veterinário e - na situação endêm ica - história de doença sem elhante na família (docum entada em quase 50% dos casos). Verifica-se a presença de m anifestações focais na m aioria dos pacientes. As m ais com uns consistem em d or m usculoesquelética e achados físicos no esqueleto periférico e axial (cerca de 40% dos ca sos). A osteomielite acom ete m ais com um ente as vértebras torácicas inferiores e vértebras lom bares do que as colunas cervical e torácica superior. As articulações m ais com um ente acom etidas pela artrite séptica são o joelho, quadril, articulação sacroilíaca, om bro e a rti culação esternoclavicular; o padrão pode ser de m onoartrite ou poliartrite. A osteom ielite tam bém pode acom panhar a artrite séptica. Além das causas habituais de osteom ielite vertebral ou artrite séptica, 0 diagnóstico diferencial m ais im portante é a tuberculose. Esse aspecto influencia a abordagem terapêutica, bem com o 0 prog nóstico, u m a vez que vários agentes antim icrobianos utilizados no tratam ento da brucelose tam bém são prescritos para o tratam ento da tuberculose. A artrite séptica na brucelose evolui lentam ente, com e çando com pequenas erosões pericapsulares. Nas vértebras, as ero sões anteriores da lâm ina term inal superior constituem as prim eiras características a se to rn arem evidentes, com eventual com prom eti m ento e esclerose de toda a vértebra. Surgem osteófitos anteriores eventualm ente; todavia, a destruição vertebral ou invasão da m edula espinal são raras e, em geral, sugerem tuberculose (Q uadro 157.1). O utros sistem as podem ser acom etidos de m odo sem elhante à febre tifoide. Cerca de 25% dos pacientes apresentam tosse seca, h a bitualm ente com poucas alterações visíveis na radiografia de tórax,
QUADR0157.1 Radiologia da coluna vertebral: diferenciação entre brucelose e tuberculose Brucelose
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Tuberculose
Localização
Lombar e outras
Dorsolombar
Vértebras
Múltiplas ou contíguas
Contíguas
Discite
Tardia
Precoce
Corpo
Intacto até um estágio tardio
Perda precoce da morfologia
Compressão do canai
Rara
Comum
Epífisite
Ânterossuperior (sinal de Pom)
Geral: regiões discais superior e inferior, central, subperióstea
Osteófito
Anterolateral (bico de papagaio)
Incomum
Deformidade
Formação em cunha incomum
Cunha anterior, giba
Recuperação
Esclerose de todo o corpo
Variável
Abscesso paravertebral
Pequeno, bem localizado
Comum e perda isolada, processo transverso
Abscesso do psoas
Raro
Mais provável
Doenças Infecciosas
em bora possam ocorrer pneum onia, em piem a, adenopatia intratorácica ou abscesso pulm onar. Em 25% dos pacientes, observa-se a presença de hepatoesplenom egalia, e 10 a 20% apresentam linfade nopatia significativa. O diagnóstico diferencial inclui doença sem e lhante à febre glandular, com o a causada pelo vírus Epstein-Barr, To xoplasma, citom egalovírus, H IV ou Mycobacterium tuberculosis. Até 10% dos hom ens apresentam epididim orquite aguda, que deve ser diferenciada da causada pela caxum ba ou decorrente de problem as cirúrgicos, com o torção. Podem ocorrer prostatite, inflam ação das glândulas sem inais, salpingite e pielonefrite. Verifica-se m aior inci dência de perda fetal entre as m ulheres grávidas infectadas, em bora a teratogenicidade não tenha sido descrita, e a tendência a abortos seja m uito m enos pronunciada nos seres hum anos do que nos anim ais de fazenda. O com prom etim ento neurológico é com um , com depressão e letargia, cuja gravidade pode não ser to talm ente apreciada pelo p a ciente ou pelo m édico até depois do tratam ento. U m a pequena p ro porção de pacientes apresenta m eningoencefalite linfocitária, que sim ula a neurotuberculose, a leptospirose atípica ou distúrbios não infecciosos, e que pode ser com plicada p o r abscessos intracerebrais, um a variedade de déficits de nervos cranianos ou ru p tu ra de an eu rism as m icóticos. O corre endocardite em cerca de 1% dos casos, acom etendo, com m ais frequência, a valva aórtica (natural ou prótese). Q ualquer local do corpo pode ser acom etido na form ação de abscessos m etastáticos ou inflam ação; as m am as das pacientes e a glândula tireoide são aco m etidas com frequência particular. Os exantem as m aculopapulares inespecíficos e outras m anifestações cutâneas são incom uns, sendo raram ente percebidos pelo paciente m esm o quando se instalam .
■ DIAGNÓSTICO Com o o quadro clínico de brucelose não é característico, o diagnós tico deve basear-se na história de possível exposição, apresentação compatível com a doença e achados laboratoriais que a confirm em . Em geral, os resultados dos ensaios bioquím icos de rotina m ostram -se dentro dos limites norm ais, em bora os níveis séricos das enzim as hepáticas e da b ilirrubina possam estar elevados. As contagens de leucócitos do sangue periférico encontram -se h abitualm ente n o r m ais ou baixas, com linfocitose relativa. Pode-se do cu m en tar a p re sença de anem ia leve. Podem ocorrer trom bocitopenia e coagulação intravascular dissem inada, com níveis elevados de produtos de de gradação do fibrinogênio. A velocidade de hem ossedim entação e os
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Figura 157.1 Amostra de biópsia hepática de paciente com brucelose mostrando um granuloma não caseoso. [De Mandell‘s Atlas of Infectious Dis eases, Vol. II, em DL Stevens (ed.): Skin, Soft Tissue, Bone and Joint Infections, Fig. 5.9; com autorização.]
níveis de proteína C reativa são frequentem ente norm ais, m as podem se encontrar elevados. Nos líquidos corporais, com o o cerebrospinal (LCS) ou o articu lar, a linfocitose e a presença de baixos níveis de glicose são a norm a. Os níveis elevados de adenosina desam inase no LCS não podem ser utilizados para diagnosticar a m eningite tuberculosa, visto que tam bém podem ser encontrados na brucelose. As am ostras de biópsia de tecidos, com o linfonodos ou fígado, tam bém p odem revelar gran u lom as não caseosos (Fig. 157.1) sem bacilos álcool-ácido-resistentes. As características radiológicas da doença óssea desenvolvem-se tardiam ente e são m uito m ais sutis do que as da tuberculose ou da artrite séptica de outras etiologias, com m enos destruição óssea e articular. A cintilografia com isótopos é m ais sensível do que a ra diografia sim ples e continua fornecendo resultados positivos m uito tem po depois do tratam ento bem -sucedido. O isolam ento de brucelas do sangue, LCS, m edula óssea ou lí quido articular ou de um aspirado de tecido ou am ostra de biópsia é definitivo, sendo as tentativas de isolam ento habitualm ente bem -sucedidas em 50 a 70% dos casos. As culturas duplicadas devem ser incubadas p o r um p eríodo de até 6 sem anas (em ar e C 0 2 a 10%, respectivam ente). A concentração e a lise das células do crem e leu cocitário antes da cultura podem aum entar a taxa de isolam ento. As culturas em m odernos sistem as de sinalização não radiom étricos ou sem elhantes (p. ex., Bactec) to rn am -se habitualm ente positivas em 7-10 dias, m as devem ser m antidas du ran te pelo m enos 3 sem anas antes que os resultados sejam declarados negativos. Todas as culturas devem ser m anipuladas em condições de segurança apropriadas para patógenos perigosos. As espécies de Brucella podenriler identificadas incorretam ente com o Agrobacterium, Ochrobactrum ou Psychrobacter (Moraxella) phenylpyruvicus pelas tiras de identificação de balcão com um ente utilizadas no laboratório de diagnóstico. A reação em cadeia da polim erase no sangue periférico possui enorm e potencial para d etectar a presença de bacterem ia, prever a ocorrência de recidiva e excluir a “brucelose crônica”. Esse m étodo é provavelmente mais sensível e, certam ente, m ais rápido que a h em o cultura, e não está associado ao risco biológico im posto pela cultura. N a atualidade, as técnicas de am plificação de ácido nucleico já são am plam ente utilizadas, em bora não se tenha adotado nenhum p ro cedim ento padronizado. Os prim ers para a região separadora entre os genes que codificam os RNA ribossôm icos 16S e 23S (rrs-rrl), a proteína da m em brana externa O m p2, a seqüência de inserção IS711 e a proteína BCSP31 são sensíveis e específicos. O sangue e outros tecidos constituem as am ostras m ais apropriadas para análise. O exame sorológico frequentem ente fornece os únicos achados laboratoriais positivos na brucelose. N a infecção aguda, os anticor pos IgM surgem no início e são seguidos pela IgG e IgA. Todos esses
TRATAMENTO
Brucelose
Os objetivos gerais da terapia a ntim icrobiana consistem no tra tam en to e alívio dos sintom as da infecção atual, bem com o na prevenção de recidivas. As apresentações focais da doença p o dem exigir intervenção específica, além de a n tib io tico terap ia personalizada e m ais prolongada. A lém disso, é preciso excluir sem pre a tuberculose, ou - para im p ed ir o aparecim ento de re sistência - o tratam e n to deve ser individualizado p a ra excluir especificam ente os fárm acos ativos contra a tuberculose (p. ex., rifam picina utilizada isoladam ente) ou incluir um esquem a antituberculoso com pleto. A experiência inicial de m on o terap ia com estreptom icina m ostrou que era com um a ocorrência de recidiva; p or conseguin te, a terapia dupla com tetraciclinas tornou-se a norm a. Trata-se, ainda, da com binação m ais efetiva; entretanto, podem -se utilizar alternativas, e as opções dependem do local ou da política nacio nal sobre o uso de rifam picina no tratam en to de infecções não causadas p o r m icobactérias. Q uanto aos diversos agentes a n ti m icrobianos ativos in vivo, pode-se prever habitualm ente a sua eficácia p or m eio de testes in vitro. Todavia, num erosas cepas de Brucella exibem sensibilidade in vitro a um a am pla variedade de agentes antim icrobianos que são terapeuticam ente ineficazes, in cluindo p-lactâm icos variados. Além disso, o uso de fluoroquino
lonas perm anece controvertido apesar da boa atividade in vitro e penetração da m aioria dos agentes dessa classe nos leucócitos. O pH intravacuolar baixo constitui, provavelm ente, um fator no baixo desem penho desses fármacos. Para adultos com brucelose não focal aguda (duração de < 1 mês), é necessário um ciclo de 6 sem anas de tratam ento, incluin do pelo m enos dois agentes antim icrobianos. A doença complexa ou focal requer > 3 meses de tratam ento. A adesão do paciente ao esquem a terapêutico é m uito im portante, sendo a adesão ina dequada ao tratam ento subjacente a quase todos os casos de fra casso aparente do tratam ento; essa falha raram ente decorre do aparecim ento de resistência ao fárm aco, em bora um centro tenha relatado crescente resistência ao com binado sulfam etoxazol-trim etoprim a (SM X-TM P). Há boas evidências retrospectivas de que um ciclo de 3 sem anas com dois agentes é tão efetivo quanto um ciclo de 6 sem anas para o tratam ento e prevenção de recidivas em crianças; todavia, esse aspecto ainda não foi com provado em estudos prospectivos. O p a drão-ouro para o tratam en to da brucelose em adultos consiste na estreptom icina intram uscular (0,75-1 g/dia, durante 14-21 dias), juntam ente com doxiciclina (100 mg, 2x/dia durante 6 sem anas). Em estudos clínicos e de observação, esse tratam ento é seguido de recidiva em 5 a 10% dos casos. O esquem a alterna tivo habitual (e a recom endação atual da O rganização M undial da Saúde) consiste em rifam picina (600-900 m g/dia) m ais d o xiciclina (100 mg, 2x/dia) du ran te 6 sem anas. Em condições de estudo clínico, a taxa de recidiva/falha é de cerca de 100%, p o rém aum enta para > 20% em m uitas situações fora do contexto de estudos clínicos, possivelm ente pelo fato de que os níveis de doxiciclina são reduzidos, e as taxas de depuração aum entadas pela adm inistração concom itante de rifam picina. Os pacientes que não conseguem to lerar ou receber tetraciclinas (crianças, m ulheres grávidas) podem ser tratados com altas doses de SMX-TM P (2 ou 3 com prim idos de concentração-padrão, 2x/dia para adultos, dependendo do peso). H á evidências crescentes que sustentam o uso de um am ino glicosídio, com o a gentam icina (5-6 m g/kg/dia durante pelo m e nos 2 sem anas) em lugar da estreptom icina. Os ciclos m ais curtos têm sido associados a um a elevada taxa de fracasso em adultos. Um ciclo de 5-7 dias de tratam ento com gentam icina e um ciclo de 3 sem anas de SM X-TM P podem ser adequados para crianças com doença não com plicada, p o rém são ainda necessários en saios clínicos prospectivos p ara con firm ar essa recom endação. A experiência inicial com m onoterapia com fluoroquinolona foi desanim adora, em bora se tenha sugerido que o ofloxacino ou o ciprofloxacino adm inistrados ju n tam en te com rifam picina, d u rante 6 sem anas, podem constituir u m a alternativa aceitável em relação aos outros esquem as de 6 sem anas em adultos. Entretanto, um a m etanálise não sustentou o uso de fluoroquinolonas em esquem as de tratam ento de p rim eira linha, e esses fárm acos não são recom endados p o r um grupo de consenso de especialistas (o G rupo loannina), exceto no contexto de ensaios clínicos bem pla nejados. Um esquem a tríplice de fárm acos - doxiciclina e rifam picina com binadas com u m ciclo inicial de um am inoglicosídio - foi superior ao esquem a de dois fárm acos um um a m etanálise. O esquem a tríplice deve ser considerado para todos os pacientes com doença com plicada, bem com o para aqueles cuja adesão ao tratam ento tende a ser problem ática. A doença neurológica significativa causada por espécies de Brucella requer tratam ento prolongado (isto é, 3-6 m eses), habi tualm ente com suplem entação de esquem a-padrão com ceítriaxona. A endocardite decorrente de Brucella é tratada com pelo m enos três fárm acos (um am inoglicosídio, um a tetraciclina e ri fam picina), e m uitos especialistas acrescentam a ceftriaxona e/ou um a fluoroquinolona para reduzir a necessidade de substituição valvar. O tratam ento é habitualm ente m antido durante pelo m e nos 6 meses, sendo, com frequência, difícil definir os parâm etros finais de avaliação clínica para a sua interrupção. A cirurgia ainda
CAPÍTULO 157
anticorpos são ativos nos testes de aglutinação, sejam realizados por m étodos de tubo, placa ou m icroaglutinação. A m aioria dos pacien tes apresenta aglutininas detectáveis nesse estágio. C om a evolução da doença, os níveis de IgM declinam , e ocorre m udança na avidez e distribuição das subclasses de IgG e IgA. O resultado consiste em títulos reduzidos ou indetectáveis de aglutininas. Entretanto, os anti corpos são detectáveis p o r testes alternativos, com o o teste de fixação do com plem ento, o teste de antiglobulina de C oom bs e o ensaio de im unoadsorção ligado a enzim a. Não existe n enhum valor de corte bem -definido para um título diagnóstico. C om efeito, os resultados sorológicos devem ser interpretados no contexto da história de ex posição e do quadro clínico. Em áreas endêm icas ou em situações de possível exposição ocupacional, os títulos de aglutinina de 1:320 a 1:640 ou m ais são considerados diagnósticos; em áreas não endê micas, um título > 1:160 é considerado significativo. A repetição do teste depois de 2 a 4 sem anas pode dem onstrar a elevação dos títulos. N a m aioria dos centros, o teste de ag lutinação-padrão (TAP) continua sendo a base do diagnóstico sorológico, em bora alguns p es quisadores se baseiem no teste rosa-bengala, não totalm ente validado para uso diagnóstico em seres hum anos. Os ensaios com fita reagente para IgM a n ti-Brucella m ostram -se úteis no diagnóstico da infecção aguda, porém são m enos sensíveis para a infecção com sintom as de vários meses de duração. No contexto endêm ico, > 90% dos pacien tes com bacterem ia aguda apresentam títulos no TAP de pelo m enos 1:320. Em alguns centros, são utilizados outros testes de triagem . O anticorpo contra a cadeia O do LPS de Brucella - o antígeno dom inante - é detectado po r todos os testes convencionais que em pregam células lisas de B. abortus com o antígeno. C om o a B. abor tus apresenta reação cruzada com a B. melitensis e a B. suis, não há vantagem na replicação de testes com esses antígenos. O correm ta m bém reações cruzadas com as cadeias O de algum as outras bactérias Gram -negativas, com o a Escherichia coli 0 1 5 7 , Francisella tularensis, do grupo N, Salmonella entérica, Stenotrophom onas maltophilia e Vibrio cholerae. Não ocorrem reações cruzadas com os antígenos de superfície celular das cepas rugosas de Brucella, com o a B. canis ou a B. ovis; os testes sorológicos para essas espécies devem em pregar um antígeno preparado a p a rtir de cada um a delas. A cepa de B. abor tus RB51 viva para vacina não p roduz respostas no teste sorológico padrão. Os antígenos proteicos são com partilhados, em sua m aioria, por todas as cepas de Brucella, e alguns tam bém são com uns a espé cies de Ochrobactrum. O im m unoblotting contra extratos proteicos tem sido recom endado com o teste diferencial, porém ainda não se dispõe de procedim ento validado.
o cd
1299
é necessária na m aioria dos casos de infecção de próteses de val vas cardíacas e próteses articulares. N ão existem evidências para o rien tar a profilaxia após expo sição a espécies de Brucella (p. ex., no laboratório), im unização in advertida com vacina viva para uso em anim ais ou exposição a brucelas liberadas deliberadam ente. A m aioria das a u to rid a des tem recom endado a adm inistração de rifam picina m ais d o xiciclina d u ra n te 3 sem anas após exposição de baixo risco (p. ex., acidente laboratorial inespecífico) e du ran te 6 sem anas após exposição significativa a aerossol ou m aterial injetado. E n tre tan to, esses esquem as não são bem -tolerados, p o d e n d o ser su b sti tuídos pela m onoterapia com doxiciclina da m esm a duração. A rifam picina deve se om itida após exposição à cepa RB51 de vaci na, que é resistente a este fárm aco, p orém sensível à doxiciclina. A pós exposição significativa à brucelose, aconselha-se o parecer de um especialista para m ulheres que estão (ou que p o d e m es tar) grávidas.
■ PROGNÓSTICO E ACOMPANHAMENTO
Doenças Infecciosas 1300
O corre recidiva em até 30% dos pacientes com baixa adesão ao tra tam ento. Por conseguinte, o ideal é acom panhar os pacientes clini cam ente p or um período de até 2 anos para detectar a ocorrência de recidiva, que responde a um ciclo prolongado do m esm o tra ta m ento utilizado inicialm ente. O bem -estar geral e o peso corporal do paciente constituem diretrizes m ais úteis do que a sorologia para a ausência de recidiva. Os níveis de anticorpos IgG detectados por TAP e suas variantes podem perm anecer dentro da faixa diagnóstica po r > 2 anos após tratam ento bem -sucedido. O s títulos de fixação do com plem ento caem habitualm ente para níveis norm ais cerca de 1 ano após a cura. A im unidade não é perm anente; os pacientes podem ser reinfectados após exposições repetidas. M enos de 1% dos pacien tes m orre de brucelose. Q uando o desfecho é fatal, a m orte ocorre h a bitualm ente em conseqüência de com prom etim ento cardíaco; m ais raram ente, resulta de doença neurológica grave. Apesar da baixa taxa de m ortalidade, a recuperação do paciente com brucelose é lenta, e a doença pode causar inatividade prolongada com conseqüências d o m ésticas e econômicas. A existência de um estado crônico prolongado da brucelose após tratam ento bem -sucedido perm anece controversa. A avaliação dos pacientes nos quais se considera a existência desse estado (frequen tem ente pacientes com exposição ocupacional a brucelas) inclui um a cuidadosa exclusão das síndrom es de fadiga crônica inespecíficas si m uladas e outras causas de sudorese excessiva, com o abuso de álcool e obesidade. No futuro, a disponibilidade de ensaios m ais sensíveis para detectar o antígeno ou o DNA de Brucella p oderá ajudar a iden tificar os pacientes com infecção ativa.
■ PREVENÇÃO As vacinas à base de cepas vivas atenuadas de Brucella, com o a cepa 19BA ou 104M de B. abortus, têm sido utilizadas em alguns países para proteger as populações de alto risco; entretanto, dem onstraram eficácia apenas a curto prazo e elevada reatogenicidade. Foram de senvolvidas vacinas com subunidades; entretanto, possuem valor in certo, e, no m om ento atual, seu uso não pode ser recom endado. O interesse na biodefesa (Cap. 221) tem estim ulado as pesquisas nessa área, podendo levar, finalm ente, à produção de novos produtos, al guns dos quais podem estar baseados na variante W R 201 viva ate nuada da cepa 16M de B. melitensis. O princípio básico da prevenção veterinária reside no com prom isso nacional com a realização de tes tes e abate de rebanhos infectados (com rem uneração aos donos dos anim ais), controle do deslocam ento de anim ais e im unização ativa dos rebanhos. Essas m edidas tam bém são habitualm ente suficientes para controlar a doença nos seres hum anos. Na sua ausência, a pas teurização dos laticínios antes do consum o é suficiente para prevenir a transm issão não ocupacional dos anim ais para os seres hum anos. Todos os casos de brucelose em anim ais e seres hum anos devem ser notificados às autoridades com petentes de saúde pública.
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W hatm ore
CAPÍ TULO
158
Tularemia Richard F. Jacobs Gordon E. Schutze
Pacífico) e A m blyom m a am ericanum (carrapato Estrela Solitária). A F. tularensis é frequentem ente tran sm itid a du ran te refeições por carrapatos hem atófagos in crustados depois de horas de fixação. É a refeição de sangue feita em u m a área contam inada com fezes que transm ite o m icrorganism o. A transm issão p o r carrapatos ou m u tu cas ocorre principalm ente na prim avera e no verão. E ntretanto, foi docum entada transm issão contínua du ran te o inverno p o r anim ais capturados ou caçados.
■ PATOGENIA E PATOLOGIA A tularem ia é um a zoonose causada pela Francisella tularensis. As pessoas de qualquer idade, sexo ou raça são universalm ente suscetí veis a essa infecção sistêmica. Prim ariam ente um a doença de anim ais silvestres, a tularem ia persiste em am bientes contam inados, ectoparasitos e anim ais portadores. A infecção hum ana é acidental e resulta, em geral, da interação com insetos picadores ou hem atófagos, conta to com anim ais silvestres ou dom ésticos, ingestão de água ou alim en tos contam inados, ou inalação de aerossóis infectantes. A doença caracteriza-se p o r várias síndrom es clínicas, das quais a m ais com um consiste em lesão ulcerativa no local de inoculação com linfadenopatia regional e linfadenite. As m anifestações sistêm icas, que consistem em pneum onia, tularem ia tifoide, m eningite e febre sem achados localizados, representam um m aior desafio diagnóstico.
A porta de entrada m ais com um p ara a infecção h u m an a é a pele ou as m ucosas, seja diretam ente - pela picada de carrapatos, outros artrópodes ou outros anim ais ou p or m eio de escoriações inaparentes. A inalação ou ingestão da F. tularensis tam bém podem resul tar em infecção. A F. tularensis é extrem am ente infectante. Em bora sejam habitualm ente necessários m ais de 10s m icrorganism os para produzir infecção por via oral (tularem ia orofaríngea ou gastrintesti nal), apenas 10 m icrorganism os podem resultar em infecção quando injetados na pele (tularem ia ulceroglandular/glandular) ou inalados (tularem ia pulm onar). Após inoculação na pele, o m icrorganism o m ultiplica-se localmente; em 2 a 5 dias (baixa de 1 a 10 dias), surge ' um a pápula eritem atosa, hipersensível ou pruriginosa. A pápula au m enta rapidam ente e form a um a úlcera com um a base negra (lesão cancriform e). As bactérias dissem inam -se para linfonodos regionais, ■ ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA p roduzindo linfadenopatia (bubões). Todas as form as podem levar A tularem ia é com um no Arkansas, em O klahom a, no Misà bacterem ia com dissem inação para órgãos distantes, incluindo o souri e em D akota do Sul; esses estados respondem p o r sistema nervoso central. m ais da m etade de todos os casos notificados nos EUA. A tularem ia caracteriza-se pela infiltração de células m ononucle Na Ilha de M arthas V ineyard, em M assachusetts, foram relatados ares com patologia piogranulom atosa. Os achados histopatológicos pequenos surtos em populações de m aior risco (p. ex., pessoas que podem ser m uito sem elhantes aos da tuberculose, em bora a tulare trabalham com jardinagem , que fazem poda, cortam a gram a e usam m ia se desenvolva m ais rapidam ente. Por ser um a bactéria intracelu assoprador para folhas). Em bora as estim ativas m undiais sejam difí lar facultativa, a F. tularensis pode parasitar células fagocíticas e não ceis, devido à distribuição irregular dos casos de tularem ia, núm eros fagocíticas do hospedeiro, podendo sobreviver no m eio intracelular crescentes de casos têm sido relatados nos países escandinavos, na p o r períodos prolongados de tem po. N a fase aguda da infecção, os E uropa O riental e na Sibéria. principais órgãos acom etidos (pele, linfonodos, fígado e baço) con C om raras exceções, a tularem ia é a única doença produzida pela sistem em áreas de necrose focal, que são inicialm ente circundadas F. tularensis - um pequeno bacilo G ram -negativo (0,2 jxm po r 0,2 a p o r leucócitos polim orfonucleares (PM N). Subsequentem ente, for 0,7 |xm) pleom órfico, imóvel e não form ador de esporos. A coloração m am -se granulom as com células epitelioides, linfócitos e células gi bipolar resulta em aparência cocoide. O m icrorganism o é u m aeróbio gantes m ultinucleadas circundadas p o r áreas de necrose. Essas áreas estrito, finam ente encapsulado e sem fím brias, que invade as célu podem assem elhar-se à necrose caseosa; entretanto, coalescem mais las do hospedeiro. Na natureza, a F. tularensis é um m icrorganism o tarde, form ando abscessos. resistente, que persiste p o r sem anas a m eses na lam a, na água e em A inoculação conjuntival pode resultar em infecção dos olhos carcaças de anim ais em decom posição. D ezenas de insetos picado com o au m en to dos lin fo n o d o s regionais (lin fad en o p atia préres e hematófagos, especialm ente carrapatos e tabanídeos (m utucas), -auricular, com plexo de P arinaud). A aerossolização, inalação ou servem com o vetores. Os carrapatos e os coelhos silvestres consti dissem inação hem atogênica dos m icro rg an ism o s podem resultar tuem a fonte para a m aioria dos casos em seres hum anos em áreas em pneum onia. No pulm ão, verifica-se o desenvolvim ento de um a endêm icas dos estados do sudeste e M ontanhas Rochosas, nos EUA. reação inflam atória, incluindo focos de necrose alveolar e infiltração Em Utah, N evada e na Califórnia, as m utucas são os vetores m ais celular (a princípio p or polim orfonucleares e, m ais tarde, p or células com uns. Os reservatórios anim ais consistem em coelhos silvestres, m ononucleares) com granulom as. As radiografias de tórax revelam esquilos, aves, ovelhas, castores, ratos alm iscarados bem com o cães e habitualm ente infiltrados focais bilaterais ao invés de grandes áreas de consolidação. Os derram es pleurais são com uns, p odendo con gatos dom ésticos. A transm issão entre pessoas é rara ou inexistente. ter sangue. O corre linfadenopatia nas regiões que drenam os órgãos A tularem ia é m ais com um nos hom ens do que nas m ulheres. infectados. Por conseguinte, na infecção pulm onar, a adenopatia As quatro subespécies de F. tularensis são tularensis, holarctica, m ediastinal pode ser evidente, enquanto os pacientes com tularem ia novicida e mediasiatica. As prim eiras três são encontradas na A m é orofaríngea desenvolvem linfadenopatia cervical. N a tularem ia gas rica do Norte; com efeito, a subespécie tularensis só foi isolada na trintestinal ou tifoide, a ingestão de grande núm ero de m icrorganis A m érica do Norte, onde responde p or m ais de 70% dos casos de tu la m os pode ser acom panhada de linfadenopatia m esentérica. (Pode-se rem ia e produz doença hum ana m ais grave do que as outras espécies utilizar o term o tularemia tifoide para descrever a doença bacterêm i (em bora, com o tratam ento, a taxa de m ortalidade associada seja de ca grave independentem ente do m odo de transm issão ou da porta de m enos de 2%). A evolução da doença depende da virulência da cepa entrada.) Foi relatada a ocorrência de m eningite com o manifestação infectante, do tam anho do inóculo, da p o rta de e ntrada e do estado prim ária ou secundária da bacterem ia. Os pacientes tam bém podem im unológico do hospedeiro. A F. tularensis é um agente de bioterroapresentar febre sem quaisquer sinais de localização. rism o de classe A.
•
CAPÍTULO 158
Os carrapatos transm item a F. tularensis à sua prole p o r via transovariana. O m icrorganism o é enco n trad o nas fezes, m as não em grandes quantidades nas glândulas salivares dos carrapatos. Nos EUA, a doença é transm itida pelo Dermacentor andersoni (carrapato-d a-m adeira das M ontanhas R ochosas), D. variabilis (carrapato-do-cão am ericano), D. occidentalis (carrapato-do-cão da costa do
cB
■ IMUN0L0GIA E m bora não se ten h a um a com preensão com pleta e am plam ente aceita da resposta im une p rotetora contra F. tularensis, foram feitos avanços significativos nesses últim os anos n o que concerne ao estudo da im unidade natural e im unidade protetora, po d en d o levar final-
1301
m ente ao possível desenvolvim ento de um a vacina. A disponibilidade de cepas atenuadas de F. tularensis através de m anipulação genética está facilitando a pesquisa que irá expandir nossos conhecim entos
QUADR0158.2
sobre essa área. D iversos pesquisadores estu d aram vários m odelos e fo rm u la ram várias hipóteses sobre a indução da im u n id ad e p ro teto ra c o n tra F. tularensis. E m bora sejam necessárias p esquisas adicionais, o sinergism o en tre as respostas im unes celular e h u m o ra l parece ser fu n d am en tal na indução de um a proteção im unológica efetiva. A elucidação dos m ecanism os m oleculares envolvidos n a evasão do m icrorganism o da resp o sta do h ospedeiro, dos p ad rõ es m o le culares associados ao patógeno e da p roteção im u n o ló g ica efetiva d o h o sp ed eiro levaram a novas estratégias de v acinação testadas em m odelos anim ais. Foi c o n statad o que os a n tic o rp o s dirig id o s co n tra os receptores Fc nas células a presentadoras de antígeno são p rotetores em m odelos anim ais de tularem ia p ulm onar, resultando em respostas de im u n id ad e m ediada p o r células (IM C ) e das m u cosas. Esse m aio r con h ecim en to dos an tico rp o s m ucosos e séricos em com binação a u m a resposta IM C dirig id a é m u ito p ro m isso ra p a ra o futuro desenvolvim ento de vacinas.
Síndrome
Crianças
Adultos
Ulceroglandular
45
51
Glandular
25
12
Pulmonar (pneumonia)
14
18
Orofaríngea
4
—
Oculoglandular
2
—
Tifoide
2
12
Não classificada
6
11
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS C om frequência, a tularem ia com eça com febre de início súbito, cala frios, cefaleia bem com o m ialgias e artralgias generalizadas (Q uadro 158.1). Esse início é observado quando o m icrorganism o penetra na pele, é ingerido ou inalado. O período de incubação de 2 a 10 dias é seguido da form ação de úlcera no local de penetração, com inflam a ção local. A úlcera pode persistir p o r vários m eses à m edida que os m icrorganism os são transportados através dos vasos linfáticos para os linfonodos regionais, os quais aum entam e p odem tornar-se n e cróticos e supurativos. Se o m icrorganism o p enetrar na corrente san guínea, pode ocorrer am pla dissem inação. Nos EUA, a m aioria dos pacientes com tularem ia (75 a 85%) ad quire a infecção por inoculação da pele. N os adultos, a form a locali zada m ais com um é a linfadenopatia inguinal/fem oral; nas crianças, predom ina a linfadenopatia cervical. C erca de 20% dos pacientes desenvolvem exantem a m aculopapular generalizado que, em certas ocasiões, torna-se postular. Raram ente, ocorre eritem a nodoso. As m anifestações clínicas da tularem ia foram divididas em várias sín drom es, relacionadas no Q u ad ro 158.2.
Síndromes clínicas de tularemia Taxa de ocorrência (%)
Fonte: Adaptado de RF Jacobs, JP Narain: Pediatrics 76:818,1985; com autorização.
foladura ou lim peza de carcaça de anim al, ou picada (habitualm ente na m ão). A linfadenopatia/linfadenite epitroclear são com uns em p a cientes com lesões produzidas p o r picadas. Na tularem ia ulceroglandular, a úlcera é eritem atosa, endurecida e não cicatriza, apresentando aparência em saca-bocados que dura 1 a 3 sem anas. A pápula pode com eçar com o lesão eritem atosa, hiper sensível ou pruriginosa; evolui no decorrer de vários dias para um a úlcera com bordas bem dem arcadas e com exsudato amarelo. A úl cera desenvolve gradualm ente um a base negra, e, sim ultaneam ente, os linfonodos regionais tornam -se hipersensíveis e acentuadam ente aum entados (Fig. 158.1). O s linfonodos acom etidos podem tornar-se flutuantes e d ren ar espontaneam ente; todavia, a afecção geral m ente cede com o tratam ento efetivo. Em até 25% dos pacientes com tularem ia ulceroglandular/glandular, foi descrita a ocorrência de su puração tardia dos linfonodos. O exam e do m aterial obtido desses linfonodos flutuantes tardios após tratam en to antim icrobiano bem-sucedido revelou a presença de tecido necrótico estéril. Em 5 a 10% dos pacientes, as lesões cutâneas podem ser inaparentes, e os únicos achados físicos consistem em linfadenopatia com sinais e sintom as sistêmicos (tularemia glandular). Por outro lado, um a picada de car rapato ou de Chrysops discalis no tronco pode resultar em úlcera sem linfadenopatia evidente.
Tularemia oculoglandular Tularemias ulceroglandular/glandular
Doenças Infecciosas
Essas duas form as de tularem ia são responsáveis p or cerca de 75 a 85% dos casos. A form a predom inante nas crianças envolve linfade nopatia cervical ou auricular posterior e está habitualm ente relacio nada com picadas de carrapatos na cabeça e no pescoço. Nos adultos, a form a mais com um é a linfadenopatia inguinal/fem oral, que resulta da exposição a insetos e carrapatos nos m em bros inferiores. Nos ca sos relacionados com caça de anim ais silvestres, a p o rta de entrada habitual da F. tularensis consiste em um a lesão causada durante a es-
QUADRO 158.1
Em cerca de 1% dos pacientes, a p o rta de entrada da F. tularensis é a conjuntiva, que é alcançada pelo m icrorganism o através de con tato com dedos contam inados. A conjuntiva inflam ada apresenta-se dolorosa, com num erosos nódulos am arelados e úlceras em cabeça de alfinete. A conjuntivite p u ru len ta com linfadenopatia regional (pré-auricular, subm andibular ou cervical) é evidente. Em virtude da
Apresentação clinica da tularemia Taxa de ocorrência (%)
Sinais e sintomas
Crianças
Adultos
Linfadenopatia
96
65
Febre (> 38,3°C)
87
21
Úlcera/escara/pápula
45
51
Mialgias/artralgias
39
2
Cefaleia
9
5
Tosse
9
5
Faringite
43
—
Diarréia
43
—
Fonte: Adaptado de RF Jacobs, JP Narain: Pediatrics 76:818,1985; com autorização.
1302
Figura 158.1 Menino de 8 anos com linfadenite inguinal e local de picada do carrapato associado, característica da tularemia ulceroglandular.
dor debilitante, o paciente pode procurar assistência m édica antes do desenvolvim ento da linfadenopatia regional. A linfadenopatia pré-auricular dolorosa é exclusiva da tularem ia e a diferencia da doença da tuberculose, da esporotricose e da sífilis. Pode ocorrer perfuração da córnea.
Tularemias orofaríngea e gastrintestinal Raram ente, ocorre tularem ia após a ingestão de carne m alcozida con tam inada, inoculação oral de F. tularensis a p artir das m ãos associada à esfoladura e lim peza de carcaças de anim ais, ou consum o de água e alim entos contam inados. A inoculação oral pode resultar em faringi te exsudativa ou m em branosa aguda associada à linfadenopatia cer vical, ou em lesões intestinais ulcerativas associadas à linfadenopatia m esentérica, diarréia, d or abdom inal, náuseas, vôm itos e sangram en to gastrintestinal. As am ígdalas infectadas tornam -se aum entadas e desenvolvem um a p seudom em brana branco-am arelada que pode ser confundida com a da difteria. A gravidade clínica da tularem ia gas trintestinal varia desde diarréia persistente, leve e inexplicada, sem nenhum outro sintom a, até um a doença fulm inante fatal. N os casos fatais, a extensa ulceração intestinal encontrada na necropsia sugere um enorm e inóculo.
Tularemia pulmonar A pn eu m o n ia p or F. tularensis apresenta-se na form a de infiltrados parenquim atosos variáveis, refratários ao tratam en to com a n tibióti cos betalactâm icos. Deve-se considerar a possibilidade de tularem ia no diagnóstico diferencial da p n e u m o n ia atípica em u m paciente com história de viagem para área endêm ica. A doença p ode resu l tar da inalação de aerossol infeccioso, ou po d e dissem inar-se para os pulm ões e pleura p o r bacterem ia. Foi descrita a o co rrência de p n e u m o n ia associada à inalação em fu n c io n á rio s de lab o rató rio após exposição a m ateriais contam inados, que, se não for tratada, pode estar associada a u m a taxa de m ortalidade relativam ente alta. Relatou-se que a exposição à F. tularensis em aerossóis de anim ais dom ésticos vivos ou de anim ais silvestres m o rto s (incluindo aves) provoca p neum onia. A dissem inação h e m ato g ên ica p a ra os p u l m ões ocorre em 10 a 15% dos casos de tularem ia ulcero-glandular e em cerca da m etade dos casos de tularem ia tifoide. A nteriorm ente, acreditava-se que a p n eu m o n ia da tu larem ia fosse u m a doença de pacientes idosos; todavia, até 10 a 15% das crianças com m anifesta ções clínicas de tularem ia apresentam infiltrados parenquim atosos detectados em radiografias de tórax. O s pacientes com p n eu m o n ia apresentam habitualm ente tosse im produtiva e p o d em ter dispnéia ou d or torácica pleurítica. As radiografias de tórax revelam h a b i tualm ente infiltrados focais bilaterais (descritos com o densidades ovoides ou lobares), infiltrados p aren q u im a to so s lobares e lesões cavitárias. O s d erram es pleurais p o d e m exibir um pred o m ín io de leucócitos m ononucleares ou PM N e, algum as vezes, eritrócitos. Pode-se o bservar o desenvolvim ento de em piem a. As h em oculturas p o d em ser positivas para F. tularensis.
Tularemia tifoide N a atualidade, a apresentação tifoide da tu la rem ia é co n sid erad a ra ra nos EUA. A fonte de infecção n a tu larem ia tifoide está hab i tualm ente associada a inoculação faríngea e/o u g astrintestinal, ou a doença bacterêm ica. Em geral, ocorre febre n a ausência de lesões cutâneas aparentes ou de linfadenopatia. A lguns pacientes apresen tam linfadenopatias cervical e m esentérica. N a ausência de história de possível contato com um vetor, po d e ser extrem am ente difícil es tabelecer o diagnóstico. As hem o cu ltu ras p o d em ser positivas, e os pacientes podem apresentar sepse clássica ou choque séptico nessa form a sistêm ica aguda da infecção. A tularem ia tifoide é h ab itu al m ente associada a um inóculo e n o rm e ou afecção preexistente. É com um haver febre alta e contínua, sinais de sepse e intensa cefaleia. O paciente pode delirar bem com o apresentar prostração e choque. Se a antibioticoterapia presuntiva, nos casos com cultura negativa, não incluir um am inoglicosídio, a taxa de m o rtalid ad e estim ada é relativam ente alta.
Outras manifestações A infecção p or F. tularensis tem sido associada a m eningite, pericar dite, hepatite, peritonite, endocardite, osteom ielite, bem com o sepse e choque séptico com rabdom iólise e insuficiência renal aguda. Nos casos de m eningite p o r tularem ia, o exame do líquido cerebrospinal revela um a contagem m édia de leucócitos de 1 .7 8 8 / jjlL, um a respos ta predom inantem ente de células m ononucleares (70 a 100% ), nível dim inuído de glicose, concentração elevada de proteínas e coloração pelo m étodo de Gram -negativa.
■ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Q uando pacientes em áreas endêm icas apresentam febre, lesões cutâ neas ulcerativas crônicas bem com o linfonodos hipersensíveis e au m entados (Fig. 158.1), deve se estabelecer um diagnóstico presuntivo de tularem ia e efetuar testes diagnósticos confirm atórios assim como instituir o tratam ento apropriado. Q u ando se considera a possibili dade de tularem ia em área não endêm ica, deve-se ten tar identificar um contato com um anim al vetor potencial. O nível de suspeita deve ser particularm ente alto em caçadores, pessoas que preparam arm a dilhas para anim ais, guardas florestais, paisagistas, veterinários, téc nicos de laboratórios e indivíduos expostos a um inseto ou outro ani m al vetor. E ntretanto, até 40% dos pacientes com tularem ia não têm história conhecida de contato epidem iológico com um anim al vetor. A apresentação característica da tularem ia ulceroglangular não representa um problem a diagnóstico, porém a evolução m enos clás sica da linfadenopatia regional ou tularem ia glandular deve ser dife renciada de outras doenças (Q u a d ro 158.3). A lesão cutânea da tu larem ia pode assem elhar-se às observadas em várias outras doenças; todavia, geralm ente, é acom panhada de linfadenopatia regional mais pronunciada. Nas crianças, a diferenciação entre tularem ia e doença da a rra n h a d u ra do gato é dificultada pela lesão papulovesiculosa crônica associada à infecção p o r Bartonella henselae (Cap. 160). A tularem ia orofaríngea po d e assem elhar-se à faringite causada p or outras bactérias ou vírus, devendo ser diferenciada dela. A tulare m ia p ulm onar pode assem elhar-se a qualquer pneum onia atípica. A tularem ia tifoide e a m eningite p o r tularem ia podem assem elhar-se a um a variedade de outras infecções.
■ DIAGNÓSTICO LABORATORIAL O diagnóstico de tularem ia é m ais frequentem ente confirm ado pelo teste de aglutinação. As técnicas de m icroaglutinação e de aglutina ção em tubo são m ais com um ente utilizadas p ara detectar anticorpos contra F. tularensis. No teste padrão de aglutinação em tubo, a o b tenção de um único título de > 1:160 é interpretada com o resultado positivo presuntivo. Um a elevação de quatro vezes nos títulos entre am ostras pareadas de soro, coletadas em um intervalo de 2 a 3 sem a nas, é considerada diagnostica. São obtidas respostas sorológicas fal so negativas no início da infecção; até 30% dos pacientes infectados há 3 sem anas apresentam resultados negativos nos testes sorológicos. Nas fases tardias da infecção, é com um a obtenção de títulos na faixa de m ilhares, e títulos de 1:20 a 1:80 podem persistir p o r vários anos. Os ensaios de im unoadsorção ligados a enzim a provaram ser úteis para a detecção de anticorpos e antígenos. A cultura e o isolam ento da F. tularensis são difíceis. Em um es tudo, o m icrorganism o foi isolado em apenas 10% de m ais de 1.000 casos hum anos, dos quais 84% foram confirm ados p or sorologia. O m eio de escolha é o ágar-sangue com cisteína-glicose. A F. tularen sis pode ser isolada diretam ente de raspados das úlceras infectadas, am ostras de biópsia de linfonodos, lavado gástrico, escarro e h em o culturas. As colônias são de cor cinza-azulada, redondas, lisas e leve m ente m ucoides. Em m eios contendo sangue, a colônia é habitual m ente circundada por um a pequena zona de hem ólise a . Os testes de aglutinação em lâm ina ou os testes com anticorpo fluorescente direto com antissoros com ercialm ente disponíveis p o d em ser aplicados diretam ente a suspensões de cultura para identificação. A m aioria dos laboratórios clínicos não tenta efetuar a cu ltura de F. tularensis, devido à infectividade dos m icrorganism os nos m eios de cultura e ao conseqüente risco de infecção a d quirida em laboratório. Apesar
QUADR0158.3
Tularemia: diagnóstico diferencial por categoria de doença clínica Orofaríngea
Tifoide
Pneumonia
Faringite por estreptococos do grupo A
Febre tifoide Outras bacteremias por Salmonella
Pneumonia por Mycoplasma pneumoniae
Faringite por Arcanobacterium haemolyticum
Febre maculosa das Montanhas Rochosas
Pneumonia por Chlamydia pneumoniae
Tuberculose
Difteria
Erliquiose monocitotrópica humana
Psitacose
Sífilis
Mononucleose infecciosa
Antraz
Diversas infecções virais0
Anaplasmose granulocitotrópica humana
Pneumonia por Legionella pneumophila
Febre da mordedura do rato
Mononucleose infecciosa
Febre Q
Tifo rural
Brucelose
Histoplasmose
Peste
Toxoplasmose
Blastomicose
Linfogranuloma venéreo
Tuberculose
Coccidioidomicose
Doença da arranhadura do gato
Sarcoidose
Diversas infecções virais"
^ G la n d u la r Infecção bacteriana piogênica3 Infecção por micobactérias não tuberculosas Esporotricose
Neoplasia malignac sStaphyiococcus aureus, Streptococcus pyogenes. "Adenovírus, enterovírus, vírus da parainfluenza, vírus da influenza A e B, vírus sincicial respiratório. 'Neoplasias malignas hematológicas e reticuloendoteliais. “V írus da influenza A e B, vírus da parainfluenza, vírus sincicial respiratório, adenovírus, enterovírus, hantavírus.
de a tularem ia não ter um a transm issão interpessoal, o m icrorganis m o pode ser inalado das placas de cultura e infectar funcionários de laboratório. N a m aioria dos laboratórios clínicos, recom endam -se práticas de nível 2 de biossegurança para a m anipulação de am os tras clínicas que se acredita contenham a F. tularensis; entretanto, são necessárias condições de nível 3 de biossegurança para procedim en tos que produzem aerossóis ou gotículas durante a m anipulação de culturas contendo ou possivelm ente contendo esse m icrorganism o. Foram utilizados diversos m étodos de reação em cadeia da p o lim erase (PCR) para a detecção do DNA da F. tularensis em m uitas am ostras clínicas, porém principalm ente na doença ulceroglandular. A m aioria desses m étodos tem com o alvo os genes que codificam as proteínas da m em brana externa (p. e x.,fo p A ou tul4). Um a PCR para identificação da seqüência do rDN A 16S pode ser útil quando a inform ação clínica do paciente não leva o m édico a suspeitar de um diagnóstico de tularem ia.
TRATAMENTO
Doenças Infecciosas 1304
Tularemia
Apenas os am inoglicosídios, as tetraciclinas, o cloranfenicol e a rifam picina estão atualm ente aprovados pelo U.S. Food and D rug A dm inistration (FDA) para o tratam ento da tularem ia. A genta m icina é considerada o fárm aco de escolha para adultos e c ria n ças. A dose para adultos é de 5 m g/kg/dia em 2 doses fracionadas. A dose p ara crianças é de 2,5 m g/kg, 3 vezes/dia ou 5 m g/kg, 2 vezes/dia. Em geral, a terapia com gentam icina deve ser m antida durante 7 a 10 dias; entretanto, nos casos leves a m oderados de tularem ia, em que o paciente se torna afebril nas prim eiras 48 a 72 horas de tratam ento com gentam icina, um ciclo de 5 a 7 dias tem sido bem -sucedido. Q uando disponível, a estreptom icina ad m in istrad a p o r via intram uscular tam bém é efetiva. A dose para adultos é de 2 g/dia em 2 doses fracionadas. Para crianças, a dose é de 30 m g/kg/dia em 2 doses fracionadas (dose diária m áxim a de 2 g). Após a com provação de resposta clínica em 3 a 5 dias, a dose para crianças pode ser reduzida para 10 a 15 m g/kg/dia em 2 doses fraciona das. A duração total da terapia com estreptom icina para adultos e crianças é habitualm ente de 10 dias. Ao contrário da estreptom i cina e da gentam icina, a tobram icina é ineficaz no tratam ento da tularem ia e não deve ser usada. Com o a doxiciclina é bacteriostática contra F. tularensis, exis te um risco de recidiva se o paciente não for tratado p or um p e
ríodo suficientem ente longo. Por conseguinte, se for utilizada, a doxiciclina deve ser adm inistrada d urante pelo m enos 14 dias. A falta de disponibilidade de cloranfenicol lim ita a utilidade desse agente com o opção viável de tratam ento. As fluoroquinolonas especificam ente, o ciprofloxacino e o levofloxacino têm sido usadas com resultados satisfatórios no tratam en to de infecções causadas pela subespécie holarctica, que é encontrada m ais fre quentem ente na Europa. A falta de dados sobre a eficácia desses fárm acos contra subespécie tularensis lim ita o seu uso atual na Am érica do Norte. A F. tularensis não pode ser subm etida a um antibiogram a padronizado, visto que esse m icrorganism o não cresce nos meios empregados. Um a ampla variedade de antibióticos, incluindo to dos os antibióticos (3-lactâmicos e as cefalosporinas m ais novas, são ineficazes no tratam en to da tularem ia. Vários estudos in d i caram que as cefalosporinas de terceira geração são ativas contra a F. tularensis in vitro, porém os relatos de casos clínicos sugerem um a taxa de fracasso quase universal da ceftriaxona em pacientes pediátricos com tularem ia. E m bora os dados in vitro indiquem que o im ipenem possa ser ativo, o tratam ento com im ipenem , sulfanilam idas e m acrolídios não é atualm ente recom endado, devido à falta de dados clínicos disponíveis relevantes. Praticam ente todas as cepas de F. tularensis m ostram -se sen síveis à estreptom icina e à gentam icina. N os pacientes tratados com sucesso, a defervescência ocorre habitualm ente em 2 dias; todavia, as lesões cutâneas e os linfonodos p odem levar 1 a 2 se m anas para cicatrizar. Q uando o tratam ento não é instituído nos prim eiros dias da doença, a defervescência pode ser tardia. As re cidivas são incom uns em pacientes tratad o ax o rn estreptom icina ou gentam icina. E ntretanto, ocorre supuração tardia dos linfo nodos em cerca de 40% das crianças, independentem ente do tra tam ento instituído. Foi constatado que esses linfonodos contêm tecido necrótico estéril sem qualquer evidência de infecção ativa. Os pacientes com linfonodos flutuantes devem receber vários dias de antibioticoterapia antes da drenagem , a fim de m inim izar o ris co para a equipe hospitalar.
■ PROGNÓSTICO Se a tularem ia não for tratada, os sintom as têm habitualm ente d u ra ção de 1 a 4 sem anas, m as podem continuar p or vários meses. A taxa de m ortalidade por infecções graves n ão tratadas (incluindo todos os casos de tularem ia pu lm o n ar e tularem ia tifoide não tratadas) pode
alcançar 30%. Entretanto, a taxa de m ortalidade global para a tulare m ia não tratada é inferior a 8%. C om tratam ento apropriado, a taxa de m ortalidade é m enor que 1%. Resultados insatisfatórios estão fre quentem ente associados a um a dem ora prolongada no diagnóstico e na instituição do tratam ento. A tularem ia é habitualm ente seguida de im unidade perm anente.
■ PREVENÇÃO
Tularemia—Missouri, 2000-2007. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 58:744, 2009
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I k â h e im o I
A prevenção da tularem ia consiste em evitar a exposição a insetos picadores e hematófagos, especialm ente carrapatos e Chrysops discalis. Um a am pla diversidade de abordagens para o desenvolvim ento de vacina está sendo avaliada, porém nenhum a vacina contra a tulare m ia já está aprovada. A profilaxia para a tularem ia não se m ostrou efetiva em pacientes com carrapatos incrustados ou com picadas de insetos. Todavia, nos pacientes que foram expostos a grandes q u a n tidades de m icrorganism os (p. ex., no laboratório) e, que estão in cu bando a infecção p o r F. tularensis, o tratam ento precoce pode im pe dir o desenvolvim ento de doença clínica significativa.
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Ba r n s
CAPÍ TULO
159
Peste e Outras Infecções por Yersinia Michael B. Prentice PESTE
■ ETIOLOGIA O gênero Yersinia com preende bactérias G ram -negativas da família Enterobacteriaceae (proteobactérias gama). Provas taxonôm icas de cisivas, que apontam para cepas de Y. pestis com o um grupo clonal dentro da Y. pseudotuberculosis sugerem um a evolução recente a p ar tir deste últim o m icrorganism o - um patógeno entérico de m am í feros que se dissem ina p o r via fecal-oral e que, portanto, apresenta um fenótipo claram ente diferente daquele de Y. pestis. Q uando cresce in vivo ou a 37°C, a Y. pestis form a um a cápsula am orfa produzida a
p artir de uma proteína de fím bria específica de plasm ídio, o antígeno C af ou de fração 1 (F l), que é um m arcad o r im unodiagnóstico de infecção.
■ EPIDEMI0L0GIA Em geral, a peste h u m an a o co rre após u m su rto em u m a p o p u la ção de roedores hospedeiros (epizoótica). A m o rte em m assa entre os ro ed o res ho sp e d e iro s p rim á rio s faz as pulgas p ro c u ra re m n o vos h ospedeiros, com co n se q ü en te infecção in cid en tal de outros m am íferos. A causa precipitante de u m a epizootia po d e estar rela cionada, em últim a análise, com o clim a ou com outros fatores a m bientais. O reservatório p a ra que a Y. pestis cause peste enzoótica em focos endêm icos n aturais entre su rto s epizoóticos (isto é, q u a n do p o d e ser difícil d e te cta r o m ic ro rg an ism o em roedores ou em pulgas), é u m tópico de pesquisa c o n tín u a e p o d e n ão ser o m esm o em todas as regiões. O p a d rão e n zo ó tico /ep izo ó tico po d e resultar de com plexas interações dinâm icas en tre roedores hospedeiros que ap resentam diferentes su scetibilidades à peste e diferentes pulgas vetoras; com o alternativa, um reservatório am biental pode ser im portante.
■ CONSIDERAÇÕES GLOBAIS
Peste e Outras Infecções por Yersinia
A peste é um a zoonose sistêm ica causada p o r Yersinia pestis. Afeta p redom inantem ente pequenos roedores em áreas ru rais da África, Ásia e A m éricas e é habitualm ente tran sm itid a ao ser h u m an o por um artró p o d e vetor (a pulga). C om m enos frequência, a infecção ocorre após contato com tecidos anim ais ou gotículas respiratórias. A peste é um a doença febril aguda, passível de tratam ento com agen tes antim icrobianos, em bora a taxa de m ortalidade entre pacientes sem tratam en to seja alta. Os pacientes p o d e m apresentar a form a bubônica, septicêm ica ou p n e u m ô n ic a da doença. E m bora exista um a preocupação do público geral quanto a dissem inação epidêm i ca da peste p or via respiratória, esta não constitui a via habitual de transm issão da doença, e existem m edidas de controle da infecção estabelecidas para a peste respiratória. E ntretanto, os casos fatais associados à peste e a capacidade de infecção através do trato respi ratório fazem com que a Y. pestis preencha o perfil de u m agente p o tencial de bioterrorism o. Em conseqüência, foram tom adas m edidas para restringir o acesso ao m icrorganism o, incluindo um a legislação que controla os procedim entos diagnósticos e de pesquisa em alguns países (p. ex., EUA).
A et al: New approaches to diagnosis and therapy of tularemia. Ann NY Acad Sei 1105:378,2007
T à r v n ik
Em geral, as áreas enzoóticas de peste são regiões pouco povoadas da Ásia, da África e das A m éricas (Fig. 159.1). Entre 1989 e 2003, foram notificados 38.359 casos de peste à Organização M undial da Saúde (OMS) sob as International Health Regulations então vigentes, que exigiam das autoridades nacionais a notificação de todos os casos de peste em sua juridição e segundo a qual a peste era um a de apenas três doenças infecciosas a ser notifica da dessa m aneira. Mais de 80% desses casos encontravam -se na Á fri ca, e a porcentagem de todos os casos na África aum entou durante esse período; a m aioria dos casos foi relatado na África O cidental e na Ilha de Madagascar. Em 2007, a segunda edição das International H ealth Regulations passou a vigorar, passando a exigir a notificação de qualquer doença que pudesse ter grave im pacto na saúde pública ou que pudesse se dissem inar rapidam ente em âm bito internacio nal. Para a peste, esse critério d eterm ina o relato específico da peste pneum ônica ou de qualquer caso suspeito de peste em um a área não reconhecida com o endêm ica da peste. Surtos recentes de peste p n e u m ônica foram notificados em Uganda, na República D em ocrática do Congo, e na China.
•
1305
de doença septicêm ica prim ária e 5 (5%) foram de doença pneum ônica prim ária; 2 casos (2%) não foram classificados. Desse total, 11 casos ( 10%) foram fatais.
■ PATOGENIA
30
Doenças Infecciosas 1306
C o n fo rm e assin alad o anteriorm ente, evidên cias genéticas sugerem que a Y. pestis é um clo ne derivado do patóge no entérico Y. pseudotuberculosis no passado recente do processo evolu tivo (há 9.000 a 40.000 anos). A m u dança de um a infecção transm itida por via fecal-oral para um ciclo bio lógico em duas fases, com parasitisFocos silvestres prováveis Países que notificam casos de peste hum ana, 1970 a 2005 m o alternado de hospedeiros artróFigura 159.1 Distribuição global aproxim ada da Yersinia pestis. (Compilada da OMS, do CDC e de fontes de vários podes e m am íferos, ocorreu com a países. Reimpressa, com autorização, de DT Dennis, GL Campbell: Plague and other Yersinia infections, in Harrison Internai aquisição de dois plasm ídios - pFra Medicine, 17th ed, AS Fauci et al. (eds). New York, McGraw-HilI, Cap. 152,2008.) e pPst - jun tam en te com algum as adaptações das propriedades pree A peste foi introduzida na A m érica do N orte pelo Porto de São xistentes do seu ancestral Y. pseudotuberculosis, incluindo a presença Francisco, em 1900, com o parte da Terceira Pandem ia, que se p ro de um terceiro plasmídio, pYV. Na parte de seu ciclo biológico em que pagou pelo m undo a p a rtir de H ong Kong. Na atualidade, a doença a Y. pestis parasita artrópodes, o m icrorganism o m ultiplica-se e form a é enzoótica no oeste do continente, desde o Sudoeste do C anadá até agregados em bebidos em um biofilm e no intestino m édio da pulga o México. Nos EUA, a m aioria dos casos em seres hum anos ocorre após ingestão de um a refeição de sangue contendo bactérias. Em al em duas regiões: os “Q uatro C antos” (o po n to de junção do Novo gum as pulgas, as bactérias em bebidas no biofilm e acabam ocupando México, Arizona, Colorado e Utah), particularm ente N orte do Novo o pró-ventrículo (um a válvula que conecta o esôfago ao intestino m é M éxico, N orte do A rizona e Sul do C olorado; e m ais a Oeste na dio), bloqueando a ingestão norm al de sangue. As pulgas assim “blo C alifórnia, Sul do O regon e Oeste de N evada (http://www.cdc.gov/ queadas” m orrem dentro de poucos dias, porém , nesse intervalo, fa ncidod/dvbid/plague/epi.htm ). E ntre 1990 e 2005, foram notificados zem esforços persistentes para se alim entar, regurgitando o conteúdo 107 casos de peste nos EUA, com m ediana de sete casos p or ano. A do esôfago e inoculando a Y. pestis a cada picada. A capacidade da Y. m aioria ocorreu entre os meses de m aio e outubro - a época do ano pestis de colonizar a pulga e m ultiplicar-se nela exige a fosfolipase D em que as pessoas saem de casa e os roedores com suas pulgas são codificada pelo gene y m t no plasm ídio pFra, enquanto a síntese de m ais num erosos. A infecção é m ais frequentem ente adquirida pela biofilm e necessita do locus hm s crom ossôm ico com partilhado com picada de pulga em am bientes peridom ésticos. A infecção tam bém a Y. pseudotuberculosis. O bloqueio leva vários dias ou sem anas para pode ocorrer por interm édio do m anuseio de pequenos m am íferos se estabelecer após a infecção inicial da pulga e é seguido da m or vivos ou m ortos (p. ex., coelhos, lebres e m arm otas am ericanas) ou te do artrópode. H istoricam ente, acreditava-se que o bloqueio fosse carnívoros selvagens (p. ex., gatos silvestres, coiotes ou pum as). Os necessário para a transm issão eficiente, porém m uitas pulgas vetoras cães e os gatos podem levar pulgas infectadas p or peste para casa, e (incluindo X. cheopis) são, de fato, capazes de transm itir a peste num a os gatos infectados podem transm itir a doença diretam ente aos seres fase inicial não bloqueada ou sem bloqueio. hum anos p or via respiratória. O últim o caso notificado de transm is A Y. pestis dissem ina-se do local de inoculação no hospedeiro são interpessoal nos EUA ocorreu em 1925. m am ífero, em um processo inicialm ente dependente do ativador do A peste desenvolve-se m ais frequentem ente em regiões com con plasm inogênio Pia, que é codificado pelo p eq u en o plasm ídio pPst. dições sanitárias precárias e infestações de ratos - particularm ente o Essa protease de superfície ativa o plasm inogênio do m am ífero, d e rato com um de telhado, Rattus rattus e o rato m arrom , R. norvegicus grada o com plem ento e adere ao c om ponente da m atriz extracelu (que serve de m odelo laboratorial da peste). O controle dos ratos em lar, a lam inina. O Pia é essencial p ara a viru lên cia de alto nível da arm azéns e depósitos de m ercadorias foi reconhecido com o im p o r Y. pestis nos cam undongos n o s quais se in tro d u z u m inoculo p or tante na prevenção da dissem inação da peste desde o início do século injeção subcutânea ou in trad érm ica (substituto laboratorial das p i vinte e consta nas atuais International H ealth Regulations da OMS. cadas de pulgas) e p ara o d esenvolvim ento da peste p n eu m ô n ica Os roedores urbanos adquirem a infecção de roedores silvestres, e a prim ária. Q uando se utiliza u m a v erdadeira inoculação p o r picada proxim idade dos prim eiros com os seres h um anos aum enta o risco de pulga em m odelos de cam u n d o n g o s, a p ro teín a fo rm ad o ra da de transm issão. A pulga do rato oriental Xenopsylla cheopis constitui cápsula fim brial (C a l ou fração 1; antígeno-Fl-) codificada no pFra o vetor mais eficiente para transm issão da peste entre ratos e, adiante, aum enta a eficiência da transm issão, e o ativador do plasm inogênio para os seres h um anos na Ásia, na Á frica e na A m érica do Sul. é necessário para a form ação do bubão. C om o os sistem as antifaEm todo o m undo, a peste bubônica constitui a form a p redom i gocíticos da Y. pestis não estão to talm en te atuantes p o r ocasião da nante notificada (80 a 95% dos casos suspeitos), com taxas de m o rta inoculação no ho sp ed eiro m am ífero, o m icro rg an ism o é captado lidade de 10 a 20%. A taxa de m ortalidade é m aior (22%) na pequena p o r m acrófagos no local de inoculação e tran sp o rta d o até os linfo proporção de pacientes (10 a 20%) com peste septicêm ica prim ária nodos regionais. A pós a sua replicação intracelular, a Y. pestis m uda (isto é, sepse sistêm ica p or Y. pestis sem bubão; ver “M anifestações para um a replicação extracelular, com expressão total de seu siste Clínicas”, adiante) e apresenta-se m ais elevada na peste pneum ônica m a antifagocítico: o m ecanism o de secreção tipo III e seus efetores prim ária; nesta últim a, que é a m enos com um das principais form as codificados p o r pYV, bem com o a cápsula F l. A produção excessiva de peste, a taxa de m ortalidade aproxim a-se de 100% sem tratam ento do substrato de secreção tipo III e da p ro teín a de translocação LcrV antim icrobiano e é superior a 50% m esm o com tratam ento. Foram exerce um efeito anti-inflam atório, red u zin d o a resposta im une do relatados surtos raros de peste faríngea após o consum o de carne de hospedeiro. D e form a sem elhante, o lipopolissacarídio da Y. pestis é camelo ou de cabra crua ou inadequadam ente cozida. m odificado para m inim izar a estim ulação do receptor Toll-like 4 do Nos EUA, entre 1990 e 2005, 81 (76%) dos 107 casos de peste n o hospedeiro, reduzindo, assim , a resposta inflam atória pro teto ra do tificados consistiram em doença bubônica prim ária, 19 (18%) foram hospedeiro d urante a infecção periférica e prolongando a sobrevida
do hospedeiro com b acterem ia de alto grau - um efeito que p ro vavelm ente aum enta a transm issão subsequente do patógeno pela picada de pulga. A replicação da Y. pestis em um linfonodo regional resulta em edem a local do linfonodo e da região periglandular, conhecido com o bubão. Ao exame histológico, o linfonodo apresenta-se h em o rrág i co ou necrótico, com trom bose dos vasos sanguíneos e substituição das células linfoides e da arquitetura norm al p or grandes núm eros de bactérias e fibrina. Os tecidos periglandulares estão inflam ados e tam bém contêm grandes quantidades de bactérias em um exsudato gelatinoso sorossanguinolento. A dissem inação c ontínua através dos vasos linfáticos p ara lin fonodos contíguos p ro d u z bubões p rim á rio s de seg u n d a ordem . A infecção é inicialm ente c ontida nos linfo n o d o s regionais infec tados, em bora se possa detectar a o corrência de bacterem ia tr a n sitória. C om a progressão da infecção, a dissem inação através dos linfáticos eferentes para o dueto torácico pro d u z bacterem ia de alto grau. Segue-se a dissem inação hem atogênica p ara o baço, o fígado e bubões secundários, com septicem ia descontrolada subsequente, choque endotóxico e coagulação intravascular d issem inada levan do à m orte. Em alguns pacientes, essa fase septicêm ica ocorre sem desenvolvim ento an terio r evidente de bub ão ou doença p u lm o n a r (peste septicêm ica). A dissem inação hem atogênica para os pulm ões resulta em pneu m o n ia secundária da peste, inicialm ente com p re sença de bactérias m ais p roem inente no interstício do q ue nos espa ços aéreos (observa-se o inverso na pneu m o n ia p rim ária da peste). Pode o co rrer dissem inação h em atogênica p ara ou tro s órgãos, in cluindo as m eninges.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Peste bubônica
Paciente com peste no Sudoeste dos EUA, com um bubão axi lar esquerdo e uma úlcera incomum de peste e escara no local de picada pela pulga infectante. (Reimpressa, com autorização, de DT Dennis, GL Campbell: Plague and other Yersinia infections, in Harrison Internai Medicine, 17th ed, AS Fauci et al. (eds). New York, McGraw-HilI, Cap. 152,2008.)
detectável em algum estágio, com ou sem sinais sistêm icos de sepse. Entretanto, em experim entos laboratoriais, a doença septicêm ica sem alterações histológicas dos linfonodos é observada em um a m inoria de cam undongos infectados p or picadas de pulgas.
Peste pneumônica A peste pneum ônica p rim ária resulta da inalação de bactérias in fecciosas em gotículas expelidas p or o utra pessoa ou p or um anim al com pneu m o n ia p rim ária ou secu n d ária da peste. Essa síndrom e possui um curto p eríodo de incubação, em m édia de poucas horas a 2 a 3 dias (faixa de 1 a 7 dias) e caracteriza-se pelo início súbito de febre, cefaleia, m ialgia, fraqueza, náusea, vôm itos e tontura. Em ge ral, os sinais respiratórios - tosse, dispnéia, d or torácica e produção de escarro com hem optise - surgem depois de 24 h. Pode ocorrer progressão da pneum onite segm entar inicial para a pneum onia lobar e, em seguida, para o com prom etim ento bilateral dos pulm ões (Fig. 159.3). A possível liberação de Y. pestis aerossolizadas em um ataque de bioterrorism o, m anifestando-se com o surto de peste pneum ônica prim ária em regiões não endêm icas ou em um contexto u rbano onde a peste raram ente é observada, tem sido objeto de preocupação de saúde pública. A peste pneum ônica secundária é um a conseqüência da bacterem ia que ocorre em cerca de 10 a 15% dos pacientes com peste bubônica. São observados infiltrados alveolares bilaterais na ra diografia de tórax, e é típica a ocorrência de pneum onite intersticial difusa com produção escassa de escarro.
Meningite A peste m eníngea é incom um e ocorre em 6% ou m enos dos casos de peste notificados nos EUA. Em geral, a apresentação com cefaleia e febre ocorre dentro de m ais de 1 sem ana após o início da peste bubô nica ou septicêm ica e pode estar associada a um tratam ento antim i crobiano subótim o (tratam ento tardio, adm inistração de penicilina ou tratam ento com baixas doses de tetraciclina) e bubões cervicais ou axilares.
Peste e Outras Infecções por Yersinia
D epois de um p eríodo de incubação de 2 a 6 dias, o início da p e s te bubônica é súbito e caracteriza-se p o r febre (m ais de 38°C), m al estar, m ialgia, to n tu ra e d o r crescente, devido à linfadenite p rogres siva nos linfonodos regionais, próxim o ao local de picada da pulga ou outro local de inoculação. A linfadenite m anifesta-se com o ede m a hipersensível e d isten d id o (bubão) que, à palpação, apresenta u m a consistência edem atosa, com centro duro subjacente. Em geral, existe um bubão doloroso e eritem atoso com edem a periglanglion ar circundante. O b ubão é m ais com um ente inguinal, m as tam bém pode ser crural, axilar (Fig. 159.2), cervical ou subm axilar, d e p e n d en d o do local de picada. Pode o c o rre r d or abd o m in al devido ao com prom etim ento de linfonodos intra-ab d o m in ais, sem outros si nais visíveis. As crianças têm m ais ten d ên cia a apresentar bubões cervicais ou axilares. O diagnóstico diferencial inclui linfadenopatia focal aguda de outras etiologias, com o infecção estreptocócica ou estafilocócica, tu laremia, doença da arranhadura do gato, tifo do carrapato, m o n o n u cleose infecciosa ou filaríase linfática. Essas infecções não progridem tão rapidam ente, não são tão dolorosas e estão associadas a celulite visível ou linfangite ascendente - que estão ausentes na peste. Sem tratam ento, ocorre dissem inação da Y. pestis, que provoca doença grave, incluindo p n e u m o n ia (peste p n e u m ô n ic a se c u n d á ria) e m eningite. A peste p n e u m ô n ic a se c u n d ária p o d e co n stitu ir a fonte de transm issão interpessoal de infecção respiratória através de tosse pro d u tiv a (infecção p o r m eio de gotículas), com co n se qüente desenvolvim ento de p n e u m o n ia p rim á ria da peste. O tr a tam e n to ap ro p riad o da peste b u b ô n ica re su lta em resolução da febre d e n tro de 2 a 5 dias, p o ré m os b u b õ es p o d e m p e rm a n ec e r au m entados po r m ais de 1 sem ana após o tratam e n to inicial e p o dem to rn ar-se flutuantes.
Figura 159.2
Peste septicêmica primária Em um a m inoria de casos (10 a 25%) a infecção pela Y. pestis m anifesta-se na form a de septicem ia G ram -negativa (hipotensão, choque), sem linfadenopatia precedente. A peste septicêm ica ocorre em todos os grupos etários, porém os indivíduos com m ais de 40 anos de idade correm risco elevado. O term o peste septicêmica pode ser confuso, visto que a m aioria dos pacientes com bubões apresenta bacterem ia
Faringite A faringite da peste sintom ática po d e o c o rre r após o consum o de carne contam inada de um anim al que m o rreu de peste ou contato com pessoas ou anim ais com peste p neum ônica. A faringite da peste pode assem elhar-se à tonsilite, com abscesso peritonsilar e linfade nopatia cervical. Pode o correr tam bém um estado de p o rtad o r farín-
1307
Figura 159.3 Radiografias seqüenciais de tórax de um paciente com pneumonia primária da peste fatal. -4 esquerda: Incidência posteroanterior or tostática efetuada no serviço de emergência, no terceiro dia da doença, mostrando a consolidação segmentar do lobo superior direito. Centro: Radiografia anteroposterior realizada 8 horas após a internação, mostrando a extensão da pneumonia para os lobos médio e inferior direitos. À direita: Radiografia anteroposterior realizada 13 horas após a internação (quando o paciente apresentou síndrome de insuficiência
E nterobacteriaceae. As am ostras devem ser inoculadas em m eios ricos em nutrientes, com o agar sangue de carneiro (SBA), em cal do rico em nutriente, com o caldo de infusão de cérebro-coração e ■ DIAGNÓSTICO LABORATORIAL em agar seletivo, com o agar de M acC onkey e agar de eosina azul-de-m etileno (BEM). O agar CIN [cefsulodina, triclosana (Irgasan), Devido à escassez de recursos laboratoriais em regiões onde novobiocina] específico para Yersinia po d e ser útil para cultura de a infecção hum ana p or Y. pestis é m ais com um , e devido à am ostras contam inadas, com o o escarro. Deve-se efetuar um a h e relevância potencial do isolam ento da Y. pestis em um a área m ocu ltu ra em um sistem a padrão de hem ocultura. A tem peratura não endêm ica ou em um a região onde a peste h um ana estava ausente há m uitos anos, a OMS recom enda um diagnóstico presuntivo ideal ini para crescim ento é de m enos de 37°C (25 a 29°C), com apare cim ento de colônias m uito pequenas apenas em SBA dentro de 24 h. cial, seguido de confirm ação p o r u m laboratório de referência (Q ua O corre crescim ento m ais lento a 37°C. A Y. pestis é oxidase-negativa, d ro 159.1). N os EUA, foram im plem entados m eios diagnósticos catalase-positiva, ureia-negativa, indol-negativa e lactose-negativa. nacionais abrangentes para a peste desde o estabelecim ento de um a Os sistemas autom áticos de identificação bioquím ica podem identi L aboratory Response N etw ork federal (LRN; w ww.bt.cdc.gov/Irn/) ficar incorretam ente a Y. pestis com o Y. pseudotuberculosis ou outra em 1999, para detectar o possível uso de bioterrorism o, incluindo a espécie bacteriana. Y. pestis. Os laboratórios de m icrobiologia clínica para diagnóstico de Os testes realizados em laboratórios de referência para a identifi rotina que estão incluídos nessa rede com o laboratórios em nível de cação definitiva de isolados incluem a im unofluorescência direta para sentinela usam protocolos com uns dos C enters for Disease C ontrol o antígeno F l; reação em cadeia da p olim erase (PCR) específica para and Prevention (CDC) e da A m erican Society for M icrobiology para alvos com o o antígeno F l, o gene da pesticina e o gene do ativador identificar isolados suspeitos de Y. pestis e encam inhar essas am ostras do plasm inogênio; e lise po r bacteriófago específico. A PCR tam bém a laboratórios de referência da LRN para testes confirm atórios. A Y. pode ser usada em am ostras diagnósticas, assim com o a im unoflu pestis é designada com o “agente selecionado” na Public H ealth Secuorescência direta para o antígeno F l (produzido em grandes q uan rity e no B ioterrorism Preparedness and Response Act, em 2002; as tidades p o r Y. pestis) p or m icroscopia em lâm ina. Em Madagascar, cláusulas desse estatuto e do Patriot Act de 2001 aplicam -se a todos foi desenvolvido um teste im unocrom atográfico para a detecção do os laboratórios dos EUA e indivíduos que trabalham com a Y. pestis. antígeno Fl p or anticorpos m onoclonais em am ostras clínicas. Esse Os detalhes dos regulam entos estão disponíveis nos CDC. m étodo é efetivo tanto para uso laboratorial quanto para uso à cabe As espécies de Yersinia são cocobacilos G ram -negativos (basto ceira do paciente, porém ainda não está com ercialm ente disponível. netes curtos com extrem idades arredondadas) de 1 a 3 p m de com Vários outros kits diagnósticos rápidos p ara possíveis patógenos de prim ento e 0,5 a 0,8 p m de diâm etro. A Y. pestis, em particular, tem b ioterrorism o, incluindo Y. pestis, foram descritos nesses últim os aspecto bipolar (com aparência de “alfinete de segurança fechado”) e anos, porém n e nhum deles é am plam ente usado para identificação pleom órfico quando corada com um corante policrom ático (Wayson em laboratórios prim ários ou de referência. ou W right-G iem sa; Fig. 159.4). A ausência de m otilidade distingue Na ausência de outros testes laboratoriais diagnósticos positivos, a Y. pestis de outras espécies de Yersinia, que são m óveis a 25°C e p ode-se estabelecer um diagnóstico sorológico retrospectivo com imóveis a 37°C. O m eio de tran sp o rte (p. ex., m eio de Cary-Blair) base em títulos crescentes de anticorpo hem aglutinante contra o a n preserva a viabilidade da Y. pestis se houver d em ora no seu tra n s tígeno F l. D ispõe-se tam bém de ensaios im unoabsorventes ligados porte. As am ostras apropriadas para diagnóstico da peste bubônica, a enzim a (ELISA) para anticorpos IgG e IgM contra o antígeno F l. pneum ônica e septicêm ica consistem em aspirado de bubão, líquido Em geral, a contagem de leucócitos está elevada (10.000 a do lavado broncoalveolar ou escarro e sangue, respectivam ente. A 20.000/pL) na peste, com leucocitose neutrofílica e desvio para a es cultura de am ostras de biópsia de órgão post-m ortem tam bém pode querda (presença de num erosos neutrófilos im aturos); todavia, em ser diagnóstica. O btém -se um aspirado de bubão pela injeção de 1 alguns casos, a contagem de leucócitos está norm al, ou ocorre leuco mL de soro fisiológico estéril em um bubão sob anestesia local e as penia. Em certas ocasiões, as contagens de leucócitos estão m uito ele piração de um a pequena quantidade de líquido (habitualm ente tingi vadas, particularm ente em crianças (m ais de 100.000/pL). Os níveis do de sangue). A coloração dessas am ostras pelo G ram pode revelar de produtos de degradação do fibrinogênio estão elevados na m aioria bastonetes Gram -negativos, que aparecem bipolares na coloração de dos pacientes, porém as contagens de plaquetas estão habitualm ente W ayson ou W right-G iem sa. Essas bactérias p o d em ser até m esm o norm ais ou baixas-norm ais. E ntretanto, em um a m inoria significati visíveis em esfregaços sanguíneos diretos na peste septicêm ica (Fig. va de pacientes, ocorre coagulação intravascular dissem inada, com 159.4); esse achado indica a presença de quantidades m uito elevadas baixas contagens de plaquetas, prolongam ento do tem po de p rotrom de bactérias circulantes e prognóstico som brio. bina, nível reduzido de fibrinogênio e níveis elevados de produtos de A Y. pestis cresce em agar n u triente e em outros m eios de cul degradação do fibrinogênio. tu ra convencionais, porém form a colônias m enores do que outras geo assintom ático da Y. pestis em contatos íntim os de pacientes com peste pneum ônica.
•
Doenças Infecciosas 1308
respiratória do adulto clínica), mostrando a infiltração difusa por todo o pulmão di reito e infiltração circunscrita do lobo inferior esquerdo. Posteriormente, houve for mação de uma cavidade no local da consolidação inicial do lobo superior direito. (.Reimpressa, com autorização, de DT Dennis, GL Campbell: Plague and other Yersinia infections, in Harrison Internai Medicine, 17th ed, AS Fauci et al. (eds). New York, McGraw-HilI, Cap. 152,2008.)
r
QUADRO 159.1 Definições de casos de peste de acordo com a Organização Mundial da Saúde Caso suspeito
Apresentação clínica compatível e características epidemiológicas consistentes, como exposição a animais ou seres humanos infectados e/ ou evidências de picadas de pulgas e/ou residência ou viagem para um foco endêmico conhecido nos 10 dias precedentes
Caso presuntivo
Preenchendo a definição de um casos suspeito mais
Foco novo ou reemergente suposto: > 2 dos seguintes testes positivos • Microscopia: cocobacilos Gram-negativos em material de bubão, amostra de sangue ou escarro; aspecto bipolar na coloração de Wayson ou de Wright-Giemsa • Detecção do antígeno F1 no aspirado de bubão, amostra de sangue ou escarro • Uma única sorologia anti-FI sem qualquer evidência de infecção por Y. pestis prévia ou imunização • Detecção da Y. pestis por PCR no aspirado de bubão, amostra de sangue ou de escarro
Figura 159.4 Esfregaço de sangue periférico de um paciente com septicemia fatal da peste e choque, mostrando os bacilos de Yersinia pestis com coloração bipolar característica (coloração de Wright, imersão em óleo). (Reimpressa, com autorização, de DT Dennis, GL Campbell: Plague and other Yersinia infections, in Harrison Internai Medicine, 17th ed, /4S Fauci et al. (eds). New York, McGraw-HilI, Cap. 152,2008.)
Focos endêmicos conhecidos: > 1 dos seguintes testes positivos • Evidência microscópica de cocobacilos Gram-negativos ou bipolares (Wayson, Wright-Giemsa) de bubão, amostra de sangue ou de escarro
QUADRO 159.2
• Uma única sorologia anti-F1 sem qualquer evidência de infecção prévia ou imunização contra a peste
Fármaco
• Detecção do antígeno F1 no aspirado de bubão, amostra de sangue ou de escarro • Detecção da Y. pestis por PCR em aspirado de bubão, amostra de sangue ou de escarro
Caso confirmado
Dose diária
intervalo, h
Via de administração
Gentamicina Adulto
24
IM/IV
8 (dose de ataque de 2 mg/ kg, seguida de 1,7 mg/kg 3x/dia; a seguir, 1 mg/kg 3x/dia tão logo haja indicação clínica
IM/IV
5 mg/kga
24
IM/IV
7-5 mg/kg
8 (2,5 mg/kg 3x/ dia)
IM/IV
mais:
Criança
ou • Elevação de quatro vezes nos títulos de anticorpo anti-F1 em amostras pareadas de soro
Estreptomicina
ou
Adulto
2g
12
IM
• Em áreas endêmicas, quando não se pode efetuar outro teste confirmatório, obtenção de um teste diagnóstico rápido positivo com imunocromatografia para detecção do antígeno F1
Criança
30 mg/kg
12
IM
Adulto
200 mg
12 ou 24
V0/IV
Criança > 8 anos
4,4 mg/kg
12 ou 24
V0/IV
Fonte: Interregional Meeting on Prevention and Control of Plague, Antananarivo, Madagascar, 7-11 April 2006 (www. who.int/entity/csr/resources/publications/WHO_HSE_EPR_2008_3W.ppdf).
Peste
As diretrizes para o tratam ento da peste são fornecidas no Q uadro 159.2. Recom enda-se um ciclo de 10 dias de tratam ento antim i crobiano. Historicam ente, a estreptom icina tem sido o tratam ento de escolha parenteral para a peste e está aprovada para essa indica ção pelo U.S. Food and D rug A dm inistration (FDA). Em bora ain da não tenha sido aprovada pelo FDA para o tratam ento da peste, a gentam icina dem onstrou ser segura e efetiva em ensaios clínicos na Tanzânia e M adagascar e em casos retrospectivos nos EUA. Tendo em vista o perfil de reações adversas da estreptom icina e a
Doxiciclina
Tetraciclina Adulto
2g
6
VO/IV
Criança > 8 anos
25 a 50 mg/kg
6
V0/IV
Cloranfenicol Adulto
50 mg/kg
6
V0/IV
Criança > 1 ano
50 mg/kg
6
V0/IV
Peste e Outras Infecções por Yersinia
5 mg/kga 3 a 5 mg/kg
Preenchendo a definição de um caso suspeito • Identificação de isolado de uma amostra clínica como Y. pestis (morfologia das colônias e 2 dos 4 seguintes testes positivos: lise das culturas por fagos a 20 a 25°C e a 37°C; detecção do antígeno F1; PCR; perfil bioquímico da Y. pestis)
TRATAMENTO
Diretrizes para o tratamento da peste
aA dose deve ser ajustada nos casos de redução da função renal. Não existem dados de estudos clínicos publicados para a gentamicina uma vez ao dia como tratamento para a peste em adultos ou crianças; todavia, esse esquema é eficaz na sepse de outras etiologias Gram-negativas e foi bem sucedido em um surto recente de peste pneumônica na República Democrática do Congo. Os recém-nascidos com até 1 semana de idade e os prematuros devem receber 2,5 mg/kg IV 2x/dia. Fonte: Inglesby et al., 2000.
1309
sua disponibilidade lim itada, alguns especialistas atualm ente re com endam a gentam icina em lugar da estreptom icina. De m odo sem elhante, em bora o tratam ento sistêm ico com cloranfenicol esteja disponível nos países com recursos escassos prim ariam ente afetados pela peste, tem m enos tendência a estar disponível ou ser usada nos países de alto nível socioeconôm ico, em virtude de seu perfil de efeitos adversos. As tetraciclinas tam bém são eficazes e podem ser adm inistradas p or via oral, porém não são recom enda das para crianças com m enos de 7 anos de idade, devido à pigm en tação dos dentes. A doxiciclina constitui a tetraciclina de escolha; em um a dose oral de 100 m g duas vezes ao dia, esse fárm aco mostrou-se tão efetivo quanto a gentam icina intram uscular (2,5 m g/kg 2x/dia) em um ensaio clínico realizado na Tanzânia. E m bora a Y. pestis seja sensível a agentes P-lactâm icos in vi tro, e esses fárm acos tenham sido eficazes contra a peste em al guns m odelos anim ais, a resposta às penicilinas têm sido insatis fatória em alguns casos clínicos; p or esse m otivo, os 3 -lactâm icos e os m acrolídios geralm ente não são recom endados com o terapia de prim eira linha. O cloranfenicol, isoladam ente ou em associa ção, é recom endado para algum as complicações focais da peste (p. ex., m eningite, endoftalm ite, m iocardite), em virtude de suas p ro priedades de penetração nos tecidos. As fluoroquinolonas, que se m ostraram efetivas in vitro e em m odelos anim ais, são recom en dadas nas diretrizes para a possível ocorrência de peste p n e u m ô nica associada a bioterrorism o e estão sendo cada vez m ais usadas no tratam ento, em bora os únicos dados disponíveis de eficácia em seres hum anos até hoje sejam de um relato de caso. E studos em anim ais e in vitro sugerem que as fluoroquinolonas, em doses usa das para a sepse sistêm ica p or m icrorganism os G ram -negativos, devem ser efetivas com o tratam ento para a peste: p or exemplo, ciprofloxacino (400 m g 2x/dia IV, 500 m g 2x/dia p o r VO), levo floxacino (500 m g/dia IV ou p or VO), ofloxacino (400 m g duas vezes/dia IV ou p or via oral) ou m oxifloxacino (400 m g/dia IV ou p or VO).
■ PREVENÇÃO
Doenças Infecciosas 1310
Nas áreas endêm icas, o controle da peste em seres h u m a nos baseia-se na redução da probabilidade de picadas por pulgas infectadas ou exposição a gotículas infectadas de seres hum anos ou anim ais com p n eu m o n ia da peste. N os EUA, a residência ou a atividade ao ar livre em áreas rurais dos estados do oeste onde ocorre peste epizoótica, constituem os principais fatores de risco de infecção. Para avaliar os riscos potenciais em seres h u m a nos que habitam áreas específicas, a vigilância para a infecção p or Y. pestis entre anim ais hospedeiros e vetores é realizada de m odo regu lar, bem com o em resposta a m ortes de anim ais. As m edidas proteto ras pessoais incluem evitar áreas onde foi identificada e divulgada a ocorrência de peste epizoótica (p. ex., sinais de alerta ou fecham ento de áreas de acam pam ento). Os anim ais doentes ou m ortos não d e vem ser m anipulados pelo público geral. Os caçadores e zoologistas devem usar luvas quando m anipulam carcaças de anim ais silvestres em áreas endêm icas. As m edidas gerais para evitar picadas de pulgas de roedores durante atividades ao ar livre são apropriadas e incluem o uso de repelentes para insetos, inseticidas e roupas protetoras. As m edidas gerais para reduzir o contato h u m an o peridom éstico ou ocupacional com roedores são recom endadas e incluem construções e depósitos para lixo alim entar à prova de roedores e rem oção de seus habitats potenciais (p. ex., pilhas de lenha e m ontes de lixo). O controle das pulgas m ediante tratam ento dos roedores silvestres com inseticida é um m eio efetivo de m inim izar o contato h um ano com a peste se for identificado um surto epizoótico em um a área próxim a a habitações hum anas. Q ualquer tentativa de reduzir o núm ero de roedores deve ser precedida de supressão das pulgas para dim inuir a m igração das pulgas infectadas para hospedeiros hum anos. Os pacientes com suspeita de peste pneum ônica devem ser iso lados, com precauções contra gotículas até que a p n e u m o n ia seja excluída ou até a adm inistração de tratam en to antim icrobiano efe tivo p o r 48 horas. A revisão da literatura publicada antes do advento
QUADR0159.3
Diretrizes para a profilaxia da peste Dose diária
Intervalo, h
Via de Administração
Adulto
200 mg
12 ou 24
VO
Criança > 8 anos
Se o peso for > 45 kg. administrar a dose do adulto; se for < 55 kg, administrar 2,2 mg/ kg V0 2x/dia (máximo, 200 mg/dia)
12
VO
Fármaco Doxiciclina
Tetraciclina Adulto
1a2g
6 ou 12
VO
Criança > 8 anos
25 a 50 mg/kg
6 ou 12
VO
19 40 mg/kg
12
VO
12
VO
Ciprofloxacino Adulto Criança
Sulfametoxazol-trimetoprima Adulto
320 mga
12
VO
Criança > 2 meses
8 mg/kg3
12
VO
^Componente trimetoprima.
Fonte: Dl Dennis, GL Campbell: Plague and other Yersinia infections, in Harrison Internai Medici ne, 17th ed, AS Fauci et al. (eds). New York, McGraw-HilI, Cap. 152,2008.
dos agentes antim icrobianos sugere que o principal risco infeccio so é representado p or pacientes nos estágios finais da doença, que expectoram escarro com quantidade ab undante de sangue e/ou pus visíveis. As m áscaras de algodão e gaze d em onstraram ser p ro teto ras nessas circunstâncias. As m áscaras cirúrgicas atuais, capazes de p roporcionar um a proteção de b arreira contra gotículas, incluindo grandes partículas respiratórias, são consideradas protetoras; não há necessidade de respirador de partículas (p. ex., N95 ou m aior).
Profilaxia antimicrobiana A profilaxia antim icrobiana pós-exposição, com duração de 7 dias, é recom endada após contato dom iciliar, hospitalar ou outro contato íntim o com indivíduos que apresentam peste pneum ônica não tra tada. (O contato íntimo é definido com o o contato com um paciente a um a distância de < 2 m.) A doxiciclina é provavelm ente a p rim eira escolha para profilaxia (Q u ad ro 159.3).
Imunização Estudos de possíveis vacinas co n tra a peste em m odelos anim ais m ostram que os anticorpos neutralizantes fornecem proteção contra a exposição, m as que a im unidade celular é fundam ental para a p ro teção e a elim inação da Y. pestis do hospedeiro. Um a vacina de células integrais m ortas usada em seres hu m an o s exigia a adm inistração de m últiplas doses, causava reações locais e sistêm icas significativas e não era protetora contra a peste pneum ônica; essa vacina não está atualm ente disponível nos EUA. U m a vacina viva atenuada, baseada na cepa EV76, continua sendo utilizada em países da antiga União Soviética, porém apresenta efeitos colaterais significativos. As pes quisas até o m om ento têm sido concentradas, em sua m aioria, em um a vacina de subunidade de proteínas F l (rF l) e V (rV ) recom binantes produzidas em Escherichia coli, com binadas com o proteína de fusão ou com o m istura, purificada e adsorvida ao hidróxido de alum ínio para injeção. Essa com binação protege os cam undongos contra a peste tanto bubônica quanto pneum ônica e foi avaliada em ensaios clínicos de fase 2. São planejados ensaios clínicos de fase 3, porém considerações éticas especiais com estudos clínicos controla dos envolvendo a peste em seres h u m an o s fazem com que os estu dos de eficácia em cam po não sejam exeqüíveis. Nos EUA, o FDA está p o rtanto p reparado p ara avaliar essa vacina para uso hum ano de
acordo com a Anim al Rule, usando dados de eficácia e outros resul tados de estudos em anim ais (www.fda.gov/BiologicsBloodVacciines/ ScienceResearch/BiologicsResearchAreas/ucml27288.htm). Os futuros avanços poderão incluir vacinas não invasivas (com adm inistração intranasal ou inalação de pó seco incorporando esses antígenos, bem com o outros antígenos) e liberação de proteínas m icroencapsuladas na m ucosa. O utros antígenos que poderiam ser acrescentados a esse tipo de vacina de subunidade estão sendo investigados. Os m otivos que im pulsionam a exploração desses antígenos incluem ( 1) o iso lam ento de cepas de Y. pestis FI negativas de fontes naturais, e (2) a observação de que o antígeno FI não é necessário para a virulência em m odelos prim atas de peste pneum ônica.
YERSINIOSE A Yersiniose é um a infecção zoonótica p ò r um a espécie enteropatogênica de Yersinia, habitualm ente Y. enterocolitica ou Y. pseudotuber culosis. Os hospedeiros habituais desses m icrorganism os consistem em suínos e outros anim ais silvestres e dom ésticos; os seres hum anos são habitualm ente infectados p o r via oral, e ocorrem surtos devido a alim entos contam inados. A Yersiniose é m ais com um na infância e em clim as mais frios. Os pacientes apresentam d or abdom inal e, algum as vezes, diarréia (que pode não ocorrer em até 50% dos casos). A Y. enterocolitica está m ais fortem ente associada a ileíte term inal, enquanto a Y. pseudotuberculosis está m ais associada a adenite m e sentérica, em bora am bos os m icrorganism os possam causar adenite m esentérica e sintom as de dor e hipersensibilidade abdom inais, que resultam em pseudoapendicite, com rem oção cirúrgica de um ap ên dice norm al. O diagnóstico baseia-se na cultura do m icrorganism o ou na sorologia da fase convalescente. A Y. pseudotuberculosis e al gum as cepas mais raras de Y. enterocolitica tendem particularm ente a causar infecção sistêmica, que tam bém é m ais provável em pacientes com diabetes ou com sobrecarga de ferro. A sepse sistêm ica é passí vel de tratam ento com agentes antim icrobianos, porém a artropatia pós-infecciosa responde de m odo insatisfatório a esse tratam ento. Na atualidade, são reconhecidas dez outras espécies de Yersinia, porém todas elas carecem do plasm ídio de virulência pYV com um a Y. pes tis, Y. pseudotuberculosis e Y. enterocolitica e, em geral, são considera das, no m áxim o, com o patógenos oportunistas dos seres hum anos (Y. aldovae, Y. bercovieri, Y. frederiksenii, Y. intermédia, Y. kristensenii, Y. massiliensis, Y. mollaretii, Y. rohdei, Y. similis e Y. ruckeri).
■ EPIDEMI0L0GIA
Y enterocolitica
Y. pseudotuberculosis A Y. pseudotuberculosis é m enos frequentem ente relatada como causa de doença hum ana do que a Y. enterocolitica, e a infecção causada pela Y. pseudotuberculosis tem m ais tendência a se m anifestar na form a de febre e dor abdom inal, devido à linfadenite m esentérica. Esse m i crorganism o está associado a m am íferos silvestres (roedores, coelhos e cervos), aves e porcos dom ésticos. As cepas são diferenciadas por reações bioquím icas com binadas (biovares) e sorogrupos. Em bora os surtos sejam geralm ente raros, vários ocorreram recentem ente na Finlândia e foram associados ao consum o de alface e cenouras cruas.
■ PATOGENIA A via habitual de infecção é oral. E studos realizados com Y. entero colitica e Y. pseudotuberculosis em m odelos anim ais sugerem que a replicação inicial desses m icrorganism os no intestino delgado é se guida de invasão das placas de Peyer do íleo distai por m eio das célu las M, com dissem inação para os linfonodos m esentéricos. O fígado e o baço tam bém podem ser acom etidos após infecção oral. O aspecto histológico característico da Yersinia enteropatogênica após invasão do tecido do hospedeiro consiste em m icroabscessos extracelulares circundados p or um a lesão granulom atosa epitelioide. Os experim entos envolvendo a infecção oral de cam undongos com Y. enterocolitica m arcada m ostram que apenas um a proporção m uito pequena de bactérias no intestino invade os tecidos. Os clones bacterianos individuais de um a m istura inoculada por via oral dão ori gem a microabscessos em um a placa de Peyer, e o hospedeiro restringe a invasão das placas de Peyer anteriorm ente infectadas. Um m odelo prévio que postulava a dissem inação progressiva das bactérias das pla cas de Peyer e dos linfonodos m esentéricos para o fígado e o baço pa rece ser inexato: a dissem inação de clones de Y. pseudotuberculosis in dividualm ente m arcados para o fígado e o baço de cam undongos ocorre independentem ente da colonização dos linfonodos regionais, bem como em cam undongos que carecem de placas de Peyer. A invasão requer a expressão de várias adesinas não relacionadas com as fím brias, com o a invasina (Inv) e em Y. pseudotuberculosis - adesina de Yersinia A (YadA). A Inv interage diretam ente com integrinas (31, que são expressas na superfície apical das células M, m as não dos enterócitos. A YadA da Y. pseudotuberculosis interage com proteínas da m atriz extracelular, com o o colágeno e a fibronectina, facilitando a associação à integrina e invasão das células do hospedeiro. A YadA da Y. enterocolitica carece de um a região N -term inal crucial e liga-se ao colágeno e à lam inina, m as não à fibronectina e não produz invasão. A Inv é codificada por crom ossom os, enquanto a YadA é codificada no plasm ídio de virulência pYV. A YadA ajuda a conferir resistên cia sérica p or m eio de sua ligação a reguladores do com plem ento do hospedeiro, com o fator H e p roteína de ligação de C4. O utro gene crom ossôm ico, ail (locus de fixação e invasão), codifica a proteína extracelular Ail, que tam bém confere resistência sérica p o r m eio de ligação a esses reguladores do com plem ento. C om a sua ligação à superfície das células do hospedeiro, a YadA possibilita a m arcação das células efetoras im unes com o alvos pelo sistem a de secreção tipo III codificado pelo plasm ídio pYV (injectissom a). Em conseqüência, ocorre alteração da resposta im une inata do hospedeiro; toxinas (proteínas externas de Yersinia ou Yop) são
Peste e Outras Infecções por Yersinia
A Y. enterocolitica possui distribuição m undial e tem sido isolada de um a am pla variedade de anim ais silvestres e dom ésticos e am ostras am bientais, incluindo am ostras de alim ento e água. As cepas são diferenciadas por reações bioquím icas com binadas (biovar) e so ro grupos. As infecções clínicas estão associadas, em sua m aioria, aos sorogrupos 0 :3 , 0 :9 e 0:5,27, com um a redução do núm ero de in fecções p o r 0 :8 na A m érica do N orte. A yersiniose, principalm ente causada p or Y. enterocolitica, constitui a terceira zoonose m ais co m um relatada na Europa; a m aior parte provém da Europa Setentrio nal, p articularm ente A lem anha e Escandinávia. A incidência é m aior entre crianças; as crianças com m enos de 4 anos de idade tem mais tendência a apresentar diarréia do que as crianças de m ais idade. A dor abdom inal com adenite m esentérica e ileíte term inal é mais p ro em inente entre crianças de m ais idade e adultos. A septicem ia tem mais tendência a ocorrer em pacientes com condições preexistentes, com o diabetes melito, doença hepática, qualquer distúrbio envolven do um a sobrecarga de ferro (incluindo talassem ia e hem ocrom atose), idade avançada, neoplasia m aligna ou H IV /A ids. C om o na enterite de outras etiologias bacterianas, as com plicações pós-infecciosas, com o artrite reativa, são observadas principalm ente em indivíduos positivos para HLA-B27. O eritem a n o doso (Fig. e-7.40) após a in fecção p or Yersinia não está associado a HLA-B27 e é m ais com um nas m ulheres do que nos hom ens. O consum o ou o preparo de produtos com carne de porco crua (p. ex., tripas de porco) e alguns produtos com carne de porco p ro cessada estão fortem ente associados à infecção, visto que um a ele
vada porcentagem de porcos apresentam cepas patogênicas de Y. enterocolitica. Surtos de infecção p o r Y. enterocolitica têm sido asso ciados ao consum o de leite (pasteurizado, não pasteurizado e com chocolate) e de vários alim entos contam inados com água. H á sus peita de transm issão interpessoal em alguns casos (p. ex., em surtos hospitalares e fam iliares), porém isso tem m enos probabilidade de ocorrer com a Y. enterocolitica do que com outras causas de infecção gastrintestinal, com o Salmonella. U m a análise m ultivariada indica que o contato com anim ais de estim ação constitui um fator de risco para a infecção p or Y. enterocolitica entre crianças na Suécia, e foi relatada um a colonização de baixo nível de cães e gatos p or Y. ente rocolitica. A septicem ia p or Y. enterocolitica associada à transfusão, em bora reconhecida com o evento raro, porém frequentem ente fatal, p or quase 30 anos, tem sido difícil de erradicar.
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injetadas nos m acrófagos, neutrófilos e células dendríticas do h o s pedeiro, afetando as vias de transdução de sinais, com conseqüente redução da fagocitose e inibição da produção de espécies de oxigênio reativo pelos neutrófilos e deflagração da apoptose dos macrófagos. O utros fatores funcionais na doença invasiva incluem a yersiniabactin a (Ybt), um sideróforo produzido p o r algum as cepas de Y. pseu dotuberculosis e Y. enterocolitica, bem com o p o r outras E nterobac teriaceae. A yersiniabactina faz as bactérias terem acesso ao ferro da lactoferrina saturada d urante a infecção e reduz a produção de espécies de oxigênio reativo pelas células efetoras im unes inatas, d i m inuindo, assim, a destruição das bactérias.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A diarréia autolim itada constitui a m anifestação m ais com um relata da na infecção p o r Y. enterocolitica patogênica, particularm ente em crianças com m enos de 4 anos de idade, que form am o único grupo m aior na m aioria das séries de casos. Pode-se detectar a presença de sangue nas fezes diarreicas. As crianças de m ais idade e os adultos têm m ais tendência do que as crianças pequenas a apresentar dor ab dom inal, que pode se localizar na fossa ilíaca direita - um local que frequentem ente leva à laparotom ia devido à suspeita de apendicite (pseudoapendicite). A apendicectom ia não está indicada para a in fecção p or Yersinia que causa pseudoapendicite. O espessam ento do íleo term inal e do ceco é observado na endoscopia e ultrassonografia, com lesões arredondadas ou ovais elevadas que podem se localizar sobre as placas de Peyer. Os linfonodos m esentéricos estão aum en tados. São observadas ulcerações da m ucosa na endoscopia. As com plicações gastrintestinais consistem em apendicite granulom atosa, um a condição inflam atória crônica que acom ete o apêndice e que é responsável p or 2% ou m enos dos casos de apendicite; a Yersinia está envolvida em um a m inoria de casos. A infecção p or Y. enterocolitica pode m anifestar-se com o faringite aguda, com ou sem outros sinto m as gastrintestinais. Foi relatada a ocorrência de faringite fatal p or Y. enterocolitica. A bacterem ia p or Y. enterocolitica po d e ser seguida de aneurism a m icótico, bem com o de infecção focal (abscesso) em m uitos outros locais e com partim entos do corpo (fígado, baço, rim , osso, m eninges, endocárdio). Em todos os grupos etários, a Y. pseudotuberculosis tem m ais tendência a m anifestar-se com o dor abdom inal e febre do que com o diarréia. Um a toxina superantigênica - o m itógeno de Y. pseudo tuberculosis (YPM) - é p roduzida p o r cepas observadas na Rússia O rien tal em associação a u m a febre sem elhante a escarlatina do E xtrem o O riente, um a doença infantil com exantem a descam ativo, artralgia e choque tóxico. Um a doença sem elhante é identificada no Japão (febre de Izum i) e na Coreia. Foram observadas sem elhanças com a doença de Kawasaki, a vasculite sistêm ica aguda idiopática da infância. Existe um a ligação epidem iológica entre a exposição de populações à Y. pseudotuberculosis com superantígeno positivo e a incidência elevada de doença de Kawasaki. A septicem ia por Y. enterocolitica ou Y. pseudotuberculosis m an i festa-se com o doença grave com febre e leucocitose, frequentem ente sem m anifestações localizadas, e está significativam ente associada a condições predisponentes, com o diabetes m elito, doença hepática e sobrecarga de ferro. A hem ocrom atose com bina vários desses fa tores de risco. A adm inistração de quelantes do ferro, com o a desferroxam ina, que fornecem ferro acessível a Yersinia (e que exercem um efeito inibitório sobre a função dos neutrófilos), po d e resultar em septicem ia p or Yersinia em pacientes com sobrecarga de ferro, que presum ivelm ente apresentam infecção gastrintestinal leve nos dem ais aspectos. H IV /A ids tem sido associado à septicem ia p o r Y. pseudotuberculosis. O fenôm eno incom um de septicem ia associada à transfusão está ligado à capacidade de m ultiplicação da Y. enteroco litica na tem peratura do refrigerador (m icrorganism o psicrotrófico). Em geral, a unidade de transfusão tem sido arm azenada p o r m ais de 20 dias, e acredita-se que pequenas quantidades de yersínias de um doador aparentem ente sadio com bacterem ia subclínica são am plifi cadas, alcançando quantidades m uito altas p o r crescim ento dentro da bolsa a 4°C ou m enos, com conseqüente choque séptico após a transfusão. A inda não foi desenvolvido u m m étodo para a prevenção desse evento m uito raro (isto é, faixa de 1 caso em 500.000 a vários
m ilhões de unidades transfundidas em países com o os EUA e a F ran ça) sem restrição inaceitável do suprim ento de sangue.
■ FENÔMENOS PÓS-INFECCI0S0S C om o em outras infecções intestinais invasivas (salm onelose, shi gelose), ocorre artrite reativa (a rtrite a rticu lar de m últiplas a rticu lações, que se desenvolve d e n tro de 2 a 4 sem anas após infecção precedente) em conseqüência da atividade autoim une desen cade ada pelo depósito de com ponentes bacterianos (e não de bactérias viáveis) nas articulações, em associação à resposta im une contra as bactérias invasoras. Os indivíduos acom etidos com a rtrite reativa devido a Yersinia são, em sua m aioria, positivos para HLA-B27. Na a rtrite reativa associada a Yersinia, p o d e o c o rre r m iocardite, com a norm alidades do segm ento ST no eletrocardiogram a. A m aioria dos casos associados a Yersinia é observada após a infecção p o r Y. enterocolitica (presum ivelm ente p o r ser m ais com um do que a infec ção causada p o r outras espécies); todavia, a artrite reativa associada à Y. pseudotuberculosis tam bém está bem d o c u m e n tad a na F inlân dia, onde infecções esporádicas ou su rto s p o r Y. pseudotuberculosis são m ais com uns do que em outros países. E ntre os indivíduos in fectados identificados em um su rto recente de Y. pseudotuberculo sis do sorotipo 0 :3 na Finlândia, 12% desenvolveram artrite reativa acom etendo as pequenas articulações das m ãos e dos pés, joelhos, tornozelos e om bros, com duração de m ais de 6 m eses na m aioria dos casos. O corre eritem a n o doso (Fig. e-7.40) após a infecção p or Yersinia (m ais com um ente em m ulheres) sem n e n h u m a evidência de ligação com o HLA-B27. Existe u m a associação de longa data entre os anticorpos antitireoidianos e anti-Yèrswía. Presença de anticorpos que evidenciam infecção prévia p o r Y. enterocolitica na doença de Graves e níveis elevados de anticorpos antitireoidianos em pacientes com anticorpos dirigidos contra Y. enterocolitica foram observados pela prim eira vez na década de 1970. A Y. enterocolitica contém um sítio de ligação do horm ônio tireoestim ulante (TSH), que é reconhecido p o r anticorpos anti-TSH de pacientes com doença de Graves. Foram encontrados tí tulos elevados de anticorpos contra células inteiras de Y. enterocoliti ca e Yops em algum as séries de pacientes com doença de Graves, mas não em outras. U m estudo dinam arquês de gêm eos não encontrou nenhum a evidência de associação entre a infecção assintom ática por Yersinia (evidenciada po r títulos de anticorpos anti-Yop) e anticorpos antitireoidianos em indivíduos eutireoidianos, enquanto outro estu do dinam arquês de gêmeos com e sem doença de Graves constatou que os títulos elevados de anticorpos anti-Yop estavam associados à doença de Graves. A inda não foi esclarecido se essa reatividade c ru zada é significativa na etiologia da doença de Graves.
■ DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Podem -se utilizar m étodos padronizados de cultura em laboratório para isolar espécies de Yersinia enteropatogênicas a p a rtir de am os tras estéreis, incluindo sangue e líquido cerebrospinal. A cultura em m eios seletivos específicos (agar CIN ), com ou sem pré-enriquecim ento em caldo ou soro fisiológico tam p o n ad o com fosfato a 4°C ou 16°C, constitui a base da m aioria dos esquem as p ara o isolam ento das yersínias de am ostras de fezes ou outras am ostras não estéreis. Fora das áreas conhecidas de alta incidência, a cultura específica para yersínias pode ser efetuado p o r laboratórios apenas com solicitação. As cepas de Y. enterocolitica negativas para plasm ídios de virulência podem ser isoladas de culturas de fezes de indivíduos assintom áticos, particularm ente após enriquecim ento frio. Em geral, essas cepas d i ferem no seu biotipo (biovar la ) das cepas que possuem plasm ídios de virulência; em bora algum as exibam patogenicidade aparente em m odelo m urino, as cepas negativas para plasm ídios de virulência não são com um ente consideradas com o patógenos hum anos. D evido à frequência com que há perda do plasm ídio de virulência em subcultura laboratorial, a identificação bioquím ica (com determ inação do biotipo de acordo com um esquem a padrão) e a identificação sorológica com binadas são habitualm ente necessárias para interpretar o significado de um isolado de Y. enterocolitica de um a área não esté ril. Na atualidade, as cepas patogênicas de Y. enterocolitica isoladas de seres hum anos são, em sua m aioria, do sorogrupo 0 :3 /b io v a r 4
ou do sorogrupo 0 :9 /b io v ar 2; esse padrão é válido até m esm o nos EUA, onde as cepas do sorogrupo 0 :8 /b io v ar 1B eram anteriorm ente predom inantes. Foram descritas m uitas triagens com m ultiplex-PCR autovalidada para a detecção da Y. enterocolitica em am ostras clínicas - e até m esm o m ais para a sua detecção em alim entos porém esses ensaios não são am plam ente usados fora de seu laboratório de o ri gem. Um padrão para detecção pela PCR em am ostras de alim ento está sendo p reparado pela International O rganization for Standardization. Títulos de anticorpos aglutinantes ou p o r ELISA co n tra tipos específicos de antígeno O são utilizados no diagnóstico retrospec tivo das infecções causadas tanto p o r Y. enterocolitica quanto p o r Y. pseudotuberculosis. Os anticorpos IgA e IgG persistem em pacientes com artrite reativa. As reações cruzadas sorológicas entre a Y. entero colitica do sorogrupo 0 :9 e a Brucella devem -se à sem elhante de suas estruturas de lipopolissacarídio. São necessários m últiplos ensaios para incluir até m esm o os sorogrupos predom inantes {Y. enteroco litica 0 :3 , 0 5 ,2 7 e 0 :9 ; Y. pseudotuberculosis 0 :1 a , O.Tb e 0 :3 ), e, em geral, esses ensaios estão apenas disponíveis em laboratórios de referência. O ELISA e o teste western blot para anticorpos contra Yop, que são expressos p o r todas as cepas patogênicas de Y. enterocolitica e Y. pseudotuberculosis, tam bém estão disponíveis; a m aior parte dos resultados positivos desses ensaios provavelm ente reflete um a infec ção prévia por Y. enterocolitica.
TRATAMENTO
Yersiniose
■ PREVENÇÃOECONTROLE As m edidas atuais de controle assem elham -se àquelas utilizadas con tra outros patógenos entéricos, com o Salmonella e Campylobacter, que colonizam o intestino de anim ais usados para alimentação. O foco é o m anuseio e o processam ento seguros dos alim entos. N enhum a va cina é efetiva na prevenção da colonização intestinal de anim ais usa dos para alim entação por Yersinia enteropatogênica. O consum o de alim ento preparado com carne de porco crua (popular na A lemanha e na Bélgica) deve ser desencorajado hoje, visto não ser possível elim inar a contam inação po r cepas enteropatogênicas de Yersinia encontradas em suínos do m undo inteiro. A exposição de lactentes ao intestino de porco cru durante a preparação dom éstica de tripas de porco é desaconselhável. A m odificação da técnica de abatedouro nos países escandinavos a partir da década de 1990 incluiu a rem oção dos intes tinos dos porcos em um a bolsa de plástico fechado; os níveis de con tam inação das carcaças p or Y. enterocolitica foram reduzidos, porém essa contam inação não foi elim inada. Rebanhos suínos experimentais livres de Y. enterocolitica 0 :3 patogênica (bem com o de Salmonella, Toxoplasma e Trichinella) foram estabelecidos na Noruega e podem ser comercializados no futuro, devido à sua m aior segurança. Na indústria alimentícia, é necessária um a vigilância, devido ao potencial de gran des surtos se houver contam inação por pequeno núm ero de yersínias enteropatogênicas de qualquer alim ento pronto para consum o, cuja preservação segura baseia-se na sua refrigeração antes do consumo. Foi constatada a im possibilidade de erradicar o raro fenôm eno de contam inação do sangue para transfusão. E ntretanto, a depleção de leucócitos é atualm ente praticada na m aioria dos centros de trans fusão, principalm ente para im pedir reações transfusionais febris não hem olíticas e aloim unização contra antígenos HLA. Essa m edida re duz, mas não elim ina o risco de contam inação do sangue por Yersinia. A notificação da yersiniose é atualm ente obrigatória em alguns países.
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Peste e Outras Infecções por Yersinia
Os casos de diarréia causados po r Yersinia enteropatogênicos são, em sua m aioria, autolim itados. D ados de ensaios clínicos não sustentam o tratam ento antim icrobiano para adultos ou crianças com diarréia po r Y. enterocolitica. Em geral, as infecções sistêmicas com bacterem ia ou as infecções focais fora do trato gastrintestinal exigem tratam ento antim icrobiano. Os lactentes com m enos de 3 meses de idade que apresentam infecção docum entada por Y. ente rocolitica podem necessitar de tratam ento antim icrobiano, devido à m aior probabilidade de bacterem ia nesse grupo etário. As cepas de Y. enterocolitica quase sem pre expressam |3-lactamases. Devi do à raridade relativa da infecção sistêm ica p or Y. enterocolitica, não se dispõe de dados de ensaios clínicos para orientar a esco lha dos antim icrobianos ou para sugerir a dose ideal e a duração da terapia. C om base em séries de casos retrospectivos e dados de sensibilidade in vitro, o tratam ento com fluoroquinolonas é efeti vo para a bacterem ia em adultos; po r exemplo, o ciprofloxacino é adm inistrado na dose típica de 500 m g duas vezes ao dia p or VO ou 400 mg duas vezes ao dia IV, durante pelo m enos 2 sem anas (ou por mais tem po se as hem oculturas positivas persistirem ). Um a alternativa é um a cefalosporina de terceira geração - p or exem plo, cefotaxim a (dose típica de 6 a 8 g/dia, em 3 ou 4 doses fra cionadas). Nas crianças, as cefalosporinas de terceira geração são efetivas; por exemplo, adm inistra-se cefotaxim a a crianças com 1 mês ou mais de idade, em um a dose típica de 75 a 100 m g/kg ao dia, em 3 ou 4 doses fracionadas, com aum ento para 150 a 200 m g/kg ao dia nos casos graves (dose diária m áxim a de 8 a 10 g). A am oxicilina e am oxicilina/clavulanato d em onstraram ter p o u ca eficácia em séries de casos. O sulfam etoxazol-trim etoprim a, a gentam icina e o im ipenem são todos ativos in vitro. As cepas de Y. pseudotuberculosis não expressam (3-lactamase, p orém são intrinsecam ente resistentes à polim ixina. C om o a infecção hum ana pela Y. pseudotuberculosis é m enos com um do que aquela causada por Y. enterocolitica, dispõe-se de m enos casos para inform ações; entretanto, os estudos realizados em cam undongos sugerem que a ampicilina não é efetiva. Devem -se utilizar fárm acos sem elhantes àqueles adm inistrados para Y. enterocolitica. Os m elhores resulta dos foram obtidos com um a quinolona. Alguns ensaios clínicos de tratam e n to para a artrite reativa (com um a grande proporção de casos devido a Yersinia) consta taram que o tratam ento com ciprofloxacino oral d urante 3 meses não afetou os resultados. Um ensaio clínico em que o m esm o tra
tam ento foi adm inistrado especificam ente para a artrite reativa causada p or Y. enterocolitica verificou que, em bora o prognóstico não fosse na realidade afetado, houve u m a tendência a um a re m issão m ais rápida dos sintom as no grupo tratado. Um acom pa n ham ento de 4 a 7 anos após o tratam en to antibiótico inicial da artrite reativa (predom inantem ente após infecções p o r Salmonella e Yersinia) dem onstrou um a eficácia aparente na prevenção da ar trite crônica em indivíduos positivos para FILA-B27. U m ensaio clínico m ostrando que o tratam ento com azitrom icina não afetou os resultados na artrite reativa incluiu casos que supostam ente ocorreram após a yersiniose, em bora n e n h u m a análise dos casos tenha sido fornecida. Um a revisão C ochrane está sendo realizada para avaliar o uso de antibióticos no tratam ento da artrite reativa.
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CAPÍ TULO 1 6 0 ^ Infecções por Bartonella, Incluindo a Doença da Arranhadura do Gato Michael Giladi Moshe Ephros
■ DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA A doença da arranhadura do gato (DAG), que habitualm ente é um a d oença autolim itada, possui duas apresentações clínicas gerais. A DAG típica, que é a m ais com um , caracteriza-se p or linfadenopatia regional subaguda; a DAG atípica é a designação coletiva p ara n um e rosas m anifestações extranodais que envolvem vários órgãos. A B. henselae é o agente etiológico principal da DAG. Raros casos, foram associados a A fipiafelis e B. quintana; em certas ocasiões, B. clarridgeiae tam bém pode estar envolvida.
■ EPIDEMIOLOGIA
As espécies de Bartonella são bactérias G ram -negativas intracelula res facultativas, exigentes e de crescim ento lento, que causam um am plo espectro de doenças nos seres hum anos. Esse gênero c o m preende pelo m enos 27 espécies ou subespécies distintas, das quais pelo m enos 13 foram reconhecidas com o patógenos h u m an o s p o tenciais ou confirm ados; B. bacilliformes, B. quintana e B. henselae são as espécies m ais com um ente identificadas (Q u a d ro 160.1). A m aioria das espécies de Bartonella adaptou-se com sucesso à sobre vida em m am íferos dom ésticos ou selvagens específicos. Nesses a n i m ais, a infecção intraeritrocitária prolongada cria um reservatório para as infecções hum anas. A B. bacilliformis e B. quintana, que não são zoonóticos, representam exceções a essa regra. A rtrópodes veto res estão frequentem ente envolvidos. O isolam ento e a caracteriza ção das espécies de Bartonella são difíceis e exigem o uso de técnicas especiais. Em geral, a apresentação clínica depende tanto da espécie de Bartonella infectante quanto do estado im unológico do indivíduo infectado. As espécies de Bartonella m ostram -se sensíveis a m uitos antibióticos in vitro; entretanto, as respostas clínicas ao tratam ento e os estudos realizados em m odelos anim ais sugerem que as c o n centrações inibitórias m ínim as de m uitos agentes antim icrobianos exibem pouca correlação com a eficácia in vivo dos fárm acos em p a cientes com infecções por Bartonella.
QUADR0 160.1
DOENÇA DA ARRANHADURA DO GATO
A DAG possui d istrib u iç ão m u n d ia l, p re fe rin d o clim as quentes e úm idos. N os clim as tem p e ra d o s, a incidência atinge o seu pico no outo n o e no inverno; nas regiões tro picais, a doença ocorre d u ran te to d o o ano. Os adultos são acom e tid o s quase tão freq u e n tem e n te q u a n to as crianças. É raro haver g ru p a m e n to intrafam iliar, e n ã o o co rre tran sm issão interpessoal. G atos a p are n te m en te sadios c o n stitu e m o p rin c ip a l reserv ató rio de B. henselae, e a pulga do gato (C tenocephalides felis) p o d e ser responsável pela transm issão entre gatos. Em geral, a DAG ocorre após contato com gatos (p a rticu la rm e n te filhotes); ou tro s anim ais (p. ex., cães) foram im plicados com o possíveis reservatórios em ra ros casos. Nos EUA, a incidência estim ada da doença é de cerca de 10 casos p o r 100.000 indivíduos. C erca de 10% dos pacientes são hospitalizados.
■ PATOGENIA A inoculação da B. henselae, possivelm ente p o r m eio das fezes de pulgas co n tam in ad as, resu lta h a b itu a lm e n te da a rra n h a d u ra ou m o rd id a de u m gato. A exposição às m ucosas ou conjuntivas p o r m eio de gotículas ou lam bida p ossivelm ente p o d e estar tam bém envolvida. C om a drenagem linfática para u m ou m ais linfonodos regionais em hospedeiros im unocom petentes, a resposta T H1 pode resultar em linfadenite gran u lo m ato sa necrosante. As células den-
Espécies de bartonella como patógenos humanos conhecidos ou suspeitos
Espécies de Bartonellaa
Doença
Hospedeiro reservatório'1
Artrópode vetor
B. henselae
Doença da arranhadura do gato, angiomatose bacilar, peliose bacilar, bacteremia, endocardite
Gatos, outros felinos
Pulgas de gato (Ctenocephalides felis). associadas a transmissão de um gato para outro, mas não do gato para seres humanos
B. quintana
Febre das trincheiras, bacteremia crônica, angiomatose bacilar, endocardite
Seres humanos
Piolhos do corpo humano (Pediculus humanus corporis)
B. baciliformis
Bartonelose (doença de Carrion)
Seres humanos
Mosquito-palha (Lutzomyia verrucarum)
B. elizabethae
Endocardite
Ratos, cães
Desconhecido
B. grahamii
Retinite
Camundongos, ratazanas
Pulgas
B. vlnsonii subesp. arupensis
Endocardite
Camundongos
Carrapatos
B. vinsoniisubesp. berkhoffii
Endocardite
Cães domésticos, coiotes. raposa cinzenta
Carrapatos
B. washoensis
Miocardite, meningite
Esquilos, possivelmente outros roedores
Pulgas
B. alsatica
Endocardite
Coelhos
Desconhecido
B. hoehlerae
Endocardite
Gatos
Desconhecido
B. clarridgeiae
Possivelmente doença da arranhadura do gato
Gatos
Desconhecido
B. rochalimae
Bacteremia, febre, esplenomegalia
Desconhecido
Possivelmente pulgas
B. tamiae
Bacteremia, febre, mialgia, exantema
Desconhecido
Desconhecido
- -
aExistem muitas outras espécies de Bartonella, porém não são reconhecidas como patógenos humanos. c0s animais são implicados quando as evidências disponíveis sustentam sua infecção por espécies de Bartonella. Pode não haver dados que confirmam a ocorrência de transmissão de animais para seres humanos.
dríticas, ju n ta m en te com suas quim io cin as associadas, d ese m p e nham papel na resposta inflam atória do hospedeiro e na form ação de granulom a.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E PROGNÓSTICO D entre os pacientes com DAG, 85 a 90% apresentam doença típica. A lesão prim ária, u m a peq u en a pápula ou pústula eritem atosa indolor (0,3 a 1 cm ), aparece no local de inoculação (habitualm ente o local de a rra n h a d u ra ou m o rd ed u ra ) d e n tro de poucos dias a 2 sem anas em cerca de 66% dos pacientes (Fig. 160.1A, B). Verifica-se o desenvolvim ento de linfad en o p atia den tro de 1 a 3 sem anas ou m ais após o contato com o gato. O (s) linfonodo(s) acom etido(s) estão aum entados e habitualm ente dolorosos, apresentam algum as vezes eritem a sobrejacente e supuram em 10 a 15% dos casos (Fig. 160.1C, D e E). O s lin fo n o d o s ax ilares/epitrocleares são os m ais c o m u m en te acom etidos; em seguida, p o r o rd e m de frequência, o corre c o m p ro m etim e n to dos lin fo n o d o s da cabeça/pescoço e, a seguir, linfonodos inguinais/fem orais. C erca de 50% dos pacientes apresentam febre, m al-estar e anorexia. U m a pro p o rção m en o r so fre p erda de peso e sudorese n o tu rn a, sim ulando a apresentação do linfom a. A febre é h abitualm ente baixa, porém ra ra m en te alcança > 39°C. A resolução é lenta, exigindo várias sem anas (para a febre, a do r e os sinais e sintom as associados) a m eses (para a resolução dos linfonodos). A DAG atípica ocorre em 10 a 15% dos pacientes com o doença extranodal ou com plicada, na ausência ou presença de linfadenopa tia. A doença atípica inclui a síndrom e oculoglandular de Parinaud (conjuntivite granulom atosa com linfadenite pré-auricular ipsolateral; Fig. 160.1,£), hepatite/esplenite granulom atosa, neu ro rretin ite (que frequentem ente se m anifesta na form a de deterioração un ila teral da visão; Fig. 160.1F) e outras m anifestações oftalm ológicas. Além disso, ocorrem com prom etim ento neurológico (encefalopatia, convulsões, mielite, radiculite, cerebelite, paralisia facial e de outros
nervos cranianos ou periférica), febre de origem in d ete rm in ad a (FO I), m ialgia debilitante, artrite ou artralgia (acom etendo p rin cipalm ente m ulheres com m ais de 20 anos de idade), osteom ielite (incluindo doença m ultifocal, tendinite, neuralgia e m anifestações derm atológicas [incluindo eritem a nodoso (ver Fig. e-7.40), algumas vezes com artropatia associada]. O utras m anifestações e síndrom es [pneum onite, d erram e pleural, p ú rp u ra trom bocitopênica idiopática, p ú rp u ra de H enoch-Schõnlein, eritem a m ultiform e (ver Fig. e-7.25), hipercalcem ia, glom erulonefrite, m iocardite] tam bém foram asso ciadas à DAG. Nos pacientes idosos (m ais de 60 anos de idade), a linfadenopatia m ais frequentem ente está ausente, porém a encefalite e a FOI são m ais com uns do que em pacientes m ais jovens. Nos indi víduos im unocom petentes, a DAG - seja ela típica ou atípica - sofre habitualm ente resolução sem tratam ento e sem seqüelas. A im unida de perm anente é a regra.
■ DIAGNÓSTICO Os exames laboratoriais de rotina habitualm ente fornecem resultados norm ais ou inespecíficos. N o início, a histopatologia revela hiperplasia linfoide e, posteriorm ente, dem onstra granulom as estrelados com necrose, m icroabscessos coalescentes e células gigantes m ultinucleadas ocasionais; esses achados, apesar de serem inespecíficos, podem reduzir o diagnóstico diferencial. O s testes sorológicos (im unofluorescência ou im unoensaio enzim ático) constituem a abordagem diagnostica laboratorial m ais com um ente usada, com sensibilidade e especificidade variáveis. A soroconversão po d e levar algum as se m anas. O utros testes têm baixa sensibilidade (cultura, coloração pela prata de W arthin-Starry), baixa especificidade (citologia, histopato logia) ou disponibilidade lim itada nos laboratórios diagnósticos de rotina (PCR, im uno-histoquím ica). A PCR do tecido do linfonodo, secreção brônquica ou lesão prim ária da inoculação é altam ente sen sível e específica e m ostra-se particularm ente útil para o diagnóstico rápido e definitivo em pacientes soronegativos.
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Figura 160.1
Manifestações da doença da arranhadura do gato. A. Lesão por inoculação primária. A linfadenite axilar e epitroclear surgiu 2 semanas depois. B. Lesão por inoculação primária. A linfadenite submental apareceu 10 dias depois. C. Linfadenopatia axilar de 2 semanas de duração. A pele sobrejacente tem aparência
normal. D. Linfadenopatia cervical de 6 semanas de duração. A pele sobrejacente está vermelha. Foi aspirado pus espesso inodoro (12 mL). E. Linfadenopatia pré-auricular. F. Neurorretinite do olho esquerdo. Observe o papiledema e os exsudatos maculares estrelados (“estrela macular”).
1315
D
C
Doenças Infecciosas 1316
Doença da arranhadura do gato Um a história de contato com gatos, um a lesão p rim ária de in o culação e a ocorrência de linfadenopatia regional são altam ente sugestivas de DAG. O diagnóstico torna-se m uito provável com a evolução clínica característica e os resultados confirm atórios dos exames laboratoriais. Por outro lado, quando as am ostras de soro da fase aguda e fase convalescente são negativas (conform e observado em 10 a 20% dos pacientes com DAG), quando não ocorre regressão espontânea do tam anho dos linfonodos e, p arti cularm ente, quando os sintom as constitucionais persistem , deve-se excluir a possibilidade de neoplasia m aligna. Deve-se consi derar tam bém a possibilidade de linfadenite piogênica, infecção m icobacteriana, brucelose, sífilis, tularem ia, peste, toxoplasm ose, esporotricose e histoplasm ose. No indivíduo soronegativo com suspeita clínica de DAG, a aspiração com agulha fina pode ser adequada, e a PCR pode confirm ar o diagnóstico. Q uando os da dos são m enos confirm atórios de DAG, prefere-se a biópsia dos linfonodos à aspiração com agulha fina. Em pacientes soronegativos para DAG com linfadenopatia e com plicações graves (p. ex., encefalite ou neurorretinite), a biópsia precoce é im portante para estabelecer o diagnóstico específico.
TRATAMENTO
Doença da arranhadura do gato
(Q u ad ro 160.2) Os esquem as de tratam en to baseiam -se apenas em dados m ínim os. Os n ódulos supurativos devem ser d re n a dos m ediante aspiração p o r agulha de grande calibre, e não por incisão e drenagem para evitar tratos de drenagem crônicos. Os pacientes im unocom prom etidos devem ser sem pre tratados com agentes antim icrobianos sistêmicos.
■ PREVENÇÃO Evitar contato com gatos (p articu larm en te filhotes) e in stitu ir um controle das pulgas constituem opções para pacientes im u n o co m prom etidos e para os que apresentam cardiopatia valvar.
FEBRE DAS TRINCHEIRAS E BACTEREMIA CRÔNICA ■ DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA A febre das trincheiras, tam bém conhecida com o febre de 5 dias ou fe bre quintã, é um a doença febril causada pela B. quintana. Foi inicial m ente descrita com o epidem ia nas trincheiras da I G uerra M undial e, recentem ente, reapareceu na form a de bacterem ia crônica, obser-
QUADRO 1 6 0 .2
Tratamento antimicrobiano para a doença causada por espécies de Bartonella em adultos
| Doença Doença da arranhadura do gato típica
Terapia antim icrobiana
|
Não rotineiramente indicada; para pacientes com linfadenopatia extensa, considerar a azitromicina (500 mg V0 no dia 1; em seguida, 250 mg V 0 ,1x/dia durante 4 dias)
Retinite da doença da arranhadura do gato
Doxiciclina (100 mg V0,2x/dia) mais rifampicina (300 mg V0,2x/dia) durante 4 a 6 semanas
Outras manifestações atípicas da doença da arranhadura do gato8
Igual à da retinite; a duração do tratamento deve ser individualizada
Febre das trincheiras ou bacteremia crônica por B. quintana
Gentamicina (3 mg/kg IV, 1x/dia, durante 14 dias) mais doxiciclina (200 mg V 0 ,1x/dia ou 100 mg V0, 2x/dia, durante 6 semanas)
Suspeita de endocardite por Bartonella
Gentamicina* (1 mg/kg IV a cada 8 h, durante > 14 dias) mais doxiciclina (100 mg V0/IV, 2x/dia, durante 6 semanas0) mais ceftriaxona (2 g IV, 1x/dia, durante 6 semanas)
Endocardite confirmada por Bartonella
Igual à da endocardite por Bartonella suspeita menos ceftriaxona
Angiomatose bacilar
Eritromicina" (500 mg V0,4x/dia, durante 3 meses) ou Doxiciclina (10 mg V0,2x/dia, durante 3 meses)
Peliose bacilar
Eritromicina^ (500 mg V0,4x/dia, durante 4 meses) ou Doxiciclina (100 mg V0,2x/dia, durante 4 meses)
Bartonelose (doença de Carrion) Febre de Oroya
Cloranfenicol (500 mg VO/IV, 4x/dia, durante 14 dias) mais outro antibiótico (p-lactâmico de preferência) ou Ciprofloxacino (500 mg V0,2x/dia durante 10 dias)
Verruga peruana
Rifampicina (10 mg/kg V 0 ,1x/dia, até uma dose máxima de 600 mg, durante 14 dias) ou Estreptomicina (15 a 20 mg/kg, 1x/dia, durante 10 dias)
"Faltam dados sobre a eficácia do tratamento para a encefalite e para a DAG hepatoesplênica. É razoável instituir um tratamento similar àquele administrado para a retinite. "Alguns especialistas recomendam a gentamicina, 3 mg/kg IV, 1x/dia. Se a gentamicina estiver contraindicada, pode-se acrescentar rifampicina (300 mg VO, 2x/dia) à doxiciclina para a endocardite por Bartonella documentada. cAlguns especialistas recomendam estender a terapia com doxiciclina oral por 3 a 6 meses. "Outros macrolídios provavelmente são efetivos e podem substituir a eritromicina ou a doxiciclina.
Fonte: Recomendações modificadas de Rolain et al., 2004.
vada m ais frequentem ente em m oradores de rua (tam bém designada com o febre das trincheiras urbana ou contemporânea).
assintom ática até um a doença febril com cefaleia, dor intensa nas pernas e trom bocitopenia. A lgum as vezes, verifica-se o desenvolvi m ento de endocardite.
■ EPIDEMIOLOGIA
•
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O período de incubação típico é de 15 a 25 dias (faixa de 3 a 38 dias). A febre das trincheiras “clássica”, com o foi descrito em 1919, abrange desde um a doença febril leve até um a doença recorrente ou pro lo n gada e debilitante. O início pode ser a brupto ou precedido de um pródrom o de vários dias. C om frequência, a febre é periódica, de 4 a 5 dias de duração, com intervalo de 5 dias (faixa de 3 a 8 dias) entre os episódios. O utros sinais e sintom as incluem cefaleia, dor lom bar e nos m em bros, sudorese profusa, trem ores, m ialgia, artralgia, esplenom egalia, exantem a m aculopapular em casos ocasionais e rigidez da nuca em alguns casos. Sem tratam ento, a doença dura habitual m ente 4 a 6 sem anas. A m orte é rara. O espectro clínico da bactere m ia po r B. quintana em m oradores de rua varia desde um a infecção
TRATAMENTO
Bacteremia
(Q uadro 160.2). Em um p equeno estudo clínico random izado, controlado por placebo, envolvendo m oradores de rua com bac terem ia po r B. quintana, o tratam ento com gentam icina e doxici clina foi superior à adm inistração de placebo na erradicação da bacterem ia. O tratam en to da bacterem ia é im portante, m esm o nos casos clinicam ente leves, a fim de evitar o desenvolvim ento de endocardite. O tratam ento ideal para a febre das trincheiras sem bacterem ia docum entada não está b em definido.
Infecções por Bartonella, Incluindo a Doença da...
■ DIAGNÓSTICO Além da epidem ia durante a I e a II G uerras M undiais, fo O diagnóstico definitivo req u er o isolam ento da B. quintana, em ram relatados surtos esporádicos de febre das trincheiras h em ocultura. A lguns pacientes apresentam hem o cu ltu ras positi em m uitas regiões do m undo. O piolho do corpo hum ano (Pediculus hum anus corporis) foi identificado com o vetor, sendovas os d u ran te várias sem anas. Os pacientes com febre das trin ch ei seres hum anos os únicos reservatórios conhecidos. D epois de ras um aguda desenvolvem títulos significativos de a nticorpos contra Bartonella, en q u an to aqueles que apresentam b acterem ia crônica intervalo de várias décadas durante o qual a febre das trincheiras foi p or B. quintana, podem ser soronegativos. Os pacientes com títulos quase esquecida, foram relatados, esporadicam ente, pequenos g ru elevados de anticorpos IgG devem ser avaliados quanto à possibili pam entos de casos de bacterem ia crônica p o r B. quintana, principal dade de endocardite. Nas epidem ias, a febre das trincheiras deve ser m ente nos EUA e na Franca, em m oradores de rua não infectados diferenciada do tifo epidêm ico tran sm itid o p o r piolhos e da febre pelo HIV. O alcoolism o e a infestação po r piolhos foram identifica recidivante, que ocorrem em condições sem elhantes e com partilham dos com o fatores de risco. m uitas características.
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ENDOCARDITE POR BARTONELLA ■ DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA
■ DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA
A Coxiella burnetii (Cap. 174) e Bartonella constituem os patóge nos mais com uns na endocardite com cultura negativa (Cap. 124). Na Franca, p or exemplo, foram identificadas espécies de Bartonella com o agentes etiológicos em 28% de 348 casos de endocardite com cultura negativa. Entretanto, a prevalência varia de acordo com a lo calização geográfica e o contexto epidem iológico. Além da B. quintana e da B. henselae (espécies de Bartonella m ais com uns im plicadas na endocardite, sendo a prim eira mais frequentem ente envolvida do que a segunda), foram relatadas outras espécies de Bartonella em ca sos raros (Q uadro 160.1).
A an giom atose bacilar (algum as vezes d e n o m in a d a angiom atose epitelioide bacilar ou angiom atose epitelioide) é u m a d o e n ç a de in d iv íd u o s g ra v em en te im u n o c o m p ro m e tid o s , c au sa d a p o r B. henselae ou B. quintana; c a ra cte riz a-se p o r lesões p roliferativas neovasculares a co m ete n d o a pele e o u tro s órgãos. A m bas as es pécies causam lesões cutâneas; as lesões h epatoesplênicas são cau sadas apenas p o r B. henselae, e n q u a n to as lesões ósseas líticas e sub cu tân eas estão m ais freq u e n tem e n te associadas à B. quintana. A peliose bacilar é um d istú rb io an gioproliferativo estreitam ente relacionado, causado pela B. henselae, que acom ete p rin cip alm en te o fígado (peliose hepática), m as tam b é m o baço e os linfonodos. A peliose b acilar c aracteriza-se p o r e stru tu ra s císticas pre en c h id a s com sangue, cujo ta m a n h o v aria desde dim e n sõ e s m icroscópicas a vários m ilím etros.
■ EPIDEMIOLOGIA
A endocardite po r Bartonella tem sido relatada no m undo inteiro. A m aioria dos casos é observada em adultos, aco m etendo mais hom ens do que m ulheres. Os fatores de risco ■ EPIDEMIOLOGIA associados à endocardite p o r B. quintana incluem falta de m oradia, alcoolismo e infestação p o r piolhos do corpo; entretanto, foi tam bém A angiom atose bacilar e a peliose bacilar ocorrem principalm ente em diagnosticada a endocardite p or Bartonella em indivíduos sem fato indivíduos infectados pelo H IV (Cap. 189), com contagens de células res de risco. A endocardite p o r B. henselae está associada à exposição T CD4+ inferiores a 100/|xL; entretanto, acom etem tam bém outros a gatos. A m aioria dos casos é observada em valvas nativas, e não pacientes im unossuprim idos e, em raros casos, indivíduos im unoem próteses valvares; a valva aórtica responde p or cerca de 60% dos com petentes. A incidência anteriorm ente relatada de cerca de 1 caso casos. Os pacientes com endocardite p o r B. henselae habitualm ente p or 1.000 indivíduos infectados pelo H IV está agora m ais baixa; a têm valvopatia preexistente, enquanto a B. quintana frequentem ente recente dim inuição da incidência é m ais provavelm ente atribuível à infecta valvas norm ais. terapia antirretroviral efetiva e ao uso rotineiro de rifabutina e m a crolídios para evitar a infecção pelo complexo M ycobacterium avium ■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS em pacientes com Aids. O contato com gatos ou com pulgas de gato eleva o risco de infecção p o r B. henselae. Os fatores de risco para a As m anifestações clínicas são habitualm ente características da e n infecção p or B. quintana consistem em baixa renda, falta de m oradia docardite subaguda de qualquer etiologia. E ntretanto, um núm ero e infestação po r piolhos do corpo. substancial de pacientes apresenta doença prolongada e m inim am en te febril ou até m esm o doença indolente afebril, com sintom as ines ■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS pecíficos discretos de várias sem anas ou m eses de duração antes do estabelecim ento do diagnóstico. A ecocardiografia inicial pode não A angiom atose bacilar m anifesta-se m ais co m u m en te na form a de revelar a presença de vegetações. A doença agressiva aguda é rara. u m a ou m ais lesões cutâneas, que são in d o lo re s e cuja cor pode v a ria r de c astan h a, v e rm e lh a o u p ú rp u ra . O b serv a -se tam b ém ■ DIAGNÓSTICO a p resença de m assas ou n ó d u lo s su b c u tân e o s, placas ulceradas superficiais (Fig. 160.2) e crescim ento verrucosos. As form as n o As hem oculturas, m esm o com o uso de técnicas especiais (centridulares assem elham -se àquelas o bservadas nas infecções fúngicas fugação para lise ou tubos contendo EDTA), são positivas em ape ou m icobacterianas. Os n ó d u lo s su b cu tân eo s são frequentem ente nas cerca de 25% dos casos - principalm ente aqueles causados p or hipersensíveis. Lesões ósseas dolorosas, que m ais frequentem ente B. quintana e apenas raram ente aqueles causados p or B. henselae. É acom etem os ossos longos, p o d e m su rg ir abaixo das lesões c u tâ necessário um período prolongado de incubação das culturas (até neas e, certas ocasiões, p o d e m o c o rre r n a sua ausência. Em raros 6 sem anas). Os testes sorológicos - im unofluorescência ou im unocasos, ou tro s órgãos são aco m etid o s n a a n giom atose bacilar. Em ensaio enzim ático - dem onstram habitualm ente títulos elevados de geral, os pacientes apresentam sintom as constitucionais, incluindo anticorpos IgG contra Bartonella. Devido à antigenicidade cruzada, febre, calafrios, m al estar, cefaleia, anorexia, p e rd a de peso e su a sorologia não perm ite diferenciar a B. quintana da B. henselae e dorese n o tu rn a. N a d o en ça óssea, as lesões líticas são geralm ente tam bém pode exibir reatividade cruzada em baixos títulos com outro identificadas n a radiografia, e a cintilografia com tecnécio revela patógenos, com o C. burnetti e espécies de Chlamydophila. A id enti captação focal. O d iagnóstico d iferencial da a n giom atose bacilar ficação da Bartonella até o nível de espécie é habitualm ente efetuada cu tânea inclui sarcom a de Kaposi, g ra n u lo m a piogênico, tum ores pela aplicação de m étodos baseados na PCR em tecido valvar. subcu tân eo s e verruga p e ru an a . N a peliose bacilar, áreas h e p á ti cas hipodensas são hab itu alm en te evidentes n o exam e de im agem . N os pacientes com im u n o d eficiên cia avançada, a B. henselae e a TRATAMENTO Endocardite por Bartonella B. quintana con stitu em causas im p o rta n te s de FOI. Pode o co rrer bacterem ia interm iten te com h e m o c u ltu ra s positivas, na presença (Q uadro 160.2) Para pacientes que apresentam endocardite com ou ausência de endocardite. cultura negativa supostam ente causada p o r espécies de B arto
•
Doenças Infecciosas
nella, o tratam ento em pírico consiste em gentam icina, doxicicli na e ceftriaxona; o principal papel da ceftriaxona nesse esquem a consiste em tratar adequadam ente outras causas potenciais de endocardite com cultura negativa, incluindo m em bros do grupo HACEK. Um a vez estabelecido o diagnóstico de endocardite por Bartonella, a ceftriaxona é interrom pida. Os am inoglicosídios, os únicos antibióticos com provadam ente bactericidas contra a Bar tonella, devem ser incluídos no esquem a du ran te 2 sem anas ou mais. As indicações para cirurgia valvar são as m esm as que na endocardite subaguda causada p or outros patógenos; entretanto, a proporção de pacientes subm etidos a cirurgia (cerca de 60%) é elevada, provavelmente em conseqüência do diagnóstico tardio.
1318
ANGIOMATOSE BACILAR E PELIOSE
■ PATOLOGIA A angiom atose bacilar consiste em p roliferações lobulares de p e qu en o s vasos san g u ín eo s rev estid o s p o r células e n d o teliais a u m en ta d as, in te rca lad a s com in filtra d o s m isto s de n e u tró filo s e linfócitos, com p re d o m ín io dos p rim e iro s. O exam e histológico de órgãos com peliose bacilar revela p e q u en a s lesões císticas re pletas de sangue, p arcialm en te revestidas p o r células endoteliais, que po d em ter vários cen tím etro s de tam an h o . As lesões pelióticas são circundadas p o r estrom a fibrom ixoide c o n ten d o células infla m atórias, capilares dilatados e agregados de m aterial granuloso. A coloração pela p ra ta de W a rth in -S tarry das lesões da angiom atose
r
■ PATOGENIA Após inoculação pelo m osquito-pólvora, as bactérias invadem o endotélio dos vasos sanguíneos e proliferam ; o sistem a reticuloendotelial e vários órgãos tam bém podem ser acom etidos. Com o seu retorno aos vasos sanguíneos, a B. bacilliformis invade os eritrócitos, m ultiplica-se e, p or fim, os destrói, com conseqüente hem ólise m a ciça e anem ia súbita grave. A trom bose m icrovascular resulta em is quem ia dos órgãos-alvo. Algumas vezes, os pacientes que sobrevivem desenvolvem lesões hem angiom atosas cutâneas, que se caracterizam p o r várias células inflam atórias, proliferação endotelial e presença de B. bacilliformes.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Figura 160.2 Lesão nodular da angiomatose bacilar com ulceração superfi cial em um paciente com Aids portador de imunodeficiência avançada. [Reimpressa, com autorização, de DH Spach and E Darby: Bartonella Infections, Including Cat-Scratch Disease in Harrison Internai Medicine, 17th ed., AF Fauci et al. (eds). New York, McGraw-HilI, 2008, p. 989.]
bacilar e da peliose revela gru p am en to s de bacilos. As culturas são habitualm ente negativas.
O período de incubação é de 3 sem anas (faixa de 2 a 14 sem anas). A febre de Oroya pode m anifestar-se com o doença febril bacterêm ica inespecífica sem anem ia, ou na form a de anem ia hem olítica grave aguda, com hepatom egalia e icterícia de início rápido, levando ao co lapso vascular e obnubilação do sensório. Pode haver desenvolvim en to de mialgia, artralgia, linfadenopatia e d o r abdom inal. Tem peratura corporal está elevada, porém não atinge graus extrem os; a presença de febre alta pode sugerir infecção intercorrente. O corre tam bém in fecção assintom ática subclínica. N a verruga peruana, surgem lesões vasculares cutâneas, sem elhantes a hem angiom as, de cor verm elha e de vários tam anhos dentro de sem anas a m eses após a doença sistê mica, ou sem história pregressa sugestiva. Essas lesões persistem por vários m eses até 1 ano. Além disso, pode haver desenvolvim ento de lesões m ucosas e internas.
■ DIAGNÓSTICO
■ DIAGNÓSTICO E ABORDAGEM A0 PACIENTE
A angiom atose bacilar e a peliose bacilar são diagnosticadas com base nos achados histológicos. H em oculturas p odem ser positivas.
A doença sistêm ica (com ou sem anem ia) ou o desenvolvim ento de lesões cutâneas em um indivíduo que esteve em um a área endêm i ca levantam a possibilidade de infecção p o r B. bacilliformis. Pode ocorrer anem ia grave com reticulose exuberante - e, algum as vezes, trom bocitopenia. Na doença sistêmica, o esfregaço de sangue corado pelo m étodo do Giem sa revela bacilos intraeritrocitários típicos, e a h em ocultura e cultura de m edula óssea são positivas. Os ensaios sorológicos podem ser úteis. A biópsia pode ser necessária para con firm ar o diagnóstico de verruga peruana. O diagnóstico diferencial inclui o espectro de doenças febris sistêm icas coendêm icas (p. ex., febre tifoide, m alária, brucelose), bem com o doenças que produzem lesões vasculares cutâneas (p. ex., hem angiom as, angiom atose baci lar, sarcom a de Kaposi).
TRATAMENTO
Angiomatose bacilar e peliose
(Q uadro 160.2) Recom enda-se o tratam ento prolongado com m a crolídio ou doxiciclina para a angiom atose e a peliose bacilares.
■ PREVENÇÃO
BART0NEL0SE(DOENÇA DE CARRIÓN) ■ DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA A Bartonelose é um a doença bifásica causada pela B. bacilliformis. A febre de Oroya é a form a sistêmica bacterêm ica inicial, e a verruga peruana é a sua m anifestação eruptiva de início tardio.
TRATAMENTO
Bartonelose
(Q uadro 160.2) A a n tib io tico terap ia p ara a infecção sistêm ica p o r B. bacilliformis resulta h a b itu a lm en te em rápida deferves cência. C om frequência, h á n ecessidade de tratam en to adicional da infecção in te rco rre n te (p a rticu la rm e n te salm onelose) com antibióticos. Pode ser necessário a d m in istrar um a transfusão de sangue. O tratam en to da verruga p e ru an a não é geralm ente n e cessário, em bora as grandes lesões ou as que interferem na fu n ção possam exigir excisão. Os pacientes com num erosas lesões, particularm ente lesões que se apresentaram du ran te apenas um curto p eríodo de tem po, p odem re sponder de m o d o satisfatório à antibioticoterapia.
■ EPIDEMIOLOGIA E PREVENÇÃO A infecção é endêm ica nos Vales dos A ndes geograficam en te restritos do Peru, E quador e C olôm bia (cerca de 500 a 3.200 m acim a do nível do m ar). O correm epidem ias espo rádicas. A doença é transm itida pelo flebótom o, o m osquito-pólvora Lutzom yia verrucarum. Os seres h um anos são os únicos reservató rios conhecidos da B. bacilliformis. As m edidas de controle dos m osquitos-pólvora (p. ex., inseticidas), bem com o as m edidas de controle pessoal (p. ex., repelentes, telas protetoras, redes para cam a), podem d im inuir o risco de infecção.
■ COMPLICAÇÕES E PROGNÓSTICO F oram relatadas taxas de m o rta lid a d e associadas à febre de O roya de até 40% sem tratam e n to ; todavia, essas taxas são c o n sid era velm ente m ais baixas (cerca de 10%) com tratam e n to . C om fre quência, oco rrem com plicações, co m o superinfecção bacterian a e m anifestações neurológicas e cardíacas. O edem a m aciço generali zado (anasarca) e as p etéquias estão associados a u m prognóstico som brio. Em geral, verifica-se o desen v o lv im en to de im u n id ad e perm anente.
Infecções por Bartonella, Incluindo a Doença da...
Para indivíduos infectados pelo HIV, as estratégias razoáveis c o n sistem em con tro lar a infestação de pulgas do gato e evitar arran h a d u ras de gatos (para prevenção da B. henselae), bem com o em evitar e tratar a infestação p o r piolhos do co rp o (para prevenção da B. quintana). Não se recom enda a profilaxia p rim á ria, p o rém a terapia supressora com m acrolídio ou doxiciclina está indicada para pacientes infectados pelo H IV que apresentam angiom atose ou peliose bacilares, até obter contagens de células T C D 4+ acim a de 200/|jlL. A recidiva po d e exigir trata m e n to supressor p e rm a n en te em casos individuais.
1319
Koehler JE et al: Molecular epidemiology of Bartonella infections in patients with bacillary angiomatosis-peliosis. N Engl J Med 337:1876,1997
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F l o r in
PE et al: Epidemiologic and clinicai characteristics of Bartonella quintana and Bartonella henselae endocarditis: A study of 48 patients. Me dicine (Baltimore) 80:245, 2001
F o u r n ie r
CAPÍ TULO
161
Donovanose Nigel 0 ’Farrell A donovanose é um a infecção bacteriana progressiva crônica, que habitualm ente acom ete a região genital. A doença é geralm ente con siderada com o um a infecção sexualm ente transm itida de baixa infectividade. Essa infecção ficou conhecida p o r m uitas outras d enom ina ções, das quais a m ais com um é granuloma inguinal.
■ ETIOLOGIA O m icrorganism o etiológico foi reclassificado com o Klebsiella granulomatis comb nov com base na análise filogenética, em bora continue havendo controvérsia sobre essa decisão. A lgum as autoridades consi deram a nom enclatura original (Calym matobacterium granulomatis) m ais apropriada, que está baseada na análise das seqüências gênicas do rRNA 16S. A donovanose foi descrita pela p rim eira vez em C alcutá, em 1882, e o m icrorganism o etiológico foi reconhecido p or Charles D onovan em M adras, em 1905. Identificou os corpúsculos de D onovan característicos, que m edem 1,5 por 0,7 fxm, em m acrófagos e no es trato de M alpighii. O m icrorganism o só foi cultivado de m odo reprodutível em m eados da década de 1990, quando foi relatado o seu isolam ento de m onócitos do sangue periférico e linhagens de células epiteliais hum anas.
■ EPIDEMIOLOGIA
Doenças Infecciosas 1320
A donovanose possui u m a d istribuição geográfica in co m um , que inclui Papua Nova Guiné, partes do sul da África, índia, G uiana Francesa, Brasil e com unidades aborígenes na Austrália. A donovanose na A ustrália foi praticam ente elim inada p or m eio de program a contínuo respaldado p or forte com prom isso político e recursos em nível de assistência prim ária à saúde. Em bora poucos casos sejam atualm ente notificados nos EUA, a donovanose já foi prevalente nesse país, com 5.000 a 10.000 casos notificados em 1947. O m aior registro epidêm ico foi na G uiné H olandesa, onde fo ram identificados 10.000 casos em u m a população de 15.000 (povo M arind-anin) entre 1922 e 1952. A donovanose está associada à higiene precária e é m ais com um em grupos socioeconôm icos m ais baixos do que naqueles com m aio res recursos e é m ais com um nos hom ens do que nas m ulheres. A in fecção em parceiros sexuais do caso índice ocorre em grau lim itado. A donovanose constitui um fator de risco para a infecção pelo HIV (Cap. 189). Globalm ente, a incidência da donovanose dim inuiu significati vam ente nesses últim os anos. Esse declínio provavelm ente reflete um m aior foco no tratam ento efetivo das úlceras genitais, devido a seu papel na facilitação da transm issão do HIV.
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■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A lesão com eça na form a de pápula ou n ódulo subcutâneo, que pos terio rm en te ulcera após traum atism o. O perío d o de incubação é incerto, m as as infecções experim entais em seres hum anos indicam que dura cerca de 50 dias. Foram descritos q uatro tipos de lesões: (1) a lesão ulcerogranulom atosa clássica (Fig. 161.1), úlcera verm e lho vivo, que sangra facilm ente ao contato; (2 ) úlcera hipertrófica ou verrucosa com borda irregular elevada; (3) úlcera necrótica de odor repugnante, que causa destruição tecidual; e (4) lesão esclerótica ou cicatricial com tecido fibroso e cicatricial. A genitália é acom etida em 90% dos pacientes, e a região ingui nal, em 10%. Os locais m ais com uns de infecção são o prepúcio, o sulco coronal, o frênulo e a glande nos hom ens e os lábios m enores do pudendo e frênulo nas m ulheres. As lesões cervicais p odem sim u lar o carcinom a cervical. N os hom ens, as lesões estão associadas à falta de circuncisão. A linfadenite é incom um . O correm lesões extragenitais em 6% dos casos, p odendo acom eter os lábios, as gengivas, as bochechas, o palato, a faringe, a laringe e o tórax. Foi relatada a ocorrência de dissem inação hem atogênica da K. granulom atis comb nov para o fígado e o osso. D urante a gravidez, as lesões tendem a desenvolver-se m ais rapidam ente e a responder m ais lentam ente ao tratam ento. A poliartrite e a osteom ielite constituem com plicações raras. No recém -nascido, a donovanose p ode m anifestar-se com o in fecção ótica. Os casos em crianças foram atribuídos a sentar no colo de adultos infectados. Com a dim inuição da incidência da donovano se, o núm ero de relatos de casos incom uns parece estar aum entando. As complicações consistem em alterações neoplásicas, pseudoelefantíase e estenose da uretra, vagina ou ânus.
■ DIAGNÓSTICO O diagnóstico clínico da d onovanose é estabelecido p o r um m é dico experiente, com base n a aparência da lesão e possui habitual-
Figura 161.1
Lesão ulcerogranulomatose do pênis da donovanose, com
algumas características hipertrófica.
QUADRO 161.1 donovanose
Antibióticos efetivos para o tratamento da
I Antibiótico
Dose oral
Azitromicina
1 g no dia 1; em seguida, 500 mg ao dia, durante 7 dias, ou 1 g por semana, durante 4 semanas
Sulfametoxazol-trimetoprima
960 mg, 2x/dia durante 14 dias
Doxiciclina
100 mg. 2x/dia durante 14 dias
Eritromicina
500 mg, 4x/dia durante 14 dias (em mulheres grávidas)
Tetraciclina
500 mg, 4x/dia, durante 14 dias
TRATAMENTO
Donovanose
M uitos pacientes com donovanose p ro c u ra m assistência m éd i ca tardiam ente, com ulceração extensa. Podem estar envergo n h ad o s e ter baixa a u to e stim a devido à doença. É im p o rta n te tranquilizá-los quanto à possibilidade de tratam ento da doença, assim com o reforçar a necessidade de a d m in istrar antibióticos e pro ced er a um a m on ito ração d u ra n te intervalo de tem po ade quado (ver adiante). O tratam en to epidem iológico dos parceiros sexuais e o aconselham ento sobre a m elh o ra da higiene genital são recom endados. Os esquem as farm acológicos recom endados para a donova nose são apresentados no Q u a d ro 161.1. A gentam icina pode ser adicionada se a resposta for lenta. A ceftriaxona, o cloranfenicol e o norfloxacino tam bém são efetivos. Os pacientes tratados d u rante 14 dias devem ser m onitorados até a cicatrização com pleta das lesões. Aqueles tratados com azitrom icina provavelmente não necessitam desse acom panham ento rigoroso. A cirurgia pode estar indicada para as lesões mais avançadas.
■ CONTROLE E PREVENÇÃO A donovanose constitui, provavelm ente, a causa de ulceração genital mais facilm ente identificada clinicam ente. N a atualidade, a donova nose lim ita-se a poucas áreas específicas, e a sua erradicação global é possível.
CAPÍTULO 161
m ente um alto valor preditivo positivo. O diagnóstico é confirm ado pela identificação m icroscópica dos corpúsculos de D onovan (Fig. 161.2) em esfregaços de tecido. A preparação de u m esfregaço de boa qualidade é im portante. Se houver suspeita de donovanose em bases clínicas, o esfregaço para corpúsculos de D onovan deve ser obtido antes das am ostras de swab sejam exam inadas para outras causas de ulceração genital, de m odo que se possa coletar um a q u a n tidade de m aterial suficiente da úlcera. O swab deve ser rolado fir m em ente sobre um a úlcera previam ente lim pa com swab seco para rem over os debris. Os esfregaços podem ser exam inados em um la boratório clínico p or m icroscopia direto com coloração rápida pelo m étodo de G iem sa ou W right. A lternativam ente, pode-se utilizar um pequeno pedaço de tecido de granulação esm agado e espalhado entre duas lâm inas. Os corpúsculos de D onovan p o d em ser o b ser vados no interior de grandes células m ononucleares (P und) com o cistos G ram -negativos intracitoplasm áticos repletos de corpúsculos densam ente corados, que podem exibir a aparência de u m alfine te de segurança. Por fim, esses cistos sofrem ru p tu ra e liberam os m icrorganism os infecciosos. As alterações histológicas consistem em inflam ação crônica com infiltração de plasm ócitos e neutrófilos. As alterações epiteliais incluem ulceração, m icroabscessos e alonga m ento das cristas epidérm icas. Foi desenvolvido u m teste diagnóstico de reação em cadeia da polim erase (PCR), com base na observação de que duas alterações básicas singulares no gene phoE elim inam os sítios de restrição H a e ll, p e rm itin d o a diferenciação da K. granulom atis comb nov das espécies relacionadas de Klebsiella. N a atualidade, pode-se efe tuar um a análise p o r PCR com sistem a de detecção colorim étrico nos laboratórios diagnósticos de rotina. Foi desenvolvida um a PCR m últipla para úlceras genitais que inclui K. granulomatis. Os testes sorológicos são pouco específicos e não são atualm ente empregados. O diagnóstico diferencial inclui cancros sifilíticos prim ários, sí filis secundária (condilom a lata), cancro mole, linfogranulom a vené reo, herpes genital, neoplasia e amebíase. É com um a ocorrência de infecções mistas. As características histológicas devem ser diferencia das daquelas do rinosclerom a, da leishm aniose e da histoplasm ose.
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Bow den
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Figura 161.2 Célula de Pund corado pela técnica rápida de Giemsa (RapiDiff), mostrando numerosos corpúsculos do Donovan.
1321
Outras Infecções Bacterianas
SEÇÃO 7
CAPÍ TULO
162
seios de drenagem - está m uitas vezes associada com N. brasilien sis, N. otitidiscaviarum, cepas do com plexo N. transvalensis e outras actinom icetos.
Nocardiose
■ EPIDEMIOLOGIA 7 ^ '
GregoryA. Filice As espécies de Nocardia são actinom icetos aeróbios saprofíticos, de oco rrên cia com um no m u n d o inteiro, presentes no solo, onde c o ntribuem para a decom posição da m atéria orgânica. M ais de 50 espécies foram identificadas, em sua m aioria com base das seqüên cias de gene 16S Rrna. M ais de 30 espécies foram associadas com d oença hum ana. Até recentem ente, isolados da m aioria dos casos de p n eu m o n ia e doença sistêm ica foram id entificados com o N o cardia arteroides, m as a doença h u m an a envolvendo a p ró p ria N. asteroides é na verdade rara. A nocardia é relativam ente inativa nos testes bioquím icos p ad rõ es e a identificação das espécies é difícil ou im possível sem as técnicas filogenéticas m oleculares. A m aioria dos laboratórios clínicos não pode fazer a identificação das espécies dos isolados com precisão e pode identificá-los sim plesm ente com o espécies de N. asteroides ou Nocardia. Nove espécies ou com plexos de espécies estão m ais com um ente associadas com a doença h u m an a (Q u a d ro 162.1). A m aioria das d oenças sistêm icas envolvem N. cyriacigeorgica.N. farcinica, N. pseudobrasiliensis e espécies no N. transvalensis e com plexos de N. nova. A N. brasiliensis está geralm ente associada com doença lim i tada à pele. A actinom icetom a - um a doença indolente, lentam ente progressiva da pele e tecidos adjacentes com edem as no d u lares e
QUADRO 162.1
•
Espécies de Nocardia mais comumente associadas com doença humana e seus padrões de suscetibilidade in vitro
Doenças Infecciosas
Espécies
Suscetíveis a
Resistentes a
N. abscessus
Amicacina, amoxicilina/ácido clavulânico, ampicilina, cefotaxima. ceftriaxona, gentamicina, linezolida, minociclina, sulfametoxazol
Ciprofloxacino, claritromicina, eritromicina, imipenem (v)a
Complexo N. brevicatena/paucivorans (N. brevicatena, N, paucivorans, N. carnea. outros)
Amicacina, amoxicilina/ácido clavulânico. ampicilina, cefotaxima, ceftriaxona, ciprofloxacino, linezolida, minociclina, tobramicina, sulfametoxazol
Ciprofloxacino, claritromicina, eritromicina, gentamicina, imipenem (v)
Complexo N. nova (N. nova, N. veterana, N. africana, N. kruczkiae, N. elegans, outros)
Amicacina, ampicilina, ceftriaxona, claritromicina, eritromicina, imipenem, linezolida, minociclina, sulfametaxol
Amoxiclina/ácido clavulânico, ciprofloxacino, gentamicina „
Complexo N transvalensis (N. blacklockiae, N. wallacei, outros)
Cefotaxima (v), ceftriaxona (v). ciprofloxacino, imipenem. linezolida, sulfametoxazol
Amicacina, ampicilina, claritromicina, eritromicina, gentamicina
N. farcinica
Amicacina, ciprofloxacino, imipenem, linezolida, sulfametoxazol
Ampicilina, cefotaxima, ceftriaxona, claritromicina, eritromicina, gentamicina, tobramicina
N. cyriaclgeorgica
Amicacina, cefotaxima, ceftriaxona, imipenem, linezolida, minociclina (v), sulfametoxazol
Amoxicilina/ácido clavulânico, ampicilina (v), ciprofloxacino, eritromicina, gentamicina
N. brasiliensis
Amicacina, amoxicilina/ácido clavulânico, cefotaxima, ceftriaxona, minociclina, sulfametoxazol
Ampicilina, ciprofloxacino, claritromicina, imipenem
N. pseudobrasiliensis
Amicacina, cefotaxima (v), ceftriaxona (v), ciprofloxacino, claritromicina, sulfametoxazol
Amoxicilina/ácido clavulânico, ampicilina, imipenem, minociclina
Complexo N. otitidiscaviarum
Amicacina, ciprofloxacino, gentamicina, sulfametoxazol
Amoxicilina/ácido clavulânico, ampicilina, ceftriaxona, imipenem
a (v), variável.
Fonte: Adaptado de Brown-EIliott et al, 2006.
1322
A nocardiose ocorre no m u n d o inteiro. A incidência anual tem sido estim ada em três continentes (Am érica do Norte, Europa e Austrália) e é de cerca de 0,375 casos p o r 100.000 indivíduos. A doença é m ais com um nos adultos do que nas crianças e no sexo m asculino do que no fem inino. Q uase todos os casos são esporádicos, p orém os surtos têm sido associados à contam inação do am biente hospitalar, de soluções ou do equipam ento para injeção de fármacos. A dissem inação interpessoal não está bem docum entada. Não existe nenhum a sasonalidade conhecida. M ais de 90% dos casos de doença p u lm o n a r ou dissem inada ocorre em pessoas com deficiência de defesa do hospedeiro. A m aio ria tem deficiência da im unidade celular, particularm ente àquela as sociada a linfom a, transplante, terapia com glicocorticoides ou Aids. A incidência é cerca de 140 vezes m aior entre pacientes com Aids e cerca de 340 vezes m aior entre receptores de transplante de m ed u la óssea do que na população geral. Na Aids, a nocardiose acom ete habitualm ente indivíduos com < 250 linfócitos T CD4+/p,L. A n o cardiose tam bém tem sido associada a proteinose alveolar pulm onar, tuberculose e outras doenças p or m icobactérias, doença granulom a tosa crônica, deficiência de interleucina 12 e tratam ento com anticor pos m onoclonais dirigidos contra o fator de necrose tum oral. Toda criança com nocardiose, sem causa conhecida de im unossupressão, deve ser subm etida a testes para determ inar a adequação da “queim a respiratória” de fagócitos.
Casos de actinom icetom a ocorrem principalm ente em regiões tropicais e subtropicais, particu larm en te nas do M éxico, A m érica C entral, A m érica do Sul, África e índia. O fator de risco m ais im portante consiste no contato freqüente com solo ou m atéria vegetal, especialm ente em operários.
■ PATOLOGIA E PATOGENIA A credita-se que tanto a pn eu m o n ia quanto a doença dissem inada resultam da inalação de m icélios bacterianos fragm entados. O as pecto histológico característico da nocardiose consiste em um ab s cesso com extensa infiltração de neutrófilos e necrose proem inente. Em geral, as lesões são circundadas p o r tecido de granulação, p o rém a ocorrência de fibrose extensa ou encapsulação é incom um . O actinom icetom a caracteriza-se p o r inflam ação supurativa com form ação de fístulas. G rânulos - m icrocolônias com postas p or m as sas densas de filam entos bacterianos, que se estendem radialm ente a p a rtir de um núcleo central - são algum as vezes observados em preparações histológicas. C om frequência, são e ncontrados em se creções de lesões de actinom icetom a, m as quase nunca em secreções de lesões em outras form as de nocardiose. R aram ente, as nocárdias e outros patógenos indolentes, com o fungos ou m icobactérias, são isolados do m esm o paciente. As espécies de Nocardia desenvolveram diversas propriedades que lhes perm item sobreviver d e n tro dos fagócitos, com o a n e u tralização de oxidantes, prevenção da fusão fagossom o-lisossom o e prevenção da acidificação do fagossomo. Os neutrófilos fagocitam os m icrorganism os e lim itam o seu crescim ento, m as não os destroem de m aneira eficiente. A im unidade celular é im portante para o co n trole definitivo e elim inação das nocárdias.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Doença do trato respiratório
venoso central. E ndocardite p o r Nocardia ocorre raram ente e pode acom eter valvas nativas ou próteses valvares. A m anifestação típica da dissem inação extrapulm onar consiste em abscesso subagudo. Em um pequeno n úm ero de casos, os absces sos fora dos pulm ões ou do sistem a nervoso central (SNC) form am fístulas e secretam pequenas quantidades de secreção brônquica. Nas infecções do SNC, os abscessos cerebrais são habitualm ente supratentoriais; com frequência, são m ultiloculados e podem ser solitários ou m últiplos (Fig. 162.3). Os abscessos cerebrais tendem a penetrar nos ventrículos ou a estender-se p ara o espaço subaracnóideo. Os sinais e sintom as são ligeiram ente m ais indolentes do os de outros tipos de abscesso cerebral bacteriano. A m eningite é incom um e, em geral, resulta da dissem inação de abscesso cerebral adjacente. As n o cárdias não são facilm ente isoladas do líquido cerebrospinal (LCS).
CAPÍTULO 162
A pneum onia, que constitui a form a m ais com um de doença do tra to respiratório causada p o r Nocardia, é subaguda, e os sintom as já estão habitualm ente presentes há alguns dias ou sem anas p or o c a sião da apresentação. O início é algum as vezes m ais agudo em p a cientes im unossuprim idos. A tosse é proem inente e p roduz p e q u e nas quantidades de secreção brônquica espessa e purulenta, que não é fétida. É com um a ocorrência de febre, anorexia, p erda p onderai e m al-estar, enquanto dispnéia, d o r pleurítica e hem optise são m e nos freqüentes. As rem issões e as exacerbações no decorrer de várias sem anas são freqüentes. Os p ad rõ es radiográficos variam , porém alguns são altam ente sugestivos de pneum onia p o r Nocardia. Os in filtrados variam no seu tam anho e são densos. É com um a presença de nódulos solitários ou m últiplos (Figs. 162.1 e 162.2), sugerindo, algum as vezes, tum ores ou m etástases. Os infiltrados e os nódulos tendem a cavitar (Fig. 162.2). Verifica-se a presença de em piem a em cerca de 1/4 dos casos. A nocardiose po d e d issem inar-se d iretam e n te dos pulm ões para os tecidos adjacentes. Foi relatada a ocorrência de pericardite, m ediastinite e síndrom e da veia cava superior. Laringite, traqueíte, bronquite e sinusite por Nocardia são m uito m enos com uns do que a pneum onia. Nas vias respiratórias principais, a doença m anifesta-se frequentem ente na form a de m assa n o d u lar ou granulom atosa. As nocardias são às vezes isoladas das secreções respiratórias de pessoas sem doença nocardial aparente, geralm ente indivíduos que têm a n o r m alidades pulm onares ou das vias respiratórias subjacentes.
Figura 162.1 Pneumonia por Nocardia. Densa infiltração com possível cavida de e nódulos graves estão aparentes no pulmão direito.
Doença extrapulmonar Em m etade dos casos de nocardiose pulm onar, a doença aparece fora dos pulm ões. Em 20% dos casos de doença dissem inada, a doença pulm onar não é aparente. O local m ais com um de dissem inação é o cérebro. São outros locais com uns pele e estruturas de sustentação, rins, ossos e m úsculos, p orém p raticam ente q ualquer órgão pode ser acom etido. Peritonite foi relatada em pacientes que se subm etem à diálise peritoneal. Foram isoladas nocárdias do sangue de alguns casos de pneum onia, doença dissem inada ou infecção de cateter
Figura 162.2
Pneumonia por Nocardia. TC que mostra nódulos bilaterais com
cavitação no nódulo no pulmão esquerdo.
1323
Figura 162.4 Aspectos comuns do actinomicetoma por Nocardia, incluem edema, tratos dos seios múltiplos e envolvimento do pé. (Imagem fornecida por Amor Khachemoune and Ronald 0. Perelman, New York University School ofMedicine.)
Infecções oculares
Figura 162.3 Abscessos por Nocardia no lobo occipital direito.
Doença que ocorre após inoculação transcutânea
Doenças Infecciosas 1324
A doença que ocorre após inoculação transcutânea de Nocardia assu m e habitualm ente um a de três formas: celulite, síndrom e linfocutânea ou actinom icetom a. Em geral, a celulite com eça cerca de 1 a 3 sem anas após a ocor rência de um a solução de continuidade identificada na pele, frequen tem ente com contam inação pelo solo. No decorrer de vários dias a sem anas, verifica-se o desenvolvim ento de celulite subaguda com dor, edem a, eritem a e calor. As lesões são habitualm ente firm es, sem flutuação. A doença pode evoluir de m odo a acom eter os m úsculos, tendões, ossos ou articulações subjacentes. A dissem inação é rara. A N. brasiliensis e espécies no complexo da N. otitidis-caviarum são m ais com uns nos casos de celulite. A doença linfocutânea com eça habitualm ente com um nódulo pioderm atoso no local de inoculação, com ulceração central e d re nagem p urulenta cor de mel. C om frequência, aparecem nódulos subcutâneos ao longo dos vasos linfáticos que d renam a lesão p r i m ária. A m aioria dos casos de síndrom e linfocutânea nocardia está associada a N. brasiliensis. U m a doença sim ilar ocorre com outros patógenos, mais notavelm ente, Sporothrix schenckii (esporotricose, Cap. 206). Em geral, o A ctin o m yceto m a (Fig. 162.4) com eça com edem a nodular, algum as vezes em um local de traum atism o. Em geral, apa recem lesões nos pés ou nas mãos; todavia, podem acom eter tam bém a parte posterior do pescoço, o dorso superior, a cabeça e outros lo cais. Por fim, o nódulo decom põe-se, e aparece um a fístula, acom panhada de outras. As fístulas tendem a aparecer e desaparecer, com form ação de novas fístulas à m edida que as antigas desaparecem . A secreção é serosa ou purulenta, pode ser sanguinolenta e, com fre quência, contém grânulos brancos de 0,1 a 2 m m que consistem em m assas de micélios. As lesões dissem inam -se lentam ente ao longo dos planos fasciais, acom etendo áreas adjacentes da pele, tecido subcutâneo e osso. No decorrer de vários meses ou anos, pode ocorrer extensa deform ação da parte acom etida. As lesões que acom etem tecidos m oles são apenas ligeiram ente dolorosas; as que afetam os ossos ou articulações produzem dor m ais intensa. Os sintom as sistê m icos são ausentes ou m ínim os. A infecção raram ente dissem ina-se a p a rtir do actinom icetom a, e as lesões nas m ãos e pés g eralm en te causam apenas incapacidade local. As lesões na cabeça, pescoço e tronco podem invadir localm ente, acom etendo órgãos profundos com conseqüente incapacidade grave ou m orte.
As espécies de Nocardia constituem causas incom uns de ceratite su baguda, habitualm ente após traum atism o ocular. Pode o correr d e senvolvim ento de endoftalm ite p o r Nocardia após cirurgia ocular. Em um a série, as nocárdias responderam p o r m ais da m etade dos casos de endoftalm ite com provados p o r cultura após cirurgia de ca tarata. A endoftalm ite tam bém pode ocorrer durante a doença disse m inada. Foi relatada a infecção das glândulas lacrim ais p or Nocardia.
■ DIAGNÓSTICO A prim eira etapa no diagnóstico consiste no exam e de am ostras de escarro ou secreção brônquica à p ro cu ra de filam entos G ram -positivos curvos, ram ificados, em form a de rosário, de 1 |xm de largura e de até 50 jjim de com prim ento (Fig. 162.5). As nocárdias são, em sua m aioria, álcool-ácido-resistentes em esfregaços diretos se for u ti lizado um ácido fraco para descoloração (p. ex., nos m étodos m o d i ficados de K inyoun, Z iehl-N eelsen e Fite-Faraco). C om frequência, os m icrorganism os captam os corantes de prata. Os isolados das es pécies contendo um a m icrobiota m ista p odem ser m elhorados com um m eio seletivo (ágar de ácido nalidíxico-colistina, ágar de Thayer-M artin m odificado ou ágar com extrato de levedura de carvão tam ponado). As nocardias crescem bem na m aioria dos m eios fúngicos e m icobacterianos, m as os procedim entos usados para descontam inação dos espécim es para cultura m icobacteriana podem m atar as
Figura 162.5 Secreção brônquica corada pelo método de Gram de pacien te com pneumonia por Nocardia. (Imagem fornecida por Charles Cartwright e Susan Nelson, Hennepin County Medicai Center, Minneapolis, MN, EUA.)
nocardias e assim não devem ser usados quando há suspeita destes organism os. As espécies de Nocardia crescem de m odo relativam en te lento; as colônias podem levar até 2 sem anas para aparecer e p o dem não desenvolver seu aspecto característico - branco, am arelo ou laranja, com m icélios aéreos e m icélios substratos delicados, dicotom icam ente ram ificados - p or até 4 sem anas. Vários sistem as de hem ocultura sustentam o crescim ento das nocárdias, em bora as n o cárdias possam não ser detectadas p or até 2 sem anas. O crescim ento das espécies de Nocardia é tão diferente daquele dos patógenos mais com uns que o laboratório deve ser alertado quando há suspeita de nocardiose para m axim izar a probabilidade de isolam ento. Na pneum onia causada p or Nocardia, os esfregaços de am ostras de escarro são frequentem ente negativos. A não ser que o diagnóstico possa ser estabelecido nesses casos de esfregaço negativo pela ob ten ção de am ostras de lesões em locais m ais acessíveis, a broncoscopia ou a aspiração pulm onar tornam -se habitualm ente necessárias. Para avaliar a possibilidade de dissem inação em pacientes com p n e u m o n ia p o r Nocardia, deve-se efetuar u m a cuid ad o sa a n a m nese e p ro c ed e r a exam e físico com pleto. O s sinais ou sintom as sugestivos devem ser investigados com exam es d iagnósticos a d i cionais. A TC ou RM do crânio, com ou sem contraste, devem ser efetuadas q u an d o os sinais o u sin to m as sugerem aco m etim e n to cerebral. A lgum as a u to rid ad es re co m en d a m im agem do cérebro em todos os casos de doença p u lm o n a r ou dissem inada. Q u an d o clinicam ente indicado o LCS ou u rin a devem ser co n ce n tra d o s e então subm etidos a cultura. A ctinom icetom a, eum icetom a (casos envolvendo fungos; C ap. 206) e b o trio m ico se (casos envolvendo cocci ou bacilos, m uitas vezes Staphyiococcus aureus) são de difícil distinção clínica, m as são pro n tam en te distinguíveis com teste m icrobiológico. Os grânulos devem ser insp ecio n ad o s em q u alquer secreção. Partículas suspeitas devem ser lavadas em solução salina, exam inadas m icroscoipicam ente e su bm etidos a culturas. Os g râ nulos nos casos de actinom icetom a são geralm ente brancos, am are lo claro, cor-de-rosa ou verm elhos. Vistos m icroscopicam ente, eles consistem em m assas espessas de filam entos finos (0,5-1 m m de largura) projetando-se p ara fora a p a rtir de um núcleo central. Os grânulos dos casos de eum icetom a são brancos, am arelos, m arrons, pretos ou verdes. N a im agem m icroscópica, eles aparecem com o m assas de filam entos m ais am plos (2-5 m m de largura) revestido na m atriz. Os grânulos de botriom icose consistem em m assas soltas de cocci ou bacilos. O s organism os tam b ém p o d e m ser vistos nas secreções da ferida ou espécim es histológicos. A m an eira m ais c o n fiável de diferenciação entre os vários organism os associados com m icetom a é pela cultura. O isolam ento de espécies de Nocardia em am ostras de escarro ou sangue representa, algum as vezes, um a colonização, infecção tra n sitória ou contam inação. Nos casos típicos de colonização do trato respiratório, as am ostras coradas pelo m étodo de G ram são negati vas, sendo as culturas apenas interm itentem ente positivas. Em geral, a obtenção de um a cultura de escarro positiva em um paciente im unossuprim ido reflete a presença de doença. Q uando são isoladas es pécies de Nocardia do escarro de um paciente im unocom petente sem doença aparente p or Nocardia, este deve ser cuidadosam ente obser vado sem tratam ento. O paciente com u m defeito nos m ecanism os de defesas do hospedeiro que aum enta o risco de nocardiose geralm ente deve receber tratam ento antim icrobiano.
TRATAMENTO
Nocardiose
O Clinical L aboratory Standards Institute aprovou o protocolo de teste de suscetibilidade antim icrobiana p or diluição em caldo para uso com isolados nocardios hum anos. Os procedim entos diferem daqueles usados com patógenos bacterianos hum anos com uns e a m aioria dos laboratórios clínicos não terá experiên cia suficiente com Nocardia para p roduzir resultados confiáveis. Com o a nocardiose é incom um , os dados sobre a relação entre os resultados do teste de suscetibilidade e os resultados clínicos em
pacientes tratados com estas drogas são escassos. A terapia em pírica com as drogas discutida abaixo é recom endada para casos recém diagnosticados. Q uando possível e especialm ente em casos graves ou casos que não m elhoram de im ediato com a terapia em pírica, os m édicos devem dispor de testes de suscetibilidade em um laboratório com experiência em m icrobiologia de Nocardia, com o o M ycobacteria/N ocardia L aboratory at the University of Texas H ealth Science C enter (11937 US Highway 271, Tyler, TX 75708-3154; telefone: 903-877-7685; fax: 903-877-7652). As sulfonam idas constituem os fárm acos de escolha (Q u a d ro s 162.1 e 162.2). A com binação de sulfam etoxazol (SMX) e trim etoprim a (TM P) é provavelm ente equivalente às sulfonam i das isoladas; algum as autoridades acreditam que a com binação possa, de fato, ser m ais efetiva, m as tam bém apresenta um risco m oderadam ente m aior de toxicidade hem atológica. No início, ad m inistra-se 10 a 20 m g/kg de T M P e 50 a 100 m g/kg/dia de SMX em 2 doses fracionadas. Posteriorm ente, doses diárias podem ser dim inuídas para até 5 m g/kg e 25 m g/kg, respectivam ente. Nos indivíduos com alergia às sulfonam idas, a dessensibilização p e r m ite habitualm ente a continuação do tratam ento com esses fár m acos efetivos e baratos. A experiência clínica com outras drogas orais é lim itada. A m inociclina (100 a 200 mg, 2x/dia) é com frequência efeti va; outras tetraciclinas são habitualm ente m enos eficazes. A line zolida é ativa contra todas as espécies in vitro, tendo sido efetiva em alguns casos clínicos, m as os efeitos colaterais são com uns com o uso prolongado. A tigeciclina parece ser ativa in vitro con tra algum as espécies, m as n en h u m a experiência clínica relevante foi registrada. A am oxicilina (875 m g), com binada com o ácido clavulânico (125 mg), adm in istrad a 2 vezes/dia, tem sido efetiva em alguns casos, porém o seu uso deve ser evitado nas infecções envolvendo cepas do com plexo de N. nova, em que o clavulanato induz a produção de p-lactam ase. Entre as quinolonas, a ciproflo xacino tem sido estudada com m ais frequência, m as a moxifloxacina e a gemifloxacina aparecem agora m ais ativas. A am icacina, o fárm aco parenteral m ais bem -estabelecido com exceção de casos envolvendo o com plexo N. transvalensis, é adm inistrada em doses de 5 a 7,5 m g/kg a cada 12 h, ou 15 mg/kg a cada 24 h. Os níveis de fárm acos séricos devem ser m onitorados durante o tratam ento prolongado em pacientes com dim inuição da função renal e pacientes idosos. Cefotaxim a, ceftriaxona e im i penem , são habitualm ente efetivos, exceto quando indicado no Q uadro 162.1.
QUADR0162.2
Duração do tratamento da nocardiose
I Doença
Duração
Pulmonar ou sistêmica Defesas do hospedeiro intactas
6 a 12 meses
Deficiência das defesas do hospedeiro
12 meses3
Doença do SNC
12 meses1'
Celulite, síndrome linfocutânea
2 meses
Osteomielite, artrite, laringite, sinusite
4 meses
Actinomicetoma
6 a 12 meses após a cura clínica
Ceratite
Tópico: até obter uma cura aparente Sistêmica: até 2 a 4 meses após a obtenção de uma cura aparente
aEm alguns pacientes com Aids, CD4+ contagem de linfócitos T < 200/|xL ou com doença granulomatosa crônica, o tratamento da doença pulmonar ou sistêmica deve ser mantido in definidamente. bSe toda doença aparente do SNC for eliminada, a duração do tratamento poderá ser reduzida para 6 meses.
Pacientes com doença grave são inicialm ente tratados com um a com binação incluindo TMP-SMX, am icacina e ceftriaxona ou im ipenem . A m elhora clínica é geralm ente perceptível após 1-2 sem anas de terapia, m as pode levar mais tem po, especialm en te com a doença do SNC. Após a m elhora clínica definitiva, na m aioria dos casos a terapia pode prosseguir com um fárm aco ú n i co (geralm ente um que possa ser ingerido p o r via oral). Alguns especialistas usam dois ou m ais fárm acos para todo o curso da terapia em alguns casos, m as não se sabe se uso de fárm acos m ú l tiplos é m elhor do que um agente único; o acréscim o de fárm a cos aum enta o risco de toxicidade. Nos pacientes com nocardiose que necessitam de tratam ento im unossupressor para um a doença subjacente ou prevenção da rejeição de transplante a terapia com im unossupressor deve ser continuada. O uso de SMX e TM P em populações de alto risco para p re venir a doença Pneumocystis ou infecções do trato urinário parece reduzir, m as não elim inar o risco de nocardiose. A incidência de nocardiose é tão baixa que a profilaxia unicam ente para prevenir esta doença não é recom endada. O tratam ento cirúrgico da doença p o r N ocardia assem elha-se ao de outras doenças bacterianas. Os abscessos cerebrais d e vem ser aspirados, drenados ou excisados se o diagnóstico não for claro, se o abscesso for grande e acessível, ou se não responder à quim ioterapia. Os abscessos cerebrais pequenos ou inacessíveis devem ser tratados clinicamente; deve-se observar m elhora clíni ca em 1 a 2 semanas. As imagens do cérebro devem ser repetidas para docum entar a resolução das lesões, em bora os resultados nas imagens só apareçam , com frequência, após a m elhora clínica. Em geral, a terapia antim icrobiana é suficiente para o actino m icetom a por Nocardia. Nos casos profundos ou extensos, a dre nagem ou excisão do tecido com acom etim ento m aciço podem facilitar a cura, porém a estrutura e função devem ser preservadas sem pre que possível. A ceratite é tratada com sulfonam ida tópica ou gotas de am icacina m ais sulfonam ida ou um fárm aco alterna tivo adm inistrado via oral.
CAPÍ TULO Doenças Infecciosas 1326
163
Actinomicose Thomas A. Russo / A actinom icose é um a infecção indolente e lentam ente progressiva, causada por bactérias anaeróbias ou m icroaerofílicas, principalm ente do gênero Actinomyces, que colonizam a boca, o colo e a vagina. A ru p tu ra da m ucosa pode levar à infecção em praticam ente qualquer local do corpo. O crescim ento dos actinom icetos in vivo resulta habi tualm ente na form a de agregados característicos denom inados grãos ou grânulos de enxofre. As m anifestações clínicas da actinom icose são num erosas. De ocorrência com um na era pré-antibiótica, a sua incidência dim inuiu, assim com o a sua detecção tem pestiva. A acti nom icose foi designada com o a doença mais diagnosticada de m odo incorreto, e foi dito que n enhum a doença passa tão frequentem ente despercebida p or m édicos experientes. Por conseguinte, essa entida de continua representando um desafio diagnóstico. Três apresentações clínicas que devem levar à suspeita dessa in fecção singular são: ( 1) com binação de cronicidade, progressão por m eio das fronteiras teciduais e características sem elhantes a um tu
As infecções po r N ocardia tendem a sofrer recidiva (p a rti cularm ente em pacientes com doença granulom atosa crônica), sendo necessários longos ciclos de tratam e n to antim icrobiano (Q uadro 162.2). Se a doença for incom um ente extensa, ou se a resposta ao tratam ento for lenta, devem -se am pliar as recom en dações fornecidas no Q uadro 162.1. C om o tratam ento apropriado, a taxa de m ortalidade da n o cardiose pulm onar ou dissem inada fora do SNC deve ser inferior a 5%. A doença do SNC é associada a um a m aior taxa de m o rta lidade. Os pacientes devem ser cuidadosam ente acom panhados durante pelo m enos 6 meses após o térm ino do tratam ento.
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P o o n y a g a riy a g o rn
m or (sim ulando um a neoplasia m aligna, com a qual m uitas vezes é confundida); (2) aparecim ento de fístula, que pode sofrer resolução espontânea e recorrer; e (3) infecção refratária ou recidivante após um breve ciclo de tratam ento, visto que a cura da actinom icose esta belecida exige tratam ento prolongado. A percepção de todo o espec tro da doença, levantando a suspeita clínica, irá acelerar o seu diag nóstico e tratam ento e tam bém dim inuirá as intervenções cirúrgicas desnecessárias, a m orbidade e a m ortalidade relatadas com dem asia da frequência.
■ AGENTES ETI0LÓGIC0S A actinom icose é m ais com um ente causada pelo A . israelii. O A. naeslundii, A. odontolyticus, A. viscosys, A. nièyeri, e A. gerencseriae constituem causas estabelecidas, porém m enos com uns. A m aioria das infecções actinom icóticas, senão todas, é polim icrobiana. Ag gregatibacter (Actinobacillus) actinomycetem comitans, Eikenella cor rodens, Enterobacteriaceae e espécies de Fusobacterium, Bacteroides, Capnocytophaga, Staphylococcus e Streptococcus são com um ente isolados com actinom icetos em várias com binações, dependendo do local de infecção. A contribuição dessas outras espécies para a pato genia da actinom icose é incerta. A determ in ação da seqüência com parativa do gene do rRNA 16S levou à id entificação de u m a lista crescente de espécies de A ctinom yces e à nova classificação de alguns actinom icetos com o
Arcanobacterium . D ados crescentes sustentam que espécies de Actinomyces, A. europaeus, A . neuii, A. radingae, A. graevenitzii, A. turicensis, A. cardiffensis, A. houstonensis, A. hongkongensis, A . lingnae e A. fu n ke i, bem com o duas antigas espécies de Actinom yces agora classificadas com o Arcanobacterium (A. pyogenes e A. bernardiae) constituem causas adicionais de actinom icose h um ana.
■ EPIDEMIOLOGIA A actinom icose não tem lim ites geográficos e ocorre d u ran te toda a vida, com incidência m áxim a nas décadas m édias de vida do in divíduo. Os hom ens apresentam um a incidência três vezes m aior do que as m ulheres, possivelm ente devido a um a higiene dentária m ais precária e/ou a traum atism os m ais freqüentes. Os fatores que provavelm ente contribuíram para a dim inuição na incidência da ac tinom icose desde o advento dos antibióticos incluem a m elhora da higiene dentária e o início do tratam en to antim icrobiano antes do desenvolvim ento com pleto da doença. Indivíduos que não procuram assistência m édica ou que não têm acesso a ela, aqueles que têm um dispositivo intrauterino contraceptivo (DIUC) inserido durante um período prolongado (ver “D oença Pélvica”, adiante) e aqueles que re cebem tratam ento com bisfosfonato (ver “D oença Orocervicofacial”, adiante) provavelm ente estão correndo m aior risco.
■ PATOGENIA E PATOLOGIA
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Doença orocervicofacial A actinom icose ocorre mais frequentem ente em um a localização b u cal, cervical ou facial, habitualm ente na form a de edem a, abscesso ou lesão expansiva de tecido m ole, que m uitas vezes se confunde com um a neoplasia. O ângulo da m andíbula está geralm ente acom etido, porém deve-se considerar um diagnóstico de actinom icose na p re sença de qualquer lesão expansiva ou infecção recidivante na cabeça e no pescoço (Cap. 31). A radioterapia e especialm ente o tratam ento com bisfosfonatos foram reconhecidos com o contribuintes para um a incidência crescente de infecção actinom icótica da m andíbula e m a xilar (Fig. 163.1). Além disso, pode haver desenvolvim ento de otite, sinusite e canaliculite (m ais com um ente devido a Propionibacterium
Osteomielite maxilar associada ao bisfosfonato devido a A. viscosus. Um grânulo de enxofre é observado dentro do osso. (Reimpressa com autorização de NH Nark and TA Russo © 2009 University of Chicago Press.)
propionicum). Dor, febre e leucocitose são variavelm ente relatadas. A extensão contígua para o crânio, a coluna cervical ou o tórax consti tui um a seqüela potencial.
Doença torácica A actinom icose torácica segue habitualm ente um a evolução progres siva indolente, com acom etim ento do parên q u im a p ulm onar e/ou espaço pleural. É com um a ocorrência de d or torácica, febre e p e r da ponderai. Tosse, q u ando presente, é variavelm ente produtiva. O achado radiográfico habitual consiste em lesão expansiva ou pn eu m onia. Na TC, pode-se observar áreas centrais de baixa atenuação e realce anelar. Pode haver doença cavitária ou adenopatia hilar. Mais de 50% dos casos incluem espessam ento pleural, derram e ou em pie m a (Fig. 163.2). Raram ente, ocorrem nódulos pulm onares ou lesões endobrônquicas. As lesões p ulm onares sugestivas de actinom icose podem atravessar fissuras ou pleura; p o d em acom eter m ediastino, ossos contíguos ou parede torácica; ou p o d e m estar associadas a fístula. N a ausência desses achados, a actinom icose torácica é habi tualm ente confundida com neoplasia ou pneum onia devido a causas mais comuns. A infecção m ediastinal não é com um e, em geral, origina-se por extensão torácica, m as raram ente resulta de perfuração do esôfago, de traum atism o ou de doença da cabeça e pescoço ou abdom inal. As estruturas no m ediastino e o coração p odem ser acom etidos em vá rias combinações; consequentem ente, as apresentações possíveis são diversas. Foi descrita a ocorrência de endocardite prim ária e doença isolada da m am a.
Actinomicose
Os agentes etiológicos da actinom icose são m em bros da flora oral norm al e, com frequência, são cultivados a p a rtir dos brônquios, do trato gastrintestinal e do trato genital fem inino. A etapa fundam ental no desenvolvim ento da actinom icose é a ruptura da barreira m ucosa. Em conseqüência, pode sobrevir infecção local. Um a vez estabeleci da, a actinom icose dissem ina-se p o r contiguidade de m an eira lenta e progressiva, ignorando os planos teciduais. E m bora a inflam ação aguda possa surgir inicialm ente no local de infecção, a m arca típica da actinom icose consiste na sua fase indolente crônica característi ca, que se m anifesta com o lesões que aparecem habitualm ente como áreas endurecidas únicas ou m últiplas. O corre necrose central, que consiste em neutrófilos e grânulos de enxofre, e o seu desenvolvi m ento é praticam ente diagnóstico. Em geral, as paredes fibróticas da m assa são descritas com o “lenhosas”. Os fatores bacterianos e/ou do hospedeiro responsáveis ainda não foram identificados. C om o de correr do tem po, podem surgir fístulas para pele, órgãos adjacentes ou osso. Em casos raros pode o correr dissem inação hem atogênica distante. C onform e assinalado anteriorm ente, essas características singulares da actinom icose sim ulam um a neoplasia m aligna, com a qual é frequentem ente confundida. C orpos estranhos parecem facilitar a infecção. Essa associação envolve m ais frequentem ente os DIU. Relatos têm descrito um a as sociação da actinom icose com a infecção pelo HIV; transplante; tra tam ento com infliximab, glicocorticoides ou bisfosfonatos e radiote rapia ou quim ioterapia. As infecções m ucosas ulcerativas (p. ex., pelo herpesvírus simples ou citom egalovírus) podem facilitar o desenvol vim ento da actinomicose.
Figura 163.1
Doença abdominal A actinom icose ab d o m in a l re p resen ta u m grande desafio diagnós tico. Em geral, m eses ou anos se passam a p a rtir do evento d esen cadeante (p. ex., apendicite, diverticulite, doença ulcerosa péptica, p erda de cálculos biliares ou bile d u ra n te a colecistectom ia lap a roscópica, p e rfu ra ç ão p o r c o rp o e stran h o , ciru rg ia intestinal ou ascensão de doença pélvica associada a D IU ) até o reconhecim ento clínico. D evido ao fluxo de líq u id o p erito n ial e/o u à extensão d i reta da d o en ça p rim á ria, p ra tica m en te q u a lq u e r órgão, região ou espaço a b d o m in al p o d e ser acom etido. Em geral, a doença ap re senta-se com o abscesso, m assa ou lesão m ista, que frequentem ente está fixa ao tecido subjacente, sendo c o n fu n d id a com um tum or. Na TC, o realce é m ais freq u e n tem e n te heterogêneo, e h á espesssam ento do in te stin o adjacente. P odem su rg ir trajetos fistulosos
1327
T
Figura 163.2 Actinomicose torácica. A. Uma massa na parede torácica por extensão de infecção pulmonar. B. A infecção pulmonar é complicada por empiema [seta vazada) e pela extensão na parede torácica (seta cheia). {Cortesia de Dr. C. B.
Hsiao, Division of Infectious Diseases, Department of Medicine, State University of New York at Buffalo.)
para parede abdom inal, região p erian al ou en tre o intestino e o u tros órgãos, sim ulando doença in testinal inflam atória (C ap. 295). D oença recorrente ou ferida ou fístula que não cicatrizam sugerem actinom icose. A infecção hepática apresenta-se h abitualm ente com o um ou m ais abscessos ou m assas (Fig. 163.3). A doença isolada presum i velm ente desenvolve-se po r dissem inação hem atogênica a p a rtir de focos ocultos. As técnicas de im agem e percutâneas resultaram em m elhora do diagnóstico e do tratam ento. Todos os níveis do trato urogenital podem ser infectados. Em geral, a doença renal apresenta-se com o pielonefrite e/ou abscesso renal e perinefrético. O com prom etim ento da bexiga, habitualm ente devido à extensão da doença pélvica, po d e resultar em obstrução ureteral ou fístulas para intestino, pele ou útero. Pode-se detectar o Actinomyces na u rina com colorações e culturas apropriadas.
O acom etim ento actinom icótico da pelve ocorre m ais com um ente em associação a DIU. A presença de sintom as pélvicos, quando um D IU está no local ou foi recentem ente rem ovido, deve levar à su s peita de actinom icose. O risco, apesar de não ter sido quantificado,
parece ser pequeno. A doença raram ente desenvolve-se quando o DIU esteve no local p or m enos de 1 ano, porém o risco aum enta com o decorrer do tem po. A actinom icose tam bém pode m anifestar-se meses após a rem oção do DIU. Em geral, os sintom as são indolentes; os m ais com uns consistem em febre, perda ponderai, dor abdom inal e sangram ento ou secreção vaginal anorm al. O estágio m ais precoce da doença - frequentem ente endom etrite - , costum a progredir para m assas pélvicas ou abscesso tubo-ovariano (Fig. 163.4). Infelizm en te, com o o diagnóstico m uitas vezes é tardio, pode desenvolver-se, po r ocasião de sua detecção, um a “pelve congelada”, sim ulando um a neoplasia m aligna ou endom etriose. A identificação de m icrorganism os sem elhantes ao Actinomyces (ALO) nos espécim es de Papanicolau, que ocorre em u m a m édia de 7% das m ulheres que usam DIU, p o ssu i u m baixo valor preditivo p ara u m diagnóstico de infecção pélvica. E m bora o risco pareça ser pequeno, as conseqüências da infecção são significativas. Por co n seguinte, até que se d isp o n h a de dados m ais quantitativos, parece p ru d en te rem over o D IU na presença de sintom as que não podem ser explicados, in d ep e n d en te m e n te da detecção de ALO, e - se a doença avançada for excluída - in stitu ir u m ciclo de 14 dias de tra tam ento em pírico para um a possível actinom icose pélvica precoce.
Figura 163.3 Actinomicose hepático-esplênica. A. Tomografia computado rizada mostrando múltiplos abscessos hepáticos e uma pequena lesão esplênica causada por A. israelii. A seta indica a extensão fora do fígado. Detalhe: coloração do líquido do abscesso pelo método de Gram, demonstrando bacilos Gram-positivos
filamentosos em contas. B. Formação subsequente de fístula. (Reimpressa, com au torização, de Saad M: Actinomyces hepatic abscess with cutaneous fístula. N Engl J Med 353;el6, 2005. © 2005 Massachusetts Medicai Society. Todos os direitos reservados)
Doença pélvica
Doenças Infecciosas 1328
Figura 163.4 Tomografia computadorizada mostrando actinomicose as sociada com um dispositivo intrauterino contraceptivo. 0 dispositivo é encai xado pela fibrose endometrial (seta cheia): também visível está a fibrose paraendometrial (cabeça de seta triangular vazada) e uma área de supuração (seta vazada).
A detecção de ALO na ausência de sintom as justifica um a o rie n ta ção da paciente e rigoroso acom panham ento, m as não a rem oção do DIU, a não ser que a p aciente aceite um m éto d o alternativo ad e quado de contracepção.
Doença do sistema nervoso central A actinom icose do sistem a nervoso central (SNC) é rara. É m ais com um haver abscessos cerebrais únicos ou m últiplos. Em geral, o abscesso aparece na TC com o um a lesão de realce anelar, com parede espessa que pode ser irregular ou nodular. Foram descritos tam bém os achados de perfusão p or ressonância m agnética e espectroscopia, bem com o a ocorrência de m eningite, infecção dos espaços epidural ou subdural e síndrom e do seio cavernoso.
Infecção musculoesquelética e dos tecidos moles A infecção actinom icótica do osso deve-se habitualm ente à infecção do tecido m ole adjacente, m as pode estar associada a traum atism o (p. ex., fratura da m andíbula), osteorradionecrose e osteonecrose por bisfosfonatos (lim itada aos ossos m andibulares e m axilares) ou dis sem inação hem atogênica. Em virtude da progressão lenta da doença, observam -se concom itantem ente a ocorrência de form ação de novo osso e destruição óssea. A infecção de um m em bro não é com um e geralm ente resulta de traum atism o. Pele, tecido subcutâneo, m úscu los e ossos (com periostite ou osteom ielite aguda ou crônica) são aco m etidos isoladam ente ou em várias com binações. Surgem frequente m ente trajetos fistulosos cutâneos.
Doença disseminada A dissem inação hem atogênica da doença a p artir de qualquer locali zação raram ente resulta em acom etim ento de m últiplos órgãos. Pul m ões e fígado são mais com um ente acom etidos, com aparecim ento de m últiplos nódulos que sim ulam u m a neoplasia m aligna dissem i nada. A apresentação clínica pode ser surpreendentem ente indolen te, tendo em vista a extensão da doença.
■ DIAGNÓSTICO O d iagnóstico de actin o m ico se ra ra m e n te é considerado. C om m uita frequência, a p rim eira m enção à actinom icose é feita pelo patologista após cirurgia extensa. C om o o tratam en to clínico p o r si só é frequentem ente suficiente p ara o b ter a cura, o desafio para o m édico é considerar a possibilidade de actinom icose, diagnosticá-
-la de m aneira m enos invasiva e evitar um a cirurgia desnecessária. As m anifestações clínicas e os achados radiográficos sugestivos de actinom icose foram discutidos anteriorm ente. É im portante obser var que o hiperm etabolism o foi dem o n strad o pela tom ografia com em issão positiva na doença actinom icótica. As aspirações e as biópsias (com ou sem orientação p o r TC ou ultrassonografia) estão sendo utilizadas com sucesso para obter m aterial clínico para diag nóstico, em bora possa haver necessidade de cirurgia. O diagnóstico é m ais com um ente estabelecido pela identificação m icroscópica de grânulos de enxofre (m atriz in vivo de bactérias, fosfato de cálcio e m aterial do hospedeiro) na secreção b rônquica ou em tecidos. Em certas ocasiões, esses grânulos são identificados m acroscopicam ente na drenagem das fístulas ou na secreção brônquica. Em bora os grâ nulos de enxofre sejam um a característica que define a actinom ico se, são tam bém encontrados grânulos no m icetom a (Cap. 162 e 206) e na botriom icose (infecção bacteriana supurativa crônica de tecidos m oles ou, em casos raros, de tecido visceral, que produz grum os de bactérias sem elhantes a grânulos). Essas entidades podem ser facil m ente diferenciadas da actinom icose p o r m eio de exam es histopatológicos e m icrobiológicos apropriados. A identificação m icrobiológica de actinom icetos é frequentem ente im pedida pelo tratam ento antim icrobiano prévio ou pela incapacidade de efetuar culturas m icrobiológicas apropriadas. Para a obtenção de um resultado positivo ótim o, é obrigatório evitar até m esm o um a dose única de antibióti cos. O isolam ento prim ário leva habitualm ente 5 a 7 dias, m as pode estender-se p o r até 2 a 4 sem anas. E m bora não sejam rotineiram ente utilizadas, a am plificação e a determ inação da seqüência do gene do rRNA 16S têm sido efetuadas com sucesso para aum entar a sensibili dade diagnostica. C om o os actinom icetos são com ponentes da flora norm al da boca e do trato genital, a sua identificação na ausência de grânulos de enxofre, no escarro, em lavados brônquicos e secreções cervicovaginais tem pouco valor.
TRATAMENTO
Actinomicose
As decisões acerca do tratam en to baseiam -se na experiência clí nica coletiva dos últim os 50 anos. A actinom icose exige tra ta m ento prolongado com altas doses de agentes antim icrobianos. Supõe-se que a necessidade de tratam en to intensivo decorra da pouca penetração do fárm aco nas m assas de paredes espessas com um nessa infecção e/o u dos p ró p rio s grânulos de enxofre, que pode representar um biofilm e. E m bora o tratam ento precise ser individualizado, a adm in istração IV de 18 a 24 m ilhões de unidades de penicilina ao dia du ran te 2 a 6 sem anas, seguida de tratam en to oral com penicilina ou am oxicilina (duração total de 6 a 12 meses), constitui um a d iretriz razoável para infecções graves e doença volum osa. A doença m enos extensa, particu lar m ente a que acom ete a região orocervicofacial, pode ser curada com um ciclo m ais curto. Se o tratam e n to se estender além da resolução da doença m ensurável, o risco de recidiva - um a carac terística clínica dessa infecção - será m inim izado; a T C e a RM constituem , em geral, as técnicas m ais sensíveis e objetivas que perm item alcançar esse objetivo. U m a abordagem sem elhante é razoável para pacientes im unocom prom etidos, em bora tenha sido descrita a ocorrência de doença refratária em indivíduos in fectados pelo HIV. O Q u a d ro 163.1 fornece um a lista de agentes antim icrobianos alternativos apropriados, bem com o aqueles não considerados confiáveis. E m bora a função exercida pelos m icró bios “associados” na actinom icose não esteja bem esclarecida, m uitos isolados são patógenos legítim os, e é razoável m inistrar um esquem a que cubra esses m icrorganism os durante o período de tratam ento inicial. O tratam ento clínico cirúrgico com binado ainda é defendido em alguns registros. Todavia, um volum e crescente de literatura
QUADRO 163.1 Antibioticoterapias apropriada e inadequada para a actinomicose3 Categoria
Agente
Experiência clínica bem-sucedida extensa6
Amoxicilina: 500 mg VO a cada 6 h
Penicilina: 3 a 4 mU/dia IV, a cada 4 h Eritromicina: 500-1.000 mg IV, a cada 6 h, ou 500 mg VO a cada 6 h Tetraciclina: 500 mg VO a cada 6 h Doxiciclina: 100 mg IV ou VO, a cada 12 h Minociclina: 100 mg IV ou VO a cada 12 h
sustenta, hoje, um a tentativa inicial de cura com tratam ento clíni co apenas, m esm o na presença de doença extensa. A TC e a RM devem ser utilizadas para m onitorar a resposta ao tratam ento. Na m aioria dos casos, pode-se evitar a cirurgia, ou pode-se efetuar um procedim ento m enos extenso. Essa conduta é particularm en te valiosa para preservar órgãos críticos, com o bexiga ou órgãos reprodutores em m ulheres de idade fértil. Para um abscesso bem definido, a drenagem percutânea em associação com o tratam en to clínico constitui um a abordagem razoável. Q uando um a área crítica está acom etida (p. ex., espaço epidural, SNC), ou quando o tratam ento clínico adequado falha, a intervenção cirúrgica pode ser apropriada.
Clindamicina: 900 mg IV a cada 8 h, ou 300-450 mg VO a cada 6 h Experiência clínica bem-sucedida informal
Ceftriaxonac Ceftizoxima Imipenem-cilastatina
Agentes que devem ser evitados
RD et al: Pulmonary actinomycosis complicating infliximab therapy for Crohns disease. Thorax 62:1013,2007
Piperacilina-tazobactam
H o L et al: Actinomycosis mimicking anastomotic recurrent esophageal can cer on PET-CT. Clin Nucl Med 31:646,2006
Metronidazol
Joshi
Aminoglicosídios Oxacilina Dicloxacilina Cefalexina
Agentes previsivelmente eficazes com base na sua atividade in vitro
BIBLIOGRAFIA C ohen
Moxifloxacino Vancomicina Linezolida Quinupristina-dalfopristina Ertapenenf Azitromicinac
C et al: Pelvic actinomycosis: A rare entity presenting as a tubo-ovarian abscess. Arch Gynecol Obstet 281:305,2010 N a i k NH, R u s s o TA: Bisphosphonate related osteonecrosis of the jaw: The role of Actinomyces. Clin Infect Dis 49:1729,2009 R usso TA: Agents of actinomycosis, in Principies and Practice of Infectious Disea ses, 7th ed, GL Mandell et al (eds). New York, Churchill Livingstone, 2010, pp 3209-3219 JM et al: Abdominal abscesses due to actinomycosis after laparoscopic cholecystectomy: Case reports and review. Clin Infect Dis 44:el, 2007
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W e s th o ff
aPode ser necessária uma cobertura adicional para bactérias “associadas" concomitantes. hNão foram efetuadas avaliações controladas. A dose e a duração devem ser individualizadas de acordo com o hospedeiro, o local e a extensão da infecção. Como regra geral, é necessária uma dose parenteral máxima do antimicrobiano durante 2 a 6 semanas, seguida de tratamento oral, com duração total de 6 a 12 meses, para infecções graves e doença volumosa, enquanto um ci clo mais curto pode ser suficiente para a doença menos extensa, sobretudo na região orocervico facial. 0 monitoramento do impacto da terapia com TC ou RM é aconselhável quando apropriado. cEste agente pode ser considerado para terapia parenteral doméstica.
Doenças Infecciosas 1330
*
r CAPÍ TULO
164
Infecções Causadas por Microrganismos Anaeróbios Mistos Dennis L. Kasper Ronit Cohen-Poradosu DEFINIÇÕES
QUADR0164.1
✓
Flora humana anaeróbia: visão geral Bactérias totais3
Relação anaeróbio/ aeróbio
Saliva
108 a 109
1:1
Superfície dos dentes
1010a 10”
1:1
Sulcos gengivais
1011 a 1012
103:1
Estômago
0 a 105
1:1
Jejuno/íleo
104 a 107
1:1
Local anatômico
Patógenos potenciais
Cavidade oral Fusobacterium nucleatum, Prevotella melaninogenica, grupo da Prevotella oralis, grupo do Bacteroides ureolyticus, Peptostreptococcus spp.
Trato gastrintestinal
íleo terminal e colo
10l 1a 1012
103:1
Bacteroides spp. (principalmente membros do grupo do B. fragillis), Prevotella spp., Clostridium spp., Peptostreptococcus spp.
Trato genital feminino
107 a 109
10:1
Peptostreptococcus s p p Bacteroides spp., Prevotella bivia
aPor grama ou mililitro.
Infecções Causadas por Microrganismos Anaeróbios Mistos
As bactérias anaeróbias são m icrorganism os que necessitam de um a tensão reduzida de oxigênio para o seu crescim ento, enquanto não conseguem crescer na superfície de m eios sólidos com C 0 2 a 10% no ar. (Por outro lado, as bactérias microaerófilas podem crescer em atm osfera com C 0 2 a 10% no ar ou em condições anaeróbias ou ae róbias, em bora cresçam m elhor na presença de apenas um a pequena quantidade de oxigênio atm osférico, enquanto as bactérias fa cu lta tivas p odem crescer na presença ou ausência de ar.) Este capítulo descreve as infecções causadas po r bactérias anaeróbias não esporuladas. Os anaeróbios m ais clinicam ente relevantes, com o Bacteroides fragilis, Prevotella melaninogenica e Fusobacterium nucleatum são relativam ente aerotolerantes. Em bora eles possam sobreviver po r p e ríodos prolongados de tem po na presença de até 2 a 8% de oxigênio, geralm ente não se m ultipliquem nesse ambiente. Um núm ero m uito m enor de bactérias anaeróbias patogênicas (que tam bém fazem parte da flora norm al) m orre após breve contato com o oxigênio m esm o em baixas concentrações. A m aioria das superfícies m ucocutâneas abriga um a rica flora natural com posta de bactérias aeróbias e anaeróbias. Estas superfícies são dom inadas po r bactérias anaeróbias, que m uitas vezes resp o n dem po r 99,0 a 99,9% das floras cultiváveis e variam em concentra ção de 109/m L na saliva para 10l2/m L na raspagem gengival e o colo. A m aior parte da flora norm al anaeróbia não pode ser cultivada ou caracterizada pelos m étodos laboratoriais atuais. Os principais reser vatórios dessas bactérias são boca, trato gastrintestinal inferior, pele e trato genital fem inino (Q uadro 164.1). Na cavidade bucal, a relação entre bactérias aneróbicas e aeróbias varia de 1:1 n a superfície de um dente até 1.000:1 no sulco gengival. As bactérias anaeróbias não são encontradas em núm eros apreciáveis no intestino superior norm al até o íleo distai. No colo, a proporção de anaeróbios aum enta signifi cativam ente, assim com o a contagem total de bactérias, po r exemplo,
existem 10 ' a 101 m icrorganism os p o r gram a de fezes, e m ais de 99% desses m icrorganism os são anaeróbios, com um a relação entre anaeróbios e aeróbios de cerca de 1.000:1. No trato genital feminino, há cerca de 109 m icrorganism os p o r m ililitro de secreção, com um a relação entre anaeróbios e aeróbios de cerca de 10:1. Os anaeróbios com ensais estiveram im plicados com o m ediadores fundam entais das funções fisiológicas, m etabólicas e im unológicas do hospedeiro m a m ífero. Um dos papéis m ais im portantes que os anaeróbios desem penham com o com ponentes da flora colônica norm al é a resistência à colonização, no qual sua presença interfere efetivam ente com a co lonização p or espécies bacterianas patogênicas potencializadas por m eio da depleção de oxigênio e nutrientes, da produção de enzimas e produtos finais tóxicos e da m odulação da resposta im une inata intestinal. Os Bacteroides e outras bactérias intestinais ferm entam carboidratos e produzem ácidos graxos voláteis que são reabsorvi dos e usados pelo hospedeiro com o fonte de energia. A m icroflora intestinal anaeróbia tam bém é responsável pela produção de p ro d u tos secretados que prom ovem a saúde h um ana (p. ex., vitam ina K e ácidos da bile). A flora intestinal anaeróbia in fluencia o desenvolvim ento de um a m ucosa intacta e de tecido linfoide associado à mucosa. A colo nização de cam undongos livres de germ es com um a espécie simples, Bacteroides thetaiotaomicron, afeta a expressão de vários genes h o s pedeiros e corrige as deficiências da captação de nutrientes, m etabo lismo, angiogênese, função da barreira da m ucosa e desenvolvim ento do sistem a nervoso entérico. O fator de sim biose do polissacarídio A do B. fragilis influencia o desenvolvim ento e a função norm ais do sistem a im une m am ífero e protege os cam undongos contra a colite em um m odelo de doença intestinal inflam atória. Centenas de espécies de bactérias anaeróbias foram identificadas com o parte da flora norm al nos seres hum anos. Apesar da complexa variedade de bactérias na flora norm al, relativam ente poucas espé cies costum am ser isoladas de infecções hum anas. O correm infec ções anaeróbias quando a relação harm oniosa entre o hospedeiro e as bactérias é rom pida. Q ualquer local no corpo é suscetível de infecção por esses m icrorganism os nativos, quando u m a barreira mucosa ou a pele são com prom etidas p or cirurgia, traum atism o, tum or, isquemia ou necrose, que podem reduzir os potenciais redox nos tecidos locais. C om o os locais colonizados p or anaeróbios contêm m uitas espécies de bactérias, a ru p tu ra de barreiras anatôm icas perm ite a p en etra ção de num erosos m icrorganism os, resultando em infecções m istas que envolvem m últiplas espécies de anaeróbios com binados com m i crorganism os facultativos ou m icroaerófilos. Essas infecções m istas são observadas na cabeça e no pescoço (sinusite crônica, otite m édia crônica, angina de Ludwig e abscessos periodontais). Os abscessos cerebrais e o em piem a subdural constituem as infecções anaeróbias
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m ais com uns do sistema nervoso central (SNC). Os anaeróbios são responsáveis p o r doenças pleuropulm onares, com o a pneu m o n ia p o r aspiração, a pneum onia necrotizante, o abscesso pu lm o n ar e o em piem a. Tais m icrorganism os tam bém desem penham um im p o r tante papel em várias infecções intra-abdom inais, com o peritonite e abscessos intra-abdom inais e hepáticos (Cap. 127). São isolados fre quentem ente em infecções do trato genital fem inino, com o salpingi te, p eritonite pélvica, abscesso tubo-ovariano, abscesso vulvovaginal, aborto séptico e endom etrite (Cap. 130). C om frequência, são ta m bém encontradas bactérias anaeróbias na bacterem a e em infecções de pele, tecidos moles e ossos.
■ ETIOLOGIA
Doenças Infecciosas
A classificação taxonôm ica dos anaeróbios está p ro g red in d o ra p i dam ente, e as m udanças freqüentes n a n o m en c latu ra baseiam -se em relações recém -descobertas entre as espécies bacterianas. As infecções causadas pelas bactérias anaeróbias são devidas com m ais frequência a m ais de um organism o. Estas infecções p olim icrobia nas p odem ser causadas p o r u m a ou várias espécies anaeróbias ou p o r um a com binação de organism os anaeróbios e bactérias m icroaerofílicas ou facultativas atuando sinergisticam ente. Os principais cocos G ram -positivos anaeróbios que provocam doença são as es pécies Peptoslreptococcus; as principais espécies deste gênero envol vidas em infecções são o P. micros, P. magnus, P. asaccharolyticus, P. anaerobius e P. prevotii. O s clostrídios (Cap. 142) são bastonetes G ram -positivos form adores de esporo que são isolados de feridas, abscessos, locais de infecção abdom inal e sangue. Os bacilos G ram -positivos anaeróbios n ão fo rm ad o res de esporos são in co m u n s com o agentes etiológicos de infecções hum anas. O Propionibacterium acnes, um com ponente da flora cu tân ea e que constitui u m a rara causa de infecções p o r corpo estranho, é um dos poucos b a s tonetes G ram -positivos não clostrídios associados a infecções. Os p rincipais bacilos G ram -negativos anaeróbios e n co n trad o s nas in fecções hu m an as são o g rupo B. fragilis bem com o Fusobacterium , Prevotella e espécies de Porphyromonas. Os patógenos aeróbios potenciais m ais im p o rtan tes e n c o n tra dos nas vias respiratórias superiores e isolados dos espécim es clíni cos das infecções orais e p leuropulm onares são as espécies Fusobac terium, F. necrophorum, F. nucleatum e F. varium ; P. melaninogenica; o g rupo Prevotella oralis; Porphyromonas gengivalis; Porphyromonas asaccharolytica; espécies Peptostreptococcus; e o g ru p o Bacteroides ureolyticus. O grupo do B. fragilis contém os patógenos anaeróbios m ais fre quentem ente isolados de infecções clínicas. Os m em bros desse grupo fazem parte da flora intestinal norm al e incluem diversas espécies, com o B. fragilis, B. thetaiotaomicron, B. vulgatus, B. uniformis, B. ovatus e Parabacteroides distasonis. O B. fragilis é o isolado clínico m ais im portante, em bora ele seja isolado em núm eros inferiores de outras espécies de Bacteroides provenientes de culturas da flora fecal comensal. Nas infecções do trato genital fem inino, os m icrorganism os que colonizam norm alm ente a vagina (p. ex., Prevotella bivia e Prevotella disiens) são os isolados m ais com uns. C ontudo, o B.fragilis não é in com um .
■ PATOGÊNESE As infecções bacterianas anaeróbias o co rrem g eralm ente q u ando u m a barreira anatôm ica é rom pida e os c onstituintes da flora local en tram em um local que estava anterio rm en te esterilizado. D evido aos requerim entos de crescim ento específicos dos o rganism os anae róbios e sua presença com o com ensais nas superfícies das m ucosas, devem surgir condições p erm itin d o que estes organism os p enetrem as b arreiras das m ucosas e en tre m no tecido com u m p otencial de redução de oxidação dim inuído. Portanto, a isquem ia do teci do, o traum a, a cirurgia, o visco perfurado, o choque e a aspiração fornecem am bientes propícios à proliferação de anaeróbios. A in tro d u ção de m uitas espécies b acterianas em locais de o u tro m odo estéreis leva a um a infecção polim icrobiana no qual determ in ad o s organism os predom inam . Três principais fatores estão envolvidos
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na patogênese das infecções anaeróbias: sinergia bacteriana, fatores de virulência bacteriana e m ecanism os de form ação de abscesso. A capacidade de diferentes bactérias de agir sinergisticam ente durante a infecção polim icrobiana contribui para a patogênese das infecções anaeróbias. Foi postulado que os organism os facultativos trabalham em p arte p ara dim in u ir o potencial de redução-oxidação no m icroam biente, p erm itin d o a propagação de anaeróbios estritos. Os anae róbios p odem produzir com ponentes com o ácido succínico e ácidos graxos de cadeia c u rta que in ib em a capacidade dos fagócitos de lim par os organism os facultativos. N os m odelos experim entais, os anaeróbios facultativos e estritos potencializam sinergisticam ente a form ação de abscesso. Fatores de viru lên cia associados com anae róbios conferem a capacidade de evadir as defesas do hospedeiro, a d erir às superfícies celulares, p ro d u z ir toxinas e /o u enzim as ou d e m o n stra r e stru tu ra s de superfícies com o polissacarídios e lipopolissacarídios (LPS) capsulares que c o n trib u em p ara o potencial patogênico. A capacidade de um o rganism o de a d erir aos tecidos do ho sp ed eiro é im p o rta n te p ara o estab elecim en to da infecção. A lgum as espécies orais aderem ao epitélio na cavidade oral. A P. melaninogenica insere-se na realidade a ou tro s m icro-organism os. A P. gengivale, um isolado co m u m n a d o en ça p e rio d o n tal, possui fím brias que facilitam a inserção. A lgum as cepas de Bacteroides pa recem ter pilosidades, um a característica que po d e ser responsável p o r sua capacidade de aderir. O fator de virulência m ais extensam ente estudado dos anaeró bios não esporulados é o com plexo polissacarídio capsular do B .fra gilis. Este organism o é único entre os anaeróbios em seu potencial de virulência du ran te o crescim ento em locais n o rm alm en te estéreis. E m bora ele constitua apenas 0,5 a 1% da flora colônica norm al, o B. fragilis é o anaeróbio m ais com um ente isolado das infecções intra-abdom inais e bacterem ia. U m polissacarídio do B.fragilis, polissa carídio A, possui um m odelo zw iteriônico singular de açúcares com carga que confere propriedades biológicas distintas, com o a capa cidade de prom over a form ação de abscesso. A indução de absces so intra-ab d o m in al está relacionada com a capacidade deste polis sacarídio de estim ular a liberação de citocinas e quim iocinas - em particular, interleucina (IL) 8, IL-17 e fator de necrose tu m o ral a (T N F -a) - , de células peritoneais residentes. A liberação de citocinas e quim iocinas resulta na quim iotaxia de neutrófilos polim orfonuclaeares (PM N ) no peritônio, onde eles aderem às células m esoteliais induzidas p o r T N F -a para in d u zir a expressão de m olécula de adesão intercelular 1 (ICAM -1). Os PM N aderentes às células que expressam IC A M -1 representam provavelm ente o foco para a for m ação de u m abscesso. O polissacarídio A tam b ém ativa as células T a p roduzir certas citocinas, incluindo IL-17 e interferon 7 , que são necessárias para a form ação do abscesso. Além disso, quando o m es m o polissacarídio é adm inistrado em m odelos anim ais experim en tais, de m odo profilático ou terapêutico, ele confere proteção contra a indução de abscesso após a provocação com m icro-organism os capazes de induzir abscessos. Esta proteção é m ediada p o r células T produtoras de IL-10. As bactérias anaeróbias p ro d u z em u m a q u a n tid a íe de exoproteínas que p o d e m a u m e n tar a v iru lê n cia dos organism os. A colagenase pro d u zid a p o r P. gengivalis p o d e a u m e n tar a destruição do tecido. U m a e n tero to x in a foi id en tific ad a nas- cepas de B. fragilis associada com doença d iarreica em anim ais e em crianças jovens. As exotoxinas pro d u zid as pelas espécies de clostrídios, incluindo toxinas botulínicas, toxina tetânica, toxinas C. difficile A e B e cinco toxinas produzidas p o r C. perfringens, estão entre as toxinas bacte rianas m ais v irulentas em ensaios de letalidade de ratos. Bactérias G ram -negativas anaeróbias com o o B .fragilis possuem LPS (endotoxinas) que são 100-1000 vezes m en o s b iologicam ente potentes do que as endotoxinas associadas com as bactérias G ram -negativas aeróbias. Esta in atividade biológica relativa p o d e ser responsável pela frequência m ais baixa de coagulação intravascular dissem ina da e p ú rp u ra n a b acterem ia p o r Bacteroides do que n a bacterem ia bacilar G ram -negativa facultativa e aeróbia. U m a exceção é o LPS do Fusobacterium, que po d e ser responsável pela gravidade da sín drom e de Lem ierre.
Infecções causadas por microrganismos anaeróbios mistos O m édico deve considerar vários pontos na abordagem de pacien te com infecção provável por bactérias anaeróbias.
■ EPIDEMIOLOGIA A dificuldade de realização de culturas apropriadas, a contam inação de culturas po r com ponentes da flora norm al, e a falta de técnicas de cultura confiáveis e prontam ente disponíveis tornaram impossível obter dados acurados sobre a incidência ou prevalência. Entretanto, as infecções anaeróbias são encontradas frequentem ente em h ospi tais com serviços ativos de cirurgia, traum atism o bem com o obste trícia e ginecologia. C onform e a instituição, as bactérias anaeróbias respondem p or 0,5 a 12% dos casos de bacterem ia.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Infecções anaeróbias da boca, cabeça e pescoço (Ver também o Capítulo 31) As bactérias anaeróbias estão com um ente envolvidas em infecções da boca, cabeça e pescoço. Os isolados predom inantes são com ponentes
Gengivite ulcerativa necrosante A gengivite pode tornar-se u m a infecção necrotizante (boca de trin cheira, estom atite de Vincent). Em geral, o início da doença é súbito, sendo associado a gengivas hem orrágicas hipersensíveis, m au hálito e gosto ruim . A m ucosa gengival, especialm ente as papilas entre os dentes, torna-se ulcerada e p o d e ser coberta p or um exsudato cinza, passível de rem oção com leve pressão. O s pacientes podem tornar-se sistem icam ente enferm os, desenvolvendo febre, linfadenopatia cervical e leucocitose. E m certas ocasiões, a gengivite ulcerativa pode dissem inar-se para a m ucosa bucal, os dentes e a m andíbula ou a m axila, resultando em d estruição dissem inada de osso e teci do mole. Essa infecção é d en o m in ad a mucosite ulcerativa necrosante aguda (cancrum oris, nom a). D estrói rapidam ente o tecido, resultan do em queda dos dentes e descam ação de grandes áreas de osso - ou m esm o de to d a a m andíbula. C om frequência, detecta-se forte odor pútrido, em bora as lesões não sejam dolorosas. As lesões gangrenosas acabam cicatrizando, deixando grandes defeitos desfigurantes. Essa infecção ocorre m ais com um ente após um a doença debilitante ou acom ete crianças gravem ente desnutridas. Sabe-se que ela com plica a leucem ia ou desenvolve-se em indivíduos com deficiência genética de catalase.
Infecções necrotizantes agudas da faringe Essas infecções ocorrem habitualm ente em associação com gengivite ulcerativa. Os sintom as consistem em d or intensa de garganta, m au hálito e gosto ruim , acom panhados de febre e sensação de sufocação. O exam e da faringe dem onstra que o arco palatofaríngeo encontra-se edem atoso, eritem atoso, ulcerado e coberto p o r um a m em brana acinzentada que se solta facilm ente. É com um haver linfadenopatia e leucocitose. A doença pode d u ra r apenas alguns dias ou, se não for tratada, persistir p o r várias sem anas. As lesões surgem unilateralm ente, m as podem dissem inar-se para o outro lado da faringe ou laringe. A aspiração do m aterial infectado pelo paciente pode resultar em abscessos pulm onares.
Infecções Causadas por Microrganismos Anaeróbios Mistos
1. Os m icrorganism os que colonizam as m ucosas são, em sua m aioria, com ensais inofensivos; um núm ero m uito peque no provoca doença. Q uando esses m icrorganism os causam doença, frequentem ente são encontrados em proxim idade à m ucosa que colonizam. 2. Para que os anaeróbios possam causar infecção tecidual, de vem dissem inar-se além das barreiras m ucosas norm ais. 3. São necessárias condições que favoreçam a propagação des sas bactérias, particularm ente um potencial de oxidação-redução dim inuído. Tais condições são encontradas em locais de traum atism o, destruição tecidual, com prom etim ento do suprim ento vascular e com plicações de infecções preexis tentes, que produzem necrose. 4. Existe um a variedade com plexa de flora infectante. Por exemplo, podem ser isolados até 12 tipos de m icrorganis m os de um local supurativo. 5. Os m icrorganism os anaeróbios tendem a ser encontrados em cavidades de abscessos ou em tecido necrótico. A ausên cia de produção de m icrorganism os em cultura de rotina de um abscesso fornece um indício de que ele provavelm ente contém bactérias anaeróbias. C om frequência, os esfrega ços desse “pus estéril” revelam quantidades abundantes de bactérias quando se utiliza a coloração de G ram . Em bora alguns m icrorganism os facultativos (p. ex., Staphylococcus aureus) tam bém sejam capazes de causar abscessos, a p re sença de abscessos em órgãos ou tecidos corporais m ais profundos deve levantar a suspeita de infecção anaeróbia. 6. Verifica-se a presença de gás em m uitas infecções anaeróbias de tecidos profundos; todavia, o gás não é diagnóstico, visto que tam bém pode ser produzido po r bactérias aeróbias. 7. E m bora um local de infecção ou a secreção de o d o r p ú tri do sejam considerados diagnósticos de infecção anaeróbia, essas m anifestações desenvolvem -se h a b itu a lm en te em um a fase tardia da evolução e só são observadas em 30 a 50% dos casos. 8. Algum as espécies (sendo o m elhor exem plo o grupo do B. fragilis) exigem tratam ento específico. E ntretanto, m uitas infecções sinérgicas podem ser curadas com antibióticos dirigidos contra alguns dos m icrorganism os envolvidos. A antibioticoterapia, com binada com desbridam ento e drena gem, rom pe a relação interdependente entre as bactérias, e algum as espécies resistentes ao antibiótico não sobrevivem sem os m icrorganism os coinfectantes. 9. As m anifestações de sepse grave e de coagulação intravas cular dissem inada são incom uns em pacientes com infecção puram ente anaeróbia.
da flora norm al das vias respiratórias superiores - principalm ente o grupo Bacteroides oralis, espécies pigm entadas de Prevotella, P. asaccharolytica, espécies de Fusobacterium, peptoestreptococos e estrep tococos m icroaerófilos. As infecções do tecido m ole da área oral-facial p o d em ou não ser odontogênicas. As infecções o d o n to g ên ic as - p rincipalm ente cáries d e n tá ria s e d o e n ça p e rio d o n ta l (gengivite ou p e rio d o n tite) - , são co m u n s e a p rese n tam c o n se q ü ên c ia s locais (especial m ente p e rd a dos dentes) e possib ilid ad e de dissem inação p o ten c ialm en te fatal p a ra os espaços fasciais p ro fu n d o s da cabeça e pescoço. As infecções da b o ca p o d e m o rig in a r-se de u m a placa d e n tá ria sup rag en g iv al ou de u m a subgengival, c o m p o sta p o r b a ctéria s que c o lo n izam a su p e rfície do den te. A fo rm ação da placa supragengival com eça com a ad erê n cia de bactérias G ram -positivas à superfície do dente. Essa form a de placa é influenciada pelos c om ponentes salivares e d ietéticos, pela higiene bucal e po r fatores locais do hospedeiro. A placa supragengival p o d e resultar em cáries dentárias e, com invasão adicional, em pulpite (infecção e n d o d ô n tic a), que p e rfu ra a in d a m ais o osso alveolar, causando abscesso periapical. A placa subgengival está associada a infecções p e rio d o n tais (p. ex., gengivite, p e rio d o n tite e abscesso p e rio d o n tal) que p o d e m d issem in ar-se p a ra e stru tu ra s adjacentes, com o a m an d íb u la, causando o steo m ielite dos seios m axilares. A p e rio don tite tam b ém pode resu ltar em infecção d issem inada, p o d e n d o acom eter o osso adjacente ou os tecidos m oles. N o p e rio d o n to , a m icroflora esparsa consiste p rin cip alm en te de organism os G ram -positivos com o Streptococcus sanguinis e espécies de Actinomyces. N a p resença de gengivite, h á u m a m u d an ç a p ara um a pro p o rção m aio r de bacilos G ram -n eg ativ o s an ae ró b io s n a flora sub g en g i val, com p re d o m in ân c ia de Prevotella interm édia. N a p erio d o n tite bem estabelecida, a co m p lex id ad e da flora a u m e n ta ain d a m ais. O s isolados p re d o m in an te s são P. gingivalis, P. interm édia, Aggre gatibacter (a n tig am e n te A ctinobacillus) actinom ycetem com itans, Treponema denticola, e Tannerella forsythensis.
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Infecções do espaço perlfaríngeo Essas infecções originam -se da dissem inação de m icrorganism os provenientes das vias respiratórias superiores para espaços p o te n ciais form ados pelos planos fasciais da cabeça e pescoço. A etiologia é polim icrobiana e representa a flora norm al da m ucosa do local de origem. O abscesso periam igdaliano (esquinência) é um a com plicação da am igdalite aguda causada p rincipalm ente p o r um a flora m ista que contém anaeróbios e Streptococcus do grupo A. N a infecção do espaço subm andibular (angina de Ludwig), 80% dos casos são d e vidos à infecção dos tecidos que c ircundam os segundo e terceiro m olares. Essa infecção resulta em acentuado edem a local dos teci dos, com dor, trism o bem com o deslocam ento superior e posterior da língua. O edem a subm andibular do pescoço pode com prom eter a deglutição e causar obstrução respiratória. Em alguns casos, a traq ueotom ia po d e salvar a vida. A actinomicose cervicofacial (Cap. 163) é causada po r um anaeróbio estrito/facultativo G ram -positivo, não fo rm ador de esporos e ram ificado que faz parte da flora oral norm al. Essa doença crônica caracteriza-se p o r abscessos, d re n a gem de seios da face, fístulas, destruição óssea e fibrose. Pode ser facilm ente confundida com neoplasia m aligna ou doença gran u lo m atosa. A actinom icose acom ete m enos frequentem ente o tórax, o abdom e, a pelve e o SNC.
Sinusite e otite As bactérias anaeróbias foram im plicadas na sinusite crônica, porém desem penham um pequeno papel na sinusite aguda. Em vários estu dos sobre sinusite crônica, essas bactérias foram encontradas em 12 a 93% dos casos, dependendo do m étodo utilizado para a coleta das am ostras. Os isolados predom inantes foram Prevotella pigm entada, Fusobacterium e as espécies Peptostreptococcus. Os bacilos G ram -ne gativos aeróbios e S. aureus tam bém estavam im plicados na sinusite crônica. A infecção polim icrobiana é com um e pode ser sinérgica. As bactérias anaeróbias estão m uito m ais facilm ente im plicadas na otite m édia supurativa crônica do que na otite m édia aguda. O exsudato p u ru len to das orelhas que d renam cronicam ente contém anaeróbios, particularm ente espécies Bacteroides, em até 50% dos casos. O B. fragilis foi isolado de até 28% dos pacientes com otite m édia crônica.
Complicações das infecções anaeróbias da cabeça e do pescoço A dissem inação cran ian a c ontígua dessas infecções p ode resultar em osteom ielite do crânio ou m andíbula, ou em infecções in tra cra nianas, com o abscesso cerebral e em piem a subdural. A d issem ina ção caudal po d e provocar m ediastinite ou infecção pleu ro p u lm o nar. As com plicações hem atogênicas tam b é m p o d e m resu ltar de infecções anaeróbias da cabeça e pescoço. A b acterem ia, que em certas ocasiões é polim icrobiana, po d e levar à endocardite o u a o u tras infecções em locais distantes. A síndrom e de Lem ierre, que tem sido incom um na era dos antim icrobianos, é um a infecção orofa ríngea aguda com trom boflebite séptica secundária da veia jugular in tern a e m etástases freqüentes, m ais com um ente para o pulm ão. O F. necrophorum é a causa habitual. Em geral, essa infecção com eça com faringite, seguida de invasão local do espaço faríngeo lateral com conseqüente trom boflebite da veia ju g u lar interna. U m a tría de clínica típica observada em séries recentes consiste em faringite, tum efação/hipersensibilidade do pescoço e infiltrados pulm onares não cavitários.
Infecções do SNC As infecções do SNC associadas a bactérias anaeróbias consistem em abscessos cerebrais (Cap. 381), abscesso epidural e em piem a subdu ral. A m eningite anaeróbia é rara e está habitualm ente relacionada com coleção param eníngea ou infecção de derivações. Se forem u ti lizadas técnicas bacteriológicas apropriadas, até 85% dos abscessos cerebrais apresentam bactérias anaeróbias, que se originam h ab i tualm ente de infecção otorrinolaríngea. C ontudo, as infecções intra-abdom inais ou pélvicas podem ocasionalm ente levar a bacterem ia com um organism o anaeróbio que se instala no córtex cerebral. Os
m icrorganism os com um ente isolados consistem em Peptostreptococ cus, espécies de Fusobacterium, Bacteroides, Prevotella, Propionibacterium , Eubacterium, Veillonella e Actinomyces. Os estreptococos e coliform es facultativos ou m icroaerófilos frequentem ente fazem p a r te de um a flora infectante m ista nos abscessos cerebrais.
Infecções pleuropulmonares As infecções pleuropulm onares anaeróbias resultam da aspiração de conteúdo orofaríngeo, frequentem ente no contexto de estado alte rado de consciência ou na ausência do reflexo dos vôm itos. Q uatro síndrom es clínicas estão associadas à infecção pleuropulm onar ana eróbia provocada p o r aspiração: pneum onia p o r aspiração simples, p n eu m o n ia necrotizante, abscesso p u lm o n a r e em piem a. M uitas destas infecções possuem um curso indolente que pode servir como u m a pista clínica que os diferencia, p o r exem plo, da pneum onia pneum ocócica, que m uitas vezes se apresenta com início abrupto, calafrios e progressão rápida.
Pneumonite por aspiração
A p n eu m o n ite p o r aspiração bacteriana deve ser diferenciada de duas outras síndrom es clínicas associadas à aspiração que não são de etiologia bacteriana. U m a das síndrom es resulta da aspiração de sólidos, hab itu alm en te alim ento. A o b stru ção das vias respiratórias principais resulta em atelectasia e inflam a ção inespecífica m oderada. O trata m e n to consiste na rem oção do corpo estranho. A seg u n d a sín d ro m e de aspiração é m ais facilm ente c o n fu n did a com a aspiração bacteriana. A síndrom e de M endelson, um a p n e u m o n ite quím ica, resulta da regurgitação do co n teú d o do es tôm ago e da aspiração de m aterial quím ico, hab itu alm en te sucos gástricos ácidos. A inflam ação p u lm o n a r - incluindo a destruição do revestim ento alveolar com transudação de líquido no espaço al veolar - ocorre com notável velocidade. E m geral, essa síndrom e desenvolve-se em poucas horas, freq u e n tem e n te após anestesia, q u ando o reflexo do v ôm ito se en co n tra deprim ido. O paciente to r na-se taquipneico, hipóxico e febril. A contagem de leucócitos pode aum entar, e a radiografia de tó rax po d e rep en tin a m en te passar do p a d rão n o rm al p a ra u m “opacificação to tal” bilateral em 8 a 24 h. A produção de escarro é m ínim a. Os sinais e sintom as pulm onares p o d em sofrer ráp id a resolução com o trata m e n to sintom ático ou p o d em culm inar em insuficiência respiratória com desenvolvim en to subsequente de superinfecção bacteriana no d eco rrer de um p e río d o de vários dias. A antibioticoterapia não é indicada, a não ser que sobrevenha infecção bacteriana. D iferentem ente destas síndrom es, a p n eu m o n ia p o r aspiração bacteriana desenvolve-se no decorrer de um perío d o de vários dias ou sem anas em lugar de questão de poucas horas. É observada em pacientes hospitalizados ou que apresentam reflexo do vôm ito de prim ido, com prom etim ento da deglutição ou tubo traqueal ou sonda nasogástrica; pacientes idosos; e pacientes com com prom etim ento transitório da consciência após convulsões, acidentes vasculares e n cefálicos ou coma alcoólico. Os pacientes internados com esta síndro m e ficaram enferm os por vários dias e, em geral, queixam -se de febre baixa, m al-estar e produção de escarro. Em alguns pacientes, a perda de peso e a anem ia refletem um processo m ais crônico. Em geral, a anam nese revela fatores predisponentes à aspiração, com o abuso de álcool ou residência em asilos. A lgum as vezes, o exam e revela evi dências de doença periodontal. Em geral, o escarro não é fétido, a não ser que o processo esteja evoluindo h á pelo m enos 1 sem ana. A coloração de G ram do escarro revela flora bacteriana m ista com num erosos PM N. O escarro expectorado não é confiável para cultu ras anaeróbias devido à contam inação inevitável pela flora oral n o r mal. Podem -se obter am ostras confiáveis para cultura p o r aspiração transtraqueal ou transtorácica - técnicas raram ente utilizadas hoje. A cultura de am ostras de escovado protegido ou do líquido do lavado broncoalveolar obtido po r broncoscopia é controvertida. As radiografias de tórax revelam consolidação nos segm entos pulm onares inferiores: nos segm entos basilares dos lobos inferiores se o paciente tiver aspirado enquanto estava em posição ortostática; e no segm ento p osterior do lobo su p erio r (habitualm ente do lado direito) ou no segm ento superior do lobo inferior se tiver aspirado
enquanto estava em decúbito dorsal. O s m icrorganism os isolados dos pulm ões refletem a flora faríngea; as espécies de Prevotella pig m entadas e não pigm entadas, espécies de Peptostreptococcus, espécies de Bacteroides, espécies de Fusobacterium e cocos anaeróbios são os isolados mais com uns. E nquanto a m aioria dos pacientes com p n e u m onia p o r aspiração adquirida na com unidade tem um a infecção m ista causada p o r estreptococos anaeróbios ou aeróbios ou m icroaerofílicos, o paciente que aspira no hospital tam bém pode ter um a infecção m ista envolvendo bastonetes G ram -negativos entéricos. Em um estudo da m icrobiologia da pneum onia p or aspiração grave em pacientes idosos em asilos, obteve-se a cultura de bacilos G ram -ne gativos em 49% dos casos (com isolam ento de um anaeróbio em 14% desse grupo), anaeróbios em 16% e S. aureus em 12%.
Pneumonite necrotizante
Essa form a de pneum onite anaeróbia ca racteriza-se por num erosos abscessos pequenos que se dissem inam de m odo a acom eter vários segm entos pulm onares. O processo pode ser indolente ou fulm inante. Essa síndrom e é m enos com um do que a pneum onia p o r aspiração ou o abscesso pulm onar e inclui caracte rísticas de am bos os tipos de infecção.
Abscessos pulmonares anaeróbios
São abscessos que resultam de infecção p u lm o n a r anaeróbia subaguda. A sín d ro m e clínica c o n siste em histó ria de sinais e sintom as constitucionais (com o m al-estar, perda de peso, febre, sudorese n o tu rn a e escarro fétido) ta l vez p o r um período de várias sem anas (C ap. 257). Os pacientes que desenvolvem abscessos p ulm onares apresentam infecção d e n tá ria e p eriodontite; entretanto, foram relatados abscessos pulm onares em pacientes desdentados. As cavidades do abscesso p o d e m ser únicas ou m últiplas e, em geral, oc o rre m nos segm entos p u lm o nares inferiores (Fig. 164.1). Os abscessos anaeróbios devem ser diferenciados das lesões associadas à tuberculose, neoplasias e o u tras afecções. Os anaeróbios orais p re d o m in am e são enco n trad o s em 60 a 80% dos casos. Os estreptococos m icroaerófilos, com o S. milleri, tam bém desem p en h am um im p o rta n te papel. S. aureus e bacilos G ram -negativos entéricos tam bém podem ser encontrados. A em bolia p u lm o n a r séptica po d e orig in ar-se de infecções in tra - abdom inais ou do trato genital fem inino, p o d e n d o provocar p n e u m onia anaeróbia e abscesso.
Empiema
O em piem a é um a m anifestação de infecção pu lm o n ar anaeróbia de longa duração. A apresentação clínica, que inclui a presença de escarro fétido, assem elha-se à de outras infecções p u l m onares anaeróbias. Os pacientes podem queixar-se de dor torácica pleurítica e acentuada hipersensibilidade da parede torácica.
O em piem a pode ser m ascarado p or pneum onite sobrejacente e deve ser considerado particularm ente nos casos de febre persistente apesar da antibioticoterapia. O exam e físico m inucioso e o uso de ultrassonografia para a localização de em piem a loculado constituem recursos diagnósticos im portantes. A coleta de exsudato fétido p or toracocentese é típica. As culturas de líquido pleural infectado p ro duzem , em m édia, 3,5 anaeróbios e 0,6 de espécie bacteriana faculta tiva ou aeróbia. E necessário efetuar um a drenagem . A defervescên cia, o retorno a um a sensação de bem -estar e a resolução do processo podem levar vários meses. A extensão de infecção subdiafragm ática tam bém pode resultar em em piem a anaeróbio.
Infecções intra-abdominais
Infecções pélvicas
Figura 164.1 Radiografia de tórax de abscesso pulmonar no lobo inferior direito em um paciente alcoolista de 60 anos de idade. [De GL Mandell (ed.): Atlas of Infectious Diseases, Vol. VI. Philadelphia, Current Medicine Inc., Churchill Livings tone, 1996; com autorização.]
A vagina de u m a m u lh e r sadia c o n stitu i u m reserv ató rio p rin c i pal de bactérias anaeró b ias e aeróbias. Na flora n o rm al do trato genital fem inino, os an ae ró b io s são m ais n u m ero so s do que os aeróbios, em u m a relação de cerca de 10:1, c o n sistin d o em c o cos G ra m -p o sitiv o s an ae ró b io s e espécies Bacteroides (Q u a d ro 164.1). Os anaeróbios são isolados da m aio ria das m ulheres com infecções do trato genital que n ão sejam causadas p o r patógeno sexualm ente tran sm itid o . O s p rin cip ais patógenos anaeróbios são B. fragilis, P. bivia, P. disiens, P. melaninogenica, cocos anaeróbios e espécies Clostridium . C om frequência, são e n co n trad o s anaeróbios em abscessos da glândula de B artholin, salpingite, abscessos tubo-ovarianos, ab o rto séptico, p io m e tra pélvica, e n d o m e trite e infec ção de ferida p ó s-o p erató ria, p a rticu la rm e n te após histerectom ia. Essas infecções são, com frequência, de etiologia m ista, envolvendo tanto anaeróbios q uanto coliform es; as infecções anaeróbias puras sem coliform es ou outras espécies b acterian as facultativas o correm m ais frequentem ente em locais pélvicos do que in tra-abdom inais. A trom boflebite su p u rativ a das veias pélvicas p o d e com plicar as infecções e levar a episódios re p etid o s de em bolia p u lm o n a r sé p tica. Ver C a p ítu lo 130 p a ra u m a d isc u ssã o c o m p le ta d a d o e n ça in fla m a tó ria pélvica.
Infecções Causadas por Microrganismos Anaeróbios Mistos
As infecções in tra -ab d o m in ais - p rin cip alm en te p eritonite e abs cessos - são h abitualm ente polim icro b ian as e representam a flora intestinal (especialm ente colônica) norm al. Essas infecções h a b i tualm ente seguem um a solução de continuidade na barreira m uco sa, resultando de apendicite, diverticulite, neoplasia, doença intesti nal inflam atória, cirurgia ou traum atism o. São isoladas quatro a seis espécies bacterianas, em m édia, p o r a m ostra exam inada no labora tório de m icrobiologia, com p red o m ín io de bacilos G ram -negativos facultativos/aeróbios entéricos anaeróbios e estreptococos/enterococos. O s isolados m ais com uns são Escherichia coli (encontrados em > 50% dos pacientes) e B. fragilis (30-50% ). A doença que se origina de u m a perfuração do intestino proxim al reflete a flora do local com predom ínio de bactérias G ram -positivas aeróbias e anae róbias, além de Candida. O B. fragilis enterotoxigênico tem sido associado à diarréia aquo sa em um pequeno n úm ero de crianças de pouca idade e adultos. Em estudos de controle de casos de crianças com doença diarreica não diagnosticada, o B. fragilis enterotoxigênico foi isolado de um núm ero significativam ente m aior de crianças com diarréia do que de crianças do grupo de controle. A enterocolite neutropênica (tiflite) tem sido associada à infecção anaeróbia do ceco, porém - em casos de neutropenia (Cap. 86) - pode acom eter todo o intestino. Os p a cientes geralm ente apresentam febre, dor abdom inal, hipersensibili dade, distensão e diarréia aquosa. A parede intestinal m ostra-se ede m atosa com hem orragia e necrose. Algum as autoridades acreditam que o patógeno prim ário seja o Clostridium septicum, porém outros clostrídios e anaeróbios m istos tam bém foram im plicados. Mais de 50% dos pacientes que desenvolvem sinais clínicos precoces podem beneficiar-se do tratam ento antibiótico e repouso intestinal. Algumas vezes, há necessidade de cirurgia para rem over o intestino gangreno so. Ver Cap. 127 p a ra u m a discussão com pleta sobre as infecções intra-abdom inais.
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As bactérias anaeróbias têm sido consideradas fatores c o n tri buintes na etiologia da vaginose bacteriana. Esta síndrom e de etiolo gia desconhecida caracteriza-se p or secreção vaginal fétida profusa e m udança na ecologia bacteriana local, resultando na substituição da flora norm al dom inada pelo Lactobacillus com crescim ento exces sivo de espécies bacterianas, com o a Gardnerella vaginalis, espécies Prevotella, espécies Mobiluncus, peptoestreptococos e m icoplasm as genitais. Um estudo baseado na identificação do rRNA 16S verificou um predom ínio de outros anaeróbios nos casos, m as não nos co n troles, com o Atopobium, Leptotrichia, Megasphaera e Eggerthella. As infecções pélvicas causadas p or espécies Actinomyces têm estado as sociadas ao uso de dispositivos intrauterinos (Cap. 163).
Infecções da pele e tecidos moles
Doenças Infecciosas
A lesão da pele, osso ou tecidos m oles p o r traum atism o, isquem ia ou cirurgia cria um am biente apropriado para as infecções anaeróbias, encontradas, com m ais frequência, em locais propensos à contam i nação com fezes ou secreções das vias respiratórias superiores - p or exemplo, feridas associadas a cirurgia intestinal, úlceras de decúbito ou m ordeduras hum anas. Além disso, os anaeróbios têm estado iso lados dos abscessos cutâneos, abscessos retais e infecções das glân dulas sudoríparas axilares (hidradenite supurativa). Os anaeróbios tam bém são frequentem ente cultivados de úlceras do pé de pacientes diabéticos. As infecções dos tecidos m oles profundos associadas a bactérias anaeróbias consistem em celulite crepitante, celulite sinér gica, gangrena e fasciite necrosante (Caps. 125 e 142). Essas infecções de tecidos m oles ou pele são habitualm ente p o lim icrobianas. São isoladas 4,8 espécies bacterianas, em m édia, com um a relação entre anaeróbios e aeróbios de cerca de 3,2. Os m icror ganism os isolados com m ais frequência incluem espécies Bacteroi des, Peptostreptococcus, Clostridium, Enterococcus e espécies Proteus. A participação de anaeróbios nesses tipos de infecções está associada a um a m aior frequência de febre, lesões fétidas, presença de gás nos tecidos e úlcera de pé visível. A gangrena sinérgica bacteriana anaeróbia {gangrena de Meleney), um a infecção rara da fáscia superficial, caracteriza-se p or dor intensa, eritem a e edem a seguido de endurecim ento. O eritem a cir cunda um a zona central de necrose. Form a-se um a úlcera de granulação no centro original quando a necrose e o eritem a se estendem para fora. Os sintom as lim itam -se à dor, e a febre não é típica. Essas infecções envolvem habitualm ente um a com binação de espécies Pep tostreptococcus e S. aureus; o local habitual de infecção consiste em um a ferida cirúrgica abdom inal ou na área que circunda um a úlcera de extrem idade. O tratam ento consiste na rem oção cirúrgica do teci do necrótico e adm inistração de antim icrobianos. A fasciite necrosante, doença destrutiva de rápida dissem inação da fáscia, é habitualm ente atrib u íd a a estreptococos do g rupo A (Cap. 136), m as tam bém pode ser um a infecção m ista envolvendo anaeróbios e aeróbios, habitualm ente após cirurgias e que se m an i festa em pacientes com diabetes ou doença vascular periférica. Os anaeróbios mais frequentem ente isolados nessas infecções consistem em espécies Peptostreptococcus e Bacteroides. Pode-se verificar a pre sença de gás nos tecidos. De m odo sem elhante, a m ionecrose pode estar associada a infecção anaeróbia m ista. A gangrena de Fournier consiste em celulite que acom ete a bolsa escrotal, o períneo e a parede abdom inal anterior, com dissem inação de m icrorganism os anaeró bios m istos ao longo dos planos fasciais externos profundos, causan do extensa perda de pele.
Infecções de ossos e articulações Em bora a actinom icose (Cap. 163) seja responsável em todo o m u n do pela m aioria das infecções anaeróbias no osso, certos m icrorganis m os, com o os peptoestreptococos ou cocos m icroaerófilos, espécies Bacteroides, espécies Fusobacterium e espécies Clostridium, tam bém podem ser envolvidos. C om frequência, essas infecções originam -se adjacentes a infecções dos tecidos moles. É com um haver dissem ina ção hem atogênica para o osso. A Prevotella e espécies Porphyromonas são detectadas em infecções que acom etem a m axila e m andíbula, enquanto foram relatadas espécies de Clostridium com o patógenos
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anaeróbios em casos de osteom ielite dos ossos longos após fratura ou traum atism o. Foram isoladas fusobactérias em culturas puras de locais de osteom ielite adjacentes aos seios perinasais. Os peptosestreptococos e cocos m icroaerófilos foram relatados com o patógenos im portantes em infecções acom etendo o crânio, o processo m astoide e im plantes protéticos colocados no osso. Em pacientes com osteom ielite (Cap. 126), a am ostra de cultura m ais confiável é um a am ostra de biópsia óssea livre de pele e tecido subcutâneo norm ais não infectados. Em pacientes com osteom ielite anaeróbia, um a flora m ista é frequentem ente isolada da am ostra de biópsia óssea. Nos casos de artrite séptica anaeróbia, os isolados m ais com uns são as espécies de Fusobacterium. A m aioria dos pacientes envolvidos apresenta infecções periam igdalianas não controladas que evoluem para a trom boflebite venosa cervical séptica (síndrom e de Lemierre) e resultam em dissem inação hem atogênica com predileção pelas arti culações. Diferente da osteom ielite anaeróbia, a pioartrite anaeróbia é, na m aioria dos casos, polim icrobiana, po d en d o ser adquirida por via hem atogênica. Os anaeróbios são patógenos im portantes em in fecções que acom etem próteses articulares; nessas infecções, os m i crorganism os etiológicos (com o espécies de Peptostreptococcus e P. acnes) fazem parte da flora cutânea norm al.
Bacteremia A bacterem ia transitória é um evento bem conhecido em indivíduos sadios cujas barreiras m ucosas anatôm icas sofreram lesão (p. ex., durante extrações dentárias ou rem oção de tártaro). Esses episódios de bacterem ia, frequentem ente causados p o r anaeróbios, não têm conseqüências patológicas. E n tretanto, são enco n trad as bactérias anaeróbias em hem o cu ltu ras de pacientes clinicam ente enferm os quando se utilizam técnicas de cu ltura apropriadas. Os anaeróbios são responsáveis p o r 0,2 a 12% dos casos de bacterem ia, dependendo da instituição. O B. fragilis é o único isolado anaeróbio m ais com um da corrente sanguínea, responsável p o r 35 a 80% dos casos de bacte rem ia anaeróbia. A taxa dim inuiu da década de 1970 para a de 1990. Essa m u d an ça pode estar relacionada com a adm inistração de profilaxia antibió tica antes da cirurgia intestinal, com o reconhecim ento m ais precoce de infecções localizadas e com o uso em pírico de antibióticos de am plo espectro para a suposta infecção. E ntretanto, a bacterem ia anae róbia pode estar reaparecendo. C o m parando dois períodos (1993 a 1996 e 2001 a 2004), pesquisadores das M ayo Clinics verificaram um aum ento de 74% na incidência de bacterem ia anaeróbia p or 100.000 pacientes-dias, achado que contrasta com u m a redução de 45% na incidência de 1977 para 1988 na m esm a instituição. Uma vez identificado o m icrorganism o no sangue, tanto a porta de entrada na corrente sanguínea quanto o problem a subjacente que provavelm ente levou à dissem inação para a corrente sanguínea fre quentem ente podem ser deduzidos com base no conhecim ento do local de residência norm al do m icrorganism o. Por exemplo, a bacte rem ia p or anaeróbios m istos, com o B.fragilis, im plica habitualm ente um a patologia colônica com ru p tu ra da m ucosa djgcorrente de n e oplasia, diverticulite ou algum a outra lesão inflam atória. As m an i festações iniciais são determ inadas pela po rta de entrada e refletem a afecção localizada. Q uando ocorre invasão da corrente sanguínea, os pacientes podem ficar extrem am ente enférm os, tendo trem ores e febres hécticas. O quadro clínico pode ser bastante sem elhante ao observado na sepse que envolve bacilos G ram -negativos aeróbios. Em bora tenham sido relatadas com plicações da bacterem ia anaeró bia (p. ex., trom boflebite séptica e choque séptico), a sua incidência em associação com bacterem ia anaeróbia é baixa. A bacterem ia anae róbia é potencialm ente fatal, exigindo rápido diagnóstico e tratam en to apropriado. A taxa de m ortalidade parece au m entar com a idade do paciente (com taxas relatadas de > 66% entre pacientes com mais de 60 anos de idade), o isolam ento de m últiplas espécies da corrente sanguínea e a incapacidade de rem over cirurgicam ente um foco de infecção. A taxa de m ortalidade atribuível para a bacterem ia associa da com o grupo B. fragilis foi exam inada em um estudo de controle de caso com binado. Pacientes com bacterem ia do g rupo B. fragilis tiveram um a taxa de m ortalidade significativam ente m ais alta (28%
vs. 8%), com um a taxa de m ortalidade atribuível de 19,3% e um a taxa de risco de m ortalidade de 3,2.
Endocardite e pericardite (Ver tam bém Cap. 124.) A endocardite causada por anaeróbios é in com um . Todavia, os estreptococos anaeróbios, com frequência clas sificados de m odo incorreto, são responsáveis p o r esta doença m ais frequentem ente do que se costum a estimar. Os anaeróbios G ram -ne gativos constituem causa incom um de endocardite. Os sinais e sin tom as da endocardite anaeróbia assem elham -se aos da endocardite causada p o r m icrorganism os facultativos. Foram relatadas taxas de m ortalidade de 21 a 43% com a endocardite anaeróbia. Os anaeróbios, particularm ente B. fragilis e espécies de Peptos treptococcus, são encontrados infrequentem ente no líquido pericár dico infectado. A pericardite anaeróbca está associada a um a taxa de m ortalidade superior a 50%. Os anaeróbios podem atingir o espaço pericárdico pela dissem inação hem atogênea, pela dissem inação de um local contíguo de infecção (p. ex., coração ou esôfago) ou pela inoculação direta que se origina do traum a ou da cirurgia.
os anaeróbios frequentem ente coexistem com outras bactérias, cau sando infecção m ista ou sinérgica, a coloração de G ram do exsudato revela frequentem ente m últiplos m orfotipos, sugestivos de anaeró bios. A lgum as vezes, esses m icrorganism os possuem características m orfológicas associadas a espécies próprias. A presença de gás nos tecidos é altam ente sugestiva, m as não diagnóstica, de infecção anaeróbia. Q u a n d o as c u ltu ras de locais obviam ente infectados o u de m aterial p u ru le n to não exibem n e n h u m crescim ento, apresentam apenas estreptococos ou um a única espécie aeróbia (com o E. coli), e a coloração de G ram revela um a flora m ista, deve-se su sp eitar de e nvolvim ento de anaeróbios; a conclusão é a de que os m ic ro rg an ism o s an aeró b io s n ão cresce ram devido a técnicas in ad eq u ad as de tra n sp o rte e /o u de cultura. A ausência de resposta de u m a infecção a antibióticos que não são ativos c o n tra anaeróbios (p. ex., am inoglicosídios e, em algum as circunstâncias, p enicilina, c efalosporinas ou tetraciclinas) sugere u m a etiologia anaeróbia.
TRATAMENTO
Infecções anaeróbias
■ DIAGNÓSTICO Existem três etapas fundam entais no diagnóstico de infecção a n a eróbia: ( 1) coleta apropriada da am ostra; (2) tran sp o rte rápido das am ostras para o laboratório de m icrobiologia, preferencialm ente em m eios de tran sp o rte anaeróbios; e (3) correta m anipulação das am ostras pelo laboratório. As am ostras devem ser coletadas m eticu losam ente dos locais infectados, evitando a contam inação pela flora norm al. Q uando essa contam inação é provável, a am ostra torna-se inaceitável. São exemplos de am ostras inaceitáveis para cultura ana eróbia o escarro obtido p or expectoração ou aspiração nasotraqueal, am ostras de broncoscopia, am ostras coletadas diretam ente da abóba da vaginal, urina coletada po r m icção e fezes. As am ostras apropria das para cultura anaeróbia incluem líquidos corporais estéreis, com o sangue, líquido pleural, líquido peritonial, líquido cerebrospinal e aspirados ou biópsias de locais norm alm ente estéreis. C om o regra geral, espécimes líquidas ou de tecido são as preferidas; espécimes de swab devem ser evitadas. Com o até m esm o um a breve exposição ao oxigênio pode m atar alguns m icrorganism os anaeróbios e im possibilitar seu isolam ento no laboratório, o ar deve ser expelido da seringa utilizada para aspi rar a cavidade do abscesso, e a agulha deve ser tam pada com um p ro tetor de borracha esterilizado. É tam bém im portante lem brar que a antibioticoterapia anterior dim inui a possibilidade de cultura dessas bactérias. As am ostras podem ser injetadas em frascos de transporte que contêm um m eio reduzido ou levadas im ediatam ente em se rin gas para o laboratório para cultura direta em m eios anaeróbios. A dem ora no transporte p ode levar à incapacidade de isolar anaeróbios devido à exposição ao oxigênio ou à proliferação de m icrorganism os facultativos, que podem elim inar ou obscurecer qualquer anaeróbio que esteja presente. Todas as am ostras clínicas de infecções anaeró bias suspeitas devem ser coradas pelo m étodo de G ram e exam inadas à procura de m icrorganism os com m orfologia característica. Não é raro observar m icrorganism os na coloração de G ram , p orém não isolá-los em cultura. D evido ao tem po e à dificuldade envolvidos no isolam ento de bactérias anaeróbias, o diagnóstico de infecções anaeróbias frequen tem ente deve basear-se em evidências presuntivas. Existem algum as pistas clínicas para a provável presença de bactérias anaeróbias nos locais infectados. O envolvim ento de determ inados locais com p o tencial de oxidação-redução dim in u íd o (p. ex., tecidos necróticos avasculares) favorecem o diagnóstico de infecção anaeróbia. Q u a n do ocorrem infecções na proxim idade de superfícies m ucosas que norm alm ente abrigam um a flora anaeróbia, com o trato gastrintes tinal, trato genital fem inino ou orofaringe, os anaeróbios devem ser considerados agentes etiológicos potenciais. U m o d o r fétido indica frequentem ente a presença de anaeróbios, que produzem d e te rm i nados ácidos orgânicos à m edida que proliferam no tecido necrótico. E m bora esses odores sejam quase patognom ônicos de infecção anaeróbia, a sua ausência não exclui um a etiologia anaeróbia. Com o
O tratam en to b em -sucedido das infecções anaeróbias exige a adm inistração de um a com binação de antibióticos apropriados, ressecção cirúrgica, desb rid am en to de tecidos desvitalizados e drenagem de m odo cirúrgico ou percutâneo (orientada p or téc nica de im agem , com o TC, RM ou ultrassonografia). Q ualquer a b ertura anatôm ica deve ser fechada im ediatam ente, os espaços fechados drenados, os com partim entos teciduais descom prim i dos, e um suprim ento sanguíneo adequado estabelecido. As cavi dades dos abscessos devem ser drenadas tão logo o corra flutuação ou localização.
RESISTÊNCIA AO TRATAMENTO COM ANTIBIÓTICOS As decisões acerca do tratam ento das infecções anaeróbias com antibióticos baseiam -se habitualm ente nos padrões de resistência conhecidos em d eterm inadas espécies, na probabilidade de d etectar d eter m inada espécie no caso em questão e nos achados da coloração de Gram . Os antibióticos ativos contra anaeróbios clinicam ente relevantes p odem ser divididos em quatro categorias com base na sua atividade prevista (Q u a d ro 164.2). (Q uase todos os fárm acos listados apresentam efeitos colaterais tóxicos, descritos de m odo porm enorizado no Cap. 133.) Em m uitas infecções, os anaeróbios estão associados a coliform es e outros m icrorganism os facultati vos. Por conseguinte, os m elhores esquem as terapêuticos são h a bitualm ente aqueles ativos contra bactérias tanto aeróbias quanto anaeróbias. A escolha dos antibióticos em píricos para os anaeró bios nas infecções m istas quase sem pre pode ser feita de m odo confiável, visto que os padrões de sensibilidade antim icrobiana são habitualm ente previsíveis (Cap. 133 e Q uadro 164.2). O an tibiogram a de bactérias anaeróbias é difícil e c o n tro vertido. D evido à taxa de crescim ento lento de m uitos a n aeró bios, à falta de testes p ad ro n iz ad o s e de p adrões clinicam ente relevantes para resistência, bem com o em virtude dos resultados geralm ente satisfatórios obtidos com o tratam e n to em pírico, há lim itado interesse na realização de an tibiogram a para esses m i crorganism os. E ntretanto, um estudo de pacientes tratados com antibióticos com isolados sanguíneos de Bacteroides constatou um a taxa de m o rta lid a d e de 45% en tre os pacientes cujos iso lados d e m o n stra ram ser resistentes ao agente em pregado e de 16% entre aqueles cujos isolados foram sensíveis. Esses núm eros sugerem que é necessário efetuar u m antibiogram a in vitro para isolados de B acteroides de pacientes hospitalizados com bacte rem ia, devendo os resultados de tal teste o rien tar o tratam ento. Em geral, podem -se atingir taxas de c u ra superiores a 80% em pacientes infectados p o r B acteroides com tratam en to antim icro biano apropriado e drenagem . E ntre os fárm acos ativos contra a m aioria dos anaeróbios clinicam ente relevantes, o m etronidazol, as com binações de p-lactâm ico s/in ib id o res da (3-lactamase e os carbapenens são preferidos.
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1337
QUADRO 164.2
Tratamento antimicrobiano para infecções envolvendo bastonetes Gram-negativos anaeróbios comumente encontrados
I Categoria 1 (< 2% de resistência)
Categoria 2 (< 15% de resistência)
Categoria 3 (resistência variável)
Categoria 4 (resistência) Aminoglicosídios
Carbapenens (imipenem, meropenem)
Tigeciclina
Cefaciminas
Metronidazol3 Combinação de {3-lactâmico/inibidor da p-lactamase (ampicilina/sulbactam, ticarcilina/ácido clavulânico, piperacilina/ tazobactam)
Penicilinas antipseudomonas em altas doses
Clindamicina
Monobactâmicos
Penicilina
Suifametoxazol-trimetoprima
Cloranfenicol6
Cefalosporinas Tetraciclina Vancomicina Eritromicina Moxifloxacino
aPrecisa ser habitualmente administrado em combinação com cobertura para bactérias aeróbias. Para infecções que se originam abaixo do diafragma, a cobertura para microrganismos Gram-negativos aeróbios é essencial. Para infecções de fonte oral, acrescenta-se uma cobertura para microrganismos Gram-positivos aeróbios. O metronidazol tampouco é ativo contra Actinomyces, Propionibacterium ou outros bacilos Gram-positivos não formadores de esporos (p. ex., Eubabacterium, Bifidobacterium), e não é confiável contra peptoestreptococos. bO cloranfenicol provavelmente não é tão efetivo quanto outros agentes antimicrobianos da categoria 1 para o tratamento de infecções anaeróbias.
Doenças Infecciosas
A resistência a antibióticos pelas bactérias anaeróbias está sendo um crescente problem a. As taxas de resistência variam com a instituição e a região geográfica. Nos anos recentes, a ati vidade de clindam icina, cefoxitina, cefotetan e m oxifloxacina tem d im inuído contra as cepas de B. fragilis e as relacionadas (£>. distasonis, B. ovatus, B. thetaiotaomicron, B. uniformis, B. vulgatus). Q uase todos os m icrorganism os do grupo do B. fragilis (> 97%) m ostram -se resistentes à penicilina G. As taxas de resistência a agentes P-lactâm icos entre anaeróbios distintos do Bacteroides são m ais baixas, porém altam ente variáveis. As com binações de fS-lactâm icos/inibidores da (3-lactamase, com o a m p icilina/sul bactam , ticarcilina/ácido clavulânico e piperacilina/tazobactam , constituem habitualm ente um a boa opção terapêutica, m as susce tibilidade dim inuída em até 10% dos isolados do grupo do B .fra gilis foi observada em um estudo proveniente da Bélgica. As taxas de resistência às cefamicinas (cefotixina e cefotetan) têm variado entre 8% e 33% em diferentes ensaios. O m etronidazol m ostra-se ativo contra anaeróbios Gram -negativos, incluindo o grupo do B. fragilis; a resistência é rara, m as tem sido relatada. A resistência ao m etronidazol é mais com um entre anaeróbios G ram -positivos, com o P. acnes, espécies de Actinomyces, lactobacilos e estreptoco cos anaeróbios. Nos EUA, as taxas de resistência à clindam icina entre isolados do grupo do B.fragilis aum entaram de 3% em 1982 para 16% em 1996 e 26% em 2000, atingindo valores de até 44% em algum as séries. As taxas de resistência à clindam icina entre anaeróbios não Bacteroides são m uito m ais baixas (< 10%). Os carbapenem s (ertapenem , doripenem , m eropenem e im ipenem ) são igualm ente ativos contra os anaeróbios, com < 1% das cepas de B. fragilis m ostrando resistência. A tigeciclina é ativa contra algum as bactérias anaeróbias, incluindo Peptostreptococcus, Pro pionibacterium, Prevotella, Fusobacterium e a m aioria das espécies de Bacteroides. Sua eficácia para o tratam ento de infecções intra-abdom inais foi comparável àquela do im ipenem em dois ensaios clínicos de fase 2. Baixas taxas de resistência (cerca de 4%) foram observadas. Altas taxas de resistência a m oxifloxacina entre es pécies de Bacteroides e Prevotella foram registradas, variando até 32% em um ensaio recente da Grécia. Se um paciente não responder a um dos fárm acos das cate gorias 1 ou 2 (Q uadro 164.2), devem -se considerar o tratam ento alternativo e a determ inação dos padrões de resistência entre os isolados de Bacteroides. E m bora não se tenha relatado a ocor rência de resistência in vitro de espécies de Bacteroides ao cloran fenicol, esse fárm aco pode não ser tão efetivo quanto outros da categoria 1.
INFECÇÕES EM LOCAIS ESPECÍFICOS Em situações clínicas, é p re ciso estabelecer esquem as específicos de acordo com o local in i cial de infecção. A duração do tratam en to tam bém depende do local da infecção; aconselha-se o leitor a consultar os capítulos específicos sobre os locais de infecção para recom endações.
1338
Infecções acim a do diafragm a geralm ente refletem a flora orodentária, que não inclui o g rupo do B. fragilis. A produção de (3-lactamase tem sido relatada em cepas anaeróbias que h a bitualm ente são isoladas de infecções que se originam acim a do diafragm a. Segundo os relatos, até 60% dos isolados clínicos clas sificados com o Prevotella ou espécies de Porphyromonas, espécies não B.fragilis de Bacteroides ou espécies de Fusobacterium p ro duzem p-lactam ase; desse m odo todos os fárm acos (3-lactâmicos (penicilinas e cefalosporinas) são opções insatisfatórias. C om o a m aioria destas infecções tem um a etiologia m ista que inclui es treptococos m icroaerofílicos e aeróbios, os antibióticos que co brem as bactérias aeróbias e anaeróbias são recom endados. Os esquem as recom endados incluem clindam icina, um a com bina ção de inibidores (3-lactâm icos/|3-lactam ase ou m etronidazol em com binação com um fárm aco ativo contra estreptococos m icroa erofílicos e aeróbios. Em bora m uitas infecções anaeróbias e a m aioria dos casos de pneum onia anaeróbia ainda respondam ao tratam en to com p e nicilina, algum as infecções causadas p o r m icrorganism os orais não respondem a tal fárm aco, e, nesses casos, recom enda-se o uso de um fárm aco efetivo contra anaeróbios resistentes à penicilina (Q uadro 164.2). As infecções potencialm ente fatais que envolvem a flora anaeróbia da boca, com o as infecções expansivas da cabeça e pescoço, devem ser tratadas em piricam ente, com o se estivessem envolvidos anaeróbios resistentes à penicilina. As infecções m e nos graves que envolvem a flora oral p odem ser tratadas apenas com penicilina; pode-se adicionar m etronidazol (ou substituí-lo pela clindam icina) se o paciente responder de m odo insatisfató rio ao tratam en to com penicilina. A broncoscopia no abscesso p ulm onar é som ente indicada para elim inar a obstrução das vias respiratórias e não aum enta a drenagem ; em qualquer evento, ela deve ser retardada até que o esquem a antim icrobiano tenha co m eçado a fazer efeito sobre o processo de doença de m odo que o procedim ento não dissem ine a infeccção. A cirurgia é quase n u n ca indicada devido ao perigo de extravasam ento dos conteúdos do abscesso nos pulm ões. - • O cloranfenicol tem sido utilizado com sucesso contra in fecções anaeróbias do SNC, em doses de 30 a 60 m g/kg/dia, com a dose exata dependendo da gravidade da doença. E ntretanto, a penicilina G e o m etronidazol tam bém atravessam a barreira hem atencefálica, sendo bactericidas p ara m uitos m icrorganism os anaeróbios (Cap. 381). As infecções anaeróbias que surgem abaixo do diafragm a (p. ex., infecções colônicas e intra-abdom inais) devem ser tratadas especificam ente com agentes ativos contra espécies de Bacteroi des (Q uadro 164.2). Na sepse intra-abdom inal (Cap. 127), o uso de antibióticos efetivos contra anaeróbios resistentes à penicilina reduziu nitidam ente a incidência de infecções pós-operatórias e com plicações infecciosas graves. Especificam ente, um fárm aco da
p riado ou que passaram a recebê-lo com base na sensibilidade conhecida aos antibióticos.
categoria 1 (Q uadro 164.2) deve ser incluído para a cobertura de amplo espectro. As doses recom endadas dos fárm acos da catego ria 1 am plam ente utilizados são fornecidas no Q u a d ro 164.3. O tratam ento da sepse intra-abdom inal tam bém deve incluir fár m acos ativos contra a flora aeróbia G ram -negativa do intestino. Se houver suspeita da participação de bactérias G ram -positivas, com o enterococos, deve-se acrescentar ampicilina ou vancom ici na. U m a m etanálise de 40 estudos clínicos controlados ra n d o m i zados ou quase random izados de 16 esquem as antibióticos para tratam ento da peritonite secundária m ostrou um sucesso clínico equivalente para todos os esquemas. Os casos de osteom ielite anaeróbia em que se isola flora m ista de am ostra de biópsia óssea devem ser tratados com um esquem a que forneça c obertura para todos os m icrorganism os isolados. Q uando um m icrorganism o anaeróbio é reconhecido com o p a tógeno im portante ou único que infecta um a articulação, a d u ração do tratam ento deve ser sem elhante à da artrite causada por bactérias aeróbias (Cap. 334). O tratam ento inclui o controle dos estados m órbidos subjacentes, a adm inistração de agentes an tim i crobianos apropriados, im obilização tem porária da articulação, drenagem percutânea de derram es e (em geral) rem oção de p ró teses ou dispositivos de fixação interna infectados. A drenagem cirúrgica e os procedim entos de desbridam ento, com o a sequestrectom ia, são essenciais para a rem oção do tecido necrótico ca paz de m anter as infecções anaeróbias. O desfecho da bacterem ia anaeróbia é significativam ente m e lhor em pacientes que inicialm ente receberam tratam ento apro-
FALHA DO TRATAMENTO As infecções anaeróbias que não respon dem ao tratam ento ou que sofrem recidiva devem ser reavalia das. Deve-se considerar a realização de drenagem cirúrgica ou desbridam ento adicional. As superinfecções p or bactérias Gram -negativas facultativas ou aeróbias resistentes devem ser excluí das. Deve-se considerar a possibilidade de resistência a fármacos; se houver resistência, as culturas repetidas podem dem onstrar o m icrorganism o patogênico.
MEDIDAS DE SUPORTE O utras m edidas de suporte no tratam ento das infecções anaeróbias incluem cuidadosa atenção ao equilíbrio hidreletrolítico (visto que o edem a local extenso pode levar à h i poalbum inem ia), suporte hem odinâm ico para o choque séptico, imobilização dos m em bros infectados, m anutenção de nutrição adequada d urante as infecções crônicas p o r hiperalim entação parenteral, alívio da d or e anticoagulação com hep arin a para a trom boflebite. Para os pacientes com infecções anaeróbias graves de tecidos m oles, alguns especialistas defendem a terapia com oxigênio hiperbárico, porém o seu valor não foi com provado em estudos clínicos controlados.
BIBLIOGRAFIA C hung H, Kasper DL: Microbiota-stimulated im mune mechanisms to maintain gut homeostasis. Curr Opin Im munol 22:455,2010 C oh en -P oradosu R et al: Anaerobic infections: General concepts, in Prin cipies and Practice o f Infectious Diseases, 7th ed, GL Mandell et al (eds). Philadelphia, Elsevier Churchill Livingstone, 2010, p 3083 Lassman B et al: Reemergence of anaerobic bacterem ia. Clin Infect Dis 44:895, 2007
QUADR0164.3 Doses e esquemas para o tratamento de infecções graves causadas por bastonetes Gram-negativos anaeróbios comumente encontrados Dose
Esquema3
Metronidazol0
500 mg
A cada 6 h
Ticarcilina/ácido clavulânico
3,1 g
A cada 4 h
I Tratamento de primeira linha
Piperacilina/tazobactam
3,375 g
A cada 6 h
Imipenem
0,5 g
A cada 6 h
Meropenem
1,0 g
A cada 8 h
DR et al: Lessons learned from the anaerobe survey: Historical perspective and review of the m ost recent data (20052007). Clin Infect Dis 50:S26,2010 S o l o m k i n JS et al: Diagnosis and m anagem ent of complicated intra-abdom i nal infections in adults and children: Guidelines by the Surgical Infection Society and the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis 50:133,2010 W e x l e r HM: Bacteroides: The good, the bad, and the nitty-gritty. Clin Micro biol Rev 20:593,2007
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Infecções Causadas por Microrganismos Anaeróbios Mistos
aVer os capítulos específicos de cada doença para as recomendações sobre a duração do tra tamento. "Em geral, deve ser utilizado juntament e com fármacos ativos contra microrganismos aeróbios ou facultativos. Nota:Todos os fármacos são administrados por via intravenosa.
SK et al: The love-hate relationship between bacterial polysaccharides and the im m une system. Nat Rev Im m unol 6:849, 2006
M a z m a n ia n
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1339
SEÇÃO 8
Doenças Micobacterianas
CAPÍ TULO
165
Tuberculose ;Ti_
Mario C. Raviglione Richard J. 0 ’Brien
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A tuberculose (TB), que é um a das mais antigas doenças que acom e tem os seres hum anos e provavelm ente existiu nos pré-hom inídeos, constitui im portante causa de m orte no m u n d o inteiro. Esta doença é causada por bactérias pertencentes ao complexo do Mycobacterium tuberculosis e afeta habitualm ente os pulm ões, em bora outros órgãos sejam acom etidos em até 33% dos casos. Q u ando tratad a co rre ta m ente, a TB causada p or cepas sensíveis a fárm acos é curável em praticam ente todos os casos. Se não for tratada, a doença pode ser fatal em 5 anos em 50 a 65% dos casos. A transm issão ocorre h a bitualm ente p or dissem inação aérea de perdigotos produzidos pelos pacientes com TB pulm onar infecciosa.
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Doenças Infecciosas 1340
As m icobactérias pertencem à família Mycobacteriaceae e ordem Actinomycetales. Das espécies patogênicas p ertencentes ao com plexo do M. tuberculosis, o agente m ais com um e im p o rtan te da doença hum ana é o M . tuberculosis. O com plexo engloba o M. bovis (o b a cilo da tuberculose bovina - resistente à pirazinam ida; antigam ente um a causa im portante de TB transm itida pelo leite não pasteurizado e, hoje, a causa de um a pequena porcentagem de casos no m undo inteiro), M. caprae (relacionado com o M. bovis), M. africanum (iso lado de casos na África O cidental, C entral e O riental), o M. microti (o bacilo do “rato-calunga”, um m icrorganism o m enos virulento e raram ente encontrado), M . pinnipedii (um bacilo que infecta focas e leões-m arinhos no hem isfério sul e recentem ente isolado de seres hum anos) e M. canettii (um isolado raro de casos da África O riental que produz colônias lisas incom uns em m eios sólidos, sendo consi derado estreitam ente relacionado com um suposto tipo progenitor). O M. tuberculosis é um a bactéria aeróbia delgada, em form a de bastonete, não form adora de esporos, que m ede 0,5 |xm p or 3 jxm. As m icobactérias, incluindo o M. tuberculosis, são frequentem ente n e u tras na coloração de Gram . E ntretanto, um a vez corados, os bacilos não podem ser descorados pelo álcool-ácido, característica que ju s tifica sua classificação com o bacilos álcool-ácido-resistentes (BAAR; Fig. 165.1). A resistência ao álcool-ácido deve-se, principalm ente, ao elevado teor de ácidos m icólicos, ácidos graxos de cadeia longa e ligação cruzada, bem com o outros lipídios da parede celular do m i crorganism o. O utros m icrorganism os além das m icobactérias que exibem algum a resistência ao álcool-ácido incluem espécies de N o cardia e Rhodococcus, Legionella micdadei, assim com o os protozoá rios Isospora e Cryptosporidium. Na parede celular das m icobactérias, os lipídios (p. ex., ácidos m icólicos) estão ligados a arabinolactanos e peptidoglicanos subjacentes. Essa estru tu ra confere um a p e rm e a bilidade m uito baixa à parede celular, reduzindo, assim , a eficiência da m aioria dos antibióticos. O u tra m olécula na parede celular das m icobactérias, a lipoarabinom anana, está envolvida na interação do patógeno com o hospedeiro e facilita a sobrevida do M. tuberculosis no interior dos macrófagos. A seqüência com pleta do genom a do M. tuberculosis com preende 4.043 genes que codificam 3.993 proteínas e 50 genes que codificam RNA; seu alto conteúdo de guanina m ais citosina (65,6%) indica um estilo de vida aeróbio. Um a grande pro-
Figura 165.1
Esfregaço de bacilos álcool-ácido-resistentes que mostra
bacilos do M. tuberculosis. (Cortesia dos CDC, Atlanta.)
porção dos genes está dedicada à p rodução de enzim as envolvidas no m etabolism o da parede celular.
EPIDEMIOLOGIA Mais de 5,8 m ilhões de novos casos de TB (todas as for m as, tanto pulm onar quanto extrapulm onar) foram notifi cados à O rganização M undial de Saúde (OM S) em 2009; 95% dos casos foram notificados em países em desenvolvim ento. Todavia, devido a um a notificação de detecção de casos insuficiente e incom pleta, os casos relatados representam apenas cerca de 63% (faixa 60-67%) dos casos totais estim ados. A OMS estim ou em 9,4 m ilhões (faixa, 8,9-9,9 m ilhões) o núm ero de novos casos de TB no m undo inteiro em 2009, dos quais 95% em países em desenvolvim en to da Ásia (5,2 m ilhões), Á frica (2,8 m ilhões), O riente M édio (0,7 m ilhão) e A m érica Latina (0,3 m ilhão). Estim a-se, além disso, que tenha ocorrido 1,7 m ilhão (faixa, 1,5-1,9 m ilhão) de m ortes por TB em 2008, das quais 96% em países em desenvolvim ento. A Fig. 165.2 e a Fig. 165.3 m ostram , respectivam ente, as estim ativas das taxas de incidência da TB (por 100.000 habitantes) e os núm eros de m ortes relacionadas com a TB em 2008. - No final da década de 1980 e início da década de 1990, os n ú m eros de casos notificados de TB aum entaram nos países ind u stria lizados. Esses aum entos estiveram relacionados, em grande parte, com a im igração de países com alta prevalência de TB, infecção pelo HIV, problem as sociais, com o m aior pobreza urbana, falta de m o radia e abuso de drogas, além do desm antelam ento dos serviços de assistência à TB. No decorrer dos últim os anos, o nú m ero de casos notificados com eçou a declinar novam ente ou a se estabilizar nos países industrializados. Nos EUA, com a im plem entação de progra m as de controle m ais intensos, o n ú m ero de casos voltou a d im i nuir em 1993. Em 2009, 11.540 casos de TB (3,8 casos p o r 100.000 habitantes) foram notificados aos C enters for Disease C ontrol and Prevention (CDC).
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25 a 49 Q
50 a 99 Q ] 100 a 299 ^
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N enhum a estim ativa
Figura 165.2 Taxas estimadas de incidência da tuberculose (por 100.000 habitantes) em 2008. As designações empregadas e a apresentação do material neste mapa não implicam a expressão de qualquer opinião por parte da OMS acerca da situação legal de qualquer país, território, cidade ou área ou de suas autoridades, nem acerca da delimitação de suas fronteiras ou limites. As linhas brancas nos mapas representam fronteiras aproximadas, para as quais ainda pode não ter havido consenso total. (Cortesia do Stop TB Department, OMS, com autorização.)
caiu lentam ente. Dos 9,4 m ilhões de novos casos estim ados para 2009, 12% (1,1 m ilhão) foram associados ao HIV, e 80% desses casos associados ao HIV ocorreram na África. U m a estim ativa de 0,4 m ilhão de m ortes decorrentes de TB associada ao H IV ocorreu em 2008. Além disso, 440.000 casos estim ados de TB resistente a m últiplos fárm acos (TB-RMF), um a form a de doença causada p o r bacilos resistentes pelo m enos a isonizida e rifam picina, podem ter surgido em 2008. Atual m ente, m ais de 90% desses casos não são identificados devido a um a ausência de capacidade de realização de cultura e teste de suscetibili dade a fárm acos na m aioria dos locais em todo o m undo. Os estados independentes da antiga União Soviética relataram as m aiores taxas de TB-RMF entre os novos (até 20% ou ainda mais); várias províncias da C hina acom panham , com picos de 10%. Em geral, 60% de todos os casos de TB-RMF estão na índia, C hina e Federação Russa. C om eçan do em 2006, 58 países, incluindo os E stados Unidos, relataram casos de TB extensam ente resistente a fárm a cos (TB-REF), nos quais a TB-RMF é com posta por resistência adicional aos m ais potentes fármacos anti-TB de segunda linha (flu oroquinolo nas e pelo m enos um dos fárm acos injetáveis am icacina, canam icina e c ap re o m ic in a ). Provavelm ente aproxim adam ente 10% dos casos de TB-RM F em todo o m undo são TB-REF, m as a m aioria de casos de REF continua sem diagnóstico.
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10.000 a 99.999 [V j 100.000 o ii m ais
i 2 ] N enhum a estim ativa
Figura 165.3
Números estimados de mortes por tuberculose em 2008. (Ver também a ressalva na Fig. 165.2.
Cortesia do Stop TB Department, OMS, com autorização.)
CAPÍTULO 165
Nos EUA, a TB é incom um entre adultos jovens de descendên cia europeia, que apenas raram ente foram expostos à infecção pelo M. tuberculosis nessas últim as décadas. Em contrapartida, devido ao elevado risco de transm issão no passado, a prevalência da infecção pelo M. tuberculosis é relativam ente alta entre brancos idosos. Os ne gros, no entanto, são responsáveis pela m ais alta proporção de casos (41,4% dos 4.499) entre as pessoas nascidas nos E stados Unidos. A TB nos EUA tam bém é um a doença de adultos que pertencem a p o pulações infectadas pelo HIV, a população estrangeira (60% de todos os casos em 2009) e as populações desfavorecidas/m arginalizadas. Em geral, mais casos de TB foram relatados entre hispânicos do que entre outros grupos étnicos; a segunda m aior frequência foram casos entre asiáticos e negros, sendo as taxas m ais altas p e r capita entre os asiáticos. De m odo sem elhante, na E uropa a TB ressurgiu com o im portante problem a de saúde pública, principalm ente devido a casos entre im igrantes de países com alta prevalência e entre populações
m arginalizadas. Em m uitos países da E uropa O cidental, atualm ente há m uitos casos entre estrangeiros do que as populações nativas. D ados recentes relativos à te n d ência global da doença indicam que, em 2009, a incidência da tu berculose foi estável ou declinou na m aioria das regiões; essa tendência com eçou em 2004 e parece conti n uar com um declínio m édio anual de < 1% globalm ente. Essa redução global deve-se, em grande parte, a um a redução (após um pico em 2004) na Á frica Subsaariana, onde a in cid ê n cia a u m e n to u exagerad am ente desde a década de 1980, em conseqüência da epidem ia do H IV e precariedade dos serviços e sistem as de assistência à saúde. Na E uropa O riental, a incidência a u m entou d urante a década de 1990, devido à d eterioração das c o n d i ções socioeconôm icas e da in fra e stru tu ra de atendim ento à saúde; todavia, depois do pico observado em 2001, a incidência desde então
D0 MOMENTO DA EXPOSIÇÃO ATÉ A INFECÇÃO
O Aí. tuberculosis é mais com um en te tran sm itid o de um a pessoa com tu b erc u lo se p u lm o n a r infecciosa p a ra o u tras pessoas p o r núcleos de gotículas, que são aerossolizados pela tosse, espirro ou fala. As m in ú scu las gotículas secam ra p i dam ente; as m enores (< 5 a 10 jxm de d iâm etro ) p o d em p erm anecer
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suspensas no ar durante várias horas e alcançar as vias respiratórias term inais quando inaladas. Pode haver até 3.000 núcleos infecciosos por episódio de tosse. O utras vias de transm issão do bacilo da tu b er culose (p. ex., po r m eio da pele ou placenta) são incom uns, carecen do de im portância epidemiológica. A probabilidade de contato com u m a pessoa que apresenta a form a infecciosa de tuberculose, a intim idade e duração desse co n tato, o grau de infectividade do caso e o am biente com partilhado no contato constituem im portantes determ inantes da probabilidade de transm issão. Diversos estudos sobre situações de contatos próxim os d em onstraram claram ente que os pacientes com tuberculose cujo escarro contém BAAR visíveis à m icroscopia têm m aior tendência a tran sm itir a infecção. Os pacientes m ais infectantes apresentam doença p u lm o n ar cavitária ou, m enos com um ente, tuberculose laríngea e produzem escarro que contém até 10^ a 107 BAAR/mL. Os pacientes que apresentam tuberculose com esfregaço de am ostra de escarro negativo/cultura positiva são m enos infectantes, em bora te nham sido responsáveis p o r até 20% da transm issão em alguns es tudos nos Estados U nidos e os com doença p u lm o n ar com cultura negativa e tuberculose ex trapulm onar são praticam ente não infec tantes. C om o os indivíduos com infecção pelo H IV e tuberculose têm m enos tendência a apresentar cavitações, p o d em ser m enos infectantes do que os sem coinfecção pelo HIV. A aglom eração em salas pouco ventiladas constitui um dos fatores m ais im portantes na transm issão de bacilos da tuberculose, visto que aum enta a intensi dade de contato com um caso. Em resum o, o risco de aquisição da infecção pelo Aí. tuberculosis é determ inado principalm ente p or fatores exógenos. Devido à d e m o ra na procura de atendim ento m édico e no estabelecim ento de um diagnóstico, geralm ente acredita-se que, em condições de alta p reva lência, até 20 contatos podem ser infectados para cada caso BAAR-positivo antes da detecção de tuberculose no caso-índice.
■ D0 MOMENTO DA INFECÇÃO ATÉ A DOENÇA
Doenças Infecciosas 1342
D iferente do risco de aquisição da infecção pelo Aí. tuberculosis, o risco de desenvolver a doença após ter sido infectado depende, em grande parte, de fatores endógenos, com o as defesas im unológicas inatas e não im unológicas do indivíduo bem com o o nível de fu n ção da im unidade m ediada po r células (IM C). A doença clínica que ocorre diretam ente após a infecção é classificada com o tuberculose primária, sendo a sua ocorrência com um entre crianças nos p rim ei ros anos de vida e entre indivíduos im unocom prom etidos. Em bora a tuberculose prim ária possa ser grave e dissem inada, geralm ente não está associada a um alto nível de transm issibilidade. Q uando a infec ção é adquirida mais tarde durante a vida, a probabilidade de que o sistem a im une m aduro possa contê-la pelo m enos tem p o rariam en te é maior. E ntretanto, os bacilos latentes p odem persistir durante anos antes de serem reativados, p roduzindo tuberculose secundária (ou pós-primária), que, devido à freqüente ocorrência de cavitação, é m ais com um ente infectante do que a doença prim ária. De m odo geral, estim a-se que até 10% dos indivíduos infectados acabarão de senvolvendo tuberculose ativa durante a sua vida, com m etade deles durante o prim eiro ano após a infecção. O risco é m uito m aior entre indivíduos infectados pelo HIV. A reinfecção de um indivíduo pre viam ente infectado, com um em áreas com altas taxas de transm is são de tuberculose, tam bém pode favorecer o desenvolvim ento da doença. No auge do ressurgim ento da tuberculose nos EUA, no início da década de 1990, a tipagem m olecular e com paração de cepas de Aí. tuberculosis sugeriram que até 33% dos casos de tuberculose ativa em algum as com unidades do interior foram decorrentes de u m a tra n s m issão recente mais do que de reativação de infecção latente. A idade representa um im p o rta n te d e te rm in a n te do risco de doença após a infecção. Entre as pessoas infectadas, a incidência de tuberculose é mais alta no final da adolescência e no início da ida de adulta; as razões disso ainda não foram esclarecidas. A incidência entre m ulheres atinge o seu valor m áxim o aos 25 a 34 anos de idade. Nesse grupo etário, as taxas entre m ulheres podem ser m ais altas que as dos hom ens, enquanto ocorre o oposto em idades m ais avançadas.
QUADRO 165.1 Fatores de risco para a tuberculose ativa entre indivíduos infectados pelo bacilo da tuberculose Fator
Risco relativo/ probabilidade3
Infecção recente (< 1 ano)
12,9
Lesões fibróticas (cicatrização espontânea)
2 a 20
Comorbidade Infecção pelo HIV
100
Silicose
30
Insuficiência renal crônica/hemodiálise
10 a 25
Diabetes
2a4
Uso de drogas intravenosas
10 a 30
Tratamento imunossupressor
10
Gastrectomia
2a5
Derivação jejunoileal
30 a 60
Período pós-transplante (de rim, coração)
20 a 70
Tabagismo
2-3
Desnutrição e peso acentuadamente baixo
2
Infecção antiga = 1.
O risco pode aum entar no indivíduo idoso, possivelm ente devido ao declínio da im unidade e à com orbidade. Diversas doenças e condições favorecem o desenvolvim ento da tuberculose ativa (Q u ad ro 165.1). Em term os absolutos, o fator de risco m ais potente para a tuberculose entre indivíduos infectados é claram ente a coinfecção pelo HIV, que suprim e a im unidade celu lar. O risco de a infecção latente pelo Aí. tuberculosis evoluir para a doença ativa está diretam ente relacionado com o grau de im u n o s supressão do paciente. Em um estudo de indivíduos infectados pelo HIV, com resultado positivo do teste cutâneo com tuberculina (TST), esse risco variou de 2,6 a 13,3 casos p o r 100 pessoas-ano e aum entou com o declínio da contagem de células T C D 4 + .
■ HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA Os estudos conduzidos em diversos países antes do advento da qui m ioterapia m ostraram que a tuberculose sem tratam ento é frequen tem ente fatal. C erca de 33% dos pacientes m orriam no período de 1 ano após o diagnóstico, e m ais de 50%, em 5 anos. A taxa de m ortali dade de 5 anos entre os casos com esfregaço de escarro positivo foi de 65%. Entre os sobreviventes depois de 5 anos, cerca de 60% sofreram rem issão espontânea, e nquanto o restante ainda excretava o bacilo da tuberculose. C om a q u im ioterapia efetiva, tem pestiva e correta, os pacientes têm u m a p robabilidade m u ito alta de cura. E n tretan to , o uso in a dequado dos agentes tub ercu lo stático s, a pesar d& re d u zir as taxas de m ortalid ad e, tam b ém p o d e resu ltar em g ran d e n ú m ero de ca sos infectantes crônicos, freq u e n tem e n te com bacilos resistentes a fárm acos.
PATOGENIA E IMUNIDADE ■ INFECÇÃO E INVASÃO DOS MACRÓFAGOS A interação do M. tuberculosis com o ho sp ed eiro h u m an o com eça q u an d o núcleos de gotículas que c ontêm m icro rg an ism o s de p a cientes infectantes são inalados. E n q u an to os bacilos inalados são, em sua m aioria, retidos nas vias respiratórias superiores e expelidos pelas células m ucosas ciliadas, u m a fração (h abitualm ente < 10%) alcança os alvéolos, o nde os m acrófagos alveolares que ain d a não foram ativados fagocitam os bacilos. A aderência de m icobactérias aos m acrófagos resulta, em grande parte, da ligação da parede celu lar b acteriana a u m a varied ad e de m oléculas de superfície celular do m acrófago, com o receptores do com plem ento, receptor de m a-
nose, receptor GFC7 de im unoglobulina e receptores de v arred u ra do tipo A. A fagocitose é intensificada pela ativação do com plem en to, levando à opsonização dos bacilos com pro d u to s de ativação de C3, com o C3b. Após a form ação de u m fagossom o, a sobrevida do Aí. tuberculosis n o seu interior parece dep en d er de u m a redução da acidificação devido à falta de acúm ulo de p ró to n -ad e n o sin a trifosfatase vesicular. O glicolipídio da parede celular bacteriana, a lipoarabinom anana, desencadeia provavelm ente u m a com plexa série de eventos. Esse glicolipídio inibe o aum ento intracelular de C a2+. Em conseqüência, ocorre com p ro m etim en to da via C a2 t/calm o d u lin a (que leva à fusão do fagossom o-lisossom o), e os bacilos podem so breviver no interior dos fagossom os. D escobriu-se que o fagossom o do Aí. tuberculosis inibe a pro d u ção de fosfatidilinositol 3-fosfato (P B P ). N orm alm ente, P B P in d u z os fagossom os a o rd en ação e m aturação da m em brana incluindo a form ação de fagolisossom o, que d e stru iria as bactérias. T am bém se descobriu que os fatores bacterianos bloqueiam a defesa de autofagia, recém -identificada no hospedeiro, na qual a célula seqüestra o fagossom o em um a vesí cula de m em brana dupla (autofagossom o) que se destina a fu n d ir com os lisossom os. Se os bacilos tiverem sucesso na in te rru p çã o da m aturação do fagossom o, a replicação com eça, e o m acrófago acaba sofrendo ruptura, liberando seu conteúdo bacilar. O utras cé lulas fagocíticas não infectadas são então recrutadas p ara continuar o ciclo da infecção p o r m eio da ingestão dos m acrófagos que estão m o rren d o e seu co nteúdo bacilar, to rn an d o -se assim elas p ró p rias infectadas e expandindo a infecção.
■ VIRULÊNCIA DOS BACILOS DA TUBERCULOSE
Diversas observações sugerem que os fatores genéticos desem penham um papel fundam ental na resistência ina ta não im unológica à infecção pelo M. tuberculosis e de senvolvim ento de doença. A existência dessa resistência, que é de natureza poligênica, é sugerida pelos diferentes graus de sensibilidade à tuberculose em diferentes populações. Em cam undongos, um gene denom inado N ram pl (proteína de m acrófa go 1 associada à resistência natural) desem penha um papel regulador na resistência/sensibilidade às m icobactérias. O hom ólogo hum ano NRAM P1, m apeado no crom ossom o 2q, pode desem penhar papel na determ inação da suscetibilidade à tuberculose, conform e sugerido por um estudo realizado com africanos ocidentais. Estudos recentes de genética m u rin a identificaram um novo gene de resistência do hospedeiro, iprl, que é codificado dentro do locus sstl; iprl codifi ca um a proteína nuclear induzível p o r interferon que interage com outras proteínas nucleares nos m acrófagos estim ulados por IFN ou infectados p o r M. tuberculosis. A lém disso, os polim orfism os em m últiplos genes, com o os que codificam vários alelos de antígeno leucocitário de histocom patibilidade (HLA), IFN -7 , fator de cres cim ento de células T p, interleucina (IL) 10, proteína de ligação da m anose, receptor de IFN -7 , receptor Toll-like 2, receptor de vitam ina D e IL-1, foram associados a suscetibilidade à tuberculose.
■ RESPOSTA DO HOSPEDEIRO E FORMAÇÃO DE GRANULOMA No estágio inicial da interação hospedeiro-bactéria, antes do início de um a resposta IM C adquirida, Aí. tuberculosis passa p o r um p e ríodo de crescim ento extenso den tro de m acrófagos não ativados im aturos e outros m acrófagos im aturos são recrutados para o granulom a inicial. Estudos sugerem que Aí. tuberculosis usa um m eca nism o de virulência específico para subverter a sinalização celular do hospedeiro e para evocar um a resposta inicial pró-inflam atória que prom ove expansão do granulom a e crescim ento bacteriano d u ra n te essa fase inicial essencial. Um estudo recente de infecção po r Aí. m arinum em peixe-zebra delineou o m ecanism o m olecular prová vel pelo qual as m icobactérias induzem form ação de granulom a. A proteína m icobacteriana ESAT-6 induz secreção de m etaloproteinase 9 da m atriz (M M P9) p o r células epiteliais vizinhas que estão em contato com m acrófagos infectados. M M P9, p o r sua vez, estim ula recrutam ento de m acrófagos im aturos, induzindo assim m aturação do granulom a e crescim ento bacteriano. A perturbação da função de M M P9 resulta em redução do crescim ento bacteriano. O utro estudo m ostrou que AM P cíclico derivado de Aí. tuberculosis é secretado pe los fagossom os para os m acrófagos hospedeiros, subvertendo as vias de transdução do sinal da célula e estim ulando um a elevação na se creção do fator de neuro tum oral a (T N F -a) e recrutam ento celular pró-inflam atório adicional. Finalm ente, as quim iocinas e produtos bacterianos liberados durante as rodadas repetidas de lise celular e infecção de m acrófagos de chegada recente possibilitam às células dendríticas ter acesso aos bacilos; essas células m igram para linfonodos de drenagem e apresentam antígenos m icobacterianos aos linfócitos T. Em tal estágio, com eça o desenvolvim ento da IM C e da im unidade hum oral. Esses estágios iniciais da infecção são habitual m ente assintomáticos. C erca de 2 a 4 sem anas após a infecção, surgem duas respostas do hospedeiro ao Aí. tuberculosis: um a resposta da IM C de ativa ção dos m acrófagos e um a resposta de lesão tecidual. A resposta de ativação dos macrófagos é um fenôm eno m ediado p or células T que leva à ativação de m acrófagos capazes de m atar e digerir os bacilos da tuberculose. A resposta de lesão tecidual resulta de um a reação de hipersensibilidade do tipo tardio (H T D ) a vários antígenos bacilares; destrói os m acrófagos inativados que contêm bacilos em m ultiplica ção, m as tam bém provoca necrose caseosa dos tecidos acom etidos (ver adiante). Em bora am bas as respostas possam inibir o crescim en to das m icobactérias, é o equilíbrio entre as duas que determ ina a form a de tuberculose que irá surgir subsequentem ente. Com o desenvolvim ento da im unidade específica e 0 acúm ulo de grandes núm eros de m acrófagos ativados no local da lesão pri-
CAPÍTULO 165
D esde a elucidação do genom a do M. tuberculosis em 1998, grandes coleções m utantes foram geradas e m u i tos gentes de bactérias que co n trib u em para virulência p or M. tuberculosis foram encontrados. Padrões diferen tes de defeitos de virulência foram definidos em vários m odelos anim ais, predom inantem ente cam undongos m as tam bém p o rquinhos da índia, coelhos e prim atas n ão hum anos. O gene katG codifica um a enzim a catalase/peroxidase que protege c o n tra estres se oxidativo e é necessária para ativação da isoniazida e subsequente atividade bactericida. A região de diferença 1 (RD1) é um locus de 9,5 kb que codifica dois antígenos proteicos p equenos essenciais antígeno ESAT-6 (early secretory antigen-6) e p ro te ín a -10 do filtra do de cu ltu ra (CFP-10) - , assim com o suposto aparelho de secre ção que pode facilitar seu egresso; a ausência desse locus da vacina na cepa de vacina do bacilo C a lm e tte-G u érin (BCG) de Aí. bovis m o stro u ser u m a m utação atenuante im p o rtan te. U m a observação recente no M ycobacterium m arinum , cuja validade precisa ser c o n firm ada no Aí. tuberculosis, m o stro u que um a m utação no locus de virulência de RD1 que codifica o sistem a de secreção ESX1 preju d i ca a capacidade de m acrófagos apoptóticos de re cru tar células não infectadas para outros ciclos de infecção. O s resultados são m enos replicação e m enos granulom as novos. Os m u tan tes que não p o s suem enzim as essenciais de biossíntese bacteriana to rn am -se auxotróficos para o substrato faltante e frequentem ente são to talm ente incapazes de proliferar em anim ais; esses incluem os m utantes leuD e panCD, que requerem leucina e ácido pantotênico, respectivam en te. O gene de isocitrato liase icll codifica um a etapa essencial no shunt de glioxilato que facilita o crescim ento bacterian o nos su b s trato s de ácido graxo; esse gene é necessário p a ra p ersistência de longo prazo da infecção p o r M. tuberculosis em cam undongos com TB crônica. Os m utantes de Aí. tuberculosis nos genes reguladores com o fator C sigm a e fator H sigm a (sigC e sigH) estão associados a crescim ento bacteriano n o rm al em cam u n d o n g o s, m as falham em evocar patologia tecidual com pleta. Finalm ente, a p roteína m icobacteriana recentem ente identificada C arD (expressa pelo gene carD) parece essencial para o controle de transcrição de rRNA que é necessário para replicação e persistência na célula h ospedeira. Sua p e rd a expõe m icobactérias a estresse oxidativo, inanição, lesão do DNA e finalm ente sensibilidade p ara ser m o rtas p o r um a variedade de m utagênicos e m ecanism os de defesa do hospedeiro.
■ RESISTENCIA INATA À INFECÇÃO
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m ária, form am -se lesões granulom atosas (tubérculos). Essas lesões consistem em acúm ulos de linfócitos e m acrófagos ativados que evoluem para m orfologias de células epitelioides e células gigantes. A princípio, a resposta de lesão tecidual pode lim itar o crescim ento das m icobactérias no interior dos m acrófagos. C onform e assinala do anteriorm ente, essa resposta, m ediada p or diversos p rodutos bacterianos, não apenas destrói os m acrófagos com o tam bém p ro voca necrose sólida precoce no centro do tubérculo. E m bora o Aí. tuberculosis possa sobreviver, seu crescim ento é inibido dentro desse am biente necrótico pela baixa tensão de oxigênio e pelo pH baixo. Nesse estágio, algum as lesões podem cicatrizar p or fibrose, com cal cificação subsequente, enquanto ocorrem inflam ação e necrose em outras lesões. Algum as observações desafiaram a visão tradicional de que qualquer encontro entre m icobactérias e m acrófagos resulta em infecção crônica. É possível que um a resposta im une capaz de erradicar a infecção inicial possa algum as vezes desenvolver-se com o conseqüência, por exemplo, de m utações incapacitantes em genom as m icobacterianos tornando sua replicação ineficaz.
■ RESPOSTA OE ATIVAÇÃO DOS MACRÓFAGOS A IM C é fundam ental nesse estágio inicial. Na m aioria dos indiví duos infectados, os m acrófagos locais são ativados quando antíge nos bacilares processados pelos m acrófagos estim ulam os linfócitos T a liberar um a variedade de linfocinas. Esses m acrófagos ativados agregam -se ao redor do centro da lesão e neutralizam efetivam ente os bacilos da tuberculose, sem causar destruição tecidual adicional. Na parte central da lesão, o m aterial necrótico assem elha-se a queijo m ole (necrose caseosa) - um fenôm eno que tam bém pode ser obser vado em outras afecções, com o neoplasias. M esm o quando ocorre ci catrização, bacilos viáveis podem perm anecer dorm entes no interior dos m acrófagos ou no m aterial necrótico durante m uitos anos. Essas lesões “cicatrizadas” no parênquim a pulm onar e nos linfonodos hila res podem subsequentem ente sofrer calcificação.
■ HIPERSENSIBILIDADE DE TIPO TARDIO Em um a m inoria de casos, a resposta de ativação dos m acrófagos é fraca, e o crescim ento das m icobactérias só pode ser inibido p o r res postas de HTD intensificadas, que levam à destruição do tecido p u l m onar. A lesão tende a aum entar ainda m ais, e o tecido circundante apresenta lesão progressiva. No centro da lesão, o m aterial caseoso se liqüefaz. As paredes brônquicas, assim com o os vasos sanguíneos, são invadidas e destruídas, com form ação de cavidades. O m aterial caseoso liqüefeito, que contém grande núm ero de bacilos, é drenado po r m eio dos brônquios. No interior da cavidade, os bacilos da tu berculose m ultiplicam -se, espalham -se pelas vias respiratórias e são elim inados no am biente p o r m eio de m anobras expiratórias, com o tosse e o ato de falar. Nos estágios iniciais da infecção, os bacilos são habitualm ente transportados p o r m acrófagos até os linfonodos regionais, a p a rtir dos quais têm acesso ao retorno venoso central; de lá eles são im plan tados novam ente nos pulm ões e tam bém podem dissem inar além da vasculatura pulm onar am plam ente pelo corpo, por m eio da circula ção cardíaca. As lesões extrapulm onares resultantes po d em exibir a m esm a evolução que as dos pulm ões, em bora a m aioria ten h a te n dência a cicatrizar. Em crianças pequenas com im u n id ad e natural precária, a dissem inação hem atogênica pode resultar em tuberculose m iliar fatal ou m eningite tuberculosa.
■ PAPEL DOS MACRÓFAGOS E MONÓCITOS E nquanto a IM C confere proteção parcial contra o M. tuberculosis, a im unidade hum oral desem penha um papel bem m enos definido na proteção (em bora haja crescentes evidências da existência de a n ti corpos para lipoarabinom annan, que p odem im pedir a dissem inação da infecção em crianças). No caso da IM C, dois tipos de células são essenciais: os macrófagos, que fagocitam diretam ente os bacilos da tuberculose, e as células T (principalm ente linfócitos T C D 4 + ), que induzem proteção por m eio da produção de citocinas, especialm ente IFN -7 . Após infecção pelo M. tuberculosis, os m acrófagos alveolares secretam diversas citocinas responsáveis p o r vários eventos (p. ex.,
form ação de granulom as), bem com o p o r efeitos sistêm icos (febre e perda de peso). Os m onócitos e m acrófagos atraídos ao local consti tuem os com ponentes-chave da resposta im une. Seu principal m eca nism o está provavelm ente relacionado com a p rodução de óxido n í trico, que possui atividade antim icobacteriana e aum enta a síntese de citocinas, com o T N F -a e IL-1, os quais regulam a liberação de inter m ediários reativos de nitrogênio. Além disso, os m acrófagos podem sofrer apoptose - um m ecanism o de defesa para evitar a liberação de citocinas e bacilos por m eio de seu seqüestro na célula apoptótica.
■ PAPEL DOS LINFÓCITOS T Os m acrófagos alveolares, m onócitos e células dendríticas tam bém são fundam entais no processam ento e apresentação de antígenos aos linfócitos T, prim ariam ente as células T C D 4 + e C D 8 + ; o resultado consiste na ativação e proliferação de linfócitos T C D 4 + , cruciais na defesa do hospedeiro contra o Aí. tuberculosis. D efeitos qualitativos e quantitativos nas células T C D 4 + explicam a incapacidade dos in divíduos infectados pelo H IV de conter a proliferação de m icobac térias. Os linfócitos T C D 4 + ativados p o d em sofrer diferenciação em células T H1 ou T H2 pro d u to ras de citocinas. As células T H1 p ro duzem IF N -7 - um ativador dos m acrófagos e m onócitos - e IL-2. As células T h2 produzem IL-4, IL-5, IL-10 e IL-13, p o dendo tam bém prom over a im unidade hum oral. A inter-relação dessas várias citoci nas e a sua regulação cruzada determ inam a resposta do hospedeiro. Entretanto, o papel das citocinas na p rom oção da destruição intrace lular de m icobactérias a inda não foi to talm en te elucidado. IF N -7 pode in duzir a geração de in term ed iário s reativos de nitrogênio e regular genes envolvidos nos efeitos bactericidas. T N F -a tam bém parece ser im portante. As observações feitas originalm ente em cam undongos knockout transgênicos e, m ais recentem ente, em seres h um anos sugerem que outros subgrupos de células T, especialm ente as células T C D 8 + , podem d esem penhar papel im portante. As células T C D 8 + foram associadas a atividades p ro teto ras através de respostas citotóxicas e lise das células infectadas, b em co m o à p ro d u ç ão de IF N -7 e T N F -a . Por fim, as células natural killer atuam com o correguladores das atividades líticas das células T C D 8 + , e acredita-se cada vez m ais que as células T 78 estejam envolvidas em respostas p rotetoras nos seres hum anos.
■ LIPÍDIOS E PROTEÍNAS DAS MICOBACTÉRIAS Os lipídios são envolvidos no reconhecim ento das m icobactérias pelo sistem a im une inato, tendo sido dem onstrado que as lipoproteí nas (como a lipoproteína de 19-kDa) deflagram potentes sinais atra vés de receptores Toll-like presentes nas células dendríticas sanguí neas. O Aí. tuberculosis possui diversos antígenos proteicos. Alguns se encontram no citoplasm a e na parede celular, enquanto outros são secretados. A m aior im portância desses antígenos secretados na p ro dução de um a resposta dos linfócitos T é sugerida po r experim entos que docum entaram o aparecim ento de im unidade protetora em ani m ais após im unização com m icobactérias vivas seçjetoras de proteí nas. Entre os antígenos que podem desem penhar um papel protetor, destacam -se os antígenos 30-kD a (ou 85B) e ESAT-6. E provável que a im unidade protetora resulte da reatividade a num erosos antígenos m icobacterianos diferentes.
■ REATIVIDADE AO TESTE CUTÂNEO Juntam ente com o aparecim ento de im unidade, verifica-se o desen volvim ento de H TD ao Af. tuberculosis. Essa reatividade constitui a base do TST, utilizado p rincipalm ente p ara a detecção da infecção pelo Aí. tuberculosis em indivíduos assintom áticos. Os m ecanism os celulares responsáveis pela reatividade ao TST estão relacionados principalm ente com os linfócitos T C D 4 + previam ente sensibiliza dos, que são atraídos ao local do teste cutâneo. Neste local, proliferam e produzem citocinas. E m bora a H T D esteja associada à im unidade protetora (os indivíduos TST-positivos são m enos suscetíveis a um a nova infecção pelo Af. tuberculosis do que as pessoas com TST n e gativo), esta não garante n e n h u m a proteção contra a reativação. De fato, casos de tuberculose ativa são frequentem ente acom panhados
r
de reações fortem ente positivas ao teste cutâneo. H á tam bém evidên cias de reinfecção por um a nova cepa de M. tuberculosis em pacientes com doença ativa previam ente tratada. Essa evidência ressalta o fato de que a tuberculose latente ou ativa prévia pode não conferir um a im unidade p rotetora total.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A tuberculose é classificada em pulm onar, extrapulm onar ou ambas. Antes do advento da infecção pelo HIV, cerca de 80% dos novos ca sos de tuberculose lim itavam -se aos pulm ões. Todavia, até 66% dos pacientes infectados pelo H IV que apresentam tuberculose podem ter TB tanto p ulm onar quanto extrapulm onar ou apenas TB ex tra pulm onar.
■ TUBERCULOSE PULMONAR A tuberculose pulm onar pode ser convencionalm ente classificada em prim ária ou pós-prim ária (do tipo adulto, secundária). Essa d is tinção foi desafiada p o r evidências m oleculares decorrentes de áreas endêm icas para TB indicando que um a grande porcentagem de casos de TB pulm onar no adulto resulta de infecção recente (seja infecção prim ária ou reinfecção) e não de reativação.
Doença primária
Child Health, Stellenbosch University, África do Sul; com autorização.)
Doença pós-primária (tipo adulto) Tam bém denom inada tuberculose de reativação ou secundária, a tu berculose pós-prim ária provavelm ente é m ais precisam ente cham ada de TB do tipo adulto, pois pode resultar da reativação endógena de infecção latente distante ou infecção recente (infecção prim ária ou reinfecção). Localiza-se, habitualm ente, nos segm entos apicais e p o s teriores dos lobos superiores, onde a tensão de oxigênio m édia consi deravelm ente mais alta (em com paração com a das regiões inferiores) favorece o crescim ento das m icobactérias. Os segm entos superiores dos lobos inferiores tam bém ficam frequentem ente acom etidos. A extensão do com prom etim ento do parênquim a pulm onar varia acen tuadam ente, desde infiltrados pequenos até doença cavitária extensa. Com a form ação de cavidades, o conteúdo necrótico liqüefeito é, em últim a análise, liberado nas vias respiratórias e pode sofrer dissem i nação broncogênica, resultando em lesões-satélites dentro dos p u l mões que, por sua vez, podem sofrer cavitação (Figs. 165.5 e 165.6). O com prom etim ento m aciço de segm entos ou lobos pulm onares, com coalescência das lesões, provoca pneum onia caseosa. E nquanto até 33% dos pacientes sem tratam ento sucum bem à tuberculose pul m onar grave em poucas sem anas ou meses após o início da doença (a “consunção de galope” clássica do passado), outros podem sofrer um processo de rem issão espontânea ou seguem um curso crônico, progressivam ente debilitante (conjum pção ou tísica). Nessas circunstâncias, algum as lesões pulm onares tornam -se fibróticas e, posteriorm ente, podem sofrer calcificação; entretanto, as cavidades persistem em outras partes dos pulm ões. Os indivíduos com essa doença crôni ca continuam elim inando bacilos da tuberculose no m eio ambiente. A m aioria dos pacientes responde ao tratam ento com defervescência, dim inuição da tosse, ganho ponderai e m elhora geral do bem -estar em várias sem anas. No início da evolução da doença, os sinais e sintom as são fre quentem ente inespecíficos e insidiosos, consistindo principalm ente em febre diurna e sudorese no tu rn a causada por defervecência, perda de peso, anorexia, m al-estar geral e fraqueza. Todavia, em até 90% dos casos, surge finalm ente a tosse - com frequência, inicialm ente im produtiva e lim itada à m anhã e, m ais tarde, acom panhada da p ro dução de secreção brônquica puru len ta, algum as vezes com estrias de sangue. Há desenvolvim ento de hem optise em 20-30% dos casos e pode ocorrer hem optise m aciça em conseqüência da erosão de vaso sanguíneo na parede de um a cavidade. Todavia, a hem optise ta m bém pode resultar da ru p tu ra de um vaso dilatado dentro de um a cavidade (aneurisma de Rasmussen) ou da form ação de aspergilom a em um a cavidade antiga. A lgum as vezes, surge d or torácica p leuríti ca em pacientes com lesões parenquim atosas subpleurais ou doença
CAPÍTULO 165
A tuberculose pulm onar p rim ária ocorre pouco depois da infecção inicial pelo bacilo da tuberculose. Ela pode ser assintom ática ou es tar presente com febre e ocasionalm ente dor torácica pleurítica. Em áreas de alta transm issão da tuberculose, essa form a de doença é frequentem ente observada em crianças. C om o a m aior parte do ar inspirado se distribui nas regiões m édia e inferior dos pulm ões, essas áreas estão m ais com um ente acom etidas na tuberculose prim ária. A lesão que se form a após a infecção inicial (foco de G hon) é habi tualm ente periférica e acom panhada de linfadenopatia hilar ou paratraqueal transitória, que pode não ser visível na radiografia de tórax padrão. A lguns pacientes desenvolvem eritem a nodoso nas pernas ou conjuntivite flictenular. Na m aioria dos casos, a lesão cicatriza es pontaneam ente e torna-se evidente apenas na form a de um pequeno nódulo calcificado. A reação pleural sobrejacente a foco subpleural tam bém é com um . O foco de G hon, com ou sem reação pleural, espessam ento e linfadenopatia regional subjacentes, é cham ado de complexo de Ghon. Em crianças em tenra idade com IM C im aturo e nos indivíduos com com prom etim ento da im unidade (p. ex., aqueles com desnutri ção ou infecção pelo HIV ), a tuberculose prim ária p ode evoluir rapi dam ente para a doença clínica. A lesão inicial aum enta de tam anho, podendo evoluir de diferentes m aneiras. O derram e pleural, observa do em até 66% dos casos, resulta da penetração de bacilos no espaço pleural a p artir de um foco subpleural adjacente. Nos casos graves, o local prim ário aum enta rapidam ente, sua parte central sofre necrose, e verifica-se o desenvolvim ento de cavitação (tuberculose prim ária progressiva). A tuberculose em crianças pequenas é quase sem pre acom panhada de linfadenopatia hilar ou paratraqueal devido à disse m inação de bacilos do parênquim a pu lm o n ar através dos vasos lin fáticos. Os linfonodos aum entados podem com prim ir os brônquios, causando obstrução total com colapso distai, obstrução parcial com sibilo de grande via respiratória ou efeito de m ovim ento de válvula (ball-valve effect) com hiperinsuflação segm entar/lobar. Os linfono dos tam bém podem rom per-se na via respiratória com desenvolvi m ento de pneum onia, frequentem ente incluindo áreas de necrose e cavitação, distai à obstrução. Pode haver desenvolvim ento de bronquiectasia em qualquer segm ento/lobo lesionado p or pneum onia caseosa progressiva. A dissem inação hem atogênica oculta com um ente acom panha infecção prim ária pelo M. tuberculosis. N o entanto, na ausência de um a resposta im une adquirida suficiente, que em geral contém a infecção, pode ocorrer doença dissem inada ou m iliar (Fig. 165.4). Há desenvolvim ento de lesões granulom atosas em m últiplos órgãos e elas podem causar doença localm ente progressiva ou resul tar em m eningite tuberculosa; essa é um a preocupação especial em crianças em tenra idade e em indivíduos im unocom prom etidos (p. ex., pacientes com infecção pelo HIV).
Figura 165.4 Radiografia de tórax mostrando infiltrados miliares bilate rais em uma criança. (Cortesia do Prof. fíobert Gie, Department of Pediatrics and
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1345
é com patível ou suficientem ente preciso para propósitos diagnósti cos. Foi tam bém relatada a ocorrência de hiponatrem ia devido à sín drom e de secreção inapropriada de ho rm ô n io antidiurético.
■ TUBERCULOSE EXTRAPULMONAR Por ordem de frequência, os locais ex trap u lm o n ares m ais co m u m ente acom etidos na tuberculose são linfonodos, pleura, trato ge niturinário, ossos e articulações, m eninges, peritônio e pericárdio. E ntretanto, praticam ente todos os sistem as orgânicos p o d e m ser acom etidos. Em conseqüência da dissem inação hem atogênica em indivíduos infectados pelo HIV, a tuberculose extrapulm onar é ob servada m ais com um ente hoje do que no passado.
Tuberculose nos linfonodos (linfadenite tuberculosa)
Figura 165.5 Radiografia de tórax mostrando infiltrado de lobo superior direito e uma cavidade com nível ar-líquido em um paciente com tubercu lose ativa. (Cortesia do Dr. Andrea Gori, Department of Infectious Diseases, S. Paolo University Hospital, Milão, Itália, com autorização.)
pleural. A doença extensa pode produzir dispnéia e, em casos raros, síndrom e do desconforto respiratório agudo. Os achados físicos são de valor lim itado n a tuberculose p u lm o nar. M uitos pacientes não apresentam anorm alidades detectáveis ao exame de tórax, enquanto outros exibem estertores nas áreas acom e tidas durante a inspiração, p articularm ente após a tosse. Em certas ocasiões, podem -se auscultar roncos devido à obstrução brônquica parcial bem com o os sopros anfóricos clássicos em áreas com g ran des cavidades. As m anifestações sistêm icas incluem febre (frequen tem ente baixa e interm itente) em até 80% dos casos e consum o. E ntretanto, a ausência de febre não exclui a tuberculose. Em alguns casos, aparecem palidez e baqueteam ento dos dedos. Os achados h e m atológicos m ais com uns consistem em anem ia discreta, leucocito se e trom bocitose com velocidade de hem ossedim entação e/ou nível de proteína C reativa ligeiram ente elevada. N enhum desses achados
Figura 165.6
TC mostrando uma grande cavidade no pulmão direito de pa ciente com tuberculose ativa. (Cortesia do Dr. Enrico Giardi, National Institute for Infectious Diseases, Spallanzani Hospital, Roma, Itália, com autorização.)
A apresentação m ais com um da tuberculose e x trapulm onar tanto em pacientes soronegativos para H IV e infectados para H IV (35% em geral e > 40% dos casos nos EUA em séries recentes) é a doença de linfonodos, que é particularm ente freqüente entre pacientes in fectados pelo H IV e em crianças. N os EUA, além das crianças, as m ulheres (particularm ente não brancas) tam bém parecem ser es pecialm ente suscetíveis. O u tro ra causada prin cip alm en te pelo Aí. bovis, hoje a linfadenite tuberculosa é provocada em grande parte pelo Af. tuberculosis. A tuberculose dos linfonodos m anifesta-se na form a de tum efação indolor dos linfonodos, m ais com um ente em lo cais supraclaviculares e cervicais posteriores (afecção h istoricam en te denom inada escrófula). Em geral, os linfonodos são distintos no estágio inicial da doença, m as evoluem , com o tem po, p ara m assa indolor coalescente e p odem resultar em um trajeto fistuloso d re nando m aterial caseoso. H á presença de doença p ulm onar associada em m enos de 50% dos casos, e sintom as sistêm icos são incom uns, exceto nos pacientes infectados pelo HIV. O diagnóstico é estabele cido p or biópsia p or aspiração com agulha fina (com cam po de até 80%) ou biópsia de excisão cirúrgica. A confirm ação bacteriológica é conseguida na am pla m aioria dos casos, lesões granulom atosas com ou sem BAAR visível são observadas e as culturas são positivas em 70 a 80% dos casos. E ntre os pacientes infectados pelo HIV, os gra nulom as são m enos organizados e frequentem ente são inteiram ente ausentes, m as as cargas bacterianas são m aiores do que nos pacientes negativos para HIV, com cam po m aior em m icroscopia e cultura. O diagnóstico diferencial inclui um a variedade de doenças infecciosas, doenças neoplásicas, com o linfom as ou carcinom as m etastáticos, e distúrbios raros, com o a doença de K ikuchi (linfadenite histiocítica necrosante), doença de K im ura e doença de Castlem an.
Tuberculose pleural O acom etim ento da pleura responde p o r cerca de 20% dos casos ex trapulm onares nos EUA e em outros locais. O derram e pleural iso lado em geral reflete infecção prim ária recente e acúm ulo de líquido no espaço pleural representa um a resposta de hipersensibilidade aos antígenos m icobacterianos. A doença pleural tam bém pode resultar da dissem inação parenquim atosa contígua, com o e n y n u ito s casos de pleurite que acom panha a doença p ós-prim ária. Conform e a extensão da reatividade, o derram e pode ser pequeno, perm anecer despercebi do e sofrer resolução espontânea, ou ser grande o suficiente para cau sar sintom as, com o febre, dor torácica pleurítica e dispnéia. Os acha dos físicos são os do derram e pleural: m acicez à percussão e ausência de ruídos respiratórios. A radiografia de tórax revela o derram e e, em até 33% dos casos, tam bém dem onstra um a lesão do parênquim a. E necessário efetuar um a toracocentese para verificar a natureza do der ram e e diferenciá-lo das m anifestações de outras etiologias. O líquido é cor-de-palha e, às vezes, hem orrágico; trata-se de um exsudato com concentração de proteínas > 50% da concentração sérica (habitual m ente cerca de 4 a 6 g/dL), concentração de glicose norm al a baixa, pH de cerca de 7,3 (em certas ocasiões, < 7,2) e leucócitos detectáveis (habitualm ente 500 a 6.000/|jlL). O s neutrófdos podem predom inar no estágio inicial, m as a predom inância linfocítica constitui o achado típico posteriorm ente. Em geral, as células m esoteliais são raras ou ausentes. São observados BAAR no esfregaço direto em apenas 10 a 25% dos casos, porém as culturas podem ser positivas para M. tuber-
culosis em 25 a 75% dos casos; as culturas positivas são mais com uns nos casos pós-prim ários. A determ inação da concentração pleural de adenosina desaminase (ADA) constitui teste de triagem útil: a tuber culose é praticam ente excluída se os valores forem m uito baixos. A lisozim a tam bém está presente no derram e pleural. A m ensuração de IFN -7 , seja diretam ente ou por m eio de estim ulação de células T sensibilizadas com antígenos m icobacterianos, pode ser útil. Com fre quência, a biópsia por agulha da pleura é necessária para o diagnósti co e revela granulom as e/ou produz um a cultura positiva em até 80% dos casos. Essa form a de tuberculose pleural responde rapidam ente à quim ioterapia e pode ter resolução espontânea. A adm inistração con com itante de glicocorticoides pode reduzir a duração da febre e/ou dor torácica mas não apresenta benefício comprovado. O em piem a tuberculoso é um a com plicação m enos com um da tuberculose pulm onar. Em geral, resulta da ru p tu ra de um a cavida de, com vazam ento de grande núm ero de m icrorganism os no espaço pleural. Esse processo pode criar um a fístula broncopleural com a presença de ar no espaço pleural. A radiografia de tórax revela hidropneum otórax com nível hidroaéreo. O líquido pleural é purulento e espesso, contendo grande núm ero de linfócitos. O esfregaço para BAAR e as culturas para m icobactérias são frequentem ente positivos. Em geral, a drenagem cirúrgica é necessária com o adjuvante da qui mioterapia. O em piem a tuberculoso pode resultar em fibrose pleural grave e doença pulm onar restritiva. Em certas ocasiões, é necessário rem over a pleura visceral espessada (decorticação) para m elhorar a função pulm onar.
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Figura 165.7
RM de tuberculose renal confirmada por cultura. Plano coronal ponderado em T2: cortes coronais mostrando várias lesões renais tanto no tecido cortical quanto no tecido medular do rim direito. (Cortesia do Dr. Alberto Matteelli, Department of Infectious Diseases, University o f Brescia, Itália, com autorização.)
Tuberculose das vias respiratórias superiores
Tuberculose geniturinária A tuberculose geniturinária, que responde p o r cerca de 10-15% dos casos extrapulm onares nos EUA e em outros locais, pode acom eter qualquer parte do trato geniturinário. H á predom ínio de sintom as locais, e até 75% dos pacientes apresentam anorm alidades na rad io grafia torácica sugerindo doença p ulm onar prévia ou concom itante. As apresentações com uns consistem em frequência urinária, disúria, nictúria, hem atúria e dor no flanco ou abdom inal. Entretanto, os p a cientes podem ser assintom áticos, e a doença só é descoberta após o desenvolvim ento de lesões destrutivas graves dos rins. O exam e de urina fornece resultados anorm ais em 90% dos casos, revelando piúria e hem atúria. A docum entação de piúria com cultura negativa em urina ácida levanta a suspeita de tuberculose. A pielografia intrave nosa, TC do abdom e ou RM (Fig. 165.7) podem revelar deform ida des e obstruções, e as calcificações e estenoses ureterais constituem achados sugestivos. A cultura de três am ostras de u rina pela m anhã fornece o diagnóstico definitivo em quase 90% dos casos. Estenoses ureterais graves podem levar à hidronefrose e lesão renal. A tuberculose genital é diagnosticada m ais com um ente em m u lheres do que em hom ens. Nas pacientes, acom ete as tubas uterinas e o endom étrio, podendo provocar infertilidade, d or pélvica e anor m alidades m enstruais. O diagnóstico requer biópsia ou cultura de am ostras obtidas por dilatação e curetagem . Nos pacientes do sexo m asculino, a tuberculose acom ete preferencialm ente o epidídim o, produzindo um a m assa ligeiram ente hipersensível que pode drenar para o exterior por m eio de um trajeto fistuloso; pode haver tam bém desenvolvim ento de orquite e prostatite. Em quase m etade dos ca sos de tuberculose geniturinária, verifica-se tam bém a presença de doença do trato urinário. A tuberculose gen itu rin ária responde de m odo satisfatório à quim ioterapia.
Tuberculose esquelética N os EUA, a tuberculose osteoarticular é responsável p o r cerca de 10% dos casos extrapulm onares. Na doença osteoarticular, a p ato genia está relacionada com a reativação de focos hem atogênicos ou dissem inação a partir de linfonodos paravertebrais adjacentes. As ar ticulações que sustentam peso (a coluna vertebral em 40% dos casos, os quadris em 13% e os joelhos em 10%) são m ais com um ente aco m etidas. A tuberculose da coluna vertebral (m al de P ott ou espondilite tuberculosa; Fig. 165.8) acom ete frequentem ente dois ou mais corpos vertebrais adjacentes. E nquanto a coluna torácica superior constitui o local mais com um de tuberculose da coluna vertebral em crianças, as vértebras torácicas inferiores e as lom bares superiores são habitualm ente acom etidas nos adultos. A p a rtir do ângulo ântero-superior ou do inferior dos corpos vertebrais, a lesão alcança lenta m ente 0 corpo adjacente, afetando posteriorm ente 0 disco intervertebral. Na doença avançada, o colapso dos corpos vertebrais resulta em cifose {giba).
CAPÍTULO 165
Quase sem pre um a com plicação da tuberculose pu lm o n ar cavitária avançada, a tuberculose das vias respiratórias superiores pode aco m eter a laringe, faringe e epiglote. Os sintom as consistem em ro u quidão, disfonia e disfagia, além de tosse produtiva crônica. Os acha dos dependem do local de com prom etim ento, e podem -se observar ulcerações na laringoscopia. O esfregaço do escarro para BAAR é frequentem ente positivo, porém a realização de biópsia pode ser n e cessária em alguns casos para estabelecer o diagnóstico. O carcinom a da laringe pode apresentar características sem elhantes, m as costum a ser indolor.
Figura 165.8
TC demonstrando a destruição do pedículo direito da T10 devido ao mal de Pott. A paciente, uma mulher asiática de 70 anos de idade, apre sentou dor lombar, perda de peso e tuberculose comprovada por biópsia. (Cortesia de Charles L. Daley, MD, University of Califórnia, San Francisco, com autorização.) 1347
Além disso, pode haver form ação de um abscesso “frio” p a ra vertebral. Na parte superior da coluna, esse abscesso pode crescer e p e n etrar a parede torácica, ocorrendo na form a de m assa de tecido mole; na parte inferior da coluna, pode atingir os ligam entos inguinais ou m anifestar-se na form a de abscesso do psoas. A T C ou a RM revelam a lesão característica e sugerem a sua etiologia. O diagnóstico diferencial inclui tum ores e outras infecções. A osteom ielite bacteria na piogênica, em particular, acom ete precocem ente o disco e provoca rápida esclerose. A aspiração do abscesso ou a biópsia óssea confir m am a etiologia tuberculosa, visto que as culturas são habitualm ente positivas, e os achados histológicos m uito típicos. U m a complicação catastrófica do m al de Pott é a paraplegia, habitualm ente decorrente de abscesso ou lesão que com prim e a m edula espinal. A paraparesia provocada p or um grande abscesso representa um a em ergência m é dica, exigindo rápida drenagem . A tuberculose das articulações do quadril, que acom ete habitualm ente a cabeça do fêmur, provoca dor; a tuberculose do joelho provoca dor e tumefação. Se a doença não for identificada, pode ocorrer destruição das articulações. O diagnóstico requer o exame do líquido sinovial, cujo aspecto é espesso, com alta concentração de proteína e contagem celular variável. E m bora a cul tura do líquido sinovial seja positiva em u m a elevada porcentagem de casos, a biópsia sinovial e a cultura de tecido podem ser necessárias para estabelecer o diagnóstico. A tuberculose esquelética responde à quim ioterapia, porém os casos graves podem necessitar de cirurgia.
Meningite tuberculosa e tuberculoma
Doenças Infecciosas 1348
A tuberculose do sistema nervoso central responde por cerca de 5% dos casos extrapulm onares nos EUA. É observada com m ais frequên cia em crianças pequenas, m as tam bém ocorre em adultos, p a rticu larm ente nos infectados pelo HIV. A m eningite tuberculosa resulta da dissem inação hem atogênica da TB pu lm o n ar p rim ária ou pós-prim ária, ou da ruptura de um tubérculo subependim ário no espaço subaracnóideo. Em m ais da m etade dos casos, são encontradas evi dências de lesões pulm onares antigas ou de um padrão m iliar na ra diografia de tórax. Com frequência, a doença m anifesta-se de m odo sutil na form a de cefaleia e alterações m entais discretas depois de um pródrom o de sem anas de febre baixa, m al-estar, anorexia e irritabili dade. Se não for reconhecida, a m eningite tuberculosa pode evoluir de m odo agudo com cefaleia intensa, confusão, letargia, alteração do sensório e rigidez de nuca. Em geral, a doença evolui d urante 1 a 2 sem anas, ou seja, apresenta um a evolução m ais longa que a da m e ningite bacteriana. Com o o envolvim ento m eníngeo é pronunciado na base do crânio, a paresia dos nervos cranianos (em particular dos nervos oculares) constitui um achado freqüente, e o acom etim ento das artérias cerebrais pode ocasionar isquem ia focal. A evolução final leva ao coma, com hidrocefalia e hipertensão intracraniana. A punção lom bar constitui a base do diagnóstico. Em geral, o exa me do líquido cerebrospinal (LCS) revela alta contagem de leucóci tos (de até 1.000/|xL), habitualm ente com predom ínio de linfócitos, porém algum as vezes com predom ínio de neutrófilos nos estágios iniciais, concentração de proteína de 1 a 8 g/L (100 a 800 mg/dL) e baixa concentração de glicose. Entretanto, qualquer um desses três pa râm etros pode estar dentro da faixa norm al. Em até 33% dos casos, são observados BAAR no esfregaço direto do sedim ento do LCS; todavia, a repetição das funções lombares aum enta a taxa de resultados positivos. A cultura do LCS é diagnóstica em até 80% dos casos e continua sen do o padrão-ouro. A reação em cadeia da polim erase (PCR) apresenta sensibilidade de até 80%, porém as taxas de resultados falsos positivos alcançam 10%. Os exames de imagem (TC e RM) podem revelar h i drocefalia e aum ento anorm al das cisternas da base ou do epêndim a. Se não for diagnosticada, a m eningite tuberculosa é sem pre fatal. A doença responde à quimioterapia; entretanto, são docum entadas se qüelas neurológicas em 25% dos casos tratados, na m aioria dos quais o diagnóstico foi tardio. Os estudos clínicos dem onstraram que os pacientes tratados com glicocorticoides adjuvantes podem apresentar um a resolução mais rápida das anorm alidades do LCS e da pressão elevada do LCS. Em um estudo, o tratam ento adjuvante com dexam e tasona (0,4 m g/kg/dia IV, com redução gradual de 0,1 m g/kg/sem ana até a quarta semana, quando foi adm inistrado 0,1 m g/kg/dia, seguido
de 4 m g/dia VO e redução gradual de 1 m g/sem ana até a quarta sem a na, quando foi adm inistrado 1 m g/dia) aum entou significativam ente as chances de sobrevida entre indivíduos de mais de 14 anos de idade, porém não reduziu a frequência de seqüelas neurológicas. O tuberculom a, m anifestação incom um de TB do sistem a n ervo so central, m anifesta-se na form a de um a ou m ais lesões expansivas e, em geral, provoca convulsões e sinais focais. A T C ou RM revela lesões em anel contrastadas, porém é necessária um a biópsia para es tabelecer o diagnóstico.
Tuberculose gastrintestinal A tuberculose gastrintestinal é incom um , sendo responsável p or 3,5% dos casos extrapulm onares nos EUA. Vários m ecanism os patogêni cos estão envolvidos: deglutição de escarro com dissem inação dire ta, dissem inação hem atogênica ou (em grande parte, nos países em desenvolvim ento) ingestão de leite de vaca com tuberculose bovina. Em bora qualquer parte do trato gastrintestinal possa ser afetada, o íleo term inal e o ceco constituem os locais mais com um ente acom eti dos. Os achados com uns à apresentação consistem em dor abdom inal (que algum as vezes se assem elha à associada a apendicite) e tum efa ção, obstrução, hem atoquezia e m assa palpável no abdome. É tam bém com um a ocorrência de febre, perda ponderai, anorexia e sudorese noturna. Com o com prom etim ento da parede intestinal, as ulcerações e fístulas podem sim ular a doença de Crohn; o diagnóstico diferencial com essa entidade é sem pre difícil. A presença de fístulas anais deve levar a um a avaliação para tuberculose retal. C om o a cirurgia é neces sária na m aioria dos casos, o diagnóstico pode ser estabelecido pelo exame histológico e cultura de am ostras obtidas durante a cirurgia. A peritonite tuberculosa ocorre p or dissem inação direta dos ba cilos da tuberculose a p a rtir de linfonodos que sofreram ru p tu ra e órgãos intra-abdom inais (p. ex., tuberculose genital em m ulheres) ou p o r dissem inação hem atogênica. A d or abdom inal inespecífica, a febre e a ascite devem levantar a suspeita de peritonite tuberculo sa. A coexistência de cirrose (Cap. 307) em pacientes com p e rito n i te tuberculosa com plica o diagnóstico. Na peritonite tuberculosa, a paracentese revela um líquido exsudativo com alta concentração de proteína e leucocitose que habitualm ente é linfocítica (em bora haja o predom ínio dos neutrófilos em certas ocasiões). A taxa de resulta dos positivos do esfregaço direto e da cultura é relativam ente baixa; a cultura de um grande volum e de líquido ascítico pode aum entar a positividade; entretanto, com frequência é necessária a realização de biópsia peritonial (com um a am ostra m ais b em -obtida p or laparos copia) para estabelecer o diagnóstico.
Tuberculose pericárdica (pericardite tuberculosa) Devido à extensão direta de linfonodos m ediastinais ou hilares ad jacentes ou a dissem inação hem atogênica, a tuberculose pericárdica m uitas vezes tem sido um a doença de idosos em países com baixa prevalência de tuberculose. No entanto, ela tam bém ocorre com fre quência em pacientes infectados pelo HIV. As taxas de casos fatais alcançam 40% em algum as séries. O início pode ser sybagudo, ainda que seja possível um a apresentação aguda, com dispnéia, febre, dor retroesternal surda e atrito pericárdico. Por fim, ocorre derram e em m uitos casos; podem aparecer sinais e sintom as cardiovasculares de tam ponam ento cardíaco (Cap. 239). N a presénça de derram e, deve-se suspeitar de tuberculose se o paciente p ertencer a um a população de alto risco (infecção pelo HIV, origem de país com alta prevalên cia), se houver evidências de tuberculose prévia em outros órgãos, ou se a ecocardiografía, TC ou RM revelar derram e e espessam ento através do espaço pericárdico. Pode-se estabelecer um diagnóstico definitivo p or pericardiocentese sob orientação ecocardiográfica. O líquido pericárdico deve ser subm etido a exam es bioquím icos, citológicos e m icrobiológicos. O derram e é de natureza exsudativa, com alta contagem de linfócitos e m onócitos. E com um haver derram e hem orrágico. O exam e direto do esfregaço é raram ente positivo. A cultura do líquido pericárdico revela o Aí. tuberculosis em até 33% dos casos, enquanto a biópsia pericárdica fornece m aior positividade. Níveis elevados de ADA, lisozim a e IF N -7 p o d em sugerir etiologia tuberculosa. PCR tam bém pode ser útil.
Formas extrapulmonares menos comuns A tuberculose pode causar coriorretinite, uveíte, panoftalm ite e con juntivite flictenular dolorosa relacionada com hipersensibilidade. A otite tuberculosa é rara e m anifesta-se n a form a de p erda audi tiva, otorreia e perfuração da m em brana tim pânica. Na n asofarin ge, a tuberculose pode sim ular a granulom atose com poliangiíte (de W egener). As m anifestações cutâneas da tuberculose consistem em infecção prim ária p or inoculação direta, abscessos e úlceras crôni cas, escrofuloderm ia, lúpus vulgar (doença indolente com nódulos, placas e fissuras), lesões m iliares e eritem a nodoso. A m astite tuber culosa resulta de dissem inação linfática retrógrada, frequentem ente de linfonodos axilares. A tuberculose suprarrenal decorre de doença dissem inada, m anifestando-se raram ente na form a de insuficiência suprarrenal. Por fim, a tuberculose congênita resulta da dissem ina ção transplacentária dos bacilos da tuberculose para o feto, ou da in gestão de líquido am niótico contam inado. Essa doença rara acom ete o fígado, o baço, os linfonodos e vários outros órgãos.
Tuberculose miliar ou disseminada
Tuberculose associada ao HIV
A tuberculose m iliar deve-se à dissem inação hem atogênica dos b aci los da tuberculose. E m bora em crianças seja frequentem ente a co n seqüência de infecção prim ária, nos adultos pode ser decorrente de um a infecção recente ou reativação de antigos focos dissem inados. As lesões consistem habitualm ente em granulom as am arelados de 1 a 2 m m de diâm etro, que lem bram sem entes de m ilhete (daí o term o miliar, criado por patologistas no século XIX). As m anifestações clínicas são inespecíficas e m ultiform es, d e pendendo do local de acom etim ento predom inante. Na m aioria dos casos, os sintom as de apresentação consistem em febre, sudorese noturna, anorexia, fraqueza e perda de peso. A lgum as vezes, os p a cientes apresentam tosse e outros sintom as respiratórios devido ao com prom etim ento pulm onar, bem com o sintom as abdom inais. Os achados físicos consistem em hepatom egalia, esplenom egalia e lin fadenopatia. O exame oftalm ológico pode revelar tubérculos corioideos, que são patognom ônicos da tuberculose miliar, em até 30% dos casos. O corre m eningism o em < 10% dos casos. É necessário ter elevado ín d ice de suspeita p a ra o d ia g n ó sti co de tu b ercu lo se m iliar. C om frequência, a rad io g rafia de tórax (Fig. 165.4) revela u m p a d rão re tic u lo n o d u la r m iliar (m ais facil m ente observado em radiografia pou co p e n etrad a ), em b o ra possa não haver a n o rm a lid a d e rad io g ráfica evidente n o estágio inicial da doença e en tre pacientes in fectad o s pelo HIV. O u tro s achados radiológicos consistem em g randes in filtrad o s, in filtrad o s intersticiais (p a rticu la rm e n te em pacientes infectados pelo H IV ) e d e r ram e pleural. A m ic ro sc o p ia do esfregaço de e scarro é negativa em 80% dos casos. P odem -se o b se rv ar várias an o rm a lid a d es h e m atológicas, com o anem ia com leucopenia, linfopenia, leu co cito se n eutrofílica, reações leucem oides e policitem ia. Foi relatada a o corrência de coagulação intravascular dissem inada. E m pacientes com grave c o m p ro m etim e n to h epático, são d e te cta d as elevações dos níveis de fosfatase alcalina e ou tras a n o rm a lid a d es nas provas de função hepática. O TST p o d e ser negativo em até m eta d e dos casos, p o ré m a reatividade p o d e ser restabelecida d u ra n te a q u i m io terap ia. O lavado bro n co alv eo lar e a b ió p sia tra n sb rô n q u ic a ten d e m m ais a fornecer c o n firm ação bacteriológica, e os g ra n u lom as são evidentes em am ostras de biópsia de fígado ou m edula óssea de m uitos pacientes. Se não for d iagnosticada, a tuberculose m iliar é fatal; en tretan to , com trata m e n to precoce e apropriado, a doença é passível de cura. O trata m e n to com glicocorticoides não d em o n stro u ser benéfico. Um a apresentação rara observada em idosos é a tuberculose m i liar críptica, que possui um a evolução crônica caracterizada por febre leve interm itente, anem ia e - por fim com prom etim ento m eníngeo precedendo a m orte. U m a form a septicêm ica aguda, a tuberculose miliar não reativa, ocorre m uito raram ente e se deve à dissem ina ção hem atogênica m aciça de bacilos da tuberculose. A pancitopenia é com um nessa form a de doença, que é rapidam ente fatal. Ao exame post-m ortem , são detectadas m últiplas lesões necróticas, porém não granulom atosas (“não reativas”).
(Ver tam bém o Cap. 189.) A tuberculose é um a das doenças mais com uns em indivíduos infectados pelo H IV no m undo inteiro e um a causa im portante de m orte. Em alguns países africanos, a taxa de in fecção pelo HIV entre pacientes com tuberculose atinge 70 a 80% em certos am bientes urbanos. Uma pessoa com TST positivo que adquire infecção pelo HIV corre risco anual de 3 a 13% de desenvolver tuber culose ativa. Um a nova infecção tuberculosa adquirida por um indiví duo infectado pelo HIV pode evoluir para a doença ativa em questão de sem anas, em lugar de fazê-lo no decorrer de meses ou anos. A tuberculose pode aparecer em qualquer estágio da infecção pelo HIV, e a sua apresentação varia de acordo com o estágio. Q uan do a IM C está apenas parcialm ente com prom etida, a tuberculose prim ária m anifesta-se de m o d o típico (Figs. 165.4 e 165.5), com in filtrados e cavitação dos lobos superiores, sem linfadenopatia ou d er ram e pleural significativos. Nos estágios avançados da infecção pelo HIV, é m ais com um haver um padrão sem elhante ao da tuberculose prim ária, com infiltrados intersticiais difusos ou miliares, pouca ou n enhum a cavitação e linfadenopatia intratorácica. Entretanto, essas form as estão se tornando m enos com uns devido ao uso dissem inado de tratam ento antirretroviral (TAR). De m odo global, as am ostras de escarro podem ser positivas com m enos frequência entre pacientes tuberculosos com infecção pelo H IV do que nos sem essa infecção; po r conseguinte, o diagnóstico de tuberculose pode ser extrem am en te difícil, particularm ente em vista da variedade de afecções p u lm o nares relacionadas com o H IV que sim ulam a tuberculose. A tuberculose extrap u lm o n ar é com um entre pacientes infec tados pelo HIV. Em várias séries, foi d o cum entada a ocorrência de tuberculose extrapulm onar - isoladam ente ou em associação com doença pulm o n ar - , em 40 a 60% dos casos em indivíduos coinfectados pelo HIV. As form as m ais com uns são a linfática, dissem inada, pleural e pericárdica. A m icobacterem ia e a m eningite tam bém são freqüentes, particularm ente na doença avançada pelo HIV. O diagnóstico de tuberculose em pacientes infectados pelo HIV pode ser difícil não apenas pela m aior frequência de resultados n e gativos do esfregaço de escarro (até 40% em casos pulm onares com provados p or cultura) m as tam bém devido a achados radiológicos atípicos, ausência de form ação clássica de granulom a nos estágios avançados e resultado negativo do TST. A dem ora no tratam ento pode ser fatal. As exacerbações em sinais e sintom as sistêm icos e manifestações laboratoriais e radiográficas de TB - cham ados de síndrome inflam a tória de reconstituição im une (SIRI) - foram associadas à adm inistra ção de TAR. Em geral ocorrendo 1-3 meses após o início de TAR, a SIRI é mais com um entre pacientes com im unossupressão avançada e TB extrapulm onar. A “SIRI do tipo unm asking” tam bém pode desen volver após início de TAR em pacientes com TB subclínica não diag nosticada. A patogenia presum ida de SIRI é u m a resposta im une que é evocada p or antígenos liberados à m edida que bacilos são m ortos durante quim ioterapia eficaz e que está tem porariam ente associada a m elhora da função im une. A p rim eira prio rid ad e no tratam ento
CAPÍTULO 165
Sem tratam e n to , a tu b erc u lo se p ericárd ica é h a b itu a lm en te fatal. M esm o com tratam en to , p o d em surgir com plicações, com o pericardite constritiva crônica com o espessam ento do pericárdio, fibrose e, algum as vezes, calcificação, que pode ser visível na ra d io grafia de tórax. Revisões sistem áticas e m etanálises m o stram que o tratam ento adjuvante com glicocorticoides continua controverso sem evidências conclusivas de benefícios para todos os p rincipais desfechos de pericardite - ou seja, sem im pacto significativo na re solução do derram e, sem diferença significativa no status funcional após o tratam en to e sem redução significativa na frequência de d e senvolvim ento de constrição ou m orte. N o entanto, em pacientes infectados pelo HIV, os glicocorticoides m elhoram o status fu n cio nal após o tratam ento. C ausada por extensão direta do pericárdio ou através de exten são linfática retrógrada a p artir de linfonodos m ediastinais acom eti dos, a m iocardite tuberculosa é um a doença extrem am ente rara. Em geral é fatal e é diagnosticada post-m ortem .
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de um possível caso de SIRI é assegurar que a síndrom e clínica não represente um a falha do tratam en to de TB ou o desenvolvim ento de outra infecção. As reações paradoxais brandas podem ser tra ta das com base nos sintom as. Os glicocorticoides foram usados para reações m ais graves, em bora seu uso nesse aspecto não ten h a sido avaliado form alm ente nos ensaios clínicos. As recom endações para a prevenção e o tratam ento da tu b erc u lose em indivíduos infectados pelo H IV são apresentadas adiante.
DIAGNÓSTICO A chave para o diagnóstico de tuberculose reside em elevado índice de suspeita. O diagnóstico não é difícil para um paciente de alto risco - p or exemplo, um alcoolistas desabrigado que apresenta sintom as típicos e radiografia de tórax clássica que m ostra infiltrados no lobo superior com cavidades (Fig. 165.5). Por outro lado, o diagnóstico pode facilm ente passar despercebido no caso de idoso residente em casa de asilo ou de adolescente com infiltrado focal. Com frequência, o diagnóstico é sugerido pela prim eira vez quando a radiografia de tórax de um paciente avaliado para sintomas respiratórios é anormal. Se o paciente não tiver afecções clínicas que produzam imunossupressão, a radiografia de tórax pode m ostrar os infiltrados típicos no lobo superior com cavitação (Fig. 165.5). Q uan to m aior o tem po transcorrido entre o aparecim ento dos sintom as e o diagnóstico, mais provável o achado de doença cavitária. D iferen temente, os pacientes im unossuprim idos, como os com infecção pelo HIV, podem apresentar achados “atípicos” na radiografia de tórax - por exemplo, infiltrados nas regiões inferiores sem formação de cavidades.
■ MICROSCOPIA PARA BAAR
Doenças Infecciosas
O diagnóstico presuntivo baseia-se com um ente no achado de BAAR no exame m icroscópico de um a am ostra diagnostica, com o esfregaço de escarro expectorado ou de tecido (p. ex., biópsia de linfonodos). Apesar do baixo custo, a m icroscopia para BAAR possui sensibilida de relativamente baixa (40 a 60%) nos casos confirm ados por cultura de tuberculose pulm onar. O m étodo tradicional - m icroscopia óptica de am ostras coradas com corantes de fucsina básica de Ziehl-Neelsen - é, contudo, satisfatório, em bora dem orado. A m aioria dos labora tórios m odernos que processam grandes núm eros de am ostras diag nosticas utiliza a coloração de auram ina-rodam ina e a m icroscopia de fluorescência. Os microscópicos de fluorescência com diodo de em is são de luz (LED) mais baratos estão atualm ente disponíveis e devem, com o tem po, substituir os m icroscópios ópticos e de fluorescência facilitando especialm ente o uso dessa tecnologia nos países em de senvolvimento. Nos pacientes com suspeita de TB pulm onar, tem -se recom endado que duas ou três am ostras de escarro, coletadas de pre ferência no início da m anhã, devem ser enviadas ao laboratório para esfregaço para BAAR e cultura m icobacteriológica. Revisões recentes enfatizaram que duas am ostras coletadas na m esm a consulta podem ser tão eficazes quanto três. Caso se obtenha um a am ostra de tecido, é fundam ental que parte da am ostra reservada para cultura não seja colocada em formaldeído. O uso de m icroscopia para BAAR na urina ou no líquido de lavagem gástrica é lim itado pela presença de m ico bactérias comensais, que podem produzir resultados falsos positivos.
■ CULTURA DE MICOBACTÉRIAS O diagnóstico definitivo depende do isolam ento e identificação do M. tuberculosis em um a am ostra clínica ou da identificação de se qüências específicas de DNA em um teste de am plificação de ácido nucleico (ver adiante). As am ostras podem ser inoculadas em m eio à base de ovo ou ágar (p. ex., Lõw enstein-Jensen ou M iddlebrook 7H10) e incubadas a 37°C (em C 0 2 a 5% para o m eio de M iddle brook). C om o a m aioria das espécies de m icobactérias, incluindo M. tuberculosis, cresce lentam ente, podem ser necessárias 4 a 8 sem anas para a detecção de crescimento. Em bora o M. tuberculosis possa ser identificado de m odo presuntivo com base no tem po de crescim en to bem com o pigm entação e m orfologia das colônias, diversos testes bioquím icos têm sido tradicionalm ente utilizados p ara determ in ar a espécie de isolados de m icobactérias. Nos laboratórios m odernos e bem -equipados, o uso de cultura de líquido para o isolam ento e
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a identificação da espécie po r m étodos m oleculares ou crom atografia líquida de alta pressão dos ácidos m icólicos substituíram o isola m ento em m eios sólidos e a identificação p o r testes bioquím icos. Um ensaio de fluxo lateral im unocrom atográfico rápido, de baixo custo baseado na detecção de antígeno M TP64 tam b ém pode ser usado para identificação das espécies do com plexo de M. tuberculosis em isolados de cultura. Esses novos m étodos, que devem ser introduzi dos rapidam ente em países em desenvolvim ento, reduziram o tem po necessário para confirm ação bacteriológica de TB a 2 a 3 sem anas.
■ AMPLIFICAÇÃO DO ÁCIDO NUCLEICO D ispõe-se de vários sistem as de testes baseados n a am plificação dos ácidos nucleicos das m icobactérias. Esses sistem as perm item o diagnóstico de tuberculose em apenas algum as horas, com altas es pecificidade e sensibilidade que se aproxim am às da cultura. Esses testes são m ais úteis para a confirm ação rápida da tuberculose em indivíduos com am ostras positivas para BAAR, m as tam bém têm u ti lidade no diagnóstico da tuberculose p ulm onar BAAR-negativa e ex trapulm onar. Nos locais onde esses exam es estão disponíveis, o teste de amplificação do ácido nucleico deve ser realizado em pelo m enos um a am ostra respiratória de pacientes que estão sendo avaliados para suspeita de TB pulm onar.
■ TESTE DE SENSIBILIDADE A FÁRMACOS O isolado inicial de M. tuberculosis deve ser testado q uanto à sua sensibilidade à isoniazida e rifam picina para detectar TB-RMF, p a r ticularm ente se um ou m ais fatores de risco para resistência a fárm a cos é identificado ou o paciente não responde ao tratam ento inicial, ou sofre recidiva após o térm in o do tratam en to (ver “Falha do tra tam ento e recidiva”, adiante). Além disso, o teste de suscetibilidade expandida para fárm acos anti-TB de segunda linha (especialm ente as fluoroquinolonas e os fárm acos injetáveis) é obrigatório quando TB-RM F é encontrado. O teste de sensibilidade pode ser realizado diretam ente (com a am ostra clínica) ou indiretam ente (com culturas m icobacterianas), em m eios sólidos ou líquidos. Os resultados são obtidos com rapidez pelo teste de sensibilidade direto em m eio líqui do, com tem po m édio de 3 sem anas para a obtenção dos resultados. C om o teste indireto em m eio sólido, os resultados podem não estar disponíveis durante > 8 sem anas. Foram desenvolvidos m étodos m o leculares para a rápida identificação de m utações genéticas reconhe cidam ente associadas à resistência à rifam picina e isoniazida (como os ensaios com sondas) e estão sendo am plam ente im plem entados para triagem de pacientes com aum ento de risco de TB resistente a fárm acos. Até que a capacidade para teste m olecular seja desenvolvi da, alguns m étodos de exam e de cultura a suscetibilidade ao fárm aco não comerciais (p. ex., suscetibilidade a fárm aco m icroscopicam ente observada, ensaios de nitrato redutase e ensaios indicadores de redox colorim étrico) podem ser úteis em casos de recursos lim itados. Seu uso é lim itado a laboratórios de referência nacionais com proficiência com provada e controle de qualidade externo.
■ PROCEDIMENTOS RADI0GRÁFIC0S C onform e assinalado anteriorm ente, a suspeita inicial de tu b erc u lose p ulm onar baseia-se, com frequência, em achados anorm ais na radiografia de tórax de paciente com sintom as respiratórios. Em bora o quadro “clássico” seja de doença do lobo superior com infiltrados e cavidades (Fig. 165.5), p ode-se observar praticam ente qualquer pa drão radiológico - desde um film e n orm al ou um nódulo pulm onar solitário até infiltrados alveolares difusos em um paciente com sín drom e do desconforto respiratório agudo. Na era da Aids, nenhum p ad rão radiográfico pode ser considerado patognom ônico. A TC (Fig. 165.6) pode ser útil na interpretação de achados questionáveis na radiografia simples de tórax bem com o no diagnóstico de algumas form as de tuberculose extrapulm onar (p. ex., m al de Pott; Fig. 165.8). A RM é útil no diagnóstico da tuberculose intracraniana.
■ PROCEDIMENTOS DIAGNÓSTICOS ADICIONAIS O utros testes diagnósticos p odem ser utilizados quando há suspei ta de tuberculose pulm onar. A indução de escarro p or nebulização
ultrassônica de soro fisiológico h ipertônico pode ser útil para os pacientes incapazes de pro d u zir espontaneam ente am ostras de es carro. C om frequência, os pacientes que exibem anorm alidades radiográficas com patíveis com outros diagnósticos (p. ex., carcinom a broncogênico) são subm etidos a broncoscopia de fibra óptica com escovados brônquicos ou biópsia endobrônquica ou tran sb rô n q u i ca da lesão. Pode-se efetuar tam bém um lavado broncoalveolar de segm ento p ulm onar que contenha anorm alidade. Em todos os ca sos, é essencial que as am ostras sejam utilizadas para a realização de esfregaço para BAAR e cultura m icobacteriana. Para o diagnóstico de tuberculose pulm onar prim ária em crianças, que frequentem ente não expectoram escarro, am ostras de escarro induzidas e am ostras de lavado gástrico pela m anhã podem resultar em culturas positivas. Os procedim entos diagnósticos invasivos são indicados aos p a cientes com suspeita de tuberculose extrapulm onar. Além das am os tras dos locais acom etidos (p. ex., LCS para a m eningite tuberculosa, líquido pleural e am ostras de biópsia para doença pleural), a biópsia e a cultura de m edula óssea e tecido hepático apresentam um bom resultado diagnóstico na tuberculose dissem inada (m iliar), p a rticu larm ente em pacientes infectados pelo HIV, que tam bém apresentam alta frequência de hem oculturas positivas. Em alguns casos, as culturas são negativas, porém o diagnóstico clínico de tuberculose é sustentado p or evidências epidem iológicas consistentes (p. ex., história de contato íntim o com paciente infectante), TST positivo ou ensaio de liberação de IF N -7 (IGRA; ver ad ian te) bem com o respostas clínica e radiográfica compatíveis com o tra tam ento. Nos EUA e em outros países industrializados com baixas taxas de tuberculose, alguns pacientes com anorm alidades lim itadas às radiografias de tórax e escarro positivo para BAAR estão infecta dos p or m icobactérias não tuberculosas, m ais com um ente m icro r ganism os do complexo do M. avium ou M. kansasii (Cap. 167). Os fatores que favorecem o diagnóstico de doença m icobacteriana não tuberculosa em lugar de tuberculose incluem ausência de fatores de risco para tuberculose, TST ou IGRA negativo e doença pulm onar crônica subjacente. Os pacientes com tuberculose associada ao H IV apresentam vá rios problem as diagnósticos (ver Tuberculose associada ao H IV ante riorm ente). Além disso, os pacientes infectados pelo H IV com tu b er culose com cultura de escarro e BAAR positivos podem apresentar um a radiografia de tórax norm al. C om o advento da TAR, a ocor rência de doença dissem inada pelo com plexo de Aí. avium , que pode ser confundida com a tuberculose, tornou-se m uito m enos com um .
■ TESTES SOROLÓGICOS E OUTROS TESTES DIAGNÓSTICOS PARA A TUBERCULOSE ATIVA Diversos testes sorológicos baseados na detecção de anticorpos con tra um a variedade de antígenos m icobacterianos são com ercializados nos países em desenvolvim ento, m as não nos EUA. Avaliações cuida dosas e independentes destes testes sugerem que não são úteis com o auxiliares diagnósticos, particu larm en te em indivíduos com baixa probabilidade de tuberculose. Vários m étodos destinados a detectar antígenos m icobacterianos em am ostras diagnósticas estão sendo in vestigados, em bora sejam, no m om ento atual, lim itados em virtude de sua baixa sensibilidade. As determ inações dos níveis de ADA e IFN -7 no líquido pleural podem ser úteis com o testes adjuvantes no diagnóstico de tuberculose pleural; a utilidade desse teste no diag nóstico de outras form as de tuberculose extrapulm onar (p. ex., p e ricárdica, peritonial e m eníngea) ainda não foi tão b em estabelecida.
■ DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO LATENTE PELO M. TUBERCULOSIS Teste cutâneo com tuberculina Em 1891, R obert Koch descobriu que com ponentes do Aí. tubercu losis em m eio de cultura de líquido concentrado, subsequentem ente denom inados “tu berculina envelhecida”, eram capazes de desenca dear um a reação cutânea quando injetados p o r via subcutânea em pacientes com tuberculose. Em 1932, Seibert e M unday purificaram esse p roduto por precipitação com sulfato de am ônio, produzindo um a fração proteica ativa, conhecida com o derivado proteico p u ri ficado (PPD) de tuberculina. Em 1941, o PPD-S, desenvolvido p or
Seibert e Glenn, foi escolhido com o padrão internacional. Mais ta r de, a OMS e 0 UNICEF patrocinaram a produção em larga escala de um lote referencial de PPD (RT23), to rn an d o -o disponível para uso geral. A m aior lim itação do PPD é sua falta de especificidade para as espécies de m icobactérias, um a p ropriedade decorrente do grande núm ero de proteínas presentes nesse produto que são altam ente con servadas nas diversas espécies. Além disso, a subjetividade da in ter pretação da reação cutânea, a deterioração do produto e as variações de lote para lote lim itam a utilidade do PPD. O teste cutâneo com PP D -tuberculina (TST) é m ais am plam ente utilizado na triagem da infecção latente pelo Af. tuberculosis (ITBL). O teste possui valor lim itado no diagnóstico de tuberculose ativa em virtude de suas sensibilidade e especificidade relativam ente bai xas, bem com o incapacidade de discrim inar entre infecção latente e doença ativa. As reações falsas negativas são com uns em pacientes im unossuprim idos e nos com tuberculose maciça. As reações falsas positivas podem ser produzidas por infecções p or m icobactérias não tuberculosas (Cap. 167) e pela vacinação com BCG.
Ensaios de liberação de IFN- 7 Dois ensaios in vitro que m edem a liberação de IF N -7 pelas células T em resposta à estim ulação com os antígenos altam ente específi cos da tuberculose, ESAT-6 e CFP-10, to rn ara m -se disponíveis. O T-SPOT.TB (O xford Im m unotec, O xford, Reino U nido) é um ensaio im m unospot ligado à enzim a (ELISpot) e o Q uantiFERO N -TB Gold (Cellestis Ltd., Carnegie, A ustrália) é um ensaio im unoabsorvente ligado a enzim a (ELISA) do sangue total p ara d eterm inação da IFN -7 . O ensaio Q uantiFER O N -T B G old In-Tube, que facilita a co leta de sangue e a incubação inicial, tam bém contém outro antígeno específico, TB7.7. Os IGRA são m ais específicos do que o TST em decorrência da m enor reatividade cruzada devido à vacinação com BCG e sensibi lização p or m icobactérias não tuberculosas. Em bora a sensibilidade diagnóstica para ITBL não possa ser diretam ente estim ada devido à ausência de padrão-ouro, esses testes dem onstram m elhor correlação do que o TST com exposição ao Aí. tuberculosis em investigações de contatos em locais de baixa incidência. E ntretanto, seu desem p en h o em am bientes de alta carga de tu berculose e/ou HIV foi m uito variado. E m bora lim itados, os estudos com parativos diretos dos dois ensaios na prática rotineira sugerem que o ELISpot tem u m a taxa m en o r de resultados indeterm in ad o s e provavelm ente tem u m grau m ais alto de sensibilidade diagnós tica do que o ELISA de sangue total. O u tras vantagens potenciais dos IGRA incluem a conveniência logística, necessidade de m enor núm ero de visitas do paciente p ara com pletar o teste, ausência de m edidas subjetivas, com o en d u recim en to da pele, e capacidade de efetuar testes seriados sem in d u zir u m fenôm eno de reforço (con versão espúria do TST devido a um estím ulo da reatividade ao TST entre indivíduos vacinados com BCG e os infectados p o r outras m i cobactérias). IGRA requerem que o sangue seja retirado dos pacien tes e distrib u íd o p ara o lab o rató rio de m an eira o portuna. D evido à sua alta especificidade e a ou tras vantagens potenciais, os IGRA provavelm ente irão su b stitu ir o T ST p ara o diagnóstico de ITBL em situações de baixa incidência e alta renda, em que a reatividade cruzada devido à vacinação com BCG p ode afetar adversam ente a interpretação e utilidade do TST. Inúm eras diretrizes nacionais sobre o uso de IGRA para teste de ITBL foram publicadas. Nos Estados Unidos, um a IGRA é preferida ao teste de TST para a m aioria das pessoas com mais de 5 nãos de ida de que estão sendo triadas para ITBL. Entretanto, para aqueles com alto risco de progressão para TB ativa (p. ex., pessoas infectadas com HIV), um ou outro teste pode ser usado, ou am bos podem ser usados para otim izar a sensibilidade. Devido à escassez de dados sobre testes IGRA em crianças, o TST é preferível para teste de ITBL de crianças com m enos de 5 anos de idade. No Canadá e em alguns países euro peus, um a abordagem em duas etapas para aqueles com TST positivo - ou seja, TST inicial seguido de IGRA - é recom endado. Entretanto, um TST pode reforçar um a resposta de IGRA se o intervalo entre os dois testes exceder 3 dias.
TRATAMENTO
Tuberculose
Os dois objetivos do tratam ento da tuberculose consistem em (1) interrom per a transm issão da doença torn an d o os pacientes não infectantes e (2) im pedir as m orbidade e m ortalidade curando os pacientes com T B ao m esm o tem po em que evita o surgim ento de resistência a fármacos. A quim ioterapia da tuberculose tornou-se possível com a descoberta da estreptom icina em 1943. E studos clínicos random izados indicaram claram ente que a adm inistração de estreptom icina a pacientes com tuberculose crônica reduzia as taxas de m ortalidade e levava à cura na m aioria dos casos. E ntre tanto, a m onoterapia com estreptom icina estava frequentem ente associada ao desenvolvim ento de resistência a este fárm aco à con seqüente falha do tratam ento. C om a introdução na prática clíni ca do ácido paraam inossalicílico (PAS) e da isoniazida, tornou-se um axiom a no início da década de 1950 que a cura da tuberculose exigia a adm inistração concom itante de pelo m enos dois fárm a cos aos quais o m icrorganism o fosse sensível. Além disso, estudos clínicos prelim inares dem onstraram que era necessário um longo período de tratam ento - isto é, 12 a 24 meses - , para evitar a ocor rência de recidiva. A introdução da rifam picina no início da década de 1970 anunciou a era da quim ioterapia efetiva de ciclo curto, com d u ra ção de tratam ento de < 12 meses. A descoberta de que a pirazinam ida, utilizada pela prim eira vez na década de 1950, aum entava a potência dos esquem as de isoniazida/rifam picina, levou ao uso de um ciclo de 6 m eses desse esquem a tríplice com o padrão de tratam ento. FÁRMACOS Q uatro fárm acos principais são considerados agen tes de prim eira linha no tratam ento da tuberculose: isoniazida, rifam picina, pirazinam ida e etam butol (Q u ad ro 165.2). Esses fár m acos são bem -absorvidos após adm inistração oral, com níveis séricos m áxim os em 2 a 4 h e elim inação quase com pleta em 24 h, sendo recom endados com base na sua atividade bactericida (isto é, capacidade de reduzir rapidam ente o núm ero de m icrorganis m os viáveis e to rn ar os pacientes não infectantes), sua atividade de esterilização (isto é, capacidade de m ata r todos os bacilos e, portanto, esterilizar os tecidos acom etidos, m edida em term os da capacidade de evitar recidivas) e sua baixa taxa de indução de re sistência a fárm acos. A rifapentina e a rifabutina, dois fárm acos relacionados com a rifam picina, tam bém estão disponíveis nos EUA e m ostram -se úteis para pacientes selecionados. P ara um a
QUADRO 165.2 Dosagem recomendada3 para o tratamento inicial da tuberculose em adultos6 Dosagem Fármaco
Dose diária
3 vezes/semana'
Isoniazida
5 mg/kg, máx. de 300 mg
10 mg/kg, máx. de 900 mg
Rifampicina
10 mg/kg, máx. de 600 mg
10 mg/kg, máx. de 600 mg
Pirazinamida
25 mg/kg, máx. de 2 g
35 mg/kg, máx. de 3 g
Etambutol1'
15 mg/kg
30 mg/kg
3A duração do tratamento para cada fármaco varia de acordo com o esquema, conforme indicado detalhadamente no Quadro 158.3. "As doses para crianças são semelhantes, exceto que algumas autoridades recomendam doses mais altas de isoniazida (10 a 15 mg/kg/dia; 20 a 30 mg/kg intermitente) e rifampicina (10 a 20 mg/kg). cAs doses para administração 2 vezes/semana são iguais para a isoniazida e rifampicina, porém mais altas para a pirazinamida (50 mg/kg, com o máximo de 4 g/dia) e o etambutol (40 a 50 mg/dia). lEm certas situações, a estreptomicina (15 mg/kg/dia, com dose máxima de 1 g; ou 25 a 30 mg/kg 3 vezes/semana, com dose máxima de 1,5 g) pode substituir o etambutol na fase inicial do tratamento. Entretanto, a estreptomicina não é mais recomendada como agente de primeira linha pela ATS, IDSA ou pelos CDC.
Fonte: Baseado nas recomendações da American Thoracic Society; Infectious Diseases Society of America; e Centers for Disease Control and Prevention e da Organização Mundial de Saúde.
discussão m ais detalh ad a dos fárm acos utilizados no tra ta m e n to da tuberculose, ver o Cap. 168. Em razão de um m en o r grau de eficácia bem com o de um m aior grau de intolerabilidade e toxicidade, seis classes de fárm a cos de segunda linha costum am ser apenas utilizados no tra ta m ento de pacientes com tuberculose resistente aos fárm acos de prim eira linha. Nesse grupo, estão incluídos os am inoglicosídios injetáveis, estreptom icina (antigam ente um agente de prim eira linha), canam icina e am icacina; o polipeptídio injetável capreom icina; os agentes orais etionam ida, ciclosserina e PAS; e os a n tibióticos da fluoroquinolona. Entre as quinolonas, preferem -se os agentes de terceira geração: levofloxacino, gatifloxacino (não m ais com ercializado nos EUA devido a sua grave toxicidade) e m oxifloxacino. A tualm ente, a am itiozona (tiacetazona) é u tili zada m uito raram ente (principalm ente para TB-RM F), pois está associada a reações cutâneas graves e, algum as vezes, até m es m o fatais em pacientes infectados pelo HIV. O utros fárm acos de eficácia não com provada utilizados no tratam ento de pacientes com resistência à m aioria dos agentes de prim eira e de segunda linhas são clofazim ina, am oxicilina/ácido clavulânico, claritro m icina, im ipenem e linezolida. D ois novos fárm acos atualm ente sob desenvolvim ento clínico - OPC-67683, u m nitroim idazólico; e TM C207, um a diarilquinolona - são ativos contra TB-RMF e oferecem prom essa de en cu rtar o curso do tratam ento necessário para TB suscetível a fárm acos tam bém . M oxifloxacina e gatifloxacina (ver adiante) estão em fase final de desenvolvim ento clínico com o esquem as de en curtam ento de tratam ento de 4 m eses para TB suscetível a fárm acos. ESQUEMAS O s e sq u em as-p ad rão de ciclo c u rto são divididos em um a fase inicial ou bactericid a e u m a fase de continuação ou esterilização. D urante a fase inicial, a m aioria dos bacilos da tuberculose é d estruída, ocorre resolução dos sintom as, e o p a ciente torna-se habitualm ente n ão infectante. A fase de c o n tin u ação é necessária para elim in ar as m icobactérias persistentes e evitar a recidiva. O esquem a terapêutico de escolha para praticam ente todas as form as de tuberculose, tanto em adultos quanto em crianças, consiste em um a fase inicial de 2 m eses de isoniazida, rifam pici na, pirazinam ida e etam butol, seguida de um a fase de continua ção de 4 meses de isoniazida e rifam picina (Q u a d ro 165.3). Em crianças, a m aioria das form as pode ser tratad a com segurança sem etam butol na fase intensiva. O tratam ento pode ser adm inis trado diariam ente durante todo o ciclo ou de m odo interm itente (3 vezes/sem ana durante todo o ciclo ou 2 vezes/sem ana depois de um a fase inicial de tratam en to diário, em bora a opção de 2 vezes/sem ana não seja recom endada pela OM S). E ntretanto, os pacientes infectados pelo H IV devem receber seu esquem a de fase inicial diariam ente. A fase de continuação de rifapentina e isoniazida 1 vez/sem ana é igualm ente efetiva para pacientes HIV-soronegativos com tuberculose p ulm onar não cayitária que apre sentam culturas de escarro negativas em 2 meses. O tratam ento interm itente é particularm ente útil para os pacientes cujo trata m ento pode ser observado diretam ente (ver adiante). Os pacien tes com tuberculose p u lm o n a r cavitária è fetardo na conversão da cultura de escarro (isto é, aqueles cuja cultura perm anece p o sitiva em 2 meses) devem ter a fase de continuação am pliada por 3 m eses com ciclo total de 9 meses. Para os pacientes com tuber culose p ulm onar com cu ltura de escarro negativa, a duração do tratam ento pode ser reduzida a um total de 4 meses. Para evitar a neuropatia relacionada com a isoniazida, deve-se acrescentar a piridoxina (10 a 25 m g/dia) ao esquem a ad m inistrado a pessoas com alto risco de deficiência de vitam ina B6 (p. ex., alcoolistas, desnutridos, m ulheres grávidas e em fase de lactância, bem como pacientes com afecções com o insuficiência renal crônica, diabetes e infecção pelo HIV, que tam bém estão associadas a neuropatia). Um ciclo total de tratam ento (conclusão do tratam ento) é defini do de m odo m ais acurado pelo núm ero total de doses do que pela duração do tratam ento. As recom endações específicas sobre os
QUADRO 165.3
Esquemas recomendados de tratamento da tuberculose Fase inicial
Fase de continuação
Indicação
Duração (meses)
Fármacos
Duração (meses)
Fármacos
Novos casos com esfregaço ou cultura positivos
2
HRZEa,í>
4
m acú
Novos casos com cultura negativa
2
HRZE3
4
HRa
Gravidez
2
HREe
7
HR
Recidivas e tratamento padrão (expectativa de teste de suscetibilidade)
3
HRZES*
5
HRE
7
HR
Falhas9
.
Resistência (ou intolerância) à H
Completa (6)
Resistência (ou intolerância) à R
Completa (12-18)
HZEQ1
Resistência à H + R
Completa (pelo menos 20 meses)
ZEQ + S (ou outro agente injetável')
Resistência a todos os fármacos de primeira linha
Completa (pelo menos 20 meses)
1 agente injetável + 3 desses 4: etionamida, ciclosserina. Q, PAS
Intolerância à Z
2
HRE
RZEg
"Todos os fármacos podem ser administrados diariamente ou de modo intermitente. Um esquema duas vezes por semana após 2 a 8 semanas durante a fase inicial algumas vezes é usada, embora não seja recomendada pela OMS. "A estreptomicina pode ser utilizada no lugar do etambutol, porém não é mais considerada agente de primeira linha pela ATS/IDSA/CDC. CA fase de continuação deve ser estendida até 7 meses para pacientes com tuberculose pulmonar cavitária que permanecem com cultura de escarro positiva depois da fase inicial de tratamento. "Os pacientes HlV-negativos com tuberculose pulmonar não cavitária que apresentam esfregaços de escarro negativos para BAAR após a fase inicial de tratamento podem receber rifapentina/isoniazida 1 vez/semana na fase de continuação. eO esquema de 6 meses com pirazinamida provavelmente pode ser utilizado com segurança durante a gravidez, sendo recomendado pela OMS e pela International Union Against Tuberculosis and Lung Disease. Se a pirazinamida não for incluída no esquema inicial, a duração mínima de tratamento é de 9 meses. 'A estreptomicina deve ser descontinuada após 2 meses. Resultados da suscetibilidade ao fármaco irá determinar a melhor opção de esquema. 90 esquema é individualizado de acordo com os resultados dos testes de sensibilidade a fármacos. A disponibilidade dos métodos moleculares rápidos para identificar resistência ao fármaco possibilita início de um esquema adequado no início do tratamento. 'Uma fluoroquinolona pode fortalecer o esquema para pacientes com doença extensa. ’A estreptomicina para os 2 meses iniciais pode fortalecer o esquema para pacientes com doença extensa. 'Amicacina, canamicina ou capreomicina. Todos esses agentes devem ser usados por pelo menos 6 mêses e por 4 mêses após conversão da cultura. Se suscetibilidade comfirmada, estreptomicina poderia ser usada como agente injetável.
núm eros necessários de doses para cada um dos vários esquem as de tratam ento foram publicadas em conjunto pela A m erican Thoracic Society, Infectious Diseases Society o f A m erica e CDC. Em alguns países em desenvolvim ento, onde a possibilidade de asse gurar a adesão do paciente ao tratam ento é lim itada, um esquem a de fase contínua de isoniazida e etam butol diariam ente, durante 6 meses foi usado. Todavia, esse esquem a está associado a um a taxa mais elevada de recidiva e fracasso, particularm ente entre pacien tes infectados pelo H IV e não é m ais recom endado pela OMS. A falta de adesão do paciente ao tratam ento é m u n d ialm en te reconhecida com o o obstáculo m ais im portante à cura. Além disso, os bacilos da tuberculose dos pacientes que não aderem ao esquem a prescrito têm probabilidade de a d quirir resistência aos fármacos. Fatores relacionados tanto com o paciente quanto com o profissional de saúde podem afetar a adesão ao tratam ento. Os fatores relacionados com o paciente incluem a falta de crença de que a doença seja im portante e/ou de que o tratam en to terá um efeito benéfico; a existência de afecções clínicas concom itantes (notavelm ente, abuso de drogas); falta de apoio social; e po b re za, com desem prego e falta de m oradia. Os fatores relacionados com o profissional de saúde que p odem prom over a adesão do paciente ao tratam ento incluem orientação e incentivo dos p a cientes, escolha de horários de a tendim ento convenientes bem com o fornecim ento de incentivos e facilitadores, com o refeições e vale-transporte. Além das medidas específicas relacionadas com a não adesão ao tratam ento, são utilizadas duas outras abordagens estratégicas: a observação direta do tratam ento e o fornecim ento de produtos com com binação fixa de fárm acos. C om o é difícil antever que pacientes irão aderir ao tratam ento recom endado, todos eles de
vem ter o seu tratam ento diretam ente supervisionado, sobretudo durante a fase inicial. Nos EUA, geralm ente há pessoal para su pervisão do tratam ento disponível nos program as de controle da tuberculose das unidades locais de saúde pública. A supervisão aum enta a proporção de pacientes que com pletam o tratam ento bem com o dim inui acentuadam ente a probabilidade de recidiva e o desenvolvim ento de resistência aos fármacos. A combinação fixa de fárm acos (p. ex., isoniazida/rifam picina, isoniazida/rifam picina/pirazinam ida e isoniazida/rifam picina/pirazinam ida/etam butol) está disponível (exceto, nos EUA, para a com binação fixa de fárm acos com quatro fárm acos), sendo fortem ente recom endada com o m eio de m inim izar a probabilidade de erros de prescrição e o desenvolvim ento de resistência a fárm acos em decorrência da m onoterapia. Em algum as form ulações desses produtos de com binação, foi constatado que a biodisponibilidade da rifam picina estava aquém do padrão. N a A m érica do N orte e na Europa, as autoridades de regulam entação garantem que tais produtos de combinação são de boa qualidade; entretanto, não se pode assum ir que esse tipo de garantia de qualidade ocorra nos países m enos desenvolvidos. Os esquem as alternativos para os pacientes que apresentam intolerância aos m edicam entos ou reações adversas estão listados no Q uadro 165.3. Todavia, é incom um a ocorrência de efeitos colaterais graves que exijam a interrupção de qualquer fármaco de prim eira linha e o uso desses agentes alternativos.
CAPITULO 165
Nota: E, etambutol, H, isoniazida; PAS, ácido paraaminosalicílico; Q, um antibiótico quinolona; R, rifampicina; S, estreptomicina; Z, pirazinamida.
o
MONITORAÇÃO DA RESPOSTA AO TRATAMENTO E TOXICIDADE MEDI CAMENTOSA A avaliação bacteriológica é essencial para a m o n i toração da resposta ao tratam en to da tuberculose. Os pacientes com doença pulm onar devem fazer um exame de escarro a cada mês até que as culturas se tornem negativas. Com o esquem a re-
1353
Doenças Infecciosas 1354
com endado, > 80% dos pacientes apresentarão culturas de escarro negativas no final do segundo mês de tratam ento. Ao final do ter ceiro mês, praticam ente todos os pacientes devem ter culturas n e gativas. Em alguns pacientes, especialm ente aqueles com doença cavitária extensa e grande núm ero de m icrorganism os, a conver são do esfregaço com BAAR pode dem orar, só ocorrendo após a conversão da cultura. Esse fenôm eno deve-se, presum ivelm ente, à expectoração e visualização m icroscópica de bacilos m ortos. C onform e assinalado anteriorm ente, os pacientes com doença cavitária nos quais a conversão da cultura de escarro não ocorre depois de 2 meses necessitam de tratam ento am pliado. Q uando as culturas de escarro de um paciente perm anecem positivas com > 3 meses, deve-se suspeitar de falha do tratam ento e resistência a fárm acos ou de adesão precária do paciente ao esquem a (ver adiante). Deve-se coletar um a am ostra desse escarro no final do tratam ento para docum entar a cura. Se as culturas de m icobacté rias não forem práticas, deve-se realizar m onitoração p or m eio do exame de esfregaços para BAAR com 2, 5 e 6 meses. Os pacien tes cujos esfregaços continuam positivos após 2 meses devem ser subm etidos a repetição do exame aos 3 meses. Os esfregaços p o sitivos depois de 3 meses de tratam ento quando o paciente comprovadam ente adere ao esquem a indicam falha do tratam ento e possível resistência ao fármaco. Portanto, o teste de suscetibilida de deve ser realizado. A m onitoração bacteriológica de pacientes com tuberculose extrapulm onar é m ais difícil e, com frequência, impossível. Nesses casos, a resposta ao tratam ento deve ser avalia da clínica e radiologicam ente. A m onitoração da resposta ao tratam ento durante a quim io terapia p or m eio de radiografias seriadas de tórax não é reco m endada, visto que as alterações radiológicas podem dem orar, só ocorrendo após a resposta bacteriológica; além disso, não são altam ente sensíveis. Após a conclusão do tratam ento, não se re com endam nem o exame de escarro nem as radiografias de tórax para acom panham ento de rotina. Todavia, um a radiografia de tó rax obtida no final do tratam ento pode ser útil para fins com para tivos se o paciente apresentar sintom as de tuberculose recorrente em vários meses ou anos. Os pacientes devem ser o rientados a p ro cu rar im ediatam ente assistência m édica caso ten h am q u a l quer um desses sintomas. D urante o tratam ento, os pacientes devem ser m onitorados q uanto à toxicidade farm acológica (Q u ad ro 165.3). A reação adversa m ais com um de im portância é a hepatite. Os pacientes devem ser cuidadosam ente orientados sobre os sinais e sintom as de hepatite induzida p or fárm aco (p. ex., u rin a escura, falta de apetite), devendo ser in stru íd o s a in te rro m p er im ediatam ente o tratam ento e p ro c u ra r o seu m édico caso surjam esses sin to mas. Em bora a m onitoração bioquím ica não seja rotineiram ente recom endada, todos os pacientes adultos devem ser subm etidos a um a avaliação basal da função hepática (p. ex., determ inação dos níveis séricos de am inotransferases hepáticas e bilirrubina). Os pacientes de idade m ais avançada, os com doenças concom i tantes, com história de doença hepática (especialm ente hepatite C) e aqueles que consom em álcool diariam ente devem ser m o nitorados de m odo rigoroso (isto é, a cada m ês), com d e te rm i nações repetidas das am inotransferases d urante a fase inicial do tratam ento. Até 20% dos pacientes apresentam pequenos aum en tos da aspartato am inotransferase (até 3 vezes o lim ite superior do norm al) que não são acom panhados de sintom as e não têm conseqüências. Para os pacientes com hepatite sintom ática e os com elevações pronunciadas (5 a 6 vezes) dos níveis séricos de aspartato am inotransferase, o tratam ento deve ser interrom pido, e os fárm acos reintroduzidos um de cada vez após a norm alização da função hepática. Em geral, as reações de hipersensibilidade exigem a in te rru p ção de todos os m edicam entos e a sua reintrodução para determ i nar o agente responsável. Devido à variedade de esquem as dispo níveis, não é habitualm ente necessário - em bora seja possível -, dessensibilizar o paciente. A hiperuricem ia e a artralgia causadas
pela pirazinam ida podem ser h abitualm ente controladas pela ad m inistração de ácido acetilssalicílico; todavia, o tratam ento com pirazinam ida deve ser interrom pido caso o paciente venha a de senvolver artrite gotosa. Os indivíduos que desenvolvem tro m b o citopenia autoim une secundária ao tratam en to com rifam picina não devem m ais receber esse m edicam ento. De m odo sem elhante, a ocorrência de neurite óptica com o etam butol constitui indica ção para a interrupção perm anente deste fárm aco. O utras m ani festações com uns de intolerância m edicam entosa, com o p rurido e desconforto gastrintestinal, geralm ente podem ser tratadas sem a interrupção do tratam ento.
FALHA DO TRATAMENTO E RECIDIVA C onform e assinalado an te riorm ente, deve-se suspeitar de falha do tratam en to quando as culturas de escarro de um paciente perm anecem positivas depois de 3 meses de tratam ento. No tratam ento desses pacientes, é im perativo que o isolado atual tenha a sua sensibilidade testada aos agentes de prim eira e de segunda linhas. O teste m olecular inicial para resistência a rifam picina tam bém deve ser realizado se h o u ver tecnologia disponível. Q uando os resultados do antibiogram a são esperados em poucas sem anas, as m udanças no esquem a p o dem ser adiadas até esse m om ento. E ntretanto, se houver dete rioração do estado clínico do paciente, pode-se indicar um a m u dança m ais precoce do esquem a. U m a regra básica nesta últim a situação é sem pre acrescentar m ais de um fárm aco de cada vez a um esquem a que esteja falhando: devem -se acrescentar pelo m e nos dois e, de preferência, três fárm acos que nunca tenham sido utilizados e aos quais os bacilos provavelm ente sejam sensíveis. O paciente pode co n tin u ar to m an d o isoniazida e rifam picina, juntam ente com esses novos fárm acos, enquanto se aguardam os resultados dos testes de sensibilidade. Os pacientes com recorrência após um tratam ento aparente m ente bem -sucedido (recidivas) ten d em m enos a abrigar cepas resistentes a fárm acos (ver adiante) do que as cepas dos pacientes cujo tratam ento falhou. E ntretanto, se o esquem a adm inistrado inicialm ente não tiver rifam picina, a probabilidade de resistência à isoniazida é alta. A resistência adquirida é incom um entre cepas de pacientes que sofrem recidiva após com pletar um esquem a-padrão de curta duração. E ntretanto, é pru d en te iniciar o trata m ento de todos os pacientes que sofreram recidiva com os quatro fárm acos de prim eira lin h a m ais estreptom icina, e nquanto se aguardam os resultados do teste de sensibilidade. Nos países m e nos desenvolvidos e em outros contextos em que não se dispõe rotineiram ente dos recursos para a realização de culturas e testes de sensibilidade, a OMS recom enda que se utilize um esquem a padrão com todos os quatro fárm acos de prim eira linha m ais es treptom icina em todos os casos de recidiva e tratam en to padrão (Q uadro 165.3). TUBERCULOSE RESISTENTE A FÁRMACOS As cepas de M. tuber culosis resistentes a fárm acos específicos surgem p o r m utações pontuais espontâneas no genom a das m ico b actérias que ocorrem em taxas baixas, porém previsíveis ( 10_/ a 10 10 para fárm acos im portantes). C om o não há resistência cruzada entre os fárm acos com um ente utilizados, a probabilidade de que u m a cepa seja re sistente a dois m edicam entos é o pro d u to das probabilidades de resistência a cada fárm aco, sendo, po rtan to , baixa. O desenvol vim ento de tuberculose resistente a fárm acos resulta invariavel m ente de m onoterapia - isto é, falha do m édico em prescrever pelo m enos dois fárm acos aos quais o bacilo da tuberculose seja sensível, ou falha do paciente que não tom a corretam ente o trata m ento prescrito. A tuberculose resistente a fárm acos pode ser prim ária ou ad quirida. A resistência prim ária é a que se desenvolve em um a cepa que esteja infectando um paciente não tratad o anteriorm ente. A resistência adquirida desenvolve-se durante o tratam ento com um esquem a inapropriado. N a A m érica do N orte e na Europa ociden tal, as taxas de resistência prim ária são geralm ente, baixas, sendo a resistência à isoniazida m ais com um . Nos EUA, enquanto taxas
I | 0 -< 3 D
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Dados subnacionais apenas
Figura 165.9 Porcentagem de novos casos de tuberculose que exibem resistência a múltiplos fármacos em todos os países investigados pela OMS/Union Glo bal Drug Resistance Surveillance Project durante o período de 1994 a 2008. (Ver também a ressalva na Fig. 165.2. Cortesia do Stop TB Department, OMS, com autorização.)
fármaco, com binação racional de pelo m enos cinco fárm acos, re ajuste do esquema, terapia diretam ente observada rigorosa, m oni toram ento bacteriológico e suporte intensivo ao paciente podem resultar em taxas de cura de até 60% e podem evitar m ortes. O Q u a d ro 165.4 descreve com o tratar os pacientes com TB-RMF. Para os pacientes com doença localizada e reserva pulm o n a r suficiente, a lobectom ia ou a pneu m o n ecto m ia podem ser consideradas. C om o o tratam ento dos pacientes com tuberculose RMF e REF é com plicado p o r fatores tanto sociais quanto clíni cos, a assistência desses pacientes é idealm ente fornecida em cen tros especializados ou, na sua ausência, no contexto de program as com recursos e capacidade adequados. TUBERCULOSE ASSOCIADA AO HIV Em geral, os esquem as terapêu ticos convencionais são igualm ente eficazes para pacientes HIV-negativos e H lV -positivos. E ntretanto, os efeitos adversos dos fárm acos podem ser m ais proem inentes nos pacientes infectados pelo HIV. Existem três considerações im portantes acerca do tratam en to da tuberculose em pacientes infectados pelo HIV: aum ento da frequência de reações paradoxais, interações m edicam entosas e n tre a TAR e as rifam icinas, e aparecim ento de m onorresistência à rifam picina durante o tratam en to interm itente com intervalos longos. A SIRI - ou seja, a exacerbação dos sinais e sintom as de TB - foi descrita anteriorm ente. Todos os pacientes com TB infectados pelo HIV são candidatos a TAR e o m om ento ideal para seu início é o m ais cedo possível e dentro das prim eiras 8 sem anas de terapia anti-TB. A rifam picina, um potente in d u to r de enzim as do sistem a do citocrom o P450, dim inui os níveis séricos de m uitos inibido res da protease do H IV e de alguns inibidores não nucleosídicos da transcriptase reversa - fárm acos essenciais utilizados na TAR. Nesses casos, a rifabutina, que apresenta m enor atividade indutora enzim ática, tem sido recom endada no lugar da rifam picina. To davia, pode ser necessário um ajuste das doses de rifabutina e/ou dos agentes antirretrovirais. C om o as recom endações são frequen tem ente atualizadas, aconselha-se consulta ao website dos CDC {http://www. cdc.gov/tb). Diversos estudos clínicos verificaram que os pacientes com TB associada ao H IV cuja im unossupressão é avançada (conta gens de células T C D 4 + de < 100/(xL) são propensos a um a falha do tratam ento e a sofrer recidiva com m icrorganism os resistentes à rifam picina quando tratados com esquem as que contêm rifam picina “altam ente interm iten tes” (isto é, adm in istrad a 1 ou 2x/
CAPÍTULO 165
de resistência p rim ária à isoniazida p erm aneceram estáveis em cerca de 7 a 8%, a taxa de TB-RM F prim ária caiu de 2,5 em 1993 para 1% desde 2000. As taxas de resistência são m ais elevadas e n tre os que nasceram no exterior e entre pacientes infectados pelo HIV. C om o descrito anteriorm ente, no m undo inteiro, a TB-RMF representa um problem a cada vez m ais grave em algum as regiões, especialm ente nos estados da antiga U nião Soviética e em outras partes da Ásia (Fig. 165.9). A inda m ais grave é a ocorrência re centem ente descrita de TB-RMF praticam ente não tratável devido a cepas RMF que são resistentes a todas as fluoroquinolonas e a pelo m enos um de três agentes injetáveis de segunda linha (am i cacina, canam icina e capreom icina). A TB resistente a fárm acos pode ser prevenida pela adesão aos princípios de tratam ento se guro: inclusão de pelo m enos dois agentes bactericidas aos quais o m icrorganism o seja sensível, bem com o uso de produtos de com binação fixa de fárm acos e verificação de que os pacientes co n cluem o ciclo prescrito. E m bora o esquem a de 6 m eses descrito no Q u ad ro 165.3 costum e ser efetivo para pacientes com doença inicial resistente à isoniazida, é prudente incluir pelo m enos etam butol e possivel m ente pirazinam ida durante todo o perío d o de 6 meses. Nesses casos, a isoniazida provavelm ente não contribui para um desfecho bem -sucedido, podendo ser om itida. Para pacientes com doença extensa, um a fluoroquinolona p ode ser adicionada. Os pacientes cujos isolados apresentam m onorresistência a rifam picina devem receber um esquem a que contém isonizida, pirazinam ida, etam butol e um a fluoroquinolona por 12-18 meses. A TB-RMF é mais difícil de tratar do que a doença causada p or um m icrorganism o sensível a fármacos, especialm ente pelo fato de a resistência a o u tros fárm acos de prim eira linha, bem com o à isoniazida e rifam picina, ser com um . Para o tratam ento de TB decorrente de cepas resistentes à isoniazida e rifam picina, as com binações de um a flu oroquinolona, etam butol, pirazinam ida e estreptom icina ou, para as cepas tam bém resistentes à estreptom icina, outro agente injetá vel (am icacina ou canam icina ou capreom icina), devem ser usa das. Para os pacientes com bacilos resistentes a todos os agentes de prim eira linha, pode-se obter a cura com um a com binação de quatro fárm acos de segunda linha, incluindo um agente injetável (Q uadro 165.3). Apesar da duração ideal do tratam ento nessa si tuação não ser conhecida, recom enda-se u m curso de pelo m enos 20 meses. Os pacientes com TB-REF têm m enos opções de tra tam ento, estando associadas a prognóstico m uito m ais som brio. Entretanto, estudos observacionais m ostraram que o tratam ento agressivo de casos que abrangem teste precoce de sensibilidade ao
c= cd
£2 õ cd
1355
QUADRO 165.4 Diretrizes de tratamento para pacientes com TB-RMF documentada ou fortemente suspeita
1 Use todos os agentes de primeira linha orais que podem ser eficazes. 2. Use um agente injetável para o qual a cepa seja suscetível, e considere um período prolongado de uso (12 meses ou, possivelmente, todo o período de tratamento). Se a cepa for resistente a todos os agentes injetáveis, recomenda-se o uso de um agente que o paciente não tenha recebido anteriormente 3. Use uma fluoroquinolona de maior geração, como a moxifloxacina. 4. Use todos os agentes de segunda linha orais (ácido para-aminossalicílico, cicloserina, etionamida, ou protionamide) que não tenham sido usados extensamente em um esquema anterior ou quaisquer outros que sejam propensos a eficácia. 5. Use dois ou mais dos seguintes fármacos de papel não definido: clofazimina. amoxicilina/ácido clavulânico. claritromicina, imipenem, linezolida, tiacetazona.
6. Considere o tratamento com altas doses de isoniazida se baixo nível de resistência a esse fármaco estiver documentado. 7. Considere cirurgia adjuvante se houver doença localizada.
8. Imponha medidas fortes de controle de infecção. 9. Implemente terapia rigorosa diretamente observada e suporte total para adesão bem como monitoramento bacteriológico e clínico abrangente. aEsta recomendação é feita porque, enquanto a reprodutibilidade e confiabilidade dos testes de sensibilidade com agentes injetáveis são bons, há poucos dados sobre o correlação de eficácia clínica com resultados de teste. As opções com TN-RMF são muito limitadas e algumas cepas podem ser afetadas in vivo por um agente injetável mesmo embora o teste apresente resistência no teste in vitro. Fonte: Adaptado de Organização Mundial da Saúde, 2008.
sem ana). Em conseqüência, recom enda-se que esses pacientes recebam tratam ento diário pelo m enos na fase inicial.
30
Doenças Infecciosas
SITUAÇÕES CLÍNICAS ESPECIAIS Em bora os estudos clínicos com parativos do tratam en to da tuberculose e x tra p u lm o n a r sejam lim itados, as evidências disponíveis indicam que a m aioria das form as da doença pode ser tratada com o esquem a de 6 meses recom endado para pacientes com doença pulm onar. A Am erican Academ y of Pediatrics (Academ ia A m ericana de Pediatria) reco m enda que as crianças com tuberculose osteoarticular, m eningite tuberculosa ou tuberculose m iliar recebam tratam ento de 9 a 12 meses de duração. O tratam ento da tuberculose pode ser com plicado p o r p ro blem as clínicos subjacentes que exijam considerações especiais. C om o regra, os pacientes com insuficiência renal crônica não devem receber am inoglicosídios, só devendo ser tratad o s com etam butol se for possível m onitorar os níveis séricos. A isoniazi da, a rifam picina e a pirazinam ida podem ser adm inistradas nas doses habituais em casos de insuficiência renal leve a m oderada, porém as doses de isoniazida e pirazinam ida devem ser reduzi das para todos os pacientes com insuficiência renal grave, exceto os subm etidos a hem odiálise. Os pacientes com doença hepática representam um problem a especial devido à hepatotoxicidade da isoniazida, rifam picina e pirazinam ida. Os pacientes com doença hepática grave podem ser tratados com etam butol, estreptom ici na e, possivelm ente, outro fárm aco (p. ex., um a fluo ro q u in o lo na); se houver necessidade, a isoniazida e a rifam picina podem ser adm inistradas sob supervisão estrita. O uso de p iraz in a m i da p or pacientes com insuficiência hepática deve ser evitado. A silicotuberculose requer prolongam ento do tratam en to em pelo m enos 2 meses. O esquem a de escolha para m ulheres grávidas (Q u ad ro 165.3) é de 9 meses de tratam ento com isoniazida e rifam picina suplem entadas com etam butol d u ra n te os prim eiro s 2 meses. Em bora a OMS tenha recom endado o uso rotineiro da pirazina-
m ida em m ulheres grávidas, este fárm aco não foi recom endado nos EUA devido à falta de dados suficientes para do cu m en tar a sua segurança na gravidez. A estreptom icina é contraindicada, visto que provoca lesão do oitavo nervo craniano no feto. O trata m ento da tuberculose não constitui um a contraindicação para o aleitam ento m aterno; a m aioria dos fárm acos adm inistrados está presente em pequenas quantidades no leite m aterno, em bora em concentrações m uito baixas para proporcionar qualquer benefício terapêutico ou profilático à criança. Os CD C Regional T raining and M edicai C onsultation C en ters (http://w w w .cdc.gov/tb/education/rtm c) oferecem consulta m édica para os casos de tratam ento difícil.
PREVENÇÃO A m elhor m aneira de prevenir a tuberculose é diagnosticar e isolar rapidam ente os casos infectantes, bem com o a d m in istrar um tra tam ento apropriado até que o paciente se torne não infectante (em geral 2-4 sem anas após o início de tratam ento adequado) e a doença seja curada. O utras estratégias consistem na vacinação com BCG e tratam ento de indivíduos com infecção da tuberculose latente que correm alto risco de desenvolver a doença ativa.
■ VACINAÇÃO COM BCG A BCG foi obtida de um a cepa atenuada de M. bovis e ad m in istra da pela prim eira vez a seres h u m an o s em 1921. D ispõe-se de m u i tas vacinas BCG no m undo inteiro; todas derivam da cepa original, porém essas vacinas variam na sua eficácia: desde 80% a nenhum a eficácia em estudos clínicos random izados, controlados por placebo. Foi constatada faixa sem elhante de eficácia em estudos de observação recentes (controle de casos, coorte histórico e transversais) em áreas onde os lactentes são vacinados ao nascim ento. Esses estudos ta m bém verificaram taxas m ais altas de eficácia na proteção de lactentes e crianças pequenas contra form as relativam ente graves de tubercu lose, com o m eningite tuberculosa e tuberculose miliar. A vacina BCG é segura e raram ente causa com plicações graves. A resposta tecidual local com eça 2 a 3 sem anas após a vacinação, com form ação de cicatriz e cicatrização em 3 m eses. Em 1 a 10% dos indivíduos vacinados, ocorrem efeitos colaterais - m ais com u m ente, ulceração no local da vacinação e linfadenite regional. Algu m as cepas da vacina causaram osteom ielite em cerca de um caso por m ilhão de doses adm inistradas. O c o rrera m infecção dissem inada e m orte pela BCG (“BCGite”) em um a dez casos p o r 10 m ilhões de doses adm inistradas, em bora esse p roblem a seja restrito quase exclusivam ente a indivíduos com com prom etim ento da im unidade, com o crianças com síndrom e de im unodeficiência com binada gra ve ou adultos com infecção pelo HIV. A vacinação com BCG induz um a reatividade do TST, que ten d e a desaparecer com o tem po. A presença e o tam anho das reações do TST após a vacinação não in d i cam o grau de proteção conferida. A vacina BCG é recom endada para uso rotineiro ao nascim ento nos países com alta prevalência de tuberculose. E ntretanto, devido ao baixo risco de transm issão da tuberculose nos EUA, à pouca con fiabilidade da proteção conferida pela BCG e~ao seu im pacto sobre a TST, a vacina nunca foi recom endada para uso geral naquele país. Os adultos e as crianças infectados pelo H IV não devem receber a vacina BCG. Além disso, os lactentes cujo status de H IV são desconhecidos m as têm sinais e sintom as com patíveis com infecção p or H IV ou que nascem de m ães infectadas pelo H IV não devem receber a BCG.
TRATAMENTO
Infecção da tuberculose latente
O tratam ento de indivíduos selecionados com ITBL visa à p re venção da doença ativa. Essa intervenção (tam bém denom inada quimioterapia preventiva ou quimioprofilaxia) baseia-se nos resul tados de um grande n úm ero de estudos clínicos random izados,
1356
1
QUADR0165.5 Dimensão da reação à tuberculina e tratamento da infecção latente por Mycobacterium tuberculosis
Grupo de risco
Dimensão da reação à tuberculina (mm)
Indivíduos infectados pelo HIV ou pessoas que recebem tratamento imunossupressor
>5
Contatos íntimos de pacientes com tuberculose
>5*
Pessoas com lesões fibróticas na radiografia de tórax
>5
Pessoas recentemente infectadas (< 2 anos) Indivíduos com afecções clínicas de alto risco0
>10 >10
Indivíduos de baixo riscoc
>15
a0s contatos não reatores à tuberculina, especialmente as crianças, devem receber profilaxia du rante 2 a 3 meses após o término do contato e, a seguir, repetir o TST. Aqueles cujos resultados permanecem negativos devem interromper a profilaxia. Os contatos infectados pelo HIV devem receber um ciclo completo de tratamento independentemente dos resultados do TST. “inclui o diabetes melito, algumas doenças hematológicas e reticuloendoteliais, uso de drogas injetáveis (com soronegatividade para o HIV), doença renal terminal e situações clínicas associa das a uma rápida perda ponderai. íxce to para fins de emprego, em que se antecipa uma triagem longitudinal com TST, o TST não é indicado para esses indivíduos de baixo risco. A decisão quanto ao tratamento deve ser baseada em considerações individuais de risco/benefício.
CAPÍTULO 165
controlados por placebo, dem onstrando que um ciclo de isonia zida de 6 a 12 meses dim inui o risco de tuberculose ativa nos in divíduos infectados em até 90%. A análise dos dados disponíveis indica que a duração ideal do tratam ento é de 9 a 10 meses. Na ausência de reinfecção, acredita-se que o efeito protetor seja p e r m anente. Os estudos clínicos realizados tam bém d em onstraram que a isoniazida reduz as taxas de tuberculose entre indivíduos infectados pelo HIV com TST positivo. Estudos realizados em p a cientes infectados pelo H IV tam bém d em onstraram a eficiência de ciclos m ais curtos de tratam ento baseado em rifam picina. Os candidatos ao tratam ento da ITBL (Q u ad ro 165.5) são identificados pelo TST ou IGRA dos indivíduos em determ inados grupos de alto risco. Para o teste cutâneo, cinco unidades de tuber culina de PPD estabilizado em polissorbato devem ser injetadas por via intradérm ica na superfície volar do antebraço (m étodo de M antoux). Os testes com m últiplas punções não são recom enda dos. Efetua-se a leitura das reações em 48 a 72 h, m edindo o diâ m etro transverso (em m ilím etros) do endurecim ento; o diâm etro do eritem a não é considerado. Em alguns indivíduos, a reativida de ao TST declina com o tem po, m as pode ser reforçada com um segundo teste cutâneo adm inistrado > 1 sem ana após o prim eiro (isto é, teste em duas etapas). Para indivíduos subm etidos periodi cam ente ao TST, como profissionais de saúde e indivíduos interna dos em instituições de assistência crônica, o teste inicial em duas etapas pode evitar erros subsequentes de classificação das pessoas com reações reforçadas como conversores de TST. O ponto de corte para um TST positivo (e, portanto, para tra tam ento) está relacionado tanto com a probabilidade de a reação representar um a reação verdadeira quanto com a probabilidade de que o indivíduo, se estiver realm ente infectado, venha a desen volver tuberculose (Q uadro 165.5). Por conseguinte, as reações positivas para os contatos íntim os de casos infectantes, indivíduos com infecção pelo HIV, indivíduos em uso de fárm acos que su prim em o sistem a im une e pessoas sem tratam en to prévio cuja radiografia de tórax seja com patível com tuberculose curada são definidas com o um a área de induração de > 5 m m de diâm etro. Utiliza-se um ponto de corte de 10 m m para definir reações posi tivas na m aioria das outras pessoas de risco. Para indivíduos com risco m uito baixo de desenvolver tuberculose, se forem infecta dos, utiliza-se um ponto de corte de 15 m m . (Exceto para fins de emprego, em que se antecipa um a triagem longitudinal, o TST
não está indicado para esses indivíduos de baixo risco.) Deve-se considerar o tratam ento para indivíduos de países endêm icos da tuberculose que tenham história de vacinação com BCG. Um IGRA positivo baseia-se nas recom endações do fabricante. Para ensaio ELISpot, há um a zona de incerteza (5 a 7 spots) para a qual fatores epidem iológicos e clínicos orientam a decisão de im ple m entar tratam ento para ITBL. Essa abordagem tam bém foi su gerida para interpretação de resultados no ensaio de sangue total que estão próxim os do ponto de corte recom endado para um teste positivo (0,35 UI de IFN -y). A lguns indivíduos com TST e IGRA negativos tam bém são candidatos ao tratam ento. Os lactentes e as crianças que tiveram contato com casos infectantes devem ser tratados e ter o teste cutâneo repetido em 2 ou 3 meses após o tér m ino do contato. Os indivíduos infectados pelo HIV que foram expostos a um paciente com tuberculose infectantes devem rece ber tratam ento independentem ente do resultado do TST. Q ual quer candidato infectado pelo H IV para tratam en to com ITBL deve ser triado cuidadosam ente para excluir TB ativa, que exigiria tratam ento completo. A dm inistra-se isoniazida na dose diária de 5 m g/kg (até 300 m g/dia) d urante 9 m eses (Q u a d ro 165.6). C om base em análi ses de custo-benefício, recom endava-se, no passado, um período de tratam ento de 6 meses, que po d e ser considerado para adul tos H lV -negativos com radiografias de tórax norm ais quando as questões financeiras forem im portantes. Q uando o tratam ento supervisionado é desejável e exeqüível, pode-se adm inistrar iso niazida em um a dose de 15 m g/kg (até 900 mg) 2 vezes/sem ana. Um esquem a alternativo para adultos consiste em 4 m eses de ri fam picina diariam ente. No Reino U nido, recom enda-se um es quem a de 3 m eses de isoniazida e rifam picina tanto para adultos quanto para crianças. Um esquem a previam ente recom endado de 2 meses de rifam picina e pirazinam ida esteve associado à hepato toxicidade grave e fatal, e, na atualidade, o seu uso geralm ente não é recom endado. Deve-se considerar o esquem a com rifam picina para os indivíduos que provavelm ente tenham sido infectados p or um a cepa resistente à isoniazida. Na expectativa dos resultados de um estudo em larga esca la do tratam ento de ITBL conduzidos pelos CD C, é possível que um esquem a de isoniazida e rifapentina ad m in istrad a um a vez por sem ana por 12 sem anas tam bém se to rn ará um a opção. Além disso, ensaios clínicos estão em andam ento para avaliar a eficácia da adm inistração de longo prazo da isoniazida (ou seja, po r pelo m enos 3 anos). A isoniazida não deve ser ad m in istrad a a indivíduos com doença hepática ativa. Todas as pessoas com m aior risco de h e patotoxicidade (p. ex., as que com etem abuso diário de álcool e indivíduos com história de doença hepática) devem subm eter-se a um a avaliação da função hepática basal e, a seguir, m ensalm ente. Todos os pacientes devem ser cuidadosam ente orientados sobre a hepatite e in stru íd o s a in te rro m p e r im ediatam ente o uso do fárm aco caso apareça qualquer sintom a. Além disso, os pacientes devem ser vistos e questionados todos os m eses durante o trata m ento acerca do aparecim ento de reações adversas, devendo re ceber, a cada consulta, um suprim ento de m edicam entos que não ultrapasse 1 m ês de uso. Pode ser m ais difícil assegurar a adesão ao tratam ento dos indivíduos com infecção latente em com paração com os que apresentam tuberculose ativa. Se os fam iliares de casos ativos es tiverem sendo tratados, a adesão ao tratam ento e a m onitoração podem ser m ais fáceis. Q uando possível, o tratam ento supervi sionado 2 vezes/sem ana p ode au m en tar a probabilidade de ser concluído. Com o nos casos ativos, o oferecim ento de incentivos tam bém pode ser útil.
c: ^
PRINCÍPIOS D0 CONTROLE DA TUBERCULOSE A m ais alta prioridade de qualquer program a de controle da tu b er culose é a im ediata detecção dos casos e o fornecim ento de quim io-
1357
QUADRO 1 6 5 .6
Esquemas farm acológicos revistos para o tratam ento da infecção da tuberculose latente (ITBL) em adultos
Fármacos
Intervalo e duração
Comentários*
Isoniazida
Diariamente durante 9 mesestf e
Classificação" (evidência)c HlV-negativo
Infectado pelo HIV
A (II)
A (II)
2x/semana durante 9 meses"e
Em indivíduos infectados pelo HIV, pode-se administrar a isoniazida concomitantemente com inibidores nucleosídicos da transcriptase reversa, inibidores da protease ou inibidores não nucleosídicos da transcriptase reversa (INNTR) Deve-se utilizar a terapia com observação direta (T0D), utilizando o esquema de duas doses por semana
B (II)
B (II)
Diariamente durante 6 meses6
0 esquema não é indicado para indivíduos infectados pelo HIV nem para os com lesões fibróticas em radiografias de tórax ou crianças
B (I)
C (I)
2x/semana durante 6
Deve-se utilizar a T0D com o esquema de 2 vezes/semana
B (II)
C(I)
meses" Rifampicina'
Diariamente durante 4 meses
Utiliza-se este esquema para contatos de pacientes com tuberculose resistente à isoniazida e sensível à rifampicina. Nos indivíduos infectados pelo HIV, a maioria dos inibidores da protease e a delavirdina não devem ser administradas concomitantemente com a rifampicina. Pode-se utilizar a rifabutina. com ajustes apropriados da dose, com inibidores da protease (deve-se aumentar o saquinavir com o ritonavir) e INNT (exceto a delavirdina). Os médicos devem consultar as atualizações em web para as últimas recomendações específicas
B (II)
B (III)
Rifampicina mais pirazinamida (RZ)
Diariamente durante 2 meses
Esse esquema geralmente não deve ser oferecido para tratamento da ITBL em indivíduos infectados pelo HIV ou pessoas HlV-negativas
D (II)
D (II)
D (III)
D (III)
2x/semana durante 2 a 3 meses
sAs interações com fármacos relacionados com o HIV são frequentemente atualizadas e estão disponíveis em http://mw.aidsinfo.nih.gov/guidelines. ''Certeza da recomendação: A. Evidências fortes de eficácia e benefício clínico considerável sustentam a recomendação de uso. Deve ser sempre oferecido. B. Evidências moderadas ou fortes de eficá cia, porém benefício clínico apenas limitado, sustentam a recomendação de uso. Em geral, deve ser oferecido. C. As evidências de eficácia são insuficientes para sustentar uma recomendação a favor ou contra o uso, ou as evidências de eficácia podem não sobrepujar as conseqüências adversas (p. ex., toxicidade, interações medicamentosas) ou o custo do tratamento ou abordagens alternativas. Opcional. D. Evidências moderadas de falta de eficácia ou de resultados adversos sustentam uma recomendação contra o uso. Em geral, não deve ser oferecido. E. Boas evidências de falta de eficácia ou de resultados adversos sustentam a recomendação contra o uso. Nunca deve ser oferecido. cQualidade das evidências que fundamentam a recomendação: I. Evidências provenientes de pelo menos um estudo clínico controlado adequadamente randomizado. II. Evidências obtidas de pelo menos um estudo clínico bem-pianejado sem randomização, de estudos analíticos de coortes ou de controle de casos (de preferência de mais de um centro), de estudos de múltiplas séries ou de resultados marcantes em experimentos não controlados. III. Evidências baseadas nas opiniões de autoridades respeitadas com base em experiências clínicas, estudos descritivos ou relatos de comitês de especialistas. “tsquem a recomendado para indivíduos com < 18 anos. “^Esquema recomendado para mulheres grávidas. 'A substituição da rifampicina pela rifapentina não é recomendada, visto que a segurança e a eficiência da rifapentina ainda não foram estabelecidas para pacientes com ITBL. Wofa.-TOD, terapia observada diretamente; INNTR, inibidores não nucleosídeo da transcriptase reversa.
Fonte: Adaptado dos CDC: Targeted tuberculin testing and treatment of latent tuberculosis infection. MMWR Recomm Rep 49 RR-6,2000.
Doenças Infecciosas 1358
terapia de ciclo curto a todos os pacientes com tuberculose em con dições apropriadas de tratam ento do caso, incluindo tratam ento com observação direta. Além disso, nos países com baixa prevalência e recursos adequados (e cada vez m ais tam bém nos países em desen volvim ento), recom enda-se a triagem de grupos de alto risco, com o im igrantes de países de alta prevalência, trabalhadores que m igram , prisioneiros, pessoas sem m oradia, usuários de drogas e indivíduos soropositivos para o HIV. Os indivíduos de alto risco com TST p o sitivo devem ser tratados para infecção latente. A investigação dos contatos constitui um im portante com ponente do controle eficien te da tuberculose. Nos EUA e em outros países em todo o m undo, tem -se dedicado m uita atenção à transm issão da tuberculose (parti cularm ente em associação com a infecção pelo HIV ) em am bientes institucionais, com o hospitais, abrigos para os sem -teto e presídios. As m edidas para lim itar essa transm issão incluem o isolam ento res piratório das pessoas com suspeita de tuberculose até a com provação de que não são infectantes (isto é, pelo m enos pela negatividade do esfregaço de escarro para BAAR), ventilação adequada nos quartos dos pacientes com tuberculose infecciosa, uso de irradiação ultravio leta em áreas de m aior risco de transm issão da tuberculose e triagem periódica do pessoal que possa ter contato com casos com provados ou não suspeitos de tuberculose. No passado, preconizava-se a in vestigação radiológica, em especial a realizada com equipam ento portátil e film es em m iniatura, para a detecção de casos. Todavia, hoje a prevalência da tuberculose nos países industrializados é baixa
o suficiente a ponto de a realização em m assa de abreugrafias não apresentar relação de custo-benefício favorável. Nos países de alta prevalência, a m aioria dos program as de con trole da tuberculose fez um progresso notável na redução das taxas de m orbidade e m ortalidade nos últim os 1 5 anos, a dotando e im plem entando a estratégia TODS prom ovida pela OMS. Entre 1995 e 2008, 36 m ilhões de casos de TB foram curados e mará de 6 m ilhões de m ortes evitadas em com paração com o p e río d o pré-TO D S. A abordagem TODS consiste em: (1) com prom isso político em m aior financiam ento contínuo; (2) detecção de casos .por m eio de bacte riologia de qualidade garantida (com eçando com o exame m icroscó pico de am ostra de escarro de pacientes com tosse há m ais de 2 a 3 sem anas de duração, cultura e possivelm ente teste de suscetibilidade ao fárm aco); (3) adm inistração de quim ioterapia de c urto prazo p a dronizada com supervisão direta e apoio do paciente; (4) suprim ento de fárm acos e sistem a de tratam ento efetivos; e (5) sistem a de m o n i toração e avaliação, com m edidas o im pacto (incluindo avaliação dos resultados do tratam ento - p o r exem plo, cura, conclusão do trata m ento sem com provação bacteriológica de cura, m orte, falha do tra tam ento e abandono - , de todos os casos registrados e notificados). Em 2006, a OMS assinalou que, em bora a estratégia TODS continue sendo o com ponente essencial de qualquer estratégia de controle, são necessárias etapas adicionais para alcançar a m eta de controle da tu berculose em 2015 estabelecida nos U nited N ations M illennium Developm ent Goals. Em conseqüência, foi prom ovida um a nova “Stop
TB Strategy” com seis com ponentes: (1) continuar a expansão e am pliação da estratégia TODS de alta qualidade; (2) em penhar-se na tuberculose associada ao HIV, tuberculose RMF e as necessidades de populações pobres e vulneráveis; (3) contribuir para o fortalecim ento do sistem a de saúde; (4) convocar todos os profissionais de saúde; (5) habilitar pessoas com tuberculose e com unidades; (6) facilitar e prom over a pesquisa. C om o parte do quarto com ponente, os novos International Standards for Tuberculosis Care, baseados em evidên cias e enfocados para o diagnóstico, tratam ento e responsabilidades de saúde pública, foram recentem ente introduzidos para um a am pla adoção po r sociedades m édicas e profissionais, instituições acadêm i cas e todos os m édicos do m undo inteiro. O cuidado e o controle da TB associada a H IV são particularm ente desafiadores em países em desenvolvim ento, pois as intervenções existentes requerem colabo ração entre program as de H IV /A ids e TB, assim com o serviços p a dronizados. Em bora os program as de TB devam testar todo paciente para H IV a fim de fornecer acesso à profilaxia com trim etoprim a-sulfametoxazol contra infecções com uns e TAR, os program as para H IV /A ids devem tria r regularm ente pessoas que vivem com H IV / Aids para TB ativa e fornecer tratam ento para ITBL. A detecção p re coce e ativa de casos é considerada um a intervenção im portante não apenas entre pessoas que vivem com H IV /A ids, m as tam bém entre outras populações vulneráveis, pois reduz a transm issão em um a co m unidade e fornece cuidado inicial eficaz. Para que os esforços de controle da TB sejam bem -sucedidos, os program as devem otim izar seu desem penho e incluir outras intervenções com o descrito. E ntre tanto, as políticas de saúde pública audaciosas devem ser reforçadas para dar suporte ao trabalho no controle e cuidado da TB. Essas p o líticas incluem acesso livre ao diagnóstico e tratam ento, pelo m enos para os pacientes m ais pobres; regras sólidas para assegurar a quali dade do fárm aco; uso racional de fárm acos p or todos os p restad o res de cuidados; redes de laboratórios equipadas com a m ais nova tecnologia para diagnóstico rápido e controle de infecção aerógena em todos os locais e am bientes congregados para pacientes com TB,
CAPÍTULO 1 6 6 ^ Hanseníase Robert H. Gelber A hanseníase, descrita pela p rim eira vez em antigos textos in d ia nos do século VI a.C., é um a doença infecciosa crônica e não fatal causada pelo M ycobacterium leprae, cujas m anifestações clínicas são basicam ente restritas à pele, ao sistem a n e rvoso periférico, ao trato respiratório superior, aos olhos e aos testículos. O tro p ism o singular do M . leprae pelos nervos periféricos (dos grandes troncos nervosos aos nervos cutâneos m icroscópicos) e d e term in ad o s es tados reacionais m ediados im unologicam ente constituem as p rin cipais causas de m orbidade na hanseníase. A tendência da doença, quando não tratada, a p roduzir deform idades características e o re conhecim ento, na m aioria das civilizações, de que a doença é tra n s m issível de um a pessoa a outra, resultaram historicam ente em um estigm a social profundo. N a atualidade, com o diagnóstico precoce e a instituição de tratam ento an tim icrobiano adequado e efetivo, os pacientes podem viver de form a produtiva na com unidade, e as d e form idades e outras m anifestações visíveis p o d em ser, em grande parte, evitadas.
■ ETIOLOGIA O M. leprae é um bacilo intracelular obrigatório (0,3 a 1 p m de largu ra e 1 a 8 p m de com prim ento), confinado em seres hum anos, tatus em determ inadas localidades e m usgo esfagno. O m icrorganism o é álcool-ácido-resistente, indistinguível m icroscopicam ente de outras
especialm ente onde a prevalência de H IV é alta. Finalm ente, a elim i nação de TB irá exigir controle e atenuação da m ultitude de fatores de risco (p. ex., HIV, tabagism o e diabetes) e determ inantes socioeconôm icos (p. ex., pobreza extrem a, condições de vida inadequadas e poluição do ar interna) com políticas claras dentro do setor de saúde e outros setores ligados ao desenvolvim ento e bem -estar hum anos.
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m icobactérias e idealm ente detectado em cortes histológicos por um a coloração de Fite m odificada. Foi docum entada um a variabili dade entre cepas desse m icrorganism o. O M. leprae não produz n e nhum a toxina conhecida e está bem adaptado para penetrar e residir no interior dos m acrófagos, em bora possa sobreviver fora do orga nism o durante vários meses. Em pacientes não tratados, apenas cerca de 1% do M. leprae é viável. O índice m orfológico (IM), um a m edida do núm ero de bacilos álcool-ácido-resistentes (BAAR) em raspados de pele que se coram de form a uniform em ente brilhante, correlacio na-se com a viabilidade. O índice bacteriológico (IB), um a m edida em escala logarítm ica da densidade do M. leprae na derm e, pode atingir 4 a 6+ nos pacientes não tratados, e cai um a unidade por ano durante o tratam ento antim icrobiano efetivo; a taxa de queda inde pende da potência relativa do tratam ento. Um IM ou IB crescente sugere a ocorrência de recidiva e talvez - se o paciente estiver sendo tratado - resistência a fárm acos. A resistência a fárm acos pode ser confirm ada ou excluída no m odelo m urinho de hanseníase, e a resis tência à dapsona e rifam picina pode ser docum entada pelo reconhe cim ento de genes m utantes. Entretanto, a disponibilidade dessas tec nologias é extrem am ente lim itada. Em decorrência da evolução redutiva, quase m etade do genom a do M. leprae contém genes não funcionais; apenas 1.605 genes codificam proteínas, e 1.439 genes são co m p a rtilh ad o s com M ycobacterium tuberculosis. Em contraste, o M. tuberculosis utiliza 91% de seu geno m a p ara codificar 4.000 proteínas. E ntre os genes perdidos no M. leprae, estão aqueles das vias catabólicas e respiratórias, sistem as de transporte; síntese de purinas, m etio n in a e glutam ina; e regulação do nitrogênio. O genom a do M . leprae oferece um fundam ento m etabólico racional p ara sua existência intracelular obrigatória e d e pendência p or suporte bioquím ico do hospedeiro, um m odelo para
1359
alvos de desenvolvim ento de fárm acos e, p or fim, um a via para sua cultura. O achado de variabilidade das cepas entre isolados do M. leprae forneceu um poderoso in stru m e n to para de novo analisar a epidem iologia e biopatologia do m icrorganism o e d e te rm in a r se a ocorrência de recidiva representa um a reativação ou reinfecção. A parede celular com plexa da bactéria contém grandes quantidades de um glicolipídio fenólico (PGL-1) específico do M . leprae, que é d e tectado em testes sorológicos. O trissacarídio exclusivo do M . leprae liga-se à lâm ina basal das células de Schwann; essa interação é p ro vavelm ente relevante para o fato de o M. leprae ser a única bactéria a invadir os nervos periféricos. Em bora tenha sido a prim eira bactéria etiologicam ente associada a doença hum ana, o M. leprae continua sendo um a das poucas espé cies bacterianas que ainda não foram cultivadas em m eios artificiais ou em cultura tecidual. A m ultiplicação do M. leprae no coxim p lan tar de cam undongos (em bora lim itada, com tem po de duplicação de cerca de 2 sem anas) proporcionou um m eio p ara avaliação dos agen tes antim icrobianos, m onitoração dos estudos clínicos e triagem de vacinas. O M. leprae cresce m elhor em tecidos m ais frios (pele, ner vos periféricos, câm ara anterior do olho, vias respiratórias superiores e testículos), poupando as áreas mais quentes da pele (axilas, virilha, couro cabeludo e linha m ediana das costas).
■ EPIDEMIOLOGIA Demografia A hanseníase é quase exclusivamente um a doença do m undo em de senvolvim ento, atingindo áreas da Ásia, África, A m érica Latina e do Pacífico (Fig. 166.1). Em bora a África ten h a a m aior prevalência da doença, a Ásia abriga um m aior núm ero de casos. Mais de 80% dos casos m undiais ocorrem em alguns países: índia, C hina, M yanm ar, Indonésia, Brasil, Nigéria, M adagascar e Nepal. Nas localidades e n dêm icas, a distribuição da hanseníase é m uito irregular, com áreas de alta prevalência vizinhas de outras com poucos casos ou nenhum caso. N o Brasil, a m aioria dos casos ocorre na Bacia A m azônica e em dois estados do oeste, ao passo que no México, a hanseníase está restrita, em sua m aior parte, à costa do Pacífico. Exceto pelos casos im portados, a hanseníase está em grande parte ausente nos EUA, no C anadá e no noroeste da Europa. Nos EUA, cerca de 4.000 indivíduos apresentam hanseníase, e são notificados anualm ente 100 a 200 casos novos, a m aioria na Califórnia, no Texas, em Nova Iorque e no Havaí, entre im igrantes do México, Sudeste Asiático, Filipinas e Caribe. A genôm ica com parativa de polim orfism os de um único nucleotídio sustenta a probabilidade da existência de quatro cepas distintas, que teriam se originado na África O riental ou Ásia C entral. U m a m u ta
ção dissem inou-se para a E uropa e, p osteriorm ente, dividiu-se em duas m utações separadas, que foram seguidas de dissem inação para a África O cidental e para as Américas. E difícil avaliar a prevalência global da hanseníase, visto que m ui tas das localidades com alta prevalência carecem de infraestrutura m édica ou saúde pública adequada. As estim ativas variam de 0,6 a 8 m ilhões de indivíduos acom etidos. A estim ativa m ais baixa inclui apenas os indivíduos que ainda não com pletaram a quim ioterapia, excluindo aqueles que podem ter sido afetados física ou psicologi cam ente pela hanseníase e que ainda podem sofrer recidivas ou d e senvolver reações im unologicam ente m ediadas. As estim ativas mais elevadas incluem os pacientes cujas infecções já estão provavelm ente curadas e m uitos que não apresentam qualquer deform idade ou in capacidade relacionada com a hanseníase. E m bora os núm eros de prevalência m undial da hanseníase sejam questionáveis, eles não es tão dim inuindo; existe um a estim ativa de 600.000 novos casos anual m ente, dos quais 60% na índia. A hanseníase está associada à pobreza e residência rural. Não parece estar associada à Aids, talvez devido a seu longo p eríodo de incubação. A m aioria dos indivíduos parece ser n aturalm ente im u ne à hanseníase e não desenvolve m anifestações da doença após ex posição. A época de início m áxim o da doença ocorre na segunda e terceira décadas de vida. A form a leprom atosa m ais grave da hanse níase é duas vezes m ais com um nos hom ens do que nas m ulheres e raram ente é encontrada em crianças. A frequência das form as pola res da hanseníase em diferentes países varia am plam ente e pode ser, em parte, geneticam ente determ inada; são conhecidas determ inadas associações de antígeno leucocitário hum an o (HLA) para am bas as form as polares de hanseníase (ver adiante). Além disso, variações nos genes im unorreguladores estão associadas a um aum ento da susceti bilidade à hanseníase, particularm ente a form a multibacilar. N a índia e na África, 90% dos casos são tuberculoides; no Sudeste Asiático, 50% são tuberculoides e 50% leprom atosos; e, no M éxico, 90% são leprom atosos. (Para as definições dos tipos da doença, ver o Q u ad ro 166.1 e Espectros clínico, histológico e im unológico, adiante).
Transmissão A via de transm issão da hanseníase perm anece incerta, e, com efeito, as vias de transm issão podem ser m últiplas. A infecção po r gotículas nasais, o contato com solo infectado e até m esm o insetos vetores fo ram considerados os principais candidatos. O M. leprae aerossolizado pode causar infecção em c am u n d o n gos im unossuprim idos, e u m espirro de um paciente com hanseníase não tratada pode conter > 10in BAAR. Além disso, foram encontra-
Prevalência por 10.000
5 a 15
3a5
l
I 1a3
0,1 a 1
Figura 166.1 Prevalência estimada da hanseníase na virada do milênio. Como os dados relativos à prevalência da hanseníase em muitos países endêmicos não são confiáveis, é difícil avaliar a prevalência global com algum grau de acurácia; entretanto, a incidência não está declinando (ver o texto). (Cortesia de Patrick J. Brennan, Ph.D., com autorização.)
QUADRO 166.1
Espectros clínico, bacteriológico, patológico e imunológico da hanseníase
Características
Hanseníase tuberculoide (TT, BT)
Hanseníase borderline {BB, BL)
Hanseníase lepromatosa (LL)
Lesões cutâneas
Uma ou algumas máculas ou placas anulares assimétricas, bem-definidas, com tendência à palidez central, com bordas elevadas
Intermediárias entre as lesões de tipo BT e LL; placas pouco definidas, com uma margem bem-defimda ocasional; poucas ou numerosas
Múltiplos nódulos e placas infiltrados, mal delimitados e simétricos ou infiltração difusa; pápulas de dermatofibroma ou semelhantes a xantomas; fácies leonina e alopecia das sobrancelhas
Lesões de nervos
Lesões cutâneas anestésicas no início; nervo próximo às lesões, algumas vezes aumentado; abscessos de nervos mais comuns na BT
Lesões cutâneas hipoestésicas ou anestésicas; paralisias de troncos nervosos, algumas vezes simétricas
A hipoestesia é um sinal tardio; paralisia variável de nervos; anestesia acral, distai e simétrica comum
Bacilos álcool-ácido-resistentes (IB*) Linfócitos
0 a 1+
3 a 5+
4 a 6+
2+
1+
0 a 1+
Diferenciação dos macrófagos
Epitelioide
Epitelioide na BB; geralmente indiferenciados, porém pode haver alterações espumosas na BL
A alteração espumosa é a regra; pode ser indiferenciada nas lesões insipientes
Células gigantes de Langhans
1 a 3+
—
—
Teste cutâneo com lepromina
+++
—
—
Teste de transformação dos linfócitos
Geralmente positivo
1 a 10%
1 a 2%
Relação de células T CD4+/CD8+ nas lesões Anticorpos anti-PGL-1 do M. leprae
1,2
BB (NT); BL; 0,48
0,50
60%
85%
95%
A/er o texto. Nota: BB, borderline; BL, borderline lepromatosa; BT, borderline tuberculoide; TT, tuberculoide polar; LL, lepromatosa polar; IB, índice bacteriológico; NT, não testado; PGL-1, glicolipídio fenólico-1.
ficos e divergentes para isolados entre outros. Esses achados sugerem que as análises genôm icas podem ser com provadam ente úteis no fu turo para definir os padrões de transm issão de M. leprae. O M. leprae causa doença prin cip alm en te em seres hum anos. Todavia, no Texas e em Louisiana, 15% dos “tatus de nove faixas” estão infectados, e o contato com tatus resulta, em certas ocasiões, em doença hum ana. Os tatus apresentam infecção dissem inada após inoculação IV de M. leprae vivo.
CAPÍTULO 166
dos anticorpos IgA dirigidos contra M . leprae e co n tra genes do M. leprae - dem onstráveis pela reação em cadeia da polim erase (PCR) no nariz de indivíduos sem sinais de hanseníase em áreas endêm icas e em 19% dos contatos ocupacionais de pacientes com hanseníase. Várias linhas de evidência im plicam o solo na transm issão da hanseníase. (1) Em países endêm icos, com o a índia, a hanseníase é um a doença p rim ariam ente rural, e não urbana. (2) O s produtos do M. leprae residem no solo em locais endêm icos. (3) A inoculação dérm ica direta (p. ex., durante um a tatuagem ) pode transm itir o M. leprae, e os locais com uns de hanseníase em crianças são as nádegas e as coxas, sugerindo que u m a m icroinoculação de solo infectado pode transm itir a doença. A evidência de insetos vetores da hanseníase inclui a d em onstra ção de que os percevejos e os m osquitos nas proxim idades de leprosários abrigam regularm ente o M. leprae e que m osquitos infectados experim entalm ente p odem tra n sm itir a infecção a cam undongos. Em geral, o contato pele a pele não é considerado um a via de tra n s m issão im portante. Nos países endêm icos, cerca de 50% dos pacientes com hansenía se possuem um a história de contato íntim o com o indivíduo infectado (frequentem ente um m em bro dom iciliar), ao passo que, por m otivos desconhecidos, os pacientes com hanseníase em locais não endêm icos podem identificar esse contato em apenas 10% dos casos. Além disso, o contato dom iciliar com um paciente infectado está associado a um risco eventual de aquisição da doença de cerca de 10% nas áreas en dêmicas, em contraposição com apenas 1% nos locais não endêm icos. O contato com um caso tuberculoide apresenta um risco m uito baixo. Os médicos e os enferm eiros que dão assistência a pacientes com h a n seníase e os com panheiros de trabalho desses pacientes não correm risco de adquirir hanseníase. Em bora análises de núm ero variável de repetições pareadas de nucleotídios (VNTR) geralm ente dem onstrem variabilidade conside rável entre isolados, resultados de V N TR altam ente sem elhantes e até m esm o idênticos foram obtidos com isolados de um núm ero lim itado de famílias com vários casos. Além disso, os resultados de VN TR fo ram sem elhantes para isolados dentro de determ inados locais geográ
■ ESPECTROS CLÍNICO, HISTOLÓGICO E IMUNOLÓGICO O período de incubação a n terior à m anifestação da doença clínica varia de 2 a 40 anos, em bora seja, em geral, de 5 a 7 anos. Esse p e ríodo de incubação longo é provavelm ente, pelo m enos em parte, um a conseqüência do tem po duplicado extrem am ente longo para o M. leprae (14 dias em cam undongos versus tem pos de duplicação in vitro de 1 dia e 20 m in para M. tuberculosis e Escherichia coli, respecti vam ente). A hanseníase apresenta-se com o um espectro de m anifes tações clínicas, que possuem hom ólogos bacteriológicos, patológicos e imunológicos. O espectro que abrange desde a doença tuberculoide polar (TT), a borderline tuberculoide (BT), a borderline interm édia (BB, que é raram ente encontrada), a borderline leprom atosa (BL) até a leprom atosa polar (LL) está associado a um a evolução desde m á culas e pápulas localizadas assim étricas até m anifestações cutâneas generalizadas sim étricas nodulares e endurecidas, carga bacteriana crescente e perda da im unidade celular específica contra o M. leprae (Q uadro 166.1). As características derm atopatológicas diferenciais incluem o núm ero de linfócitos, células gigantes e BAAR, bem como a natureza da diferenciação das células epitelioides. A posição o cu pada pelo paciente no espectro clínico determ ina, em grande parte, o prognóstico, as com plicações, os estados reacionais e a intensidade da terapia antim icrobiana necessária.
Hanseníase tuberculoide No extrem o m enos grave do espectro, encontra-se a hanseníase tu berculoide, que engloba a doença T T e BT. Em geral, essas form as de hanseníase resultam em sintom as que se lim itam à pele e aos
1361
Figura 166.2 Hanseníase tubercuioide (TT): mácula anestésica hipopigmentada e bem definida, com anidrose e margem granulosa elevada (ponta da seta).
Doenças Infecciosas
nervos periféricos. As lesões cutâneas da hanseníase tubercuioide consistem em um a ou algum as m áculas ou placas hipopigm entadas (Fig. 166.2), que são nitidam ente dem arcadas e hipoestésicas; com frequência, apresentam bordas eritem atosas ou elevadas e são des providas dos órgãos cutâneos norm ais (glândulas sudoríparas e folí culos pilosos) e, portanto, são secas, descam ativas e anidróticas. Em geral, os BAAR estão ausentes ou ocorrem em pequeno núm ero. Os pacientes com hanseníase tubercuioide p odem apresentar au m e n to assim étrico de um ou de alguns nervos periféricos. C om efeito, a hanseníase e algum as neuropatias hereditárias raras são as únicas doenças hum anas associadas a aum ento dos nervos periféricos. E m bora qualquer nervo periférico possa estar aum entado (incluindo os pequenos nervos digitais e o supraclavicular), aqueles m ais com u m ente acom etidos são os nervos ulnar, auricular posterior, fibular e tibial posterior, com hipoestesia e m iopatia associadas. A hanseníase T T constitui a form a mais com um da doença encontrada na índia e na África, porém está praticam ente ausente no Sudeste Asiático, onde a hanseníase BT é freqüente. Na hanseníase tubercuioide, as células T rom pem o perineuro, e a destruição das células de Schwann e os axônios podem ser eviden tes, resultando em fibrose do epineuro, substituição do endoneuro p or granulom as epiteliais e, em certas ocasiões, necrose caseosa. Essa invasão e destruição dos nervos na derm e pelas células T são patognom ônicas da hanseníase. Os linfócitos circulantes de pacientes com hanseníase tubercuioi de reconhecem rapidam ente o M. leprae e suas proteínas constituin tes, os testes cutâneos de leprom ina desses pacientes são positivos (ver “Diagnóstico”, adiante), e - devido a um padrão de citocinas de tipo 1 nos tecidos tuberculoides - , a acentuada ativação das células T e dos m acrófagos resulta em infecção localizada. No tecido da hanse níase tubercuioide, existe um a predom inância de 2:1 de linfócitos T auxiliares CD4+ sobre os linfócitos T C D 8+. Os tecidos tuberculoi des são ricos em mRNA da família T H1 de citocinas p ró-inflam ató rias: interleucina (IL) 2, interferon y (IFN -y), e IL-12; em contraste, os mRNA das IL-4, IL-5 e IL-10 são escassos.
Hanseníase lepromatosa Os pacientes com hanseníase leprom atosa apresentam n ó dulos cutâneos de distribuição sim étrica (Fig. 166.3), placas elevadas ou infiltração dérm ica difusa, que, quando surgem na face, produzem um a fácies leonina. As m anifestações tardias incluem queda das sobrancelhas (no início, apenas as m argens laterais) e cílios, lóbulo das orelhas pendentes e pele seca e escam osa, p articularm ente nos pés. Na hanseníase LL, os bacilos são num erosos na pele (até 109/g), onde são frequentem ente encontrados em grandes agregados [glo bos), e nos nervos periféricos, onde invadem inicialm ente as células de Schwann, provocando um a m ielinização degenerativa espum osa,
1362
Figura 166.3 çadas.
Hanseníase lepromatosa polar (LL): lesões nodulares avan
degeneração de axônios e, m ais tarde, degeneração walleriana. Além disso, os bacilos são abundantes no sangue circulante e em todos os sistemas orgânicos, exceto nos pulm ões e no sistem a nervoso central. Todavia, os pacientes são afebris e não h á evidências de disfunção dos principais sistem as orgânicos. Existe um a form a de hanseníase leprom atosa encontrada quase exclusivam ente na parte ocidental do México e no C aribe que não apresenta lesões cutâneas visíveis, mas apenas um a infiltração dérm ica difusa e espessam ento dem onstrável da pele; essa form a é denom inada lepromatose difusa. N a hanseníase leprom atosa, o aum ento e a lesão dos nervos tendem a ser simétricos, resultam de um a verdadeira invasão bacilar e são m ais insidiosos, porém subsequentem ente m ais extensos que na hanseníase tubercu ioide. Os pacientes com hanseníase LL apresentam neuropatia p e ri férica sim étrica acral e distai e tendência a um aum ento sim étrico dos troncos nervosos. Além disso, podem exibir sinais e sintom as relacio nados com o acom etim ento das vias respiratórias superiores, câm ara anterior do olho e testículos. Nos pacientes com hanseníase LL não tratados, os linfócitos ge ralm ente são incapazes de reconhecer o M. leprae e suas proteínas constituintes, e os testes cutâneos com leprom ina são negativos (ver “D iagnóstico” adiante). Essa p erd a da im unidade celular protetora parece ser específica para o antígeno, visto que os pacientes não são excessivamente suscetíveis a infecções oportunistas, câncer ou Aids e m antêm hipersensibilidade de tipo tardio a Candida, Trichophyton, ca xum ba, toxoide tetânico e até m esm o ao derivado proteico purificado da tuberculina. Algum as vezes, a anergia específica ao M. leprae é re versível com quim ioterapia efetiva. Nos tecidos LL, existe um a relação de 2:1 entre os linfócitos T CD8+ e CD4+. Os pacientes com LL apre sentam um a resposta T H2 predom inante e hiperglobulinem ia, e seus tecidos LL exibem um perfil de citocinas T H2, sendo ricos em mRNA de IL-4, IL-5 e IL-10 e pobres naqueles de IL-2, IFN -y e IL-12. Parece que as citocinas m edeiam um a resposta tecidual protetora na hanse níase, visto que a injeção de IFN -y ou de IL-2 nas lesões lepromatosas provoca perda dos BAAR e conversão histopatológica em um padrão tubercuioide. Os m acrófagos dos pacientes com hanseníase leprom a tosa parecem estar funcionalm ente intactos; os m onócitos circulantes exibem um a função m icrobicida e responsividade a IFN -y norm ais.
Estados reacionais As reações da hanseníase com preendem diversos estados inflam atórios com uns, im unologicam ente m ediados, que causam considerá
vel m orbidade. Algum as dessas reações precedem o diagnóstico e a instituição do tratam ento antim icrobiano efetivo. C om efeito, essas reações podem levar o paciente a p rocurar assistência m édica e diag nóstico. O utras reações ocorrem após a instituição da quim ioterapia apropriada e podem fazer os pacientes perceberem que a doença está se agravando, p e rdendo a confiança no tratam en to convencional. Som ente por m eio de alerta aos pacientes sobre o potencial dessas reações e da descrição de suas m anifestações é que os m édicos que tratam de pacientes com hanseníase podem assegurar um a credibi lidade contínua.
Reações da hanseníase tipo 1 (reações descendentes e reversas)
diagnóstico), em 90% dos casos, o EN H surge após a instituição da quim ioterapia, geralm ente dentro de 2 anos. As características mais com uns do ENH consistem em coleções de pápulas eritem atosas d o lorosas, que sofrem resolução espontânea dentro de poucos dias até 1 sem ana, m as que podem recidivar; m al-estar e febre que pode ser pronunciada. E ntretanto, os pacientes tam bém podem apresentar sintom as de neurite, linfadenite, uveíte, orquite e glom erulonefrite e podem desenvolver anem ia, leucocitose e anorm alidades das p ro vas de função hepática (p articularm ente níveis elevados de am inotransferase). C ada paciente pode ter um único episódio de EN H ou m anifestações recorrentes crônicas. Os episódios podem ser leves ou graves e generalizados; em alguns casos, o ENH resulta em m orte. A biópsia cutânea das pápulas do EN H revela vasculite ou pani culite, algum as vezes com num erosos linfócitos, m as com leucócitos polim orfonucleares tam bém . Foram d e m o n stra d o s níveis circulantes elevados do fator de necrose tu m o ral (TN F) no E N H ; p o r conseguinte, o TN F pode d e sem p en h ar um papel cen tral na biopatologia dessa síndrom e. A credita-se que 0 ENH seja u m a conseqüência do depósito de im u nocom plexos, devido a seu perfil de citocinas T H2 e aos níveis ele vados de IL-6 e IL-8. E ntretanto, nos tecidos do ENH, a presença do antígeno estrutural HLA-DR das células epidérm icas - considerado um m arcador da resposta de hipersensibilidade de tipo tardio - e a evidência de níveis m ais elevados de IL-2 e IF N -7 do que aqueles ha bitualm ente observados na doença leprom atosa polar sugerem um m ecanism o alternativo.
CAPÍTULO 166
As reações da hanseníase tipo 1 ocorrem em quase m etade dos pacien tes com form as borderline da hanseníase, m as não naqueles com doença leprom atosa pura. As m anifestações consistem em sinais clássicos de inflam ação no in terio r das m áculas, pápulas e placas previam ente acom etidas e, em certas ocasiões, aparecim ento de n o vas lesões cutâneas, neurite e (m enos com um ente) febre - em geral, de baixo grau. O tronco nervoso m ais com um ente acom etido n e s se processo é o nervo u lnar no cotovelo, que pode estar doloroso e notavelm ente hipersensível. Se os pacientes com nervos acom etidos não forem tratados im ediatam ente com glicocorticoides (ver a d ia n te), pode ocorrer lesão nervosa irreversível d entro de apenas 24 h. A m anifestação m ais acentuada é o pé caído, que ocorre q u ando o nervo fibular é acom etido. Q u an d o as reações da hanseníase tipo 1 precedem o início da terapia antim icrobiana apropriada, são d enom inadas reações decres Fenômeno de Lucio O fenôm eno de Lucio é um a reação incom um centes, e o caso torna-se histologicam ente m ais leprom atoso; q u a n observ ad a exclusivam ente em p acien tes do C aribe e do M éxico do oco rrem após a instituição do tratam e n to , são d e n o m in a d as com a form a leprom atosa difusa da h an sen íase leprom atosa, m ais reações reversas, e o caso torna-se m ais tuberculoide. As reações re frequentem ente nos indivíduos não tratados. Os pacientes com essa versas ocorrem frequentem ente nos p rim eiros m eses ou anos após reação desenvolvem g ru p o s de grandes lesões ulcerativas com m ar o início do tratam ento, m as tam bém p o d em desenvolver-se vários gens nítidas - sobretudo n o s m em b ro s inferiores - , que p odem ser anos m ais tarde. O edem a constitui a característica m icroscópica m ais típica das generalizadas; neste caso, são freq u en tem en te fatais em d e co rrê n cia de infecção se c u n d ária e c o n seq ü en te bacterem ia séptica. Ao lesões da hanseníase tipo 1, cujo diagnóstico é basicam ente clínico. exam e histológico, as lesões caracterizam -se p o r necrose isquêm ica As reações reversas caracterizam -se p o r um perfil de citocinas T H1, da epiderm e e da d erm e superficial, parasitism o m aciço das célu com influxo de células T auxiliares CD4+ e níveis elevados de IFN -7 las endoteliais com BAAR e proliferação endotelial e form ação de e IL-2. Além disso, as reações tipo 1 estão associadas a grandes n ú tro m b o s nos vasos de m aio r calibre da d e rm e m ais pro fu n d a. A m eros de células T com receptores 7 /8 - um a característica singular exem plo do EN H , o fenôm eno de Lucio é provavelm ente m ediado da hanseníase. p o r im unocom plexos. Reações da hanseníase tipo 2: eritema nodoso da hanseníase O erite m a nodoso da hanseníase (ENH) (Fig. 166.4) ocorre exclusivamente Complicações em pacientes que se en contram próxim o ao extrem o leprom atoso Os membros As com plicações dos m em bros em pacientes com h a n do espectro da hanseníase (BL-LL), afetando quase 50% desse g ru seníase representam p rim ariam en te a conseqüência da neuropatia, po. Em bora possa preceder o diagnóstico da hanseníase e o início do resultando em insensibilidade e m iopatia. A insensibilidade afeta os tratam ento (algum as vezes levando, de fato, ao estabelecim ento do receptores para o tato, a do r e tem peratura, m as geralm ente preserva a sensação proprioceptiva e vibratória. O tronco nervoso m ais c o m um ente acom etido é o nervo u ln ar no cotovelo, cujo com prom e tim ento resulta em pinçam ento do qu arto e quinto dedos, perda da m usculatura interóssea dorsal na m ão acom etida bem com o perda da sensibilidade nessas distribuições. O acom etim ento do nervo m e diano na hanseníase com prom ete a oposição do polegar e a preensão, enquanto a disfunção do nervo radial, apesar de rara na hanseníase, leva ao p u n h o caído. As transferências de tendão podem restaurar a função da mão, m as não devem ser realizadas até 6 meses após o início do tratam ento antim icrobiano e 0 térm in o dos episódios de neurite aguda. A ulceração plantar, particularm ente nas cabeças dos m etatarsos, constitui provavelm ente a com plicação m ais freqüente da neuropatia da hanseníase. O tratam ento exige cuidadoso desbridam ento; adm i nistração de antibióticos apropriados; evitar a sustentação de peso até a cicatrização das ulcerações, com deam bulação lentam ente progres siva; e uso de calçados especiais para evitar a recidiva. O pé caído em conseqüência de paralisia do nervo fibular deve ser tratado com um a órtese não m etálica sim ples dentro do sapato ou com correção cirúrgica p o r m eio de transferência de tendões. Apesar de serem incom uns, as articulações de C harcot, particularm ente do Figura 166.4 Lesões cutâneas moderadamente graves do eritema nodoso pé e do tornozelo, podem resultar da hanseníase. da hanseníase (ENH), algumas com pustulação e ulceração.
co
1363
A perda das falanges distais dos dedos na hanseníase é um a conse qüência da insensibilidade, traum atism o, infecção secundária e - nos pacientes com hanseníase - um processo osteolítico pouco elucidado e algumas vezes profundo. A proteção cuidadosa dos m em bros durante as atividades culinárias e o trabalho e a instituição precoce do trata m ento têm reduzido consideravelm ente a frequência e a gravidade da perda das falanges distais nos últim os anos.
0 nariz Na hanseníase leprom atosa polar, a invasão bacilar da m u cosa nasal pode resultar em congestão nasal crônica e epistaxe. O uso de gotas nasais de solução salina pode aliviar esses sintom as. A h a n seníase LL de longa duração e não tratada pode resultar em d estru i ção da cartilagem nasal, com conseqüente deform idade do nariz em sela ou anosm ia (mais com um na era pré-antibiótica do que atual m ente). Os procedim entos de reconstrução nasal podem m elhorar os defeitos estéticos significativos.
0 olho
D evido às paralisias dos nervos cranianos, a lagoftalm ia e a perda da sensibilidade da córnea podem com plicar a hanseníase, resultando em traum atism o, infecção secundária e (sem tratam ento) ulcerações e opacificações da córnea. N os pacientes com esses d is túrbios, o uso de colírios durante o dia e pom adas d urante a noite confere algum a proteção contra essas conseqüências. Além disso, na hanseníase LL, a câm ara anterior do olho é invadida p o r bacilos, e o ENH pode resultar em uveíte, com conseqüente form ação de catara tas e glaucom a. Por conseguinte, a hanseníase constitui um a im p o r tante causa de cegueira nos países em desenvolvim ento. A avaliação dos pacientes LL com lâm pada de fenda revela frequentem ente a pre sença de “rosários da córnea”, que representam globos do M. leprae.
Os testículos
O M. leprae invade os testículos, e nquanto o ENH pode causar orquite. Por conseguinte, os indivíduos do sexo m asculi no com hanseníase leprom atosa frequentem ente m anifestam disfun ção testicular leve a grave, com elevação dos horm ônios luteinizante e foliculoestim ulante, dim inuição da testosterona e asperm ia ou hiposperm ia em 85% dos pacientes com a form a LL, m as em apenas 25% dos indivíduos com BL. Os pacientes com LL p odem tornar-se im potentes e inférteis. Algum as vezes, a im potência responde à repo sição de testosterona.
Amiloidose
A am iloidose secundária é um a com plicação da hanse níase LL e do ENH, que é observada com pouca frequência na era da antibioticoterapia. Essa complicação pode resultar em anorm alidades da função hepática e particularm ente da função renal.
Abscessos de nervos
Os pacientes com várias form as de hanseníase, m as particularm ente aqueles com a form a BT, p odem desenvolver abscessos de nervos (mais com um ente o ulnar) com aparência de ce lulite da pele adjacente. Nesses distúrbios, o nervo afetado está tum efeito e notavelm ente doloroso à palpação. E m bora os glicocorticoides possam reduzir os sinais de inflam ação, é necessária um a rápida descom pressão cirúrgica para evitar seqüelas irreversíveis.
■ DIAGNÓSTICO A hanseníase m anifesta-se m ais com um ente com lesões e histopatologia cutâneas características. Por conseguinte, deve-se suspeitar da doença quando um paciente de um a área endêm ica apresenta lesões cutâneas ou neuropatia periférica sugestiva. O diagnóstico deve ser confirm ado pela histopatologia. Na hanseníase tubercuioide, deve-se proceder à biópsia das áreas de lesões - de preferência a borda em expansão - , visto que a pele de aspecto norm al não apresenta caracte rísticas patológicas. Na hanseníase leprom atosa, os nódulos, as placas e as áreas endurecidas constituem locais ótim os de biópsia; todavia, geralm ente as biópsias da pele de aspecto norm al tam bém são diag nosticas. A hanseníase leprom atosa está associada a hiperglobulinem ia difusa, que pode resultar em testes sorológicos falsos positivos (p. ex., Pesquisa Laboratorial de D oença Venérea, artrite reum atoide e testes de anticorpos antinucleares), podendo, assim , causar confu são diagnostica. Em certas ocasiões, as lesões tuberculoides podem não (1) parecer típicas, (2) ser hipoestésicas e (3) conter granulom as, m as apenas infiltrados linfocíticos inespecíficos. Nessas circunstân cias, duas dessas três características são consideradas suficientes para
o estabelecim ento do diagnóstico. Prefere-se pecar p o r excesso no diagnóstico da hanseníase do que perm itir que um paciente p e rm a neça sem tratam ento. Os anticorpos IgM anti-PGL-1 são encontrados em 95% dos pa cientes com hanseníase leprom atosa não tratada; o título dim inui com o tratam ento efetivo. E ntretanto, na hanseníase tubercuioide - a for m a da doença m ais frequentem ente associada a incerteza diagnostica, devido a ausência ou escassez de BAAR - , os pacientes apresentam anticorpos significativos contra PGL-1 em apenas 60% dos casos; além disso, nos locais endêm icos, os indivíduos expostos sem h a n seníase clínica podem apresentar anticorpos dirigidos contra o PGL1. Por conseguinte, a sorologia para o PGL-1 possui pouca utilidade diagnostica na hanseníase tubercuioide. O M. leprae m orto pelo calor (leprom ina) tem sido utilizado com o reagente de teste cutâneo. Em geral, desencadeia um a reação nos pacientes com hanseníase tubercu ioide, pode ocasionar o m esm o em indivíduos sem hanseníase e p ro duz resultados negativos em pacientes com hanseníase leprom atosa; sendo assim, ele tam bém tem pouco valor diagnóstico. Infelizmente, a PCR da pele para o M. leprae, apesar de positiva na hanseníase LL e BL, fornece resultados negativos em 50% dos casos de hanseníase tubercuioide e mais um a vez oferece pouca utilidade diagnóstica. Incluídos no diagnóstico diferencial das lesões que se assemelham à hanseníase estão a sarcoidose, a leishm aniose, o lúpus vulgar, o derm atofibroma, o histiocitoma, o linfoma, a sífilis, a bom ba, o granulom a anular e m uitos outros distúrbios que causam hipopigm entação (nota velmente a pitiríase alba, a tinha e o vitiligo). A sarcoidose pode resultar em inflamação do perineuro, porém a form ação de granulom as verda deiros dentro dos nervos dérm icos é patognom ônica da hanseníase. Na hanseníase lepromatosa, as am ostras de escarro podem conter grandes quantidades de BAAR - um achado que pode ser inadequadam ente interpretado com o representando um a tuberculose pulmonar.
TRATAMENTO
Hanseníase
TRATAMENTO ANTIMICROBIANO Agentes ativos Os fárm acos estabelecidos utilizados no tratam en to da hanseníase incluem a dapsona (50 a 100 m g/dia), a clofazimina (50 a 100 m g/dia, 100 m g 3 vezes/sem ana, ou 300 m g/m ês) e a rifam picina (600 m g/dia ou por mês); ver “Escolha dos Esquemas”, adiante). Desses fárm acos, apenas a rifam picina é bactericida. As sulfonas (antagonistas do folato), das quais a principal é a dapsona, foram os prim eiros agentes antim icrobianos que dem onstraram ser efetivos no tratam ento da hanseníase e continuam sendo a base da terapia. C om o uso de sulfonas no tratam ento, as lesões cutâneas regridem, e observa-se um a redução no núm ero de bacilos viáveis na pele. Em bora seja prim ariam ente bacteriostática, a m onotera pia com dapsona resulta em um a taxa de recidiva de apenas 2,5% relacionada com a resistência; depois de > 18 anos de tratam ento e interrupção subsequente, apenas outros 10% dos pacientes sofrem recidiva e desenvolvem novos nódulos “histioicfes”, brilhantes e habitualm ente assintom áticos. Em geral, a dapsona é segura e de baixo custo. Os indivíduos com deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase tratados com dapsona poderrudesenvolver hemólise grave; aqueles sem essa deficiência tam bém apresentam um a re dução da sobrevida dos eritrócitos e dim inuição da hem oglobina de 1 g/dL em média. A utilidade da dapsona é, em certas ocasiões, lim itada pela derm atite alérgica e, raram ente, pela síndrom e das sulfonas (incluindo febre alta, anem ia, derm atite esfoliativa e qua dro hem atológico sem elhante à m ononucleose). Deve-se lem brar que a rifam picina induz as enzim as m icrossôm icas, tornando ne cessário o uso de doses aum entadas de m edicações com o os glico corticoides e esquem as de contraceptivos orais. Com frequência, a clofazim ina é esteticam ente inaceitável para pacientes de pele clara com hanseníase, visto que provoca um a pigm entação negro-averm elhada da pele, que se acum ula particularm ente nas áreas das lesões, tornando o diagnóstico do paciente óbvio aos m em bros da com unidade.
O utros agentes antim icrobianos ativos contra o M. leprae em m odelos anim ais e nas doses diárias habituais utilizadas em estudos clínicos incluem a etionam ida/protionam ida, os a m in o glicosídios estreptom icina, canam icina e am icacina (mas não a gentam icina nem a tobram icina), a m inociclina, a claritrom icina e várias fluoroquinolonas, particularm ente ofloxacino. Depois da rifam picina, a m inociclina, a claritrom icina e o ofloxacino p a recem ser m ais bactericidas para o M. leprae; todavia, esses fár m acos não têm sido utilizados extensam ente em program as de controle da hanseníase. Mais recentem ente, foi constatado que a rifapentina e o moxifloxacino são especialm ente potentes contra o M. leprae em cam undongos. Em um estudo clínico n a hanseníase leprom atosa, o m oxifloxacino foi p rofundam ente bactericida, e teve sua potência igualada apenas pela rifam picina.
Escolha dos esquemas O tratam ento antim icrobiano para a h a n seníase deve ser individualizado, d ependendo da form a clínica/ patológica da doença encontrada. A hanseníase tuberculoide, que está associada a um a baixa carga bacteriana e a um a resposta im u ne celular protetora, é a form a m ais fácil de tratar, p o dendo ser curada com segurança po r um ciclo definido de quim ioterapia. Em contraste, a hanseníase leprom atosa p o d e exibir um a carga bacilar m ais elevada do que qualquer o utra doença bacteriana hum ana, e a ausência de um rep ertó rio de células T saudáveis exige quim ioterapia prolongada ou até m esm o perm anente. Por conseguinte, é im portante efetuar um a cuidadosa classificação da doença antes de instituir o tratam ento. Nos países desenvolvidos, a experiência clínica com a classi ficação da hanseníase é lim itada; todavia, felizmente, os recursos necessários para biópsia cutânea são altamente acessíveis, e a inter pretação patológica é rapidam ente disponível. Nos países em desen volvimento, a experiência clínica é maior, porém está declinando consideravelmente à m edida que o tratam ento dos pacientes com hanseníase é integrado aos serviços de saúde gerais. Além disso, o acesso aos serviços de dermatopatologia é frequentem ente limitado. Nessas situações, os esfregaços cutâneos podem ser úteis; contudo, em m uitos locais, o acesso aos recursos necessários para sua prepa ração e interpretação tam bém pode não estar disponível. O uso de esfregaços cutâneos não é mais incentivado pela Organização M un dial de Saúde (OMS) e, com frequência, é substituído pela simples contagem das lesões, que, juntam ente com a ausência de histopato logia, pode influenciar negativamente as decisões sobre a quim iote rapia, aum entar o potencial de reações e agravar o prognóstico final. Uma abordagem racional para o tratam ento da hanseníase é com plicada por essas questões, bem com o p or vários outros aspectos: 1. M esm o sem tratam ento, a hanseníase T T pode curar de m odo espontâneo, e a m onoterapia prolongada com dapso na (m esm o para a hanseníase LL) é geralm ente curativa em 80% dos casos. 2. Na doença tuberculoide, é com um que não sejam e n co n trados bacilos na pele antes do tratam ento, e, portanto, não existe n enhum a m edida objetiva de sucesso terapêutico. Além disso, apesar do tratam ento adequado, as lesões TT e, em particular, as lesões BT frequentem ente sofrem pouca resolução ou o fazem de m odo incom pleto, enquanto pode ser difícil diferenciar a recidiva e as reações tardias da h a n seníase tipo 1.
QUADRO 166.2
3. Os pacientes com hanseníase LL costum am abrigar m icror ganism os M. leprae viáveis e persistentes após tratam ento intensivo prolongado; a propensão desses m icrorganism os a desencadear a recidiva clínica não está bem esclarecida. Com o a recidiva em pacientes com LL após interrupção dos esquem as de tratam en to contendo rifam picina geralm ente só ocorre depois de 7 a 10 anos, é necessário efetuar um acom panham ento de longa duração para avaliar os resulta dos clínicos finais. 4. Em bora a resistência prim ária à dapsona seja extrem am en te rara, e a terapia com m últiplos fárm acos seja geralmente recom endada (pelo m enos para a hanseníase leprom atosa), existe um a escassez de inform ações a p a rtir de anim ais de laboratório e estudos clínicos sobre a com binação ideal dos agentes antim icrobianos, o esquem a de dosagem ou a d ura ção do tratam ento. Em 1982, a OMS estabeleceu recom endações sobre “a qui m ioterapia da hanseníase para program as de controle”. Essas re com endações vieram logo após a dem onstração do sucesso relati vo da m onoterapia a longo prazo com dapsona e no contexto das preocupações com a resistência à dapsona. O utras considerações agravantes incluíram os recursos lim itados disponíveis para o tra tam ento da hanseníase nas áreas onde ela é m ais prevalente e a frustração e desânim o dos pacientes e dos adm inistradores dos program as com a necessidade a n te rio r de tratam en to durante toda a vida para m uitos pacientes com hanseníase. Assim, a OMS delineou pela prim eira vez um a terapia de duração lim itada para todas as form as de hanseníase e - em vista do custo proibitivo do tratam ento diário com rifam picina nos países em desenvolvim en to - incentivou a adm inistração m ensal desse agente com o parte de um esquem a de m últiplos fárm acos. D urante os anos seguintes, as recom endações da OMS foram am plam ente im plem entadas, e a duração necessária do tratam en to, particularm ente p ara a hanseníase leprom atosa, foi progres sivam ente reduzida. Para fins de tratam ento, a OMS classifica os pacientes em paucibacilares ou multibacilares. A nteriorm ente, os pacientes sem BAAR dem onstráveis na derm e eram classificados com o paucibacilares, e aqueles com BAAR, com o m ultibacila res. Na atualidade, à luz da constatação da falta de confiabilidade dos esfregaços cutâneos no cam po, os pacientes são classificados com o m ultibacilares se tiverem seis ou m ais lesões cutâneas, e com o paucibacilares se tiverem m enos. (Infelizm ente, esse m éto do de classificação foi considerado deficiente, pois alguns pacien tes próxim os do polo leprom atoso têm apenas um a ou algum as lesões cutâneas). A OMS recom enda que os adultos paucibacila res sejam tratados com 100 m g de dapsona ao dia e 600 m g de ri fam picina m ensalm ente (supervisionada) durante 6 m eses (Q ua d ro 166.2). Para os pacientes com hanseníase paucibacilar e um a única lesão, a OMS recom enda com o alternativa um a dose única de rifam picina (600 mg), ofloxacino (400 mg) e m inociclina (100 mg). Os adultos m ultibacilares devem ser tratados com 100 m g de dapsona m ais 50 m g de clofazim ina ao dia (não supervisionada) e com 600 m g de rifam picina m ais 300 m g de clofazim ina m ensal m ente (supervisionada). O riginalm ente, a OMS recom endou que os pacientes com hanseníase fossem tratad o s d urante 2 anos ou até que os esfregaços se tornassem negativos (em geral, em cerca
Esquemas de antimicrobianos recomendados para o tratamento da hanseníase em adultos
Forma de hanseníase
Esquema mais intensivo
Esquema recomendado pela OMS (1982)
Tuberculoide (paucibacilar)
Dapsona (100 mg/dia) durante 5 anos
Dapsona (100 mg/dia, não supervisionada) mais rifampicina (600 mg/mês, supervisionada), durante 6 meses
Lepromatosa (multibacilar)
Rifampicina (600 mg/dia) durante 3 anos mais dapsona (100 mg/dia) por tempo indefinido
Dapsona (100 mg/dia) mais clofazimina (50 mg/dia), não supervisionada; e rifampicina (600 mg) mais clofazimina (300 mg) mensalmente (supervisionada), durante 1 a 2 anos
/Vofa.-Ver o texto para discussão e comparação das recomendações da OMS e abordagem mais intensiva, bem como o esquema alternativo da OMS para a hanseníase paucibacilar com lesão única.
de 5 anos); subsequentem ente, o ciclo aceitável foi reduzido para 1 ano - um a m udança que continua sendo particularm ente con trovertida na ausência de estudos clínicos favoráveis. Diversos fatores levaram m uitas autoridades a questionar as recom endações da OMS e defender um a abordagem m ais in te n siva. D entre esses fatores estão - para os pacientes m ultibacilares - um a taxa de recidiva elevada (m ais de 10%) em 3 locais (atin gindo 20 a 40% em um local, com a taxa diretam ente relacionada com a carga bacteriana inicial) e - para os pacientes paucibacilares - atividade dem onstrável das lesões durante anos em m etade dos pacientes após a conclusão do tratam ento. A abordagem mais intensiva (Q uadro 166.2) sustenta o tratam ento da hanseníase tu bercuioide com dapsona (100 m g/dia) durante 5 anos, enquanto a hanseníase leprom atosa é tratada com rifam picina (600 m g/dia) durante 3 anos e com dapsona (100 m g/dia) pelo resto da vida. Com o tratam ento antim icrobiano efetivo, as lesões cutâneas novas e os sinais e sintom as de neuropatia periférica deixam de aparecer. Os nódulos e as placas da hanseníase leprom atosa to r nam -se notavelmente planos em 1 a 2 meses e regridem dentro de 1 ano ou alguns anos, enquanto as lesões cutâneas tuberculoides p o dem desaparecer, m elhorar ou perm anecer relativamente inaltera das. Em bora a neuropatia periférica da hanseníase possa apresen tar um a determ inada m elhora nos prim eiros meses de tratam ento, raram ente alivia de m aneira significativa com o tratam ento. D ados os achados recentes de que a m oxifloxacina, assim com o a rifam picina, é profundam ente bactericida em pacientes com hanseníase e que a quim ioterapia de curto prazo para tubercu lose é possível apenas quando dois ou mais agentes bactericidas são usados, um esquem a baseado na m oxifloxacina/rifam picina que inclui minociclina ou claritrom icina parece prom issor; esse esque m a pode ser comprovadam ente curativo de m aneira mais confiável do que o tratam ento com m últiplos fárm acos recom endado pela OMS para hanseníase leprom atosa e pode possibilitar um curso de tratam ento consideravelmente m ais curto.
TRATAMENTO DAS REAÇÕES Tipo 1
Doenças Infecciosas 1366
As reações da hanseníase tipo 1 são m ais bem tratadas com glicocorticoides (p. ex., prednisona, dose inicial de 40 a 60 m g/dia). À m edida que a inflam ação dim inui, a dose de glico corticoides pode ser gradualm ente reduzida, porém a terapia com esteroides deve prosseguir du ran te pelo m enos 3-6 m eses para que não haja recorrência. Devido aos inúm eros efeitos tóxicos da terapia prolongada com glicocorticoides, as indicações para o seu início são estritam ente lim itadas às lesões cuja inflam ação in ten sa leva a am eaça de ulcerações; as lesões em locais esteticam ente im portantes, com o a face; e casos associados à neurite. As rea ções leves a m oderadas da hanseníase que não preenchem esses critérios devem ser toleradas, e, nesses casos, o tratam ento com glicocorticoides não deve ser adm inistrado. A talidom ida é inefi caz contra as reações da hanseníase tipo 1. A clofazim ina (200 a 300 m g/dia) possui benefício duvidoso, m as, de qualquer m odo, é m uito m enos efetiva do que os glicocorticoides.
Tipo 2
O tratam e n to do E N H deve ser individualizado. Se o EN H for leve (isto é, sem febre nem aco m etim en to de outros órgãos, com grupos ocasionais de apenas algum as pápulas cu tâ neas), po d e ser tratad o apenas com antipiréticos. E ntretanto, nos casos com num erosas lesões cutâneas, febre, m al-estar e acom etim ento de outros tecidos, ciclos de peq u en a duração (1 a 2 sem anas) de glicocorticoides (inicialm ente, 40 a 60 m g/dia) são frequentem ente efetivos. C om ou sem tratam ento, as pápulas inflam adas individuais d uram > 1 sem ana. A terapia bem -suce dida é definida pela ausência de surgim ento de lesões cutâneas e pelo desaparecim ento de outros sinais e sintom as sistêm icos. Se, a despeito de dois ciclos de tratam en to com glicocorticoides, o EN H ainda parece estar recorrente e persistente, deve-se in i ciar o tratam ento com talidom ida (100 a 300 m g à noite) com
a dose d e p en d e n d o da gravidade inicial da reação. C om o até m esm o um a dose única de talidom ida adm in istrad a no início da gravidez pode acarretar graves defeitos congênitos, incluindo focomelia, seu uso nos EUA para o tratam en to de pacientes do sexo fem inino em idade fértil é estritam ente controlado e exige con sentim ento esclarecido, teste de gravidez prévio e m anutenção de m edidas contraceptivas. E m bora o m ecanism o da poderosa ação da talidom ida contra o E N H não esteja totalm ente esclarecido, sua eficácia é provavelm ente atrib u íd a à redução dos níveis de T N F e da síntese de IgM e à sua ação n a redução da m igração dos leucócitos polim orfonucleares. U m a vez controlada a reação, doses m enores de talidom ida (50 a 200 m g à noite) são efetivas para prevenir as recidivas do ENH. A clofazim ina em altas doses (300 m g à noite) possui algum a eficácia co n tra o EN H , porém o seu uso perm ite apenas u m a redução m odesta da dose de glico corticoides necessária para o controle do ENH.
Fenômeno de Lucio
Os glicocorticoides e a talidom ida não são efetivos contra essa síndrom e. Os cuidados ótim os da ferida e o tratam ento para a bacterem ia estão indicados. As úlceras tendem a ser crônicas e cicatrizam precariam ente. Nos casos graves, a exsanguíneo transfusão pode ser útil.
■ PREVENÇÃOECONTROLE A vacinação ao nascim ento com bacilo de C alm ette-G uérin (BCG) tem apresentado um a eficácia variável na prevenção da hanseníase; os resultados variaram desde um a ineficácia total até um a eficácia de 80%. O acréscim o do M. leprae m o rto pelo calor ao BCG não aum en ta a efetividade da vacina. C om o as m icobactérias integrais contêm grandes quantidades de lipídios e de carboidratos que dem onstraram ser im unossupressores in vitro para linfócitos e m acrófagos, as proteí nas do M . leprae podem ser vacinas de qualidade superior. Os dados obtidos de um m odelo de cam undongos confirm a essa possibilidade. A quim ioprofilaxia com dapsona pode reduzir o núm ero de ca sos de hanseníase tubercuioide, m as não de hanseníase leprom atosa e, p ortanto, não é recom endada, m esm o p ara os contatos dom ici liares. C om o a transm issão da hanseníase parece exigir um contato dom iciliar íntim o e prolongado, não há necessidade de isolar os p a cientes hospitalizados. Em 1992, a OMS - com base nas suas recom endações terapêu ticas - lançou um a cam panha definitiva para erradicar a hanseníase com o problem a de saúde pública até o ano de 2.000 (m eta, < 1 caso p or 10.000 indivíduos). A cam panha m obilizou e incentivou organi zações não governam entais e serviços de saúde nacionais a tratar a hanseníase com m últiplos fárm acos e a elim inar cadastros desatuali zados. Nesses aspectos, os esforços foram im ensam ente bem -sucedi dos, com > 6 m ilhões de pacientes concluindo o tratam ento. Todavia, a m eta de erradicação da hanseníase ainda não foi alcançada. Com efeito, o sucesso da cam panha da OMS na redução do núm ero de casos m undiais foi atribuído, em grande parte, à redefinição do que constitui um caso de hanseníase. A ntigam ente calculada pela preva lência da doença, a contagem de casos lim ita-se hoje àqueles que ain da não foram tratados com m últiplos fárm acos. Em cada um dos 23 países com os m aiores núm eros de casos d e hanseníase, a incidência anual da doença perm anece estável ou está aum entando. Além disso, após a conclusão do tratam ento, quando não se considera m ais que um paciente represente um “caso”, m etade de todos os pacientes con tinua m anifestando a atividade da doença d urante anos; as taxas de recidiva (pelo m enos para pacientes m ultibacilares) são inaceitavelm ente altas; as incapacidades e as deform idades não são avaliadas; e o estigm a social da doença persiste. D urante a m aior p arte do século XX, organizações não gover nam entais, p a rticu la rm e n te m issionários cristãos, estabeleceram um a infraestrutura m édica dedicada à assistência e ao tratam ento de pacientes com hanseníase - p ara inveja daqueles com outras p rio ridades m édicas no m u n d o em desenvolvim ento. C om a percepção pública de que a erradicação da hanseníase está próxim a, os recursos
para a assistência dos pacientes estão sendo rapidam ente desviados, e o ônus da assistência está sendo transferido para serviços de saúde nacionais inexistentes ou sobrecarregados e a profissionais de saúde que carecem dos instrum entos e recursos necessários para o diag nóstico, a classificação e o tratam ento aprim orado da doença (parti cularm ente nos casos de neurite reacional). Por conseguinte, os pré-requisitos para um desfecho saudável estão cada vez m ais distantes.
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Fa ja r d o
CAPÍTULO
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Infecções Micobacterianas Não Tuberculosas Steven M. Holland Vários term os - m icobactérias não tuberculosas (M N T), m icobac térias atípicas, m icobactérias outras que não tuberculose, e m ico bactérias am bientais - se referem , todos, a outras m icobactérias que não M. tuberculosis, suas parentes próxim as (M. bovis, M.caprae, M. africanum, M. pinnipeáii, M. canetti), e M. leprae. O núm ero de espé cies identificadas de M N T está crescendo, e continuará a crescer, por causa do uso da tipagem em seqüência de DNA para determ inação de espécie. A tualm ente, o núm ero de espécies conhecidas excede a 150. As M N T são altam ente adaptáveis, e p odem habitar am bientes hostis, inclusive solventes industriais.
■ EPIDEMIOLOGIA
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e é am plam ente utilizado. O grosso da doença m icobacteriana não tuberculosa na Am érica do N orte deve-se a M . kansasii, m icrorganis m os do complexo M. avium (MAC) e M. abscessus. Na Europa, Ásia e A ustrália, a distribuição de M N T em espécim es clínicos é grosseiram ente sem elhante àquela da A m érica do N orte, com espécies M AC e m icrorganism os de crescim ento rápido, tais com o M. abscessus, encontrados frequen tem ente. M. xenopii e M. malmoense são especialm ente proem inentes no norte da Europa. M.ulcerans causa a entidade clínica distinta úlce ra de Buruli, que ocorre nas zonas tropicais, especialm ente na África Ocidental. Aí. m arinum é um a causa com um de infecções cutâneas e de tendões em regiões litorâneas, e entre indivíduos expostos a aquá rios ou piscinas. A real epidem iologia internacional das infecções devidas a M NT é difícil de determ inar, pois o isolam ento desses m icrorganism os frequentem ente não é notificado, e a identificação da espécie m uitas vezes não é realizada. A facilidade crescente da identificação de espé cies desses m icrorganism os deve ter um im pacto im portante sobre a descrição de sua epidem iologia internacional nos próxim os anos.
■ BI0PAT0L0GIA Visto que a exposição às M N T é essencialm ente universal, e que a doença é rara, pode ser presum ido que as defesas norm ais do h o s pedeiro contra esses m icrorganism os devem ser fortes, e que in d i víduos afora isso sadios nos quais se desenvolve doença significante têm alta probabilidade de ter fatores de susceptibilidade específicos, os quais p erm item que as M N T se estabeleçam , se m ultipliquem e causem doença. No advento de infecção p o r HIV, os linfócitos T CD4+ foram reconhecidos com o células efetoras chave contra MNT; o desenvolvim ento de doença dissem inada p or MAC foi altam ente correlacionado com um declínio dos núm eros de linfócitos T CD4+. Tal dim inuição tam bém tem sido im plicada na infecção dissem inada po r MAC em pacientes com linfocitopenia T CD4+ idiopática. Ini bidores potentes do fator de necrose tum oral a (T N F -a), tais com o infliximabe, adalim um abe, certolizum abe e etanercepte podem n eu tralizar esta citocina crítica. O resultado ocasional é infecção grave m icobacteriana ou fúngica; essas associações indicam que o T N F -a é um elem ento crucial no controle m icobacteriano. C ontudo, em ca sos sem os fatores de risco m encionados, m uito da base genética da susceptibilidade à infecção dissem inada p o r M N T pode ser atribuída a m utações específicas na síntese e vias de resposta do interferon 7 (IFN -7 )/interIeucina 12 (IL-12). Em geral, as m icobactérias são fagocitadas p or m acrófagos, que respondem com a produção de IL-12, um heterodím ero com posto das m etades IL-12p35 e IL-12p40, que ju n ta s form am IL-12p70. A IL-12 ativa linfócitos T e células “natural killer” p o r m eio de ligação a seu receptor (com posto de IL -12R pl e IL-12R(32/IL-23R), com a fosforilação conseqüente de STAT4. A estim ulação de STAT4 por IL-12 leva à secreção de IFN -7 , que ativa neutrófilos e m acrófagos
Infecções Micobacterianas Não Tuberculosas
As M N T são ubíquas no solo e na água. M icrorganism os específicos têm nichos recorrentes, tais com o M. simiae, em certos aqüíferos, M. fortuitum , em águas de pedicure, e M . im m unogenum , em fluidos de trabalho em m etal. A m aioria das M N T causa doença em seres h u m anos apenas raram ente, a m enos que algum aspecto das defesas do hospedeiro esteja deficiente, com o na bronquiectasia, ou com um a solução de continuidade, com o p o r inoculação (p. ex., lipoaspiração, traum a). Não há exem plos conhecidos de transm issão de M N T de um ser hum ano para outro. C om o as infecções p o r M N T raram ente são notificadas às agências de saúde, e visto que sua identificação às vezes é problem ática, faltam dados confiáveis sobre incidência e pre valência. A doença dissem inada denota disfunção im une significante (p. ex., infecção avançada por H IV ), ao passo que a doença p ulm o nar, que é m uito m ais com um , está altam ente associada a defeitos epiteliais pulm onares, m as não à im unodeficiência sistêmica. Nos Estados U nidos, a incidência e prevalência de infecção p u l m onar com MNT, principalm ente em associação com bronquiectasia (Cap. 258), por m uitos anos têm apresentado cifras várias vezes mais altas que as correspondentes para tuberculose, e as taxas para a p ri m eira são crescentes entre os idosos. E ntre pacientes com fibrose cís tica, que frequentem ente têm bronquiectasia, as taxas de infecção clínica com M N T variam de 3-15%, com taxas ainda m ais altas entre pacientes m ais velhos. Em bora as M N T possam ser recuperadas da expectoração de m uitos indivíduos, é crítico diferenciar a doença ati va do estado de p ortador com ensal dos m icrorganism os. Um esque m a para ajudar no diagnóstico apro p riad o da infecção pulm o n ar causada p or M N T foi desenvolvido pela A m erican T horacic Society,
R id le y
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para produzir oxidantes reativos, aum enta a expressão do complexo m aior de histocom patibilidade e receptores Fc, e concentra certos an tibióticos intracelularm ente. A sinalização por IFN -7 através de seu receptor (com posto de IFN -7 RI e IFN -7 R2) leva à fosforilação de STAT1, que p o r sua vez regula genes responsivos a IFN -7 , tais com o aqueles que codificam para IL-12 e T N F -a. O T N F -a sinaliza p o r m eio de seu receptor próprio p o r m eio de um com plexo a jusante contendo 0 fator nuclear k B (NF k B ) m odulador essencial (NEM O). Portanto, a alça de retroalim entação positiva entre IF N -7 e IL-12/ IL-23 direciona a resposta im une a m icobactérias e outras infecções intracelulares. Sabe-se que esses genes são os críticos na via de con trole m icobacteriano: m utações m endelianas específicas têm sido identificadas em IFN -7 R I, IFN -7 R2, STAT1, IL-12A, IL- 12R(31 e N EM O (Fig. 167.10). Apesar da identificação de genes associados à doença dissem inada, som ente -50% dos casos de infecções m icobacterianas não tuberculosas dissem inadas, que não estejam associadas à infecção p o r HIV, têm u m diagnóstico genético; a im plicação é que perm anecem a ser identificados m ais genes e vias de susceptibilidade m icobacteriana. Em contraste com os genes e m ecanism os reconhecidos asso ciados à infecção m icobacteriana não tuberculosa dissem inada, a condição subjacente m ais reconhecida para infecção p ulm onar po r M N T é a bronquiectasia (Cap. 258). A m aioria das form as bem ca racterizadas de bronquiectasia, inclusive fibrose cística, discinesia ciliar prim ária, síndrom e hiper-IgE com deficiência de STAT3 e bronquiectasia idiopática, tem altas taxas de associação com infecção m icobacteriana não tuberculosa. O m ecanism o preciso pelo qual a bronquiectasia predispõe a com prom etim ento destrutivo local, mas não sistêmico, é desconhecido.
Doenças Infecciosas 1368
■ MANIFESTAÇÕES CLINICAS Doença disseminada Infecções dissem inadas por M AC ou Aí. kansasii em pacientes com infecção avançada por H IV atualm ente são incom uns na A m érica do Norte, p o r causa da profilaxia antim icobacteriana efetiva e m elhora do tratam ento da infecção p or HIV. Q uando a doença m icobacteria na era com um , a porta de entrada era o intestino, com dissem inação para a m edula óssea e a corrente sanguínea. Surpreendentem ente, infecções dissem inadas com M N T de crescim ento rápido (p. ex., Aí. abscessus, M. fortuitum ) são m uito raras em pacientes infectados com HIV, m esm o naqueles com infecção p or H IV m uito avançada. Com o esses m icrorganism os são de virulência intrínseca m uito baixa e só se dissem inam em conjunto com im unidade deficiente, a doença dis sem inada pode ser indolente e progressiva ao longo de sem anas a meses. As m anifestações típicas de m al-estar geral, febre e perda de peso frequentem ente são acom panhadas p o r organom egalia, linfa denopatia e anem ia. Visto que culturas ou colorações especiais são necessárias para identificar os m icrorganism os, o passo m ais crítico no diagnóstico é suspeitar da infecção p o r MNT. H em oculturas p o dem ser negativas, m as os órgãos envolvidos têm cargas significativas de m icrorganism os, algum as vezes com u m a resposta granulom atosa visivelmente prejudicada. Em um a criança, o envolvim ento dissem i nado (isto é, com prom etim ento de dois ou m ais órgãos) sem um a causa iatrogênica subjacente deve estim ular u m a investigação da via IFN -7 /IL -I2. M utações recessivas em IFN -7 RI e IFN -7 R2 levam a infecção grave com MNT. Em contraste, m utações negativas d om i nantes em IFN -7 RI, que levam ao acúm ulo excessivo de um receptor m utante defeituoso na superfície celular, inibem a sinalização n o r m al de IFN -7 e, assim, favorecem a osteom ielite m icobacteriana não tuberculosa. M utações negativas d om inantes em STAT1 e m utações recessivas em IL-12R(31 po d em ter fenótipos variáveis consistentes com suas capacidades residuais para síntese de IFN -7 e resposta. Pa cientes do sexo m asculino que têm infecções m icobacterianas não tuberculosas dissem inadas, juntam ente com dentes cônicos, em es tacas, ou faltantes, e um padrão anorm al dos cabelos, devem ser ava liados para defeitos na via que ativa NFkB através de NEMO. Tais p a cientes tam bém podem ter defeitos associados de im unoglobulinas. Um grupo de pacientes, recentem ente reconhecido, que frequente m ente desenvolve infecções dissem inadas p o r M N T de crescim ento rápido (predom inantem ente Aí. abscessus), assim com o outras infec ções o portunistas, tem título alto de autoanticorpos neutralizantes de IFN -7 . Até o presente, essa síndrom e tem sido relatada mais frequen tem ente em pacientes do sexo fem inino da Ásia O riental. Cateteres IV podem se tornar infectados por MNT, geralmente em conseqüência de água contam inada. Aí. abscessus e M. fortuitum algu m as vezes infectam vias de acesso venoso profundo de perm anência, bem como líquidos usados em cirurgia ocular, injeções subcutâneas e anestésicos locais. Os cateteres infectados devem ser removidos.
Doença pulmonar Figura 167.1 Interações de citocinas de macrófagos infectados (M 7 dias). C om o M. tuberculosis leva > 2 sem anas para crescer, m uitos laboratórios recusam -se a conside rar resultados finais de cultura até que 6 sem anas tenham decorrido. Técnicas m ais novas, usando m eios de cultura líquidos, perm item o isolam ento m ais rápido de m icobactérias em espécimes do que é pos sível com os m eios tradicionais. As espécies m ais prontam ente detec tadas com incubação a 30°C incluem M. m arinum , M. haemophilum e M. ulcerans. M. haem ophilum prefere suplem entação com ferro ou sangue, ao passo que M . genavense requer m eio suplem entado com a m icobactina J aditiva. A form ação de pigm ento bacteriano em con dições de lum inosidade (fotocrom ogenicidade) ou escuridão (escotocrom ogenicidade), ou a falta de form ação de pigm ento bacteriano (não crom ogenicidade), tem sido usada par ajudar a categorizar as MNT. Em contraste com as MNT, M. tuberculosis é bege, áspero, seco e plano. Os esquem as atuais de identificação podem usar confiável m ente bioquím ica, ácido nucleico, ou com posição da parede celular, conform e avaliação p o r crom atografia líquida de alta perform ance, ou espectrom etria de m assa, para determ inação de espécie. C om o declínio notável de casos de tuberculose nos EUA ao longo das déca das recentes, as M N T tornaram -se as m icobactérias m ais com um en te isoladas de seres hum anos na A m érica do Norte. E ntretanto, nem todos os isolam entos de MNT, especialm ente do pulm ão, refletem doença e precisam de tratam ento. C onquanto a identificação de um m icrorganism o em um espécim e de sangue ou biópsia de órgão, em um cenário clínico compatível, seja diagnóstica, a A m erican Thoracic Society recom enda que a infecção pu lm o n ar causada p or M NT só seja diagnosticada quando a doença for claram ente dem onstrável - isto é, em um a situação clínica e radiográfica apropriada (n ó d u los, bronquiectasia, cavernas), e com o isolam ento repetido de M NT a p a rtir de secreção expectorada, ou p o r recuperação de M N T em espécim es de broncoscopia ou biópsia. D ado o grande núm ero de espécies de MNT, e a im portância do diagnóstico acurado para a im-
Infecções Micobacterianas Não Tuberculosas
A form a m ais com um de infecção m icobacteriana não tuberculosa entre crianças m ais jovens na A m érica do N orte é a linfadenopatia cervical isolada, causada com m aior frequência p o r m icrorganism os MAC, m as tam bém por outras MNT. A tum efação cervical é firm e e relativam ente indolor, com escassez de sinais sistêm icos. Visto que o diagnóstico diferencial de adenopatia in d o lo r inclui neoplasias m alignas, m uitas crianças têm a infecção p o r M N T diagnosticada inadvertidam ente na biópsia; culturas e colorações especiais podem não ter sido solicitadas porque a doença m icobacteriana não tinha suspeição alta no diagnóstico diferencial. Fístulas locais geralm ente resolvem p o r com pleto, com ressecção e/ou terapia antibiótica. De m odo sem elhante, a entidade de infecção m icobacteriana não tu berculosa intratorácica pediátrica isolada, que provavelm ente está relacionada com infecção de gânglio linfático cervical, é confundida com câncer. N em nas infecções p or M N T cervicais isoladas, nem nas intratorácicas isoladas, têm sido identificadas crianças com defeitos im unes subjacentes, nem tam pouco as crianças afetadas continuam a desenvolver outras infecções oportunistas.
ganism o causa pápulas ou úlceras (“granulom a de aquário”), m as a infecção pode progredir para tendinite, com prejuízo significante da destreza m anual. As lesões aparecem dias a sem anas depois da inocu lação de m icrorganism os p or um traum a pequeno (p. ex., sofrido d u rante a lim peza de barcos ou m anuseio de peixes). N ódulos doloridos devidos a M. m arinum p odem avançar braço acim a, em um padrão tam bém visto com Sporothrix schenckii (disseminação esporotricoide). O envolvim ento típico de tendão do carpo pode ser a prim eira m a nifestação de apresentação, e pode levar à exploração cirúrgica ou a injeção de esteroide. O índice de suspeita deve ser alto para infecções p or M. m arinum para garantia de que espécim es apropriados obtidos durante procedim entos sejam enviados para cultura. M. ulcerans, outro patógeno cutâneo veiculado pela água, é e n contrado principalm ente nos trópicos, especialm ente em áreas tro picais da África. A infecção é subsequente a traum atism os cutâneos, ou picadas de insetos, que possibilitam a entrada de água contam ina da. As lesões de pele são úlceras lim pas, indolores, que descarnam e podem causar osteomielite. A toxina m icolactona justifica a resposta inflam atória m odesta do hospedeiro, e as ulcerações indolores.
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plem entação de terapia apropriada, a identificação desses m icrorga nism os, idealm ente, é levada ao nível de espécies. O derivado proteico purificado (PPD ) da tuberculina é a d m i nistrado p or via intradérm ica para evocar um a resposta de células T de m em ória a antígenos m icobacterianos. Esse teste é designado variavelm ente com o teste PPD, teste cutâneo tuberculínico e reação de M antoux, entre outras denom inações. Infelizm ente, a resposta im une cutânea a essas proteínas filtradas derivadas da tuberculina não diferencia bem entre infecção com M N T e com M. tuberculosis. Visto que reações interm ediárias (-1 0 m m ) ao PPD na tuberculose latente e em infecções m icobacterianas não tuberculosas podem se su p erp o r significantem ente, o declínio progressivo da tuberculose ativa nos Estados U nidos significa que as M N T provavelm ente são responsáveis pelas proporções crescentes de reatividade ao PPD. Além disso, o bacilo de C alm ette-G uérin (BCG) pode causar algum grau de reatividade cruzada, representando problem as de interpreta ção para pacientes que tenham recebido a vacina BCG. Ensaios para m ensurar a elaboração de IFN -7 em resposta às proteínas ESAT6 e CFP10, relativam ente específicas p ara tuberculose, form am a base para ensaios da liberação de IF N -7 (IGRA). Tais ensaios podem ser realizados com sangue total ou em m em branas. E im portante obser var que M. marinum , M. kansasii e M. szulgai tam bém têm ESAT6 e CFP10, e podem causar reações falsas positivas em IGRA. Apesar da reatividade cruzada com MNT, reações fortes ao PPD (> 15 m m ) significam mais com um ente tuberculose. O isolam ento de M N T de espécim es de sangue é evidência cla ra de doença. E nquanto as m icobactérias de crescim ento rápido podem proliferar em m eios de hem ocultura de rotina, as M N T de crescim ento lento não o fazem; assim , é im perativo suspeitar do diagnóstico e usar os frascos corretos para culturas. O isolam ento de M N T a p a rtir de um espécim e de biópsia constitui evidência forte para infecção, m as casos de contam inação em laboratório realm ente ocorrem . A identificação de m icrorganism os em secções coradas de m aterial de biópsia confirm a a autenticidade da cultura. C ertas M N T requerem tem peraturas de incubação m ais baixas (M. genavense), ou aditivos especiais (M. haemophilum ), para crescim ento. Algumas M N T (p. ex., M. tilburgii) perm anecem não cultiváveis, m as podem ser identificadas m olecularm ente em am ostras clínicas. O aspecto radiológico da doença m icobacteriana não tu b erc u losa no pulm ão depende da doença subjacente, da gravidade da in fecção e da m odalidade de estudo de im agem utilizada. O advento e aum ento do uso de TC têm possibilitado a identificação de alterações características que são altam ente com patíveis com infecção m icobac teriana não tuberculosa, tais com o o padrão em “árvore bro tan d o ” de inflam ação b ronquiolar (Fig. 167.2). O envolvim ento do lobo
Doenças Infecciosas Figura 167.2 TC de tórax de um paciente com infecção pulmonar por MAC. As setas indicam 0 padrão em "árvore brotando” de inflamação bronquiolar (periferia do pulmão direito) e bronquiectasia (área central dos pulmões direito e esquerdo).
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da língula e do lobo m édio direito é visto com um ente na TC de tó rax, m as é difícil de apreciar na radiografia simples. Bronquiectasia grave e form ação de caverna são com uns na doença m ais avançada. O isolam ento de M N T de am ostras respiratórias pode ser causa de confusão. M. gordonae frequentem ente é recuperada de am ostras res piratórias, m as geralm ente não é vista em esfregaços e quase nunca é um patógeno. Pacientes com b ronquiectasia ocasionalm ente têm M N T presente na cultura de escarro, com um esfregaço negativo. A A m erican Thoracic Society desenvolveu diretrizes para o diagnóstico de infecção com MAC, M . abscessus e M . kansasii. Um diagnóstico positivo requer o crescim ento de M N T em duas de três am ostras de expectoração, independentem ente dos achados de esfregaço; ou um a biópsia de am ostra do parênquim a p ulm onar com inflam ação granu lom atosa ou m icobactérias encontradas na secção, e M N T na cultura. Essas diretrizes provavelm ente tam bém se aplicam a outras M N T C onquanto m uitos laboratórios usem sondas de DNA para iden tificar M. tuberculosis, MAC, M. gordonae, e M. kansasii, a determ i nação da espécie de M N T ajuda a definir a terapia antim icobacteriana a ser usada. Som ente os testes de sensibilidade de m icrorganism os MAC à claritrom icina e de M. kansasii à rifam picina estão indicados; poucos dados dão suporte a outros testes de sensibilidade in vitro, em bora eles pareçam atrativos. Isolados de M AC que não tenham sido expostos a m acrolídios quase sem pre são sensíveis. M N T que tenham persistido após u m curso de terapia antim icrobiana frequen tem ente são testadas para sensibilidade a antibióticos, m as o valor e significado desses são indeterm inados.
■ PREVENÇÃO A profilaxia da doença p or MAC em pacientes infectados po r HIV é iniciada quando a contagem de linfócitos T CD4+ cai a < 50/(jlL. A zi trom icina ( 1.200 m g p or sem ana), claritrom icina (1.000 m g p or dia), ou rifabutina (300 m g p or dia) são efetivos. A profilaxia com m acro lídio em pacientes im unodeficientes que são susceptíveis às M N T (p. ex., aqueles com defeitos no eixo IFN -7 /IL -I2) não tem sido validada de m odo prospectivo, m as parece prudente.
TRATAMENTO
Micobactérias não tuberculosas
As M N T causam infecções crônicas que evoluem de form a relati vam ente lenta durante um p eríodo de sem anas a anos. Portanto, raram ente é necessário iniciar tratam ento em ergencial antes que o diagnóstico esteja claro e a espécie infectante seja conhecida. O tratam ento de M N T é complexo, frequentem ente m al tolerado e potencialm ente tóxico. Do m esm o m odo que na tuberculose, a terapia inadequada com fárm aco único quase sem pre se associa ao surgim ento de resistência antim icrobiana e recaída. A infecção p or M AC frequentem ente exige terapia com m úl tiplos fárm acos, a base da qual é u m m acrolídio (claritrom icina ou azitrom icina), etam butol e um a rifam icina (rifam picina ou rifabutina). Para a doença m icobacteriana não^tuberculosa dis sem inada em pacientes infectados p o r HIV, o uso de rifam icinas apresenta problem as especiais - isto é, interações das rifam icinas com inibidores de protease. Para a doença p ulm onar p or MAC, a adm inistração três vezes p o r sem ana de um m acrolídio, um a ri famicina e etam butol tem sido bem -sucedida. A terapia é prolon gada, geralm ente continuando p o r 12 meses depois da conversão da cultura; em geral, um curso dura pelo m enos 18 meses. O utros fárm acos com atividade co n tra m icrorganism os MAC incluem am inoglicosídios IV e em aerossol, fluoroquinolonas e clofazi m ina. Em pacientes idosos, a rifabutina pode exercer toxicidade significante. C ontudo, com esforços apenas m odestos, a m aioria dos esquem as antim icrobianos é bem tolerada pela m aioria dos pacientes. A ressecção de lesões cavitárias ou de segm entos com bronquiectasia grave tem sido defendida para alguns pacientes, especialm ente aqueles com infecções resistentes a m acrolídios. O sucesso da terapia para infecções pulm onares po r MAC depende
de se a doença é n odular ou cavitária, e se é inicial ou avançada, variando de 20% a 80%. A doença p ulm onar p or Aí. kansasii é sem elhante à tubercu lose em m uitas m aneiras, e tam bém é tratada efetivam ente com isoniazida (300 m g/d), rifam picina (600 m g/d) e etam butol (15 m g/kg po r dia). O utros fárm acos com atividade de nível m uito alto contra Aí. kansasii incluem claritrom icina, fluoroquinolonas e aminoglicosídios. O tratam ento deve continuar até que as cultu ras tenham sido negativas p or pelo m enos 1 ano. N a m aioria dos casos, a infecção po r M. kansasii é facilm ente curada. As m icobactérias de crescim ento rápido apresentam p ro blem as terapêuticos especiais. A doença extrapulm onar em um hospedeiro im unocom petente geralm ente deve-se a inoculação (p. ex., p o r m eio de cirurgia, injeções, ou traum a), ou à infecção de via de acesso, e, frequentem ente, é tratad a com sucesso com um m acrolídio e outro fárm aco (com a escolha baseada na sen sibilidade in vitro), juntam ente com a rem oção do foco ofensivo. Em contraste, a doença pulm onar, especialm ente a causada p or M. abscessus, é extrem am ente difícil de curar. C ursos repetidos de tratam ento habitualm ente são efetivos na redução da carga infecciosa e dos sintom as. O tratam en to geralm ente inclui um m acrolídio juntam ente com um agente adm inistrado por via IV, tal com o am icacina, um carbapenem , cefoxitina, ou tigeciclina. O utros agentes orais (usados de acordo com os testes de sensibili dade in vitro e a tolerância) incluem fluoroquinolonas, doxiciclina e linezolida. C om o as infecções m icobacterianas não tuberculosas são crônicas, devem ser tom ados cuidados no uso prolongado de fárm acos com neurotoxicidade, tais com o linezolida e etam butol. Piridoxina profilática tem sido sugerida nesses casos. D urações de terapia para doença pulm onar po r Aí. abscessus são difíceis de predizer, pois m uitos casos são crônicos e requerem terapia inter mitente. Consultas e tratam ento com especialistas são fortem ente recom endados. Um a vez reconhecida, a infecção p or Aí. m arinum é altam en te responsiva à terapia antim icrobiana, e é curada com relativa facilidade por qualquer com binação de um m acrolídio, etam butol e um a rifam icina. O tratam ento deve ser m antido p or 1 a 2 m e ses depois da resolução clínica de doença isolada de partes moles; o envolvim ento de tendões e ossos pode precisar de cursos m ais longos à luz da evolução clínica. O utros fárm acos com atividade contra M . m arinum incluem sulfonam idas, sulfam etoxazol-tri m etoprim a, doxiciclina e m inociclina.
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Agentes Antimicobacterianos Max R. 0 ’Donnell Jussi J. Saukkonen
■ PROGNÓSTICO Os desfechos das infecções m icobacterianas não tuberculosas estão in tim am ente ligados à condição subjacente (p. ex., defeito da via IFN -7 /IL -I2, fibrose cística) e podem variar da recuperação ao óbito. Sem tratam ento ou com tratam ento inadequado, os sintom as e sinais podem ser debilitantes, incluindo tosse persistente, febre, anorexia e grave destruição pulm onar. C om o tratam ento, os pacientes recupe ram força e energia. A duração ótim a da terapia quando persistem M N T na expectoração é desconhecida, m as o tratam ento nesta situa ção pode ser prolongado.
BIBLIOGRAFIA SK, H o i .l a n d SM: Anticytokine autoantibodies in infectious disea ses: Pathogenesis and mechanisms. Lancet Infect Dis 10:875,2010 D a l e y CL, G r i f f i t h DE: Pulmonary non-tuberculous mycobacterial infec tions. Int J Tuberc Lung Dis 14:665,2010 Fa l k i n h a m JOIII: Surrounded by mycobacteria: Nontuberculous mycobacteria in the human environment. J Appl Microbiol 107:356,2009 G r i f f i t h DE et al: American Thoracic Society: Diagnosis, treatment and pre vention of nontuberculous mycobacterial diseases. Am ] Respir Crit Care Med 175:367,2007 Kim RD et al: Pulmonary nontuberculous mycobacterial disease: Prospecti ve study of a distinct preexisting syndrome. Am J Respir Crit Care Med 178:1066, 2008 P r e v o t s DR e t a l: Nontuberculous mycobacterial lung disease prevalence at four integrated health care delivery systems. Am ] Respir Crit Care Med 182:970, 2010 S o l o g u r e n I et al: Partial recessive IFN-yRl deficiency: Genetic, immunological and clinical features of 14 patients from 11 kindreds. Hum Mol Genet 20:1509, 2011 Changing epidemiology of pulmonary nontuberculous mycobacteria infec tions. Emerg Infect Dis 16:1576, 2010 v a n d e V o s s e E et al: Genetic deficiencies of innate immune signalling in human infectious disease. Lancet Infect Dis 9:688,2009 W a l l i s RS: Infectious complications of tumor necrosis factor blockade. Curr Opin Infect Dis 22:403,2009 B row nf.
tru tu ra bem organizada para o diagnóstico e tratam ento da TB, os esforços terapêuticos e de controle são gravem ente dificultados. As infecções p or M N T têm ganhado proem inência nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos. F requentem ente, estes m icrorganis m os largam ente am bientais estabelecem infecção em pacientes im u nocom prom etidos, ou em pessoas com doença pulm onar estrutural.
TUBERCULOSE ■ PRINCÍPIOS GERAIS
Os agentes usados para o tratam ento de infecções m icobacterianas, inclusive tuberculose (TB), hanseníase (doença de H ansen) e infec ções p or m icobactérias não tuberculosas (M N T), são adm inistrados em regim es de fárm acos m últiplos em cursos prolongados. A tual m ente, mais de 150 espécies de m icobactérias já foram identificadas, a m aioria das quais não causam doença em seres hum anos. Enquanto a doença causada p or Af. tuberculosis tem estado em declínio nos E s tados Unidos, a TB perm anece um a causa im portante de m orbidade e m ortalidade nos países em desenvolvim ento - particularm ente na África subsaariana, onde a epidem ia de H IV recrudesce. Não são n e cessários apenas regim es farm acológicos efetivos; sem um a infraes
Agentes Antimicobacterianos
CAPÍ T ULO
O tratam ento das outras M N T é m enos bem definido, m as os m acrolídios e am inoglicosídios geralm ente são efetivos, com outros agentes adicionados conform e indicado. C onsulta com especialista é fortem ente encorajada para infecções difíceis ou in com uns p or MNT.
O prim eiro caso hum ano registrado de TB foi há 9.000 anos. As m o dalidades iniciais de tratam ento, tais com o sangria, foram substituí das p or regim es de sanatório no fim do século 19. A descoberta da estreptom icina, em 1943, deslanchou a era do tratam ento antibiótico para TB. Ao longo das décadas subsequentes, a descoberta de agen tes adicionais e o uso de regim es com m últiplos fárm acos perm itiu o encurtam ento progressivo do curso do tratam ento de anos para tão pouco com o 6 meses, com o regim e para TB com suscetibilidade aos fárm acos. A infecção latente p or TB (ILTB) e a doença TB ativa são diagnosticadas po r anam nese, exam e físico, teste cutâneo tuberculínico, teste de liberação de interferon 7 , im agens radiológicas e/ou
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Q U A D R 0 1 6 8 .1
Regimes para o tratamento da tuberculose infecção latente (ILTB) em adultos
f Regime Isoniazida
Esquema
Duração
Comentários
300 mg diariamente (5 mg/kg)
9 meses
Suplementar com piridoxina (25-50 mg diariamente). Os regimes bissemanais requerem terapia observada diretamente. Estudos de eficácia mais amplos são necessários.
Alternativa: 900 mg, 2x/semana (15 mg/kg) Rifampicina
600 mg diariamente (10 mg/kg)
4 meses
Isoniazida mais rifapentina 3
900 mg semanalmente + 900 mg semanalmente (15 mg/kg)
4 meses
Os regimes semanais requerem terapia observada diretamente. Suplementar com piridoxina (25-50 mg diariamente)
‘ Sob investigação.
Doenças Infecciosas
culturas para m icobactérias. A ILTB é tratad a ou com isoniazida (9 m ais altas de falha do tratam e n to ou de recidiva; p o rtan to , a terapia m eses), ou rifam picina (4 m eses) (Q uadro 168.1). in te rm iten te bissem anal p a ra TB em in d iv íd u o s coinfectados p o r Para TB doença ativa ou suspeita, fatores clínicos, inclusive coinH IV não é recom endada. fecção p o r HIV, duração dos sintom as, aspecto radiológico e preo A adesão a m edicam entos é crítica p a ra a consecução de cura cupações de saúde pública sobre transm issão de TB regem os testes com tera p ia a n tim ic o b a c te ria n a . C o n se q u e n te m e n te , a tera p ia diagnósticos e o início do tratam ento. Regimes de m últiplos fárm a observada d iretam e n te (T O D ) p o r pessoal trein ad o , ou no a m cos são usados para o tratam ento de TB (Q u ad ro 168.2). Inicialm en bulatório, ou em casa, é re co m en d a d a p a ra g a ran tir adesão. A di te, um a fase intensiva consistindo em quatro fárm acos - isoniazida, cionalm ente, o fo rn ecim en to m ensal de m ed ic am en to s p a ra TB rifam picina, pirazinam ida e etam butol, dados p or 2 meses - é segui é aconselhável, pois a m o n ito ra çã o clínica m ensal p ara h e p ato to da p o r um a fase de continuação com isoniazida e rifam picina p o r 4 xicidade p o r estes fárm acos é essencial para todos os pacientes. A m eses, para um a duração total do tratam ento de 6 meses. A fase de in terru p ção de agentes ofensivos suspeitos no início dos sintom as continuação é estendida para 7 m eses (com um a duração total do de hepatite reduz o risco de progressão para hepatite fatal. A m o n i tratam ento de 9 meses), se o curso de 2 m eses de pirazinam ida não toração clínica inclui, pelo m enos, a avaliação m ensal para sintom as for concluído, ou, para pacientes com TB cavitária, se as culturas de (náusea, vôm itos, d esconforto ab d o m in a l e fadiga inexplicável) e escarro perm anecerem positivas além de 2 meses (retardo de conver sinais (icterícia, u rin a escura, fezes claras, p ru rid o difuso) de h e são da cultura). patotoxicidade, em b o ra os últim o s rep resen tem m anifestações re O tratam en to de TB em indivíduos coinfectados p o r H IV ap relativam ente tardias (Q u a d ro 168.3). A presença de tais sintom as e senta desafios signifícantes, m as algum progresso está sendo feito. sinais obriga à suspensão tem p o rária dos agentes p o tencialm ente D ados recentes m o stram sobrevida m elh o rad a q u a n d o a terapia hepatotóxicos. A análise bioquím ica de, no m ínim o, alanina a m in o a n tirretro v iral (TARV) é iniciada cedo no tra ta m e n to da TB. In transferase e níveis de bilirru b in a total n o soro, e a exclusão de o u terações da rifam picina com inibidores de protease, ou inibidores tras causas destas anorm alidades, tam b é m estão indicadas. Para os não nucleotídios da transcriptase reversa, p o d em ser signifícantes, pacientes com TB ativa, culturas m ensais do escarro p ara m icobac e req u erem m o n ito ração pró x im a e ajustes de dose. A sín d ro m e térias são recom endadas até que seja certo que os m icrorganism os inflam atória de reconstituição im u n e (SIRI) da TB p o d e aparecer ten h am desaparecido e que o paciente ten h a resp o n d id o à terapia, tão cedo com o 1 sem ana depois do início da TARV, e se m anifesta ou até que não haja secreção disponível p ara cultura. com o p iora paradoxal ou desm ascaram en to de infecção pré-exisSe não ocorrer m elhora clínica significante, ou se a condição do tente p o r TB. O tratam en to conservador consiste na adm inistração paciente se d eteriorar du ran te o curso da terapia, as possibilidades c o n tin u a d a de TARV e m ed ic am en to s p a ra TB; c o n tu d o , a SIRI incluem falha do tratam en to devido à falta de adesão, à m á absor grave ou debilitante tem sido tra ta d a e m p irica m e n te com doses ção de m edicam ento, ou ao desenvolvim ento de resistência. Para os variáveis de glicocorticoides. A terapia in te rm iten te em pacientes pacientes coinfectados p o r H IV e M. tuberculosis, a síndrom e infla coinfectados p o r H IV e M . tuberculosis tem sido associada a n í m atória de reconstituição im une (SIRI) é um a possibilidade e é um veis plasm áticos baixos de v ários fárm acos chave p ara TB, e a taxas diagnóstico de exclusão, ou a resistência m icobacteriana deve ser
QUADRO 168.2
Abordagem simplificada ao tratamento da tuberculose ativa em adultos
| Resultados de cultura Cultura positiva
Fase intensiva
Fase de manutenção
Extensão total do tratamento
HRZE por 2 meses, diariamente ou intermitente (com ajuste de dose)
HR por 4 meses, diariamente ou 5 d/sem.
Até 9 meses, se 2 meses deZ não completados, ou conversão da cultura for prolongada3, e/ou cavitação for documentada
ou HR por 4 meses, intermitente (com ajuste de dose)
Cultura negativa
HRZE por 2 meses
Resistente a H
RZE ou S (Q6) por 6 meses
Resistente a R
HZEQ^AO por 2 meses
Resistente a HRd
ZEQ*(AIC) ± agentes alternativos* por 18-24 meses
2 meses
Até 6 meses, se o paciente estiver infectado por HIV Conversão de cultura prolongada, cavitação
HEQ(S) por 10-16 meses
Conversão de cultura prolongada, resposta retardada Conversão de cultura prolongada
âAlém de 2 meses.
bMoxifloxacina e levofloxacina são as fluoroquinolonas preferidas; ciprofloxacino deve ser evitado. cAgentes injetáveis: estreptomicina, amicacina, canamicina e capreomicina. ^0 manejo da TB resistente a múltiplos fármacos deve ser realizado por, ou em consulta com, um médico com experiência em TB. 0 tratamento cirúrgico deve ser considerado. eAgentes alternativos: ciclosserina, etionamida, ácido para-aminossalicílico, claritromicina, linezolida e amoxicilina-clavulanato.
Nota: E, etambutol; H, isoniazida; Al, agente injetável; Q, fluoroquinolona; R, rifampicina; S, estreptomicina; Z, pirazinamida.
1372
QUADRO 168.3
Monitoramento e manejo clínico do tratamento da tuberculose em adultos3
Fármaco
Manejo
Avaliação
Tratamento da ILTB Com fatores de risco hepático0, dosar ALT e bilirrubina na linha de base. Se ALT for > 3 x LSN, ou bilirrubina total for > 2, adiar o tratamento e reavaliar. Isoniazida
Determinar se fatores de risco hepático estão presentes. Se assim for, obter valores de linha de base e periódicos de ALT e bilirrubina
Se ALT for > 5 x LSN (ou > 3 x LSN com sintomas de hepatite) c, ou se a bilirrubina atingir níveis de icterícia (geralmente > 2 x LSN), interromper o tratamento. Com a normalização, considerar um agente alternativo.
Rifampicina
0 mesmo.
0 mesmo
Tratamento da TB Verificar ALT, bilirrubina, plaquetas, creatinina e bateria para hepatite em todos os pacientes na linha de base Se fatores de risco hepático estiverem presentes, dosar ALT e bilirrubina mensalmente. Isoniazida
Se ALT for > 5 x LSN (ou > 3 x LSN com sintomas de hepatite)c
Obter história de consumo de álcool e drogas concomitantes. Na maioria dos casos, suspender H. Z, R e outros fármacos hepatotóxicos. Considerar agentes alternativos. Obter sorologias para hepatite viral. Reexposição: Com a normalização das enzimas hepáticas, reintroduzir seqüencialmente R e depois H. Sem recorrência de hepatotoxicidade, não reiniciar Z. Protocolos alternativos de reexposição têm sido propostos.
Rifampicina
Se a elevação principal for da bilirrubina e da fosfatase alcalina, mais provavelmente é pela rifampicina.
Suspender R se a bilirrubina atingir níveis de icterícia (geralmente > 2 x LSN). Pode-se tentar reintroduzir. Se não tolerada, pode-se substituir por Q.
Etambutol
Diminuição da acuidade visual ou da visão de cores, ou aparecimento no rastreamento mensal.
Suspender etambutol e repetir exame ocular. Neuropatia periférica pode ser um precursor de toxicidade ocular; se ocorrer, considerar a repetição do exame ocular.
Pirazinamida
Se ALT for > 5 x LSN (ou > 3 x LSN com sintomas)c Se prolongamento de QTCfor descoberto incidentalmente no ECG
0 mesmo que para H Verificar audiometria e, pelo menos, BUN e creatinina mensalmente.
Resultados anormais de teste audiométrico, BUN, creatinina, eletrólitos, na linha de base ou na avaliação mensal
Suspender aminoglicosídio se não for MDR-TB. Quando apropriado, avaliar função renal, corrigir eletrólitos, ou solicitar consulta com ORL.
Fluoroquinolona Aminoglicosídio
aTodos os regimes requerem monitoramento clínico mensal. "Fatores de risco hepático: uso crônico de álcool, hepatite viral, doença do fígado preexistente, gravidez ou 3 meses pós-parto, medicamentos hepatotóxicos.
c Manifestações relevantes incluem náusea, vômitos, dor abdominal, icterícia, ou fadiga inexplicável. Nota: ALT, alanina aminotransferase; BUN, ureia sanguínea; H, isoniazida; Q, fluoroquinolona; R, rifampicina; Z, pirazinamida; LSN, limite superior da normalidade; MDR-TB, tuberculose resistente a múltiplos fármacos; ORL, otorrinolaringologista.
suspeitada. Os testes de sensibilidade aos fárm acos devem ser repe tidos neste ponto. Se a resistência for docum entada, ou fortem ente suspeitada, pelo m enos dois fárm acos eficazes aos quais o isolado seja sensível, ou que o paciente ainda não tenha tom ado, devem ser acrescentados ao esquem a terapêutico. A tuberculose resistente a m últiplos fárm acos (M DR-TB) é d e finida com o doença causada p o r um a cepa de M. tuberculosis que é resistente tanto à isoniazida com o à rifam picina - os m ais eficazes dos m edicam entos de prim eira linha para TB. O risco de MDR-TB é elevado em pacientes procedentes de áreas geográficas nas quais > 5% da TB incidente é MDR-TB, e em pacientes previam ente tr a tados para TB. Os regim es de tratam ento para MDR-TB geralm ente incluem um a fluoroquinolona de últim a geração e um agente injetá vel de segunda linha (tal com o capreom icina, canam icina, ou am ica cina). Esquem as de pelo m enos cinco fárm acos são recom endados para o tratam ento de MDR-TB. Tanto regim es padronizados com o otim izados/adaptados estão em uso ao redor do m undo. A tu b ercu lose extensam ente resistente a fárm acos (XDR-TB) é definida com o M DR-TB com resistência adicional a algum a fluoroquinolona, e a pelo m enos um dos agentes injetáveis de segunda linha. O tratam en to da XDR-TB é individualizado, com base em testes estendidos de sensibilidade antim icrobiana. Esquem as terapêuticos para MDR-TB ou XDR-TB devem ser construídos com inform ações de clínicos ex perientes no m anejo de TB.
■ FÁRMACOS ANTITUBERCULOSE DE PRIMEIRA UNHA Isoniazida A isoniazida é um fárm aco indispensável para o tratam ento, tanto da TB doença com o da ILTB. Ela tem atividade bactericida excelen te, tanto intracelular com o extracelular, dividindo ativam ente o M. tuberculosis. Este fárm aco é bacteriostático contra m icrorganism os que se dividem lentam ente. No tratam en to da ILTB, a isoniazida é considerada o agente de p rim eira linha, porque ela é geralm ente bem tolerada, tem eficácia bem estabelecida e é barata. N esta situação, o fárm aco é tom ado diariam ente ou de form a interm itente (isto é, 2x/ sem ana) com o TOD, p o r 9 meses. O curso de 9 m eses é mais eficaz que o de 6 meses (75-90% vs. < 65%), m as a extensão do tratam ento para 12 m eses não tem probabilidade de conferir proteção adicional. Um curso de 6 m eses de isoniazida diária ou interm itente é conside rado terapia de segunda linha, m as aceitável. Para o tratam ento de TB, a isoniazida é usada em com binação com outros agentes para g arantir a m o rte dos m icrorganism os M. tuberculosis, tanto em divisão ativa, com o de crescim ento lento, “persistentes”. A m enos que o m icrorganism o seja resistente, o regi m e padrão inclui isoniazida, rifam picina, etam butol e pirazinam ida (Q uadro 168.2). A isoniazida frequentem ente é dada ju n to com 25 a 50 m g de piridoxina p or dia, para prevenir a neuropatia periférica relacionada com o fármaco.
> O O CT 03 O 03 r3 o co
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Mecanismo de ação
A isoniazida é um pró-fárm aco ativado pela catalase/peroxidase KatG m icobacteriana; ela se acopla ao d inucleotídio de nicotinam ida e ad en in a (N A D H ). O com plexo isonicotínico acil-N A D H bloqueia a cetoenoilredutase m icobacteriana conhecida com o InhA , p re n d en d o -se a seu substrato e inib in d o a ácido graxo sintase, e, finalm ente, a síntese do ácido m icólico. Os ácidos m icólicos são requisitos essenciais para a parede celular m i cobacteriana. A ativação da isoniazida p o r KatG tam bém resulta na liberação de radicais livres que têm atividade an tim icobacteriana, inclusive o óxido nítrico. As concentrações inibitórias m ínim as (MICs) de isoniazida para cepas do tipo selvagem (não tratadas) sensíveis são de < 0,1 pg/m L , para Aí. tuberculosis, e de 0,5 a 2 |xg/mL, para Aí. kansasii.
Farmacologia
A isoniazida é a hidrazida do ácido isonicotínico, um a m olécula pequena, hidrossolúvel. A dose diária oral habitual de 300 mg, para adultos, resulta em níveis séricos pico de 3 a 5 |xg/mL d en tro de 30 m inutos a 2 horas após ingestão - bem acim a da M IC para a m aioria das cepas sensíveis de Aí. tuberculosis. Tanto preparados orais com o IM de isoniazida conseguem bons níveis no corpo, em bora antiácidos e refeições ricas em carboidratos possam interferir com a absorção oral. A isoniazida difunde-se bem através do corpo, alcançando concentrações terapêuticas em cavida des e líquidos corporais, com as concentrações no líquido cerebrospinal (LCS) com paráveis às do soro. A isoniazida é m etabolizada no fígado através de acetilação pela N -acetiltransferase 2 (NAT2) e hidrólise. O correm fenótipos tanto de acetilação rápida com o lenta; os pacientes que são “acetiladores rápidos” podem ter níveis séricos mais baixos de isoniazida, ao passo que os acetiladores lentos podem ter níveis m ais altos e experim en tar m ais toxicidade. Níveis satisfatórios de isoniazida são atingidos na m aioria dos acetiladores NAT2 rápidos hom ozigotos recebendo um a dose de 6 m g/kg, e na m aioria dos acetiladores lentos hom ozi gotos recebendo apenas 3 mg/kg. A genotipagem está sendo usada de m odo crescente para caracterizar respostas farm acogenôm icas rela cionadas com a isoniazida. As interações da isoniazida com outros fárm acos devem -se p ri m ariam ente a sua inibição do sistem a do citocrom o P450. Entre os fárm acos com interações signifícantes com a isoniazida estão var farina, carbam azepina, benzodiazepínicos, acetam inofeno, clopido grel, m araviroque, dronedarona, salm eterol, tam oxifeno, eplenerone e fenitoína.
Doenças Infecciosas
Dosagem A dose diária recom endada para o tratam ento da TB nos Estados U nidos é de 5 m g/kg, para adultos, e de 10 a 20 mg/kg, para crianças, com um a dose diária m áxim a de 300 m g p ara ambos. Para terapia interm itente em adultos (geralm ente 2x/sem ana), a dose é de 15 mg/kg, com um a dose m áxim a diária de 900 mg. A isoniazida não requer ajuste de dosagem em pacientes com doença renal. Resistência
Em bora a isoniazida seja, juntam ente com a rifam pici na, o esteio dos esquem as de tratam ento para TB, -7 % dos isolados clínicos de M. tuberculosis nos Estados U nidos são resistentes. As ta xas de resistência prim ária à isoniazida entre pacientes não tratados são significantem ente m ais altas em m uitas populações nascidas fora dos Estados Unidos. Q uatro vias separadas para resistência à iso niazida já foram elucidadas. A m aioria das cepas tem alterações de am inoácidos, ou no gene catalase-peroxidase (katG ), ou no gene m icobacteriano cetoenoilredutase (inhA ). C om frequência m enor, alte rações em kasA, o gene para um a enzim a envolvida no alongam ento do ácido micólico, e a perda de atividade da desidrogenase 2 NADH, conferem resistência à isoniazida.
Efeitos adversos
Em bora, de um m odo geral, a isoniazida seja bem tolerada, lesão hepática induzida pelo fárm aco e neu ro p atia p e ri férica são efeitos adversos signifícantes associados a esse agente. A isoniazida pode causar elevação tran sitó ria assintom ática dos n í veis de am inotransferases (frequentem ente d en o m in ad a adaptação hepática) em até 20% dos que a recebem . O u tras reações adversas incluem erupção cutânea (2%), febre (1,2%), anem ia, acne, sintom as artríticos, um a síndrom e sem elhante ao lúpus eritem atoso sistêmico, 1374
atrofia óptica, convulsões e sintom as psiquiátricos. H epatite sinto m ática ocorre em m enos de 0, 1% das pessoas tratadas com isoniazi da isoladam ente para ILTB, e hepatite fulm inante com insuficiência hepática aparece em m enos de 0,01%. A hepatite associada à iso niazida é idiossincrásica, m as sua incidência aum enta com a idade, consum o diário de álcool, e em m ulheres que estejam d entro de 3 m eses p ós-parto. E m pacientes que têm d istú rb io s hep ático s ou infecção p or HIV, gestantes ou no p e río d o de 3 m eses pós-parto, com histórico de doença do fígado (p. ex., hepatite B ou C, hepatite alcoólica ou cirrose), que usam álcool regularm ente, que têm m últiplos proble m as m édicos, ou que ten h a m outros fatores de risco p a ra hepatopatia crônica, os riscos e benefícios do tratam en to da ILTB devem ser ponderados. Se o tratam en to for encetado, tais pacientes devem ter concentrações séricas de alanina am inotransferase (ALT) dosa das na lin h a de base. Teste hepático ro tin eiro de ALT na linha de base, som ente p o r causa de idade > 35 anos, é opcional, e depende de considerações individuais. O m o n itoram ento bioquím ico m ensal d urante o tratam en to com isoniazida está indicado p ara pacientes cujas provas de função hepática na linha de base derem resultados anorm ais, e para os pacientes em risco de doença hepática, inclusive os grupos já m encionados. D iretrizes recom endam que a isoniazida seja suspensa na presença de sintom as de hepatite ou icterícia e nível de ALT três vezes o lim ite superior da norm alidade, ou, na ausência de sintom as, com um nível de ALT cinco vezes o lim ite superior n o r m al (Q uadro 168.3). A neu ro p atia periférica associada à isoniazida ocorre em até 2% dos pacientes recebendo 5 m g/kg. A isoniazida parece interferir com o m etabolism o da p iridoxina (vitam ina B6). O risco de neurotoxicidade relacionada com isoniazida é m aior para os pacientes com distúrbios preexistentes que tam bém representam um risco de neuropatia, tais com o infecção p o r HIV; para aqueles com diabetes melito, abuso de álcool, ou m á nutrição; e para aqueles recebendo si m ultaneam ente outros m edicam entos potencialm ente neuropáticos, tais com o estavudina. Estes pacientes devem receber profilaxia com piridoxina (25-50 m g/dia).
Rifampicina A rifam picina é um derivado sem issintético de Amycolatopsis rifam ycinica (conhecido a n te rio rm e n te com o Streptom yces mediterranei). Sendo o agente antim icobacteriano m ais ativo disponível, a rifam picina é a pedra angular do tratam ento de prim eira linha da TB. Introduzido em 1968, este fárm aco finalm ente possibilitou o encur tam ento drástico do tratam ento da TB. A rifam picina tem atividade bactericida contra M. tuberculosis, tanto em divisão com o não, com ação esterilizante. O m edicam ento tam bém é ativo contra um a varie dade de outros m icrorganism os, inclusive algum as bactérias Gram -positivas e Gram -negativas, Legionella, M. kansasii e M. m arinum . A rifam picina, adm inistrada p o r 4 meses, tam bém é um agente alternativo à isoniazida p ara o tratam e n to de ILTB, em bora dados de eficácia ainda sejam escassos. Já se encontrou que um curso de 3 m eses de rifam picina é sim ilar em eficácia a um curso de 6 meses de isoniazida. Em bora o regim e de 4 meses de rifam picina ainda não te nha sido com parado com 9 m eses de isoniazida, estudos random iza dos de segurança e tolerabilidade indicam que as taxas de suspensão, hepatotoxicidade e reações adversas são m ais baixas com a prim eira do que com a últim a. As taxas de conclusão do tratam ento tam bém são m ais altas para o esquem a de 4 m eses de rifam picina.
Mecanismo de ação
A rifam p icin a exerce atividade bactericida, tan to in tra ce lu la r com o extracelular. C o m o o u tra s rifam icinas, a rifam picina p re n d e-se especificam ente a, e inibe, a polim erase RNA m icobacteriana d e p en d e n te de D N A, b loqueando a síntese de RNA. C epas sensíveis de M . tuberculosis, bem com o de M. kansasii e M. m arin u m , são inibidas p o r c o n ce n tra ç õ es de rifam picina de 1 (xg/mL.
Farmacologia A rifam picina é u m a m olécula m acrocíclica com ple xa, lipossolúvel, rapidam ente absorvida após adm inistração oral. N í veis séricos de 10 a 20 |xg/m L são conseguidos 2,5 horas depois da
dose oral habitual de adulto de 10 m g/kg (dada sem alim ento). A ri fam picina tem um a m eia-vida de 1,5 a 5 horas. O fárm aco distribui-se bem através da m aioria dos tecidos do corpo, inclusive LCS. A rifam picina confere aos líquidos corpóreos, tais com o urina, saliva, secreção e lágrim as, um a coloração laranja-averm elhada - um efeito que oferece um meio simples de se avaliar a adesão do paciente a este m edicam ento. A rifam picina é excretada prim ariam ente p or m eio da bile e entra na circulação entero-hepática; < 30% de um a dose é ex cretada pelos rins. Com o um indutor potente do sistem a citocrom o hepático P450, a rifam picina pode reduzir a m eia-vida de alguns fárm acos, tais com o digoxina, varfarina, fenitoína, prednisona, ciclosporina, m etadona, contraceptivos orais, claritrom icina, agentes antifúngicos azólicos, quinidina e antirretrovirais inibidores de protease e inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa. O Centers for Disease C ontrol and Prevention prom ulgou diretrizes para o m anejo de interações m edicam entosas durante o tratam ento da coinfecção p o r H IV e M. tuberculosis (www.cdc.gov/tb/).
Dosagem A dose diária de rifam picina é de 10 m g/kg, para adultos, e 10 a 20 mg/kg, para crianças, com um m áxim o de 600 m g/d para ambos. O fárm aco é dado 1 vez p o r dia, 2 vezes p o r sem ana, ou 3 vezes por sem ana. N enhum ajuste de dose ou de frequência é neces sário em pacientes com insuficiência renal. Resistência
Resistência à rifam picina em M. tuberculosis, M. leprae e outros m icrorganism os é a conseqüência de m utações pontuais es pontâneas, com “troca de sentido” (missense), em um a região central do gene bacteriano que codifica para a subunidade p da p olim era se RNA (rpoB). A polim erase RNA alterada desta m aneira não está m ais sujeita a inibição pela rifam picina. A m aioria das M N T de cres cim ento rápido e lento alberga resistência intrínseca à rifam picina, para a qual o m ecanism o ainda não foi determ inado.
Efeitos adversos
Eventos adversos associados à rifam picina são in comuns, e geralm ente leves. A hepatotoxicidade devido à rifam picina isoladam ente é incom um na ausência de doença hepática preexis tente e, frequentem ente, consiste em h ip erb ilirru b in em ia isolada, em vez de elevação de am inotransferase. O u tras reações adversas incluem erupção cutânea, prurido, sintom as gastrintestinais e panci topenia. Raram ente, um a reação de hipersensibilidade pode ocorrer com a terapia interm itente, m anifestando-se com o febre, calafrios, m al-estar geral, exantem a e - em alguns exem plos - insuficiência re nal e hepática.
Etambutol
Mecanismo de ação O etam butol é bacteriostático contra M. tu b er culosis. Seu m ecanism o de ação prim ário é a inibição das arabinosiltransferases envolvidas na síntese da parede celular, que provavel m ente im pede a form ação de arabinogalactano e lipoarabinom anana. Farmacologia e dosagem
De um a só dose de etambutol, 75 a 80% são absorvidos dentro de 2 a 4 horas da administração. Os níveis séricos atingem o pico e m 2 a 4 fxg/mL após a dose diária padrão de adulto de 15 mg/kg. O etam butol é bem distribuído p o r todo corpo, exceto no LCS; um a dosagem de 25m g/kg é necessária para se atingir um nível no LCS m etade do sérico. Para terapia interm itente, a dose é de 50 m g/kg duas vezes p or sem ana. Para prevenir toxicidade, a dosagem deve ser dim inuída e a frequência de adm inistração reduzida nos p a cientes com insuficiência renal.
Resistência A resistência ao etam butol em M . tuberculosis e M N T está associada prim ariam ente a m utações missense no gene embB que codifica para arabinosiltransferase. M utações têm sido encontradas em cepas resistentes no códon 306, em 50 a 70% dos casos. M utações em embB306 podem causar aum ento significante da M IC de etam bu tol, resultando em resistência clínica.
Pirazinamida Um análogo da nicotina, a pirazinam ida é um fárm aco bactericida im portante, usado na faze inicial do tratam ento da TB. Sua adm inis tração pelos prim eiros 2 m eses de terapia com rifam picina e isonia zida perm ite que a duração do tratam ento seja encurtada de 9 meses para 6 meses, e dim inui as taxas de recidiva.
Mecanismo de ação
A atividade antim icobacteriana da pirazinam i da é lim itada, essencialm ente, a M . tuberculosis. O fárm aco é mais ativo co n tra os m icro rg an ism o s que replicam lentam ente, do que contra m icrorganism os que replicam ativam ente. A pirazinam ida é um p ró-fárm aco que é convertido pela pirim idase m icobacteriana à form a ativa, ácido p irazinoico (PO A ). Este agente só é ativo em am bientes ácidos (pH < 6,0), com o são en co n trad o s den tro de fa gócitos ou de granulom as. O m ecanism o exato de ação do POA é obscuro, m as a sintetase 1 de ácidos graxos p o d e ser o alvo prim ário no M. tuberculosis.
Farmacologia e dosagem
A pirazinam ida é bem absorvida após a d m inistração oral, com pico de concentrações séricas de 20 a 60 p,g/ mL em 1 a 2 horas depois da ingestão da dose diária de adulto reco m endada de 15 a 30 m g/kg (m áxim o, 2 g/d). Ela se distribui bem em vários com partim entos do corpo, inclusive LCS, e é um com ponente im portante do tratam ento para m eningite tuberculosa. A m eia-vida sérica do fárm aco é de 9 a 11 horas, com função renal e hepática n o r mais. A pirazinam ida é m etabolizada no fígado a POA, 5-hidroxipirazinam ida e 5-hidroxi-PO A . U m a proporção alta de pirazinam ida e de seus m etabólitos (-70% ) é excretada na urina. A dose deve ser ajustada de acordo com o nível de função renal, em pacientes com depuração de creatinina reduzida.
Agentes Antimicobacterianos
O etam butol é um agente antim icobacteriano bacteriostático, p rim ei ram ente sintetizado em 1961. Um com ponente do regim e padrão de prim eira linha, o etam butol fornece sinergism o com os outros fárm a cos do esquem a, e geralm ente é bem tolerado. As espécies sensíveis incluem M . tuberculosis, M. m arinum , M . kansasii e m icrorganism os do com plexo M. avium (M AC); entretanto, entre os fárm acos de prim eira linha, o etam butol é o m enos potente contra M . tuberculo sis. Este m edicam ento tam bém é usado em com binação com outros agentes na fase de continuação do tratam ento, em pacientes que não podem tolerar isoniazida ou rifam picina, ou que estão infectados com m icrorganism os resistentes a um dos últim os fárm acos.
Efeitos adversos O etam butol habitualm ente é bem tolerado, e não tem interações signifícantes com outros fárm acos. N eurite óptica, o efeito adverso m ais sério relatado, se apresenta com o acuidade visual reduzida, escotom a central e perda da capacidade de ver o verde (ou, m enos com um ente, o verm elho). A causa desta neurite é desconhe cida, m as pode ser devida a um efeito do etam butol sobre as células am ácrinas e bipolares da retina. Em geral, os sintom as se desenvol vem vários meses depois do início da terapia, m as tem sido descrita toxicidade ocular logo depois da introdução do etam butol. O risco de toxicidade ocular é dependente de dose, com ocorrência em 1 a 5% dos pacientes, e pode ser aum entada p o r insuficiência renal. O uso rotineiro de etam butol em crianças pequenas não é recom endado, pois pode ser difícil o m onitoram ento para com plicações visuais. Se for suspeitada TB resistente a fárm acos, o etam butol pode ser usado em crianças. Todos os pacientes com eçando a terapia com etam butol devem ter um teste de linha de base para acuidade visual, cam pos visuais e visão de cores, e se subm eter a um exam e de fundo de olho. A acui dade visual e a visão de cores devem ser m onitoradas m ensalm ente ou m enos frequentem ente, conform e o necessário. A suspensão do etam butol em resposta a sintom as precoces de toxicidade ocular re sulta em reversão do déficit d entro de vários meses. A recuperação com pleta da função visual pode levar até 1 ano. Nos idosos e em p a cientes nos quais os sintom as não são reconhecidos cedo, os déficits podem ser perm anentes. A lguns especialistas pensam que a suplem entação com hidroxicobalam ina (vitam ina B12) é benéfica para p a cientes com toxicidade visual relacionada com etam butol. O utros efeitos adversos do etam butol são raros. N europatia sen sorial periférica ocorre raram ente.
Efeitos adversos Nas doses m ais elevadas usadas anteriorm ente, a hepatotoxicidade era vista em tan to q uanto 15% de pacientes trata dos com p irazinam ida. E n tretan to , nas dosagens recom endadas
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atualm ente, ela ocorre m enos com um ente quando esse fárm aco é ad m inistrado com isoniazida e rifam picina, d urante o tratam ento de TB. Idade m ais avançada, doença hepática ativa, infecção p or HIV e níveis baixos de album ina podem aum entar o risco de hepatotoxici dade. O uso de pirazinam ida com rifam picina para o tratam ento de ILTB não é mais recom endado, por causa de taxas inaceitáveis de h e patotoxicidade e m orte neste cenário. H iperuricem ia é um efeito a d verso com um da terapia com pirazinam ida, que, geralm ente, pode ser m anejado de form a conservadora. G ota clínica é rara. E m bora a p irazinam ida seja recom endada p o r orga nizações internacionais para uso de rotina na gravidez, ela não o é nos Estados U nidos p or causa de dados inadequa dos sobre teratogenia.
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Resistência A base da resistência à pirazinam ida no M . tuberculo sis é um a m utação no gene pncA que codifica para pirazinam idase, a enzim a que converte o p ró-fárm aco em PO A ativo. Resistência à pirazinam ida está associada a perda de atividade da p iraz in a m id a se, que im pede a conversão de p irazinam ida em POA. D os isolados de M. tuberculosis resistentes à p irazinam ida, 72 a 98% têm m u ta ções em \oncA. M étodos convencionais de testes para sensibilidade à pirazin a m ida podem produzir tanto resultados falsos negativos com o falsos positivos, porque o am biente de alta acidez necessário para a ativa ção do fárm aco tam bém inibe o crescim ento de M. tuberculosis. Há algum a controvérsia quanto ao significado clínico da resistência à pirazinam ida in vitro.
■ FÁRMACOS SUPLEMENTARES DE PRIMEIRA LINHA Rifabutina A rifabutina, um derivado sem issintético da rifam icina S, inibe a p o lim erase RNA m icobacteriana dependente de DNA. E m bora ela seja ativa in vitro contra algum as cepas de M. tuberculosis resistentes à rifam picina, sua utilidade clínica nesta situação não está clara. A ri fabutina é m ais ativa que a rifam picina contra m icrorganism os MAC e outras MNT, in vitro. A rifabutina é recom endada em lugar da rifam picina para o tra tam ento de indivíduos coinfectados com HIV, que estejam tom ando inibidores de protease ou inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa, particularm ente a nevirapina. O efeito da rifabutina sobre a indução de enzim as hepáticas é m enos p ro nunciado que o da rifam picina. Os inibidores da protease p odem causar aum entos significantes em níveis de rifabutina, por m eio da inibição do m eta bolism o hepático.
Farmacologia
Sem elhante à rifam picina, a rifabutina é lipofílica e é absorvida rapidam ente após adm inistração oral, atingindo pico de níveis séricos 2 a 4 horas depois da ingestão. A rifabutina se distribui m elhor nos tecidos, alcançando níveis 5 a 10 vezes m ais altos que os do plasma. Ao contrário da rifam picina, a rifabutina e seus m etabóli tos são parcialm ente depurados pelo sistem a m icrossôm ico hepático. A depuração vagarosa da rifabutina resulta em um a m eia-vida sérica m édia de 45 horas, m uito m ais longa que a m eia-vida de 3 a 5 horas da rifam picina. A claritrom icina (m as não a azitrom icina) e o flu conazol parecem aum entar os níveis de rifabutina, p o r inibição do m etabolism o hepático.
Efeitos adversos A rifabutina geralm ente é bem tolerada, com efei tos adversos ocorrendo em doses m ais elevadas. Os efeitos adversos m ais com uns são gastrintestinais; outras reações incluem erupção cutânea, cefaleia, astenia, dor torácica, m ialgia e insônia. E ntre as reações colaterais m enos com uns estão febre, calafrios, um a sín d ro m e gripai, uveíte anterior, hepatite, diarréia associada a Clostridium difficile, um a síndrom e de polim ialgia difusa e um a coloração am are la da pele (“pseudoicterícia”). A norm alidades laboratoriais incluem neutropenia, leucopenia, tro m bocitopenia e níveis aum entados de enzim as hepáticas. Resistência A resistência à rifabutina é m ediada p o r algum as m u tações em rpoB.
Rifapentina A rifapentina é um a ciclopentil rifam icina sem issintética, que c o m partilh a um m ecanism o de ação com a rifam picina. A rifapentina é lipofílica, e tem um a m eia-vida p rolongada que perm ite a dosagem sem anal ou duas vezes p o r sem an a (em b o ra as doses e frequência de adm in istração ainda estejam sendo estudadas ativam ente). D e vido a taxas m ais altas de recidiva, a rifap e n tin a n ão é aprovada para adm inistração a pacientes com doença p o r HIV. Ela está sendo estudada p ara tratam e n to de ILTB, em u m regim e de com binação sem anal com isoniazida d a d o p o r 3 m eses (versus o esquem a p a drão de 9 meses).
Farmacologia D epois da adm inistração oral, a rifapentina atinge o pico de concentrações séricas em 5 a 6 horas, e consegue um estado estável em 10 dias. A m eia-vida da rifapentina e de seu m etabólito ativo, 25-desacetil rifapentina, é - 1 3 horas. A dose adm inistrada é excretada pelo fígado. Efeitos adversos
O perfil de efeitos adversos da rifapentina é sim ilar ao de outras rifam icinas. A rifapentina é teratogênica em m odelos anim ais, e é relativam ente contraindicada n a gravidez.
Resistência
A resistência à rifapentina é m ediada por m utações em rpoB. As m utações que causam resistência à rifam picina tam bém causam resistência à rifapentina.
Estreptomicina A estreptom icina foi o p rim eiro agente antim icobacteriano usado para o tratam en to de TB. D erivada do Streptomyces griseus, a estrep to m icin a é bactericid a c o n tra m icro rg a nism os Aí. tuberculosis em divisão, m as tem atividade bactericida inicial apenas de baixo nível. Este fárm aco é a d m in istrad o so m en te pelas vias IM e IV. Nas nações desenvolvidas, a estreptom icina é usada pouco frequentem ente, p o r causa de sua toxicidade, da in conveniência das injeções e da resistência ao fárm aco. Em países em desenvolvim ento, entretanto, a estreptom icina é usada p o r causa de seu baixo custo.
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Mecanismo de ação A estreptom icina inibe a síntese de proteína, p or ligação a um sítio no ribossom o m icobacteriano 30S. Farmacologia e dosagem Os níveis séricos de estreptom icina fazem pico em 25 a 45 (xg/mL, depois de u m a dose de 1 g. Este agente p e netra m al no LCS, atingindo níveis que são apenas 20% dos níveis séricos. A dose diária usual de estreptom icina (dada IM diariam ente, ou 5 dias por sem ana) é de 15 m g/kg, para adultos, e 20 a 40 mg/kg, para crianças, com um m áxim o de 1 g/d para am bos. Para pacientes > 60 anos de idade, 10 m g/kg é a dose diária recom endada, com um m áxim o de 750 m g/dia. C om o a estreptom icina é elim inada quase exclusivam ente pelos rins, seu uso em pacientes com deficiência re nal deve ser evitado, ou im plem entado com cautela, com doses mais baixas e adm inistração m enos freqüente. Efeitos adversos
Reações adversas o co rrem freqüentem ente com a estreptom icina (10-20% dos pacientes). O totoxicidade (p rim aria m ente toxicidade vestibular), n e u ro p atia e toxicidade renal são as mais com uns e as m ais sérias. A toxicidade je n a l, geralm ente m ani festada com o insuficiência renal não oligúrica, é m enos com um com a estreptom icina que com outros am inoglicosídios usados frequen tem ente, tais com o a gentam icina. As m anifestações de toxicidade vestibular incluem perda de equilíbrio, vertigem e zum bido. Os p a cientes recebendo estreptom icina devem ser m onitorados cuidado sam ente para esses efeitos adversos, fazendo audiom etria na linha de base, e m ensalm ente daí em diante.
Resistência
M utações espontâneas conferindo resistência à estrep tom icina são relativam ente com uns, ocorrendo em 1 em 106 m icror ganism os. Nos dois terços de cepas de M. tuberculosis resistentes à estreptom icina exibindo alto nível de resistência, m utações têm sido identificadas em um de dois genes: um gene 16S rRNA (rrs), ou o gene codificando a p roteína ribossôm ica S12 (rpsL). A credita-se que am bos os alvos estejam envolvidos n a ligação ribossôm ica da estrep-
tom icina. C ontudo, resistência de baixo grau, que é vista em cerca de um terço dos isolados resistentes, não tem m utação de resistência associada. Um gene (gidB) que confere resistência de baixo grau à es treptom icina foi identificado recentem ente. Cepas de M. tuberculosis resistentes à estreptom icina geralm ente não têm resistência cruzada com capreom icina ou amicacina.
■ FÁRMACOS ANTITUBERCULOSE DE SEGUNDA LINHA Os agentes antituberculose de segunda linha são indicados para o tratam ento de TB resistente a fárm acos, para pacientes que são into lerantes ou alérgicos a agentes de prim eira linha, e quando m edica m entos suplem entares de prim eira linha não estão disponíveis.
Fluoroquinolonas
Capreomicina A capreom icina, um antibiótico peptíd io cíclico derivado do Streptomyces capreolus, é um agente de segunda linha im p o rtan te usado para tratam ento de MDR-TB, p a rticu larm en te q uando é d o c u m e n tad a resistência adicional a am inoglicosídios. A capreom icina é ad m in istrad a pela via IM; um p re p ara d o inalado está em estudo. U m a dose de 15 m g/kg p o r dia é dada cinco a sete vezes p o r sem ana (dose m áxim a diária, 1 g), e resulta em níveis séricos pico de 20 a 40 |xg/mL. A dose p o d e ser reduzida p a ra 1 g, 2 o u 3 vezes po r sem ana, 2 a 4 m eses depois que as cu ltu ras p ara m icobactérias se to rn em negativas. Para indivíduos com > 60 anos de idade, a dose deve ser reduzida para 10 m g/kg p o r dia (dose m áxim a diária, 750 mg). Para pacientes com insuficiência renal, o fárm aco deve ser de m odo in term iten te e em dosagem m ais baixa (12-15 m g/kg, 2 ou 3x/sem ana). U m a duração m ín im a de 3 m eses é recom endada para o tratam ento de MDR-TB. A credita-se que a penetração de capreo m icina no LCS seja pobre. O m ecanism o de ação da capreom icina não é bem com preen dido, m as envolve interferência com o ribossom o bacteriano e inibi ção da síntese proteica. A resistência à capreom icina está associada
Amicacina e canamicina A am icacina e a canam icina são am inoglicosídios que exercem ati vidade m icobacteriana p or ligação à subunidade ribossôm ica 16S. O espectro de atividade antibiótica para am icacina e canam icina inclui Aí. tuberculosis, várias espécies de MNT, e bactérias aeróbias Gram -negativas e G ram -positivas. E m bora a am icacina seja altam ente ati va contra Aí. tuberculosis, ela só é usada pouco frequentem ente por causa de seus efeitos colaterais significantes. A dose diária habitual de adulto, tanto de am icacina com o de canam icina, é de 15 a 30 mg/kg dados IM ou IV (dose diária m áxim a, 1 g), com um a redução de 10 m g/kg p ara pacientes com idade > 60 anos. Para pacientes com insu ficiência renal, a dose e a frequência devem ser reduzidas (12-15 m g/ kg, 2 ou 3x/semana. A resistência m icobacteriana deve-se a m utações no gene RNA que codifica o ribossom o 16S. Resistência cruzada en tre canam icina, am icacina e capreom icina é com um . Isolados resis tentes à estreptom icina frequentem ente são sensíveis a am icacina ou canam icina. Os efeitos adversos da am icacina incluem ototoxicidade (em até 10% dos que a recebem , com disfunção auditiva o c o rre n do m ais com um ente que a toxicidade vestibular), nefrotoxicidade e neurotoxicidade. A canam icina tem um perfil de efeitos colaterais sem elhante, m as é pensado que as reações adversas sejam m enos fre qüentes e m enos graves.
Etionamida A etionam ida é um derivado do ácido isonicotínico. Seu m ecanis m o de ação é p o r m eio da inibição do p ro d u to do gene inhA p ro teína tran sp o rtad o ra enoil-acil (acp) redutase, que está envolvida na síntese do ácido m icólico. A etionam ida é bacteriostática contra M. tuberculosis m etabolicam ente ativo, e algum as MNT. Ela é usada no tratam ento de TB resistente a fárm acos, m as sua utilização é lim ita da pelas reações gastrintestinais intensas (inclusive d or abdom inal, náusea e vôm itos), assim com o p o r efeitos colaterais neurológicos centrais e periféricos, hepatite reversível (em -5 % dos que a rece bem ), reações de hipersensibilidade e hipotireoidism o. A etionam i da deve ser tom ada com alim ento, para reduzir os efeitos gastrin testinais, e com p iridoxina (50-100 m g/dia), para lim itar os efeitos colaterais neuropáticos.
Ácido para-aminossalicílico O ácido para-am inossalicílico (PAS, ácido 4 -aminossalicílico) é um agente oral usado no tratam ento de MDR-TB e XDR-TB. Sua ativida de bacteriostática deve-se à inibição da síntese de folato e da captação de ferro. O PAS tem relativam ente pouca atividade com o um agente antituberculose, com um alto nível de náusea, vôm itos e diarréia. Ele pode causar hem ólise em pacientes com deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase. O fárm aco deve ser ingerido com alim entos ácidos, para m elhorar a absorção. G rânulos de PAS com revestim en to entérico parecem ser m elhor tolerados que outras form ulações, e produzem níveis sanguíneos terapêuticos m ais altos. O PAS tem um a m eia-vida curta (1 h), e 80% da dose é excretada na urina.
Agentes Antimicobacterianos
As fluoroquinolonas inibem a DNA girase m icobacteriana e a topoi som erase IV, prevenindo a replicação celular e a síntese proteica, e são bactericidas. As fluoroquinolonas de últim a geração, m oxifloxacina e levofloxacina, são as m ais ativas contra M. tuberculosis, e estão sendo pesquisadas p o r seu potencial para en cu rtar o curso do tra ta m ento de TB. A gatifloxacina, em bora tam bém sendo avaliada para encurtam ento da duração do tratam ento, causa disglicem ia signifi cante. O ciprofloxacino não é m ais recom endado para o tratam ento de TB, p or causa da pouca eficácia. As fluoroquinolonas são bem absorvidas oralm ente, atingem n í veis séricos altos, e se se distribuem bem nos tecidos e fluidos co rp o rais. Sua absorção é dim inuída pela coingestão de produtos contendo cátions m ultivalentes, tais com o antiácidos. Efeitos adversos são re lativam ente incom uns (0,5-10% de pacientes) e incluem intolerância gastrintestinal, exantem as, tontura e cefaleia. A m aioria dos estudos de efeitos colaterais da fluoroquinolona tem sido baseada na a d m i nistração de prazo relativam ente c u rto para infecções bacterianas, m as os experim entos atuais têm m o strad o a relativa segurança e a tolerabiiidade de fluoroquinolonas adm inistradas p or meses, d u ra n te o tratam ento de TB em adultos. O potencial para prolongam ento do intervalo QT, levando a arritm ias cardíacas, tem sido um a fonte de preocupação com as fluoroquinolonas. Prolongam ento do QT re querendo cessação do tratam ento é raro. Há interesse crescente no uso de fluoroquinolonas em crianças, o que tem sido evitado tra d i cionalm ente p or causa dos riscos de ru p tu ra de tendões e lesão de cartilagens; entretanto, os benefícios no tratam ento da TB resistente a fárm acos podem sobrepujar os riscos. A resistência m icobacteriana pode se desenvolver rapidam ente quando um a fluoroquinolona é adm inistrada isoladam ente, de m odo inadvertido. A terapia em pírica com fluoroquinolona para presum í vel pneum onia adquirida na com unidade está associada a aum ento da resistência a M. tuberculosis. M utações nos genes que codificam para DNA girase (gyrA e gyrB) estão im plicados em m uitos, m as não todos, casos de resistência clínica a fluoroquinolonas.
a m utações que inativam um a m etilase ribossôm ica (TlyA), ou que codificam genes para a subunidade ribossôm ica 16S (rrs). Resistên cia cruzada a canam icina e am icacina é com um . C ontudo, algum as cepas que são resistentes a estreptom icina, canam icina e am icacina geralm ente perm anecem sensíveis à capreom icina. Os efeitos adversos da capreom icina são relativam ente com uns. Hipocaliem ia e hipom agnesem ia significantes, bem com o oto e nefrotoxicidade, têm sido relatadas.
Ciclosserina A ciclosserina é um análogo do am inoácido D -alanina e im pede a síntese da parede celular. Ela inibe a ação de enzim as, inclusive alanina racem ase, que estão envolvidas na produção de peptidoglicanos. A ciclosserina é ativa contra um a variedade de bactérias, inclusive M. tuberculosis. Os m ecanism os de resistência m icobacteriana não são bem com preendidos, m as a expressão excessiva de alanina ra cemase pode conferir resistência em M. smegmatis. A ciclosserina é bem absorvida após adm inistração oral, e é am plam ente distribuída 1377
pelos fluidos corpóreos, inclusive o LCS. A dose usual de adulto é de 250 mg, 2 ou 3 vezes p or dia. Os efeitos colaterais potenciais sérios incluem convulsões e psicose (com suicídio em alguns casos), n e u ropatia periférica, cefaleia, sonolência e reações alérgicas. Os níveis do fárm aco são m onitorados para se conseguir a dose ótim a e para reduzir o risco de efeitos adversos, especialm ente em pacientes com insuficiência renal. A ciclosserina deve ser adm inistrada com o TOD som ente com cautela e com o suporte de m édicos experientes em TB, à pacientes com epilepsia, abuso ativo de álcool, insuficiência renal grave, ou um a história de depressão ou psicose.
■ FÁRMACOS ANTITUBERCULOSE MAIS RECENTES EM EXPERIMENTOS CLÍNICOS Linezolida A linezolida é um a oxazolidinona usada prim ariam ente para o tra tam en to de infecções p o r G ram -positivos resistentes a fárm acos. E ntretanto, este agente é ativo in vitro contra M. tuberculosis e MNT. Várias séries de casos têm sugerido que a linezolida pode ajudar a elim inar m icrorganism os de form a relativam ente rápida, quando incluída em um regim e para o tratam en to de MDR-TB e XDR-TB com plexa. O m ecanism o de ação da linezolida é a in terru p ção da síntese proteica p or ligação ao ribossom o bacteriano SOS. A linezo lida tem quase 100% de biodisponibilidade oral, com b o a p e n e tra ção em tecidos e fluidos, inclusive o LCS. Resistência farm acológica clínica à linezolida tem sido relatada, m as o m ecanism o é obscuro. Os efeitos adversos p odem incluir n e u ro p atia óptica e periférica, pancitopenia e acidose láctica. A linezolida é um inibidor fraco da M AO e pode ser associada com a síndrom e da serotonina, quando adm inistrada concom itantem ente a fárm acos serotonérgicos (p rin cipalm ente antidepressivos, tais com o inibidores seletivos da recaptação de serotonina). A adm inistração prolongada para TB e outras infecções m icobacterianas pode estar associada a u m a taxa a u m en tada de efeitos colaterais.
TMC207
Doenças Infecciosas
TM C207 é um a diarilquinolina recente, com um novo m ecanism o de ação: inibição da bom ba de prótons da ATP sintetase m icobac teriana. É bactericida para cepas sensíveis e m ultirresistentes de M. tuberculosis. Resistência tem sido relatada, e se deve a m utações p o n tuais no gene que codifica para a bom ba de prótons da ATP sintetase. Um experim ento clínico controlado randôm ico dem onstrou m elho ra substancial das taxas de conversão de cultura aos 2 m eses, com m elhora da elim inação de culturas m icobacterianas, para pacientes com MDR-TB. Esse fárm aco é m etabolizado pelo citocrom o hepático CYP3A4. A rifam picina abaixa os níveis de TCM 207 em 50%, e os inibidores de protease tam bém interagem significantem ente com este fármaco. A biodisponibilidade oral de TCM 207 parece ser excelente. A dosagem é de 400 m g/dia para as prim eiras 2 sem anas, e depois 200 mg, 3 vezes por sem ana. A m eia-vida de elim inação é longa (> 14 dias). Tem sido relatado que os efeitos adversos são m ínim os, com náusea e prolongam ento leve do intervalo QTc.
OPC-67683 e PA 824 Os pró-fárm acos OPC-67683 e PA 824 são novos derivados nitro-diidro-im idazooxazol, cuja atividade antim icobacteriana é atribuí vel à inibição da biossíntese do ácido micólico. E xperim entos clínicos iniciais desses com postos estão em andam ento.
MICOBACTÉRIAS NÃO TUBERCULOSAS Mais de 150 espécies de M N T já foram identificadas. Som ente um a m in o ria destes m icrorganism os am bientais, que são enco n trad o s no solo e na água, são patógenos hu m an o s im portantes. As M N T causam doença extensa principalm ente em pessoas com doença p u l m onar preexistente ou im unodeficiência, m as p o d em causar doença n o dular/bronquiectasia em hospedeiros afora isso aparentem ente norm ais. Elas tam bém são causas im portantes de infecções em a m bientes cirúrgicos. D uas classes principais de M N T são as espécies
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de crescim ento lento e crescim ento rápido. Subculturas das últim as crescem dentro de 1 sem ana. As características de crescim ento das M N T têm im plicações diagnosticas, terapêuticas e prognósticas. A velocidade de crescim ento pode fornecer inform ações prelim inares úteis d entro de um contexto clínico específico, visto que o cresci m ento dentro de 2-3 sem anas é m uito m ais provável de indicar um a M N T que M. tuberculosis. Q uando M N T crescem em culturas, a co lonização deve ser distinguida de doença ativa, a fim de otim izar o risco e benefício do tratam en to com m últiplos m edicam entos. M a nifestações clínicas signifícantes e evidência de escarro e/o u radiográfica de doença progressiva com patíveis com MNT, assim com o resultados de cultura de escarro reprodutíveis ou um a única cultura positiva, são necessárias p a ra o d iagnóstico de doença p u lm o n ar p o r MNT, de acordo com as recom endações da A m erican Thoracic Society e da Infectious Diseases Society o f A m erica. O isolam ento de M N T do sangue ou de um sítio e x tra p u lm o n a r com aparência de infectado, tal com o p artes m oles ou osso, geralm ente é in d ica tivo de infecção p o r M N T dissem inada ou local (ver Cap. 167). O tratam en to da doença p o r M N T é prolongado, e requer m últiplos m edicam entos. Os efeitos colaterais dos esquem as em pregados são com uns, e a terapia interm itente frequentem ente é usada para d im i n u ir estes eventos adversos. O s regim es de tratam ento dependem da espécie de MNT, da extensão ou tipo da doença e - em algum grau - , dos resultados dos testes de sensibilidade aos fárm acos. A form a bronquiectásica n odular de infecção po r M AC geralm ente é tratada 3 vezes p o r sem ana, ao passo que a infecção p o r MAC fibrocavitária ou dissem inada é tratada diariam ente.
■ CONSIDERAÇÕES TERAPÊUTICAS PARA MNT ESPECÍFICAS Complexo M. avium E ntre as MNT, os m icrorganism os M A C causam doença hum ana m ais com um ente. Em hospedeiros im unocom petentes, as espécies MAC são encontradas m ais frequentem ente em associação a doença pulm o n ar significante subjacente, tal com o doença p u lm o n ar obstru tiv a crônica ou bronquiectasia. Para os pacientes com doença p ulm onar n odular ou bronquiectásica p o r MAC, um regim e inicial consistindo em claritrom icina ou azitrom icina, ou ritabutina e etam butol, é adm inistrado 3 vezes p o r sem ana. Testes de rotina iniciais para resistência a m acrolídios são recom endados, bem com o testes aos 6 meses em regim es que falhem (isto é, com culturas persistente m ente positivas para M N T). Em indivíduos im unocom prom etidos, a infecção dissem inada p o r MAC geralm ente é tratad a com claritrom icina, etam butol e ri fabutina. Em pacientes incapazes de tolerar a claritrom icina, a azi trom icina pode substituí-la. A am icacina e as fluoroquinolonas fre quentem ente são usadas em esquem as de resgate. O tratam ento para infecção dissem inada por M AC em pacientes com Aids pode ser pelo resto da vida, na ausência de reconstituição im une. Pelo m enos 12 meses de terapia de MAC e 6 meses de reconstituição im une efetiva p odem ser adequados. *
M ycobacterium kansasii M . kansasii é a segunda M N T m ais com um causando doença h u m a na. É tam bém a segunda causa m ais com um de doença pulm onar por M N T nos E stados U nidos, onde é relatada m ais com um ente na re gião Sudeste. A infecção p or M . kansasii pode ser tratada com isonia zida, rifam picina e etam butol; a terapia continua p or 12 meses após a conversão da cultura. M. kansasii tem sido tratado com claritrom ici na, sulfam etoxazol-trim etoprim a e estreptom icina.
Micobactérias de crescimento rápido As m icobactérias de crescim ento rápido que causam doença hum ana incluem M. abscessus, M. fo rtu itu m e M . chelonae. O tratam ento de tais m icobactérias é complexo, e deve ser encetado com interveniência de clínicos experientes. É recom endável testar para resistência a m acrolídios. C ontudo, em m icobactérias de crescim ento rápido, um gene induzível erm pode conferir resistência a m acrolídios in vivo a isolados que são sensíveis in vitro.
M ycobacterium m arinum M. m arinum é um a M N T encontrada em água salgada e água doce, inclusive em piscinas e aquários. É um a causa de infecções locali zadas de partes moles, que podem necessitar de tratam ento cirúrgi co. Regimes de com binação incluem claritrom icina, e etam butol ou rifam picina. O utros agentes com atividade contra M. m arinum são doxiciclina, m inociclina e sulfam etoxazol-trim etoprim a.
■ FÁRMACOS PARA 0 TRATAMENTO DE MNT Claritromicina A claritrom icina é um antibiótico m acrolídio com atividade a m pla contra m uitas bactérias G ram -positivas e G ram -negativas, bem com o M N T Este fárm aco é ativo contra m icrorganism os M AC e m uitas outras espécies de MNT, inibindo a síntese proteica p or liga ção à subunidade ribossôm ica bacteriana 50S. A resistência de M NT aos m acrolídios provavelm ente é causada p or expressão excessiva do gene ermB, com m etilação conseqüente do sítio de ligação. A clari trom icina é bem absorvida p o r via oral, e se d istribui bem nos te cidos. Ela é depurada tanto p or via hepática com o renal; a dosagem deve ser reduzida na insuficiência renal. A claritrom icina é um subs trato para e inibe o citocrom o 3A4, e não deve ser adm inistrada com cisaprida, pim ozida ou terfenadina, pois p odem o correr arritm ias cardíacas. N um erosos fárm acos interagem com a claritrom icina atra vés da via m etabólica CYP3A4. A rifam picina abaixa os níveis de cla ritrom icina; inversam ente, os níveis de rifam picina são aum entados pela claritrom icina. E ntretanto, a relevância clínica desta interação não parece ser proem inente. Para pacientes com infecção po r MAC nodular/bronquiectásica, a dose de claritrom icina é de 500 mg, dados pela m anhã e à noite, 3 vezes por sem ana. Para o tratam ento de infecção p o r MAC fibrocavitária ou nodular/bronquiectásica grave, um a dose de 500 a 1.000 m g é adm inistrada diariam ente. A infecção dissem inada po r MAC é tratada com 1.000 m g diariam ente. A claritrom icina é usada em regim es de com binação que incluem , etam butol e um a rifam icina, a fim de evitar o desenvolvim ento de resistência a m acrolídios. Os efeitos adversos incluem intolerância gastrintestinal freqüente, h ep a totoxicidade, cefaleia, erupção cutânea e casos raros de hipoglicem ia. A claritrom icina é contraindicada d urante a gravidez, p o r causa de teratogenia em m odelos anim ais.
Azitromicina
Cefoxitina A cefoxitina é um a cefalosporina parenteral de segunda geração com atividade contra M N T de crescim ento rápido, particularm ente Aí. abscessus, M. m arinum e Aí. chelonae. Seu m ecanism o de ação contra M N T é desconhecido, m as pode envolver inativação de enzim as de síntese da parede celular. Doses altas são usadas para tratam ento de MNT: 200 m g/kg IV, 3 ou 4 vezes p o r dia, com um a dose m áxim a diária de 12 g. A m eia-vida da cefoxitina é de -1 hora, com depu ração prim ariam ente renal que requer ajuste na insuficiência renal. Efeitos adversos são incom uns, m as incluem m anifestações gastrin testinais, erupção cutânea, eosinofilia, febre e neutropenia.
CONCLUSÃO O tratam ento de infecções m icobacterianas requer regim es com m úl tiplos fárm acos, os quais, frequentem ente, exercem efeitos colaterais signifícantes, com o potencial de lim itar a tolerabilidade. A duração prolongada do tratam en to tem m elhorado grandem ente os resulta dos em relação àqueles obtidos em décadas passadas, m as são n e cessários fárm acos que en cu rtem a duração do tratam en to e lim item efeitos e interações farm acológicas adversas.
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Agentes Antimicobacterianos
A azitrom icina é um derivado da eritrom icina. E m bora tecnicam ente um azalídio, e não um m acrolídio, ela funciona de m odo sem elhante aos m acrolídios, inibindo a síntese proteica p or m eio de ligação com a subunidade ribossôm ica 50S. Resistência à azitrom icina é quase sem pre associada a resistência cruzada com pleta com claritrom icina. A azitrom icina é bem absorvida po r via oral, com boa penetração tecidual e um a m eia-vida longa (-4 8 h). A dose habitual para trata m ento de infecção p or MAC é de 250 m g diariam ente, ou 500 mg, 3 vezes p o r sem ana. A azitrom icina é usada em com binação com ou tros agentes, para evitar o desenvolvim ento de resistência. Para pro-
filaxia contra infecção dissem inada p or MAC em indivíduos im uno com prom etidos, dá-se um a dose de 1.200 mg, um a vez p or semana. C om o a azitrom icina não é m etabolizada pelo citocrom o P450, ela interage com poucos fárm acos. O ajuste da dose com base na função renal não é necessário.
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SEÇÃO 9
Doenças Causadas por Espiroquetas
CAPÍTULO 1 6 9 ^
Sífilis
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Sheila A. Lukehart DEFINIÇÃO A sífilis, um a infecção sistêm ica crônica causada p o r Treponema pallidum subespécie pallidum , em geral é sexualm ente transm itida e se caracteriza p o r episódios de doença ativa, interrom pidos p or períodos de latência. D epois de um p eríodo de incubação de 2 a 6 sem anas em m édia, aparece um a lesão prim ária, frequentem ente associada a linfadenopatia regional. A fase secundária, associada a lesões m ucocutâneas dissem inadas e linfadenopatia generalizada, é seguida p o r um p eríodo de infecção subclínica d u ran d o anos ou décadas. Envolvim ento do sistem a nervoso central (SNC) pode o cor rer no início da infecção, e pode ser sintom ático ou assintom ático. Em cerca de um terço dos casos não tratados, aparece a fase terciá ria, caracterizada p or lesões destrutivas progressivas m ucocutâneas, m usculoesqueléticas, ou parenquim atosas; aortite; ou m anifestações tardias do SNC.
ETIOLOGIA
Doenças Infecciosas 1380
A ordem Spirochaetales inclui quatro gêneros que são patogênicos para seres hum anos e para vários outros animais: as espécies de Leptospira, que causam a leptospirose (Cap. 171); as espécies de Borre lia, que causam a febre recorrente e a doença de Lyme (Caps. 172 e 173); as espécies de Brachyspira, que causam infecções intestinais; e as espécies de Treponema, que causam as doenças conhecidas coleti vam ente com o treponem atoses (ver tam b é m Cap. 170). As espécies de Treponema incluem T. pallidum subespécie pallidum , que causa a sífilis venérea; T. pallidum subespécie pertenue, que causa a bouba; T. pallidum subespécie endem icum , que causa a sífilis endêm ica ou bejel; e T. carateum, que causa a pinta. Até recentem ente, as subespécies eram distinguidas principalm ente pelas síndrom es clínicas que produziam . Pesquisadores atualm ente identificaram assinaturas m oleculares que podem diferenciar as três subespécies de T. pallidum p or m étodos independentes de cultura baseados na reação em cadeia da polim erase (PCR). O utras espécies de Treponema encontradas na boca, m ucosa genital e trato gastrointestinal de seres h um anos têm sido associadas a doenças (p. ex., periodontite), m as seu papel com o agentes etiológicos prim ários é obscuro. T. pallidum subespécie pallidum (designado d aqui em d ia n te com o T. pallidum ), um m icrorganism o espiralado fino, tem um corpo celular envolvido por um a m em brana citoplásm ica trilam inar, um a cam ada delicada de peptidoglicano conferindo algum a rigidez estrutural, e um a m em brana externa rica em lipídios, contendo re lativam ente poucas proteínas integrais da m em brana. Endoflagelos enroscam -se em torno do corpo da célula no espaço periplásm ico e são responsáveis pela m otilidade, T. pallidum não pode ser cultivado in vitro, e pouco se sabia sobre seu m etabolism o até que o genom a foi sequenciado em 1998. Esta espiroqueta possui capacidades m etabólicas seriam ente lim itadas, carecendo dos genes necessários para a síntese “de novo” da m aio ria dos am inoácidos, nucleotídios e lipídios. Além disso, T. pallidum não tem os genes que codificam as enzim as do ciclo de Krebs e da fosforilação oxidante. Para com pensar, o m icrorganism o contém num erosos genes presum ivelm ente codificando transportadores de am inoácidos, carboidratos e cátions.
A dicionalm ente, análises de genom as e outros estudos têm reve lado a existência de um a fam ília de genes de 12 m em bros (tpr) que p orta sem elhanças com antígenos variáveis da m em brana externa de outras espiroquetas. Um m em bro, TprK, tem regiões variáveis (V) discretas que sofrem variação antigênica durante infecção, provavel m ente com o um m ecanism o para evasão imune. O único hospedeiro natural conhecido para T. pallidum é o ser hum ano. T. pallidum pode infectar m uitos m am íferos, m as som ente seres hum anos, macacos m ais evoluídos e p oucos anim ais de labora tório desenvolvem lesões sifilíticas regularm ente. Cepas virulentas de T. pallidum são cultivadas em coelhos.
TRANSMISSAO E EPIDEMIOLOGIA Q uase todos os casos de sífilis são adquiridos p o r contato sexual com lesões infecciosas [isto é, o cancro, placa m ucosa, exantem a cutâneo, ou condilom as planos (ver Fig. e-7.20)]. M odos de transm issão m e nos com uns incluem contato pessoal não sexual, infecção intrauteri na, transfusão de sangue e transplante de órgão.
■ SÍFILIS NOS ESTADOS UNIDOS C om o advento da terapia com penicilina, o n úm ero total de casos de sífilis notificados anualm ente nos E stados U nidos declinou significantem ente para um a baixa de 31.575, em 2000 - um a dim inuição de 95% desde 1943 - com < 6.000 casos notificados de sífilis p rim ária e secundária. D esde 2000, o nú m ero de casos de sífilis prim ária e secundária infecciosa (um indicador m elhor de atividade da doença) tem m ais que duplicado, com 13.500 casos relatados em 2008. Esses casos têm afetado particularm ente hom ens que têm relações sexuais com hom ens (MSM), m uitos dos quais são coinfectados com HIV. Este surto entre MSM está ocorrendo p o r to d a a A m érica do Norte. O aum ento do núm ero de casos entre m ulheres nos Estados U nidos em anos recentes indica que a transm issão heterossexual está se to r nando mais com um . A vigilância do núm ero de casos novos de sífilis prim ária e secundária tem revelado ciclos m últiplos de 7 a 10 anos, o que tem sido atribuído à im unidade em m assa em populações de ris co. Um a reanálise recente dos dados, entretanto, deixa de dar suporte a essa conclusão, e propõe explicações alternativas para a elevação e queda periódica dos casos de sífilis infecciosa, inclusive m udança nos com portam entos sexuais e esforços de controle. As populações em risco m ais alto de a d quirir sífilis têm m udado com o tem po, com surtos entre MSM no fim da década de 1970 e iní cio da de 1980, assim com o no presente. A epidem ia que teve pico em 1990 envolveu predom inantem ente hom ens e m ulheres heterossexu ais A froam ericanos, e ocorreu largam ente em áreas ^rbanas, onde a sífilis infecciosa correlacionou-se significantem ente com a troca de sexo p or cocaína e/ou crack. E m bora a taxa de sífilis p rim ária e se cundária entre afroam ericanos declinasse de 1996 até 2003, ela quase que dobrou desde então, e perm anece m ais elèVada que as taxas para outros grupos raciais/étnicos. A incidência de sífilis congênita é grosseiram ente paralela àquela da sífilis infecciosa em m ulheres. Em 2008, 431 casos em lactentes com < 1 ano de idade foram notificados. A definição de caso para sífilis congênita foi am pliada em 1989, e agora inclui todos os lacten tes nascidos vivos e natim ortos paridos p or m ulheres com sífilis não tratada, ou tratada inadequadam ente. Um terço a m etade dos indivíduos nom eados com o contatos se xuais de pessoas com sífilis infecciosa to rn am -se infectados. M uitos já terão desenvolvido m anifestações de sífilis quando vistos pela p ri m eira vez, e -30% dos contatos assintom áticos exam inados dentro de 30 dias da exposição realm ente têm infecção em incubação, e mais tarde desenvolverão a sífilis infecciosa se não forem tratados. Assim, a identificação e o tratam en to de to d o s os contatos sexuais recente-
'
Europa Oriental e Ásia Central: Europa Ocidental: 140.000
100.000
Norte da África e Oriente Médio: 370000 Latina e Caribe 3.000.000
África Subsaariana: 4.000.000
A
Austrália e Nova Zelândia: 10.000
Figura 169.1
Estimativa anual de casos novos de sífilis entre adultos, 1999. (Cortesia da Organização Mundial da Saúde.)
m ente expostos continuam a ser aspectos im portantes do controle da sífilis.
■ SÍFILIS GLOBAL A sífilis continua sendo um problem a de saúde globalm ente significante; o núm ero de novas infecções é estim ado em quase 12 m i lhões p or ano. As regiões m ais afetadas são a África Subsaariana, a Am érica do Sul, a C hina e o Sudeste Asiático (Fig. 169.1). D urante a últim a década, o núm ero de casos notificados na C hina aum entou 10 vezes, e taxas m ais altas têm sido relatadas em MSM em m uitos países europeus. No m undo inteiro, a sífilis congênita tem sido re latada com o responsável p o r até 50% dos natim ortos, e estim a-se que entre 500.000 e 1,5 m ilhão de casos de sífilis congênita ocorram anualm ente.
CAPÍTULO 169
EVOLUÇÃO NATURAL E PATOGÊNESE DA SÍFILIS NÃO TRATADA O T. pallidum penetra rapidam ente as m em branas m ucosas intactas, ou abrasões m icroscópicas na pele, e, d entro de poucas horas, inva de os linfáticos e o sangue para pro d u zir infecção sistêm ica e focos m etastáticos m uito antes do aparecim ento de um a lesão prim ária. O sangue de um paciente com sífilis em incubação ou fase precoce é contagioso. Estim a-se que o tem po de geração de T. pallidum durante a doença ativa precoce seja de - 3 0 horas, e o período de incubação da sífilis é inversam ente proporcional ao núm ero de m icrorganism os inoculados. A dose infecciosa de 50% para inoculação intradérm ica em seres hum anos tem sido calculada em 57 m icrorganism os, e a concentração de treponem as geralm ente atinge 107/g de tecido antes que apareça um a lesão clínica. O período m ediano de incubação em seres hum anos (-21 dias) sugere um inóculo m édio de 500 a 1.000 m icrorganism os infecciosos para a doença naturalm ente adquirida; o período de incubação raram ente ultrapassa 6 sem anas. A lesão prim ária aparece no sítio da inoculação, geralm ente p e r siste por 4-6 sem anas, e depois cicatriza espontaneam ente. O exame histopatológico m ostra infiltração perivascular, principalm ente p or linfócitos T CD4+ e C D 8+, plasm ócitos e m acrófagos, com proli feração endotelial capilar e obliteração subsequente de pequenos vasos sanguíneos. A infiltração celular exibe um perfil de citocinas tipo T h 1, compatível com a ativação de m acrófagos. A fagocitose de m icrorganism os opsonizados pelos m acrófagos ativados finalm ente causa sua destruição, resultando na resolução espontânea do cancro. As m anifestações parenquim atosas, constitucionais e m ucocutâneas generalizadas habitualm ente aparecem 6 a 8 sem anas depois que o cancro cicatriza. A proxim adam ente 15% dos pacientes com sífilis secundária ainda têm cancros persistentes ou em cicatrização, e as fases podem se superpor m ais frequentem ente em pessoas com infecção concom itante p o r HIV. Em outros pacientes, as lesões se cundárias podem aparecer vários m eses depois que o cancro cica trizou, e alguns pacientes podem e n tra r na fase latente sem jam ais reconhecer as lesões secundárias. Os aspectos histopatológicos das
lesões de pele m aculopapulosas secundárias com preendem hiperceratose da epiderm e, proliferação capilar com tum efação endotelial no cório superficial, papilas dérm icas com transm igração de leucócitos polim orfonucleares e - no cório m ais pro fu n d o - infiltração p e ri vascular p o r linfócitos T C D 8+, CD4+, m acrófagos e plasm ócitos. Os treponem as são encontrados em m uitos tecidos, inclusive o h u m or aquoso do olho e o líquido cerebrospinal (LCS). A invasão do LCS p or T. pallidum ocorre durante as sem anas ou meses iniciais da infecção, e anorm alidades do LCS são detectadas em tantos qu an to 40% dos pacientes, d u ran te a fase secundária. H epatite clínica e glom erulonefrite induzida p or complexos im unes são manifestações relativamente raras, m as reconhecidas, da sífilis secundária; as provas de função hepática p odem dar resultados anorm ais em até um quarto dos pacientes com sífilis precoce. Linfadenopatia indolor generaliza da é observada em 85% dos pacientes com sífilis secundária. O apa recim ento paradoxal de m anifestações secundárias apesar de títulos altos de anticorpos (inclusive anticorpo im obilizador) pode resultar de variação antigênica, ou de alterações na expressão de antígenos de superfície. As lesões secundárias regridem dentro de 2 a 6 sem anas, e a infecção entra na fase latente, que só é detectável p o r testes soro lógicos. Na era pré-antibióticos, até 25% dos pacientes não tratados experim entavam pelo m enos um a recaída m ucocutânea generalizada ou localizada, geralm ente du ran te o prim eiro ano. Portanto, a id en tificação e o exam e dos contatos sexuais são m ais im portantes para pacientes de sífilis com duração de < 1 ano. C erca de u m terço dos p acientes com sífilis latente não tra ta da desenvolviam doença terciária aparente na era pré-antibióticos. A tualm ente, n o s países in d u stria liz ad o s, o trata m e n to específico p ara sífilis precoce e latente e a terap ia co n co m ita n te quase que e lim inaram a do en ça terciária, exceto pelos casos de neurossífilis em pessoas infectadas com HIV. N o passado, ós tipos m ais com uns de doença terciária eram a gom a (um a lesão granulom atosa geral m ente benigna), a sífilis cardiovascular (geralm ente envolvendo os vasa vasorum da ao rta ascendente e resu ltan d o em aneurism a) e a neurossífilis sintom ática tard ia (tabes dorsal e paresia). O envolvi m ento assintom ático do SNC, entretanto, ainda é dem onstrável em até 25% dos pacientes com sífilis latente tardia. Os fatores que co n trib u em para o desenvolvim ento e progressão da doença terciária são desconhecidos. A evolução da sífilis não tratada foi estudada retrospectivam en te em um grupo de quase 2.000 pacientes com doença prim ária ou secundária diagnosticada clinicam ente (o Estudo Oslo, 1891-1951), e foi avaliada de m odo prospectivo em 431 hom ens afroam ericanos com sífilis latente soropositiva de > 3 anos de duração (o notório Estudo Tuskegee, 1932-1972). N o E studo Oslo, 24% dos pacientes desenvolveram lesões secundárias recidivantes dentro de 4 anos, e 28% finalm ente desenvolveram u m a ou m ais m anifestações de sífi lis terciária. Sífilis cardiovascular, inclusive aortite, foi detectada em 10% dos pacientes; 7% dos pacientes desenvolveram neurossífilis sin-
c75'
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tom ática, e 16% apresentaram gom as sifilíticas terciárias benignas. A sífilis foi a causa prim ária de óbito em 15% dos hom ens e 8% das m ulheres. A sífilis cardiovascular foi docum entada em 35% dos h o m ens e 22% das m ulheres que term inaram indo a autópsia. Em geral, com plicações tardias sérias foram quase duas vezes m ais com uns e n tre hom ens que entre mulheres. O E studo Tuskegee m o stro u que a taxa de m ortalidade entre hom ens afroam ericanos com sífilis não tratados (25-50 anos de ida de) foi 17% m ais alta que a taxa entre sujeitos não infectados, e que 30% de todas as m ortes foram atribuíveis à sífilis cardiovascular, ou, em grau m enor, à sífilis do SNC. Evidência anatôm ica de aortite foi e ncontrada em 40-60% dos indivíduos com sífilis autopsiados (vs. 15% de sujeitos controles), ao passo que sífilis do SNC foi achada em apenas 4%. As taxas de hipertensão tam bém foram m ais altas entre os sujeitos infectados. As questões éticas finalm ente suscitadas p or esse estudo, com eçado na era pré-antibióticos, m as continuado até o início dos anos 1970, tiveram um a grande influência sobre o d e senvolvim ento das diretrizes atuais para experim entação m édica em seres hum anos, e a história do estudo ainda pode c ontribuir para a relutância de alguns afroam ericanos a p articipar com o sujeitos em pesquisas clínicas.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Sífilis primária
Doenças Infecciosas
O cancro prim ário típico geralm ente com eça com o um a pápula in dolor isolada, que rapidam ente se to rn a erodida e fica endurecida, com um a consistência cartilaginosa característica à palpação da b o r da e da base da úlcera. Lesões prim árias m últiplas são vistas em um a m inoria dos pacientes. Em hom ens heterossexuais o cancro geral m ente é localizado no pênis (Fig. 169.2), ao passo que em hom ens hom ossexuais ele pode ser encontrado no canal anal ou reto, na boca, ou na genitália externa. Em m ulheres, os sítios prim ários com uns são a cérvice e os lábios. C onsequentem ente, a sífilis prim ária passa não reconhecida em m ulheres e hom ens hom ossexuais m ais frequente m ente que em hom ens heterossexuais. Lesões prim árias atípicas são com uns. O aspecto clínico depende do núm ero de treponem as inoculados e do estado im unológico do paciente. Um grande inóculo produz um a lesão ulcerativa positiva em cam po escuro em voluntários não im unes, m as pode pro d u zir um a pápula pequena negativa em cam po escuro, um a infecção laten te assintom ática, m as soropositiva, ou n enhum a resposta em alguns indivíduos com história de sífilis. Um inóculo pequeno pode p ro d u zir apenas um a lesão papulosa, m esm o em indivíduos não im unes. Portanto, sífilis deve ser considerada m esm o na avaliação de lesões genitais triviais ou atípicas, com cam po escuro negativo. As lesões genitais que m ais com um ente devem ser diferenciadas daquelas da sífilis prim ária são as causadas p o r infecção pelo vírus do herpes sim-
pies (Cap. 179), cancroide (Cap. 145), lesões traum áticas e donova nose (Cap. 161). L infadenopatia regional (geralm ente inguinal) acom panha a le são sifilítica prim ária, aparecendo den tro de 1 sem ana do início da lesão. Os gânglios são firmes, não supurativos e indolores. A linfade nopatia inguinal é bilateral, e pode o correr com cancros anais bem com o da genitália externa. O cancro geralm ente cicatriza dentro de 4 a 6 sem anas (variação, 2-12 sem anas), m as a linfadenopatia pode persistir por meses.
Sífilis secundária As m anifestações proteiform es da fase secundária geralm ente in cluem lesões m ucocutâneas e linfadenopatia in dolor generalizada. O cancro prim ário em cicatrização po d e ainda estar presente em -15% dos casos, e as fases podem se su p erp o r m ais frequentem ente em pessoas com infecção concom itante p o r HIV. A erupção cu tâ nea consiste em sifílides m aculosas, papulosas, papuloescam osas e, ocasionalm ente, pustulosas; frequentem ente m ais de um a form a estão presentes ao m esm o tem po. A erupção pode ser m uito sutil, e 25% dos pacientes com um exantem a discernível p odem não ter percebido que têm m anifestações derm atológicas. As lesões iniciais podem ser m áculas discretas de um verm elho pálido ou róseas, não pruriginosas, distribuídas no tronco e extrem idades proximais; essas m áculas progridem para lesões papulosas que são largam ente dis tribuídas, e que, frequentem ente, envolvem as áreas palm oplantares (Fig. 169.3; ver tam bém Figs. e-7.18 e e-7.19). R aram ente, lesões necróticas graves (lues m aligna) p odem aparecer; elas são relatadas m ais com um ente em indivíduos infectados com HIV. Envolvim ento dos folículos pilosos pode resultar em áreas de alopecia do couro ca beludo, sobrancelhas, ou barba, em até 5% dos casos. Em áreas quentes, úm idas, intertriginosas (com um ente a região perianal, vulva e bolsa escrotal), as pápulas p odem aum entar e p ro duzir lesões am plas, úm idas, róseas ou branco-acinzentadas, alta m ente infecciosas [condilom as planos (ver Fig. e-7.20)], em 10% dos pacientes com sífilis secundária. Erosões m ucosas superficiais (placas mucosas) ocorrem em 10 a 15% dos pacientes, e com um ente envol vem a m ucosa oral ou genital. A placa m ucosa típica é um a erosão cinza-prateada rodeada p o r um a periferia verm elha. Os sintom as constitucionais que p odem acom panhar ou prece der a sífilis secundária com preendem do r de garganta (15-30%), fe bre (5-8%), perda de peso (2-20%), m al-estar geral (25%), anorexia (2-10%), cefaleia (10%) e m eningism o (5%). Meningite aguda ocorre em apenas 1 a 2% dos casos, m as as células e as concentrações de p roteína no LCS estão aum entadas em até 40% dos pacientes, e T. pallidum tem sido recuperado do LCS du ran te sífilis p rim ária e se cundária em 30% dos casos; o últim o achado está frequentem ente, m as nem sem pre, associado a outras anorm alidades do LCS. C om plicações m enos com uns da sífilis secundária incluem h e patite, nefropatia, envolvim ento gastrin testin al (gastrite h ip e rtró fica, áreas de proctite, ou u m a m assa retossigm oide), artrite e periosteíte. A chados oculares sugestivos de sífilis secundária incluem anorm alidades pupilares e n eurite óptica, assim com o a clássica irite ou uveíte. O diagnóstico de sífilis secundária frequentem ente é con siderado em pacientes afetados som ente depois que eles deixam de responder à terapia com esteroides. Uveíte a nterior tem sido relatada em 5 a 10% dos pacientes com sífilis secundária, e T. pallidum tem sido dem onstrado no h u m o r aquoso deles. E nvolvim ento hepático é com um na sífilis; em bora geralm ente assintom áticos, até 25% dos pacientes p odem ter provas de função hepática anorm ais. Hepatite sifilítica franca pode ser vista. O envolvim ento renal geralm ente re sulta da deposição de com plexos im unes, e pro d u z p roteinúria asso ciada à síndrom e nefrótica. D o m esm o m o d o que as da sífilis p rim á ria, as m anifestações da fase secundária resolvem espontaneam ente, geralm ente dentro de 1 a 6 meses.
Sífilis latente Figura 169.2
1382
Sífilis primária com um cancro firme, indolor.
Testes sorológicos para sífilis positivos, jun tam en te com um exame de LCS norm al e ausência de m anifestações clínicas de sífilis indicam
Figura 169.3
Sífilis secundária. Esquerda: Erupção maculopapulosa no tronco. Meio; Pápulas na palma da mão. Direita: Pápulas na planta do pé. (Cortesia de Jiii
McKenzie e Christina Marra.)
Envolvimento do SNC Tradicionalm ente, a neurossífilis tem sido considerada um a m an i festação tardia de sífilis, mas esse ponto de vista é im preciso. A sífilis do SNC representa um contínuo abrangendo a invasão inicial (geral m ente dentro das prim eiras sem anas ou meses de infecção), meses a anos de envolvim ento assintom ático, e, em aiguns casos, desenvolvi m ento de m anifestações neurológicas precoces ou tardias.
Neurossífilis assintomática O diagnóstico de neurossífilis assintom á tica é feito em pacientes que não têm sintom as e sinais neurológicos, m as que têm anorm alidades do LCS, inclusive pleocitose m ononuclear, concentrações aum entadas de proteína, ou reatividade do LCS no teste do VDRL. A norm alidades do LCS são dem onstradas em até 40% dos casos de sífilis prim ária ou secundária, e em 25% dos ca sos de sífilis latente. T. pallidum tem sido recuperado p o r inoculação de LCS em coelhos de até 30% de pacientes com sífilis prim ária ou secundária, m as raram ente daqueles com sífilis latente. A presença de T. pallidum no LCS frequentem ente está associada a outras anor m alidades liquóricas, m as m icrorganism os p odem ser recuperados de pacientes com LCS afora isso norm al. E m bora as im plicações prognósticas desses achados na sífilis precoce sejam incertas, pode ser apropriado concluir que m esm o pacientes com sífilis precoce que têm tais achados realm ente tenham neurossífilis assintom ática, e de vam ser tratados para neurossífilis; tal tratam ento é particularm ente im portante em pacientes com infecção concom itante p or HIV. Antes do advento da penicilina, o risco de desenvolvim ento de neurossífilis clínica em pessoas assintom áticas não tratadas era grosseiram ente
proporcional à intensidade das alterações no LCS, com a probabili dade geral cum ulativa de progressão para neurossífilis clínica de 20% nos prim eiros 10 anos, m as aum entando com o tem po. A m aioria dos especialistas concorda que a neurossífilis é m ais com um em pessoas infectadas com HIV, ao passo que pacientes im unocom petentes com sífilis latente não tratad a e LCS n orm al provavelm ente correm um risco m uito baixo de neurossífilis subsequente. Em vários estudos re centes, a neurossífilis foi associada a um título de reagina plasmática rápida de > 1:32, independentem ente da fase clínica, ou do estado de infecção para HIV.
Neurossífilis sintomática. As p rincipais categorias clínicas de n e u rossífilis sintom ática com p reen d em sífilis m eníngea, m eningovascular e parenquim atosa. A últim a categoria inclui paresia geral e tabes dorsal. O início dos sintom as geralm ente ocorre < 1 ano depois da infecção, para sífilis m eníngea, até 10 anos depois da infecção, para sífilis m eningovascular, aos 20 anos, para paresia geral, e aos 25 a 30 anos, para tabes dorsalis. C ontudo, a neurossífilis sintom áti ca, particularm ente na era antibiótica, frequentem ente se apresenta não com o um q u a d ro clássico, m as antes com o síndrom es m istas sutis ou incom pletas. A sífilis meníngea pode se apresentar com o cefaleia, náusea, vô m itos, rigidez cervical, envolvim ento de nervo craniano, convulsões e alterações do estado m ental. Essa condição pode ser concom itante ou pode se seguir à fase secundária. Os pacientes se apresentando com uveíte, irite, ou p e rd a auditiva frequentem ente têm sífilis m e níngea, m as esses achados clínicos tam bém podem ser vistos em p a cientes com LCS norm al. A sífilis meningovascular reflete m eningite junto com vasculite inflam atória de pequenos, m édios, ou grandes vasos. A apresentação m ais com um é um a síndrom e de acidente vascular encefálico envol vendo a artéria cerebral m édia de um adulto relativam ente jovem. Entretanto, ao contrário da síndrom e usual de ácidente vascular ce rebral trom bótico ou em bólico, de início súbito, a sífilis m eningo vascular frequentem ente se torna m anifesta depois de um pródrom o encefálico subagudo (com cefaleias, vertigem , insônia e anorm alida des psicológicas), que é seguido p o r um a síndrom e vascular gradual m ente progressiva. As m anifestações de paresia geral refletem lesão paren q u im a tosa dissem inada tardia, e incluem anorm alidades correspondentes ao m nem ônico paresia: personalidade, «feto, reflexos (hiperativos), olho (em inglês eye [p. ex., pupilas de Argyll R obertson]), sensório (ilusões, delirium , alucinações), intelecto (um a dim inuição da m e m ória recente e na capacidade para orientação, cálculos, julgam ento e percepção), e fala (speech em inglês). Tabes dorsalis é um a m an i festação tardia da sífilis que se apresenta com o sintom as e sinais de desm ielinização das colunas posteriores, raízes dorsais e gânglios da raiz dorsal. Os sintom as incluem m archa atáxica de base alargada e pé equino; parestesia; tran sto rn o s vesicais; im potência; arreflexia; e perda das sensações proprioceptivas, dolorosas profundas e térmicas.
CAPÍTULO 169
um diagnóstico de sífilis latente em um a pessoa não tratada. O diag nóstico frequentem ente é suspeitado com base em um a história de lesões prim árias ou secundárias, um a história de exposição a sífilis, ou o p arto de um lactente com sífilis congênita. Um teste sorológi co negativo anterior, ou um a história de lesões ou exposição, pode ajudar a estabelecer a duração de infecção latente, que é um fator im portan te na seleção da terapia apropriada. A sífilis latente precoce é lim itada ao prim eiro ano depois da infecção, ao passo que a sífilis latente tardia é definida com o aquela de >1 ano de duração (ou de duração desconhecida). O T. pallidum ainda pode sem ear a corrente sanguínea interm itentem ente durante a fase latente, e m ulheres grá vidas com sífilis latente podem infectar o feto no útero. Além disso, a sífilis tem sido transm itida p or meio de transfusão de sangue ou d o a ção de órgão de pacientes com sífilis latente. Pensava-se previam ente que a sífilis latente tardia não tratada tin h a três desfechos possíveis: (1) infecção persistente pelo resto da vida; (2) desenvolvim ento de sífilis tardia; ou (3) cura espontânea, com reversão de testes soroló gicos para negativos. É aparente atualm ente, contudo, que os testes de anticorpos para treponem a m ais sensíveis raram ente, ou nunca, se tornam negativos sem tratam ento. Em bora a progressão para sífi lis tardia clinicam ente evidente seja m uito rara hoje, a ocorrência de cura espontânea é duvidosa.
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D egeneração trófica de articulações (juntas de C harcot) e ulceração perfurante dos pés pode resultar da perda de sensação dolorosa. A pupila de Argyll Robertson, pequena, irregular, um aspecto tanto da Tabes dorsalis com o da paresia, reage à acom odação, m as não à luz. Atrofia óptica tam bém ocorre frequentem ente em associação a tabes.
Outras manifestações de sífilis tardia A doença inflam atória lentam ente progressiva que leva à doença ter ciária com eça cedo d urante a infecção, em bora essas m anifestações possam não se to rn ar clinicam ente aparentes p o r anos ou décadas. A aortite sifilítica precoce torna-se evidente pouco depois que as lesões secundárias regridem , e os treponem as que desencadeiam o desen volvim ento de gomas podem ter sem eado o tecido anos mais cedo.
Sífilis cardiovascular
As m anifestações cardiovasculares, que geral m ente aparecem 10 a 40 anos depois da infecção, são atribuíveis a e ndarterite obliterante dos vasa vasorum , que fornecem o su p rim en to sanguíneo aos grandes vasos. DNA de T. pallidum tem sido d e tectado p or PCR no tecido aórtico. O envolvim ento cardiovascular resulta em aortite não com plicada, insuficiência aórtica, aneurism a sacular (geralm ente da aorta ascendente), ou estenose dos óstios co ronarianos. Na era pré-antibióticos, com plicações cardiovasculares sintom áticas se desenvolviam em - 10% das pessoas com sífilis tardia não tratada, em bora a aortite sifilítica fosse d em onstrada na au tó p sia em cerca de m etade dos hom ens afroam ericanos com sífilis não tratada. Atualm ente, esta form a de sífilis tardia raram ente é vista no m undo desenvolvido. A calcificação linear da aorta ascendente em radiografias do tó rax é sugestiva de aortite sifilítica assintom ática, pois a arteriosclerose raram ente produz esse sinal. Os aneurism as sifilíticos - geralm ente saculares, ocasionalm ente fusiform es - não levam à dissecção. So m ente 1 em 10 aneurism as aórticos de origem sifilítica envolve a aor ta abdom inal.
Sífilis tardia benigna (gomas)
As gom as geralm ente são lesões solitá rias, variando de m icroscópicas a vários centím etros de diâm etro. O exame histológico m ostra um a inflam ação granulom atosa, com um a área central de necrose devido à endarterite obliterante. E m bora ra ram ente detectado por microscopia, o T. pallidum tem sido detectado po r PCR ou recuperado dessas lesões, e o tratam ento com penicilina resulta em regressão rápida, confirm ando o estím ulo dos treponem as para a inflam ação. Sítios com uns com preendem a pele e o sistem a esquelético; contudo, qualquer órgão (inclusive o cérebro) pode ser envolvido. As gomas da pele produzem lesões nodulares ou ulcera tivas endurecidas, indolentes, indolores, que p odem se assem elhar a outras condições granulom atosas crônicas, inclusive tuberculose, sarcoidose, lepra e infecções fúngicas profundas. As gom as esqueléti cas envolvem mais frequentem ente os ossos longos, em bora qualquer osso possa ser afetado. Gom as respiratórias superiores podem levar à perfuração do septo nasal, ou do palato.
Sífilis congênita A transm issão de T. pallidum p or m eio da placenta, de um a m ulher sifilítica para seu feto, pode ocorrer em qualquer estágio da gravi dez, m as o dano fetal geralm ente não ocorre até depois do quarto m ês de gestação, quando a com petência im unológica fetal começa a se desenvolver. Esse posicionam ento no tem po sugere que a p ato gênese da sífilis congênita, de m odo sem elhante à sífilis do adulto, depende da resposta im une do hospedeiro, antes que de um efeito tóxico direto do T. pallidum . O risco de infecção fetal durante sífilis m aterna precoce não tratada é de -75-95% , d im inuindo para -35% na sífilis m aterna com > 2 anos de duração. O tratam ento adequado da m ulher antes da 16a sem ana de gravidez deve prevenir o dano fe tal, e o tratam ento antes do terceiro trim estre deve tratar adequada m ente o feto infectado. A infecção m aterna não tratada pode resultar em um a taxa de perda fetal de até 40% (com a natim ortalidade m ais com um que o aborto, p or causa do início tardio da patologia fetal), prem aturidade, m orte neonatal, ou sífilis congênita não fatal. Entre os lactentes nascidos vivos, som ente a sífilis congênita fulm inante é clinicam ente aparente ao nascim ento, e esses bebês têm um p rognós
tico m uito ruim . O problem a clínico m ais com um é o de um neonato aparentem ente sadio, nascido de um a m ãe com u m teste sorológico positivo. Os testes sorológicos de rotina no com eço da gravidez são considerados custo-efetivos em p raticam ente todas as populações, m esm o em áreas com um a baixa prevalência pré-natal de sífilis. Tes tes de baixa tecnologia dentro do conceito “point-of-caré” estão sendo desenvolvidos, para facilitar o exam e p ré-natal em cenários pobres em recursos. O nde a prevalência de sífilis é alta, ou quando a pacien te está em alto risco de reinfecção, os testes sorológicos devem ser re petidos no terceiro trim estre e no parto. A sífilis congênita neonatal deve ser diferenciada de outras infecções congênitas generalizadas, inclusive rubéola, infecção pelo citom egalovírus ou vírus do herpes simples, e toxoplasm ose, assim com o da eritroblastose fetal. As m anifestações de sífilis congênita com preendem (1) m anifes tações precoces, que aparecem d entro dos prim eiros 2 anos de vida (frequentem ente às 2-10 sem anas de idade), são infecciosas, e se asse m elham às m anifestações da sífilis secundária no adulto; (2) m anifes tações tardias, que aparecem depois de 2 anos e são não infecciosas; e (3) estigm as residuais. As m anifestações m ais precoces da sífilis congênita (aparecendo 2-6 sem anas depois do nascim ento) incluem rinite, ou “nariz entupido” (23%); lesões m ucocutâneas (35-41%); al terações ósseas (61%), inclusive osteocondrite, osteíte e periosteíte, detectáveis pelo exame radiológico dos ossos longos; hepatoespleno megalia (50%); linfadenopatia (32%); anem ia (34%); icterícia (30%); trom bocitopenia; e leucocitose. A invasão do SNC p or T. pallidum é detectável em 22% dos neonatos infectados. A m orte neonatal geral m ente se deve a hem orragia pulm onar, infecção bacteriana secundá ria, ou hepatite grave. A sífilis congênita tardia (não tratada depois de 2 anos de idade) é subclínica em 60% dos casos; o espectro clínico dos casos restan tes pode incluir ceratite intersticial (que ocorre entre 5 e 25 anos de idade), surdez do oitavo nervo e artropatia recorrente. Efusões bilate rais dos joelhos são conhecidas com o ju n ta s de Clutton. Neurossífilis assintom ática está presente em cerca de um terço dos pacientes não tratados, e neurossífilis clínica ocorre em um quarto dos indivíduos não tratados com > 6 anos de idade. A periosteíte gom osa ocorre aos 5-20 anos de idade e, com o na sífilis endêm ica não venérea, tende a causar lesões destrutivas do palato e septo nasal. Os estigm as clássicos incluem dentes de H utchinson (incisivos centrais superiores com c h an frad u ra central, largam ente espaçados, em form a de estacas), m olares em a m o ra (m olares do sexto ano com cúspides m últiplas, m al desenvolvidas), n ariz em sela e canelas em sabre.
EXAMES LABORATORIAIS Demonstração do microrganismo T. pallidum não pode ser detectado p o r cultura. H istoricam ente, a m icroscopia de cam po escuro e a coloração p o r im unofluorescência de anticorpos têm sido usadas para identificar essa espiroqueta em am ostras de lesões úm idas, tais com o cancros ou cpndilom as planos, m as esses testes atualm ente são raram ente disponíveis fora dos labo ratórios de pesquisa. Testes de PCR m ais sensíveis têm sido desen volvidos, m as não estão disponíveis com ercialm ente, em bora alguns laboratórios realizem testes de PCR in-house. O T. pallidum pode ser e ncontrado nos tecidos com colorações de prata apropriadas, m as tais resultados devem ser interpretados com cautela, porque artefatos sem elhantes ao T. pallidum são vistos com frequência. Os treponem as nos tecidos podem ser d em o n stra dos m ais confiavelm ente em laboratórios de pesquisa p or PCR, ou por im unofluorescência ou m étodos histoquím icos, usando-se anti corpos específicos m onoclonais ou policlonais ao T. pallidum.
Testes sorológicos para sífilis Há dois tipos de testes sorológicos para sífilis: não treponêm icos e treponêm icos. A m bos são reativos em pessoas com qualquer infec ção p or treponem as, inclusive bouba, pinta e sífilis endêm ica. Os testes de anticorpos não treponêm icos para sífilis m ais larga m ente utilizados são o teste de reagina plasm ática rápida (RPR) e o
I—
Figura 169.4 Algoritmo para interpretação dos resultados dos imunoensaios enzimáticos para sífilis (ElAs) usados para triagem. RPR, teste de reagina plasmática rápida; VRDL, Venerai Disease Research Laboratory; TPPA, aglu tinação de partículas de T. pallidum; FTA-ABS, anticorpo fluorescente treponêmico absorvido. (Baseada em 2010 Sexually Transmitted Diseases Treatment Guidelines from the Centers for Disease Control and Prevention.) IgM p ara sífilis do adulto. Em bora os títulos de IgM pareçam declinar depois da terapia, a presença ou ausência de IgM específica não se correlaciona estritam ente com a infecção p or T. pallidum. Além dis so, n enhum teste de IgM disponível com ercialm ente é recom endado para avaliação de lactentes com suspeita de sífilis congênita.
Testes sorológicos falsos positivos para sífilis Os antígenos lipídicos dos testes não treponêm icos são sem elhantes àqueles encontrados em tecidos hum anos, e os testes podem ser re ativos (geralm ente com títulos < 1:8) em pessoas sem infecção por treponem a. Entre pacientes sendo triados para sífilis p or causa de fa tores de risco, suspeita clínica, ou história de exposição, -1% dos testes reativos são falsam ente positivos. Os testes VDRL e RPR m odernos são altam ente específicos, e as reações falsas positivas lim itam -se largam ente a pessoas com condições autoim unes ou uso de drogas injetáveis. A prevalência de resultados falsos positivos aum enta com a idade crescente, aproxim ando-se de 10% entre pessoas com > 70 anos de idade. Em um paciente com um teste nao treponêm ico falso positivo, a sífilis é excluída po r um teste treponêm ico não reativo.
CAPÍTULO 169
do Venereal Disease Research L aboratory (VDRL), que m ensuram IgG e IgM direcionadas contra u m complexo antigênico cardiolipina-lectina-colesterol. O teste RPR é m ais fácil de realizar e usa soro não aquecido; é o teste de escolha para diagnóstico sorológico rápido em um a situação clínica, e pode ser autom atizado. O teste VDRL pe rm a nece o padrão para exam e do LCS. Os testes RPR e VDRL são recom endados para triagem , ou para quantificação de antico rp o sérico. O título reflete a atividade da doença, elevando-se durante a evolução da sífilis precoce e, frequen tem ente, excedendo de 1:32 na sífilis secundária. D epois da terapia para sífilis precoce, um a queda persistente de quatro vezes ou m ais (p. ex., um declínio de 1:32 para 1:8) é considerada um a resposta adequada. Os títulos de VDRL não correspondem diretam ente aos títulos de RPR, e testes quantitativos seqüenciais (com o p ara resposta à terapia) devem em pregar um só m étodo. C om o será discutido (ver “Avaliação para Neurossífilis”, adiante), o título de RPR pode ser útil para d eterm inar que pacientes se beneficiarão de exam e do LCS. Os testes treponêm icos dosam anticorpos a antígenos nativos ou recom binantes de T. pallidum , e incluem o teste de an ticorpo fluo rescente treponêm ico absorvido (FTA-ABS) e a aglutinação de p a rtí culas de T. pallidum (TPPA), am bos os quais são m ais sensíveis para sífilis prim ária que os testes de hem aglutinação anteriorm ente usa dos. O teste de hem aglutinação do T. pallidum (TPHA) é largam ente utilizado n a E uropa, m as não está disponível nos E stados U nidos. Q uando usados para confirm ar resultados positivos de testes não tre ponêm icos, os testes treponêm icos têm um valor preditivo positivo para o diagnóstico de sífilis m uito alto. Em um cenário de triagem , entretanto, esses testes dão resultados falsos positivos em taxas tão altas com o 1 a 2%. É provável que os testes treponêm icos p e rm a n e çam reativos m esm o depois de tratam en to adequado, e não podem diferenciar a infecção p o r T. pallidum pregressa da atual. Testes treponêm icos de fita im unocrom atográfica (ICS) e im unoensaios enzim áticos (EIA), baseados largam ente na reatividade a antígenos recom binantes, tam bém têm sido desenvolvidos. Os EIA têm sido aprovados com o testes de confirm ação, e, po r causa de sua facilidade de autom ação, são usados atualm ente para propósitos de triagem p or alguns laboratórios grandes. Visto que os testes trep o n ê m icos não podem distinguir entre sífilis atual e tratada, ou podem ser falsam ente reativos, os clínicos p odem não ter certeza de com o inter pretar resultados reativos de EIA de triagem . A Figura 169.4 fornece um algoritm o sugerido para o m anejo desses casos. Interesse considerável tem sido focalizado recentem en te sobre testes ICS point-of-care, que p odem ser usados no cam po ou em cenários pobres em recursos. Esses testes tre ponêm icos ainda não estão aprovados para uso nos Estados Unidos, m as têm sido avaliados em clínicas de pré-natal de vários países em desenvolvim ento. Tanto os testes não treponêm icos com o os treponêm icos podem ser não reativos no início da sífilis prim ária, em bora os trep o n êm i cos sejam levem ente m ais sensíveis (85-90%) d urante essa fase que os testes não treponêm icos (-80% ). Todos os testes são reativos d u rante a sífilis secundária. (M enos de 1% dos pacientes com títulos altos têm um teste não treponêm ico que é não reativo, ou fracam ente reativo, com soro não diluído, m as é reativo com soro diluído - o fenôm eno pró-zona.) A sensibilidade e os títulos de VDRL e RPR podem declinar em pessoas não tratadas com sífilis latente tardia ou sífilis tardia, m as os testes treponêm icos perm anecem sensíveis n es sas fases, enquanto os títulos de testes não treponêm icos dim inuirão, ou se tornarão não reativos, depois da terapia da sífilis precoce, os testes treponêm icos frequentem ente perm anecem reativos depois do tratam ento, e não são úteis para determ inar o estado da infecção em pessoas com sífilis pregressa. Para propósitos práticos, a m aioria dos clínicos precisam estar fam iliarizados com três usos dos testes sorológicos para sífilis: ( 1) triagem ou diagnóstico (RPR ou VDRL), (2) dosagem quantitativa de anticorpos para avaliar atividade clínica da sífilis ou m onitorar a res posta à terapia (RPR ou VDRL), e (3) confirm ação de um diagnóstico de sífilis em um paciente com teste RPR ou VDRL reativo (FTA-ABS, TPPA, EIA). Estudos não têm dem o n strad o a utilidade de teste de
co =:
Avaliação para neurossífilis O envolvim ento do SNC é detectado pelo exam e do LCS para pleocitose (> 5 leucócitos/(xL), concentração de proteína aum entada (> 45 m g/dL), ou reatividade do VDRL. Contagens de células e concen trações de p roteína elevadas no LCS não são específicas para neu rossífilis, e podem ser confundidas pela coinfecção po r HIV. Com o a pleocitose no LCS tam bém pode ser causada pelo HIV, alguns es tudos têm sugerido um p onto de corte de leucócitos no LCS de 20 células/p-L com o diagnóstico de neurossífilis, em pacientes de sífilis infectados com HIV. O teste de VDRL no LCS é altam ente específico, e, quando reativo, é considerado diagnóstico de neurossífilis; entre tanto, esse teste é pouco sensível, e pode ser não reativo m esm o em casos de neurossífilis sintom ática. O teste FTA-ABS no LCS é reativo bem mais frequentem ente que o VDRL no LCS em todas as fases da sífilis, m as a reatividade pode refletir transferência passiva de an-
1385
Indicações para exame do LCS em adultos com todos os estágios de sífilis QUADRO 169.1
Todos os pacientes Sinais ou sintomas de envolvimento do sistema nervoso (p.ex., meningite, perda auditiva, disfunção de nervo craniano, estado mental alterado, doença oftálmica - tal como uveíte, irite, anormalidades na pupila ataxia, perda do sentido de vibração) ou RPR ou título para VDRL > a 1:32, ou Suspeita de falha no tratamento
risco m ais alto de neurossífilis para punção lom bar, em bora alguns casos de neurossífilis venham a não ser identificados p o r esses cri térios. O Q uadro 169.1 resum e as diretrizes sugeridas p o r estudos publicados. Testes sorológicos após tratam ento são im portantes para todos os pacientes com sífilis, particularm ente aqueles tam bém in fectados com HIV.
TRATAMENTO
Sífilis
Indicações adicionais em pacientes com HIV CD4+, contagem de células T 1:32 estão em risco m ais alto de ter neurossífilis (11 vezes e 6 vezes mais alto em pessoas infectadas e não infectadas p or HIV, respectivam ente), assim com o pacientes infectados com HIV com contagens de células T CD4+ de < 350/(xL. As recom endações atuais para exame do LCS são m ostradas no Q u a d ro 169.1.
Avaliação para sífilis de pacientes infectados com HIV
Doenças Infecciosas 1386
Com o as pessoas em risco m ais alto para sífilis tam bém têm risco au m entado de infecção p or HIV, essas duas infecções frequentem ente coexistem. Há evidências de que a sífilis e outras doenças com úlceras genitais podem ser fatores de risco im portantes para a aquisição e transm issão da infecção por HIV. Algum as m anifestações da sífilis podem ser alteradas em pacien tes com infecção por HIV concom itante, e m últiplos casos de recaída neurológica depois da terapia padrão têm sido relatados nesses in divíduos. O 1'. pallidum tem sido isolado do LCS de vários pacientes (com e sem infecção concom itante p or HIV ) depois da terapia com penicilina benzatina para sífilis precoce. As pessoas com infecção p or H IV recém -diagnosticada devem ser testadas para sífilis; inversam ente, todos os pacientes com sífi lis recentem ente diagnosticada devem ser testados para infecção por HIV. Alguns especialistas, persuadidos p or relatos de persistência do T. pallidum no LCS de pessoas infectadas com H IV depois da terapia padrão para sífilis precoce, recom endam exame do LCS para evidên cia de neurossífilis em todos os pacientes coinfectados, in d ep en d en tem ente da fase da sífilis, com tratam ento para neurossífilis se forem encontradas anorm alidades no LCS. O utros, com base em sua p ró pria experiência clínica, acreditam que a terapia p adrão - sem exame do LCS - seja suficiente para todos os casos de sífilis precoce, em pacientes infectados com HIV sem sinais ou sintom as neurológicos. C onform e descrito anteriorm ente, o título de RPR e a contagem de células T CD4+ podem ser usados para identificar os pacientes em
TRATAMENTO DA SÍFILIS ADQUIRIDA As diretrizes de 2010 do CD C para o tratam ento de sífilis estão resum i das no Q u ad ro 169.2, e são discutidas adiante. A penici lina G é o fárm aco de escolha para todas as fases da sífilis. O T. pallidum é m orto p or concentrações m uito baixas de penicilina G, em bora um período longo de exposição à penicilina seja neces sário, por causa da velocidade de m ultiplicação do m icrorganism o incom um ente lenta. A eficácia da penicilina contra a sífilis p e r m anece não dim inuída depois de 60 anos de uso, e não há evidên cias de resistência do T. pallidum à penicilina. O utros antibióticos efetivos na sífilis incluem as tetraciclinas e as cefalosporinas. Os am inoglicosídios e a espectinom icina inibem o T. pallidum so m ente em doses m uito altas, e as sulfonam idas e as quinolonas são inativas. A azitrom icina tem m ostrado um a prom essa significante com o um agente oral efetivo contra T. pallidum; entretanto, cepas contendo m utações 23S rRNA que conferem resistência aos m a crolídios estão dissem inadas; tais cepas representam > 50% de isolados recentes em Seattle e San Francisco, e têm sido identifica das atualm ente em m últiplos sítios norte-am ericanos e europeus. M utações de resistência a m acrolídios têm sido identificadas em quase todas as am ostras relatadas da China. Em contraste, três es tudos conduzidos na Á frica (U ganda, Tanzânia e M adagascar) d o cum entaram a eficácia clínica da azitrom icina, e, para o su b grupo de am ostras exam inadas, não en contraram evidência m o lecular da mutação. Em resum o, a prevalência de cepas resistentes varia am plam ente p or localização geográfica, e o tratam ento roti neiro da sífilis com azitrom icina não é recom endado. Em todos os casos, deve ser assegurado o a co m p an h a m en to cuidadoso de qualquer paciente tratado para sífilis com azitrom icina.
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Pacientes com sífilis precoce e seus contatos A p enicilina G benzatina é o agente m ais largam ente usado para o tratam ento da sífilis precoce; recom enda-se um a dose única de 2,4 m ilhões de unidades. O tratam e n to preventivo tam bém é reco m en d a do para indivíduos que tenham sido expostos a sífilis infecciosa dentro dos 3 meses anteriores. Os esquemas recomendados para prevenção são os mesmos que os recomendados para sífilis precoce. A penicilina G benzatina cura > 95% dos casos de sífilis preco ce, em bora a recaída clínica possa seguir-se ao tratam ento, p a r ticularm ente em pacientes com infecção concom itante p o r HIV. Com o o risco de recaída neurológica pode ser m ais alto em pa cientes infectados com HIV, o exam e do LCS é recom endado em indivíduos soropositivos para H IV com sífilis em qualquer fase, particularm ente aqueles com um título sérico de RPR > 1:32, ou um a contagem de células T CD 4+ < 350/p,L. Terapia apropriada para neurossífilis deve ser adm inistrada se houver algum a evidên cia de doença do SNC. Sífilis latente tardia e sífilis tardia Se forem encontradas an o rm a lidades no LCS, o paciente deve ser tratado para neurossífilis. Se o LCS for norm al, o tratam ento recom endado é penicilina G benza tina (total de 7,2 m ilhões de unidades; Q uadro 169.2). A resposta clínica ao tratam ento para sífilis terciária benigna geralm ente é im pressionante. C ontudo, as respostas à terapia para sífilis car diovascular não são drásticas, porque aneurism a da aorta e insufi ciência aórtica não podem ser revertidos p o r antibióticos. Pacientes alérgicos à penicilina
Para pacientes com sífilis alérgi cos à penicilina, u m curso de terapia de 2 sem anas (sífilis precoce)
QUADRO 169.2 Recomendações para o tratamento da sífilis3 Pacientes sem alergia à penicilina
Pacientes com alergia à penicilina
Primária, secundária ou latente precoce
LCS normal ou não examinado: Penicilina G benzatina (dose única de 2,4 mU IM) LCS anormal: Tratar como neurossífilis
LCS normal ou não examinado: Tetraciclina HCI (500 mg V0 4x/dia) ou doxiciclina (100 mg VO 2x/dia) por 2 semanas LCS anormal: Tratar como neurossífilis
Latente tardia (ou iatente de duração incerta), cardiovascular, ou terciária benigna
LCS normal ou não examinado: Penicilina G benzatina (2,4 mU IM semanalmente por 3 semanas) LCS anormal: Tratar como neurossífilis
LCS normal e paciente não infectado por HIV': Tetraciclina HCI (500 mg V0 4x/dia) ou doxiciclina (100 mg VO 2x/dia) por 4 semanas LCS normal e paciente infectado por HIV: Dessensibilização e tratamento com penicilina se adesão não puder ser assegurada LCS anormal: Tratar como neurossífilis
Neurossífilis (assintomática ou sintomática)
Penicilina G cristalina aquosa (18-24 mü/dia IV, administrada como 3-4 mU a cada 4 h ou em infusão contínua) durante 10-14 dias ou Penicilina G procaína aquosa (2,4 mü/dia IM) mais probenecida oral (500 mg 4x/dia), ambas por 10-14 dias
Dessensibilização e tratamento com penicilinac
Sífilis na gravidez
De acordo com a fase
Dessensibilização e tratamento com penicilina
1 Fase da sífilis .
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‘Ver Quadro 169.1 e texto para indicações de exame do LCS. sPor causa da presença documentada de resistência a macrolídios em muitas cepas de T. pallidum na América do Norte, Europa e China, a azitromicina deve ser usada com cautela somente quando o tratamento com penicilina ou doxiciclina não for factível. A azitromicina não deve ser usada em homens que têm relações sexuais com homens, nem em mulheres grávidas. 'Dados limitados sugerem que a ceftriaxona (2 g/dia IM ou IV por 10-14 dias) pode ser usada; contudo, é possível a reatividade cruzada entre penicilina e ceftriaxona. Atofa.-LCS, líquido cerebrospinal; mU, milhão de unidades.
Fonte: Baseado nas Diretrizes de Tratamento de Doenças Sexualmente Transmitidas de 2010 do Centers for Disease Control and Prevention..
Neurossífilis A penicilina G benzatina, dada em dose total de até 7,2 m ilhões de unidades, não p roduz concentrações detectáveis de penicilina G no LCS, e não deve ser usada para tratam ento de neurossífilis. A neurossífilis assintom ática pode recair em doença sintom ática após tratam ento com penicilina benzatina, e o risco de recaída pode ser m ais alto em pacientes infectados com HIV. T anto a neurossífilis sintom ática com o assintom ática deve ser tratada com penicilina aquosa. Pensa-se que a adm inistração, ou de penicilina G cristalina aquosa IV, ou de penicilina G procaína aquosa mais probenecida, nas doses recom endadas, assegure concentrações treponem icidas de penicilina G no LCS. A resposta clínica à terapia com penicilina para sífilis m eníngea é drástica, m as o tratam ento da neurossífilis com dano parenquim atoso exis tente pode apenas deter a progressão da doença. Recaída n e u ro lógica tem sido relatada depois de terapia com penicilina IV em altas doses, para neurossífilis em um paciente infectado por HIV. N enhum tratam ento alternativo tem sido estudado, m as o acom panham ento cuidadoso é essencial, e a repetição do tratam ento está indicada em tais pacientes. N enhum dado sugere que terapia adicional (p. ex., penicilina G benzatina por 3 sem anas) seja bené fica após tratam ento para neurossífilis. O uso de outros antibióticos que n ão a penicilina G para o tratam en to de neurossífilis não tem sido estudado, em b o ra d a dos m uito lim itados sugiram que a ceftriaxona possa ser u tili zada. Em pacientes com alergia à penicilina d e m o n stra d a p or testes cutâneos, recom enda-se dessensibilização e tratam e n to com penicilina.
Manejo da sífilis na gravidez Toda m u lh e r grávida deve se su b m ete r a um teste não trep o n ê m ic o em sua p rim e ira consulta pré-natal, e, se em alto risco de exposição, nov am en te no te r ceiro trim estre e no parto. N a paciente grávida não tratad a com sífilis presum ida, o tratam e n to expedito apro p riad o para a fase da doença é essencial. As pacientes devem ser alertadas sobre o risco de u m a reação de Jarisch-H erxheim er, que po d e se asso ciar a contrações p re m a tu ra s leves, m as ra ra m en te resulta em p arto prem aturo. A penicilina é o único agente recom endado para o tratam ento da sífilis na gravidez. Se a paciente tiver um a alergia docum entada à penicilina, dessensibilização e terapia com penicilina devem ser encetadas, de acordo com as diretrizes de 2010 do CDC. Depois do tratam ento, um teste não treponêm ico quantitativo deve ser repetido m ensalm ente d urante toda a gravidez, para se avaliar a eficácia terapêutica. As m ulheres tratadas cujos títulos de anticor pos se elevem em q uatro vezes, ou cujos títulos não dim inuam em quatro vezes ao longo de um perío d o de 3 meses, devem ser tratadas novamente.
CAPÍTULO 169
ou 4 sem anas (sífilis tardia ou latente tardia) com doxiciclina ou tetraciclina é recom endado. Esses regim es parecem ser efetivos na sífilis precoce, m as não têm sido testados para sífilis tardia ou la tente tardia, e a adesão pode ser problem ática. Estudos lim itados sugerem que a ceftriaxona (1 g/dia, adm inistrada IM ou IV, p or 8-10 dias) é efetiva para a sífilis precoce. Esses regim es sem pen i cilina ainda não foram avaliados cuidadosam ente em indivíduos infectados com HIV, e devem ser usados com cautela. Se adesão e seguim ento não puderem ser garantidos, as pessoas infectadas com HIV alérgicas à penicilina, com sífilis latente tardia ou tardia, devem ser dessensibilizadas e tratadas com penicilina.
AVALIAÇÃO E MANEJO DA SÍFILIS CONGÊNITA Estejam infectados ou não, os recém -nascidos de m ães com testes Sorológicos reati vos podem eles p róprios ter testes positivos p o r causa da tran s ferência transplacentária de a nticorpos IgG m aternos. Para lac tentes assintom áticos nascidos de m ães tratadas adequadam ente com penicilina d urante o p rim eiro ou segundo trim estre da ges tação, testes não treponêm icos quantitativos m ensais podem ser realizados para m o n ito ra r a redução ap ropriada dos títulos de anticorpo. T ítulos em elevação ou persistentes indicam infecção, e o lactente deve ser tratado. A detecção de anticorpo IgM n eo n a tal pode ser útil, m as nen h u m teste disponível com ercialm ente é recom endado atualm ente. Um lactente deve ser tratado ao nascer se o estado de tra ta m ento da m ãe soropositiva for desconhecido; se a m ãe recebeu terapia inadequada ou sem penicilina, ou recebeu terapia com penicilina no terceiro trim estre; ou se o lactente for difícil de ser acom panhado. O LCS deve ser exam inado para que se obtenham valores de linha de base antes do tratam ento. A penicilina é o ú n i co fárm aco recom endado para o tratam en to da sífilis em lacten-
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Exames repetidos do LCS devem ser realizados a cada 6 meses, até que a contagem de células seja norm al. U m a contagem elevada de células no LCS cai para o norm al em 3 a 12 meses, nos pacientes não infectados com H IV tratados adequadam ente. A persistên cia de pleocitose leve em pacientes infectados p o r H IV pode ser devido à presença de H IV no LCS; este cenário pode ser difícil de distinguir da falha de tratam ento. Níveis elevados de proteína no LCS caem m ais lentam ente, e o título de VDRL no LCS decli na gradualm ente ao longo de vários anos. Em pacientes tratados para neurossífilis, um a redução de quatro vezes no título sérico de RPR tem sido correlacionada positivam ente com a norm alização do LCS; essa correlação é m ais forte em pacientes não infectados com HIV, e em pacientes infectados com H IV recebendo terapia antirretroviral efetiva.
tes. Recom endações específicas para o tratam ento de lactentes e crianças m aiores estão incluídas nas diretrizes de tratam ento do CDC de 2010.
REAÇÃO DE JARISCH-HERXHEIMER
Um a reação dram ática, em bo ra geralm ente benigna, consistindo em febre, calafrios, mialgias, cefaleia, taquicardia, frequência respiratória aum entada, c o n ta gem de neutrófilos circulantes aum entada, e vasodilatação com hipotensão leve, pode seguir-se ao início do tratam ento para sí filis. Pensa-se que essa reação seja um a resposta a lipoproteínas liberadas pelos m icrorganism os T. pallidum m orrendo. A reação de Jarisch-H erxheim er ocorre em -50% dos pacientes com sífilis prim ária, 90% daqueles com sífilis secundária, e em um a pro p o r ção mais baixa das pessoas com a fase tardia da doença. A defer vescência tom a lugar dentro de 12 e 24 horas. Em pacientes com sífilis secundária, eritem a e edem a das lesões cutâneas podem aum entar. Os pacientes devem ser avisados para esperar tais sin tom as, que podem ser controlados com tratam ento sintom ático. Esteroides e outros anti-inflam atórios não são necessários para essa reação transitória benigna.
AVALIAÇÃO DE SEGUIMENTO DAS RESPOSTAS À TERAPIA
Doenças Infecciosas 1388
A eficácia do tratam ento deve ser analisada por avaliação clínica e m onitora m ento do título quantitativo de VDRL ou RPR, para um declínio de quatro vezes (p. ex., de 1:32 para 1:8). Os pacientes com sífilis prim ária ou secundária devem ser exam inados aos 6 e 12 meses após o tratam ento, e as pessoas com sífilis latente ou tardia aos 6,12 e 24 meses. Exames clínicos e sorológicos m ais freqüentes (3, 6, 9, 12 e 24 meses) são recom endados para os pacientes infectados concom itantem ente com HIV, independentem ente da fase da sífilis. Depois do tratam ento bem -sucedido do prim eiro episódio soropositivo de sífilis prim ária ou secundária, o título de VDRL ou RPR declina progressivam ente, tornando-se negativo pelos 12 meses em 40 a 75% dos casos prim ários soropositivos, e em 20 a 40% dos casos secundários. Pacientes com infecção p o r HIV, ou um a história pregressa de sífilis, têm m enor probabilidade de se to rn ar não reativos ao teste de VDRL ou RPR. As velocidades de declínio dos títulos sorológicos parecem ser m ais lentas, e as fa lhas de tratam ento definidas sorologicam ente m ais com uns, entre os pacientes infectados com H IV do que entre aqueles sem essa coinfecção; entretanto, a terapia antirretroviral efetiva p ode redu zir essas diferenças. A repetição do tratam ento deve ser conside rada se as respostas sorológicas não forem adequadas, ou se sinais clínicos persistirem ou recorrerem . C om o é difícil diferenciar a falha do tratam ento da reinfecção, o LCS deve ser exam inado, com tratam ento para neurossífilis se o LCS for anorm al, e trata m ento para sífilis latente tardia se o LCS for norm al. Os pacientes tratados para sífilis latente tardia frequentem en te têm títulos iniciais de VDRL ou RPR baixos, e podem não ter um declínio de quatro vezes depois da terapia com penicilina. Em tais pacientes, a repetição do tratam ento não é indicada, a m enos que o título se eleve, ou que apareçam sinais e sintom as de sífilis. V isto que os testes treponêm icos p o d em perm anecer positivos apesar do tratam ento para sífilis soropositiva, esses testes não são úteis no acom panham ento da resposta à terapia. A atividade da neurossífilis (sintom ática ou assintom ática) correlaciona-se m elhor com a pleocitose no LCS, e essa m ensura ção fornece o indicador mais sensível de resposta ao tratam ento.
IMUNIDADE À SÍFILIS A taxa de desenvolvim ento de resistência ad quirida ao T. pallidum depois de infecção natural ou experim ental está relacionada com o tam anho do estím ulo antigênico, que depende tanto do tam anho do inóculo infectante, com o da duração da infecção antes do tratam en to. Tanto as respostas hum orais com o as celulares são consideradas de grande im portância na im unidade e na cicatrização de lesões pre coces. A infiltração celular, pred o m in an tem en te p o r linfócitos T e macrófagos, produz um am biente de citocinas T H1, consistente com a lim peza de m icrorganism os p or m acrófagos ativados. O anticorpo específico aum enta a fagocitose, e é necessário para o exterm ínio do T. pallidum m ediado por macrófagos. E studos recentes dem onstram variação antigênica da p roteína TprK, que po d e levar à persistência da infecção e susceptibilidade à reinfecção p o r o utra cepa. Estudos genôm icos com parativos revelaram variações de seqüência entre ce pas de T. pallidum . As cepas p odem ser diferenciadas por m étodos de tipagem molecular, e está sendo exam inada um a possível correlação entre tipo m olecular e m anifestações clínicas.
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han em
CAPÍTU LO
170
Treponematoses Endêmicas Sheila A. Lukehart As treponem atoses endêm icas, ou não venéreas, são infecções bacte rianas causadas p o r parentes próxim as do Treponema pallidum , su bespécie pallidum , o agente etiológico da sífilis venérea (Cap. 169). Bouba, pinta e sífilis endêm ica são tradicionalm ente distinguidas da sífilis venérea p o r m odo de transm issão, idade de aquisição, distri buição geográfica e aspectos clínicos. Essas infecções são lim itadas a áreas rurais de nações em desenvolvim ento, e são vistas em países de senvolvidos som ente entre em igrantes recentes de regiões endêm icas. Nosso “conhecim ento” sobre as treponem atoses endêm icas baseia-se em observações p o r profissionais da área de saúde que tenham visi tado áreas endêm icas; praticam ente n e nhum estudo bem desenhado da história natural, diagnóstico, ou tratam ento dessas infecções tem sido realizado. As infecções p or treponem as são com paradas e co n trastadas no Q u ad ro 170.1.
da subsequente, um aum ento da incidência foi docu m en tad o em alguns países. Áreas de m orbidade ressurgente p o r bouba incluem a África O cidental (C osta do M arfim , G ana, Togo e Benim ), a Re pública C entro-A fricana, a N igéria e a zona ru ral da República D e m ocrática do Congo. A prevalência de sífilis endêm ica é estim ada em > 10% em algum as regiões de G ana, Mali, Niger, B urquina Fasso e Senegal. Na Ásia e Ilhas do Pacífico, relatos sugerem surtos ativos de bouba na Indonésia, Papua-N ova G uiné, T im or Leste, Vanuatu, Laos e Kam puchea. A ín d ia renovou ativam ente seu foco na e rra dicação da bouba em 1996, e não tem relatado casos novos desde 2003. Nas A m éricas, pensa-se que persistam focos de bouba no Haiti e outras ilhas do Caribe, Peru, C olôm bia, Equador, Brasil, G uiana e Surinam e. A pinta é lim itada à A m érica C entral e norte da A m érica do Sul, onde ela é encontrada raram ente e apenas em vilas rem otas. Evidências de doença sem elhante à b o u b a e reatividade sorológica em gorilas e babuínos selvagens na África têm levado à especulação de que possa haver um reservatório anim al para a bouba, em bora ce pas obtidas recentem ente de prim atas h um anos e não hum anos não tenham sido subm etidas a com paração m olecular. U m a única cepa isolada de um babuíno em 1966 contém várias diferenças genéticas identificadas de isolados disponíveis de bouba de seres hum anos.
■ EPIDEMIOLOGIA As treponem atoses endêm icas são doenças crônicas transx M m itidas p o r c ontato direto d u ra n te a infância, e, com o a sífilis, podem causar m anifestações tardias graves anos depois da infecção inicial. Em u m a cam p an h a de erradicação em m assa p a tro c in a d a pela O rganização M undial da Saúde (OM S), de 1952 a 1969, m ais de 160 m ilhões de pessoas na África, Ásia e A m érica do Sul foram exam inadas para infecções p o r treponem as, e m ais de 50 m ilhões de casos, contatos e infecções latentes foram tratados. Essa cam panha reduziu a prevalência de bou b a ativa de >20% para 2 meses de duração, um resultado isolado de teste IgM positivo tem probabilidade de ser falso positivo, e, portanto, não deve ser usa do para confirm ar o diagnóstico. De acordo com os c ritério s atuais ad o ta d o s pelo C D C , u m a IgM p o r western blot é co n sid erad a positiva se duas das seguintes três bandas estão presentes: 23, 39 e 41 kD a. E ntretanto, a co m b i nação das bandas 23 e 41 kD a a in d a p o d e re p re se n tar um re su l tad o falso positivo. O uso e q uivocado ou a m á in te rp reta çã o de blots IgM tem sido um fator no diag n ó stico in c o rre to da doença de Lyme em pacientes com o u tras en ferm id ad es. U m blot IgG é consid erad o positivo se 5 das seguintes 10 b a n d as estiverem p re sentes: 18, 23, 28, 30, 39, 41, 45, 58, 66 e 93 kD a. N os casos da Europa, há m en o r expansão da resposta de anticorpos, e não existe um conjunto único de critérios p ara a in te rp reta çã o de resultados de im un o b lo t em níveis altos de sensibilidade e especificidade para todos os países. O teste sorológico de segunda geração m ais prom issor é o ELI SA p ara IgG específico p ara o p ep tíd io C 6 , que em prega 26-m er da sexta região invariante da lip o p ro teín a VIsE da B. burgdorferi. Os resultados conseguidos com esse teste são sem elhantes àqueles obtidos com dois testes padronizados com o sonicado (ELISA para IgM e IgG e Western blot). A m aior vantagem do ELISA peptídio C6 é a detecção precoce de um a resposta IgG, o que to rn a desneces sário um teste IgM. C ontudo, nem todos os pacientes com doença de Lyme tard ia têm u m a resposta ao p ep tíd io C 6, e esse teste não é tão específico com o western blot sonicado. Assim , n o presente, um a abordagem com dois testes que inclua western blot ainda é re com endada. D a m esm a form a que as respostas ao teste sonicado, a resposta ao peptídio VIsE pode p ersistir p o r m eses ou anos depois de tratam ento antibiótico bem -sucedido; p ortanto, a persistência de anticorpo a VIsE não pode ser igualada à persistência de espiroque tas, na doença de Lyme.
■ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL O EM clássico é um eritem a lentam ente expansivo, frequentem en te com claream ento central parcial. Se a lesão se expande pouco, ela pode representar a pápula verm elha de um a picada de carrapato não infectada. Se a lesão se expande rapidam ente, ela pode representar celulite (p. ex., celulite estreptocócica) ou um a reação alérgica, tal vez à saliva do carrapato. Pode-se pensar que os pacientes com lesões anulares secundárias tenham eritem a m ultiform e, m as nem o desen volvim ento de lesões m ucosas bolhosas, nem o envolvim ento palm oplantar, é um aspecto da infecção p o r B. burgdorferi. No Sudeste dos Estados U nidos, um a lesão de pele sem elhante ao EM, algum as vezes com sintom as sistêm icos leves, pode estar associada à picada do car rapato A m blyom m a am ericanum . E ntretanto, a causa dessa doença exantem ática do Sul associada a carrapato ainda não foi identificada. Nos Estados U nidos, os carrapatos I. scapularis podem tra n s m itir não apenas B. burgdorferi com o tam bém Babesia microti, um parasita de eritrócitos (Cap. 211), ou A naplasm a phagocytophilum, o agente da anaplasm ose granulocitotrópica hum ana (anteriorm ente erliquiose granulocitotrópica hum ana; Cap. 174). E m bora babesiose e anaplasm ose sejam m ais frequentem ente assintom áticas, a infecção com qualquer desses três agentes pode causar sintom as sistêm icos inespecíficos, e pacientes coinfectados podem ter sintom as mais gra ves ou persistentes que aqueles infectados com u m só agente. Hemogram as padrão podem dar pistas com relação à presença de coinfecção. A anaplasm ose pode causar leucopenia ou trom bocitopenia, e a babesiose pode causar trom bocitopenia ou (em casos graves) ane m ia hemolítica. As respostas sorológicas de IgM podem confundir o diagnóstico. Por exemplo, A. phagocytophilum pode provocar um a resposta de IgM positiva para B. burgdorferi. A frequência de coinfecção em diferentes estudos tem sido variável. Em um estudo prospectivo, 4% dos pacientes com EM tin h am evidências de coinfecção. A paralisia facial causada p o r B. burgdorferi, que ocorre na fase dissem inada inicial da infecção (frequentem ente em julho, agosto, ou setem bro), geralm ente é reconhecida p o r sua associação com EM. Entretanto, em casos raros, a paralisia facial sem EM pode ser a m a nifestação de apresentação da doença de Lyme. Em tais casos, tanto as respostas IgM com o IgG à espiroqueta geralm ente são positivas. Os agentes infecciosos m ais com uns que causam paralisia facial são o vírus do herpes sim ples tipo 1 (paralisia de Bell; Cap. 179) e o vírus varicela-zóster (síndrom e de Ramsay H unt; C ap 180). Mais tarde na infecção, a artrite de Lyme oligoarticular assem e lha-se mais à artrite reativa, em um adulto, ou à form a pauciarticular da artrite idiopática juvenil, em um a criança. Os pacientes com a rtri te de Lyme geralm ente têm as respostas de anticorpo IgG m ais fortes vistas na borreliose de Lyme, com reatividade a m uitas proteínas da espiroqueta. O problem a diagnóstico m ais com um é co n fu n d ir a doença de Lyme com a síndrom e de fadiga crônica (Cap. 389) ou a fibrom ialgia (Cap. 335). Essa dificuldade é com posta pelo fato de que um a p e q u en a p orcentagem de pacientes realm en te desenvolvem essas síndrom es de d or ou fadiga crônica em associação a, ou logo depois da, doença de Lyme. A lém disso, tem surg id o um a co n tracu ltu ra que atribui síndrom es dolorosas e de fadiga à doença de Lyme crô nica, q u ando há pouca ou n e n h u m a evidência de infecção p o r B. burgdorferi. Em tais casos, o term o doença, de Lyme crônica, que é igualado a infecção crônica p o r B. burgdorferi, é u m a designação errônea, e o uso de tratam e n to antibiótico prolongado, perigoso e caro não está indicado.
TRATAMENTO
Borreliose de Lyme
TRATAMENTO ANTIBIÓTICO
C onform e esquem atizado no algo ritm o da Fig. 173.2, as várias m anifestações da doença de Lyme geralm ente podem ser tratadas com sucesso po r m eio de antibió ticos adm inistrados p or via oral; as exceções são as anorm alidades neurológicas objetivas e o bloqueio cardíaco atrioventricular de terceiro grau, que são tratados, de m odo geral, com antibióticos
TRATAMENTO DA BORRELIOSE DE LYME
Figura 173.2 Algoritmo para o tratamento das várias manifestações agudas ou crônicas da borreliose de Lyme. AV, atrioventricular. ‘ Para artrite de Lyme, ceftriaxona IV (2 g dadas uma vez por dia durante 14-28 dias) também é efetiva, e é necessária para uma pequena porcentagem de pacientes; contudo, comparado com o tratamento oral, esse regime é menos conveniente de administrar, tem mais efeitos colaterais e é mais caro.
DOENÇA DE LYME CRÔNICA D epois do tratam ento apropriado da doença de Lyme, um a peq u en a porcentagem de pacientes co n tinua a ter sintom as subjetivos, principalm ente d or m usculoesquelética, dificuldades neurocognitivas, ou fadiga. Esta doença de Lyme crônica, ou síndrome pós-Lyme é u m a condição incapacitante sem elhante à síndrom e de fadiga crônica ou à fibromialgia. Em um estudo grande, um grupo de pacientes com síndrom e pós-Lyme recebeu ceftriaxona IV p o r 30 dias, seguida p o r doxiciclina oral p or 60 dias, enquanto outro grupo recebeu preparados orais e IV de placebo com as m esm as durações. Não foram encontradas diferenças significantes entre os grupos quanto aos núm eros de pacientes relatando que seus sintom as tinham m elhorado, ficado piores, ou perm anecido inalterados. Tais pacientes são tratados m elhor para o alívio dos sintom as em vez de com cursos prolon gados de antibióticos. PROFILAXIA APÓS UMA PICADA DE CARRAPATO O risco de infecção com B. burgdorferi após u m a picada de carrapato reconhecida é tão baixo que a profilaxia com antibióticos n ão é indicada rotinei ram ente. Entretanto, se um a ninfa de I. scapularis fixada, ingurgitada, é encontrada, ou se é previsto que o acom panham ento será difícil, um a dose única de 200 m g de doxiciclina, que geralm ente previne a doença de Lyme quando dada d entro de 72 h após a picada do carrapato, pode ser adm inistrada.
Borreliose de Lyme
IV. Para a doença de Lyme inicial, a doxiciclina é efetiva e pode ser adm inistrada a hom ens e m ulheres não gestantes. Um a vanta gem desse regim e é que ele tam bém é efetivo contra A. phagocytophilum , que é transm itido pelo m esm o carrapato que transm ite o agente da doença de Lyme. A m oxicilina, axetil cefuroxim a e eritrom icina ou seus congêneres são a segunda, terceira e quarta alternativas de escolha, respectivam ente. Em crianças, a am oxici lina é efetiva (não m ais que 2 g/dia); em casos de alergia à pen i cilina, axetil cefuroxim a ou eritrom icina podem ser usadas. Em contraste com os antibióticos cefalosporinas de segunda ou ter ceira geração, as cefalosporinas de prim eira geração, tais com o a cefalexina, não são efetivas. Para pacientes com infecção localiza da na pele, um curso de terapia de 14 dias geralm ente é suficiente; em contraste, para pacientes com infecção dissem inada recom en da-se um a série de 21 dias. A proxim adam ente 15% dos pacientes experim entam um a reação sem elhante à de Jarisch-H erxheim er durante as prim eiras 24 h de terapia. Em estudos m ulticêntricos, > 90% dos pacientes cuja doença de Lyme inicial foi tratada com esses regim es tiveram resultados satisfatórios. E m bora alguns pacientes relatassem sintom as depois do tratam ento, evidências objetivas de infecção persistente ou recaída foram raras, e a repe tição do tratam ento geralm ente foi desnecessária. A adm inistração oral de doxiciclina ou am oxicilina p o r 30 dias é recom endada para o tratam ento inicial da artrite de Lyme em pacientes que não tenham envolvim ento neurológico conco m itante. Entre pacientes com artrite que não respondem a anti bióticos orais, a repetição do tratam ento com ceftriaxona IV por 28 dias é apropriada. Em pacientes com artrite nos quais - apesar de um resultado negativo de PCR para DNA de B. burgdorferi no
líquido articular - a inflam ação a rticular persiste p o r meses ou m esm o vários anos depois de antibióticos, tanto p or via oral como IV, o tratam ento com agentes anti-inflam atórios ou sinovectom ia pode ter sucesso. Nos Estados U nidos, a terapia antibiótica parenteral geral m ente é usada para anorm alidades neurológicas objetivas (com a possível exceção de paralisia facial isolada). Os pacientes com envolvim ento neurológico são tratados m ais com um ente com cef triaxona IV por 14-28 dias, m as a cefotaxim a IV ou a penicilina G IV pela m esm a duração tam bém podem ser efetivas. Na E uro pa, resultados sem elhantes têm sido conseguidos com doxiciclina oral e antibióticos IV no tratam ento da neuroborreliose aguda. Em pacientes com bloqueio atrioventricular de alto grau, ou um intervalo RP > 0,3 s, terapia IV p o r pelo m enos parte do curso e m onitoram ento cardíaco são recom endados, m as a inserção de um m arca-passo perm anente não é necessária. N ão está claro q u an d o e se a infecção assintom ática deve ser tratada, m as os pacientes com tal infecção frequentem ente re cebem um curso de antibióticos orais. Visto que a transm issão m aterno-fetal de B. burgdorferi parece o c o rre r raram en te (se é que ocorre), a terapia p a d rão p ara as m anifestações da doença é re co m en d ad a p ara m ulheres grávidas. Persistência de longo prazo da B. burgdorferi n ão tem sido d o c u m e n tad a em n e n h u m a série grande de pacientes após o tratam e n to com os regim es recom endados atualm ente. E m bora um paciente ocasional n e cessite de u m segundo curso de antibióticos, não há indicação p ara cursos de antibiótico m últiplos, repetidos, no tratam en to da doença de Lyme.
■ PROGNÓSTICO A resposta ao tratam ento é m elhor no início da doença. O tratam ento m ais tardio da borreliose de Lyme ainda é efetivo, m as o período de convalescença pode ser m ais longo. Finalm ente, a m aioria dos p a cientes se recupera com déficit residual m ínim o ou nenhum .
■ REINFECÇÃO A reinfecção pode ocorrer depois do EM quando os pacientes são tratados com agentes antim icrobianos. Em tais casos, a resposta im une não é adequada para fornecer proteção contra infecção subse quente. Contudo, os pacientes que desenvolvem um a resposta im une expandida à espiroqueta ao longo de um p eríodo de meses (p. ex., aqueles com artrite de Lyme) têm im unidade protetora po r um p e ríodo de anos, e não adquirem a infecção novam ente.
1405
■ PREVENÇÃO As m edidas de proteção para a prevenção da doença de Lyme podem incluir a evitação de áreas infestadas p o r carrapatos, o uso de repe lentes e acaricidas, verificações de carrapatos, e m odificações paisa gísticas dentro ou próxim o de áreas residenciais. E m bora u m a vacina para a doença de Lyme tenha sido disponível, o fabricante suspendeu sua produção. Portanto, no presente nenhum a vacina está disponível com ercialm ente p ara a prevenção desta infecção.
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St e e r e
SEÇÃ010
Doenças Causadas por Riquétsias, Micoplasmas e Clamídias
CAPÍTULO Riquetsioses David H. Walker J. Stephen Dumler Thomas M arrie
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RIQUETSIOSES TRANSMITIDAS POR CARRAPATOS, ÁCAROS, PIOLHOS E PULGAS Tais doenças, causadas p o r m icrorganism os dos gêneros Rickettsia e Orientia, da fam ília R ickettsiaceae, resultam de infecção e n d o te lial e do aum ento da perm eab ilid ad e vascular. As espécies patogê nicas de riquétsias são m uito estreitam ente relacionadas, têm genom as pequenos (com o resultado de evolução redutiva que elim inou m uitos genes p ara a biossíntese de m oléculas disponíveis no m eio intracelular) e são trad icio n a lm e n te separadas nos g ru p o s do tifo e da febre m aculosa com base nos antíg en o s lipopolissacarídicos. A lgum as doenças e seus agentes (p. ex., R. africae, R. parkeri e R. sibirica) são tão sem elhantes que dispensam descrições separadas. N a verdade, as sem elhanças en tre a FM M [jR. conorii (todas as cepas)] e R. massiliae, o tifo tra n s m itid o p o r carrap ato do n o rte da Ásia (R. sibirica), a febre m aculosa jap o n e sa (R. japonica) e a febre m aculosa das Ilhas Flinders (R. honei) su p eram de longe variações m ínim as. As riq u étsias que causam infecções p o ten cialm en te fa tais são, em ordem decrescente de taxa de fatalidade de casos, a R. rickettsii (FM M R), a R. prow asekii (tifo tran sm itid o p o r piolho), a O rientia tsutsugamushi; a R. conorii (FM M ), a R. typhi (tifo m u ri n o) e, em raros casos, o u tro s m icro rg an ism o s do g ru p o das febres m aculosas. N ão há com provação de que alguns agentes (p. ex., R. parkeri, R. africae, R. akari, R. slovaca, R. honei, R .felis, R. m assi liae, R. helvetica, R. heilongjiangensis, R. aeschlim annii e R. m onacensis) causem doença fatal.
CAPÍTULO 174
As riquétsias são um grupo heterogêneo de pequenos cocobacilos e bacilos curtos G ram -negativos intracelulares obrigatórios, a m aioria transm itida por carrapatos, outros ácaros, pulgas ou piolhos, que ser vem com o vetores. Exceto no caso do tifo transm itido p o r piolhos, os seres hum anos são hospedeiros eventuais. E ntre as riquétsias, a Coxiella burnetii, a Rickettsia prowazekii e a R. typhi têm capacidade com provada de sobreviver p or longos períodos fora do reservatório ou vetor e são extrem am ente infecciosas: a inalação de um único m icrorganism o do gênero Coxiella pode causar pneum onia. A alta infectividade e a doença grave após inalação tornam a Rickettsia pro wazekii, a R. rickettsii, a R. typhi, a R. conorii e a C. burnetii ameaças bioterroristas. As infecções clínicas causadas pelas riquétsias p odem ser clas sificadas de acordo com ( 1) a taxonom ia e as diversas característi cas m icrobianas dos agentes, que p ertencem a 6 gêneros (Rickettsia, Orientia, Ehrlichia, Anaplasma, Neorickettsia e Coxiella); (2) a epide miologia; ou (3) as m anifestações clínicas. As m anifestações clínicas de todas as apresentações agudas são sem elhantes nos prim eiros 5 dias: febre, cefaleia e m ialgias, com ou sem náuseas, vôm itos e to s se. C onform e a doença evolui, as m anifestações clínicas - inclusive a ocorrência de um exantem a m acular, m aculopapular ou vesicular, crostas, pneum onite e m eningoencefalite - variam de um a doença para outra. D ados os 14 agentes etiológicos com m ecanism os v aria dos de transm issão, a distribuição geográfica e as m anifestações as sociadas da doença, a consideração das riquetsioses com o entidades únicas implica desafios complexos (Q u ad ro 174.1). É m uito difícil estabelecer o diagnóstico etiológico das riquetsio ses durante o estágio agudo da doença, e em geral o diagnóstico d i ferencial requer o exame de am ostras pareadas de soro após a conva lescença. A suspeita clínica baseia-se nos dados epidem iológicos, na história de exposição a vetores ou reservatórios anim ais, de viagem para áreas endêm icas, nas m anifestações clínicas (às vezes incluindo exantem a ou escara) e nos achados laboratoriais característicos (in clusive trom bocitopenia, leucom etria norm al ou baixa, níveis eleva dos de enzim as hepáticas e hiponatrem ia). Tal suspeita é o suficiente para se instituir o tratam ento em pírico im ediato. A doxiciclina é o fárm aco de escolha para a m aioria dessas infecções. C om provou-se que apenas um agente, a C. burnetii, causa doença crônica. O utro, a R. prowasekii, causa recrudescência (doença de Brill-Zinsser) quando a infecção latente é reativada anos após a resolução da d oença aguda. As infecções p or riquétsias em que a febre p redom ina podem resolver-se sem evolução clínica adicional. C ontudo, após as prim ei ras manifestações inespecíficas, tam bém podem evoluir p or um a ou m ais de várias linhas clínicas principais: ( 1) desenvolvim ento de um exantem a m acular ou m aculopapular; (2) desenvolvim ento de um a escara no local da picada do carrapato ou ácaro; (3) desenvolvim ento de um exantem a vesicular (em geral na riquetsiose variceliform e e na febre africana transm itida por carrapato); (4) desenvolvim ento de pneum onite com opacidades na radiografia de tórax e/ou estertores [febre Q e casos graves de febre m aculosa das M ontanhas Rochosas (FM MR), febre m aculosa do M editerrâneo (FM M ), tifo transm itido p or carrapato, erliquiose m onocitotrópica h um ana (EM H ), anaplas-
m ose granulocitotrópica hum ana (AG H), febre tsutsugam ushi e tifo m urino]; (5) desenvolvim ento de m eningoencefalite [do tipo tran s m itido p o r piolhos e casos graves de FM M R, febre tsutsugam ushi, EM H, tifo m urino, FM M e (raram ente) febre Q]; e (6) hipotensão progressiva e falência de m últiplos órgãos, conform e visto na sepse ou na síndrom e do choque tóxico (FM M R, FM M , tifo transm itido por carrapato, tifo m urino, febre tsutsugam ushi, EM H e AGH). Os indícios epidem iológicos da transm issão de um determ inado patógeno incluem ( 1) exposição am biental a carrapatos, pulgas ou ácaros du ran te a estação de atividade da espécie vetora da doença na região geográfica apropriada (riquetsioses da febre m aculosa e do tifo, febre tsutsugam ushi, erliquioses, anaplasm ose); (2) viagem para ou residência em um a região geográfica endêm ica durante o período de incubação (Q uadro 174.1); (3) exposição a rum inantes, gatas e cadelas parturientes (febre Q); (4) exposição a esquilos voadores (in fecção p or R. prowazekii); e (5) história de tifo prévio transm itido por carrapato (tifo recrudescente). Os achados clínicos laboratoriais, com o trom bocitopenia (em particular na febre m aculosa e nas riquetsioses do grupo do tifo, erli quioses, anaplasm ose e febre tsutsugam ushi), leucom etria norm al ou baixa, elevações séricas discretas ou m oderadas das am inotransfera ses hepáticas e hiponatrem ia sugerem alguns m ecanism os fisiopatológicos com uns. A aplicação desses princípios clínicos, epidem iológicos e labora toriais requer a consideração de u m diagnóstico de doença causada p or riquétsia e o conhecim ento de cada doença.
"c: õ' cd
■ FEBRE MACULOSA DAS MONTANHAS ROCHOSAS A FM M R ocorre em 47 estados dos EUA (com a m aior pre valência nos do centro-sul e sudeste), bem com o no C ana dá, no México e na A m érica do Sul. A infecção é transm iti da pelo Dermacentor variabilis, o carrapato canino norte-am ericano, nos 66% orientais dos EUA e na C alifórnia; pelo D. andersoni, ou carrapato do m ato das M ontanhas Rochosas, no oeste dos EUA; pelo Rhipicephalus sanguineus no México, no A rizona e, provavelm ente, no Brasil; e pelo A m blyom m a cajennense nas A m éricas C entral e do
•
1407
QUADRO 174.1
Características das principais infecções por riquétsias
Doença
Microrganismo
Transmissão
Área geográfica
Período de incubação, Duração, Exantema, dias dias %
Febre maculosa das Montanhas Rochosas
Rickettsia rickettsii
Picada de carrapato: Dermacentor andersoni, D. variabilis
EUA
2 a 14
10 a 20
Amblyomma cajennense, A. aureolatum
Américas Central e do Sul
Rhipicephalus sanguineus
México, Brasil, EUA Sul da Europa, África, Oriente Médio, Ásia Central África Subsaariana, índias Ocidentais
5a7
Escara, %
Linfadenopatia3
90
2 anos de terapia, e o tenofovir m ostra-se efetivo contra o HBV resistente à lam ivudina. O perfil de segurança do tenofovir assem elha-se ao do adefovir, porém não foi observada a ocorrência de nefrotoxicidade na dose usada para tratam ento do HBV. O tenofovir foi aprovado para o tratam ento do H IV e das infecções crônicas pelo HBV. Para um a discussão m ais d etalh ad a do tenofovir, ver o C apítulo 189.
■ ENTECAVIR
■ TELBIVUDINA A telbiivudina é um enantiôm ero (3-L da tim idina e um inibidor se letivo e potente do HBV. Sua form a ativa é o trifosfato de telbivudina, que inibe a D N A-polim erase do HBV e provoca o térm ino da cadeia, mas que tem pouca ou n enhum a atividade contra a DN A-polim erase hum ana. A adm inistração de telbivudina em um a dose oral de 600 m g/dia p o r 52 sem anas a pacientes com hepatite B crônica resultou na redução > 5,2-6,4 log10 cópias/m L do DNA do HBV, ju n ta m en te com norm alização dos níveis de ALT em 74-77% dos pacientes e m elhora da histopatologia em 65-67%. O HBV resistente à telbi vudina geralm ente exibe resistência cruzada com vírus resistentes à lam ivudina, porém é habitualm ente suscetível ao adefovir. Depois de 2 anos de terapia, foi observado o desenvolvim ento de resistência à
INTERFER0NS As IFNs são citocinas que exibem grande espectro de atividades a n tivirais, assim com o propriedades im unom oduladoras e antiproliferativas. As IFNs não estão disponíveis para adm inistração oral, de vendo ser adm inistradas p o r via IM SC ou IV. Os prim eiros estudos com IFN leucocitária hum ana d em onstraram um efeito na profilaxia de infecções experim entalm ente induzidas p or rinovírus em seres h um anos e no tratam ento de infecções p o r VZV em pacientes im u nossuprim idos. A tecnologia de D NA recom binante to rn o u disponí vel as IFN a , P e 7 altam ente purificadas, que têm sido avaliadas em diversas infecções virais. Os resultados desses estudos confirm aram a eficácia da adm inistração intranasal da IFN para a profilaxia nas infecções p or rinovírus, em bora seu uso tenha sido associado a ir ritação da m ucosa nasal. E studos tam bém d em onstraram um efeito benéfico da IFN adm inistrada via intralesional ou sistêm ica sobre as verrugas genitais. O efeito da adm inistração sistêm ica consiste p rin cipalm ente em redução no tam an h o das verrugas, e essa form a de terapia pode ser útil nos indivíduos com num erosas verrugas que não podem ser facilm ente tratadas p or injeções intralesionais individuais. C ontudo, as lesões frequentem ente recidivam após a interrupção do tratam ento com IFN intralesional ou sistêmica. Os interferons foram subm etidos a extensos estudos para o tra tam ento da infecção crônica pelo HBV. A adm inistração da IFN -a2b padrão (5 m ilhões de unidades ao dia ou 10 m ilhões de unidades 3 vezes p or sem ana, durante 16-24 sem anas) a pacientes com infecção estável crônica pelo HBV resultou no desaparecim ento dos m arcado res da replicação do HBV, com o o HBeAg e o DNA do HBV, em 3337% dos casos; 8% dos pacientes tam bém se tornaram negativos para o antígeno de superfície da hepatite B. N a m aioria dos pacientes nos quais os m arcadores do DNA do HBV e o HBeAg desapareceram , as am inotransferases plasm áticas reto rn aram aos níveis norm ais e ob servou-se m elhora a curto e longo prazos na histopatologia hepática. Os fatores preditivos de um a resposta favorável ao tratam ento com IFN padrão incluem baixos níveis de DNA do HBV pré-tratam ento, altos níveis séricos de ALT pré-tratam ento, curta duração da infec ção crônica pelo HBV e inflam ação ativa na histopatologia hepática. Pacientes im unossuprim idos apresentam respostas fracas, inclusive aqueles com infecção pelo HIV. _ _ Nas IFNs peguiladas, as IFNs alfa estão ligadas ao polietileno glicol. Essa ligação resulta em absorção m ais lenta, dim inuição da d e puração e concentrações séricas m ais duradouras, perm itindo, assim, um esquem a posológico m ais conveniente de um a dose semanal; em m uitos casos, a IFN peguilada suplantou a IFN padrão. Depois de 48 sem anas de tratam ento com 180 p g de IFN -2a peguilada, houve redução do DNA do HBV em 4,1-4,5 log10 cópias/m L, com n o rm a lização dos níveis séricos de ALT em 39% dos pacientes e m elhora da histologia em 38%. As taxas de resposta foram ligeiram ente mais altas quando a lam ivudina foi adm inistrada com a IFN -2a peguilada. Os efeitos adversos da IFN são com uns e consistem em febre, cala frios, m ialgia, fadiga, neurotoxicidade (m anifestada principalm ente na form a de sonolência, depressão, ansiedade e confusão) e leuco-
Quimioterapia Antiviral, Excluindo os Agentes Antirretrovirais
O entecavir é um análogo ciclopentil da 2’-desoxiguanosina, que ini be o HBV p or m eio de um a interação do trifosfato de entecavir com várias funções de DNA polim erase do HBV. Em um a dose de 0,5 m g/ dia, adm inistrada durante 48 sem anas, o entecavir reduziu as cópias de DNA do HBV em 5,0-6,9 log10, norm alizou os níveis séricos de am inotransferase em 68-78% dos pacientes e m elhorou a histopato logia em 70-72% dos pacientes. O entecavir inibe os vírus resistentes à lam ivudina que apresentam m utações M 550I ou M 550V/L526M , porém apenas em concentrações séricas 20 ou 30 vezes m ais altas do que aquelas obtidas com a dose de 0,5 m g/dia. Por conseguinte, são recom endadas doses m ais altas de entecavir (1 m g/dia) para o trata m ento de pacientes infectados p or HBV resistente à lam ivudina. O desenvolvim ento de resistência ao entecavir é incom um em pacien tes virgens de tratam ento, porém ocorre em taxas inaceitavelm ente altas (43% depois de 4 anos) em pacientes previam ente infectados por vírus resistentes à lam ivudina. As cepas resistentes ao entecavir parecem ser sensíveis ao adefovir e ao tenofovir. O entecavir tem alta biodisponibilidade, m as deve ser tom ado com o estômago vazio porque o alim ento interfere em sua absorção. O fárm aco é elim inado p rim ariam en te na form a inalterada pelos rins, devendo-se ajustar sua dose nos pacientes com valores de CrCr < 50 m L/m in. Em geral, o entecavir é bem tolerado, com perfil de segurança sem elhante ao da lam ivudina. À sem elhança de outros tra tam entos anti-HBV, pode ocorrer exacerbação da hepatite quando se interrom pe a terapia com entecavir. O entecavir foi aprovado para o tratam ento da hepatite B crônica, incluindo infecção p o r vírus resis tentes à lam ivudina, em adultos. O entecavir exibe algum a atividade contra o HIV-1 (concentração efetiva m ediana de 0,026 a > 10 pM ), porém não deve ser utilizado com o m onoterapia em pacientes HIV-positivos, devido ao potencial de desenvolvim ento de resistência do HIV em virtude da m utação M184V.
telbivudina em vírus isolados de 22% dos pacientes HBeAg-positivos e naqueles de 9% dos pacientes HBeAg-negativos. A telbivudina adm in istrad a p or via oral é rapidam ente absor vida; com o é elim inada, sobretudo pelos rins, a sua dose deve ser reduzida em pacientes com valor de C rCr < 50 m L/m in. Em geral, o fárm aco é bem tolerado, m as foram observados aum entos nos n í veis séricos das creatinoquinases, bem com o a ocorrência de fadiga e mialgias. C om o ocorre com outros fárm acos anti-HBV, a hepatite pode ser exacerbada em pacientes que interrom pem o tratam ento com telbivudina. A telbivudina foi aprovada para o tratam ento de adultos com hepatite B crônica que apresentam sinais de replicação viral e elevação persistente dos níveis séricos de am inotransferases séricas ou doença histopatologicam ente ativa; todavia, não tem sido am plam ente utilizada, devido à frequência de desenvolvim ento de resistência assinalada anteriorm ente.
1451
Doenças Infecciosas 1452
penia. Além disso, pode haver desenvolvim ento de autoanticorpos (p. ex., anticorpos antitireoideos). A IFN -2b e a IFN -2a peguilada foram aprovadas para o tratam ento de pacientes com hepatite B crô nica. Foram publicados dados que sustentam a eficácia terapêutica do interferon-2b peguilado na infecção pelo HBV; o fárm aco não foi aprovado para essa indicação nos Estados U nidos, m as foi aprovado para o tratam ento da infecção crônica pelo HBV em outros países. Diversas preparações da IFN, incluindo a IF N -a2a, a IF N -a2b, a IFN -alfacon-1 e a IF N -a m l (linfoblastoide), foram estudadas no tratam ento das infecções crônicas pelo HCV. Diversos esquem as de m onoterapia foram estudados, dos quais o m ais com um para a IFN padrão é a IF N -a 2b ou IF N -a2 a n a dose de 3 m ilhões de unidades 3 vezes p or sem ana durante 12-18 m eses. O acréscim o de ribavirina oral à IF N -a2 b - com o terapia inicial ou após a falha da terapia com interferon apenas - resulta em taxas significativam ente m ais altas de respostas persistentes dos dados virológicos e/ou da ALT sérica (40-50%) que as obtidas com m onoterapia. E studos com parativos indicam que a terapia com IFN peguilada po d e ser m ais eficaz que a IFN p adrão contra a infecção crônica pelo H C V A com binação de IFN peguilada SC e ribavirina oral é m ais conveniente e parece ser o esquem a m ais eficaz para o tratam en to da hepatite C crônica. C om esse esquem a com binado, foram observadas respostas virológicas sustentadas (RVS) em 42-51% dos pacientes com a infecção de genótipo 1 e em 76 a 82% daqueles com a infecção de genótipo 2 ou 3. A ribavirina parece ter um pequeno efeito antiviral na infec ção pelo HCV, m as tam bém po d e ser que atue m ediante um efeito im unom odulador e com binação com a IFN. Os m elhores resultados com a ribavirina parecem estar associados a dosagens baseadas no peso. Os fatores prognósticos para um a resposta favorável incluem idade de < 40 anos, curta duração da infecção, baixos níveis de RNA do HCV, m enor grau de histopatologia hepática e infecção p o r o u tros genótipos do H CV que não o 1. A IFN alfacon, um in terfero n -a sintético de “consenso”, parece resultar em taxas de resposta sem e lhantes àquelas produzidas pela IFN - a 2 a ou pela IFN - a 2 b padrão isoladam ente, e tam bém foi aprovada nos EUA para o tratam ento da hepatite C crônica. A eficácia da IFN- a no tratam ento da hepatite D crônica p e r m anece obscura. Relatos sem com provação sugeriram que doses de 5 m ilhões de unidades/dia a 9 m ilhões de unidades 3 vezes/sem ana d u rante 12 meses suscitaram respostas bioquím icas e virológicas. Os re sultados de estudos controlados pequenos foram inconsistentes, e as respostas observadas geralm ente não foram duradouras. Há poucas experiências publicadas sobre o uso da IFN - a 2 a ou a 2 b peguilada no tratam ento da hepatite D, m as alguns especialistas preferem esses agentes para tal indicação, devido às suas vantagens farm acológicas sobre a IFN padrão.
petido de pacientes infectados pelo HCV, nos quais a terapia anterior com IFN /ribavirina falhou, a adição de telaprevir m ais IFN peguilada/ribavirina aum entou a taxa de RVS para 51-53%. A com binação de telaprevir/IFN peguilada e ribarivina é superior a essa com binação sem ribavirina. Um a dose de ataque oral de 1125 m g é seguida de 750 m g p o r via oral, a cada 8 h, d urante 12-24 sem anas. A m onoterapia está associada ao rápido aparecim ento de resistência antiviral; são encontradas substituições na NS3 protease, particularm ente varian tes duplas nas posições V35M e R155K. A terapia com telaprevir está associada a exantem as em -5 0 % dos pacientes; essas erupções são graves em -5 % dos casos e, com frequência, surgem dentro de algu m as sem anas após o início da terapia. Os dados disponíveis sugerem que o telaprevir tem o potencial de au m en tar a taxa de RVS e pode reduzir a duração global da terapia para o H C V de 48 para 24 sem a nas quando utilizado em associação com IFN peguilada e ribavirina. No m om ento em que este capítulo está sendo redigido (fevereiro de 2011), os inibidores da protease ainda não estão aprovados para tra tam ento do HCV.*
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INIBIDORES DA PROTEASE Essa classe de fárm acos foi especificam ente planejada para inibir a protease do HCV 3/4A (NS3/4A). Esses agentes assem elham -se ao polipeptídio do HCV e, quando processados pela protease viral, for m am um a ligação covalente com os resíduos de serina catalíticos e bloqueiam a sua atividade adicional. O com posto clinicam ente mais avançado dessa classe é o telaprevir. Nos estudos clínicos iniciais de fase 1 e fase 2, a m onoterapia com telaprevir dim in u iu a carga do H CV em 2-5 log10. 0 telaprevir em com binação com IFN e ribavirina aum entou a taxa de RVS de -40% para 60% quando utilizado com o terapia prim ária para infecções pelo genótipo 1. Para tratam ento re
J, B o i v i n G: Resistance of herpes simplex viruses to nucleoside analogues: Mechanisms, prevalence, and management. Antimicrob Agents Chemother 55:459, 2011 T r e a n o r IJ et al: Efficacy and safety in treating acute influenza: A rando mized controlled trial. U.S. Oral Neuraminidase Study Group. JAMA 283:1016, 2000 P ir e t
N. de R. T.: O inibidor de protease telaprevir foi aprovado pela ANVISA para tratamento da hepatite crônica causada pelo HCV. O uso desse medicamento também foi permitido na Europa, pela EMA, e nos EUA, pelo FDA.
SEÇÃ012
Infecções Causadas por Vírus de DNA
CAPÍTULO
179 i
Infecções por Herpesvírus -C Simples Lawrence Corey ■ DEFINIÇÃO Os herpesvírus simples (HSV-1, HSV-2; Herpesvírus hominis) p ro d u zem inúm eras infecções que afetam as superfícies cutaneom ucosas, o sistem a nervoso central (SNC) e - às vezes - , órgãos viscerais. O reconhecim ento e o tratam ento im ediatos reduzem as taxas de m o r bidade e de m ortalidade associadas às infecções herpéticas.
■ AGENTE ETIOLÓGICO
o > XI
-Nl CD
Infecções por Herpesvírus Simples
O genom a do HSV é um a m olécula de DNA linear de d u plo filam ento (peso m olecular, cerca de 100 X 106), que codifica > 90 unidades de transcrição com 84 proteínas identificadas. As estruturas genôm icas dos dois subtipos de HSV são sem elhantes. A hom ologia global das seqüên cias genômicas é, entre o HSV-1 e o HSV-2, de cerca de 50%, ao passo que a hom ologia do proteom a é > 80%. As seqüências hom ólogas distribuem -se p or todo o m apa genôm ico, e a m aioria dos polipeptídios especificados p o r um tipo viral está antigenicam ente relacio nada com os polipeptídios do outro tipo viral. E ntretanto, existem m uitas regiões tipo-específicas peculiares às proteínas do HSV-1 e do HSV-2, e várias delas parecem ser im portantes para a im unidade do hospedeiro. Essas regiões tipo-específicas foram usadas para criar ensaios sorológicos que distinguem entre os dois subtipos virais. A análise ou o sequenciam ento do DNA viral com endonucleases de restrição podem ser utilizados para distinguir os dois subtipos e para diferenciar as cepas de cada subtipo. A variabilidade das seqüências de nucleotídios de cepas clínicas de HSV-1 e HSV-2 é tal que os isola dos HSV de dois indivíduos são distinguíveis p or padrões de enzim as de restrição ou seqüências genômicas. Além do m ais, a relação epide m iológica entre as fontes, com o a que existe entre parceiros sexuais, parceiros de m ãe-lactente ou pessoas envolvidas em um surto de fon te com um , pode ser inferida de tais padrões. O genom a viral é em pacotado em u m a cápsula proteica icosaédrica regular (capsídio), constituída de 162 capsôm eros (ver Fig. 177.1). A cobertura externa do vírus consiste em um a m em brana contendo lipídio (invólucro) adquirida à m edida que o capsídio co n tendo DNA brota da m em brana nuclear interna da célula do hospe deiro. Entre o capsídio e a dupla cam ada lipídica do invólucro encon tra-se o tegum ento. A replicação viral apresenta um a fase nuclear e um a fase citoplasmática. A fixação inicial à m em brana celular envol ve interações das glicoproteínas virais C e B com vários receptores de superfície sem elhantes ao heparan sulfato. Subsequentem ente, a glicoproteína D viral liga-se a correceptores celulares que p e rte n cem à família de proteínas do receptor do fator de necrose tum oral, à superfam ília das im unoglobulinas (família da nectina) ou a ambas. A ubiquidade desses receptores contribui para a am pla diversidade de hospedeiros dos herpesvírus. A replicação é altam ente regulada. Após fusão e entrada, o nucleocapsídio en tra no citoplasm a e d i versas proteínas virais são liberadas do virion. A lgum as dessas p ro teínas virais interrom pem a síntese de proteínas do hospedeiro (ao aum entar a degradação do RNA celular), enquanto outras “ligam” a transcrição dos genes precoces da replicação do HSV. Esses produtos
gênicos precoces, denom inados genes a, são necessários para a sín tese do grupo polipeptídio subsequente, os polipeptídios 3 , m uitos dos quais consistem em proteínas reguladoras e enzim as necessárias para a replicação do DNA. A m aioria dos agentes antivirais atuais interfere nas proteínas (3, com o a DNA polim erase viral. A terceira classe (7 ) de genes do HSV exige replicação do DNA viral para a sua expressão e constitui a m aioria das proteínas estruturais especificadas pelo vírus. Após a replicação do genom a viral e a síntese das proteínas estru turais, os nucleocapsídios são organizados no núcleo da célula. O cor re a form ação do envoltório à m edida que os nucleocapsídios brotam da m em brana nuclear interna para 0 espaço perinuclear. Em algu m as células, a replicação viral no interior do núcleo dá origem a dois tipos de corpúsculos de inclusão: os corpúsculos Feulgen-positivos basofílicos tipo A, que contêm DNA viral, e corpúsculos de inclusão eosinofílicos, que são desprovidos de ácido nucleico viral ou proteína e representam um a “cicatriz” da infecção viral. Em seguida, os virions envelopados são transportados p or m eio do retículo endoplasm ático e do aparelho de Golgi para a superfície celular. Os genom as virais são m antidos por algum as células neuronais em um estado reprim ido, denom inado latência. A latência, que está associada à transcrição de apenas um núm ero lim itado de RNA codi ficados por vírus, é responsável pela presença de DNA e RNA virais no tecido neural durante os períodos em que o vírus infeccioso não pode ser isolado. A m anutenção e o crescim ento de células neurais de gân glios com infecção latente em cultura tecidual resultam na produção de virions infecciosos (explante) e na infecção perm issiva subsequen te de células suscetíveis (cocultura). A ativação do genom a viral pode então ocorrer, resultando em reativação, com o padrão norm al de ex pressão regulada dos genes virais, replicação e liberação do HSV. A liberação de virions do neurônio obedece a um processo complexo de transporte anterógrado ao longo dos axônios neuronais. Em animais experim entais, a luz ultravioleta, a im unossupressão sistêmica e local e 0 traum atism o da pele ou dos gânglios estão associados à reativação. Até o m om ento, três transcritos associados à latência (LAT) de RNA não codificador constituem os únicos transcritos abundantes nos núcleos dos neurônios com infecção latente. Foram obtidos m u tantes por deleção da região genôm ica, que podem tornar-se latentes, e a eficiência de sua reativação p o sterio r é reduzida. Além disso, a substituição de LAT do HSV-2 p o r LAT do HSV-1 induz um padrão de reativação do HSV-1. Por conseguinte, os LAT parecem m anter a latência, em lugar de estabelecê-la. Os LAT do HSV- 1 prom ovem a sobrevida dos n eurônios agudam ente infectados, talvez por m eio da inibição das vias apoptóticas. O m icro-R N A derivado de LAT, altam ente expresso d urante a latência, parece silenciar a expressão do fator de neurovirulência essencial, a proteína da célula infectada 34.5 (ICP34.5), e ligar-se em um a configuração antissentido ao RNA-m ensageiro ICP0 para im pedir a expressão dessa proteína im ediata-precoce, que é vital para a reativação do HSV. Estudos de neurônios individuais de explantes de gânglios trigem inais cadavéricos po r microdissecção e reação em cadeia da polim erase (PCR) em tem po real revelaram que m uito m ais neurônios (2 a 11%) abrigam o HSV do que o previsto p o r estudos de hibridização in situ para o LAT, e que o núm ero de cópias de DNA é sem elhante nos neurônios positivos e negativos para LAT. Esses achados não esclarecem bem o papel de sem penhado pelos LAT na prevenção da reativação. No m om ento atual, os m ecanism os m oleculares de latência do HSV não estão to talm ente elucidados; células T C D 8+ foram encontradas em gânglios de anim ais de laboratório e seres h um anos e parecem influenciar o processo de reativação, possivelm ente p o r induzir fatores antivirais com o o interferon (IFN) 7 . N ão se dispõe de estratégias para inter rom per ou m anter a latência m olecular nos neurônios.
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■ PATOGENIA A exposição das superfícies m ucosas ou da pele esfoliada ao HSV perm ite a entrada do vírus nas células da epiderm e e da derm e e o início de sua replicação nestas células. As infecções p o r HSV geral m ente são adquiridas de m aneira subclínica. Q uer clínica ou subclí nica, a aquisição do HSV se associa à replicação viral suficiente para perm itir a infecção das term inações nervosas sensoriais ou autô n o mas. Após penetrar nas células neuronais, o vírus - ou m ais provavel m ente o nucleocapsídio é tran sp o rtad o pelo axônio até os corpos das células nervosas nos gânglios. Nos seres hum anos, o intervalo de tem po que decorre desde a inoculação do vírus no tecido periférico e a sua dissem inação para os gânglios perm anece desconhecido. D u rante a fase inicial da infecção, ocorre replicação viral nos gânglios e no tecido nervoso contíguo. Em seguida, o vírus propaga-se para outras superfícies m ucocutâneas p o r m igração centrífuga dos virions infecciosos, p or m eio dos nervos sensoriais periféricos. Essa form a de dissem inação ajuda a explicar a grande superfície da área afetada, a elevada frequência de novas lesões distantes do grupo inicial de ve sículas, o que é típico em pacientes com infecção genital ou orolabial prim ária por HSV, e a capacidade de recuperar o vírus a p a rtir do tecido neural distante dos neurônios que inervam o local de inocula ção. Além disso, pode ocorrer dissem inação contígua do vírus local m ente inoculado, perm itindo a extensão adicional da doença na m u cosa. Estudos recentes dem onstraram virem ia p or HSV - um outro m ecanism o para a dissem inação da infecção p o r todo o corpo em cerca de 30 a 40% das pessoas com infecção prim ária p o r HSV-2. Foi dem onstrada a ocorrência de infecção latente por am bos os subtipos de vírus em gânglios tanto sensoriais quanto autônom os. No caso da infecção pelo HSV-1, os gânglios trigem inais são m ais com um ente infectados, em bora tam bém ocorra extensão para os gânglios cervi cais inferior e superior. Na infecção genital, os gânglios das raízes dos nervos sacrais (S2-S5) são mais com um ente afetados. Após a resolução da doença p rim ária, o HSV infeccioso não pode ser m ais cultivado a p a rtir dos gânglios; entretanto, a infecção latente, definida pela presença de DNA viral, persiste em 2 a 11% das células ganglionares na região anatôm ica da infecção inicial. O m ecanism o de reativação a p artir da latência não é conhecido. Cada vez mais, os estudos indicam que as respostas das células T do h o s pedeiro no nível ganglionar e m ucoso periférico influenciam a fre quência e a gravidade da reativação do HSV. Foram isoladas células T específicas para o HSV de gânglios das raízes dos nervos perifé ricos. M uitas dessas células T CD8+ residentes estão justapostas a neurônios infectados de m aneira latente pelo HSV-1 nos gânglios trigem inais e podem bloquear a reativação po r m eio da liberação de IFN -y e degradação da proteína ICP4 im ediata-precoce pela granzim a B. Além disso, parece haver um a carga viral latente nos gânglios, que se correlaciona de m odo positivo com o núm ero de neurônios infectados e com a taxa de reativação, po rém inversam ente com o núm ero de células CD8+ presentes. Não se sabe se os estím ulos de reativação suprim em transitoriam ente essas células im unes, suprarregulam independentem ente a transcrição de genes líticos ou ambos. Todavia, quando o vírus alcança a junção derm oepidérm ica, existem dois resultados possíveis: propagação subclínica ou recidiva (sendo esta últim a definida clinicam ente pela form ação de bolha cutânea e ulceração). Histologicamente, as lesões herpéticas consistem em um a vesícula de paredes finas ou ulceração na região basal, células m ultinucleadas que podem conter inclusões intranucleareas, necrose e in fecção inflam atória aguda. U m a vez restrita a replicação viral, ocorre re-epitelialização, quase sem pre na ausência de cicatriz. A análise do DNA de HSV isolados seqüencialm ente, ou de HSV isolados de m últiplos gânglios infectados de um d eterm inado in d i víduo, revelou, na m aioria dos casos, padrões sim ilares, senão id ên ticos, de endonucleases de restrição ou de sequenciam ento do DNA. O achado de neurônios individuais infectados p o r m últiplas cepas de vírus sensíveis e resistentes a fárm acos em pacientes gravem ente im unossuprim idos indica que pode o correr nova invasão dos gân glios durante a infecção crônica. C om o a exposição à excreção pela m ucosa é relativamente com um ao longo da vida de um indivíduo, os
dados atuais sugerem que a infecção exógena p or diferentes cepas do m esm o subtipo, ainda que possível, é incom um .
■ IMUNIDADE As respostas do hospedeiro influenciam a aquisição da doença p or HSV, a gravidade da infecção, a resistência ao desenvolvim ento da latência, a m anutenção da latência e a frequência das recidivas. Tanto as reações m ediadas p o r anticorpos quanto as m ediadas por células são clinicam ente im portantes. Os pacientes im unocom prom etidos p o r defeitos da im unidade celular apresentam infecções p o r HSV m ais graves e m ais extensas do que pacientes com déficits da im u nidade hum oral, com o agam aglobulinem ia. A ablação experim ental dos linfócitos indica que as células T desem penham im portante p a pel na prevenção da doença dissem inada letal, em bora os anticorpos possam ajudar a reduzir os títulos virais no tecido neural. Algum as m anifestações clínicas do HSV tam bém podem estar relacionadas com a resposta im une do hospedeiro (p. ex., opacidades do estrom a associadas a ceratite herpética recorrente). M ostrou-se que as glico proteínas virais de superfície são alvos de anticorpos que m edeiam a neutralização e a citólise im unologicam ente m ediada (citotoxicidade celular dependente de anticorpos). Em infecções experim entais, a n ticorpos m onoclonais específicos contra cada um a das glicoproteínas virais conhecidas conferiram proteção contra a doença neurológica subsequente ou a latência ganglionar. Em seres hum anos, contudo, as vacinas subunitárias à base dessas glicoproteínas tiveram sucesso apenas parcial em reduzir a aquisição da infecção. Várias populações celulares, incluindo as células destru id o ras naturais, m acrófagos e um a variedade de linfócitos T, exercem um papel nas defesas do hos pedeiro contra as infecções p o r HSV, bem com o as linfocinas geradas p o r linfócitos T. Nos anim ais, a transferência passiva de linfócitos ativados confere proteção contra o contato subsequente. Em geral, a proteção m áxim a exige a ativação de m últiplas subpopulações de células T, incluindo células T citotóxicas e células T responsáveis pela hipersensibilidade tardia. Estas últim as células podem conferir prote ção m ediante liberação de linfocinas estim ulada p or antígenos (p. ex., IFN) as quais, p or sua vez, exercem efeito antiviral direto e ao m esm o tem po ativam e intensificam a ação de outras células efetoras espe cíficas e inespecíficas. Evidências cada vez m ais fortes sugerem que as respostas das células T CD 8+ HSV-específicas são cruciais para a elim inação do vírus das lesões. Além disso, os pacientes im u n o s suprim idos acom etidos de lesões p o r HSV freqüentes e duradouras possuem m enos células T CD8+ funcionais dirigidas contra o HSV. O virion do HSV contém um a variedade de genes envolvidos na ini bição das respostas do hospedeiro. Estes incluem o gene núm ero 12 ( US-12), que tem a capacidade de ligar-se à proteína celular ativadora do transportador TA P-1 e de reduzir a capacidade dessa proteína em ligar peptídios do HSV aos antígenos leucocitários hum anos (HLA) da classe I e de dim inuir, assim , o reconhecim ento das proteínas vi rais pelas células T citotóxicas do hospedeiro. Esse efeito pode ser sobrepujado pela adição de IFN -y, m as esta reversão requer 24 a 48 horas; logo, o vírus tem tem po para replicar e invadir outras células do hospedeiro. A entrada de HSV-1 e HSV-2 infecciosos inibe várias vias de sinalização das células T CD4+ e CD8+, levando ao com pro m etim ento de sua função de destruição e influenciando o espectro de sua secreção de citocinas. E studos recentes sugerem que a taxa de reativação do HSV é m uito m ais freqüente do que a n teriorm ente reconhecida. A análise de am ostras diárias de swabs anogenitais p o r PCR m ostrou que o ví rus é elim inado durante u m período m ediano de 25% dos dias pelos 95% dos pacientes que são positivos para anticorpos anti-HSV-2 e que elim inam o vírus, com am pla faixa de variabilidade entre pacien tes (faixa de 2 a 75%). Em estudos com am ostras obtidas a cada 6 horas, 49% dos episódios de reativação genital tiveram um a d u ra ção de m enos de 12 horas e 29% duraram m enos de 6 horas. Muitos desses episódios curtos de reativação foram associados a um núm e ro de cópias considerado alto o suficiente p ara causar a transm issão do vírus a parceiros sexuais suscetíveis. Esses dados sugerem que o controle im unológico periférico pode determ inar a probabilidade e a
gravidade das recidivas, bem com o a frequência da propagação su b clínica. Existe um a forte associação entre a m agnitude da resposta dos linfócitos T CD8+ e a elim inação do vírus das lesões genitais. A ausência dessa resposta, mais do que um a baixa contagem de linfóci tos T CD4+, tam bém prevê as recidivas freqüentes e graves do HSV-2 em pacientes infectados pelo HIV-1 sem tratam ento, bem com o tra tados. As células T CD8+ e CD4+ específicas para o HSV-2 parecem persistir p or períodos prolongados de tem po (meses) na pele genital previam ente acom etida em um a reativação do HSV-2. A localização, a eficiência e a longevidade dos linfócitos T (e, talvez, de outras célu las efetoras im unes) podem ser im portantes na expressão da doença e na probabilidade de transm issão com o passar do tem po.
■ EPIDEMIOLOGIA
■ ESPECTRO CLÍNICO O HSV já foi isolado de quase todos os locais viscerais e cutaneom ucosos. As m anifestações clínicas e a evolução da infecção p or HSV dependem do local anatôm ico afetado, da idade e do estado im unoló gico do hospedeiro, bem com o do tipo antigênico do vírus. As infec ções p o r HSV prim árias (isto é, as prim eiras infecções p or HSV-1 ou HSV-2, em que o hospedeiro carece de anticorpos anti-HSV no soro da fase aguda) acom panham -se frequentem ente de sinais e sintom as sistêmicos. Em com paração com os episódios recorrentes, as infec ções prim árias, que afetam as m ucosas e locais extram ucosos carac terizam -se po r um a m aior duração dos sintom as e do isolam ento do vírus das lesões. O período de incubação varia de 1 a 26 dias (m edia na de 6 a 8 dias). A m bos os subtipos virais podem causar infecções genitais e orofaciais e as infecções provocadas pelos dois subtipos não se distinguem clinicam ente. Todavia, a frequência de reativação da infecção é influenciada pelo local anatôm ico e pelo tipo de vírus. A infecção genital p or HSV-2 tem probabilidade duas vezes m aior de reativar-se, em com paração com a infecção genital por HSV-1, e sofre recidivas com um a frequência 8 a 10 vezes maior. Por outro lado, a infecção orolabial pelo HSV-1 recidiva m ais frequentem ente do que a infecção orolabial pelo HSV-2. As taxas de excreção assintom ática seguem o m esm o padrão.
Infecções por Herpesvírus Simples
E studos soroepidem iológicos docum entaram a ocorrência de infecções p or HSV no m undo inteiro. Os ensaios soro lógicos que utilizam preparações de antígenos de vírus ín tegros, com o fixação do com plem ento, neutralização, im unofluorescência indireta, hem aglutinação passiva, radioim unoensaio e ensaio de im unoadsorção ligada a enzim a, são úteis na diferenciação entre pessoas não infectadas (soronegativas) e aquelas com infecção p re gressa por HSV-1 ou HSV-2, mas podem não distinguir entre os dois subtipos virais de m aneira confiável. C riaram -se ensaios sorológicos para identificar anticorpos dirigidos co n tra proteínas de superfície tipo-específicas (epitopos) dos dois subtipos virais, os quais são capa zes de distinguir de m odo confiável a resposta hum oral hum ana con tra o HSV-1 e o HSV-2. Os ensaios m ais com um ente utilizados são aqueles que determ inam os anticorpos contra a glicoproteína G do HSV-1 (gG l) e HSV-2 (gG2). Além disso, pode-se utilizar um ensaio Western blot para detectar várias proteínas do HSV tipo-específicas. A infecção p or HSV-1 é adquirida com m ais frequência e m ais precocem ente do que a infecção po r HSV-2. Mais de 90% dos adultos possuem anticorpos contra o H SV-1 na q uinta década de vida. Nas populações de baixo nível socioeconôm ico, a m aioria das pessoas contrai o HSV-1 antes da terceira década de vida. Os anticorpos contra o HSV-2 não são rotineiram ente detecta dos até a puberdade. As taxas de prevalência de anticorpos correla cionam -se com atividade sexual pregressa e variam acentuadam ente entre diferentes grupos populacionais. H á algum as evidências de que a prevalência de HSV-2 dim inuiu levem ente durante a últim a déca da nos EUA. Os levantam entos sorológicos indicam que cerca de 15 a 20% da população norte-am ericana apresenta anticorpos contra o HSV-2. Na m aioria dos am bulatórios de obstetrícia e planejam ento familiar, 25% das m ulheres apresentam anticorpos contra o HSV-2, em bora apenas 10% dos indivíduos soropositivos para HSV-2 forne çam história de lesões genitais. Até 50% dos adultos heterossexuais atendidos em am bulatórios de doenças sexualm ente transm issíveis possuem anticorpos contra o HSV-2. Um grande núm ero de levantam entos sorológicos indicou um a soroprevalência sem elhante ou ainda m ais alta do HSV-2 na m aioria das regiões da A m érica C entral, A m érica do Sul e África. H á um a sinergia epidem iológica entre a infecção pelo HSV-2 e a infecção pelo HIV-1. A infecção p o r HSV-2 associa-se a um aum ento de 2 a 4 vezes na aquisição de HIV-1. Além disso, o HSV-2 é reativado e transm itido mais frequentem ente em pessoas coinfectadas pelo HIV1 e HSV-2 do que em pessoas não infectadas pelo HIV-1. Assim, a m aior parte das áreas do m undo com um a alta prevalência de HIV-1 tem tam bém um a alta prevalência de HSV-2. N a África, a soropre valência de HSV-2 variou de 40 a 70% em populações obstétricas e outras populações com experiência sexual. As taxas de prevalência de anticorpos são em m édia cerca de 5 a 10% m ais altas entre m ulheres do que entre hom ens. Vários estudos sugerem que na verdade m uitos casos de infec ção genital “assintom ática” p or HSV-2 deixam sim plesm ente dê ser reconhecidos; quando se m o stram im agens de lesões genitais para pessoas soropositivas “assintom áticas”, > 60% identificam subsequen tem ente episódios de reativação sintom ática. E, o que é m ais im p o r tante, essas pessoas soropositivas assintom áticas com reativação ex cretam o vírus nas superfícies m ucosas quase na m esm a frequência
com que o fazem aquelas com doença sintom ática. O grande reserva tório de portadores não identificados do HSV-2 e a freqüente reati vação assintom ática do vírus a p a rtir do trato genital têm favorecido a dissem inação contínua do herpes genital p or todo o m undo. A in fecção po r HSV-2 é um fator de risco independente para a aquisição e transm issão da infecção pelo HIV-1. Entre as pessoas coinfectadas, os virions de HIV-1 podem ser excretados a p artir das lesões herpéticas da região genital. Essa excreção pode facilitar a transm issão do H IV p or contato sexual. A reativação do HSV-2 está associada a um a resposta inflam atória persistente localizada, que consiste em altas concentrações de células T CD4+ enriquecidas por CCR5, bem como em células dendríticas inflam atórias na subm ucosa da pele genital. Essas células podem sustentar a infecção pelo H IV e a sua replicação e, portanto, são provavelm ente responsáveis pelo aum ento de duas a três vezes na aquisição do H IV entre indivíduos com herpes geni tal. L am entavelm ente, a terapia antiviral não reduz essa inflam ação pós-reativação subclínica, provavelm ente devido à incapacidade dos agentes antivirais atuais de im pedir a liberação de pequenas q uanti dades de antígeno do HSV na m ucosa genital. As infecções por HSV ocorrem durante todo o ano. A transm is são pode resultar do contato com pessoas que têm lesões ulcerativas ativas ou com pessoas que não têm m anifestações clínicas da infecção, mas que estão excretando o HSV a p a rtir das superfícies mucosas. A reativação do HSV na pele e nas superfícies m ucosas da genitália é com um . Com a obtenção de um a am ostra diária em adultos im uno com petentes, pode-se cultivar o HSV-2 do trato genital em 2 a 10% dos dias em que se tenta o cultivo, e a PCR detecta o DNA do HSV em 20 a 30% dos dias em que se faz o teste. Os núm eros correspondentes para o HSV-1 nas secreções orais são sem elhantes. As taxas de excre ção são mais altas durante os anos iniciais após a aquisição, com a ex creção viral ocorrendo em até 30 a 50% dos dias durante esse período. Os pacientes im unossuprim idos excretam o HSV das áreas das m uco sas em um a frequência ainda m ais alta (20 a 80% dos dias). Com um a m aior frequência de am ostras (p. ex., quatro vezes ao dia), as taxas de reativação são duas a quatro vezes m ais altas, e m uitos episódios têm um a duração de m ais de 12 horas. Estas altas taxas de reativação m ucocutânea sugerem que a exposição ao HSV p or contato sexual ou por outro tipo de contato íntim o (beijo, uso com partilhado de copos ou talheres) é com um e ajudam a explicar a contínua propagação e a alta soroprevalência das infecções p or HSV em todo o m undo. As taxas de reativação variam am plam ente entre os indivíduos. Entre pa cientes HIV positivos, um a baixa contagem de células T CD4+ e um a alta carga viral estão associadas a m aiores taxas de reativação do HSV. A quim ioterapia antiviral diária para a infecção pelo HSV-2 pode re duzir as taxas de excreção, m as não elim ina a excreção propriam ente dita, quando m edida po r PCR ou p or cultura.
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Infecções orofaciais A gengivostom atite e a faringite são as m anifestações clínicas m ais com uns do prim eiro episódio de infecção p o r HSV-1, enquanto o herpes labial recorrente é a m anifestação clínica m ais com um da re ativação da infecção p or HSV-1. Em geral, a faringite e a gengivos tom atite p or HSV resultam de infecção prim ária e são m ais co m u m ente observadas em crianças e adultos jovens. Os sinais e sintom as clínicos, que consistem em febre, m al-estar, m ialgias, incapacidade de alim entar-se, irritabilidade e adenopatia cervical, podem ter d u ração de 3 a 14 dias. As lesões podem afetar os palatos duro e mole, a gengiva, a língua, os lábios e a área facial. Em geral, a infecção da faringe po r HSV-1 ou HSV-2 resulta em lesões exsudativas ou ulcera tivas da faringe posterior e/ou dos pilares am igdalianos. Em 33% dos casos, podem ocorrer lesões da língua, da m ucosa oral ou da gengiva em um a fase tardia da evolução da doença. É com um haver febre de 2 a 7 dias de duração e adenopatia cervical. Pode ser difícil distinguir clinicam ente a faringite p o r HSV da faringite bacteriana, das infec ções p or Mycoplasma pneum oniae e de ulcerações faríngeas de etio logia não infecciosa (p. ex., síndrom e de Stevens-Johnson). N enhum a evidência substancial sugere que a reativação da infecção orolabial p o r HSV esteja associada a faringite sintom ática recorrente. A reativação do HSV a p artir dos gânglios trigêm eos pode estar associada à excreção assintom ática do vírus na saliva, ao desenvolvi m ento de ulcerações da m ucosa intraoral ou a ulcerações herpéticas na borda averm elhada do lábio ou da pele facial externa. Cerca de 50 a 70% dos pacientes soropositivos subm etidos a descom pressão da raiz do trigêm eo e 10 a 15% dos indivíduos subm etidos a extração dentária desenvolvem infecção orolabial p o r HSV em um a m ediana de 3 dias após esses procedim entos. A diferenciação clínica entre ul cerações mucosas intraorais decorrentes de HSV e ulcerações aftosas, traum áticas ou induzidas po r fárm acos é difícil. N os pacientes im u n o ssu p rim id o s, a infecção p o r HSV pode estender-se p ara a m ucosa e as cam adas cutâneas profundas. Em conseqüência, podem o correr friabilidade, necrose, sangram ento, d o r intensa e incapacidade de ingerir alim entos ou beber. As lesões da m ucosite p o r HSV são clinicam ente sem elhantes às lesões da m ucosa causadas p or agentes citotóxicos, trau m atism o ou p o r in fecções fúngicas ou bacterianas. As infecções ulcerativas persistentes p o r HSV estão entre as m ais com uns em pacientes com Aids. As infecções p o r HSV e Candida m uitas vezes ocorrem concom itantem ente. A terapia antiviral sistêmica acelera a velocidade de resolução e alivia a dor das infecções da m ucosa p o r HSV em pacientes im u nossuprim idos. A frequência de reativação do HSV d urante as fases iniciais do transplante ou da quim ioterapia de indução é alta (50 a 90%) e usam -se antivirais sistêm icos profiláticos, com o o aciclovir IV ou o penciclovir, ou outros congêneres orais destes fárm acos, para reduzir as taxas de reativação. Os pacientes com eczem a atópi co tam bém podem desenvolver infecções orofaciais graves po r HSV (eczema herpético), que pode rapidam ente afetar áreas extensas da pele e, em certas ocasiões, dissem inar-se para órgãos viscerais. Foi obtida um a resolução im ediata do eczem a h erpético extenso com a adm inistração de aciclovir IV. O eritem a polim orfo tam bém pode estar associado a infecções p o r HSV (ver Figs. 51.9 e e-7.25); algu m as evidências sugerem que a infecção p o r HSV seja o evento precipitante em cerca de 75% dos casos de eritem a polim orfo cutâneo. D em onstrou-se antígeno do HSV em im unocom plexos circulantes e em biópsias de lesões cutâneas desses casos. Os pacientes com erite m a polim orfo grave associado ao HSV são candidatos à terapia anti viral oral supressora crônica. O HSV-1 e o vírus varicela-zóster (VZV) foram im plicados na etiologia da paralisia de Bell (paralisia flácida da p arte m andibular do nervo facial). A lguns estudos clínicos, m as n em todos, d o c u m entaram um a resolução m ais rápida da paralisia facial com início im ediato da terapia antiviral, com ou sem glicocorticoides. E ntre tanto, outros estudos clínicos d em o n stra ram pouco benefício. Por conseguinte, não existe n en h u m consenso sobre o valor relativo dos agentes antivirais isoladam ente, dos glicocorticoides com o m o n o te rapia ou das duas m odalidades com binadas p ara o tratam e n to da paralisia de Bell.
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Herpes genital: infecção vulvar primária. Úlceras superficiais múltiplas, extremamente dolorosas, em saca-bocado, confiuentes, sobre a vulva e o períneo edematosos. A micção é com frequência muito dolorosa. É comum a linfade nopatia inguinal associada. (Reimpressa, com autorização, de K Wolff, RA Johnson, D Summond: Fitzpatrick's Color Atlas and Synopsis of Clinical Dermatology, 5th ed., New York, McGraw Hill, 2005.)
Figura 179.1
Infecções genitais O prim eiro episódio de herpes genital prim ário caracteriza-se por fe bre, cefaleia, m al-estar e mialgias. Os sintom as locais predom inantes incluem dor, prurido, disúria, secreções vaginal e uretral e linfade nopatia inguinal hipersensível. As lesões bilaterais bem espaçadas da genitália externa são típicas (Fig. 179.1). Pode-se verificar a presença de lesões em vários estágios, tais com o vesículas, pústulas ou úlceras eritem atosas dolorosas. O colo uterin o e a u retra estão afetados em > 80% das m ulheres nas prim oinfecções. Os prim eiros episódios de herpes genital em pacientes que anteriorm ente tiveram infecção por HSV-1 estão associados a sintom as sistêm icos em uns poucos pacien tes e com u m a resolução m ais rápida que a do herpes genital p rim á rio. Foi constatada a ocorrência de DN Aem ia subclínica em cerca de 30% dos casos de herpes genital prim ário verdadeiro. A evolução clí nica do prim eiro episódio agudo de herpes genital é sem elhante nas infecções p o r HSV-1 e p o r HSV-2. Todavia, as taxas de recidiva da doença genital diferem de acordo com o subtipo viral: as taxas de re corrência durante 12 m eses entre pacientes com prjm oinfecção pelo HSV-2 e HSV-1 são de cerca de 90 e 55%, respectivam ente (núm ero m ediano de recorrências: 4 e < 1, respectivam ente). As taxas de re corrência das infecções genitais causadas p o r HSV-2 variam bastante entre os indivíduos e com o decorrer do tem po no m esm o indivíduo. O HSV foi isolado da uretra e da u rin a de hom ens e m ulheres sem lesões genitais externas. U m a secreção m ucoide clara e a ocorrência de disúria constituem características da uretrite sintom ática por HSV. O HSV foi isolado da uretra de 5% das m ulheres com síndrom e de disúria-polaciúria. Às vezes, a doença do trato genital causada por HSV m anifesta-se po r endom etrite e salpingite em m ulheres, e pros tatite nos hom ens. Cerca de 15% dos casos de aquisição do HSV-2 es tão associados a síndrom es clínicas não lesionais, com o a m eningite asséptica, a cervicite ou a uretrite. U m a abordagem m ais com pleta do diagnóstico diferencial do herpes genital é apresentada no Cap. 130. O HSV-1 e o HSV-2 podem causar infecções retais e perianais sintom áticas ou assintom áticas. Em geral, a proctite p o r HSV está associada ao intercurso anal. E ntretanto, a excreção perianal subclí nica do HSV é detectada em hom ens e m ulheres que declaram não
praticar intercurso anal. Esse fenôm eno é provocado pelo estabele cim ento da latência no derm átom o sacro em decorrência de infec ção anterior do trato genital, com reativação subsequente nas célu las epiteliais da região perianal. Essas reativações são m uitas vezes subclínicas. Os sinais e sintom as da proctite por HSV incluem dor e secreção anorretais, tenesm o e constipação. A sigm oidoscopia revela lesões ulcerativas nos 10 cm distais da m ucosa retal. As biópsias retais revelam ulceração da m ucosa, necrose, infiltração polim orfonuclear e linfocítica da lâm ina própria, e (em casos esporádicos) células m ultinucleadas com inclusões intranucleares. O bservam -se tam bém lesões herpéticas perianais em pacientes im unossuprim idos que re cebem terapia citotóxica. Lesões herpéticas perianais extensas e/ou proctite p or HSV são com uns entre pacientes com infecção pelo HIV.
Panarício herpético O panarício herpético - a infecção do dedo por HSV - , pode ocor rer com o com plicação do herpes oral ou genital prim ário, em c o n seqüência da inoculação do vírus através de um a solução de co n ti nuidade na superfície epidérm ica ou pela introdução direta do vírus na m ão devido à exposição ocupacional ou de outro tipo. Os sinais e sintom as clínicos incluem o início abrupto de edem a, eritem a e hipersensibilidade localizada no dedo infectado. O bservam -se le sões vesiculosas ou pustulosas na extrem idade do dedo, que não se distinguem das lesões de infecção bacteriana piogênica. É com um a ocorrência de febre, linfadenite e linfadenopatias epitroclear e axilar. A infecção pode recidivar. É essencial o estabelecim ento im ediato do diagnóstico (para evitar a transm issão e/ou tratam ento cirúrgico des necessário e potencialm ente exacerbador). Em geral, recom enda-se a farm acoterapia antiviral (ver adiante).
Herpes do gladiador O HSV pode infectar praticam ente qualquer área da pele. As infec ções cutaneom ucosas po r HSV no tórax, orelhas, face e m ãos já fo ram descritas entre praticantes de luta rom ana. A transm issão dessas infecções é facilitada pelo traum atism o da pele que ocorre durante as lutas. Vários surtos recentes ilustraram a im portância de um diagnós tico e tratam ento im ediatos, para conter a dissem inação da infecção.
Infecções oculares
Infecções dos sistemas nervosos central e periférico 0 HSV responde p or 10 a 20% do total de casos de encefalite viral es porádica nos EUA. A incidência estim ada é de cerca de 2,3 casos por 1 m ilhão de pessoas por ano. Os casos estão distribuídos por todo o ano e a distribuição etária parece ser bifásica, com incidência m áxi m a aos 5 a 30 e > 50 anos de idade. O HSV-1 causa > 95% dos casos de encefalite herpética. A patogenia da encefalite causada p o r HSV varia. Nas crianças e adultos jovens, a infecção prim ária p o r HSV pode resultar em ence falite; presum ivelm ente, o vírus adquirido de m odo exógeno penetra no SNC p or propagação neurotrópica a p a rtir da periferia, por meio do bulbo olfatório. Todavia, a m aioria dos adultos com encefalite por HSV apresenta evidências clínicas ou sorológicas de infecção cutaneom ucosa por HSV-1 antes do início dos sintom as do SNC. Em apro xim adam ente 25% dos casos exam inados, as cepas de HSV-1 prove nientes da orofaringe e do tecido cerebral diferem no m esm o paciente; portanto, alguns casos podem resultar de reinfecção com outra cepa de HSV-1, que atinge o SNC. Foram propostas duas teo rias para explicar o desenvolvim ento do HSV em replicação ativa em áreas localizadas do SNC de indivíduos cujos vírus isolados nos gân glios e no SNC são sem elhantes. A reativação da infecção latente do trigêm eo ou de raízes nervosas autonôm icas pelo HSV-1 pode estar associada à extensão do vírus no SNC através dos nervos que suprem a fossa craniana m édia. D em onstrou-se a presença do DNA do HSV por hibridização de DNA no tecido cerebral obtido em necropsia até m esm o de adultos sadios. Assim, a reativação de um a infecção latente e prolongada do SNC pode ser outro m ecanism o de o corrên cia da encefalite por HSV. Estudos recentes identificaram polim orfism os genéticos em dois genes distintos entre fam ílias com alta frequên cia de encefalite p or HSV. As células m ononucleares do sangue periférico desses pacientes (predom inantem ente crianças) parecem secretar níveis reduzidos de IFN em resposta ao HSV. Essas observações sugerem que alguns casos de e n cefalite esporádica por HSV p odem estar relacionados a determ inan tes genéticos do hospedeiro. A m arca clínica da encefalite herpética tem sido o início agudo de febre e sinais e sintom as neurológicos focais, sobretudo do lobo tem poral (Fig. 179.2). A diferenciação clínica entre a encefalite por HSV e outras encefalites virais, infecções focais ou processos não infec ciosos é difícil. É com um no líquido cerebrospinal (LCS) a elevação
Infecções por Herpesvírus Simples
A infecção do olho p or HSV é a causa m ais com um de cegueira corneana nos EUA. A ceratite p or HSV m anifesta-se pelo início agudo de dor, borram ento visual, quemose, conjuntivite e lesões dendríticas tí picas da córnea. O uso de glicocor ticoides tópicos pode exacerbar os sintom as e resultar em com prom e tim e n to das e stru tu ra s p ro fu n d as do olho. O desbridam ento, o tra ta m ento com antivirais tópicos e/ou a terapia com IFN aceleram a cura. Todavia, as recidivas são com uns e as estru tu ras m ais profundas do olho podem sofrer lesão im unopatológica. A ceratite estrom ática cau sada pelo HSV parece estar relacio nada com a destruição dependente das células T do tecido profundo da córnea. Propôs-se que um epitopo do HSV-1 que é autorreativo com antígenos da córnea, atacados pelas células T, seria um fator nessa infec ção. A coriorretinite, que geralm en te é um a m anifestação da infecção dissem inada por HSV, pode ocorrer em recém -nascidos ou em pacien tes com infecção pelo HIV. O HSV e o VZV podem causar retinite n e crosante aguda com o m anifestação Figura 179.2 Imagens por TC e RM ponderada em difusão do cérebro de um paciente com encefalite do lobo rara, porém grave. temporal esquerdo por HSV.
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Doenças Infecciosas
dos níveis de proteína, a presença de leucocitose (com predom ínio de ünfócitos) e elevação das contagens de eritrócitos, em conseqüên cia da necrose hem orrágica. Em bora a biópsia cerebral tem ha sido o padrão ouro para definir a encefalite p or HSV, um a PCR de alta sen sibilidade e especificidade para a detecção do DNA do HSV no LCS substituiu, em grande parte, a biópsia para definir a infecção do SNC. Em bora os títulos dos anticorpos anti-H SV no LCS e n o soro estejam aum entados na m aioria dos casos de encefalite p o r HSV, a elevação é raram ente observada antes de 10 dias de doença; p or conseguinte, apesar de sua utilidade retrospectiva, esses títulos geralm ente não são úteis para o estabelecim ento de um diagnóstico clínico precoce. A dem onstração de antígeno do HSV, de DNA do HSV ou de replicação do vírus no tecido cerebral obtido p o r biópsia é altam ente sensível e está associada a um a baixa taxa de com plicações; o exam e desse tecido tam bém proporciona a m elhor o p ortunidade para identificar outras causas potencialm ente tratáveis de encefalite. A quim ioterapia antiviral com aciclovir reduz a taxa de m ortalidade da encefalite por HSV. E ntretanto, m esm o com o tratam ento, é com um a ocorrência de seqüelas neurológicas, especialm ente em indivíduos com m ais de 50 anos de idade. A m aioria das autoridades no assunto recom en da a adm inistração de aciclovir IV a pacientes com suspeita de e n cefalite p o r HSV até que o diagnóstico seja confirm ado ou que se estabeleça um diagnóstico alternativo. Todos os casos confirm ados devem ser tratados com aciclovir IV (30 m g/kg/dia, em 3 doses fra cionadas, durante 14 a 21 dias). Após o térm ino do tratam ento, foi relatada a ocorrência de recidiva clínica da encefalite, exigindo m ais tratam ento. Por esse m otivo, algum as autoridades preferem efetuar um tratam ento inicial durante 21 dias, e m uitos continuam a terapia até a elim inação do DNA do HSV do LCS. M esm o com o tratam ento, as seqüelas neurológicas são com uns, p articularm ente em indivíduos com mais de 35 anos de idade. O DNA do HSV foi detectado no LCS de 3 a 15% dos pacientes que se apresentam no hospital com m eningite asséptica. A m eningite p o r HSV, que costum a ser observada em associação com a infecção genital prim ária p or HSV, é um a doença autolim itada aguda, que se m anifesta p o r cefaleia, febre e fotofobia leve, d u ran d o 2 a 7 dias. É típica a observação de pleocitose linfocítica no LCS. As seqüelas n e u rológicas da m eningite por HSV são raras. O HSV é a causa m ais co m um ente identificada da m eningite linfocítica recorrente (m eningite de Mollaret). A dem onstração de anticorpos anti-H SV no LCS ou a persistência do DNA viral no LCS po d e estabelecer o diagnóstico. Para as pessoas com recorrências freqüentes de m eningite por HSV, a terapia antiviral diária reduziu a ocorrência desses episódios. A disfunção do sistem a nervoso autônom o, sobretudo da região sacra, foi relatada em associação com infecções p or HSV e V ZV Po dem ocorrer dorm ência, parestesia das áreas glúteas ou perineais, retenção urinária, constipação, pleocitose do LCS e (nos hom ens) im potência. Os sintom as parecem sofrer resolução lenta no decorrer de dias ou semanas. Em certas ocasiões, a hipoestesia e/ou fraqueza dos m em bros inferiores persistem p o r m uitos meses. R aram ente, a infecção p or HSV é acom panhada de m ielite transversa, m anifestada em form a de paralisia sim étrica rapidam ente progressiva dos m em bros inferiores ou de síndrom e de G uillain-B arré. De m odo sem e lhante, o com prom etim ento do sistem a nervoso periférico (paralisia de Bell) ou a polineurite craniana p odem estar relacionados com a reativação da infecção p or HSV-1. A hipoestesia transitória da área cutânea inervada pelo trigêm eo e a disfunção do sistem a vestibular, determ inada p or eletronistagm ografia, constituem os sinais p re d o m inantes da doença. Não se sabe ainda se a quim ioterapia antiviral pode abortar esses sinais ou reduzir a sua frequência e gravidade.
Infecções viscerais Em geral, a infecção de órgãos viscerais p o r HSV resulta de virem ia, sendo com um o com prom etim ento de m últiplos órgãos. Todavia, em certas ocasiões, as m anifestações clínicas da infecção p o r HSV afe tam apenas o esôfago, o pulm ão ou o fígado. A esofagite causada por HSV pode resultar da extensão direta da infecção orofaríngea p o r esse vírus para o esôfago, ou pode ocorrer o riginalm ente p or reativa ção e dissem inação do HSV para a m ucosa esofágica através do ner
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vo vago. Os sintom as predom inantes da esofagite causada p or HSV consistem em odinofagia, disfagia, dor subesternal e perda de peso. Surgem m últiplas ulcerações ovais sobre um a base eritem atosa, com ou sem pseudom em brana branca. O esôfago distai é m ais com um en te afetado. Na doença extensa, a friabilidade difusa p ode propagar-se para todo o esôfago. N em o exam e endoscópico nem o baritado são capazes de distinguir de m aneira confiável a esofagite herpética da esofagite p or Candida ou de ulcerações esofágicas em conseqüência de lesão térm ica, irradiação ou substâncias corrosivas. As secreções obtidas p or endoscopia para exam e citológico e cultura ou detecção de DNA p or PCR fornecem o m aterial m ais útil p ara o estabeleci m ento do diagnóstico. Em geral, a quim ioterapia antiviral sistêmica reduz a gravidade e a duração dos sintom as e propicia a cicatrização das ulcerações esofágicas. A p neum onite p o r HSV é incom um , exceto em pacientes gra vem ente im unossuprim idos, p o d e n d o resultar da extensão da traqueobronquite herpética p ara o p arên q u im a pulm onar. Em geral, verifica-se o desenvolvim ento de pneum onite necrotizante focal. A dissem inação hem atogênica do vírus a p a rtir de doença cutaneom ucosa oral ou genital tam bém pode ocorrer, produzindo pneum onite intersticial bilateral. É com um o achado de patógenos bacterianos, fúngicos e parasitários na p n e u m o n ite p o r HSV. A letalidade da pneum onia p or HSV não tratad a em pacientes im unossuprim idos é elevada (> 80%). O HSV tam bém foi isolado do trato respiratório inferior de indivíduos com síndrom e do desconforto respiratório agudo e intubação prolongada. A m aioria das autoridades acredita que a presença do HSV em aspirados da traqueia nesses contextos é devida à reativação do vírus na região traqueal e à traqueíte localiza da em indivíduos com intubação prolongada. Esses pacientes devem ser avaliados quanto à extensão da infecção pelo HSV no p arênqui m a pulm onar. Não foram conduzidos estudos clínicos controlados para avaliar o papel dos agentes antivirais usados contra o HSV na m orbidade e m ortalidade associadas à síndrom e do desconforto res piratório agudo. O papel da infecção p o r HSV do trato respiratório inferior nas taxas globais de m orbidade e m ortalidade associadas a estas condições é incerta. O HSV é um a causa incom um de hepatite em pacientes im unocom petentes. A infecção do fígado p or HSV está associada à febre, elevação abrupta da bilirrubina e das am inotransferases séricas e leu copenia (< 4.000 leucócitos/L). Além disso, pode-se verificar o d e senvolvim ento de coagulação intravascular dissem inada. O utras com plicações relatadas associadas à infecção po r HSV incluem artrite m onoarticular, necrose suprarrenal, trom bocitopenia idiopática e glom erulonefrite. A infecção dissem inada por HSV em pacientes im unocom petentes é rara. Em pacientes im u n o co m p ro m etidos, queim ados ou desnutridos, o HSV às vezes se dissem ina para outros órgãos viscerais, com o glândulas suprarrenais, pâncreas, intestinos delgado e grosso e m edula óssea. Raram ente, a infecção prim ária p or HSV durante a gravidez se dissem ina, podendo provo car a m orte da m ãe e do feto. Esse evento incom um geralm ente está associado à aquisição da infecção p rim ária no terceiro trim estre. A infecção dissem inada p o r HSV é m ais bem detectada pela presença de DNA do HSV no plasm a ou no sangue.
Infecções neonatais por HSV De todas as populações infectadas p o r HSV, os recém -nascidos (lactentes < 6 sem anas) apresentam a m aior frequência de infecção visceral e/ou do SNC. Sem tratam ento, a letalidade global do herpes neonatal é de 65%; < 10% dos neonatos com infecção do SNC têm desenvolvim ento norm al. E m bora as lesões cutâneas sejam as m an i festações m ais com um ente reconhecidas da doença, m uitos neonatos não desenvolvem lesões ou o fazem apenas em um a fase avançada da evolução da doença. A infecção neonatal costum a ser adquirida no período perinatal p o r contato com secreções genitais infectadas no parto. Descreveram -se lactentes com infecção congênita. Na m aioria das séries, 30% das infecções p or HSV neonatais devem -se ao HSV-1 e 70% ao HSV-2. O risco de infecção p o r HSV neonatal no recém-nascido cuja m ãe adquiriu o HSV recentem ente é 10 vezes mais alto que o de outros lactentes. As infecções neonatais p or HSV-1 tam bém
r
podem ser adquiridas p or contato pós-natal com m em bros da fam í lia que apresentam infecção orolabial p or HSV-1 sintom ática ou as sintom ática, ou por transm issão hospitalar. Todos os recém -nascidos com diagnóstico presuntivo de herpes devem receber aciclovir IV. A quim ioterapia antiviral com altas doses de aciclovir IV (60 m g/ kg/dia) reduziu a letalidade do herpes neonatal para cerca de 15%. Contudo, as taxas de m orbidade, sobretudo em entre lactentes com infecção do SNC p or HSV-2, perm anecem m uito elevadas.
HSV na gravidez
■ DIAGNÓSTICO Há critérios clínicos e laboratoriais úteis para o diagnóstico da infec ção p or HSV. Pode-se estabelecer um diagnóstico clínico preciso na presença de m últiplas lesões vesiculosas características em um a base eritem atosa. Todavia, as ulcerações herpéticas podem assem elhar-se a ulcerações cutâneas de outras etiologias. A lém disso, as infecções das m ucosas p o r HSV, com o uretrite ou faringite, podem ocorrer na ausência de lesões cutâneas. Por conseguinte, recom endam -se exa m es laboratoriais para con firm ar o diagnóstico e o rientar o tra ta mento. E m bora a coloração do raspado da base das lesões pelos m é todos de W right, G iem sa (preparação de Tzanck) ou Papanicolaou seja um p rocedim ento bem descrito para detectar células gigantes ou inclusões intranucleares de infecção po r herpesvírus, poucos clínicos estão treinados nesta técnica. Além disso, a sensibilidade da colora ção é baixa (< 30% para swabs de m ucosa) e esses m étodos citológicos não diferenciam entre as infecções p o r HSV e VZV. A m elhor m aneira de confirm ar laboratorialm ente a presença de infecção p or HSV consiste na detecção do vírus, de antígenos virais ou de DNA viral no raspado das lesões. A detecção do DNA do HSV p or PCR constitui a técnica de laboratório m ais sensível p ara a detec ção das infecções de m ucosa ou viscerais pelo HSV e deve ser utiliza da, quando disponível. O HSV p roduz efeito citopático detectável em um a variedade de sistem as de cu ltura celular, e este efeito pode ser identificado 48 a 96 horas após a inoculação. Culturas amplificadas p o r centrifugação e subsequentem ente subm etidas a m arcação do antígeno do HSV têm reduzido para < 24 horas o tem po necessário à identificação do HSV. A sensibilidade de todos os m étodos de detec ção depende do estágio das lesões (com m aior sensibilidade para as lesões vesiculosas do que para as ulcerativas), de o paciente apresen tar um episódio prim ário ou recorrente da doença (com m aior sen sibilidade no prim eiro episódio do que nos episódios recorrentes) e, de a am ostra ser de um paciente im unossuprim ido ou im unocom petente (com mais antígeno ou DNA nos pacientes im unossuprim idos). A confirm ação laboratorial perm ite d eterm in ar o subtipo do vírus; a inform ação sobre o subtipo pode ser útil do ponto de vista epidem iológico e pode ajudar a prever a frequência de reativação após o prim eiro episódio de infecção orolabial ou genital p or HSV. Os soros das fases aguda e convalescente p odem ser úteis na dem onstração de soroconversão d u ra n te a infecção p rim ária p or HSV-1 ou HSV-2. E ntretanto, poucos testes disponíveis descrevem
Infecções por Herpesvírus Simples
Nos EUA, 22% de todas as m ulheres grávidas e 55% das m ulheres grávidas negras não hispânicas são soropositivas para o HSV-2. E n tretanto, o risco de transm issão do HSV da m ãe para o filho no p e ríodo perinatal é m aior quando a infecção é adquirida próxim o ao m om ento do trabalho de parto - isto é, em m ulheres an te rio rm e n te HSV-soronegativas. As m anifestações clínicas do herpes genital recorrente - , incluindo a frequência de infecção subclínica versus clínica, a duração das lesões, a do r e os sintom as constitucionais são sem elhantes em m ulheres grávidas e não grávidas. A frequência de recidivas aum enta no decorrer da gestação. E ntretanto, quando as m ulheres são soropositivas para o HSV-2 no início da gravidez, não se observa nenhum efeito sobre os desfechos neonatais (inclusive peso ao nascer e idade gestacional). As infecções em seu prim eiro episódio durante a gestação têm conseqüências m ais graves para a m ãe e o lactente. Em certas ocasiões, ocorre dissem inação visceral m aterna durante o terceiro trim estre, assim com o p arto prem aturo ou retardo do crescim ento intrauterino. A aquisição da doença p ri m ária durante a gestação, seja po r HSV-1 ou HSV-2, está associada ao risco de transm issão transplacentária do vírus para o recém -nasci do e pode resultar em aborto espontâneo, em bora esse desfecho seja relativamente incom um . A m aioria das autoridades recom enda o tra tam ento antiviral para a infecção genital p or HSV recém -adquirida durante a gravidez com aciclovir (400 m g, 3x/dia) ou valaciclovir (500 a 1.000 mg, 2x/dia), adm inistrados durante 7 a 10 dias. Todavia, o im pacto dessa intervenção sobre a transm issão não é conhecido. A alta taxa de prevalência do HSV-2 d urante a gravidez e a baixa inci dência de doença neonatal (1 caso p o r 6.000 a 20.000 nascim entos vivos) indicam que apenas alguns lactentes correm risco de adquirir o HSV Por conseguinte, não se justifica a realização de cesárea em to das as m ulheres com doença genital recorrente. C om o a transm issão da infecção intraparto é responsável pela m aioria dos casos, deve-se considerar o parto abdom inal apenas para m ulheres que estão ex cretando o HSV no parto. Vários estudos não m ostraram nenhum a correlação entre a recidiva da excreção do vírus antes do p arto e a sua excreção a term o. Por conseguinte, a m onitoração virológica e a am niocentese sem analm ente não são recom endadas. A frequência de transm issão da m ãe para o lactente é acentuada m ente m aior entre m ulheres que adquirem o HSV próxim o ao term o (30 a 50%) do que naquelas cuja infecção pelo HSV-2 é reativada por ocasião do parto (m enos de 1%). E m bora o anticorpo m aterno con tra o HSV-2 seja protetor, o anticorpo anti-HSV-1 oferece pouca ou nenhum a proteção contra a infecção neonatal pelo HSV-2. A infec ção genital prim ária pelo H SV -1 leva a um risco particularm ente alto de transm issão durante a gravidez e responde p o r u m a proporção crescente de casos de HSV neonatais. Além disso, d urante a reativa ção, o HSV-1 parece ser m ais transm issível ao recém -nascido do que o HSV-2. Em apenas 2% das m ulheres que são soropositivas para o HSV-2, o vírus foi isolado de secreções cervicais p or ocasião do p a r to, e apenas 1% dos lactentes expostos dessa m aneira desenvolve in fecção, presum ivelm ente devido aos efeitos protetores dos anticorpos m aternos transferidos e, talvez, devido aos títulos virais m ais baixos durante a reativação. Apesar da baixa frequência de transm issão do HSV nesse contexto, 30 a 50% dos lactentes com HSV neonatal nas cem de mães com herpes genital estabelecido. O isolam ento do HSV po r swab cervicovaginal p o r ocasião do parto representa o fator de m aior risco p ara a transm issão intrapar to do HSV (risco relativo = 346); entretanto, são descritos casos de transm issão intraparto positivos pela PCR e negativos na cultura. A nova aquisição do HSV [razão de chances (OR) = 49], o isolam ento
do HSV-1 versus HSV-2 (OR —35), a detecção do HSV cervical ver sus vulvar (OR = 15), o uso de eletrodos no couro cabeludo fetal (OR = 3,5) e a idade jovem conferem um risco adicional de transm issão, enquanto o parto abdom inal é protetor (OR = 0,14). O exam e físico contribui pouco p ara prever a ausência de excreção do vírus, e a PCR é bem superior à cultura em term os de sensibilidade e velocidade. Por conseguinte, deve-se utilizar a detecção p o r PCR no início do trabalho de parto para ajudar na tom ada de decisão clínica para m u lheres com anticorpos anti-HSV-2. C om o a cesárea parece constituir um m eio efetivo de reduzir a transm issão m aterno-fetal, as pacientes com herpes genital recorrente devem ser incentivadas a procurar o hospital antes da época do parto para exam e cuidadoso da genitália externa e colo uterino, bem com o para a coleta de um a am ostra por swab para isolam ento do vírus. As m ulheres que não apresentam ne nhum a evidência de lesões devem ter um parto vaginal. A presença de lesões ativas no colo u terino ou na genitália externa constitui um a indicação para o parto abdom inal. Caso tenha ocorrido um prim eiro episódio de exposição (p. ex., se a sorologia para HSV d em onstrar que a m ãe é soronegativa, ou se a m ãe for soropositiva para o HSV-1, e for constatado que o vírus iso lado p or ocasião do p arto é o HSV-2), m uitas autoridades iniciam a terapia antiviral com aciclovir IV no lactente. C om o m edida m ínim a, am ostras para culturas virais e PCR da faringe, nasofaringe, olhos e reto desses lactentes devem ser obtidas im ediatam ente e a intervalos de 5 a 10 dias. A letargia, as lesões cutâneas ou a febre devem ser ava liadas prontam ente. Todos os lactentes com HSV isolado dentro de 24 horas após o parto devem ser tratados com aciclovir IV, nas doses recom endadas.
1459
os títulos, e aum entos nos valores de índice não refletem prim eiros episódios em todos os pacientes. Os ensaios sorológicos baseados em proteínas tipo-específicas devem ser utilizados para identificar portadores assintom áticos do HSV-1 ou HSV-2. Não há m étodo IgM confiável para definir a infecção aguda por HSV. Vários estudos m o strara m que indivíduos com infecção p o r HSV-2 que não foi previam ente reconhecida po d em ser ensinados a identificar reativações sintom áticas. É preciso inform ar aos in d i víduos soropositivos para HSV-2 a elevada frequência de reativação subclínica em m ucosas que não são diretam ente visíveis (p. ex., colo uterino, uretra, pele perianal) ou em ulcerações m icroscópicas que podem não ser clinicam ente sintom áticas. A transm issão da infecção está bem -estabelecida durante esses episódios. As pessoas soropositivas para o HSV-2 devem ser educadas sobre a alta probabilidade de excreção subclínica e sobre o papel que os preservativos (m asculinos ou fem ininos) podem desem penhar na redução da transm issão. Já se dem onstrou que o tratam ento antiviral com valaciclovir (500 m g lx / dia) reduz a transm issão do HSV-2 entre parceiros sexuais.
TRATAMENTO
Doenças Infecciosas 1460
Infecções pelo herpesvírus simples
M uitas form as de infecções cutaneom ucosa e visceral p o r HSV respondem a farm acoterapia antiviral. Para as infecções cutaneom ucosas, o aciclovir e seus congêneres fanciclovir e valaciclovir têm sido as bases da terapia. D ispõe-se de vários antivirais para uso tópico nas infecções oculares p o r HSV: idoxuridina, trifluorotim idina, vidarabina tópica e cidofovir. N os casos de en ce falite herpética e herpes neonatal, o aciclovir IV é o tratam en to de escolha. Todos os antivirais licenciados para uso contra o HSV inibem a D N A -polim erase viral. Um a classe de fárm acos, caracterizada pelo aciclovir, é constituída de substratos da enzim a tim idina qui nase (TK) do HSV. O aciclovir, ganciclovir, fanciclovir e valaci clovir são seletivam ente fosforilados tornando-se m onofosfatados nas células infectadas pelo vírus. As enzim as celulares convertem o m onofosfato do fárm aco no trifosfato, que pode ser in co rp o ra do na cadeia de DNA viral. O aciclovir é o agente m ais frequentem ente utilizado no tra tam ento das infecções p or HSV e está disponível em apresenta ções IV, oral e tópica. O valaciclovir, o éster valil do aciclovir, tem m aior biodisponibilidade que o aciclovir e p o r esta razão pode ser adm inistrado com m enor frequência. O fanciclovir, a apresenta ção oral do penciclovir, é clinicam ente eficaz no tratam ento de um a variedade de infecções p or HSV-1 e HSV-2. O ganciclovir é ativo contra o HSV-1 e o HSV-2; porém , é m ais tóxico que o aci clovir, o valaciclovir e o fanciclovir, e em geral não é recom enda do no tratam ento das infecções p o r HSV. Alguns relatos de casos sugerem que o ganciclovir pode ser tam bém m enos eficaz que o aciclovir para o tratam ento das infecções p o r HSV Os três com postos recom endados - aciclovir, valaciclovir e fanciclovir - , têm eficácia com provada em reduzir a duração dos sintom as e das lesões nas infecções cutaneom ucosas p o r HSV em pacientes im unocom prom etidos e im unocom petentes (Q u a d ro 179.1). As apresentações IV e oral previnem a reativação do HSV em pacientes im unocom prom etidos soropositivos durante a quim ioterapia de indução ou no p eríodo im ediatam ente após um transplante de m edula óssea ou de órgão sólido. A terapia supressora crônica diária reduz a frequência de reativação entre pacientes com herpes genital ou orolabial freqüente. Som ente o valaciclovir foi subm etido a ensaios clínicos que dem onstraram a redução da infecção po r HSV-2 entre parceiros sexuais.
O aciclovir IV (30 m g/kg/dia, ad m in istrad o s em form a de infusão de 10 m g/kg durante 1 h, a intervalos de 8 h) m ostra-se eficaz na redução da letalidade e gravidade da encefalite p or HSV. A instituição precoce do tratam ento representa um fator crítico para o resultado. O principal efeito colateral associado à adm inis tração p or via intravenosa de aciclovir consiste em insuficiência renal transitória, geralm ente p o r cristalização do com posto no parênquim a renal. Essa reação adversa pode ser evitada se o fár m aco for ad m inistrado lentam ente du ran te 1 h, e se o paciente estiver bem hidratado. C om o os níveis de aciclovir no LCS corres pondem , em m édia, a apenas 30 a 50% dos níveis plasm áticos, a dose de aciclovir utilizada para o tratam ento da infecção do SNC (30 m g/kg/dia) deve ser o dobro daquela utilizada no tratam ento da doença cutaneom ucosa ou visceral (15 m g/kg/dia). Doses a in da m ais altas de aciclovir IV são usadas para a infecção por HSV neonatal (60 m g/kg/dia, fracionados em 3 doses). Ciclos m ais curtos de terapia estão sendo cada vez m ais usa dos para o tratam ento da infecção m ucocutânea recorrente pelo HSV-1 ou HSV-2 em pacientes im unocom petentes. Ciclos de 1 dia de fanciclovir e valaciclovir são clinicam ente efetivos, mais convenientes e, em geral, de m enor custo do que ciclos mais lo n gos de terapia (Q uadro 179.1). Esses esquem as de ciclos curtos devem ser reservados para hospedeiros im unocom petentes. SUPRESSÃO D0 HERPES MUCOCUTÂNEO O reconhecim ento da alta frequência de reativação subclínica é u m a justificativa bem aceita para o uso do tratam en to antiviral diário com a finalida de de suprim ir as reativações do HSV, especialm ente em pessoas com episódios clínicos freqüentes (p. ex., aqueles com infecção po r HSV genital recém -adquirida). As pessoas im unossuprim idas, incluindo aquelas com infecção pelo HIV, tam bém se benefi ciam da terapia antiviral diária. E studos recentes dem onstraram a eficácia do aciclovir e do valaciclovir diários n a redução da frequência das reativações de HSV entre pessoas H lV-positivas. Os esquem as usados incluem o aciclovir (400 a 800 m g 2x/dia), o fanciclovir (500 m g 2x/dia), o valaciclovir (500 m g 2x/dia); o valaciclovir na dose de 4 g/dia associou-se à p ú rp u ra trom boci topênica trom bótica em um estudo de pacientes infectados pelo HIV. Além disso, o tratam en to diário do HSV-2 reduz os títulos de RNA do H IV no plasm a (redução de 0,5 log) e na m ucosa genital (redução de 0,33 log). REDUÇÃO DA TRANSMISSÃO D0 HSV AOS PARCEIROS SEXUAIS Mostrou-se que u m a dose diária de valaciclovir (500 m g) reduz a transm issão do HSV-2 entre parceiros sexuais. As taxas de tran s m issão são mais altas de hom ens para m ulheres e entre as pessoas com reativação freqüente do HSV-2. Pode-se recorrer à triagem sorológica para identificar os casais de risco. O valaciclovir diário parece ser m ais eficaz que o fanciclovir diário na redução da ex creção subclínica viral. RESISTÊNCIA A0 ACICLOVIR Identificaram -se cepas do HSV resis tentes ao aciclovir. A m aioria dessas cepas tem , na fosforilação do aciclovir, um a alteração da especificidade para o substrato. Assim, é com um observar resistência cruzada.com o fanciclovir e com o valaciclovir. Às vezes, um vírus cuja TK tem alteração da especi ficidade é sensível ao fanciclovir, m as não ao aciclovir. Em alguns pacientes infectados p o r vírus com TK deficiente, o aciclovir em doses mais altas se associam à resolução das lesões. Em outros, ve rifica-se o avanço da doença clínica a despeito do tratam ento com altas doses. Quase toda a resistência ao aciclovir clinicam ente sig nificativa foi observada em pacientes im unocom prom etidos, e os isolados de HSV-2 são m ais frequentem ente resistentes do que as
QUADR0179.1
Quimioterapia antiviral para infecções por HSV
I. Infecções mucocutâneas por HSV
A. Infecções em pacientes imunossuprimidos 1. Episódios sintomáticos agudos iniciais ou recorrentes aciclovir IV (5 mg/kg cada 8 h) ou aciclovir oral (400 mg, 4x/dia), fanciclovir (500 mg, 2 ou 3x/ dia), ou valaciclovir (500 mg, 2x/dia) são eficazes. A duração do tratamento pode variar de 7 a 14 dias. 2. Supressão da doença (genital ou orolabial) por reativação: aciclovir IV (5 mg/kg a cada 8 h) ou valaciclovir oral (500 mg, 2x/dia) ou aciclovir (400 a 800 mg, 3 a 5x/dia) impede as recorrências durante os 30 dias que se seguem ao transplante. A supressão do HSV por prazo mais longo é frequentemente usada em indivíduos com imunossupressão contínua. Nos que receberam transplantes de medula óssea e renais, o valaciclovir oral (2 g/dia) é também eficaz em reduzir a infecção por citomegalovírus. O valaciclovir oral na dose de 4 g/dia tem sido associado à púrpura trombocitopênica trombótica após uso prolongado em pessoas HlV-positivas. Nos infectados pelo HIV, o aciclovir oral (400 a 800 mg, 2x/dia), o valaciclovir (500 mg, 2x/dia) ou o fanciclovir (500 mg, 2x/dia) são eficazes em reduzir as reativações clínicas e subclínicas de HSV-1 e HSV-2. B. Infecções em pacientes imunocompetentes 1. Herpes genital a. Episódios iniciais: aciclovir oral (200 mg, 5x/dia ou 400 mg, 3x/dia), valaciclovir (1 g, 2x/dia) ou fanciclovir (250 mg, 2x/dia) por 7 a 14 dias são eficazes. Aciclovir IV (5 mg/kg a cada 8 h, durante 5 dias) é dado para doença grave ou para complicações neurológicas como meningite asséptica. b. Herpes genital recorrente sintomático: esquemas com ciclos curtos (1 a 3 dias) são preferidos pelo baixo custo, probabilidade de adesão ao tratamento e conveniência. O aciclovir oral (800 mg, 3x/dia durante 2 dias), o valaciclovir (500 mg, 2x/dia durante 3 dias) ou o fanciclovir (750 mg ou 1.000 mg, 2x/dia durante 1 dia, uma dose única de 1.500 mg, ou 500 mg como dose de ataque seguidos de 250 mg cada 12 h, durante 3 dias) efetivamente encurtam a duração das lesões. Outras opções incluem o aciclovir oral (200 mg, 5x/dia), o valaciclovir (500 mg, 2x/dia) e o fanciclovir (125 mg, 2x/dia durante 5 dias). c. Supressão do herpes genital recorrente: o aciclovir oral (400 a 800 mg, 2x/dia) ou valaciclovir (500 mg/dia) são administrados. Pacientes com mais de 9 episódios por ano devem tomar valaciclovir (1 g/dia ou 500 mg, 2x/dia) ou fanciclovir (250 ou 500 mg, 2x/dia). 2. Infecções orolabiais por HSV a. Episódio inicial: aciclovir oral (200 mg) é dado 4 ou 5x/dia; pode ser usada uma suspensão oral de aciclovir (600 mg/m2,4x/dia). 0 fanciclovir oral (250 mg, 2x/dia) ou valaciclovir (1 g, 2x/dia) têm sido usados clinicamente. b. Episódios recorrentes: quando dada no início dos pródromos, uma dose única ou 1 dia de tratamento reduz efetivamente a dor e acelera a cura. Os esquemas incluem o fanciclovir oral (uma dose única de 1.500 mg ou 750 mg, 2x/dia durante 1 dia) ou valaciclovir (uma dose única de 2 g ou 2 g, 2x/dia durante 1 dia). 0 tratamento tópico autoiniciado com creme de penciclovir aplicado 6x/dia acelera efetivamente a cicatrização do HSV orolabial. Foi também demonstrado que o creme de aciclovir tópico acelera a cura. c. Supressão da reativação orolabial do HSV quando iniciado antes e mantido por toda a duração da exposição solar (geralmente por 5 a 10 dias), o aciclovir oral (400 mg, 2x/dia) previne a reativação da infecção orolabial por HSV recorrente associada à intensa exposição solar 3. Profilaxia cirúrgica da infecção oral oir genital por HSV: vários procedimentos cirúrgicos, como a abrasão cutânea por laser, a descompressão da raiz do trigêmeo e a cirurgia dos discos lombares, associam-se à reativação do HSV. O aciclovir IV (3 a 5 mg/kg a cada 8 h) ou oral (800 mg, 2x/ dia), o valaciclovir (500 mg, 2x/dia) ou o fanciclovir (250 mg, 2x/dia) reduzem efetivamente a reativação. O tratamento deve ter início 48 h antes da cirurgia e prolongar-se por 3 a 7 dias. 4. Panarício herpético: aciclovir oral (200 mg; alternativa 400 mg, 3x/dia) é administrado 5xdia durante 7 a 10 dias. 5. Proctite por HSV: aciclovir oral (400 mg 5x/dia) é útil para encurtar a evolução da infecção. Em pacientes imunossuprimidos ou em pacientes com infecção grave, o aciclovir IV (5 mg/kg cada 8 h) pode ser útil 6. Infecções herpéticas oculares: na ceratite aguda, é benéfica a aplicação tópica de trifluorotimidina, vidarabina, idoxuridina, aciclovir, penciclovir ou interferon. O desbridamento pode ser necessário. Os corticoides tópicos podem piorar a doença. II. Infecções do SNC por HSV
B. Meningite asséptica por HSV: não existem estudos sobre a quimioterapia antiviral sistêmica. Se algum tratamento for feito, deve-se usar aciclovir IV (15 a 30 mg/kg/dia). C. Radiculopatia autonômica: não há estudos disponíveis. A maior parte das autoridades recomenda uma tentativa com aciclovir IV III. Infecções neonatais por HSV: aciclovir oral (60 mg/kg/dia, fracionados em 3 doses). A duração recomendada para o tratamento é de21 dias.
A monitoração das recaídas deve ser feita e algumas autoridades recomendam a supressão contínua com solução oral de aciclovir por 3 a 4 meses. IV. Infecções viscerais por HSV
A. Esofagite por HSV: aciclovir IV (15 mg/kg/dia). Em alguns pacientes com formas mais leves de imunossupressão, o tratamento oral com valaciclovir ou fanciclovir é eficaz. B. Pneumonite por HSV: não existem estudos controlados. Aciclovir IV (15 mg/kg/dia) deve ser considerado. V. Infecções disseminadas por HSV: não há estudos controlados. Deve-se tentar o aciclovir IV (5 mg/kg a cada 8h). Pode ser necessário o ajuste para
insuficiência renal. Não há evidência definitiva de que o tratamento reduzirá o risco de morte VI. Eritema multiforme associado ao HSV: observações isoladas sugerem que o aciclovir oral (400 mg, 2 ou 3x/dia) ou o valaciclovir (500 mg, 2x/dia) irão
Infecções por Herpesvírus Simples
A. Encefalite por HSV: o aciclovir IV (10 mg/kg a cada 8 h; 30 mg/kg/dia) é administrado por 10 dias ou até que o DNA não mais seja detectado no LCS.
suprimir o eritema multiforme. VII. Infecções por HSV resistente ao aciclovir: foscarnet IV (40 mg/kg, IV, a cada 8 h) deve ser administrado até que as lesões se curem São incertas a
duração-ótima do tratamento e a utilidade de sua manutenção para suprimir as lesões. Alguns pacientes podem beneficiar-se com a aplicação cutânea de trifluortimidina ou gel de cidofovir a 5%.
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cepas de HSV-1. Um estudo dos C enters for Disease C ontrol and Prevention indicou que cerca de 5% dos isolados de H5V-2 HIV-positivos exibem algum grau de resistência in vitro ao aciclovir. Dos isolados de HSV-2 de pacientes im unocom petentes que fre qüentavam am bulatórios de doenças sexualm ente transm issíveis, < 0,5% exibiu sensibilidade in vitro reduzida ao aciclovir. A ausên cia de m udança significativa na frequência de detecção de tais iso lados nos últim os 20 anos provavelm ente reflete a transm issão re duzida dos m utantes com TK deficiente. O isolam ento do HSV de lesões persistentes, apesar da adm inistração de doses adequadas e dos níveis sanguíneos suficientes de aciclovir, sugere resistência ao aciclovir. A terapia com o antiviral foscarnet é útil nos casos resistentes ao aciclovir (Cap. 178). Em virtude de sua toxicidade e seu custo, esse fárm aco é geralm ente reservado a pacientes com infecções cutaneom ucosas extensas. O cidofovir é um análogo de nucleotídio que existe sob a form a de fosfonato ou m onofosfato. A m aioria das cepas com TK deficiente é sensível ao cidofovir. A pom ada de cidofovir acelera a cicatrização das lesões refratárias ao aciclovir. Não há nenhum estudo bem controlado sobre o cidofovir sistêmico. As variantes do HSV verdadeiram ente nega tivas para TK parecem ter um a reduzida capacidade de propagar-se, em decorrência de um a alteração da neurovirulência - um a característica im portante na presença relativam ente infrequente dessas cepas em populações im unocom petentes, m esm o com o uso crescente de antivirais.
■ PREVENÇÃO Os esforços p ara controlar as doenças causadas pelo HSV em popula ções por m eio da quim ioterapia antiviral supressora e/ou program as educativos terão sucesso lim itado. As form as de contracepção de ba rre ira (especialm ente preser vativos) dim inuem a probabilidade de transm issão da infecção por HSV, sobretudo durante períodos de excreção viral assintom ática. Na presença de lesões, a infecção p or HSV é transm issível pelo contato cutâneo, apesar do uso de preservativo. Todavia, os dados disponíveis sugerem que o uso constante de preservativo é um a m aneira eficaz de reduzir o risco de transm issão genital do HSV-2. A terapia antiviral
CAPÍTULO Doenças Infecciosas
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Infecções por Vírus Varicela-Zóster Richard J. Whitley ■ DEFINIÇÃO O vírus varicela-zóster (VZV) causa duas entidades clínicas distin tas: a varicela (catapora) e o h e rp es-zó ster (cobreiro). A varicela, um a infecção onipresente e ex trem am ente contagiosa, é em geral u m a doença benigna da infância, caracterizada p o r erupção exantem ática vesiculosa. C om a reativação do VZV latente (que é m ais com um após a sexta década de vida), o h erpes-zóster apresenta-se com o um a erupção vesiculosa de um derm átom o, geralm ente asso ciada à dor intensa.
■ ETIOLOGIA Há quase 100 anos, reconheceu-se um a associação clínica entre a va ricela e o herpes-zóster. No início do século XX, foram dem onstradas sem elhanças nas características histopatológicas das lesões cutâneas produzidas pela varicela e pelo herpes-zóster. Os vírus isolados de pacientes com catapora e herpes-zóster produziram alterações sem e
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diária crônica com valaciclovir tam bém possui eficácia parcial na re dução da aquisição do HSV-2, especialm ente entre m ulheres suscetí veis. Não existem estudos com parando a eficácia do valaciclovir com a do uso de preservativos. A m aioria das autoridades sugere os dois m étodos. A necessidade de um a vacina para prevenir a aquisição de infecção po r HSV é grande, especialm ente à luz do papel que o HSV2 tem em intensificar a aquisição e transm issão do HIV-1. Um a substancial porção dos casos de infecção neonatal p o r HSV poderia ser prevenida pela redução da aquisição de HSV p or m ulhe res no terceiro trim estre da gestação. A infecção neonatal por HSV pode resultar da aquisição da infecção m aterna próxim a ao term o ou da reativação da infecção no m om ento do parto em um a m ãe já in fectada. Por esta razão as estratégias para reduzir o HSV neonatal são complexas. Algum as autoridades recom endam que o tratam ento a n tiviral com aciclovir ou valaciclovir seja dado às m ulheres infectadas por HSV-2 no final da gestação, com o um m eio de reduzir a reativa ção do HSV-2 no term o. Não há dados para apoiar a eficácia desta abordagem . Além do mais, a alta razão entre os m uitos tratam entos e, as possíveis prevenções fazem dessa abordagem um a política de saúde pública dúbia, ainda que possa reduzir a frequência de partos cesarianos associados ao HSV.
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lhantes em cultura de tecido - especificam ente, o aparecim ento de inclusões intranucleares eosinofílicas e células gigantes m ultinucleadas. Esses resultados sugeriram que os vírus eram biologicam ente sem elhantes. As análises do DNA viral p or endonucleases de restri ção em um paciente com varicela que subsequentem ente m anifestou herpes-zóster m ostrou a identidade m olecular dos dois vírus respon sáveis p or essas apresentações clínicas diferentes. O VZV é um m em bro da fam ília H erpesviridae, que com par tilha certas características e struturais com outros m em bros, com o invólucro de lipídio circu n d an d o um nucleocapsídio com sim etria icosaédrica, diâm etro total de cerca de 180 a 200 nm e DNA de fila m ento duplo localizado centralm ente, com com prim ento de cerca de 125.000 pb.
■ PATOGENIA E PATOLOGIA Infecção primária A transm issão ocorre prontam ente p o r via respiratória; a replicação localizada subsequente do vírus em local indefinido (supostam ente a nasofaringe) resulta em sem eadura do sistem a reticuloendotelial e, por fim, aparecim ento de virem ia. A virem ia em pacientes com vari cela reflete-se na natureza difusa e dissem inada das lesões cutâneas, e pode ser verificada em casos selecionados pelo isolam ento do VZV do sangue ou rotineiram ente p or detecção do DNA viral no sangue ou nas lesões pela reação em cadeia da polim erase (PCR). As vesícu las afetam o cório e a derm e, com alterações degenerativas caracteri zadas por vacuolização, presença de células gigantes m ultinucleadas
e inclusões intranucleares eosinofílicas. A infecção pode afetar vasos sanguíneos localizados na pele, resultando em necrose e hem orragia epidérm ica. C om a evolução da doença, o líquido vesiculoso torna-se turvo, devido ao recrutam ento de leucócitos polim orfonucleares e à presença de células degeneradas e fibrina. Por fim, as vesículas sofrem ruptura e liberam o líquido (que inclui o vírus infeccioso) ou são gradualm ente reabsorvidas.
Infecção recorrente O m ecanism o de reativação do VZV que resulta em herpes-zóster perm anece desconhecido. Presum e-se que o vírus infecte os gânglios das raízes dorsais durante a varicela, onde perm anece latente até que seja reativado. O exame histopatológico de gânglios das raízes dorsais representativos durante o herpes-zóster ativo revela hem orragia, ede ma e infiltração linfocitária. A replicação ativa do V Z V em outros órgãos, com o pulm ão ou cérebro, pode ocorrer d urante a varicela ou o herpes-zóster, porém é incom um no hospedeiro im unocom petente. O com prom etim ento pulm onar caracteriza-se p o r pneum onite intersticial, form ação de células gigantes m ultinucleadas, inclusões intranucleares e h e m o r ragia pulm onar. A infecção do sistem a nervoso central (SNC) está associada a evidências histopatológicas de form ação de bainha perivascular sem elhante àquela observada no saram po e em outras encefalites virais. A necrose hem orrágica focal do cérebro, que é típica da encefalite pelo herpesvírus sim ples (HSV), é incom um na infecção causada p or VZV.
■ EPIDEMIOLOGIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Varicela
Lesões de varicela em vários estágios de evolução: vesículas
sobre base eritematosa, vesículas umbilicadas e crostas. cuias do que os indivíduos de m ais idade. Os casos secundários e ter ciários em u m a família estão associados a um núm ero relativamente grande de vesículas. Os pacientes im unocom prom etidos - crianças e adultos, sobretudo aqueles com leucem ia - apresentam lesões (m ui tas vezes com base hem orrágica) m ais num erosas, que levam m ais tem po para cicatrizar do que as dos pacientes im unocom petentes. In divíduos im unocom prom etidos exibem m aior risco de complicações viscerais, que são observadas em 30 a 50% dos casos e são fatais em 15% na ausência de terapia antiviral. A com plicação infecciosa m ais com um da varicela é a infec ção bacteriana secundária da pele, que costum a ser provocada p o r Streptococcus pyogenes ou Staphyiococcus aureus, incluindo cepas resistentes à m eticilina. A infecção da pele resulta da escoriação das lesões p o r coçadura. A coloração de G ram das lesões cutâneas deve ajudar a esclarecer a etiologia de lesões incom um ente eritem atosas e pustulosas. O local extracutâneo m ais com um de com prom etim ento em crianças é o SNC. A síndrom e de ataxia cerebelar aguda e inflam a ção m eníngea geralm ente aparecem cerca de 21 dias após o início d o exantem a e raram ente desenvolvem -se na fase pré-eruptiva. O líquido cerebrospinal (LCS) contém linfócitos e níveis elevados de proteína. O com prom etim ento do SNC é um a com plicação benigna da infecção po r VZV em crianças e geralm ente não exige hospitaliza ção. Podem ocorrer tam bém m eningite asséptica, encefalite, mielite transversa e síndrom e de G uillain-Barré. A síndrom e de Reye foi re latada em crianças tratadas concom itantem ente com ácido acetilsalícílico. A encefalite é relatada em 0,1 a 0,2% das crianças com varicela. Além dos cuidados de apoio, n en h u m tratam ento específico (p. ex., adm inistração de aciclovir) d em o n stro u ser eficaz para pacientes com com prom etim ento do SNC. A pneum onia da varicela é a com plicação m ais grave após a va ricela, e o corre m ais c o m u m e n te em adultos (até 20% dos casos) d o que em crianças, sendo, particu larm en te, grave em gestantes. A p n e u m o n ia causada p o r V Z V surge em geral 3 a 5 dias d u ran te a evolução da doença e está associada a taquipneia, tosse, dispnéia e febre. Cianose, d o r torácica pleurítica e hem o p tise são com uns. As evidências radiográficas da d o e n ça consistem em infiltrados nodulares e p n e u m o n ite intersticial. A resolução da p n e u m o n ite acom panha a m elhora do exantem a; todavia, os pacientes podem apresentar febre persistente e com prom etim ento da função p u lm o na r d u ra n te sem anas. O utras com plicações da varicela são m iocardite, lesões da cór nea, nefrite, artrite, diáteses hem orrágicas, glom erulonefrite aguda e hepatite. Afora a síndrom e de Reye, o com prom etim ento hepático
Infecções por Vírus Varicela-Zóster
Os seres hum anos são o único reservatório conhecido do VZV. A varicela é altam ente contagiosa, com taxa de ataque de pelo m enos 90% entre indivíduos suscetíveis (soronegativos). Indivíduos de a m bos os sexos e de todas as raças são igualm ente infectados. O vírus é endêm ico na população geral; porém , torna-se epidêm ico entre in d i víduos suscetíveis durante picos sazonais - isto é, no final do inverno e início da prim avera na zona tem perada. G rande parte de nosso co nhecim ento sobre a história natural da doença e incidência antecede a aprovação da vacina contra varicela, em 1995. H istoricam ente, as crianças entre 5 a 9 anos de idade são m ais com um ente acom etidas e representam 50% do total de casos. A m aioria dos outros casos atinge crianças de 1 a 4 e de 10 a 14 anos de idade. Cerca de 10% da p o p u lação dos EUA acim a de 15 anos de idade é suscetível à infecção. A vacinação anti-VZV durante o segundo ano de vida m odificou dras ticam ente a epidem iologia da infecção, p roduzindo um a redução sig nificativa na incidência anual da varicela. O período de incubação da varicela varia de 10 a 21 dias, m as ge ralm ente é de 14 a 17 dias. As taxas de ataque secundário em irm ãos suscetíveis em um dom icílio são de 70 a 90%. O s pacientes tornam -se infecciosos aproxim adam ente 48 horas antes do aparecim ento da erupção vesiculosa, durante o período de form ação das vesículas (cuja duração é, em geral, de 4 a 5 dias) e até a form ação de crostas em todas as vesículas. Clinicam ente, a varicela apresenta-se com exantem a, febre b ai xa e m al-estar, em bora alguns pacientes apresentem um p ródrom o de 1 a 2 dias antes do início do exantem a. No paciente im u n o co m petente, a varicela é habitualm ente um a doença benigna associada a cansaço e febre de 37,4 a 39°C de 3 a 5 dias de duração. As lesões cutâneas - a m arca da infecção - incluem m aculopápulas, vesículas e crostas em diferentes estágios de evolução (Fig. 180.1). Essas lesões, que evoluem de m aculopápulas p ara vesículas em questão de horas a dias, aparecem no tronco e na face e propagam -se rapidam ente para outras áreas do corpo. Em sua m aioria, são pequenas e apresentam um a base eritem atosa com diâm etro de 5 a 10 m m . Verifica-se o apa recim ento de grupos sucessivos durante um p eríodo de 2 a 4 dias. As lesões tam bém podem ser encontradas na m ucosa d a faringe e/ou da vagina. Sua gravidade varia de indivíduo para indivíduo. Alguns indivíduos apresentam poucas lesões, e nquanto outros exibem até 2.000 lesões. As crianças m enores tendem a apresentar m enos vesí-
Figura 180.1
1463
Ü B
costum a ser assintom ático e com um na varicela; em geral, caracte riza-se po r níveis elevados das enzim as hepáticas, em particular da aspartato-am inotransferase e da alanina-am inotransferase. A varicela perinatal está associada a um a elevada taxa de m o rta lidade quando a doença m aterna surge 5 dias antes ou 48 horas após o parto. C om o o recém -nascido não recebe anticorpos transplacentários protetores e tem um sistem a im une im aturo, a doença pode ser m uito grave. A taxa de letalidade registrada alcança 30% nesse grupo. A varicela congênita, com m anifestações clínicas de hipoplasia dos m em bros, lesões cutâneas cicatriciais e m icrocefalia ao nascim ento, é extrem am ente rara.
Herpes-zóster O herpes-zóster (“cobreiro”) é um a doença esporádica que resulta da reativação do VZV latente a p a rtir dos gânglios das raízes dorsais. Na m aioria dos pacientes com herpes-zóster, não se obtém história de exposição recente a outros indivíduos com infecção p o r VZV. O herpes-zóster ocorre em todas as idades, p orém sua incidência é m aior (5 a 10 casos por 1.000 pessoas) em indivíduos a pa rtir da sexta década de vida. Os dados disponíveis sugerem que 1,2 m ilhões de casos ocorrem anualm ente nos EUA. O herpes-zóster recorrente é raríssim o, exceto em hospedeiros im unocom prom etidos, especial m ente aqueles com Aids. O herpes-zóster caracteriza-se p or erupção vesiculosa unilateral em derm átom o, m uitas vezes associada a d or intensa. Os derm átom os de T3 a L3 são os mais frequentem ente afetados. Se houver com prom etim ento do ram o oftálm ico do nervo trigêm eo, ocorre herpes-zóster oftálmico. Os fatores responsáveis pela reativação do vírus são desconhecidos. Em crianças, a reativação costum a ser benigna, m as pode ser debilitante em adultos, devido à dor. O início da doença é anunciado por d or no derm átom o, que pode preceder as lesões em 48 a 72 horas; um a erupção m aculopapular eritem atosa evolui rapi dam ente para lesões vesiculosas (Fig. 180.2). No hospedeiro norm al, essas lesões podem perm anecer em pequeno núm ero e continuam a se form ar por apenas 3 a 5 dias. Em geral, a duração total da doença é de 7 a 10 dias; entretanto, pode d urar até 2 a 4 sem anas antes de haver norm alização da pele. Os pacientes com herpes-zóster podem tran s m itir a infecção a indivíduos soronegativos, com subsequente varice la. Em alguns pacientes, foi observada a localização característica da dor em um derm átom o com evidência sorológica de herpes-zóster, na ausência de lesões cutâneas, um a entidade conhecida com o zóster sine herpético Q uando ocorre com prom etim ento de ram os do nervo trigêm eo, as lesões podem aparecer na face, na boca, nos olhos ou na
língua. O herpes-zóster oftálm ico geralm ente é um a afecção debili tante que pode resultar em cegueira na ausência de terapia antiviral. Na síndrome de Ramsay H unt, a d or e as vesículas aparecem no canal auditivo externo, e os pacientes perdem o sentido do paladar nos 66% anteriores da língua, enquanto apresentam paralisia facial ipsolateral. O corre com prom etim ento do gânglio geniculado do ram o sensorial do nervo facial. Tanto no hospedeiro n orm al quan to no im unocom prom etido, a com plicação m ais debilitante do herpes-zóster é a d or associada à neurite aguda e à neuralgia pós-herpética. Essa neuralgia é incom um em indivíduos jovens; todavia, pelo m enos 50% dos pacientes com zóster e m ais de 50 anos de idade queixam -se de algum grau de dor no derm átom o afetado meses após a resolução da doença cutânea. As alterações de sensibilidade no derm átom o, que resultam em hipoestesia ou hiperestesia, são com uns. O com prom etim ento do SNC pode suceder o herpes-zóster lo calizado. M uitos pacientes sem sinais de irritação m eníngea apresen tam pleocitose do LCS e níveis m oderadam ente elevados de proteína do LCS. A m eningoencefalite sintom ática caracteriza-se p o r cefaleia, febre, fotofobia, m eningite e vôm itos. U m a m anifestação rara do com prom etim ento do SNC é a angiite granulom atosa com hem iplegia contralateral, que pode ser diagnosticada p o r arteriografia cere bral. As outras m anifestações neurológicas são m ielite transversa, com ou sem paralisia m otora. A exem plo da varicela, o herpes-zóster é m ais grave no hospe deiro im unocom prom etido que em indivíduos im unocom petentes. As lesões continuam a se form ar p o r m ais de 1 sem ana, e as crostas form am -se com pletam ente só após 3 sem anas de evolução da doença na m aioria dos casos. Os pacientes com doença de H odgkin e linfom a não H odgkin correm m aior risco de herpes-zóster progressivo. O corre dissem inação cutânea (Fig. 180.3) em cerca de 40% desses pacientes. Entre aqueles com dissem inação cutânea, o risco de p n e u m onite, m eningoencefalite, h epatite e outras com plicações graves aum enta em 5 a 10%. C ontudo, até m esm o em pacientes im unocom prom etidos, o herpes-zóster dissem inado raram ente é fatal. Indivíduos que recebem transplantes de células-tronco hem ato poiéticas apresentam risco p articularm ente elevado de infecção por VZV. De todos os casos de infecção p o r VZV pós-transplante, 30% ocorrem em 1 ano (50% desses em 9 m eses) após o procedim ento; 45% dos pacientes acom etidos apresentam dissem inação cutânea ou visceral. Nessa situação, a taxa de letalidade é de 10%. A neuralgia pós-herpética, a form ação de cicatrizes e a infecção bacteriana secun dária são especialm ente com uns nas infecções p o r VZV que ocorrem
Doenças Infecciosas Figura 180.2 Lesões de herpes disseminado em destaque. Observe as le sões em diferentes estágios de evolução, incluindo pústulas e crostas. (Cortesia de Lindsey Baden, com autorização.)
1464
Figura 180.3 Observa-se neste paciente infectado pelo HIV um herpes-zóster constituído de vesículas e pústulas hemorrágicas sobre base eritematosa,
que se distribuem em grupos sobre um dermátomo.
nos prim eiros 9 m eses após u m transplante. E ntre os pacientes in fectados, a concom itância de doença do enxerto versus hospedeiro aum enta a chance de dissem inação e/ou m orte.
■ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL (Ver tam bém C apítulo e-7.) O diagnóstico da varicela não é difícil. A erupção cutânea característica e a obtenção de u m a história de ex posição recente levam ao estabelecim ento im ediato do diagnóstico. O utras infecções virais que podem im itar a varicela incluem infecção dissem inada p or HSV em pacientes com derm atite atópica e lesões vesiculopapulosas dissem inadas às vezes associadas à infecção p o r vírus Coxsackie, infecção p or vírus Echo, ou saram po atípico. To davia, essas erupções são m ais com um ente m orbiliform es, com um com ponente hem orrágico, do que vesiculosas ou vesiculopustulosas. A riquetsiose variceliform e (Cap. 174) pode confundir-se com a vari cela; entretanto, a riquetsiose variceliform e é facilm ente distinguível pela detecção da “lesão denunciadora” no local de picada do ácaro e pela ocorrência de cefaleia m ais proem inente. Os testes sorológicos tam bém são úteis para d istinguir entre riquetsiose variceliform e e varicela e podem confirm ar a suscetibilidade em adultos que estão em dúvida sobre sua história prévia de varicela. A preocupação com a varíola aum entou recentem ente devido à am eaça de bioterrorism o (Cap. 221). As lesões da varíola são m aiores que as de varicela e estão todas no m esm o estágio de evolução, em um dado m om ento. As lesões vesiculosas unilaterais em um padrão de distribuição em derm átom o devem sugerir rapidam ente o diagnóstico de herpes-zóster, em bora se ten h a relatado a ocorrência de herpes-zóster na ausência de erupção. As infecções tanto p or HSV quanto p or vírus Coxsackie podem causar lesões vesiculosas em derm átom os. A virologia diagnóstica e a coloração fluorescente de raspados da pele com anticorpos m onoclonais irão ajudar a estabelecer o diagnóstico cor reto. No estágio prodrôm ico do herpes-zóster, o diagnóstico pode ser extrem am ente difícil e só pode ser estabelecido após o aparecim ento das lesões ou p or avaliação sorológica retrospectiva.
■ ACHADOS LABORATORIAIS
TRATAMENTO
Infecção pelo vírus da varicela-zóster
O tratam ento clínico da varicela no hospedeiro im unologicam en te norm al tem p or objetivo evitar com plicações. O bviam ente, a boa higiene inclui banhos diários. A infecção bacteriana secundá ria da pele pode ser evitada m ediante cuidados m eticulosos, em particular com o corte rente das unhas. O p ru rid o pode ser ali viado com curativos tópicos ou com a adm inistração de antipru-
Infecções por Vírus Varicela-Zóster
A confirm ação inequívoca do diagnóstico só é possível p o r m eio do isolam ento do VZV cultura de tecido, em pregando linhagens celula res suscetíveis, pela dem onstração de soroconversão ou de elevação de quatro vezes ou m ais nos títulos de anticorpos entre am ostras de soro das fases aguda e convalescente, ou pela detecção do DNA do VZV p or PCR. Pode-se obter um a im pressão rápida p o r esfregaço de Tzanck, com raspagem da base das lesões n a tentativa de detec tar células gigantes m ultinucleadas; entretanto, a sensibilidade desse m étodo é baixa (cerca de 60%). A tecnologia da PCR para detecção do DNA viral no líquido vesiculoso está disponível em um núm ero lim itado de laboratórios de diagnóstico. A coloração p o r im unoflu orescência direta das células obtidas da base cutânea ou a detecção de antígenos virais por outros ensaios (com o o ensaio da im unoperoxidase) tam bém são úteis, em bora esses testes não estejam disp o níveis com ercialm ente. As provas sorológicas m ais frequentem ente utilizadas para avaliar a resposta do hospedeiro incluem a detecção de anticorpos contra antígenos da m em brana do VZV p o r im u n o fluorescência, o teste do anticorpo fluorescente contra o antígeno de m em brana (FAMA), a im unoem aglutinação p o r aderência e o ensaio de im unoadsorção ligada a enzim a (ELISA). Os testes FAMA e ELI SA parecem ser os mais sensíveis.
riginosos. Banhos com água m o rn a e as com pressas úm idas são m elhores do que as loções ressecantes para o alívio do prurido. A adm inistração de ácido acetilsalicílico a crianças com varicela deve ser evitada, devido à associação do em prego de derivados do ácido acetilsalicílico com a síndrom e de Reye. O aciclovir (800 mg VO, 5x/dia), o valaciclovir (1 g, 3x/dia) ou o fanciclovir (250 mg, 3x/dia, durante 5 a 7 dias) são recom endados p ara adolescen tes e adultos com varicela há m enos de 24 horas. (O valaciclovir está aprovado para uso em crianças e adolescentes. O fanciclovir é recom endado, porém não está licenciado, p ara a varicela.) De m odo sem elhante, a terapia com aciclovir pode ser benéfica em crianças com m enos de 12 anos se instituída no início da doença (< 24 h) na dose de 20 m g/kg, 6/6 horas. As vantagens (isto é, a farm acocinética) dos agentes de segunda geração, o valaciclovir e o fanciclovir, são descritas no C apítulo 178. No tratam ento do herpes-zóster, o emprego de com pressas de acetato de alum ínio pode ao m esm o tem po prom over alívio e lim peza da lesão. Os pacientes com herpes-zóster podem beneficiar-se com o tratam ento antiviral oral, conform e m ostra a resolução acelerada das lesões e da dor associada ao herpes-zóster com o uso de aciclovir, valaciclovir ou fanciclovir. O aciclovir, atualm ente li berado da patente, é adm inistrado em um a dose de 800 mg, 5x/dia durante 7 a 10 dias. O fanciclovir, o profárm aco do penciclovir, é pelo m enos tão eficaz quanto o aciclovir, ou talvez mais; a dose é de 500 m g VO, 3x/dia durante 7 dias. O valaciclovir, o profárm aco do aciclovir, que hoje não tem patente, acelera a cicatrização e a resolução da dor associada ao herpes-zóster m ais rapidam ente do que o aciclovir. A dose é de 1 g VO, 3x/dia durante 5 a 7 dias. C om parado com o aciclovir, tanto o fanciclovir quanto o valaciclovir oferecem a vantagem das adm inistrações m enos freqüentes. Nos hospedeiros gravem ente im unocom prom etidos (pacien tes transplantados ou com doenças m alignas linfoproliferativas), a varicela e o herpes-zóster (incluindo a d oença dissem inada) de vem ser tratados, pelo m enos no início, com aciclovir IV, o qual reduz a ocorrência de com plicações viscerais, m as não exerce qualquer efeito sobre a cicatrização das lesões cutâneas ou sobre o alívio da dor. A dose é de 10 a 12,5 m g/kg, 8/8 horas durante 7 dias. Para hospedeiros im unocom prom etidos de baixo risco, o tratam ento oral com valaciclovir ou fanciclovir parece benéfico. Q uando clinicam ente possível, é conveniente d im in u ir o tra ta m ento im unossupressor concom itantem ente com a ad m in istra ção de aciclovir IV. Os pacientes com p n e u m o n ia da varicela, frequentem ente, necessitam de assistência ventilatória. Os pacientes com herpes-zóster oftálm ico devem ser im ediatam ente encam inhados a um oftalmologista. O tratam ento desse distúrbio consiste na adm inis tração de analgésicos para alívio da dor intensa e uso de atropina. O aciclovir, o valaciclovir e o fanciclovir aceleram a cicatrização. As decisões quanto ao uso de glicocorticoides devem ser tom adas pelo oftalmologista. O tratam ento da neurite aguda e/ou da neuralgia pós-herpética pode ser p articularm ente difícil. Além do uso criterioso de analgésicos, incluindo desde fárm acos não narcóticos até deriva dos de narcóticos, relatou-se que fárm acos com o a gabapentina, pregabalina, o cloridrato de am itriptilina, adesivos de lidocaína e o cloridrato de flufenazina são sabidam ente benéficos ao alívio da dor. Em um estudo, a terapia com glicocorticoides instituída no início da evolução do herpes-zóster localizado acelerou sig nificativam ente a m elhora da qualidade de vida, com o retorno à atividade habitual e suspensão das m edicações analgésicas. A dose oral de prednisona foi de 60 m g/dia nos dias 1 a 7, 30 m g/ dia nos dias 8 a 14 e 15 m g/dia nos dias 15 a 21. Esse esquem a só é apropriado para indivíduos idosos relativam ente sadios que apre sentam dor m oderada ou grave à apresentação. Os pacientes com osteoporose, diabetes m elito, glicosúria ou hipertensão arterial podem não ser candidatos apropriados. Os glicocorticoides não devem ser usados sem terapia antiviral concom itante.
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■ PREVENÇÃO Usam -se três m étodos para a prevenção das infecções por VZV. P ri meiro, recom enda-se um a vacina antivaricela de vírus vivo atenuado (Oka) a todas as crianças com m ais de 1 ano (até a idade de 12 anos) que não tenham apresentado a varicela e aos adultos soronegativos para o VZV. São recom endadas duas doses para todas as crianças: a prim eira aos 12 a 15 m eses de idade, e a segunda com cerca de 4 a 6 anos. Os indivíduos soronegativos para VZV com m ais de 13 anos de idade devem receber duas doses da vacina com intervalo de, pelo m enos, 1 mês. A vacina é segura e eficaz. Os casos intercorrentes
QUADR0180.1
Recomendações para a administração de VZIG
Critérios de exposição
1. Exposição a um indivíduo com varicela ou zóster a. Domicílio: residência na mesma casa b. Companheiro de brincadeiras: estiveram face a face em ambiente fechado c. Hospital Varicela: mesma enfermaria com 2 a 4 leitos, ou em leitos adjacentes em uma grande enfermaria, contato face a face com um membro da equipe infectado ou paciente infectado, visitado por indivíduo que se supõe contagiante Zóster: contato íntimo (p. ex., tocar ou abraçar) com uma pessoa que se supõe contagiosa d. Recém-nato: início da varicela na mãe < 5 dias antes do parto ou < 48 h após o parto; a VZIG não está indicada se a mãe tem zóster 2. 0 paciente deve receber VZIG tão logo possível, mas não > 96 h após a exposição Os candidatos (desde que tenham tido exposição importante) incluem:
1. Crianças imunocomprometidas suscetíveis, sem história de varicela ou de imunização para varicela 2. Gestantes suscetíveis 3. Recém-natos cujas mães tiveram varicela que se iniciou 5 dias antes ou em até 48 h após o parto 4. Lactentes prematuros hospitalizados (> 28 semanas de gestação) cujas mães não têm uma história confiável de varicela ou evidência sorológica de proteção contra varicela
Doenças Infecciosas 1466
5. Lactentes prematuros hospitalizados (< 28 semanas de gestação ou < 1.000 g de peso ao nascer) independentemente da história de varicela ou do estado sorológico da mãe para o vírus da varicela-zóster
são leves e podem resultar na propagação do vírus vacinai aos con tatos suscetíveis. A vacinação universal das crianças está d im in u in do a incidência de varicela em com unidades sentinelas. Adem ais, a inativação do vírus vacinai reduz significativam ente a ocorrência de herpes-zóster após transplante de células-tronco hem atopoiéticas. Nos indivíduos com m ais de 60 anos de idade, a vacina com 18 vezes o conteúdo viral da vacina O ka dim inuiu a incidência de zóster em 51%, a gravidade da doença em 61% e a incidência de neuralgia pós-herpética em 66%. O A dvisory C om m ittee on Im m unization Prac tices recom endou, portanto, que às pessoas neste grupo etário fosse oferecida a vacina com a finalidade de reduzir a frequência de zóster e a gravidade da neuralgia pós-herpética. Uma segunda abordagem é ad m in istrar a im unoglobulina anti varicela-zóster (VZIG) aos indivíduos que são suscetíveis, que estão sob alto risco de com plicações da varicela e sofreram exposição sig nificativa. Este produto deve ser fornecido em até 96 horas (de pre ferência, 72 h) após a exposição. O Q u a d ro 180.1 cita as indicações para adm inistração da VZIG. A VZIG está disponível com o protoco lo de novo fárm aco em pesquisa das FFF Enterprises (800-843-7477). Por fim, pode-se instituir a terapia antiviral com o profilaxia para indivíduos sob alto risco que não são elegíveis à vacina ou que es tão após o período de 96 horas desde o contato direto. E m bora os estudos iniciais tenham usado aciclovir, espera-se um benefício se m elhante com o valaciclovir ou fanciclovir. Institui-se o tratam ento 7 dias após um a exposição intensa. N este m om ento, o hospedeiro está no m eio do período de incubação. Este m étodo reduz sobrem odo a intensidade da doença, se não preveni-la totalm ente.
BIBLIOGRAFIA Arvin A: Aging, immunity, and the varicella-zóster virus. N Engl J Med 352:2266, 2005 G e r s h o n AA, G e r s h o n MD: Perspectives on vaccines against varicella-zoster virus infections. Curr Top Microbiol Immuno 342:359,2010 ------- : Varicella vaccine. N Engl J Med 356:2648,2007 G n a n n JW, W h i t l e y RJ: Herpes zóster. N Engl J Med 347:340, 2002 K i m b e r u n DW, W h i t l e y RJ: Varicella-zoster vaccine for the prevention of herpes zóster. N Engl J Med 356:1338, 2007 N g u y e n HQ et al: Decline in mortality due to varicella after implementation of varicella vaccination in the United States. N Engl J Med 352:450,2005 O x m a n MN et al: A vaccine to prevent herpes zóster and postherpetic neural gia in older adults. N Engl J Med 352:2271, 2005 S e w a r d JF et al: Contagiousness of varicella in vaccinated cases: A household contact study. JAMA 292:704,2004 ------- et al: Varicella disease after introduction of varicella vaccine in the Uni ted States, 1995-2000. JAMA 28:606, 2002
CAPÍTULO
181
Infecções por Vírus Epstein-Barr, Incluindo a Mononucleose Infecciosa Jeffrey I. Cohen ■ DEFINIÇÃO O vírus E pstein-B arr (EBV) é a causa da m ononucleose infecciosa (MI) com anticorpos heterófilos positivos, caracterizada p o r febre, faringite, linfadenopatia e linfocitose atípica. O EBV tam bém está associado a diversos tum ores hum anos, com o o carcinom a nasofa ríngeo, linfom a de Burkitt, doença de H odgkin e (em pacientes com im unodeficiências) linfom a das células B. O vírus é um m em bro da fam ília H erpesviridae. Os dois tipos de EBV que prevalecem a m plam ente na natureza são indistinguíveis pelos testes sorológicos convencionais.
■ EPIDEMIOLOGIA ™
As infecções causadas pelo EBV ocorrem em todo o m unM do, sendo m ais com uns na infância com u m segundo pico durante o final da adolescência. Na idade adulta, m ais de 90% dos indivíduos já foram infectados e apresentam anticorpos contra o vírus. Em geral, a MI é um a doença de adultos jovens. Em grupos socioeconôm icos desfavorecidos e em áreas do m undo com padrões deficientes de higiene (p. ex., regiões em desenvolvim ento), o EBV tende a infectar crianças pequenas, sendo rara a ocorrência de MI. Nas áreas com m elhores padrões de higiene, a infecção p or EBV, com frequência, só aparece na idade adulta e a MI é m ais prevalente. O EBV se propaga p o r contato com secreções orais. O vírus é frequentem ente transm itido de adultos assintom áticos p ara lactentes e entre adultos jovens pela transferência de saliva d urante o beijo. A transm issão por contato m enos íntim o é rara. O EBV já foi tran sm i tido p o r transfusão sanguínea e transplante de m edula óssea. Mais de 90% dos indivíduos soropositivos assintom áticos excretam o vírus nas secreções orofaríngeas. A excreção viral é m aior nos pacientes im unocom prom etidos e nos que têm MI.
O EBV é transm itido pelas secreções salivares. O vírus infecta o epi télio da orofaringe e das glândulas salivares, dissem inando-se a partir dessas células. Em bora as células B possam se to rn ar infectadas após 0 seu contato com células epiteliais, estudos sugerem a possibilidade de infecção direta dos linfócitos nas criptas am igdalianas. Em segui da, o vírus propaga-se através da corrente sanguínea. A proliferação e expansão das células B infectadas p or EBV, juntam ente com as células T reativas, durante a M I resultam em aum ento do tecido linfoide. A ativação policlonal das células B leva à produção de anticorpos contra proteínas de células do hospedeiro e do vírus. D urante a fase aguda da M I, o EBV infecta cerca de 1 em cada 100 células B no sangue periférico; após a recuperação, ocorre infecção em aproxim adam ente 1 a 50 em cada m ilhão de células B. D urante a MI, há um a inversão da razão de células T CD4+/CD 8+. O percentual de células T CD4+ dim inui, enquanto ocorrem expansões clonais acentuadas das células T CD8+; até 40% das células T CD8+ são dirigidos contra antígenos do EBV durante a infecção aguda. As células B de m em ória, e não as células epiteliais, com stituem o reservatório do EBV no organism o. Q uando os pacientes são tratados com aciclovir, a excreção do EBV pela orofaringe cessa, mas o vírus persiste nas células B. O receptor do EBV (CD21) na superfície das células B atua tam bém com o receptor do com ponente C 3d do com plem ento. A infec ção p or EBV das células epiteliais resulta em replicação viral e p ro d u
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Sinais e sintomas A m aior parte das infecções p o r EBV em lactentes e crianças peque nas é assintom ática ou apresenta-se sob a form a de faringite leve, com ou sem amigdalite. D iferentem ente, até 75% das infecções em adolescentes apresentam -se com o MI. A M I no idoso m anifesta-se com relativa frequência p o r sintom as inespecíficos, com o febre prolongada, fadiga, m ialgias e m al-estar. D iferentem ente, faringite, linfadenopatia, esplenom egalia e linfócitos atípicos são relativamente raros em pacientes idosos. O período de incubação da M I em adultos jovens é de cerca de 4 a 6 sem anas. Um p ró d ro m o de fadiga, m al-estar e m ialgia pode estender-se p o r 1 a 2 sem anas antes do início da febre, faringite e linfadenopatia. Em geral, a febre é baixa e ocorre m ais com um ente nas prim eiras 2 sem anas da doença; entretanto, pode persistir por > 1 mês. O Q u a d ro 181.1 traz um a lista dos sinais e sintom as co m uns, juntam ente com a frequência de cada um . A linfadenopatia e faringite são m ais proem inentes nas prim eiras 2 sem anas da doença, enquanto a esplenom egalia predom ina durante as segunda e terceira sem anas. A linfadenopatia afeta m ais frequentem ente os linfonodos cervicais posteriores, m as pode ser generalizada. Os linfonodos au m entados são, com frequência, hipersensíveis e sim étricos, porém não se m ostram fixados a planos profundos. A faringite costum a ser o sinal mais proem inente, p o dendo ser acom panhada pelo aum ento das am ígdalas com exsudato sem elhante ao da faringite estreptocó cica. Em cerca de 5% dos casos, surge erupção m orbiliform e ou p a pulosa, geralm ente nos braços ou no tronco (Fig. 181.1). A m aioria dos pacientes tratados com am picilina apresenta exantem a macular, erupção que não prediz reações adversas futuras às penicilinas. Foi tam bém descrito o aparecim ento de eritem a nodoso e eritem a poli m orfo (Cap. 54). A m aioria dos pacientes apresenta sintom as durante 2 a 4 sem anas, m as o m al-estar e a dificuldade de concentração p o dem persistir por meses.
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Infecções por Vírus Epstein-Barr, Incluindo a...
■ PATOGENIA
ção de virions. Q uando as células B são infectadas in vitro p or EBV, sofrem transform ação e podem proliferar indefinidam ente. D urante a infecção latente das células B, apenas os antígenos nucleares do EBV (EBNA), as proteínas latentes da m em brana (LMP) e pequenos RNA do EBV são expressos in vitro. As células B transform adas por EBV secretam im unoglobulina; som ente um a pequena parcela das células produz vírus. A im unidade celular é m ais im p o rtan te do que a hum oral no controle da infecção causada p or EBV. N a fase inicial da infecção, as células T supressoras, células d estruidoras naturais (NK, natural killer) e células T citotóxicas inespecíficas são im portantes no co n trole da proliferação das células B infectadas p or EBV. Os níveis de m arcadores da ativação das células T e de interferon (IFN) y sérico m ostram -se elevados. Em um a fase subsequente da infecção, ocorre a produção de células T citotóxicas restritas ao antígeno leucocitário hum ano que reconhecem os EBNA e as LM P e destroem as células infectadas pelo EBV E studos m ostraram que um das proteínas tar dias expressas durante a replicação do EBV, o BC RFl, é um ho m ó logo da interleucina 10, que pode inibir a produção de IFN -y p or células m ononucleares in vitro. Se a im unidade das células T for com prom etida, as células B in fectadas p or EBV poderão com eçar a proliferar. Q uando 0 EBV está associado ao linfom a, a proliferação induzida pelo vírus é apenas um a etapa de um processo com m últiplas etapas de transform ação neoplásica. Em m uitos tum ores que contêm EBV, a LMP-1 sim ula os m em bros da família de receptores do fator de necrose tum oral (p. ex., CD40), transm itindo sinais de prom oção do crescimento.
Achados laboratoriais A contagem dos leucócitos geralm ente apresenta-se elevada, a tin gindo um pico de 10.000 a 20.000/pL d urante a segunda ou terceira sem anas da doença. A linfocitose costum a ser detectada, com > 10% de linfócitos atípicos. Estas últim as células são linfócitos m aiores com
1467
QUADR0181.1
Sinais e sintomas de mononucleose infecciosa
Manifestação
Porcentagem mediana de pacientes (faixa)
Sintomas Dor de garganta
75 (50 a 87)
Mal-estar
47 (42 a 76)
Cefaleia
38 (22 a 67)
Dor abdominal, náusea ou vômitos
17 (5 a 25)
Calafrios
10 (9 a 11)
Sinais Linfadenopatia
95 (83 a 100)
Febre
93 (60 a 100)
Faringite ou amigdalite
82 (68 a 90)
Esplenomegalia
51 (43 a 64)
Hepatomegalia
11 (6 a 15)
Exantema
10(0 a 25)
Edema periorbitário
13 (2 a 34)
Enantema no palato
7 (3 a 13)
Icterícia
5 (2 a 10)
citoplasm a abundante, vacúolos e indentações da m em brana celular (Fig. 181.2). As células CD8+ predom inam entre os linfócitos atípi cos. D urante o prim eiro m ês da doença, é com um haver neutropenia discreta e trom bocitopenia. A função hepática apresenta-se anorm al em > 90% dos casos. Em geral, ocorre elevação m oderada dos níveis séricos de am inotransferases e fosfatase alcalina. A concentração sé rica de bilirrubina apresenta-se elevada em aproxim adam ente 40% dos casos.
Complicações Na m aioria dos casos, a M I é autolim itada. Os casos fatais são m uito raros e decorrem m ais frequentem ente de com plicações do sistem a nervoso central (SNC), ruptura esplênica, obstrução das vias respira tórias superiores ou infecção bacteriana secundária. Q u an d o surgem , as com plicações do SNC c o stu m am o co rrer nas p rim eiras 2 sem anas da infecção p o r EBV; em alguns pacien-
Figura 181.2 Linfócitos atípicos de um paciente com mononucleose in fecciosa causada pelo vírus Epstein-Barr.
Doenças Infecciosas
tes, sobretudo crianças, são as únicas m anifestações clínicas da MI. A nticorpos heterófilos e linfócitos atípicos p o d e m estar ausentes. A m eningite e encefalite constituem as anorm alidades neurológicas m ais com uns, p o d e n d o os pacientes apresentarem cefaleia, m eningism o ou ataxia cerebelar. T am bém já foram descritas hem iplegia aguda e psicose. O líquido cerebrospinal (LCS) contém p rin cip al m ente linfócitos, sendo alguns atípicos. A m aioria dos casos m elho ra sem n e n h u m a seqüela neurológica. A infecção p o r EBV aguda tam bém está associada à paralisia dos nerv o s cranianos (so b retu do a do V II nervo), sín d ro m e de G uillain-B arré, m ielite transversa aguda e n eurite periférica. A anem ia hem olítica autoim une ocorre em cerca de 2% dos ca sos, durante as prim eiras 2 sem anas. Na m aioria dos casos, a anem ia apresenta um teste de C oom bs positivo, com crioaglutininas dirigi das contra o antígeno eritrocitário. A m aioria dos pacientes com h e m ólise apresenta anem ia leve com 1 ou 2 meses de duração; todavia, alguns pacientes têm doença grave com hem oglobinúria e icterícia. As respostas inespecíficas dos anticorpos p odem incluir a produção do fator reum atoide, anticorpos antinucleares, anticorpos antim úsculo liso, anticorpos antiplaquetários e crioglobulinas. A M I está as sociada a aplasia eritroide, granulocitopenia grave, trom bocitopenia, pancitopenia e linfo-histiocitose hem ofagocitária. O baço sofre ru p tura em m enos de 0,5% dos casos. A ru p tu ra esplênica é m ais com um no paciente do sexo m asculino e pode se m anifestar com o dor abdo m inal, dor referida no om bro ou com prom etim ento hem odinâm ico. A hip ertro fia do tecido linfoide nas am ígdalas ou adenoides pode, do m esm o m odo que a inflam ação e edem a da epiglote, farin ge ou úvula, resultar em obstrução das vias respiratórias superiores. Cerca de 10% dos pacientes com m ononucleose infecciosa desenvol vem faringite estreptocócica após a resolução da faringite inicial. O utras complicações raras associadas à infecção aguda p or EBV incluem hepatite (que pode ser fulm inante), m iocardite ou pericar dite com alterações eletrocardiográficas, pneum onia com derram e pleural, nefrite intersticial, ulcerações geriitãis e vasculite.
Outras doenças associadas ao EBV que não a Ml
Figura 181.1 Exantema em um paciente com mononucleose infecciosa causada pelo vírus Epstein-Barr. (Cortesia de Maria Turner, MD; com autori
zação.)
1468
A doença linfoproliferativa associada ao EBV foi descrita em p a cientes com im unodeficiência congênita ou a dquirida, incluindo pacientes com im unodeficiência com binada grave, Aids e receptores de transplantes de m edula óssea ou de órgãos que estejam sendo tra tados com agentes im unossupressores (especialm ente ciclosporina). As células B infectadas po r EBV proliferam e infiltram os linfonodos bem com o m últiplos órgãos, e o paciente apresenta febre e linfade nopatia ou sintom as gastrintestinais. E studos de patologia revelam a presença de hiperplasia das células B ou linfom a poli ou m onoclo-
Figura 181.3 A leucoplaquia pilosa oral apresenta-se frequentemente como placas brancas na superfície lateral da língua e está associada à infecção pelo vírus Epstein-Barr.
nam com taxas m uito baixas de sobrevida global e de sobrevida livre de recidivas entre os pacientes com o carcinom a nasofaríngeo. O EBV está associado à doença de H odgkin, especialm ente do tipo com celularidade m ista (Cap. 110). Os pacientes com a doença de H odgkin apresentam com frequência títulos elevados de anticor pos antiEBV. E m cerca de m etade dos casos, o DNA e os antígenos virais podem ser detectados nas células de R eed-Sternberg. O ris co de doença de H odgkin positiva para o EBV é significativam ente m aior em adultos jovens após M I soropositiva para o EBV. Cerca de 50% dos linfom as não H odgkin em pacientes com Aids são positivos para o EBV. V erifica-se a p resença do EBV em células B de lesões de p a cientes com granulom atose linfom atoide. Em alguns casos, o DNA do EBV foi detectado em tum ores de pacientes im unocom petentes com linfom a angiocêntrico nasal de células NK/T, linfom as das cé lulas T, carcinom a gástrico e linfom a do SNC. Estudos detectaram DNA viral em leiom iossarcom as de pacientes com Aids e em tu m o res do m úsculo liso de receptores de transplante de órgãos. Pratica m ente todos os linfom as do SNC em pacientes com Aids estão asso ciados ao EBV. Os estudos realizados constataram que um a história de M I e de níveis m ais altos de a nticorpos antiEBV antes do início da doença é m ais co m u m em pessoas com esclerose m últipla do que na população geral, e são necessárias pesquisas adicionais sobre um a possível relação causai.
•
Infecções por Vírus Epstein-Barr, Incluindo a...
nal. A doença linfoproliferativa ligada ao X (DLPX) é um distúrbio recessivo que afeta m eninos pequenos que têm resposta norm al às infecções da infância, mas apresentam distúrbios linfoproliferativos fatais após a infecção pelo EBV. A proteína associada à m aioria dos casos desta síndrom e (SAP) liga-se a o utra que m edeia interações das células B e T. A m aioria dos pacientes com esta síndrom e m orre de MI aguda. O utros m anifestam hipogam aglobulinem ia, linfom as m alignos das células B, anem ia aplásica ou agranulocitose. A doença ■ DIAGNÓSTICO sem elhante à DLPX tam bém tem sido associada a m utações nas p ro Testes sorológicos teínas XIAP ou ITK. Além disso, a MI tam bém m ostrou ser fatal em alguns pacientes sem anorm alidade im une preexistente óbvia. Utiliza-se o teste do anticorpo heterófilo para o diagnóstico da m o A leucoplaquia pilosa oral (Fig. 181.3) é um a m anifestação p re nonucleose infecciosa em crianças e adultos (Q u a d ro 181.2). No coce da infecção pelo HIV em adultos (Cap. 189). Na m aioria dos p a teste efetuado para a detecção desse anticorpo, o soro hum ano é ab cientes, observam -se lesões corrugadas elevadas e brancas na língua sorvido com rim de cobaia, e o título de anticorpos heterófüos é defi (e, em certas ocasiões, na m ucosa bucal) que contêm o DNA do EBV. nido com o a m aior diluição do soro capaz de aglutinar eritrócitos de As crianças infectadas pelo HIV podem desenvolver pneum onite in ovinos, eqüinos ou bovinos. O anticorpo heterófilo não interage com tersticial linfoide; com frequência, encontra-se o DNA do EBV no as proteínas do EBV. Um título > 40 vezes estabelece o diagnóstico tecido pulm onar desses pacientes. de infecção aguda p or EBV em um paciente que apresenta sintom as Os pacientes com a síndrom e de fadiga crônica podem apresen com patíveis com m ononucleose infecciosa e linfócitos atípicos. Os tar altos títulos de anticorpos antieBV, m as que não diferem significa testes para anticorpos heterófilos são positivos em 40% dos pacientes tivam ente daqueles observados em adultos sadios soropositivos para com m ononucleose infecciosa durante a prim eira sem ana da doença o EBV. Em bora alguns pacientes apresentem m al-estar e fadiga que e em 80 a 90% d urante a terceira sem ana. Por conseguinte, pode ser persistem po r várias sem anas ou meses após a MI, a infecção persis necessário repetir o teste, sobretudo se o teste inicial for efetuado em tente p or EBV não é um a causa da síndrom e de fadiga crônica. A in um estágio precoce. Em geral, os testes p erm anecem positivos d u ran fecção ativa crônica pelo EBV é rara e distinta da síndrom e de fadiga te 3 meses após o início da doença; entretanto, os anticorpos h eteró crônica. Os pacientes acom etidos apresentam doença cuja duração é filos podem persistir p or um período de até 1 ano. Com um ente, esses > 6 meses, com acentuada elevação dos títulos de DNA do EBV no anticorpos não são detectáveis em crianças com m enos de 5 anos, em sangue, títulos m uito altos de anticorpos antiEBV e evidências de indivíduos idosos e pacientes que apresentam sintom as atípicos de com prom etim ento orgânico, com o hepatosplenom egalia, linfadeno MI. O m onoteste com ercializado para os anticorpos heterófilos é um patia, pneum onite, uveíte ou doença neurológica. pouco mais sensível do que o teste clássico para os anticorpos heteró O EBV está associado a diversos cânceres. C erca de 15% filos. O m onoteste é cerca de 75% sensível e cerca de 90% específico dos casos de linfom a de B urkitt nos EUA e aproxim ada em com paração com os testes sorológicos específicos para o EBV. Re m ente 90% dos casos na Á frica estão associados ao EBV sultados falsos positivos são m ais com uns em pessoas com doença do (Cap. 110). Os pacientes africanos com linfom a de Burkitt apresen tecido conectivo, linfom a, hepatite viral e malária. tam altos níveis de anticorpos antiEBV, e o tecido tum oral geralmente Utiliza-se o teste com anticorpos específicos antiEBV em pacien tes com suspeita de infecção aguda pelo EBV sem anticorpos heteró contém o DNA viral. A infecção p or m alária na Á frica pode co m prom eter a im unidade celular ao EBV e induzir à ativação policlonal filos bem com o em pacientes com infecções atípicas (Q uadro 181.2). das células B com expansão das células infectadas pelo EBV. Estas Os títulos de anticorpos IgM e IgG contra o antígeno do capsídio vi ral (VCA) m ostram -se elevados no soro de m ais de 90% dos pacien alterações podem intensificar a proliferação das células B, com ele tes no início da doença. O anticorpo IgM dirigido contra o VCA é vação do DNA do EBV na corrente sanguínea, aum entando, assim, m ais útil para o diagnóstico de m ononucleose infecciosa aguda, visto a probabilidade de translocação do c-myc - a característica m arcante que só está presente em títulos elevados nos prim eiros 2 a 3 meses do linfom a de Burkitt, o qual, contendo EBV, tam bém ocorre em p a da doença; diferentem ente, o anticorpo IgG anti-V CA geralm ente é cientes com Aids. inútil ao diagnóstico de M I, porém com frequência é utilizado para O carcinom a anaplásico nasofaríngeo é com um no sul da C hina avaliar exposição prévia ao EBV devido à sua persistência vitalícia. A e está uniform em ente associado ao EBV; os tecidos afetados contêm soroconversão para a positividade dos EBNA tam bém é útil ao diag DNA e antígenos virais. Os pacientes com o carcinom a nasofaríngeo nóstico da infecção p o r EBV aguda. Os anticorpos antieBNA passam exibem com frequência títulos elevados de anticorpo antiEBV (Cap. a ser detectáveis em um estágio relativam ente tardio (3 a 6 sem anas 88). Altos níveis plasm áticos de DNA de EBV antes do tratam ento ou após o início dos sintom as) em quase todos os casos de infecção aguníveis detectáveis de DNA de EBV após radioterapia se correlacio
1469
QUADRO 1 8 1 .2
Aspectos sorológicos das doenças associadas ao EBV
Resultados no exame indicado Anti-VCA Heterófilos
Doença
AntieBNA
IgM
IgG
EA-D +
EA-R
AntieBNA
+
Convalescença
+ ±
++
-
+
-
+
+
Infecção pregressa
-
-
+
Reativação com imunodeficiência
-
-
++
+
+
+ +
Linfoma de Burkitt
-
-
+++
Carcinoma nasofaríngeo
-
-
+++
Mononucleose infecciosa aguda
++ ++
+ +
Nota: EA, antígeno precoce; anticorpo EA-D, anticorpo contra o antígeno precoce em padrão difuso no núcleo e no citoplasma das células infectadas; anticorpo EA-R, anticorpo contra o antígeno precoce restrito ao citoplasma; EBNA, antígeno nuclear do Epstein-Barr. VCA, antígeno do capsídio viral. Fonte: Adaptado de OkanoM et al: Clin Microbiol Rev 1:3 0 0 ,1988.
Outros exames
da pelo EBV e persistem p or toda a vida do paciente. Esses anticor pos podem estar ausentes em pacientes im unodeficientes e nos que apresentam infecção pelo EBV crônica ativa. Os títulos de outros anticorpos tam bém podem se m o strar ele vados na MI; contudo, tais elevações são m enos úteis ao diagnósti co. Os anticorpos dirigidos contra antígenos precoces (EA) podem ser detectados 3 a 4 sem anas após o aparecim ento dos sintom as em pacientes com m ononucleose infecciosa. Cerca de 70% dos indiví duos com MI têm anticorpos EA-D durante a evolução da doença; a presença de anticorpos EA-D é especialm ente provável em pacientes com doença relativam ente grave. Tais anticorpos costum am persistir p or apenas 3 a 6 meses. Os níveis de anticorpos EA-D tam bém se encontram elevados em pacientes com carcinom a nasofaríngeo ou infecção ativa crônica por EBV. Os anticorpos EA-R são apenas oca sionalm ente detectados em pacientes com m ononucleose infecciosa; todavia, são encontrados com frequência, em títulos elevados, em p a cientes com linfom a de Burkitt africano ou infecção pelo EBV ativa crônica. Os anticorpos IgA contra os antígenos do EBV m ostraram -se úteis na identificação de pacientes com carcinom a nasofaríngeo e indivíduos com alto risco da doença.
Q U A D R 0 1 8 1 .3
A detecção de DNA, RNA ou proteínas do EBV tem sido valiosa para dem onstrar a associação do vírus a diversas neoplasias. A reação em cadeia da polim erase é utilizada p ara d etectar o DNA do EBV no LCS de alguns pacientes com A ids que apresentam linfom as, bem com o para m o n ito rar a quan tid ad e de DNA do EBV no sangue de pacientes com a doença linfoproliferativa. A detecção de altos níveis de DNA do EBV no sangue, d u ra n te as p rim eiras sem anas de MI, pode ser útil se os estudos sorológicos fornecem resultados equívo cos. A cultura do EBV de lavados faríngeos ou do sangue é inútil no diagnóstico da infecção aguda, visto que o vírus costum a persistir na orofaringe e nas células B pelo resto da vida do indivíduo infectado.
Diagnóstico diferencial E m bora cerca de 90% dos casos de M I se devam ao EBV, 5 a 10% são produzidos p or citom egalovírus (CM V ), o qual é a causa mais com um de m ononucleose com anticorpos heterófilos negativos; as causas m enos com uns de M I e as diferenças da M I p or EBV são m os tradas no Q u ad ro 181.3.
Diagnóstico diferencial da mononucleose infecciosa
Sinal ou sintoma Febre
Adenopatia
Faringite
Linfócitos atípicos
EBV
+
+
+
+
—
CMV
+
+
Idade mais avançada na apresentação, maior duração da febre
HIV
+
+
+
Toxoplasmose
+
+
±
+
HHV-6
+
+
+
+
Idade mais avançada na apresentação
Faringite estreptocócica
+
+
-
Ausência de esplenomegalia, menos fadiga
Etiologia
Doenças Infecciosas
Hepatite viral
+
+ +
Rubéola
+
+
Linfoma
+
+
+
Fármacos3
+
+
-
Diferenças da mononucleose por EBV
Exantema difuso, úlceras orais/genitais, meningite asséptica Menor grau de esplenomegalia, exposição a gatos ou a carne crua
Níveis mais elevados de aminotransferases
+ +
Exantema maculopapular, ausência de esplenomegalia Linfonodos fixos não hipersensíveis Ocorre em qualquer idade
“Mais comumente fenitoína, carbamazepina, sulfonamidas, ou minociclina. CMV, citomegalovírus; EBV, vírus Epstein-Barr; HHV, herpesvírus humano.
1470
TRATAMENTO
Doença associada ao EBV
O tratam en to da M I consiste em m edidas de apoio, repouso e analgesia. É preciso evitar atividade física excessiva durante o p ri m eiro mês, a fim de reduzir a possibilidade de ruptura esplênica, que requer esplenectom ia. A terapia com glicocorticoides não está indicada para a MI não com plicada e, na verdade, pode p re dispor à infecção bacteriana secundária. A prednisona (40 a 60 m g/dia durante 2 a 3 dias, com redução gradual subsequente da dose ao longo de 1 a 2 sem anas) tem sido utilizada na prevenção da obstrução das vias respiratórias em pacientes com hipertrofia grave das am ígdalas bem com o no tratam ento da anem ia hem olí tica autoim une, linfo-histiocitose hem ofagocitária e tro m b o cito penia grave. Os glicocorticoides tam bém são adm inistrados em pacientes selecionados com m al-estar intenso e febre, bem com o para aqueles com cardiopatia ou doença do SNC graves. O aci clovir não teve n e nhum im pacto clínico significativo sobre a MI em estudos clínicos controlados. Em um estudo, a com binação de aciclovir e prednisolona não apresentou efeito significativo na duração dos sintom as de MI. O aciclovir em um a dose de 400 a 800 mg, 5x/dia, foi eficaz no tratam ento da leucoplaquia pilosa oral (a despeito das recidi vas com uns). A síndrom e linfoproliferativa po r EBV p ó s-tra n s plante (Cap. 132) geralm ente não responde à terapia antiviral. Q uando possível, deve-se orientar o tratam ento para a redução da im unossupressão. O anticorpo anti-CD 20 (rituxim abe) m ostrou-se efetivo em alguns casos. As infusões de linfócitos do doador com frequência são eficazes em receptores de transplantes de células-tronco, m as a doença do enxerto versus hospedeiro pode ocorrer. Têm-se usado infusões de células T citotóxicas específicas contra o EBV para prevenir a doença linfoproliferativa deco rren te do EBV em situações de alto risco bem com o no tratam ento da doença. A adm inistração de IF N -a, a quim ioterapia citotóxica e radioterapia (particularm ente para as lesões do SNC) foram tam bém utilizadas. A infusão de linfócitos T citotóxicos autólo gos específicos para o EBV m ostrou-se prom issora em pequenos
CAPÍTULO
182
i
Martin S. Hirsch CITOMEGALOVÍRUS ■ DEFINIÇÃO O citom egalovírus (CM V), inicialm ente isolado de pacientes com a doença por inclusão citomegálica congênita, é atualm ente reconheci do com o um patógeno im portante em todas as faixas etárias. Além de induzir a defeitos congênitos graves, o CM V provoca am plo es pectro de distúrbios em crianças m aiores e adultos, variando desde infecção subclínica e assintom ática, ou síndrom e de m ononucleose em indivíduos sadios, até doença dissem inada em pacientes im u n o com prom etidos. O CM V hum ano é um dos vários vírus específicos
■ PREVENÇÃO O isolam ento dos pacientes com M I é desnecessário. U m a vacina di rigida contra a glicoproteína principal do EBV reduziu a frequência da MI, m as não afetou a taxa de infecção assintomática.
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da espécie relacionados que causam doenças sem elhantes em diver sos anim ais; todos associados à produção de típicas células aum enta das de volum e - daí o nom e citomegalovírus. O CMV, um herpesvírus (3, contém DNA de duplo filamento, qua tro espécies de mRNA, capsídio proteico e envoltório de lipoproteína. A exemplo de outros herpesvírus, o CMV exibe sim etria icosaédrica, sofre replicação no núcleo da célula e pode provocar infecção lítica e produtiva ou infecção latente. O CM V pode ser distinguido dos outros herpesvírus p or certas propriedades biológicas, com o a variedade de hospedeiros e o tipo de citopatologia. A replicação viral está associada à produção de grandes inclusões intranucleares e inclusões citoplasmáticas menores. O CMV parece sofrer replicação em vários tipos ce lulares in vivo; em cultura de tecido, desenvolve-se preferencialm ente em fibroblastos. Em bora haja poucas evidências de que o CMV seja oncogênico in vivo, o vírus pode raram ente transform ar fibroblastos, e identificaram -se fragm entos de transform ação genômica.
■ EPIDEMIOLOGIA O CM V tem distribuição m undial. Dos recém -nascidos nos EUA, 1% é infectado pelo CMV; os percentuais são m aio res em m uitos países m enos desenvolvidos. A vida em co-
Citomegalovírus e Herpesvírus Humanos Tipos 6,7 e 8
Citomegalovírus e Herpesvírus Humanos Tipos 6 ,7 e 8
estudos de pacientes com carcinom a de nasofaringe e doença de Hodgkin. O tratam ento de vários casos de DLPX com anticorpos anti-CD 20 resultou em um desfecho favorável do que poderia de outro m odo ter sido um a infecção fatal p o r EBV.
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m unidades e um a higiene pessoal precária facilitam a dissem inação precoce. As infecções perinatais e no início da infância são com uns. O CM V pode estar presente no leite m aterno, n a saliva, nas fezes e na urina. Sua transm issão ocorreu entre crianças pequenas em creches e foi rastreada de u m bebê infectado até a m ãe gestante e o feto em d e senvolvim ento. Q uando um a criança infectada introduz o CM V no am biente dom iciliar, 50% dos m em bros suscetíveis da família apre sentam soroconversão em 6 meses. O CM V não se propaga facilm ente po r contato casual, exigindo exposição íntim a, repetida ou prolongada para transm itir-se. No final da adolescência e início da idade adulta, frequentem ente se transm ite por via sexual, sendo com um o estado de portad o r assintom ático no sêm en ou nas secreções cervicais. A nticorpos anti-C M V estão p re sentes, em níveis detectáveis, em um a alta proporção dos hom ens e m ulheres sexualm ente ativos, que podem albergar sim ultaneam ente várias cepas de CMV. A transfusão de sangue total ou de certos h e m ocom ponentes que contêm leucócitos viáveis tam bém pode tran s m itir o CMV, com frequência 0,14 a 10% p o r unidade transfundida. Um a vez infectado, o indivíduo geralm ente to rn a-se p o rtad o r do CM V pelo resto da vida. A infecção costum a perm anecer silente. Contudo, as síndrom es de reativação do CM V desenvolvem -se com frequência quando a im unidade m ediada p o r linfócitos T é com pro m etida - por exemplo, após transplante de órgãos, em associação a neoplasias linfoides e certas im unodeficiências adquiridas (em p a rti cular, infecção pelo HIV; Cap. 189) ou em pacientes em estado crítico em unidades de terapia intensiva. A m aioria das infecções prim árias por CM V em receptores de transplantes de órgãos (Cap. 132) resulta da transm issão pelo próprio enxerto. Em receptores de transplante soropositivos para o CMV, a infecção resulta de reativação do vírus latente ou, com m enor frequência, reinfecção p o r um a nova cepa. A infecção p or CM V tam bém pode estar associada a doenças tão diver sas quanto estenose da artéria coronária e gliom as m alignos, porém essas associações exigem validação adicional.
■ PATOGENIA
Doenças Infecciosas 1472
A infecção congênita po r CM V pode resultar de infecção prim ária ou reativada da mãe. Todavia, a doença clínica no feto ou recém -nascido está relacionada quase exclusivam ente com a infecção m aterna p ri m ária (Q u ad ro 182.1). D esconhecem -se os fatores que determ inam a gravidade da infecção congênita; a capacidade reduzida de p ro d u zir anticorpos precipitantes e gerar respostas das células T contra o CM V está associada à doença relativam ente grave. A infecção prim ária pelo CM V na segunda infância ou idade adulta está, com frequência, associada à resposta vigorosa dos linfó citos T, que pode contribuir para o desenvolvim ento de um a sín d ro m e de m ononucleose infecciosa sem elhante àquela observada após infecção pelo vírus Epstein-Barr (Cap. 181). A característica m arcan
QUADR0182.1
te dessa infecção é o aparecim ento de linfócitos atípicos no sangue periférico; tais células são predom inantem ente linfócitos T CD8+ ati vados. A ativação policlonal das células B pelo CM V contribui para o desenvolvim ento de fatores reum atoides e outros autoanticorpos durante a m ononucleose. U m a vez adquirido, o CM V persiste indefinidam ente nos teci dos do hospedeiro. Os locais de infecção persistente provavelm ente incluem vários tipos celulares e diversos órgãos. A transm issão por m eio de transfusão de sangue ou transplante de órgãos é d ecorren te de infecções silenciosas nesses tecidos. Os estudos de necropsia sugerem que as glândulas salivares e o intestino podem ser locais de infecção latente. Q uando as respostas das células T do h ospedeiro se to rn am com prom etidas p o r doença ou im unossupressão iatrogênica, o vírus latente pode ser reativado e provocar várias síndrom es. A estim ula ção antigênica crônica na vigência de im unossupressão (p. ex., após transplante tecidual) parece constituir um a situação ideal à ativação do CM V e desenvolvim ento de doença induzida p or esse vírus. C er tos supressores p articularm ente potentes da im unidade das células T (p. ex., a globulina antitim ócito) estão associados à taxa elevada de síndrom es clínicas p o r CM V que p odem o correr após infecção prim ária ou reativação. O próprio CM V contribuiria para a h ip o r responsividade adicional dos linfócitos T que m uitas vezes precede a infecção secundária p o r outros patógenos o p ortunistas, com o o Pneumocystis. O CM V e o Pneumocystis com frequência são enco n trados juntos em pacientes im unossuprim idos com pneum onia intersticial grave.
■ PATOLOGIA As células citom egálicas in vivo (supostam ente células epiteliais in fectadas) são 2 a 4 vezes m aiores do que as células circundantes e, com frequência, contêm um a inclusão intranuclear de 8 a 10 |xm, de localização excêntrica e circundada p o r um halo claro, produzindo um aspecto de olho de coruja. Às vezes, dem onstra-se a existência de inclusões citoplasm áticas granulosas m enores. Células citomegálicas são encontradas em um a grande variedade de órgãos, com o as glân dulas salivares, pulm ão, fígado, rim , intestino, pâncreas, glândulas suprarrenais e sistem a nervoso central. A resposta inflam atória celular à infecção consiste em plasm óci tos, linfócitos e m onócitos-m acrófagos. Em certas ocasiões, verifica-se o desenvolvim ento de reações granulom atosas, particularm ente no fígado. As reações im unopatológicas p o d em c o n trib u ir para a doença causada p o r CMV. Foram detectados im unocom plexos em lactentes infectados, às vezes associados a glom erulopatias relacio nadas com o CMV. A glom erulopatia p o r im unocom plexos tam bém foi observada em alguns pacientes infectados pelo CM V após tran s plante renal.
Doença por CMV no hospedeiro imunocomprometido
População
Fatores de risco
Principais síndromes
Tratamento
Prevenção
Feto
Infecção materna primária/início da gravidez
Doença de inclusão citomegálica
Ganciclovir para recém-nascidos sintomáticos
Evitar a exposição; possivelmente tratamento materno com imunoglobulina anti-CMV durante a gestação,
Receptor de transplante de órgãos sólidos
Soropositividade do doador e/ou do receptor; esquema imunossupressor; alto grau de rejeição
Leucopenia febril; pneumonia; doença gastrintestinal
Ganciclovir ou valganciclovir
Tipagem dos doadores; profilaxia ou tratamento preventivo com ganciclovir ou valganciclovir
Receptor de transplante de medula óssea
Doença do enxerto versus hospedeiro; idade avançada do receptor; receptor soropositivo; viremia
Pneumonia; doença gastrintestinal
Ganciclovir mais imunoglobulina para o CMV
Tipagem dos doadores; profilaxia ou tratamento preventivo com ganciclovir ou valganciclovir
Indivíduos com Aids
< 100 células T CD4+/|xL; soropositividade para o CMV
Retinite; doença gastrintestinal; doença neurológica
Ganciclovir, valganciclovir, foscarnet ou cidofovir
Valganciclovir oral
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■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Infecção por CMV congênita As infecções fetais variam de inaparentes a graves e dissem inadas. A doença de inclusão citomegálica desenvolve-se em aproxim adam ente 5% dos fetos infectados, sendo quase exclusivam ente observada em filhos de m ães que desenvolveram infecções prim árias d urante a gra videz. As m anifestações m ais com uns à apresentação (60 a 80% dos casos) são petéquias, hepatosplenom egalia e icterícia. O bservam -se m icrocefalia, com ou sem calcificações cerebrais, retardo do cres cim ento intrau terin o e p rem aturidade em 30 a 50% dos casos. As hérnias inguinais e a coriorretinite são m enos com uns. As a n o rm a lidades laboratoriais incluem níveis elevados de alanina am inotransferase no soro, trom bocitopenia, hiperbilirrubinem ia conjugada, h e m ólise e níveis elevados de proteína no líquido cerebrospinal (LCS). O prognóstico para os lactentes com infecção grave é som brio; a taxa de m ortalidade atinge 20 a 30%, e poucos sobreviventes escapam de dificuldades intelectuais ou deficiência auditiva ao longo da infância. O diagnóstico diferencial da doença de inclusão citom egálica inclui sífilis, rubéola, toxoplasm ose, infecção pelo herpesvírus sim ples ou p or enterovírus e sepse bacteriana. N a m aioria dos casos, as infecções congênitas p or CM V são cli nicam ente inaparentes ao nascim ento. D os lactentes com infecção assintom ática, 5 a 25% apresentam anorm alidades psicom otoras, auditivas, oculares ou dentárias significativas no decorrer dos vários anos seguintes.
Infecção por CMV perinatal O recém -nascido pode adquirir o CM V no p arto ao passar pelo ca nal de parto infectado ou po r contato pós-natal com leite ou outras secreções m aternas infectados. Dos lactentes am am entados po r mais de 1 mês p o r m ães soropositivas, 40 a 60% infectam -se. A transm is são iatrogênica pode resultar de transfusão sanguínea neonatal; a triagem dos hem ocom ponentes antes de sua transfusão para lacten tes soronegativos com baixo peso ao nascer ou para gestantes soronegativas dim inui o risco. A grande m aioria dos lactentes infectados no p a rto ou logo após perm anece assintom ática. C ontudo, a pneu m o n ite intersticial prolongada tem sido associada à infecção p o r C M V contraída no período perinatal, sobretudo em prem aturos, sendo, às vezes, acom panhada de infecção po r Chlamydia trachomatis, Pneum ocystis ou Ureaplasma urealyticum. Além disso, podem ocorrer ganho ponderai insatisfatório, adenopatia, erupção cutânea, hepatite, anem ia e lin focitose atípica, e a excreção do CM V persiste com frequência p or m eses ou anos.
Infecção por CMV no hospedeiro imunocomprometido (Q uadro 182.1) E ntre os patógenos virais que com plicam os tra n s plantes de órgãos, o C M V parece ser o m ais com um e im p o rtan te (C ap. 132). Em receptores de tran sp la n tes de rim , coração, p u l m ão e fígado, o C M V in d u z a n u m ero sas síndrom es, com o febre com leucopenia, hepatite, p n e u m o n ite, esofagite, gastrite, colite e retinite. A d o en ça causada p o r C M V p o d e ser um fator de risco in d ep en d en te para a p e rd a do enx erto e m orte. O p e río d o de ris co m áxim o situa-se entre 1 a 4 m eses após o transplante, em bora a retinite possa co n stitu ir com plicação tardia. A probabilidade de doença e os níveis de replicação viral g eralm ente são m ais altos após a infecção prim ária do que depois de reativação. A lém disso, estu dos m oleculares indicam que os receptores de transplantes so ro p o sitivos são suscetíveis à reinfecção p o r o u tra variante genotípica do CM V proveniente do d oador; essa infecção resulta com frequência em doença. A reativação da infecção, apesar de com um , tem m e nos probabilidade de ser clinicam ente im p o rtan te do que a infecção prim ária. O risco de doença clínica está relacionado com diversos fatores, com o grau de im unossupressão; uso de anticorpos contra os receptores das células T; falta de utilização de profilaxia anti-CM V; e coinfecção p o r ou tro s patógenos. O órgão tran sp la n tad o to rn a-se p articularm ente vulnerável com o alvo para a infecção p o r CMV; po r conseguinte, há um a ten d ên cia de o tran sp lan te de fígado ser seguido de hepatite p o r CMV, en q u an to o transplante de pulm ão é seguido de pneum onite p o r CMV. A pneum onia p or C M V ocorre em 15 a 20% dos receptores de transplante de m edula óssea; a taxa de letalidade é de 84 a 88%, em bora o risco de doença grave possa ser reduzido pela profilaxia ou po r tratam ento preventivo com fárm acos antivirais. O risco é m aior entre 5 e 13 sem anas após o transplante, e os fatores de risco identifi cados incluem certos tipos de terapia im unossupressora, doença agu da do enxerto versus hospedeiro, faixa etária m ais avançada, virem ia e soropositividade pré-transplante. O CM V é um patógeno im portante em pacientes com infecção avançada pelo H IV (Cap. 189), nos quais po d e causar retinite ou doença dissem inada, em particu lar quando as contagens das células T CD4+ no sangue periférico caem abaixo de 50 a 100/|xL. Com a m elhora do tratam ento da infecção pelo H IV subjacente, a incidên cia de infecções sérias po r CM V (p. ex., retinite) dim inuiu. Contudo, durante as prim eiras poucas sem anas que se seguem à instituição de tratam ento anti-retroviral altam ente ativo, podem ocorrer exacerba ções agudas da retinite p o r CM V em decorrência de síndrom e infla m atória de reconstituição im une. As síndrom es p roduzidas pelo CM V nos hospedeiros im u n o com prom etidos m uitas vezes com eçam com febre prolongada, m al-estar, anorexia, fadiga, sudorese n o tu rn a e artralgias ou mialgias. D urante esses episódios, podem -se observar anorm alidades da fun ção hepática, leucopenia, tro m b o cito p en ia e linfocitose atípica. O aparecim ento de taquipneia, hipoxem ia e tosse im produtiva indica com prom etim ento respiratório. O exam e radiológico do pulm ão m uitas vezes m ostra infiltrados intersticiais ou reticulonodulares bi-
Citomegalovírus e Herpesvírus Humanos Tipos 6,7 e 8
Mononucleose por CMV A m anifestação clínica m ais com um da infecção po r CM V em h o s pedeiros im unocom petentes depois do perío d o neonatal consiste em u m a síndrom e de m ononucleose negativa para anticorpos h e terófilos que pode surgir espontaneam ente ou após a transfusão de hem ocom ponentes contendo leucócitos. E m bora seja observada em todas as idades, a síndrom e afeta com m ais frequência adultos jovens sexualm ente ativos. C om períodos de incubação que variam de 20 a 60 dias, a doença geralm ente dura de 2 a 6 sem anas. C aracteriza-se p o r febre alta e prolongada, às vezes com calafrios, fadiga profunda e m al-estar. Mialgias, cefaleia e esplenom egalia são com uns; todavia, na m ononucleose p or CM V (diferentem ente do vírus Epstein-Barr), a faringite exsudativa e a linfadenopatia cervical são raras. A lguns pacientes desenvolvem erupções rubeoliform es, m uitas vezes após exposição à am picilina ou alguns outros antibióticos. M enos com uns são a pneum onia intersticial ou a segm entar, m iocardite, pleurite, ar trite e encefalite. Em raros casos, a m ononucleose causada p or CMV é com plicada pela síndrom e de Guillain-Barré. A anorm alidade labo ratorial típica é a linfocitose relativa no sangue periférico, com >10% de linfócitos atípicos. A contagem total dos leucócitos pode se m os trar baixa, norm al ou acentuadam ente elevada. Apesar de a icterícia
significativa ser incom um , os níveis séricos de am inotransferases e fosfatase alcalina com frequência encontram -se m oderadam ente ele vados. Os anticorpos heterófilos estão ausentes; todavia, é com um a presença de anorm alidades im unológicas transitórias que podem incluir crioglobulinas, fatores reum atoides, crioaglutininas e anticor pos antinucleares. Em raros casos, anem ia hem olítica, trom bocitope nia e granulocitopenia com plicam a recuperação. A m aioria dos pacientes recupera-se sem nenhum a seqüela, em bora a astenia pós-viral possa persistir p o r vários meses. A excreção do CM V na urina, nas secreções genitais e/ou na saliva frequente m ente continua p o r vários m eses ou anos. A infecção p or CM V é raram ente fatal em hospedeiros im unocom petentes; os sobreviventes podem ter episódios recorrentes de febre e m al-estar às vezes associa dos à disfunção do sistem a nervoso autônom o (p. ex., episódios de sudorese ou rubor).
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Figura 182.1 A infecção por citomegalovírus em um paciente com Aids pode manifestar-se por uma zona de retinite disposta em arco, com hemor ragias e tumefação do disco óptico. A retinite por CMV está frequentemente
confinada à periferia da retina, fora do aicance da oftaimoscopia direta.
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Doenças Infecciosas
laterais que surgem na periferia dos lobos inferiores e dissem inam -se para as áreas central e superior; os padrões segm entares, nodulares ou alveolares localizados são m enos comuns. O diagnóstico diferen cial inclui infecção por Pneumocystis; infecções p o r outros patógenos virais, bacterianos ou fúngicos; hem orragia pulm onar; e lesão secun dária à irradiação ou tratam ento com agentes citotóxicos. O com prom etim ento gastrintestinal p or CM V pode ser localiza do ou extenso, e afeta quase exclusivamente hospedeiros im unocom prom etidos. As úlceras de esôfago, estôm ago ou colo podem resultar em sangram ento ou perfuração. A infecção p or CM V pode resultar em exacerbações da colite ulcerativa subjacente. C om frequência, ocorre hepatite, sobretudo após transplante de fígado, e foram descri tas colecistite acalculosa e adrenalite. O CM V raram ente causa m eningoencefalite em indivíduos sa dios sob os demais aspectos. O bservam -se duas form as de encefalite p o r CM V em pacientes com Aids. Um a delas assem elha-se à ence falite pelo H IV e apresenta-se com o dem ência progressiva; a outra é um a ventriculoencefalite, caracterizada p o r déficits de nervos cra nianos, nistagm o, desorientação, letargia e ventriculom egalia. Em pacientes im unocom prom etidos, o CM V tam bém pode causar polirradiculopatia progressiva subaguda que pode ser reversível quando identificada e tratada im ediatam ente. A retinite p o r CM V é um a causa im p o rta n te de cegueira em pacientes im unocom prom etidos, sobretudo em pacientes com Aids avançada (Cap. 189). As lesões iniciais consistem em pequenas áreas esbranquiçadas e opacas de necrose retiniana granulosa que se p ro pagam de m odo centrífugo e que m ais tarde se acom panham de h e m orragias, bainhas perivasculares e edem a da retina (Fig. 182.1). A retinopatia causada p o r CM V tem de ser distinguida da retinopatia provocada po r outros distúrbios, com o a toxoplasm ose, candidíase e infecção pelo herpesvírus simples. As infecções fatais por CMV estão, com frequência, associadas à virem ia persistente e com prom etim ento de m últiplos sistemas orgâni cos. Os infiltrados pulm onares progressivos, a pancitopenia, hiperam ilasemia e hipotensão constituem características observadas m uitas vezes em conjunto com infecção secundária term inal p or bactérias, fungos ou protozoários. Com frequência, docum enta-se necrose ex tensa das glândulas suprarrenais com inclusões de CMV na necropsia bem como com prom etim ento pelo CM V de m uitos outros órgãos.
■ DIAGNÓSTICO Em geral, o diagnóstico de infecção p or CM V não pode ser estabeleci do de m odo seguro com base apenas nos dados clínicos. O isolam ento do CMV ou a detecção do seu DNA ou de seus antígenos em am ostras clínicas apropriadas são as abordagens diagnosticas preferidas. A ex creção do vírus ou a virem ia são rapidam ente detectadas p or cultura de am ostras apropriadas em m onocam adas de fibroblastos hum anos.
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Se os títulos de CMV forem altos, com o é com um na infecção congê nita dissem inada e em pacientes com Aids, será possível detectar efei tos citopáticos característicos em alguns dias. C ontudo, em algum as situações (p. ex., a m ononucleose causada p or CMV), os títulos virais são baixos, e o aparecim ento dos efeitos citopáticos pode dem orar várias sem anas. M uitos laboratórios aceleram o estabelecim ento do diagnóstico utilizando um m étodo rápido de cultura de tecido (ensaio em frasco selado), que dá resultados em 12 h e que envolve a centrifugação, bem como a detecção im unocitoquím ica por anticorpos m o noclonais dirigidos contra um antígeno im ediato-precoce do CMV. O isolam ento do vírus a partir da urina ou saliva não constitui, em si, um a prova de infecção aguda, visto que a excreção desses locais pode prosseguir por meses ou anos após a doença. A detecção de virem ia é um indicador mais adequado de infecção aguda. A detecção de antígenos do CM V (pp65) em leucócitos do san gue periférico, ou do DNA do CM V no sangue ou em tecidos, pode acelerar o diagnóstico. Esses ensaios p odem fornecer resultados posi tivos vários dias antes da cultura. O m eio m ais sensível de detectar o CM V no sangue ou em outros líquidos é a amplificação do DNA viral pela reação em cadeia da polim erase (PCR). A detecção do DNA do CM V p o r PCR no sangue pode predizer o risco de progressão da doença, particularm ente em hospedeiros im unocom prom etidos, e a detecção do DNA do CM V no LCS é útil ao diagnóstico da encefalite ou polirradiculopatia pelo CMV. E ntretanto, foi observada um a con siderável variação entre diferentes ensaios e diferentes laboratórios. Vários ensaios sorológicos detectam aum entos dos títulos de a n ticorpos contra antígenos do CMV. A elevação dos níveis de anticor pos pode não ser detectada p o r um período de até 4 sem anas após a infecção prim ária, e os títulos com frequência perm anecem elevados p or vários anos após a infecção. Por esse motivo, as determ inações de anticorpos em am ostras isoladas não têm valor na avaliação da fase aguda da infecção. A detecção de IgM específica anti-C M V às vezes é útil no diagnóstico de infecção recente ou ativa; entretanto, os fatores reum atoides circulantes p odem resultar em eventuais testes de IgM falsos positivos.
TRATAMENTO
Infecção por citomegalovírus
Existem várias m edidas úteis para evitar a infecção p o r CM V em pacientes de alto risco. O uso de sangue de doadores soronega tivos ou de sangue congelado, descongelado e desglicerolizado dim in u i acen tu ad am en te a taxa de tran sm issão transfusional. O paream ento de doadores e receptores de tran sp lan tes de ó r gãos ou m edula óssea conform e a sorologia p a ra CMV, com o em prego exclusivo de órgãos de doadores soronegativos para re ceptores soronegativos, reduz as taxas de infecção p rim ária após o transplante. A vacina com glicoproteína B do CM V reduziu as infecções em u m ensaio clínico contro lad o com placebo entre 464 m ulheres soronegativas para CMV; esse resulfado levanta a possibilidade de que essa vacina ex perim ental deverá reduzir as infecções congênitas, p orém são necessários estudos adicionais para validar essa abordagem . Relatou-se que a im unoglobulina im u n e ^ u hiperim une anti-CM V (1) reduz as taxas de síndrom es associadas ao CM V e as infecções fúngicas ou p arasitárias secundárias, em receptores soronegativos de transplante renal, e (2) previne a infecção co n gênita po r CM V em lactentes de m ulheres com infecção p rim á ria durante a gestação. Estudos em receptores de transplantes de m edula óssea forneceram resultados conflitantes. Com provou-se que o uso profilático de aciclovir ou valaciclovir reduz as taxas de infecção e doença causadas p o r C M V em certos receptores soro negativos de transplante renal, porém n enhum dos dois fárm acos é eficaz no tratam ento da doença ativa p o r CMV. O ganciclovir é um derivado da guanosina que exibe atividade consideravelm ente m aior contra o CM V do que o seu congênere aciclovir. A pós conversão intracelular p o r um a fosfotransferase viral codificada pela região gênica UL97 do CMV, o trifosfato de
m itente. Os esquem as de indução com 5 m g/kg/sem ana durante 2 sem anas, são seguidos p o r esquem as de m anutenção de 3 a 5 m g/kg a cada 2 sem anas. O cidofovir pode causar nefrotoxicidade grave p or m eio de lesão dependente da dose das células tubulares proximais; entretanto, esse efeito adverso pode ser algo m inorado pela hidratação com solução salina e probenecida. A inda não está claro se a profilaxia universal, ou a terapia preventiva, é a c o nduta preferível em hospedeiros im unocom prom etidos com soropositividade para o CM V Tanto o ganciclo vir quanto o valganciclovir já foram usados com sucesso para a profilaxia e o tratam ento preventivo de pacientes transplantados. Para os pacientes com infecção avançada pelo H IV (contagens das células T CD4 < 50/ pL ), alguns especialistas preconizaram a profilaxia com ganciclovir oral ou valganciclovir. C ontudo, os efeitos colaterais, a ausência de benefício com provado, a possível indução de resistência viral e o custo im pediram a am pla aceita ção dessa prática. Está sob estudos o tratam ento preventivo de vi rem ia p or CM V com ganciclovir ou valganciclovir detectada por antigenem ia ou técnicas de PCR.
HERPESVÍRUS HUMANOS TIPOS 6 ,7 E 8 O herpesvírus h um ano (H H V ) tipo 6 foi isolado pela prim eira vez, em 1986, de leucócitos do sangue periférico de seis pessoas com vá rios distúrbios linfoproliferativos. O vírus se distribuiu pelo m undo, e hoje são reconhecidas duas variantes geneticam ente distintas (HHV-6A e HHV-6B). O HH V -6 parece ser transm itido pela saliva e possi velm ente pelas secreções genitais. A infecção p or H H V -6 ocorre com frequência durante a lactância, à m edida que os anticorpos m aternos vão desaparecendo. O pico da idade de aquisição é 9 a 21 meses; p or volta dos 24 meses, as taxas de soropositividade se aproxim am dos 80%. Os irm ãos m ais velhos parecem ser a fonte de infecção. Infecções congênitas tam bém p o dem ocorrer, e cerca de 1% dos recém -nascidos são infectados pelo HHV-6; foi descrita a ocorrência de infecção placentária pelo HHV6. A m aior parte das crianças infectadas no pós-natal desenvolve sin tom as (febre, irritação e diarréia). U m a m inoria desenvolve exantem a súbito (roseola infantum; ver Fig. e-7.5), um a doença com um carac terizada p o r febre com erupção cutânea subsequente. Além disso, cerca de 10 a 20% das convulsões febris sem exantem a no lactente são causados pelo HHV-6. Após a infecção inicial, o HH V-6 persiste nas células m ononucleares do sangue periférico, bem com o no sistem a nervoso central, nas glândulas salivares e o trato genital fem inino. Nas faixas etárias m ais altas, o H H V -6 está associado a sín d ro mes de m ononucleose; encefalite focal; e (em hospedeiros im u n o com prom etidos) pneum onite, hepatite de células gigantes sinciciais e doença dissem inada. Em receptores de transplantes, a infecção pelo HH V-6 pode estar associada a síndrom es sim ilares e com disfunção do enxerto. Foi relatada a ocorrência de encefalite lím bica aguda as sociada ao HH V -6 em receptores de transplante? que se caracteriza por perda da m em ória, confusão, crises convulsivas, hiponatrem ia e resultados eletroencefalográficos e de ressonância m agnética an o r mais. Altas cargas plasm áticas de DNA do HH V-6 em receptores de transplantes associam -se a doadores sem paream ento alélico, uso de glicocorticoides, fixação tardia dos m onócitos e plaquetas no enxer to, desenvolvim ento de encefalite lím bica e aum ento das taxas de m ortalidade p or todas as causas. A exem plo de m uitos outros vírus, o HH V-6 foi im plicado na patogenia da esclerose m últipla, mas são necessários estudos adicionais para distinguir entre um a simples as sociação e um a etiologia real. O HH V-7 foi isolado, em 1990, dos linfócitos T do sangue p eri férico de um hom em sadio de 26 anos de idade. O vírus é frequente m ente adquirido durante a infância, em bora em idades m ais elevadas que o HHV-6. O H H V -7 é encontrado na saliva, presum ivelm ente a principal fonte de infecção; o leite m atern o tam bém pode veicular o vírus. A virem ia pode associar-se tan to com a infecção prim ária quanto com a reativação. As m anifestações clínicas mais com uns das infecções p o r H H V -7 na infância são febre e convulsões. Algum as
Citomegalovírus e Herpesvírus Humanos Tipos 6, 7 e 8
ganciclovir atua com o um inibidor seletivo da DNA polim erase do CMV. Diversos estudos clínicos indicaram taxas de resposta de 70 a 90% em pacientes com Aids que receberam ganciclovir para o tratam ento da retinite ou colite causadas por C M V Em infecções graves (p. ex., pneum onia p or CM V em receptores de transplante de m edula óssea), o ganciclovir é frequentem ente com binado com a im unoglobulina anti-CMV. O uso profilático ou supressor de ganciclovir pode ser útil em receptores de transplante de órgãos ou de m edula óssea sob alto risco (p. ex., pacientes soropositivos para o CM V antes do transplante ou com cultura positiva para o CM V posteriorm ente). Em m uitos pacientes com Aids, com con tagens das células T CD4+ persistentem ente baixas acom etidos de doença p or CMV, ocorrem recidivas clínicas e virológicas im e diatas quando se interrom pe o tratam ento com ganciclovir. Por conseguinte, recom endam -se para esses pacientes esquem as de m anutenção prolongados. A resistência ao ganciclovir é com um em pacientes tratados p or m ais de 3 meses e, em geral, relaciona-se com m utações no gene UL97 do CMV. O valganciclovir é um profárm aco, com biodisponibilidade p o r via oral, rapidam ente m etabolizado a ganciclovir nos tecidos intestinais e no fígado. Cerca de 60 a 70% de um a dose oral de valganciclovir são absorvidos. U m a dose oral de 900 m g resulta em níveis sanguíneos de ganciclovir sem elhantes aos obtidos com dose intravenosa de ganciclovir de 5 mg/kg. O valganciclovir oral parece ser tão eficaz quanto o ganciclovir IV nos esquem as ta n to de indução quanto de m anutenção. Além disso, os perfis de efeitos adversos e as taxas de desenvolvim ento de resistência são sem elhantes para os dois fármacos. O tratam ento da retinite pelo CM V com ganciclovir ou val ganciclovir consiste em um ciclo de indução de 14 a 21 dias (ganci clovir, 5 m g/kg IV, 2x/dia ou valganciclovir 900 mg, 2x/dia), segui do de um prolongado tratam ento de m anutenção. Na m anutenção parenteral, a dose de ganciclovir é 5 m g/kg/dia ou 6 mg/kg, 5 dias/ sem ana; na m anutenção oral, recom endam -se 900 m g de valgan ciclovir lx/dia. N eutropenia do sangue periférico ocorre em 16 a 29% dos pacientes tratados, mas pode m elhorar com o uso do fa tor estim ulador de colônias dos granulócitos ou fator estim ulador de colônias dos granulócitos e macrófagos. A suspensão da terapia de m anutenção deve ser considerada nos pacientes com Aids que, durante a terapia antirretroviral, m ostram aum ento persistente (3 a 6 meses) das contagens das células T CD4 p ara > 100 / pL. Para o tratam ento da retinite p o r CMV, o ganciclovir tam bém pode ser adm inistrado p o r m eio de um com prim ido de liberação lenta suturado no interior do olho. Mas, em bora esse dispositivo intraocular proporcione boa proteção local, a doença ocular con tralateral e a doença dissem inada não regridem , e o descolam ento precoce da retina é possível. Por isso, um a com binação de terapia intraocular e sistêmica pode ser m elhor do que o uso isolado do im plante intraocular. O foscarnet (fosfonofórm ico sódico) inibe a DNA polim erase do CMV. Com o esse agente não exige fosforilação para ativar-se, é tam bém eficaz contra a m aioria dos isolados resistentes ao gan ciclovir. O foscarnet é m enos bem tolerado que o ganciclovir e provoca considerável toxicidade, incluindo disfunção renal, h ip o m agnesem ia, hipocaliem ia, hipocalcem ia, úlceras genitais, d isú ria, náuseas e parestesia. Além disso, a adm inistração do foscarnet exige bom ba de infusão e m onitoração clínica rigorosa. Pode-se reduzir a toxicidade do foscarnet com hidratação intensa e ajustes de dose na disfunção renal. D eve-se evitar o seu uso quando o paciente não tolera um a sobrecarga salina (p. ex., na presença de m iocardiopatia). O esquem a de indução aprovado é de 60 m g/ kg cada 8 horas durante 2 sem anas, em bora a dose de 90 m g/kg a cada 12 horas seja igualm ente eficaz sem ser m ais tóxica. As infu sões de m anutenção devem fornecer 90 a 120 m g/kg, lx/dia; não há apresentação oral disponível. Podem surgir vírus resistentes ao foscarnet durante a terapia prolongada. O cidofovir é um análogo de nucleotídio cuja longa m eia-vida intracelular perm ite a adm inistração p o r via intravenosa in te r
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é a regra, e os distúrbios neoplásicos geralm ente surgem apenas no crianças apresentam -se com sinais e sintom as respiratórios ou gas contexto de im unodeficiência posterior. Pessoas im unocom prom etrintestinais. Propôs-se um a associação entre o H H V -7 e a pitiríase tidas com infecção prim ária podem apresentar-se com febre, esple rósea, porém as evidências são insuficientes para confirm ar um a re nom egalia, hiperplasia linfoide, pancitopenia ou SK de rápido início. lação causai. A análise quantitativa do DNA do HH V -8 sugere que as células com As infecções pelo H H V-6, H H V -7 e CM V podem o correr co n infecção latente predom inam nas lesões de SK e que a replicação viral com itantem ente em receptores de transplantes, o que dificulta a lítica é freqüente na doença de C astlem an m ulticêntrica. distinção, em síndrom es clínicas específicas, dos papéis d esem pe O tratam ento antirretroviral eficaz dos indivíduos infectados n hados pelos vários agentes. Os H H V -6 e 7 parecem ser sensíveis pelo H IV levou, nas áreas ricas em recursos, a um a redução acentu ao ganciclovir e ao foscarnet, m as não há evidências definitivas de ada das taxas do SK entre pessoas com infecção dupla pelo HH V-8 e resposta clínica. HIV. O HHV-8 é sensível in vitro ao ganciclovir, foscarnet e cidofovir. D etectaram -se novas seqüências de DNA sem elhantes às dos Um pequeno ensaio clínico transversal, duplo-cego, controlado por herpesvírus em 1994 e 1995, em tecidos obtidos do sarcom a de Ka placebo e random izado sugeriu que o valganciclovir oral a dm inistra posi (SK) e do linfom a em cavidade corporal, em pacientes com Aids. do um a vez ao dia reduziu a replicação do HHV-8. Entretanto, os be O vírus do qual estas seqüências foram obtidas é designado HH V-8 nefícios clínicos do valganciclovir ou de outros fárm acos n a infecção ou herpesvírus associado ao sarcom a de Kaposi (KSHV). O HHV-8, pelo HHV-8 ainda não foram dem onstrados. que infecta os linfócitos B, m acrófagos e células tanto endoteliais quanto epiteliais, parece estar etiologicam ente relacionado não ape BIBLIOGRAFIA nas ao SK, m as tam bém a um subgrupo de linfom as das células B, associados às cavidades corporais, que surgem na Aids (linfom as p ri A s a h i - O z a k i Y et al: Quantitative analysis of Kaposi sarcoma - associated m ários com derram e) e à doença m ulticêntrica de C astlem an, um herpesvirus (KSHV) in KSHV-associated diseases.J Infect Dis 193:773, 2006 distúrbio linfoproliferativo das células B. A associação do HH V -8 a C a n n o n MJ et al: Lack of evidence for human herpesvirus-8 transmission via várias outras doenças foi relatada, porém não confirm ada. blood transfusion in a historical US cohort. J Infect Dis 199:1592,2009 D iferentem ente das infecções p or outros herpesvírus, a in C a s e r t a MT et al: Human herpesviruses (HHV)-6 and HHV-7 infections in fecção pelo HH V-8 é m uito m ais com um em algum as áreas pregnant women. J Infect Dis 196:1296,2007 geográficas (p. ex., regiões central e sul da África) do que C a s p e r C et al: Valganciclovir for suppression of human herpesvirus-8 repliem outras (Am érica do N orte, Ásia e Europa Setentrional). Nas áreas de alta prevalência, a infecção ocorre na infância, a soropositividadecation: A randomized, double-blind, placebocontrolled, crossover trial. J Infect Dis 198:23,2008 se associa à ocorrência de m ãe soropositiva ou (em m enor extensão) --------et al: Frequent and asymptomatic oropharyngeal shedding of hum an presença de um irm ão mais velho soropositivo, e o HH V-8 pode ser herpesvirus 8 among im m unocom petent m en.J Infect Dis 195:30, 2007 transm itido pela saliva. Nas áreas de baixa prevalência, as infecções M b u la ite y e S et al: Molecular evidence for mother-to-child transmission of ocorrem em adultos, provavelm ente po r transm issão sexual. E pide Kaposi sarcoma-associated herpesvirus in Uganda and Kl gene evolution m ias concom itantes de HIV-1 e HHV-8 em determ inadas populações within the host. J Infect Dis 193:1250,2006 (p. ex., hom ossexuais m asculinos), no fim da década de 1970 e início N ig ro G et al: Passive im m unization during pregnancy for congenital cyto dos anos de 1980 parecem ter produzido a freqüente associação entre megalovirus infection. N Engl J Med 353:1350, 2005 Aids e SK. A transm issão do HHV-8 tam bém pode estar associada a Pang XL et al: Interlaboratory comparison of cytomegalovirus viral load astransplante de órgãos, uso de drogas injetáveis e transfusões sanguí says. Am J Transplant 9:258,2009 neas; entretanto, a transm issão através de transfusão sanguínea nos T o rre s -M a d riz G, B o u c h e r HW: Perspectives in the treatm ent and proEUA parece ser rara ou inexistente. phylaxis of cytomegalovirus disease in solid-organ transplant recipients. A infecção prim ária por HH V-8 em crianças im unocom petentes Clin Infect Dis 47:702,2008 pode m anifestar-se com o febre e exantem a m aculopapular. Em in Yao K et al: Detection of hum an herpesvirus-6 in cerebrospinal fluid of p a tients with encephalitis. Ann Neurol 65:235, 2009 divíduos cuja im unidade é intacta, a infecção assintom ática crônica
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Doenças Infecciosas
CAPÍTULO
183
Molusco Contagioso, Varíola do Macaco e Outras Infecções por Poxvírus Fred Wang A família dos poxvírus abrange um grande núm ero de vírus de DNA relacionados, que infectam vários hospedeiros vertebrados. Os pox vírus responsáveis p o r infecções nos seres h um anos, jun tam en te com as principais manifestações dessas infecções, estão relacionados no Q u a d ro 183.1. As infecções p or ortopoxvírus - p. ex., vírus da varíola (varíola m ajor) (Cap. 221) ou o vírus da varíola do m acaco zoonótico - podem resultar em doença h um ana sistêm ica p otencial m ente fatal. O utras infecções p or poxvírus causam principalm ente doença cutânea localizada nos seres h um anos.
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MOLUSCO CONTAGIOSO O vírus do m olusco contagioso é um patógeno hum ano obrigatório, que causa lesões cutâneas proliferativas distintas. Essas lesões m edem 2 a 5 m m de diâm etro e são peroladas, da cor da pele e um bilicadas, com um a depressão característica no centro (Fig. 183.1). A ausência relativa de inflam ação e necrose distingue essas lesões proliferativas de outras lesões p o r poxvírus. As lesões p odem ser encontradas isoladam ente ou em grupos - em qualquer p arte do corpo, exceto nas palm as das m ãos e plantas dos pés e p a d em estar associadas a exantem a eczematoso. O m olusco contagioso é altam ente prevalente em crianças e constitui a doença h u m an a m ais com um resultante de infecção por poxvírus. As piscinas constituem um vetor com um para a transm is são. A atopia e o com prom etim ento da integridade da pele aum en tam o risco de infecção. As lesões genitais são m ais freqüentes em adultos, a p a rtir das quais o vírus pode ser transm itido p o r contato sexual. O período de incubação varia de 2 sem anas a 6 meses, com período m édio de 2 a 7 sem anas. N a m aioria dos casos, a doença é autolim itada e regride de m odo espontâneo depois de 3 a 4 meses nos hospedeiros im unocom petentes. N ão h á com plicações sistêm icas, porém as lesões cutâneas podem persistir p o r 3 a 5 anos. O m olusco
QUADRO 183.1
Poxvírus e infecções humanas
Gênero
Espécie
Orthopoxvirus
Localização geográfica
Hospedeiro reservatório
DOENÇA HUMANA
Varíolaa
Extinta
Seres humanos
Varíola, forma sistêmica
Varíola do macaco
África
Roedores
Semelhante à varíola, forma sistêmica
Vacínia
Europa
Roedores
Lesões vesiculosas localizadas, algumas vezes sistêmica
Varíola do búfalo
Subcontinente Indiano
Búfalo de água
Lesão vesiculosa localizada, doença leve
Cantagalo e Araçatuba
América do Sul
Gado
Lesão vesiculosa localizada, doença leve
Vacínia Molusco contagioso
— Mundial
— Seres humanos
Vacínia
Molluscipoxivirus Parapoxvius
Orf
Mundial
Ovinos, caprinos
Lesões vesiculosas localizadas (dermatite pustulosa contagiosa)
Pseudovacínia (paravacínia)
Mundial
Gado
Lesões vesiculosas localizadas (nódulo do ordenhador)
Estomatite papular bovina
Mundial Manadas de cervos
Gado
Lesões vesiculosas localizadas
Cervos
Lesões vesiculosas localizadas
Colônias de focas
Focas
Lesões vesiculosas localizadas
África
Macacos
Lesões vesiculosas localizadas
Varíola do cervo Yatapoxvirus
Varíola da foca Tanapox
Múltiplas lesões cutâneas (molusco contagioso)
‘Ver Cap. 221.
contagioso pode estar associado a im unossupressão e é frequente m ente observado entre pacientes infectados pelo H IV (Cap. 189). A doença pode ser mais generalizada, grave e persistente nos pacientes com Aids do que em outros grupos. Além disso, o m olusco contagio so pode ser exacerbado na síndrom e inflam atória de reconstituição im une (SIRI) associada ao início da terapia antirretroviral. Em geral, o diagnóstico de m olusco contagioso baseia-se na sua apresentação clínica e pode ser confirm ado pela dem onstração h isto lógica das inclusões eosinofílicas citoplasm áticas (corpúsculos do m o lusco), que são típicas da replicação dos poxvírus. O vírus do m olusco contagioso não pode ser propagado in vitro, p orém a m icroscopia eletrônica e os estudos m oleculares p odem ser utilizados p ara sua identificação. Não existe nenhum tratam ento sistêm ico específico para o m o lusco contagioso, porém diversas técnicas de ablação física têm sido usadas. O cidofovir possui atividade in vitro contra m uitos poxvírus, e os relatos de casos sugerem que o cidofovir p o r via parenteral ou tó pico pode ter algum a eficácia no tratam ento do m olusco contagioso recalcitrante em hospedeiros im unossuprim idos.
VARÍOLA DO MACACO Em bora o vírus da varíola do m acaco tenha recebido o seu nom e em razão dos anim ais a p a rtir dos quais foi original m ente isolado, os roedores constituem o principal reserva tório do vírus. As infecções hum anas pelo vírus da varíola do m acaco ocorrem na África, quando os seres hum anos entram em contato direto com anim ais infectados. A propagação da infecção pelo vírus da varíola do m acaco é rara entre seres hum anos. A doença hum ana caracteriza-se p or com prom etim ento sistêm ico e exantem a vesiculoso, sem elhante ao da varíola. A apresentação clínica da varíola do m acaco pode ser confundida com a da infecção pelo vírus varicela-zóster mais com um (Cap. 180). Em com paração com as lesões causadas p o r esses herpes vírus, as lesões da varíola do m acaco tendem a ser m ais uniform es (isto é, encontram -se no m esm o estágio de desenvolvim ento), difusas e de distribuição periférica. A linfadenopatia constitui um a caracte rística proem inente da varíola do macaco. O prim eiro surto de infecção h u m an a pelo vírus da varíola do m acaco no H em isfério O cidental ocorreu em 2003, quando foram notificados m ais de 70 casos no M eio-O este dos EUA. O surto foi atribuído ao contato com m arm otas norte-am ericanas de estimação, que foram infectadas enquanto estavam sendo criadas junto com ro edores im portados de G ana. O s pacientes apresentaram , com m ais frequência, febre, exantem a e lin fadenopatia cerca de 12 dias após a exposição. Nove pacientes foram hospitalizados, porém não h o u ve nenhum caso de m orte. A vacinação contra varíola pode conferir im unidade cruzada c o n tra a infecção pelo vírus da varíola do m a caco; estudos de indivíduos expostos d urante o surto detectaram a ocorrência de infecção subclínica em algum as pessoas vacinadas um a observação que sugere a possibilidade de proteção duradoura conferida pela vacina. O risco de a d quirir doença hum ana a partir de infecções p or ortopoxvírus anim ais pode aum entar à m edida que a im unidade contra a varíola dim inui na população geral, e aum enta a popularidade dos anim ais exóticos com o bichos de estimação.
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OUTRAS INFECÇÕES POR POXVÍRUS Z00NÓTIC0S Figura 183.1 0 molusco contagioso é uma infecção cutânea causada por poxvírus, que se caracteriza por várias pápulas umbilicadas da cor da pele ou hi-
popigmentadas.
A vacínia e a varíola do búfalo são infecções zoonóticas raras, caracterizadas p o r lesões cutâneas sem elhantes à va ríola e doença sistêm ica leve. Surtos de lesões sem elhantes
entre fazendeiros e pessoas que trabalham com gado no Brasil foram devidos aos vírus Cantagalo e A raçatuba, que são praticam ente idên ticos ao vírus da vacínia e que podem ter-se estabelecido no gado durante program as de vacinação contra varíola. Os parapoxvírus estão am plam ente espalhados entre espécies anim ais, porém apenas alguns causam doença h um ana po r contato direto com anim ais infectados. Os parapoxvírus são antigenicam ente distintos dos ortopoxvírus e não com partilham n enhum a im unidade cruzada. O vírus Tanapox pertence a um gênero separado e antige nicam ente distinto, que habitualm ente provoca um a lesão n odular solitária na área exposta após contato com m acacos infectados.
CAPÍTULO
184
Infecções por Parvovírus Kevin E. Brown Os parvovírus, m em bros da fam ília Parvoviridae, são pequenos ví rus (diâm etro aproxim ado de 22 nm ) icosaédricos sem envoltório, com genom a de DNA de filam ento sim ples contendo cerca de 5.000 nucleotídios. Esses vírus são dependentes das células do hospedeiro em divisão rápida, ou de outros vírus que auxiliem sua replicação. Pelo m enos quatro grupos de parvovírus infectam seres hum anos: o parvovírus B19 (B19V), os dependovírus (vírus adeno-associados; VAA), o vírus PARV4/5 e os bocavírus hum anos (HBoV). Os dep en dovírus hum anos não são patogênicos e não serão considerados nes te capítulo.
PARVOVÍRUS B19 DEFINIÇÃO
Doenças Infecciosas
O B19V é o protótipo do gênero Erythrovirus. C om base na seqüência viral, os vírus B19V são subdivididos em três genótipos (1, 2 e 3), m as apenas um único tipo antigênico foi descrito. O genótipo 1 é predom inante na m aior parte do m undo; o genótipo 2 raram ente está associado à infecção ativa; e o genótipo 3 parece predom inar em regiões da África O cidental.
■ EPIDEMIOLOGIA O B19V infecta exclusivamente seres h um anos e a infecção é endêm ica em quase todas as regiões do m undo. A tra n s missão ocorre principalm ente p o r via respiratória e é segui da do aparecim ento de erupção e artralgia. Em torno da idade de 15 anos, cerca de 50% das crianças têm IgG detectável contra esse vírus; esta porcentagem aum enta a mais de 90% entre os indivíduos idosos. Nas gestantes, a taxa de soroconversão anual estim ada é de cerca de 1%. Nas famílias, os índices de infecção secundária chegam a 50%. A detecção de títulos altos dos anticorpos para B19V no sangue é com um (ver “Patogenia”, adiante). A transm issão pode ocorrer por transfusão, m ais com um ente com h e m o co m p o n en tes o b tidos de vários doadores. Para reduzir o risco de transm issão, as m isturas de plasm a são triadas pela técnica de am plificação do ácido nucleico e os lotes com títulos altos são descartados. O B19V é resistente à in ati vação pelo calor e por solvente-detergente.
■ PATOGENIA O B19V replica-se principalm ente nos precursores eritroides. Essa especificidade é atribuída, em parte, à distribuição tecidual lim ita da do receptor prim ário do B19V, o antígeno P de grupo sanguíneo
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BIBLIOGRAFIA Gur I: The epidemiology of molluscum contagiosum in HlVseropositive pa tients: A unique entity or insignificant finding? Int J STD AIDS 19:503, 2008 H a m m a r l u n d E et al: Multiple diagnostic techniques identify previously vaccinated individuais with protective immunity against monkeypox. Nat Med 11:1005, 2005 L e w i s -J o n e s S: Zoonotic poxvirus infections in humans. Curr Opin Infect Dis 2:81, 2004 V a n Der W o u d e n JC et al: Interventions for cutaneous molluscum contagio sum. Cochrane Database Syst Rev 4:CD004767,2009
(globosídio). A infecção provoca virem ia em títulos altos, com d e tecção de > 1012 partículas virais (ou U I)//m L nas am ostras de san gue da fase aguda (Fig. 184.1), m as a citotoxicidade induzida pelo vírus interrom pe a produção das hem ácias. N os indivíduos im u n o com petentes, a virem ia e o bloqueio da eritropoiese são transitórios e regridem à m edida que se desenvolve a resposta hum oral com IgM e IgG. Nos indivíduos com eritropoiese norm al, ocorre apenas ligei ra redução dos níveis da hem oglobina; contudo, nos pacientes com eritropoiese acelerada (principalm ente p o r anem ia hem olítica), esse bloqueio da form ação dos eritrócitos pode causar um a crise transi tória com anem ia pro fu n d a (Fig. 184.1). Do m esm o m odo, se um paciente (ou o feto, depois da infecção m aterna) não desenvolve um a resposta hum o ral n eutralizante e bloqueia a infecção citotóxica, a produção eritroide fica com prom etida e ele desenvolve anem ia crô nica (Fig. 184.1). A fase da doença m ediada p o r m ecanism os im unes, que com e ça 2 a 3 sem anas depois da infecção à m ed id a que o nível de IgM atinge seu pico, evidencia-se p o r eru p ção da “q u in ta doença” com artralgia e/ou artrite bem desenvolvida. Os níveis baixos de D NA do B19V p o d em ser detectados pela reação em cadeia da polim erase (PCR) no sangue e nos tecidos p o r v ários m eses ou anos depois da infecção aguda. O receptor do B19V está presente em várias outras células e teci dos, com o m egacariócitos, células endoteliais, placenta, m iocárdio e fígado. A infecção desses tecidos pelo B19V pode ser responsável por algum as das apresentações incom uns dessa doença. A lguns indiví duos raros que não possuem antígeno P são naturalm ente resistentes à infecção pelo B19V.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Eritema infeccioso A m aioria das infecções pelo B19V é assintom ática ou está associa da apenas a doença inespecífica e leve. A m anifestação principal das infecções sintom áticas po r esse vírus é o eritem a infeícioso, tam bém conhecido com o quinta moléstia ou doença da face esbofeteada (Fig. 184.2). A infecção com eça com um p ró d ro m o febril brando cerca de 7 a 10 dias depois da exposição e a erupção facial clássica surgem vários dias depois; depois de 2 a 3 dias, o exantem a m acular eritem atoso pode espalhar-se para as extrem idades com um padrão reticular rendilhado. E ntretanto, a intensidade e a distribuição da erupção variam e é difícil diferenciar entre a erupção causada pelo B19V e outros exantem as virais. Os adultos não exibem o sinal da “face esbo feteada”, m as apresentam artralgia, com ou sem exantem a macular.
Síndrome da poliartropatia E m bora não seja co m u m nas crianças, a a rtro p a tia acom ete cerca de 50% dos adultos e é m ais co m u m nas m ulheres que nos hom ens. A distrib u ição das articu laçõ es afetadas geralm en te é sim étrica, com a rtralg ia envolvendo as p e q u e n a s articu la çõ e s das m ãos e ocasionalm ente os to rn o zelo s, os jo elh o s e os p u n h o s. Em geral,
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o 40 estavam asso ciados à proteção contra a infecção. Os anticorpos secretórios p ro duzidos no trato respiratório são predom inantem ente da classe IgA e tam bém desem penham um papel im portante na proteção contra a infecção. Títulos de neutralização p o r anticorpos secretórios > 4 tam bém foram associados à proteção. Várias respostas im unes celulares específicas ou inespecíficas para determ inados antígenos podem ser detectadas pouco depois da infecção e dependem do estado im une pregresso do hospedeiro. Essas respostas incluem proliferação das células T, atividade citotóxica dos linfócitos T e atividade das células natural killer. Nos seres hum anos, os linfócitos T citotóxicos (CD8+) restritos à classe I dos antígenos leucocitários hum anos (LTCs) estão dirigidos para regiões preservadas das proteínas internas (NP, M e polim erases), assim com o para as proteínas de superfície (H e N). Os interferons podem ser detectados nas secreções respiratórias pouco depois do início da dissem inação viral e as elevações dos seus níveis coincidem com reduções da quantidade de vírus elim inados. Os m ecanism os de defesa responsáveis pela supressão da disse m inação viral e pela regressão da doença ainda não foram definidos explicitam ente. Em geral, a dissem inação do vírus term ina dentro de 2 a 5 dias depois do aparecim ento dos prim eiros sintom as, ocasião em que as respostas dos anticorpos séricos e locais geralm ente não são detectáveis pelas técnicas convencionais (em bora as elevações dos anticorpos possam ser detectadas antes p or m eio de técnicas al-
CAPÍTULO 187
Os coeficientes de m orbidade e m o rtalidade causadas pelos surtos de influenza ainda são significativos. A m aioria dos indivíduos que m orrem durante esses surtos tem doenças preexistentes que os co locam sob alto risco de desenvolver com plicações da infecção p or influenza (Q u ad ro 187.2). Entre os adultos e as crianças com dis túrbios clínicos de alto risco, o excesso de internações hospitalares variou de 40 a 1.900 por 100.000 durante os surtos de influenza ocor ridos entre 1973 a 2004. Os fatores m ais im portantes associados a um risco elevado são doenças cardíacas e pulm onares crônicas e idade avançada. As taxas de m ortalidade entre os pacientes com doenças renais ou m etabólicas crônicas ou algum as doenças im unossupressoras tam bém são elevadas, em bora m enores que as taxas detectadas entre os pacientes com doenças cardiopulm onares crônicas. D urante a pandem ia de 2009 e 2010, o risco m ais alto de doença grave foi de tectado entre as crianças recém -nascidas e na faixa etária até 4 anos e nas gestantes. O coeficiente de m orbidade atribuível à influenza na população geral é expressivo. Estudos estim aram que os surtos interpandêm icos de influenza acarretem custos econôm icos anuais supe riores a US$ 87 bilhões nos EUA. C om as pandem ias, estim a-se que os custos econôm icos anuais ficariam na faixa de US$ 87,9 a 209,4 bilhões com índices de infecção entre 15 e 35%.
■ PATOGENIA E IMUNIDADE
2T cT
1495
tam ente sensíveis, principalm ente nos indivíduos que já tinham im u nidade contra o vírus). Alguns estudos sugeriram que o interferon, as respostas im unes celulares e/ou as respostas inflam atórias inespecífi cas contribuam para a erradicação da doença. As respostas dos LTCs podem ser particularm ente im portantes nesse sentido.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Doenças Infecciosas
N a m aioria dos casos, a influenza é descrita com o u m a doença que se caracteriza pelo início súbito de sinais e sintom as sistêm icos com o cefaleia, estado febril, calafrios, m ialgia e m al-estar e m anifestações sim ultâneas referidas ao trato respiratório, principalm ente tosse e inflam ação da garganta. Em m uitos casos, o início é tão repentino que os pacientes conseguem se lem brar da h o ra exata em que ficaram doentes. Entretanto, o espectro das apresentações clínicas é am plo e varia de um a doença respiratória afebril branda sem elhante ao res friado com um (com início súbito ou gradativo) a um a doença com prostração grave e relativam ente poucos sinais e sintom as respira tórios. N a m aioria dos casos que procuram atendim ento m édico, o paciente tem febre com tem peraturas entre 38° e 41°C. A elevação rápida da tem peratura nas prim eiras 24 horas da doença geralm en te é seguida p or redução gradativa da febre ao longo de 2 a 3 dias, em bora alguns pacientes possam ter febre p o r até 1 sem ana. Os p a cientes referem sensação febril e frio, m as os calafrios propriam ente ditos são raros. Em m uitos casos, a cefaleia frontal ou generalizada é particularm ente incôm oda. As mialgias podem afetar qualquer parte do corpo, m as são mais com uns nas pernas e na região lom bossacra. Alguns pacientes tam bém podem ter artralgias. Os sintom as respiratórios geralm ente se to rn am m ais p ro e m i nentes à m edida que as m anifestações sistêm icas regridem . M uitos pacientes têm dor de garganta ou tosse persistente, que po d e estender-se p o r > 1 sem ana e que geralm ente é acom panhada de descon forto subesternal. Entre os sinais e sintom as oculares estão dor ao m ovim entar os olhos, fotofobia e ardência ocular. Em geral, os achados do exame físico são m ínim os nos casos de influenza sem complicações. Nas fases iniciais da doença, o paciente parece ruborizado e a pele está quente e seca, em bora às vezes haja sudorese e m anchas nas extrem idades, principalm ente nos pacientes idosos. O exame da faringe pode ser surpreendentem ente irrelevante, apesar da dor de garganta intensa, m as alguns pacientes têm h ipere m ia das m ucosas e secreção retronasal. Tam bém pode haver linfade nopatia cervical discreta, especialm ente nos pacientes m ais jovens. Os resultados do exame do tórax são n orm ais em sua m aior parte nos casos de influenza sem complicações, em bora tenham sido descritos roncos, sibilos e estertores esparsos com frequências variáveis nos diferentes surtos. Dispnéia nítida, hiperpneia, cianose, estertores d i fusos e sinais de condensação indicam complicações pulm onares. Os pacientes com influenza aparentem ente sem com plicações apresen tam várias alterações ventilatórias brandas e elevações dos gradientes de difusão alveolocapilar; p or esta razão, o acom etim ento pulm onar subclínico pode ser m ais com um do que se pensava. Na influenza sem complicações, a doença aguda geralm ente re gride dentro de 2 a 5 dias e a m aioria dos pacientes está praticam ente recuperada ao final da prim eira sem ana, em bora a tosse possa p e r sistir p o r 1 a 2 sem anas ou mais. E ntretanto, em um a porcentagem significativa (principalm ente nos idosos) dos casos, os sintom as com o fraqueza ou lassidão (astenia p ó s-influenza) podem persistir por várias sem anas e acarretar problem as aos pacientes que desejam voltar im ediatam ente ao seu nível pleno de atividade. A explicação patogenética para essa astenia é desconhecida, m as as anorm alidades da função pulm onar podem persistir p o r várias sem anas depois da infecção p or influenza sem complicações.
■ COMPLICAÇÕES As complicações da influenza (Q uadro 187.2) são m ais com uns nos pacientes com mais de 65 anos e nos indivíduos portadores de alguns distúrbios crônicos, inclusive doenças cardíacas ou pulm onares, d ia betes melito, hem oglobinopatias, disfunção renal e im unossupressão. Gestação no segundo ou no terceiro trim estres tam bém predispõe às complicações da influenza. As crianças com m enos de 5 anos de vida
1496
(principalm ente os lactentes) tam bém se encontram sob alto risco de desenvolver complicações.
Complicações pulmonares Pneumonia As com plicações m ais significativas da influenza são as pneum onias: pneum onia “prim ária” pelo vírus influenza, pneum onia bacteriana secundária, ou pneum onias m istas (viral e bacteriana). Pneumonia primária causada pelo vírus influenza A pneum onia p ri m ária pelo vírus influenza é a com plicação pneum ônica m enos co m um , em bora a m ais grave. Essa com plicação evidencia-se p or um quadro de influenza aguda que não regride e, pelo contrário, p ro gride inexoravelm ente com febre persistente, dispnéia e finalm ente cianose. Em geral, a produção de escarro é escassa, m as pode ter san gue. Nas fases iniciais da doença, po d e haver poucos sinais físicos detectáveis. Nos casos m ais avançados, podem ser constatados ester tores difusos e anorm alidades radiográficas com patíveis com infiltra dos intersticiais difusos e/ou síndrom e do desconforto respiratório agudo. Nesses casos, as análises da gasom etria arterial dem onstram hipoxia grave. As culturas do vírus nas secreções respiratórias e nas am ostras de parênquim a pulm onar, principalm ente se as am ostras forem obtidas na fase inicial da doença, revelam títulos altos do vírus. Nos casos fatais de pneum onia viral prim ária, o exam e histopatoló gico dem onstra reação inflam atória acentuada nos septos alveolares com edem a e infiltração p or linfócitos, m acrófagos e alguns plasm ó citos e quantidades variáveis de neutrófilos. Tam bém foram detecta dos trom bos de fibrina nos capilares alveolares, assim com o necrose e hem orragia. M em branas hialinas eosinofílicas podem ser detectadas recobrindo os alvéolos e os duetos alveolares. A pneum onia prim ária pelo vírus influenza tem predileção por pacientes com doenças cardíacas, principalm ente estenose m itral, m as tam bém foi descrita nos adultos jovens e saudáveis sob outros aspectos, bem com o nos indivíduos idosos com distúrbios p ulm ona res crônicos. Em algum as pandem ias de influenza (principalm ente as de 1918 e 1957), gestação era um fator de risco para pneum onia viral prim ária. As epidem ias subsequentes de influenza foram associadas a índices elevados de internação hospitalar entre m ulheres grávidas; tal fato tam bém foi dem onstrado na pandem ia de 2009 e 2010. Pneumonia bacteriana secundária A pneum onia bacteriana secundá ria começa depois da influenza aguda. Depois de um período inicial de m elhora por 2 a 3 dias, a febre reaparece com sinais e sintom as clínicos de pneum onia bacteriana, inclusive tosse, expectoração p u ru lenta e sinais físicos e radiográficos de condensação. Nesse contexto, os patógenos bacterianos m ais com uns são Streptococcus pneumoniae, Staphyiococcus aureus e H aem ophilus influenzae - m icrorganism os que podem colonizar a nasofaringe e causar infecção em presença de alterações das defesas broncopulm onares. Em geral, a etiologia pode ser definida po r coloração pelo G ram e pela cultura de um a am ostra de escarro obtida com técnica apropriada. A pneum onia bacteria na secundária é m ais com um nos grupos de alto risco com doenças cardíacas e pulm onares crônicas e nos pacientes idosos. Os pacientes com pneum onia bacteriana secundária frequentem ente respondem ao tratam ento antibiótico, desde que seja iniciado imediatam ente. Pneumonia viral e bacteriana mista É provável que as complicações pneum ônicas m ais com uns du ran te os su rto s de influenza tenham características m istas de p n eu m o n ia viral e bacteriana. Os pacien tes podem apresentar progressão gradativa da doença aguda ou ter m elhora transitória seguida de agravam ento clínico, finalm ente com m anifestações clínicas de pneu m o n ia bacteriana. As culturas do es carro podem isolar o vírus influenza A e um dos patógenos bacteria nos citados anteriorm ente. O exam e físico e as radiografias do tórax podem detectar infiltrados variegados ou áreas de condensação. Os pacientes com pneum onia viral e bacteriana m ista geralm ente têm acom etim ento m enos difuso dos pulm ões que os indivíduos com pneum onia viral prim ária, e suas infecções bacterianas podem m e lhorar com os antibióticos apropriados. A pneum onia viral e bacte riana m ista acom ete principalm ente pacientes com doenças cardio vasculares e pulm onares crônicas.
Outras complicações pulmonares. O utras com plicações pulm onares associadas à influenza incluem agravam ento da doença pu lm o n ar obstrutiva crônica e exacerbação da bronquite e asm a crônicas. Nas crianças, a infecção po r influenza pode evidenciar-se sob a form a de crupe. Sinusite e otite m édia (esta últim a encontrada principalm ente nas crianças) tam bém podem estar associadas à influenza.
Complicações extrapulmonares
Complicações da influenza aviária Os casos de influenza causados pelo vírus aviário A /H 5N 1 estão com provadam ente associados a índices elevados de pn eu m o n ia (> 50%) e m anifestações extrapulm onares com o diarréia e acom etim en to do SNC. As m ortes foram associadas à falência de m últiplos siste mas, inclusive insuficiências cardíaca e renal.
■ ACHADOS LABORATORIAIS E DIAGNÓSTICO D urante a influenza aguda, os vírus p odem ser detectados nos ra s pados faríngeos, nos lavados nasofaríngeos ou no escarro. Os vírus podem ser isolados em cultura de tecidos - ou, m enos com um ente, em em briões de galinha - d entro de 48 a 72 h depois a inoculação. Na m aioria dos casos, o diagnóstico laboratorial é baseado em testes rápidos que detectam a nucleoproteína ou a neuram inidase viral por m eio de técnicas enzim áticas ou im unológicas. Esses testes são rela
■ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL D urante um surto generalizado na com unidade, o diagnóstico clí nico de influenza pode ser firm ado com elevado grau de certeza nos pacientes que procuram o consultório m édico com a doença respira tória febril típica descrita anteriorm ente. Q uando não há um surto (isto é, casos esporádicos ou isolados), po d e ser difícil diferenciar entre influenza e outras doenças respiratórias agudas causadas por vários vírus respiratórios ou pelo Mycoplasma pneum oniae tendo com o base apenas o quadro clínico. A faringite estreptocócica grave ou a pneum onia bacteriana em fase inicial podem ser sem elhantes à influenza aguda, em bora as pneum onias bacterianas geralm ente não tenham evolução autolim itada. A secreção brônquica com bactérias patogênicas detectadas pela coloração com G ram é um elem ento diagnóstico im portante das pneum onias bacterianas.
TRATAMENTO
Influenza
CAPÍTULO 187
Além das com plicações pulm onares da influenza, podem ocorrer algum as com plicações extrapulm onares, inclusive síndrome de Reye, um a com plicação grave nas crianças, que está associada à infecção pelo vírus influenza B e m enos com um ente pelo tipo A, m as tam bém à infecção pelo vírus varicela-zóster. A associação epidem iológica en tre a síndrom e de Reye e o tratam ento com ácido acetilsalicílico para a infecção viral prévia foi dem onstrada e a incidência desta sín d ro m e dim inuiu acentuadam ente com os alertas generalizados quanto à adm inistração deste fárm aco às crianças com infecções respiratórias virais agudas. O utras com plicações ocasionais da infecção p o r influenza in cluem m iosite, rabdom iólise e m ioglobinúria. E m bora as m ialgias sejam extrem am ente com uns na influenza, a m iosite p ropriam ente dita é rara. Os pacientes com m iosite aguda têm hipersensibilidade extrem a nos m úsculos afetados, m ais com um ente nas pernas, e p o dem não conseguir tolerar sequer a pressão m ais leve (p. ex., o toque das roupas de cam a). Nos casos m ais graves, há edem a e em plastram ento dos m úsculos. Os níveis séricos da creatinofosfoquinase e da aldolase estão acentuadam ente elevados e alguns pacientes desenvol vem insuficiência renal secundária a m ioglobinúria. A patogenia da m iosite associada à influenza tam bém não está clara, em bora tenha sido descrita a presença do vírus nos m úsculos afetados. M iocardite e pericardite foram com plicações associadas à p a n dem ia de influenza durante os anos de 1918 e 1919; esses relatos fo ram baseados principalm ente em achados histopatológicos e, desde aquela época, tais com plicações têm sido descritas apenas raram ente. As anorm alidades eletrocardiográficas durante a influenza aguda são com uns nos pacientes com doenças cardíacas, m as têm sido atribuí das m ais com um ente às exacerbações da cardiopatia subjacente que ao acom etim ento direto do m iocárdio pelo vírus influenza. Existem relatos de com plicações referidas ao sistem a nervoso central (SNC) durante a infecção p or influenza, inclusive encefalite, m ielite transversa e síndrom e de Guillain-Barré. A relação etiológica entre o vírus influenza e essas com plicações neurológicas ainda não está definida. Tam bém existem relatos de síndrom e do choque tóxico associada à infecção p o r S. aureus ou estreptococos do grupo A d e pois de infecções agudas p or influenza (Caps. 135 e 136). Além das complicações relacionadas com os sistem as específicos descritos anteriorm ente, os surtos de influenza incluem alguns casos nos quais indivíduos idosos ou outros pacientes de alto risco desen volvem a doença e, em seguida, apresentam deterioração gradativa da função cardiovascular, p ulm onar ou renal preexistente - altera ções que, em alguns casos, são irreversíveis e levam ao óbito. Essas m ortes contribuem para o aum ento da m o rtalidade associada aos surtos de influenza A.
tivam ente específicos, m as têm sensibilidade variável, dependendo da técnica e do vírus a ser detectado. A lguns testes rápidos conse guem diferenciar os vírus influenza A e B, m as a identificação dos diferentes subtipos de h em aglutinina requer técnicas im unológicas específicas para cada subtipo. O teste in vitro m ais sensível e especí fico para o vírus influenza é a reação em cadeia de polim erase; este teste m ostrou-se particularm ente im portante durante a pandem ia de 2009 e 2010 do vírus influenza A /H 1N 1, para o qual alguns testes de detecção rápida de antígenos eram pouco sensíveis. Os m étodos diagnósticos sorológicos baseiam -se na com paração dos títulos dos anticorpos dos soros obtidos d urante a doença aguda e 10 a 14 dias depois do início da infecção, e sua principal utilidade é com o m étodo retrospectivo. A um entos dos títulos em 4 vezes ou m ais na IH ou FC, ou elevações significativas determ inadas po r ELISA, confirm am o diagnóstico de infecção aguda. Os outros exames laboratoriais geralm ente não ajudam a firm ar o diagnóstico específico de infecção pelo vírus influenza. As leucom etrias são variáveis, m as geralm ente apresentam contagens baixas no início da doença e níveis norm ais ou ligeiram ente elevados m ais tarde. Existem relatos de leucopenia grave associada à infecção viral ou bacteriana sistêmica, enquanto a leucocitose > 15.000 células/p.L aum enta a suspeita de infecção bacteriana secundária.
Existe tratam en to antiviral específico para influenza (Q u a d ro 187.3): os inibidores da neu ram in id ase com o o zanam ivir e o oseltam ivir para influenza A e influenza B e os fárm acos deriva dos do adam antano com o a am antadina e a rim antadina para in fluenza A (Cap. 178). O tratam ento p o r 5 dias com oseltam ivir ou zanam ivir reduz a duração dos sinais e dos sintom as da influenza sem com plicações em 24 a 36 horas, contanto que o tratam e n to seja iniciado nos prim eiros dois dias da doença. O zanam ivir pode agravar o broncospasm o dos pacientes asfháticos e o oselta m ivir foi associado a náuseas e vôm itos, cujas frequências podem ser reduzidas pela adm inistração do fárm aco com alim entos. O oseltam ivir tam bém foi associado a efeitos colaterais neuropsiquiátricos nas crianças. O peram ivir - um inibidor de neuram inida se experim ental que po d e ser adm in istrad o p o r via intravenosa - está sendo avaliado em experiências clínicas, assim com o um a preparação intravenosa do zanam ivir. O acesso a esses fárm a cos pode ser conseguido seguindo-se os procedim entos do FDA (Food and D rug A dm inistration) para fornecim ento de fárm acos novos e experim entais para situações de emergência. O tratam ento com am antadina ou rim antadina p ara a doença causada p o r cepas sensíveis do vírus influenza A tam bém reduz em cerca de 50% a duração da influenza sem complicações, des de que seja iniciado nas prim eiras 48 horas da doença. Cinco a 10% dos pacientes tratad o s com a m antadina apresentam efeitos colaterais b ran d o s relativos ao SNC, prin cip alm en te agitação, ansiedade, insônia ou dificuldade de concentração. Esses efeitos
1497
QUADRO 180.3
Agentes antivirais indicados para
0 tratam ento
e a profilaxia da influenza Faixa etária (anos)
Crianças (65
Tratamento: influenzas A e B
Idades de 1 a 12: as doses variam com 0 pesoa
75 mgVO, 2 vezes/dia
75 mg V0,2x/dia
Profilaxia: influenzas A e B
Idades de 1 a 12: as doses variam com 0 peso6
75 mg/dia V0
75 mg/dia V0
Tratamento: influenzas A e B
Idades de 7 a 12:10 mg 2x/dia por via inalatória
Profilaxia: influenzas A e B
Idades de 5 a 12:10 mg/dia por via inalatória
10 mg 2x/dia por via inalatória 10 mg/dia por via inalatória
10 mg 2x/dia por via inalatória 10 mg/dia por via inalatória
Tratamento: influenza A
Idades de 1 a 9 : 5 mg/kg em 2 doses, até 150 mg/dia
Idade > 10 : 100 mg V0 2x/dia
Profilaxia: influenza A
Idades de 1 a 9 : 5 mg/kg em 2 doses, até 150 mg/dia
Idade > 10:100 mg V0 2x/dia
10:100 mg V0 2x/dia
Antiviral faixa etária Oseltamivir
Zanamivir
Amantadina0
Rimantadina0
100 a 200 mg/dia 100 a 200 mg/dia
a< 15 kg: 30 mg, 2x/dia; > 15 a 23 kg: 45 mg, 2x/dia; > 23 a 40 kg: 60 mg, 2x/dia; > 40 kg: 75 mg, 2x/dia. Para crianças < 1 ano, ver www.cdc.gov/h1n1flu/recomendations.html.
°< 15 kg: 30 mg/dia; > 15 a 23 kg: 45 mg/dia; > 23 a 40 kg: 60 mg/dia; > 40 kg: 75 mg/dia. Para crianças < 1 ano, ver www.cdc.gov/h1n1flu/recomendations.html. cHoje (2009-2010), a amantadina e a rimantadina não são recomendadas em razão da resistência generalizada do vírus influenza A/H3N2. A administração desses fármacos pode ser reconsiderada se o vírus voltar a ser sensível.
Doenças Infecciosas 1498
colaterais desaparecem im ediatam ente com a in te rru p çã o do tratam ento. A rim an tad in a parece ser igualm ente eficaz e está associada a m enos efeitos colaterais do SNC que a am antadina. Nos adultos, a dose habitual de am antadina ou rim antadina é de 200 m g/dia durante 3 a 7 dias. Com o esses dois fárm acos são ex cretados por via renal, a dose deve ser reduzida a < 100 m g/dia nos pacientes idosos e nos portadores de insuficiência renal. Os padrões epidem iológicos da resistência aos antivirais usados para tratar influenza são elem entos cruciais à escolha dos fárm acos. A p a rtir de 2005 e 2006, a grande m aioria dos vírus influenza A/ H3N2 (inclusive > 90% das cepas isoladas nos EUA) to rnou-se resistente aos adam antanos, m as ainda conservava sensibilidade aos inibidores da neuram inidase. Por outro lado, os vírus influen za A /H IN I sazonais que circularam entre 2008 e 2009 c o n tin u avam sensíveis aos adam antanos, m as resistentes ao oseltam ivir (em bora ainda fossem sensíveis ao zanam ivir). O influenza A / H1N1 pandêm ico que circulou entre 2009 e 2010 era resistente aos adam antanos, m as sensíveis ao zanam ivir e geralm ente tam bém ao oseltamivir, em bora tivessem sido isoladas algum as cepas resistentes a este últim o antiviral. Inform ações atualizadas sobre os padrões de resistência aos antivirais usados para tratar influen za podem ser encontradas no site www.cdc.gov/flu. A ribavirina é um análogo nucleosídico ativa contra os vírus influenza A e B in vitro. Alguns estudos dem o n straram eficácia variável no tratam ento da influenza quando esse fárm aco foi a d m inistrado em aerossol, m as não foi eficaz quando utilizado por via oral. Desse m odo, a eficácia da ribavirina no tratam en to da influenza A ou B não está estabelecida. A eficácia terapêutica dos agentes antivirais na influenza foi d e m o n stra d a p rin cip alm en te nos estudos com adultos jo vens p ortadores da doença sem com plicações. A eficácia desses fárm acos 110 tratam e n to ou na profilaxia das com plicações da influenza ainda não está definida. A nálises conjuntas de alguns estudos observacionais e de algum as pesquisas de eficácia su geriram que o tratam en to com oseltam ivir possa reduzir a fre quência das com plicações relacionadas com as vias respiratórias
inferiores e as internações hospitalares. O tratam e n to da p n e u m onia p rim ária p or influenza visa a m an te r a oxigenaçâo e é a d m inistrado m ais ad equadam ente em um a u nidade de tratam e n to intensivo com suporte respiratório e hem o d in âm ico rigoroso para os casos necessários. Os fárm acos a n tib a cteria n o s devem ser reservados para o tratam e n to das com plicações b acterian as da influenza aguda, inclusive p n eu m o n ia b acterian a secundária. A seleção dos a n tibióticos deve ser o rien tad a pela coloração com G ram e pelos resultados da cu ltura dos espécim es ap ro p riad o s de secreções respiratórias, inclusive escarro ou aspirados transtraqueais. Se a etiologia da p n eu m o n ia bacteriana não estiver evidente ao exa m e das secreções respiratórias, devem ser escolhidos em piricam ente antibióticos eficazes contra os patógenos bacterianos m ais com uns nesses casos (S. pneum oniae, S. aureus e H . influenzae) (Caps. 134, 135 e 145). Para os casos sim ples de pacientes com p ouco risco de com plicações, p o d e -se c o n sid era r tra ta m e n to sintom ático em vez. de usar u m antiviral. A cetam inofeno ou anti-inflam atórios n ão esteroides podem ser usados para aliviar a cefaleia, a m ialgia e a febre, m as os salicilatos devem ser evitados nas crianças < 1 8 anos porque seu uso está associado à síndrom e de Reye. C om o a tosse geralm ente é autolim itada, o tratam ento com supressores da tosse com um ente não é necessário; os com postos à base de codeína p o d e m ser adm inistrados quando a to s se é m uito intensa. Os pacientes devem ser instruídos a repousar e m anter a hidratação d urante a fase a g u d í da doença e a voltar à atividade plena gradativam ente depois da resolução da infecção, principalm ente se tiver sido grave.
■ PROFILAXIA A principal m edida de saúde pública para a profilaxia da influenza é vacinação. As vacinas de vírus inativados (“m o rto s”) e vivos ate nuados estão disponíveis e são baseadas nos vírus influenza A e B que circularam nas últim as estações de influenza e que se espera que circulem na próxim a estação. C om as vacinas inativadas, pode-se es
perar proteção entre 50 e 80% contra influenza se o vírus vacina e os vírus circulantes no m om ento forem m uito sem elhantes. As vacinas inativadas disponíveis são altam ente purificadas e estão associadas a poucos efeitos colaterais. Até 5% dos indivíduos vacinados ap re sentam febre baixa e sintom as sistêmicos brandos dentro de 8 a 24 h depois da vacinação e até 33% desenvolvem eritem a ou hipersensibi lidade branda no local da aplicação da vacina. C om o a vacina utili zada nos EUA e em m uitos países é produzida em ovos, os pacientes com hipersensibilidade com provada aos produtos derivados de ovos devem ser dessensibilizados ou não receber a vacina. E m bora a vaci na suína de influenza desenvolvida em 1976 pareça ter sido associada ao aum ento da frequência da síndrom e de G uillain-B arré, isto não ocorreu com as vacinas contra influenza adm inistradas desde 1976. Algum as exceções possíveis foram detectadas nos surtos ocorridos entre 1992 e 1993 e entre 1993 e 1994, quando o risco adicional de desenvolver esta síndrom e ficou ligeiram ente acim a de 1 caso p or 1.000.000 de pessoas vacinadas. Contudo, o risco geral à saúde depois da influenza supera o risco potencial associado à vacinação. Tam bém existe um a vacina de vírus influenza vivo atenuado, que é adm inistrada po r spray intranasal. Essa vacina é p roduzida pelo rearranjo entre as cepas dos vírus A e B que circulam na época e um a cepa predom inante atenuada e adaptada ao frio. A vacina adaptada ao frio é bem tolerada e altam ente eficaz (proteção > 90%) nas crian ças pequenas; em um estudo, essa vacina conferiu proteção contra um vírus influenza circulante que tinha desenvolvido um desvio antigênico em com paração com a cepa da vacina. A vacina de vírus vivos atenuados foi aprovada para aplicação em indivíduos saudáveis de 5 a 49 anos de idade. No passado, o U.S. Public Health Service recom endava a vacina ção contra influenza para determ inados grupos sob risco elevado de desenvolver com plicações da doença com base em sua idade, distú r bio coexistente ou proxim idade dos contatos (Q uadro 187.2). E m bo ra esses indivíduos ainda sejam o foco dos program as de im unização, as recom endações foram progressivam ente am pliadas. Em 2009 e 2010, recom endou-se a vacinação de todas as crianças da faixa etá ria de 6 meses a 18 anos; para 2010 e 2011, recom enda-se im unizar toda a população acim a de 6 meses, inclusive adultos. Essa ampliação da recom endação reflete o reconhecim ento crescente dos fatores de risco até então desconsiderados, inclusive obesidade, com plicações puerperais e influências étnicas ou raciais, além dos indícios de que a utilização generalizada da vacina seja necessária ao controle da in flu en za . As vacinas inativadas podem ser adm inistradas sem riscos aos pacientes im unossuprim idos. A vacinação contra influenza não está associada às exacerbações das doenças crônicas do sistem a n e r voso central, inclusive esclerose m últipla. A vacina deve ser adm inis trada no início do outono (antes que comece o surto de influenza) e, em seguida, deve ser repetida anualm ente para m anter a im unidade contra a m aioria das cepas que circulam no m om ento. E m bora os antivirais sejam utilizados com o quim ioprofilaxia para influenza (Q uadro 187.2), seu uso com esta finalidade tem sido
lim itado em vista da preocupação quanto aos padrões atuais e futuros de resistência a estes fárm acos. A quim ioprofilaxia com oseltam ivir ou zanam ivir teve eficácia de 84 a 89% contra as influenzas A e B (Q uadro 187.3). A quim ioprofilaxia com am antadina ou rim antadina não é mais recom endada em razão da resistência generalizada a estes fármacos. Nos prim eiros estudos com vírus sensíveis, a eficácia da profilaxia com am antadina ou rim a n tad in a (100 a 200 m g/dia) era de 70 a 100% para a doença ativa associada à influenza A. A quim ioprofilaxia para indivíduos saudáveis expostos em suas com unidades geralm ente não é recom endada, m as p ode ser conside rada p ara os grupos sob alto risco de desenvolver complicações e que tiveram contato direto com um paciente p o rtad o r da doença aguda. D urante um surto, a quim ioprofilaxia antiviral pode ser adm inistra da junto com a vacina inativada, porque os fárm acos não interferem com a resposta im une à vacina. C ontudo, a adm inistração sim ultânea da quim ioprofilaxia e da vacina de vírus vivos atenuados pode inter ferir com a resposta im une vacinai. Os antivirais não devem ser a d m inistrados até no m ínim o 2 sem anas depois da aplicação da vacina de vírus vivos e a adm inistração desta vacina não deve ser realizada antes de no m ínim o 48 h depois da suspensão do tratam ento antivi ral. A quim ioprofilaxia tam bém pode ser considerada para controlar surtos hospitalares de influenza. C om essa finalidade, a profilaxia deve ser instituída im ediatam ente q u ando se detecta atividade da doença e deve ser utilizada diariam ente enquanto durar o surto. BIBLIOGRAFIA JH et al: Avian influenza A (H5N1) infection in humans. N Bngl J Med 353:1374, 2005 B e l s h e R B et al: The efficacy of live attenuated, cold adapted trivalent, intra nasal influenza vaccine in children. N Engl J Med 38:1405,1998 D a w o o d FS et al: Emergence of a novel swine-origin influenza A (H1N1) vi rus in humans. N Engl ] Med 360:2605,2009 D o l i n R: Interpandemic as weil as pandemic disease. N Engl J Med 353:2535, 2005 F i o r e AE et al: Prevention and control of influenza with vaccines. Recom mendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP), 2010. MMWR Rec Rep 59:1,2010 G a r t e n RJ et al: Antigenic and genetic characteristics of swineorigin 2009 A(H1N1) influenza viruses circulating in humans. Science 325:197,2009 J e f f e r s o n T et al: Neuraminidase inhibitors for preventing and treating in fluenza in healthy adults: Systematic review and metaanalyses. Br Med J 339:b5106, 2009 M e l t z e r M I et al: The economic impact of pandemic influenza in the United States: Priorities for intervention. Emerg Infect Dis 5:659, 1999 B e ig e l
M i s t [M a n a g e m e n t o f I n f l u e n z a i n t h e S o u t h e r n H e m i s p h e r e T r i a l i s t s ] S t u d y G r o u p : Randomized trial of efficacy and safety of inhaled zanamivir in treatment of influenza A and B infections. Lancet 352:1871, 1998 T r e a n o r JJ: Influenza virus, in Principies and Practice of Infectious Diseases, 7th ed, GL Mandell et al (eds). Philadelphia, Elsevier, 2010, pp 2265-2288
1499
Infecções Causadas por Vírus da Imunodeficiência Humana e Outros Retrovírus Humanos
SEÇÃ014
CAPÍTULO
188
infecções rapidam ente fatais (p. ex., infecção exógena p o r um ví rus oncogênico com o o vírus do sarcom a de Rous das galinhas). A possibilidade de os retrovírus ad q u irirem e alterarem a estru tu ra e a função das seqüências das células do hospedeiro revolucionou nossos conhecim entos sobre carcinogênese m olecular. Esses vírus p o d em inserir-se no genom a das células germ inativas do h o sp e deiro e com portam -se com o um elem ento genético transferível ou transponível. Eles p odem ativar ou desativar genes localizados nas proxim idades do local de incorporação ao genom a e alterar rapida m ente seus próprios genom as p o r rearranjo e m utação quando são expostos a estím ulos am bientais seletivos. A m aioria das doenças virais hum anas é atribuída à destruição dos tecidos, seja em conseqüência da ação direta do vírus ou, indire tam ente, pelas respostas do hospedeiro à infecção viral. Em bora esses m ecanism os sejam operantes nas infecções retrovirais, os retrovírus têm outros m ecanism os para causar doença, inclusive a transform a ção m aligna da célula infectada e a indução de um estado de im u n o deficiência, que torna o hospedeiro suscetível às doenças opo rtu n is tas (infecções e neoplasias; Cap. 189).
Retrovírus Humanos Dan L. Longo Anthony S. Fauci Os retrovírus constituem um a fam ília n u m ero sa (R etroviridae) e infectam principalm ente os vertebrados. Esses vírus têm um ciclo de replicação singular, p or m eio do qual sua inform ação genética é codificada pelo RNA em vez do DNA. Os retrovírus contêm um a D N A -polim erase dependente do RNA (transcriptase reversa) que organiza a síntese de um tipo de DNA do genom a viral depois da in fecção da célula hospedeira. O term o retrovírus indica que a inform a ção contida no RNA seja transcrita em DNA na célula do hospedeiro - um a seqüência que d erru b o u o dogm a fu ndam ental da biologia m olecular: que as inform ações são transm itidas unidirecionalm ente do DNA para o RNA e deste para as proteínas. A constatação de que o RNA era a fonte da inform ação genética dos agentes etiológicos de alguns tum ores dos anim ais resultou em um a m udança de paradigm a biológico relativo não apenas à direção da transm issão das inform a ções genéticas, com o tam bém quanto à etiologia viral de alguns cân ceres e ao conceito de oncogenes com o genes norm ais do hospedeiro, que são reutilizados e alterados por um vetor viral. A família R etroviridae inclui sete subfam ílias (Q u a d ro 188.1). Os m em bros de duas subfam ílias infectam os seres hum anos e cau sam conseqüências patológicas: os deltaretrovírus, dos quais o vírus linfotrópico de células T hum anas (HTLV) tipo I é o mais im portante para os seres hum anos; e os lentivírus, dos quais o H IV é o mais im portante para esta espécie. A grande variedade de interações dos retrovírus com seus d i versos hospedeiros inclui eventos totalm ente benignos (p. ex., p re sença silenciosa de seqüências retrovirais endógenas no genom a das células da linhagem germ inativa de m uitas espécies de anim ais) e
Doenças Infecciosas 1500
QUADRO 1 8 8 .1 Retroviridae
Classificação dos retrovírus: a fam ília Exemplo(s)
Característica
Alfaretrovírus
Vírus do sarcoma de Rous
Contém o oncogene src
Betaretrovírus
Vírus do tumor mamário dos camundongos
Exógeno ou endógeno
Gamaretrovírus
Vírus da leucemia murina de Abelson
Contém o oncogene abi
Deltaretrovírus
HTLV-I
Causa linfoma de células T e doença neurológica
Epsiíonretrovírus
Vírus do sarcoma dérmico deWalleye
1 Gênero
■ ESTRUTURA E CICLO DE VIDA
Lentivírus
HIV-1 e HIV-2
Causa Aids
Espumavírus
Vírus espumoso dos símios
Não causa doenças conhecidas nos seres humanos
j1
Todos os retrovírus têm estrutura, organização genôm ica e m ecanis m os de replicação sem elhantes. Os retrovírus m edem 70 a 130 nm de diâm etro e possuem um envoltório lipídico que circunda seu capsí dio icosaédrico m ais denso. O núcleo contém duas cópias idênticas do genom a de RNA de hélice simples. As m oléculas de RNA têm 8 a 10 kb de com prim ento e form am com plexos com a transcriptase reversa e o tRNA. O utras proteínas virais com o a integrase tam bém fazem parte da partícula do virion. O RNA apresenta características geralm ente encontradas no mRNA: um a região cap na extrem ida de 5' da m olécula, que é im p o rtan te p ara a iniciação da translação do mRNA; e um sítio de poliadenilação na extrem idade 3', que in fluencia o turnover do m RNA (isto é, as m ensagens com extrem ida des poliA m ais curtas são transferidas m ais rapidam ente que as que têm pontas poliA m ais longas). C ontudo, o RNA dos retrovírus não é transcrito; em vez disto, ele é transladado em DNA. A form a DNA do genom a viral é conhecida com o provírus. O ciclo de replicação dos retrovírus tem duas fases (Fig. 188.1). Na prim eira, o vírus entra no citoplasm a depois de se ligar a um ou m ais receptores específicos da superfície celular; o RNA viral e a transcriptase reversa sintetizam um a versão do DNA de dupla hélice a partir do m olde de RNA; e o provírus entra no núcleo e incorpora-se ao genom a da célula hospedeira. Essa incorporação do provírus é irreversível. Em bora alguns retrovírus anim ais sejam incorporados a um único local específico do genom a de todas as células infectadas, os quatro retrovírus hum anos são incorporados aleatoriam ente. Essa prim eira fase da replicação depende inteiram ente dos produtos sinte tizados a p a rtir dos genes do vírus. A segunda fase inclui a síntese e o processam ento dos genom as, dos m RNA e das proteínas virais uti lizando as estruturas da célula hospedeira, geralm ente sob influência dos produtos genéticos do vírus. Os virions são m ontados e liberados da célula p or germ inação na m em brana e, em m uitos casos, proteínas da m em brana da célula hospedeira são incorporadas ao envoltório do vírus. A integração do provírus ocorre durante a fase S do ciclo celu lar; por esta razão, as células que não estão em divisão geralmente são resistentes à infecção pelos retrovírus. A penas os lentivírus são capa zes de infectar células que não estão em divisão. Q uando a célula hos pedeira está infectada, a infecção é irreversível pelo resto de sua vida.
A dsorção ao receptor específico
YVYYVVY
YYYYYYY
Penetraçao
Transcriçao
Translação
Incorporação
M ontagem do capsídio
m7G# gag
Transcrição
G erm inação
pol env
P oliadenilação m7Gu m 7 G « gag pol e n v »
^
n , re |
env mR m 7G |
gag pol env m 7G B
gag pol env
Figura 188.1 Ciclo de vida dos retrovírus. A. Resumo da replicação viral. Os retrovírus entram em uma célula-alvo depois de se ligarem a um receptor específico da superfície celular; quando o vírus é interiorizado, seu RNA é liberado do nucleocapsídio e é transcrito em DNA proviral. 0 provírus é inserido dentro do genoma e em seguida transcrito em RNA; o RNA é traduzido; e os vírus são montados e ex pulsos pela membrana celular por germinação. B. Resumo da expressão dos genes dos retrovírus. 0 provírus é transcrito, envelopado e poliadenilado. Em seguida, as moléculas do RNA viral têm três destinos: são exportadas para o citoplasma, onde são empacotadas sob a forma de RNA viral nas partículas virais infectantes; são cortadas para gerar a mensagem necessária à síntese da poliproteína do envoltório; ou são transladadas em proteínas Gag e Pol. A maioria das mensagens para a proteína Pol não consegue iniciar a tradução desta proteína em razão de um códon de parada antes da sua iniciação; contudo, em uma parte dessas mensagens, o códon de parada está ausente e as proteínas Pol são traduzidas. [Modificada de JM Coffin, em BN Fields, DM Knipe (eds.): Fields Virology. New York, Raven, 1990; com autorização.] Os genom as dos retrovírus incluem seqüências codificadoras e não codificadoras (Fig. 188.2). Em geral, as seqüências não codifi cadoras são sinais de reconhecim ento im portantes para as etapas de síntese ou processam ento do DNA ou do RNA e estão localizadas nas regiões term inais 5' e 3' do genom a. Todos os genom as retrovirais são redundantes em sua extrem idade porque contêm seqüências idênticas conhecidas com o repetições terminais longas (RTL). As ex trem idades do genom a de RNA dos retrovírus são ligeiram ente dife rentes da seqüência do DNA retroviral incorporado. Neste últim o, as seqüências de RTL estão repetidas nas term inações 5' e 3' do vírus. As RTL contêm seqüências envolvidas na iniciação da expressão das proteínas virais, na integração do provírus e na poliadenilação dos RNA virais. O sítio de ligação prom otora, que é fundam ental para a iniciação da transcrição reversa, assim com o as seqüências de em pa cotam ento viral, estão localizados fora das seqüências das RTL. As
regiões codificadoras incluem os genes gag (antígeno grupo-específico, proteína nuclear), pol (D N A -polim erase dependente do RNA) e env (envoltório). O gene gag codifica um polipeptídio precursor que é clivado para form ar três a cinco proteínas capsídicas; um a fração das proteínas precursoras Gag tam bém contém um a protease res ponsável pela clivagem das poliproteínas Gag e Pol. A poliproteína Gag-Pol origina a protease responsável pela clivagem de si própria. O genep o l codifica três proteínas: a transcriptase reversa, a integrase e a protease. A transcriptase reversa copia o RNA viral em provírus de DNA de hélice dupla, que é incorporado ao DNA da célula h o s pedeira por m eio da integrase. A protease faz a clivagem da polipro teína Gag-Pol em produtos proteicos m enores. O gene env codifica as glicoproteínas do envoltório viral: um a proteína que se liga aos receptores específicos da superfície e determ in a quais são os tipos celulares que podem ser infectados e um a proteína transm em brana m enor, que ancora o complexo ao envoltório. A Figura 188.3 ilustra com o os produtos dos genes dos retrovírus constituem sua estrutura. Os HTLV têm um a região entre o gene env e a RTL 3' que codi fica várias proteínas e transcritos em fase de leitura superpostas (Fig. 188.2). A Tax é um a proteína de 40 kDa que não se liga ao DNA, mas induz a expressão dos fatores de transcrição da célula hospedeira que alteram a expressão dos seus genes; esta p roteína é capaz de induzir a transform ação celular em determ inadas condições. A Rex é um a proteína de 27 kDa que regula a expressão dos m RNA virais. O utros transcritos dessa região (p l2 , p l3 , p30) tendem a lim itar a expressão dos genes virais e dim inuem a im unogenicidade das células infecta das. A HBZ é um produto da hélice de DNA proviral com plem entar e sua proteína interage com m uitos fatores de transcrição e proteínas de sinalização celulares. A HBZ estim ula a proliferação das células infectadas e é o único p ro d u to viral expresso p or todas as células tum orais infectadas pelo HTLV-I. Essas proteínas são produzidas a p a rtir de m ensagens sem elhantes, m as que são cortadas dos éxons superpostos, em bora diferentes. Os lentivírus em geral e o HIV-1 e o HIV -2 em particular co n têm genom as m aiores que os dos outros retrovírus patogênicos. Esses vírus têm um a região não transladada entre os genes pol e env que codifica partes de várias proteínas, dependendo da fase de leitura a p a rtir da qual o m RNA é cortado. A Tat é u m a p roteína de 14 kDa que am plia a expressão do vírus a p a rtir das RTL. A proteína Rev do HIV-1, sem elhante à proteína Rex do HTLV, regula o entrelaçam en to e/ou o transporte do RNA. A proteína N ef hiporregula o CD4, o receptor celular do HIV; altera as vias de ativação dos linfócitos T do hospedeiro; e acentua a infectividade viral. A proteína Vif é ne cessária à m ontagem apropriada do centro nucleoproteico do H IV em alguns tipos de células; sem esta proteína, o DNA do provírus não seria produzido de m aneira eficiente nessas células infectadas. Além disso, a proteína V if atua no APOBEC (polipeptídio catalíti co da enzim a que edita o m RNA da apolipoproteína B, ou seja, um a citidinadesam inase que transform a a seqüência viral) para degradar o proteassom o e, desta m aneira, bloquear seu efeito supressor viral. A Vpr, a Vpu (específica do HIV -1) e a Vpx (específica do HIV-2) são proteínas virais codificadas p o r tradução da m esm a m ensagem em diferentes fases de leitura. C om o já foi salientado, os retrovírus oncogênicos dependem da proliferação celular para sua replicação; os lentivírus podem infectar células que não estão em divisão, p rin cipalm ente pelos efeitos m ediados pela Vpr. Essa proteína facilita o transporte do provírus para d entro do núcleo e pode induzir outras alterações celulares, como, p o r exemplo, a parada do crescim ento em G2 e a diferenciação de algum as células-alvo. A Vpx é estruturalm en te sem elhante à Vpr, m as suas funções não estão bem esclarecidas. A Vpu prom ove a degradação do CD 4 no retículo endoplasm ático e estim ula a liberação de vírions pelas células infectadas. Os retrovírus podem ser adquiridos p o r infecção exógena (in fecção p or um a célula infectada ou um virion livre capaz de replicar-se) ou ser transm itidos na linhagem germ inativa sob a form a de um vírus endógeno. Os retrovírus endógenos geralm ente não têm capa-
NV
cidade de replicação. O genom a h u m ano contém seqüências retrovirais endógenas, m as não existem re tro POL GAG vírus endógenos h u m an o s capazes de replicar-se. Em geral, os vírus que contêm RTL RTL apenas os genes gag, pol e env não HTLV-I, I são patogênicos ou d em oram m u i to tem po para causar doença; estas observações indicam a im portância dos outros genes reguladores na pa togenia das doenças virais. A pato genia da transform ação neoplásica pelos retrovírus depende da incor RTL poração randôm ica do provírus em HIV-1 | GP41 i RT IN ip 2 3 || ■ G P 120 'I P17 | P24 | P7 I u m a p arte do genom a, resultando ■ — TAT, p14 — r p66 |p 10| GAG I P32 na expressão de um gene (protoPR P OL REV, p19 -oncogene) celular que se tra n s form e em razão da sua expressão NEF V P X V PR RTL hiperregulada. Por exemplo, o vírus ENV V IF Í HIV-2 da leucose aviária causa leucem ia de GAG células B induzindo a expressão do TAT P OL REV myc. A lguns retrovírus possuem ge nes capturados e alterados nas p ro Figura 188.2 Estrutura genômica dos retrovírus. 0 vírus da leucemia murina MuLV possui os três genes estruturais xim idades do seu local de integra típicos: gag, pole env. A região gag1origina três proteínas: as proteínas da matriz (MA), do capsídio (CA) e de ligação do ácido ção e esses oncogenes virais podem nucleico (NC). A região po/codifica uma protease (PR) responsável pela clivagem das poliproteínas virais e uma transcriptase tra n s fo rm a r a célula h o sp e d e ira reversa (RT). Além disso, o gene pol do HIV codifica uma integrase (IN). A região env codifica uma proteína de superfície (SU) e uma proteína transmembrana pequena (TM). Os retrovírus humanos possuem outros produtos gênicos transladados por infectada. Os vírus que têm oncoge cada uma das três estruturas de leitura possíveis. 0 HTLV-I e o HTLV-II têm os genes taxe rex, com éxons de cada lado do nes frequentem ente perderam um a gene env. 0 HIV-1 e o HIV-2 têm seis produtos gênicos acessórios: tat, rev, vit; nef, vpre vpu (no HIV-1) ou vpx(m HIV-2). p a rte do seu genom a necessária à Os genes dessas proteínas estão localizados principalmente entre os genes pol e env. RTL, repetição terminal longa; GP, replicação. Esses m icrorganism os glicoproteína; HBZ, proteína contendo o domínio do zíper de leucina básica do HTLV-I. necessitam de vírus auxiliares para se reproduzirem e isto pode explicar porque esses retrovírus transform a dores agudos são raros na natureza. Todos os retrovírus hum anos identificados até hoje são exógenos e não causam transform ação agu da (isto é, não possuem oncogenes transform adores). Essas propriedades notáveis dos retrovírus suscitaram esforços experim entais no sentido de utilizá-los com o vetores para inserir genes específicos em d eterm inados tipos celulares, um processo co nhecido com o terapia gênica ou transferência de genes. Esse processo poderia ser utilizado para reparar u m a falha genética ou introduzir um a nova propriedade que po d eria ser usada com finalidades tera HTLV-I HIV-1 pêuticas; p o r exem plo, seria possível inserir um gene (p. ex., tim i gp46 g p i 20 SU dinoquinase) que tornasse a célula tu m o ral suscetível à destruição TM gp4i P21 p o r um fárm aco (p. ex., ganciclovir). U m fato preocupante quanto à utilização de vetores retrovirais nos seres hum anos é que os vírus NC p15 P7 com capacidade de replicação p o d e ria m reiniciar sua replicação, p14 PR p 10 acarretando resultados im previsíveis. Essa preocupação não é m e p 66 RT p95 ram ente teórica: a detecção de proteínas codificadas p or seqüências retrovirais endógenas na superfície das células m alignas significa que IN p32 — os eventos genéticos que originaram o câncer foram capazes de ativar MA p19 P17 a síntese desses genes, que geralm ente estão desativados. p24 CA p24 RTL
RTL
MuLV
J |j
Doenças Infecciosas
RNA 9kb
10kb
Figura 188.3 Ilustração esquemática da estrutura dos retrovírus huma nos. A glicoproteína de superfície (SU) é responsável pela ligação aos receptores
das células hospedeiras. A proteína transmembrana (TM) ancora a SU ao vírus. A NC é uma proteína de ligação dos ácidos nucleicos encontrada em associação com o RNA viral. Uma protease (PR) cliva as poliproteínas codificadas pelos genes gag, pol e ewpara gerar seus componentes funcionais. RT é a transcriptase reversa e IN é uma integrase presente em alguns retrovírus (p. ex., HIV-1), que facilita a inserção do provírus no genoma do hospedeiro. A proteína matricial (MA) é uma proteína Gag diretamente associada ao lipídio do envoltório. A proteína capsídica (CA) constitui a estrutura interna predominante do vírus, também conhecida como cápsula nuclear.
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VIRUS LINFOTROPICO DE CÉLULAS T HUMANAS O HTLV-I foi isolado em 1980 de u m a linhagem do linfom a de células T de um paciente que, inicialm ente, parecia ter linfom a de células T cutâneo. M ais tarde, ficou claro que esse paciente tin h a um tipo diferente de linfom a (descrito originalm ente n o Japão), que passou a ser conhecido com o linfom a/leucem ia de células T do adul to (LTA). E studos sorológicos d e te rm in a ra m que o HTLV-I era a causa de pelo m enos duas doenças im portantes: LTA e paraparesia espástica tropical, tam bém conhecida com o mielopatia associada ao H T LV -I (M A H ). O HTLV-I tam b ém p o d e d e sem p en h ar um papel im p o rta n te na derm atite infecciosa, na artrite, na uveite e na sín drom e de Sjõgren.
Dois anos depois do isolam ento do HTLV-I, o HTLV-II foi iso lado de um paciente que apresentava um a form a incom um de tricoleucem ia de células T. Estudos epidem iológicos do HTLV-II não con seguiram revelar um a correlação consistente com qualquer doença.
■ BIOLOGIA E BIOLOGIA MOLECULAR Com o a biologia do HTLV-I e do HTLV-II é sem elhante, a discussão seguinte enfatizará o prim eiro vírus. N os seres h u m an o s, a p ro teín a 1 tra n s p o rta d o ra de g lico se (GLUT-1) funciona com o receptor do HTLV-I, provavelm ente atuando junto com a neuropilina-1 (NRP1) e os proteoglicanos com sulfato de heparano. Em geral, apenas as células T são infectadas p ro dutivam ente, m as a infecção dos linfócitos B e de outros tipos de célu las é detectada ocasionalm ente. O resultado mais com um da infecção pelo HTLV-I é o estado de p ortador latente do provírus incorporado random icam ente aos linfócitos T CD4+. Esse vírus não possui um oncogene e não é inserido em um único segm ento do genom a. Na verdade, a m aioria das células infectadas não expressa produtos dos genes virais. O único produto viral expresso rotineiram ente pelas cé lulas tum orais transform adas pelo HTLV-I in vivo é a HBZ. O gene tax parece ser essencial ao processo de transform ação, m as não está expresso nas células tum orais de m uitos pacientes com LTA, possi velm ente em razão da im unogenicidade das células que expressam este gene. Por outro lado, as células transform adas in vitro transcre vem ativam ente o RNA do HTLV-I e produzem vírions infecciosos. A m aioria das linhagens celulares transform adas p or esse vírus resul ta da infecção de linfócitos T norm ais in vitro. É difícil determ inar as linhagens celulares derivadas das células originais do LTA. E m bora o gene tax propriam ente dito não se ligue ao DNA, ele induz a expressão de grande variedade de produtos gênicos das célu las hospedeiras, inclusive fatores de transcrição (especialm ente c-rel/ NF-kB, ets-1 e 2 e com ponentes da família fos/jun), citocinas (p. ex., interleucina [IL] 2, fator estim ulador de colônias de granulócitos-m acrófagos e fator de necrose tum oral [TNF]) e proteínas e recep tores da m em brana (m oléculas de histocom patibilidade principal [MHC] e receptor oi da IL-2). Os genes ativados pelo tax geralm ente são controlados p or fatores de transcrição do c-rel/NF-KB e p or fa mílias de proteína de ligação do elem ento de resposta do AMP cíclico (CREB). A inda não está claro com o essa indução da expressão dos genes da célula receptora resulta na transform ação neoplásica; o gene tax pode interferir nas etapas de controle do ciclo celular m itótico e G p bloquear a apoptose, inibir a reparação do DNA e prom over a proliferação dos linfócitos T independente de antígenos. A indução de um a via autócrina das citocinas autócrinos foi sugerida com o ex
plicação; contudo, a IL-2 não é a citocina fundam ental. O utros auto res sugeriram a participação da IL-4, da IL-7 e da IL-15. Em vista da expressão heterogênea do gene tax nas células do LTA, alguns pesquisadores sugeriram que ele seja im p o rtan te nas fases iniciais da transform ação, m as que não seja essencial à m an u tenção do estado transform ado. A função de m anutenção parece ser desem penhada pela expressão do gene hbz. C om o ficou evidente na epidem iologia da infecção pelo HTLV-I, a transform ação de um a cé lula infectada é rara e pode d epender de um segundo, terceiro ou quarto grupo de genes heterogêneos. Não existem quaisquer an o r m alidades crom ossôm icas consistentem ente descritas no LTA; entre tanto, a aneuploidia é com um e foram relatados alguns casos com m utações da p53 e translocações envolvendo os genes dos receptores de células T situados no crom ossom o 14. O gene tax pode expressar algumas enzim as de reparação do DNA, perm itindo a acum ulação de danos genéticos que n o rm alm ente teriam sido reparados. C ontudo, a patogenia m olecular da neoplasia induzida pelo HTLV-I não está com pletam ente esclarecida.
■ ASPECTOS PRINCIPAIS DA INFECÇÃO PELO HTLV-I Epidemiologia
Retrovírus Humanos
A infecção pelo HTLV-I é tran sm itid a p o r n o m ín im o três m ecanis mos: da m ãe para o filho, p rin cip alm en te pelo leite m aterno; p o r relações sexuais, m ais com um ente dos h o m en s para as m ulheres; e pelo sangue - p o r transfusões ou agulhas contam inadas. O vírus é transm itido m ais co m u m en te no p e río d o perinatal. Em com para ção com o HIV, que po d e ser tra n sm itid o em sua form a livre, o HTLV-I é m enos infeccioso e sua tran sm issão geralm ente requer contatos intercelulares. O HTLV-I é endêm ico no sudoeste do Japão e em O kinawa, onde m ais de 1 m ilhão de pessoas estão infectadas. Os anticorpos contra esse vírus são detectáveis nos soros de até 35% da população de O kinaw a, em 10% dos residentes da ilha japonesa de Kyushu e em m enos de 1% dos habitantes de regiões não endêm icas do Japão. A pesar dessa alta prevalência de infecção, anualm ente são diagnosticados apenas cerca de 500 casos de LTA nessa região. A grupam entos de casos dessa infecção tam bém foram detectados em outras áreas do O riente, inclusive Taiwan; na bacia do Caribe, inclusive nordeste da A m érica do Sul; no noroeste da A m é rica do Sul; no centro e no sul da África; na Itália, Israel, Irã e Papua Nova Guiné; no Á rtico; e na região sudeste dos EUA (Fig. 188.4). Algumas estim ativas sugerem que 15 a 20 m ilhões de pessoas estejam infectadas pelo HTLV-I em todo o m undo. A m ielopatia espástica ou atáxica progressiva que se desenvolve nos indivíduos com sorologia p o sitiva para HTLV-I (isto é, que têm anticorpos séricos para este vírus) po d e ser causada pela infecção di reta do sistem a nervoso pelo vírus, m as a destruição dos tratos piram idais parece envolver as células T C D 4+ infectadas pelo HTLV-I; um distúrbio sem elhante pode ser causadcTpela infecção pelo HIV ou HTLV-II. Em casos raros, pacien tes com M A H são soronegativos, m as têm a n tic o rp o s detectáveis contra o HTLV-I no líquido cerebrospinal (LCS). O risco cum ulativo de desen volver LTA ao longo da vida é de 3% entre os pacientes infectados Figura 188.4 Distribuição mundial da infecção pelo HTLV-I. Os países com prevalência de infecção pelo HTLV-I pelo HTLV-I, com risco três vezes entre 1 e 5% estão assinalados em vermelho. Observe que a distribuição dos pacientes infectados não é uniforme nos países m aio r entre os hom ens que entre endêmicos. Por exemplo, os habitantes do sudoeste do Japão e do nordeste do Brasil são mais comumente afetados que os as m ulheres; u m risco c u m u la
indivíduos que vivem em outras regiões destes países.
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tivo sem elhante foi calculado para a M A H (4%), m as as m ulheres são m ais com um ente afetadas que os hom ens. As distribuições des sas duas doenças superpõem -se à distribuição do HTLV-I, porque m ais de 95% dos pacientes afetados m ostram evidência sorológica de infecção p or este vírus. O período de latência entre a infecção e o aparecim ento do LTA é de 20 a 30 anos. N o caso da M AH, o p e ríodo m édio de latência é de cerca de 3,3 anos (variação: 4 m eses a 30 anos). O desenvolvim ento de LTA é raro entre pacientes infec tados p o r hem ocom ponentes; contudo, cerca de 20% dos pacientes com M A H adquirem o HTLV-I p or m eio de sangue contam inado. O LTA é m ais com um nos indivíduos infectados no período perinatal, enquanto a M AH é m ais freqüente nos indivíduos infectados p or re lações sexuais.
Doenças associadas LTA Existem quatro tipos clínicos de neoplasias induzidas pelo HTLV-I: aguda, linfom atosa, crônica e latente. Todos esses tum ores são proliferações m onoclonais das células T pós-tím icas CD4+ com integrações do provírus e rearranjos dos genes para os receptores de células T desses linfócitos.
Doenças Infecciosas
LTA agudo Cerca de 60% dos pacientes que desenvolvem neoplasia m aligna têm LTA agudo clássico, que se caracteriza p o r um pródrom o clínico curto (cerca de duas sem anas entre os p rim eiros sintom as e o diagnóstico) e história natural agressiva (sobrevida m édia de seis meses). O quadro clínico é d om inado p o r lesões cutâneas rap id a m ente progressivas, acom etim ento pulm onar, hipercalcem ia e linfocitose com células contendo núcleos lobulados ou “em form ato de flor” (Fig. 110.10). As células m alignas têm integrações provirais m o noclonais e expressam CD4, CD3 e CD25 (receptores de baixa afini dade para IL-2) em sua superfície. Os níveis séricos do CD25 podem ser utilizados com o m arcador tum oral. A nem ia e trom bocitopenia são raras. As lesões cutâneas p odem ser difíceis de diferenciar da m i cose fungoide. As lesões osteolíticas são com uns e não contêm células tum orais, m as são com postas de células osteolíticas, geralm ente sem atividade osteoblástica. Apesar do quadro leucêm ico, na m aioria dos casos há acom etim ento irregular da m edula óssea. A hipercalcem ia do LTA é m ultifatorial; as células tum orais p ro duzem fatores de ativação dos osteoclastos (fator a de necrose tu m oral, IL-1, linfotoxina) e tam bém podem sintetizar um a m olécula sem elhante ao paratorm ônio. Os pacientes afetados têm im unodefi ciência associada, o que os torna suscetíveis às infecções o portunistas sem elhantes às observadas nos pacientes com Aids (Cap. 189). A p a togenia da im unodeficiência é desconhecida. Os infiltrados p u lm o nares detectados nos pacientes com LTA refletem a infiltração leucê m ica em 50% dos casos e infecções oportunistas p o r m icrorganism os com o Pneumocystis e outros fungos na fração restante. Os sinais e os sintom as gastrintestinais quase sem pre estão relacionados com as in fecções oportunistas. O Strongyloides stercoralis é u m parasito intes tinal com padrão de distribuição endêm ica sem elhante ao do HTLV-I. Os indivíduos infectados p o r esse vírus e tam bém pelo parasito podem desenvolver LTA em m enos tem po ou com m ais rapidez que os pacientes que não estão infectados p o r Strongyloides. As concen trações séricas da desidrogenase láctica (LDH) e da fosfatase alcalina com um ente estão elevadas no LTA. Cerca de 10% dos pacientes têm acom etim ento das leptom eninges que acarreta fraqueza, alterações do estado m ental, parestesia e/ou cefaleia. Ao c o ntrário das outras form as de linfom a do sistem a nervoso central (SNC), o LTA pode ter níveis norm ais de proteínas no LCS. O diagnóstico depende da dem onstração de células de LTA no LCS (Cap. 110). LTA linfomatoso O tipo linfom atoso do LTA ocorre em cerca de 20% dos pacientes e é sem elhante à form a aguda p o r sua história natural e evolução clínica, exceto que as células anorm ais circulantes são ra ras e há linfadenopatia. A histologia do linfom a é variável, m as não influencia a história natural. Em geral, o diagnóstico é sugerido pelo local de nascim ento do paciente (ver “Epidem iologia” nos parágrafos anteriores) e pela existência de lesões cutâneas com hipercalcem ia.
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O diagnóstico é confirm ado pela detecção de anticorpos contra o HTLV-I no soro. LTA crônico Os pacientes com a form a crônica do LTA geralm ente têm níveis norm ais de cálcio e lactato-desidrogenase, m as não apre sentam acom etim ento do SNC, dos ossos ou do trato gastrintestinal. A sobrevida m édia desses pacientes é de dois anos. Em alguns casos, o LTA crônico progride para a form a aguda da doença. LTA latente M enos de 5% dos pacientes têm a form a latente do LTA. Nesses casos, as células m alignas m ostram incorporação do provírus às células m onoclonais; m enos de 5% das células sanguíneas p e ri féricas apresentam anorm alidades m orfológicas típicas; os pacientes não têm hipercalcem ia, linfadenopatia e hepatosplenom egalia; não há acom etim ento do SNC, dos ossos e do trato gastrintestinal; e as lesões cutâneas e p ulm onares p o d em estar presentes. A sobrevida m édia desse subgrupo pequeno de pacientes parece ser > 5 anos. MAH (paraparesia espástica tropical) Ao con trário do LTA, n o qual há ligeiro p redom ínio n o sexo m asculino, a M A H afeta as m ulheres com m ais frequência. Essa doença é sem elhante à esclerose m ú lti pla sob alguns aspectos (C ap. 380). O início é insidioso e os sinais e sintom as incluem fraqueza ou rigidez em u m a ou am bas as pernas, d or lo m b ar e in co n tin ên c ia u rin ária. As an o rm alid ad es sensoriais geralm ente são b ran d as, m as alguns p acientes p o d e m ter n e u ro p atia periférica. Em geral, a do en ça assum e a form a de m ielopatia torácica len tam en te progressiva e in in te rru p ta ; u m terço dos p a cientes fica lim itado ao leito d e n tro de 10 anos depois do d iagnós tico e 50% não conseguem a n d ar sem ajuda nessa fase da doença. O s pacientes apresentam p araparesia ou paraplegia espástica com hiperreflexia, clono do to rn o zelo e respostas plantares extensoras. A função cognitiva g eralm ente é p reservada e as anorm alidades dos nervos cranianos são raras. A RM dem onstra lesões da substância branca e das regiões paraventriculares do cérebro e da m edula espinal. O exame patológico da m edula m ostra degeneração sim étrica das colunas laterais, inclu sive dos tratos corticoespinais, m as alguns casos tam bém afetam as colunas posteriores. O p arênquim a e as m eninges espinais contêm infiltrados inflam atórios que destroem a m ielina. O HTLV-I geralm ente não é detectado nas células do SNC, m as pode ser isolado em um a pequena população de linfócitos presentes no LCS. Em geral, a replicação do vírus é m aior na M A H que no LTA e os pacientes com esta prim eira doença têm respostas im unes m ais vigorosas ao vírus. A nticorpos contra o HTLV-I estão presentes no soro e parecem ser p roduzidos no LCS dos pacientes com M AH, nos quais os títulos geralm ente são m ais altos que no soro. A fisio patologia da M A H pode envolver a indução da destruição autoim u ne das células neurais pelos linfócitos T com especificidade para os com ponentes virais (proteínas Tax ou Env). U m a teoria sugere que a suscetibilidade à M A H possa estar relacionada com a presença de alelos dos antígenos leucocitários hu m an o s (HLA) capazes de apre sentar os antígenos virais de m o d o a desencadear autoim unidade. N ão existem dados suficientes p ara co n firm ar a associação com o sistem a HLA. E ntretanto, os a nticorpos séricos dos pacientes com M A H ligam -se a um antígeno específico dos neu rô n io s [proteína ribonuclear heteronuclear A l (hnR N P A4)-e interferem com a neurotransm issão in vitro. A inda não se sabe quais fatores determ inam se a infecção pelo HTLV-I causará doença e, neste caso, se desencadeará um a neoplasia (LTA) ou um distúrbio autoim une (M A H). As diferenças das cepas virais, a suscetibilidade de determ inados haplótipos do M H C, a via de infecção pelo HTLV-I, a carga viral e o tipo de resposta im une desencadeada pelo vírus são fatores potenciais, m as existem poucos dados definitivos. Outras doenças potencialmente relacionadas com o HTLV-I Nas re giões em que o HTLV-I é endêm ico, várias doenças inflam atórias e autoim unes foram atribuídas a este vírus, inclusive uveite, derm atite, pneum onite, artrite reum atoide e polim iosite. C ontudo, as relações etiológicas entre o HTLV-I e essas doenças não foram estabelecidas.
■ PROFILAXIA As m ulheres que vivem nas regiões endêm icas não devem am am en tar seus filhos e os doadores de sangue devem ser triados para an ti corpos séricos contra o HTLV-I. Assim com o ocorre com a profilaxia da infecção pelo HIV, a prática de sexo seguro e o uso de seringas descartáveis individuais são m edidas im portantes.
TRATAMENTO
Infecção pelo HTLV-I
Para o pequeno núm ero de pacientes que desenvolvem doenças associadas ao HTLV-I não existem tratam entos que levem à cura. Nos pacientes com os tipos agudo e linfom atoso de LTA, a doença progride rapidam ente. Em geral, a hipercalcem ia é controlada com glicocorticoides e fárm acos citotóxicos dirigidos contra a neoplasia. O tum or responde m uito bem à poliquim ioterapia u ti lizada contra outros tipos de linfom a; contudo, os pacientes são suscetíveis às infecções oportunistas e bacterianas incontroláveis e, na m aioria dos casos, o LTA recidiva dentro de 4 a 10 m eses depois da remissão. A com binação de in te rfero n -a e zidovudina pode am pliar a sobrevida. Com o a replicação viral não está direta m ente associada à progressão do LTA, a zidovudina provavelm en te é eficaz por seus efeitos citotóxicos (ou seja, com o um análogo da tim idina que interrom pe a form ação das cadeias), mais do que po r seus efeitos antivirais. Um tratam ento experim ental com um anticorpo m arcado com ítrio-90 ou conjugado com toxina dirigi da contra o receptor da IL-2 parece ser prom issor, m as não está am plam ente disponível. Os pacientes com a form a crônica ou latente de LTA podem ser abordados p o r m eio de um a conduta expectante: tratar quaisquer infecções, m o n ito rar e aguardar os sinais de progressão para doença aguda. Os pacientes com M A H podem ter algum a m elhora com o tratam ento corticoide para reduzir a inflam ação. Os esquem as anti-retrovirais não foram eficazes. Em um estudo, o danazol (200 mg, 3x/dia) produziu m elhora neurológica significativa em cinco dos seis pacientes tratados, com regressão da incontinência u ri nária em dois casos, redução da espasticidade em três pacientes e recuperação da capacidade de andar depois da lim itação à cadeira de rodas em dois casos. A fisioterapia e a reabilitação são com po nentes im portantes do tratam ento.
delphia e San A ntonio era de 20,9%, dos quais m ais de 97% dos casos eram devidos ao HTLV-II. A soroprevalência do HTLV-II era m aior no sudoeste e no m eio-oeste que no nordeste do país. Por outro lado, a soroprevalência do HIV-1 era m aior no nordeste que no sudoeste ou no m eio-oeste. C erca de 3% dos m em bros dessa coorte estavam infectados sim ultaneam ente pelo HTLV-I e HTLV-II. A soropreva lência do HTLV-II aum entava linearm ente com a idade. As m ulheres eram significativam ente m ais suscetíveis à infecção pelo HTLV-II que os hom ens e o vírus parecia ser transm itido com m ais eficiência de hom ens para m ulheres que destas p ara os hom ens.
Doenças associadas E m bora o HTLV-II ten h a sido isolado de u m p aciente com u m a variante de células T da tricoleucem ia, este v írus não foi consistentem ente associado a q u alquer doença específica e, na verdade, tem sido descrito com o “um vírus à p ro c u ra de u m a doença”. E n tre tan to, acum ulam -se evidências de que o HTLV-II possa d esem penhar um papel im p o rta n te em algum as doenças neurológicas, h e m a to lógicas e derm atológicas. Esses dados precisam ser confirm ados, prin cip alm en te em vista da co n fu são c itad a antes em to rn o das prevalências relativas do HTLV-I e do HTLV-II entre usuários de drogas injetáveis.
Profilaxia Evitar o uso com partilhado de agulhas, a d erir às práticas de sexo seguro, realizar a triagem do sangue (por ensaios para HTLV-I, que tam bém detectam HTLV-II) e evitar a am am entação p o r m ulheres infectadas são m edidas im portantes para a profilaxia da dissem ina ção do HTLV-II.
VIRUS DA IMUNODEFICIENCIA HUMANA O HIV-1 e o HIV-2 fazem p arte da subfam ília lentivírus da família Retroviridae e são os únicos lentivírus conhecidos capazes de infectar seres hum anos. Os lentivírus agem lentam ente quando com parados com os vírus que causam infecção aguda (p. ex., vírus influenza), mas não quando com parados com outros retrovírus. As m anifestações clínicas da infecção prim ária aguda pelo H IV são sem elhantes às das infecções agudas m ais clássicas. A cronicidade característica da doença causada pelo H IV é com patível com a designação lentivírus. Ver descrição d etalh ad a do H IV no Cap. 189.
BIBLIOGRAFIA ASPECTOS PRINCIPAIS DA INFECÇÃO PELO HTLV-II Epidemiologia
Retrovírus Humanos
O HTLV-II é endêm ico em algum as tribos norteam ericanas e na África. Em geral, esse m icrorganism o é considerado um vírus do N ovo M undo trazido da Ásia p ara as Am éricas há cerca de 10.000 a 40.000 anos durante a m igração de populações infectadas pelo estreito de Bering. O m ecanism o de transm issão do HTLV-II provavelm ente é idêntico ao do HTLV-I (ver parágrafos anteriores). O HTLV-II pode ser transm itido m ais facilm ente pelas relações sexuais que o HTLV-I. Estudos realizados em coortes num erosas de usuários de drogas injetáveis com ensaios sorológicos capazes de diferenciar confiavelm ente o HTLV-I do HTLV-II indicaram que a grande m aioria dos pacientes positivos para HTLV estava infectada pelo tipo II. A preva lência sorológica do HTLV em um a coorte de 7.841 usuários de d ro gas injetáveis atendidos nos centros de tratam en to de dependentes de drogas de Baltimore, Chicago, Los Angeles, New Jersey (Asbury Park e Trenton), cidade de Nova Iorque (Brooklyn e Harlem ), Phila-
Boxus M, W i l l e m s L: Mechanisms of HTLV-1 persistence and transformation. Br J Cancer 101:1497, 2009 Lee SM et al: HTLV-1 induced molecular mimicry in neurological disease. Curr Top Microbiol Immunol 296:125, 2005 L e g r o s S et al: Protein-protein interactions and gene expression regulation in HTLV-l-infected cells. Front Biosci 14:4138,2009 M a t s u o k a M, Je a n g KT: Human T-cell leukaemia virus type 1 (HTLV-1) infectivity and cellular transformation. Nat Rev Cancer 7:270,2007 M o r i N: Cell signaling modifiers for molecular targeted therapy in ATLL. Front Biosci 14:1479, 2009 N y b o r g JK et al: The HTLV-1 Tax protein: Revealing mechanisms of transcriptional activation through histone acetylation and nucleosome disassembly. Biochim Biophys Acta 1799:266, 2010 P r o i e t t i FA et al: Global epidemiology of HTLV-I infection and associated diseases. Oncogene 24:6058,2005 T s u k a s a k i K et al: Definition, prognostic factors, treatment, and response criteria of adult-T-cell leukemia-lymphoma: A proposal from an international consensus meeting. J Clin Oncol 27:453, 2008
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CAPÍTULO 1 8 9 ^ Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência Humana: Aids e Distúrbios Relacionados Anthony S. Fauci H. Clifford Lane
Doenças Infecciosas 1506
A Aids foi reconhecida pela prim eira vez nos EUA no verão de 1981, quando os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) relata ram a ocorrência inexplicável de pneum onia p or Pneumocystis jiroveci (antes denom inado P. carinii) em cinco hom ossexuais m asculinos previam ente sadios de Los Angeles e de sarcom as de Kaposi (SK) com ou sem pneum onia p or P. jiroveci em 26 hom ossexuais m as culinos tam bém previam ente saudáveis de New York e Los Angeles. Pouco depois, a doença foi diagnosticada nos usuários de drogas in jetáveis (UDI) de ambos os sexos; nos hem ofílicos e nos receptores de transfusões sanguíneas; nas parceiras sexuais dos hom ens com Aids; e nos lactentes nascidos de m ães com Aids ou história de uso de d ro gas injetáveis. Em 1983, o vírus da im unodeficiência h um ana (HIV) foi isolado de um paciente com linfadenopatia e, em 1984, ficou cla ram ente com provado que este vírus era o agente etiológico da Aids. Em 1985, pesquisadores desenvolveram um ensaio im unossorvente ligado a enzim a (ELISA) sensível, que p erm itiu avaliar o alcance e a evolução da epidem ia do HIV, prim eiram ente nos EUA e em outros países desenvolvidos e, po r fim, nos países em desenvolvim ento de todas as regiões do m undo (ver “Infecção p o r H IV e Aids no m undo”, adiante). A evolução m undial surpreendente da pandem ia do HIV acom panhou-se de um a explosão de inform ações nos cam pos da virologia do HIV, patogenia (im unológica e virológica), tratam ento da doença causada pelo vírus, tratam en to e profilaxia das doenças oportunistas associadas à infecção pelo HIV, profilaxia das infecções e desenvolvim ento de vacinas. O volum e de inform ações relativas às doenças causadas pelo H IV é enorm e e continua a aum entar e, hoje, é praticam ente im possível ao m édico generalista m anter-se atuali zado com a literatura. O objetivo deste capítulo é apresentar as in form ações m ais recentes sobre o alcance da epidem ia; a patogenia, o tratam ento e a profilaxia; e as perspectivas de desenvolvim ento de vacinas. Acima de tudo, o capítulo tem o propósito de fornecer um a base científica sólida e diretrizes clínicas práticas para a abordagem atualizada aos pacientes infectados pelo HIV.
■ DEFINIÇÃO O sistem a de classificação atual dos C D C p ara os adolescentes e adultos infectados pelo H IV classifica os indivíduos com base nas afecções clínicas associadas à infecção pelo vírus e nas contagens de linfócitos T CD4+. O sistem a baseia-se em três faixas de contagens de linfócitos T CD4+ e em três categorias clínicas e é representado por um a m atriz de nove categorias m utuam ente excludentes (Q u a d ro 189.1 e 189.2). De acordo com esse sistem a, qualquer indivíduo infectado pelo HIV com contagem de células T CD 4+ < 200/pL tem Aids po r definição, independentem ente da presença de sintom as ou doenças oportunistas (Q uadro 189.1). Depois que os pacientes apre sentam um distúrbio clínico da categoria B, a classificação de sua doença não pode reverter para a categoria A, m esm o que o distúrbio regrida; o m esm o ocorre com a categoria C em relação à categoria B. A definição da Aids é complexa e abrangente e não foi desenvol vida para orientar os aspectos práticos da assistência aos pacientes, m as para fins de vigilância epidem iológica. Desse, o m édico não deve preocupar-se com o fato de o paciente adequar-se ou não à definição estrita de Aids, m as considerar a doença causada pelo H IV com o um espectro que inclui infecção prim ária com ou sem a síndrom e aguda,
QUADRO 189.1 Sistem a de classificação revisto em 1 9 93 para infecção pelo HIV e definição am pliada de casos para vigilância epidem iológica da aids dos adolescentes e dos adultos Categorias clínicas A: infecção assintomática, aguda (primária) por HIV, ou LGP6
B: distúrbios sintomáticos, não classificáveis em A ou C
> 500/jjlL
A1
B1
C1
200 a 499/|xL
A2
B2
C2
< 200/|jlL
A3
B3
C3
Categorias: de contagens de células TCD4+
C: condições que definem Aids
\GP, linfadenopatia generalizada progressiva.
Fonte: MMWR 42(No RR-17), 18 de dezembro de 1992.
período assintom ático e doenças oportunistas avançadas (ver “Fisio patologia e patogenia” adiante).
AGENTE ETIOLÓGICO O agente etiológico da Aids é o HIV, que pertence à fam ília dos re trovírus hum anos (Retroviridae) e à subfam ília dos lentivírus (Cap. 188). Os lentivírus não oncogênicos causam doença em outras espé cies anim ais com o ovinos, eqüinos, caprinos, bovinos, felídeos e sí mios. Os retrovírus que com provadam ente causam doença nos seres hum anos pertencem a dois grupos distintos: os vírus linfotrópicos T hum anos (HTLV)-I e HTLV-II, que são retrovírus transform adores; e os vírus da im unodeficiência hum ana, HIV-1 e HIV-2, que causam efeitos citopáticos diretos ou indiretos (Cap. 188). No m undo intei ro e certam ente nos EUA, a causa m ais com um da doença causada pelo HIV é o HIV-1, que engloba vários subtipos com distribuições geográficas diferentes (ver “H eterogeneidade m olecular do HIV -1” adiante). O HIV -2 foi identificado pela p rim eira vez em 1986 nos pacientes da África ocidental e inicialm ente estava lim itado a esta re gião. E ntretanto, no m u n d o inteiro foram detectados diversos casos que puderam ser rastreados até a África O cidental ou atribuídos aos contatos sexuais com pacientes da Á frica O cidental. Os grupos do HIV-1 (M, N, O, P) e do HIV -2 (A a G) definidos hoje provavelm en te se originaram da transferência diferenciada aos seres hum anos a pa rtir dos reservatórios dos prim atas não hum anos. Os vírus HIV-1 provavelm ente se originaram dos chim panzés e /ou gorilas, enquanto os HIV-2 originaram -se dos sooty mangabeys. A pandem ia de Aids é causada principalm ente pelos HIV-1 do grupo M. Em bora o grupo O do HIV-1 e os vírus do grupo HIV -2 tenham sido isolados em m ui tos países, inclusive nos países desenvolvidos, eles causam epidem ias m uito m ais localizadas. A Fig. 189.1 ilustra as relações taxonôm icas entre os lentivírus dos prim atas. ✓
■ MORFOLOGIA DO HIV A m icroscopia eletrônica m ostra que o v irion do H IV é um a estrutu ra icosaédrica (Fig. 189.2) que contém num erosas espículas externas form adas pelas duas proteínas principais do envoltório, a gp l2 0 ex terna e a gp41 transm em brana. O virion brota da superfície da célula infectada e incorpora várias proteínas do hospedeiro, incluindo a n tígenos do com plexo de histocom patibilidade principal (M H C) das classes I e II (Cap. 315), em sua bicam ada lipídica. A e strutura do HIV-1 está ilustrada esquem aticam ente na Fig. 189.2B (Cap. 188).
■ CICLO DE REPLICAÇÃO DO HIV O H IV é um vírus de RNA cuja característica fundam ental é a tran s crição reversa do seu RNA genôm ico em DNA pela enzim a trans criptase reversa. O ciclo de replicação do H IV com eça com a ligação de alta afinidade da pro teín a g p l2 0 , p o r m eio de um a parte de sua região V I próxim a à extrem idade N -term inal, ao seu receptor loca lizado na superfície da célula do hospedeiro, a m olécula CD4 (Fig.
QUADR0189.2
Categorias clínicas da infecção pelo HIV
Categoria A. consiste em uma ou mais condições listadas abaixo em um adolescente ou adulto (> 13 anos de idade) com infecção comprovada pelo HIV. Os distúrbios incluídos nas categorias B e C não podem ter ocorrido. Infecção assintomática pelo HIV Linfadenopatia generalizada persistente Infecção aguda (primária) pelo HIV acompanhada de doença ou história de infecção aguda pelo HIV Categoria B\ consiste na ocorrência, em um adolescente ou adulto infectado pelo HIV, de distúrbios que não estão incluídos entre as condições listadas na categoria C e que satisfaçam no mínimo a um dos seguintes critérios: (1) os distúrbios são atribuídos à infecção pelo HIV ou indicam uma anormalidade da imunidade mediada por células; ou (2) o médico considera que sua evolução clínica ou seu tratamento foi complicado pela infecção pelo HIV. São exemplos, entre outros, os seguintes: Angiomatose bacilar Candidíase orofaríngea (monilíase) Candidíase vulvovaginal persistente, freqüente ou pouco sensível ao tratamento Displasia cervical (moderada ou grave)/carcinoma cervical in situ Sintomas constitucionais como febre (38,5°C) ou diarréia com duração > 1 mês Leucoplaquia pilosa oral Herpes-zóster (“cobreiro”) com no mínimo dois episódios diferentes ou envolvendo mais de um dermátomo Púrpura trombocitopênica idiopática Listeriose Doença inflamatória pélvica, particularmente quando complicada por abscesso tubo-ovariano Neuropatia periférica Categoria C. condições incluídas na definição de caso para a vigilância epidemiológica da Aids Candidíase dos brônquios, da traqueia ou dos pulmões Candidíase esofágica Câncer cervical invasivo3 Coccidioidomicose disseminada ou extrapulmonar Criptococose extrapulmonar Criptosporidiose intestinal crônica (duração > 1 mês) Doença por citomegalovírus (exceto infecção do fígado, do baço ou dos linfonodos! Retinite por citomegalovírus (com perda da visão) Encefalopatia relacionada ao HIV Herpes simples: uma ou mais úlceras crônicas (duração > 1 mês); ou bronquite, pneumonia ou esofagite Histoplasmose disseminada ou extrapulmonar Isosporíase intestinal crônica (> 1 mês de duração) Sarcoma de Kaposi Linfoma de Burkitt (ou denominação equivalente) Linfoma cerebral primário Infecção disseminada ou extrapulmonar pelo complexo Mycobacterium avium ou por M. kansasii Infecção por Mycobacterium tuberculosis em qualquer local (pulmonar3 ou extrapulmonar) Infecção disseminada ou extrapulmonar por outras espécies Mycobacterium identificadas Pneumonia por Pneumocystis jiroveci Pneumonia recidivante3 Leucoencefalopatia multifocal progressiva Septicemia recorrente por Salmonella Toxoplasmose cerebral Síndrome de caquexia associada ao HIV_____________________________ 3Adicionadas na ampliação da definição de caso para fins de vigilância epidemiológica da Aids de 1993.
Fonte: MMWR 42(No RR-17), 18 de dezembro de 1992.
189.3). A m olécula CD 4 é um a proteína de 55 kD a encontrada p re dom inantem ente em um subgrupo de linfócitos T responsáveis pela função auxiliar do sistema im une (Cap. 314). Essa m olécula tam bém está expressa na superfície dos m onócitos/m acrófagos e das célu las dendríticas/células de Langerhans. D epois da fixação da gp l2 0 à m olécula CD4, a g p l2 0 sofre um a alteração de conform ação que facilita a ligação a um dos dois correceptores correspondentes. Os dois principais correceptores do HIV-1 são o CCR5 e o CXCR4. Esses dois receptores pertencem à família de receptores celulares acoplados à proteína G com sete dom ínios transm em brana; o acoplam ento do vírus a um ou aos dois receptores perm ite sua entrada na célula e é um determ inante im portante do tropism o celular do vírus. Algum as células dendríticas expressam u m a diversidade de receptores de lec tina do tipo C na sua superfície (um dos quais é conhecido com o DC-SIGN), que tam bém se ligam com alta afinidade à proteína gp 120 do envoltório do HIV, p erm itin d o que a célula dendrítica facilite a ligação do vírus à célula T CD4+ p o r ocasião do contato dessas com as células T CD4+. Depois da ligação da proteína do envoltório viral à m olécula CD4, associada à alteração de conform ação da g pl20 do envoltório viral descrita antes, ocorre a fusão com a m em brana ce lular do hospedeiro p o r ação da m olécula gp41 recém -exposta, que penetra na m em brana plasm ática da célula-alvo e enrola-se sobre si própria para aproxim ar o virion da célula-alvo. D epois da fusão, o com plexo pré-integração form ado pelo RNA viral e pelas enzim as virais e envolvido pela c obertura proteica do capsídio é liberado no citoplasm a da célula-alvo (Fig. 189.4). C om o o com plexo pré-integração atravessa o citoplasm a e chega ao núcleo (Fig. 189.3), a enzi m a viral transcriptase reversa catalisa a transcrição reversa do RNA genôm ico em DNA e a c obertura de p roteína se abre para liberar o resultante DNA proviral de hélice dupla do HIV. Nesse ponto do ciclo de replicação, o genom a viral é vulnerável aos fatores celulares que podem bloquear a progressão da infecção. Em particular, a proteína citoplasm ática T R IM 5-a do m acaco rhesus bloqueia a replicação do vírus da im unodeficiência dos sím ios (SIV) em um a etapa im ediata m ente posterior à fusão do vírus com a célula hospedeira. Em bora os m ecanism os exatos de ação da T R IM 5-a continuem obscuros, a form a hum ana é inibida pela ciclofilina A e não consegue im pedir a replicação do HIV nas células hum anas. A família recém -descrita de proteínas celulares APOBEC tam bém inibe a progressão da infecção viral depois da penetração do vírus na célula. As proteínas APOBEC ligam -se aos transcritos reversos recém -form ados e desam inam a citidina viral, causando h iperm utação dos genom as do HIV. A inda não está claro se a replicação viral é inibida: (1) pela ligação da APOBEC ao genom a do vírus com acum ulação subsequente dos transcritos reversos; ou (2) pelas hiperm utações causadas pela atividade enzim á tica de desam inase das proteínas APOBEC. O H IV desenvolveu um a estratégia eficaz para proteger-se das APOBEC. A proteína viral Vif m arca a APOBEC para degradação no proteassom o. C om a ativação da célula, o DNA viral tem acesso ao poro n u clear e é exportado do citoplasm a para o núcleo, onde se incorpora aos crom ossom os da célula hospedeira pela a ç ã o ^ e outra enzim a co dificada pelo vírus, a integrase. O provírus do H IV (DNA) incorpora-se ao DNA nuclear, preferencialm ente no interior dos íntrons dos genes ativos e nos pontos quentes (hotspots) regionais. Esse provírus pode perm anecer inativo sob o po n to de~vista transcricional (laten te), ou pode m anifestar vários graus de expressão gênica, incluindo a produção ativa de vírus. A ativação celular desem penha um im portante papel no ciclo replicativo do H IV e é fundam ental à patogenia da doença causada por este vírus HIV (ver “Patogenia e Fisiopatologia”, adiante). Depois da ligação inicial e da interiorização dos v irions na célula-alvo, os inter m ediários de DNA de transcrição reversa incom pleta são instáveis nas células em repouso e não se in co rp o ram de m aneira eficaz ao genom a da célula hospedeira, a m enos que ocorra ativação celular pouco depois da infecção. Além disso, é necessário haver algum grau de ativação da célula hospedeira para iniciar a transcrição do DNA proviral incorporado em RNA genôm ico ou mRNA. Esse últim o p ro cesso pode não estar necessariam ente associado à expressão detectá vel dos m arcadores clássicos de ativação na superfície celular. A este
co
o. co
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1507
HIV-1 e SIV dos chimpanzés e dos gorilas
Figura 189.1 Árvore filogenética baseada nos genomas completos dos vírus da imunodeficiência dos primatas. A escala (0,10) indica uma diferença
de 10% dos nucleotídios. (Elaborada por Brían Foley, PhD: HIV Sequence Database,
Doenças Infecciosas
respeito, a ativação da expressão do H IV a p a rtir do estado latente depende da interação de diversos fatores celulares e virais. Depois da transcrição, o mRNA do HIV é transcrito em proteínas que sofrem m odificações por glicosilação, m iristolação, fosforilação e clivagem. A partícula viral é form ada pela reunião das proteínas, das enzim as e do RNA genômico do H IV na m em brana plasm ática das células. A germ inação dos vírions descendentes ocorre p o r meio das regiões es pecializadas da bicam ada lipídica da m em brana celular do hospedei ro (conhecidas com o balsas lipídicas), onde o core viral adquire seu envoltório externo (Cap. 188). A seguir, a protease codificada pelo vírus catalisa a clivagem do precursor gag-pol para produzir o virion completo. A progressão pelo ciclo de replicação viral é p rofundam en te influenciada p or vários produtos gênicos reguladores do vírus. De m odo sem elhante, cada fase do ciclo de replicação do H IV representa um alvo real ou potencial de intervenção terapêutica. Até hoje, as e n zim as transcriptase reversa, protease e integrase, assim com o os p ro cessos de ligação e fusão do vírus com a célula-alvo, foram utilizados clinicam ente com o alvos para intervenção farm acológica.
■ GENOMA DO HIV A Figura 189.5 ilustra esquem aticam ente a constituição do genom a do HIV. A exemplo de outros retrovírus, o HIV-1 possui genes que codificam as proteínas estruturais do vírus: o gene gag codifica as proteínas que form am o core do virion (incluindo o antígeno p24); o pol codifica as enzim as responsáveis pelo processam ento das p ro teínas virais, a transcrição reversa e a integração pelas proteases; e o env codifica as glicoproteínas do envoltório. Todavia, o HIV-1 é mais com plexo que os outros retrovírus, particu larm en te os que fazem
1508
Theoretical Blology and Biophysics Group, Los Alamos National Laboratory; infor mações adicionais podem ser encontradas em www.hiv.lanl.gov/content/sequence/ HelpDocs/subtypes. html.)
parte do grupo não prim ata, visto que tam bém contém no m ínim o seis outros genes (tat, rev, nef, vif, vpr e vpu ) que codificam proteínas envolvidas na m odificação da célula do hospedeiro para prom over a replicação do vírus e a regulação da expressão gênica viral (Cap. 188). Várias dessas proteínas parecem ser im portantes para a p ato genia da doença causada pelo H IV e algum as de suas funções estão relacionadas na Fig. 189.5. Ao lado desses genes, estão as repetições term inais longas (LTR) que contêm os elem entos reguladores envol vidos na expressão dos genes (Fig. 189.5). A principal diferença entre os genom as do HIV-1 e do HIV-2 reside no fato de que o HIV-2 não tem o gene vpu e possui um gene vpx ausente no HfV-1.
■ HETEROGENEIDADE MOLECULAR DO HIV-1 As análises m oleculares dos H IV isolados revelaram vários níveis de diversidade das seqüências de todas as regiões do genom a viral. Por exem plo, o grau de diferença das se qüências de codificação da p roteína do envoltório viral varia de um percentual baixo (m uita sem elhança entre os isolados de um m esm o indivíduo infectado) até 50% (extrem a diversidade entre isolados de diferentes grupos M, N , O e P do H IV -1). As alterações tendem a agrupar-se nas regiões hipervariáveis. O H IV pode evoluir de diver sas m aneiras, inclusive p o r substituição sim ples de bases, inserções e deleções, rearranjo e ganho e perda de sítios de glicosilação. A diver sidade das seqüências do H IV é atribuída diretam ente à fidelidade reduzida da transcriptase reversa. O equilíbrio entre a pressão im u nológica e as restrições das proteínas influencia o nível regional de variação das proteínas. Por exemplo, o envoltório exposto na superfí cie do vírus sofre pressão seletiva im une dos anticorpos e dos linfóci-
•
M em brana lipídica
g p i 20
Transcriptase reversa
Figura 189.2 A. Fotografia de microscopia eletrônica do HIV. A figura ilus tra um virion típico depois da germinação na superfície de um linfócito T CD4+, além de dois outros virions incompletos, ainda em processo de erupção pela membrana celular. B. Estrutura do HIV-1, incluindo o envoltório externo de gp120, os compo nentes transmembrana gp41 do envoltório, o RNA genômico, a enzima transcriptase reversa, a membrana interna p18(17) (matriz) e a proteína do cerne p24 (capsí
dio) (Direitos autorais de George V. Kelvin). (Adaptada de RC Gallo: Sei Am 256:46, 1987.). C Microscopia eletrônica de varredura dos virions do HIV-1 que infectou um linfócito T CD4+ humano. A fotografia original foi ampliada em 8.000x. (Cortesia de Elizabeth B. Fischer, Rocky Mountain Laboratories, National Institute of Allergy and Infectious Diseases; com autorização.)
tos T citotóxicos e é extrem am ente variável, com clusters de m utações nos dom ínios hipervariáveis. A transcriptase reversa desem penha funções enzim áticas im portantes, m as é relativam ente conservada, principalm ente na região do seu sítio ativo. A variabilidade extraor dinária do HIV-1 contrasta nitidam ente com a estabilidade relativa do HTLV-I e do HTLV-II. Existem definidos quatro grupos de HIV-1. O grupo M (major) é responsável pela m aioria das infecções diagnosticadas em todo o m undo. O grupo O (do inglês outlier; forasteiro) é um a form a rela tivam ente rara do vírus encontrada originalm ente em Cam arões, no Gabão e na França. O grupo N foi identificado pela prim eira vez em um a m ulher com Aids de Cam arões e foram isolados e sequenciados pouquíssim os vírus deste grupo. O utro vírus da im unodeficiência hum ana, este relacionado com o SIV dos gorilas e diferente dos de mais grupos do HIV-1, foi isolado de um a m ulher de C am arões em 2009 e a classificação proposta foi g rupo P. E ntre os lentivírus dos prim atas, o H IV -1 é o m ais estreitam ente relacionado com os vírus isolados dos chim panzés e dos gorilas. Estudos dem onstraram que a subespécie Pan troglodytes troglodytes dos chim panzés era o reser vatório natural dos grupos M e N do HIV-1. O grupo O do HIV-1
está m ais relacionado m ais d iretam ente com os vírus encontrados nos gorilas de Cam arões. O grupo M com preende nove subtipos (ou clades) designados pelas letras A, B, C, D, F, G, H, J e K, bem com o um núm ero crescente de form as recom binantes circulantes (FRC) principais e secundárias. As FRC são geradas pela infecção de um indivíduo com dois subtipos que se recom binam para form ar um vírus com algum a vantagem seletiva. Essas FRC incluem os vírus al tam ente prevalentes com o o vírus AE (FRC01_AE), que predom ina no sudeste asiático e original é referido sim plesm ente com o vírus E, em bora o vírus E original nunca tenha sido isolado; o CRF02_AG isolado na África centro-ocidental; e grande núm ero de FRC relati vam ente raras. Os subtipos e as FRC originam as linhagens principais do grupo M do HIV-1. O quadro ficou u m tan to com plicado quando se constatou que alguns subtipos não eram eq uidistantes entre si, enquanto outros continham seqüências tão diversas que não poderiam ser apropria dam ente considerados do m esm o subtipo. Desse m odo, foi in tro d u zido o term o sub-subtipo e, hoje, os subtipos A e F são subdividi dos em A l e A2 e F l e F2, respectivam ente. A lguns autores tam bém sugeriram que os subtipos B e D estejam m uito próxim os para que
co Q_ 03 Z3 O Q. CD^ Õ‘ CD> Z3
O 03‘
1509
e recom binantes. N a Ásia, p redom inam os isolados do HIV-1 da linhagem FRC01_ AE e os subtipos C e B. A FRC01_AE é D N A linear responsável pela m aio ria das infecções não integrado d iagnosticadas no sul e no sudeste asiá ticos, en q u an to o subtipo C prevalece na ín d ia (ver “Infecção pelo H IV e A ids no Integrase m u n d o ”, adiante). O s vírus do subtipo B p redom inam esm agadoram ente nos EUA, no C anadá, em alguns países da A m érica T ranscriptase g p 120 do Sul, na E uropa o cidental e na Austrália reversa e são responsáveis p o r 12 a 13% de todas D N A proviral as infecções m u n d ia is. A p aren tem ente, incorporado p o r um fen ô m en o to ta lm e n te casual, o su b tip o B foi d issem in ad o nos E stados RNA RN Am genôm ico U nidos no final da década de 1970 e, desta form a, p roduziu u m efeito iniciador insu R N A genôm ico perável. M uitos países têm dois subtipos v irais c ircu lan tes, que o rig in a m novas C o rre ce p to r FRC. As análises das seqüência do HIV-1 isolado dos indivíduos infectados indicam que a re arra n jo entre vírus de diferentes clades ten d a a o c o rre r em conseqüência da infecção de um indivíduo p or vírus de S íntese, processam ento m ais de u m subtipo, particu larm en te nas G erm inação e com binação das proteínas áreas geográficas onde ocorre su p erp o si ção de subtipos. V irion com pleto do HIV A diversidade extraordinária do HIV, Figura 189.3 Ciclo de replicação do HIV. (Adaptada de AS Fauci: Nature 384:529.) evidenciada pela existência de vários sub tipos, form as recom binantes circulantes e evolução viral contínua, afeta as diferenças possam ser subdivididos e devam ser considerados sub-subtipos; potenciais de progressão da doença, as respostas ao tratam ento e o contudo, decidiu-se não aum entar a confusão com a redefinição dos desenvolvim ento de resistência aos agentes antirretrovirais. Essa di clades (Fig. 189.6). versidade tam bém é u m obstáculo enorm e ao desenvolvim ento de A Fig. 189.7 a distribuição m undial dos subtipos do HIV-1 po r vacinas contra o HIV, p orque um a vacina útil m undialm ente precisa região. Sete cepas têm prevalência m undial > 2,5% respondem pela ria induzir respostas protetoras contra várias cepas do vírus. m aioria das infecções pelo H IV em to d o m undo: os subtipos A, B, C, D, G e duas FRC (FRC01_AE e FRC02_AG). O s vírus do subtipo TRANSMISSAO C (do grupo M) são certam ente os m ais com uns em todo o m u n d o e O H IV é tran sm itid o p rin cip alm en te p o r relações sexuais (h ete representam cerca de 50% das infecções prevalentes m undialm ente. rossexuais e hom ossexuais m asculinas); pelo sangue e h e m o co m N a Á frica Subsaariana, onde residem cerca de dois terços de todos ponentes; e pelas m ães infectadas aos seus filhos nos p erío d o s in os indivíduos que vivem com H IV /A ids, a m aioria das infecções é trap a rto e perinatal, ou d u ra n te o aleitam ento m aterno. D epois de causada pelo subtipo C, com percentagens m enores de infecções cerca de 30 anos de pesquisa, não há evidências de que o H IV seja causadas pelo subtipos A e G, pelo CRF02_AG e p o r outros subtipos tra n sm itid o p o r c ontato casual ou que o v írus possa ser p ropagado p o r insetos (p. C élula T C D 4 + ex.,picadas de m osquito). DNA celular
Doenças Infecciosas
■ TRANSMISSÃO SEXUAL
g p i 20
Ligação ao receptor
Fusão das m em branas
V irion do HIV
Figura 189.4 Ligação e fusão do HIV-1 com sua célula-alvo. 0 HIV-1 liga-se à sua célula-alvo por meio da molécula CD4 e isto acarreta uma alteração da conformação da molécula gp120, que lhe permite ligar-se ao corre ceptor CCR5 (para os vírus que usam R5). Em seguida, o vírus fixa-se firmemente à membrana celular da célula do hospedeiro por meio de uma mola enrolada formada pela molécula gp41 recém-exposta. A fusão vírus-célula ocorre à medida que o intermediário de transição da gp41 sofre alterações adicionais para formar uma estrutura seme lhante a um grampo de cabelo, que coloca as duas membranas contato direto (ver detalhes no texto). (Adaptada de D Montefiori, JP Moore: Science 283:336,1999; com autorização.)
1510
B asicam ente, a infecção pelo H IV é um a doença sexualm ente transm issível (DST). Sem d úvida, p rin c ip a ln le n te nos países e m d ese n v o lv im en to , o m ec an ism o de infecção m ais c o m u m é a tran sm issão heterossexual, e m b o ra em m uitos países ocidentais ten h a o c o rrid o recrudescência d a tran sm issão hom ossexual m asculina. E m b o ra diversos fatores com o carga viral e coexistência de doenças genitais ulcera tivas afetem a eficiência da tran sm issão h ete ro ssex u a l d o HIV, este m ecanism o g eralm en te é ineficiente. Em um estudo fu n d a m e n ta l so b re d isc o rd ân c ia da in fecção p o r H IV (um parceiro estava in fectado e o o u tro in icialm ente não tin h a infecção) en tre casais heterossexuais do d istrito de Rakai, na U ganda, o risco glo bal de tran sm issão do vírus era de 0,12%
LTR: repetição term inal longa Contém regiões de controle que se ligam os fatores de transcrição do hospedeiro (N F- k B, NFAT, S p .1 , TBP) N ecessária ao início da transcrição Contém o elem ento de resposta transativadora do RNA (TAR) que liga ao Tat
vif: fator de infectividade viral (p23) A nula os efeitos inibitórios das A PO BEC, im pedindo a hiperm utação e a degradação do DNA viral
vpu: proteína viral U Promove a degradação do C D 4 e influencia a liberação do virion
eny. proteína gp160 do envoltório Clivada no retículo endoplasm ático em gp120 (SU) e gp41 (TM) A gp120 m edeia a ligação ao CD4 e ao receptor de quim iocina, ao passo que a gp41 m edeia a fusão C ontém o elem ento de resposta do RNA (RRE) que liga se à Rev
nef-. efetor negativo
(p27) Promove a hiporregulação da expressão do C D4 e do M HC 1 B loqueia a apoptose Intensifica a infectividade viral A ltera o estado de ativação celular A progressão para a doença é significativam ente mais ienta na ausência do nef
E gag-. Pr55gag
pol: polim erase
Poliproteína processada por PR MA, m atriz (p17) Sofre m iristolação que ajuda a dirigir a poliproteína gag para as balsas lipídicas; CA, capsídio (p24), liga-se à ciclofilina A NC, nucleocapsídio (p7), dedo de zinco, proteína de ligação ao RNA
C odifica várias enzim as virais, com o PR, (p10), RT, RNAase H (p66/51) e IN (p32), todas processadas por PR
vpr. proteína viral R (p15) Promove a interrupção do ciclo celular em G2 Facilita a infecção dos m acrófagos pelo HIV
rev. regulador da expressão dos genes virais (p19) Liga-se ao RRE Inibe o entrelaçam ento do RNA viral e prom ove a exportação nuclear dos RNA virais com entrelaçam ento parcial
tat. ativador transcricional (p14) Liga-se ao TAR Na presença das ciclinas T1 e do C D K9 do hospedeiro, prom ove o alongam ento da RNA Pol II sobre o m olde do DNA viral
p6
Interage com Vpr; contém um dom ínio tardio (PTAP) que se liga àTS G 101 e participa das interrupções term inais da germ inação viral
Figura 189.5
Organização do genoma do provírus do HIV e descrição resumida dos seus 9 genes que codificam 15 proteínas. (Adaptada de Greene e Peterlin.)
Grupo M do HIV-1
Figura 189.6 Árvore filogenética elaborada a partir de seqüências repre sentativas do envoltório viral dos subtipos e das FRC01 do grupo M do HIV-1,
de alguns isolados dos grupos N, 0 e P (também do HIV-1 humano), do CPZ (chim-
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
Grupo O do HIV-1
panzé) e do GOR (gorila). A barra de escala indica as distâncias genéticas entre as seqüências. (Preparada por Brian Fotey, PhD, HIV Sequence Database, Theoretical Biology and Biophysics Group, Los Alamos National Laboratory.)
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T
A, B e form a recom binante AB B e form a recom binante BF B, C e form a recom binante BC F, G, H, J, K e CRF01 e outras fo rm as recom binantes N ão existem dados suficientes
Figura 189.7
Doenças Infecciosas 1512
Distribuição geográfica dos subtipos e das formas recombinantes do HIV-1. (Adaptada de Taylor et a l com autorização.)
p or relação sexual q u ando o parceiro infectado não fazia tra ta m e n to a ntirretroviral. U m a m eta-análise dos estudos de a c o m p a n h a m en to tam b ém d e m o n stro u risco p e q u en o de tran sm issão h e te rossexual, m esm o sem antirretrovirais: nos países desenvolvidos, a p ercentagem estim ada foi de 0,04% p ara a tran sm issão da m u lh er ao h o m em e de 0,08% do ho m em p ara a m ulher. N essa análise, os índices de transm issão das m ulheres aos h o m en s e dos h om ens às m ulheres nos países de baixa renda eram m ais altos (0,38 e 0,30% p o r relação sexual, respectivam ente), m esm o que não houvesse re lato de prostituição. O H IV foi d e m o n stra d o no líq u id o sem inal, ta n to n o in te rio r das células m o n o n u cleares in fectad as q u a n to em m ateriais acelulares. O vírus parece co n cen trar-se no líquido sem inal, p a r ticularm ente nas situações em que ocorre aum ento do n ú m ero de linfócitos e m onócitos no líquido, com o na presença de estados inflam atórios genitais com o uretrite e epididim ite, que são distúrbios diretam ente associados às outras DST. O vírus tam bém foi d e m o n s trad o nos esfregaços do colo uterin o e n a secreção vaginal. O risco de transm issão do H IV é m aior d u ra n te as relações anais passivas sem proteção (RAPSP), tan to entre os h om ens quanto entre as m u lheres, q uando com parado com o risco associado ao coito vaginal receptivo. Em um a revisão sistem ática/m eta-an álise recente, e m b o ra existam poucas inform ações, o risco de tran sm issão p o r um único episódio de RAPSP foi estim ado em cerca de 1 ,4 % para os h o m ens e m ulheres. O risco de infecção p o r H IV associada à RAPSP provavelm ente é m aior que o associado às relações penianovaginais, p orque apenas a m ucosa retal fina e frágil separa o sêm en d ep o si tado das células potencialm ente suscetíveis localizadas d entro e sob a m ucosa e as relações anais p o d em causar trau m atism o s locais. As duchas anais e as práticas sexuais que trau m atiza m a m ucosa retal tam b ém aum entam a probabilidade de infecção. É provável que o coito anal propicie pelo m en o s duas m odalid ad es de infecção: (1) inoculação d ireta no sangue, q u an d o há lacerações traum áticas da m ucosa; e (2) infecção das células-alvos suscetíveis (p. ex., células de Langerhans) da cam ada m ucosa, n a ausência de traum atism o. O coito anal ativo tam b ém au m en ta o risco de infecção p o r HIV, q u a n d o c om parado com as relações p e nianovaginais. E m bora a
m ucosa vaginal seja m ais espessa que a m ucosa retal em várias ca m adas e ten h a m enos ten d ê n cia a sofrer trau m atism o d u ran te as relações sexuais, o v íru s p o d e ser tra n sm itid o aos dois parceiros d u ran te o coito vaginal. E studos realizados nos EUA e n a E uropa d em onstraram que a transm issão do H IV do ho m em para a m ulher geralm ente é m ais eficiente que a transm issão da m ulher para o h o m em . As diferenças dos índices de transm issão entre hom ens e m u lheres p o d e m ser decorrentes, em p arte, da exposição prolongada das m ucosas vaginal e cervical e do e n d o m é trio (qu an d o o sêm en en tra no orifício cervical) ao líquido sem inal infectado. C o m p ara tivam ente, o pênis e o m eato u re tra l ficam expostos p o r períodos relativam ente breves à secreção vaginal infectada. E ntre os vários cofatores exam inados nos estudos sobre transm issão heterossexual do HIV, a coexistência de outras DST estava diretam ente associada à transm issão do HIV. Nesse aspecto, existe estreita associação e n tre ulcerações genitais e transm issão, em razão da suscetibilidade à infecção e à infectividade. As infecções p o r m icrorganism os com o Treponema pallidum (Cap. 169), H aem ophilus ducreyi (Cap. 145) e herpesvírus sim ples (HSV; Cap. 179) são causas im p o rtan tes de ulcerações genitais ligadas à tran sm issão do HIV. A lém disso, os patógenos que causam DST inflam atórias não ulcerativas, com o as causadas p o r Chlam ydia trachom atis (C ap. 176), Neisseria gonor rhoeae (Cap. 144) e Trichomonas vaginalis [Cap. 215), tam bém es tão associadas a m aio r risco de tran sm issão da infecção pelo HIV. A vaginose bacteriana, u m a infecção relacionada com o c o m p o r tam ento sexual, em b o ra n ão seja estrita m e n te u m a DST, tam bém p o d e estar ligada ao risco a u m e n tad o de tran sm issão da infecção pelo HIV. D iversos estudos sugeriram que o tratam e n to das outras DST e das síndrom es do trato genital ajude a evitar a transm issão do HIV. Esse efeito é m ais p ro e m in en te nas populações nas quais a prevalência da infecção pelo H IV é relativam ente baixa. A quantidade de HIV-1 no plasm a é o determ inante principal do risco de transm issão do vírus. Em um a coorte de casais ugandeses em que um dos parceiros estava infectado e o outro inicialm ente não, o nível sérico m édio de RNA do H IV era significativam ente m aior entre indivíduos infectados pelo H IV cujos parceiros tiveram soroconversão, em com paração com aqueles cujos parceiros não tiveram
e as outras cham adas “drogas sintéticas” (p. ex., ecstasy, cetam ina e gam a-hidroxibutirato), que às vezes são utilizadas sim ultaneam ente com sildenafila, tadalafila ou vardenafila, foram associadas às p rá ticas sexuais de risco e ao aum ento do risco de infecção pelo HIV, particularm ente entre hom ens que têm relações sexuais com outros hom ens.
■ TRANSMISSÃO PELO SANGUE E HEMOCOMPONENTES
C arga viral (H IV) do parceiro infectado, cópias de R N A/m L
Probabilidade de transmissão do HIV por ato sexual entre casais heterossexuais monogâmicos HlV-discordantes de Uganda. (Segundo BH Grayet al.) Figura 189.8
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
soroconversão. Na verdade, a transm issão era rara quando o parcei ro infectado apresentava nível plasm ático < 1.700 cópias de RNA do HIV p o r m ililitro, m esm o quando havia doença ulcerativa genital (Fig. 189.8). O índice de transm issão do HIV p or coito foi m aior d u rante o estágio inicial da infecção pelo HIV, quando os níveis do RNA do H IV plasm áticos estavam altos e quando havia doença avançada, à m edida que a carga viral aumentava. O tratam ento antirretroviral reduz drasticam ente a virem ia plas m ática da m aioria dos indivíduos H lV -positivos (ver “T ratam ento”, adiante) e está associado à redução do risco de transm issão. Por exemplo, em um a análise de cerca de 3.400 casais heterossexuais com sorologia discordante para HIV de sete países africanos, o tratam ento antirretroviral do parceiro infectado acom panhou-se de redução de 92% do risco de transm issão do HIV-1 ao parceiro não infectado. Vários estudos tam bém sugeriram efeitos benéficos do tratam ento antirretroviral no nível com unitário. Alguns estudos, inclusive pesquisas random izadas e controladas de grande porte, indicaram claram ente que a circuncisão m asculina estava associada a riscos m enores de infecção dos hom ens heterosse xuais pelo HIV. Os resultados dos estudos divergem quanto à pro te ção que a circuncisão confere contra a infecção dos hom ens h o m o s sexuais pelo HIV. O efeito benéfico d a circuncisão pode ser atribuído à suscetibilidade m aior dos hom ens incircuncisos às DST ulcerativas, bem com o a outros fatores com o m icrotraum atism os do prepúcio e da glande do pênis. Além disso, o tecido altam ente vascularizado do prepúcio contém quantidades m aiores de células de Langerhans, assim com o núm eros aum entados de células T CD4+, m acrófagos e outros alvos celulares do HIV. Por fim , o am biente ú m ido sob o prepúcio pode estim ular o desenvolvim ento ou a persistência da flora m icrobiana que, em conseqüência das alterações inflam atórias, p o dem aum entar ainda m ais as contagens de células-alvos para o H IV no prepúcio. Em alguns estudos, o uso dos anticoncepcionais orais foi associado à incidência m ais alta de infecção pelo HIV, ou seja, m aior que seria esperada por não utilizar preservativos com o m étodo anticoncepcional. Esse fenôm eno pode ser atribuído às alterações in duzidas pelos fárm acos na m ucosa da cérvice, torn an d o -a m ais vul nerável à penetração pelo vírus. As jovens adolescentes podem tam bém ser mais suscetíveis à infecção durante a exposição, em razão das estruturas do trato genital im aturo no qual há m aior ectopia cervical ou exposição do epitélio colunar. O sexo oral é um m ecanism o m uito m enos eficiente de tra n s m issão do H IV que o coito anal ou vaginal. Diversos estudos relata ram que a incidência de transm issão da infecção pelo sexo oral entre casais discordantes para o HIV era m uito pequena. E ntretanto, exis tem relatos de transm issão d o cu m en tad a do H IV em decorrência apenas de felação receptiva e da cunilíngua com penetração. Por essa razão, a pressuposição de que o sexo oral seria totalm ente seguro não se justifica. A associação do consum o de álcool e do uso de drogas ilícitas a um com portam ento sexual (hom ossexual ou heterossexual) de risco a um enta o risco de transm issão sexual do HIV. A m etanfetam ina
O H IV pode ser tran sm itid o a indivíduos que recebem transfusões de sangue ou hem ocom ponentes, ou transplantes de tecido c onta m inados pelo HIV, bem com o aos UDI expostos ao H IV enquanto com partilham utensílios de injeção com o agulhas, seringas, água em que as drogas são m isturadas ou o algodão com o qual elas são fil tradas. A transm issão parenteral do H IV d u ran te o uso de drogas injetáveis não requer p unção intravenosa; as injeções subcutâneas (pico na pele) ou intram usculares (pico no m úsculo) tam bém podem transm itir o HIV, em bora estas práticas às vezes sejam erroneam ente considerados de baixo risco. E ntre os U D I, o risco de infecção pelo H IV aum enta de acordo com a duração do uso de drogas injetáveis; a frequência com que as agulhas são com partilhadas; o núm ero de parceiros com os quais os utensílios são com partilhados, em p a r ticular nos casos das bocas d e fu m o , onde as drogas são vendidas e grande núm ero de U D I pode com partilhar um n úm ero lim itado de “utensílios”; os transtornos p siquiátricos coexistentes com o o distúr bio da personalidade antissocial; o uso de cocaína injetável ou fum a da sob a form a de crack; e o uso de drogas injetáveis em um a região geográfica com alta prevalência de infecção pelo HIV, com o certas áreas urbanas dos EUA. Os prim eiros casos de Aids entre os receptores de transfusões e pacientes com hem ofilia ou outros distúrbios da coagulação foram notificados em 1982. N os países desenvolvidos, a grande m aioria das infecções adquiridas p or transfusões de sangue, hem ocom ponentes ou tecidos transplantados infectados ocorreu antes da prim avera de 1985, quando com eçou a testagem obrigatória do sangue para HIV-1. A lgum as estim ativas sugeriram que > 90% dos indivíduos expostos aos hem ocom ponentes contam inados pelo H IV adquiriam a infec ção; infelizm ente, nos países pobres, o vírus continua a ser tra n s m itido p or sangue, hem ocom ponentes e tecidos contam inados em conseqüência do grande n úm ero de doações sanguíneas testadas ina dequadam ente p ara HIV. As transfusões de sangue total, concentrado de hemácias, plaquetas, leucócitos e plasm a são capazes de transm itir a infecção pelo HIV. Por outro lado, a gam aglobulina hiperim une, a im unoglobulina anti-hepatite B, a vacina contra a hepatite B deriva da do plasm a e a im unoglobulina anti-R h0 não foram associadas à transm issão da infecção pelo HIV. Os procedim entos envolvidos no processam ento desses produtos inativam ou rem ovem o vírus, hoje, nos EUA e na m aioria dos países desenvolvidos, as seguintes m edidas tornaram baixíssim o o risco de transm issão da infecção pelo HIV p o r m eio da transfusão de sangue ou hem ocom ponentes: triagem do sangue doado para anticorpos anti-HIV, antígeno p24 do H IV e ácido nucleico viral; seleção cuidadosa dos doadores potenciais de sangue p or questionários de saúde para excluir os indivíduos que as sum em com portam entos de risco; e o portunidades de autoexclusão e descarte do sangue dos indivíduos H lV -negativos com testes soro lógicos para infecções que têm os mesmos-"fatores de risco, inclusive hepatites B e C. A probabilidade de infecção de um hem ofílico pelos concentrados de fatores de coagulação foi praticam ente elim inada, devido ao acréscim o da m edida de segurança resultante do tratam en to dos concentrados pelo calor. Hoje, nos EUA, estim a-se que o risco de infecção pelo H IV por transfusão de sangue testado seja de aproxim adam ente um a em 1,5 m ilhão de doações. Por conseguinte, entre as cerca de 15 m ilhões de doações efetuadas nos EUA a cada ano, há cerca de 11 doações infectadas, resultando na liberação de cerca de 20 hem ocom ponen tes H lV -positivos a cada ano, que p o deriam infectar os receptores. Desse m odo, a despeito de to d o o em penho da ciência, é im possí vel elim inar p o r com pleto o risco de transm issão do H IV po r meio de transfusões, visto que a tecnologia atual é incapaz de detectar o
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RNA do H IV nos prim eiros 10 a 15 dias depois da infecção em razão dos níveis baixos de virem ia. Nesse sentido, no perío d o de 2000 a 2008, foram notificados nos EUA quatro casos de infecção por H IV relacionados com transfusões e atribuíveis ao sangue infectado com testes negativos para este vírus. Em outros países, existem relatos de surtos esporádicos atrib u í dos aos procedim entos de triagem disponíveis rotineiram ente, nos quais o sangue contam inado foi transfundido e resultou em peque nos núm eros de pacientes infectados. Por exem plo, na década de 1990 na China, um núm ero alarm antem ente alto de indivíduos foi infectado p or vender sangue em serviços nos quais os coletores utili zavam agulhas reutilizadas e contam inadas; em alguns casos, os h e m ocom ponentes de vários doadores eram m isturados, o plasm a era separado e as hem ácias m isturadas eram reinfundidas nos doadores. Nos EUA, não existem casos notificados de transm issão do HIV2 po r m eio do sangue ou dos tecidos doados e, hoje, o sangue doado passa p or um a triagem para HIV-1 e HIV-2. A transm issão do HIV (HIV -2 e HIV-2) pelo sangue ou pelos hem ocom ponentes ainda é um risco em determ inados países em desenvolvim ento, prin cip al m ente na África subsaariana, onde a triagem rotineira do sangue não é realizada em todos os serviços. Antes da triagem dos doadores, estudos detectaram um pequeno n úm ero de casos de transm issão do H IV po r m eio do sêm en utili zado na insem inação artificial e dos tecidos usados nos transplantes de órgãos. Hoje, os doadores desses tecidos passam p o r um a triagem prévia para HIV. C om relação aos casais H lV -discordantes (hom em HlV-positivo; m ulher H lV-negativa) que desejam conceber, as técni cas de reprodução assistida que realizam a lavagem do esperm a para reduzir o risco de transm issão do H IV foram utilizadas com sucesso e, até hoje, existe um único caso bem docum entado de soroconversão de um a m ulher HlV -negativa notificada em 1990.
■ TRANSMISSÃO 0CUPACI0NAL D0 HIV: PROFISSIONAIS DE SAÚDE, TÉCNICOS DE LABORATÓRIO E SERVIÇOS DE SAÚDE
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Existe um risco ocupacional pequeno, em bora expressivo, de tran s m issão do H IV aos profissionais de saúde e aos técnicos de laborató rio, bem com o possivelm ente a outros profissionais que trabalham com m ateriais contam inados pelo HIV, particularm ente quando são utilizados objetos pontiagudos. A lgum as estim ativas sugeriram que, a cada ano, 600.000 a 800.000 profissionais de saúde sejam feridos com agulhas ou outros instrum entos m édicos pontiagudos nos EUA. As exposições que colocam os profissionais de saúde sob risco potencial de infecção pelo H IV são as lesões percutâneas (p. ex., pi cadas de agulha ou cortes p or objetos afiados) ou o contato das m u cosas ou da pele lesada (p. ex., a exposição de pele em que há fissuras, abrasões ou derm atites) ao sangue, aos tecidos ou outros líquidos corporais potencialm ente infectantes. E studos de grande p orte e n volvendo várias instituições sugeriram que o risco de transm issão do H IV depois da perfuração da pele p o r um a agulha ou objeto p o n tia gudo contam inado com sangue de um paciente com provadam ente HlV -positivo seja de cerca de 0,3%; o risco associado à exposição das m ucosas foi estim ado em 0,09% (ver “H IV e profissionais de saú de”, adiante), caso o indivíduo lesado e/ou exposto não seja tratado nas prim eiras 24 horas com agentes antirretrovirais. A transm issão do H IV depois da exposição da pele lesada foi d ocum entada, mas o risco m édio de transm issão p o r este m ecanism o não foi determ i nado com precisão; contudo, estim a-se que seja m enor que o risco associado à exposição das m ucosas. A transm issão do H IV pela pele intacta não foi comprovado, hoje, quase todas as feridas p or punção e as exposições das m ucosas dos profissionais de saúde ao sangue de pacientes H lV -positivos são tratadas profilaticam ente com a n tirre trovirais com binados (TARV). Essa prática reduziu dram aticam ente a ocorrência das transm issões do H IV aos profissionais de saúde por punções acidentais. Além do sangue ou dos líquidos corporais visivelm ente sanguinolentos, o sêm en e as secreções vaginais tam bém são considerados potencialm ente infecciosos, em bora não tenham sido im plicados na transm issão ocupacional dos pacientes aos profissionais de saúde. Os seguintes líquidos tam bém são considerados potencialm ente infec
ciosos: líquidos cerebrospinal, sinovial, pleural, peritoneal, pericárdico e am niótico. O risco de transm issão depois da exposição aos líquidos e outros tecidos diferentes do sangue infectado pelo HIV tam bém foi determ inado, m as é provável que seja consideravelm ente m enor que o das exposições ao sangue. Fezes, secreções nasais, saliva, escarro, suor, lágrim as, u rin a e vôm itos não são considerados p o ten cialm ente infecciosos, a m enos que estejam visivelm ente sanguinolentos. Existem publicados casos raros de transm issão do H IV por m ordidas hum anas, m as não p o r exposição ocupacional. O risco aum entado de infecção pelo H IV depois das exposições percutâneas ao sangue infectado pelo H IV está associado às expo sições que envolvem u m a quantidade relativam ente grande de san gue, com o no caso de um dispositivo visivelm ente contam inado pelo sangue do paciente, um p rocedim ento envolvendo agulha oca colo cada diretam ente em u m a veia ou artéria, ou um a lesão profunda. Os fatores possivelm ente associados à transm issão cutaneom ucosa do H IV incluem exposição a um volum e inusitadam ente grande de sangue, contato prolongado e um a possível p o rta de entrada. Além disso, o risco au m en ta com as exposições ao sangue de pacientes com doença avançada ou no estágio agudo da infecção pelo HIV, devido ao título m ais elevado do vírus nestas circunstâncias. O uso de agentes antirretrovirais com o profilaxia pós-exposição dim inui o risco de infecção em com paração com controles históricos de p ro fissionais de saúde com exposição ocupacional (ver “H IV e o profis sional de saúde”, adiante). O risco de infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) depois de um a exposição sem elhante é de cerca de 6 a 30% nos indivíduos não im unizados; se o profissional suscetível for ex posto ao HBV, a profilaxia pós-exposição com im unoglobulina anti-hepatite B e o início da vacinação contra a hepatite B têm eficácia > 90% com o profilaxia da infecção pelo HBV. O risco de infecção pelo vírus da hepatite C (H CV ) depois de um a lesão percutânea é de cerca de 1,8% (Cap. 304). D esde o início da epidem ia do HIV, houve três casos raros nos quais a transm issão da infecção de um profissional de saúde p ara pa cientes parecia altam ente provável. Um surto de infecções envolveu um dentista infectado pelo HIV na Flórida que, aparentem ente, che gou a infectar seis de seus pacientes, m ais provavelm ente p or m eio de instrum entos contam inados. Apesar desse pequeno núm ero de casos docum entados, o risco de transm issão do H IV pelos profissionais de saúde (infectados ou não) aos seus pacientes é extrem am ente p e queno nos países desenvolvidos, na verdade m uito pequeno para ser quantificado com exatidão. Nesse sentido, vários estudos epidem io lógicos foram realizados para acom panhar m ilhares de pacientes de dentistas, clínicos, cirurgiões, obstetras e ginecologistas infectados, m as não foram identificados outros casos de transm issão do HIV p o tencialm ente relacionada com os profissionais de saúde. As falhas do controle de infecção e a reutilização de seringas con tam in ad as tam bém re su lta ram na tran sm issão de H IV entre pacientes de hospitais, asilos e serviços am bulatoriais. Por exemplo, no único relato de transm issão do H IV entre pacientes durante p ro cedim entos cirúrgicos, vários pacientes da Austeália foram ap aren tem ente infectados p o r um cirurgião-geral H lV -negativo durante procedim entos am bulatoriais de rotina. E m bora o m ecanism o de transm issão não tenha sido definitivam ente identificado, um a falha p or parte do cirurgião ao esterilizar co rretam ente os instrum entos depois de um p ro ced im en to realizado em u m paciente infectado pelo H IV foi considerada a explicação provável p ara esse surto. Três pacientes (dois em hospitais dos EUA e um da H olanda) subm eti dos aos procedim entos de m edicina nuclear foram descritos com o tendo recebido in ad v ertid am en te injeções intravenosas de sangue ou outro m aterial de pacientes infectados pelo HIV. Os centros de hem odiálise já foram im plicados em vários relatos de incidentes de transm issão do HIV. Os relatos mais dram áticos de infecção po r H IV nos serviços de saúde envolveram a transm issão do vírus a 8.000 a 10.000 crianças dos orfanatos da R om ênia na década de 1980. O utros incidentes de grande porte ocorreram nos hospitais da Rússia no final da década de 1980 e da Líbia no final da década de 1990, respectivam ente. Todos esses incidentes receberam considerável atenção e provavelm ente es-
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tavam relacionados com a reutilização de agulhas contam inadas e/ou a adm inistração de hem ocom ponentes infectados. Por fim, esses ca sos raríssim os de transm issão do H IV e tam bém do HBV e do HCV aos profissionais de saúde e po r estes profissionais aos seus pacientes nos serviços de saúde ressaltam a im portância de adotar precauções universais ao cuidar de todos os pacientes (ver adiante e Cap. 131).
■ TRANSMISSÃO MATERNOFETAL/NEONATAL
■ TRANSMISSÃO POR OUTROS LÍQUIDOS CORPORAIS Em bora o HIV possa ser isolado (geralm ente em títulos baixos) da saliva de pequena percentagem dos indivíduos infectados, não há evi dências convincentes de que a saliva possa transm itir a infecção pelo HIV, seja pelo beijo ou p o r outros tipos de exposição, inclusive expo sição ocupacional dos profissionais de saúde. A saliva contém fatores antivirais endógenos, entre os quais as im unoglobulinas HlV-específicas dos isótipos IgA, IgG e IgM são detectadas facilm ente nas se creções salivares dos indivíduos infectados. Alguns estudos sugeriram que as glicoproteínas grandes com o as m ucinas e a trom bospondina 1 seqüestrem o H IV em agregados para elim inação pelo hospedeiro. Além disso, alguns fatores salivares solúveis inibem o H IV em vários graus in vitro, provavelm ente utilizando com o alvos os receptores da
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
A infecção pelo H IV pode ser transm itida da m ãe infectada para o feto durante a gravidez e o parto, ou pelo aleitam ento m aterno. Esse m ecanism o de transm issão da infecção pelo H IV ainda é im portante em alguns países em desenvolvim ento, nos quais a razão entre h o m ens e m ulheres infectados é de cerca de 1:1. Estudos virológicos dos fetos abortados indicaram que o H IV possa ser transm itido ao feto durante o prim eiro ou o segundo trim estre de gestação. Entretanto, a transm issão m aterna para o feto ocorre m ais com um ente no período perinatal. Dois estudos realizados em Ruanda e no antigo Zaire indi caram que as percentagens relativas de transm issão m aternoinfantil eram de 23 a 30% antes do nascim ento, 50 a 65% d urante o nasci m ento e 12 a 20% durante a am am entação. Na ausência de tratam ento antirretroviral profilático da m ãe d u rante a gravidez, o trabalho de parto e o nascim ento e do feto d e pois do parto, a probabilidade de transm issão do H IV da m ãe para o feto/lactente varia de 15 a 25% nos países industrializados e de 25 a 35% nos países em desenvolvim ento. Essas diferenças p odem es tar relacionadas com a eficiência da assistência pré-natal, bem com o ao estágio da doença pelo H IV e ao estado de saúde geral da m ãe durante a gravidez. Os índices m ais altos de transm issão foram asso ciados a alguns fatores, dentre os quais o m ais bem d ocum entado é a existência de níveis m aternos altos de virem ia plasm ática. Em um estudo am ericano com 552 gestantes de fetos únicos, os índices de transm issão m aternoinfantil foram de 0% entre as m ulheres com < 1000 cópias de RNA do H IV p o r m ililitro de sangue; 16,6% entre as m ulheres com 1000 a 10.000 cópias/m L; 21,3% entre as gestantes com 10.001 a 50.000 cópias/m L; 30,9% entre as m ulheres com 50.001 a 100.000 cópias/m L; e 40,6% entre gestantes com > 100.000 cópias/ mL. E ntretanto, pode não haver um lim iar inferior abaixo do qual a transm issão nunca ocorra, um a vez que outros estudos relataram a transm issão p or m ulheres com níveis de RNA < 50 cópias/m L. As contagens m aternas baixas de células T CD 4+ tam bém estão asso ciadas aos índices m ais altos de transm issão; entretanto, com o as contagens baixas de células T CD4+ estão frequentem ente associadas aos níveis elevados de virem ia plasm ática, em um estudo com análise de variáveis m últiplas (inclusive carga viral plasm ática e contagem de células T CD4+), apenas o nível plasm ático de RNA do H IV foi significativo. O aum ento da transm issão m aternoinfantil tam bém se correlaciona com um a m aior sem elhança entre os HLA m aternos e os da criança. Intervalo longo entre a ru p tu ra das m em branas e o parto é outro fator de risco bem docum entado para transm issão. O u tras condições consideradas fatores de risco em potencial, m as ainda não consistentem ente dem onstradas, incluem a ocorrência de corioam nionite no parto; DST durante a gravidez; uso de drogas ilícitas durante a gestação; tabagism o; p arto prem aturo; e procedim entos obstétricos com o am niocentese, am nioscopia, aplicação de eletrodos no couro cabeludo do feto e episiotom ia. Em um estudo fundam en tal realizado nos EUA e na França na década de 1990, o tratam ento das gestantes infectadas pelo HIV com zidovudina desde o início do segundo trim estre até o parto, bem com o do recém -nascido d u ra n te 6 sem anas após o nascim ento, reduziu drasticam ente o índice de transm issão intraparto e perinatal da infecção pelo HIV: 22,6% no grupo sem tratam ento para < 5%. hoje, o índice de transm issão m a ternoinfantil dim inuiu a 1% ou m enos das gestantes tratadas com es quem as antirretrovirais com binados para infecção p or HIV. Q uando com binado com o parto cesariano, esse tratam ento to rn o u incom um a transm issão m aternoinfantil do HIV nos EUA e outros países d e senvolvidos. Nos países desenvolvim entos, as recom endações atuais para reduzir a transm issão perinatal do HIV incluem : teste voluntá rio universal para H IV e aconselham ento das m ulheres grávidas; p ro filaxia antirretroviral com um ou m ais fárm acos nos casos em que a
m ãe não necessita de tratam ento para a infecção pelo HIV; tratam en to antirretroviral com binado para m ulheres que necessitam de trata m ento; intervenções obstétricas que pro cu ram reduzir a exposição do lactente ao sangue e às secreções genitais m aternas; e abstinência do aleitam ento m aterno. Especialistas recom endam que a escolha do tratam ento antirretroviral para gestantes seja baseada nos m esm os princípios adotados para as m ulheres que não estejam grávidas, com discussão dos riscos e benefícios conhecidos e desconhecidos deste tratam ento durante a gravidez (ver “Tratam ento”, adiante). Alguns estudos d em onstraram que o uso dos esquem as abrevia dos de zidovudina (isoladam ente ou em com binação com lam ivu dina) adm inistrados à m ãe d urante as últim as sem anas de gestação ou m esm o apenas du ran te o parto, bem com o ao neonato durante um a sem ana ou m enos, reduziu significativam ente a transm issão para o recém -nascido em com paração com placebo. Os esquem as antirretrovirais profiláticos de curta duração, com o u m a dose única de nevirapina adm inistrada à m ãe no início do trabalho de p arto e um a única dose para o recém -nascido nas prim eiras 72 horas depois do nascim ento, são especialm ente atraentes para os países de renda baixa ou m édia, tendo em vista o baixo custo e o fato de que nestas regiões geralm ente não há disponibilidade de cuidado perinatal e as gestantes são com um ente atendidas pela prim eira vez p or um p ro fissional de saúde pouco antes ou d urante o trabalho de parto. C o n siderando que, hoje, a TARV está disponível a um a parcela progres sivam ente m aior de pacientes dos países em desenvolvim ento, em conseqüência dos custos m ais baixos dos fárm acos e dos program as que tornam os antirretrovirais disponíveis nestas regiões do m undo, as com binações de fárm acos são utilizadas com frequência crescente (quando disponíveis) para tratar gestantes H lV -positivas. Isso tam bém beneficia as m ulheres, im pede a transm issão do H IV ao feto e protege contra a transm issão subsequente p or meio da amam entação. O aleitam ento m atern o é um m ecanism o im portante de tra n s missão da infecção pelo H IV nos países em desenvolvim ento, sobre tudo naqueles em que as m ães continuam a am am entar por períodos longos. Os fatores de risco da transm issão m aternoinfantil do HIV pelo aleitam ento não estão to talm en te elucidados; os fatores que aum entam a probabilidade de transm issão incluem níveis detectá veis do H IV no leite m aterno, presença de m astite, contagens m a ternas baixas de células T C D 4+ e deficiência m atern a de vitam ina A. O risco de infecção pelo H IV pelo aleitam ento m aterno é m aior nos prim eiros meses de am am entação. Além disso, alguns estudos dem onstraram que o aleitam ento exclusivo acarretava risco m enor de transm issão do H IV que a alim entação m ista. Nos países desen volvidos, o aleitam ento p or um a m ãe infectada certam ente deve ser evitado. Entretanto, existe desacordo quanto às recom endações para 0 aleitam ento em certos países em desenvolvim ento, onde o leite m a terno representa a única fonte de n utrição adequada, bem com o de im unidade contra as infecções potencialm ente graves (além do HIV) para o lactente. A abordagem ideal para evitar a transm issão pelas m ães infectadas que op tam pelo aleitam ento seria seu tratam ento ininterrupto. Essa abordagem passou a ser m ais factível na m edida em que a TARV to rn o u -se m ais am plam ente disponível nos países em desenvolvim ento. A despeito dos avanços nesse sentido, esse tra tam ento está disponível hoje apenas para 30 a 40% dos cidadãos dos países em desenvolvim ento que dele necessitam .
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célula hospedeira, m ais que o próprio vírus. O inibidor de protease liberado po r leucócitos (SLPI), talvez o m ais bem estudado desses fatores, bloqueia a infecção pelo H IV em vários sistem as de cultura celular e está presente na saliva em níveis que se aproxim am dos n e cessários à inibição do HIV in vitro. Nesse aspecto, os níveis salivares mais elevados de SLPI nos lactentes am am entados foram associados à redução do risco de transm issão do H IV pelo leite m aterno. Foi tam bém sugerido que a saliva subm andibular dim inua a infectividade do H IV ao desbastar a gp l2 0 da superfície dos vírions; e que a ru p tura e destruição das células infectadas pelo H IV por ação da saliva ocorre em razão da hipotonicidade das secreções orais. Houve casos excepcionais de suspeita de transm issão pela saliva, mas consistiram provavelm ente em transm issão pelo sangue. A transm issão do HIV pode ocorrer por m ordidas hum anas, mas isto é raro. Além disso, al guns autores relataram um m ecanism o m ais raro de transm issão do HIV das crianças infectadas às mães da antiga União Soviética. Nesses casos, as crianças (infectadas por transfusões) apresentavam feridas sangrantes na boca e as m ães tinham lacerações e abrasões nos m am i los e ao seu redor, que foram causadas pelo traum atism o provocado pelos dentes das crianças. O aleitam ento tinha sido m antido por mais tem po do que o habitual em outros países desenvolvidos. Em bora o vírus possa ser identificado ou até m esm o isolado de praticam ente qualquer líquido corporal, não há evidências de que a transm issão do H IV ocorra em conseqüência de exposição às lágri mas, ao suor e à urina. E ntretanto, houve casos isolados de transm is são da infecção pelo HIV p or líquidos corporais, que podiam ou não estar contam inados com sangue. A m aioria desses casos ocorreu no contexto de um parente próxim o prestando cuidados intensivos de enferm agem aos pacientes infectados pelo HIV, sem adotar as p re cauções universais; isto ressalta a im portância de adotar estas p re cauções d urante a m anipulação de líquidos e dejetos corporais dos indivíduos infectados pelo HIV.
EPIDEMIOLOGIA INFECÇÃO PELO HIV E A AIDS NO MUNDO
O
A infecção pelo H IV /A ids é um a pandem ia m undial com casos relatados em praticam ente todos os países. No final de 2009, 33,3 m ilhões de indivíduos viviam com a infec
Doenças Infecciosas
A m érica do N orte 1,5 m ilhões [1,2 a 2,0 m ilhões]
C aribe 240.000 [220. 000 a 270.000]
A m éricas C entral e do Sul 1,4 m ilhões [1,2 a 1,6 m ilhões]
ção pelo HIV, de acordo com o Joint U nited N ations Program m e on H IV /A ids (UNAIDS). Mais de 95% das pessoas que vivem com HIV / Aids residem nos países de renda m édia ou baixa; cerca de 50% são m ulheres e 2,5 m ilhões são crianças < 15 anos. A Fig. 189.9 ilustra a distribuição m undial dos casos. C om o se pode observar na Fig. 189.10A, o núm ero estim ado de pessoas que vivem com HIV - isto é, prevalência global - aum entou em cerca de quatro vezes desde a década de 1990; isto reflete os efeitos com binados dos índices persis tentem ente altos de infecções recentes p o r H IV e o im pacto favorável do tratam ento antirretroviral (prolongando a vida). Em 2009, estim ou-se que foram d iagnosticados 2,6 m ilhões de novos casos de infecção pelo H IV em todo o m undo, incluindo 370.000 crianças com idade < 1 5 anos. A UNAIDS estim a que a in cidência m undial da infecção po r H IV tenha alcançado um pico em 1997, quando ocorreram cerca de 3,2 m ilhões de casos novos de in fecção por HIV. Em 2009, o núm ero estim ado de infecções novas por H IV em todo o m undo foi cerca de 21% m en o r que o nível alcan çado no pico da pandem ia (Fig. 189.10B). As reduções recentes da incidência m undial da infecção po r H IV provavelm ente refletem as tendências naturais da p andem ia, assim com o os resultados dos pro gram as de prevenção que resultam em alterações do com portam ento. Em 2009, o total de m ortes m undiais p or Aids chegou a 1,8 m ilhões (inclusive 260.000 crianças com idade < 1 5 anos). A expansão rápida do acesso ao tratam ento antirretroviral provavelm ente ajudou a re duzir os coeficientes de m o rtalidade associados à Aids nos últim os anos (Fig. 189.10C). Desde o início da pandem ia, o total acum ulado de m ortes p or Aids em todo o m undo passa de 25 m ilhões. A epidem ia do H IV tem ocorrido em “ondas” nas diferentes re giões do m undo, apresentando cada um a características um pouco diferentes, dependendo da dem ografia do país e da região em ques tão, bem com o da época em que o H IV foi introduzido na população. Em bora a epidem ia de Aids tenha sido reconhecida pela prim eira vez nos EUA e logo depois na E uropa O cidental, é m uito provável que tenha com eçado na África Subsaariana (ver anteriorm ente), que foi particularm ente devastada pela epidem ia. Mais de dois terços de to dos os indivíduos infectados pelo HIV (cerca de 22,5 milhões) vivem nesta região, em bora apenas 10 a 11% da população m undial vivam na África subsaariana (Fig. 189.9). Nessa região, o sul da África é o mais afetado. Em todos os nove países do sul da África, os dados de
E uropa C entral e O cidental 820.000 [720.000 a 910.000]
O riente M édio e N orte da A frica 460.000 [400.000 a 530.000]
África S ubsaariana 22,5 m ilhões [20,9 a 24,2 m ilhões]
E urop a O riental e Á sia C entral 1,4 m ilhões [1,3 a 1,6 m ilhões]
Á sia O riental 770.000 [560.000 a 1,0 m ilhão] Sul e S u d este da Á sia 4,1 m ilhões [3,7 a 4,6 m ilhões]
O ceania 57.000 [50.000 a 64.000]
T otal: 33,3 (31,4 a 35,3) m ilhões.
Figura 189.9 Números estimados de adultos e crianças vivendo com infecção pelo HIV, até dezembro de 2009. Total: 33,3 (31,4 a 35,3) milhões. [Segundo o United Nations Aids Program (UNAIDS).]
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Número de pessoas vivendo com HIV
Número de pessoas recéminfectadas pelo HIV
Número de mortes de crianças e adultos por Aids
E stim ativa -------- E stim ativas m áxim as e m ínim as
Estimativas epidemiológicas mundiais relativas ao HIV/Aids, 1990-2009. A. Número de pessoas vivendo com HIV. B. Número de pessoas recém-infectadas pelo HIV em todo o mundo. C. Número de mortes de crianças e adultos por Aids. (Segundo o UNAIDS.)
Figura 189.10
soroprevalência disponíveis indicam que > 10% da população adul ta entre 15 e 49 anos de idade estejam infectados pelo HIV. Além disso, entre os indivíduos de alto risco (p. ex., profissionais do sexo, pacientes atendidos nos am bulatórios de DST) que vivem em áreas urbanas da África Subsaariana, a soroprevalência atualm ente é > 50% em alguns países. A epidem ia regional da infecção pelo H IV na Á fri ca subsaariana varia expressivam ente e, na m aioria dos países des ta região, parece ter sido estabilizada, em bora geralm ente em níveis m uito altos. A exposição heterossexual é o m ecanism o principal de transm issão do H IV na África subsaariana e as m ulheres e as jovens adolescentes são afetadas desproporcionalm ente, representando cer ca de 60% de todos os indivíduos H lV -positivos dessa região. Em 2009, estim ou-se que 460.000 viviam com H IV na região do norte da Á frica/O riente m édio. A m aioria dos casos concentrava-se entre UDI, hom ens hom ossexuais e profissionais do sexo e seus clientes. Até o final de 2009, alguns estudos estim aram que 4,9 m ilhões de pessoas viviam com H IV no sul, no leste e no sudeste da Ásia. Nessa região do m undo, a prevalência nacional do H IV é m aior nos países do sudeste asiático, com variações am plas nas tendências dos diver sos países. Entre os países da Ásia, apenas a Tailândia tem índice de soroprevalência > 1% dos adultos. E ntretanto, as populações de m ui tos países asiáticos são tão num erosas (principalm ente na índia e na C hina), que m esm o os índices baixos de infecção e soroprevalência resultam em grandes parcelas da população infectada pelo HIV. E m bora a epidem ia asiática tenha ficado concentrada p o r algum te m po em populações específicas - profissionais do sexo e seus clientes, hom ens hom ossexuais e U D I - agora ela está em expansão para os parceiros heterossexuais dos indivíduos sob m aior risco. E m bora a epidem ia regional pareça estável em geral, a prevalência do HIV tem aum entado em alguns países com o Bangladesh e Paquistão. A epidem ia está em expansão do leste europeu e na Ásia central, onde 1,4 m ilhões de pessoas viviam com H IV até o final de 2009. A Federação Russa e a Ucrânia representam a m aioria dos casos de in fecção por H IV nessa região; a U crânia tem índice de soroprevalência de 1,1% dos adultos e é o mais alto da Europa. A m pliado inicialm ente pelo uso de drogas injetáveis e cada vez m ais pela transm issão hete rossexual, o núm ero de infecções recentes nessa região cresceu dras ticam ente durante a últim a década. Nas Am éricas C entral e do Sul e no Caribe, cerca 1,6 m ilhões de pessoas vivam com HIV /A ids. Nessa região, a m aioria dos pacientes
infectados vive no Brasil. E ntretanto, a progressão da epidem ia nesse país dim inuiu em razão dos esforços bem -sucedidos de tratam ento e prevenção. Os hom ens hom ossexuais representam a m aior parte das infecções p or H IV nas A m éricas C entral e do Sul. A região do Caribe tem o índice de soroprevalência m ais alto entre os adultos, depois apenas da África, em grande parte devido ao grande núm ero de casos do Haiti. A transm issão heterossexual, geralm ente ligada à prostitui ção, é o m ecanism o principal de transm issão do HIV nessa região. Cerca de 2,4 m ilhões de pessoas vivem com H IV /A ids na A m é rica do Norte, Europa central e oriental e Oceania. O núm ero de in fecções recentes entre os hom ens hom ossexuais aum entou durante a últim a década nesses países (a m aioria com rendas elevadas), e n quanto os índices de infecção recente entre os heterossexuais tenha estabilizado e as infecções entre os UDI tenham dim inuído.
■ A AIDS NOS EUA O H IV /A ids ainda tem im pacto ex tra o rd in á rio na saúde pública am ericana. Até I o de jan eiro de 2010, estim ou-se que tenham sido diagnosticados 1.108.611 casos de A ids nos EUA. De acordo com um estudo recente, cerca de 1,1 m ilhões de am ericanos vivem com infecção pelo HIV, dos quais cerca de 21% não sabem que estão in fectados. Cerca de dois terços dos indivíduos com H IV /A ids não são da raça branca e praticam ente a m etade (48%) é representada por h o m ens hom ossexuais. O índice estim ado de soroprevalência do HIV na população de am ericanos com 13 anos-ou m ais é de 0,5%. Nos EUA, os núm eros de casos e m ortes p or Aids aum entou con tinuam ente d urante a década de 1980; o n úm ero de casos de Aids alcançou um pico em 1993 e as m ortes em 1995 (Fig. 189.11). D es de então, os núm eros anuais de m ortes relacionadas com a Aids nos EUA dim inuíram em cerca de 70%. Essa tendência deve-se a diversos fatores, com o a profilaxia e tratam en to m ais eficazes das infecções oportunistas; experiência crescente dos profissionais de saúde que cuidam dos indivíduos H lV -positivos; a am pliação do acesso aos serviços de saúde; e a redução das infecções recentes em razão dos efeitos de saturação e os esforços preventivos. E ntretanto, o fator mais im portante certam ente foi o uso m ais am plo dos fárm acos antirretro virais potentes, geralm ente ad m in istrad o s em com binações de três ou quatro agentes. A lgum as estim ativas su g eriram que, to d o s os anos, cerca de 56.000 indivíduos sejam infectados nos EUA. Esse patam ar de inci
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1999 com cerca de 40% dos diagnós ticos. D esde então, a percentagem de diagnósticos de Aids atribuídos às relações hom ossexuais a u m e n taram ; em 2009, este m ecanism o de transm issão foi responsável p or 48% de to d o s os d iagnósticos de Aids. A percentagem estim ada de diagnósticos de Aids atribuíveis ao uso de drogas injetáveis aum entou de 20 para 31% durante o período de 1985 a 1994 e depois dim inuiu, re p resen ta n d o 15% dos diagnósticos em 2009. A percentagem estim ada de diagnósticos de Aids atribuíveis às relações heterossexuais aum entou de 3% em 1985 para 31% em 2009. A infecção pelo H IV e a A ids afetaram d e sp ro p o rcio n a lm e n te as A no do d iagnóstico ou da m orte p o p u laç õ es m in o ritá ria s dos EUA. Figura 189.11 Números estimados de casos e mortes por Aids, Estados Unidos, 1985-2009. (Segundo CDC.) E n tre os casos d iag n o stic ad o s de infecção pelo H IV (in d e p e n d e n te do diag n ó stico de A ids) em 2009, dência da infecção por H IV perm aneceu praticam ente estável po r no 52% eram negros e afro d e sc e n d en tes am ericanos, u m g ru p o que m ínim o 15 anos (Fig. 189.12). E ntre os adolescentes e os adultos com com preende apenas 13% da p opulação dos EUA (Fig. 189.15A). A infecção recém -diagnosticada (independentem ente do diagnóstico Fig. 189.15B ilustra os índices estim ad o s de diagnósticos recentes de Aids) até 2009, cerca de 76% eram hom ens e 24% eram m ulheres da infecção p o r H IV d istrib u íd o s p o r ra ç a /e tn ia p o r 100.000 h a (Fig. 189.13). Entre os diagnósticos de infecção por H IV /A ids dos h o bitantes. m ens, cerca de 75% eram atribuídos à transm issão hom ossexual, 14% Até I o de janeiro de 2010, foram diagnosticados cerca de 9.448 às relações heterossexuais, 8% ao uso de drogas injetáveis e 4% aos casos de A ids entre crianças com idade < 1 3 anos dos EUA e 59% m ecanism os sim ultâneos de relações hom ossexuais e uso de drogas destes pacientes tinham m orrido. Cerca de 91% dessas crianças nas injetáveis. Entre os diagnósticos recentes de H IV /A ids das m ulheres, ceram de m ães H lV -positivas ou tinham risco de adquirir a infecção cerca de 85% eram atribuíveis às relações heterossexuais e 15% ao uso por HIV; na m aioria desses casos, as m ães eram UDI ou parceiras he de drogas injetáveis. E im portante ressaltar que o n úm ero de novos terossexuais de um UDI. O núm ero estim ado de casos de Aids diag diagnósticos de infecção p or H IV não é igual ao nú m ero de novas nosticados entre as crianças expostas durante o período perinatal ao infecções pelo vírus (incidência): um indivíduo pode estar infectado H IV alcançou um pico em 1992 e dim in u iu nos últim os anos (Fig. há vários anos pelo HIV, antes de ser diagnosticado. 189.16). O declínio desses casos provavelm ente está relacionado com Os padrões de transm issão do HIV nos EUA m udaram ao longo a adoção das diretrizes de aconselham ento e testagem voluntária u n i do tem po (Fig. 189.14). Q uando se observa a totalidade dos dados versais para infecção p o r H IV entre as gestantes e com a utilização do coletados desde o com eço da epidem ia, cerca de 48% dos casos de TARV para gestantes e recém -nascidos de form a a evitar a infecção. Aids ocorreram entre hom ens hom ossexuais. Em 1985, as relações O utro fator contribuinte é o tratam ento eficaz da infecção p or HIV hom ossexuais representavam cerca de 65% de todos os casos de Aids entre as crianças infectadas. diagnosticados; esta percentagem alcançou seu nível m ais baixo em
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20.000
19771979
1980- 1982- 1984- 19861981 1983 1985 1987
19881990
19911993
19941996
19971999
Períodos
Figura 189.12
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Números estimados de infecções recentes por HIV, Estados Unidos. (Segundo Hall et ai)
20002 002
2003200 6
2 0 0 72010
Homens n = 31.872
vação im une policlonal. O subgrupo de células T auxiliares é definido em term os fenotípicos R elações hom ossexuais pela presença em sua superfície e uso de drogas da m olécula CD 4 (Cap. 314), injetáveis - 4% que atua com o receptor celu Uso de lar principal do HIV. Tam bém O u tro s < 1 % Uso de drogas drogas é necessária a presença de um injetáveis injetáveis - 15% correceptor que se liga à m olé -8% cula CD4 para que haja ligação, fusão e e n tra d a eficientes do HIV-1 nas células-alvo (Figs. 189.3 e 189.4). O H IV utiliza dois c o rrecep to res p rin cip ais (CCR5 e CXCR4) para a fusão e entrada; estes correceptores são tam bém os receptores p rin cipais de certas citocinas quim io táx icas c onhecidas com o quim iocinas e pertencem à fa m ília de receptores acoplados à proteína G dotados de sete d o Figura 189.13 Mecanismos de transmissão dos adolescentes e dos adultos com HIV/Aids diagnosticados em 2009 m ínios transm em brana. Alguns nos EUA. Estimativas relativas aos 40 estados com notificações confidenciais nominais de infecção por HIV. Os dados incluem dos m ecanism os responsáveis os indivíduos com o diagnóstico de infecção pelo HIV, independentemente da existência de Aids por ocasião do diagnóstico. pela depleção celular e/ou pela [Segundo CDC.) disfunção im une das células T CD 4+ já foram dem onstrados Em bora a epidem ia de H IV /A ids com o um todo venha esteja es in vitro; isto inclui a infecção e a destruição diretas destas células pelo tabilizando nos EUA, a epidem ia está espalhando rapidam ente entre HIV e os efeitos indiretos com o a “depuração” im une das células in certas populações, estabilizando-se em algum as e dim in u in d o em fectadas, a exaustão im une causada pela ativação celular anôm ala e outras. C om o tam bém ocorre com as DST, a infecção pelo H IV não a m orte celular induzida pela ativação. Os pacientes com níveis de se difunde de form a hom ogênea entre a população am ericana. E n células T CD4+ abaixo de determ in ad o s lim iares têm riscos eleva tretanto, é claro que qualquer um que tenha com portam entos de alto dos de desenvolver várias doenças oportunistas, particularm ente as risco está sob risco de infecção pelo HIV. Além disso, os aum entos infecções e as neoplasias que constituem as doenças definidoras da recentes das infecções e dos casos de Aids entre hom ens jovens h o Aids. A lgum as m anifestações da Aids, com o o sarcom a de Kaposi e mossexuais e tam bém a dissem inação da infecção nas “bolsas” de p o as anorm alidades neurológicas, não podem ser totalm ente explicadas breza das áreas urbanas e rurais (principalm ente entre as populações pela im unodeficiência causada pela infecção pelo HIV, porque estas m inoritárias carentes do sudeste dos EUA, que têm pouco acesso aos complicações podem surgir antes do desenvolvim ento de im unode serviços de saúde) confirm am que a epidem ia de infecção p o r H IV ficiência grave. ainda é um problem a grave de saúde pública neste país. A com binação dos efeitos patogênicos e im unopatogênicos vi rais que ocorre d u ra n te a evolução da doença causada pelo HIV, FISIOPATOLOGIA E PATOGENIA desde o m om ento da infecção inicial (prim ária) até o aparecim ento A m arca característica da doença causada pelo H IV é a im u n o d e da doença em estágio avançado, é com plexa e variada. É im portante ficiência profunda, que resulta basicam ente das deficiências q u a n reconhecer que os m ecanism os patogênicos da doença causada pelo titativa e qualitativa progressivas da subpopulação de linfócitos T HIV são m ultifatoriais e polifásicos, diferindo nos diferentes estágios conhecidos com o células T auxiliares, que ocorre no contexto da atida doença. Por conseguinte, é essencial considerar a evolução clíni ca típica de u m indivíduo infectado pelo H IV e ainda não tratado, para que se p o s sam analisar de m odo m ais com pleto esses eventos patogênicos (Fig. 189.17). Mulheres n = 9.973
A no do d iagnóstico
Figura 189.14
Estimativas dos diagnósticos de Aids entre adolescentes e adultos, por mecanismo de
transmissão e ano do diagnóstico, EUA, 1985-2009. (Segundo CDC.)
EVENTOS INICIAIS í A INFECÇÃO PELO HIV: PRIMOINFECÇÃO E DISSEMINAÇÃO INICIAL DO VÍRUS
C om a utilização do m odelo de transm issão pelas m ucosas, os prim eiros eventos (de pois de algum as horas) que ocorrem depois da exposição da superfície m ucosa ao H IV d eterm in am se a infecção ocorrerá e ta m bém a evolução subsequente das próxim as etapas da infecção. E m bora a barreira m u cosa seja relativam ente eficaz para lim itar o acesso do H IV aos alvos suscetíveis da lâ m in a própria, o vírus pode atravessar esta b arreira p o r tran sp o rte d en tro das células dendríticas situadas logo abaixo da superfí cie, ou p o r falhas m icroscópicas da mucosa. As falhas significativas da barreira mucosa,
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
■
1519
n = 42.011
Indios a m e rica n o s/ nativos do Alasca,
A siáticos, 1% N ativos do H avaí/ outras ilhas do Pacífico < 1%
< 1%
N egros/a fro -a m e rica n o s H ispânico/latinos N ativos do H avaí/ o u tra s ilhas do Pacífico V árias raças índios a m ericanos/ nativos do A lasca B rancos A siáticos 0
B
10
20
30
40
50
60
(ndice/100.000 habitantes
Figura 189.15 Raça/etnia dos indivíduos (inclusive crianças) com HIV/Aids diagnosti cados em 2009 nos EUA. A. Percentagens de infecções recentes por raça/etnia. B índice de
infecções recentes por raça/etnia (por 100.000 habitantes). As estimativas referem-se aos 40 es tados com notificação confidencial nominal da infecção por HIV. Os dados incluem indivíduos com o diagnóstico de infecção por HIV, independentemente do diagnóstico de Aids. (Segundo CDC.)
Doenças Infecciosas 152o
co m o ocorrem com as doenças genitais ulcerativas, facilitam a e ntrada do vírus e aum entam a eficiência da infecção. Em seguida, o vírus busca alvos suscetíveis, q u e basicam ente são as células T CD 4+ dispersas espacialm ente na m ucosa. Essa d isp e rsã o espacial d o s alvos co n stitu i u m obstáculo significativo ao estabeleci m e n to da infecção. Esses obstáculos ex plicam a baixa eficiência da transm issão sexual do H IV (ver “Transm issão sexual”, adiante). As células T CD 4+ em repouso “p a rc ia l” e as células T CD 4+ ativadas fu n c io n a m com o am plificadores iniciais d a infecção. Os linfócitos T CD 4+ em re p o u so são m ais abundantes; contudo, a s células T C D 4+ ativadas pro d u zem q u a n tid a d es m aiores do vírus. De form a q u e a infecção possa se estabelecer, a taxa rep ro d u tiv a básica (R0) deve ser igual ou m a io r que 1 (isto é, cada célula infectada deveria infectar no m ínim o outra célula). À m edida que os víru s são p ro duzidos n o s prim eiros dias ou sem anas, eles são
Figura 189.16
dispersos, prim eiram ente para os linfonodos regionais e depois p ara outros com p artim en to s linfoides onde conseguem acesso fácil às concentrações altas de célu las T CD4+ (células-alvos), perm itindo a ocorrência de um a virem ia “explosiva” em níveis altos (Fig. 189.18). Um órgão linfoide im p o rta n te - os tecidos linfoides associados ao intestino (GALT) - é um dos alvos p rin cipais da infecção pelo H IV e o local onde grandes quantidades de células T CD 4+ (em geral, células de m em ória) são infectadas e deletadas, tanto pelos efei tos virais diretos quanto pela apoptose associada à ati vação. Q uando a replicação viral alcança esse lim iar e o vírus está am plam ente dissem inado, a infecção está definitivam ente estabelecida e o processo é irreversível. É im portante ressaltar que a infecção inicial das célu las suscetíveis pode variar até certo ponto, de acordo com a via de infecção. Os vírus que pen etram direta m ente na corrente sanguínea p o r m eio do sangue ou dos hem ocom ponentes infectados (isto é, transfusões, uso de agulhas contam inadas para aplicação de drogas injetáveis, lesões p o r objetos cortantes, transm issão m aternofetal durante o p arto ou período perinatal, ou relação sexual du ran te a qual ocorre traum atism o su ficiente para causar sangram ento) provavelm ente são rem ovidos da circulação pelo baço e p or outros órgãos linfoides, onde as infecções focais prim árias começam, seguidas de dissem inação m ais am pla po r todos os ou tros tecidos linfoides, conform e foi descrito antes. A lguns estudos dem o n straram que a transm issão sexual do H IV resulta de um único evento infectante e que existe um “gargalo” genético viral para a tran s missão. Nesse aspecto, algum as características da glico proteína do envoltório viral desem penham um a função im portante na transm issão, no m ínim o para os subti pos A e C do HIV. Os vírus transm issores, geralm ente conhecidos com o “vírus iniciadores”, com um ente re presentam um a parcela pequena dos vírus circulantes que causam a virem ia do parceiro transm issor; estes vírus são m enos divergentes com seqüências de m ar cação com o as seqüências de alça V I-V 2 m ais curtas e m enos sítios de glicosilação N -term inais em com para ção com as variantes circulantes principais. Em geral, os vírus iniciadores são sensíveis à neutralização por
Números estimados de casos de Aids infantis adquiridos no período perinatal, por ano
do diagnóstico, 1985-2009, EUA. [Segundo CDC.)
continuar assintom áticos ou não se lem b rar de terem sintom as. Aparentem ente, o nível inicial da virem ia plasm ática da p rim o in fecção pelo H IV não determ ina n ecessariam ente a taxa de p ro gressão da doença; contudo, a estabilização do nível de virem ia plasm ática no estado de equilí brio depois de cerca de 1 ano p a rece correlacionar-se com a taxa de progressão da doença dos p a cientes que não são tratados.
■ ESTABELECIMENTO DA INFECÇÃO CRÔNICA PERSISTENTE Q>
Replicação viral persistente
A infecção pelo H IV é singular entre as infecções virais h u m a nas. A despeito das respostas im u n e s celulares e h u m o rais robustas desencadeadas depois da infecção p rim ária (ver “R es posta im une”, adiante), um a vez Figura 189.17 Evolução típica de um indivíduo infectado pelo HIV sem tratamento. Ver descrição detalhada no estabelecida a infecção, o vírus texto. (Segundo G Pantaleo et al.: N Engl J Med 328:327, 1993. Direitos autoriais de 1993 da Massachusetts Medicai Society. Todos os direitos reservados.) consegue escapar da destruição p or m ecanism os im unes e, p ara doxalm ente, parece beneficiar-se anticorpos do parceiro transm issor. Q uando a replicação ocorre no com a ativação im une e nunca é elim inado p or com pleto do corpo. parceiro recém -infectado, os vírus iniciadores divergem e acum ulam Na verdade, ocorre infecção crônica, que persiste com graus variáveis sítios de glicosilação, tornando-se progressivam ente m ais resistentes de replicação viral contínua no paciente não tratado p o r um período à neutralização (Fig. 189.19). m édio de cerca de 10 anos, antes de m anifestar doença clínica (ver O surto repentino de virem ia e a dissem inação am pla do vírus “D oença avançada causada pelo H IV ”, adiante). O estabelecim ento durante a infecção prim ária pelo HIV podem estar associados à sín da infecção crônica e persistente constitui a m arca característica da drome aguda da infecção pelo H IV , que ocorre em graus variados em doença causada pelo HIV. D urante toda a evolução frequentem ente cerca de 50% dos indivíduos com o prim oinfecção. Em geral, essa prolongada da infecção crônica, a replicação viral sem pre pode ser síndrom e está associada aos níveis altos de virem ia (estim ados em detectada nos pacientes não tratad o s p o r m eio de ensaios altam en m ilhões de cópias de RNA viral p o r m ililitro de plasm a), que p e r te sensíveis para virem ia plasm ática, bem com o pela dem onstração siste p or várias sem anas. Os sinais e os sintom as sem elhantes aos da do RNA do H IV associado às células im unocom petentes (predom i m ononucleose aguda estão relacionados diretam ente com a o corrên nantem ente células T CD 4+ e m acrófagos) na circulação e no tecido cia da virem ia. Q uase todos os pacientes desenvolvem algum grau linfoide. E studos recentes usando técnicas m oleculares altam ente de virem ia durante a prim oinfecção e isto contribui para a dissem i sensíveis d em o n straram que, m esm o em determ in ad o s pacientes nação do vírus para todos os tecidos linfoides, m esm o que possam
I
Tecido linfoide
Lâmina própria
1
ri V írions do HIV
C é lu las T C D 4+ ; em "repouso"
C é lu las T C D 4+ iníe cta d a s em "repouso"
LTC de resposta tardia
o. co =3
o
Q_ CD^ Õ CD> Z3
O co' Horas Figura 189.18
Dias
Semanas
Anos
Resumo dos eventos iniciais da infecção pelo HIV. Ver descrição detalhada no texto. CD, célula dentritica; LTC, linfócitos T citotóxicos; HIV, vírus da
imunodeficiência humana. (Adaptada de Haase, 2005.)
1521
Figura 189.19 À medida que o HIV diverge do vírus iniciador para o ví rus em replicação crônica, o vírus acumula sítios de glicosilação N-terminais. Ver descrição detalhada no texto. (Adaptada de CA Derdeyn etal.: Science
303:2019,2004; B Chohan et al.: J Virol 79:6528,2005; e BF Keele et al.: Proc Natl Acad Sei USA 105:7552,2008.) nos quais a virem ia plasm ática foi suprim ida a m enos de 50 cópias/ mL do RNA do HIV pelo TARV, a replicação viral em níveis baixos continua. Em outras infecções virais hum anas, com pouquíssim as exceções, quando o hospedeiro sobrevive, o vírus é totalm ente eli m inado do corpo e ele desenvolve im unidade contra a reinfecção. A infecção pelo H IV m uito raram ente leva o hospedeiro à m orte d u rante a primoinfecção. Alguns vírus com o o HSV (Cap. 179) não são elim inados po r com pleto do corpo depois da infecção, m as entram em estado de latência; nestes casos, a latência clínica é acom panha da de latência m icrobiológica. C om o já foi m encionado, esse não é o caso da infecção pelo HIV. A cronicidade associada à replicação persistente do vírus tam bém pode ser observada em alguns casos de infecções pelo HBV e HCV (Cap. 306); todavia, nestas infecções o sistema im une não é um alvo do vírus.
Evasão do controle do sistema imune Inerente ao estabelecim ento da cronicidade da infecção pelo H IV é a capacidade do vírus de evitar a elim inação e o controle pelo siste m a im une. O vírus dispõe de vários m ecanism os para conseguir essa evasão. Entre estes destaca-se, pela sua im portância, o estabelecim en to de um nível persistente de replicação associado à geração, por m u tação e rearranjo, de um a diversidade viral que se constitui, assim, em um m eio de escapar do controle e da elim inação pelo sistem a im u ne. A seleção dos m utantes que escapam ao controle dos linfócitos T CD8+ citotóxicos (LTC) é fundam ental à propagação e à progressão da infecção pelo HIV. A taxa elevada de replicação viral associada às m utações inevitáveis tam bém contribui para a incapacidade dos anticorpos neutralizantes de conter a quasispecies viral presente em um determ inado indivíduo e em dado m om ento. Análises detalha das do HIV isolado seqüencialm ente e das respostas do hospedeiro dem onstraram que a evasão viral dos epítopos das células T CD8+ e das células B ocorria pouco depois da infecção e perm itia que o vírus perm anecesse um passo à frente das respostas im unes eficazes. Além disso, os clones de LTC CD8+, que se expandem enorm em ente d u rante a infecção prim ária pelo H IV e que provavelm ente representam os clones de alta afinidade que se esperaria fossem os m ais eficientes na elim inação das células infectadas pelo vírus, não são m ais detec táveis depois do surto inicial de expansão. A parentem ente, os clones inicialm ente expandidos podem ter sido deletados ou tornados disfuncionais em virtude da ativação im une m aciça resultante da repli cação viral persistente, algo sem elhante à exaustão dos LTC CD8+ descrita no m odelo m urino de infecção pelo vírus da coriom eningite linfocitária (VCLM). Estudos recentes indicaram que a exaustão das células efetoras durante a ativação im une prolongada esteja associa à expressão da m olécula 1 de m orte program ada (PD -1) (da fam ília das m oléculas B7-CD28) pelas células ativadas e sua interação com os seus ligandos (L) PD-L1 e PD-L2 presentes nas células apresenta doras de antígeno. Essa interação resulta em um sinal parcialm ente reversível para a m orte e/ou disfunção celular. Um outro m ecanism o que contribui para a evasão do HIV ao controle do sistem a im une é
a hiporregulação (induzida pela proteína N ef do HIV ) das m oléculas HLA da classe I na superfície das células infectadas pelo vírus; isto resulta na incapacidade de os LTC CD8+ reconhecerem e destruírem a célula-alvo infectada. E m bora essa hiporregulação das m oléculas HLA da classe I possa favorecer a elim inação das células infectadas pelo H IV pelas células natural killer (NK), este últim o m ecanism o não parece elim inar de m aneira eficaz as células infectadas pelo ví rus (ver adiante). Os alvos principais dos anticorpos neutralizantes contra o H IV são as proteínas do envoltório g p l2 0 e gp41. O HIV utiliza no m ínim o três m ecanism os para evadir-se às respostas neu tralizantes: hipervariabilidade da seqüência prim ária do envoltório, glicosilação extensiva do envoltório e m ascaram ento conform acional dos epítopos neutralizantes. A ajuda p roporcionada pelas células T CD 4+ é essencial à in tegridade das respostas im unes contra antígenos específicos, tanto hum orais quanto celulares. O H IV infecta preferencialm ente as cé lulas T CD4+ ativadas (inclusive as células T CD 4+ específicas para o vírus) e, deste m odo, esta p erda das respostas virais específicas de sencadeadas pelas células T auxiliares tem conseqüências negativas profundas para o controle im unológico da replicação do vírus. Além disso, essa perda ocorre nos estágios iniciais da infecção e estudos realizados com anim ais sugeriram que 40 a 70% de todas as células T CD4+ de m em ória do GALT sejam elim inadas durante a infecção aguda. O utro m ecanism o potencial de evasão das células infectadas pelo HIV de form a a evitar a elim inação pelos LTC CD8+ é o seqües tro das células infectadas em sítios im unologicam ente privilegiados, inclusive o sistem a nervoso central (SNC). Por fim, a evasão do H IV à elim inação durante a infecção prim á ria perm ite a form ação de u m pool de células com infecção latente, que não podem ser elim inadas pelos LTC específicos para o vírus (ver adiante). Desse m odo, apesar da resposta im une vigorosa e da hiporregulação acentuada da replicação viral depois da prim oinfec ção pelo HIV, o vírus consegue estabelecer a infecção crônica com graus variáveis de replicação viral persistente. D urante esse período, a m aioria dos pacientes faz a transição clínica da infecção prim ária aguda para os intervalos variáveis de latência clínica ou doença em atividade latente (ver adiante).
Reservatórios de células infectadas pelo HIV: obstáculos à erradicação do vírus Praticam ente em todos os indivíduos infectados pelo HIV, existe um reservatório de células T CD4+ em repouso com infecção latente, que no m ínim o funciona com o reservatório persistente do vírus. Essas células m anifestam latência pós-integração, n a qual o provírus do HIV incorpora-se ao genom a celular e pode perm anecer neste estado até que um sinal de ativação venha a desencadear a expressão dos transcritos do H IV e, em ú ltim a instância, form ar vírus capazes de replicar-se. Esse tipo de latência deve ser diferenciada da latência pré-integração, na qual o H IV entra em um a célula T CD4+ em repouso e, na ausência de u m sinal de ativação, a transcrição reversa do geno m a viral ocorre até certo ponto, m as o DNA do pfovírus resultante não pode ser incorporado ao genom a do hospedeiro. Esse período de latência pré-integração pode estender-se p o r horas ou dias e, quando não há um sinal de ativação para a célula, o_DNA proviral perde sua capacidade de iniciar u m a infecção produtiva. Q uando essas célu las são ativadas, a transcrição reversa prossegue até o fim e o vírus continua seu ciclo de replicação (ver anteriorm ente e Fig. 189.20). O reservatório de células que se encontram em estado de latência pós-integração é estabelecido precocem ente du ran te a evolução da p ri m oinfecção pelo HIV. A despeito da supressão da virem ia plasm ática a m enos de 50 cópias de RNA do H IV p or m ililitro com as com bina ções potentes de vários fárm acos antivirais adm inistrados ao longo de m uitos anos, esse reservatório de células com infecção latente p er siste e pode form ar vírus com capacidade de replicação. Estudos de m odelagem baseados em projeções das curvas de declínio estim aram que, em um a situação de supressão m antida, seriam necessários 7 a 70 anos para a elim inação com pleta do reservatório de células com infecção latente. Além disso, o reservatório de células com infecção latente é reconstituído du ran te as pequenas reativações da replica-
C élula T C D 4 + em repouso
Latência pré-integraçâo (instável)
V
V
.
Ativação da celula T (Ag, citocinas)
D egradação do DNA do H IV não incorporado
Célula T C D 4+ em repouso
E feito citopático do vírus
Ativação da célula T (Ag, citocinas)
D issem inação do vírus
Figura 189.20 Desenvolvimento das células T CD4+ em repouso com in fecção latente nos infectados pelo HIV. Ver detalhes no texto. Ag, antígeno; LTC,
90% dentro de duas sem anas. C oncom itantem ente, havia aum ento da contagem de células T CD 4+ no sangue, sugerindo que a des truição das células T CD 4+ estivesse diretam ente ligada aos níveis dos vírus em replicação. Todavia, um com ponente significativo da elevação inicial da contagem de células T CD4+ depois do início do tratam en to pode ser atrib u íd o à redistribuição das células para o sangue periférico a p a rtir de outros com partim entos corporais, em conseqüência da atenuação da ativação do sistem a im une associada à virem ia pelo tratam ento antirretroviral. Com base em m odelos da cinética de declínio viral e no aparecim ento de m utantes resistentes durante o tratam ento, descobriu-se que 93 a 99% dos vírus circulan tes provinham das células T CD 4+ recém -infectadas e de rápida re novação e que cerca de 1 a 7% dos vírus circulantes originavam -se das células de vida m ais longa, provavelm ente m onócitos/m acrófa gos. Um a quantidade insignificante do vírus circulante originava-se do reservatório de células com infecção latente (Fig. 189.21). Além disso, pesquisadores dem onstraram que a m eia-vida de um virion na circulação era de cerca de 30 a 60 m inutos, enquanto a m eia vida das células infectadas ativam ente era de um dia. C onsiderando os níveis relativam ente estáveis de virem ia plasm ática e contagens de célu las infectadas, parece que enorm es quantidades do vírus (cerca de 10IO- 1 0 " vírions) são produzidas e elim inadas da circulação a cada dia. Além disso, os dados sugerem que a duração m ínim a do ciclo de replicação do HIV-1 in vivo seja de cerca de dois dias. O utros estu dos dem onstraram que a redução da virem ia plasm ática resultante do TARV correlaciona-se diretam ente com a redução da replicação viral nos linfonodos, confirm ando que o tecido linfoide é o principal local de replicação do H IV e a principal fonte d a virem ia plasmática. Ao final de aproxim adam ente 1 ano, o nível de virem ia em estado de equilíbrio (conhecido com o setp o in t viral) tem im plicações prognósticas im portantes com relação à progressão da doença causada pelo H IV nos pacientes não tratados. E studos d em onstraram que, com o grupo, os indivíduos H lV -positivos não tratados com set point baixos em seis meses a um ano depois da infecção progridem para Aids m uito mais lentam ente que os pacientes com set points mais al tos nessa ocasião (Fig. 189.22).
linfócitos T citotóxicos. (Cortesia de TW Chun; com autorização.)
Latência clínica versus latência microbiológica C om exceção dos indivíduos que não têm progressão da doença a longo prazo (ver “Sobreviventes de longo prazo e indivíduos sem progressão da doença a longo prazo”, ver adiante), o nível de células T CD4+ no sangue dim inui progressivam ente nos indivíduos infec tados pelo HIV. O declínio das células T CD 4+ pode ser gradativo ou abrupto, este últim o caso geralm ente refletindo um pico significativo nos níveis de virem ia plasm ática. A m aioria dos pacientes é relativa m ente assintom ática du ran te esse declínio progressivo (ver adiante) e, em geral, diz-se que está em um estado de latência clínica. C o n tudo, esse term o pode gerar confusão porque não significa latência
ção viral, que podem ocorrer interm itentem ente e superpor-se aos níveis baixos de replicação viral persistente; estas reativações podem perm anecer abaixo dos lim ites de detecção dos ensaios atuais (ver adiante) (Fig. 189.20), m esm o nos pacientes que são tratados de m a neira eficaz sob outros aspectos. Os reservatórios das células infecta das pelo H IV (em latência ou não) podem desenvolver-se em alguns com partim entos, inclusive tecidos linfoides, sangue periférico e SNC (provavelmente nas células da linhagem dos m onócitos/m acrófagos), assim com o em outros locais ainda não definidos. Ao longo dos últi m os anos, pesquisadores têm realizado tentativas de elim inar o HIV do reservatório viral latente utilizando fárm acos que estim ulam as células T CD4+ em repouso Linfócitos C D 4+ com durante o tratam ento antirretroviral; contudo, infecção produtiva essas tentativas foram infrutíferas. Desse m odo, esse reservatório persistente de células infecta das em vários estágios de latência e/ou os níveis baixos de replicação viral p ersistente são os ( obstáculos principais de qualquer tentativa de '< erradicação do vírus dos indivíduos infectados, < apesar dos resultados clínicos favoráveis conse; guidos com o TARV. 5
Linfócitos C D 4+ com infecção latente
L infócitos C D 4 + não infectados
Dinâmica viral A dinâm ica da produção e da renovação virais foi quantificada utilizando m odelos m atem áti cos no contexto da adm inistração de inibidores da transcriptase reversa e de protease aos in d i víduos infectados pelo H IV em estudos clínicos. O tratam ento com esses fárm acos resultou no declínio abrupto dos níveis de virem ia plasm á tica, que geralm ente dim inuíam b em m ais de
Linfócitos C D 4+ infectados com víru s inativos
cr
co Q. CD
O Q. CD ■ t>
o'
CD> =5
O Linfócitos C D 4+ ativados e não infectados
Figura 189.21
P opulações de cé lulas longevas
co'
Dinâmica da infecção pelo HIV in vivo. Ver detalhes no texto. (Segundo/AS Perelson et
al.: Science 271:1582,1996.)
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indivíduos infectados pelo H IV aum entou d ra m a ticam ente. N os p rim ó rd io s da epidem ia de Aids e antes da disponibilidade de tratam ento, quando um 0,9 paciente desenvolvia um a infecção o p o rtu n ista p o 0,8 ~ tencialm ente fatal, a sobrevida m édia era de 26 sem a nas decorridas desde a apresentação. Hoje, um in d i 0,7 víduo de 20 anos infectado pelo H IV que viva em um 0,6 país desenvolvido e seja tratado adequadam ente com TARV pode esperar viver no m ínim o até 50 anos, de 0,5 ■» acordo com as projeções dos m odelos m atem áticos. 0,4 - C ópias de RNA do HIV por m L Em razão do TARc, a sobrevivência de longo prazo ------- < 9 .0 6 0 torna-se cada vez m ais com um . As definições dos 0,3 "l indivíduos sem progressão da doença a longo prazo ........ 9.061 a 26.040 0,2 têm variado consideravelm ente ao longo dos anos e, ------ 26.041 a 72.540 p o r esta razão, estes indivíduos constituem um g ru ------->72.540 0,1 po heterogêneo. Esses indivíduos foram descritos inicialm ente na década de 1990. O riginalm ente, os 10 pacientes eram considerados indivíduos sem doença T em po, anos progressiva a longo prazo quando estavam infectados pelo H IV p or períodos longos ( > 1 0 anos), tinham Figura 189.22 Relação entre níveis virais e taxas de progressão da doença. Curvas de contagens de células T CD 4+ norm ais e p e rm a n e Kaplan-Meier para sobrevivência sem Aids estratificadas por categorias de carga viral no baseline (RNA ciam estáveis ao longo dos anos, em bora não fizes do HIV em cópias/mL). (Segundo Mellors etal.) sem TARV. Cerca de 5 a 15% dos indivíduos infecta dos pelo H IV são classificados na categoria geral dos pacientes sem doença progressiva. E ntretanto, esse da doença, tendo em vista que a progressão (em bora seja lenta em grupo era m uito heterogêneo e, ao longo do tem po, um a p ercenta m uitos casos) geralm ente é inexorável d urante esse período. Além gem significativa desses indivíduos progredia e p or fim necessitava disso, a latência clínica não deve ser confundida com latência m icrode tratam ento. A p a rtir desse g rupo m ais amplo, pesquisadores iden biológica, porque níveis variáveis de replicação viral sem pre ocorrem tificaram um subgrupo m uito m en o r de controladores de “elite” ou durante esse período de latência clínica. M esm o nos raros pacientes indivíduos sem doença progressiva, que representavam m enos de 1% que apresentam m enos de 50 cópias de RNA do H IV p o r m ililitro na dos pacientes H lV -positivos. Por definição, esses controladores de ausência de tratam ento, existe quase sem pre algum grau de replica elite têm níveis extrem am ente baixos de virem ia plasm ática e conta ção viral contínua. gens norm ais de células T CD4+. E im portante salientar que algumas de suas respostas im unes específicas ao H IV são robustas e n itida ■ DOENÇA AVANÇADA CAUSADA PELO HIV m ente m ais eficazes que as observadas nos indivíduos HlV-positivos Nos pacientes não tratados ou nos quais o tratam ento não conseguiu com doença progressiva. Nesse grupo de controladores de elite, al controlar adequadam ente a replicação viral, a contagem de células T guns haplótipos HLA da classe I estão expressos com frequências CD4+ dim inui depois de um período variável abaixo de um lim iar aum entadas, principalm ente o HLA-B57-01 e o HLA-B27-05. Além crítico (< 2 0 0 / jjlL), geralm ente em alguns anos) e o paciente torna-se desse subgrupo de controladores de elite, estudos d em onstraram que altam ente suscetível às doenças o portunistas (Fig. 189.17). Por essa alguns outros fatores genéticos estavam envolvidos em m aior ou m e razão, a definição de casos de Aids proposta pelos C D C inclui todos n or grau no controle da replicação viral e, deste m odo, na taxa de os indivíduos infectados pelo HIV com contagens de células T CD4+ progressão da doença causada pelo H IV (ver “Fatores genéticos na abaixo desse nível (Q uadro 189.1). Os pacientes podem apresentar patogenia da infecção pelo H IV ” adiante). sinais e sintom as constitucionais ou desenvolver subitam ente um a doença oportunista sem quaisquer sintom as prem onitórios, em bora esta últim a situação seja incom um . A depleção das células T CD4+ continua a progredir inexoravelm ente du ran te essa fase. Em geral, nos pacientes não tratados, as contagens de células T CD4 dim inuem a 10/(jlL ou até zero. Nos países onde a TARV e a profilaxia e o tra tam ento das infecções oportunistas estão prontam ente disponíveis a esses pacientes, a sobrevivência aum enta dram aticam ente, m esm o entre os pacientes com doença avançada causada pelo HIV. Por outro lado, os pacientes não tratados que evoluem para essa form a m ais grave de im unodeficiência geralm ente sucum bem às infecções opor tunistas ou às neoplasias (ver adiante).
■ SOBREVIVENTES DE LONGO PRAZO E INDIVÍDUOS SEM PROGRESSÃO DA DOENÇA A LONGO PRAZO É im portante diferenciar os term os sobrevivente de longo prazo e indi víduos sem progressão da doença a longo prazo. Por definição, o últi m o grupo é constituído por sobreviventes de longo prazo; contudo, o contrário nem sem pre é verdadeiro. As previsões baseadas em um es tudo realizado antes que se dispusesse da TARV eficaz estim aram que cerca de 13% dos hom ens hom ossexuais/bissexuais infectados num a idade precoce p oderiam não desenvolver m anifestações clínicas da Aids p or mais de 20 anos. M uitos desses indivíduos podiam ter p ro gredido no que se refere à gravidade da im unodeficiência; contudo, eles certam ente sobreviviam p or um período de tem po considerável. C om o advento do tratam ento antirretroviral eficaz, a sobrevida dos
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■ ÓRGÃOS LINFOIDES E PATOGENIA D0 HIV Independentem ente da p o rta de entrada do HIV, os tecidos linfoi des são as principais estruturas anatôm icas para o estabelecim ento e a propagação da infecção pelo HIV. Apesar da utilização das deter m inações da virem ia plasm ática para avaliar o nível de atividade da doença, a replicação viral ocorre principalm ente no tecido linfoide e não no sangue; na verdade, o nível de virem rã plasm ática reflete diretam ente a produção do vírus no tecido linfoide. A lguns pacientes apresentam linfadenopatia generalizada p ro gressiva nas fases iniciais da infecção;_outros desenvolvem graus variáveis de linfadenopatia tran sitó ria. A lin fadenopatia reflete a ativação celular e a resposta im une ao vírus no tecido linfoide que, em geral, caracteriza-se p o r hiperplasia dos folículos ou centros germ inativos. O com prom etim ento do tecido linfoide é o denom inador com um de quase todos os pacientes com infecção pelo HIV, m esm o os que não apresentam linfadenopatia facilm ente detectável. Os exames sim ultâneos do tecido linfoide e do sangue periféri co dos pacientes e dos m acacos d urante vários estágios da infecção pelo H IV e pelo SIV, respectivam ente, am pliou consideravelm ente o entendim ento da patogenia da doença causada pelo HIV. Na m aior parte dos estudos hum anos originais, os linfonodos periféricos foram usados predom inantem ente com o fonte de tecidos linfoides. Os estu dos m ais recentes com m acacos e seres h um anos centralizaram -se no GALT, no qual ocorre o prim eiro surto de replicação viral associada à
HIV no linfonodo de um indivíduo infectado. A imagem de monstra uma única célula infectada pelo HIV, que expressava o RNA viral demonstra do por hibridização in situ utilizando uma sonda molecular marcada radioativamente. Originai 500x. (Adaptada de G Pantaleo, AS Fauci.)
Figura 189.23
Além disso, em bora os vírus aprisionados estejam recobertos p o r an ticorpos neutralizantes, estudos dem onstraram que alguns desses vírion continuavam infectantes para as células T CD4+ enquanto esta vam fixados aos processos das CDF. As células T CD4+ que m igram para o centro germ inativo para auxiliar as células B na produção da resposta im une específica contra o H IV são suscetíveis à infecção p or esses vírions aprisionados. Por conseguinte, na infecção pelo HIV, um a função fisiológica norm al do sistem a im une, que contribui para a elim inação do vírus b em com o para a produção da resposta im une específica, tam bém pode ter conseqüências deletérias. À m edida que a doença avança, a arquitetura dos centros germ i nativos com eça ser desorganizada. A m icroscopia eletrônica revela organelas tum efactas e as CDF com eçam a m orrer. Os m ecanism os que levam às CDF à m orte ainda não foram definidos; à m icrosco pia eletrônica, não há indícios de replicação abundante do vírus ou de germ inação de vírions das células em grandes quantidades. Este processo de m orte das CDF está associado à deposição de colágeno, causando danos irreparáveis aos centros germ inativos. À m edida que a doença evolui para um estágio avançado, ocorre a desorganização com pleta da arquitetura dos centros germ inativos, acom panhada de dissolução da rede de CDF e perda abundante destas células. Nesse ponto, os linfonodos estão “exauridos”. Essa destruição do tecido lin foide agrava a im unodeficiência da doença causada pelo H IV e con tribui para a incapacidade de controlar a replicação viral (levando geralm ente a níveis elevados de virem ia plasm ática no paciente sem tratam ento ou tratado inadequadam ente) e a incapacidade de elabo rar respostas im unes adequadas contra os patógenos oportunistas. A Fig. 189.24 ilustra os eventos que ocorrem desde a infecção prim ária até a destruição final do sistem a im une. Recentem ente, estudos com prim atas não hum anos e alguns estudos com seres hum anos exam i naram o GALT em vários estágios da doença causada pelo HIV. No interior do GALT, o nível basal de ativação, com binado com a ativa ção celular m ediada pelo vírus, resulta na infecção e na elim inação de cerca 50 a 90% das células T CD4+ do intestino. A extensão dessa lesão inicial do GALT, que é um com ponente im portante do tecido linfoide do corpo, pode determ in ar o potencial de recuperação im u ne da subpopulação de células de m em ória.
■ ATIVAÇÃO IMUNE, INFLAMAÇÃO E PATOGENIA DO HIV A ativação do sistem a im une e os graus variáveis de inflam ação são com ponentes fun d am en tais de q u a lq u e r resposta im une eficaz a um antígeno estranho. C ontudo, a ativação im une e a inflam ação, que p odem ser consideradas an o rm ais nos indivíduos infectados pelo HIV, desem penham um a função fundam ental na patogenia da doença causada pelo vírus e outros distúrbios crônicos associados. A ativação im une e a inflam ação, nos indivíduos infectados pelo HIV, contribuem expressivam ente para: (1) a replicação do vírus; (2) a in dução da disfunção im une; e (3) a incidência m ais alta de distúrbios crônicos associados à ativação im u n e e à inflam ação persistentes (Q u ad ro 189.3). Indução da replicação do HIV pela ativação imune a/formal Em condi ções norm ais, o sistem a im une encontra-se em um estado de hom eostasia, aguardando qualquer perturbação p or estím ulos antigênicos estranhos. Q uando a resposta im une controle e elim ina o antígeno, o sistem a volta ao seu estado de inatividade relativa (Cap. 314). Em geral, isso não ocorre com a infecção pelo H IV porque, se o paciente não for tratado, a replicação viral sem pre persiste (com raríssim as ex ceções) e a ativação im une é contínua. O H IV replica-se mais de m a neira eficiente nas células T CD4+ ativadas e, com a infecção, a ati vação crônica fornece à célula os substratos necessários à replicação viral persistente ao longo de toda a evolução da doença causada pelo vírus, principalm ente q u ando o paciente não é tratado e, em graus variáveis, m esm o em determ in ad o s pacientes tratados com TARV, cujos níveis de virem ia plasm ática são suprim idos abaixo do p a ta m ar de detecção pelos ensaios padronizados. Sob o p onto de vista virológico, em bora as células T CD4+ inativas possam ser infectadas pelo HIV, a transcrição reversa, a integração e a dissem inação viral são m uito m ais eficientes nas células ativadas. Além disso, a ativação
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência..,
depleção acentuada das células T CD4+. Nos estudos detalhados dos tecidos dos linfonodos periféricos, que utilizaram um a com binação de técnicas com o reação em cadeia da polim erase (PCR) para o DNA e o RNA do H IV nos tecidos e no plasm a, hibridização in situ para RNA viral e m icroscopia eletrônica, os pesquisadores delinearam o seguinte quadro. D urante a infecção aguda resultante da inoculação das m ucosas, a replicação viral am plia-se progressivam ente das cé lulas linfoides dispersas na lâm ina própria para os tecidos linfoides de drenagem , resultando em níveis altos de virem ia plasm ática. O GALT desem penha um papel im portante na amplificação da replica ção viral e os vírus replicados nestes tecidos são dissem inados para os órgãos linfoides periféricos. O corre acentuado grau de ativação ce lular (ver adiante), que se reflete na hiperplasia dos folículos ou cen tros germinativos. Nessa ocasião, quantidades abundantes de vírions extracelulares (tanto infecciosos com o defectivos) são capturadas nos processos das células dendríticas foliculares (CDF) dos centros germ inativos dos linfonodos. Os vírions ligados aos com ponentes do com plem ento em suas superfícies fixam -se à superfície das CDF po r interações com receptores do com plem ento e, provavelm ente, ta m bém se ligam aos receptores Fc que se fixam aos anticorpos acopla dos aos vírions. A hibridização in situ revela a expressão do vírus em cada célula da região paracortical e, em m en o r extensão, do centro germ inativo (Fig. 189.23). A persistência dos vírus aprisionados de pois da transição da infecção aguda para a infecção crônica reflete, provavelm ente, um a estabilidade dinâm ica na qual os vírus retidos são elim inados e substituídos po r vírions recém -form ados, que são produzidos ininterruptam ente. Os vírus capturados, seja com o um virion inteiro ou sem envoltório, servem com o ativadores constantes das células T CD4+, am pliando ainda m ais a replicação viral. D urante o estágio inicial da doença causada pelo HIV, a arqui tetu ra dos centros germ inativos geralm ente é preservada e pode m esm o dem onstrar hiperplasia em conseqüência da proliferação in situ das células (em sua m aior parte, linfócitos B) e do recrutam ento de vários tipos celulares (células B, células T CD4+ e CD8+) para os linfonodos. Estudos de m icroscopia eletrônica dem o n straram um a fina rede de CDF com num erosos processos digitiform es longos, que circundavam praticam ente todos os linfócitos do centro germ inativo. Os vírions extracelulares podem ser detectados ligados a estes processos, em bora as CDF pareçam ser relativam ente norm ais. O aprisionam ento do antígeno é um a função fisiologicam ente norm al das CDF, que apresentam antígenos às células B e contribuem para a form ação das células B de m em ória. E ntretanto, no caso do HIV, os vírions aprisionados servem com o fonte persistente de ativação celular, resultando na secreção de citocinas pró-inflam atórias com o a interleucina (IL) 1(3, o fator a de necrose tum oral (FNT) e a IL-6, que hiperregulam a replicação viral nas células infectadas (ver adiante).
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R esposta im une específica ao H IV
V irem ia m aciça
D issem inação am pla aos órgãos linfoides
Doenças Infecciosas 1526
A situação é sem elhante com a interação entre o H IV e os p a ra sitos da m alária (Cap. 210). Nos indivíduos infectados pelo HIV, a infecção aguda pelo Plasmodium falciparum aum enta a carga viral e este aum ento é revertido pelo tratam ento eficaz da malária.
Translocação microbiana e ativa ção imune persistente U m dos E stabelecim ento da A prisionam ento do vírus e m ecanism os pro p o sto s para ex infecção no G A L T esta belecim ento da Infecção plicar a ativação im une persisten infecção crônica persistente prim ária te consiste na ru p tu ra da barreira C ontrole im unológico parcial m ucosa do intestino em conse da replicação viral qüência da replicação do H IV em seu in te rio r e a d estruição dos A tivação im une por citocinas e por tecidos linfoides da subm ucosa. Destruição do R eplicação viral sinalização ce lu la r Em conseqüência dessa d e stru i acelerada sistema imune anorm al m ediada ção, há um aum ento dos p ro d u pelo e nvoltório do HIV tos (p rin c ip a lm e n te lipopolissacaríd io s [LPS]) das bactérias Turnover rápido das células T C D 4+ que são tran sferid o s do lúm en Figura 189.24 Eventos que ocorrem desde a primoinfecção pelo HIV até o estabelecimento da infecção persistente intestinal pela m ucosa danificada crônica, que culmina na destruição do sistema imune. Ver detalhes no texto. LTC, linfócitos T citotóxicos; GALT, tecido linfoide para a circulação, resultando na associado ao intestino. ativação im une e na inflam ação sistêm icas persistentes. Esse efei to po d e persistir m esm o depois celular induz a expressão do vírus nas células com infecção latente da redução da carga viral do H IV a m enos de 50 cópias/m L com o pelo HIV. Em resum o, a ativação im une e a inflam ação fornecem os TARV. A depleção das células T que produzem IL -17 no GALT, que requisitos necessários à replicação viral. são responsáveis pela defesa contra bactérias e fungos extracelulares, Além dos fatores endógenos com o as citocinas, diversos fatores tam bém parece contribuir para a patogenia do HIV. exógenos com o outros m icróbios associados ao aum ento da ativa ção celular p odem aum entar a replicação do H IV e, deste m odo, A ativação imune e a inflamação persistentes causam disfunção imu produzem efeitos im p o rtan tes n a patogenia do HIV. Estudos de ne O estado ativado causado pela infecção pelo H IV é refletida m onstraram que a coinfecção in vivo ou in vitro p or diversos vírus, pela hiperativação das células B seguida de hipergam aglobulinem ia; inclusive HSV tipos 1 e 2, citom egalovírus (CM V ), herpesvírus h u turnover acelerado dos linfócitos; ativação dos m onócitos; expressão m ano (HSV) tipo 6, vírus de Epstein-B arr (EBV), HBV, adenovírus e dos m arcadores de ativação das células CD4+ e CD8+; ampliação da HTLV-I, aum enta a expressão do HIV. Além disso, tam bém está de apoptose celular associada à ativação; hiperplasia dos linfonodos, m onstrado que a infestação po r nem atódeos está associada a um es principalm ente nas fases iniciais da doença; aum ento da secreção das tado de ativação im une intensificada que facilita a replicação do HIV; citocinas pró-inflam atórias, principalm ente IL-6; elevação dos níveis em certos estudos, a elim inação dos verm es do hospedeiro infectado da proteína C reativa, do fibrinogênio, do dím ero D, da neopterina, da resultou na dim inuição da virem ia plasmática. O utros d em onstraram (B2-m icroglobulina, do interferon ácido-lábil, dos receptores solúveis que duas doenças de extraordinária im p o rtân cia para a saúde em (R) da IL-2; dos TNFR; do sCD27 e do sCD40L; e fenôm enos autoi todo o m undo, a m alária e a tuberculose (TB), aum entam a carga vi m unes (ver “Fenôm enos autoim unes”, adiante). M esm o que não haja ral do H IV nos indivíduos coinfectados. Em todo o m undo, o M yco infecção direta das células-alvos, as proteínas do envoltório do HIV bacterium tuberculosis é o agente etiológico da infecção o portunista podem interagir com os receptores celulares (moléculas CD4 e recep m ais com um entre os indivíduos H lV -positivos (Cap. 165). Além do tores de quim iocinas) de form a a liberar sinais de ativação potentes; fato de que os indivíduos infectados pelo H IV são m ais suscetíveis estas alterações resultam na m obilização do cálcio, na fosforilação de a desenvolver TB ativa depois da exposição, estudos dem onstraram algumas proteínas envolvidas na transdução de sinais, na colocalizaque a TB ativa pode acelerar a evolução da infecção pelo HIV. Tam ção das proteínas citoplasm áticas (inclusive as que participam da cir bém foi dem onstrado que os níveis de virem ia plasm ática aum entam culação celular), na disfunção im une e, em alguns casos, na apoptose. expressivam ente nos indivíduos H lV -positivos com TB ativa que não Sob o ponto de vista im unológico, a exposição crônica do sistema recebem TARV, em com paração com os níveis pré-TB e os níveis de im une a determ inado antígeno p o r um período longo pode, p or fim, virem ia observados depois do tratam ento eficaz da TB em atividade. resultar na incapacidade de m anter u m a resposta im une adequada ao antígeno em questão. C om m uitas infecções virais crônicas, inclusive a infecção pelo HIV, a virem ia persistente está associada à “exaustão QUADR0189.3 Distúrbios associados à ativação imune e à funcional” e à apoptose das células T específicas para o vírus. Estudos dem onstraram que esse fenôm eno pode ser m ediado, pelo m enos em inflamação persistentes dos pacientes infectados pelo HIV parte, pela participação da PD-1 expressa em níveis altos na m aioria • Síndrome do envelhecimento acelerado das células T específicas para o HIV, com os seus ligandos (PD-L1 e • Fragilidade óssea PD-L2) sobre as células apresentadoras de antígenos e as células epi teliais, resultando na m orte ou na anergia da célula T. Além disso, a • Cânceres capacidade de o sistem a im une responder a um espectro amplo de • Doença cardiovascular antígenos pode estar com prom etida quando as células im unocom pe • Diabetes tentes são m antidas em um estado de ativação crônica. • Doença renal Os efeitos deletérios da ativação im une crônica na progressão • Doença hepática da doença pelo HIV estão bem estabelecidos. Assim com o ocorre na m aioria das situações em que há exposição antigênica persistente, o • Disfunção neurocognitiva hospedeiro deve m anter ativação suficiente das respostas específicas
aos antígenos do HIV, m as deve tam bém im pedir a ativação excessi va e a lesão potencial dos tecidos po r m ecanism os im unes. Alguns estudos sugeriram que os m ecanism os im unossupressores norm ais, que atuam no sentido de m anter a ativação hiperim une sob controle, principalm ente as células T reguladoras CD4+, FoxP3+ e CD25+ (T-regs), podem estar num ericam ente reduzidos ou disfunções no con texto da doença avançada pelo HIV. Distúrbios clínicos associados à ativação imune e à inflamação persis tentes da doença causada pelo HIV À m edida que aum entou a sobre vida dos pacientes infectados pelo HIV, ficou evidente que algum as com plicações clínicas até então desconhecidas estavam associadas à doença causada pelo vírus e que estas complicações estavam relacio nadas com a ativação im une e a inflam ação crônicas (Q uadro 189.3). Essas com plicações podem ocorrer m esm o depois que os pacientes tiverem controle adequado da replicação viral (virem ia plasm ática abaixo dos níveis detectáveis) p o r vários anos. U m a com plicação particularm ente im portante é a disfunção das células endoteliais e sua relação com a doença cardiovascular. O utros distúrbios crônicos relatados incluem fragilidade óssea, d eterm inados tipos de câncer, disfunção im une persistente, diabetes, doenças renais e hepáticas e disfunção neurocognitiva que, em conjunto, com põem um estado de envelhecim ento acelerado.
HIV. Esses anticorpos p o d em levar p o tencialm ente à elim inação das células portadoras do M H C classe II p o r m eio da citotoxicidade celular dependente de anticorpos (CCDA ), em bora isto não tenha sido dem onstrado inequivocam ente (Cap. 314). A lém disso, exis tem regiões de hom ologia entre as glicoproteínas do envoltório do H IV e a IL-2, bem com o m oléculas do M H C classe I. A ocorrência mais freqüente e/ou a exacerbação de algum as doenças autoim unes foi associada à infecção pelo HIV; estas doenças incluem psoríase, p ú rp u ra trom bocitopênica idiopática, doença de Graves, síndrom e do anticorpo antifosfolipídico e cirrose biliar prim ária. C om o uso generalizado do tratam en to antirretroviral eficaz, a síndrome infla matória de reconstituição im une (SIRI) to rnou-se cada vez m ais co m um . A SIRI é sem elhante a um fenôm eno autoim une e caracteriza-se por deterioração paradoxal do estado clínico, geralm ente lim itado a determ inado sistem a do organism o dos indivíduos que iniciaram recentem ente o TARV Essa síndrom e está associada ao decréscim o da carga viral e à reconstituição pelo m enos parcial da com petência im une, que geralm ente se acom panhada de aum ento das contagens das células T CD4+. A im unopatogenia parece estar relacionada com a intensificação da resposta im une à presença de antígenos residuais, que geralm ente são m icrobianos e com um ente associados à infecção concom itante p or M ycobacterium tuberculosis e Cryptococcus.
Apoptose
■ A REDE DE CITOCINAS E A PATOGENIA DO HIV
A poptose é um tipo de m orte celular p rogram ada e constitui um m e canism o norm al para a elim inação das células esgotadas durante a organogênese, bem com o na proliferação celular que ocorre durante resposta im une norm al (Cap. 314). A apoptose depende em g ra n de parte da ativação celular e a ativação celular anorm al associada à doença causada pelo HIV correlaciona-se com um estado intensifica do de apoptose. O H IV pode ativar as vias dependente e in dependen te do Fas para a apoptose. Os m ecanism os envolvidos nesse processo incluem a hiperregulação do Fas e do seu ligando, a hiperregulação da caspase-1 e da caspase-6, a hiporregulação da proteína Bcl-2 antiapoptótica e a ativação das quinases dependentes das ciclinas. A l guns produtos dos genes virais foram associados ao aum ento da sus cetibilidade à apoptose, inclusive o Env, o Tat e o Vpr. Por outro lado, estudos dem onstraram que o N ef tem propriedades antiapoptóticas. Vários estudos, incluindo os que exam inaram o tecido linfoide, d e m onstraram que a taxa de apoptose está aum entada na infecção pelo H IV e que a apoptose ocorre em células “observadoras”, com o os lin fócitos T C D 8+, as células B e os linfócitos T CD4+ não infectados. A intensidade da apoptose correlaciona-se com o estado geral de ativa ção do sistema im une e não com o estágio da doença ou a carga viral. É provável que a apoptose inespecífica das células im unocom petentes - desencadeada pela ativação im une - contribua para as anorm alida des im unológicas observadas na doença causada pelo HIV.
A hom eostasia do sistema im une é regulada p or um a rede complexa de citocinas im unorreguladoras, que são pleotróficas e redundantes e atuam p or m ecanism os autócrinos e parácrinos. Essas citocinas são expressas continuam ente, m esm o durante os períodos de inatividade aparente do sistem a im une. Q uando o sistem a im une é perturbado p o r um estím ulo antigênico, a expressão das citocinas aum enta em graus variáveis (Cap. 314). E studos d em onstraram que as citocinas são com ponentes im portantes dessa rede im unorreguladora e d e sem penham um papel im portante na regulação da expressão do HIV in vitro. A m odulação potente da expressão do H IV foi dem onstrada por m anipulação das citocinas endógenas ou adição de citocinas exógenas à cultura. As citocinas que induzem ou aum entam a expres são do HIV em um ou m ais desses sistem as incluem IL-1, IL-2, IL-3, IL-6, IL-12, IL-18, T N F -a, TNF-(3, fator estim ulador das colônias de m acrófagos (M-CSF) e fator estim ulador das colônias de granulócitos-m acrófagos (GM -CSF). E studos tam bém d em onstraram que a IL-18 desem penha um a função im portante no desenvolvim ento da síndrom e de lipodistrofia associada ao HIV. E ntre essas citocinas, os indutores m ais consistentes e potentes da expressão do HIV são as citocinas pró-inflam atórias como FNT-ot, IL-1 {3 e IL-6. Os interferons (IFN) ol e (3 e a IL-32 suprim em a replicação do HIV, enquanto o fator (3 tran sfo rm ad o r do crescim ento (TGF-(3), a IL4, a IL-10 e o IFN -7 podem induzir ou suprim ir a expressão viral, dependendo do sistem a envolvido. A IL-27 suprim e a replicação viral p o r indução dos genes associados às IFN. As quimiocinas-CC RANTES (CCL5), proteína inflam atória l a dos m acrófagos (M lP -la ) (CCL3) e a MIP-1(3 (CCL4) (Cap. 314) inibem a infecção e a dissem inação das cepas R5 do HIV-1, ao passo que o fa to r 1 derivado das células do estroma (SDF-1) inibe a infecção e a dissem inação das cepas X4 (ver adiante), Estudos dem onstraram que a fam ília alfa-defensina das citocinas inibe os vírus R5 e X4 e constatou-se que outros fatores solúveis, ainda não totalm ente carac terizados, suprim em a replicação do HIV. Os m ecanism os m oleculares da regulação do H IV foram m ais bem elucidados com relação ao T N F -a , que ativa as proteínas NF- kB que funcionam com o ativadores transcricionais da expressão do HIV. O efeito in d u to r da IL-1 (3 no H IV parece o correr na etapa de transcrição viral po r u m m ecanism o in d ependente do N F - k B. AI L6, o GM -CSF e o IFN -7 regulam a expressão do H IV principalm ente p o r m ecanism os pós-transcricionais. Níveis elevados de T N F -a e IL-6 foram detectados no plasm a e no líquido cerebrospinal (LCS) e tam bém foram dem o n strad o s aum entos das expressões de TNF-a , IL-1 (3, IF N -7 e IL-6 nos linfonodos dos indivíduos infectados pelo HIV. Os m ecanism os p o r m eio dos quais as quim iocinas-C C RANTES, M lP - la (CCL3) e MIP-1(3 (CCL4) inibem a infecção pe-
Fenômenos autoimunes Os fenôm enos autoim unes com uns nos indivíduos infectados pelo H IV refletem , pelo m enos em parte, a ativação crônica do sistem a im une, bem com o o m im etism o m olecular pelos com ponentes virais. Em bora esses fenôm enos geralm ente o corram na ausência de doença autoim une, pesquisadores descreveram am pla variedade de m an i festações clínicas que podem estar associadas à autoim unidade (ver “D istúrbios im unológicos e reum atológicos”, adiante). Os fenôm enos autoim unes incluem anticorpos dirigidos contra linfócitos e, m enos com um ente, contra plaquetas e neutrófilos. Os anticorpos antipla quetários têm algum a relevância clínica, visto que podem contribuir para a trom bocitopenia da doença causada pelo H IV (ver adiante). Existem relatos de anticorpos co n tra os com ponentes nucleares e citoplasm áticos das células, bem com o anticorpos contra cardiolipina, m oléculas CD4 e CD43, C lq -A , regiões variáveis das cadeias a , (3 e 7 do receptor das células T, Fas, colágeno d esnaturado e IL-2. Além disso, foram descritos autoanticorpos dirigidos contra várias proteínas séricas com o album ina, im unoglobulina e tireoglobulina. H á reatividade cruzada antigênica entre as proteínas virais do H IV (gpl20 e gp41) e determ inantes do M H C classe II, foram detecta dos anticorpos contra o M H C classe II na presença da infecção pelo
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Ias cepas R5 do HIV, ou SDF-1 inibe as cepas X4 do vírus, envolvem o bloqueio da ligação dos vírus aos seus correceptores: o receptor das quim iocinas-C C CCR5 e CXCR4, respectivam ente. E ntretanto, várias quim iocinas-C C , incluindo, entre outras, a CCL3, a CCL4 e a CCL5, induzem a sinais intracelulares que, na verdade, intensifi cam a infecção pelas cepas X4 do vírus, tanto no estágio de entrada quanto no de pós-entrada. Os m ecanism os pelos quais outros fatores m enos caracterizados inibem a replicação do H IV não estão to ta l m ente esclarecidos. O bloqueio das citocinas endógenas indutoras do H IV ou a adi ção dos inibidores das citocinas supressoras do H IV às culturas de células m ononucleares do sangue periférico e dos linfonodos dos in divíduos infectados pelo H IV dem onstraram que a replicação viral é estritam ente controlada pelas citocinas endógenas, que atuam sinergicam ente por m ecanism os autócrinos e parácrinos, algo sem elhante à sua função fisiológica na regulação do sistem a im une. De fato, o nível final de replicação viral no indivíduo infectado pelo H IV re flete, pelo m enos em parte, um equilíbrio entre os fatores indutores e supressores do hospedeiro, m ediados principalm ente pelas citoci nas. Por fim, as secreções de algum as citocinas pró-inflam atórias e im unorreguladoras são atribuídas tanto à ativação im une anorm al associada à infecção pelo HIV, quanto a um m ecanism o de p ro p a gação do processo de ativação celular anôm ala (ver “Ativação im une, inflam ação e patogenia do H IV ”, nos parágrafos anteriores).
■ TURNOVER DOS LINFÓCITOS NA INFECÇÃO PELO HIV Os sistemas im unes dos pacientes infectados pelo H IV caracterizam -se pelo aum ento expressivo do turnover dos linfócitos, que é im edia tam ente reduzida pela TARV eficaz. E studos utilizando m arcação in vivo ou in vitro dos linfócitos na fase S do ciclo celular d em o n stra ram a existência um a correlação direta entre o grau de turnover dos linfócitos e os níveis plasm áticos do RNA do HIV. Esse aum ento do turnover celular é observado nos linfócitos T CD4+, CD8+ e B e pode ser detectado no sangue periférico e nos tecidos linfoides. M odelos m atem áticos baseados nesses dados sugeriram que seja possível con siderar o reservatório linfoide com o constituído p or subpopulações dinam icam ente diferentes de células, que são afetadas diferentem ente pela infecção pelo HIV. Uma conseqüência im portante da infecção pelo H IV parece ser a transição das células de um reservatório mais inativo para outro com taxa m ais alta de turnover. E provável que um a das conseqüências da taxa m ais alta de turnover seja a taxa de m orte celular m ais acelerada. O papel do tim o na hom eostasia das células T hum anas do adulto e na patogenia do H IV é um a área controversa. E m bora alguns dados indiquem um papel im portante do tim o na m anutenção dos núm eros de células T e sugiram que o com prom etim ento da função tím ica possa ser responsável pelo d e clínio das células T CD4+ observado no contexto da infecção pelo HIV, outros estudos concluíram que o tim o desem penha um papel m ínim o na patogenia do HIV. Entre os dados que reforçam um papel im portante do tim o estão os que d em onstraram elevação dos níveis dos círculos de excisão dos receptores das células T (TREC) depois do início da TARV. Os TREC constituem subprodutos do desenvolvi m ento das células T e representam fragm entos epissôm icos de DNA, que foram excisados durante o rearranjo dos genes do receptor das células T (Cap. 314). Os níveis de TREC são o resultado final das alterações da atividade tím ica e o turnover das células T. O aum ento da atividade tím ica e/ou a redução do turnover das células T levam à elevação dos níveis dos TREC. E m bora esteja claro que os níveis dos TREC aum entam depois da introdução da TARV, ainda não está claro se isto pode ser atribuído à acentuação da atividade tím ica ou à redução do turnover das células T.
■ 0 PAPEL DOS RECEPTORES E CORRECEPTORES VIRAIS NA PATOGENIA DO HIV C om o foi m encionado antes, o HIV-1 utiliza dois correceptores p rin cipais, além da m olécula CD4, para sua ligação, fusão e penetração nas células-alvos: estes correceptores são o CCR5 e o CXCR4, que são tam bém receptores de certas quim iocinas endógenas. As cepas de
H IV que utilizam o CCR5 com o correceptor são cham adas de vírus R5. As cepas virais que utilizam o CXCR4 são designadas com o vírus X4. M uitas cepas virais exibem duplo tropismo, visto que utilizam o CCR5 e o CXCR4; estas cepas são conhecidas com o vírus R5X4. Os ligandos das q uim iocinas n atu rais para os principais cor receptores do H IV bloqueiam pro n tam en te a entrada do HIV. Por exem plo, as quim io cin as-C C RANTES (CCL5) M lP - la (CCL3) e MIP-1(3 (CCL4), que são os ligandos naturais para o CCR5, blo queiam a entrada dos vírus R5, enquanto o SDF-1, o ligando natural do CXCR4, bloqueia a entrada dos vírus X4. O m ecanism o da inibi ção da entrada do vírus consiste no bloqueio estérico da ligação, que não depende da transdução de sinais (Fig. 189.25). O vírus transm issor quase sem pre é um v írus R5, que predom i na nos estágios iniciais da doença causada pelo HIV. Em cerca de 40% dos indivíduos infectados pelo HIV, ocorre transição para um vírus predom inantem ente X4, que está associado à progressão rela tivam ente rápida da doença. E ntretanto, no m ínim o 60% dos in d i víduos infectados têm doença progressiva, a despeito de m anterem o predom ínio do vírus R5. E preciso n o ta r que os vírus da clade C, diferentem ente dos outros subgrupos, quase nunca trocam o tropis m o pelo CCR5 p or um tropism o pelo CXCR4; a razão desta diferença não está esclarecida. A base do tropism o das diferentes glicoproteínas do envoltório pelo CCR5 ou CXCR4 está relacionada com a capacidade do envoltó rio do HIV, incluindo a terceira região variável (alça V3) da gpl20, de interagir com estes correceptores. Nesse aspecto, a ligação da gpl20 à m olécula CD4 induz um a alteração de configuração da gpl20, que aum enta sua afinidade pelo CCR5 (ver anteriorm ente). Por fim, os vírus R5 são m ais eficientes para infectar m onócitos/m acrófagos e células da m icróglia do cérebro (ver “N europatogenia” adiante). A integrina 4 7 e a transmissão do HIV pelas mucosas Recentem ente, pesquisadores descreveram outro receptor para o HIV; este receptor não é usado necessariam ente para a ligação e a fusão do vírus com a célula T CD4+ ou p ara a replicação viral, m as provavelm ente desem penha um papel im portante na transm issão do H IV pelas m ucosas do trato genital e do intestino. A integrina a4(37, que é o receptor estrutural do intestino p ara as células T periféricas, liga-se em sua form a ativada a um tripeptídio específico da alça V2 da gpl20, resul tando na ativação rápida do antígeno 1 associado à função leucocitá ria (LFA-1) - integrina fundam ental ao estabelecim ento das sinapses virológicas - que facilita a dissem inação eficiente do H IV entre as cé lulas. Estudos dem onstraram que as células T CD4+ a4|37aka são mais suscetíveis à infecção produtiva que as células T CD4+ a4(37ba‘xa’ne8, porque esta subpopulação de células é abundante em células T CD4+ m etabolicam ente ativas com CCR5alt0. Essas células estão presentes nas m ucosas do intestino e do trato genital. E im portante salientar que estudos d em onstraram que os vírus transm itidos durante a ex posição sexual ligam -se com m uito m ais eficiência à a4(37, quando com parados com os vírus que se diversificaram da cepa transm issora por m utações ocorridas ao longo do tem po, evidenciadas basicam en te pela acum ulação dos sítios de glicosilação (ver “Eventos iniciais da infecção pelo HIV: prim oinfecção e dissem inação inicial do vírus”, nos parágrafos anteriores).
■ ALVOS CELULARES DO HIV Em bora os linfócitos T CD4+ e, em m enor grau, as células CD4+ da linhagem dos m onócitos sejam os principais alvos do HIV, pratica m ente qualquer célula que expresse a m olécula CD 4 e as m oléculas correceptoras (ver anteriorm ente e adiante) pode ser potencialm ente infectada pelo HIV. Estudos d em onstraram que as células dendríticas circulantes expressam níveis baixos de CD 4 e, dependendo do seu estágio de m aturação, estas células po d em ser infectadas pelo HIV. As células de L angerhans da epiderm e expressam a m olécula CD4 e foram infectadas pelo H IV in vivo, em bora, com o foi dem onstrado in vivo com as células dendríticas, as FD C e os linfócitos B, estas células estejam m ais sujeitas a ligar-se e transferir o vírus p ara os linfócitos T CD4+ ativados, que desenvolver propriam ente infecções produtivas.
xos de CD4 e, deste m odo, não é essencial envolver os m ecanism os C D 4-independentes p ara explicar a infecção.
■ ANORMALIDADES DAS CÉLULAS MONONUCLEARES Células T CD4+
Figura 189.25 Modelo proposto para explicar o papel dos correceptores CXCR4 e CCR5 na ligação e na entrada eficientes das cepas X4 (4) e R5 (fl) do
HIV-1, respectivamente, nas células-alvos CD4+. 0 bloqueio desse evento inicial do ciclo vital do vírus pode ser conseguido por inibição da ligação ao correceptor mediante o emprego do ligando natural para o receptor em questão. O ligando do CXCR4 é o fator derivado das células estromais (SDF-1); os ligandos do CCR5 são RANTES, MIP-1oí e MIP-1f$.
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
Estudos in vitro dem onstraram que o H IV tam bém infecta am pla variedade de células e linhagens celulares que expressam níveis baixos de CD4, n en h u m CD4 detectável ou apenas o m RNA do CD4; entretanto, com o se dem onstrou que os linfócitos T CD4+ e a linhagem dos m onócitos/m acrófagos são as únicas células infectadas inequivocam ente pelo HIV e capazes de sustentar a replicação do ví rus, a relevância dessa infecção in vitro destes outros tipos celulares é questionável. Um a descoberta potencialm ente im portante sob o ponto de vista clínico foi a dem onstração de que as células p recursoras do tim o, que se supunha serem negativas para as m oléculas CD3, CD4 e CD8, na verdade expressam níveis baixos de CD4 e podem ser infectadas pelo H IV in vitro. Além disso, as células epiteliais do tim o hum ano tran s plantadas para os cam undongos im unossuprim idos podem ser infec tadas pelo HIV por inoculação direta do vírus no tim o. C om o essas células podem desem penhar um papel im p o rtan te na regeneração norm al dos linfócitos T CD4+, é possível que sua infecção e deple ção contribuam ao m enos em parte para a capacidade lim itada de o reservatório de células T CD4+ recom por-se p or com pleto em alguns indivíduos infectados, nos quais o TARV suprim iu a replicação viral a m enos de 50 cópias de RNA viral p o r m ililitro (ver adiante). Além disso, estudos dem onstraram que as células CD34+ precursoras do m onócitos são infectadas in vivo nos pacientes com doença avançada causada pelo HIV. É provável que essas células expressem níveis bai
A lesão im unopatogenética principal da infecção pelo HIV afeta as células T CD4+ e a diversidade de anorm alidades destas células dos pacientes com infecção avançada é am pla. As anorm alidades são quantitativas e qualitativas e, p o r fim, com prom etem quase todos os com ponentes do sistem a im une, indicando sua dependência crucial à função auxiliar/indutora das células T CD4+. Na doença avançada causada pelo HIV, a m aior parte das anorm alidades im unes observa das pode, por fim, ser explicada pela depleção quantitativa das células T CD4+. Entretanto, a disfunção das células T pode ser d em onstrada nos pacientes que estão nas fases iniciais da infecção, m esm o quan do as contagens das células T CD4+ estão no lim ite inferior norm al. A gravidade e a am plitude das anorm alidades aum entam à m edida que a doença avança. U m a das prim eiras anorm alidades detectadas é um a alteração da resposta aos antígenos de m em ória rem ota, como o toxoide tetânico e a influenza, q u ando as células m ononucleares ainda p odem responder n o rm alm en te à estim ulação p o r m itógenos. De fato, as anorm alidades das células de m em ória centrais são com ponentes fundam entais da im unopatogenia do HIV. A perda progressiva das células T CD4+ específicas para os antígenos virais tem im plicações im portantes para o controle da infecção pelo HIV. A este respeito, há um a correlação entre a m anutenção das respostas proliferativas das células T CD 4+ específicas p ara o H IV e o controle m ais efetivo da infecção. E studos d em onstraram que quase todas as funções das células T estão anorm ais em algum a fase da infecção pelo HIV. A perda das células T CD 4+ H lV -específícas m ultifuncionais, principalm ente das que p roduzem IL-2, ocorre nas fases iniciais da doença, enquanto as células T CD4+ produtoras de IFN são m antidas p or m ais tem po e não se correlacionam com o controle da virem ia do HIV. A perda das células T CD4+ m ultifuncionais produtoras de IL-2 tam bém está associada à redução da capacidade de hiperregular o ligando CD40, que po d e c o n trib u ir para a desregulação da fu n ção das células B observada com a doença causada pelo HIV. O utras anorm alidades incluem a expressão reduzida dos receptores da IL-2, a produção insuficiente de IL-2, a expressão atenuada do receptor IL-7 (CD 127) e a dim inuição da percentagem de células T CD4+ que expressam CD28 (um a m olécula coestim uladora im portante para a ativação norm al das células T). As células que não expressam CD28 não respondem norm alm ente aos sinais de ativação e podem expres sar m arcadores da ativação term inal, inclusive HLA-DR, CD38 e CD45RO. Com o já foi m encionado (“Ativação im une e inflam ação e patogenia do H IV ”), um a subpopulação das células T CD 4+ conhe cidas com o células T reguladoras (ou T-regs) pode estar envolvida na atenuação da ativação im une anôm ala que propaga a replicação do HIV. A presença dessas células T-reg correlaciona-se com cargas virais m ais baixas e razões m ais altas entre as células CD4+/CD 8+. A perda dessas células T-reg na doença avançada pode ser deletéria ao controle da replicação viral. É difícil explicar to talm en te a im unodeficiência profunda o b servada nos indivíduos infectados pelo H IV com base apenas na infecção direta e na depleção quantitativa das células T CD4+. Isso é p articularm ente evidente nos estágios iniciais da doença causada pelo HIV, quando as contagens de células T CD4+ podem estar ape nas ligeiram ente reduzidas. Nesse sentido, é provável que a disfunção das células T CD4+ resulte de um a com binação de depleção celular causada pela infecção direta da célula e alguns efeitos indiretos rela cionados com o vírus (Q u a d ro 189.3). A lguns desses efeitos foram dem onstrados pela exposição das células ao vírus in vitro e, p or esta razão, sua im portância clínica não está inteiram ente definida. C o n tudo, estudos dem onstraram claram ente que os pacientes com níveis elevados de virem ia plasm ática apresentavam várias anorm alidades sutis da função das células T C D 4+, que incluíam principalm ente anom alias das vias tran sd u to ras de sinais. Essas anorm alidades po-
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QUADRO 189.4
Mecanism os da disfunção e da depleção das
células T C D 4 +
I Mecanismos diretos Perda da integridade da membrana plasmática em conseqüência da germinação viral Acumulação do DNA viral não incorporado Interferência com o processamento do RNA celular
Mecanismos indiretos
i,
Anormalidade dos eventos de sinalização intracelular Autoimunidade Apoptose
Processos de autofusão intracelular da gp120 com CD4
Inibição da linfopoiese
Formação de sincícios
Morte celular induzida pela ativação Eliminação das células infectadas pelo HIV pelas respostas imunes antivirais específicas
Doenças Infecciosas 1530
deriam ser atribuídas à ativação anorm al induzida pela cascata de citocinas expressas pelos pacientes com virem ia, ou ao efeito direto do vírus na célula. Nesse aspecto, algum as das referidas anorm alida des podem ser reproduzidas expondo células T CD 4+ dos indivíduos norm ais às proteínas oligom éricas do envoltório do HIV in vitro. As respostas im unes celulares e hum orais ao H IV podem co n tribuir para a im unidade protetora p o r m eio da elim inação do vírus e das células infectadas pelo vírus (ver “R esposta Im une ao H IV ”, adiante). Entretanto, com o os alvos principais da infecção pelo H IV são células im unocom petentes, essas respostas p o d em con trib u ir para a depleção das células im unes e a disfunção im unológica, qu an do elim inam tanto as células infectadas quanto as células “observadoras inocentes”. As proteínas virais solúveis, em particular a gpl20, podem ligar-se com alta afinidade às m oléculas CD4 das células T e dos m onócitos não infectados; além disto, o vírus e/ou as proteínas virais podem ligar-se às células dendríticas ou às FDC. Os anticorpos anti-H IV específicos podem reconhecer essas m oléculas ligadas e co laborar potencialm ente na elim inação das células p or CCDA. As glicoproteínas gp l2 0 e g p l6 0 do envoltório do H IV ligam -se com grande afinidade à m olécula CD4 e tam bém a vários receptores das quim iocinas. Os sinais intracelulares transduzidos pela g pl20, tanto p or m eio do CD4 com o do CCR5/CXCR4, foram associados a diversos processos im unopatogênicos, inclusive anergia, apoptose e anorm alidades do tráfego celular. Os m ecanism os m oleculares res ponsáveis p o r essas anorm alidades consistem na desregulação da via do fosfoinositídio do receptor das células T, na ativação da p56lck, na fosforilação da quinase de aderência focal, na ativação das vias de sinalização da M A P-quinase e ras e na hiporregulação das moléculas coestim uladoras com o os ligandos CD40 e CD80. O declínio inexorável das contagens das células T CD 4+, que ocorre na m aioria dos indivíduos infectados pelo HIV, pode resultar, em parte, da incapacidade de o sistem a im une regenerar, depois de um período longo, o reservatório de células T CD 4+ com turnover rápido com eficiência suficiente para com pensar o desgaste celular m ediado pelo H IV e pelos processos naturais do corpo. Nesse sen tido, a gravidade e a duração do declínio das células T CD4+ por ocasião do início do tratam ento são preditores im portantes da ca pacidade de recuperação destas células. U m indivíduo que m antém contagens baixíssimas de células T CD4+ p o r períodos consideráveis antes de iniciar o TARV quase sem pre não consegue recom por p or com pleto seu reservatório destas células. No m ínim o dois m ecanis m os principais podem contribuir p ara a incapacidade de reconstitui ção com pleta do reservatório de células T CD 4+ ao longo da infecção pelo HIV. O prim eiro é a destruição das células linfoides precursoras, inclusive as células progenitoras do tim o e da m edula óssea; outro é a desestruturação gradativa do m icroam biente dos tecidos linfoides, que é essencial à regeneração eficiente das células im un o co m p eten tes. Por fim, nas fases avançadas da linfopenia de células T CD4+, os
níveis séricos da citocina hom eostática IL-7 aum entam . Inicialm ente, acreditava-se que essa elevação fosse um a resposta hom eostática à linfopenia; contudo, estudos recentes sugeriram que o aum ento do nível sérico da IL-7 fosse devida à utilização reduzida desta citocina em conseqüência da p erda das células que expressam receptores es pecíficos (CD127), que atuam com o reguladores fisiológicos norm ais da produção da IL-7.
Células T CD8+ A linfocitose relativa de células T CD 8+ geralm ente está associada aos níveis altos de virem ia plasm ática do H IV e provavelm ente re flete a desregulação hom eostática causada pela ativação im une ge neralizada. Nos estágios avançados da infecção pelo HIV, pode h a ver redução significativa do n úm ero de células T CD 8+, apesar dos níveis altos de virem ia. E studos detectaram LTC CD 8+ específicos anti-H IV nos indivíduos infectados pelo vírus na fase inicial da evo lução da doença. O aparecim ento dos m utantes de escape do HIV pode, p o r fim , resultar na evasão do vírus a essas células T CD8+ específicas. Todavia, à m edida que a doença avança, a capacidade funcional dessas células d im inui gradativam ente e pode desaparecer p o r com pleto. A causa dessa p erda da atividade citolítica ainda não foi esclarecida, em bora a disfunção pareça estar associada à natureza persistente da infecção pelo H IV e à progressão da doença. Nesse sentido, com o a ativação im une crônica persiste, as células T CD8+ ad q u irem u m fenótipo a n o rm a l ev idenciado pela expressão dos m arcadores da ativação (p. ex., H LA-D R e CD 38), perda da expres são do receptor de IL-2 (CD25) e expressão reduzida do receptor de IL-7 (CD127). Além disso, a contagem de células T CD 8+ que não expressam CD28 au m en ta com a doença causada pelo HIV, refle tindo a expansão anôm ala de u m a subpopulação m enos diferencia da de células T C D 8+. Essa distorção das subpopulações tam bém está associada à redução da m u ltifuncionalidade, que é um a dife rença qualitativa que diferencia os pacientes progressores dos não progressores. A lguns estudos dem o n straram que os indivíduos não progressores tam bém p o d em ser d iferenciados dos progressores pela preservação no prim eiro grupo de um nível alto de capacidade proliferativa das suas células T C D 8+ específicas para o HIV, além dos aum entos da expressão das perforinas; estas características estão acentuadam ente reduzidas na doença avançada causada pelo HIV. O utros estudos d em o n stra ram que o fenótipo das células T CD8+ dos pacientes H lV -positivos po d e ter significado prognóstico. Os indivíduos cujas células T CD 8+ desenvolveram o fenótipo HLA-D R + /C D 3 8 - depois da seroconversão tin h a m contagens estáveis de células T CD4+, e n q u an to os pacientes cujas células T CD8+ desenvolveram o fenótipo H L A -D R +/C D 38+ tin h a m evolução e prognóstico m ais desfavoráveis. A lém das anorm alidades dos LTC CD8+ específicos p ara o HIV, estudos tam bém dem onstraram anorm aliddes funcionais de outros LTC lim itados ao M H C, inclusive das células dirigidas contra influenza e CMV. As células T CD8+ secre tam vários fatores solúveis que inibem a replicação viral, inclusive as quim iocinas-C C RANTES (CDL5), MIP-lot,p(CCL3) e MIP-1(3 (CCL4), além de um ou m ais fatores que ainda não foram bem de finidos. A presença de níveis altos de virem ia do H IV in vivo e a exposição das células T CD 8+ in vitro ao envoltório viral, am bas as sociadas à ativação im une anorm al, estavam relacionadas com várias anorm alidades funcionais celulares. Além disso, com o a integridade da função das células T CD 8+ depende em parte dos sinais indutivos adequados em itidos pelas células T CD4+, a anorm alidade dos LTC CD 8+ provavelm ente é agravada pela perda quantitativa e pela dis função qualitativa das células T CD 4+. Por fim, algum as m oléculas reguladoras negativas da superfície celular (p. ex., CTLA-4 e PD-1) estão hiperreguladas nas células T ativadas e o acoplam ento destas m oléculas aos seus ligandos pode ser im portante p ara a exaustão e a m orte das células T CD 8+ específicas para o HIV.
Células B A anorm alidade predom inante das células B dos indivíduos infecta dos pelo HIV consiste na ativação celular anorm al, que se evidencia
Monócitos/macrófagos Em geral, o núm ero de m onócitos circulantes é n o rm al nos in d i víduos infectados pelo HIV. Os m onócitos expressam a m olécula CD4 e vários correceptores do H IV em sua superfície, com o CCR5, CXCR4 e CCR3; p or esta razão, estas células são alvos da infecção pelo HIV. O grau de citopatia causada pelo H IV nas células da lin h a gem dos m onócitos é baixo e o vírus pode replicar-se extensivam en te nas células da linhagem m onocítica, com relativam ente poucos efeitos citopáticos. Por conseguinte, as células da linhagem dos m o nócitos podem d esem penhar um papel im p o rtan te na dissem inação
do H IV pelo corpo e atuar com o reservatórios da infecção po r este vírus; isto representa um obstáculo à erradicação do H IV pelos fár m acos antirretrovirais.É difícil d e m o n stra r a infecção in vivo dos m onócitos circulantes; todavia, a infecção dos m acrófagos tecid u ais e das células da linhagem dos m acrófagos do cérebro (m acró fagos infiltrantes ou células residentes na m icróglia) e dos pulm ões (m acrófagos alveolares pulm onares) é facilm ente dem onstrada. Os m acrófagos teciduais são u m a fonte im p o rta n te de H IV d urante a resposta inflam atória associada às infecções oportunistas. A infec ção dos precursores dos m onócitos na m edula óssea pode ser, direta ou indiretam ente, responsável p o r algum as das anorm alidades h e m atológicas observadas nos indivíduos infectados pelo HIV. E stu dos descreveram algum as anorm alidades dos m onócitos circulantes dos pacientes H lV -positivos e, d entre estas, m uitas p odem estar re lacionadas direta ou in d iretam en te com a ativação im une anorm al causada pelo vírus. Nesse sentido, níveis altos de lipopolissacarídios são detectados nos soros dos indivíduos infectados pelo HIV, ao m e nos em parte em conseqüência da transferência através da m ucosa do trato intestinal (ver parágrafos anteriores). O LPS é um produto bacteriano intensam ente inflam atório, que se liga preferencialm ente aos m acrófagos p o r m eio dos receptores CD 14 e Toll-like, resultan do na ativação das células. Os níveis altos do CD 14 solúvel no plas m a estão associados ao prognóstico clínico global desfavorável. As anorm alidades funcionais dos m onócitos/m acrófagos dos pacientes com doença causada pelo H IV incluem : secreção reduzida de IL-1 e IL-12; secreção aum entada de IL-10; anorm alidades da apresentação dos antígenos e da indução das respostas das células T em conse qüência da expressão reduzida do M H C classe II; e anorm alidades da função do receptor Fc, da elim inação m ediada pelo receptor de C3, das respostas de explosão oxidativa e de algum as funções cito tóxicas com o a CCDA, possivelm ente em razão dos níveis baixos de expressão dos receptores de com plem ento e Fc. A exposição dos m onócitos às proteínas virais (p. ex., g p l2 0 e tat) e algum as citocinas in vitro pode causar ativação anorm al e isto pode desem penhar um papel im portante na disfunção celular.
Células dendríticas e células de Langerhans As células dendríticas (CD) p o d em desem penhar um papel signifi cativo na iniciação da infecção pelo H IV em v irtu d e da capacidade de o vírus ligar-se aos receptores de lectina do tipo C n a superfície celular, principalm ente ao D C -SIG N (ver anteriorm ente). Isso p e r m ite a apresentação eficiente do vírus às células-alvos T CD4+ que se to rn am infectadas; os com plexos form ados p o r células T CD4+ infectadas e células den d ríticas p ro p o rcio n am um m icroam biente ideal à replicação do vírus. N os últim o s anos, tem sido observada controvérsia considerável q uanto à infectividade do H IV e, conse quentem ente, à depleção e à disfunção das próprias CD. R ecente m ente, essa controvérsia foi esclarecida pela descoberta de que as CD podem ser classificadas em m ieloides (m C D ) e plasm ocitoides (pCD), possibilitando o enten d im en to da disfunção específica des tas células na doença causada pelo HIV. As p C P são com ponentes im portantes do sistem a im une inato e secretam grandes quantidades de IFN-oc em resposta às infecções virais. As contagens de pC D cir culantes dim inuem com a infecção pelo H IV p o r m ecanism os ainda desconhecidos. R ecentem ente, alguns autores d em onstraram que a g p l2 0 do H IV interage diretam ente com as pC D e interfere com a ativação da TLR9, que reduz a capacidade de estas céluas secretarem os fatores antivirais e inflam atórios im p o rtan tes para as respostas im unes contra os patógenos invasores.
Células natural killers (NK) A função das células NK é realizar vigilância im une contra as cé lulas infectadas p or vírus, certas células tum orais e células alogênicas (Cap. 314). In vivo, não existem indícios convincentes de que o H IV infecte produtivam ente as células NK; contudo, estudos d e m onstraram anorm alidades funcionais das células NK ao longo de toda a evolução da doença causada pelo H IV e a gravidade destas anorm alidades aum enta à m edida que a doença avança. Além dis-
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
por proliferação espontânea e secreção de im unoglobulinas, assim com o p or aum entos da secreção espontânea do T N F -a e da IL-6. Além disso, as células B dos pacientes com virem ia do H IV têm m e nos capacidade de produzir resposta proliferativa à ligação do recep tor de antígeno das células B e outros estím ulos específicos destas células, em bora ao m esm o tem po sejam capazes passar p or diferen ciação acentuada in vivo em resposta à ativação im une induzida pelo HIV. As células B dos indivíduos infectados pelo HIV dem onstram secreção espontânea aum entada de im unoglobulinas in vitro e este processo reflete seu estado altam ente diferenciado in vivo. N os in divíduos infectados pelo HIV, tam bém há aum ento da incidência de linfom as de células B associados ao EBV, que provavelm ente se deve aos efeitos com binados da vigilância im une anorm al e do turnover aum entado das células T, que aum entam o risco oncogênico. As célu las B não transform adas não podem ser infectadas pelo HIV, em bora o vírus ou seus produtos possam ativá-las diretam ente. As células B dos pacientes com níveis altos de virem ia ligam -se aos virions em sua superfície por m eio do receptor de com plem ento CD21. É provável que a ativação in vivo das células B pelo vírus defectivo ou apto para replicação, assim com o aos produtos virais, durante o estado de vi rem ia seja responsável ao m enos em p arte pela ativação espontânea destas células ex vivo. As subpopulações de células B dos indivíduos infectados pelo H IV sofrem algum as alterações ao longo da doença causada pelo HIV, inclusive o desgaste das células B de m em ória em repouso e a substituição por várias subpopulações anorm ais de célu las B diferenciadas e de m em ória, que geralm ente expressam q uanti dades reduzidas de CD21, além de expressão aum entada dos m arca dores da ativação ou dos receptores inibitórios associados à exaustão funcional. As células B m ais ativadas e diferenciadas tam bém são res ponsáveis pela secreção aum entada das im unoglobulinas e pela sus cetibilidade m aior à apoptose m ediada pelo Fas. C om a doença mais avançada, tam bém surgem células B im aturas associadas à linfopenia de células T CD4+. As interações entre as células T CD 4+ e B cognatas são anorm ais nos indivíduos com virem ia p or HIV, porque os linfócitos B não respondem adequadam ente à ajuda fornecida pelas células T CD4+ e estas recebem sinais coestim uladores inadequados dos linfócitos B ativados. In vivo, o estado de ativação anorm al das células B evidencia-se p or hipergam aglobulinem ia e pela p resen ça de im unocom plexos e autoanticorpos circulantes. Os indivíduos infectados pelo H IV não respondem n o rm alm ente às im unizações prim árias e secundárias com antígenos proteicos e polissacarídicos. Q uando a vacina contra influenza foi adm inistrada, estudos d em ons traram que havia um a anorm alidade nas células B de m em ória dos indivíduos HlV-positivos, principalm ente nos que apresentavam n í veis altos de virem ia. Em conjunto, essas anorm alidades das células B provavelmente são responsáveis ao m enos em parte pela resposta ate nuada às vacinas e pelo aum ento da incidência de algum as infecções bacterianas detectadas nos adultos com doença avançada causada pelo HIV; estas anorm alidades tam bém explicam o efeito im portante produzido pelas infecções bacterianas nos coeficientes de m orbim ortalidade das crianças HlV-positivas, que não conseguem desenvolver respostas hum orais eficazes contra patógenos bacterianos com uns. A contagem absoluta de células B circulantes pode estar reduzida na infecção pelo HIV; este fenôm eno provavelm ente se deve à ampliação da apoptose induzida pela ativação e à redistribuição das células, que deixam a circulação e entram nos tecidos linfoides - fenôm enos as sociados à replicação viral contínua.
1531
so, alguns autores d em onstraram que o envoltório do H IV ativa a sinalização anorm al das células NK, que se tornam m ais suscetíveis à apoptose. A infecção das células-alvos pelo H IV reduz a expressão das m oléculas do HLA-A e o HLA-B, m as não do HLA-C e HLA-D; isto pode explicar em parte a incapacidade relativa de as célu las NK destruírem as células-alvos infectadas pelo HIV. A m aioria dos estudos dem onstrou que as células NK eram quantitativam ente norm ais; entretanto, os pacientes com níveis altos de replicação viral apresentam um a anorm alidade na representação de um subtipo de células NK C D 56-/C D 16+ com deficiência funcional. Esse subtipo anorm al de células NK apresenta m aior expressão de receptores inibitórios das células N K (iNKRs), redução expressiva da expressão dos receptores de citotoxicidade natural (NCRs) e disfunção acentuada da atividade lítica. A representação desproporcional desse subtipo anorm al de células NK pode explicar em parte as anorm alidades funcionais destas células, que são observadas nos indivíduos infec tados pelo HIV. As células NK tam bém são fontes im portantes de quim iocinas-C C inibitórias do HIV. As células NK isoladas dos in d i víduos infectados pelo HIV produzem constitutivam ente níveis altos de M lP - la (CCL3), M IP-10 (CCL4) e RANTES (CCL5). Além disso, níveis altos dessas quim iocinas são detectados quando as células NK são estim uladas com IL-2 ou IL-15, ou quando o CD 16 está acopla do ou durante o processo de destruição lítica das células-alvos. Os pacientes HlV -positivos com níveis altos de virem ia plasm ática têm , quando com parados com os indivíduos H lV -positivos sem virem ia, m enos capacidade de bloquear a replicação do vírus pelas células NK nos ensaios in vitro com contato celular e supressão viral m ediada pelo sobrenadante. Por fim, as interações entre as células dendríticas e NK são im portantes para a função im une norm al. Esses dois tipos de células m odulam reciprocam ente sua ativação e sua m aturação. Essas interações estão gravem ente prejudicadas nos indivíduos HIV-positivos com níveis altos de virem ia plasm ática.
I
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Doenças Infecciosas
1532
FATORES GENÉTICOS NA PATOGENIA DO HIV
Os estudos de associação genética foram fundam entais ao esclare cim ento dos fatores do hospedeiro que influenciam a patogenia do H IV /A ids in vivo. Hoje, existem descritos polim orfism os de vários genes que influenciam diversos fenótipos relevantes à infecção pelo HIV: risco de adquirir a infecção, taxas de progressão da doença, não progressores a longo prazo, controle virológico espontâneo e respos tas im unológicas depois de iniciar o TAR. Isso inclui os polim orfis m os dos genes do locus M H C, dos receptores das quim iocinas e das citocinas, das quim iocinas e de outros fatores do hospedeiro (Q u a d ro 189.5). E studos recentes basearam -se na associação genôm ica am pla para definir novos fatores genéticos que influenciam as taxas de progressão da doença e espera-se que oco rram avanços rápidos nesta área. Além disso, o scanning funcional do genom a com pleto in vitro utilizando técnicas de interferência do RNA sugere que até 100 fatores do hospedeiro possam estar envolvidos no ciclo de vida e re plicação do HIV. Teoricam ente, as variações de todos esses genes p o deriam afetar a suscetibilidade do H IV e/ou a progressão da doença. A seguir, há descrições de alguns genes representativos. Recentem ente, pesquisadores utilizaram a estratégia da associa ção genôm ica ampla e descreveram polim orfism os do H LA-B (p. ex., gene HCP-5) e H LA-C , que explicavam cerca de 15% da variação da carga viral entre indivíduos com infecção assintom ática. Esses au to res sugeriram alguns m ecanism os para entender com o as m oléculas codificadas pelo M H C poderiam p redispor d eterm inado indivíduo à estabilização ou à progressão rápida para Aids. Esses m ecanism os propostos incluem a capacidade de apresentar determ inados epítopos do HIV no LTC ou na célula T auxiliar im unodom inante, resul tando em um a resposta im une relativam ente protetora contra o vírus e, deste m odo, em um a taxa mais lenta de progressão da doença. Por outro lado, determ inados alelos do M H C classe I ou II p oderiam predispor o indivíduo a um a resposta im unopatogênica contra os epítopos virais presentes em alguns tecidos com SNC ou pulm ões, ou contra determ inados tipos celulares infectados pelo HIV, inclusi ve m acrófagos ou células dendríticas ou de Langerhans. Além disso,
alguns alelos raros do M H C classes I e II poderiam facilitar o reco nhecim ento rápido das células infectadas pelo H IV provenientes do parceiro infectante com infecção p rim ária e desencadear a rejeição destas células p or respostas alorreativas. Do m esm o m odo, alguns alelos com uns do M H C p oderiam resultar n a rem oção m enos eficaz das células alogênicas infectadas pelo HIV. Nesse sentido, estudos d em onstraram que o com partilham ento do locus H LA-B estava associado ao risco m ais alto de transm issão da infecção pelo H IV entre casais zam bienses heterossexuais H lV -discordantes. O utros estudos tam bém evidenciaram que a heterozigose HLA para os loci da classe I (A, B e C) estava associada ao início mais tardio da Aids entre os indivíduos infectados pelo HIV, enquanto a hom ozigose para estes loci previa u m a progressão m ais rápida para Aids e m orte. E provável que essa observação se deva ao fato de que os indivíduos heterozigotos para os loci H LA são capazes de apresen tar m aior variedade de peptídios antigênicos aos linfócitos T citotó xicos que os hom ozigotos, resultando em um a resposta im une mais eficaz contra diversos patógenos, inclusive o HIV. E particularm ente im portante assinalar o fato de que os alelos HLA B*35 e Cw*04 da classe I foram consistentem ente associados ao desenvolvim ento rápi do da Aids. O utros dados indicaram que os genes do tran sp o rtad o r associado ao processam ento de antígenos (TAP) contribuem para determ inar a evolução da infecção pelo HIV. Os perfis do HLA que refletem certas com binações entre o TAP codificado pelo M H C e os genes das classes I e II estão fortem ente associados às taxas diferentes de progressão para Aids. E im portante ressaltar que o haplótipo HLA 8.1 estendido (A1-B8-DR3) tam bém foi relacionado claram ente com o declínio rápido das células T CD 4+ e ao desenvolvim ento de sinto m as associados ao HIV. E studos recentes de associação genética tam bém ressaltou o papel das células NK na doença causada pelo HIV. O polim orfism o de um único nucleotídio (PN U ) do gene do receptor sem elhante à im unoglobulina da célula NK (K IR ) estava diretam ente associado à progressão rápida para Aids. E ntretanto, quando o KIR3DS1 estava presente com o HLA-Bw4-80I, o fenótipo resultante era de progres são lenta para Aids, m esm o que este alelo isoladam ente não tivesse qualquer efeito na progressão da doença causada pelo HIV. Além disso, os indivíduos portadores do alelo KIR3DS1/HLA-Bw4-80I ti nham cargas virais significativam ente baixas, logo na fase inical da evolução da infecção e proteção contra infecções oportunistas nos estágios m ais tardios da doença. Essa observação ressalta o papel potencial das células NK na m anutenção do set point viral e sugere claram ente que o HLA-Bw4-80I funcione com o ligando ativador do KIR, resultando na m orte da célula-alvo. Essas interações entre os genes KIR e do M H C estão ilustradas na Q uadro 189.5. O exem plo m ais notável da influência da influência de um fa to r genético sobre a infecção e /o u patogenia do H IV refere-se ao gene que codifica o receptor de quim iocina-C C 5 (CCR5), ou seja, o correceptor celular principal usado pelo H IV para entrar na célula. Existem descritos indivíduos raros que tiveram exposições sexuais repetidas ao H IV em situações de alto risco, rq^s que não ad q u iri ram a infecção (p. ex., profissionais do sexo). Estudos dem onstraram que as células m ononucleares do sangue periférico de dois desses indivíduos eram altam ente resistentes à infecção in vitro pelas cepas R5 do HIV-1, m as eram facilm ente infectadas pelas cepas X4. A ná lises genéticas m ostraram que esses dois indivíduos tinham herdado um a falha hom ozigótica do gene que codifica o CCR5. O alelo CCR5 anorm al continha um a deleção de 32 pb correspondentes à segunda alça extracelular do receptor (alelo A32). A proteína codificada fica gravem ente alterada e não é expressa na superfície da célula; p o r esta razão, o receptor não é funcionante e isto explica a refratariedade à infecção pelas cepas R5 do HIV-1. E studos populacionais dem ons traram que cerca de 1% da população caucasoide descendente da Europa ocidental tin h a um a falha hom ozigótica do alelo CCR5 A.32; os indivíduos com esse genótipo são altam ente resistentes à infec ção pelo HIV. A lguns estudos d e m o n stra ram que a frequência do alelo CCR5 A.32 era m aior nos indivíduos expostos e não infectados de descendência europeia. E im p o rta n te ressaltar que foram iden-
QUADRO 189.5 pelo HIV-1 I Genea
Fatores genéticos do hospedeiro que influenciam o risco de infecção e a taxa de progressão da doença causada Variação genética
Mecanismo"
Efeito genético no HIV/Aids
;
Genes do locus MHC
HLA-B
B*27e B*57
Apresentação dos antígenos imunogênicos específicos do HIV
Progressão lenta para Aids; carga viral baixa
B*35Px
Restrição da apresentação dos peptídios imunogênicos específicos do HIV
Progressão rápida para Aids; carga viral alta
HLA-Bw4
Fornecimentos de ligandos para o KIR ativador
Progressão lenta para Aids
Homozigose dos alelos HLA-A, HLA-B e HLA-C
Redução do repertório de epítopos reconhecidos
Progressão mais rápida para Aids; risco mais alto de transmissão maternofetal
Alelos HLA compartilhados entre doador e receptor
Pré-adaptação das cepas do HIV
Progressão mais rápida da doença
Alelos HLA raros
Adaptação limitada das cepas do HIV; mutantes de escape menos freqüentes
Proteção contra a infecção pelo HIV
Haplótipo HLA estendido
A1-B8-DR3-DQ2 (8.1)
Desconhecido; pode afetar a hiperreatividade imune
Setpoint de carga viral mais baixo
HLA-C
rs9264942-C
Expressão aumentada do HLA-C; a associação pode ser atribuída ao desequilíbrio de linkagecom o HLA-B57
Setpointúe carga viral mais baixo
HCP5 ZNRD1
rs2395029-G
Desequilíbrio de linkage com HLA-B*5701
Viremia reduzida
rs9261174-C
Possível interferência com o processamento dos transcritos do HIV; influência na expressão do ZNRD1; desequilíbrio de linkage com HLA-A10
Retardo da progressão à Aids
Depleção de 32 pb do ORF (A32)
Proteína CCR5 truncada
A32/A32: resistência à infecção pelo HIV A32/wt: retarda o início da Aids; melhora a reconstituição imune durante o TARV
S/VP/haplótipos promotores (HHA por HHG*2)
Expressão alterada do CCR5; p. ex., o alelo HHE correlaciona-se com a expressão alta do CCR5
0 genótipo HHE/HHE está associado ao aumento da suscetibilidade ao HIV/Aids
CCR2
Substituição de valina por isoleucina (64 V - » I)
Possivelmente devido ao linkage com o polimorfismo do promotor do CCR5
Início tardio da Aids
CX3CR1
SNPs do ORF (249 V -> I; 280 T->M)
0 280M reduz a expressão do receptor e a ligação da fractalcina (ligando do CX3CR1)
0 249I e o 280M estão associados à progressão mais rápida para Aids em alguns coortes de pacientes caucasoides; efeitos inconsistentes foram demonstrados em outras coortes
DARC
SNP promotor específico dos africanos (46 C - * T)
0 -46C/C está associado às contagens baixas de leucócitos; afeta os níveis das quimiocinas circulantes; altera a ligação do HIV às hemácias e a transinfecção pelo HIV-1
-46C/C: risco maior de adquirir HIV, mas com progressão lenta da doença causada pelo vírus; os efeitos postergadores da doença do -46C/C ocorrem principalmente nos afroamericanos HlV-positivos com leucopenia
Números de cópias dos genes CCL3L e CCL4L
0 número alto de cópias dos genes correlaciona-se com os
Os números de cópias dos genes menores que a média populacional correlacionam-se com o aumento da suscetibilidade ao HIV/Aids e a reconstituição imune reduzida depois do TARV
Alelos HLA classe I
Receptores de quimiocinas
CCR5
CCL3L, CCL4L
níveis altos de CCL3L e CCL4L
CCL5
SNP promotores
Expressão alterada do gene
Suscetibilidade alterada ao HIV/Aids
CCL2
SNP promotora (-2578 G -»T)
Alelo -2578G: expressão aumentada de CCL2 e recrutamento dos leucócitos
0 -2578G/G correlaciona-se com o aumento do risco de desenvojver demência associada ao HIV e o início rápido da Aids
IL-6
SNP promotora (-174 G —»T)
0 -174C está associado aos níveis alterados de IL-6 e PCR
Risco alterado de desenvolver SK e recuperação variável das células T durante o TARV
IL-10
SNP promotora
0 -592A diminui os níveis de IL-10
Suscetibilidade maior ao HIV/Aids
Alelos codificadores (0)
Concentração plasmática baixa e lesão estrutural do MBL
Progressão lenta para Aids nos heterozigotos (A/O)
Alelo X (SNP promotora -221)
Níveis baixos de MBL
Progressão mais rápida para Aids nos homozigotos X/X
SNP ORF (186 H —> R)
Atividade anti-HIV reduzida
0 186R está associado ao início rápido da Aids nos afroamericanos
Citocinas
Genes da imunidade inata
MBL
Apobec-3G
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
Quimiocinas
(Continua)
1533
Q U A D R 0 1 8 9 .5 pelo HIV-1 Gene'1
Fatores genéticos do hospedeiro que influenciam o risco de infecção e a taxa de progressão da doença causada
(Continuação) Variação genética
Mecanismo*7
Efeito genético no HIV/Aids
Alelos E4, E3 e E2
0 E4 facilita a entrada do HIV in vitro
0 ApoE4/E4 está relacionado com o início rápido da Aids e da demência
Outros
ApoE
Interações entre genes
KIR+HLA
KIR3DS1 com HLA-Bw4-801 + ou 801-
Alteração da função das células NK necessárias à destruição das células infectadas
KIR3DS1+ com HLA-Bw4-801+: início tardio da Aids KIR3DS1 com HLA-BW4-801-: início rápido da Aids
CCL3L1 + CCR5
Número reduzido de cópias do gene CCL3L1 + genótipos CCR5 deletérios
Expressão baixa de CCL3L1 e alta de CCR5
Aumento da suscetibilidade à Aids e reconstituição imune reduzida durante o TARV
A quadro relaciona exemplos de genes e polimorfismos3 e seus mecanismos possíveis". 'Algumas associações são específicas para determinadas populações e podem apresentar efeitos coorte-específicos. Nota: Apobec, enzima de edição do RNAm da apolipoproteína B, semelhante ao polipeptídio catalítico; ApoE, apolipoproteína E; TARc, tratamento antirretroviral combinado; CCL, ligando da CC; CCL3L, CCL3-like; CCR5, receptor 5 de quimiocinas CC; PCR, proteína C reativa; DARC, receptor do antígeno Duffy para quimiocinas; HCP5, antígeno proteico P5 do complexo de histocompatibilidade principal classe I; HHE, haplogrupo E humano; HLA, antígeno leucocitário humano; IL, interleucina; KIR, receptores semelhantes à Ig da célula natural killer; SK, sarcoma de Kaposi; MBL, lectina de ligação da manose; MHC, complexo de histocompatibilidade principal; ORF, estrutura de leitura aberta; SNP, polimorfismo de um único nucleotídio; VL, carga viral; ZNRD1, zinco ribbon domain containing 1; +, presente; - , ausente. Fontes: Sunil K. Ahuja, MD, Weijing HE e www.hiv.pharmacogenomics.org. Revisões para informações adicionais: P An et al.: Trends Genet 26:119, 2010; J Feliay: Antivir Ther 14:731,2009; RA Kaslow et ai: J Infect Dis 191 :S68,2005.
Doenças Infecciosas
tificados vários individuos hom ozigóticos p ara a anom alia CCR5 A32, que estavam com provadam ente infectados pelo HIV. E studos revelaram que esses indivíduos estavam infectados pela cepa X4 do H IV que, em alguns casos, estava associada à evolução acelerada da doença. A cepa X4 utiliza o CXCR4 com o correceptor para en trar na célula, em vez do CCR5. Até 20% dos indivíduos de descendência europeia são heterozigóticos para o alelo CCR5 A32 e dem onstram resistência parcial à infecção pelo H IV e doença com evolução m ais lenta. E studos de coorte com centenas de am ostras de DNA obtidas de indivíduos da África central e ocidental e do E xtrem o O riente in dicaram que o alelo CCR5 A32 estava ausente ou era extrem am ente raro nestas populações. A lguns SNP prom otores do CCR5 foram associados às taxas variadas de progressão da doença e ao risco diferenciado de adqui rir a infecção pelo HIV. Os SNP prom otores dos alelos CCR5 A32 e CCR2-V64I definem nove haplogrupos hum anos (H H ) de CCR5, designados com o H H A a H H E, HHF*2, HHG*1 e HH G*2 (Q uadro 189.5). E studos dem onstraram que a hom ozigose para o haplótipo H H E do CCR5 estava associada ao risco m ais alto de adquirir a infec ção pelo H IV e progredir rapidam ente para Aids. O paream ento do H C C e do haplótipo HHG*2 que contém o CCR5 A32 está associa do à taxa de progressão m ais lenta da doença e ao risco reduzido de a dquirir o HIV. A heterozigose para o polim orfism o CCR2-64I está relacionado com um a taxa lenta de progressão da doença causada pelo HIV. O efeito associado ao alelo CCR2-64I poderia ser atribuído à sua ligação com os SNP prom otores CCR5, que reconhecidam ente influenciam as taxas de progressão da doença e/ou à dim erização do CXCR4 com o CCR2-641 m utante, resultando na expressão reduzida do CXCR4 na superfície celular. As variações dos ligandos do CCR5 (p. ex., núm ero de cópias dos genes CCL3L) e do CCR2 (p. ex., CCL2) tam bém podem afetar a suscetibilidade ao HIV /A ids.
■ NEUROPATOGENIA E m bora tenha ocorrido redução expressiva da incidência da encefa lopatia causada pelo H IV entre os pacientes que têm acesso ao tra tam ento com TARV m odernos, os indivíduos H lV -positivos ainda podem desenvolver várias anorm alidades neurológicas atribuídas às infecções oportunistas e às neoplasias, ou aos efeitos diretos do H IV ou seus produtos. No que concerne a essa ú ltim a causa, o H IV foi dem onstrado no cérebro e no LCS dos indivíduos infectados com e
sem anorm alidades neuropsiquiátricas. Os principais tipos celulares infectados no cérebro in vivo são os m acrófagos perivasculares e as células da m icróglia; os m onócitos já infectados no sangue podem m igrar para o cérebro, onde passam a residir sob a form a de m acró fagos, ou os m acrófagos p o d em ser infectados diretam ente no inte rio r do cérebro. Os m ecanism os exatos p o r m eio dos quais o HIV penetra no cérebro ainda não foram elucidados; entretanto, acredi ta-se que estejam relacionados, pelo m enos em parte, à capacidade que têm os m acrófagos infectados pelo vírus e im unologicam ente ativados de in d u zir as m oléculas de adesão, com o a selectina E e a m olécula de adesão celular vascular 1 (VCAM -1) no endotélio cere bral. O utros estudos d em o n straram que a g p l2 0 do H IV aum enta a expressão da m olécula de adesão intercelular 1 (ICAM -1) nas células gliais; este efeito pode facilitar a e ntrada das células infectadas pelo H IV no SNC. Os vírus isolados do cérebro consistem p re d o m in an tem ente em cepas R5 em vez de X4; neste aspecto, os indivíduos h e terozigotos para CCR5-A32 parecem estar relativam ente protegidos contra o desenvolvim ento da encefalopatia pelo HIV, em com para ção com os indivíduos norm ais. Seqüências diferentes do envoltório do HIV estão associadas à expressão clínica do com plexo dem encial da Aids (ver adiante). C ontudo, não existem evidências convincen tes de que outras células cerebrais além dos elem entos celulares da linhagem dos m onócitos/m acrófagos possam seg,infectadas p ro d u tivam ente in vivo. Os indivíduos infectados pelo H IV p odem apresentar lesões da substância branca bem com o perda neuronal. Em virtude da ausên cia de evidências de infecção dos n e urônios pelo H IV in vivo e in vitro, é altam ente improvável que a infecção direta destas células seja responsável pela sua perda. N a verdade, acredita-se que os efeitos m ediados pelo H IV sobre os neurônios e os oligodendrócitos envol vam vias indiretas, nas quais proteínas virais (principalm ente g pl20 e Tat) deflagram a liberação de neurotoxinas endógenas pelos m a crófagos e, em m enor grau, pelos astrócitos. Além disso, estudos de m onstraram que a N ef e a Tat do HIV-1 podem induzir a quim iotaxia dos leucócitos (inclusive m onócitos) para o SNC. Os m onócitos p o dem liberar neurotoxinas em conseqüência da infecção e/ou ativação imune. Alguns autores relataram que os fatores neurotóxicos deriva dos dos m onócitos destroem os neurônios via receptor de N-metil-D-aspartato (NM DA). Além disso, a g p l2 0 do HIV, dissem inada pelos m onócitos infectados pelo vírus, po d eria causar neurotoxicidade ao
153 4 .
antagonizar a função do peptídio intestinal vasoativo (VIP), elevar os níveis intracelulares de cálcio e dim inuir os níveis do fator de cres cim ento neural no córtex cerebral. Diversas citocinas derivadas dos m onócitos podem contribuir direta ou indiretam ente para os efeitos neurotóxicos da infecção pelo HIV; isto inclui as citocinas T N F -a, IL-1, IL-6, TGF-P, IFN -7 , o fator de ativação plaquetária e a endoteli na. Além disso, entre as quim iocinas-CC, estudos m ostraram que os níveis elevados da proteína quim iotática dos m onócitos (M CP) 1 no cérebro e no LCS correlacionavam -se diretam ente com a presença e o grau de encefalopatia pelo HIV. Além disso, a infecção e/ou ativação das células da linhagem dos m onócitos pode au m entar a produção de eicosanoides, ácido quinolínico, óxido nítrico, am inoácidos exci tatórios (inclusive L-cisteína e glutam ato), ácido araquidônico, fator ativador das plaquetas, radicais livres, T N F -a e TGF-fS, que podem contribuir para a neurotoxicidade. Os astrócitos p odem desem pe nhar diversas funções na neuropatogenia do HIV. A gliose ou astrocitose reativa foi evidenciada nos cérebros dos indivíduos infectados pelo H IV e constatou-se que o T N F -a e a IL-6 estim ulam a prolife ração dos astrócitos. Além disso, a IL-6 derivada dos astrócitos pode prom over a expressão do H IV nas células infectadas in vitro. Além disto, alguns estudos sugeriram que os astrócitos possam hiporregular as neurotoxinas produzidas pelos m acrófagos. E studos d em o n s traram que os indivíduos infectados pelo HIV com o alelo E4 para a apolipoproteína E (apo E) estão mais sujeitos à encefalopatia da Aids e à neuropatia periférica. A probabilidade da participação do H IV ou dos seus produtos na neuropatogenia é corroborada pela observação de que as anorm alidades neuropsiquiátricas podem apresentar m e lhoras rápidas e notáveis com a instituição do TARV. A lguns autores tam bém sugeriram que o SNC possa funcionar com o “sítio” relativam ente protegido para um reservatório de célu las com infecção latente, que poderia im pedir a erradicação do vírus pelo TARV (ver “Reservatórios de células infectadas pelo HIV: obstá culos à erradicação do vírus”, nos parágrafos anteriores).
■ PATOGENIA DO SARCOMA DE KAPOSI
RESPOSTA IMUNE AO HIV C onform e as descrições detalhadas das seções anteriores e subse quentes, depois do episódio inicial de virem ia du ran te a infecção prim ária, os indivíduos infectados pelo H IV desenvolvem respostas im unes vigorosas que, na m aior parte dos casos, reduzem significati vam ente os níveis de virem ia plasm ática e provavelm ente contribuem para o retardo do desenvolvim ento final da doença clinicam ente apa rente p or um período m édio de 10 anos nos indivíduos não tratados. Essa resposta im une contém elem entos da im unidade hum oral e ce lular, que envolvem as respostas im unes inata e adaptativa (Q uadro 189.6; Fig. 189.26). A resposta im une é dirigida contra vários deter m inantes antigênicos do virion do HIV, bem com o contra proteínas virais expressas na superfície das células infectadas. Ironicam ente, as células T CD 4+ com receptores específicos para o H IV são, teorica m ente, as células que estão m ais sujeitas à ativação e, deste m odo, a funcionar com o os prim eiros alvos da infecção produtiva pelo HIV; p o r essa razão, as células T C D 4+ são suscetíveis à m o rte ou à dis função celular causada pela infecção. C onsequentem ente, um a con seqüência precoce da infecção pelo H IV é a interferência com e a re-
QUADR0189.6
Elementos da resposta imune ao HIV
Imunidade humoral Anticorpos fixadores Anticorpos neutralizantes Tipo-específicos Grupo-específicos Anticorpos envolvidos na citotoxicidade celular dependente de anticorpo (CCDA) Protetores Patogênicos (destruição das células expectadoras) Anticorpos facilitadores Complemento Imunidade celular Linfócitos T CD4+ auxiliares Linfócitos T CD8+ citotóxicos limitados ao MHC classe I Inibição (não citotóxica) mediada pelas células T CD8+ CCDA Células natural killers
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
Existem no m ínim o quatro form as epidem iológicas diferentes do SK: ( 1) a form a clássica, que ocorre nos hom ens idosos de descendência predom inantem ente m editerrânea ou judaica da E uropa O riental, sem qualquer fator contribuinte reconhecido; (2) a form a da África Equatorial, que acom ete todas as idades, tam bém sem qualquer fator desencadeante reconhecido; (3) a form a associada aos transplantes de órgãos e o seu conseqüente estado de im unossupressão iatrogêni ca; e (4) a form a associada à infecção pelo HIV-1. Nas últim as duas form as, o SK é um a doença oportunista; nos indivíduos infectados pelo HIV, ao contrário das infecções oportunistas típicas, sua ocor rência não está estritam ente relacionada com o nível de depressão da contagem das células T CD4+. A patogenia do SK é complexa; fundam entalm ente, o SK é um a doença angioproliferativa que não constitui um sarcom a neoplásico verdadeiro, ao m enos nos estágios iniciais. O SK é um a m anifestação da proliferação excessiva das cé lulas fusiform es, que se acredita sejam de origem vascular e tenham aspectos em com um com as células endoteliais e da m usculatura lisa. Com a doença causada pelo HIV, o desenvolvim ento do SK depende da interação de vários de fatores, inclusive o próprio HIV-1, o h e r pesvírus h um ano 8 (H H V -8), a ativação im unológica e a secreção das citocinas. Diversos estudos epidem iológicos e virológicos relaciona ram claram ente o H H V -8, tam bém denom inado herpesvírus associa do ao sarcoma de Kaposi (KSHV), ao SK não apenas dos indivíduos infectados pelo HIV, mas tam bém as outras form as de SK. O H H V -8 é um herpesvírus 7 relacionado com o HBV e com o herpesvírus saim iri. O H H V -8 codifica um hom ólogo da IL-6 h u m an a e, além do SK, foi implicado nas patogenias do linfom a das cavidades corporais, do m ielom a m últiplo e da gam opatia m onoclonal de significado in certo. As seqüências do H H V -8 sem pre são encontradas nas lesões do SK e praticam ente todos os pacientes com SK são soropositivos para o H H V -8. As seqüências do DNA do H H V -8 podem ser detec tadas nas células B de 30 a 50% dos pacientes com SK e de 7% dos pacientes com Aids sem SK clinicam ente aparente.
C erca de 1 e 2% dos doadores de sangue considerados aptos são positivos para anticorpos anti-H H V -8, em bora a prevalência de soro positividade para o H H V -8 varie de 30 a 35% dos hom ens infectados pelo HIV. A prevalência da soropositividade para H H V -8 é de cer ca de 4% das m ulheres infectadas pelo HIV. Isso reflete a incidência m ais baixa do SK entre as m ulheres. A lguns autores questionaram se o H H V -8 é realm ente o agente tran sfo rm ad o r do SK, tendo em vista que a m aioria das células das lesões tum orais deste sarcom a não é representada p o r células neoplásicas. E ntretanto, estudos de m onstraram que as células endoteliais podem ser transform adas in vitro pelo H H V -8. Nesse aspecto, o H H V -8 possui diversos genes, inclusive hom ólogos do receptor da IL-8, do Bcl-2 e da ciclina D, que potencialm ente podem tran sfo rm ar a célula do hospedeiro. Apesar da com plexidade dos eventos patogênicos associados ao desenvol vim ento do SK nos indivíduos infectados pelo HIV, o H H V -8 é o agente etiológico desta doença. O iniciação e/ou a propagação do SK depende de um estado de ativação m ediado em parte pelas citocinas. Diversos fatores com o o T N F -a, a IL -1p, a IL-6, aoGM-CSF, o fator de crescim ento básico dos fibroblastos e a oncostatina M atuam por m ecanism os autócrinos e parácrino para sustentar o crescim ento e a quim iotaxia das células fusiform es do SK. Nesse sentido, alguns estu dos m ostraram que a IL-6 derivada do KSHV estim ula a proliferação de células do linfom a e inibe os efeitos citostáticos do IN F -a nas cé lulas do linfom a infectadas pelo KSHV
Nota: MHC, complexo de histocompatibilidade principal.
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Anticorpo neutralizante LinfócitoT CD8+ citotóxico MHC classe
Ativação, proliferação e secreção de citocinai
• ■ Antígenos virais Receptor v
CCDA
S em anas Linfócito T CD4+ infectado pelo HIV
Dano colateral (destruição das células observadoras)
semanas depois da infecção e 3 a 6 semanas depois da viremia plasmática. Nas fases tardias da evolução da doença, os níveis dos anticorpos contra a p24 declinam, geralmente em combinação com a elevação do título do antígeno p24.
Linfócito T CD4+ não infectado
Linfócitos T CD4+ Secreção auxiliares c/e citocinas
Ativação
MHC classe II
Linfócito T CD4+ infectado pelo HIV
Células natural killers
Figura 189.26 Ilustração esquemática dos diferentes mecanismos efeto res imunológicos que parecem atuar na infecção pelo HIV. Ver descrições detalha
das no texto. CCDA, citotoxicidade celular dependente de anticorpo; MHC, complexo de histocompatibilidade principal; TCR, receptor da célula T.
CD
o o o" 00 Co co
dução da população de células T necessárias para o desenvolvim ento de um a resposta im une eficaz. E m bora m uitas pesquisas tenha sido realizadas para delinear e com preender m ais claram ente os com ponentes dessa resposta im u ne, ainda não foram definidos os m ecanism os efetores im unológicos m ais im portantes ao retardo da progressão da infecção e qual - se há algum - o papel desem penhado na patogenia da doença pelo HIV. Essa lacuna de conhecim ento tem dificultado o desenvolvim ento de um a vacina eficaz contra a doença causada pelo HIV.
■ RESPOSTA IMUNE HUMORAL Em geral, os anticorpos anti-H IV aparecem d entro de seis sem anas e quase sem pre dentro de 12 sem anas depois da infecção prim ária (Fig. 189.27); as raras exceções consistem nos indivíduos com an o r m alidades da capacidade de p roduzir anticorpos específicos contra o vírus. A detecção desses anticorpos é base da m aioria dos testes de triagem diagnósticos para a infecção pelo HIV. O aparecim ento dos anticorpos de fixação ao HIV, que são detectados pelos ensaios ELI SA e Western blot, ocorre antes do desenvolvim ento dos anticorpos neutralizantes; estes últim os geralm ente surgem depois da redução inicial da virem ia plasmática, que está relacionada m ais diretam ente com o aparecim ento dos linfócitos T CD 8+ específicos para o HIV. Os prim eiros anticorpos detectados são os dirigidos contra a região im unodom inante da gp41 do envoltório viral e, em seguida, surgem os anticorpos contra a proteína e strutural ou gag (a proteína p24) e o precursor p55 da gag. Os anticorpos contra a gag p24 são seguidos
1536
A no s
Figura 189.27 Relação entre antigenemia e produção dos anticorpos con tra o HIV. Os anticorpos contra as proteínas do HIV geralmente surgem 6 a 12
dos anticorpos dirigidos contra a glicoproteína do envoltório externo (gpl20), a proteína gag p l7 e os p ro d u to s do gene pol (p31 e p66). Além disso, tam bém p odem ser detectados anticorpos contra proteí nas reguladoras de baixo peso m olecular, que são codificadas pelos genes vpr, vpu, vif, rev, tat e n e f do HIV. Em casos raros, os níveis dos anticorpos anti-H IV específicos podem dim inuir durante o tra tam ento da infecção aguda. E m bora sejam p ro d u zid o s a n tic o rp o s co n tra vários antígenos do HIV, o significado funcional exato destes diferentes anticorpos ainda não está definido. As únicas p roteínas virais que estim ulam a p rodução de anticorpos neutralizantes são as proteínas do envoltó rio g p l2 0 e gp41. Os anticorpos dirigidos contra as proteínas do envoltório do HIV foram caracterizados com o protetores e anticorpos e, possivelmente, contribuem para a patogenia da doença causada pelo HIV. Entre os anticorpos protetores estão os que atuam no sentido de neutralizar diretam ente o H IV e im pedir a dissem inação da infecção para o u tras células, bem com o os que participam da CCDA. Nos prim eiros seis meses depois da infecção, surgem anticorpos neutralizantes; e n tretanto, o vírus rapidam ente escapa da ação destes anticorpos. Um dos principais m ecanism os da evasão im une é a adição dos sítios de glicosilação N -term inais. As m oléculas de carboidrato acrescentadas interferem com o reconhecim ento do envoltório p or esses anticorpos iniciais. A hiperglicosilação da proteína do envoltório foi denom ina da escudo de glicanos. A parentem ente, existem dois tipos de anticor pos neutralizantes: tipo-específicos e grupo-específicos. Em geral, os anticorpos neutralizantes tipo-específicos são dirigidos contra a região da alça V3. Esses anticorpos surgem pouco depois da infecção e, em geral, estão dirigidos co n tra os epítopos lineares existentes nas re giões variáveis V2 e V3 da gpl20. Eles neutralizam apenas os vírus de determ inada cepa e estão presentes em títulos baixos na m aioria dos indivíduos infectados. Os anticorpos neutralizantes grupo-específicos são capazes de neutralizar grande variedade de cepas do HIV. Foram identificadas no m ínim o duas form as de anticorpos grupo-específi cos: os que estão dirigidos contra o sítio de ligação CD4 (CD4bs) da g p l2 0 e os que se ligam à região proxim al (acoplada à m em brana) da gp41 (Fig. 189.28). A outra classe principal de anticorpos p rote tores é constituída pelos que p articipam na CCDA, que representa, na realidade, um tipo de im u n id ad e celular (Cap. 314) na qual as células NK com receptores de Fc arm am -se de anticorpos específicos anti-HIV, que se ligam às células p o r sua porção Fc. A seguir, essas células N K arm adas ligam -se e destroem às células que expressam antígenos do HIV. E studos d em onstraram que os anticorpos contra g p l2 0 e gp41 p articipam da d estruição das células infectadas pelo H IV por m eio da CCDA. Os níveis dos anticorpos contra proteínas do envoltório capazes de m ediar a CCDA são m ais altos nos estágios
R egião proxim al da m em brana
S ítio de ligação C D 4
B ase de V2
Base de V3
Figura 189.28 Alvos conhecidos dos anticorpos neutralizantes anti-HIV. As regiões de ligação dos anticorpos grupo-específicos incluem a região pro
ximal da membrana e o sítio de ligação CD4. As regiões de ligação dos anticorpos tipo-específicos são as alças V2 e V3. (Adaptada de DR Burton et al.: Nat Immunol 5:233,2004)
■ RESPOSTA IMUNE CELULAR Considerando o fato de que a im unidade m ediada pelas células T d e sem penha um a função im portante na defesa do hospedeiro contra a m aioria das infecções virais (Cap. 314), de m o d o geral se acredi ta que este seja um com ponente im p o rtan te da resposta im une do hospedeiro ao HIV. A im unidade celular m ediada pelos linfócitos T pode ser dividida em duas grandes categorias: im unidade m ediada pelas células T CD4+ auxiliares/indutoras e im unidade m ediada pelas células T CD8+ citotóxicas/imunorreguladoras. Na m aioria dos pacientes infectados pelo HIV, é possível d e tectar células T CD4+ específicas contra o H IV m ediante o uso da citom etria de fluxo para m edir a produção de citocinas intracelula res em resposta aos tetrâm eros de M H C da classe II pulsados com peptídios do HIV, ou m ediante ensaios de proliferação dos linfócitos utilizando antígenos virais (p. ex., p24). Essas células provavelm ente desem penham um papel fu ndam ental na orquestração da resposta im une ao HIV, fornecendo ajuda às células B e às células T C D 8+ específícas para o vírus. Além disso, essas células são capazes de des tru ir diretam ente as células infectadas pelo HIV. As células T CD4+
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Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
iniciais da infecção pelo HIV. In vitro, a IL-2 pode am pliar a destrui ção celular m ediada pela CCDA. Além de desem penhar um a função na defesa do hospedeiro, os anticorpos específicos contra o H IV tam bém foram im plicados na patogenia da doença. Estudos dem onstraram que os anticorpos d iri gidos contra a gp41, quando presentes em títulos baixos, são capazes de facilitar a infecção in vitro das células p or um m ecanism o m e diado pelo receptor de Fc conhecido com o facilitação por anticorpo. Desse m odo, as m esm as regiões da proteína do envoltório do HIV que dão origem aos anticorpos capazes de m ediar a CCDA tam bém estim ulam a produção dos anticorpos capazes de facilitar a infec ção das células in vitro. Além disso, alguns autores sugeriram que os anticorpos a n ti-g p l20 que participam da destruição das células infectadas pelo H IV p or m eio da CCDA tam bém possam destruir as células T CD4+ não infectadas, quando elas estão ligadas à gp20 livre, fenôm eno conhecido com o destruição das células observadoras. U m dos com ponentes mais prim itivos do sistem a im une hum oral é o sistema com plem ento (Cap. 314). Esse elem ento da im unidade inata consiste em cerca de 30 proteínas que circulam no sangue ou se asso ciam às m em branas celulares. Em bora o H IV seja, p or si só, capaz de ativar d iretam ente a cascata do com plem ento, a lise resultante é fraca devido à presença, no envoltório do vírus, de proteínas reguladoras da célula do hospedeiro, que foram incorporadas durante o processo de germ inação. É possível que os virions do H IV opsonizados pelo com plem ento sejam m ais infecciosos, sem elhantem ente ao que ocor re com a facilitação m ediada p or anticorpos.
específicas para o H IV podem ser os alvos preferenciais da infecção do H IV pelas células apresentadoras de antígenos infectadas pelo vírus d u ran te a form ação da resposta im une ao H IV (Fig. 189.26). E ntretanto, essas células provavelm ente tam bém sofrem expansões clonais em resposta aos antígenos do H IV e, deste m odo, sobrevi vem com o u m a população de células. N ão existe correlação bem definida entre os níveis de linfócitos T C D 4+ específicos contra o H IV e os níveis plasm áticos de RNA do HIV; entretanto, na presença de cargas virais altas, as respostas das células T CD 4+ aos antígenos do H IV parecem desviar-se da proliferação e produção de IL-2 para um a resposta de pro d u ção de IF N -^. Desse m odo, em bora exista um a correlação inversa entre o nível de proliferação p24-específica e os níveis de virem ia plasm ática do HIV, o tipo de relação causai entre estes p arâm etros ainda não está definido. E studos d em o n straram células T C D 8+ específicas para o HIV e lim itadas ao M H C classe I no sangue periférico dos pacientes in fectados pelo HIV-1. Essas células incluíam os LTC que produzem perforinas e os linfócitos T que p o d em ser induzidos pelos antíge nos do H IV a expressarem diversas citocinas, inclusive IFN -7 , IL-2 e T N F -a . Os LTC foram detectados no sangue periférico dos p a cientes recém -infectados pelo H IV após algum as sem anas e antes do aparecim ento do vírus no plasm a. A pressão seletiva que essas célu las exercem na evolução da população dos vírus circulantes reflete sua função potencial no controle da infecção pelo HIV. Por m eio de seus receptores de antígenos específicos do HIV, esses linfócitos T C D 8+ ligam -se e provocam destruição lítica das células-alvos que p o rtam moléculas autólogas do M H C classe I responsáveis p or apre sentar os antígenos do HIV. D ois tipos de atividade dos LTC podem ser dem onstrados nas células m ononucleares do sangue periférico ou dos linfonodos dos pacientes infectados pelo HIV. O p rim eiro tipo destrói diretam en te as células-alvos apropriadas em cultura, sem estim ulação prévia in vitro (atividade espontânea do LTC). O outro tipo de atividade do LTC reflete a. frequência precursora dos LTC (LTCp); este tipo de atividade pode ser de m o n stra d a p o r es tim ulação das células T C D 8+ in vitro com um m itógeno com o a fitoem aglutinina ou o anticorpo anti-C D 3. Além dos LTC, as células T C D 8-1- capazes de serem induzidas p or antígenos do H IV a expressar citocinas (p. ex., IFN -7 ) tam bém surgem quando há infecção pelo HIV-1. A inda não se sabe se essas células constituem reservatórios efetores iguais ou diferentes das cé lulas que m edeiam a citotoxicidade; além disto, as funções relativas de cada um nas defesas do hospedeiro contra o H IV ainda não estão plenam ente esclarecidas. A parentem ente, essas células T C D 8+ são estim uladas à realizar a expansão in vivo pelo antígeno do HIV. Há correlação direta entre os níveis de células T C D 8+ capazes de p ro d u zir IFN -7 em resposta aos antígenos do HIV e os níveis plasmáticos do RNA do HIV-1. Desse m odo, em bora essas células certam ente sejam estim uladas pela infecção pelo H IV -1, sua capacidade final de controlar a infecção ainda é duvidosa. Vários antígenos do HIV, inclusive GAg, Env, Pol, Tat, Rev e Nef, podem desencadear as res postas das células T C D 8+. Entre os pacientes que controlam a repli cação viral m esm o sem utilizarem fárm acos antirretrovirais, há um subgrupo conhecido com o controladores de elite (ver “Sobreviven tes de longo prazo e indivíduos com doença não progressiva a longo prazo”, cujos sangues periféricos contêm u m a população de células T C D 8+ que proliferam expressivam ente e expressam perforinas em resposta aos antígenos do HIV. E possível que essas células desem pe nham um papel im portante n a defesa do hospedeiro contra o vírus. Existem descritos no m ínim o três tipos de im unidade celular ao HIV: supressão da replicação viral m ediada pelas células T C D 8+; CCDA; e atividade das células NK. O term o supressão da replicação do H IV mediada pelas células T CD8+ refere-se à capacidade que as células T C D 8+ dos pacientes H lV -positivos têm de inibir a replica ção do vírus nas culturas de tecidos p o r m ecanism os não citolíticos. Não há necessidade de com patibilidade do HLA entre as células T C D 8+ e as células infectadas pelo HIV. Por conseguinte, esse m eca nism o efetor é inespecífico e parece ser m ediado p o r um ou mais fatores solúveis com o as quim iocinas-C C RANTES (CCL5), MIP- l a (CCL3) e MIP-1(3 (CCL4). Essas quim iocinas-C C são supresso-
1537
res potentes da replicação do H IV e atuam , pelo m enos em parte, pelo bloqueio do correceptor (CCR5) das cepas R5 (tróficas para os m acrófagos) do HIV-1 (ver parágrafos anteriores). C onform e foi descrito antes com relação à im unidade hum oral, a CCDA envolve a destruição das células que expressam o H IV pelas células NK a r m adas com anticorpos específicos dirigidos contra antígenos virais. Por fim, estudos d em onstraram que as células N K isoladam ente eram capazes de d estruir células-alvos infectadas pelo H IV nas culturas de tecidos. Esse m ecanism o citotóxico prim itivo de defesa do hospedei ro destina-se à vigilância inespecífica para transform ação neoplásica e infecção viral p or m eio do reconhecim ento da alteração das m olé culas do M H C classe I.
DIAGNÓSTICO E MONITORIZAÇÃO LABORATORIAL DA INFECÇÃO PELO HIV A confirm ação do HIV com o agente etiológico da Aids e das síndro m es relacionadas no início de 1984 foi seguida pelo desenvolvim ento rápido dos testes de triagem sensíveis para a infecção pelo HIV. Em m arço de 1985, os doadores de sangue dos EUA com eçaram a ser ro tineiram ente testados para anticorpos anti-HIV. Em ju n h o de 1996, os bancos de sangue nos EUA acrescentaram o ensaio de captura do antígeno p24 ao processo de triagem para ajudar a identificar os ra ros indivíduos infectados que estariam doando sangue no intervalo (até 3 meses) entre a infecção e o desenvolvim ento de anticorpos. Em 2002, a capacidade de detecção da infecção inicial pelo H IV foi aprim orada com a aprovação do teste do ácido nucleico (NAT) como com ponente rotineiro da triagem dos doadores de sangue. Esses avanços dim inuíram o intervalo entre a infecção e sua detecção (o período de janela im unológica) de 22 dias com o teste do anticorpo para 16 dias com o teste do antígeno p24 e, possivelm ente, para 12 dias com o teste do ácido nucleico. O desenvolvim ento dos ensaios sensíveis para m onitorar os níveis de virem ia plasm ática iniciou um a nova na qual se to rn o u possível m o n ito ra r a progressão da doença causada pelo HIV com m ais precisão. A utilização desses testes com binados com as determ inações das contagens de linfócitos T CD4+ no sangue periférico é essencial ao tratam ento dos pacientes infecta dos pelo HIV.
■ DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO PELO HIV
Doenças Infecciosas 1538
Os CD C recom endaram que a triagem para infecção pelo H IV seja realizada com prática de saúde rotineira. O diagnóstico da infecção pelo HIV depende da dem onstração dos anticorpos anti-H IV e/ou da detecção direta do vírus ou de um dos seus com ponentes. C o n form e assinalado antes, os anticorpos contra o H IV geralm ente apa recem na circulação dentro de três a 12 sem anas depois da infecção. O teste sanguíneo p adronizado p ara a triagem d a infecção pelo H IV é o ELISA, tam bém conhecido com o im unoensaio enzim ático (IEE). Esse ensaio em fase sólida é um de triagem extrem am ente confiável com sensibilidade > 99,5%. A m aio ria dos lab o rató rio s diagnósticos utiliza um kit com ercial de IEE que contém antígenos do HIV-1 e do HIV-2 e, p or esta razão, consegue detectar os dois ti pos de vírus. Esses kits utilizam antígenos naturais e recom binantes e são continuam ente atualizados de m o d o a au m e n tar sua sensibi lidade para espécies recém -descobertas, com o os vírus do g rupo O (Fig. 189.6). Os testes IEE de qu arta geração com binam a detecção de anticorpos anti-H IV com a detecção do antígeno p24 do HIV. Em geral, os testes IEE são classificados com o positivos (altam ente reatores), negativos (não reatores) ou in d ete rm in ad o s (parcialm en te reatores). A pesar de extrem am ente sensível, o IEE não é o teste ideal em term os de especificidade. Isso é especialm ente válidos nos estudos com indivíduos de baixo risco, com o d o ad o res de sangue voluntários. N esta ú ltim a população, apenas 10% dos indivíduos IEE-positivos têm confirm ação subsequente da infecção pelo HIV. Entre os fatores associados aos resultados falsos positivos do IEE estão os anticorpos contra os antígenos da classe II (inclusive os que p o d em ocorrer depois de gravidez, transfusão de sangue ou tra n s plante), auto an tico rp o s, d o en ça h epática, vacinação c o n tra a in flu e n za recente e infecções virais agudas. Por essas razões, qualquer
indivíduo suspeito de infecção pelo H IV com base em u m resultado positivo ou inconclusivo do IEE deve ter o resultado confirm ado p o r um ensaio m ais específico, com o o Western blot. É possível estim ar se u m indivíduo teve infecção recente pelo HIV-1 com pa ra n d o os resultados de um teste de IEE p a d ro n iz ad o que forneça resultados positivos para todos os indivíduos infectados com os re sultados de u m ensaio m odificado p ara ser m enos sensível (“ensaio fora de sintonia”), que se to rn a positivo apenas para os indivíduos com infecção pelo H IV estabelecida. Em raras ocasiões, um indiví duo infectado pelo H IV tratad o p recocem ente d u ran te a evolução da infecção po d e negativar o resultado do IEE. Isso não indica a erradicação da infecção; em vez disto, significa que os níveis de ex posição ao vírus não são m ais suficientes p ara m anter um a resposta detectável de anticorpos. Q u a n d o esses indivíduos interro m p em o tratam ento, os vírus e os anticorpos reaparecem . O teste confirm atório utilizado m ais com um ente utilizado é o Western blot (Fig. 189.29), ensaio baseado no fato de que m últiplos antígenos do H IV com pesos m oleculares diferentes e bem defini dos acarretam a produção de anticorpos específicos. Esses antígenos podem ser separados com base no peso m olecular e os anticorpos dirigidos contra cada com ponente são detectáveis na form a de faixas bem dem arcadas no Western blot. U m Western blot negativo é aquele em que não há qualquer faixa nos pesos m oleculares que correspon dem aos produtos gênicos do HIV. Em um paciente com IEE positi vo ou indeterm inado e Western blot negativo, pode-se concluir com certeza que a reatividade no IEE foi falsa positiva. Por outro lado, um Western blot que dem onstra a presença de anticorpos contra os p ro dutos dos três principais genes do HIV {gag, pol e env) é um a prova conclusiva de infecção pelo HIV. Os critérios estabelecidos em 1993 pelo FDA am ericano (U.S. Food and D rug A dm inistration) para um Western blot positivo definem que o resultado é considerado positivo quando existem anticorpos contra duas das três proteínas do HIV: p24, gp41 e gp 120/160. U tilizando esses critérios, cerca de 10% dos doadores de sangue considerados positivos para a infecção pelo HIV não apresentaram um a faixa de anticorpos contra o produto do gene pol p31. Em seguida, constatou-se que cerca de 50% desses doadores de sangue eram falsos positivos. Por conseguinte, a ausência da faixa p31 deve au m entar a suspeita de que o resultado do teste seja falso positivo. Nesse sentido, é recom endável obter a confirm ação adicio nal com um teste baseado no RNA e/ou Western blot de seguimento. Por definição, os padrões de reatividade do Western blot que não se enquadram nas categorias de positivo ou negativo são considerados “in d e te r m in a d o s Existem duas explicações possíveis para o resulta do indeterm inado do Western blot. N os grupos de baixo risco, a ex plicação m ais provável é que o paciente subm etido ao teste apresenta anticorpos com reatividade cruzada com um a das proteínas do HIV. Os padrões m ais com uns de reatividade cruzada são os anticorpos que reagem com p24 e/ou p55. Nesse contexto, a explicação m enos provável é que o indivíduo esteja infectado pelo H IV e em processo de desenvolvim ento de um a resposta hum oral clássica. Em qualquer um a destas situações, deve-se rep etir o Western bfot dentro um mês para definir se o padrão indeterm inado representa ou não um padrão em evolução. Além disso, pode-se p rocurar confirm ar o diagnóstico da infecção pelo H IV com base no ensaio de captura do antígeno p24 ou de um dos testes de RNA do H IV (descritos adiante). Apesar de ser um teste excelente para c o nfirm ar a infecção pelo H IV nos p a cientes com IEE indeterm inado ou positivo, o Western blot é um teste de triagem precário. E ntre os indivíduos com IEE e PCR negativos para o HIV, 20 a 30% podem apresentar um a ou mais faixas no Wes tern blot. Em bora essas faixas geralm ente sejam fracas e representem reatividade cruzada, sua presença cria um a situação na qual outras m odalidades diagnosticas (com o PCR do DNA, PCR do RNA, ensaio para bDNA ou captura do antígeno p24) devem ser utilizadas para assegurar que as faixas não indicam infecção inicial pelo HIV. A Fig. 189.30 ilustra as diretrizes para a utilização desses testes sorológicos com o objetivo de c o nfirm ar o diagnóstico da infecção pelo HIV. Para os pacientes suspeitos de infecção pelo HIV, o tes te inicial apropriado é o IEE. Se o resultado for negativo, a m enos
AAÀ
- 160 -1
AAA AAA
-
YYY
YYY YYY
AAA
AAA AAA
AAA
AAA AAA
AAA
AAA AAA
AAA
AAA AAA
AAA
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AAA
AAA AAA
120
-
p 66 i - p55 — 4 1 —1
pol
p31
p24 gag L - p18 -
B
1. V írus decom posto: o produto da d ecom posição do vírus é separado em seus com p o ne n te s conform e seus pesos m oleculares 2. A s proteínas são tra n sfe rid as para o papel de filtro e reagem com o soro testado 3. O anticorpo a nti-hum ano co n jugado a um a enzim a é acrescentado 4. O substrato é a d icionado e a co r o b servada
Figura 189.29 Ensaio de Western blot para detecção de anticorpos contra HIV. A. Representação esquemática de como o Western blotè realizado. B. Exem
plos de padrões de reatividade do Western blot. Em cada exemplo, a fita do Western blot contém antígenos do HIV-1. 0 soro do paciente imunizado contra a gpl 60 do que haja algum a forte razão para suspeitar de infecção inicial pelo H IV (com o em um paciente exposto nos últim os 3 meses), exclui-se o diagnóstico e o teste deve ser repetido apenas quando há in d ica ção clínica. Se o IEE for indeterm inado ou positivo, deve-se repetir o teste. Se os resultados forem negativos em duas ocasiões, pode-se deduzir que o resultado positivo inicial foi decorrente de erro técnico na execução do ensaio e que o paciente é negativo. Se o teste repetido
Figura 189.30 Algoritmo para utilizar os testes sorológicos no diagnóstico da infecção pelo HIV-1 ou HIV-2. *Um Western blot persistentemente indeter
minado depois de quatro a seis semanas torna improvável a infecção pelo HIV. En tretanto, esse ensaio deve ser repetido duas vezes com intervalos de 3 meses para excluir infecção pelo HIV. Alternativamente, pode-se realizar o teste para o antígeno p24 do HIV-1 ou para o RNA do HIV. IEE, imunoensaio enzimático.
envoltório do HIV-1 contém apenas anticorpos para as proteínas do envoltório do HIV-1. 0 soro do paciente com infecção pelo HIV-2 apresenta reação cruzada aos produtos dos genes da transcriptase reversa e do gene gag do HIV-1.
for in determ inado ou positivo, deve-se realizar o Western blot para o HIV-1. Se o Western blot for positivo, o diagnóstico de infecção pelo HIV-1 estará confirm ado; se for Western blot negativo, pode-se supor que o IEE era falso positivo para o HIV-1 e a infecção pode ser descartada. Nesse ponto, tam bém seria recom endável realizar um teste sorológico específico para o H IV -2, seguindo o m esm o tipo de algoritmo. Se o Western blot para o HIV-1 for indeterm inado, deverá ser repetido em 4 a 6 sem anas; além disto, pode-se proceder a um ensaio de captura do antígeno p24, ensaio do RNA do HIV-1 ou PCR do DNA do HIV-1 e teste sorológico específico para o HIV-2. Se os ensaios para p24 e RNA do H IV forem negativos e não houver p ro gressão no Western blot, pode-se excluir o diagnóstico de HIV-1. Se o ensaio para p24 ou RNA do HIV-1 forem positivos e/ou se o Western blot p ara o HIV-1 d em o n strar progressão, pode-se estabelecer um diagnóstico presuntivo de infecção pelo HIV-1 que, m ais tarde, será confirm ado se o Western blot repetido d e m onstrar um padrão posi tivo. Além desses ensaios laboratoriais padronizados para a detecção dos anticorpos anti-HIV, tam bém existem alguns testes rápidos “de cam po”, que podem fornecer resultados em um a 60 m inutos. Entre os m ais populares desses teste está o O raQ uick Rapid, um teste para anticorpos anti-H IV -1 que pode ser realizado com sangue, plasm a ou saliva. A sensibilidade e a especificidade desse teste são de 99%. Em bora os resultados negativos desse teste sejam suficientes para excluir o diagnóstico de infecção pelo HIV, os resultados positivos devem ser considerados prelim inares e precisam ser confirm ados pelos testes sorológicos padronizados, com o foi descrito antes. Existem vários testes laboratoriais para detecção direta do H IV ou dos seus com ponentes (Q u a d ro 189.7; Fig. 189.31). Esses testes podem ser m uito úteis à confirm ação do diagnóstico da infecção pelo HIV, quando os resultados do Western blot são indeterm inados. Além disso, os testes que determ inam os níveis de RNA do H IV p o dem ser usados para avaliar o prognóstico e a resposta aos tratam en tos antirretrovirais. O m ais sim ples dentre os testes de detecção direta
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
TESTES SOROLOGICOS PARA DIAGNOSTICAR INFECÇÃO PELO HIV-1 OU HIV-2
1. P ositivo para in fe cçã o pelo HIV-1 2. Im unização com gp160 3. Indeterm inado (infecção pelo H IV-2) 4. Indeterm inado (anticorpo co m reação cruza d a co n tra p24) 5. N egativo
1539
QUADRO 189.7
Características dos testes de detecção direta do HIV
Teste
Técnica
Sensibilidade3
Custo por teste* 1
Ensaio de captura do antígeno p24 dissociado de imunocomplexos
Determinação dos níveis de proteína do core do HIV-1 em um formato baseado em um IEE depois da dissociação dos complexos antígeno-anticorpo por tratamento com ácido fraco
Positivo em 50% dos pacientes; detecta até 15 pg/mL de proteína p24
$ 1a 2
RNA do HIV por PCR
Amplificação pela PCR do cDNA produzido a partir do RNA viral (amplificação do alvo)
Confiável para até 40 cópias do RNA do HIV por mL
$75 a 150
RNA do HIV pela bDNA
Determinação dos níveis do RNA do HIV associado a partículas em um ensaio de captura do ácido nucleico empregando amplificação de sinal
Confiável para até 50 cópias de RNA de HIV por mL
$75 a 150
RNA do HIV por NASBA
Amplificação isotérmica do ácido nucleico com controles internos
Confiável para até 80 cópias de RNA de HIV por mL
$75 a 150
aOs níveis de sensibilidade referem-se aos pelo FDA americano. c0s preços podem ser mais baixos quando se tratam de grandes quantidades. Nota: bDNA, DNA ramificado; cDNA, DNA complementar; IEE, imunoensaio enzimático; NASBA, amplificação baseada na seqüência do ácido nucleico; PCR, reação em cadeia da polimerase.
Doenças Infecciosas
a infecção neonatal. C om essa finalidade, os três ensaios utilizados m ais com um ente são: PCR para transcriptase reversa (RT-PCR; A m plicor); ensaio para DNA ram ificado (bDNA; VERSANT); e ensaio baseado na am plificação da seqüência do ácido nucleico (NASBA; NucliSens). Esses testes são m uito úteis para firm ar o diagnóstico de infecção pelo HIV, definir o prognóstico inicial e determ in ar a n e cessidade de tratam ento, bem com o para m onitorar os efeitos do tra tam ento. Além desses três testes disponíveis no com ércio, a PCR do D NA tam bém é utilizada p o r laboratórios de pesquisa para estabele cer o diagnóstico de infecção pelo H IV com base na amplificação do DNA proviral do HIV a p a rtir de células m ononucleares do sangue periférico. Os testes de detecção do RNA disponíveis no com ércio têm sensibilidade para 40 a 80 cópias de RNA do HIV p or m ililitro de plasma. Os ensaios de RNA realizados nos laboratórios de pesqui sa podem detectar um a única cópia de RNA do H IV p or m ililitro, enquanto os testes de PCR p ara DNA conseguem detectar o DNA proviral em frequência de u m a cópia p o r 10.000 a 100.000 células. Por conseguinte, esses testes são extrem am ente sensíveis. Um a con seqüência com um do elevado grau de sensibilidade é algum a perda de especificidade e existem relatos de resultados positivos falsos com todas essas técnicas. Por essa razão, o IEE positivo e confirm ado pelo Western blot ainda é o “p adrão de referência” para o diagnóstico da infecção pelo H IV e a interpretação dos resultados dos outros testes deve ser realizada com este fato em m ente. C om a técnica RT-PCR, depois do tratam en to p or DNase, o b tém -se um a cópia do DNAc de todas as espécies de RNA presentes no plasm a. Com o o H IV é um vírus de RNA, isso resulta na produção de cópias de DNA do genom a do H IV em quantidades proporcionais
é o ensaio de captura do antígeno p24. Esse teste é um ensaio de IEE, no qual a fase sólida consiste em anticorpos contra o antígeno p24 do HIV. O teste detecta a proteína viral p24 no sangue dos indivíduos infectados, quando ela está presente na form a de antígeno livre ou em complexos com anticorpos anti-p24. Em geral, cerca de 30% dos indivíduos infectados pelo HIV e não tratados têm níveis detectáveis de antígeno p24 livre. Esse índice aum enta p ara cerca de 50% quando as am ostras são tratadas com ácido fraco para dissolver os complexos de antígeno-anticorpo. Ao longo de toda a evolução da infecção pelo HIV, existe um equilíbrio entre o antígeno p24 e seus anticorpos es pecíficos. D urante as prim eiras sem anas da infecção (antes do desen volvim ento da resposta im une), há um a elevação rápida dos níveis do antígeno p24 (Fig. 189.27). D epois da form ação dos anticorpos anti-p24, esses níveis declinam . Nas fases finais da infecção, quando os níveis dos vírus circulantes são altos, as concentrações do antíge no p24 tam bém aum enta, principalm ente quando são determ inados pelas técnicas que incluam dissociação dos com plexos de antígeno-anticorpo. O ensaio de captura do antígeno p24 é m ais útil com o teste de triagem para infecção pelo H IV nos pacientes sob suspeita de apresentar a síndrom e aguda do HIV, tendo em vista que os níveis do antígeno p-24 são altos antes do desenvolvim ento dos anticorpos. O uso desse ensaio na triagem rotineira dos doadores de sangue para infecção pelo HIV foi substituído pelos testes para ácido nucleico. A possibilidade de determ inar e m o n ito rar os níveis de RNA do HIV no plasm a dos pacientes com infecção pelo HIV tem sido extrem a m ente útil para esclarecer a patogenia desta infecção e fornece um instrum ento diagnóstico em situações nas quais a determ inação dos anticorpos anti-H IV pode ser enganosa, com o a infecção aguda e
Ensaio
Nome comercial
Tecnologia
RT R T-PC R
pc r
W W ,
r= 0,98 (p < 0,0001)
A m plicor RNA
DNA
á&iasaliÉita
0
V< > 2 =F P
Amplificação do alvo
U n h a de igualdade
ií
o
O-o bD N A
-L o g -|o previsto v3 -b D N A = - 0,0915 + 1,0052 * log-, 0 (R T-P C R )
VERSANT 0 Amplificação de sinal
B Comparação entre os ensaios de RT-PCR e de bDNA. A. Ilustração esquemática dos ensaios de reação em cadeia de polimerase para trans criptase reversa (RT-PCR) e de bDNA. Ver descrição detalhada no texto. B. Gráfico de dispersão do log,0do v3-bDNA versus o log10da RT-PCR com linha de igualdade Figura 189.31
1540
2 4 Log-|o do R N A do HIV-1 em có p ias/m L (R T-P C R )
6
(contínua) e a regressão ajustada (tracejada). A equação para a linha de regressão ajustada está descrina no canto inferior direito. Existe concordância satisfatória entre os dois ensaios. v3, versão 3 do ensaio de bDNA. (Adaptada de HCHighbargeret al.: J Clin Microbiol 37:3612, 1999.)
à quantidade de RNA viral presente no plasma. A seguir, esse DNAc é am plificado e caracterizado utilizando técnicas padronizadas de PCR, que utilizam pares de precursores capazes de diferenciar o cDNA genôm ico do cDNA m ensageiro. O ensaio para bDNA envol ve o uso de um sistem a de captura do ácido nucleico em fase sólida e a amplificação de sinal p o r m eio de hibridizações sucessivas do ácido nucleico para detectar pequenas quantidades do RNA do HIV. Esses dois testes podem aum entar em 10 vezes a sensibilidade para 40 a 50 cópias de RNA do H IV po r m ililitro com um a etapa de pré-concentração, na qual o plasm a é subm etido à ultracentrifugação para agregar as partículas virais. A técnica NASBA envolve a amplificação isotérm ica de um a seqüência dentro da região gag em presença de padrões internos e em prega a produção de cópias m últiplas de RNA por ação da T7-RNA polim erase. As espécies de RNA resultantes são quantificadas po r hibridização com um a sonda de D N A m arcadora m olecular extinta na ausência de hibridização. O lim ite inferior de detecção para o ensaio NucliSens é de 80 cópias/mL. Além de serem instrum entos úteis ao diagnóstico e à avaliação do prognóstico, a RT-PCR e a D N A -PCR tam bém ajudam a am pli ficar áreas definidas do genom a do H IV para a análise das seqüên cias e to rn aram -se técnicas im p o rtan tes ao estudo da diversidade de seqüências, bem com o da resistência m icrobiana aos fárm acos antirretrovirais. Nos pacientes com IEE positivo ou in d eterm in ad o e Western blot indeterm inado, bem com o nos pacientes cujos testes sorológicos p odem não ser confiáveis (p. ex., pacientes com h ip o gam aglobulinem ia ou doença avançada pelo H IV ), esses testes de quantificação do RNA do H IV no plasm a ou detecção do DNA p ro viral nas células m ononucleares do sangue periférico são recursos valiosos para confirm ar o diagnóstico da infecção pelo HIV; c o n tudo, estes testes devem ser utilizados com finalidades diagnósticas apenas quando os testes sorológicos convencionais não fornecem resultado definitivo.
■ M0NIT0RIZAÇÃ0 LABORATORIAL DOS PACIENTES INFECTADOS PELO HIV
Determinações do RNA do HIV A determ inação dos níveis séricos ou plasm áticos do RNA do H IV (facilitada pelas técnicas altam ente sensíveis p ara a quantificação precisa de pequenas quantidades de ácidos nucleicos) tornou-se um com ponente essencial à m o nitoração dos pacientes infectados pelo HIV. C onform e está descrito na seção precedente sobre “Diagnóstico da Infecção pelo H IV ”, as duas técnicas utilizadas m ais com um ente são os ensaios para RT-PCR e bDNA. Esses dois ensaios geram resul tados no form ato de núm ero de cópias de RNA do H IV p or m ililitro de soro ou plasm a. Os ensaios convencionais conseguem detectar apenas 40 a 50 cópias de RNA viral p o r m ililitro de plasm a, m as os ensaios utilizados experim entalm ente p o d em detectar apenas um a cópia p o r m ililitro. E m bora seja prática corrente descrever os níveis de RNA do H IV abaixo desses pontos de corte com o indetectáveis,
Contagem das células T CD4+ A contagem de células T CD4+ é o exam e laboratorial geralm ente aceito com o m elhor indicador do estado im ediato de com petência im unológica do paciente infecta do pelo HIV. Alguns estudos de m o nstraram que essa contagem , que pode ser efetuada diretam en te ou calculada com o produto da percentagem de células T CD4+ (d eterm inada p or citom etria de fluxo) e contagem total de lin fócitos [d eterm inada pela c o n tagem diferencial de leucócitos m u ltiplicada pela percentagem de lin fó cito s], c o rrelacio n a-se m uito bem com o nível de com petên cia im une. Os p acientes
D oenças op o rtu nista s
Figura 189.32 Relação entre as contagens das células T CD4+ e o desenvolvimento das doenças oportunistas. 0 gráfico de barras demonstra a contagem mediana (linha horizontal dentro da barra), o primeiro quartil (parte inferior da barra), o terceiro quartil (parte superior da barra) e a média* das contagens de linfócitos T CD4+ por ocasião do desenvolvimento das doenças oportunistas. Can, esofagite por Candida, CMV, infecção por citomegalovírus; Crp, criptosporidiose; Cry, meningite criptocócica; DEM, complexo demencial da Aids; IVHS, infecção pelo herpesvírus simples; HZos, herpes-zóster; SK, sarcoma de Kaposi; MAC, bacteremia pelo complexo Mycobacterium avium; NHL, linfoma não Hodgkin; PPC, pneumonia primária por Pneumocystis jiroveci, PPC2, pneumonia secundária por P. jiroveci, PML, leucoencefalopatia multifocal progressiva; Tox, ence falite por Toxoplasma gondii; WS, síndrome de caquexia. (Segundo RD Moore, RE ChaissomAnn Intern Med 124:633,1966.)
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
A epidem ia de infecção pelo H IV e de Aids confrontou os m édicos com novos desafios de integrar os dados laboratoriais e clínicos de form a a assegurar o tratam ento ideal dos pacientes. A relação direta entre as m anifestações clínicas da infecção pelo H IV e a contagem de células T CD4+ tornou este últim o procedim ento rotineiro para a avaliação dos indivíduos infectados. A descoberta de que o H IV é a causa da Aids resultou no desenvolvim ento de testes sensíveis, que perm item m onitorar os níveis do vírus no sangue. As determ inações das contagens de células T CD4+ no sangue periférico e dos níveis plasm áticos do RNA viral consti tuem instrum entos valiosos para avaliar o prognóstico e m onitorar a resposta ao tratam ento.
com contagens de células T CD 4+ < 200/p,L têm riscos altos de de senvolver doença p o r P. jiroveci, e nquanto os indivíduos com c o n tagens < 50/pL estão m ais sujeitos às doenças causadas p or CMV, m icobactérias do com plexo M. avium (M AC) e/ou T. gondii (Fig. 189.32). Os pacientes infectados pelo H IV devem realizar contagens das células T CD4+ p or ocasião do diagnóstico e, em seguida, a cada três a seis meses. Q uando se detecta u m a tendência ao declínio, as determ inações devem ser realizadas a intervalos m enores. De acordo com as diretrizes do U.S. D epartm ent o f H ealth and H um an Services, as contagens de células T CD 4+ < 500/|xL indicam a necessidade de iniciar o TARV, enquanto o declínio destas contagens em > 25% de vem levar à consideração de um a alteração do tratam ento. Q uando a contagem de células T CD 4+ é < 2 0 0 /pL, os pacientes devem ini ciar o esquem a profilático para infecção p or P. jiroveci; as contagens < 50/pL indicam a necessidade de profilaxia prim ária para infecção p or MAC. Assim com o ocorre com qualquer outro exam e laborato rial, o m édico pode desejar a realização de duas contagens antes de efetuar quaisquer alterações significativas no tratam ento do paciente com base apenas na contagem de células T CD4+. Existem algum as situações clínicas nas quais a contagem dessas células pode levar a er ros. Os pacientes com coinfecção p or HIV/HTLV-1 podem ter co n tagens altas de células T CD4+, que não refletem necessariam ente seu nível de com petência im une. Nos pacientes com hiperesplenism o ou que foram esplenectom izados e nos indivíduos que utilizam fárm a cos que suprim em a m edula óssea (p. ex., IF N -a), a percentagem de células T pode ser u m indicador m ais confiável da função im une que a contagem de células T CD4+. A percentagem de 15 por cento de células T CD4+ corresponde à contagem de 200 células T CD 4+/pL.
1541
deve-se evitar este term o porque não é exato e deixa a im pressão de que o nível viral é zero. C om a utilização das técnicas m ais sensíveis baseadas em PCR e com base nos estudos dos níveis virais nos teci dos e no plasm a, o RNA do H IV pode ser detectado em quase todos os pacientes infectados. Um a exceção notável é o paciente subm etido ao tratam ento de citorredução antes do transplante de m edula ós sea de um doador hom ozigótico para CCR5 32. As determ inações das alterações dos níveis de RNA do H IV foram m uito valiosas para delinear a relação entre os níveis do vírus e as taxas de progressão da doença (Fig. 189.22), as taxas de turnover viral, a relação entre a ativação do sistem a im une e replicação viral e o tem po necessário ao aparecim ento de resistência aos fárm acos. As determ inações do RNA do H IV são acentuadam ente influenciadas pelo estado de ativação do sistem a im une e podem flutuar expressivam ente na vigência de infecções secundárias ou de imunização. Por essas razões, as decisões baseadas nos níveis de RNA do H IV nunca devem ser baseadas em um a única determ inação. As determ inações dos níveis plasm áticos de RNA do H IV devem ser efetuadas p o r ocasião do diagnóstico da infecção e, em seguida, a cada três a seis m eses nos pacientes não tratados. D epois de iniciar o tratam en to ou de q ualquer alteração deste, os níveis plasm áticos de RNA do H IV devem ser m onitorados a intervalos aproxim ados de quatro sem anas, até que a eficácia do esquem a terapêutico seja d eterm inada pelo estabelecim ento de um novo nível de RNA do H IV no estado de equilíbrio. N a m aioria dos pacientes em tratam ento antirretroviral eficaz, o nível plasm ático de RNA do HIV dim inui a m enos de 50 cópias p or m ililitro dentro de seis m eses depois de iniciar o tratam ento. D urante o tratam ento, os níveis de RNA viral devem ser m onitorados a cada três a quatro m e ses para confirm ar a eficácia persistente do dos antirretrovirais.
Teste de resistência do HIV
Doenças Infecciosas
A disponibilidade de vários fárm acos antirretrovirais com o opções de tratam ento suscitou grande interesse em torno da possibilidade de de term inar a sensibilidade do(s) vírus do paciente aos diferentes agentes antirretrovirais. O teste de resistência do HIV pode ser efetuado com base em determ inações genotípicas ou fenotípicas. C om os ensaios genotípicos, as análises das seqüências dos genom as dos H IV obtidos dos pacientes são com paradas com as seqüências de vírus com perfis de resistência conhecidos aos fárm acos antirretrovirais. C om os en saios fenotípicos, a proliferação in vivo dos vírus isolados do paciente é com parada com o padrão de crescim ento das cepas de referência do vírus na presença ou ausência de diferentes agentes antirretrovirais. Um a m odificação dessa abordagem fenotípica consiste na com para ção das atividades enzim áticas dos genes da transcriptase reversa ou da protease obtidas por clonagem m olecular dos vírus isolados dos pacientes com as atividades enzim áticas dos genes obtidos das cepas do HIV de referência, na presença ou na ausência de diferentes fárm a cos dirigidos contra alvos codificados p o r esses genes. Esses testes são m uito satisfatórios para definir os fárm acos antirretrovirais utilizados antes e sugerir os agentes que podem ter ser úteis no futuro para um dado paciente. Os testes de resistência aos fárm acos no contexto de falência virológica devem ser realizados enquanto o paciente ainda utiliza o esquem a ineficaz, tendo em vista à propensão de o reservató rio de sem iespécies do H IV reverterem rapidam ente ao tipo natural, quando não estão sob pressão seletiva do TARV Em m ãos experientes, o teste de resistência aum enta a curto p ra zo a capacidade de reduzir a carga viral em cerca de 0,5 log em com paração com a alteração do tratam ento com base sim plesm ente na história dos fárm acos utilizados. Além de usar o teste de resistência para ajudar a escolher novos fárm acos para pacientes com falência virológica, este teste tam bém pode ser útil à escolha do esquem a in i cial de tratam ento para pacientes que ainda não foram tratados. Isso é p articularm ente válido nas regiões geográficas com níveis altos de resistência prim ária.
Ensaios de tropismo do correceptor D epois da aprovação do m araviroque com o o prim eiro antagonista do CCR5 para o tratam ento da infecção pelo H IV (ver an teriorm en te), tornou-se necessário ser capaz de determ in ar se o vírus do pa-
1542
QUADRO 189.8 Relação entre PCR de alta sensibilidade (PCR-AS), IL-6 e dímero D e mortalidade por todas as causas dos pacientes infectados pelo HIV Não corrigida
Marcador
Odds ratio (quarto/ primeiro)
Corrigida
P
Odds ratio (quarto/ primeiro)
P
PCR-AS
2,0
0,05
2,8
0,03
IL-6
8,3
< 0,0001
11,8
< 0,0001
Dímero D
12,4
< 0,0001
26,5
< 0,0001
Nota: PCR-AS, proteína C reativa de alta sensibilidade; IL-6, interleucina 6. Fonte: Segundo Kuller et al.
ciente tem ou não probabilidade de responder a este tratam ento. Os pacientes tendem a ter vírus com tropism o para o CCR5 nas fases ini ciais da evolução da infecção, com tendência à substituição pelos ví rus com tropism o para CXCR4 nas fases m ais avançadas da doença. O fárm aco antirretroviral m araviroque é eficaz apenas contra os vírus com tropism o para o CCR5. D evido ao fato de que os determ inantes genotípicos do tropism o celular não estão bem definidos, um ensaio fenotípico é necessário para d e te rm in a r esta p ropriedade do HIV. Dois ensaios comerciais, o ensaio Trofile (M onogram Biosciences) e o ensaio Phenoscript (VIRalliance), estão disponíveis para fazer essa diferenciação. Esses ensaios clonam as regiões do envoltório do vírus do paciente em um vírus indicador que, em seguida, é usado para infectar células-alvos que expressam o correceptor CCR5 ou CXCR4. Esses ensaios dem oram algum as sem anas p a ra serem concluídos e são dispendiosos. E m bora existam ensaios genotípicos para DNA proviral disponíveis no com ércio, sua utilidade com o previsores da resposta ao tratam ento com inibidor de CCR5 não está definida.
Outros testes Vários outros testes laboratoriais foram estudados com o m arcado res potenciais da atividade da doença causada pelo HIV. E ntre es ses exames, estão a cu ltura quantitativa do H IV com com petência replicativa obtido do plasm a, de células m ononucleares do sangue periférico ou de células T CD 4+ em repouso; os níveis circulantes de p 2-m icroglobulina, receptor solúvel da IL-2, IgA, interferon endóge no ácido-lábil ou T N F -a; e a presença ou ausência dos m arcadores da ativação com o CD38, HLA-D R ou PD-1 nas células T CD8+. Alguns estudos dem onstraram que os m arcadores sorológicos inespecíficos de inflam ação e/ou coagulação (p. ex., IL-6, d-dím eros e sCD14) cor relacionavam -se diretam ente com a m ortalidade p o r todas as causas (Q uadro 189.8). E m bora esses exam es sejam úteis com o m arcadores da atividade da doença e ajudem a am pliar nossos conhecim entos acerca da patogenia da doença causada pelo HIV, hoje eles não d e sem penham um papel significativo na m onitorização dos pacientes infectados. *
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As conseqüências clínicas da infecção pelo-HIV abrangem um espec tro que varia da síndrom e aguda associada à infecção prim ária até um a fase assintom ática prolongada que culm ina na doença avançada. E mais conveniente considerar a doença causada pelo H IV com o um processo que com eça com a infecção prim ária e progride em várias fases. C om o já foi m encionado, a replicação viral ativa e a disfunção im unológica progressiva ocorrem ao longo de todas as fases da evolu ção da infecção pelo H IV na m aioria dos pacientes. C om exceção dos “controladores de elite” que realm ente têm doença não progressiva de longa duração (ver “Sobreviventes de longo prazo e pacientes com doença não progressiva de longa duração”, nas seções anteriores), a doença causada pelo H IV nos pacientes não tratados avança inexo ravelmente, m esm o d urante o estágio de latência clínica. A p a rtir de m eados da década de 1990, o TARV produziu im pacto expressivo por evitar e reverter a progressão da doença ao longo de períodos longos em um a parcela significativa dos pacientes tratados adequadam ente.
ALGORITMO DA SÍNDROME AGUDA DO HIV Infecção primária 3 a 6 sem anas Síndrom e aguda
Virem ia plasm ática (dissem inação ampla do vírus)
R edistribuição dos linfócitos
1 sem ana a 3 meses
_______ i_______ Resposta im une ao HIV R edução da virem ia plasm ática
1 a 2 sem anas
E stabelecim ento da infecção crônica persistente nos tecidos linfoides
Latência clínica
Figura 189.33
Síndrome aguda do HIV. Ver descrição detalhada no texto.
(Adaptada de G Pantaleo et al.: N Engl J Med 328:327, 1993. Direitos autorais de 1993 da Massachusetts Medicai Society. Todos os direitos reservados.)
■ SÍNDROME AGUDA DO HIV
QUADRO 189.9 Manifestações clínicas da síndrome aguda causada pelo HIV Gerais
Neurológicas
Febre
Meningite
Faringite
Encefalite
Linfadenopatia
Neuropatia periférica
Cefaleia/dor retro-orbitária Artralgias/mialgias Letargia/mal estar Anorexia/emagrecimento Náusea/vômitos/diarreia
Mielopatia Dermatológicas Erupção maculopapulosa eritematosa
■ ESTÁGIO ASSINTOMÁTICO - LATÊNCIA CLÍNICA Em bora o intervalo entre a infecção inicial e o início da doença clíni ca seja am plam ente variável, o intervalo m édio para os pacientes não tratados é de cerca de 10 anos. C onform e ressaltado antes, a doença causada pelo H IV com replicação viral ativa é contínua e progressi va durante esse p eríodo assintom ático. A taxa de progressão doença correlaciona-se diretam ente com os níveis de RNA do HIV. Os p a cientes com níveis plasm áticos altos de RNA do H IV evoluem para a doença sintom ática m ais rapidam ente que os indivíduos com baixos níveis de RNA do H IV (Fig. 189.22). A lguns indivíduos, designados com o pacientes com doença progressiva de longa duração, apresentam pouco ou n en h u m declínio das contagens de células T CD4+ por in tervalos longos. Em geral, esses indivíduos têm níveis extrem am ente baixos de RNA viral; u m su b g ru p o conhecido com o “controladores de elite” tem níveis de RNA viral < 50 cópias p o r m ililitro. Alguns o utros pacientes pe rm a n ec e m to talm en te assintom áticos, em bora suas contagens de células T C D 4+ apresentem declínio contínuo e progressivo até chegar a níveis extrem am ente baixos. Nesses casos, o desenvolvim ento de um a doença opo rtu n ista pode ser a prim eira m anifestação da infecção pelo HIV. D u ran te o p eríodo assintom á tico da infecção, a taxa m édia de declínio das células T CD4+ é de cerca de 50/fxL. Q uando a contagem de células T CD 4+ dim inui a m enos de 200/fJiL, o estado de im unodeficiência resultante é sufi cientem ente grave para colocar o paciente sob risco alto de infecções oportunistas e neoplasias e, deste m odo, de desenvolver doença d e tectável clinicam ente. '
■ DOENÇA SINTOMÁTICA Os sinais e os sintom as da doença causada^pelo H IV podem surgir a qualquer m om ento du ran te a evolução da infecção. Em term os ge rais, o espectro das enferm idades observadas m odifica-se à m edida que a contagem das células T CD 4+ declina. As com plicações m ais graves e p otencialm ente fatais da infecção causada pelo H IV o co r rem nos pacientes com contagens das células T CD4+ < 2 0 0 / jxL. O diagnóstico de Aids é firm ado em qualquer indivíduo infectado pelo H IV com contagem de células T C D 4+ < 200/( jlL, bem com o em qualquer paciente H lV -positivo que apresente u m a das doenças as sociadas ao HIV, que são consideradas indicativas de um distúrbio grave da im unidade celular (categoria C, Q uadro 189.2). Em bora os agentes etiológicos das infecções secundárias sejam m icrorganism os o portunistas com o o P. jiroveci, as m icobactérias atípicas, o CM V e outros m icro rg an ism o s que h a b itu alm en te não causam doença quando não há disfunção do sistem a im une, tam bém incluem bacté rias e m icobactérias patogênicas com uns. D epois do uso difundido
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
Algumas estim ativas sugeriram que 50 a 70% dos indivíduos infec tados pelo H IV apresentem um a síndrom e clínica aguda dentro de três a seis sem anas depois da infecção p rim ária (Fig. 189.33). E stu dos d em onstraram graus variáveis de gravidade clínica e, em bora alguns tenham sugerido que a soroconversão sintom ática que leva o indivíduo a buscar atendim ento m édico indica risco m ais alto de evolução acelerada da doença, não parece haver qualquer correlação entre o nível da virem ia inicial da infecção aguda e a evolução subse quente da doença causada pelo HIV. O Q u a d ro 189.9 relacionam as m anifestações clínicas típicas da síndrom e aguda causada pelo HIV, que ocorrem durante o período de virem ia plasm ática. Alguns auto res dem onstraram que vários sinais e sintom as da síndrom e aguda (febre, erupção cutânea, faringite e m ialgia) são m enos freqüentes nos indivíduos infectados pelo uso de drogas injetáveis, quando com parados com os pacientes que se infectaram p or relações sexuais. A síndrom e é típica de um a infecção viral aguda e foi com parada à m ononucleose infecciosa aguda. Em geral, os sinais e os sintom as persistem p o r um a a várias sem anas e regridem gradativam ente à m edida que a resposta im une ao H IV desenvolve-se e os níveis de virem ia plasm ática dim inuem . A lguns autores relataram infecções oportunistas d urante essa fase da infecção, que refletem a im u n o deficiência resultante das contagens reduzidas de células T CD4+ e, provavelmente, tam bém a disfunção destas células em conseqüência das anorm alidades celulares induzidas pelas proteínas virais e pelas citocinas endógenas (Q uadro 189.4) associadas aos níveis extrem a m ente altos de virem ia plasm ática. A lgum as anorm alidades im u n o lógicas acom panham a síndrom e aguda causada pelo HIV, inclusive alterações polifásicas das contagens das subpopulações de linfócitos circulantes. Inicialm ente, contagem total de linfócitos e as contagens
diferenciais das células T (CD4+ e CD 8+) dim inuem . Mais tarde, há inversão da razão entre células T C D 4+ /C D 8+ em conseqüência do aum ento da contagem destas últim as células. Na verdade, pode haver expansão transitória e seletiva das subpopulações de células T CD8+, conform e d eterm inado pelas análises dos receptores das células T (ver seções anteriores). A contagem total de células T CD8+ circu lantes pode continuar elevada ou voltar ao norm al; contudo, os níveis de células T CD4+ geralm ente continuam reduzidas até certo ponto, em bora possa ocorrer aum entos ligeiros até os níveis norm ais. Cerca de 70% dos indivíduos com infecção prim ária pelo H IV têm linfade nopatia. A m aioria dos pacientes recupera-se espontaneam ente dessa síndrom e e pode persistir apenas com ligeira redução da contagem de células T CD4+, que se estabiliza p o r um período variável antes de com eçar o declínio progressivo; em alguns indivíduos, as conta gens de células T CD 4+ voltam à faixa norm al. Cerca de 10% dos pacientes têm deterioração clínica e im unológica fulm inante depois da prim oinfecção, m esm o depois do desaparecim ento dos prim eiros sintomas. Na m aioria dos casos, a infecção p rim ária com ou sem um a síndrom e aguda é seguida de um intervalo longo de latência clínica ou níveis baixos de atividade da doença. Um a percentagem pequena dos indivíduos infectados pelo H IV e tratados com fárm acos a n tir retrovirais durante a fase aguda po d e reverter ao teste negativo de IEE enquanto se enco n tram em tratam ento. C om a interrupção do tratam ento, há conversão sorológica rápida nesses casos.
1543
T QUADRO 189.10 Patógeno
Diretrizes de 2009 do NIH/CDC/IDSA para a profilaxia das infecções oportunistas nos indivíduos infectados pelo HIV Indicações
Primeira opção
Alternativas
Trimetoprima/sulfametoxazol (TMP/ SMX), 1 comprimido com dose dupla por dia, VO
Dapsona, 50 mg 2x/dia VO, ou 100 mg/ diaVO
Recomendações padronizadas para profilaxia prim ária e secundária
Pneumocystis jiroveci
Contagem de células T CD4+ < 200/|xL
ou Candidíase orofaríngea
ou
ou
ou Dapsona, 50 mg/dia V0 + Pirimetamina, 50 mg/semana VO +
Episódio anterior de PPC
ácido folírico, 25 mg/semana VO A profilaxia pode ser suspensa quando a contagem de células T CD4+ é > 200/|xL há > 3 meses
TMP/SMX, 1 comprimido de dose simples por dia, VO
ou (Dapsona, 200 mg VO + Pirimetamina, 75 mg VO + ácido folírico, 25 mg) por semana, VO
ou Pentamidina em aerossol, 300 mg por nebulizador Respigard II por mês
ou Atovaquona*, 1.500 mg/dia VO
ou TMP/SMX, 1 comprimido de dose dupla, 3x/semana,V0
Mycobacterium tuberculosis Sensível à isoniazida
Teste cutâneo > 5 mm
(Isoniazida, 300 mg VO +
ou
Piridoxina, 50 mg V)) por dia x 9 meses
Teste positivo pregresso sem tratamento
ou
ou
Isoniazida, 900 mg VO, duas vezes por semana +
Contato direto com caso de TB pulmonar em atividade
Piridoxina, 50 mg VO por dia x 9 meses
Resistente à isoniazida
Igual à probabilidade alta de exposição à TB resistente a vários fármacos
(rifabutina, 300 mg, ou rifampicina, 600 mg) VO por dia x 4 meses
Resistente a vários fármacos
Igual à probabilidade alta de exposição à TB resistente a vários fármacos
Consultar as autoridades de saúde pública locais
Contagem de células T CD4+ < 5 0 / jjlL
Azitromicina, 1.200 mg/semana, VO
Complexo
Mycobacterium-avium
Doenças Infecciosas
Toxoplasma gondii
Rifabutina, 300 mg, ou rifampicina, 600 mg VO por dia x 4 meses
Rifabutina, 300 mg/dia, V0
ou
ou
Claritromicina, 500 mg duas vezes ao dia, VO
Azitromicina, 600 mg 2x/semanaV0
Doença disseminada comprovada no passado
Claritromicina, 500 mg duas vezes ao dia, VO, +
Azitromicina, 500 mg/dia V0 +
A profilaxia pode ser suspensa se a contagem de células T CD4+ é > 100/jxL há > 3 meses
Etambutol, 15 (mg/kg)/diaVO +
Rifabutina, 300 mg/dia VO
Rifabutina, 300 mg/dia VO
Anticorpo IgG paraTOXO positivo e contagem de células T CD4+ < 100/
TMP/SMX, 1 comprimido de dose dupla por dia, VO
Etambutol, 15 (mg/kg)/diaVO +
TMP/SMX, 1 comprimido de dose dupla, 3 x por semana, V0 ^ ou TMP/SMX, 1 comprimido de dose simples por dia, VO ou Dapsona, 50 mg/dia V0 + Pirimetamina, 50 mg/semana VO + Ácido folínico, 25 mg/semana VO ou (Dapsona, 200 mg VO + Pirimetamina, 75 mgV0 + Ácido folínico, 25 mg V) por semana ou (Atovaquona*, 1.500 mg VO + Pirimetamina, 25 mg VO + Ácido folínico, 10 mg VO) por dia (Continua)
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QUADRO 1 8 9 .1 0 Diretrizes de 2009 do NIH/CDC/IDSA para a profilaxia das infecções oportunistas nos indivíduos infectados pelo HIV (C on tinu ação ) Patógeno
j
Indicações
Primeira opção
Alternativas
História de encefalite por T. gondiie contagem de células T CD4+ < 200/|xL
Sulfadiazina, 500 a 1000 mg quatro vezes ao dia VO +
Clindamicina, 600 mg a cada 8 horas V0 +
Pirimetamina, 25 a 50 mg/dia VO +
Pirimetamina, 25 a 50 mg/dia VO +
Ácido folínico, 10 a 25 mg/dia VO
Ácido folínico, 10 a 25 mg/dia VO Atovaquona*, 750 mg VO a cada 6-12 horas +
A profilaxia pode ser suspensa quando a contagem de células T CD4+ for > 200/(xL há > 3 meses
Pirimetamina, 25 mg/dia VO + Ácido folínico, 10 mg/dia VO
Vírus varicela-zóster
Cryptococcus neoformans
Histoplasma capsulatum
Exposição significativa à varicela ou ao herpes zóster de um paciente sem história de imunização ou exposição pregressa a estas doenças
Imunoglobulina para varicela-zóster, IM, nas primeiras 96 horas depois da exposição (1-800-843-74+77)
Aciclovir, 800 mg VO, 5x/dia, durante 5 dias
Doença comprovada no passado
Fluconazol, 200 mg/dia VO
Itraconazol, 200 mg/dia VO
Itraconazol, 200 mg 2x/dia, VO
Fluconazol, 800 mg/dia, VO
Doença comprovada no passado ou sorologia positiva e contagem de células T CD4+ < 250/jxL, se for de área endêmica (Para esse tipo de indicação, a profilaxia pode ser suspensa quando a contagem de células T CD4+ é £ 250/jjlL há 6 meses.)
Fluconazol, 400 mg/dia, VO
Itraconazol, 200 mg, 2x/dia, VO
Doença comprovada no passado
Itraconazol, 200 mg/dia, VO
A profilaxia pode ser suspensa quando a contagem de células T CD4+ é > 20 0 /^1 há 6 meses e não há indícios de infecção em atividade Doença comprovada no passado ou contagem de células T CD4+ < 150/|xL e . risco elevado (área endêmica ou exposição ocupacional) A profilaxia pode ser suspensa depois de 1 ano se a contagem de células T CD4+ for > 15 0 V L e o paciente estiver em TARV há > 6 meses
Coccidioides immitis
Penicillium marneffei
A profilaxia pode ser suspensa para os pacientes em TARc e contagem de células T CD4+ > 100/|xL há > 6 meses Salmonella
Bacteremia antes do tratamento
Ciprofloxacino, 500 mg duas vezes ao dia, VO, por > 6 meses
Bartonella
Infecção pregressa
Doxiciclina, 200 mg/dia
Pode ser suspensa de a contagem de células T CD4+ for > 200/jjiL há > 3 meses
Azitromicina, 1.200 mg/semana, VO
ou
Claritromicina, 500 mg 2x/dia, VO Citomegalovírus
Doença pregressa em órgãos-alvos
Valganciclovir, 900 mg 2x/dia, VO
Pode ser suspensa quando a contagem de células T CD4+ é > 100/|xL há 6 meses e não há indícios de doença em atividade causada pelo CMV
Gangiclovir, implante de liberação prolongada a cada 6 a 9 meses
Reiniciar se houver retinite no passado e a contagem de células T CD4+ for < 10O/fxL
ou
Valganciclovir, 900 mg 2x/dia, VO
Imunizações geralmente recomendadas Vírus da hepatite B
Todos os pacientes suscetíveis (negativos para anti-HBc e anti-HBs)
Vacina contra a hepatite B: 3 doses
Vírus da hepatite A
Todos os pacientes suscetíveis (negativos para anti-HAV)
Vacina contra a hepatite A: 2 doses
Vírus influenza
Todos os pacientes anualmente
Vacina trivalente do vírus da influenza inativado; 1 dose anualmente
Oseltamivir, 75 mg/dia, VO ou Rimantadina ou amantadina, 100 mg VO 2x/dia (apenas para a influenza A)
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
ou
(Continua)
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QUADR0189.10 IDiretrizes de 2009 do NIH/CDC/IDSA para a profilaxia das infecções oportunistas nos indivíduos infectados pelo HIV (C on tinu ação ) Patógeno
Indicações
Primeira opção
Streptococcus pneumoniae
Todos os pacientes, preferivelmente antes que a contagem das células T CD4+ seja < 200/ [xL
Vacina pneumocócica, 0,5 mL IM apenas 1 vez se a contagem das células T CD4+ for > 200/(jiL
Alternativas
Revacinar os pacientes imunizados inicialmente com contagem de células T CD4+ < 100/(jlL. que depois aumentam para > 200/|xL Papilomavírus humano
Todos os pacientes com idades entre 9 e 26 anos
Vacina contra o HPV; 3 doses
Recomendações para a profilaxia das recidivas freqüentes ou graves Herpes simples
Recidivas frequentes/graves
Valaciclovir, 500 mg 2x/dia, V0 ou Aciclovir, 400 mg, 2x/dia, V0 ou Fanciclovir, 250 mg 2x/dia, V0
Candida
Recidivas frequentes/graves
Fluconazol, 100 a 200 mg/dia, V0
Solução de itraconazol, 200 mg/dia V0, ou pastilha de 400 mg 2x/dia, VO
Nota:TARV, tratamento antirretroviral; PPC, pneumonia por Pneumocystis jiroveci; VO, via oral; IV, via intravenosa; /I, via intramuscular; TB, tuberculose. * N. de R. T.: Atovaquona não está disponível no Brasil.
Doenças Infecciosas 1546
do TARV e da adoção das diretrizes para a prevenção das infecções oportunistas, (Q u a d ro 189.10), as incidências das infecções secu n dárias dim inuíram drasticam ente (Fig. 189.34). Em geral, o espectro clínico da doença pelo H IV tem m udado con tin u am en te à m edida que os pacientes vivem p o r m ais tem po e são criadas abordagens m ais aprim oradas para o tratam ento e a profilaxia. Além das d o e n ças clássicas que definem a Aids, os pacientes infectados pelo H IV tam bém têm m ais doenças graves não relacionadas com a Aids, in clusive cânceres não associados à A ids e doenças cardiovasculares, renais e hepáticas. As com plicações não relacionadas com a Aids p redom inam entre as doenças diagnosticadas nos pacientes infec tados pelo H IV e tratad o s com TARV (Q u ad ro 189.3). M enos de 50% dos óbitos entre os pacientes são conseqüências diretas de um a doença que define a Aids. O m édico que cuida de u m paciente in fectado pelo H IV deve ter experiência em m edicina in tern a geral, bem com o com as doenças o p o rtu n ista s relacionadas com o HIV. Em geral, deve-se ressaltar que um dos elem entos fundam entais ao tratam e n to das com plicações sintom áticas da doença causada pelo HIV, sejam prim árias ou secundárias, consiste em assegurar o controle adequado da replicação viral pelo uso do TARV e, quando necessário, da adm inistração dos esquem as profiláticos prim ários e secundários para as infecções oportunistas.
eficaz pode exigir desbridam ento local agressivo e freqüente, além da anfotericina B local e sistêm ica.
Pneumonia por P neum ocystis
1992
1993
1994
1995
1996
1997
carinii
1998
A no s de ob se rvaçã o
Doenças do sistema respiratório A bronquite e a sinusite agudas são prevalentes d urante todos os es tágios da infecção pelo HIV. Os casos m ais graves tendem a ocorrer nos pacientes com contagens m ais baixas de células T CD4+. A si nusite evidencia-se p or febre, congestão nasal e cefaleia. O diagnós tico é estabelecido p o r TC ou RM. Os seios m axilares são os m ais com um ente acom etidos; entretanto, a doença tam bém é observada frequentem ente nos seios etm oidais, esfenoidais e frontais. E m bo ra alguns pacientes possam m elhorar sem tratam e n to antibiótico, a m elhora radiográfica é m ais rápida e m ais p ro n u n c ia d a nos p a cientes que recebem tratam e n to a n tim icrobiano. A lguns autores sugeriram que a incidência alta de sinusite resulte do aum ento da frequência das infecções p o r m icrorganism os encapsulados com o o H. influenzae e o Streptococcus pneum oniae. N os pacientes com contagens baixas de células T CD4+, p odem o co rrer infecções dos seios paranasais po r espécies M ucor (m ucorm icose). Em contraste com a evolução dessa infecção nas outras populações de pacientes, a m ucorm icose dos seios paranasais dos pacientes infectados pelo H IV po d e evoluir m ais lentam ente. Nesse contexto, o tratam e n to
o 200/|xL e, quando é aplicada nos pacientes com contagens abaixo deste patam ar, a dose deve ser repetida quando a contagem estiver acim a de 200 há 6 meses. E m bora não existem recom endações cla ras, tam bém faz sentido rep etir a im unização a cada cinco anos. A incidência da pneum onia bacteriana é reduzida à m etade quando os pacientes param de fumar. A incidência de pneum onia p o r Pneum ocystis (PPC ), outrora um a m arca característica da Aids, declinou drasticam ente depois do desenvolvimento dos esquemas profiláticos eficazes e do uso dissem i nado do TARV. Entretanto, essa ainda é a causa mais com um de p n e u m onia dos pacientes infectados pelo H IV nos EUA e pode o Pneu mocystis pode ser isolado com o agente etiológico provável de 25% dos casos de pneum onia dos pacientes H lV-positivos, com incidência na faixa de 2 a 3 casos p or 100 habitantes-ano. Cerca de 50% dos casos de PPC associada ao HIV ocorrem nos pacientes que não sabem que estão infectados. O risco de desenvolver PPC é m aior entre os pacien tes que já tiveram outros episódios no passado e nos indivíduos com contagens de células T CD4+ < 200/(jlL. Em geral, 79% dos pacientes com PPC têm contagens de células T CD4+ < 100/(jlL e 95% dos casos ocorrem nos indivíduos com contagens inferiores a 200/p,L. Febre recidivante, sudorese noturna, m onilíase e em agrecim ento inexplicável tam bém estão associados à incidência mais alta de PPC. Por essas ra zões, recom enda-se enfaticam ente que todos os pacientes com conta gens de células T CD4+ < 200/|xL (ou percentagem de células CD4+ < 15%) façam algum tipo de profilaxia. A incidência de PPC aproxim a-se de zero nos pacientes que sabem estar infectados pelo HIV e fazem TARV e profilaxia apropriados, hoje, nos EUA, a PPC prim ária ocorre com as contagens m édias de células T CD4+ de 36/|xL, enquanto a PPC secundária ocorre com contagens m édias de 10/(jlL. Em geral, os pacientes com o PPC têm febre e tosse, que geralm ente é seca ou com expectoração de quantidades m ínim as de escarro esbranquiçado. Esses pacientes podem queixar-se de dor torácica retroesternal típica, que piora ao inspirar e é descrita com o dor em ponta ou ardência. A PPC associada ao H IV pode ter evolução insidiosa evidenciada por sem anas com sintom as vagos e deve ser incluída no diagnóstico dife
rencial de qualquer paciente H lV -positivo com febre, queixas pulm o nares ou em agrecim ento e contagens de células T CD4+ < 200/p,L. O achado mais com um nas radiografias do tórax é um resultado norm al quando a doença é considerada num a fase inicial, ou infiltrados intersticiais bilaterais tênues. O quadro clássico de infiltrado peri-hilar denso não é com um nos pacientes com Aids. Nos pacientes com PPC que fazem profilaxia com pentam idina em aerossol, pode-se observar um quadro radiológico de doença cavitária do lobo superior, que se assem elha ao da tuberculose. O utras anorm alidades m enos com uns nas radiografias do tórax incluem infiltrados lobares e derram es pleurais. A TC de cortes finos pode evidenciar aspecto variegado em vidro fosco. Em geral, os exam es laboratoriais de rotina trazem p o u cos subsídios adicionais ao diagnóstico diferencial da PPC. E com um detectar leucocitose branda, em bora isto possa não ocorrer nos p a cientes que já tinham neutropenia. A elevação do nível da desidroge nase láctica é freqüente. A gasom etria arterial pode indicar hipoxem ia com redução da P a 0 2 e aum ento do gradiente arterioalveolar (a-A). A gasom etria arterial não apenas ajuda a definir o diagnóstico de PPC com o tam bém fornece inform ações im portantes para o estadiam ento da gravidade da doença e a orientação do tratam ento (ver adiante). O diagnóstico definitivo de PPC depende da dem onstração do m icror ganismo nas am ostras obtidas do escarro induzido, do lavado broncoalveolar, da biópsia transbrônquica ou da biópsia pulm onar aberta. A PCR tem sido utilizada para detectar seqüências específicas do DNA do P. jiroveci nas am ostras clínicas, quando os exam es histológicos não estabelecem o diagnóstico. Além da pneum onia, foram relatados alguns outros problem as clínicos nos pacientes infectados pelo H IV em conseqüência da infecção p or P. jiroveci. O com prom etim ento do aparelho auditivo pode ser um a infecção p rim ária evidenciada p o r um a m assa polipoide envolvendo o canal auditivo externo. Nos pacientes que usam profilaticam ente pentam idina em aerossol para evitar PPC, podem ser encontradas várias m anifestações extrapulm onares da infecção p or P. jiroveci. Isso inclui lesões oftálm icas da coroide, vasculite n e crosante sem elhante à doença de Burger, hipoplasia da m edula óssea e obstrução intestinal. O utros órgãos afetados são linfonodos, baço, fígado, rins, pâncreas, pericárdio, coração, tireoide e supra-renais. As infecções desses órgãos podem estar associadas às lesões císticas que, em alguns casos, parecem calcificadas à TC ou à ultrassonografia. O tratam en to pad ro n izad o da PPC ou da pneum ocistose d is sem inada consiste em su lfam etoxazol-trim etoprim a (SM X/TM P). A utilização dessa com binação de antibióticos pelos pacientes in fectados pelo H IV causa incidência alta de efeitos colaterais, p rin cipalm ente erupções cutâneas e m ielossupressão. Os tratam entos alternativos da PPC b ran d a a m o d era d a consistem em dapsona/ trim etoprim a, clindam icina/prim aquina. e atovaquona. A pentam i dina IV é o tratam en to preferido para a doença grave do paciente que não consegue tolerar SMX/TMP. Para os pacientes com Pa02 < 70 m m H g ou com gradiente a-A > 35 m m H g, deve-se adm inistrar um glicocorticoide ju n to com os an tim icrobianos específicos. Em geral, o tratam ento deve ser m an tid o p o r 21 dias e seguido da profilaxia secundária. A profilaxia da PPC está indicada para qualquer indivíduo infectado pelo H IV que ten h a apresentado um episódio anterior de PPC, tenha contagem das células T CD 4+ < 2 00/(xL ou percentagem de CD4 < 1 5 , febre inexplicável durante m ais de 2 se m anas ou história de candidíase orofaríngea. O esquem a profilático preferido consiste em SMX/TMP, um com prim ido de concentração dupla diariam ente. Esse esquem a tam bém confere proteção contra a toxoplasm ose e algum as bactérias respiratórias patogênicas. Para os pacientes que não toleram SMX/TMP, as alternativas para a profila xia são dapsona com p irim etam ina m ais ácido folínico, pentam idina em aerossol adm inistrada p o r nebulizador Respirgard II e atovaquo na. A profilaxia p rim ária ou secundária da PPC pode ser interrom pida nos pacientes tratad o s com TARV que m antenham supressão eficaz do H IV (< 50 cópias p o r m ililitro) e contagens das células T CD4+ > 200/|xL durante 3 a 6 meses. O M. tuberculosis, que se acreditava estivesse em vias de extin ção nos EUA, recrudesceu com a epidem ia do H IV (Cap. 165). No m undo inteiro, cerca de um terço das m ortes relacionadas com a Aids
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está associado à tuberculose (TB), que tam bém é a causa principal da m orte de 10 a 15% dos pacientes infectados pelo HIV. Nos EUA, cerca de 5% dos pacientes com Aids têm TB em atividade. Os pacientes in fectados pelo HIV são 100 vezes mais suscetíveis a desenvolver TB em atividade, em com paração com a população H lV-negativa. Entre os indivíduos HlV-negativos assintom áticos com teste cutâneo positivo com PPD (derivado proteico purificado), o risco de reativação da TB é de cerca de 1% ao ano. Entre os pacientes H lV-positivos assintom á ticos com testes de PPD positivos, o índice de reativação da TB é de cerca de 7 a 10% ao ano. Q uando não é tratada, a TB pode acelerar a evolução da infecção pelo HIV. Os níveis plasm áticos de RNA do HIV aum entam quando há TB em atividade e declinam com o trata m ento bem -sucedido da TB. A TB em atividade é m ais com um nos pacientes com 25 a 44 anos de idade, nos afroam ericanos e latinos, nos pacientes das cidades de Nova Iorque e M iami e nos pacientes dos países em desenvolvim ento. Nesses grupos dem ográficos, 20 a 70% dos casos novos de TB ativa são diagnosticados nos pacientes infec tados pelo HIV. A epidem ia de TB associada à epidem ia de infecção pelo HIV provavelmente representa o m aior risco à saúde da popula ção em geral e dos profissionais de saúde que lidam com a epidemia. Ao contrário da infecção por m icobactérias atípicas com o o MAC, a TB ativa geralm ente se desenvolve em um a fase relativam ente p re coce da evolução da infecção pelo H IV e pode ser um sinal clínico inicial da doença causada pelo HIV. Em um estudo, a contagem m é dia de células T CD4+ p or ocasião da apresentação clínica da TB era de 326/(jlL. As manifestações clínicas da TB dos pacientes infectados pelo HIV são m uito variadas e, em geral, têm padrões diferentes em função da contagem de células T CD4+. Nos pacientes com contagens relativamente altas de células T CD4+, observa-se o padrão típico de reativação pulm onar, com o qual o paciente apresenta febre, tosse, dispnéia aos esforços, perda de peso, sudorese n o tu rn a e radiografia de tórax dem onstrando doença cavitária apical dos lobos superio res. Nos pacientes com contagens m ais baixas de células T CD4+, a doença dissem inada é mais com um . Nesses pacientes, as radiografias de tórax podem dem onstrar infiltrados reticulonodulares difusos ou bilaterais dos lobos inferiores compatíveis com dissem inação miliar, derram es pleurais e linfadenopatia hilar e/ou m ediastinal. A infecção pode afetar ossos, cérebro, m eninges, trato GI, linfonodos (principal m ente as cadeias cervicais) e vísceras. Alguns pacientes com infecção avançada pelo HIV e TB em atividade podem não ter sintom as desta últim a doença e, p o r esta razão, a triagem para TB deve fazer parte da avaliação inicial de qualquer paciente H lV -positivo. Cerca de 60 a 80% dos pacientes HlV -positivos com TB têm doença pulm onar e 30 a 40% têm doenças extrapulm onares. Os pacientes sob suspeita de TB pulm onar devem ser colocados em isolam ento respiratório em um quarto com pressão negativa. Essa abordagem é de sum a im por tância para lim itar a dissem inação hospitalar e com unitária da infec ção. A cultura do m icrorganism o a p a rtir de um a am ostra do órgão acom etido estabelece o diagnóstico definitivo. As hem oculturas são positivas em 15% dos pacientes. Essa percentagem é m ais alta nos p a cientes com contagens de células T CD4+ m ais baixas. Em presença de doença fulm inante, não se pode confiar na precisão de um PPD negativo para excluir o diagnóstico de TB, que é um a das doenças associadas à infecção pelo HIV cuja cura é possível com tratam ento apropriado. Em geral, o tratam ento da TB dos pacientes infectados pelo H IV é igual ao dos pacientes HlV-negativos (Cap. 165). Em vista da possibilidade de resistência a m últiplos fárm acos ou de TB com resistência extensiva aos fárm acos, os testes de sensibilidade devem ser realizados para orientar o tratam ento. Em conseqüência das inte rações farm acocinéticas, a rifam picina deve ser substituída por doses ajustadas de rifabutina nos pacientes que usam inibidores da protease do H IV ou inibidores não nucleosídicos da transcriptase reversa. A eficácia terapêutica é m aior com os program as que incluem a aborda gem de tratam ento diretam ente supervisionado. O início do TARc e/ ou do tratam ento para TB pode estar associado à deterioração clínica atribuída às reações da síndrom e inflam atória de reconstituição im u ne (SIRI). Essas reações são mais com uns nos pacientes que iniciam sim ultaneam ente os dois tratam entos, podem ocorrer a partir da pri m eira sem ana depois de iniciar o tratam ento e são observados m ais
com um ente nos pacientes com doença avançada causada pelo HIV. Por essas razões, geralm ente se recom enda que a introdução do TARV seja postergada quando o paciente ainda não fez tratam ento antirre troviral até duas a oito sem anas depois de iniciar o esquem a para TB. A profilaxia eficaz da TB em atividade pode ser exeqüível quando o profissional de saúde busca incessantem ente indícios de TB latente ou ativa, certificando-se de que todos os pacientes H lV -positivos façam testes com PPD ou sejam avaliados p or um ensaio de liberação do IFN -7 . Os testes para anergia não são úteis nesses casos. Com o esses testes baseiam -se no desenvolvim ento de um a resposta im une ao M. tuberculosis, os pacientes com contagens de células T CD4+ < 200/ (juL devem ser retestados quando as contagens aum entarem persistente m ente acim a de 200. Os pacientes que continuam sob risco de ex posição à TB devem fazer testes anuais. Os indivíduos HlV-positivos com reação cutânea > 5 m m , os pacientes com resultados positivos no ensaio de liberação do IFN -7 , ou os indivíduos que vivem em contato direto com pacientes portadores de TB em atividade devem ser trata dos com isoniazida e piridoxina p or nove meses. As infecções por m icobactérias atípicas tam bém são m ais com uns nos pacientes infectados pelo HIV. E studos relataram infecções por no m ínim o 12 m icobactérias diferentes, inclusive M. bovis e repre sentantes dos quatro grupos de Runyon. A infecção m ais com um por m icobactérias atípicas é causada pelas espécies M. avium ou M. intracellulare - o cham ado complexo Mycobacterium avium (MAC). As infecções por MAC são diagnosticadas principalm ente nos pacientes am ericanos e são raras na África. E studos sugeriram que a infecção pregressa por M. tuberculosis d im inua o risco de desenvolver infecção p or MAC. As infecções p o r MAC provavelm ente são causadas por m icrorganism os ubíquos no am biente, inclusive no solo e na água. Existem poucas evidências de transm issão interpessoal da infecção pelo MAC. As portas de entrada presum idas são os tratos respirató rio e GI. A infecção p or MAC é um a com plicação tardia da infecção pelo HIV e ocorre predom inantem ente nos pacientes com contagens de células T CD4+ < 50/|xL. A contagem m édia das células T CD4+ por ocasião do diagnóstico é de 10/|xL. A apresentação clínica mais com um consiste em doença dissem inada com febre, em agrecim ento e sudorese noturna. No m ínim o 85% dos pacientes infectados pelo MAC apresentam m icobacterem ia e geralm ente é possível dem ons trar grandes quantidades destes m icrorganism os na biópsia de m e dula óssea. As radiografias do tórax são anorm ais em cerca de 25% dos pacientes e o padrão detectado mais com um ente é de infiltrados bilaterais dos lobos inferiores, sugestivo de dissem inação miliar. Além disso, pode haver infiltrados alveolares ou nodulares e linfadenopatia hilar e/ou m ediastinal. O utras anorm alidades clínicas incluem lesões endobrônquicas, dor abdom inal, diarréia e linfadenopatia. Anem ia e níveis altos de fosfatase alcalina hepática são com uns. O diagnóstico é estabelecido pela hem ocultura ou cultura do tecido acom etido. Duas am ostras consecutivas de escarro positivas para MAC são altam ente sugestivas de infecção pulm onar. As culturas podem levar duas se m anas para positivar. O tratam ento consiste em um m acrolídio (em geral, claritrom icina) com etam butol. Alguns m édicos preferem adi cionar um terceiro fárm aco (rifabutina, ciprofloxacino ou amicacina) para os pacientes com doença extensiva. Em geral, o tratam ento era m antido por toda a vida; contudo, com a utilização do TARV, é possí vel interrom per o tratam ento dos pacientes-com supressão persistente da replicação viral e contagens de células T CD4+ > 100/|xL há 3 a 6 meses. A profilaxia p rim ária para MAC está indicada aos pacien tes com infecção pelo H IV e contagens de células T CD4+ < 50/ (Q uadro 189.10). A profilaxia pode ser interrom pida quando o TARc causa supressão persistente da replicação viral e eleva as contagens de células T CD4+ para > 100/(xL p or > 3 a 6 meses. O Rhodococcus equi é um bacilo G ram -positivo, álcool-ácido re sistente pleom órfico e não fo rm ador de esporos, que pode causam infecção pulm onar e/ou dissem inada nos pacientes em fase adianta da da infecção pelo HIV. O s sinais iniciais m ais com uns são febre e tosse. Nas radiografias do tórax, p odem ser detectadas lesões cavitárias e condensação. As h em oculturas são frequentem ente positivas. O tratam ento depende dos resultados dos testes de sensibilidade aos antim icrobianos.
Doenças do sistema cardiovascular D oença cardíaca é um achado post-m ortem relativam ente com um nos pacientes infectados pelo HIV (25 a 75% nos estudos de necropsia). Cardiopatia coronariana é o tipo m ais com um de doença car díaca. Em um estudo de grande porte, o índice geral de infartos do m iocárdio (IM) foi de 3,5/1000 habitantes-ano, 28% dos infartos fo ram fatais e o IM foi responsável p or 7% de todos os óbitos desta co-
orte. Nos pacientes H lV -positivos, a doença cardiovascular pode es tar associada aos fatores de risco clássicos com o tabagism o, pode ser um a conseqüência direta da infecção pelo HIV, ou um a com plicação do TARV. Os pacientes infectados pelo H IV têm níveis m ais altos de triglicerídios, concentrações m ais baixas de colesterol-lipoproteínas de alta densidade e prevalência m ais alta de tabagism o que as coortes de indivíduos H lV -negativos. A dem onstração de que a incidência das doenças cardiovasculares era m en o r nos pacientes em tratam ento antirretroviral que em um g rupo distribuído random icam ente para fazer um a interrupção do tratam ento ressaltou u m a correlação ine quívoca entre a replicação do H IV e o risco de doença cardiovascular. Em outro estudo, os autores d em onstraram que as contagens basais de células T CD4+ < 5 00/ (jlL eram um fator de risco independente para doença cardiovascular, com parável em m agnitude ao atribuído ao tabagism o. E m bora a patogenia exata dessa associação ainda não esteja clara, é provável que esteja relacionada com a ativação im une e ao estado de hipercoagulabilidade associada à replicação do HIV. A exposição aos inibidores de protease do H IV e alguns inibidores da transcriptase reversa foi associada à elevação do colesterol total e/ou do risco de IM. Q uaisquer aum entos do risco de m orte p or IM em conseqüência do tratam ento com determ inados antivirais devem ser contrapostos com os aum entos m arcantes da sobrevida global ofere cidos por estes fármacos. O utro tipo de doença cardíaca associada à infecção pelo H IV é a m iocardiopatia dilatada com insuficiência cardíaca congestiva (ICC), tam bém conhecida com o miocardiopatia associada ao H IV. Em ge ral, essa doença com o com plicação tardia da infecção pelo HIV e, histologicam ente, apresenta características de m iocardite. Por essa razão, alguns autores recom endaram o tratam ento com im unoglobu lina IV. Nesse contexto, é possível dem onstrar diretam ente a presença do H IV no tecido cardíaco e há controvérsias quanto à sua participa ção direta nessa doença. Os pacientes apresentam anorm alidades tí picas de ICC, inclusive edem a e dispnéia. Os pacientes H lV -positivos tam bém podem desenvolver m iocardiopatia com o efeito colateral do tratam ento com IN F -a ou com análogos nucleosídicos. Esses efeitos regridem quando o tratam ento é interrom pido. O SK, a criptococose, a doença de Chagas e a toxoplasm ose podem acom eter o m iocárdio e causar m iocardiopatia. Em um estudo, verificou-se que a m aioria dos pacientes com infecção pelo HIV e m iocardite tratável apresenta va m iocardite associada à toxoplasm ose. A m aioria desses pacientes tam bém tinha evidências de toxoplasm ose do SNC. Por conseguinte, na avaliação de qualquer paciente com infecção avançada pelo HIV e m iocardiopatia, deve-se incluir RM ou T C do cérebro com contraste em dose dupla. Vários outros problem as cardiovasculares são observados nos pacientes infectados pelo HIV. O s d e rra m es pericárdicos p o d em o correr contexto da infecção avançada. O s fatores predisponentes incluem TB, ICC, infecção p o r m icobactérias, criptococose, infec ção pulm onar, linfom a e SK. E m bora a pericardite seja m uito rara, em um estudo, 5% dos pacientes com doença causada pelo H IV tin h a m d e rra m es p e ric árd ic o s classificados cjpmo m o d era d o s a graves. O tam p o n a m e n to cardíaco e a m o rte foram associados ao SK do pericárdio, provavelm ente em conseqüência de hem orragias agudas. A lguns estudos relataram endocardite trom bótica não bac teriana, que deve ser co n sid era d a n o s p a cien te s com fenôm enos em bólicos inexplicáveis. Q u a n d o é in fu n d id a rapidam ente, a p e n tam id in a intravenosa pode causar hipo ten são em conseqüência do colapso cardiovascular.
Doenças da orofaringe e do sistema gastrintestinal As doenças orofaríngeas e g astrintestinais (G l) são m anifestações com uns da infecção pelo H IV e, na m aioria dos casos, são causadas pelas infecções secundárias. Além disso, podem ocorrer lesões orais e G l nos pacientes com SK e linfom a. As lesões orais com o candidíase oral, leucoplaquia pilosa e úlce ras aftosas (Fig. 189.35) são particularm ente com uns nos pacientes não tratados com infecção pelo HIV. A candidíase oral (infecção p or Candida) e a leucoplasia pilosa oral (presum ivelm ente devida ao EBV) geralm ente indicam declínio im unológico m uito avançado; em
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
Além da PPC, os pacientes com Aids podem ter outras infecções fúngicas. Os pacientes com criptococose p ulm onar apresentam febre, tosse, dispnéia e, em alguns casos, hem optise. Mais de 90% dos p a cientes têm infiltrados intersticiais focais ou difusos nas radiografias do tórax. Além disso, podem ocorrer doença lobar, doença cavitária, derram es pleurais e linfadenopatia hilar ou m ediastinal. Mais de 50% dos pacientes apresentam fungem ia e 90% têm infecção concom itan te do SNC. O Coccidioides im m itis é um fungo endêm ico no sudoeste dos EUA e pode causar um a síndrom e de reativação p ulm onar nos pacientes infectados pelo HIV. A m aioria dos pacientes com essa in fecção apresenta contagem de células T CD4+ < 250/p,L. Os pacientes têm febre, em agrecim ento, tosse e infiltrados reticulonodulares ex tensivos e difusos nas radiografias do tórax. Tam bém podem ser d e tectados nódulos, cavidades, derram es pleurais e linfadenopatia hilar. Em bora os testes sorológicos sejam úteis nos indivíduos im unocom petentes, a sorologia é negativa em 25% dos pacientes H lV -positivos com coccidioidom icose. A aspergilose invasiva não é um a doença que define Aids e, em geral, não é diagnosticada nos pacientes com Aids quando não há neutropenia ou tratam en to com glicocorticoi des. Q uando isso ocorre, a infecção p or Aspergillus pode ter apresen tação clínica incom um no trato respiratório dos pacientes com Aids, onde causa traqueobronquite pseudom em branosa. A histoplasmose pode causar infecção pulm onar prim ária. C ontudo, a m anifestação pulm onar m ais com um da histoplasm ose é de doença dissem inada, provavelm ente devida à reativação. Nesses casos, os sintom as respi ratórios geralm ente são m ínim os e 10 a 30% dos pacientes têm tosse e dispnéia. As radiografias do tórax apresentam anorm alidades em cerca de 50% dos pacientes, que têm infiltrado intersticial difuso ou pequenos nódulos difusos. Foram identificados dois tipos de pneum onia intersticial idio pática nos pacientes com infecção pelo HIV: a pneum onite inters ticial linfoide (PIL) e pneu m o n ia intersticial inespecífica (PII). A PIL é com um nas crianças e tam bém é diagnosticada em cerca de 1% dos pacientes adultos H lV -positivos não tratados. Essa doença caracteriza-se p or infiltrados benignos nos pulm ões e parece fazer parte da ativação policlonal dos linfócitos observada com as infec ções pelo HIV e pelo EBV. A biópsia transbrônquica é diagnostica em 50% dos casos e, nos dem ais casos, é necessário realizar biópsia p ulm onar aberta p ara confirm ar o diagnóstico. Em geral, essa condi ção é autolim itada e não há necessidade de tratam ento específico. Os casos graves têm sido tratados com ciclos breves de glicocorticoides. E m bora raram ente seja um problem a clínico desde o TARV com e çou a ser usado, observam -se sinais de PII em até 50% dos pacientes não tratados infectados pelo HIV. H istologicam ente, há infiltrados intersticiais de linfócitos e plasm ócitos com distribuição perivascular ou peribrônquica. Q uando são sintom áticos, os pacientes apresen tam febre e tosse seca, ocasionalm ente acom panhada desconforto torácico discreto. Em geral, as radiografias do tórax são norm ais ou podem dem onstrar um padrão intersticial discreto. A sem elhança da PIL, a PII é u m processo autolim itado p ara o qual não se indica tra ta m ento, além do controle apropriado da infecção subjacente pelo H IV subjacente. A hipertensão arterial pulm onar relacionada com o HIV (HAP-HIV) é observada em cerca de 0,5% dos indivíduos infectados. Os pacientes podem ter diversos sintom as, inclusive dispnéia, fadi ga, síncope, dor torácica e sinais de insuficiência cardíaca direita. As radiografias do tórax dem onstram dilatação dos vasos pulm onares e cardiom egalia direita com hipertrofia ventricular direita observada no eletrocardiogram a. O TARV não parece ter benefícios óbvios e o prognóstico é m uito desfavorável, com sobrevida m édia de dois anos. As doenças neoplásicas do pulm ão, com o o SK e o linfom a, estão descritas adiante na seção sobre doenças neoplásicas.
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Doenças Infecciosas 1550
geral, estas doenças ocorrem nos pacientes com contagens de células T CD4+ < 300/|jlL. Em um estudo, 59% dos pacientes com candi díase oral desenvolveram Aids no ano seguinte. A candidíase oral evidencia-se p or exsudato caseoso esbranquiçado, frequentem ente na m ucosa eritem atosa da orofaringe posterior. E m bora sejam e n contradas m ais com um ente no palato mole, as lesões iniciais geral m ente localizam -se ao longo da m argem gengival. O diagnóstico é estabelecido pelo exame direto de um raspado à procura de pseudo-hifas. A cultura não tem valor diagnóstico, visto que a m aioria dos pacientes com infecção pelo H IV apresenta culturas de orofaringe positivas para Candida, m esm o que não ten h a candidíase oral. A leucoplaquia pilosa oral evidencia-se p o r lesões esbranquiçadas se m elhantes a um a folhagem, geralm ente ao longo das bordas laterais da língua e, às vezes, na m ucosa bucal adjacente (Fig. 189.35). Apesar do seu nom e, a leucoplasia pilosa oral não é considerada um d istúr bio pré-m aligno. As lesões estão associadas à replicação exuberante do VEB. Em bora geralm ente sejam m ais preocupantes com o sinal de im unodeficiência associada ao H IV que com o um problem a clínico a exigir tratam ento, foram relatados casos graves que responderam à podofilina tópica ou ao tratam ento sistêm ico com fárm acos ativos contra os herpesvírus. As úlceras aftosas da orofaringe posterior tam bém são observadas com frequência nos pacientes infectados pelo HIV (Fig. 189.35). Essas lesões não têm etiologia desconhecida e p o dem ser m uito dolorosas e interferir com a deglutição. Os anestésicos tópicos proporcionam alívio sintom ático im ediato de curta duração. O fato de a talidom ida ser um tratam ento eficaz para esse distúrbio sugere que a patogenia possa envolver a ação de citocinas destrutivas
para os tecidos. As úlceras do palato, da língua ou da gengiva ta m bém podem ser causadas p o r criptococose ou histoplasm ose. A esofagite (Fig. 189.36) pode causar odinofagia e d or retrosternal. Em geral, a endoscopia alta é necessária para estabelecer o diagnóstico exato. A esofagite pode ser causada p o r Candida, CM V ou HSV. Em bora o CM V tenda a estar associado a um a única úlcera grande, a infecção pelo HSV causa m ais com um ente várias úlceras pequenas. O esôfago tam bém pode ser afetado pelo SK e pelo linfo ma. Assim com o ocorre com a m ucosa oral, a m ucosa esofágica pode apresentar úlceras grandes e dolorosas de etiologia desconhecida, que podem responder à talidom ida. E m bora a acloridria seja um p ro blem a com um entre os pacientes com infectados pelo HIV, os outros distúrbios gástricos geralm ente são raros. Entre as doenças neoplási cas que acom etem o estôm ago, destacam -se o SK e o linfoma. As infecções dos intestinos delgado e grosso, resultando em d iar réia, dor abdom inal e febre em alguns casos, estão entre os distúrbios GI mais significativos dos pacientes infectados pelo H IV e incluem infecções p or bactérias, protozoários e vírus. As bactérias podem ser responsáveis p o r infecções secundárias do trato GI. As infecções p o r patógenos entéricos com o Salmonella, Shigella e Campylobacter são m ais com uns nos h om ens h o m o s sexuais e, em geral, são m ais graves e propensas a recidivar nos p a cientes H lV -positivos. Os pacientes não tratados com infecção pelo H IV têm risco cerca de 20 vezes m aior de desenvolver infecção por S. typhim urium . Esses pacientes p o d em apresentar vários sinais e sintom as inespecíficos, inclusive febre, anorexia, fadiga e m al estar com várias sem anas de duração. A diarréia é com um , m as pode estar
Figura 189.36 Esofagografia contrastada de um paciente com esofagite por Candida. 0 fluxo do bário sobre a superfície da mucosa é acentuadamente irregular.
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
ausente. O diagnóstico é estabelecido pela hem ocultura e coprocultura. O uso prolongado de ciprofloxacino é o tratam ento recom en dado. Os pacientes infectados pelo H IV tam bém apresentam m aior incidência de infecção p or S. typhi nas regiões onde a febre tifoide é um problem a. As espécies Shigella, principalm ente S.flexneri, podem causar doença intestinal grave nos indivíduos infectados pelo HIV. Até 50% desses pacientes têm bacterem ia. As infecções p o r Campylo bacter são m ais com uns nos pacientes infectados pelo HIV. Em bora o C. jejuni seja a cepa isolada com m ais frequência, foram relatadas infecções p o r m uitas outras cepas. Em geral, os pacientes apresentam dor abdom inal em cólica, febre e diarréia sanguinolenta. A infecção tam bém pode m anifestar-se na form a de proctite. O exam e das fe zes revela a presença de leucócitos fecais. A infecção sistêm ica pode ocorrer e até 10% dos pacientes infectados têm bacterem ia. A m aioria das cepas é sensível à eritrom icina. A infecção p or M AC pode causar dor abdom inal e diarréia. As infecções fúngicas tam bém p o d em causar diarréia nos p a cientes com infecção pelo HIV. A histoplasm ose, a coccidioidom icose e a penicilinose foram identificadas com o causas de febre e d iar réia dos pacientes infectados pelo HIV. Existem casos descritos de peritonite por C. immitis. Os criptosporídios, os m icrosporídios e o Isospora belli (Cap. 215) são os protozoários oportunistas que m ais com um ente infec tam o trato gastrintestinal, causando diarréia nos pacientes infecta dos pelo HIV. A infecção p or Cryptosporidium pode m anifestar-se de diversas m aneiras, desde um a doença diarreica autolim itada ou interm itente nos pacientes que estão nos estágios iniciais da infec ção pelo HIV, até diarréia grave e potencialm ente fatal nos indiví duos com im unodeficiência grave. Nos pacientes não tratados com infecção pelo H IV e contagens de células T CD4+ < 300/jjlL, a in cidência da criptosporidiose é de cerca de 1% p o r ano. Em 7 5% dos casos, a diarréia acom panha-se de dor abdom inal espasm ódica e 25% dos pacientes têm náuseas e/ou vôm itos. Os criptosporídios ta m bém podem causar doença do trato biliar nos pacientes infectados pelo HIV, resultando em colecistite com ou sem colangite associada e pancreatite secundária à estenose papilar. O diagnóstico da d iar réia por Cryptosporidium é estabelecido com base no exame das fezes ou na biópsia do intestino delgado. A diarréia não é inflam atória e o achado típico consiste na presença de oocistos, que se coram com
corantes álcool-ácido resistentes. O tratam ento consiste basicam ente em m edidas de suporte e foram descritas m elhoras m arcantes depois da introdução do TARV eficaz. O tratam ento com até 2000 m g/dia de nitazoxanida (NTZ) foi associado à m elhora dos sintom as ou à redução da excreção dos m icrorganism os em 5 0% dos pacientes. A utilidade geral desse fárm aco no tratam ento dessa doença ainda não está estabelecido. Os pacientes podem dim in u ir seu risco de desen volver criptosporidiose evitando o contato com fezes hum anas e ani mais, evitando a ingestão de água não fervida de lagos ou rios e não ingerindo m ariscos crus. Os m icrosporídios são parasitos unicelulares m inúsculos que vi vem no citoplasm a dos em terócitos (Cap. 215). A principal espécie que causa doença nos seres h um anos é o Enterocytozoon bieneusi. As m anifestações clínicas assem elham -se às descritas para os Cryptos poridium e consistem em dor abdom inal, m á absorção, diarréia e co langite. As dim ensões m inúsculas do m icrorganism o dificultam sua detecção; entretanto, com o uso de corantes de base crom otrópica, os m icrorganism os podem ser identificados nas am ostras de fezes à m i croscopia óptica. Em geral, o diagnóstico definitivo depende do exa m e das am ostras de fezes, do aspirado intestinal ou de um espécime de biópsia intestinal à m icroscopia eletrônica. Ao contrário dos crip tosporídios, os m icrosporídios foram identificados em várias e stru turas extraintestinais, inclusive olhos, cérebro, seios paranasais, m ús culos e fígado e tam bém foram associados à conjuntivite e à hepatite. O m étodo m ais eficaz de lidar com os m icrosporídios dos pacientes H lV -positivos é recuperar seu sistem a im une com batendo a infecção com o uso do TARV. E studos d em onstraram que o albendazol, 400 m g 2 vezes/dia, foi eficaz em alguns pacientes. O I. belli é um parasito coccídeo (Cap. 215), isolado m ais co m um ente com o causa da diarréia dos pacientes das regiões tro p i cais e subtropicais. Seus cistos aparecem nas fezes com o estruturas álcool-ácido resistentes grandes, que p o d em ser diferenciadas dos criptosporídios com base no tam an h o , na form a e no n úm ero de esporocistos. As sín d ro m es clínicas da infecção p o r Isospora são idênticas às causadas pelo Cryptosporidium. A diferença im portante é que, em geral, a infecção p or Isospora é relativam ente fácil de tratar com SMX/TMP. E m bora as recidivas sejam com uns, um esquem a de SM X/TM P a d m in istrad o 3 vezes p o r sem ana parece ser adequado para evitar recidivas. No passado, a colite causada p o r CM V era observada em con seqüência da im unodeficiência avançada em 5 a 10% dos pacientes com Aids. C om o advento do TARV, essa condição tornou-se m uito m enos com um . A colite p or CM V evidencia-se po r diarréia, dor ab dom inal, em agrecim ento e anorexia. Em geral, a diarréia não é san guinolenta e o diagnóstico é estabelecido p or endoscopia e biópsia. A endoscopia detecta várias úlceras da m ucosa e as biópsias dem ons tram corpúsculos de inclusão citoplasm áticos e intranucleares típi cos. O adelgaçam ento da parede intestinal pode predispor à bactere m ia secundária. O tratam en to consiste em gangiclovir ou foscarnet p or três a seis sem anas. As recidivas são freqüentes e o tratam ento de m anutenção geralm ente é necessário aos pacientes HlV-positivos com infecção m al controlada. Os pacientes com doença do trato Gl por CM V devem ser m onitorados cuidadosam ente para detectar re tinite causada pelo m esm o vírus. _ . Além das doenças causadas pelas infecções secundárias especí ficas, os pacientes infectados pelo H IV tam bém podem desenvolver um a síndrom e diarreica crônica, na qual não se pode detectar outro agente etiológico além do HIV. Essa síndrom e é conhecida com o en teropatia da A ids ou do H IV . É m uito provável que seja um a conse qüência direta da infecção do trato G l pelo HIV. O exame histológico do intestino delgado desses pacientes detecta atrofia discreta da m u cosa e redução das figuras m itóticas, sugerindo um estado de hiporregeneração. Em geral, os pacientes têm atividade de lactase reduzida ou ausente e apresentam m á absorção com em agrecim ento. A avaliação inicial de um paciente H lV -positivo com diarréia deve incluir um a série de exam es de fezes, inclusive cultura, pesquisa de ovos e parasitos e pesquisa p ara toxina do Clostridium difficile. Em cerca de 50% dos casos, essa investigação dem onstra infecção por bactérias, m icobactérias ou pro to zo ário s patogênicos. Q uando os
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retais encontradas nos pacientes H lV -positivos são os condilom as acum inados, SK e neoplasia intraepitelial (ver adiante).
INVESTIGAÇÃO DA DIARRÉIA DO PACIENTE HIV-POSITIVO
Doenças hepatobiliares
H istória e exam e físico C oprocultura para patógenos entéricos P esquisa de ovos e parasitos nas fezes, 3 am ostras P esquisa para toxina do Clostridium difficile D iagnóstico Inconclusivo
( Ttã tã ? )
f S uspeita de colite
N enhum indício de colite
\ E ndoscopia alta com biópsia
D iagnóstico >
1-
'
C o lo noscopia com biópsia
(jYatar^ Nenhum diagnóstico
”
1 “
E nteropatia a ssociada ao HIV
Figura 189.37 Algoritmo para investigação da diarréia dos pacientes HIV-positivos. A enteropatia do HIV é um diagnóstico de exclusão e pode ser estabe lecido apenas quando os outros tipos de doença diarreica (geralmente tratáveis) são excluídos. exames iniciais das fezes são negativos, a investigação com plem entar p o r endoscopia do trato GI alto e/ou baixo com biópsia estabelece o diagnóstico de infecção do intestino delgado p or m icrosporídios ou m icobactérias em cerca de 30% dos casos. Nos pacientes em que essa investigação diagnóstica não é conclusiva, pode-se estabelecer o diagnóstico presuntivo de enteropatia pelo H IV quando a diarréia persiste por mais de um mês. A Fig. 189.37 ilustra u m algoritm o para a avaliação da diarréia dos pacientes HlV-positivos. As lesões retais são com uns nos pacientes infectados pelo HIV, principalm ente as úlceras e as erosões perirretais em conseqüência da reativação do HSV (Fig. 189.38). Essas lesões p odem ser m uito atípicas na form a de pele desnuda sem vesículas e respondem bem ao tratam ento com aciclovir, fanciclovir ou foscarnet. O utras lesões
Doenças Infecciosas
I
1 Figura 189.38 Aids.
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Herpes simples perirretal erosivo grave em um paciente com
As doenças do sistem a hepatobiliar representam u m im portante p ro blem a dos pacientes infectados pelo HIV. A lgum as estim ativas calcu laram que cerca de um terço das m ortes dos pacientes HlV -positivos estaria de algum a form a relacionado com a doença hepática. Em bora isso seja um reflexo basicam ente dos problem as encontrados com a coinfecção pelos vírus da hepatite B ou C, tam bém é um a conseqüên cia da lesão hepática que varia de esteatose hepática às reações de hipersensibilidade à reconstituição im une no contexto do TARV. A prevalência da coinfecção pelo H IV e pelos vírus da hepatite varia conform e a região geográfica. Nos EUA, cerca de 90% dos in divíduos infectados pelo H IV apresentam sinais de infecção progressa pelo HBV; 6 a 14% têm infecção crônica pelo HBV; 5 a 50% dos pacientes estão ou estiveram coinfectados pelo HCV; e a coinfecção pelos vírus das hepatites D, E e/ou G é com um . Entre os usuários de drogas IV com infecção pelo HIV, os índices de infecção pelo HCV variam de 70 a 95%. A infecção pelo HIV tem im pacto significativo na evolução das hepatites virais e foi associada ao aum ento de cerca de três vezes na incidência de positividade persistente para o antígeno de superfície do vírus da hepatite B. Os pacientes infectados pelo HBV e pelo H IV têm incidência mais baixa de doença hepática inflam atória. A hipótese de que isso se deva aos efeitos im unossupressores da infec ção pelo HIV é reforçada pelas observações de que esta situação pode ser revertida; além disto, a hepatite pode ser m ais grave depois da in trodução do TARc. Nos estudos sobre o im pacto do HIV na infecção pelo HBV, os autores detectaram aum entos de quatro a 10 vezes nos coeficientes de m ortalidade p o r doença hepática entre os pacientes coinfectados pelo H IV e HBV, em com paração com os coeficientes relativos aos pacientes com apenas um a destas infecções. E ntretan to, há aum ento apenas discreto da m ortalidade global dos pacientes HlV-positivos que tam bém são positivos para o antígeno de superfí cie do vírus da hepatite B. O IF N -a é m enos eficaz com o tratam ento do HBV dos pacientes com coinfecção pelo HIV. Lam ivudina, entricitabina ou adenofovir/tenofovir/entecavir e telbivudina (isoladam ente ou em combinações) são úteis ao tratam ento da hepatite B dos pacien tes HlV-positivos. É im portante lem brar que todos os fárm acos cita dos antes tam bém são ativos contra o H IV e não devem ser adm inis trados isoladam ente aos pacientes coinfectados pelo HIV, de form a a evitar o surgim ento de quasispecies virais resistentes a estes fármacos. Por essa razão, a necessidade de tratar a infecção pelo HBV de um paciente coinfectado pelo HIV é um a indicação para tratar sua infec ção pelo HIV, independentem ente da contagem de células T CD4+. A infecção pelo HCV é m ais grave no paciente coinfectado pelo HIV e não parece alterar o coeficiente de m ortalidade global dos indivíduos HlV-positivos, quando são levadas em consideração outras variáveis com o idade, contagem basal de células T CD4+ e uso do TARV. Nos indivíduos coinfectados pelo H IV e pelo HCV, os níveis deste últim o vírus são cerca de 10 vezes m aior que nos pacienjes HlV-negativos coinfectados pelo HCV; além disto, o risco de m orte por doença h e pática é 10 vezes m aior nos pacientes coinfectados. O tratam ento da infecção pelo HCV inclui IF N -a peguilado e ribavirina, em bora hoje existam vários tratam entos experim entais em investigação clínica. Se não for detectada redução de 2 log nos níveis de RNA do HCV dentro de 12 sem anas, não é provável que o tratam ento seja eficaz. A infec ção pelo vírus da hepatite A não é m ais freqüente entre os pacientes HlV-positivos. Alguns autores recom endaram que todos os pacientes H lV -positivos que não adquiriram infecção natural sejam im uniza dos com as vacinas para hepatite A e/o u B. A infecção pelo vírus da hepatite G, tam bém conhecido com o vírus GB, é detectada em cerca de 50% dos pacientes H lV-positivos. Por razões ainda desconhecidas hoje, existem dados sugerindo que os pacientes H lV -positivos coin fectados por esse vírus tenham progressão mais lenta para Aids. Várias outras infecções tam bém podem acom eter o fígado. A he patite granulom atosa pode ser causada pelas infecções por fungos ou m icobactérias, principalm ente o MAC. Os tum ores hepáticos podem ser causados por TB, peliose hepática ou infecção fúngica. Entre as in
fecções fúngicas oportunistas, o C. immitis e o Histoplasma capsulatum são os fungos mais propensos a acom eter o fígado. Existem relatos de doença do trato biliar na forma de estenose papilar ou colangite esclerosante nos pacientes com criptosporidiose, infecção p or CMV e SK. M uitos dos fárm acos utilizados no tratam ento da infecção pelo HIV são m etabolizados pelo fígado e p odem causar lesão hepática. Foram relatadas reações hepáticas fatais com vários antirretrovirais, inclusive análogos nucleosídios, análogos não nucleosídicos e in i bidores de protease. Os análogos nucleosídios inibem a síntese do DNA, efeito que pode resultar em toxicidade das m itocôndrias e dis túrbios do m etabolism o oxidativo. Esse distúrbio pode m anifestar-se na form a de esteatose hepática e, nos casos graves, acidose láctica e insuficiência hepática fulm inante. É im portante estar ciente dessa com plicação e procurá-la nos pacientes H lV -positivos tratados com análogos nucleosídios. A condição é reversível quando diagnosticada precocem ente e quando a adm inistração do(s) agente(s) agressor(es) é interrom pida. A nevirapina foi associada à hepatite colestática ful m inante e fatal em alguns casos, à necrose hepática e à insuficiência hepáticas. O indinavir pode causar elevações brandas a m oderadas da bilirrubina sérica em 10 a 15% dos pacientes, com um a sín d ro m e sem elhante à de G ilbert. O atazanavir pode causar um padrão sem elhante de lesão hepática. No paciente em TARV com aum entos inexplicáveis das transam inases hepáticas, deve-se considerar seria m ente a possibilidade de toxicidade farm acológica. N a m aioria dos casos, a lesão pancreática é um a conseqüência dos efeitos tóxicos dos fármacos, principalm ente a que é causada pela pentam id ina ou pelos didessoxinucleosídios. Em alguns estudos, em bora até 50% dos p a cientes tivessem evidências bioquím icas de lesão pancreática, m enos de 5% apresentavam indícios clínicos de pancreatite não relacionada com os efeitos tóxicos dos fármacos.
Doenças dos rins e do trato geniturinário
Doenças do sistema endócrino e distúrbios metabólicos Vários distúrbios en d ó crin o s e m etabólicos estão associados à in fecção pelo HIV. Esses distúrbios p o d em ser conseqüências diretas da infecção viral, p o d em ser secu n d ário s às infecções oportunistas ou às neoplasias, ou estão relacionados com os efeitos colaterais dos fárm aco. C erca de 33 e 75% dos pacientes H lV -positivos que fazem TARV desenvolvem u m a sín d ro m e freq u en tem en te deno m in ad a lipodistrofia, que consiste em elevações dos níveis plasm áticos dos triglicerídios, do colesterol total e da apolipoproteína B, bem com o h iperin su lin em ia e hiperglicem ia. A lguns estudos dem o n straram que m uitos pacientes apresentavam um conjunto de alterações da conform ação corporal associadas à redistribuição da gordura, ou
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
As doenças dos rins e do trato geniturinário podem ser conseqüências diretas da infecção pelo HIV, podem ser atribuídas a um a infecção o portunista ou neoplasia, ou estão relacionadas com os efeitos tó xicos dos fárm acos. Em geral, cerca de 20% dos pacientes H IV -positivos sem tratam ento têm m icroalbum inúria e pouco m ais de 2% têm proteinúria significativa. Alguns estudos d em onstraram que a presença de m icroalbum inúria estava associada ao aum ento do co eficiente de m ortalidade por todas as causas. A nefropatia associada ao H IV (HIVAN) foi descrita prim eiram ente nos UD I e pensou-se inicialm ente que se tratasse de um a nefropatia causada pelo UDI pe los pacientes H lV-positivos; hoje se sabe que essa nefropatia é um a complicação direta da própria infecção pelo HIV. E m bora a m aioria dos pacientes tenha contagens de células T CD4+ < 200/ (jlL, a nefro patia associada ao HIV pode ser um a m anifestação precoce da infec ção pelo HIV e tam bém foi diagnosticada nas crianças. Mais de 90% dos casos relatados eram de indivíduos afroam ericanos ou latinos; a doença não apenas é mais prevalente nestas populações, com o ta m bém mais grave, representando a terceira causa de insuficiência re nal term inal entre afroam ericanos de 20 a 64 anos de idade nos EUA. P roteinúria é a m arca característica desse distúrbio. Edem a e hiper tensão são raros. A ultrassonografia revela rins aum entados e hiperecogênicos. O diagnóstico definitivo é estabelecido pela biópsia renal. No exame histopatológico, há glom erulosclerose segm entar focal em 80% dos casos e proliferação mesangial em 10 a 15% dos casos. Antes do tratam ento antirretroviral eficaz, essa doença caracterizava-se por evolução relativamente rápida para doença renal term inal. Os pacien tes com nefropatia associada ao HIV devem ter sua infecção pelo HIV tratada, independentem ente das suas contagens de células T CD4+. Também existem alguns relatos de casos nos quais o tratam ento com inibidores da enzim a conversora da angiotensina (ECA) e/ou a pred nisona (60 m g/dia) foram eficazes. A incidência dessa doença nos pacientes que fazem TARV não está bem definida, m as a im pressão é que sua frequência e sua gravidade dim inuíram . Essa é a principal causa de doença renal term inal dos pacientes HlV-positivos. Entre os fármacos comum ente associados à lesão renal dos pacien tes com doenças causadas pelo H IV destacam -se a pentam idina, a an fotericina, o adefovir, o cidofovir, o tenofovir e o foscarnet. A associa
ção SMX/TMP pode com petir com a creatinina pela secreção tubular e elevar seus níveis séricos. A sulfadiazina pode cristalizar nos rins e causar uma form a facilmente reversível de falência renal, enquanto o indinavir pode form ar cálculos renais. A hidratação adequada é funda m ental ao tratam ento e à profilaxia dessas duas últim as complicações. As infecções do trato geniturinário são detectadas com m uita fre quência nos pacientes H lV -positivos, que se evidenciam por lesões cutâneas, disúria, h e m a tú ria e/ou piúria e são tratadas da m esm a m aneira que nos pacientes sem infecção pelo HIV. As infecções pelo HSV estão descritas adiante (“D oenças derm atológicas”). As infec ções p o r T. pallidum , agente etiológico da sífilis, podem ter um papel im portante na epidem ia do HIV. N os indivíduos H lV -negativos, as úlceras genitais sifilíticas e as úlceras do cancroide são os principais fatores predisponentes à transm issão heterossexual da infecção pelo HIV. E m bora a m aioria dos indivíduos H lV -positivos com sífilis te nha apresentação clínica típica, vários distúrbios clínicos que antes eram considerados raros po d em ser detectados quando há coinfecção. E ntre eles está a sífilis maligna, um a lesão ulcerativa da pele em conseqüência da vasculite necrosante; febre inexplicável; síndrom e nefrótica; e neurossífilis. A apresentação clínica m ais com um da sí filis dos pacientes H lV -positivo é o condiloma plano, que representa um tipo de lesão da sífilis secundária. A neurossífilis pode ser assin tom ática ou causar m eningite aguda, neurorretinite, surdez ou aci dente vascular encefálico. A prevalência da neurossífilis pode chegar a 1% dos pacientes H lV -positivos e deve-se considerar a realização de um a punção lom bar para investigar esta possibilidade em todos os pacientes infectados pelo H IV com sífilis secundária. Em conseqüên cia das anorm alidades im unológicas associadas à infecção pelo HIV, o diagnóstico da sífilis pelos testes sorológicos tradicionais pode ser difícil. Por outro lado, um a parcela expressiva dos pacientes têm tes tes de VDRL (Venereal Disease Research L aboratory) negativos em conseqüência da ativação policlonal das células B. Por outro lado, a positivação inicial do VDRL pode ser postergadas nos pacientes com infecções recentes e o teste do anticorpo antitreponêm ico fluorescen tes (anti-FTA) pode ser negativo em razão da im unodeficiência. D es se m odo, o exame em cam po escuro das am ostras apropriadas deve ser realizado em todos os pacientes sob suspeita de sífilis, m esm o que tenham VDRL negativos. Do m esm o m odo, qualquer paciente com VDRL positivo no soro, ano rm alid ad es neurológicas e resultados anorm ais no exam e do LCS devem ser diagnosticados com o p o rta dores de neurossífilis e tratad o s de acordo, independentem ente do resultado do VDRL do LCS. Em todos os casos, os pacientes trata dos para sífilis devem ser cuidadosam ente m onitorados de form a a assegurar a eficácia do tratam ento. Cerca de um terço dos pacientes H lV -positivos desenvolve a reação de Jarisch-H erxheim er quando iniciam o tratam ento para sífilis. A candidíase vulvovaginal é com um nas m ulheres HlV-positivas. Os sinais e sintom as são prurido, desconforto, dispareunia e disúria. A infecção vulvar pode apresentar-se com erupção m orbiliform e, que pode estender-se às coxas. Em geral, a infecção vaginal está associada à leucorreia branca e podem ser encontradas placas na parede vaginal eritem atosa. O diagnóstico é estabelecido pelo exam e m icroscópico da secreção à p ro cu ra de pseudo-hifas em solução de hidróxido de potássio a 10%. A doença leve pode ser tratad a com fárm acos tópi cos. A doença m ais grave pode ser tratada" com fluconazol. O utras causas da vaginite incluem Trichomonas e infecção bacteriana mista.
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Doenças Infecciosas 1554
seja, obesidade do tronco com em aciação periférica (Fig. 189.39). A obesidade do tronco evidencia-se p o r aum ento da circunferência abdom inal causado pelos aum entos da go rd u ra m esentérica; um a proem inência de gordura dorsocervical {giba de búfalo) sem elhan te à dos pacientes com síndrom e de C ushing; e crescim ento das m am as. A em aciação periférica (ou lipoatrofia) é particu larm en te notável na face e nas nádegas, bem com o pela p ro em in ên cia das veias nas pernas. Essas alterações podem surgir em qualquer fase da doença, desde cerca de 6 sem anas até vários anos depois do início do TARV. C erca de 20% dos pacientes com lipodistrofia associada ao H IV satisfazem os critérios para síndrom e m etabólica, conform e foram definidos pela International Diabetes Federation ou pelo U.S. N ational C holesterol E ducation P rogram A dult T reatm ent Panei III. A síndrom e de lipodistrofia tem sido descrita em associação aos esquem as que contêm vários fárm acos e, em bora ten h a sido relata da inicialm ente nos pacientes tratados com inibidores de protease, parece que os esquem as potentes que p o u p am a protease tam bém podem causar alterações sem elhantes. A lguns autores sugeriram que as anorm alidades da lipoatrofia sejam p a rticu la rm e n te graves nos pacientes tratados com análogos da tim id in a com o a estavudina e a zidovudina. As diretrizes do N ational C holesterol E ducation P ro gram (NCEP) devem ser seguidas no tratam ento dessas anorm alida des lipídicas (Cap. 241). D evido à preocupação com interações far macológicas, os hipolipem iantes utilizados m ais com um ente nesses casos são genfibrozila e atorvastatina.
A lém dessas a n o rm a lid a d es, alguns e stu d o s d e m o n s tra ra m que os p a c ie n tes H lV -p o sitiv o s tra ta d o s com TARV têm incid ên cia m ais alta de o ste o n ec ro se ou necrose avascular do qu ad ril e dos om bros. Em u m estu d o com p acientes assintom áticos, 4,4% apresentavam evi d ê n cias de o ste o n e c ro se n a RM. Essa com plicação foi associada ao uso dos h i polipem iantes, dos glicocorticoides sistê m icos ou da testosterona; aos exercícios de m usculação; ao co n su m o de álcool; e à presença de an tic o rp o s anticardiolipina. A osteoporose foi descrita em 7% das m u lh eres com H lV -p o sitiv as e 41% d e m o n strav a m algum grau de osteopenia. A lém disso, a acidose láctica está asso ciada ao TARV, o corre m ais com um ente com a utilização dos análogos nucleosídios inib id o res de tran scrip tase reversa e p o d e ser fatal (ver adiante). Os p acientes com doença avançada causada pelo H IV podem apresentar h i ponatrem ia devida à síndrom e de secreção in ad e q u ad a do h o rm ô n io antid iu rético (SIADH) ou vasopressina em conseqüên cia do aum ento da ingestão e da dim inui ção da excreção de água livre. Em geral, a SIADH está associada à doença pulm onar ou do SNC. O nível sérico baixo de sódio tam bém pode ser causado pela insuficiên cia suprarrenal; a elevação concom itante do potássio sérico deve sugerir esta p o s sibilidade. A h ip erp o tasse m ia pode ser secundária à insuficiência suprarrenal; à nefropatia do HIV; ou aos fárm acos, p rin cipalm ente trim e to p rim a e pentam idina. A hipopotassem ia pode estar associada ao tratam e n to com tenofovir. A doença das glândulas suprarrenais pode ser causada p or infecções m icobacterianas, citom egalovirose, criptococose, histoplasm ose ou efeitos tóxicos do cetoconazol. A síndrom e de C ushing iatrogênica com supressão do eixo hipotalâm ico-hipofisário-suprarrenal pode ser causada pelo uso dos glicocorticoides tópicos (por via p a renteral ou inalatória) pelos pacientes tratados com ritonavir. Isso é atribuído à inibição da enzim a hepática CYP3A4 pelo ritonavir, re sultando no aum ento da m eia-vida do glicocorticoide. A função tireóidea pode estar alterada em 10 a 15% dos pacien tes infectados pelo HIV, que p odem ter h ipotireôidism o ou h ip er tireoidism o. A ano rm alid ad e p re d o m in an te é o h ipotireoidism o subclínico. D urante o TARV, constatou-se que até 10% dos pacientes apresentavam níveis elevados do h o rm ô n jo e stim u la d o r da tireoide (TSH), sugerindo que esta possa ser um a m anifestação da recons tituição im unológica. A doença de Graves p o r reconstituição im u ne pode ocorrer com o com plicação tardia (9 a 48 meses) do TARV. Com a doença avançada causada pelo HIV, pode ocorrer infecção da glândula tireoide p or patógenos oportunistas com o P. jiroveci, CMV, m icobactérias, Toxoplasma gondii e Cryptococcus neoformans. Em geral, essas infecções estão associadas ao aum ento difuso e indolor da glândula tireoide, m as a função tireóidea geralm ente é norm al. O diagnóstico é estabelecido p or aspiração com agulha fina ou biópsia aberta da glândula. D ependendo da gravidade da doença, a infecção pelo H IV está associada ao hipogonadismo em cerca de 50% dos hom ens. Em bora geralm ente seja um a com plicação de doenças coexistentes, a disfun ção testicular tam bém p ode ser um efeito colateral do tratam ento com ganciclovir. Em alguns estudos, até dois terços dos pacientes
relataram redução da libido e um terço queixou-se de im potência. O tratam ento de reposição com androgênio deve ser considerado para os pacientes com hipogonadism o sintom ático. A infecção pelo H IV não parece ter efeito significativo no ciclo m enstruai, exceto quando a doença está avançada.
Doenças reumatológicas e imunológicas
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
Os distúrbios im unológicos e reum atológicos são com uns nos p a cientes H lV-positivos, incluindo desde reações de hipersensibilidade im ediata exageradas (Cap. 317) até um aum ento da incidência de artrite reativa (Cap. 325) e distúrbios caracterizadas p or linfocitose infiltrativa difusa. A ocorrência desses fenôm enos é um paradoxo aparente no contexto da im unodeficiência e da im unossupressão profundas que caracterizam a infecção pelo H IV e reflete a natureza complexa do sistem a im une e seus m ecanism os reguladores. As alergias aos fárm acos são as reações alérgicas m ais significati vas observadas nos pacientes infectados pelo H IV e parecem tornar-se m ais com uns à m edida que a doença avança. Essas reações ocor rem em até 65% dos pacientes recebendo tratados com SM X/TM P para PPC. Em geral, essas reações farm acológicas caracterizam -se por erupções eritem atosas e m orbiliform es, que são pruriginosas, tendem a coalescer e frequentem ente evoluem com febre. Todavia, cerca de 33% dos pacientes podem continuar a usar o fárm aco que causou a alergia e, deste m odo, essas reações não indicam a neces sidade im ediata de interrom per o tratam ento. A anafilaxia é extre m am ente rara nos pacientes H lV -positivos e os pacientes que apre sentam um a reação cutânea durante um único ciclo de tratam ento ainda podem ser considerados aptos ao tratam en to ou à profilaxia subsequente com o m esm o fármaco. A única exceção é o análogo n u cleosídio abacavir, com o qual foram relatadas reações de hip ersen sibilidade fatais depois da reexposição. Essa hipersensibilidade está diretam ente relacionada com o haplótipo HLA-B57 e a ocorrência de reação de hipersensibilidade ao abacavir é um a contraindicação absoluta ao tratam ento subsequente. Q uanto aos outros fárm acos, com o a associação SMX/TMP, os esquem as de dessensibilização têm sucesso m oderado. E m bora os m ecanism os responsáveis po r essas reações alérgicas ainda não estejam definidos, constatou-se que os pacientes H lV -positivos apresentam níveis elevados de IgE, que a u m entam à m edida que a contagem de células T CD 4+ declina. Os num erosos exemplos de pacientes com reações a m últiplos fárm acos sugerem que o m ecanism o subjacente seja o m esmo. A infecção pelo H IV assem elha-se sob vários aspectos às doenças autoim unes, inclusive a ativação policlonal significativa das células B, que está associada à incidência alta de anticorpos antifosfolipídicos, com o os anticorpos anticardiolipina, anticorpos do VDRL e a n ticoagulantes lúpicos. Além disso, os indivíduos H lV -positivos têm incidência mais alta de anticorpos antinucleares. Apesar dessas anor m alidades sorológicas, não há evidências de que os indivíduos infec tados pelo H IV tenham aum entos da incidência de duas das doenças autoim unes m ais com uns: lúpus eritem atoso sistêm ico e a artrite reum atoide. Na verdade, constatou-se que essas doenças podem m e lhorar até certo ponto com a presença concom itante da infecção pelo HIV, sugerindo que um com ponente intacto da resposta im une das células T CD4+ desem penhe um papel essencial na patogenia destes distúrbios. Do m esm o m odo, há relatos inform ais de pacientes com im unodeficiência com um variável (Cap. 316) evidenciada p o r h ipo gam aglobulinem ia, que tiveram norm alização dos níveis de Ig depois que adquiriram a infecção pelo HIV, sugerindo um possível papel da im unidade hiperativa das células T CD4+ em algum as form as dessa síndrom e. A única doença autoim une que pode o correr com m aior frequência nos pacientes H lV -positivos é um a variante da síndrom e de Sjõgren prim ária (Cap. 324). Os pacientes infectados pelo H IV podem ter um a síndrom e constituída p o r aum ento das glândulas parótidas e ressecam ento dos olhos e da boca associados a infiltrados linfocitários nas glândulas salivares e nos pulm ões. Esses pacientes tam bém podem ter neuropatia periférica, polim iosite, acidose tu b u lar renal e hepatite. Ao contrário da síndrom e de Sjõgren, na qual os infiltrados linfocíticos são constituídos p redom inantem ente por células T CD4+, os infiltrados dos pacientes H lV -positivos são repre
sentados principalm ente p o r células T CD8+. Além disso, en q u an to os pacientes com síndrom e de Sjõgren são predom inantem ente m ulheres que apresentam auto an tico rp o s anti-R o e anti-L a e que geralm ente têm haplótipos do M H C HLA-DR3 ou B8, os indivíduos HlV -positivos com esta síndrom e com um ente são hom ens afroam e ricanos que não apresentam anti-Ro ou anti-La e que, na m aioria dos casos, têm o haplótipo HLA-DR5. Essa síndrom e parece ser m enos com um com o uso am pliado do TARV. O term o síndrome da linfoci tose infiltrativa difusa (SLID) é usado para descrever esse distúrbio e diferenciá-lo da síndrom e de Sjõgren. Cerca de um terço dos indivíduos HlV -positivos refere artralgias; além disto, 5 a 10% são diagnosticados com o portadores de algum a form a de artrite reativa, com o a síndrom e de Reiter, a artrite psoriática e a espondiloartropatia indiferenciada (Cap. 325). Essas síndrom es ocorrem com frequência crescente à m edida que a com petência do sistema imunológico dim inui. Essa associação pode estar relacionada com o aum ento do núm ero de infecções por m icrorganism os capazes de deflagrar artrite reativa com a im unodeficiência progressiva, ou a perda das células T reguladoras im portantes. Em geral, as artrites re ativas dos indivíduos HlV -positivos m elhora satisfatoriam ente com o tratam ento convencional; contudo, o tratam ento com m etotrexato foi associado ao aum ento da incidência das infecções oportunistas e deve ser usado com cautela e apenas nos casos graves. Os indivíduos infectados pelo H IV tam bém apresentam vários distúrbios articulares sem causa evidente e que são referidos generi cam ente com o artropatia associada ao H IV ou à Aids. Essa síndrom e caracteriza-se por artrite oligoarticular subaguda, que se desenvolve durante um período de um a a seis sem anas e persiste po r 6 sem anas a 6 meses. Em geral, a artrite acom ete as grandes articulações, predo m inantem ente os joelhos e tornozelos, não é erosiva e apresenta ape nas resposta inflam atória discreta. As radiografias das articulações são inconclusivas. Os anti-inflam atórios não esteroides têm eficácia questionável; contudo, estudos d em o n straram alívio com o uso dos glicocorticoides intra-articulares. Um a segunda form a de artrite, que tam bém se acredita seja secundária à infecção pelo HIV, é d enom i nada síndrome articular dolorosa. Esse distúrbio que, segundo relatos, ocorre em até 10% dos pacientes com Aids evidencia-se p or dor in tensa e aguda na articulação afetada. A artrite acom ete principalm en te os joelhos, os cotovelos e os om bros; persiste p o r duas a 24 horas; e pode ser grave o suficiente para exigir o uso de analgésicos narcó ticos. A causa dessa artropatia ainda não foi esclarecida; entretanto, acredita-se que resulte de um efeito direto do H IV na articulação. Esse distúrbio ressalta o fato de que outros lentivírus, em particular o vírus da artrite-encefalite caprina, são capazes de causar artrite por ação direta. Várias outras doenças im unológicas ou reum atológicas foram descritas nos indivíduos H lV -positivos, sejam prim árias ou associa das às infecções oportunistas ou aos fárm acos. Com a utilização dos critérios de dor m usculoesquelética generalizada com duração m ín i m a de três meses e a presença de no m ínim o 11 de 18 pontos possí veis de hipersensibilidade à palpação digital, 11% de um a coorte de pacientes H lV -positivos (inclusive UDI) foram diagnosticados como portadores de fibromialgia (Cap. 335). E m bora a incidência de artrite bem caracterizada tenha sido m enor nessa população que em outras populações estudadas, que consistiam predom inantem ente em h o m ens hom ossexuais, esses dados sustentam o conceito de que exis tam problem as m usculoesqueléticos que surgem com o conseqüência direta da infecção pelo HIV. Além disso, houve relatos de vasculite leucocitoclástica d u ran te o tratam e n to com zidovudina. Tam bém existem relatos de angiite do SNC e polim iosite nos indivíduos in fectados pelo HIV. A artrite séptica é surpreendentem ente rara, não obstante a m aior incidência de bacterem ia estafilocócica observada nessa população. Nos casos relatados de artrite séptica, as infecções geralm ente foram causadas p o r Staphylococcus aureus; infecções fú n gicas sistêmicas p or C. neoformans, Sporothrix schenckii ou H. capsulatum; ou infecção m icobacteriana sistêm ica p or M. tuberculosis, M. haemophilum, M. avium ou M. kansasii. C om o foi m encionado antes, alguns estudos dem onstraram que 4,4% dos pacientes H lV -positivos tin h a m algum a evidência de os-
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QUADRO 189.11 Características da síndrome inflamatória de reconstituição imune (SIRI)
QUADRO 189.12 Causas da supressão da medula óssea dos pacientes HlV-positivos
• Há piora paradoxal do estado clínico depois do início do tratamento antirretroviral • Ocorre semanas ou meses depois do início do tratamento antirretroviral • É mais comum nos pacientes que iniciam o tratamento com contagem de células CD4+ abaixo de 50/|jlL e que têm reduções repentinas da carga viral • É observada frequentemente nos pacientes com tuberculose • Pode ser fatal
Infecção pelo HIV Infecções por micobactérias Infecções fúngicas Infecção por parvovírus B19 Linfoma
teonecrose na RM realizada durante a investigação sistem ática dos pacientes assintom áticos. Alguns autores estim aram que até 1% dos pacientes tinham osteonecrose sintom ática. Em bora esse problem a tenha sido reconhecido inicialm ente no contexto do TARV, é difícil estabelecer um a relação de causa e efeito. A ingestão de álcool e a história de tratam ento com glicocorticoides foram associadas espe cialm ente com esse distúrbio dos pacientes H lV-positivos.
Síndrome inflamatória de reconstituição imune D epois de iniciar o TARV eficaz, pode-se observar um agravam en to paradoxal das infecções o p o rtu n ista s preexistentes, que não fo ram tratadas ou que foram parcialm ente tratadas. T am bém p odem oc o rre r exacerbações dos distúrbios a utoim unes preexistentes ou o desenvolvim ento de outros distú rb io s deste tipo depois de in i ciar o tratam e n to com a n tirretro v irais (Q u a d ro 189.11). A SIRI relacionada com um a infecção preexistente g eralm ente é referida com o doença da reconstituição im une (DRI) de form a a diferenciála das m anifestações autoim unes da SIRI. A DRI é especialm ente com um nos pacientes com infecções não tratadas p o r m icobactérias ou fungos. D ependendo do contexto clínico, a SIRI é diagnosticada em cerca de 10 a 30% dos pacientes e é m ais com um nos p a cien tes que iniciam o tratam e n to com contagens de células T C D 4+ < 50 células/(xL e têm redução repentina dos níveis de RNA viral d e pois de iniciarem o TARV Os sinais e sintom as p o d em surgir em q ualquer ocasião entre duas sem anas a dois anos depois de iniciar o TARV e p odem incluir linfadenite localizada, febre prolongada, infiltrados pulm onares, aum ento da pressão in tra cra n ian a , uveite, sarcoidose e doença de Graves. A evolução clínica p o d e ser insidiosa e os casos graves p odem ser fatais. O m ecanism o subjacente parece estar relacionado com um fenôm eno sem elhante às reações de h ipersensibilidade do tipo IV e reflete a m elh o ra im ediata da função im une, que ocorre à m edida que os níveis de RNA do H IV dim inuem e os efeitos im unossupressores da infecção pelo H IV são controlados. N os casos graves, o uso dos im unossupressores com o os glicocorticoides p ode ser necessário p ara aten u ar o com ponente in flam atório dessas reações, até que o tratam e n to antim icro b ian o específico com ece a fazer efeito.
Doenças do sistema hematopoiético Os distúrbios do sistem a hem atopoiético, inclusive linfadenopatia, anem ia, leucopenia e/ou trom bocitopenia, são freqüentes ao longo de toda a evolução da infecção pelo H IV e p odem ser o resultado direto do HIV, m anifestações das infecções ou das neoplasias secun dárias, ou efeitos colaterais do tratam ento (Q u ad ro 189.12). O exame histológico direto e a cultura do tecido dos linfonodos ou da m edula óssea geralm ente são diagnósticos. Estudos dem onstraram que um a percentagem expressiva dos aspirados de m edula óssea dos pacientes H lV -positivos continha agregados linfoides, cujo significado exato ainda é desconhecido. A introdução do TARV reverte a m aioria das com plicações hem atológicas causadas diretam ente pelo HIV. Alguns pacientes assintom áticos nos dem ais aspectos podem ter linfadenopatia generalizada persistente com o m anifestação clínica inicial da infecção pelo HIV. Essa condição é definida pela presença de linfonodos aum entados (> 1 cm) em dois ou m ais regiões extrainguinais p or mais de três meses sem causa evidente. A linfadenopatia
Fármacos Zidovudina Dapsona Sulfametoxazol/trimetoprima Pirimetamina 5-flucitosina Ganciclovir Interferon-a Trimetrexato Foscarnet
é causada p or hiperplasia folicular acentuada no linfonodo em res posta à infecção pelo HIV. Em geral, os linfonodos são pequenos e m óveis à palpação. Essa m anifestação da doença causada pelo HIV pode ser observada em qualquer estágio do espectro da disfunção im unológica e não está associada ao aum ento da probabilidade de evoluir à Aids. Paradoxalm ente, a atenuação da linfadenopatia ou a redução das dim ensões dos linfonodos sem TARV pode ser um m ar cador prognóstico de progressão da doença. Nos pacientes com con tagens de células T CD 4+ > 200/|ji|xL, o diagnóstico diferencial da linfadenopatia deve incluir SK, TB, doença de Castlem an e linfoma. Nos pacientes com doença m ais avançada, a linfadenopatia tam bém pode ser causada p or m icobacterioses atípicas, toxoplasm ose, infec ção fúngica sistêm ica ou angiom atose bacilar. E m bora esteja indica da para os pacientes com contagens de células T CD4+ < 2 0 0 /|xL, a biópsia de linfonodo não é recom endada nos estágios iniciais da doença, a m enos que haja sinais e sintom as de com prom etim ento sis têm ico com o febre e em agrecim ento, ou que os linfonodos com ecem a aum entar de tam anho, tornem -se fixos ou coalesçam. A gam opatia m onoclonal de significado desconhecido (GMSD; Cap. 111), defini da pela presença no soro de IgG, IgA ou IgM m onoclonal sem cau sa definida, foi descrita em 3% dos pacientes H lV -positivos. Nesses pacientes, o significado clínico geral desse distúrbio é desconhecido, em bora ten h a sido associado a outras infecções virais, linfom a não H odgkin e doença m aligna plasm ocitária. A nem ia é a anorm alidade hem atológica m ais com um nos p a cientes H lV -positivos e, na ausência de um a causa específica tratável, está associada independentem ente a um prognóstico desfavorável. E m bora geralm ente seja b randa, a anem ia pode ser m uito grave e re querer transfusões sanguíneas crônicas. Entre as causas específicas e reversíveis de anem ia no contexto da infecção pelo HIV, destacam -se os efeitos tóxicos dos fárm acos, as infecções sistêm icas p o r fu n gos e m icobactérias, as deficiências nutricionais e as infecções pelo parvovírus B I9. A zidovudina po d e bloquear a m aturação eritroide antes causar efeitos nos outros elem entos da m edula óssea. Um as pecto típico do tratam ento com zidovudina é o aum ento do volume corpuscular m édio (VCM ). O utro fárm aco utilizado pelos pacientes H lV -positivos que produz efeitos seletivos na série eritroide é a dap sona, que pode causar anem ia hem olítica grave nos pacientes com deficiência de glicose-6-fosfato-desidr-ogenase e p ro d u z ir anem ia funcional nos dem ais indivíduos p o r in d u zir m etem oglobinem ia. Em geral, os níveis de folato são norm ais nos indivíduos infectados pelo HIV; todavia, os níveis de vitam ina B12 podem estar reduzidos em conseqüência da acloridria ou da m á absorção. A anem ia hem olí tica autoim une verdadeira é rara, em bora cerca de 20% dos pacientes H lV -positivos possam ter testes de antiglobulina direta positivos em conseqüência da ativação policlonal das células B. A infecção pelo parvovírus B I9 tam bém pode causar anem ia. E im portante consi derar essa possibilidade, visto que o tratam en to com IgIV produz resposta satisfatória. Os níveis de eritropoietina dos pacientes HIV-positivos com anem ia geralm ente estão abaixo do esperado para o grau de anem ia. O tratam en to com eritropoietina pode resultar em elevação dos níveis de hem oglobina. U m a exceção é representada por um subgrupo de pacientes com anem ia associada à zidovudina, nos quais os níveis de eritropoietina podem estar m uito elevados.
em m ais de 50% dos pacientes H lV -positivos. O significado clínico dessa propensão aum entada à doença trom boem bólica provavelm en te está refletido na observação de que as elevações do dím ero D estão diretam ente relacionados com a m ortalidade po r todas as causas en tre os pacientes H lV -positivos (Q uadro 189.8).
Doenças dermatológicas Os distúrbios derm atológicos ocorrem em > 90% dos pacientes in fectados pelo HIV. D esde a erupção cutânea m aculosa sem elhante à roséola observada com a síndrom e de soroconversão aguda até o SK term inal extensivo, as m anifestações cutâneas da doença causada pelo H IV podem ser observadas ao longo de to d a a evolução da in fecção pelo HIV. E ntre os distúrbios não neoplásicos m ais com uns, destacam -se a derm atite seborreica, a foliculite e as infecções op o rtu nistas. A pneum ocistose extrapulm onar pode causar vasculite necro sante. Os distúrbios neoplásicos estão descritos adiante. A derm atite seborreica ocorre em 3% da população geral e em até 50% dos pacientes H lV -positivos. A prevalência e a gravidade da derm atite seborreica aum entam com o declínio da contagem de cé lulas T CD4+. Nos pacientes H lV -positivos, a derm atite seborreica pode ser agravada pela infecção concom itante pelo Pityrosporum, um fungo leveduriform e; alguns especialistas recom endam a aplicação de antifúngicos tópicos nos casos refratários ao tratam ento tópico tradicional. A foliculite é um dos distúrbios derm atológicos m ais prevalentes entre os pacientes H lV -positivos (cerca de 20% dos casos). Esse distúrbio é m ais com um nos pacientes com contagens de células T CD 4+ < 200/|xL. A erupção papulosa p ru rig in o sa é u m a dos distú r bios p ru riginosos m ais com uns entre os pacientes H lV -positivos e evidencia-se p or várias pápulas na face, no tro n co e nas superfícies extensoras, que p odem m elh o rar com o TARV A foliculite pustulosa eosinofílica é um tipo raro de foliculite e n co n trad o com frequência m ais alta nos pacientes H lV -positivos. Esse d istú rb io evidencia-se p o r várias pápulas p e rifoliculares urticarifo rm es, que p o d em coalescer e fo rm ar lesões em placas. A biópsia da pele d em o n stra infiltrado eosinofílico do folículo piloso que, em determ in ad o s ca sos, foi associado à p resença de um ácaro. E m geral, os pacientes têm níveis séricos altos de IgE e p o d em m elh o rar com o tratam ento com anti-h elm ín tico s tópicos. P ru rid o é u m a queixa co m u m dos pacientes H lV -positivos e p ode causar p ru rig o nodular. A lguns re latos tam bém dem o n straram que esses pacientes desenvolvem um a form a m ais grave de escabiose norueguesa com lesões psoriasiform es hiperceratóticas. E m bora não sejam relatadas com frequências m ais altas, a pso ríase e a ictiose podem ser particu larm en te graves quando ocorrem nos pacientes H lV -positivos. A psoríase preexistente pode tornar-se gutata e m ais refratária ao tratam en to quando ocorre infecção pelo HIV. Dez a 20% dos pacientes H lV -positivos têm reativação do herpes-zóster. Essa síndrom e de reativação do vírus varicela-zóster indica um declínio m odesto da função im unológica e pçide ser o prim eiro indício da im unodeficiência clínica. Em um estudo, o herpes zóster desenvolveu-se em m édia 5 anos depois da infecção pelo HIV. Em um a coorte de pacientes H lV -positivos com zóster localizado, a taxa subsequente de progressão à A ids foi de 1% ao mês. Nesse estudo, a Aids era m ais provável q uando o episódio de zóster estava asso ciado a dor intensa, lesões cutâneas extensivas ou acom etim ento dos derm átom os cranianos ou cervicais. As m anifestações clínicas da reativação do vírus herpes dos pacientes H lV -positivos, em bora in diquem disfunção im une, não são tão graves quanto as observadas em outros distúrbios caracterizados p o r im unodeficiência. Desse m odo, em bora as lesões possam acom eter vários derm átom os, afetar a m edula espinal e/ou estar associadas à dissem inação cutânea evi dente, não existem relatos de dissem inação visceral. Ao contrário dos pacientes sem im unodeficiência coexistente conhecida, os pacientes H lV -positivos tendem a apresentar recidivas do zóster com taxa de recorrência de cerca de 20%. O tratam en to preferido é valaciclovir, aciclovir ou fanciclovir. O foscarnet pode ser útil aos pacientes com vírus resistentes ao aciclovir.
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
D urante a evolução da infecção pelo HIV, observa-se n e u tro penia em 50% dos pacientes. Na m aioria dos casos, a neutropenia é branda, m as pode ser grave e colocar os pacientes sob risco de de senvolver infecções bacterianas espontâneas. Isso é m ais com um nos pacientes com doença avançada grave pelo HIV e nos pacientes que fazem qualquer tipo de tratam ento potencialm ente mielossupressor. Q uando há neutropenia, podem ocorrer doenças não com um ente observadas nos pacientes H lV -positivos, inclusive aspergilose ou m ucorm icose. O fator estim ular das colônias de granulócitos (G-CSF) e o GM -CSF aum entam as contagens de neutrófilos dos p a cientes HlV-positivos, independentem ente da causa da neutropenia. As preocupações iniciais quanto à possibilidade de que esses fárm a cos tam bém aum entassem os níveis do H IV não foram confirm adas p or experiências clínicas controladas. A tro m b o c ito p e n ia po d e ser u m a conseq ü ên cia precoce da infecção pelo HIV. C erca de 3% dos pacientes com infecção pelo H IV não tratada e contagem de células T CD 4+ > 400/|xL apresen tam contagem de plaquetas < 150.000/jxL. E ntre os pacientes não tratados com contagem de células T CD 4+ < 400/ |xL, a incidência aum enta para 10%. Nos pacientes tratad o s com antirretrovirais, a trom bocitopenia está associada à hepatite C, à cirrose e à replicação viral persistentem ente alta. A trom bocitopenia raram ente é u m p ro blem a clínico grave nos pacientes infectados pelo H IV e, em geral, responde satisfatoriam ente ao TARV. C linicam ente, esse distúrbio assem elha-se à trom bocitopenia observada nos pacientes com p ú r p u ra tro m b o cito p ên ica idiopática (C ap. 115). F oram observados im unocom plexos contendo anticorpos an ti-g p l2 0 e anticorpos “anti-a n ti-g p l2 0 ” na circulação e nas superfícies das plaquetas dos p a cientes H lV-positivos. A lguns estudos tam bém m ostraram que esses pacientes têm um anticorpo antiplaquetário específico dirigido c o n tra um com ponente de 25 kD a da superfície das plaquetas. O utros dados sugerem que a trom bocitopenia dos pacientes H lV -positivos possa ser decorrente de um efeito direto do vírus nos m egacarióci tos. Seja qual for a causa, é evidente que a abordagem clínica m ais eficaz para esse problem a tem sido o uso do TARV. N os pacientes com contagens plaquetárias < 20.000/\xL, é a propriada um a ab o r dagem m ais agressiva que com bine a adm inistração de IglV e de Ig anti-R h a fim de obter um a resposta im ediata e m ais prolongada ao TARV. O rituxim abe foi usado com algum sucesso nos casos refratários. A esplenectom ia é um a opção raram ente necessária e é re servada aos pacientes refratários ao tratam e n to clínico. D evido ao risco de infecção grave p o r m icrorganism os encapsulados, todos os pacientes H lV -positivos que serão subm etidos à esplenectom ia devem ser im unizados com polissacarídio pneum ocócico. C onvém assinalar que, além de aum entar a contagem das plaquetas, a re m o ção do baço aum enta a contagem dos linfócitos do sangue periférico, tornando a contagem de células T C D 4+ um m arcador não confiável da com petência im une. Nesse contexto, o m édico deve basear-se na porcentagem de células T CD 4+ p ara to m a r decisões diagnosticas em relação à probabilidade de infecções opo rtu n istas. A p ercen ta gem de células T CD4+ de 15% eqüivale à contagem aproxim ada de 200/jjlL. Nos pacientes infectados recentem ente pelo HIV, a tro m b o citopenia tam bém foi descrita com o conseqüência da p ú rp u ra tro m bocitopênica trom bótica clássica (Cap. 115). Essa síndrom e clínica consiste em febre, trom bocitopenia, anem ia hem olítica e disfunções neurológica e renal e é um a com plicação rara da infecção recente pelo HIV. C om o em outros contextos, o tratam e n to apropriado é o uso de salicilatos e plasmaférese. O utras causas de trom bocitopenia são linfom a, m icobacterioses e infecções fúngicas. A incidência da doença trom boem bólica venosa, inclusive tro m bose venosa profunda ou em bolia pulm onar, é de cerca 4% ao ano entre os pacientes H lV -positivos. Esse índice é cerca de 10 vezes m aior que o aplicável à população pareada por idade. E ntre os fatores associados à trom bose clínica estão idade m aior que 45 anos, histó ria de infecção oportunista, contagens m ais baixas de células CD4+ e uso de estrogênio. As anorm alidades do sistem a da coagulação, inclusive níveis bai xos de atividade da proteína S, aum entos dos níveis do fator VIII, anticorpos anticardiolipina ou anticoagulante lúpico, foram relatadas
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Doenças Infecciosas 1558
Nos indivíduos H lV -positivos, a infecção pelo herpesvírus sim ples está associada às lesões orolabiais, genitais e perianais recorren tes, que fazem parte das síndrom es de reativação recidivante (Cap. 179). À m edida que a doença causada pelo H IV evolui e ocorre declí nio da contagem de células T CD4+, essas infecções tornam -se m ais com uns e graves. Em geral, as lesões têm coloração verm elho-vivo, são extrem am ente dolorosas e tendem a acom eter a parte superior da fenda glútea (Fig. 189.38). A infecção perirretal pelo HSV p ode estar associada à proctite e às fissuras anais. O HSV deve ser um dos p ri m eiros da lista do diagnóstico diferencial de qualquer paciente HIV-positivo com lesão perirretal dolorosa de difícil cicatrização. Além das úlceras m ucosas recidivantes, a infecção recorrente pelo HSV na form a de panarício herpético pode ser um problem a para os pacien tes H lV -positivos, m anifestando-se na form a de vesículas dolorosas ou erosões cutâneas extensivas. Nesses casos, o tratam ento preferido consiste em aciclovir ou fanciclovir. É interessante assinalar o fato de que m esm o a reativação subclínica do herpes sim ples pode estar as sociada aos aum entos dos níveis plasm áticos de RNA do HIV. E rupções cutâneas difusas causadas pelo molusco contagioso p o d em ser encontradas nos pacientes com infecção avançada pelo HIV. Essas lesões um bilicadas da cor da pele p o d e m ser tratad as com fárm acos tópicos e tendem a regredir com o TARV eficaz. De m o d o sem elhante, as lesões do condilom a acum inado p o d e m ser m ais graves e a p resen tar d istrib u ição m ais am pla nos pacientes com contagens baixas de células T C D 4+. O crem e de im iq u im o de pode ser eficaz em alguns casos. As infecções p o r m icobactérias atípicas p o d em apresentar-se com n ódulos cutâneos eritem atosos, assim com o as m icoses cutâneas e as infecções p o r Bartonella e Acantham oeba e o SK. A pele dos pacientes H lV -positivos frequentem ente é um órgão-alvo das reações farm acológicas (Cap. 55). E m bora a m aioria das reações cutâneas seja b ran d a e não seja necessariam ente indicação para a interrupção do tratam ento, os pacientes p o d em ter reações cutâneas particu larm en te grave, inclusive e ritro d erm ia, síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérm ica tóxica com o reação aos fárm acos, principalm ente os seguintes: sulfas, inibidores não nucleosídicos da transcriptase reversa, abacavir, am prenavir, darunavir, fosam prenavir e tipranavir. De m odo sem elhante, os pacientes HIV-positivos geralm ente têm fotossensibilidade acentuada e queim am -se facilm ente depois da exposição à luz solar ou com o efeito colate ral da radioterapia (Cap. 56). A infecção pelo H IV e seu tratam ento p odem ser acom panha dos de alterações estéticas da pele sem grande im portância clínica, mas que podem ser desagradáveis para os pacientes. O am arelam ento das unhas e o alisam ento dos cabelos, principalm ente dos pacientes afroam ericanos, foram atribuídos à infecção pelo HIV. O tratam ento com zidovudina está associado ao alongam ento dos cílios e ao desen volvim ento de pigm entação azulada das unhas, que tam bém é m ais com um nos pacientes afroam ericanos. O tratam ento com clofazim i na pode causar coloração am arelo-alaranjada da pele e da urina.
Doenças neurológicas As doenças clínicas do sistem a nervoso são responsáveis p o r um grau significativo de m orbidade em grande percentagem dos pacientes H lV -positivos (Q uadro 189.13). Os problem as neurológicos obser vados nos indivíduos infectados pelo H IV podem ser prim ários ao processo patogênico da infecção viral ou secundários às infecções oportunistas ou às neoplasias (ver anteriorm ente). E ntre as doenças oportunistas que acom etem m ais freqüentes o SNC estão a toxoplas m ose, a criptococose, a leucoencefalopatia m ultifocal progressiva e o linfom a prim ário do SNC. O utros problem as m enos com uns incluem infecções po r m icobactérias; sífilis; e infecção p o r CMV, HTLV-I, Trypanosoma cruzi ou Acanthamoeba. Em geral, as doenças secundárias do SNC ocorrem em cerca de um terço dos pacientes com Aids. Esses dados antecedem ao uso generalizado do TARV e esta frequência é expressivam ente m en o r nos pacientes que fazem tratam ento com antivirais. Os processos prim ários relacionados com a infecção do sistema nervoso pelo HIV são sem elhantes aos associa dos aos outros lentivírus, inclusive o vírus do sono de Visna-M aedi.
QUADRO 189.13
Doenças neurológicas dos pacientes
HlV-positivos Infecções oportunistas Toxoplasmose Criptococose Leucoencefalopatia multifocal progressiva Citomegalovírus Sífilis Mycobacterium tuberculosis Infecção por HTLV-I Neoplasias Linfoma primário do SNC Sarcoma de Kaposi Conseqüências da infecção pelo HIV-1 Meningite asséptica Distúrbios neurocognitivos associados ao HIV, inclusive encefalopatia do HlV/complexo demencial da Aids
Conseqüências da infecção pelo HIV (Continuação) Mielopatia Mielopatia vacuolar Ataxia sensorial pura Parestesia/disestesia Neuropatia periférica Polineuropatia desmielinizante inflamatória aguda (síndrome de Guillain-Barré) Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica (PDIC) Mononeurite múltipla Polineuropatia simétrica distai Miopatia
Os d istú rb io s n eu ro ló g ico s atribuíveis d iretam e n te ao H IV ocorrem durante toda a evolução da infecção e p odem ser de n ature za inflam atória, desm ielinizante ou degenerativa. O term o distúrbios neurocognitivos associados ao H IV (H A N D ) é usado para descrever u m espectro de transtornos, que incluem a disfunção neurocognitiva assintom ática (DNA), o distúrbio neurocognitivo brando (DNB) e a dem ência clinicam ente grave. A form a m ais grave - demência as sociada ao H IV (DAH), tam bém conhecida com o complexo dem en cial da A ids ou encefalopatia do H IV - é classificada com o doença que define Aids. A m aioria dos pacientes H lV -positivos apresenta algum problem a neurológico du ran te a evolução da doença. M esm o com o TARV supressor, cerca de 50% dos pacientes H lV -positivos têm disfunção neurocognitiva bran d a a m o d erad a quando são ava liados p o r testes neuropsiquiátricos sensíveis. C onform e foi assina lado na seção sobre patogenia, a lesão do SNC pode ser resultado direto da infecção viral dos m acrófagos ou das células gliais do SNC, ou pode ser secundária à liberação das neurotoxinas e das citocinas potencialm ente tóxicas com o IL -1(3, T N F -a , IL-6 e TGF-fü. A lguns autores d em onstraram que os indivíduos H lV -positivos com o ale lo E4 da apo E têm riscos m ais altos de desenvolver encefalopatia e neu ro p atia periférica associadas à A ids. Q uase todos os pacientes H lV -positivos têm algum grau de acom etim ento do sistem a nervoso pelo vírus. Isso se evidencia pelo fato de que o LCS é anorm al em cerca de 90% dos pacientes, m esm o d urante a fase assintom ática da infecção pelo HIV. As anorm alidades do LCS incluem pleocitose (50 a 65% dos pacientes), detecção do RNA viral (cerca de 75%), eleva ção da proteína do LCS (35%) e evidências de síntese intratecal dos anticorpos anti-H IV (90%). É im portante assinalar que as evidências de infecção do SNC pelo H IV não im plicam em com prom etim ento da função cognitiva. A função neurológica dos indivíduos H IV -positivos deve ser considerada norm al, a m enos que os sinais e sinto m as clínicos indiquem o contrário. A m eningite asséptica p o d e ser observada em q ualquer estágio da infecção pelo HIV, exceto nas fases m u ito avançadas. N a fase aguda da infecção p rim á ria, os p acientes p o d e m apresentar u m a sín d ro m e de cefaleia, fotofobia e m eningism o. R aram ente, po d e o correr encefalopatia aguda em virtu d e de encefalite. A disfunção dos nervos cranianos - prin cip alm en te do VII nervo craniano, m as tam bém do V e/ou V III nerv o s cran ian o s em alguns casos - pode ser evidenciada. As análises do LCS dem o n stram pleocitose linfocitária, níveis de pro teín a elevados e glicose norm al. Essa síndrom e, que não po d e ser diferenciada c linicam ente das ou tras m en in g i tes virais (Cap. 382), geralm ente regride espontaneam ente dentro de duas a q uatro sem anas; contudo, em alguns pacientes os sinais e sintom as p o d e m cronificar. A m en in g ite asséptica p ode o co rrer
QUADRO 189.14
esquecim ento acentuado, dificuldade de ler ou dificuldade crescente de realizar tarefas complexas. Inicialm ente, esses sinais e sintom as podem ser indistinguíveis das m anifestações clínicas da depressão circunstancial ou da fadiga. Ao c ontrário da dem ência “cortical” (p. ex., doença de A lzheim er), não é com um observar afasia, apraxia e agnosia, explicando porque alguns pesquisadores classificaram a en cefalopatia do HIV com o demência subcortical, que se caracteriza por déficits de m em ória de c urto prazo e distúrbios da função executiva (ver adiante). Além da dem ência, os pacientes com encefalopatia do H IV tam bém podem ter anorm alidades m otoras e com portam entais. Entre os problem as m otores, observam -se m archa instável, perda do equilíbrio, trem ores e dificuldade de efetuar m ovim entos alternados rápidos. Os pacientes com disfunção da m edula espinal podem ter aum entos do tono e dos reflexos tendíneos profundos. Os estágios tardios podem ser com plicados p or incontinências intestinal e/ou vesical. Os distúrbios com portam entais incluem apatia e falta de inicia tiva com progressão para um estado vegetativo em alguns casos. Al guns pacientes apresentam um estado de agitação ou m ania leve. Em geral, essas alterações ocorrem sem m udança significativa do nível de atenção. Isso contrasta com a sonolência observada nos pacientes com dem ências causadas p o r encefalopatias tóxicas ou m etabólicas. A dem ência associada ao H IV é a doença inicial que define a Aids de cerca de 3% dos pacientes infectados e, p o r conseguinte, apenas raram ente precede aos indícios clínicos de im unodeficiência. Cerca de 25% dos pacientes com Aids não tratada term inam desen volvendo encefalopatia clinicam ente significativa. Com o declínio da função im unológica, o risco e a gravidade da dem ência associada ao HIV aum entam . E studos de necropsia sugeriram que 80 a 90% dos pacientes com infecção pelo HIV apresentem evidências histológicas de com prom etim ento do SNC. Foram desenvolvidos diversos esque m as de classificação para o estadiam ento da encefalopatia do H IV e a Q u a d ro 189.14 descreve um sistem a de estadiam ento clínico com u m ente utilizado. A causa exata da dem ência associada ao H IV ainda não foi es clarecida, em bora se acredite que seja resultado de u m a com binação dos efeitos diretos do vírus n o SNC e da ativação im une associada. O H IV foi identificado nos cérebros dos pacientes com encefalopa tia pelo H IV p o r Southern blot, hibridização in situ, PCR e m icros copia eletrônica. Os p rincipais tip o s celulares que abrigam o vírus no SNC parecem ser as células gigantes m ultinucleadas, os m acró fagos e as células da m icróglia. H istologicam ente, as principais alte rações são observadas nas áreas subcorticais do cérebro e consistem em palidez e gliose, encefalite com células gigantes m ultinucleadas e m ielopatia vacuolar. M enos com um ente, ocorrem alterações espongiform es difusas ou focais n a substância branca. As áreas do cére bro envolvidas na m otricidade, na linguagem e no raciocínio são as mais gravem ente afetadas. Não existem critérios específicos para o diagnóstico da dem ên cia associada ao H IV e esta sín d ro m e deve ser diferenciada de al gum as outras doenças que afetam o SNC dos pacientes infectados
Estadiamento clínico da encefalopatia do HIV (complexo demencial da Aids) Definição
0 (normal)
Funções mentais e motoras normais
0,5 (duvidoso ou subclínico)
Sintomas ausentes, mínimos ou duvidosos sem comprometimento do trabalho ou da capacidade de realizar as atividades quotidianas, Sinais leves (reflexo labial, movimentos lentos dos membros ou dos olhos). A marcha e a força estão normais
1 (branda)
Capaz de realizar todas as formas de trabalho ou atividades quotidianas, exceto as mais difíceis, mas com evidências inequívocas (sinais e sintomas, incluindo o desempenho em testes psicológicos) de comprometimento funcional, intelectual ou motor. Pode andar sem auxílio
2 (moderada)
Capaz de realizar as atividades básicas de cuidados pessoais, mas não pode trabalhar ou realizar tarefas mais difíceis da vida diária Consegue andar, mas pode necessitar de uma bengala
3 (grave)
Disfunção intelectual (não pode acompanhar o noticiário ou eventos pessoais, não consegue manter uma conversação complexa, todas as respostas tornam-se significativamente lentas) ou motora (não pode andar sem auxílio, geralmente também com movimentos lentos e inábeis dos braços) grave.
4 (terminal)
Praticamente vegetativo. Compreensão e respostas sociais e intelectuais em nível rudimentar. Mutismo total ou quase total. Paraparesiaou paraplegia com incontinências urinária e fecal
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
em q ualquer etapa da infecção pelo HIV, m as é ra ra depois que o paciente desenvolve Aids. Esse fato sugere que as m anifestações clí nicas da m eningite asséptica no contexto da infecção pelo H IV seja um a doença m ediada im unologicam ente. O C. neoformans é o principal agente infeccioso da m eningite dos pacientes com Aids (Cap. 202). Essa é a doença inicial que define a Aids de cerca de 2% dos pacientes e, em geral, ocorre nos indivíduos com contagens de células T CD4+ < 100/|xL. A m eningite criptocócica é particularm ente com um nos pacientes africanos com Aids não tratad a (cerca de 5% dos casos). A m aioria dos pacientes apresen ta um quadro de m eningoencefalite subaguda com febre, náuseas, vôm itos, alteração do estado m ental, cefaleia e sinais m eníngeos. A incidência de convulsões e déficits neurológicos focais é baixa. O perfil do LCS pode ser norm al ou m o strar apenas elevações m o d e radas da contagem de leucócitos ou dos níveis de proteína e reduções m odestas da glicose. Em geral, a pressão de abertura do LCS está au m entada. Além da m eningite, os pacientes podem desenvolver criptococom as e disfunção dos nervos cranianos. C erca de um terço dos pacientes apresentam doença pulm onar. As m anifestações incom uns da infecção criptocócica incluem lesões cutâneas sem elhantes às do molusco contagioso, linfadenopatia, úlceras do palato e da língua, ar trite, gastrenterite, m iocardite e prostatite. A próstata pode funcionar com o reservatório da infecção criptocócica insidiosa. O diagnósti co da m eningite criptocócica é estabelecido pela identificação dos m icrorganism os no LCS por m eio do exam e com tinta nanquim ou pela detecção do antígeno criptocócico. Em geral, as hem oculturas são positivas para o fungo. Pode ser necessário efetuar um a biópsia para diagnosticar criptococom a do SNC. O tratam ento consiste em anfotericina B intravenosa na dose de 0,7 m g/kg/dia ou anfotericina lipossom al (4 a 6 m g/kg/dia) com flucitosina (25 m g/kg 4x/dia) po r no m ínim o duas sem anas, se possível até que a cultura do LCS nega tiva. Em seguida, o paciente deve ser tratado com fluconazol na dose de 400 m g/dia VO po r 8 sem anas e, a seguir, 400 m g/dia VO até que a contagem de células T CD4+ fique acim a de 200 células/ (jlL p or seis meses em resposta ao TARV Punções lom bares repetidas p odem ser necessárias p ara c o n tro la r a elevação da pressão in tra cra n ian a . O s sin to m as p o d e m recidivar com a instituição do TARV com o um a sín d ro m e de re constituição im une (ver an teriorm ente). Os outros fungos que p o dem causar m eningite nos pacientes H lV -positivos são C. im m itis e H. capsulatum. Tam bém existem relatos de m eningoencefalite po r Acantham oeba ou Naegleria. A demência associada ao H IV consiste n u m conjunto de sinais e sintom as secundários à doença do SNC. E m bora geralm ente seja um a com plicação tardia da infecção pelo H IV que p rogride len ta m ente durante meses, tam bém pode ser observada nos pacientes com contagem de células T CD4+ > 350/|xL. Um aspecto im portante desse distúrbio é o desenvolvim ento de dem ência, definida com o declínio da capacidade cognitiva a p a rtir de um nível prévio. Essa dem ência pode evidenciar-se p o r dim inuição da capaciadade de concentrar-se,
Fonte;Adaptado de JJ Sidtis, RW Price, Neurology 40:197,1990.
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pelo H IV (Q uadro 189.13). O diagnóstico de dem ência depende da dem onstração de um declínio da função cognitiva. Isso pode ser conseguido objetivam ente com a aplicação do m iniexam e do estado m ental (MEEM) aos pacientes cujos escores anteriores estão disp o níveis. Por essa razão, é aconselhável que to d o s os pacientes com diagnóstico de infecção pelo H IV façam u m M EEM inicial. E n tre tanto, pode não haver alterações dos escores do M EEM nos pacien tes com encefalopatia b ran d a causada pelo HIV. C om frequência, os exam es neurorradiológicos do SNC (RM ou TC) dem o n stram evidências de atrofia cerebral (Fig. 189.40). A RM tam b ém pode revelar pequenas áreas de sinal hiperintenso nas im agens em T2. A punção lom bar é um com ponente im portante da avaliação dos p a cientes H lV -positivos e anorm alidades neurológicas. Em geral, esse exam e é m ais útil para excluir ou c onfirm ar o diagnóstico das infec ções oportunistas. C om a encefalopatia do HIV, os pacientes podem ter alterações inespecíficas com o aum ento da contagem das células e dos níveis de proteína do LCS. E m bora o RNA do H IV possa ser detectado com um ente no LCS e o vírus possa ser cultivado a p artir deste m aterial, essas alterações não são específicas da encefalopatia do HIV. A parentem ente, não há correlação entre a presença do H IV no LCS e a ocorrência da encefalopatia do HIV. Foram observados níveis elevados de proteína quim iotáxica para m acrófagos (M CP-1), 3 2-m icroglobulina, n e opterina e ácido quinolínico (m etabólito do triptofano im plicado com o causa da lesão do SNC) no LCS dos p a cientes com encefalopatia do HIV. Essas anorm alidades sugerem que esses fatores, assim com o as citocinas inflam atórias, possam estar envolvidos na patogenia da síndrom e. O tratam ento antirretroviral com binado (TARV) produz efeitos benéficos nos pacientes com dem ência associada ao HIV. A lguns estudos d em onstraram m elhoras dos escores dos testes n e u ro p si quiátricos dos pacientes adultos e p ediátricos tratad o s com a n tir retrovirais. A m elhora rápida da função cognitiva observada com a instituição do TARV sugere que ao m enos algum com ponente desse problem a seja rapidam ente reversível, sugerindo tam bém a participa ção no m ínim o parcial dos m ediadores solúveis na patogenia. Além disso, é preciso assinalar que esses pacientes são m ais sensíveis aos efeitos colaterais dos fárm acos neurolépticos. O uso desses fárm a cos com o tratam ento sintom ático está associado a um risco m aior de efeitos colaterais extrapiram idais; p o r conseguinte, os pacientes com encefalopatia do H IV devem ser m onitorados cuidadosam en te enquanto estiverem utilizando esses fárm acos. M uitos m édicos
Doenças Infecciosas
percebem que a redução da prevalência dos casos graves de HAND em conseqüência do TARV aum entou a prevalência das form as mais brandas deste distúrbio. As convulsões p o d e m ser causadas p o r infecções o p o rtu n is tas, neoplasias ou encefalopatia do H IV (Q u a d ro 189.15). Com frequência, o lim iar convulsivo é m ais baixo que o n o rm al nos p a cientes com infecção avançada pelo HIV, devido à coexistência fre qüente de anorm alidades eletrolíticas. As convulsões o correm em 15 a 40% dos pacientes com toxoplasm ose cerebral, em 15 a 35% dos pacientes com linfom a prim ário do SNC, em 8% dos portadores de m eningite criptocócica e em 7 a 50% dos indivíduos com encefalo patia do HIV. As convulsões tam bém po d em ocorrer nos pacientes com tuberculose do SNC, m eningite asséptica e leucoencefalopatia m ultifocal progressiva. As convulsões p odem ser o prim eiro sin to m a clínico da doença causada pelo HIV. Em um estudo com 100 pacientes H lV -positivos que tiveram sua p rim eira crise convulsiva, as lesões cerebrais expansivas eram a causa m ais com um responsável p o r 32 dos 100 casos de convulsões de início recente. D entre esses 32 pacientes, 28 tin h am toxoplasm ose e 4 tin h am linfom a. A ence falopatia do H IV foi responsável p o r outros 24 casos de convulsões de início recente. A m eningite criptocócica foi o terceiro diagnóstico m ais com um e causou 13 dos 100 casos. Em 23 pacientes, não foi possível identificar q ualquer causa e é provável que estes casos re presentem um subgrupo da encefalopatia do HIV. D entre esses 23 casos, 16 (70%) tiveram duas ou m ais crises convulsivas, sugerindo que o tratam e n to anticonvulsivante esteja indicado para todos os pacientes H lV -positivos e convulsões, a m enos que seja detectada u m a causa p rontam ente reversível. E m bora a fenitoína ainda seja o tratam ento inicial preferido, as reações de hipersensibilidade a este fárm aco foram relatadas em m ais de 10% dos pacientes com Aids e, p or esta razão, o fenobarbital ou o ácido valproico deve ser conside rado com o alternativa. Em razão das diversas interações farm acoló gicas entre os anticonvulsivantes e os antirretrovirais, os níveis dos fárm acos devem ser cuidadosam ente m onitorados. Os pacientes H lV -positivos podem apresentar déficits neurológi cos focais p o r diversas causas. As causas m ais com uns são toxoplas m ose, leucoencefalopatia m ultifocal progressiva e linfom a do SNC. O utras etiologias incluem infecções criptocócicas (descritas antes; ver tam bém Cap. 202), acidente vascular encefálico e reativação da doença de Chagas. A toxoplasmose já foi um a das causas m ais com uns de infecção secundária do SNC dos pacientes com Aids; entretanto, sua incidên cia tem dim inuído com o uso do TARV. Essa infecção é m ais com um nos pacientes do C aribe e da França, onde a soroprevalência do T. gondii fica em torno de 50%. Nos EUA, esse índice fica mais próxim o de 15%. Em geral, a toxoplasm ose é um a com plicação tardia da infec ção pelo H IV e acom ete habitualm ente os pacientes com contagem de células CD4+ < 2 00/ | j i L . A toxoplasm ose cerebral parece ser cau sada pela reativação dos cistos teciduais latentes e é 10 vezes mais co m um nos pacientes com anticorpos contra o m icrorganism o que nos indivíduos soronegativos. Os pacientes com diagnóstico de infecção pelo H IV devem fazer um a triagem para anticorpos IgG anti-T. gon-
QUADR0189.15 HlV-positivos
Figura 189.40 Complexo demencial da Aids. Imagem da TC contrastada dos ventrículos laterais de um homem de 47 anos de idade com Aids, alteração do estado mental e demência. 0 terceiro ventrículo e os ventrículos laterais e os sulcos cerebrais estão anormalmente proeminentes. Também pode ser observada discreta hipodensidade da substância branca adjacente aos cornos frontais dos ventrículos laterais.
1560
Causas das convulsões dos pacientes
Doença
Contribuição global para a primeira convulsão (%)
Percentagem dos pacientes que tiveram convulsões (%) 7 a 50
Encefalopatia do HIV
24 a 47
Toxoplasmose cerebral
28
15 a 40
Meningite criptocócica
13
8
Linfoma primário do sistema nervoso central
4
15 a 30
Leucoencefalopatia multifocal progressiva
1
Fonte: De DM Holtzman et al.: Am J Med 87:173,1989.
dii por ocasião da sua avaliação inicial. Os indivíduos soronegativos devem ser orientados quanto aos m eios de reduzir o risco de infec ção prim ária, inclusive evitar o consum o de carne m al cozida e lavar cuidadosam ente as m ãos depois do contato com terra ou da lim peza da caixa de areia do gato. As m anifestações clínicas m ais com uns da toxoplasm ose cerebral dos pacientes H lV -positivos são a febre, ce faleia e déficits neurológicos focais. Os pacientes podem apresentar convulsão, hem iparesia ou afasia com o m anifestações desses déficits focais, ou dem onstrar um quadro m ais influenciado pelo edem a ce rebral associado e caracterizado p o r confusão, dem ência e letargia, que pode evoluir para o coma. Em geral, esse diagnóstico é conside rado com base nas anorm alidades da RM com o lesões m últiplas em vários locais, em bora em alguns casos possa ser detectada um a única lesão. Ao exame anatom opatológico, essas lesões geralm ente se evi denciam p or inflam ação e necrose central e, consequentem ente, p ro duzem halos de acentuação pelo contraste da RM (Fig. 189.41) ou, quando a RM não é exeqüível ou está contraindicada, na TC contras tada com dose dupla. Em geral, há evidências de edem a circundante. Além da toxoplasm ose, o diagnóstico diferencial das lesões expansi vas (solitárias ou m últiplas) intensificadas pelo contraste no paciente HlV-positivo inclui linfom a prim ário do SNC e, m enos com um ente, tuberculose ou abscessos fúngicos ou bacterianos. O procedim ento diagnóstico definitivo é biópsia cerebral. Entretanto, em vista da taxa de m orbidade que pode acom panhar esse procedim ento, a biópsia geralm ente é reservada aos pacientes que não responderam ao tra tam ento em pírico p or duas a quatro sem anas. Q uando o paciente é soronegativo para T. gondii, a probabilidade de que um a lesão expan siva seja causada p o r toxoplasm ose é < 10%. Nesse contexto, pode-se optar po r um a conduta m ais agressiva e realizar a biópsia cerebral num a fase m ais precoce. O tratam e n to convencional consiste em sulfadiazina e pirim etam ina com ácido folínico, se necessário, p or um p eríodo m ínim o de quatro a seis sem anas. Os esquem as tera pêuticos alternativos consistem em clindam icina com pirim etam ina; atovaquona com pirim etam ina; e azitrom icina com pirim etam ina e rifabutina. As recidivas são com uns e recom enda-se que os pacien tes com história pregressa de encefalite causada p o r toxoplasm ose façam tratam ento de m anutenção com sulfadiazina, p irim etam ina e ácido folínico enquanto as contagens de células T CD 4+ forem < 200 células/p.L. Os pacientes com contagem de células T CD4+ < 100/fxL e anticorpo IgG para toxoplasm ose devem fazer profilaxia prim ária. Felizm ente, o m esm o esquem a diário de um com prim ido de c o n centração dupla de SMX/TMP, utilizado com o profilaxia contra o P. jiroveci, proporciona proteção prim ária adequada contra a toxo plasm ose. A profilaxia secundária ou o tratam en to de m anutenção da toxoplasm ose pode ser interrom pido quando o paciente estiver
Figura 189.41
Toxoplasmose do sistema nervoso central. A imagem coronai da RM em T1 demonstra lesão periférica acentuada pelo contraste no lobo frontal esquerdo, associada a uma área nodular excêntrica de captação (sefa); este sinal do alvo excêntrico é típico da toxoplasmose.
usando TARc e aum entar as contagens de células T CD4+ a m ais de
200/|jlL p or seis meses. O vírus JC, poliom avírus hu m an o e agente etiológico da leuco encefalopatia multifocal progressiva (LEM P), constitui um patógeno oportunista im portante dos pacientes com Aids (Cap. 381). Em bora cerca de 80% da população adulta em geral tenham anticorpos contra o vírus JC, indicando infecção anterior, m enos de 10% dos adultos sadios têm algum a evidência de replicação viral. A LEMP é a única m anifestação clínica conhecida da infecção pelo vírus JC e é um a m a nifestação tardia da Aids em cerca de 4% dos pacientes aidéticos. As lesões da LEMP com eçam com o pequenos focos de desm ielinização da substância branca subcortical, que p o r fim coalescem. Os hem is férios cerebrais, o cerebelo e o tronco encefálico podem ser afetados. N os casos típicos, os pacientes apresentam evolução insidiosa com déficits neurológicos m ultifocais com ou sem alterações do estado m ental. A parentem ente 20% dos pacientes têm convulsões e pode h a ver ataxia, hem iparesia, déficits dos cam pos visuais, afasia e déficits sensoriais. Em casos raros, há cefaleia, febre, náusea e vôm itos e a ocorrência destes sinais e sintom as deve sugerir outro diagnóstico. Em geral, a RM revela várias lesões da substância branca sem acen tuação pelo contraste, que p odem coalescer e têm predileção pelos lobos occipital e parietal. As lesões dem onstram sinais hiperintensos nas im agens em T2 e sinais hipointensos nas im agens em T l. A de term inação dos níveis de DNA do vírus JC no LCS tem sensibilida de diagnostica de 76% e especificidade em torno de 100%. Antes da disponibilidade do TARV, a m aioria dos pacientes com LMP m orria d entro de três a seis m eses depois do início dos sintom as. O agra vam ento paradoxal da LEMP tem sido observado com a instituição do TARV com o um a síndrom e de reconstituição im une. Não existe tratam ento específico para a LEMP; entretanto, os pacientes que se tratam com TARV têm sobrevida édia de dois anos, em bora exis tam relatos de pacientes que sobreviveram p or m ais de 15 anos com LEMP. Apesar de p ro d u z ir im pacto significativo na sobrevivência, apenas cerca de 50% dos pacientes H lV -positivos com LEMP m e lhoram com o TARV. E studos com outros agentes antivirais com o o cidofovir não dem onstraram qualquer benefício evidente. Os fatores que influenciam o prognóstico favorável da LEMP na presença de infecção pelo H IV incluem contagem basal de células T CD4+ > 100/ (jlL e capacidade de m anter a carga viral do H IV abaixo de 500 cópias p o r m ililitro. A carga viral inicial do HIV-1 não tem valor preditivo independente em term os de sobrevida. A LEMP é um a das poucas infecções opo rtu n istas que con tin u am a o co rrer com algum a fre quência, apesar do uso generalizado do TARV. A reativação da tripanossomíase am ericana pode apresentar-se com o m eningoencefalite aguda com sinais neurológicos focais, febre, cefaleia, vôm itos e convulsões. A suspeita deve au m entar quando o paciente tam bém têm doença cardíaca com o arritm ias ou insufi ciência cardíaca. A presença de antico rp o s para T. cruzi reforça o diagnóstico. N a A m érica do Sul, a reativação da doença de Chagas é considerada um a doença definidora da Aids e pode ser o prim eiro distúrbio a defini-la. A m aioria dos casos ocorre^nos pacientes com contagens de células T CD 4+ < 200 células/pX. Radiograficam ente, as lesões evidenciam -se p o r u m a ou m ais áreas de hipodensidade, com acentuação periférica e edem a. Essas lesões são encontradas pre dom inantem ente nas áreas subcorticais e ls to as diferencia das lesões mais profundas da toxoplasm ose. As form as am astigotas do T. cruzi (ou tripanossom o) podem ser identificadas nas am ostras de biópsia ou do LCS. O utras anorm alidades do LCS incluem níveis elevados de proteína e pleocitose linfocítica leve (< 100 células/jxL). Os m i crorganism os tam bém p odem ser identificados no exam e direto do sangue. O tratam ento consiste em benznidazol (2,5 m g/kg 2x/dia) ou nifurtim ox* (2 m g/kg 4x/dia), d urante pelo m enos 60 dias, seguido do tratam ento de m anutenção que se estende p or toda a duração da im unodeficiência com u m destes fárm acos na dose de 5 m g/kg 3x/ sem ana. C om o tam bém ocorre com a toxoplasm ose cerebral, o su cesso do tratam ento com antivirais pode p erm itir a interrupção do tratam ento da doença de Chagas.
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N. de R. T.: Nifurtimox não está mais disponível no Brasil.
1561
Os pacientes HlV -positivos podem ter acidentes vasculares ence fálicos (AVE). Ao contrário das outras causas de déficits neurológicos focais dos pacientes infectados pelo HIV, os sinais e os sintom as de um acidente vascular encefálico com eçam repentinam ente. Os p a cientes HlV -positivos têm prevalência mais alta de m uitos fatores de risco clássicos associados aos AVE, inclusive tabagism o e diabetes. Além disso, a própria infecção pelo H IV parece aum entar a rigidez das artérias carótidas. Entre as doenças infecciosas secundárias que podem estar associadas aos acidentes vasculares encefálicos do p a ciente H lV -positivo destacam -se a vasculite devida à infecção cere bral pelo vírus varicela-zóster, a neurossífilis e a em bolia séptica asso ciada à infecção fúngica. O utros elem entos do diagnóstico diferencial do acidente vascular encefálico do paciente H lV -positivo são doença vascular cerebral aterosclerótica, p ú rp u ra trom bocitopênica tro m b ó tica e uso de cocaína ou anfetam ina. O linfom a prim ário do SNC está discutido adiante na seção so bre doenças neoplásicas. A doença da medula espinal (ou m ielopatia) é observada em cerca de 20% dos pacientes com Aids, frequentem ente com o parte do distúr bio neurocognitivo associado ao HIV. Na verdade, 90% dos pacientes com mielopatia associada ao HIV apresentam algum a evidência de de mência, sugerindo que processos patológicos sem elhantes possam ser responsáveis por estes dois distúrbios. Nos pacientes com Aids, podem ser observados três tipos principais de m ielopatia. O prim eiro tipo é um a mielopatia vacuolar, que já foi descrita antes. Sob o ponto de vis ta patológico, esse distúrbio assem elha-se à degeneração com binada subaguda da m edula espinal que ocorre, por exemplo, com a anem ia perniciosa. Embora possa ser observada nos pacientes com Aids como complicação prim ária da infecção pelo HIV, a deficiência de vitam ina B12 não parece ser responsável pela m ielopatia que acom ete a m aioria dos pacientes. A m ielopatia vacuolar caracteriza-se p or início subagudo e com um ente se evidencia por distúrbios da m archa, predom i nantem ente ataxia e espasticidade; a doença pode evoluir e incluir disfunções vesical e intestinal. As anorm alidades do exame físico con sistem em evidências de aum ento dos reflexos tendíneos profundos e respostas plantares extensoras. O segundo tipo de m ielopatia acomete os cornos dorsais e m anifesta-se como ataxia sensorial pura. O terceiro tipo tam bém é de natureza sensorial e ocorre com parestesias e dises tesias dos m em bros inferiores. Ao contrário dos distúrbios cognitivos observados nos pacientes com encefalopatia do HIV, essas síndrom es espinais não respondem satisfatoriam ente aos antirretrovirais e o tra tam ento inclui basicamente medidas de suporte. O utra doença im portante da m edula espinal que tam bém aco m ete os nervos periféricos é a mielopatia com polirradiculopatia, que está associada à infecção pelo C M V Em geral, essa doença ocorre nas fases tardias da infecção pelo H IV e tem início fulm inante com p a restesias dos m em bros inferiores e da região sacral, dificuldade de andar, arreflexia, déficit sensorial. A evolução clínica é rapidam ente progressiva ao longo de se m anas. O exame do LCS revela pleocitose predom inantem ente n e u trofílica e pode-se detectar o DNA do CM V p o r m eio da PCR do LCS. O tratam ento com ganciclovir ou foscarnet pode produzir rá pida m elhora e a instituição im ediata deste tratam ento é im portante para atenuar a grau da lesão neurológica irreversível. O tratam ento sim ultâneo com esses dois fárm acos devem ser considerado para os pacientes que já foram tratados para doença causada pelo CMV. O u tras doenças que acom etem a m edula espinal dos pacientes HIV -positivos são a m ielopatia associada ao HTLV-I (M A H ) (Cap. 188), a neurossífilis (Cap. 169), a infecção p or h erpes sim ples (Cap. 179) ou varicela-zóster (Cap. 180), a TB (Cap. 165) e o linfom a (Cap. 110). As neuropatias periféricas são com uns nos pacientes in fecta dos pelo HIV, ocorrem em todos os estágios da doença e assum em várias apresentações. No início da evolução da infecção pelo HIV, pode ocorrer um a polineuropatia desm ielinizante inflam atória agu da sem elhante à síndrom e de G uillain-B arré (Cap. 385). Em outros pacientes, observa-se um a n europatia inflam atória progressiva ou recidivante/rem itente sem elhante à p o lineuropatia desm ielinizante inflam atória crônica (PDIC). Em geral, os pacientes apresentam fra queza progressiva, arreflexia e alterações sensoriais m ínim as. O exa m e do LCS geralm ente revela pleocitose m ononuclear e a biópsia de
um nervo periférico dem onstra infiltrado perivascular sugestivo de etiologia autoim une. A lguns pacientes foram tratados experim ental m ente com plasmaférese ou Ig IV, m as o sucesso foi variável. Devido aos efeitos im unossupressores dos glicocorticoides, estes fárm acos devem ser reservados aos casos graves de PD IC refratária às outras m edidas. O u tra neuropatia periférica autoim une observada nos p a cientes com Aids é a m o n o n eu rite m últipla (Caps. 385 e 326) d e corrente da arterite necrosante dos nervos periféricos. A neuropatia periférica mais com um dos pacientes H lV -positivos é polineuropatia sensorial distai (PNSD), tam bém conhecida com o n europatia sen sorial dolorosa do H IV (N S-H IV ), neuropatia predom inantem ente sensorial ou neuropatia periférica sim étrica. Esse distúrbio pode ser um a conseqüência direta da infecção pelo HIV, ou um efeito colateral do tratam ento com didesdoxinucleosídio. Esse neuropatia é m ais co m um nos indivíduos m ais altos, nos pacientes idosos e nos pacientes com contagens de células CD4 m ais baixas. Dois terços dos pacientes com Aids podem ter algum indício de doença dos nervos periféricos nos exames eletrofisiológicos. Em geral, as prim eiras queixas consis tem em sensações de ardência dolorosa nos pés e nos m em bros infe riores. O exam e físico dem onstra déficits sensoriais com distribuição em meia nos testes de picada, tem peratura e sensibilidade táctil, bem com o supressão dos reflexos do tornozelo. As alterações m otores são brandas e geralm ente se lim itam a fraqueza dos m úsculos in trín se cos dos pés. A resposta dessa doença aos antirretrovirais tem sido variável, talvez porque estes fárm acos sejam a causa do problem a em alguns casos. Q uando a n e u ro p atia é causada pelo tratam ento com didessoxinucleosídios, o paciente com neu ro p atia periférica dos m em bros inferiores pode queixar-se de um a sensação com o se andasse sobre o gelo. O utros distúrbios que devem ser incluídos no diagnóstico diferencial da n europatia periférica são diabetes melito, deficiência de vitam ina B12 e efeitos colaterais do tratam ento com m etronidazol ou dapsona. Q uando a p olineuropatia sim étrica não m elhora com a in terrupção do tratam en to com didessoxinucleosí dios, o paciente deve ser tratado sintom aticam ente; a gabapentina, a carbam azepina, os antidepressivos tricíclicos ou os analgésicos p o dem ser eficazes no controle das parestesias. Os pacientes que ainda não iniciaram tratam ento podem m elhorar com o TARV A miopatia pode com plicar a evolução da infecção pelo H IV e as etiologias potenciais incluem a própria infecção, o uso de zidovudina e a síndrom e consum ptiva generalizada. A m iopatia associada ao HIV pode ter gravidade variável, desde u m a elevação assintom ática dos n í veis de creatinoquinase até um a síndrom e subaguda caracterizada por fraqueza m uscular proxim al e mialgias. Elevações m uito acentuadas da creatinoquinase podem ser detectadas nos pacientes assintom áti cos, principalm ente depois da realização de exercício físico. Contudo, o significado clínico dessa elevação com o achado laboratorial isolado ainda não foi estabelecido. Vários processos inflam atórios e não infla m atórios foram detectados nos pacientes com m iopatia mais grave, inclusive necrose m iofibrilar com células inflam atórias, corpúsculos cilíndricos de nem alina, corpúsculos citoplasm áticos e anorm alida des m itocondriais. A atrofia m uscular extrem a, geralm ente com dor muscular, pode ocorrer depois do tratam ento prolongado com zido vudina. Esse efeito colateral tóxico desse fárm aco é dose-dependente e está relacionado com sua capacidade de interferir com a função das polim erases m itocondriais. A atrofia regride depois da interrupção do tratam ento. As fibras verm elhas “esfarrapadas” são um a característica histológica da m iopatia causada pela zidovudina.
Doenças oftalmológicas As anorm alidades encontradas m ais com um ente no exame do fundo de olho são as m anchas algodonosas, ou seja, m anchas brancas duras que aparecem na superfície da retina e geralmente têm bordas irregu lares. Essas m anchas representam áreas de isquem ia retiniana secun dária à doença microvascular. Em alguns casos, essa anormalidade está associada a pequenas áreas de hem orragia e, por esta razão, pode ser difícil diferenciá-la da retinite causada pelo CMV. Contudo, ao contrá rio da retinite do CMV, as lesões algodonosas não estão associadas à perda visual e estabilizam ou m elhoram com o transcorrer do tempo. U m a das conseqüências m ais d evastadoras da infecção pelo H IV é a retinite po r CMV. Os pacientes de alto risco para retinite
Outras infecções disseminadas e síndrome consumptiva Nos pacientes H lV -positivos, as infecções p o r espécies Bartonella (Cap. 160), que são m icrorganism os G ram -negativos sem elhantes às riquétsias, ocorrem com mais frequência. E m bora os CD C não a considerem um a doença que define Aids, m uitos especialistas acre * N. de R. T.: Também não disponível no Brasil.
ditam que a infecção p o r Bartonella indique um distúrbio grave da im unidade celular. Em geral, isso ocorre nos pacientes com conta gens de células T CD4+ < 100/|xL e é um a causa significativa de febre inexplicável dos pacientes com infecção avançada pelo HIV. Entre as manifestações clínicas da infecção por Bartonella está a angiomatose bacilar, a doença da arranhadura de gato e a febre das trincheiras. Em geral, a angiomatose bacilar é causada pela infecção por B. henselae e está relacionada com a exposição aos gatos infestados por pulgas. Essa doença caracteriza-se p or proliferação vascular com várias lesões cutâneas, que podem ser confundidas com as lesões do SK. Ao contrá rio dessa últim a doença, as lesões da angiom atose bacilar geralmente são dolorosas e em palidecem sob pressão e ocorrem mais com um ente na vigência de sinais e sintom as sistêmicos. A infecção pode estender-se aos linfonodos, ao fígado (peliose hepática), ao baço, aos ossos, ao coração, ao SNC e aos tratos respiratório e Gl. A doença da arranha dura de gato tam bém é causada pela B. henselae e geralm ente começa com um a pápula no local da inoculação. Depois de algum as semanas, o paciente apresenta linfadenopatia regional e mal estar. A infecção pela B. quintana é transm itida pelos piolhos e foi associada aos casos relatados de febre das trincheiras, endocardite, linfadenopatia e an giom atose bacilar. Esse m icrorganism o é m uito difícil de cultivar e, em geral, o diagnóstico baseia-se na sua identificação nas am ostras de biópsia coradas p or W arthin-S tarry ou corantes semelhantes. A histoplasmose é um a infecção o portunista observada com mais frequência nos pacientes dos vales dos rios Mississipi e O hio (EUA), do Porto Rico, da República D om inicana e da A m érica do Sul. Todas essas são áreas nas quais a infecção p o r H. capsulatum é endêm ica (Cap. 199). Em v irtude dessa distribuição geográfica lim itada nos EUA, a percentagem de casos de Aids com histoplasm ose é de cer ca de 0,5%. Em geral, a histoplasm ose é um a m anifestação tardia da infecção pelo HIV; entretanto, pode ser a doença inicial que define a Aids. Em um estudo, a contagem m édia de células T CD4+ dos pacientes com histoplasm ose e Aids era de 33/|xL. Em bora a doença causada pelo H. capsulatum possa evidenciar-se p or infecção prim á ria do pulm ão, a doença dissem inada, presum ivelm ente devida à re ativação, é a apresentação m ais com um nos pacientes HlV-positivos. Em geral, os pacientes referem história de quatro a oito sem anas de febre e em agrecim ento. Cerca de 25% dos pacientes têm hepatosplenom egalia e linfadenopatia e 15% dos casos têm acom etim ento do SNC, seja m eningite ou um a lesão expansiva. O envolvim ento da m edula óssea é com um e os pacientes têm trom bocitopenia, n eutro penia e anem ia em 33% dos casos. Cerca de 7% dos pacientes apre sentam lesões m ucocutâneas evidenciadas p o r erupção m aculopapulosa e úlceras cutâneas ou da cavidade oral. Os sintom as respiratórios geralm ente são b randos e as radiografias do tórax dem onstram infil trado difuso ou vários nódulos pequenos em cerca de 50% dos casos. O diagnóstico é confirm ado pelo isolam ento do fungo em cultura de sangue, m edula óssea ou tecidos, ou pela detecção do seu antígeno no sangue ou na urina. Em geral, o tratam ento consiste em anfotericina B lipossom al seguida da m anutenção com itraconazol oral até que o nível sérico do antígeno do histoplasm a seja < 2 150 células/|xL. Depois da propagação da infecção do H IV para o Sudeste Asiá tico, a infecção dissem inada pelo fungo Penicillium marneffei foi re conhecida com o com plicação da infecção pelo HIV e é considerada um a doença que define Aids nas regiões do m undo em que ocorre. A infecção por P. marneffei é a terceira doença definidora de Aids mais com um na Tailândia, depois da TB e da criptococose. Essa infecção é diagnosticada com mais frequência na estação chuvosa que nos meses secos. As m anifestações clínicas são febre, linfadenopatia generaliza da, hepatosplenom egalia, anem ia, trom bocitopenia e lesões cutâneas papulosas com um bilicação central. O tratam ento é efetuado com an fotericina B seguida de itraconazol até que a contagem de células T CD4+ esteja acima de 100 células/(xL há no m ínim o seis meses. A leishmaniose visceral (C ap. 212) é d iagnosticada com fre quência crescente nos pacientes H lV -positivos que vivem em ou que viajam para áreas endêm icas desta infecção, que é causada por um protozoário e tran sm itid a p o r flebótom os. A apresentação clínica
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
por CM V (contagem de células T CD 4+ < 100/(jlL) devem fazer exa mes oftalm ológicos a cada três a seis meses. A m aioria dos casos de retinite p o r CM V ocorre nos pacientes com contagem de células T CD4+ < 5 0 /(xL. Antes da disponibilidade do TARV, essa síndrom e de reativação do CM V era observada em 25 a 30% dos pacientes com Aids. Em geral, a retinite p o r CM V evidencia-se p o r perda p ro gressiva e indolor da visão. Os pacientes tam bém podem queixar-se de turvação visual, “m anchas flutuantes” e cintilações. Em geral, a doença é bilateral, em bora com um ente afete m ais u m olho que outro. O diagnóstico é estabelecido em bases clínicas p or u m oftalm ologista experiente. O aspecto típico da retina é de hem orragia e exsudato perivasculares. Q uando há dúvida quanto ao diagnóstico em razão de um a apresentação atípica ou não há resposta esperada ao tratam ento, a obtenção de am ostras do h um or vítreo ou aquoso para a realização de exames diagnósticos m oleculares pode ser útil. A infecção da reti na pelo CM V acarreta um processo inflam atório necrótico e a perda visual resultante é irreversível. Em conseqüência da atrofia retiniana nas áreas de inflam ação pregressa, a retinite p o r C M V pode ser com plicada p or descolam ento regm atogênico da retina. O tratam ento da retinite p or CM V consiste em valganciclovir oral, ganciclovir IV ou foscarnet IV, reservando-se o cidofovir com o alternativa. Alguns es tudos dem onstraram que o tratam ento sim ultâneo com ganciclovir e foscarnet foi ligeiram ente mais eficaz que o uso isolado de um destes fárm acos nos pacientes que tiveram recidiva da retinite por C M V O ciclo de indução por três sem anas é seguido do tratam ento de m an u tenção com valganciclovir oral. Q uando a doença causada pelo CMV lim ita-se aos olhos, pode-se considerar um im plante intraocular que libera ganciclovir, injeções periódicas da preparação de ácido nuclei co antisense do fom iversen (não está m ais disponível nos EUA*) ou injeções intravítreas de ganciclovir ou foscarnet; alguns especialistas preferem com binar os im plantes intraoculares com o valganciclovir oral. Em geral, as injeções intravítreas do cidofovir são evitadas p o r que aum entam o risco de uveite e hipotonia. O tratam ento de m a nutenção deve ser m antido até que a contagem de células T CD4+ perm aneça acim a de 100 a 150/|xL po r m ais de seis meses. A m aioria dos pacientes H lV-positivos com citom egalovirose desenvolve algum grau de uveite quando com eça o tratam ento com TARV. A etiologia é desconhecida, m as alguns autores sugeriram que possa ser devida à produção de um a resposta im une exacerbada ao CM V na form a de um a SIRI (ver seções anteriores). O HSV e o vírus varicela-zóster p odem causar retinite n e cro sante bilateral rapidam ente progressiva, conhecida com o síndrome da necrose retiniana aguda ou necrose retiniana externa progressiva (NREP). Ao contrário da retinite causada pelo CMV, essa síndrom e está associada a dor, ceratite e irite e, em geral, ocorre sim ultanea m ente com a infecção orolabial por HSV ou o zóster do nervo tr i gêmeo. O exame oftalm ológico revela lesões periféricas cinza-claro dissem inadas. Essa doença com um ente é com plicada p o r descola m ento da retina. E im portante diagnosticar e tratar esse distúrbio com aciclovir IV tão logo seja possível para atenuar a perda da visão. Várias outras infecções secundárias podem causar problem as ocu lares nos pacientes HlV-positivos. O P. jiroveci pode causar lesão da coroide, que pode ser detectada com o achado casual ao exame oftal mológico. Em geral, essas lesões são bilaterais, ocupam a m etade do diâm etro do disco óptico e evidenciam -se por placas branco-am areladas ligeiram ente elevadas. Em geral, as lesões são assintom áticas e podem ser confundidas com as m anchas algodonosas. A coriorretinite causada pela toxoplasmose pode ocorrer isoladam ente ou, mais com u mente, associada ao acom etim ento do SNC. O SK pode afetar a pálpe bra ou a conjuntiva, enquanto o linfoma pode invadir a retina. A sífilis pode causar uveite, que frequentem ente está associada à neurossífilis.
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inclui hepatosplenom egalia, febre e anorm alidades hem atológicas. Pode haver linfadenopatia e outros sintom as constitucionais. Em dois terços dos pacientes coinfectados, observa-se evolução recidivante. Os m icrorganism os podem ser isolados nas culturas de aspirado da m edula óssea. As colorações histológicas podem ser negativas e os títulos de anticorpos têm pouca utilidade. Em geral, os pacientes H lV -positivos respondem inicialm ente de m odo satisfatório ao tra tam ento convencional com anfotericina B ou com postos antim oniais pentavalentes. Entretanto, a erradicação do m icrorganism o é difícil e as recidivas são comuns. Os pacientes H lV -positivos têm risco ligeiram ente m aior de d e senvolver m anifestações clínicas da m alária. Isso é p a rticu la rm e n te válido para os pacientes de áreas não endêm icas supostam ente com infecção prim ária e pacientes com contagem baixa de células T CD4+. Os indivíduos H lV -positivos com contagem de células T CD4+ < 300 células/(xL têm resposta m enos favorável ao tratam ento da m alária que os outros. A coinfecção p or m alária está associada a um aum ento m odesto da carga viral do HIV. O risco de m alária pode ser reduzido pela profilaxia com SMX/TMP. O em agrecim ento difuso é um a condição que define a Aids e consiste em em agrecim ento involuntário de m ais de 10% em p re sença de febre contínua e diarréia ou fadiga crônica há m ais de 30 dias, sem qualquer outra causa além da infecção pelo HIV. Antes do uso generalizado do TARV, essa era a condição inicial que definia a Aids de cerca de 10% dos pacientes am ericanos e era um a in d i cação para iniciar o TARV. O em agrecim ento difuso é observado raram ente hoje, em razão do uso m ais precoce dos antirretrovirais. Uma característica constante dessa síndrome consumptiva é a atrofia m uscular grave com degeneração variegada das fibras m usculares e evidências ocasionais de m iosite. Os glicocorticoides podem p ropor cionar algum benefício; todavia, esta conduta deve ser cuid ad o sa m ente avaliada em relação ao risco de com plicar a im unodeficiência da infecção pelo HIV. Os esteroides androgênicos, o h o rm ô n io do crescim ento e a nutrição parenteral total têm sido utilizados com o intervenções terapêuticas com sucesso variável.
Doenças neoplásicas
Doenças Infecciosas
As doenças neoplásicas que definem a A ids são sarcom a de Kaposi, linfom a não H odgkin e carcinom a invasivo da cérvice. Além disso, tam bém há incidência m ais alta de várias neoplasias que não defi nem Aids, inclusive doença de H odgkin; m ielom a m últiplo; leuce mia; m elanom a; e cânceres da cérvice, cérebro, testículo, cavidade oral, pulm ões, estômago, fígado, rins e ânus. Desde a introdução do TARV potente, houve reduções m arcantes da incidências do SK (Fig. 189.34) e do linfom a do SNC, de form a que as neoplasias m alignas que não definem Aids hoje são responsáveis p or m ais m orbidade e m ortalidade dos pacientes H lV -positivos que as neoplasias malignas que definem a Aids. As taxas de incidência do linfom a não H odgkin tam bém dim inuíram ; contudo, este declínio não foi tão acentuado quanto a redução das taxas de incidência do SK. Por outro lado, a TARV produziu pouco im pacto nas neoplasias associadas aos papilo m avírus hum anos (HPV). À m edida que os pacientes H lV -positivos vivem mais, aum enta a variedade de cânceres observados nesta p o pulação. Em bora alguns possam refletir apenas os fatores de risco co
nhecidos (p. ex., tabagism o, ingestão de álcool, coinfecção p or outros vírus com o o da hepatite B) que são m ais prevalentes na população H lV -positiva, alguns p o d em ser conseqüência direta do H IV e são certam ente m ais com uns nos pacientes com contagens de células T CD4+ m ais baixas. O sarcoma de Kaposi é um a neoplasia m ulticêntrica evidenciada p or vários nódulos que se form am na pele, nas m ucosas e nas vísce ras. A evolução clínica pode ser insidiosa com acom etim ento brando da pele ou dos linfonodos, ou fulm inante com lesões cutâneas e vis cerais extensivas. N o p eríodo inicial da epidem ia de Aids, o SK era um a m anifestação clínica proem inente dos prim eiros casos diagnos ticados e ocorria em 79% dos pacientes diagnosticados em 1981. O SK foi detectado em apenas 25% dos casos em 1989, em 9% dos casos diagnosticados em 1992 e em < 1% dos casos detectados em 1997. O HHV-8 ou o KSHV foi diretam ente im plicado com o cofator viral da patogenia do SK. Clinicam ente, o SK tem diversas apresentações e pode ser diag nosticado em qualquer estágio da infecção pelo HIV, m esm o qu an do a contagem de células T CD4+ está norm al. A lesão inicial pode ser um pequeno nódulo cutâneo elevado e roxo-averm elhado (Fig. 189.42), pigm entação da m ucosa oral (Fig. 189.35D) ou um linfono do aum entado. C om frequência, as lesões aparecem nas áreas expos tas ao sol, sobretudo na ponta do nariz, e tendem a ocorrer em áreas de traum atism o (fenôm eno de K oebner). E m v irtude da natureza vascular dos tum ores e da presença de eritrócitos extravasados nas lesões, suas cores variam de averm elhada a p ú rp u ra e m arrom e co m um ente adquirem o aspecto de um a equim ose com coloração am a relada e m anchada. O diâm etro das lesões varia de alguns m ilím etros a vários centím etros e as lesões po d em ser isoladas ou confluentes. Na m aioria dos casos, as lesões do SK apresentam -se com o m ácu las elevadas; contudo, tam bém podem ser papulosas, principalm ente nos pacientes com contagens de células T CD 4+ m ais altas. As lesões confluentes podem causar linfedem a circundante e são desfigurantes quando afetam a face e incapacitantes q uando envolvem os m em bros inferiores ou as superfícies articulares. A lém da pele, os linfonodos, o trato GI e os pulm ões são outros órgãos afetados com um ente pelo SK sistêmico. Existem relatos de lesões em quase todos os órgãos, inclusive coração e SNC. Ao c ontrário das outras neoplasias m alig nas, nas quais o acom etim ento dos linfonodos significa dissem ina ção m etastática e prognóstico desfavorável, a invasão dos linfonodos pode ocorrer nos estágios m uito iniciais do SK e não tem significado clínico especial. Na verdade, alguns pacientes podem ter doença li m itada aos linfonodos. Em geral, esses pacientes têm função im une relativam ente preservada e, p o r esta razão, têm prognóstico m ais fa vorável. O acom etim ento p ulm onar pelo SK geralm ente se evidencia p or dispnéia. Cerca de 80% dos pacientes com SK pulm onar tam bém têm lesões cutâneas. Nos casos típicos, as radiografias do tórax m os tram infiltrados bilaterais dos lobos inferiores, que obscurecem os li m ites do m ediastino e do diafragm a (Fig. 189.43). Cerca de 70% dos pacientes com SK pu lm o n ar têm derram es pleurais e este elem ento geralm ente facilita o diagnóstico diferencial. O envolvim ento do tra to GI ocorre em 50% dos pacientes com SK e, em geral, pode assum ir duas formas: (1) acom etim ento das m ucosas, que pode causar san gram entos graves; alguns destes pacientes tam bém têm sintom as de
III
n J^S L Figura 189.42 Sarcomas de Kaposi em três pacientes com Aids, demonstrando (A) edema e equimose periorbitários; (B) distribuição clássica das lesões do tronco; (Cj lesões do membro superior.
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Figura 189.43 Radiografia do tórax de um paciente com Aids e sarco ma de Kaposi pulmonar. As anormalidades típicas incluem infiltrados bilaterais densos nos lobos inferiores obscurecendo os limites do coração e derrame pleural.
obstrução Gl quando as lesões são volumosas; e (2) envolvim ento do trato biliar. As lesões do SK podem infiltrar a vesícula e as vias bilia res, acarretando um quadro clínico de icterícia obstrutiva sem elhan te ao causado pela colangite esclerosante. Existem vários sistem as de estadiam ento propostos para classificar o SK. Um dos sistem as usa dos com um ente foi desenvolvido pelo Aids Clinicai Trials G roup do N ational Institute of Allergy and Infectious Diseases e classifica os pacientes com base na extensão do tum or, na função im une e na exis tência ou inexistência de doença sistêm ica (Q u ad ro 189.16). O diagnóstico do SK baseia-se na biópsia de um a lesão suspeita. Ao exam e histológico, observam -se proliferação de células fusiformes e endoteliais, extravasam ento de eritrócitos, m acrófagos car regados de hem ossiderina e, nos casos iniciais, infiltrado de células inflam atórias. O diagnóstico diferencial inclui linfom a (particular m ente nos casos das lesões orais), angiom atose bacilar e infecções m icobacterianas cutâneas. O tratam ento do SK (Q u ad ro 189.17) deve ser efetuado com o auxílio de um especialista, visto que não existem diretrizes terapêu ticas definitivas. Na m aioria dos casos, o TARV facilita significativa m ente o controle das lesões. O tratam ento antirretroviral foi asso ciado à regressão espontânea das lesões do SK. Paradoxalm ente, esse tratam ento tam bém foi associado ao desenvolvim ento inicial do SK com o um tipo de SIRI. Para os pacientes cujos tum ores persistem ou nos quais não é possível controlar a replicação do QUADRO 189.16 Sistema de estadiamento TIS para sarcoma de Kaposi, desenvolvido HIV, há diversas opções. Em alguns ca pelo Aids Clinicai Trial Group do National Institute of Allergy and Infectious Diseases sos, as lesões perm anecem praticam ente Risco razoável (estágio 0): Risco inaceitável (estágio 1): indolentes e m uitos destes pacientes não Parâmetro todos os seguintes todos os seguintes precisam fazer tratam e n to específico. Tumor (T) Confinado à pele e/ou linfonodos e/ Edema ou ulceração associados ao tumor M enos de 10% dos pacientes com Aids ou doença oral mínima e SK m o rrem em conseqüência dessa Lesões orais extensas neoplasia m aligna e os óbitos atribuídos Lesões Gl às infecções secundárias são significa Lesões viscerais extraiinfáticas tivam ente m ais com uns. Desse m odo, Sistema imune (I) Contagem de células CD4+ > Contagem de células CD4+ < 2 0 0 /p l sem pre que possível, deve-se evitar es 200/|xL quem as terapêuticos que suprim am a in Sem sintomas Ba Doença sistêmica (S) Sintomas Ba presentes da m ais o sistem a im une e aum entem a Desempenho no teste de Karnofsky Desempenho no teste de Karnofsky < 70 suscetibilidade às infecções oportunistas. > 7 0 O tratam ento está indicado em duas cir História de infecção oportunista, doença Sem história de infecção cunstâncias principais. A prim eira delas neurológica, linfoma ou candidíase oral oportunista, doença neurológica, é quando um a lesão solitária ou um n ú linfoma ou candidíase oral m ero lim itado de lesões causa desconfor to significativo ou problem as estéticos, com o lesões faciais proem inentes, lesões
Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
sobre um a articulação ou lesões orofaríngeas que interfiram com a deglutição ou a respiração. Nessas situações, pode ser útil tratar o paciente com irradiação localizada, vim blastina intralesional, ácido 9-ds-retinoico tópico ou crioterapia. É im portante assinalar que os pacientes H lV -positivos são particularm ente sensíveis aos efeitos co laterais da radioterapia. Isso é particularm ente válido para a m ucosite induzida pela radiação; as doses de radiação aplicadas nas m ucosas (principalm ente na região da cabeça e do pescoço) devem ser ajus tadas proporcionalm ente. O tratam e n to sistêm ico com IF N -a ou quim ioterapia deve ser considerado para os pacientes com grandes quantidades de lesões, ou os indivíduos com envolvim ento visceral. Isoladam ente, o determ inante m ais im portante da resposta ao trata m ento parece ser a contagem de células T CD4+. Essa relação entre o índice de resposta e a contagem basal de células T CD 4+ é p a rti cularm ente aplicável ao IF N -a. O índice de resposta dos pacientes com contagens de células T CD4+ > 600/| jlL é de cerca de 80%, mais dim inui a m enos de 10% nos pacientes com contagens < 150/|xL. Ao contrário dos outros tratam entos sistêm icos, o IF N -a confere a vantagem adicional de p ro d u z ir atividade antirretroviral; p o r esta razão, esta pode ser a p rim eira opção apropriada ao tratam ento sis têm ico com um único fárm aco para os pacientes com doença disse m inada em estágio inicial. A lguns estudos tam bém dem onstraram que vários agentes quim ioterápicos têm atividade no SK. Três deles (daunorrubicina lipossom al, doxorrubicina lipossom al e paclitaxel) foram aprovados pelo FDA com essa indicação. A d a u norrubicina lipossom al foi aprovada com o prim eira opção de tratam ento para os pacientes com SK avançado e causa m enos efeitos colaterais que a quim ioterapia convencional. Por outro lado, a doxorrubicina liposso m al e o paclitaxel foram aprovados apenas para os pacientes que não responderam à quim ioterapia convencional. Os índices de resposta variam de 23 a 88%, parecem ser com paráveis aos conseguidos antes com os esquem as de poliquim ioterapia e são influenciados significa tivam ente pela contagem de células T CD4+. Os linfomas são mais freqüentes nos pacientes com im unodefici ências de células T congênitas ou adquiridas (Cap. 316). A Aids não é um a exceção; no m ínim o 6% dos pacientes com Aids desenvolvem lin foma em algum fase da evolução da sua doença. Isso representa um a incidência 120 vezes maior, quando com parada com a população em geral. Em comparação com o SK, o linfom a prim ário do SNC e a m aio ria das infecções oportunistas, a incidência dos linfom as sistêmicos associados à Aids não teve redução tão expressiva em conseqüência do uso generalizado do TARV eficaz. O linfom a ocorre em todos os grupos de risco, mas a incidência é m aior entre os pacientes hemofíli cos e m enor entre os pacientes do Caribe ou da África que adquiriram a infecção por relações heterossexuais. O linfom a é um a manifestação tardia da infecção pelo HIV e, em geral, ocorre nos pacientes com con tagens de células T CD4+ < 200/|xL. A m edida que a doença causada
3Definidos como febre inexplicável, sudorese noturna, perda involuntária de > 10% do peso corporal ou diarréia persistente por mais de duas semanas.
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QUADR0189.17 àAids
Tratamento do sarcoma de Kaposi associado
Observação e otimização do tratamento antirretroviral Lesões únicas ou em número limitado Irradiação Vimblastina intralesional Crioterapia Doença disseminada Tratamento inicial Interferon-a (se a contagem de células CD4+ for > 150/jxL) Daunorrubicina lipossomal Tratamento subsequente Daunorrubicina lipossomal Paclitaxel Poliquimioterapia com doses baixas de daunorrubicina, bleomicina e vimblastina (ABV) Radioterapia dirigida
Doenças Infecciosas 1566
pelo HIV progride, o risco de desenvolver linfom a aum enta. O índice de acom etim ento do linfom a aum enta exponencialm ente com a am pliação da duração da infecção pelo HIV e a depressão da função im u ne. D entro de três anos depois do diagnóstico da infecção pelo HIV, o risco de desenvolver linfom a é de 0,8% ao ano; oito anos depois da infecção, este risco aum enta para 2,6% ao ano. À m edida que os p a cientes HlV-positivos vivem mais tem po em conseqüência do TARV mais eficaz e do controle e da profilaxia m ais efetivos das infecções oportunistas, espera-se que a incidência dos linfom as aumente. Os pacientes H lV -positivos desenvolvem três tipos principais de linfoma: linfom a im unoblástico do grau III ou IV, linfom a de Burkitt e linfom a prim ário do SNC. Cerca de 90% desses linfom as têm o fe nótipo de células B e m ais de a m etade contém DNA do EBV. Alguns linfom as estão associados ao KSHV Esses tum ores podem ser m o noclonais ou oligoclonais e, de algum a form a, provavelm ente estão relacionados com a ativação policlonal intensa das células B dos p a cientes com Aids. Os linfomas imunoblásticos são responsáveis p or cerca de 60% dos linfomas dos pacientes com Aids. A m aioria consiste em linfom as d i fusos de células B grandes (LDCBG). Em geral, esses tum ores são de grau avançado e poderiam ser classificados com linfom as histiocíticos difusos com base nos esquem as m ais antigos de classificação. Esse tipo de linfom a é m ais com um nos pacientes idosos e sua incidência aum enta de 0% entre indivíduos H lV -positivos com m enos de 1 ano de idade para mais de 3% dos pacientes H lV -positivos com m ais de 50 anos. Duas variantes do linfom a im unoblástico, que são diagnos ticadas principalm ente nos pacientes H lV -positivos, são o linfom a prim ário com derram e (LPD) e sua variante sólida, o linfom a plasm ocítico da cavidade oral. O LPD, tam bém conhecido com o linfom a das cavidades corporais, evidencia-se por derram es pleurais, pericárdicos e/ou peritoniais sem massas linfáticas ou extralinfáticas significativas. As células desse tu m o r não expressam m arcadores de superfície das células B ou T e parecem representar um estágio pré-plasm ocitário da diferenciação. Em bora as seqüências de DNA do HH V-8 e do VEB te nham sido detectadas nos genomas das células m alignas dos pacientes com linfom a das cavidades corporais, o KSHV parece ser o principal responsável pela oncogênese (ver parágrafos anteriores). O linfoma de células pequenas não clivadas (linfoma de Burkitt) é responsável p or cerca de 20% dos linfom as dos pacientes com Aids e é m ais com um na faixa etária de 10 a 19 anos e, em geral, apresenta translocações típicas do gene c-myc entre os crom ossom os 8 e 14 ou 22. O linfom a de Burkitt não é com um em outros estados de im u nodeficiência além da infecção pelo H IV e a incidência deste tum or específico é mais de 1000 vezes m aior nos indivíduos H lV -positivos que na população em geral. Ao contrário do linfom a de B urkitt afri cano, no qual 97% dos casos têm o genom a do EBV, apenas 50% dos linfom as de Burkitt associados à infecção pelo H IV são positivos para este vírus.
O linfoma prim ário do SNC representa cerca de 20% dos linfom as dos pacientes H lV-positivos. Ao contrário do linfom a de Burkitt as sociado ao HIV, os linfom as p rim ários do SNC geralm ente são p ositi vos para o EBV. Em um estudo, a incidência do vírus de Epstein-Barr era de 100%. Essa neoplasia m aligna não tem predileção por qual quer faixa etária. A contagem m édia de células T CD4+ p or ocasião do diagnóstico é de cerca de 50/|xL. Por conseguinte, o linfom a do SNC geralm ente se apresenta em um estágio m ais avançado da infec ção pelo H IV que o linfom a sistêmico. Esse fato explica, ao m enos em parte, o prognóstico m ais desfavorável desse subgrupo de pacientes. A apresentação clínica dos linfom as dos pacientes HlV -positivos é m uito variada, desde convulsões focais até lesões expansivas de crescim ento rápido na m ucosa oral (Fig. 189.44) ou febre persisten te e inexplicada. No m ínim o 80% dos pacientes apresentam doença extralinfática e um a percentagem sem elhante tem sintom as do tipo B, com o febre, sudorese n o tu rn a ou p erda de peso. Q uase todas as estruturas do corpo po d em ser afetadas. A localização extralinfática mais com um é o SNC, que é afetado em cerca de um terço de todos os pacientes com linfom a. Cerca de 60% desses casos são de linfom as prim ários do SNC. Em geral, o linfom a prim ário do SNC evidencia-se p o r déficits neurológicos focais, inclusive anorm alidades dos ner vos cranianos, cefaleia e/ou convulsões. A TC ou a RM geralm ente dem onstra pequeno nú m ero (um a a três) de lesões com 3 a 5 cm (Fig. 189.45). As lesões geralm ente têm halos de intensificação d e pois da adm inistração do contraste e podem ser localizadas em qual quer estruturada. Em geral, a intensificação pelo contraste é m enos acentuada que a observada com a toxoplasm ose. As áreas afetadas m ais com um ente pelo linfom a do SNC são as estruturas profundas da substância branca. As p rincipais doenças incluídas no diagnóstico diferencial são toxoplasm ose e doença de Chagas cerebrais. Em bora 20% dos linfom as do SNC dos pacientes H lV -positivos sejam p rim á rios, a doença neurológica tam bém pode ocorrer nos pacientes HIV-positivos com linfom as sistêmicos. Cerca de 20% dos pacientes com linfom as sistêm icos têm acom etim ento do SNC na form a de envolvi m ento das leptom eninges. Esse fato ressalta a im portância da punção lom bar p ara o estadiam ento dos pacientes com linfom a sistêmico. O linfom a sistêm ico é diagnosticado em estágios m ais iniciais da infecção pelo H IV que o linfom a p rim ário do SNC. Em um estudo, a contagem m édia de células T CD4+ era de 189/jxL. Além do com pro m etim ento dos linfonodos, o linfom a sistêm ico com um ente envolve o trato GI, a m edula óssea, o fígado e os pulm ões. A invasão do trato GI é observado em cerca de 25% dos pacientes. Q ualquer estrutura do trato GI pode ser acom etida e os pacientes podem queixar-se de disfagia ou d or abdom inal. Em geral, o diagnóstico é considerado com base na TC ou na RM do abdom e. A invasão da m edula óssea ocorre em cerca de 20% dos pacientes e pode causar pancitopenia. O acom etim ento do fígado ou dos pulm ões ocorre em 10% dos pacien tes. A doença pu lm o n ar pode apresentar-se com o lesão expansiva, m últiplos nódulos m últiplos ou infiltrado intersticial.
Figura 189.44 Aids.
Linfom a im un oblástico do palato duro de um paciente com
Figura 189.45 Linfoma do sistema nervoso central. Imagem de RM con trastada em T1 de um paciente com Aids, alterações do estado mental e hemipa resia. A imagem demonstra várias lesões intensificadas pelo contraste, algumas com captação periférica. A lesão da fissura sylviana esquerda demonstra intensi ficação das circunvoluções e da área subcortical, enquanto as lesões do caudado e do esplênio [pontas de setas) apresentam intensificação nas superfícies ependimárias adjacentes.
LINF0CIT0PENIA IDIOPÁTICA DE CÉLULAS T CD4+ Em 1992, alguns autores descreveram um a síndrom e que se carac terizava p or contagem absoluta de células T CD4+ < 300/fxL ou < 20% de células T totais em no m ín im o duas ocasiões separadas por um intervalo m ínim o de seis sem anas; pela negatividade para HIV-1, HIV-2, HTLV-I ou HTLV-II; e pela ausência de qualquer im unodefi ciência definida ou de tratam ento associado à redução das contagens de células T CD4+. Até m eados de 1993, foram descritos cerca de 100 pacientes. D epois da realização de pesquisas extensivas envolvendo vários centros, alguns autores publicaram um a série de relatos no início de 1993 que, em seu conjunto, perm itiram a form ulação de al gum as conclusões. A linfocitopenia idiopática (LCI) de células CD4+ é um a síndrom e m uito rara, conform e determ inado p o r estudos de doadores de sangue e de coortes de hom ens hom ossexuais soronega tivos para HIV. Os casos foram detectados inequivocam ente a p artir dos prim eiros meses de 1983 e tin h am m anifestações clínicas m uito sem elhantes às da LCI identificada décadas antes. A definição da LCI baseada nas contagens de células T CD4+ coincidiu com a disponibi lidade im ediata dos testes para linfócitos T C D 4 + dos pacientes com suposta im unodeficiência. Em conseqüência da im unodeficiência, em bora alguns pacientes com LCI desenvolvam algum as doenças oportunistas (principalm ente criptococose, m icobacterioses atípicas e displasia cervical) detectadas nos pacientes H lV-positivos, essa sín drom e é demográfica, clínica e im unologicam ente diferente da infec ção pelo H IV e da Aids. M enos de a m etade dos casos notificados de LCI tinha fatores de risco para infecção pelo H IV e as distribuições geográfica e etária eram amplas. O fato de que um a percentagem sig nificativa dos pacientes tivesse fatores de risco provavelm ente reflete um viés de seleção, porque os m édicos que cuidam de pacientes HIV-positivos têm mais tendência a m onitorar as células T CD4+. Cerca de m etade dos pacientes é do sexo fem inino, em com paração com cerca de um terço dos pacientes am ericanos H lV -positivos. M ui tos pacientes com LCI perm aneceram clinicam ente estáveis e suas condições não deterioram progressivam ente, com o se observa co-
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Doenças Causadas por Vírus da Imunodeficiência...
Na tentativa de tratar os linfom as associados à infecção pelo HIV, foram utilizadas abordagens convencionais e não convencionais. Em geral, o linfom a sistêm ico é tratado pelo oncologista com p oliqui m ioterapia. Os índices inicialm ente desanim adores foram substi tuídos p or resultados m ais anim adores do tratam ento dos linfom as sistêmicos com a disponibilidade do TARV m ais eficaz e a utilização do rituxim abe para tratar os tum ores CD20+. E m bora haja co n tro vérsia quanto à utilização dos antirretrovirais du ran te a quim io te rapia, não restam dúvidas de que sua utilização generalizada pelos pacientes com linfom a associado ao H IV prolongou sua sobrevida. Assim com o ocorre na m aioria dos pacientes com doença causada pelo HIV, os indivíduos com contagens de células T CD4+ m ais al tas tendem a evoluir m ais favoravelm ente. E studos d em onstraram índices de resposta de até 72% com sobrevida m édia de 33 m eses e intervalos de até 9 meses sem a doença. O tratam ento do linfom a p ri m ário do SNC ainda é m uito difícil. O tratam ento é com plicado pelo fato de que essa doença geralm ente ocorre nos pacientes com doença avançada causada pelo HIV. As m edidas paliativas com o radioterapia proporcionam algum alívio. O prognóstico desse grupo ainda é des favorável, com índice de sobrevivência de 29% em dois anos. A doença de Castleman multicêntrica é um distúrbio linfoproliferativo associado ao HH V-8, que se observa com m aior frequência nos pacientes H lV-positivos. Em bora não seja um a doença m aligna propriam ente dita, existem m uitas aspectos em com um com os lin fomas, inclusive linfadenopatia generalizada, hepatosplenom egalia e sinais e sintom as sistêm icos com o febre, fadiga e em agrecim ento. Cerca de 50% dos pacientes podem ter queixas pulm onares. O SK está presente em 75 a 82% dos casos. As biópsias dos linfonodos revelam p redom ínio de plasm ócitos interfoliculares e/ou centros germ inativos com vascularização e padrão de “casca de cebola” (vas cular hialino). Antes da disponibilidade do TARV, os pacientes HIV-positivos com doença de C astlem an m ulticêntrica tin h am risco 15 vezes m aior de desenvolver linfom a não H odgkin, em com paração com os pacientes H lV -positivos em geral. O tratam ento geralm ente inclui quim ioterapia. Relatos inform ais de sucesso com o rituxim ab sugerem que o tratam ento mais específico possa ser bem -sucedido, em bora em u m estudo o tratam ento com rituxim ab tenha causado agravam ento do SK coexistente. Antes da disponibilidade do TARV, a sobrevida m édia dos pacientes com doença de C astlem an m ulticên trica era de 14 meses, m as aum ento para m ais de 90% de sobrevida em dois anos com a introdução do TARV.
Os indícios de infecção pelos papilom avírus hum anos (H PV ), associada à displasia intraepitelial da cérvice ou do ânus, são cerca de duas vezes m ais com uns nos indivíduos H lV -positivos que na p o p u lação em geral e esta infecção pode causar neoplasia intraepitelial e, p o r fim, câncer invasivo. Em um a série de estudos, os hom ens HIV-positivos foram exam inados em busca de indícios de displasia anal e os esfregaços de Papanicolaou (Pap) foram considerados anorm ais em 20 a 80% dos casos. Essas alterações tendem a persistir e, em ge ral, não são afetadas pelo TARV, sugerindo a possibilidade de transi ção subsequente para um distúrbio m ais m aligno. E m bora a incidên cia dos resultados anorm ais do esfregaço de Pap da cérvice seja de cerca de 5% das m ulheres saudáveis sob outros aspectos, a incidência dos esfregaços cervicais anorm ais das m ulheres H lV -positivas varia de 30 a 60%; deste m odo, o câncer cervical invasivo está incluído en tre as doenças que definem a Aids. E ntretanto, até hoje, o aum ento da incidência do câncer da cérvice ou do ânus em conseqüência da infecção pelo H IV foi pequeno. C ontudo, em vista do índice elevado de displasias, os exam es ginecológico e retal detalhados (inclusive esfregaço de Pap) estão indicados du ran te a avaliação inicial e seis meses depois para todos os pacientes H lV -positivos. Q uando esses exames são negativos nessas duas ocasiões, o paciente deve ser acom panhado com reavaliações anuais. Q uando o esfregaço de Pap inicial ou subsequente apresenta evidências de inflam ação grave com altera ções escam osas reativas, o próxim o exam e deve ser realizado dentro de três meses. Nessa ocasião, se o esfregaço de Pap m ostrar indícios de lesões intraepiteliais escam osas, o exam e colposcópico com bióp sia (se necessária) deve ser realizado. O índice de sobrevivência em dois anos das m ulheres H lV -positivas com câncer cervical invasivo é de 64%, em com paração com 79% das pacientes HlV-negativas. Os genótipos m ais com uns do H PV na população geral e os genótipos incluídos nas vacinas m odernas são baseados nos tipos 16 e 18. Isso não se aplica à população H lV -positiva, na qual predom inam outros genótipos (inclusive tipos 56 e 53). Isso coloca em dúvida a eficácia potencial das vacinas atuais para H PV nas pacientes HlV-positivas.
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m um ente nos pacientes H lV -positivos com im unossupressão grave. Cerca de 15% dos pacientes com LCI têm norm alização espontânea da linfocitopenia de células T CD4+. As anorm alidades im unológicas da LCI são um pouco diferentes das encontradas na infecção pelo HIV. Em geral, os pacientes com LCI têm aum entos da ativação das células T CD4+ com reduções das células T CD8+ e das células B. Além disso, os níveis das im unoglobulinas são norm ais ou, m ais co m um ente, estão reduzidos nos pacientes com LCI, ao contrário da hipergam aglobulinem ia detectada com um ente nos pacientes HIV-positivos. Os estudos virológicos desses pacientes não encontraram evidências de infecção p o r HIV-1, HIV-2, HTLV-I ou HTLV-II, ou de qualquer outro vírus com tropism o pelas células m ononucleares. Além disso, não existem evidências epidem iológicas sugestivas de que houvesse um agente m icrobiano transm issível. O s casos de LCI estavam am plam ente dispersos, sem qualquer indício de incidência m ais alta em determ inados locais. Os contatos íntim os e os parceiros sexuais estudados estavam em boas condições clínicas e eram sorológica, im unológica e virologicam ente negativos para HIV. A LCI é um a síndrom e heterogênea e é extrem am ente provável que não tenha a m esm a etiologia; contudo, em alguns subgrupos de pacientes, pode haver etiologias com uns ainda indefinidas. Os pacientes que apresentam indícios laboratoriais com patíveis com LCI devem ser avaliados em busca de doenças que possam cau sar a im unodeficiência. Se não for detectada qualquer causa coexistente, nenhum tratam ento específico deverá ser iniciado. C ontudo, quando ocorrem doenças oportunistas, elas devem ser tratadas ade quadam ente (ver seções anteriores). D ependendo da contagem de células T CD4+, os pacientes devem fazer profilaxia para as infecções oportunistas encontradas com um ente.
TRATAMENTO
Doenças Infecciosas 1568
Aids e distúrbios relacionados
PRINCÍPIOS GERAIS DO TRATAMENTO DO PACIENTE As diretrizes dos C D C recom endam que o teste para infecção pelo H IV faça parte da assistência m édica de rotina. Tam bém é recom endável que o paciente seja inform ado sobre a intenção de realizar o teste, assim com o ocorre com qualquer outro exame laboratorial de ro tina, deixando ao paciente a opção de “recusar”. Essa abordagem é essencial ao objetivo de identificar o m aior núm ero possível de indivíduos infectados pelo HIV, já que cerca de 21% dos m ais de 1 m ilhão de am ericanos infectados não têm consciência da sua situação. Nas circunstâncias de um teste rotineiro, o aconselha m ento pré-teste nem sem pre está incluído no processo, em bora isto seja desejável. E ntretanto, não im p o rta quão bem p rep ara do para a adversidade possa estar um paciente, a revelação do diagnóstico de infecção pelo H IV é um evento devastador. Desse m odo, os m édicos devem ser sensíveis a esse fato e, sem pre que possível, devem realizar algum grau de aconselham ento pré-teste de m odo a preparar ao m enos parcialm ente o paciente, caso os resultados dem onstrem a presença de infecção pelo HIV. Depois do diagnóstico da infecção pelo HIV, o profissional de saúde deve estar preparado p ara ativar im ediatam ente os sistem as de apoio ao paciente recém -diagnosticado. Isso inclui um assistente social ou enferm eiro experiente, que tenha tem po p ara conversar com o p a ciente e confirm ar que ele está em ocionalm ente estável. A m aior parte das com unidades tem centros de apoio aos infectados pelo HIV, que podem ser de grande ajuda nessa situação difícil. O tratam ento dos pacientes H lV -positivos exige não apenas conhecim entos abrangentes quanto às possíveis doenças que p o dem ocorrer e conhecim entos atualizados e experiência com a utilização do TARc, com o tam bém a capacidade de lidar com os problem as acarretados por um a doença crônica potencialm ente fatal. Os conhecim entos abrangentes de m edicina in terna são ne cessários ao enfrentam ento do espectro m utável de doenças as sociadas à infecção pelo HIV. G randes avanços foram efetuados no tratam ento dos pacientes infectados. A utilização adequada do TARV potente e outras intervenções profiláticas e terap êu ti
cas tem im portância fundam ental ao oferecim ento ao paciente das m elhores possibilidades de ter um a vida longa e saudável, apesar da infecção pelo HIV. Ao con trário do que ocorria nos prim eiros anos dessa epidem ia, o diagnóstico dessa infecção não m ais eqüivale a ter um a doença inevitavelm ente fatal. Além das intervenções m édicas, o profissional de saúde tem a responsabi lidade de oferecer a todos os pacientes aconselham ento e in stru ções adequadas acerca de sua doença com o parte de um plano de cuidados abrangente. Os pacientes devem ser instruídos quanto à transm issibilidade potencial de sua infecção e quanto ao fato de que, em bora os profissionais de saúde possam referir que os níveis do vírus são “indetectáveis”, esta expressão é m ais um reflexo da sensibilidade do ensaio utilizado para detectar o vírus do que um a afirm ação quanto à presença ou ausência do vírus. É im portante que os pacientes saibam que o vírus ainda está presente e pode ser transm itido em todos os estágios da doença causada pelo HIV. Desse m odo, devem ocorrer conversas francas acerca de práticas sexuais e uso com partilhado de agulhas e outros instrum entos n e cessários à utilização das drogas ilícitas. O m édico encarregado de tratar esses pacientes deve estar fam iliarizado com os últim os fárm acos disponibilizados para os pacientes H lV -positivos, mas tam bém precisa orientar seus pacientes quanto à história natural da doença e ouvir e ser sensível aos seus m edos e às suas preo cupações. Assim com o ocorre com outras doenças, as decisões terapêuticas devem ser tom adas conjuntam ente com o paciente (quando possível) ou seu responsável, caso ele não tenha capaci dade de tom ar decisões. Nesse sentido, recom enda-se que todos os pacientes H lV -positivos e principalm ente os que apresentam contagens de células T C D 4+ < 200/fxL designem um a pessoa confiável com o seu representante legal perm an en te para tom ar decisões m édicas em seu benefício, caso seja necessário. Depois do diagnóstico da infecção pelo HIV, vários exames e testes laboratoriais precisam ser realizados para ajudar a deter m inar a extensão da doença e obter parâm etros basais para com parações futuras (Q uadro 189.18). Além dos exames bioquím icos rotineiros com o perfil lipídico em jejum , dosagens das am in o transferases, bilirrubina total e direta, glicose em jejum , hem ogra m a completo, esfregaço de Pap, exame simples da urina e radiogra fias do tórax, o paciente tam bém deve fazer contagens de células T CD4+, duas dosagens dos níveis plasm áticos de RNA viral, teste de resistência do HIV, VDRL ou teste da reagina plasm ática rápi da, dosagem dos títulos de anticorpo para Toxoplasma e sorologias para hepatites A, B e C. Além disso, o paciente deve fazer um teste de PPD e um MEEM, cujos resultados devem ser registrados. O teste p ara gravidez deve ser realizado pelas m ulheres para as quais se considera o uso do fárm aco efavirenz, enquanto o teste para HLA-B5071 deve ser realizado por todos os pacientes aos quais se pretende prescrever abacavir. Os pacientes devem ser im unizados com polissacarídio pneum ocócico, reforços anais de influenza e vacinas para hepatites A e B, caso sejam soronegativos. Tam bém é necessário determ inar a sorologia para infecçãó pelo vírus da h e patite C. Além disso, os pacientes devem ser orientados quanto às práticas sexuais e ao uso com partilhado de agulhas e deve ser ofe recido aconselham ento às pessoas que o .paciente saiba ou suspeite que possam estar infectadas. D epois dessas m edidas iniciais, de vem ser elaboradas estratégias terapêuticas de curto e longo prazos com base nas inform ações m ais recentes disponíveis e modificadas à m edida que ocorram novas descobertas. A m edicina especializa da em H IV altera-se rapidam ente e é difícil m anter-se totalm ente atualizado. Felizmente, existem vários sites excelentes na Internet que são atualizados frequentem ente e fornece inform ações mais recentes sobre vários tópicos, inclusive relatórios de painéis con sensuais sobre tratam ento (Q uadro 189.19).
TRATAMENTO ANTIRRETROVIRAL
O trata m e n to antirretro v iral com binado (TARV), tam bém conhecido com o tratam en to a n tirretroviral altam ente eficaz (HAART), é a base do tratam ento dos pacientes infectados pelo HIV. D epois que o TARc com eçou a ser utilizado generalizadam ente nos EUA em 1995-1996, houve
QUADRO 189.18 Avaliação inicial do paciente HlV-positivo História e exame físico Exames hematológicos e bioquímicos de rotina Perfil lipídico e glicose em jejum AST, ALT, bilirrubinas direta e indireta Contagem dos linfócitos T CD4+ Duas determinações dos níveis plasmáticos de RNA do HIV Teste de resistência do HIV VDRL ou teste da RPR Título de anticorpo contra Toxoplasma PPD Miniexame do estado mental (MEEM) Sorologias para hepatites A, B e C Imunização com polissacarídio pneumocócico; influenza conforme indicado Imunização contra hepatites A e B, quando soronegativos Aconselhamento a respeito da história natural e da transmissão Auxílio para contato com outras pessoas que possam estar infectadas Nota: RPR, reagina plasmática rápida; PPD, derivado proteico purificado.
declínios m arcantes das incidências da m aioria das doenças que definem a Aids (Fig. 189.34). A supressão da replicação do HIV é um requisito im portante para prolongar a sobrevida e m elhorar a qualidade de vida dos pacientes H lV -positivos. A supressão ade quada requer adesão estrita aos esquem as prescritos com fárm a cos antirretrovirais. Isso foi facilitado pelas form ulações com bi nadas dos antirretrovirais e pelo desenvolvim ento dos esquem as de um a única dose diária. Infelizm ente, m uitas das questões m ais im portantes relativas ao tratam ento da doença causada pelo H IV ainda não estão solucionadas definitivam ente hoje. E ntre essas questões estão a de saber quando o tratam ento deve ser iniciado, qual é o m elhor esquem a inicial, quando d eterm inado esquem a deve ser m odificado e com o deve ser alterado quando ocorre al gum a m udança. Independentem ente dessas incertezas, o m édi co e o paciente precisam concordar m utuam ente com um plano baseado nos m elhores dados disponíveis. Na tentativa de facilitar esse processo, o U. S. D ep artm en t o f H ealth and H um an Servi ces disponibiliza na Internet (www.aidsinfo.nih.gov) um a série de diretrizes atualizadas periodicam ente, inclusive “Princípios Tera pêuticos da Infecção pelo H IV ”, “Diretrizes para o Uso dos Antirre trovirais pelos Adolescentes e Adultos H lV-positivos” e “Diretrizes para a Profilaxia das Infecções Oportunistas dos Indivíduos Infec tados pelo Vírus da Imunodeficiência Humana**’, hoje, existe um a rede abrangente de experiências clínicas envolvendo pesquisado res clínicos e defensores dos interesses dos pacientes, que p rocura
N. de R. T.: No Brasil, no site wTvw.aids.gov.br o Ministério da Saúde disponi biliza o “Consenso Brasileiro de Tratamento”.
QUADRO 189.19 Recursos disponíveis na internet sobre doença causada pelo HIV* http://www.aidsinfo. nih.gov
http://www.cdcnpin. org
AIDSinfo, um serviço do Department of Health and Human Services dos EUA, disponibiliza diretrizes com aprovação federal para o tratamento do HIV e da Aids; fornece informações sobre ensaios clínicos com financiamento público ou privado, bem como publicações e dados dos CDC Atualizações dos dados epidemiológicos e das estratégias profiláticas preconizadas pelos CDC
Nota: CDC, Centers for Disease Control and Prevention. * N. de R. T.: No Brasil, o site www.aids.gov.br é mantido pelo Ministério da Saúde com informa ções sobre a doença, destinado a profissionais de saúde e população em geral.
desenvolver abordagens terapêuticas m ais eficazes. Os consórcios representados pela academ ia científica, pela indústria, po r fu n dações independentes e pelo governo federal estão encarregados do processo de desenvolvim ento de fárm acos, inclusive um a gam a am pla de experiências clínicas. C onsequentem ente, surgem continuam ente tratam entos e abordagens terapêuticas novos. Os fárm acos novos geralm ente se to rn am disponíveis p o r m eio dos program as de acesso facilitado, antes da aprovação oficial. Em vis ta da com plexidade desse cam po, as decisões relativas ao TARV devem ser tom adas em conjunto com especialistas. Os fármacos atualm ente disponíveis para o tratam ento da in fecção pelo HIV são classificados em quatro grupos: inibidores da enzima viral transcriptase reversa (inibidores nucleosídios e nucleotídios da transcriptase reversa; inibidores não nucleosídios da trans criptase reversa); inibidores da enzim a viral protease (inibidores de protease); inibidores da enzim a viral integrase (inibidores de inte grase); e fármacos que interferem com o acesso do vírus (inibidores de fusão; antagonsitas do CCR5) (Q uadro 189.20; Fig. 189.46). Os inibidores da transcriptase reversa aprovados pelo FDA incluem os análogos nucleosídios zidovudina, didanosina, zalcitabina, estavudina, lam ivudina, abacavir e entricitabina; o análogo nucleotídio tenofovir; e os inibidores não nucleosídios da transcrip tase reversa nevirapina, delavirdina, efavirenz e etravirina (Fig. 189.46; Q u ad ro 189.20). Esses fárm acos representam a prim eira classe aprovada para o tratam en to da infecção pelo H IV e estão indicados com o parte dos esquem as com binados. É im portante ressaltar que nenhum desses fárm acos deve ser usado isoladam en te para tratar a infecção, tendo em vista a facilidade relativa com que o vírus pode adquirir resistência nestas circunstâncias. Desse m odo, quando a lam ivudina, a entricitabina ou o tenofovir é usado para tratar a infecção pelo vírus da hepatite B de um paciente HIV-positivo, deve-se assegurar que ele tam bém receba outros antirre trovirais. Os inibidores da transcriptase reversa bloqueiam o ciclo de replicação viral na etapa de síntese do DNA dependente do RNA, ou etapa da transcriptase reversa. Em bora os inibidores não nucleosídios da transcriptase reversa sejam m uito seletivos para a transcriptase do HIV-1, os análogos nucleosídios e nucleotídios inibem várias polim erases do DNA, além da transcriptase rever sa do HIV-1. Por essa razão, os efeitos colaterais graves são mais num erosos com os análogos nucleosídios e incluem danos m itocondriais que podem causar esteatose hepática e acidose láctica, bem com o neuropatia periférica e pancreatite. O uso dos análogos da tim idina com o a zidovudina e a estavudina foi associado a um a síndrom e de hiperlipidem ia, intolerância à glicose/resistência à insulina e redistribuição da gordura, geralm ente conhecida como síndrome de lipodistrofia (descrita em “D oenças do sistema endócrino e distúrbios m etabólicos”, nas seções anteriores). A zidovudina (AZT; 3 '-a zid o -2 ',3 '-d id e so x itim id in a ) foi o prim eiro fárm aco aprovado p ara o tratam en to da infecção pelo H IV e é o protótipo dos análogos nucleosídios. Esses fárm acos, nos quais o grupo hidroxila da posição 3' da m olécula de ribose foi substituído p o r hidro g ên io ou p o r outro grupo quím ico, atuam com o elem entos de interrupção da cadeia de DNA em vir tude da sua incapacidade de form ar um a Hgação fosfodiéster 3 '-5 ' com outro nucleosídio. Esses fárm acos ligam -se com m uito mais avidez ao sítio ativo da D N A -polim erase dependente de RNA do HIV (transcriptase reversa) que ao sítio ativo das D N A -polim e rases das células dos m am íferos; isto explica seu efeito seletivo na replicação do HIV. A z idovudina tam bém possui afinidade relativam ente alta pela D N A -polim erase-7 das m itocôndrias h u m anas. Isso pode contribuir para o desenvolvim ento da esteatose hepática e da m iopatia observadas ocasionalm ente nos pacientes em tratam ento com zidovudina. C om o tam bém ocorre com to dos os análogos nucleosídios, a form a ativa da zidovudina é o tri fosfato e a taxa de fosforilação (dependente da tim idinoquinase) pode ser variar nas diferentes células. Isso pode explicar porque a zidovudina é m ais eficaz na inibição da replicação do HIV em algum as células que em outras. O benefício clínico da zidovudina
Q. CO
O Q. CD
Õ cd5
O Cü’
1569
QUADRO 189.20 Fármacos antirretrovirais utilizados no tratamento da infecção pelo HIV Fármaco
Situação
Indicação
Dose em combinação
Dados de apoio
Toxicidade
19 versus 1 óbito no estudo original controlado por placebo com 281 pacientes com Aids ou CRA
Anemia, granulocitopenia, miopatia, acidose láctica, hepatomegalia com esteatose, cefaleia, náusea, pigmentação das unhas, anormalidades lipídicas, lipoatrofia, hiperglicemia
Inibidores nucleosídios ou nucleotídios da transcriptase reversa Zidovudina (AZT, azitromicina, 3’-azido-3’-desoxitimidina)
Aprovada
Tratamento da infecção pelo HIV em combinação com outros antirretrovirais
200 mg a cada 8 horas, ou 300 mg 2x/dia
Nas gestantes com contagem de células T CD4+ > 200/|xL, o AZT oral a partir da 14a à 34a semana de gestação, mais AZT IV durante o trabalho de parto e o nascimento, além de AZT oral para o lactente por 6 semanas, reduziu a transmissão do HIV em 67,5% (de 25,5 para 8,3%), n = 363
Profilaxia da transmissão maternofetal do HIV
Doenças Infecciosas
Didanosina (ddl, didesoxinosina, 2’, 3’-didesoxinosina)
Aprovada
Para o tratamento da infecção pelo HIV em combinação com outros antirretrovirais
Preparação tamponada: requer 2 comprimidos para conseguir tamponamento adequado do ácido gástrico; deve ser administrada com o estômago vazio. > 60 kg: 200 mg 2x/dia < 60 kg: 125 mg 2x/dia Preparação de revestimento entérico: > 60 kg: 400 mg por dia < 60 kg: 250 mg por dia
Clinicamente superior ao AZT em monoterapia de 913 pacientes que antes faziam tratamento com AZT; clinicamente superior ao AZT e comparável ao AZT + ddl e AZT + ddC em 1067 pacientes que não ainda não usavam AZT e tinham contagens de células entre 200 e 500/|xL
Pancreatite, neuropatia periférica, anormalidades das provas de função hepática, acidose láctica, hepatomegalia com esteatose, neurite óptica, náusea, hiperglicemia
Zalcitabina (ddC, 2’, 3’-didesoxicitidina)
Aprovada Retirada do mercado em 2006
Em combinação com outros antirretrovirais para o tratamento da infecção pelo HIV
0,75 mg 3x/dia
Clinicamente inferior à monoterapia com AZT como tratamento inicial; clinicamente tão boa quanto a ddl nos pacientes avançados intolerantes ao AZT; em combinação com o AZT, foi clinicamente superior ao AZT isolado para pacientes com Aids ou contagem de células T CD4+ < 350/|xL
Neuropatia periférica, pancreatite, acidose láctica, hepatomegalia com esteatose, úlceras orais
Estavudina (d4T, 2’,3’-dideidro-3 ’-didesoxitimidina)
Aprovada
Tratamento dos pacientes HlV-positivos com outros antirretrovirais
> 60 kg: 40 mg 2x/dia < 60: 30 mg 2x/dia
Superior ao AZT no que se refere às contagens de células T CD4+ de 359 pacientes tratados com AZT por > 24 semanas; depois de 12 semanas de randomização, a contagem de células T CD4+ diminuiu nos controles tratados com AZT em média de 22/jjlL, enquanto nos pacientes tratados com estavudina a contagem aumentou em média 22/ p l
Neuropatia periférica, pancreatite, acidose láctica, hepatomegalia com esteatose, fraqueza neuromuscular ascendente, lipodistrofia, anormalidades lipídicas, hiperglicemia
Lamivudina (2’,3’-didesoxi-3’-tiacitidina, 3TC)
Aprovada
Tratamento dos pacientes HlV-positivos com outros antirretrovirais
> 60 kg: 40 mg 2x/dia < 60:30 mg 2x/dia
Em combinação com AZT, foi superior ao AZT isoladamente com referência às alterações das contagens de células T CD4+ de 495 pacientes que nunca tinham usado zidovudina e em 477 pacientes que já tinham sido tratados com zidovudina; em geral, a contagem de células T CD4+ do grupo da zidovudina permaneceram nos níveis basais por 24 semanas, enquanto o grupo tratado com zidovudina e lamivudina teve contagens de 10 a 50 células/|xL acima do nível basal; redução de 54% na progressão para Aids/morte, em comparação com o grupo tratado apenas com AZT.
Exacerbação da hepatite dos pacientes coinfectados pelo HBV, que interromperam o tratamento
(Continua)
1570
QUADRO 189.20 Fármacos antirretrovirais utilizados no tratamento da infecção pelo HIV (Continuação) Situação
Indicação
Dose em combinação
Dados de apoio
Toxicidade
Emtricitabina* (FC )
Aprovada
Em combinação com outros antirretrovirais para o tratamento da infecção progressiva pelo HIV
200 mg/dia
Comparável à d4T combinada com ddl e efavirenz em 571 pacientes que ainda não tinham sido tratados; semelhante à 3TC em combinação com AZT ou d4T + INNTR ou IP para 440 pacientes com evolução favorável há mais de 12 semanas com um esquema de 3TC
Hepatotoxicidade nos pacientes coinfectados pelo HBV que interrompem o tratamento; manchas na pele
Abacavir
Aprovada
Para o tratamento da infecção pelo HIV em combinação com outros antirretrovirais
300 mg/dia 2x/dia
0 esquema de abacavir + AZT + 3TC foi equivalente ao de indinavir + AZT + 3TC no que se refere à supressão da carga viral (cerca de 60% em cada grupo com < 400 cópias de RNA viral/mL no plasma) e ao aumento da contagem de células T CD4+ (cerca de 100/|xL em cada grupo) com 24 semanas
Reação de hipersensibilidade nos indivíduos HLA-B5701+(pode ser fatal); febre, erupção, náusea, vômitos, mal estar ou fadiga e perda do apetite
Tenofovir
Aprovada
Para uso em combinação com antirretrovirais apropriados quando há indicação para tratamento
300 mg/dia
Redução de cerca de 0,6 logs dos níveis de RNA do HIV-1, quando acrescentado ao esquema básico de pacientes que já estavam em tratamento
Osteomalácia renal, exacerbação da hepatite dos pacientes coinfectados pelo HBV que interrompem o tratamento
[F á rm a c o
Inibidores não nucleosídicos da transcriptase reversa Aprovada
Para uso em combinação com antirretrovirais apropriados quando há indicação para tratamento
400 mg 3x/dia
A combinação delavirdina + AZT foi superior à monoterapia com AZT no que se referia à supressão da carga viral depois de 52 semanas
Erupção cutânea, anormalidades das provas de função hepática
Nevirapina
Aprovado
Em combinação com outros antirretrovirais para o tratamento da infecção progressiva pelo HIV
200 mg/dia x 14 dias, depois 200 mg 2x/dia, Ou 400 mg/dia da preparação de liberação prolongada
Aumento da contagem de células T CD4+, redução do RNA do HIV quando foi usada em combinação com nucleosídios
Erupção cutânea, hepatotoxicidade
Efavirenz
Aprovado
Para o tratamento da infecção pelo HIV em combinação com outros antirretrovirais
600 mg por dia
A combinação de efavirenz + AZT + 3TC foi comparável à de indinavir + AZT + 3TC no que se refere à supressão da carga viral (uma percentagem maior do grupo do efavirenz alcançou cargas virais < 50 cópias/mL, mas o índice de abandono do grupo do indinavir foi inesperadamente alto, responsabilizando-se pela maioria das “falências” terapêuticas; aumentos das contagens de células T CD4+ (cerca de 140/( jlL em cada grupo) depois de 24 semanas
Erupção, disforia, elevações das provas de função hepática, sonolência, sonhos anormais, depressão, anormalidades lipídicas; potencialmente teratogênico
✓
Etravirina
Aprovada
Em combinação com outros antirretrovirais para os pacientes que já estão em tratamento, nos quais o HIV é resistente aos inibidores não nucleosídicos da transcriptase reversa e outros anti retrovirais
200 mg 2x/dia
índices mais altos de supressão do RNA do HIV a < 50 cópias/mL (56% versus 39%); aumentos maiores da contagem de células T CD4+ (89 versus 64 células) em comparação com placebo, quando foi usada em combinação com um esquema básico otimizado
Erupção, náusea, reações de hipersensibilidade
Rilpivirina
Experi mental
Em combinação
250 mg por dia
Em combinação com dois inibidores nucleosídios não foi inferior ao efavirenz; falência virológica depois da supressão inicial
Náusea, vertigem, sonolência; menos efeitos tóxicos referidos ao SNC e erupções que o efavirenz
Doenças Causadas por Vírus da imunodeficiência...
Delavirdina
(Continua)
1571
QUADRO 189.20
Fármacos antirretrovirais utilizados no tratamento da infecção pelo HIV
(Continuação)
Situação
Indicação
Dose em combinação
Dados de apoio
Toxicidade
Saquínavir (mesilato; cápsula de gel dura)
Aprovado
Em combinação com outros antirretrovirais quando há indicação para tratamento
1000 mg + 100 mg de ritonavir, 2x/dia
Aumentos da contagem de células T CD4+ e redução do RNA viral mais acentuados em combinação terapêutica com ddC; redução de 50% do primeiro distúrbio que define Aids ou morte em combinação com ddC, em comparação com o uso isolado de um destes fármacos
Diarréia, náusea, cefaleia, hiperglicemia, redistribuição da gordura, anormalidades lipídicas, prolongamentos dos intervalos PR e QT
Saquinavir (cápsula de gel macia)
Aprovado Retirado do mercado em 2006
Para uso em combinação com outros antirretrovirais quando há indicação para tratamento
1200 mg 3x/dia
Reduções da taxa de mortalidade e dos eventos que definem Aids nos pacientes que usaram a preparação de gel duro em combinação com ddC
Diarréia, náusea, dor abdominal, cefaleia, hiperglicemia, redistribuição da gordura, anormalidades lipídicas
Ritonavir
Aprovado
Em combinação com outros antirretrovirais para o tratamento da infecção pelo HIV quando há indicação para tratamento
600 mg2x/dia (também é usado em doses mais baixas como reforçador farmacocinético)
Redução da incidência cumulativa de progressão clínica ou morte de 34 para 17% nos pacientes com contagens de células T CD4+ < 1 00/(jlL tratados por período médio de 6 meses
Toxicidade ritonavir: náusea, dor abdominal, hiperglicemia, redistibuição de gordura, anormalidades lipídicas, pode alterar níveis de vários outros fármacos incluindo saquinavir, parestesias, hepatite
Indinavir (sulfato)
Aprovado
Para o tratamento da infecção pelo HIV em combinação com outros antirretrovirais quando há indicação para tratamento
800 mg a cada 8 horas, ou 800 mg +100 mg de ritonavir 2x/dia, ou 1000 mg a cada 8 horas quando é usado com efavirenz ou nevirapina
Aumentos da contagem de células T CD4+ em 100/|xL e redução de 2 logs dos níveis de RNA viral quando foi usado em combinação com zidovudina e lamivudina; redução de 50% do risco de progressão para Aids ou morte quando foi administrado com zidovudina e lamivudina, em comparação com apenas zidovudina e lamivudina
Nefrolitíase, hiperbilirrubinemia indireta, hiperglicemia, redistribuição da gordura, anormalidades lipídicas, náusea, elevações das transaminases, cefaleia
Nelfinavir (mesilato)
Aprovado
Para o tratamento da infecção pelo HIV em combinação com outros antirretrovirais quando o tratamento está indicado
750 mg três vezes ao dia ou 1.250 mg 2x/dia
Redução de 2 logs do RNA viral quando foi usado em combinação com estavudina
Diarréia, fezes moles, hiperglicemia, redistribuição da gordura, anormalidades lipídicas, elevações das transaminases
Amprenavir
Aprovado
Em combinação com outros antirretrovirais para o tratamento da infecção pelo HIV
Amprenavir: 1.200 mg 2x1 dia, ou 600 mg + 100 mg de ritonavir 2x/dia, ou 1.200 mg + 200 mg de ritonavir por dia Fosamprenavir: 1.400 mg 2x/dia, ou 700 mg + 100 mg de ritonavir 2x/dia, ou 1.400 mg + 200 mg de ritonavir por dia
Fosamprenavir
Aprovado
Como tratamento dos pacientes que ainda não tinham sido tratados, o esquema de amprenavir + AZT + 3TC foi superior ao de AZT + 3TC no que se refere à supressão da carga viral (33% versus 11 % com < 400 cópias de RNA viral/mL de plasma depois de 24 semanas); as respostas das contagens de células T CD4+ foram semelhantes nos dois grupos tratados; nos pacientes que já estavam em tratamento, o esquema de amprenavir + INTR foi semelhante ao de indinavir + INTR no que se refere à supressão da carga viral (43% versus 53% com < 400 cópias de RNA viral/mL de plasma em 24 semanas); as respostas das células T CD4+ foram melhores no grupo tratado com indinavir + INTR
Fármaco Inibidores de protease
Doenças Infecciosas
Toxicidade amprenavir/ ^fosaorenavir: náusea, vômitos, diarréia, rash, parestesias orais, elevações das transarinases, hipergicemia, redistribuição de gordura, anormalidades lipídicas, cefaleia, nefrolitíase
(Continua)
1572
QUADR0189.20 Fármacos antirretrovirais utilizados no tratamento da infecção pelo HIV (Continuação) Fármaco
Situação
Indicação
Dose em combinação
Dados de apoio
Toxicidade
Lopinavir + ritonavir
Aprovado
Para o tratamento da infecção pelo HIV em combinação com outros antirretrovirais
400 mg/100 mg 2x/dia
Nos pacientes que ainda não tinham sido tratados, a combinação lopinavir/ ritonavir + d4T + 3TC foi superior à combinação nelfinavir + d4T + 3TC no que diz respeito à supressão da carga viral (79% versus 64% com < 400 cópias/mL de RNA do HIV em 40 semanas); os aumentos das células T CD4+ foram semelhantes nos dois grupos
Diarréia, hiperglicemia, redistribuição de gordura, anormalidades lipídicas, náusea, pancreatite, elevações das provas de função hepática, prolongamentos dos intervalos RP e QT
Atazanavir
Aprovado
Para o tratamento da infecção pelo HIV em combinação com outros antirretrovirais
400 mg 1x/dia ou 300 mg 1x/dia + ritonavir 100 mg 1x/dia quando usado com efavirenz
Comparável ao efavirenz quando administrado em combinação com AZT + 3TC em um estudo com 810 pacientes sem experiência prévia de tratamento; comparável ao nelfinavir quando administrado em combinação com d4T + 3TC em um estudo de 467 pacientes sem experiência de tratamento
Hiperbilirrubinemia, prolongamento do intervalo RP, náusea, vômitos, hiperglicemia, redistribuição da gordura, erupção, elevações das transaminases
Tipranavir
Aprovado
Em combinação com 200 mg de ritonavir para tratamento combinado dos adultos com experiência de tratamento
500 mg + 200 mg de ritonavir 2x/dia
Depois de 24 semanas, os pacientes com exposição prévia prolongada ao tratamento antirretroviral tiveram alteração de cerca de 0,8 log dos níveis de RNA viral e aumento de 34 células na contagem de células T CD4+. em comparação com cerca de 0,25 log e 4 células no grupo de controle: inferior ao lopinavir/ritonavir em um estudo randomizado com pacientes que ainda não tinham sido tratados
Toxicidade tipranavir: diarréia, náusea, fadiga, cefaleia, rash cutâneo, hepatotoxicidade, hemorragia intracraniana, hiperglicemia, anormalidades lipídicas, redistribuição de gordura
Darunavir
Aprovado
Em combinação com 100 mg de ritonavir para tratamento combinado de adultos com experiência de tratamento
600 mg + 100 mg de ritonavir 2x/dia com alimentos
Depois de 24 semanas, os pacientes ampla exposição prévia aos antirretrovirais tratados com uma nova combinação que incluía darunavir apresentou alteração de cerca de 1,89 log nos níveis de RNA viral e aumento de 92 células nas contagens de linfócitos T CD4+, em comparação com cerca de 0,48 log e 17 células no grupo de controle
Diarréia, náuseas, cefaleia, erupção cutânea, hepatotoxicidade, hiperlipidemia, hiperglicemia
O > -O —r IO 00 CO
Inibidores de entrada Enfuvirtida
Maraviroque
Aprovada
Aprovado
Em combinação com outros fármacos para pacientes com experiência prévia de tratamento e evidências de replicação do HIV-1 a despeito da continuidade do tratamento antirretroviral
90 mg SC 2x/dia
Em combinação com outros antirretrovirais para tratamento de adultos infectados e previamente tratados, apenas com HIV-1 com tropismo para CCR5
150 a 600 mg 2x/dia, dependendo dos outros fármacos usados (ver texto)
No tratamento dos pacientes experientes, foi superior ao placebo quando adicionada ao tratamento básico otimizado (37% versus 16% com < 400 cópias de RNA do HIV nas 24 semanas; + 71 versus + 35 células T CD4+ nas 24 semanas)
Reações no local da injeção, reações de hipersensibilidade, incidência mais alta de pneumonia ^bacteriana
O o CD r3 105 bactérias) para Escherichia coli, Salmonella, Vibrio-, média (102 a 105 bactérias) para Campylobacter jejuni. pequena (10 a 100 bactérias) para Shigella
Sazonalidade
Nos climas temperados, estação do inverno para a maioria dos patógenos; ocorrência ao longo de todo o ano nas regiões tropicais
Mais comum nos meses do verão ou chuvosos, principalmente nos países em desenvolvimento com alta prevalência da doença
Período de incubação
1 a 3 dias para a maioria dos agentes; pode ser mais curto para os norovírus
1 a 7 dias para os agentes comuns (p. ex., Campylobacter, E. coli, Shigella, Salmonella)-, algumas horas para as bactérias que liberam toxinas pré-formadas (p. ex., Staphylococcus aureus, Bacillus cereus)
Reservatório
Principalmente seres humanos
Dependendo das espécies, existem reservatórios nos seres humanos (p. ex., Shigella, Salmonella), nos animais (p. ex., Campylobacter. Salmonella, E. coli) e na água (p. ex., Vibrio)
Febre
Comum com os rotavírus e norovírus; rara com outros agentes
Comum com agentes que causam diarréia inflamatória (p. ex., Salmonella, Shigella)
Vômitos
Marcantes e podem ser a única queixa inicial, principalmente nas crianças
Comuns com as bactérias que liberam toxinas-pré-formadas; menos marcantes na diarréia causada por outros patógenos
Diarréia
Comum, sem sangue em quase todos os casos
Profusa e comumente sanguinolenta com agentes que causam diarréia inflamatória
Duração
1 a 3 dias com norovírus e sapovírus; 2 a 8 dias com outros vírus
1 a 2 dias com as bactérias que liberam toxinas pré-formadas; 2 a 8 dias com a maioria dos outros patógenos bacterianos
Diagnóstico
Geralmente é um diagnóstico firmado por exclusão na prática clínica. Existem enzimaimunoensaios disponíveis no comércio para a detecção do rotavírus e adenovírus, mas a identificação dos outros vírus limita-se aos laboratórios de pesquisa e de saúde pública
0 exame das fezes para detectar leucócitos e sangue facilita o diagnóstico diferencial. A cultura de amostras de fezes, algumas vezes em meios especiais, pode identificar vários patógenos. As técnicas moleculares são ferramentas epidemiológicas úteis, mas não são utilizadas rotineiramente na maioria dos laboratórios
Tratamento
Deve-se instituir tratamento de suporte para manter a hidratação e a nutrição adequadas. Antibióticos e agentes antimotilidade estão contraindicados
A hidratação de suporte é suficiente para a maioria dos pacientes. Os antibióticos estão recomendados para pacientes com disenteria causada por Shigella ou Vibrio cholerae e para alguns pacientes com colite por Clostridium difficile
Gastrenterite Viral
Característica
Manifestações clínicas A gastrenterite causada pelo vírus N orw alk e pelos calicivírus h u m a nos relacionados com eça repentinam ente depois de um período de incubação m édio de 24 horas (variação de 12 a 72 h). Em geral, a doença estende-se po r 12 a 60 horas e caracteriza-se p or um ou mais dos seguintes sinais e sintomas: náuseas, vôm itos, cólicas abdom inais e diarréia. Os vôm itos são mais com uns nas crianças, enquanto um a porcentagem m aior dos adultos tem diarréia. Os sintom as constitu cionais são com uns, incluindo cefaleia, febre, calafrios e mialgias. As fezes são caracteristicam ente m oles e aquosas, sem sangue, m uco ou leucócitos. A leucom etria geralm ente é n orm al e, em casos raros, pode haver leucocitose com linfopenia relativa. As m ortes são raras e geralm ente resultam da desidratação grave em pacientes suscetíveis (p. ex., indivíduos idosos com distúrbios clínicos debilitantes).
Imunidade Cerca de 50% dos indivíduos expostos ao vírus N orw alk adoecem e adquirem im unidade a curto prazo contra a cepa infectante. A im u nidade a esse vírus parece correlacionar-se inversam ente com o nível de anticorpos; isto é, os pacientes com níveis mais altos de anticorpos preexistentes contra o vírus N orw alk são m ais suscetíveis à doença. Essa observação sugere que algum as pessoas possam estar genetica m ente predispostas à doença. Os grupos sanguíneos ABO, Lewis e os fenótipos secretores p odem influenciar a suscetibilidade à infecção p or norovírus.
de im unidade prolongada conferida pela doença natural, porém es forços estão sendo envidados para desenvolver vacinas contra n o ro vírus.
■ ROTAVÍRUS Agente etiológico O s rotav íru s fazem p a rte da fam ília R eoviridae. O genom a viral consiste em 11 segm entos de RNA de filam ento duplo que se encon tram envolvidos p o r um capsídio icosaédrico de 75 nm de diâm etro com três cam adas, m as sem envoltório. A p ro teín a 6 viral (VP6) é a principal pro teín a e stru tu ra l e é u tilizada com o alvo dos im unoensaios à venda no com ércio que d e te rm in a m a especificidade de grupo dos rotavírus. Existem sete grupos principais de rotavírus (de A a G) e a doença h u m an a é causada p rincipalm ente pelo grupo A e, m uito m enos com um ente, pelos grupos B e C. D uas proteínas do capsídio externo - V P7 (proteína G) e V P4 (p roteína P) —, d e te r m in am a especificidade do sorotipo, induzem a form ação de a n ti corpos neutralizantes e constituem a base para a classificação b in á ria dos rotavírus (tipos G e P). O genom a segm entado dos rotavírus possibilita a recom binação genética (isto é, p e rm u ta de segm entos do genom a entre os vírus) d u ran te a coinfecção - um a propriedade que p ode ser im p o rtan te p a ra a evolução viral e que tem sido utili zada para desenvolver vacinas recom binantes de rotavírus anim ais e hum anos.
Epidemiologia Diagnóstico
Doenças Infecciosas
A clonagem e o sequenciam ento dos genom as do vírus N orw alk e de vários outros calicivírus hum anos possibilitaram o desenvolvim ento de ensaios baseados na reação em cadeia de polim erase (PCR) para detectar os vírus nas fezes e nos vôm itos. Partículas sem elhantes a vírus produzidas pela expressão de proteínas capsídicas em um baculovírus recom binante utilizado com o vetor foram utilizadas para desenvolver enzim aim unoensaio (ELISA) para detectar os vírus nas fezes ou um a resposta sorológica a um antígeno viral específico. Es sas técnicas diagnosticas mais novas são significativam ente mais sen síveis do que os m étodos de detecção anteriores, inclusive a m icros copia eletrônica, im unom icroscopia eletrônica e os ELISA com base em reagentes derivados de seres hum anos. C ontudo, não existe hoje um teste simples capaz de detectar todos os calicivírus hum anos, te n do em vista sua am pla diversidade genética e antigênica. Além disso, os ensaios ainda são trabalhosos e estão disponíveis principalm ente em laboratórios de pesquisa, em bora venham sendo cada vez m ais adotados pelos laboratórios de saúde pública para a triagem rotineira de am ostras fecais de pacientes acom etidos em surtos de gastrente rite. Os kits de ELISA com erciais, que estão disponíveis em alguns países da Europa e no Japão, m as ainda não nos EUA, possuem sensi bilidade e utilidade lim itadas na prática clínica, porém são de m aior utilidade nos surtos, em que m uitas am ostras são testadas, e apenas algum as delas precisam ser positivas para identificar os norovírus com o agente etiológico.
TRATAMENTO
Infecções pelo vírus Norwalk e Calicivírus humanos relacionados
A doença é autolim itada e a reidratação oral geralm ente é sufi ciente. Se houver desidratação grave, deve-se a d m inistrar líquido IV. Não existe tratam ento antiviral específico.
Profilaxia A profilaxia das epidem ias baseia-se em m edidas específicas para cada situação, inclusive o controle da contam inação dos alim entos e da água, afastam ento dos pacientes que m anuseiam alim entos e a redução da propagação interpessoal p o r m eio da higiene pessoal apropriada e da desinfecção de objetos contam inados. A utilidade da im unoprofilaxia não está estabelecida, tendo em vista a inexistência
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Em todo o m undo, quase todas as crianças são infectadas p o r rotavírus entre os 3 e 5 anos de idades. As infecções neonatais são com uns, m as geralm ente são brandas ou as sintom áticas, possivelm ente em razão da proteção conferida pelos anticorpos m aternos ou pela am am entação. As infecções prim árias depois da idade de 3 m eses provavelm ente são sintom áticas e a in cidência da doença atinge um pico entre as crianças de 4 a 23 meses de vida. As reinfecções são com uns, m as a gravidade da doença d i m inui a cada nova infecção. Por esta razão, as infecções graves por rotavírus são relativam ente incom uns entre as crianças m aiores e os adultos. No entanto, os rotavírus po d em causar doença nos pais e nos cuidadores das crianças com diarréia p o r rotavírus, nos pacientes im unossuprim idos, nos viajantes e nos indivíduos idosos e devem ser incluídos no diagnóstico diferencial da gastrenterite entre adultos. Nas regiões tropicais, a doença causada p o r rotavírus ocorre ao longo do ano todo, com picos sazonais m enos pronunciados nos cli mas tem perados, onde a doença p or rotavírus é observada predom i nantem ente d urante os m eses m ais frios do outono e do inverno. A n tes da introdução da vacina contra rotavírus nos EUA, a estação anual do rotavírus começava no sudoeste d urante o outono e no início do inverno (de outubro a dezem bro) e m igrava pelo continente, a tin gindo um pico no final do inverno e durante a prim avera (de m arço a m aio) no nordeste do país. As razões responsáveis p o r esse padrão característico não estão bem esclarecidas, porém um estudo recente sugeriu um a correlação com diferenças específicas para cada estado nas taxas de nascim ento, que p oderiam influenciar a taxa de acúm u lo de lactentes suscetíveis após cada estação do rotavírus. Depois da im plem entação da vacinação de rotina de lactentes norte-am ericanos contra rotavírus, em 2006, o inicio das estações do rotavírus de 20072008 e 2008-2009 tiveram um atraso de 11 e 6 sem anas, respectiva m ente, e as estações foram m ais curtas, com duração de 14 e 17 sem a nas, respectivam ente, em com paração com um a duração m ediana de 26 sem anas no período de 2000-2006 (Fig. 190.2). Essas m udanças nos padrões sazonais de atividade do rotavírus foram acom panhadas de declínio no núm ero de detecções do rotavírus em 64 e 60% nos períodos de 2007-2008 e 2008-2009, respectivam ente, em com para ção com os valores do período de 2000-2006, conform e relatado por um a rede nacional de laboratórios sentinelas. D urante os episódios de diarréia associada a rotavírus, os vírus são propagados em grandes quantidades nas fezes (107 a 1012/gram a). A dissem inação viral detectável p or ELISA geralm ente regride em 1 sem ana, m as pode persistir p o r m ais de 30 dias nos pacientes im u-
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51 1 3 5 S em ana do ano
Figura 190.2 A porcentagem máxima ou mínima de testes positivos para rotavírus no período de 2000 a 2006 pode ter ocorrido durante qualquer uma das seis estações principais. 0 início da estação do rotavírus foi definido como a primeira de duas semanas consecutivas durante a qual a percentagem de exames positivos de amostras de fezes para rotavírus foi > 10%, enquanto o final da estação foi de
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finida como a última de duas semanas consecutivas durante a qual a percentagem de exames positivos foi ^ 10%. À direita, na parte superior, os pontos delimitam a estação do rotavírus do início até o fim, enquanto o losango indica a semana de pico durante cada período. (Adaptada dos Centers for Disease Control and Prevention, 2009.)
fatal. Depois do período de incubação de 1 a 3 dias, a doença começa repentinam ente com vôm itos, em geral antes do início da diarréia. Até 33% dos pacientes podem ter tem peraturas acim a de 39°C. Em geral, as fezes são m oles e aquosas e apenas raram ente contêm hem á cias ou leucócitos. Os sintom as gastrintestinais geralm ente regridem em 3 a 7 dias. Existem descrições de m anifestações respiratórias e neurológicas em crianças com infecção p o r rotavírus, m as essas associações etiológicas não foram com provadas. Além disso, a infecção po r rotavírus foi associada a vários outros distúrbios clínicos (p. ex., síndrom e da m orte súbita do lactente, enterocolite necrosante, intussuscepção, doença de Kawasaki e diabetes tipo 1), m as a relação causai não foi confirm ada em nenhum a dessas síndrom es. Os rotavírus não parecem ser patógenos oportu n istas im p o r tantes em crianças infectadas pelo HIV. N as crianças com im u n o deficiência grave, esses vírus p odem causar diarréia crônica com excreção viral prolongada e, em casos raros, podem dissem inar-se sistem icam ente. Os pacientes im u n o ssu p rim id o s depois de tra n s plantes de m edula óssea tam bém se encontram sob risco de desen volver doença grave ou até m esm o fatal p or rotavírus.
Patogenia Os rotavírus infectam e, p or fim, destroem os enterócitos m aduros do epitélio viloso do intestino delgado proxim al. A perda do epité lio viloso absortivo, som ada à proliferação das células secretórias das criptas, provoca a diarréia secretora. As enzim as da borda em escova típicas das células diferenciadas dim inuem e essa alteração acarreta acúm ulo de dissacarídios não m etabolizados e a diarréia osm ótica subsequente. E studos realizados em cam undongos indicaram que um a proteína não estrutural dos rotavírus (NSP4) funciona com o en terotoxina e contribui para a diarréia secretora porque altera a função e a perm eabilidade das células epiteliais. Além disso, os rotavírus p o dem provocar secreção de líquidos em razão da ativação do sistem a nervoso entérico do intestino delgado. D ados recentes indicam que a antigenem ia e a virem ia dos rotavírus sejam com uns entre as crianças com infecção aguda, em bora os níveis séricos do antígeno e do RNA sejam significativam ente m enores do que os das fezes.
Manifestações clínicas O espectro clínico da infecção por rotavírus varia de casos subclínicos à gastrenterite grave resultando em desidratação potencialm ente
Imunidade A proteção contra a doença causada pelos rotavírtís correlaciona-se com a existência de anticorpos IgA secretórios específicos para esses vírus no intestino e, em m en o r grau, no soro. C om o a produção de IgA específica na superfície do intestino tem cu rta duração, a p ro teção com pleta contra a doença é apenas transitória. C ontudo, cada infecção e reinfecção subsequente confere im unidade cada vez m ais eficaz; p or esta razão, a doença grave é m ais com um nas crianças pe quenas com a prim eira ou a segunda infecção. A m em ória im unoló gica parece ser im portante para a atenuação da gravidade da doença p o r ocasião da reinfecção.
Gastrenterite Viral
nossuprim idos. A propagação viral pode ser detectada p or períodos mais longos p or m eio de ensaios m oleculares sensíveis com o a PCR. O vírus é transm itido principalm ente p o r via orofecal. A dissem i nação pelas secreções respiratórias, pelo contato interpessoal ou por superfícies contam inadas do am biente tam bém foi sugerida para ex plicar a aquisição rápida de anticorpos nos prim eiros 3 anos de vida, independentem ente das condições sanitárias. Foram identificados em seres hum anos no m ínim o 10 sorotipos G diferentes de rotavírus do grupo A, m as apenas cinco tipos (de GI a G4 e G9) são com uns. Em bora cepas de rotavírus hum anos com um elevado grau de hom ologia genética com cepas anim ais tenham sido identificadas, a transm issão dos anim ais p ara os seres hum anos não parece ser com um . ' Os rotavírus do grupo B foram associados a várias epide•jtí mias extensas de gastrenterite grave entre adultos na C hina a p artir de 1982 e tam bém foram identificados na índia. Os rotavírus do grupo C foram associados a um a porcentagem pequena dos casos pediátricos de gastrenterite em vários países dispersos pelo m undo todo.
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Diagnóstico A doença causada pelos rotavírus é difícil de diferenciar clinicam en te das infecções causadas p o r outros vírus entéricos. C om o grandes quantidades do vírus são elim inadas nas fezes, o diagnóstico geral m ente pode ser confirm ado po r vários ELISA disponíveis no com ér cio, ou pelas técnicas disponíveis para a detecção do RNA viral, in clusive eletroforese em gel, hibridização com sondas ou PCR.
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C0NSIDERAÇ0ES GLOBAIS TRATAMENTO
Infecções por rotavírus
A gastrenterite causada p o r rotavírus pode provocar d e sid rata ção grave. Desse m odo, o trata m e n to a p ro p riad o deve ser in i ciado im ediatam ente. A reidratação oral p a d ro n iz ad a é eficaz na m aioria das crianças que p o d em ingererir líquidos o ra lm e n te, m as a reposição com líquidos intravenosos p o d e ser n eces sária para pacientes com desidratação grave ou que n ão co n se guem to lerar a reposição oral em razão de vôm itos freqüentes. A utilidade terapêutica dos probióticos, do subsalicilato de b is m uto, dos inibidores da encefalinase e da n itazoxanida foi ava liada em estudos clínicos, m as não está claram ente definida. Os antibióticos e os agentes antim otilidade devem ser evitados. Nas crianças im u n o co m p ro m etid as com doença sintom ática c rô n i ca p o r rotavírus, a a d m in istraç ão oral de im u n o g lo b u lin a s ou colostro pode levar à resolução dos sintom as, p orém as m elh o res escolhas quan to aos fárm acos e suas doses não foram bem estudadas, e as decisões relativas ao trata m e n to são freq u e n te m ente em píricas.
Profilaxia Foram envidados esforços para desenvolver vacinas contra rotavírus porque ficou evidente - em vista de taxas de incidência sem elhan tes nos países industrializados e nos m enos desenvolvidos —, que a m elhora da higiene e do saneam ento provavelm ente não reduzia a incidência da doença. A prim eira vacina contra rotavírus, aprovada nos EUA em 1998, foi retirada do m ercado 1 ano depois porque foi associada à intussuscepção (obstrução intestinal grave). Em 2006, ensaios clínicos de grande porte realizados nos EUA, na E uropa e na A m érica L atina relataram resultados prom issores quanto à eficácia e à segurança de duas novas vacinas contra rotaví rus. Na atualidade, am bas as vacinas são recom endadas para im u n i zação rotineira de todos os lactentes norte-am ericanos, e o seu uso levou rapidam ente a um declínio das internações e visitas ao serviço de em ergência de hospitais nos EUA. N o M éxico, foi docum entado um declínio de m ortes p or diarréia infantil após a introdução da va cina contra rotavírus. Além disso, as inform ações de vigilância pós-comercialização não revelaram n en h u m a associação dessas vacinas a quaisquer eventos adversos graves (incluindo intussuscepção), em bora não se possa excluir um risco de baixa m agnitude com base nos dados disponíveis.
Os rotavírus são onipresentes e infectam quase todas as crianças até a idade de 5 anos em todos os países. Contudo, em com paração com a doença causada pelos rotavírus nos países industrializados, a doença observada nos países em desenvol vim ento ocorre em um a idade m ais baixa, tem m enos variação sazo nal e é causada mais frequentem ente p o r cepas incom uns desse vírus. Além disso, devido ao acesso subótim o da reidratação, o rotavírus é um a im portante causa de m orte p o r diarréia entre crianças nos paí ses em desenvolvim ento, e as taxas m ais elevadas de m ortalidade são observadas entre crianças da Á frica subsaariana e sul da Ásia (Fig. 190.3). A epidem iologia diferente da doença causada pelos rotavírus e a prevalência m ais alta de coinfecção p or outros patógenos entéricos, de com orbidades e de desnutrição nos países em desenvolvim ento podem afetar adversam ente o desem penho das vacinas contra rotaví rus orais, com o no caso das vacinas orais contra poliom ielite, cólera e febre tifoide nessas regiões. Por esse m otivo, foi recom endada especi ficam ente um a avaliação da eficácia das vacinas contra rotavírus nas regiões pobres da Á frica e da Ásia, e esses estudos clínicos já estão concluídos. C om o fora antecipado, a eficácia das vacinas dem ons trou ser m oderada (50 a 75%) nessas regiões, em com paração com a eficácia observada nos países industrializados. Todavia, até m esm o um a vacina contra rotavírus m oderadam ente eficaz tende a ter bene fícios consideráveis para a saúde pública nessas áreas de alta carga de doença. Tendo em vista essas considerações, a Organização M undial da Saúde, em abril de 2009, recom endou o uso das vacinas contra rotavírus em todos os países do m undo.
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■ OUTROS AGENTES VIRAIS DA GASTRENTERITE Os adenovírus entéricos dos sorotipos 40 e 41 pertencentes ao sub grupo F são vírus de 70 a 80 nm com DNA de filam ento duplo que causam cerca de 2 a 12% de todos os episódios de diarréia em crian ças pequenas. Ao contrário dos adenovírus que causam doenças res piratórias, os adenovírus entéricos são difíceis de cultivar em lin h a gens celulares, m as podem ser detectados com os ELISA disponíveis no comércio. Os astrovírus m edem de 28 a 30 nm , têm um a estrutura icosaé drica característica e contêm um genom a de RNA de filam ento duplo com sentido positivo. Existem no m ínim o 7 sorotipos identificados, entre os quais o sorotipo 1 é o m ais com um . Os astrovírus são p a tógenos que afetam p red o m inantem ente as crianças e causam cerca de 2 a 10% dos casos de gastrenterites b randa ou m oderada na faixa
Doenças Infecciosas < 10 m ortes 100.000 |
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Q d
10 a 50 m ortes p o r 100.000 100 a 500 m ortes p or 100.000
Figura 190.3 Taxa de m ortalidade por rotavírus por país, por 100.000 crianças de < 5 anos de idade. (Reproduzida, com autorização, de UD Parashar et al: J Infect Dis 200:S9,2009.)
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etária pediátrica. A disponibilidade de im unoensaios sim ples para detectar esses vírus em am ostras de fezes e de m étodos m oleculares para confirm ar e caracterizar as cepas p erm itirá um a avaliação mais abrangente do papel etiológico desses vírus. Os torovírus m edem de 100 a 140 nm , apresentam envoltório e contêm genom a de RNA de filam ento positivo. São reconhecidos como agentes etiológicos da gastrenterite nos cavalos (vírus de Berne) e no gado (vírus de Breda). Seu papel com o agente etiológico da diarréia dos seres hum anos ainda não está esclarecido, m as estudos realizados no C anadá dem onstraram correlações entre a excreção de torovírus e a gastrenterite nosocom ial e a enterocolite necrosante dos recém -nascidos. Essas associações precisam ser m ais bem estudadas. Os picobirnavírus são pequenos vírus bissegm entados de RNA de filam ento duplo e causam gastrenterite em vários anim ais. Seu papel como causa prim ária de gastrenterite nos seres h um anos ainda não está definido, mas vários estudos detectaram um a correlação entre os picobirnavírus e a gastrenterite dos adultos H lV-positivos. Vários outros vírus (p. ex., enterovírus, reovírus, pestivírus e parvovírus B) foram identificados nas fezes dos pacientes com d iar réia, m as seu papel etiológico na gastrenterite não foi confirm ado. A diarréia tam bém é um a m anifestação da infecção p or vírus recém -identificados que causam principalm ente doença respiratória grave: o coronavírus associado à síndrom e respiratória aguda grave (SARS-CoV), o vírus influenza A/H5N1 e a cepa pandêm ica atual do vírus influenza A /H IN I.
CAPÍTULO
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Enterovírus e Reovírus Jeffrey I. Cohen ENTEROVÍRUS ■ CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO
CF et al: Detection by PCR of eight groups of enteric pathogens in 4 ,6 2 7 fecal specimens: Re-examination of the English case-control Infectious In testinal Disease Study ( 1 9 9 3 - 1 9 9 6 ) . Eur J Clin Microbiol Infect Dis 2 6 :3 1 1 , 2007
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P i t z e r V E e t al: D e m o g r a p h i c v a r i a b il i ty , v a c c i n a t i o n , a n d t h e s p a t i o t e m p o r a l d y n a m i c s o f r o t a v i r u s e p id e m ic s . S c i e n c e R u iz -P a la c io s
G
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N
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(WC3)
354:23,2006
■ PATOGENIA E IMUNIDADE G rande p arte do que se conhece sobre a patogenia dos enterovírus originou-se dos estudos sobre a infecção p o r poliovírus. D epois da ingestão, o poliovírus parece infectar as células epiteliais da m ucosa do trato gastrintestinal e, em seguida, propagar-se e replicar-se nos tecidos linfoides subm ucosos das am ígdalas e nas placas de Peyer. Em seguida, o vírus propaga-se p ara os linfonodos regionais, h á um a fase de virem ia e os vírus replicam -se nos órgãos do sistem a reticuloendotelial. Em alguns casos, há um a segunda fase de virem ia e 0 ví rus replica-se ainda m ais em vários tecidos, algum as vezes causando doença sintom ática. A inda não está claro se o polio v íru s chega ao sistem a n e rv o so central (SNC) d u ra n te a virem ia, ou se tam bém se propaga p or m eio dos nervos periféricos. C om o a v irem ia o corre antes do in í cio da doença neurológica nos seres h u m an o s, presum e-se que o vírus chegue ao SNC p o r m eio da co rren te sanguínea. O receptor do poliovírus é um dos c om ponentes da superfam ília das im u n o globulinas. A infecção p o r poliovírus ocorre apenas nos prim atas, prin cip alm en te p o rq u e suas céhilas expressam o re ce p to r viral. E studos que m o strara m o recep to r do poliovírus na região da p la ca term in al do m úsculo da ju n ção n e u ro m u scu fa r sugeriram que, se o vírus entrasse no m úsculo d u ra n te a virem ia, ele p o d e ria ser tran sp o rta d o pela junção n e u ro m u scu lar até o axônio e chegar aos neurônios do corno anterior. E studos realizados com m acacos e ca m undongos transgênicos que expressavam o receptor do poliovírus d e m o n stra ram que, depois da injeção IM , o poliovírus não alcan çava a m edula espinal se o nervo ciático estivesse cortado. Em co n junto, essas observações sugerem que o poliovírus pode propagar-se diretam ente do m úsculo p a ra o SNC p o r via neural. A m olécula de adesão intercelular 1 (IC A M -1) é um dos receptores dos vírus C ox sackie A13, A18 e A21; o CA R para os vírus Coxsackie B; a integri na VLA-2 para os v írus Echo tipos 1 e 8; o CD55 para o enterovírus 70 e alguns sorotipos dos vírus Coxsackie A e B e do vírus Echo; e P-selectina, ligante de glicoproteína 1 e receptor de depuração B2 para 0 enterovírus 71.
Enterovírus e Reovírus
Os enterovírus são assim conhecidos p o r sua capacidade de m u lti plicar-se no trato gastrintestinal. A pesar do nom e, esses vírus não são agentes etiológicos im portantes da gastrenterite. Os enterovírus incluem 96 sorotipos hum anos: 3 sorotipos do poliovírus, 21 so ro tipos do vírus C oxsackie A, 6 sorotipos do vírus Coxsackie B, 28 sorotipos do vírus Echo, os enterovírus 68 a 71 e 34 novos e n te ro vírus (com eçando com 0 enterovírus 73), que foram identificados por técnicas m oleculares. Os vírus Echo 22 e 23 foram reclassificados com o parechovírus 1 e 2; foram identificados 12 parechovírus hum anos adicionais. Esses vírus causam um a doença sem elhante àquela p roduzida p o r echovírus. A vigilância dos enterovírus rea lizada nos EUA pelos C enters for D isease C ontrol and Prevention (CDC) em 2007-2008 m ostrou que o sorotipo m ais com um , o vírus Coxsackie B l, foi seguido, quanto à sua frequência, dos vírus echo 18, 9 e 6; em conjunto, esses quatro vírus representam 52% de todos os vírus isolados. Os enterovírus hu m an o s contêm um genom a de RNA de fila m ento sim ples circundado p o r um capsídio icosaédrico form ado de quatro proteínas virais. Esses vírus não possuem envoltório lipídico e ficam estáveis em am bientes ácidos, inclusive n o estôm ago. M os tram -se suscetíveis a p ro d u to s de lim peza c o n te n d o cloro, po rém são resistentes à inativação pelos d esinfetantes convencionais (p. ex., álcool, detergentes) e p o d em p e rsistir p o r dias à tem p e ra tu ra am biente.
BIBLIOGRAFIA Amar
1593
Em geral, o poliovírus pode ser isolado p o r cultura de am ostras de sangue dentro de 3 a 5 dias depois da infecção, antes do desen volvim ento dos anticorpos neutralizantes. E m bora a replicação viral nos locais secundários comece a dim inuir 1 sem ana após a infecção, ela persiste no trato gastrintestinal. O poliovírus é dissem inado pela orofaringe p or até 3 sem anas depois da infecção e pelo trato gastrin testinal por até 12 sem anas; os pacientes com hipogam aglobulinem ia podem propagar o poliovírus d urante m ais de 20 anos. D urante a replicação no trato gastrintestinal, o poliovírus oral atenuado pode sofrer m utações e assum ir um fenótipo m ais neurotóxico depois de alguns dias; entretanto, são provavelm ente necessárias m utações adi cionais para a neurovirulência completa. As im unidades, hum oral e secretória, do trato gastrintestinal são im portantes para o controle das infecções enterovirais. Os enteroví rus induzem a produção de IgM específica, que geralm ente persiste p or m enos de 6 meses, assim com o de IgG específica, que se estende p or toda a vida. A proteína capsídica VP1 é o alvo predom inante dos anticorpos neutralizantes, que geralm ente conferem proteção d u ra doura contra a doença subsequente causada pelo m esm o sorotipo, m as não im pedem a infecção ou a dissem inação do vírus. Os entero vírus tam bém estim ulam a im unidade celular, cujo significado p e r m anece incerto. Os pacientes com depressão da im unidade celular não parecem desenvolver doença excepcionalm ente grave quando são infectados p or enterovírus. Por o utro lado, as infecções graves dos pacientes com agam aglobulinem ia enfatizam a im portância da im unidade hum oral na erradicação das infecções enterovirais. Enteroviroses dissem inadas ocorrem nos receptores de transplantes de células hem atopoiéticas. Os anticorpos IgA são fundam entais para a redução da replicação e da propagação dos poliovírus pelo trato gas trintestinal. O leite m aterno contém IgA específica para enterovírus e pode proteger os seres hum anos contra a infecção.
■ EPIDEMIOLOGIA
Doenças Infecciosas 1594
Os enterovírus têm distribuição m undial. Mais de 50% das infecções p or enterovírus não poliovírus e m ais de 90% das infecções por poliovírus são subclínicas. Q uando há sinto mas, geralm ente são inespecíficos e estão associados a febre; apenas um pequeno núm ero de infecções está associado a síndrom es clínicas específicas. O período de incubação da m aioria das enteroviroses v a ria de 2 a 14 dias, mas geralm ente é m enor que 1 sem ana. A infecção por enterovírus é m ais com um nas regiões com con dições socioeconôm icas desfavoráveis, especialm ente onde há aglo m erações e nas áreas tropicais onde a higiene é precária. A infecção é mais com um nos lactentes e nas crianças pequenas, e a doença grave desenvolve-se mais frequentem ente nos prim eiros dias de vida e nas crianças m aiores e em adultos. Nos países em desenvolvim ento, nos quais as crianças são infectadas em um a idade m ais baixa, a infec ção p or poliovírus está associada m enos com um ente à paralisia; nos países com m elhores condições de higiene, as crianças m aiores e os adultos têm mais tendência a ser soronegativos, a adquirir a infecção e a desenvolver paralisia. Os anticorpos m aternos adquiridos passiva m ente reduzem o risco de infecção sintom ática dos recém -nascidos. As crianças pequenas são os propagadores m ais com uns dos en te rovírus e geralm ente são os casos-índice nos surtos familiares. Nas regiões de clim a tem perado, as infecções p or enterovírus são m ais com uns no verão e no outono, m as não há um padrão sazonal nas regiões tropicais. A m aioria dos enterovírus é tran sm itid a p re d o m in a n te m e n te p or via orofecal ou oral-oral. Os pacientes são m ais contagiosos pouco antes e logo depois do início da doença sintom ática, quando o vírus está presente nas fezes e na garganta. A ingestão de alim en tos ou água contam inada pelo vírus tam bém pode causar doença. Alguns enterovírus (com o o enterovírus 70, que causa conjuntivite hem orrágica aguda) podem ser transm itidos p o r inoculação direta dos dedos nos olhos. A transm issão pelo ar é im portante para alguns vírus que causam doença respiratória, inclusive o vírus Coxsackie A21. Os enterovírus podem ser transm itidos da m ãe para o feto pela
placenta, causando doença grave no recém -nascido. A transm issão dos enterovírus por transfusões sanguíneas ou picadas de insetos não foi com provada. A dissem inação nosocom ial dos vírus Coxsackie e vírus Echo ocorre nas enferm arias dos hospitais.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Infecção por poliovírus A m aioria das infecções p o r poliovírus é assintom ática. Depois de um perío d o de incubação de 3 a 6 dias, cerca de 5% dos pacientes desenvolvem doença leve (poliom ielite abortada) evidenciada por febre, m al-estar, d or de garganta, anorexia, m ialgias e cefaleia. Em geral, essa condição regride em 3 dias. Cerca de 1% dos pacientes de senvolvem m eningite asséptica (poliom ielite não paralítica). O exa m e do líquido cerebrospinal (LCS) dem onstra pleocitose linfocítica, concentração norm al de glicose e proteínas norm ais ou ligeiram ente aum entadas; os leucócitos polim orfonucleares podem ser encontra dos no LCS nas fases iniciais. Em alguns pacientes, principalm ente nas crianças, o m al-estar e a febre ocorrem antes do início da m enin gite asséptica.
Poliomielite paralítica
A apresentação clínica m enos com um é a doença paralítica. Depois de um a vários dias, os sinais e os sintom as da m eningite asséptica são seguidos p o r dores graves nas costas, no pescoço e nos m úsculos e pelo desenvolvim ento rápido ou gradativo de fraqueza m otora. Em alguns casos, a doença parece ser bifásica com m eningite asséptica seguida p rim e iram en te de recuperação aparente, m as depois (1 a 2 dias) pelo reaparecim ento da febre e o desenvolvim ento da paralisia; esta form a é m ais com um nas crian ças do que nos adultos. A fraqueza geralm ente é assim étrica, mais proxim al do que distai e pode afetar as pernas (m ais com um ente); os braços; ou os m úsculos abdom inais, torácicos ou bulbares. A para lisia desenvolve-se d urante a fase febril da doença e geralm ente não progride depois que a febre regrediu. Tam bém pode haver retenção urinária. O exam e detecta fraqueza, fasciculações, redução do tônus m uscular e dim inuição ou supressão dos reflexos nas áreas afetadas. Em alguns casos, a perda dos reflexos é precedida p or hiper-reflexia transitória. Os pacientes com um ente referem sintom as sensoriais, m as os testes sensoriais objetivos geralm ente estão norm ais. A p ara lisia bulbar pode causar disfagia, dificuldade de elim inar as secreções ou disfonia. Alguns pacientes podem desenvolver insuficiência respi ratória secundária à aspiração, acom etim ento do centro respiratório do bulbo, ou paralisia do nervo frênico ou dos intercostais; o acom e tim ento grave do bulbo pode causar colapso circulatório. A m aioria dos pacientes com paralisia recupera parte da função em sem anas ou m eses após a infecção. Cerca de 66% dos pacientes têm seqüelas neurológicas residuais. A doença paralítica é m ais com um nos indivíduos idosos, nas gestantes e nos pacientes que realizavam atividades extenuantes ou que sofreram trau m atism o p o r ocasião dos sintom as referidos ao SNC. A tonsilectom ia predispõe à poliom ielite bulbar e as injeções IM aum entam o risco de paralisia do(s) m em bro^s) afetado(s).
Poliomielite associada à vacina
Até recentem ente, a poliom ielite causada pelo poliovírus vacinai o co rria n o s EUA. O risco de d esen volver poliom ielite depois da vacinação o ral foi estim ado em 1 caso p o r 2,5 m ilhões de doses. O risco é cerca de 2.000 vezes m aior entre os pacientes im unossuprim idos, especialm ente nos indivíduos com hipogam aglobulinem ia ou agam aglobulinem ia. Até 1997, ocorriam anualm ente nos EUA em m édia oito casos de poliom ielite associada à vacina - tanto em indivíduos vacinados quanto em seus contatos. C om a alteração das recom endações, p rim e iram en te p ara um es quem a seqüencial, com vacina de poliovírus inativado (VPI) e va cina de poliovírus oral (V PO ) em 1997 e, depois, para u m esquem a com pleto com VPI em 2000, o nú m ero de casos de pólio associado à vacinação dim inuiu. E ntre 1997 e 1999, foram notificados seis casos desse tipo nos EUA, m as a p a rtir de 1999 não foram notificados novos casos.
Síndrome pós-pólio A síndrome pós-pólio evidencia-se p o r recidi va de fraqueza, fadiga, fasciculações e do r com atrofia adicional do grupo m uscular afetado durante a doença paralítica inicial ocorrida de 20 a 40 anos antes. Essa síndrom e é m ais com um nas m ulheres e com períodos longos depois da doença aguda. Em geral, o início é insidioso e ocasionalm ente a fraqueza estende-se a m úsculos que não foram acom etidos na doença inicial. O prognóstico geralm ente é bom e a progressão da fraqueza geralm ente é lenta, com períodos de estabilização de 1 a 10 anos. A síndrom e pós-pólio parece ser decor rente da disfunção progressiva e da perda dos neurônios m otores que com pensavam os neurônios perdidos durante a infecção inicial e não da persistência ou da reativação da infecção pelo poliovírus.
Outros enterovírus A lgum as estim ativas sugerem que, nos EUA, oco rram cerca de 5 a 10 m ilhões de casos de doença sintom ática associada a outros e n terovírus não poliovírus. E ntre os recém -nascidos, os enterovírus são os agentes etiológicos m ais com uns da m en in g ite asséptica e das doenças febris inespecíficas. A lgum as sín d ro m es clínicas são causadas m ais provavelm ente p o r determ in ad o s sorotipos (Q u a d ro 191.1).
Doença febril inespecífica (gripe do verão) A apresentação clínica mais com um das infecções por enterovírus é um a doença febril ines pecífica. Depois de um período de incubação de 3 a 6 dias, os pacien tes apresentam febre de início súbito, m al-estar e cefaleia. Em alguns casos, tam bém há sinais e sintom as associados às vias respiratórias superiores e alguns pacientes têm náuseas e vôm itos. Em geral, os sintom as estendem -se po r 3 a 4 dias e a m aioria dos casos regride em 1 sem ana. Enquanto as infecções causadas por outros vírus respirató rios são m ais com uns no final do outono e no início da prim avera, a doença febril causada pelos enterovírus com um ente ocorre no verão e no início do outono. Doença generalizada do recém-nascido
N os lactentes, as enteroviroses m ais graves desenvolvem-se na prim eira sem ana de vida, em bora a doença grave possa ocorrer até o terceiro m ês de vida. Em geral, os recém -nascidos apresentam um a doença sem elhante à sepse bac teriana com febre, irritabilidade e letargia. E ntre as anorm alidades laboratoriais estão a leucocitose com desvio à esquerda, trom bocito penia, elevações das provas de função hepática e pleocitose no LCS. A doença pode ser com plicada p o r m iocardite e hipotensão, h e p a tite fulm inante e coagulação intravascular dissem inada, m eningite ou m eningoencefalite, ou pneum onia. Pode ser difícil diferenciar a infecção neonatal por enterovírus da sepse bacteriana, em bora a h is tória de um a doença viral recente da m ãe seja um indício a favor da prim eira hipótese.
Meningite e encefalite assépticas Em crianças e adultos jovens, os enterovírus causam até 90% dos casos de m eningite asséptica, nos quais é possível identificar o agente etiológico. Os pacientes com m eningite asséptica geralm ente têm febre de início súbito, calafrios, cefaleia, fotofobia e dor ao m ovim entar os olhos. N áuseas e vôm itos tam bém são comuns. O exame físico evidencia m eningism o sem si nais neurológicos de localização, m as tam bém pode haver sonolên cia ou irritabilidade. Em alguns casos, pode ser descrita um a doença febril que regride, m as reaparecem vários dias depois com sinais e sintom as de m eningite. O utras m anifestações sistêmicas podem for necer indícios da etiologia enteroviral, inclusive diarréia, mialgias, erupção, pleurodinia, m iocardite e h erpangina. O exam e do LCS sem pre detecta pleocitose; a contagem de células do LCS revela um desvio do predom ínio de neutrófilos para linfócitos dentro de 1 dia após a apresentação, e a contagem total de células não ultrapassa 1.000/jxL. O nível de glicose do LCS está habitualm ente norm al (em contraste com os baixos níveis de glicose do LCS na caxum ba), com concentração de proteína norm al ou ligeiram ente elevada. Em alguns casos, pode ser particularm ente difícil excluir a m eningite bacteriana parcialm ente tratada. A m eningite enteroviral é m ais com um no ve-
QUADR0191.1 Manifestações clínicas comumente associadas aos sorotipos de enterovírus Sorotipo(s) do vírus indicado Manifestação clínica
Vírus Coxsackie
Vírus Echo (E) e Enterovírus (Ent)
Conjuntivite hemorrágica aguda
A24
E70
Doença da mão-pé-boca
A 5 ,7 ,9 ,1 0 ,1 6 ; B l, 2 ,5
Ent 71
Doença generalizada do recém-nascido
B1 a 5
E 4 a 6 ,7 ,9 ,1 1 ,1 4 , 16 ,18 ,19
Encefalite
A9; B1 a 5
E3,4 ,6 ,9 ,1 1 ,2 5 ,3 0 ; Ent 71
Exantema
A 4 ,5 ,9 ,1 0 ,1 6 ; B l, 3a5
E 4 a 7 ,9 ,1 1 ,1 6 a 19, 25, 30; Ent 71
Herpangina
A1 a 10 ,16 ,22 ; B1 a 5
E6,9 ,1 1 ,1 6 ,1 7 ,2 5 , 30; Ent 71
Meningite asséptica
A 2 ,4 ,7 ,9 ,1 0 ; B1 a 5
E4,6 ,7 ,9 ,1 1 ,1 3 ,1 6 , 18 ,19 ,30 ,33 ; Ent 70,71
Miocardite, pericardite
A 4 ,9,16; B1 a 5
E6, 9 ,1 1 ,2 2
Paralisia
A 4 ,7,9 ; B1 a 5
E2,4 ,6 ,7 ,9 ,1 1 ,1 8 , 30; Ent 70,71
Pleurodinia
A 1 .2 .4 , 6 ,9 ,1 0 ,1 6 ; B1 a 6
E1 a 3 ,6,7 ,9 ,1 1 ,1 2 , 1 4,16,19, 24,25, 30
Pneumonia
A9.16; B1 a 5
E6,7 ,9 ,1 1 ,1 2 ,1 9 , 20,30; Ent 68,71
rão e no outono nas regiões tem peradas, enquanto a m eningite viral de outra etiologia é m ais freqüente no inverno e na prim avera. Em geral, os sinais e os sintom as regridem em 1 sem ana, em bora as anor m alidades do LCS possam persistir p o r várias sem anas. A m eningite enteroviral geralm ente é m ais grave nos adultos do que nas crianças. As seqüelas neurológicas são raras e a m aioria dos pacientes tem um prognóstico excelente. A encefalite enteroviral é m u ito m en o s c o m u m que a m e n in gite asséptica causada p o r enterovírus. A lguns casos de m eningite enteroviral com inflam ação grave p o d e m ser com plicados p o r um a form a b ran d a de encefalite que se evidencia p o r letargia p ro g res siva, d eso rien tação e convulsões em alguns casos. M enos c o m u m ente, os pacientes p o d e m desenvolver encefalite p rim ária grave. Cerca de 10 a 35% dos casos de encefalite viral são a trib u íd o s a enterovírus. Em geral, os pacientes im u n o c o m p eten te s têm p ro g nóstico favorável. Os pacientes com hipogam aglobulinem ia oji agam aglobulinem ia, ou com im unodeficiência com binada grave p odem desenvolver m eningite ou encefalite crônica; cerca de 50% destes pacientes apresentam um a síndrom e sem elhante à derm atom iosite com edem a periférico, erupção e m iosite. Esses pacientes tam bém podem desenvolver hepatite crônica. D urante o tratam ento de reposição com im unoglobulina, os pacientes po d em desenvolver doença n euroló gica. Os vírus Echo (especialm ente o tipo 11) são os patógenos mais com uns nesses casos. A doença paralítica causada pelos entero v íru s não poliovírus ocorre esp o rad icam en te e, em geral, é m en o s grave que a p o lio mielite. A m aioria dos casos é causada pelos enterovírus 70 ou 71, ou pelos vírus C oxsackie A7 ou A9. A síndrom e de G uillain-B arré tam bém está associada às enteroviroses. E m bora alguns estudos te nham sugerido u m a associação entre os enterovírus e a síndrom e da fadiga crônica, estudos m ais recentes não com provaram tal cor relação.
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^ o :5 00
1595
Doenças Infecciosas 1596
Pleurodinia (doença de Bornholm)
Os pacientes com p leu ro d in ia têm febre de início súbito e espasm os de d o r torácica p leurítica ou abdom inal alta. A d o r torácica é m ais com um nos adultos, e n q u a n to a d o r abdom inal é m ais freqüente nas crianças. Os paroxism os de d o r intensa sem elhante a facadas geralm ente se e sten d em p o r 15 a 30 m in u to s e estão associados a sudorese e taquipneia. A fe bre atinge o pico 1 h o ra depois do início dos paroxism os e regride q u an d o a d or desaparece. Os m ú scu lo s afetados ficam dolo rid o s à palpação e pode ser detectad o atrito pleural. A leu co m etria e as radiografias do tórax geralm ente são norm ais. A m aio ria dos casos é causada pelo vírus C oxsackie B e o co rre d u ra n te as epidem ias. O s sinais e os sintom as regridem em alguns dias e é raro o c o rre r recidiva. O tratam e n to consiste na a d m in istração de agentes anti-inflam atórios não esteroides ou na aplicação de calor aos m ú sc u los afetados.
infecção p o r enterovírus 71 ocorrida em Taiwan causou m ilhares de casos da doença da m ão-pé-boca, ou herpangina. As complicações graves incluíam doença do SNC, m iocardite e hem orragia pulm onar. Cerca de 90% dos óbitos envolveram crianças < 5 anos de idade, e a m orte foi associada ao edem a ou à hem orragia pulm onar. A doença do SNC consistia em m eningite asséptica, paralisia flácida (sem e lhante àquela observada na poliom ielite) ou rom boencefalite com m ioclonia e trem or ou ataxia. A m édia de idade dos pacientes com complicações referidas ao SNC era de 2,5 anos e a RM realizada nos casos de encefalite em geral m ostrou lesões no tronco encefálico. O acom panham ento dessas crianças p o r 6 m eses m ostrou persistência de disfagia, paralisias dos nervos cranianos, hipoventilação, fraqueza dos m em bros e atrofia; com 3 anos, foram docum entadas seqüelas neurológicas persistentes, com retardo do desenvolvim ento e com prom etim ento da função cognitiva.
Miocardite e pericardite D e acordo com algum as estim ativas, os enterovírus parecem causar 33% dos casos de m iocardite aguda. O vírus Coxsackie B e seu RNA foram detectados no líquido pericárdico e nos tecidos m iocárdicos de alguns pacientes com m iocardite e pericardite agudas. A m aioria dos casos de m iocardite ou pericar dite enteroviral ocorre nos recém -nascidos, nos adolescentes ou nos adultos jovens. M ais de 66% dos pacientes são do sexo m asculino. Em geral, os pacientes apresentam u m a infecção das vias resp irató rias superiores, seguida de febre, d o r torácica, dispnéia, arritm ias e insuficiência cardíaca em alguns casos. Em cerca de 50% dos casos, é possível detectar a trito pleural e o eletrocardiogram a m ostra ele vação do segm ento ST ou anorm alidades de ST ou da onda T. Os níveis séricos das enzim as m iocárdicas geralm ente estão elevados. Os recém -nascidos frequentem ente têm doença grave, en q u an to a m aioria das crianças m aiores e dos adultos recupera-se p o r c o m pleto. Até 10% dos casos pro g rid em p a ra m io card io p atia dilatada crônica. A pericard ite constritiva crônica tam b ém p o d e ser um a seqüela da doença.
Herpangina A herpangina com frequência é causada pelo vírus C o xsackie A e evidencia-se p or febre de início súbito, dor de garganta, odinofagia e lesões papulovesiculosas b ranco-acinzentadas sobre um a base eritem atosa que depois ulceram (Fig. 191.1C). As lesões podem persistir p or algum as sem anas; são evidentes no palato mole, nos pilares anteriores das am ígdalas e na úvula; e concentram -se na parte posterior da boca. Ao contrário da estom atite herpética, a her pangina enteroviral não está associada a gengivite. A faringite linfon odular aguda causada pelo vírus Coxsackie A10 evidencia-se por nódulos brancos ou am arelos circundados p o r eritem a na orofaringe posterior. As lesões não se ulceram .
Exantemas Os enterovírus são as principais causas dos exantem as das crianças d urante os m eses de verão e outono. E m bora os ex an tem as estejam associados a vários enterovírus, alguns tipos foram relacionados com síndrom es específicas. O s vírus Echo 9 e 16 estão frequentem ente associados à exantem a e febre. As erupções p o d em ser discretas ou confluentes, com eçam n a face e espalham -se p ara o tronco e as extrem idades. O vírus Echo 9 é o agente etiológico m ais com um de um a erupção ru b eo lifo rm e (distinta). Ao c o n trá rio do exantem a da rubéola, a erupção enteroviral ocorre n o verão e não está associada a linfadenopatia. E rupções sem elh an tes à roséola surgem depois que a febre regride e evidenciam -se p o r m áculas e pápulas na face e no tronco. O exantem a de B oston, causado pelo vírus Echo 16, é u m a erupção sem elhante à roséola. V árias outras e ru p çõ es foram associadas aos en te ro v íru s, inclusive o e ritem a m u ltiform e (ver Fig. e-7.25) e lesões vesiculosas, urticarifo rm es, p eteq u iais ou p u rp ú rica s. T am bém p o d e m o c o rre r e n an tem a s, com lesões sem elhantes às m an ch as de K oplik do saram p o (ver Fig. e-7.2). Doença da mão-pé-boca
Depois de u m p eríodo de incubação de 4 a 6 dias, os pacientes com a doença m ão-pé-boca apresentam febre, anorexia e m al-estar; essas m anifestações são seguidas p or d o r de garganta e vesículas (Fig. 191.1 A; ver tam b ém a Fig. e-7.23) na m u cosa oral (em geral, na língua) e depois pelo aparecim ento de lesões vesiculosas dolorosas no dorso das m ãos, algum as vezes com aco m etim ento das palm as. As vesículas podem form ar bolhas e ulcerar rapidam ente. Cerca de 33% dos pacientes tam bém apresentam lesões no palato, na úvula ou nos pilares am igdalares e 33% têm erupção nos pés (inclusive nas plantas) ou nas nádegas (ver Fig. 191.1U). A doença é altam ente contagiosa, com índices de infecção em to r no de 100% nas crianças pequenas. Em geral, as lesões regridem no decorrer de 1 sem ana. A m aioria dos casos é provocada pelo vírus Coxsackie A16 ou pelo enterovírus 71. Em 1998, u m a epidem ia de
Conjuntivite hemorrágica aguda
O s p a cien te s com con ju n tiv ite h em orrágica aguda ap resen tam início súbito de d o r ocu lar grave, b o rra m e n to visual, fotofobia e secreção o c u la r aquosa. O exam e detecta edem a, quem ose e h e m o rra g ia subconjuntival e co m u m e n te tam b é m evidencia ceratite p u n tifo rm e e folículos conjuntivais (Fig. 191.1D). G eralm ente h á lin fa d en o p a tia pré-auricular. E pide m ias e os surtos h ospitalares foram associados ao enterovírus 70 e ao vírus C oxsackie A24. C erca de 20% dos pacientes desenvolvem m anifestações sistêm icas com cefaleia e febre e a recuperação ge ralm ente é com pleta em 10 dias. O início súbito e a c u rta duração da d o en ça ajudam a diferen ciar a c onjuntivite h e m o rrá g ic a agu da de outras infecções oculares, inclusive as que são causadas p or adenovírus e Chlam ydia trachomatis. A lguns casos de conjuntivite h em o rrág ica epidêm ica causada pelo e n te ro v íru s 70 foram asso ciados à paralisia.
Outras manifestações clínicas
Os enterovírus são agentes etiológicos incom uns de pneu m o n ia e resfriados com uns na infância. O vírus Coxsackie B foi isolado à necropsia do pâncreas de algum as crianças com diabetes m elito tipo 1; entretanto, a m aioria das tentativas de isolar o vírus foi infrutífera. O utras doenças associadas aos entero vírus são a parotidite, bronquite, bronquiolite, o crupe, a linfocitose infecciosa, polim iosite, artrite aguda e nefrite aguda.
■ DIAGNÓSTICO
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O isolam ento de enterovírus em cultura de células é o m étodo diag nóstico tradicional. E m bora as culturas de fezes ou das secreções nasofaríngeas ou faríngeas de pacientes-com doenças associadas aos enterovírus sejam possíveis em m uitos casos, o isolam ento do ví rus desses locais não com prova que esteja diretam ente associado à doença porque essas estru tu ras ficam com um ente colonizadas por várias sem anas em pacientes com infecções subclínicas. O isolam en to do vírus da garganta está m ais provavelm ente associado à doença do que seu isolam ento das fezes, porque os enterovírus são dissem i nados da orofaringe p o r períodos m ais curtos. As culturas de LCS, soro, líquido das cavidades corporais ou tecidos são m enos com u m ente positivas, m as os resultados positivos indicam doença causada por enterovírus. Em alguns casos, o vírus é isolado apenas do sangue ou do LCS; p or esta razão, é im p o rta n te cultivar am ostras obtidas de vários locais. As culturas têm m ais chances de ser positivas nas
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Coxsackie. D. Conjuntivite hemorrágica aguda causada pelo enterovírus 71. (As ima gens foram reproduzidas com autorização do Red Book 2009: Committee on Infectious Diseases, 28th ed. Usadas com autorização da American Academy of Pediatrics.)
fases iniciais da infecção. A m aioria dos enterovírus hum anos pode ser detectada l sem ana depois da inoculação em culturas de células. As culturas podem ser negativas em razão da presença de anticorpos neutralizantes, da falta de suscetibilidade das células utilizadas, ou do m anuseio inadequado da am ostra. O vírus Coxsackie A pode exigir a inoculação em linhagens celulares de cultura especiais, ou em ca m undongos lactentes. A identificação do sorotipo do enterovírus é útil prin cip alm en te em estudos epidem iológicos e, com poucas exceções, tem pouca utilidade clínica. É im portante identificar as infecções graves p o r e n terovírus durante as epidem ias e diferenciar entre a cepa vacinai do poliovírus de outros enterovírus presentes na garganta ou nas fezes. Am ostras de fezes ou secreções faríngeas para cultura e tam bém es pécim es de soro das fases aguda e de convalescença devem ser obti das de todos os pacientes sob suspeita de poliom ielite. Se o resultado da cultura do LCS for negativo, um a cultura de fezes positiva obtida
no decorrer das 2 prim eiras sem anas depois do ifnício dos sintom as é m ais com um ente utilizada p a ra confirm ar o diagnóstico de polio mielite. Se houver suspeita de infecção p o r poliovírus, devem ser ob tidas duas ou mais am ostras de fezes e raspados faríngeos com inter valo m ínim o de 1 dia, que são enviados para cultura de enterovírus o mais rapidam ente possível. Se o poliovírus for isolado, o m aterial deve ser enviado ao C D C para diferenciação entre as cepas vacinais ou o vírus natural. A reação em cadeia da polim erase (PCR) tem sido utilizada para am plificar o ácido nucleico viral presente no LCS, no soro, na urina, nos raspados faríngeos e nos tecidos. Um ensaio de PCR para panenterovírus consegue d etectar to d o s os enterovírus hum anos. C om os controles apropriados, a PC R do LCS é altam ente sensível (70 a 100%) e específica (> 80%) e fornece resultados m ais rápidos do que a cultura. A PCR do LCS tem m enos probabilidade de ser positiva quando os pacientes apresentam -se d entro de 3 dias ou m ais após o
Enterovírus e Reovírus
Figura 191.1 A Vesículas hipersensíveis na boca de um paciente com doença da mão-pé-boca. B. Vesículas no tendão do calcâneo em um paciente com doença da mão-pé-boca. C. Lesões do palato mole causadas pela herpangina devido ao vírus
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início da m eningite ou com infecção pelo enterovírus 71; nesses ca sos, deve-se considerar a realização de PCR de swabs da faringe ou do reto, em bora seja m enos específica do que a PCR do LCS. A PCR do soro tam bém é altam ente sensível e específica do diag nóstico de doença generalizada. A PCR pode ser particularm ente útil para o diagnóstico e o acom panham ento da doença enteroviral de pacientes im unossuprim idos tratados com im unoglobulinas, cujas culturas virais podem ser negativas. A detecção do antígeno é m enos sensível do que a PCR. O diagnóstico sorológico da infecção p or enterovírus é dificul tado pelo grande núm ero de sorotipos e pela inexistência de um an tígeno em com um . A dem onstração da soroconversão pode ser útil em casos raros para confirm ar os resultados da cultura, m as os testes sorológicos geralm ente ficam lim itados aos estudos epidem iológicos. O soro deve ser obtido e congelado logo depois do início da doença e novam ente cerca de 4 sem anas depois. A determ inação dos títulos do anticorpo neutralizante é o m étodo mais preciso de identificação do anticorpo, enquanto a dosagem dos títulos de fixação do com ple m ento geralm ente é m enos sensível. Os títulos de IgM específica para o vírus estão elevados nas infecções agudas e crônicas.
TRATAMENTO
Infecções por enterovírus
Doenças Infecciosas
A m aioria das infecções p or enterovírus é branda e regride espon taneam ente; contudo, podem ser necessárias m edidas intensivas de suporte caso haja doenças cardíaca, hepática ou do SNC. A im unoglobulina IV, intratecal ou intraventricular tem sido utili zada com aparente sucesso em algunas casos para o tratam ento da m eningoencefalite crônica po r enterovírus e da derm ato m io site dos pacientes com hipogam aglobulinem ia ou agam aglobuli nem ia. A doença pode estabilizar-se ou regredir du ran te o tra tam ento, m as alguns pacientes pioram inexoravelm ente, apesar do tratam ento. C om frequência, a im unoglobulina IV im pede a ocorrência de doença grave p or enterovírus nesses pacientes. A adm inistração por via intravenosa de im unoglobulina com altos títulos de anticorpos contra o vírus infectante foi efetuada em al guns casos de infecção potencialm ente fatal de recém -nascidos, que podem não ter anticorpos adquiridos das m ães. Em um a ex periência com recém -nascidos portadores de infecções po r en te rovírus, a im unoglobulina com títulos m uito altos de anticorpo contra o vírus infectante reduziu os níveis de virem ia; entretanto, esse estudo foi m uito pequeno para d e m onstrar algum benefício clínico expressivo. O nível de anticorpos contra os enterovírus varia com a preparação de im unoglobulina. E m bora um estudo clínico de fase 2 do pleconaril para a doença neonatal grave p o r enterovírus esteja em andam ento, o fárm aco não está m ais dispo nível para uso compassivo. Os glicocorticoides estão co n train d i cados. As práticas rigorosas de lim peza das m ãos e a utilização de aventais e luvas são im portantes para lim itar a transm issão h o s pitalar dos enterovírus durante as epidem ias. As precauções enté ricas estão indicadas p or 7 dias depois do início da infecção p or enterovírus.
■ PROFILAXIA E ERRADICAÇÃO DO POLIOVÍRUS (Ver tam bém o Cap. 122.) Depois de um m áxim o de 57.879 casos de poliom ielite nos EUA em 1952, a introdução da vacina inativada em 1955 e da vacina oral em 1961 finalm ente erradicou a doença causa da pelo poliovírus natural no hem isfério ocidental. Essa doença não tem sido notificada nos EUA desde 1979, quando ocorreram alguns casos entre grupos religiosos que recusaram a vacinação. No hem is fério ocidental, o últim o caso de paralisia atribuída ao poliovírus n a tural foi docum entado em 1991. Em 1988, a Organização M undial de Saúde adotou um a resolu ção para erradicar a poliom ielite até o ano 2000. Entre 1988 e 2001, o núm ero de casos m undiais dim inuiu em m ais de 99%, com m enos
1598
de 1.000 casos confirm ados notificados em 2001. C ontudo, em 2002, houve cerca de 1.900 casos de pólio, dos quais pouco m ais de 1.500 na índia. O poliovírus natural tipo 2 não é detectado m undialm en te desde 1999. As A m éricas receberam a certificação de continentes livres da transm issão do poliovírus natural em 1994, a região do Pa cífico ocidental em 2000 e a E uropa em 2002. O núm ero total de ca sos m undiais caiu para níveis m ínim os de 498 em 2001. No entanto, entre 2002 e 2005, 21 países que já haviam erradicado a pólio notifi caram casos im portados de 6 países endêm icos para esta doença. Em 2006, a transm issão da pólio havia sido reduzida na m aioria desses 21 países. Em 2009, foram notificados 1.781 casos de pólio; 80% ocor reram na índia, Nigéria, Paquistão e A feganistão, os únicos países onde a pólio perm anece endêm ica (Q u a d ro 191.2). A pólio é um m otivo de preocupação para pessoas que viajam, m as que não foram vacinadas ou que estão apenas parcialm ente im unizadas. A im porta ção do poliovírus em 20 países foi responsável p o r 20% dos casos em 2009. O núm ero de casos de pólio natural perm aneceu relativamente constante de 2005 a 2009, com 1.315 a 1.997 casos p or ano. Os países que notificaram casos de pólio natu ral em 2010, m as não em 2009, incluíram Tajiquistão, Senegal e Nepal. Os surtos de pólio da Europa e da Am érica do N orte foram atribuídos a casos im portados do sub continente indiano. Evidentem ente, a erradicação m undial da pólio é necessária para elim inar o risco de im portação do vírus natural. Os surtos parecem ter sido facilitados p or índices de cobertura da vacina abaixo do ideal, p o r focos isolados de crianças que não foram va cinadas, po r condições precárias de saneam ento e aglom eração, p or condições inadequadas de arm azen am en to da vacina e pelo baixo nível de resposta a um dos sorotipos presentes na vacina. Em bora a cam panha de erradicação m undial tenha reduzido expressivam ente o núm ero de casos de pólio endêm ica, surgiram dúvidas quanto a se a erradicação seria um a m eta realista, tendo em vista o grande núm ero de infecções assintom áticas e a instabilidade política dos países em desenvolvim ento. A ocorrência de surtos de poliom ielite devido ao poliovírus vaci nai circulante de todos os três tipos tem aum entado, particularm ente em áreas com baixas taxas de vacinação. No Egito, ocorreram 32 ca sos de pólio vacinai entre 1983 e 1993; na República D om inicana e no H aiti, houve 22 casos em 2000-2001; na Indonésia, foram relatados 46 casos em 2005; na N igéria, 292 casos ocorreram entre 2005 e 2009;
QUADR0191.2 Casos de poliomielite confirmados no laboratório em 2009 I País
Tipo de transmissão
N° de casos
índia
Endêmica
752a
Nigéria
Endêmica
541b
Paquistão
Endêmica
89
Chade
Importada
66
Sudão
Importada
45
Guiné
Importada
43c
Afeganistão
Endêmica
38
Angola
Importada
29
Costa do Marfim
Importada
26
Outros'1
Importada
142
0utrosc
Vírus vacinai
Total
10 1.781
3Desses casos, 11 foram do tipo vacinai. ‘Desses casos, 153 foram do tipo vacinai, tlesses casos, 1 foi do tipo vacinai. ‘'Benim, 20; Quênia, 19; Burkina Faso, 15; Nigéria, 15; República da África Central, 14; Mauri tânia, 13; Libéria, 11; Sierra Lone, 11; Uganda, 8; Togo, 6; Camarões, 3; República Democrática do Congo, 3; Burundi, 2; Mali, 2. 'República Democrática do Congo, 4; Somália, 4; Etiópia, 2. Fonte: Organização Mundial da Saúde.
REOVÍRUS Os reovírus são vírus RNA de dupla hélice com três sorotipos. Es tudos sorológicos indicaram que a m aioria dos seres hum anos é in fectada pelos reovírus na infância. A m aioria das infecções é assin-
QUADRO 1 9 1 .3
Recomendações para a vacinação de adultos
contra a pólio 1. Nos EUA, a maioria dos adultos foi vacinada na infância e tem pouco risco de expor-se ao vírus natural desse país. A imunização é recomendada para os indivíduos sob risco mais alto de exposição do que a população geral, inclusive: a. Pessoas que viajarão para regiões em que o poliovírus é ou pode ser epidêmico ou endêmico; b. Membros de comunidades ou grupos populacionais com doença causada pelos poliovírus naturais; c. Profissionais de laboratórios que manuseiam espécimes que possam conter poliovírus natural; e d. Profissionais de saúde que trabalham em contato direto com pacientes que possam estar eliminando poliovírus natural 2. Para os adultos que precisam ser vacinados, recomendam-se três doses da VPI. A segunda dose deve ser aplicada 1 a 2 meses após a primeira; a terceira dose deve ser administrada 6 a 12 meses após a segunda. 3. Os adultos sob risco mais alto de exposição ao poliovírus natural e que já concluíram a imunização primária devem receber uma única dose da VPI. Os adultos que não completaram o esquema de imunização primária devem receber as doses restantes da VPI Atola; VPI, vacina de poliovírus inativado. Fonte: Modificado de Pickering LK, ed. Redbook 2006: Committee on Infectious Diseases, 27th ed. Usado com autorização da American Academy of Pediatrics.
tom ática ou causa doença m uito branda. U m surto de infecção por reovírus em crianças resultou em sintom as brandos referidos às vias respiratórias superiores. Os reovírus são considerados causas raras de gastrenterite branda nos lactentes e nas crianças. A especulação quanto à associação do reovírus tipo 3 com a hepatite neonatal idio pática e com a atresia biliar extra-hepática baseia-se na alta preva lência de anticorpos para esse vírus em alguns desses pacientes e na detecção do RNA viral p or PCR em tecidos hepatobiliares em alguns estudos. Dois novos o rtorreovírus (vírus M elaka e K am par) foram associados a febre e doença respiratória aguda na Malásia.
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K u p ilia L
L ee
Enterovírus e Reovírus
na República D em ocrática do Congo, foram notificados 20 casos e n tre 2005 e 2009; e ocorreram m enos casos em outros países. Esses vírus derivados da VPO adquiriram um fenótipo m ais neurovirulento depois da circulação despercebida (provavelm ente p o r m ais de 2 anos). A epidem ia no Haiti foi rapidam ente suprim ida pela a vacina ção intensiva com VPO. Em 2005, houve u m caso de pólio vacina em um a m ulher norte-am ericana não vacinada que retornava de um a visita às Am éricas Central e do Sul. Nesse m esm o ano, foi constatado que um lactente im unossuprim ido não vacinado de M innesota disse minava o poliovírus vacinai; estudos mais detalhados identificaram 4 de 22 lactentes dessa m esm a com unidade que dissem inavam o vírus. Todos os 5 lactentes eram assintom áticos. Esses surtos enfatizam a necessidade de m anter níveis elevados de cobertura da vacina e de acom panhar a circulação do vírus. A VPI é utilizada na m aioria dos países industrializados e a V PO na m aior parte dos países em desenvolvim ento, inclusive aqueles nos quais a pólio ainda ocorre ou foi erradicada recentem ente. Depois da aplicação de várias doses da VPO apenas, o índice de soropositivida de para os sorotipos específicos do poliovírus ainda pode ficar abaixo do ideal entre as crianças dos países em desenvolvim ento; a aplicação de um a ou m ais doses suplem entares da VPI pode au m entar o índice de soropositividade para esses sorotipos. C ontra d eterm inado soro tipo, a VPO contendo apenas esse sorotipo é m ais im unogênica do que a vacina trivalente, devido à ausência de interferência de outros sorotipos. Em bora as injeções IM das outras vacinas (vírus vivos ou atenuados) possam ser aplicadas sim ultaneam ente com a VPO, d e vem ser evitadas injeções IM desnecessárias durante o prim eiro mês depois da vacinação porque elas aum entam o risco de paralisia asso ciada à vacina. A p artir de 1988, foi introduzida nos EUA um a vacina de poliovírus inativado com potência am pliada. A VPO e a VPI estim ulam anticorpos que persistem por no m ín i mo 5 anos. Essas duas vacinas induzem a form ação de IgG e IgA. Em com paração com os indivíduos vacinados com VPI, os receptores da VPO propagam m enos vírus e desenvolvem m enos com um ente reinfecções pelo vírus natural depois da exposição ao poliovírus. Em bora a VPI seja segura e eficaz, a VPO possui as vantagens de facilidade de adm inistração, custo m ais baixo e indução de im unidade intesti nal que resulta na redução do risco de transm issão do vírus natural na com unidade. Em vista da progressão no sentido da erradicação m undial da pólio (com um risco m ais baixo de casos im portados) e da ocorrência persistente de casos associados ao poliovírus vacinai, a p a rtir de 2000 especialistas norte-am ericanos recom endaram um esquem a de vacinação infantil contra a pólio apenas com VPI que consiste na aplicação de doses com 2, 4, 6 a 18 meses e 4 a 6 anos. O risco de pólio associado ao vírus vacinai deve ser explicado antes da aplicação da VPO. O Q u ad ro 191.3 descreve as recom endações para a vacinação de adultos. Existem preocupações quanto à descontinuação da vacinação caso a propagação endêm ica do poliovírus seja erradicada. Entre as razões para essas preocupações estão as de que o poliovírus é dis sem inado p or alguns pacientes im unossuprim idos p o r m ais de 10 anos, de que o vírus vacinai pode circular e causar doença e de que o poliovírus natural está presente em m uitos laboratórios. Em o u tubro de 2002, foi iniciada um a pesquisa nacional para estim ular os laboratórios a descartarem todos os m ateriais desnecessários com o poliovírus natural e para identificar os laboratórios que conservam o vírus natural ou espécimes que possam conter o vírus.
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W ik s w o M W :
1599
CAPÍTULO 1 Sarampo W illiam J. Moss ■ DEFINIÇÃO O saram po é um a doença viral altam ente contagiosa, caracterizada p o r um a doença prodrôm ica de febre, tosse, coriza e conjuntivite, seguida do aparecim ento de exantem a m aculopapular generalizado. Antes do uso dissem inado da vacina contra o saram po, a estim ativa era de que o saram po causava 5 a 8 m ilhões de m ortes p o r ano no m undo inteiro.
CONSIDERAÇÕES GLOBAIS
Doenças Infecciosas 1600
Foram feitos notáveis progressos na redução da incidência global e taxa de m ortalidade do saram po p or m eio da vaci nação contra o sarampo. Nas Am éricas, a vacinação intensi va e os esforços de vigilância - baseados, em parte, n a estratégia bem -sucedida da O rganização Pan-A m ericana da Saúde de cam panhas nacionais periódicas de vacinação contra o saram po (atividades su plem entares de im unização ou ASI) - e a am pla cobertura de vacinas rotineiras contra o saram po interrom peram a transm issão endêm ica do vírus do saram po. Nos EUA, a am pla cobertura com duas doses de vacina contra saram po elim inou a transm issão endêm ica do vírus do saram po em 2000. Mais recentem ente, foram feitos progressos na re dução da incidência e das taxas de m ortalidade do saram po n a África Subsaariana, com o resultado de um a cobertura de rotina crescente de vacina contra saram po e fornecim ento de um a segunda o p o rtu n id a de de vacinação contra o saram po p o r m eio de cam panhas em m assa de vacinação contra o saram po. Em 2003, a A ssem bleia M undial da Saúde aprovou u m a re so lução in stan d o os países-m em bros a re d u zir em 50% o n ú m ero de m ortes atribuídas ao saram po (em co m paração com as estim ativas de 1999) no final de 2005. Essa m eta foi alcançada. As taxas glo bais de m o rta lid a d e do saram p o fo ram a in d a m ais re d u zid as em 2008; naquele ano, houve u m a estim ativa de 164.000 m o rte s p o r sa ram p o (lim ites de incerteza: 115.000 e 222.000 m o rte s). Essas co nquistas atestam a e n o rm e im p o rtâ n c ia da vacinação c o n tra o saram po p a ra a saúde pública. A nova m eta global, conform e d e clarado n a Visão e Estratégias G lobais sobre Im unização de 20062015 da O rganização M undial da Saúde e do F u n d o das N ações U nidas p ara a Infância, consiste em re d u z ir a m o rta lid a d e global do saram po em 90% até 2010 (em com paração com a estim ativa de 757.000 m o rtes em 2000).
■ ETIOLOGIA O vírus do saram po é um vírus de RNA não segm entado, de fita ú n i ca e sentido negativo, esférico e pertencente ao gênero Morbillivirus da família dos Paramyxoviridae. O saram po foi originalm ente um a infecção zoonótica, decorrente da transm issão de anim ais a seres h u m anos p or um m orbilivírus ancestral h á cerca de 10.000 anos, qu an do as populações hum anas atingiram um tam an h o suficiente para m anter a transm issão do vírus. E m bora os vírus de RNA tenham um a elevada taxa de m utação, o vírus do saram po é considerado um vírus antigenicam ente m onotípico, isto é, as proteínas de superfície responsáveis po r induzir im unidade protetora m antiveram a sua es tru tu ra antigênica através do tem po e do espaço. A im portância dessa estabilidade para a saúde pública é o fato de que as vacinas contra sa ram po desenvolvidas há várias décadas a p a rtir de um a única cepa do vírus do saram po perm anecem protetoras no m u n d o inteiro. O vírus do saram po é destruído pela luz ultravioleta e pelo calor, e os vírus atenuados na vacina contra saram po m antêm essas características, exigindo, assim, um am biente frio para o tran sp o rte e o arm azena m ento das vacinas.
■ EPIDEMIOLOGIA O vírus do saram po é um dos patógenos m ais altam ente contagio sos de transm issão direta. Podem ocorrer surtos em populações nas quais m enos de 10% dos indivíduos são suscetíveis. As cadeias de transm issão são com uns entre contatos dom iciliares, crianças de ida de escolar e profissionais de saúde. N ão existem infecções latentes ou persistentes pelo vírus do saram po resultando em contagiosidade prolongada, nem anim ais reservatórios para o vírus. Por conseguinte, o vírus do saram po só pode ser m antido em populações hum anas por um a cadeia ininterrupta de infecções agudas, exigindo, assim, um su prim ento contínuo de indivíduos suscetíveis. Os recém -nascidos tornam -se suscetíveis à infecção pelo vírus do saram po quando perdem os anticorpos m aternos adquiridos passivam ente e, quando não va cinados, contribuem para o núm ero de novos indivíduos suscetíveis. O saram po endêm ico exibe um p adrão tem poral típico, caracte rizado por epidem ias sazonais anuais superpostas a ciclos epidêm icos mais longos de 2 a 5 anos ou mais. Nos clim as tem perados, os surtos anuais de saram po ocorrem no final do inverno e início da prim ave ra. Esses surtos anuais provavelm ente são atribuíveis a redes sociais que facilitam a transm issão (p. ex., congregação de crianças na esco la) e a fatores am bientais que favorecem a viabilidade e a transm issão do vírus do saram po. Casos de saram po continuam ocorrendo nos períodos interepidêm icos em grandes populações, porém em baixa incidência. Os ciclos m ais longos que ocorrem a intervalos de vários anos resultam do acúm ulo de indivíduos suscetíveis em coortes de nascim entos sucessivos e declínio subsequente do núm ero de indiví duos suscetíveis depois de um surto. As taxas de episódios secundários em contatos dom iciliares e institucionais suscetíveis geralm ente ultrapassam 90%. A idade m é dia em que o saram po ocorre depende das taxas de contato com pes soas infectadas, declínio dos anticorpos m aternos protetores e cober tura com vacina. Nas zonas urbanas com alta densidade populacional e baixa cobertura de vacinação, o saram po é u m a doença que aco m ete lactentes e crianças pequenas. A distribuição cum ulativa pode atingir 50% com 1 ano de idade, e um a proporção significativa de crianças adquire o saram po antes dos 9 meses - a idade de vacinação de rotina em m uitos países, de acordo com o esquem a recom endado pelo Program a E xpandido de Im unizações. C om o aum ento da co bertura de vacinação contra saram po ou a dim inuição da densidade populacional, a distribuição etária está se deslocando para crianças de mais idade. Nessas situações, casos de saram po predom inam em crianças de idade escolar. Os lactentes e as crianças pequenas, apesar de suscetíveis se não forem protegidos com vacinação, não são expos tos ao vírus do saram po o suficiente para causar um a carga significa tiva da doença nesse g rupo etário. À m edida que aum enta cada vez m ais a cobertura de vacinação contra saram po, a distribuição etária dos casos pode ser deslocada para a adolescência e idade adulta; essa distribuição já é observada em surtos de saram po nos EUA e exige program as de vacinação contra saram po dirigidos para esses grupos etários mais avançados. Os indivíduos com saram po são contagiantes durante vários dias antes e depois do aparecim ento do exantem a, quando os níveis do vírus do saram po no sangue e nos líquidos corporais estão mais ele vados e quando a tosse, a coriza e os espirros, que facilitam a disse m inação do vírus, são m ais intensos. A contagiosidade do saram po antes do aparecim ento da doença identificável dificulta a eficiência das m edidas de quarentena. O vírus do saram po pode ser isolado da urina dentro de até 1 sem ana após o aparecim ento do exantem a, e a elim inação do vírus p o r crianças com com prom etim ento da im uni dade celular pode ser prolongada. Os am bientes m édicos são locais bem conhecidos de transm is são do vírus do saram po. C rianças p odem chegar a postos de saúde durante a fase prodrôm ica, q uando o diagnóstico não é evidente, em bora a criança esteja infectante e tenda a infectar contatos suscetíveis. Os profissionais de saúde p o d em a d q u irir o saram po de crianças infectadas e tran sm itir o vírus a outras crianças. A transm issão h o s pitalar pode ser reduzida pela m anutenção de um alto índice de sus peita clínica, uso de precauções de isolam ento apropriadas quando
há suspeita de saram po, adm inistração da vacina contra saram po a crianças e profissionais de saúde suscetíveis e docum entação da va cinação contra saram po dos profissionais de saúde (isto é, prova da adm inistração de duas doses de vacina contra saram po ou detecção de anticorpos contra o vírus do sarampo. C om o sucesso cada vez m aior dos esforços envidados no con trole do saram po, a percepção pública do risco de saram po com o doença dim inui, sendo substituída por um a preocupação acerca dos possíveis eventos adversos associados à vacina contra saram po. Em conseqüência, ocorreram num erosos su rto s de saram po devido à um a atitude de oposição à vacinação de base religiosa ou filosófica ou a m edos infundados de reações adversas graves (ver “Im unização Ativa”, adiante).
D ias após a infecção
■ PATOGENIA O vírus do saram po é transm itido principalm ente p o r perdigotos respiratórios a curta distância e, m enos com um ente, p o r pequenas partículas em aerossois que perm anecem suspensas no ar p o r lo n gos períodos de tempo. A transm issão pelo ar parece ser im portante em certos am bientes, com o escolas, consultórios m édicos, hospitais e locais públicos fechados. O vírus pode ser transm itido por c onta to direto com secreções infectadas, porém não sobrevive p or m uito tem po em objetos. O período de incubação do saram po é de cerca de 10 dias até o início da febre e de 14 dias até o aparecim ento do exantem a. Esse período pode ser m ais curto nos lactentes e m ais longo (de até 3 se manas) nos adultos. A infecção é iniciada quando o vírus do saram po deposita-se nas células epiteliais do trato respiratório, orofaringe ou conjuntiva (Fig. 192.IA). D urante os prim eiros 2 a 4 dias após a infecção, o vírus do saram po prolifera localm ente na m ucosa respi ratória e dissem ina-se para os linfonodos de drenagem . A seguir, o vírus entra na corrente sanguínea nos leucócitos infectados (princi palm ente m onócitos), produzindo virem ia prim ária, que dissem ina a infecção pelo sistema reticuloendotelial. A replicação contínua resul ta em virem ia secundária, que começa 5 a 7 dias após a infecção e que dissem ina o vírus do saram po p o r todo o organism o. A replicação do vírus do saram po nesses órgãos-alvo, juntam ente com a resposta im unológica do hospedeiro, é responsável pelos sinais e sintom as do saram po que surgem dentro de 8 a 12 dias após a infecção e que m ar cam o térm ino do período de incubação.
D ias a p ó s a infecção
■ RESPOSTAS IMUNES As respostas im unes do hospedeiro ao vírus do saram po são essen ciais para a elim inação do vírus, a recuperação clínica e o estabele cim ento de im unidade de longo prazo (Fig. 192.1C). As respostas im unes inespecíficas (inatas) precoces d u ra n te a fase pro d rô m ica consistem em ativação das células natural killer (NK) e p rodução aum entada das proteínas antivirais, interferon (IFN ) a e IFN -7 . As respostas im unes adaptativas consistem em anticorpos específicos contra o vírus do saram po e respostas celulares. A eficácia protetora dos anticorpos contra o vírus do saram po é ilustrada pela im u n i dade conferida aos lactentes pelos a nticorpos m ate rn o s de tra n s m issão passiva e proteção dos indivíduos suscetíveis expostos após a adm inistração de im unoglobulina contra o vírus do saram po. Os prim eiros vírus específicos produzidos após a infecção pelo vírus do saram po são do subtipo IgM, com m u d an ça subsequente para isotipos p redom inantem ente IgG l e IgG4. A resposta da IgM está ausente após reexposição ou revacinação e serve com o m arcador de infecção prim ária. A im portância da im unidade celular ao vírus do saram po é d e m o n strad a pela capacidade de crianças com agam aglobulinem ia (incapacidade congênita de pro d u zir anticorpos) de recuperar-se por com pleto do saram po e pelo quadro contrastante de crianças com graves defeitos na função dos linfócitos T, que frequentem en te desenvolvem doença grave ou fatal (Cap. 316). A resposta inicial predom inante de células T H1 (caracterizada p o r IFN -7 ) é essencial para a elim inação do vírus, e a resposta TH2 tardia (caracterizada p or interleucina 4) prom ove o desenvolvim ento de anticorpos específicos contra o vírus do saram po, que são essenciais para a proteção do h o s pedeiro contra um a reinfecção.
D ias após a infecção
Figura 192.1 Infecção pelo vírus do sarampo: patogenia, manifestações clínicas e respostas imunes. A. Disseminação do vírus do sarampo, desde a infecção inicial do trato respiratório até a disseminação do vírus para a pele. S. Apa recimento dos sinais e sintomas clínicos, incluindo manchas de Koplik e exantema. C. Respostas humoral e das células T ao vírus do sarampo. Os sinais e os sintomas do sarampo surgem concomitante com a resposta imune do hospedeiro. (Fonte: WJ Moss, DE Griffin: Nat Rev Microbiol 4:900,2006.) * A credita-se, em geral, que a duração da im unidade protetora após a infecção pelo vírus do saram po de tipo silvestre seja p e rm a nente. A m em ória im unológica ao vírus do saram po inclui tanto a produção contínua de a nticorpos específicos contra o vírus do sa ram po quanto a circulação de linfócitos T C D 4+ e C D 8+ específicos contra o vírus do saram po. E ntretanto, as respostas im unes intensas induzidas pela infecção pelo vírus do saram po estão paradoxalm ente associadas a respostas deprim idas a antígenos não relacionados (vírus que não sejam vírus do saram po), que persistem p o r várias sem anas a meses após a reso lução da doença aguda. Esse estado de im unossupressão aum enta a suscetibilidade do indivíduo a infecções secundárias po r bactérias e vírus que causam pneum onia e diarréia, sendo responsável por um a proporção substancial de m orbidade e m ortalidade do saram po. As respostas de hipersensibilidade de tipo tardio a antígenos de m em ó ria, com o tuberculina, estão suprim idas, e ocorre com prom etim ento das respostas celulares e h um orais a novos antígenos. A reativação da tuberculose e a rem issão de doenças autoim unes após o saram po foram descritas e atribuídas a esse estado de im unossupressão.
M
É ifc
Sarampo
O m édico deve considerar a possibilidade de saram po em in d i víduos que apresentam febre e exantem a generalizado, p a rtic u larm ente quando se sabe que o vírus do saram po está circulando, ou quando o paciente fornece um a história de viagem a regiões endêm icas. É preciso tom ar precauções apropriadas para im pe dir a transm issão hospitalar. O diagnóstico requer confirm ação laboratorial, exceto durante grandes surtos, nos quais é possível estabelecer um a ligação epidem iológica a um caso confirm ado. O tratam ento é, em grande parte, de suporte e consiste na ad m i nistração de vitam ina A e antibióticos (ver “T ratam ento” adiante). P odem o correr com plicações do saram po, incluindo infecções bacterianas secundárias e encefalite, após a doença aguda, exi gindo m onitoração cuidadosa, particularm ente nos indivíduos im unocom prom etidos.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Doenças Infecciosas
Na m aioria dos indivíduos, os sinais e os sintom as do saram po são altam ente característicos (Fig. 192.11?). A febre e o mal estar, que sur gem cerca de 10 dias após a exposição, são seguidos de tosse, coriza e conjuntivite. A intensidade desses sinais e sintom as aum enta no de correr de 4 dias. As m anchas de Koplik (ver Fig. e-7.2) desenvolvem-se na m ucosa bucal cerca de 2 dias antes do aparecim ento do exan tema. O exantem a característico do saram po (ver Fig. e-7.3) começa 2 sem anas após a infecção, quando as m anifestações clínicas são mais intensas, e assinala a resposta im une do hospedeiro aos vírus em repli cação. Pode haver cefaleia, dor abdom inal, vôm itos, diarréia e mialgia. As m anchas de Koplik (Fig. e-7.2), que são patognom ônicas do saram po, consistem em m anchas branco azuladas de cerca de 1 m m de diâm etro, circundadas p or eritem a. As lesões surgem inicialm ente na m ucosa bucal em oposição aos m olares inferiores, porém o seu n úm ero aum enta rapidam ente, acom etendo toda a m ucosa bucal. D esaparecem com o início do exantem a. O exantem a do saram po com eça na form a de m áculas eritem atosas atrás das orelhas e no pescoço e linha de im plantação dos cabelos. O exantem a progride e acom ete o rosto, o tronco e os braços (Fig. e-7.3), alcançando as p e r nas e os pés no final do segundo dia. Á reas de exantem a confluente aparecem no tronco e nos m em bros, e pode-se verificar a presença de petéquias. O exantem a cede lentam ente seguindo a m esm a seqüência de aparecim ento e progressão, com eçando habitualm ente no terceiro ou quarto dias após o seu início. A resolução do exantem a pode ser seguida de descamação. C om o o exantem a característico do saram po é u m a conseqüên cia da resposta im une celular, pode não ocorrer em indivíduos com com prom etim ento da im unidade celular (p. ex., pacientes com Aids; Cap. 189). Esses indivíduos apresentam um a alta taxa de caso-fatalidade e, com frequência, desenvolvem pneum onite de células gigantes causada pelo vírus do saram po. D isfunções dos linfócitos T, devido a causas distintas da infecção pelo HIV-1 (p. ex., quim ioterapia do câncer) tam bém estão associados a m aior gravidade do saram po. Um a síndrom e de saram po atípico grave foi observada em recep tores de um a vacina contra saram po inativada por form ol (usada nos EUA entre 1963 e 1967 e no Canadá até 1970), que subsequentem en te foram expostos ao vírus do saram po de tipo silvestre. O exantem a atípico com eçou nas palm as das m ãos e plantas dos pés e sofreu dis sem inação centrípeta para a parte proxim al dos m em bros e tronco, poupando a face. O exantem a foi inicialm ente eritem atoso e m acu lopapular, porém progrediu com frequência para lesões vesiculosas, petequiais ou purpúricas (ver Fig. e-7.22).
■ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL O diagnóstico diferencial do saram po inclui ou tras causas de fe bre, exantem a e conjuntivite, incluindo rubéola, doença de Kawa saki, m ononucleose infecciosa, roséola, escarlatina, febre m aculosa das M ontanhas Rochosas, infecção p o r enterovírus ou adenovírus e sensibilidade m edicam entosa. A rubéola é u m a doença m ais leve
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sem tosse, com linfadenopatia característica. O exantem a da roséola (exantem a súbito) aparece após a resolução da febre. A linfocitose atípica na m ononucleose infecciosa contrasta com a leucopenia co m um ente observada em crianças com saram po.
■ DIAGNÓSTICO O diagnóstico é rapidam ente estabelecido em bases clínicas p or m é dicos fam iliarizados com a doença, particularm ente durante surtos. As m anchas de Koplik (Fig. e-7.2) são particularm ente úteis, devido ao seu aparecim ento precoce e p or serem patognom ônicas. O diag nóstico clínico é m ais difícil (1) durante a fase prodrôm ica; (2) quan do o exantem a é atenuado p o r anticorpos adquiridos passivam ente ou vacinação prévia; (3) quando o exantem a está ausente ou tardio em crianças im unocom prom etidas ou com desnutrição grave, que apresentam com prom etim ento da im unidade celular; e (4) em re giões onde a incidência do saram po é baixa e onde outros patógenos são responsáveis pela m aioria das doenças que se m anifestam com febre e exantem a. A definição de caso apresentada pelos Centers for Disease C ontrol and Prevention para o saram po exige: (1) exantem a m aculopapular generalizado de pelo m enos 3 dias de duração; (2) febre de pelo m enos 38,3°C; e (3) tosse, coriza ou conjuntivite. A sorologia constitui o m étodo m ais com um de diagnóstico la boratorial. A detecção de IgM específica contra o vírus do saram po em um a única am ostra de soro ou líquido oral é considerada diag nóstica de infecção aguda, assim com o um a elevação de quatro vezes ou m ais nos níveis de anticorpos IgG específicos contra o vírus do saram po entre am ostras de soro da fase aguda e fase convalescente. A infecção prim ária no hospedeiro im unocom petente resulta na p ro dução de anticorpos, que são detectáveis dentro de 1 a 3 dias após o aparecim ento do exantem a e que atingem níveis m áxim os em 2 a 4 sem anas. Os anticorpos IgM específicos contra o vírus do saram po podem não ser detectáveis p o r até 4 a 5 dias ou m ais após o apa recim ento do exantem a e, em geral, caem para níveis indetectáveis dentro de 4 a 8 sem anas após o início do exantem a. D ispõe-se de vários m étodos para a determ inação dos anticor pos dirigidos contra o vírus do saram po. Os testes de neutralização são sensíveis e específicos, e os resultados estão altam ente correlacio nados com a im unidade protetora; entretanto, esses testes exigem a propagação do vírus do saram po em cultura celular e, portanto, são dispendiosos e de execução difícil. Os im unoensaios enzim áticos dis poníveis no com ércio são usados com m ais frequência. O saram po tam bém pode ser diagnosticado pelo isolam ento do vírus em cultura celular a p artir de am ostras de secreções respiratórias, swabs nasofaríngeos ou conjuntivais, sangue ou urina. A detecção direta de células gigantes em secreções respiratórias, na u rin a ou tecido obtido por biópsia proporciona outro m étodo de diagnóstico. Para a detecção do RNA do vírus do saram po p o r am plificação por m eio de reação em cadeia da p olim erase-transcriptase reversa (RT-PCR) do RNA extraído de am ostras clínicas, são usados primers dirigidos para regiões altam ente conservadas dos genes do vírus do saram po. Os ensaios RT-PCR, que são de extrem a sensibilidade e especificidade, tam bém p odem possibilitar a identificação e carac terização de genótipos do vírus do saram po para estudos epidem io lógicos m oleculares e p odem diferenciar as cepas de vírus de tipo silvestre do vírus de vacina.
TRATAMENTO
Sarampo
Não existe nenhum a terapia antiviral específica para o saram po. O tratam ento consiste em m edidas de apoio gerais, com o h id ra tação e adm inistração de agentes antipiréticos. Com o as infecções bacterianas secundárias c onstituem um a im p o rtan te causa de m orbidade e m ortalidade após o saram po, o tratam ento efetivo dos casos envolve antibioticoterapia im ediata p ara pacientes com evidências clínicas de infecção bacteriana, incluindo pneum onia e otite m édia. O Streptococcus pneum oniae e o Haemophilus in fluenzae tipo b constituem causas com uns de pneum onia bacte riana após o saram po; as vacinas contra esses patógenos provavel-
m ente reduzem a incidência de infecções bacterianas secundárias após o saram po. A vitam ina A m ostra-se efetiva para o tratam ento do saram po e pode reduzir acentuadam ente as taxas de m orbidade e m ortali dade. A O rganização M undial da Saúde recom enda a ad m in is tração de doses diárias de 200.000 UI de vitam ina A du ran te 2 dias consecutivos a todas as crianças com saram po de 12 meses ou m ais de idade. São recom endadas doses m ais baixas para crian ças de m enor idade: 100.000 UI p o r dia para crianças de 6 a 12 meses de idade, e 50.000 UI p or dia para crianças com m enos de 6 meses. Recom enda-se um a terceira dose dentro de 2 a 4 sem a nas para crianças com evidências de deficiência de vitam ina A. Em bora essa deficiência não represente um problem a am plam en te reconhecido nos EUA, m uitas crianças norte-am ericanas com saram po têm , de fato, baixos níveis séricos de v itam ina A, e essas crianças exibem m aior m orbidade após o saram po. O C o m m it tee on Infectious Diseases of the A m erican Academ y o f Pediatrics recom enda que a adm inistração de duas doses diárias consecuti vas de vitam ina A seja considerada para crianças hospitalizadas com saram po e suas com plicações, bem com o para crianças com saram po que estão im unodeficientes, que apresentam evidências oftalm ológicas de deficiência de vitam ina A, absorção intestinal dim inuída ou desnutrição m oderada a grave, ou que recentem en te m igraram de áreas com altas taxas de m ortalidade p o r saram po. Dispõe-se de form ulações parenterais e orais de vitam ina A. Relatos não científicos descreveram a recuperação de p a cientes grávidas previam ente sadias e im unocom prom etidas com pneum onia do saram po, bem com o de pacientes im u n o co m p ro m etidos com encefalite do saram po, após tratam ento com ribavi rina aerossolizada e IV. Entretanto, os ensaios clínicos realizados não dem onstraram de m odo conclusivo os benefícios clínicos da ribavirina em pacientes com saram po.
■ COMPLICAÇÕES As com plicações do saram po envolvem , em sua m aioria, o trato respiratório e incluem os efeitos da pró p ria replicação do vírus do saram po e das infecções bacterianas secundárias. Pode o correr laringotraqueobronquite aguda (crupe) durante o saram po, p o dendo resultar em obstrução das vias respiratórias, p a rticu la rm e n te em crianças de pouca idade. Pode-se verificar o desenvolvim ento de pneum onite de células gigantes devido à replicação do vírus do sa ram po no pulm ão de crianças im unocom prom etidas, p articularm en te aquelas com infecção pelo HIV-1. M uitas crianças com saram po desenvolvem diarréia, o que contribui p ara a desnutrição. As com plicações do saram po resultam , em sua m aior parte, das infecções bacterianas secundárias do trato respiratório, que são atri buíveis a um estado de im unossupressão de várias sem anas a m eses de duração após o saram po agudo. A otite m édia e a broncopneum onia são mais com uns e podem ser causadas pelo S. pneum oniae, H. influenzae tipo b ou p or estafilococos. A recidiva da febre ou a sua persistência com o exantem a sugerem infecção bacteriana secundária. As com plicações raras, porém graves, do saram po envolvem o sistem a nervoso central (SNC). A encefalom ielite pós-saram po com plica cerca de 1 em 1.000 casos, acom etendo p rincipalm ente crianças de m ais idade e adultos. A encefalom ielite, que ocorre dentro de 2 sem anas após o aparecim ento do exantem a, caracteriza-se por febre, crises convulsivas e um a variedade de anorm alidades neurológicas. O achado de desm ielinização periventricular, a indução de resposta im une à proteína básica m ielina e a ausência do vírus do saram po no cérebro sugerem que a encefalom ielite pós-saram po constitui um dis túrbio autoim une desencadeado pela infecção pelo vírus do saram po. O utras complicações do SNC que surgem dentro de vários meses a anos após a infecção aguda incluem a encefalite de corpúsculos de inclusão do saram po (ECIS) e a panencefalite esclerosante subagu da (PEES). Ao contrário da encefalom ielite pós-saram po, a ECIS e a PEES são causadas pela infecção persistente pelo vírus do saram po. A ECIS é um a com plicação rara, porém fatal, que acom ete indivíduos com deficiência da im unidade celular e que ocorre dentro de vários
meses após a infecção. A PEES é um a doença lentam ente progressiva, caracterizada p o r crises convulsivas e deterioração progressiva das funções cognitiva e m otora, ocorrendo m orte dentro de 5 a 15 anos após a infecção pelo vírus do saram po. C om m ais frequência, a PEES desenvolve-se em indivíduos infectados pelo vírus do saram po com m enos de 2 anos de idade.
■ PROGNÓSTICO A m aioria dos indivíduos com saram po recupera-se e de senvolve im unidade protetora de longa duração à reinfec ção. As proporções de casos-fatalidade do saram po variam com a idade m édia da infecção, o estado nutricional e im unológico da população, a cobertura da vacinação contra saram po e o acesso à assistência m édica. E ntre os indivíduos previam ente vacinados que se to rn am infectados, a doença é m en o s grave, e as taxas de m o r talidade são significativam ente m ais baixas. N os países desenvol vidos, m enos de 1 em 1.000 crianças m orre de saram po. Nas áreas endêm icas da África Subsaariana, a proporção de casos-fatalidade de saram po pode atingir 5 a 10% ou mais. O saram po constitui um a im portante causa de m ortalidade infantil em cam pos de refugiados e em populações de m igração interna, onde as proporções de casos-fatalidade têm alcançado 20 a 30%.
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■ PREVENÇÃO Imunização passiva A im unoglobulina hum ana adm inistrada pouco depois da exposição pode atenuar a evolução clínica do saram po. Nos indivíduos im u nocom petentes, a adm inistração de im unoglobulina dentro de 72 h após a exposição im pede habitualm ente a infecção pelo vírus do sa ram po e quase sem pre evita a ocorrência de saram po clínico. Q u an do adm inistrada até 6 dias após a exposição, a im unoglobulina ainda im pede ou m odifica a doença. Recom enda-se a profilaxia com im u noglobulina para contatos dom iciliares e hospitalares suscetíveis, que correm risco de desenvolver saram po grave, particularm ente crian ças com m enos de 1 ano de idade, indivíduos im unocom prom etidos (incluindo pacientes infectados pelo H IV previam ente im unizados com vacina de vírus vivo atenuado co n tra o saram po) e m ulheres grávidas. C om exceção dos prem aturos, as crianças com m enos de 6 meses de idade geralm ente adquirem proteção parcial ou completa com anticorpos m aternos a dquiridos passivam ente. Se o saram po for diagnosticado na m ãe, todas as crianças não vacinadas da casa d e vem receber im unoglobulina. A dose recom endada é de 0,25 mL/kg, a dm inistrada p or via intram uscular. Os indivíduos im unocom pro m etidos devem receber 0,5 mL/kg. A dose m áxim a total é de 15 mL. A im unoglobulina IV contém anticorpos contra o vírus do sa ram po; a dose habitual de 100 a 400 m g/kg geralm ente proporciona um a profilaxia adequada para a exposição ao saram po de até 3 sem a nas ou m ais após a adm inistração de im unoglobulina IV.
Imunização ativa A prim eira vacina contra saram po de virus vivo atenuado foi desenvolvida pela passagem da cepa de Edm onston em fibro blastos de em briões de pinto para produzir o vírus E dm ons ton B, licenciada em 1963 nos EUA. A passagem adicional do vírus Ed m onston B produziu a vacina Schwarz mais atenuada, que atualmente serve como padrão em grande parte do m undo. A cepa Moraten (“mais atenuada”)» que foi aprovada em 1968 e usada nos EUA, está estreita mente relacionada do ponto de vista genético com a cepa Schwarz. As vacinas contra saram po liofilizadas são relativam ente estáveis, porém a vacina reconstituída perde rapidam ente a sua potência. As vacinas contra saram po de vírus vivo atenuado são inativadas pela luz e pelo calor e perd em cerca da m etade de sua potência a 20°C e quase toda ela a 37°C d entro de 1 h após a sua reconstituição. Por conseguinte, é preciso m an ter um am biente frio antes e depois da reconstituição. Os anticorpos aparecem inicialm ente dentro de 12 a 15 dias após a vacinação e atingem nível m áxim o com 1 a 3 meses. As vacinas contra saram po são frequentem ente com binadas com o u tras vacinas de vírus vivo atenuado, com o vacinas contra caxum ba e rubéola (MM R) e contra caxum ba, rubéola e varicela (MMR-V).
Doenças Infecciosas 1604
A idade recom endada para a prim eira vacinação varia de 6 a 15 meses e representa um equilíbrio entre a idade ideal p ara soroconver são e a probabilidade de contrair o saram po antes dessa idade. A p ro porção de crianças que desenvolvem níveis protetores de anticorpos após a vacinação contra saram po aproxim a-se de 85% com 9 meses de idade e 95% aos 12 meses. As doenças infantis com uns que ocor rem concom itantem ente com a vacinação podem reduzir o nível de resposta im une, porém essas doenças não constituem um m otivo vá lido para suspender a vacinação. As vacinas contra saram po têm sido bem toleradas e im unogênicas em crianças e adultos infectados pelo HIV-1, em bora os níveis de anticorpos possam dim inuir. Devido à gravidade potencial da infecção pelo vírus do saram po silvestre em crianças infectadas pelo HIV-1, recom enda-se a vacinação de rotina contra o saram po, exceto para as que estão gravem ente im unocom prom etidas. A vacinação contra saram po está contraindicada para indivíduos que apresentam outras deficiências graves da im unidade celular, devido à possibilidade de doença causada p o r infecção p u l m onar ou do SNC progressiva pelo vírus da vacina. A duração da im unidade induzida pela vacina é de pelo m enos várias décadas, ou até mais. As taxas de falha secundária da vacina dentro de 10 a 15 após a im unização foram estim adas em cerca de 5%, p orém são provavelm ente m ais baixas quando a vacinação é efetuada depois dos 12 meses de idade. O declínio da concentração de anticorpos não im plica necessariam ente u m a perda com pleta da im unidade protetora; em geral, surge um a resposta im une secundária após reexposição ao vírus do saram po, com rápida elevação dos títu los de anticorpos na ausência de doença clínica franca. As doses padrões das vacinas contra saram po atualm ente ap ro vadas são seguras p ara crianças e adultos im unocom petentes. O corre febre de até 39,4°C em cerca de 5% dos receptores soronegativos, e 2% dos que recebem a vacina desenvolvem exantem a transitório. Foi relatada a ocorrência de trom bocitopenia transitória leve, com inci dência de cerca de 1 caso por 40.000 doses de vacina MMR. D esde a publicação de um relatório, em 1998, levantando a h i pótese de que a vacina M M R pode causar um a síndrom e de autism o e inflam ação intestinal, grande parte da atenção pública concentrou-se nessa suposta associação. Os eventos que ocorreram após a p u blicação desse relato levaram a um a c obertura dim inuída da vacina no Reino U nido e deram um a im portante lição sobre a interpretação incorreta de evidências epidem iológicas e a com unicação de resul tados científicos ao público. A publicação que gerou preocupação foi um a série de casos descrevendo 12 crianças com um distúrbio de desenvolvim ento regressivo e enterocolite crônica; 9 dessas crianças tin h am autism o. Em 8 dos 12 casos, os pais associaram o início do retardo desenvolvim ental à vacinação M M R. Essa associação tem poral sim ples foi interpretada e representada in corretam ente com o um a possível relação causai, inicialm ente pelo principal autor do es
tudo e, a seguir, p or elem entos da m ídia e público. Subsequentem en te, várias revisões abrangentes e estudos epidem iológicos adicionais refutaram as evidências de u m a relação causai entre a vacinação M M R e o autism o.
■ PERSPECTIVAS PARA A ERRADICAÇÃO D0 SARAMPO Os progressos no controle global do saram po reavivaram a discussão de sua erradicação. D iferentem ente da erradicação do poliovírus, a erradicação do vírus do saram po não enfrenta os desafios im postos pela elim inação prolongada de vírus de vacina potencialm ente virulentos e de reservatórios virais am bientais. Entretanto, em com para ção com a erradicação da varíola, serão necessários níveis m ais altos de im unidade populacional para interrom per a transm issão do vírus do saram po, haverá necessidade de profissionais de saúde mais alta m ente capacitados na adm inistração de vacinas contra o saram po, e a contenção p o r m eio da detecção de casos e vacinação em anel serão m ais difíceis para o vírus do saram po, devido à sua infectivida de antes do aparecim ento do exantem a. Novas ferram entas, com o a adm inistração de vacina contra saram po em aerossol, irão facilitar as cam panhas de vacinação em m assa. Apesar dos progressos enorm es, o saram po continua sendo um a im p o rta n te causa de m ortalidade infantil m undial prevenível com vacina e continua causando surtos em com unidades com baixas taxas de cobertura de vacinação contra saram po nos países industrializados.
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CAPÍ T ULO
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Rubéola (Sarampo Alemão) Laura A. Zim m erm an Susan E. Reef A rubéola foi historicam ente considerada com o um a variante do sa ram po ou da escarlatina. Foi som ente em m eados da década de 1900 que foi isolado um agente viral distinto responsável pela rubéola. D e pois de um a epidem ia de rubéola na A ustrália, no início da década de 1940, o oftalm ologista N orm an Gregg observou a ocorrência de cataratas congênitas em lactentes cujas m ães relataram a ocorrência de rubéola no início da gestação, e foi descrita pela prim eira vez a síndrom e de rubéola congênita (SRC).
■ ETIOLOGIA O vírus da rubéola é um m em bro da fam ília Togaviridae e o único m em bro do gênero Rubivirus. Esse vírus envelopado de RNA de fila m ento simples m ede 50 a 70 nm de diâm etro. Sua proteína central é circundada p or um envoltório de lipoproteína de um a única cam ada, com projeções sem elhantes a espículas contendo duas glicoproteínas, E l e E2. Existe apenas um tipo antigênico de vírus da rubéola, e os seres hum anos constituem o único reservatório conhecido.
■ PATOGENIA E PATOLOGIA
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Rubéola adquirida A rubéola a d quirida caracteriza-se p o r exantem a m aculopapular, habitualm ente de até 3 dias de duração (Fig. 193.1). Até 50% das in fecções pelo vírus da rubéola podem ser subclínicos ou inaparentes. O exantem a é habitualm ente leve, e pode ser difícil detectá-lo em indivíduos de pele m ais escura. Nas crianças, o exantem a constitui habitualm ente o prim eiro sinal de doença. Todavia, em crianças de m ais idade e adultos, um p ró d ro m o de 1 a 5 dias frequentem ente precede o exantem a e pode incluir febre baixa, mal estar e sintom as respiratórios superiores. O p eríodo de incubação é de 14 dias (faixa de 12 a 23 dias): D urante a segunda sem ana após a exposição, pode-se observar o aparecim ento de linfadenopatia, particularm ente occipital e retro-auricular. E m bora a rubéola adquirida seja habitualm ente conside rada com o um a doença benigna, a artralgia e a artrite são com uns em adultos infectados, particularm ente em m ulheres. A trom bocitope nia e a encefalite são com plicações m enos comuns.
Rubéola (Sarampo Alemão)
E m bora a patogenia da rubéola p ós-natal (adquirida) já esteja bem docum entada, os dados de patologia são lim itados, devido à n a tureza benigna da doença. O vírus da rubéola é transm itido de um a pessoa para outra p or m eio de gotículas respiratórias. A im plantação prim ária e a replicação do vírus na nasofaringe são seguidas de dis sem inação para os linfonodos. O corre virem ia subsequente que, nas m ulheres grávidas, resulta frequentem ente em infecção da placenta. A replicação do vírus na placenta pode levar à infecção dos órgãos fetais. A patologia da SRC no feto infectado está bem definida, com infecção de quase todos os órgãos; entretanto, a patogenia da SRC está pouco delineada. Nos tecidos, a infecção pelo vírus da rubéola tem efeitos diversos, desde a ausência de lesão até destruição celular. A característica essencial da infecção fetal é a cronicidade, com p e r sistência do vírus durante todo o desenvolvim ento do feto in utero e durante até 1 ano após o nascim ento. Os indivíduos com rubéola ad quirida p odem elim inar o vírus desde 7 dias antes do aparecim ento do exantem a até cerca de 5 a 7 dias depois. As infecções tanto clínicas quanto subclínicas são co n sideradas contagiosas. Os lactentes com SRC podem elim inar g ra n des quantidade do vírus nas secreções corporais, particularm ente da garganta e da urina, até 1 ano de idade. Surgiram surtos de rubéola, incluindo alguns em contexto hospitalar, com casos índices de SRC. Por conseguinte, apenas os indivíduos im unes à rubéola podem ter contato com lactentes que apresentam SRC ou que estão congeni tam ente infectados pelo vírus da rubéola, m as que não apresentam sinais de SRC.
a elim inação da rubéola e da SRC nos EUA, e, em 2004, um grupo de especialistas concordou de m o d o un ân im e que a rubéola não era m ais um a doença endêm ica naquele país. O s critérios em pregados para d ocum entar a ausência de transm issão endêm ica incluíram bai xa incidência da doença, elevada soroprevalência do anticorpo con tra a rubéola em âm bito nacional, surtos que foram poucos e conti dos (isto é, pequeno n úm ero de casos) e ausência de transm issão endêm ica do vírus (determ inada p o r sequenciam ento genético). Nos EUA, a interrupção da transm issão endêm ica do vírus da rubéola tem sido m antida desde 2001. Apesar de a rubéola e a SRC não serem m ais endêm icas 4} nos EUA, elas continuam sendo um im portante problem a de saúde pública em nível m undial. O núm ero de casos de rubéola notificados no m u n d o inteiro foi de cerca de 900.000 em 1999; esse núm ero declinou continuadam ente p ara 165.000 em 2007. Todavia, o núm ero de casos de rubéola é substancialm ente subesti m ado, visto que casos em m uitos países são identificados por m eio de sistemas de vigilância para o saram po, que não são específicos da rubéola. Nos países em desenvolvim ento, estim a-se em 110.000 casos de SRC ocorrem durante os anos não epidêm icos.
■ EPIDEMIOLOGIA A m aior epidem ia recente de rubéola nos EUA ocorreu em 19641965, quando houve um núm ero estim ado de 12,5 m ilhões de casos, resultando em cerca de 20.000 casos de SRC. D esde a introdução do program a de vacinação rotineiro contra a rubéola nos EUA, em 1969, o núm ero de casos de rubéola notificados a cada ano tem dim inuído em m ais de 99%; a taxa de cobertura da vacinação com vacina contra rubéola foi de m ais de 90% entre crianças de 19 a 35 meses de idade desde 1995 e de mais de 95% para crianças de jard im de infância e prim eiro grau, desde 1980. Em 1989, foi estabelecida um a m eta para
Figura 193.1
Exantema maculopapular leve da rubéola em uma criança.
1605
QUADRO 193.1 Manifestações transitórias e permanentes comuns em lactentes com síndrome de rubéola congênita 1 Manifestações transitórias
Manifestações permanentes
Hepatoesplenomegalia
Distúrbio auditivo/surdez
Pneumonite intersticial
Defeitos cardíacos congênitos (persistência do dueto arterioso, estenose da artéria pulmonar
Trombocitopenia com púrpura/ petéquias (p. ex., eritropoiese dérmica ou síndrome de lesões cutâneas purpúreas - blueberry muffin syndrome)
Defeitos oculares (cataratas, turvação da córnea, microftalmia, retinopatia pigmentar, glaucoma congênito)
\
Anemia hemolítica Radiotransparências ósseas Retardo do crescimento intrauterino
Microcefalia
Adenopatia Meningoencefalite
Seqüelas do sistema nervoso central (deficiência mental e atraso motor, autismo)
Síndrome de rubéola congênita A conseqüência m ais grave da infecção pelo vírus da rubéola pode ser observada quando um a m u lh er adquire a infecção d u ran te a gravidez, particularm ente no prim eiro trim estre. As com plicações resultantes podem incluir aborto, m orte fetal, p a rto p rem aturo ou nascim ento vivo com defeitos congênitos. Os lactentes infectados pelo vírus da rubéola in utero podem apresentar num erosos defei tos físicos (Fig. 193.1), que m ais com um ente acom etem os olhos, as orelhas e o coração. Essa constelação de defeitos congênitos graves é conhecida com o síndrome da rubéola congênita. Além das m anifes tações perm anentes, são observadas inúm eras m anifestações físicas transitórias, incluindo trom bocitopenia com púrp u ra/p etéq u ias (p. ex., eritropoiese dérm ica, síndrom e de lesões cutâneas p u rpúreas [blueberry m uffin syndrome]). A lguns lactentes p odem nascer com infecção congênita pelo vírus da rubéola, porém sem sinais ou sinto m as aparentes de SRC, sendo descritos com o lactentes com infecção congênita pelo vírus da rubéola apenas.
■ DIAGNÓSTICO Rubéola adquirida
Doenças Infecciosas
O diagnóstico clínico de rubéola adquirida é difícil, devido ao m im etism o com m uitas doenças caracterizadas p o r exantem as, m an i festações clínicas variadas e elevada taxa de doença subclínica e leve. As doenças que p odem assem elhar-se à rubéola na apresentação incluem escarlatina, roséola, toxoplasm ose, quinta m oléstia, saram po e doenças com linfadenopatia suboccipital e retro-auricular. Por conseguinte, a docum entação laboratorial da infecção pelo vírus da rubéola é considerada a única m aneira confiável de confirm ar a pre sença de doença aguda. A avaliação laboratorial da infecção pelo vírus da rubéola é rea lizada com m étodos sorológicos e virológicos. Para a rubéola adqui rida, o diagnóstico sorológico é m ais com um e depende da dem ons tração de anticorpos IgM em um a am ostra de soro da fase aguda ou de um a elevação de quatro vezes nos títulos de anticorpo IgG entre as am ostras de fase aguda e de fase convalescente. A técnica de captura da IgM p o r ensaio im unoabsorvente ligado a enzim a é considerada m ais acurada para o diagnóstico sorológico, porém o ensaio indireto para IgM tam bém é aceitável. Após a infecção pelo vírus da rubéola, o anticorpo IgM pode ser detectado durante um período de até 6 se m anas. No caso de u m resultado negativo para IgM em am ostras o b tidas antes do quinto dia após o aparecim ento do exantem a, deve-se repetir o teste sorológico. E m bora seja incom um , a reinfecção pelo
vírus da rubéola é possível, e pode-se verificar a presença de anti corpos IgM. Para detectar u m a elevação dos títulos de anticorpo IgG indicadora de doença aguda, a am ostra de soro da fase aguda deve ser coletada dentro de 7 a 10 dias após o início da doença, enquanto a am ostra da fase convalescente deve ser obtida cerca de 14 a 21 dias após a prim eira am ostra. O teste de afinidade da IgG é usado em associação com o teste para IgG. A nticorpos de baixa afinidade indicam infecção recente. Os anticorpos IgG m aduros (de alta afinidade) têm m ais tendência a indicar um a infecção que ocorreu h á pelo m enos 2 meses. Esse teste ajuda a distinguir a prim oinfecção da reinfecção. O vírus da rubéola pode ser isolado do sangue e da nasofaringe durante o período p rodrôm ico e p o r um p eríodo de até 2 sem anas após o início do exantem a. Entretanto, com o a secreção do vírus nos indivíduos com rubéola adquirida é m áxim a im ediatam ente antes ou até 4 dias depois do aparecim ento do exantem a, este é o p eríodo ideal para a coleta de am ostras para culturas virais. A detecção do RNA do vírus da rubéola pela reação em cadeia da polim erase-transcriptase reversa (RT-PCR) é um a técnica m ais recentem ente desenvolvida para o diagnóstico de rubéola.
Síndrome de rubéola congênita Um diagnóstico clínico de SRC é razoável quando um lactente apre senta um a com binação de cataratas, co m prom etim ento auditivo e defeitos cardíacos; esse padrão é observado em cerca de 10% dos lac tentes com SRC. E ntretanto, com o no caso da rubéola adquirida, o diagnóstico laboratorial da infecção congênita é altam ente recom en dado, em particular porque as características da apresentação clínica são, em sua m aioria, inespecíficas e p odem estar associadas a outras infecções intrauterinas. O diagnóstico precoce de SRC facilita a inter venção clínica apropriada para incapacidades específicas e possibilita a im plem entação de m edidas de controle da infecção. Os testes diagnósticos usados p ara c o nfirm ar a SRC incluem ensaios sorológicos e isolam ento do vírus. Em um lactente com in fecção congênita, os anticorpos IgM séricos podem estar presentes d urante até 1 ano após o nascim ento. Em alguns casos, a IgM pode ser apenas detectável a p a rtir de 1 m ês de idade; p or conseguinte, os lactentes que apresentam sintom as com patíveis com a SRC, m as cujo teste é negativo pouco depois do nascim ento, devem ser reavaliados dentro de 1 mês. Um título de IgG sérica anti-rubéola que persiste além do tem po esperado após a transferência passiva dos anticorpos IgG m aternos (isto é, um título de anticorpos anti-rubéola que não declina na velocidade esperada de um a diluição de 2x/m ês) constitui outro critério sorológico em pregado para confirm ar a SRC. Na infecção congênita, o vírus da rubéola é isolado m ais com u m ente de swabs da garganta e, com m enos frequência, da urina e do líquido cerebrospinal. Os lactentes com rubéola congênita podem excretar o vírus p o r um perío d o de até 1 ano, porém as am ostras para isolam ento do vírus têm m ais probabilidade de serem positivas quando obtidas nos prim eiros 6 meses após o nascim ento. O vírus da rubéola em lactentes com SRC tam bém pocje ser detectado por RT-SRC.
Diagnóstico da rubéola em mulheres grávidas Nos EUA, recom enda-se a triagem para anticorpos IgG anti-rubéola com o parte do pré-natal de rotina. As m ulheres grávidas com teste sorológico positivo para anticorpos IgG são consideradas imunes. As m ulheres grávidas suscetíveis devem ser vacinadas após o parto. Um a m ulher grávida suscetível exposta ao vírus da rubéola deve ser testada para anticorpos IgM e um a elevação de quatro vezes nos títulos de anticorpos IgG entre am ostras de soro das fases aguda e convalescente para d e te rm in a r se ela foi infectada d urante a gravi dez. As m ulheres grávidas com evidências de infecção aguda preci sam ser m onitoradas clinicam ente, e é necessário estabelecer a idade gestacional po r ocasião da infecção m aterna para avaliar a possibili dade de risco para o feto. E ntre as m ulheres infectadas pelo vírus da
N ão (66 países ou 34% ) □
Figura 193.2
Sim (127 países ou 66%)
Países que usam a vacina contra a rubéola no Calendário Nacional de Vacinação, 2008. [Da Organização Mundial da Saúde)
TRATAMENTO
Rubéola
Não se dispõe de nenhum tratam ento específico para a infecção pelo vírus da rubéola. O tratam ento sintom ático das várias m an i festações, com o febre e artralgia, é apropriado. A im unoglobulina não im pede a infecção pelo vírus da rubéola após a exposição e, portanto, não é recom endada com o profilaxia de rotina após ex posição. Em bora a im unoglobulina possa m odificar ou suprim ir os sintom as, ela pode criar um senso indesejável de segurança: lactentes com rubéola congênita nasceram de m ulheres que re ceberam im unoglobulina pouco depois da exposição. A adm inis tração de im unoglobulina só deve ser considerada se um a m ulher grávida que foi exposta à rubéola não irá considerar a possibili dade de térm ino da gravidez em quaisquer circunstâncias. Nesses casos, a adm inistração IM de 20 mL de im unoglobulina d entro de 72 horas após exposição à rubéola pode reduzir - m as não elim i nar - o risco de rubéola.
rubéola durante as prim eiras 11 sem anas de gestação, até 90% dão à luz um lactente com SRC; para a infecção m aterna durante as prim ei ras 20 sem anas de gestação, a taxa de SRC é de 20%.
■ PREVENÇÃO Após o isolam ento do vírus da rubéola no início da década de 1960 e a ocorrência de um a pandem ia devastadora, foi desenvolvida um a vacina contra rubéola, que foi aprovada em 1969. N a atualidade, a m aioria das vacinas contendo rubéola (VCR) usadas no m undo intei ro consiste em form ulações com binadas de saram po e rubéola (MR) ou saram po, caxum ba e rubéola (M M R). D ispõe-se de um a vacina tetravalente contra saram po, caxum ba, rubéola e varicela (MMRV), em bora não seja am plam ente usada. A carga representada pela rubéola para a saúde pública é princi palm ente m edida por meio dos casos de SRC. A epidem ia de rubéola de 1964-1965 nos EUA resultou em mais de 30.000 infecções durante a gravidez. O correu SRC em cerca de 20.000 lactentes nascidos vivos, incluindo mais de 11.000 lactentes com surdez, mais de 3.500 lactentes com cegueira e quase 2.000 com deficiência mental. O custo da epide mia ultrapassou a cifra de 1,5 bilhão de dólares. Em 1982, foi estimado que o custo por criança com SRC ultrapassou 200.000 dólares. Na m aioria dos países, há poucas evidências d o c u m e n ta das para elucidar a epidem iologia da SRC. Foram relatados grupos de casos de SRC nos países em desenvolvim ento, e
Sm
estudos de m odelagem m ostraram que, antes da introdução de um program a de vacinação, a incidência da SRC é de 0,1 a 0,2 p or 1000 nascim entos vivos d urante os períodos endêm icos e de 1 a 4 p or 1000 nascim entos vivos nos períodos epidêm icos. Casos de SRC continua rão ocorrendo em locais onde o vírus da rubéola circula e onde exis tem m ulheres suscetíveis em idade reprodutiva. O m éto d o m ais efetivo de prevenção da ru b éo la a d quirida e da SRC consiste na vacinação com u m a RCV. A adm inistração de um a dose induz soroconversão em 95% ou m ais dos indivíduos com m ais de 1 ano de idade. A im unidade é considerada de longo prazo e, provavelmente, é perm anente. A vacina m ais com um ente usada no m undo inteiro é derivada da cepa do vírus RA27/3. A recom endação atual para vacinação contra rubéola nos EUA consiste em um a dose de vacina M M R aos 12 a 15 m eses de idade e um a segunda dose aos 4 a 6 anos. Os grupos-alvo para vacina contra rubéola em todos os países incluem crianças com m ais de 1 ano de idade, adolescentes e adultos sem prova do cu m en tad a de im unidade, indivíduos em si tuações de congregação (p. ex., universitários, m ilitares, profissionais que trabalham em creches e assistência m édica) e m ulheres suscetí veis antes e depois da gravidez. Devido ao risco teórico de transm issão do vírus vivo atenuado da vacina ao feto em desenvolvim ento, as m ulheres grávidas não de vem receber RCV. Além disso, deve-se evitar a gravidez durante 28 dias após ter recebido um a RCV. Em estudos de acom panham ento de 680 gestantes que não tin h am conhecim ento de sua gravidez e que receberam a vacina contra a rubéola, n e n h u m lactente nasceu com SRC. A adm inistração de u m a RCV d urante a gravidez não constitui habitualm ente um m otivo para considerar o térm ino da gestação. Até 2008, 127 (66%) dos 193 países m em bros-da OMS recom en davam a inclusão de um a RCV no calendário de vacinação de rotina infantil (Fig. 193.2). A cobertura de vacinação varia am plam ente e n tre os países m em bro, e a E uropa e regiões da A m érica relatam um a cobertura de m ais de 90%. As m etas para~o'controle ou a elim inação da rubéola e da SRC foram estabelecidas na região das Am éricas, re gião da Europa e região do Pacífico O cidental. As outras três regiões (M editerrâneo O riental, Sudeste da Ásia e África) ainda não estabe leceram essas metas.
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G e rsh o n
CA PÍ T UL O Caxumba
194 ■ f '-
Steven Rubin Kathryn M. Carbone ■ DEFINIÇÃO A caxum ba é um a infecção viral sistêm ica aguda, classicam ente asso ciada ao aum ento de um a ou de am bas as glândulas parótidas.
cunstâncias coincidentes, incluindo (1) situações que prom ovem a dissem inação dos vírus respiratórios entre adultos jovens (p. ex., re sidência em dorm itórios universitários), (2) declínio da im unidade conferida pela vacina com o passar do tem po, (3) ausência de vírus de tipo silvestre endêm ico circulante para reforçar periodicam ente as respostas im unes induzidas pelas vacinas, e (4) epidem ias globais contínuas de caxum ba (devido à falta de program as de vacinação contra a caxum ba ou a baixas taxas de vacinação contra a caxum ba onde esses program as já existem ). E nquanto a caxum ba na era pré-vacinal e na era pós-vacinal im ediata era, historicam ente, um a doença da infância, a m aioria dos casos nos EUA ocorre, hoje, em adultos jovens previam ente vacinados.
■ PATOGENIA ■ AGENTE ETIOLÓGICO
Os seres hum anos constituem os únicos hospedeiros naturais do ví rus da caxum ba. O período de incubação da caxum ba é de cerca de 19 dias (faixa de 7 a 23 dias). O vírus é transm itido p o r via respirató ria através de gotículas, saliva e objetos. Em geral, o vírus da caxum ba é elim inado entre 1 sem ana antes e 1 sem ana depois do início dos sintom as, em bora essa janela pareça ser m ais estreita nos indivíduos vacinados. Os indivíduos são m ais contagiantes 1 a 2 dias antes do aparecim ento dos sintom as clínicos. A replicação prim ária ocorre na m ucosa nasal ou no epitélio m ucoso do trato respiratório superior. As células m ononucleares e as células dos linfonodos regionais p o dem ser infectadas; essa infecção facilita o desenvolvim ento de vi rem ia e representa um risco para um a am pla variedade de reações inflam atórias agudas. Os locais clássicos de replicação do vírus da caxum ba incluem as glândulas salivares, os testículos, o pâncreas, os ovários, as glândulas m am árias e o sistem a nervoso central (SNC). Pouco se sabe sobre a patologia da caxum ba, visto que a doença ■ EPIDEMIOLOGIA raram ente é fatal. O vírus replica-se adequadam ente no epitélio glan dular, porém a parotidite clássica não constitui um com ponente n e A caxum ba é endêm ica no m u n d o inteiro, ocorrendo epi cessário da caxum ba. As glândulas acom etidas contêm infiltrados de dem ias a cada 3 a 5 anos em populações não vacinadas. A estim ativa da incidência global anual é de 100 a 1000 casos células m ononucleares perivasculares e intersticiais e exibem hem or p o r 100.000 indivíduos em países que não têm program as nacionais ragia, com edem a proem inente. A necrose das células acinares e do de vacinação contra a caxum ba, onde praticam ente toda a p opula epitélio ductal é evidente nas glândulas salivares e no epitélio germ i ção já foi infectada quando atinge a idade adulta. Após a introdução nativo dos túbulos sem iníferos dos testículos. O vírus provavelmente da vacina contra caxum ba em 1967 nos EUA, houve um declínio no alcança o líquido cerebrospinal (LCS) através do plexo corioideo ou núm ero de casos notificados; em 2001, esse núm ero caiu de m ais de p or interm édio de células m ononucleares que transitam durante a 150.000 para m enos de 300 - um a redução de 99,8% em relação aos virem ia plasm ática. E m bora os dados relevantes sejam lim itados, a níveis prevacinais. Em 2006, os EUA tiveram o seu m aior surto de encefalite da caxum ba típica parece ser secundária à dissem inação caxum ba em mais de 20 anos, com 6.584 casos notificados. Esse surto respiratória e provavelm ente constitui um processo parainfeccioso, foi precedido de surtos no Reino U nido (2004-2005) e seguido tam conform e sugerido pela ocorrência de desm ielinização perivenosa, bém p o r surtos no Canadá. Evidências epidem iológicas convincentes inflam ação perivascular de células m ononucleares e preservação associaram o vírus de genótipo G aos surtos ocorridos em todos os relativa dos neurônios. Apesar de sua raridade, a suposta encefalite três países. A m aioria dos casos acom eteu estudantes universitários prim ária foi associada ao isolam ento do vírus da caxum ba do tecido de 18 a 23 anos de idade, cuja m aioria havia sido vacinada na in cerebral. Foram encontradas evidências de dissem inação placentária fância. Esses surtos provavelm ente são o resultado de diversas cir e intrauterina tanto no início quanto no final da gestação.
A caxum ba é causada p or um param ixovírus com genom a de RNA não segm entado de filam ento negativo constituído de 15.384 bases codificando nove proteínas. A nucleoproteína, a fosfoproteína e a proteína polim erase participam na replicação do vírus e, juntam ente com o RNA genômico, form am o ribonucleocapsídio. O ribonucleocapsídio é circundado p or um envoltório de dupla cam ada de lipídios derivados do hospedeiro, contendo a hem aglutinina-neuram inidase (H N ) viral e as proteínas de fusão (F), que são responsáveis pela liga ção às células e pela entrada do vírus e que constituem os principais alvos dos anticorpos neutralizantes do vírus. As funções das outras proteínas virais (m atriz hidrofóbica pequena, V e I) não estão tão bem elucidadas. A seqüência gênica hidrofóbica pequena é altam ente variável e form a a base dos 13 genótipos (A a M ) usados principal m ente para fins epidem iológicos m oleculares.
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1608
■ MANIFESTAÇÕES
c l í n ic a s
Figura 194.1 Criança com caxumba. Observe o aumento submandibular e pré-auricular clássico da glândula parótida. [Do Centers for Disease Control and Prevention.)
G lândula parótida (aum entada)
G lândula parótida
T>
M úsculo este rn o cle id o m asto id e o Eixo orelha-glândula
Eixo orelha-glândula
Figura 194.2 Desenho esquemático da glândula parótida infectada pelo vírus da caxumba (á direita) em comparação com a glândula normal (â esquerda). Um linfonodo cervical aumentado é habitualmente posterior à linha imaginária. (,Reimpressa, com autorização, de Gershon A et al: Mumps, in Krugman’s Infectious Diseases of Children, 11 th ed. Philadelphia, Elsevier, 2004, p. 392.) da caxum ba em m ulheres p ós-puberais tam bém pode m anifestar-se na form a de mastite. A pleocitose d o cum entada do LCS indica que o vírus da caxum ba invade o SNC em cerca de 50% dos casos; entretanto, a doença sintom ática do SNC, na form a de m eningite asséptica, ocorre em m enos de 10% dos casos, com p redom ínio m asculino. Os sintom as do SNC de m eningite asséptica (p. ex., rigidez de nuca, cefaleia e so nolência) aparecem cerca de 5 dias após a parotidite e tam bém ocor rem com frequência na ausência de com prom etim ento das g lându las parótidas. D entro das prim eiras 24 h, pode haver predom ínio dos leucócitos polim orfonucleares no LCS (1.000 a 2.000 células/|xL), porém , no segundo dia, quase todas as células consistem em linfóci tos. O nível de glicose do LCS po d e estar baixo, enquanto a concen tração de proteína está elevada, um p a d rão que lem bra a m eningite bacteriana. A m eningite p o r caxum ba é u m a m anifestação autoli m itada sem risco significativo de m orte ou seqüelas de longo prazo. Em certas ocasiões, paralisias dos nervos cranianos resultaram em seqüelas p erm an en tes, p a rtic u la rm e n te surdez. A incidência re latada de p erd a da audição associada à caxum ba varia entre 1 em 1.000 e 1 em 100.000. Em cerca de 0,1% das infecções, o vírus da caxum ba pode causar encefalite, que se m anifesta na form a de febre alta, com alterações pron u n ciad as do nível de consciência, convul sões e sintom as neurológicos focais. Podem -se observar an o rm ali dades eletroencefalográficas. Seqüelas p e rm a n en te s são algum as vezes identificadas nos sobreviventes, e as infecções em adultos têm m ais com um ente um prognóstico som brio em com paração com as infecções pediátricas. A taxa de m ortalid ad e associada à encefalite da caxum ba é de cerca de 1,5%. O utros problem as do SNC ocasio nalm ente associados à caxum ba incluem ataxia cerebelar, paralisia facial, m ielite transversa, hidrocefalia, síndrom e de G uillain-Barré, paralisia flácida e alterações do com portam ento. A pancreatite da caxum ba, que pode se apresentar com o dor ab dom inal, ocorre em cerca de 4% das infecções, porém o seu diag nóstico é difícil, visto que u m nível sérico elevado de amilase pode estar associado tanto à parotidite quanto à pancreatite. Um a associa ção etiológica entre o vírus da caxum ba e o diabetes m elito juvenil continua controversa. A m iocardite e a fibroelastose endocárdica são raras e autolim itadas, m as podem representar com plicações graves da infecção da caxum ba; entretanto, foram relatadas anorm alidades eletrocardiográficas associadas à caxum ba em até 15% dos casos. O utras com plicações incom uns incluem tireoidite, nefrite, artrite, doença hepática, ceratouveíte e p ú rp u ra trom bocitopênica. É com um haver anorm alidade da função renal, porém a nefrite grave e po ten cialm ente fatal é rara. A inda não foi elucidado se um núm ero exces sivo de abortos espontâneos está associado à caxum ba gestacional. A caxum ba durante a gravidez não parece resultar em prem aturidade, baixo peso ao nascer ou m alform ações fetais.
CAPÍTULO 194
Até 50% das infecções pelo vírus da caxum ba são assintom áticos ou levam a sintom as respiratórios inespecíficos. As infecções inaparentes são mais com uns em adultos do que em crianças. O pródrom o da caxumba consiste em febre baixa, m al-estar, mialgia, cefaleia e anorexia. A parotidite da caxum ba - aum ento unilateral ou bilateral de início agudo das glândulas parótidas ou de outras glândulas salivares de m ais de 2 dias de duração sem outra causa aparente - desenvolve-se em 70 a 90% das infecções sintom áticas, habitualm ente dentro de 24 horas após os sintom as prodrôm icos, porém algum as vezes até 1 sem ana depois. Em geral, a parotidite é bilateral, em bora os dois lados possam não estar acom etidos sincronicam ente. O com prom e tim ento unilateral é docum entado em cerca de 33% dos casos. O au mento das glândulas parótidas é acom panhado de hipersensibilidade e obliteração do espaço entre o lobo da orelha e o ângulo da m an d í bula (Figs. 194.1 e 194.2). C om frequência, o paciente relata otalgia e tem dificuldade em comer, deglutir ou falar. O orifício do dueto de Stensen está com um ente eritem atoso e tum efeito. As glândulas submaxilares e sublinguais estão acom etidas com m enos frequência do que a glândula parótida e quase nunca são acom etidas isoladam ente. A tum efação glandular aum enta durante alguns dias e, em seguida, regride de m odo gradual, desaparecendo em 1 sem ana. A sialadenite recorrente é um a seqüela rara da parotidite da caxum ba. Em cerca de 6% dos casos de caxum ba, a obstrução da drenagem linfática em conseqüência da tum efação bilateral das glândulas salivares pode re sultar em edem a pré-esternal com cacifo, frequentem ente associado a adenite subm andibular e, raram ente, ao edem a supraglótico que com porta m aior risco de vida. A epididim orquite constitui a segunda m anifestação m ais c o m um da caxum ba, ocorrendo em cerca de 15 a 30% dos casos em hom ens pós-puberais, com c o m p ro m etim e n to bilateral em 10 a 30% desses casos. A orquite, acom panhada de febre, ocorre d u ra n te a prim eira sem ana de parotidite, m as pode surgir até 6 sem anas após a parotidite ou na sua ausência. O testículo fica doloroso e hipersensível e pode estar aum entado até várias vezes o seu tam anho norm al; essa condição regride habitualm ente d e n tro de 1 sem ana. Verifica-se o desenvolvim ento de atrofia testicular em m etade dos hom ens acom etidos. A esterilidade após a caxum ba é rara, enquanto se estim a que a subfertilidade ocorra em 13% dos casos de orquite unilateral e em 30 a 87% dos casos de orquite bilateral. A ooforite é observada em cerca de 5% das m ulheres com caxum ba e pode estar associada a do r abdom inal baixa e vôm itos, porém só raram ente tem sido associada a esterilidade ou m enopausa prem atura. A infecção
cr 03
1609
■ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
■ PREVENÇÃO
D urante u m surto de caxum ba, o diagnóstico é facilm ente estabeleci do em pacientes com parotidite e com história de exposição recente. Entretanto, quando a incidência da doença é baixa, outras causas de parotidite devem ser consideradas, e é necessário proceder a um exa me laboratorial p ara a confirm ação do caso. As causas infecciosas de parotidite incluem outros vírus (p. ex., HIV, vírus Coxsackie, vírus parainfluenza tipo 3, vírus influenza A, vírus Epstein-Barr, aden o vírus, parvovírus B I9, vírus da coriom eningite linfocítica, h e rp es vírus h um ano 6), bactérias G ram -positivas, m icobactérias atípicas e espécies de Bartonella. Raram ente, outras bactérias G ram -negativas ou anaeróbias estão associadas à parotidite. Além disso, pode haver desenvolvim ento de parotidite em casos de sarcoidose, síndrom e de Sjõgren, síndrom e de Mikulicz, síndrom e de Parinaud, urem ia, dia betes melito, ingestão de gom a de lavanderia, desnutrição, cirrose e alguns tratam entos farm acológicos. A parotidite unilateral pode ser causada p or obstrução ductal, cistos e tum ores. N a ausência de p a rotidite ou de aum ento de outras glândulas salivares, os sintom as de outro órgão visceral e/ou com prom etim ento do SNC p odem pred o m inar, e torna-se necessário estabelecer um diagnóstico laboratorial. O utras entidades devem ser consideradas quando aparecem m an i festações com patíveis com a caxum ba em outros órgãos diferentes da glândula parótida. A torção de testículo pode produzir um a m assa escrotal dolorosa, sem elhante àquela observada na orquite p or ca xum ba. O utros vírus (p. ex., enterovírus) p odem causar m eningite asséptica, que é clinicam ente indistinguível daquela provocada pelo vírus da caxum ba.
A vacinação constitui a única m edida prática de controle; nos EUA, a razão custo-benefício para a vacinação co n tra a caxum ba é de > 13 para os custos diretos (p. ex., despesas m édicas) e de > 24 para custos sociais (incluindo, perda de prod u tiv id ad e dos pacientes e cuidadores). São utilizadas várias vacinas de vírus da caxum ba no m undo; nos EUA, utiliza-se apenas a cepa Jeryl Lynn viva atenuada. De acordo com as recom endações atuais, a vacina contra a caxum ba é adm inistrada com o parte da vacina com binada trivalente contra sa ram po, caxum ba e rubéola (M M R -II) ou vacina tetravalente contra saram po, caxum ba, rubéola e varicela (P ro Q u a d ). A vacina m onovalente (M um psV ax) geralm ente não está disponível. Antes da adm inistração de vacina contendo vírus da caxum ba, o m édico deve sem pre consultar as recom endações m ais recentes do Advisory C om m ittee on Im m unization Practices (ACIP). As reco m endações atuais para crianças especificam duas doses de vacina contendo vírus da caxumba: a prim eira dose p o r ocasião do prim eiro aniversário ou depois, e a segunda dose adm inistrada a p a rtir de 1 m ês após a prim eira. Nos EUA, as crianças frequentem ente recebem a segunda dose entre 4 e 6 anos de idade. Em 2009, o ACIP fez um a revisão das recom endações para evi dência de im unidade à caxum ba em profissionais de saúde, incluindo (1) adm inistração d o cum entada de duas doses de um a preparação contendo vírus da caxum ba vivo, (2) evidência laboratorial de im u nidade ou confirm ação laboratorial da doença, ou (3) data de nasci m ento anterior a 1957. Para os profissionais de saúde não vacinados nascidos antes de 1957, que carecem de evidências laboratoriais de im unidade à caxum ba ou confirm ação laboratorial da caxum ba, as instituições devem considerar a adm inistração de duas doses de va cina M M R no intervalo apropriado; du ran te u m surto de caxum ba, recom enda-se a vacinação desses indivíduos. A vacina contra caxum ba contém vírus vivo atenuado. Não é recom endada para m ulheres grávidas, para indivíduos que tiveram um a reação alérgica potencialm ente fatal a com ponentes da vacina, nem para indivíduos em situações de im unossupressão prim ária ou secundária clinicam ente significativa. (Para m ais detalhes, ver as di retrizes do ACIP no website dos C enters for Disease C ontrol and Pre vention.) Em certas ocasiões, foram relatadas reações febris e paroti dite logo após a vacinação contra caxum ba. As reações alérgicas após a vacinação (p. ex., exantem a e pru rid o ) são incom uns e costum am ser leves e autolim itadas. Com plicações m ais graves, com o m eningite asséptica, têm sido causalm ente associadas a certas cepas da vacina, m as não à cepa Jeryl Lynn. A im unidade contra caxum ba está associada ao desenvolvimento de anticorpos neutralizantes, em bora não se tenha estabelecido um a correlação específica de proteção. O corre soroconversão em cerca de 95% dos receptores da cepa Jeryl Lynn; entretanto, a eficácia da vacina é de cerca de 80% para um a dose e de 90% para duas doses. Dados re centes indicam um declínio das taxas de soropositividade com o passar do tempo, desde a vacinação. Em bora seja geralm ente aceito de que o vírus da caxum ba é sorologicam ente m onotípico, fopam detectadas di ferenças antigênicas entre vírus isolados. Não se sabe ao certo se essas diferenças podem levar a um escape imune. O papel da resposta imune celular não está bem esclarecido, porém há evidências de que ele pode ajudar a lim itar a dissem inação do vírus e as Complicações.
■ DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Doenças Infecciosas 1610
O diagnóstico laboratorial baseia-se na detecção de antígenos ou RNA virais ou na sorologia. Os antígenos virais podem ser detectados p or coloração im unofluorescente específica para caxum ba de am os tras clínicas diretam ente ou, com m ais frequência, após incubação de am ostras clínicas com culturas de células. Mais com um ente, o vírus da caxum ba é detectado com o RNA viral pela reação em cadeia da polim erase (PCR) de transcrição reversa, que se acredita seja mais rá pida, sensível e específica do que a detecção do vírus vivo p or ensaios de im unofluorescência; entretanto, os resultados falso-negativos não são raros com ambos os m étodos. Em geral, o vírus é pesquisado em m aterial obtido p or swab da garganta, em bora tenha sido detectado no LCS, na urina e no líquido seminal. Apesar da aparente frequência da virem ia, o vírus da caxum ba só raram ente tem sido isolado do sangue, possivelm ente devido à presença de anticorpos específicos. Em am ostras de urina, os supostos inibidores da PCR reduzem o va lor relativo dos m étodos de teste do RNA. O diagnóstico sorológico da caxum ba (isto é, resposta positiva da IgM ou elevação significativa do título de IgG em am ostras de soro pareadas da fase aguda e fase convalescente) é obtido por ensaio de im unoadsorção ligado a enzim a (ELISA). N a atualidade, o diag nóstico sorológico é de valor lim itado: a IgM é detectada em m enos de 20% dos casos nos indivíduos vacinados, e os títulos de IgG no soro da fase convalescente podem estar apenas nom inalm ente acim a daqueles da fase aguda. Por conseguinte, na atualidade, a capacidade de detecção do RNA ou dos antígenos virais para c o nfirm ar casos é m uito m aior que a da sorologia. Hoje, os testes sorológicos tra d i cionais e de execução trabalhosa, com o fixação do com plem ento, inibição da hem aglutinação e neutralização do vírus, são apenas ra ram ente efetuados. A principal desvantagem em substituir esses e n saios sorológicos funcionais pelo m étodo ELISA consiste na detecção pelo ELISA de todos os anticorpos específicos contra o vírus, incluin do aqueles que não são neutralizantes (isto é, não protetores). Dessa m aneira, um indivíduo pode ser soropositivo pelo ELISA, m as pode carecer de níveis protetores de anticorpos. E m bora exista um a forte associação entre a presença de anticorpo neutralizante contra o vírus da caxum ba e a proteção contra doença, não existe um título abso luto de anticorpos preditivo de proteção sorológica; nesse aspecto, a caxum ba difere de outras infecções respiratórias, com o o saram po.
TRATAMENTO
Caxumba
A caxum ba é geralm ente um a doença benigna de autorresolução. O tratam ento da parotidite e de outras m anifestações clíni cas é sintom ático e de suporte. A adm inistração de analgésicos e a aplicação de com pressas m ornas ou frias na região da parótida podem ser úteis. A d or testicular pode ser aliviada pela aplicação local de com pressas frias e suporte da bolsa escrotal. Além disso, podem ser utilizados bloqueios anestésicos. N em a adm inistração
de glicocorticoides, nem a incisão da túnica albugínea têm valor com provado na orquite grave. Inform ações não científicas sobre um pequeno núm ero de pacientes com orquite sugerem que a a d m inistração subcutânea de interferon a 2 b pode ajudar a preservar o órgão e a fertilidade. Em certas ocasiões, efetua-se um a punção lom bar para aliviar a cefaleia associada à m eningite. Não foi d e m onstrado consistentem ente que a im unoglobulina anticaxum ba seja efetiva na prevenção da caxum ba, e a sua adm inistração não é recom endada para tratam ento ou para profilaxia pós-exposição.
AS et al: Risk factors for m umps at a university with a large mumps outbreak. Public Health Rep 124:419,2009
H uang
H v iid
A et al: Mumps. Lancet 371:932,2008
Kutty PK et al: Guidance for isolation precautions for mumps in the United States: A review of the scientific basis of policy change. Clin Infect Dis 50:1619,2010 LeBaron CW et al: Persistence of mumps antibodies after 2 doses of measles-mumps-rubella vaccine. J Infect Dis 199:552, 2009 M arin M et al: Use of com bination measles, mumps, rubella, and varicella vaccine: Recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP). MMWR Recomm Rep 59:1,2010 M asarani M et al: Mumps orchitis. J R Soc Med 99:573, 2006
A g r a d e c im e n t o s
Os autores agradecem a Dra. Anne Gershon, a autora deste capítulo em edições anteriores deste livro.
BIBLIOGRAFIA I et al: Etiology of mumps-like illnesses in children and adolescents vaccinated for measles, mumps, and rubella. J Infect Dis 191:719,2005
D a v id k in
CA P Í T UL O
195 J
Raiva e Outras Infecções Causadas por Rabdovírus Alan C. Jackson RAIVA A raiva é um a doença infecciosa aguda e rapidam ente progressiva do sistem a nervoso central (SNC) em seres h um anos e anim ais, que é causada pela infecção pelo vírus da raiva. A infecção é norm alm ente transm itida p o r anim ais vetores. A raiva tem um a form a encefalítica e um a form a paralítica, que evoluem para a m orte.
■ AGENTE ETIOLÓGICO
■ EPIDEMIOLOGIA A raiva é um a infecção zoonótica, que acom ete um a varie dade de m am íferos no m u n d o inteiro, exceto na A ntártica e em algum as ilhas. O vírus da raiva é habitualm ente tran s m itido a seres hum anos pela m o rd ed u ra de um anim al infectado.
R eid F et al: Epidemiologic and diagnostic evaluation of a recent mumps out break using oral fluid samples. J Clin Virol 41:134,2008 R ota JS et al: Investigation of a mumps outbreak among university students with two measles-mumps-rubella (MMR) vaccinations, Virginia, September-December 2006. J Med Virol 81:1819, 2009
A raiva canina é endêm ica em m uitos países de poucos recursos e recursos lim itados e continua representando um a am eaça aos seres hum anos, particularm ente na Ásia e na Á frica (ver “Considerações Globais”, adiante). A raiva canina endêm ica foi elim inada dos EUA e da m aioria dos outros países de alto nível socioeconôm ico. A raiva é endêm ica em espécies selvagens, e foi identificada um a variedade de reservatórios anim ais em diferentes países. D ados de vigilância de 2008 identificaram 6.841 casos confirm ados de raiva em anim ais nos EUA (incluindo Porto Rico). A penas 7% desses casos acom eteram anim ais dom ésticos, incluindo 294 casos em gatos, 75 em cães e 59 em gado. Os reservatórios silvestres da A m érica do N orte, in cluin do morcegos, guaxinins, gam bás e raposas, têm infecção endêm ica, causada p o r um a ou m ais variantes do vírus da raiva em cada es pécie (Fig. 195.1). O corre propagação da raiva para outras espécies silvestres e para anim ais dom ésticos. Existem variantes do vírus da raiva do m orcego em cada estado dos EUA, exceto no Hawaii, que são responsáveis pela m aior parte dos casos de raiva hum ana adqui rida endem icam ente naquele país. A raiva nos guaxinins é endêm ica ao longo de toda a costa leste dos EUA. A raiva que acom ete gambás predom ina no m eio oeste, com outro foco na Califórnia. A raiva em raposas ocorre no Texas, Novo México, A rizona e Alasca. As variantes do vírus da raiva isoladas de seres hum anos ou de outras espécies de m am íferos podem ser identificadas p o r amplifica ção pela reação em cadeia da polim erase e transcrição reversa (RT-PCR) e sequenciam ento ou p or caracterização com anticorpos m o noclonais. Essas técnicas m ostram -se úteis em casos hum anos sem história conhecida de exposição. N o m u n d o inteiro, os casos de raiva hum ana são transm itidos, em sua m aioria, a p a rtir de cães em p aí ses com raiva canina endêm ica e com transm issão entre cães, e casos hum anos podem ser im portados p o r viajantes que retorn am dessas regiões. Na Am érica do N orte, a doença h um ana está habitualm ente associada à transm issão p o r m orcegos; nesses casos, pode não h a ver história conhecida de m ordedura de m orcego ou outra exposição a esses anim ais. Os casos hu m an o s são devidos, em sua m aioria, a um a variante do vírus da raiva do m orcego associada aos morcegos prateados e pipistrelle do leste. Trata-se de m orcegos pequenos, cuja m ordedura pode não ser reconhecida, e o vírus adaptou-se para a sua replicação na tem peratura da pele e em tipos de células que estão presentes na pele. A transm issão p o r exposição sem m ordedura é relativam ente in com um . Aerossóis gerados no laboratório ou em cavernas contendo m ilhões de m orcegos-de-cauda-livre brasileiros raras vezes têm cau-
Raiva e Outras Infecções Causadas por Rabdovírus
O vírus da raiva é um m em bro da fam ília R habdoviridae. Dois gê neros dessa família, Lyssavirus e Vesiculovirus, contêm espécies que causam doença hum ana. O vírus da raiva é um Lyssavirus que infecta um a am pla gam a de anim ais e que provoca doença neurológica gra ve quando transm itido a seres hum anos. Esse vírus de RNA de fita simples possui um genom a não segm entado de sentido negativo (antissentido), que consiste em 11.932 nucleotídios e que codifica cinco proteínas: o nucleocapsídio, a proteína fosfoproteína, um a proteína da m atriz, glicoproteína e um a grande proteína polim erase. V arian tes do vírus da raiva, que podem ser caracterizadas p or seqüências distintas de nucleotídios, estão associadas a reservatórios anim ais específicos. Foram descritas cinco outras espécies de vírus não raiva do gênero Lyssavirus, que causam um quadro clínico sem elhante ao da raiva. O vírus da estom atite vesicular, um vesiculovirus, provoca vesiculação e ulceração no gado, em cavalos e outros anim ais e causa um a doença sistêm ica leve e autolim itada nos seres h um anos (ver “O utros Rabdovírus,” adiante).
Polgreen PM et al: The duration of m um ps virus shedding after the onset of symptoms. Clin Infect Dis 46:1447,2008
1611
Gambá
**T_ _
Gambá
Gambá /GambáGuaxinim Gambá
iRapbsa
Mangusto
Figura 195.1
Distribuição das principais variantes do vírus da raiva entre reservatórios terrestres silvestres nos EUA e Porto Rico, 2008. [De JD Blanton et a i:
JAm Vet Med Assoc 235:676,2009, Centers for Disease Control and Prevention.)
sado raiva hum ana. O correu transm issão a p a rtir de transplante de córnea e, recentem ente, de transplante de órgãos sólidos, bem com o de um conduto vascular (para transplante de fígado) de doadores não diagnosticados com raiva no Texas e na A lem anha. A transm issão entre seres hum anos é extrem am ente rara, em bora um a preocupação teórica acerca da transm issão a profissionais de saúde tenha levado à im plem entação de técnicas de barreira para evitar exposições.
■ PATOGENIA
Doenças Infecciosas 1612
O período de incubação da raiva (definido com o o intervalo entre a exposição e o início da doença clínica) é habitualm ente de 20 a 90 dias; todavia, em raros casos, é curto, com o alguns dias, ou estende-se p or m ais de 1 ano. D urante a m aior parte do período de incuba ção, acredita-se que o vírus da raiva esteja presente no local de in o culação ou próxim o a ele (Fig. 195.2). Nos m úsculos, sabe-se que o vírus liga-se a receptores nicotínicos de acetilcolina nas m em branas pós-sinápticas nas junções neurom usculares; entretanto, os detalhes exatos da entrada do vírus na pele e nos tecidos subcutâneos ainda não foram esclarecidos. O vírus da raiva dissem ina-se de form a centrípeta ao longo dos nervos periféricos em direção ao SNC, a um a velocidade de até cerca de 250 m m /d ia p o r m eio de transporte axônico rápido para a m edula espinal ou o tronco encefálico. Não há evidências bem docum entadas de dissem inação hem atogênica do vírus da raiva. Assim que entra no SNC, o vírus da raiva dissem ina-se rapidam ente para outras regiões do SNC através de transporte axônico rápido ao longo de conexões neuroanatôm icas. Os neurônios são proem inentem ente infectados n a raiva, enquanto a infecção de astrócitos é incom um . Após o estabelecim ento da infecção no SNC, ocorre dissem inação centrífuga ao longo de nervos sensitivos e autônom os para outros tecidos, incluindo as glândulas salivares, o coração, as glândulas suprarrenais e a pele. O vírus da raiva replica-se nas células acinares das glândulas salivares e é secretado na saliva de anim ais raivosos que atuam com o vetores da doença.
E studos patológicos m ostram alterações inflam atórias discretas no SNC nos casos de raiva, com infiltração inflam atória m ononuclear nas leptom eninges, nas regiões perivasculares e no parênquim a, incluindo nódulos da m icróglia, d enom inados Babes. Em geral, as alterações neuronais degenerativas não são proem inentes, e há pouca evidência de m orte neuronal; em certas ocasiões, observa-se neuronofagia. As alterações patológicas são surpreendentem ente discretas tendo em vista a gravidade clínica e a evolução fatal da doença. O achado patológico m ais característico na raiva é o corpúsculo de Negri (Fig. 195.3). Os corpúsculos de N egri são inclusões citoplasm áticas eosinofílicas nos neurônios cerebrais, que são com postos de proteí nas e DNA viral. Essas inclusões o correm em um a m inoria de neurô nios infectados, são com um ente observadas nas células de Purkinje do cerebelo e nos neurônios piram idais do hipocam po e, com m enos frequência, ocorrem nos neurônios corticais e do tronco encefálico. Os corpúsculos de N egri não são observados em todos os casos de raiva. A ausência de alterações neuronais degenerativas p roem inen tes levou ao conceito de que a disfunção neuronal - m ais do que a m orte dos neurônios - é responsável pela doença clínica na raiva. A base das alterações com portam entais, incluindo o com portam ento agressivo dos anim ais raivosos, não está bem elucidada.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Na raiva, a ênfase precisa ser na profilaxia pós-exposição iniciada an tes do aparecim ento de quaisquer sinais ou sintom as. Em geral, deve-se suspeitar da raiva com base na apresentação clínica. A doença m anifesta-se habitualm ente na form a de encefalite atípica, com re lativa preservação da consciência. Pode ser difícil reconhecer a raiva num estágio avançado da evolução clínica, quando já ocorreu p ro gressão para o coma. E m um a m inoria de pacientes, ocorre paralisia flácida aguda. São reconhecidas as fases prodrôm ica, neurológica aguda e com atosa, que h abitualm ente progridem para a m orte, a des peito da terapia agressiva (Q u ad ro 195.1).
6 . Infecção de n e urônios cerebrais e d isfu nçã o neuronal
Olho
7. D issem inação centrífu g a ao longo de nervos para glândulas salivares, pele, córneas e outros órgãos
Glândulas salivares
3. O vírus se liga aos receptores n icotínicos de a ce tilcolina na ju n ção n e u rom uscular
5. R eplicação nos neurônios m otores da m edula espinal e gâ n glio s da raiz dorsal e a scensão rápida para o cérebro Gânglio da raiz dorsal
Nervos sensitivos para a pele
4. O v iru s segue dentro de axô n io s nos nervos periféricos através de tra n sp o rte axônico rápido re trógrado.
Músculo esquelético
2 . R eplicação viral no m úsculo
Medula espinal
1. V íru s inoculado
Figura 195.2 Representação esquemática dos eventos patogênicos após a inoculação periférica do vírus da raiva. (Adaptada de JacksonAC: Human disease, em
Características prodrômicas As características clínicas mais precoces da raiva com eçam com m a nifestações prodrôm icas inespecíficas, incluindo febre, m al estar, cefaleia, náusea e vômitos. Além disso, podem ocorrer ansiedade ou agitação. Os sintomas neurológicos específicos mais precoces da raiva consistem em parestesias, dor ou prurido perto do local de exposição, que ocorre em 50 a 80% dos pacientes e sugere fortem ente a raiva. Nesse ponto, a ferida está habitualm ente cicatrizada, e esses sintom as provavelm ente refletem infecção com alterações inflam atórias asso ciadas na raiz dorsal local ou em gânglios sensitivos cranianos.
Raiva encefalítica São observadas duas form as neurológicas agudas de raiva nos seres hum anos: a encefalítica (furiosa) em 80% dos casos e a paralítica em 20%. Algum as das m anifestações da raiva encefalítica tam bém p o dem ser observadas em outras encefalites virais. Essas m anifestações
incluem febre, confusão, alucinações, com batividade e convulsões. A disfunção autônom a é com um e pode resultar em hipersalivação, pele arrepiada, arritm ias cardíacas e priapism o. Na raiva encefalítica, os episódios de hiperexcitabilidade são seguidos de períodos de total lucidez, que se tornam m ais curtos à mecfida que a doença pro g ri de. A encefalite da raiva distingue-se pelo acom etim ento precoce do tronco encefálico, que resulta nas características clássicas de hidrofobia (contração involuntária dolorosa do diafragm a e dos m úsculos acessórios respiratórios, laríngeos e faríngeos em resposta à degluti ção de líquidos) e de aerofagia (as m esm as características causadas pela estim ulação de um a tragada de ar. Esses sintom as são provavel m ente devidos à disfunção dos neurônios infectados do tronco ence fálico, o que norm alm ente inibe os neurônios inspiratórios próxim os ao núcleo ambíguo, resultando em reflexos de defesa exagerados que protegem o trato respiratório. A com binação de hipersalivação e dis função faríngea tam bém é responsável pelo aspecto clássico de “boca
Raiva e Outras Infecções Causadas por Rabdovírus
Rabies, editado por AC Jackson e WH Wunner,2002, Academic Press, San Diego, pp. 219-244; com autorização.)
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Figura 195.3 Três grandes corpúsculos de Negri no citoplasma de uma célula de Purkinje cerebelar de um menino com 8 anos de idade que morreu de raiva após ter sido mordido por um cão raivoso no México. (De AC Jackson, E Lopez-Corella, N Engl J Med 335:568,1996. © Massachusetts Medicai Society.)
espum ando” (Fig. 195.4). A disfunção do tronco encefálico progride rapidam ente, e o com a seguido de m orte em questão de dias é a regra, a não ser que a evolução seja prolongada p o r m edidas de suporte. C om essas m edidas, as com plicações tardias podem incluir insufi ciência cardíaca e/ou respiratória, distúrbios do equilíbrio hídrico (síndrom e de secreção inapropriada de horm ô n io antidiurético ou diabetes insípido), edem a p ulm onar não cardiogênico e hem orragia gastrintestinal. As arritm ias cardíacas podem ser devidas à disfunção que acom ete centros vitais no tronco encefálico ou à m iocardite. A falência m últipla de órgãos é com um em pacientes tratados agressi vam ente em unidades de terapia intensiva.
Figura 195.4 Espasmo hidrofóbico dos músculos inspiratórios associado a terror em um paciente com raiva encefalítica (furiosa) que tentou beber água. (Copyright DA Warrell, Oxford, UK; com autorização.)
Raiva paralítica Cerca de 20% dos pacientes apresentam raiva paralítica, em que pre dom ina a fraqueza m uscular, e nquanto as principais características da raiva encefalítica (hiperexcitabilidade, hidrofobia e aerofobia) es tão ausentes. O corre fraqueza m uscular flácida precoce e p roem inen te, que frequentem ente com eça no m em bro onde houve a m ordida, dissem inando-se para p ro d u z ir q uadriparesia e fraqueza facial. O acom etim ento esfincteriano é com um , enquanto o com prom etim en to sensorial é habitualm ente leve; esses casos costum am ser diagnos ticados incorretam ente com o síndrom e de Guillain-Barré. Em geral, os pacientes com raiva paralítica sobrevivem alguns dias m ais do que aqueles que apresentam raiva encefalítica, porém sobrevêm , en tre tanto, a falência de m últiplos órgãos.
■ INVESTIGAÇÕES LABORATORIAIS
Doenças Infecciosas
QUADRO 195.1
Estágios clínicos da raiva Duração típica
Sinais e sintomas
Período de incubação
20 a 90 dias
Nenhum
Pródromo
2 a 10 dias
Febre, mal estar, anorexia, náusea, vômitos, parestesias, dor ou prurido no local da ferida
Encefalítica (80%)
2 a 7 dias
Ansiedade, agitação, hiperatividade, comportamento bizarro, alucinações, disfunção autônoma, hidrofobia
Paralítica (20%)
2 a 10 dias
Paralisia flácida no(s) membro(s) que progride para a quadriparesia com paralisia facial
1 Fase
Doença neurológica aguda
Coma, morte3
0 a 14 dias
aA recuperação é rara. Fonte: MAW Hattwick: Rabies virus, in Principies and Practice of Infectious Diseases, GL Mandell et al. (eds), New York, Wiley, 1979, PP 1217-1228. Adaptado da Elsevier, com autorização.
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Os exames laboratoriais de rotina na raiva fornecem , em sua m aioria, resultados norm ais ou exibem anorm alidades inespecíficas. O h em o gram a está habitualm ente norm al. O exam e do líquido cerebrospinal (LCS) frequentem ente revela pleocitose m ononuclear discreta, com ligeira elevação do nível de p roteína. A pleocitose grave (m ais de 1.000 leucócitos/ |jlL ) é incom um e deve levar à ifívestigação de um diagnóstico alternativo. A TC do crânio está habitualm ente norm al na raiva. A RM do cérebro p ode revelar anorm alidades do sinal no tronco encefálico ou em outras áreas da substância cinzenta, porém esses achados são variáveis e inespecíficos. O eletroencefalogram a m ostra apenas anorm alidades inespecíficas. N aturalm ente, os testes im portantes nos casos em que há suspeita de raiva incluem aqueles que podem identificar um diagnóstico alternativo potencialm ente tratável (ver “D iagnóstico Diferencial,” adiante).
■ DIAGNÓSTICO Na Am érica do N orte, o diagnóstico de raiva frequentem ente não é considerado até um estágio relativam ente avançado da evolução clí nica, m esm o com um a apresentação clínica típica. Esse diagnóstico deve ser considerado em pacientes com encefalite atípica aguda ou com paralisia flácida aguda, incluindo aqueles em que se suspeita da síndrom e de Guillain-Barré. A ausência de história de m ordedura de anim al é com um na A m érica do Norte. A ausência de hidrofobia não
é rara na raiva. Assim que houver suspeita de raiva, devem -se efetu ar exames laboratoriais específicos para confirm ar o diagnóstico. As am ostras úteis para o diagnóstico incluem am ostras de soro, LCS, sa liva fresca, am ostras de biópsia cutânea do pescoço e tecido cerebral (raram ente obtido antes da m orte). C om o a biópsia cutânea depende da dem onstração do antígeno do vírus da raiva nos nervos cutâneos na base dos folículos pilosos, as am ostras são habitualm ente obtidas da pele com cabelos na nuca. Esfregaços de impressão da córnea têm baixo rendim ento diagnóstico e, em geral, não são efetuados. Os exa mes laboratoriais específicos para raiva antem ortem negativos nunca excluem um possível diagnóstico de raiva, e pode ser necessário repe ti-los depois de um intervalo de tem po para confirm ação diagnóstica.
TRATAMENTO
Raiva
Não existe nenhum tratam ento estabelecido para a raiva. Houve várias falhas recentes do tratam ento com com binação de agentes antivirais, cetam ina e com a terapêutico (induzido) - m edidas que foram usadas em um sobrevivente sadio nos quais foram detecta dos anticorpos contra o vírus da raiva p o r ocasião da apresenta ção. Deve-se p rocurar a opinião de um especialista antes de ini ciar um ciclo de terapia experim ental. U m a abordagem paliativa pode ser apropriada para alguns pacientes.
Anticorpos específicos contra o vírus da raiva
■ PROGNÓSTICO
Em um paciente previam ente não im unizado, a presença de anticor pos neutralizantes séricos contra o vírus da raiva é diagnóstica. E ntre tanto, com o o vírus da raiva infecta tecidos neuronais im unologica m ente privilegiados, pode não haver produção de anticorpos séricos até um estágio avançado da doença. Os anticorpos podem ser detec tados dentro de poucos dias após o início dos sintom as, porém alguns pacientes m orrem na ausência de anticorpos detectáveis. A presença de anticorpos específicos contra o vírus da raiva no LCS sugere ence falite da raiva, independentem ente do estado de imunização.
A raiva é um a doença quase uniform em ente fatal, porém quase sem pre passível de prevenção com terapia pós-exposição apropriada d u rante o período de incubação inicial (ver adiante). Existem sete casos bem d o cum entados de sobrevida da raiva. Todos esses pacientes, exceto um , tinham recebido vacina contra a raiva antes do início da doença. O único sobrevivente que não havia recebido vacina tinha anticorpos neutralizantes contra o vírus da raiva no soro e no LCS p or ocasião da apresentação clínica. A m aioria dos pacientes com rai va m orre dentro de vários dias da doença, a despeito dos cuidados agressivos em um a unidade de terapia intensiva.
Amplificação por RT-PCR A detecção do RNA do vírus da raiva pela RT-PCR é altam ente sen sível e específica. Essa técnica pode detectar o vírus em am ostras de saliva fresca, LCS e tecido cutâneo e cerebral. Além disso, a RT-PCR com sequenciam ento genético pode distinguir as variantes do vírus da raiva, possibilitando a identificação da provável fonte de um a in fecção.
■ PREVENÇÃO Profilaxia pós-exposição C om o não existe n e nhum tratam ento efetivo p ara a raiva, é extrem a m ente im portante prevenir a ocorrência da doença após exposição a um anim al. A Fig. 195.5 m ostra as etapas envolvidas na tom ada de decisão acerca da profilaxia pós-exposição (PPE) contra a raiva.
Teste do anticorpo fluorescente direto O teste do anticorpo fluorescente direto (AFD) com anticorpos con tra o vírus da raiva conjugados a corantes fluorescentes é altam ente sensível e específico e pode ser realizado rapidam ente e aplicado a am ostras de biópsia cutânea e tecido cerebral. Nas biópsias cutâneas, pode-se detectar o antígeno do vírus da raiva nos nervos cutâneos, na base dos folículos pilosos.
■ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL O diagnóstico da raiva pode ser difícil na ausência de história de expo sição a anim ais, e quando o indivíduo pode não lem brar de qualquer exposição a anim al (p. ex., morcego). A apresentação da raiva é habi tualm ente m uito diferente daquela da encefalite viral aguda devida à m aioria das outras causas, incluindo encefalite po r herpes simples e encefalite po r arbovírus (p. ex., do Nilo O cidental). Podem ocorrer sintom as neurológicos precoces no local da m ordida, e pode haver m anifestações precoces de com prom etim ento do tronco encefálico com preservação da consciência. Pode ocorrer encefalom ielite pós-infecciosa (im unologicam ente m ediada) após influenza, saram po, caxum ba e outras infecções; além disso, pode ocorrer com o seqüela de im unização com vacina contra a raiva derivada de tecidos neurais, que é usada apenas em países de recursos lim itados e países pobres. A raiva pode m anifestar-se na form a de sintom as neuropsiquiátricos incom uns e pode ser diagnosticada incorretam ente com o transtorno psiquiátrico. Pode ocorrer histeria da raiva com o resposta psicológica ao m edo da raiva, que frequentem ente se caracteriza p or um período de incubação m ais curto do que a raiva, p or com portam ento agressi vo, incapacidade de se com unicar e evolução longa com recuperação. C onform e anteriorm ente assinalado, a raiva paralítica pode si m ular a síndrom e de G uillain-Barré. Nesses casos, a disfunção da bexiga, o exame sensorial norm al e a pleocitose do LCS favorecem um diagnóstico de raiva. Em contrapartida, a síndrom e de Guillain-Barré pode ocorrer com o com plicação da vacinação contra a raiva quando se usa um produto derivado do tecido neural (p. ex., vacina de cérebro de filhote de cam undongo), podendo ser confundida com a raiva paralítica (isto é, falha da vacina).
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Doenças Infecciosas 1616
C om base na história de exposição e inform ação epidem iológica lo cal, o m édico tem de decidir se institui a PPE. Cães, gatos ou furões saudáveis podem ser isolados e observados po r 10 dias. A PPE não é necessária se o anim al perm anecer sadio. Caso ele desenvolva sinais de raiva durante o período de observação, deve ser subm etido im e diatam ente a eutanásia, e a cabeça levada para um laboratório sob refrigeração e exam inada em busca do vírus da raiva pelo teste de AFD e isolam ento do vírus com cultura celular e/ou inoculação em cam undongo. Q ualquer anim al que não um cão, gato ou furão deve ser subm etido à eutanásia im ediatam ente e ter a cabeça subm etida a exam e laboratorial. Em exposições de alto risco e áreas onde a ra i va canina é endêm ica, a profilaxia antirrábica deve ser iniciada sem se esperar pelos resultados laboratoriais. Caso eles sejam negativos, pode-se concluir com segurança que a saliva do anim al não contém o vírus da raiva, e a im unização deve ser interrom pida. Se o anim al escapar após a exposição, deve ser considerado raivoso, e a PPE deve ser instituída, a m enos que a inform ação dos órgãos de saúde pública indique de o utra form a (isto é, de que não existe raiva endêm ica na área). A PPE se justifica em situações em que um a pessoa (p. ex., um a criança pequena ou adulto dorm indo) esteve presente no m esm o es paço que um m orcego e não é possível excluir com certeza a ocorrên cia de um a m ordida despercebida. A PPE inclui cuidados locais com a ferida e im unização ativa e passiva. Os cuidados locais com a ferida são indispensáveis e podem dim inuir acentuadam ente o risco de infecção pelo vírus da raiva. Os cuidados com a ferida não devem ser adiados, m esm o que o início da im unização seja à espera dos resultados dos 10 dias de observação. Todas as feridas causadas p o r m o rdeduras e arran h õ es devem ser bem lavadas com água e sabão. Os tecidos desvitalizados devem ser desbridados, a profilaxia antitetânica adm inistrada e a antibioticote rapia iniciada sem pre que indicado. Todas as pessoas ainda não vacinadas (m as não aquelas previa m ente im unizadas) devem receber im unização passiva com im u n o globulina anti-rábica (RIG ou IGAR). Caso essa im unoglobulina não esteja disponível de imediato, deve ser adm inistrada não m ais que 7 dias após a prim eira dose da vacina. Após o sétim o dia, anticorpos endógenos vão sendo produzidos e a im unização passiva pode na verda de ser contraproducente. Se for viável em term os anatôm icos, a dose inteira de RIG (20 U l/kg) deve ser infiltrada no local da m ordida; do contrário, qualquer RIG restante após a infiltração do local da m ordi da deve ser adm inistrada por via intram uscular em um local distante. No caso de feridas m últiplas ou grandes, pode ser necessário diluir a preparação de RIG para obter um volum e suficiente para infiltração adequada de todas as feridas. Se a exposição envolver um a m ucosa, a dose inteira deve ser adm inistrada p or via intram uscular. A vacina anti-rábica e a RIG nunca devem ser adm inistradas no m esm o local nem com a m esm a seringa. A RIG à venda no com ércio nos EUA é purificada a p a rtir do soro de doadores hum anos hiperim unes. Tais preparados da RIG são m uito mais bem tolerados que a preparação derivada de eqüinos ainda usada em alguns países (ver “C onsidera ções globais”, adiante). Efeitos adversos sérios da RIG hum ana são incom uns, m as podem ocorrer dor no local da aplicação e febre baixa. Há duas vacinas antirrábicas inativadas purificadas para a PPE nos EUA. Elas são altam ente im unogênicas e m uito seguras, em com paração com as prim eiras vacinas. Devem ser adm inistradas quatro doses IM de 1 mL na área deltoide. (A p arte anterolateral da coxa tam bém é aceitável em crianças.) Injeções na região glútea, que nem sem pre alcançam o m úsculo, não devem ser aplicadas e têm sido as sociadas a raras falhas da vacina. O ideal é a d m in istrar a prim eira dose o m ais cedo possível após a exposição, sem dem ora. As outras três doses devem ser dadas no terceiro, no sétim o e no 14a dias; não se recom enda m ais a adm inistração de u m a quinta dose no 28“ dia. Gravidez não é contraindicação para a im unização. Glicocorticoides e outros m edicam entos im unossupressores podem interferir no d e senvolvim ento de im unidade ativa e não devem ser adm inistrados
durante a PPE, a m enos que sejam indispensáveis. A estim ativa roti neira dos títulos séricos de anticorpos neutralizantes não é necessá ria, m as em pessoas im unocom prom etidas eles devem ser m edidos 2 a 4 sem anas após a im unização. Reações locais (dor, eritem a, ede m a e prurido) e sistêmicas leves (febre, m ialgias, cefaleia e náuseas) são com uns, podendo-se usar anti-inflam atórios e antipiréticos para com batê-las, m as sem interro m p er a im unização. Reações alérgicas sistêm icas são incom uns, p o rém raram en te ocorre anafilaxia, que pode ser tratada com epinefrina a anti-histam ínicos. O risco de raiva deve ser considerado com cautela antes da decisão de interrom per a vacinação p or causa de um a reação adversa.
Vacinação pré-exposição contra a raiva Deve-se considerar a profilaxia antirrábica pré-exposição para pes soas sob risco ocupacional ou recreativo de exposição à raiva, inclusi ve certos viajantes para áreas onde a doença é endêm ica. O esquem a prim ário consiste em 3 doses de vacina antirrábica nos dias 0, 7 e 21 ou 28. Testes para anticorpos séricos neutralizantes ajudam a deter m inar a necessidade de doses de reforço subsequentes. Q uando um indivíduo previam ente im unizado é exposto à raiva, devem ser a d m inistradas 2 doses de reforço da vacina nos dias 0 e 3. O s cuidados com a ferida continuam fundam entais. C onform e assinalado an te riorm ente, a RIG não deve ser adm inistrada a pessoas já vacinadas.
■ CONSIDERAÇÕES GLOBAIS Em todo o m undo, estim a-se que a raiva canina endêm ica cause 55.000 m ortes hum anas anuais, a m aioria na Ásia e na África, com as populações rurais e crianças sendo acom eti das com m aior frequência. A m aior parte da PPE_antirrábica é neces sária para pessoas com os m enores recursos. N a A m érica Latina, os esforços pára m anter a doença sob controle têm tido bastante êxito nos últim os anos. No C anadá e na Europa, um a epizootia de raiva em raposas foi bem controlada pelo uso de iscas contendo a vacina contra a raiva. Um a abordagem sem elhante é usada no C anadá para controlar a raiva do guaxinim . A lém das vacinas antirrábicas supracitadas, em m uitos países que não os EUA existem outras satisfatórias, cultivadas em linhagens celulares prim árias (em rim de h am ster ou de cães) ou contínuas (cé lulas Vero). Vacinas m enos onerosas derivadas de tecidos neurais têm sido usadas em países em desenvolvim ento; todavia, essas vacinas estão associadas a com plicações neuroparalíticas graves, incluindo encefalom ielite pós-infecciosa e síndrom e de Guillain-Barré. O uso dessas vacinas deve ser in terrom pido tão logo seja possível, e foram feitos progressos nesse aspecto. Em to d o o m undo, m ais de 10 m i lhões de indivíduos recebem vacinação pós-exposição contra a raiva a cada ano. Caso não se disponha da RIG h um ana, pode-se usar a RIG p u rificada de origem equina da m esm a form a, na dose de 40 U l/kg. Antes de sua adm inistração, deve-se testar a hipersensibilidade por teste intradérm ico diluído 1:10. A incidência de reações anafiláticas e doença do soro tem sido baixa com os derivadps eqüinos recentes da RIG.
OUTROS RABD0VIRUS OUTROS LISSAVÍRUS Um núm ero cada vez m aior de lissavírus que não o da raiva tem sido descoberto infectando populações de m orcegos na África, E uropa e A ustrália. Q uatro desses vírus foram responsáveis p o r um pequeno n úm ero de casos de doença hum ana indistinguível da raiva: os lissavírus do m orcego europeu 1 e 2, o lis savírus australiano de m orcego e o vírus D uvenhage (na África). O vírus M okola, um lissavírus isolado do m usaranho na África, m as cuja espécie anim al que serviria de reservatório é desconhecida, tam bém pode causar doença hum ana indistinguível da raiva.
■ VÍRUS DA ESTOMATITE VESICULAR (VSV) É um a doença viral de bovinos, eqüinos, suínos e alguns m am íferos silvestres. O VSV é um m em bro do gênero Vesiculovirus, da fam ília Rhabdoviridae. O correm surtos esporádicos de estom atite vesicular em cavalos e bovinos no sudoeste dos EUA. A infecção no anim al está associada a vesiculação grave e ulceração de tecidos orais, m a m ilos e pés, podendo ser clinicam ente indistinguível da febre aftosa, um a doença m ais perigosa. As epidem ias costum am ser sazonais, com eçando no final da prim avera, e é provável que se devam a ve tores artrópodes. Tam bém pode ocorrer dissem inação direta de um anim al para outro, em bora o vírus não possa p enetrar através da pele íntegra. A transm issão para pessoas em geral resulta de contato dire to com anim ais infectados (em particular bovinos) e ocasionalm ente segue-se à exposição laboratorial. Na doença hum ana, a conjuntivite inicial é seguida p or um a doença aguda sem elhante à influenza, com febre, trem ores, náuseas, vôm itos, cefaleia, d or retrobulbar, mialgias, dor subesternal, m al-estar, faringite e linfadenite. Pode haver peque nas lesões vesiculares na m ucosa bucal ou nos dedos. A encefalite é m uito rara. Em geral, a doença d u ra 3 a 6 dias, com recuperação completa. Infecções subclínicas são com uns. Pode ser feito diagnósti
CAPÍ T ULO
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Infecções Causadas por Vírus Transmitidos por Artrópodes e Roedores Clarence J. Peters
■ FAMÍLIAS DE VÍRUS TRANSMITIDOS POR ARTRÓPODES E ROEDORES (QUADR0196.1) Arenaviridae São partículas esféricas de 110 a 130 n m que b rotam da m em b ra na plasm ática celular e utilizam genom as de RNA de sentido duplo com 2 segm entos para replicação. H á duas ram ificações filogenéticas principais dos A renaviridae: os vírus do Velho M undo, com o os da febre de Lassa e da coriom eningite linfocitária (CML), e os vírus do Novo M undo, incluindo aqueles que causam as febres hem orrágicas (FH) sul-am ericanas. Os arenavírus persistem na natureza infectan
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do cronicam ente roedores com um a relação surpreendente entre a espécie única de vírus e a espécie ú nica de roedor. Essas infecções em roedores resultam na excreção prolongada do vírus e talvez em vire m ia perm anente; a infecção vertical é com um com alguns arenavírus. Os seres h um anos se infectam p o r inalação de aerossóis contendo arenavírus, que então se depositam nas vias respiratórias term inais, e provavelm ente tam bém p o r contato próxim o com roedores e suas excreções, que resulta na contam inação de m ucosas ou soluções de continuidade na pele.
Bunyaviridae Esta família inclui quatro gêneros clinicam ente significativos. Todos esses vírus esféricos têm três segm entos de RNA de sentido negativo que m aturam em partículas de 90 a 120 nm no complexo de Golgi e deixam a célula p or exocitose. Os vírus do gênero Bunyavirus são transm itidos principalm ente por m osquitos e têm um hospedeiro in term ediário vertebrado virêmico; m uitos tam bém são transm itidos por via transovariana em seu hospedeiro m osquito específico. Um grupo sorológico tam bém usa m osquitos-palha picadores como vetores. Os m osquitos-palha ou m osquitos com uns são os vetores do gênero Phlebovirus (assim designado p or causar a febre do flebótom o ou febre do m osquito-palha, a doença m ais bem conhecida associada ao gênero), enquanto os carrapatos servem como vetores do gênero Nairovirus. Os vírus de ambos os gêneros tam bém estão associados à transmissão ver tical no hospedeiro artrópode e à dissem inação horizontal por meio de hospedeiros vertebrados virêmicos. O gênero Hantavírus é singular entre os Bunyaviridae, p o r não ser transm itido por artrópodes, mas por ser m antido na natureza por hospedeiros roedores que o excretam cronicam ente. Com o os arenavírus, os hantavírus geralmente exibem um a especificidade notável para a espécie de roedor-vírus. Os hantaví rus não causam virem ia crônica em seu hospedeiro roedor e são trans m itidos apenas horizontalm ente de um roedor para outro.
Outras famílias Os Flaviviridae são vírus de RNA de filam ento único e sentido positi vo que form am partículas de 40 a 50 nm no retículo endoplasm ático. Os flavivírus discutidos aqui são do gênero Flavivirus e constituem duas divisões, filogenética e antigenicam ente distintas, transm itidas entre vertebrados p o r m osquitos e carrapatos, respectivam ente. Os
Infecções Causadas por Vírus Transmitidos por...
Alguns vírus zoonóticos são transm itidos na natureza sem levar em consideração os seres hum anos e apenas incidentalm ente infectam e causam doença no hom em ; além disso, poucos agentes dissem inam -se regularm ente entre seres h um anos por artrópodes. A m aioria des ses vírus é m antida ou por artrópodes ou p o r roedores com infecção crônica. O bviam ente, o m odo de transm issão não é um fundam ento racional para a classificação taxonôm ica. De fato, vírus zoonóticos de pelo m enos sete famílias atuam com o patógenos h um anos signi ficativos (Q uadro 196.1). As famílias de vírus diferem fundam ental m ente entre si em term os de m orfologia, m ecanism os de replicação e genética. A inform ação sobre a inclusão de um vírus em um a família ou gênero é esclarecedora no que diz respeito às estratégias de m an u tenção, à sensibilidade aos agentes antivirais e a alguns aspectos da patogenia, m as não prediz necessariam ente quais síndrom es clínicas (caso exista algum a) os vírus causarão em seres hum anos.
co sorológico com base no aum ento do título de anticorpos fixadores ou neutralizantes do com plem ento. O tratam ento é sintomático.
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QUADRO 196.1 I Família Arenaviridae
Bunyaviridae
Principais famílias de vírus zoonóticos e algumas características dos membros típicos Gênero ou grupo
Síndrome(s): vírus típicos
Estratégia de manutenção
Complexo do Velho Mundo
FM, E: vírus da coriomeningite linfocítica FH: vírus da febre de Lassa
Infecção crônica de roedores, em geral com viremia persistente; transmissão vertical comum
Complexo do Novo Mundo ou Tacaribe
FH: vírus das FH da América do Sul (Machupo, Junin, Guanarito, Sabiá)
Infecção crônica de roedores, às vezes com viremia persistente; pode ocorrer infecção vertical
Bunyavirus
E: vírus do sorogrupo Califórnia (La Crosse, Canyon Jamestown, encefalite da Califórnia)
Ciclo mosquito-vertebrado; transmissão transovariana comum em mosquitos
FM: Bunyamwera, grupo C, vírus Tahyna FM: vírus Oropouche
Transmitido por Culicoides
FM: febre do flebótomo, vírus Toscana FM: vírus PuntaToro
Transmissão do flebótomo entre vertebrados, com componente transovariano proeminente no mosquito-palha
FH, FM, E: vírus da febre do Vale Rift
Transmissão mosquito-vertebrado, com componente transovariano no mosquito
Nairovírus
FH: vírus da FH da Criméia-Congo
Carrapato-vertebrado, com transmissão transovariana em carrapatos
Hantavírus
FH: vírus Hantaan, Dobrava, Puumala
Reservatório em roedores; eliminação crônica do vírus, mas viremia crônica desconhecida
FH: vírus Sin Nombre e hantavírus relacionados
Reservatório em roedor sigmodontino
FH: vírus Marburg, Ebola (4 espécies)
Desconhecida
FH: vírus da febre amarela FM, FH: vírus da dengue (4 sorotipos) E: vírus das encefalites de St. Louis, japonesa, do Nilo ocidental e do Vale Murray; vírus Rocio
Mosquito-vertebrado; transovariana rara
Flavivirus (no carrapato)
E: encefalite da Europa central transmitida por carrapato, encefalite da primavera-verão russa, vírus Powassan FH: FH de Omsk, doença da Floresta Kyasanur; vírus da doença de Alkhurma
Carrapato-vertebrado
Reoviridae
Coltivirus
FM, E: vírus da febre causada pelo carrapato do Colorado
Carrapato-vertebrado
Orbivirus Vesiculovirus
FM, E: vírus Orungo, Kemerovo
Artrópode-vertebrado
Rhabdoviridae*
FM: vírus da estomatite vesicular (Indiana, New Jersey); vírus Chandipura, Piry
Mosquito-palha-vertebrado, com componente transovariano proeminente no mosquito-palha
Togaviridae
Alphavirus
AE; vírus Sindbis, chikungunya, Mayaro, do Rio Ross, da Floresta Barmah
Mosquito-vertebrado
Flebovírus
Filoviridae3 Flaviviridae
Ebolavirus, Marburgvirus Flavivirus (no mosquito)
E: vírus da encefalite equina do leste, do oeste e venezuelana
Doenças Infecciosas
2Os Filoviridae são discutidos no Cap. 197. "Os Rhabdoviridae são discutidos no Cap. 195. Nota: As abreviações referem-se à síndrome mais comumente associada ao vírus: AE, artrite, exantema; E, encefalite; FH, febre hemorrágica; FM, febre, mialgia.
vírus transm itidos p or m osquitos se enquadram em grupos filogenéticos que incluem o vírus da febre amarela, os quatro vírus da dengue e o vírus da encefalite, enquanto o grupo transm itido p or carrapatos abrange um espectro de espécies geograficam ente variadas, das quais algum as são responsáveis por encefalite ou doença hem orrágica com encefalite. Os Reoviridae são vírus de RNA de filam ento duplo com genom as m ultissegm entados. Essas partículas de 80 nm são os ú n i cos vírus discutidos neste capítulo que não têm um envoltório lipídi co e, portanto, são insensíveis a detergentes. Os Togaviridae têm um genom a de RNA de filam ento único positivo e partículas de apro xim adam ente 60 a 70 nm que germ inam da m em brana plasmática. Os togavírus discutidos aqui são m em bros do gênero A lphavirus transm itidos entre vertebrados po r m osquitos no seu ciclo natural. Os Filoviridae e os R habdoviridae são descritos nos C apítulos 197 e 195, respectivam ente.
■ PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS VÍRUS TRANSMITIDOS POR ARTRÓPODES E ROEDORES E m bora este capítulo aborde as principais características dos vírus transm itidos p o r artrópodes e roedores selecionados, não descre
1618
ve os m ais de 500 outros vírus zoonóticos reconhecidos, dos quais cerca de 25% infectam seres hu m an o s. Os vírus zoonóticos estão sofrendo evolução genética; “novos” vírus zoonóticos estão sendo descobertos e sua epidem iologia c o n tin u a a evóíuir p o r m eio de alterações am bientais que afetam os vetores, os reservatórios e os seres hum anos. Esses v írus zoonóticos são m ais num erosos nos tró picos, m as tam bém são enco n trad o s em clim as tem perados e frios. Sua distribuição e sua atividade sazonal p o d em ser variáveis e com frequência dependem m uito de condições ecológicas com o o índice pluviom étrico e a tem peratura, que, p o r sua vez, afetam sucessiva m ente a densidade dos vetores e reservatórios e o desenvolvim ento de infecção nesse lugar.
Manutenção e transmissão Os vírus transm itidos p o r artrópodes infectam seus vetores após os últim os se alim entarem do sangue de um vertebrado virêmico. Os ve tores, então, desenvolvem infecção sistêm ica crônica quando os vírus penetram no intestino e dissem inam -se p o r todo o corpo. Os vírus posteriorm ente alcançam as glândulas salivares durante um período conhecido com o de incubação extrínseca e que d ura tipicam ente 1 a 3
semanas nos m osquitos. Nesse ponto, um artrópode é capaz de conti nuar a cadeia de transm issão infectando outro vertebrado quando se alimenta de sangue subsequentem ente. O artrópode não costum a ser prejudicado pela infecção, e o parceiro vertebrado natural geralm ente tem apenas virem ia transitória sem doença evidente. U m m ecanism o alternativo para a m anutenção do vírus no seu hospedeiro artrópode é a transm issão transovariana, com um entre os m em bros da família Bunyaviridae. Os vírus transm itidos po r roedores com o os hantavírus e os are navírus são m antidos na natureza pela infecção crônica transm itida entre roedores. C om o nos ciclos de vírus transm itidos p o r a rtró p o des, geralm ente há um alto grau de especificidade do vírus para o roedor, e não há doença evidente no reservatório/vetor.
Epidemiologia A distribuição dos vírus transm itidos p o r artró p o d es e roedores é restrita às áreas habitadas pelo seu reservatório/vetores e fornece um indício im portante no diagnóstico diferencial. O Q u a d ro 196.2 m o s tra a distribuição geográfica aproxim ada dos vírus m ais im p o rta n tes. Os m em bros de cada família, cada gênero e m esm o cada grupo sorologicam ente relacionado em geral ocorrem em cada área, m as podem não ser patogênicos em todas as áreas ou não ser um a causa com um ente reconhecida de doença em todas as áreas e, por isso, não foram incluídos no quadro. A m aioria dessas doenças é adquirida em um am biente rural; al gum as têm vetores urbanos. Os vírus Seul, da febre do flebótom o e O ropouche são exem plos de vírus urbanos, porém os m ais notáveis são os vírus da febre am arela, da dengue e chikungunya. Um a h is tória de picada de m osquito tem pouca im portância diagnóstica no indivíduo; um a história de picada de carrapato é m ais específica para
o diagnóstico. A exposição a roedores m uitas vezes é relatada p or pessoas infectadas com um arenavírus ou hantavírus, m as tam bém tem pouca especificidade. D e fato, os aerossóis podem infectar pes soas que nem sequer se lem bram de ter visto roedores.
Síndromes A doença hum ana causada p o r vírus transm itidos p or artrópodes e roedores m uitas vezes é subclínica. O espectro de respostas possíveis à infecção é amplo, e nosso conhecim ento do desfecho da m aioria des sas infecções é lim itado. As síndrom es de doenças com uns associadas a esses vírus são agrupadas em 4 categorias: febre e mialgia, artrite e exantem a, encefalite, e febre hem orrágica. Em bora se tenha disposto a m aioria dos vírus em um único grupo para os objetivos desta dis cussão, as categorias frequentem ente se superpõem . Por exemplo, os vírus do Oeste do Nilo e da encefalite equina da Venezuela são discu tidos com o vírus de encefalite, m as durante as epidem ias m uitos casos de síndrom es febris m ais leves são reconhecidos em com paração a casos m enos com uns de encefalite. De m odo sem elhante, o vírus da febre do Vale Rift é mais bem conhecido com o um a causa de FH, mas as taxas de ataque da doença febril são m uito mais altas e a encefalite às vezes tam bém é detectada. O vírus da CML é classificado com o um a causa de febre e m ialgia porque essa síndrom e é sua m anifes tação m ais com um e, m esm o q uando ocorre, a doença do sistem a nervoso central (SNC) geralm ente é leve, sendo precedida por febre e mialgia. A infecção pelo vírus da dengue é considerada um a causa de febre e mialgia (dengue) po r ser esta decididam ente a m anifestação mais com um no m undo todo, sendo a síndrom e mais provavelmente vista nos EUA; contudo, a FH da dengue tam bém é discutida na seção de FH devido à sua patogenia com plicada e à sua im portância na p rá tica pediátrica em determ inadas regiões do m undo.
QUADRO 196.2
Distribuição geográfica de algumas doenças virais humanas zoonóticas importantes e comumente encontradas
Área
Arenaviridae
Bunyaviridae
Flaviviridae
Rhabdoviridae
Togaviridae
América do Norte
Coriomeningite linfocítica
Encefalite de La Crosse, do Canyon Jamestown e da Califórnia; síndrome pulmonar causada pelo hantavírus
Encefalite de St. Louis, Powassan, do Nilo ocidental; dengue
Estomatite vesicular
Encefalite equina do leste e do oeste
América do Sul
FH boliviana (Machupo,
Infecção pelos vírus Oropouche, do grupo C, PuntaToro; síndrome pulmonar causada pelo hantavírus
Febre amarela, dengue, infecção pelo vírus Rocio
Estomatite vesicular, infecção pelo vírus Piry
Infecção pelo vírus Mayaro, encefalite equina venezuelana
Chapare), argentina, venezuelana e brasileira; coriomeningite linfocítica Coriomeningite linfocítica
Tahyna, Toscana, febre do flebótomo; FH com síndrome renal
Encefalite do Nilo ocidental, da Europa central transmitido por carrapato, da primavera-verão russa
Oriente Médio
Infecção peio vírus da FH Alkhurma
Febre do flebótomo, FH da Criméia-Congo
Encefalite do Nilo ocidental, dengue
—
Ásia Oriental
Febre do flebótomo; infecção pelos vírus Hantaan, Seul
Dengue; encefalite japonesa, da primavera-verão russa; FH de Omsk
Infecção pelo vírus Chandipura
Sudoeste Asiático
Febre do flebótomo; FH da Criméia-Congo
Encefalite do Nilo ocidental, japonesa; dengue;doença da Floresta Kyasanur
Infecção pelo vírus Sindbis
—
Infecção pelo vírus Chikungunya
Sudeste Asiático
—
Infecção pelo vírus Seul
Encefalite japonesa, dengue
—
Infecção pelo vírus Chikungunya
África
Febre de Lassa; infecção pelo vírus Lujo
Infecção pelo vírus Bunyamwera, febre do Vale Rift
Febre amarela, dengue
—
Infecção pelos vírus Sindbis, Chikungunya
Austrália
Encefalite do Vale Murray, dengue
Infecção pelos vírus do Rio Ross, da Floresta Barmah
Infecções Causadas por Vírus Transmitidos por...
Europa
I
Nota: FH,febre hemorrágica.
1619
Diagnóstico O diagnóstico laboratorial é necessário em todos os casos, em bora as epidem ias ocasionalm ente forneçam indícios clínicos e epidem io lógicos sobre os quais se possa basear um a suposição fundam entada quanto à etiologia. Para a m aioria dos vírus transm itidos po r a rtró podes e roedores, as am ostras séricas da fase aguda (coletadas nos prim eiros 3 ou 4 dias após o início) produziram isolados, e os soros pareados foram usados para d em onstrar a elevação dos títulos de a n ticorpos por um a variedade de testes. Esforços intensivos para d esen volver testes rápidos para FH resultaram em ensaio de im unoadsorção ligada a enzim a (ELISA) para detecção de antígeno e um ELISA de captura de IgM que podem fornecer um diagnóstico com base em um a única am ostra sérica em algum as horas e são particularm ente úteis nos casos graves. Os testes da reação em cadeia da polim erase com transcrição reversa (RCP-TR), m ais sensíveis, podem estabele cer um diagnóstico com base em am ostras sem antígeno detectável e tam bém fornecer inform ações genéticas úteis sobre o vírus. As infec ções p or hantavírus diferem das outras discutidas aqui, pois a doença aguda grave é im unom ediada; os pacientes apresentam IgM sérica que serve com o base para um teste sensível e específico. Ao diagnóstico, os pacientes com encefalite geralm ente não são m ais virêm icos ou antigenêm icos e não costum am ter vírus no líqui do cerebrospinal (LCS). Nessa situação, o valor de m étodos sorológi cos para determ inação da IgM e da RCP-TR é alto. A captura de IgM está sendo cada vez m ais usada para o teste sim ultâneo com soro e LCS. O ELISA para IgG ou a sorologia clássica são úteis na avaliação da exposição anterior aos vírus, m uitos dos quais circulam em áreas com infraestrutura clínica m ínim a e às vezes causam infecção leve ou subclínica. O restante deste capítulo oferece descrições gerais das síndrom es amplas causadas por vírus transm itidos p or a rtrópodes e roedores. A m aioria das doenças consideradas não foi estudada em detalhe com m étodos clínicos m odernos, de m odo que os dados disponíveis p o dem ser incom pletos ou tendenciosos.
FEBRE E MIALGIA
Doenças Infecciosas 1620
C onstituem a síndrom e m ais com um ente associada às infecções vi rais zoonóticas. M uitos dos num erosos vírus pertencentes às fam í lias citadas no Q uadro 196.1 provavelm ente causam essa síndrom e, m as diversos vírus foram selecionados para inclusão no quadro d e vido a suas associações proem inentes com a síndrom e e sua im p o r tância biom édica. A sín d ro m e com eça com início a b ru p to de febre, calafrios, m ialgia intensa e m al-estar. O s p acientes tam b é m p o d e m relatar d o r nas articulações ou d o r m uscular, m as um a a rtrite verdadeira não é detectável. A anorexia é característica e po d e ser a co m p an h a da p o r náuseas ou m esm o vôm itos. A cefaleia é co m u m e po d e ser intensa, com fotofobia e d o r re tro rb itá ria. O s achados físicos são m ín im o s e geralm ente lim ita-se a hiperem ia conjuntival com d or à palpação de m úsculos ou do epigástrio. A d uração dos sintom as é bastante variável, m as em geral é de 2 a 5 dias, com evolução b i fásica em alguns casos. O espectro da doença varia de subclínica a tem porariam ente incapacitante. A chados m enos constantes incluem exantem a m a c u lo p ap u lar. Pode ocorrer epistaxe, m as não indica necessariam ente diátese hem orrágica. Uma m inoria dos casos provocados p or alguns vírus parece incluir m eningite asséptica, m as esse diagnóstico é difícil de ser estabelecido em áreas distantes, dada a fotofobia e a m ialgia dos pacientes, assim como a falta de condições para exam inar o LCS. E m bora se observem faringite ou evidências radiográficas de infiltrados pulm onares em alguns casos, esses vírus não são patógenos respira tórios prim ários. O diagnóstico diferencial inclui leptospirose anictérica, riquetsioses e os estágios iniciais de outras síndrom es discutidas neste capítulo. Tais doenças são frequentem ente descritas com o “gripais”, m as a ausência habitual de tosse e coriza torna a influenza um diagnóstico diferencial improvável, exceto nos estágios iniciais.
Essa síndrom e em geral resulta em recuperação com pleta, em bo ra astenia prolongada e sintom as inespecíficos tenham sido descritos em alguns casos, particularm ente após infecção p or vírus da CML ou da dengue. O tratam ento é de suporte, evitando-se o ácido acetilsa licílico devido ao seu potencial para induzir sangram ento exacerba do ou a síndrom e de Reye. Os esforços preventivos são m ais eficazes quando baseados no controle do vetor, o que, no entanto, pode ser dispendioso ou impossível. Para o controle do m osquito, a destruição de locais de reprodução geralm ente é a abordagem m ais econôm ica e sensata em term os am bientais. As tecnologias em ergentes incluem a transform ação genética do m osquito e a introdução de Wolbachia para lim itar as taxas de m ultiplicação. As m edidas tom adas pelos in divíduos para evitar o vetor podem ser valiosas. Evitar o hábitat do vetor em épocas de atividade m áxim a, prevenir a entrada do vetor na residência usando telas ou outras barreiras (p. ex., m osquiteiros im pregnados de perm etrina), aplicar de m aneira criteriosa repelentes de artrópodes com o a dietiltoluam ida (DEET) na pele e vestir roupas im pregnadas com p erm etrina são abordagens possíveis, de acordo com o vetor e seus hábitos.
■ CORIOMENINGITE LINFOCITÁRIA A CML é transm itida para seres h um anos a p a rtir do cam undongo dom éstico com um (M us musculus) po r aerossóis de excreções e se creções. O vírus da CML, um arenavírus, é m antido no cam undongo principalm ente p or transm issão vertical a p a rtir de m ães infectadas. O cam undongo infectado v erticalm ente perm anece virêm ico pelo resto da vida, com altas concentrações de vírus em todos os tecidos. As colônias infectadas de hamsters (cricetos) dom ésticos tam bém serviram com o um a via para os seres hum anos. O vírus da CML é am plam ente usado em laboratórios de im unologia com o um m odelo de função da célula T e pode infectar silenciosam ente culturas celula res e linhagens tum orais de passagem , resultando em infecções entre cientistas e tratadores de anim ais. Os pacientes com CML podem ter u m a história de habitação em residência infestada p o r roedores ou outra exposição a roedores. R elatou-se u m a prevalência de anticor po de 5 a 10% em adultos nos EUA, A rgentina e áreas endêm icas da Alem anha. A CML difere da síndrom e geral de febre e m ialgia p o r ter in í cio gradual. Entre os distúrbios às vezes associados à CM L estão a orquite, alopecia transitória, artrite, faringite, tosse e exantem a m a culopapular. Estim a-se que 25% dos pacientes ou m enos sofrem um a fase febril de 3 a 6 dias e então, após um a breve remissão, apresentam febre novam ente acom panhada p or cefaleia grave, náuseas e vôm itos e sinais m eníngeos que du ram cerca de 1 sem ana. Esses pacientes quase sem pre recuperam -se p o r com pleto, assim com o os poucos com sinais bem definidos de encefalite. A recuperação pode ser adia da por hidrocefalia transitória. D urante a fase febril inicial, leucopenia e trom bocitopenia são com uns e os vírus em geral podem ser isolados do sangue. D u ra n te a fase no SNC, os vírus podem ser encontrados no LCS, m as os anticorpos estão presentes no sangue. C onsidera-se que a patogenia da CML assem elhe-se àquela após a inoculação intracraniana direta dos vírus em cam undongos adultos; o início da resposta im unológica leva à m eningite por resposta im une m ediada p or célula T. D urante a fase m eníngea as contagens de células m ononucleares no LCS va riam de centenas até poucos m ilhares p or m icrolitro e encontra-se hipoglicorraquia em 33% dos casos. O ELISA de captura de IgM do soro e do LCS geralm ente é positivo; foram desenvolvidos ensaios de RCP-TR para aplicação no LCS. Infecções recentes transm itidas por transplante de órgãos não incluíram evidência de um a resposta im u ne, e seguiram evolução fulm inante (não diferente da febre de Lassa); para o diagnóstico foi necessária a im uno-histoquím ica ou RCP-TR. Deve-se suspeitar de infecção pelo vírus da CM L em pacien tes febris com enferm idade aguda e leucopenia e trom bocitopenia acentuadas. Em casos de m eningite asséptica, qualquer dos seguintes aspectos deve sugerir CML: p ró d ro m o febril bem acentuado, idade
adulta, estação de outono, níveis de glicose baixos no LCS ou conta gens de células m ononucleares no LCS > 1.000/|xL. Em m ulheres grávidas, a infecção pelo vírus da CM L pode levar à invasão fetal com conseqüente hidrocefalia congênita e coriorretinite. C om o a infecção m atern a pode ser leve, consistindo apenas em doença febril curta, os anticorpos para o vírus devem ser p e s quisados na m ãe e no feto em casos suspeitos, particu larm en te na hidrocefalia neonatal com T O R C H negativo. (TO RCH é um a b ate ria de exames que abrangem a toxoplasm ose, outras afecções [sífilis e infecção viral congênitas], rubéola, citom egalovírus e infecção pelo herpesvírus simples.)
■ INFECÇÃO PELO VÍRUS BUNYAMWERA Os vírus do so ro g ru p o Bunyam w era tran sm itid o s p o r m osquitos são encontrados em todos os continentes, exceto n a A ustrália e na A ntártida. O vírus B unyam w era e seu correlato próxim o, o vírus Ilesha, com um ente causam doença febril n a África. O vírus Ngari, um a subclasse do Bunyam w era, foi recentem ente identificado com o um patógeno h u m an o im portante na África. O u tro s vírus re lacionados são im plicados em tal doença no Sudeste Asiático (vírus Batai), n a E uropa (vírus Calovo) e na A m érica do Sul (vírus Wyeomyia). Na A m érica do N orte, o vírus do Vale Cache foi im plicado em doença febril h u m an a em raras situações de doença sistêm ica m ais séria; a presença de anticorpos séricos c o n tra esse vírus po d e estar associada a m alform ações congênitas. N a A m érica C entral, o vírus Fort Sherm an estreitam ente relacionado causa a síndrom e de febre e mialgia.
da C hina, assim com o para o O riente M édio e o Sudoeste Asiático. O vetor é encontrado em am bientes rurais e urbanos, sendo conhe cido p o r seu pequeno tam anho, que lhe perm ite p en etrar nas telas e redes de m osquito padrão, e po r seu c urto alcance de voo. Epidemias foram descritas em sucessão a desastres naturais e guerras. Em p a r tes da Europa as populações de m osquito-palha e a transm issão do vírus foram m uito reduzidas pela extensa vaporização residual con duzida após a Segunda G uerra M undial para controlar a m alária, e a incidência continua a ser baixa. U m padrão com um de doença em áreas endêm icas consiste em altas taxas de ataque entre viajantes e m ilitares, e pouca ou n enhum a doença na população local, protegida após a infecção na infância. Mais de trin ta flebovírus relacionados são transm itidos p or m osquitos-palha e outros m osquitos, porém a m aioria é de im portância desconhecida em term os de saúde hum ana.
■ DOENÇA CAUSADA PELO VÍRUS TOSCANA É um flebovírus (gênero Phlebovirus, fam ília Bunyaviridae) tran sm i tido principalm ente pelo m osquito-palha P. perniciosus em torno do M editerrâneo. O hospedeiro am plificador vertebrado, caso exista, é desconhecido. A infecção pelo vírus Toscana é com um durante o ve rão entre residentes rurais e pessoas em férias, em particular na Itá lia, na E spanha e em Portugal; vários casos foram identificados em viajantes que reto rn a ram à A lem anha e à Escandinávia. A doença pode m anifestar-se com o um a en ferm id ad e febril sem com plica ções, m as em geral está associada a m eningite asséptica e o vírus é isolado do LCS.
■ DOENÇA CAUSADA PELO VÍRUS PUNTA TORO ■ INFECÇÃO POR VÍRUS DO GRUPO C Incluem pelo m enos onze agentes transm itidos p o r m osquitos em florestas neotropicais. Esses agentes estão entre as causas m ais co m uns de infecção p or arbovírus em pessoas que entram nas selvas am ericanas, e causam doença febril aguda.
■ INFECÇÃO PELO VÍRUS TAHYNA Esse sorogrupo de vírus da Califórnia (ver “D iscussão da encefalite da Califórnia”, adiante) ocorre na E uropa C entral e na O cidental, e estão surgindo vírus relacionados na Rússia. O significado do vírus Tahyna na saúde h um ana foi bem estudado apenas nas Repúblicas Tcheca e Eslovaca, onde se descobriu que o vírus era um a causa im portan te de quadro febril, em alguns casos p ro d u z in d o faringite, síndrom es pulm onares e m eningite asséptica. O potencial de envol vim ento inesperado dos arbovírus em tais casos nas áreas de alta p re valência do m osquito não pode ser esquecido.
■ FEBRE 0R0P0UCHE O vírus O ropouche é tran sm itid o nas A m éricas C entral e do Sul pela picada de um ácaro, o Culicoides paraensis, que costum a procriar com alta densidade em cascas de cacau e outros detritos vegetais encontrados nas periferias e áreas urbanas. Epidem ias significativas envolvendo m ilhares de casos foram relatadas em várias cidades do Brasil e do Peru. Exantem a e m eningite asséptica foram detectados em vários casos.
■ FEBRE DO FLEBÓTOMO O m osquito-palha Phlebotomus papatasi transm ite a febre do flebó tomo. Os m osquitos-palha fêmeas podem ser infectados VO quando se alim entam de sangue e podem tran sm itir o vírus para a prole na ovoposição após um a segunda refeição de sangue. Esse padrão tra n sovariano proem inente foi o prim eiro a ser reconhecido entre os dípteros e complica o controle do vírus. U m a designação prévia da febre do flebótom o, “febre de 3 dias”, descreve adequadam ente o breve p e ríodo debilitante associado a essa infecção benigna. Não há exantem a nem acom etim ento do SNC e a recuperação com pleta é a regra. A febre do flebótom o é e ncontrada na área ao redor do M edi terrâneo, estendendo-se para o leste p o r m eio dos Bálcãs até regiões
Dos vários flebovírus associados ao m osquito-palha do Novo M u n do que infectam hum anos, o P u n ta Toro é o m ais bem conhecido. A doença causada p o r essé vírus tem sem elhanças clínicas, m as dife renças epidem iológicas da causada pelos vírus da febre de Nápoles ou Siciliana transm itidos p o r m osquitos-palha. As infecções causa das pelo vírus P unta Toro são esporádicas e a dquiridas n a flores ta tropical, onde os vetores ficam em árvores. N ão foram relatadas epidem ias, m as a prevalência de a nticorpos entre os habitantes de vilarejos das áreas endêm icas indica u m a taxa de exposição cum ula tiva em vida > 50%.
■ DENGUE Todos os quatro diferentes vírus da dengue (dengue 1 a 4) têm o Aedes aegypti com o seu principal vetor, e todos causam um a síndrom e clínica sem elhante. Em raros casos, a infecção secundária com um sorotipo de vírus da dengue diferente da causada pelo envolvido na infecção prim ária acarreta a FH da dengue com choque grave (ver adiante). Casos esporádicos são vistos nos quadros de transm issão endêm ica e doença epidêm ica. Foi estabelecida um a transm issão ao longo do ano entre as latitudes de 25°N e 25°S, considerando-se que incursões sazonais dos vírus para pon to s tão setentrionais com o a Filadélfia já tenham ocorrido nos EUA. A dengue é encontrada na re gião do Caribe, incluindo Porto Rico. C om a dissem inação crescente do m osquito vetor p or m eio dos trópicos e subtrópicos, grandes áreas do m undo se tornaram vulneráveis à introdução dos vírus da dengue, em particular devido a viagens aéreas de seres hum anos infectados, com a dengue e a FH da dengue relacionada tornando-se cada vez m ais com uns. Existem condições favoráveis p ara a transm issão da dengue no sul dos EUA, onde devem ser esperados surtos de ativi dade da dengue, em particular ao longo da fronteira m exicana, onde a água venha a ser arm azenada em recipientes e, portanto, o núm ero de A. aegypti pode ser maior. Esse m osquito, que tam bém é um vetor eficiente dos vírus da febre am arela e de chikungunya, se reproduz próxim o a habitações hum anas, usando água relativam ente fresca de fontes com o jarras, vasos, recipientes descartados, cascas de coco e pneus velhos. O A. aegypti geralm ente habita as residências e alim enta-se d urante o dia. As residências fechadas com ar condicionado inibem a transm issão de m uitos arbovírus, o que foi p articularm ente
03 Z3 00
Q. O 03 -o O
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bem ilustrado por estudos realizados ao longo do Texas-México. Na atualidade, o Aedes albopictus estendeu a sua distribuição da Ásia até os EUA, oceano Indico e partes da Europa. Por exemplo, o A. albo pictus tem transm itido o vírus da dengue no Hawaii e o vírus chikungunya na Itália e no oceano Indico (ver adiante). Após um p eríodo de incubação de 2 a 7 dias, o paciente típico experim enta o início súbito de febre, cefaleia, d or retrorbitária e no dorso junto com a mialgia grave que fez surgir a designação coloquial de “febre quebra-ossos”. Com frequência há exantem a m aculoso no prim eiro dia, assim com o adenopatia, vesículas palatais e hiperem ia de esclerótica. A doença pode durar 1 sem ana, com sintom as adicio nais incluindo geralm ente anorexia, náuseas ou vôm itos, hipersensi bilidade cutânea acentuada e - próxim o à época de defervescência um exantem a m aculopapular que começa no tronco e estende-se aos m em bros e à face. Epistaxe e petéquias dispersas são frequentem ente observadas n a dengue sem com plicações, e lesões gastrintestinais preexistentes podem sangrar durante a doença aguda. Os achados laboratoriais incluem leucopenia, trom bocitopenia e, em m uitos casos, elevações das am inotransferases séricas. O diag nóstico é feito por detecção de IgM p or ELISA ou sorologia pareada durante a recuperação, ou p or detecção de antígeno p or ELISA ou RCP-TR durante a fase aguda. O vírus é facilm ente isolado do san gue na fase aguda, se for feita inoculação em m osquito ou cultura de células de m osquito.
■ FEBRE CAUSADA PELO CARRAPATO DO COLORADO Várias centenas de casos de febre causada pelo carrapato do C olo rado são notificadas anualm ente nos EUA. A infecção é adquirida entre m arço e novem bro pela picada de um carrapato Dermacentor andersoni infectado em regiões m ontanhosas do oeste em altitudes de 1.200 a 3.000 m etros. Pequenos m am íferos servem com o hospe deiros am plificadores. A apresentação m ais com um consiste em fe bre e mialgia; a m eningoencefalite não é rara e tam bém são relatadas doença hem orrágica, pericardite, m iocardite, orquite e quadros p u l m onares. O corre exantem a em um a m inoria substancial dos casos. A doença geralm ente dura 7 a 10 dias e com frequência é bifásica. As possibilidades m ais im portantes do diagnóstico diferencial desde o início do século XX têm sido a febre m aculosa das M ontanhas Ro chosas e a tularem ia. No Colorado, a febre do carrapato do Colorado é bem m ais com um que a febre m aculosa das M ontanhas Rochosas. A infecção de eritroblastos e de outras células da m edula óssea pelo vírus da febre causada pelo carrapato do C olorado resulta no aparecim ento e na persistência (por várias sem anas) de eritrócitos contendo o vírus, característica detectada em esfregaços corados por im unofluorescência que pode ser útil no diagnóstico. O laboratório clínico detecta leucopenia e trom bocitopenia.
■ INFECÇÃO PELO 0RBIVÍRUS Os orbivírus abrangem m uitos patógenos h u m an o s e veterinários. Por exemplo, o vírus O rungo é bastante transm itido po r m osquitos na África tropical e causa doença febril em seres hum anos. O com plexo Kemerovo inclui os vírus Kemerovo, Lipovnik e Tribec da Rús sia e da E uropa central, transm itidos p or carrapatos e associados a doença febril e neurológica.
ENCEFALITE A encefalite p or arbovírus é u m a doença sazonal com um nos meses m ais quentes. Sua incidência varia acentuadam ente com a época e o local, dependendo de fatores ecológicos. Os vírus causadores diferem substancialm ente em term os da razão entre casos e infecções (isto é, a razão entre infecções clínicas e subclínicas), taxa de m ortalidade e seqüelas (Q uadro 196.3). Os seres h um anos não são am plificadores im portantes desses vírus. Todas as encefalites virais discutidas nesta seção têm um a p a togenia sem elhante até onde se conhece. Um artró p o d e infectado alim enta-se do sangue de u m hum ano e infecta o hospedeiro. C onsi dera-se que o período inicial de virem ia origine-se m ais com um ente
a p a rtir do sistema linfoide. A virem ia leva à invasão do SNC, presu m ivelm ente pela infecção do neuroepitélio olfatório com passagem através da lâm ina cribriform e ou infecção dos capilares cerebrais e entrada m ultifocal no SNC. D urante a fase virêm ica pode haver p o u ca ou n enhum a doença reconhecida, exceto no caso de encefalite por flavivirus transm itida por carrapato, em que pode haver um a fase de febre e doença sistêm ica descrita nitidam ente. O processo m ó rb i do do SNC origina-se em parte da infecção neuronal direta e lesão subsequente e, parcialm ente, do edem a, inflam ação e outros efeitos indiretos. O quadro patológico habitual é de necrose focal dos n e u rônios, nódulos gliais inflam atórios e infiltrado linfoide perivascular; a gravidade e a distribuição dessas alterações variam com o vírus infectante. As áreas acom etidas m o stram o fenôm eno de “perfusão luxuriante”, com fluxo sanguíneo total norm al ou aum entado e baixa extração de oxigênio. O paciente típico apresenta u m pró d ro m o de sintom as consti tucionais inespecíficos in cluindo febre, do r abdom inal, vertigem , d or de garganta e sintom as respiratórios. Seguem -se rapidam ente cefaleia, sinais m eníngeos, fotofobia e vôm itos. O acom etim ento de estruturas mais profundas pode ser sinalizado por letargia, sonolên cia e déficit intelectual (quando descoberto pelo exam e do estado m ental ou falha na subtração em série de 7); os pacientes acom etidos m ais gravem ente estarão claram ente d esorientados e podem estar em coma. Tremores, perda dos reflexos abdom inais, paralisia de ner vos cranianos, hem iparesia, m onoparesia, disfagia e sinais do lobo frontal são com uns. M ielopatia e doença do neurônio m o to r foram docum entadas com os vírus do Oeste do Nilo e da encefalite japone sa. C onvulsões e sinais focais p o d e m ser evidentes no início ou no decorrer da evolução da doença. A lguns pacientes apresentam iní cio abrupto de febre, convulsões e outros sinais de acom etim ento do SNC. Os resultados da infecção h um ana variam desde nenhum sin tom a significativo, passando p or cefaleia febril, até m eningite assép tica e finalm ente encefalite plena; as proporções e a gravidade dessas m anifestações variam de acordo com o vírus infectante. A encefalite aguda em geral d u ra de alguns dias até 2 a 3 sem a nas, mas a recuperação pode ser lenta, sendo necessário sem anas ou m eses para o re torno da função. As queixas com uns durante a re cuperação incluem dificuldade de concentração, fadiga, trem ores e alterações na personalidade. A doença aguda exige o controle de um paciente em coma, que pode ter elevações da pressão intracraniana, secreção inapropriada do horm ô n io antidiurético, insuficiência res piratória e convulsões. Não há tratam ento específico para essas ence falites virais. As únicas m edidas preventivas práticas são o controle do vetor e proteção pessoal contra o artrópode transm issor do vírus; no caso da encefalite japonesa ou daquela transm itida p or carrapato, a vacinação deve ser considerada em determ inadas circunstâncias (ver seções pertinentes adiante). O diagnóstico de encefalite p o r arbovírus depende da avaliação cuidadosa de um paciente febril com doença no SNC, com identi ficação rápida da encefalite p o r herpes sim ples tratável, excluindo abscesso cerebral, m eningite bacteriana p o r exam e seriado do LCS e realização de exam es laboratoriais para definir a etiologia viral. D evem -se considerar a leptospirose, neurossífilis, doença de Lyme, febre da arranhadura de gato e encefalites virais m ais recentes, como a infecção pelo vírus N ipah da Malásia. O exame do LCS geralmente m ostra um a contagem de células m odesta - na casa das dezenas ou centenas, ou talvez alguns m ilhares. No início do processo, um a p ro porção significativa dessas células pode ser com posta p o r leucócitos polim orfonucleares, m as em geral há predom ínio de células m o n o nucleares. Os níveis de glicose no LCS geralm ente são norm ais. Há exceções a esse padrão de achados. N a encefalite equina do leste, por exemplo, os leucócitos polim orfonucleares podem predom inar d u rante as prim eiras 72 horas de doença e pode ser detectada hipoglicorraquia. Na CML, as contagens de linfócitos podem ser de milhares e a concentração de glicose pode estar dim inuída. A experiência com exames de im agem ainda está evoluindo; no entanto, não há dúvida de que a tom ografia com putadorizada (TC) e a ressonância m agnéti-
QUADRO 196.3
Aspectos proeminentes da encefalite por arbovírus Período de incubação, dias
N° anual de casos
Proporção entre casos e infecção
Idade dos casos
Taxa de mortalidade de casos, %
Vírus
Ciclo natural
La Crosse
Aedes triseriatus - esquilo (componente transovariano no mosquito também é importante)
Aproximadamente 3a7
70 (EUA)
< 1:1.000
< 15 anos
< 0 ,5
Convulsões recorrentes em cerca de 10%; déficits graves em casos raros; desempenho escolar precário e alteração do comportamento suspeita em pequena proporção
St. Louis
Culex tarsalis, C. pipiens, C. quinquefasciatus -a v e s
4 a 21
85, com centenas a milhares em anos de epidemia (EUA)
< 1:200
Casos mais leves em jovens; casos mais graves em adultos com mais de 40 anos, em particular idosos
7
Comum em idosos
Japonês
Culex tritaeniorhynchus -a v e s
5 a 15
> 25.000
1:200 a 300
Todas as idades; crianças em áreas altamente endêmicas
20 a 50
Comuns (aproximadamente a metade dos casos); pode ser grave
Nilo ocidental
Mosquitos do gênero Culex aves
3a6
?
Muito baixa
Principalmente em idosos
5 a 10
Incomum
Europa Central
Ixodes ricinus - roedores, insetívoros
7a14
Milhares
1:12
Todas as idades; mais leve em crianças
1a5
20%
Russo da primavera-verão
1. persulcatus - roedores, insetívoros
7a14
Centenas
Todas as idades; mais leve em crianças
20
Aproximadamente a metade dos casos; geralmente grave; paralisia das cinturas dos membros
Powassan
1. coo k e imamíferos silvestres
Cerca de 10
Cerca de 1 (EUA)
Todas as idades; alguma predileção por crianças
Cerca de 10
Comum (aproximadamente a metade dos casos)
Equino do Leste
Culiseta melanura -a v e s
Cerca de 5 a 10
5 (EUA)
1:40 (adultos) 1:17 (crianças)
Todas as idades; predileção por crianças
50 a 75
Comuns
Equino do Oeste
Culex tarsalis aves
Cerca de 5 a 10
Cerca de 20 (EUA)
1:1.000 (adultos) 1:50 (crianças) 1:1 (lactente)
Todas as idades; predileção por crianças com menos de 2 anos de idade (mortalidade maior entre idosos)
3a7
Comum apenas entre lactentes com menos de 1 ano de idade
Equino venezuelano (epidêmico)
Desconhecido (várias espécies de mosquitos e eqüinos em epidemias)
1a5
?
1:250 (adultos) Cerca de 1:25 (crianças)
Todas as idades; predileção por crianças
Cerca de 10
✓
resultados positivos. O vírus pode ser recuperado a p a rtir do tecido cerebral e o antígeno viral está presente nele, em bora sua d istribui ção possa ser focal.
■ ENCEFALITE PELOS VÍRUS CALIFÓRNIA, LA CROSSE E DO CANYON JAMESTOWN O isolam ento do vírus da encefalite da C alifórnia estabeleceu o so rogrupo viral da C alifórnia com o um a causa de encefalite, e seu uso com o um antígeno diagnóstico levou à descrição de m uitos casos de “encefalite da Califórnia”. N o entanto, esse vírus tem sido im plicado apenas em alguns casos de encefalite, e o vírus La Crosse sorologi-
Infecções Causadas por Vírus Transmitidos por...
ca (RM) podem ser norm ais, exceto p o r evidências de afecções pre existentes, ou às vezes podem sugerir edem a difuso. Vários pacientes com encefalite equina do leste tiveram alterações focais, e indivíduos com encefalite japonesa grave apresentaram lesões talâm icas bilate rais que m uitas vezes foram hem orrágicas. A eletroencefalografia em geral m ostra anorm alidades difusas e não é útil diretam ente. A resposta im unológica h u m o ral c o stu m a ser detectável no início da doença ou próxim o a ele. D evem -se pesquisar anticorpos IgM no soro e no LCS. O vírus geralm ente não pode ser isolado do sangue ou do LCS, em bora o vírus da encefalite japonesa ten h a sido recuperado do LCS em casos graves. A RCP-RT do LCS po d e ter
Resíduos
1623
cam ente relacionado é a principal causa de encefalite entre os vírus do sorogrupo da Califórnia. A “encefalite da Califórnia” causada p or infecção pelo vírus La Crosse é m ais com um ente relatada no centro-oeste superior, m as tam bém é encontrada em outras áreas do centro e do leste dos EUA, m ais frequentem ente no oeste da Virgínia, no Tennessee, na C arolina do N orte e na Geórgia. O sorotipo inclui treze outros vírus, dos quais alguns tam bém podem estar envolvidos em doença hum ana cuja causa é m al identificada devido à com plexidade da sorologia do grupo; esses vírus incluem os do Canyon Jamestown, da lebre de patas brancas, Inkoo e Trivittatus, todos tendo o m osquito Aedes com o seu vetor e um forte elem ento de transm issão transova riana nos seus ciclos naturais. O m o squito v etor do vírus La C rosse é o A. triseriatus. Além de um com ponente transovariano de transm issão proem inente, um m osquito tam bém po d e se to rn a r infectado ao se alim entar em es quilos e outros m am íferos, bem com o p o r tran sm issão venérea a p a rtir de outro m osquito. O m osquito se rep ro d u z em locais com o buracos em árvores e pneus abandonados e pica du ran te o perío d o diurno, hábitos que se correlacionam com os fatores de risco para os casos hum anos: recreação em áreas florestais, residência nos li m ites de floresta e a presença de pneus a b an d o n ad o s em volta do lar. A m odificação intensiva do am biente com base nesses achados reduziu a incidência de doença em um a área altam ente endêm ica do centro-oeste. A m aioria dos casos ocorre de julho a setem bro. O m osquito do tigre asiático, A. albopictus, é um transm issor eficiente do vírus para cam undongos e tam bém o transm ite pela via tra n so variana em laboratório; esse m osquito antropofílico agressivo pode ir p ara áreas urbanas, e seu possível im pacto na transm issão p ara seres hum anos é relevante. A prevalência de anticorpos de > 20% em áreas endêm icas indica que a infecção é com um , m as a doença no SNC tem sido reconheci da principalm ente em crianças com m enos de 15 anos de idade. Ela varia desde um quadro de m eningite asséptica acom panhada de co n fusão até encefalite grave e ocasionalm ente fatal. E m bora possa h a ver sintom as prodrôm icos, o início da doença no SNC é súbito, com febre, cefaleia e letargia frequentem ente acom panhada p o r náuseas e vôm itos, convulsões (em 50% dos pacientes) e com a (em cerca de 33%). Convulsões focais, hem iparesia, trem or, afasia, coréia, sinais de Babinski e outras evidências de disfunção neurológica significativa são com uns, m as as seqüelas não. Talvez 10% dos pacientes tenham convulsões recorrentes nos m eses subsequentes. O utras seqüelas gra ves são raras, em bora tenha sido relatada dim inuição do desem penho acadêm ico e sugerida ocasionalm ente alteração leve da personalida de. O tratam ento é de suporte na fase aguda de 1 a 2 sem anas durante a qual o estado de m al epiléptico, o edem a cerebral e a secreção inapropriada de horm ônio antidiurético são preocupações im portantes. A ribavirina tem sido usada em casos graves, e um estudo clínico com esse fárm aco está em andam ento. A contagem de leucócitos sanguíneos com um ente está elevada, alcançando às vezes níveis de 20.000/ |JÜL e em geral há desvio para a esquerda. As contagens de células do LCS são de 30 a 500/jxL, com predom ínio de células m ononucleares (em bora 25 a 90% das células sejam polim orfonucleares em alguns casos). O nível de p roteína é norm al ou levem ente aum entado e o de glicose é norm al. O diagnós tico virológico específico baseado nos ensaios de captura de IgM em soro e LCS é eficiente. O único local anatôm ico hum an o do qual o vírus foi isolado é o cérebro. O vírus do Canyon Jam estow n tem sido im plicado em vários casos de encefalite em adultos em que a doença geralm ente foi asso ciada, no início, a um a doença respiratória significativa. A infecção hum ana por esse vírus foi notificada em New York, W isconsin, Ohio, M ichigan, O ntário e em outras áreas da A m érica do N orte onde o m osquito vetor, A. stimulans, alim enta-se do seu principal hospedei ro, o cervo de cauda branca.
■ ENCEFALITE DE ST. L0UIS O vírus da encefalite de St. Louis é transm itido entre m osquitos Culex e pássaros. Causa infecção endêm ica de baixo nível entre habitantes rurais do oeste e do centro dos EUA, onde o C. tarsalis é o vetor (ver
“Encefalite equina do leste”, adiante), m as espécies m ais urbanas do m osquito, C. pipiens e C. quinquefasciatus, têm sido responsáveis p or epidem ias resultando em centenas ou m esm o m ilhares de casos em cidades do centro e do leste dos EUA. A m aioria dos casos ocorre de junho a outubro. Os m osquitos urbanos se reproduzem em acúm ulos de água parada e esgotos com alto conteúdo orgânico e picam facil m ente os seres h um anos d entro e em volta das casas ao anoitecer. A elim inação de esgotos abertos e sistem as de drenagem repletos de lixo é dispendiosa e pode ser inviável, m as a triagem de residências e a im plem entação de m edidas de proteção pessoal podem ser um a abordagem eficaz para os indivíduos. O vetor rural é m ais ativo ao anoitecer e ao ar livre; suas picadas podem ser evitadas pela m odifi cação de atividades e pelo uso de repelentes. A gravidade da doença aum enta de acordo com a idade: as in fecções que resultam em m eningite asséptica ou encefalite leve estão concentradas em crianças e adultos jovens, enquanto os casos graves e fatais acom etem principalm ente os idosos. As taxas de infecção são sem elhantes em todos os grupos etários; portanto, a m aior suscetibi lidade de pessoas idosas à doença é um a conseqüência biológica do envelhecim ento. A doença tem início abrupto, às vezes após o pródrom o, e se inicia com febre, letargia, confusão e cefaleia. Além dis so, rigidez de nuca, hipotonia, hiperreflexia, m ioclonia e trem or são com uns. Os casos graves p odem incluir paralisia de nervo craniano, hem iparesia e convulsões. Os pacientes com frequência queixam -se de disúria e podem ter antígeno viral detectado na u rin a e piúria. A taxa global de m ortalidade costum a ser de aproxim adam ente 7%, m as pode alcançar 20% entre pacientes com mais de 60 anos de ida de. A recuperação é lenta. Labilidade em ocional, dificuldade de con centração e m em ória, astenia e trem or com um ente são prolongados em pacientes de m ais idade. O LCS de pacientes com encefalite de St. Louis geralm ente con tém dezenas a m ilhares de células, com predom ínio linfocitário e ní vel norm al de glicose. A leucocitose com desvio para a esquerda é docum entada com frequência.
■ ENCEFALITE JAPONESA O vírus da encefalite japonesa é encontrado p or toda a Ásia, incluin do o leste da Rússia, o Japão, a C hina, a índia, o Paquistão e o Sudeste Asiático, e causa epidem ias ocasionais nas ilhas do oeste do Pacífico. O vírus tem sido detectado nas ilhas do Estreito de Torres e um caso de encefalite hum ana foi identificado na proxim idade do continente australiano. Esse flavivirus é particularm ente com um em áreas onde os cam pos irrigados de arroz atraem os hospedeiros vertebrados avi ários naturais e fornecem locais de reprodução abundantes para m os quitos com o o C. tritaeniorhynchus, que transm ite o vírus para seres hum anos. A amplificação adicional p or porcos, que sofrem aborto, e cavalos, que desenvolvem encefalite, tam bém pode ser significativa. A vacinação desses hospedeiros am plificadores adicionais pode re duzir a transm issão do vírus. U m a vacina eficaz, inativada por formol e purificada de cérebro de cam undongo é produzida no Japão e está liberada para uso hum an o nos EUA, sendo fornecida nos dias 0, 7 e 30 ou - com algum a perda do título sérico de anticorpos neutralizan tes - nos dias 0, 7 e 14. A vacinação é indicada para quem viaja para a Ásia rural durante o verão, onde o risco de doença clínica pode ser de 0,05 até 2,1/10.000 p o r sem ana. A do'ença grave e m uitas vezes fatal, relatada em exilados, deve ser ponderada contra a chance de 0,1 a 1% de um a reação alérgica sistêm ica ou cutânea tardia, raram ente fatal, m as que pode ser grave e sabe-se que surge 1 a 9 dias após a vacinação, com prurido, urticária e angioedem a associados. A C hina está usando vacinas de vírus vivos atenuados, m as elas não são reco m endadas nos EUA no m om ento.
■ INFECÇÃO PELO VÍRUS D0 OESTE D0 NILO O vírus do oeste do N ilo foi inicialm ente descrito com o um vírus transm itido entre pássaros silvestres pelos m osquitos Culex na Áfri ca, no O riente M édio, no sul da E uropa e na Ásia. E um a causa co m um de doença febril sem acom etim ento do SNC, m as pode causar m eningite asséptica e encefalite grave, p articularm ente com uns entre idosos. A síndrom e de febre-m ialgia causada pelo vírus do oeste do
■ ENCEFALITE TRANSMITIDA POR CARRAPATO DA EUROPA CENTRAL E ENCEFALITE DA PRIMAVERA-VERÃO RUSSA Um espectro de flavivírus transm itidos p o r carrapatos foi identifi cado po r m eio do continente eurasiático. M uitos são conhecidos principalm ente com o patógenos agrícolas (p. ex., encefalom ielite viral ovina do Reino U nido). Da Escandinávia aos M ontes Urais, o transm issor da encefalite causada po r carrapato da E uropa C entral é o Ixodes ricinus. Os casos hum anos ocorrem entre abril e outubro, com pico em junho e julho. Um vírus relacionado e m ais virulento é o da encefalite da prim avera-verão russa, associado ao I. persulcatus e distribuído da Europa através dos Urais até o O ceano Pacífico. Os carrapatos transm item a doença principalm ente na prim avera e no início do verão, com um a taxa inferior de transm issão no final do verão. Pequenos m am íferos são os am plificadores vertebrados de am bos os vírus. O risco varia de acordo com a área geográfica e pode ser altam ente localizado em d eterm inada região; os casos hum anos em geral surgem após atividades fora de casa ou consum o de leite fresco de cabras ou outros anim ais infectados. Após um período de incubação de 7 a 14 dias ou talvez m aior, a infecção pelos vírus da Europa C entral resulta classicam ente em um a
fase de febre e m ialgia que d uram 2 a 4 dias e acredita-se que tenha relação com a virem ia. U m a rem issão subsequente p o r vários dias é seguida pela recorrência de febre e pelo início de sinais m eníngeos. A fase do SNC varia de m eningite asséptica leve, m ais com um entre pacientes m ais jovens, até encefalite grave com com a, convulsões, trem ores e sinais m otores que ocorrem 7 a 10 dias antes de iniciar-se a m elhora. O acom etim ento espinal e m edular pode ocasionar paralisia respiratória e paralisia típica das cinturas dos m em bros. A m aioria dos pacientes se recupera, com apenas um a m inoria apre sentando déficits significativos. As infecções pelos vírus do Extrem o O riente geralm ente seguem um a evolução m ais abrupta. A síndrom e encefalítica causada p o r esses vírus às vezes se inicia sem rem issão e tem m anifestações m ais graves do que a síndrom e europeia. A taxa de m ortalidade é alta e seqüelas im portantes - principalm ente a p a ralisia do neurônio m otor inferior dos m úsculos proxim ais dos m em bros, tronco e pescoço - são com uns. No estágio inicial da doença, o vírus pode ser isolado do sangue. Na fase do SNC, os anticorpos IgM são detectáveis n o soro e/ou no LCS. Às vezes, surge trom bocitopenia durante a doença febril inicial, que se assem elha ao início da fase hem orrágica de algum as outras infecções p or flavivírus transm itidos p o r carrapato, com o a doença da Floresta Kyasanur. O u tro s flavivírus transm itidos po r carrapato são causas m enos com uns de encefalite, incluindo o vírus da ence falomielite infecciosa de ovinos do Reino U nido e o vírus Powassan. Não há tratam ento específico para a infecção po r esses vírus. No entanto, vacinas eficazes inativadas p o r form ol e tendo alúm en com o adjuvante são produzidas na Áustria, na A lem anha e na Rússia. Duas doses da vacina austríaca separadas p o r um intervalo de 1 a 3 meses parecem ser eficazes e as respostas com anticorpos são sem elhantes quando a vacina é fornecida nos dias 0 e 14. O utras vacinas o bti veram títulos de anticorpo neutralizante sem elhantes. Com o foram relatados casos raros de síndrom e de G uillain-B arré pós-vacinal, a vacinação deve ser reservada para quem tenha probabilidade de ser exposto a um am biente ru ral em área endêm ica durante a época de transm issão. A neutralização cruzada para as cepas europeias cen trais e do E xtrem o O riente foi estabelecida, m as não há estudos de cam po publicados sobre a proteção cruzada das vacinas inativadas p or form ol. C om o 0,2 a 4% dos carrapatos de áreas endêm icas p o dem estar infectados, as picadas de carrapato levantam a questão da profilaxia com im unoglobulina. A credita-se que a adm inistração im ediata de preparações específicas com altos títulos deve ser reali zada, em bora não se disponha de dados controlados que com provem a eficácia dessa m edida. A im unoglobulina não deve ser adm inistra da mais tarde devido ao risco de agravam ento p o r reação im une m e diada por anticorpos.
■ ENCEFALITE DE POWASSAN O vírus Powassan é um m em bro do com plexo de vírus da encefa lite transm itido p or carrapato, no caso o I. cookei, entre pequenos m am íferos do leste do C anadá e dos EUA, onde foi responsável por 20 casos reconhecidos de doença hum ana. O utros carrapatos podem tran sm itir o vírus em um a área geográfica m ais am pla e há algum a preocupação de que o I. scapularis (tam bém cham ado 7. dam m iní), um vetor com petente em laboratório, possa vir a fazê-lo à m edida que se torna mais p roem inente nos EUA. O s pacientes com encefalite de Powassan (m uitos deles crianças) se apresentam de m aio a dezem bro após exposição ao ar livre e um período de incubação que se con sidera ser de aproxim adam ente 1 sem ana. A encefalite de Powassan é grave, e as seqüelas são com uns.
■ ENCEFALITE EQUINA D0 LESTE A encefalite equina do leste é e ncontrada principalm ente em focos pantanosos endêm icos ao longo da costa leste dos EUA, com alguns focos no interior do país e, locais tão distantes quanto Michigan. Os casos hum anos se apresentam de ju n h o a outubro, quando o ciclo pássaro-m osquito Culiseta se expande para outras espécies de m osquito como A. sollicitans ou A. vexans, m ais propensos a picar mamíferos. Há um interesse na função potencial da espécie de m osquito antropofílica A. albopictus introduzida, que tem sido encontrada naturalm en
Infecções Causadas por Vírus Transmitidos por...
Nilo difere de m uitas outras pelo aparecim ento freqüente de exan tem a m aculopapular concentrado no tronco e linfadenopatia. Cefa leia, dor ocular, inflam ação na garganta, náuseas e vôm itos e artralgia (mas não artrite) são com uns. Além disso, o vírus tem sido im plicado na necrose hepática grave e fatal na África. O vírus do oeste do Nilo apareceu na cidade de Nova Iorque em 1999 e subsequentem ente se propagou para outras áreas do n ordes te dos EUA, causando m ais de 60 casos de m eningite asséptica ou de encefalite entre seres hum anos, bem com o m ortes graduais entre corvos, pássaros exóticos de jardim zoológico e outras aves. Este ví rus continuou a propagar-se e agora é encontrado em quase todos os estados daquele país, bem com o no Canadá, no México, na A m érica do Sul e no Caribe. O C. pipiens continua sendo o principal vetor no nordeste dos EUA, m as várias outras espécies de Culex tam bém estão envolvidas e os gaios azuis com petem com os corvos com o am plificadores e alvos letais em outras áreas daquele país. A nualm ente, são relatados cerca de 1.000 a 3.000 casos de encefalite com aproxi m adam ente 100 a 300 m ortes nos EUA. A credita-se que a p ro p o r ção entre acom etim ento do SNC e infecção é de cerca de 1:100; o restante dos pacientes tem infecção subclínica ou febre do oeste do Nilo. Encefalite, seqüelas e m ortes são m ais com uns entre pacientes idosos, diabéticos e hipertensos, bem com o entre pacientes com le sões prévias do SNC. Além das seqüelas m otoras e cognitivas m ais graves, os achados m ais leves podem incluir trem or, anorm alidades leves nas habilidades m otoras e perda de funções. O grande interes se clínico e a disponibilidade de m étodos diagnósticos laboratoriais possibilitaram a definição de várias m anifestações clínicas incom uns, inclusive a coriorretinite, paralisia flácida com lesões histológicas que lem bram poliom ielite e apresentação inicial com febre e déficits neurológicos focais n a ausência de encefalite difusa. Os pacientes im unossuprim idos podem ter evolução fulm inante ou desenvolver infecção persistente do SNC. A transm issão do vírus p or transplante ou p or transfusão de sangue exigiu a triagem dos doadores de sangue e de órgãos p or testes com ácido nucleico. As m ulheres grávidas p o dem, em certas ocasiões, infectar o feto. Todos esses “novos” achados, particularm ente a doença transm itida p o r transfusão e a doença gra ve assoociada a transplante, revelam o que poderia ser esperados nos EUA, se outros arbovírus fossem transm itidos na A m érica do N orte com alta frequência ou se a vigilância em outras áreas do m undo fos se mais eficiente e mais m inuciosa. O vírus do oeste do Nilo entra no m esm o grupo filogenético de flavivírus com o os vírus da encefalite de St. Louis e da japonesa, as sim com o os vírus do Vale M urray e Rocio, os dois últim os m antidos em m osquitos e pássaros e que induzem a um quadro clínico sem e lhante ao da encefalite japonesa. O vírus do Vale M urray tem causado epidem ias ocasionais e casos esporádicos na Austrália. O vírus Rocio causou epidem ias recorrentes em um a área focal do Brasil em 1975 a 1977 e, então, praticam ente desapareceu.
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te infectada, sendo um vetor eficiente em laboratório. Os cavalos são um alvo com um para os vírus; o contato com cavalos não vacinados pode estar associado à doença hum ana, m as eles provavelm ente não exercem um a função significativa na amplificação do vírus. A encefalite equina do leste é um a das m ais destrutivas afec ções p o r arbovírus, com início brusco, progressão rápida, alta taxa de m ortalidade e seqüelas freqüentes. Essa gravidade se reflete nas lesões necróticas extensas e infiltrados polim orfonucleares encontra dos no cérebro à necropsia e na pleocitose polim orfonuclear do LCS com frequência ocorrendo durante os prim eiros 1 a 3 dias de doença. Além disso, a leucocitose com desvio para a esquerda é um a m an i festação com um . U m a vacina inativada p o r form ol tem sido usada para proteger os funcionários de laboratórios, m as em geral não está disponível nem é aplicável.
■ ENCEFALITE EQUINA DO OESTE O ciclo p rim ário de m anutenção do vírus da encefalite equina do oeste nos EUA está entre o C. tarsalis e pássaros, principalm ente os pardais e tentilhões. Os eqüinos e seres hum anos se to rn am infec tados e am bas as espécies sofrem encefalite sem am plificar o vírus na natureza. A encefalite de St. Louis é transm itida em um ciclo se m elhante na m esm a região, m as causa doença h u m an a cerca de 1 m ês antes do período (julho a outubro) em que o vírus da encefalite equina do oeste é ativo. Epidem ias m aiores de encefalite equina do oeste ocorreram no oeste e no centro dos EUA e do C anadá durante as décadas de 1930 e 1950, m as nos últim os anos a doença tem sido incom um . Houve 41 casos notificados nos EUA em 1987, m as apenas 5 de 1988 a 2001. Esse declínio na incidência pode refletir em parte a abordagem integrada ao controle do m osquito que foi em pregada nos projetos de irrigação e ao uso crescente de pesticidas na ag ri cultura, o que quase certam ente reflete o aum ento da tendência dos seres hum anos de ficarem dentro de casa atrás de janelas fechadas ao anoitecer, o período m áxim o de picada pelo principal vetor. O vírus da encefalite equina do oeste causa um a encefalite viral difusa típica com aum ento da taxa de ataque e taxa de m orbidade em jovens, particularm ente crianças com m enos de 2 anos. Além disso, as taxas de m ortalidade são altas entre os jovens e os m uito idosos. Cerca de 33% dos indivíduos que têm convulsões d urante a doença aguda apresentam atividade convulsiva subsequente. Lactentes < 1 ano - em p articular aqueles nos prim eiros m eses de vida - correm sério risco de lesão m otora e intelectual. D uas vezes m ais hom ens que m ulheres desenvolvem encefalite clínica após os 5 a 9 anos de idade, diferença que pode estar relacionada com a m aior exposição dos garotos ao vetor fora de casa, m as que é provável que tam bém se deva em parte a diferenças biológicas. U m a vacina inativada p or form ol tem sido usada para proteger técnicos de laboratório, m as em geral não está disponível n em é aplicável.
■ ENCEFALITE EQUINA VENEZUELANA Existem 6 tipos conhecidos de vírus no complexo da encefalite equi na da Venezuela. Um a distinção im portante é entre os vírus epizoóti cos (subtipos IAB e IC) e os vírus enzoóticos (subtipos ID a IF e tipos II a VI). O s vírus epizoóticos têm um ciclo natural desconhecido, m as causam periodicam ente epidem ias extensas em eqüinos e em seres h um anos nas Am éricas. Essas epidem ias dependem de virem ia de alto nível em cavalos e m ulas que resulta na infecção de várias espécies de m osquitos, os quais, p or sua vez, infectam seres hum anos e perpetuam a transm issão do vírus. Os seres hum anos tam bém têm um a virem ia de alto nível, m as provavelm ente não são im portantes na transm issão do vírus. Os vírus enzoóticos são encontrados princi palm ente em habitats da floresta tropical úm ida e são m antidos entre os m osquitos Culex e roedores; esses vírus causam doença hum ana, m as não são patogênicos para cavalos e não causam epizootias. E pizootias de encefalite equina da V enezuela o co rreram repe tidam ente na Venezuela, na Colôm bia, no Equador, no Peru e em outros países da Am érica do Sul em intervalos de < 10 anos desde a década de 1930 até 1969, quando um a epizootia m aciça dissem inou -se por to d a a Am érica C entral e o México, alcançando o sul do Texas
em 1972. O sequenciam ento genético do vírus do su rto de 1969 a 1972 sugeriu que ele se originou do vírus residual “não inativado” em vacinas veterinárias. O su rto term in o u no Texas com o uso de um a vacina viva atenuada (TC-83) desenvolvida originalm ente para uso hum ano pelo exército norte-am ericano; o vírus epizoótico foi então utilizado para a produção im ediata de vacinas inativadas veteriná rias. N enhum a doença epizoótica posterior foi identificada até 1995 e subsequentem ente, quando epizootias adicionais ocorreram na C o lômbia, na Venezuela e no México. M ostrou-se que os vírus im plica dos nessas epizootias, assim com o os vírus epizoóticos do subtipo IC, são parentes filogenéticos próxim os dos vírus enzoóticos do subtipo ID conhecidos. Tal achado sugere que a evolução ativa e a seleção de vírus epizoóticos estão em andam ento no norte da A m érica do Sul. D urante as epizootias, a infecção hum ana extensa é a regra, com doença clínica em 10 a 60% dos indivíduos infectados. A m aioria das infecções resulta em doença febril aguda im portante, enquanto relativam ente poucas resultam em encefalite. Um a taxa de invasão do SNC baixa é apoiada pela ausência de encefalite entre as m uitas infecções resultantes da exposição a aerossóis em laboratório ou de acidentes com vacinas. A grande epizootia m ais recente da encefalite equina da Venezuela ocorreu na Colôm bia e na Venezuela em 1995; dos mais de 85.000 casos clínicos, 4% (com um a proporção mais alta entre crianças do que em adultos) incluíram sintom as neurológicos e 300 term inaram em m orte. As cepas enzoóticas do vírus da encefalite equina da Venezuela são causas com uns de doença febril, em particular em áreas com o os pântanos da Flórida e a costa úm ida do A tlântico da A m érica C en tral. A encefalite só foi docum entada em infecções na Flórida; os 3 casos foram originados pelo vírus enzoótico do tipo II, tam bém cha m ado vírus Everglaães. Todos os 3 pacientes tinham doença cerebral preexistente. A extrapolação da taxa de alteração genética sugere que o vírus Everglades pode ter sido in troduzido na Flórida há m enos de 200 anos e que ele está m ais provavelm ente relacionado com os subtipos ID que parecem ter p roduzido evolutivam ente as cepas epizoóticas ativas na A m érica do Sul. A prevenção da encefalite equina epizoótica da Venezuela de pende da vacinação de cavalos com a vacina TC-83 atenuada ou com um a vacina inativada preparada a p a rtir daquela cepa. Os seres h u m anos p odem ser protegidos com vacinas sem elhantes, m as o uso desses produtos é restrito ao pessoal de laboratório devido ao poder de reação e à disponibilidade lim itada. Além disso, a vacina do vírus do tipo silvestre e talvez a TC-83 p odem ter algum grau de patoge nicidade fetal. Os vírus enzoóticos são genética e antigenicam ente diferentes dos vírus epizoóticos e a proteção contra o prim eiro com vacinas preparadas a p a rtir do últim o é relativam ente ineficaz.
ARTRITE E EXANTEMA A artrite verdadeira é um a m anifestação com um de várias doenças virais com o a rubéola (causada p o r u m togavírus não alfavírus), a infecção p o r parvovírus B19 e a hepatite B; é um a aco m p an h an te com um de infecção devido ao vírus da caxúm ba, a enterovírus, herpesvírus e adenovírus. Em geral não se considera que os alfavírus tam bém sejam causas com uns de artrite. De fato, todos os alfavírus discutidos adiante causam doenças febris acom panhadas pelo desen volvim ento de artrite verdadeira e um exantem a m aculopapular. O acom etim ento reum ático inclui apenas artralgia, edem a periarticular e (m enos com um ente) derram es articulares. A m aioria dessas doen ças é m enos grave e tem m enos m anifestações articulares em crianças que em adultos. Em clim as tem perados, são doenças do verão. Não existe tratam ento específico ou vacina liberada.
■ INFECÇÃO PELO VÍRUS SINDBIS O vírus Sindbis é tran sm itid o entre pássaros p o r m osquitos. As in fecções po r cepas desse vírus do n orte da E uropa (que causam , por exemplo, a doença de Pogosta na Finlândia, a febre de Karelian nos estados in d ep e n d en te s da antiga U nião Soviética e a doença de Ockelbo na Suécia) e pelas cepas sul-africanas geneticam ente relacio nadas são particularm ente propensas a gerar a síndrom e de artrite-
-exantema. A exposição a am biente rural está com um ente associada a essa infecção, cujo período de incubação é < 1 sem ana. A doença se inicia com exantem a e artralgia. Os sintom as cons titucionais não são acentuados e a febre é baixa ou com pletam ente ausente. O exantema, que dura cerca de 1 sem ana, se inicia no tronco, dissem ina-se para os m em bros e evolui de m áculas para pápulas que com frequência form am vesículas. A artrite dessa afecção é poliarticular, m igratória e incapacitante, com resolução da fase aguda em alguns dias. Os pulsos, tornozelos, articulações falangianas, joelhos, cotovelos e - em extensão m uito m enor - as articulações proxim ais e axiais são acom etidos. A persistência de artralgias e ocasionalm ente de artrite é um problem a im portante e pode continuar p or meses e m esm o anos apesar da ausência de deform idade.
■ INFECÇÃO PELO VÍRUS CHIKUNGUNYA
■ FEBRE MAYARO O vírus Mayaro é m antido nas florestas das A m éricas p o r m osquitos do gênero Haemagogus e prim atas não hum anos, causando um a in fecção frequentem ente endêm ica e às vezes epidêm ica em seres h u m anos e parece ocasionar um a síndrom e que lem bra a infecção pelo vírus chikungunya.
O vírus do Rio Ross causou epidem ias de doença clínica caracterís tica na A ustrália desde o início do século XX e continua a ser res ponsável p or m ilhares de casos em áreas rurais e suburbanas anual m ente. O vírus é transm itido pelo A. vigilax e p or outros m osquitos e acredita-se que sua persistência envolva a transm issão transovariana. N enhum hospedeiro vertebrado definitivo foi identificado, m as várias espécies de m am íferos, incluindo cangurus, foram sugeridas. A transm issão endêm ica tam bém foi docum entada na Nova Guiné, e em 1979 o vírus se espalhou pelas ilhas do leste do Pacífico, cau sando centenas de m ilhares de casos da doença. O vírus foi levado de um a ilha para outra p o r seres hu m an o s infectados e acredita-se que ten h a sido tran sm itid o entre h u m an o s pelo A. polynesiensis e pelo A. aegypti. O período de incubação é de 7 a 11 dias e o início da doença é súbito, geralm ente desencadeado p or artralgias. O exantem a em geral surge ao m esm o tem po, ou logo depois, m as em alguns casos prece de as artralgias em vários dias. Sintom as constitucionais com o febre baixa, astenia, mialgia, cefaleia e náuseas não são proem inentes e, de fato, estão ausentes em m uitos casos. A m aioria dos pacientes fica incapacitada por períodos consideráveis devido ao acom etim ento ar ticular, que interfere no sono, na deam bulação e na preensão. As ar ticulações dos punhos, tornozelos, m etacarpofalangianas, interfalangianas e dos joelhos são as m ais com um ente envolvidas, em bora os dedos dos pés, om bros e cotovelos possam ser acom etidos com algu m a frequência. Tumefação p eriarticular e tenossinovite são comuns, com cerca de 33% dos pacientes tendo artrite real. Apenas 50% de to dos os pacientes com artrite conseguem recuperar as atividades n o r mais em 4 sem anas e 10% ainda precisam lim itar sua atividade após 3 meses. Pacientes eventuais são sintom áticos p o r 1 a 3 anos, m as sem artropatia progressiva. O ácido acetilsalicílico e os anti-inflam atórios não esteroides são eficazes para o tratam ento de sintomas. Os valores do laboratório clínico são n orm ais ou variáveis na infecção pelo vírus do Rio Ross. Os exam es para fator reum atoide e anticorpos antinucleares são negativos e a velocidade de hem os sedim entação apresenta elevação aguda. O líquido articular contém 1.000 a 60.000 células m ononucleares/|xL, e o antígeno do vírus do Rio Ross é dem onstrável em m acrófagos. Os anticorpos IgM são va liosos no diagnóstico dessa infecção, em bora às vezes persistam por anos. O isolam ento do vírus do sangue p or inoculação em m osquito ou cultura de células de m osquito é possível no início da doença. D e vido ao grande im pacto econôm ico das epidem ias anuais na A ustrá lia, um a vacina inativada está sendo desenvolvida e verificou-se que protege cam undongos. Talvez devido ao interesse local nos arbovírus em geral e no ví rus do rio Ross em particular, outros arbovírus artritogênicos foram identificados na A ustrália, incluindo o vírus Gan Gan, um m em bro da família Bunyaviridae; o vírus Kokobera, um flavivírus; e o vírus da Floresta Barm ah, um alfavírus. Este últim o é um a causa com um de infecção e precisa ser diferenciado do vírus do Rio Ross pelo teste específico.
FEBRES HEMORRÁGICAS A síndrom e de FH viral é u m a constelação de achados baseados na instabilidade vascular e integridade vascular dim inuída. Um a agres são, direta ou indireta, na m icrovasculatura causa aum ento de sua perm eabilidade e (em p a rticu la r q u ando a função plaquetária está dim inuída) ru p tu ra e hem orragia local. A pressão arterial é baixa e nos casos graves sobrevêm choque. R ubor cutâneo e congestão con juntival são exem plos de alterações com uns observadas no controle da circulação local. A hem orragia é inconstante, sendo, na m aioria dos casos, indicação m ais de lesão vascular difusa do que de p e r da de volum e de sangue potencialm ente fatal. Às vezes, observa-se coagulação intravascular dissem inada (CID ) em qualquer paciente gravem ente enferm o com FH, m as considera-se que ocorra regular m ente apenas nas fases iniciais da FH com síndrom e renal, na FH da Crim éia-C ongo e talvez em alguns casos de FH p or filovírus. Em
Infecções Causadas por Vírus Transmitidos por...
É provável que o vírus chikungunya (“aquele que se curva para cima”) seja de origem africana, sendo m antido entre prim atas não hum anos naquele continente pelos m osquitos Aedes do subgênero Stegomyia de m odo sem elhante ao vírus da febre amarela. C om o o vírus da fe bre amarela, o vírus chikungunya é prontam ente transm itido entre seres hum anos em áreas urbanas pelo A. aegypti. O ciclo de transm is são A. aegypti-vírus chikungunya tam bém foi introduzido na Ásia, onde representa um problem a de saúde proem inente. A doença é e n dêmica em áreas rurais da África e epidem ias interm itentes ocorrem em m unicípios e cidades da África e da Ásia. Em 2004, com eçou um a epidem ia maciça na região do O ceano Índico, que agora parece ter-se dissem inado totalm ente p or viajantes. O A. albopictus foi identifica do como o principal vetor e então houve m últiplas exportações para zonas tem peradas e áreas onde o A. aegypti está presente. O chikun gunya é mais um m otivo (além da dengue e da febre amarela) para o controle do A. aegypt e do A. albopictusi. A doença plena é m ais com um entre adultos, nos quais o quadro clínico pode ser dram ático. O início brusco sucede um p eríodo de incubação de 2 a 3 dias. Febre e artralgia grave são acom panhadas p or calafrios e sintom as constitucionais com o cefaleia, fotofobia, h i perem ia conjuntival, anorexia, náuseas e d o r abdom inal. A poliar trite m igratória acom ete principalm ente as pequenas articulações das m ãos, punhos, tornozelos e pés, com m enor envolvim ento das grandes articulações. O exantem a pode aparecer no início ou com vários dias de doença; seu desenvolvim ento com frequência coinci de com a defervescência, que ocorre em to rn o do 2E ou 3a dias de doença. O exantem a é mais intenso no tronco e nos m em bros, e pode descarnar. Petéquias são vistas ocasionalm ente e a epistaxe não é rara, m as esse vírus não é um a causa com um da síndrom e de FH, m esm o em crianças. Alguns pacientes desenvolvem leucopenia. Níveis ele vados de aspartato-am inotransferase (AST) e proteína C reativa têm sido descritos, bem com o a dim inuição m oderada das contagens de plaquetas. A recuperação pode levar sem anas. A lguns pacientes de m ais idade continuam a sofrer de rigidez, do r articular e derram es recorrentes por vários anos, persistência que pode ser especialm ente com um em pacientes com HLA-B27. Uma vacina com vírus vivo ate nuado experim ental foi desenvolvida, m as requer testes adicionais. Parece ser encabeçada pelo desenvolvim ento adicional e pela fabri cação em escala comercial estim ulada pelo surto no O ceano Indico. Um vírus relacionado, o 0 ’nyong-nyong, causou um a epidem ia im portante de artrite e exantem a envolvendo pelo m enos 2 m ilhões de pessoas quando atravessou o leste e o centro da Á frica na década de 1960. Após seu surgim ento m isterioso, o vírus praticam ente de sapareceu, deixando apenas indícios ocasionais de sua persistência no Q uênia até um ressurgim ento transitório de atividade epidêm ica em 1997.
■ POLIARTRITE EPIDÊMICA (INFECÇÃO PELO VÍRUS DO RIO ROSS)
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Doenças Infecciosas
algum as síndrom es virais de FH, órgãos específicos p odem estar par ticularm ente prejudicados, com o o rim na FH com síndrom e renal, o pulm ão na síndrom e pulm onar p or hantavírus ou o fígado na febre amarela, m as em todas essas doenças o distúrbio circulatório genera lizado tem im portância crítica. A patogenia da FH é pouco com preendida e varia entre os vírus regularm ente im plicados na síndrom e, que incluem m ais de um a d ú zia. Em alguns casos, a lesão direta do sistem a vascular ou m esm o das células parenquim atosas dos órgãos visados é im portante, enquanto em outros considera-se que os m ediadores solúveis exerçam a p rin cipal função. A fase aguda da m aioria dos casos de FH está associada à continuação da replicação do vírus e a virem ia. As exceções são as doenças p or hantavírus e a FH da dengue/síndrom e de choque po r dengue (FH D /SCD ), em que a resposta im unológica exerce im p o r tante função patogênica. Todas as síndrom es de FH com eçam com febre e mialgia, geral m ente de início abrupto. Em alguns dias o paciente procura assistên cia m édica devido ao aum ento da prostração que, com frequência, é acom panhada por cefaleia grave, vertigem , fotofobia, hiperestesia, dor abdom inal ou torácica, anorexia, náuseas ou vôm itos e outros distúrbios gastrintestinais. O exam e inicial m uitas vezes revela ape nas um paciente com enferm idade aguda e congestão conjuntival, sensibilidade à palpação dos m úsculos ou do abdom e e hipotensão lim ítrofe ou postural, às vezes com taquicardia. Petéquias (frequente m ente m ais bem visualizadas nas axilas), rubor na cabeça e no tórax, edem a periorbitário e proteinúria são com uns. Os níveis de AST ge ralm ente estão elevados à apresentação ou após 1 ou 2 dias. A hem oconcentração devido a extravasam ento vascular, que em geral é evi dente, é m ais acentuada nas doenças po r hantavírus e na FHD/SCD. O paciente gravem ente enferm o progride para sintom as m ais graves e desenvolve choque e outros achados típicos do vírus causador. C ho que, sangram ento multifocal e acom etim ento do SNC (encefalopatia, coma, convulsões) são sinais de prognóstico som brio. Um dos principais indícios diagnósticos é a viagem para um a área endêm ica no p eríodo de incubação de d eterm in ad a síndrom e (Q uadro 196.4). Exceto nas infecções pelos vírus Seul, da dengue e da febre amarela, que têm vetores urbanos, a viagem para um a m biente rural é especialm ente sugestiva de diagnóstico de FH. O reconhecim ento precoce é im portante devido à necessidade de tratam ento específico para a infecção viral e m edidas de suporte, in cluindo hospitalização im ediata e não invasiva; tratam ento criterioso com líquidos que leva em consideração o aum ento da perm eabili dade capilar do paciente; adm inistração de fárm acos cardiotônicos; uso de pressores para m anter a pressão arterial em níveis compatíveis com a perfusão renal; tratam ento das infecções bacterianas secu n dárias relativam ente com uns; reposição dos fatores de coagulação e de plaquetas quando indicado; e as m edidas de precaução habituais utilizadas no tratam ento de pacientes com diátese hem orrágica. A CID deve ser tratada apenas se forem encontradas evidências labo ratoriais nítidas de sua existência e se a m onitoração laboratorial do tratam ento for exeqüível, pois não há benefício com provado desse tratam ento. As evidências disponíveis sugerem que os pacientes com FH têm um a dim inuição do débito cardíaco e que responderão ina dequadam ente à sobrecarga hídrica com o ela é m uitas vezes p ra ti cada no tratam ento de choque associado a sepse bacteriana. Há tra tam ento específico para várias síndrom es de FH. Além disso, várias doenças consideradas no diagnóstico diferencial - m alária, shigelose, febre tifoide, leptospirose, febre recorrente e riquetsioses - são tratáveis e potencialm ente letais. C uidados de enferm agem com barreira rigorosa e outras precauções contra a infecção da equipe m édica e de visitantes são indicadas nas FH, exceto aquela decorrente de hantaví rus, febre amarela, febre do Vale Rift e dengue.
■ FEBRE DE LASSA O víru s Lassa é c onhecido p o r causar d o e n ça en d êm ica e e p id ê m ica na N igéria, em Serra Leoa, n a G u in é e n a L ibéria, em b o ra provavelm ente esteja d istrib u íd o em m ais am pla escala na Á frica O cidental. Esse vírus e seus p aren tes existem em to d o s os lu g a
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res da Á frica, m as sua im p o rtâ n c ia p ara a saúde é desconhecida. C om o outros arenavírus, o vírus Lassa se d issem ina p ara seres h u m anos p o r aerossóis de p a rtícu la s p e q u en a s de ro ed o res cro n ica m ente infectados e tam bém p o d e ser a d q u irid o d u ra n te a captura ou alim entação desses anim ais. Pode ser tran sm itid o p o r contato interpessoal íntim o. F requentem ente está p resente n a u rin a d u ra n te a convalescença e parece estar no líq u id o sem inal no início da recuperação. A dissem inação ho sp italar ocorre, m as é incom um se forem usadas técnicas p aren tera is estéreis adequadas. Indivíduos de todas as idades e am bos os sexos são acom etidos; a incidência da do en ça é m ais alta n a estação seca, m as a tran sm issão ocorre d u ran te o ano todo. N os países o nde o v íru s Lassa é endêm ico, a febre de Lassa p o d e ser u m a causa p ro e m in en te de doença febril. P or exem plo, em um hospital de Serra Leoa a febre de Lassa c o n firm a d a p o r lab o rató rio é c o n sisten te m e n te responsável p o r 20% das in tern açõ es em e n ferm arias clínicas. É provável que oco rram dezenas de m ilhares de casos de febre de Lassa a nualm ente apenas n a Á frica O cidental. N ovos a ren a v íru s c o n tin u a m sen d o desco berto s, freq u e n tem e n te sem u m a caracterização com pleta. Esses a renavírus incluem o víru s C h ap are n a Bolívia (d istin to do vírus M achupo) e o v íru s Lujo em Z âm bia. E ntre os agentes das FH, som ente os arenavírus são associados a um início gradual da doença. O caso m édio de febre de Lassa tem início gradual que conduz a sintom as constitucionais m ais graves e prostração. O sangram ento é visto em apenas 15 a 30% dos casos. Um exantem a m aculopapular com frequência é observado em pacientes de pele clara com Lassa. Os derram es são com uns e pericardite pre dom inante em hom ens pode surgir m ais tarde. A taxa de m orte fetal é de 92% no últim o trim estre, quando a taxa de m ortalidade m ater na tam bém aum enta além dos habituais 15 a 30%; tais valores suge rem que a interrupção da gestação de m ulheres infectadas deva ser considerada. As contagens de leucócitos são norm ais ou levem ente elevadas e as contagens de plaquetas são norm ais ou um tanto bai xas. A surdez coincide com a m elhora clínica em aproxim adam ente 20% dos casos, sendo perm anente e bilateral em alguns. Pode ocorrer reinfecção, m as não está associada a doença grave. V irem ia de alto nível ou concentração sérica elevada de AST estatisticam ente prediz um resultado fatal. Assim, os pacientes com nível de AST > 150 U I/m L devem ser tratados com ribavirina IV. Este análogo nucleosídico antiviral parece ser eficaz na redução das taxas de m ortalidade a p a rtir dos níveis docum entados entre controles re trospectivos, e seu único efeito colateral im portante é a anem ia rever sível, que em geral não exige transfusão. O fárm aco deve ser adm inis trado p or infusão IV lenta na dose de 32 m g/kg, que deve ser seguida p or 16 m g/kg a cada 6 horas d urante 4 dias e, então, p o r 8 m g/kg a cada 8 h orasdurante 6 dias.
■ SÍNDROMES DE FH SUL-AMERICANAS (ARGENTINA, BOLIVIANA, VENEZUELANA E BRASILEIRA) São doenças clinicam ente sem elhantes entre si, m as sua epidem iolo gia difere de acordo com os hábitos de seus reservatórios roedores e as interações desses anim ais com seres hum anos. A transm issão in terpessoal ou hospitalar é rara, m as já ocorreu. A doença básica assem elha-se à febre de Lassa, com duas diferen ças acentuadas. Prim eiro, a trom bocitopenia - m uitas vezes m arcante - é a regra, e o sangram ento é bastante com um . Segundo, a disfunção do SNC é m uito m ais com um que na febre de Lassa e com frequência m anifesta-se p o r confusão acentuada, trem ores dos m em bros supe riores e da língua e sinais cerebelares. A lguns casos seguem um a evo lução predom inantem ente neurológica, com prognóstico sombrio. O laboratório clínico é útil no diagnóstico, um a vez que trom bocitope nia, leucopenia e proteinúria são achados típicos. A FH argentina é facilm ente tratad a com plasm a da fase conva lescente fornecido nos prim eiros 8 dias de doença. N a ausência de tratam ento com an tico rp o s passivos, a ribavarina intravenosa na dose recom endada para a febre de Lassa provavelm ente será eficaz em todas as síndrom es de FH sul-am ericanas. A transm issão da doença de hom ens convalescentes da FH argentina para suas esposas
QUADRO 196.4
Síndromes virais de febre hemorrágica (FH) e sua distribuição Taxa de fatalidade de casos, %
Região geográfica
População-alvo
Infecções leves provavelmente comuns
15
África Ocidental
Todas as idades, ambos os sexos
A maioria das infecções (mais da metade) resulta em doença
15 a 30
Certas áreas rurais da Bolívia, da Argentina, da Venezuela e do Brasil
Bolívia: homens no interior; todas as idades, ambos os sexos em vilarejos
Doença
Período de incubação, dias
Proporção entre casos e infecção
Febre de Lassa
5 a 16
FH sul-americanas
7 a 14
Argentina: todas as idades, ambos os sexos; exposição excessiva e doença em homens Venezuela: todas as idades, ambos os sexos
Febre do Vale Rift
2a5
Cerca de 1:100fl
Cerca de 50
África Subsaariana, Madagáscar, Egito
Todas as idades, ambos os sexos; diagnosticada com mais frequência em homens; doença hepática preexistente pode predispor
FH da Criméia-Congo
3 a 12
>1 a 5
15 a 30
África, Oriente Médio, Turquia, Bálcãs, sul da antiga União Soviética, oeste da China
Todas as idades, ambos os sexos; homens mais expostos em alguns contextos
FH com síndrome renal
9 a 35
Hantaan, > 1:1,25; Puumala, 1:20
Hantaan, 5 a 15; Puumala, < 1
Mundial, dependendo do roedor que serve de reservatório
Excesso de pacientes masculinos (em parte devido a maior exposição); principalmente adultos
Síndrome pulmonar causada por hantavírus
Cerca de 7 a 28
Muito alta
40 a 50
Américas
Excesso de pacientes masculinos devido a alguma exposição ocupacional; principalmente adultos
FH pelos vírus Marburg ou Ebola
3 a 16
Alta
25 a 90
África Subsaariana
Todas as idades, ambos os sexos; crianças menos expostas
Febre amarela
3a6
1:2 a 1:20
20
África, América do Sul
Todas as idades, ambos os sexos; adultos mais expostos em selvas; a imunidade preexistente contra o flavivírus pode conferir proteção cruzada
FH da dengue/síndrome do choque da dengue
2a7
Não imunes, 1:10.000; imunes heterólogos, 1:100
< 1 com tratamento de apoio
Trópicos e subtrópicos em todo o mundo
Predominantemente crianças; infecção prévia por dengue heteróloga predispõe à FH
Floresta Kyasanur/FH de Omsk
3a8
Variável
0,5 a 10
Estado de Mysore, Índia/Sibéria Ocidental
Variável
'Valor apenas para casos de FH. A maioria das infecções pelo vírus da febre do Vale Rift resulta em febre e mialgia, mais do que em FH.
■ FEBRE DO VALE RIFT O vírus da febre do Vale Rift transm itido p or m osquito tam bém é um patógeno de anim ais dom ésticos com o ovinos, bovinos e caprinos. Ele é m antido na natureza por transm issão transovariana de m o s quitos Aedes presentes em inundações e presum ivelm ente tam bém tem um vertebrado am plificador. O correm epizootias e epidem ias quando ovinos ou bovinos se infectam , em particular durante chuvas intensas; desenvolvendo alto nível de virem ia, esses anim ais infectam muitas espécies diferentes de m osquitos. A vigilância a distância por satélite pode detectar as alterações ecológicas associadas a um ín d i ce pluviom étrico elevado, que prediz a probabilidade de transm issão da febre do Vale Rift, bem com o detectar as depressões especiais das quais os vetores-m osquitos Aedes de inundação em ergem . Além dis so, o vírus é infectante quando transm itido p or contato com sangue ou aerossóis de anim ais dom ésticos ou seus abortos. A carne abatida não é infectante, pois a glicólise anaeróbia nos tecidos após a m o r
te resulta em um m eio am biente ácido que inativa rapidam ente os Bunyaviridae com o o vírus da febre do Vale Rift e o da FH da C ri m éia-Congo. A am plitude natural do vírus da febre do Vale Rift res tringe-se à Á frica Subsaariana, onde sua circulação é acentuadam en te intensificada p o r um índice pluviom étrico elevado, com o ocorreu durante o fenôm eno El N ino de 1997; a propagação subsequente para a Península da A rábia causou doença epidêm ica(em 2000. O vírus tam bém foi encontrado em M adagascar e introduzido no Egito, onde causou epidem ias im portantes em 1977 a 1979, 1993 e subsequente mente. Não se docum entou transm issão interpessoal nem hospitalar. A febre do Vale Rift tem a p articularidade de causar várias sín drom es clínicas diferentes. A m aio ria das infecções m anifesta-se com o um a síndrom e de febre e mialgia. Um a pequena proporção de infecções resulta em FH com acom etim ento hepático especialm en te proem inente. A insuficiência renal e, provavelm ente, a CID tam bém são características com uns. Talvez 10% das infecções leves nos dem ais aspectos acarretem vasculite retiniana; a fundoscopia revela edem a, hem orragias e infarto e alguns pacientes têm deficiência vi sual perm anente. Um a p equena proporção de casos (m enos de 1 em 200) é seguida por encefalite viral típica. U m a das síndrom es com ple xas não parece predispor a outra. N ão h á tratam e n to c om provado p ara as sín d ro m es citadas. O correm doença retiniana e encefalite após o térm ino da síndrom e febril aguda e o desenvolvim ento do anticorpo neutralizante sérico -
Infecções Causadas por Vírus Transmitidos por...
sugere a necessidade de aconselham ento dos pacientes com FH p or arenavírus no sentido de evitar o contato íntim o p or várias sem anas após a recuperação. Existe um a vacina viva atenuada, segura e eficaz para a FH argentina; após a vacinação de m ais de 250.000 indivíduos de alto risco na área endêm ica, a incidência dim inuiu acentuadam en te. Em anim ais de laboratório, essa vacina tem proteção cruzada con tra o vírus da FH boliviana.
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acontecim entos sugestivos de que apenas assistência de suporte deve ser fornecida. A doença epidêm ica é eficazm ente prevenida pela va cinação dos rebanhos. A capacidade com provada desse vírus de se propagar após um a introdução no Egito sugere que outras áreas p o tencialm ente receptivas, incluindo os EUA, devem ter u m a resposta pronta para tal eventualidade. Parece provável que essa doença, com o a encefalite equina da Venezuela, possa ser controlada apenas com estoques adequados de um a vacina viva atenuada eficaz e não exis tem esses estoques globais. Um a vacina inativada p o r form ol confere im unidade aos seres hum anos, m as as quantidades são lim itadas e são necessárias três injeções; essa vacina é recom endada p ara funcio nários de laboratório expostos e veterinários que trabalham na Á fri ca Subsaariana. Uma nova vacina viva atenuada, MP-12, está sendo testada em seres hum anos e em breve poderá estar disponibilizada para uso geral.
■ FH DA CRIMÉIA-CONGO É um a síndrom e de FH grave, com am pla d istribuição geográfica, sendo poten cialm en te e n co n trad a o n d e q u er que existam c a rra patos do gênero H yalom m a. A pro p en são desses carrapatos de se alim entarem em rebanhos dom ésticos e em determ in ad o s m am ífe ros silvestres significa que os exam es veterinários são o m ecanism o m ais eficaz para a vigilância da circulação do vírus em u m a região. A infecção h u m an a é ad q u irid a p o r um a picada de carrapato ou d u ra n te o esm agam ento de carrapatos infectados. Os anim ais d o m ésticos não adoecem , m as desenvolvem virem ia, daí o perigo de infecção n a h o ra do abate e p o r um breve intervalo subsequente (pelo contato com o couro e a carcaça). O correram casos após a tosa de carneiros. U m a epidem ia na África do Sul foi associada ao abate de avestruzes infestados p o r carrapatos. Epidem ias hospitalares são com uns e, em geral, estão relacionadas com a exposição extensa a sangue ou picadas de agulhas. E m bora geralm ente sem elhante a outras síndrom es de FH, a da Crim éia-C ongo causa lesão hepática extensa, resultando em icterícia em alguns casos. Os valores do laboratório clínico indicam CID e m ostram elevações na AST, na creatinofosfoquinase e na bilirrubina. Os pacientes com casos fatais geralm ente têm alterações m ais acentu adas, m esm o nos prim eiros dias da doença, e tam bém desenvolvem m ais leucocitose que leucopenia. Além disso, a tro m bocitopenia é m ais acentuada e surge m ais cedo em casos com desfecho fatal. N enhum estudo controlado foi realizado com a ribavirina IV, m as a experiência clínica e a com paração retrospectiva de pacientes com valores de laboratório clínico gravem ente alterados sugerem que a ribavirina seja eficaz e deva ser fornecida. N ão se recom endam v a cinas hum anas ou veterinárias.
Doenças Infecciosas 1630
■ FH COM SÍNDROME RENAL É um a doença am plam ente distribuída n a E uropa e na Ásia e foi a p rim eira a ser identificada com o um a FH; os principais vírus cau sadores e seus reservatórios roedores nesses dois continentes são o Puum ala (no rato silvestre das ribanceiras, Clethrionomys glareolus) e o H antaan (no cam undongo listrado do cam po, A podem us agrarius), respectivam ente. Existem outros vírus causadores em potencial, in cluindo o Dobrava (no cam undongo do cam po de pescoço amarelo, A. flavicollis), que causa FH grave com síndrom e renal nos Bálcãs. O vírus Seul está associado ao rato da N oruega ou rato de esgoto, Rattus norvegicus, e tem distribuição m undial devido à m igração do roedor, estando associado à FH com síndrom e renal leve ou m oderada na Ásia, m as em m uitas áreas do m u n d o tem sido difícil identificar a doença hum ana. A m aioria dos casos ocorre em habitantes rurais ou turistas; a exceção é a doença pelo vírus Seul, que p ode ser adquirida em um am biente urbano ou rural ou de colônias de ratos de labora tório contam inadas. A doença de H antaan clássica da Coréia (FH da Coréia) e da C hina ru ral (FH epidêm ica) é m ais com um na p rim a vera e no outono, estando relacionada com a densidade de roedores e práticas agrícolas. A infecção h u m an a é adquirida principalm ente por aerossóis de urina de roedor, em bora o vírus tam bém esteja p re sente na saliva e nas fezes. Os pacientes com doenças p o r hantavírus
não são infectantes. A FH com síndrom e renal é hoje a form a de FH mais im portante, com m ais de 100.000 casos de doença grave na Ásia por ano, e as infecções m ais leves p o r Puum ala tam bém se contam aos milhares. Os casos graves de FH com síndrom e renal causados pelo vírus H antaan evoluem em estágios distintos: o estágio febril com mialgia, que dura de 3 a 4 dias; o hipotensivo, com frequência associado a choque e que dura de algum as horas a 2 dias; o oligúrico, com in suficiência renal, que dura 3 a 10 dias; e o poliúrico, com diurese e hipostenúria. O estágio febril com eça com início ab ru p to de febre, cefaleia, m ialgia grave, sede, anorexia e com frequência náuseas e vôm itos. Fotofobia, dor retrorbitária e d o r ao m ovim ento ocular são com uns e a visão pode se to rn ar bo rrad a com a inflam ação do corpo ciliar. O eritem a da face, da área em V do pescoço e do dorso é típico, assim com o a hiperem ia faríngea, edem a periorbitário e derram e conjun tival. Petéquias m uitas vezes desenvolvem -se em áreas de pressão, nas conjuntivas e axilas. D or no dorso e sensibilidade à percussão do ângulo costovertebral refletem edem a retroperitonial maciço. Há evidências laboratoriais de CID leve ou m oderada. Os outros achados laboratoriais incluem proteinúria e sedim ento urinário ativo. O estágio de hipotensão é anunciado p o r um a queda da pressão arterial e às vezes choque. A bradicardia relativa típica da fase febril é substituída p o r taquicardia. A ativação de cininas é acentuada. A elevação do hem atócrito reflete aum ento do extravasam ento vascu lar. O corre leucocitose com desvio para a esquerda e trom bocitope nia progride. H á linfócitos atípicos circulantes, na verdade células T CD8+ ativadas (e, em m enor extensão, CD 4+). Proteinúria é acen tuada e a densidade u rin ária cai p ara 1,010. A circulação renal está congesta e com prom etida devido às alterações locais e sistêmicas que resultam em necrose tubular, p articularm ente na junção corticom edular, e oligúria. D urante o estágio oligúrico, a tendência hem orrágica continua, provavelm ente em grande p arte devido aos defeitos hem orrágicos urêm icos. A oligúria persiste p o r 3 a 10 dias antes do retorno da fu n ção renal e m arca o início do estágio poliúrico, que im plica no risco de desidratação e de alterações eletrolíticas. Os casos leves de FH com síndrom e renal podem ser m uito m e nos típicos. A apresentação pode incluir apenas febre, alterações gas trintestinais e oligúria transitória seguida por hipostenúria. Deve-se suspeitar de FH com síndrom e renal em pacientes com exposição rural em um a área endêm ica. O reconhecim ento im ediato da doença p erm itirá a hospitalização rápida e o controle expectante do choque e da insuficiência renal. Os p arâm etros clínicos labora toriais úteis incluem leucocitose, que pode ser leucem oide e está as sociada a desvio para a esquerda, trom bocitopenia e proteinúria. Os fundam entos do tratam ento são o controle do choque, agentes pressores, infusão em m enor grau de cristaloide, uso IV de album ina sé rica hum ana e tratam ento da insuficiência renal com diálise im ediata com as indicações habituais. A hidratação pode resultar em edem a pulm onar e a hipertensão deve ser evitada devido à possibilidade de hem orragia intracraniana. O uso de ribavirina IV reduz as taxas de m ortalidade e de m orbidade nos casos graves, desde que se institua o tratam ento nos 4 prim eiros dias de doença. A taxa de letalidade pode ser até de 15%, m as com o tratam ento apropriado deve ser < 5%. As seqüelas não foram estabelecidas definitivam ente, m as há um a cor relação nos EUA entre a insuficiência renal crônica hipertensiva e a presença de anticorpos para o vírus Seul. As infecções pelo vírus Puum ala, a causa m ais com um de FH com síndrom e renal na E uropa, resulta em um quadro m uito ate nuado, porém com a m esm a apresentação geral. A síndrom e pode ser designada pelo seu nom e anterior, nefropatia epidêmica. M anifes tações hem orrágicas são encontradas em apenas 10% dos casos, em geral observa-se mais hipotensão que choque e a oligúria está presen te em apenas 50% dos pacientes. As características predom inantes podem ser febre, dor abdom inal, proteinúria, oligúria leve e às vezes visão turva ou glaucom a seguidos p o r poliúria e hipostenúria na re cuperação. A taxa de m ortalidade é < 1%.
O diagnóstico é facilm ente feito p o r ELISA de captura de IgM, que deve ser positivo à internação ou em 24 a 48 h após. O isola m ento do vírus é difícil, m as a RCP-TR de u m coágulo sanguíneo coletado no início da evolução clínica ou de tecidos obtidos após a m orte fornecerá resultados positivos. Esse exam e em geral só é feito se a identificação definitiva da espécie viral infectante for exigida ou houver questões epidem iológicas moleculares.
■ SÍNDROME PULMONAR POR HANTAVÍRUS
■ FEBRE AMARELA O vírus da febre am arela causou epidem ias im portantes nas A m é ricas, na Á frica e na E uropa antes que a descoberta da transm issão pelo m osquito, em 1900, levasse ao seu controle m ediante o ataque ao seu vetor urbano, o A. aegypti. Som ente então considerou-se que um ciclo silvestre tam bém existia na África, envolvendo outros m os quitos Aedes e macacos, e que a colonização do Novo M undo com o A. aegypti, originalm ente u m a espécie africana, tivesse estabelecido a febre am arela urbana e um ciclo silvestre da febre am arela in d e pendente nas selvas am ericanas, envolvendo m osquitos Haemagogus e m acacos do Novo M undo. Hoje, a transm issão da febre am arela urbana ocorre apenas em algum as cidades africanas, m as a am eaça existe nas grandes cidades da A m érica do Sul, onde a reinfestação pelo A. aegypti ocorreu e a transm issão da dengue pelo m esm o m os quito é com um . Em 1905, houve m ais de 3.000 casos com 452 m ortes em Nova O rleans devido à “febre am arela”. Apesar da existência de um a vacina altam ente eficaz e segura, várias centenas de casos de fe bre am arela silvestre ocorrem p o r ano na A m érica do Sul e m ilhares de casos silvestres e urbanos ocorrem todo ano n^Á frica. A febre am arela é u m a FH típica acom panhada p o r necrose h e pática proem inente. U m perío d o de virem ia que dura 3 ou 4 dias é seguido p or um período de “intoxicação”. D urante a últim a fase, em casos graves, ocorrem icterícia, hemorragias:, vôm itos negros, anúria e delirium term inal típicos, talvez relacionados em p arte com aco m etim ento hepático extenso. A contagem de leucócitos pode estar norm al ou reduzida e frequentem ente é alta nos estágios term inais. Em geral observa-se album inúria, que pode ser acentuada; quando a função renal declina, nos casos term inais ou graves, o nível de ureia eleva-se proporcionalm ente. As alterações detectadas nas provas de função hepática variam de elevações m odestas dos níveis de AST em casos leves até com prom etim ento grave. A febre am arela urbana po d e ser evitada pelo controle do A. ae gypti. A continuação do ciclo silvestre exige a vacinação de todos os que visitam áreas de transm issão potencial. C om poucas exceções, as reações à vacina são m ínim as; a im unidade é proporcionada em 10 dias e dura 10 anos. A alergia a ovos exige cuidado na adm inis
Infecções Causadas por Vírus Transmitidos por...
A síndrom e pulm onar p or hantavírus foi descoberta em 1993, m as a identificação retrospectiva de casos por im uno-histoquím ica (1978) e sorologia (1959) confirm ou a hipótese de que ela é antes um a doença recém -descoberta e não realm ente nova. Os agentes causadores são hantavírus de um a linhagem filogenética diferente associada à subfamília de roedores Sigm odontinae. O vírus Sin N om bre, que infecta cronicam ente o cam undongo do cervo (Peromyscus maniculatus), é o agente m ais im portante da síndrom e pulm onar p or hantavírus nos EUA. A doença tam bém é causada p or um a variante do vírus Sin Nom bre do cam undongo de patas brancas (P. leucopus), pelo vírus do Canal Black Creek (Sigmodon hispidus, o rato do algodão) ou pelo vírus Bayou (Oryzomyspalustris, o rato do arroz). Vários outros vírus relacionados causam doença na A m érica do Sul, m as o vírus A ndes é singular, porque juntam ente com os hantavírus, tem sido im plicado na transm issão de um ser hum ano para outro. A d oença está associa da a exposição a roedores e acom ete particularm ente os habitantes rurais que vivem em residências perm eáveis à entrada de roedores ou trabalham em ocupações que apresentam risco de exposição a eles. Cada espécie de roedor tem seus próprios hábitos particulares; no caso do cam undongo do cervo, tais com portam entos incluem viver dentro e em volta de habitações hum anas. A doença com eça com um p ró d ro m o de 3 a 4 dias (variação de 1 a 11 dias) incluindo febre, m ialgia, m al-estar e com frequência distúrbios gastrintestinais com o náuseas, vôm itos e d o r abdom inal. A to n tu ra é com um e a vertigem é ocasional. Os sintom as p ro d rô m icos graves fazem com que alguns indivíduos p ro cu rem assistên cia m édica, m as os pacientes em geral são reconhecidos q u an d o a fase c ardiopulm onar se inicia. H á leve d im inuição da pressão a rte rial, taquicardia, taquipneia, hipoxem ia leve e sinais radiográficos precoces de edem a pulm onar. Os achados físicos n o tó rax m uitas vezes são su rp re en d e n tem e n te escassos. O s sinais conjuntivais e cutâneos de acom etim ento vascular vistos em o u tro s tipos de FH estão ausentes. D urante as poucas horas seguintes, a descom pensa ção pode progredir rapidam ente para hipoxem ia grave e insuficiên cia respiratória. A m aioria dos pacientes que sobrevivem às p rim e i ras 48 horas de hospitalização é extubada e recebe alta em alguns dias sem seqüelas aparentes. O tratam ento durante as prim eiras horas após a apresentação é crítico. O objetivo é evitar a hipoxem ia grave p o r m eio de oxigenoterapia e, se necessário, de intubação e controle respiratório intensi vo. D urante esse período, a hipotensão e o choque com aum ento do hem atócrito exigem reposição hídrica agressiva, m as tal intervenção deve ser realizada com grande cuidado. D evido ao baixo débito car díaco com depressão m iocárdica e ao aum ento da perm eabilidade vascular pulm onar, o choque deve ser controlado de form a expectan te com agentes pressores e pouca infusão de líquido orientada pela pressão capilar pulm onar em cunha. Os casos leves podem ser co n trolados p o r m onitoração freqüente e adm inistração de oxigênio sem intubação. M uitos pacientes precisam de intubação para controlar a hipoxem ia e tam bém m anifestam choque. A taxa de m ortalidade perm anece em cerca de 30 a 40%, m esm o com um bom tratam ento. O agente antiviral ribavirina inibe o vírus in vitro, m as não teve um efeito acentuado em pacientes tratados em um estudo aberto. D urante o pródrom o, o d iagnóstico diferencial da síndrom e pulm onar p or hantavírus é difícil, m as n a época da apresentação ou nas 24 horas seguintes, inúm eras m anifestações clínicas úteis para o diagnóstico se tornam aparentes. A tosse em geral está ausente no início, m as pode surgir depois. O edem a intersticial é evidente na radiografia de tórax. Mais tarde, sobrevêm edem a alveolar bilateral
com distribuição central associado a área cardíaca norm al; às vezes, o edem a é unilateral no início. Em m uitos casos encontram -se der ram es pleurais. T rom bocitopenia, linfócitos atípicos circulantes e desvio para a esquerda (m uitas vezes com leucocitose) quase sem pre são evidentes; tro m b o cito p en ia é indício precoce particu larm en te im portante. Tam bém se devem pesquisar hem oconcentração, p ro teinúria e hipoalbum inem ia. E m bora quase sem pre ocorra tro m b o citopenia e o prolongam ento do tem po parcial de trom boplastina seja a regra, em apenas u m a m in o ria dos casos são encontradas evi dências clínicas de coagulopatia ou achados laboratoriais de CID, em geral em pacientes gravem ente enferm os que tam bém apresen tam acidose e níveis séricos elevados de lactato. Valores discreta m ente aum entados nas provas de função renal são com uns, mas os pacientes em estado grave com frequência têm concentrações acen tu adam ente elevadas de c reatin in a sérica; alguns outros vírus que não o Sin N om bre estão associados a um m aior acom etim ento renal, m as poucos desses casos foram estudados. O diagnóstico diferen cial inclui afecções cirúrgicas abdom inais e pielonefrite, bem com o riquetsioses, sepse, m eningococcem ia, peste, tularem ia, influenza e febre recorrente. O diagnóstico específico é definido pela pesquisa de IgM do soro da fase aguda, que p roduziu resultados positivos m esm o no p ró d ro mo. Testes usando o antígeno do vírus Sin N om bre detectaram h a n tavírus relacionados causando a síndrom e p ulm onar nas Am éricas. Ocasionalm ente, os vírus heterólogos só reagirão no ELISA IgG, mas tal achado é altam ente suspeito dada a soroprevalência m uito baixa desses vírus em populações norm ais. A RCP-TR geralm ente é posi tiva quando usada para testar coágulos sanguíneos obtidos nos 7 a 9 prim eiros dias de doença, bem com o em tecidos; ela é útil ainda na identificação de vírus infectantes em áreas fora do alcance dom éstico do cam undongo do cervo e nos casos atípicos.
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tração da vacina. E m bora não haja efeitos perigosos docum entados da vacina sobre o feto, as m ulheres grávidas devem ser im unizadas apenas se estiverem correndo risco com provado de exposição à fe bre amarela. C om o a vacinação está associada a vários casos de e n cefalite em crianças com m enos de 6 m eses, ela deve ser adiada até a criança com pletar 1 ano de idade, a m enos que o risco de exposi ção seja m uito alto. Reações adversas raras, sérias e m ultissistêm icas (ocasionalm ente fatais) têm sido relatadas, em particular em idosos; não obstante, o núm ero de m ortes de viajantes que não foram im u nizados com a vacina contra a febre am arela ultrapassa o dos vaci nados, devendo-se insistir em um a política de vacinação liberal dos que viajam para as áreas envolvidas. Inform ações atualizadas sobre alterações na distribuição da febre am arela e a necessidade de vacina de febre am arela podem ser obtidas dos Centers for Disease C ontrol and Prevention (wwwnc.cdc.gov/travel).
■ FEBRE HEMORRÁGICA DA DENGUE/SÍNDROME DE CHOQUE DA DENGUE
Doenças Infecciosas
Um a síndrom e de FH observada na década de 1950 entre crianças das Filipinas e do Sudeste Asiático foi logo associada a infecções pelo vírus da dengue, em particular as que ocorrem em casos de exposição prévia a outro sorotipo do vírus da dengue. A proteção heterotípica transitória após a infecção pelo vírus da dengue é substituída em vá rias sem anas pelo potencial para infecção heterotípica, resultando em dengue típica (ver anteriorm ente) ou - mais raram ente - para inten sificação da doença (FH D/SCD secundária). Em raras situações, as infecções prim árias de dengue levam a um a síndrom e de FH, porém sabe-se m uito m enos sobre a patogenia nessa situação. Nos últim os 20 anos, o A. aegypti reinvadiu progressivam ente a A m érica Latina e outras áreas, e a viagem freqüente de indivíduos infectados introduziu m últiplas cepas do vírus da dengue de diversas áreas geográficas. As sim, o padrão de transm issão hiperendêm ica dos m últiplos sorotipos de dengue foi agora estabelecido nas Am éricas e no Caribe e levou ao surgim ento da FH D/SCD com o um problem a im portante nesses lo cais. M ilhões de infecções por dengue, incluindo m uitos m ilhares de casos de FHD/SCD, ocorrem anualm ente. É improvável que a síndro m e grave seja vista em cidadãos norte-am ericanos, um a vez que p o u cas crianças têm os anticorpos contra a dengue que podem desenca dear a cascata patogênica quando um a segunda infecção é adquirida. A infecção de m acrófagos/m onócitos é fundam ental para a p a togenia da dengue e para a origem de FH D/SCD . A infecção prévia p or um sorotipo heterólogo do vírus da dengue pode resultar na p ro dução de anticorpos antivirais não protetores que, apesar disso, se ligam à superfície do virion e m ediante interação com o receptor Fc fixam os vírus da dengue secundários na célula-alvo, resultando na intensificação da infecção. O hospedeiro tam bém é estim ulado para um a resposta secundária de anticorpo q uando os antígenos virais são liberados e os complexos im unes levam à ativação da via clássica do com plem ento, com os conseqüentes efeitos flogísticos. A reatividade cruzada de célula T resulta na liberação de citocinas fisiologicam ente ativas, incluindo interferon y e fator de necrose tum oral a . A in d u ção de perm eabilidade vascular e choque depende de m últiplos fato res, incluindo: 1. A presença de anticorpos exacerbadores (enhancing) e não neu tralizantes - anticorpos m aternos transplacentários podem es tar presentes em lactentes com m enos de 9 meses de idade, ou anticorpos obtidos p or infecção prévia p o r dengue heterólogo podem estar presentes em indivíduos mais velhos. A reativida de da célula T tam bém está intim am ente envolvida. 2. Idade - a suscetibilidade à FH D /SC D cai consideravelm ente após os 12 anos de idade. 3. Sexo - as m ulheres são acom etidas com m aior frequência do que os hom ens.
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4. Raça - os brancos são m ais frequentem ente acom etidos do que os negros. 5. Estado nutricional - a desnutrição é protetora. 6. Seqüência de infecção - p o r exemplo, o sorotipo 1 seguido pelo sorotipo 2 parece ser m ais perigoso que o sorotipo 4 seguido pelo sorotipo 2. 7. Sorotipo infectante - o tipo 2 aparentem ente é m ais perigoso que outros sorotipos. Além disso, há um a variabilidade considerável entre as cepas de determ inado sorotipo, com as do sorotipo 2 do Sudeste Asiático ten do mais potencial de causar FH D /SCD do que outras. A FH da dengue é id en tificad a pela detecção de tendências hem o rrág icas (teste do to rn iq u e te , p e té q u ias) o u san g ram en to franco n a ausência de causas subjacentes, com o lesões g astrintes tinais preexistentes. A síndrom e de choque da dengue, geralm ente acom panhada p o r sinais hem orrágicos, é m uito m ais grave e resul ta de aum ento da perm eabilidade vascular que leva ao choque. Na FH D /SC D leve, observam -se inquietude, letargia, trom bocitopenia (< 100.00/(jtL) e h e m o c o n ce n traç ão de 2 a 5 dias após o início da dengue típica, em geral na época de defervescência. O exantem a m aculopapular que com frequência se desenvolve na dengue ta m bém po d e aparecer na FH D /SC D . Em casos m ais graves o choque franco é aparente, com pressão de pulso baixa, cianose, hep ato m e galia, derram es pleurais, ascite e, em alguns casos, equim oses graves e hem orragia digestiva. O p e río d o de choque d u ra apenas 1 a 2 dias e a m aioria dos pacientes resp o n d e im ediatam ente à m onitoração rigorosa, à ad m in istração de oxigênio e à infusão de solução cristaloide ou - em casos graves - coloide. As taxas de letalidade/caso relatadas v ariam m uito com a c onfirm ação de casos e a qualidade do tratam ento; no entanto, a m aioria dos pacientes com FH D/SCD responde bem ao tratam en to de suporte e a taxa de m ortalidade ge ral em um centro com experiência em doenças tropicais é provavel m ente tão baixo q uanto 1%. O diagnóstico virológico pode ser feito pelos m eios usuais, em bora infecções m últiplas p o r flavivírus levem a um a resposta im u nológica am pla contra vários m em bros do grupo, situação que pode resultar em falta de especificidade viral das respostas im unológicas de IgM e IgG. A resposta hu m o ral secundária pode ser pesquisada com testes contra vários antígenos de flavivírus para d em onstrar o amplo espectro de reatividade. A chave para o controle tanto da dengue quanto da FH D/SCD é o controle do A. aegypti, que tam bém reduz o risco de febre amarela urbana e a circulação do vírus chikungunya. Os esforços de controle têm sido dificultados pela presença de pneus não degradáveis e reci pientes plásticos de longa vida em depósitos de lixo, pela resistência ao inseticida, pela pobreza urbana e pela incapacidade dos órgãos de saúde pública em m obilizar o povo para responder à necessidade de elim inar os locais de reprodução dos m osquitos. As vacinas de vírus vivo atenuado contra a dengue estão nos estágios finais de desenvol vim ento e produziram resultados prom issores nos testes iniciais. A possibilidade de as vacinas conferirem im unidade durável e segura a um a doença im unopatológica com o a FH D /SCD em áreas endêm i cas é um a questão que terá de ser testada, m as espera-se que a vacina ção reduza a transm issão para níveis desprezíveis.
■ DOENÇA DA FLORESTA KYASANUR E FEBRE HEMORRÁGICA DE OMSK O vírus da Floresta de Kyasanur e o vírus da FH e O m sk são flaviví rus transm itidos p o r carrapatos são geograficam ente restritos, que causam um a síndrom e de FH viral du ran te um a onda de virem ia e que podem p en etrar no SNC, causando encefalite viral subsequente (ver discusão da “Encefalite tran sm itid a p o r carrapatos”, a nterior m ente). Não existe n en h u m tratam en to para essas infecções, porém
um a vacina inativada tem sido usada n a índia contra a doença da Floresta de Kyasanur. Um isolado de vírus novo e relacionado foi ob tido de açougueiros com FH no O riente Médio; a im plicação é a de que existem m ais agentes desse grupo.
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CAPÍ T ULO
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Vírus Marburg e Ebola Clarence J. Peters ■ DEFINIÇÃO Os vírus M arburg e Ebola causam um a doença febril aguda associada a um a alta taxa de m ortalidade, caracterizada p or envolvim ento m ultissistêm ico e início abrupto de cefaleia, m ialgias e febre, que evolui com prostração, exantem a, choque e frequentem ente m anifestações hem orrágicas. As epidem ias em geral com eçam com u m único caso contraído de um reservatório natural desconhecido (há suspeita de que os m orcegos estejam envolvidos; ver “E pidem iologia”, adiante) e dissem inado principalm ente p or m eio de contato íntim o com pes soas enferm as ou seus líquidos corporais, seja no lar ou no hospital.
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gentes com uns. Os vírus são am plam ente destruídos pelo calor (60°C p o r 30 m in) e pela acidez, m as p odem perm anecer p or sem anas no sangue à tem peratura am biente. A glicoproteína se liga a si própria form ando as espículas da superfície do virion, que supostam ente m edeiam a fixação às células e a fusão. O conteúdo com alta co n centração de açúcar da glicoproteína po d e c ontribuir para sua bai xa capacidade de estim ular a produção de anticorpos neutralizantes eficazes. U m a form a m en o r da glicoproteína, contendo m uitos de seus determ inantes antigênicos, é pro d u zid a p o r células infectadas in vitro e encontrada na circulação na doença hum ana; especula-se que essa proteína solúvel circulante possa suprim ir a resposta im une à proteína de superfície do virion ou bloquear m ecanism os efetores antivirais. Tanto o vírus M arburg quanto o Ebola são patógenos clas sificados no nível 4 de biossegurança em função da alta taxa de m or talidade associada e da infectividade do aerossol.
■ EPIDEMIOLOGIA O vírus M arburg foi identificado pela p rim e ira vez na A lem anha, em 1967, quando m acacos verdes africanos (Cercopithecus aethiops) infectados, im portados de Uganda, transm itiram o agente para téc nicos de laboratórios de vacinas. D os 25 casos hum anos contraídos de macacos, 7 acabaram em m orte. O s 6 casos secundários foram as sociados a contato íntim o ou exposição parenteral. D ocum entou-se dissem inação secundária para a esposa de um paciente, e isolou-se o vírus do sêm en do m arido apesar da presença^de anticorpos séri cos circulantes. Casos isolados de infecção pelo vírus M arburg foram relatados no sudeste e no leste da África, com propagação limitada. A seguir, em 1999, foi estudada a transm issão repetida do vírus M arburg em trabalhadores de u m a mináT de ouro no leste da Repú blica D em ocrática do C ongo (RDC; antigo Zaire). A dissem inação secundária do vírus entre fam iliares de pacientes foi m ais extensa do que a previam ente notada, lem brando aquela do vírus Ebola e suge rindo a im portância da higiene e da assistência de enferm agem com barreira adequada na epidem iologia desses vírus na África. Por fim, em 2004-2005, ocorreu em Angola um a epidem ia m aci ça e alarm ante causada pelo vírus M arburg, com m ais de 250 casos. Os aspectos epidem iológicos lem bram os das epidem ias pelo vírus Ebola descritas adiante, e a taxa de fatalidade de casos foi de 90%, um
Vírus Marburg e Ebola
■ ETIOLOGIA A família Filoviridae (Fig. 197.1) abrange 2 gêneros antigênica e ge neticam ente distintos: o M arburgvirus e o Ebolavirus. O Ebolavirus tem cinco espécies facilm ente identificáveis denom inadas segundo seus locais originais de reconhecim ento: Zaire, Sudão, Costa do M ar fim, B undibugyo e Reston. C om exceção do vírus Reston, todos os Filoviridae são vírus africanos causadores de doenças graves e fre quentem ente fatais no hom em (Figs. 197.2 e 197.3). O vírus Res ton, que foi exportado das Filipinas em várias ocasiões, tem causado infecções fatais em m acacos, m as apenas infecções subclínicas no hom em . Cepas diferentes das cinco espécies do Ebola, isoladas em tem pos e locais diversos, exibem notável conservação de seqüência, indicando acentuada estabilidade genética em seu nicho seletivo. As partículas típicas de filovírus contêm só um RNA linear, de filam ento único e sentido negativo, disposto em um nucleocapsídio helicoidal. Os virions têm 790 a 970 nm de com prim ento; tam bém podem apresentar form as contorcidas e alongadas (Fig. 197.4). O in vólucro lipídico confere sensibilidade a solventes lipídicos e a deter
SQ et al: Hantavirus pulm onary syndrome. Infect Dis Clin N orth Am 24:159,2010
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Figura 197.1
Árvore filogenética dos filovíruses. 0 Marburgvirus e o Ebolavirus são considerados dois gêneros diferentes. 0 gênero Ebolavirus inclui cinco espécies distintas. Observe que os vírus Yambuku e Kikwit Zaire são praticamente idênticos, embora as epidemias pelas quais foram responsáveis sejam separadas por duas décadas e por centenas de quilômetros de distância. O sequenciamento de praticamente cada um dos vírus dessas duas epidemias mostra que eles são idênticos na parte do geno ma examinado. Esse padrão é típico daquele observado com introduções simples, seguidas de passagem inter-humana através de agulha, ou, por contato íntimo em um hospital africano. No ramo da árvore do Marburgvirus, existe um importante clade com um grupo ligeiramente divergente, caracterizado pelo isolado Ravn Kenya, em 1987. Todos os vírus do importante surto de Angola, em 2005, são representados por um único vírus, visto que as seqüências nessa epidemia inter-humana são praticamente idênticas. Entretanto, no surto que ocorreu na República Democrática do Congo (RDC) em 1999, com múltiplas inecções independentes após entrada em uma caverna, dois vírus com filogenia ligeiramente diferente são representados dentro do principal grupo, existe até mesmo outro vírus dentro do subgrupo Ravn. Essas seqüências foram selecionadas de centenas determinadas nos U.S. Centers for Disease Control and Prevention e em outras partes. (Adaptada de Peters, 2010)
valor elevado que em parte talvez se deva às con dições precárias dos hospitais africanos, m as o ví rus isolado d urante aquela epidem ia era um pouco diferente em term os filogenéticos de outras cepas conhecidas e exibia m aior virulência em prim atas não hum anos. Em 1976, apareceu pela prim eira vez o vírus Ebola, causando epidem ias sim ultâneas de febre hem orrágica grave (550 casos hum anos) no Zaire e no Sudão. M ais tarde, d em onstrou -se que dife rentes espécies do vírus (associadas a 90 e 50% da m ortalidade, respectivam ente) causaram as duas epidem ias. A m bas foram relacionadas com a dis sem inação interpessoal (em particular no ambiente hospitalar) e com o uso de agulhas e seringas não esterilizadas, prática com um em hospitais de países em desenvolvim ento. As epidem ias dim inuíram à m edida que am bulatórios foram fechados e que as pessoas da área endêm ica evitaram cada vez mais os indivíduos contam inados e as práticas tradicio nais de sepultam ento. D epois de um intervalo de aparente inatividade de quase 20 anos, o vírus Ebola do Zaire recidivou em um a epidem ia m aior (317 casos) na RDC, em 1995, e em epidem ias m enores no Gabão, de 1994 a 1996. As taxas de m ortalidade foram altas (88% na RDC), a transm issão para os cuidadores e outros que tiveram contato direto com líquidos corporais foi com um e a higiene precária em hospitais au m en to u essa dissem inação. Na epidem ia da RDC, um caso-índice foi infectado em Kikwit, em janeiro de 1995, e ficou latente até abril, quando a tran s m issão hospitalar intensa forçou o fecham ento dos hospitais. A m ostras foram finalm ente enviadas ao
Doenças Infecciosas
‘87 Q uênia ‘80
C osta do G abão República do Congo
Zim babw e ‘75
Kam pala Entebbe
Figura 197.3
Figura 197.2
À esquerda: Áreas geográficas de identificação de espécies
de Ebolavirus, representadas por pontos (amarelo, Zaire; verde, Sudão; vermelho, Costa do Marfim; preto, Bundibugyo), na floresta primária ou secundária da África Central ou adjacente a ela. Até mesmo o Ebolavirus da Costa do Marfim foi isolado na reserva florestal Tai. À direita: mapa ampliado de Uganda, mostrando a zona ao longo da fronteira da República Democrática do Congo (RDC, antigo Zaire), onde foi iden tificada a mais nova espécie de Ebolavirus, em Bundibugyo. Bundibugyo e a cidade próxima de Kikyo, que também foi afetada por essa epidemia, são cidades turísticas próximas a Kampala, capital da Uganda. (Adaptada de Peters, 2010)
Mapas do continente africano e Gabão (com a República do Congo adjacente) mostrando a distribuição geográfica da identificação do Marburgvi rus. Os pontos vermelhos indicam um caso ou uma epidemia. Uige, em Angola, é o local da maior epidemia do Marburg (252 casos, com taxa de mortalidade de 90%). As cepas angolanas diferem em apenas 0 a 0,07% em nível de nucleotídios (Fig. 197.1). 0 surto de Durba durou 3 anos e caracterizou-se por múltiplas introduções do vírus em homens que entraram em uma mina subterrânea. Foram detectadas nove linhagens distintas, das quais uma encontrava-se na linhagem Ravn bastante distante (21 %). Os pontos vermelhos no mapa do Gabão indicam a detecção do vírus em morcegos por PCR. (Adaptada de Peters, 2010)
Figura 197.4 Virions do Ebola: amostra diagnóstica da primeira passagem em células Vero de uma amostra de sangue de um paciente. Alguns dos virions filamentosos (corados negativamente) se fundiram, extremidade com extremidade, criando o aspecto de “ uma tigela de espaguete” . Esta imagem é do primeiro isolamento e visualização do vírus Ebola em 1970. (Cortesia de FredrickA. Murphy, MD, University of Texas Medicai Branch, Galveston, Texas; com autorização.)
■ PATOLOGIA E PATOGENIA Em seres h um anos e em m odelos anim ais, os vírus M arburg e Ebola replicam -se bem em praticam ente todos os tipos de células, incluin do as endoteliais, m acrófagos e células parenquim atosas de m últi plos órgãos. Em sím ios do gênero M acacus, o co m prom etim ento inicial - do sistem a fagocítico m o n o n u clear - , é responsável pelo início do processo da doença. N a doença h u m an a e em sím ios do gênero Macacus, a suprarregulação do fator tecidual e a coagulação intravascular dissem inada (CID ) constituem os m ecanism os desencadeantes. A replicação viral está associada a necrose celular in vivo e in vitro. Os achados significativos à m icroscopia óptica incluem necrose hepática com corpúsculos de C ouncilm an, inclusões in tra celulares correlacionadas com coleções extensas de nucleocapsídios virais, pneum onite intersticial, nódulos gliais cerebrais e pequenos infartos. A ntígenos e virions são abundantes n os fibroblastos, inters tício e (em m en o r grau) nos apêndices dos tecidos subcutâneos dos casos fatais; po d erá o co rrer escape através de pequenas fissuras na pele ou possivelm ente através das glândulas sudoríparas e, se assim for, pode ser que tenha correlação com o risco epidem iológico esta belecido do contato íntim o com pacientes e do ato de tocar em p a cientes m ortos. Células inflam atórias não são proem inentes, m esm o nas áreas necróticas. Além do dano direto da infecção viral, os pacientes infectados pelo vírus Ebola (Zaire) têm altos níveis circulantes de citocinas proinflam atórias, que presum ivelm ente contribuem p ara a gravidade da doença. De fato, o vírus interage intim am ente com o sistem a de citocinas celulares. É resistente aos efeitos antivirais do interferon a , em bora esse m ediador seja induzido am plam ente. A infecção viral das células endoteliais inibe, de form a seletiva, a expressão das m o léculas da classe I do com plexo de histocom patibilidade principal e bloqueia a indução de vários genes p o r m eio dos interferons. Além disso, a expressão da glicoproteína inibe a expressão da integrina V, um efeito que leva ao despren d im en to e à m orte subsequente das células endoteliais in vitro e que está correlacionado com a resposta inflam atória lim itada observada nas lesões. A infecção aguda está associada a altos níveis de vírus circulantes e antígenos virais. A m elhora clínica acontece quando os títulos virais dim inuem concom itantem ente com o início de um a resposta im une específica contra o vírus, detectada pelo ensaio de im unoadsorção li gada a enzim a (ELISA) ou pela prova do anticorpo fluorescente. Nos casos fatais, em geral existem poucas evidências de resposta hum oral e há depleção extensa do baço e dos linfonodos. A amplificação do vírus Ebola Sudão p or PCR m ostra um a correlação entre a concen tração sérica de RNA viral e a probabilidade de m orte. A recuperação
Vírus Marburg e Ebola
laboratório para pesquisa do vírus Ebola, que p roduziu resultados positivos em poucas horas. Forneceu-se assistência internacional, com m ateriais e instruções para a prestação de assistência de enfer magem com barreira; a transm issão nos hospitais cessou, eles foram reabertos e pacientes foram isolados para evitar dissem inação intrafamiliar. O últim o caso foi relatado em ju n h o de 1995. O corrências isoladas do vírus Ebola (Zaire) foram detectadas no Gabão, de 1994 a 2003, geralm ente associadas à exposição a florestas virgens e à subsequente transm issão fam iliar ou hospitalar. Foram docum entadas m ortes sucessivas de prim atas não hum anos algum as vezes, e a infecção pelo vírus Ebola foi confirm ada em pelo m enos alguns animais. No episódio de 1996, um m édico exposto a pacientes infectados pelo vírus Ebola viajou para a Á frica do Sul com febre; um a enferm eira que ajudou na dissecção venosa do m édico desen volveu febre hem orrágica pelo Ebola e m orreu, apesar do tratam en to intensivo. O paciente-índice foi identificado retrospectivam ente com base nos anticorpos do soro e no isolam ento do vírus no sêm en. N enhum outro caso foi detectado a p a rtir dos cuidados com o caso prim ário ou o secundário, nem houve casos secundários após os cui dados de um caso insuspeito causado pelo vírus Ebola da Costa do M arfim na Suíça. Após a sua prim eira atividade docum entada, em 1976, a espécie Ebola do Sudão re tornou na form a epidêm ica, causando um surto indolente em Uganda, em 2000-2001. Esse surto extinguiu a vida de 224 (53%) de 425 pacientes. O subtipo Reston do vírus Ebola foi detectado pela p rim eira vez nos EUA em 1989, quando causou um a doença fatal altam ente transm issível entre m acacos cinom olgos im portados das Filipinas e em quarentena em Reston, na Virgínia, enquanto aguardavam a dis tribuição para pesquisadores biom édicos. Essa e outras aparições do vírus Reston foram investigadas em u m a em presa de exportação nas Filipinas, m as nenhum a fonte natural foi estabelecida até a descober ta dessa espécie viral em suínos das Filipinas. Foram encontradas evi dências sorológicas ocasionais de infecção hum ana, porém nenhum caso de doença hum ana foi identificado. Estudos epidem iológicos (incluindo pesquisas específicas n a epi dem ia de Kikwit) não encontraram evidências de um papel im p o r tante das partículas aerotransportadas na doença hum ana. Essa falta de evidências epidem iológicas surpreende e parece conflitar com a classificação dos vírus com o patógenos do nível 4 de biosseguran ça (que, em grande parte, se baseia na infectividade do aerossol) e com as avaliações laboratoriais form ais que m ostram o alto grau de
infectividade do aerossol para os macacos. Os seres hum anos enfer m os aparentem ente não geram quantidades suficientes de aerossóis infectantes para serem considerados um risco significativo àqueles ao seu redor. E m bora haja relatos de num erosas m ortes entre chim panzés e gorilas (a ponto de am eaçar a viabilidade dessas espécies em risco de extinção), esses anim ais (com o os seres hum anos) parecem ser sentinelas da atividade do vírus. A especulação sobre os reservatórios verdadeiros concentra-se nos m orcegos, m as as evidências prelim i nares indicam que os m orcegos na verdade possam ser os reservató rios dos filovírus. Tais evidências incluem a detecção de anticorpos e produtos da reação em cadeia da polim erase com transcriptase rever sa (PCR-TR) em morcegos, os achados epidem iológicos em m inas de ouro subterrâneas em D urba (RDC), onde ocorreu transm issão do vírus M arburg, e associações relatadas de produção hum ana de a n ticorpos com a m anipulação de m orcegos. O isolam ento recente do vírus M arburg de m orcegos de fruta egípcios (Rousettus aegyptiacus) capturados em U ganda na proxim idade de casos de doença hum ana fortalece a hipótese de m orcegos com o reservatórios, p orém a relação biológica exata e o ciclo natural ainda não foram elucidados.
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é aparentem ente m ediada pela resposta im une celular: o plasm a da fase convalescente tem pouca capacidade de neutralização do vírus in vitro e não fornece proteção aos seres hum anos e em experim entos de transferência passiva em m odelos de m acacos e cobaias.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Após um período de incubação de aproxim adam ente 7 a 10 dias (va riação de 3 a 16 dias), o paciente m anifesta abruptam ente febre, cefa leia intensa, mal-estar, mialgia, náuseas e vômitos. A febre contínua é acom panhada de diarréia (frequentem ente grave), dor torácica (acom panhada de tosse), prostração e atividade m ental dim inuída. Em p a cientes de pele clara (e com menos frequência naqueles de pele escura), um exantema m aculopapular surge em torno de 5 a 7 dias e é seguido por descamação. H em orragia pode iniciar-se nesse período, aparente em qualquer mucosa e no interior da pele. Em algumas epidemias, m e nos de 50% dos pacientes teve hem orragia aparente, m anifestação não observada em alguns casos fatais. Os achados adicionais incluem ede m a da face, pescoço e/ou bolsa escrotal, hepatomegalia, rubor, hiperem ia da conjuntiva e faringite. Em cerca de 10 a 12 dias após o início da doença, a febre contínua pode ceder com a m elhora e a subsequente re cuperação do paciente. O recrudescim ento da febre pode estar associa do a infecções bacterianas secundárias ou possivelmente à persistência localizada do vírus. Relatou-se a ocorrência tardia de hepatite, uveíte e orquite, com isolamento do vírus no sêm en ou detecção de produtos pela PCR em secreções vaginais por várias semanas.
TRATAMENTO
Infecções pelos vírus Marburg e Ebola
N enhum a terapia antiviral específica está disponível e - diante do envolvim ento viral extenso nos casos fatais —, o tratam ento de suporte pode ser m enos útil do que se acreditava. C ontudo, estudos realizados em m acacos rhesus m ostraram aum ento da so brevida entre anim ais tratad o s com um inibidor do fator V ila/ fator tecidual ou com proteína C ativada; esse efeito dem onstra a im portância da CID na patogenia. A lém disso, a intervenção d i reta contra a replicação viral com RNA de interferência pequeno (siRNA) m ostra-se efetiva na profilaxia pós-exposição contra a espécie Zaire altam ente virulenta em sím ios do gênero Macacus. Deve-se considerar a possibilidade de extravasam ento vascular na circulação pulm onar e sistêm ica e de com prom etim ento da fu n ção m iocárdica no tratam ento vigoroso do choque. O m ecanism o de fusão da m em brana do vírus Ebola lem bra o dos retrovírus, e a identificação das seqüências “fúsogênicas” sugere que poderiam ser desenvolvidos inibidores da entrada na célula. Apesar da ca pacidade reduzida de neutralização de soros policlonais da fase convalescente, o phage display do m RNA de im unoglobulinas de m edula óssea convalescente p ro d u ziu anticorpos m onoclonais com capacidade neutralizante in vitro e que m edeiam a proteção em m odelos de cobaias (m as infelizm ente não nos m odelos mais sensíveis de m acacos).
■ ACHADOS LABORATORIAIS A leucopenia é com um ente precoce e a neutrofilia inicia-se m ais ta r de. A contagem de plaquetas cai abaixo (às vezes m uito abaixo) de 50.000/|xL. H á evidências laboratoriais de CID, m as seu significado clínico e a necessidade de terapia são controversos. Os níveis séricos de alanina e aspartato-am inotransferases (em particular da últim a) aum entam progressivam ente, e em alguns casos ocorre icterícia. A amilase sérica pode ser elevada, aum ento que pode estar associado a do r abdom inal sugestiva de pancreatite. A proteinúria é com um e a redução da função renal é proporcional ao choque.
■ DIAGNÓSTICO
Doenças Infecciosas 1636
A m aioria dos pacientes agudam ente enferm os com vírus Ebola ou M arburg apresenta altas concentrações de vírus no sangue. O ELISA para detecção de antígeno é um a m odalidade diagnostica sólida e sen sível. O isolam ento do vírus e a PCR de transcrição reversa tam bém são eficientes e fornecem um a sensibilidade adicional necessária em alguns casos. Os pacientes em recuperação desenvolvem anticorpos IgM e IgG, que são prontam ente detectados pelo ELISA. O teste do anticorpo im unofluorescente indireto com am ostras de soro parea das constitui um instrum ento diagnóstico eficaz na m aioria dos casos agudos, porém é extrem am ente enganoso em levantam entos soroló gicos populacionais para a atividade do vírus Ebola. A PCR em tem po real é extrem am ente útil para detectar a necessidade de quarentena ou a ocorrência de dissem inação geográfica. À necropsia, biópsias de pele são com plem entos extrem am ente úteis no diagnóstico de infec ção pelo vírus Ebola (e, em m enor escala, nas infecções pelo vírus M arburg) em função da presença de grandes quantidades de antígeno viral, do risco relativamente baixo pela obtenção da am ostra e da falta de exigências de conservação p ara tecidos fixados com formol.
■ PREVENÇÃO Não há vacinas ou agentes antivirais disponíveis, m as precauções com o a assistência de enferm agem com b arreira nos hospitais afri canos podem dim in u ir m uito a dissem inação de filovírus além do caso-índice e, assim, prevenir epidem ias de infecção por esses vírus e tam bém p o r outros agentes. Um gene de glicoproteína do vírus Ebola introduzido em vetor adenoviral m ostrou-se p rotetor em prim atas não hum anos e está sendo pesquisado em estudos da fase 1 em seres hum anos. U m a vacina experim ental baseada no vírus da estom atite vesicular tem protegido sím ios do gênero Macacus quando adm inis trada antes e depois da infecção pelo vírus Ebola Zaire.
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T ow ner
SEÇÃ016
Infecções Causadas por Fungos
CAPÍ T ULO
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±
Diagnóstico e Tratamento das Infecções Fúngicas John E. Edwards, Jr. ■ TERMINOLOGIA E MICROBIOLOBIA
■ DIAGNÓSTICO O diagnóstico definitivo de qualquer infecção fúngica requer a iden tificação histopatológica do fungo, acom panhada p o r evidência de um a resposta inflam atória. A identificação de um a resposta inflam a tória tem m uita im portância no caso da infecção p o r Aspergillus, um fungo onipresente que pode flutuar no ar para o m aterial de biópsia. Portanto, em circunstâncias raras, m as im portantes, ele é um contam inante ex vivo d u ran te o processam ento de um a am ostra para m icroscopia, com conseqüente diagnóstico incorreto. Os corantes m ais com uns para identificar fungos são o ácido periódico de Schiff e a prata m etenam ina de G om ori. A Candida, ao contrário de outros fungos, é visível em esfregaços de tecido corados pelo Gram . A colo ração de hem atoxilina eosina não é suficiente para identificar Can dida em am ostras de tecidos. Q u ando positiva, um a preparação de nanquim do líquido cerebrospinal (LCS) é diagnostica para crip to cocose. A m aioria dos laboratórios usa agora o calcofluorado branco com m icroscopia fluorescente para identificar fungos em am ostras de líquidos. Investigações extensas para o diagnóstico de infecções fúngicas de órgãos profundos levaram ao desenvovim ento de um a variedade de testes com graus diferentes de especificidade e sensibilidade. Os mais confiáveis são a detecção de anticorpos dirigidos contra Coccidioides im m itis no soro e no LCS, do antígeno de Histoplasma cap sulatum na urina, no soro e no LCS, e do antígeno polissacarídico criptocócico tam bém no soro e no LCS. Esses testes possuem sen sibilidade e especificidade gerais de 90%; entretanto, devido à exis tência de variabilidade entre os laboratórios, é aconselhável efetuar testes em m últiplas ocasiões. O teste para galactom anano tem tido amplo uso na Europa e agora foi aprovado nos EUA para o diagnós tico de aspergilose. As fontes de preocupação no que concerne ao galactom anano são a incidência de resultados falsos negativos e a n e cessidade de testes seriados m últiplos para reduzir essa incidência. O teste do a-g lu can o p ara Candida tam bém está sendo avaliado, mas, com o o do galactom anano, requer validação adicional; esse teste tem um valor preditivo negativo de cerca de 90%. N um erosos ensaios de reação em cadeia da polim erase (RCP) para detectar antígenos estão em estágios de desenvolvim ento, com o as técnicas de hibridização do ácido nucleico. Dos m icrorganism os fúngicos, a Candida é, sem dúvida, o mais frequentem ente isolado do sangue. E m bora espécies desse gênero possam ser detectadas com qualquer sistem a de hem ocultura auto m atizado em pregado atualm ente em am pla escala, a técnica de lise-
Diagnóstico e Tratamento das Infecções Fúngicas
Tradicionalm ente, as infecções fúngicas têm sido classificadas em categorias específicas com base na localização anatôm ica e na epi dem iologia. As categorias anatôm icas gerais m ais com uns são a infecção m ucocutânea e de órgãos profundos e as categorias epidemiológicas gerais m ais com uns são as endêm icas e as oportunistas. Em bora as infecções mucocutâneas possam causar m orbidade grave, raras vezes elas são fatais. As infecções de órgãos profundos tam bém causam doença grave em m uitos casos e, ao contrário das infecções m ucocutâneas, costum am ser fatais. As micoses endêmicas (p. ex., coccidioidomicose) são infecções causadas p or m icrorganism os fúngicos que não fazem p arte da flora h u m an a no rm al e que são a d quiridos de fontes ambientais. Em contraste, as infecções oportunistas são causadas por m icrorganism os (p. ex., Candida e Aspergillus) que costum am ser com ponentes da flora hum ana n orm al e cuja ubiquidade na natureza facilita sua aquisição p or hospedeiros im unocom prom etidos. Fungos oportunistas causam infecções graves quando a resposta im unológica do hospedeiro torna-se ineficaz, p erm itindo que os m icrorganism os em transição passem de com ensais inofensi vos para patógenos invasivos. C om frequência, a baixa efetividade do sistema im une resulta das terapias m odernas avançadas que, coinci dentem ente, desequilibram a flora do hospedeiro ou interferem d ire tam ente nas respostas im unológicas. As m icoses endêm icas causam doença m ais grave nos pacientes im unocom prom etidos do que em indivíduos im unocom petentes. Os pacientes adquirem infecção de órgãos profundos po r fungos endêm icos quase exclusivamente por inalação, As infecções cutâneas resutam de dissem inação hem atogênica ou, com m ais frequência, de contato direto com o solo - o reservatório natural da grande m aioria das micoses endêm icas. Os fungos derm atofíticos podem ser adqui ridos p or transm issão de um a pessoa para outra, m as a m aioria das infecções resulta de contato ambiental. Em contraste, os fungos opor tunistas do gênero Candida invadem o hospedeiro a p a rtir de locais norm ais de colonização, em geral as m ucosas do trato gastrintestinal. Geralm ente, a im unidade inata é o m ecanism o de defesa prim ário contra fungos. Em bora ocorra form ação de anticorpos específicos d u rante m uitas infecções fúngicas (e m esm o durante o com ensalism o), em geral elas não costum am constituir a principal form a de defesa. Apesar disso, em certas infecções, conform e discutido adiante, as m e didas dos títulos de anticorpos podem ser úteis para o diagnóstico. Três outros term os usados com frequência nas discussões clínicas de infecções fúngicas são levedura, fungo filam entoso ou bolor e fungo dimórfico. As leveduras são vistas com o células isoladas arredondadas ou m icrorganism os em brotam ento. Os gêneros Candida e Cryptococcus são tradicionalm ente classificados com o leveduras. Os fungos filamentosos crescem com o form as filam entosas, denom inadas hifas, tanto à tem peratura ambiente quanto nos tecidos que invadem. Asper gillus, Rhizopus [as espécies que causam m ucorm icose (zigomicose)] e os fungos que com um ente infectam a pele causando tin h a e con dições cutâneas relacionadas são classificados com o fungos filam en
tosos. O correm variações nessa classificação de leveduras e fungos filam entosos. Por exemplo, quando Candida infecta um tecido, p o dem ocorrer tanto leveduras quanto form as filam entosas (exceto com C. glabrata, que form a apenas leveduras nos tecidos); em contraste, o Cryptococcus existe apenas em form a de levedura. Dimórfico é o term o usado para descrever fungos que crescem com o leveduras ou grandes estruturas esféricas no tecido, m as com o form as filamentosas à tem peratura norm al no meio ambiente. Nesse grupo estão classifica dos os m icrorganism os que causam blastom icose, paracoccidioidom icose, coccidioidomicose, histoplasm ose e esporotricose. A incidência de quase todas as infecções fúngicas aum entou de m odo substancial. A frequência de infecções oportunistas cres ceu em conseqüência da im unossupressão intencional induzida nos transplantes de órgãos e células-tronco e em outras doenças, com o resultado da adm inistração de quim ioterapia citotóxica para o câncer e do uso liberal de agentes antibacterianos. A incidência de micoses endêm icas aum entou nas regiões geográficas onde houve um cresci m ento substancial da população.
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-centrifugação aum enta a sensibilidade das hem oculturas para Can dida e para m icrorganism os m enos com uns (p. ex., H. capsulatum). A lise-centrifugação deve ser usada quando há suspeita de infecção fúngica dissem inada. Exceto nos casos de coccidioidom icose, criptococose e histoplas m ose, não existem testes com pletam ente validados e de uso ab ran gente para o diagnóstico sorológico de infecções fúngicas dissem i nadas. Os testes cutâneos para m icoses endêm icas não estão m ais disponíveis.
TRATAMENTO
Infecções fúngicas
Esta discussão pretende ser um a visão abrangente, porém sucinta, das estratégias gerais para o uso de agentes antifúngicos no tra tam ento das infecções fúngicas. Os esquem as, a posologia e as estratégias são discutidos de m odo detalhado nos capítulos sobre micoses específicas que se seguem nesta seção. C om o os m icrorganism os fúngicos são células eucarióticas que contêm a m aioria das m esm as organelas (com m uitas das m esm as funções fisiológicas) encontradas nas células hum anas, foi extrem am ente problem ático identificar fárm acos capazes de destruir ou inibir os fungos de form a seletiva sem que fossem tó xicos para as células hum anas, razão pela qual conseguiu-se um núm ero m uito m enor de agentes antifúngicos do que de antibac terianos para uso na prática clínica.
ANFOTERICINA B A introdução da anfotericina B (AmB), no fi
Doenças Infecciosas
nal da década de 1950, revolucionou o tratam ento das infecções fúngicas em órgãos profundos. A ntes de sua disponibilidade, a m eningite criptocócica e outras infecções fúngicas d issem in a das eram quase sem pre fatais. D urante quase um a década após sua descoberta, a anfotericina B foi o único agente eficaz para o tratam ento de infecções fúngicas potencialm ente fatais. A AmB continua sendo o agente antifúngico de m ais am plo espectro, p o rém apresenta várias desvantagens, inclusive nefrotoxicidade sig nificativa, inexistência de um a preparação oral e efeitos colaterais desagradáveis (febre, calafrios e náuseas) du ran te o tratam ento. Para evitar a nefrotoxicidade e os efeitos colaterais da infusão, fo ram desenvolvidas form ulações lipídicas do fárm aco, que pratica m ente substituíram o desoxicolato coloide original no uso clínico (em bora a form ulação antiga anda esteja disponível). As form u lações lipídicas incluem a AmB lipossom al (L-AmB; 3-5 m g/kg/ dia) e o complexo lipídico AmB (ABLC; 5 m g/kg/dia). Uma ter ceira preparação, a AmB em dispersão coloide (ABCD; 3-4 m g/ kg/dia), é usada raram ente por causa da alta incidência de efeitos colaterais associados à infusão. (As doses m encionadas são consi deradas o padrão para adultos com infecção invasiva.) As form ulações lipídicas de AmB têm a desvantagem de ser consideravelm ente m ais caras que o desoxicolato. A inda se está acum ulando experiência sobre a eficácia com parativa, a toxicida de e as vantagens das diferentes form ulações para infecções clíni cas fúngicas específicas (p. ex., do sistem a nervoso central [SNC]). C ontinua a haver controvérsias sobre a existência ou não de um a diferença clinicam ente significativa nesses fárm acos quanto à p e netração no SNC ou à nefrotoxicidade. Apesar dessas questões e do alto custo, as form ulações lipídicas são, na atualidade, usadas m uito mais com um ente do que o desoxicolato de AmB nos países desenvolvidos. Por outro lado, nos países em desenvolvim ento, o desoxicolato de AmB continua sendo preferido, devido ao custo das form ulações lipídicas.
AZÓIS
É um a classe de antifúngicos que oferece vantagens im portantes sobre a AmB: os azóis causam pouca ou nenhum a nefro toxicidade e estão disponíveis em preparações orais. Os prim eiros azóis incluíam o cetoconazol e o miconazol, substituídos p or agen tes mais novos para o tratam ento de infecções fúngicas de órgãos profundos. O m ecanism o de ação dos azóis é a inibição da síntese
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de ergosterol na parede das células fúngicas. Ao contrário da AmB, esses fárm acos são considerados fungistáticos, e não fungicidas.
Fluconazol Desde sua introdução, o fluconazol teve um papel de extrem a im portância no tratam ento de um a grande varieda de de infecções fúngicas sérias. Suas principais vantagens são a disponibilidade de form ulações orais e IV, a m eia-vida longa, a penetração satisfatória do fárm aco na m aioria dos líquidos cor porais (inclusive o líquido ocular e o LCS) e a sua toxicidade m í nim a (particularm ente em relação à da AmB). Suas desvantagens (em geral reversíveis) incluem a hepatotoxicidade e - em doses elevadas - alopecia, fraqueza m uscular e boca seca (xerostom ia) com sabor m etálico. O fluconazol não é efetivo no tratam ento da aspergilose, da m ucorm icose ou de infecções pelo Scedosporium apiospermum. É m enos efetivo que os azóis m ais recentes contra C. glabrata e C. krusei. O fluconazol tornou-se o agente preferido para o tratam ento da m eningite causada p o r coccidioides, em bora tenham oco rri do recidivas após a terapia com esse fárm aco. Além disso, é útil tanto na terapia de consolidação quanto na de m anutenção para m eningite criptocócica. M ostrou-se tão eficaz quanto a AmB no tratam ento da candidem ia. Sua eficácia na candidem ia e sua to xicidade relativam ente m ínim a, em conjunto com a inadequação dos testes diagnósticos para a candidíase dissem inada po r via he m atogênica em am pla escala, levaram a um a m udança no p ara digm a do tratam ento da candidem ia. O padrão de cuidados atual é tratar todos os pacientes candidêm icos com um agente antifún gico e trocar todos os acessos intravasculares, se viável, em vez de m eram ente retirar um único acesso intravascular suspeito e então observar o paciente. O esquem a habitual de fluconazol para tratar a candidem ia é de 400 m g/dia até 2 sem anas após a últim a h em o cultura positiva. O fluconazol é considerado efetivo com o profilaxia an tifú n gica em receptores de transplante de m edula óssea e em pacientes de alto risco subm etidos a transplante de fígado. Seu uso profilático em pacientes com leucem ia, A ids com baixas contagens de células T CD 4+ e naqueles em unidades de tratam ento intensivo continua polêmico. Voriconazol
O voriconazol, que está disponível em fo rm u la ções tanto orais quanto IV, tem um espectro m ais am plo do que o fluconazol contra espécies de Candida (inclusive C. glabrata e C. krusei) e é ativo co n tra Aspergillus, Scedosporium e Fusarium. Em geral, é considerado o fárm aco de prim eira linha para o tra tam ento da aspergilose. A lguns relatos de casos m ostraram que o voriconazol é efetivo em pacientes com coccidioidom icose, blastom icose e histoplasm ose; entretanto, devido aos dados lim itados disponíveis, não é recom endado para o tratam en to de m icoses endêm icas. Entre as desvantagens do voriconazol (em com para ção com o fluconazol) estão suas interações m ais num erosas com m uitos dos fárm acos usados em pacientes predispostos a infec ções fúngicas. A hepatotoxicidade, os exantem as cutâneos (inclu sive fotossensibilidade) e os distúrbios visuais são relativam ente com uns. Na atualidade, recom enda-se um a vigilância para o cân cer de pele nos pacientes em uso de voriconazol. O voriconazol tam bém é consideravelm ente m ais caro que o fluconazol. Além disso, é aconselhável m onitorar os níveis de voriconazol em certos pacientes, porque (1) o fárm aco é com pletam ente m etabolizado no fígado p or CYP2C9, CYP3A4 e CYP2C19; e (2) há variabili dade genética na atividade da CYP2C19 hum ana. As doses devem ser reduzidas nos pacientes com insuficiência hepática. Não são necessários ajustes da dose nos casos de insuficiência renal, p o rém, com o a form ulação IV é p reparada em ciclodextrina, não deve ser dada a pacientes com insuficiência renal grave.
Itraconazol
Está disponível em form ulações IV e oral (cápsulas e suspensão). Níveis sanguíneos variáveis em pacientes que tom am itraconazol oral refletem um a desvantagem em com paração com
dem ia e a candidíase invasiva. E tão eficaz quanto o fluconazol contra a esofagite causada p o r Candida. Q uando a anidulafungina é usada com ciclosporina, tacrolim o ou voriconazol, não é neces sário ajustar a dose de qualquer um dos fárm acos da combinação. A micafungina foi aprovada para o tratam ento da candidíase esofágica e candidem ia, bem com o para a profilaxia de pacientes subm etidos a transplantes de células-tronco. Em um estudo clí nico com parativo, a m icafungina não d em onstrou ser inferior à caspofungina para o tratam ento da candidem ia. Até o m om ento, os estudos conduzidos m ostraram que a co-adm inistração de m i cafungina e ciclosporina não requer ajustes da dose de qualquer dos fárm acos. Q uando a m icafungina é dada com sirolim o, a ASC aum enta em relação ao sirolim o, em geral sendo necessário re duzir a dose deste. Em ensaios abertos, foram obtidos resultados favoráveis com a m icafungina no tratam ento de infecções pro fu n das por Aspergillus e Candida.
o utros azóis. O itraconazol é o fárm aco preferido p ara o tra ta m ento da histoplasm ose de leve a m oderada e da blastom icose, além de ser m uitas vezes usado no da candidíase m ucocutânea crônica. Nos EUA, foi aprovado pelo Food and D rug A dm inis tration (FDA) para pacientes neutropênicos febris. O itraco n a zol tam bém provou ser útil no tratam ento da coccidioidom icose crônica, da esporotricose e da infecção p o r S. apiospermum . As infecções fúngicas cutâneas e m ucocutâneas cujo tratam ento com itraconazol teve êxito incluem candidíase orofaríngea (especial m ente em pacientes com Aids), tin h a versicolor, tin h a da cabeça e onicom icose. As desvantagens do itraconazol incluem sua bai xa penetração no LCS, o uso de ciclodextrina tanto na suspensão oral com o na preparação IV, a absorção variável do fárm aco na form a de cápsulas e a necessidade de m onitorar os níveis sanguí neos de pacientes que estejam tom ando as cápsulas para m icoses dissem inadas. Casos relatados de insuficiência cardíaca conges tiva grave em pacientes em uso de itraconazol têm sido m otivo de preocupação. C om o os outros azóis, o itraconazol pode causar toxicidade hepática.
FLUCITOSINA (5-FLUOROCITOSINA)
O uso de flucitosina dim inuiu à m edida que foram desenvolvidos antifúngicos m ais novos. Seu m ecanism o de ação é singular, baseado na conversão intrafúngica para 5-fluoruracila, que é tóxico para a célula fúngica. O de senvolvim ento de resistência ao com posto lim itou seu uso com o agente único. A flucitosina quase sem pre é usada em com binação com a AmB. Sua boa penetração no SNC favorece seu uso com AmB para o tratam ento da m eningite criptocócica. Essa com bi nação tam bém foi recom endada para tratar a m eningite causada por Candida; não foram feitos ensaios com parativos com a AmB apenas. Observa-se depressão significativa e freqüente da m edula óssea quando se usa flucitosina com AmB.
Posaconazol
Está aprovado pelo FDA para a profilaxia da asper gilose e da candidíase em pacientes sob alto risco de desenvolver tais infecções devido a im unocom prom etim ento grave. Foi ta m bém aprovado para o tratam ento da candidíase orofaríngea e foi avaliado para o tratam ento da zigomicose, da fusariose, da asper gilose, da criptococose e de várias outras form as de infecção por Candida. Os estudos relevantes sobre o seu uso na zigom icose, na fusariose e na aspergilose avaliaram a terapia de resgate. Um estudo com m ais de 90 pacientes cuja zigom icose foi refratária a outros tratam entos m ostrou resultados anim adores. A inda não foram relatados ensaios com o fárm aco no tratam ento da candi demia. Relatos de casos descreveram sua eficácia na coccidioido m icose e na histoplasm ose. Ensaios controlados m ostraram seu valor com o agente profilático em pacientes com leucem ia aguda e receptores de transplante de m edula óssea. Além disso, ele m os trou-se eficaz contra espécies de Candida resistentes ao flucona zol. Os resultados de um estudo em larga escala sobre o uso do posaconazol com o terapia de resgate p ara a aspergilose indicaram que este fárm aco constitui um a alternativa para outros agentes na terapia de resgate; entretanto, esse estudo antecedeu o uso do vo riconazol e da equinocandinas.
Em term os históricos, a griseo fulvina foi útil principalm ente nas tinhas e em geral é dada po r períodos um tanto prolongados. A terbinafina foi usada sobretu do p ara a onicom icose, m as tam bém nas tinhas. Em estudos com parativos, a terbinafina foi tão efetiva quanto o itraconazol e mais eficaz que a griseofulvina em am bas as condições.
AGENTES ANTIFÚNGICOS TÓPICOS
Um a discussão detalhada dos agentes usados no tratam en to de infecções fúngicas cutâneas e da onicom icose está além do âm bito deste capítulo, de m odo que recom endam os ao leitor consultar a literatura sobre derm atolo gia. M uitas classes de com postos têm sido usadas para tratar as infecções fúngicas com uns da pele. E ntre os azóis utilizados estão o clotrim azol, o econazol, o m iconazol, o oxiconazol, o sulconazol, o cetoconazol, o tioconazol, o butoconazol e o terconazol. Em geral, o tratam ento tópico da candidíase vaginal tem êxito. Com o se considera haver pouca diferença na eficácia das várias prepara ções vaginais, o agente é escolhido pelo clínico e/ou pela paciente com base na preferência pessoal e na disponibilidade. O econazol oral na dose de 150 m g tem a vantagem de não exigir aplicação vaginal repetida. A n istatina é um polieno usado tanto na can didíase orofaríngea quan to na vaginal. Agentes úteis de outras classes incluem o ciclopirox, a olam ina, haloprogina, terbinafina, naftilina, o tolnaftato e o ácido undecilênico.
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Diagnóstico e Tratamento das Infecções Fúngicas
EQUINOCANDINAS As equinocandinas, incluindo os aprovados pelo FDA caspofungina, anidulafungina e m icafungina, foram um acréscim o considerável ao arm am entário antifúngico. Todos esses três agentes inibem a a -l,3 -g lic an o sintase, que é necessária para a síntese da parede celular nos fungos e que não é um com ponen te de células hum anas. N enhum deles está atualm ente disponível em form ulação oral. As equinocandinas são consideradas fungi cidas para Candida e fungistáticas para Aspergillus. Seu principal uso até o m om ento é contra infecções por Candida. Elas têm duas vantagens: atividade de amplo espectro contra todas as espécies de Candida e toxicidade relativamente baixa. As concentrações inibi tórias m ínim as (CIM) de todas as equinocandinas são mais altas contra C. parapsilosis; não está claro se esses valores m ais eleva dos representam m enor efetividade clínica contra essa espécie. As equinocandinas estão entre os agentes antifúngicos mais seguros. Em ensaios clínicos controlados, a caspofungina foi pelo m e nos tão eficaz quanto a AmB no tratam ento da candidem ia e da candidíase invasiva, bem com o tão eficaz quanto o fluconazol no tratam ento da esofagite p or Candida. Além disso, foi eficaz com o terapia de resgate na aspergilose. A anidulafungina foi aprovada pelo FDA para o tratam ento da candidem ia em pacientes não neutropênicos e para a esofagite causada p or Candida, infecção in tra-abdom inal e peritonite. Em ensaios controlados, a anidulafungina d em onstrou não ser infe rior e, possivelm ente, ser superior ao fluconazol contra a candi
GRISEOFULVINA E TERBINAFINA
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P e rfe c t
199
Histoplasmose Chadi A. Hage L. Joseph Wheat ■ ETIOLOGIA O Histoplasma capsulatum, um fungo térm ico dim órfico, é o agente etiológico da histoplasm ose. Na m aioria das áreas endêm icas, o H. capsulatum var. capsulatum é o agente causai; na África, o H. cap sulatum var. duboisii tam bém é encontrado. Os m icélios - a form a infecciosa natural do Histoplasma - têm um aspecto característico, com m icroconídios e m acroconídios. Os m icroconídios são ovais e pequenos o suficiente (2-4 p m ) p ara alcançar os bronquíolos ter m inais e os alvéolos. Logo após infectar o hospedeiro, os m icélios se transform am nas leveduras encontradas dentro de m acrófagos e outros fagócitos. As form as de leveduras são caracteristicam ente p e quenas (2-5 pm ), com brotam ento estreito ocasional. No laboratório, os m icélios crescem m elhor à tem peratura am biente, enquanto as le veduras crescem a 37°C em m eios enriquecidos.
Figura 199.1
Conídios esféricos espiculados de H. capsulatum (coloração
com azul de algodão lactolfenol).
■ EPIDEMIOLOGIA A histoplasm ose é a m icose endêm ica m ais prevalente na A m érica do Norte. E m bora essa doença fúngica tenha sido relatada em todo o m undo, sua endem icidade é particular m ente notável em certas partes das A m éricas do Norte, C entral e do Sul, na África e na Ásia. Nos EUA, as áreas endêm icas estendem -se sobre os vales dos rios O hio e M ississippi. Tal pad rão está relacio nado com a natureza úm ida e ácida do solo nessas áreas. O solo e n riquecido com dejetos de aves e m orcegos facilita o crescim ento e a esporulação dos histoplasm as. A m ovim entação de solo contendo o m icrorganism o acarreta aerossolização dos m icroconídios e a expo sição dos seres hum anos que estão nas proxim idades. As atividades associadas a um alto nível de exposição incluem o espeleologism o, escavações, lim peza de gaiolas de aves, dem olições e reform as de pré dios antigos, bem com o o corte de árvores m ortas. A m aioria dos casos fora de áreas endêm icas representa doença im p o rtad a - p or exemplo, casos relatados na E uropa após viagem p ara as A m éricas, África ou Ásia.
• Doenças Infecciosas
■ PATOGENIA E PATOLOGIA A infecção segue-se à inalação de m icroconídios (Fig. 199.1). Assim que alcançam os espaços alveolares, os m icroconídios são reconheci dos rapidam ente e aprisionados pelos m acrófagos alveolares. Nesse ponto, os m icroconídios transform am -se em leveduras em b ro ta m ento (Fig. 199.2), um processo que faz parte integrante da patoge nia da histoplasm ose e depende da disponibilidade de cálcio e ferro dentro dos fagócitos. As leveduras são capazes de crescer e se m ulti plicar dentro dos m acrófagos em repouso. N eutrófilos e em seguida linfócitos são atraídos para o local da infecção. Antes do desenvolvi m ento da im unidade celular, as leveduras usam os fagossom os com o
1640
Figura 199.2 Leveduras em brotamento pequenas (2 a 5 |xm) e estrei tas de H. capsulatum do líquido de lavado broncoalveolar (coloração com metenamina de prata de Grocott).
Figura 199.3 Leveduras intracelulares (setas) de H. capsulatum em uma amostra de biópsia hepática (coloração com hematoxilina e eosina). um veículo p ara o translocam ento até linfonodos locais de drenagem , de onde se dissem inam p or via hem atogênica po r todo o sistem a reticuloendotelial. A im unidade celular adequada se desenvolve cerca de 2 sem anas depois da infecção. As células T p roduzem interferon 7 para auxiliar os m acrófagos a destruírem o m icrorganism o e co n trolar a progressão da doença. A interleucina 12 e o fator de necrose tum oral a (FN T-a) desem penham um papel essencial na im unidade celular em relação ao H. capsulatum. N o hospedeiro im unocom petente, m acrófagos, linfócitos e células epiteliais acabam se o rgani zando e form am granulom as que contêm os m icrorganism os. Esses granulom as fibrosam e calcificam; linfonodos m ediastinais calcificados e calcificações hepatoesplênicas são frequentem ente encontrados em indivíduos saudáveis de áreas endêm icas. Em hospedeiros im u nocom petentes, a infecção p or H. capsulatum confere algum a im u nidade contra a reinfecção. Nos pacientes com a im unidade celular com prom etida, a infecção não é contida e pode dissem inar-se. A histoplasm ose dissem inada progressiva (H D P) pode acom eter m ú l tiplos órgãos, m ais com um ente a m edula óssea, o baço, o fígado (Fig. 199.3), as glândulas suprarrenais e m em branas m ucocutâneas. Ao contrário da tuberculose latente, a histoplasm ose latente raram ente sofre reativação. D oença pulm onar estrutural (p. ex., enfisem a) prejudica a de puração da histoplasm ose pulm onar, p o d e n d o resultar em doença p u lm o n ar crônica. Esse processo crônico se caracteriza p o r infla m ação progressiva, necrose tecidual e fibrose sim ulando tuberculose cavitária.
com histoplasm ose aguda. T am bém pode ocorrer pericardite. Tais m anifestações representam respostas inflam atórias à infecção aguda, e não efeitos diretos. Os linfonodos hilares ou m ediastinais podem sofrer necrose e coalescer, form ando grandes m assas m ediastinais que p odem causar com pressão de grandes vasos, vias respiratórias proxim ais e do esôfago. Esses linfonodos necróticos tam bém podem rom per e criar fístulas entre estruturas m ediastianais (p. ex., fístulas broncoesofágicas). A H D P é tipicam ente observada em indivíduos im unocom pro m etidos, responsáveis p o r cerca de 70% dos casos. Os fatores de risco com uns incluem Aids (contagem de células T CD4+ < 200/|xL), ex trem os etários e o uso de m edicam entos im unossupressores com o prednisona, m etotrexato e agentes anti-F N T -a. O espectro da HD P varia de evolução aguda rapidam ente fatal - com infiltrados p u lm o nares difusos intersticiais ou reticulonodulares causando insuficiên cia respiratória, choque, coagulopatia e insuficiência de m últiplos órgãos - até evolução subaguda m ais sutil com distribuição focal nos órgãos. M anifestações com uns incluem febre e perda de peso. Hepatoesplenom egalia tam bém é com um . O utros achados podem incluir m eningite ou lesões cerebrais focais, ulcerações de m ucosa oral, gas trintestinais e insuficiência suprarrenal. O reconhecim ento im ediato dessa doença devastadora é de im portância prim ordial nos pacientes com m anifestações m ais graves ou im unossupressão subjacente, em especial com Aids (Cap. 189). A histoplasm ose cavitária crônica é vista em tabagistas com doença p u lm o n ar estru tu ral (p. ex., enfisem a bolhoso). Tal enfer m idade crônica caracteriza-se p o r tosse produtiva, dispnéia, febre baixa, suores n o turnos e perda de peso. As radiografias de tórax em geral m ostram infiltrados no lobo superior, cavitação e espessam ento pleural - achados que lem bram os da tuberculose. Sem tratam ento, a evolução é lentam ente progressiva. A m ediastinite fibrosante é u m a com plicação incom um e séria da histoplasm ose. Por m otivos desconhecidos, em certos pacientes a infecção aguda é seguida p o r fibrose progressiva em to rn o dos linfonodos hilares e m ediastinais. O acom etim ento pode ser u nila teral ou bilateral; o últim o im plica um prognóstico m ais som brio. M anifestações im portantes incluem síndrom e da veia cava superior, obstrução de vasos p ulm onares e o bstrução das vias respiratórias. Os pacientes podem ter p n e u m o n ia recorrente, hem optise ou insu ficiência respiratória. A m ediastinite fibrosante é fatal em até cerca de 33% dos casos. Na histoplasm ose cicatrizada, linfonodos m ediastinais calcificados ou o parênquim a p u lm o n a r p odem apresentar erosão das pare des de vias respiratórias e causar hem optise, um a condição d enom i nada broncolitíase. A histoplasm ose africana causada pelo H. capsulatum var. duboisii é clinicam ente distinta e se caracteriza p or acom etim ento cutâneo e ósseo freqüentes.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O espectro clínico da histoplasm ose varia de infecção assintom ática a doença potencialm ente fatal. O grau de ataque e a extensão e a gra vidade da doença dependem da intensidade da exposição, do estado im une do indivíduo exposto e da a rquitetura p u lm o n ar subjacente do hospedeiro. Em indivíduos im unocom petentes com baixo nível de exposi ção, a m aioria das infecções p or histoplasm a é assintom ática ou leve e autolim itada. Cerca de 50 a 80% dos adultos que residem em áreas endêm icas apresentam evidências no teste cutâneo e/ou radiográfico de infecção prévia sem m anifestações clínicas. Q uando os sintom as se desenvolvem , em geral surgem 1-4 sem anas após a exposição. U m a exposição m aciça resulta em doença sem elhante à gripe com febre, calafrios, sudorese, cefaleia, m ialgia, anorexia, tosse, dispnéia e dor torácica. As radiografias de tórax, em geral, m ostram sinais de pneum onite com adenopatia hilar ou m ediastinal. Os infiltrados pul m onares podem ser focais à exposição leve ou difusos à exposição maciça. Sintom as reum atológicos de artralgia ou artrite, geralm en te associados a eritem a nodoso, ocorrem em 5 a 10% dos pacientes
■ DIAGNÓSTICO A cultura fúngica continua sendo o teste diagnóstico padrão para a histoplasm ose, porém os resultados podem dem orar até 1 mês e em geral são negativos nos casos m enos graves; elas são positivas em cer ca de 75% dos casos de H D P e histoplasm ose p ulm onar crônica. As culturas do líquido do lavado broncoalveolar (LBA) são positivas em aproxim adam ente 50% dos pacientes com histoplasm ose pulm onar aguda que causa infiltrados difusos com hipoxem ia. Na HDP, a posi tividade da cultura é m aior com líquido do LBA, aspirado de m edula óssea e sangue. C ulturas de escarro ou lavados brônquicos em geral são positivos na histoplasm ose pulm o n ar crônica, porém são negati vos em outras form as de histoplasm ose. Colorações citopatológicas para fungos ou em m ateriais de bióp sia que m ostrem estruturas que lem bram leveduras de histoplasm a são úteis no diagnóstico de HDP, dando resultados positivos em cer ca de 50% dos casos. As leveduras p odem ser vistas no líquido do LBA (Fig. 199.2) de pacientes com infiltrados pulm onares difusos, em am ostras de biópsia de m edula óssea e de outros órgãos acom e
tidos (p. ex., as glândulas suprarrenais). Em alguns casos, são vistas leveduras em esfregaços sanguíneos de pacientes com H D P grave, m as artefatos da coloração e outros elem entos fúngicos podem ser confundidos com leveduras de histoplasm a. A detecção do antígeno de histoplasm a em líquidos corporais é extrem am ente útil no diagnóstico de H D P e histoplasm ose p u lm o nar aguda difusa. A sensibilidade dessa técnica é > 95% em pacientes com H D P e de cerca de 80% em pacientes com histoplasm ose pu lm o n ar aguda, se tanto a urina quanto o soro forem testados. O antígeno pode ser detectado no LCS de pacientes com m eningite e no líquido do LBA daqueles com pneum onia. O corre reatividade cruzada com histoplasm ose africana, blastom icose, coccidioidom icose, paracoccidioidom icose e infecção por Penicillium marneffei. Os testes sorológicos, inclusive im unodifusão e fixação de com plem ento, são especialm ente úteis para o diagnóstico da histoplas m ose pulm onar autolim itada, em bora seja necessário pelo m enos 1 m ês para a produção de anticorpos específicos após infecção aguda. Pode-se observar um a elevação de 4 vezes no título de anticorpos em pacientes com histoplasm ose aguda. Os testes sorológicos tam bém são úteis para o diagnóstico de histoplasm ose p ulm onar crônica. C ontudo, as lim itações da sorologia incluem a falta de sensibilidade nas fases iniciais da evolução da infecção e em pacientes im unocom prom etidos e a persistência de anticorpos detectáveis p o r vários anos após a infecção. Resultados positivos de infecção prévia podem levar ao diagnóstico errôneo de histoplasm ose ativa em um paciente com outro processo m órbido.
TRATAMENTO
QUADRO 199.1 histoplasmose
Recomendações para o tratamento da
Tipo de histoplasmose
Tratamentos recomendados
Doença pulmonar aguda, de moderada a grave, com infiltrados difusos e/ou hipoxemia
AmB lipídica (3-5 mg/kg/ dia) ± glicocorticoides durante 1-2 semanas; em seguida itraconazol (200 mg. 2x/dia) durante 12 semanas. Monitorar as funções renal e hepática.
Os pacientes com doença leve, em geral, recuperam-se sem tratamento, mas deve-se considerar a administração de itraconazol se o paciente não melhorar após 1 mês.
Crônica/pulmonar cavitária
Itraconazol (200 mg 1 ou 2x/dia) durante 12 meses. Monitorar função hepática.
Continuar o tratamento até que os achados radiográficos não mostrem melhora adicional. Monitorara recidiva após o término do tratamento.
Disseminada progressiva
AmB lipídica (3-5 mg/ kg/dia) durante 1-2 semanas; em seguida itraconazol (200 mg, 2x/ dia), durante pelo menos 12 meses. Monitorar as funções renal e hepática.
É preferível a AmB lipossomal, mas pode-se usar o complexo lipídico de AmB em função do custo. Pode ser necessária terapia crônica de manutenção se a imunossupressão não puder ser reduzida.
Sistema nervoso central
AmB lipossomal (5 mg/ kg/dia) durante 4-6 semanas; em seguida, itraconazol (200 mg 2 ou 3x/dia) durante pelo menos 12 meses. Monitorar as funções renal e hepática.
Recomenda-se um esquema mais prolongado de AmB lipídica, devido ao alto risco de recidiva. A administração de itraconazol deve continuar até que o líquido cerebrospinal esteja límpido ou as anormalidades à TC tenham desaparecido.
Histoplasmose
As recom endações para o tratam ento da histoplasm ose estão re sum idas no Q uadro 199.1. O tratam ento está indicado para todos os pacientes com HDP ou histoplasm ose pulm onar crônica, bem como para os pacientes sintomáticos com histoplasm ose pulm onar aguda que cause infiltrados difusos, em especial com hipoxem ia. Na m aioria dos casos de histoplasm ose pulm onar, o tratam ento não é recom endado, visto que o grau de exposição não é maciço; a infecção é assintom ática, ou os sintom as são leves, subagudos e não progressivos; e ocorre resolução da doença sem terapia. Os tratam entos preferidos para a histoplasm ose são as form u lações lipídicas de anfotericina B nos casos m ais graves e itracona zol nos outros. A anfotericina B lipossom al foi m ais eficaz que a form ulação de desoxicolato no tratam ento da H D P em pacientes com Aids. A form ulação de desoxicolato de anfotericina B cons titui um a alternativa para a form ulação lipídica em pacientes com baixo risco de nefrotoxicidade. O posaconazol, o voriconazol e o fluconazol são alternativas para os pacientes que não podem to m ar itraconazol. Nos casos graves que requerem hospitalização, um a form ula ção lipídica de anfotericina B é seguida p or itraconazol. Aos p a cientes com m eningite, deve-se dar um a form ulação lipídica de anfotericina B durante 4-6 sem anas antes de passar para o itraco nazol. Nos pacientes im unossuprim idos, deve-se dim inuir o grau de im unossupressão, se possível, em bora possa ocorre síndrom e inflam atória de reconstituição im une (SIRI). O tratam ento a n tirretroviral m elhora o prognóstico da H D P nos pacientes com Aids, e é recom endado; en tretanto não se sabe se o tratam ento antirretroviral deve ser adiado para evitar a SIRI. Os níveis sanguíneos de itraconazol devem ser m o n ito ra dos para assegurar um a exposição adequada ao fárm aco, com concentrações-alvo de 2-10 fjig/mL. As interações m edicam en tosas devem ser cuidadosam ente avaliadas: o itraconazol não só é depurado p or m etabolism o do citocrom o P450, com o tam bém inibe esse citocrom o, o que causa interações com m uitos outros medicam entos. A duração do tratam ento da histoplasm ose pulm onar aguda é de 6-12 semanas, enquanto a da H D P e da histoplasm ose pu lm o nar crônica é de 1 ano ou mais. Os níveis de antígeno na urina e no soro devem ser m onitorados durante e pelo m enos 1 ano após
Comentários
1
Nota: AmB, anfotericinaB.
a terapia da HDP. Níveis estáveis ou crescentes de antígeno suge rem falha do tratam ento ou recidiva da doença. A terapia de m anutenção prolongada com itraconazol era re com endada para pacientes com Aids assim que se diagnosticava histoplasm ose. N o entanto, hoje a terapia de m anutenção não é mais necessária para os pacientes que respondem bem à terapia antirretroviral, com contagens de células T CD4+ de pelo m enos 150/(jlL (de preferência > 250/(jlL), que com pletem pelo m enos 1 ano de tratam ento com itraconazol e para aqueles que não apre sentem evidência clínica de histoplasm ose ativa nem níveis de antígeno na urina > 4 ng/m L. A terapia de m anutenção tam bém parece ser desnecessária nos pacientes que recebem tratam ento im unossupressor, se for possível reduzir o grau de im unossupres são por m eio de um a abordagem sem elhante àquela utilizada para pacientes com Aids. A m ediastinite fibrosante, que representa um a reação fibrótica crônica à histoplasm ose m ediastinal prévia em vez de infecção ativa, não responde à terapia antifúngica. Em bora o tratam ento em geral seja prescrito para pacientes com histoplasm ose pulm o nar aguda que não tenham se recuperado em 1 mês e para aqueles com linfadenopatia m ediastinal persistente, a eficácia da terapia antifúngica é desconhecida nesses casos.
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CA PÍ T UL O
200
San Joaquin na Califórnia, foi observado um aum ento sem elhante na incidência de casos sintom áticos.
■ PATOGENIA, PATOLOGIA E RESPOSTA IMUNE
Coccidioidomicose Neil M. Ampel ■ DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA A coccidioidom icose, conhecida com um ente com o febre do vale, é causada p or fungos dim órficos do solo do gênero Coccidioides. A análise genética dem onstrou a existência de duas espécies, C. immitis e C. posadasii. Essas espécies são indistinguíveis em relação à doença clínica que causam, bem com o a seu aspecto nos m eios laboratoriais rotineiros. Portanto, os m icrorganism os serão designados sim ples m ente com o Coccidioides no restante deste capítulo.
■ EPIDEMIOLOGIA
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E ACHADOS LABORATORIAIS A coccidioidom icose é versátil em suas m anifestações. Entre os indi víduos infectados, 60% são com pletam ente assintom áticos, enquanto os 40% restantes apresentam sintom as relacionados principalm ente com a infecção pulm onar, inclusive febre, tosse e d or torácica pleurítica. O risco de doença sintom ática aum enta com a idade. É com um o diagnóstico errôneo da coccidioidom icose com o pneum onia bac teriana adquirida na com unidade. A coccidioidom icose p u lm o n a r p rim á ria exibe várias m anifes tações cutâneas. Em alguns casos observou-se eritem a tóxico con sistindo em um exantem a m aculopapular. Podem o correr eritem a nodoso (ver Fig. e7.40) - nos m em bros inferiores - ou eritem a m ultiform e (ver Fig. e7.25) - em geral exibindo um a distribuição em colar de contas; essas m anifestações são observadas com frequência particular em m ulheres. A rtralgias e artrite podem desenvolver-se. O diagnóstico de coccidioidom icose p u lm o n ar p rim ária é sugerido po r um a h istória de suores n o tu rn o s ou fadiga profunda, bem com o de eosinofilia no sangue periférico e linfadenopatia h ilar ou m edias tinal na radiografia de tórax. E m bora seja com um a do r torácica
Coccidioidomicose
A coccidioidom icose restringe-se ao hem isfério ocidental, entre as latitudes 40o N e 40o S. Nos EUA, as áreas de alta endem icidade incluem a parte sul do Vale San Joaquin, na Califórnia, e na região centro-sul do Arizona. No entanto, a infecção pode ser adquirida em outras áreas do sudoeste dos EUA, inclusi ve nos estados costeiros do sul da C alifórnia, no sul de Nevada, no sudoeste de Utah, sul do Novo México e parte ocidental do Texas, incluindo Vale do Rio G rande. Fora dos EUA, a coccidioidom ico se é endêm ica no n orte do México e em certas regiões da A m érica Central. Na A m érica do Sul, há focos endêm icos na Colôm bia, na Venezuela, no nordeste do Brasil, no Paraguai, na Bolívia e na região centro-norte da Argentina. O risco de infecção é m aior m ediante exposição direta a solo onde haja Coccidioides. Devido à dificuldade de isolar o Coccidioides do solo, as características exatas de solo potencialm ente infeccioso não são conhecidas. Vários surtos de coccidioidom icose foram asso ciados a escavações arqueológicas de sítios am eríndios, tanto dentro quanto fora da região endêm ica reconhecida. Esses casos frequente m ente envolveram solos aluviais em regiões de aridez relativa com faixas de tem peratura m oderadas. O Coccidioides foi isolado em p ro fundidades de 2 a 20 cm abaixo da superfície. Nas áreas endêm icas, ocorrem m uitos casos de infecção p o r Coccidioides sem exposição óbvia a solo ou poeira. Fatores clim áticos parecem au m entar a taxa de infecção nessas regiões. Em particular, períodos de aridez após es tações chuvosas foram associados a aum entos acentuados do núm ero de casos sintomáticos. O núm ero de casos de coccidioidom icose sintom ática teve um aum ento significativo no centro-sul do Arizona, onde reside a m aio ria da população do estado. Os fatores que causaram esse aum ento não foram com pletam ente elucidados; entretanto, parece que um influxo de indivíduos de m ais idade sem infecção prévia p or Cocci dioides para região esteja envolvido. O utras variáveis, com o m u d an ça de clima, construções e m aior percepção e notificação dos casos, tam bém podem constituir fatores. Recentem ente, no sul do Vale de
Em m eios de ágar e no solo, o Coccidioides existe com o fungo filam entoso. D entro dessa e stru tu ra de m icélio, os filam entos in d i viduais (hifas) alongam -se e ram ificam -se, alguns crescendo para cima. As células que alternaam dentro das hifas sofrem degeneração, deixando elem entos viáveis em form a de barril d enom inados artroconídios. M edindo cerca de 2 X 5 |xm, os artroconídios podem p erm anecer suspensos no ar por períodos extensos. Seu pequeno ta m anho tam bém perm ite que escapem das defesas m ecânicas iniciais das m ucosas e penetrem profundam ente n a árvore brônquica, onde a infecção se inicia no hospedeiro não imune. U m a vez no hospedeiro suscetível, os artroconídios aum entam de tam anho, tornam -se arred o n d ad o s e desenvolvem septações in ternas. As estruturas resultantes, cham adas esférulas (Fig. 200.1), podem alcançar 200 |xm e são exclusivas das espécies de Coccidioides. As septações englobam elem entos uninucleares cham ados endosporos. As esférulas podem rom per-se e liberar aglom erados de endosporos que, p or sua vez, po d em desenvolver-se em esférulas, propa gando, assim, a infecção localm ente. Caso o fungo retorne ao m eio artificial ou ao solo, volta ao seu estágio de micélio. O bservações e dados clínicos de estudos feitos com anim ais con firm am com segurança o papel crítico de um a resposta celular im une consistente no controle da coccidioidom icose p or parte do hospedei ro. G ranulom as necrosantes contendo esférulas são identificados em pacientes com infecção p ulm onar resolvida. Na doença dissem inada, os granulom as em geral não estão bem form ados ou não se desenvol veram com pletam ente, e é freqüente a ocorrência de um a resposta leucocitária polim orfonuclear. Nos pacientes assintom áticos ou cuja infecção pu lm o n ar inicial se resolveu, a hipersensibilidade do tipo tardio aos antígenos do Coccidioides é docum entada rotineiram ente.
1643
«£^0
D esenvolvim ento enteroartrítico
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P ropágulo infeccioso
:
' — S ecessão do artroconídio (rexolítico)
~ O
O
Liberação do endosporo
O
OO
O Fase de crescim ento do artroconídio
Septação da esférula
Segm entação da esférula
Figura 200.1 Ciclo bioló gico do C occidioides. (De TN Kirkland, J Fierer: Emerg Infect Dis 2:192,1996.)
Doenças Infecciosas 1644
pleurítica, ocorrem derram es pleurais em m enos de 10% dos casos. Esses derram es estão invariavelm ente associados a um in filtrado pu lm o n ar no m esm o lado. O conteúdo celular desses derram es é de natureza m ononuclear; raram ente o Coccidioides cresce nesses d e r rames. N a m aioria dos pacientes, a coccidioidom icose p u lm o n ar p ri m ária habitualm ente sofre resolução sem seqüelas dentro de várias sem anas. E ntretanto, pode surgir um a variedade de com plicações pneum ônicas. N ódulos pulm onares são resíduos de pneum onia p ri m ária. Geralm ente únicos, localizados com frequência nos lobos su periores e com 4 cm ou m enos de diâm etro, os nódulos costum am ser descobertos em um a radiografia de tórax rotineira em pacientes assintomáticos. A calcificação é incom um . Pode ser difícil distinguir radiograficam ente os nódulos pulm onares causados Coccidioides de neoplasias m alignas pulm onares. À sem elhança das neoplasias m a lignas, os nódulos causados p or Coccidioides frequentem ente apre sentam realce na tom ografia por em issão de pósitrons. E ntretanto, a TC de rotina frequentem ente revela m últiplos nódulos na coccidioi dom icose. Com frequência, é necessária a realização de biópsia para distinguir entre essas duas condições. O correm cavitações pulm onares quando o conteúdo de um n ó dulo extravasa para 0 brônquio, resultando em um a casca de pare de fina. Essas cavidades podem estar associadas a tosse persistente, hem optise e dor torácica pleurítica. Raram ente, um a cavidade pode rom per-se no espaço pleural, causando piopneum otórax. Em tais ca sos, os pacientes apresentam dispnéia aguda e a radiografia de tórax revela um pulm ão colapsado com nível pleural hidroaéreo. A coc cidioidom icose p ulm onar crônica ou persistente m anifesta-se por sintom as prolongados de febre, tosse e perda de peso, estando radio graficam ente associada a cicatrização pulm onar, fibrose e cavitações.
Isto ocorre em m enos de 1% dos pacientes, m uitos dos quais já com doença pulm onar crônica de outras etiologias. Em alguns casos, a p neum onia prim ária apresenta-se com o um processo pulm onar reticulonodular difuso (detectado em radiogra fias sim ples de tórax) associado a dispnéia e febre. A p neum onia pri m ária difusa associada ao Coccidioides pode ocorrer nos contextos de exposição am biental intensa ou de im unidade celular profundam ente suprim ida (p. ex., em pacientes com Aids), com crescim ento fúngico irrestrito frequentem ente associado a fungemia. O corre dissem inação clínica para fora da cavidade torácica em m enos de 1% dos indivíduos infectados. A dissem inação é m ais p ro vável em hom ens, em p articu lar aqueles de origem afro-am ericana ou filipina e em pessoas com im unidade celular deprim ida, inclusive pacientes com infecção pelo H IV e contagens de células T CD4+ no sangue periférico < 2 5 0 /|xL; aqueles sob terapia crônica com glico corticoides; os subm etidos a tran sp lan te alogênico de órgãos sóli dos e os tratados com antagonistas do fator de necrose tum oral a (T N F-a). As m ulheres que adquirem a infecção durante o 2o ou o 3o trim estre de gestação tam bém correm o risco de ter doença dissem i nada. Os locais com uns de dissem inação incluem a pele, os ossos, articulações, tecidos m oles e m eninges. A dissem inação pode seguir-se à infecção pulm onar sintom ática e assintom ática e pode envolver apenas um ou vários focos anatôm icos. Q uando ocorre, a dissem ina ção clínica em geral é evidente nos prim eiros meses após a infecção pulm onar prim ária. Sem tratam ento, a m eningite é sem pre fatal. Os pacientes em ge ral apresentam -se com cefaleia persistente, ocasionalm ente acom pa nhada p o r letargia e confusão m ental. A rigidez de nuca, se presente, não é grave. O exame do LCS dem onstra pleocitose linfocítica com hipoglicorraquia profunda e níveis elevados de proteína. Em alguns casos, detectam -se eosinófilos no LCS. C om ou sem a terapia apro priada, os pacientes p odem desenvolver hidrocefalia, que se m anifes ta clinicam ente po r um declínio acentuado do estado m ental, quase sem pre com distúrbios da m archa.
■ DIAGNÓSTICO C onform e m encionado a n teriorm ente, a coccidioidom icose costu m a ser d iagnosticada e rro n e a m e n te com o p n e u m o n ia bacteriana a d q u irid a n a com unidade. A sorologia desem p en h a um papel im p o rtan te no estabelecim ento do diagnóstico de coccidioidom icose. D ispõe-se de várias técnicas, inclusive os trad icio n ais ensaios de precipitina em tubo (PT) e fixação do com plem ento (FC), im unodifusão (ID PT e ID FC) e enzim aim unoensaio (ELISA) para detectar anticorpos IgM e IgG. A PT e os anticorpos IgM são encontrados no soro logo após a infecção e persistem p o r várias sem anas. N ão são úteis para avaliar a progressão da doença e não são encontrados no LCS. A FC e os anticorpos IgG ocorrem p o steriorm ente na evolução da doença e persistem p o r m ais tem p o do que a PT e os anticorpos IgM. Os títulos crescentes de FC estão associados à progressão clíni ca, e a presença de antico rp o de FC n o LCS constitui um indicador de m eningite causada p o r Coccidioides. O s anticorpos desaparecem com o passar do tem po em indivíduos cuja doença clínica sofre re solução. Devido à sua disponibilidade com ercial, o ELISA para Coccidioi des é frequentem ente usado com o recurso'de triagem para sorologia do Coccidioides. Tem havido um a preocupação quanto à ocorrência ocasional de resultados falsos-positivos no ELISA para IgM. Além disso, em bora a sensibilidade e a especificidade do ELISA da IgG p a reçam altas quando com paradas com as da FC e da IDFC, a densida de óptica obtida no ELISA não se correlaciona com o título sorológi co de nenhum dos últim os testes. O Coccidioides cresce em 3 a 7 dias a 37°C em um a variedade de m eios artificiais, inclusive ágar-sangue. Portanto, sem pre é útil obter am ostras de escarro ou outros líquidos respiratórios e tecidos para cultura nos casos suspeitos de coccidioidom icose. O laborató rio clínico deve ser alertado a respeito da possibilidade desse diag nóstico, pois o Coccidioides pode ser um risco im portante para os funcionários do laboratório se for inalado inadvertidam ente. O microgranismos tam bém p ode ser identificado diretam ente. E m bora o
tratam ento de am ostras com hidróxido de potássio raras vezes ajude a estabelecer o diagnóstico, o exam e do escarro ou de outros líq u i dos respiratórios após coloração com Papanicolaou ou m etenam ina de prata G om ori revela esférulas em um a proporção significativa de pacientes com coccidioidom icose pulm onar. Para tecidos fixados (p. ex., aqueles obtidos de am ostras de biópsia), podem ser d em o n stra das esférulas com inflam ação circundante à coloração com hem atoxilina e eosina ou m etenam ina de prata de Gom ori. Foi desenvolvido um teste com ercialm ente disponível para antigenúria e antigenem ia do Coccidioides, que parece ser útil para o diagnóstico da coccidioidom icose, p a rticu la rm e n te em pacientes im unossuprim idos com doença grave ou dissem inada. Todavia, esse teste pode fornecer resultados falsos positivos, particularm ente nos casos de histoplasm ose e blastom icose. Alguns laboratórios oferecem a detecção genôm ica pela reação em cadeia de polim erase.
TRATAMENTO
Coccidioidomicose
A tualm ente, duas classes principais de agentes antifúngicos são úteis para o tratam en to da coccidioidom icose (Q u a d ro 200.1). E m bora antes rotineiram ente prescrita, a anfotericina B em to das as suas form ulações agora é reservada apenas para os casos m ais graves de dissem inação e para adm inistração intratecal ou intraventricular a pacientes com m eningite causada p o r Coccidio ides nos quais a terapia com triazol tenha falhado. A form ulação original da anfotericina B, dispersa em desoxicolato, em geral é adm inistrada p o r via IV em doses de 0,7 a 1 m g/kg/dia ou 3x/ semana. As form ulações lipídicas m ais novas - complexo lipídico de anfotericina B (ABLC), anfotericina B em dispersão coloidal (ABCD) e complexo lipossom al de anfotericina B - não parecem
QUADRO 200.1 Apresentações clínicas da coccidioidomicose, sua frequência e tratamento inicial recomendado para o hospedeiro imunocompetente Apresentação clínica
Frequência, %
Assintomática
60
Nenhum
Pneumonia primária (focal)
40
Na maioria dos casos, nenhum3
Pneumonia difusa
1:16 e acometimento pulmonar extenso na radiografia de tórax. ò0tratamento (em geral, com os triazóis orais fluconazol e itraconazol) é recomendado para os sintomas persistentes. cNos casos graves, alguns clínicos usariam anfotericina B como tratamento inicial. "Recomenda-se anfotericina B intraventricular ou intratecal nos casos de falha do triazol. Pode ocorrer hidrocefalia, exigindo desvio do LCS. A/ofa.-Ver o texto para doses e duração.
ter vantagem terapêutica sobre a form ulação em desoxicolato para o tratam ento da coccidioidom icose, m as estão associadas a m enos toxicidade renal. As dispersões lipídicas são adm inistradas por via IV em doses de 5 m g/kg/dia ou 3x/sem ana. Os antifúngicos à base de triazol são os principais fárm acos m odernos utilizados para tratar a m aioria dos casos de coccidioi dom icose. Ensaios clínicos dem onstraram a utilidade do flucona zol e do itraconazol, com evidências indicando que o itraconazol pode ser m ais eficaz na doença óssea e articular. Graças à sua p e netração dem onstrada in vitro no LCS, o fluconazol é o azol pre ferido para o tratam ento da m eningite causada por Coccidioides, porém o itraconazol tam bém é efetivo. Para am bos os fárm acos, deve-se usar um a dose oral m ín im a para adultos de 400 m g/dia. A dose m áxim a de itraconazol é de 200 m g 3x/dia, m as podem ser adm inistradas doses m aiores de fluconazol. Agora tam bém estão disponíveis dois antifúngicos à base de triazol m ais novos, o posaconazol e o voriconazol, m as diante da relativa escassez de dados clínicos, do alto custo e (particularm ente no caso do voriconazol) da toxicidade potencial, tais agentes devem ser reservados para os casos recalcitrantes ao tratam ento com fluconazol ou itraconazol. O tratam ento com altas doses de um triazol pode ser teratogênico, particularm ente du ran te o prim eiro trim estre; p or conseguinte, deve-se considerar a anfotericina B para tratar a coccidioidom i cose em m ulheres grávidas. A m aioria dos pacientes com coccidioidom icose pulm onar prim ária focal não requer tratam ento. Os pacientes nos quais se deve considerar a terap ia an tifúngica incluem aqueles com im unodeficiências celulares subjacentes e aqueles com sintom as prolongados e sinais de doença extensa. Os critérios específicos incluem sintom as que persistem p or 2 meses ou mais, suores n o turnos por m ais de 3 sem anas, perda de peso > 10%, um título de anticorpo sérico > 1:16 e acom etim ento pu lm o n ar extenso, evi dente na radiografia de tórax. A coccidioidom icose pu lm o n ar difusa representa um a situa ção especial. C om o a m aioria dos pacientes com essa form a da doença exibe hipoxem ia profunda e doença grave, m uitos clínicos preferem com eçar o tratam ento com anfotericina B e passar para um triazol oral assim que ocorra m elhora clínica. Os nódulos que podem seguir-se à coccidioidom icose pulm o n ar p rim ária não precisam de tratam ento. C onform e assinalado anteriorm ente, não é fácil distingui-los de neoplasias m alignas pulm onares nas radiografias. Pode haver necessidade de acom pa nham ento clínico estrito e biópsia para distinguir entre essas duas entidades. A m aioria das cavitações pulm onares não requer trata m ento. Deve-se considerar o tratam ento antifúngico em pacien tes com tosse persistente, d or torácica pleurítica e hem optise. Em alguns casos, as cavitações p ulm onares causadas pelo Coccidioides adquirem infecção secundária, que em geral se m anifesta po r um nível hidroaéreo dentro da cavitação. E com um o envolvim ento de flora bacteriana ou de espécies de Aspergillus, razão pela qual se deve considerar o tratam ento voltado para esse$ m icrorganism os. A cirurgia raram ente é necessária, exceto nos casos de hem optise persistente ou piopneum otórax. N a coccidioidom icose pulm onar crônica, a terapia antifúngica p rolongada.- p or pelo m enos 1 ano - em geral é necessária, com m onitoração dos sintom as, das al terações radiográficas, culturas de escarro e títulos sorológicos. A m aioria dos casos de coccidioidom icose dissem inada re quer terapia antifúngica prolongada. A duração do tratam ento baseia-se na resolução dos sinais e sintom as da lesão em conjunto com um declínio significativo do título sérico de anticorpo à FC. Tal tratam ento rotineiram ente prossegue p or vários anos. O cor re recidiva em 15 a 30% dos indivíduos assim que o tratam ento term ina. A m eningite p o r Coccidioides é um desafio especial. E m bo ra a m aioria dos pacientes com essa form a da doença responda ao tratam ento com triazóis orais, 80% apresentam recaída quan do se interrom pe o tratam ento. Portanto, a terapia pelo resto da
vida é recom endável. Nos casos de falha do triazol, pode-se usar anfotericina B intratecal ou intraventricular. A instalação requer habilidade considerável e só deve ser feita p or um profissional de saúde experiente. Além da terapia antifúngica apropriada, é n e cessário o desvio de LCS nos casos de m eningite com plicada por hidrocefalia. Em todos os casos de m eningite p or Coccidioides, é aconselhável fazer um a consulta a u m especialista.
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■ PREVENÇÃO N ão h á m étodos com provados p ara re d u zir o risco dos residentes de um a região endêm ica de ad q u irirem coccidioidom icose. E vitar o contato direto com solo não cultivado ou poeira visível contendo m aterial do solo presum ivelm ente d im in u i o risco. A terapia a n ti fúngica profilática direcio n ad a é ap ro p riad a em pacientes com si nais de coccidioidom icose ativa ou recente e que estejam a po n to de ser subm etidos a transplante alogênico de órgão sólido. O s dados sobre o uso de agentes antifúngicos para a profilaxia em outras si tuações são escassos. E ntretanto, a m aioria dos especialistas a d m i n istraria terapia antifúngica com triazois a pacientes com h istó ria de coccidioidom icose ativa ou sorologia positiva p ara Coccidioides nos quais está sendo iniciado u m tratam e n to com antagonistas do T N F -a.
CAPÍ T ULO 2 0 1 ^ Blastomicose Stanley W. Chapman Donna C. Sullivan A blastom icose é u m a infecção p iogranulom atosa, que acom ete principalm ente os pulm ões e surge após a inalação dos conídios de Blastomyces dermatitidis. A blastom icose pulm onar varia de um a in fecção assintom ática a pneum onia aguda ou crônica. A dissem inação hem atogênica é freqüente. A doença extrapulm onar da pele, de ossos e do sistem a geniturinário é com um , m as praticam ente qualquer ó r gão pode ser infectado.
Doenças Infecciosas
■ AGENTE ETIOLÓGICO O B. dermatitidis é o estado assexuado do Ajellomyces dermatitidis. Foram identificados dois sorotipos com base na presença ou a u sência do antígeno A. O B. derm atitidis exibe dim orfism o térm ico, crescim ento com o a fase de m icélio à tem peratura am biente e com o fase de levedura a 37°C. O isolam ento prim ário depende p rincipal m ente da fase de micélio incubada a 30°C. A identificação definitiva em geral requer conversão para a fase de levedura a 37°C ou, m ais com um ente, o uso de técnicas de am plificação do ácido nucleico (p. ex., AccuProbe, G en-Probe, San Diego, Califórnia) que detectam o crescim ento na fase de micélio. As células em form a de levedura têm em geral de 8 a 15 |xm de diâm etro, paredes celulares espessas refrativas, são m ultinucleadas e se reproduzem por u m único broto grande, de base ampla.
■ EPIDEMIOLOGIA A m aioria dos casos de blastom icose foi relatada na A m é rica do N orte. As áreas endêm icas incluem os estados do sudeste e do centro-sul fronteiriços com as bacias dos rios Mississippi e Ohio, os estados do m eio-oeste e províncias canadenses fronteiriças com os G randes Lagos, além de um a pequena área em
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V a ld iv ia
Nova Iorque e no C anadá ao longo do rio St. Lawrence. Fora da A m é rica do N orte, a blastom icose tem sido relatada com m ais frequência na África. Os prim eiros estudos de casos endêm icos indicaram que hom ens de m eia-idade com ocupações ao ar livre correm o m aior risco. E n tretanto, os surtos relatados n ão sugerem um a predileção de acordo com o sexo, a idade, a raça, a ocupação ou a estação. E provável que o B. dermatitidis cresça com o m icrofocos no solo quente e úm ido de áreas de florestas ricas em resíduos orgânicos. A exposição ao solo, relacionada com o trabalho ou diversão, parece ser o fator com um associado à infecção.
■ PATOGENIA Após a inalação, os conídios de B. derm atitidis são suscetíveis à fa gocitose e à destruição nos pulm ões p o r leucócitos polim orfonucleares, m onócitos e m acrófagos alveolares. Essa resposta fagocítica representa im unidade inata e provavelm ente explica a alta frequência de infecções assintom áticas em surtos. Os conídios que escapam da fagocitose sofrem conversão rápida para a fase de levedura no tecido. É provável que a m aior resistência da form a de levedura de parede espessa à fagocitose e à destruição contribua para a infecção. A con versão para a fase de levedura tam bém induz a expressão da glicopro teína de 120 kD a BAD-1, que é um a adesina, um fator de virulência essencial e o principal epitopo para as im unidaaes hum oral e celular. A defesa prim ária adquirida do hospedeiro contra o B. dermatitidis é a im unidade celular m ediada p o r células T específicas para o antíge no e m acrófagos ativados p o r linfocinar -
Blastomicose Seja aguda ou crônica, a blastom icose sim ula m uitos outros p ro cessos m órbidos. Por exem plo, a blastom icose p ulm onar aguda pode m anifestar-se com sinais e sintom as indistinguíveis daqueles da pneum onia bacteriana ou da influenza. A blastom icose p u l m onar crônica m ais com um ente sim ula m alignidade ou tuber culose. As lesões cutâneas em geral são diagnosticadas erronea m ente com o carcinom a basocelular ou escam ocelular, pioderm a
gangrenoso ou ceratoacantom a. As lesões laríngeas costum am ser confundidas com carcinom a escam ocelular. P ortanto, o clínico precisa m anter um alto índice de suspeita e fazer um a avaliação histológica cuidadosa de secreções ou m aterial de biópsia dos p a cientes que vivam ou tenham visitado regiões onde a doença é endêmica.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A infecção p ulm onar aguda em geral é diagnosticada em associação a surtos de um a fonte específica e acom panhada pelo início abrupto de febre, calafrios, dor torácica pleurítica, artralgias e mialgias. No iní cio a tosse é im produtiva, m as costum a tornar-se purulenta à m edida que a doença progride. As radiografias de tórax em geral revelam in filtrados alveolares com consolidação. D erram es pleurais e adenopa tia hilar são incom uns. A m aioria dos pacientes diagnosticados com blastom icose p ulm onar tem pneum onia crônica indolente com sinais e sintom as de febre, perda de peso, tosse produtiva e hem optise. Os achados radiológicos m ais com uns são infiltrados alveolares com ou sem cavitação, lesões expansivas que sim ulam o carcinom a broncogênico e infiltrados fibronodulares. A insuficiência respiratória (sín drom e do desconforto respiratório agudo) associada a doença m iliar ou infiltrados pulm onares difusos é m ais com um entre pacientes im unocom prom etidos, em especial aqueles nos estágios term inais da Aids (Cap. 189). As taxas de m ortalidade são > 50% entre estes pacientes e a m aioria das m ortes ocorre nos prim eiros dias de terapia. A doença cutânea é a m anifestação extrapulm onar m ais com um da blastom icose. O correm dois tipos de lesões cutâneas: verrucosas (mais com uns) e ulcerativas. A osteom ielite está associada a até 25% dos casos de infecções pelo B. dermatitidis. As vértebras, a pelve, o sacro, o crânio, as costelas ou os ossos longos são acom etidos com m aior frequência. Os pacientes com osteom ielite causada pelo B. der matitidis em geral apresentam abscessos contíguos em tecidos m oles ou fístulas crônicas. Em hom ens, a blastom icose pode acom eter a próstata e o epidídim o. O corre doença do sistem a nervoso central (SNC) em m enos de 5% dos pacientes im ucom petentes com blasto micose. Entretanto, em pacientes com Aids há relatos de doença do SNC em cerca de 40% dos casos, em geral m anifestando-se com o um abscesso cerebral. As form as m enos com uns de doença do SNC são abscessos cranianos ou epidurais e m eningite.
■ DIAGNÓSTICO
QUADRO 201.1 I Doença
Tratamento da blastomicose
Tratamento primário
Paciente imunocompetente/doença potencialmente fatal Pulmonar
Formulação lipídica de AmB, 3 a 5 mg/kg/dia, ou desoxicolato de AmB, 0,7 a 1,0 mg/kg/dia (dose total: 1,5 a 2,5 g)
Blastomicose
A Infectious Diseases Society of A m erica publicou diretrizes para o tratam ento da blastom icose. A escolha do esquem a terap êu ti co apropriado deve se basear na form a clínica e na gravidade da doença, do estado im une do paciente e da toxicidade do agente
Itraconazol, 200 a 400 mg/dia (assim que a condição do paciente estiver estabilizada
Disseminada SNC
Formulação lipídica de AmB, 3 a 5 mg/kg/dia, ou desoxicolato de AmB, 0,7 a 1,0 mg/kg/dia (dose total: pelo menos 2 g)
Não do SNC
Formulação lipídica de AmB, 3 a 5 mg/kg/dia, ou desoxicolato de AmB, 0,7 a 1,0 mg/kg/dia (dose total: 1,5 a 2,5 g)
Fluconazol, 800 mg/ dia (se o paciente não tolerar o ciclo completo de AmB)
Itraconazol, 200 a 400 mg/dia (assim que a condição do paciente estiver estabilizada)
Paciente imunocompetente/doença não potencialmente fatal Pulmonar ou disseminada (não do SNC)
Itraconazol, 200 a 400 mg/dia ou Formulação lipídica de AmB, 3 a 5 mg/kg/dia ou desoxicolato de AmB, 0,5 a 0,7 mg/kg/dia (em pacientes que não toleram o itraconazol ou cuja doença progride a despeito do tratamento)
Fluconazol, 400 a 800 mg/dia ou cetoconazol, 400 a 800 mg/dia *
Paciente imunocomprometido9 Todas as infecções
Formulação lipídica de AmB, 3 a 5 mg/kg/dia ou
TRATAMENTO
Tratamento alternativo
Blastomicose
O diagnóstico definitivo de blastom icose requer o crescim ento do m icrorganism o a p artir de escarro, pus ou m aterial de biópsia. Faz-se um diagnóstico presuntivo p or visualização do brotam ento caracte rístico de base am pla das leveduras em am ostras clínicas. O diagnós tico sorológico de blastom icose tem utilidade lim itada por causa da reatividade cruzada com outros antígenos fungicos. Existe no com ércio um ensaio para antígeno de Blastomyces que detecta o antígeno na urin a e no soro (M ira Vista D iagnostics, Indianapolis, IN). A detecção do antígeno na urin a parece ser mais sensível do que no soro. Esse teste de antígeno pode ser útil para m o nitorar os pacientes durante o tratam ento ou p ara a detecção precoce de recidiva. D ispõe-se no com ércio de técnicas de identificação m o lecular, incluindo hibridização com sondas de DNA; entretanto, no m om ento atual, essas técnicas são apenas usadas para com plem entar os m étodos tradicionais de diagnóstico.
antifúngico (Q u a d ro 201.1). E m bora ten h a m sido bem d o c u m entadas curas espontâneas da infecção pulm onar aguda, não há critérios para distinguir os pacientes cuja doença progridirá ou se dissem inará. Portanto, quase todos os pacientes com blastom ico se devem ser tratados. O itraconazol é o agente de escolha para os pacientes im uno com petentes com doença pulm o n ar leve, m oderada ou extrapul m o n ar que não do SNC. O tratam ento continua po r 6 a 12 meses. A anfotericina B é o tratam ento inicial preferido para os pacientes com im unocom prom etim ento grave, que tenham doença p o ten cialm ente fatal ou do SNC, ou cuja doença progride durante o tratam ento com itraconazol. E m bora não tenham sido estudadas
dexicolato de AmB, 0,7 a 1,0 mg/kg/dia (dose total: 1 ,5 a 2,5 g)
Itraconazol, 200 a 400 mg/dia (doença não do SNC, assim que haja melhora clínica)
a0tratamento supressor com itraconazol pode ser considerado para pacientes cujo estado de imunocomprometimento continua. 0 fluconazol (800 mg/dia) pode ser útil para pacientes que apresentam doença do SNC ou que não podem tolerar o itraconazol. Nota: AmB, anfotericina B; SNC, sistema nervoso central.
1647
com rigor, as form ulações lipídicas de anfotericina B são um a al ternativa para os pacientes que não toleram a anfotericina B em desoxicolato. A m aioria dos pacientes com doença não do SNC cuja condição clínica m elhora após u m esquem a inicial de anfote ricina B (em geral por 2 sem anas) pode passar a tom ar itraconazol para com pletar os 6 a 12 meses de terapia. O fluconazol, devido à sua excelente penetração no SNC, pode ter um papel no tra ta m ento de pacientes com abscesso cerebral ou m eningite após um esquem a inicial de anfotericina B. O voriconazol tem sido usado com sucesso no tratam ento da blastom icose refratária, blastom icose em pacientes im unossupri m idos e - em virtude de sua boa penetração no LCS - blastom i cose do SNC. Não existem dados para sustentar o uso do p o sa conazol em casos hum anos de blastom icose. As equinocandinas têm atividade variável contra o B. dermatitidis e não têm lugar no tratam ento da blastomicose.
ses de tratam ento. Os m enos de 5% dos casos que recidivam após um esquem a inicial de itraconazol costum am reagir bem a um segundo tratam ento.
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D eepe
■ PROGNÓSTICO
CAPÍ T ULO
202
Criptococose Arturo Casadevall ■ DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA
Doenças Infecciosas 1648
RB et al: Seasonal variations in the clinical presentation of pulmonary and extrapulmonary blastomycosis. Med Mycol 46:835,2008
L ig h t
As taxas de respostas clínica e m icológica são de 90 a 95% entre os pacientes im unocom petentes que seguem o tratam ento com itraco nazol para a doença p ulm onar e extrapulm onar leve ou m oderada sem acom etim ento do SNC. A doença óssea e articular requer 12 m e
O Cryptococcus, um gênero de fungo leveduriform e, é o agente etio lógico da criptococose. Existem duas espécies, C. neoformans e C. gattii, e cada um a delas p ode causar criptococose nos seres hum anos. O C. neoformans ocorre em duas variedades, conhecidas com o grubii e neoformans, que se correlacionam com os sorotipos A e D, respec tivam ente. O C. gattii não foi dividido em variedades, p orém é tam bém antigenicam ente diverso, sendo constituído pelos sorotipos B e C. A m aioria dos laboratórios de m icrobiologia clínica não distingue rotineiram ente entre C. neoformans e C. gattii ou entre variedades, identificando e descrevendo todos os isolados sim plesm ente com o C. neoformans.
■ EPIDEMIOLOGIA A criptococose foi descrita pela p rim eira vez na década de 1890, m as continuou relativam ente rara até m eados do século XX, quando os avanços no diagnóstico e o m aior n úm ero de indivíduos im u n o s suprim idos aum entaram de m aneira acentuada sua prevalência re latada. O espectro da doença causada p o r espécies de Cryptococcus consiste predom inantem ente em m eningoencefalite e pneum onia, m as tam bém ocorrem infecções da pele e de tecidos m oles. E stu dos sorológicos m ostraram que, em bora a infecção criptocócica seja com um entre indivíduos im unocom petentes, a doença criptocócica (criptococose) é relativamente rara na ausência de com prom etim en to da im unidade. Indivíduos sob alto risco de criptococose incluem pacientes com m alignidades hem atológicas, receptores de transplan tes de órgãos sólidos que precisam de terapia im unossupressora p ro
AR et al: Cutaneous blastomycosis: A diagnostic challenge. I n t) Der matol 47:824, 2008
M ason
longada e aqueles com infecção avançada pelo H IV e contagens de linfócitos T CD4+ < 200/ |jlL. D esde o início da p an d em ia do H IV no com eço da década de 1980, a grande m aioria dos casos de criptococose ocor reu em pacientes com A ids (C ap. 189). Para en te n d er o im pacto da infecção pelo H IV sobre a epidem iologia da criptococo se, vale a pena lem brar que, n o início da década de 1990, houve mais de 1.000 casos de m eningite criptocócica p o r ano na cidade de Nova Iorque - um n úm ero que ultrap asso u em m uito o de casos de m e ningite bacteriana. C om o advento do trata m e n to antirretro v iral efetivo, a incidência de c riptococose relacionada com a Aids caiu consideravelm ente entre os indivíduos tratados, m as a doença co n tin u a bastante com um nas regiões onde o tratam en to antirretroviral im ediato não está disponível com facilidade, com o a Á frica e a Ásia, em que aproxim adam ente 33% dos pacientes com A ids têm cripto cocose. A carga global d a criptococose foi recentem ente estim ada em cerca de 1 m ilhão de casos, com m ais de 600.000 m il m ortes anualm ente. Por conseguinte, os criptococos são im portantes p ató genos hum anos. A infecção criptocócica é a d q u irid a do am biente. O C. neofor m ans e o C. gattii habitam nichos ecológicos difefentes. O prim eiro costum a ser e n co n trad o em solos c o n ta m in a d o s p o r excrem entos de aves e pode ser isolado com facilidade de solos úm idos de áreas som breadas co n ta m in a d o s com dejetos cte pom bos. Já o C. gattii não é encontrado em fezes de aves. Em vez disso, habita u m a varie dade de espécies de árvores, inclusive diversos tipos de eucaliptos. São encontradas cepas de C. neoform ans em to d o o m undo, porém as da variante grubii (sorotipo A) são m uito m ais com uns que as da variante neoformans (sorotipo D), tan to em isolados clínicos q u a n to am bientais. Pensava-se que a d istribuição geográfica do C. gattii estivesse praticam ente lim itad a às regiões tropicais até ocorrer um surto de criptococose causado p o r u m a nova cepa, o sorotipo B, que com eçou em V ancouver em 1999. Esse su rto estendeu-se para os EUA, e, na atualidade, o C. gattii está sendo e n co n trad o em vários estados no N oroeste do Pacífico. A lém da distribuição geográfica diferente das duas espécies de criptococos, a suscetibilidade in d i
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vidual a elas afeta sua epidem iologia. A criptococose causada pelas variedades de C. neoform ans ocorre principalm ente em indivíduos com Aids (Cap. 189) e outras form as de co m prom etim ento da im u nidade, enquanto a doença relacionada com o C. gattii não está as sociada a déficits im unes específicos e é freqüente em indivíduos im unocom petentes.
■ PATOGENIA A infecção criptocócica é a d quirida p o r inalação de p artículas in fecciosas aerossolizadas. A natureza exata dessas partículas não é conhecida; as duas form as prováveis são pequenas células de leve dura ressecadas e basidiosporos. Pouco se sabe sobre a patogenia da infecção inicial. E studos sorológicos m ostraram que a infecção crip tocócica é adquirida na infância, m as não se sabe se a infecção inicial é sintom ática. Tendo em vista que a infecção criptocócica é com um , enquanto a doença é rara, o consenso é o de que os m ecanism os pulm onares de defesa em indivíduos com integridade im unológica são altam ente efetivos no com bate a esse fungo. N ão está claro se a infecção inicial leva a um estado de im unidade ou se a m aioria dos indivíduos durante a vida toda sofre infecções freqüentes e reco rren tes que se resolvem sem que ocorra doença clínica. N o entanto, evi dências indicam que algum as infecções criptocócicas hum anas acar retam um estado de latência em que m icrorganism os viáveis ficam abrigados p or períodos prolongados, possivelm ente em granulom as. Portanto, a inalação de células e/ou esporos criptocócicos p ode ser se guida de depuração ou do estabelecim ento de um estado latente. As conseqüências da presença prolongada de células criptocócicas nos pulm ões não são conhecidas, m as evidências de estudos com a n i mais indicam que a presença prolongada dos m icrorganism os altera o m eio im unológico do pulm ão e predispõe à doença alérgica das vias respiratórias. Em geral a criptococose m anifesta-se clinicam ente com o m e ningite criptocócica crônica. Os m ecanism os pelos quais o fungo se dissem ina para fora dos pulm ões e entra no sistem a nervoso central (SNC) continua pouco com preendido. O m ecanism o pelo qual as células criptocócicas atravessam a barreira hem atencefálica é objeto de estudo intensivo. Evidências atuais sugerem a m igração direta das células fúngicas através do endotélio ou o transporte dos fungos d e n tro dos macrófagos, com o invasores no “cavalo de Troia”. As espécies de Cryptococcus possuem fatores de virulência bem definidos, que incluem a cápsula polissacarídica, a capacidade de elaborar m elanina e a elaboração de enzim as (p. ex., fosfolipase e urease) que facilitam a sobrevivência das células fúngicas no tecido. Entre esses fatores de virulência, a cápsula e a produção de m elanina foram os m ais estu dados. A cápsula criptocócica é antifagocítica e o seu polissacarídio foi associado a num erosos efeitos deletérios sobre a função im une do hospedeiro. As infecções criptocócicas p odem desencadear pouca ou n enhum a reação inflam atória tecidual. A disfunção im une vista na criptococose foi atribuída à liberação de grandes quantidades de polissacarídio capsular nos tecidos, onde é provável que ele interfira nas respostas im unes locais (Fig. 202.1). Na prática clínica, o polissa carídio capsular é o antígeno m edido com o m arcador diagnóstico da infecção criptocócica.
Criptococose A criptococose deve ser incluída no diagnóstico diferencial qu an do um paciente m anifesta achados sugestivos de m eningite crô nica. A preocupação com a criptococose é intensificada p or um a história de cefaleia e sintom as neurológicos em um paciente com algum distúrbio ou estado im unossupressor subjacente associado a um a m aior incidência de criptococose, com o infecção avançada pelo H IV ou transplante de órgão sólido.
Figura 202.1 Antígeno criptocócico em tecido cerebral humano, confor me revelado pela coloração imuno-histoquímica. As áreas marrons mostram depósitos de polissacarídio no mesencéfalo de um paciente que morreu em decor rência de meningite criptocócica. (Reimpressa, com autorização, de SC Lee et al.: Hum Pathol 27:839, 1996.)
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As m anifestações clínicas da criptococose refletem o local da infecção fúngica. E m bora a infecção possa afetar qualquer tecido ou órgão, a m aioria dos casos que chegam aos clínicos envolve o SNC e/ou os pulm ões. O acom etim ento do SNC em geral m anifesta-se p or sinais e sintom as de m eningite crônica com o cefaleia, febre, letargia, déficits sensoriais e de m em ória, paresia de nervo craniano, déficits visuais e m eningism o. A m eningite criptocócica difere da bacteriana pelo fato de que m uitos pacientes infectados p o r criptococos apresentam sintom as há várias sem anas. Além disso, as características clássicas de irritação m eníngea, com o o m eningism o, podem estar ausentes na m eningite criptocócica. Casos indolentes podem se m anifestar com o dem ência subaguda. A criptococose m eníngea pode acarretar perda catastrófica súbita da visão. A criptococose p u lm o n a r em geral m anifesta-se p o r tosse, au m ento da produção de escarro e d or torácica. Os pacientes infectados pelo C. gattii podem apresentar m assas pulm onares granulom atosas conhecidas com o criptococomas. O corre febre em um a m inoria dos casos. C om o a doença do SNC, a criptococose p ulm onar pode ter um a evolução indolente, sendo provável que a m aioria dos casos não chegue ao conhecim ento dos m édicos. N a verdade, m uitos casos são descobertos p or acaso, durante a avaliação de u m a radiografia toráci ca anorm al obtida para outros fins diagnósticos. A criptococose p u l m onar pode estar associada a doenças prévias com o m alignidades, diabetes e tuberculose. Lesões cutâneas são com uns em pacientes com criptococose dis sem inada e podem ser altam ente variáveis, incluindo pápulas, placas, púrpura, vesículas, lesões sem elhantes a tum ores e exantem as. O es pectro da criptococose nos pacientes infectados pelo H IV é tão varia do e m udou tanto desde o advento da tefapia antirretroviral que não há m ais necessidade de distinguir a criptococose relacionada com o H IV da que não é. Nos pacientes com Aids e nos subm etidos a trans plante de órgão sólido, as lesões da criptococose cutânea em geral lem bram as do m olusco contagioso (Fig. 202.; Cap. 183).
■ DIAGNÓSTICO O diagnóstico de criptococose requer a dem onstração de células leveduriform es em tecidos n o rm alm en te estéreis. A visualização da cápsula de células fúngicas no líquido cerebrospinal (LCS) m isturada com nanquim é um a técnica diagnostica útil e rápida. As células crip-
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il 8 Figura 202.2 Infecção fúngica dissem inada. Um receptor de transplante de fígado desenvolveu seis lesões cutâneas semelhantes à mostrada. A biópsia e o teste para antígeno sérico demonstraram a presença de Crytococcus. Os aspectos importantes da lesão incluem uma pápula carnosa de aspecto benigno com umbilicação central que lembra o molusco contagioso. (Cortesia do Dr. Lindsey Baden; com autorização.)
tocócicas em nanquim têm um aspecto característico porque suas cápsulas excluem as partículas de tinta. N o entanto, esse exame pode dar resultados negativos em pacientes com baixa carga de fungos. O exame deve ser feito p or alguém treinado, pois às vezes os leucócitos e os glóbulos de gordura podem ser confundidos com células fúngi cas. Culturas de LCS e sangue positivas para células criptocócicas são diagnósticas de criptococose. Na m eningite criptocócica, o exame do LCS em geral revela evidência de m eningite crônica com pleocitose m ononuclear e aum ento dos níveis de proteína. Um teste p a rtic u larm ente útil, po r ser sensível e específico, é a detecção do antígeno criptocócico (CRAg) no LCS e no sangue. Tal exame se baseia na d e tecção do polissacarídio criptocócico no m aterial. Um teste positivo fornece forte evidência presuntiva de criptococose; m as, com o na criptococose pulm onar o resultado em geral é negativo, o teste é m e nos útil no diagnóstico da doença pulm onar.
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TRATAMENTO
Criptococose
Tanto o local da infecção quanto o estado im une do hospedeiro precisam ser considerados ao escolher a terapia para a criptococo se. A doença tem dois padrões gerais de m anifestação: (1) a c rip tococose pulm onar, sem evidências de dissem inação extrapulm o nar, e (2) a criptococose extrapulm onar (sistêm ica), com ou sem m eningoencefalite. A criptococose pulm onar em um hospedeiro im unocom petente às vezes se resolve sem tratam ento. C ontudo, diante da propensão das espécies de Cryptococcus de dissem i nar-se a p artir dos pulm ões, da im possibilidade de avaliar com exatidão o estado im une do hospedeiro e da disponibilidade de tratam ento com baixa toxicidade sob a form a de fluconazol, a re com endação atual é tratar a criptococose pulm onar em um indiví duo im unocom petente com fluconazol (200 a 400 m g/dia durante 3 a 6 meses). A criptococose extrapulm onar sem acom etim ento do SNC em um hospedeiro im unocom petente po d e ser tratada com o m esm o esquem a, em bora nos casos m ais graves possa ser necessária a anfotericina B (AmB; 0,5 a 1 m g /kg/dia durante 4 a 6 sem anas). A criptose extrapulm onar sem envolvim ento SNC requer tratam ento m enos intensivo - sem esquecer que a m orbi
dade e a m ortalidade na criptococose estão associadas a acom e tim ento m eníngeo. Portanto, a decisão de categorizar a criptoco cose com o “extrapulm onar sem acom etim ento do SNC” só deve ser tom ada após a avaliação cuidadosa do LCS se ela não revelar sinais de infecção criptocócica. No caso de acom etim ento do SNC em um hospedeiro sem Aids ou com prom etim ento im une óbvio, a m aioria dos especialistas recom enda iniciar o tratam ento com AmB (0,5 a 1 m g/kg/dia) d urante um a fase de indução, seguida po r tratam ento prolongado com fluconazol (400 m g/dia) durante um a fase de consolidação. N a m eningoencefalite criptocócica sem um a condição im unossupressora concom itante, o esquem a reco m endado é AmB (0,5 a 1 m g/kg) m ais flucitosina (100 m g/kg) diariam ente por 6 a 10 sem anas. U m a alternativa pode ser tratar os pacientes com AmB (0,5 a 1 m g/kg) mais flucitosina* (100 m g/ kg) diariam ente durante 2 sem anas e então com fluconazol (400 m g/dia) p o r pelo m enos 10 sem anas. Os pacientes com im unos supressão são tratados com o m esm o esquem a inicial, exceto pelo fato de que a terapia de consolidação com fluconazol é dada por um período prolongado para evitar recidiva. A criptococose em pacientes com infecção pelo H IV sem pre requer tratam ento agressivo e é considerada incurável, a m enos que a função im une m elhore. C onsequentem ente, o tratam ento da criptococose no contexto da Aids tem duas fases: de indução (com o intuito de reduzir a carga fúngica e aliviar os sintom as) e a de m anutenção pelo resto da vida (para evitar um a recidiva clínica sintom ática). A criptococose p u lm o n a r e a extrapulm o nar sem evidência de acom etim ento do SNC podem ser tratadas com fluconazol (200 a 400 m g/dia). Nos pacientes com doença mais extensa, pode-se acrescentar flucitosina (100 m g/kg/dia) ao esquem a de fluconazol p o r 10 sem anas, com tratam ento de m a nutenção com fluconazol pelo resto da vida daí po r diante. Para os pacientes com infecção pelo H IV e evidência de acom etim ento do SNC, a m aioria dos especialistas recom enda ao tratam ento de indução com AmB. Um esquem a aceitável é AmB (0,7 a 1 m g/ kg/dia) m ais flucitosina (100 m g/kg) diariam ente p o r 2 semanas, seguindo-se com fluconazol (400 m g/dia) p o r pelo m enos 10 sem anas e então terapia de m anutenção pelo resto da vida com fluconazol (200 m g/dia). U m a alternativa é usar fluconazol (400 a 800 m g/dia) m ais flucitosina (100 m g/kg/dia) p o r 6 a 10 sem a nas seguidos p or fluconazol (200 m g/dia) com o terapia de m an u tenção. Triazois m ais novos, com o o voriconazol, são altam ente ativos contra cepas de criptococos, p orém a experiência clínica com esses agentes no tratam en to da criptococose é lim itada. As form ulações lipídicas de AmB p odem ser substituídas pela AmB em desoxicolato nos pacientes com com prom etim ento renal. A caspofungina e a m icafungina não são eficazes contra espécies de Cryptococcus, não tendo um papel no tratam ento da criptococo se. A m eningoencefalite criptocócica em geral está associada ao aum ento da pressão intracraniana, que se acredita ser responsável pelo dano cerebral e aos nervos cranianos. O tratam ento apropria do da criptococose do SNC requer m uita atenção ao tratam ento da pressão intracraniana, inclusive a redução da pressão m ediante punção lom bar terapêutica repetida e a colocação de shunts. Em pacientes infectados pelo H IV com criptococose prévia tratad a que estejam sob terapia de m anu ten ção com fluconazol, às vezes é possível in te rro m p er o tratam e n to antifúngico m ed i cam entoso se a terapia a n tirretroviral resultar em m elhora im u nológica, m as certos receptores de terapia de m anu ten ção com história de criptococose tratad a com sucesso p odem desenvolver um a síndrom e de reconstituição im u n e problem ática quando o tratam ento a ntirretroviral in d u z um rebote na atividade do sis tem a im unológico.
N. de R. T.: No momento não disponível no Brasil, por falta de registro governa mental.
■ PROGNÓSTICO E COMPLICAÇÕES
■ PREVENÇÃO
M esmo com o tratam ento antifúngico, a criptococose está associada a altos índices de m orbidade e m ortalidade. Para a m aioria dos p a cientes com criptococose, os fatores prognósticos m ais im portantes são a extensão e a duração dos déficits im unológicos subjacentes que os predispõem ao desenvolvim ento da doença. Portanto, a c rip to cocose em geral é curável com o tratam en to antifúngico em indiví duos sem disfunção im unológica aparente, m as nos pacientes com im unossupressão grave (p. ex., aqueles com Aids), o m áxim o que se pode esperar é que o tratam ento antifúngico induza rem issão, que então pode ser m antida com a terapia supressora pelo resto da vida. Antes do advento da terapia antirretroviral, o p eríodo de sobrevida global m ediano dos pacientes com Aids que adquiriam criptococose era inferior a 1 ano. A criptococose em pacientes com doença neoplásica subjacente tem um prognóstico particularm ente desfavorá vel. Na criptococose do SNC, m arcadores prognósticos desfavoráves são um teste positivo para leveduras no LCS pelo exam e inicial com nanquim (evidência de um a carga fúngica m aciça), pressão alta do LCS, níveis baixos de glicose no LCS, pleocitose baixa no LCS (< 2/|xL), recuperação de leveduras de locais extraneurais, ausência de anticorpos contra o polissacarídio capsular, um nível de antíge no criptocócico no LCS ou no soro > 1:32 bem com o tratam en to concom itante com glicocorticoide ou m alignidade hem atológica. Uma resposta ao tratam ento não garante a cura, pois é com um h a ver recidiva da criptococose m esm o entre pacientes com o sistem a im une relativam ente íntegro. As com plicações da criptococose do SNC incluem déficits de nervos cranianos, perda da visão e com pro m etim ento cognitivo.
Não existe vacina para a criptococose. N os pacientes sob alto ris co (p. ex., aqueles com infecção avançada pelo H IV e contagens de linfócitos T CD4+ < 200/|xL), a profilaxia p rim ária com fluconazol (200 m g/dia) é efetiva no sentido de reduzir a prevalência da doença. C om o a terapia antirretroviral aum enta a contagem de linfócitos T CD4+, constitui um a form a im unológica de profilaxia; porém a c rip tococose, no contexto de reconstituição im une, foi relatada em p a cientes com infecção pelo H IV e receptores de transplantes de órgão sólido.
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Candidíase John E. Edwards, Jr. O gênero Candida abrange m ais de 150 espécies, m as apenas algu m as causam doença h u m an a. C om raras exceções, os patógenos h um anos são C. albicans, C. guillierm ondii, C. krusei, C. parapsilosis, C. tropicalis, C. kefyr, C. lusitaniae, C. dubliniensis e C. glabrata. O nipresentes na natureza, esses m icrorganism os são enco n trad o s em objetos inanim ados, alim entos e anim ais, sendo com ensais n o r m ais de seres hum anos. H abitam o trato g astrintestinal (inclusive a boca e a orofaringe), o trato genital fem in in o e a pele. E m bora casos de candidíase ten h a m sido d escrito s desde a A ntiguidade em pacientes debilitados, o advento de espécies de Candida com o patógenos h u m an o s com uns, d ata d a in tro d u ç ão das abordagens terapêuticas m odernas, que suprim em os m ecanism os no rm ais de defesa do hospedeiro. E ntre esses avanços relativam ente recentes, o m ais im p o rta n te é o uso de agentes antibacterianos que alteram a flora h u m an a norm al e perm item que espécies não bacterianas co m ensais se to rn em m ais prevalentes. C om a in tro d u ção dos agentes antifúngicos, as causas de infecção p o r C andida deixaram de apre sen tar um a pred o m in ân cia quase com pleta da C. albicans para o envolvim ento com um de C. glabrata e das outras espécies supracita das. As espécies que n ão a albicans agora são responsáveis p o r cerca de 50% dos casos de candidem ia e candidíase dissem inada p o r via
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Saag
hem atogênica. O re co n h e cim en to dessa m odificação tem im p o r tância clínica, pois a suscetibilidade das várias espécies aos agentes antifúngicos m ais novos difere. N os países desenvolvidos, onde é com um o uso de tratam en to s clínicos, as espécies de Candida estão hoje entre os patógenos nosocom iais m ais com uns. N os EUA, essas espécies são o q u a rto isolado m ais co m u m do sangue de pacientes hospitalizados. A Candida é um a levedura pequena, ovoide, de parede fina, que m ede de 4 a 6 |xm de d iâm etro e se rep ro d u z p o r brotam ento. Os m icrorganism os desse gênero ocorrem em três form as nos tecidos: blastosporos, pseudo-hifas e hifas. A Candida cresce com facilidade em m eio sim ples, conseguindo-se detectá-la no sangue m ais facil m ente m ediante lise p o r centrifugação. As espécies são identificadas por m eio de testes bioquím icos (atualm ente com dispositivos auto m atizados) ou em ágar especial.
■ PATOGENIA Nas form as m ais graves de infecção p o r Candida, os m icrorganism os dissem inam -se p or via hem atogênica e form am m icroabscessos e p e quenos m acroabscessos nos órgãos principais. E m bora o m ecanism o exato não seja conhecido, é provável que a Candida entre na corren te sanguínea a p a rtir de superfícies m ucosas após crescerem até um grande núm ero, em conseqüência da supressão induzida pelos fár m acos antibacterianos; alternativam ente, em outras circunstâncias, o m icrorganism o pode p en etrar a p a rtir da pele. Um a m odificação do estágio de blastosporo para os de pseudo-hifa e hifa em geral é consi derado parte integrante da penetração do m icrorganism o no tecido. C ontudo, a C. glabrata pode causar infecção extensa m esm o que não se transform e em pseudo-hifas ou hifas. N um erosas revisões de casos de candidíase dissem inada p or via hem atogênica identificaram os se
guintes fatores ou condições predisponentes: agentes antibacterianos, cateteres intravasculares perm anentes, líquidos para superalim entação, cateteres urinários perm anentes, glicocorticoides parenterais, respiradores, neutropenia, cirurgias abdom inal ou torácica, quim io terapia citotóxica e agentes im unossupressores para transplante de órgãos. Os pacientes com queim aduras graves, neonatos de baixo peso e usuários de drogas ilícitas IV tam bém são suscetíveis. Os p a cientes infectados pelo H IV com baixas contagens de células T CD4+ e aqueles com diabetes são suscetíveis à infecção m ucocutânea, que pode acabar evoluindo para a form a dissem inada quando outros fa tores predisponentes são encontrados. M ulheres que recebem agen tes antibacterianos podem desenvolver candidíase vaginal. A im unidade inata é o m ecanism o de defesa m ais im p o rtan te c o n tra a candidíase dissem inada p o r via hem atogênica e o n e u tró filo é o principal com ponente dessa defesa. E m bora m uitos in d i víduos im u n o co m p eten tes tenham an tico rp o s co n tra Candida, o papel desses anticorpos na defesa contra o m icrorganism o não está esclarecido.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Candidíase mucocutânea
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A candidíase oral (“sapinho”) caracteriza-se p o r placas brancas, aderentes, indolores, discretas ou confluentes na boca, na língua ou no esôfago, ocasionalm ente com fissuras nos cantos da boca. Essa form a de doença causada p o r C andida tam b ém po d e o c o rre r em pontos de contato com próteses dentárias. O s m icrorganism os são identificáveis em raspados das lesões corados pelo G ram . A o c o r rência de candidíase oral em u m a pessoa jovem e saudável nos dem ais aspectos deve incitar u m a investigação de infecção subja cente pelo HIV. O m ais com um é observar o problem a com o um a m anifestação inespecífica de doença debilitante grave. A candidíase vulvovaginal é acom panhada p o r p ru rid o , d o r e secreção vaginal geralm ente fino, m as que pode conter “coalhos” brancos nos casos graves. O utras infecções cutâneas p o r C andida in clu em p a ro n íq u ia, u m a tum efação dolorosa da interface da u n h a com a pele; o n ico m i cose, um a infecção ungueal fúngica raram en te causada p o r esse gê nero; intertrigo, u m a irritação eritem atosa com eritem a e pústulas nas pregas cutâneas; balanite, u m a infecção e ritem a to sa-p u stu la r da glande p eniana; erosão interdigital blastom icética, um a infecção e ntre os dedos das m ãos ou dos pés; foliculite, com pú stu las que se desenvolvem m ais freq u en tem en te na área da barba; c a n d id í ase perianal, um a infecção p u stu lar eritem ato sa e p ru rig in o sa em to rn o do ânus; e exantem a da fralda, u m a infecção p erin eal e rite m ato sa-p u stu lar com um em lactentes. A candidíase cu tân ea disse m in a d a generalizada, o u tra form a de infecção que o co rre p rin c i p alm ente em lactentes, caracteriza-se p o r eru p çõ es d issem inadas sobre o tronco, no tórax e nos m em bros. O d iagnóstico de lesões m acronodulares da candidíase dissem inada p o r via h em atogênica (Fig. 203.1) indicam alta probabilidade de dissem inação p ara m ú l tiplos órgãos e tam bém para a pele. E m bora as lesões sejam vistas p re d o m in an te m e n te em pacientes im u n o c o m p ro m e tid o s tratad o s com fárm acos citotóxicos, elas tam bém p o d em desenvolver-se em pacientes sem neutropenia. A candidíase mucocutânea crônica é um a infecção heterogênea dos cabelos, unhas, pele e mucosas que persiste apesar do tratam ento interm itente. A doença em geral se inicia na infância ou nas prim ei ras décadas de vida, m as em casos raros pode ocorrer m ais tarde. A condição pode ser branda e lim itada a um a área específica da pele ou das unhas, ou assum ir um a form a desfigurante (granulom a p or Can dida), que se caracteriza por proliferações exofíticas na pele. Em geral a condição está associada a disfunção im unológica específica, sendo a m ais frequentem ente relatada um a falha na proliferação de linfó citos T ou na estim ulação das citocinas em resposta à estim ulação p o r antígenos de Candida in vitro. Cerca de 50% dos pacientes têm
Figura 203.1 Lesões cutâneas macronodulares associadas à candidíase disseminada por via hematogênica. Os microrganismos do gênero Candida são habitualmente, mas nem sempre visíveis ao exame histopatológico. Os fungos crescem quando uma parte da amostra de biópsia é cultivada. Portanto, para me lhor identificação, devem ser feitas histopatologia e cultura. (Cortesia do Dr. Noah Craft e Victor Newcomber coilection at UCLA, arquivo do Logical Images, Inc.; com autorização.)
anorm alidades endócrinas associadas, designadas em conjunto como síndrom e de poliendocrinopatia auto im u n e - candidíase - distrofia ectodérm ica (PEACDE, ou APECED em inglês), decorrente de m u tações no gene regulador autoim une (A IR E ) e m ais prevalente entre finlandeses, judeus iranianos, sardenhos, italianos do norte e suecos. As condições que em geral se seguem ao início da doença incluem hipoparatireoidism o, insuficiência suprarrenal, tireoidite autoim une, doença de Graves, hepatite crônica ativa, alopecia, anem ia pernicio sa de início juvenil, m á-absorção e hipogonadism o prim ário. Além disso, podem ocorrer displasia do esm alte dentário, vitiligo, distrofia da fosseta ungueal e calcificação das m em branas tim pânicas. Os p a cientes com candidíase m u cocutânea crônica raras vezes desenvol vem candidíase dissem inada p or via hem atogênica, provavelm ente porque a função dos neutrófilos perm anece intacta.
Candidíase invasiva profunda As infecções p rofundam ente invasivas p o r Candida podem ou não decorrer de dissem inação hem atogênica. A infecção esofágica p ro funda pode resultar da penetração dos m icrorganism os a p a rtir de erosões esofágicas superficiais; de infecção articu lar ou de ferida p rofunda p o r dissem inação contígua dos m icrorganism os a p artir da pele; de infecção renal decorrente de dissem inação, iniciada no cateter, dos m icrorganism os p o r m eio do trato urinário; de infecção de órgãos intra-abdom inais e do peritônio a p a rtif da perfuração do trato gastrintestinal, e de infecção da vesícula biliar a p a rtir da m i gração retrógrada de m icrorganism os do trato gastrintestinal para o sistem a de drenagem biliar. E n tre tan to , é m u ito m ais c o m u m a can d id íase invasiva p ro funda resultar da se m ea d u ra hem ato g ên ica de v ários órgãos com o co m plicação da c an d id em ia. A ssim qu e o m ic ro rg a n ism o tem acesso ao c o m p a rtim en to in tra v ascu la r (proveniente do trato gas trin te stin a l ou, com m e n o r freq u ê n c ia , d a pele p o r m eio de um cateter intravascular p e rm a n en te ), p o d e dissem inar-se p o r via h e m atogênica para u m a v a ried ad e de órgãos p ro fu n d o s. O cérebro, a c o rio rre tin a (Fig. 203.2), o coração e os rin s são infectados m ais co m u m e n te e o fígado e o baço m e n o s c o m u m e n te (com m aior frequência em pacientes n eu tro p ê n ic o s). N a verdade, p ra tica m en te q u a lq u e r órgão p o d e ser acom etido, inclusive glândulas endó-
Figura 203.2 Endoftalm ite hem atogênica por Candida. A lesão esbranqui çada clássica que se projeta da coriorretina para o vítreo causa o sombreado cir cundante. A lesão é composta principalmente por células inflamatórias em vez de microrganismos. Lesões desse tipo podem progredir até causar inflamação extensa do vítreo e eventual perda do olho. A vitrectomia parcial, combinada com o tratamen to antifúngico IV e possivelmente intravítreo, pode ser útil para controlar as lesões. (Cortesia do Dr. GaryHolIandcom autorização.)
crinas, o pâncreas, valvas cardíacas (nativas ou próteses), m úsculo esquelético, articulações (nativas ou próteses), ossos e m eninges. Os m icrorganism os de C andida tam bém p o d em dissem inar-se p o r via hem ato g ên ica p a ra a pele e causar as lesões m ac ro n o d u la re s clássicas (Fig. 203.1). M uitas vezes, o aco m etim en to m u scu lar d o loroso tam bém é evidente sob a área da pele acom etida. O aco m e tim e n to da c o rio rre tin a e da pele é a lta m e n te significativo, pois am bos os achados estão associados a u m a p robabilidade m uito alta de form ação de abscesso em vários órgãos p ro fu n d o s com o resu l tad o da sem ead u ra hem atogênica generalizada. O a co m etim e n to ocular (Fig. 203.2) pode exigir tratam e n to específico (p. ex., v itre c tom ia parcial ou injeção in tra o cu la r de agentes antifúngicos) p a ra evitar cegueira perm an en te. U m exam e ocu lar está in d ic a d o p ara todos os pacientes com candidem ia, ten h a m ou n ão m anifestações oculares.
■ DIAGNÓSTICO O diagnóstico de infecção por Candida é estabelecido por visualiza ção de pseudo-hifas ou hifas em lâm ina úm ida (solução fisiológica e KOH a 10%) corada pelo G ram para tecido, com ácido periódico de Schiff ou m etenam ina de prata na presença de inflamação. A ausência de m icrorganism os à coloração com hem atoxilina e eosina não exclui de m odo confiável a infecção por Candida. O aspecto mais desafiador do diagnóstico é determ inar que pacientes com isolados de Candi da têm candidíase dissem inada p or via hem atogênica. Por exemplo, a obtenção do fungo de escarro, urina ou cateteres peritoniais pode indicar m era colonização em vez de infecção profunda, ao passo que o isolam ento de Candida do sangue de pacientes com cateteres in tra vasculares perm anentes pode refletir a sem eadura inconseqüente do sangue a partir do crescimento dos m icrorganism os no cateter. Apesar da pesquisa extensa a respeito de sistemas de detecção de antígenos e anticorpos, ainda não existe, no m om ento atual, um teste diagnósti co am plam ente disponível validado capaz de distinguir os pacientes com sem eadura inconseqüente do sangue daqueles cujas hem ocultu ras positivas representam dissem inação hem atogênica para m últiplos órgãos. M uitos estudos estão sendo conduzidos p ara estabelecer a uti lidade do teste do (3-glicano; na atualidade, sua m aior utilidade reside em seu valor preditivo negativo (cerca de 90%). E ntretanto, a presença de lesões cutâneas m acronodulares ou oculares é altam ente sugestiva de infecção dissem inada de m últiplos órãos profundos.
QUADRO 203.1 Candida
Tratamento das infecções mucocutâneas por
Doença
Tratamento de escolha
Cutânea
Azol tópico
Nistatina tópica
Vulvovaginal
Fluconazol oral (150 mg) ou creme ou supositório à base de azol
Supositório de nistatina
Oral (“ sapinho")
Pastilhas de clotrimazol
Nistatina
Esofágica
Comprimidos de fluconazol (100 a 200 mg/dia) ou solução de itraconazol (200 mg/dia)
Caspofungina, micafungina ou anfotericina B
TRATAMENTO
Alternativas
Infecções por Candida
INFECÇÃO MUCOCUTÂNEA POR CANDIDA O tratam ento da candidí ase m ucocutânea está resum ido no Q u a d ro 203.1. CANDIDEMIA E SUSPEITA DE CANDIDÍASE DISSEMINADA POR VIA HEMATOGENICA Na atualidade, todos os pacientes com candidem ia são tratados com um agente antifúngico sistêmico. É provável que certa porcentagem de pacientes, inclusive m uitos daqueles com candidem ia associada a u m cateter intravascular perm anente, te nha candidem ia “benigna” em vez de sem eadura de órgão profun do. No entanto, com o não h á um m eio confiável para distinguir a candidem ia benigna da infecção em órgão profundo e com o se dispõe de fárm acos antifúngicos m enos tóxicos que a anfotericina B, a prática-padrão passou a ser o tratam ento de todos os pacien tes com candidem ia, haja ou não evidência clínica de acom eti m ento de órgão profundo. Além disso, diante da possibilidade de envolvim ento de um cateter intravascular perm anente, é m elhor retirar ou substituir o dispositivo sem pre que possível. Os fárm acos usados no tratam en to da candidem ia e da sus p eita de candidíase disse m in a d a p o r via hem atogênica estão relacionados no Q u a d ro 203.2. Várias form ulações lipídicas de anfotericina B, as equinocandinas e os azóis fluconazol e vorico nazol são usados; nenhum agente de cada um a das classes foi con siderado superior aos dem ais. A m aioria das instituições escolhe um agente de cada classe com base na epidem iologia m icrobia na específica, nas estratégias que m inim izam a toxicidade e em considerações de custo. A m enos que a resistência aos azóis seja considerada provável, o fluconazol é o agente de escolha para o tratam ento da candidem ia e da suspeita de candidíase dissem inada em pacientes não neutropênicos e hem odinam icam ente estáveis. O tratam ento inicial no contexto de resistência provável aos azóis depende, com o já foi dito, da epidem iologia no hospital em questão. Por exemplo, certos hospitais têm alto índice de recupe ração de C. glabrata, enquanto outros não. Em in stitu içõ es onde espécies diferentes de Candida albicans são frequentem ente iso ladas, inicia-se o tratam ento com u m a equinocandina, enquanto se aguardam os resultados do antibiogram a. No caso de pacientes hem odinam icam ente instáveis ou neutropênicos, o tratam ento inicial com agentes de am plo espectro é desejável; tais fárm acos incluem polienos, e q u in o can d in as ou azóis de últim a geração com o o voriconazol. Assim que a resposta clínica é avaliada e que o patógeno é identificado especificam ente, o esquem a terapêutico pode ser m odificado. No m om ento, a grande m aioria dos isolados de C. albicans é sensível ao fluconazol. Isolados de C. glabrata e C. krusei são m enos sensíveis ao fluconazol e m ais sensíveis aos polienos e equinocandinas. A C. parapsilosis é m enos sensível às equinocandinas in vitro, em bora o significado clínico desse acha do seja desconhecido.
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1653
QUADRO 203.2
Agentes para o tratamento da candidíase disseminada
Agente
Via de administração
Dosea
Comentário
Desoxicolato de anfotericina B
Apenas IV
0,5 a 1,0 mg/kg/dia
Está sendo substituído por formulações lipídicas Não aprovadas pelo FDA como tratamento primário, porém usadas comumente por serem menos tóxicas do que o desoxicolato de anfotericina B
Formulações lipídicas de anfotericina B
Lipossomal (AmBSome, Abelcet)
Apenas IV
3,0 a 5,0 mg/kg/dia
Complexo lipídico (ABLC)
Apenas IV
3,0 a 5,0 mg/kg/dia
Dispersão coloidal (ABCD)
Apenas IV
3,0 a 5,0 mg/kg/dia
Associada a reações freqüentes à infusão Mais comumente usado
Azois Fluconazol
IV e oral
400 mg/dia
Voriconazol
IV e oral
400 mg/dia
Múltiplas interações medicamentosas Aprovado para à candidemia em pacientes não neutropênicos Amplo espectro contra espécies de Candida, aprovadas para a candidíase disseminada
Equinocandinas Caspofungina
Apenas IV
50 mg/dia
Anidulafungina
Apenas IV
100 mg/dia
Micafungina
Apenas IV
100 mg/dia
'Ver Pappas etal. (2009) para doses de ataque e ajustes na insuficiência renal. A duração recomendada do tratamento é de 2 semanas além da última hemocultura positiva e resolução dos sinais e sintomas de infecção. Nota: Embora o cetoconazol seja aprovado para o tratamento da candidíase disseminada, foi substituído pelos agentes mais novos listados neste quadro. O posaconazol foi aprovado para profilaxia em pacientes neutropênicos e para a candidíase orofaríngea. FDA, U.S. Food and Drug Administration.
Doenças Infecciosas 1654
É possível fazer algum as generalizações acerca do tratam ento de infecções específicas p o r Candida. A recuperação de C a n d i da do escarro quase nunca é indicativa de candidíase pu lm o n ar subjacente e p or si só não requer tratam e n to antifúngico. Da m esm a form a, Candida na u rin a de um paciente com um cate ter vesical perm anente pode representar apenas colonização, em vez de infecção da bexiga ou renal; contudo, o lim iar para o tra tam ento sistêm ico é m enor em pacientes gravem ente enferm os dessa categoria, pois não é possível d istinguir a colonização de infecção do trato u rinário inferior ou superior. Se o isolado for C. albicans, a m aioria dos clínicos usa fluconazol oral em vez de fazer um lavado da bexiga com anfotericina, m ais usado no pas sado. A caspofungina tem sido usada com sucesso; em bora sejam pouco excretadas na urina, as equinocandinas podem constituir um a opção, particularm ente para isolados diferentes de Candida albicans. As doses e a duração são iguais àquelas para a candidíase dissem inada.O significado da recuperação de Candida de drenos abdom inais de pacientes no pós-operatório tam bém é incerto, p o rém m ais um a vez o lim iar do tratam ento em geral é baixo porque a m aioria dos pacientes acom etidos está sujeita a fatores que pre dispõem à candidíase dissem inada. A rem oção da valva infectada e a terapia antifúngica pro lo n gada constituem o tratam ento adequado para a endocardite p or Candida. E m bora não se disp o n h a de estudos definitivos, em geral os pacientes são tratados du ran te sem anas com um agen te antifúngico sistêm ico (Q uadro 203.2) e, em seguida, recebem terapia supressora crônica p or m eses ou anos (e às vezes indefi nidam ente) com um azol oral (habitualm ente fluconazol, 400 a 800 m g/dia). A endoftalm ite hem atogênica p o r Candida é u m problem a especial que re q u er co n su lta a u m oftalm ologista. N as lesões que estão se expan d in d o ou que am eacem a m ácula, um polie-
no IV com binado com flucitosina (25 m g/kg, 4x/dia) tem sido o esquem a preferido. Todavia, à m edida que novos dados sobre os azóis e as equin o can d in as ficam disponíveis, estão sendo desen volvidas novas estratégias envolvendo esses agentes. A decisão de fazer-se u m a v itre cto m ia parcial tem im p o rtâ n c ia p rim o r dial. Esse p ro c ed im e n to d im in u i a infecção e p o d e preservar a visão, que, do c o n trá rio , p o d e ser p e rd id a em deco rrên cia da fibrose do vítreo. T odos os pacientes com c an d id em ia devem ser exam inados p o r u m o ftalm ologista devido à frequência re lativam ente alta dessa com plicação ocular. O exam e oftalm ológico não apenas po d e d e te c ta r u m a lesão ocu lar no início de seu desenvolvim ento, com o o fato de identificar um a lesão sig nifica u m a prob ab ilid ad e de cerca de 90% de abscessos em ó r gãos p ro fu n d o s e p o d e im p o r o p rolongam ento da terapia para a c andidem ia além das 2 sem anas reco m en d ad as após a últim a h e m o c u ltu ra positiva. E m bora a base para o consenso seja um conjunto m uito p e queno de dados, o tratam e n to reco m en d ad o p ara a m eningite causada p o r C andida é com um polieno (Q uadro 203.2) m ais flucitosina (25 m g/kg 4x/dia). O sucesso do tratam ento de um a prótese infectada p o r Candida (p. ex., um a articulação artificial) quase sem pre requer a rem oção do m aterial infectado seguida pela adm inistração prolongada de um agente antifúngico sele cionado com base na sensibilidade dos isolados e na logística da adm inistração.
■ PROFILAXIA O uso de agentes antifúngicos para evitar infecções p o r Candida tem sido polêm ico, m as surgiram alguns princípios gerais. A m aioria dos centros adm inistra fluconazol profilático (400 m g/dia) a receptores de células-tronco alogênicas. R eceptores de transplante de fígado de alto risco tam bém recebem profilaxia com fluconazol na m aioria
dos centros. O uso da profilaxia para pacientes neutropênicos varia m uito de um centro para outro; a m aioria dos que optam pela profi laxia para essa população usa fluconazol (200 a 400 m g/dia) ou um a form ulação lipídica de anfotericina B (AmBiSome, 1 a 2 m g/dia). A caspofungina (50 m g/dia) tam bém foi recom endada. A lguns centros têm usado a suspensão de itraconazol (200 m g/dia). O posaconazol (200 mg, três vezes ao dia) tam bém foi aprovado pela FDA para profilaxia em pacientes neutropênicos. A profilaxia às vezes é d ada a pacientes cirúrgicos sob risco m uito alto. O uso dissem inado da p ro filaxia para quase todos os pacientes em cirurgia geral ou unidades de tratam ento intensivo não é - nem deve ser - um a prática com um por três razões: (1) a incidência de candidíase dissem inada é relativa m ente baixa, (2) a relação entre custo e benefício é subótim a e (3) a m aior resistência com o uso extenso da profilaxia é um a preocupação válida. A profilaxia para a candidíase orofaríngea ou esofágica em p a cientes infectados pelo HIV não é recom endada, a m enos que haja recorrências freqüentes.
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E d w a rd s
CAPÍTULO
204
Aspergilose
i H p d
David W. Denning Aspergilose é o termo coletivo usado para descrever as entidades mórbidas causadas por qualquer uma das cerca de 35 espécies pato gênicas e alergênicas do gênero Aspergillus. Apenas as espécies que crescem a 37°C podem causar infecção invasiva, embora algumas espécies sem essa capacidade possam causar síndromes alérgicas, O A. fumigatus é responsável pela maioria dos casos de aspergilose invasiva, por quase todos os casos de aspergilose crônica e pela maioria das síndromes alérgicas. O A.flavus é mais prevalente em alguns hos pitais e causa uma proporção maior de infecções sinusais e cutâneas e ceratite do que o A. fumigatus. O A. niger pode causar infecção invasiva, porém mais comumente coloniza o trato respiratório e causa otite externa. O A. terreus causa apenas doença invasiva, em geral com prognóstico mais desfavorável. O A. nidulans ocasionalm ente causa infecção invasiva, em particular nos pacientes com doença gra nulomatosa crônica.
■ EPIDEMIOLOGIA E ECOLOGIA Aspergillus tem distribuição mundial, crescendo mais com um ente em matéria vegetal em decomposição (isto é, compostagem) e roupas de cama. Esse fungo filamentoso septado hialino (não pígmentado) e ramificado produz grande número de conídíos (esporos) sobre has tes acima da superfície de crescimento mícelial, sendo encontrado no ar de ambientes internos e externos, em superfícies e na água de reservatórios de superfície. As exposições diárias variam de poucos a muitos m ilhões de conídios, com os maiores números de conídíos
sendo encontrados no feno d e celeiros e em outros am bientes m uito em poeirados. O tam anho necessário d o inóculo infectante é incerto, m as apenas exposições intensas (p. ex., d u ra n te o trabalho em cons truções, na m anipulação de cascas ou feno m ofado ou com postagem ) são suficientes para causar doença em indivíduos im unocom petentes sadios. Síndrom es alérgicas p odem ser exacerbadas pela exposição contínua aos antígenos que surgem d a colonização de seios paranasaís ou vias respiratórias o u d a infecção d e unhas. A filtração de alta eficiência de partículas do a r em geral protege contra a infecção, de m o d o que, em centros c irúrgicos e am bientes hospitalares onde se encontram pacientes de alto risco, filtros desse tipo devem ser insta lados e te r sua eficiência m onitorada. O perío d o de incubação d a aspergilose invasiva após exposição varia m uito, estendendo-se d e 2 a 90 dias n o s casos docum entados. Assim, a aquisição de u m a cepa infectante n a com unidade em geraí se manifesta com o infecção invasiva du ran te a hospitalização, em bo ra a aquisição nosocom íal tam bém seja com um . O s surtos costum am ter relação direta com um a fonte d e a r contam inada no hospital.
■ FATORES DE RISCO E PATOGENIA
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O s fatores de risco p rim á rio s p a ra aspergilose invasiva são neutropenia pro fu n d a e u so d e glicocorticoides; o risco a u m en ta quanto m ais longas são essas condições. D oses m aiores de glicocorticoides aum entam o risco tan to de a d q u irir aspergilose invasiva quanto de m o rrer p o r causa dessa infecção. A disfunção de neutrófilos e/o u fagócítos tam bém é fator d e risco im p o rtan te, conform e evidenciado p o r aspergilose n a doença granulom atosa crônica, n a infecção avan çada pelo H IV e n a re d d iv a da leucem ia. A incidência m aior de aspergilose invasiva em unidades de tratam e n to intensivo sugere que, em pacientes que não estão im unocom prom etidos, a suspensão tem porária das respostas p rotetoras com o resultado do uso d e glícocorticoíde o u u m estado anti-ínflam atório generalizado são fatores de ris co significativos. M uitos pacientes têm algum a evidência de doença pulm onar prévia - u m a h istória d e pn eu m o n ia ou doença pulm onar
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obstrutiva crônica. O uso de glicocorticoide não parece predispor à sinusite invasiva p or Aspergillus, m as é provável que aum ente o risco de dissem inação após infecção pulm onar. A terapia com anticorpos antifator de necrose tum oral tam bém está associada a risco a u m en tado de infecção. Os pacientes com aspergilose pulm o n ar crônica têm um amplo espectro de doença pu lm o n ar subjacente, em geral tuberculose ou sarcoidose. Os pacientes são im unocom petentes, exceto p o r disfun ções na regulação das citocinas, em geral coincidindo com a incapa cidade de elaborar um a resposta im une inflam atória (“T Hl-like”). Os glicocorticoides aceleram a progressão da doença. A aspergilose broncopulm onar alérgica (ABPA) está associada a polim orfism os dos genes da interleucina (IL) 4Ra, IL -10 e SPA2 (e outros) e à heterozigosidade do gene regulador da condutância transm em brana na fibrose cís tica (CFTR). Tais associações sugerem um a forte base ge nética para o desenvolvim ento de um a resposta T H2 e “alérgica” ao A. fum igatus. As células T C D 4+CD 25+ (Treg) tam bém parecem ser essenciais na determ inação do fenótipo da doença. N otavelm ente, o tratam ento das exacerbações da ABPA com altas doses de glicocorti coides quase nunca resulta em aspergilose invasiva.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E ABORDAGEM AO PACIENTE (Q uadro 204.1)
do nariz revela tecido pálido, escurecido ou necrótico em qualquer localização. A TC ou RM dos seios são indispensáveis, m as não dis tinguem a sinusite invasiva p o r Aspergillus de sinusite alérgica ou bacteriana preexistente no início da evolução da doença.
Traqueobronquite Em certas ocasiões, apenas as vias respiratórias são infectadas por Aspergillus. As m anifestações resultantes incluem desde bronquite aguda ou crônica até traqueobronquite pseudom em branosa ou ulce rativa. Essas entidades são particularm ente com uns entre receptores de transplante de pulm ão. O corre obstrução com tam pões de m uco em indivíduos norm ais, indivíduos com ABPA e pacientes im u n o com prom etidos.
Aspergilose disseminada N os pacientes com im u n o co m p ro m etim en to m ais grave, o Asper gillus se dissem ina dos pulm ões para vários órgãos - m ais frequente m ente para o cérebro, com o tam bém para pele, tireoide, ossos, rins, fígado, trato gastrintestinal, olhos (endoftalm ite) e valvas cardíacas. Além das lesões cutâneas, as características m ais com uns consistem em deterioração clínica gradual p o r 1 a 3 dias, com febre baixa e as pectos de sepse leve e anorm alidades inespecíficas nos exam es labo ratoriais. Na m aioria dos casos, pelo m enos u m a localização torna-se aparente antes da ocorrência de m orte. As h em oculturas são quase sem pre negativas.
Aspergilose pulmonar invasiva A frequência de doença invasiva e o ritm o de sua progressão aum en tam com níveis m aiores de im unocom prom etim ento (Fig. 204.1). A aspergilose invasiva é dividida arbitrariam ente em form as aguda e subaguda, que evoluem p or 1 m ês ou m enos e de 1 a 3 meses, respec tivam ente. Mais de 80% dos casos de aspergilose invasiva envolvem os pulm ões. As m anifestações clínicas m ais com uns são ausência de sintom as, febre, tosse (às vezes produtiva), desconforto torácico inde finido, hem optise discreta e dificuldade respiratória. Em bora a febre em geral responda aos glicocorticoides, a doença progride. A base para o diagnóstico precoce em pacientes de alto risco consiste em alto índice de suspeita, triagem do antígeno circulante (na leucem ia) e em TC de tórax urgente.
Sinusite invasiva Os seios paranasais são acom etidos em 5 a 10% dos casos de aspergi lose invasiva, especialm ente nos pacientes com leucem ia e receptores de transplante de células-tronco hem atopoiéticas. Além de febre, as características m ais com uns são desconforto nasal ou facial, o b stru ção e secreção nasal (às vezes sanguinolenta). O exam e endoscópico
Doenças Infecciosas 1656
QUADRO 204.1
Aspergilose cerebral A d issem inação h e m ato g ên ica p a ra o cérebro é com plicação d e vastadora da aspergilose invasiva. Podem o c o rre r lesões únicas ou m últiplas. N a doença aguda, o in farto hem o rrág ico é o m ais típico e o abscesso cerebral é com um . M anifestações raras incluem m e ningite, aneurism a m icótico e g ranulom a cerebral. O corre tam bém dissem inação local a p a rtir dos seios cranianos. R aram ente ocorre infecção p ó s-o p e rató ria, q u e é e xacerbada pelos glicocorticoides que são frequentem ente a d m in istrad o s após neurocirurgia. A apre sentação p o d e ser aguda ou subaguda, com alterações do hum or, sinais focais, convulsões e declínio do estado m ental. O granulom a po d e sim ular um tu m o r p rim á rio ou secu n d ário . A RM é o exa m e im ediato m ais útil; a T C d o cérebro sem c o n traste em geral é inespecífica e o c o n traste c o stu m a e star c o n tra in d ic ad o devido à função renal precária.
Endocardite A m aioria dos casos de e n d o ca rd ite p o r Aspergillus é de infecção de próteses valvares em d eco rrên cia de con tam in ação d u ran te ci-
Principais manifestações da aspergilose Tipo de doença
Órgão
Invasiva (aguda e subaguda)
Crônica
Saprofítica
Alérgica
Pulmão
Angioinvasiva na neutropenia, não angioinvasiva, granulomatosa
Cavitária crônica, fibrosante crônica
Aspergiloma (único), colonização das vias respiratórias
Broncopulmonar alérgica, asma grave com sensibilização fúngica, alveolite alérgica extrínseca
Seios
Invasiva aguda
Invasiva crônica, granulomatosa crônica
Massa de fungo no maxilar
Sinusite fúngica alérgica, rinossinusite fúngica eosinofílica
Cérebro
Abscesso, infarto hemorrágico, meningite
Granulomatos, meningite
Nenhuma
Nenhuma
Pele
Disseminada aguda, localmente invasiva (traumatismo, queimaduras, acesso IV)
Otite externa, onicomicose
Nenhuma
Nenhuma
Coração
Endocardite (nativa ou de prótese), pericardite
Nenhuma
Nenhuma
Nenhuma
Olhos
Ceratite, endoftalmite
Nenhuma
Nenhuma
Nenhuma descrita
Grau de imunocomprometimento
Figura 204.1
Aspergilose invasiva: condições que põem o paciente em alto risco de aquisição e progressão relativamente rápida. CMV, citomegalovírus; DPOC, doença
pulmonar obstrutiva crônica; DEVH, doença do enxerto versus hospedeiro; UTI, unidade de tratamento intensivo.
rurgia. H á relatos da doença em valvas nativas, em especial com o parte de infecção dissem inada e em usuários de drogas ilícitas IV. A endocardite com cu ltura negativa e grandes vegetações é a apre sentação m ais com um , p o rém e m bolectom ia revela o diagnóstico em alguns casos.
Aspergilose cutânea A dissem inação de Aspergillus às vezes resulta em m anifestações cutâneas, em geral um a área eritem atosa ou p u rp ú rica sem sensi bilidade que progride para um a escara necrótica. A invasão direta da pele ocorre em pacientes neutropênicos no local de inserção de cateter IV e em pacientes com queim aduras. A aspergilose local rapi dam ente progressiva da pele e do tecido subjacente pode seguir-se a traum atism o, e feridas podem infectar-se com Aspergillus (especial m ente A .fla vu s) após cirurgia.
progride (às vezes com relativa rapidez) para fibrose unilateral ou de lobo superior. Essa entidade term in al denom ina-se aspergilose p u l m onar fibrosante crônica.
Aspergiloma O aspergilom a (m assa de fungos) ocorre em até 20% das cavidades torácicas residuais com 2 cm ou m ais de diâm etro. Os sinais e sin tom as associados aos aspergilom as (únicos) são m ínim os, incluindo tosse (às vezes produtiva), hem optise, sibilos e fadiga leve. Sinais e
Aspergilose pulmonar crônica A principal característica da aspergilose pu lm o n ar crônica cavitária (tam bém cham ada aspergilose sem i-invasiva, aspergilose necrosan te crônica ou aspergilom a com plexo) (Fig. 204.2) consiste em um a ou m ais cavidades pulm onares que se expandem em um período de meses ou anos, associadas a sintom as pulm onares e m anifestações sistêmicas com o fadiga e perda de peso. (A aspergilose pulm onar que se desenvolve durante m enos de 3 m eses é m ais adequadam ente clas sificada com o invasiva subaguda.) Em geral confundida inicialm ente com tuberculose, quase todos os casos ocorrem em pacientes com doença pulm onar prévia (p. ex., tuberculose, infecção m icobacteria na atípica, sarcoidose, doença pu lm o n ar reum atoide, pneum otórax, bolhas) ou cirurgia pulm onar. O início é insidioso e as m anifestações sistêmicas podem ser m ais proem inentes que os sintom as p u lm o n a res. As cavidades podem ter nível líquido ou um a m assa de fungos bem form ada, m as infiltrados pericavitários e cavidades m últiplas com ou sem espessam ento pleural - , são típicos. A nticorpos IgG (em geral precipitantes) contra Aspergillus quase sem pre são detectáveis no sangue. Alguns pacientes têm infecções concom itantes - m esm o sem m assa de fungos -, com m icobactérias atípicas e/ou outros p ató genos bacterianos. Se não for tratada, a aspergilose pulm onar crônica
o
co CD
Figura 204.2 TC de tórax de um paciente com aspergilose pulmonar ca vitária crônica bilateral de longa duração. Ele tinha antecedentes de vários pneumotóraces bilaterais e precisou de pleurodese bilateral (1990). ATC então de monstrou múltiplas bolhas e as culturas de escarro resultaram no crescimento de A. fumigatus. No início, o resultado dos testes para anticorpos séricos (precipitinas) contra Aspergillus foi fraco e depois fortemente positivo. Essa TC (2003) mostra uma mistura de cavidades de parede espessa e fina em ambos os pulmões (cada um marcado com C), com uma grande cavidade contendo uma provável massa de fungos (seta preta) fazendo protrusão na grande cavidade no lado direito do paciente (R). Também há considerável espessamento pleural bilateral.
1657
sintom as m ais significativos estão associados à aspergilose p ulm onar cavitária crônica e devem ser tratados com o tais. A grande m aioria das m assas de fungos é causada p o r A .fum igatus, m as o A. niger ta m b ém tem sido im plicado, particularm ente em pacientes diabéticos; os aspergilom as causados pelo A . niger p odem acarretar oxalose com disfunção re n a l A com plicação m ais significativa do aspergilom a é a hem optise potencialm ente fatal, que po d e ser a prim eira m anifesta ção. A lgum as m assas de fungos regridem de m odo espontâneo, p o rém a cavidade po d e perm ancer infectada.
Sinusite crônica T rata-se de um a designação am pla que abrange três entidades: as pergilom a sinusal, sinusite invasiva crônica e sinusite granulom atosa crônica- O aspergiloma sinusal lim ita-se ao seio m axilar e consis te em entid ad e saprofítíca crônica em que a cavidade do seio fica preenchida com u m a m assa de fungos. Essa form a da doença é as sociada a pro ced im en to prévio em raiz su p erio r e sinusite crônica (bacteriana). C erca de 90% das T C m o stram hiperatenuação focal relacionada com concreções; n a RM, o sinal T2 está dim inuído, e n quan to está aum entado n a sinusite bacteriana. A rem oção da m assa fungo é curativa. N enhum a invasão tecidual é dem onstrável à histo logia ou radiologia. Em contraste, a sinusite invasiva crônica é um processo len ta m en te destrutivo que acom ete com m aio r frequência os seios etm o id e e esfenoide, m as po d e envolver q ualquer seio. Os pacientes em geral, m as n em sem pre, são até certo po n to im unocom prom etíd o s (p. ex., em decorrência de diabetes ou infecção pelo H IV ). As im agens dos seios p aranasais m ostram opacificação de um ou m ais seios, d estruição óssea local e invasão de estru tu ras locais. O diag n óstico diferencial é amplo, pois vários outros fungos p odem causar d o en ça sem elhante e sinusite esfenoidal costum a ser causada p or bactérias. A p arte um a h istória de secreção e bloqueio nasais crô n i cos, perda do olfato e cefaleia persistente, as p rim eiras m anifestações habituais estão relacionadas com acom etim ento local de estruturas críticas. A síndrom e do ápice orbitário (cegueira e proptose) é carac terística. Tum efação facial, trom bose do seio cavernoso, obstrução d a artéria carótida, fossa hipofisária e invasão do cérebro e da base do crânio foram descritas. A sinusite granulomatosa crônica causada p or Aspergillus é vista m ais com um ente no O riente M édio e na Índia, e costum a ser causada pelo A .fla vu s. Sua presença é tardia, com tum efação facial e proptose unilateral. À histologia, a reação granulom atosa proem inente d istin gue essa doença da sinusite invasiva crônica, em que a necrose teci dual com infiltrado m isto de células de baixo grau é típica.
Doenças Infecciosas
Aspergilose broncopulmonar alérgica Em quase todos os casos, a ABPA representa um a reação de h ip er sensibilidade ao A .fu m ig a tu s; casos raros devem -se a outras espécies de Aspergillus e outros fungos. A ABPA ocorre em cerca de 1% dos pacientes com asm a e em até 15% dos adultos com fibrose cística; casos esporádicos são relatados em pacientes sem n en h u m a dessas doenças. Episódios de obstrução b rônquica com tam pões de m uco que acarretam acessos de tosse, “pneum onia”, consolidação e dispineia são típicos. M uitos pacientes relatam expulsão de cilindros de escarro com a tosse, em geral acastanhados ou transparentes. É co m u m surgir eosinofilia antes da adm inistração de glicocorticoides sistêmicos. Os principais exames diagnósticos incluem nível sérico elevado de IgE total (geralm ente > 1.000 U I/m L), teste cutâneo p o sitivo para extrato de A . fum igatus ou a detecção de anticorpos IgE e IgG (precipitantes) específicos contra A. fum igatus. A bronquiectasia central é característica, m as os pacientes podem p rocurar assistência m édica antes que ela se torne evidente.
Asma grave com sensibilização fúngica (AGSF) M uitos adultos com asm a grave não preenchem os critérios para ABPA e ainda assim são alérgicos a fungos. E m bora o A .fu m ig a tu s
1658
seja um alergênio com um , vários outros fungos (p. ex., Cladosporium e Alternaria spp.) são im plicados p or teste cutâneo e/ou pela pesquisa de IgE específica.
Sinusite alérgica C o m o os p u lm õ e s, os seios p a ra n a sa is m an ifestam resp o stas alérgicas ao Aspergillus e a o u tro s fungos. Os pacientes aco m eti dos apresentam -se com sinusite crônica (isto é, perene), em geral n ecessitan d o de m ú ltip lo s ciclos de a n tib ió tico s, cujo benefício é apenas lim itado. M uitos desses pacientes têm pólipos nasais, e to d o s apresentam m ucosa nasal co n g estio n ad a e seios paranasais cheios de m aterial m ucoide. A característica histológica da sinusite fúngica alérgica consiste em eosinofilia local e cristais de C harcot-L eyden (p ro d u to s da degradação dos eosinófilos). A rem oção do m uco e dos pólipos anorm ais, com a ad m in istração local e ocasio nalm ente sistêm ica de glicocorticoides, em geral resulta n a resolu ção. Sinais e sintom as persistentes ou recorrentes p o d em requerer cirurgia m ais extensa (etm oidectom ia) e possivelm ente tratam ento antifúngico local.
Aspergilose superficial A spergillus p o d e causar ceratite e o tite externa. Pode ser difícil o diag n ó stico precoce de ceratite a tem p o de salvar a visão do p a ciente. O tratam e n to re q u er d e sb rid am en to cirúrgico local e te ra pia an tifúngica sistêm ica e tópica. A o tite externa hab itu alm en te sofre resolução com d e sb rid a m e n to e aplicação de agentes a n ti fúngicos.
■ DIAGNÓSTICO São necessárias várias técnicas para estabelecer o diagnóstico de qualquer form a de aspergilose de m an eira confiável. Os pacientes com aspergilose invasiva aguda têm um a carga local relativam ente m aciça de fungos no órgão acom etido; portanto, a cultura, o diag nóstico molecular, a detecção de antígeno e a histopatologia em geral confirm am o diagnóstico. N o entanto, a velocidade da progressão deixa apenas um a janela estreita para se fazer o diagnóstico sem per der o paciente, e alguns procedim entos invasivos não são possíveis por causa de coagulopatia, com prom etim ento respiratório e outros fatores. Atualm ente, cerca de 40% dos casos de aspergilose invasiva passam despercebidos ao exam e clínico e só são diagnosticados à ne cropsia. O exame histológico do tecido acom etido revela infarto, com invasão de vasos sanguíneos p o r m uitas hifas de fungos, ou necrose aguda com inflam ação lim itada e hifas. As hifas de Aspergillus são hialinas, estreitas e septadas, com ram ificações a 45°; não há leve duras no tecido infectado. As hifas podem ser vistas em preparações para citologia ou m icroscopia, que, portan to , constituem um m eio rápido de fazer-se um diagnóstico presuntivo. A cu ltu ra é im p o rta n te p ara c o n firm ar o diagnóstico, pois vá rios outros fungos (m ais raros) p o d e m sim ular as espécies de A s pergillus à histologia. O ágar b a cteria n o é m en o s sensível que os m eios para cultura de fungos. Assim , se não for solicidada cultura de fungos, o diagnóstico p o d e passar despercebido. A cultura pode dar resultados falso-positivos (p. ex., em pacientes com as vias res p iratórias colonizadas p o r Aspergillus) ou negativos. A penas 10 a 30% dos pacientes com aspergilose invasiva têm u m a cultura po si tiva a qualquer m om ento. As técnicas de diagnóstico m olecular são m ais rápidas e m ais sensíveis do que a cu ltu ra de am ostras das vias respiratórias e do sangue. O teste para o antígeno do Aspergillus baseia-se na detecção da li beração de galactom anano a p a rtir das espécies de Aspergillus d u ra n te o crescim ento. A m elhor m aneira de fazer o teste do antígeno em pacientes de alto risco é de form a prospectiva, pois os resultados p o sitivos em geral antecedem as m anifestações clínicas ou radiológicas em vários dias. O teste do antígeno pode produzir um resultado falso positivo em pacientes que estejam recebendo certas com binações de antibióticos betalactâm icos/inibidores da betalactam ase. Os testes de
antígeno e m oleculares com o líquido do lavado broncoalveolar e o líquido cerebrospinal são úteis se feitos antes do tratam ento a ntifún gico por m ais de alguns dias. A sensibilidade da detecção do antígeno dim inui com a profilaxia antifúngica. A confirm ação definitiva do diagnóstico requer (1) um a cultura positiva de um a am ostra obtida diretam ente de um local n o rm al m ente estéril (p. ex., um abscesso cerebral) ou (2) resultados positivos nos testes histológicos e cultura de um a am ostra obtida de um órgão acom etido (p. ex., seios cranianos ou pele). A m aioria dos diagnós ticos de aspergilose invasiva baseia-se em poucos dados, inclusive a presença do sinal do halo e um a TC de tórax de alta resolução, em que um aspecto localizado de vidro quebrado representando um infarto hem orrágico aparece em torno de um nódulo. E m bora o sinal do halo possa ser causado p or outros fungos, sem dúvida as espécies de Aspergillus são a causa m ais com um . Os sinais do halo ficam presen tes po r cerca de 7 dias no início da evolução da infecção em pacientes neutropênicos e são um bom sinal prognóstico. C ortes espessos à TC podem produzir o falso aspecto de um sinal do halo, assim com o o u tros fatores técnicos. O utras características radiológicas com uns da aspergilose pulm onar invasiva incluem infarto pleural ou cavitação. Na aspergilose invasiva crônica, o teste de anticorpos contra Aspergillus é indispensável, em bora relativam ente impreciso. Os títulos caem com o sucesso do tratam ento. As culturas dificilm ente são p o sitivas. Alguns pacientes com aspergilose pulm onar crônica tam bém apresentam títulos elevados de IgE sérica total e IgE específica contra Aspergillus. A ABPA e a asm a grave com sensibilização fúngica são diagnos ticadas sorologicam ente com níveis séricos elevados de IgE total e específica e testes cutâneos. A sinusite alérgica p or Aspergillus em ge ral é diagnosticada à histologia, em bora anticorpos precipitantes no sangue tam bém possam ser úteis.
QUADROS 2 04 .2
TRATAMENTO
Aspergilose
Os fárm acos antifúngicos ativos contra Aspergillus incluem vori conazol, itraconazol, posaconazol, caspofungina, m icafungina e anfotericina B. Prefere-se adm inistração p or via intravenosa ini cial na aspergilose invasiva aguda e adm inistração oral para todas as outras doenças que requerem tratam ento antifúngico. As reco m endações atuais são m ostradas no Q u a d ro 204.2. Voriconazol é o agente preferido para a aspergilose invasiva; caspofungina, posaconazol e anfotericina B associada a lipídio são os agentes de segunda linha. A nfotericina B não é ativa contra A. terreus ou A. nidulans. Um a consulta a u m infectologista é aconselhável no caso de pacientes com doença invasiva, dada a com plexidade do trata m ento. Não está claro se a terapia com binada para a aspergilose invasiva aguda é benéfica, m as ela é bastante usada em pacientes debilitados e naqueles com prognóstico desfavorável. As com binações de uso com um incluem um azol com caspofungina ou m icafungina. As interações do voriconazol e do itraconazol com m uitos fármacos precisam ser consideradas antes que esses agentes sejam prescritos. Além disso, as concentrações plasmáticas de am bos os fárm acos variam substancialm ente de um paciente para ou tro, com m uitos especialistas recom endando a m onitoração para garantir que as concentrações do fárm aco sejam adequadas e não excessivas. A duração do tratam ento da aspergilose invasiva varia de cerca de 3 meses a vários anos, dependendo do estado im une do paciente e da resposta ao tratam ento. O corre recidiva se a resposta for subótim a e a reconstituição im une não for completa. Itraconazol é o agente oral preferido para as form as crô n i ca e alérgica de aspergilose. V oriconazol ou posaconazol podem
Tratamento da aspergilose Tratamento secundário
Indicação
Tratamento primário
Nível de evidência1'
Invasiva6
Voriconazol
Al
Interações medicamentosas (particularmente com rifampicina), insuficiência renal (IV apenas)
AmB. Caspofungina, posaconazol, micafungina
Como tratamento primário, o voriconazol produz 20% mais respostas do que a AmB. Se a profilaxia com azol falhar, há dúvida se é necessário efetuar uma mudança de classe de fármaco para o tratamento
Profilaxia
Posaconazol, solução de itraconazol
Al
Diarréia e vômitos com itraconazol, interação com vincristina
Micafungina, AmB aerossolizada
Alguns centros monitoram os níveis plasmáticos de itraconazol e posaconazol.
ABPA
Itraconazol
Al
Algumas interações com glicocorticoides, incluindo com formulações inaladas
Voriconazol, posaconazol
0 tratamento de longo prazo é útil para a maioria dos pacientes. Não há evidências indicando se o tratamento modifica ou não a progressão para a bronquiectasia/fibrose
Aspergiloma solitário
Cirurgia
Bll
Doença multicavitária: prognóstico cirúrgico desfavorável; tratamento clínico preferível
Itraconazol, voriconazol, AmB intracavitária
É melhor ressecar as grandes cavidades únicas com aspergiloma
Pulmonar crônica6
Itraconazol, voriconazol
Bll
Absorção deficiente de cápsulas com inibidores da bomba de prótons ou bloqueadores H2
Posaconazol, AmB IV, micafungina IV
Pode surgir resistência durante o tratamento, particularmente se os níveis plasmáticos do fármaco forem subterapêuticos
Precauções
Comentários
a0s níveis de evidência são aqueles usados nas diretrizes para o tratamento [Walsh TJ et al: Treatment of aspergillosis: Clinicai practice guidelines of the Infectious Diseases Society of America (IDSA). Clin Infect Dis 46:327,2008], t apropriado o parecer de um infectologista para esses pacientes. Nota: A dose oral é habitualmente de 200 mg, 2x/dia para o voriconazol e o itraconazol e de 400 mg, 2x/dia, para o posaconazol. A dose IV de voriconazol é de 6 mg/kg, 2 vezes a intervalos de 12 h (doses de ataque), seguida de 4 mg/kg, a cada 12 h. A monitoração plasmática é útil para otimizar a dosagem. A caspofungina é administrada em dose de ataque única de 70 mg e, em seguida, 50 mg/dia; alguns especialistas usam 70 mg/dia para pacientes com peso > 80 kg, sendo necessárias doses menores para aqueles com disfunção hepática. A micafungina é administrada na dose de 50 mg/dia para profilaxia e pelo menos 150 mg/dia para tratamento; esse fármaco ainda não foi aprovado pelo U.S. Food and Drug Administration (FDA) para essa indicação. 0 desoxicolato de AmB é administrado em uma dose diária de 1 mg/kg, se tolerado. Dispõe-se de várias estratégias para minimizar a disfunção renal. A AmB associada a lipídios é administrada em uma dose de 3 mg/kg (AmBisome) ou 5 mg/kg (Abelcet). Dispõe-se de diferentes esquemas para a AmB aerossolizada, porém nenhum foi aprovado pelo FDA. Outras considerações que podem alterar a escolha da dose ou da via de administração incluem idade, medicações concomitantes, disfunções renal, hepática ou intestinal e tolerabiiidade ao fármaco. AmB, anfotericina B.
1659
substitutos quando ocorrem falha, surgim ento de resistência ou eventos adversos. A dose de itraconazol de 200 m g 2 vezes/dia é recom endada, com m onitoração das concentrações do fárm aco no sangue. É provável que a aspergilose pu lm o n ar cavitária c rô nica requeira tratam en to pelo resto da vida, enquanto a duração do tratam en to de outras form as de aspergilose crônica e alérgica requer avaliação caso a caso. Pode ocorrer resistência a um ou m ais azóis, em bora isto seja incom um , d urante o tratam en to prolongado, e cultura positiva durante o tratam ento antifúngico é indicação para testes de sus cetibilidade. Os glicocorticoides devem ser usados com cautela na aspergilose pulm onar cavitária crônica. O tratam en to cirúrgico é im p o rtan te em várias form as de aspergilose, inclusive a m assa de fungos no m axilar e os aspergilom as únicos, em que a cirurgia é curativa; na aspergilose inva siva que acom ete ossos, valvas cardíacas, seios paranasais e áreas proxim ais do pulm ão; no abscesso cerebral; ceratite e endoftal m ite. Na sinusite fúngica alérgica, a rem oção de m uco e pólipos anorm ais, com tratam ento local e ocasionalm ente sistêm ico com glicocorticoide em geral leva à resolução. Sinais e sintom as p e r sistentes ou recorrentes podem exigir cirurgia m ais extensa (etm oidectom ia) e possivelm ente tratam en to antifúngico local. A cirurgia é problem ática na aspergilose p ulm onar crônica, em ge ral resultando em com plicações sérias. A em bolização de artéria brônquica é preferível na hem optise problem ática.
■ PROFILAXIA Nas situações em que se prevê um risco m oderado ou alto (p. ex., após terapia de indução para leucem ia m ieloide aguda), a necessida de de profilaxia antifúngica para a candidíase superficial e sistêm ica e para a aspergilose invasiva em geral é aceita. É com um usar-se flu conazol nessas situações, m as esse m edicam ento não tem atividade contra as espécies de Aspergillus. As cápsulas de itraconazol são ine ficazes e a solução de itraconazol tem eficácia apenas m odesta. A so lução de posaconazol é m ais eficaz. A lguns dados corroboram o uso de m icafungina IV. N enhum esquem a profilático é com pletam ente bem -sucedido.
Doenças Infecciosas 1660
■ PROGNÓSTICO A aspergilose invasiva é curável se ocorrer reconstituição im une, mas as form as alérgica e crônica, não. A taxa de m ortalidade da aspergilo se invasiva é de cerca de 50% se a infecção for tratada, m as é de 100% se o diagnóstico passar despercebido. A aspergilose cerebral, a e n docardite p o r Aspergillus e a aspergilose pu lm o n ar invasiva extensa têm prognósticos m uito desfavoráveis, b em com o a infecção invasiva em indivíduos com Aids nos estágios term inais ou com recidiva de leucem ia não controlada e em receptores de transplantes alogênicos de células-tronco hem atopoiéticas.
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CAPÍ T ULO
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Mucormicose Brad Spellberg Ashraf S. Ibrahim A m ucorm icose representa um grupo de infecções potencialm ente fatais, causadas p or fungos da ordem M ucorales. A sua reclassificação recente elim inou a classe Zygomycetes e introduziu a ordem M u corales no subfilo M ucorom ycotina. Por esse motivo, a infecção cau sada pelos fungos M ucorales é m ais acuradam ente designada com o m ucorm icose, em bora o term o zigomicose possa ser ainda utilizado em algum as fontes. A m ucorm icose é altam ente invasiva e inexora velmente progressiva, resultando em taxas de m orbidade e de m o rta lidade m ais altas (> 40%) do que m uitas outras infecções. É essencial ter um alto índice de suspeita para o seu diagnóstico, e a instituição precoce do tratam ento - frequentem ente antes da confirm ação do diagnóstico - é necessária para otim izar os resultados.
■ ETIOLOGIA Os fungos da ordem M ucorales pertencem a seis famílias, todas as quais podem causar m ucorm icose. E ntre os M ucorales, o Rhizopus oryzae (da família M ucoraceae) é, de longe, a causa m ais com um de infecção. As espécies da família M ucoraceae isoladas com m ais fre quência que causam um espectro sem elhante de infecções incluem Rhizopus microsporus, Rhizom ucor pusillus, Mycocladus corymbifer (anteriorm ente Absidia corymbifera), Apophysomyces elegans e espé cies de M ucor (que, apesar de seu nom e, constitui um a causa rara de m ucorm icose). Foram tam bém relatados núm eros crescentes de casos de m ucorm icose devido à infecção p or espécies de C unninghamella (família Cunningham ellaceae). Raros relatos de casos de m onstraram a capacidade dos fungos das famílias rem anescentes dos M ucorales de causar m ucorm icose.
■ PATOGENIA
■ EPIDEMIOLOGIA A m ucorm icose ocorre em pacientes portad o res de diabetes m eli to, subm etidos a transplante de órgãos sólidos ou de células-tronco hem atopoiéticas (TCTH ), com n eutropenia prolongada ou neopla sia m aligna. Nos pacientes subm etidos a T C T H , a m ucorm icose desenvolve-se pelo m enos tão com um ente durante os períodos não neutropênicos do que durante o período de neutropenia, provavel m ente devido ao tratam ento da doença de enxerto versus hospedeiro com glicocorticoides. A m ucorm icose pode ocorrer com o infecção
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A m ucorm icose pode ser dividida em pelo m enos seis categorias clí nicas, com base na apresentação clínica e no com prom etim ento de determ inada área anatôm ica: rinocerebral, pulm onar, cutânea, gas trintestinal, dissem inada e diversa. Essas categorias de m ucorm ico se invasiva tendem a acom eter pacientes com alterações específicas nas defesas do hospedeiro. Por exemplo, pacientes com CAD desen volvem a form a rinocerebral e m uito m ais raram ente apresentam doença pulm onar ou dissem inada. Em contrapartida, a m ucorm ico se pulm onar ocorre m ais com um ente em pacientes leucêm icos sob quim ioterapia e em pacientes subm etidos a TCTH . A m ucorm icose rinocerebral c ontinua sendo a form a m ais co m um da doença. A m aioria dos casos ocorre em pacientes p o rtad o res de diabetes, em bora esses casos (provavelm ente devido ao uso de glicocorticoides) estejam sendo cada vez m ais descritos no contexto dos transplantes. Os sintom as iniciais da m ucorm icose rinocerebral são inespecíficos e consistem em d o r ocular ou facial e dorm ência facial, seguidos de início de sufusão conjuntival, visão turva e edem a dos tecidos m oles. Pode não haver febre em até m etade dos casos; po r sua vez, a contagem de leucócitos estará elevada enquanto o p a ciente tiver um a m edula óssea funcionante. Sem tratam ento, a infec ção dissem ina-se habitualm ente das células etm oidais para a órbita, resultando em com prom etim ento da função m uscular extraocular e proptose, com quem ose. O início dos sinais e sintom as no olho contralateral, com conseqüente proptose bilateral, quem ose, perda da visão e oftalm oplegia são graves e sugerem o desenvolvim ento de trom bose do seio cavernoso. Na inspeção visual, o tecido infectado pode ter aspecto norm al nos estágios m ais iniciais da dissem inação fúngica, havendo, então, progressão para um a fase eritem atosa, com ou sem edem a, antes do início de aparência violácea e, p o r fim , desenvolvim ento de um a escara necrótica negra. A lgum as vezes, a infecção pode estender-se dos seios para a boca, pro d u zin d o ulcerações necróticas dolorosas do palato duro; entretanto, trata-se de um achado tardio, que sugere infecção extensa e bem estabelecida. A m ucorm icose p u lm o n a r c o n stitu i a segunda m anifestação mais com um . Os sintom as consistem em dispnéia, tosse e dor toráci ca; a febre é freqüente, m as nem sem pre está presente. A invasão vas cular resulta em necrose, cavitação e/ou hem optise. Na radiografia de tórax, pode-se observar a presença de consolidação lobar, massas isoladas, doença nodular, cavidades ou infartos cuneiform es. A TC do tórax de alta resolução é o m elhor m étodo para estabelecer a ex tensão da m ucorm icose p u lm o n ar e pode d e m onstrar evidências de infecção antes que ela seja identificada n a radiografia de tórax. Em casos de neoplasia, em que po d e ser difícil diferenciar a m ucorm i cose da aspergilose, a presença de 10 ou m ais nódulos pulm onares, derram e pleural ou sinusite concom itante torna o diagnóstico de m u corm icose m ais provável. E fu n d am en tal diferenciar o m ais rápido possível a m ucorm icose da aspergilose, visto que os tratam entos des sas duas infecções diferem. C om efeito, o voriconazol - o tratam ento de prim eira linha para a aspergilose - exacerba a m ucorm icose em m odelos m urinos e de m osca. A m ucorm icose cutânea po d e resultar da im plantação externa do fungo ou, po r outro lado, de sua dissem inação hem atogênica. A infecção relacionada a invasão externa foi descrita em situações de exposição ao solo em conseqüência de traum atism o (p. ex., em aci
Mucormicose
Os M ucorales são fungos ubíquos enco n trad o s no am biente, aos quais os seres hum anos estão constantem ente expostos. Esses fu n gos provocam infecção principalm ente em pacientes p ortadores de diabetes ou de alterações da função fagocítica (p. ex., associados a neutropenia ou tratam ento com glicocorticoides). Os pacientes com níveis elevados de ferro livre, que m antêm o crescim ento do fungo no soro e nos tecidos, tam bém correm risco aum entado de m u co r micose. Em pacientes com sobrecarga de ferro que apresentam insu ficiência renal term inal, o tratam ento com desferroxam ina predispõe ao desenvolvim ento de m ucorm icose dissem inada rapidam ente fa tal; esse agente, que é um quelante do ferro para o ser hum ano, atua com o sideróforo fúngico, liberando diretam ente o ferro para M uco rales. Além disso, pacientes com cetoacidose diabética (CAD) cor rem alto risco de desenvolver m ucorm icose rinocerebral. A acidose provoca dissociação do ferro das proteínas seqüestradoras no soro, resultando em aum ento da sobrevida e da virulência dos fungos. É provável que a hiperglicem ia durante a CAD tam bém contribua para o risco de m ucorm icose por meio de sua associação a alterações p o u co caracterizadas na fúnção fagocítica.
cutânea ou subcutânea isolada em indivíduos im unologicam ente norm ais após penetração traum ática de solo ou vegetação, após m aceração da pele por superfície úm id a ou em contextos hospitalares por m eio de acesso direto p o r m eio de cateteres intravenosos ou in jeções subcutâneas. Os pacientes que recebem profilaxia antifúngica com itraconazol ou voriconazol podem correr risco aum entado de m ucorm icose. Em geral, esses pacientes apresentam m ucorm icose dissem inada, que é a form a m ais letal da doença. A m ucorm icose de escape tem sido descrita repetidam ente em pacientes que recebem profilaxia com p o saconazol ou equinocandinas.
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dente autom obilístico), lesão p en etran te com m aterial vegetal (p. ex., espinho), in jeções de m edicam entos (p. ex., insulina), inserção de cateter, curativos cirúrgicos contam inados e uso de esparadrapo para seg u rar tubos endotraqueais. A doença cutânea pode ser altam ente invasiva, pene trando no m úsculo, na fáscia e alcançando até m esm o o osso. Na m ucorm icose, a fasciíte necrosante está associada um a taxa de m ortalidade que se aproxim a de 80%. As lesões cutâneas necróticas na d issem ina ção hem atogênica tam bém estão associa das um a taxa de m ortalidade extrem am en te alta. E n tretanto, com desb rid am en to Figura 205.1 Cortes histopatológicos de Rhizopus oryzae em cérebro infectado. A. Hifas largas, não sepcirúrgico im ediato e agressivo, a m ucorm i tadas e semelhantes a fitas no parênquima (setas) de um vaso sanguíneo trombosado com hifas intravasculares cose cutânea isolada possui um pro g n ó s extensas (cabeça de seta) (hematoxilina e eosina). B. Hifas largas, extensas e semelhantes a fitas invadindo o tico favorável e baixa taxa de m ortalidade. parênquima (metenamina de prata de Gomori). A m ucorm icose g a strin te stin a l tem sido observada em prem aturos, em asso bora a histopatologia possa identificar os M ucorales, as espécies só ciação com doença dissem inada e enterocolite necrotizante; m ais podem ser identificadas p o r cultura. A PCR está sendo investigada raram ente, foi descrita em adultos com n eutropenia ou outras con com o recurso diagnóstico para a m ucorm icose, porém ainda não foi dições de im unocom prom etim ento. Além disso, a d oença gastrintes aprovada pelo U.S. Food and D rug A dm inistration (FDA) para essa tinal foi relatada com o processo hospitalar após a adm inistração de finalidade e, em geral, não está disponível. m edicam entos m isturados com aplicadores de m adeira contam ina Infelizm ente, as culturas são positivas em m enos da m etade dos dos. Os sintom as m ais com uns consistem em d or e distensão a bdo casos de m ucorm icose. E ntretanto, os M ucorales não são m icrorga m inais inespecíficas, associadas a náusea e vôm itos. O sangram ento nism os exigentes e tendem a crescer rapidam ente (isto é, dentro de gastrintestinal é com um , e podem ser observadas m assas de fungos 48 h) em m eios de cultura. A provável explicação para a baixa sen no estôm ago na endoscopia. A doença pode evoluir para a p e rfu ra sibilidade da cultura é o fato de que os M ucorales form am longas ção visceral, com taxas de m ortalidade extrem am ente altas. estruturas filam entosas, que são destruídas pela hom ogeneização do A m ucorm icose dissem inada p o r via hem atogênica pode origi tecido - o m étodo padrão para a preparação de culturas teciduais no nar-se de qualquer local de infecção prim ária. O local m ais com um laboratório de m icrobiologia clínica. Por conseguinte, o laboratório de dissem inação é o cérebro, porém lesões m etastáticas tam bém p o deve ser avisado quando houver suspeita de diagnóstico de m ucor dem ser encontradas em qualquer outro órgão. A taxa de m ortalida micose, e o tecido deve ser subm etido a cortes e colocado no centro de associada à dissem inação para o cérebro aproxim a-se de 100%. das placas de cultura, em lugar de ser hom ogeneizado. M esm o na ausência de com prom etim ento do sistem a nervoso cen As técnicas de im agem frequentem ente fornecem achados sutis, tral (SNC), as taxas de m ortalidade da m ucorm icose dissem inada que subestim am a extensão da doença. Por exemplo, o achado mais ultrapassam 90%. Form as diversas de m ucorm icose podem acom eter com um na TC ou na RM de crânio ou de seios da face de um paciente qualquer região do corpo, incluindo ossos, m ediastino, traqueia, rins com m ucorm icose rin o-orbital é a sinusite, que é indistinguível da e (em associação a diálise) peritônio. sinusite bacteriana. E tam bém com um não detectar qualquer anor
■ DIAGNÓSTICO
Doenças Infecciosas 1662
É necessário ter um elevado índice de suspeita p ara o diagnóstico de m ucorm icose. Infelizm ente, séries de necropsias m ostraram que até 50% dos casos são diagnosticados apenas em post-m ortem . Com o os fungos M ucorales são m icrorganism os isolados do am biente, o diagnóstico definitivo requer um a cultura positiva de um local estéril (p. ex., aspirado com agulha, am ostra de biópsia tecidual ou líquido pleural) ou evidências histopatológicas de m ucorm icose invasiva. Pode-se estabelecer um diagnóstico provável de m ucorm icose por m eio de cultura de um local não estéril (p. ex., am ostra de escarro ou lavado broncoalveolar), quando o paciente apresenta fatores de risco apropriados, bem com o evidências clínicas e radiográficas de doença. Entretanto, tendo em vista a urgência da adm inistração p re coce da terapia, o paciente deve ser tratado enquanto se aguarda a confirm ação do diagnóstico. A biópsia com exam e histopatológico continua sendo a m o d a lidade m ais sensível e específica para o diagnóstico definitivo (Fig. 205.1). A biópsia revela hifas largas (> 6 a 30 |xm) não septadas, de paredes espessas e sem elhantes a fitas, que se ram ificam em ângulos retos. O utros fungos, incluindo espécies de Aspergillus, Fusarium e Scedosporium, possuem septos, são m ais delgados e ram ificam -se em ângulos agudos. C om o o dobram ento do tecido durante o processa m ento pode resultar em septos artificiais (podendo alterar tam bém o ângulo de ram ificação), a largura dos fungos e a sua form a em fitas constituem as características m ais confiáveis que distinguem a m u corm icose. Os M ucorales são visualizados m ais efetivam ente com ácido periódico de Schiff ou corante de m etenam ina de prata ou, se a carga de m icrorganism os for alta, com hem atoxilina-eosina. E m
m alidade nos ossos dos seios da face, apesar da evidência clínica de doença progressiva. A RM é m ais sensível (cerca de 80%) para de tectar a doença orbital e do SNC do que a TC. Os pacientes de alto risco sem pre devem ser subm etidos a endoscopia e/o u exploração cirúrgica, com biópsia das áreas de infecção suspeita. Se houver sus peita de m ucorm icose, o tratam ento em pírico inicial com um agente antifúngico poliênico deve ser iniciado enquanto o diagnóstico está sendo confirm ado.
■ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL O u tras infecções fúngicas, in clu in d o aspergilose, scedosporiose, fusariose e infecções causadas pelos fungos dem atiáceos (m icrorga nism os do solo pigm entados de castanho), podem causar síndrom es clínicas idênticas à m ucorm icose. Em geial, o exame histopatológico perm ite distinguir os M ucorales desses outros organism os, e a ob tenção de um a cultura positiva possibilita a identificação definitiva da espécie. É im portante diferenciar os M ucorales desses outros fun gos, visto que os tratam entos antifúngicos de escolha diferem (isto é, polienos para os M ucorales versus triazóis de espectro am pliado para a m aioria dos fungos filam entosos septados). As entom oftorom icoses causadas p or Basidiobolus e Conidiobolus (fungos anterior m ente agrupados com os M ucorales na classe Zygomycetes) tam bém podem causar síndrom es clínicas idênticas. Esses fungos podem ter aparência sem elhante aos M ucorales n a histopatologia e só podem ser distinguidos seguram ente destes últim os p or m eio de cultura. Em um paciente com sinusite e proptose, deve-se excluir a pos sibilidade de celulite orbital e trom bose do seio cavernoso causadas p o r patógenos b acterianos (m ais com um ente Staphylococcus aureus, m as tam bém espécies G ram -negativas e de estreptococos). A Kleb-
siella rhinoscleromatis constitui causa rara de síndrom e de rinosclerom a facial indolente, que pode assem elhar-se à m ucorm icose. Por fim, a síndrom e de T olosa-H unt provoca oftalm oplegia dolorosa, ptose, cefaleia e inflam ação do seio cavernoso; p odem ser necessá rias biópsias e acom panham ento clínico para distinguir a síndrom e de Tolosa-H unt da m ucorm icose pela ausência de progressão da p ri m eira entidade.
TRATAMENTO
Mucormicose
PRINCÍPIOS GERAIS O tratam en to bem -sucedido da m u co rm i cose requer quatro etapas: (1) diagnóstico precoce; (2) reversão dos fatores de risco predisponentes subjacentes, se possível; (3) desbridam ento cirúrgico; e (4) tratam ento antifúngico imediato. O diagnóstico precoce da m ucorm icose é crítico, visto que a ins tituição precoce do tratam ento está associada a resultados m elho
QUADRO 205.1 I Fármaco
res. É tam bém crucial reverter (ou evitar) disfunções subjacentes da defesa do hospedeiro durante o tratam ento (p. ex., p or m eio de interrupção ou redução da dose de agentes im unossupressores ou rápida restauração da euglicem ia e estado ácido-básico norm al). Por fim, é aconselhável evitar a adm inistração de ferro a pacientes com m ucorm icose ativa, visto que o ferro exacerba a infecção em m odelos animais. A trom bose de vasos sanguíneos e a conseqüente necrose tecidual na m ucorm icose po d em resultar em penetração in ad e quada dos agentes antifúngicos no local de infecção. Por conse guinte, o desbridam ento dos tecidos necróticos pode ser essencial para um a erradicação com pleta da doença. Foi constatado ser a cirurgia (por regressão logística e em m últiplas séries de casos) um a variável independente para o prognóstico favorável de p a cientes com m ucorm icose. A extensão e o m om ento o portuno do desbridam ento cirúrgico para otim izar os resultados na m u-
Opções de agentes antifúngicos de primeira linha para o tratamento da mucormicose8 Dose recomendada
Vantagens e estudos confirmatórios
Desvantagens
• > 5 décadas de experiência clínica
• Altamente tóxico
• De baixo custo
• Pouca penetração no SNC
Terapia antifúngica primária Desoxicolato de AmB
• 1,0 a 1,5 mg/kg/dia
• Único fármaco aprovado para o tratamento da mucormicose LAmB
• 5 a 10 mg/kg/dia
• Menos nefrotóxica do que o desoxicolato de AmB
• De alto custo
• Melhor penetração no SNC do que o desoxicolato de AmB ou ABLC • Melhores resultados do que com o desoxicolato de AmB em modelos murinos e revisão clínica retrospectiva ABLC
• 5 a 7,5 mg/kg/dia
• Menos nefrotóxico do que o desoxicolato de AmB
• De alto custo
• Dados de modelos murinos e clínicos retrospectivos sugerem um benefício da terapia de combinação com equinocandinas
• Possivelmente menos eficaz do que a LAmB para a infecção do SNC
• Perfil de toxicidade favorável
• Dados clínicos muito limitados sobre a terapia de combinação
Terapia de combinação primária'’
Micafungina ou anidulafungina mais poiieno lipídico
• dose de 70 mg IV, em seguida, 50 mg/ dia durante > 2 semanas
• Sinérgico na mucormicose disseminada murina
• 50 mg/m2 IV em crianças
• Os dados clínicos retrospectivos sugerem resultados superiores para a mucormicose rino-órbito cerebral
• 100 mg/dia durante > 2 semanas
• Perfil de toxicidade favorável
• Micafungina: 4 mg/kg/dia em crianças
• Sinérgica com LAmB em modelo murino de mucormicose disseminada
• Nenhum dado clínico
Mucormicose
Caspofungina mais Poiieno lipídico
• Micafungina: 10 mg/kg/dia para lactentes de baixo peso ao nascer • Anidulafungina: 1,5 mg/kg/dia em crianças Deferasirox mais Poiieno lipídico
• 20 mg/kg/dia V0, durante 2 a 4 semanas
• Altamente fungicida contra Mucorales in vitro • Sinérgico com LAmB em modelo murino de mucormicose disseminado
• Apenas disponível para administração enteral • Nenhum dado clínico; término dos ensaios clínicos de fase II
a0 tratamento primário geralmente deve incluir um poiieno. Os esquemas não baseados em poiienos podem ser apropriados para pacientes que recusam o tratamento com poliênicos ou para pacien tes relativamente imunocompetentes com doença leve (p. ex., infecção cutânea suprafasciai isolada) que pode ser cirurgicamente erradicada. 6São necessários ensaios clínicos randomizados e prospectivos para confirmar o benefício sugerido (a partir de estudos em animais e pequenos estudos retrospectivos em seres humanos) da terapia de combinação para a mucormicose. Não se recomenda o escalonamento da dose de qualquer equinocandina, devido a uma perda paradoxal de benefício da terapia de combinação com doses de equinocandinas de 3 mg/kg/dia. Nota: ABLC, complexo lipídico de AmB; AmB, anfotericina B; SNC, sistema nervoso central; LAmB, AmB lipossomal. Fonfe;Reimpresso de Spellberg et al., 2009.
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corm icose ainda não foram definidos. D ados lim itados obtidos de um estudo retrospectivo baseiam o uso de cortes congelados intraoperatórios p ara delinear as m argens do tecido infectado, com preservação dos tecidos que não apresentam evidências de infecção. Para o tratam en to da m ucorm icose, é necessário um a equipe m ultidisciplinar, incluindo um internista, um infectologis ta e cirurgiões especialistas nos locais de infecção.
TRATAMENTO ANTIFÚNGICO O tratam ento antifúngico prim ário para a m ucorm icose baseia-se em um antibiótico poliênico (Q u a d ro 205.1), exceto, talvez, para a infecção localizada leve (p. ex., infecção cutânea suprafascial isolada) em pacientes im u n o co m petentes, que foi erradicada cirurgicam ente. O desoxicolato de anfotericina (AmB) continua sendo o único agente antifúngico aprovado para o tratam ento da m ucorm icose. E ntretanto, as for m ulações lipídicas de AmB são significativam ente m enos nefrotóxicas, podem ser adm inistradas em doses m ais altas e podem ser m ais eficazes do que o desoxicolato de AmB para essa finalidade. Não se conhece a dose ideal p ara o tratam ento antifúngico da m ucorm icose. Doses iniciais de 1 m g/kg/dia p ara o desoxicolato de AmB e de 5 a 7,5 m g/kg/dia para a AmB lipossom al (LAmB) e o complexo lipídico de anfotericina B (ABLC) são com um ente adm inistradas a adultos e crianças. Não foi estabelecido se o uso de doses m ais altas irá proporcionar qualquer benefício adicional. Todavia, o escalonam ento da dose de LAmB para 10 m g/kg/dia para o tratam ento da m ucorm icose do SNC pode ser considerado tendo em vista a penetração lim itada dos polienos no cérebro. O escalonam ento da dose de ABLC acim a de 7,5 m g/kg/dia não é aconselhável, devido à falta de dados relevantes. As com binações de equinocandinas-polienos lipídicos m e lhoraram as taxas de sobrevida entre cam undongos com m ucor micose dissem inada (incluindo doença do SNC) e foram associa das a resultados significativam ente superiores aos obtidos com m onoterapia com polieno em um pequeno estudo retrospectivo envolvendo principalm ente pacientes diabéticos com m u co rm i cose rino-órbito-cerebral. Em bora a terapia de com binação possa ser considerada com bases nesses dados lim itados, são necessários ensaios clínicos definitivos para estabelecer se ela oferece qual quer vantagem real em com paração com a m onoterapia para a m ucorm icose. Ao contrário da desferroxam ina, o quelante do ferro deferasirox é fungicida para isolados clínicos de M ucorales. Em ca m undongos com CAD e m ucorm icose dissem inada, a terapia de com binação com deferasirox-LA m B resultou em m elhora si nérgica das taxas de sobrevida. R ecentem ente, foi com pletado o recrutam ento em u m estudo de segurança/eficácia exploradora de fase II, duplo-cego, random izado e controlado p or placebo da terapia adjuvante com deferasirox (20 m g/kg/dia, durante 14 dias)
[o D eferasirox-Am Bisom e T herapy for M ucorm ycosis (DEFEAT M ucor) Study, N C T 00419770]; esse estudo provavelm ente irá elu cidar os riscos e benefícios potenciais da terapia de quelação do ferro para a m ucorm icose. O posaconazol é o único azol aprovado pelo FDA com ati vidade in vitro co n tra os M ucorales. E ntretanto, os dados de farm acocinética/farm acodinâm ica levantam um a preocupação quanto à segurança de obter níveis in vivo adequados de posaco nazol adm inistrado p o r via oral. Além disso, foi constatado que o posaconazol tem eficácia inferior à AmB para o tratam ento da m ucorm icose m urina e não é superior ao placebo no tratam ento da infecção m urina p or R. oryzae. Além disso, a terapia de com binação com posaconazol-polieno não é superior à m onoterapia com polieno para a m ucorm icose m urina. Os papéis das citocinas recom binantes e das transfusões de neutrófilos no tratam ento prim ário da m ucorm icose ainda não estão esclarecidos. D ados lim itados indicam que o oxigênio hiperbárico pode ser útil em centros com experiência técnica e re cursos apropriados. Em geral, a terapia antifúngica para a m ucorm icose deve ser continuada até atingir todos os seguintes objetivos: (1) resolução dos sinais e sintom as clínicos de infecção; (2) resolução ou estabi lização dos sinais radiográficos residuais de doença em imagens seriadas; e (3) resolução da im unossupressão subjacente. Para pacientes com m ucorm icose que recebem m edicações im unossupressoras, a profilaxia antifúngica secundária deve ser m antida enquanto o esquema im unossupressor estiver sendo adm inistrado.
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CAPÍ T ULO
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Micoses Superficiais e Micoses Sistêmicas Menos Comuns Carol A. Kauffman MICOSES ENDÊMICAS (FUNGOS DIMÓRFICOS) Os fungos dim órficos existem em nichos am bientais distintos com o bolores que produzem conídios, que são sua form a infecciosa. Nos tecidos a tem peraturas m aiores que 35°C, o fungo filam entoso co n verte-se em form a de levedura. O u tra s m icoses endêm icas - h isto plasm ose, coccidioidom icose e bastom icose - são d isc u tid o s nos C apítulos 199,200 e 201, respectivam ente.
■ ESP0R0TRIC0SE Agente etiológico Sporothrix schenckii é um fungo term icam ente dim órfico encontrado em todo o m undo no musgo, vegetação em decom posição e no solo.
Tratamento e prognóstico As diretrizes para o tratam en to de várias form as de esporotricose foram publicadas pela Sociedade de D oenças Infecciosas da A m é rica (Q u a d ro 206.1). O itraconazol é o fárm aco de escolha para a esporotricose Iinfocutânea. Fluconazol é m enos eficaz; voriconazol e posaconazol não foram usados p ara esporotricose. A solução sa tu rad a de iodeto de potássio (SSKI) tam bém é eficaz para infecção Iinfocutânea e custa m uito m enos do que o itraconazol. No entanto, SSKI é precariam ente tolerada devido às reações adversas, incluindo gosto m etálico, edem a de glândula salivar, erupção cutânea e febre. A terbinafina parece ser eficaz, m as tem sido utilizada em poucos p a cientes. O tratam ento para esporotricose Iinfocutânea é continuado durante 2-4 sem anas após todas as lesões desaparecerem , em geral durante um total de 3 a 6 meses. Form as pulm onares e osteoarticulares de esporotricose são tratadas com itraconazol p o r pelo m enos 1 ano. Infecção pulm onar grave e esporotricose dissem inada, incluin do a que envolve o SNC, são tratadas inicialm ente com anfotericina B (AnB), que é seguida p o r itraconazol após m elhora ser percebida. A terapia supressora ao longo da vida com itraconazol é necessária para pacientes com Aids. A taxa de sucesso para o tratam ento da es porotricose Iinfocutânea é de 90-100%, m as outras form as da doença respondem m al à terapia antifúngica.
■ PARAC0CCIDI0ID0MIC0SE
Epidemiologia e patogenia
Agente etiológico
A esporotricose infecta m ais com um ente pessoas que participam de atividades ao ar livre com o paisagism o, jardinagem e plantio de ár vores. Os anim ais infectados, especialm ente gatos, p odem transm itir S. schenckii para os seres hum anos. A esporotricose é prim ariam ente um a infecção localizada de tecidos cutâneos e subcutâneos que se segue à inoculação traum ática de conídios. A esporotricose osteoarticular é incom um , oco rren d o m ais frequentem ente em hom ens de m eia-idade que fazem uso abusivo de álcool e a esporotricose p u lm o n ar ocorre quase exclusivam ente em pessoas com doença p u lm o n a r o bstrutiva crônica que in alaram o m icro rg an ism o do m eio am biente. A dissem inação ocorre raram ente, quase sem pre em pacientes acen tu ad am en te im u n o c o m p ro m e tid o s, especialm ente aqueles com Aids.
Paracoccidioides brasiliensis é u m fungo term icam ente dim órfico que é endêm ico em áreas úm idas da A m érica C entral e do Sul, especial m ente no Brasil.
Epidemiologia e patogenia A relação hom em -m u lh er notável varia de 14:1 até 70:1 (no Brasil rural). A m aioria dos pacientes é de hom ens de m eia-idade ou ido sos das áreas rurais. A paracoccidioidom icose desenvolve-se após a inalação de conídios aerossolizados encontrados no am biente. Para a m aioria dos pacientes, a doença raram ente desenvolve-se no m o m ento da infecção inicial, m as aparece anos m ais tarde, presum ivel m ente após reativação de um a infecção latente.
Manifestações clínicas Manifestações clinicas
Diagnóstico O S. schenckii em geral cresce im ediatam ente com o fungo filam en toso quando m aterial de lesão cutânea é incubado em tem peratura ambiente. O exame histopatológico do m aterial da biópsia apresenta um a reação m ista granulom atosa e piogênica e leveduras ovais m i núsculas ou em form a de charuto são algum as vezes visualizadas com colorações especiais. O teste sorológico não é útil.
Duas síndrom es im portantes estão associadas a paracoccidioidom i cose: a form a aguda ou juvenil e a form a crônica ou adulta. A form a aguda é incom um , ocorre principalm ente em pessoas 200 |xL por 12 meses
Paracoccidioidomicose Crônica (forma adulta)
Itraconazol, 100-200 mg/dia por 6-12 meses
TMP-SMX, 160/800 mg 2x/dia por 12-36 meses
Aguda (forma juvenil)
AnBc até melhora
Itraconazol, 200 mg 2x/dia após AnB por 12 meses
Branda a moderada
Itraconazol, 200 mg 2x/dia por 12 semanas
Manutenção com itraconazol para pacientes com Aids: 200 mg/dia até contagem de células T CD4 ser > 100 (xL por 6 meses
Grave
AnBc até melhora
Itraconazol, 200 mg 2x/dia após AnB por 12 semanas
Peniciliose
Manutenção com itraconazol: como para doença leve a moderada aA dosagem inicial é de 5-10 gotas 3x/dia na água ou no suco. A dosagem é aumentada semanalmente em 10 gotas por dose, se tolerado, até 40-50 gotas 3x/dia. bA dosagem de AnB lipídica é de 3-5 mg/kg diariamente; a dosagem mais alta deve ser usada quando o sistema nervoso central está envolvido. CA dosagem de AnB deoxicolato é de 0,6-1,0 mg/kg diariamente.
Abreviações: AnB, anfotericina B; SSKI, solução saturada de iodeto de potássio; TMP-SMX, trimetropima-sulfametoxazol.
voriconazol e posaconazol têm sido utilizados com sucesso em al guns casos. As sulfonam idas tam bém são eficazes e são os agentes m enos dispendiosos, m as a resposta é m ais lenta e a taxa de recidivas é m aior. Os pacientes gravem ente doentes devem ser tratados com AnB inicialm ente. Os pacientes com paracoccidioidom icose tem um a excelente resposta à terapia, m as a fibrose pulm onar é frequen tem ente progressiva em pacientes com doença crônica.
■ PENICILIOSE Agente etiológico
Doenças Infecciosas
O Penicillium marneffei é um fungo term icam ente dim órfico que é endêm ico no solo de determ inadas áreas do Vietnã, Tailândia e vá rios outros países do sudeste asiático.
Epidemiologia e patogenia A epidem iologia da peniciliose está ligada aos ratos de bam bu, que estão infectados com o fungo m as raram en te m anifestam a doença. A doença ocorre m ais freq u en tem en te en tre pessoas que m o ram em áreas rurais nas quais os ratos são e ncontrados, m as não h á n e n h u m a evidência de transm issão da infecção diretam ente dos ratos para os seres hum anos. A infecção é rara em ho sp ed eiro s im u n o com petentes e a m aioria dos casos é relatada em pessoas que têm Aids avançada. A infecção resulta da inalação de conídios do m eio am biente. O organism o converte p a ra a fase de levedura nos p u l m ões e depois se espalha hem atogenicam ente p ara o sistem a reticuloendotelial.
Manifestações clínicas As m anifestações clínicas da peniciliose im itam aquelas de histoplas m ose dissem inada e incluem febre, fadiga, perda de peso e dispnéia, diarréia (em alguns casos), linfadenopatia, hepatosplenom egalia e lesões cutâneas, que aparecem com o pápulas que frequentem ente um bilicam e assem elham -se a m olusco contagioso (Cap. 183).
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Diagnóstico A peniciliose é diagnosticada através da cu ltura de P. marneffei a p a rtir de am ostras de biópsia da pele, m edula óssea ou linfonodo. O organism o geralm ente cresce em um p eríodo de 1 sem ana como um fungo filam entoso que produz u m pigm ento verm elho distintivo. O exame histopatológico de tecidos e esfregaços de sangue ou m a terial de lesões cutâneas m ostra m icrorganism os ovais ou elípticos sem elhantes a levedura com septação central e podem rapidam ente estabelecer um suposto diagnóstico.
Tratamento e prognóstico Os pacientes que têm doença grave devem ser tratados inicialm ente com AnB até que sua condição m elhore; a terapia pode ser alterada para itraconazol (Q u a d ro 206.1). Os pacientes que têm sintom as leves p odem ser tratad o s desde o início com itraconazol. Para os pacientes com Aids, a terapia supressiva com itraconazol é reco m endada até reconstituição im une (relacionada com a terapia bem sucedida para a infecção pelo H IV com fárm acos antirretrovirais) ser evidente. A peniciliose dissem inada geralm ente é fatal se não for tratada. C om o tratam ento, a taxa de m ortalidade é de aproxim ada m ente 10%.
FE0HIF0MIC0SE Nestes organism os com uns do solo (tam bém cham ados de fungos dematiáceos), a m elanina faz com que as hifas e/ou conídios fiquem bem pigm entados (castanho/preto). O term o feohifomicose é usado para descrever qualquer infecção com fungo filam entoso pigm entado. Esta definição engloba duas síndrom es específicas - eum icetom a e crom oblastom icose - bem com o todos os outros tipos de infecções causadas p or estes organism os. É im p o rtan te observar que eumicetom as podem ser causados p o r fungos filam entosos hialinos, bem com o p or fungos filam entosos castanho-negros e que apenas cerca de m etade de todos os m icetom as são causados po r fungos. Actino-
T xnicetos causam o restante (Cap. 162). A m aioria destes fungos causa infecções subcutâneas localizadas após inoculação direta, m as a in fecção dissem inada e infecções focais viscerais graves tam bém ocor rem, especialm ente em pacientes im unocom prom etidos.
Agentes etiológicos Um grande núm ero de fungos filam entosos pigm entados pode cau sar infecção hum ana. Todos são encontrados no solo ou sobre as plantas, e alguns causam doenças de plantas econom icam ente im por tantes. A causa m ais com um de eum icetom a é a espécie Madurella, m as fungos filam entosos hialinos com o as espécies Scedosporium tam bém causam esta síndrom e. As espécies Fonsecaea e Cladophialophora são responsáveis pela m aioria dos casos de crom oblastom icose. A infecção dissem inada e infecções viscerais focais são causadas por um a variedade de fungos dem atiáceos: as espécies Alternaria, Exophiala, Curvularia e Wangiella estão entre os fungos filam entosos mais com uns relatados p or causar infecção hum ana.
Epidemiologia e patogenia A m aioria das infecções, incluindo todos os casos de eum icetom a e cromoblastomicose, é adquirida por inoculação através da pele. Estas duas síndrom es são observadas quase inteiram ente em áreas tropicais e subtropicais e ocorrem principalm ente em trabalhadores rurais que são frequentem ente expostos aos m icrorganism os. A inalação para o trato respiratório superior ou inferior leva a infecção localizada dos seios paranasais e, em pacientes im unocom prom etidos, a p n e u m o nia e algum as vezes dissem inação hem atogênica. Vários organism os, especificamente Cladophialophora bantiana e Rhinocladiella mackensiei são neurotróficos e suscetíveis a causar infecção do SNC.
Manifestações clínicas
Diagnóstico O diagnóstico específico de infecção com um fungo filam entoso pig m entado é estabelecido pelo crescimento do organism o na cultura. No entanto, em eumicetoma, um a tentativa de diagnóstico clínico pode ser feita quando um paciente apresenta um a lesão caracterizada por edema, tratos sinusais e grãos. O exame histopatológico e cultura são necessários para assegurar que o agente etiológico é um fungo e não um actinomiceto. Na cromoblastomicose, o diagnóstico baseia-se na dem onstração histológica de corpos escleróticos nos tecidos; a cultura lim ita-se a estabelecer que fungo filam entoso pigm entado está cau
Tratamento e prognóstico O tratam e n to de eum icetom a e crom oblastom icose envolve tanto a extirpação cirúrgica da lesão com o a utilização de agentes a n ti fúngicos. A rem oção cirú rg ica das lesões ta n to de eu m iceto m a com o de crom oblastom icose é m ais eficaz se for realizada antes de o correr dissem inação extensa. N a crom oblastom icose, a crio c iru r gia e a terapia com laser têm sido utilizadas com sucesso variável. Os agentes antifúngicos de escolha são itraconazol, voriconazol e posaconazol. A m aio r experiência foi acu m u lad a com itraconazol; h á m enos experiência com os azólicos m ais recentes, que são a ti vos in vitro e foram relatados com o eficazes em alguns pacientes. A flucitosina e terb in afin a tam b é m têm sido utilizadas p ara tratar crom oblastom icose. As infecções dissem inadas e focais viscerais são tratadas com o agente antifúngico apropriado; a escolha do agente baseia-se na localização e extensão da infecção, testes in vitro e experiência clíni ca com o m icrorganism o infectante específico. O AnB não é eficaz co n tra m uitos desses organism os m as tem sido usado com suces so contra outros. N ovam ente, a m aior experiência foi obtida com o itraconazol, que é eficaz p ara infecções localizadas. O voriconazol e o posaconazol são suscetíveis a d esem penhar um papel crescente na terapia de infecções tan to localizadas com o dissem inadas. C ro m oblastom icose e eum icetom a são infecções crônicas indolentes difíceis de cu rar sem excisão cirúrgica, m as essas não são doenças potencialm ente fatais. As infecções viscerais dissem inadas ou focais com fungos filam entosos pigm entados em pacientes im unocom pro m etidos estão associadas a taxas de m ortalidade altas, a m enos que a im unodepressão possa ser d im in u íd a e agentes antifúngicos eficazes sejam prescritos im ediatam ente.
INFECÇÕES FÚNGICAS OPORTUNISTAS M uitos fungos do am biente podem causar infecção em hospedeiros acentuadam ente im unocom prom etidos, m as dois gêneros de fungos filam entosos hialinos (não pigm entados), Fusarium e Scedosporium, e um gênero sem elhante a levedura, Trichosporon, tornaram -se agen tes patogênicos particularm ente proem inentes entre esses pacientes. Espécies de Fusarium e Scedosporium sobrepõem -se com aspergilo se invasiva em suas m anifestações clínicas e, quando observados em tecidos, parecem sem elhantes ao Aspergillus. No hospedeiro im u nocom petente, esses fungos causam infecções localizadas de pele, estruturas da pele e tecidos subcutâneos, m as seu papel na infecção dissem inada será enfatizado nesta seção.
■ FUSARIOSE Agente etiológico Espécies de Fusarium, que são encontradas em todo o m undo no solo e nas plantas, têm surgido com o os principais oportunistas em p a cientes acentuadam ente im unocom prom etidos.
Epidemiologia e patogenia A m aioria das infecções hum anas ocorre após inalação de conídios, mas a ingestão e inoculação direta tam bém pode levar à doença. Um surto de ceratite grave p or Fusarium entre usuários de lentes de con tato m oles foi atribuído a u m a determ in ad a m arca de solução para lentes de contato e casos isolados de lentes de contatos que haviam sido contam inadas. A infecção dissem inada é relatada com mais fre-
Micoses Superficiais e Micoses Sistêmicas Menos Comuns
O eum icetom a é um a infecção subcutânea e cutânea crônica que geralm ente ocorre nas extrem idades inferiores e que é caracteriza da por edem a, desenvolvim ento de tratos sinusais e aparecim ento de grãos que são na verdade colônias de fungos secretados do trato sinu sal. À m edida que a infecção progride, a fascia adjacente e estruturas ósseas tornam -se envolvidas. A doença é indolente e desfigurante, evoluindo lentam ente ao longo dos anos. As com plicações incluem fraturas de ossos infectados e superinfecções bacterianas. A crom oblastom icose é um a infecção subcutânea indolente ca racterizada p or lesões indolores nodulares, verrucosas ou sem elhan tes a placas que ocorrem predom inantem ente nas extrem idades in feriores e crescem lentam ente durante m eses ou anos. Raram ente há extensão para estruturas adjacentes, com o observado com eum iceto ma. As conseqüências de longo prazo incluem superinfecção bacte riana, linfedem a crônico e (raram ente) desenvolvim ento carcinom a espinocelular. Fungos filam entosos dem atiáceos são a causa m ais com um de sinusite fúngica alérgica e um a causa m enos com um de sinusite fú n gica invasiva. Ceratite ocorre com a inoculação da córnea. M uitos p a cientes, incluindo alguns que estão im unocom prom etidos, desenvol vem apenas infecção localizada m anifestada p or lesões subcutâneas sem elhantes a cistos no local da inoculação. O utros pacientes im u n o com prom etidos têm pneum onia e infecção dissem inada, incluindo o envolvim ento do SNC e são bastante doentes.
sando a infecção. C orpos escleróticos são form as fúngicas septadas, m arrom escuras, com paredes espessas sem elhantes a grandes leve duras e definem a síndrom e. Para infecções dissem inadas e infecções focais não subcutâneas, o crescim ento do m icrorganism o é essencial para diferenciar a infecção com um fungo filam entoso hialino (p.ex., Aspergillus ou Fusarium) daquela causada por fungo filam entoso pig m entado. Não há m étodos sorológicos ou baseados em não cultura atualm ente disponíveis para auxiliar no diagnóstico de feohifomicose.
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quência em pacientes que têm um a neoplasia maligna hem atológica, são neutropênicos, receberam transplante de células-tronco ou de órgão sólido ou tem um a queim adura grave.
Manifestações clínicas
Manifestações clínicas
Em pessoas im unocom petentes, as espécies Fusarium causam in fecções localizadas de vários órgãos. Esses organism os com um ente causam ceratite fúngica, que pode estender-se para a câm ara a n terio r do olho, causar p e rd a de visão e exigir tran sp la n te de c ó r nea. A onicom icose causada p o r espécies de F usarium , e m b o ra basicam ente um ab orrecim ento em pacientes im unocom petentes, é um a fonte de dissem inação hem atogênica subsequente e deve ser agressivam ente buscada e tratad a em pacientes neutropênicos. Em p acientes p ro fu n d am e n te im u n o c o m p ro m e tid o s, u m a fusariose é angioinvasiva e as m anifestações clínicas im itam aquelas da as pergilose. A infecção p u lm o n ar é caracterizada p or m últiplas lesões nodulares. A infecção sinusal provavelm ente leva a invasão de es tru tu ra s adjacentes. O corre fusariose dissem inada principalm ente em pacientes n e u tro p ê n ic o s com neoplasias m alignas h e m a to ló gicas e em receptores de transplante de células-tronco alogênicas, especialm ente aqueles com doença do enxerto-versus-hospedeiro. A fusariose dissem inada difere da aspergilose d issem inada pois as lesões de pele são extrem am ente com uns com fusariose; as lesões são nodulares ou necróticas, são geralm ente dolorosas e aparecem ao longo do tem po em locais diferentes.
E ntre as pessoas im unocom petentes, espécies de Scedosporium são um a causa im portante de eum icetom a. A ceratite com o resultado da inoculação da córnea é um a infecção que am eaça a visão. Em pacien tes que ten h am neoplasias m alignas hem atológicas (especialm ente leucem ia aguda com n e u tro p en ia), receptores de transplantes de órgãos sólidos ou de células-tronco, e pacientes que recebem glico corticoides, espécies de Scedosporium são angioinvasivas, causando pneum onia e dissem inação generalizada com abscessos. A infecção pulm onar im ita aquela causada p o r aspergilose; nódulos, cavidades e infiltrados lobares são com uns. A infecção dissem inada envolve a pele, coração, cérebro, e m uitos outros órgãos. As lesões cutâneas não são tão com uns ou tão dolorosas quanto as da fusariose.
Diagnóstico A ab o rd ag em d iag n o stic a g eralm en te inclui ta n to a d o c u m e n tação do crescim ento de espécies de F usarium a p a rtir de tecido envolvido e d em o n stração de invasão p o r técnicas histo p ato ló g icas ou m icrobiológicas que apresentam hifas septadas em tecidos ou aspirados. É difícil diferenciar o m icro rg an ism o de espécies de Aspergillus em tecidos; assim , a identificação com a c u ltu ra é o b ri gatória. U m a dica d iagnostica ex tre m a m en te útil é o c resc im e n to em h e m o c u ltu ra s, que são positivas em até 50% dos p acientes com fusariose d issem inada. N e n h u m a técn ica sorológica ou não b aseada em c u ltu ra está disponível a tu a lm e n te p a ra au xiliar no d iagnóstico.
Tratamento e prognóstico
Doenças Infecciosas
As espécies de Fusarium são resistentes a m uitos agentes antifúngi cos. Uma form ulação lipídica de AnB (pelo m enos 5 m g/kg p or dia), voriconazol (200-400 m g duas vezes p or dia) ou posaconazol (400 m g duas vezes po r dia) é recom endada. M uitos m édicos usam tanto um a form ulação lipídica de AnB com o voriconazol ou posaconazol porque a inform ação de suscetibilidade não está disponível quando a terapia deve ser iniciada. Os níveis séricos do fárm aco devem ser m onitorados tanto com um azólico para assegurar que a absorção é adequada com o com voriconazol para evitar toxicidade. As taxas de m ortalidade para fusariose dissem inada foram de até 85%. C om a terapia antifúngica observada anteriorm ente, as taxas de m o rtalid a de caíram p ara aproxim adam ente 50%. N o entanto, se a neutropenia persistir, a taxa de m ortalidade aproxim a-se de 100%.
■ SCED0SP0RI0SE Agente etiológico
Diagnóstico O diagnóstico depende do crescim ento de espécies de Scedosporium a p a rtir de tecido envolvido e de dem o n stração de invasão p o r téc nicas histopatológicas ou m icrobiológicas que m o stram hifas sep tadas em tecidos ou aspirados. A evidência p o r cu ltura é essencial p o rq u e as espécies de Scedosporium são difíceis de diferenciar de Aspergillus nos tecidos. A d e m o n stra çã o de invasão dos tecidos é essencial, pois estes fungos filam entosos am bientais ubíquos p o dem ser m eros contam inantes ou colonizadores. S. prolificans pode crescer em hem oculturas, m as S. apiosperm um em geral não cresce. N ão há m étodos de diag n ó stico sorológicos ou não baseados em cultura disponíveis p ara auxiliar no diagnóstico.
Tratamento e prognóstico As espécies de Scedosporium são resistentes a AnB, equinocandinas e alguns azólicos. O voriconazol é o agente de escolha para S. apios perm um e posaconazol tam bém foi utilizado para esta infecção. S. prolificans é resistente in vitro para quase todos os agentes antifúngi cos disponíveis; a adição de agentes com o a terbinafina a um esque m a com voriconazol foi ten tad o po rq u e os dados in vitro sugerem sinergia possível contra algum as cepas de S. prolificans. As taxas de m ortalidade são de até 65-75% para S. apiospermum e 85-100% para 5. prolificans. A s taxas de m ortalidade para a infecção p o r S. apiosper m um dim inuíram para 40-50% com a utilização de voriconazol, mas aquelas para infecção dissem inada po r S. prolificans perm anecem ex trem am ente elevadas.
■ TRIC0SP0R0N0SE Agente etiológico O gênero Trichosporon contém m uitas espécies, sendo que algumas causam infecção localizada de pelos e unhas. O principal patógeno responsável pela infecção invasiva é o Trichosporon asahii. Espécies de Trichosporon crescem com o colônias sem elhafites a leveduras in vitro; in vivo, no entanto, tam bém se podem observar hifas, pseudohifas e artroconídios.
Epidemiologia e patogenia
Epidemiologia e patogênese
Essas leveduras são com um ente encontradas no solo, esgotos e água e em casos raros podem colonizar a pele h u m an a e o trato gastrintesti nal hum ano. A m aioria das infecções ocorre após inalação de fungos ou entrada através de cateteres venosos centrais. O corre infecção sis têm ica quase exclusivam ente em hospedeiros im unocom prom etidos, incluindo aqueles que apresentam neoplasias m alignas h em atoló gicas, são neutropênicos, receberam transplante de órgão sólido ou estão recebendo glicocorticoides.
S. apiospermum é encontrado em todo o m u n d o em clim as tem p e rados em planícies de maré, m anguezais, lagoas, estrum e e solo. Este m icrorganism o é conhecido com o um a causa de pneum onia, infec ção dissem inada e abcesso cerebral em vítim as de quase-afogam ento. S. prolificans tam bém é encontrado no solo, m as é m ais geografica m ente restrito; a m aioria dos casos é relatada da E spanha e A ustrá
A tric o sp o ro n o se d isse m in a d a assem elha-se a can d id íase invasi va, e fungem ia é m uitas vezes a m anifestação in icial da infecção. P neum onia, lesões cutân eas e sín d ro m e de sepse são com uns. As lesões cutâneas com eçam com o páp u las o u n ó d u lo s cercados p o r
O gênero Scedosporium inclui vários patógenos. As principais causas de infecções hum anas são Scedosporium apiospermum , que em seu estado sexual é denom inado Pseudallescheria boydii e S. prolificans. O complexo de S. apiospermum engloba várias espécies, m as será cha m ado aqui sim plesm ente de S. apiospermum.
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lia. A infecção ocorre predom inantem ente através de inalação de co nídios, m as a inoculação direta através da pele ou no olho tam bém pode ocorrer.
Manifestações clínicas
eritem a e evoluem p a ra necrose central. A fo rm a crô n ic a d a in fecção im ita candidíase h epatoesplênica (candidíase d issem in ad a crônica).
Diagnóstico O diagnóstico de infecção sistêm ica p or Trichosporon é estabelecida pelo crescim ento do m icrorganism o a p a rtir de tecidos envolvidos ou a p a rtir de sangue. O exame histopatológico de um a lesão c u tâ nea que apresenta um a m istura de form as de levedura, artroconídios e hifas pode levar a um suposto diagnóstico precoce presuntiva de tricosporonose. O teste de aglutinação do látex para antígenos criptocócicos no soro pode ser positivo em pacientes com tricosporonose dissem inada porque T. asahii e Cryptococcus neoformans partilham antígenos de polissacarídios.
Tratamento e prognóstico As taxas de resposta a AnB têm sido decepcionantes e m uitos isola dos de Trichosporon são resistentes in vitro. O voriconazol parece ser o agente antifúngico de escolha e é usado em um a dosagem de duas vezes p or dia de 200-400 mg. As taxas de m ortalidade p or infecção dissem inada po r Trichosporon têm sido de até 70%, m as devem d i m inuir com o uso de azólicos m ais recentes, com o o voriconazol; no entanto, os pacientes que perm anecem neutropênicos são propensos a sucum bir a esta infecção.
Diagnóstico As infecções p o r M alassezia são diagnosticadas clinicam ente na m aioria dos casos. Se raspagens forem recolhidas num a lâm ina de m icroscópio em que foi colocada um a gota de hidróxido de potássio, observa-se um a m istura de leveduras em brotam ento e hifas septadas curtas. A fim de cultivar M. fu r fu r desses pacientes nos quais a infec ção dissem inada é suspeita, deve-se adicionar azeite estéril ao meio.
Tratamento e prognóstico Crem es e loções tópicas, com o xam pu de sulfeto de selênio, xam pu ou crem e de cetoconazol, crem e de terbinafina e crem e de ciclopirox, são eficazes no tratam ento de infecções p o r Malassezia e em geral são adm inistrados durante 2 sem anas. Os crem es esteroides tópicos le ves são po r vezes utilizados para tratar a derm atite seborreica. Para a doença extensa, itraconazol (200 m g/dia) ou fluconazol (200 m g/dia) pode ser usado durante 5-7 dias. Os casos raros de fungem ia causa da p o r espécies de Malassezia são tratados com AnB ou fluconazol, rem oção im ediata do cateter e descontinuação das infusões lipídi cas parenterais. As infecções cutâneas p o r Malassezia são benignas e autolim itadas, em bora recorrências sejam com uns. O resultado de infecção sistêmica depende das condições subjacentes do hospedeiro, m as a m aioria das crianças passa bem .
■ INFECÇÕES POR DERMATÓFIT0S (FUNGO FILAMENTOSO) Agentes etiológicos
INFECÇÕES CUTÂNEAS SUPERFICIAIS As infecções fúngicas da pele e estruturas da pele são causadas po r fungos filam entosos e leveduras que não invadem tecidos m ais p ro fundos, m as sim causam a doença apenas p or habitar as cam adas su perficiais da pele, folículos pilosos e unhas. Estes agentes são a causa mais com um de doenças fúngicas de seres hum anos, m as apenas ra ram ente causam infecções graves.
Os fungos filam entosos que causam infecções de pele em hum anos incluem os gêneros Trichophyton, M icrosporum e Epiderm ophyton. Estes organism os, que não são com ponentes da flora n orm al da pele, podem viver dentro das estruturas queratinizadas da pele - portanto o term o derm atófito.
Epidemiologia e patogenia
Manifestações clínicas
Manifestações clínicas
As espécies de Malassezia causam tin h a versicolor (tam bém cham ada de pitiríase versicolor), foliculite e derm atite seborreica. A tinha ver sicolor apresenta-se com o placas redondas descam ativas planas de pele hipo ou hiperpigm entada no pescoço, tórax ou p arte superior dos braços. As lesões são geralm ente assintom áticas, m as podem ser pruriginosas. Elas podem ser confundidas com vitiligo, m as esse não é descamativo. A foliculite ocorre nas costas e no tórax e im ita a fo liculite bacteriana. A derm atite seborreica m anifesta-se com o lesões pruriginosas eritem atosas irregulares nas sobrancelhas, bigode, p re gas nasolabiais e couro cabeludo. As lesões no couro cabeludo são denom inadas tam pão de berço em bebês e caspa nos adultos. A der m atite seborreica pode ser grave em pacientes com Aids avançada. A fungem ia e a infecção dissem inada raram ente ocorrem com espécies de Malassezia - quase sem pre em recém -nascidos prem aturos que recebem preparações lipídicas parenterais através de um cateter ve noso central.
A infecção p or derm atófitos da pele é frequentem ente cham ada de tinha (ringworm). Este term o é confuso n a língua inglesa porque os verm es (w orm ) não estão envolvidos. Tinea, a palavra latina para worm, descreve a natureza serpenteante das lesões cutâneas e é um a designação m enos confusa que é usada ju ntam ente com o nom e da parte do corpo acom etida - p.ex., tin ea capitis (tinha de cabeça), ti nea pedis (tinha de pé), tinea corporis (tinha corporal), tinea cruris (tinha de virilha) e tinea unguium (tinha ungueal, em bora a infecção nesse local seja m ais frequentem ente cham ada de onicom icose). A tinha de cabeça ocorre m ais com um ente em crianças de 3-7 anos de idade. As crianças com tin h a de cabeça geralm ente apresen tam placas escam ativas bem dem arcadas em que as hastes capilares são quebradas logo acim a da pele; pode o co rrer alopecia. A tinha corporal m anifesta-se p o r lesões descam ativas, pruriginosas, a n u lares bem dem arcadas que sofrem claream ento central. Geralm ente, um a ou várias pequenas lesões estão presentes. Em alguns casos, a
Agentes etiológicos A levedura lipofílica M alassezia é na verdade dim órfica pois vive na pele na fase de levedura, m as transform a-se na fase filam entosa quando causa a doença. Das sete espécies, seis são agrupadas em al guns sistemas de classificação com o o com plexo M. furfur; todos os seis destas espécies requerem lipídios exógenos para crescim ento. A sétim a espécie, M. pachydermatis, é tam bém lipofílica m as não tem um requisito absoluto para lipídios.
Epidemiologia e patogenia
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Micoses Superficiais e Micoses Sistêmicas Menos Comuns
As espécies Malassezia fazem p arte da flora h u m an a nativa enco n trada no estrato córneo das costas, tórax, couro cabeludo e face áreas ricas em glândulas sebáceas. A doença é m ais com um em áreas úm idas do m undo. Os organism os não invadem abaixo do estrato córneo e geralm ente desencadeiam pouca ou n en h u m a resposta in flamatória.
Os derm atófitos ocorrem no m u n d o todo, e infecções com esses o r ganism os são extrem am ente com uns. A lguns organism os causam doenças apenas em seres h u m an o s e p o d em ser transm itidos p or contato interpessoal e p o r fôm ites, tais com o escovas de cabelo ou pisos m olhados que foram contam inados p or pessoas infectadas. Vá rias espécies causam infecções em cães e gatos e podem ser facilm en te transm itidas a p a rtir destes anim ais para os hum anos. Finalm ente, alguns derm atófitos são transm itidos a p a rtir do contato com o solo. A form a em anel típica das lesões cutâneas é resultado do crescim en to para o exterior de m icrorganism os em um padrão centrífugo no estrato córneo. A invasão fúngica das unhas geralm ente ocorre atra vés das placas ungueais laterais ou superficiais e, em seguida, disse m ina através das unhas, quando as hastes capilares são invadidas, os organism os podem ser encontrados ou dentro do eixo ou circundando-o. Os sintom as são causados pela reação inflam atória induzida po r antígenos fúngicos e não pela invasão dos tecidos. As infecções po r derm atófitos ocorrem m ais com um ente em pacientes do sexo m asculino do que em pacientes do sexo fem inino, e dem onstrou-se que a progesterona inibe o crescim ento de derm atófitos.
■ INFECÇÕES POR LEVEDURAS
1669
QUADRO 206.2
Tratamento sugerido para infecções por tinha extensa e onicomicose Dosagem sugerida
Comentários
Terbinafina
250 mg/dia durante 1 -2 semanas
Reações adversas mínimas com período curto de tratamento
itraconazol3
200 mg/dia durante 1-2 semanas
Reações adversas mínimas com período curto de tratamento exceto para interações medicamentosas
Terbinafina
250 mg/dia durante 3 meses
Ligeiramente superior ao itracozanol; monitorar para detecção de hepatotoxicidade
Itraconazol3
200 mg/dia durante 3 meses ou 200 mg 2x/ dia por 1 semana a cada mês por 3 meses
Interações medicamentosas freqüentes; monitorar para detecção de hepatotoxicidade; raramente causa hipopotassemia, hipertensão, edema; uso com cautela em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva
I Agente antifúngico Infecção cutânea por tinha extensa
Onicomicose
aCápsulas de itraconazol requerem alimento e ácido gástrico para absorção, enquanto a solução de itraconazol é tomada com estômago vazio.
tinha corporal pode envolver a m aior parte do tronco ou m anifestar-se com o foliculite com form ação de pústula. A erupção deve ser d i ferenciada da derm atite de contato, eczem a e psoríase. A tin h a de virilha é observada quase que exclusivamente em hom ens. A erupção perineal é eritem atosa e pustulosa, tem um a borda escam osa distinta, não têm lesões satélites e em geral é pruriginosa. A erupção deve ser diferenciada da candidíase intertriginosa, eritrasm a e psoríase. A tin h a de pé tam bém é m ais com um entre os hom ens do que entre as m ulheres. G eralm ente com eça nos espaços interdigitais dos dedos dos pés; descam ação, m aceração, e p ru rid o são aco m p an h a dos pelo desenvolvim ento de um a erupção p ruriginosa descam ativa ao longo das superfícies lateral e plan tar dos pés. Frequentem ente ocorre hiperceratose das plantas dos pés. A tin h a de pé tem sido im plicada na celulite de extrem idade inferior, pois estreptococos e esta filococos podem ganhar a entrada para os tecidos através de fissuras entre os dedos. A onicom icose afeta as unhas dos pés m ais frequen tem ente do que as unhas das m ãos e é m ais com um entre pessoas que têm tinha de pé. A u n h a fica espessa e m uda de cor e pode esfarelar; quase sem pre ocorre onicólise. A onicom icose é m ais com um em idosos e em pessoas com doenças vasculares, diabetes m elito e traum atism o das unhas. A infecção fúngica deve ser diferenciada da psoríase, que pode m im etizar onicom icose, m as geralm ente tem le sões cutâneas associadas.
Diagnóstico
Doenças Infecciosas
M uitas infecções por derm atófitos são diagnosticadas p o r sua apa rência clínica. Se houver dúvida q u a n to ao diagnóstico, com o é frequentem ente o caso em crianças com tin h a de cabeça, devem -se colher raspagens da b o rd a da lesão com u m a lâm ina de b isturi, e transferi-las para um a lâm ina onde se adiciona um a gota de hidróxi do de potássio e elas são exam inadas no m icroscópio para detecção de presença de hifas. As culturas são indicadas, se houver suspeita de surto ou o paciente não responder à terapia. A cultura da un h a é es pecialm ente útil com o ajuda para decisões tanto sobre o diagnóstico com o sobre o tratam ento.
Tratamento e prognóstico As infecções p o r derm atófitos geralm ente respondem à terapia tó pica. Loções ou sprays são m ais fáceis de aplicar do que crem es em grandes áreas ou em locais com m uitos pelos. Particularm ente para
1670
tin h a de virilha, a área afetada deve ser m antida tão seca quanto possível. Q uando os pacientes apresentam lesões cutâneas extensas, itraconazol oral ou terbinafm a podem acelerar a resolução (Q uadro 206.2). A terbinafina interage com m enos fárm acos do que o itraco nazol e em geral é o agente de prim eira linha. O nicom icose não res ponde a terapia tópica, em bora esm alte de ciclopirox aplicado diaria m ente durante um ano seja ocasionalm ente benéfico. O itraconazol e a terbinafina acum ulam na lâm ina ungueal e podem ser usados para tratar onicom icose (Q u a d ro 206.2). Estes agentes são mais eficazes e m ais bem tolerados do que a griseofulvina e o cetoconazol. A decisão principal a ser feita em relação à terapia é se o grau de envolvim ento ungueal justifica a utilização de agentes antifúngicos sistêm icos que têm efeitos adversos, podem interagir com outros fárm acos e são ca ros. O tratam ento p or razões estéticas som ente não é incentivado. As recidivas de tinha de virilha e tin h a de pé são com uns e devem ser tratadas precocem ente com crem es tópicos para evitar o desenvolvi m ento de doença mais extensa. As recidivas de onicom icose ocorrem após tratam ento em 25-30% dos casos.
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Ruan
CAPÍ T ULO
207 .i
Infecção por Pneumocystis A. George Smulian Peter D. Walzer DEFINIÇÃO E DESCRIÇÃO O P neum ocystis é um patógeno p u lm o n a r fúngico o p o rtu n ista , que constitui um a causa im portante de p n eu m o n ia em h o sp ed ei ros im unocom prom etidos. E m bora os m icrorganism os do gênero Pneumocystis sejam m uito sem elhantes em term os m orfológicos, são geneticam ente diversos e específicos do hospedeiro. O P.jirovecii in fecta seres hum anos, enquanto o P. carinii - a espécie original, des crita em 1909 - infecta ratos. Para m aior clareza, neste capítulo será usada apenas a designação do gênero, Pneumocystis. Os estágios de desenvolvim ento do m icrorganism o incluem a form a trófica, o cisto e o pré-cisto (um estágio interm ediário). É provável que o ciclo biológico do Pneum ocystis envolva reprodução sexuada e assexuada, em bora a com provação definitiva aguarde o d e senvolvim ento de um sistem a de cultura confiável. O Pneumocystis contém vários grupos antigênicos diferentes, dos quais os mais p ro e m inentes são a glicoproteína principal de superfície (GPS), de 95 a 140 kDa, e a quexina (KEX1).
EPIDEMIOLOGIA Inquéritos sorológicos dem onstraram que a distribuição do Pneumocystis é m undial e a m aioria das crianças saudáveis é exposta a ele por volta de 3 a 4 anos de idade. A transm issão pelo ar foi docum entada em estudos feitos com anim ais, enquanto a de um a pessoa para outra foi sugerida p o r surtos hospitalares de p neum onia p o r Pneum ocystis (PPc) e pela análise epidem iológica m olecular de isolados. Os dados sugerem que o cisto constitui a for m a transmissível.
A
■ PATOGENIA E PATOLOGIA
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os pacientes com PPc desenvolvem dispnéia, febre e tosse im produ tiva. Pacientes infectados pelo HIV em geral ficam doentes por várias sem anas e podem ter m anifestações relativam ente sutis. Os sintom as em pacientes não infectados pelo H IV d u ram m enos e costum am co m eçar após a dose de glicocorticoide ter sido dim inuída. Um alto ín dice de suspeita e u m a anam nese abrangente são fundam entais para a detecção precoce. Os achados físicos incluem taquipneia, taquicardia e cianose, m as a auscultação pu lm o n ar revela poucas anorm alidades. A re d u ção da pressão arterial de oxigênio (Pao2)> o aum ento do gradiente de oxigênio alveolar-arterial (P ao2 - P a o 2) e a alcalose respiratória são evidentes. A capacidade de difusão está reduzida e pode-se n o tar captação pesada com técnicas de im agens nucleares inespecíficas (cintilografia com gálio). Foram relatadas concentrações séricas ele vadas de desidrogenase láctica, refletindo a lesão do parênquim a p ul m onar, e de fi-D-glicana, um com ponente da parede celular dos fu n gos; todavia, essas elevações não são específicas da infecção da PPc. Os achados clássicos na radiografia de tórax consistem em infil trados bilaterais difusos que com eçam nas regiões peri-hilares (Fig. 207.1 A), m as várias m anifestações atípicas (densidades nodulares, lesões cavitárias) tam bém foram relatadas. O corre pneum otórax, cujo tratam ento costum a ser difícil. No início da evolução da PPc, a radiografia de tórax pode ser norm al, em bora a TC pulm onar de alta resolução possa revelar opacidades em form a de vidro fosco nesse estágio (Fig. 207.1J3). A inda que o Pneum ocystis em geral perm aneça confinado aos pulm ões, houve casos de infecção dissem inada tanto em pacientes infectados pelo H IV quanto em não infectados. Os locais com uns de acom etim ento são os linfonodos, o baço, o fígado e a m edula óssea.
■ DIAGNÓSTICO Devido à natureza inespecífica do quadro clínico, o diagnóstico deve basear-se na identificação específica do m icrorganism o. Um diagnós tico definitivo é feito m ediante coloração histopatológica. Colorações tradicionais de parede celular com o a m etenam ina de p rata coram seletivam ente a parede dos cistos de Pneumocystis, enquanto reagen tes com o o corante de W right-G iem sa coram os núcleos de todos os estágios de desenvolvim ento. A im unofluorescência com anticorpos m onoclonais é m ais sensível e específica que as colorações histológi cas. A amplificação do D N A p o r PCR pode vir a fazer parte da rotina diagnóstica, porém pode não diferenciar a colonização da infecção. O diagnóstico b em -sucedido da PPc dep en d e da obtenção de am ostras adequadas. Em geral, os diferentes procedim entos diag nósticos são m ais produtivos em pacientes infectados pelo H IV do que nos demais, p or causa d a carga m ais alta de organism os nos p ri m eiros. A indução de escarro e os lavados orais ganharam populari dade com o as técnicas sim ples não invasivas, m as requerem pessoal treinado e dedicado. A broncoscopia com fibra óptica com LBA, que fornece inform ação sobre a carga do m icrorganism o, a resposta infla m atória do hospedeiro e a presença de outras infecções oportunistas continuam a ser a base do diagnóstico de infecção po r Pneum ocys tis. A biópsia transbrônquica e a p u lm o n ar aberta, os procedim entos m ais invasivos, são usadas apenas q u ando não se consegue fazer o diagnóstico pelo LBA.
Infecção por Pneumocystis
Os estudos realizados nesses últim os anos m ostraram que o P neu mocystis coloniza com um ente os pacientes im unossuprim idos ou que apresentam doença p ulm onar obstrutiva crônica. Essa colonização desencadeia um a resposta inflam atória e está associada a um declínio da função pulm onar. Os fatores do hospedeiro que predispõem ao desenvolvim ento de PPc incluem defeitos da im unidade celular e hum oral. O risco de PPc entre pacientes infectados pelo H IV aum enta acentuadam ente quando as contagens de células T CD4+ caem p ara m enos de 200/pL. O utras pessoas em risco de PPc são os pacientes que recebem agen tes im unossupressores (em particular glicocorticoides) para o câncer ou transplante de órgãos; os que recebem agentes biológicos com o inflixim abe e etanercepte para artrite reum atoide e doença in testi nal inflam atória; crianças com im unodeficiência prim ária e lactentes prem aturos subnutridos. As principais células efetoras do h ospedeiro contra Pneumocystis são os m acrófagos alveolares, que ingerem e destroem o m icrorganis mo, liberando um a variedade de m ediadores inflam atórios. Os m i crorganism os em proliferação continuam extracelulares dentro dos alvéolos, aderindo firm em ente às células do tipo I. O dano alveolar resulta em m aior perm eabilidade alveolar-capilar e em an orm alida des do surfactante, inclusive um a queda dos fosfolipídios e aum ento das proteínas A e D do surfactante. A resposta inflam atória do hospe deiro à lesão pulm onar acarreta aum entos dos níveis de interleucina 8 e das contagens de neutrófilos no líquido do lavado broncoalveolar (LBA). Essas alterações se correlacionam com a gravidade da doença.
Em cortes pulm onares corados com hem atoxilina e eosina, os al véolos ficam cheios de um a espum a típica, o exsudato vacuolado. A doença grave pode incluir edem a intersticial, fibrose e form ação de m em brana hialina. As alterações inflam atórias no hospedeiro em ge ral consistem em hipertrofia de células alveolares do tipo II, um a res posta reparadora típica e um infiltrado intersticial discreto de células m ononucleares. Lactentes su b n u trid o s exibem o infiltrado intenso de células plasm áticas que deu à doença sua denom inação inicial de pneum onia intersticial de células plasmáticas.
1671
■ EVOLUÇÃO E PROGNÓSTICO No caso típico de PPc sem tratam ento, a dificuldade respiratória p ro gressiva leva à m orte. O tratam ento é m ais eficaz quando instituído cedo, antes que haja dano alveolar extenso. Se o exam e do escarro induzido não for diagnóstico e o LBA não pu d er ser feito a tem po, o tratam ento em pírico da PPc é um a m edida razoável. No entanto, tal prática não elim ina a necessidade de um diagnóstico etiológico específico. Com a m elhora no tratam ento da infecção pelo H IV e de suas com plicações, as taxas de m o rtalidade da PPc entre pacientes infectados pelo H IV é de 0 a 15 %. Em contrapartida, as taxas de m orte precoce perm anecem altas entre pacientes que precisam de ventilação m ecânica (60%) e aqueles não infectados pelo H IV (40%).
TRATAMENTO
Doenças Infecciosas 1672
Infecções por Pneumocystis
O sulfam etoxazol-trim etoprim a (SM X-TM P), que age inibindo a síntese de ácido fólico, é considerado o fárm aco de escolha para todas as form as de PPc (Q u ad ro 207.1). O tratam ento prossegue p or 14 dias nos pacientes não infectados pelo H IV e p or 21 dias nos infectados pelo HIV. C om o os últim os respondem m ais lenta m ente que os prim eiros, é p rudente aguardar 7 dias após o início do tratam ento antes de concluir que ele falhou. Os pacientes não infectados pelo H IV toleram bem o tratam ento com SMX-TMP, enquanto 50% daqueles infectados pelo H IV apresentam reações adversas sérias. Dispõe-se de vários esquem as alternativos para o tratam ento dos casos leves ou m oderados de PPc (P a o 2 de > 70 m m H g ou Pao 2 - Pao2 < 35 m m H g respirando ar am biente). A T M P m ais dapsona e a clindam icina m ais prim aq u in a são quase tão efica zes quanto o SMX-TMP. A dapsona e a prim aq u in a não devem ser adm inistradas a pacientes com deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD). A atovaquona é m enos efetiva que o SMX-TMP, porém m ais b em tolerada. C om o o Pneumocystis não
tem ergosterol, não é suscetível aos agentes antifúngicos que ini bem a síntese do ergosterol. Os esquemas alternativos recom endados para o tratam ento da PPc m oderada ou grave (P ao2 ^ 70 m m H g ou Pao2 - Pao2 ^ 35 m mHg) são pentam idina parenteral, clindam icina parenteral mais prim aquina ou trim etrexato m ais leucovirina. A clindam icina pa renteral mais prim aquina pode ser m ais eficaz que a pentam idina. Evidências m oleculares de resistência às sulfonam idas e à atovaquona surgiram en tre isolados clínicos de Pneumocystis. E m bora a exposição prévia a sulfonam idas seja um fator de ris co, essa resistência tam bém ocorreu em pacientes infectados pelo H IV que nunca haviam recebido sulfonam idas. O resultado do tratam ento parece estar ligado m ais fortem ente a m edidas trad i cionais - p or exemplo, escores elevados de APACHE III (do inglês Acute Physiology, Age, Chronic Health Evaluation III - fisiologia aguda, idade, avaliação crônica da saúde), necessidade de ventila ção com pressão positiva, intubação tardia e desenvolvim ento de pneum otórax - do que à presença de m arcadores m oleculares de resistência às sulfonam idas. A instituição precoce de terapia antirretroviral quando p a cientes infectados pelo H IV apresentam PPc tem sido associada a um a m elhora das taxas de sobrevida, porém deve-se dispensar um a atenção cuidadosa para o possível desenvolvim ento da sín drom e inflam atória de reconstituição im une. Os pacientes in fectados pelo H IV costum am apresentar deterioração da função respiratória logo após receberem fárm acos a n ti-Pneumocystis. A adm inistração adjuvante de doses gradativam ente m enores de gli cocorticoides a pacientes infectados pelo H IV com PPc m oderada ou grave pode evitar esse problem a e m elhorar a taxa de sobrevida (Q uadro 207.1). Para u m benefício m áxim o, esse tratam ento ad juvante deve ser instituído no início da evolução da doença. O uso de esteroides com o tratam en to adjuvante em pacientes infectados pelo H IV com PPc leve ou não infectados pelo H IV ainda não foi avaliado.
QUADRO 207.1
Tratamento da pneumocistose
Fármaco(s), dose, via
Efeitos adversos
primeira opção SMX-TMP (25 mg/kg de SMX, 5 mg/kg de TMP6) a cada 6-8 h VO ou IV
Febre, exantema, citopenias, hepatite, hiperpotassemia, distúrbios Gl
Outros agentes3 TMP, 5 mg/kg a cada 6-8 h, mais dapsona, 100 mg/dia VO
Hemólise (deficiência de G6PD), metemoglobinemia, febre, exantema. distúrbios Gl
Atovaquona, 750 mg 2x/dia VO
Exantema, febre, distúrbios Gl e hepáticos
Clindamicina, 300-450 mg a cada 6 h V0 ou 600 mg a cada 6-8 h IV; mais primaquina, 15-30 mg/dia VO
Hemólise (deficiência de G6PD), metemoglobinemia, exantema, colite, neutropenia
Pentamidina, 3-4 mg/kg/dia IV
Hipotensão, azotemia, arritmias cardíacas, pancreatite, disglicemias, hipocalcemia. neutropenia, hepatite
Trimetrexato, 45 mg/m2/dia IV; mais leucovorina," 20 mg/kg a cada 6h VO ou IV
Citopenias, neuropatia periférica, distúrbios hepáticos
Agente adjuvante Prednisona, 40 mg 2x/dia durante 5 dias, 40 mg/dia durante 5 dias, 20 mg/dia durante 11 dias; VO ou IV
Imunossupressão, úlcera péptica, hiperglicemia, alterações do humor, hipertensão
s0 tratamento é administrado por 14 dias a pacientes não infectados pelo HIV e por 21 dias aos infectados pelo HIV. Equivalente a 2 comprimidos de concentração dupla (CD). (Um comprimido de CD contém 160 mg de TMP e 800 mg de SMX.) CA leucovorina previne a toxicidade do trimetrexato para a medula óssea.
Nota: Gl, gastrintestinal; G6PD, g Iicose-6 -fosfato - des id rogen ase; SMX-TMP, sulfametoxazol-trimetoprima.
■ PREVENÇÃO A profilaxia está indicada para pacientes infectados pelo H IV com contagens de células T CD 4+ < 200/p,L ou história de candidíase orofaríngea e pacientes infectados ou não pelo H IV que tenham se recuperado de PPc. A profilaxia pode ser suspensa nos infectados pelo HIV assim que as contagens de células T CD4+ tenham subido para mais de 200/ (jlL e assim perm aneçam p o r 3 m eses ou mais. As diretrizes para a profilaxia prim ária de hospedeiros im u n o co m p ro metidos não infectados pelo HIV são m enos claras.
QUADRO 207.2
A com binação SM X-TM P constitui o fárm aco de escolha para a profilaxia prim ária e secundária (Q u a d ro 207.2), protegendo ainda contra toxoplasm ose e algum as infecções bacterianas. D ispõe-se de esquem as alternativos p ara indivíduos intolerantes ao SM X-TM P (Q uadro 207.2). Em bora não haja recom endações específicas para a prevenção da dissem inação de Pneum ocystis em instituições de saú de, parece prudente evitar o contato direto entre pacientes com PPc e outros hospedeiros suscetíveis.
Profilaxia da pneumocistose3
Fármaco(s), dose, via
Comentários
Primeira opção SMX-TMP, 1 comprimido de CD ou 1 comprimido de CS ao dia V0b
Outros agentes Dapsona, 50 mg 2x/dia ou 100 mg ao diaVO Dapsona, 50 mg ao diaVO, mais pirimetamina, 50 mg/semanaV0; mais ieucovorina, 25 mg/semana, VO
A leucovorina impede a toxicidade da medula óssea causada pela pirimetamina. *
Dapsona, 200 mg/semana, V0; mais pirimetamina, 75 mg/semana, VO; mais leucovorina, 25 mg/semana, VO
A leucovorina impede a toxicidade da medula óssea causada pela pirimetamina.
Pentamidina, 300 mg/mês por nebulizador Respirgard II
As reações adversas incluem tosse e broncospasmo.
Atovaquona, 1.500 mg ao dia, V0 SMX-TMP, 1 comprimido de CD, 3x/semana, V0
0 SMX-TMP pode ser reintroduzido com segurança para o tratamento de alguns pacientes que tiveram efeitos colaterais leves a moderados.
Infecção por Pneumocystis
0 SMX-TMP pode ser reintroduzido com segurança para o tratamento de alguns pacientes que tiveram efeitos colaterais leves a moderados.
3Para uma lista dos efeitos adversos, ver Quadro 207.1. 6Um comprimido de CD contém 800 mg de SMX e 160 mg de TMP.
Nota: CD, concentração dupla; CS, concentração simples; SMX-TMP, sulfametoxazol-trimetoprima.
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SEÇÃ017
CAPÍ T ULO
208
Fármacos Usados no Tratamento de Parasitoses Thomas A. Moore As parasitoses acom etem m ais da m etade da população m un d ial e - sobretudo nas nações subdesenvolvidas, onde são m ais prevalen tes - , im põem um considerável ônus à saúde. As fronteiras de algu m as doenças parasitárias, incluindo a m alária, expandiram -se nas últim as décadas, em decorrência de fatores com o desflorestam ento, deslocam entos populacionais, aquecim ento global e outros eventos climáticos. Apesar dos im portantes esforços envidados no desenvol vim ento de vacinas e controle de vetores, a quim ioterapia continua sendo o m eio m ais eficaz de con tro lar as parasitoses. O s esforços para com bater a dissem inação de algum as doenças têm sido difi cultados pelo aparecim ento e pela dissem inação de resistência aos fárm acos, pela introdução lim itada de novos agentes antiparasitários e pela proliferação de m edicações falsificadas. E ntretanto, existem boas razões para ser otim ista. Os últim os 10 anos testem unharam o lançam ento de iniciativas globais am biciosas que tin h am com o alvo
QUADRO 208.1
o controle ou elim inação de am eaças com o a Aids, tuberculose e m a lária. O reconhecim ento da carga substancial im posta pelas doenças tropicais “negligenciadas” gerou parcerias m ultinacionais para d e senvolver e distribuir agentes antiparasíticos eficazes. Vacinas contra várias doenças tropicais estão sendo desenvolvidas, e ensaios clíni cos foram iniciados para vacinas contra esquistossom ose, cisticercose e leishm aniose. Este capítulo trata exclusivam ente dos agentes em pregados no tratam ento das infecções devidas aos parasitos. As recom endações de tratam ento específicas para as doenças produzidas p or parasitos em seres hum anos estão relacionadas nos capítulos subsequentes. A farm acologia dos agentes a n tip a ra sitá rio s é d iscu tid a em detalhes no Cap. e26. O Q u ad ro 208.1 apresenta u m a breve introdução a cada fárm aco (incluindo alguns abordados em outros capítulos), juntam ente com os seus principais efeitos tóxicos, espectro de atividade e segurança para uso durante a gravidez e am am entação. M uitos desses fárm acos estão aprovados pelo Food and D rug A dm inistration (FDA), em bora sejam considerados experim entais para o tratam ento de certas infec ções, estando, p or essa razão, assinalados com o tais no quadro. Além disso, os fárm acos disponíveis apenas p or m eio do D rug Service do C enters for Disease C ontrol and Prevention (CDC) (telefones: 404639-3670 ou 404-639-2888, EUA; www.cdc.gov/laboratory/drugservicef) ou apenas po r interm édio dos fabricantes (cujas inform ações para contato podem estar disponíveis no CD C) estão especificados no rodapé do quadro.
Visão geral dos agentes usados no tratamento das parasitoses Infecção(ões) parasitária(s)
Efeitos adversos
Principais interações medicamentosas
Classe para gravidez3
Amodiaquina
Malária6
Agranulocitose, hepatotoxicidade
Sem informação
Não assinalada
Sem informação
Cloroquina
Malária"
Ocasionais-, prurido, náuseas, vômitos, cefaleia, despigmentação dos pelos/cabelos, dermatite esfoliativa, opacidade reversível da córnea. Raros-, lesão irreversível da retina, alteração da cor das unhas, discrasias sanguíneas
Antiácidos e caolim: absorção reduzida de cloroquina
Não assinaladac
Sim
Fármacos por classe
Amamentação
Ampicilina: biodisponibilidade reduzida pela cloroquina
*
Cimetidina: aumento dos níveis séricos de cloroquina Ciclosporina: aumento dos níveis séricos de cloroquina
8-aminoquinolinas Primaquina
Malária*
Freqüentes-, hemólise em pacientes com deficiência de G6PD Ocasionais, metemoglobinemia, distúrbios GI. Raros, sintomas do SNC
Quinacrina: potencializa a toxicidade da primaquina
Contraindicada
Sem informação
Tafenoquina
Malária6
Freqüentes, hemólise em pacientes com deficiência de G6PD, desconforto GI leve. Ocasionais. metemoglobinemia, cefaleias
Sem informação
Não assinalada
Sem informação
Fármacos Usados no Tratamento de Parasitoses
4-aminoquinolinas
(Continua)
1675
QUADRO 208.1
Visão geral dos agentes usados no tratamento das parasitoses
Fármacos por classe
Infecção(ões) parasitária(s)
Efeitos adversos
(Continuação)
Principais interações medicamentosas
Classe para gravidez3
Amamentação I
Aminoálcoois Halofantrina
Malária*
Freqüentes, dor abdominal, diarréia. Ocasionais', distúrbios do ECG (prolongamento do intervalo QTc e intervalo RP relacionado com a dose), náuseas, prurido. Contraindicada em pessoas com cardiopatia ou que tenham tomado mefloquina nas últimas 3 semanas
0 uso concomitante de agentes que prolongam o intervalo QTc está contraindicado
C
Sem informação
Lumefantrina
Malária
Ocasionais, náuseas, vômitos, diarréia, dor abdominal, anorexia, cefaleia, tontura
Sem interações importantes
Não assinalada
Sem informação
Amebíase,6 infecção com Dientamoeba fragilis, giardíase, criptosporidiose, leishmaniose
Freqüentes, distúrbios Gl, (apenas com administração oral). Ocasionais, nefrotoxicidade, ototoxicidade, toxicidade vestibular (apenas com a administração parenteral)
Sem interações importantes
Não assinalada"
Sem informação
Leishmaniose/ meningoencefalite amebiana
Freqüentes, febre, calafrios, hipopotassemia, hipomagnesemia, nefrotoxicidade. Ocasionais vômitos, dispnéia, hipotensão
Agentes antineoplásícos: toxicidade renal, broncospasmo, hipotensão
B
Sem informação
Aminoglicosídios Paromomicina
Anfotericina B
Deoxicolato de anfotericina B
Glicocorticoides, ACTH, digitálicos: hipopotassemia Zidovudina: aumenta mielo e nefrotoxicidade
Amphotec (InterMune) Anfotericina B complexo lipídico, ABLC (Abelcet) Anfotericina B lipossomal (AmBisome) Antimomais
Leishmaniose
Antimônio pentavalente6
Freqüentes, artralgias/mialgias, pancreatite, alterações do ECG (prolongamento do intervalo QT, achatamento ou inversão da onda T)
Sem interações importantes
Não assinalada
Sim
Antimoniato de meglumina
Freqüentes: artralgias/mialgias, pancreatite, alterações do ECG (prolongamento do intervalo QT, achatamento ou inversão da ondaT)
Antiarrítmicos e antidepressivos tricíclicos: aumento do risco de cardiotoxicidade
Não assinalada
Sem informação
Não assinalada
Sem informação
Artemisinina e derivados
Malária'
Ocasionais, neurotoxicidade (ataxia. convulsões), náuseas, vômitos, anorexia, dermatite por contato
Arteéter
Sem informação
Não assinalada
Sim
Artemether
Sem interações clínicas significativas
C
Sim9
Artesunato6
Mefloquina: níveis diminuídos e depuração acelerada pelo artesunato
C
Sim9
Mefloquina: maior absorção
Não assinalada
Sim9
Níveis plasmáticos diminuídos pela rifampicina e tetraciclina; biodisponibilidade diminuída pela metoclopramida
C
Sem informação
Diidroartemisinina Atovaquona
M alária/ babesiose
Freqüentes, náuseas, vômitos. Ocasionais dor abdominal, cefaleia
(Continua)
QUADRO 208.1
Visão geral dos agentes usados no tratamento das parasitoses
Fármacos por classe Azois Fluconazol
Infecção(ões) parasitária(s) Leishmaniose
Itraconazol
Efeitos adversos Sérios, hepatotoxicidade. Raros. distúrbios cutâneos proliferativos, anafilaxia
Cetoconazol
(Continuação)
Principais interações medicamentosas
Classe para gravidez3
Amamentação
Varfarina, hipoglicemiantes orais, fenitoína, ciclosporina, teofilina, digoxina, dofetilida, quinidina, carbamazepina, rifabutina, busulfano, docetaxel, alcalóides da vinca, pimozida, alprazolam, diazepam, midazolam, triazolam, verapamil, atorvastatina, cerivastatina, iovastatina, sinvastatina, tacrolimo, sirolimo, indinavir, ritonavir, saquinavir, alfentanila, buspirona, metilprednisolona, trimetrexato: azois aumentam níveis plasmáticos
C
Sim
Carbamazepina, fenobarbital, fenitoína, isoniazida, rifabutina, rifampicina, antiácidos, antagonistas do receptor H2, inibidores da bomba de prótons, nevirapina: níveis plasmáticos diminuídos de azois Claritromicina, eritromicina, indinavir, ritonavir: níveis plasmáticos aumentados de azois Benzimidazois Ascaridíase, capilaríase, clonorquíase, larva migrans cutânea, cisticercose,6 equinococose,6 enterobíase, enterocolite eosinofílica, gnatostomíase. ancilostomíase, filariose linfática, microsporidiose, estrongiloidíase, triquinelose, tricostrongilíase, tricuríase, larva migrans visceral
Ocasionais: náuseas, vômitos, dor abdominal, cefaleia, alopecia reversível, aminotransferases elevadas. Raros, leucopenia, exantema
Dexametasona, praziquantel: o nível plasmático de sulfóxido de albendazol aumenta cerca de 50%
Sim'
Mebendazol
Ascaridíase," capilaríase, enterocolite eosinofílica, enterobíase,® ancilostomose,6 triquinelose, tricostrongilíase, tricuríase6, larva /77/grans visceral
Ocasionais, diarréia, dor abdominal, aminotransferases elevadas. Raros. agranuiocitose, trombocitopenia, alopecia
Cimetidina: o metabolismo do mebendazol é inibido
Sem informação
Tiabendazol
Estrongiloidíase,6 larva migrans cutânea,* larva migrans visceral6
Freqüentes, anorexia, náuseas, vômitos, diarréia, cefaleia, tontura, urina com odor de aspargos. Ocasionais, sonolência, vertigem, cristalúria, aminotransferases elevadas, psicose. Raros hepatite, convulsões, edema angioneurótico, síndrome de Stevens-Johnson, zumbidos
Teofilina: níveis séricos aumentados pelo tiabendazol
Sem informação
Fármacos Usados no Tratamento de Parasitoses
Albendazol
(Continua)
1677
QUADRO 208.1
Visão geral dos agentes usados no tratamento das parasitoses
Fármacos por classe
Infecção(ões) parasitária(s)
Efeitos adversos
(Continuação)
Principais interações medicamentosas
Classe para gravidez'1
Amamentação
Triclabendazol
Fasciolíase, paragonimíase
Ocasionais, cãibras abdominais, diarréia, cólica biliar, cefaleia transitória
Sem informação
Não assinalada
Sim
Benzinidazol
Doença de Chagas
Freqüentes, exantema, prurido, náuseas, leucopenia, parestesias
Sem interações importantes
Não assinalada
Sem informação
Bitionol8
Fasciolíase, paragonimíase
Diarréia, cãibras abdominais (em geral leves e transitórias)
Clindamicina
Babesiose, malária, toxoplasmose
Ocasionais, colite pseudomembranosa, dor abdominal, diarréia, náuseas/vômitos. Raros. prurido, exantemas cutâneos
Sem interações importantes
B
Sim9
Furoato de diloxanida
Amebíase
Freqüente, flatulência. Ocasionais. náuseas, vômitos, diarréia. Rara prurido
Nenhuma relatada
Contraindicado
Sem informação
Eflornitina9(difluorometilornitina, DFMO)
Tripanossomíase
Freqüente, pancitopenia. Ocasionais diarréia, convulsões. Rara perda auditiva transitória
Sem interações importantes
Contraindicada
Sem informação
Amebíase, fasciolíase
Grave, cardiotoxicidade. Freqüente. dor no local da injeção. Ocasionais. tontura, cefaleia, sintomas GI
Nenhuma relatada
X
Sem informação
Pirimetamina
Malária," isosporídiose, toxoplasmose"
Ocasionai deficiência de folato. Raros, exantema, convulsões, reação cutânea grave (necrólise epidérmica tóxica, eritema multiforme, síndrome de Stevens-Johnson)
Sulfonamidas, proguanil, zidovudina: maior risco de supressão da medula óssea quando usados concomitantemente
C
Sim
Proguanil e clorproguanil
Malária
Ocasiona!-, urticária. Raros hematúria, distúrbios GI
Sem interações importantes
C
Sim
Trimetoprima
Ciclosporíase, isosporíase
Hiperpotassemia, desconforto GI, estomatite leve
Metotrexato: depuração reduzida. Varfarina: efeito prolongado. Fenitoína: aumenta o metabolismo hepático
C
Sim
Malária," toxoplasmose"
Freqüentes, distúrbios GI, reações cutâneas alérgicas, cristalúria. Raros, reações cutâneas graves (necrólise epidérmica tóxica, eritema multiforme, síndrome de Stevens-Johnson), agranulocitose, anemia aplásica, hipersensibilidade do trato respiratório, hepatite, nefrite intersticial, hipoglicemia, meningite asséptica
Diuréticos tiazídicos: maior risco de trombocitopenia em pacientes idosos Varfarina: efeito prolongado pelas sulfonamidas Metotrexato: níveis aumentados pelas sulfonamidas Fenitoína: metabolismo prejudicado pelas sulfonamidas Sulfonilureias: efeito prolongado pelas sulfonamidas
B
Sim
Leishmaniose, malária, toxoplasmose
Freqüentes, exantema, anorexia. Ocasionais, hemólise, metemoglobinemia, neuropatia, dermatite alérgica, anorexia, náuseas, vômitos, taquicardia, cefaleia, insônia, psicose, hepatite. Rara agranulocitose
Rifampicina: níveis plasmáticos diminuídos de dapsona
C
Sim
Emetina e desidroemetina* Antagonistas do folato Inibidores da diidrofolato redutase
Doenças Infecciosas
Inibidores da diidropteroato sintetase: sulfonamidas Sulfadiazina Sulfametoxazol Sulfadoxina
Inibidores da diidropteroato sintetase: sulfonas Dapsona
(Continua)
1678
QUADRO 208.1
Visão geral dos agentes usados no tratamento das parasitoses
(Continuação)
Infecção(ões) parasitária(s)
Efeitos adversos
Principais interações medicamentosas
Classe para gravidez3
Amamentação
Fumagilina
Microsporidiose
Raros, neutropenia, trombocitopenia
Nenhuma relacionada
Sem informação
Sem informação
Furazolidona
Giardíase
Freqüentes, náuseas/vômitos, urina acastanhada. Ocasionais, prurido retal, cefaleia. Raros, anemia hemolítica, reações semelhantes às causadas pelo dissulfiram, interações com inibidor da MAO
Risco de crise hipertensiva quando administrada por mais de 5 dias com inibidores da MAO
C
Sem informação
lodoquinol
Amebíase,6 balantidíase, infecção pela D. fragilis
Ocasionais, cefaleia, exantema, prurido, tireotoxicose, náuseas, vômitos, dor abdominal, diarréia. Raros, neurite óptica, neuropatia periférica, convulsões, encefalopatia
Sem interações importantes
C
Sem informação
Ivermectina
Ascaridíase, larva migrans cutânea, gnatostomíase, loíase, filarioses linfáticas, oncocercose,6 escabiose, estrongiloidíase,6 tricuríase
Ocasionais, febre, prurido, cefaleia, mialgias. Raro. hipotensão
Sem interações importantes
C
Sim9
Levamlsol
Ascaridíase, ancilostomíase
Freqüentes, distúrbios Gl, tontura, cefaleia. Raros, agranulocitose, neuropatia periférica
Álcool: efeito semelhante ao do dissulfiram. Varfarina: tempo de protrombina prolongado
C
Sem informação
Azitromicina
Babesiose
Ocasionais, náuseas, vômitos, diarréia, dor abdominal. Raros. angioedema, icterícia colestática
Ciclosporina e digoxina: níveis aumentados pela azitromicina Nelfinavir: níveis aumentados de azitromicina
B
Sim
Espiramicina9
Toxoplasmose
Ocasionais, distúrbios Gl, erupções cutâneas transitórias. Raros. trombocitopenia, prolongamento do intervalo QT em lactentes, hepatite colestática
Sem interações importantes
Não assinalada6
Sim9
Mefloquina
Malária6
Freqüentes, cabeça girando, náuseas, cefaleia. Ocasionais. confusão, pesadelos, insônia, distúrbios visuais, anormalidades transitórias e clinicamente silenciosas no ECG, inclusive bradicardia sinusal, arritmia sinusal, bloqueio AV de 1° grau, prolongamento do intervalo QTc e ondas T anormais. Raros, psicose, convulsões, hipotensão
A administração de halofantrina menos de 3 semanas após o uso de mefloquina pode ocasionar prolongamento fatal do intervalo QTc. A mefloquina pode diminuir os níveis plasmáticos de anticonvulsivantes. Níveis aumentados e depuração acelerada pelo artesunato
C
Sim
Melarsoprol6
Tripanossomíase
Freqüentes, lesão miocárdica, encefalopatia, neuropatia periférica, hipertensão. Ocasionais, hemólise induzida por G6PD, eritema nodoso hanseniano. Rara hipotensão
Sem interações importantes
Não assinalada
Sem informação
Metrifonato
Esquistossomose
Freqüentes, dor abdominal, náuseas, vômitos, diarréia, cefaleia, vertigem, broncospasmo. Raros. sintomas colinérgicos
Sem interações importantes
B
Não
\ Fármacos por classe
Macrolídios
Fármacos Usados no Tratamento de Parasitoses
(Continua)
1679
QUADRO 208.1
Visão geral dos agentes usados no tratamento das parasitoses
(Continuação)
Principais interações medicamentosas
Classe para gravidez3
Fármacos por classe
Infecção(ões) parasitária(s)
Miltefosina
Leishmaniose
Freqüentes-, distúrbios 61 leves e transitórios (1 a 2 dias) nas 2 primeiras semanas de tratamento (regridem após o término do tratamento); enjoo. Ocasionais. elevações reversíveis da creatinina e das aminotransferases
Sem interações importantes
Não assinalada
Sem informação
Niclosamida
Cestódeos intestinais*
Ocasionais, náuseas, vômitos, tontura, prurido
Sem interações importantes
B
Sem informação
Nifurtimox6
Doença de Chagas
Freqüentes, náuseas, vômitos, dor abdominal, insônia, parestesias, fraqueza, tremores. Flaros. convulsões (todos são reversíveis e relacionados com a dose)
Sem interações importantes
Não assinalada
Sem informação
Nitazoxanida
Criptosporidiose,1’ giardíase6
Ocasionais, dor abdominal, diarréia. Raros, vômitos, cefaleia
Sem interações importantes
B
Sem informação
Metronidazol
Amebíase,6 balantidíase, dracunculíase, giardíase, tricomoníase,6 infecção pela D. fragilis
Freqüentes, náuseas, cefaleia, anorexia, gosto metálico. Ocasionais, vômitos, insônia, vertigem, parestesias, efeitos semelhantes aos do dissulfiram. Raros, convulsões, neuropatia periférica
Varfarina: efeito acentuado pelo metronidazol Dissulfiram: reação psicótica Fenobarbital, fenitoína: aceleram a eliminação do metronidazol Lítio: níveis séricos elevados pelo metronidazol Cimetidina: meia-vida prolongada do metronidazol
B
Sim
Tinidazol
Amebíase." giardíase, tricomoníase
Ocasionais, náuseas, vômitos, gosto metálico
Ver metronidazol
C
Sim
Oxaminiquine
Esquistossomose
Ocasionais, tontura, sonolência, cefaleia, urina alaranjada, elevação das aminotransferases. Raros. convulsões
Sem interações importantes
C
Sem informação
Paromomicina
Amebíase,6 infecção pelo D. fragilis, giardíase, criptosporidiose, leishmaniose
Freqüentes, distúrbios Gl (apenas com a administração oral). Ocasionais, nefrotoxicidade, ototoxicidade, toxicidade vestibular (apenas com a administração parenteral)
Sem interações importantes
Oral: B Parenteral: não assinalada6
Sem informação
Isotionato de pentamidina
Leishmaniose, tripanossomose
Freqüentes, hipotensão, hipoglicemia, pancreatite, abscessos estéreis nos locais de injeção IM, distúrbios Gl, insuficiência renal reversível. Ocasionais, hepatotoxicidade, cardiotoxicidade, delirium. Raro. anafilaxia
Sem interações importantes
C
Sem informação
Piperazina
Ascaridíase, enterobíase
Ocasionais, náuseas, vômitos, diarréia, dor abdominal, cefaleia. Raros, neurotoxicidade, convulsões
Nenhuma relatada
C
Sem informação
Dietilcarbamazina6
Filariose linfática, loíase, eosinofilia pulmonar tropical
Freqüentes, náuseas relacionadas com a dose, vômitos. Raros, febre, calafrios, artralgias, cefaleias
Nenhuma relatada
Não assinalada6
Sem informação
Efeitos adversos
Amamentação
Nitroimidazois
Doenças Infecciosas
Piperazina e derivados
(Continua)
1680
QUADRO 208.1
Visão geral dos agentes usados no tratamento das parasitoses
Fármacos por classe
Infecção(ões) parasitária(s)
Efeitos adversos
(Continuação)
Principais interações medicamentosas
Classe para gravidez3
Amamentação
B
Sim
Praziquantel
Clonorquíase,* cisticercose, difilobotriose, himenolepíase, teníase, opistorquíase, trematódeos intestinais, paragonimíase, esquistossomose*
Freqüentes, dor abdominal, diarréia, tontura, cefaleia, mal-estar. Ocasionais, febre, náuseas. Raros. prurido, soluços
Sem interações importantes
Pamoato de pirantel
Ascaridiase, enterocolite eosinofílica, enterobíase," ancilostomíase, tricostrongilíase
Ocasionais, distúrbios GI, cefaleia, tontura, aminotransferases elevadas
Sem interações importantes
Sem informação
Quinacrina9
Giardíase*
Freqüentes, cefaleia, náuseas, vômitos, gosto amargo. Ocasionais pele, escleras e urina amarelo-alaranjadas; início após 1 semana de tratamento, durando até 4 meses após o término. Raros. psicose, dermatite esfoliativa, retinopatia, hemólise induzida pela G6PD, exacerbação de psoríase, efeitos semelhantes aos do dissulfiram
Primaquina: toxicidade potencializada pela quinacrina
Sem informação
Quinina e quinidina
Malária, babesiose
Freqüentes, cinchonismo (zumbidos, surdez para altas tonalidades, cefaleia, disforia, náuseas, vômitos, dor abdominal, distúrbios visuais, hipotensão postural), hiperinsulinemia resultando em hipoglicemia potencialmente fatal. Ocasionais, surdez, anemia hemolítica, arritmias, hipotensão devida a infusão IV rápida
Inibidores da anidrase carbônica, diuréticos tiazídicos; eliminação renal reduzida de quinidina Amiodarona, cimetidina, aumento dos níveis de quinidina Nifedipina: níveis diminuídos de quinidina; a quinidina torna mais lento o metabolismo da nifedipina Fenobarbital, fenitoína, rifampicina; eliminação hepática acelerada de quinidina Verapamil: depuração hepática reduzida de quinidina Diltiazem: depuração diminuída de quinidina
Sim9
Ciclosporíase, isosporíase
Ocasionais, náuseas, diarréia, vômitos, dor e desconforto abdominal, cefaleia, inquietação, exantema. Raros, mialgias e artralgias, ruptura de tendão, sintomas do SNC (nervosismo, agitação, insônia, ansiedade, pesadelos, paranóia); convulsões
Probenecide: aumento dos níveis séricos de ciprofloxacino. Teofilina, varfarina: aumento dos níveis séricos pela ciprofloxacino
Sim
Tripanossomíase
Freqüentes, imediatos - febre, urticária, náuseas, vômitos, hipotensão; tardios (até 24 h) dermatite esfoliativa, estomatite, parestesias, fotofobia, disfunção renal. Ocasionais, nefrotoxicidade, toxicidade suprarrenal, atrofia óptica, anafilaxia
Sem interações importantes
Quinolonas Ciprofloxacino
Suramin*
Não assinalada
Sem informação
£1 co
o Q. CD “D
(Continua)
3 cO o co CD
CO
1681
QUADRO 208.1
Visão geral dos agentes usados no tratamento das parasitoses
Fármacos por ciasse Tetraciclinas
Infecção(ões) parasitária(s) Balantidíase, infecção pela D. fragilis, malária; filariose linfática (doxiciclina)
Efeitos adversos Freqüentes, distúrbios GI. Ocasional. dermatite por fotossensibilidade. Raros, dermatite esfoliativa, esofagite, hepatotoxicidade
T
(Continuação)
Principais interações medicamentosas Varfarina: efeito prolongado pelas tetraciclinas
Classe para gravidez3
Amamentação Sim
aCom base nas categorias A a D, X de gestação do U.S. Food and Drug Administration (FDA). "Aprovado pelo FDA com essa indicação. c0 uso na gravidez é recomendado por organizações internacionais fora dos EUA. tfApenas o AmBisome foi aprovado para essa indicação. 'Disponível no CDC. 'Apenas artemether (em combinação com lumefantrina) e artesunato foram aprovados pelo FDA para essa indicação. 9Não se acredita que seja prejudicial. "Disponível com o fabricante.
Nota: ACTH, hormônio adrenocorticotrópico; AV, atrioventricular; SNC, sistema nervoso central; ECG, eletrocardiograma; G6PD, glicose-6-fosfato desidrogenase; MAO, monoaminoxidase.
BIBLIOGRAFIA M (ed): Drugs for parasitic infections. Med Lett Drugs Ther 5:el, 2007 H o t e z PJ et al: Control of neglected tropical diseases. N Engl J Med 357:1018, 2007 K e i s e r J, U t z i n g e r J: Efficacy of current drugs against soil-transmitted helm inth infections. JAMA 299:1937,2008
A
b r a m o w ic z
SEÇÃ018
Infecções Causadas por Protozoários
CA PÍ T UL O
209
Amebíase e Infecção por Amebas de Vida Livre Samuel L. Stanley, Jr. AMEBÍASE ■ DEFINIÇÃO A am ebíase é um a infecção causada pelo protozoário intestinal parasítico Entamoeba histolytica (a “am eba de lise tecidual”). A m aioria das infecções provavelm ente é assintom ática, m as E. histolytica pode causar doença que varia desde disenteria até infecções extraintesti nais, incluindo abscessos do fígado.
I&
Figura 209.2 Trofozoíto de £ histo lytica com eritrócitos ingeridos. Obser ve o núcleo único com nucléolo central. (Cortesia do Centers for Disease Control and Prevention.)
■ CICLO EVOLUTIVO E TRANSMISSÃO E. histolytica existe em dois estágios: um a form a de cisto m ultinucleado resistente (Fig. 209.1) e o estágio de trofozoíto móvel (Fig. 209.2). A infecção (da qual os seres hum anos são os hospedeiros naturais) é adquirida pela ingestão de cistos contidos em alim entos ou água contam inados com fezes, ou m ais raram ente, p or m eio de contato sexual oral-anal. Os cistos sobrevivem na acidez do estôm ago e o exocisto no intestino delgado form ando o estágio de trofozoíto de 20 a 50 |xm. Os trofozoítos podem viver no interior da luz do intes tino grosso sem causar doença ou podem invadir a m ucosa intesti nal, provocando colite am ebiana. Em alguns casos, os trofozoítos de E. histolytica invadem a m ucosa e a corrente sanguínea, trafegando pela circulação portal e atingindo o fígado e causando abscessos h e páticos am ebianos. Os trofozoítos móveis podem ser excretados nas fezes - um evento diagnosticam ente im portante - , m as são m ortos rapidam ente quando expostos ao ar ou ao ácido gástrico e, portanto, não são infecciosos. Os cistos de trofozoítos no interior do intestino grosso são excretados nas fezes, continuando o ciclo de vida.
Os d iagnósticos m oleculares c o n tin u a m a esclarecer o que antes era um qu ad ro confuso da v erdadeira incid ên cia e prevalência de
Figura 209.1 Cisto de Entamoeba. Três dos quatros núcleos são claramente visíveis. (Cortesia de Dr. George Healy, Centers for Disease Control and Prevention.)
Amebíase e Infecção por Amebas de Vida Livre
■ EPIDEMIOLOGIA
infecção e doença p o r E. histolytica. Era u m a m arca da m aioria dos livros o fato de que 10% d a p opulação do m u n d o estava infectada com E. histolytica. A tualm ente sabem os que a m aioria dos in d iv í duos assintom áticos que abrigam trofozoítos ou cistos am ebianos em suas fezes está infectada com espécies não invasivas: E ntam oe ba dispar ou Entam oeba m oshkovskii. E. dispar parece não causar doença, m esm o nos indivíduos m ais p ro fu n d am e n te im u n o ssu p ri m idos; além disso, nesse m om ento, há p oucas evidências de que o E. m oshkovskii causa doença, em b o ra os estudos epidem iológicos dessa espécie estejam no início. Em c o n trap artid a, a infecção p or E. histolytica po d e causar doença, e m b o ra nem to d o s os pacientes d e senvolvam sintom as. N ão se sabe com que frequência as pessoas infectadas com E. histolytica realm ente desenvolvem sintom as; em um estudo em u m a área altam ente endêm ica, apenas 10% dos p a cientes infectados desenvolvem sin to m as d u ra n te u m p e río d o de observação de 1 ano. U m a característica m arc an te da am ebíase é sua ocorrência m ais com um em h o m en s do que em m ulheres, em b o ra a prevalência da infecção com E. histolytica não pareça diferir en tre os sexos. Esse p a d rã o é p a rtic u la rm e n te p ro n u n c ia d o p ara abscessos hep ático s am eb ian o s, cuja p rev alên cia é a p ro x im ad a m ente 7 vezes m aior entre os h o m en s do que entre as m ulheres. A explicação para essa diferença c o n tin u a desconhecida, m as rela tou-se m orte dos trofozoítos am ebianos m ediada pelo com plem en to m enos eficiente p o r m eio do soro dos hom ens^do que p o r m eio do soro das m ulheres. As infecções p o r E. hystolitica são m ais com uns em áreas do m u n d o onde o sanitarism o precário e o excesso populacional com prom etem as barreiras à contam inação de alim entos e água potável pelas fezes hum anas. As áreas endêm icas in cluem partes do México, ín d ia e países das regiões tropicais da Á fri ca, A m éricas do Sul e C entral, e Ásia. E. histolytica estava presente em aproxim adam ente 2,1% dos indivíduos que apresentam diarréia em um a série de grande p orte realizada em Bangladesh e em 1,4% do grupo controle assintom ático. Em 2007, a am ebíase foi listada com o sexta causa m ais com um de doença no M éxico, com um a incidên cia de aproxim adam ente 544 casos p o r 100.000 pessoas. Nos Esta dos U nidos e em outros países desenvolvidos, a doença é incom um e é encontrada quase exclusivam ente em viajantes ou im igrantes de áreas endêm icas. Raram ente, os surtos ocorrem em populações insti tucionalizadas e as infecções foram docum entadas com aum ento da frequência entre hom ens que têm relações sexuais com hom ens; no
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entanto, a m aioria desses casos foi assintom ática e provavelm ente re presenta infecções p o r E. dispar.
■ PATOGENIA E PATOLOGIA
Doenças Infecciosas
Os trofozoítos de E. histolytica possuem um repertório potente de adesinas, proteinases, proteínas form adoras de poros e outras m olé culas efetoras que possibilitam que elas prom ovam lise das células e tecidos, induzam tanto necrose celular com o apoptose e resistam às defesas im unes inatas e adaptativas. A doença com eça quando os tr o fozoítos de E. histolytica aderem às células epiteliais da m ucosa colô nica. A ruptura da barreira de m ucina colônica é observada em cortes patológicos do colo doente, m as não se sabe se essa ru p tu ra é causada pelo parasita, facilitando sua aderência a células m ucosas ou ocorre com o conseqüência do evento de aderência, com subsequente lesão da m ucosa. A aderência é m ediada principalm ente po r um a família de m oléculas de superfície da lectina capazes de ligarem -se à galactose e resíduos de N-acetilgalactosam ina. E. histolytica pode provocar lise de células hospedeiras sob contato p o r m eio de um a fam ília de peptídios anfipáticos cham ados de am ebaporos que form am poros barrel-stave nas m em branas da célula alvo. Tanto a necrose com o a apoptose celular podem ocorrer após E. histolytica entrar em contato com células hospedeiras e o tipo de desfecho que p redom ina pode estar relacionado com características inerentes da célula alvo ou do am biente do tecido. Um achado consistente e inequívoco é o papel im portante desem penhado pelas proteinases da cisteína am ebiana n o processo de doença. E. histolytica possui um a fam ília grande de proteinases da cisteína que são capazes de fazer lise da m atriz extra celular entre células do hospedeiro (separando assim as células e fa cilitando a invasão) e clivando as m oléculas de defesa do hospedeiro (incluindo com ponentes do com plem ento e anticorpos). Estudos em m odelos anim ais, incluindo cam undongos quim éricos com xenoenxertos intestinais hum anos, m ostraram que a inibição da atividade de cisteína proteinase, através de alvo genético direto ou inibidores quím icos, reduz a doença de m aneira significativa. O efeito final de todos esses fatores de virulência am ebiana sobre o colo h um ano é a produção de pequenas úlceras que têm bordas em pilhadas e contêm áreas focais de perda de células epiteliais, um a resposta inflam ató ria m odesta e hem orragia da m ucosa. A m ucosa interm ediária em geral é norm al, algum as vezes observa-se hiperem ia difusa. T rofo zoítos de E. histolytica podem então invadir lateralm ente através da cam ada subm ucosa, criando as clássicas úlceras em form a de garrafa que surgem no exame patológico com o lesões de pescoço curto, que alargam na região da subm ucosa, com trofozoítos de E. histolytica nas m argens entre os tecidos m ortos e vivos (Fig. 209.3). As úlceras tendem a parar na cam ada muscular, e lesões de espessura com pleta e perfuração colônica são raras. A m ebom as, um a com plicação rara de doença intestinal, são lesões de m assa granulom atosa que projetam
para a luz intestinal, com parede intestinal edem atosa e hem orrágica espessada que pode causar sintom as obstrutivos. Em alguns indivíduos com infecção colônica p or E. histolytica, os trofozoítos invadem o sistem a venoso p ortal e atingem o fígado, onde causam abscessos hepáticos am ebianos. Os trofozoítos de E. histolyti ca têm de resistir à lise p or com plem ento sérico para sobreviver na corrente sanguínea. Os abscessos hepáticos am ebianos têm um a apa rência típica no exame patológico: os abscessos quase circulares con têm um centro necrosado grande sem elhante a pasta de anchova que é circundado p o r um anel estreito de algum as células inflam atórias, fibrose e ocasionalm ente alguns trofozoítos am ebianos. O parênqui m a hepático adjacente em geral é com pletam ente norm al. Os resul tados em m odelos experim entais de roedores de abscesso hepático am ebiano sugerem que as lesões iniciais podem ter m ais células in flam atórias e que a lise de neutrófilos p o r trofozoítos de E. histolytica pode contribuir para lesão tecidual. Em m odelos m urinos da doença, apoptose é um com ponente proem inente da m orte do hepatócito e o bloqueio de atividade de caspase pode reduzir significativam ente a form ação de abscesso hepático, m as não se sabe se qualquer um desses fatores é aplicável à doença hum ana. É necessário um m aior esclarecim ento sobre o papel da im uni dade inata e adaptativa na prevenção da infecção p o r E. histolytica ou no controle da doença. E studos de crianças em um a área altam ente endêm ica sugeriram que infecção anterior p o r E. histolytica pode es tim ular anticorpos IgA da m ucosa para antígenos am ebianos, redu zindo assim a probabilidade de infecções subsequentes; essa proteção tem vida relativam ente curta. Em contrapartida, entre os indivíduos em um a área do Vietnã com um a alta prevalência de abscesso hepáti co am ebiano, um episódio anterior da doença não reduziu o risco de um segundo caso, apesar da presença de anticorpos séricos. Estudos de m odelos anim ais sugerem que a im unidade m ediada pela célula pode desem penhar um papel na defesa do hospedeiro, e o uso de glicocorticoides foi associado a desfechos piores em pacientes com colite amebiana. Entretanto, indivíduos com H IV /A ids não parecem estar sob risco aum entado de infecção com E. histolytica, e não há evidências de que eles desenvolvem doença m ais grave do que os hos pedeiros im unocom petentes.
■ SÍNDROMES CLÍNICAS Amebíase intestinal A m aioria dos pacientes que aloja espécies de Entamoeba é assin tom ática, m as os indivíduos com infecção p o r E. histolytica podem desenvolver a doença. Os sintom as de colite am ebiana geralm ente aparecem 2 a 5 sem anas após a ingestão da form a de cisto do p ara sita. D iarréia (classicam ente hem e-positiva) e d or na parte inferior do abdom e são os sintom as m ais com uns. Mal estar e perda de peso podem ser observados à m edida que a doença evolui. Pode ocorrer disinteria grave, com 10 a 12 defecações de pequeno volum e p or dia, com fezes sanguinolentas ou contendo m uco, m as apenas aproxim a dam ente 40% dos pacientes são febris. Colite am ebiana fulm inante, com diarréia ainda m ais profusa, d o r abdom inal intensa (incluindo sinais peritoneais), febre e leucocitose pronunciada são raras, afetan do de m aneira desproporcional crianças em ten ra idade, m ulheres grávidas, indivíduos sob tratam ento com glicocorticoides e possivel m ente indivíduos com diabetes ou alcoolism o. Podem -se observar íleo paralítico e esfacelam ento da m ucosa colônica; ocorre p erfu ra ção intestinal em m ais de 75% dos pacientes com essa form a fulm i nante da doença. As taxas de m o rtalid ad e em decorrência de colite am ebiana fulm inante excedem 40% em algum as séries. As com pli cações reconhecidas de colite am ebiana tam bém incluem megacolon tóxico (docum entado em aproxim adam ente 0,5% dos pacientes com colite), com dilatação grave do intestino e ar intram ural, e am ebom a anteriorm ente citado, que surge com o um a m assa abdom inal que pode ser confundida com câncer de colo.
Abscesso hepático amebiano Figura 209.3 Ulceração intestinal de E. h isto ly tic a em forma de garrafa de um filhote de gato. (Cortesia de Dr. Mae Melvin, Centers for Disease Control and Prevention.)
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Há um século, o abscesso hepático am ebiano - a m anifestação ex traintestinal m ais com um da am ebíase era quase sem pre fatal; e n tretanto, com os m étodos diagnósticos atuais rápidos e o tratam ento
clínico eficaz, as taxas de m ortalidade estão agora entre 1 a 3%. A doença com eça quando os trofozoítos de E. histolytica penetram atra vés da m ucosa colônica, trafegam pela circulação p o rtal e atingem o fígado. A m aioria dos indivíduos com abscesso hepático am ebia no não têm sinais ou sintom as concom itantes de colite, e a m aioria não tem trofozoítos de E. histolytica em suas fezes. As exceções são indivíduos com colite am ebiana fulm inante, na qual o abscesso h e pático am ebiano não é incom um . A doença pode surgir desde m e ses até anos após um a viagem ou residência em um a área endêm ica; portanto, um histórico cuidadoso da viagem é essencial para fazer o diagnóstico. As apresentações clássicas de abscesso hepático am ebia no são dor no quadrante superior direito, febre e sensibilidade h e pática. O ritm o da doença em geral é agudo, sendo que os sintom as duram m enos de 10 dias. E ntretanto, um a apresentação m ais crô n i ca, com perda de peso e anorexia com o m anifestações proem inentes de acom panham ento realm ente ocorrem . Icterícia é incom um , m as m acicez e estertores na base do pulm ão direito (secundários a d e rra m e pleural) são com uns. Os achados laboratoriais m ais com uns são leucocitose (sem eosinofília), um nível de fosfatase alcalina elevado, anem ia branda e um a velocidade de hem ossedim entação elevada.
Outras complicações extraintestinais de amebíase
Amebíase e Infecção por Amebas de Vida Livre
D erram es pleurais do lado direito e atelectasia são com uns em ca sos de abscesso hepático am ebiano e geralm ente não requerem tratam ento. E ntretanto, o abscesso rom pe através do diafragm a em aproxim adam ente 10% dos pacientes, causando am ebíase pleuropulmonar. Sintom as sugestivos são: tosse de início súbito, d or torácica pleurítica e falta de ar. Em alguns pacientes, a am ebíase pleuropulm onar é a m anifestação de apresentação do abscesso hepático am e biano e pode ser confundido com pneum onia bacteriana e empiema. Uma com plicação drástica é o desenvolvim ento de fístula hepatobrônquica, na qual os pacientes podem tossir o conteúdo do abscesso h e pático - grandes quantidades de escarro m arrom que podem conter trofozoítos de E. histolytica. Em aproxim adam ente 1 a 3% dos casos, o abscesso hepático am ebiano rom pe no peritônio e há desenvolvi m ento de sinais peritoniais e choque. A inda m ais rara é a ru p tu ra de um abscesso hepático am ebiano no pericárdio; os sinais e sintom as são aqueles com um ente observados com pericardite (d o r torácica, atrito pericárdico, dispnéia, taquipneia ou tam ponam ento cardíaco) e quase 30% dos casos term inam em m orte. Os abscessos cerebrais com plicam m enos de 0,1% dos casos de abscesso hepático am ebiano e são associados a início súbito de cefaleia, vôm itos, convulsões e al terações do estado m ental e um a alta taxa de m ortalidade. A am ebí ase cutânea (que em geral envolve as regiões anal e perianal), doença genital (incluindo fístulas retovaginais) e lesões do trato urinário são raras, mas são com plicações relatadas de amebíase.
configuradas para detectar E. dispare E. moshkovskii tam bém . Em bo ra avanços significativos estejam sendo feitos na redução dos custos de diagnósticos baseados em PCR, esse m étodo ainda não é factível para diagnóstico clínico na m aioria das áreas endêm icas. Os exames com ercialm ente disponíveis que usam ensaios im unoabsorventes ligados à enzim a (ELISA) ou técnicas im unocrom atográficas para detectar antígenos de Entam oeba são m enos caras e m ais facilm en te realizadas com frequência crescente. A m aior sensibilidade que a m icroscopia e a capacidade de detectar E. histolytica especificamente são declarados p or alguns dos principais kits, representando v anta gens significativas sobre a m icroscopia. Infelizm ente, nem todos os estudos clínicos apoiaram essas declarações, surgiram preocupações sobre a especificidade dos exam es nas áreas não endêm icas e os ELI SA são m enos sensíveis e específicos do que os diagnósticos baseados em PCR. Nesse ponto, ELISA baseado na detecção de antígeno que pode identificar especificam ente E. histolytica nas fezes provavel m ente representa a m elhor escolha nas áreas endêm icas; entretanto, os resultados de qualquer um desses exam es diagnósticos precisam ser interpretados à luz da apresentação clínica e um segundo exame confirm atório (p. ex., m icroscopia e/ou sorologia am ebiana) pode ser prudente. Em casos nos quais a am ebíase é suspeita em bases clínicas em um paciente com colite aguda m as am ostras iniciais de fezes são negativas, a colonoscopia com exam e de escovados ou biópsias de m ucosa para trofozoítos de E. histolytica podem ser úteis p ara fazer o diagnóstico ou identificar outras doenças, com o doença inflam atória intestinal ou colite pseudom em branosa. O diagnóstico de abscesso hepático am ebiano é baseado na d e tecção (geralm ente p o r ultrassonografia ou TC; Fig. 209.4) de um a ou m ais lesões que ocupam espaço no fígado e um teste sorológico positivo para anticorpos aos antígenos do E. histolytica. C om o foi observado, a am ebíase pode surgir m eses ou anos após viagem para um a área endêm ica ou residência no local e p o rtan to um histórico cuidadoso da viagem é essencial quando qualquer pessoa apresenta-se com um abscesso hepático. O s abscessos hepáticos am ebianos são classicam ente descritos com o únicos, grandes e localizados no lobo direito do fígado, m as técnicas de im agem sensíveis m ostraram que m últiplos abscessos são m ais com uns do que os anteriorm ente suspeitos. Q uando um paciente tem um a lesão que ocupa espaço do fígado, um a sorologia am ebiana positiva é altam ente sensível (> 94%) e altam ente específica (> 95%) para o diagnóstico de abscesso hepá tico amebiano. Os testes sorológicos falsos negativos foram relatados quando am ostras do soro foram obtidas m uito cedo no curso do abs cesso (dentro de 7-10 dias do início), m as testes repetidos são quase sem pre positivos.
■ EXAMES DIAGNÓSTICOS O diagnóstico de colite am ebiana baseou-se tradicionalm ente na de m onstração de trofozoítos ou cistos de E. histolytica nas fezes ou m u cosa colônica de pacientes com diarréia. E ntretanto, a incapacidade da m icroscopia de diferenciar entre E. histolytica e outras espécies de Entamoeba, com o E. díspar e E. moshkovskii, lim ita sua eficácia com o único m étodo diagnóstico. O exame de três am ostras de fezes m elho ra a sensibilidade p ara a detecção de espécies de Entamoeba e tem -se argum entado que a presença de trofozoítos am ebianos contendo eri trócitos em fezes diarreicas é altam ente sugestiva de infecção por E. histolytica. E ntretanto, pelo fato de os trofozoítos que contém eritró citos não serem encontrados na m aioria dos pacientes com infecção p or E. histolytica, a aplicabilidade desse achado é lim itada. Apesar dessas lim itações inerentes, m icroscopia, fre quentem ente com binada com teste sorológico, continua sendo a abordagem diagnostica padrão na m aioria dos hos pitais e clínicas em todo o m undo. A cultura de fezes para trofozoítos de E. histolytica serve com o ferram enta de pesquisa m as geralm ente não está disponível para uso clínico. O ensaio PCR para DNA em am ostras de fezes atualm ente é o m étodo m ais sensível e específi co para identificação de infecção p or E. histolytica e tornou-se um a ferram enta epidem iológica e de pesquisa valiosa; sondas p odem ser
Figura 209.4 Grande abscesso amebiano do lobo hepático direito visua lizado por TC. (Cortesia do Dr. M. M. fíeeder, International Registry of Tropical Imaging.)
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■ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL O diagnóstico diferencial de colite am ebiana inclui disenteria bac teriana (p. ex., infecções p o r Shighella e Campylobacter), esquistossom ose, infecção p or Balantidium coli, colite pseudom em branosa, doença intestinal inflam atória e colite isquêmica. As culturas de fezes para patógenos bacterianos, exame m icroscópico das fezes e sorolo gia am ebiana ajudam a diferenciar a colite am ebiana dessas outras entidades. A m ebom as p odem ser confundidas com carcinom a co lônico; vários relatos de casos descrevem casos nos quais am ebom as e abscessos hepáticos associados foram inicialm ente considerados com o câncer de colo com m etástase de fígado. Os abscessos hep áti cos am ebianos devem ser distinguidos dos abscessos hepáticos piogênicos, cistos equinocócicos e tum ores hepáticos prim ários ou m e tastáticos. É difícil diferenciar os abscessos hepáticos piogênicos dos am ebianos em bases puram ente clínicas, m as a sorologia am ebiana em geral é o exame fundam ental para excluir ou diagnosticar absces so hepático am ebiano. Os abscessos que rom pem no espaço pleural podem ser acom panhados p or tosse, produção de escarro e dispnéia e podem inicialm ente ser diagnosticados com o broncopneum onia.
TRATAMENTO
Amebíase
Doenças Infecciosas
Os com postos de n itroim idazol tinidazol e m etro n id azo l são os fárm acos de escolha para o tratam en to de colite am ebiana e abscesso hepático am ebiano (Q u a d ro 209.1). Até o m om ento, E. histolytica não dem onstrou resistência a n enhum dos agentes com um ente usados - um a situação que sim plifica grandem ente o tratam ento. O tinidazol parece ser m ais bem tolerado e ligei ram ente m ais eficaz do que o m etronidazol para colite am ebiana e abscesso hepático am ebiano. O m etronidazol está disponível com o form ulação parenteral para pacientes que não podem to m ar m edicam entos orais. Sempre que possível, a colite am ebiana fulm inante é tratada de m aneira conservadora, m esm o na presen ça de perfuração, com adição de antibióticos para tratar bactérias intestinais e drenagem com cateter percutâneo de líquidos acu m ulados se necessário. Notavelm ente, dado o tam anho grande dos abscessos h e p á ticos am ebianos, o tratam en to com tinidazol ou m etronidazol nas m esm as doses usadas para colite am ebiana é quase sem pre bem sucedido. Mais de 90% dos pacientes respondem com um a redução da do r abdom inal e febre em um período de 72 horas do início do tratam ento. A drenagem de abscessos hepáticos am ebia nos raram ente é necessária; em um a série de grande porte, nem o tem po para ficar afebril nem o tem po de hospitalização foi signifi cativam ente diferente para pacientes que passaram p o r aspiração percutânea guiada p or radiografia do abscesso acom panhada por tratam ento clínico do que para aqueles que receberam apenas o tratam ento clínico. A aspiração deve ser reservada para indiví duos nos quais o abscesso piogênico ou um a superinfecção bac teriana é suspeita, m as cujo diagnóstico é incerto, para pacientes
que falham em responder ao tinidazol ou m etronidazol (ou seja, aqueles que têm febre persistente ou d or abdom inal após 4 dias de tratam ento), para indivíduos com abscessos hepáticos grandes no lobo esquerdo (devido ao risco de ru p tu ra no pericárdio) e para pacientes cujos abscessos grandes e curso clínico acelerado aum entam as preocupações sobre ru p tu ra im inente. Em co n tra partida, a aspiração e/ou drenagem com cateter percutâneo m e lhora os desfechos em pacientes com am ebíase pleuropulm onar e em piem a (onde os abscessos hepáticos am ebianos rom peram -se no espaço pleural) e cateter percutâneo ou drenagem cirúrgica é absolutam ente indicada para casos de pericardite am ebiana. A ru p tu ra de um abscesso hepático am ebiano no peritônio geral m ente é tratada de m aneira conservadora, com tratam ento clínico e drenagem com cateter percutâneo de acúm ulos de líquido q u an do necessário. Nem o m etronidazol nem o tinidazol atinge níveis altos na luz intestinal; portanto, os pacientes com colite am ebiana ou abs cesso hepático am ebiano devem tam bém receber tratam ento com um agente lum inal (parom om icina ou iodoquinol) para assegurar a erradicação da infecção (Q uadro 209.1). A parom om icina é o agente preferido. Indivíduos assintom áticos com infecção d o c u m entada p or E. histolytica devem ser tratad o s devido aos riscos de desenvolvim ento de colite am ebiana ou abscesso hepático am ebiano no futuro e da transm issão da infecção para outros. A parom om icina ou iodoquinol nas doses listadas no quadro devem ser usadas nesses casos. A nitazoxanida, um fárm aco antiparasítico de am plo espec tro, é eficaz contra trofozoítos de E. histolytica tanto no tecido com o na luz intestinal e podem tornar-se um a adição im portante ao repertório terapêutico. E ntretanto, a experiência clínica com nitazoxanida para o tratam ento de infecção p o r E. histolytica con tinua lim itado a esse ponto.
■ PREVENÇÃO Evitar a ingestão de alim entos e água contam inados com fezes hum a nas é a única m aneira de evitar infecção p o r E. histolytica. Os viajan tes para áreas endêm icas devem exercitar as m esm as m edidas usadas para reduzir o risco de diarréia pelos viajantes (Cap. 117). O trata m ento de pessoas assintom áticas que evacuam cistos de E. histolytica pode ajudar a reduzir as o p o rtu n id a d es de transm issão da doença. Não existem evidências de qualquer profilaxia eficaz e não há vacina disponível.
INFECÇÃO POR AMEBAS DE VIDA LIVRE Ao contrário dos trofozoítos de E. histolytica parasítica, que pode sobreviver apenas nos seres h um anos e em alguns hospedeiros p ri m atas, as am ebas de vida livre dos gêneros Naegleria, Acanthamoeba e Balam uthia vivem em habitats salobres ou de água fresca ao redor do m undo (com o lagos, água de torneira, p iscinas^ duetos de ar con dicionado e de aquecedores) e são agentes acidentais e oportunistas da doença.
■ INFECÇÕES NAEGLERIA QUADRO 209.1 Dosagens terapêuticas recomendadas de fármacos antiamebianos Fármaco
Dosagem
Duração, dias
Colite amebiana ou abscesso hepático amebiano Tinidazol
2 g/dia V0 com alimento
3
Metronidazol
750 mg 3x/dia V0 ou IV
5-10
Infecção da luz por Entamoeba h isto lytica
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Paromomicina
30 mg/kg por dia V0 em 3 doses divididas
5-10
Iodoquinol
650 mg V0 3x/dia
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Naegleria (a “am eba com edora de cérebro”) é o agente cau sador de m enigoencefalite am ebiana prim ária (MAP). C a sos quase sem pre fatais, m as m uito raros, de MAP foram relatados em 15 países e todos os continentes exceto A ntártida; 35 casos foram relatados nos E stados U nidos entre 1998 e 2009. Nae gleria prefere água fresca m o rn a e a m aior parte dos casos ocorre em crianças saudáveis em ou tro s aspectos, que em geral nadaram em lagos ou piscinas d urante as 2 sem anas anteriores. Naegleria entra no sistem a nervoso central p o r m eio de água inalada ou espirrada no nariz, com trofozoítos que rom pem a m ucosa olfatória, invadindo através da placa cribriform e e subindo através dos nervos olfativos para o cérebro. As m anifestações iniciais de anosm ia (em geral perce bidos com o alterações no paladar), cefaleia, febre, fotofobia, náuseas
Figura 209.5
Naegleria em um corte de tecido cerebral humano de um paciente com menigoencefalite amebiana primária. (Cortesia de Dr. George Heaiy, Centers for Disease Control and Prevention.)
Figura 209.6 Cisto de Acanthamoeba em tecido cerebral de um paciente com encefalite amebiana granulomatosa. (Cortesia de Dr. George Heaiy, Cen
e vômitos. As paralisias de nervo craniano, especialm ente do terceiro, quarto e sexto nervos, estão docum entadas e a rápida evolução da doença, com convulsões, com a e m orte em um período de 7 a 10 dias do início dos sintom as, é com um . O exame patológico revela necrose hem orrágica do tecido cerebral (frequentem ente m ais proem inente nos bulbos olfatórios), evidências de aum ento da pressão intracrania na, escassez de m aterial purulento que pode conter algum as am ebas e leptom eningite acentuada (Fig. 209.5). O diagnóstico de M AP baseia-se no achado de trofozoítos m ó veis de Naegleria em citologia a fresco de líquido espinal de ob ten ção recente (LCS). Os achados laboratoriais no LCS são sem elhantes àqueles na m eningite bacteriana, com pressões altas de abertura, n í veis baixos de glicose, altas concentrações de proteína e contagens elevadas de leucócitos predom inantes em células polim orfonuclea res. A MAP deve ser suspeita em qualquer paciente que tem um a história adequada e m eningoencefalite pu ru len ta com coloração de G ram negativo, detecção de antígeno negativo e testes de PCR para outros patógenos e culturas bacterianas negativas. Infelizm ente, o prognóstico por M AP é som brio. Os poucos sobreviventes que foram relatados eram tratados com alta dose de anfotericina B e rifam picina em combinação.
com fluoresceína está disponível nos C enters for Disease C ontrol and P revention (CD C) p ara ajudar a identificar Acantham oeba em cortes m icroscópicos. O s trofozoítos e cistos de A cantham oeba oca sionalm ente são observados no LCS, m as am ostras da m aioria dos pacientes com encefalite am ebiana g ranulom atosa m o stram p leo citose b randa com p red o m in ân cia de linfócitos, níveis ligeiram en te elevados de p roteínas e co ncentrações no rm ais ou ligeiram ente d eprim idas de glicose, sem a presença de am ebas. Os achados de TC variam , com lesões h ip o d en sas que são sem elhantes a infartos em alguns pacientes e m últiplas lesões que a um entam sem elhantes a toxoplasm ose em outras. Infelizm ente, não há terapias com eficácia com provada contra essa doença, e quase todos os casos term inaram em m orte. H ouve relatos de casos de sobreviventes tratad o s com com binações de m últiplos fárm acos que in cluíram pen tam id in a, sulfadizina, flucitosina, rifam picina e fluconazol. A ceratite p o r A cantham oeba é associada a lesões corneanas com plicadas pela exposição a água ou solo e com o uso de lentes de contato. N a infecção associada a lentes de contato, o uso pro lo n gado, falhas na higiene e proced im en to s de desinfecção, n adar com lentes de contato e o uso de soluções salinas caseiras contam inadas com A cantham oeba são fatores de risco im portantes. A incidência de ceratite p o r Acantham oeba varia de 1,65 a 2,01 casos p or m ilhão de usuários de lentes de contato nos E stados U nidos até 17,53 a 19,5 casos p o r m ilhão de u su á rio s n o R eino U nido. Fotofobia u n ilate ral, laceração excessiva, v erm elhidão e sensação de corpo estranho são os sinais e sintom as m ais precoces; a doença é bilateral em al guns usuários de lentes de contato. A ceratite p o r A cantham oeba po d e evoluir rapidam ente; abscessos, h ip ó p io n , esclerite e p e rfu ração corneana com p e rd a de visão p o d e m desenvolver-se em um p e río d o de sem anas. A do en ça p o d e ser diagnósticada pela id en tificação da form a de cisto poligonal em raspagens corneanas ou m aterial de biópsia, p o r c u ltu ra de am ostras para biópsia ou lentes de contato nas placas de ágar sem eadas cgm Escherichia coli, p or m icroscopia confocal e p o r PCR. O diagnóstico diferencial inclui causas bacterianas, fúngicas, m ico b acterian as e virais (p articu lar m ente herpéticas). A terapia atual envolve adm inistração tópica de um agente antisséptico catiônico com o b iguanida ou clorexidina, com ou sem agente diam idina. A p ersistência da form a de cisto de Acantham oeba com plica o tratam e n to e são necessárias terapias de longa duração (6 m eses a 1 ano). Em casos graves, particularm ente quando a visão é am eaçada ou já dim inuída, ceratoplastia p e n etran te pode ser indicada.
■ INFECÇÕES POR ACANTHAMOEBA
Amebíase e Infecção por Amebas de Vida Livre
As espécies de A cantham oeba são am ebas de vida livre que causam duas síndrom es clínicas im portantes: encefalite am ebiana g ra n u lo m atosa e ceratite. A encefalite am ebiana granulom atosa ocorre em indivíduos debilitados, cronicam ente doentes e im unossuprim idos que p o d e m estar sendo su b m etid o s a q u im io tera p ia , recebendo glicocorticoides ou sofrendo de d oenças linfoproliferativas, lúpus eritem atoso sistêm ico ou Aids. A credita-se que A cantham oeba a tin ge o sistem a nervo so central através da co rre n te sanguínea, com percurso de um local p rim á rio de infecção nas narin as, pele, seios nasais ou pulm ões. O ritm o da infecção é indolente em c o m p a ra ção com o da MAP. A encefalite am ebiana gran u lo m ato sa tende a apresentar-se com o u m a lesão que ocupa espaço no cérebro. O s sin tom as com uns incluem alteração do estado m ental, rigidez de nuca e cefaleia jun tam en te com achados focais que incluem hem iparesia, ataxia e paralisias de nerv o craniano. As convulsões e com a fre quentem ente precedem m orte. Os achados patológicos no cérebro incluem edem a cerebral e áreas m últiplas de necrose e hem orragia. Os trofozoítos e cistos am ebianos são dispersos em to d o o tecido e freq u en tem en te são localizados próxim os dos vasos sanguíneos (Fig. 209.5). As células gigantes m ultinucleadas que form am g ra nulom as dão à sín d ro m e seu no m e m as são o bservadas com m e nos frequência em pacientes altam ente im u n o c o m p ro m e tid o s. O diagnóstico em geral é feito p o r detecção de trofozoítos ou cistos de A cantham oeba em am ostras de biópsia; um antissoro m arcado
ters for Disease Control and Prevention.)
■ INFECÇÕES POR BALAMUTHIA Balam uthia mandrillaris é um a am eba de vida livre que causa m e ningoencefalite tanto em hospedeiros im unossuprim idos com o em im unocom petentes, p a rticu la rm e n te crianças e idosos. A doença
1687 1
apresenta-se de m aneira sem elhante a encefalite am ebiana g ranulo m atosa causada por Acanthamoeba e essencialm ente todos os pontos abordados anteriorm ente com relação a esse últim o m icrorganism o - em term os de apresentação clínica, achados patológicos e ausência de terapias com provadas - tam bém se aplicam a infecções p o r Balamuthia. A m aioria dos casos é identificada post m ortem ; os poucos casos identificados antes da m orte foram encontrados durante exame histológico de am ostras de biópsia cerebral. Um antissoro específico está disponível nos CD C para ajudar a identificar B. mandriílaris em am ostras clínicas.
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CAPÍTULO
210
Malária Nicholas J. W hite Joel G. Breman A hum anidade tem apenas três grandes inimigos: A febre, a fo m e e a guerra; desses, de longe o maior, de longe o mais terrível, é a febre. W illiam Osler
Doenças Infecciosas
A m alária é um a d oença p o r p rotozoários tran sm itid a pela picada de m osquitos Anopheles. A m ais im p o rta n te das doenças p arasitá rias hum anas, é tran sm itid a em 108 países co n ten d o 3 bilhões de pessoas, e causa quase 1 m ilhão de m ortes p o r ano. A m alária já foi e lim inada dos E stados U nidos, C anadá, E uropa e Rússia; n o final do século XX e início do século XXI, entretanto, sua prevalência se elevou em m uitas partes dos trópicos. A pesar de esforços enorm es p ara o controle, aum entos na resistência do parasita a fárm acos, e de seus vetores a inseticidas, além das viagens e m igrações dos seres hum anos, c ontribuíram para seu ressurgim ento. T ransm issão local ocasional após im portação da m alária tem o co rrid o em várias áreas do Sul e Leste dos Estados U nidos e n a E uropa, indicando o perigo contín u o p ara os países sem m alária. E m bora haja m uitas in iciati vas novas prom issoras de controle e pesquisa, a m alária perm anece hoje, com o tem sido p o r séculos, u m ôn u s pesado p a ra c o m u n i dades tropicais, um a am eaça p ara os países não endêm icos, e um perigo para os viajantes.
ETIOLOGIA E PATOGÊNESE Cinco espécies do gênero Plasmodium causam quase todas as infec ções p or m alária em seres hum anos. Elas são P. falciparum , P. vivax, P. ovale, P. malariae e - no Sudeste Asiático - o parasita da m alária de macacos, P. knowlesi, que só pode ser identificado confiavelm ente por m étodos m oleculares (Q uadro 210.1). Q uase todas as m ortes são causadas pela m alária falciparum. A infecção h um ana começa q uan do um m osquito anofelino fêmea inocula esporozoítos do plasm ódio de sua glândula salivar durante um a refeição de sangue (Fig. 210.1). Essas form as m icroscópicas m óveis do parasita da m alária são car
1688
readas rapidam ente pela corrente sanguínea ao fígado, onde elas in vadem células do p arênquim a hepático e com eçam um período de reprodução assexuada. Por este processo de amplificação (conhecido com o esquizogônia ou merogônia intra-hepática ou pré-eritrocítica), u m só esporozoíto eventualm ente p o d e p ro d u z ir de 10.000 a > 30.000 m erozoítos filhos. A célula h epática infectada tum efeita acaba se rom pendo, descarregando m erozoítos móveis na corrente sanguí nea. Esses m erozoítos então invadem as células verm elhas do sangue (eritrócitos) e se m ultiplicam de seis a vinte vezes a cada 48 a 72 h o ras. Q uando os parasitas atingem densidades de ~ 50/jiL de sangue (-1 0 0 m ilhões de parasitas no sangue de um adulto), com eça a fase sintom ática da infecção. N as infecções p o r P. vivax e P. ovale, um a proporção das form as intra-hepáticas não se divide im ediatam ente, m as perm anece dorm ente p o r um p eríodo que varia de 3 sem anas a um ano ou mais, antes que se inicie a reprodução. Essas form as dorm entes, ou hipnozoítas, são a causa das recaídas que caracterizam a infecção p o r essas duas espécies. Depois da entrada na corrente sanguínea, os m erozoítos invadem rapidam ente eritrócitos e se to rn am trofozoítos. A fixação é m ediada p or m eio de um receptor específico da superfície eritrocitária. No caso do P. vivax, esse receptor está relacionado com o antígeno Duffy de grupo sanguíneo Fya ou F y \ A m aioria dos africanos ocidentais e das pessoas com origens naquela região é de pessoas portadoras do fenótipo FyFy Duffy negativo, e são, p o r isso, resistentes à m alária por P. vivax. D urante a fase inicial do desenvolvim ento intraeritrocítico, as pequenas “form as em anel” das diferentes espécies do parasita parecem sem elhantes à m icroscopia lum inosa. A m edida que os tro fozoítos aum entam , características específicas p or espécie tornam -se evidentes, o pigm ento fica visível, e o parasita assum e um form ato irregular ou am eboide. Pelo fim do ciclo de vida intraeritrocítica de 48 horas (24 h, para P. knowlesi, 72 h, para P. mafàriae), o parasita já consum iu dois terços da hem oglobina do eritrócito e cresceu para ocupar a m aior parte da célula. Ele agora é cham ado de esquizonte. M últiplas divisões nucleares já tiveram lugar, (esquizogônia ou m e rogônia), e o eritrócito então se rom pe p ara liberar 6 a 30 m erozoítos filhos, cada um potencialm ente capaz de invadir um novo eritrócito e repetir o ciclo. Em seres hum anos, a doença é causada pelos efeitos diretos da invasão e destruição de eritrócitos pelo parasita assexuado, e pela reação do hospedeiro. D epois de um a série de ciclos assexua dos (P. falciparum ), ou im ediatam ente após a liberação do fígado (P. vivax, P. ovale, P. malariae, P. knowlesi), alguns dos parasitas desen volvem-se em form as sexuadas m orfologicam ente distintas, de vida m ais longa (gametócitos), que p odem tran sm itir a malária.
QUADRO 210.1
Características das espécies de Plasmodium infectando seres humanos Achado para espécie indicada
Característica
P. falciparum
P. vivax
P. ovale
P. malariae
Duração da fase intra-hepática (dias)
5,5
8
9
15
Número de merozoítos liberados por hepatócito infectado
30.000
10.000
15.000
15.000
Duração do ciclo eritrocítico (horas)
48
48
50
72
Preferência por célula vermelha
Células mais jovens (mas pode pode invadir células de todas as idades)
Reticulócitos e células até 2 semanas de idade
Reticulócitos
Células mais Velhas
Morfologia
Geralmente só formas em anel; gametócitos em formato de banana
Anéis grandes e trofozoítos de formato irregular; eritrócitos aumentados; pontos de Schüffner
Eritrócitos infectados aumentados e ovais com extremidades em tufo; pontos de Schüffner
Formas em faixa ou retangulares de trofozoítos são comuns
Cor do pigmento
Negro
Castanho-amarelado
Castanho escuro
Negro amarronzado
Capacidade de causar recaídas
Não
Sim
Sim
Não
"No Sudeste da Ásia, o parasita da malária em macacos, P. Knowlesi, também causa doença em humanos. “Parasitemias de > 2% são sugestivas de infecção por P. talciparum.
Após serem ingeridos na refeição de sangue de um m osquito anofelino fêmea que picou, os gam etócitos m asculino e fem inino for m am um zigoto no intestino m édio do inseto. Esse zigoto am adure ce em um oocineto, que penetra e se encista na parede intestinal do m osquito. O oocisto resultante se expande p or divisão assexuada até que se rom pe para liberar u m a m iríade de esporozoítos m óveis, os quais então m igram na hem olinfa para a glândula salivar do m osqui to, a fim de esperar a inoculação em outro ser hum an o na próxim a alimentação.
EPIDEMIOLOGIA A m alária ocorre através da m aioria das regiões tropicais do m u n do (Fig. 210.2). O P. falciparum predom ina na África, Nova G uiné e H ispaniola (isto é, República D om inicana e Haiti); o P. vivax é mais com um na A m érica C entral. A prevalência dessas duas espécies é aproxim adam ente igual n a A m érica do Sul, subcontinente indiano, Leste da Ásia e O ceania. O P. malariae é encontrado na m aioria das áreas endêm icas, especialm ente p o r to d a a Á frica subsaariana, mas
E sporozoítos
A ntico rp o s aos e sp o ro zo íto s bloqueiam a invasão de h e patócitos C élulas T C D 4+ e C D 8+ m atam parasitas in tra-hepáticos O ocineto A
Zigoto A
G am eta
çu_ CD-
A nticorpos aos m erozoítos bloqueiam a invasão de R BC s A ntico rp o s a toxinas da m alária A nticorpos a antíge n o s p a ra sitário s em RBC s infectados b lo queiam a citoaderência ao end oté lio
a» m
#w> s* 2.
x= 22,
s» a; Q- o o o
A im unidade m ediada p or cé lulas e a citotoxicidade d e p en d e n te de an ticorpo s m atam p arasitas intraeritrocíticos A ntico rp o s bloqueiam fertilização, desenvolvim ento e invasão
Figura 210.1
0 ciclo de transmissão da malária de mosquito para ser humano. RBC, eritrócito.
1689
1
Nova Z elândia
R epublica D om inicana
México
Haiti H onduras
G uatem ala' El S alvador Nicarágua'
í> G uiana
V enezuela
C osta Rica
G uiana Francesa
Panam á C olôm bia
Equador
tr*'
Ilhas G alá p ag o s
Brasil
B olívia P araguai Chile
Doenças Infecciosas
A reas endêm icas da m alária O
R esistentes à cloroquina
O
S ensíveis à cloroquina
O
N enhum a
Argentina
'Sp Ilhas Falkland
Figura 210.2 Países endêmicos da m alária nas Américas (embaixo) e na África, Oriente Médio, Ásia e Pacífico Sul (em cima), 2007. CAR, República Central Africana; DROC, República Democrática do Congo; UAE, Emirados Árabes Unidos.
é m uito m enos com um . O P. ovale é relativam ente incom um fora da África, e, onde ele é encontrado, com preende < 1% dos isolados. Pa cientes infectados com P. knowlesi têm sido identificados na ilha de Bornéu, e, em m enor extensão, no Sudeste Asiático, onde os p rin ci pais hospedeiros, m acacos de caudas longas e de caudas de porco, são encontrados. A epidem iologia da m alária é complexa e pode variar considera velm ente, m esm o dentro de áreas geográficas relativam ente peque nas. Tradicionalm ente, a endem icidade tem sido definida em term os de taxas de parasitem ia, ou de taxas de baço palpável em crianças de 2 a 9 anos de idade, com o h ipoendêm ica (< 10%), m esoendêm ica (11-50%), hiperendêm ica (51-75%) e holoendêm ica (> 75%); entretanto, é incom um o uso desses índices para o planejam ento de
1690
U ruguai
program as de controle, porque inquéritos nacionais estatisticam en te válidos não são feitos de rotina na m aioria das áreas endêm icas. Em áreas holoendêm icas e hiperendêm icas (p. ex., certas regiões da África tropical ou litoral da Nova G uiné), onde há transm issão inten sa de P. falciparum , as pessoas podem sofrer m ais de um a picada de m osquito infeccioso por dia e são infectadas repetidam ente durante suas vidas. Em tais cenários, as taxas de m orbidade e m ortalidade por m alária são consideráveis d u ran te o início da infância. Im unidade contra a doença é difícil de a d q u irir nessas áreas, e o ônus para as crianças de pouca idade é alto; na vida adulta, entretanto, a m aioria das infecções p or m alária é assintom ática. A infecção constante, fre qüente, d urante o ano todo, é cham ada de transmissão estável. Em áreas onde a transm issão é baixa, errática, ou focal, a im unidade p ro
ALTERAÇÕES DOS ERITRÓCITOS NA MALÁRIA D epois de invadir um eritrócito, o parasita da m alária em cresci m ento consom e e degrada progressivam ente proteínas intracelula res, principalm ente hem oglobina. O hem e, potencialm ente tóxico, é destoxificado p or cristalização m ediada p o r lipídio a hem ozoína biologicam ente inerte (pigm ento da m alária). O parasita tam bém al tera a m em brana do eritrócito po r m odificação de suas propriedades de transporte, expondo antígenos crípticos de superfície e inserindo novas proteínas derivadas do parasita. O eritrócito se to rn a mais irre gular na form a, m ais antigênico e m enos deformável. Em infecções po r P. falciparum , p rotuberâncias da m em brana aparecem na superfície do eritrócito 12 a 15 horas depois da invasão da célula. Esses knobs expelem um a p roteína adesiva da m em brana eritrocítica (PfE M P l) de alto peso m olecular, antigenicam ente va riante, específica por cepa, que m edia a fixação a receptores no en d o télio venular e capilar - um evento denom inado citoaderência. Vários receptores vasculares têm sido identificados, dos quais a m olécula de adesão intercelular 1 (ICAM 1) provavelm ente é a m ais im portante no cérebro, o sulfato de condroitina B na placenta, e CD36 n a m aioria dos outros órgãos. Assim, os eritrócitos infectados colam -se dentro dos capilares e vênulas, e finalm ente os bloqueiam . N a m esm a fase, esses eritrócitos infectados por P. falciparum tam bém p odem aderir a eritrócitos não infectados (e form ar rosetas) e a outros eritrócitos p a rasitados (aglutinação). Os processos de citoaderência, form ação de rosetas e aglutinação são fundam entais na patogênese da m alária fa l
ciparum. Eles resultam no seqüestro de eritrócitos contendo form as m aduras do parasita em órgãos vitais (particularm ente o cérebro), onde eles interferem no fluxo da m icrocirculação e no m etabolism o. Os parasitas seqüestrados continuam a se desenvolver fora do alcance do principal m ecanism o de defesa do hospedeiro: processam ento e filtração esplênica. Em conseqüência, som ente as form as, em anel, m ais jovens dos parasitas assexuados são vistas circulando no sangue periférico na m alária falciparum , e o nível de parasitem ia periférica subestim a o núm ero real de parasitas dentro do corpo. A m alária gra ve tam bém está associada à capacidade de deform ação reduzida dos eritrócitos não infectados, o que com prom ete sua passagem através dos capilares e vênulas parcialm ente obstruídos, e encurta a sobrevi da do eritrócito. Nas outras três m alárias (“benignas”) hum anas, o seqüestro não ocorre, e todas as fases do desenvolvim ento do parasita são eviden tes em esfregaços de sangue periférico. E nquanto P. vivax, P. ovale e P. malariae m ostram um a predileção acentuada, ou po r eritrócitos jovens (P. vivax, P. ovale), ou p o r células velhas (P. malariae) e p rodu zem um nível de parasitem ia que raram ente é > 2%, o P. falciparum pode invadir eritrócitos de todas as idades e pode estar associado a níveis de parasitem ia m uito altos.
RESPOSTA D0 HOSPEDEIRO Inicialm ente, o hospedeiro responde à infecção p or plasm ódios pela ativação de m ecanism os de defesa inespecíficos. As funções esplênicas im unológicas e de depuração filtradora estão aum entadas na m a lária, e a rem oção de eritrócitos, tan to parasitados com o não infecta dos, está acelerada. As células parasitadas que escapam da rem oção esplênica são destruídas quando o esquizonte se rom pe. O m aterial liberado induz a ativação de m acrófagos e a liberação de citocinas pró-inflam atórias derivadas de células m ononucleares, que causam febre e exercem outros efeitos patológicos. T em peraturas > 40°C d a nificam parasitas m aduros; nas infecções não tratadas, o efeito de tais tem peraturas é sincronizar ainda m ais o ciclo do parasita, com a p ro dução final dos picos febris e calafrios regulares que originalm ente serviam para caracterizar as diferentes m alárias. Esses padrões regu lares da febre (terçã, a cada 2 dias; quartã, a cada 3 dias) são vistos raram ente hoje em pacientes que recebem tratam ento antim alárico pronto e efetivo. As distribuições geográficas da anem ia falciform e, hem oglobinas C e E, ovalocitose hereditária, talassem ias e deficiência de glicose-6 fosfato desidrogenase (G 6PD ) assem elham -se de p erto àquelas da m alária falciparum antes da introdução de m edidas de controle. Esta sem elhança sugere que esses distúrbios genéticos conferem proteção contra a m orte p or m alária falciparum . Por exemplo, os heterozigotos HbA /S (traço falcêm ico) têm u m a redução de 6 vezes do risco de m o rrer de m alária falciparum grave. Essa dim inuição do risco parece estar relacionada com a dificuldade de crescim ento do parasita em tensões de oxigênio baixas, e redução da citoaderência das células verm elhas parasitadas. A m ultiplicação do parasita em heterozigotos H bA /E está reduzida em altas densidades do parasita. N a Melanésia, crianças com talassem ia-a p arecem ter m alária mais freqüente (tanto vivax com o falciparum ) nos prim eiros anos de vida, e este padrão de infecção parece protegê-las contra doença grave. Na ovalocitose da Melanésia, os eritrócitos rígidos resistem à invasão de m erozoítos, e o am biente intraeritrocítico é hostil. M ecanism os inespecíficos de defesa do hospedeiro detêm a ex pansão da infecção, e a resposta im une subsequente, específica para cepa, então a controla. Finalm ente, a exposição a cepas suficientes confere proteção para parasitem ia e doença em alto grau, m as não para infecção. C om o um resultado desse estado de infecção sem doença (prem unição), a parasitem ia assintom ática é com um entre adultos e crianças m aiores vivendo em regiões com transm issão es tável e intensa (isto é, áreas holoendêm icas ou hiperendêm icas). A im unidade é p rincipalm ente específica tan to para a espécie com o para a cepa do parasita da m alária infectante. Tanto a im unidade h u m oral com o a celular são necessárias p ara proteção, m as os m ecanis m os de cada um a são com preendidos incom pletam ente (Fig. 210.1). Os indivíduos im unes têm um aum ento policlonal dos níveis séricos
CAPÍTULO 210
tetora com pleta não é adquirida, e a doença sintom ática pode ocorrer em todas as idades. Esta situação geralm ente existe em áreas hipoendêmicas, e é denom inada transmissão instável. M esm o em áreas de transm issão estável, frequentem ente h á um a incidência aum entada de m alária sintom ática, coincidindo com o aum ento da reprodução do m osquito e da transm issão durante a estação chuvosa. A m alária pode se com portar com o um a doença epidêm ica em algum as áreas, particularm ente naquelas com m alária instável, tais com o o N orte da índia (o Estado de R ajasthan), Sri Lanka, Iraque, Turquia, o chifre da África, Ruanda, B urundi, Sul da África, M adagascar e Ásia Central. Uma epidem ia pode se desenvolver onde haja m udanças nas c ondi ções am bientais, econôm icas, ou sociais, tais com o chuvas pesadas depois de seca, ou m igrações (geralm ente de refugiados ou o p e rá rios) de um a região sem m alária para um a área de alta transm issão; um colapso nos serviços de controle e prevenção da m alária pode in tensificar as condições epidêm icas. Esta situação geralm ente resulta em m ortalidade considerável entre todas as faixas etárias. Os principais determ inantes da epidem iologia da m alária são o núm ero (densidade), os hábitos de picar seres hum anos e a longevi dade dos m osquitos anofelinos vetores. N em todos os > 400 anofelinos podem transm itir m alária, e as -4 0 espécies que o fazem variam consideravelm ente em sua eficiência com o vetores. Mais especifica mente, a transm issão da m alária é diretam ente proporcional à densi dade do vetor, ao quadrado do núm ero de picadas em hum anos por dia p o r m osquito, e à décim a potência da probabilidade do m osquito sobreviver p or 1 dia. A longevidade do m osquito é particularm ente im portante, porque a porção do ciclo de vida do parasita que tem lugar dentro do m osquito - da ingestão do gam etócito à inoculação subsequente (esporogônia) - , dura 8 a 30 dias, a depender da tem pe ratura am biente; assim, para transm itir a m alária, o m osquito deve sobreviver p or > 7 dias. A esporogônia não se com pleta em tem p e raturas m ais frescas, isto é, < 16°C, para P. vivax, e < 21°C, para P. falciparum; assim, a transm issão não ocorre abaixo dessas tem pera turas, em bora surtos e transm issão da m alária tenham ocorrido nas terras altas (> 1.500 m ) do Leste da África, que eram previam ente livres de vetores. Os m osquitos vetores m ais efetivos são aqueles, tais com o Anopheles gambiae na África, que têm vida longa, ocorrem em altas densidades em climas tropicais, se reproduzem rapidam ente, e preferem picar seres hum anos a outros anim ais. A taxa de inocula ção entom ológica (EIR; o núm ero de picadas de m osquitos positivos para esporozoítos por pessoa p o r ano) é a m edida m ais com um de transm issão da m alária, e varia de < 1 em algum as partes da A m érica Latina e Sudeste Asiático a > 300 em partes da Á frica tropical.
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de IgM, IgG e IgA, em bora m uitos desses anticorpos não estejam re lacionados com proteção. A nticorpos a um a variedade de antígenos parasitários presum ivelm ente atuam em conjunto para lim itar a re plicação do parasita in vivo. No caso da m alária falciparum , o m ais im portante desses antígenos é a adesina de superfície - a proteína variante PfE M Pl m encionada antes. Tem sido m ostrado que a IgG transferida passivam ente de adultos im unes reduz os níveis de parasitem ia em crianças; em bora possa ocorrer parasitem ia em lactentes m uito jovens, a transferência passiva de anticorpos m aternos co n tri bui para a proteção relativa (m as não com pleta) de lactentes contra a m alária grave nos prim eiros m eses de vida. Essa im unidade com plexa à doença declina quando um a pessoa reside fora de um a área endêm ica p or vários meses ou mais. Vários fatores retardam o desenvolvim ento de im unidade celular à m alária. E ntre eles, a ausência de antígenos do complexo m aior de histocom patibilidade na superfície dos eritrócitos infectados, o que im pede o reconhecim ento direto pelas células T; a falta de resposta im une específica a antígenos da m alária; e a enorm e diversidade de cepas dos parasitas da m alária, jun tam en te com a capacidade des ses parasitas de expressar antígenos im unodom inantes variantes na superfície do eritrócito, que m udam d urante o p eríodo da infecção. Os parasitas podem persistir no sangue p o r meses (ou, no caso do P. malariae, por m uitos anos), se o tratam ento não for feito. A com ple xidade da resposta im une na m alária, a sofisticação dos m ecanism os de evasão dos parasitas, e a falta de um a boa correlação in vitro com a im unidade clínica, têm todas causado lentidão no progresso em d i reção a um a vacina efetiva.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A m alária é um a causa m uito com um de febre em países tropicais. Os prim eiros sintom as da m alária são inespecíficos; a falta de um a sensação de b em -estar geral, cefaleia, fadiga, desconforto ab d o m i nal e dores m usculares, seguidas p o r febre, são sim ilares aos sin to m as de um a doença viral de pouca im portância. Em alguns casos, um predom ínio de cefaleia, d or torácica, d o r abdom inal, artralgia, m ialgia, ou diarréia, p o d em sugerir o u tro diagnóstico. E m bora a cefaleia possa ser intensa na m alária, não há rigidez de nuca ou fo tofobia com o ocorre n a m eningite. C on q u an to a m ialgia possa ser proem inente, ela geralm ente não é tão intensa com o na dengue, e os m úsculos não são tão doloridos com o na leptospirose ou no tifo. Náusea, vôm itos e hipotensão ortostática são com uns. Os paroxis m os clássicos da m alária, em que picos de febre, calafrios e trem ores ocorrem em intervalos regulares, são relativam ente incom uns, e su gerem infecção com P. vivax ou P. ovale. A febre é irregular no início (na m aláriafalciparum p ode nunca se to m a r regular); a tem peratura de indivíduos não im unes e crianças frequentem ente se eleva acima de 40°C, associada a taquicardia e, às vezes, delirium. E m bora co n vulsões febris na infância possam o correr em qualquer das m alárias, convulsões generalizadas são especificam ente associadas à m alária falciparum e p odem anunciar o desenvolvim ento de encefalopatia (m alária cerebral). M uitas anorm alidades clínicas têm sido descritas na m alária aguda, m as a m aioria dos pacientes com infecções não com plicadas têm poucos achados físicos anorm ais além de febre, m al-estar geral, anem ia leve e (em alguns casos) um baço palpável. A nem ia é com um entre crianças vivendo em áreas com transm issão estável, particularm ente onde a resistência ten h a com prom etido a eficácia dos fárm acos antim aláricos. Em indivíduos não im unes com m alária aguda, o baço leva vários dias para se to rn a r palpável, m as esplenom egalia é encontrada em um a alta proporção de indivíduos afora isso sadios em áreas endêm icas para m alária, e reflete infecções repetidas. A um ento discreto do fígado tam bém é com um , p a rtic u larm ente em crianças de pouca idade. Icterícia leve é com um em adultos; ela pode se desenvolver em pacientes com m alária m esm o não com plicada, e geralm ente regride em 1 a 3 sem anas. A m alária não é associada a um exantem a, com o aqueles vistos na septicem ia m eningocócica, tifo, febre entérica, exantem as virais e reações a fár m acos. H em orragias petequiais na pele ou m em branas m ucosas aspectos de febres hem orrágicas virais e leptospirose - , só se desen volvem raram ente na m alária falciparum grave.
■ MALÁRIA FALCIPARUM GRAVE Tratada apropriadam ente e com prontidão, a m alária falciparum não com plicada (isto é, o paciente po d e deglutir m edicam entos e com i da) tem u m a m ortalidade de -0,1% . C ontudo, um a vez que ocorra disfunção de órgãos vitais, ou que a proporção total de eritrócitos infectados alcance > 2% (um nível correspondente a > 1012 parasitas no adulto), o risco de m ortalidade aum enta de form a íngrem e. As principais m anifestações da m alária falciparum grave são m ostradas no Q u a d ro 210.2, e os aspectos indicando um m au prognóstico estão listados no Q u ad ro 210.3.
Malária cerebral O com a é um aspecto característico e nefasto da m alária falciparum, e, apesar do tratam ento, está associado a taxas de letalidade de -20% entre adultos, e -15% entre crianças. Q ualquer dim inuição do nível de consciência, delirium, ou com portam ento anorm al deve ser leva do a sério. O início pode ser gradual ou súbito, subsequentem ente a um a convulsão. A m alária cerebral m anifesta-se com o um a encefalopatia d ifu sa sim étrica; sinais neurológicos focais são incom uns. E m bora al gum a resistência passiva à flexão da cabeça possa ser detectada, os sinais de irritação m eníngea estão ausentes. Os olhos podem estar divergentes e um reflexo orb icu lar da boca é com um , m as outros reflexos prim itivos geralm ente estão ausentes. Os reflexos cornianos estão preservados, exceto no com a profundo. O tono m uscular pode estar aum entado ou d im inuído. Os reflexos tendinosos são va riáveis, e os reflexos plantares p o d em ser flexores ou extensores; os reflexos abdom inais e o crem astérico estão ausentes. Pode ser vista um a postura flexora ou extensora. À oftalm oscopia de rotina, -15% dos pacientes têm hem orragias retinianas; com dilatação pupilar e oftalm oscopia indireta, esse n ú m ero au m en ta para 30 a 40%. O u tras anorm alidades do fundo de olho (Fig. 210.3) incluem m anchas discretas de opacificação da retin a (30-60% ), papiledem a (8% em crianças, raro em adultos), m anchas algodonosas (< 5%), e descolo ração de um vaso ou segm ento de vaso da retina (casos ocasionais). C onvulsões, geralm ente generalizadas e frequentem ente repetidas, ocorrem em -10% dos adultos e até 50% das crianças com m alária cerebral. A tividade convulsiva m ais sutil tam bém é com um , p a rti cularm ente entre crianças, e p o d e se m an ifestar com o m o vim en tos oculares tô nico-clônicos repetitivos, ou até m esm o salivação. E nquanto os adultos raram en te (isto é, em < 3% dos casos) sofrem seqüelas neurológicas, -5 % das crianças sobreviventes à m alária cerebral - especialm ente aquelas com hipoglicem ia, anem ia grave, convulsões repetidas e com a p ro fu n d o - , têm déficit neurológico residual quando recuperam a consciência; hem iplegia, paralisia ce rebral, cegueira cortical, surdez, e prejuízos da cognição e do apren dizado (todos com duração variável) têm sido relatados. A m aioria desses déficits m elhora acentuadam ente, ou regride com pletam ente, dentro de 6 meses. A proxim adam ente 10% das crianças sobreviven tes à m alária cerebral têm um déficit de linguagem persistente. A in cidência de epilepsia é aum entada e a expectativa de vida dim inuída, entre essas crianças.
Hipoglicemia A hipoglicem ia, um a com plicação im p o rtan te e com um da m alária grave, está associada a um m au prognóstico e é particularm ente p ro blem ática em crianças e m ulheres grávidas. A hipoglicem ia na m alá ria é resultante de um a insuficiência da gliconeogênese hepática e de um aum ento do consum o de glicose, tanto pelo hospedeiro como, em grau m uito m enor, pelos parasitas da m alária. Para com plicar a si tuação, a quinina (e a quinidina), que ainda é largam ente usada para o tratam ento da m alária falciparum , tan to grave com o não com pli cada, é um estim ulante potente da secreção pancreática de insulina. A hipoglicem ia hiperinsulinêm ica é especialm ente preocupante em m ulheres gestantes recebendo tratam en to com quinina. Na doença grave, o diagnóstico clínico de hipoglicem ia é difícil: os sinais físicos habituais (sudorese, pele anserina, taquicardia) estão ausentes, e o déficit neurológico causado pela hipoglicem ia não pode ser distinguido daquele causado p o r m alária.
QUADRO 210.2
Manifestações da malária falciparum grave Manifestações
Maiores Coma não despertável/malária cerebral
Falha em localizar ou responder apropriadamente a estímulos nocivos; coma persistente por > 30 min após convulsão generalizada.
Acidemia/acidose
pH arterial < 7,25 ou nível plasmático de bicarbonato < 15 mmol/L; manifesta-se como respiração profunda, forçada, frequentemente rotulada como “ dificuldade respiratória” .
Anemia normocítica normocrômica grave
Hematócrito < 15% ou nível de hemoglobina < 50 g/L (100.000/|xL
Insuficiência renal
Débito urinário (24 h) < 400 mL em adultos ou < 12 mlVkg em crianças; nenhuma melhora com a reidratação; nível sérico de creatinina > 265 (xmol/L (> 3 mg/dL)
Edema pulmonar/síndrome do desconforto respiratório agudo
Edema pulmonar não cardiogênico, frequentemente agravado por hiperidratação
Hipoglicemia
Nível plasmático de glicose < 2,2 mmol/L (< 40 mg/dL)
Hipotensão/choque
Pressão sanguínea sistólica < 50 mmHg em crianças de 1-5 anos ou 10°C; enchimento capilar > 2 s.
Sangramento/coagulação intravascular disseminada
Sangramento significante e hemorragia gengival, nasal e gastrintestinal e/ou evidência de coagulação intravascular disseminada.
Convulsões
Mais de duas convulsões generalizadas em 24 h; sinais de atividade convulsiva contínua, às vezes sutil (p. ex., movimentos oculares tônico-clônicos sem movimentos de membros ou face)
Hemoglobinúria
Urina macroscopicamente negra, castanha ou vermelha; não associada aos efeitos de fármacos oxidantes e de defeitos enzimáticos dos eritrócitos (tais como deficiência de G6PD)
Outros Diminuição da consciência/despertável
Incapacidade de se sentar ou ficar de pé sem apoio
Fraqueza extrema
Prostração; incapacidade de se sentar sem auxílio
Hiperparasitemia
Nível de parasitemia > 5% em pacientes não imunes (> 20% em qualquer paciente)
Icterícia
Nível sérico de bilirrubina > 50 mmol/L (> 3 mg/dL), se combinado com outra evidência de disfunção de órgão vital
^Hemoglobinúria pode ocorrer na malária não complicada. "Em crianças normalmente capazes de sentar.
Abreviação: G6PD, g Iicose -6-fosfato desidrogenase.
A acidose, um a causa im portante de óbito p o r m alária grave, resul ta do acúm ulo de ácidos orgânicos. A hiperlactatem ia com um ente coexiste com a hipoglicem ia. Em adultos, o déficit renal coexistente com frequência agrava a acidose; em crianças, cetoacidose tam bém pode contribuir. O u tro s ácidos orgânicos ainda não identificados são contribuidores im portantes p ara acidose. A respiração acidótica, algum as vezes cham ada de dificuldade respiratória, é um sinal de m au prognóstico. Frequentem ente é seguida p o r insuficiência circulatória refratária à expansão de volum e ou ao tratam en to com fárm acos inotrópicos, e, finalm ente, p o r parada respiratória. As co n centrações plasm áticas de bicarbonato ou lactato são os m elhores previsores prognósticos bioquím icos n a m alária grave. A acidose láctica é causada pela com binação de glicólise anaeróbia n os tecidos onde os parasitas seqüestrados interferem com o fluxo na m icrocir culação, hipovolem ia, produção de lactato pelos parasitas, e um a depuração hepática e renal de lactato insuficiente. O prognóstico da acidose grave é som brio.
Edema pulmonar não cardiogênico A dultos com m alária falciparum grave po d em desenvolver edem a pulm onar não cardiogênico, m esm o após vários dias de terapia antim alárica. A patogênese dessa variante da síndrom e do desconforto respiratório agudo é pouco conhecida. A taxa de letalidade é > 80%. Essa condição pode ser agravada pela adm inistração excessivamente vigorosa de líquidos IV. Edem a pulm onar não cardiogênico tam bém pode se desenvolver na m alária vivax m esm o não com plicada, onde a recuperação é habitual.
Insuficiência renal O déficit de função renal é com um em adultos com m alária fa lci parum grave, m as raro em crianças. A patogênese da insuficiência
renal é obscura, m as pode estar relacionada com seqüestro e aglu tinação de eritrócitos interferindo com o fluxo na m icrocirculação e m etabolism o renal. Clinica e patologicam ente, essa síndrom e se m anifesta com o necrose tubular aguda. N ecrose renal cortical nunca se desenvolve. A insuficiência renal aguda pode ocorrer sim ultanea m ente com outras disfunções de órgãos vitais (caso em que o risco de m ortalidade é alto), ou pode progredir quando outras manifestações da doença regridem. Nos sobreviventes, o fluxo urinário se recupera em um a m ediana de 4 dias, e os níveis séricos de creatinina retornam ao norm al em um a m édia de 17 dias (Cap. 279). A diálise ou hem ofiltração precoce aum enta consideravelm ente a probabilidade de sobrevivência de um paciente, particularm ente na insuficiência renal aguda hipercatabólica. ✓
CAPÍTULO 210
Acidose
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Anormalidades hematológicas A anem ia resulta de rem oção acelerada de eritrócitos pelo baço, destruição obrigatória de eritrócitos n a esquizogônia do parasita, e eritropoiese ineficaz. N a m alária grave, tan to eritrócitos infectados com o não infectados m o stram capacidade de deform ação reduzida, o que se correlaciona com o prognóstico e desenvolvim ento da ane mia. A depuração esplênica de todos os eritrócitos está aum entada. Em indivíduos não im unes e em áreas de transm issão instável, a ane m ia pode se desenvolver rapidam ente, e transfusão, frequentem en te, é necessária. Em conseqüência das infecções m aláricas repetidas, crianças em m uitas áreas da África podem desenvolver anem ia grave, resultante tanto da sobrevida e n cu rtad a dos eritrócitos não infecta dos, com o da disfunção m arcante da eritropoiese. A anem ia é um a conseqüência com um da resistência aos fárm acos antim aláricos, que resulta em infecção repetida ou contínua. A norm alidades leves da coagulação são com uns na malária fa l ciparum , e tro m b o c ito p e n ia d isc reta é usual. D os pacientes com m alária grave, < 5% têm san g ram en to significante com evidências
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QUADRO 210.3 Aspectos indicativos de um mau prognóstico na malária falciparum grave Clínicos Agitação acentuada Hiperventilação (dificuldade respiratória) Hipotermia (< 36,5°C) Sangramento Coma profundo Convulsões repetidas Anúria Choque
Laboratoriais Bioquímica Hipoglicemia (< 2,2 mmol/L) Hiperlactatemia (> 5 mmol/L) Acidose (pH arterial < 7,3, HC03 sérico < 15 mmol/L) Creatinina sérica elevada (> 265 ^m ol/L) Bilirrubina total elevada (> 50 |xmol/L) Enzimas hepáticas elevadas (AST/ALT 3 vezes limite superior do normal) Enzimas musculares elevadas (CPK T, mioglobina T) Urato elevado (> 600 |xmol/L)
Figura 210.3 0 olho na malária cerebral: embranquecimento perimacular e hemorragias retinianas com centro pálido. (Cortesia de N. Beare, T. Taylor, S. Harding, S. Lewallen, e M. Molyneux; com autorização.)
Hematologia Leucocitose (> 12.000/|xL) Anemia grave (HCT < 15%) Coagulopatia Contagem de plaquetas diminuída (< 50.000/|xL)
Doenças Infecciosas
I
Tempo de protrombina prolongado (> 3 s) Tempo de tromboplastina parcial prolongado Fibrinogênio diminuído (< 200 mg/dL)
com h elm intos intestinais, p a rticu la rm e n te ancilostom ose. Septi cem ia pode com plicar a m alária grave, especialm ente em crianças. D iferenciar a m alária grave de sepse com p arasitem ia incidental na infância é m uito difícil. Em áreas endêm icas, a bacterem ia por Salmonella tem sido associada especificam ente com infecções po r P. falciparum . Infecções torácicas e infecções do trato urinário induzi das p o r cateter são com uns em pacientes inconscientes p o r > 3 dias. Pneum onia de aspiração po d e se seguir a convulsões generalizadas. A frequência das com plicações da m alária falciparum grave está re sum ida no Q u a d ro 210.4.
■ MALÁRIA NA GRAVIDEZ Em áreas de alta tran sm issão de m alária, a m alária falciparum em m ulheres prim igestas e secundigestas está associada a baixo peso ao nascer (redução m édia, -1 7 0 g) e, consequentem ente, a taxas de m o rtalid ad e infantil e d a criança aum entadas. Em geral, as m ães Parasitologia infectadas em áreas de transm issão estável p erm anecem assintom á Hiperparasitemia ticas apesar do acúm ulo intenso de eritró cito s parasitados n a m i Mortalidade aumentada em > 100.000/|xL crocirculação da placenta. A infecção m ate rn a p o r H IV predispõe Mortalidade alta em > 500.000/|xL as m ulheres grávidas à m alária, p re d isp õ e seus recém -nascidos à congênita p o r m alária, e exacerba a redução de peso asso 20% dosinada. parasitas identificados trofozoítos einfecção esquizontes de coagulação intravascular> dissem H em atêm ese como p o r úlcera ciada à m alária. contendoagudas pigmento de estresse ou erosões gástricas tam b é m p o d e m ocorrer, raram ente. > 5% dos neutrófilos com pigmento visível Abreviações: alanina aminotransferase; AST, aspartato aminotransferase; CPK, creatina Disfunção ALT, hepática fosfoquinase; PCV, volume do concentrado de hemácias.
Icterícia hem olítica leve é com um na m alária. Icterícia intensa está associada a infecções p or P. falciparum ; é m ais com um em adultos que em crianças; e é resultante de hem ólise, lesão de hepatócitos e colestase. Q uando acom panhada de disfunção de outros órgãos vitais (frequentem ente insuficiência renal), a disfunção do fígado tem um m au prognóstico. A disfunção hepática contribui para hipoglicem ia, acidose láctica e m etabolism o de fárm acos prejudicado. Pacientes ocasionais com m alária falciparum podem desenvolver icterícia p ro funda (com com ponentes hem olíticos, hepáticos e colestásticos) sem evidências de disfunção de outros órgãos vitais.
Outras complicações H IV /A ids predispõe à m alária m ais grave em indivíduos não im u nes. A anem ia da m alária é p iorada p o r infestações concom itantes
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QUADRO 210.4 Incidência relativa de complicações graves da malária falciparum Complicação
Adultos não gestantes
Mulheres grávidas
Crianças
Anemia
+
++
+++
Convulsões
+
+
+++
Hipoglicemia
+
+++
+++
Icterícia
+++
+++
+
Insuficiência renal
+++
+++
-
Edema pulmonar
++
+++
+
Nota: Raro, -.in fre q u e n te , + ; freqüente, + + ; muito freqüente, + + + .
Em áreas com transm issão instável de m alária, as m ulheres grá vidas estão predispostas a infecções graves, e são particularm ente vulneráveis a parasitem ia de alto grau, com anem ia, hipoglicem ia e edem a agudo de pulm ão. Sofrim ento fetal, trabalho de parto p rem a turo, m orte fetal, ou baixo peso ao nascer, são resultados com uns. A m orte fetal é habitual na m alária grave. A m alária congênita ocorre em < 5% dos recém -nascidos cujas m ães estão infectadas; sua fre quência e o nível de parasitem ia estão relacionados diretam ente com a densidade de parasitas no sangue m aterno e na placenta. A m alária por P. vivax na gravidez tam bém está associada a redução do peso ao nascer (m édia, 110 g), m as, em contraste com a situação na m a lária falciparum , esse efeito é m ais pronunciado nas m ultigestas que nas prim igestas. Cerca de 150.000 m ulheres m orrem durante o parto anualm ente, com a m aioria dos óbitos ocorrendo em países de baixa renda; a m orte m aterna p or hem orragia está correlacionada com a anem ia induzida pela m alária.
■ MALÁRIA EM CRIANÇAS A m aio ria das quase 1 m ilhão de pessoas que m o rre m de m alária falciparum a cada ano é de crianças p eq u en as africanas. C o n v u l sões, com a, hipoglicem ia, acidose m etabólica e an em ia grave são relativam ente c om uns en tre crianças com m alária grave, ao passo que icterícia p ro fu n d a, insuficiência renal aguda e ed em a agudo de p u lm ão são in co m u n s. As crianças gravem ente anêm icas p o dem se ap rese n tar com respiração p ro fu n d a e dificultosa, o que no passado foi a trib u íd o in co rre ta m en te a “insuficiência cardíaca congestiva anêm ica”, m as de fato é causada p o r acidose m etabólica, frequentem ente com plicada p o r hipovolem ia. Em geral, as crianças toleram bem os fárm acos an tim aláricos e resp o n d em rapidam ente ao tratam ento.
■ MALÁRIA TRANSFUSIONAL
COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DA MALÁRIA ■ ESPLENOMEGALIA TROPICAL (ESPLENOMEGALIA HIPER-REATIVA DA MALÁRIA) Infecções crônicas ou repetidas p o r m alária p roduzem hipergam aglobulinem ia; anem ia norm ocrôm ica, norm ocítica; e, em certas si tuações, esplenom egalia. A lguns residentes de áreas endêm icas de m alária na África tropical e Ásia exibem um a resposta im unológica anorm al a infecções repetidas, que se caracteriza p o r esplenom ega lia m assiva, hepatom egalia, elevações acentuadas de títulos séricos de IgM e anticorpos antim aláricos, linfocitose sinusoidal hepática e (na África) linfocitose periférica de células B. Essa síndrom e tem sido associada à produção de anticorpos IgM citotóxicos para linfócitos T C D 8+, anticorpos a linfócitos T CD5+, e a um aum ento na razão de células T CD4+ para células T C D 8+. Esses eventos podem levar à produção desinibida de IgM pelas células B, e à form ação de crioglobulinas (agregados de IgM e com plexos im unes). Esse processo im unológico estim ula a hiperplasia reticuloendotelial e a atividade de depuração, e, finalm ente, produz esplenom egalia. Os pacientes com esplenom egalia hiperreativa da m alária (EH M ) se apresentam com um a m assa abdom inal, ou u m a sensação de peso no abdom e, e dores abdom inais agudas ocasionais sugestivas de periesplenite. A nem ia e algum grau de pancitopenia geralm ente são evidentes, e, em alguns casos, parasitas da m alária não p odem ser e n contrados em esfrega ços de sangue periférico. V ulnerabilidade a infecções respiratórias e cutâneas está aum entada; m uitos pacientes m o rrem de sepse avassa ladora. As pessoas com EHM que vivem em áreas endêm icas devem
■ NEFROPATIA DA MALÁRIA QUARTÃ Infecções crônicas ou repetidas com P. malariae (e possivelm ente com outras espécies de m alária) podem causar lesão dos glom érulos renais p or complexos im unes solúveis, resultando em síndrom e nefrótica. O utros fatores não identificados devem contribuir para esse processo, pois apenas um a proporção m uito pequena de pacientes infectados desenvolve doença renal. O aspecto histológico é o de glom erulonefrite segm entar ou focal, com rom pim ento da m em brana basal capilar. Depósitos densos subepiteliais são vistos à m icroscopia eletrônica, e a im unofluorescência revela depósitos de com plem ento e im unoglobulinas; em am ostras de tecido renal de crianças, antíge nos de P. malariae frequentem ente são visíveis. Um padrão granular grosseiro de depósitos im unofluorescentes na m em brana basal (pre dom inantem ente IgG3) com pro tein ú ria seletiva tem um prognós tico m elhor do que um pad rão g ranular fino, predom inantem ente IgG2, com proteinúria não seletiva. A nefropatia quartã geralm ente responde mal ao tratam ento, ou com agentes antim aláricos, ou com glicocorticoides e fárm acos citotóxicos.
■ LINFOMA DE BURKITT E INFECÇÃO PELO VÍRUS EPSTEIN-BARR É possível que a desregulação im une relacionada com a m alária p ro voque infecção com vírus de linfom a. O linfom a de B urkitt é forte m ente associado ao vírus Epstein-Barr. A prevalência desse tum or da infância é alta em áreas de m alária da África.
DIAGNÓSTICO ■ DEMONSTRAÇÃO D0 PARASITA O diagnóstico de m alária baseia-se na dem onstração de form as as sexuadas do parasita em esfregados corados de sangue periférico. Depois de um esfregaço sanguíneo negativo, devem ser feitos esfre gaços repetidos se houver u m alto grau de suspeição. Das colorações tipo Romanowsky, o Giem sa no p H 7,2 é preferido; corantes de Field, W right, ou Leishm an tam bém podem ser usados. Tanto esfregaços de sangue finos (Figs. 210.4 e 210.5; ver tam b é m Figs. e-27.3 e e-24.4) com o espessos (Figs. 210.6, 210.7, 210.8 e 210.9) devem ser exam i nados. O esfregaço de sangue fino deve ser secado ao ar rapidam ente, fixado em m etanol a nidro e corado; os eritrócitos no fim da pelícu la devem então ser exam inados com im ersão em óleo (aum ento X 1.000). O nível de parasitem ia é expresso com o o núm ero de eritrócitos parasitados p o r 1.000 células verm elhas. A película de sangue espesso deve ter um a espessura não uniform e. O esfregaço deve ser secado rigorosam ente e corado sem fixação. C om o m uitas cam adas de eritrócitos se sobrepõem um as às outras e sofrem lise durante o processo de coloração, a gota espessa tem a vantagem de concentrar os parasitas (40 a 100 vezes em com paração com um esfregaço fino de sangue), assim a u m e n tan d o a sensibilidade diagnostica. Tanto parasitas com o leucócitos (W BC) são contados, e o núm ero de p a rasitas por unidade de volum e é calculado a p a rtir da contagem total de leucócitos. A lternativam ente, presum e-se um a contagem total de W BC de 8.000/ |jlL. Esse núm ero é convertido para o núm ero de eri trócitos parasitados p or m icrolitro. Um m ínim o de 200 W BC devem ser contadas sob im ersão em óleo. A interpretação de esfregaços de sangue requer algum a experiência, porque os artefatos são comuns. Antes que um esfregaço espesso seja considerado negativo, 100 a 200 cam pos de im ersão devem ser exam inados. Em áreas de alta tran s missão, a presença de até 10.000 parasitas/ (jlL de sangue pode ser to lerada sem sintom as ou sinais, em indivíduos parcialm ente imunes. Assim, nessas áreas a detecção de parasitas da m alária é sensível, m as tem baixa especificidade para identificação da m alária com o a causa de um a doença. Parasitem ia de baixa densidade é com um em outras condições que causam febre.
CAPÍTULO 210
A m alária pode ser transm itida p or transfusão de sangue, lesão p or picada de agulha, c o m p artilh am en to de agulhas p o r usuários de drogas injetáveis infectados, ou transplante de órgãos. O período de incubação nessas situações frequentem ente é curto, porque não há a fase pré-eritrocítica de desenvolvim ento. Os aspectos clínicos e o tratam ento desses casos são os m esm os que para infecções a d q u iri das naturalm ente. A quim ioterapia radical com prim aquina é desne cessária para infecções p or P. vivax e P. ovale.
receber quim ioprofilaxia antim alárica; os resultados geralm ente são bons. Em áreas não endêm icas, o tratam en to antim alárico é acon selhado. Em alguns casos refratários à terapia, pode se desenvolver linfoproliferação clonal, que pode evoluir para um distúrbio linfoproliferativo maligno.
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zoítos velhos. C. Pigmento em células polimorfonucleares e trofozoítos. D. Esquizontes maduros. E. Gametócitos femininos. F. Gametócitos masculinos. (Reproduzida de BenchAids for the Diagnosis of Malaria Infections, 2nd ed., com autorização da Organização Mundial da Saúde.)
m au p rognóstico é indicado p o r um p re d o m ín io de p arasitas P. falciparum m ais m aduros (isto é, > 20% dos parasitas com pigm ento visível) no esfregaço de sangue periférico, ou pela presença de pigm ento m alárico fagocitado em > 5% dos n e u tró filos. Em infecções por P. falciparum , a gam etocitem ia atinge o pico 1 sem ana após o pico dos parasitas assexuados. Visto que os gam etócitos m ad u ro s de P falciparum não são afetados pela m aioria dos fárm a cos an tim alárico s, sua persistên cia não constitui evidência de resistência aos fár m acos. O pigm ento m alárico fagocitado é visto algum as vezes d entro de m onócitos ou po lim o rfo n u cleares no sangue p e ri férico, e pode d a r u m a pista de infecção recente se parasitas da m alária não são detectáveis. A pós o desaparecim ento dos parasitas, esse pigm ento m alárico intrafagocítico frequentem ente é evidente por vários dias no sangue periférico, ou por m ais tem po em aspirados de m edula ós sea, ou esfregaços de líquido esprem ido depois de punção intradérm ica. A colora ção dos p arasitas com o corante fluores cente a crid in a laranja perm ite um diag nóstico m ais rápido de m alária (m as não a especificação da infecção) em pacientes com parasitem ia de nível baixo.
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ACHADOS LABORATORIAIS
A n e m ia n o rm o c rô m ic a n o rm o c ític a é habitual. A contagem de leucócitos geralm ente é norm al, m as po d e estar elevada em infecções m uito graves, H á um a leve m onocitose, linfopenia e eosinopenia, com linfocitose
Doenças Infecciosas 1696
Testes rápidos em fita ou cartão, sim ples, sensíveis e baseados em anticorpo específico, que detectam antígenos específicos de P. falciparum , p roteína 2 rica em histidina (PÍH RP2) ou lactato desidrogenase, em am ostras de sangue de picada de dedo, estão agora sendo usados am plam ente em program as de controle (Q u a d ro 210.5). A lguns desses testes diagnósticos rápidos (TDR) têm um segundo anticorpo, que possibilita a diferenciação da m alária fa l ciparum das m alárias m enos perigosas. Os testes baseados em PfHRP2 p o d em p e r m anecer positivos p or várias sem anas de pois da infecção aguda. Esse aspecto é um a desvantagem em áreas de alta transm issão onde as infecções são freqüentes, m as é de valor no diagnóstico de m alária grave em pacientes que tenham tom ado fárm a cos antim aláricos e clareado a parasitem ia periférica (mas nos quais o teste PfHRP2 perm anece fortem ente positivo). Os TDR estão substituindo a m icroscopia em m u i tas áreas p o r causa de sua sim plicidade e rapidez, m as são relativam ente dispendio sos e não quantificam a parasitem ia. A relação entre p arasitem ia e p ro g nóstico é com plexa; em geral, pacientes com > 105 parasitas/|xL estão em risco aum entado de m orte, m as as pessoas não im unes p o d e m perecer com contagens m uito m ais baixas, e pessoas parcialm ente D E im unes podem tolerar níveis de parasite Figura 210.5 Esfregaços finos de sangue com P lasm odium vivax. A. Trofozoítos jovens. B. Trofozoítos m ia m uitas vezes m ais altas, com apenas velhos. C. Esquizontes maduros. D. Gametócitos femininos. £ Gametócitos masculinos. (Reproduzida de BenchAids sintom as m enores. N a m alária grave, um for the Diagnosis o f Malaria Infections, 2nd ed., com autorização da Organização Mundial da Saúde.)
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Esfregaços espessos de sangue com Plasm odium fa lcip a rum. A. Trofozoítos. B. Gametócitos. (Reproduzida de BenchAids for the Diagnosis of Malaria Infections, 2nd ed., com autorização da Organização Mundial da Saúde.)
reativa e eosinofilia nas sem anas depois da infecção aguda. A velo cidade de hem ossedim entação, a viscosidade do plasm a e os níveis de p roteína C reativa e o u tras pro teín as de fase aguda estão eleva dos. A contagem de plaquetas geralm ente está reduzida a ~105/pX. As infecções graves p o d em ser acom p an h ad as p o r tem pos de p ro trom bina e de trom boplastina parcial prolongados, e p o r tro m b o ci topenia m ais intensa. Os níveis de a n titro m b in a III estão reduzidos, m esm o na infecção leve. N a m alária não com plicada, as c oncentra ções plasm áticas de eletrólitos, u reia e creatinina geralm ente estão norm ais. Os achados na m alária grave p o d em incluir acidose m eta bólica, com baixas concentrações plasm áticas de glicose, sódio, bi carbonato, cálcio, fosfato e album ina, ju n ta m en te com elevações de lactato, ureia, creatinina, ácido úrico, enzim as m usculares e hepáti cas, e bilirru b in a conjugada e não conjugada. A hipergam aglobulinem ia é com um em sujeitos im unes e sem i-im unes. O sedim ento de u rin a geralm ente dá resultados norm ais. E m adultos e crianças com m alária cerebral, a pressão m éd ia de a b ertu ra n a p unção lom bar é -1 6 0 m m de líquido cerebrospinal (LCS); hab itu alm en te o LCS é norm al, ou tem u m nível de pro teín a total levem ente elevado [< 1,0 g/L (< 100 m g/dL )], assim com o a contagem de células (< 2 0 /(xL).
Esfregaços espessos de sangue com Plasm odium vivax. A. Trofozoítos. B. Esquizontes. C. Gametócitos. (Reproduzida de Bench Aids for the Diagnosis of Malaria Infections, 2nd ed., com autorização da Organização Mundial da Saúde.)
CAPÍTULO 210
Figura 210.7
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Figura 210.8
Esfregaços espessos de sangue com Plasm odium ovale. A. Trofozoítos. B. Esquizontes. C. Gametócitos. (Reproduzida de Bench Aids for the Diagnosis of Malaria Infections, 2nd ed., com autorização da Organização Mundial da Saúde.)
Figura 210.9
Esfregaços espessos de sangue com Plasm odium m alariae. A. Trofozoítos. B. Esquizontes. C. Gametócitos. (Reproduzida de BenchAids for the Diag nosis of Malaria Infections, 2nd ed., com autorização da Organização Mundial da Saúde.)
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QUADRO 2 1 0 .5
Métodos para o diagnóstico da malária Procedimento
Vantagens
Desvantagens
Esfregaço espesso de sangue
0 sangue não deve ser uniforme em espessura, mas suficientemente fino para se ler os ponteiros de um relógio através de parte da mancha. Corar a mancha de sangue seca, não fixada, com Giemsa, Field’s, ou outro corante do tipo Romanowsky. Contar o número de parasitas por 200 WBC (ou por 500 em densidades baixas). Contar gametócitos separadamente.
Sensível (0,001 % de parasitemia); específico para espécies; barato.
Requer experiência (artefatos podem ser mal interpretados como parasitemia de baixo grau); subestima contagem real.
Esfregaço fino de sangue
Corar o esfregaço fixado com Giemsa, Field’s, ou outro corante do tipo Romanowsky. Contar o número de RBC contendo parasitas assexuados por 1.000 RBC. Na malária grave, avaliar o estágio de desenvolvimento do parasita e contar neutrófilos contendo pigmento da malária. Contar gametócitos separadamente.
Rápido; específico para espécies; na malária grave dá informações prognóstícas.
Insensível ( volume de distribuição total aparente.
cançadas o m ais cedo possível. Tanto a quinina com o a quinidina causarão hipotensão perigosa se injetadas rapidam ente; quando aplicadas IV, elas só devem ser a dm inistradas cuidadosam ente, com controle da velocidade de infusão. Se essa abordagem não for possível, a quinina deve ser dada p o r injeções IM profundas, na face anterior da coxa. A faixa terapêutica ótim a para quinina e quinidina na m alária grave não é conhecida com certeza, mas concentrações plasm áticas totais de 8 a 15 m g/L, para quinina, e 3,5 a 8,0 mg/L, para quinidina, são efetivas e não causam toxi cidade séria. Na m alária grave, a depuração sistêm ica e volum e de distribuição aparente desses alcalóides estão acentuadam ente reduzidos, e a captação de proteínas do plasm a está aum entada, de m odo que as concentrações sanguíneas atingidas com um a dada dose são mais elevadas. Se o paciente p erm anecer seriam en te enferm o ou em insuficiência renal aguda por > 2 dias, as doses de m anutenção de quinina ou quinidina devem ser reduzidas em 30 a 50%, para prevenir o acúm ulo tóxico do fárm aco. As doses iniciais nunca devem ser dim inuídas. Se for adm inistrado um dos derivados da artem isinina, reduções de dose são desnecessárias, m esm o na insuficiência renal. E xsanguineotransfusão pode ser considerada para pacientes gravem ente enferm os, em bora ainda não haja um consenso sobre as indicações precisas desse procedi m ento. Tem sido recom endado que - se for segura e factível - a transfusão de troca seja considerada para pacientes com m alária grave, m as não há evidências claras de que essa m edida seja benéfica, particularm ente se for usado artesunato. O papel de anticon vulsivantes profiláticos em crianças tam bém é incerto. Se suporte respiratório não estiver disponível, então um a dose total de ataque do fenobarbital (20 m g/kg) para prevenir convulsões não deve ser dada, pois pode causar parada respiratória. Q uando o paciente está inconsciente, a glicemia deve ser d o sada a cada 4 a 6 horas. T odos os pacientes devem receber um a infusão contínua de glicose, e, idealm ente, as concentrações san guíneas devem ser m antidas acim a de 4 m m ol/L. A hipoglicem ia (< 2,2 m m ol/L ou 40 m g/dL ) deve ser tratad a im ediatam ente com glicose em bolus. A contagem de parasitas e o nível de h e m atócrito devem ser m en su rad o s a cada 6 a 12 horas. A nem ia se desenvolve rapidam ente; se o hem atócrito cair a < 20%, então sangue total (preferivelm ente fresco) ou concentrado de hem ácias deve ser transfundido lentam ente, com atenção cuidadosa ao es tado circulatório. A função renal deve ser verificada diariam ente. Crianças se apresentando com anem ia intensa e respiração acidótica frequentem ente estão hipovolêm icas; nessa situação, a ressuscitação com cristaloides ou sangue está indicada. A avaliação acurada é vital. O m anejo do balanço hídrico é difícil na m alária grave, particularm ente em adultos, p o r causa da linha divisória
CAPÍTULO 210
IV, m as tam bém pode ser dado p o r injeção IM. O artem éter e o fárm aco correlato artem otil (arte-éter) são form ulações oleosas dadas p or injeção IM; eles são absorvidos de form a errática, e não conferem o m esm o benefício de sobrevida que o artesunato. Um a form ulação retal de artesunato foi desenvolvida com o um tratam ento com unitário pré-referência, para pacientes em áreas rurais dos trópicos que não possam to m ar m edicações orais. Tem sido m ostrado que a adm inistração de artesunato retal pré-encam inham ento dim inui o risco de m ortalidade entre crianças gravem ente enferm as, em com unidades sem acesso a tratam ento parenteral imediato. E m bora os com postos de artem isinina sejam m ais seguros que a quinina, e consideravelm ente m ais seguros que a quinidina, som ente u m a form ulação está disponível nos Es tados Unidos. O artesunato IV foi aprovado pela U.S. Food and D rug A dm inistration para uso de em ergência contra m alária gra ve, p or meio do Centers for Disease C ontrol and Prevention D rug Service (ver o fim do capítulo para inform ações sobre os co n ta tos). O antiarrítm ico gluconato de quinidina é tão efetivo com o a quinina, e, com o ele está disponível m ais prontam ente, substituiu a quinina para tratam ento da m alária nos Estados U nidos. A a d m inistração de quinidina deve ser m onitorada de perto, para que arritm ias e hipotensão sejam evitadas. Um nível plasm ático total de > 8 |xg/mL, um intervalo Q TC> 0,6 s., ou alargam ento do QRS além de 25% da linha de base representam um a indicação para d i m inuir a velocidade da infusão. Se ocorrer arritm ia ou hipotensão não responsiva ao soro fisiológico, o tratam ento com esse fárm a co deve ser suspenso. A q uinina é m ais segura que a quinidina; m onitoram ento cardiovascular não é necessário, exceto quando o paciente tem doença cardíaca. A m alária falciparum grave constitui um a em ergência m é dica, requerendo assistência de enferm agem intensiva e m anejo cuidadoso. O paciente deve ser pesado e, se com atoso, colocado em decúbito lateral ou ventral. É essencial a avaliação freqüente do paciente. Fárm acos auxiliares, tais com o corticoides em doses altas, ureia, heparina, dextrano, desferroxam ina, anticorpo contra o fator de necrose tum oral ct, e fenobarbital em dose alta (20 m g/ kg) têm sido com provados ineficazes ou prejudiciais em ensaios clínicos, e não devem ser usados. Na insuficiência renal aguda, ou na acidose m etabólica grave, hem ofiltração ou hem odiálise deve ser iniciada o mais cedo possível. O tratam ento antim alárico parenteral deve ser iniciado o mais brevem ente possível. O artesunato, dado p o r injeção IV ou IM, é o agente de escolha; ele é simples de adm inistrar, seguro e rapida m ente efetivo. Se artesunato não estiver disponível, e artem éter, quinina, ou quinidina for usado, um a dose de ataque inicial deve ser dada, de m odo que concentrações terapêuticas possam ser al
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fina entre hiperidratação (levando a edem a de pulm ão) e sub-hidratação (contribuindo para a insuficiência renal). Assim que o paciente possa ingerir líquidos, o tratam ento parenteral deve ser substituído pela terapia oral.
MALÁRIA NÃO COMPLICADA As infecções p o r P. vivax, P. knowlesi, P. malariae e P. ovale devem ser tratadas com cloroquina oral (dose total, 25 m g da base/kg). Em grande p arte dos trópicos, o P. falciparum resistente a fárm acos tem aum en tad o em d istri buição, frequência e intensidade. É aceito atualm ente que, para prevenir resistência, a m alária falciparum deva ser tratad a com com binações de fárm acos, e não com um só fárm aco, em áreas endêm icas; o m esm o raciocínio tem sido aplicado com sucesso no tratam ento de tuberculose, H IV /A ids e cânceres. Essa estratégia de com binação baseia-se no uso sim ultâneo de dois ou m ais fár m acos, com m odos de ação diferentes. Os regim es de tratam ento com binado com artem isinina (ACT) são recom endados agora com o tratam ento de prim eira linha para m alária falciparum , em todas as partes do m u n d o afetadas p o r m alária. O com ponente artem isinina geralm ente é um derivado da m esm a (artesunato, artem éter, ou diidroartem isinina) dado p o r 3 dias, e o fárm aco com binado habitualm ente é um antim alárico de ação m ais lenta, ao qual o P. falciparum seja sensível. Cinco esquem as de ACT são recom endados atualm ente pela OMS. Em áreas com m alária/a/czparum resistente a m últiplos fárm acos (partes da Ásia e A m érica do Sul, inclusive aquelas com parasitas resistentes à m efloquina; Fig. 210.10), artem éter-lum efantrina, artesunato-m efloquina, ou diidroartem isinina-piperaquina devem ser usados; esses regim es propiciam taxas de cura de > 90%. Em áreas com parasitas sen síveis, as com binações supracitadas, ou artesunato-sulfadoxina-pirim etam ina, ou artesunato-am odiaquina tam bém podem ser usadas. A tovaquona-proguanil tam bém é altam ente efetiva em todos os lugares, em bora raram ente seja em pregada em áreas e n dêm icas, p o r causa de seu alto custo. É causa de grande preo cu pação o surgim ento de P. falciparum resistente à artem isinina no Oeste do C am boja e Tailândia adjacente. As infecções com esses parasitas desaparecem do sangue lentam ente, com tem pos de cla ream ento excedendo 3 dias. Os regimes de ACT de 3 dias são todos bem tolerados, em bo ra a m efloquina esteja associada a taxas aum entadas de vôm itos e
tontura. C om o tratam ento de segunda linha para recrudescência após terapia de prim eira linha, um regim e ACT diferente pode ser dado; outra alternativa é um curso de 7 dias com artesunato ou quinina, m ais tetraciclina, doxiciclina, ou clindam icina. Tetra ciclina e doxiciclina não podem ser dadas a m ulheres grávidas ou a crianças com < 8 anos de idade. A quinina oral é extrem am ente am arga e, regularm ente, provoca o cinchonism o, que com preende zum bido, surdez para tons altos, náusea, vôm itos e disforia. A adesão é pobre com os esquem as necessários de 7 dias de quinina. Os pacientes devem ser m onitorados para vôm ito p o r 1 hora depois da adm inistração de qualquer fárm aco antim alárico. Se houver vôm ito, a dose deve ser repetida. O tratam ento sintom á tico, com esponjas tépidas e adm in istração de acetam inofeno, abaixa a febre a assim reduz a propensão do paciente para vom i tar esses fárm acos. Reações m enores do sistem a nervoso central (náusea, tontura, tran sto rn o s do sono) são com uns. A incidên cia de reações neuropsiquiátricas adversas sérias ao tratam ento com m efloquina é ~1 em 1.000, na Ásia, m as pode ser tão alta com o 1 em 200, entre africanos e caucasianos. Todas as quinolinas antim aláricas (cloroquina, m efloquina e quinina) exacerbam a hipotensão ortostática associada à m alária, e todas são toleradas m elhor por crianças que po r adultos. M ulheres grávidas, crianças de pouca idade, pacientes incapazes de tolerar a terapia oral e in divíduos não im unes (p. ex., viajantes) com suspeita de m alária devem ser avaliados cuidadosam ente, e deve ser considerada a hospitalização. Se houver algum a dúvida quanto à identidade da espécie de m alária infectante, deve ser adm inistrado o tratam ento para m alária falciparum . U m esfregaço de sangue negativo torna a m alária improvável, m as não a afasta com pletam ente; esfregaços de gota espessa devem ser verificados novam ente 1 a 2 dias mais tarde, para excluir o diagnóstico. Os pacientes não im unes rece bendo tratam ento para m alária devem ter contagens de parasitas realizadas diariam ente, até que os esfregaços espessos sejam nega tivos. Se o nível de parasitem ia não cair abaixo de 25% do valor da internação em 48 horas, ou se a parasitem ia não houver clareado em 7 dias (garantida a adesão), a resistência ao fárm aco é provável e o regime deve ser trocado. Para erradicar fases hepáticas persistentes e prevenir a recaída (tratam ento radical), a p rim aq u in a (0,5 m g de base/kg, dose de adulto) deve ser dada diariam ente p o r 14 dias em pacientes com infecções p or P. vivax ou P. ovale, depois que testes laboratoriais para deficiência de G6PD tenham sido com provados negativos. Se o paciente tiver um a variante leve da deficiência de G6PD, a prim aquina pode ser dada em um a dose de 0,75 m g da base/kg (m áxim o de 45 mg) 1 vez por sem ana p o r 6 sem anas. A prim aqui na não deve ser dada a m ulheres grávidas com m alária vivax ou ovale, m as elas devem receber profilaxia supressiva com cloroqui na (5 m g da base/kg por sem ana) até o parto, depois do qual pode ser dado o tratam ento radical.
COMPLICAÇÕES Insuficiência renal aguda Se o nível de ureia ou creatinina se ele var apesar de reidratação, a adm inistração de líquidos deve ser restrita para prevenir sobrecarga de volum g. C om o em outras form as de insuficiência renal aguda hipercatabólica, a terapia de substituição renal é m elhor realizada precocem ente (Cap. 279). H em ofiltração e hem odiálise são m ais efetivas que a diálise peritoneal, e estão associadas a m o rta lid a d e m ais baixa. A lguns pacientes com deficiência renal elim inam pequenos volum es de urina, suficientes para possibilitar o controle do equilíbrio h í drico; esses casos podem ser tratados de form a conservadora, se não surgirem outras indicações para diálise. A função renal ge ralm ente m elhora dentro de dias, m as a recuperação total pode levar semanas. Figura 210.10 Resistência do Plasmodium falciparum à mefloquina no Sudeste Asiático: resistência de alto nível à mefloquina [marrom), resistência de baixo nível à mefloquina [vermelho), e sensibilidade à mefloquina (taxa de falha < 20%; verde). Há informações insuficientes para outras áreas.
Edema agudo de pulmão (síndrome do desconforto respiratório agu do) Os pacientes devem ser posicionados com a cabeceira do leito em elevação de 45°, e receber oxigênio e diuréticos IV. As pressões de oclusão da artéria p u lm o n ar podem ser norm ais, in
dicando aum ento da perm eabilidade capilar pulm onar. A v enti lação com pressão positiva deve ser iniciada cedo, se as m edidas im ediatas falharem (Cap. 235).
Hipoglicemia Um a injeção lenta inicial de glicose a 50% (0,5 g/kg) deve ser seguida por um a infusão de glicose a 10% (0,10 g/kg por hora). A glicemia deve ser verificada regularm ente daí em diante, pois a hipoglicem ia recorrente é com um , particularm ente em p a cientes recebendo q uinina ou quinidina. Em pacientes gravem ente enferm os, a hipoglicem ia ocorre com um ente em com binação com acidose m etabólica (láctica) e ocasiona um prognóstico ruim .
Outras complicações Os pacientes que desenvolvem sangram en to espontâneo devem receber sangue fresco e vitam ina K IV. As convulsões devem ser tratadas com benzodiazepínicos IV ou re tais e, se necessário, suporte respiratório. P neum onia de aspiração deve ser suspeitada em qualquer paciente inconsciente com con vulsões, particularm ente com hiperventilação persistente; agen tes antim icrobianos IV e oxigênio devem ser adm inistrados, e o toalete pulm onar deve ser instituído. Hipoglicem ia ou septicem ia por G ram -negativos deve ser suspeitada, quando a condição de qualquer paciente se deteriora subitam ente sem um a razão ó b via durante o tratam en to antim alárico. Em áreas endêm icas de m alária, onde um a alta proporção de crianças tem parasitem ia, geralm ente é impossível distinguir com confiança a m alária grave da sepse bacteriana. É aceito de m odo crescente que essas crian ças devam ser tratadas tanto com antim aláricos com o com an ti bióticos de largo espectro, desde o início. C om o as infecções por Salmonella não tifoide são particularm ente com uns, os antib ió ticos em píricos devem ser considerados de m odo a cobrir esses m icrorganism os. A ntibióticos devem ser considerados p ara p a cientes gravem ente enferm os de qualquer idade, que não estejam respondendo ao tratam ento antim alárico.
PREVENÇÃO Em anos recentes, progresso considerável tem sido feito na preven ção, controle e pesquisa da m alária. Novos fárm acos têm sido des cobertos e desenvolvidos, e um a vacina candidata já alcançou a fase de testes de cam po avançados. Fárm acos altam ente efetivos, m osquiteiros tratados com inseticidas e inseticidas para uso em aerossol em dom icílios estão sendo com prados para países endêm icos pelo Global Fund to Fight Aids, Tuberculosis and Malaria; the Presidents M alaria Initiative; UNICEF; e outras organizações. A pesquisa e o controle da m alária estão sendo fortem ente apoiados p or N ational Institute of Allergy and Infectious Diseases, W ellcom e Trust, Bill & M elinda Gates Foundation, OMS, M ultilateral Initiative on M alaria, Roll Back M alaria Partnership, e Global H ealth Council, entre o u tros. M esm o assim, a erradicação da m alária não é factível no futuro im ediato por causa da distribuição dissem inada dos sítios de procriação dos Anopheles; do núm ero m aior de pessoas infectadas; do uso continuado de fárm acos antim aláricos ineficazes; das inadequações de recursos h um anos e m ateriais, in frae stru tu ra e program as de controle. O cham am ento e o com prom isso para erradicação final da m alária pela Gates Foundation em 2007 - secundada p or M argaret Chan, D iretora Geral da OMS adicionaram grande ím peto a todas as iniciativas de m alária, especialm ente aquelas que visam a desco berta e im plantação de novas intervenções e outras m etas críticas. A m alária pode ser contida pelo uso criterioso de inseticidas p ara m atar o m osquito vetor, diagnóstico rápido, m anejo apropriado do pacien te, e - onde for efetiva e viável - , adm inistração de tratam ento p re ventivo interm itente ou quim ioprofilaxia a grupos de alto risco, tais com o m ulheres grávidas, crianças de pouca idade, e viajantes de áreas não endêm icas. Os pesquisadores da m alária estão intensificando seus esforços para ganhar um a com preensão m elhor das interações parasita-hom em -m osquito, e desenvolver intervenções m ais efetivas de controle e prevenção. Apesar do investim ento enorm e em esforços para o desenvolvim ento de um a vacina contra a m alária, e da eficácia de 30 a 60% de um a vacina coadjuvada com proteína recom binante
direcionada para esporozoítos em ensaios de cam po lim itados, não é provável que um a vacina segura, efetiva e de longa duração este ja disponível para uso geral no futuro próxim o (Cap. 122). Em bora haja um a grande prom essa para um a ou m ais vacinas contra m alária em um horizonte m ais distante, as m edidas de prevenção e controle continuam a se basear em estratégias antivetor e no uso de fármacos.
■ PROTEÇÃO PESSOAL CONTRA MALÁRIA M edidas sim ples para reduzir a frequência de picadas de m osquitos infectados em áreas de m alária são m uito im portantes. Essas m ed i das incluem evitar a exposição aos m osquitos nos seus horários de pico de alim entação (geralm ente do crepúsculo até a alvorada), as sim com o o uso de repelentes de insetos contendo DEET a 10 a 35% (ou, se DEET for inaceitável, picaridina a 7%), vestuário adequado, e m osquiteiros ou outros m ateriais im pregnados de inseticida. O uso dissem inado de m osquiteiros para cam as tratad o s com piretroides residuais reduz a incidência de m alária em áreas onde os vetores p i cam dentro de casa à noite, e foi dem onstrado que dim inui as taxas de m ortalidade na África O cidental e O riental.
■ QUIMIOPROFILAXIA As recom endações para profilaxia dependem do conhecim ento dos padrões locais de sensibilidade aos fárm acos das espécies de Plasmo dium, e da probabilidade de se adquirir a infecção m alárica. Q uando houver incerteza, fárm acos efetivos contra P. falciparum resistente devem ser usados [atovaquona-proguanil (M alarone), doxiciclina, ou m efloquina]. A quim ioprofilaxia nunca é inteiram ente confiável, e m alária sem pre deve ser considerada no diagnóstico diferencial de febre em pacientes que tenham viajado p ara áreas endêm icas, m esm o se estiverem tom ando fárm acos antim aláricos profiláticos. As m ulheres grávidas viajando para áreas de m alária devem ser avisadas sobre os riscos potenciais. Todas as m ulheres gestantes em risco em áreas endêm icas devem ser estim uladas a freqüentar clínicas de pré-natal regularm ente. A m efloquina é o único fárm aco aconse lhado para m ulheres grávidas viajando a áreas com m alária resistente a fárm acos; esse fárm aco, de um m o d o geral, é considerado seguro no segundo e terceiro trim estres da gestação, e os dados sobre exposi ção no p rim eiro trim estre, em bora lim itados, são tranquilizadores. A cloroquina e o proguanil são julgados seguros. A segurança de outros agentes antim aláricos profiláticos n a gravidez ainda não foi estabe lecida. Tem sido dem o n strad o que a profilaxia antim alárica reduz as taxas de m ortalidade em crianças entre as idades de 3 meses e 4 anos, em áreas endêm icas de m alária; contudo, essa não é um a opção factível logística ou econom icam ente em m uitos países. A alternati va - dar doses de tratam ento interm itentes [tratam ento interm itente preventivo (TIP)) - , m ostra prom essa para uso m ais dissem inado em lactentes, crianças de pouca idade e m ulheres grávidas. As crianças nascidas de m ães não im unes em áreas endêm icas (geralm ente expa triados m udando-se para áreas endêm icas de m alária) devem receber profilaxia desde o nascim ento. Os viajantes devem com eçar a to m a r fárm acos antim aláricos 2 dias a 2 sem anas antes da partida, de m o d o que quaisquer reações indesejáveis possam ser detectadas, e que concentrações sanguíneas terapêuticas antim aláricas estejam presentes q u a n d o necessário (Q uadro 210.8). A profilaxia antim alárica'deve continuar p or 4 se m anas depois que o viajante tenha saído da área endêm ica, exceto se atovaquona-proguanil ou p rim a q u in a ten h a sido tom ada; esses fárm acos têm atividades significantes contra a fase hepática da infec ção (profilaxia causai) e p odem ser interrom pidos 1 sem ana após a partida da área endêm ica. Se a suspeita de m alária se desenvolver enquanto o viajante es tiver fora, obter um diagnóstico confiável e tratam ento antim alárico localm ente é um a p rioridade absoluta. A utotratam ento presuntivo para m alária com atovaquona-proguanil (por 3 dias consecutivos) ou outro fárm aco pode ser considerado em circunstâncias especiais; o aconselham ento m édico sobre autotratam ento deve ser buscado a n tes da p artida para áreas de m alária, e o m ais cedo possível depois que a doença comece. Todo esforço deve ser feito para confirm ar o diagnóstico po r exames parasitológicos.
T QUADRO 210.8
Fármacos usados na profilaxia da malária
I Fármaco Atovaquona/Proguanil (Malarone)
Uso
Dose de adulto
Dose pediátrica
Comentários
Profilaxia em áreas com Plasmodium falciparum resistente à cloroquina ou mefloquina
1 comprimido de adulto VO
5-8 kg: Zi comprimido pediátrico/dia
Começar 1-2 dias antes da viagem a áreas de malária. Tomar diáriamente na mesma hora a cada dia enquanto na área de malária, e por 7 dias depois de deixar tais áreas. Atovaquona-proguanil é contraindicado em pessoas com insuficiência renal grave (depuração de creatinina < 30 m l/m in.). Na ausência de dados, não é recomendável para crianças pesando < 5 kg, mulheres grávidas, ou mulheres amamentando lactentes pesando < 5 kg. Atovaquona-proguanil deve ser tomado com alimento ou uma bebida láctea.
> 8-10 kg: 3A comprimido pediátrico/dia >10-20 kg: 1 comprimido pediátrico/dia > 20-30 kg: 2 comprimidos pediátricos/dia > 30-40 kg: 3 comprimidos pediátricos/dia > 40 kg: 1 comprimido de adulto/dia
Cloroquina fostato (Aralen e genérico)
Profilaxia apenas em áreas com P falciparum sensível à cloroquina ou somente P vivax
300mg da base (500 mg do sal) V 0 1x/ semana
5 mg/kg da base (8,3 mg do sal/kg) V 0 1x/semana, até a dose máxima de adulto de 300 mg da base
Começar 1 -2 semanas antes de viajar para a área de malária. Tomar semanalmente no mesmo dia da semana enquanto na área de malária e por 4 semanas depois de deixar a mesma. 0 fosfato de cloroquina pode exacerbar psoríase.
Doxiciclina (muitos nomes de marca e genéricos)
Profilaxia em áreas com P. falciparum resistente a cloroquina ou mefloquina
100 mg VO/dia
> 8 anos de idade: 2 mg/kg. até a dose de adulto
Começar 1 -2 dias antes de viajar para área de malária. Tomar diáriamente na mesma hora a cada dia enquanto na área de malária, e por 4 semanas depois de deixar a mesma. A doxiciclina é contraindicada em crianças < 8 anos de idade e em mulheres grávidas.
Sulfato de hidroxicloroquina (Plaquenil)
Uma alternativa à cloroquina para profilaxia primária apenas em áreas com P. falciparum sensível à cloroquina ou somente P. vivax
310 mg da base (400 mg do sal) VO uma vez por semana
5 mg da base/kg (6,5 mg do sal/kg) VO uma vez por semana, até a dose máxima de adulto de 310 mg da base
Começar 1 -2 semanas antes de viajar para a área de malária. Tomar semanalmente no mesmo dia da semana enquanto na área de malária, e por 4 semanas depois de deixá-la. A hidroxicloroquina pode exacerbar psoríase.
Mefloquina (Lariam e genéricos)
Profilaxia em áreas com P. falciparum resistente à cloroquina
228 mg da base (250 mg do sal) VO uma vez por semana
< 9 kg: 4,6 mg da base/kg (5 mg do sal/kg) V 0 1x/semana
Começar 1-2 semanas antes de viajar para a área de malária. Tomar semanalmente no mesmo dia da semana enquanto na área de malária, e por 4 semanas depois de deixá-la. A mefloquina é contraindicada em pessoas alérgicas a esse fármaco ou a compostos correlatos (p. ex., quinina e quinidina) e em pessoas com depressão ativa ou recente, transtorno de ansiedade generalizado, psicose, esquizofrenia, outros transtornos psiquiátricos importantes, ou uma história de depressão. A mefloquina não é recomendada para pessoas com anormalidades da condução cardíaca.
10-19 kg: 1/4 de comprimido uma vez por semana 20-30 kg: Vi comprimido uma vez por semana 31 -45 kg: % de comprimido uma vez por semana
Doenças Infecciosas
> 46 kg 1 comprimido uma vez por semana
Primaquina
Para prevenção de malária em áreas com principalmente P. vivax
30 mg da base (52,6 mg do sal) VO/dia
0,5 mg da base/kg (0,8 mg do sal/kg) VO/dia, até a dose de adulto; deve ser dada com alimento
Começar 1-2 dias antes de viajar para área de malária. Tomar diáriamente na mesma hora a cada dia eníjuanto na área de malária, e por 7 dias depois de deixar a mesma. A primaquina é contraindicada em pessoas com deficiência de G6PD. É também contraindicada durante a gravidez e na lactação, a menos que o lactente sendo amamentado tenha um nível normal documentado de G6PD.
Primaquina
Usada para terapia presuntiva antirecaída (profilaxia terminal) para diminuir o risco de recaídas de P vivax e P ovale
30 mg da base (52,6 mg do sal) VO/dia por 14 dias depois da partida da área de malária
0,5 mg da base/kg (0,8 mg do sal/kg), até a dose de adulto VO/dia, por 14 dias depois da partida da área de malária
Essa terapia é indicada para pessoas que tenham exposição prolongada a P. vivax e/ ou P. ovale. É contraindicada em pessoas com deficiência de G6PD, assim como durante a gravidez e a lactação, a menos que o lactente sendo amamentado tenha um nível normal documentado de G6PD.
Wote; wwwnc.cdc.gov/travel/yellowbook/210/chapter-2/malária.aspx
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tolerantes a outros fárm acos recom endados. D or abdom inal e h e m ólise oxidante - os principais efeitos adversos não são com uns, contanto que o fárm aco seja tom ado com alim ento e não seja dado a pessoas com deficiência de G6PD, nas quais ele pode causar hem óli se, às vezes fatal. Os viajantes devem ser testados para deficiência de G6PD, e deve ser d em onstrado que eles têm um nível na faixa n o r m al antes de tom ar a prim aquina. A prim aquina não deve ser dada a m ulheres grávidas ou neonatos. As 8-am inoquinolinas (prim aquina, tafenoquina) dadas em dose única com ACT estão sendo considera das para uso dissem inado em regim es de tratam ento em program as de elim inação da m alária, p o r causa de seu efeito gam etocida sobre o P. falciparum . No passado, os inibidores da diidrofolato redutase, pirim etam ina e proguanil (cloroguanida), eram adm inistrados largam ente, m as a seleção rápida de resistência, tanto de P. falciparum com o de P. vivax, lim itou seu uso. E nquanto as quinolinas antim aláricas, tais com o a cloroquina (um a 4-am inoquinolina), agem sobre a fase eritrocítica do desenvolvim ento do parasita, os inibidores da diidrofolato red u tase tam bém inibem o crescim ento pré-eritrocítico no fígado (profi laxia causai) e o desenvolvim ento no m osquito (atividade esporontocida). O proguanil é seguro e bem tolerado, em bora ulcerações bucais ocorram em -8% das pessoas que usam esse fárm aco; ele é considerado seguro para profilaxia antim alárica na gravidez. O uso profilático da com binação de pirim etam ina e sulfadoxina não é reco m endado, p or causa de um a incidência inaceitável de toxicidade gra ve, principalm ente derm atite esfoliativa e outras erupções cutâneas, agranulocitose, hepatite, e eosinofilia pu lm o n ar (incidência, 1:7.000; reações fatais, 1:18.000). A com binação de pirim etam ina com dapso na (0,2/1,5 m g/kg sem analm ente; 12,5/100 mg, dose de adulto) tem sido usada em alguns países. A dapsona pode causar m etem oglobi nem ia e reações alérgicas, e (em doses m ais altas) pode apresentar um risco significante de agranulocitose. O proguanil e a com binação pirim etam ina-dapsona não estão disponíveis nos Estados Unidos. Por causa da crescente dissem inação e intensidade da resistência a fárm acos antim aláricos (Figs. 210.2 e 210.10), o C D C recom enda que os viajantes e seus m édicos considerem o destino, tipo de viagem e as m edicações atuais e riscos para a saúde, ao escolher a quim iopro filaxia antim alárica. Nos Estados U nidos, consultas sobre a avaliação de falhas da profilaxia ou do tratam ento da m alária podem ser obti das nos departam entos de saúde estaduais e locais e no CD C Malaria Hotline (770-488-778), ou no C D C E m ergency O perations Center (770-488-7100).
CAPÍTULO 210
A tovaquona-proguanil (M alarone; 3,75/1,5 m g/kg ou 250/100 mg, dose diária de adulto) é um agente profilático de com binação fixa p ara uso um a vez p o r dia, o qual é m uito bem tolerado p or adul tos e crianças, com m enos efeitos gastrintestinais adversos que cloroquina-proguanil, e m enos efeitos adversos para o sistem a nervoso central que a m efloquina. É o próprio proguanil, e não o m etabólito antifólico cicloguanil, que age de m odo sinérgico com a atovaquona. Essa com binação é efetiva contra todos os tipos de m alária, inclusive a m alária falciparum resistente a m últiplos fárm acos. A tovaquona-proguanil é m elhor tom ado com alim ento ou u m a bebida láctea para otim izar a absorção. Há dados insuficientes sobre a segurança desse regime na gravidez. A m efloquina (250 m g do sal sem analm ente, dose de adulto) tem sido utilizada am plam ente para profilaxia da m alária, porque ela geralm ente é efetiva contra a m alária falciparum resistente a m úl tiplos fárm acos, e é razoavelm ente bem tolerada. Esse fárm aco tem sido associado a episódios raros de psicose e convulsões, em doses profiláticas; essas reações são m ais freqüentes com as doses m ais al tas usadas para tratam ento. Os efeitos colaterais m ais com uns com doses profiláticas de m efloquina incluem náusea leve, tontura, p e n sam ento confuso, perturbação dos padrões de sono, sonhos vividos e m al-estar geral. É um fárm aco contraindicado para uso p or viajantes com hipersensibilidade conhecida à m efloquina ou com postos correlatos (p. ex., quinina, quinidina), e po r pessoas com depressão ativa ou recente, tran sto rn o de ansiedade, psicose, esquizofrenia, outros transtornos psiquiátricos im portantes, ou convulsões; a m efloquina não é recom endada para pessoas com anorm alidades de condução cardíaca. O papel da m efloquina na profilaxia durante a gravidez p e r m anece incerto; em estudos na África, verificou-se que a m efloquina era efetiva e segura durante a gestação. Entretanto, em um estudo da Tailândia, o tratam ento da m alária com m efloquina foi associado a um risco aum entado de natim ortalidade. A a d m in istração d iária de doxiciclina (100 m g diariam ente, dose de adulto) é u m a alternativa eficaz a ato v aq u o n a-p ro g u an il ou m efloquina. A doxiciclina geralm ente é bem tolerada, m as pode causar candidíase vulvovaginal, diarréia e fotossensibilidade, e não pode ser usada p o r crianças com < 8 anos de idade, n em p o r m u lheres grávidas. A cloroquina não po d e m ais ser confiada para p revenir infec ções po r P. falciparum n a m aioria das áreas, m as é usada para p re venir e tratar m alária causada p o r outras espécies hum anas de Plas m odium e para a m alária p o r P falciparum nos países da A m érica C entral ao oeste e no rte do C anal do Panam á, países do C aribe e alguns países do O riente M édio. Resistência do P. vivax à cloroquina tem sido relatada em partes do leste da Ásia, O ceania e A m éricas C entral e do Sul. Esse fárm aco geralm ente é bem tolerado, em bora alguns pacientes não possam tom á-lo p o r causa de m al-estar geral, cefaleia, sintom as visuais (devidos a ceratopatia reversível), intole rância gastrintestinal, ou prurido. A cloroquina é considerada segu ra na gravidez. C om a adm inistração crônica p o r > 5 anos, pode se desenvolver um a retinopatia característica relacionada com a dose, m as essa condição é rara com as doses utilizadas para profilaxia a n tim alárica. Reações idiossincrásicas ou alérgicas tam bém são raras. M iopatia esquelética e/ou cardíaca é um problem a potencial com o uso profilático protraído; ela tem m aior probabilidade de o correr com as doses altas usadas no tratam ento da artrite reum atoide. Rea ções neuropsiquiátricas e erupções cutâneas são incom uns. Q uando usada continuam ente, a am odiaquina, um a am inoquinolina corre lata, está associada a um risco alto de agranulocitose (~1 pessoa em 2.000) e hepatotoxicidade (~1 pessoa em 16.000); assim , esse agente não deve ser utilizado para profilaxia. A p rim aquina (dose diária de adulto, 0,5 m g da base/kg ou 30 mg, tom ada com alim ento) um com posto 8 -a m inoquinolina, tem sido com provada com o segura e efetiva na prevenção da m alária fa l ciparum resistente a m últiplos fárm acos e à vivax, em adultos. Esse fárm aco pode ser considerado para pessoas que estão viajando para áreas com ou sem P. falciparum resistente a fárm acos, e que são in
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C A PÍ T UL O
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Babesiose Edouard Vannier Jeffrey A. Gelfand A babesiose é um a doença infecciosa veiculada p o r carrapatos e cau sada p o r parasitas do gênero Babesia. Esses protozoários são parasi tas obrigatórios de eritrócitos (RBC). A nim ais selvagens e dom ésti cos são os reservatórios naturais de Babesia. A transm issão a seres hum anos é incidental e foi reconhecida m eio século atrás. A grande m aioria dos casos ocorre nos Estados Unidos, onde a babesiose tem o status de um a doença infecciosa emergente. Casos esporádicos são relatados na E uropa e no resto do m undo (ver “Considerações G lo bais”, adiante).
Doença leve por B. m ic ro ti Os pacientes experim entam um início gradual de m al estar geral, fadiga e fraqueza. A febre excede de 38°C, pode alcançar 40°C, e é acom panhada p or um ou vários dos seguintes: calafrios, sudorese, cefaleia, m ialgia, anorexia, tosse seca, artralgia e náusea. Sintom as m enos com uns incluem rigidez de nuca, d or de garganta, falta de ar, d or abdom inal e perda de peso. Ao exam e físico, febre é o aspecto saliente. O desenvolvim ento de eritema crônico migratório é suges tivo de doença de Lyme intercorrente. E quim oses e petéquias têm sido relatadas. Esplenom egalia e hepatom egalia discretas são obser vadas ocasionalm ente. Linfadenopatia está ausente. Icterícia, eritem a faringiano leve, infartos da retina e retinopatia com hem orragias em estilhaço são raros.
Doença grave por B. m ic ro ti
Babesia microti, um parasita de roedores pequenos, é o agente etioló gico da babesiose no nordeste dos Estados Unidos. Áreas altam ente endêm icas incluem N antucket Island, M arthas Vineyard, Block Island, o leste de Long Island, e Fire Island. N o continente, a babesiose é endêm ica no sudeste de M assachusetts, áreas litorâneas de Rhode Island e Connecticut, áreas centrais de New Jersey, W isconsin e M in nesota. Na Costa Oeste, o agente etiológico é Babesia duncani, um a espécie relacionada proxim am ente com aquelas encontradas na vida selvagem. O caso índice de infecção com essa espécie foi relatado no Estado de W ashington. Vários casos foram identificados no n orte da Califórnia, e um caso pode ter sido contraído no O regon C entral. Três casos de babesiose causados p or m icrorganism os sem elhantes à Babesia divergens - do Estado de W ashington, M issouri e Kentucky, respectivam ente - foram relatados.
A babesiose grave está associada a níveis de parasitem ia de > 4%e re quer hospitalização. Os fatores de risco incluem um a idade de > 50 anos, sexo m asculino, asplenia, H IV /A ids, neoplasia m aligna e im u nossupressão. Em com paração com pacientes hospitalizados p or ou tras doenças febris, os indivíduos com babesiose grave têm m aior pro babilidade de relatar m al-estar geral, m ialgia ou artralgia, e falta de ar. Com plicações se desenvolvem em -40% dos pacientes hospitalizados. Os fatores de risco para com plicações são anem ia intensa (nível de hem oglobina < 10 g/dL) e nível alto de parasitem ia (> 10%). A síndro m e do desconforto respiratório agudo é a com plicação mais comum . O utras complicações incluem coagulação intravascular dissem inada, insuficiência cardíaca congestiva e insuficiência renal. Infartos esplê nicos e ruptura do baço têm sido relatados. Previsores fortes de um m au resultado - definido com o hospitalização por > 2 sem anas, per m anência em um a unidade de cuidados intensivos p or > 2 dias, ou óbito - com preendem sexo m asculino, níveis de fosfatase alcalina de > 125 U/L, e contagens de leucócitos (W BC) de > 5 X 109/L. A taxa de letalidade é de 5% entre todos os pacientes hospitalizados, m as é m uito mais alta (20%) em pacientes im unocom prom etidos.
Prevalência
Outras infecções por babésias
O núm ero de casos de doença po r B. microti tem aum entado cons tantem ente d urante a últim a década. Em 2009, m ais de 700 casos foram relatados aos departam entos de saúde pública em estados e n dêmicos. A prevalência de babesiose causada p or B. microti é subes tim ada, porque os indivíduos saudáveis jovens experim entam um a enferm idade leve e autolim itada, e podem n ão buscar assistência m é dica. Em conform idade, a soroprevalência é m uito m ais alta do que a prevalência de babesiose clínica.
Os casos de infecção p o r B. duncani variam em gravidade desde as sintom áticos a fatais. As m anifestações clínicas são aquelas relatadas para B. microti. Todos os três pacientes relatados com infecção por m icrorganism os sem elhantes a B. divergens precisaram de hospitali zação; um faleceu.
■ EPIDEMIOLOGIA Distribuição geográfica
Doenças Infecciosas 1706
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Modos de transmissão A fase de ninfa do carrapato de veado Ixodes scapularis é o vetor p ri m ário para a transm issão de B. microti. Nos Estados U nidos, a tran s m issão ocorre de m aio a setem bro. O período de incubação dura 1 a 6 sem anas, com três quartos dos casos se apresentando em ju n h o e julho. Os vetores para transm issão de B. duncani e dos m icrorganis m os sem elhantes à B. divergens perm anecem desconhecidos. A babesiose ocasionalm ente é adquirida p or transfusão de h e m ocom ponentes, principalm ente concentrados de hemácias; m ais de 70 desses casos causados por B. microti, e dois casos causados p o r B. duncani, foram transm itidos por essa via. O perío d o de incubação dura 1 a 9 semanas. A m aioria dos casos ocorre em áreas endêm icas, durante o outono e o inverno. Alguns casos são diagnosticados em áreas não endêm icas, nas quais os hem ocom ponentes foram im p o r tados de áreas endêm icas. Das 11 m ortes p or babesiose relacionadas com transfusões relatados à U.S. Food and D rug A dm inistration des de 1998,10 ocorreram a p artir de 2005. Três casos de babesiose congênita foram atribuídos a B. microti. O utros casos de babesiose neonatal foram adquiridos p or transfusão ou picada de carrapato.
■ DIAGNÓSTICO Um diagnóstico de babesiose deve ser considerado p ara qualquer paciente que (1) se apresente com sintom as gripais e tenha residido recentem ente ou viajado em um a área endêm ica, ou recebido um a transfusão de sangue, ou (2) se apresente com sintom as de, ou tenha sido diagnosticado com, doença de Lyme ou anaplasm ose granuloci totrópica hum ana. A babesiose é diagnosticada p or exam e m icroscópico de esfrega ços de sangue finos corados com G iem sa, nosjquais a espécie de B a besia aparece com o m icrorganism os redondos ou em form a de pera. A form a em anel é m uito com um e não tem o depósito am arronzado central (hem ozoína) típico de trofozoítos de Plasmodium falciparum (Cap. e27). O utros aspectos distintos são a ausência de esquizontes e gam etócitos e a presença ocasional de tétrades (“cruzes da Malta”), que são patognom ônicas de infecção com B. microti ou B. duncani, mas não são observadas em eritrócitos hum anos infectados com m i crorganism os sem elhantes a B. divergens. Q uando eritrócitos parasi tados são raros (particularm ente no início dos sintom as), a identifi cação do parasita pode requerer m últiplos esfregaços de sangue ao longo de vários dias. Se babesiose é suspeitada, m as o parasita não pode ser identificado po r m icroscopia, recom enda-se a amplificação do rRNA 18S da Babésia p or reação em cadeia da polim erase (PCR). A sorologia é útil para confirm ação do diagnóstico. Um teste de anti
corpo im unofluorescente indireto para B. microti está disponível p or meio do Centers for Disease C ontrol and Prevention. T ítulos de IgM de > 1:64 e IgG de > 1:1.024 significam infecção ativa ou recente. Em geral, os títulos declinam ao longo de 6 a 12 meses. T ítulos de < 1:64 sugerem cura com pleta. Títulos que perm anecem positivos (> 1:64) sugerem parasitem ia persistente de baixo nível. A nticorpos a B. microti não reagem com B. duncani ou m icrorganism os sem elhantes a B. divergens. Os níveis de parasitem ia variam , de 1% a 20% em hospedeiros im unocom petentes, m as podem atingir 85% em pacientes com as plenia. Baixos níveis de hem atócrito, hem oglobina e haptoglobina, e níveis elevados de lactato desidrogenase são com patíveis com anem ia hem olítica. As contagens de reticulócitos estão elevadas; tro m b o ci topenia é com um . As contagens de leucócitos estão norm ais ou leve m ente deprim idas. As provas de função hepática (fosfatase alcalina, aspartato e alanina am inotransferases, bilirrubina) geram valores ele vados. O sedim ento de urina pode detectar hem oglobinúria, excesso de urobilinogênio e proteinúria. C oncentrações elevadas de ureia e creatinina séricas indicam com prom etim ento renal.
TRATAMENTO
Babesiose
(Ver Q u ad ro 211.1.) Se a infecção p or B. microti deve ser tratada depende do contexto clínico. As infecções assintom áticas não pre cisam ser tratadas, a m enos que m icrorganism os Babesia sejam detectados no esfregaço de sangue ou p or PCR p o r > 3 meses. As infecções sintom áticas não precisam ser tratadas se a Babesia não for detectada, apesar de sorologia positiva. Q uando Babesia é de tectada em pacientes sintom áticos, o tratam ento deve ser iniciado. DOENÇA LEVE POR B. MICROTI O regim e recom endado para o tra tam ento de doença leve p or B. microti é atovaquona oral mais azi trom icina p or 7 a 10 dias. C lindam icina m ais quinina é a segunda escolha. Os dois regim es são igualm ente efetivos, m as atovaquona mais azitrom icina é m elhor tolerado. Os sintom as devem com eçar a regredir dentro de 48 horas do início da terapia, e resolver d e n tro de 3 meses. Para pacientes im unocom prom etidos, reco m en
QUADRO 211.1
da-se azitrom icina em doses altas (600-1.000 m g/dia). Terapia antim icrobiana relevante deve ser iniciada quando pacientes tam bém são diagnosticados com doença de Lyme (Cap. 173) ou anaplasm ose granulocitotrópica h um ana (Cap. 174) - condições que devem ser pesquisadas sem pre que B. microti for diagnosticada. DOENÇA GRAVE POR B. MICROTI O regim e recom endado para a doença grave causada p or B. microti é clindam icina IV mais qui nina oral por 7 a 10 dias. A quinina oral pode ser substituída por quinidina IV. Exsanguineotransfusão parcial ou com pleta é acon selhada em casos de parasitem ia de nível alto (> 10%); anem ia grave (hem oglobina, < 10 g/dL); ou com prom etim ento pulm onar, hepático, ou renal. A parasitem ia e o hem atócrito devem ser m o nitorados todos os dias ou em dias alternados, até que os sintom as regridam e o nível de parasitem ia seja < 5%. Um curso único de terapia antim icrobiana padrão frequen tem ente é insuficiente para erradicar sintom as e parasitem ia em pacientes im u nocom prom etidos p o r esplenectom ia, H IV /A ids, neoplasia maligna, ou terapia im unossupressora, inclusive terapia com rituxim abe (anti-C D 20) para linfom as de células B. Nesses pacientes, a cura é m ais provável quando o tratam ento é adm inis trado p or pelo m enos 6 sem anas, inclusive 2 sem anas depois que os parasitas não sejam m ais observados no esfregaço de sangue. Em pacientes im u nocom prom etidos com recaída de babesiose, um segundo curso de atovaquona m ais azitrom icina pode deixar de resultar em cura, apesar de > 28 dias de terapia ininterrupta. No cenário de doença grave, sem pre deve ser considerada a possi bilidade de doença de Lyme intercorrente ou anaplasm ose granu locitotrópica hum ana, e deve ser contem plada a terapia em pírica para essas infecções até que elas sejam excluídas. Q uando clindam icina m ais q u in in a falham na elim inação da B. microti, ou quando a q uinina precisa ser suspensa, regimes alternativos têm sido bem -sucedidos, de acordo com relatos não publicados. Esses regim es em píricos têm consistido em duas ou três com binações de fárm acos, tais com o azitrom icina m ais q u i nina, e clindam icina mais azitrom icina adicionadas à doxiciclina. Em um paciente im unocom prom etido, B. microti foi elim inada após a adm inistração de um regim e de cinco fárm acos, que com-
Tratamento da babesiose humana
Microrganismo
Gravidade
Adultos
Crianças
B. microti
Leve3
Atovaquona (750 mg q12 h (V0)
Atovaquona (20 mg/kg q 12 h V0; máximo, 750 mg/dose
Grave*
B. divergens’
mais
mais
Azitromicina (500-1.000 mg/dia V0 no 1o dia, 250 mg/dia daí em diante
Azitromicina [lOmg/kg/diaVO no 1o dia (máximo, 500 mg/dose), 5 mg/kg/dia V0 daí em diante (máximo, 250 mg/dose)]
Clindamicina (300-600 mg q 6 h IV ou 600 mg q 8 h V0)
Clindamicina (7-10 mg/kg q 6-8 h IV ou 7-10 mg/kg q 6-8 h V0; máximo, 600 mg/dose
mais
mais
Quinina (650 mg q 6-8 h V0)
Quinina (8 mg/kg q 8 h V0; máximo, 650 mg/dose)
mais
mais
Considerar transfusão de troca de eritrócitos
Considerar transfusão de troca de eritrócitos
Transfusão de troca de eritrócitos completa imediata
Transfusão de troca de eritrócitos completa imediata
mais
mais
Clindamicina (600 mg q 6-8 h IV)
Clindamicina (7-10 mg/kg q 6-8 h IV; máximo, 600 mg/ dose)
mais
mais
Quinina (650 mg q 8 h V0)
Quinina (8 mg/kg q 8 h V0; máximo, 650 mg/dose)
9Tratamento por 7-10 dias. Em indivíduos asplênicos e pacientes imunocomprometidos, o tratamento deve ser por no mínimo 6 semanas, inclusive 2 semanas após os parasitas não serem detectados no esfregaço de sangue. "Tratamento por 7-10 dias, mas a duração pode variar.
Abreviação: RBC: eritrócitos.
1707
preendeu clindam icina, quinina, azitrom icina, atovaquona e a com binação de atovaquona-proguanil. OUTRAS INFECÇÕES POR BABÉSIA O regime para infecções po r B. duncani consiste em clindam icina IV (600 mg, 3x/dia-4x/dia ou 1.200 mg, 2x/dia) mais quinina oral (600-650 m g 3x/dia) por 7-10 dias. Um a recaída foi curada com clindam icina IV (1.200 mg, 3x/ dia) po r 10 dias. Um caso pediátrico foi tratado com sucesso com clindam icina IV (40 m g/kg p or dia) m ais quinina oral (25 m g/kg p o r dia) durante 15 dias. O regim e para infecções sem elhantes a B. divergens consiste, em clindam icina IV (600 mg, 3x/dia-4x/dia, 900 mg, 3x/dia, ou 1.200 mg, 2x/dia) m ais quinina oral ou q u in i dina (650 mg, 3x/dia).
■ PREVENÇÃO N enhum a vacina está disponível para uso hum ano. Não há u m papel para profilaxia antibiótica. Os indivíduos que residem ou viajam em áreas endêm icas, especialm ente aqueles em risco de babesiose grave, devem usar vestuário que cubra a parte inferior do corpo, aplicar re pelentes de carrapatos (tais com o DEET) às roupas, e lim itar as ativi dades ao ar livre de m aio a setem bro. Um exam e m inucioso da pele deve ser feito depois de atividades ao ar livre, e carrapatos rem ovidos com o uso de pinças. Indivíduos com um a história de babesiose sin tom ática, ou com títulos de anticorpos positivos, são im pedidos de doar sangue indefinidam ente.
■ CONSIDERAÇÕES GLOBAIS Europa
Doenças Infecciosas 1708
Cerca de 30 casos de babesiose foram atribuídos a B. diver gens, um patógeno do gado. A m aioria dos casos ocorreu na França, Irlanda e G rã Bretanha. Casos esporádicos foram relatados na Croácia (caso índice), Espanha, Portugal e Suécia. Três casos - na Itália, Á ustria e A lem anha - foram causados p o r Babesia EU1, um parasita do corço. Am bos os parasitas são transm itidos pelo carrapa to de carneiros Ixodes ricinus. O único caso relatado de infecção por B. microti provavelmente foi adquirido p or transfusão de um concen trado de plaquetas contam inado. Asplenia é um fator de risco im portante para infecção sintom á tica p or B. divergens. O período de incubação dura 1 a 3 sem anas. O início de hem oglobinúria e icterícia é súbito. O utros sintom as in cluem febre persistente (> 41°C), calafrios com trem ores, sudorese profusa, cefaleia, mialgia, e dor abdom inal e lom bar. Hepatom egalia discreta pode ser observada. Se a infecção n ão for tratada rapidam en te, a condição do paciente se deteriora, com edem a pulm onar e insu ficiência renal. No passado, a m aioria dos pacientes com casos graves m orria. Desde que exsanguineotransfusão passou a ser com binada à terapia, os casos fatais têm sido raros. A taxa de letalidade geral perm anece -40% . Todos os pacientes infectados com Babesia EU1
haviam sido esplenectom izados, m as suas doenças v ariaram de leves a graves; nenhum faleceu. Com o as infecções p o r B. divergens são fulm inantes, o parasita é prontam ente identificado em esfregaços de sangue. O nível de para sitem ia pode atingir 80%. A sorologia não tem utilidade, porque os sintom as aparecem antes que os níveis de anticorpos se elevem. Na infecção p o r Babesia EU, o nível de parasitem ia varia de 1% a 30%. N enhum teste sorológico específico para Babesia EU1 está disponí vel, m as os soros de pacientes infectados com Babesia EU1 reagem com o antígeno de B. divergens. A babesiose causada p or B. divergens é um a em ergência médica. O tratam ento recom endado é um a exsanguineotransfusão com ple ta im ediata e a terapia com clindam icina IV m ais quin in a oral, ou quinidina IV. Em alguns casos, a cura tem sido obtida com exsangui neotransfusão e m onoterapia com clindam icina. E m bora eritrócitos não infectados sejam introduzidos pela transfusão de troca, a anem ia pode persistir por > 1 mês. Se assim for, transfusão adicional é neces sária. Um caso leve foi curado com p en tam id in a IV m ais sulfam e toxazol-trim etoprim a oral. As infecções p o r Babesia EU1 têm sido tratadas com clindam icina IV ou oral (600 m g t.i.d.), isoladam ente ou em com binação com q uinina oral (650 m g t.i.d.). Um paciente que se tornou intolerante à quinina foi tratado com atovaquona oral (750 m g b.i.d.) m ais azitrom icina oral (500 m g/dia).
Resto do mundo Um caso de infecção sem elhante a B. divergens foi identificado nas Ilhas Canárias, e casos isolados têm sido relatados na África do Sul, M oçam bique, Egito e índia. Dois casos de infecção sem elhante a B. microti foram relatados em Taiwan, e o utro no Japão. Um pacien te na C oreia do Sul foi infectado p o r um a espécie de Babesia (K O I) relacionada com espécie encontrada em carneiros. Infecções assin tom áticas têm sido identificadas no M éxico (B. bigemina, B. canis) e Colôm bia (B. bigemina, B. bovis). Um caso de infecção po r B. m i croti diagnosticado na Polônia m uito provavelm ente foi im portado do Brasil.
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CAPÍTULO
212
Leishmaniose Shyam Sundar //
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■ DEFINIÇÃO A brangendo u m complexo grupo de distúrbios, a leishm aniose é cau sada po r um protozoário eucariótico, unicelular e intracelular o b ri gatório do gênero Leishmania e afeta prim ariam ente o sistem a retículoendotelial do hospedeiro. As espécies de Leishmania produzem síndrom es clínicas am plam ente variáveis, que vão de úlceras cutâne as auto-curáveis à doença visceral fatal. Essas síndrom es se encaixam em três grandes categorias: leishm aniose visceral (LV), leishm aniose cutânea (LC) e leishm aniose m ucosa (LM).
■ ETIOLOGIA E CICLO DE VIDA
■ EPIDEMIOLOGIA
•
A leishm aniose ocorre em 98 países - a m aioria em d e senvolvim ento - em regiões tropicais e tem peradas (Fig.
212.2). O correm anualm ente dois m ilhões de casos, dos quais 1 a 1,5 m ilhão é de LC (e sua variações) e 500.000 de LV. Mais de 350 m ilhões de pessoas estão em risco, com um a prevalência total de 12 m ilhões. E m bora a distribuição de Leishm ania seja lim itada pela distribuição de m osquitos vetores, a leishm aniose h um ana está em franco desenvolvim ento m undial.
■ LEISHMANIOSE VISCERAL A LV (tam bém conhecida com o kala-azar, um term o indiano que sig nifica “febre negra”) é causada pelo complexo L.donovani, que inclui a L.donovani e a L.infantum (a últim a designada L.chagasi no Novo M undo); essas espécies são responsáveis pela transm issão a ntroponó
Imunopatogênese A m aioria dos indivíduos infectados po r L.donovani ou L.infantum m ontam um a resposta im une de sucesso e controlam a infecção, não chegando a desenvolver a doença sintom ática. Q uarenta e oito h o ras após a injeção intradérm ica de prom astigotas m ortas, estes in divíduos apresentam hipersensibilidade do tipo tardia (D TH ) aos antígenos da leishm ania no teste cutâneo da leshm anina (tam bém cham ado de teste cutâneo de M ontenegro). Resultados em m odelos de cam undongos indicam que o desenvolvim ento da resistência a d quirida à infecção leishm aniótica é controlado pela produção de in terleucina (IL)-12 pelas células apresentadoras de antígeno e a secre ção posterior de interferon (IFN), fator de necrose tum oral (T N F )-a e outras citocinas pró-inflam atórias pela subpopulação de linfócitos T helper 1 (T H1). A resposta im une em pacientes com LV ativa em desenvolvim ento é complexa; além da produção aum entada de várias citocinas e quim iocinas pró-inflam atórias, os pacientes com doença ativa apresentam níveis fortem ente elevados de IL-10 no soro, bem com o expressão aum entada do RNA m de IL-10 nas lesões tecidu ais. A principal função pro m o to ra de doença de IL-10 na LV pode ser condicionar os m acrófagos hospedeiros a m elhores condições de sobrevivência e crescim ento para os parasitos. IL-10 pode fazer os macrófagos não reponderem aos sinais de ativação e inibirem a m or te das am astigotas pela dim inuição da produção de T N F -a e óxido nítrico. As m últiplas funções apresentadoras de antígeno das células dendríticas e m acrófagos tam b ém são suprim idas pela IL-10. Pa cientes sob essa supressão não apresentam testes cutâneos positivos de leishm anina e suas células m ononucleares do sangue periférico tam bém não respondem aos antígenos leishm anióticos in vitro. Os órgãos do sistem a retículo-endotelial são predom inantem ente afeta dos, com grande aum ento do baço, fíg a d a e linfonodos em algumas regiões. As am ídalas e a subm ucosa intestinal tam bém se encontram bastante infiltradas p o r parasitos. A lesão da m edula óssea leva à pancitopenia.
Leishmaniose
A leishm aniose é causada p or ~ 2 0 espécies do gênero Leishmania, da ordem Kinetoplastida e da fam ília Trypanosom atiáae (Q u a d ro 212.1). Diversas espécies clinicam ente im portantes pertencem à su bespécie Viannia. Os organism os são transm itidos por m osquitos flebotom íneos do gênero Phlebotomus no “Velho M undo” (Ásia, África e Europa) e do gênero Lutzm yia no “Novo M undo” (A m éricas). A transm issão pode ser antroponótica (isto é, o vetor transm ite a infec ção de hum anos infectados para h um anos saudáveis) ou zoonótica (isto é, o vetor transm ite a infecção do reservatório anim al para os hum anos). A transm issão hom em a hom em p o r agulhas infectadas tem sido do cu m en tad a em usuários de drogas IV n a região m ed i terrânea. A transm issão intra-uterina para o feto raram ente ocorre. Os organism os Leishmania ocorrem em duas form as: extracelu lares, prom astigotas flageladas (com prim ento, 10-20 p,m) no inseto vetor e intracelulares, am astigotas não flageladas (com prim ento, 2-4 |xm; Fig. 212.1) no hospedeiro vertebrado, incluindo hum anos. As prom astigotas são introduzidas pela probóscide do inseto fêmea na pele do hospedeiro vertebrado. Os neutrófilos predom inam entre as células hospedeiras que inicialm ente encontram e fagocitam as p ro m astigotas no local de entrada do parasita. Os neutrófilos infectados podem sofrer apoptose e liberar parasitas viáveis que são fagocitados p or m acrófagos, ou as próprias células apoptóticas p odem ser fagocitadas pelos m acrófagos e células dendríticas. Os parasitos se m ultiplicam com o am astigotas no interior dos m acrófagos, causan do ruptura da célula com invasão subsequente de outros macrófagos. Q uando se alim enta em hospedeiros infectados, os insetos captam as am astigotas que se transform am na form a flagelada no seu intes tino m édio posterior e se m ultiplica po r fissão binária; em seguida, as prom astigotas m igram para o intestino m édio anterior e poderão infectar um novo hospedeiro quando os insetos realizarem novo repasto sanguíneo.
tica e zoonótica, respectivam ente. A índia e seu vizinho Nepal, Ban gladesh, Sudão e Brasil são os quatro principais focos de leishmaniose visceral e representam 90% dos casos m undiais de LV, com a índia sendo o país mais afetado. A LV zoonótica é registrada em todos os países do O riente Médio, Paquistão e outros países da Ásia ocidental à China. Tam bém existem focos endêm icos em estados independen tes da antiga União Soviética, principalm ente Geórgia e Azerbaijão. O Chifre da África, Sudão, Etiópia, Quênia, Uganda e Somália apresen tam registros de LV. No Sudão, acredita-se que a m aior parte dos casos seja antroponótica, em bora tam bém ocorra transm issão zoonótica. A LV é rara na África ocidental e subsaariana. A LV m editerrânea, um a doença endêm ica há m uito estabeleci da devida à L.infantum , possui um am plo reservatório canino e foi observada prim ariam ente em bebês antes do advento do HIV. Na Eu ropa m editerrânea, 70% dos casos de LV em adultos estão associados à infecção por HIV. A com binação é fatal devido ao im pacto sim ultâ neo das duas infecções sobre o sistem a im une. Os usuários de drogas IV apresentam m aior risco. O utras form as de im unossupressão (p. ex., aquela associada ao transplante de órgãos) tam bém causam pre disposição à LV. Nas Am éricas, a doença é causada pela L.infantum e é endêm ica desde o México até a A rgentina, porém 90% dos casos do Novo M undo são registrados no nordeste do Brasil.
Características clínicas No subcontinente indiano e no Chifre da África, indivíduos de todas as idades são afetados pela LV. N as áreas endêm icas das Am éricas e na bacia do M editerrâneo, os bebês e crianças im unocom petentes e os adultos im unodeficientes são especialm ente afetados. A apre sentação m ais com um da LV é um aparecim ento abrupto de febre m oderada a alta associada ao rigor e a calafrios. A febre pode con tinuar por várias sem anas com intensidade decrescente e o paciente poderá ficar afebril p or u m curto período antes de um novo episódio de febre. O baço p oderá estar palpável p o r volta da segunda sema-
1709
QUADRO 212.1
Distribuição geográfica e epidemiologia característica das leishmanioses Síndrome clínica
Espécies
Vetor
Reservatório
Transmissão
Hábitat
Ásia do Sul
LV, LDPK
Ldonovani
Phlebotomus argentipes
Humanos
Antroponótica
Rural, doméstico
Sudão, Somália, Etiópia, Quênia, Uganda
LV, LDPK
Ldonovani
Porientalis, P.martini
Humanos, roedores no Sudão, caninos
Antroponótica, ocasionalmente zoonótica
Maioria peridoméstico, ocasionalmente silvático
Bacia do Mediterrâneo, Oriente Médio, Ásia Central, China
LV, LC
L.infantum
Pperniciosus, Pariasi
Cães, raposas, jacáis
Zoonótica
Doméstico, peridoméstico
Oriente Médio, Arábia Saudita, lêmen
LV
Ldonovani
Pperniciosus. Pariasi
Cães, raposas, jacáis
Zoonótica
Doméstico, peridoméstico
América Central e do Sul
LV, LC
L.infantum
Lutzomyia longipalpis
Raposas, cães, gambás
Zoonótica
Doméstico, peridoméstico, periurbano
Azerbajão, Armênia, Geórgia, Kazaquistão, Kirgistão, Tajiquistão, Trukmenistão, Usbequistão
LV
L.infantum
P.turanicus
Humanos, cães, raposas
Antroponótica, zoonótica
Doméstico
LC, leishmaniasis recidivans
L.tropica
Psergenti
Humanos
Antroponótica
Doméstico urbano, peridoméstico
Ásia Oriental e Central, África do norte e Subsaariana
LC
L.major
P.papatasi, P.duboscqi
Ratos do Nilo, roedores
Zoonótica
Silvático, peridoméstico
Kazaquistão, Turkmenistão e Usbequistão
LC
L.major
P.papatasi, P.duboscqi
gerbos
Zoonótica
Rural
LC, LCD
L.aethiopica
P.longipes, P.pedifer
“ hyraxes”
Zoonótica
Silvático, peridoméstico
Peru, Equador
LC, LM
L. (V.) peruviana
Lutzomyia verrucarum, L.peruensis
Roedores selvagens
Zoonótica
Vales Andinos
Guiana. Surinami, Guiana Francesa, Equador, Brasil, Colômbia, Bolívia
LC, LM
L. (V.) guyanensis
L.umbratilis
Preguiças, tamanduás, gambás
Zoonótica
Florestas Tropicais
América Central, Equador, Colômbia
LC, LM
L.(V.) panamensis
L.trapidoi
Preguiças
Zoonótica
Floresta tropical e áreas desmatadas
América do Sul e Central
LC, LM
L.(V.) braziliensis
Lutzomyia spp., L.umbratilis, Psychodopygus wellcomei
Roedores selvagens, animais peri-domésticos
Zoonótica
Floresta tropical e áreas desmatadas
LC, LM, LCD
L.amazonensis
L.flaviscutellata
Roedores selvagens
Zoonótica
Floresta tropical e áreas desmatadas
LC, LM, LCD
L.mexicana
L.olmeca
Variedade de roedores selvagens e marsupiais
LC, LCD
Lpifanoi
L.olmeca
Variedade de roedores selvagens e marsupiais
Organismo, região endêmica
Complexo Ldonovani
L.tropica índia Oriental a turquia, partes da África do norte e Leste
L.major
L.aethiopica Etiópia, Uganda e Quênia
Subespécies Viannia
Doenças Infecciosas
Complexo L.mexicana América Central e partes do nordeste da América do Sul
Floresta tropical e áreas desmatadas
Nota: LC, leishmaniose cutânea; LCD, leishmaniose cutânea difusa; LM, leishmaniose mucosa; LDPK, leishmaniose dérmica pós-kala-azar; LV, leishmaniose visceral.
1710
w
A leucopenia e a anem ia ocorrem precocem ente e são seguidas pela trom bocitopenia. O bserva-se um a m arcante elevação policlonal das im unoglobulinas séricas. Os níveis séricos de am inotransferases estão elevados em um a proporção significativa de pacientes e os n í veis de bilirrubina sérica se encontram ocasionalm ente aum entados. A disfunção renal é rara.
N úcleo C inetoplasto
Figura 212.1 Um macrófago com numerosas amastigotas intracelula res (2-4 |xm) em um esfregaço esplênico corado por Giemsa de um paciente com leishmaniose visceral. Cada amastigota contém um núcleo e um cinetoplasto ca racterístico, consistindo de múltiplas cópias de DNA mitocondrial. Poucos parasitos extracelulares também estão visíveis.
na da doença e, dependendo de sua duração, p oderá ficar bastante aum entado (Fig. 212.3). A hepatom egalia (geralm ente de grau m o derado) aparece em seguida. A linfadenopatia é com um n a m aioria das regiões endêm icas do m u n d o exceto no subcontinente indiano, onde é rara. Os pacientes perdem peso e se sentem fracos e a pele desenvolve gradualm ente m anchas escuras devidas à h iperpigm en tação, m ais facilm ente observadas em indivíduos de pele m orena. Na doença avançada, a hipoalbum inem ia pode se m anifestar com o edem a pedal e ascite. A anem ia aparece precocem ente e pode se to r nar severa o suficiente para levar à insuficiência cardíaca congestiva. Epistase, hem orragias da retina e sangram ento gastrintestinal estão associados à trom bocitopenia. Infecções secundárias com o saram po, pneum onia, tuberculose, disenteria bacilar ou am ebóide e gastren terite são eventos com uns. H erpes-zóster, varíola, bolhas na pele e sarna tam bém podem ocorrer. Q uando não tratada, a doença é fatal para a m aioria dos pacientes, incluindo 100% daqueles tam bém in fectados pelo HIV.
Diagnóstico laboratorial A dem onstração de amastigotas em esfregaços de aspirados de tecido é o padrão ouro para o diagnóstico da LV (Fig. 212.1). A sensibilidade dos esfregaços esplênicos é > 95%, enquanto os esfregaços de aspi rados de m edula óssea (60-85%) e de linfonodos (50%) são m enos sensíveis. A cultura de aspirados de tecido aum enta a sensibilidade. A aspiração esplênica é invasiva e pode ser perigosa em m ãos inex perientes. Algumas técnicas sorológicas são atualm ente usadas para detectar anticorpos contra Leishmania. Um ensaio de im unoadsorção enzim ática (ELISA) e o teste com anticorpo por im unofluorescência indireta (IFAT) são feitos em laboratórios sofisticados. Entretanto, no campo, usa-se em todo o m undo um rápido teste im unocrom atográfico baseado na detecção de um antígeno recom binante (rK39) por an ticorpos, antígeno este que consiste em um a seqüência conservada de 39 am inoácidos da região cinesina da L.infantum. O teste requer ape nas um a gota de sangue do dedo ou de soro e o resultado pode ser lido em 15 m inutos. Exceto no leste da África (onde tanto a sensibilidade quanto a sua especificidade são baixas), a sensibilidade do teste rápido diagnóstico de rK39 em indivíduos im unocom petentes é =98% com especificidade de 90%. A detecção qualitativa de ácido nucleico leishm aniótico por reação em cadeia da polim erase (PCR) e a detecção quantitativa por PCR em tem po real (real time PCR) estão confinadas a laboratórios especializados e ainda precisarão ser usadas no diag nóstico rotineiro da VL nas áreas endêm icas. O PCR pode distinguir entre as principais espécies de Leishmania que infectam hum anos.
Diagnóstico diferencial A LV é facilm ente confundida com a m alária. O utras doenças febris que se parecem com LV incluem febre tifoide, tuberculose, b ru c e lose, esquistossom ose e histoplasm ose. A esplenom egalia devida à hipertensão portal, leucem ia m ieloide crônica, síndrom e de espleno m egalia tropical e (na África) a esquistossom ose tam bém podem ser confundidas com a LV. A ocorrência de febre com n eutropenia ou pancitopenia em pacientes de um a região endêm ica sugere um diag nóstico de LV; a hipergam aglobulinem ia em pacientes com doença crônica reforça o diagnóstico. Em países não endêm icos, é essencial
Leishmaniose
( 9 g Leishm aniose visceral
Figura 212.2
|
-| Leishm aniose cutânea
^
LC e LV
Distribuição mundial da leishmaniose humana.
1711 _L
(85 m g de Sb7m L ). A dose diária é de 20 m g/kg p o r infusão IV rápida o u injeção IM e a terapia c o n tin u a p o r 28 a 30 dias. As taxas de cu ra excedem 90% n a Á frica, nas A m éricas e na m aior parte do Velho M undo, po rém são < 50% em Bihar, índia, com o resultado da resistência. Reações adversas ao tratam e n to com Sbv são com uns e incluem artralgia, m ialgia e níveis séricos elevados de am inotransferases. A lterações eletrocardiográficas são com uns. A elevação côncava do segm ento ST não é signi ficativa, p o rém um p rolongam ento de Q T Cp a ra > 0,5 segundos p o d erá levar à arritm ia ven tricu lar e m o rte súbita. A p a n cre ati te quím ica é com um , po rém em geral não req u er a in terru p ção do tratam ento; a pancreatite clínica severa ocorre em pacientes im unossuprim idos.
ANFOTERICINA B
Figura 212.3
Um paciente com leishm aniose visceral apresentando um baço extremamente alargado, visível através da superfície do abdome. A esplenome galia é a característica mais importante da leishmaniose visceral.
TRATAMENTO
Leishmaniose visceral
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Doenças Infecciosas
A anem ia severa deverá ser corrigida p or transfusão sanguínea e outras condições de co-m orbidade de verão ser tratadas im ediatam ente. O tratam ento da LV é com ple xo, pois o m elhor rem édio, dosagem e duração variam com a re gião endêm ica. Apesar de com pletar o tratam ento recom endado, alguns pacientes experim entam recorrência (na m aioria das vezes em 6 m eses) e recom enda-se um acom panham ento prolongado. Um antim onial pentavalente é o tratam ento de escolha na m aior parte das regiões endêm icas do m undo, porém existe um a am pla resistência ao antim ônio no estado indiano de Nihar, onde é p re ferido o desoxicolato de anfotericina B (AmB) ou a m iltefosina. As doses necessárias de AmB são m enores na ín d ia do que nas Am éricas, África ou região do M editerrâneo. Nos países m editer râneos, onde o custo raram ente representa um problem a, a AmB lipossom al é o fárm aco de escolha. Em pacientes im unocom pententes, as recorrências são raras após o uso da AmB, com o deso xicolato e nas suas form ulações lipídicas. A terapia leishm anicida vem evoluindo recentem ente, conform e novos fárm acos e siste m as de liberação se tornaram disponíveis e surgiu a resistência aos com postos antim oniais. Com exceção da AmB (desoxicolato e form ulações lipídicas), os fárm acos leishm anicidas estão disponíveis nos Estados U nidos apenas nos Centers fo r Disease Control and Prevention.
COMPOSTOS ANTIMONIAIS PENTAVALENTES
D uas prep araçõ es antim oniais pentavalentes (Sbv) estão disponíveis: estibogluconato de sódio (100 m g de Sb7m L) e an tim o n ato de m eglum ina
1712
A AmB é n o rm alm en te usada com o fárm aco de p rim eira linha em Bihar. Em outras partes do m undo, é usado quando o tratam ento antim onial inicial falha. O desoxicolato de AmB convencional é a d m in istrad o em doses de 0,75 a 1,0 m g/ kg em dias alternados em u m total de 15 infusões. A ocorrência de febre com calafrios é u m a reação adversa quase universal às infusões de AmB. N áuseas e vôm itos tam b ém são com uns, as sim com o a trom boflebite nas veias infundidas. As toxicidades agudas p odem ser m inim izadas pela a d m inistração de anti-histam inas com o a clorfeniram ina e agentes anti-piréticos, com o o acetam inofeno antes de cada infusão. A AmB pode causar dis função renal e h ipopotassem ia e, em raros casos, ativar reações de hipersensibilidade, supressão da m edula óssea e m iocardite, situações essas fatais. As diversas form ulações lipídicas de AmB desenvolvidas para substituir a fórm ula do desoxicolato são preferencialm ente absor vidas pelos tecidos retículo-endoteliais. C om o resta m uito p o u co fárm aco livre disponível para causar toxicidade, um a grande quantidade pode ser liberada durante um c urto período. A AmB lipossom al tem sido extensam ente usada para tratar LV em todas as partes do m undo. C om um a tVi term inal de =150 horas, a AmB lipossom al pode ser detectada no fígado e baço de anim ais por várias sem anas após um a única dose. Este é o único fárm aco apro vado pelo FDA nos EUA para o tratam ento da LV; o regim e é de 3 m g/kg diárias nos dias 1-5, 14 e 21 (dose total, 21 m g/kg). E n tretanto, a dose total necessária para diferentes regiões do m undo varia am plam ente. Na Ásia, é de 10 a 15 m g/kg; na África, =18 m g/kg; e nas regiões m editerrâneas/am ericanas, não m enos que 20 mg/kg. A dose diária é flexível (1-10 m g/kg). Em um estudo na índia, um a única dose de 10 m g/kg curou a infecção em 96% dos pacientes. Efeitos adversos da AmB lipossom al são norm alm ente brandos e incluem reações à infusão, d or nas costas e nefrotoxici dade reversível ocasional.
PAR0M0MICINA A parom om icina (am inosidina) é um an tibió tico am inociclitol-am inoglicosídio com atividade leishm anicida. O seu m ecanism o de ação contra a Leishmania ainda não foi es tabelecido. A parom om icina está aprovada na ín d ia para o trata m ento da LV em um a dose IM de 11 m g de base/kg diariam ente p or 21 dias; esse regim e leva a um a taxa de cura de 95%. E ntretan to, a dose ótim a não foi estabelecida em outras regiões endêm i cas. A parom om icina é um fárm aco relativam ente seguro, porém alguns pacientes desenvolvem hepatotoxicidade, ototoxicidade reversível e (em raros casos) nefrotoxicidade e tetania. MILTEFOSINA A m iltefosina, um a alcilfosfocolina, é o prim eiro com posto oral aprovado para o tratam ento da leishm aniose. Esse fárm aco possui um a tVi longa (150-200 h); o seu m ecanism o de ação não está claram ente entendido. Os regim es terapêuticos re com endados para pacientes no subcontinente indiano são um a dose diária de 50 m g p or 28 dias p ara pacientes com peso < 25 kg, duas doses diárias de 50 m g p o r 28 dias para pacientes > 25 kg e 2,5 m g/kg p or 28 dias para crianças de 2 a 11 anos de idade. Esses regim es levam a um a taxa de cura de 94% na índia. Em o u
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tras regiões, as doses ainda não foram estabelecidas. Devido à sua tVi longa, a m iltefosina tende a induzir resistência na Leishmania. Seus efeitos adversos incluem vôm ito e diarréia branda a m o d e rada em 40% e 20% dos pacientes, respectivam ente; essas reações em geral som em espontaneam ente após alguns dias. Raros casos de derm atite alérgica severa, hepatotoxicidade e nefrotoxicidade foram registrados. C om o a m iltefosina é cara e está associada a efeitos adversos significativos, é m elhor adm inistrada com o tera pia diretam ente acom panhada, para assegurar que se com plete o tratam ento e m inim izar o risco de indução de resistência. C om o a m iltefosina é teratogênica em ratos, o seu uso é contraindicado na gravidez e (a m enos que as m edidas contraceptivas sejam estrita m ente tom adas p o r pelo m enos três meses após o tratam ento) em m ulheres em idade fértil.
QUADRO 212.2 Características clínicas, epidemiológicas e terapêuticas da leishmaniose dérmica pós-kala-azar: leste da áfrica e subcontinente indiano
TRATAMENTO COM MULTI-FÁRMACOS O tratam en to com m ulti-fárm acos para a leishm aniose provavelm ente será o preferido no futuro. Suas vantagens potenciais na LV incluem (1) m elhor acei tação e m enores custos associados a períodos mais curtos de tra tam ento e redução da hospitalização, (2) m enor toxicidade devida às doses inferiores do fárm aco e/ou m en o r duração do tratam en to, e (3) um a probabilidade reduzida para o desenvolvim ento de resistência a qualquer um dos fárm acos. Ensaios de tratam entos com m ulti-fárm acos estão em andam ento na Ásia e África.
PROGNÓSTICO DE PACIENTES COM LV TRATADOS A recuperação da LV é rápida. Em um a sem ana após o início do tratam ento, a defervescência, a regressão da esplenom egalia, ganho de peso e a recuperação dos p arâm etros hem atológicos são evidentes. C om a eficácia do tratam ento, não são observados parasitos nos aspi rados teciduais na avaliação pós-tratam ento. A continuação da m elhora clínica p or 6 a 12 meses é sugestiva de cura. U m a p eq u e na porcentagem de pacientes (com o n úm ero exato d ependendo do regim e utilizado) apresenta recorrência, p orém respondem bem ao tratam ento com desoxicolato e form ulações lipossom ais de AmB. LV NO HOSPEDEIRO IMUNOCOMPROMETIDO
A coinfecção H IV / LV tem sido observada em 35 países. A LV se com porta com o um a infecção oportunística nos pacientes infectados p o r HIV1, onde am bas as infecções são endêm icas. A infecção p o r H IV pode au m entar o risco de se desenvolver LV em sete vezes nas áreas endêm icas. Pacientes co-infectados geralm ente apresentam os sinais clássicos da LV, porém podem se apresentar com carac terísticas atípicas devido à p erda de im unidade e envolvim ento de locais anatôm icos incom uns, com o p o r exem plo, infiltração da pele, m ucosa oral, trato gastrintestinal, pulm ões e outros ó r gãos. Os testes soro-diagnósticos são norm alm ente negativos. Os parasitos podem ser recuperados a p a rtir de sítios raros com o o lavado bronco-alveolar e um edem a na pele. A AmB lipossom al é o fárm aco de escolha para a co-infecção HIV/LV - tanto para o tratam ento inicial quanto para as recaídas. U m a dose total de 40 m g/kg, adm inistrada com o 4 m g/kg nos dias 1-5, 10, 17, 24, 31 e 38 é considerada ótim a e é aprovada pelo FDA, porém a m aioria dos pacientes recorre em um ano. Os antim oniais pentavalentes e o desoxicolato de AmB tam bém p odem ser usados quando a AmB lipossom al não está disponível. A reconstituição da im u n i dade dos pacientes p o r terapia anti-retroviral tem levado a um dram ático declínio na incidência de coinfecção na bacia do M edi terrâneo. Em contraste, a coinfecção HIV/LV está em ascendência nos países africanos e asiáticos. A E tiópia é o m ais afetado: até 30% dos pacientes com LV tam bém estão infectados pelo HIV. C om o a restauração da contagem de células T CD 4+ para um n í vel > 200/ (jlL reduz a frequência da recaída, a terapia anti-retrovi ral (além da terapia leishm anicida) é um passo fundam ental para o controle da coinfecção HIV/LV. A profilaxia secundária com AmB lipossom al tem retardado as recorrências, m as nenhum re gime foi estabelecido com o ótimo.
Característica
Leste da África
Subcontinente Indiano
País mais afetado
Sudão
Bangladesh
Incidência entre pacientes com LV
-50%
=2%
Intervalo entre LV e LDPK
Durante LV até 6 meses
6 meses-3 anos
Faixa etária
Principalmente crianças
Qualquer idade
História de LV anterior
Sim
Não necessariamente
Erupções de LDPK na presença de LV ativa
Sim
Não
Tratamento com estibogluconato de sódio
2-3 meses
2-4 meses
Curso natural
Cura espontânea na maioria dos pacientes
Cura espontânea não registrada
Atote;LDPK, leishmaniose dérmica pós-kala-azar; LV, leishmaniose visceral.
apurar um cuidadoso histórico sobre viagens quando qualquer p a ciente se apresentar com febre.
■ LEISHMANIOSE DÉRMICA PÓS-KALA-AZAR No continente indiano e no Sudão e outros países do leste da África, 2 a 50% dos pacientes desenvolvem lesões cutâneas concorrentes com ou após a cura da LV. As m ais com uns são as m áculas hipopigm entadas, pápulas e/ou nódulos ou infiltração difusa da pele e, algum as vezes, da m ucosa oral. As doenças africanas e indianas diferem entre si em diversos aspectos; características im portantes da leishm aniose dérm ica pós-kala-azar (LDPK) nestas duas regiões estão listadas no Q u a d ro 212.2 e a doença em u m paciente indiano está m ostrada na Figura 212.4. Na LDPK, os parasitos são raros nas m áculas hipopigm entadas, porém podem ser encontrados e cultivados m ais facilm ente a partir de lesões nodulares. Os infiltrados são m ais densos em nódulos do que em m áculas. Os linfócitos são as células dom inantes, seguidos pelos histiócitos e plasm ócitos. Em aproxim adam ente m etade dos ca sos, são encontradas células epitelioides espalhadas individualm ente ou form ando granulom as com pactos. O diagnóstico é baseado na história e nos achados clínicos, porém o rK39 e outros testes soroló gicos são positivos na m aioria dos casos. A LDPK indiana é tratada com antim oniais pentavalentes p or 60 a 120 dias. Esse curso prolon gado frequentem ente leva à intolerância. A alternativa - vários c u r sos de AmB distribuídos p o r vários meses - é cara e inaceitável para a m aioria dos pacientes. N o leste da África, a m a io f parte dos pacientes experim enta a cura espontânea. N aqueles com lesões persistentes, a resposta a um tratam ento de 60 dias antim onial pentavalente é boa.
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■ LEISHMANIOSE CUTÂNEA A LC pode ser am plam ente dividida em form as do Velho M undo e do Novo M undo. A LC do Velho M undo causada pela L.tropica é an troponótica e está confinada às áreas urbanas ou suburbanas em toda a sua expansão. A LC zoonótica é m ais com um ente transm itida pela L.major, que naturalm ente parasita diversas espécies de roedores do deserto que atuam com o reservatórios p o r am plas áreas do O rie n te Médio, África e Ásia central e do Sul. Im portantes surtos afetam atualm ente o Afeganistão e o Paquistão, em associação com refúgios e m ovim entos populacionais. A LC é cada vez m ais observada em turistas e m ilitares em m issão em regiões endêm icas de países como o Afeganistão e o Iraque e com o um a coinfecção em pacientes infec tados p or HIV. L.ethiopica é restrita às m ontanhas da Etiópia, Quênia e Uganda, onde é um parasita natural dos “hyraxes”. A LC do Novo
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Figura 212.5 Leishmaniose cutânea em criança boliviana. Há úlceras múl tiplas resultantes de várias mordidas de mosquito-pólvora. As bordas das úlceras estão elevadas. (Cortesia de P. Desjeux.) )
Figura 212.4 Leishmaniose dérmica pós-Kala-azar em paciente india no. Note os nódulos de tamanhos variados envolvendo toda a face. A face é erite matosa, e a superfície de alguns dos nódulos maiores é descolorida.
Dnpnoas Infecciosas
M undo é principalm ente zoonótica e m ais frequentem ente causada pela L.mexicana, L. (V.) panam ensis e L.amazonensis. Uma grande variedade de anim ais selvagens atuam com o reservatórios e as in fecções destas espécies em hum anos são predom inantem ente rurais. C om o resultado de um a extensa urbanização e desm atam ento, a L. (V.) braziliensis se adaptou aos anim ais peri-dom ésticos e urbanos e a LC devida a este organism o está se torn an d o cada vez m ais um a doença urbana. Nos Estados Unidos, poucos casos de LC foram a d quiridos a partir de indígenas no Texas.
Imunopatogênese Com o na LV, a resposta pró-inflam atória da (T H1) na LC p ode resul tar de infecção assintom ática ou subclínica. E ntretanto, em alguns indivíduos, a resposta im une causa lesões cutâneas ulcerativas, a m aioria das quais se curará espontaneam ente, deixando u m a cicatriz. A cura é norm alm ente seguida pela aquisição de im unidade contra novas infecções pela m esm a espécie de parasito.
Características clínicas Alguns dias ou sem anas após a picada do inseto desenvolve-se um a pápula que se transform a em um nódulo e irá ulcerar em algum as sem anas ou meses. A base da úlcera, geralm ente indolor, consiste em tecido necrótico e soro endurecido, porém algum as vezes ocorrem infecções bacterianas secundárias. As m argens da úlcera são elevadas e endurecidas. As lesões podem ser únicas ou m últiplas e variam em tam anho de 0,5 a > 3 cm (Fig. 212.5). A dissem inação linfática e o envolvim ento do linfonodo pode ser palpável e preceder o apareci m ento de lesão cutânea. Lesões satélite poderão ser observadas, espe cialm ente nas infecções por L.major e L.tropica. As lesões costum am se curar espontaneam ente após 2 a 15 m eses. As lesões devidas à L.major e L.mexicana tendem a curar rapidam ente, enquanto aquelas devidas à L.tropica e aos parasitos de subespécies Viannia apresentam
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cura m ais lenta. Na LC causada po r L.tropica, novas lesões - geral m ente pápulas e nódulos escam osos e eritem atosos - se desenvolvem no centro ou na periferia de um a ferida curada, um a condição co nhecida com o leishmaniasis recidivans. Lesões de L.mexicana e de L. (V.) peruviana lem bram m uito aquelas observadas no Velho M undo; entretanto, lesões no pavilhão da orelha são com uns, crônicas e des trutivas nas infecções prim árias. L.mexicana é responsável pela úlcera dos seringueiros, a cham ada lesão autocurável do México. As lesões de LC em partes expostas do corpo (p. ex., face e m ãos), a form ação de cicatrizes perm anentes e o estigm a social podem causar ansiedade e depressão e afetar a qualidade de vida de pacientes com LC.
Diagnóstico diferencial Um a história típica (um a picada de inseto seguida pelos eventos que levam à ulceração) n arrada p o r u m residente ou p o r um viajante de um foco endêm ico sugere fortem ente o diagnóstico de LC. Tubercu lose cutânea, infecções fúngicas, lepra, sarcoidose e úlceras m alignas podem algumas vezes se confundir com a LC.
Diagnóstico laboratorial A dem onstração de am astigotas no m aterial obtido de um a lesão p er m anece com o o diagnóstico padrão ouro. O exam e m icroscópico de esfregaços de pele rachada, aspirados ou biópsias da lesão é usado para a detecção dos parasitos. A cultura de esfregaço ou m aterial de biópsia poderá evidenciar a Leishmania. O PCR é m ais sensível do que a m icroscopia e a cultura e p erm ite a identificação da Leishm a nia em nível de espécie. Essa inform ação é im portante em decisões a respeito da terapia, já que as respostas ao tratam ento podem variar com as espécies. O perfil de isoenzim as é usado p ara determ inar as espécies para fins de pesquisa.
TRATAMENTO
Leishmaniose cutânea
E m bora as lesões se curem espontaneam ente na m aioria dos ca sos, a sua dissem inação ou persistência indica que o tratam ento pode ser necessário. Um a ou poucas lesões pequenas causadas p or “espécies auto-curáveis” p odem ser tratadas com agentes tópi cos. O tratam ento sistêmico é necessário para lesões na face, mãos ou articulações, lesões m últiplas, grandes úlceras, dissem inação linfática, LC do Novo M undo com potencial para o desenvolvi m ento de LM e LC em pacientes coinfectados com HIV. Um antim onial pentavalente é o fárm aco de prim eira linha para todas as form as de LC e é usado em um a dose de 20 m g/ kg p or 20 dias, com o para LV. As exceções a esta regra são as LC
causadas p o r L. (V.) guyanensis, para a qual o isetionato de pentam idina é o fárm aco de escolha (duas injeções de 4 m g de sal/ kg separadas por um intervalo de 48 horas) e a LC causada pela L. aethiopica, que responde à parom om icina (16 m g/kg diárias), porém não aos antim oniais. As recaídas geralm ente respondem a um segundo curso de tratam ento. No Peru, im iquim od tópico (5 a 7,5%) associado aos antim oniais parenterais curaram a LC m ais rapidam ente do que quando estes últim os foram usados isolada mente. Azóis e triazóis foram usados e obtiveram respostas m istas na LC do Velho e do Novo M undo, porém não foram adequada m ente avaliados para esta indicação em ensaios clínicos. Na infec ção p or L.major, o fluconazo oral (200 m g/dia p or seis sem anas) resultou em um a taxa m ais elevada de cura do que o grupo que recebeu placebo (79% vs. 34%) e tam bém curou a infecção mais rapidam ente. Efeitos adversos incluem sintom as gastrintestinais e hepatotoxicidade. O cetoconazol (600 m g/dia p or 28 dias) é 7690% eficaz na LC causada pela L. (V.) panam ensis e L.mexicana no Panam á e G uatem ala. A m iltefosina tem sido usada para LC em doses de 2,5 m g/kg p or 28 dias. Esse agente é eficaz contra as infecções p or L.major. Na colôm bia, onde a LC é causada pela L. (V.) panamensis, a m iltefosina tam bém foi eficaz, com um a taxa de cura de 91%. Entretanto, para as infecções p or L. (V.) braziliensis, os resultados com m iltefosina são m enos consistentes. O utros fárm acos, com o a dapsona, alopurinol, rifam pina, azitrom icina e pentoxifilina, têm sido usados isoladam ente ou associados, porém a m aioria dos estudos relevantes apresentou lim itações de estraté gia que im pediram as conclusões significativas. Pequenas lesões (< 3 cm de diâm etro) podem conveniente m ente ser tratadas sem analm ente até que se curem com um a in jeção intralesional de um antim onial pentavalente em um a dose adequada p ara clarear a lesão (0,2-2,9 mL). Um unguento con ten do 15% de sulfato de parom om icina m ais 12% de cloreto de m etilbenzônio cura 70% das lesões causadas por L.m ajor em 20 dias e pode ser adequado para lesões causadas po r outras espécies. A terapia pelo calor, com um gerador de rádio-frequência aprovado pelo FDA e a crioterapia com nitrogênio líquido tam bém têm sido usadas com sucesso.
■ LEISHMANIOSE MUCOSA O subgênero Viannia está d issem inado desde a bacia am azônica até o Paraguai e Costa Rica e é responsável p o r lesões profundas e pela LM (Q u a d ro 212.1). Nas infecções p o r L. (V.) braziliensis, as lesões cutâneas podem ser sim ultaneam ente acom panhadas pela dis sem inação m ucosa da doença ou seguidas pela dissem inação anos mais tarde. A LM é causada pela L. (V.) braziliensis e raram ente pela L.amazonensis, L. (V.) guyanensis e L. (V.) panamensis. H om ens jo vens com lesões crônicas de LC encontram -se em situação particular de risco. No total, =3% de indivíduos infectados desenvolvem LM. Nem todo o paciente com LM tem um a história anterior de LC. A LM é quase totalm ente confinada às Am éricas. Em raros casos, a LM tam bém poderá ser causada p o r espécies do Velho M undo, com o L.major, L.infantum e L.donovani.
Imunopatogênese e características clínicas A resposta im une é polarizada em direção à resposta T H1, com a u m entos m arcantes de IFN -y e T N F -a e níveis variáveis de citocinas T h2 (IL-10 e TGF-|3). Pacientes apresentam um a resposta de DTH mais forte na LM do que na LC e suas células m ononucleares do san gue periférico respondem fortem ente aos antígenos de leishm ania. Os parasitos se espalham pelos linfáticos ou pela corrente sanguínea para os tecidos m ucosos do trato respiratório superior. A inflam a ção intensa leva à destruição e ocorre a incapacidade severa. Lesões no interior ou em torno do nariz ou boca (espúndia; Fig. 212.6) são a apresentação típica da LM. Pacientes geralm ente fornecem um a história de LC autocurável 1-5 anos antes da LM. Em geral, a LM apresenta intum escim ento e sangram ento nasal, seguidos pela des truição da cartilagem nasal, perfuração do septo nasal e colapso da
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Leishmaniose cutânea difusa (LCD) A LCD é um a form a rara de leishm aniose causada pela L.amazonensis e L.mexicana na A m érica do Sul e C entral e pela L.aethiopica na Eti ópia e Q uênia. A LCD é caracterizada pela falta de um a resposta im une celular aos parasitos, efetivando, portanto, a sua m ultiplica ção descontrolada. A resposta de D TH é negativa e os linfócitos não respondem aos antígenos leishm anióticos in vitro. Os pacientes com LCD apresentam um a resposta im une p olarizada com altos níveis de citocinas im unossupressoras, incluindo IL-10, fator de crescim ento transform ador (TGF)-(3 e IL-4 e baixas concentrações de IFN -y. A profunda im unossupressão leva à dissem inação da doença cutânea. As lesões podem estar inicialm ente confinadas à face ou a um m em bro, porém se espalham em meses ou anos para outras áreas da pele. Podem ser sim étricas ou assim etricam ente distribuídas e incluem pápulas, nódulos, placas e áreas de infiltração difusa. Estas lesões não ulceram . A pele de base é geralm ente eritem atosa em pacientes de pele clara. As lesões estão repletas de parasitos, que são, portanto fá ceis de serem obtidos. A LCD não cura espontaneam ente e é difícil de ser tratada. Para que a recaída e a resistência ao fárm aco sejam im pedidas, o tratam ento deverá ser m antido p or algum tem po após a cura das lesões, quando os parasitos não puderem m ais ser isolados. No Novo M undo, são adm inistrados cursos de 20 dias de a n tim o niais pentavalentes, com um período interm ediário livre do fárm aco de 10 dias. A m iltefosina tem sido usada p or vários meses com um a boa resposta inicial. As com binações devem ser experim entadas. Na Etiópia, foi eficaz um a com binação de parom om icina (14 m g/kg p or dia) e estibogluconato de sódio (10 m g/kg p o r dia).
Figura 212.6 Leishm aniose mucosa em um paciente brasileiro. Ocorre infla mação extensa em torno do nariz e boca, destruição da mucosa nasal, ulceração do lábio superior e nariz e destruição do septo nasal. (Cortesia de R. Dietz.)
ponte nasal. O envolvim ento subsequente da faringe e laringe leva à dificuldade na deglutição e fonação. Os lábios, bochechas e o palato m ole tam bém podem ser afetados. A infecção bacteriana secundária é com um e a pneum onia po r aspiração pode ser fatal. Apesar do alto grau de im unidade T H1 e da forte resposta de DHT, a LM não se cura espontaneam ente.
Diagnóstico laboratorial A biópsia tecidual é essencial para a identificação dos parasitos, p o rém a taxa de detecção é ruim , a m enos que sejam usadas técnicas de PCR. A resposta de D TH fortem ente positiva im pede a distinção entre a infecção passada e presente.
■ PREVENÇÃO DALEISHMANIOSE N enhum a vacina está disponível para qualquer form a de leishm a niose. A inoculação com L.major v iva (“leishm anização”) é praticada no Irã. A leishm aniose antroponótica é controlada pelo diagnóstico do caso, tratam ento e controle do vetor, com m osquiteiros e cortinas im pregnados de inseticida e spray de inseticida residual. O controle da leishm aniose zoonótica é m ais difícil. O uso de coleira para ca chorros im pregnada de inseticida, o tratam ento de cães dom ésticos infectados e o isolam ento de cães de ru a são m edidas que têm sido usadas com certa eficácia para im pedir a transm issão de L.infantum. A profilaxia pessoal com m osquiteiros e repelentes podem reduzir o risco de infecções de LC no Novo M undo.
BIBLIOGRAFIA TRATAMENTO
Leishmaniose mucosa
O regime de escolha é um antim onial pentavalente adm inistrado em um a dose de 20 m g de Sbv/kg durante 30 dias. Pacientes com LM necessitam de longo acom panham ento com repetidos exames de orofaringe e nariz. No caso de falha da terapia ou recorrência, os pacientes podem receber outro curso de um antim onial, porém se tornam não respondedores, provavelmente devido à resistência do parasito. Nessa situação, a AmB deve ser usada. Uma dose total de desoxicolato de AmB de 25 a 45 m g/kg é adequada. N ão exis tem ensaios controlados de AmB lipossom al, porém a ad m in is tração de 2 a 3 m g/kg durante 20 dias é considerada apropriada. Q uanto mais extensa for a doença, pior será o prognóstico; p o r tanto, um tratam ento im ediato e eficaz e um acom panham ento regular são essenciais.
CAPÍ T ULO
213
Doença de Chagas e. Tripanossomíase
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■ CICLO EVOLUTIVO E TRANSMISSÃO
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Louis V. Kirchhoff Anis Rassi, Jr.
Doenças Infecciosas
E m bora o gênero Trypanosoma abranja várias espécies de protozo ários, apenas o T. cruzi, T. brucei gambiense e T. brucei rhodesiense causam doenças em humanos. O T. cruzi é o agente etiológico da doença de Chagas nas Am éricas; T.b. gambiense & Tb. rhodesiense causam a tripanossom íase africana.
DOENÇA DE CHAGAS ■ DEFINIÇÃO A doença de Chagas, ou tripanossom íase am ericana, é um a zoonose causada pelo parasito protozoário T. cruzi. A doença de Chagas agu da é geralm ente um a doença febril leve que resulta da infecção inicial pelo m icrorganism o. Após a resolução espontânea da doença aguda, a m aioria dos indivíduos infectados perm anece pelo resto da vida na fase indeterm inada da doença de Chagas crônica, caracterizada p or parasitem ia inaparente, anticorpos contra o T. cruzi facilm ente detectáveis e ausência de sinais e sintom as associados. Em 10 a 30% dos pacientes com infecção crônica, surgem lesões cardíacas e gas trintestinais que podem resultar em m orbidade grave e até m esm o em m orte.
O T. cruzi é transm itido entre os hospedeiros m am íferos p or m eio de insetos triatom íneos hem atófagos, frequentem ente cham ados de reduviídeos ou barbeiros. Os insetos tornam -se infectados ao sugarem o sangue de anim ais ou indivíduos parasitêm icos. Os organism os ingeridos m ultiplicam -se no intestino dos triatom íneos, e as form as infecciosas são elim inadas com as fezes no m om ento em que o inseto alim enta-se de sangue novam ente. A transm issão para um segundo hospedeiro vertebrado ocorre quando fissuras na pele, nas m ucosas ou conjuntivas são contam inadas com as fezes do inseto contendo parasitos infecciosos. O T. cruzi tam bém é transm issível pela transfu são de sangue doado p or indivíduos contam inados, pelo transplante de órgãos, da m ãe para o feto, pela ingestão de com ida ou bebida contam inada e em acidentes laboratoriais.
■ PATOLOGIA A infecção inicial no local de entrada do parasita é caracterizada por alterações histológicas locais que incluem a presença de parasitos d entro de leucócitos e células do tecido subcutâneo e o desenvol vim ento de edem a intersticial, infiltração linfocitária e hiperplasia reativa de linfonodos adjacentes. Após a dissem inação dos m icrorga nism os pelos vasos linfáticos e pela circulação sanguínea, p rim aria m ente os m úsculos (incluindo o m iocárdio) (Fig. 213.1) e as células ganglionares podem tornar-se m aciçam ente parasitados. Os pseudocistos típicos presentes em cortes de tecidos infectados são agregados intracelulares de parasitos em m ultiplicação. Nos indivíduos com infecção crônica pelo T. cruzi que apresen tam m anifestações clínicas relacionadas, o coração é o órgão m ais com um ente acom etido. As alterações incluem o adelgaçam ento das paredes ventriculares, aum ento biventricular, aneurism as apicais e trom bos m urais. A infiltração linfocitária dissem inada, a fibrose in-
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Figura 213.1 Trypanosoma cruzi no músculo cardíaco de uma criança que morreu por causa de miocardite aguda. Um miócito infectado contendo várias dúzias de amastigotas de T. cruzi está no centro do campo (hematoxilina e eosina, ampliado 900x). tersticial difusa e a atrofia das células m iocárdicas com frequência são facilm ente visíveis, m as é difícil detectar os parasitos no tecido m iocárdico p or m étodos histológicos convencionais. As anorm alida des do sistem a de condução m uitas vezes acom etem o ram o direito e o ram o a nterior esquerdo do feixe de His. N a doença de Chagas crônica do trato gastrintestinal (MEGAS), o esôfago e o colo podem apresentar graus variáveis de dilatação. Ao exam e m icroscópico, observam -se lesões inflam atórias focais com infiltração linfocitária, e o núm ero de neurônios no plexo m ioentérico pode estar acentua dam ente reduzido. Evidências experim entais crescentes im plicam a persistência de parasitos e a inflam ação crônica associada - em vez de m ecanism os autoim unes - com o a origem da patologia em p a cientes com infecção crônica pelo T. cruzi.
em bancos de sangue e a orientação das populações de risco. Um grande program a, que teve início em 1991, nas nações do cone sul da A m érica do Sul (U ruguai, Paraguai, Bolívia, Brasil, C hile e A r gentina), forneceu a e stru tu ra p ara gran d e parte desse progresso. O U ruguai e o Chile foram declarados livres da transm issão pelas principais espécies de vetores dom iciliares (Triatoma infestans) no final da década de 1990, e o Brasil, em 2006. N a A rgentina, a tran s m issão tam bém d im in u iu bastante. Foram iniciados program as de controle sem elhantes em países do n o rte da A m érica do Sul e da A m érica C entral. A doença de Chagas aguda é rara nos EUA. Foram relatados cinco casos de transm issão autóctone e outros cinco p or transfusão sanguínea. Além disso, o T. cruzi foi tran sm itid o para cinco recep tores de órgãos a p artir de três doadores infectados, dois dos quais p or transplante cardíaco. A doença de Chagas aguda não foi descrita em turistas que retornaram da A m érica Latina para os EUA, em bora tenham sido relatados três casos desse tipo na Europa. Em contraste, a prevalência da infecção crônica pelo T. cruzi nos EUA aum entou consideravelm ente nos últim os anos. Existe um a estim ativa de que 23 m ilhões de im igrantes de países onde a doença de Chagas é endêm ica vivem atualm ente nos EUA, dos quais =17 m ilhões são mexicanos. A estim ativa do núm ero total de pessoas infectadas pelo T. cruzi que vi vem nos EUA é de 300.000. A triagem para detectar a presença de T. cruzi no sangue de doadores nos EUA com eçou em janeiro de 2007. A prevalência total de infecção p o r T.cruzi entre os doadores é de aproxim adam ente 1 em cada 29.000 e, até hoje, mais de 1.200 doado res infectados foram identificados e afastados perm anentem ente (ver “Diagnóstico”, adiante).
■ EVOLUÇÃO CLÍNICA
Os prim eiros sinais da doença de Chagas aguda surgem um a sem a na após a contam inação pelos parasitos. Q uando os m icrorganism os entram p or um a fissura na pele, pode surgir um a área endurecida de eritem a e edem a (o chagom a), acom panhada de linfadenopatia local. O sinal de Rom ana - o achado clássico na doença de Chagas ■ EPIDEMIOLOGIA aguda, que consiste em edem a unilateral indolor das pálpebras e te cidos perioculares - pode o correr quando a conjuntiva é a p orta de O T. cruzi é encontrado apenas nas A m éricas. Os m am í entrada. Esses sinais locais iniciais podem ser seguidos p or m al-estar, feros dom ésticos e silvestres p o rtad o re s do T. cruzi e os febre, anorexia e edem a da face, bem com o dos m em bros inferio triatom íneos infectados são encontrados, em distribuições irregulares, desde o sul dos EUA até o sul da Argentina. Os seres hres. u A linfadenopatia generalizada e a hepatoesplenom egalia podem ocorrer. A m iocardite grave é rara; a m aioria das m ortes na doença m anos são envolvidos no ciclo de transm issão quando vetores infec de Chagas aguda advém de insuficiência cardíaca. Sinais neurológi tados passam a residir nas casas rústicas feitas de m adeira, b arro e cos são incom uns, m as a m eningoencefalite ocorre ocasionalm ente, p edra que são com uns em várias partes da A m érica Latina. Por isso, especialm ente em crianças com < 2 anos de idade. Em geral entre 4 a a infecção pelo T. cruzi em seres hum anos é um problem a prim ordial 8 sem anas, sinais e sintom as agudos sofrem resolução espontânea em de saúde entre as populações pobres residentes em áreas rurais do praticam ente todos os pacientes, que a seguir entram na fase assinto México e das A m éricas C entral e do Sul. A m aioria das novas infec m ática ou indeterm inada da infecção crônica pelo T. cruzi. ções pelo T. cruzi no m eio rural ocorre em crianças, m as a incidência A doença de C hagas crônica sintom ática to rn a-se evidente al é desconhecida, pois a m aioria dos casos perm anece sem diagnósti guns anos ou m esm o décadas após a infecção inicial. É com um o co. H istoricam ente, a transm issão do T. cruzi associada às tran sfu acom etim ento cardíaco, e os sintom as são causados p o r alterações sões sanguíneas foi um problem a grave de saúde pública em vários do ritm o, m iocardiopatia seg m en tar ou dilatadare trom boem bolia. países onde a doença é endêm ica. Entretanto, com algum as notáveis O bloqueio de ram o d ireito é u m a an o rm a lid a d e eletrocardiográexceções, a transm issão p o r essa via foi essencialm ente elim inada fica com um , m as outros tipos de bloqueio in trav en tricu lar e atriocom a im plantação de program as eficazes de triagem do sangue d o a ventricular, extrassístoles ventriculares, bem com o taquiarritm ias e do. Foram descritas várias dezenas de pacientes com H IV e infecção bradiarritm ias, ocorrem frequentem ente. A m iocardiopatia resulta crônica pelo T cruzi que sofreram recrudescim ento agudo da últim a. m uitas vezes em insuficiência cardíaca b iventricular com um a p re Esses pacientes em geral apresentavam -se com abscessos cerebrais dom inância da insuficiência do lado direito em estágios avançados. causados pelo T. cruzi, um a m anifestação da doença que não ocor Pode haver em bolização de tro m b o s m urais p ara o cérebro ou o u re em pessoas im unocom petentes. A tualm ente, estim a-se que oito tras áreas. A m o rte súbita é a p rin cip al causa de m o rte na cardio m ilhões de pessoas estejam cronicam ente infectadas pelo T. cruzi e patia da doença de Chagas. O s pacientes com m egaesôfago sofrem que ocorram 14.000 m ortes relacionadas com a doença a cada ano. A de disfagia, odinofagia, d o r torácica e regurgitação. Pode o correr m orbidade e a m ortalidade resultantes tornam a doença de Chagas a aspiração (especialm ente d u ran te o sono) em pacientes com disfun mais im portante parasitose na A m érica Latina. ção esofágica grave, e episódios repetidos de pneum onite aspirativa Nos últim os anos, a incidência da tran sm issão do T. cruzi d i são com uns. Perda de peso, caquexia e infecção p u lm o n ar podem m inuiu acentuadam ente em vários países endêm icos, graças a p ro resultar em m orte. Os p acientes com m egacólon apresentam d or gram as bem -sucedidos envolvendo o controle do vetor, a triagem
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Doença de Chagas e Tripanossomíase 1717
abdom inal e constipação crônica, que pred isp õ em à form ação do fecalom a. O m egacólon avançado pode causar obstrução, vólvulo, septicem ia e m orte.
■ DIAGNÓSTICO O diagnóstico da doença de Chagas aguda requer a detecção de p a rasitos. O exame m icroscópico de sangue fresco anticoagulado ou do crem e leucocitário é a m aneira m ais simples de visualizar os m icror ganism os móveis. Os parasitos tam bém podem ser visualizados em esfregaços finos e espessos de sangue corado por Giemsa. Tubos de m icrohem atócrito contendo laranja de acridina com o corante podem ser usados com o m esm o objetivo. Usados p or técnicos experientes, todos esses m étodos fornecem resultados positivos em um a alta p ro porção de pacientes com doença de Chagas aguda. Os testes sorológi cos não têm lugar no diagnóstico da doença de Chagas aguda. A doença de Chagas crônica é diagnosticada pela detecção de a n ticorpos IgG específicos que se ligam aos antígenos do T. cruzi. A de m onstração do parasito não tem im portância prim ária. Na A m érica Latina, há =30 ensaios comercializados, vários deles baseados em an tígenos recom binantes. Em bora esses testes apresentem em geral boa sensibilidade e razoável especificidade, reações falsas positivas p o dem ocorrer - em am ostras de pacientes que possuem outras d o e n ças infecciosas e parasitárias ou distúrbios autoim unes. Além disso, o teste confirm atório representa um desafio persistente. Por esses m o tivos, a O rganização M undial de Saúde recom enda geralm ente que as am ostras sejam testadas no m ínim o em dois ensaios e que sejam incluídas am ostras com parativas positivas e negativas bem caracteri zadas em cada prova. Um m étodo confirm atório altam ente sensível e específico para a detecção de anticorpos contra o T. cruzi (aprovado no Clinical Laboratory Improvement A m endm ent e disponível no la boratório do autor) é a radioim unoprecipitação (RIPA de Chagas). Em dezem bro de 2006, o Food and Drug Adm inistration (FDA) dos EUA aprovou um teste para a triagem de doadores de sangue e órgãos que detecta a infecção pelo T. cruzi (Ortho T. cruzi ELISA Test Sys tem, Ortho-Clinical Diagnostics, Raritan, NJ). Desde janeiro de 2007, a grande m aioria dos doadores de sangue nos EUA tem sido avalia da com o teste de O rtho e as unidades positivas passaram p o r testes confirm atórios da RIPA de Chagas. Um segundo teste para a seleção do doador foi aprovado pelo FDA em abril de 2010 (A bbott PRISM Chagas Assay, Abbott Laboratories, Abbott Park, IL). O uso de ensaios de PCR para detectar o DNA de T. cruzi em indivíduos com infecção crônica foi estudado extensam ente. A sensibilidade dessa abordagem não se m ostrou confiavelm ente m aior do que a da sorologia, e não há testes com erciais de PCR disponíveis.
Doenças Infecciosas 1718
TRATAMENTO
Doença de Chagas
O tratam ento da doença de Chagas é ainda insatisfatório. Desde m uitos anos até hoje, apenas dois fárm acos - nifurtim ox e benzonidazol - , estão disponíveis para esse objetivo. Infelizm ente, am bos são ineficazes e p odem causar efeitos colaterais prejudiciais. Na doença de Chagas aguda, o nifurtim ox reduz acentuada m ente a duração dos sintom as e a parasitem ia, além de dim inuir a taxa de m ortalidade. E ntretanto, estudos lim itados m ostraram que apenas cerca de 70% das infecções agudas são curadas, sob o aspecto parasitológico, com um ciclo com pleto de tratam e n to. Os efeitos adversos com uns do n ifu rtim o x consistem em d or abdom inal, anorexia, náuseas, vôm itos, perda de peso e dor abdom inal. As reações neurológicas ao fárm aco p odem incluir inquietude, desorientação, insônia, espasm os m usculares, pares tesia, polineurite e convulsões - que em geral desaparecem com a redução da dose ou interrupção do tratam ento. A dose diária recom endada é de 8-10 m g/kg para adultos, 12,5-15 m g/kg para adolescentes e 15-20 m g/kg para crianças com 1 a 10 anos de ida de. O fárm aco deve ser adm inistrado p or via oral em quatro doses fracionadas ao dia, e o tratam ento deve continuar p o r 90 a 120 dias. Nos EUA, o nifurtim ox está disponível sob solicitação ao
Serviço de Fárm acos do Centers fo r Disease Control and Preven tion (CDC) em Atlanta (telefone: 404-639-3670). A eficácia do benzonidazol é sem elhante ou até superior à do nifurtim ox; há relatos de um a taxa de cura de 90% entre os lacten tes com infecção congênita tratados antes de com pletar um ano de vida. Os efeitos adversos incluem exantem as, neuropatia periféri ca e raram ente granulocitopenia. A dose oral recom endada é de 5 m g/kg/dia durante 60 dias para adultos e 5-10 m g/kg/dia durante 60 dias para crianças, com a adm inistração de duas ou três doses divididas. O benzonidazol em geral é considerado o fárm aco de escolha na A m érica Latina. O fato dos adultos na fase sintom ática crônica ou in d eterm inada da doença de Chagas serem tratados com nifurtim ox ou benzonidazol é um a questão que tem sido discutida há anos. A questão de que as taxas de cura parasitológica em pessoas com infecção crônica são notavelm ente inferio res àquelas de pacientes com infecção aguda ou crônica recente é parte central dessa controvérsia. Não há provas convincentes, de acordo com os ensaios controlados random izados, de que o tratam ento de adultos com n ifurtim ox ou benzonidazol n a fase in d eterm in ad a ou sintom ática crônica reduza o aparecim ento e a redução de sintom as ou as taxas de m ortalidade. C om base nos resultados de alguns estudos de pesquisa, um painel de es pecialistas reunidos pelo C D C em 2006 recom endou que adul tos com < 50 anos de idade, p ortadores de infecções p o r T. cruzi indeterm inadas e possivelm ente crônicas ou m esm o com doença leve a m oderada, recebessem tratam ento. Um am plo ensaio clí nico random izado (o ensaio m ulticêntrico BENEFIT), elaborado para avaliar a eficácia clínica e parasitológica do benzonidazol em adultos (18-75 anos de idade) com cardiopatia crônica de Chagas (sem lesões avançadas), está sendo realizado no Brasil, Argentina, C olôm bia e Bolívia, porém os resultados não estarão disponíveis até pelo m enos o ano de 2012. Em contraste, estudos random iza dos m ostraram que o tratam ento de crianças é útil e o consenso atual entre os especialistas latino-am ericanos é o de que todas as pessoas até 18 anos de idade com infecção pelo T. cruzi e todos os adultos sabidam ente recém -infectados sejam tratados com b e n zonidazol ou nifurtim ox. A utilidade dos azóis antifúngicos no tratam e n to da doença de Chagas foi estudada em anim ais de laboratório e, em m enor extensão, em seres hum anos. Até hoje, nen h u m desses fárm acos dem onstrou um nível de atividade anti-T! cruzi que justificasse seu uso em hum anos. Vários fárm acos m ais recentes p e rte n centes a esta classe foram prom issores em estudos com anim ais e irão provavelm ente p articipar de ensaios em hum anos em um futuro próxim o. Os pacientes com doença cardíaca e/ou gastrintestinal asso ciadas à infecção pelo T. cruzi devem ser encam inhados a espe cialistas adequados para avaliação e tratam e n to s adicionais. O transplante cardíaco é um a opção em pacientes com cardiopatia chagásica term inal; m ais de 150 destes transplantes^têm sido rea lizados no Brasil e nos EUA. A taxa de sobrevida entre os recep tores de transplante cardíaco com a doença de Chagas parece ser m ais alta que entre os pacientes que recebem transplante cardíaco p or outros m otivos. Esse resultado m elhor póde advir do fato de que as lesões são lim itadas ao coração na m aioria dos pacientes com doença de Chagas crônica sintom ática.
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■ PREVENÇÃO Com o o tratam ento farm acológico possui lim itações e não há vacinas disponíveis, o controle da transm issão do T. cruzi em países endêm i cos depende da redução das populações de vetores dom iciliares por m eio do uso de inseticidas, da m elhora nas condições de habitação e da orientação das pessoas sob risco. C onform e m encionado anterior m ente, essas m edidas, juntam ente com a triagem sorológica dos doa dores de sangue, reduziram acentuadam ente a transm issão do parasi to em m uitos países endêm icos. O s turistas devem evitar d o rm ir em
casas em m au estado de conservação nas áreas rurais dos países en dêmicos. Os m osquiteiros e o uso de repelentes podem fornecer p ro teção adicional. D iante das conseqüências possivelm ente graves da in fecção crônica pelo T. cruzi, seria p ru d en te que todos os im igrantes de regiões endêm icas que estejam vivendo nos EUA fossem testados à procura de indícios de infecção. A identifica ção dos portadores do parasito perm itiria m onitoração eletrocardiográfica periódica, o que pode ser im portante, pois os m arca-passos beneficiam alguns pacientes que apresentam distúrbios graves do ritm o. A possibilidade de transm issão congênita é outra justificativa para a triagem . O T.cruzi é classificado com o um agente do G rupo de Risco 2 nos Estados U nidos e com o um agente do G rupo de Risco 3 em alguns países europeus. A equipe do laboratório deverá trabalhar com o parasita ou com os vetores infectados a níveis de proteção c o n sistentes com a determ inação do grupo de risco dessas áreas.
Figura 213.2 Parasitos de Trypanosoma brucei rhodesiense em sangue de rato. Acredita-se que o parasito mais delgado seja a forma que se multiplica
DOENÇA DO SONO ■ DEFINIÇÃO A doença do sono, ou tripanossom íase africana h um ana (TAH), é causada por parasitos protozoários flagelados pertencentes ao com plexo T. brucei, que são tran sm itid o s para os seres h um anos p o r m oscas tsé-tsé. Em pacientes não tratados, os tripanossom os causam inicialm ente um a doença febril seguida, meses ou anos m ais tarde, por debilitação neurológica progressiva e m orte.
■ OS PARASITOS E SUA TRANSMISSÃO As form as africana oriental (rodesiana) e africana ocidental (gam biense) da doença do sono são causadas, respectivam ente, p o r duas subespécies de tripanossom os: T. b. rhodesiense e T. b. gambiense. Essas subespécies são m orfologicam ente indistinguíveis, m as cau sam doenças epidem iológica e clin ica m e n te d istin ta s (Q u a d ro 213.1). Os parasitos são tran sm itid o s p o r m oscas tsé-tsé h em atófagas do gênero Glossina. Os insetos a d q u ire m a infecção q u ando ingerem sangue de hospedeiros m am íferos infectados. A pós m uitos ciclos de m ultiplicação no in testin o m édio do vetor, os parasitos m igram para as glândulas salivares. A tran sm issão ocorre q u an d o eles são inoculados no ho sp ed eiro m am ífero d u ra n te a ingestão subsequente de sangue. Os tripanossom os injetados m ultiplicam -se no sangue (Fig. 213.3) e em outros espaços extracelulares, conse-
Elemento de comparação
Africana ocidental (gambiense)
Africana oriental (rodesiana)
guindo escapar da d estruição im u n e p o r longos períodos sofrendo variação antigênica, um processo d ecorrente de desvio gênico pelo qual a e stru tu ra antigênica da c o b ertu ra superficial de glicoproteí nas do parasito m uda periodicam ente.
■ PATOGENIA E PATOLOGIA U m a lesão inflam atória autolim itada (cancro tripanossôm ico) pode surgir cerca de um a sem ana após a picada de u m a m osca tsé-tsé infectada. Em seguida, a d o en ça febril sistêm ica evolui à m edida que os parasitos se d issem in am nos vasos linfáticos e n a corrente sanguínea. A TAH sem aco m etim en to do SNC é conhecida com o doença no estágio I, no qual a linfadenopatia dissem inada e a esple nom egalia refletem a proliferação acentuada de linfócitos e histiócitos, bem com o a invasão de células m orulares, correspondentes a plasm ócitos que po d em estar envolvidos n a p rodução de IgM. A endarterite, com infiltração perivascular de parasitos e linfócitos, pode desenvolver-se nos linfonodos e no baço. A m iocardite é fre qüente em pacientes com a doença n o estágio I, especialm ente nas infecções p o r T. b. rhodesiense. As m anifestações hem atológicas que a com panham a TAH no estágio I incluem leucocitose m oderada, trom bocitopenia e anem ia. Os níveis elevados de im unog lo b u lin as, que consistem p rin cip al m en te em IgM policlonal, são u m a característica constante, e os anticorpos heterófilos, anticorpos anti-D N A e fator reum atoide são frequentem ente detectados. Os altos níveis de com plexos antígeno-an tico rp o p odem d e se m p e n h ar um papel n a lesão tecidual e no aum ento da p e rm eab ilid ad e vascular que facilita a dissem inação dos parasitos. * A doença no estágio II envolve a invasão do SNC. A presença de tripanossom os nas áreas perivasculares acom panha-se de intensa in filtração de células m ononucleares. As anorm alidades do LCS consis tem em aum ento da pressão e da concentração total de proteína, bem com o em pleocitose. Além disso, tripanossom os são frequentem ente encontrados no LCS.
Parasito
T. b. gambiense
T. b. rhodesiense
Vetores
Moscas tsé-tsé (grupo palpalis)
Moscas tsé-tsé (grupo morsitans)
Reservatório primário
Humanos
Antílopes e bovinos
Doença humana
Crônica (doença tardia do SNC)
Aguda (doença precoce do SNC)
Duração da doença
Meses a anos
Menos de 9 meses
Linfadenopatia
Proeminente
Mínima
Parasitemia
Baixa
Alta
■ EPIDEMIOLOGIA
Diagnóstico por inoculação em roedor
Não
Sim
Epidemiologia
Populações rurais
Trabalhadores em áreas silvestres, populações rurais, turistas em parques e áreas de caça
Os tripanossom os que causam a doença do sono são encontrados apenas na África subsahariana. Após a sua quase erradicação no m eio dos anos 1960, a doença do sono res surgiu nos anos 1990, prim ariam ente em U ganda, Sudão, na Repú blica da África C entral, na República D em ocrática do Congo e em Angola. Em bora u m subsequente aum ento nas atividades de controle reduziram a incidência em várias áreas endêm icas, a Organização M undial de Saúde estim ou a ocorrência de 50.000 a 70.000 novos casos em 2004, a grande m aioria dos quais causada pelo T. b. gam-
Nota: SNC, sistema nervoso central. Fonte: Reimpresso, com autorização, de LV Kirchhoff, em GL Mandell et al. (eds.): Principies and Practice of Infectious Diseases, 7th ed., Philadelphia, Elsevier Churchill Livingstone, 2010.
Doença de Chagas e Tripanossomíase
QUADRO 213.1 Comparação entre a tripanossomíase da áfrica ocidental e a da áfrica oriental
nos hospedeiros mamíferos, enquanto as formas alargadas não se dividem e são capazes de infectar os insetos vetores (Giemsa, ampliado 1,200x). (Cortesia do Dr. G. A. Cook, Madison, Wl; com autorização.)
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biense. A proxim adam ente 50 m ilhões de pessoas se encontram em risco de adquirir TAH. Os seres hum anos são o único reservatório para o T b . gam bien se, que ocorre em focos am plam ente distribuídos nas florestas tro p i cais da África C entral e O cidental. A tripanossom íase gambiense é principalm ente um problem a das zonas rurais; os turistas raram ente se infectam . As espécies de antílopes tolerantes aos tripanossom os que habitam as savanas e florestas na África C entral e O riental são o principal reservatório do T. b. rhodesiense. Bovinos tam bém podem ser infectados pelo T. b. rhodesiense e outras espécies de tripanosso m os, m as geralm ente m orrem com a infecção. C om o o risco resulta do contato com as m oscas tsé-tsé que se alim entam de anim ais sil vestres, os seres hum anos se infectam pelo T. b. rhodesiense apenas incidentalm ente, em geral ao viajarem ou trabalharem em áreas onde os anim ais infectados e o vetor estão presentes. Grosso modo, um ou dois casos im portados de TAH adquirida em parques na África O riental são relatados ao CD C a cada ano.
■ EVOLUÇÃO CLÍNICA
Doenças Infecciosas
Em alguns pacientes, um cancro tripanossôm ico doloroso surge no local de inoculação do parasito. A dissem inação hem atogênica e lin fática (doença no estágio I) é m arcada pelo início de febre. Em geral, os picos de altas tem peraturas com duração de vários dias são separa dos p or períodos sem febre. A linfadenopatia é proem inente na trip a nossom íase po r T. b. gambiense. Os gânglios são separados, móveis, com consistência elástica e indolores. Os linfonodos cervicais são frequentem ente visíveis, e o aum ento daqueles do trígono cervical posterior, ou sinal de W interbottom, é um achado clássico. Prurido e exantem as m aculopapulares são comuns. Os achados inconstantes incluem m al-estar, cefaleia, artralgias, perda de peso, edem a, hepatoesplenom egalia e taquicardia. O diagnóstico diferencial do estágio I da TAH inclui m uitas doenças febris com uns nas regiões tropicais. Infecções pelo HIV, m alária e febre tifoide são com uns em p opula ções de risco para a TAH, devendo ser consideradas. A invasão do SNC (doença no estágio II) caracteriza-se pelo início insidioso de m anifestações neurológicas variadas, acom pa nhadas de anorm alidades progressivas no LCS. Surge um quadro de indiferença progressiva e sonolência diu rn a (daí o nom e “doença do sono”), algum as vezes alternado com inquietude e insônia à noite. O olhar indiferente associa-se à perda da espontaneidade e a fala pode tornar-se hesitante e confusa. Os sinais extrapiram idais po d em in cluir m ovim entos coreiform es, trem ores e fasciculações. A ataxia é freqüente, e o paciente pode parecer ter a doença de Parkinson, com m archa festinante, hip ertonia e trem ores. N a fase final, o com prom e tim ento neurológico progressivo leva ao com a e à m orte. A diferença mais significativa entre as form as gam biense e rodesiana de TAH é a de que a últim a segue um a evolução m ais aguda. Em turistas com T. b. rhodesiense, os sinais sistêm icos de infecção, com o febre, m al-estar e cefaleia, surgem antes do final da viagem ou logo após a volta ao lar. A taquicardia persistente, sem relação com a febre, é com um na fase inicial da tripanossom íase p o r T. b. rhode siense, e a m orte pode resultar de arritm ias e insuficiência cardíaca congestiva antes do aparecim ento da doença no SNC. Em geral, a tripanossom íase p or T. b. rhodesiense não tratada causa a m orte em questão de sem anas a meses, frequentem ente sem um a distinção cla ra entre os estágios hem olinfático e do SNC. Já a doença causada pelo T. b. gambiense pode perm anecer em estado latente p o r vários meses ou até m esm o anos.
■ DIAGNÓSTICO O diagnóstico definitivo da TAH requer a detecção do parasito. Se houver um cancro, o líquido deverá ser esprem ido e exam inado dire tam ente à m icroscopia óptica para identificação dos tripanossom os altam ente móveis. O líquido tam bém deve ser fixado e corado com Giemsa. O m aterial obtido por aspiração dos linfonodos com agulha no início da doença deve ser exam inado de m aneira sem elhante. O exame de preparações a fresco, bem com o de esfregaços finos e espes sos de am ostras sanguíneas seriadas, corados com Giemsa, tam bém é bastante útil. Se os parasitos não forem encontrados inicialm ente no
1720
sangue, deverão ser envidados esforços para concentrar os m icrorga nism os, o que pode ser feito em tubos de m icrohem atócrito contendo laranja de acridina. Com o alternativa, o crem e leucocitário de 10 a 15 m L de sangue anticoagulado pode ser exam inado diretam ente ao m i croscópio. A probabilidade de encontrar parasitos n o sangue é m aior no estágio I do que no estágio II da doença e em pacientes infecta dos p or T. b. rhodesiense do que p o r T. b. gambiense. T ripanossom os tam bém podem ser encontrados em m aterial aspirado da m edula ós sea; o aspirado pode ser inoculado em m eio de cultura líquido, bem com o sangue, crem e leucocitário, aspirados de linfonodos e LCS. Por fim, a infecção pelo T. b. rhodesiense pode ser detectada p or inocula ção dessas am ostras em cam undongos ou ratos e, quando positivas, tal infecção resulta em parasitem ia franca em um a ou duas semanas. E m bora seja altam ente sensível para a detecção do T. b. rhodesiense, esse m étodo não é capaz de detectar o T. b. gambiense em razão da especificidade do hospedeiro. É indispensável exam inar o LCS de to d o s os pacientes em que se suspeita de TAH. As a n o rm alid ad es do LCS que p o d e m estar associadas à doença no estágio II consistem n o au m en to da c o n tagem de células m o nonucleares do LCS, n a pressão de a b ertu ra e nos níveis de p roteínas totais e IgM. T ripanossom os p o d em ser encontrados no sedim ento de LCS centrifugado. Q ualquer a n o rm a lidade no LCS de um paciente em que ten h a m sido encontrados tr i panossom os em outros locais deve ser tid a com o p atognom ônica de acom etim ento do SNC, exigindo o tratam e n to específico da doença do SNC. Em pacientes com pleocitose do LCS nos quais não são e n contrados parasitos, a m eningite tuberculosa e as infecções do SNC associadas ao HIV, com o a criptococose, devem ser consideradas no diagnóstico diferencial. Vários ensaios sorológicos, com o o teste da aglutinação em cartão para tripanossom as (CATT) para o T. b. gambiense, estão disponíveis para ajudar no diagnóstico da TAH, m as sua sensibilidade e especi ficidade variáveis determ inam que as decisões sobre o tratam ento se baseiem na dem onstração do parasito. Esses testes são im portantes nas pesquisas epidem iológicas. Foram desenvolvidos ensaios de PCR para a detecção de tripanossom os africanos em seres hum anos, mas n enhum é comercializado.
TRATAMENTO
Doença do sono
Os fárm acos tradicionalm ente usados no tratam ento da TAH são a suram ina, a p en tam id in a e o arsenical orgânico m elarsoprol. Nos EUA, esses fárm acos estão disponíveis no CDCs. O tra ta m ento da TAH deve ser individualizado com base na subespé cie do parasito, na presença ou ausência de doença do SNC, nas reações adversas e ocasionalm ente na resistência ao fárm aco. As opções de agentes terapêuticos usados na TAH são resum idas no Q u ad ro 213.2. A suram ina é altam ente eficaz contra a TAH rhodesiense em estágio I. E ntretanto, pode causar efeitos adversos graves, deven do ser adm inistrada sob supervisão rigorosa de un ím éd ico . Uma dose de teste de 100 a 200 m g IV deve ser adm inistrada para de tectar hipersensibilidade. A dose para adultos é de 20 m g/kg nos Io, 5o, 12°, 18° e 26° dias. O fárm aco é ad m in istrad o p or infusão IV lenta em solução aquosa a 10% recém -preparada. A proxim a dam ente um paciente em 20.000 apresenta reação im ediata grave e potencialm ente fatal ao m edicam ento, com náuseas, vôm itos, choque e crises convulsivas. As reações m enos graves consistem em febre, fotofobia, p ru rid o , artra lg ia e erupções cutâneas. A lesão renal é o efeito adverso im p o rta n te m ais com um da su ra m ina. C om frequência surge p ro tein ú ria tran sitó ria d u ran te o tratam ento. Deve-se realizar um exam e de u rin a antes da ad m i nistração de cada dose e in terro m p er o tratam en to se houver a u m ento da pro tein ú ria ou se aparecerem cilindros e hem ácias no sedim ento. A suram ina não deve ser adm in istrad a aos pacientes com disfunção renal. A pentam idina é o fárm aco de p rim eira linha para o tra ta m ento da TAH gambiense em estágio I. A dose tanto para adultos
T
QUADRO 213.2
m áxim o de 3,6 m g/kg em intervalos de 1 a 5 dias, perfazendo um total de 9 ou 10 doses. O esquem a para a doença gam biense é de 2,2 m g/kg/dia IV p or 10 dias. O m elarsoprol é altam ente tóxico, devendo ser adm inistrado com bastante cautela. Para reduzir a probabilidade de encefalo patia induzida pelo fárm aco, todos os pacientes m edicados com m elarsoprol devem tom ar prednisona na dose de 1 m g/kg/dia, co m eçando I a 2 dias antes da prim eira dose de m elarsoprol e pros seguindo até o fim do tratam ento. Sem a profilaxia com predniso na, a incidência relatada de encefalopatia reativa é de até 18% em algum as séries. As m anifestações clínicas dessa afecção incluem febre alta, cefaleia, trem ores, dificuldades da fala, convulsões e até com a e m orte. O tratam ento com m elarsoprol deve ser interrom pido ao prim eiro sinal de encefalopatia, m as pode ser reiniciado com cautela em doses m enores poucos dias após a resolução dos sinais. O extravasam ento do fárm aco resulta em reações locais in tensas. Podem ocorrer vôm itos, d or abdom inal, nefrotoxicidade e lesão m iocárdica.
T ra ta m e n to da trip a n o s s o m ía s e a fric a n a
hum ana8 Estágio da doença Agente causador
I (LCS normal)
T. brucei gambiense (africano ocidental)
Pentamidina
Eflornitina
Alternativa: suramina
Alternativa: melarsoprol
Suramina
Melarsoprol
T. brucei rhodesiense (africano oriental)
II (LCS anormal)
*Ver doses e duração do tratamento no texto.
Nota: LCS, líquido cerebrospinal.
■ PREVENÇÃO A TAH acarreta problem as de saúde pública e epizoóticos complexos na África. Houve um progresso considerável em algum as áreas por m eio de program as de controle que se concentram na erradicação dos vetores e no tratam ento farm acológico dos indivíduos infectados. As pessoas podem reduzir o risco de contam inação po r tripanosso m os evitando as áreas conhecidas p or abrigarem insetos infectados, usando roupas protetoras e repelentes contra insetos. A quim ioprofi laxia não é recom endada e não há vacinas disponíveis para prevenir a transm issão dos parasitos.
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Sa r to
Doença de Chagas e Tripanossomíase
quanto crianças é de 4 m g/kg/dia, adm in istrad a p o r via IM ou IV durante 7 a 10 dias. Reações adversas im ediatas e freqüentes incluem náuseas, vôm ito, taquicardia e hipotensão. Essas reações em geral são transitórias e não requerem a interrupção da terapia. O utras reações adversas incluem nefrotoxicidade, testes anorm ais de função renal, neutropenia, exantem as, hipoglicem ia e absces sos estéreis. A suram ina é um agente alternativo para o tratam e n to da doença p o r T. b. gambiense em estágio I. A eflornitina é altam ente eficaz no tratam ento de am bos os estágios da doença do sono gam biense. Nos estudos utilizados pelo FDA para a concessão da sua aprovação, este agente curou > 90% dos 600 pacientes com a doença no estágio II. A posologia recom endada é 400 m g/kg/dia IV fracionados em 4 doses, d u ra n te duas sem anas. As reações adversas incluem diarréia, anem ia, trom bocitopenia, convulsões e p erda auditiva. A alta dose e a duração necessária do tratam ento são desvantagens que dificul tam o uso dissem inado da eflornitina. Um ensaio random izado com parando o regim e padrão da eflornitina (400 m g/kg/dia in fundidos durante 6 horas p or 14 dias) com a terapia de com bi nação nifurtim ox-eflornitina (nifurtim ox oral, 15 m g/kg/dia por 10 dias; m ais eflornitina, 400 m g/kg/dia infundidas d urante 12 horas por 7 dias) em adultos com TAH gam biense em estágio II m ostrou m elhor eficácia e redução nos efeitos colaterais com o uso da terapia de com binação, to rn an d o -a adequada para o uso de prim eira linha. O com posto arsenical m elarsoprol é o fárm aco de escolha no tratam ento da TAH rodesiana com acom etim ento do SNC e é o agente alternativo para a doença gam biense no estágio II. Na doença rodesiana, o fárm aco deve ser adm inistrado a adultos em 3 ciclos com duração de 3 dias cada. A dose é de 2,0-3,6 m g/kg/ dia IV em 3 doses fracionadas durante 3 dias e seguida 1 sem ana depois po r 3,6 m g/kg/dia tam bém em 3 doses fracionadas durante 3 dias. Esse últim o ciclo deve ser repetido sete dias m ais tarde. Em pacientes debilitados, a suram ina é adm inistrada durante 2-4 dias antes do início do tratam ento com m elarsoprol; recom enda-se um a dose inicial de 18 m g desse últim o fárm aco, seguida por aum entos progressivos até a dose padrão. Em crianças, deve-se ad m in istrar um total de 18 a 25 m g/kg du ran te 1 mês. A dose IV inicial de 0,36 m g/kg deve ser aum entada gradualm ente até o
1721
CAPÍ T ULO
214 i
Infecções por Toxoplasma Kami Kim Lloyd H. Kasper ■ DEFINIÇÃO A toxoplasm ose é causada p or infecção com o parasita intracelular obrigatório Toxoplasma gondii. A infecção aguda adquirida depois do nascim ento pode ser assintom ática, m as pensa-se que resulte na persistência crônica de cistos nos tecidos do hospedeiro p o r to d a a vida. Tanto na toxoplasm ose aguda com o na crônica, o parasita é res ponsável po r doença clinicam ente evidente, incluindo linfadenopa tia, encefalite, m iocardite e pneum onite. A toxoplasm ose congênita é um a infecção de recém -nascidos que resulta da passagem transplacentária de parasitas da m ãe infectada para o feto. Esses lactentes podem ser assintom áticos ao nascim ento, m as a m aioria m ais tarde m anifesta um a am pla variedade de sinais e sintom as, inclusive coriorretinite, estrabism o, epilepsia e retardo psicom otor. Em indiví duos im unocom petentes, a toxoplasm ose tam bém pode se apresentar com o doença aguda (coriorretinite) associada a fontes veiculadas por alim entos ou água.
■ ETIOLOGIA T. gondii é um coccidiano intracelular que infecta tan to aves com o m am íferos. Há duas fases d istintas no ciclo vital de T. gondii (Fig. 214.1). N a fase não felina, cistos tecid u ais que co n tê m brad izo ítos ou oo cisto s e sp o ru lad o s são in g erid o s p o r u m h o sp e d e iro in te rm ed iário (p. ex., h u m an o , c am u n d o n g o , c arneiro, porco, ou ave). O cisto é ra p id a m e n te digerido pelas secreções gástricas de p H ácido. B radizoítos ou esporozoítos são liberados, p e n e tra m o epitélio do intestino delgado e se tran sfo rm am em taquizoítos, que
se dividem rapidam ente. Os taqu izo íto s p o d e m infectar e replicar em todas as células de m am íferos, exceto as hem ácias. U m a vez fi xado à célula do hospedeiro, o p arasita p e n etra n a m esm a e form a um vacúolo p arasitífero d e n tro do qual se divide. A replicação de p arasitas c o n tin u a até que o n ú m ero deles d e n tro d a célula atinge u m a m assa crítica, e a célula se ro m p e lib e ran d o parasitas que in fectam células adjacentes. C om o um resultado desse processo, u m órgão infectado logo m ostra evidência de citopatologia. A m aioria dos taquizoítos é eli m inada pelas respostas im unes, hum orais e m ediadas p o r células, do hospedeiro. Cistos teciduais contendo m uitos bradizoítos se de senvolvem 7 a 10 dias depois da infecção sistêm ica p or taquizoítos. Esses cistos teciduais ocorrem em vários órgãos do hospedeiro, mas persistem principalm ente dentro do sistem a nervoso central (SNC) e m úsculos. O desenvolvim ento dessa fase crônica com pleta a porção não felina do ciclo vital. A infecção ativa no hospedeiro im unocom prom etido deve-se, m uito provavelm ente, à liberação espontânea de parasitas encistados que sofrem transform ação rápida em taquizoítos dentro do SNC. A fase principal {felina) do ciclo vital passa-se no gato (o hospe deiro definitivo) e em sua presa. A fase sexuada do parasita é defini da pela form ação de oocistos dentro do hospedeiro felino. Esse ciclo enteroepitelial com eça com a ingestão dos cistos teciduais de brad i zoítos e culm ina (depois de várias fases interm ediárias) na produção de gam etas. A fusão de gam etas p roduz um zigoto, que se envolve em um a parede rígida e é elim inado nas fezes com o um oocisto não esporulado. Depois de 2 a 3 dias de exposição ao ar na tem peratura am biente, o oocisto não infeccioso produz um a prole de oito esporo zoítos. O oocisto esporulado pode ser ingerido p o r um hospedeiro interm ediário, tal com o u m a pessoa esvaziando a caixa de dejetos de um gato, ou um porco fuçando em um terreno. E no hospedei ro interm ediário que o T. gondii com pleta seu ciclo vital. Pensa-se que os oocistos esporulados, que são resistentes ao m eio am biente e m uito infecciosos, sejam fontes de surtos veiculados pela água, tais com o aqueles relatados em Victoria (British C olúm bia, C anadá) e na Am érica do Sul.
■ EPIDEMIOLOGIA T. gondii infecta um a am pla v a rie d a d e de m am ífero s e aves. Sua soroprevalência de pende do local e da idade da população. De u m m odo geral, condições clim áti cas quentes e áridas estão associadas a um a baixa prevalência da infecção. Nos E stados U nidos e na m aioria dos países europeus, a soroprevalência aum enta com idade e exposição. Por exemplo, nos E stados U nidos, 5 a 30% dos in divíduos com 10 a 19 aúos de idade, e 10 a 67% daqueles com > 50 anos têm evidência sorológica de exposição. Na A m érica C entral,. França, T urquia e Brasil, a soroprevalência é m ais alta. Por causa da percepção aum entada de infecções veiculadas p o r alim entos, a p revalência de so ropositividad e tem d im in u íd o m undialm ente. Pode haver tanto q uanto 2.100 casos de encefalite toxoplásm ica (ET) anualm ente, nos Es tados Unidos.
•
H ospedeiro interm ediário: aves, m am íferos, hum anos B radizoítos encistam -se dentro do SNC e m úsculos do hospedeiro infectado
Taquizoítos infectam todas as células nucleadas no hospedeiro, replicam , e causam dano tecidual
O vócitos são excretados em fezes de gatos. O solo contam inado é ingerido por pássaros, m am íferos ^ e seres hum anos i
E ncefalite toxoplásm ica H ospedeiro d efinitivo
Figura 214.1 Ciclo vital do Toxoplasma gondii. 0 gato é o hospedeiro definitivo no qual a fase sexuada do ciclo é completada. Oocistos eliminados em fezes de gatos podem infectar uma ampla variedade de animais, inclusive aves, roedores, animais domésticos que pastam, e seres humanos. Os bradizoítos encontrados nos músculos de animais que servem de alimento podem infectar humanos que ingerem carnes insuficientemente cozidas, particularmente de carneiro e porco. Embora a doença humana possa assumir várias formas, a infecção congênita e a encefalite por reativação de infecção latente nos cérebros de pessoas imunossuprimidas são as manifestações mais importantes. SNC, sistema nervoso central. (Cortesia de Dominique Buzoni-Gatel, Institut Pasteur, Paris; com autorização.)
g
TRANSMISSÃO
Transmissão oral a fonte principal de infecção hum ana p 0 r Toxoplasm a p e rm a n ec e incerta, m as p en sa-se que a infecção ocorra
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pela via oral. A transm issão pode ser atribuível à ingestão, ou de oocistos esporulados do solo, alim entos ou água contam inados, ou de bradizoítos de carne m al cozida. D urante a infecção felina aguda, um gato pode excretar tanto quanto 100 m ilhões de parasitas p or dia. Esses oocistos m uito estáveis contendo esporozoítos são altam ente infecciosos, e podem perm anecer viáveis p o r m uitos anos no solo ou água. Seres h um anos infectados d u ran te um surto bem d o c u m e n tado de infecção transm itida po r oocistos desenvolvem anticorpos específicos para fase ao oocisto/esporozoíto. As crianças e adultos tam bém podem adquirir infecção a p a rtir de cistos teciduais contendo bradizoítos. A ingestão de um só cisto é tudo que é necessário para a infecção hum ana. A subcocção ou o congelam ento insuficiente da carne é um a fonte im portante de in fecção no m undo desenvolvido. N os Estados U nidos, produtos de ovinos e suínos podem m ostrar evidência de cistos contendo bradi zoítos, m as a prevalência geral de T. gondii tem estado declinando gradualm ente. A incidência na carne está m uito m ais baixa - talvez tão baixa com o 1%. A ingestão direta de cistos com bradizoítos nes ses vários produtos de carnes leva à infecção aguda.
Transmissão via sangue ou órgãos A lém de ser tran sm itid o p o r via oral, T. gondii p o d e ser tra n s m i tid o d ire ta m e n te de um d o a d o r so ro p o sitiv o p a ra um re ce p to r soronegativo em u m coração, c o raç ão -p u lm ão , rim , fígado, ou pâncreas tran sp lan tad o . Parasitas viáveis p o d e m ser cultivados de sangue com anticoagulante refrig erad o , que p o d e ser u m a fonte de infecção em in d iv íd u o s rece b en d o tran sfu sõ es sanguíneas. A reativação de T. gondii tem sido relatada na m edula óssea, células-tro n c o he m a to p o ié tic as e recep to res de tra n sp la n te s de fígado, bem com o em in d iv íd u o s com A ids. E m b o ra títu lo s de a n tic o r po g eralm ente n ão sejam úteis p a ra m o n ito ra r a infecção p o r T. gondii, h á relatos de que in divíduos com títu lo s m ais altos p odem estar em risco relativam ente alto de infecção após tran sp la n te de células-tronco hem atopoiéticas; assim , p o d e estar in d ic a d o o rastre a m e n to ro tin e iro do sangue desses p acien tes pela reação em cadeia da p olim erase (PCR). F in alm en te, pessoal de lab o ra tó rio po d e ser in fectado após c ontato com agulhas ou v id rarias c o n ta m inadas, ou com tecido infectado.
Transmissão transplacentária
Após a ingestão pelo hospedeiro, ou de cistos teciduais contendo bradizoítos, ou de oocistos contendo esporozoítos, os parasitas são liberados dos cistos p o r um processo digestivo. Os bradizoítos são resistentes ao efeito da pepsina e invadem o trato gastrintestinal do hospedeiro. D entro de enterócitos (ou de outras células associadas ao intestino), os parasitas sofrem transform ação m orfológica, d a n do origem a taquizoítos invasivos. Esses taquizoítos induzem um a resposta IgA secretória específica para o parasita. A p a rtir do trato gastrintestinal, os parasitas dissem inam -se a um a variedade de ó r gãos, particularm ente tecido linfático, m úsculo esquelético, m iocár dio, retina, placenta e SNC. Nesses sítios, o parasita infecta células do hospedeiro, replica e invade as células adjacentes. Desta m aneira, desenvolvem-se as m arcas da infecção: m orte celular e necrose focal circundada por um a resposta inflam atória aguda. No hospedeiro im unocom petente, tanto as respostas im unes hum orais com o as celulares controlam a infecção; a virulência e o tro pism o tecidual do parasita podem ser específicos p o r cepa. Os taqui zoítos são seqüestrados p or um a variedade de m ecanism os im unes, inclusive indução de anticorpo parasiticida, ativação de m acrófagos com interm ediários radicais, p rodução de interferon y (IFN -7 ), e estim ulação de linfócitos citotóxicos C D 8+. Esses linfócitos antígeno-específicos são capazes de m atar tan to parasitas extracelulares, com o células alvo infectadas com parasitas. A m edida que os taqui zoítos são elim inados do hospedeiro com infecção aguda, cistos teci duais contendo bradizoítos com eçam a aparecer, geralm ente dentro do SNC e da retina. E studos indicam que o Toxoplasma secreta m olé culas de sinalização para dentro das células infectadas do hospedeiro, e que essas m oléculas m odulam a expressão de genes, m etabolism o e resposta im une do hospedeiro. No hospedeiro im unocom prom etido ou fetal, faltam os fatores im unes necessários para controlar a dissem inação da infecção por ta quizoítos. Esse estado im une alterado perm ite a persistência de taqui zoítos e dá origem a destruição focal progressiva que resulta em falên cia orgânica (isto é, encefalite necrosante, pneum onia e m iocardite). A persistência de infecção com cistos contendo bradizoítos é co m um no hospedeiro im unocom petente. Essa infecção vitalícia geral m ente perm anece subclínica. Em bora os bradizoítos estejam em um a fase m etabólica lenta, os cistos podem degenerar e se rom per dentro do SNC. Esse processo degenerativo, com o desenvolvim ento de n o vos cistos contendo bradizoítos, é a fonte m ais provável de infecção recrudescente em indivíduos im u nocom prom etidos, e o estím ulo m ais provável para a persistência de títulos de anticorpos no hospe deiro im unocom petente. E m bora o conceito seja controvertido, tem sido feita a hipótese de que a persistência de toxoplasm ose seja um fator que contribui para um a variedade de condições neuropsiqui átricas, inclusive esquizofrenia e doença bipolar. Em roedores, a in fecção claram ente tem efeitos signifícantes sobre o com portam ento, aum entando a atividade predatória.
■ PATOLOGIA
„
A m orte celular e necrose focal devido a taquizoítos replicantes in duz um a reposta inflam atória m ononuclear intensa em qualquer te cido ou tipo celular infectado. Os taquizoítos raram ente podem ser visualizados p or coloração histopatológica rotineira dessas lesões inflam atórias. E ntretanto, a coloração im unofluorescente com anti corpos antígeno-específicos parasitários pode revelar o próprio m i crorganism o, ou evidência do antígeno. Em contraste a esse processo inflam atório causado por taquizoítos, os cistos contendo bradizoítos causam inflam ação som ente nas fases iniciais de desenvolvim ento, e m esm o essa inflam ação pode ser u m a resposta à presença de antíge nos de taquizoítos. U m a vez que os cistos alcançam a m aturidade, o processo inflam atório não pode m ais ser detectado, e os cistos p e r m anecem im unologicam ente quiescentes dentro da m atriz cerebral, até que se rom pam .
Infecções por Toxoplasma
Em m édia, cerca de um terço de todas as m ulheres que adquirem infecção com T. gondii durante a gravidez transm item o parasita ao feto; as restantes dão à luz bebês norm ais, não infectados. Dos vários fatores que influenciam o desfecho fetal, a idade gestacional ao tem po da infecção é o m ais crítico (ver adiante). Poucos dados dão su p o r te a um papel para infecção m aterna recrudescente com o a fonte da doença congênita, em bora casos raros de transm issão p or m ulheres im unocom prom etidas (p. ex., aquelas infectadas com H IV e as rece bendo glicocorticoides em dose alta) tenham sido relatados. Assim, as m ulheres que são soropositivas antes da gravidez geralm ente estão protegidas contra infecção aguda, e não parem neonatos com infec ção congênita. As seguintes diretrizes gerais podem ser usadas para avaliar in fecção congênita. Essencialm ente, não h á risco se a m ãe se torna in fectada > 6 meses antes da concepção. Se a infecção é adquirida < 6 m eses antes da concepção, a probabilidade de infecção transplacen tária aum enta à m edida que o intervalo entre infecção e concepção dim inui. Na gravidez, se a m ãe se infecta durante o prim eiro trim es tre, a incidência de infecção transplacentária é m ais baixa (-15% ), m as a doença no neonato é mais grave. Se a infecção m aterna ocorre durante o terceiro trim estre, a incidência de infecção transplacentária é m aior (65%), m as o lactente geralm ente é assintom ático ao nasci m ento. Lactentes infectados que são norm ais ao nascer p odem ter um a incidência m ais alta de dificuldades de aprendizado e seqüelas neurológicas crônicas do que as crianças não infectadas. Som ente um a pequena proporção (20%) de m ulheres infectadas com T. gondii desenvolvem sinais clínicos de infecção. Frequentem ente, o diagnós tico é apreciado prim eiro quando testes sorológicos de rotina pós-concepção m ostram evidência de anticorpo específico.
■ PATOGÊNESE
Gânglios linfáticos D urante a infecção aguda, a biópsia de linfonodo dem onstra achados característicos, inclusive hiperplasia folicular e aglom erados irregu-
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lares de m acrófagos teciduais com citoplasm a eosinofílico. G ranulo m as raram ente são evidentes nesses espécimes. E m bora taquizoítos geralm ente não sejam visíveis, eles po d em ser pesquisados ou p or subinoculação de tecido infectado em cam undongos, com doença resultante, ou p or PCR. A amplificação po r PCR de fragm entos de DNA de genes de Toxoplasma é eficaz e sensível no estabelecim ento de infecção de gânglio linfático p or taquizoítos.
Olhos No olho, infiltrados de m onócitos, linfócitos e plasm ócitos podem pro d u zir lesões unifocais ou m ultifocais. Lesões granulom atosas e coriorretinite podem ser observadas na câm ara posterior depois de retinite necrosante aguda. O utras com plicações oculares incluem iri dociclite, catarata e glaucoma.
Sistema nervoso central D urante o envolvim ento do SNC, m eningoencefalite, tan to d ifu sa com o focal, pode ser docum entada, com evidência de necrose e nódulos microgliais. A encefalite necrosante em pacientes sem Aids é caracterizada p o r lesões difusas pequenas e em bainham ento perivascular em áreas contíguas. Na população com Aids, leucócitos polim orfonucleares podem estar presentes, em adição a m onócitos, linfócitos e plasmócitos. Cistos contendo bradizoítos frequentem ente são achados, contíguos à borda de tecido necrótico. C onform e decla rado anteriorm ente, estim a-se que haja tanto com o 2.100 casos de ET nos Estados U nidos anualm ente.
Pulmões e coração E ntre os pacientes com A ids que m o rre m de toxoplasm ose, 40 a 70% têm envolvim ento dos pulm ões e do coração. P n eu m o n ite in tersticial po d e se desenvolver em n eonatos e pacientes im u n o c o m prom etidos. Septos alveolares espessados e edem atosos, infiltrados com células m o n o n u cle are s e p lasm ó c ito s, são ap aren tes. Essa inflam ação pode se esten d er às paredes endoteliais. T aquizoítos e cistos co n ten d o bradizoítos têm sido observados d e n tro da m e m b ra n a alveolar. B ro n c o p n eu m o n ia su p e rp o sta p o d e ser causada p o r o u tro s agentes m icrobianos. C istos e agregados de parasitas no tecido m uscular cardíaco são evidentes em pacientes com A ids que m o rrem de toxoplasm ose. N ecrose focal ro d e ad a p o r células inflam atórias está associada a necrose h ialin a e células m io cárd icas desintegradas. A pericardite está associada à toxoplasm ose em alguns pacientes.
Trato gastrintestinal
Doenças Infecciosas
Casos raros de infecção do trato gastrintestinal h um ano com T. gon dii têm se apresentado com ulcerações na m ucosa. A infecção aguda em certas cepas de cam undongos criados em laboratório (C57BL/6) resulta em ileíte fatal dentro de 7 a 9 dias. Essa doença intestinal in flam atória tem sido reconhecida em várias outras espécies de m a m íferos, inclusive porcos e prim atas não hum anos. E m bora a asso ciação entre doença intestinal inflam atória h um ana e infecção aguda ou recorrente p or Toxoplasma não tenha sido estabelecida, estudos têm dem onstrado reconhecim ento da infecção p o r células epiteliais intestinais hum anas, conform e evidenciado p o r fosforilação de p ro teinoquinase ativada por m itógeno, translocação de fator B nuclear e secreção de interleucina 8 (IL-8).
Outros sítios As alterações patológicas d u ra n te a infecção dissem in ad a são se m elhantes às descritas para gânglios linfáticos, olhos e SNC. Em pacientes com Aids, os m úsculos esqueléticos, pâncreas, estôm ago e rins podem ser envolvidos, com necrose, invasão p o r células in flam atórias, e (raram ente) taquizoítos detectáveis p o r coloração de rotina. G randes lesões necróticas podem causar destruição tecidual direta. Além disso, efeitos secundários da infecção aguda desses vá rios órgãos, inclusive pancreatite, m iosite e glom erulonefrite, têm sido relatados.
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■ RESPOSTA IMUNE DO HOSPEDEIRO A infecção aguda p o r Toxoplasma evoca um a cascata de respostas im unes protetoras no hospedeiro im u nocom petente. O Toxoplas ma entra no hospedeiro ao nível da m ucosa intestinal e causa um a resposta im une da m ucosa, que inclui a produção de IgA secretória antígeno-específica. T ítulos séricos de an ticorpo IgA direcionados para p30 (SAG-1) representam um m arcador útil para toxoplasm ose congênita e aguda. A IgA do soro do leite de m ães infectadas de for m a aguda contém um título alto de anticorpo a T. gondii, e pode blo quear a infecção de eritrócitos in vitro. Em cam undongos, secreções intestinais de IgA direcionadas ao parasita são abundantes, e estão associadas à indução de células T da m ucosa. D entro do hospedeiro, T. gondii rapidam ente induz níveis d e tectáveis de antico rp o s séricos, tan to IgM com o IgG. G am opatia m onoclonal da classe IgG po d e o c o rre r em lactentes com infecção congênita. Níveis de IgM p odem estar aum entados em recém -nascidos com infecção congênita. O s anticorpos IgG policlonais evoca dos pela infecção são parasiticidas in vitro n a presença de com ple m ento sérico, e são a base para o teste de corante de Sabin-Feldm an. C ontudo, a im unidade m ediada p o r células é a prin cip al resposta protetora induzida pelo parasita du ran te a infecção do hospedeiro. M acrófagos são ativados depois da fagocitose de parasitas opsonizados p or anticorpos. Essa ativação pode levar à m orte do parasita, ou p o r um processo dependente, ou independente de oxigênio. Se o parasita não é fagocitado e entra no m acrófago p o r penetração ativa, ele continua a replicar, e essa replicação pode representar o m ecanis m o p ara transporte e dissem inação a órgãos distantes. O Toxoplasma estim ula um a resposta robusta de IL-12 pelas células dendríticas h u m anas. O requisito para coestim ulação via C D 40/154 foi estabeleci do. As respostas de células T CD 4+ e C D 8+ são antígeno-específicas, e estim ulam ainda m ais a produção de u m a variedade de linfocinas im portantes que expandem o rep ertó rio de células T e células killer naturais. T. gondii é um potente in d u to r de um fenótipo T H1, com IL-12 e IF N -7 d esem penhando u m papel essencial no controle do crescim ento de parasitas no hospedeiro. A regulação da resposta inflam atória está, pelo m enos parcialm ente, sob o controle de um a resposta T H2 que inclui a p ro d u ção de IL-4 e IL-10 em indivíduos soropositivos. Tanto indivíduos assintom áticos com o aqueles com infecção ativa p odem ter u m a pro p o rção C D 4+ para C D 8+ d e p ri m ida. Esse desvio pode estar correlacionado com u m a síndrom e de doença, m as não necessariam ente com o desfecho da enferm idade. Clones de células T hum anas, tan to de fenótipo CD 4+ com o C D 8+, são citolíticos contra m acrófagos infectados p o r parasitas. Esses clo nes de células T produzem citocinas que são “m icrobiostáticas”. IL18, IL-7 e IL-15 regulam p ara cim a a p rodução de IFN -7 , e podem ser im portantes d urante infecção aguda e crônica. O efeito de IFN -7 pode ser paradoxal, tam bém com estim ulação de um a resposta regu ladora para baixo do hospedeiro. E m bora se acredite que em pacientes com Aids a infecção por T. gondii seja recrudescente, a determ inação de títulos de anticorpo geralm ente não é útil para estabelecer a reativação. Por causa da sé ria depleção de células T CD4-t-, é m uito freqüente que não seja ob servado aum ento do título de anticorpos d urante a exacerbação da infecção. As células T de pacientes com Aids em reativação da toxo plasm ose deixam de secretar tanto IFN -7 com o IL-2. Essa alteração na produção de tais citocinas im unes críticas contribui para a per sistência da infecção. A infecção p o r Toxoplasma frequentem ente se desenvolve tardiam ente no curso de Aids, quando a perda de m eca nism os protetores dependentes de células T, particularm ente células T C D 8+, se torna m ais pronunciada.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Em pessoas cujos sistem as im unes estão intactos, a toxoplasm ose aguda geralm ente é assintom ática e autolim itada. Essa condição pode passar desapercebida em 80 a 90% dos adultos e crianças com infec ção adquirida. A natureza assintom ática dessa infecção torna 0 diag nóstico difícil em mães infectadas d urante a gravidez. Em contraste, a
variedade am pla de m anifestações clínicas em crianças com infecção congênita inclui complicações neurológicas graves, tais com o h id ro cefalia, m icrocefalia, deficiência m ental e coriorretinite. Se a infecção pré-natal é grave, pode ocorrer falência de m últiplos órgãos e m orte fetal intrauterina subsequente. Em crianças e adultos, a infecção crô nica pode persistir durante toda a vida, com poucas conseqüências para o hospedeiro im unocom petente.
Toxoplasmose em pacientes imunocompetentes A m anifestação m ais com um da toxoplasm ose aguda é linA denopatia cervical. Os gânglios podem ser solitários ou m últiplos, geralm ente são indolores, discretos e variam em firmeza. Linfadenopatia tam bém pode ser encontrada nas áreas suboccipital, supraclavicular, inguinal e m ediastinal. L infadenopatia generalizada ocorre em 20 a 30% dos pacientes sintom áticos. Entre 20 e 40% dos pacientes com lin fadenopatia tam bém têm cefaleia, m al-estar geral, fadiga e febre [geralm ente com um a tem peratura de < 40°C ( 95% dos casos de ET sejam ocasionados p or infecção recrudes cente. Na m aioria desses casos, a encefalite se desenvolve quando a contagem de célu las T CD4+ cai abaixo de 100/|xL. Em h o s pedeiros im unocom prom etidos, a doença pode ser rapidam ente fatal se não tratada. Assim, o diagnóstico acurado e o início de terapia a propriada são necessários para prevenir infecção fulm inante. A toxoplasm ose é a principal infecção Figura 214.2 Encefalite toxoplásmica em um paciente de 36 anos de idade com Aids. As múltiplas oportunista do SNC em pessoas com Aids. lesões são demonstradas por imagem de ressonância magnética (ponderada em T1 com enriquecimento de gadolíE m bora a origem geográfica possa estar nio). (Cortesia de Clifford Eskey, Dartmouth Hitchcock Medicai Center, Hanover, NH; com autorização.)
ciência cognitiva, p erda de atenção e m em ória alterada. A biópsia cerebral, em pacientes que ten h a m sido tratad o s para ET, m as que continuam a exibir disfunção neurológica, frequentem ente deixa de identificar m icrorganism os. Autópsias de pacientes infectados p or Toxoplasma têm d em ons trado o envolvim ento de m últiplos órgãos, inclusive os pulm ões, trato gastrintestinal, pâncreas, pele, olhos, coração e fígado. A pneum onia p o r Toxoplasma pode ser confundida com pneu m o n ia p o r P neu mocystis (PcP). O envolvim ento respiratório geralm ente se apresenta com o dispnéia, febre e um a tosse não produtiva, e pode progredir ra pidam ente para insuficiência respiratória aguda, com hem optise, aci dose m etabólica, hipotensão e (ocasionalm ente) coagulação intravas cular dissem inada. Os estudos histopatológicos d em onstram necrose e um infiltrado celular m isto. A presença de m icrorganism os é um indicador diagnóstico útil, m as eles tam bém podem ser encontrados em tecido sadio. A infecção do coração geralm ente é assintom ática, m as pode se associar ao tam ponam ento cardíaco ou a insuficiência biventricular. Infecções do trato gastrintestinal e do fígado têm sido docum entadas.
Toxoplasmose congênita Entre 400 e 4.000 lactentes nascidos todos os anos nos Estados U ni dos são afetados por toxoplasm ose congênita. A infecção aguda em m ães que adquirem T. gondii durante a gravidez geralm ente é assin tom ática; a m aioria de tais m ulheres é diagnosticada p o r m eio de triagem sorológica pré-natal. A infecção da placenta leva à infecção hem atogênica do feto. Q uando a gestação prossegue, a proporção de fetos infectados aum enta, m as a gravidade clínica da infecção declina. Em bora as crianças infectadas possam ser assintom áticas inicialm en te, a persistência de T. gondii pode resultar em reativação e doença clínica - mais frequentem ente coriorretinite - décadas m ais tarde. Fatores associados com incapacidades relativam ente graves incluem retardos no diagnóstico e com eço do tratam ento, hipoxia neonatal e hipoglicem ia, deficiência visual severa (ver “Infecção ocular, adian te), hidrocefalia não corrigida e pressão intracraniana aum entada. Se tratados apropriadam ente, m ais de 70% das crianças têm desenvol vim ento, achados neurológicos e oftalm ológicos norm ais nas avalia ções de seguimento. O tratam ento p or 1 ano com p irim etam ina, um a sulfonam ida e ácido folínico é tolerado com toxicidade m ínim a (ver “T ratam ento”, adiante).
retina frequentem ente são grandes, com necrose retiniana difusa, e incluem tanto taquizoítos livres, com o cistos contendo bradizoítos. A coriorretinite toxoplásm ica pode ser um p ró d ro m o do desenvol vim ento de encefalite.
■ DIAGNÓSTICO Tecidos e líquidos corporais O diagnóstico diferencial da toxoplasm ose aguda po d e ser feito p o r cu ltu ra apropriada, testes sorológicos e PCR (Q u a d ro 214.1). E m bora difícil e disponível apenas em laboratórios especializados, o isolam ento de T. gondii do sangue ou ou tro s líquidos corpóreos p o d e ser conseguido após subinoculação da a m o stra na cavidade peritoneal de cam undongos. Se n e n h u m parasita for e n contrado no líquido peritoneal do cam undongo 6-10 dias após a inoculação, seu títu lo sérico contra o Toxoplasma p o d e ser avaliado 4-6 sem anas depois. O isolam ento de T. gondii dos líquidos corporais do p acien te reflete infecção aguda, ao passo que o isolam ento de tecido de biópsia é som ente u m a indicação da presença de cistos teciduais, e n ão deve ser m al in te rp reta d o com o evidência de toxoplasm ose aguda. Parasitem ia persistente em pacientes com infecção latente, assintom ática, é rara. O exam e histológico de gânglios linfáticos pode sugerir as alterações características descritas anteriorm ente. A
QUADRO 214.1 toxoplasmose Situação clínica Síndrome de mononucleose
Doenças Infecciosas 1726
Diagnóstico alternativo
Infecção congênita
Estim a-se que a infecção com T. gondii cause 35% de to dos os casos de coriorretinite nos Estados U nidos e Europa. A credita-se que a m aior parte do envolvim ento ocular seja devido à infecção congênita, m as a infecção adquirida pode ser asso Coriorretinite ciada a surtos de doença ocular, m esm o em indivíduos im unocomem indivíduo petentes (como visto em Victoria, British Colúm bia, e na A m érica do imunocompetente Sul). Um a variedade de m anifestações oculares é docum entada, in Coriorretinite em clusive visão turva, escotom as, fotofobia e d or ocular. Envolvim ento paciente com Aids da m ácula ocorre, com perda de visão central e nistagm o secundário
•
Características distintivas
Vírus Epstein-Barr
Sorologia
Citomegalovírus
Sorologia/PCR ou cultura
HIV
Sorologia/carga viral
Bartonella (doença da
Biópsia (PCR ou cultura)/ sorologia
arranhadura de gato)
Infecção ocular
a m á fixação. O com prom etim ento dos m úsculos extraoculares pode levar a distúrbios de convergência e a estrabism o. O exam e oftalm ológico deve ser realizado em recém -nascidos com suspeita de infec ção congênita. Q uando a inflam ação regride a visão m elhora, m as exacerbações episódicas de coriorretinite, que destroem progressiva m ente o tecido retiniano e levam ao glaucom a, são com uns. O exam e oftalm ológico revela áreas branco-am areladas, sem e lhantes a algodão, com m argens indistintas de hiperem ia. Q u ando as lesões envelhecem , placas brancas com b ordas d istintas e m a n chas negras d entro do pigm ento retiniano to rn am -se m ais a p aren tes. As lesões geralm ente estão localizadas próxim o ao polo p o ste rior da retina; elas p odem ser isoladas, m as, m ais com um ente, são m últiplas. As lesões congênitas p odem ser unilaterais ou bilaterais, e m ostram evidência de degeneração corio rretin ian a m assiva com fi brose extensa. C ircundando essas áreas de envolvim ento estão um a retin a e vasculatura norm ais. Em pacientes com A ids, as lesões da
Diagnóstico diferencial laboratorial de
Linfoma
Biópsia
Citomegalovírus
Cultura viral/PCR
Vírus do herpes simples
Cultura viral/PCR
Vírus da rubéola
Sorologia
Sífilis
Cultura bacteriana
Cultura viral/sorologia
Listeriose Tuberculose
Cultura bacteriana
Sífilis
Sorologia
Histoplasmose
Sorologia/cultura
Citomegalovírus
Cultura viral/PCR
Sífilis
Sorologia
Vírus do herpes simples
Cultura viral/PCR
Vírus varicela-zóster
Cultura
Cultura viral/PCR
Infecção fúngica Lesões de SNC em paciente com Aids
Linfoma ou tumor metastático
Biópsia de tecido
Abscesso cerebral
PCR para vírus JC
Leucoencefalopatia multifocal progressiva
Biópsia e cultura
Infecção fúngica
Cultura bacteriana
Biópsia e cultura
Infecção micobacteriana Fonte: Adaptado de JD Schwartzman: Toxoplasmosis, in Principies and Practice of Clinical Parasitology. Hoboken, Wiley, 2001.
demonstração de taquizoítos em linfonodos estabelece o diagnósti co de toxoplasmose aguda. Do mesmo modo que a subinoculação em camundongos, a demonstração histológica de cistos contendo bradizoítos confirm a a infecção prévia com T. gondii, mas não é diagnóstica para infecção aguda.
Sorologia Os procedimentos mencionados antes têm grande valor diagnóstico, mas são limitados por dificuldades encontradas, ou no crescimento de parasitas in vivo, ou na identificação de taquizoítos por métodos histoquímicos. Os testes sorológicos se tornaram o método rotineiro de diagnóstico. O diagnóstico de infecção aguda com T. gondii pode ser estabe lecido por detecção da presença simultânea de anticorpos IgG e IgM a Toxoplasma no soro. A presença de IgA circulante favorece o diag nóstico de uma infecção aguda. O teste de corante de Sabin-Feldman, o teste de anticorpo fluorescente indireto e o ensaio imunoabsorvente ligado a enzima (ELISA) todos mensuram satisfatoriamente anticorpo IgG circulante ao Toxoplasma. Títulos de IgG positivos (> 1:10) podem ser detectados tão cedo como 2-3 semanas depois da infecção. Esses títulos geralmente alcançam o pico às 6-8 semanas, e declinam lentamente a um novo nível de linha de base que per siste por toda vida. A avidez por anticorpo aumenta com o tempo, e pode ser útil em casos difíceis durante a gravidez para estabelecer quando a infecção pode ter ocorrido. O título sérico de IgM deve ser mensurado em conjunto com o título de IgG, para estabelecer melhor o tempo de infecção; o duplo sanduíche IgM-ELISA, ou o en saio imunoabsorvente de IgM (IgM-ISAGA), deve ser usado. Ambos os ensaios são específicos e sensíveis, com menos resultados falsos positivos que outros testes comerciais. O duplo sanduíche IgA-ELISA é mais sensível que o IgM-ELISA para detectar infecção congênita no feto e no recém-nascido. Embora um resultado de IgM negativo com um título de IgG positivo indique infecção distante, a IgM pode persistir por > 1 ano, e não deve ser considerada necessariamente um reflexo de doença aguda. Se houver suspeita de toxoplasmose agu da, uma bateria mais extensa de testes sorológicos pode ser realizada no laboratório de referência para Toxoplasma na Paio A lto Medicai Foundation (http://www.pamf.org/serology/clinicianguide.html).
Diagnóstico molecular
0 adulto ou criança imunocompetente Para o paciente que se apresenta apenas com linfadenopatia, um tí tulo positivo de IgM é uma indicação de infecção aguda - e uma in dicação para terapia, se clinicamente justificável (ver “ Tratamento”, adiante). O título sérico de IgM deve ser determinado novamente em 3 semanas. Uma elevação no título de IgG sem um aumento do título de IgM sugere que infecção está presente, mas não é aguda. Se houver aumento limítrofe em IgG ou IgM, os títulos devem ser reavaliados em 3-4 semanas. 0 hospedeiro imunocomprometido Um diagnóstico clínico presuntivo de ET em pacientes com Aids baseia-se na apresentação clínica, história de exposição (como evidenciada por sorologia positiva) e avaliação radiológica. Para
Infecções por Toxoplasma
Abordagens moleculares podem detectar diretamente T. gondii em amostras biológicas, independentemente da resposta sorológica. Re sultados obtidos com PCR têm sugerido alta sensibilidade, especifi cidade e utilidade clínica no diagnóstico de ET, em cenários pobres em recursos. A PCR em tempo real é uma técnica promissora que pode fo r necer resultados quantitativos. Isolados podem ser submetidos à t i pagem genética e seqüências polimórficas podem ser obtidas, com a conseqüente identificação da cepa precisa. Estudos epidemiológi cos moleculares com marcadores polim órficos têm sido úteis para se correlacionar sinais e sintomas clínicos da doença com diferentes genótipos de T. gondii.
detecção de infecção latente com T. gondii, as pessoas infectadas por H IV devem ser testadas para anticorpo IgG a Toxoplasma logo depois que a infecção com H IV for diagnosticada. Quando esses critérios são usados, o valor preditivo é tão alto quanto 80%. Mais de 97% dos pacientes com Aids e toxoplasmose têm anticorpo IgG a T. gondii no soro. A nticorpo IgM no soro geralmente não é de tectável. Embora títulos de IgG realmente se correlacionem com infecção ativa, a evidência sorológica de infecção praticamente sempre precede o desenvolvimento de ET. Portanto, é importante determinar o status de anticorpos para Toxoplasma de todos os pa cientes infectados com HIV. Os títulos de anticorpo podem variar de negativos a 1:1.024 em pacientes com Aids e ET. Menos de 3% dos pacientes não têm anticorpo a Toxoplasm a demonstrável ao diagnóstico de ET. Os pacientes com ET têm anormalidades focais ou multifocais demonstráveis por TC ou RM N. A avaliação neurorradiológica deve in clu ir TC do crânio com dose dupla de contraste. Por esse exame, lesões isoladas e, frequentemente, múltiplas (< 2 cm) podem ser identificadas com ampliação por contraste. A R M N geralmente demonstra lesões múltiplas localizadas em ambos os hemisférios, com os núcleos da base e a junção corticomedular mais comumente envolvidos; a R M N propicia uma avaliação mais sensível da eficácia da terapia do que a TC (Fig. 214.2). Esses achados não são patognomônicos de infecção por Toxoplasma, pois 40% dos linfomas do SNC são multifocais, e 50% são amplificadores em anel. Tanto para imagens de RM N como de TC, a taxa de resultados falsos negati vos é -10%. O achado de uma lesão isolada na imagem de RMN aumenta a probabilidade de linfom a prim ário do SNC (no qual as lesões solitárias são quatro vezes mais prováveis que na ET), e for talece a argumentação para a realização de uma biópsia do cérebro. Frequentemente, um teste terapêutico de medicamentos contra To xoplasm a é usado para avaliação diagnóstica. O tratamento de ET presuntiva com pirim etam ina mais sulfadiazina, ou clindamicina, resulta em melhora clínica quantificável em >50% dos pacientes, pelo 3° dia. Pelo 7o dia, > 90% dos pacientes tratados mostram evi dências de melhora. Em contraste, se os pacientes não respondem, ou têm linfoma, os sinais e sintomas clínicos pioram pelo 7o dia. Pacientes nessa categoria precisam de biópsia de cérebro, com ou sem uma mudança na terapia. Esse procedimento pode atualmente ser realizado por um método estereotáxico guiado por TC, que re duz o potencial para complicações. A biópsia cerebral para T. gondii identifica microrganismos em 50-75% dos casos. A amplificação por PCR do LCS também pode confirm ar toxoplasmose, ou sugerir diagnósticos alternativos, tais como leucoencefalopatia m ultifocal progressiva (positiva para vírus JC) ou linfom a prim ário do SNC (positiva para vírus Epstein-Barr). Tanto a tomografia por emissão de pósitrons (PET) como a TC por emissão de fóton único (SPECT) tem sido especulada como meio de detectar ou afastar infecção por T. gondii, quando se suspei ta de uma lesão do SNC. Entretanto, atualmente TC e RM N são os exames diagnósticos de imagem padrão para ET- Como em outras condições, a resposta radiológica pode ser retardada em relação à resposta clínica. A resolução das lesões pode levar de 3 semanas a 6 meses. Alguns pacientes mostram melhora clínica apesar de piora dos achados radiológicos.
Infecção congênita O tópico de preocupação quando uma mulher grávida tem evidên cia de infecção recente com T. gondii é se o feto está infectado. A análise por PCR do líquido amniótico para o gene B l de T. gondii tem substituído a amostra de sangue fetal. O diagnóstico sorológico baseia-se na persistência de anticorpo IgG, ou um título positivo de IgM, depois da primeira semana de vida (um período de tempo que exclui vazamento placentário). A determinação de IgG deve ser repe tida a cada 2 meses. Um aumento de IgM além da primeira semana de vida é indicativo de infecção aguda. Contudo, até 25% dos recém-nascidos infectados podem ser soronegativos e ter exames físicos
1727
de rotina normais. Assim, a avaliação ocular e cerebral, com exame oftalmológico, avaliação do LCS e estudos de imagem é importante para se estabelecer o diagnóstico.
Toxoplasmose ocular O título de anticorpo sérico pode não se correlacionar com a pre sença de lesões ativas no fundo de olho, particularmente em casos de toxoplasmose congênita. Em geral, um título positivo de IgG (mensurado em soro não diluído, se necessário), em conjunto com lesões típicas, estabelece o diagnóstico. A produção de anticorpos em fluidos oculares, expressa em termos do coeficiente de Goldmann-W itmer, também pode ser usada para diagnóstico de doença ocular. A confirmação da produção de anticorpo específico local no olho indica que o sítio da atividade inflam atória está localiza do nesse órgão. Entretanto, dois terços dos pacientes sem evidência de produção de anticorpo específico na apresentação clínica inicial desenvolvem um título detectável mais tarde. Se as lesões forem atípicas e o título estiver na faixa de baixa positividade, o diagnós tico é presumível. O ensaio de IgG policlonal antígeno-específica parasitária, assim como a PCR antígeno-específica do parasita, pode facilitar o diagnóstico. Em conformidade, o diagnóstico clí nico de toxoplasmose ocular pode ser confirm ado por exames de laboratório em 60-90% dos casos, a depender do tempo da punção de câmara anterior e da bateria de análises de anticorpo usada. Nos casos remanescentes, a possibilidade de um diagnóstico laboratorial falsamente negativo, ou de um diagnóstico clínico incorreto, não pode ser esclarecida além disso.
TRATAMENTO
Toxoplasmose
Doenças Infecciosas
INFECÇÃO CONGÊNITA Os neonatos com infecção congênita são tratados com pirimetamina oral (1 mg/kg) e sulfadiazina (100 mg/kg) diariamente, com ácido folínico, por 1 ano. A depender dos sinais e sintomas, prednisona (1 mg/kg por dia) pode ser usa da para infecção congênita. Alguns Estados dos EUA e alguns países fazem a triagem ro ti neira de mulheres grávidas (França, Áustria) e/ou recém-nascidos (Dinamarca, Massachusetts). Os regimes de manejo e tratamen to variam com o país e o centro de tratamento. A maioria dos especialistas usa espiramicina para tratar mulheres gestantes que têm toxoplasmose aguda no início da gravidez, e usa pirim etamina/sulfadiazina/ácido folínico para tratar mulheres que fazem soroconversão depois de 18 semanas de gestação, ou em casos de infecção fetal documentada. Esse tratamento é um tanto con trovertido: estudos clínicos, que incluíram poucas mulheres não tratadas, não comprovaram a eficácia de tal terapia para prevenir toxoplasmose congênita. Entretanto, os estudos sugerem real mente que o tratamento durante a gravidez d im inu i a gravida de da infecção. Muitas mulheres que são infectadas no primeiro trimestre optam pela interrupção da gravidez. Àquelas que não interrompem a gravidez, se oferece terapia antibiótica pré-natal para reduzir a frequência e a gravidade da infecção por Toxoplas ma no lactente.* INFECÇÃO EM PACIENTES IMUNOCOMPETENTES Adultos e crianças maiores imunologicamente competentes, que têm somente lin fadenopatia, não necessitam de terapia específica, a menos que tenham sintomas intensos persistentes. Os pacientes com toxo plasmose ocular geralmente são tratados por 1 mês com pirim e tamina mais sulfadiazina ou clindamicina, e, algumas vezes, com prednisona. O tratamento deve ser supervisionado por um oftal mologista com experiência em doença por Toxoplasma. A doença ocular pode ser autolimitada sem tratamento, mas a terapia é considerada, em geral, para lesões que são graves, ou próximas da fóvea ou disco óptico. * N. de T.: A legislação brasileira não permite a interrupção da gravidez por motivo de infecção fetal.
1728
INFECÇÃO EM PACIENTES IMUNOCOMPROMETIDOS
Profilaxia primária Os pacientes com Aids devem ser tratados para toxoplasmose aguda; em pacientes imunocomprometidos, a toxoplasmose é rapidamente fatal se não tratada. Antes da in trodução de TARV, o tempo mediano de sobrevida era de > 1 ano para os pacientes que podiam tolerar o tratamento para ET. Ape sar de sua toxicidade, os fármacos usados para tratar ET eram ne cessários para sobrevivência antes da TARV. A incidência de ET declinou, à medida que a sobrevida de pacientes com infecção por H IV aumentou por meio do uso de TARV. Na África, muitos pacientes só são diagnosticados com infec ção por H IV depois de desenvolver infecções oportunistas, tais como ET. Portanto, o tratamento ótim o dessas infecções oportu nistas é importante para que os benefícios da TARV subsequente sejam concretizados. Pacientes com Aids que são soropositivos para T. gondii e que têm uma contagem de linfócitos T CD4+ de < 100/|xL devem receber profilaxia contra ET. Dos agentes disponíveis atualmente, sulfametoxazol-trimeto prima (SMX-TMP) parece ser uma alternativa eficaz para o trata mento de ET em cenários pobres em recursos, onde a combinação preferida de pirimetamina mais sulfadiazina não esteja disponí vel. A dose diária de SM X-TM P recomendada como o regime preferido para profilaxia de PcP (um com prim ido de potência du pla) é efetiva contra ET. Se os pacientes não podem tolerar SMX-TMP, a alternativa recomendada é dapsona-pirimetamina, que também é eficaz contra PcP. Atovaquona, com ou sem pirim eta mina, também pode ser considerada. A monoterapia profilática com dapsona, pirimetamina, azitromicina, claritromicina ou pen tamidina em aerossol provavelmente é insuficiente. Os pacientes com Aids que são soronegativos para Toxoplasma, e que não estão recebendo profilaxia para PcP, devem ser reavaliados quanto a an ticorpo IgG para Toxoplasma, se sua contagem de células T CD4+ cair para < 100|jlL. Se a soroconversão acontecer, então o paciente deve receber profilaxia, conforme descrito antes. Suspensão da profilaxia primária
Estudos atuais indicam que a profilaxia contra ET pode ser suspensa em pacientes que tenham respondido à TARV, e cuja contagem de linfócitos T CD4+ tenha sido > 200/( jlL por 3 meses. Embora os pacientes com contagens de linfócitos T CD4+ de < 100/|xL estejam em risco m aior de desenvolver ET, o risco de que essa condição se desenvolva quan do a contagem tenha aumentado para 100-200/|xL ainda não foi estabelecido. Então, a profilaxia deve ser suspensa quando a contagem tenha aumentado para 200/|xL. A suspensão da tera pia reduz a carga de comprimidos; o potencial para toxicidade de fármacos, a interação medicamentosa, ou a seleção de patógenos resistentes a fármacos; e o custo. A profilaxia deve ser recome çada, se a contagem de linfócitos T CD4+ d im in u ir novamente para < 100-200/|jlL . Os indivíduos que tenham completado a terapia inicial para ET devem receber tratamento indefinidamente, a rfienos que a re constituição imune, com uma contagem de células T CD4+ de > 200/(xL, ocorra como uma conseqüência de TARV. A terapia de combinação com pirimetamina mais sulfadiazina mais ácido folí nico é efetiva para esse propósito. Uma alternativa à sulfadiazina nesse esquema é a clindamicina.
Suspensão da profilaxia secundária (terapia de manutenção de lon go prazo) Os pacientes recebendo profilaxia secundária para ET estão em baixo risco de recorrência, quando tenham concluído a terapia inicial para ET, permaneçam assintomáticos, e tenham uma contagem de linfócitos T CD4+ de > 200/( jlL por pelo me nos 6 meses depois de TARV. Essa recomendação baseia-se em observações recentes em uma coorte grande (381 pacientes), e é consistente com dados mais extensos que indicam a seguran ça de se suspender a profilaxia secundária para outras infecções oportunistas, durante a doença avançada por HIV. A interrupção da terapia de manutenção de longo prazo entre esses pacientes
parece razoável. Um exame de repetição de RMN do cérebro é recomendado. A profilaxia secundária deve ser reintroduzida, se a contagem de linfócitos T CD4+ dim inu ir para < 200/|xL.
■ PREVENÇÃO Todas as pessoas infectadas com HIV, inclusive aquelas que não tenham anticorpo IgG para Toxoplasma, devem ser aconselhadas com relação às fontes de infecção por Toxoplasma. As chances de infecção prim ária com Toxoplasma podem ser reduzidas pela não ingestão de carne mal cozida, e evitando materiais contaminados com oocistos (p. ex., a caixa de detritos de um gato). Especifica mente, a carne de ovinos, bovinos e suínos deve ser cozida a uma temperatura interna de 75o-80°C; de uma perspectiva mais prática, a carne cozinhada até que não esteja mais rósea por dentro geral mente satisfaz esse requisito. As mãos devem ser lavadas rigorosa mente após trabalho no jardim , e todas as frutas e hortaliças devem ser lavadas. A ingestão de moluscos crus é um fator de risco para toxoplasmose, pois o mecanismo alimentar por filtração de ostras e mexilhões concentra oocistos. Se o paciente possuir um gato, a caixa de dejetos deve ser limpa ou trocada diariamente, preferivelmente por uma pessoa negativa para H IV e não gestante; alternativamente, os pacientes devem lavar suas mãos rigorosamente após trocar a caixa de dejetos. Se possível, as caixas de dejetos devem ser trocadas diariamente, pois os oocistos excretados recentemente não terão esporulado e não serão infeccio sos. Os pacientes devem ser encorajados a manter seus gatos dentro de casa, e a não adotar ou manusear gatos de rua. Os gatos devem ser alimentados somente com alimentos comerciais enlatados ou resse cados, ou comida de mesa bem cozida, e não com carnes cruas ou mal cozidas. Os pacientes não precisam ser aconselhados a se separar
CAPÍTULO
215
Infecções Intestinais Causadas por Protozoários e Tricomoníase INFECÇÕES POR PROTOZOÁRIOS ■ GIARDÍASE A Giardia intestinalis (também conhecida como G. lamblia ou G. duodenalis) é um protozoário parasita cosmopolita, que habita o intestino delgado de seres humanos e outros mamíferos. A giardíase é uma das doenças parasitárias mais comuns m un dialmente, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvi mento, causando doença intestinal e diarréia, tanto endêmica como epidêmica.
Ciclo vital e epidemiologia (Fig. 215.1) A infecção segue-se à ingestão de cistos resistentes ao meio ambiente, que se abrem no intestino delgado, liberando tro fozoítos flagelados (Fig. 215.2) que se m ultiplicam por fissão biná ria. A Giardia permanece como um patógeno do intestino delgado proximal, e não se dissemina por via hematogênica. Os trofozoítos ficam livres no lume, ou se fixam ao epitélio da mucosa por meio de um disco ventral de sucção. Quando um trofozoíto encontra condições alteradas, ele forma um cisto morfologicamente distin
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M o n to y a
to, que é a fase do parasita encontrada nas fezes. Os trofozoítos podem estar presentes, e mesmo predominar, nas fezes soltas ou aquosas, mas é o cisto resistente que sobrevive fora do corpo e é responsável pela transmissão. Os cistos não toleram o aquecimen to, dessecação, ou exposição continuada a fezes, mas permanecem viáveis por meses em água doce fria. O núm ero de cistos excreta dos varia amplamente, mas pode se aproxim ar de 10' por grama de fezes. A ingestão de tão poucos como 10 cistos é suficiente para causar a infecção humana. Como os cistos são infecciosos quando excreta dos, a transmissão de pessoa a pessoa ocorre quando a higiene fecal é pobre. A giardíase (sintomática ou assintomática) é especialmente prevalente em creches; a disseminação de pessoa a pessoa também tem lugar em outros ambientes institucionais com má higiene, e du rante o contato anal-oral. Se a comida for contaminada com cistos de Giardia depois da cocção ou preparo, pode ocorrer a transmissão vei culada por alimento. A transmissão veiculada pela água é responsável por infecções episódicas (p. ex., em acampados e viajantes), e por grandes epidemias em áreas metropolitanas. A água de superfície, variando desde riachos de montanhas até grandes reservatórios m u nicipais, pode se tornar contaminada com cistos de Giardia de o ri gem fecal; sistemas de água obsoletos estão sujeitos à contaminação cruzada por vazamentos de tubulações de esgoto. A eficácia da água como um meio de transmissão é ampliada pelo pequeno inóculo in feccioso da Giardia, pela sobrevida longa dos cistos em água fria, e pela resistência dos cistos à morte por métodos de cloração rotinei ros, que são adequados para controlar bactérias. Cistos viáveis po dem ser erradicados da água, ou por fervura, ou por filtração. Nos Estados Unidos, a Giardia (como o Cryptosporidium; ver adiante) é uma causa comum de epidemias de gastrenterite veiculadas pela água. Giardia é comum nos países em desenvolvimen to, e as infecções podem ser adquiridas por viajantes.
Infecções Intestinais Causadas por Protozoários...
Peter F. W eller
de seus gatos, ou a tê-los testados para toxoplasmose. O sangue des tinado para transfusão em indivíduos imunocomprometidos sorone gativos para Toxoplasma deve ser rastreado para anticorpos contra T. gondii. Embora essa triagem sorológica não seja realizada rotineira mente, as mulheres soronegativas devem ser rastreadas para evidên cia de infecção várias vezes durante a gravidez, se forem expostas a condições ambientais que as ponham em risco de infecção com T. gondii. Os indivíduos HlV-positivos devem aderir firmemente a es sas medidas preventivas.
1729
A eclosão do cisto segue-se à exposição ao ácido estom acal e às proteases intestinais, liberando form as trofozoíticas que se m ultiplicam por fissão binária e residem no intestino delgado superior, aderentes a enterócitos.
Parasitas Giardia, genotipicamente similares àqueles dos huma nos, são encontrados em muitos mamíferos, inclusive castores de re servatórios implicados em epidemias. A importância de cães e gatos como fontes de infecção humana não está clara. A giardíase, como a criptosporidiose, cria um ônus econômico significante, por causa dos custos envolvidos na instalação de sis temas de filtração de água necessários para prevenir epidemias de veiculação hídrica, no manejo de epidemias que envolvem grandes comunidades, e na avaliação e tratamento de infecções endêmicas. C ausa: Infecção a ssintom ática, diarréia aguda, ou diarréia crônica e m á absorção. O intestino delgado pode d e m o n strar a chatam ento de vilosidades, hipertrofia de criptas e inflam ação da m ucosa.
A eclosão do cisto ocorre sob co n d içõ e s de alterações da concentração de sais biliares e pH alcalino. O s cisto s de paredes lisas podem conter dois trofozoítos.
Os cistos são ingeridos (10-25 cistos) em água ou alimentos contam inados, ou por transm issão fecal-oral direta (como em creches).
O s cistos poaern sooreviver no am o ie n ie ^axe várias sem anas em água fria). Eles tam bém podem infectar espécies de m am íferos não hum anos.
O s cistos e trofozoítos são passados nas fezes ao am biente.
Ciclo vital da Giardia. (Reimpressa de RL Guerrant et al: Tropical Infectious Disease: Principies, Pathogens and Practice, 2nd ed, 2006, p 987, com autorização de Elsevier Science.)
Figura 215.1
Doenças Infecciosas Figura 215.2
1730
Trofozoítos de Giardia binucleados, flagelados.
Fisiopatologia Os motivos pelos quais alguns, mas não todos, pacientes infectados desenvolvem manifestações clínicas, e os mecanismos pelos quais a Giardia causa alterações na função do intestino delgado, são larga mente desconhecidos. Embora os trofozoítos adiram ao epitélio, eles não causam alterações invasivas ou localmente destrutivas. A intole rância à lactose e, em uma m inoria de adultos e crianças infectados, a má absorção significante que se desenvolve, são sinais clínicos da perda de atividades enzimáticas da borda em escova. Na maioria das infecções, a morfologia intestinal é inalterada; contudo, em poucos casos (geralmente em pacientes com infecção crônica, sintomáticos), os achados histopatológicos (inclusive vilosidades achatadas) e as manifestações clínicas assemelham-se àqueles do espru tropical e da enteropatia por sensibilidade ao glúten. A patogênese da diarréia na giardíase não é conhecida. A história natural da infecção por Giardia varia acentuadamen te. As infecções podem ser abortivas, transitórias, recorrentes, ou crônicas. Fatores do parasita, bem como do hospedeiro, podem ser importantes para determinar o curso da infecção e a doença. Tanto respostas celulares como humorais se desenvolvem nas infecções hu manas, mas seus papeis precisos no controle da infecção e/ou doença são desconhecidos. Visto que pacientes com hipogamaglobulinemia sofrem infecções prolongadas, graves, que respondem mal ao trata mento, as respostas imunes humorais parecem ser importantes. A maior susceptibilidade dos jovens que dos velhos, e de pessoas recen temente expostas que de populações expostas cronicamente, sugere que imunidade protetora, pelo menos parcial, possa se desenvolver. Os isolados de Giardia variam genotípica, bioquímica e biologica mente, e as variações entre isolados podem contribuir para evoluções diferentes da infecção.
Manifestações clínicas As manifestações mórbidas da giardíase variam desde o estado de portador assintomático até diarréia fulm inante e má absorção. A maioria das pessoas infectadas é assintomática, mas em epidemias a proporção de casos sintomáticos pode ser mais alta. Os sintomas podem se desenvolver de forma súbita ou gradual. Em pessoas com giardíase aguda, os sintomas se desenvolvem depois de um período de incubação que dura pelo menos 5-6 dias, e geralmente 1-3 sema nas. Os sintomas iniciais proeminentes incluem diarréia, dor abdo minal, empachamento, eructações, flatulência, n§usea e vômitos. Embora a diarréia seja comum, as manifestações intestinais altas, tais como náusea, vômitos, empachamento e dor abdominal, podem predominar. A duração da giardíase aguda geralmente é > 1 sema na, embora a diarréia frequentemente regrida. Os indivíduos com giardíase crônica podem se apresentar com ou sem antecedente de ter experimentado um episódio agudo sintomático. A diarréia não é necessariamente proeminente, mas aumento da flatulência, fezes sol tas, eructação sulfurosa e (em alguns casos) perda de peso ocorrem. Os sintomas podem ser contínuos ou episódicos, e podem persistir por anos. Algumas pessoas que têm sintomas relativamente leves por períodos longos só reconhecem a extensão de seu desconforto retrospectivamente. Febre, presença de sangue e/ou muco nas fezes, e outros sinais e sintomas de colite são incomuns, e sugerem um diag nóstico diferente ou uma doença concomitante. Os sintomas tendem a ser intermitentes, entretanto recorrentes e gradualmente debilitantes, em contraste com os sintomas agudos incapacitantes associados a muitas infecções entéricas bacterianas. Por causa do caráter menos grave da doença e da propensão para infecções crônicas, os pacientes
QUADRO 215.1
Diagnóstico de infecções intestinais por
protozoários Coloração fecal ácido-resistente
Parasita
P.de fezes3
Giardia
+
Cryptosporidium
-
Isospora
-
+
Cyclospora
-
+
Microsporídios
-
+
Imunoensaios de antígenos nas fezes
Outros
+ +
Prevenção Embora a giardíase seja extremamente infecciosa, a doença pode ser prevenida pelo consumo de alimentos e água não contamina dos, e por higiene pessoal ao cuidar de crianças infectadas. A fer vura ou filtração de água potencialmente contaminada previne a infecção.
+
Colorações fecais especiais, biópsias de tecidos
*P. de fezes, parasitológico de fezes.
podem buscar orientação médica tardiamente no curso da enfermi dade; contudo, a doença pode ser grave, resultando em má absorção, perda de peso, retardo do crescimento e desidratação. Numerosas manifestações extraintestinais têm sido descritas, tais como urticária, uveíte anterior e artrite; não está claro se essas são causadas por giar díase ou por processos concomitantes. A giardíase pode ser grave em pacientes com hipogamaglobu linemia, e pode complicar outras doenças intestinais preexistentes, tais como a que ocorre na fibrose cística. Em pacientes com Aids, a Giardia pode causar doença entérica refratária ao tratamento.
Diagnóstico
Giardíase
As taxas de cura com metronidazol (250 mg três vezes por dia por 5 dias) geralmente são de 90%. O tinidazol (2 g lx , via oral) é rela tado como mais efetivo que o metronidazol. A nitazoxanida (500 mg 2x/dia por 3 dias) é um agente alternativo para o tratamento de giardíase. A paromomicina, um aminoglicosídio oral que não é bem absorvido, pode ser dado a pacientes grávidas sintomáticas, embora as informações sejam limitadas sobre a efetividade desse agente para erradicar a infecção. Quase todos os pacientes respondem à terapia e se curam, embora alguns com giardíase crônica apresentem resolução re tardada dos sintomas após a erradicação da Giardia. Para muitos desses últimos pacientes, os sintomas residuais provavelmente re fletem regeneração retardada das enzimas da borda em escova in testinal. A infecção continuada deve ser documentada por exames de fezes, antes que o tratamento seja repetido. Os pacientes que permanecem infectados depois de tratamentos repetidos devem ser avaliados para reinfecção por meio de membros da família, contatos íntimos pessoais e fontes ambientais, assim como para
■ CRIPTOSPORIDIOSE O parasita coccidiano Cryptosporidium causa doença diarreica que é autolimitada em hospedeiros humanos imunocompetentes, mas pode ser grave em pessoas com Aids ou outras formas de imunode ficiência. Duas espécies de Cryptosporidium, C. hominis e C. parvum , causam a maioria das infecções humanas.
Ciclo vital e epidemiologia As espécies de Cryptosporidium são largamente distribuí das no mundo. A criptosporidiose é adquirida pelo consu mo de oocistos (50% da dose infecciosa: -132 oocistos em indivíduos não imunes), que eclodem para liberar esporozoítos, os quais por sua vez penetram e infectam células epiteliais intestinais. O desenvolvimento ulterior do parasita envolve tanto ciclos asse xuados como sexuados, que produzem formas capazes de infectar outras células epiteliais e de gerar oocistos que são eliminados nas fezes. As espécies de Cryptosporidium infectam numerosos animais, e o C. parvum pode se disseminar de animais infectados para seres hu manos. Visto que os oocistos são imediatamente infecciosos quando eliminados nas fezes, a transmissão de pessoa a pessoa tem lugar em creches e entre contatos domiciliares e prestadores de assistência mé dica. A transmissão hídrica (especialmente aquela de C. hominis) é responsável por infecções em viajantes e epidemias de fonte comum. Os oocistos são bastante resistentes e resistem à morte por cloração de rotina. Tanto a água de beber como a recreativa (p. ex., piscinas, escorregadores de água) tem sido crescentemente reconhecida como fonte de infecção.
•
Fisiopatologia Embora as células epiteliais intestinais alberguem criptosporídios em um vacúolo intracelular, o meio pelo qual a diarréia secretória é provocada permanece incerto. Nenhuma alteração patológica característica é encontrada na biópsia. A distribuição da infecção pode ser esparsa dentro do seu sítio principal, o intestino delgado. Os criptosporídios são encontrados na faringe, estômago e intes tino grosso de alguns pacientes, e, às vezes, no trato respiratório. Especialmente em pacientes com Aids, o envolvimento do trato bilia r pode causar estenose de papila, colangite esclerosante, ou colecistite.
Manifestações clínicas Infecções assintomáticas podem ocorrer, tanto em hospedeiros imunocompetentes como imunocomprometidos. Em pessoas im u nocompetentes, os sintomas se desenvolvem depois de um período de incubação de -1 semana, e consistem principalmente em diar réia aquosa não sanguinolenta, algumas vezes acompanhada de dor abdominal, náusea, anorexia, febre e/ou perda de peso. Nesses hos pedeiros, a enfermidade geralmente regride depois de 1-2 semanas. Em contraste, em hospedeiros imunocomprometidos (especialmente aqueles com Aids e contagens de células T CD4+ < 100/fxL), a diar réia pode ser crônica, persistente e notavelmente profusa, causando depleção de líquidos e eletrólitos clinicamente significante. Os volu mes fecais podem variar de 1 a 25 L/dia. Perda de peso, consumpção e dor abdominal podem ser intensas. O envolvimento do trato biliar pode se manifestar como dor no meio do epigastro ou no quadrante superior direito.
Infecções Intestinais Causadas por Protozoários...
(Quadro 215.1) A giardíase é diagnosticada pela detecção de antíge nos do parasita nas fezes, ou por identificação de cistos nas fezes, ou de trofozoítos nas fezes ou no intestino delgado. Os cistos são ovais, medem 8-12 |jim X 7-10 |Jim, e, caracteristicamente, contêm quatro núcleos. Os trofozoítos são parasitos achatados, em forma de pera, dorsalmente convexos, com dois núcleos e quatro pares de flagelos (Fig. 215.2). O diagnóstico às vezes é difícil de estabelecer. O exame direto de fezes recentes ou adequadamente preservadas, bem como métodos de concentração, deve ser usado. Como a excreção de cistos é variável, e às vezes pode ser não detectável, exames de fezes repeti dos, amostra de líquido duodenal e biópsia do intestino delgado po dem ser necessários para detectar o parasita. Os testes para antígenos parasitários nas fezes são pelo menos tão sensíveis e específicos como bons exames microscópicos, e são mais fáceis de realizar. Todos esses métodos, ocasionalmente, geram resultados falsos negativos.
TRATAMENTO
hipogamaglobulinemia. Em casos refratários a séries múltiplas de tratamento, a terapia prolongada com metronidazol (750 mg 3x/ dia por 21 dias) tem sido bem-sucedida.
1731
Diagnóstico
■ CICL0SP0RÍASE
(Quadro 215.1) A avaliação começa com exame das fezes para oocistos pequenos, que são menores (4-5 (xm em diâm etro) do que os estágios fecais da m aioria dos outros parasitas. Visto que o exame parasitológico de fezes convencional não detecta C ryp tosporidium , testes específicos devem ser requisitados. A detecção é aumentada pela avaliação das fezes (obtidas em vários dias) por várias técnicas, inclusive colorações ácido-resistentes modificadas e imunofluorescentes diretas, e imunoensaios enzimáticos. Os criptosporídios também podem ser identificados por microscopia óptica e eletrônica nas superfícies apicais do epitélio intestinal em espécimes de biópsia do intestino delgado e, menos frequentemen te, do intestino grosso.
Cyclospora cayetanensis, uma causa de doença diarreica, é distribuída globalmente: doença devido a C. cayetanensis tem sido relatada nos Estados Unidos, Ásia, África, Amé rica Latina e Europa. A epidemiologia desse parasita ainda não foi totalmente definida, mas tem sido reconhecida a transmissão veicu lada por água e a transmissão por alimentos - temperos e framboesas importados. O espectro completo da enfermidade atribuível a Cyclos pora ainda não foi delineado. Alguns pacientes podem portar a infec ção sem sintomas, mas muitos têm diarréia, sintomas gripais, e flatu lência e eructação. A doença pode ser autolimitada, pode aumentar e dim inuir, ou, em muitos casos, pode envolver diarréia prolongada, anorexia e sintomas gastrintestinais altos, com fadiga mantida e per da de peso em alguns pacientes. A doença diarreica pode persistir por > 1 mês. Cyclospora pode causar doença entérica em pacientes infectados com HIV. O parasita é detectável em células epiteliais de amostras de bióp sia de intestino delgado, e provoca diarréia secretória por meios des conhecidos. A ausência de sangue e leucócitos nas fezes indica que a doença causada por Cyclospora não provoca destruição da mucosa do intestino delgado. O diagnóstico (Quadro 215.1) pode ser feito pela detecção de oocistos esféricos de 8 a 10 |j,m nas fezes, embora exa mes parasitológicos de fezes rotineiros não sejam suficientes. Exames fecais específicos devem ser solicitados para a detecção de oocistos, os quais são variavelmente ácido-resistentes, e fluorescentes quando vistos com microscopia de luz ultravioleta. A ciclosporíase deve ser considerada no diagnóstico diferencial de diarréia prolongada, com ou sem história de viagem do paciente a outros países.
TRATAMENTO
Criptosporidiose
A nitazoxanida é aprovada pela U.S. Food and Drug Adm inistra tion para o tratamento da criptosporidiose, e está disponível em forma de comprimidos para adultos (500 mg 2x/dia por 3 dias) e como um elixir para crianças. Até o presente, entretanto, esse agente não tem sido efetivo para o tratamento de pacientes infec tados com HIV, nos quais a melhora do estado imune devido à terapia antirretroviral pode levar à melhora da criptosporidiose. Afora isso, o tratamento inclui assistência de suporte com reposi ção de líquidos e eletrólitos, e administração de agentes antidiarreicos. A obstrução do trato biliar pode requerer papilotomia, ou colocação de sonda em T. A prevenção demanda minimização da exposição a oocistos infecciosos em fezes humanas ou de animais. O uso de filtros de água submicrônicos pode tornar m ínim a a aquisição de infecção pela água de beber.
■ IS0SP0RÍASE
Doenças Infecciosas
O parasita coccidiano Isospora belli causa doença intestinal humana. A infecção é adquirida pelo consumo de oocistos, depois do que o parasita invade células epiteliais intestinais e passa por ciclos de de senvolvimento tanto sexuados como assexuados. Os oocistos excre tados nas fezes não são imediatamente infecciosos, mas devem sofrer maturação adicional. Embora I. belli infecte muitos animais, pouco se sabe sobre a epidemiologia ou prevalência do parasita em seres humanos. Ele parece ser mais comum em países tropicais e subtropicais. As infecções agudas podem começar abruptamen te, com febre, dor abdominal e diarréia aquosa não sanguinolenta, e podem durar semanas ou meses. Em pacientes que têm Aids, ou são imunocomprometidos por outras razões, as infecções frequen temente não são autolimitadas, mas antes se assemelham à criptos poridiose, com diarréia aquosa profusa, crônica. Eosinofilia, que não é encontrada em outras infecções entéricas por protozoários, pode ser detectável. O diagnóstico (Quadro 215.1) geralmente é feito pela detecção dos oocistos grandes (-25 |xm) nas fezes, por coloração áci do-resistente modificada. A excreção de oocistos pode ser de baixo nível e intermitente; se exames de fezes repetidos não forem revela dores, a amostra de conteúdo duodenal por aspiração, ou a biópsia de intestino delgado (frequentemente com exame de microscopia eletrônica) pode ser necessária.
TRATAMENTO
Isosporíase
Sulfametoxazol-trimetoprima (SMX-TMP, 160/800 mg 4x/dia durante 10 dias; e para pacientes infectados com HIV, então 3x/dia por 3 semanas) é efetivo. Para pacientes intolerantes a sulfonamidas, pode ser usada a pirim etam ina (50-75 mg/dia). Recaídas podem ocorrer em pessoas com Aids, e necessitam de terapia de manutenção com SM X-TM P (160/800 mg 3 vezes por semana).
1732
TRATAMENTO
Ciclosporíase
A ciclosporíase é tratada com SMX-TMP (160/800 mg 2x/dia por 7 dias). Os pacientes infectados com H IV podem experimentar recaídas depois de tal tratamento, e assim precisar de terapia de manutenção supressora de duração mais longa.
■ MICR0SP0RIDI0SE Os microsporídios são protozoários intracelulares obrigatórios for madores de esporos, que infectam muitos animais e causam doença em humanos, especialmente como patógenos oportunistas na Aids. Os microsporídios são membros de um filo distinto, Microspora, que contém dúzias de gêneros e centenas de espécies. Os vários m i crosporídios são diferenciados pelos seus ciclos vitais de desenvolvi mento, aspectos ultraestruturais, e taxonomia molecular baseada no RNA ribossômico. Os ciclos de vida complexos dos microrganismos resultam na produção de esporos infecciosos (Fig. 215.3). Atualmente, oito gêneros de microsporídios - Encephalitozoon, Pleistophora, Nosema, Vittaforma, Trachipleistophora, Brachiola, M icrosporidium e Enlerocytozoon - são reconhecidos como causas de doença humana. Embora alguns microsporídios provavelmente sejam causas prevalen tes de infecções autolimitadas ou assintomáticas em pacientes imuno competentes, pouco se sabe sobre como a microsporidiose é adquirida. A microsporidiose é mais comum em pacientes com Aids, me nos comum entre pacientes com outros tipos de imunodeficiência, e rara em hospedeiros imunocompetentes. Em pacientes com Aids, infecções intestinais com Enterocytozoon bieneusi e Encephalolitozoon (antes Septata) intestinalis são reconhecidas como contribuindo para diarréia crônica e consumpção; essas infecções são encontradas em 10-40% dos pacientes com diarréia crônica. Ambos os microrga nismos têm sido encontrados nos tratos biliares de pacientes com co lecistite. E. intestinalis também pode se disseminar para causar febre, diarréia, sinusite, colangite e bronquiolite. Em pacientes com Aids, Encephalolitozoon hellem tem causado ceratoconjuntivite superficial, bem como sinusite, doença do trato respiratório e infecção dissemi nada. Miosite causada por Pleistophora tem sido documentada. Nosema, Vittaforma e M icrosporidium têm causado ceratite do estroma associada a trauma, em pacientes imunocompetentes.
Microsporídios Enterocytozoon bieneusi, Encephalitozoon sp., et a i
Encephalitozoon intestinalis
em células epiteliais, células endoteliais, ou macrófagos
Ingestão presumida ou aquisição respiratória de esporos
no trato gastrintestinal, outras espécies podem invadir o pulmão, ou o olho, ou se disseminar, para causar:
Transmissão de pessoa a pessoa, zoonótica, ou veiculada por alimentos?
Diarréia crônica Colangite Sinusite Bronquite Nefrite Cistite/prostatite Ceratoconjuntivite Encefalite
Células epiteliais do hospedeiro cheias de esporos descarnam para o lume do trato gastrintestinal, respiratório, ou geniturinário
Células descarnadas degeneram; esporos vazam para líquidos corporais
Esporos diagnósticos presentes nas fezes, urina, fluidos respiratórios, líquido cerebrospinal, ou espécimes de vários tecidos Figura 215.3 Ciclo vital dos m icrosporídios. (Reimpressa de RL Guerrant et al: Tropical Infectious Disease: Principies Pathogens and Practice, 2nd ed, 2006, p 1128, com autorização de Elsevier Science.) derivados de fezes de porco em associação com o abate, com o uso de fezes suínas para fertilizante, ou com a contaminação de suprimentos de água por fezes de porco. Os cistos ingeridos liberam trofozoítos, que residem e replicam no intestino grosso. Muitos pacientes permanecem assintomáticos, mas alguns têm diarréia intermitente persistente, e^uns poucos desenvol vem disenteria mais fulminante. Em indivíduos sintomáticos, os acha dos patológicos no intestino - tanto macroscópicos como microscó picos - são semelhantes aos vistos na amebíase, com graus variáveis de invasão da mucosa, necrose focal e ulceração. A balantidíase, ao contrário da amebíase, não se espalha para outros órgãos por via he matogênica. O diagnóstico é feito pela detecção da fase de trofozoíto nas fezes ou em amostra de tecido do colo. A tetraciclina (500 mg qua tro vezes por dia durante 10 dias) é um agente terapêutico efetivo.
■ OUTROS PROTOZOÁRIOS INTESTINAIS
Infecção por Blastocystis hominis
Balantidíase
Conquanto alguns acreditem que B. h o m in is seja um protozoário ca paz de causar doença intestinal, ele permanece um microrganismo de patogenicidade incerta. Alguns pacientes que eliminam B. h o m i nis nas fezes são assintomáticos, ao passo que outros têm diarréia e sintomas intestinais associados. A avaliação diligente revela outras causas potenciais de diarréia, bacterianas, virais ou por protozoários, em alguns pacientes mas não todos. Como a patogenicidade de B. h o m in is é incerta, e a terapia para infecção por Blastocystis nem é
B alantidium coli é um protozoário parasita ciliado gran^ m ^ e’ ^ ue P°de Produzir um espectro de doença do intestino grosso análogo à amebíase. O parasita é largamente distribuído no mundo. Como ele infecta porcos, os casos humanos são mais comuns onde há criação de suí nos. Os cistos infecciosos podem ser transmitidos de pessoa a pessoa e através da água, mas muitos casos se devem à ingestão de cistos
Infecções Intestinais Causadas por Protozoários...
Os microsporídios são microrganismos Gram-positivos peque nos, com esporos maduros medindo 0,5-2 (jim X 1-4 |xm. O diagnós tico de infecções por microsporídios em tecidos requer microscopia eletrônica, embora esporos intracelulares possam ser visualizados por microscopia óptica com hematoxilina e eosina, Giemsa, ou coloração de Gram para tecido. Para o diagnóstico de microsporidiose intesti nal, coloração tricrômica modificada ou cromotropo 2R, e Uvitex 2B ou coloração fluorescente calcoflúor, revela esporos em esfregaços de fezes ou aspirados duodenais. Terapias definitivas para infecções por microsporídios ainda precisam ser estabelecidas. Para ceratoconjun tivite superficial causada por E. hellem , o tratamento tópico com sus pensão de fumagilina tem sido promissor (Cap. 208). Para infecções entéricas com E. bieneusi e E. intestinalis em pacientes infectados por HIV, a terapia com albendazol pode ser eficaz (Cap. 208).
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específica nem uniformemente efetiva, os pacientes com sintomas intestinais proeminentes devem ser completamente avaliados para outras causas infecciosas de diarréia. Se os sintomas diarreicos asso ciados a Blatocystis forem marcantes, ou metronidazol (750 mg 3x/ dia por 10 dias), ou SMX-TMP (160 mg/800 mg 2x/dia por 7 dias), pode ser usado.
Infecção por Dientamoeba fragilis D. fragilis é peculiar entre os protozoários intestinais, em que ela tem uma fase de trofozoíto, mas não de cisto. Não se sabe como os tro fozoítos sobrevivem para transm itir infecção. Quando os sintomas se desenvolvem em pacientes com infecção por D. fragilis, eles ge ralmente são leves e incluem diarréia intermitente, dor abdominal e anorexia. O diagnóstico é feito pela detecção de trofozoítos nas fe zes; a labilidade dessas formas explica porque a positividade é maior quando as amostras fecais são preservadas imediatamente após a co leta. Visto que as taxas de excreção fecal variam, o exame de várias amostras obtidas em dias alternados aumenta a chance de detecção. Iodoquinol (650 mg três vezes por dia por 20 dias), paromomicina (25-35 mg/kg por dia em três doses por 7 dias), metronidazol (500750 mg 3x/dia por 10 dias), ou tetraciclina (500 mg 4x/dia por 10 dias) é apropriado para tratamento.
estrutura para cultura geralmente não está disponível, e a detecção do microrganismo dura de 3-7 dias.
TRATAMENTO
Tricomoníase
O metronidazol, dado ou como uma dose única de 2 g, ou em doses de 500 mg 2x/dia por 7 dias, geralmente é efetivo. O tin i dazol (uma dose única de 2 g) também é eficaz. Todos os parcei ros sexuais devem ser tratados concomitantemente para prevenir a reinfecção, especialmente pelos homens assintomáticos. Em homens com uretrite sintomática persistente após terapia para uretrite não gonocócica, o tratamento com metronidazol deve ser considerado para possível tricomoníase. Alternativas ao me tronidazol para tratamento durante a gravidez não são facilmente disponíveis, embora o uso de supositórios vaginais de 100 mg de clotrimazol à noite por 2 semanas possa curar algumas infecções em mulheres grávidas. A reinfecção frequentemente é responsá vel por aparentes falhas de tratamento, mas têm sido encontradas cepas de T. vaginalis exibindo alto nível de resistência ao m etroni dazol. O tratamento dessas infecções resistentes com doses orais mais altas, doses parenterais, ou doses orais e vaginais concomi tantes, ou com tinidazol, tem sido bem-sucedido.
TRICOMONÍASE Várias espécies de tricomonas podem ser encontradas na boca (em associação com periodontite) e, ocasionalmente, no trato gastrintes tinal. Trichomonas vaginalis - um dos protozoários parasitas mais prevalentes nos Estados Unidos - é um patógeno do trato genituriná rio, e uma causa importante de vaginite sintomática.
Ciclo vital e epidemiologia T. vaginalis é um microrganismo em forma de pera, ativamente m ó vel, que mede cerca de 10 X 7 |xm, replica por fissão binária, e habita o trato genital inferior das mulheres e a uretra e próstata dos homens. Nos Estados Unidos, ela é responsável por ~3 milhões de infecções por ano nas mulheres. Conquanto o microrganismo possa sobrevi ver por poucas horas em ambientes úmidos e ser adquirido por con tato direto, a transmissão venérea de pessoa a pessoa é responsável por praticamente todos os casos de tricomoníase. Sua prevalência é maior entre pessoas com parceiros sexuais múltiplos, e entre aquelas com outras doenças sexualmente transmitidas (Cap. 130).
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Manifestações clínicas
Doenças Infecciosas
Muitos homens infectados com T. vaginalis são assintomáticos, em bora alguns desenvolvam uretrite e uns poucos tenham epididim i te ou prostatite. Em contraste, a infecção em mulheres, que tem um período de incubação de 5-28 dias, geralmente é sintomática e se manifesta por secreção vaginal mal cheirosa (frequentemente ama relo), eritema e prurido vulvar, disúria ou polaciúria (em 30-50% das pacientes), e dispareunia. Essas manifestações, entretanto, não distinguem claramente a tricomoníase de outros tipos de vaginite infecciosa.
Diagnóstico A detecção de tricomonas móveis por exame microscópico de mon tagens úmidas de lâminas de secreções vaginais ou prostáticas tem sido o meio convencional de diagnóstico. Embora essa abordagem propicie um diagnóstico imediato, sua sensibilidade para a detecção de T. vaginalis é de apenas -50-60% em avaliações rotineiras de se creções vaginais. A coloração de anticorpo fluorescente direto é mais sensível (70-90%) do que os exames de montagens úmidas. T. vagina lis pode ser recuperada da uretra tanto de homens como de mulheres, e é detectável no sexo masculino depois de massagem prostática. A cultura do parasita é o meio de detecção mais sensível; contudo, a
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SEÇÃ019
Infecções Causadas por Helmintos
CAPÍ T ULO 2 1 6 ^
Triquinelose e Outras Infecções Teciduais por Nematódeos Peter F. W eller Os nematódeos são vermes cilíndricos alongados, simétricos. Os nematódeos parasitas de significância médica podem ser classifi cados amplamente como predominantemente intestinais ou te ciduais. Este capítulo cobre os nematódeos teciduais que causam triquinelose, larva migrans visceral e ocular, larva migrans cutânea, angiostrongilíase e gnatostomíase. Todas essas infecções zoonóticas resultam de exposição incidental a nematódeos infecciosos. Os sintomas clínicos dessas infecções se devem largamente a estágios larvares invasivos que (exceto no caso da Trichinella) não atingem a maturidade em humanos.
transformação radical na arquitetura da célula muscular. Embora as respostas imunes do hospedeiro possam ajudar a expelir vermes adultos do intestino, elas têm pouco efeito sobre as larvas habitantes de músculos. A triquinelose humana frequentemente é causada pela inges tão de produtos suínos infectados, e, assim, pode ocorrer em qua se qualquer lugar onde a carne de porcos domésticos ou selvagens seja comida. A triquinelose humana também pode ser adquirida por meio da carne de outros animais, inclusive cães (em partes da Ásia e África), cavalos (na Itália e França), e ursos e morsas (em regiões setentrionais). Embora o gado (sendo herbívoro) não seja hospedeiro natural de Trichinella, a carne bovina tem sido implicada em surtos, quando contaminada ou adulterada com carne de porco triquinosa. Leis que proíbem a alimentação de porcos com lixo não cozido têm reduzido bastante a transmissão de triquinelose nos Estados Unidos. Cerca de 12 casos de triquinelose são relatados anualmente nesse país, mas a maioria dos casos leves fica sem diagnóstico. Surtos re centes nos EUA e Canadá têm sido atribuídos ao consumo de carne de caças (especialmente carne de urso) e, menos frequentemente, de carne de porco.
Patogênese e manifestações clínicas TRIQUINELOSE A triquinelose se desenvolve depois da ingestão de carne contendo cistos de Trichinella (p. ex., carne de porco ou outra carne de um car nívoro). Embora a maioria das infecções seja leve e assintomática, as infecções maciças podem causar enterite grave, edema periorbitário, miosite e (de modo pouco freqüente) morte.
Os sintomas clínicos da triquinelose surgem das fases sucessivas de invasão entérica pelo parasita, migração larvária e encistamento em músculos (Fig. 216.1). A maioria das infecções leves (aquelas com < 10 larvas por grama de músculo) é assintomática, ao passo que as in fecções maciças (que podem envolver > 50 larvas por grama de mús culo) são potencialmente fatais. A invasão do intestino por grande número de parasitas ocasionalmente provoca diarréia durante a pri-
Ciclo vital e epidemiologia O ito espécies de Trichinella são reconhecidas como cau sas de infecção em seres hu manos. Duas espécies são distribuídas mundialmente: T. spiralis, que é en contrada em uma grande variedade de animais carnívoros e onívoros, e T. pseudospiralis, que é encontrada em mamíferos e aves. T. nativa está presente em regiões do Á rtico e infecta ursos; T. nelsoni é encontrada na África Oriental equato rial, onde é comum entre felinos pre dadores e em comedores de carniça, tais como hienas e porcos do mato; e T. britovi é encontrada na Europa, África Ocidental e Ásia Ocidental entre carní voros, mas não em suínos domésticos. T. murrelli está presente em animais de caça da América do Norte. Depois do consumo humano de carne contaminada com Trichinella, as larvas encistadas são liberadas por áci do digestivo e proteases (Fig. 216.1). As larvas invadem a mucosa do intes tino delgado e amadurecem em vermes adultos. Depois de ~1 semana, os ver mes fêmeas liberam larvas recém-nas cidas que migram através da circulação para músculos estriados. As larvas de todas as espécies, exceto T. pseudospi ralis, T. papuae e T. zimbabwensis, en tão se encistam pela indução de uma
As larvas migram, penetram músculos estriados, residem em “células-berçário”, e encistam,* causando:
As larvas são liberadas no estômago e amadurecem em adultos ao longo de 1-2 semanas no intestino delgado, causando:
\
Dor muscular, febre, edema periorbitário, eosinofilia, dano ocasional do SNC ou cardíaco
Irritação e cólicas abdominais leves, ou mesmo diarréia
Ciclo semelhante (como nos humanos) em suínos ou outros carnívoros (ratos, ursos, raposas, cães, ou cavalos) * T. papuae, T. zimbabwensis e T. pseudospiralis não encistam
ingeridas na carne mal cozida de porco, javali, cavalo, ou urso
Figura 216.1 Ciclo v ita l de Trichinella s p ira lis (cosmopolita); nelsoni (África equatorial); britovi (Europa, África Oriental, Ásia Oriental); nativa (Ártico); murrelli (América do Norte); papuae (Papua-Nova Guiné); zimbabwensis (Tan zânia); e pseudospiralis (cosmopolita). SNC, sistema nervoso central. [Reimpressa de Guerrant RL et al (eds): Tropical Infectious Diseases: Principies, Pathogens and Practice, 2nd ed,p 12 18 .© 2006, com autorização de Elsevier Science.]
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meira semana após a infecção. Dor abdominal, obstipação, náusea, ou vômitos também podem ser proeminentes. Os sintomas devidos à migração larvária e invasão muscular começam a aparecer na segunda semana depois da infecção. A m i gração das larvas de Trichinella provocam uma reação acentuada de hipersensibilidade local e sistêmica, com febre e hipereosinofilia. Edema periorbitário e facial é comum, assim como hemorragias subconjuntivais, na retina e leitos ungueais (hemorragias em “esti lhaço” ). Um exantema maculopapular, cefaleia, tosse, dispnéia, ou disfagia às vezes se desenvolvem. Miocardite com taquiarritmias ou insuficiência cardíaca - e, menos comumente, encefalite ou pneumo nite - podem surgir, e são responsáveis pela maioria das mortes de pacientes com triquinelose. Com o encistamento das larvas em músculos 2-3 semanas de pois da infecção, desenvolvem-se sintomas de miosite com mialgias, edema muscular e fraqueza, geralmente se superpondo a reações inflamatórias às larvas migrantes. Os grupos musculares mais co mumente envolvidos envolvem os músculos extraoculares; o bíceps; e os músculos da mandíbula, pescoço, região lombar e diafragma. Atingindo o pico ~3 semanas depois da infecção, os sintomas só regridem gradualmente durante uma convalescença prolongada. Infecções incomuns com T. pseudospiralis, cujas larvas não se encapsulam em músculos, provocam uma enfermidade prolongada semelhante à polimiosite.
QUADRO 216.1 nematódeos
Terapia das infecções teciduais por
Infecção
Gravidade
Triquinelose
Tratamento
Leve
De suporte
Moderada
Albendazol (400 mg 2x/dia x 8-14 dias) ou Mebendazol (200-400 mg 3x/dia x 3 dias, então 400 mg 3x/dia x 8-14 dias)
Larva migrans visceral
Grave
Acrescentar glicocorticoides (p. ex., prednisona, 1 mg/kg/dia x 5 dias
Leve a moderada
De suporte
Grave
Glicocorticoides (como acima)
Ocular
Não totalmente definido; albendazol (800 mg 2x/dia para adultos, 400 mg 2x/dia para crianças) com glicocorticoides x 5-20 dias tem sido efetivo
Larva migrans cutânea
Ivermectina (dose única, 200 (xg/ kg) ou Albendazol (200 mg 2x/dia x 3 dias)
Achados laboratoriais e diagnóstico Eosinofilia sanguínea se desenvolve em > 90% dos pacientes com triquinelose prolongada, e pode atingir o auge em um nível de > 50% 2-4 semanas após a infecção. Níveis séricos de enzimas mus culares, inclusive creatina fosfoquinase, estão elevados na maioria dos pacientes sintomáticos. Os pacientes devem ser interrogados m i nuciosamente sobre seu consumo de carne de porco ou de animais selvagens, e sobre doença em outros indivíduos que comeram da mesma carne. Um diagnóstico clínico presuntivo pode ser baseado em febre, eosinofilia, edema periorbitário e mialgias depois de uma refeição suspeita. Um aumento do título de anticorpo específico ao parasita, que geralmente não ocorre até depois da terceira semana de infecção, confirma o diagnóstico. Alternativamente, um diagnóstico definitivo requer biópsia cirúrgica de pelo menos 1 g de músculo envolvido; os resultados positivos são mais altos perto das inserções de tendões. O tecido muscular fresco deve ser com prim ido entre lâ minas de vidro e examinado ao microscópio (Fig. 216.2), porque as larvas podem não ser vistas pelo exame apenas de cortes histopato lógicos de rotina.
Angiostrongilíase
Leve a moderada
De suporte
Grave
Glicocorticoides (como acima)
Gnatostomíase
Ivermectina (200 mg/kg por dia x 2 dias) ou Albendazol (400 mg 2x/dia x 21 dias)
TRATAMENTO
Triquinelose
A maioria dos pacientes com infecções leves se recupera sem problemas com repouso ao leito, antitérmicos e analgésicos. G li cocorticoides, como a prednisona (Quadro 216.1), são benéficos para miosite grave e miocardite. O mebendazol e o albendazol são ativos contra as fases entéricas do parasita, mas sua eficácia contra larvas encistadas não tem sido demonstrada conclusivamente.
Prevenção As larvas podem ser mortas pela cocção da carne de porco até que não esteja mais rósea, ou pelo congelamento da mesma a -15°C por 3 semanas. Entretanto, no Á rtico as larvas de T. nativa na carne de morsa ou urso são relativamente resistentes e podem permanecer v i áveis a despeito do congelamento. ^
LARVA MIGRANS VISCERAL E OCULAR
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Figura 216.2
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Larva de Trichinella encistada em uma cápsula hialinizada ca
racterística em tecido muscular estriado. (Foto/Wadsworth Center, New York State Department of Health. Reimpressa de MMWR 53:606,2004; domínio público.)
A larva migrans visceral é uma síndrome causada por nematódeos que normalmente são parasitas de espécies de hospedeiros não hu manos. Em seres humanos, as larvas desses nematódeos não se de senvolvem em vermes adultos, mas em vez disso migram por meio dos tecidos do hospedeiro e provocam inflamação eosinofílica. A forma mais comum de larva migrans visceral é a toxocaríase, causada por larvas do ascarídeo canino, Toxocara canis; a síndrome deve-se menos comumente ao ascarídeo felino, T. cati, e menos comumente ainda ao ascarídeo de porcos, Ascaris suum . Casos raros com menin goencefalite eosinofílica têm sido causados pelo ascarídeo do guaxinim, Baylisascaris procyonis.
Ciclo vital e epidemiologia O nematelminto canino T. canis é distribuído mundialmen te entre cães. A ingestão de ovos infecciosos por cães é se
guida pela liberação de larvas de Toxocara, que penetram a parede intestinal e migram por via intravascular para os tecidos caninos, onde a maioria permanece em um estado de parada do desenvolvi mento. Durante a gravidez, algumas larvas retomam a migração em cadelas, e infectam os cãezinhos no período pré-natal (por meio de transmissão transplacentária), ou depois do nascimento (através da amamentação). Assim, nas cadelas lactantes e nos cãezinhos, as lar vas retornam ao trato intestinal e se desenvolvem em vermes adultos, os quais produzem ovos que são liberados nas fezes. Os ovos devem embrionar durante várias semanas para se tornar infecciosos. Os se res humanos adquirem toxocaríase principalmente pela ingestão de solo contaminado com fezes de cãezinhos que contêm ovos infeccio sos de T. canis. A larva migrans visceral é mais comum entre crianças que habitualmente comem sujeiras.
Patogênese e manifestações clínicas A doença clínica aflige mais comumente crianças pré-escolares. De pois que seres humanos ingerem ovos de Toxocara, as larvas incubam e penetram a mucosa intestinal, da qual são carreadas pela circulação a uma ampla variedade de órgãos e tecidos. As larvas invadem o fí gado, pulmões, sistema nervoso central (SNC) e outros sítios, provo cando respostas granulomatosas eosinofílicas locais intensas. O grau de doença clínica depende do número de larvas e da distribuição nos tecidos, de reinfecção e das respostas imunes do hospedeiro. A maioria das infecções leves é assintomática, e pode se manifestar so mente por eosinofilia no sangue. Os sintomas característicos de lar va migrans visceral incluem febre, mal-estar geral, anorexia e perda de peso, tosse, sibilos e erupções cutâneas. Hepatoesplenomegalia é comum. Essas manifestações frequentemente são acompanhadas de eosinofilia periférica extraordinária, que pode se aproximar de 90%. De modo incomum, convulsões ou transtornos comportamentais se desenvolvem. Os raros óbitos se devem a envolvimento grave neuro lógico, pneumônico, ou miocárdico. A forma ocular da síndrome de larva migrans ocorre quando larvas de Toxocara invadem o olho. Uma massa granulomatosa eosi nofílica, mais comumente no polo posterior da retina, se desenvolve em volta da larva aprisionada. A lesão retiniana pode simular um re tinoblastoma no aspecto, e o diagnóstico errôneo da últim a condição pode levar a enucleação desnecessária. O espectro do envolvimento ocular também inclui endoftalmite, uveíte e coriorretinite. Distúrbios visuais unilaterais, estrabismo e dor ocular são os sintomas de apre sentação mais comuns. Em contraste com a larva migrans visceral, a toxocaríase ocular geralmente se desenvolve em crianças maiores ou adultos jovens, sem história de perversão do apetite; esses pacientes raramente têm eosinofilia ou manifestações viscerais.
TRATAMENTO
Larva migrans visceral e ocular
A grande m aioria das infecções por Toxocara é autolimitada, e resolve sem terapia específica. Em pacientes com envolvimen to miocárdico, do SNC, ou pulm onar grave, glicocorticoides podem ser empregados para reduzir as complicações in fla matórias. Não tem sido demonstrado conclusivamente que os fármacos anti-helmínticos disponíveis, inclusive mebendazol e albendazol, alterem a evolução da larva migrans. As medidas de controle incluem a proibição de excrementos de cães em par ques públicos e playgrounds, vermifugação de cães e prevenção
LARVA MIGRANS CUTANEA A larva migrans cutânea (“bicho geográfico” ) é uma erupção cutânea serpiginosa causada pelas larvas cavadoras de túneis de ancilostomídeos de animais, geralmente o verme do cão e do gato, Ancylostoma braziliense. As larvas eclodem de ovos eliminados nas fezes de cães e gatos, e amadurecem no solo. Os seres humanos se tornam infecta dos depois do contato da pele com o solo em áreas freqüentadas por cachorros e gatos, tais como sob os pórticos de casas. A larva migrans cutânea é prevalente entre crianças e viajantes em regiões com climas úmidos e quentes, inclusive o Sudeste dos Estados Unidos.* Depois que as larvas penetram a pele, formam-se lesões e ri tematosas ao longo dos tratos tortuosos de sua migração através da junção derme-epiderme; as larvas avançam vários centímetros em um dia. As lesões intensamente pruriginosas podem ocorrer em qualquer parte do corpo, e podem ser numerosas se o paciente houver se deitado no chão. Vesículas e bolhas podem se form ar mais tarde. As larvas dos ancilostomídeos de animais não amadu recem nos seres humanos, e, sem tratamento, morrerão depois de um intervalo que varia de semanas a um par de meses, com re solução das lesões cutâneas. O diagnóstico é feito clinicamente. Biópsias de pele só raramente detectam larvas para o diagnóstico. Os sintomas podem ser aliviados por ivermectina ou albendazol (Quadro 216.1).
ANGIOSTRONGILIASE Angiostrongylus cantonensis, o verme pulmonar do rato, é a causa mais comum de meningite eosinofílica humana (Fig. 216.3).
Ciclo vital e epidemiologia Essa infecção ocorre principalmente no Sudeste Asiático e na Bacia do Pacífico, mas tem se espalhado a outras áreas do mundo. As larvas de A. cantonensis produzidas por ver mes adultos no pulmão do rato migram para o trato gastrintestinal e são expelidas com as fezes. Elas se desenvolvem em larvas infectantes dentro de caramujos terrestres e lesmas. Os seres humanos adquirem a infecção ingerindo moluscos infectados crus; hortaliças contamina das por secreção de molusco; ou caranguejos, camarões de água doce e certos peixes marinhos que tenham comido moluscos infectados. Então, as larvas migram para o cérebro.
•
Patogênese e manifestações clínicas Os parasitas acabam morrendo no SNC, mas não antes de iniciar conseqüências patológicas que, em infecções maciças, podem resul tar em seqüelas neurológicas permanentes ou morte. As larvas m i grantes causam inflamação eosinofílica local acentuada e hemorra gia, com necrose subsequente e formação de granulomas em volta dos vermes moribundos. Os sintomas clínicos se desenvolvem 2-35 dias depois da ingestão das larvas. Os pacientes geralmente se apre sentam com uma cefaleia insidiosa ou abrupta excruciante, frontal, occipital, ou bitemporal. Rigidez de nuca, náusea e vômitos e pares tesias também são comuns. Febre, paralisias de nervos cranianos e extraoculares, convulsões, paralisia e letargia são incomuns.
Achados laboratoriais O exame do líquido cerebrospinal (LCS) é mandatório em casos suspeitos, e geralmente revela uma pressão de abertura elevada, uma contagem de leucócitos de 150-2.000/p.L, e uma pleocitose eosinofílica de > 20%. A concentração de proteína geralmente está aumentada, e o nível de glicose é normal. As larvas de A. cantonen sis só são vistas no LCS raramente. Eosinofilia no sangue periférico
Triquinelose e Outras Infecções Teciduais por Nematódeos
Diagnóstico Além da eosinofilia, leucocitose e hipergamaglobulinemia podem ser evidentes. Infiltrados pulmonares transitórios são aparentes nas radiografias de tórax de cerca de metade dos pacientes com sintomas de pneumonite. O diagnóstico clínico pode ser confirmado por um ensaio imunoabsorvente ligado a enzima para anticorpos a Toxocara. O exame parasitológico de fezes, embora importante na avaliação de eosinofilia não explicada, não tem valor na toxocaríase, pois as larvas não se desenvolvem em vermes adultos produtores de ovos nos seres humanos.
dos distúrbios do apetite em crianças. O tratamento da doença ocular não está completamente definido, mas a administração de albendazol em conjunto com glicocorticoides tem sido efeti va (Quadro 216.1).
N. de T.: No Brasil, a transmissão é mais comum em praias e gramados.
1737
V peixes, rãs, enguias, serpentes, galinhas e patos) que tenham ingerido Cyclops infectado, ou outro hos pedeiro intermediário secundário infectado. Os se res humanos adquirem a infecção comendo peixes ou aves domésticas, crus ou mal cozidos. Pratos de peixe cru, tais como so m fa k , na Tailândia, e sashimi, no Japão, são responsáveis por muitos casos de gnatostomíase humana. Alguns casos na Tailândia resultam da prática local de aplicar carne de rã ou serpente como um emplastro.
| M eningite eosinofílica [
A dulto na artéria pulm onar produz ovos férteis; larvas eclodem , penetram arteríolas, migram brônquios acima, e são tossidas para a boca, deglutidas e elim inadas nas fezes.
Patogênese e manifestações clínicas
Os sintomas clínicos se devem à migração aberrante de uma larva única para dentro de tecidos cutâ neos, viscerais, neurais, ou oculares. Depois da in vasão, a migração larvária pode causar inflamação local, com dor, tosse, ou hematúria, acompanhada de febre e eosinofilia. Edemas migratórios doloro sos, pruriginosos, podem se desenvolver na pele, particularmente nas extremidades distais ou área Larvas de 3o estágio (consumidas periorbitária. Os edemas cutâneos geralmente du em caram ujos ou secreção) Larvas consum idas por caram ujo penetram intestino, vão para SNC ram ~ 1 semana, mas frequentemente recorrem, de terrestre/lesm a (Achatina fulica) (então pulm ão no rato) forma intermitente, ao longo de muitos anos. A in vasão larvária do olho pode provocar uma resposta Figura 216.3 Ciclo vital de Angiostrongylus cantonensis (verme pulmonar do rato), encontra inflamatória que ameaça a visão. A invasão do SNC do no Sudeste Asiático, Ilhas do Pacífico, Cuba, Austrália, Japão, China, Maurícia, e portos dos EUA. SNC, resulta em meningite eosinofílica com mieloencesistema nervoso central. [Reimpressa de Guerrant RL et al (eds): Tropical Infectious Diseases: Principies, falite, uma complicação séria devido a migração Pathogens and Practice, 2nd ed, p 1225. © 2006, com autorização de Elsevier Science.] larvária ascendente ao longo de um grande feixe nervoso. Caracteristicamente, os pacientes se apre sentam com dor radicular agonizante e parestesias pode ser leve. O diagnóstico geralmente baseia-se na apresentação no tronco ou em um membro, que são seguidas em tempo curto por clínica de meningite eosinofílica, juntamente com uma história epi paraplegia. O envolvimento cerebral, com hemorragias focais e des demiológica compatível. truição tecidual, frequentemente é fatal.
Diagnóstico e tratamento TRATAMENTO
Angiostrongilíase
Doenças Infecciosas
A quimioterapia específica não é benéfica na angiostrongilíase; agentes larvicidas podem exacerbar as lesões inflamatórias cere brais. O manejo consiste em medidas de suporte, inclusive ad ministração de analgésicos, sedativos e - em casos graves - g li cocorticoides (Quadro 216.1). Punções lombares repetidas com remoção de LCS podem aliviar os sintomas. Na maioria dos pa cientes, a angiostrongilíase cerebral tem um curso autolimitado, e a recuperação é completa. A infecção pode ser prevenida pela cocção adequada de caramujos, caranguejos e pitus, e pela inspe ção de hortaliças quanto à infestação por moluscos. Outras causas parasitárias ou fúngicas de meningite eosinofílica em áreas endê micas podem incluir gnatostomíase (ver adiante), paragonimíase (Cap. 219), esquistossomose (Cap. 219), neurocisticercose (Cap. 220) e coccidioidomicose (Cap. 200).
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GNATOSTOMÍASE A infecção de tecidos humanos com larvas de Gnathostoma spinigerum pode causar meningoencefalite eosinofílica, edemas cutâneos migratórios, ou tumorações invasivas do olho e órgãos viscerais.
Ciclo vital e epidemiologia A gnatostomíase humana ocorre em muitos países, e é en dêmica notavelmente no Sudeste Asiático e partes da China e Japão. Na natureza, os vermes adultos maduros parasitam o trato gastrintestinal de cães e gatos. Larvas de prim eiro estágio eclodem de ovos eliminados dentro de água e são ingeridas por espé cies de Cyclops (pulgas d’ água). As larvas infecciosas de terceiro está gio se desenvolvem na carne de muitas espécies de animais (inclusive
1738
Os edemas migratórios cutâneos com acentuada eosinofilia peri férica, apoiados por uma história geográfica e dietética apropria da, constituem uma base adequada para um diagnóstico clínico de gnatostomíase. Entretanto, os pacientes podem se apresentar com envolvimento ocular ou cerebrospinal sem edemas cutâneos prece dentes. No últim o caso, a pleocitose eosinofílica é demonstrável (ge ralmente com LCS hemorrágico ou xantocrômico), mas os vermes quase nunca são recuperados de LCS. A remoção cirúrgica do para sita do tecido subcutâneo ou ocular, embora raramente factível, tanto é diagnostica como terapêutica. Albendazol ou ivermectina podem ser úteis ( Q u a d r o 2 1 6 .1 ). No presente, o envolvimento cerebrospi nal é tratado com medidas de suporte e, geralmente, com um curso de glicocorticoides. A gnatostomíase pode ser prevenida pela cocção adequada de peixes e aves domésticas em áreas endêmicas.
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CAPÍ T ULO
217
assintomática. A doença clínica origina-se da migração de larvas nos pulmões, ou dos efeitos dos vermes adultos nos intestinos.
Ciclo vital
Infecções por Nematódeos Intestinais Peter F. W eller Thomas B. Nutman
ASCAR1DIASE O A. lumbricoides é o maior parasita nematódeo intestinal dos seres humanos, alcançando até 40 cm de comprimento. A maioria dos in divíduos infectados apresenta cargas baixas de vermes e se mostra
Epidemiologia O Ascaris encontra-se amplamente distribuído nas regiões tropicais e subtropicais, bem como em outras áreas úmidas, como o Sudeste rural dos EUA. Em geral, a transmissão ocorre por meio do solo contaminado por fezes e se deve à falta de instalações sanitárias, ou ao uso de esterco humano como fertilizante. Com sua propensão à transmissão fecal da mão para a boca, as crian ças menores são mais afetadas. A infecção fora de áreas endêmicas, embora incomum, pode ocorrer quando ovos em hortaliças trans portadas são ingeridos.
•
Manifestações clínicas Durante a fase pulmonar de migração das larvas, cerca de 9 a 12 dias depois da ingestão dos ovos, os pacientes podem desenvolver tosse seca irrita tiva e desconforto subesternal em queimação, agravado pela tosse ou inspiração profunda. Dispnéia e escarro tinto de sangue são menos comuns. Em geral, há febre. A eosinofilia surge durante essa fase sintomática e dim inu i lentamente durante semanas. A ra diografia de tórax pode revelar evidências de pneumonite eosinofíli ca (síndrome de Lõffler), com infiltrados arredondados que medem alguns milímetros a vários centímetros. Esses infiltrados podem ser transitórios e intermitentes, desaparecendo depois de várias semanas. Onde ocorre a transmissão sazonal do parasita, a pneumonite sazo nal com eosinofilia pode acometer hospedeiros previamente infecta dos e sensibilizados. Nas infecções estabelecidas, os vermes'adultos no intestino del gado geralmente não causam sintomas. Nas infecções maciças, p rin cipalmente em crianças, um grande bolo de vermes emaranhados pode provocar dor e obstrução do intestino delgado, às vezes com plicada por perfuração, invaginação, ou vólvulo. Vermes isolados po dem causar doença quando migram para dentro de locais aberrantes. Um grande verme pode penetrar e ocluir a árvore biliar, provocando cólica biliar, colecistite, colangite, pancreatite ou (raramente) absces sos intra-hepáticos. A migração de um verme adulto para cima, até o esôfago, pode provocar tosse e a expulsão oral do verme. Em áreas altamente endêmicas, a ascaridíase intestinal e a biliar podem rivali zar com a apendicite aguda e com os cálculos biliares como causas de abdome agudo cirúrgico.
Infecções por Nematódeos Intestinais
Mais de um bilhão de pessoas no mundo inteiro se infecta com uma ou mais espécies de nematódeos intestinais. O Quadro 210.1 resu me os aspectos biológicos e clínicos das infecções decorrentes dos principais nematódeos parasitários intestinais. Esses parasitas são mais comuns em regiões com saneamento fecal precário, particu larmente em países pobres em recursos nos trópicos e subtrópicos, mas também têm sido verificados com frequência cada vez maior entre imigrantes e refugiados em países ricos. Embora as infecções por nematódeos não costumem ser fatais, elas contribuem para a desnutrição e redução da capacidade de trabalho. Um aspecto in teressante é que essas infecções helmínticas podem proteger alguns indivíduos contra doenças alérgicas. Os seres humanos às vezes são infectados por parasitas nematódeos que ordinariamente infectam animais; tais infecções zoonóticas causam doenças como a tricos trongilíase, anisaquíase, capilaríase e angiostrongilíase abdominal. Os nematódeos intestinais são vermes cilíndricos, cujo com pri mento varia de 1 mm a muitos centímetros quando adultos ( Q u a d r o 2 1 7 .1 ) . Seus ciclos vitais são complexos e altamente variados; algumas espécies, como Strongyloides stercoralis e Enterobius vermicularis, podem ser transmitidas diretamente de uma pessoa para outra, enquanto outras, como Ascaris lumbricoides, Necator americanus e A ncylostom a duodenale, necessitam de uma fase no solo para seu desenvolvimento. Como a m aioria dos parasitos helmínticos não se autorreplica, a aquisição de uma carga intensa de ver mes adultos exige a exposição repetida ao parasita em seu estágio infeccioso, quer como larva, quer como ovo. Daí, a doença clínica, ao contrário da infecção assintomática, geralmente se desenvolve apenas com a residência prolongada em uma área endêmica, e, está relacionada com a intensidade da infecção. Nas pessoas com n u tri ção marginal, as infecções intestinais por helmintos podem com prometer o crescimento e desenvolvimento. A eosinofilia e os níveis séricos elevados de IgE são aspectos de muitas infecções por hel mintos e, quando não explicados, sempre devem levar a uma pes quisa imediata por helmintos intestinais. Uma imunidade protetora significativa contra os nematódeos intestinais parece não se desen volver em seres humanos, embora os mecanismos de evasão imune do parasita e as respostas imunes dos hospedeiros a essas infecções não tenham sido elucidados em detalhes.
Os vermes adultos vivem na luz do intestino delgado. As fêmeas maduras de Ascaris são extraordinariamente férteis, cada qual pro duzindo até 240.000 ovos por dia, eliminados nas fezes. Os ovos de Ascaris, notavelmente resistentes aos estresses ambientais, tornam-se infecciosos depois de várias semanas de maturação no solo e podem permanecer infecciosos por anos. Depois que os ovos infecciosos são deglutidos, as larvas liberadas no intestino invadem a mucosa, m i gram por meio da circulação até os pulmões, penetram os alvéolos, ascendem pela árvore brônquica e retornam - por deglutição - ao intestino delgado, onde se desenvolvem em vermes adultos. Passam-se cerca de 2 a 3 meses entre a infecção inicial e a produção de ovos. Os vermes adultos vivem por 1 a 2 anos.
1739
QUADRO 217.1
Principais nematódeos humanos que parasitam o intestino Nematódeo parasita Trichuris trichiura
Enterobius vermicularis
Strongyloides stercoralis
(verme-chicote)
(oxiúros)
576
100
604
209
Mundial
Regiões quentes e úmidas
Regiões quentes e úmidas
Mundial
Mundial
Ovo
Larva filariforme
Larva filariforme
Ovo
Ovo
Oral
Oral
Ascaris lumbricoides
Necator americanus, Ancylostoma duodenale
Característica
(lombriga)
(ancilóstomos)
Prevalência global em humanos (milhões)
807
Áreas endêmicas Estágio infectante Via de infecção
Oral
Percutânea
Percutânea ou autoinfecção
Localização gastrintestinal dos vermes
Luz do jejuno
Mucosa do jejuno
Mucosa do intestino delgado
Ceco, mucosa do colo
Ceco, apêndice
Tamanho do verme adulto
15 a 40 cm
7 a 12 mm
2 mm
30 a 50 mm
8a13mm (fêmea)
Passagem pulmonar de larvas
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Período de incubação3 (dias)
60 a 75
40 a 100
17 a 28
70 a 90
35 a 45
Longevidade
1 ano
N. americanus. 2 a 5 anos; A. duodenale. 6 a 8 anos
Décadas (devido à autoinfecção)
5 anos
2 meses
Fecundidade (ovos/dia/ vermes)
240.000
N. americanus. 4.000 a 10.000; A. duodenale: 10.000 a 25.000
5.000 a 10.000
3.000 a 7.000
2.000
Principais sintomas
Raramente obstrução gastrintestinal ou biliar
Anemia ferropriva nas infecções maciças
Sintomas gastrintestinais; má absorção ou sepse na hiperinfecção
Sintomas gastrintestinais, anemia
Prurido perianal
Estágio diagnóstico
Ovos nas fezes
Ovos em fezes frescas, larvas em fezes antigas
Larvas nas fezes ou no aspirado duodenal; escarro na hiperinfecção
Ovos nas fezes
Ovos da pele perianal em fita adesiva
Mebendazol
Mebendazol
1. Ivermectina
Mebendazol
Mebendazol
Albendazol
Pamoato de pirantel
2. Albendazol
Albendazol
Pamoato de pirantel
Tratamento
Pamoato de pirantel
Ivermectina
Albendazol
Albendazol
Ivermectina Nitazoxanida sTempo decorrido desde a infecção pelo ovo até a produção da fêmea adulta.
Achados laboratoriais A maioria dos casos de ascaridíase pode ser diagnosticada pela detec ção microscópica dos ovos característicos de Ascaris (65 por 45 |xm) nas amostras fecais. Ocasionalmente, pacientes se consultam após terem eliminado um verme adulto - identificável por seu tamanho grande e superfície lisa de cor creme - nas fezes ou por meio da boca ou do nariz. Durante a fase migratória transpulmonar inicial, quando ocorre a pneumonite eosinofílica, as larvas podem ser encontradas no escarro ou em aspirados gástricos antes que os ovos que confir mam o diagnóstico surjam nas fezes. A eosinofilia, proeminente du rante esse estágio inicial, geralmente dim inu i para níveis mínimos na infecção estabelecida. Os vermes adultos podem ser visualizados, ocasionalmente de maneira acidental, em exames contrastados do trato gastrintestinal. Uma radiografia simples de abdome pode reve lar massas de vermes nas alças intestinais cheias de gás, em pacientes com obstrução intestinal. Os vermes pancreatobiliares podem ser de tectados por ultrassonografia e colangiopancreatografia retrógrada endoscópica; o últim o método também foi empregado para extrair vermes do tipo Ascaris do trato biliar.
TRATAMENTO
mg em dose única) ou a ivermectina (150 a 200 |xg/kg em dose única) são eficazes. Contudo, essas medicações são contraindicadas na gravidez. O pamoato de pirantel (11 mg/kg em dose única; máximo de 1 g) é seguro na gestação. A nitazoxanida (7,5 mg/ kg em dose única; máximo, 500 mg) também tem sido usada na ascaridíase. Diarréia leve e dor abdominal são efeitos colaterais incomuns desses agentes. A obstrução intestinal parcial deve ser tratada com aspiração nasogástrica, hidratação intravenosa e instilação de piperazina por sonda nasogástrica, mas^ a obstrução completa e suas graves complicações exigem intervenção cirú r gica imediata.
ANCIL0ST0M0SE Duas espécies de ancilóstomos (A. duodenale e N. americanus) são responsáveis pelas infecções humanas. A maioria dos indivíduos in fectados é assintomática. A ancilostomose desenvolve-se a partir de uma combinação de fatores - uma carga maciça de vermes, duração prolongada da infecção e ingestão inadequada de ferro -, e resulta em anemia ferropriva bem como, às vezes, hipoproteinemia.
Ascaridíase Ciclo vital
A ascaridíase sempre deve ser tratada para evitar as complicações potencialmente graves. O albendazol (400 mg em dose única), o mebendazol (100 mg duas vezes por dia durante 3 dias, ou 500
Os ancilóstomos adultos, com aproximadamente 1 cm de com pri mento, utilizam os dentes bucais (Ancylostom a) ou placas cortantes (Necator) para se fixar na mucosa do intestino delgado e sugar sangue
(0,2 mL/dia durante a fase de Ancylostoma adulto) e líquido inters ticial. Os ancilóstomos adultos produzem milhares de ovos diaria mente, depositados com as fezes no solo, dos quais as larvas rabditiformes eclodem e se desenvolvem durante um período de 1 semana em larvas filariformes infecciosas, que penetram a pele e alcançam os pulmões por meio da corrente sanguínea. Aí, as larvas invadem os alvéolos e ascendem pelas vias respiratórias antes de serem deglutidas e atingir o intestino delgado. O período evolutivo desde a invasão cutânea até o aparecimento dos ovos nas fezes é de 6 a 8 semanas, po rém pode ser mais demorado no caso do A. duodenale, cujas larvas, quando deglutidas, podem sobreviver e se desenvolver diretamente na mucosa intestinal. Os ancilóstomos adultos podem sobreviver du rante uma década, mas em geral vivem cerca de 6 a 8 anos, no caso do A. duodenale, e 2 a 5 anos, no do N. americanus.
Ancylostom a caninum e A ncylostom a braziliense O A. caninum , ancilostomídeo do cão, foi identificado como uma causa de enterite eosinofílica humana, especialmente no Nordes te da Austrália. Nessa infecção zoonótica, os ancilóstomos adul tos fixam-se no intestino delgado (onde podem ser visualizados à endoscopia) e provocam dor abdom inal, bem como intensa eosinofilia local. O tratamento com mebendazol (100 mg 2x/dia durante 3 dias) ou albendazol (400 mg em dose única), ou a remo ção endoscópica, é eficaz. Essas duas espécies de ancilóstomos de animais podem causar larva m igrans cutânea (“ bicho geográfico” ; Cap. 216).
ESTR0NGIL0IDÍASE
O S. stercoralis distingue-se por sua capacidade - peculiar entre os helmintos (exceto Capillaria, ver adiante) - , de se replicar no hos Epidemiologia pedeiro humano. Tal capacidade permite ciclos contínuos de autoinO A. duodenale é prevalente no sul da Europa, no norte da fecção, quando as larvas infecciosas são produzidas em nível interno. África e da Ásia, sendo o N. americanus a espécie predo Assim, a estrongiloidíase pode persistir por décadas sem exposição minante no hemisfério ocidental e na África equatorial. As adicional do hospedeiro a larvas infecciosas exógenas. Nos hospe duas espécies se sobrepõem em muitas regiões tropicais, principal deiros imunocomprometidos, grande número de larvas invasivas de mente no Sudeste Asiático. Na maioria das áreas, as crianças maio Strongyloides podem ocasionar disseminação difusa e morte. res apresentam incidência e intensidade mais altas de infecção por ancilóstomos. Nas áreas rurais onde os campos são fertilizados pelos Ciclo vital dejetos humanos, trabalhadores adultos mais velhos também podem Além de um ciclo parasitário de desenvolvimento, o Strongyloides ser intensamente infectados. pode sofrer um ciclo de desenvolvimento de vida livre no solo (Fig. 217.1). Essa capacidade de adaptação facilita a sobrevida do parasita Manifestações clínicas na ausência de hospedeiros mamíferos. As larvas rabditiformes eli A maioria das infecções por ancilóstomos é assintomática. As larvas minadas nas fezes podem transformar-se em larvas filariformes in infecciosas podem provocar dermatite maculopapulosa pruriginofecciosas, quer diretamente, quer depois de uma fase de desenvolvi sa (“coceira da terra” ) no local da penetração cutânea, bem como mento em vida livre. Os seres humanos adquirem a estrongiloidíase trajetos serpiginosos de migração subcutânea (sim ilar aos da larva quando as larvas filariform es no solo contaminado por fezes pene migrans cutânea; Cap. 216) em hospedeiros previamente sensibili tram a pele ou membranas mucosas. Em seguida, as larvas seguem zados. As larvas que migram através dos pulmões às vezes causam através da corrente sanguínea até os pulmões, onde rompem os es pneumonite transitória discreta, mas essa condição se desenvolve paços alveolares, ascendem pela árvore brônquica, são deglutidas e, com menor frequência na ancilostomose do que na ascaridíase. Na assim, alcançam o intestino delgado, onde amadurecem em vermes fase intestinal inicial, as pessoas infectadas podem ter dor epigástri adultos que penetram a mucosa do intestino delgado proximal. A ca (frequentemente com acentuação pós-prandial), diarréia inflama dim inuta fêmea adulta do parasita (com prim ento de 2 mm) reprotória, ou outros sintomas abdominais acompanhados de eosinofilia. duz-se por partenogênese; não existem parasitas adultos masculinos. A principal conseqüência da infecção crônica por ancilóstomos é a Os ovos eclodem localmente na mucosa intestinal, liberando larvas deficiência de ferro. Os sintomas são mínimos quando a ingestão de rabditiformes que migram para a luz intestinal e são eliminadas com ferro é adequada, mas os indivíduos com nutrição lim ítrofe apresen as fezes no solo. De modo alternativo, as larvas rabditiformes no in tam sintomas de anemia ferropriva progressiva e hipoproteinemia, testino podem desenvolver-se diretamente em larvas filariformes, como fraqueza e falta de ar. que penetram a parede colônica ou pele perianal e entram na cir culação para repetir a migração que estabelece a reinfecção interna Achados laboratoriais contínua. Esse ciclo de autoinfecção permite que a estrongiloidíase O diagnóstico é estabelecido pelo achado nas fezes dos característi persista por décadas. cos ovos ovais de ancilóstomo, com 40 por 60 |xm. Procedimentos de concentração fecal podem ser necessários para detectar infecções Epidemiologia leves. Os ovos das duas espécies são indistinguíveis à microscopia óp O S. stercoralis é esparsamente distribuído nas áreas tropi tica. Em uma amostra fecal que não seja recente, os ovos podem ter cais e em outras regiões quentes e úmidas, sendo particular eclodido para liberar as larvas rabditiformes, as quais precisam ser mente comum no Sudeste Asiático, na ‘'África Subsaariana diferenciadas daquelas do S. stercoralis. Anemia microcitica hipocrôe no Brasil. Nos EUA, o parasita é endêmico em partes do sudeste e mica, às vezes com eosinofilia ou hipoalbuminemia, é característica encontrado em imigrantes, refugiados, viajantes e militares que vive da ancilostomose. ram em áreas endêmicas. . .
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Ancilostomose
A infecção por ancilóstomos pode ser erradicada por vários anti-helmínticos seguros e altamente eficazes, como o albendazol (400 mg em dose única), mebendazol (500 mg em dose única) e pamoato de pirantel (11 mg/kg durante 3 dias). A anemia fer ropriva leve frequentemente pode ser tratada apenas com ferro oral. A ancilostomose grave com perda de proteína e má absor ção exige suporte nutricional e reposição de ferro oral juntamente com a vermifugação. Existe uma preocupação de que os benzimidazólicos (mebendazol e albendazol) estejam se tornando menos efetivos contra os ancilostomídeos humanos do que no passado.
Manifestações clínicas Na estrongiloidíase sem complicações, muitos pacientes mostram-se assintomáticos ou apresentam discretos sintomas cutâneos e/ou abdominais. Urticária recorrente, envolvendo com frequência as ná degas e punhos, é a manifestação cutânea mais comum. As larvas m i gratórias podem provocar uma erupção serpiginosa patognomônica, a larva currens (“ larva corredora” ). Essa lesão eritematosa, elevada e pruriginosa, avança tão rapidamente quanto 10 cm/h ao longo do trajeto da migração da larva. Os parasitas adultos penetram a mucosa duodenojejunal e podem causar dor abdominal (geralmente mesoepigástrica) semelhante à dor da úlcera péptica, exceto pelo fato de ser agravada pela ingestão de alimentos. Podem ocorrer náuseas, diar réia, sangramento gastrintestinal, colite crônica leve e perda ponde-
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o ro
Infecções por Nematódeos Intestinais
TRATAMENTO
o
1741
A dultos 9 h e rm afrod itas com
2 m m penetram a m ucosa
Larvas m igram via corrente sa n g u ín ea ou linfáticos aos pulm ões, ascendem pela via respiratória para tra q u e ia e faringe, e são deglutidas.
do intestino delgado e liberam ovos, que eclodem em larvas rabditiform es. A fase pu lm o n ar ou intestinal pode causar: E osinofilia e dor epig á strica interm itente
A utoinfecção: Transform am -se de n tro do intestino em larvas filariform es, que penetram a pele p e rianal ou a m ucosa intestinal, causando:
Larvas fila rifo rm e s (450 |jm )
H iperinfecção: C om im unossupressão, núm eros m aiores de larvas fila rifo rm e s se desenvolvem , penetram o intestino e se dissem inam , causando: C olite, sepse polim icrobiana, p neum onite, ou m eningite
Larva rabditiform e (250 p.m)
Larvas d e rra m ad a s nas fezes
A dultos de vida livre de 1 mm no solo
D esenvolvim ento direto Larvas rabditiform es no solo
O vos no solo D esenvolvim ento direto (heterogônico) (pode m ultiplicar-se fora do h ospedeiro p o r várias gerações) no solo
Figura 217.1 Ciclo vital do Strongyloides stercoralis. [Reimpressa de Guerrant RL et al (eds): Tropical Infectious Diseases: Principies, Pathogens and Practice, 2nd ed, p 1276. © 2006, com autorização de Elsevier Science.]
Doenças Infecciosas
ral. Obstrução do intestino delgado pode acompanhar uma infecção maciça precoce. Os sintomas pulmonares são raros na estrongiloidíase sem complicações. Eosinofilia é comum, com contagens flutuantes ao longo do tempo. O ciclo contínuo de autoinfecção da estrongiloidíase é norm al mente restringido por fatores desconhecidos do sistema imune do hospedeiro. A abolição da imunidade do hospedeiro, p rincip al mente com a terapia com glicocorticoides e, de maneira m uito me nos comum, com outros medicamentos imunossupressores, leva à hiperinfecção, com a produção de grandes quantidades de larvas filariformes. Colite, enterite, ou má absorção podem desenvolver-se. Na estrongiloidíase disseminada, as larvas podem invadir não apenas os tecidos gastrintestinais e os pulmões como também o sistema nervoso central, peritônio, fígado e rins. Além disso, pode ocorrer bacteremia em virtude da passagem da flora entérica por meio das barreiras mucosas rompidas. Sepse por Gram-negativos, pneumonia ou meningite podem complicar ou dom inar a evolu ção clínica. Com frequência, não há eosinofilia nos pacientes com infecção grave. A estrongiloidíase disseminada pode ser fatal, p rin cipalmente nos pacientes com infecção insuspeita que receberam glicocorticoides. A estrongiloidíase é uma complicação freqüente da infecção pelo vírus linfotrópico de células T humanas do tipo I, mas a estrongiloidíase disseminada não é comum entre os pacientes infectados pelo HIV-1.
Diagnóstico Na estrongiloidíase sem complicações, a descoberta de larvas rabdi tiformes nas fezes é diagnostica. As larvas rabditiformes têm cerca de 250 fxm de comprimento, com uma cavidade bucal curta, que as
1742
distingue das larvas de ancilóstomos. Nas infecções sem complica ções, poucas larvas são eliminadas, e exames de fezes simples detec tam apenas cerca de um terço dos casos. Os exames seriados e o uso do método de detecção em placa de ágar melhoram a sensibilidade do diagnóstico nas fezes. Na estrongiloidíase sem complicações (mas não na hiperinfecção), os exames de fezes podem ser repetidamente negativos. As larvas de Strongyloides também podem ser encontradas em amostras do conteúdo duodenojejunal, por aspiração ou bióp sia. Um ensaio de imunoadsorção ligada a enzima para os anticorpos séricos contra os antígenos do Strongyloides é um método sensível para o diagnóstico das infecções sem complicações. Tais testes soro lógicos devem ser feitos nos pacientes cujos antecedentes geográficos indiquem exposição potencial, em especial os com eosinofilia e/ou candidatos ao tratamento com glicocorticoides para outras condi ções. Na estrongiloidíase disseminada, devem ser procuradas larvas filariformes nas fezes, bem como em amostras obtidas de locais de migração potencial das larvas, como o escarro, lavado broncoalveolar, ou líquido de drenagem cirúrgica.
TRATAMENTO
Estrongiloidíase
Mesmo no estágio assintomático, a estrongiloidíase tem de ser tratada por causa do potencial de hiperinfecção fatal. A ivermec tina (200 |xg/kg/dia durante 2 dias) é mais eficaz que o albendazol (400 mg/dia durante 3 dias). Para a estrongiloidíase disseminada, deve-se estender o tratamento com ivermectina por um mínimo de 5 a 7 dias, ou até que os parasitas sejam erradicados.
TRICURIASE
Diagnóstico
Como os ovos de Enterobius não são liberados nas fezes, o diagnós A maioria das infecções pelo Trichuris trichiura é assinto tico não pode ser feito pelos exames parasitológicos de fezes conven mática, mas as infecções maciças podem provocar sintomas cionais. Em vez disso, os ovos são detectados pela aplicação de fita gastrintestinais. Como os outros helmintos transmitidos adesiva transparente na região perianal pela manhã. Depois que a pelo solo, o Trichuris distribui-se amplamente pelo mundo, nos tró fita é transferida para uma lâmina, o exame microscópico revela os picos e subtrópicos, e é mais comum entre crianças das regiões do ovos de oxiúros, que são ovais, medem 55 por 25 |xm e são achatados mundo pobres em recursos. em um lado.
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Ciclo vital Os vermes Trichuris adultos residem no colo e ceco, com as porções anteriores enfiadas na mucosa superficial. Milhares de ovos são pos tos diariamente pelas fêmeas adultas, eliminados nas fezes e amadu recem no solo. Depois da ingestão, as larvas eclodem dos ovos infec ciosos no duodeno e amadurecem antes de migrar para o intestino grosso. O ciclo inteiro leva cerca de 3 meses, sendo que os vermes adultos podem viver por vários anos.
Manifestações clínicas As reações teciduais ao Trichuris são leves. A maioria dos indivíduos infectados não apresenta sintomas ou eosinofilia. As infecções ma ciças podem resultar em dor abdominal, anorexia e diarréia sangui nolenta ou mucoide, assemelhando-se à doença inflamatória intesti nal. O prolapso retal pode resultar de infecções maciças em crianças, que muitas vezes sofrem de desnutrição e outras doenças diarreicas. Quantidades moderadamente intensas de Trichuris também contri buem para o atraso do crescimento.
Diagnóstico e tratamento Os ovos em forma de limão, com 50-20 p,m, característicos de Tri churis, são prontamente detectados no exame de fezes. Os vermes adultos, que têm 3 a 5 cm de comprimento, ocasionalmente podem ser observados à proctoscopia. O tratamento com mebendazol (500 mg em dose única) ou albendazol (3 doses de 400 mg/dia) é seguro e moderadamente eficaz, com taxas de cura de 70 a 90%. A ivermectina (3 doses de 200 (xg/kg/dia) também é segura, porém não tão eficaz quanto os benzimidazólicos.
ENTEROBÍASE (0XIURÍASE) O E. vermicularis é mais comum nos países temperados que nos trópicos. Nos EUA, cerca de 40 milhões de pessoas se infectam com Enterobius, sendo desproporcional o número de casos entre crianças.
Ciclo vital e epidemiologia
Manifestações clínicas A maioria das infecções por Enterobius é assintomática. O prurido perianal é o sintoma principal e muitas vezes piora à noite em de corrência da migração noturna das fêmeas, podendo resultar em escoriação e infecção bacteriana secundária. Alega-se que infecções maciças poderiam causar dor abdominal e perda ponderai. Em ra ras ocasiões, os oxiúros invadem o trato genital feminino, causando vulvovaginite e granulomas pélvicos ou peritoneais. Eosinofilia é incomum.
Enterobíase
As crianças e adultos infectados devem ser tratados com meben dazol (100 mg uma única vez), albendazol (400 mg uma única vez) ou pamoato de pirantel (11 mg/kg uma única vez; máximo de 1 g), repetindo o mesmo tratamento 2 semanas depois. O tra tamento de todas as pessoas do dom icílio também é defendido para eliminar os reservatórios assintomáticos contra a reinfecção em potencial.
TRICOSTRONGILÍASE As espécies de Trichostrongylus, normalmente parasitas de animais herbívoros, às vezes infectam seres humanos, principalm ente na Ásia e na África. Os seres humanos adquirem a infecção pela ingestão acidental de larvas de Trichos trongylus em hortaliças folhosas contaminadas, as quais não m i gram nos seres humanos, mas amadurecem diretamente em vermes adultos no intestino delgado. Esses vermes ingerem m uito menos sangue que os ancilóstomos; a m aioria das pessoas infectadas se mostra assintomática, porém as infecções intensas podem originar anemia leve e eosinofilia. Os ovos de Trichostrongylus encontrados no exame de fezes assemelham-se aos dos ancilóstomos, porém são maiores (85 por 115 |jim). O tratamento consiste em mebendazol ou albendazol (Cap. 208).
ANISAQUIASE A anisaquíase é uma infecção gastrintestinal causada pela ingestão acidental da larva do nematódeo de peixe de água salgada não cozido, pertencente à família Anisakidae. A incidência de anisaquíase nos EUA aumentou em conseqüência da crescente popularidade de pratos à base de peixe cru. Muitos casos ocorrem no Japão, na Holanda e no Chile, onde o peixe cru - sashirni, arenque em conserva e ceviche, respectivamente faz parte da culi nária nacional. Os nematódeos anisaquídeos parasitam os grandes mamíferos marinhos, como baleias, golfinhos e focas. Como parte de um complexo ciclo evolutivo parasitário que envolve as cadeias ali mentares marinhas, as larvas infecciosas migram até a musculatura de diversos peixes. O Anisakis simplex e o Pseudoterranova decipiens têm sido implicados na anisaquíase humana, mas uma síndrome gás trica idêntica pode ser causada pelas larvas vermelhas de parasitas estrongilídeos de aves que se alimentam de peixes. Quando seres humanos consomem peixe cru infectado, as larvas vivas podem ser expelidas pela tosse em 48 horas. De outro modo, podem penetrar imediatamente a mucosa gástrica. Em questão de horas, estabelece-se dor abdominal alta violenta, acompanhada de náuseas e, às vezes, vômitos, simulando abdome agudo. O diagnós tico pode ser feito por visualização direta à endoscopia alta, delineação do verme por exames radiográficos com contraste, ou exame histopatológico de tecido extraído. A extração das larvas escavadoras durante a endoscopia é curativa. Além disso, as larvas podem passar para o intestino delgado, onde penetram a mucosa e provocam uma vigorosa resposta granulomatosa eosinofílica. Os sintomas podem aparecer em 1 a 2 semanas depois da refeição infecciosa, com dor abM
Infecções por Nematódeos Intestinais
Os vermes Enterobius adultos têm cerca de 1 cm de comprimento e habitam o ceco. A fêmea grávida migra à noite para a região perianal e libera até 10.000 ovos imaturos, que se tornam infecciosos em questão de horas e são transmitidos pela via mão-boca. A partir dos ovos ingeridos, as larvas eclodem e amadurecem, tornando-se adul tos. Esse ciclo evolutivo leva aproximadamente 1 mês, e os vermes adultos sobrevivem por cerca de 2 meses. A autoinfecção resulta da coçadura perianal e do transporte de ovos infecciosos nas mãos, ou sob as unhas, até a boca. Devido à facilidade da propagação inter pessoal, as infecções por Enterobius são comuns entre membros da mesma família.
TRATAMENTO
1743
T dominai intermitente, diarréia, náuseas e febre, assemelhando-se às manifestações da doença de Crohn. O diagnóstico pode ser sugerido por exames baritados e confirmado pela ressecção cirúrgica curativa de um granuloma, no qual o verme se encontra embebido. Os ovos dos anisaquídeos não são encontrados nas fezes, pois as larvas não amadurecem nos seres humanos. Testes sorológicos têm sido desen volvidos, mas não estão largamente disponíveis. As larvas anisaquídeas em peixes de água salgada são mortas por cozimento a 60°C, congelamento a -20°C durante 3 dias, ou congela mento comercial por jato, mas em geral não por salgamento, marinada, ou defumação a frio. Nenhum tratamento clínico está disponível; deve-se realizar a ressecção endoscópica ou cirúrgica.
CAPILARÍASE A capilaríase intestinal é causada pela ingestão de peixe cru infectado pela Capillaria philippinensis. A autoinfec ção subsequente pode levar a uma grave síndrome de consumpção. A doença ocorre nas Filipinas e na Tailândia e, ocasional mente, em outras partes da Ásia. O ciclo natural da C. philippinensis envolve peixes de água doce e salobra. Quando os seres humanos se alimentam com peixe cru infectado, as larvas amadurecem no intestino, transformando-se em vermes adultos, os quais produzem larvas invasivas que provocam inflamação intestinal e perda de vilosidades. A capilaríase tem um início insidioso com dor abdominal inespecífica e diarréia aquosa. Quando não tratada, a autoinfecção progressiva pode acarretar enteropatia perdedora de proteína, má absorção grave e, por fim , a morte por caquexia, insuficiência car díaca, ou infecção secundária. O diagnóstico baseia-se na id en ti ficação dos típicos ovos em forma de amendoim (20 por 40 |xm) ao exame de fezes. Os pacientes gravemente enfermos necessitam de hospitalização e terapia de suporte, além do tratamento anti-helmíntico prolongado com albendazol (200 mg duas vezes por dia durante 10 dias; Cap. 208).
ANGIOSTRONGILÍASE ABDOMINAL A angiostrongilíase abdominal é encontrada na América Latina e África. O parasita zoonótico Angiostrongylus costaricensis provoca ileocolite eosinofílica depois da ingestão de vegetação contaminada; ele é, normalmente, um parasita do rato do algodão e de outros ro edores, com as lesmas e caramujos servindo de hospedeiros inter mediários. Os seres humanos tornam-se infectados pela ingestão
Doenças infecciosas 1744
acidental de larvas infecciosas no lim o dos moluscos depositado em frutas e hortaliças; as crianças correm maior risco. As larvas pene tram a parede intestinal e migram para a artéria mesentérica, onde se desenvolvem em vermes adultos. Os ovos depositados na parede intestinal provocam intensa reação granulomatosa eosinofílica, e os vermes adultos podem causar arterite mesentérica, trombose ou infarto intestinal franco. Os sintomas podem simular os da apendicite, como dor e hipersensibilidade abdominais, febre, vômitos e massa palpável na fossa ilíaca direita. A leucocitose e eosinofilia são proe minentes. Uma TC contrastada mostra o intestino inflamado, m ui tas vezes com obstrução concomitante, mas o diagnóstico definitivo costuma ser firm ado à cirurgia, com ressecção parcial do intestino. O exame patológico revela uma parede intestinal espessada, com gra nulomas eosinofílicos circundando os ovos de Angiostrongylus. Nos casos não cirúrgicos, o diagnóstico depende exclusivamente de crité rios clínicos, porque as larvas e os ovos não são detectáveis nas fezes. A terapia clínica da angiostrongilíase abdominal é de eficácia incerta. A observação cuidadosa e a ressecção cirúrgica, se houver sintomas graves, são a base do tratamento.
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ic h u a
T CAPÍTULO
218
to, essas infecções devem ser consideradas como induzindo doenças crônicas com possíveis efeitos debilitantes no longo prazo. Em termos da natureza, gravidade e cronologia das manifestações clínicas, os pa cientes com infecções por filárias que são nativos de áreas endêmicas e têm exposição vitalícia podem dife rir significativamente daqueles que são viajantes, ou que se mudaram recentemente para tais áreas. Caracteristicamente, a filaríase é mais aguda e intensa em indivíduos recentemente expostos do que em nativos de áreas endêmicas.
Fílaríase e Infecções Correlatas Thomas B. Nutman Peter F. W eller As filárias são vermes nematódeos que residem nos tecidos subcutâ neos e nos linfáticos. Oito espécies de fdárias infectam seres huma nos (Quadro 218.1); dessas, quatro - Wuchereria bancrofti, Brugia malayi, Onchocerca volvulus e Loa loa - são responsáveis pelas fo r mas mais graves de filaríase. As fdárias parasitas, que infectam es timadas 170 milhões de pessoas em todo mundo, são transmitidas por espécies específicas de mosquitos ou outros artrópodes e têm um ciclo vital complexo, incluindo fases larvárias infectantes carreadas por insetos, e vermes adultos que residem nos tecidos linfáticos ou subcutâneos de seres humanos. A prole dos adultos é representada por microfilárias, as quais, a depender de sua espécie, têm 200-250 |xm de comprimento e 5-7 |jim de largura, podem ou não estar en voltas em uma bainha frouxa e, ou circulam no sangue, ou migram por meio da pele (Quadro 218.1). Para completar o ciclo evolutivo, as microfilárias são ingeridas pelo artrópode vetor e se desenvolvem ao longo de 1-2 semanas em novas larvas infectantes. Os vermes adultos vivem por muitos anos, ao passo que as microfilárias sobrevivem por 3 a 36 meses. O endossimbionte Wolbachia, semelhante a riquétsias, tem sido encontrado dentro de células em todas as fases de Brugia, Wuchereria, Mansonella e Onchocerca, e tornou-se um alvo da qui mioterapia antifilária. Geralmente, a infecção só se estabelece com exposições prolon gadas, repetidas, a larvas infectantes. Como as manifestações clínicas das doenças por filárias se desenvolvem de modo relativamente len
QUADRO 218.1
Características das filárias
Microrganismo
Periodicidade
Distribuição
Vetor
Wuchereria bancrofti
Noturna
Áreas cosmopolitas em todo mundo, inclusive América do Sul, África, sul da Ásia, Papua-Nova Guiné, China, Indonésia
Subperiódica Noturna Subperiódica
Brugia malayi
FILARÍASE LINFÁTICA A filaríase linfática é causada por W. bancrofti, B. malayi, ou B. timori. Os parasitas adultos semelhantes a fios residem nos vasos ou gânglios linfáticos, onde podem permanecer viáveis por mais de duas décadas.
■ EPIDEMIOLOGIA W. bancrofti, a filária parasita de seres humanos mais am plamente distribuída, afeta estimados 110 milhões de pes soas e é encontrada nos trópicos e subtrópicos, inclusive Ásia e Ilhas do Pacífico, áreas da América do Sul e bacia do Cari be. Os seres humanos são o único hospedeiro definitivo do parasita. De modo geral, a forma subperiódica só é encontrada nas Ilhas do Pacífico; em outros lugares, W. bancrofti é periódica noturna. (Nas formas periódicas de microfilárias são escassas no sangue periférico durante o dia e aumentam à noite, ao passo que nas formas subperiódicas estão presentes no sangue periférico o tempo todo, e atingem níveis máximos à tarde). Os vetores naturais para W. bancrofti são mosquitos Culexfatigans, em cenários urbanos, e mosquitos anofelinos ou Aedes, em áreas rurais. A filaríase brugiana devido a B. m alayi ocorre principalmente no leste da índia, Indonésia, Malásia e nas Filipinas. B. malayi tam bém tem duas formas distinguidas pela periodicidade da m icrofilariemia. A forma noturna, mais comum, é transm itida em áreas
Localização do adulto
Localização das Microfilárias
Bainha
Culex, Anopheles (mosquitos)
Tecido linfático
Sangue
+
Pacífico Oriental
Aedes (mosquitos)
Tecido linfático
Sangue
+
Sudeste Asiático, Indonésia, índia
Mansonia, Anopheles (mosquitos)
Tecido linfático
Sangue
+
Indonésia, Sudeste Asiático
Coquillettidia. Mansonia (mosquitos)
Tecido linfático
Sangutf
+
B. timori
Noturna
Indonésia
Anopheles (mosquitos)
Tecido linfático
Sangue
+
Loa loa
Diurna
África Ocidental e Central
Chrysops (moscas do veado)
Tecido subcutâneo
Sangue
+
Onchocerca volvulus
Nenhuma
América do Sul e Central, África
Simulium (moscas negras)
Tecido subcutâneo
Pele, olho
-
Mansonella ozzardi
Nenhuma
América do Sul e Central
Cullicoides (mosquito-pólvora)
Sítio indeterminado
Sangue
Caribe
Simulium (moscas negras)
M. perstans
Nenhuma
América do Sul e Central, África
Cullicoides (mosquito-pólvora)
Cavidades corpóreas, mesentério, tecido perirrenal
Sangue
M. streptocerca
Nenhuma
África Ocidental e Central
Cullicoides (mosquito-pólvora)
Tecido subcutâneo
Pele
1745
adjacentes a campos de arroz, enquanto a forma subperiódica é encontrada em florestas. B. malayi infecta naturalmente gatos bem como seres humanos. A distribuição de B. tim ori é limitada às ilhas do sudeste da Indonésia.
■ PATOLOGIA As principais alterações patológicas resultam de dano inflamatório aos linfáticos, causado por vermes adultos, e não por microfilárias. Os vermes adultos vivem em linfáticos aferentes ou seios de gânglios linfáticos, e causam dilatação e espessamento das paredes dos vasos linfáticos. A infiltração de plasmócitos, eosinófilos e macrófagos dentro e em volta dos vasos infectados, juntamente com proliferação de tecido endotelial e conectivo, leva à tortuosidade dos linfáticos, com válvulas linfáticas danificadas ou incompetentes. Linfedema e alterações de estase crônica, com edema endurecido ou robusto, se desenvolvem na pele sobrejacente. Essas conseqüências da infecção por filárias devem-se tanto aos efeitos diretos dos vermes como à resposta inflamatória do hospedeiro ao parasita. Acredita-se que as respostas inflamatórias causem os processos granulomatosos e proliferativos que precedem a obstrução linfática total. Pensa-se que o vaso linfático permanece patente enquanto o verme continua viável, e que a morte do verme leva ao aumento da reação granulomatosa e da fibrose. O resultado é obstrução linfática e, a despeito dos lin fá ti cos colaterais, a função linfática é comprometida.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As apresentações mais comuns das filaríases linfáticas são m icrofilariemia assintomática (ou subclínica), hidrocele (Fig. 218.1), adenolinfangite aguda (ADL) e doença linfática crônica. Em áreas onde W. bancrofti ou B. m alayi é endêmica, a m aioria avassaladora de indivíduos infectados tem poucas manifestações clínicas francas de infecção por filária, apesar do grande número de microfilárias c ir culantes no sangue periférico. Embora elas possam ser clinicamente assintomáticas, praticamente todas as pessoas com m icrofilariem ia por W. bancrofti ou B. malayi têm algum grau de doença subclínica que inclui hematúria microscópica e/ou proteinúria, linfáticos d i latados e tortuosos (visualizados por estudos de imagem), e - em homens com infecção por W. bancrofti - linfangiectasia escrotal (detectável com ultrassonografia). Apesar desses achados, a maioria
_ Figura 218.1
dos indivíduos parece permanecer clinicamente assintomática por anos; em relativamente poucos, a infecção realmente progride para doença aguda ou crônica. A ADL caracteriza-se por febre alta, inflamação linfática (linfangite e linfadenite), e edema local transitório. A linfangite é retrógra da, estendendo-se perifericamente a pa rtir do gânglio linfático que drena a área onde os parasitas adultos residem. Os gânglios lin fá ti cos regionais frequentemente estão aumentados, e o canal linfático inteiro pode se tornar endurecido e inflamado. Tromboflebite local concomitante também pode ocorrer. Na filaríase brugiana, um abs cesso local isolado pode se formar ao longo do trato linfático envol vido, e se romper subsequentemente para a superfície. A linfadenite e linfangite podem envolver tanto as extremidades superiores como as inferiores, tanto na filaríase bancroftiana como na brugiana, mas o envolvimento dos linfáticos genitais ocorre quase que exclusivamente na infecção por W. bancrofti. Esse envolvimento genital pode se ma nifestar como funiculite, epididimite, e dor e hipersensibilidade na bolsa escrotal. Em áreas endêmicas, outro tipo de doença aguda - a dermatolinfangioadenite (DLA) - , é reconhecida como uma síndro me que inclui febre alta, calafrios, mialgias e cefaleia. Placas inflama tórias edematosas, claramente demarcadas da pele normal, são ob servadas. Vesículas, úlceras e hiperpigmentação também podem ser notadas. Frequentemente, há uma história de trauma, queimaduras, radiação, picadas de insetos, lesões puntiformes, ou lesão química. Lesões de entrada, especialmente na área interdigital, são comuns. A DLA frequentemente é diagnosticada como celulite. Se o dano linfático progride, o linfedema transitório pode se desenvolver em obstrução linfática e nas alterações permanentes associadas à elefantíase (Fig. 218.2). Edema rígido segue-se ao edema com cacifo, e ocorre espessamento dos tecidos subcutâne os e hiperceratose. Desenvolvem-se fissuras da pele, bem como alterações de hiperplasia. A infecção secundária desses tecidos pobremente vascularizados torna-se um problema. Na filaríase bancroftiana, em que o envolvimento genital é comum, hidroceles podem se desenvolver (Fig. 218.1); em fases avançadas, essa condi ção pode evoluir para linfedema e elefantíase escrotal. Além disso,
Figura 218.2 Elefantíase da extremidade inferior associada a infecção por Hidrocele associada a infecção por Wuchereria bancrofti. Wuchereria bancrofti.
se houver obstrução dos linfáticos retroperitoneais, o aumento da pressão linfática nos rins leva à ruptura dos linfáticos renais e ao desenvolvimento de quilúria, que geralmente é intermitente e mais proeminente pela manhã. As manifestações clínicas de infecções por filárias em viajantes, ou em imigrantes que entraram recentemente na área endêmica, são distintas. Dado um número suficiente de picadas por vetores infectados, geralmente ao longo de um período de 3 a 6 meses, os pacientes recentemente expostos podem desenvolver inflamação linfática ou escrotal aguda, com ou sem urticária e angioedema localizado. A linfadenite de gânglios linfáticos epitrocleares, axila res, femorais, ou inguinais, frequentemente é seguida de linfangite que evolui de maneira retrógrada. Os ataques agudos são de curta duração e, habitualmente, não são acompanhados de febre. Com a exposição prolongada a mosquitos infectados, esses ataques, se não tratados, tornam-se mais graves e levam à inflamação e obstrução linfática permanente.
■ DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
Filaríase linfática
Com as definições mais recentes de síndromes clínicas na filaríase linfática, e novas ferramentas para avaliar a situação clínica (p. ex„ ultrassonografia, linfocintilografia, ensaios de antígenos de filária circulantes, PCR), abordagens terapêuticas baseadas no estado da infecção podem ser consideradas. A dietilcarbamazina [(DEC), 6 mg/kg diariamente por 12 dias], que tem propriedades tanto ma cro como microfilaricidas, permanece o fármaco de escolha para o tratamento da filaríase linfática ativa (definida por microfilarie mia, positividade de antígeno, ou vermes adultos a ultrassonogra fia), embora o albendazol (400 mg2x/dia durante 21 dias) tam bém tenha demonstrado eficácia macrofilaricida. Um curso de 4 a 6 semanas de doxiciclina (tendo como alvo Wolbachia intrace lular) também tem atividade macrofilaricida significativa, assim como DEC/albendazol usado diariamente por 7 dias. A adição de DEC a um curso de 3 semanas de doxiciclina recentemente se de monstrou eficaz na filaríase linfática. Regimes que combinam dose única de albendazol (400 mg), ou com DEC (6 mg/kg), ou ivermectina (200 pg/kg) têm todos um efeito m icrofilaricida sustentado, e constituem a linha mes tra dos programas de erradicação da filaríase linfática na África (albendazol/ivermectina) e em outros lugares (albendazol/DEC) (ver “Prevenção e Controle,” adiante). Como já foi mencionado, um corpo crescente de evidências indica que, embora possam estar assintomáticas, praticamen te todas as pessoas com m icrofilariem ia por W. bancrofti ou B. malayi têm algum grau de doença subclínica (hematúria, protei núria, anormalidades à linfocintilografia). Assim, recomenda-se o tratamento precoce de pessoas assintomáticas para prevenir dano linfático posterior. Para A D L, o tratamento de suporte (inclusive a administração de antitérmicos e analgésicos) é reco mendado, bem como terapia antibiótica se infecção bacteriana secundária for provável. De modo semelhante, como a doença linfática está associada à presença de vermes adultos, o trata mento com DEC é recomendado para portadores de vermes adultos negativos para microfilárias. > Em pessoas com manifestações crônicas de filaríase linfática, o tratamento com regimes que dão ênfase a higiene, prevenção de infecções bacterianas secundárias e fisioterapia tem ganho aceita ção ampla para controle da morbidade. Esses esquemas são sim i lares àqueles recomendados para linfedema da maioria das causas que não filárias, e são conhecidos por uma variedade de nomes, inclusive fisioterapia descongestiva complexa e terapia complexa de linfedema. As hidroceles (Fig. 218.1) podem ser tratadas cirurgi camente. Nas manifestações crônicas de filaríase linfática, o tra tamento farmacológico deve ser reservado para indivíduos com evidência de infecção ativa. Os efeitos colaterais do tratamento com DEC incluem febre, calafrios, artralgias, cefaleia, náusea e vômitos. Tanto o desen volvimento, como a gravidade dessas reações estão diretamente relacionados com o número de m icrofilárias circulantes na cor-
Filaríase e Infecções Correlatas
Um diagnóstico definitivo só pode ser feito pela detecção dos para sitas e, portanto, pode ser difícil. Os vermes adultos localizados em vasos ou gânglios linfáticos são largamente inacessíveis. As m icro fi lárias podem ser encontradas no sangue, em líquido de hidrocele, ou (ocasionalmente) em outros fluidos corpóreos. Tais fluidos podem ser examinados com microscopia, ou diretamente, ou - para maior sensibilidade - após concentração dos parasitas pela passagem do líquido através de um filtro de policarbonato com poros cilíndricos (tamanho do poro, 3 pm ), ou pela centrifugação de fluido fixado em formalina a 2% (técnica de concentração de Knott). A cronolo gia da coleta de sangue é crítica, e deve basear-se na periodicidade das microfilárias na região endêmica envolvida. Muitos indivíduos infectados não têm m icrofilariem ia, e o diagnóstico definitivo em tais casos pode ser difícil. Ensaios para antígenos circulantes de W. bancrofti permitem o diagnóstico de infecção com m icrofilariem ia e críptica (sem microfilariemia). Dois testes estão disponíveis comer cialmente: um ensaio imunoabsorvente ligado a enzima (ELISA) e um teste de cartão imunocromatográfico de formato rápido. Ambos os ensaios têm sensibilidades de 93-100%, e especificidades pró xi mas de 100%. Atualmente, não há testes para antígenos circulantes na filaríase brugiana. Ensaios baseados na reação em cadeia da polimerase (PCR) para DN A de W. bancrofti e de B. m alayi no sangue já foram de senvolvidos. Numerosos estudos indicam que a sensibilidade desse método diagnóstico é equivalente ou maior que a dos métodos parasitológicos. Em casos de suspeita de filaríase linfática, o exame da bolsa escrotal, dos gânglios linfáticos, ou (em pacientes do sexo fem in i no) da mama, por meio de ultrassonografia de alta frequência em conjunto com técnicas de Doppler, pode resultar na identificação de vermes adultos móveis dentro de linfáticos dilatados. Os ver mes podem ser visualizados nos linfáticos do cordão espermático em até 80% dos homens infectados com W. bancrofti. Os vermes adultos vivos têm um padrão distinto de movimentação dentro dos vasos linfáticos (denominado sinal da dança das filá ria s). Imagens de linfocin tilo grafia dos membros com radionuclídios demons tram confiavelmente anormalidades linfáticas disseminadas, tanto em pessoas com m icrofilariem ia subclínica, como naquelas com manifestações clínicas de patologia linfática. Embora de utilidade potencial na delineação de alterações anatômicas associadas com a infecção, é improvável que a linfocintilografia assuma a primazia na avaliação diagnóstica de indivíduos com suspeita de infecção; ela é principalmente uma ferramenta de pesquisa, embora tenha sido usada mais largamente na avaliação de linfedema de qualquer causa. Eosinofilia e concentrações séricas elevadas de IgE, e anti corpos antifilária, dão suporte ao diagnóstico de filaríase linfática. Há, entretanto, uma reatividade cruzada extensa entre antígenos de filárias e de outros helmintos, inclusive os nematelmintos intestinais
comuns. Assim, as interpretações de achados sorológicos podem ser difíceis. Além disso, os residentes de áreas endêmicas podem se to r nar sensibilizados a antígenos de filárias (e, consequentemente, com sorologia positiva) por meio de exposição a mosquitos infectados, sem ter infecções evidentes por filárias. A A D L associada a filaríase linfática deve ser diferenciada de tromboflebite, infecção e trauma. A evolução retrógrada é um as pecto característico que ajuda a distinguir a linfangite por filária da linfangite bacteriana ascendente. O linfedema crônico por filaríase também deve ser distinguido do linfedema de doenças malignas, te cido cicatricial pós-operatório, trauma, estados edematosos crônicos e anomalias congênitas do sistema linfático.
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rente sanguínea. As reações adversas podem representar ou uma reação aguda de hipersensibilidade aos antígenos sendo liberados por parasitas mortos e moribundos, ou uma reação inflamatória induzida pelos endossimbiontes Wolbachia liberados de seu n i cho intracelular. A ivermectina tem um perfil de efeitos colate rais semelhante ao da DEC quando usada na filaríase linfática. Em pacientes infectados com Loa loa, que têm níveis altos de m icrofilariemia por Loa, a DEC - como a ivermectina (ver “ Loíase,” adiante) -, pode provocar complicações encefalopáticas graves. Quando usado em regimes de dose única para o tratamento de filaríase linfática, o albendazol está associado a relativamente poucos efeitos colaterais.
■ PREVENÇÃOECONTROLE Para proteger-se da infecção por filária, os indivíduos devem evitar contato com mosquitos infectados pelo uso de medidas pessoais pro tetoras, inclusive mosquiteiros, especialmente aqueles impregnados com inseticidas, tais como permetrina. A intervenção comunitária é a abordagem atual à eliminação da filaríase linfática como um pro blema de saúde pública. O dogma por trás dessa abordagem é que a distribuição maciça anual de quimioterapia antim icrofilária - alben dazol com DEC (para todas as áreas exceto aquelas onde oncocercose é coendêmica; ver secção sobre tratamento da oncocercose, adiante) ou ivermectina - suprimirá profundamente a microfilariemia. Se a supressão for mantida, então a transmissão pode ser interrompida. Criado pela Organização M undial da Saúde em 1997, o Global Programme to Eliminate Lymphatic Filariasis baseia-se na adminis tração em massa de doses únicas anuais de DEC mais albendazol, em regiões não africanas, e de albendazol mais ivermectina, na Á fr i ca. Informações disponíveis no final de 2008 indicavam que > 695 milhões de pessoas em 51 países já tinham participado até então. Não só a filaríase linfática foi eliminada em algumas áreas definidas, como benefícios colaterais - evitação de incapacidade e tratamen to de helmintíases intestinais e outras condições (p. ex., escabiose e infestação por piolhos) - também têm sido observados. A estra tégia do programa global está sendo refinada, e estão sendo feitas tentativas de integrar esse esforço a outras estratégias de tratamento em massa (p. ex., programas de vermifugação, controle da malária e controle do tracoma).
EOSINOFILIA PULMONAR TROPICAL A eosinofilia pulmonar tropical (EPT) é uma síndrome distinta que se desenvolve em alguns indivíduos infectados com as espécies de filária que residem em linfáticos. Essa síndrome afeta homens e mulheres em uma proporção de 4:1, fre quentemente durante a terceira década de vida. A maioria dos casos tem sido relatada na índia, Paquistão, Sri Lanka, Brasil, Guiana e Su deste Asiático.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os aspectos principais incluem uma história de residência em regiões endêmicas para filária, tosse paroxística e sibilos (geralmente à noite e provavelmente relacionados com a periodicidade noturna das m i crofilárias), perda de peso, febre baixa, linfadenopatia e eosinofilia sanguínea pronunciada (> 3.000 eosinófilos/jxL). As radiografias de tórax e imagens de TC podem ser normais, mas geralmente mostram a trama broncovascular aumentada. Lesões miliares difusas, ou opacidades mosqueadas, podem estar presentes nos campos pulmona res médios e inferiores. As provas de função pulmonar demonstram anormalidades restritivas na maioria dos casos, e defeitos obstrutivos na metade. Caracteristicamente, os níveis séricos totais de IgE (10.000-100.000 ng/mL) e os títulos de anticorpos antifilária estão acentuadamente elevados.
■ PATOLOGIA Na EPT, as microfilárias e antígenos parasitários são rapidamente de purados da corrente sanguínea pelos pulmões. Os sintomas clínicos
resultam de reações alérgicas e inflamatórias provocadas pelos para sitas depurados. Em alguns pacientes, o aprisionamento de m icrofilá rias em outros órgãos reticuloendoteliais pode causar hepatomegalia, esplenomegalia, ou linfadenopatia. Um infiltrado intra-alveolar pro eminente, rico em eosinófilos, é relatado frequentemente, e com ele vem a liberação de proteínas de grânulos eosinofílicos pró-inflamatórios citotóxicos, que podem mediar parte da patologia vista na EPT. Na ausência de tratamento bem-sucedido, fibrose intersticial pode levar a dano pulmonar progressivo.
■ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A EPT deve ser diferenciada de asma, síndrome de Lõffler, aspergi lose broncopulmonar alérgica, granulomatose alérgica com angiite (síndrome de Churg-Strauss), vasculites sistêmicas [principalmente periarterite nodosa e granulomatose com poliangiite (granuloma tose de Wegener)], pneumonia eosinofílica e síndrome hipereosinofílica idiopática.
TRATAMENTO
Eosinofilia pulmonar tropical
A DEC é usada em uma dosagem diária de 4-6 mg/kg por 14 dias. Os sintomas geralmente regridem dentro de 3-7 dias após o início da terapia. A recaída, que ocorre em cerca de 12-25% dos casos (algumas vezes depois de um intervalo de anos), requer repetição do tratamento.
ONCOCERCOSE ■ EPIDEMIOLOGIA A oncocercose (“cegueira do rio” ) é causada pelo nemató deo filária O. volvulus, que infecta estimados 37 milhões de indivíduos em 35 países por todo mundo. A maioria dos indivíduos infectados com O. volvulus mora na região equatorial da África, estendendo-se da costa do Atlântico ao Mar Vermelho. Nas Américas, focos isolados têm sido identificados no México, Guate mala, Colômbia, Equador, Venezuela e Brasil. A infecção também é encontrada no Iêmen.
■ ETIOLOGIA A infecção em seres humanos começa com a deposição de larvas infectantes na pele pela picada de uma mosca negra infectada. As larvas se desenvolvem em adultos, que são encontrados, em nódulos subcutâneos. Cerca de 7 meses a 3 anos depois da infecção, a fêmea grávida libera microfilárias que migram para fora do nódulo e atra vés dos tecidos, concentrando-se na derme. A infecção é transmitida a outras pessoas quando uma mosca fêmea ingere microfilárias da pele do hospedeiro, e essas então se desenvolvem em larvas infectan tes. As fêmeas e machos adultos de O. volvulus têm 40-60 cm e 3-6 cm de comprimento, respectivamente. A duração d a i d a de adultos pode ser tão longa como 18 anos, com uma média de cerca de 9 anos. Como o vetor, a mosca negra, se reproduz ao longo de rios e riachos correntes (particularmente em corredeiras), e geralmente restringe seu voo a uma área dentro de vários quilômetros desses sítios de re produção, tanto a picada como a transmissão da doença são mais in tensas nessas localizações.
■ PATOLOGIA A oncocercose afeta principalmente a pele, olhos e linfonodos. Em contraste com a patologia da filaríase linfática, as lesões na onco cercose são provocadas por microfilárias, e não por parasitas adul tos. Na pele, há alterações inflamatórias leves, porém crônicas, que podem resultar em perda de fibras elásticas, atrofia e fibrose. Os nódulos subcutâneos, ou oncocercomas, consistem primariamente em tecidos fibrosos circundando o verme adulto, frequentemente com um anel periférico de células inflam atórias (caracterizadas como de origem linfática) rodeadas por uma camada endotelial. No olho, neovascularização e fibrose cicatricial da córnea levam a opa-
T cidades cornianas e cegueira. A inflamação nas câmaras anterior e posterior resulta, frequentemente, em uveíte anterior, coriorretinite e atrofia óptica. Embora as opacidades puntiformes sejam oriundas de uma reação inflam atória circundando m icrofilárias mortas ou moribundas, a patogênese da m aioria das manifestações da onco cercose ainda é obscura.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Pele Prurido e exantema são as manifestações mais comuns da oncocer cose. O prurido pode ser incapacitante; o exantema é uma erupção papular (Fig. 218.3), que é generalizada em vez de localizada a uma região particular do corpo. A infecção de longa duração resulta em enrugamento exagerado e prematuro da pele, perda de fibras elásti cas e atrofia epidérmica, que pode levar a pele frouxa, redundante e hipo ou hiperpigmentação. A dermatite eczematoide localizada pode causar hiperceratose, descamação e alterações pigmentares. Em uma forma imunologicamente hiperreativa da oncodermatite (comumen te denominada sowdah, ou oncodermatite localizada), a pele afetada escurece, em conseqüência da inflamação profunda que ocorre quan do as microfilárias na pele são depuradas.
Oncocercomas Esses nódulos subcutâneos, que podem ser palpáveis e/ou visíveis, contêm o verme adulto. Em pacientes africanos, eles são comuns sobre o cóccix e sacro, trocânter do fêmur, crista anterior lateral e outras proeminências ósseas; em pacientes da América do Sul e Cen tral, os nódulos tendem a se desenvolver na parte superior do corpo, principalmente na cabeça, pescoço e ombros. Os nódulos variam de tamanho e, caracteristicamente, são firmes e não dolorosos à palpação. Tem sido estimado que para cada nódulo palpável haja quatro mais profundos, impalpáveis.
Tecido ocular A deficiência visual é a complicação mais séria da oncocercose, e geralmente afeta apenas aquelas pessoas com infecções moderadas ou intensas. Lesões podem se desenvolver em todas as partes do olho. O achado inicial mais comum é conjuntivite com fotofobia. Ceratite puntiform e - reações inflam atórias agudas circundando microfilárias moribundas e manifestadas como opacidades “em flo co de neve” - é comum em pacientes mais jovens, e resolve sem complicações aparentes.
A ceratite esclerosante ocorre em 1-5% das pessoas infecta das e é a causa principal de cegueira por oncocerca na Á fri ca. Uveíte anterior e iridociclite desenvolvem-se em cerca de 5% das pessoas infectadas na África. Na América Latina, compli cações do trato uveal anterior (deformidade da pupila) podem causar glaucoma secundário. Lesões coriorretinianas características se de senvolvem como resultado de atrofia e hiperpigmentação do epitélio pigmentado retiniano. Constrição dos campos visuais e atrofia óptica franca podem ocorrer.
Gânglios linfáticos Linfadenopatia leve a moderada é comum, particularmente nas áreas inguinais e femorais, onde os gânglios aumentados podem pender em resposta à gravidade (“virilha pendurada” ), às vezes predispondo a hérnias inguinais e femorais.
Manifestações sistêmicas Alguns indivíduos intensamente infectados desenvolvem caquexia, com perda de tecido adiposo e massa muscular. Entre os adultos que ficam cegos, há um aumento de três a quatro vezes na taxa de letalidade.
■ DIAGNÓSTICO O diagnóstico definitivo depende da detecção de um verme adulto em um nódulo excisado, ou, mais comumente, de microfilárias em um fragmento de pele. Fragmentos de pele são obtidos com um punch esclero-corniano, que coleta uma amostra de biópsia de pele livre de sangue estendendo-se até logo abaixo da epiderme, ou pelo levantamento da pele com a ponta de uma agulha e excisão de um pedaço pequeno (1 a 3 m m ) com uma lâmina de bisturi estéril. O tecido de biópsia é incubado em meio de cultura de tecidos, ou em soro fisiológico sobre uma lâmina de vidro ou placa de m icrotítulo de fundo chato. Depois de incubação por 2-4 h (ou, ocasionalmente, durante a noite em infecções leves), as microfilárias emergentes da pele podem ser vistas por microscopia de pequeno aumento. Eosinofilia e níveis séricos elevados de IgE são comuns, mas, como ocorrem em muitas infecções parasitárias, não são diagnos ticas em si. Ensaios para detectar anticorpos específicos a Oncho cerca, e PCR para detectar D N A de oncocerca em fragmentos de pele, são usados em laboratórios especializados, e são altamente sensíveis e específicos.
■ TRATAMENTO
Figura 218.3
Filaríase e Infecções Correlatas
Os objetivos principais da terapia são prevenir o desenvolvimento de lesões irreversíveis e aliviar sintomas. A excisão cirúrgica é reco mendada quando nódulos estão localizados na cabeça (por causa da proximidade de vermes adultos produtores de m icrofilárias com o olho), mas a quim ioterapia é a viga mestra do tratamento. A iver mectina, uma lactona macrocíclica semissintética ativa contra m i crofilárias, é o agente de prim eira linha para o tratamento da onco cercose. Ela é dada por via oral em uma dose única de 150 jxg/kg, ou anualmente, ou semianualmente. Recentemente, a adm inistra ção mais freqüente de ivermectina (a cada 3 meses) tem sido suge rida para m elhorar o p ru rid o e a doença de pele. Além disso, a ad m inistração quadrienal de ivermectina- tem alguma atividade macrofilaricida. -w Depois do tratamento, a maioria dos indivíduos tem H Í pouca ou nenhuma reação. Prurido, edema cutâneo e/ou erupção maculopapular ocorre em cerca de 1-10% dos in divíduos tratados. Em áreas da África coendêmicas para O. volvulus e L. loa, contu do, a ivermectina é contraindicada (como o é para mulheres grávidas ou lactantes) por causa da encefalopatia grave pós-tratamento vista em pacientes, especialmente crianças, que têm uma microfilariemia intensa por L. loa (> 2.000-5.000 microfilárias/mL). Embora o trata mento com ivermectina resulte em uma queda marcante da densida de de microfilárias, seu efeito pode ser de curta duração (< 3 meses, em alguns casos). Assim, ocasionalmente é necessário dar ivermecti na mais frequentemente para sintomas persistentes.
Erupção papular em conseqüência de oncocercose.
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Um curso de 6 semanas de doxiciclina é macrofilariostático, tor nando os vermes fêmeas adultos estéreis por longos períodos. Como esse agente tem como alvo o endossimbionte Wolbachia da filária parasita, novas abordagens para tratamento definitivo (isto é, cura) podem se tornar disponíveis.
■ PATOLOGIA A patogênese das manifestações da loíase é mal compreendida. Pen sa-se que os edemas de Calabar resultem de uma reação de hipersen sibilidade a antígenos do verme adulto.
■ DIAGNÓSTICO ■ PREVENÇÃO O controle de vetores tem sido benéfico em áreas altamente endê micas nas quais os sítios de reprodução são vulneráveis a sprays de inseticidas, mas a m aioria das áreas endêmicas de oncocercose não é adequada para esse tipo de controle. A administração comunitária de ivermectina a cada 6-12 meses está sendo usada para interrom per a transmissão em áreas endêmicas. Essa medida, em conjunto com o controle de vetores, já tem ajudado a reduzir a prevalência da doença em focos endêmicos da Á frica e América Latina. Nenhum fármaco tem sido comprovado ú til para profilaxia da infecção por O. volvulus.
LOÍASE ■ ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA
O diagnóstico definitivo de loíase requer a detecção de microfilárias do sangue periférico, ou o isolamento do verme adulto do olho (Fig. 218.4) ou de um espécime de biópsia de subcutâneo de um sítio de edema desenvolvendo-se após tratamento. Ensaios baseados em PCR para a detecção do DN A de L. loa no sangue estão disponíveis em laboratórios especializados e são altamente sensíveis e específicos, como o são técnicas sorológicas mais recentes baseadas em antíge no recombinante. Na prática, frequentemente o diagnóstico deve basear-se em uma história e apresentação clínica características, eo sinofilia no sangue e níveis elevados de anticorpos antifilária, pa rti cularmente em viajantes a uma área endêmica, que geralmente não têm filariemia. Outros achados clínicos nos viajantes compreendem hipergamaglobulinemia, níveis elevados de IgE sérica e elevação das contagens de leucócitos e eosinófilos.
Loíase é causada por L. loa (o verme ocular africano), que está presente nas florestas tropicais da África Ocidental e TRATAMENTO Loíase Central. Os parasitas adultos (fêmeas, 50-70 m m de com primento e 0,5 mm de largura; machos, 25-35 m m de comprimento A DEC (8-10 mg/kg por dia por 21 dias) é efetiva tanto contra e 0,25 m m de largura) residem em tecidos subcutâneos. As m icro fi as formas adultas como m icrofilárias de L. loa, mas, frequen lárias circulam no sangue com uma periodicidade diurna que atinge temente, são necessários cursos m últiplos antes que a loíase se o pico entre o meio-dia e 2 horas. resolva completamente. Em casos com m icrofilariem ia intensa,
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■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As manifestações de loíase em nativos de áreas endêmicas podem diferir daquelas entre residentes temporários ou visitantes. Entre a população indígena, a loíase, frequentemente, é uma infecção assin tomática com microfilariemia. A infecção pode ser reconhecida so mente depois da migração subconjuntival de um verme adulto (Fig. 218.4), ou se manifestar por edemas de Calabar episódicos - áreas localizadas evanescentes de angioedema e eritema que se desenvol vem nas extremidades e, menos frequentemente, em outros locais. Nefropatia, encefalopatia e miocardiopatia podem ocorrer, mas são raras. Em pacientes que não são residentes em áreas endêmicas, pre dominam os sintomas alérgicos, os episódios de edema de Calabar tendem a ser mais freqüentes e debilitantes, a m icrofilariemia é me nos comum, e a eosinofilia e níveis aumentados de anticorpos antifilária são característicos.
alergia ou outras reações inflamatórias podem aparecer durante o tratamento, inclusive envolvimento do sistema nervoso central com coma e encefalite. As infecções intensas podem ser tratadas inicialmente com aférese, para remover as microfilárias, e com glicocorticoides (40-60 mg de prednisona por dia), seguidos por doses de DEC (0,5 mg/kg por dia). Se o tratamento antifilária não tiver efeitos adversos, a dose de prednisona pode ser dim inuída de forma rápida, e a dose de DEC aumentada gradualmente para 8-10 mg/kg por dia. Albendazol ou ivermectina é efetivo na redução da carga de microfilárias, embora nenhum dos dois seja aprovado para esse propósito pela U.S. Food and Drug Administration. Além disso, a ivermectina é contraindicada em pacientes com > 5.000 m icrofilárias/mL, porque esse fármaco foi associado a > 1.200 mortes em pacientes intensamente infectados com loíase na África Ocidental e Central. DEC (300 mg semanalmente) é um regime profilático efetivo para loíase.
Doenças Infecciosas
INFECÇÃO POR MANSONELLA STREPTOCERCA A Mansonella streptocerca, encontrada principalmente no cinturão de florestas tropicais da África, de Gana à Repú blica Democrática do Congo, é transmitida pela picada de mosquitos-pólvora. As principais manifestações clínicas envolvem a pele, e compreendem prurido, erupções papulosas e alterações da pigmentação. Muitos indivíduos infectados têm adenopatia ingui nal, embora a maioria seja assintomática. O diagnóstico é feito pela detecção das m icrofilárias características em fragmentos de pele. A ivermectina, em uma dose única de 150 |xg/kg, leva a supressão mantida de microfilárias na pele e é, provavelmente, o tratamento de escolha para M. streptocerca.
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INFECÇÃO POR MANSONELLA PERSTANS
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A M. perstans, distribuída por meio do centro da África e no nordeste da América do Sul, é transmitida por mosquitos-pólvora. Os vermes adultos residem em cavidades seFigura 218.4 Loa loa adulto sendo removido cirurgicamente depois de sua migração subconjuntival.
rosas nos tecid
no sangue sem periodicidade. Os aspectos clínicos e patológicos da infecção são mal definidos. A maioria dos pacientes parece ser assin tomática, mas as manifestações podem incluir angioedema e prurido nos braços, face, ou outras partes do corpo (análogas aos edemas de Calabar da loíase); febre; cefaleia; artralgias; e dor no quadrante supe rio r direito. Ocasionalmente, ocorrem pericardite e hepatite. O diag nóstico baseia-se na demonstração de microfilárias no sangue ou em derrames serosos. A filaríase perstans frequentemente está associada a eosinofilia no sangue periférico e elevações de anticorpo antifilária. Com a identificação de um endossimbionte Wolbachia em M. perstans, a doxiciclina (200 mg 2x/dia) por 6 semanas foi estabelecida como o primeiro tratamento efetivo para essa infecção.
INFECÇÃO POR MANSONELLA OZZARDI A distribuição de M. ozzardi é restrita à América Central e do Sul, e a certas ilhas do Caribe. Os vermes adultos raramente são recuperados de seres humanos. As microfilárias circulam no sangue sem periodi cidade. Embora esse parasita frequentemente tenha sido considerado não patogênico, cefaleia, dor articular, febre, sintomas pulmonares, adenopatia, hepatomegalia, prurido e eosinofilia têm sido atribuídos à infecção por M. ozzardi. O diagnóstico é feito pela detecção de m i crofilárias no sangue periférico. A ivermectina (uma dose única de 6 mg) é eficaz no tratamento dessa infecção.
DRACUNCULÍASE (INFECÇÃO PELO VERME DA GUINÉ) ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA A incidência de dracunculíase, causada por Dracunculus medinensis, tem declinado drasticamente por causa dos esforços para erradicação global. As estimativas atuais sugerem que há pouco mais de 3.000 casos em todo mundo; a infecção somente é endêmica na Etiópia, Gana, Mali, Niger, Nigéria e Sudão. A Ásia foi agora declarada livre de dracunculíase. Os seres humanos adquirem D. medinensis quando ingerem água contendo larvas infectantes derivadas de Cyclops, um crustáceo que é o hospedeiro intermediário. As larvas penetram o estômago ou a parede intestinal, copulam e amadurecem. O macho adulto prova velmente morre; o verme fêmea se desenvolve ao longo de um ano e migra para tecidos subcutâneos, geralmente na extremidade inferior. Quando o verme fêmea fino, variando em comprimento de 30 cm a 1 m, aproxima-se da pele, forma-se uma bolha que, ao longo de dias, rompe-se e forma uma úlcera. Quando a bolha se abre, grande número de larvas rabditoides móveis podem ser liberadas em água estagnada; a ingestão por Cyclops completa o ciclo vital.
■ TRATAMENTO A extração gradual do verme, puxando e enrolando poucos centíme tros por dia em uma varinha permanece a prática comum e efetiva. Os vermes podem ser excisados cirurgicamente. Nenhum fármaco é eficaz no tratamento da dracunculíase.
■ PREVENÇÃO A prevenção, que continua a única medida real de controle, depende da provisão de água de beber segura.
INFECÇÕES Z00NÓTICAS POR FILÁRIAS As dirofilárias, que afetam primariamente cães, gatos e guaxinins, ocasionalmente infectam seres humanos de forma incidental, como fazem os parasitas Brugia e Onchocerca que afetam mamíferos pe quenos. Como o ser humano representa um hospedeiro anormal, os parasitas nunca se desenvolvem completamente. A infecção pulm o nar por dirofilárias, causada pelo verme cardíaco canino Dirofilaria immitis, geralmente se apresenta em seres humanos como um nódulo pulmonar solitário. Dor torácica, hemoptise e tosse são incomuns. As infecções com D. repens (de cães) ou D. tenuis (de guaxinins) podem causar nódulos subcutâneos locais em seres humanos. A infecção zoonótica por Brugia pode produzir aumento de gânglio linfático isolado, ao passo que a infecção zoonótica por Onchocerca pode cau sar massas subconjuntivais. Os níveis de eosinofilia e os títulos de anticorpos antifilária não estão elevados, comumente. A biópsia por excisão tanto é diagnostica como curativa. Essas infecções geralmen te não respondem à quimioterapia.
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■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Pouca ou nenhuma manifestação de dracunculíase é evidente até logo antes da formação da bolha, quando há início de febre e sinto mas alérgicos generalizados, inclusive edema periorbitário, sibilos e urticária. A saída do verme está associada a dor local e edema. Quan do a bolha se rompe (geralmente em conseqüência da imersão em água) e o verme adulto libera líquido rico em larvas, os sintomas são aliviados. A úlcera rasa circundando o verme emergente adulto ci catriza ao longo de semanas a meses. Entretanto, tais úlceras podem se tornar infectadas secundariamente, e o resultado é celulite, in fla mação local, formação de abscesso, ou (de modo incomum) tétano. Ocasionalmente, o verme adulto não emerge, mas se torna encapsulado e calcificado.
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■ DIAGNÓSTICO O diagnóstico baseia-se nos achados que se desenvolvem com a saída do verme adulto, como descrito anteriormente.
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T CA PÍ T UL O
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Esquistossomose e Outras Infecções porTrematódeos Adel A.F. Mahmoud Os trematódeos, ou vermes planos, representam um grupo de hel mintos morfológica e biologicamente heterogêneos, que pertencem ao filo Platelmintos. A infecção humana com trematódeos ocorre em muitas áreas geográficas e pode causar considerável m orbida de e mortalidade. A dependência de um fármaco - praziquantel - , para a m aioria das infecções causadas por helmintos, inclusive trematódeos, levanta o espectro do desenvolvimento de resistência nesses vermes; vários exemplos de eficácia reduzida de fármacos já foram relatados.
AGENTES ETIOLOGICOS E SEUS CICLOS VITAIS Para propósitos clínicos, as infecções significantes de seres humanos por trematódeos podem ser divididas de acordo com os tecidos in vadidos pelas fascíolas adultas: sangue, árvore biliar, intestinos e pul mões (Quadro 219.1). Os trematódeos compartilham alguns aspectos morfológicos, in clusive tamanho macroscópico (de um a vários centímetros); corpos dorsoventrais achatados, bilateralmente simétricos (vermes adultos); e a proeminência de duas ventosas. Exceto pelos esquistossomos, to dos os trematódeos parasitas humanos são hermafroditas. Seu ciclo vital envolve um hospedeiro definitivo (mamífero/humano), no qual vermes adultos iniciam a reprodução sexuada, e um hospedeiro in termediário (caramujos), em que ocorre a multiplicação assexuada de larvas. Mais de um hospedeiro intermediário pode ser necessário para algumas espécies de trematódeos. A infecção humana é iniciada,
QUADRO 219.1
ou por penetração direta de pele intacta, ou por ingestão. Subsequen temente à maturação dentro de seres humanos, as fascíolas adultas iniciam reprodução sexuada e produção de ovos. Os ovos dos hel mintos deixam o hospedeiro definitivo em excrementos ou escarro, e, ao alcançar condições ambientais adequadas, eles eclodem, libe rando miracídios de vida livre que buscam caramujos hospedeiros intermediários específicos. Após reprodução assexuada, cercárias são liberadas dos caramujos infectados. Em certas espécies, esses orga nismos infectam seres humanos; em outras, eles acham um segundo hospedeiro intermediário para possibilitar o encistamento em metacercárias - o estágio infectante. A relação hospedeiro-parasita nas infecções por trematódeos é um produto de certas características biológicas desses organismos: eles são multicelulares, sofrem várias alterações evolutivas dentro do hospedeiro e, geralmente, resultam em infecções crônicas. De um modo geral, a distribuição das infecções por vermes em populações humanas é superdispersa; isto é, ela segue uma relação matemática binom ial negativa, em que a maioria dos indivíduos infectados al berga baixas cargas de vermes, enquanto uma pequena percentagem é intensamente infectada. É a m inoria intensamente infectada que está particularmente predisposta a seqüelas de doença, e que cons titu i um reservatório epidemiologicamente significante de infecção em áreas endêmicas. Igualmente importante é uma apreciação de que os vermes não se m ultiplicam dentro do hospedeiro definitivo e que têm uma duração de vida relativamente longa, variando de poucos meses a poucos anos. A morbidade e mortalidade associadas a infecções por trematódeos refletem um processo m ultifatorial que resulta do desequilíbrio de um balanço delicado entre intensidade da infecção e reações do hospedeiro, que inicia e modula o desfecho imunológico e patológico. Além disso, a genética do parasita e do hospedeiro humano contribui para o resultado de infecção e doença. As infecções por trematódeos que migram através de tecidos do hos pedeiro ou neles residem estão associadas a um grau moderado a alto de eosinofilia no sangue periférico; essa associação tem signifi cado nas seqüelas protetoras e imunopatológicas, e é um indicador clínico ú til de infecção.
Principais infecções humanas por trematódeos Transmissão
Área(s) endêmicas
Schistosoma mansoni
Penetração da pele por cercárias liberadas de caramujos
África. América do Sul, Oriente Médio
S. japonicum
Penetração da pele por cercárias liberadas de caramujos
China, Filipinas, Indonésia
S. intercalatum
Penetração da pele por cercárias liberadas de caramujos
África Ocidental
S. mekongi
Penetração da pele por cercárias liberadas de caramujos
Sudeste Asiático
S. haematobium
Penetração da pele por cercárias liberadas de caramujos
África, Oriente Médio
I Trematódeo Fascíolas do sangue
Doenças Infecciosas
✓
Fascíolas biliares (hepáticas) Extremo Oriente
Clonorchis sinensis
Ingestão de metacercárias em peixes de água doce
Opisthorchis viverrini
Ingestão de metacercárias em peixes de água doce
Extremo Oriente, Tailândia
0. felineus
Ingestão de metacercárias em peixes de água doce
Extremo Oriente, Europa
Fasciola hepatica
Ingestão de metacercárias em plantas aquáticas ou água
Mundial
F. gigantica
Ingestão de metacercárias em plantas aquáticas ou água
Esporádica, África
Fasciolopsis buski
Ingestão de metacercárias em plantas aquáticas
Sudeste Asiático
Heterophyes heterop.hyes
Ingestão de metacercárias em peixes de água doce ou salobra
Extremo Oriente, Norte da África
Ingestão de metacercárias em pitus ou caranguejos
Global, exceto América do Norte e Europa
Fascíolas intestinais
Fascíolas pulmonares Paragonimus westermani
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Infecção por trematódeo A abordagem de indivíduos com suspeita de infecção por trema tódeo começa com uma questão: Onde você esteve? Detalhes de história geográfica, exposição a reservas de água doce e indulgên cia com os hábitos alimentares locais sem garantir a segurança de alimentos e bebidas são elementos essenciais na obtenção da história da doença atual. O plano de investigação diagnostica deve incluir um exame físico detalhado e testes apropriados para a in fecção suspeita. O diagnóstico baseia-se ou na detecção da fase relevante do parasita em excreções, escarro ou (raramente) amos tras de tecidos, ou em testes sorológicos sensíveis e específicos. A consulta com médicos familiarizados com essas infecções, ou com o U.S. Centers for Disease Control and Prevention (CDC), é útil na orientação quanto ao diagnóstico e seleção da terapia.
FASCÍOLAS DO SANGUE: ESQUISTOSSOMOSE A esquistossomose humana é causada por cinco espécies de tremató deos parasitas do gênero Schistosoma: as espécies intestinais, S. mansoni, S. japonicum , S. mekongi e S. intercalatum, e a espécie urinária, S. haematobium. A infecção pode causar morbidade considerável nos intestinos, fígado e trato urinário, e uma proporção de indivíduos afetados falece. Outros esquistossomos (p. ex., espécies aviárias) po dem invadir a pele humana, mas então morrem no tecido subcutâ neo, produzindo apenas manifestações cutâneas autolimitadas.
■ ETIOLOGIA A infecção humana é iniciada pela penetração da pele intacta por cercárias infectantes. Esses organismos, que são liberados de caramu jos infectados em reservas de água doce, medem cerca de 2 mm de comprimento e possuem uma ventosa anterior e uma ventral que se fixam à pele e facilitam a penetração. Uma vez no tecido subcutâneo, as cercárias se transformam em esquistossômulos, com alterações morfológicas, da membrana e imunológicas. A membrana externa da cercária muda de uma estrutura trilam inar para heptalaminar, que se mantém através da duração da vida do organismo nos seres humanos. Pensa-se que essa transformação seja o principal mecanis mo adaptativo para sobrevivência em humanos. Os esquistossômulos começam sua migração dentro de 2-4 dias através de vasos venosos ou linfáticos, atingindo os pulmões e, finalmente, o parênquima he
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Figura 219.1 M orfologia dos ovos de Schistosom a, a fase diagnostica do ciclo vital do parasita. A. 0 ovo de S. haematobium (em uma amostra de urina) é grande (-1 4 0 |xm de comprimento), com um espinho terminal. B. 0 ovo de S. mansoni [em uma amostra fecal) é grande (-1 5 0 |xm de comprimento), com uma casca delgada e espinho lateral. C. 0 ovo de S. japonicum (fecal) é menor que o de S. mansoni (-9 0 |xm de comprimento), com um espinho pequeno ou uma estrutura
■ EPIDEMIOLOGIA A distribuição global da infecção por Schistosoma em po pulações humanas (Fig. 219.2) depende de fatores tanto do parasita como do hospedeiro. As informações sobre pre-
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semelhante a um gancho. D. 0 ovo de S. mekongi (fecal) é semelhante ao de S. japo nicum, porém menor (-6 5 jxm de comprimento). £ 0 ovo de S. intercalatum (fecal) é maior que o de S. haematobium (-1 9 0 |xm de comprimento), com um espinho mais longo, de ponta aguda. [De LRAsh, TC Oríhel: Atlas of Human Parasitology, 3rd ed. Chicago, ASCP Press, 1990; com autorização.)
Esquistossomose e Outras Infecções por Trematódeos
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pático. Os vermes sexualmente maduros descem pelo sistema venoso em localizações anatômicas específicas: veias intestinais (S. mansoni, S. japonicum, S. mekongi e S. intercalatum) e veias vesicais (S. haem a tobium). Após a cópula, as fêmeas adultas grávidas viajam no sentido contrário ao fluxo sanguíneo venoso para tributárias pequenas, onde elas depositam seus ovos dentro dos vasos. Os ovos de esquistosso mos (Fig. 219.1) têm aspectos morfológicos específicos que variam com a espécie. Ajudados por secreções enzimáticas através de m iniporos nas cascas dos ovos, estes se movem através da parede venosa, atravessando tecidos do hospedeiro para alcançar o lume do trato intestinal ou urinário, e são eliminados nas fezes ou na urina. Apro ximadamente 50% dos ovos ficam retidos localmente em tecidos do hospedeiro (intestinos ou trato urinário), ou são carreados pelo fluxo sanguíneo venoso ao fígado e outros órgãos. Os ovos de Schistosoma que atingem reservas de água doce eclodem, liberando miracídios de vida livre que procuram o caramujo hospedeiro intermediário e sofrem vários ciclos de multiplicação assexuada. Finalmente, as cer cárias infectantes se desprendem dos caramujos. Os esquistossomos adultos têm ~ l - 2 cm de comprimento. Os machos são um pouco mais curtos que as fêmeas, com corpos acha tados e bordas anteriores encurvadas formando o canal ginecóforo, no qual as fêmeas adultas maduras geralmente são seguras. As fêmeas são mais longas, esguias, e arredondadas no corte transversal. A natu reza precisa das trocas bioquímicas e reprodutivas entre os dois sexos é desconhecida, bem como os mecanismos regulatórios para o pareamento. Os esquistossomos maduros parasitam sítios específicos no sistema venoso do hospedeiro. Não se sabe o que guia os esquistos somos intestinais adultos a ramos das veias mesentéricas superiores ou inferiores, ou os vermes S. haem atobium adultos ao plexo vesical. Adicionalmente, os vermes adultos inibem a cascata da coagulação e evitam os segmentos efetores das respostas imunes do hospedeiro, por mecanismos ainda indeterminados. O genoma dos esquistosso mos é relativamente grande (-270 M b) e está arranjado em sete pares de autossomos e um par de cromossomos sexuais. O sequenciamento dos genomas de S. japonicum e S. mansoni propiciou a primeira per cepção dos aspectos genômicos e proteômicos dos vermes, oferecen do uma oportunidade para se descobrir novos alvos para fármacos e compreender a base molecular da patogênese.
1753
Figura 219.2
Distribuição global da esquistossomose. A. A infecção por S. mansoni (azul escuro) é endêmica na África, Oriente Médio, América do Sul, e pou cos países do Caribe. A infecção por S. intercalatum (verde) é endêmica em focos esporádicos na África Ocidental e Central. B. A infecção por S. haematobium {roxo)
é endêmica na África e Oriente Médio. Os principais países endêmicos para infecção por S. japonicum (verde) são a China, as Filipinas e a Indonésia. A infecção por S, mekongi (vermelho) é endêmica em focos esporádicos no Sudeste Asiático.
valência e distribuição global são inexatas. Estima-se que as cinco espécies de Schistosoma infectem 200-300 milhões de indivíduos na América do Sul, Caribe, África, Oriente Médio e Sudeste Asiático. A população total vivendo em condições que favorecem a transmissão se aproxima do dobro ou triplo daquele número - um fato que reflete o significado da esquistossomose na saúde pública. Em áreas endêmicas, a taxa anual de início de novas infecções, ou incidência, geralmente é baixa. A prevalência, por outro lado, começa a ser apreciável pela idade de 3-4 anos e se eleva a um m áxi mo que varia por região endêmica (até 100%) no grupo etário de 15 a 20 anos. A prevalência então se estabiliza, ou d im in u i levemente, em grupos etários mais velhos (> 40 anos). A intensidade da in fecção (como medida por contagens fecais ou urinárias de ovos, que se correlaciona com a carga de vermes adultos na m aioria das circunstâncias) acompanha o aumento da prevalência até a idade de 15-20 anos, e então declina acentuadamente em grupos etários mais velhos. Esse declínio pode refle tir aquisição de resistência, ou pode ser devido a mudanças nos padrões de contato com água, pois as pessoas mais velhas têm exposição menor. A infecção com esquistossomos em populações humanas tem um padrão peculiar. A maioria dos indivíduos infectados alberga uma carga de vermes baixa, e somente uma pequena proporção sofre de infecção de alta intensidade. Esse padrão pode ser devido a diferenças na in fe ctivi dade do verme, ou a um espectro de susceptibilidades genéticas nas populações humanas. A doença causada pela infecção por Schistosoma é o resultado de fatores do parasita, do hospedeiro e de infecções virais associa das, ou nutricionais e ambientais. A m aioria das síndromes m ór bidas relata a presença de uma ou mais fases do parasita em seres humanos. As manifestações da doença nas populações de áreas en dêmicas correlacionam-se, em geral, com a intensidade e duração da infecção, assim como com a idade e susceptibilidade genética do hospedeiro. No geral, as manifestações da doença são clinicamente relevantes em apenas uma pequena proporção das pessoas infecta das com qualquer dos esquistossomos intestinais. Em contraste, a esquistossomose urinária manifesta-se clinicamente na maioria dos indivíduos infectados. Estimativas da morbidade total por esquistos somose crônica indicam um ônus significantemente m aior do que era previamente apreciado. Os pacientes com infecção concomitante por H IV e esquistos somose excretam bem menos ovos nas fezes do que aqueles infecta dos somente com S. mansoni; o mecanismo por trás dessa diferença
é desconhecido. O tratamento com praziquantel pode resultar em redução da replicação de HIV, e em aumento das contagens de lin fócitos T CD4+.
■ PATOGÊNESE E IMUNIDADE A invasão por cercárias está associada a dermatite oriunda de res postas inflamatórias dérmicas e subdérmicas, tanto humorais como mediadas por células. Quando os parasitas se aproximam da matu ridade sexual no fígado de indivíduos infectados e começa a oviposição, pode ocorrer esquistossomose aguda ou febre de Katayama (uma enfermidade semelhante à doença do soro; ver “Manifesta ções Clínicas,” adiante). O excesso de antígeno associado resulta na formação de complexos imunes solúveis, que podem ser deposita dos em vários tecidos, iniciando m últiplos eventos patológicos. Na esquistossomose crônica, a maioria das manifestações da doença é causada por ovos retidos nos tecidos do hospedeiro. A resposta gra nulomatosa em volta desses ovos é mediada por células e regulada, tanto positiva como negativamente, por uma cascata de respostas de citocinas, celulares e humorais. A formação de granuloma começa com o recrutamento de células inflamatórias do hospedeiro em res posta a antígenos secretados pelos organismos vivos dentro dos ovos. As células recrutadas inicialmente compreendem fagócitos, células T antígeno-específicas e eosinófilos. Fibroblastos, células gigantes e lin fócitos B predominam mais tarde. Essas lesões atingeín um tamanho muitas vezes aquele dos ovos do parasita, assim induzindo organo megalia e obstrução. As respostas de imunomodulação ou regulação para baixo do hospedeiro aos ovos de Schistosoma desempenham um papel significante em lim ita r a extensão das lesões granulomatosas - e consequentemente da doença - em animais experimentais ou se res humanos cronicamente infectados. Os mecanismos subjacentes envolvem outra cascata de citocinas reguladoras e anticorpos idiotípicos. Subsequentemente à resposta granulomatosa estabelece-se a fibrose, resultando em seqüelas mais permanentes da doença. Como a esquistossomose também é uma infecção crônica, o acúmulo de complexos antígeno-anticorpo resulta em depósitos nos glomérulos renais e pode causar doença renal significante. As seqüelas patológicas da esquistossomose melhor estudadas são aquelas observadas na doença hepática. Os ovos que são carrea dos pelo sangue portal embolizam no fígado. Por causa de seu tama nho (-150 X 60 (xm no caso de S. m ansoni), eles se alojam em sítios pré-sinusoidais, onde se formam os granulomas. Esses granulomas contribuem para a hepatomegalia observada em indivíduos infecta
dos (Fig. 219.3). O aumento do fígado na esquistossomose também está associado a certos haplótipos de antígeno leucocitário humano (HLA) classe I e classe II e a marcadores; sua base genética parece ser multigênica. O bloqueio portal pré-sinusoidal causa várias alterações hemodinâmicas, inclusive hipertensão portal e desenvolvimento as sociado de colaterais portossistêmicas na junção gastresofágica e ou tros sítios. As varizes esofágicas têm muita probabilidade de romper e causar episódios repetidos de hematêmese. Como as mudanças no fluxo sanguíneo portal hepático ocorrem lentamente, estabelece-se arterialização compensatória do fluxo de sangue através do fígado. Conquanto esse mecanismo compensatório possa estar associado a certos efeitos metabólicos colaterais, a manutenção da perfusão de hepatócitos permite a persistência de função hepática normal duran te vários anos. A segunda mais significante alteração patológica do fígado relaciona-se com a fibrose. Caracteristicamente, ela é periportal (fibrose em haste de cachimbo de barro, de Symmers), mas pode ser difusa. A fibrose, quando difusa, pode ser vista em áreas de de posição de ovos e formação de granulomas, mas também é vista em localizações distantes, tais como tratos portais. A esquistosso mose resulta em lesões fibrosas puras no fígado; a cirrose acontece quando outros fatores nutricionais ou agentes infecciosos (p. ex., vírus da hepatite B ou C) estão envolvidos. A deposição de tecido fibroso na m atriz extracelular resulta da interação de linfócitos T com células da série dos fibroblastos; sabe-se que várias citocinas, tais como interleucina (IL) 2, IL-4, IL-1 e o fator transformador de crescimento (3 (TGF-P), estimulam a fibrogênese. O processo pode ser dependente da constituição genética do hospedeiro. Além disso, citocinas reguladoras que podem suprim ir a fibrogênese, tais como interferon y (IF N -y) ou IL-12, podem desempenhar um papel na modulação da resposta. Conquanto essa descrição enfoque a formação de granulomas e fibrose no fígado, processos similares ocorrem na esquistossomo se urinária. A formação de granulomas na extremidade inferior dos ureteres obstrui o fluxo urinário, com o desenvolvimento subse quente de hidroureter e hidronefrose. Lesões semelhantes na bexiga causam a protrusão de estruturas papilomatosas para dentro de sua cavidade; estas podem ulcerar e/ou sangrar. A fase crônica da in fecção está associada a fibrose cicatricial e deposição de cálcio na parede vesical. Estudos sobre imunidade à esquistossomose, ou inata, ou adap tativa, têm expandido nosso conhecimento dos componentes des sas respostas e dos antígenos alvo. A questão crítica, contudo, é se os seres humanos adquirem imunidade aos esquistossomos. Dados epidemiológicos sugerem o início da imunidade adquirida durante
o curso da infecção em adultos jovens. O tratamento curativo de po pulações infectadas em áreas endêmicas é seguido por diferenciação no padrão de reinfecção. Alguns indivíduos (susceptíveis) adquirem reinfecção rapidamente, ao passo que outros (resistentes) são reinfectados de forma lenta. Essa diferença pode ser explicada por d i ferenças em transmissão, resposta imunológica, ou susceptibilidade genética. O mecanismo de imunidade adquirida envolve anticorpos, complemento e várias células efetoras, particularmente eosinófilos. Além disso, a intensidade da infecção por Schistosoma tem sido cor relacionada com uma região no cromossomo 5. Em vários estudos, uns poucos antígenos protetores de Schistosoma têm sido identifica dos como candidatos a vacina, mas nenhum foi avaliado em popula ções humanas até esta data.
■ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Esquistossomose e Outras Infecções por Trematódeos
Em geral, as manifestações da doença da esquistossomose ocorrem em três fases, que variam não somente por espécie, mas também pela intensidade da infecção e outros fatores do hospedeiro, tais como idade e genética. Durante a fase da invasão por cercárias, pode ser observada uma forma de dermatite. Esta assim chamada coceira dos nadadores ocorre com maior frequência nas infecções por S. mansoni e S. japonicum , manifestando-se 2 ou 3 dias depois da invasão como uma erupção maculopapular pruriginosa em áreas afetadas da pele. A condição é particularmente intensa quando seres humanos são ex postos a esquistossomos de aves. Essa forma de dermatite por cercária também é vista em volta de lagos de água doce no norte dos Esta dos Unidos, especialmente na primavera. A dermatite por cercária é uma entidade clínica autolimitada. Durante a maturação dos vermes e no começo da oviposição (isto é, 4-8 semanas depois da invasão cutânea), a esquistossomose aguda ou febre de Katayama - uma sín drome semelhante à doença do soro, com febre, linfadenopatia gene ralizada e hepatoesplenomegalia - pode se desenvolver. Os in diví duos com esquistossomose aguda m ostram um alto grau de eosinofilia no sangue periférico. Anticorpos específicos ao parasita podem ser detectados antes que os ovos de Schistosoma sejam identi ficados em excreções. A esquistossomose aguda tem se tornado uma entida de clínica importante mundialmente, por causa do aumen to das viagens a áreas endêmicas. Os viajantes são expostos aos parasitas enquanto nadando ou passeando em reservas de água doce, e apresentam as manifestações agudas quando retornam. O curso da esquistossomose aguda geralmente é benigno, mas, ocasio nalmente, óbitos são relatados em associação com exposição maciça a esquistossomos. As principais manifestações clínicas da esquistossomose crônica são dependentes da espécie. As espécies intestinais (S. mansoni, S. japonicum , S. mekongi e S. intercalatum) causam doença intestinal e hepatoesplênica, bem como várias manifestações associadas à hiper tensão portal. Durant^ a fase intestinal, que pode começar poucos meses depois da infecção e durar anos, os pacientes sintomáticos caracteristicamente têm dor abdominal em cólica, diarréia sanguino lenta e anemia. Os pacientes também po dem relatar fadiga e uma incapacidade de realizar funções da rotina diária, e podem mostrar evidência de retardo do cresci mento. A morbidade da esquistossomose geralmente é subapreciada. A gravidade da esquistossomose intestinal frequentemen te está relacionada à intensidade da carga de vermes. A doença segue um curso crô nico e pode resultar em polipose do colo, que tem sido relatada em algumas áreas endêmicas, tais como o Egito. Figura 219.3 Hepatoesplenomegalia crônica causada por esquistossomose mansônica. Aumento A fase hepatoesplênica da doença made fígado e baço, ascite e definhamento são vistos, caracteristicamente, em pacientes com infecção crônica por nifesta-se cedo (durante o prim eiro ano S. mansoni.
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Doenças Infecciosas 1756
de infecção, particularmente em crianças) com aumento do fígado devido a lesões granulomatosas induzidas pelo parasita. A hepato megalia é vista em cerca de 15-20% dos indivíduos infectados; ela se correlaciona grosseiramente com a intensidade da infecção, ocorre com frequência maior em crianças, e pode estar relacionada com haplótipos H L A específicos. Em fases subsequentes da infecção, o bloqueio pré-sinusoidal do fluxo de sangue leva a hipertensão portal e esplenomegalia (Fig. 219.3). Além disso, a hipertensão portal pode levar a varizes na extremidade inferior do esôfago e em outros sítios. Os pacientes com doença hepática por esquistossomose podem ter uma dor “pesada” no quadrante superior direito durante a fase de hepatomegalia, e essa dor pode se mover para o quadrante superior esquerdo quando a esplenomegalia progride. O sangramento por va rizes esofágicas pode ser, entretanto, a primeira manifestação clínica dessa fase. Os pacientes podem experimentar sangramento repetido, mas parecem tolerar seu impacto, pois um fluxo sanguíneo hepático total adequado permite a função normal do fígado por uma duração considerável. Na doença em fase tardia, alterações típicas de fibrose ocorrem juntamente com deterioração da função hepática e o in í cio de ascite, hipoalbuminemia e defeitos da coagulação. Infecções virais intercorrentes do fígado (especialmente hepatite B e C), ou de ficiências nutricionais, podem acelerar ou exacerbar a deterioração da função hepática. A extensão e gravidade da doença intestinal e hepática na esquis tossomose mansônica e japônica têm sido bem descritas. Conquanto se pensasse originalmente que o S. japonicum pudesse induzir ma nifestações mórbidas mais graves, porque os vermes adultos podem produzir 10 vezes mais ovos que S. m ansoni, estudos de campo sub sequentes não deram suporte a essa alegação. Observações clínicas de indivíduos infectados com S. mekongi e S. intercalatum têm sido menos detalhadas, em parte por causa da distribuição geográfica l i mitada desses organismos. As manifestações clínicas da infecção por S. haem atobium ocorrem relativamente cedo, e envolvem uma alta percentagem de indivíduos infectados. Até 80% das crianças infectadas com S. haem atobium têm disúria, polaciúria e hematúria, a qual pode ser terminal. O exame de urina revela sangue e albumina, bem como uma frequência incomumente alta de infecção bacteriana do trato urinário e metaplasia celular no sedimento urinário. Essas manifes tações correlacionam-se com a intensidade da infecção, a presença de granulomas na bexiga e ulceração subsequente. Juntamente com os efeitos locais da formação de granulomas na bexiga, a obstrução da extremidade inferior dos ureteres resulta em hidroureter e hidronefrose, que podem ser vistos em 25-50% das crianças infectadas. À medida que a infecção progride, os granulomas da bexiga sofrem fibrose, o que resulta em trechos com aspecto arenoso típico visí veis à cistoscopia. Em muitas áreas endêmicas, tem sido observada uma associação entre carcinoma de células escamosas da bexiga e infecção por S. haem atobium . Essa neoplasia maligna é detectada em um grupo etário mais jovem do que o carcinoma de células transicionais. De fato, S. haem atobium foi classificado agora como um carcinógeno humano. Doença significante pode ocorrer em outros órgãos durante a esquistossomose crônica. Doença pulmonar e do sistema nervoso central (SNC) tem sido documentada; outros sítios, tais como a pele e os órgãos genitais, são afetados m uito menos frequentemente. Na esquistossomose pulmonar, os ovos embólicos se alojam em arterí olas pequenas, produzindo arteriolite necrosante aguda e formação de granulomas. Durante a infecção por S. m ansoni e S. japonicum , os ovos de Schistosoma alcançam os pulmões depois do desenvolvimen to de circulação colateral portossistêmica; na infecção por S. haem a tobium, os ovos podem atingir os pulmões diretamente por meio de conexões entre a circulação vesical e a sistêmica. A deposição subse quente de tecido fibroso leva a endarterite obliterante, hipertensão pulmonar e cor pulmonale. Os sintomas mais comuns são tosse, febre e dispnéia. O cor pulmonale pode ser diagnosticado radiologicamente com base na proeminência do lado direito do coração e dilatação da artéria pulmonar. Evidências francas de insuficiência cardíaca do lado direito podem ser vistas em casos tardios.
Embora menos comum que as manifestações pulmonares, a es quistossomose do SNC é importante, ocorrendo caracteristicamente em associação à infecção com S. japonicum . Os vermes migratórios depositam ovos no cérebro e induzem uma resposta granulomatosa. A frequência dessa manifestação entre indivíduos infectados em al gumas áreas endêmicas (p. ex., as Filipinas) é calculada em 2-4%. A epilepsia jacksoniana devido à infecção por S. japonicum é a segun da causa mais comum de epilepsia nessas áreas. As infecções por 5. mansoni e S. haem atobium têm sido associadas a mielite transversa. Pensa-se que essa síndrome seja causada por ovos que viajam ao ple xo venoso em volta da medula espinal. Na esquistossomose mansô nica, a mielite transversa geralmente é vista na fase crônica, depois do desenvolvimento de hipertensão portal e desvios portossistêmicos, que permitem que os ovos viajem até as veias da medula espinal. Essa seqüência de eventos proposta tem sido contestada, por causa de uns poucos relatos de mielite transversa ocorrendo cedo na evolução da infecção por S. mansoni. Mais informações são necessárias, para confirmação dessas observações. Durante a esquistossomose hematóbica, os ovos podem viajar por meio da comunicação entre as veias vesicais e as sistêmicas, resultando em doença da medula espinal que pode ser detectada em qualquer fase da infecção. O estudo patológico de lesões na mielite transversa esquistossomótica pode revelar ovos juntamente com lesões necróticas ou granulomatosas. Os pacientes geralmente se apresentam com fraqueza na parte inferior das pernas, aguda ou rapidamente progressiva, acompanhada por disfunção esfincteriana.
■ DIAGNÓSTICO Os médicos em áreas não endêmicas para esquistossomose enfren tam desafios diagnósticos consideráveis. Na apresentação clínica mais comum, um viajante retorna com sintomas e sinais de síndro mes agudas de esquistossomose - ou seja, dermatite por cercárias ou febre de Katayama. Fundamental para um diagnóstico correto é um interrogatório minucioso sobre a história de viagem do paciente e sua exposição a reservas de água doce - ou parada, ou corrente - em uma área não endêmica. O diagnóstico diferencial de febre em viajantes em regresso inclui uma gama de infecções cujas etiologias são virais (p. ex., dengue), bacterianas (p. ex., febre entérica, leptospirose), r i quétsias, ou protozoários (p. ex., malária). Em casos de febre de Ka tayama, o diagnóstico pronto é essencial e se baseia na apresentação clínica, alto nível de eosinofilia no sangue periférico, e um ensaio so rológico positivo para anticorpos a esquistossomos. Dois testes estão disponíveis no CDC: o teste de triagem de Falcon/ensaio imunoabsorvente ligado a enzima (FAST-ELISA) e o teste confirmatório EITB (enzym e-linkeá immunoelectrotransfer blot). Ambos os testes são al tamente sensíveis e -96% específicos. Em alguns casos, o exame de fezes ou urina para ovos pode gerar resultados positivos. Os indivíduos com infecção estabelecida são diagnosticados por uma combinação de história geográfica, apresentação clínica carac terística e presença de ovos de Schistosoma em excreções. O diag nóstico também pode ser estabelecido com os ensaios sorológicos já mencionados, ou com aqueles que detectam antígenos circulantes de Schistosoma. Esses ensaios podem ser aplicados ao sangue, ou a ou tros fluidos corpóreos (p. ex., líquido cerebrospinal). Para suspeita de infecção por Schistosoma, o exame de fezes pelo esfregaço espesso de Kato, ou qualquer outro método de concentração, identifica todos os indivíduos exceto os mais levemente infectados. Para S. haem a tobium, a urina pode ser examinada por microscopia do sedimen to, ou por filtração de um volume conhecido por meio de filtros de Nuclepore. O esfregaço espesso de Kato e a filtração em Nuclepore propiciam dados quantitativos sobre a intensidade da infecção, o que tem valor na avaliação do grau de dano tecidual e na monitoração do efeito da quimioterapia. A infecção por Schistosoma também pode ser diagnosticada pelo exame de amostras de tecidos, em geral, bióp sias retais; outros procedimentos de biópsia (p. ex., biópsia de fígado) não são necessários, exceto em raras circunstâncias. O diagnóstico diferencial da hepatomegalia esquistossomótica deve incluir hepatite viral de todas as etiologias, tuberculose miliar, malária, leishmaniose visceral, abuso de etanol, e causas de obstrução
venosa hepática e portal. O diagnóstico diferencial de hematúria na infecção por S. haem atobium inclui cistite bacteriana, tuberculose, cálculos urinários e neoplasia maligna.
TRATAMENTO
como a fibrose, não retrocedem. Modalidades de tratamento adi cionais são necessárias para indivíduos com outras manifestações, tais como insuficiência hepatocelular ou hematêmese recorrente. O uso dessas intervenções é guiado por princípios médicos e ci rúrgicos gerais.
Esquistossomose
O tratamento da esquistossomose depende da fase da infecção e da apresentação clínica. Além de aplicações dermatológicas tópicas para alívio do prurido, nenhum tratamento específico está indicado para dermatite por cercária causada por esquistos somos de aves. A terapia para esquistossomose aguda, ou febre de Katayama, precisa ser ajustada apropriadamente a cada caso. Embora quimioterapia antiesquistossomose possa ser usada, ela não tem um impacto significante sobre vermes em maturação. Na esquistossomose aguda grave, é necessário o manejo em um cenário de cuidados agudos, com medidas de suporte e conside ração de tratamento com glicocorticoide. Uma vez passada a fase crítica, está indicada a quimioterapia específica para eliminação do parasita. Para todos os indivíduos com infecção estabelecida, deve ser administrado tratamento para erradicação do parasita. O fármaco de escolha é o praziquantel, o qual - a depender da espécie infectante (Quadro 219.2) - , é administrado VO como um total de 40 ou 60 mg/kg em duas ou três doses, em um só dia. O tratamento com praziquantel resulta em cura parasitológica em -85% dos casos, e reduz as contagens de ovos em > 90%. Poucos efeitos colaterais têm sido encontrados, e aqueles que se desen volvem geralmente não interferem com a conclusão do tratamen to. A dependência de um só agente terapêutico tem levantado a possibilidade do desenvolvimento de resistência pelos esquistos somos; até o presente, tal resistência não parece ser clinicamente significativa.* O efeito do tratamento antiesquistossomose sobre as manifestações da doença varia com a fase. Sabe-se que a hepatomegalia e as lesões da bexiga em fase inicial resolvem depois da quimioterapia; mas as manifestações tardias estabelecidas, tais
■ PREVENÇÃOECONTROLE ^ transmissão da esquistossomose é dependente do comM portamento humano. Visto que a distribuição geográfica das infecções em regiões endêmicas do mundo não é cla ramente demarcada, é prudente para os viajantes a áreas endêmicas evitar contato com todos as reservas de água doce independente mente da velocidade do fluxo de água, ou de alegações de segurança não substanciadas. Alguns agentes tópicos, quando aplicados à pele, podem in ib ir a penetração de cercárias, mas nenhum está disponível atualmente. Se ocorrer exposição, é fortemente recomendável uma consulta a um profissional de saúde. A prevenção da infecção em ha bitantes de áreas endêmicas é um desafio significante. Os residentes dessas regiões usam reservas de água doce para propósitos sanitá rios, domésticos, recreativos e agrícolas. Várias medidas de controle têm sido usadas, inclusive aplicação de moluscicidas, provisão de água potável e descarga de esgotos, quimioterapia e educação sani tária. As recomendações atuais a países endêmicos para esquistosso mose dão ênfase ao uso de múltiplas abordagens. Com o advento de um agente oral antiesquistossomose seguro e eficaz, a quimioterapia tem sido m uito bem-sucedida em reduzir a intensidade da infecção e reverter a doença. A duração desse impacto positivo depende da dinâmica de transmissão do parasita em qualquer região endêmica específica. O objetivo final da pesquisa sobre prevenção e controle é o desenvolvimento de uma vacina. Embora haja algumas direções promissoras, esse objetivo provavelmente não estará ao alcance du rante a próxima década. í ”
FASCIOLAS HEPÁTICAS (BILIARES) N. de T.: No Brasil, há uma segunda opção de tratamento - a oxamniquina, que tem eficácia e segurança equivalentes ao praziquantel; este último é o fármaco de primeira escolha em função do custo mais baixo.
QUADRO 219.2 Terapia medicamentosa para infecções humanas por trematódeos
S. mansoni, S. intercalatum, S. haematobium
Praziquantel
20 mg/kg, 2 doses em 1 dia
S. japonicum, S. mekongi
Praziquantel
20 mg/kg, 3 doses em 1 dia
Fascíolas do sangue
Fascíolas biliares (hepáticas) C. sinensis, 0. viverrini, 0 felineus
Praziquantel
25 mg/kg, 3 doses em 1 dia
F. hepatica, F. gigantica
Triclabendazol
10 mg/kg, dose única
Praziquantel
25 mg/kg, 3 doses em 1 dia
Praziquantel
25 mg/kg, 3 doses por dia por 2 dias
Fascíolas intestinais
Fascíolas pulmonares P westermani
A infecção com Clonorchis sinensis, a fasciola chinesa ou M oriental, é endêmica entre mamíferos comedores de peixe no Sudeste Asiático. Os seres humanos são um hospedeiro incidental; a prevalência da infecção humana é mais alta na China, Vietnã e Coreia. A infecção com Opisthorchis viverrini e O. felineus é zoonótica em cães e gatos. A transmissão a humanos ocorre ocasio nalmente, particularmente na Tailândia (O. viverrini) e no Sudeste Asiático e leste da Europa (O. felineus). Os dados sobre a distribuição geográfica exata desses agentes infecciosos em populações humanas são rudimentares. A infecção com qualquer dessas três espécies se estabelece pela ingestão de peixes de água doce que albergam metacercárias, crus ou inadequadamente cozidos. Esses organismos se excistam no duodeno, liberando larvas que viajam por meio da ampola de Vater e amadurecem em vermes adultos nos canalículos biliares. As fascíolas maduras são chatas e alongadas, medindo 1-2 cm de comprimento. Os vermes hermafroditas se reproduzem pela libera ção de ovos pequenos operculados, que passam com a bile para os intestinos e são eliminados com as fezes. O ciclo vital se completa no ambiente em caramujos de água doce específicos (o prim eiro hospedeiro intermediário) e com o encistamento de metacercárias em peixes de água doce. Exceto pelas seqüelas tardias, as síndromes clínicas exatas causa das por clonorquíase e opistorquíase não são bem definidas. Como a maioria dos indivíduos infectados porta uma carga de vermes baixa,
Esquistossomose e Outras Infecções por Trematódeos
Dose de adulto e duração
F. buski, H. heterophyes
■ CLONORQUÍASE E 0PIST0RQUÍASE í
Fármaco de escolha
Infecção
. Várias espécies de fascíolas biliares que infectam seres huM manos são particularmente comuns no Sudeste Asiático e na Rússia. Outras espécies são transmitidas na Europa, África e Américas. Com base em sua via migratória nos humanos, essas infecções podem ser divididas nos grupos Clonorchis e Fasciola (Quadro 219.1).
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muitos são assintomáticos. A infecção moderada a intensa pode estar associada a dor vaga no quadrante superior direito. Em contraste, a infecção crônica ou repetida está associada a manifestações tais como colangite, colangio-hepatite e obstrução biliar. O colangiocarcinoma está relacionado epidemiologicamente com infecção por C. sinensis, na China, e com infecção por O. viverrini, no nordeste da Tailândia. Essa associação tem resultado na classificação desses agentes infec ciosos como carcinógenos humanos.
■ FASCIOLÍASE As infecções com Fasciola hepatica e F. gigantica são zoonoses m un diais, que são particularmente endêmicas em países criadores de ovi nos. Casos humanos têm sido relatados na América do Sul, Europa, África, Austrália e Extremo Oriente. Estimativas recentes indicam uma prevalência mundial de 17 milhões de casos. Alta endemicidade tem sido relatada em certas áreas do Peru e da Bolívia. Na maioria das áreas endêmicas a espécie predominante é F. hepatica, mas na Ásia e África tem sido observado um grau variável de superposição com F. gigantica. Os seres humanos adquirem fasciolíase pela ingestão de metacer cárias presas a certas plantas aquáticas, tais como agrião. A infecção também pode ser adquirida pelo consumo de água contaminada, ou de alimentos lavados com tal água. A aquisição de infecção humana por meio do consumo de fígado cru contendo fascíolas imaturas tem sido relatada. A infecção se inicia quando as metacercárias se excistam, penetram a parede intestinal e viajam através da cavidade peri toneal para invadir a cápsula do fígado. Os vermes adultos finalmente atingem os dutos biliares, onde produzem grandes ovos operculados, que são eliminados na bile por meio do trato gastrintestinal para o ambiente externo. O ciclo vital das fascíolas se completa em caramu jos específicos (o primeiro hospedeiro intermediário) e encistamento sobre plantas aquáticas. As manifestações clínicas da fasciolíase relacionam-se com a fase e a intensidade da infecção. A doença aguda se desenvolve du rante a migração dos parasitas (1-2 semanas depois da infecção) e compreende febre, dor no quadrante superior direito, hepatomega lia e eosinofilia. A TC do fígado pode mostrar rastros migratórios. Os sintomas e sinais geralmente regridem quando os parasitas atin gem seu habitat final. Em indivíduos com infecção crônica, obstru ção de duto biliar e cirrose biliar aparecem pouco frequentemente. Nenhuma relação com neoplasia maligna do fígado tem sido a tri buída à fasciolíase.
■ DIAGNÓSTICO
Doenças Infecciosas
O diagnóstico de infecção com qualquer das fascíolas biliares depen de de um alto grau de suspeita, tomada de uma história geográfica apropriada, e exame de fezes para os ovos do parasita com formato característico. Evidências adicionais podem ser obtidas documentan do-se eosinofilia no sangue periférico, ou com exames de imagem do fígado. Testes sorológicos são úteis, particularmente em indivíduos com infecção leve.
TRATAMENTO
Fascíolas biliares
A terapia medicamentosa (praziquantel ou triclabendazol) está resumida no Quadro 219.2. Os pacientes com lesões anatômicas no trato biliar ou neoplasia maligna são tratados em conformida de com as diretrizes médicas gerais.
FASCÍOLAS INTESTINAIS Duas espécies de fascíolas intestinais causam infecção humana em áreas geográficas definidas em todo m un do (Quadro 219.1). A grande Fasciolopsis buski (adultos medem 2 X 7 cm) é endêmica no Sudeste Asiático, ao passo que
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Heterophyes heterophyes, menor, é encontrada no delta do N ilo no Egito, e no Extremo Oriente. A infecção é iniciada pela ingestão de metacercárias aderidas a plantas aquáticas (F. buski) ou encistadas em peixes de água doce ou salobra (H . heterophyes). As fascíolas amadurecem nos intestinos de seres humanos, e os ovos são e lim i nados com as fezes. A m aioria dos indivíduos infectados com fas cíolas intestinais é assintomática. Na infecção intensa com F. buski, diarréia, dor abdominal e má absorção podem ser encontradas. A infecção intensa com H. heterophyes pode estar associada com dor abdominal e diarréia mucosa. O diagnóstico é estabelecido pela detecção dos ovos com formatos característicos em amostras de fezes. O fármaco de escolha para o tratam ento é o praziquantel (Quadro 219.2).
FASCÍOLAS PULMONARES A infecção com a fasciola pulm onar P aragonim us westerm ani (Quadro 219.1) e espécies correlatas (p. ex., P. africanus) é endêmica em muitas partes do mundo, ex cluindo a Am érica do Norte e a Europa. A endemicidade é p a rti cularmente notável na Á frica Ocidental, Am érica Central e do Sul, e Ásia. Na natureza, os hospedeiros reservatórios de P. westerm ani são felinos selvagens e domésticos. Na África, P. africanus tem sido encontrada em outras espécies, tais como cães. As fascíolas p u l monares adultas, que têm 7-12 m m de comprimento, são encon tradas encapsuladas nos pulmões de pessoas infectadas. Em raras circunstâncias, encontram-se as fascíolas encistadas no SNC (para gonimíase cerebral) ou na cavidade abdominal. Os seres humanos adquirem a infecção por fasciola pulm onar pela ingestão de meta cercárias infectantes encistadas nos músculos e vísceras de pitus e caranguejos de água doce. Em áreas endêmicas, esses crustáceos são consumidos crus ou em conserva. Quando os organismos al cançam o duodeno, eles se encistam, penetram a parede intestinal e viajam através da cavidade peritoneal, diafragma e espaço pleural para atingir os pulmões. Fascíolas maduras são encontradas nos bronquíolos, rodeadas por lesões císticas. Os ovos de parasitas ou são expectorados com escarro, ou deglutidos e eliminados para o ambiente externo com as fezes. O ciclo vital é concluído em cara mujos e crustáceos de água doce. Quando as fascíolas em maturação se alojam nos tecidos pulm o nares, elas causam hemorragia e necrose, resultando na formação de cistos. O parênquima pulmonar adjacente mostra evidências de in filtração inflamatória, predominantemente de eosinófilos. Os cistos geralmente medem 1-2 cm de diâmetro e podem conter um ou dois vermes cada. Com o início da oviposição, os cistos geralmente rom pem para bronquíolos adjacentes - um evento que possibilita a saída dos ovos do hospedeiro humano. Os cistos mais velhos desenvolvem paredes espessadas, que podem sofrer calcificação. Durante a fase ativa da paragonimíase, os tecidos pulmonares circundando os cis tos de parasitas podem mostrar evidências de pneumonia, bronquite, bronquiectasia e fibrose. A paragonimíase pulmonar é particularmente sintomática em pessoas com infecção moderada a intensa. Tosse produtiva com es carro amarronzado ou hemoptise franca, associada a eosinofilia no sangue periférico, geralmente é a manifestação de apresentação. O exame do tórax pode revelar sinais de pleurisia. Nos casos crônicos, bronquite ou bronquiectasia pode predominar, mas essas condições raramente progridem para abscesso pulmonar. Os exames de ima gem dos pulmões demonstram aspectos característicos, inclusive densidades esparsas, cavernas, derrame pleural e sombras anulares. A paragonimíase cerebral se apresenta ou como lesões expansivas, ou como epilepsia.
■ DIAGNÓSTICO A paragonimíase pulmonar é diagnosticada pela detecção de ovos de parasitas no escarro e/ou fezes. A sorologia é de ajuda considerável nos casos negativos para ovos e na paragonimíase cerebral.
w TRATAMENTO
Fascíolas pulmonares
BIBLIOGRAFIA C
O fármaco de escolha para tratamento é o praziquantel (Quadro 219.2). Outros tratamentos clínicos ou cirúrgicos podem ser ne cessários para lesões pulmonares ou cerebrais.
CONTROLE E PREVENÇÃO DE FASCÍOLAS TECIDUAIS Para residentes de áreas não endêmicas que estão visitando uma re gião endêmica, a única medida preventiva efetiva é evitar a ingestão de plantas, peixes, ou crustáceos locais; se sua ingestão for necessária, esses itens devem ser lavados ou cozinhados rigorosamente. Instru ções sobre a água e preparo e consumo de alimentos devem ser in cluídas na orientação dos médicos aos viajantes (Cap. 123). A inter rupção da transmissão entre residentes de áreas endêmicas depende do evitar a ingestão de fases infectantes e do descarte de fezes e es carro apropriadamente para prevenir a eclosão de ovos no ambiente. Essas duas abordagens dependem grandemente do desenvolvimento socioeconômico e da educação sanitária. Em países onde o progresso econômico tem resultado em melhorias financeiras e sociais, a trans missão tem diminuído. A terceira abordagem ao controle em comu nidades endêmicas implica no uso seletivo de quimioterapia para indivíduos representando o maior risco de transmissão (isto é, aque les com infecções intensas). A disponibilidade do praziquantel - um agente anti-helmíntico de amplo espectro, seguro e efetivo - propicia um meio para redução dos reservatórios de infecção em populações humanas. Contudo, a existência da maioria dessas infecções por helmintos como zoonoses em várias espécies de animais complica os esforços de controle.
CAPÍ T ULO
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tros de comprimento. As proglótides maduras são hermafroditas e produzem ovos, que são liberados subsequentemente. Como os ovos das diferentes espécies de Taenia são morfologicamente idênticos, d i ferenças na morfologia do escólex ou das proglótides fornecem a base para a identificação diagnostica em nível de espécie. A maioria das tênias humanas requer pelo menos um hospedeiro intermediário para o desenvolvimento larvário completo. Depois da ingestão dos ovos ou proglótides por um hospedeiro intermediário, as oncosferas larvárias são ativadas, escapam do ovo e penetram a mucosa intestinal. A oncosfera migra para tecidos e se desenvolve em uma forma encistada conhecida como um cisticerco (escólex ún i co), cenuro (escólices múltiplos), ou uma hidátide (cisto com “cistos filhos”, cada um contendo vários protoscólices). A ingestão pelo hos pedeiro definitivo de tecidos contendo um cisto possibilita que um escólex se desenvolva em uma tênia.
■ TENÍASE SAGINATA E TENÍASE ASIÁTICA A tênia da carne bovina, T. saginata, ocorre em todos os países onde carne crua ou mal cozida é comida. Ela é mais prevalente na África subsaariana e países do Oriente mé dio. A T. asiatica é proximamente relacionada com T. saginata e é en contrada na Ásia, com porcos como hospedeiros intermediários. As manifestações clínicas e a m orfologia dessas duas espécies são muito semelhantes e, por isso, elas são discutidas em conjunto.
Infecções por Cestódios
Os cestódios, ou tênias, são vermes segmentados. Os adultos resi dem no trato gastrintestinal, mas as larvas podem ser encontradas em quase qualquer órgão. As infecções humanas por tênias podem ser divididas em dois grupos clínicos principais. Em um grupo, os seres humanos são os hospedeiros definitivos, com as tênias adultas vivendo no trato gastrintestinal (Taenia saginata, Diphyllobothrium, Hymenolepis e Dipylidium caninum ). No outro, os seres humanos são hospedeiros intermediários, com os parasitas em fase larvária pre sentes nos tecidos; as doenças nessa categoria compreendem equinococose, esparganose e cenurose. Os seres humanos podem ser hos pedeiros definitivos ou intermediários para Taenia solium. Ambas as fases de Hymenolepis nana são encontradas simultaneamente nos intestinos humanos. A tênia em forma de fita fixa-se à mucosa intestinal por meio de ventosas ou de ganchos situados no escólex. Atrás do escólex está um pescoço estreito, curto, a partir do qual se formam as proglótides (segmentos). À medida que cada proglótide amadurece, ela é des locada mais para trás em relação ao pescoço pela formação de seg mentos novos, menos maduros. A cadeia progressivamente alongada de proglótides ligadas, chamadas de estróbilos, constitui o corpo da tênia. O comprimento varia entre as espécies. Em algumas, a tênia pode consistir em mais de 1.000 proglótides, e pode ter vários me
F et al: Comprehensive prim ary health care, a viable strategy for the elim ination of schistosomiasis. Trans R Soc Trop Med Hyg 104:70,
urtale
Etiologia e patogênese Os humanos representam o único hospedeiro definitivo para a fase adulta de T. saginata e T. asiatica. As tênias, que podem alcançar 8 m de comprimento, com 1.000 a 2.000 proglótides, habitam a por ção superior do jejuno. O escólex de T. saginata tem quatro ventosas proeminentes, ao passo que T. asiatica tem um rostelo desarmado. Cada segmento grávido tem 15-30 ramos uterinos (em contraste
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com 8-12 para T. solium. Os ovos são indistinguíveis dos de T. solium; eles medem 30-40 fim , contêm a oncosfera, e têm uma casca espessa marrom estriada. Os ovos depositados em vegetação podem viver por meses ou anos, até que sejam ingeridos por gado ou outros herbívoros (T. saginata), ou porcos ( T. asiatica). O embrião libera do após ingestão invade a parede intestinal e é carreado ao músculo estriado ou víscera, onde se transforma em um cisticerco. Quando ingerido em carne crua ou mal cozida, essa forma pode infectar seres humanos. Depois que o cisticerco é ingerido, leva ~2 meses para o verme adulto maduro se desenvolver.
Manifestações clínicas O mais comum é que os pacientes se tornem cientes da infecção ao observar a passagem de proglótides em suas fezes. As proglótides fre quentemente são móveis, e os pacientes podem sentir desconforto perianal quando elas são eliminadas. D or abdominal leve ou descon forto, náusea, alteração do apetite, fraqueza e perda de peso podem ocorrer.
Diagnóstico O diagnóstico é feito pela detecção de ovos ou proglótides nas fezes. Os ovos também podem estar presentes na região perianal; assim, se proglótides ou ovos não forem encontrados nas fezes, a região perianal deve ser examinada com o uso de um suabe em fita de celofane (como na infecção por oxiúros; Cap. 217). D istingu ir T. saginata ou T. asiatica de T. solium requer o exame de proglótides maduras. Todas as três espécies podem ser diferenciadas pelo exa me do escólex. Os testes sorológicos disponíveis não são úteis para fins diagnósticos. Eosinofilia e níveis séricos elevados de IgE podem ser detectados.
TRATAMENTO
Teníase saginata e teníase asiática
Uma dose única de praziquantel (10 mg/kg) é altamente efetiva.
Prevenção
Doenças Infecciosas
O método principal de prevenir a infecção é a cocção adequada da carne bovina ou vísceras de porco; a exposição a temperaturas de pelo menos 56°C por 5 m in destruirá os cisticercos. A refrigeração ou salgamento por períodos longos, ou o congelamento a -10°C por 9 dias também mata os cisticercos na carne bovina. As medidas pre ventivas gerais incluem a inspeção da carne bovina e o descarte apro priado de fezes humanas.
Manifestações clínicas As infecções intestinais com T. solium podem ser assintomáticas. A passagem intestinal de proglótides pode ser notada pelos pacientes. Outros sintomas são incomuns. Na cisticercose, as manifestações clínicas são variáveis. Cisticer cos podem ser encontrados em qualquer parte do corpo, mas são de tectados mais comumente no cérebro, líquido cerebrospinal (LCS), músculos esqueléticos, tecido subcutâneo, ou olho. A apresentação clínica da cisticercose depende do número e localização dos cisticer cos, assim como da extensão das respostas inflamatórias associadas, ou da fibrose cicatricial. As manifestações neurológicas são as mais comuns (Fig. 220.1). As convulsões estão associadas à inflamação que circunda os cisticercos no parênquima cerebral. Essas convul sões podem ser generalizadas, focais, ou jacksonianas. Hidrocefalia resulta de obstrução do fluxo de LCS por cisticercos e pela inflama ção acompanhante, ou pela obstrução do fluxo de saída do LCS por aracnoidite. Sinais de aumento da pressão intracraniana, compreen dendo cefaleia, náusea, vômitos, alterações da visão, tontura, ataxia, ou confusão, frequentemente são evidentes. Os pacientes com hidro cefalia podem desenvolver papiledema, ou exibir alteração do estado mental. Quando cisticercos se desenvolvem na base do cérebro ou no espaço subaracnoidiano, eles podem causar meningite crônica ou aracnoidite, hidrocefalia comunicante, ou acidente vascular cerebral.
■ TENÍASE SOLIUM E CISTICERCOSE A tênia do porco, T. solium, pode causar duas formas distintas de in fecção em seres humanos: as tênias adultas no intestino, ou as formas larvárias nos tecidos (cisticercose). Os humanos são os únicos hospe deiros definitivos para T. solium; os porcos são os hospedeiros interme diários usuais, embora outros ani mais possam albergar as formas larvárias. A T. solium existe em todo o mundo, mas é mais prevalente na Amé rica Latina, África subsaa Figura 220.1 A neurocisticercose é causada por Taenia solium . A infecção neurológica pode ser classificada com riana, China, índia e Sudeste Asiá base na localização e viabilidade dos parasitas. Quando os parasitas estão nos ventrículos, eles causam, frequentemente, tico. A cisticercose ocorre em hidrocefalia obstrutiva. Esquerda: RMN mostrando um cisticerco no ventrículo lateral. A seta aponta para o escólex dentro nações industrializadas largamente do parasita cístico. C en tm JC mostrando um cisticerco no parênquima, com realce da parede do cisto e um escólex interno em conseqüência da imigração de (seta). D ireita: Múltiplos cisticercos, incluindo lesões calcificadas de infecção prévia (pontas de setas), cisticercos viáveis nas pessoas infectadas vindas de áreas cisternas basilares (seta branca), e um grande cisticerco em degeneração na fissura de Sylvius (seta negra). (Com autoriza endêmicas. ção de JC Bandres etal: Clin Infect Dis 15:799,1992. © The University of Chicago Press.)
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Etiologia e patogênese A tênia adulta geralmente reside na parte superior do jejuno. O escó lex se fixa tanto por ventosas como por duas filas de ganchos peque nos. Frequentemente, apenas um verme adulto está presente, mas ele pode viver por anos. A tênia, geralmente com ~3 m de comprimento, pode ter tantas quanto 1.000 proglótides, cada uma das quais produz até 50.000 ovos. Grupos de 3-5 proglótides geralmente são liberados e excretados nas fezes, e os ovos nessas proglótides são infectantes tanto para humanos como animais. Os ovos podem sobreviver no ambiente por vários meses. Após a ingestão de ovos pelo porco hos pedeiro intermediário, as larvas são ativadas, escapam do ovo, pene tram a parede intestinal e são carreadas para muitos tecidos; elas são identificadas mais frequentemente nos músculos estriados do pes coço, língua e tronco. Dentro de 60-90 dias, a fase larvária encistada se desenvolve. Esses cisticercos podem sobreviver por meses a anos. Pela ingestão de carne de porco mal cozida contendo cisticercos, os seres humanos adquirem infecções que levam às tênias intestinais. As infecções que causam cisticercose humana seguem-se à ingestão de ovos de T. solium, geralmente por contato próximo com um portador de teníase. Autoinfecção pode ocorrer, se um indivíduo com uma tê nia produtora de ovos, ingerir ovos oriundos de suas próprias fezes.
Diagnóstico O diagnóstico de infecção intestinal por T. solium é feito pela detec ção dos ovos ou proglótides, como descrito para T. saginata. Métodos mais sensíveis, inclusive captura de antígeno por ELISA, PCR e soro logia para antígenos de tênia específicos por fase, estão disponíveis atualmente somente como técnicas de pesquisa. Na cisticercose, o diagnóstico pode ser difícil. Uma conferência de consenso delineou critérios absolutos, maiores, menores e epidemiológicos para o diag nóstico (Quadro 220.1). A certeza diagnostica só é possível com a demonstração definitiva do parasita (critérios absolutos). Essa tarefa pode ser realizada pela observação histológica do parasita em tecido excisado, por visualização fundoscópica do parasita no olho (na câ mara anterior, vítreo, ou espaços subretinianos), ou por estudos de neuroimagem demonstrando lesões císticas contendo um escólex característico. Com a melhoria da resolução dos estudos de neuroi magem, o escólex pode agora ser identificado em muitos casos. Em outros exemplos, um diagnóstico clínico é feito com base em uma combinação de apresentação clínica, estudos radiológicos, testes so rológicos e história de exposição. Achados de neuroimagem sugestivos de neurocisticercose cons tituem o principal critério diagnóstico maior. Esses achados incluem lesões císticas com ou sem realce (p. ex., realce anelar), uma ou mais calcificações nodulares (que também podem ter realce associado), ou lesões focais com realce. Os cisticercos no parênquima cerebral ge ralmente têm 45-20 m m de diâmetro, e são arredondados. As lesões císticas no espaço subaracnoidiano ou nas fissuras podem crescer até 6 cm de diâmetro, e podem ser lobuladas. Para cisticercos dentro do espaço subaracnoidiano ou dos ventrículos, as paredes podem ser muito finas, e o fluido do cisto frequentemente tem a mesma den-
QUADRO 220.1 humana
Critérios diagnósticos para cisticercose
1. Critérios absolutos a. Demonstração de cisticercos por exame histológico ou microscópico de material de biópsia b. Visualização do parasita no olho por fundoscopia c. Demonstração neurorradiológica de lesões císticas contendo um escólex característico 2. Critérios maiores a. Lesões neurorradiológicas sugestivas de neurocisticercose
c. Resolução de lesões císticas intracranianas espontaneamente, ou após terapia com albendazol ou praziquantel isoladamente 3. Critérios menores a. Lesões compatíveis com neurocisticercose detectadas por estudos de neuroimagem b. Manifestações clínicas sugestivas de neurocisticercose c. Demonstração de anticorpos a cisticercos ou de antígeno de cisticerco no líquido cerebrospinal por ELISA d. Evidência de cisticercose fora do sistema nervoso central (p. ex., calcificações em forma de charuto em partes moles)
Infecções por Cestódios
b. Demonstração de anticorpos aos cisticercos no soro por immunoelectrotransfer blot ligado a enzima
sidade do LCS. Assim, hidrocefalia obstrutiva ou realce das meninges basilares pode ser o único achado na TC, na neurocisticercose extraparenquimatosa. Cisticercos nos ventrículos ou no espaço su baracnoidiano geralmente são visíveis para um neurorradiologista experiente em RMN, ou em TC com injeção intraventricular de con traste. A TC é mais sensível que a RMN para identificação de lesões calcificadas, ao passo que a R M N é melhor para identificar lesões císticas, escólices e realce. O segundo critério diagnóstico m aior é a detecção de anticorpos específicos a cisticercos. Conquanto a maioria dos testes empregan do antígeno não fracionado tenham taxas altas de resultados falsos positivos e falsos negativos, esse problema pode ser superado pelo uso de um ensaio im unoblot mais específico. Um ensaio im unoblot usando glicoproteínas purificadas com lentil-lectina tem > 99% de especificidade e é altamente sensível. Contudo, pacientes com lesões intracranianas únicas, ou com calcificações, podem ser soronega tivos. Com esse ensaio, amostras de soro propiciam sensibilidade diagnóstica m aior que o LCS. Todos os antígenos diagnósticos já foram clonados, e ensaios usando antígenos recombinantes estão sendo desenvolvidos. Ensaios de detecção de antígeno usando anti corpos monoclonais para detectar antígeno parasitário no sangue ou LCS também podem facilitar o diagnóstico e o acompanhamento do paciente. Entretanto, esses ensaios não são amplamente disponíveis no presente. Estudos têm demonstrado que critérios clínicos podem ajudar no diagnóstico em casos selecionados. Em pacientes de áreas en dêmicas que tiveram lesões de realce isoladas se apresentando com convulsões, um exame físico normal e nenhuma evidência de doença sistêmica (p. ex., sem febre, adenopatia, nem anormalidades radiográficas do tórax) a constelação de lesões arredondadas à TC com 5-20 mm de diâmetro, sem desvio da linha média, foi quase sempre causada por neurocisticercose. Finalmente, a resolução espontânea, ou depois de terapia com albendazol isoladamente, é consistente com neurocisticercose. Os critérios diagnósticos menores incluem achados de neuroi magem compatíveis com neurocisticercose, mas menos caracterís ticos, manifestações clínicas sugestivas de neurocisticercose (p. ex., convulsões, hidrocefalia, ou estado mental alterado), evidência de cisticercose fora do sistema nervoso central (SNC) (p. ex., calcifica ções em partes moles com forma de charuto), ou detecção de anticor po no LCS por ELISA. Os critérios epidemiológicos incluem exposi ção a um portador de tênia ou membro do domicílio infectado com T. solium, residência atual ou prévia em uma área endêmica, e viagem freqüente a uma área endêmica. O diagnóstico é confirmado em pacientes ou com um critério absoluto, ou uma combinação de dois critérios maiores, um critério menor e um critério epidemiológico (Quadro 220.1). Um diagnósti co provável é apoiado pelo preenchimento de (1) um critério maior mais dois critérios menores; (2) um critério maior mais um critério menor e um critério epidemiológico; ou (3) três critérios menores mais um critério epidemiológico. Conquanto o J,CS geralmente seja anormal na neurocisticercose, as anormalidades do LCS não são patognomônicas. Os pacientes podem ter pleocitose do LCS com um predomínio de linfócitos, neutrófilos, ou eosinófilos. O nível de pro teína no LCS pode estar elevado; a concentração de glicose geralmen te é normal, mas pode estar diminuída.
4. Critérios epidemiológicos a. Residência em uma área endêmica de cisticercose
TRATAMENTO
T. solium e cisticercose
b. Viagem freqüente a uma área endêmica de cisticercose c. Contato domiciliar com um indivíduo infectado com Taenia solium ‘'Diagnóstico é confirmado por um critério absoluto ou uma combinação de dois critérios maio res, um critério menor e um critério epidemiológico. Um diagnóstico provável é considerado ao satisfazer (1) um critério maior mais dois critérios menores; (2) um critério maior mais um critério menor e um critério epidemiológico; ou (30) três critérios menores mais um critério epidemiológico. Abreviação: ELISA, ensaio imunoenzimático para detecção de anticorpos.
A infecção intestinal por T. solium é tratada com uma dose única de praziquantel (10 mg/kg). Entretanto, o praziquantel ocasional mente provoca uma resposta inflamatória no SNC, se cisticercose oculta concomitante estiver presente. A niclosamida (2 g) tam bém é efetiva, mas não é largamente disponível. O manejo inicial da neurocisticercose deve se concentrar no tratamento sintomático das convulsões ou da hidrocefalia. As
Fonte: Modificado de Del Brutto et al., 2001.
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Doenças Infecciosas
convulsões geralmente podem ser controladas com tratamento antiepiléptico. Se as lesões do parênquima regredirem sem o desenvolvimento de calcificações e os pacientes permanecerem livres de convulsões, a terapia antiepiléptica geralmente pode ser suspensa depois de 1-2 anos. Experimentos controlados com placebo estão começando a esclarecer a vantagem clínica dos fármacos antiparasitários para a neurocisticercose parenquimatosa. Tendências para resolução mais rápida das anormalidades neurorradiológicas têm sido observadas na maioria dos estudos. Os benefícios clínicos são menos impressionantes, e consistem principalm ente no encurtamento do período durante o qual ocorrem convulsões recorrentes, e na dim inuição do número de pacientes que têm muitas convulsões recorrentes. Para o trata mento de pacientes com cisticercos no parênquima cerebral, a maioria das autoridades é a favor de medicamentos antiparasi tários, incluindo albendazol (15 mg/kg por dia por 8-28 dias) ou praziquantel (50-100 mg/kg diariamente em três doses fraciona das, por 15-30 dias). Cursos maiores frequentemente são neces sários em pacientes com cisticercos subaracnoidianos m últiplos. Ambos os agentes podem exacerbar a resposta inflam atória em volta do parasita moribundo, assim exacerbando as convulsões, bem como a hidrocefalia. Portanto, os pacientes recebendo es ses medicamentos devem ser monitorados cuidadosamente, e glicocorticoides em dose alta devem ser usados durante o tra tamento. Como os glicocorticoides induzem o metabolismo de prim eira passagem do praziquantel e podem reduzir seu efeito antiparasitário, a cimetidina deve ser coadministrada para in ib ir o metabolismo do praziquantel. Estudos piloto sugerem que os dois fármacos em combinação podem ser mais efetivos que os agentes individuais. Para pacientes com hidrocefalia, a redução de emergência da pressão intracraniana é a base da terapia. No caso de hidrocefa lia obstrutiva, a abordagem preferida é a remoção do cisticerco por meio de cirurgia endoscópica. Contudo, essa intervenção nem sempre é possível. Uma abordagem alternativa é realizar inicialmente um procedimento de desvio, tal como derivação ventriculoperitoneal. Historicamente, as derivações geralmen te têm falhado, mas taxas baixas de fracasso têm sido atingidas com a administração de medicamentos antiparasitários e glico corticoides. A craniotomia aberta para remoção de cisticercos atualmente só é necessária com pouca frequência. Para pacientes com cistos subaracnoidianos ou cisticercos gigantes, os glicocor ticoides são necessários para reduzir a aracnoidite e a vasculite associada. A maioria dos especialistas recomenda cursos prolon gados de fármacos antiparasitários e derivação, quando h id ro cefalia está presente. O metotrexato pode ser usado como um agente poupador de esteroides, em pacientes requerendo terapia prolongada. Em pacientes com edema cerebral difuso e pressão intracraniana elevada devido a múltiplas lesões inflamadas, os glicocorticoides são o ponto-chave da terapia, e os medicamen tos antiparasitários devem ser evitados. Para lesões oculares e da medula espinal, a inflamação induzida por fármacos pode causar dano irreversível. A maioria dos pacientes deve ser tratada ciru r gicamente, embora relatos de casos tenham descrito curas com tratamento medicamentoso.
Prevenção As medidas para a prevenção da infecção intestinal por T. solium consistem na aplicação à carne de porco de precauções semelhan tes àquelas descritas anteriormente para a carne bovina, em relação à infecção com T. saginata. A prevenção da cisticercose envolve m in i mizar as oportunidades para a ingestão de ovos de origem fecal, por meio de boa higiene pessoal, descarte efetivo das fezes e tratamento e prevenção das infecções intestinais humanas. Quimioterapia de mas sa tem sido administrada a populações humanas e suínas, em esfor ços para erradicação da doença. Finalmente, vacinas para prevenção da cisticercose suína têm mostrado promessas em estudos, e estão em desenvolvimento.
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■ EQUIN0C0C0SE A equinococose é uma infecção causada em seres humanos pela fase larvária do complexo Echinococcus granulosus, E. multilocularis, ou E. vogeli. Os parasitas do complexo E. granulosus, que produzem le sões císticas uniloculares e são prevalentes em áreas onde animais de fazenda são criados em associação com cães, causam a doença do cisto hidático. Evidências moleculares sugerem que as cepas de E. granulosus podem, em verdade, pertencer a mais de uma espécie; especificamente, cepas de carneiros, gado bovino, porcos, cavalos e camelos provavelmente representam espécies separadas. Esses pa rasitas são encontrados em todos os continentes, com áreas de alta prevalência na China, Ásia Central, Oriente Médio, região do Medi terrâneo, África Oriental e partes da América do Sul. O E. multilocu laris, que causa lesões alveolares multiloculares localmente invasivas, é encontrado em regiões Alpinas, Subárticas, ou Árticas, inclusive Canadá, Estados Unidos e Europa Central e Setentrional; China; e Ásia Central. E. vogeli causa doença hidática policística, e é encontra da somente na América Central e do Sul. Como outros cestódios, as espécies de equinococos tanto têm hospedeiros intermediários como definitivos. Os hospedeiros defi nitivos são canídeos que eliminam ovos nas fezes. Depois da ingestão dos ovos, os cistos se desenvolvem nos hospedeiros intermediários carneiros, gado bovino, cabras, camelos e cavalos, para o complexo E. granulosus, e camundongos e outros roedores, para E. multilocularis. Quando um cão (E. granulosus) ou raposa (E. multilocularis) ingere carne infectada contendo cistos, o ciclo vital se completa.
Etiologia Os vermes adultos, pequenos (5 mm de comprimento), do comple xo E. granulosus, que vivem por 5-20 meses no jejuno de cães, têm apenas três proglótides: uma imatura, uma madura e uma grávida. O segmento grávido se rompe para liberar ovos que são m orfologicamente similares aos de Taenia, e são extremamente resistentes. Depois que os seres humanos ingerem os ovos, os embriões escapam dos mesmos, penetram a mucosa intestinal, entram na circulação portal e são carreados para vários órgãos, mais comumente o fígado e os pulmões. As larvas se desenvolvem em cistos hidáticos unilocu lares cheios de líquido, que consistem em uma membrana externa e uma camada germinativa interna. Os cistos “filhos” se desenvolvem a partir do aspecto interno da camada germinativa, da mesma forma que estruturas císticas germinantes chamadas de cápsulas prolígeras. Larvas novas, denominadas protoscólices, desenvolvem-se em grande número dentro da cápsula prolígera. Os cistos se expandem lenta mente ao longo de um período de anos. O ciclo vital de E. multilocularis é semelhante, exceto que caní deos selvagens, tais como as raposas, servem como os hospedeiros definitivos, e roedores pequenos servem como hospedeiros interme diários. A forma larvária de E. multilocularis, entretanto, é bastante diferente, em que ela permanece na fase proliferativa, o parasita é sempre multilocular, e vesículas sem cápsula prolígera nem protoscó lices progressivamente invadem o tecido do hospedeiro, por extensão periférica de processos da camada germinativa.
Manifestações clínicas Os cistos de equinococos em crescimento lento geralmente perma necem assintomáticos, até que seu tamanho crescente ou seu efeito expansivo em um órgão envolvido provoque sintomas. O fígado e os pulmões são os sítios mais comuns desses cistos. O fígado é en volvido em cerca de dois terços das infecções por E. granulosus, e em quase todas as infecções por E. multilocularis. Como um período de anos se passa antes que os cistos cresçam suficientemente para causar sintomas, eles podem ser descobertos incidentalmente em um estudo de raios X ou ultrassonografia de rotina. Os pacientes com equinococose hepática que são sintomáticos apresentam-se mais frequentemente com dor abdominal, ou uma tumoração palpável no quadrante superior direito. A compressão de um duto biliar, ou o vazamento de flu id o do cisto para dentro da árvore biliar, pode sim ular colelitíase recorrente, e a obstrução biliar pode resultar em icterícia. A ruptura ou o vazamento episó
dico de um cisto hidático pode causar febre, prurido, urticária, eo sinofilia, ou anafilaxia. Os cistos hidáticos pulmonares podem se romper para a árvore brônquica ou cavidade peritoneal, e produzir tosse, catarro salgado, dispnéia, dor torácica, ou hemoptise. A rup tura de cistos hidáticos, que pode ocorrer espontaneamente ou du rante cirurgia, pode levar à disseminação m ultifocal de protoscólices, os quais podem formar cistos adicionais. Outras apresentações devem-se ao envolvimento de osso (invasão da cavidade medular com erosão óssea lenta produzindo fraturas patológicas), do SNC (lesões expansivas), do coração (defeitos de condução, pericardite) e da pelve (tumoração pélvica). As formas larvárias de E. multilocularis apresentam-se caracte risticamente como um tum or hepático de crescimento lento, com destruição progressiva do fígado e extensão para estruturas vitais. Os pacientes relatam comumente dor no quadrante superior direito e epigástrica. Aumento do fígado e icterícia obstrutiva podem apa recer. As lesões podem in filtra r órgãos adjacentes (p. ex., diafragma, rins, ou pulmões), ou podem dar metástases para o baço, pulmões, ou cérebro.
Diagnóstico Estudos radiográficos e de imagem correlatos são importantes na detecção e avaliação dos cistos de equinococos. As radiografias sim ples definirão cistos pulmonares de E. granulosus - geralmente como massas arredondadas de densidade uniform e - mas podem perder cistos em outros órgãos, a menos que haja calcificação da parede do cisto (como ocorre no fígado). RMN, TC e ultrassonografia revelam cistos bem definidos com paredes espessas ou finas. Quando cistos mais velhos contêm uma camada de areia hidática, que é rica em protoscólices acumulados, esses métodos de imagem podem detectar essa camada fluida de densidade diferente. Entretanto, o achado mais patognomônico, se demonstrável, é o de cistos “ filhos” dentro do cis to maior. Esse achado, como casca de ovo ou calcificação mural na TC, é indicativo de infecção por E. granulosus, e ajuda a distinguir o cisto de carcinomas, abscessos hepáticos bacterianos ou amebianos, ou hemangiomas. Em contraste, a ultrassonografia ou TC de cistos hidáticos alveolares revela tumorações sólidas indistintas com necro se central e calcificações semelhantes a placas. Um diagnóstico específico de infecção por E. granulosus pode ser feito pelo exame de líquidos aspirados em busca de protoscólices ou pequenos ganchos, mas a aspiração diagnóstica geralmente não é re
comendada, por causa do risco do vazamento de líquido resultar ou em disseminação da infecção, ou em reações anafiláticas. Os ensaios de diagnóstico sorológico podem ser úteis, embora um teste negativo não afaste o diagnóstico de equinococose. Cistos no fígado provocam respostas de anticorpo positivas em -90% dos casos, ao passo que até 50% dos indivíduos com cistos pulmonares são soronegativos. A detecção de anticorpos a antígenos de equinococos específicos por imunoblot tem o grau mais alto de especificidade.
TRATAMENTO
Equinococose
A terapia da equinococose cística baseia-se em considerações so bre o tamanho, localização e manifestações dos cistos, e na saúde geral do paciente. Tradicionalmente, a cirurgia tem sido o p rin cipal método definitivo de tratamento. Atualmente, o estadia mento por ultrassonografia é recomendado para infecções por E. granulosus (Fig. 220.2). Lesões pequenas C l, CE1 e C3 podem responder à terapia com albendazol. Para lesões CE1 e lesões CE3 não complicadas recomenda-se atualmente o tratamento PAIR (percutaneous aspiration, infusion o f scolicidal agents and reaspiration = aspiração percutânea, infusão de agentes escolicidas e reaspiração) em vez de cirurgia. O PAIR é contraindicado para cistos localizados superficialmente (por causa do risco de ruptura), para cistos com m últiplas divisões septadas internas espessas (padrão em favo de mel), e para cistos comunicantes com a árvore biliar. Para profilaxia da equinococose peritoneal secundária causada por derrame inadvertido de fluido durante o PAIR, a administração de albendazol (15 mg/kg diariamente em duas doses fracionadas) deve ser iniciada pelo menos 4 dias antes do procedimento, e mantida por pelo menos 4 semanas de pois. A aspiração guiada por ultrassonografia ou TC possibilita a confirmação do diagnóstico pela demonstração de protoscóli ces no aspirado. Após a aspiração, material de contraste deve ser injetado para detectar comunicações ocultas com o trato biliar. Alternativamente, o flu id o deve ser verificado para coloração por bile com teste de fita. Se nenhuma bile for encontrada, nem comunicação visualizada, o material de contraste é reaspirado, com infusão subsequente de agentes escolicidas (geralmente etanol a 95%; alternativamente, solução salina hipertônica). Essa
Cistos de equinococos
Lesão cística
Figura 220.2
CE1
CE2
A tiva
0 manejo da doença cística hidática causada por Echinococcus granulosus deve basear-se na viabilidade do parasita, que pode ser es timada pelo aspecto radiológico. 0 aspecto à ultrassonografia inclui lesões classifi cadas como ativas, transicionais e inativas. Os cistos ativos compreendem os tipos CL (com uma lesão cística e sem parede do cisto visível), CE1 [com uma parede do cisto visível e ecos internos (sinal do floco de neve)], e CE2 (com uma parede do
CE3
Transicional
CE4
C E5
Infecções por Cestódios
CL
Inativa
cisto visível e septação interna). Os cistos transicionais (CE3) podem ter membranas laminares destacadas, ou podem ser parcialmente colabados. Os cistos inativos in cluem os tipos CE4 (uma massa não homogênea) e CE5 (um cisto com uma parede calcificada espessa). [Adaptada de RL Guerrant et al (eds): Tropical Infectious Dise ases: Principies Pathogens and Practice, 2nd ed, p 1312. © 2005, com autorização de Elsevier Science.]
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Doenças Infecciosas
abordagem, quando efetuada por um médico treinado, gera ta xas de cura e recaída equivalentes àquelas subsequentes a c iru r gia, com morbidade perioperatória menor e hospitalização mais curta. Em mãos experientes, algumas lesões CE2 podem ser tra tadas por aspiração com um trocarte. Cistos “filhos” dentro do cisto prim ário podem precisar ser puncionados separadamente, e pode ser necessária a drenagem por cateter. A cirurgia permanece como tratamento de escolha para cistos de E. granulosus complicados (p. ex., aqueles comunicantes com o trato biliar), ou para áreas onde PAIR não é possível. Para E. granulosus, a abordagem cirúrgica preferida é a pericistectomia, na qual são removidos o cisto inteiro e o tecido fibroso circun dante. Os riscos representados pelo vazamento de líquido durante a cirurgia ou PAIR incluem anafilaxia e disseminação de protoscólices infecciosos. A última complicação tem sido minimizada pela atenção cuidadosa à prevenção de vazamento do cisto, e pelo encharcamento das compressas com solução salina hipertônica. A infusão de agentes escolicidas não é mais recomendada, por cau sa de problemas como hipernatremia, intoxicação, ou colangite esclerosante. O albendazol, que é ativo contra Echinococcus, deve ser administrado como adjunto, começando vários dias antes da ressecção e continuando por várias semanas para E. granulosus. O praziquantel (50 mg/kg diariamente por 2 semanas) pode apres sar a morte dos protoscólices. O tratamento médico com alben dazol isoladamente por 12 semanas a 6 meses resulta em cura em -30% dos casos, e em melhora em outros 50%. Em muitos exemplos de falha do tratamento, as infecções por E. granulosus são depois tratadas com sucesso com PAIR, ou cursos adicionais do terapia medicamentosa. A resposta ao tratamento é mais bem avaliada por estudos de imagem seriados, com atenção ao tama nho e consistência do cisto. Alguns cistos podem não demonstrar resolução radiológica completa, mesmo que nenhum protoscólice viável esteja presente. Alguns desses cistos com resolução radioló gica parcial (p. ex., CE4 ou CE5) podem ser manejados somente com observação. A ressecção cirúrgica permanece como tratamento de esco lha para infecção por E. multilocularis. A remoção completa do parasita continua a oferecer a melhor chance de cura. Recomen da-se terapia contínua com albendazol por pelo menos 2 anos depois da cirurgia presumivelmente curativa. A tomografia por emissão de pósitrons (PET) pode ser usada para acompanhar a atividade da doença. A m aioria dos casos é diagnosticada em um estágio no qual a ressecção completa não é possível; nesses casos, o tratamento com albendazol deve ser m antido in d e fi nidamente, com monitoramento cuidadoso. Em alguns casos, o transplante de fígado tem sido usado por causa do tamanho da ressecção hepática necessária. Contudo, a imunossupressão contínua favorece a proliferação de larvas de E. multilocularis e a reinfecção do transplante. Assim, é necessário o tratamento in definido com albendazol.
Manifestações clínicas A infecção por H. nana, mesmo com muitos vermes intestinais, ge ralmente é assintomática. Quando a infecção é intensa, anorexia, dor abdominal e diarréia se desenvolvem.
Diagnóstico A infecção é diagnosticada pelo achado de ovos nas fezes.
TRATAMENTO
Himenolepíase nana
Praziquantel (25 mg/kg dose única) é o tratamento de escolha, pois ele age tanto contra os vermes adultos como contra os cisticercoides nas vilosidades intestinais. A nitazoxanida (500 mg 2x/ dia, por 3 dias) pode ser usada como uma alternativa.
Prevenção Boa higiene pessoal e melhora do saneamento podem erradicar a doença. Epidemias têm sido controladas por quimioterapia em massa associada à melhora da higiene.
■ HIMENOLEPÍASE DIMINUTA Hymenolepis dim inuta, um cestódio de roedores, ocasionalmente infecta crianças pequenas, que ingerem as larvas em alimentos cere ais não cozidos contaminados por pulgas e outros insetos nos quais as larvas se desenvolvem. A infecção geralmente é assintomática, e é diagnosticada pela detecção de ovos nas fezes. O tratamento com praziquantel resulta em cura na maioria dos casos.
■ DIFIL0B0TRÍASE Diphyllobothrium latum e outras espécies de Diphyllobothrium são encontradas em lagos, rios e deltas do hemisfé rio norte, África Central e América do Sul. >
Prevenção
Etiologia e patogênese
Em áreas endêmicas, a equinococose pode ser prevenida pela admi nistração de praziquantel a cães infectados, impedindo-se o acesso de cães a animais infectados, ou pela vacinação de carneiros. A lim i tação do número de cães vadios ajuda na redução da prevalência de infecção entre humanos.
O verme adulto - a mais longa das tênias (até 25 m) - fixa-se na mu cosa do íleo, e ocasionalmente do jejuno, por suas ventosas, que estão localizadas em seu escólex alongado. O verme adulto tem 3.000-4.000 proglótides, que liberam -1 milhão de ovos diariamente nas fezes. Se um ovo alcança a água, ele eclode e libera um embrião que nada li vremente, o qual pode ser comido por pequenos crustáceos de água doce (das espécies Cyclops ou Diaptomus). Depois que um crustáceo infectado contendo um procercoide desenvolvido é engolido por um peixe, a larva migra para dentro da carne do peixe e cresce em um plerocercoide, ou larva espargano. Os seres humanos adquirem a in fecção ingerindo peixe cru ou defumado infectado. Dentro de 3-5 semanas, a tênia amadurece em um adulto no intestino humano.
■ HIMENOLEPÍASE NANA A infecção com H. nana, a tênia anã, é a mais comum de todas as infecções por cestódios. H. nana é endêmica tanto em regiões temperadas como tropicais do mundo. A in fecção é disseminada por contaminação fecal-oral, e é comum entre crianças institucionalizadas.
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vital tem lugar no ser humano. A forma adulta - a menor tênia para sitando humanos - tem -2 cm de comprimento, e habita o íleo pro ximal. As proglótides, que são muito pequenas e raramente vistas nas fezes, liberam ovos esféricos de 30-44 |xm de diâmetro, cada um dos quais contém uma oncosfera com seis ganchos pequenos. Os ovos são infectantes imediatamente, e são incapazes de sobreviver por > 10 dias no ambiente externo. Quando o ovo é ingerido por um novo hospedeiro, a oncosfera é liberada e penetra as vilosidades intestinais, tornando-se uma larva cisticercoide. As larvas migram de volta ao lume intestinal, fixam-se à mucosa, e amadurecem em vermes adul tos ao longo de 10 a 12 dias. Os ovos também podem eclodir antes de ser eliminados nas fezes, causando autoinfecção interna com nú meros crescentes de vermes intestinais. Embora a duração da vida de vermes H. nana adultos seja de apenas -4 a 10 semanas, o ciclo de autoinfecção perpetua a infecção.
Etiologia e patogênese
Manifestações clínicas
H. nana é o único cestódio de humanos que não precisa de um hos pedeiro intermediário. Tanto a fase larvária como a adulta do ciclo
A maioria das infecções por D. latum é assintomática, embora as ma nifestações possam incluir desconforto abdominal transitório, diar-
reia, vômitos, fraqueza e perda de peso. Ocasionalmente, a infecção pode causar dor abdominal aguda e obstrução intestinal; em casos raros, colangite ou colecistite pode ser produzida por proglótides em migração. Como a tênia absorve grandes quantidades de vitamina B12 e interfere com a absorção dessa vitamina no íleo, pode se desenvol ver deficiência de vitamina B12, mas esse efeito só foi notado na Es candinávia, onde até 2% dos pacientes infectados, especialmente os idosos, têm anemia megaloblástica semelhante à anemia perniciosa e podem exibir seqüelas neurológicas de deficiência de Bl2.
Diagnóstico O diagnóstico é feito prontamente pela detecção dos ovos caracterís ticos nas fezes. Os ovos possuem uma casca única, com um opérculo em uma extremidade e uma saliência na outra. Eosinofilia leve a m o derada pode ser detectada.
pode ser adquirida pelo consumo de água contendo Cyclops infec tados; pela ingestão de serpentes, aves, ou mamíferos infectados; ou pela aplicação de carne infectada como emplastro. O verme migra lentamente nos tecidos, e a infecção se apresenta comumente como um edema subcutâneo. Tecidos periorbitários podem ser envolvidos, e a esparganose ocular pode destruir o olho. A excisão cirúrgica é usada para tratar esparganose localizada.
■ CENUROSE Essa infecção rara em seres humanos pela fase larvária (cenuro) da tênia do cão, Taenia multiceps ou T. serialis, resulta em uma lesão cística expansiva. Como na cisticercose, o envolvimento do SNC e de tecido subcutâneo é m uito comum. Tanto o diagnóstico definitivo como o tratamento requer excisão cirúrgica da lesão. Os agentes qui mioterápicos geralmente não são efetivos.
BIBLIOGRAFIA TRATAMENTO
Difilobotríase ■ ARTIGOS
O praziquantel (5-10 mg/kg em dose única) é altamente efetivo. Vitamina B12 parenteral deve ser administrada, se a carência de B,, for manifesta.
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Prevenção
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A infecção pode ser prevenida aquecendo-se o peixe a 54°C por 5 min, ou congelando-o a -18°C por 24 h. Colocar o peixe em salmoura com uma alta concentração de sal por períodos longos mata os ovos.
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■ DIPILIDÍASE Dipylidium caninum, uma tênia comum de cães e gatos, pode infectar seres humanos acidentalmente. Cães, gatos e, ocasionalmente, hu manos tornam-se infectados ao ingerir pulgas que albergam os cisticercoides. As crianças têm maior probabilidade de se infectar que os adultos. A maioria das infecções é assintomática, mas dor abdominal, diarréia, prurido anal, urticária, eosinofilia, ou eliminação de seg mentos nas fezes podem ocorrer. O diagnóstico é feito pela detecção de proglótides ou de ovos nas fezes. Como na infecção por D. latum, a terapia consiste em praziquantel. A prevenção requer tratamento anti-helmíntico e controle de pulgas para cães ou gatos de estimação.
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Os humanos podem ser infectados pelo espargano, ou larva plerocercoide, de uma tênia difilobotrídia do gênero Spirometra. A infecção
Infecções por Cestódios 1765
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PARTE IX Terrorismo e Medicina Clínica
Bioterrorísmo Microbiano
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Bioterrorísmo Químico...
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Terrorismo Nuclear.........
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CAPÍ T ULO
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Bioterrorísmo Microbiano H. Clifford Lane, Anthony S. Fauci
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As descrições do uso de patógenos microbianos como potenciais armas de guerra ou terrorismo datam de tempos antigos. Entre os episódios desse tipo mais citados estão os envenenamentos de supri mentos de água, no século V I a.C., com o fungo Claviceps purpurea (ergotina do centeio) pelos assírios, o arremesso dos cadáveres de vítimas da peste sobre os muros da cidade de Kaffa pelo exército tártaro em 1346 e as tentativas dos ingleses de disseminar a varíola na população indígena norte-americana leal à França por meio de cobertores contaminados em 1767. Embora o emprego de armas quí micas em tempos de guerra tenha começado num passado não muito distante (Cap. 222), os trágicos eventos de 11 de setembro de 2001, logo seguidos pelos ataques à mídia e aos escritórios do Congresso americano com esporos do antraz utilizando o sistema postal dos EUA, alteraram dramaticamente a opinião pública norte-americana acerca da vulnerabilidade aos ataques do bioterrorísmo e a seriedade e a intenção do governo federal de proteger seus cidadãos contra ata ques futuros. A ciência moderna descobriu métodos de disseminar ou ampliar deliberadamente doenças por meio de diversos mecanis mos que eram desconhecidos por nossos ancestrais. A combinação de pesquisa básica, boa prática médica e vigilância constante são ne cessárias à proteção contra esses ataques. Embora o impacto potencial de um ataque de bioterrorísmo pos sa ser enorme, acarretando milhares de mortes e índices elevados de morbidade, os maiores impactos esperados dessas ações de bioterrorismo seriam o medo e o terror que desencadeiam. Ao contrário da guerra biológica, na qual o principal objetivo é destruir o inimigo provocando mortes em grande número, um objetivo importante do bioterrorismo é abater o moral de uma sociedade por meio da incer teza e do medo. Embora o impacto biológico real de um único ato de bioterrorismo possa ser pequeno, o grau de perturbação criado pela compreensão de que os ataques são possíveis, pode ser elevadíssimo. Isto ficou evidente com o impacto no serviço postal norte-america no e a suspensão funcional das atividades do legislativo do governo dos EUA depois dos ataques de antraz citados anteriormente. Desse modo, o elemento fundamental à defesa contra esses ataques é um sistema altamente eficaz de vigilância e educação em saúde pública, de modo que os ataques possam ser rapidamente reconhecidos e efe tivamente contidos. Isto é complementado pela disponibilidade de medidas defensivas apropriadas sob a forma de exames diagnósticos, intervenções terapêuticas e vacinas, tanto em resposta como em an tecipação aos ataques de bioterrorismo. O W orking Group for Civilian Biodefense (Grupo de Trabalho de Biodefesa Civil) elaborou uma lista, descrevendo as características fundamentais dos agentes biológicos que os tornam, particularmen te, eficazes como armas (Quadro 221.1) inclusive a facilidade de dis seminação e a transmissão do agente, assim como a existência de um banco de dados apropriado para perm itir que os recém-chegados ao campo apliquem rapidamente a verdadeira ciência desenvolvida por outros para concretizar suas próprias intenções maléficas. Os agentes do bioterrorismo podem ser utilizados nas formas em que ocorrem naturalmente, ou podem ser deliberadamente modificados para pro duzir impacto máximo. Entre as abordagens usadas para maximizar os efeitos deletérios dos agentes biológicos estão as modificações ge néticas dos micróbios com o propósito de desenvolver sua resistência aos agentes antimicrobianos ou sua evasão do sistema imune; a pro dução de aerossóis com micropartículas; o tratamento químico para estabilizar e prolongar a infectividade e a alteração da capacidade de
QUADRO 221.1 Principais características dos agentes biológicos utilizados como armas biológicas 1. Taxas elevadas de morbidade e mortalidade 2. Potencial de disseminação de pessoa para pessoa 3. Agente infeccioso pequeno e de fácil contágio por aerossol 4. Inexistência de um exame diagnóstico rápido 5. Falta de vacinas eficazes disponíveis para toda a população 6. Potencial de gerar ansiedade 7. Disponibilidade do patógeno e facilidade de produção 8. Estabilidade ambiental 9. Banco de dados sobre pesquisa e desenvolvimento pregressos 10. Possibilidade de ser “transformado em arma” Fonte: De L Borio et al.: JAMA 287;2391,2002; com autorização.
resposta do hospedeiro por meio de modificações das proteínas de superfície. Algumas dessas abordagens são incluídas na categoria de “armamentização” (do inglês, weaponization, termo geralmente usa do para descrever o processamento de micróbios ou toxinas de forma a produzirem efeitos devastadores quando liberados). Por exemplo, a armamentização do antraz pelos soviéticos envolvia a produção de grandes quantidades de esporos em uma preparação que se mantinha suspensa em aerossol por longos períodos; os esporos tinham dimen sões apropriadas para chegar facilmente ao trato respiratório inferior e podiam ser liberados em grandes quantidades, por exemplo, por via de minúsculas bombas amplamente dispersas. O U.S. Centers for Disease Control and Prevention (CDC) classi fica os riscos biológicos potenciais em três categorias: A, B e C (Qua dro 221.2). Os agentes da categoria A são os patógenos que possuem prioridade máxima. Esses agentes acarretam maior risco à segurança nacional porque (1) podem ser disseminados ou transmitidos facil mente de pessoa para pessoa; (2) provocam taxas elevadas de m or talidade e têm potencial de causar impacto significativo na saúde pública; (3) podem gerar pânico público e comoção social; e (4) exi gem atenção especial para as ações de prontidão em saúde pública. Os agentes da categoria B correspondem aos patógenos de segundo nível de prioridade e incluem os que têm capacidade moderada de disseminação, provocam taxas de morbidade moderadas e baixas taxas de mortalidade e exigem recursos diagnósticos especialmente desenvolvidos. Os agentes da categoria C ocupam o terceiro nível de prioridade e incluem certos patógenos emergentes contra os quais a população geral não possui imunidade, que poderiam ser m odifica dos para facilitar a disseminação em massa no futuro, em razão de sua ampla disponibilidade, facilidade de produção ou disseminação, o impacto potencial significado na saúde pública e os índices poten cialmente altos de morbidade e mortalidade. Entretantó, é im portan te salientar que essas designações são empíricas e, dependendo das circunstâncias específicas (p. ex., avaliações do risco pelos serviços de inteligência), o nível de prioridade de determinado micróbio ou toxina poderia ser modificado. O sistema de classificação dos CDC também reflete em grande parte a gravidade da doença produzida por determinado agente, mais que sua acessibilidade aos terroristas em potencial.
AGENTES DA CATEGORIA A ■ ANTRAZ Ver também Capítulo 138.
0 B acillus anthracis como arma biológica O antraz pode ser o protótipo das doenças provocadas pelo bioter rorismo. Embora raramente ou nunca seja disseminado de pessoa para pessoa, a doença detém os outros requisitos principais de uma
QUADRO 221.2 Agentes das categorias A, B e C segundo o sistema de classificação dos CDC Categoria A Antraz (Bacillus anthracis) Botulismo (toxina do Clostridium botulinum) Peste (Yersiniapestis) Varíola ( Variola major) Tularemia (Francisella tularensis) Arenavírus: Lassa, Novo Mundo (Machupo, Junin, Guanarito e Sabia) Bunyaviridae: Crimeia, Congo, Vale do Rift Filoviridae: Ebola, Marburg
Categoria B Brucelose (espécies Brucella) Toxina épsilon do Clostridium perfringens Ameaças à segurança alimentar (p. ex., espécies Salmonella, Escherichia coli 0157;H7, Shigella) Mormo (Burkholderia mallei) Melioidose (B. pseudomallei) Psitacose (Chlamydophila psittaci) Febre Q (Coxiella burnetii) Toxina ricina da Ricinus communis (mamona) Enterotoxina B estafilocócica Tifo exantemático (Rickettsia prowazekii) Encefalites virais (alfavírus [p. ex., encefalites eqüinas venezuelana, oriental e ocidental]) Ameaças à segurança da água (p. ex., Vibrio cholerae, Cryptosporidium parvum)
Categoria C Doenças infecciosas emergentes como Nipah, hantavírus, coronavírus da SRAG e influenza pandêmica. Abreviação: SRAG, síndrome respiratória aguda grave. Fonte: Centers for Disease Control and Prevention and the National Institute of Allergy and In-
Bioterrorismo Microbiano
Febres hemorrágicas virais
timas foram expostas numa área de 4 km a favor do vento ao redor da fábrica e mortes causadas por antraz também ocorreram entre os animais domésticos que viviam até 50 km de distância a favor do ven to. Com base nos padrões dos ventos registrados, o intervalo entre o momento da exposição e o desenvolvimento da doença clínica variou de 2 a 43 dias. A maioria dos casos ocorreu nas primeiras duas se manas. Em geral, as mortes ocorreram dentro de 1 a 4 dias depois do início dos sintomas. É provável que a utilização generalizada da pro filaxia pós-exposição com penicilina tenha lim itado o número total de casos. O período longo entre a exposição e a doença de alguns pa cientes reforça os dados obtidos por estudos realizados com primatas não humanos, que sugerem que os esporos do antraz possam perma necer inativos no trato respiratório por pelo menos 4-6 semanas, sem desencadear qualquer resposta imune. Esse período longo de latência microbiológica posterior à exposição impõe desafios significativos ao tratamento das vítimas no período intercorrente. Em setembro de 2001, o povo norte-americano foi exposto aos esporos do antraz como arma biológica disseminada pelo serviço postal dos EUA por um funcionário do United States A rm y Rese arch Institute for Infectious Diseases (USAM RIID), que teve acesso a estes materiais e cometeu suicídio antes de ser indiciado por seu crime. O CDC registrou 22 casos confirmados ou suspeitos de antraz em conseqüência desse ataque. Isto incluiu 11 pacientes com antraz respiratório, dos quais 5 morreram, além de 11 casos de antraz cutâ neo (7 confirmados), dos quais todos sobreviveram (Fig. 221.1). Os casos ocorreram nos indivíduos que abriram cartas contaminadas e também nos funcionários dos correios envolvidos no processamento da correspondência. O m ínim o de cinco cartas postadas em Trenton, NJ, serviram como veículo desses ataques. De acordo com relatos, uma dessas cartas continha 2 g de material, equivalente a 100 bilhões a 1 trilhão de esporos mortíferos. Como os estudos realizados na dé cada de 1950, usando macacos expostos ao aerossol de antraz suge riram que cerca de 10.000 esporos seriam necessários para produzir doença letal em 50% dos animais expostos a esta dose (DL50), o con teúdo de uma carta tinha o potencial teórico, sob condições ideais, de causar doença em até 50 milhões de pessoas, quando se leva em consideração a DL50de 10.000 esporos. A cepa utilizada nesse ataque foi a cepa Ames. Embora estudos tenham demonstrado que essa cepa tinha betalactamase indutível e expressava constitucionalmente uma cefalosporinase, o microrganismo era sensível a todos os antibióticos padronizados para tratar o B. anthracis.
fections Diseases.
Microbiologia e manifestações clínicas doença introduzida por meio do bioterrorismo, conforme está des crito no Quadro 221.1. Os cientistas dos governos norteamericano e inglês começaram a estudar o antraz como arma biológica potencial aproximadamente no início da Segunda Guerra Mundial. As ativi dades com armas biológicas ofensivas, inclusive pesquisa de armas biológicas com micróbios e toxinas, foram interrompidas nos EUA, em 1969, em conseqüência de dois atos executivos do presidente Ri chard M. Nixon. Embora o Biological and Toxin Weapons Convention Treaty (Tratado da Convenção sobre Armas Biológicas e Toxi nas) de 1972 proibisse pesquisas desse tipo em todo o mundo, até o final da década de 1980, a União Soviética produzia e armazenava toneladas de esporos do antraz para serem utilizadas potencialmente como arma biológica. Hoje, existem suspeitas de que pesquisas com o antraz como agente de bioterrorismo ainda sejam realizadas por vários países e grupos extremistas. Um exemplo disso foi a dissemi nação dos esporos de antraz pelo culto Aum Shrinrikyo em Tóquio, em 1993. Felizmente, não houve mortes associadas a esse episódio em razão da utilização inadvertida de uma cepa não patogênica de antraz pelos terroristas. O impacto potencial dos esporos do antraz como arma biológica foi claramente demonstrado em 1979, depois da liberação acidental destes esporos na atmosfera de uma fábrica de armas biológicas da União Soviética localizada em Sverdlosk, Rússia. Embora os números oficiais sejam desconhecidos, pelo menos 77 casos de antraz foram diagnosticados com certeza, entre os quais 66 foram fatais. Essas ví
O antraz é causado pelo B. anthracis, um bastonete Gram-positivo imóvel, formador de esporos, que se encontra no solo e causa doença predominantemente nos herbívoros como bovinos, caprinos e ovi nos. Os esporos do antraz podem permanecer viáveis por décadas. A notável estabilidade desses esporos torna esse microrganismo uma arma biológica ideal e sua destruição pelos processos de desconta minação pode ser difícil. Em geral, as infecções humanas naturais resultam do contato com animais infectados pelo antraz ou seus pro dutos (p. ex., pelos de cabra) nas indústrias têxteis ou pelas peles dos animais usadas na fabricação de instrumentos de percussão. Embora a D L50 de 10.000 esporos seja um número geralmente aceito, alguns estudos também sugeriram que apenas 1 a 3 esporos possam ser su ficientes para causar doença em algumas circunstâncias. Provavel mente, é necessário dispor de tecnologia avançada para gerar esporos com dimensões ideais (1-5 |xm) para chegar aos espaços alveolares e atuar como arma biológica. As três principais formas clínicas do antraz são gastrintestinal, cutânea e pulmonar. O antraz gastrintestinal geralmente resulta da ingestão de carne contaminada; esta apresentação é rara e provavel mente não provém de ações de bioterrorismo. A lesão do antraz cutâ neo geralmente começa como uma pápula que se desenvolve depois da introdução dos esporos por um orifício da pele. Em seguida, essa pápula transforma-se em vesícula indolor, que depois forma uma es cara necrótica cor de carvão (Fig. 221.2). O termo grego para carvão (anthrax) deu origem aos nomes do microrganismo e da doença. An-
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Envelopes postados para em presas de m ídia, 18 de setem bro
•E d m
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P rim eiro caso de antraz confirm ado
Terrorismo e Medicina Clínica
r> «O 4 2 Q) ü) C co 0 ° 1 -g 2 0 #• ' !■ ■■ ^s*' 5 anos; 5 mg IV para adultos)
Atropina: 1 mg IM;
Atropina: 2 a 4 mg IM;
Cloreto de 2-PAM: 10 mg/ kg IM, ou 5 a 10 mg/kg IV lentamente
Cloreto de 2-PAM: 25 mg/ kg IM ou 5 a 10 mg/kg IV lentamente
Criança (2 a 10 anos)
Adolescente (> 10 anos)
Adulto
Idosos, pacientes debilitados
Repetir a atropina (2 mg IM, ou 1 mg IM para os lactentes) a intervalos de 5 a 10 min, até que as secreções diminuam e a respiração seja confortável ou que a resistência das vias respiratórias tenha normalizado
Bioterrorismo Químico
Idade do paciente
“Efeitos suaves/moderados incluem transpiração localizada, fasciculação muscular, náusea, vômito, fraqueza, dispnéia. "Efeitos graves incluem inconsciência, convulsão, apneia, paralisia flácida. cSe a dose calculada exceder a dose IM para adulto, ajustar conforme o caso.
Nota: Clorido 2-PAM é o clorido pralidoxima ou protopam. Fonte: State of New York, Department of Health.
cialmente contaminadas e outros objetos exteriores devem ser reti rados porque podem funcionar como depósitos do agente líquido.
SUPORTE RESPIRATÓRIO
A morte atribuída à intoxicação com os agentes de ação neural quase sempre tem causas respiratórias. A ventilação é dificultada pela resistência aumentada e pelas se creções excessivas. A atropina deve ser administrada antes ou ao mesmo tempo em que a ventilação é iniciada, porque ela facilita muito a administração de oxigênio.
TRATAMENTO COM ANTÍDOTOS Atropina
Teoricamente, qualquer anticolinérgico poderia ser u ti lizado para tratar a intoxicação pelos agentes de ação neural, mas mundialmente a escolha é invariavelmente a atropina em razão de sua ampla estabilidade térmica, da eficácia imediata por via IM ou IV e porque a administração acidental deste fármaco geral mente causa pouca disfunção do SNC (Quadro 222.4). A atropi na reverte rapidamente a hiperatividade colinérgica das sinapses muscarínicas, mas tem pouco efeito nas sinapses nicotínicas. Na prática, isso significa que a atropina pode tratar rapidamente os efeitos respiratórios potencialmente fatais dos agentes neurais, mas provavelmente não ajudará nos efeitos neuromusculares e, possivelmente, nos simpáticos. No campo de batalha, os militares recebem estojos M AR K I (Fig. 222.5A) contendo 2 mg de atro pina em auto-injetores para aplicação IM . Atualmente, os órgãos civis também mantêm estoques desse produto aprovado pelo FDA. O estojo M ARK 1 está sendo substituído em suas aplicações militares e civis por um auto-injetor combinado contendo 2,1 mg de atropina e oxima (2-PAM Cl), que foi aprovado pelo FDA com o nome comercial de Duodote™. Basta aplicar toda a dose dos auto-injetores, sem qualquer fracionamento. A dose de impreg nação em campo é de 2, 4 ou 6 mg, com repetição das injeções a cada 5 a 10 minutos até que a respiração e as secreções do paciente melhorem. Os iranianos utilizaram inicialmente doses mais altas
B
Figura 222.5
Antídotos para os agentes de ação neural. A. Estojo do auto-injetor MARK I contendo uma dose de 600 mg de cloreto de 2-pralidoxima e uma dose de 2 mg de atropina. Esses estojos são carregados por todos os militares norteamericanos que atuam em campos de batalha onde haja possibilidade de expo sição às armas químicas e, hoje, também são estocados pelos profissionais civis encarregados da resposta imediata às ações terroristas. B. Autoinjetor com 10 mg de diazepam. Esse estojo é levado por todos os militares dos EUA para campos de batalha onde possa haver exposição química e também são mantidos em estoque pelos civis envolvidos na ação imediata contra o terrorismo.
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Terrorismo e Medicina Clínica
durante a guerra Irã-Iraque porque os suprimentos de oximas eram escassos. Quando o paciente chega a uma unidade de aten dimento médico na qual os fármacos possam ser administrados por via IV, esta passa a ser a via preferida de administração; para as crianças pequenas, esta pode ser a forma inicial de administra ção da atropina. Contudo, auto-injetores pediátricos com 0,5 e 1,0 mg começaram a ser fabricados recentemente. Quando se utiliza a via IM ou IV, não há um lim ite superior para a dose de atropina; entretanto, a dose média total de adultos com intoxicações graves geralmente não deve passar de 20-30 mg. Nos casos brandos com miose e nenhum outro sintoma sistê mico, a atropina ou os colírios oftálmicos de homatropina podem ser suficientes como terapia. Isso produzirá midríase por cerca de 24 h. A miose intensa ou a acomodação imperfeita podem per sistir por semanas ou até meses depois da regressão de todos os outros sinais e sintomas.
Tratamento com oximas As oximas são nucleófilos que reativam a colinesterase, cujo local de ação foi ocupado e ligado por um agente de ação neural (Quadro 222.4). Por essa razão, o tratamento com oximas restaura a função enzimática normal. O tratamento com oxima é limitado por uma reação colateral secundária chamada “envelhecimento”, na qual uma cadeia lateral dos agentes neurais é desprendida do complexo a uma taxa predeterminada. Os comple xos “envelhecidos” têm cargas negativas e as oximas não conseguem reativar complexos negativamente carregados. O efeito prático dis to varia entre os diversos tipos de agentes neurais, porque cada um “envelhece” a uma velocidade específica. Para fins práticos, o VX nunca envelhece, o sarin envelhece em 3-5 horas e o tabun demora mais tempo para passar por essa reação. Todos esses intervalos são muito maiores que a expectativa de vida dos pacientes depois da in toxicação aguda por agentes neurais, de forma que eles podem ser ignorados. Por outro lado, o tóxico soman envelhece em 2 minutos. Por essa razão, dentro de alguns minutos depois da exposição, as oximas tornam-se inúteis ao tratamento da intoxicação por soman. A oxima utilizada varia em cada país; os EUA aprovaram e distri buem o cloreto de 2-pralidoxima (2-PAM Cl). Os estojos MARK I (Fig. 222.5A) e Duodotes contêm auto-injetores com 600 mg de 2-PAM Cl. As doses de impregnação inicial em campo são de 600, 1.200 e 1.800 mg. Como pode haver elevação da pressão arterial depois da administração de 45 mg/kg em adultos, a utilização do cloreto de 2-PAM em campo é limitada a 1.800 mg/h por via IM. Durante o intervalo no qual não se pode administrar mais oxima, recomenda-se apenas atropina. Nos hospitais, estudos mostraram que 2,5 a 25 mg de 2-PAM Cl por hora IV conseguem reativar 50% da colinesterase inibida. A recomendação habitual é de 1.000 mg por infusão IV lenta durante 20 a 30 minutos, limitando a dose a < 2.500 mg em um período de 1 a 1,5 horas. Hoje, estão sendo reali zados estudos no sentido de desenvolver uma oxima mais eficaz e com espectro mais amplo que o cloreto de 2-PAM.
Anticonvulsivantes
As convulsões induzidas pelos agentes de ação neural não respondem aos anticonvulsivantes utilizados habitualmente para tratar o estado epiléptico, inclusive fenitoína, fenobarbital, carbamazepina, ácido valproico e lamotrigina (Cap. 369). Os únicos anticonvulsivantes que comprovadamente supri mem esse estado epiléptico são os benzodiazepínicos. O diazepam é o único benzodiazepínico aprovado para o tratamento das convulsões dos seres humanos, embora outros benzodiazepínicos aprovados pelo FDA atuem satisfatoriamente nas convulsões in duzidas por esses agentes neurais em modelos animais. Por essa razão, o diazepam é acondicionado em injetores de 10 mg para uso IM e fornecido às forças armadas norteamericanas para essa finalidade (Fig. 222.5B). Os órgãos civis mantêm estoques desse produto para uso em campo (“CANA”, convulsive antidotefor nerve agent, ou antídoto anticonvulsivante para agente neural), que geralmente não é utilizado na prática hospitalar. A extrapolação dos resultados dos estudos com animais indica que os adultos provavelmente necessitem de 30 a 40 mg de diazepam por via IM
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para sustar o estado epiléptico desencadeado pelo agente neural. No contexto hospitalar ou para as crianças pequenas que não con seguem usar o auto-injetor, pode-se administrar diazepam IV em doses semelhantes. O médico pode confundir as convulsões com os sinais neuromusculares da intoxicação pelo agente neural. No hospital, a eletroencefalografia (EEG) imediata é recomendável para diferenciar entre estado epiléptico não convulsivo, convul sões propriamente ditas e paralisia pós-ictal. Estudos realizados recentemente com animais demonstraram que o midazolam é o benzodiazepínico mais eficaz nessa situação, embora não tenha sido aprovado pelo FDA para o tratamento das convulsões. A neuropatia periférica e a chamada síndrome intermediária, que são efeitos tardios proeminentes nas intoxicações por inseti cidas, não foram descritas nos sobreviventes da intoxicação por agentes neurais. Estudos recentes avaliaram os mecanismos que levam à “ im u nidade” transitória, ou fármacos que poderiam conferir proteção contra os agentes neurais letais, embora sem causar efeitos colate rais. Uma abordagem recente é administrar enzimas para eliminar esses agentes neurais altamente tóxicos antes que eles atinjam seus alvos pretendidos. Os estudos acumulados até o momento de monstraram que, se um scavenger estiver presente no momento da exposição ao agente neural, os níveis do tóxico diminuirão rapida mente. De acordo com alguns estudos laboratoriais, essa redução é tão rápida e profunda que não há necessidade de administrar uma série de compostos farmacologicamente ativos como antídotos.
■ CIANETO O cianeto (C N ') tornou-se um agente particularmente interessante nos cenários terroristas em razão de sua aplicabilidade nos ambientes internos. Nos últimos anos, ocorreram alguns ataques com cianeto, inclusive contra os suprimentos de água da embaixada americana na Itália. Em 1993, o atentado terrorista ao W orld Trade Center de Nova Iorque também pode ter sido planejado para dispersar cianeto. As duas formas principais de cianeto (cianeto de hidrogênio e cloreto de cianogênio) são gases ou líquidos com temperaturas de ebulição muito próximas da temperatura ambiente. O gás de cianeto de hidrogênio é mais leve que o ar e não se concentra nos ambientes exteriores por muito tempo; isto faz não ser uma arma m ilitar ade quada, mas uma arma eficaz nos espaços fechados como estações de trem ou estádios de esportes. O cianeto também é hidrossolúvel e pode ameaçar os suprimentos de água e alimentos por acidente ou intenção maléfica. O cianeto é bem absorvido pelo trato GI, pela pele ou por inalação, que é a via preferida para os atos terroristas. O odor do cianeto é semelhante ao das amêndoas amargas, mas 50% das pes soas dizem que não conseguem sentir seu odor. Singular entre todas as armas químicas, o cianeto é um compo nente normal do ambiente e, na verdade, é necessário como cofator de muitos compostos importantes ao metabolismo, inclusive vitamina B12. O cianeto está presente em muitos vegetais e isto explica porque os fu mantes, por exemplo, têm níveis três vezes maiores de cianeto em suas correntes sanguíneas. Desse modo, os seres humanos desenvolveram um mecanismo de desintoxicação do cianeto. A intoxicação por cia neto ocorre quando grandes quantidades suplantam esse mecanismo, enquanto o tratamento das intoxicações baseia-se neste mecanismo.
Mecanismo de ação O cianeto bloqueia diretamente a última etapa da cadeia de transporte de elétrons mitocondriais (citocromo a3) e provoca a interrupção da produção de energia celular. Os tecidos são intoxicados em razão direta à sua taxa metabólica e os barorreceptores carotídeos e o encéfalo (te cidos metabolicamente mais ativos do corpo) são afetados mais rápida e gravemente. Isso é atribuído à afinidade alta do cianeto por determi nados metais, principalmente Co e FeT++. O citocromo a3 contém Fe+++, ao qual o CN" se liga. Os tecidos intoxicados com cianeto não con seguem extrair oxigênio do sangue; mesmo que as trocas de oxigênio pulmonares e a função cardíaca estejam preservadas, as células mor rem por hipoxia - um efeito histotóxico, em vez de cardiorrespiratório.
Manifestações clínicas
Diagnóstico diferencial Com as exposições coletivas a um agente químico, o diagnóstico diferencial principal da intoxicação por cianeto é o envenenamento com agentes de ação neural. Os pacientes intoxicados por cianeto não apresentam sinais colinérgicos marcantes, inclusive miose e aumento das secreções, que são observados com as intoxicações por agentes neurais. A coloração vermelho-cereja observada com a intoxicação por cianeto nunca ocorre com o envenenamento por agentes de ação neural. Um fato que dificulta o diagnóstico é que a cianose não é um sinal inicial marcante da intoxicação por cianeto.
TRATAMENTO
Cianeto
O tratamento da intoxicação por cianeto pode consistir simples mente em afastar o paciente da fonte de contaminação. Além da remoção das roupas para evitar o gás retido nas tramas dos teci dos, a descontaminação depois da exposição a um gás provavel mente não é uma medida importante. Estudos demonstraram que a administração de oxigênio por máscara, cateter nasal ou tubo endotraqueal é benéfica aos pa cientes, embora este efeito benéfico não seja explicado pelo meca nismo de ação conhecido do CN”.
TRATAMENTO COM ANTÍDOTO Os antídotos para o cianeto baseiam-se no mecanismo de desintoxicação natural do corpo, ou seja, a enzima hepática rodanese. Além disso, os antídotos exploram a afinidade do cianeto por alguns íons metálicos. O Quadro 222.3 resume os antídotos recomendados para a intoxicação por cianeto. O estojo típico para intoxicação por cianeto inclui duas solu ções para infusão IV: n itrito de sódio e tiossulfato de sódio, mas também pode incluir cápsulas de n itrito de amilo para inalação. Os nitritos formam metemoglobina. A administração de nitrito ao paciente converte parte da hemoglobina do corpo em metemo globina por conversão do ferro ligado ao heme de Fe++ em Fe+++. O CN” tem mais afinidade pelo Fe+++ da hemoglobina que pelo cito cromo a3. Por essa razão, a administração do nitrito produz um “es coadouro” para a cianometemoglobina; a formação da metemoglo bina remove o CN" ligado ao citocromo a3 mitocondrial e permite a normalização da respiração celular. Estudos recentes sugeriram que os nitritos também possam atuar por um mecanismo secundá rio, que envolve o neurotransmissor óxido nitroso; isto pode expli car porque os pacientes intoxicados com cianeto melhoram rapida mente depois da administração do nitrito, que seria esperado com base na taxa conhecida de formação da metemoglobina. A administração do n itrito pode salvar a vida do paciente em estado agudo, mas resulta na formação de um pool instável de cianometemoglobina, cuja eliminação requer um doador de enxofre (tiossulfato de sódio). O tiossulfato de sódio doa enxofre para a reação catalisada pela rodanese; isto converte o cianeto em tiocinanato, que é eliminado sem riscos pela urina. Às vítimas de
Bioterrorismo Químico
incêndio - cuja capacidade de transportar oxigênio já está com prometida e nos quais a administração de n itrito pode formar quantidades tão grandes de metemoglobina que o organismo não consegue transportar oxigênio algum - pode ser administrado apenas tiossulfato de sódio. Recentemente, a hidroxicobalamina (ou vitam ina B12a) foi aprovada como alternativa para o antídoto do cianeto. A hidro xicobalamina precisa ser reconstituída no local da exposição, ao contrário do nitrito de sódio ou do tiossulfato de sódio. A vitam i na B12a não tende a causar a mesma hipotensão dos nitritos, mas muitos casos nos quais produziu efeitos benéficos também preci saram usar tiossulfato de sódio. A hidroxicobalamina produz colo ração alaranjada na pele, mas isto não tem significado fisiológico. Todos esses antídotos precisam ser administrados por um acesso IV. Hoje, o nitrito de amilo é o único antídoto para cianeto que não requer infusão IV, embora nunca tenha sido aprovado ofi cialmente pelo FDA americano. O estojo de antídotos para intoxi cação por cianeto contém cápsulas de nitrito de amilo, que podem ser esmagadas e inaladas pelo paciente que ainda consegue respirar. O nitrito de amilo também pode ser administrado pelo respirador. Nenhum dos antídotos do cianeto foi aprovado especifica mente para uso pediátrico.
Cerca de 15 segundos depois da inalação do cianeto em concentra ções altas, o paciente tem hiperpneia transitória e, depois de 15 a 30 segundos, começam as convulsões e o estado epiléptico elétrico. A atividade respiratória é interrompida 2 a 3 minutos depois e a ativi dade cardíaca cessa alguns minutos depois. Principalmente quando há inalação, a exposição a uma concentração alta de CN pode levar à morte em apenas 8 minutos. As exposições mais brandas causam sinais e sintomas depois de um intervalo mais longo; as doses muito pequenas podem não causar efeitos, em vista da capacidade que o organismo tem de desintoxicar quantidades pequenas do tóxico. O cloreto de cianogênio também causa irritação das mucosas. Quase todos os pacientes adquirem uma coloração vermelho-cereja porque seu sangue continua oxigenado.
Prognóstico As vítimas da intoxicação por cianeto tendem a recuperar-se mais rapidamente, em comparação com os pacientes expostos aos outros compostos químicos. Muitos operários de indústrias voltaram ao tra balho no mesmo turno. Quando um paciente sofre exposição maciça e morre, o óbito geralmente ocorre nos primeiros minutos.
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CAPÍ T ULO
223
Terrorismo Nuclear ZeligA .Tochner Eli Glatstein Os ataques terroristas com utilização de dispositivos nucleares ou ra dioativos são uma ameaça inequívoca no século X X I e são capazes de produzir efeitos clínicos e psicológicos singulares. Neste capítulo, os autores enfatizam os cenários mais prováveis de ataques possíveis e os fundamentos clínicos para lidar com essas ameaças. Existem duas categorias principais de potenciais incidentes ter roristas com conseqüências radioativas generalizadas. O prim eiro consiste na utilização de dispositivos de dispersão radiológica. Isto poderia causar a disseminação intencional do material radioativo sem detonação nuclear por meio do uso de explosivos convencio nais com radionuclídios, ou pelo ataque às instalações nucleares fixas ou navios e submarinos equipados com energia nuclear. As ar mas nucleares com problemas de funcionamento que são detonadas sem emissão nuclear (bombas nucleares falhadas) e a dispersão dos radionuclídios nos alimentos ou na água também são mecanismos potenciais de um ataque terrorista. O segundo cenário e também o menos provável é a utilização efetiva das armas nucleares. Cada cenário tem seus aspectos médicos específicos, inclusive a explosão “convencional” ou lesão térmica, introdução de um campo radioa tivo e exposição à contaminação interna ou externa depois de uma explosão radioativa.
■ TIPOS DE RADIAÇÃO RADIOISOTÓPICA Os isótopos dos átomos com números ímpares de prótons e/ou nêu trons são muito instáveis; estes isótopos liberam partículas ou ener gia para a matéria, processo conhecido como radiação. Os principais tipos de radiação são alfa, beta, gama e nêutrons. A radiação alfa (a) consiste em partículas pesadas carregadas po sitivamente, contendo dois prótons e dois nêutrons. Em geral, as par tículas alfa são emitidas pelos isótopos com números atômicos > 82, inclusive urânio e plutônio. Em razão das suas dimensões grandes, as partículas alfa têm pouco poder de penetração. Obstáculos finos como as roupas e a pele humana geralmente podem im pedir sua pe netração no organismo e este tipo de radiação representa um peque no risco de exposição externa em razão de sua penetração limitada. Se forem interiorizadas de alguma maneira, as partículas a podem causar danos celulares significativos nas estruturas mais próximas. A radiação beta ((3) consiste em elétrons, que são partículas pe quenas e leves carregadas negativamente (cerca de 1/2.000 da massa de um nêutron ou um próton). Essas partículas podem percorrer somente uma distância curta e finita nos tecidos, dependendo da sua energia. A exposição às partículas beta é comum em alguns aci dentes com radiação. O iodo radioativo liberado nos acidentes em usinas nucleares é o membro mais conhecido desse grupo. Camadas de plástico e roupas podem deter a maior parte das partículas beta e sua penetração é de apenas alguns milímetros. Uma quantidade significativa de energia dispersa no estrato basal da pele pode causar lesões semelhantes a uma queimadura térmica, que são tratadas da mesma forma. Os raios gama (y) e os raios X (ambos fótons) são semelhantes. Os raios gama são radiação eletromagnética sem carga emitida por um núcleo na forma de uma onda ou de fótons de energia. Os raios X são produtos da desaceleração mecânica abrupta dos elétrons que se chocam com um alvo pesado como o tungstênio. Os raios gama e X têm propriedades semelhantes (isto é, não possuem carga e massa, apenas energia). Ambos atravessam facilmente a matéria (fato des crito algumas vezes como radiação penetrante) e são o principal tipo de radiação capaz de causar exposição completa do corpo. Quando as
energias dos raios gama e dos raios X são iguais, seus efeitos biológi cos também são semelhantes. Os nêutrons (t]) são partículas pesadas e sem carga, geralmente emitidas durante uma detonação nuclear. Eles possuem uma ampla gama de energia e sua capacidade de penetrar nos tecidos é variável, dependendo da energia. Os nêutrons são menos propensos a estarem presentes na maioria dos cenários de bioterrorismo por radiação. A ionização resultante dos prótons, dos elétrons e dos raios gama é um efeito direto ou indireto (isto é, mediado pela água) das par tículas ou dos fótons no DNA. A ionização do DN A resultante dos nêutrons é atribuída ao deslocamento dos elétrons para fora de suas órbitas atômicas e à formação de radicais livres, que também podem danificar diretamente o material genético. As unidades de radiação comumente utilizadas são o rad e 0 gray (Gy). O rad (dose de radiação absorvida) é a energia depositada na matéria viva e eqüivale a 100 ergs/g de tecido. A unidade tradicional de medida em rad foi substituída pela u n i dade gray do sistema Internacional (SI), onde 100 rad = 1 Gy.
■ TIPOS DE EXPOSIÇÃO A exposição de corpo inteiro consiste na deposição da energia da ra diação em todo o corpo. As partículas alfa e beta têm pouca capaci dade de penetração e não causam lesões extracutâneas significativas, a menos que a emissão resulte de uma fonte interiorizada. A exposi ção de corpo inteiro aos raios gama, aos raios X ou aos nêutrons que conseguem penetrar no corpo (dependendo de sua energia) pode causar danos a vários órgãos e tecidos. A lesão dos tecidos é propor cional à exposição deste tecido ou órgão específico à radiação. A contam inação externa resulta da precipitação de partículas radioativas depositadas na superfície do corpo, nas roupas, na pele e nos cabelos. Esse é o principal componente a ser considerado nas exposições em massa resultantes de um ataque de terrorismo por ra diação. Os contaminantes comuns emitem principalmente radiações alfa e beta. As partículas a não penetram além da pele e, deste modo, produzem efeitos sistêmicos mínimos. Os emissores de radiação (3 podem causar queimaduras cutâneas e retrações fibróticas significa tivas. Os emissores de radiação y podem causar não apenas danos locais, como também exposição de corpo inteiro à radiação e lesões generalizadas. O tratamento clínico consiste basicamente na descon taminação do corpo, inclusive das feridas e das queimaduras, para evitar que a contaminação seja interiorizada. A remoção das roupas contaminadas reduz expressivamente a contaminação e é o primeiro passo do processo de descontaminação. Em geral, os pacientes não constituem uma ameaça significativa de exposição dos profissionais de saúde à radiação e os procedimentos terapêuticos salvadores não devem ser postergados em razão do medo de haver contaminação secundária da equipe médica. Qualquer dano aos profissionais de saúde dependerá diretamente da duração da exposição e será inver samente proporcional ao quadrado da distância de qualquer fonte radioativa. Os aventais que possam ser facilmente removidos são es senciais à proteção dos profissionais de saúde. A contaminação interna ocorre quando 0 material radioativo é inalado, ingerido ou consegue penetrar no corpo por meio de feridas abertas ou queimaduras, ou por via de absorção cutânea. Em princí pio, todas as vítimas de contaminação externa devem ser avaliadas quanto à possibilidade de contaminação interna. Em razão de suas propriedades químicas, alguns isótopos podem produzir efeitos tó xicos em órgãos-alvo específicos, além das lesões radiológicas. O sis tema respiratório é a principal porta de entrada para a contaminação interna e os pulmões são os órgãos sob maior risco. As partículas sus pensas em aerossol (< 5 |xm) podem chegar aos alvéolos, enquanto as partículas maiores ficam retidas nas vias respiratórias proximais. Partículas minúsculas podem ser absorvidas pelo sistema linfático ou pela corrente sanguínea. A lavagem brônquica geralmente é uma medida terapêutica útil nesses casos. O material radioativo que entra no trato gastrintestinal (GI) é absorvido de acordo com sua estrutu ra química e sua solubilidade. Os radionuclídios insolúveis podem afetar o trato GI inferior. A pele intacta normalmente constitui uma
r
barreira eficaz para a m aioria dos radionuclídios. A penetração da pele geralm ente ocorre quando feridas ou queim aduras alteram essa barreira cutânea. Por esta razão, todas as erosões cutâneas devem ser lim pas e descontam inadas im ediatam ente. Os m ateriais radioativos absorvidos circulam p or todo o corpo. Fígado, rins, tecido adiposo, tireoide, ossos e m edula óssea tendem a ligar e a reter o m aterial radioativo m ais que outros tecidos. O trata m ento m édico consiste em evitar a absorção, reduzir a incorporação e acelerar a elim inação (ver adiante). A expressão exposição localizada refere-se ao contato direto entre um a fonte altamente radioativa e um a parte do corpo, causando lesão bem delimitada da pele e dos tecidos mais profundos semelhante a um a queim adura térmica. Os sinais mais tardios incluem queda dos pêlos, eritema, descamação úm ida, ulceração, formação de bolhas e necrose, dependendo da gravidade da exposição. A alopecia transitória ou per m anente é dependente da dose e começa com doses cutâneas > 3 Gy. A lesão tecidual bem demarcada pode dem orar sem anas e até meses para se desenvolver e o processo de cicatrização tam bém pode ser m uito len to e estender-se por vários meses. As alterações cutâneas de longo p ra zo, inclusive ceratose, fibrose e telangiectasias, podem aparecer vários anos depois da exposição. O tratam ento consiste em analgesia e pro filaxia para infecção. No entanto, as queim aduras graves com um ente exigem enxertos de pele ou m esmo amputações. Os efeitos da radiação de longo prazo caracterizam-se por perdas e m orte celulares.
■ EVENTOS COM DISPERSÃO RADIOLÓGICA Em geral, os eventos com dispersão radiológica são de dois tipos e resultantes de: (1) fontes pequenas e geralm ente localizadas; ou (2) dispersões amplas em grandes áreas. Os m ateriais radioativos podem assum ir a form a de sólidos, aerossol, gás ou líquido. Esses m ateriais podem ser colocados na água ou nos alim entos, liberados p o r m eio de outros veículos ou dissem inados p o r explosão. Em geral, a p rin cipal via de exposição é o contato direto entre a pele da vítim a e as partículas radioativas, em bora possa o co rrer contam inação interna se o m aterial for inalado ou ingerido. O cam po de radiação tam bém é um a fonte potencial de exposição do corpo inteiro. Os efeitos psicossociais associados a esses eventos são significativos e sua descrição estaria fora dos objetivos deste capítulo. O Q u a d ro 223.1 relaciona os m ateriais radioativos, incluindo inform ações sobre suas pro p ried a des principais e o tratam ento m édico das vítimas. Em um evento localizado, a quan tid ad e e a dissem inação dos m ateriais radioativos geralm ente são lim itadas e o acidente pode ser tratado com o um derram am ento de m aterial perigoso. As roupas de proteção im pedem ou reduzem a contam inação dos profissionais de em ergência. O uso de explosivos com binados com grandes quantidades de m ateriais radioativos pode provocar u m a dispersão am pla da rad ia ção, o que é m uito m ais preocupante. O utras fontes de radiação em potencial são os reatores nucleares, o com bustível nuclear consum ido e os veículos de transporte. M enos provável, em bora ainda possível, é a utilização de um a fonte expressiva de radiação pen etran te sem explosão. Nessa situação, espera-se que a m aioria das exposições seja branda e que os principais efeitos psicossociais e para a saúde sejam sem elhantes aos do cenário descrito anteriorm ente, em bora em um a escala m ais ampla. Sem pre que há um a explosão, as m edidas convencionais de sus tentação da vida devem receber p rioridade m áxim a. A penas depois da adoção dessas m edidas deve com eçar a descontam inação e o tr a tam ento específico para a exposição à radiação. A expressão exposição silenciosa representa um cenário no qual um a fonte de radiação potente (tam bém conhecida com o dispositivo de exposição radiológica) poderia estar oculta em um local repleto de pessoas e espalhar materiais radioativos sem qualquer indício percep tível ou aviso. A detecção do evento e da fonte de exposição poderia dem orar m uito tempo. Um dos indícios principais dessa situação é a ocorrência de m anifestações clínicas incom uns em m uitas pessoas; as m anifestações clínicas geralm ente são inespecíficas e incluem sinais e sintom as da doença aguda por radiação (ver adiante), com o dor de ca beça, fadiga, m al-estar e infecções oportunistas. D istúrbios Gl como
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diarréia, náuseas, vôm itos e anorexia tam bém podem ocorrer. Sinais e sintom as derm atológicos (queim aduras, úlceras, queda dos cabelos) e manifestações hematológicas (tendência hem orrágica, trom bocitope nia, púrpura, linfopenia e neutropenia) tam bém são possíveis e estão relacionados com a dose. Estudos epidem iológicos cuidadosos podem ser necessários para identificar a fonte dessa exposição.
■ ARMAS NUCLEARES O cenário m ais provável do terrorism o nuclear seria a detonação de um único dispositivo de baixa potência. A potência estim ada desse dispositivo varia entre 0,01 e 10 quilotons de TNT, em bora as fontes de baixa potência sejam m ais prováveis. Sem dúvida, é possível li dar com esse tipo de ocorrência. Os efeitos dessas explosões são um a com binação de vários com ponentes: choque no solo, deslocam ento de ar, radiação térm ica, radiação nuclear inicial, form ação de crateras e precipitação radioativa. A detonação nuclear, assim com o u m a explosão convencional, gera um a onda de choque capaz de danificar ainda mais as estruturas e causar m uitas vítim as. Além disso, a detonação pode produzir um a bola de fogo extrem am ente quente, capaz de incendiar m ateriais e causar queim aduras graves. A detonação tam bém libera um pulso in tenso de radiação ionizante, principalm ente raios gam a e nêutrons. A radiação produzida no prim eiro m inuto é conhecida com o radiação inicial, enquanto a radiação contínua, devido à precipitação, é descri ta com o radiação residual. Os dois tipos de radiação podem causar doença aguda p or radiação. A DL50/30 (isto é, dose capaz de causar taxa de m ortalidade de 50% em 30 dias) é de cerca de 4 Gy para a ir radiação de corpo inteiro sem suporte m édico; com suporte médico, a DL50/30varia de 8 a 10 Gy. Os ventos p odem dispersar a precipitação e contam inar áreas extensas. Entre seus principais efeitos, um a explosão m aciça form a um a cratera no solo e geralm ente produz u m choque na terra que agrava as lesões e o núm ero de vítim as. A inalação de grandes quantidades de poeira radioativa causa pneum onite, que pode progredir para fibrose pulm onar. A utilização de m áscaras para cobrir a boca e o nariz pode ser m uito eficaz. O clarão intenso de luz infraverm elha e luz visível pode causar cegueira transitória ou perm anente. Alguns sobreviven tes podem desenvolver cataratas m eses ou anos depois do acidente.
o CD
03
■ SÍND0ME AGUDA CAUSADA PELA RADIAÇÃO (SAR) As interações da radiação com os átom os p odem causar ionização e form ação de radicais livres, que danificam os tecidos porque rom pe as ligações quím icas e as estruturas m oleculares das células, inclusive o DNA. Os danos provocados pela radiação podem levar a célula à m orte e as células que se recuperam p odem sofrer m utações com alto risco de câncer subsequente. A sensibilidade das células aum enta à m edida que a taxa de replicação é acelerada e a diferenciação celular dim inui. A m edula óssea e as superfícies m ucosas do trato Gl, que apresentam atividade m itótica acelerada, são significativam ente mais sensíveis à radiação que os tecidos que se reproduzem lentam ente, inclusive os ossos e m úsculos. D epois da exposição de todo o corpo ou de sua m aior parte à radiação ionizante, o paciente pode desenvol ver a síndrom e aguda da radiação (SAR). As m anifestações clínicas dessa doença dependem da dose e do tipo de radiação, assim com o da parte do corpo exposta. A SAR evidencia-se p o r três grupos principais de sinais e sin tomas: hem atopoiéticos, gastrintestinais e neurovasculares. Os qu a tro estágios principais dessa doença são: pródrom o, fase de latência, doença e recuperação ou m orte. Q uanto m aiores as doses de radia ção, m ais curtos e m ais graves são esses estágios. O pródrom o com e ça em poucos m inutos até 4 dias depois da exposição, dura algumas horas ou dias e pode incluir náuseas, vôm itos, anorexia e diarréia. No final do pródrom o, a SAR progride para a fase de latência. D u rante essa fase, que geralm ente dura até 2 sem anas e meia, m as pode estender-se p o r até 6 sem anas, os sinais e sintom as são m ínim os. A duração dessa fase depende da dose de radiação, da saúde do pacien te e das doenças ou lesões coexistentes. D epois da fase de latência, o indivíduo exposto desenvolve a doença propriam ente dita, que pode resultar em recuperação ou levar à m orte.
1789
T QUADRO 223.1
Radionuclídios que causam contaminação interna: propriedades e tratamento Tipo de radiação, t 1/2radiológica e t ,/2 biológica em dias
Terrorismo e Medicina Clínica
Tipo de exposição
Via de contaminação
Acumulação focal no organismo
Tratamento
3 ,7 2,6 h 5,7
Externa, interna
N/D
Fígado
N/D
Equipamentos de radioterapia médica, irradiadores de alimentos comercializados
p, 7 5,26 anos, 9,5
Externa, interna
Pulmões
Fígado
Lavagem gástrica, purgantes; penicilamina para os casos graves
Sr-90
Produto da fissão do urânio
0 28 anos, 18.000
Interna
Trato GI (moderada)
Ossos semelhante ao cálcio
Estrôncio, cálcio, cloreto de amônio
Molibdênio
Mo-99
Hospitais - cintilografia
(3,7 66,7 horas 3
Externa, Interna
N/D
Rins
N/D
Tecnécio
Tc-99 m
Hospitais - cintilografia
(3,7 6,049 horas 1
Externa, interna
Administração IV
Rins, corpo inteiro
Perclorato de potássio para reduzir a exposição da tireoide
Césio
Cs-137
Equipamentos de radioterapia médica
(3,7 30 anos 70
Externa, interna
Pulmões, trato GI, feridas; acompanha 0 potássio
Excreção renal
Enzimas permutadoras de íons, azul da Prússia
Gadolínio
Gd-153
Hospitais
(3,7 242 dias 1.000
Externa, interna
N/D
N/D
N/D
Irídio
Ir-192
Radiografia comercial
(3,7 74 dias 50
Externa, interna
N/D
Baço
N/D
Rádio
Ra-226
Iluminação de instrumentos, aplicações industriais, equipamentos médicos antigos, equipamentos militares da antiga União Soviética
a,
(3, 7 1.602 anos, 16.400
Externa, interna
Trato GI
Osso
Lavagem com MgS04, cloreto de amônio, alginatos de cálcio
Trítio
H-3
Miras luminescentes de armas, detectores da velocidade de projéteis a laser, armas nucleares
(3 12,5 anos 12
Interna
Inalação, trato GI, feridas
Corpo inteiro
Diluição com ingestão controlada de água, diuréticos
lodo
1-131
Acidentes com reatores, equipamentos de ablação da tireoide
Interna
Inalação, trato GI, feridas
Tireoide
lodeto de potássio/sódio, propiltiouracila, metimazol
Interna
Trato GI
Rins, ossos
NaHC03, quelação com EDTA
Interna
Absorção pulmonar limitada, retenção acentuada
Pulmões, ossos, medula óssea, fígado, gônadas
Quelação com DTPA ou EDTA
Interna
Inalação, feridas da pele
Pulmões, fígado, ossos, medula óssea
Nome do isótopo
Símbolo
Usos comuns
Manganês
Mn-56
Reatores, laboratórios de pesquisa
Cobalto
Co-60
Estrôncio
Urânio
Plutônio
Amerício
Polônio
U-235
Pu-239
Am-241
Po-210
8,1 dias 138
Urânio depletado, urânio natural, bastões de combustível, material para a fabricação de armas
a ( a , (3 , 7)
Produzido a partir do urânio em reatores, armas nucleares
a
7,1 15
x
108 anos
2,2 x 104 anos 73.000
Detectores de fumaça, precipitação radioativa da detonação de armas nucleares
a
Equipamento de calibração
a
458 anos 73.000
*
Th-232
Equipamento de calibração
a 1,41 73.000
Fósforo
P-32
Laboratórios de pesquisa, instalações médicas
3
x
14,3 dias 1.155
1010 anos
Inalação, feridas
Baço, rins
Lavagem, dimercaprol
Interna
N/D
N/D
N/D
Interna
Inalação, trato GI, feridas
Ossos, medula óssea, células em replicação rápida
Lavagem, hidróxido de alumínio, fosfato
Abreviações: DTPA, ácido dietilenetriamina pentaacético; EDTA, ácido etilenediamina tetraacético; GI, gastrintestinal; h, horas; N/D, não disponível.
1790
.
Interna
138,4 dias 60 Tório
Quelação com DTPA ou EDTA
TRATAMENTO
Síndrome aguda causada pela radiação
O tratam e n to da SAR enfatiza a m an u te n çã o da h om eostasia para d ar aos órgãos lesados um a chance de recuperação. M edidas rigorosas de sustentação são dirigidas a todos os sistem as d a n i ficados. O tratam en to do sistem a h e m atopoiético inclui p rin cipalm ente m edidas para reverter a n eu tro p e n ia e as infecções, transfusões e hem oco m p o n en tes (p. ex., sangue irrad iad o leucorreduzido) na m edida da necessidade e fatores de crescim ento hem atopoiéticos. O valor do transplante de m edula óssea nesses casos é questionável. N enhum dos transplantes realizados nas ví tim as do acidente com o reator nuclear de C hernobyl foi bem -su cedido. O transplante de m edula óssea p o d eria ser considerado para as vítim as de exposição de corpo inteiro a 6-10 Gy quando a síndrom e hem atopoiética p redom ina e é provável que a m ed u la óssea consiga recuperar-se com o tem po. O u tro com ponente im portante do tratam ento da SAR é a nutrição parenteral parcial ou total com vista a preservar o sistem a G l lesado. Para as lesões térm icas causadas pela explosão, deve-se a d m in istrar tratam ento convencional para pacientes traum atizados. O apoio psicológico é essencial em m uitos casos.
■ ABORDAGEM MÉDICA A0 BIOTERRORISMO COM RADIAÇÃO As vítim as do bioterrorism o com radiação po d em sofrer lesões co m uns p or queim aduras ou explosões, exposição à radiação e c onta m inação p or m ateriais radioativos. A lgum as apresentam com bina ções desses tipos de lesão, que podem ter efeitos sinérgicos e causar
taxas de m orbidade e m ortalidade m aiores que se ocorressem iso ladam ente. O núm ero de vítim as é um fator im portante para deter m inar a resposta do sistem a m édico a um ato de bioterrorism o com radiação. Se apenas algum as pessoas forem atingidas, então não serão necessárias alterações e adaptações significativas do sistem a m édi co para tratar as vítim as. C ontudo, se o ataque terrorista causar um grande n úm ero de vítim as (dúzias ou m ais), então será necessário adotar um plano organizado de ação em desastres nos níveis local e estadual para enfrentar adequadam ente suas conseqüências. O site http://w w w .rem m .nlm .gov/rem m _P replanning.htm contém d o c u m entos úteis, inclusive m uitos conceitos de planejam ento aplicáveis a todos os casos. A equipe m édica deve ser designada previam ente e treinada para atuar em condições com as quais esteja fam iliariza da. Os estoques de equipam entos e fárm acos específicos devem estar pré-acondicionados (ver site dos C enters for Disease C ontrol and Prevention - http://www.bt.cdc.gov). Um dos objetivos dos terroris tas é sobrecarregar os recursos m édicos e m inim izar o núm ero de vítim as salvas. A abordagem terapêutica inicial consiste na triagem prim ária e no transporte dos feridos aos serviços m édicos de em ergência para tratam ento. O propósito da triagem é classificar os pacientes em gru pos baseados na gravidade das lesões com vistas a acelerar o trata m ento de em ergência e otim izar a utilização dos serviços e dos recur sos m édicos disponíveis. A triagem requer a determ inação do nível de cuidados de em ergência necessários. Q uanto m aior o núm ero e a diversidade das vítim as, m ais complexa e difícil torna-se a triagem . Os feridos com lesões brandas e as vítim as que sofreram apenas con tam inação podem ser encam inhados para rem oção, registro junto às equipes de atendim ento a desastres e enviados aos centros de des contam inação e tratam ento. A F igura 223.1 ilustra a evacuação das vítim as num erosas de um evento radioativo. Deste m odo, os próprios hospitais podem evitar a sobrecarga dos seus recursos e as vítim as com feridas mais graves podem receber tratam ento m ais apropriado. Inicialm ente, o tratam en to de em ergência é adm inistrado de acor do com a existência de lesões convencionais com o feridas, traum a e queim aduras térm icas ou quím icas. Os pacientes com essas lesões devem ser estabilizados, se isto for possível, e transportados im edia tam ente para um serviço médico. A rem oção das roupas das vítim as e seu envolvim ento em cobertores lim pos ou lençóis de náilon reduz a exposição do paciente e o risco de contam inação da equipe médica. Contudo, é im portante determ inar a possibilidade de contam inação. As vítim as com lesões m enos graves devem passar p or um a descon tam inação prelim inar antes ou durante a rem oção para o hospital. É im portante lem brar que a contam inação da pele p or radionuclídios geralm ente não é um a condição aguda potencialm ente fatal ao paciente ou à equipe encarregada do seu tratam ento. A penas os emissores potentes de raios gam a tendem a causar lesões efetivas atri buídas à contam inação. É im p o rtan te enfatizar que a exposição ao cam po de radiação isoladam ente não cria necessariam ente algum a contam inação. Se não estiver contam inada, a vítim a exposta não é radioativa e não emite diretam ente qualquer radiação. C om o objetivo de proteger a equipe, devem ser utilizadas roupas de proteção (aventais, luvas, m áscaras e gorros). As m áscaras proteto ras com filtros e as capas de proteção quím ica conferem proteção ex celente contra a contam inação. As coberturas à prova d agua para cal çados tam bém são im portantes. A perm anência na área contam inada e a realização de procedim entos salvadores devem ocorrer de acordo com o princípio “ALARA”: ou seja, pelo m enor tem po razoavelmente possível (do inglês, as low as reasonably achievable). É m elhor enviar m uitas pessoas por períodos curtos de exposição que utilizar poucos profissionais p o r períodos m ais longos na m esm a atividade. A descontaminação das vítim as deve ser realizada em cam po, antes da sua chegada aos serviços m édicos, m as a descontam inação radioativa nunca deve in terferir com os procedim entos médicos. A rem oção das roupas externas e dos calçados geralm ente reduz a con tam inação do paciente em 80-90%. As roupas contam inadas devem ser rem ovidas cuidadosam ente e em brulhadas em si próprias, colo cadas em sacos plásticos etiquetados e transferidas para um a área
Terrorismo Nuclear
C om a exposição a doses < 1 Gy, a SAR geralm ente é branda. Com essas doses, os sinais e sintom as podem ser m ínim os ou inexis tentes, m esm o depois da exposição do corpo inteiro à radiação p e netrante. O quadro clínico caracteriza-se basicam ente por depressão transitória da m edula óssea (linfopenia), que persiste p or até 2 a 3 sem anas e depois m elhora. A SAR é significativam ente m ais aguda e grave depois das ex posições às doses m uito altas: > 30 Gy. C om essa dose, o pródrom o com eça em alguns m inutos e é seguido de um a fase de latência de 4 a 6 horas, antes que ocorra colapso cardiovascular secundário à lesão irreversível da m icrocirculação. O tipo e a dose de radiação e a parte do corpo exposta deter m inam não apenas a duração dos diferentes estágios da SAR, com o tam bém o quadro clínico predom inante. Com doses baixas de radia ção (0,7-4 Gy), a depressão hem atopoiética causada pela supressão da m edula óssea ocorre e predom ina no quadro clínico. O paciente pode desenvolver infecções e hem orragias secundárias às contagens baixas de leucócitos e plaquetas, respectivam ente. Por fim, a m edula óssea recupera-se em quase todos os pacientes, desde que eles sejam m an tidos com transfusões e líquidos; os antibióticos geralm ente tam bém são necessários. C om exposições de 6 a 8 Gy, o quadro clínico é sig nificativam ente mais com plicado. C om essas doses, a m edula óssea nem sem pre se recupera e o paciente pode m orrer. A síndrom e Gl tam bém pode acom panhar as m anifestações hem atopoiéticas e agra var ainda m ais o estado do paciente. A destruição da cam ada absortiva do intestino altera a absorção de líquidos, eletrólitos e nutrientes. A lesão do trato Gl pode causar vôm itos, diarréia, sangram ento Gl, sepse e distúrbios hidreletrolíticos nos pacientes com contagens h e m atológicas deprim idas há várias sem anas e isto frequentem ente leva à m orte. As exposições de corpo inteiro às doses > 9 a 10 Gy quase sem pre são fatais. Os elem entos cruciais da m edula óssea sim ples m ente não se recuperam . Além da síndrom e G l associada às exposi ções m uito grandes, os pacientes podem desenvolver um a síndrom e neurovascular, que predom ina com as doses corporais totais > 20 Gy. Colapso vascular, convulsões, confusão e m orte geralm ente ocorrem em alguns dias. Nessa variante, o p ródrom o e a fase de latência são reduzidos para algum as horas.
1791
EVACUAÇÃO DAS VÍTIMAS NUMEROSAS DO ACIDENTE RADIOATIVO E vacuação da população não contam inada
C o ntam inadas com lesões
A pe n a s contam inadas
* ©
«OP
▼ M oderada e grave
B randa
\ Triagem 4T9 . no local
C/W j U I |
U U | V ^ I [ J U | / \|
Area de descontam inação
Á rea de observação
Area de observação
Triagem no local
Area de atendim ento prim ário
A re a de observação
-------------------------- ,-------------------------
H ospital H
Liberação
Figura 223.1
Algoritmo para evacuação das vítimas numerosas de um acidente radioativo.
predefinida para roupas e equipam entos contam inados. Em seguida, deve-se utilizar um detector de radiação para verificar a existência de qualquer contam inação radioativa residual no corpo do paciente. C om o objetivo de evitar a interiorização dos m ateriais radioativos, as feridas abertas devem ser cobertas antes da descontam inação. É m uito im portante colocar o paciente debaixo de um chuveiro ou la var cuidadosam ente sua pele e seus cabelos. A pele deve ser seca e reexam inada para detectar contam inação residual até que não seja possível constatar qualquer radiação. Os agentes quím icos p ara a rem oção de contam inação são m ais que suficientes para rem over a contam inação radioativa. A descontam inação das feridas deve ser a m ais conservadora possível. O objetivo principal é evitar danos locais extensivos e co n tam inação interna p or m eio da pele lacerada. As bandagens devem ser rem ovidas e as feridas irrigadas. Em seguida, as lesões são secas e avaliadas quanto à presença de radiação. Esse procedim ento pode ser repetido várias vezes, até que a contam inação seja indetectável. A excisão das feridas contam inadas deve ser tentada apenas quando é cirurgicam ente necessária. Os estilhaços radioativos capazes de p e n etrar na pele devem ser removidos. No hospital, a equipe pode utilizar roupas hospitalares de p ro te ção com uns, incluindo dois pares de luvas, avental, coberturas p ara calçados, gorro e m áscara facial. A proteção ocular é recom endável. A descontam inação da equipe m édica é obrigatória depois do tra ta m ento de em ergência e da descontam inação do paciente. D epois da sua utilização, todas as roupas protetoras devem ser colocadas em um recipiente predefinido para roupas contam inadas. A intensidade da radiação dim inui com o quadrado da distância da fonte e os princípios básicos de segurança radioativa são am pliar a distância da fonte e reduzir o tem po em que se perm anece nas suas proxim idades. C oberturas de chum bo podem ser utilizadas com o proteção para pequenas fontes de radiação gama. C ontadores G eiger podem detectar radiações gama e beta. Os dosím etros de câm era de bolso (canetas), os distintivos com película e os dosím etros de term olum inescência podem m edir a exposição cum ulativa à radiação gama. Todos esses detectores são com um ente utilizados nos serviços m édicos e devem ser usados para ajudar a definir o nível de c o n ta m inação. A radiação alfa é m ais difícil de detectar porque tem pouca capacidade de penetração. O detector de cintilação capaz de detectar radiação alfa não é usado com frequência nos serviços médicos.
■ DIRETRIZES DO TRATAMENTO HOSPITALAR A Figura 223.2 ilustra um m odelo de organização hospitalar p ara a triagem . As pessoas contam inadas externa ou in ternam ente devem ser identificadas, descontam inadas externam ente e, se necessário, 1792
A
\
E vacuação e centro de registro
tratadas im ediata e especificam ente para contam inação interna. Em todos os outros casos, a necessidade de tratam ento das lesões provo cadas pela radiação não constitui em ergência m édica. As prim eiras m edidas, com o a obtenção de am ostras de sangue para avaliar a gra vidade da exposição, determ in ar o tipo sanguíneo e realizar prova cruzada em antecipação a um a possível transfusão, devem ser ad o tadas im ediatam ente caso a SAR seja evidente ou haja suspeita de exposição. Na entrada do hospital, deve-se criar im ediatam ente um a área de descontam inação bem dem arcada. A separação entre as áreas lim pa e contam inada é fundam ental. A equipe m édica dessa área deve utilizar roupas de proteção, conform e descrito anteriorm ente. Além disso, os profissionais devem ser alternados em suas atribuições a cada 1 a 2 horas para assegurar exposição m ín im a à radiação. Se os pacientes apresentarem lesões graves e necessitarem de cirurgia ou reanim ação, eles devem ser transferidos diretam ente para centros ci rúrgicos ou instalações de reanim ação “contam inados”, onde possam ser realizados os procedim entos salvadores. Q uando esses pacientes estiverem estabilizados, eles devem ser descontam inados. E im p o r tante obter detalhes sobre a exposição, investigar sinais prodrôm icos da doença aguda p or radiação e realizar um exam e físico. U m a das m elhores form as de estim ar clinicam ente a gravidade da exposição é calcular o tem po decorrido até o início dos pródrom os. Q uanto mais rapidam ente surgirem sinais e sintom as prodrôm icos, m aior a expo sição à radiação. A lguns exam es laboratoriais devem ser realizados rotineiram ente, inclusive hem ogram a com pleto e exam e sim ples de urina. Se houver suspeita de contam inação interna, o paciente deve receber tratam ento específico, conform e descrito adiante.
TRATAMENTO
Contaminação por radionuclídios
O tratam ento da contam inação interna p o r radionuclídios (des contam inação corporal) deve ser iniciado, o m ais rápido possível, depois da exposição suspeita ou com provada. O lim ite superior aproxim ado de contam inação radionuclídica que po d e ser ra zoavelm ente ignorado sob o ponto de vista de segurança não está bem definido. Essa avaliação depende das circunstâncias do even to e dos recursos disponíveis. Um m étodo usado para determ inar o nível de contam inação in tern a com necessidade de desconta m inação corporal poderia ser o lim ite superior de contam inação radionuclídica anual perm issível aos profissionais que trabalham com radiação [níveis perm issíveis de exposição (NPEs)]. Os p ro fissionais que trabalham com radiação p odem receber 50 vezes
Posto de re a n im a çã o e esta b iliza çã o
rS A
[§3 A H E nferm arias de observação
Terrorismo Nuclear
Á rea de detecção e descon ta m in a çã o
CC d e scon ta m in a d o
Q u a rto s de recuperação descon ta m in a d o s
A
D etecção de radioatividade Equipe m édica D escon ta m in a çã o
Area descontam inada
Figura 223.2
E nferm arias de in ternação
R adioativo
Fluxograma de triagem hospitalar. CC, centro cirúrgico.
mais radiação p o r ano que os m em bros da população em geral. Um novo conceito conhecido com o Clinicai D ecision G uide faz parte do Relatório 161 do National Council on Radiation Protection e Measurements (NCRP) e provavelm ente deverá substituir a utilização do NPE. O objetivo é deixar a m enor quantidade possível de radionuclídios no organism o. O tratam en to tem com o m etas reduzir a absorção e acelerar a elim inação e a excreção. A lguns dos agen tes utilizados na descontam inação corporal não foram aprovados pelo FDA (Food and D rug A dm inistration) am ericano para estas indicações e existem pouquíssim os dados clínicos que com pro vem sua eficácia. A depuração do trato G l pode ser conseguida p o r lavagem gástrica; em éticos (com o a apom orfina, 5-10 mg; ou ipeca em cápsulas de 1 ou 2 g, ou 15 mL do xarope); ou usando purgativos, laxantes, p erm utadores de íons e antiácidos. O azul da Prússia na dose de 1 g 3x/dia, no m ínim o p or 3 sem anas, é um perm utad o r iônico utilizado para tratar a contam inação in te rn a com césio-137. Os antiácidos que contêm alum ínio (inclusive gel de fosfato de alum ínio) podem reduzir a captação do estrôncio no intestino, desde que sejam adm inistrados logo depois da exposi ção. O hidróxido de alum ínio é m enos eficaz. A profilaxia ou a reversão da interação dos radionuclídios com os tecidos pode ser conseguida por agentes bloqueadores, diluentes, m obilizadores e quelantes. Os agentes bloqueadores im pe dem a entrada de m ateriais radioativos. U m bom exem plo é o iodeto de potássio (Kl), que bloqueia a captação do iodo radioativo (I131) pela tireoide. O Kl é mais eficaz quando é adm inistrado na prim eira hora depois da exposição, m as ainda é ativo até 6 horas depois da exposição. Em seguida, a eficácia declina até com pletar 24 horas desde a exposição; contudo, recom enda-se que o Kl seja adm inistrado até 48 horas depois da exposição. A dose do Kl é baseada na idade do paciente, na exposição prevista da tireoide
e no estado de gravidez e lactação. Adultos entre 18-40 anos d e vem receber 130 m g/dia durante 7-14 dias caso a exposição tenha sido > 1 0 cGy de iodo radioativo. O u tro s agentes bloqueadores da tireoide são a propiltiouracila (100 m g 3x/dia, durante 8 dias) e o m etim azol (10 m g 3x/dia, durante 2 dias, depois 5 m g 3x/dia durante 6 dias), m as não são tão eficazes. Os agentes diluentes d im inuem a absorção do radionuclídio; p or exemplo, a água pode ser utilizada com o agente diluente no tratam ento da contam inação pelo trítio (3H). O volum e recom en dado é de 3 a 4 L/dia, p o r 3 sem anas no m ínim o. Os agentes mobilizadores são m ais eficazes q u ando adm inis trad o s im ediatam ente; con tu d o , sua eficácia po d e estender-se p o r até 2 sem anas depois da exposição. Esses agentes incluem fárm acos an titireóideos, extrato de paratireo id e, glicocorticoi des, cloreto de am ônio, diuréticos, expectoçantes e inalantes. Todos eles devem au m e n tar a liberação dos radionuclídios acu m ulados nos tecidos. Os agentes quelantes p o d e m ligar-se aos m ateriais ra d io a tivos e, em seguida, os com plexos form ados são excretados do co rp o hu m an o . N esse sentido, o ácido d ietile n o tria m in o p e n tacético (DTPA ) em fo rm a de C a-D T PA ou Z n-D T PA é m ais eficaz que o ácido e tilen o d iam in o te trac ético (EDTA); este p ri m eiro agente quelante foi aprovado pelo FDA (F ood and D rug A dm inistration) am ericano para tra ta r a contam inação interna p or plutônio, am erício e cúrio, m as tam bém tem ação quelante contra berquélio, califórnio ou q u alq u er m aterial com núm ero atôm ico > 92. O C a-D T PA é m ais eficaz que o Z n-D T PA nas prim eiras 24 horas depois da contam inação interna, m as depois deste p e río d o am bos são igualm ente eficazes. Se as duas p re parações estiverem disponíveis, a p rim e ira dose ad m in istrad a deve ser de Ca-D TPA . Se for necessário tratam e n to adicional, esse com posto deve ser sub stitu íd o pelo Zn-DTPA. A dose é de 1 g de Ca-D TPA ou Z n-D T P A dissolvido em 250 mL de soro
1793
■
fisiológico ou glicose a 5%, que é adm in istrad a diariam ente p or via IV em um a hora. A duração do tratam en to quelante depende do grau de contam inação in te rn a e da resposta do paciente. O DTPA tam bém pode ser adm in istrad o p o r nebulização e, neste caso, a dose é de 1 g diluído a 1:1 em água ou soro fisiológico e adm in istrad a em 15 a 20 m in. A nebulização com Z n-D T PA é recom endada se a contam inação in te rn a ocorreu apenas p o r inalação. A via IV é a preferida e deve ser utilizada se o m eca nism o da contam inação in tern a for desconhecido, ou se prova
Terrorismo e Medicina Clínica
QUADRO 223.2
Fármacos comumente utilizados3 no tratamento da contaminação interna Administrado para os radionuclídios
Via de administração
Kl
1311
Zn-DTPA
Plutônio, trans-plutônio, ítrio, amerício, cúrio
Fármaco
Ca-DTPA
Bicarbonato
velm ente diversas vias de contam inação estiverem envolvidas. O tratam e n to da contam inação p o r u râ n io com DTPA está contraindicado em razão da lesão sinérgica dos rins. A lavagem pu lm o n ar pode reduzir a p n eu m o n ite induzida p or radiação e está indicada apenas quando grandes quantidades do radionuclídio entram nos pulm ões e podem causar lesão grave p o r radiação. Esse procedim ento deve ser realizado sob anestesia. O Q u ad ro 223.2 resum e os protocolos terapêuticos com uns para descontam inação interna dos radionuclídios.
Plutônio, trans-plutônio, ítrio, amerício, cúrio
Urânio
Doses
Duração
Mecanismo de ação
VO
130 mg/dia para adultos > 40 anos com exposição da tireoide > 500 cGy; 130 mg/dia para adultos de 18-40 anos,com exposição da tireoide > 10 cGy; 130 mg/dia para gestantes ou nutrizes com exposição da tireoide > 5 cGy; 65 mg/dia para crianças e adolescentes de 3-18 anos com exposição da tireoide > 5 cGy; 32,5 mg/dia para lactentes de 1 mês a 3 anos com exposição da tireoide > 5 cGy; 16 mg/dia para recém-nascidos e bebês até 1 mês com exposição da tireoide > 5 cGy
7 a 14 dias
Agente bloqueador
IV
1 g em 250 mL de SF ou glicose a 5%, administrados em 1 a 2 h, ou injeção em bolus em 3 a 4 minutos
Até 5 dias
Agente quelante
Inalação
1 g em diluição a 1:1 com água ou SF em 15 a 20 min
IM
1 g; não é recomendável em razão da dor
IV
1 g em 250 mL de SF ou glicose a 5%, administrado em 1 a 2 h, ou injeção em bolus em 3 a 4 minutos
Até 5 dias
Agente quelante
Inalação
1 g em diluição a 1:1 com água ou SF, em 15 a 20 minutos
IM
1 g; não é recomendável em razão da dor
IV
2 ampolas de bicarbonato de sódio (44,3 mEq cada, 7,5%) em 1.000 mL de SF, 125 mL/L, ou 1 ampola de bicarbonaío de sódio (44,3 mEq cada, 7,5%) em 500 mL de SF, 500 mlVh
Em geral, IV nas primeiras 24 h; V0 por mais 2 dias; a continuidade do tratamento por > 3 dias é rara e pode ser realizada de acordo com a titulação da quantidade de urânio no corpo
Excreção aumentada por via renal
VO
2 comprimidos a cada 4 h, até que o pH urinário = 7 a 8; ou 4 g (8 comprimidos) 3 vezes/dia
VO
1 g 3 vezes/dia com 100 a 200 mL de água, até 10 g/dia
= 3 semanas, titulado por bioensaios com urina e fezes e contagem de corpo inteiro
Permutador de íon
Azul da Prússia
Césio-137
Água
Trítio (H-3)
VO
> 3 a 4 L/dia
3 semanas
Excreção da água
Gel de fosfato de alumínio
Estrôncio
VO
100 mL logo depois da exposição
Uma vez
Reduz a absorção intestinal
VO
60 a 100 mL
Uma vez
Reduz a absorção intestinal
Hidróxido de alumínio
aCom exceção da Kl, estas substâncias não foram aprovadas com este propósito pelo U.S. Food and Drug Administration até a publicação desta obra. Abreviação: SF, soro fisiológico.
1794
r ■ AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PACIENTE EXPOSTO À RADIAÇÃO
As contagens absolutas de linfócitos devem ser realizadas a cada 4 a 6 horas nos prim eiros 5-6 dias e são os indicadores iniciais m ais valiosos porque constituem um m arcad o r sensível dos danos cau sados pela radiação e correlacionam -se com a exposição e o p rog nóstico. Reduções de 50% na contagem absoluta de linfócitos nas prim eiras 24 horas indicam danos significativos. A determ inação do fenótipo HLA é necessária sem pre que h á suspeita de lesão irrever sível da m edula óssea. A análise crom ossôm ica dos linfócitos pode detectar exposição às doses de radiação de apenas 0,03 a 0,06 Gy e, logo que for possível, devem ser obtidos 15 mL de sangue em um tubo de coleta heparinizado m antido sob refrigeração. As aberrações crom ossôm icas dos linfócitos do sangue periférico induzidas pela radiação incluem crom ossom os dicêntricos e form as anulares que persistem por algum as sem anas. C om a calibração de um a curva de dose-resposta, é possível avaliar a dose de radiação. A quantificação de crom ossom os dicêntricos requer vários dias para ser concluída e está disponível apenas em alguns centros. O utro m étodo utilizado para estim ar a exposição é o ensaio cytokinesis-block micronucleus. O s m icronúcleos podem ser resul tantes dos fragm entos crom ossôm icos acêntricos, que se form am durante a exposição à radiação. Nos últim os anos, a técnica de qu an tificação dos m icronúcleos dos linfócitos do sangue periférico foi padronizada e pode ser um recurso útil nas exposições de pequena escala, m as n ão é exeqüível nas exposições em massa. A F igura 223.3 ilustra um algoritm o para o tratam ento das vítim as da radiação.
Terrorismo Nuclear
Um a das principais dificuldades do tratam ento das vítim as expostas à radiação é determ inar a gravidade da exposição. A m elhor abor dagem é a avaliação clínica do paciente. Q uando é exeqüível, a biodosim etria pode p e rm itir um a avaliação m ais precisa do nível de exposição. A avaliação clínica baseia-se principalm ente no intervalo decorrido até o início dos pródrom os e na gravidade das m anifesta ções clínicas da SAR. O início precoce do p ródrom o indica exposi ção grave à radiação. As vítim as que chegam ao hospital referindo fraqueza profunda, náuseas, vôm itos, diarréia ou convulsões prova velm ente não sobrevivem, apesar das m edidas de suporte. A descon tam inação e a utilização de equipam entos de detecção da radiação são m uito im portantes. Existem poucos exam es capazes de estim ar a exposição à radiação e o grau de contam inação. O B iodosim etry Assessm ent Tool (BAT) é um recurso usado para facilitar as decisões terapêuticas durante os incidentes de exposição à radiação e foi d e senvolvido pelo U.S. A rm ed Forces R adiobiology Research Institute (http://www.afrri.usuhs.m il). Os exames laboratoriais iniciais devem incluir hem ogram a com pleto com contagem diferencial e plaqueto m etria, provas de função renal e dosagem dos eletrólitos. Se houver suspeita de contam inação interna, devem ser obtidas am ostras de fezes e urina. Swabs nasais devem ser obtidos de cada n a rin a para averiguar se houve inalação de radionuclídios. Os swabs nasais são úteis quando são colhidos dentro de 1 a 2 horas depois da exposi ção. Depois da expiração, cada swab é rotulado, vedado em um saco plástico e enviado para análise em laboratórios apropriados. Os p a cientes expostos a 0,7 a 4 Gy desenvolvem pancitopenia dentro de 10 dias a 8 sem anas depois da exposição. Os linfócitos sofrem declínios m ais rápidos, enquanto os outros leucócitos e as plaquetas d im inuem m enos rapidam ente. Os eritrócitos são os elem entos sanguíneos m e nos vulneráveis.
■ ACOMPANHAMENTO Em algum as situações, é recom endável acom panhar os pacientes expostos à radiação. Em geral, apenas os pacientes expostos a < 8 a 10 Gy por irradiação do corpo inteiro têm chances de sobreviver por períodos longos, em bora se encontrem sob risco de desenvolver cata
ALGORITMO/DIRETRIZES GERAIS
Figura 223.3
Diretrizes gerais para o tratamento de vítimas de radiação. HC, hemograma completo.
1795
Terrorismo e Medicina Clínica
ratas, esterilidade e distúrbios pulm onares, renais e hem atopoiéticos. De acordo com a idade, o sexo e o tipo e gravidade da exposição, esses pacientes precisam ser acom panhados p o r m uitos anos. Um proble m a significativo de saúde pública é o risco de neoplasias secundárias nos indivíduos e nas populações expostos às doses baixas de radiação. Leucemia e cânceres de m am a, cérebro, tireoide e pulm ão são os m ais com uns, m as a população exposta tem risco elevado de desenvolver m uitos outros cânceres. É im portante criar protocolos de acom pa nham ento apropriados baseados no tipo de exposição e na população exposta. Nos casos de contam inação interna, o acom panham ento de longo prazo deve ser concentrado no órgão sob risco. Isto é exem plificado pela contam inação p or urânio com suas ações nefrotóxicas.
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D a in ia k
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M e ttle r
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1796
ÍNDICE Os números em negrito indicam os locais de discussão principal de determinado assunto; os números seguidos por “f” ou “q” referem-se às figuras e quadros; os números precedidos de “e” referem-se às páginas dos capítulos “e” no DVD; “V” refere-se aos vídeos no DVD. para miocardiopatia/displasia VD arritmogênica, 1896 para síndrome de Wolff-ParkinsonWhite, 1890 para taquicardia atrial focal, 18871888 para taquicardia reentrante do nó AV, 1888 para taquicardia sinusal, 1880 para taquicardia ventricular, 1893 Ablação por radiofreqüência para carcinoma hepatocelular, 780, 78 lq, 782 para veias varicosas, 2074 Aborto espontâneo, 513, 514q, 3188 séptico, 1287,1335 ABPA. Ver aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA) Abscesso abscesso dentário, 159 anorretal, 2508, 2509f cerebral, 3244f cerebral. Ver Abscesso cerebral dopsoas, 1082 epidural. Ver Abscesso epidural esplênico. Ver Abscesso esplênico formação do, 1023 hematogênico, 3429 hepático. Ver Abscesso hepático intra-abdominal. Ver Abscesso intraabdominal intraperitonial. Ver Abscesso intraperitonial penetração de antibiótico no, 1141 periapical, 268 perinefrético, 1081-1082 peritonsilar, 264, 265,1334 perivalvar, 1054 renal, 1081-1082 retrofaríngeo, 267 subperiósteo, 262 tubo-ovariano, 1328, 1329f, 1335 Abscesso anorretal, 2508, 2509f Abscesso cerebral, 3244f Abscesso cerebral, 3428 abordagem ao paciente, 3412f anaeróbio, 1334 definição de, 3428 diagnóstico diferencial do, 3430 diagnóstico do, 3429-3430, 3430f em paciente com câncer, 717, 717q epidemiologia do, 3428 etiologia do, 1026q, 3428-3429 histopatologia do, 3429 manifestações clínicas do, 1029, 3429 patogenia do, 3429 por Nocardia, 1323-1324,1324f, 1326 prognóstico, 3430 tratamento do, 1026q, 3430 Abscesso de nervos, na hanseníase, 1364 Abscesso do psoas, 1082 Abscesso epidural anaeróbio, 1334 craniano, 3433, 3433f espinal, 135,1026q, 1029, 3370, 3370f etiologia do, 1026q fraqueza no, 185 intracraniano, 1029 manifestações clínicas do, 1029 tratamento do, 1026q
Abscesso epidural craniano, 3433, 3433f Abscesso epidural espinal, 135,1026q, 1029, 3370, 3370f Abscesso esplênico dor abdominal no, 11 lq, 1081 etiologia do, 1081 manifestações clínicas do, 1081 na endocardite infecciosa, 1062 tratamento do, 1081 Abscesso frio, 482 Abscesso gengival, 268 Abscesso hepático, 1080 amebiano diagnóstico do, 1080,1685, 1685f, 1686, e25-3 patogenia do, 1684 ruptura do, 1685 tratamento do, 1686,1686q Candida, 1080 diagnóstico do, 1080 etiologia do, 1080 manifestações clínicas do, 1080 na actinomicose, 1328,1328f tratamento do, 1080-1081 Abscesso intra-abdominal anaeróbio, 1335 em receptor de transplante, 1130 febre no, 159 intraperitoneal. Ver Abscesso intraperitoneal Abscesso intraperitoneal, 1078 diagnóstico do, 1079 etiologia do, 1078-1079 manifestações clínicas do, 1079 patogenia do, 1079 tratamento do, 1079-1080, 1080f Abscesso paravertebral, 159 Abscesso pélvico, 1335 Abscesso periapical, 268,1333 Abscesso perinefrético, 1081-1082 Abscesso peritonsilar, 264,265,1334 Abscesso pulmonar anaeróbio, 1335, 1335f, 1338-1339 classificação do, 2145 definição do, 2144 diagnóstico do, 2145 etiologia do, 2145, 2145q hemoptise no, 285 manifestações clínicas da, 2145 tratamento do, 2146 Abscesso renal, 1081-1082 Abscesso retrofaríngeo, 267 Abscesso retroperitoneal, 2060q Abscesso subdíafragmático, 11 lq Abscesso tubo-ovariano, 1328,1329f, 1335 Abscessos hematogênicos, 3429 Absorção comprometida, 2403 de carboidratos, 2465-2466, 2465q de fármacos, 34-35 de lipídios, 2463-2465, 2463q, 2464f de nutrientes, 2461 de proteínas, 2466 distúrbios da, 2460. Ver tam bém Síndromes de má absorção Absorção de oxalato, na síndrome do intestino curto, 2472 Absorção de vitamina A e, 601
Absorciometria de raios-X de dupla energia (DEXA) na doença óssea, 2602 na mensuração da massa óssea, 3125 no hiperparatireoidismo, 3102 Abulia, 2247 Abuso de androgênios efeitos adversos do colestase, 329 de longo prazo, 3026-3027 edema, 293q hepatotoxicidade, 2565 hirsutismo, 434 por atletas e fisiculturistas amadores, 3026-3027 Abuso de opioides dependência, 3552 diagnóstico de, 3552 no paciente terminal, 73 prevenção de, 3556 tratamento do, 3554-3556 abstinência da medicação no, 3555 livre de drogas, 3555-3556 medicações antagonistas no, 3555 programa residencial no, 3555,3556 Abuso ou dependência de álcool (alcoolismo), 3549. Vér tam bém , Síndrome de abstinência do álcool anemia no, 455 comorbidade psiquiátrica com, 3548 comprometimento ocular no, 241 crônico, demência devida ao, 3313 deficiência de folato no, 870 deficiência de tiamina no, 597, 607 definição, 3549 diarréia no, 312 disfunção erétil no, 375 disfunção olfatória/do paladar no, 246 doença hepática no. Ver Doença hepática alcoólica efeitos adversos do, 218, 376qq, 379q em mulheres, 54-55 fatores genéticos no, 3549 fibrilação atrial no, 1881 hepatite no, 327 hipertensão e, 2054, hipotermia e, 165 história natural do, 3549-3550 insônia no, 217 insuficiência pancreática no, 314 interações medicamentosas no, 1147q intoxicação aguda, 194 miocardiopatia no, 1961-1962 miopatia no, 3508 náusea e vômitos no, 302 palpitações no, 295 pancreatite e, 2635, 2635q prevalência do, 2592 questionário CAGE, 2522, 2523q risco de câncer e, 656q risco vitalício para, 3549 sangramento gastrintestinal no, 321 tratamento do, 3550-3552, 3551q abstinência do álcool no, 3551 AUDIT no, 3550, 3550q identificação do alcoolista no, 3550, 3550q
INDICE
AAP (alanina aminopeptidase), na lesão renal aguda, 2304q Abacavir, efeitos adversos cutâneos, 435,436 fatores genéticos nos, 433, 2693q na infecção pelo HIV, 1555,1571q, 1578 estrutura molecular do, 1574f para a infecção pelo HIV, 1571q, 1578 resistência ao, 1576,1578 variações genéticas na resposta ao, 42q, 44 Abalo (jitter) neuromuscular, e45-6 Abandono do tabagismo, 3563 após diagnóstico de câncer de pulmão, 737-738 estágios do, 655 intervenção clínica no, 3563,3563q mundial, 17 na doença arterial periférica, 2068 na DPOC, 2157 na tromboangiite obliterante, 2069 no tratamento da cardiopatia isquêmica, 2007-2008 para prevenção de aterosclerore, 1991 pré-operatório, 6 6 taxas de sucesso do, 655 terapia farmacológica para, 738 Abatacepte, para artrite reumatoide, 2748q, 2749-2750 Abciximabe ação do, 989f, 991-992 dose, 992 efeitos adversos, 967, 967q, 992 farmacologia do, 992q indicações para, 992 na ICP, 2036 para AI/IMSEST, 2019q variações genéticas na resposta ao, 985q Abdome ausculta do, 330 inspeção do, 330,1822 palpação do, 331, 1822 Abelhas africanizadas, 3581 Abetalipoproteinemia, 3153 diarréia na, 314 fatores genéticos na, 3153 fisiopatologia da, 2464, 3153 biópsias da mucosa do intestino delgado na, 2468, 2468q tratamento da, 603, 3153 deficiência de vitamina E na, 603 manifestações clínicas, 3153, e41-4f esfregaço de sangue periférico na, el7-5f Abiotrophia spp., 789,1057, 1179-1180 Ablação cirúrgica, para fibrilação atrial, 1885 Ablação com laser de érbio-Yag, para remoção de espinhos de ouriço do mar, 3572 Ablação por cateter para arritmias cardíacas, 1865,1866f para complexos prematuros atriais, 1880 para fibrilação atrial, 1885 para flu tte r atrial, 1886
1-1
intervenções, 3550 intoxicação aguda, 3550 prevenção de recidiva, 3551 reabilitação, 3551-3552 triagem para, 30q Abuso sexual disfunção sexual na vida adulta após, 375, 379q infecções gonocócicas no, 1223,1225 Abuso/violência doméstica feridas por mordida humana na, e242
incidência da, 55 mandato para registro de, e5-l risco cumulativo durante toda a vida, 29q triagem para, 30q Acalasia, 2430 clássica, 243 lf com compressão esofágica, 243lf comprometimento do relaxamento do EEI na, 2430-2432, 2431 f crônica, câncer esofágico e, 764, 764q diagnóstico da, 2431, 243lf diagnóstico diferencial da, 2431 disfagia na, 299 manifestações clínicas da, 2430-2431 Subtipos de, 2431f tratamento da, 300, 2431-2432 Acalculia, 206 Acamprosato, no tratamento do alcoolismo, 3552 Acanthamoeba, 1687,1687f, e25-4q, e25-6q, e25-7q Acantócitos, el7-l Acantocitose, 2464, el7-5f Acantocitose, 326 Acantólise, 424 Acantose, 442 Acanthosis nigricans
ÍNDICE
distúrbios associados à, 412, el6-15 hiperpigmentação na, 412, el6-15f na obesidade, 629 na síndrome metabólica, 1995 no câncer gástrico, 766 no diabetes melito, 2988 Acarbose efeitos adversos, 2998 para diabetes melito, 2996q, 29972998 Ácaros na riquetsiose variceliforme. Ver Riquetsiose variceliforme picada, 3577 Ácaros de poeira da casa, na asma, 2 1 0 2 , 2107-2108 Acatisia, 3332, 3544 Accountability Act (HIPAA), e5-l Acebutolol dose, 1883q farmacologia do, 1883q indicações, 1883q overdose/intoxicação por, e50-10q para doença cardíaca isquêmica, 2009q Acentuação pré-sistólica, el3-7 Aceruloplasminemia, 604 Acesso à diálise, 2323-2324 Acetábulo, doença de Paget do, e41-3f Acetato, em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q Acetato de abiraterona, para câncer de próstata, 803 Acetato de ciproterona efeitos adversos do, 376q, 384 para hirsutismo, 384 Acetato de glatirâmer efeitos adversos do, 3405 para EM, 3404-3405, 3404q Acetato de mafenida efeitos adversos do, e23-3 para exposição ao gás mostarda, 1783 para feridas de queimaduras, e23-3 1-2
Acetato de noretindrona, na perimenopausa, 3040 Acetazolamida ação da, 2283 efeitos adversos da, 343,434 para acidose induzida por salicilatos, 367 para alcalose metabólica, 371 para cefaleia por pressão elevada do LCS, 126 para doença da altitude, 217, e51-2 para glaucoma agudo de ângulo fechado, 230 para hiperpotassemia, el5-3 para o edema pulmonar de grandes altitudes, e-51-4 para paralisia periódica hipopotassêmica, 3505 para pseudotumor cerebral, 233 Acetiladores lentos, 44 Acetiladores rápidos, 44 N-Acetil-benzoquinona-imina (NAPQI), 2561 N-Acetil-p-glicosaminidase (NAG), 2304q N-Acetilcisteína, 48 para exposição ao gás mostarda, 1783 para overdose de paracetamol (acetaminofeno), 2563 Acetilcolina aspectos anatômicos e clínicos da, 3227q deficiência de, no delirium, 1597 estrutura do, 3227q na deglutição, 298 no controle neural do sistema gastrintestinal, 308 Acetilcolinesterase na exposição a agentes de nervos, 1783-1784, 1784f teste, na miastenia grave, 3481 N-Acetilprocainamida (NAPA), 37-38 iV-Acetiltransferase, 36q Acetoacetato, 366 Achromobacter xylosoxidans, 1234 Aciclovir ação do, 721q, 1447-1448 efeitos adversos do, 1448,1460, 2298, 3257q farmacologia do, 1448 para a paralisia de Bell, 3363 para encefalite viral, 3424 para faringite, 264 para herpes zóster, 1070q, 1445q, 1448, 1465 para infecções por HSV, 72 lq como profilaxia no receptor de transplante, 962q, 1123,1127q, 1128,1129 esofagite, 1461q, 2436 genitais, 1070q, 1444q 1448, 1461q mucocutâneas, 264, 1448,1461q neonatais, 1461q oculares, 229 para leucoplaquia pilosa oral, 1471 para meningite viral, 3420 para prevenção da varicela, 1118 para profilaxia do VZV em receptor de transplante, 962,962q para tratamento da varicela, 1443q, 1448, 1465 resistência ao, 1460 Acidaminococcus, e2 2 -2 f Acidemia, 2636, 3214 Acidemia a-cetoadípica, 3216q Acidemia argininossuccínico, 3216q Acidemia glutárica, 3216q Acidemia isovalérica, 3217q Acidemia metilmalônica, 321q Acidemia piroglutâmica, 365q, 366 Acidemia propiônica, 3217q
Acidemia/acidúria metilmalônica, congênita, 868-869 Acidemias orgânicas, 3214 Acidente vascular encefálico, 3270. Ver tam bém Doença vascular cerebral afasia no, 204, 206 angiografia cerebral no, 3292-3293 após AIT, 3280, 3280q artéria basilar, 3289-3291, 3289-3292f artéria carótida comum, 3286 artéria carótida interna, 3285-3286, 3286f, 3287f artéria cerebral anterior, 3284-3285, 3284-3287f artéria cerebral média, 3284-3286, 3284-3287f artéria cerebral posterior, 3286, 3286f, 3287f artéria corióidea anterior, 3285,3287f arterite necrosante e, 3278 arterite temporal (de células gigantes) e, 3278 aterosclerose da carótida e, 32753276, 3278q cardioembólica, 3274-3275 com hemiplegia direita, mas com preservação da linguagem, 3292f cuidados dentários após, 275 de pequenos vasos, 3276-3278, 3277q, 3279f definição do, 3276 fisiopatologia do, 3276, 3297f manifestações clínicas do, 3276, 3278 definição do, 3270 delirium no, 199q, 200 dentro da circulação anterior, 32843286,3284-3287f dentro da circulação posterior, 32863291, 3286-329lf dermatite seborreica no, 398 disfagia no, 298 displasia fibromuscular e, 3278 distúrbios da marcha no, 193 distúrbios do paladar, 245 distúrbios hipercoaguláveis e, 3278 em altitudes elevadas, e51-4 embólico, artéria a artéria, 3275-3278 etiologia do, 327lf, 3274-3280, 3275f, 3276q, 3278q exames de imagem do, 3291 fármacos e, 3279 fatores de risco para, 3275, 3278q, 3280-3281 fibrilação atrial e, 1882, 1882q fraqueza no, 184 hemorragia intracraniana no. Ver Hemorragia intracraniana hipertensão e, 2045, 2059 hipopotassemia e progressão do, 354 hipotermia no, 165 isquêmico. Ver Acidente vascular encefálico isquêmico leucoaraiose, 3279 manifestações clínicas do, 3270 manifestações oculares do, 226, 234, 241 mediadores inflamatórios no, 2682q mortes por, 67q, 1815q na anemia falciforme, 857 na gravidez, 59 na infecção pelo HIV, 1562 não cardiogênico, prevenção do, 3282 no paciente em estado crítico, 22032204 perda auditiva no, 252 PET no, 3293 prevenção do, 990,3280-3282 ácido acetilsalicílico para, 1990 terapia hormonal pós-menopausa no, 3042q, 3043-3044 radiação da carótida e, 838 RM no, 3292, 3294f
TC no, 3291-3292, 3293f tratamento do, 1001-1002, 2058q, 2059, 3271, 327lf trombose do seio venoso e, 3278 ultrassonografia no, 3293 variações circadianas no, 223,2047 vasculite primária do SNC, 3278 Acidente vascular encefálico cardioembólico, 3274-3275, 3277q Acidente vascular encefálico de pequenos vasos, 3276-3278, 3277q, 3279f Acidente vascular encefálico do lobo occipital, 234 Acidente vascular encefálico embólico artério-arterial, 3275-3278 prevenção do, 3282 Acidente vascular encefálico embólico arterioarterial, 3275-3278 Acidente vascular encefálico isquêmico, 3271 etiologia do, 3267q, 327lf, 3274, 3275f fisiopatologia do, 3271, 3272f, 3274, 3275f tratamento do, 3271-3274, 327lf, 3273q agentes antitrombóticos no, 32733274, 3277q agentes neuroprotetores no, 3274 anticoagulantes no, 3274 centros de AVE no, 3274 reabilitação no, 3274 rtPA no, 3272-3273,3273q suporte médico no, 3271-3273 técnicas endovasculares no, 3273 trombólise intravenosa no, 32723273, 3273q Acidentes mortes por, 50q, 51q, 67q na indústria de assistência médica, 85,85f Acidentes com veículos automotores, 218 Acidez, 305, 2427 Ácido aminocaproico para coagulação intravascular disseminada, 980 para doença de von Willebrand, 972 para hemofilia, 976 para trombocitose,904 Ácido 5-aminolevulínico (ALA), 441 Ácido acetilsalicílico, 989-990 ação do, 989, 989f, 2019f alergia ao, 990 com anticoagulantes, 990 com clopidogrel, 990 como antitrombótico em condições cardíacas, 3277q dose, 989 efeitos adversos do, 460q cutâneos, 432 eosinofilia, 481 exacerbação da asma, 2115 fatores imunológicos no, 432 frequência dos, 47 irritação/sangramento gástrico, 97, 989-990, 2010 nefropatia, 2372 sangramento, 47,461, 990 síndrome de Reye, 1465, 1497 em dose baixa, 35, 320 em mulheres, 53 indicações para, 989 metabolismo do, 35 na ICP, 2012, 2035 para acidente vascular encefálico isquêmico, 3273-3274 para doença arterial periférica, 2068 para doença cardíaca isquêmica, 2010
para dor, 97, 98q para enxaqueca, 119
para febre, 146,147 para febre de origem obscura, 164 para febre reumática, 2754-2755 para infarto do miocárdio AI/IMSEST, 2017-2019, 2019q IMEST, 2025, 2029 para insuficiência cardíaca, 911 para pericardite aguda, 1974 para pré-tratamento no cateterismo cardíaco, 1854 para prevenção da doença arterial coronariana, 1990 para prevenção de acidente vascular encefálico/AIT, 1990,3281,3282 para prevenção de câncer colorretal, 657,770 para prevenção do câncer de mama, 755 para procedimentos endoscópicos, 2425f, 2426f para rubor associada à niacina, 598 para síndrome de Behçet, 2802 para tireoidite subaguda, 2928 resistência ao, 1 0 0 0 variação genética na resposta ao, 985q, 986 Ácido acetoidroxâmico, 2387 Ácido algínico, para DRGE, 306 Ácido a-lipoico para disfunção olfatória, 247 para glossodinia, 274 Ácido all-írcms-retinoico (ATRA). Ver tam bém Ácido retinoico ação do, 677q, 678, 705, 705f dose, 700q efeitos adversos do, 700q, 705 para leucemia promielocítica aguda, 677q, 678,700q, 912 Ácido aminossalicílico, 967q Ácido aristolóquico, 2298, 2373 Ácido ascórbico. Ver Vitamina C Ácido azelaico, para acne vulgar, 404 Ácido clavulânico, 329, 1137 Ácido cólico, 2616 Ácido etacrínico efeitos adversos do, 250,370 para hipertensão, 2055q Ácido folínico para câncer pancreático, 787,789,789q para deficiência de folato, 871 para profilaxia da anemia megaloblástica, 3431 Ácido 'y-aminobutírico (GABA), efeitos do álcool, 3546 aspectos anatômicos e clínicos, 3227q estrutura do, 3227q metabolismo, distúrbios do, 3215q Ácido gástrico como barreira para patógenos, 1084 na secreção pancreática exócrina, 2634 secreção de, 2440, 244 lf Ácido 7 -hidroxibutírico (GHB) abuso do, 199, 199q, 3559-3560 overdoselintoxicação com, e50-12q para narcolepsia, 2 2 0 Ácido glicirretínico, 353 Ácido glicirrizínico, 353, 354, el5-9 Ácido homogentísico oxidase, 3219 Ácido iopanoico, 967q Ácido mefenâmico para dismenorreia, 388 Ácido micofenólico após transplante de fígado, 2610 Ácido nalidíxico ação do, 1137 efeitos adversos do, 445q, 967q resistência ao, 1279 Ácido nicotínico. Ver tam bém Niacina (vitamina B3) efeitos adversos do, 3159q, 3507, 3508q
para distúrbios das lipoproteinas, 3159q, 3160 para elevação das lipoproteinas de alta densidade, 1989 para síndrome metabólica, 1996, 1997 Ácido pantotênico (vitamina B5), 600 deficiência de, 600 em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q funções do, 600 ingestão recomendada de, 590q Ácido para-aminosalicílico efeitos adversos do, 867q, 1377 para tuberculose, 1377 Ácido quenodesoxicólico (CDCA), 2616 Ácido retinoico, 600,601. Ver também Ácido all-trans-retinoico (ATRA) efeitos adversos do, 420 na gravidez, 602 para acne vulgar, 404 para carcinoma de células escamosas, 732 para leucemia promielocítica, 601 para prevenção do câncer de cabeça e pescoço, 733 Ácido ricinoleico, 312 Ácido salicílico para acne vulgar, 404 para escabiose, 3577 para psoríase, 399 para tinha versicolor, 402 para verrugas, 403 Ácido siálico, 1021 Ácido tolfenâmico, para enxaqueca, 118q Ácido tranexâmico para coagulação intravascular disseminada, 980 para doença de Willebrand, 972 para hemofilia, 976 Ácido úrico excreção diminuída de, 3183-3184, 3183q metabolismo do, 3181-3182,3181 f, 3182q produção aumentada de, 3182-3183, 3183f,3183q Ácido urocânico, 443 Ácido ursodesoxicólico (UDCA), 633, 2616, 2621 Ácido(s) graxo(s) livre(s) circulante(s), 1807-1808 miocárdico(s), 1807-1808 na resistência à insulina, 1993 tipos de, 2463, 2463q Ácido(s) orgânico(s), transporte tubular de, 2285 Ácidos biliares, 2616 circulação êntero-hepática dos, 24612463, 2462f, 2462q, 2463q, 2616 funções dos, 2462, 2462f, 2462q má absorção dos, 312,316 primária, 2461 reabsorção dos, 2462-2463, 2463q secreção dos, 2462 secundária, 2461 síntese de, 2462 Ácidos graxos Omega-3,461 efeitos adversos dos, 3159q para distúrbios das lipoproteinas, 3159q, 3160-3161 para síndrome metabólica, 1997 Acidose láctica abordagem ao paciente, 366 etiologia do, 366 na malária, 1693,1693q no câncer, 2273 tratamento da, 366, 370 Acidose metabólica, 365 aniongap alto, 365q, 366, el5-3 com nutrição parenteral, 619
hiato não aniônico, 368-369, 368q, el5-6,ae 15-7 hiperpotassemia na, 357, el5-2 a 15-3 induzida por fármacos ou toxinas, 367, el5-2, el5-10 manifestações clínicas da, 365 na abordagem ao paciente, 366-369 na doença renal crônica, 2292, 2312 na lesão renal aguda, 2303 nomograma acidobásico, 364f nos distúrbios acidobásicos mistos, 364, 364q respostas compensatórias na, 363q tratamento da, 365-366 Acidose respiratória, 371 distúrbios ácido-básicos mistos, 364 etiologia da, 371-372, 371 q induzida por fármacos, 371 manifestações clínicas da, 371 nomograma ácido-básico, 364f nos distúrbios ácido-básicos mistos, 364q respostas compensatórias na, 363q tratamento da, 372 Acidose tubular renal (ATR) distai (tipo I) acidose metabólica na, 369 diagnóstico da, 2364 fatores genéticos na, 2357q, 2364 fisiopatologia da, 2362f, 2364 hipopotassemia na, 353 manifestações clínicas da, 2364, 2385 na obstrução do trato urinário, 2397 na síndrome de Sjõgren, el5-6 a el5-7 nefrolitíase na, 369 tratamento da, 2364,2383 distúrbios herdados, 2284q proximal (tipo II), 368, 2284q, 2357q, 2362f, 2364-2365 tipo 4, 369, 2292 Acidose urêmica, 367-368 Acidúria, orótica, 3186f, 3187, 3187q Acidúria 3-hidroxi-3-metilglutárica, 3217q Acidúria 3-metilglutacônica, 3217q Acidúria 4-hidroxibutírica, 3215q Acidúria cinurênica, 3215q Acidúria formiminoglutâmica, 3215q Acidúria orótica, anemia megaloblástica e, 862q, 871 carcinoma hepatocelular e, 778 nos distúrbios do metabolismo das pirimidinas, 3186f, 3187, 3187q Acidúria urocânica, 3215q Acinetobacter spp., 529-530, 530f, 1258 ACIP (Advisory Committee on Immunization Practices), 1032 Acitretina efeitos adversos, 400q, 407 para pitiríase rubra pilosa, 406q para psoríase, 399, 400q Áclase diafisária, 3143 Aclasia, da diáfise, 3143 Acloridria, 1009q, e37-l Acne, 433, 3054 Acne rosácea, 404 manifestações clínicas da, 39lq, 392f, 404,404f,el6-lf tratamento da, 404 Acne vulgar, 403 manifestações clínicas da, 391q, 392f, 403,403f, el 6 -lf tratamento da, 403-404 Ações judiciais por má prática, 6 ,22 Acoestimulação, para doença gastrintestinal, 2408 Acondrodisplasia, 495,3143 Aconselhamento genético, 523 algoritmo para, 522f
diretivo, 523 indicações para, 523,523q não diretivo, 523 nas doenças de DNA mitocondrial, el 8 -1 0 nas síndromes de câncer familiar, 668-670, 670f pré-teste, 521-52 Acoplamento excitação-contração, defeitos genéticos do, 1954q ACP lournal Club, 27q Acrilamida, efeitos adversos da, 3465q Acrocefalopolissindactilia, 498 Acrocianose, 638, 2072, 2226 Acrocórdons, 391q, 392f, 412 Acrodermatite crônica atrófica, 1403 Acrodermatite enteropática, 604 Acroleína, exposição à, 2127q Acromatopsia, 209, 226 Acromegalia, 2893 artropatia da, 2852 avaliação laboratorial da, 2895 cateterismo venoso petroso inferior na, 2898 diagnóstico da, 2894-2895,2894f etiologia da, 2893-2894, 2894q familiar, 2882 hipertensão na, 2048q, 2052 hirsutismo na, 380 manifestações cardíacas da, e31-lq, e31-3 manifestações clínicas da, 2894-2895, 2894f manifestações cutâneas da, 412 manifestações orais da, 268 osteoartrite na, 2852 paraneoplásica, 827q testes de triagem para, 2885q tratamento da, 2895-2896, 2895f Acropaquia, tireoidiana, 2858,2924, 2924f Acropatia tireoidiana, 2858, 2924, 2924f Acrosteólise, 2763, 2764f ActA, 1194 ACTH. Ver Hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) Actina, 1803,1804f, 1951 Actinomicetoma por Nocardia manifestações clínicas dó, 1322,1324, 1324f, 1325 patologia do, 1323 tratamento do, 1325q, 1326 Actinomicina D, 697q, 816 Actinomicose, 1326 abdominal, 1327-1328 abscesso hepático, 1328,1328f diagnóstico da, 1329, e22-2, e22-2f disseminada, 1329 DIU e, 1327,1328-1329 em ferida de mordedura de cão, e24-l em tecidos moles, 1329 epidemiologia da, 1326-1327 etiologia da, 1326-1327 manifestações clínicas da, 1326-1329 meningite crônica e, 3436q musculoesquelética, 1329 no paciente imunocomprometido, orocervicofacial, 271q, 274,1327, 1327f otite externa, 260 patogenia, 1327 pélvica, 1328-1329,1329f sistema nervoso central, 1329, 3463q torácica, 1327, 1328f tratamento da, 1329-1330,1330q Actinomyces pyogenes, 1193 Actinom yces spp., 1326-1327 Ver tam bém Actinomicose Activase. Ver Alteplase Acuidade visual, 179, 224, 225f Acuidade visual dinâmica, 179
ÍNDICE
Acupressão, 304, 2407-2408, e2-2q Acupuntura base de evidências para, e2-5 características da, e2 -2 q licenciatura para, e2-3 para dismenorreia, 388 para dor lombar, 138 Adalimumabe efeitos adversos do, 400q, 481,2748q monitoração durante o tratamento com, 2748q para artrite reumatoide, 2748q para DII, 2492 para espondilite ancilosante, 2777 para psoríase/artríte psoriática, 400q Adamantinoma, 818 ADAMTS13, 968, 2352, 2379, 3585q Adefovir ação do, 1450-1451 efeitos adversos do, 1451, 2572 para a profilaxia contra HBV em receptor de transplante, 1130 para doença hepática, 2614 para infecção crônica pelo HBV, 1445q, 1450-1451, 2571-2572,2574f, 2575f Adenina, 488 Adenocarcinoma de bexiga, 790. Ver tam bém Câncer de bexiga cervical, 813. Ver tam bém Câncer cervical de colo, 2409, 2410f. Ver tam bém Câncer colorretal de esôfago, 764. Ver tam bém Câncer esofágico de pulmão, 738, 738q, 739q, 740q. Ver tam bém Câncer de pulmão do intestino delgado, 775 endometrial, 814. Ver tam bém Câncer endometrial gástrico. Ver Adenocarcinoma gástrico Adenocarcinoma gástrico, 765 anemia ferropriva e, 766 diagnóstico do, 766 disseminação por extensão direta, 766 eosinofilia no, 481 epidemiologia do, 646q, 647f, 648649, 765 estadiamento do, 767q, 2413f etiologia do, 765-766, 766q fatores genéticos no, 669q, 1261 infecção por H. pylori e, 765-766, 1261, 1262f, 1264,1265 manifestações clínicas do, 766 metastático, 766 oncogenes no, 665q patologia do, 765 relacionado com cirurgia, 2454 tipo difuso, 765 tipo intestinal, 765 tratamento do, 767 úlceras e, 766 Adeno-hipófise, distúrbios da, 2876. Ver tam bém Hipófise Adenoidectomia, 261 Adenoma Adenoma brônquico, 753 Adenoma de glândula de Brunner, 774 Adenoma hipofisário secretor de hormônio tireoestimulante (TSH), 2927 Adenoma pleomórfico, 274 Adenoma sebáceo, 410,417 Adenoma sebáceo, 417q, 418 Adenoma tóxico, 2932-2933, 2933f Adenoma viloso colorretal, diarréia no, 313 hipopotassemia no, 352 Adenomas secretores de hormônio tireoestimulante (TSH), 2901-2902 Adenomiomatose, 2624 1-4
Adenomiose, 388 Adenopatia cervical, 734f Adenosina como vasoconstritor, 2282 dose, 1883q efeitos adversos da, 1868q, 1871q, 1884q indicações, 1883q no choque, 2216 para taquicardia mediada por via acessória, 1890 para taquicardia reentrante do nó AV, 1888 para taquicardia supraventricular na gravidez, 57 para taquicardia supraventricular reentrante, 37 para teste de reatividade vasodilatadora pulmonar, 2077 Adenosina desaminase, 332 Adenovírus características dos, 1491 entéricos, 1588q, 1589f, 1592 expressão gênica e regulação nos, 1435 fidelidade de replicação, 1436 identificação laboratorial dos, 1440 inibição da defesa do hospedeiro por, 1439 interações ligante-receptor dos, 1014q para administração de terapia gênica, 548q Adesão das plaquetas, 457,965,983-984, 989, 989f Adesão de superfície A pneumocócica, 1151 Adesinas, 1013 bacterianas, 1013-1015,1014q, 1015f, 1267 de protozoários, 1014q, 1015-1016 fúngicas, 1014q, 1015 virais, 1013,1014q Adesivo de Lidoderm, 3458q ADH (hormônio antidiurético). Ver Arginina vasopressina (AVP) Adicção de nicotina, 3560. Ver tam bém Tabagismo cigarros com baixos teores de alcatrão e nicotina, 3563 efeitos sistêmicos da, 3561,3561q fatores de risco relacionados com a, 3561q fatores genéticos na, 3561 Adipócitos, 624, 624f Adiponectina, 624,1995 Adipostato, 627 Adipsina, 624 Adolescência crises convulsivas na, 3256q espondilite anquilosante na, 2775 reposição de ferro na, 846, 846q Adrenalectomia laparoscópica, 2950q, 2951 Adrenoleucodistrofia, 525q, 549, 2955q, 3455-3456, 3456q Adrenomieloneuropatia, 3375 Adressina de linfonodos periféricos, 2679 Adressinas vasculares, 6 8 8 f Adventícia, 1798,1798f Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP), 1032 Aedes spp, mosquitos na dengue, 1621,1631-1632 na encefalite por arbovírus, 1622q, 1623 na febre amarela, 1631 na febre do Vale Rift, 1629 na filariose linfática, 1745q na infecção pelo vírus chikungunya, 1626 Aerofagia, 330
Aerofobia, 1613, 3424 Afagia, 297 Afasia, 202 anômica, 203q, 205 assistência ao paciente com, 2 1 1 - 2 1 2 cruzada, 203 de Broca, 203q, 204 de condução, 203q, 204 de isolamento, 203q, 205 de Wernicke, 203-204, 203q global, 203q, 204 jargão, 203-204 progressiva não fluente, 206 progressiva primária, 206-207,212 subcortical, 206 transcortical fluente, 203q, 205 transcortical não fluente, 203q, 204205 vídeo biblioteca, el 0 -l Afasia de Broca, 203q, 204 Afasia de Wernicke, 203-204, 203q Afasia progressiva primária, com variantes não fluentes e semântica, 3310 Afemia, 205 Aferente(s) primário(s), 93, 93f Aferentes sensoriais, 277 Aférese, 952 Affordable Care Act de 2010, 70 Afibrínogenemia, 463q Aflatoxina B,, 777, 777q África Sub-Saariana disponibilidade de assistência na, el-7 expectativa de vida na, el-3f força de trabalho na saúde e carga de doença na, el-4, el-4f Agamaglobulinemia biópsias da mucosa do intestino delgado na, 2468, 2468q fatores genéticos na, 2703 fisiopatologia da, 2702f, 2703 ligada ao X, manifestações clínicas da, 2720 Agamaglobulinemia de Bruton ligada ao X, 1009q Ageismo, e4-4 Agenesia mülleriana, 385 Agenesia pancreática, 49 lq Agenesia sacral, 58 Agenesia/disgenesia renal, 58 Agentes 5-ASA, para DII, 2489, 2480 Agentes alquilantes, 696, 697q, 701 ação dos, 696, 697q carcinogenicidade dos, 656q, 905 efeitos adversos dos, 696 anemia, 455, 8 8 8 q crises convulsivas, 3257q disfunção sexual feminina, 379q infertilidade, 841 na trombocitose essencial, 904 pulmonares, 839 queda dos cabelos, 434 tardios, 839, 839q, 895, 905 Agentes anticolinesterásicos. Ver Inibidores da colinesterase Agentes bloqueadores neuromuscular efeitos adversos dos, 3508q para paciente com ventilação mecânica, 2 2 0 1 Agentes ceratolíticos, para verrugas, 403 Agentes de contraste diurese, 340 efeitos adversos dos crise convulsiva, 3257q cutâneas, 432,435, 436-437, 2317 nefropatia, 1854, 2298, 2300q, 2318,3241 reações alérgicas, 1854 medidas de precaução para, 2318 Agentes de interação com o DNA, quimioterapia do câncer, 696,701 Agentes formadores de massa, 2499
Agentes neurais, 1783 ação dos, 1783-1784,1784f, e50-llq manifestações clínicas de exposição aos, 1784, e50-llq tratamento da exposição aos, 17841786, 1785f, 1785q, e50-llq Agentes neuroprotetores para acidente vascular encefálico isquêmico, 3274 para doença de Parkinson, 3324 Agentes procinéticos para indigestão, 307 para náusea e vômitos, 303q, 304 Agentes pró-mitocondriais, para doença de Huntington, 3330 Agentes simpaticolíticos overdose/intoxicação com, e50-10q para hipertensão, 2055q, 2056 Aggregatibacter actinomycetemcomitans, 1233, 1234q. Ver tam bém Endocardite
infecciosa, grupo HACEK Aggrenox, 991 Agitação, no paciente terminal, 83q Aglicosidade alfa, 3203 Aglutininas febris, 162 Agnosia para objetos, 209 Agonistas (3-adrenérgicos ações dos, 1801,1803,1806f, 2110 efeitos adversos dos, 310,351, 359, 2110 overdose! intoxicação com, e50-9q
para asma, 2110, 2110q> 2113 para dispnéia, 75 para DPOC, 2157, 2159 para edema pulmonar, 2237 para edema pulmonar de grandes altitudes, e51-3 para hiperpotassemia, 359 para tosse, 284 Agonistas da dopamina efeitos adversos dos,2890,3323 para acromegalia, 2896 para disfunção ovulatória, 3036 para doença de Parkinson, 3323, 3324q, 3326, 3327f para prolactinoma, 2889 Agonistas da motilina, para náusea e vômitos, 303q Agonistas da serotonina (5-HTJ para enxaqueca, 117,118q, 119-120 Agonistas da serotonina (5-HT4) para náusea e vômitos, 303q, 304 para síndrome do intestino irritável, 2500 Agonistas do ácido "y-aminobutírico (GABA), para indigestão, 307 Agonistas do hormônio de liberação do hormônio do crescimento (GHRH), 376, 376q, 379q Agonistas do hormônio de liberação do hormônio luteinizante (LHRH), 704 Agonistas do receptor de trombopoetina, para púrpura trombocitopênica imune, 969 Agonistas dos receptores de benzodiazepínicos, para insônia, 217 Agonistas PPAR-alfa, 1989 Agorafobia, 181, 3529-3530, 3530q Agrafestesia, 189 Agrafia, 203 Agramatismo, 206 Agranulocitose, 269 Agregação gênica, 495 Agregação plaquetária, 965, 984, 989f Agregados de fibrilina, 3205q, 32063207 Agregometria das plaquetas, 464 Agressão sexual, 55 Agripalma, 46 lq Agrobacterium spp, 716 Água distúrbios genéticos relacionados com, 3222f
necessidade de, 588 secreção pancreática de, 2634 transporte renal de, 2282-2286, 2282f Água corporal total, 2287, 2287f, el5-4 Água viva, sensação de ferroada, 35713572, 3573f AI/IMSEST. Ver Angina instável/ infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST (AI/IMSEST) Aids. Ver tam bém Infecção pelo HIV definição da, 1506,1506q, 1507q incidência da, 1516-1517,1518f, 1519f morte por, 1517f, 1518f AIJIS (artrite idiopática juvenil de início sistêmico), 2675q AINEs. Ver Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) AIRE (regulador autoimune), 3114 AIT. Ver Ataque isquêmico transitório (AID AIVD (atividades instrumentais de vida diária), 571q, 578q Akt quinase, 680f ALA (ácido 5-aminolevulínico), 441 Alanina aminopeptidase (AAP), na lesão renal aguda, 2304q Alanina aminotransferase (ALT) na avaliação da função hepática, 2528-2529, 2530q na doença hepática alcoólica, 2590, 2590q no LES, 2730 Albendazol classe para gravidez, 1677q efeitos adversos do, 1677q, e26-1 farmacologia do, e26-l indicações para, 1677q interações medicamentosas do, 1677q para a ascaridíase, 1740 para ancilostomíase, 1741 para capilaríase, 1744 para cisticercose, 1762, 3431 para equinococose, 1763 para estrongiloidíase, 1743 para filaríase linfática, 1747 para gnatostomíase, 1736q para larva migrans cutânea, 1736q para larva migrans visceral, 1736q para triquinelose, 1736q Albinismo câncer de pele no, 731 ocular, 3215q oculocutâneo, 409, 3215q Albumina na urina, 338,2309,2375 sérica causas de valores anormais, 610q na avaliação da função hepática, 2528f, 2529 na avaliação nutricional, 610q, 611 na hipercalcemia, 361 no edema, 294 Albumina sérica. Ver Albumina, soro Alça de fluxo-volume, 2089f, 2092 Alça de Henle, 2281 distúrbios acometendo à, 2284q funções da, 2282f, 2285 na absorção/excreção de água, 341, 342f Alça de Meyer, 228 Alcaçuz, 353, 3 5 4 , el 5 - 9 Alcalóides da vinca. Ver tam bém fárm acos específicos
características dos, 699q, 703-704 efeitos adversos dos, 434,840,2463q para câncer de mama, 762 Alcalóides do Ergot (esporão do centeio) efeitos adversos dos, 2072 interações medicamentosas dos, 1147q overdose/intoxicação com, e50-9q
Alcalose metabólica, 369 com contração do VLEC, 369q, 370 com expansão do VLEC, 369q, 370 diagnóstico diferencial da, 369-370 distúrbios acidobásicos mistos, 364, 364q etiologia da, 368, 368q, 369, 369q hipopotassemia na, 354, el5-9 induzida por fármacos, 370 manifestações clínicas da, 369, 370 monograma acidobásico, 364f patogenia da, 368 respostas compensatórias na, 363q tratamento da, 371 Alcalose respiratória, 372 etiologia da, 37lq manifestações clínicas da, 342 na hipoxia, 288 nomograma ácido-básico, 364f nos distúrbios ácido-básicos mistos, 364, 364q respostas compensatórias na 363q tratamento da, 373 Alcaptonúria, 3215q, 3219 Alcatrão para dermatite atópica, 406q para psoríase, 399 Álcool, 3546. Ver tam bém Uso de álcool absorção de, 2592, 3546 ações iniciais do, 3527q consumo per capita, 2589 efeitos sobre o comportamento, 3547, 3547q farmacologia do, 3546-3547, 3546f metabolismo do, 3546, 3546f níveis sanguíneos de, na ausência de tolerância, 3547, 3547q tolerância ao, 3547, 3547q Aldeído desidrogenase (ALDH), 2592 Aldosterona ação da, 342, 351, 353, 2282f, 2286 aldosterona plasmática e atividade da renina plasmática, 2050 excesso de, remediável com glicocorticoides, 2050, 2051q, 2949 na esteroidogênese suprarrenal, 2943-2944, 2944f no choque, 2216 Aldosterona sintase, 496 Aldosteronismo remediável por glicocorticoides (ARG), 2050,205lq, 2949 Alefacepte, 400q Alelo tipo silvestre, 497 Alelo(s), 497 associação de, 505-506 exclusão, 502 frequência de, 507 heterogeneidade do, 492f, 497, 498q segregação, 500, 500f Alemtuzumabe ação do, 677q efeitos adversos do, 717,2277 para câncer de mama, 677q para câncer de pulmão, 677q para imunossupressão, 2331 para LLC, 677q, 928 para mielodisplasia, 897 para prevenção da doença de enxerto-versus-hospedeiro, 1124 Alendronato no tratamento/prevenção da osteoporose, 3131, 3135 para doença de Paget do osso, 3139q Alergia, 2707 atópica, 2707 eosinófilos na, 481 fatores na, 2707-2708, 2708f na asma, 2103,2107-2108 Alergia a fármacos Alergia ao níquel, el6-2f Alexia, 203, 203q, 205 Alexia pura sem agrafia, 203q, 205
Alfentanila, 2211 Alfimeprase, 1003 ALG. Ver Globulina antilinfócito (ALG) Alho, 46lq Aligraf, 553q Alilaninas, para dermatofitose, 401 Alimentação por sonda de gastrostomia, 300, 620q Alinhamento ocular, 226 Alloderm, 553q Almíscar, 444,445q Almotriptana, para enxaqueca, 118q, 119, 119q Aloanticorpos, 951-952, 952q Alodinia, 96, 186 Aloimunização, 951, 952, 955 Alopecia, 390q, 407 androgênica, 380,407, 407q, 408q cicatricial, 407,407q induzida por fármacos, 407,434,437, 709 na anorexia nervosa, 638 na tinha da cabeça, 401 não cicatricial, 407,407q tratamento da, 408q traumática, 407,407q, 408q Alopecia areata, 407,407q, 408q, el6-3f Alopurinol efeitos adversos do cutâneos, 153q, 406,414, 435, 436 fatores genéticos do, 433 vasculite, 435 interações medicamentosas do, 46, 46q, 698q para gota, 2838 para hiperuricemia em doenças mieloproliferativas, 900,902 Alorreatividade, 2691 Alorreatividade direta, 2691 Alorreatividade indireta, 2691 Alosetrona a-fetoproteína como marcador tumoral, 652q no câncer testicular, 805-806 no carcinoma com tumor primário desconhecido, 821, 822q no carcinoma hepatocelular, 779 produção ectópica de, 826 agonistas Tl-adrenérgicos agonistas T2-adrenérgicos antagonistas T-adrenérgicos efeitos adversos dos, 274,293q hipotensão ortostática, 174 cadeias t , 3206 efeitos sobre a razão aldosteronarenina, 2949q glicoproteína Tl-ácida, 37 no choque, 2215 overdose! intoxicação com, e50-10q para desintoxicação de opiáceos, 3555 para glaucoma de ângulo fechado agudo, 230 para hipertensão, 2055q, 2056 para hipertrofia prostática benigna, 804-805 para nefrolitíase, 2384 para síndrome do intestino irritável, 2500 polimorfismos genéticos nos, 1803q receptores T-adrenérgicos, 2043 Alphavirus
para administração de terapia gênica, 548q síndromes de doença de, 1617q Alprazolam farmacologia do, 3533q overdose/intoxicação com, e50-12q para depressão, 76 para transtorno de ansiedade generalizada, 3533q para transtorno do pânico, 3530
Alprostadil, para disfunção erétil, 378 ALT. Ver Alanina aminotransferase (ALT) Alteplase, 1002 ação da, 1003 estrutura de domínio da, 1002-1003, 1002f indicações para, 1003 para acidente vascular encefálico isquêmico, 3272-3273, 3273q para cateter ocluído, 618 Alterações pré-malignas, 672 Alternância elétrica, 1838-1839,1972 Altretamina, 697q, 701 Alucinações álcool e, 3548 hipnagógicas, ?! 6 q, 2 2 0 , 2 2 0 q hipnopômpicas, 2 2 0 na acidose respiratória, 371 na doença de Parkinson, 3325 quimiossensorial, 246 Alucinose, peduncular, 3287 Alucinose peduncular, 3287 Alvimopan, 99 Amamentação FAEe, 3269 transmissão do HIV pela, 61,1515, 1585 Amantadina ação da, 1447 efeitos adversos da, 1447, 1497-1498 farmacologia da, 1447 overdose/intoxicação com, e50-9q, e50-15q para disfunção sexual relacionada à ISRS, 3538 para doença de Parkinson, 3324 para faringite, 264 para infecções no paciente com câncer, 72 lq para profilaxia da influenza, 1443q, 1447, 1498q, 1499 para síndrome neuroléptica maligna, 147 para tratamento da influenza, 72lq, 1125, 1443q, 1497,1498q resistência à, 1446 Amaurose congênita. Ver Neuropatia óptica hereditária de Leber (amaurose congênita) Amaurose fugaz, 230-231 Ambliopia, 238 Ambrisentana, para hipertensão pulmonar, 2079 AME (atrofia muscular espinal), 3345, 3348q, 3350 Ameba, de vida livre. Ver Acantham oeba; Balam uthia; Naegleria Ver tam bém Entamoeba
Amebíase.
histolytica
abscesso hepático na diagnóstico do, 1685,1685f, 1686, e25-3 manifestações clínicas da, 16841685 patogenia do, 1684 ruptura do, 1685 tratamento do, 1686,1686q complicações da, 1685 cutânea, 423 diagnóstico da biópsia da mucosa, 1685 exame de fezes, 311,1685, e25-l, e25-l, e25-4q métodos alternativos, e25-5q testes sorológicos e moleculares, 1685, e25-7, e25-7q diagnóstico diferencial da, 1686 em viajantes, 1086q, 1686 epidemiologia da, 1 6 8 3 - 1 6 8 4 intestinal, 310, 21 lq, 1 6 8 4 prevenção da, 6 8 6 tratamento da, 1686, I6 8 6 q vs. DII, 2486
Amebomas, 1684 Amelogênese imperfeita, 268 Amenorreia diagnóstico da, 385, 386f eixo hipotálamo-hipófise-gonadal na, 385, 385f em distúrbios da ovulação, 386-387 em distúrbios do útero ou via de saída, 385 em síndromes de má absorção, 2476q na anorexia nervosa, 638, 638q primária, 384, 385 relacionada com quimioterapia, 709 secundária, 384, 385 Amicacina ação da, 1133,1135 efeitos adversos da, 1377 indicações para, 1144q para infecções por Acinetobacter, 1259q para infecções por Nocardia, 1326 para infecções por P. aeruginosa, 1269q para pneumonia associada a cuidados médicos, 2139q para tuberculose, 1377 resistência à, 1144q Amifostina, 839-840 Amigdalo-hipocampectomia, para epilepsia, 3267 Amil/butil nitrato, 378 Amilase avaliação na doença pancreática, 2629q, 2631-2632, 2632q líquido ascítico, 332 Amilina, no controle da glicose, 2995 Amiloide A sérico, 949 Amiloidose, 945 AA, 945, 945q, 946q, 949, 2349 AA, 945,945q, 946f, 949. Ver tam bém Am iloidose
ÍNDICE
AP2M, 950. Ver tam bém Amiloidose AF, 949 AH, 945q AH. Ver tam bém Amiloidose AL. 945q, 946, 2349 diagnóstico da, 947, 948f etiologia e incidência da, 946 manifestações clínicas da, 946-947, 947f tratamento da, 947-949 AL, 945q, 946. Ver tam bém Amiloidose diagnóstico da, 947,948f etiologia e incidência da, 946 manifestações clínicas da, 946-947, 947f tratamento da, 947-949 ATh2M, 945,945q, 950 ATTR, 949-950. Ver tam bém Amiloidose biópsias da mucosa do intestino delgado na, 2468, 2468q cardíaca classificação da, 945,945q comprometimento ocular na, 226 diagnóstico da, 945-946, 946f, 947, 948f diarréia na, 314 disfunção autônoma na, 3357 esplenomegalia na, 469 FA, 949. Ver tam bém Amiloidose familiar, 945q, 949-950 gastroparesia na, 302 liquenoide, 418 localizada, 945q macular, 418 manifestações clínicas da, 945-946, 946-947, 947f, 949-950 manifestações cutâneas da, 417q, 418, 421,947, 947f 1-6
manifestações da, e31-lq bloqueio de condução AV, 1871, 1871q disfunção do nó AS, 1868 miocardiopatia, 1964-1965,1965f, 1966f na doença hepática, 2606 na febre familiar do Mediterrâneo, 2814-2815 na gamopatia monoclonal de significado indeterminado, 947 na hanseníase lepromatosa, 1364 nausea e vômitos na, 301 neuropatia na, 3457 no mieloma múltiplo, 946 nodular, 418 patogenia da, 946 proteínas fibrilares amiloides na, 945, 945q proteinúria, 338 renal, 2349, el4-5f renal, 2349, el4-5f sangramento na, 460 senil, 1868 sistêmica, 945q sistêmica senil, 949 taquicardia ventricular na, 1896q transplante de fígado para, 950 tratamento da, 947-949, 950 TTRA, 945q, 949-950 Amilorida ação da, 2282f, 2286 efeitos adversos da, 357 interações medicamentosas da, 47 para a síndrome de, 354 para ascite, 332 para diabetes insípido associado ao lítio, 350,351 para hipertensão, 2054,2055q Aminas aromáticas,656q Aminoácido(s) análise do(s), 3214 em preparações para suporte nutricional especializado, 617 essenciais, 588, 3214 hiperpotassemia e, 356 metabolismo, distúrbios do, 3214, 3215-3217q tipos de, 3214 transporte renal dos, 2282f, 2285 Aminoacidopatia, 3214 Aminoacidúria dibásica, 3220, 322lq Aminoacidúria dicarboxílica, 322lq Aminoacidúria(s), 3220, 322lq Aminofilina efeitos adversos da, 295, 372 para anafilaxia, 2710 para asma, 2 1 1 1 Aminoglicosídios ação dos, 1133, 1134q, 1135 distribuição dos, 1139 dose monitoração, 39 no comprometimento renal, 1140q efeitos adversos dos clinicamente mais relevantes, 1146q hipopotassemia, 352 nefrotoxicidade, 2298 perda auditiva, 250 índices farmacodinâmicos dos, 1141q na gravidez, 1142q para endocardite infecciosa, 1057, 1059 para infecções anaeróbias, 1338q para infecções no paciente com câncer, 719 para infecções por VRE, 1183,11851186q para tuberculose, 1373q resistência aos, 1057,1134q, 1138, 1187
Aminoglutetimida para bloqueio suprarrenal, 705 para síndrome de Cushing, 2899 Aminotransferase(s) HCV e, 2578 na avaliação da função hepática, 2528-2529, 2530q no paciente ictérico, 327 Amiodarona ação da, 1865q alterações ECG causadas pela, 1839f dose de, 1883q efeitos adversos da cutâneos, 413, 433 fototoxicidade, 445q hepatotoxicidade, 2564 miopatia, 3508q, 3509 na doença pulmonar crônica, 38 não arritmicos, 1884q neuropatia, 3462, 3464q neuropatia óptica, 232 pró-arrítmicos, 1884q tireotoxicose, 2929-2930 trombocitopenia, 967q efeitos sobre a função da tireoide, 2929-2930 farmacologia da, 1883q indicações para, 1883q interações medicamentosas com digoxina, 35, 38, 46q com quinidina, 46q, 168lq com varfarina, 46q para arritmias na insuficiência cardíaca, 1911 para cardioversão farmacológica, 1886 para fibrilação atrial, 1882 para parada cardíaca, 2244 para taquicardia atrial, 1887 para taquicardia atrial multifocal, 1886 para taquicardia ventricular, 1893, 1895, 2032 Amiotrofia definição da, 3345, 3347f diabética, 3458, 3507 Amiotrofia diabética, 3458, 3507 Amiotrofia neurálgica hereditária, 3454q, 3455 Amitriptilina dose, 3531q efeitos adversos da, 121q, 247,1868q, 3531q overdose, intoxicação por, e50-9q a e50-10q, e50-llq para cefaleia crônica diária, 125 para cefaleia pós-traumática, 126 para cistite intersticial/síndrome da bexiga dolorosa, e35-3 para depressão, 651,3531q para disfunção olfatória, 247 para dor, 98q para insônia, 217 para intoxicação por ciguatera, 3574 para náusea e vômitos, 303q para prevenção da enxaqueca, 1 2 0 , 121q Amnésia, 209, e9-l anterógrada, 209, e9-2 assistência ao paciente com, 2 1 1 - 2 1 2 etiologia da, 210, e9-2 exame clínico na, 2 1 0 global transitória, 210, 3314 indução no paciente com ventilação mecânica, 2 2 0 1 psicogênica, demência por, 3315 retrógrada, 209, e9-2 vídeo biblioteca, el 0 -l Amnésia global transitória, 3314 Amnésia psicogênica, 3315 Amniocentese, 508 Amodiaquina para malária, 1699q, 170q
efeitos adversos da, 1675q, 1700q, 1705, e26-l farmacologia da, 1700q, e26-l Amônia/ amônio sérica, na avaliação da função hepática, 2527-2528 urinária, 368 Amoniogênese, 368, 2285, 2292, 2397 Amostra com viés de duração, 659 Amostra de endométrio, 663 Amostra de sangue fetal, 513 Amostra de vilosidade coriônica, 508, 511 Amoxapina para depressão, 353lq, 3538 Amoxicilina absorção da, 1139 efeitos adversos da, 432,2450 indicações para, 1144q para actinomicose, 1329,1330q para antraz, 1772q para artrite bacteriana gonocócica, 2845 para doença de Lyme, 1405, 1405f, 2845 para faringite, 264q para febre entérica, 1277q para infecção por C. trachomatis, 1426 para infecções por Salmonella , 1280q para leptospirose, 1396q para otite média, 260-261, 261q, 1158 para pneumonia, 1158,2135q para profilaxia da endocardite, 1063q para sinusite, 257, 258q profilática, 1148q resistência à, 1144q Amoxicilina/clavulanato para infecções de feridas por mordeduras, 1070q, e24-3, e24-3q para infecções por Nocardia,1325 para neutropenia febril, 707 para pneumonia, 2135q profilática, 1148q AmpC (3-lactamase, 1248,1255 Ampicilina efeitos adversos da cutâneos, 149q, 157,415, e7-2f hepatite colestática, 329 trombocitopenia, 967q indicações para, 1144q interações medicamentosas da, 1675q para endocardite infecciosa, 1058q, 1059,1184q para fasciite necrosante, 1070q para infecções enterocócicas, 1184q para infecções estreptocócicas na gravidez, 60 para infecções por clostrídios, 1205q para infecções por L. monocytogenes, 1196 para infecções por Salm onella, 1280q para infecções por VRE, 1185-1186q para leptospirose, 1396q para meningite, 1184q, 3414q, 3415 para profilaxia da endocardite infecciosa, 1063q resistência à, 1141q, 1187 Ampicilina-clavulanato para otite média, 26lq para sinusite 258q Ampicilina-sulbactam para angina de Ludwig, 265 para celulite, 1070q para epiglotite, 266 para infecções anaeróbias, 1338q para infecções de feridas por mordedura, 1070q, e24-3, e24-3q para infecções de pele de tecidos moles, 1069 para infecções profundas de garganta, 267
para pneumonia associada a cuidados médicos, 2139q resistência à, 1338 Amplificação baseada na seqüência de ácido nucleico (NASBA), 1540q, 1541, e22-9 Amplificação HER2, no câncer de mama, 757,759 Amplitude de distribuição dos eritrócitos (RDW), 450, el7-l Amplitude de movimento, 2822q Amprenavir, 1572q, 1572q, 1575f, 1579 Amputação para geladura, 169 ANA. Ver Anticorpos antinucleares (ANA) Anacinra ação da, 2684 efeitos adversos da, 2748q para artrite reumatoide, 2748q, 2749 Anafilaxia, 2709 acidose respiratória na, 372 diagnóstico de, 2710 etiologia da, 2709 fatores predisponentes para, 2709 fisiopatologia da, 2709-2710 induzida por exercício, 2711-2712 manifestações da, 2709-2710 prevenção da, 2710-2711 tratamento da, 2710, 3582 Anágeno, 380 Anagrelida para policitemia vera, 900 para trombocitose, 904 Analgesia (anormalidade sensorial), 186 Analgesia controlada pelo paciente, 99 Analgésicos cefaleia por uso excessivo de medicação e, 120,125 efeitos adversos dos, 302, 305, 2372, 2372f para função lombar, e46-1 Análise citogenética convencional, 509-510 indicações para, 512 molecular, 510-512 no diagnóstico pré-natal, 512-513 nos distúrbios cromossômicos, 509 para detecção de mutações, 508q Análise com pares de irmãos, 505q Análise da fase S, no câncer de mama, 759 Análise das fezes coleta e transporte da amostra para, e22-4q na diarréia crônica, 316 para detecção de parasitos intestinais, e25-l, e25-2q a 25-5q para sangue oculto. Ver Sangue oculto nas fezes valores de ferencia, 360lq Análise de coordenadas principais, 529 Análise de decisão, 2526, 26f Análise de irmãos e parentes afetados, 505q Análise de ligação, 503-505, 505q Análise de network de fármacos-alvos, el9-3 Análise do escarro coleta e amostra na espécime de transporte, 2098-2099, e22-4q coloração de Gram, 1324f, 2133 na avaliação de doença respiratória, 2086, 2098-2099 na febre de origem obscura, 163 na fibrose cística, 2148 na tosse, 283 na tuberculose, 1351 no câncer de pulmão, 743 Análise do líquido cerebrospinal (LCS) coleta da amostra e transporte, e2 2 5q em infecções parasitárias, e25-6q
na EM, 3399, 3400q na encefalite viral, 3421-3422 na infecção pelo HIV, 1558 na meningite bacteriana, 3414, 3414q na meningite crônica, 3438-3440, 3440f na meningite vital, 3418 no delirium, 2 0 0 valores de referência, 3600q valores normais, e46-3, e46-3q Análise do líquido sinovial interpretação da, 2826,2826f na artrite reumatoide, 2746 Análise do sêmen, 3014 Análise filogenética, 527,527q Análise genealógica, 500, 500f, 507 em doenças do DNA mitocondrial, el 8 -2 , el 8 -2 f no aconselhamento genético, 520, 520f Análise independente de cultura, 527529, 527q, 528f Análise UniFrac, 528f, 529 Análogos da somatostatina, efeitos adversos dos, 2896 para acromegalia, 2895-2896, 2895f para náusea e vômitos, 303q para sangramento varicoso, 321 Análogos das prostaglandinas efeitos adversos dos, 2449 para doença ulcerosa péptica, 2447q, 2449 para glaucoma, 235 para glaucoma de ângulo fechado agudo, 230 Anandamida, 634 Anaplasmose granulocitotrópica humana, 1404, 1408q, 1413f, 1414 Anasarca, 290 Anastomose da veia porta-veia pulmonar, 289 Anastrozol, 704 ANCA. Ver Anticorpo anticitoplasma de neutrófilo (ANCA) Ancilostomose diagnóstico da, 1741, e25-3q, e25-5q, e25-7q em viajantes, 1045 eosinofilia na, 481, e25-7q epidemiologia da, 1741 manifestações clínicas da, 1740q, 1741 manifestações cutâneas da, 1067 tratamento da, 1740q, 1741 vs. DII, 2486q, 2487 Ancylostom a braziliense, 1741, e25-3q. Ver tam bém Larva migrans, cutânea Ancylostom a caninum, 1741. Ver tam bém Larva migrans, cutânea Ancylostom a duodenale, 1740q, 1741, e25-3q. Ver tam bém Ancilostomíase Androgênio(s) abuso de. Ver Abuso de androgênio ação do(s) distúrbios de, 3051-3053, 3052q na regulação da função testicular, 3012, 3012f deficiência de abordagem ao paciente, 3021, 302 lf artrite reumatoide e, 2741 ginecomastia devido a, 3019 excesso de, 381-383 metabolismo dos, 3012,3012f na esteroidogênese suprarrenal, 2940f no crescimento dos pelos e diferenciação, 380 síntese dos, distúrbios da, 3051, 3052q, 3053 na regulação da função testicular, 3011-3012, 301 lf vias de, 3053f suprarrenais, para insuficiência suprarrenal, 2959 2959f
Andropausa, 3020 Androstenediona, no hirsutismo, 381 Anel B, 2429, 2429f Anel de Kayser-Fleischer, na doença de Wilson, 3188, e41-8f Anel de Schatzki, 299, 2420, 242 lf, 2429, 2435f Anel vaginal, mensalmente, 3038q, 3039 Anel(is) B, 2429, 2429f esofágicos, 2429,2429f Anemia. Ver tam bém tipos específicos abordagem ao paciente, 449-454 achados endoscópicos na, 2421, 242lf, 2422f acidose láctica na, 366 anamnese na, 449 após transplante renal, 2333 classificação da, 454-456,454f, 652 delirium na, 199 diagnóstico da, 449-454 contagem de reticulócitos na, 450, 452-453,452q, 453q esfregaço de sangue periférico, 450 exame de medula óssea, 453-454, 453q pesquisa inicial, 449-450, 450q suprimento e armazenamento de ferro, 453 dispnéia na, 278q, 279 distúrbios de maturação, 454f, 455 eritropoietina na, 449f exame físico na, 449 hemolítica. Ver Anemia hemolítica hipoproliferativa, 454f, 455, 633, 844. Ver tam bém Anemia ferropriva hipoxia na, 287 infecção pelo HIV, 1556-1557 LES e, 2730 macrocítica, el7-8f manifestações clínicas da, 449 na doença hepática, 851 na doença renal crônica, 455,456, 850, 850q, 2316,2319 na hipotermia, 167 na inanição de proteína, 850-851 na lesão renal aguda, 2307 na talassemia, 858 nas síndromes de má absorção, 2476q no câncer colorretal, 771 no mieloma múltiplo, 940 no paciente em estado crítico, 2203 no sangramento gastrintestinal, 320 normocítica, artrite reumatoide e, 273 nos estados de deficiência endócrina, 850 nos estados hipometabólicos, 850851, 850q nos estados inflamatórios, 847, 848q, 849-850, 849f por perda de sangue, 454f, 455-456, 885-886 por quimioterapia, 708 sangue oculto nas fezes e, 2421, 242 lf, 2422f sideroblástica, 455, 848q, 3340q transplante de fígado e, 261 lq, 2612 tratamento da, 456 Anemia aplásica, 887 adquirida, 887, 8 8 8 q anamnese, 890 classificação da, 8 8 8 q diagnóstico da, 890f, 891 epidemiologia da, 887 esfregação de sangue periférico na, 891 etiologia da, 887-888q exame físico na, 891 fisiopatologia da, 889-890 hemoglobinúria paroxística noturna e, 884, 889
hereditária, 888q-889 imunologicamente mediada, 890 induzida por fármacos, 8 8 8 q, 889890 induzida por radiação, 887-888 infecções precedentes, 889 manifestações clínicas da, 890-891 medula óssea na, 890f, 891, el7-7f monocitopenia na, 481 prognóstico da, 891 tratamento da, 891-893, 959, 962, 963q Anemia da inflamação, 847, 848q, 849850, 849f Anemia de Diamond-Blackfan, 893, 893q Anemia de Fanconi, 496, 889 Anemia falciforme, 854, 854f abscesso esplênico na, 1081 acidente vascular encefálico devido a, 3278 anormalidades musculoesqueléticas na, 2853-2854,2854q artropatia na, 2853-2854,2854q autoesplenectomia na, 471 comprometimento ocular na, 233 comprometimento renal na, 2352, 2372, 2381-2382 crise de seqüestro esplênico na, 855 crises dolorosas na, 855,856 diagnóstico da, 855q, 856, 856f esfregaço de sangue periférico na, 856f, el7-4f fatores genéticos na, 497, 501, el9-3 hiperpotassemia na, 356 hipertensão pulmonar na, 2082 icterícia na, 326 índice de reticulócitos na, 455 infecções na, 1009q manifestações clínicas da, 855-856, 855q resistência à malária e, 507,1691 síndrome mão-pé na, 855 síndrome torácica aguda na, 855, 856-857 terapia antibacteriana na, 1141 testes genéticos para, 507, 519 tratamento da, 856-857, 861,959, 962 viagem em altitudes elevadas e, e51-5 Anemia ferropriva, 846 câncer gastrintestinal e, 766,771 causas de, 846,846q considerações globais, 846 diagnóstico da, 847-848, 847q esfregaço de sangue periférico na, 451f, el7-2f, el7-3f estágios da, 846, 846f fisiopatologia da, 455 manifestações clínicas da, 846 na ancilostomose, 1741 por sangramento gatrintestinal, 323 relacionada com cirurgia, 2454 tratamento da, terapia com ferro oral, 848-849, 848q terapia com ferro parenteral, 849 transfusão de hemácias, 848 Anemia hemolíltica, 872 adquirida, 872, 872q, 881, 883q autoimune. Ver Anemia hemolítica autoimune doença da crioaglutinina, 882-883 em infecções, 881 hemoglobinúria paroxística a frio, 882 hemoglobinúria paroxística noturna. Ver Hemoglobinúria paroxística noturna por agentes tóxicos e fármacos, 881 por destruição mecânica dos eritrócitos, 881, 882f crise aplásica na, 861
diagnóstico da, 455-456, 872-873, 873q esfregaço de sangue periférico na, el7-4f exame de medula óssea na, el7-18 fisiopatologia da, 873-874, 873f hereditária, 872q anormalidades citoesqueléticas da membrana eritrocitária na, 874-875, 876q anormalidades do metabolismo redox na, 878-881, 878f. Ver tam bém Deficiência de glicose-6 fosfato desidrogenase (G6 PPD) anormalidades enzimáticas na, 876-878, 877q eliptocitose hereditária, 875f, 876, 876q esferocitose hereditária. Ver Esferocitose hereditária icterícia na, 326 induzida por fármacos, 44,48 manifestações clínicas da, 449, 455, 872-873, 873q microangiopática, 326, 881, 883q, 996f, 2378-2379, el7-5f. Ver tam bém Microangiopatia trombótica monocitose na, 480 na anemia falciforme, 855 não esferocítica crônica, 879 vs. hemólise compensada, 874 Anemia hemolítica autoimune, 881 diagnóstico da, 881 fisiopatologia da, 881 manifestações clínicas da, 881 na mononucleose infecciosa, 1468 tratamento da, 881-882 Anemia hemolítica microangiopática, 326, 881, 883q, 966f, 2378-2379, el7-5f. Ver tam bém Microangiopatia trombótica Anemia hemolítica não esferocítica crônica, 879, 880 Anemia hipoproliferativa, 844,849,887. Ver tam bém Anemia aplásica; Anemia ferropriva Anemia megaloblástica, 862 achados hematológicos na 8 6 6 , 8 6 6 f anormalidades cromossômicas na, 866
base bioquímica da, 864, 864f esfregaço de sangue periférico na, 866, 866f etiologia da, 862q hematopoiese ineficaz na, 8 6 6 induzida por fármacos, 862q, 870 infecções na, 1009q manifestações clínicas da, 865-866 na acidúria orótica, 862q, 871-872 responsiva à tiamina 862q, 872, 3222q tratamento da, 871-872 Anemia megaloblástica responsiva à tiamina, 3222q Anemia perniciosa absorção de cobalamina na, e37-l, e37-lq juvenil, 867 manifestações orais da, 269 Anemia refratária, 895q com excesso de blastos, 894,895q com sideroblastos em anel, 894, 895q Anemia sideroblástica, 455, 848q, 3340q Anestesia (anormalidade sensorial), 186 Anestesia epidural, 62 Anestesia espinal, 62 Anestésicos inalados, 62 neuraxiais, 62 para delirium, 77, 77q segurança dos, 62 Anestésicos inalados, 62,144
Anestésicos locais epinefrina, 275 Aneuploidia detecção de, 510-511, 51 lf Aneurima de Rasmussen, 1345 Aneurisma apical ventricular, e29-3f, e29-3V artéria poplítea, 2071 da aorta. Ver Aneurisma aórtico fusiforme, 2060 micótico, Ver Aneurisma micótico reparo de, 2264 sacular, 2060, 2282. Ver tam bém hemorragia subaracnóidea seio de Valsalva da aorta, 1924 verdadeiro, 2060 Aneurisma aórtico, 2060, 2060q abdominal, 2062-2063 dor lombar na, 136 edema abdominal no, 330 triagem para, 30q angiografia no ecocardiografía no, e29-l V etiologia do, 2060-2061, 2060q familiar, 2061 manifestações clínicas do, 2061-2062 micótico, 2061, 2065 monitoração da expansão do, 2061 na sífilis, 2061 nas espondiloartropatias, 2061 necrose mediai cística no, 2061 radiografia no, 2061-2062, 2061f, 2064 ruptura de, 109-110, lllq , 2061,2062 torácica, 104, 2061-2062, e40-4f tratamento do, 2062-2063 traumática, 2061 tuberculose, 2061 ultrassonografia no, 2062 Aneurisma cerebral, 128 Aneurisma da artéria poplítea, 2071 Aneurisma do círculo arterial do cérebro (de Willis), 1925 Aneurisma do seio de Valsalva, 1924 Aneurisma fusiforme, 2060 Aneurisma micótico, 2060q, 2061,2065 círculo de Willis, 2262 na endocardite infecciosa, 1062 Aneurisma sacular, 2060, 2062, 2262. Ver tam bém Hemorragia Subaracnóidea Aneurisma ventricular esquerdo apical, RM do, e29-3f, e29-3V no infarto do miocárdio, 2034 Anexina-2, 459 Anfetamina(s) ações iniciais das, 3527q efeitos adversos das alopecia, 407 hipertermia, 144,144q insônia, 218 miocardiopatia, 1962 palpitações, 295 overdose/intoxicação com, e50-15q Anfotericina B classe de gravidez, 1677q efeitos adversos da, 1638 freqüentes, 1676q, 1712 hipopotassemia, 352 nefrotoxicidade, 2298 ocasionais, 1676q raros, 1712 trombocitopenia, 967q formulações lipídicas de, 1638 interações medicamentosas da, 1676q na sepse/choque séptico, 2229q para infecções para pacientes com câncer, 720 para infecções por Aspergillus, 1659, 1659q para infecções por Blastomyces, 1647q, 1648
para infecções por Candida candidíase, 264 disseminadas, 1654q endocardite, 1060 esofagite, 2436 para infecções por coccidioides, 1645, 1645q para infecções por Cryptococcus, 1559, 1650, 3426 para infecções por Fusarium, 1668 para infecções por Histoplasma, 1642, 1642q, 3427 para infecções por Leishmania, 1712, 1713,1716 para infecções por Sporothrix, 1666q para mucormicose, 1663q para paracoccidioidomicose, 1666q para peniciliose, 1666q para sinusite, 258 Angiite alérgica. Ver Síndrome de ChurgStrauss granulomatosa isolada, meningite crônica devido a, 3439q leucocitoclástica cutânea (vasculite cutânea idiopática), 2798 Angiite alérgica e granulomatose. Ver Síndrome de Churg-Strauss Angiite leucocitoclástica cutânea, 2798 Angiite primária do sistema nervoso central (APSNC), 2799, e40-6f Angina, microvascular, 1998 Angina de decúbito, 2000 Angina de Ludwig, 264-265, 268,1334 Angina de peito, 102,103q, 2000. Ver tam bém Cardiopatia isquêmica anamnese na, 2 0 0 0 -2 0 0 1 aterosclerose e, 1986 atípica, 2 0 0 0 cardiologia nuclear na, 1845f, 1846f duração da, 103 estável, 2 0 0 0 estável de esforço, 2 0 0 0 exame físico na, 2 0 0 1 gravidade da, 2 0 0 0 , 2 0 0 0 q instável. Ver Angina instável/infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST (AI/IMSEST) limiar para o desenvolvimento da, 2000
localização da, 102,103q na estenose aórtica, 1939 na hipotensão ortostática, 174 qualidade da, 103q tratamento da, 2006-2007, 2038 Angina de Vincent, 263, 264, 268, 270q Angina instável/infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST (AI/ IMSEST), 2015 biomarcadores cardíacos na 2016 diagnóstico da, 2015,2016, 2017f dor torácica na, 102,103q, 105, 106q ECG na, 2016, e33-4f estratificação de risco na, 2016, 2017f fisiopatologia da, 2015-2016 manifestações clínicas da, 2016 prognóstico da, 2016 tratamento da, 990, 2016-2020 beta bloqueadores, 2017, 2018q, 2058q bloqueadores dos canais de cálcio, 2017, 2018q clopidogrel com ácido acetilsalicílico, 990 estatinas, 2017 estratégia invasiva vs. conservadora, 2 0 2 0 , 2 0 2 0 q ICP. Ver Intervenções coronarianas percutâneas (ICP) inibidores da enzima conversora de angiotensina, 2017 monitoração, 2016
nitratos, 2016-2017,2018q, 2058q sulfato de morfina, 2018q terapia antitrombótica, 2017-2020, 2019q tratamento de longo prazo, 2 0 2 0 Angina microvascular, 1998 Angina variante de Prinzmetal, 1999, 2010 , 2020-2021
Angioceratoma, 417q, 419, 3191, e41-7f Angiocoronariografia choque cardiogênico, 2234-2235 durante o cateter cardíaco, 1858, 1858f na angina variante de Prinzmetal, 2020
no IMEST, 2029 Angiodermatite, acral, 420 Angiodermatite acral, 420 Angioedema, 416,416q, 2711 classificação do, 2711, 271 lq definição do, 2711 diagnóstico do, 2713 etiologia do, 2711 -2712, 271 lq fatores predisponentes para, 27112712,2711q fisiopatologia do, 2712-2713 induzido por fármaco, 435, 439q manifestações clínicas do, 2712-2713 tratamento do, 435,2713 vibratório, 2712 Angioedema vibratório, 2712 Angiofibroma, 417, 417q, 669q Angiogênese, 1802, 2440 inibidores da, 687,688f. Ver tam bém Bevacizumabe terapêutico doença arterial periférica, 2068 terapia gênica para, 551 terapia gênica para inibição, 550 inibição da, 687, 6 8 8 f mecanismos de formação de vasos na, 684-687 vias de sinalização na, 685, 685f. 686f tumor, 673f, 682 Angiografia cerebral, no acidente vascular encefálico, 3292-3293 espinal, 3250 mesentérica, 303 na doença neurológica, 3249,3250 TC. Ver Angiorressonância magnética com tomografia computadorizada (TC). Ver Angiorressonância magnética (ARM) Angiografia cerebral, no acidente vascular encefálico, 3292-3293 Angiografia espinal, 3250 Angiografia pulmonar na avaliação da doença respiratória, 2098 na embolia pulmonar, 2098 Angioma aracneiforme, 330, 2523, 2593, 2593f cavernoso, 3298-3299 em morango, 391 q intestino delgado, 775 senil, 392f Angioma aracneiforme, 330, 2523, 2593, 2593f Angiomas cavernosos, 3298-3299 Angiomatose bacilar diagnóstico, 1319 epidemiologia da, 1318 etiologia da, 1318 manifestações clínicas da, 155q, 1318, 1319f manifestações cutâneas da, 155q, 417q, 419 na infecção pelo HIV, 1319f, 1563 patologia da, 1318-1319
2010
para fenômeno de Raynaud, 2072 para hipertensão pulmonar, 2079 Anoikis, 695 Anomalia de Ebstein, 1927 Anomalia de May-Hegglin, 969 Anomalia de Pelger-üt, 473, 474f, el7-7f Anomalias vasculares, 3298 Anomalias venosas, 3298 Anomia, 203, 206, 209 das cores, 205,226 digital, 206 Anomia das cores, 226
Anomia dos dedos, 206 Anorexia alimentação por sonda enteral na, 614 induzida por radiação, 692 na apendicite, 2516 no câncer gástrico, 766 no idoso, 581 no paciente terminal, 83q Anorexia nervosa, 636 anormalidades cardíacas na, 638 anormalidades endócrinas na, 638 características físicas da, 638 diagnóstico da, 637q, 638, 638q epidemiologia da, 636 etiologia da, 636-637 manifestações clínica da, 637-638, 637q náusea e vômitos na, 302 prognóstico da, 638-639 tratamento da, 639-640, 640f Anorexígenos efeitos adversos dos, 2048q hipertensão pulmonar e, 2080 para a síndrome metabólica, 1996 para perda ponderai, 634 Anormalidade regional na mobilidade da parede na cardiopatia isquêmica, 2005 no infarto do miocárdio, 2034 Anormalidades/distúrbios cromossômicos, 499, 509, 513. Ver tam bém Distúrbios genéticos; doenças específicas
em paciente exposto à radiação, 1795 estruturais, 516 incidência e tipos de, 514, 514q nos cromossomos sexuais, 3047q, 3048, 3048f numéricos, 514-516 origem dos, 515q, 516f síndromes cromossômicas, 514 síndromes de microdeleção, 516q, 517-518 Anorreto, 309f Anos de vida ajustados para incapacidade (DALY), 10-12, 1lq Anosmia. Ver Distúrbios olfatórios Anosognosia, 208, 3304 Anovulatório, 385 Ansiedade disfunção erétil e, 375 disfunção sexual feminina e, 379 na acidose respiratória, 371 vs. síncope, 176 Antagonistas (3-adrenérgicos (betabloqueadores) efeitos adversos dos, 1910,2010 alopecia, 407 bloqueio de condução AV, 1871q bradicardia, 1910 cutâneos, 398,405 disfunção do nó SA, 1868q, 1870 disfunção erétil, 375, 376q fenômeno de Raynaud, 2072 na asma, 2108 queda dos cabelos, 434 xerostomia, 274 efeitos sobre a razão aldosteronarenina, 2949q na doença arterial periférica, 2068, 2069 no perioperatório, 65 overdose/intoxicação com, e50-10q para alcalose respiratória, 373 para aneurisma da aorta, 2062, 2063 para cardiopatia isquêmica, 2009q, 2010
para complexos atriais prematuros, 1880 para complexos juncionais prematuros, 1880
para dissecção aórtica, 2064 para doença cardiovascular induzida por radiação, 839 para feocromocitoma, 2964 para fibrilação atrial, 1882 para flu tte r atrial, 1886 para glaucoma, 235 para glaucoma agudo de ângulo fechado, 230 para hipertensão, 2055q, 2056 para infarto do miocárdio, AI/IMSEST, 2017,2018q IMEST, 2025-2026, 2030 para insuficiência cardíaca, 1908q, 1909-1910, 1910f para miocardiopatia arritmogênica do VD/displasia, 1896 para palpitações, 296 para prevenção da enxaqueca, 121 para síncope, 173 para síndrome de vômitos cíclicos, 304 para taquicardia mediada por via acessória, 1890 para taquicardia por reentrada no nó AV, 1888 para taquicardia sinusal, 1880 para taquicardia ventricular, 1893, 1895 para taquicardia ventricular polimórfica catecolaminérgica, 1899 para varizes hemorrágicas, 321, 2599 receptores (3-adrenérgicos, 2043 no choque, 2215 polimorfismos nos, 39f, 44,1803q Antagonistas da aldosterona efeitos adversos, 1910 para hipertensão, 2055q, 2056 para insuficiência cardíaca, 1908q, 1910 Antagonistas da bomba ácida que competem com o potássio, para doença ulcerosa péptica, 2449 Antagonistas da dopamina para enxaqueca, 115, 118q, 119-120 para náusea e vômitos, 303-304, 303q Antagonistas da glicoproteína Ilb/IIIa, 991-992. Ver tam bém Abciximabe; Eptifibatida; Tirofibana na ICP, 2036 para AI/IMSEST, 2020 para IMEST, 2027, 2030 Antagonistas da quinase de múltiplos alvos, 706 Antagonistas da serotonina (5-HT3) para náusea e vômitos, 303q, 304, 709 por di-hidroergotamina, 125 para síndrome do intestino irritável, 2500 Antagonistas da vasopressina (vaptanas) para hiponatremia, 349, el5-5 para insuficiência cardíaca aguda, 1913 Antagonistas da vitamina K, 998. Ver tam bém Varfarina Antagonistas das endotelinas para hipertensão pulmonar, 2079 para hipertensão resistente, 2045 Antagonistas de receptor do hormônio do crescimento (GH), para acromegalia, 2896 Antagonistas do receptor de canabinoides, para perda de peso, 634-635 Antagonistas do receptor H2. Ver Antagonistas dos receptores H2 de histamina Antagonistas do receptor H2 de histamina efeitos adversos dos, 376q, 2448 interações medicamentosas dos, 46q para angioedema, 2713
para doença gastrintestinal, 2407 para doença ulcerosa péptica, 24472448, 2447q para DRGE, 306, 2435 para gastrite, 321 para pré-medicação na quimioterapia, 2277 para urticária, 2713 Antagonistas P2 Y12 reversíveis, 992 Antecipação, 503 Anterocolo, 3328 Antiácidos efeitos adversos dos, 310,313,370 interações medicamentosas dos, 46q, 1143, 1147q para contaminação interna por radionuclídios, 1793,1794q para doença gastrintestinal, 2407 para DRGE, 306-307 para úlcera péptica, 2447, 2447q Antiandrogênios efeitos adversos dos, 802 para câncer de próstata, 704, 802-803 uso intermitente de, 802-803 Antianfifisina, 833q Antiarrítmicos, Ver tam bém fárm acos específicos
ações dos, 1865,1865q classificação de Vaughan-Williams, 1865, 1865q dose oral/indicação primária, 1883q efeitos adversos dos, 302, 310,1868q, 1871q faixa posológica intravenosa/ indicação primária, 1883q na insuficiência cardíaca, 1911 overdose/intoxicação com, e50-15q para dor, 98q, 100 Antibacterianos, 1133. Ver tam bém fárm acos específicos
absorção de, 1139 ação dos, 1133,1134q, 1135f, 1141 administração intramuscular, 1139 administração intravenosa, 1139 administração oral, 1139 ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q antibiograma, 1140, e22-10 antimetabólitos, 1134q, 1135f, 11361137 concentração na urina, 1141 distribuição dos, 1139 duração da terapia, 1147-1148,1149q efeitos adversos dos, 1143, 1146q clinicamente mais relevantes, 1146q deficiência de G6 PD, 879q eritema, 153q erupção exantematosa, 149q febre, 160 efeitos sobre amicrobiota, 530 em paciente imunocomprometido, 1141 escolha dos, 1011-1012,1143,1144q, 1148-1149 farmacocinética dos, 1139,1140f farmacodinâmica dos, 1140-1141, 1141q fracasso do tratamento, 1148 gerência de, 1119, 1148-1149, 1247 indicações para, 1144q inibidores da síntese da parede celular, 1133,1134q, 1135f inibidores da síntese de proteínas, 1133,1134q, 1135, 1135f inibidores da síntese/atividade do ácido nucleico, 1134q, 1135f, 1137 interações medicamentosas dos, 1143,1147q local de infecção e, 1141 metabolismo e eliminação dos, 11391140
ÍNDICE
prevenção, 1319 profilaxia da, 1545q tratamento da, 1070q, 1317q, 1319 Angiomiolipoma, renal, 669q Angiopatia amiloide, 3306 amiloide cerebral, 3309 Angiopatia amiloide, 3306 Angiopatia amiloide cerebral, 3296, 3309 Angioplastia por balão, 2036-2037, 2036f. Ver tam bém Intervenções coronárias percutâneas (ICP) Angiopoietinas, 540, 542, 684-685, 685f Angiorressonância magnética (ARM) cardíaca, 1847-1848,1848f contraste de fase, 3247 imagem em TOF, 3247 na cardiopatia congênita, 1847, 1848f, 1925f na doença arterial periférica, 2067f na doença neurológica, 3246, e44-16f na geladura, 169 renal, 2376q Angiossarcoma, 417q, 420, 818 Angiotensina II na doença renal crônica, 2290 na reabsorção de sódio, 342, 2282 na regulação da pressão arterial, 2044 na regulação da taxa de filtração glomerular, 2281f, 2282, 2294 no choque, 2216 Angiotensinogênio, 2044 Angiotomografia computadorizada (TC) coronária, com contraste, 1849-1850,1850f, e29-6f da artéria coronária direita normal, e29-6V na avaliação de sopro, el3-10 na coarctação da aorta, 1925f, e29-3f no aneurisma aórtico, 2062f para visualização de enxertos da veia safena, e29-6f neurológica, 3241, 3241f renal, 2376q Ângulo anorretal, Ver Ângulo retoanal Ângulo do esterno, 1823 Ângulo retoanal, 309, 309f, 318 Anidrase carbônica, 2282f, 2283 Anidrose, no botulismo, 1201 Anidulafungina indicações para, 1639 para infecções por Candida, 264, 1654 para mucormicose, 1663q Anion gap, 365 Ânion(s), distúrbios genéticos dos, 3221q Anisaquíase, 1743-1744 Anismo, 318 Anisocitose, 450,471,el7-l Anisocoria, 225-226 Anistreplase, 1002 Anlodipino efeitos adversos do, 2009q para cardiopatia isquêmica, 2009q,
1-9
para actinomicose, 1330q para bastonetes Gram-negativos anaeróbios, 1338q, 1339q para DII, 2490,2493f para febre reumática, 2754 para infecções em paciente com câncer, 719-720 para infecções por Nocardia, 1322q para meningite bacteriana, 34143417, 3414q, 3416q para sepse/choque séptico, 22282229, 2229q princípios de quimioterapia, 1140 profilática para paciente com câncer, 722 para neutropenia crônica, 482 para procedimentos dentários, 275 para receptor de transplante, 1127q, 1130 para feridas de mordedura de animais, e24-3q, e24-4 que alteram a permeabilidade da membrana celular, 1134q, 1135f, 1137 quimioterapia de combinação, 11411142 atividade sinérgica ou aditiva, 1142 para múltiplos patógenos potenciais, 1142 para prevenção de resistência a fármacos, 1142 resistência aos, 1137,1144q. Ver tam bém fárm acos específicos
adquirida, 1137 em bactérias Gram-negativas, 1247-1248,2134 em infecções associadas a cuidados médicos, 1119 em S. pneum oniae, 2134 intrínseca, 1137 mecanismos de, 1137 múltiplos antibióticos, 1138-1139 prevenção da, 1142 sensibilidade das bactérias in vitro, 1140 terapia de ciclo curto, 1149 terapia empírica com, 1143 para infecções adquiridas na comunidade, 1143 para infecções potencialmente fatais, 1143 para paciente febril agudamente enfermo, 1024, 1025-1026q uso inapropriado de, 1119, 1148-1149, 1247 uso profilático dos, 1145,1148q Antibióticos antitumorais, 697-698q, 701-702 Antibióticos P-lactâmicos ação dos, 1133,1134q, 1136q p-lactamase, 1136q, 1137,1247-1248, 1259 classificação dos, 1136q distribuição dos, 1139 efeitos adversos dos, 160,1146q para cistite, 2393q, 2394 para infecções anaeróbias, 1338 para infecções cutâneas, 400 para infecções pneumocócicas, 1157 resistência aos, 1134q, 1137,1187 vias de administração dos, 1136q Antibioticoterapia parenteral ambulatorial, 1139 Anticoagulante lúpico, 463q, 464,982, 1000, 2736 Anticoagulante(s), 992 hemorragia intracerebral devido a, 3296 interações medicamentosas de, 47 lúpus, 2736
na prevenção do acidente vascular encefálico embólico, 3282 na prevenção do acidente vascular encefálico não cardiogênico, 3282 na sepse/choque séptico, 2230 orais, 998, 1000-1001, lOOOq. Ver tam bém Varfarina para acidente vascular encefálico isquêmico, 3274 para embolia pulmonar, 2175-2176, 2175q para hipertensão arterial pulmonar, 2078 para oclusão arterial aguda, 2070 para tromboflebite supurativa, 3434 para trombose renal superficial, 2074 para TVP, 57-58, 2175q parenterais, 992. Ver tam bém Argatrobana; Bivalirudina; Fondaparinux; Heparina; Lepirudina; Heparina de baixo peso molecular procedimentos dentários e, 275 reversão dos, 980 Anticolinérgicos. Ver tam bém fárm acos específicos
efeitos adversos dos delirium, 197-198 disfunção erétil, 376q disfunção sexual feminina, 379q hipertermia, 144q incontinência urinária, 581 perda da memória, e9-3 xerostomia, 274 overdose/intoxicação com, e50-9q para asma, 2 1 1 0 para DPOC, 2157 para náusea e vômitos, 303, 303q Anticonvulsivantes. Ver Fármacos antiepilépticos (FAE) Anticorpo antiaChR, 833q Anticorpo anti-CV2, 833q Anticorpo anti-dsNDA, 2726q Anticorpo antieritrocitário, 2726q Anticorpo anti-GAD, 833q, 835 Anticorpo anti-histona, 2726q Anticorpo anti-Hu, 833q, 835 Anticorpo anti-La, 2726q Anticorpo antiplaquetário, 2726q Anticorpo anti-Ri, 833q, 836 Anticorpo anti-RNP, 2726q Anticorpo anti-Ro, 2726q Anticorpo antirribossômico P, 2726q Anticorpo anti-Sm, 2726q Anticorpo anti-Tr, 836 Anticorpo anti-Yo, 833q, 836 Anticorpo(s), 1010. Ver tam bém Imunoglobulina(s); anticorpos específicos
classes de, 1 0 1 0 definição, 2650 dependentes de fármacos, 967 funções dos, 1 0 1 0 grupo sanguíneo, 951 -952, 952q monoclonais. Ver Anticorpos monoclonais nas síndromes paraneoplásicas neurológicas, 832-833, 833q reações citotóxicas de, 2682-2683 resistência à insulina devido a, 3080 Anticorpo(s) antifosfolipídio, 464 classificação, 2736q no LES, 2726q nomenclatura, 2736q teste para, 464 3585q Anticorpos anticardiolipina, 230f, 231 Anticorpos anti-CCP, 2743-2745, 2744f Anticorpos anticélula bipolar, 833q Anticorpos anticélula parietal, 867 Anticorpos anticitoplasma de neutrófilos (ANCA) citoplasmáticos, 2786-2687 na policondrite recidivante, 2804
na vasculite, 2343, 2786-2787 perinucleares, 2786-2687 Anticorpos anti-GABA, 833q, 835 Anticorpos antigangliosídios, 239 Anticorpos antiglocolipídios em neuropatias imunes, 3474,3475f Anticorpos antimieloperoxidase, 2787 Anticorpos antimitocondriais, 2595 Anticorpos antineuronais, 832-833, 833q, 2726q Anticorpos antineutrófilos, 476 Anticorpos antinucleares(ANA) na doença musculoesquelética, 28252826, 2825q na esclerose sistêmica, 2767 na vasculite, 2791 no LES, 2726q, 2728q, 2731q Anticorpos antirreceptor AMPA, 833q, 835 Anticorpos antirreceptor-NMDA, 833q, 834f, 835 Anticorpos anti-Saccharomyces cerevisiae (ASCA), 2801 Anticorpos antitireóideos em infecções por Yersinia, 1312 hipotireoidismo e, 3080 Anticorpos anti-TNF-a. Ver Inibidores do fator de necrose tumoral- a (TNFa) Anticorpos anti-VGCC,833q, 836 Anticorpos de Donath-Landsteiner, 883, 952 Anticorpos dependentes de fármacos, 967 Anticorpos monoclonais anti-CD20, para síndrome do anticorpo antifosfolipídio, 2737 anti-CD3, efeitos adversos do, 232 contra células T e B, 2684 contra interleucinas para DII, 2492 dirigidos contra células tumorais, 710-711 efeitos adversos dos, 434, 437, 711 ligados a radioisótopos, 692 para terapia dirigida para alvo no câncer, 677q Anticorpos naturais polirreativos, 2651 Antidepressivos. Ver tam bém fárm acos específicos
controle dos efeitos adversos, 3532q dose, 353lq efeitos adversos dos, 310,433,434, 581,3531q para depressão, 3531q, 3538-3539, 3538f para dor, 98q, 100 para síndrome do intestino irritável, 2500 Antidepressivos tricíclicos (ATC) contraindicações para, 3538 efeitos adversos dos, 100, 3458q, 353 lq disfunção erétil, 376, 376q hipertensão, 2048q hipertermia, 144, 144q hipotensão ortostática, 174 hipotermia, 165 obesidade, 629 farmacologia dos, 3538 interações medicamentosas dos, 45, 46q metabolismo dos, 36q overdose/intoxicação com, e28-17f, e50-9qa e50-10q, e50-llq, e50-15q para cefaleia diária crônica, 125 para cefaleia pós-traumática, 126 para depressão, 353 lq, 3538-3539, 3538f para dor, 100, lOOq para indigestão, 307 para narcolepsia, 2 2 0 para náusea e vômitos, 303q, 304 para neuropatia, 3458q
para prevenção da enxaqueca, 1 2 1 q variações genéticas na resposta aos, 41, 42q Antídotos, e50-8 Antieméticos, 303-34, 303q Antiespasmódicos para síndrome do intestino irritável, 2499 Antiestrogênios, para câncer de mama, 761, 761q Antifibrinolíticos, 976 Antifúngicos. 1638-1639. Ver também fárm acos específicos
profiláticos em pacientes com câncer, 712 em receptores de transplante, 1123 teste de sensibilidade, e2 2 - 1 0 tópicos, 1639 Antifúngicos azóis. Ver tam bém fárm acos específicos
interações medicamentosas dos, 1143 visão geral dos, 1638-1639 Antígeno carcinoembrionário (CEA), 652q no câncer colorretal, 772, 773, 773q no colangiocarcinoma, 784 Antígeno comum leucocitário, 822q Antígeno de superfície, CD8 , 2652q Antígeno de superfície A pneumocócico, 1152f Antígeno de superfície CD14,10171019. 1018f, 2652q Antígeno de superfície CD4,1507, 151Of, 2652q Antígeno de superfície CD40,985 Antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg), 2538, 2539q, 2540 Antígeno do cerne da hepatite B (HBeAg), 2539-2540, 2539q Antígeno e da hepatite B (HBeAg), 2539-2540, 2539q Antígeno nuclear de células em proliferação, 650 Antígeno peptidico, na molécula HLA classe I, 2689-2690 Antígeno prostático específico (PSA) como marcador tumoral, 652q livre, 797 no câncer de próstata, 797,799-800, 801 no carcinoma de tumor primário desconhecido, 821, 822q, 824 para triagem do câncer de próstata, 6 6 lq, 662, 797 valores de referência, 3594q Antígeno x da hepatite B (HBxAg), 2538f, 2540 Antígeno(s) definição, 2650 detecção macroscópica, e22-2 a e22-3 eritrocitários, 951-952, 952q histocompatibilidade menor, 2691 polissacarídicos, deficiência seletiva de anticorpos contra, 2704 processamento dos, 2671 RCT para, 2651 receptor de células B para, 2650 superfície leucocitária humana, classificação CD dos, 2650, 26522635q Antígenos de superfície leucocitários humanos, 2652-2653q Antígenos e anticorpos de grupos sanguíneos, 951, 952q Antígenos menores de histocompatibilidade, 2691 Antígenos oncofetais, 652q Antígenos polissacarídicos, deficiência seletiva de anticorpos contra, 2704 Anti-histamínicos. Ver tam bém fárm acos específicos
efeitos adversos dos, 144q, 379q, 1862 overdose/intoxicação com, e50-15q
para angioedema, 2713 para dermatite atópica, 396,406q para dermatite de contato, 406q para envenenamento por escombrídeos, 3576 para insônia, 217 para liquen simples crônico, 396 para náusea e vômitos, 303,709 para otite média, 261 para picadas de insetos, 3581 para pitiríase rósea,400 para resfriado comum, 1487 para rinite alérgica, 2716-2718, 2717f para tosse, 284 para vertigem, 180q Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) efeitos adversos dos colite, vs. DII, 2486q, 2487 cutâneos, 413,414,432, 433,435, 436, 439 diarréia, 310 distúrbios ungueais, 434 edema, 293, 293q estenose ileal proximal, 2409, 241 lf fatores imunológicos nos, 432 hiperpotassemia, 357, el5-2 hipertensão, 2048q na cardiopatia isquêmica, 2 0 1 1 na osteoartrite, 2835 no infarto do miocárdio, 2027 no LES, 2731,2732q renais, 97, 335, 2295, 2295f, 2320, 2368 sangramento, 460q, 461 sangramento gastrintestinal, 320, 2835 úlceras gastrintestinais, 305. Ver tam bém Doença ulcerosa péptica, induzida por AINEs interações medicamentosas dos, 47, 2732q na doença de Alzheimer, 3308 na inibição da COX-2, 2440 para artrite reativa, 2780 para artrite reumatoide, 2747 para artropatia falciforme, 856 para diabetes insípido nefrogênico, 351 para dismenorreia, 388 para dor, 72, 97,98q para dor lombar, 137 para enxaqueca, 118q, 119 para episclerite e esclerite, 229 para espondilite ancilosante, 2777 para estenosa espinal, 134 para febre, 146,147 para febre de origem obscura, 164 para febre reumática, 2754-2755 para fototoxicidade, 445 para infecções respiratórias altas, 256 para LES, 2732q para osteoartrite, 2835-2836, 2835q para prevenção de câncer colorretal, 657, 770 para procedimentos endoscópios, 2425f, 2426f para queimadura solar, 442 para resfriado comum, 1487 para síndrome de Bartter, 2362 para síndromes de polipose, 770 tópicos, para conjuntivite, 228 Anti-Jo-1, 3511 Antimalárico. Ver tam bém fárm acos específicos
Efeitos adversos dos, 405, 413,17001701q crise convulsiva, 3257q cutâneos, 398, 400, 434,437 na deficiência de GP6 D, 879q, 880 interações medicamentosas dos, 1047 overdose/intoxicação com, e50-15q
para lúpus eritematoso cutâneo subagudo, 430 para lúpus eritematoso discoide, 430 para profilaxia da malária, 1704q para tratamento da malária, 1699q propriedades dos, 1700-1701q resistência aos, 15,1690f, 1702, 1702f, 1705 Antimetabólitos, 698-699q, 702-703, 1134q, 1135f, 1136-1137 Antimicobacterianos, 1371 Antimitóticos, 699-700q, 703-704 Antimoniais pentavalentes efeitos adversos dos, 1676q para infecções por Leishm ania , 1712, 1714-1715, 1716 resistência aos, e26-l Antimoniato de meglumina efeitos adversos do, 2676q farmacologia da, e26-l interações medicamentosas do, 1676q para infecções por Leishmania, 1712 Antinucleosídios, efeitos adversos dos, 3465q Antiparasitários, 1675, 1675-1682q, e26-l Antipiréticos, 146-147 Antiplaquetários, 988, 988f ação dos, 988-989 na prevenção de acidente vascular encefálico/AIT, 3281-3282 no desenvolvimento, 992 para acidente vascular encefálico, 3273-3274, 3277q para cardiopatia isquêmica, 2 0 1 0 2011
para doença arterial periférica, 2068 para ICP, 2037 para infarto do miocárdio AI/IMSEST, 2019-2020. 2019q IMEST, 2029-2030 uso perioperatório, 65 a2 - Antiplasmina, 459f, 460, 1001, lOOlf deficiência de t2- antiplasmina, 463q Antiportador, 2283 Antipsicóticos efeitos adversos dos, 3543-3545, 3544q para esquizofrenia, 3543-3545, 3544q Antirretrovirais. Ver Terapia antirretroviral de combinação (TARc) Antirreumáticos modificadores da doença (ARNT), 2747-2749, 27482749q Antitireoidianos efeitos adversos dos, 2925 para doença de Graves, 2925-2927 Antitoxina botulínica, 1202-1203 diftérica, 1190 Antitoxina botulínica, 1202-1203 Antitoxina diftérica, 1190 Antitoxina equina para tétano, 1199 ocl-Antitripsina na enteropatia perdedora de proteína, 2475 para DPOC, 2158 Antitrombina, 459, 459f, 462 ativação da, 992-993, 993f, 995-996 deficiência da, 231, 462f, 987 Antitrombóticos, 988 classificação dos, 988f para acidente vascular encefálico isquêmico, 3273-3274 para infarto do miocárdio AI/IMSEST, 2017-2020, 2019q IMEST, 2029-2030 para procedimentos endoscópicos, 2425f, 2426 uso crônico em condições cardíacas, 3277f Antitussígenos, 284
Antiveneno efeitos adversos do, 3568 fontes de, 3573-3574 para envenenamento por animais marinhos, 3572 para ferroada de escorpião, 3581 para picada de serpentes, 3568,3569q Antraciclinas efeitos adversos das, 434,708, 838, 839q, 1962 para câncer de mama, 761 Antralina para alopecia areata, 408q para psoríase, 399 Antraz como agente de bioterrorismo, 17681769,1770f cutâneo, 156q, 158, 1067, 1769-1770, 1770f diagnóstico do, 1772q epidemiologia do, 1007f gastrintestinal, 1769 manifestações clínicas do, 103,17691770,1770f, 1772q por inalação, 1030,1770 prevenção do, 1771,1772q radiografia de tórax no, 1770, 1771f resposta do hospedeiro ao, 1 0 2 0 f tratamento do, 1771,1772q Antrectomia, para úlceras duodenais, 2452-2453, 2453f Antropometria, 608, 622, 629 Anúria, 338 AOA1 (ataxia com apraxia oculomotora), 3340q Aorta anomalias congênitas da, 2060 ascendente dilatada, e29-3V aterosclerose da, 2060q, 2061, 20642065 coarctação da. Ver Coarctação da aorta doenças da, 2060, 2060q estenose da, e40-4f ruptura da, 1982, 2060, 2062 Aortite, 2065 idiopática, 2065 infecciosa, 2065-2066 na arterite de células gigantes, 2065 na arterite de Takayasu, 2065 reumática, 2065 sifilítica, 2065-2066 Aortografia durante o cateterismo cardíaco, 1858 no aneurisma aórtico, 2062, 2062f AP. Ver Fosfatase alcalina (AP) AP24534, 917q Aparelho auditivo, 250, 254 Aparelho auditivo ancorado ao osso, 254 Aparelho justaglomerular, 2281f, 2282 Apendicectoma, 2516, 2518 Apendicectomia, após intervalo, 2518 Apêndices cutâneos perianais, na DII, 2487-2488 Apendicite, 2516 aguda, 2516 anorexia na, 2516 diagnóstico diferencial da, 1104, 2516, 2517q, 2518 distensão abdominal na, 2517 dor abdominal na, 1 1 1 ,1 1 1 q, 2516, 2517q epidemiologia da, 2516 etiologia da, 2516 exames radiográficos na, 2517, 2517f incidência da, 2516 infecções com, 2516 manifestações clínicas da, 2516-2518, 2517f, 2517q náusea e vômitos na, 301, 2516 no idoso, 2518 padrões atípicos de, 2517-2518 patogenia da, 2516
peritonite na, 1077 TC na, 2517, 2517 f tratamento da, 2518 Apetite, 592, 623, 624f Apixabana, 1000, lOOOq Aplasia cútis, 59 Aplasia eritroide pura, 893 adquirida, 893 associações clínicas da, 893 classificação da, 893q congênita (anemia de DiamondBlackfan), 6 6 8 , 6 6 8 q definição da, 893 diagnóstico da, 893 etiologia da, 893 induzida por fármacos, 48, 893q infecção por parvovírus B19 e, 893, 894f, 1479 timoma e, e20-2 a e20-3 tratamento da, 894 Aplasia leucocitária pura, 893 Apneia do sono. Ver Apneia do sono no paciente terminal, 83q Apneia do sono, 220. Ver tam bém Apneia obstrutiva do sono central, 220,2189-2190 diagnóstico da, 216q diferenças sexuais na, 54 disfunção do nó SA na, 1868, 1868q mista, 2 2 0 sonolência diurna e, 219 Apneia do sono central, 220, 2189-2190 Apneia obstrutiva do sono, 220 definição da, 2187 diagnóstico de, 216q, 2184, 2184q, 2185q, 2188-2189, 2188q diagnóstico diferencial da, 2187q, 2188 efeitos cardiovasculares da, 2188 epidemiologia da, 2187 fisiopatologia da, 219f, 2189 hipertensão e, 2048q, 2051, 2188 hipertensão pulmonar na, 2078q, 2081 manifestações clínicas da, 2187-2188, 2187q na síndrome metabólica, 1995 obesidade e, 628, 2187 polissonografia na, 219f, 2189 risco anestésico na, 2188 sonolência diurna na, 219 tratamento da, 216q, 2051, 2189 ApoB-100 baixos níveis de, 3153 deficiência familiar, 3149q, 3150 níveis elevados de, 3148-3153, 3149q, 3152q Apoferritina, 845 Apolipoproteína (a), 3146q, 3147 Apolipoproteína B. Ver tam bém Distúrbios das lipoproteinas Apolipoproteína E, 497,2351, 3146q Apomorfina efeitos adversos da, 3323 para contaminação interna por radionuclídios, 1793 para doença de Parkinson, 3323, 3324q Apoplexia hipofisária, 236, 2879 Apoplexia hipofisária, 2879 Apopolipoproteína(s), 3145, 3146q Apoptose celular, vias de, 2679f controle celular e molecular da, 2678, 2679f, 2680q de células cancerosas, 673q, 679, 680f, 695, 695f de células espumosas, 1985 definição da, 2650, 2657 dos eritrócitos, 448 envelhecimento e, 565 mitocôndrias na, 3231
ÍNDICE 1-1 2
na doença neurológica, 2255, 32303231 na infecção por H. pylori, 2443 nas células pulmonares, por tabagismo, 1527 no tabagismo, 2155 via extrínseca da, 679, 680f via intrínseca da, 679-680 Aporte de sal, hipertensão e, 2042 Apotransferrina, 844 Apraxia, 181, 205-206 bucofacial, 205 cinética dos membros, 206 construção, 208 construtiva, 208 da marcha, 193 do vestir, 208 dos membros, 205 ideatória, 206 ideomotora, 205 ocular, 239 oculomotora, 208 Apraxia de marcha, 193 Aprendizagem procedural, e9-2 Aprepitanto, para náusea e vômitos,303q, 304, 653, 709 Aprisionamento de artéria poplítea, 2071 Aprisionamento do metilfolato, 864 Aprosodia, 206 APSNC (anigiite primária do sistema nervoso central), 2799, e40-6f Aquaporinas, 341, 350,2287, 2397, 2903, 2903f 2-aracdonil glicerídio, 634 Aracnidismo micótico, 3579 Aracnidismo necrótico, 3579 Aracnoidite adesiva, lombar, 136 Aracnoidite lombar, 136, Aranha da banana, 3580 Aranha de saco amarelo, 3580 Aranha teia-de-funil, 3580 Área de Broca, 202, 207f Área de Wernicke, 202, 206, 207f Área postrema (zona de gatilho quimiorreceptora), 74, 301 Área sensorial, primária, 2 0 2 Área valvar, medição da, 1856-1857 Arenaviridae, 1028,1616-1617, 1617q, 1619q ARF (pl4ARf), no desenvolvimento de melanoma, 724 ARG (aldosteronismo remediável por glicocorticoides), 2050,205lq, 2949 Argatrobana ação da, 997 farmacologia da, 997q monitoração do tratamento com, 997 para trombocitopenia induzida por heparina, 968 Arginina vasopressina (AVP), 2902 ação da, 2282f, 2287f, 2903, 2903f deficiência de, 2904 efeito antidiurético da, 2903, 2903f estrutura da, 2902f metabolismo da, 2904 na insuficiência cardíaca, 1903f na regulação do equilíbrio hídrico, 341-342, 341f,342f,el5-6 na sede, 2904 no edema, 291 para choque, 2 2 2 1 ,2 2 2 2 para choque séptico, 2230 para insuficiência cardíaca aguda, 1912q para parada cardíaca, 2244 para sangramento varicoso, 2599 produção ectópica de. Ver Síndrome de antidiurese inapropriada (SLAD) secreção e ação excessiva da, 2908 síntese de, 341, 2902-2903, 2902f Argiria,413
Aripiprazol para esquizofrenia, 3543, 3544q Aristolochia, e2-4 ARM. Ver Angiografia por ressonância magnética (ARM) Armamento, de micróbios para bioterrorismo, 1768 Armas nucleares, 1788,1789 ARMD (antirreumáticos modificadores da doença), 2747-2749, 2748-2749 ARPE (artrite reativa pósestreptocócica), 2754 Arquejo/respiração agônicos, 2243 Arranjo de polimorfismo de nucleotídio único, 512, 512f Arritmia sinusal respiratória, e39-lf Arritmia supraventricular no infarto do miocárdio, 2032-2033 palpitações na, 295 Arritmias cardíacas. Ver tam bém arritm ias específicas
abordagem ao paciente, 1864-1865 arritmias de alerta, 2032 bradiarritmia. Ver Bradiarritmia eletrofisiológica cardíaca, 1860 exame físico nas, 1863 hipertensão e, 2046 mecanismos da, 1860,1863q alterações na iniciação do impulso, 1861-1862,1863q condução anormal do impulso, 1863-1864, 1863f, 1863q pós-despolarizações e disparo da automaticidade, 1862-1863, 1862f, 1863q na alcalose respiratória, 372 na anorexia nervosa, 627 na cardiopatia isquêmica, 1999 na hiperpotassemia, 357 na hipopotassemia, 353 na hipotermia, 168 na insuficiência cardíaca, 1911 no infarto do miocárdio, 2032-2033 síncope nas, 175 sinusal respiratória, e30-lf taquiarritmias. Ver Taquiarritmias tratamento das, 1865-1866,1865q, 1866f Arsina, 1780q Arte da medicina, 2, 6 Artemeter classe de gravidez, 1676q efeitos adversos do, 1676q, 1700q farmacologia do, 1700q, e26-2 para malária, 1699q, 1700q, 1701, 1702 resistência ao, 1702 Artemisina, derivados. Ver Artemeter, artesunato Artéria basilar isquemia no território da, 241 oclusão da, 250, 3289-3291, 32893292f Artéria carótida desenvolvimento embrionário da, 1810 estenose, 127,231 Artéria carótida interna, oclusão da, 3285-3286, 3286f, 3287f Artéria cerebral anterior lesão no território da, 185,205,210 oclusão da, 3284-3285, 3284-3287f Artéria cerebral média estenose da, e44-16f lesão no território da, 204, 205 oclusão da, 3284-3286, 3284-3287f, 3292f Artéria cerebral posterior fetal, 3285, 3286f, 3287f lesão no território da, 205,209,210 oclusão da, 228, 326, 3286f, 3287f Artéria cerebral posterior fetal, 3285, 3286-3287f
Artéria corióidea, oclusão da, 3285, 3287f Artéria corióidea anterior Artéria coronária esquerda, origem anômala a partir da artéria pulmonar, 1924 Artéria de Percheron, oclusão da, 3287, 3292f Artéria femoral intervenção percutânea para oclusão da, 2041 para acesso ICP, 2035 Artéria pulmonar, resposta à hipoxia, 287 Artéria radial, acesso para ICP, 2035 Artéria(s) cerebral(is) anterior, oclusão da, 3284-3285, 3284-3287f estenose, neuroimagem na, e44-16f média, oclusão da, 3284-3286, 32843287f oclusão, hemiparesia devido à, 3242f posterior fetal, 3285, 3286-3287f oclusão da, 3286, 3286f, 3287f vertebral e posterior inferior, oclusão da, 3287-3289, 3288f Artéria(s) coronária(s) calcificação da(s), 1849,1849f, 1991, 2005, e29-5f desenvolvimento embrionário da(s), 1810 fístula da(s), 1924, e29-6f normais, 1858, 1858f Artérias. Ver Vasos sanguíneos Artérias lenticulostriadas, 3284 Arteriografia na arterite de Takayasu, 2796, 2796q na febre de origem obscura, 163 Arteríola aferente, 2281, 228lf Arteríola eferente, 2281, 2281f Arterionefrosclerose, biópsia renal na, el4-8f Arteriopatia cerebral autossômica dominante com infartos subcorticais e leucoencefalopatia (CADASIL), 3279, 3309,e44-18f Arterite de células gigantes (temporal). Ver Arterite de células gigantes (arterite temporal) de Takayasu. Ver Arterite de Takayasu necrosante, acidente vascular encefálico devido a, 3278 Arterite craniana. Ver Arterite de células gigantes (arterite temporal) Arterite de células gigantes (arterite temporal), 2065, 2795 acidente vascular encefálico devido a, 3278 aneurisma aórtico na, 2060q, 2061, e40-4f arteriograma da, e40-3f biópsia da artéria temporal na, e40-5f cefaleia na, 114 comprometimento ocular na, 231, 23lf, 239 definição da, 2795 diagnóstico da, 2795-2796 dor oral na, 274 febre na, 160 incidência da, 2795 manifestações clínicas da, 114,2795 patogenia da, 2795 patologia da, 2795 prevalência da, 2795 tratamento da, 2796 velocidade de hemossedimentação na, 114 Arterite de Takayasu, 2065,2796 aneurisma aórtico na, 2060q, 2061 características laboratoriais da, 2797
comprometimento arterial na, 2796, 2796q dados de mortalidade, 2797 definição da, 2796 diagnóstico da, 2797 estenose da aorta abdominal na, e404f incidência da, 2796 manifestações clínicas da, 2797 oclusão da artéria carótida comum esquerda na, e40-4f patogenia da, 2796, 2796q prevalência da, 2796 tratamento da, 2797 Arterite necrosante, 3278 Arterite temporal. Ver Arterite de células gigantes (arterite temporal) Artesunato classe de gravidez do, 1677q efeitos adversos do, 1700q farmacologia do, 1700q, e26-2 interações medicamentosas do, 1676q para malária, 1699q, 1700q, 1701, 1702 resistência ao, 1702 Articulação de Charcot, 2855-2856, 2855f, 2856q Articulação esternoclavicular, artrite séptica aguda da, 2844, 2844f Articulação facetária, 129,135 Articulação interfalângica proximal (IFP), artrite reumatoide na, 2738, 2739f Articulação metacarpofalângica, artrite reumatoide na, 2378,2379f Articulação(ões) efeitos da síndrome de Ehlers-Danlos sobre, 3209 insuficiência da, 2829-2830, 2830f mecanismos protetores, 2829-2830, 2830f osteoartrite da(s). Ver Osteoartrite prótese, infecções na. Ver Infecções de prótese articular teste de posição, 187,189q Articulações de Clutton, 1384 Artrite. Ver tam bém tipos específicos associação do gene HLA à, 26932694, 2693q bacteriana. Ver Artrite infecciosa (infecciosa) com exantema, 1626-1627 costocondrite, 2858 doença articular neuropática e, 28552856, 2855f, 2856q dor nas costas na, 135 enteropática, 2783 gotosa, 2837, 2837f, 3184 hemocromatose, 2852-2853 induzida por cristais, 2837, 2837q infecciosa. Ver Artrite infecciosa (séptica) juvenil monoarticular, 2843q na acromegalia, 2852 na doença de Lyme, 1403,2845 na doença falciforme, 2853-2854, 2854q na febre familiar do Mediterrâneo, 2814 na hemofilia, 2853 na infecção pelo HIV, 1555 neoplasias e, 2859-2860 no LES, 2728q, 273lq ocronótica, 3219 osteoartropatia hipertrófica e, 28562858, 2856f, 2858q periférica, na DII, 2488 piogênica estéril, 481 poliarticular, 2832q pós-infecciosa, 2847 psoriática. Ver Artrite psoriática
reativa. Ver Artrite reativa relacionada com doença sistêmica, 2852 séptica. Ver Artrite infecciosa (séptica) síndrome de distrofia simpática reflexa e, 2858 síndrome de Tietze e, 2858 síndromes associadas à, 2843q Artrite enteropática, 2783 Artrite granulomatosa, 3572 Artrite idiopática de início juvenil sistêmica (AIIJS), 2657q Artrite infecciosa (séptica). Ver tam bém tipos específicos
abordagem ao paciente, 2842 bacteriana, 2842 anaeróbia, 1336 Brucella , 1297 gonocócica, 1223-1224,1224f, 2845 micobacteriana, 2846 microbiologia da, 2843 não gonocócica, 2843-2845, 2844f patogenia da, 2842-2843 S. aureus, 1164 de infecções de feridas por mordedura, e24-l em próteses articulares, 2847 etiologia da, 2842,2843q fúngica, 2846 na infecção pelo HIV, 1555 parasitária, 2847 por espiroquetas, 2845 pós-infecciosa, 2847 reativa, 2847 sifilítica, 2845-2846 viral, 2847 Artrite juvenil, associação do gene HLA à, 2693-2694, 2693q Artrite monoarticular, 2843q. Ver tam bém Artrite Artrite ocronótica, 3219 Artrite poliarticular. Ver tam bém Artrite Artrite pós-infecciosa, 2847 Artrite psoriática, 2780 achados laboratoriais na, 2781-2782 achados radiográficos na, 2781-2782 alterações ungueais na, 2781,2781f aneurisma aórtico na, 2061 antecedentes históricos da, 2780 aortite na, 2065, e31-3 a e31-4 artropatia na, 2781, 278lf critérios de CASPAR para, 2782, 2782q definição da, 2780 diagnóstico da, 2782, 2782q doença articular e, 2781, 2781f epidemiologia da, 2780 KIR com, 2666q manifestações clínicas da, 399,405, 2781, 2781 f patogenia na, 2780-2781 patologia da, 2780 tratamento da, 400q, 2782 Artrite reativa (Síndrome de Reiter), 2778, 2847 achados laboratoriais na, 2779 achados radiográficos na, 2779 aneurisma aórtico na, 2061 antecedente histórico da, 2778 aortite na, 2065, e31-3 a e31-4 após infecções por Salmonella, 1279 após infecções por Yersinia, 1312, 1313 associação do gene H LA à, 2693q C. trachomatis, 1423-1424, 1427q comprometimento ocular na, 229 diagnóstico da, 2779-2780 diarréia na, 310 epidemiologia da, 2778 etiologia da, 2778-2779 infecções estreptocócicas, 2754
manifestações clínicas da, 2779 manifestações cutâneas da, 405,405q manifestações orais da, 269 na infecção pelo HIV, 1555 patogenia da, 2778-2779 patologia da, 2778 tratamento da, 2780 vs. artrite de Lyme, 1404 vs. artrite gonocócica, 1224, 1224f vs. policondrite recidivante, 2805 Artrite reativa pós-estreptocócica (ARPE), 23q, 24, 24f Artrite reumatoide, 2738 abordagem ao paciente, 2750-2751, 275 lq análise do líquido sinovial na, 2746 anemia na, 449,456, 849f, 850 associação do gene H LA à, 2693q, 2694 avaliação radiográfica da, 2746f células B na, 2745 comprometimento ocular na, 229 condições associadas a, 2740-2741, 2740f considerações globais, 2751 diagnóstico da, 2745-2746, 2745q, 2746f doença cardiovascular e, 2739, 2740, e31-lq, e31-3 aneurisma aórtico, 2061 aortite, 2065 bloqueio de condução AV, 1871, 1871 q disfunção do nó SA, 1868 dor no pescoço na, 140 dor oral na, 274 EBV e, 2842 edema articular na, 2738,2739f em mulheres, 53 eosinofilia na, 471 epidemiologia da, 2741, 2741f evolução da, 2746-2747 exame de imagem das articulações na, 2746, 2746f fatores ambientais na, 2742 fatores genéticos na, 2741-2742 fenômeno de Raynaud na, 2072 hipoandrogenismo e, 2741 idade com fator na, 2738 inflamação na, 2743-2745, 2744f juvenil, 229 linfoma na, 2740 manifestações clínicas da, 2738-2741, 2739f, 2740f manifestações constitucionais da, 2739 manifestações cutâneas da, 417,417f, 2739,el6-15f manifestações extra-articulares da, 2739,2740f manifestações hematológicas da, 2739-2740 manifestações pulmonares da, 2167, 2739 mediadores inflamatórios na, 2682q na gravidez, 2751 neuropatia na, 3459 osteoporose e, 2740-2741 patogenia da, 2676q, 2743-2745, 2744f patologia da, 2742-2743 progressos na, 2738 remissão da, 2750, 275lq RM da, 2746 síndrome de Felty na, 2740 síndrome de Sjõgren e, 2739 tratamento da, 2747-2751 abatacepte, 2748q, 2749-2750 agentes biológicos, 2748-2749q, 2749 AINEs, 2747 anacinra, 2748q, 2749 cirurgia, 2750-2751
dispositivos de assistência, 2750 FARMD, 2747-2749, 2748-2749q fisioterapia, 2750 glicocorticoides, 2747 inibidores do TNF, 2748q, 2749 na gravidez, 2751 no idoso, 2751 rituximabe, 2748q, 2750 tocilizumabe, 2748q, 2750 vasculite na, 2739 vs. policondrite recidivante, 2805 Artrite séptica. Ver Artrite infecciosa (séptica) Artroconídios, 1643 Artropatia fisiopatologia da, 2855-2856 na acromegalia, 2852 na artrite psoriática, 2781, 2781f na doença falciforme, 2853-2854, 2854q na hemocromatose, 2852-2853, 3164 na hemofilia, 2853 na talassemia, 2854-2855 Artrostomia na síndrome miofascial artrite séptica, 2845 Árvore filogenética, 527q Asacol, para DII, 2489 Asbesto, 656q, 2122,2123q ASCA (anticorpo anti-Saccharomyces cerevisiae), 2801 Ascaris lumbricoides/ ascaridíase, 1740 ciclo de vida do parasito, 1739 diagnóstico da, 1740, e25-3q, e25-3q, e25 epidemiologia da, 1739 manifestações clínicas da, 1739-1740, 1740q tratamento do, 1740 1740q Ascaris suum , 1736 Ascite, 331 análise do líquido na, 332 avaliação da, 332, 332q, 2600 causas da, 332 com icterícia, 327 definição da, 2599 exame de imagem na, 331,331f maligna, 653 manifestações clínicas da, 2600 na cirrose, 293, 2597q, 2599, 2599 na doença hepática, 2523 na insuficiência cardíaca, 1905 no câncer de ovário, 810 no carcinoma hepatocelular, 779 pancreática, 2640f, 2643 patogenia da, 331, 331f, 2599-2600, 2600f peritonite e, 1076 quilosa, 332 refratária, 2600, 2601f tratamento da, 332-333, 2600, 260lf ASM. Ver Atrofia sistêmica múltipla (ASM) Asma acidose respiratória na, 372 aguda grave, 2113 alergias e, 2102, 2103 aspergilose broncopulmonar na, 2115 atopia e, 2 1 0 2 cardíaca, 1904 diagnóstico da, 2109 diagnóstico diferencial da, 2109 dispnéia na, 278, 278f etiologia da, 2102-2104, 2102q fatores ambientais na, 2103 fatores de risco para, 2 1 0 2 q fatores desencadeantes da, 2 1 0 2 q, 2107-2108 fatores dietéticos na, 2103 fatores genéticos na, 2103 fisiopatologia da, 2089 hiperresponsividade das vias respiratórias na, 2108, 2109 hipótese de higiene da, 2103
induzida por exercício, 2108 induzida por fármacos, 2108 infecções e, 2103,2108, 2114 interrupção do sono na, 218 intrínseca, 2103 lábil, 2114 manifestações clínicas da, 2109 mediadores inflamatórios na, 2682q na gravidez, 2115 não adesão aos medicamentos para, 2114 no idoso, 2115 no paciente cirúrgico, 2115 ocupacional, 2103 patogenia da, 2105f inflamação, 2104-2106,2104f mediadores inflamatórios, 21062107, 2106f, 2106q patologia, 2104, 2104f remodelamento das vias respiratórias, 2107 resposta das vias respiratórias à inflamação, 2107 poluição do ar e, 2103 prevalência da, 2 1 0 2 refratária, 2113-2114 resistente aos corticosteroides, 2114 sensível ao ácido acetilsalicílico, 2115 tabagismo e, 2102, 2115 tosse na, 282-283 tratamento da abordagem escalonada, 2113, 2113f aguda grave, 2113 anticolinérgicos, 2 1 1 0 antileucotrienos, 2 1 1 2 broncodilatadores, 2109-2111, 2110q corticosteroides inalados, 2 1 1 1 2 1 12f corticosteroides sistêmicos, 2 1 1 1 2112
cromonas, 2 1 1 2 doença refratária, 2114 educação do paciente, 2113 imunoterapia, 2 1 1 2 metas da, 2 1 1 0 q omalizumabe, 2 1 1 2 teofilina, 2 1 1 0 -2 1 1 1 , 2 1 1 1 q terapia poupadora de esteroides, 2112
terapias alternativas, 2 1 1 2 terapias futuras, 2112-2113 Th2-agonistas, 2110, 2110q valores de função pulmonar na, 2083f, 2094 variante com tosse, 283 viagem em grandes altitudes e, e51-5 Asma cardíaca, 1904 Asma da tempestade, 2108 Asma induzida por exercício, 2108 Asma sensível ao ácido acetilsalicílico, 2115 Asmalina, para síndrome de Brugada, 1899 Asparaginase, 699q, 703, 2277, 3394q Aspartato aminotransferase (AST) na avaliação da função hepática, 2528-2529, 2530q na doença hepática alcoólica, 2590, 2590q no LES, 2730 Aspartilglicosaminúria, 3194q Aspectos legais eutanásia e suicídio assistido pelo médico, 80-81 mandato de registro, e5-l paciente incompetente, e5-2 planejamento de cuidados antecipados, 70 Aspergillus
aflatoxina BI e, 777 ecologia do, 1655
ÍNDICE 1 -1 4
epidemiologia do, 1655 identificação laboratorial do, 1637, 1658-1659 teste de sensibilidade a antifúngicos, e2 2 - 1 0 Aspergiloma, 1658,1659q, 1660 Aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA) bronquiectasia na, 2142 diagnóstico da 2115, 2119-2120, 2120q manifestações clínicas da, 1656q, 1658 radiografia de tórax na, 2 1 2 0 tratamento da, 1659q, 2115 vs. pneumonite de hipersensibilidade, 2119 Áspides que vivem em tocas, 3566 Aspiração,297 com alimentação enteral, 620-621 dispnéia na, 279 na disfagia, 300 tosse na, 283 Aspiração brônquica, coleta de amostra e transporte, e22-4q Aspiração nasogástrica alcalose metabólica na, 370 para doença gastrintestinal, 2408 Aspiração por agulha percutânea, na lesão pulmonar, 2099 Aspiração transbrônquica por agulha, 2099 Asplenia, 471,2696, e39-l Asplenia sindrômica, e39-l Assimultanagnosia, 3287 Assinaturas dos patógenos, 1008 Assistência ambulatória, 5-6 Assistência ao paciente internado, 5-6 Assistência domiciliar, 583, 583q Assistência fútil, 80, 2204, e5-1 Assistência médica em ambiente hospitalar, 5-6 em condições ambulatoriais, 5-6 direito do paciente de recusar, 79 Assistência paliativa, 6 8 , 82, 694 Assistência primária acesso mundial à, 17, el-1. Ver tam bém Países de baixa renda e de renda média definição de, el -1 revitalização da, el-4 a el - 6 Assistência temporária, 78 Assistência terminal, 67. Ver tam bém Paciente terminal assistência durante as últimas horas, 78, 78f, 83q assistência paliativa, 68 assistência útil, 80, e5-l avaliação contínua dos objetivos, 69-70 avaliação do paciente, 68-70 comunicação de más notícias ao paciente, 69,69q, e5-l epidemiologia, 67-68, 67f eutanásia, 80-81, 80q mensuração dos resultados, 82, 84 para paciente com câncer, 654 perspectivas futuras, 82, 84 planejamento antecipado da assistência, 70,71q, e5-2 princípios de assistência, 5 questões éticas, e5-3 suicídio assistido por médico, 80-81, 80q suspensão/retirada do tratamento de sustentação da vida, 79-80 Assistolia, 2244f Associação dos genes HLA, 2693q hiponatremia na, 344,345 hipotermia na, 165,168 fraqueza muscular na, 3507 náusea e vômitos na, 302 primária, 2954-2956, 2955q
secundária, 2956, 2956q choque na, 2 2 2 2 tratamento da, 2957-2959, 2959f hiperpotassemia na, 357, el5-2 associada a câncer (paraneoplásica), CMV, 1474,1474f de Purtscher, 2642 diabética. Ver Retinopatia diabética hipertensiva, 231,231 f, 2053 AST. Ver Aspartato aminotransferase (AST) Astasia-abasia, 194 Astenia, pós-influenza, 1496 Astereognosia, 189 Asterixe, 2250 Astigmatismo, 224 Astrocitoma, 3384-3386, 3385f, 3386f de alto grau, 3385-3386, 3386f de baixo grau, 3384-3385, 3385f intramedular, 3370,3370f Astrovírus, 1588q, 1589f, 1593 Ataque de pânico, 295 Ataque de Stokes-Adams, 175 Ataque isquêmico transitório (AIT), 3280 acidente vascular encefálico após, 3280, 3280q definição de, 3270 em altitudes elevadas, e51-4 fatores de risco para, 3280-3281 fraqueza no, 185q prevenção de, 3280-3283 sintomas visuais do, 234 tratamento do, 3271,327lf Ataques de queda, 195 Ataxia, 3395 abordagem ao paciente, 3335 autossômica dominante, 3336-3343, 3337q, 3340q autossômica recessiva, 3338-3339q, 3343 cerebelar, 193,194q com deficiência da coenzima Q10 muscular, 3340q etiologia da, 3335, 3336q de Friedreich. Ver Ataxia de Friedreich defeitos dos canais iônicos causando, 3225q episódica, 3339-3340q, 3342-3343 espinocerebelar. Ver Ataxia espinocerebelar focal, 3336 hereditária, 3336 induzida por quimioterapia, 3394q límbica, 835 manifestações clínicas da, 3335 mitocondrial, 3339q, 3344 na EM, 3398 ocular/óptica, 208-239 sensorial, 187,193,194q simétrica, 3335-3336 tratamento da, 3344 Ataxia com apraxia oculomotora (AOA1), 3340q Ataxia da marcha cerebelar, 193-194, 194q Ataxia de Friedreich, 3338-3339q, 3343 arritmia ventricular na, 1896q disfunção do nó SA na, 1868q fatores genéticos na, 503q, 3343 locus e fenótipo da, 3338-3339q manifestações clínicas da, 33383339q, 3343, 3343f tratamento da, 3344 Ataxia episódica, 3339-3340q, 33423343 Ataxia espástica autossômica recessiva de Charlevoix-Saguenay, 3339q Ataxia espinocerebelar AEC1, 503q, 3337q, 3341, 3341f AEC2, 503q, 3337q, 3341 AEC3, 503q, 3337q, 3341-3342
AEC6 , 503q, 3337q, 3342 AEC7, 503q, 3337q, 3342 AEC8 , 3337q, 3342 AEC12, 503q classificação da, 3336, 3337-3340q fatores genéticos na, 491q, 33373340q, 3341-3342 Ataxia espinocerebelar com neuropatia (AECN1), 3340q Ataxia sensorial, 187,193-194, 194q Ataxias mitocondriais, 3339q, 3344 Ataxia-telangiectasia (AT) diagnósticos da, 2701 fatores genéticos na, 669q defeitos no reparo do DNA, 488, 496, 3344, e39-l gene ATM, 3340q, 3344 locus, 3340q incidência da, 2701 infecções na, 101Oq manifestações clínicas da, 2701, 3340q, 3343-3344 neoplasias linfoides malignas na, 689q, 2701, e39-l risco de câncer pancreático na, 786 tratamento da, 3344 Atazanavir, 1572q efeitos adversos do, 1553,1572q, 1580 estrutura molecular do, 1575f interações medicamentosas do, 1580 para infecção pelo HIV, 1572q, 1580 resistência ao, 1577q, 1580 ATC. Ver Antidepressivos tricíclicos (ATC) Atelectasia, 287, 2200 Atenção operacional, e9-3 Atenolol dose, 1883q indicações para, 1883q overdose/intoxicação com, e50-10q para cardiopatia isquêmica, 2009q para hipertensão, 2055q Aterectomia, 2037 cateter de direção, 2037 rotacional, 2037 Aterectomia rotacional, 2037 Ateroembolia, nos membros, 2070,2070f renal, 2376-2377 Aterosclerose, 1983 aórtica, 2060q, 2061, 2064-2065 aumento compensatório na, 1986 claudicação intermitente e, 1986 coronariana. Ver Doença arterial coronariana (DAC) da carótida. Ver Aterosclerose da carótida endotélio na, 1799 evolução do ateroma, 1984-1985, 1984f fatores de risco para, 1987q, 1989q, 3280-3281 avaliação da, 1991 desregulação da coagulação e fibrinólise, 1990 diabetes melito, 1989 distúrbios dos lipídios, 1987-1989, 1988f estado pós-menopausa, 1989-1990 hipercolesterolemia, 1983 hiperomocisteinemia, 1990 hipertensão, 1987, 1989 inflamação, 1990-1991,1990f obesidade, 1991 sexo, 1989-1990 tabagismo, 1991 fatores genéticos na, 566, 567 hipertensão e, 2045 infarto do miocárdio e, 1986 iniciação da, 1983-1984,1984f intracraniana, 7, 3283 liproteínas e, 1983
locais de predileção de, 1984 mediadores inflamatórios na, 2682q patogenia da, 1983 periférica. Ver Doença arterial periférica placa na calcificação da, 1985, 2005 estabilização da, 1988 evolução da,1984-1985,1999f, e32-lV microvasos na, 1985 núcleo nefrótico de, 1985 ruptura da, 1986-1987, 1986f, 1999, 2019f, 2021-2022, e32-lV prevenção da, 1987,1991 remodelamento arterial na, 1986, 1986q renal, 2351, 2375-2376,2375f. Ver tam bém Estenose da artéria renal, resistência à insulina e, 1989 síndromes clínicas da, 1895-1987 tratamento da, 1987,1988q Aterosclerose coronária. Ver Doença arterial coronária (DAC) Aterosclerose da carótida acidente vascular encefálico devido à, 3275-3276, 3278q assintomática, tratamento cirúrgico da, 3283 tratamento da, 3282-3283 cirurgia de bypass extracraniana/ intracraniana na, 3282 cirúrgico, 2182-3283 stent percutâneo, 2040, 2040f terapia endovascular na, 3283 Aterosclerose intracraniana, 3283 Aterotrombose, 1985 ATG. Ver Globulina antitimócito (ATG) Ativação das plaquetas, 457, 965, 983, 984, 984f, 989f Ativador do plasminogênio, 1001, lOOlf Ativador do plasminogênio tecidual (tPA), 459-460, 459f doença trombótica arterial e, 987 para infarto do miocárdio, 2027 para oclusão arterial aguda, 2070 recombinante. Ver Alteplase Ativador do plasminogênio tecidual recombinante (rtPA). Ver Alteplase Ativador do plasminogênio tipo uroquinase (u-PA), 1001 Ativador do plasminogênio tipo uroquinase, 459,459f Ativadores dos canais de cloreto, para síndrome do intestino irritável, 2500 Atividade elétrica sem pulso parada cardíaca/morte súbita cardíaca na, 2239 tratamento da, 2244f, 2245 Atividade epileptiforme, 3260, e45-l a e45-2 Atividade física, energia necessária para, 588, 623. Ver tam bém Exercício Atividades básicas da vida diária (AVD), 571q Atividades da vida diária (AVD), 571q, 578q Atividades instrumentais de vida diária (AIVD), 57lq, 578q Atlas de Dartmouth, 8 8 Atlas de Genoma do Câncer, 671 Atleta(s) abuso de androgênios, 3026-3027 anormalidades cardiovasculares em, 1899,1900q concussão em, 3380, 338lq desempenho, fatores genéticos no, el8-9 Atopaxar, 992 Atopia, asma e, 2102 Atopobium vagiriae, 1100
AUDIT-C (teste de identificação de problemas relacionados com o uso de álcool-consumo) Aumento compensatório, 1986 Aura, 3252 Aura da enxaqueca, 115 Aura visual, 234 Ausculta cardíaca. Ver Bulhas cardíacas pulmonar,2085 Ausência congênita de vagina, 3055 Ausência de dentes, 275-276 Auto PEEP, 2202, 2202f Autoanticorpo(s) grupo sanguíneo, 951 induzido por fármacos, 48 nas miopatias inflamatórias, 3511 no LES, 2723,2724, 2726q, 2728q, 2730 patogenicidade, 2721, 2722q Autoestima/autoimagem do paciente com câncer, 646, 654 transtornos alimentares, 639 Autoexame das mamas, 660, 6 6 lq, 757 Autofagia, 695 Autoimunidade, 2719 doenças por imunodeficiência primária e, 2705 humoral na EM, 3397 na esclerose sistêmica, 2760,2760q manifestações da, 2722-2723, 2723q mecanismos da, 2675-2678, 27192721, 2719q prevenção da, 2719,2719q Autoimunidade humoral na EM, 3397 Autolisinas, 1133 Automaticidade, 1879 desencadeada, 1862-1863 do sistema de condução cardíaca, 1861-1862 Autonomia do paciente, e5-2 Autorrenovação, de células-tronco, 536 Autossoma, 509 Avaliação da dieta. Ver Avaliação nutricional Avaliação da função cognitiva de, 198 terapia hormonal pós-menopausa e, 52, 3042q, 3044 Avaliação de resultado, 4, 8 8 Avaliação de risco cardíaco, préoperatória, 63-64,63f, 63q, 64f Avaliação de risco pulmonar préoperatório, 65-66, 65q Avaliação do estado mental, 32353236. Ver tam bém miniexame do estado mental (Mini-Mental Status Examination, MMSE) Avaliação do ponto de sensibilidade, na fibromialgia, 2849, 2849f Avaliação nutricional, 592-593, 608 à beira do leito, 611 antropometria, 608 considerações globais, 593 de paciente com câncer, 653 em paciente de alto risco, 593, 608q exame físico, 608 exames laboratoriais na, 608-609, 610-61 lq, 611 história nutricional, 608 Na unidade de tratamento agudo, 592 no contexto ambulatorial, 592-593, 593q no idoso, 581 para suporte nutricional especializado, 612-616 AVD (atividades da vida diária), 571q, 578q AVP. Ver Arginina vasopressina (AVP) 5-Azacitidina ação da, 705f, 706 dose, 699q
efeitos adversos, 699q, 897 para anemia falciforme, 857 para mielodisplasia, 897 Azatioprina, ação da, 2330q dose, 698q efeitos adversos da, 698q, 2330q, 2732q aplasia eritroide pura, 893q carcinogenicidade, 656q neutropenia, 476 principal, na vasculite sistêmica, 2789q supressão da medula óssea, 2332 interações medicamentosas da, 698q, 2329 metabolismo da,36q, 698q para artrite reativa, 2780 para dermatite actínica, 445 para DII, 2490-2491, 2493f para doença da crioaglutinina, 883 para doenças pulmonares intersticiais, 2165 para EM, 3406 para epidermólise bolhosa adquirida, 428 para fotoalergia, 445 para hepatite autoimune, 2587-2588 para imunossupressão, 2329,2330q para LES, 2732q, 2733 para miastenia gravis, 3485 para miopatias inflamatórias, 3517 para pênfígo vulgar, 425 para penfigoide bolhoso, 427 para penfigoide cicatricial, 428 para sarcoidose, 2812, 2813q para síndrome de Behçet, 2802 para vasculite, 2788, 2789q variações genéticas na resposta à, 42q, 43 Azelastina, spray nasal, 2716, 2717f Azidotimidina. Ver Zidovudina (AZT), 1135, 1379 Azitromicina ação da, 1135, 1379 ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q classe de gravidez da, 1679q efeitos adversos da,1679q indicações para, 1144q,1679q interações medicamentosas da, 1679q para artrite reativa, 2780 para cancroide, 1231 para cólera, 1293 para coqueluche, 1244q para diarréia do viajante, 1045,1088q para doença da arranhadura do gato, 1317q para donovanose, 1321q para febre entérica, 1277q para infecções gonocócicas, 1225, 1226q para infecções por Babesia, 1025q, 1707, 1707q para infecções por C. trachomatis, 1426, 1429 para infecções por Legionella, 1240q para infecções por micobactérias não tuberculosas, 1379 para infecções por P. aeruginosa na fibrose cística, 2150 para infecções por Shigella, 1284q para leptospirose, 1396q para otite média, 261q para pneumonia, 1158, 2135q para profilaxia da endocardite infecciosa, 1063q para profilaxia da infecção por Bartonella, 1545q para profilaxia da infecção por MAC, 1544q para sífilis, 1386 para tracoma,1429
para uretrite, 1097q resistência à, 1138,1144q, 1379,1386 Azotemia, 334. Ver tam bém Lesão renal aguda (LRA) abordagem ao paciente, 336-337, 336f com nutrição parenteral, 619q na síndrome de má absorção, 2476q taxa filtração glomerular e, 334-335 AZT. Ver Zidovudina (AZT) Aztreonam indicações para, 1144q índices farmacodínâmicos do, 1141q para infecções em paciente com câncer, 719 para sepse/choque séptico, 2229q resistência ao, 1144q Azul (pinta), 1389q, 1390-1391,1391f Azul de metileno, 858, 879q Azul-da-prússia, 1793,1794q, el7-8f
Babesia spp., 1026,1706, e25-4q, e27-4f Bacillus anthracis, 1769. Ver também
Anthraz Bacilo Calmette-Guérin de M ycobacterium bovis. Ver Vacina contra bacilo Calmette-Guérin M ycobacterium bovis (BCG)
Bacilo de Calmette-Guérin (BCG), para câncer de bexiga, 791 Bacitracina ação da, 1133, 1134q resistência à, 1134q Baclofeno overdose/intoxicação com, e50-12q para a síndrome da pessoa rígida, 836 para distonia, 3329 para dor, 73 para DRGE, 307 para espasticidade na doença neurológica, 3376, 3407 para neuralgia do trigêmeo, 3361 Baço acessório, 467 estrutura e função do, 467-468, 468f infarto do, 11 lq, 469 na sarcoidose, 2807q, 2809, 2809f palpável, 468 percussão do, 469 ruptura do, 11lq, 471 Bacteremia A. baum annii, 1259 anaeróbia, 1336 crônica por B. quintana, 1317q, 1318 definição da, 2223q Enterobacter, 1255 estreptocócica, 1176 Klebsiella, 1253 L. monocytogenes, 1195 P. aeruginosa, 1267-1268 por clostrídios, 1206 Proteus, 1255 Salmonella, 1279,1280q Bactérias aderência das, 1083 colônicas, 309 crescimento após entrada, 1016 detecção de antígeno macroscópica, e22-2 a e22-3 evitando as defesas do hospedeiro, 1016-1019, 1018f Gram-negativas. Ver bactérias Gramnegativas identificação laboratorial das, e2 2 - 1 interações receptor-ligante, 10131015, 1014q invasão tecidual por, 1019-1021,1022 microscópica, e2 2 -l algoritmo de processamento de amostra, e22-7f
ÍNDICE
Atorvastatina efeitos adversos da, 3159 interações medicamentosas da, 45 para hiperlipidemia, 3159q Atovaquona classe de gravidez da, 1677q efeitos adversos da,1676q, 1701q farmacologia da, 1701q, e26-2 interações medicamentosas da, 1676q para infecção por Babesia, 1025q, 1707,1707q para malária, 1701q para PPC, 1673q para profilaxia da malária, 1703, 1704q, 1705 para profilaxia da PPC, 1544q, 1673q para profilaxia da toxoplasmose, 1544q, 1545q Atovaquona-proguanil, para profilaxia da malária, 784q, ATP III (National Cholesterol Education Project Adult Tratment Panel III), 1987,1987q, e53-4q ATR. Ver Acidose tubular renal (ATR) ATRA. Ver Ácido all-írans-retinoico (ATRA) Atrax robustus, 3580 Atresia biliar, 2624 esofágica, 2430 Atresia biliar, 2624 Atresia esofágica, 2430 Atresia tricúspide, 1927 Atrite pericárdico na pericardite, 1830,1971 no infarto do miocárdio, 2022, 2033 Atrito de Means-Lerman, e31-2 a e31-3 Atrofia branca, 422 Atrofia branca em placas, 2073 Atrofia circinada, da coroide e retina, 3216q Atrofia de múltiplos sistemas (MAS) comprometimento ocular na, 226 disfunção autônoma na, 3356,3356f disfunção olfatória na, 244 distúrbios da marcha na, 193 193 hipotensão ortostática na, 174 neuroimagem na, e44-22f parkinsonismo e, 3318-3319, 3320q Atrofia dentatorrubropalidoluisiana, 3338q, 3342 muscular, 3490 músculo espinal, 3345, 3348q, 3350 Atrofia dentatorrubropalidoluisiana, 503q, 3338q, 3342 Atrofia inflamatória proliferativa, da próstata, 796 Atrofia muscular espinal (AME), 3345, 3348q, 3350 Atrofia muscular espinobulbar, 49lq, 496, 503, 3348q, 3349-3350 Atrofia muscular progressiva, 3345 Atrofia óptica, 232, 232f, 246 Atropina efeitos adversos da, 295, e9-3 efeitos oculares, 226 overdose/intoxicação com, e50-9q a e50-10q para bloqueio de condução AV, 1873, 1874 para disfunção do nó AS, 1870 para exposição a agente de nervos, 1785-1786,1785f, 1785q, e50-l 1 para intoxicação por ciguatera, 3574 para parada cardíaca, 2245 Audição, 248, 248f Audiograma, 253 Audiometria, 253 Audiometria da fala, 253 Audiometria de tons puros, 253 AUDIT (teste de identificação de problemas relacionados com o uso de álcool), 3550-3550q
1-1 5
antibiograma, e2 2 -1 0 coloração, e2 2 -l a e2 2 -2 , e2 2 -2 f no microbioma humano, 529-531, 530f produção de toxinas por, 1022,10831084 receptores do hospedeiro, 1016 Bactérias álcool ácido-resistentes, e22-2 Bactérias anaeróbias, 1331 antibiograma, 1337-1338 fatores de virulência das, 1332 na flora humana normal, 1331-1332, 1331q processamento da amostra, 1337 resistência a antibióticos nas, 13371338 Bactérias facultativas, 1331 Bactérias Gram-negativas. Ver tam bém Bactérias específicas diagnóstico das, 1247, e22-l, e22-2f epidemiologia das, 1246 estrutura e função das, 1246 infecções causadas por, 1247 interações com o hospedeiro, 12461247, 1246q resistência a antibióticos nas, 12471248,2134 Bactérias microaerofilicas, 1331 Bacteriúria. Ver Infecções do trato urinário (ITU) Bacteriúria assintomática, 2390, 2393, 2394 Bacteroides fragilis, 1079,1332 Bacteroidetes, no bioma humano, 529530, 530f Bagassose, 2117q Bainha de mielina, 3228f Bainha do reto, hematoma da, 109 Baixa estatura diagnóstico da, 2892 etiologia da, 2891 exames laboratoriais da, 2892 manifestações clínicas da, 2892 nutricional, 2892 psicossocial, 2892 tratamento da, 2892 Baixa estatura nutricional, 2892 Baixa estatura psicossocial, 2892 Baixo peso ao nascimento, 2293 Balamuthia, 1688, 3423, e25-4q, e25-7q Balanço energético, 588 avaliação do, 573q no envelhecimento, 574,574f regulação fisiológica do, 622-623, 625f Balanite, 1652 Balantidíase por Balantidium coli, 1733 Balão intra-aórtico, percutâneo, 20402041 Balsalazida, para DII, 2489, 2490q Balsas lipídicas, 1508 Banco de sêmen, 709, 809, 841 Banco Mundial, 9 Banda A, do sarcômero, 1802 Banda gástrica ajustada de silicone por laparoscopia, 635, 635f Banda I, do sarcômero, 1802 Bandagem linfo-oclusiva, para picada de serpentes, 3567 Bandas cromossômicas, 510 Bangladesh assistência médica em, el -6 a el-7 mortalidade infantil em, el-3f Banho de gelo, 147 Baqueteamento, dos dedos, 279,289 na doença respiratória, 2086 no câncer de pulmão, 743 osteoartropatia hipertrófica e, 28562858, 2856f, 2858q Barbitúricos efeitos adversos dos, cutâneos, 423,414,435 defeitos mitocondriais e, el 8 -1 1
deficiência de folato, 869q doença do soro, 158 hipotermia, 165 sensibilidade cruzada e, 439 interações medicamentosas dos, 46q overdose! intoxicação com, e50-12q para epilepsia, 3266 Barorreceptores, 171,172f, 2044, 2288 Barorreflexo, 2044 Barotrauma em mergulhadores, e52-7 na oxigenoterapia hiperbárica, e52-2 na ventilação mecânica, 2213 sinusite e, 256 Barra cricofaríngea, 298 Barreira hematencefálica, 36, 39f Barreiras à linguagem, e4-4 Barrete frígio, 2616 Barro biliar, 2618,2618q Bartonella spp., 419, 1314, 1314q BASDA1 (Bath Ankylosing Spondylitis Disease Activity Index), 2775 BASFI (Bath Ankylosing Spondylitis Functional Index), 2775 Basiliximabe, 2331,2684 Basófilo(s) diferenciação hematopoiética, 541f mediadores liberados do(s), 2667q morfologia do(s), 474f na deflagração da imunidade adaptativa, 2656q na imunidade inata, 2664-2665, 2665f no esfregaço de sangue periférico, el7-l, el7-6f Bastonete de Auer, 908,908f, el7-9f Bastonete(s), 224 Bateria curta de desempenho físico, 578q Bath Ankylosing Spondylitis Disease Activity Index (BASDAI), 2775 Bath Ankylosing Spondylitis Functional Index (BASFI), 2775 Batida pré-cordial, 2243 Batimento eco, 1889 Batimento pós-extra-sistólico, 295 Batimentos ventriculares prematuros na cardiopatia isquêmica, 1999 no infarto do miocárdio, 2032 Baylisascaris procyonis, 1736, 3423, 3437q p-caroteno câncer e, 601 excesso de, 609q para degeneração macular, 235 para prevenção do câncer colorretal, 770 para prevenção do câncer de pulmão, 657 para protoporfiria eritropoiética, 446 BCC. Ver Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC) BCNU. Ver Carmustina (BCNU) Becquerel (Bq), 3609q Bejel, Ver Sífilis endêmica Bendamustina, 696, 928,929 Beneficiência, e5-2 Benserazida/levodopa, para doença de Parkinson, 3324q Benzbromarona para gota, 2838 Benzfetamina, para perda de peso, 634 Benznidazol efeitos adversos do, 1678q farmacologia do, e26-2 para doença de Chagas, 1562,1818 Benzodiazepínico(s) abstinência dos, 199, 3532-3533 dose, 3533q efeitos adversos, amnésia, e9-3 delirium, 199 hipotermia, 165
insônia, 218 farmacologia dos, 3533q no tratamento da overdose de opiáceos, 3554-3555 overdose, intoxicação com, e50-12q para delirium, 2 0 1 para dispnéia, 75 para insônia, 78 para náusea e vômitos, 303q, 304 para síndrome das pernas inquietas, 218 para transtorno de ansiedade generalizada, 3532, 3533q Benzonatato, para tosse, 284 Benztropina para doença de Parkinson, 3324 para reações distônicas, 77 para sintomas extrapiramidais, 3544 Beribéri. Ver tam bém Deficiência de tiamina (vitamina Bt), manifestações cardíacas do, 293, 1963, e31-2 manifestações clínicas do 594q, 597 seco, 597, 3467 úmido, 597, 609q, 3467 Beriberi seco, 597, 3467 Beribéri úmido, 597, 609q, 3467 Berílio, 2123q, 2125 Beriliose, 420,2125-2126 Beta-catenina, no câncer gástrico, 766 Betametasona para dermatite seborreica, 398 Betanecol, para disfunção sexual relacionada com ISRS, 3538 Betaxolol, para cardiopatia isquêmica, 2009q Bevacizumabe ação do, 677q, 687, 6 8 8 f, 705f, 711 efeitos adversos do, 687, 705f, 2272, 2273 nefrotoxicidade, 2298 neurológicos, 3394q reação de hipersensibilidade, 2277 para câncer colorretal, 687,705f para câncer de mama, 687,759,760, 762 para câncer de ovário, 812 para câncer de pulmão, 687, 751 para carcinoma de local primário desconhecido, 825 para carcinoma hepatocelular, 783, 783q para degeneração macular, 235 resistência ao, 687 Bexaroteno, 700q, 705, 705f Bexiga distensão da, 330 disfunção da, na doença neurológica, 3376,3398 Bexiga hiperativa, e35-2 bFGF (fator de crescimento dos fibroblastos básico), 685,685f, 2881 Bicalutamida, para câncer de próstata, 704, 802, 803 Bicarbonato, transporte renal do, 2282f, 2283 Bicarbonato de potássio, para hipopotasssemia, 354 Bicarbonato de sódio efeitos adversos do, 2447 para acidose induzida por álcool, el5-10 para hiperpotassemia, 359 Bicarbonatúria, 352 Bicho-do-pé (Tungafenetrans ), 3582 Bicho-do-pé, 3582 Bifidobacterium spp., e22-2f 2,3-Bifosfoglicerato, 449, 852 Bifosfonato ação dos, 681, 3131 efeitos adversos dos, fraturas vertebrais, 3131,3132f
osteomielite maxilar actinomicótica, 1327,1327f osteonecrose da mandíbula, 275, 841 para câncer de mama metastático, 761 para doença de Paget do osso, 3139, 3139q para doença óssea metastática, 820 para dor óssea, 73, 820 para hipercalcemia, 361, 828, 3111 q, 3112 para mieloma múltiplo, 942 para tratamento/prevenção de osteoporose, 3130-3131, 3132f, 3133f, 3135 profiláticos, no câncer de mama, 761 no câncer de próstata, 802,804 risco de câncer esofágico e, 764 Bigeminismo, 1890 Biguanidas ação das, 2996q contraindicações das, 2996q efeitos adversos das, 366, 2995, 2996q para diabetes melito tipo 2,2995, 2996q para resistência à insulina, 1997 Bile composição da, 2615 efeitos sobre o epitélio esofágico, 2433 funções da, 2402 hepática, concentração na vesícula biliar, 2616 produção de, 2615 secreção de, 2625-2626 tipo leite de cálcio, colecistite e, 26222623 volume e conteúdo de eletrólitos, 616q Bile tipo leite de cálcio, colecistite, 2622-2623 Biliproteína, 325 Bilirrubina. Ver tam bém Icterícia captação hepatocelular da, 25312533, 2532f conjugação da defeitos hereditários na, 25332535, 2533q prejudicada, 2533 conjugada, 324, 2529, 2530q, 25312532, 2532f disposição extra-hepática da, 2532 excreção biliar de, 2532 fração delta, 325 metabolismo da, 324, 2531 não conjugada, 324, 2527,2530q no intestino, 2532 produção de, 324,2532-2533. Ver tam bém Hiperbilirrubinemia sérica, 324 elevação isolada da, 326,326q medição da, 324-325 na avaliação da função hepática, 327, 2527,2528f, 2530q valores normais, 324 transferência do sangue para a bile, 2531-2532, 2531f urinária, 325,2527, 2530q Bilirrubina sérica. Ver Bilirrubina, soro Bilirrubina UDP-glicuronosil transferase, 324, 326 Bilirrubina urinária, 2527, 2530q Bilirrubinúria, 325 Biliverdina, 324 Biliverdina redutase, 324 Biodisponibilidade alterada, implicações clínicas, 35 de fármacos antibacterianos, 1139 efeito de primeira passagem, 34-35, 35f princípios de, 34, 34f
Biofilme, 1016 crescimento microbiano em, 1016 em infecções de feridas por queimaduras, e23-l Bíoincompatibilidade, 2322 Bioinformática, 486 Biologia dos sistemas, el9-l aplicações patobiológicas da, el9-3 classificação das doenças humanas e, el9-3 a el9-4, el9-4f, el9-5f, el9-6f propriedades dos sistemas biológicos, el9-la el9-2, el9-2f Bioma, 527q Biomarcadores cardíacos no EVT, 2172 no infarto do miocário, AI/IMSEST, 2016 IMEST, 2023-2024, 2023f Biópsia. Ver tam bém tipos e locais específicos
na terapia com oxigênio hiperbárico, e52-3 náusea e vômitos, 708 neurológicos, 2272 pigmentação, 413 pulmonares, 718, 808, 839, 840, 2276 queda dos cabelos, 434 síndrome hemolítico-urêmica, 2275 para câncer testicular, 808 para derrame pericárdico, 653 para derrame pleural, 653 para doença trofoblástica gestacional, 816 para tumores de células germinativas do ovário, 813 Blessed Dementia Rating Scale, 198 Bloco haplótipo, 44 Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC) dissecção da aorta, 2062 efeitos adversos dos, 375-376 bloqueio de condução AV, 1871q disfunção do nó SA, 1868q, 1870 disfunção erétil, 376q disfunção sexual feminina, 379q edema, 293q edema periférico, 629 eritromelalgia, 2073 hiperplasia gengival, 268, el 2 -lf incontinência urinária, 581 indigestão, 305 xerostomia, 274 efeitos sobre a razão aldosteronarenina, 2949q interações medicamentosas dos, 46q metabolismo dos, 36q, 45 overdose!intoxicação com, e50-l lq para AI/IMSEST, 2017, 2018q para angina variante de Prizmetal, 2010 , 2020
para cardiopatia isquêmica, 2009q, 2010
para esclerose sistêmica, 2768 para fibrilação atrial, 1884 para hipertensão, 2055q, 2056, 2319 para hipertensão pulmonar, 2077, 2079 para taquicardia reentrante do nó AV, 1888 para taquicardia supraventricular na gravidez, 57 perioperatórios profiláticos, 65 Bloqueadores dos receptores de angiotensina (BRA) efeitos adversos dos, 1909,2056 cutâneos, 435 hipopotassemia, 357, el5-2 renais, 2295, 2295f,2312 efeitos sobre a razão aldosterona-renina, 2949q interrupção pré-operatória dos, 65 metabolismo dos, 38 para a síndrome de Marfan, 493 para estenose da artéria renal, 2049 para hipertensão, 2055q, 2056, 2057 na síndrome metabólica, 1989, 1996 para infarto do miocárdio, 2030 para insuficiência cardíaca, 1908q, 1909 para nefropatia diabética, 2983 Bloqueio AV paroxística, 1872, 1873f Bloqueio bifascicular, 1835, 1877,1877q. Ver tam bém Bloqueio de condução atrioventricular Bloqueio cardíaco. Ver Bloqueio de condução atrioventricular Bloqueio cardíaco completo, 1871-1872, e30-4f, e30-10f. Ver tam bém Bloqueio de condução atrioventricular (AV)
Bloqueio de androgênios. Ver antiandrogênios Bloqueio de condução atrioventricular (AV), 1870 completo, 1871 congênito, 1871-1872 de alto grau, 1872,1874f de primeiro grau, 1872,1872q, e2816f de segundo grau, 1872 tipo Mobitzl, 1872,1873f tipo Mobitz 2,1872 diagnóstico do, 1873 ECG no de primeiro grau, 1872,1872f, e28-16f de segundo grau, 1872,1873f, e30-2f, e30-3f, e30-4f eletrofisiologia do, 1872 epidemiologia do, 1867 etiologia do, 1871-1872, 1871q iatrogênico, 1872 mecanismo do, 1863q no infarto do miocárdio, 2033 paroxístico, 1872, 1873q progressivo familiar, 1872 sopro no, el3-7 tratamento do farmacológico, 1874-1875 implantação de marca-passo para, 1876, 1876q, 1877, 1877q Bloqueio de condução AV. Ver Bloqueio de condução atrioventricular (AV) Bloqueio de entrada, 862 Bloqueio de ramo direito, bulhas cardíacas no, 1827f condições associadas à, 1835 ECG no, 1835,1835f,e28 Bloqueio de ramo esquerdo bulhas cardíacas no, 1827q condições associadas ao, 1835 ECG no, 1835, 1835f, e28-16f, e30-9f Bloqueio de saída sinusal, 1869,1870q Bloqueio trifascicular, 1835,1877, 1877q. Ver tam bém Bloqueio de condução atrioventricular Boca da trincheira. Ver Angina de Vincent Boca seca. Ver Xerostomia Bocavírus humanos, 1481 Boceprevir, para infecções por HCV, 2585 Bochecha, lesão traumática no interior da, el2-3f Bócio, 2930 atóxico difuso (simples), 2931 atóxico multinodular, 2931-2932 coloide, 2931 esporádico, 2931 juvenil, 2931 subesternal, 2931 tóxico multinodular, 2932 Bócio coloide, 2931 Bócio esporádico, 2931 Bócio juvenil, 2931 Bócio multinodular tóxico, 2932 Bócio subesternal, 2931 Bociógenos, 2931 Bolhas. Ver tam bém Vesículas/bolhas características das, 148, 1064f descrição das, 389q, 390f etiologia das, 1065q, 1066 Bolhas do coma, 414q, 415 Bolores, 1637 Bomba com balão intra-aórtico, para choque cardiogênico, 2235-2236 Bomba de exportação de sais biliares, 2616 Bomba ventilatória, distúrbios da, 277, 277f “Bombas inteligentes" 8 6 Borda em escova, 2283
ÍNDICE
coleta de amostra e transporte, e2 2 5q de agulha, 690 excisional, 690 incisional, 690 na febre de origem obscura, 163 no diagnóstico de câncer, 649 Biópsia cerebral na demência, 3303 na encefalite viral, 3423 Biópsia de linfonodo, 467 Biópsia de linfonodo sentinela, 690,729 Biópsia de nervo na neuropatia periférica, 3452 Biópsia de pele, 393-394, 3452 Biópsia de pulmão na pneumonite por hipersensibilidade, 2188, 2188f nas doenças pulmonares intersticiais, 2164 Biópsia do fígado, 2525 atlas de, e38-l, e38-lfa e38-6f da EHNA, e38-5f na cirrose, e38-3f na cirrose biliar primária, e38-3f na cirrose secundária à hemocromatose com carcinoma hepatocelular, e38-4f na colangite esclerosante primária, e38-5f na deficiência de Tl-antitripsina, e38-4f na doença de Wilson, e38-6f na febre de origem obscura, 163 na hemocromatose, 3165-3166, e385f na hepatite aguda, e38-lf, e38-6f na hepatite autoimune, e38-2f a e383f na hepatotoxicidade por paracetamol e lesão hepática alcoólica, e38-4f na infecção crônica por HCV, e38-lf a e38-2f, e38-3f na infecção por CMV com aloenxerto hepático, e38-3f na infecção por HDV crônica, e38-2f na rejeição celular aguda em transplante de fígado ortotópico, e38-3f nas infecções por Brucella, 1298, 1298f percutânea, na avaliação da função hepática, 2528f, 2530-2531 Biópsia em punch, 394 Biópsia hepática percutânea, 2528f, 2530-2531 Biópsia meníngea, na meningite crônica, 3438, 3440, 3440f Biópsia muscular em doenças do DNA mitocondrial, el8-5f, el8-7 na distrofia muscular, 3491
Biópsia por aspiração com agulha fina, 467, 690 Biópsia renal na arterionefrosclerose, el4-8f na doença de Fabry, 2350, el4-6f na doença por lesão mínima, 2345, el4-lf na doença renal crônica, 2318 na glomerulonefrite, 2339, el4-lf a el4-5f na granulomatose com poliangiite, 2343, el4-5f na lesão renal aguda, 2302-2303, el4-9f na nefrite intersticial aguda, el4-8f na nefrite lúpica, el4-4f, el4-4f na nefropatia diabética, 2348, el4-7f na oxalose, el4-9f na pielonefrite, el4-9f na síndrome de Alport, 2351, el4-17f na síndrome hemolítico-urêmica, 2352,el4-8f nas doenças glomerulares, 2339, el4lfa el4-5f nas síndromes nefrites agudas, el4-lf a el4-5f no mieloma múltiplo, el4-6f Biópsia transbrônquica, 2099 Bioterrorismo, 1768 Agentes da Categoria A, 1768,1769, 1769q Agentes da Categoria B, 1768, 1769q, 1777 Agentes da Categoria C, 1768,1769q, 1777 armamento dos agentes, 1768 características dos agentes efetivos, 1768,1768q febre de origem obscura e, 160 preparação para, 1119 prevenção de e preparação para, 1777-1778 Biotina, 599 deficiência, 600 em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q funções da, 599-600 ingestão recomendada de, 590q Bipolaris spp., 258, 720 Bisacodil para constipação, 74q, 319 Bisclorometil éter, 737 Bisoprolol para cardiopatia isquêmica, 2009q para insuficiência cardíaca, 19008q Bissinose, 2123q, 2126 Bitionol efeitos adversos do, 445q, 1678q farmacologia do, e26-2 Bivalirudina ação da, 997 farmacologia da, 997q nas ICP, 2035-2036 para AI/IMSEST, 2019-2020, 2019q para IMEST, 2030 para trombocitopenia induzida por heparina, 968 vs. heparina, 997 Blastocystis spp., no microbioma humano, 531 Blastomyces spp., 1014q, 1015,1646 Blecaute, 3547 Blefarite, 228 Blefaroptose, 237 Blefarospasmo, 3328 Bleomicina ação da, 702 dose de, 697q efeitos adversos, 697q, 702, 808 cutâneos, 433 fenômeno de Raynaud, 808, 841, 2072
1-1 7
Bordetella pertussis, 1014q, Ver tam bém Coqueluche Bordetella spp., 1241
1241-1243.
Boro, 595q Borrelia burgdorferi, 1015, 1401-1402. Ver tam bém Borreliose de Lyme
(doença de Lyme) Borrelia lonestari, 150q Borrelia spp., 1397,1397f, e22-l, e22-9. Ver tam bém Febre recidivante
Borreliose de Lyme (doença de Lyme) artrite na, 2676q, 2845 carrapatos na, 1401, 3577-3578 coinfecção por Babesia, 1404,1707 crônica, 1403, 1405 diagnóstico de, 1403-1404,1404q diagnóstico diferencial da, 150q, 157, 1404 epidemiologia da, 1401 manifestações clínicas da, 150q, 1401 artrite, 2845 bloqueio de condução AV, 1402, 1871,1871q, e30-4f comprometimento ocular, 229 disfunção do nó SA, 1868q eritema migratório, 157, 407, 1402, 1402f, e7-2f evolução da, 150q, 157,1402-1403 infecção disseminada, 1402-1403 infecção localizada, 1402 infecção persistente, 1403 meningite crônica, 3436q miocardite, 1960 neuropatia, 3460 patogenia da, 1401,1402 prevenção da, 1406, 3577-3578 profilaxia para, 1405 prognóstico da, 1405 reinfecção na, 1405 tratamento da, 1404-1405,1404q, 1405q Bortezomibe ação do, 676,677q, 705-706, 705f dose, 70 lq efeitos adversos do, 701q, 706, 3394q, 3463q para amiloidose, 949 para carcinoma hepatocelular, 783q para linfoma de células do manto, 929 para mieloma múltiplo, 676,677q, 942 Bosentana para hipertensão pulmonar, 2079 Bosutinibe, 917 Botão uretérico, 2280, 2280f, 2289 Botões gustativos, 242, 243f, 245 Botriomicose, 1325,1329 Botswana, assistência médica, el-7 Botulismo antitoxina, 1202-1203 diagnóstico do, 1202,1772q diplopia no, 238 disfunção autônoma no, 3357 do lactente, 1201 epidemiologia do, 1 2 0 0 -1 2 0 2 etiologia do, 1 2 0 0 ferida, 1201,1777 iatrogênico, 1 201 intestinal, 1201,1777 manifestações clínicas do, 1 2 0 1 -1 2 0 2 , 1772q, 1777, 3357, 3482-3483 notificação do, 1203 patogenia do, 1200, 3482 prevenção do, 1203, 1772q, 1777 transmitido por alimentos, 1 2 0 0 1 2 0 1 ,1 2 0 2
tratamento do, 1202-1203,1772q, 1777, 3483 vs. síndromes miastênicas congênitas, 2482-2483 Botulismo do lactente, 1201 Bouba. Ver Framboésia
BRA. Ver Bloqueadores dos receptores de angiotensina (BRA) Bradiarritmia, 1867 bradicardia juncional, e30-3f bradicardia relativa, 146 marca-passo para, 1865-1866 mecanismo da, 1867,1867f na condução AV. Ver Condução atrioventricular na disfunção do nó SA. Ver Doença/ disfunção do nó sinoatrial síncope na, 175 Bradicardia juncional, ECG na, e30-3f Bradicardia sinusal mecanismo da, 1863q no infarto do miocárdio, 2033 Bradicinesia, 181 Bradicinina, 94f Branhamella spp., identificação laboratorial de, e2 2 -2 f Braquiterapia, 691, 692 câncer de próstata, 800-801 para colangiocarcinoma, 784 para sarcoma de tecidos moles, 817-818 Brasil assistência médica, el -6 mortalidade infantil, el-7f Briostatina, 676f Brivanibe, para carcinoma hepatocelular, 783q Brometo de demecário, 226 Brometos, 419 Bromocriptina efeitos adversos da, 2073,2890 overdose/intoxicação com, e50-9q para diabetes melito tipo 2,2996q, 2998 para prolactinoma, 2890 para síndrome neuroléptica maligna, 147 para tumores secretores de prolactina, 705 Bromperidol, 144q Broncodilatadores. Ver Agonistas (3-adrenérgicos Broncoscopia autofluorescência, 2 1 0 0 avaliação na doença respiratória, 2086, 2099 de fibra óptica flexível, 2099 terapêutica, 2 1 0 0 virtual, 2095, 2097f, 2098 Broncoscopia de autofluorescência, 2100
Broncoscopia de fibra óptica, 2099 na hemoptise, 286 no câncer de pulmão, 743 Broncoscopia virtual, 2095, 2097f, 2098 Bronquiectasia abordagem ao paciente, 2143 baqueteamento/osteoartropatia hipertrófica na, 290 complicações da, 2144 definição de, 2142 diagnóstico da, 2142q, 2143, 2143f epidemiologia da, 2142-2143 etiologia da, 2142, 2142q exame de imagem na, 2143, 2143f, e34-llf, e34-12f fisiopatologia da, 2143 hemoptise na, 285 manifestações clínicas da, 2143 micobacteriana não tuberculosa, 1367, 1368,1379,2142,2144 patologia da, 2143 prevenção da, 2144 prognóstico da, 2144 radiografia de tórax na, e34-1lf sons respiratórios na, 2085 tração, 2143 tratamento da, 2144
Bronquiolite doença pulmonar intersticial associada à, 2167 HMPV, 1490 HRSV, 1489 viral, 1485,1486q vírus parainfluenza, 1490 Bronquiolite obliterante após transplante de pulmão, 2194 no pênfigo paraneoplásico, 426 Bronquite crônica, 284. Ver tam bém Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) viral, 1485, 1486q Bronquite crônica, 284. Ver tam bém Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) Bronzeamento, 441,443, 732 Bronzeamento, na hemocromatose, 3164 Brucella spp., 1296,1297 Brugia malayi, 1745q, 1746. Ver tam bém Filariose linfática Brugia timori, 1745q, 1746. Ver tam bém Filariose linfática Bruxismo, 221, 269 Bruxismo noturno, 221 Bubão, 1067, 1307, 1307f, 1773 Bucindolol, 44 Budesonida, para colite microscópica, 314 Bufadienolídeo, 356 Bufo marinus (sapo cururu), 356, e50-llq Bulbo olfatório, 244 avaliação dos, 246 distúrbios do paladar e, 244 distúrbios olfatórios, 241, 242f doenças e condições associadas à 244, 245q epidemiologia dos, 244,244f etiologia dos, 244 tratamento dos, 246-247 Bulhas cardíacas. Ver tam bém Sopros cardíacos diastólicas, 1927 em próteses valvares, 1830 na cardiopatia isquêmica, 2 0 0 1 na comunicação interatrial, 1826, 1827f, 1921-1922 na doença pericárdica, 1830 na estenose aórtica, 1939 na estenose mitral, 1930-1931 na estenose pulmonar, 1926 na estenose tricúspide, 1947 na hipertensão, 2053 na hipertensão pulmonar, 2076 na insuficiência aórtica, 1944 na insuficiência cardíaca, 1905 na insuficiência mitral, 1935 na insuficiência tricúspide, 1948 na pericardite crônica, 1976 no infarto do miocárdio, 2 0 2 2 no mixoma, 1979, el3-7 no prolapso da valva mitral, 1937 normais, 1826-1827,1827f segunda, desdobramento da, 1826, 1827, el3-8, el3-8f sistólicas, 1827 Bulimia nervosa, 636,640 alterações quimiossensoriais na, 246 diagnóstico da, 637, 640, 640q epidemiologia da, 640 hipopotassemia na, 354 manifestações clínicas, 637q, 640 manifestações orais da, 268,274 prognóstico da, 640 tratamento da, 640-641 Bumetanida efeitos adversos da, 370 para edema pulmonar, 2237 para insuficiência cardíaca, 1908q BUN. Ver Ureia sanguínea (BUN)
Bunyaviridae, 1028,1617-1618,1617q, 1619q Bupivacaína, para envenenamentos por animais marinhos, 3573 Buprenorfina no tratamento da overdose de opiáceos, 3554-3555 para desintoxicação de opiáceos, 3555 Bupropiona efeitos adversos da, 76,738,353lq para depressão, 76, 3531q, 3538 para disfunção sexual relacionada a ISRS, 3538 para terapia de abandono do tabagismo, 738 Buraco macular, 236 Burkholderia mallei, 1273 Burkholderia pseudomallei, 1269q, 1273 Bursite, 2860 de Aquiles, 2860 de olécrano, 2860 hanserina, 2824 iliopsoas, 2860 isquiática, 2860 pré-patelar, 2860 retrocalcânea, 2860 subacrominal, 2860 trocantérica, 2860 Bursite anserina, 2824 Bursite de Aquiles, 2860 Bursite do iliopsoas, 2860 Bursite do olécrano, 2860 Bursite isquiática, 2860 Bursite pré-patelar, 2860 Bursite retrocalcânea, 2860 Bursite subacromial, 2860 Bursite trocantérica, 2860 Buspirona para disfunção sexual relacionada com ISRS, 3538 para transtorno de ansiedade generalizada, 3533,3533q Bussulfano efeitos adversos do, 413,433, 918, 2276, 3394q para LMC, 918 variações genéticas da resposta ao, 42q Butirato, para estimulação da hemoglobina fetal, 861 Butorfanol outros opioides e, 101 para dor, 98q, 99 para enxaqueca, 118q, 1 2 0 Bypass cardiopulmonar disfunção plaquetária, 971 lesão cerebral após, e47-2f, e47-2 a e47-3 lesão renal aguda e, 2297 para hipertemia, 147 para reaquecimento, 168q Bypass gástrico em y de Roux, 635, 635f
c CA 19-9, 652q, 784, 787 CA-125 como marcador tumoral, 652q no câncer de ovário, 662, 810,811 no colangiocarcinoma, 784 Cabazitaxel, para câncer de próstata, 804 Cabeça caída, 3509 Cabeça de medusa, 330, 2523 Cabelos no lúpus, 407 Cabergolina efeitos adversos da, 2890 para acromegalia, 2896 para prolactinoma, 2889-2890 CABG. Ver Enxerto de desvio de artéria coronária, (CABG) CAD. Ver Cetoacidose diabética (CAD)
CADASIL (arteriopatia cerebral autossômica dominante com infartos subcorticais e leucoencefalopatia), 3279,3309, e44-18f Cadeia invariante, 2690 Cadeia leve da miosina, na contração do músculo liso vascular, 1801 Cadeias leves do mieloma, 2298,2370 Caderinas, 682f Ca-DTPA, para contaminação interna por radionuclídios, 1793-1794,1794q Cafeína ação da, 214 efeitos adversos da, 218, 295, 352, 2372 overdose/intoxicação com, e50-9q para cefaleia hípnica, 128 para distúrbio do trabalho em turnos, 222
Campylobacter pyloridis. Ver Helicobacter pylori
Campylobacter spp., 1286 Camundongos. Ver tam bém vírus transmitidos por roedores células-tronco embrionárias de, 536 feridas por mordedura, e24-2 gnotobiótico, 532 knock-out/knock-in, 491-492,493q na coriomeningite linfocítica, 1620 na riquetsiose variceliforme. Ver Riquetsiose variceliforme transgênicos, como modelos de doença genética, 490-492,493q Camundongos knock-out/knock-in, 491-492, 493q Canabinoide(s), 303q, 304, 634-635, 3557. Ver tam bém Maconha Canais de potássio distúrbios dos, 3506 na contração cardíaca, 1860-1861, 1861f, 1862f Canais iônicos cardíacos, 1860-1861, 1861f, 1862f distúrbios dos, 3225-3226, 3225q Canal de sódio, 1860,1862f Canal(is) de cálcio cardíaco(s), 1860,1862f distúrbios do(s), 3504-3505, 3504q no músculo liso, 1800-1801,1801f Canalopatia(s) em distúrbios hereditários de arritmia, 1897q muscular, 3504-3506, 3504q, 3505f na miocardiopatia, 1952,1955q neurológica, 3225-3226, 3225q Canamicina ação da, 1133 para tuberculose, 1377 Câncer abordagem ao paciente, 646 análise citogenética no, 511 anemia no, 850 anormalidades cromossômicas no, 518,650. Ver tam bém Genética do Câncer artrite e, 2859-2860 capacidade de autorrenovação do 542-543 carga global do, 16 complicações tardias do, 652,838 por sistema orgânico, 839q por tipo de câncer, 842q por tipo de tratamento, 839q curva de crescimento Gompertziana no, 674 depressão no, 3536 derrames no, 653 diagnóstico do, 649, 690 doença estável, 651 doença progressiva, 651 dor na, 652-653 durante a gravidez, e6 -l efeitos do álcool sobre, 3548 em mulheres, como problema de saúde percebido, 51f mortes por, 51f emergências oncológicas em acidose láctica, 2273 aumento da pressão intracraniana, 2271 cistite hemorrágica, 2277 compressão da medula espinal, 2269-2271, 2270f crise convulsiva, 2272 derrame/tamponamento pericárdico, 653, 2267-2268 enterocolite neutropênica, 22762277, 2277Í hemoptise, 2272-2273 hipoglicemia, 2273-2274 infiltrados pulmonares, 2275-2276 insuficiência suprarrenal, 2274
leucocitostase pulmonar e intracerebral, 2272 meningite neoplásica, 2271-2272 obstrução biliar, 2268-2269 obstrução das vias respiratórias, 2273, 2273f obstrução intestinal, 2268 obstrução urinária, 2268 pneumonia, 2276 pneumonite, 2276 reações à infusão de anticorpos humanos, 2274-2275 reações de hipersensibilidade a agentes antineoplásicos, 2277 síndrome da veia cava superior, 2266, 2267f síndrome de lise tumoral, 2274, 2275f síndrome hemolítico-urêmica, 2275 esclerose sistêmica e, 2766-2767 estadiamento do, 650,690 estado nutricional do paciente, 653 expressão gênica no, 677, 679f extensão da doença, 649-650 fatores de risco para, 646 fatores genéticos no. Ver Genética do Câncer febre no, 159-160,160q, 161q imunização no, 713q, 722 incidência do, 646, 646q, 649f, 649q infecções no, 712 cardiovascular, 718 de pele, 714-715, 714f, 715q, el 6 llf endócrino, 718 fatores predisponentes no, 712713, 712q, 718-719 musculoesquelético, 718 neutropenia febril e, 707, 719,719f prevenção, 722 profilaxia antibiótica para, 721, 722 pulmonar, 717-718, 717q, 2276 relacionado a cateter, 715-716, 715q renal-ureteral, 718 sistema nervoso central, 716-717, 717q terapia antibacteriana para, 719720 terapia antifúngica para, 720 terapia antiviral para, 720,72lq terapia com citocinas, 720-721 transfusões de granulócitos para, 720 trato gastrintestinal, 716,2277 invasão tecidual por, 673q, 681. Ver tam bém Doença metastática manejo do paciente na, 649 morte e questões de morte, 654 mortes por, de acordo com a idade, 647f de acordo com a raça, 649q de acordo com a raça e origem hispânica, e4-lf de acordo com o local, 646q, 647648f de acordo com o sexo, 50q, 646q, 647-648Í, 648q em mulheres, 50q, 51f, 646q, 648q mundiais, 649f nos EUA e na Inglaterra, 67q nas miopatias inflamatórias, 3511 neuropatias associadas ao, 3461-3462 nos países em desenvolvimento, 16 obesidade e, 628 origem clonal do, 663, 664f perda de peso involuntária no, 642 prognóstico de, 649-650 questões de sobrevida, 654, 838, 840, 842, 842q recorrente, 652,3472
ÍNDICE
para enxaqueca, 118q Cãibras musculares na distrofia muscular, 3489 na hemodiálise, 2324-2325 Cãibras nas pernas, noturnas, 221 Câimbras dos músculos intercostais, 104 Calazar, e25-4q, e25-5. Ver tam bém Infecções por Leishmania, visceral Calázio, 228 Calcificação das artérias coronárias, 1849,1849f, 1991,2005, e29-5f de nódulo pulmonar solitário, 748 distrófica, 416, 3143q, 3144 extraesquelética, 3143-3144, 3143q metastática, 3143, 3143q no ventrículo direito, e29-4f Calcificação distrófica, 3143q, 3144 Calcificação metastática, 3143, 3143q Calcifilaxia, 416, 2313, 2313f, 2314f Calcinose dermatomiosite e, 3517 tumoral, 3143q, 3144 Calcinose circunscrita, 3144 Calcinose cutânea manifestações clínicas da, 416,417q, 2764f metastática, 417q na esclerose sistêmica, 431,27632764,2764f Calcinose tumoral, 3143q, 3144 Calcinose universal, 3144 Cálcio, 360 aporte de, 3085 deficiência de, 595q, 609q, 1963, 3122-3123. Ver tam bém Hipocalcemia em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q excesso de. Ver Hipercalcemia extracelular, 360,360f homeostasia do, 3084, 3084f ingestão recomendada de, 59lq, 3127-3128, 3128q má absorção relacionada com cirurgia, 2454 metabolismo do, 2809, 3084, 3084f na contração cardíaca, 1803-1805, 1804f na doença renal crônica, 2292,23132314 na função das células musculares lisas vasculares, 1801,1801f nível superior tolerável de ingestão de, 595q suplementos, no idoso, 584 para hipocalcemia, 362 para prevenção do câncer colorretal, 657, 770 para tratamento/prevenção da osteoporose, 3127-3129, 3128q preparações orais, conteúdo de, 3128q
toxicidade do, 595q transporte renal de, 2282f, 2285-2286 Calcipotriol, para psoríase, 399 Calcitonina, 3099 ações da, 3099 atividade hipocalcêmica da, 3099 como marcador tumoral, 652q fontes de, 3099 modo de ação da, 3131 nível circulante de, 3099 no tratamento/prevenção da osteoporose, 3131 para doença de Paget do osso, 3139, 3139q para dor óssea, 73 para hipercalcemia, 828, 3111q, 3112, 3113 produção ectópica de, 827q Calcitriol para hiperparatireoidismo secundário, 2314, 3109 para hipocalcemia, 362,3119-3120 Calcoflúor branco, e22-l Calculadoras FRAX, na avaliação do risco de fratura, 3127, 3128f Cálculo, 268, el2-4f, el2-5f Cálculo salivar (sialolitíase), el2-5f Cálculo(s) biliar(es), 2616 cálculos de colesterol, 2472-2473, 2617-2618, 2617f, 2618q cálculos pigmentados, 2618-2619, 2618q complicações dos, 2620 dor torácica nos,102q, 103q, 104 epidemiologia dos, 2616-2617 fatores genéticos dos, 2617 icterícia nos, 326 manifestações clínicas dos, 26192620 na anemia hemolítica, 456 obesidade e, 628 patogenia dos, 2616, 2617 prevenção com ácido ursodesoxicólico, 633 “silencioso(s)”, 2620 tratamento do(s), 2620-2621 Cálculos biliares achados endoscópicos, 2411, 2412f tratamento endoscópico dos, e36-lV Cálculos coraliformes, 2383 Cálculos de ácido úrico, renais, 2382, 2383q, 2386 Cálculos de cálcio, 2382, 2383q, 23852386 Cálculos de cistina, 2382, 2383q. Ver tam bém Cistinúria Cálculos de colesterol na síndrome do intestino curto, 2472-2473 urinários, 2617-2618, 2617f, 2618q Cálculos de estruvita, 2382, 2383q, 2387 Cálculos pigmentados, 2618-2619, 2618q Calicivírus, humanos, 1588-1589, 1588q, 1589f Calor, 472f Calorimetria, indireta, 611 Calprotectina, 314 Calretinina, 822q, 823 Calsequestrina, 1805 Calstabina 2,1804 Caminhada de corredor de longa distância, 578q Camomila, 46lq Campanha Fazer Retroceder a Malária, 14 Campo ocular frontal, 239 Campos oculares, frontais, 207,207f Campos visuais, avaliação dos, 226-228, 227f Camptotecina, 702
1-1 9
reserva fisiológica do paciente, 650, 650q segunda neoplasia maligna, 692, 841 em receptor de transplante, 1131 por tipo de câncer, 842 relacionada com quimioterapia, 841,934 relacionada com radioterapia, 841, 934-935 relacionada com terapia hormonal, 841-842 relacionada com terapia imunossupressora, 842 sintomas recentes no, 651 tabagismo e, 3561-3562, 3561q teste genético no, 525, 668-670, 670f tratamento do, acompanhamento de longo prazo, 652, 842 avaliação da resposta ao, 651 células-tronco cancerosas como alvo do, 681-682 conseqüências tardias do, 842q cuidados de suporte, 652 curativo, 650-651 fatores genéticos no, 672 medicina complementar e alternativa, 651, e2-5 objetivo do, 689 paliativo, 651, 652, 689 planejamento do tratamento, 650651 plano de tratamento de resgate, 652 princípios do, 689 quimioterapia. Ver Quimioterapia do câncer radioterapia. Ver Radioterapia resposta completa ao, 651 resposta parcial ao, 651 suporte nutricional especializado, 615q suporte psicossocial, 653-654 terapia antiangiogênica, 687, 6 8 8 f terapia biológica, 694, 695f, 710711 terapia direcionada. Ver Terapia direcionada terapia gênica, 548f, 550, 550q, 711 terapia hormonal, 694, 704-705 terapia neoadjuvante, 650 vasos linfáticos do, 687 vírus e, 550,670 Câncer anal, 403, 776 Câncer cervical, 813 carcinoma com tumor primário desconhecido e, 822f considerações globais, 813 durante a gravidez, e6 -lq, e6 -l a e6 - 2 em receptor de transplante, 1131 epidemiologia do, 648, 649, 648q, 813 estadiamento do, 81 lq, 814, 814f etiologia do, 813 fatores de risco para, 29q, 813 fatores genéticos no, 813 HPV no, 403, 670, 673, 813,1482 incidência do, 813 KIR com, 2666q manifestações clínicas do, 813-814 na infecção pelo HIV, 1567 prevenção do, 658, 813 síndromes paraneoplásicas no, 827q tratamento do, 814 triagem para, 29, 30q, 584,660, 6 6 lq, 813 Câncer colorretal, 768 anemia ferropriva e, 771 bacteremia por Streptococcus bovis e, 770 carcinoma com tumor primário desconhecido e, 822f DII e, 770, 2494-2495, 2495f
disseminação do, 773 dor lombar no, 1136 envelhecimento e, 567-568 epidemiologia do, 646q, 647f, 648, 649q estadiamento do, 771-773, 772f etiologia do, 768-769, 769q excisão mesorretal total no, 773 fatores de risco para, 768-770,769q fatores genéticos no, anormalidades cromossômicas, 664f, 6 6 6 q, 6 6 8 , 768 oncogenes, 665q, 706,768 perfil amplo de genoma do, 671, 671f síndromes familiares do, 664f, 6 6 8 , 669q, 769-770, 769q febre no, 160 história familiar do, 2423q história pessoal de, 2423q incidência do, 768 infecções em paciente com, 714q manifestações clínicas do, 771, 771f, 772f marcadores tumorais no, 652q metástase de, 772-773, 785 patogenia do, 664f, 768 pólipos adenomatosos e, 768 prevenção do, 655, 657, 658, 770, 3042q, 3044 prognóstico do, 771-773, 772f, 773q quimioprevenção do, 657 recidiva do, 772-773 resistência à insulina e, 769 risco cumulativo no transcorrer da vida de, 29q silenciamento epigenético no, 678 tabagismo e, 714q, 770 tratamento do, 773-773 bevacizumabe, 677q, 687, 774 cetuximabe, 677q, 774 cirurgia, 773 conseqüências tardias do, 842q panitumumabe, 677q, 774 quimioterapia, 773-774 radioterapia, 773 terapia direcionada, 774 triagem de, benefícios da, 29 endoscópica, 2421-2422,2422f, 2423q, 2424f estratégias na, 2423q no idoso, 584 recomendações para adultos de risco normal, 30q, 661q, 662, 771 técnicas de, 770-771 Câncer da ampola de Vater, 785 Câncer da tuba uterina, 813 Câncer da vesícula biliar, 329,784 Câncer de bexiga, 790 adenocarcinoma, 790 carcinoma de neoplasia primária desconhecida e, 822f, 822q de células transicionais, 790 diagnóstico do, 791 epidemiologia do, 464q, 648q, 790 estadiamento do, 790, 790f, 791 fatores de risco para, 790 invasivo, 791-792, 792q manifestações clínicas do, 791 metastático, 792,792q patogenia do, 790-791 patologia do, 790 prognóstico do, 792q relacionado com quimioterapia, 790, 840 superficial, 791, 792q tratamento do, 791-792, 792q Câncer de cabeça e pescoço, 733 biologia do, 733 carcinoma com tumor primário desconhecido e, 822f, 824 diagnóstico do, 734, 734f
epidemiologia do, 733 estadiamento do, 734, 735q, 736q etiologia do, 733 fatores genéticos no, 733 histopatologia do, 733 incidência do, 733 infecções em paciente com, 712q lesões pré-malignas, 733,734 linfadenopatia no, 466 manifestações clínicas do, 734 segundas neoplasias malignas em sobreviventes do, 841 síndromes paraneoplásicas no, 827q tratamento do complicações do, 736 conseqüências tardias do, 841, 842q doença local ou regionalmente avançada, 734-735 doença localizada, 734 doença recorrente/metastática, 735 terapia gênica, 550 Câncer de colo sem polipose hereditária (CCSPH), 769q, 770 câncer endometrial no, 814 câncer ovariano no, 810 câncer pancreático no, 786 fatores genéticos no, 669q, 770 etapas de mutação somática, 663, 664f gene supressor tumoral APC, 6 6 8 heterogeneidade de locus, 521 reparo de combinação imprópria do DNA, 488, 496 silenciamento epigenético no, 678 testes genéticos para, 521, 524q, 525 tipo II, 810 tratamento do, 524q triagem para, 496, 521, 770 Câncer de fígado. Ver Carcinoma hepatocelular (CHC) Câncer de língua. Ver tam bém Câncer de cabeça e pescoço Câncer de mama, 754 acompanhamento da paciente, 763, 763q biologia do, 757 carcinoma de neoplasia primária desconhecida e, 822, 822f, 822q, 824 classificação histológica do, 759 como problema de saúde percebido, 51f contraceptivos orais e, 755 derrame pleural no, 653 diagnóstico do, 755-756, 756f dieta e, 655-656, 754-755 durante a gravidez ou a lactação, 756, e6 -lq, e6 -2 , e6 -2 q efeitos do álcool sobre, 3548 epidemiologia do, 646q, 647f, 648649, 648q, 649q, 754-755 estadiamento do, 757, 758q, 759, 759q estado dos receptores de estrogênio e progesterona no, 759 fatores genéticos no, 520, 520f, 669q hereditário, intervenções para, 522, 524q mutações gênicas no, 754 teste genético para, 524q induzido por radiação, 692, 755, 841 infecções em paciente com, 712q marcadores tumorais no, 652q, 757 metastático, diagnóstico do, 761 exame de medula óssea no, el7-7f linfadenopatia no, 466 lumpectomia no, 757 momento de ocorrência do, 760 para a medula espinal, 3369,3369f para o fígado, 785 para o olho, 236
para o osso, 820 prognóstico do, 760 tratamento do, 761-762 morte por, 50,51 f na mama contralateral, 762 não invasivo, 762-763 no homem, 754, 760 obesidade e, 592 oncogenes no, 665, 665q perfis de expressão gênica no, 706, 757, 759 prevenção cirúrgica do, 658-659,690 prevenção do, 655, 762 prognóstico do, 759, 759q quimioprevenção do, 657-658 recorrente, 705, 757 resultados do Womerís Health Initiative, 755 risco cumulativo ao longo da vida, 29q, 50, 754 segundas neoplasias malignas em sobreviventes do, 841-842 silenciamento epigenético no, 678 síndromes paraneoplásicas no endocrinológicas, 826, 827q, 830q, 833q neurológicas, 836 taxa de crescimento tumoral do, 759 terapia hormonal pós-menopausa e, 3042q, 3043 tratamento do, bevacizumabe, 675,677q conseqüências tardias do, 840, 842q em mulheres pós-menopausa, 759-760, 760q em mulheres pré-menopausa, 759, 760q estágio III, 762 linfedema após, 2075 lumpectomia, 757,759 mastectomia, 757 quimioterapia na doença metastática, 761-762 neoadjuvante, 760 radioterapia, 757, 761 tamoxifeno, 677 TCTH, 762, 964 trastuzumabe, 675, 677q triagem para benefícios da, 29, 30q, 660, 757 no indivíduo idoso, 584 recomendações para mulheres de alto risco, 660-757 recomendações para mulheres de risco normal, 30q, 661q, 757 Câncer de mama luminal A, 757 Câncer de mama luminal B, 757 Câncer de mama triplo-negativo, 757 Câncer de ovário, 810 carcinoma de tumor primário desconhecido e, 822f, 824 durante a gravidez, e6 -lq eosinofilia no, 481 epidemiologia do, 646q, 647f, 648q, 810 epitelial, 810-811 estadiamento do, 811 etiologia do, 810 fatores de risco para, 810 fatores protetores para, 810 hipótese da ovulação incessante para, 604 incidência do, 810 infecções em paciente com, 712q manifestações clínicas do, 810-811 marcadores tumorais no, 652q, 811 metastático, 466 oncogenes no, 665q patologia do, 810 prevenção cirúrgica do, 658-659 prognóstico do, 812 recorrente, 811-812
linfedema no, 2075 marcadores tumorais no, 652q metastático, 820 castrado, 803-804 não castrado, 801-803 oncogêne no, 665q patologia do, 797 prevenção do, 601, 658, 796, e25-5 recorrente,705 síndromes paraneoplásicas na, 827q, 830q, 837 sistema de graduação de Gleason para, 797 tratamento do, 659, 662, 788-804, 796 agentes hormonais, 704-705, 801803, 802f agentes que reduzem a testosterona, 802 análogos do GnRH, 802 antiandrogênios, 802-803 braquiterapia, 800-801 conseqüências tardias do, 841, 842q controle da dor, 803 doença localizada, 798-800 lesões ósseas, 804 orquiectomia, 803 prostatectomia, 800 radioterapia, 800-801 vigilância ativa, 801 triagem para, 30q, 31, 661q, 662, 796797 Câncer de pulmão, 737 adenocarcinoma, 738,738f, 739q, 740q baqueteamento no, 290,743 carcinoma com tumor primário desconhecido e, 822f, 822q célula escamosa, 738, 738f, 739q células-tronco no, 740 de células não pequenas estadiamento do, 745,745f, 746747q metastático, 750-751 tratamento do, 675, 677q, 744f, 748-752, 749q de grandes células, 738-739,739q, 740q de pequenas células estadiamento do, 747 fatores genéticos no, 740q hipopotassemia no, el5-8 imuno-histoquímica do, el5-8 patologia do, 738 pseudo-obstrução intestinal no, 301 S1AD no, 346, el5-4 a el5-5 síndrome de Cushing no, el5-8 a el5-9 síndromes paraneoplásicas no, 826, 827q, 834, 835 tratamento do, 746f, 752-753 derrame pleural no, 653, 742, 745, 750 diagnóstico do, 743, e34-15f disparidades raciais/étnicas no tratamento do, e4-l dor torácica no, 102q, 742, 742q eosinofilia no, 481 epidemiologia do, 646q, 647f, 648, 648q, 649q, 737 estadiamento do, 744-747, 745f, 746747q, 2095 exposição à radônio e, 737, 21282129 exposições ocupacionais e, 2128 fatores genéticos no, 665q, 706, 738, 739f, 740q genes supressores tumorais no, 750, 750q hemoptise no, 285,742, 742q imuno-histoquímica do, 739, 739q
linfadenopatia no, 466 manifestações clínicas do, 741-742, 742q marcadores tumorais no, 652q metastático, 236, 742, 742q, 750-751, 750q, 820 oculto, 748 operabilidade/ressecabilidade do, 748, 749-750 patogenia do, 739-740 patologia do, 738-739, 738f prevenção do, 655 prognóstico do, 747q relacionado com asbesto, 737,2123 segundas neoplasias malignas em sobreviventes do, 841 síndrome da veia cava superior no, 742, 742q, 2266 síndromes paraneoplásicas no, 742743, 826, 827q, 830q tabagismo e, 655,737-738 tomografia por emissão de pósitrons no, 2098 tratamento do agentes antiangiogênicos, 751 bevacizumabe, 677,687 crizotinibe, 675 erlotinibe, 675, 677q gefitinibe, 675, 677q inibidores do EGFR, 751 irradiação craniana profilática, 748-749,752 na doença metastática, 750-751, 750q quimioterapia, 749,749q, 750-751, 750q, 752 quimioterapia de manutenção, 752 radioterapia, 748-749, 752 ressecção cirúrgica, 748, 749-750, 752 terapia dirigida para alvos, 752-753 terapia gênica, 550 triagem para, 662, 740-741, 741f Câncer de suprarrenal aldosteronismo no, 2050 tratamento do, 705 Câncer de testículo, 805 classificação dos riscos no, 808,808q epidemiologia do, 805 estadiamento do, 806, 807f etiologia do, 805 fatores genéticos no, 805 incidência do, 805 manifestações clínicas do, 805-806 marcadores tumorais no, 806 metastático, 466 não seminoma, 806,808q patologia do, 806, 807q seminoma, 806, 808q síndromes paraneoplásicas no, 827q, 833q, 837 tratamento do, cirurgia pós-quimioerapia, 809 conseqüências tardias do, 841, 842q infertilidade após, 809 não seminoma de estágio 1,806, 807f não seminoma de estágio II, 806, 807f, 808 quimioterapia de salvamento, 809 quimioterapia direcionada para riscos, 808-809, 808q quimioterapia para a doença avançada, 808 seminoma de estágios I e II, 807f, 808 TCTH, 964 Câncer de timo, síndromes paraneoplásicas no, 827q
Câncer de tireoide, 2933 anaplásico, 2934q, 2938 bem diferenciado, 2933q, 2934q, 2936-2938, 2937f carcinoma de tumor primário desconhecido e, 822f, 822q cintilografia tireoidea corporal total para, 2937-2938, 2937f classificação do, 2933q, 2934, 2934q durante a gravidez, e6 -lq em pacientes com nódulo da tireoide, 2934, 2934q epidemiologia do, 646q fatores de risco para, 2934, 2934q fatores genéticos no, 2934-2936, 2035q folicular, 2933q, 2934q, 2936-2938, 2937f incidência do, 2934, 2934f manifestações clínicas do, 2934 medular, diarréia no, 313 estadiamento do, 2934q familiar, 2938 marcadores tumorais no, 652q na NEM 2 , 2938, 3076, 3078 prevalência do, 2933q síndromes paraneoplásicas no, 827q tratamento do, 314 oncogenes no, 6 6 6 q papilar, 2933q, 2934q, 2936-2938, 2937f patogenia do, 2934-2936 relacionado com radioterapia, 841 taxas de sobrevida, 2936, 2936f tireoglobulina para, 2937-2938,2937f tratamento do, 692 ablação da tireoide com 1131,692, 2937 cirurgia, 2936-2937 novas terapias, 2938 terapia com iodo radioativo, 29372938, 2937f terapia de supressão com TSH, 2937 triagem e avaliação do, 2875q Câncer de útero Endometrial. Ver Câncer endometrial sarcoma, 814,815 Câncer do sistema nervoso central (SNC) abordagem ao paciente, 3382-3383, 3382q epidemiologia do, 646q, 648q linfoma, 1566-1567,1567f, 33873388, 3887f manifestações clínicas do, 3382-3383, 3382q metastático, 2271-2272 primário e tumores metastáticos, 3382. Ver tam bém tipos e locais específicos Câncer dos seios paranasais. Ver Câncer de cabeça e pescoço Câncer endometrial, 814 Carcinoma com tumor primário desconhecido e, 822f como segunda neoplasia maligna em sobrevivente de câncer de mama, 841-842 dor lombar no, 136 eosinofilia no, 481 epidemiologia do, 646q, 647f, 814 estadiamento do, 81 lq, 815 fatores de risco para, 814 fatores genéticos no, 814 manifestações clínicas do, 815 patologia do, 814-815 prognóstico do, 815 terapia hormonal pós-menopausa e, 3041,4041q tratamento do, 815
ÍNDICE
síndrome de câncer de mama/ovário, 810 síndromes paraneoplásicas no endocrinológicas, 827q hematológicas, 830q, 831 neurológicas, 833q, 836 terapia hormonal pós-menopausa e, 3042q tratamento do, 811-812 triagem para, 662,811 Câncer de pâncreas, 786 carcinoma de tumor primário desconhecido e, 822f colestase extra-hepática no, 329 diagnóstico do, 786-787, 787f eosinofilia no, 481 epidemiologia do, 646q, 648q, 786 estadiamento do, 787, 788f etiologia do, 786 exames de imagem no, 786-787 fatores de risco para, 786 fatores genéticos no, 786 alterações epigenéticas, 678 CCDKN2A, 724 oncogenes, 665q gastroparesia no, 301 manifestações clínicas do, 786 marcadores tumorais no, 652q, 787 obstrução devido a, 2417, 2417f prognóstico do, 787,788f síndromes paraneoplásicas no, 827q, 830q, 837 tabagismo e, 786 tratamento do doença avançada localmente inoperável, 789 doença ressecável, 787 erlotinibe, 677q quimioterapia, 789,789q triagem para, 786 Câncer de pele, 723 autoexame para, 656 doença de Paget extramamária, 732 exposição ao sol e, 442-443, 656, 656q melanoma. Ver Melanoma no paciente imunocomprometido, 444 no receptor de transplante, 1131 oncogenes no, 665q prevenção do, 732 sem melanoma, 730, 732 carcinoma basocelular. Ver Carcinoma basocelular carcinoma de células de Merkel, 732, 822f, 1129 carcinoma de células escamosas. Ver Carcinoma de células escamosas, pele sarcoma de Kaposi. Ver Sarcoma de Kaposi síndromes paraneoplásicas no, 827q terapia com luz UV e, 399 triagem para, 31,661q, 663 Câncer de pênis, 403 Câncer de próstata, 796 antígeno prostático específico no, 797, 799-800,801 biópsia no, 797 carcinoma de tumor primário desconhecido e, 722q, 722f, 824 detectado na necropsia, 796 diagnóstico do, 796, 798f disfunção erétil após tratamento do, 375 doença localizada, 798-800 dor lombar no, 136 epidemiologia do, 646q, 647f, 648, 648q, 649q, 796 estadiamento do, 798, 799f, 799q estados clínicos do, 795, 795f, 796 fatores genéticos no, 669q, 796 lesões ósseas no, 798, 803, 804
1-21
ÍNDICE 1-2 2
triagem para, 662-663 tumor de células da granulosa e, 812 uso de tamoxifeno e, 762, 841-842 Câncer esofágico, 764 adenocarcinoma, 764 aspecto endoscópico do, 2413f, 2433f, 2434 célula escamosa, 764 consumo de álcool e, 764, 764q dados de morbidade, 2430 diagnóstico do, 764-65 DRGE e, 2433f, 2434, 2434f efeitos do álcool sobre, 3548 epidemiologia do, 646q, 638, 648q etiologia do, 764, 764q fatores de risco para, 305 fumo passivo e, 655 incidência do, 764 indigestão no, 305 manifestações clínicas do, 764,2430 prevalência do, 2430 prevenção do, 655 tabagismo e, 655, 764, 764f tratamento do, 550, 765 Câncer gastrintestinal, 764 anal, 403, 776 colorretal. Ver Câncer colorretal esofágico. Ver Câncer esofágico gástrico. Ver Adenocarcinoma gástrico intestino delgado, 774-776 linfoma gástrico, 767-768. Ver tam bém Linfoma de tecido linfoide associado à mucosa (MALT) sarcoma gástrico, 768 Câncer hipofaríngeo, 735q. Ver tam bém Câncer de cabeça e pescoço Câncer laríngeo, 734. Ver tam bém Câncer de cabeça e pescoço Câncer medular da tireoide. Ver Câncer da tireoide, medular Câncer nasofaríngeo. Ver tam bém câncer de cabeça e pescoço características sorológicas do, 1470q estadiamento do, 736 Câncer oral, 734 epidemiologia do, 646q fatores de risco para, 269 manifestações clínicas do, 734, el2-3f prevenção do, 655 tabagismo e, 655 Câncer renal. Ver tam bém Carcinoma de células renais (CCR) epidemiologia do, 646q, 649q infecções em paciente com 712q oncogenes no, 665q papilar hereditário, 668,669q síndromes paraneoplásicas no, 827q, 830q Câncer retal. Ver Câncer colorretal Câncer ureteral, 792 Câncer vulvar, 403 Cancro sifilítico, 270q, e7-4f, el6-9f tripanossômico, 1719, e7-12f Cancro oral, 716 Cancroide diagnóstico do, 1107-1108,1231 epidemiologia do, 1106,1230 etiologia do, 1230 na infecção pelo HIV, 1553 linfadenopatia no, 466 tratamento do, 1108, 1108q, 1231 manifestações clínicas do, 1106f, 1107q, 1231, 1231f, el 6 -1lf Candesartana para hipertensão, 2055q para insuficiência cardíaca, 1908q Candida spp. características de, 1651 epidemiologia de, 1651 identificação laboratorial de, 1637, e22-9
interações ligante-receptor de, 1014q, 1015 teste de sensibilidade a antifúngicos, Cangrelor, 992 Cantáridas, 3583 Cantaridina, 3583 Cão carrapatos, 1407 feridas por mordeduras, 1028, e24-l abordagem ao paciente, e24-2 celulite nas, 1068 infecções de, e24-l microbiologia das, e24-l terapia profilática, e24-4 tratamento das, 1070q, e24-3q, e24-3 a e24-4 infecções por filarias, 1751 pulgas, 3582 tênias, 1765 Caolin-pectina interações medicamentosas de, 45 Capacidade aeróbia, alterações relacionadas com a idade na, 574,574f Capacidade de cálculo, avaliação da, 3236 Capacidade de difusão do pulmão monóxido de carbono (DLCO), 2092, 2093f, 2164 Capacidade de transporte de oxigênio da hemoglobina, 852, 853f, 2222q Capacidade pulmonar total (CPT), 2087f, 2088, 2088f, 2093f Capacidade residual funcional (CRF), 2087f, 2088, 2088f, 2092, 2093f, 2202f Capacidade total de ligação do ferro causas de valores anormais, 610q na anemia ferropriva, 846f na anemia hipoproliferativa, 455, 850q na anemia microcítica, 848q na avaliação da anemia, 450 na avaliação nutricional, 609, 610q normal, 453, 847 Capacidade vital, 2088, 2088f Capacidade vital forçada (CVF), 2092, 2093f Capecitabina ação da, 703 dose de, 699q efeitos adversos da, 699q para câncer colorretal, 773 para câncer de mama, 762 para câncer pancreático, 789,789q variações genéticas na resposta à, 42q Capilares. Ver Vasos sanguíneos Capilares peritubulares, 2281, 228lf Capilarite, 421 Capillaria philippinensis/capü&ríase,
1744, e25-3q Capreomicina, 1377 Capsaicina para neuropatia, 3458q para osteoartrite, 2835q, 2836 Capsídio, viral, 1432 Cápsula de Bowman, 2280 Cápsula polissacarídica, pneumocócica, 1151,1152f Capsulite, adesiva, 2861-2862 Capsulite adesiva, 2861-2862 Captação, 22, e3-2 Captação de iodo radioativo, na avaliação da disfunção da tireoide, 2917 Captação de oxigênio, 2090, 2222q Captopril efeitos adversos do, 426,433, 434, 967q para emergências hipertensivas, 2059 para hipertensão, 2055q para insuficiência cardíaca, 1908q Captura híbrida, e22-9 Caquexia, 605-606, 606q, 1905 Caquexia cardíaca, 1905 Características zwiteriônicas, 1079
Caratê. Ver Pinta Carbamazepina dose de, 3263q, 3458q efeitos adversos da, comuns, 3540q cutâneos, 406, 414,435,437 disfunção hepática, 3458q distúrbios ungueais, 434 fatores genéticos nos, 433 neurológicos, 3263, 3458q obesidade, 629 queda dos cabelos, 434 raros, 3540q sensibilidade cruzada e, 439 sistêmicos, 3263q trombocitopenia, 967q farmacologia da, 3263q, 3540q interações medicamentosas da, 46q, 1147q, 3263q overdose/intoxicação com, e50-12q, e50-15q para crises focais, 3262 para dor, 73,98q, 100 para epilepsia, 3262, 3263q para neuralgia do trigêmeo, 3361 para neuromiotonia, 837 para neuropatia, 3458q para transtorno bipolar, 3540q, 3541 variações genéticas na resposta à, 42q, 44 Carbapenem(ns) ação de, 1133 índices farmacodinâmicos, 1141q para infecções anaeróbias, 1338 para infecções por bactérias Gramnegativas, 1247 resistência ao(s), 1137,1338 vias de administração, 1136q Carbapenemases, 1248 Carbenicilina efeitos adversos da, 352,370 Carbenoxolona Carbidopa/levodopa doença de Parkinson, 3322, 3324q Carbimazol efeitos do, 407,2915-2926 para doença de Graves, 2925 Carboidrato(s) digestão e absorção, 2465-2466, 2465q distúrbios do metabolismo de, distúrbios do metabolismo da frutose, 3198f, 3200q, 3203 distúrbios do metabolismo da galactose, 3198f, 3200q, 3203 doenças de armazenamento do glicogênio. Ver Doenças do armazenamento de glicogênio em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617 má absorção de, 313 metabolismo do(s), 3198, 3198f necessidades de, 588 Carboplatina como substituto da cisplatina, 840 dose de, 697q efeitos adversos da, 437,697q, 701, 708, 2298 para câncer de cabeça e pescoço, 735 para câncer de ovário, 811 para câncer de pulmão, 749,749 para câncer testicular, 809 para carcinoma de neoplasia primária desconhecida, 824 para melanoma, 729 Carboxiemoglobina, 457, 854q, 860 Carboxipeptidase E, 625q, 626 Carcinogênese, 655 de campo, 657 etapa inicial na, 656 modelo dos dois eventos de Knudson, 664 na pele, 442-443
natureza em múltiplas etapas da, 502, 663, 664f promoção, 657-658 radiação na, 692 Carcinógeno(s), 442, 657 Carcinoides apendiculares, 3058q, 3061 Carcinoides brônquicos, 313, 3058q, 3061-3062 Carcinoides gástricos, 3058q, 3062 Carcinoides retais, 3058q, 3061 Carcinoma, 672 Carcinoma adrenocortical, 2952-2954, 2953q, 2954f Carcinoma basocelular (CBC) epidemiologia do, 730 esclerodermiforme (fibrosante), 731 etiologia do, 730-731 exposição solar e, 442-443 fatores de risco para, 730 fatores genéticos no, 669q, 731 história natural do, 731 manifestações clínicas do, 731,731 f, el6-5f cor, 417q, 418, 724q distribuição, 39lq, 392f morfologia, 391q metastático, 731 micronodular, 731 nodular, 731 pigmentado, 724q, 731 prevenção do, 732 superficial, 731 tratamento do, 441, 732 triagem para, 663 Carcinoma bronquioloalveolar, 738 Carcinoma com tumor primário desconhecido, 734,821 análise imuno-histoquímica no, 822823, 822f, 922q biologia do, 821 citogenética no, 821 exame de imagens no, 821 fatores genéticos no, 821 histologia do, 822, 822q incidência do, 821 marcadores tumorais no, 821, 822f, 822q microanálise do DNA e análise por PCR no, 823 patologia do, 821-823 prognóstico do, 823 tratamento do, 823-825, 824f com local metastático solitário, 824 em homens com carcinoma pouco diferenciado com adenopatia de linha média, 824 em homens com metástases esqueléticas e PSA elevado, 824 em mulheres com adenopatia axilar isolada, 824 em mulheres com carcinomatose peritoneal, 824 na doença disseminada, 824-825 no carcinoma de células escamosas de linfonodos cervicais, 824 no carcinoma neuroendócrino, 824 Carcinoma de células de Merkel, 732, 822f, 1129 Carcinoma de células escamosas, el 6 -6 f bexiga, 790. Ver tam bém Câncer de bexiga carcinoma de tumor primário desconhecido e, 824 cervical. Ver Câncer cervical cutâneo distribuição do, 392f em receptor de transplante, 730 epidemiologia do, 730 etiologia do, 730-731 exposição ao sol e, 442-443,730
fatores de risco para, 730 formas pré-malignas, 731 história natural do, 731-732 infecções no paciente com, 712, 712q manifestações clínicas do, 39lq, 731,731f, el 6 -6 f metastático, 732 prevenção do, 732 tratamento do, 677q, 732 triagem para, 663 endométrio, 815. Ver tam bém Câncer do endometrial esôfago, 764. Ver tam bém Câncer de esôfago nasal e sinusal, 256 oral, 269, 272q pulmão, 738, 738q, 739q, 740q. Ver tam bém Câncer de pulmão região da cabeça e pescoço, 734. Ver tam bém Câncer de cabeça e pescoço Carcinoma de células renais (CCR), 793 carcinoma de tumor primário desconhecido, 822f colestase intra-hepática no, 329 cromofóbico, 793, 793q de células claras, 793, 793f doença avançada, 795 epidemiologia do, 793 esclerose tuberosa e, 793,2360 estadiamento do, 793,794f fatores genéticos no, 793 manifestações clínicas, 793 metastático, 795 oncocítico, 793, 793q papilar, 793, 793q patologia do, 793, 793q prognóstico do, 793, 794f, 795 proteínas-alvo no, 682 silenciamento epigenético no, 678 síndrome de von Hippel-Lindau e, 793,2360 síndromes para neoplásicas no, 793, 830q, 831 tratamento do, 677q, 687, 795 tumores do dueto coletor, 793, 793q tumores localizados, 795 Carcinoma de glândula meibomiana, 228 Carcinoma de linha média de histogêsene incerta, 809 Carcinoma ductal in situ , 762 Carcinoma embrionário de ovário, 812 testicular, 806 Carcinoma hepatocelular (CHC), 777 abordagem ao paciente, 779-780, 781f biópsia do, 780 carcinoma de tumor primário desconhecido e, 822f cirrose e, 777q, 778 diagnóstico do, 779-780, 2524q epidemiologia do, 646q, 648-649, 648f, 649q, 777 estadiamento do, 779, 779q etiologia da, 777-778,777q, 1438 exame de imagem no, 780 exame físico no, 779,783 fatores de risco para, 777-778, 777q fibrolamelar, 784 hepatite e, 656q, 670, 777q, 778,778q, 1438 história no, 779,783 incidência do, 777, 777q indigestão no, 305 manifestações clínicas do, 778-779, 778q, 783 marcadores tumorais, 652q na hemofilia, 977 síndromes paraneoplásicas no, 779, 827q
tratamento do, 780-784, 781f, 781q triagem para, 780 Carcinoma in situ colorretal, 768 de bexiga, 790 Carcinoma renal papilar, 6 6 8 , 669q Carcinoma sebáceo, 418 carcinoma seroso papilar peritoneal, 824 Carcinomatose peritoneal, 331,331f, 332, 824 Cardiobacterium hominis, 1233,1234q. Ver tam bém Endocardite infecciosa, grupo HACEK Cardiologia intervencionista, 2035 Cardiologia nuclear na cardiopatia isquêmica, 2003f, 2005 no infarto do miocárdio, 2024 princípios de, 1843-1844 Cardiomiócitos, 1802, 1804f regeneração dos 545 Cardiopatia congênita (doença cardíaca congênita/DCC). Ver tam bém defeitos específicos
abscesso cerebral e, 3429 assistência ao sobrevivente de cuidados cirúrgicos de, 1928 baqueteamento/osteoartropatia hipertrófica na, 290 complexa, 192 lq de complexidade intermediária, 1921q gravidez e, 57,1920,1923 incidência de, 513q, 1920 intervenções percutâneas para, 2039 policitemia na, 456 profilaxia da endocardite na, 1928 simples, 1921q Cardiopatia isquêmica, 1998 angina de peito na. Ver Angina de peito arritmia na, 1999 assintomática (silenciosa), 1999, 2013-2014 aterosclerose coronária na, 19981999. Ver tam bém Doença arterial coronária (DAC) cardiomegalia na, 1999 cateterismo cardíaco na, 2006 diabetes melito e, 2008 diagnóstico da, abordagem à, 2 0 0 2 f anamnese na, 2 0 0 0 -2 0 0 1 arteriografia coronária na, 20052006 cardiologia nuclear na, 1844-1846, 1845f, 1846f, 2003f, 2005 ECG na, 1836-1838, 1836f, 1827f, 1838q, 2001, 2002f ecocardiografia na, 2003f exame físico na, 2 0 0 1 exames laboratoriais na, 2 0 0 1 imagem de perfusão miocárdica na, 2003f, 2005 PET na, 1846f, 2003f, 2005 prova do esforço na, 2 0 0 1 , 2 0 0 2 f, 2003f, 2004-2005, 2004q RM na, 2003f, 2005 seleção de testes para, 1851q TC na, 2005 dislipidemia e, 2008 doença renal crônica e, 2314,2314f dor cervical na, 141 dor torácica na, 1 0 2 , 1 0 2 q em mulheres, 2008 epidemiologia da, 1998 fatores de risco para, 2008 fisiopatologia da, 1998. Ver tam bém Aterosclerose hipertensão e, 2008 história familiar na, 2007 insônia na, 218 insuficiência cardíaca na, 1999,2011 miocardiopatia e, 1999
obesidade e, 2007 prevalência da, em paciente com dor torácica no serviço de emergência, 106q prognóstico da, 2006 sintomática, 1999 tabagismo e, 2007-2008 tratamento da, 2006-2011 adaptação das atividades, 2007, 2007q algoritmo para o, 2 0 1 2 f beta-bloqueadores, 2009q, 2010 bloqueadores dos canais de cálcio, 2009q, 2010 CABG, 2012-2013. Ver tam bém Enxerto com bypass de artéria coronária condições de agravamento, 2006 contrapulsação externa aumentada, 2013 controle dos fatores de risco, 2007-2008 explicação e tranquilização, 2006 fármacos antiplaquetários, 2010-2011
inibidores da enzima conversora de angiotensina, 2 0 1 1 nicorandil, 2 0 1 1 nitratos, 2008, 2008q, 2 0 1 0 ranolazina, 2 0 1 1 terapia com células-tronco, 545 Cardiopatia reumática. Ver Febre reumática, complicações cardíacas da Cardiopatia valva. Ver tam bém condições específicas carga global da, 1949-1950 dispnéia na, 279 exames de imagem para, 1851q história natural da, 1819 induzida por radiação, 838 múltipla e mista, 1948-1949 na doença renal policística, 2356 na gravidez, 57 na policondrite recidivante, 2804 procedimentos de substituição e reparo para, 1933q, 1949 sopro na, el3-l Cardioversão coração artificial total CardioWest, 1918 farmacológica, 1886 para edema pulmonar, 2237 para fibrilação atrial, 1882 para flutter atrial, 1886 para parada cardíaca, 2244 para taquicardia atrial, 1887 para taquicardia mediada por via acessória, 1890 para taquicardia reentrante do nó AV, 1888 para taquicardia ventricular, 1893 Cardioversor-desfibrilador implantável (CDI) endocardite associada a, 1052 para infarto do miocárdio, 2032, 2033f para insuficiência cardíaca, 1911 para miocardiopatia hipertrófica, 1970 para síndrome de Brugada, 1899 para síndrome do QT curto, 1898 para síndrome do QT longo, 1898 para taquicardia ventricular, 1866, 1893,1895 para TV polimórfica catecolaminérgica, 1899 Carga global da doença. Ver Saúde global Carga tumoral, 649 Carga viral, 1422, e22-9 Cargas financeiras, do paciente terminal, 78 Cáries, dentárias, 267-268,1333 Cariorrexe, 679
Cariotipagem espectral, 512 Cariótipo, 510f Carisoprodol, overdose!intoxicação com, e50-12q Carmustina (BCNU) dose de, 697q efeitos adversos da, 697q, 3394q para melanoma, 729 Carotenemia, 602 Carotenodermia, 324 Carotenoides, 600, 602 Carrapato do cervo, (Ixodes), 3577, 3578. 3578f Carrapato duro, 3577 Carrapato Estrela Solitária, 1413 Carrapato mole, 3577 Carrapato Ornithodoros, 1397,1397f Carrapato(s) características da picada de, 3577 características e ciclo de vida do(s), 1401 de cervo (Ixodes), 3577,3578f profilaxia da doença de Lyme após picada, 1405 remoção de, 3577-3578 Carrapatos Ixodes spp. Ver também Carrapato(s); Doença transmitida por carrapatos características e ciclo de vida de, 1401 na anaplasmose granulocitotrópica humana, 1414 na borreliose de Lyme, 1401,35773578. Ver tam bém Borreliose de Lyme (doença de Lyme) na encefalite por arbovírus, 1622q, 1624-1625 nas infecções por Babesia, 1706. Ver tam bém Infecções por Babesia Carta sobre o Profissionalismo Médico, 6
Cartão de Rosenbaum, 224, 225f Carticel, 553q Cartilagem displasias da, 3140 engenharia de tecido da, 553 insuficiência articular relacionada com, 2829-2830, 2830f regeneração da, para osteoartrite, 2836 Carvalho venenoso, 396 Carvão ativado para indigestão, 307 para intoxicação paralítica por mariscos, 3575 para intoxicação/overdose de fármacos, e50-6 a e50-7 Carvedilol metabolismo do, 36q overdose/intoxicação com, e50-10q para hipertensão, 2055q, 2056 para insuficiência cardíaca, 1908q variações genéticas na resposta ao, 42q Cáscara, 312 Cascata da coagulação destino dos eritrócitos na, 885f via extrínseca, 458,974f via intrínseca, 458,458f, 974f visão geral, 985f, 986-987 Cascata isquêmica, 2254 CASPAR (Critérios de Classificação da Artrite Psoriática), 2782, 2782q Caspase, 679, 680f, 681, 3231 Caspofungina indicações para, 1639 para infecções em paciente com câncer, 720, 912 para infecções por Candida candidíase oral, 264 disseminadas, 1654q endocardite, 1060 esofagite, 2436 para mucormicose, 1663q para sepse/choque séptico, 2229q
Castanha-da-índia, 461q Catágeno, 380 Catalase peroxissomal, 2592 Cataplexia, 176, 216q, 220,220q Catapora. Ver Varicela Catarata, 234 em girassol, na doença de Wilson, 3188 induzida por radiação, 692, 841 tratamento cirúrgico da, 234 uso de tamoxifeno e, 762 Cataratas em girassol, na doença de Wilson, 3188 Catárticos, e50-7 Catatonia, 2247 Catecolamina(s) como marcador tumoral, 652q na regulação cardiovascular, 20432044 Cateter acesso para hemodiálise, 2324 para nutrição parenteral, 614-615, 617-618 Cateter central inserido perifericamente, 614-615,617-618 Cateter de artéria pulmonar complicações do, 2 2 0 2 na monitoração do paciente em estado crítico, 2 2 0 2 no choque cardiogênico, 2234 no edema pulmonar, 2236 no paciente em choque, 2218-2219 no paciente em estado crítico, 2 2 0 2 Cateter de aterectomia direcional, 2037 Cateter de Mallenkot, 2509 Cateteres a laser de fibra óptica, para aterosclerose, 2037 Cateteres tunelizados, 2324 Cateterismo cardíaco acesso vascular para, 1854 angiografia coronária, 1858,1858f aortografia durante, 1857-1858 avaliação hemodinâmica no, 18541856 área valvar, 1856-1857 débito cardíaco, 1856 formas de ondas normais, 1855f resistência vascular, 1856 shunt cardíaco, 1857 valores normais, 1855f cuidados pós-procedimento, 1859 disparidades raciais/étnicas indicações para, 1853-1854, 1853q manejo pré-procedimento do, 1854 na cardiopatia isquêmica, 2006 na estenose aórtica, 1940 na estenose mitral, 1931 na hipertensão pulmonar, 2977f no choque cardiogênico, 2234-2235 no IMEST, 2029 reserva de fluxo coronário durante, 1859 reserva de fluxo fracional durante, 1859 riscos do, 1853-1854 técnica do, 1854 ultrassonografia intravascular durante, 1858-1859,1859f ventriculografia durante, 1857, 1857f Cateterismo da veia suprarrenal, 29502951,2950f Cátion(s), distúrbios genéticos de, 3221-3222q Causalgia, 96,110 Cava-cava, 47, 328, e2-4 Cavidade intraperitoneal, 1076,1076f Cavidade oral efeitos do tratamento do câncer na, 841 flora anaeróbia da, 1331-1332,1331f infecção por F. tularensis, 1303 infecções anaeróbias da, 1333-1334, 1338
infecções da, 264-265 infecções em pacientes com câncer, 716 Caxumba complicações da, 1608-1609 diagnóstico da, 1609 diagnóstico diferencial da, 1609 epidemiologia da, 1607-1608 etiologia da, 1607 imunidade à, 1610 manifestações clínicas da, 1608-1609, 1608f meningite na, 3420, 3438q patogenia da, 1608 prevenção da, 1609-1610. Ver tam bém Vacina contra sarampocaxumba-rubéola (MMR) transmissão da, 1608 tratamento da, 1610 CBC. Ver Carcinoma basocelular (CBC) CBM (concentração bactericida mínima), e2 2 - 1 0 CCI (incremento de contagem corrigida), 953 CCK (colecistocinina), 623, 2634 CCL2, 1533q CCL3L, 1533q, 1534q CCL4L, 1533q CCL5, 1533q CCNU. Ver Lomustina (CCNU) CCO (colecistografia oral), 2619 CCR. Ver carcinoma de células renais (CCR) CCSPH. Ver Câncer de colo sem polipose hereditário (CCSPH) CD25, como marcador tumoral, 652q CD30, como marcador tumoral, 652q CDC. Ver Centers for Disease Control and Prevention (CDC) CDCA (ácido quenodesoxicólico), 2616 CDI. Ver Cardioversor-desfibrilador implantável (CDI) CDKDN2A, 724 CDX2, no carcinoma com tumor primário desconhecido, 822q CEA. Ver Antígeno carcinoembrionário (CEA) Cecite. Ver Enterocolite neutropênica Cefalalgia autonômica do trigêmeo, 113, 122,123q Cefaleia, 1 12 aguda, de início recente, 113,113q, 2262 anatomia e fisiologia da, 112-113 após punção lombar, e46-2 a e46-3, e46-3f com sintomas autônomos, 113 depressão e, 113 diária crônica, 124 classificação da, 124,124q diagnóstico da, 124-125, 125q por uso excessivo de medicação, 120,125 diária persistente nova, 125 cefaleia por baixo volume de LCS, 125-126,126f cefaleia por hipertensão liquórica, 126 diagnóstico da, 125q manifestações clínicas da, 125 pós-traumática, 1 1 2 q, 126 primária, 127 em salvas. Ver Cefaleia em salvas enxaqueca. Ver Enxaqueca hemicrania contínua, 123 hemicrania paroxística, 123q, 124, 124q hipertensiva, 2053 hípnica, 128 na acidose respiratória, 371 na doença aguda das montanhas, e51-2 na gravidez, 59
na hemorragia intracraniana, 113, 2262 na hemorragia subaracnóidea, 1 1 2 q, 113, 2262 na meningite, 113 no abscesso cerebral, 3429 no glaucoma, 114 no papiledema, 232 no traumatismo cranioencefálico, 1 1 2 q, 126 no tumor cerebral, 112q, 113-114 primária, 112, 112q, 114 primária aos esforços, 112q, 127 primária do coito, 127-128 primária em punhalada, 112q, 127 primária em raio, 128 secundária, 112,112q, 113 sintomas de distúrbio subjacente grave, 113q SUNCT/SUNA, 123q, 124, 124q tipo tensional. Ver Cefaleia tipo tensional tosse primária, 127 uso excessivo de medicamentos, 1 2 0 , 125 Cefaleia aos esforços, primária, 112q, 127 Cefaleia associada à atividade sexual, primária, 127-128 Cefaleia de tipo tensional, 112q, 120 diagnóstico da, 1 2 0 fisiopatologia da, 1 22 manifestações clínicas da, 1 2 0 ,1 2 2 tratamento da, 122 Cefaleia em punhalada, primária, 127 Cefaleia em raio, primária, 128 Cefaleia em salvas, 112q, 1 2 2 característica clínica da,123q insônia na, 218 neuroimagem na, 116f prevenção da, 122-123,123q tratamento da, 122,123q Cefaleia hípnica, 128 Cefaleia por tosse, primária, 127 Cefaleia por uso excessivo de medicação, 120,125 Cefaleia primária aos esforços, 127 Cefaleia primária do coito, 127-128 Cefaleia primária em punhalada, 127 Cefaleia primária por tosse, 127 Cefalexina para faringite, 264q para infecções estafilocócicas de pele/ tecidos moles, 396, 1169q para profilaxia da endocardite, 1063q Cefalosporinas ação das, 1133,1134q de primeira geração, 1136q de segunda geração, 1136q de terceira geração, 1136q efeitos adversos das, 426, 433, 481 índices farmacodinâmicos das, 1141q para artrite bacteriana não gonocócica, 2844 para infecções em paciente com câncer, 719 para osteomielite, 1074q para peste, 1773 resistência às, 1134,1137,1222,1247 vias de administração das, 1136q Cefazolina ajuste da dose no comprometimento renal, 1140 indicações para, 1144q para celulite, 259,1070q para osteomielite, 1074q para profilaxia da endocardite, 1063q profilática, 1145,1148q resistência à, 1144q Cefdinir para otite média, 26lq para sinusite, 258q
Cefepima ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q indicações para, 1144q para choque séptico, 1025q para infecções por P. aeruginosa, 1269q, 2135q para meningite, 3414q, 3415 para pneumonia associada a cuidados médicos, 2139q para sepse/choque séptico, 2229q resistência a, 1137,1144q Cefixima para infecções gonocócicas, 1226q para uretrite, 1097q Cefotaxima para artrite bacteriana não gonocócica, 2844 para doença de Lyme, 1405q para epiglotite, 266 para infecções gonocócicas, 1226q para infecções meningocócicas, 1216 para infecções pneumocócicas, 1158 para infecções por Nocardia, 1326 para leptospirose, 1396q para meningite, 1157,1230, 3414q para peritonite, 1076 para sepse/choque séptico, 2229q Cefotetana indicações para, 1144q para doença inflamatória pélvica, 1105q para infecções anaeróbias, 1338 profilática, 1148q resistência à, 1144q, 1338 Cefoxitina indicações para 1144q para doença inflamatória pélvica, 1105q para gangrena gasosa, 1070q, 1205q para infecções anaeróbias, 1338 para infecções de pele e tecidos moles, 1069 para infecções micobacterianas não tuberculosas, 1379 para infecções por feridas de mordedura, e24-3, e24-3q para peritonite, 1078 profilática, 1148q resistência à, 1144q, 1338 Cefpodoxima para pneumonia, 2135q para uretrite, 1097q Ceftazidima ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q indicações para, 1144q para infecções por feridas de queimaduras, e23-3 para infecções por P. aeruginosa, 1269q para melioidose, 1269q para meningite, 3414q para mormo, 1269q para neutropenia febril, 707,1269q para otite externa, 160 para pneumonia associada a cuidados médicos, 2139q resistência à, 1144q Ceftizoxima para actinomicose, 1330q para infecções gonocócicas, 1226q Ceftobiprol, 1247-1248 Ceftriaxona ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q indicações para, 1144q para abscesso epidural, 1026q para actinomicose, 1330q para artrite bacteriana não gonocócica, 2844 para cancroide, 1108q, 1231 para doença de Lyme, 1405f, 2845
volvulus/O ncocerdase
Cegueira noturna, 594q, 601, 2476q Cegueira para cores, 226 Celecoxibe efeitos adversos do, 97 interações medicamentosas do, 47 para dor, 97, 98q para osteoartrite, 2836 para síndromes de polipose, 770 variações genéticas na resposta ao, 42q Célula de Leydig, na regulação da função testicular, 3011-3012, 301 lf Célula oxíntica, 2438,2438f Célula parietal, 2438,2438f, 2440, 244lf Célula(s) B anticorpos monoclonais contra, 2684 deficiência de, 2696q, 2702f, 2703, e39-2 na agamaglobulinemia. Ver Agamaglobulinemia na deficiência de IgA, 310, 2704 na deficiência seletiva de anticorpos contra antígenos polissacarídios, 2704 na imunodeficiência variável comum, 2704 na síndrome de hiper-IgM, 1009q, 2702-2703, 2702f definição, 2650 diferenciação, 541f, 922, 922f, 936
na artrite reumatoide, 2745 na infecção pelo HIV, 1531 na resposta imune, 1 0 1 0 no sistema imune adaptativo, 2669f, 2672-2673, 2672f, 2675 Célula(s) das ilhotas adenoma de, 774 regeneração da(s), 545-546 Célula(s) dendrítica(s) folicular(es) na infecção pelo HIV, 1525 sarcoma, e2 1 - 6 Célula(s) espiculada(s), 452f Célula(s) germinativa(s) ovariana(s), 3029, 3029f primordial(is), 3028, 3028f Célula(s) T anticorpos monoclonais contra, para doenças autoimunes e inflamatórias, 2684 autóloga(s), manipulação da(s), 710 autorreativa(s), na EM, 3396-3397 auxiliar(es). Ver Células T CD4+ citotóxica(s). Ver Células T CD8 + defeitos funcionais da(s), 2699f, 2701 deficiência de, e39-l com defeitos de reparo do DNA, 2701, e39-l a e39-2. Ver tam bém Ataxia telangiectasia (AT) com hiper IgE. Ver Síndrome de hiper IgE defeitos funcionais, 2701 em defeitos do timo, 2700-2701 hipoplasía cartilagem-cabelo, 476, 2702 na imunodeficiência combinada grave. Ver Imunodeficiência combinada grave (IDCG). na síndrome de Omenn, 2701 na síndrome de Wiskott-Aldrich. Ver Síndrome de WiskottAldrich síndrome de hiper IgM, 1009q, 2072-2703 definição da(s), 2651 diferenciação da(s), 922, 923f, 26682670, 2669f hematopoética(s), 541f nas doenças por imunodeficiência primária, 2699, 2699f seleção negativa, 2670 seleção positiva, 2670 em doenças autoimunes, 2675, 2719q, 2720 em resposta a S. aureus, 1162 na asma, 2106 na vasculite, 2787 NK, Ver Células T natural killer (NK) no reconhecimento de antígeno por, 2670-2671, 2670f no sangue do cordão umbilical, 542 no sistema imune adaptativo, 1 0 1 0 , 2668-2672, 2669f priming contra peptídios associados a tumores, 710 reguladora(s), 2106 superantígenos, 2671-2672 Célula(s)-tronco autorrenovação da(s), 536, 54lf, 542 biologia da(s), 536 classificação da(s), 537q cultivada(s), 536 diferenciação dirigida da(s), 538 divisão celular na(s), 536, 539 envelhecimento e, 565 estabilidade do genótipo/fenótipo da(s), 536 estágio de desenvolvimento da(s), 538f funções da(s), 539, 539f genômica e proteômica da(s), 538 imagem da(s), 546 imortalidade da(s), 536 isolada(s), 536
mobilização da(s), 565 mutações do DNA mitocondria, el 8 10
na doença neurológica, 3228-3230 nicho, 540 para engenharia tecidual, 553 plasticidade da(s), 538 pluripotente(s), 472 potência da(s), 536,538f proliferação da(s), 536 quiescência da(s), 542 regulação gênica da(s), 538-539 relação com o câncer, 542 reprogramação nuclear, 538 residente(s), 536 totipotente(s), 536-537 transdiferenciação da(s), 538 unipotente(s), 537-538 Células amácrinas, da retina, 224 Células apresentadoras de antígenos, 010,710 Células natural killer (NK) definição das, 2651 diferenciação hematopoiética das, 541f encontros com, 1667f funções das, 1658 na asma, 2106 na imunidade inata e adaptativa, 2656q, 2664 na infecção pelo HIV, 1532,1538 neoplasias das, 921, 933, e21-3 a e214 sinalização das, 2664 Células de Kupffer, 2520 Células de Reed-Sternberg, 933f, el7-l lf Células de substituição, 453, 453f Células dendríticas definição de, 2650 diferenciação hematopoiética, 54lf, 2657-2658 funções das, 2657-2658, 2665 mieloides, 2656q, 2657 na asma, 2105 na infecção pelo HIV, 1531 neoplasias de, e2 1 - 6 plasmocitoide 1, 2656q, 2657 Células dendríticas 1 plasmocitoides Células dendríticas mieloides, 2656q Células do carcinoma embrionário, 537q Células efetoras, 2654 Células em cesto, 926 Células em forma de bolha, 879 Células em lágrimas, el7-5f Células em tufo, 241 Células endodérmicas extraembrionárias, 537q Células epiteliais/epitélio de alta resistência, 2286 encontro patogênico com, 10161017,1017f gástricas, 2438-2440, 2439f, 2440f intestinais, 532, 2461 na estimulação da imunidade adaptativa, 2656q permeabilidade das, 2283,2675, 2678f Células espumosas, 418,1984 Células estreladas pancreáticas, 2643 Células F, 852 Células ganglionares, da retina, 224 Células germinativas embrionárias, 536, 537q Células horizontais, da retina, 224 Células indicadoras, 1100,1101, llOlf Células intercaladas, 2282f, 2286 Células lacunares, el7-1lf Células marca-passo, 1860,1867 Células mesangiais, 2280 Células mitrais, 241 Células monopotentes, 537 Células mordidas, 879
Células neoplásicas adição de oncogenes nas, 676,678f, 682 alterações na estrutura da cromatina das, 677-679, 679f apoptose nas, 673, 679,679-681, 680f, 695, 695f ativação da telomerase nas, 674-675 biologia das, 673 características fenotípicas das, 673q ciclo celular nas, 673-674, 673q, 689, 696 evasão do sistema imune, 673q falha da diferenciação, 673q indução da diferenciação nas, 695 instabilidade genética nas, 673q letalidade de síntese nas, 678f, 682 mutações nas, 672 perda de senescência replicativa nas, 673q, 674-675 vias de transdução de sinais nas, 675677, 676f Células NK. Ver Células destruidoras naturais (N atural killer) (NK) Células planctônicas, 1016 Células polarizadas, 2282 Células precursoras, 537 Células principais, 2282f, 2286, el5-3f Células progenitoras, 537, 54lf Células reguladoras T (T-rgs), 15291530. Ver tam bém Células T CD4+ Células T auxiliares. Ver Células T CD4+ Células T CD4+ auxiliares, 1010, 2106, 2674 em resposta a infecções virais, 1439 infecção pelo HIV, disfunção e depleção, 1519,1524, 1529-1530,1530q efeitos precoces, 1520,1521f específicas contra o HIV, 1537 infectadas de forma latente, em repouso, 1522-1523,1523f invasão viral, 1507,1509f, 1522 para monitoração da competência imunológica, 1541,1541f na artrite reumatoide, 2743-2745, 2744f na imunidade a abscessos, 1079 na imunidade adaptativa, 1010,26742675 na infecção por Aí. tuberculosis, 1344 na infecção por T. gondii, 1724 na rejeição de transplante, 2329, 2330f Células T CD8 + citotóxicas, 1 0 1 0 em resposta a infecções virais, 1439 na DPOC, 2155 na imunidade adaptativa, 1 0 1 0 na infecção pelo HIV, 1530-1531, 1538 na infecção por L. monocytogenes, 1195 na infecção por M. tuberculosis, 1344 na rejeição de transplante, 2329, 2330f Células T CD84+ na infecção por T. gondii, 1724 Células tronco do cordão umbilical, 542, 545, 959 Células tronco somáticas irrestritas, 537q Células unipotentes, 537 Células-alvo, 451f, el7-l, el7-4f Células-fantasma, 926, 927f, eI7-2 Células-tronco a multipotentes, 538, 538f, 545 Células-tronco adiposas, 545 Células-tronco adultas multipotentes, 537q Células-tronco adultas multipotentes de linhagem germinativa, 537q
ÍNDICE
para doença inflamatória pélvica, 1105, 1105q para endocardite infecciosa, 1026q estreptocócica, 1058q profilaxia, 1063q para endocardite por Bartonella , 1317q para epididimite, 1098 para epiglotite, 266 para febre entérica, 1277q para infecções cervicais profundas, 267 para infecções enterocócicas, 1184q para infecções gonocócicas, 1226q, 2845 para infecções intracranianas, 10251026q para infecções meningocócicas, 1216 para infecções pneumocócicas, 1158 para infecções por Nocardia, 1326 para infecções por Salmonella, 1280q para infecções por Shigella, 1284q para leptospirose, 1396q para meningite, 1025q, 1157, 1230, 3414q para osteomielite, 1074q para otite média, 26lq para peritonite, 1076, 1078 para pneumonia, 2135q, 2139q para profilaxia meningocócica, 1219 para púrpura fulminante, 1025q para sepse pós-esplenectomia, 1025q para sepse/choque séptico, 2229q para uretrite, 1097q resistência à, 1137,1144q Cefuroxima para epiglotite, 266 para doença de Lyme, 1405f para otite média, 26lq para pneumonia, 2135q para sinusite, 258q para infecções de feridas por mordedura, e24-3 Cegueira ceratite por HSV e, 1457 cortical, 228 legal, 224 monocular transitória, 230-231 na retinopatia diabética, 235 retinite por CMV e, 1474 tracoma e, 1428 Cegueira do rio. Ver Onchocerca
1-25
Células-tronco de espermatogônias, 537q, 538 Células-tronco de linhagem germinativa, 537q, 3208 Células-tronco do adulto, 536 Células-tronco do sangue do cordão umbilical, 542, 545, 959 Células-tronco embrionárias, 536-538 específicas do paciente, 538 fontes de, 537q, 544 genes na regulação das, 538-539 potência das, 538f propriedades das, 537q questões éticas, 547 Células-tronco epidérmicas, 537q Células-tronco hematopoéticas, 448, 539,958 autorrenovação das, 54lf, 542 biologia de desenvolvimento das, 539-540 capacidade excessiva das, 540 diferenciação das, 540-542, 54lf divisão celular nas, 539 funções das, 539, 539f microambiente das, 540 mobilidade das, 540 na angiogênese tumoral, 687 na circulação, 540 quiescência das, 542 Células-tronco malignas, 681-682, 683f, 689 Células-tronco mesenquimais, 537q, 545, 552 Células-tronco neurais, 537q, 546 Células-tronco oligopotentes, 537, 538f Células-tronco pluripotentes, 536-537, 538f Células-tronco pluripotentes induzidas, 537q, 538, 544-545, 552 Células-tronco somáticas, 544 Células-tronco teciduais, 536 Células-tronco totipotentes, 536,538f Células-tronco trofoblástica, 536, 537q Celulite anaeróbia, 1209,1336 auricular, 259 E. coli, 1250 em paciente com câncer, 714-715 em paciente queimado, e23-2, e23-2f estreptocócica, 1067,1175-1176. Ver tam bém Erisipelas etiologia da, 1066q, 1067-1068 fisiopatologia da, 1064f, 1067-1068 Nocardia , 1324, 1325q periorbital, 237,1068 tratamento da, 1070q, 1173q Celulite auricular, 259 Celulite por Erysipelothrix rhusiopathiae, 1068 Centers for Disease Control and Prevention (CDC) orientação e supervisão de controle de infecções, 1 1 1 2 q, 1113 Vacinas e imunizações, site, 1038 Centro respiratório, 288 Centrômero, 510, 51Of, 513 Centros abrangentes de acidente vascular encefálico, 3293 Centros de acidente vascular encefálico amplos, 3293 no tratamento do acidente vascular isquêmico, 3274 Centros de Day-care diarréia nos, 310 para idoso, 583, 583q Cenurose, 1765 CEP (colangite esclerosante primária). Ver Colangite, esclerosante primária Cepas congênitas, 493q Cepas de príons, 3443, 3443q Ceratinócito(s), 441
Ceratite, 229 Acantham oeba , 1687 Aspegillus, 1658
HSV, 229,1450, 1455q, 1457,1461q Nocardia, 1324,1325q, 1326 Onchocerca, 1749 P. aeruginosa , 1269q, 1270
Ceratoacantoma, 731, 731f, el 6 -6 f Ceratocone, 237 Ceratoconjuntivite, 229,1491, 2771 Ceratoconjuntivite seca, 229 Ceratoderma blenorrágico na artrite reativa, 2779 Ceratomalacia, 601 Ceratose, sublingual, el2-3f Ceratose actínica degeneração maligna na, 731 progressão para carcinoma, 442 evitar a luz solar e, 656 tratamento da, 441 manifestações clínicas da, 391q, 392f, 73 lf, e-16-6f Ceratose pilar, 391 q, 392f Ceratose seborreica, 391q, 392f, 412, 724, el6-3f Cérebro aspecto inferior do, 3287f atrofia do, envelhecimento e, 575, 576f efeitos do álcool sobre, 3456-3547 metástases para, 2271 Cerimônia do “jaleco branco”, 6 f Certolizumabe efeitos adversos do, 481,2748q para artrite reumatoide, 2748q Cervicite, mucopurulenta C. trachomatis, 1424,1427q diagnóstico da, 1 1 0 2 ,1 2 2 2 etiologia da, 1096q, 1102, 1102f gonocócica, 1 2 2 2 tratamento da, 1103 Cesariana, 60 Cetamina para sedação durante a ventilação mecânica, 2 2 1 1 uso abusivo de, 199,199q, 3560 Cetoacidose alcoólica. Ver Cetoacidose alcoólica diabética, Ver Cetoacidose diabética halitose na, 275 náusea e vômitos na, 302 Cetoacidose alcoólica hiponatremia na, 345 manifestações clínicas da, 366 tratamento da, 366-367 Cetoacidose diabética (CAD), 2976 dados de mortalidade da, 2879 diagnóstico de, 2976q, 2977, el5-1 fisiopatologia da, 366, 2972f, 2976q, 2977 hiponatremia na, 345 hipopotassemia na, 351 manifestações clínicas da, 2976-2977, 2976q mucormicose rinocerebral na, 1661 tratamento da, 366, 2977-2979, 2978q, el5-l a el5-2 Cetoconazol classe de gravidez do, 1677q CYP3A e, 36q, 46q efeitos adversos do, 357,2207 interações medicamentosas do, 46q, 377, 1677q para bloqueio suprarrenal, 705 para câncer de próstata, 803 para candidíase, 402 para dermatite seborreica, 398 para hipercalcemia, 361 para infecção por Blastomyces, 1647q para infecções por Leishmania, 1715 para síndrome de Cushing, 28982899, 2949
para síndrome do ACTH ectópico, 829 para tinha versicolor, 402 xampu, para tinha, 408q Cetolídios, 1135,1138, 1143,1146q CETON (cirurgia endoscópica transluminal de orifícios naturais), 2411 Cetoprofeno, para dismenorreia, 388 Cetorolaco para conjuntivite, 228 para crise falciforme dolorosa, 856 para dor, 97, 98q para geladura, 169q CETP (proteína de transferência de éster de colesteril), 3148 Cetuximabe ação do, 677q, 705f,7U efeitos adversos do, 434,437, 774 para câncer colorretal, 677q, 774 para câncer de cabeça e pescoço, 735 para câncer de pulmão, 751 para carcinoma espinocelular, 677q reação de hipersensibilidade, 2277 variações genéticas na resposta ao, 42q, 44 Cevimelina para xerostomia, 274 Chá da Jamaica, 328 Chagoma, 1717 CHC. Ver Carcinoma hepatocelular (CHC) Chile, assistência à saúde no, el -6 Chimpanzé, como reservatório do HIV, 1509 China assistência à saúde na, el -6 a el -8 gastos com assistência à saúde na, el-7f CHIPS, 1162 Chlam ydia psittaci, 1429 Chlamydia spp., 1421-1422, 1421f Chlam ydia trachomatis, 1421-1422 Chlamydophila spp., 717, 717q, 1421, 1429 Choque abordagem ao paciente, 2198f acidose láctica no, 366 avaliação inicial do, 2196 cardiogênico. Ver Choque cardiogênico cianose no, 289 classificação do, 2215, 2215f definição do, 2215 efeitos sobre a concentração e resposta a fármaco, 40 hipotensão na, 2196,2198, 2215-2216 hipovolêmico. Ver Choque hipovolêmico hipoxia no, 288 insuficiência respiratória no, 2 2 0 0 microcirculação no, 2215-2216 monitoração do paciente com, 22182219, 2218q patogenia e resposta orgânica no, 2215-2218, 2215f perturbações metabólicas no, 2216 resposta cardiovascular na, 2216 resposta inflamatória no, 2217-2218, 2217f resposta neuroendócrina no, 2216 resposta pulmonar no, 2217 resposta renal no, 2217 respostas celulares no, 2216 séptico. Ver Sepse/Choque séptico síndrome de resposta inflamatória sistêmica no, 2198 tratamento do algoritmo para, 2 2 2 0 f reaquecimento, 2 2 2 2 terapias adjuvantes, 2 2 2 2 ventilação mecânica, 2198-2199
Choque cardiogênico, 2232 angiografia coronariana no, 22342235 azotemia no, 336 características fisiológicas do, 2219q cateterismo cardíaco no, 2234-2235 cateterismo da artéria pulmonar no, 2234 compressivo, 2 2 2 1 diagnóstico do, 2233-2235, 2234f ECG no, 223 eletrocardiografia no, 2234 etiologia do, 2232, 2233q fisiopatologia do, 2232-2233,2232f iatrogênico, 2237-2238 incidência do, 2232 manifestações clínicas do, 2233 momento de ocorrência do, 2233 na insuficiência mitral, 2236 na insuficiência ventricular direita, 2236 na miocardite, 2236 na ruptura da parede livre, 2236 na ruptura de septo ventricular, 2236 no infarto do miocárdio, 2031-2032 padrões hemodinâmicos no, 2235q perfil do paciente no, 2233 prognóstico do, 2236 radiografia de tórax no, 2234 reperfusão-revascularização para, 2236 tratamento de emergência, 2234f tratamento do, 2234f, 2235-2236 vasopressores para, 2235 Choque hipoadrenal, 2219q, 2222 Choque hipovolêmico, 2219 avaliação inicial do, 2198 características fisiológicas do, 2219q diagnóstico do, 2 2 2 0 manifestações clínicas do, 344,449, 2219, 2220q padrões hemodinâmicos no, 2235q preditores de responsividade do líquido no, 2198, 2199f tratamento do, 2 2 2 0 - 2 2 2 1 Choque neurogênico, 2216, 2219q, 2222 Choque traumático, 2219q, 2221 Chromobacterium violaceum, 1235 CIA. Ver Comunicação interatrial (CIA) Cianeto de hidrogênio, como agente de terrorismo químico. Ver Intoxicação por cianeto. Cianocobalamina, para deficiência de cobalamina, 871 Cianose, 288 abordagem ao paciente, 289 central, 288-289, 289q, 1821 diagnóstico diferencial da, 289 etiologia da, 289q fisiopatologia da, 288-289 grau de, 288 periférica, 289, 289q, 1821 Ciática, 139, 2824-2825, 2824f Ciclo celular movimento dos cromossomos no, 513, 514f nas células cancerosas, 673-674, 673q, 689, 696 replicação do DNA no, 488 segregação do DNA mitocondrial no, el8-3 Ciclo circadiano, 2872 Ciclo da marcha, 192 Ciclo da vitamina K, 978f, 998f Ciclo das pontes cruzadas, na contração cardíaca, 1803, 1804 Ciclo de metilação, 864f Ciclo de sono-vigília, 214-215, 214f Ciclo do ferro, 844-845, 844f Ciclo menstruai duração do, 2872 fase folicular do, 3032, 3032f fase lútea do, 3032
integração hormonal do, 3031, 303 lf relações entre gonadotropinas, desenvolvimento de folículos, secreção gonadal e alterações endometriais durante a, 3032, 3032f Ciclo planejar-fazer-verificar-agir, 8 8 , 88f Ciclobenzaprina overdose/intoxicação com, e50-9 a r50-10q, e50-12q para dor lombar, 137 Ciclofilina A, 1507 Ciclofosfamida ação da, 696 doença da aglutinina a frio, 883 dose de, 697q efeitos adversos da, 696, 697q, 2732q cardiovasculares, 838,1962 cistite, 840, 2277 cutâneos, 413, 433 disfunção erétil, 376q distúrbios ungueais, 434 infertilidade, 841 náusea e vômitos, 708 neurológicos, 2272 principais, na vasculite sistêmica, 2789q pulmonares, 839 interações medicamentosas da, 2732q na gravidez, e6 -2 para câncer de mama, 760, 761 para câncer de pulmão, 752 para câncer testicular, 809 para degeneração cerebelar, 836 para doença trofoblástica gestacional, 816, e6-4 para doenças pulmonares intersticiais, 2165 para EM, 3406 para esclerose sistêmica, 2767-2768 para fotoalergia, 445 para granulomatose com poliangiite, 2791-2792 para LES, 2732q, 2733 para linfoma gástrico, 768 para LLC, 928 para miopatias inflamatórias, 3517 para pênfigo vulgar, 425 para penfigoide bolhoso, 427 para penfigoide cicatricial, 428 para púrpura trombocitopênica trombótica, 970 para sarcoma de Ewing, 820 para síndrome de Behçet, 2082 para vasculite, 2788, 2789q Ciclo-oxigenase (COX), 146 COX-1, 2440, 2440f COX-2, 2440, 2440f na síntese de prostaglandinas, 2440, 2440f Ciclopirox para dermatite seborreica, 398 Ciclosarin, 1783. Ver tam bém Agentes neurais Ciclosporina ação da, 2330, 2330q após transplante de fígado, 2610 contraindicações para, 399 efeitos adversos da, 400q, 892, 2330q carcinogenicidade, 656q crise convulsiva, 3257q hiperplasia gengival, 268 hiperpotassemia, 357 hipertensão, 2048q hirsutismo, 381 neurológicos, 2272 renais, 2331, 2371 trombocitopenia, 969, 2379 glicoproteína P e, 35q interações medicamentosas da, agentes antibacterianos, 1147q, 1679q
bloqueadores dos canais de cálcio, 45 cloroquina, 1675q digoxina, 38,46q metabolismo da, 36q, 45 monitoração terapêutica da, 35963597q para anemia aplásica, 892 para angioedema, 2713 para dermatite atópica, 406q para DII, 2491, 2493f para epidermólise bolhosa adquirida, 428 para fotoalergia, 445 para hemoglobinúria paroxística noturna, 884 para imunossupressão, 2330, 2330q para m iastenia gravis, 3485 para miopatias inflamatórias, 3517 para psoríase, 399,400q, 406q para síndrome de Behçet, 2802 para urticária, 2713 Ciclosserina, 599, 1377 CID. Ver Coagulação intravascular disseminada (CID) Cidofovir ação do, 72 lq, 1448-1449, 3425 efeitos adversos do, 2298, 3425 farmacologia do, 1448-1449 para adenovírus, 1126,1492 para infecção por CMV, 1124,1443q, 1448-1449, 1475 profilaxia na infecção pelo HIV, 1545q para infecções por herpesvírus, 72lq para infecções por HHV-6,1124 para infecções por HSV, 1462 para varíola, 1774 Ciência da medicina, 2 Cifoplastia, 3135 Cifoscoliose, 278, 278q Cigarro(s), com baixos teores de alcatrão e nicotina, 3563 CIITA, 2687-2688 Cilansetrona, para síndrome do intestino irritável, 2500 Cilindro hialino, el4-10f Cilindro(s), urinário(s), 338, 339, 339, el4-10f a el4-1lf Cilindros céreos, urinários, 339 Cilindros granulosos, el4-10f Cilindros largos, urinários, 339 Cilostazol, para claudicação intermitente, 2068 CIM (concentração inibitórira mínima), 1140,e22-10 Cimetidina ação da, 2285 efeitos adversos da, disfunção do nó SA, 1868q disfunção erétil, 376q, 2447 disfunção sexual feminina, 379q hepatite colestática, 329 trombocitopenia, 967q interações medicamentosas da, 46q, 377, 2447 mebendazol, 1677q quinina, 1681q, e26-8 para doença ulcerosa péptica, 24472448, 2447q para DRGE, 306 CINCA (síndrome neurológica cutânea e articular infantil crônica), 2657q Cineangiocoronariografia indicações para, 2005-2006 na angina de peito, 2005-2006 na cardiopatia isquêmica, 2005-2006 Cinetose, 74 náusea vômitos na, 302 tratamento da, 303, 303q Cintilografia em tumores endócrinos pancreáticos, 3070, 3070f
na doença de vesícula biliar, 2619, 2619q na doença musculoesquelética, 28262827, 2827f, 2827q na febre de origem obscura, 163 no sangramento do gastrintestinal, 323 para medição do trânsito colônico, 318 Cintilografia na doença gastrintestinal, 2407 suprarrenal, 2050 Cintilografia com, 801 Cintilografia com [” mTC] difosfonato, 2827,2827f Cintilografia com eritrócitos, no sangramento gastrintestinal, 323 Cintilografia da tireoide, 2917 Cintilografia de tireoide corporal total, para câncer de tireoide, 2937-2938, 2937f Cintilografia de ventilação-perfusão, 2097-2098 Cintilografia gástrica, 306 Cintilografia óssea na doença de Paget do osso,3137 no câncer de próstata, 803 Cintilografia pulmonar de perfusão, na hipertensão pulmonar, 2077 Cintilografia pulmonar, na embolia pulmonar, 2173-2174 Ciproeptadina para angioedema, 2713 para prevenção da enxaqueca, 1 2 0 para síndrome de Cushing, 2899 para síndrome dos vômitos cíclicos, 304 para urticária, 2713 Ciprofloxacino ação do, 1134q, 1137 ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q efeitos adversos do, 232, 1681q indicações para, 1145q, 1681q interações medicamentosas do, 1147q, 1681q para antraz, 1771,1772q para artrite bacteriana gonocócica, 2845 para artrite bacteriana não gonocócica, 2844 para cancroide, 1108q, 1231 para cólera, 1293 para diarréia infecciosa, 312,1088q para fasciite necrosante, 1070q para febre entérica, 1277q para febre maculosa transmitida por carrapatos, 144 para febre Q, 1416 para infecções de feridas por mordedura, 1070q, e24-3, e24-3q para infecções de feridas por queimaduras, e23-3 para infecções em paciente com câncer, 719, 720 para infecções por Aerom onas, 1235 para infecções por Bartonella, 1317q para infecções por Campylobacter, 1288 para infecções por clostrídios, 1205q para infecções por Legionella, 1240q para infecções por Nocardia, 1325 para infecções por P. aeruginosa, 1269q, 2135q para infecções por Salmonella, 1280q para infecções por Shigella, 1284, 1284q para neutropenia febril, 707 para osteomielite, 1074q para otite externa, 260 para pericondrite, 259 para peste, 1722q, 1773 para pielonefrite, 2394
para pneumonia associada a cuidados médicos, 2139q para profilaxia da infecção por Salmonella, na infecção pelo HIV, 1545q para profilaxia da peritonite, 1077 para sepse/choque séptico, 2229q para tularemia, 1772q, 1776 resistência ao, 1145q, 2134 CIRB (colestase intra-hepática recorrente benigna), 329,2536-2537, 2536q Circulação anterior, acidente vascular encefálico na, 3284-3286, 3284-3287f Circulação posterior, acidente vascular encefálico na, 3286-3291, 3286f-3291f Círculos de excisão do receptor de células T (TREC), 1528 Circuncisão, risco de infecção pelo HIV e, 1513, 1584 Circunferência da cintura, 629,631q durante a vida, 573f na síndrome metabólica, 1992q, 1993-1994 Circunferência da porção média do braço, 608 Cirrose alcoólica, 2592 avaliação laboratorial da, 2593 diagnóstico da, 2593 manifestações clínicas da, 2593, 2593f patogenia da, 2592-2593 transplante de fígado para, 2614 tratamento da, 2593-2594 após transplante de fígado, 2614 ascite na, 331, 331f atrofia testicular na, 3019 baqueteamento na, 290 biliar. Ver Cirrose biliar biópsia hepática da, e38-3f, e38-4f carcinoma hepatocelular e, 778,778q cardíaca, 2596 cianose na, 289 complicações da, 2592, 2597-2599, 2597q, 2598q, 2599f anormalidades hematológicas, 2602 ascite, 2597q, 2599 coagulopatia, 2602 desnutrição, 2602 doença óssea, 2602 encefalopatia hepática, 2601-2602 esplenomegalia, 2599 hiperesplenismo, 2599 hipertensão portal, 2597-2599, 2597q, 2598q, 2599f lesão renal aguda, 2295, 2306 peritonite bacteriana espontânea, 2600-2601 síndrome hepatorrenal, 22952296, 2306, 2601 criptogênica, vs. hepatite autoimune, 2587 de Laennec, 327 deficiência de al-AT e, 2597 definição da, 2597, 2592 derrame pleural na, 2179 diarréia na, 312 distúrbios da coagulação na, 979-980 doença de Wilson e, 2597 edema na, 292-293 EHNA e, 2594-2595 esplenomegalia na, 469 estadiamento da, 2526, 2526q esteato-hepatite não alcoólica e, 2594-2595 etiologia da, 2592, 2592q exame físico na, 327 fibrose cística e, 2597 ginecomastia na, 3019 hemocromatose e, 2597 hepatite autoimune e, 2594-2595
hiponatremia na, 345 icterícia na, 327 infecção por HBV e, 2569, 2594 infecção por HCV e, 2578-2579,2594 manifestações clínicas da, 2592 manifestações orais da, 274 marcadores tum orais na, 652q patogenia da, 331 patologia da, 2592 pós-necrose, w. hepatite autoimune, 2587 tipos de, 2597 transplante de fígado para, 2607, 2607q tratamento da, 2526 varizes esofágicas na, 320-321 Cirrose biliar, 2595 colangite esclerosante primária, 777, 777q, 2595 avaliação laboratorial da, 2595 biópsia hepática, e38-3f diagnóstico da, 329,2524q, 2595 distúrbios da coagulação na, 979980 manifestações clínicas da, 2595 patologia da, 2595 prevalência da, 2595 tratamento da, 2595-2596 vs. hepatite autoimune, 2587 manifestações cutâneas da, 413,418 secundária, coledocolitíase e, 2625 Cirrose de Laennec, 327 Cirurgia, não cardíaca, graduação de risco para, 62q Cirurgia antirrefluxo, 307 Cirurgia bariátrica banda gástrica ajustável, 635, 635f hiperoxalúria após, 2385 para obesidade, 633q, 635-636,635f para síndrome metabólica, 1996 Cirurgia com bisturi gama para carcinoma hepatocelular, 783q para metástases cerebrais, 2271 para neuralgia do trigêmeo, 3361 Cirurgia com preservação do membro para osteossarcoma, 819 para sarcoma de tecidos moles, 817 Cirurgia de câncer, 689 complicações tardias da, 838,839q curativa, 690-691 diagnóstica, 690 laparoscópica, 690 neoadjuvante, 690 paliativa, 691 para doença metastática, 690-691 para estadiamento, 690 preventiva, 658-659 profilática, 690 reabilitativa, 691 Cirurgia de citorredução para SZE, 2457 Cirurgia de derivação (bypass) gástrica. Ver Cirurgia bariátrica Cirurgia de redução do volume pulmonar, 2158 Cirurgia endoscópica subfascial com perfuração, 2075 Cirurgia endoscópica transluminal por orifícios naturais (CETON), 2411 Cirurgia micrográíka de Mohs, para câncer de pele, 732 Cirurgia torácica videoassistida, 2 1 0 0 2101
Cirurgia transesfenoidal para acromegalia, 2895, 2895f para síndrome de Cushing, 2898, 2899f para tumores hipofisários, 28852886, 2886f Cisaprida, interações medicamentosas da, 46q, 1147q Cisplatina ação da, 691, 701 dose de, 697
efeitos adversos da, 697q, 701, 808 cutâneos, 437 distúrbios eletrolíticos, 352, 701, el5-8 fenômeno de Raynaud, 701, 2072 hemólise, 659 náusea e vômitos, 301,304,653, 701,708,808 nefrotoxicidade, 2298 neurológicos, 840, 2272, 3393, 3463q perda auditiva, 250,840 síndrome hemolítico-urêmica, 2275 para câncer cervical, 814 para câncer de bexiga, 792 para câncer de cabeça e pescoço, 735 para câncer de pulmão, 749,749q, 750q, 751,752 para câncer esofágico, 765 para câncer gástrico, 767 para câncer testicular, 808, 809 para carcinoma com tumor primário desconhecido, 824-825 para carcinoma espinocelular, 732 para carcinoma hepatocelular, 78lq, 782 para colangiocarcinoma, 784 para doença trofoblástica gestacional, 816 para melanoma, 729 para osteossarcoma, 819 para tumor de glândulas salivares, 736 para tumores de células germinativas do ovário, 813 Cistatina B, 3254q Cistatina C como indicador da taxa de filtração glomerular, 335 na lesão renal aguda, 2304q Cistationina sintase, 864f, 865 Cistationinúria, 3216q Cistectomia, para câncer de bexiga, 791, 792q Cisternografia, TC, 3241 Cisternografia com tomografia computadorizada (TC), 3241 Cisticercose comprometimento ocular na, 229, 240 diagnóstico da, 1761,1761q, 3431, e25-7q eosinófilos na, 481 manifestações clínicas da, 1760-1761, 3431 meningite crônica devido à, 3437q neurológica, 1760-1761, 1760f, 1761q, 1762, 3431 tratamento da, 1762,3431 Cistinose, 2365 fatores genéticos na, 2358q, 3216q, 322 lq manifestações clínicas da, 2358q, 2365, 3216q, 3221q tratamento da, 2366 Cistinúria, 2365 diagnóstico da, 2386-2387 fatores genéticos na, 2284q, 2285, 2357q, 2365, 2386, 3221q fisiopatologia da, 2362f, 2386 manifestações clínicas da, 2357q, 2365, 3220, 3221q não tipo I, 2248q, 2386 tipo I, 2284q, 2386 tratamento da, 2365, 2387 Cistite. Ver tam bém Infecções do trato urinário (ITU) definição de, 2388 diagnóstico de, 2391, 2392f E. coli, 1249 em homens, 2392-2393 epidemiologia da, 2388
fatores de risco para, 2388 hematúria na, 339 hemorrágica, 1491,2277 incrustada alcalina, 1192 induzida por quimioterapia, 696 intersticial. Ver Cistite intersticial/ síndrome da bexiga dolorosa manifestações clínicas da, 2388 prognóstico da, 2395 recorrente, 1148q, 2395 sexualmente transmitida, 1096q tratamento da, 2393-2394, 2393q Cistite hemorrágica adenovírus, 1491 no câncer, 2277 Cistite intersticial/síndrome da bexiga dolorosa condições comórbidas, e35-l definição da, e35-l epidemiologia da, e35-l etiologia da, e35-l patologia da, e35-l manifestações clínicas da, e35-2 diagnóstico da, e35-2 a e35-3 tratamento da, e35-3 Cisto, 390q. Ver tam bém tipos e locais específicos
Cisto de duplicação,321 Cisto de inclusão, epidermoide, 392f, 416, 417q, 419 Cisto de Rathke, 2883 Cisto de retenção mucoso, oral, 272q Cisto do colédoco, 784, 2624 Cisto do corpo lúteo, ruptura de, 2518 Cisto epidermoide, 3389, el6-4f Cisto ovariano dor abdominal no, 111 ruptura de, 460 torcido, 111 tratamento do, 388 Cisto periapical, 268 Cistopatia, diabética, 2985 Cistos aracnoideos, 2883 Cistos coloides, 3389 Cistos da tireoide, 2933 Cistos dermoides, 812, 3389 Cistos gasosos, intestinais, 1206 Cistoscopia, na doença prostática, 804 Cistouretrografia mixonal, 2398 Citalopram dose de, 353lq efeitos adversos do, 3531q para depressão, 76, 353lq para síndrome do intestino irritável, 2500 Citarabina ação da, 910 efeitos adversos da, 437, 840, 911, 2272, 3394q, 3463q para LMA, 910-911,913 Citoaderência, 1691 Citoceratinas no câncer de pulmão, 739, 739q no carcinoma com tumor primário desconhecido, 822, 822f Citocina(s), 2659-2663q, 2666, 2680q atividade biológica da(s), 2659-2663q deficiência de sinalização, na IDCG, 2700 definição de, 2650 do sistema imune inato, 2651,2654q expressão da(s), 2707 famílias estruturais de, 2664q fontes e alvos das, 2659-2663q na asma, 2106 na aterosclerose, 1985 na oftalmopatia associada à tireoide, 2923 na resposta imune, 1 0 1 0 na sepse/choque séptico, 2225 na síntese de hormônios tireoidianos, 2914 pirogênica(s), 144-145,145f
produção no SNC, 145 pró-inflamatória(s), 1800 na anemia, 849-850, 849f na asma, 2106 na infecção pelo HIV, 1527-1528 na resposta do hospedeiro a patógenos, 1 0 2 2 na síndrome metabólica, 1995 vias de sinalização celular para, 1017-1019,1018f receptores de, 2659-2663q Citocromo c, 680 Citocromo(s), 844 Citoesqueleto, defeitos genéticos do, 1954 Citomegalovírus (CMV), 1440,1471, 1472 Citomocromo P450 mono-oxigenase, 35,41-43,42q Citopenia refratária com displasia de múltiplas linhagens, 895q Citosina, 488 Citosina arabinosídio ação da, 703 dose de, 699q efeitos adversos da, 699q, 703,708, 839q, 871 Citrato, em transfusões, 956 Citrato bismútico de ranitidina, na erradicação do H. pylori, 1264, 2449q, 2450 Citrato de clomifeno efeitos adversos do, 604 para disfunção ovulatória, 3036 para síndrome do ovário policístico, 387 Citrato de magnésio, para constipação, 74q Citrato de potássio para hipercalciúria, 2385 para hiperoxilúria, 2386 para hipopotassemia, 354 Citrulinemia, 777q, 778, 3216q CIV. Ver Comunicação interventricular (CIV) Cladophialophora, 1667 Cladribina para EM, 3404q para leucemia de células pilosas, 931 para macroglobulinemia de Waldenstrõm, 943 Claritromicina ação da, 1135,1378 indicações para, 1144q interações medicamentosas da, 36q, 46q, 1143,1147q, 1378 na gravidez, 1142q para coqueluche, 1244q para infecções micobacterianas não tuberculosas, 1378-1379 para infecções por Legionella, 1240q para pneumonia, 1158,2135q para profilaxia da endocardite, 1063q para profilaxia da infecção por Bartonella na infecção pelo HIV, 1545q para profilaxia da infecção por MAC na infecção pelo HIV, 1544q resistência à, 1144q, 1264 Classificação CD (grupo de diferenciação), antígenos de superfície leucocitários, 2652-2653q Classificação CD de antígenos de diferenciação linfocíticos humanos, 2650,2652-2653q Classificação CEAP, insuficiência venosa crônica, 2075, 2075q Classificação da demência clínica, 198 Classificação de Child-Pugh, de cirrose, 2526, 2526q Classificação de Frederickson, das hiperlipoproteinemias, 3148, 3148q
Classificação de grupo de diferenciação (CD), antígenos de superfície leucocitários, 2652-2653q Classificação de Hinchey, da diverticulite, 2503,2503f, 2504 Classificação de Vaughan-Williams, de fármacos antiarrítmicos, 1865 Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, 578-579 Classismo, e4-4 Claudicação intermitente aterosclerose e, 1986 hipertensão e, 2047 na doença arterial periférica. Ver Doença arterial periférica na oclusão aórtica, 2064-2065 na tromboangiite obliterante, 2069 neurogênica, 134 Claudina 16, 2363 Clidínio, overdose/intoxicação com, e50-9qae50-10q Clindamicina absorção da, 1139 ação da, 1134q, 1135 classe de gravidez da, 1678q efeitos adversos da mais relevantes clinicamente, 1146q ocasionais, 1678q raros, 1678q indicações para, 1144q, 1678q índices farmacodinâmicos da, 1141q para abscesso pulmonar, 1246 para acne vulgar, 404 para actinomicose, 1330q para angina de Vincent, 264 para antraz, 1771, 1772q para celulite, 1069,1070q para doença de Lemierre, 265 para estreptococo do grupo B, 60 para faringite, 265 para fasciite necrosante, 1025q, 1070q para gangrena gasosa, 1070q, 1205q para infecções anaeróbias, 1338 para infecções da pele e dos tecidos moles, 1069,1169q para infecções das estruturas profundas do pescoço, 267 para infecções de feridas por mordeduras, 1070q, e24-3, e24-3q para infecções por 396,1169q para infecções por Babesia, 1025q, 1707-1708,1707q para infecções por Capnocytophaga, 1235 para infecções por clostrídios, 1205q para infecções por M . hominis, 1129 para mionecrose por clostrídios, 1025q para osteomielite, 1074, 1074q para otite média, 16lq para pneumonia pneumocócica, 1158 para PPc, 1673q para profilaxia da endocardite, 1063q para profilaxia da toxoplasmose, 1545q para sepse/choque séptico, 2229q para síndrome do choque tóxico, 1025q, 1170,1173q para sinusite, 258q para tratamento da malária, 1699q para vaginose bacteriana, 1 101 profilática, 1148q resistência à, 1134q, 1144q, 1177, 1338 Clobetasol, para dermatite seborreica, 398 Clofazimina efeitos adversos da, 413 para hanseníase, 1364,1365
Clomipramina efeitos adversos da, 353lq para depressão, 3531q para narcolepsia, 2 2 0 para transtorno obsessivocompulsivo, 3535 Clonagem, 493q DNA, 490 posicionai, 504 transplante nuclear na, 538 Clonagem posicionai, 504 Clonalidade, das células-tronco, 536 Clonazepam efeitos adversos do, 3264q farmacologia do, 3533q overdose! intoxicação com, e50-12q para dispnéia, 75q para dor, 98q para epilepsia, 3264q para glossodinia, 274 para transtorno de ansiedade generalizada, 3533q para transtorno de comportamento no sono REM, 221 para transtorno do pânico, 3530 para vertigem, 180q Clonidina efeitos adversos da, 293q, 376q, 1868q interações medicamentosas da, 45 overdose! intoxicação com, e50-10q para diarréia diabética, 317 para dor, 73 para emergências hipetensivas, 2059 para hipertensão, 2055q para ondas de calor, 841 para síndrome de abstinência de opioides, 125 Clonorchis sinensis/clonorquíase, 17571758, e25-2q, e25-5q, e25-7q Clopidogrel ação do, 989f, 990, 2019f com ácido acetilsalicílico, 990 dose de, 990 efeitos adversos do, 461, 969, 990, 2379 indicações para, 990 interações medicamentosas com IBP, 2448 metabolismo do, 38 na doença arterial periférica, 2068 na ICP, 2035 para cardiopatia isquêmica, 2 0 1 1 para infarto do miocárdio AI/IMSEST, 2017-2018, 2019q IMEST, 2030 para pré-tratamento com cateterismo cardíaco, 1854 para prevenção de acidente vascular encefálico/AIT, 3281 resistência ao, 990-991 variações genéticas na resposta ao, 42q, 43, 45, 985q, 986 Clorambucila ação da, 696 dose de, 697q efeitos adversos da, 696, 697q Cloranfenicol ação do, 1134q, 1136 efeitos adversos do, anemia aplásica, 8 8 8 q aplasia eritroide pura, 893q insuficiência da medula óssea, 905 neuropatia óptica, 232 monitoração terapêutica do, 3596q na gravidez, 1142q para bartonelose, 1317q para febre entérica, 1277q para febre recidivante, 1400f para febres maculosas transmitidas por carrapato, 1411 para infecções anaeróbias, 1339
para infecções por Campylobacter, 1288 para peste, 13lOq, 1772q, 1773 para tularemia, 1772q, 1776 resistência ao, 1134q, 1138 Cloranfenicol aciltransferase, 1138 Clordiazepóxido farmacologia do, 3533q overdose/intoxicação com, e50-12q para transtorno de ansiedade generalizada, 3553q Cloreto em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q transporte renal do, 2282f, 2283 Cloreto de 2 -pralidoxima (2-PAM Cl), para exposição a agentes neurais, 1785f, 1785q, 1786, e50-ll Cloreto de cianogênio, como agente de terrorismo químico, 1780q. Ver tam bém intoxicação por cianeto Cloreto de hidrogênio, como agente de terrorismo químico, 1780q Cloreto de potássio efeitos adversos do, 867q para cetoacidose diabética, el5-2 para hipopotassemia, 354, el5-7 a el5-8 Cloreto de vinila carcionogenicidade do, 656q lesão hepática por, 328 Cloridorreia, congênita, 313, 322lq Cloridrato de ciclopentolato, para olho vermelho ou dolorido, 228 Clornafazina, 790 . Cloro, como agente de terrorismo químico, 1779 2-Clorodesoxiadenosina ação da, 703 dose de, 698q efeitos adversos, 698q, 703 Cloroma, cutâneo (sarcoma granulocítico), 419 Cloroquina efeitos adversos da, comuns, 1700q cutâneos, 413, 435 farmacologia da, 1700q, e26-2 a e26-3 insuficiência da medula óssea, 888q interações medicamentosas na, 1675q,e26-5 miopatia, 3508q, 3509 neuropatia, 3462, 3464q ocasionais, 1675q oculares, 236,1705 overdose/intoxicação com, e5015q para hipercalcemia, 361 para malária, 1699q, 1700q, 1702 para porfiria cutânea tardia, 446 para profilaxia da malária, 1044, 1044q, 1704q, 1705 pigmentação dos cabelos, 434 raros, 1675q, 1700q resistência à, 1690f, 1702 variações genéticas na resposta à, 42q Clorproguanil, 1678q Clorpromazina efeitos adversos da, colestase crônica, 329 cutâneos, 433 fotoalergia, 445q hepatite colestática, 329 hepatotoxicidade, 2560q interações medicamentosas da, 46 overdose!intoxicação com, e50-9q a e50- lOq, e50-10q para cefaleia por uso excessivo de medicação, 125 para delirium, 77,77q
para dispnéia, 75 para enxaqueca, 118q, 1 20 Clorpropamida efeitos adversos da, 582, 967q Clortalidona, para hipertensão, 2055q Clostridium baratii, 1200 Clostridium botulinum , 1200, 1777. Ver tam bém Botulismo Clostridium butyricum , 1200 Clostridium difficile, 1090 Clostridium spp., 1204,1204f C lostridium tetani, 1197-1198. Ver tam bém Tétano Clotrimazol para anemia falciforme, 857 para infecções por Candida, 402 candidíase, 264 vulvovaginal, 1099q, 1102 Clozapina efeitos adversos da, 3544q overdose! intoxicação com, e50- lOq para doença de Huntington, 3330 para esquizofrenia, 3543,3544q Cluster-ic, 3361 Clusterina, 2304q CMI. (coriomeningite linfocítica), 1620, 3420, 3438q CMV (citomegalovírus), 1440,1471, 1472 Coagulação, 458,458f formação do coágulo de fibrina na, 458, 458f formação do tampão plaquetário na, 457, 965 no choque, 2218 Coagulação intravascular disseminada (CID), 978 crônica,979 diagnóstico da, 979 etiologia da, 978-979, 978q fisiopatologia da, 979, 979f manifestações clínicas da, 155q, 158, 421, 1027-1028 manifestações clínicas da, 979 na gravidez, 59 na leptospirose, 1394 na sepse/choque séptico, 2227,2230 testes de coagulação na, 463q tratamento da, 980 trombose na, 462q Coágulo de fibrina, formação do 458, 458f Coarctação da aorta angiografia por TC na, 1925 complicações da, 1925 hipertensão na, 2051-2052 RM na, 1925f, e29-3f sopro na, 2052 tratamento da, 1926, 2052 Coativador, 490 Cobalamina (vitamina BI2), 862 absorção de, 862, 867, e37-l deficiência de, 3374. Ver também Anemia megaloblástica achados hematológicos na, 8 6 6 , 866f anemia na, 455 biópsias da mucosa do intestino delgado na, 2468-2469 causas de, 866-869, 867q delirium na, 199 demência na, 3313 diagnóstico da, 870 disfunção olfatória na, 247 distúrbios da marcha na, 193-194 distúrbios sensoriais na, 189 em lactentes, 867 esfregaço de sangue periférico na, el7-3f fatores de risco para, 594q hipotensão ortostática, 174 manifestações clínicas da, 594q, 609q, 865-866
manifestações orais da, 274 na gravidez, 865 na infecção pelo HIV, 1556 neuropatia óptica na, 232 neuropatias na, 3374, 3467-3468 pós-gastrectomia, 8 6 8 síndrome do lobo frontal na, 2 11 tratamento da, 870-871 efeitos da cirurgia sobre os níveis de, 2454 estrutura da, 596f faixa de referência da, 3599q folato e, 864 fontes dietéticas de, 862, 866-867 funções da, 596f, 862 má absorção de, 247, 866-867 teste de Schilling na determinação da, e37-l,e37-lq nas fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q necessidade, ingestão recomendada de, 590q, 862 sérica, 870 transporte no sangue, 862 Cobra-tigre, 3567 Cobre, 604 deficiência de, 595q, 604, 3468 em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 618q faixa de referência para o, 3599q funções do, 604 ingestão recomendada de, 59 lq nível superior de ingestão tolerável de, 595q toxicidade do, 595q, 604 Cobreiro. Ver herpes-zóster (cobreiro) Cocaína, 3556 ações iniciais da, 3527q efeitos adversos da, 3556 arritmia, 1891 disfunção erétil, 376q hipertensão, 2048q hipertermia, 144,144q insônia, 218 miopatia, 3508, 3508q palpitações, 295 efeitos de reforço da, 3556 efeitos sistêmicos da, 3556-3557 hemorragia intracerebral devido a, 3527q intoxicação aguda e crônica, 3556-3557 overdose/intoxicação com, e50-15q Coccidioides spp., 1637,1643,1644f Cochrane Database of Systematic Reviews, 26,27q Cóclea, 248, 248f Codeína metabolismo da, 36q, 38 para diarréia, 317 para dispnéia, 75q para dor, 72, 98q variações genéticas na resposta à, 41, 41q, 45 Código de barras dos medicamentos, 86
Código de histona, 678 Código genético, 487 Códon, 488 Cogumelos, venenosos, 310,328, e50-9q a e50-10q, e50-llq Cogumelos am anita, 310, 328, e50-9 a e50-10q Coiloniquia, 846 Colágeno em distúrbios do tecido conectivo, 3205q, 3206-3207 fibrilar, 3204-3206, 3206f Colágenos de defesa solúveis (colectinas), 1017 Colangiocarcinoma, 784 carcinoma com tumor primário desconhecido e, 822f
colestase extra-hepática no, 329 hilar, 2411, 2412f na colangite esclerosante, 2627 tratamento do, 784 Colangiografia hepática percutânea na avaliação dos duetos biliares, 2626q para doença gastrintestinal, 2408 Colangiografia por ressonância magnética, na colestase, 328 Colangiopancreatografia endoscópica. Ver Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) por ressonância magnética. Ver Colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM) Colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM) do dueto biliar, 2418, 2419f, 2626q na avaliação da doença pancreática, 2630q, 2633 na colangite esclerosante primária, 2488, 2596 na doença hepática, 2524 na pancreatite crônica, 2645-2646, 2645f no câncer pancreático, 787 Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE), 2411, 2412f na avaliação dos duetos biliares, 2626q na colangite esclerosante primária, 2488, 2596 na colestase, 328 na doença gastrintestinal, 2406, 2406q na doença hepática, 2524 na doença pancreática, 2630q, 2632 na obstrução biliar aguda, 2412f, 2418 na pancreatite, 2639, 2640f no câncer pancreático, 787, 787f no colangiocarcinoma, 784 pancreatite após, 2635,2635q riscos da, 2413 Colangite aguda, 2625 ascendente, 2418 coledocolitíase e, 2411,2412f, 26242625 destrutiva não supurativa crônica, 2595 dor abdominal na, 11 lq em receptor de transplante, 1126q, 1130 esclerosante primária, 2596 avaliação laboratorial da, 2596 biópsia hepática da, e38-5f colangiocarcinoma e, 784 diagnóstico da, 329, 2524q, 2596 duetos pequenos, 2627 manifestações clínicas da, 329, 2596, 2627 febre na, 159 icterícia na, 326 tratamento da, 2596 diagnóstico da, 2627 esclerosante, 2627 história natural da, 2627 manifestações clínicas da, 2627 transplante de fígado para, 2607, 2607q tratamento da, 2627 Colangite, esclerosante primária (CEP). Ver Colangite, esclerosante primária Colangite esclerosante. Ver Colangite, esclerosante Colapso alveolar, no paciente com ventilação mecânica, 2207-2208 Colapso cardiovascular, 2239,2239q Colar cervical, 142 Colar de Casal, 598
Colchicina efeitos adversos da, 2816 alopecia, 407 diarréia, 314 má absorção de cobalamina, 867q miopatia, 3508q, 3509 neuropatia, 3462, 3464q para febre familiar do Mediterrâneo, 164, 949,2816 para gota, 2839 para pericardite aguda idiopática, 1974 para síndrome de Behçet, 2802 Colecistectomia com esplenectomia, na esferocitose hereditária, 876 complicações da, 2623-2624 para cálculos biliares, 2620-2621 para colecistose hiperplásica, 2624 Colecistite, 2621 acalculosa, 2621-2622 aguda, 2621-2623 câncer da vesícula biliar, 785 complicações da, 2622-2623 crônica, 2622 diagnóstico da, 112,2621 dor abdominal na, 1 1 0 ,1 1 lq dor no ombro na, 105 dor torácica na, 103q enfisematosa, 2622 icterícia na, 327 induzida por jejum, 628 manifestações clínicas da, 327 náusea e vômitos na, 301, 302 tratamento da, 2621,2623-2624 Colecistite enfisematosa, 2622 Colecistocinína (CCK), 623, 2634 Colecistografia oral (CGO), 2619 Colecistopatia, acalculosa, 2622 Colecistose, hiperplásica, 2624 Colectinas (moléculas de reconhecimento de padrões), 1017 Colectinas, 1017,2651 Colectomia para constipação, 319 para polipose colônica, 770 para prevenção do câncer colorretal, 658 Coledocolitíase, 2624 complicações da, 2624-625 diagnóstico da, 328, 2625,2626q fisiopatologia da, 2624 manifestações clínicas da, 327,329, 2624 no colangiocarcinoma, 784 tratamento da, 2625 Cólera diagnóstico da, 1292 epidemiologia da, 1007f, 1289-1290, 1290f, 1291f manifestações clínicas, 31 lq, 1028, 1291-1292, 1292f pancreática, 313 patogenia do, 1290-1291. Ver tam bém Vibrio cholerae
prevenção do, 1293. Ver tam bém Vacina contra cólera tratamento do, 1292-1293, 1292q, 1293q Cólera pancreática, 313 Colesevelam efeitos adversos do, 2996q, 2998, 3159q para diabetes melito tipo 2,2996q, 2998 para hiperlipidemia, 3159q Colestase benigna pós-operatória, 329 benigna recorrente, 329 da gravidez, 329 exame de imagem na, 328 extra-hepática, 328, 328q icterícia na, 328-329, 328q
induzida por fármacos, 329,25602562q intra-hepática, 328-329, 328q intra-hepática benigna recorrente, 2536-2537, 2536q intra-hepática familiar progressiva, 329, 2536q, 2537 provas de função hepática na, 2529, 2530q ' Colestase intra-hepática da gravidez, 60 Colestase intra-hepática familiar progressiva, 329, 2536q, 2537 Colestase intra-hepática recorrente benigna (CIRB), 329, 2536-2537, 2536q Colesteatoma, 249, 262 Colesterol transporte reverso do, 1985,31473148, 3147q Colestipol efeitos adversos do, 3159q para hiperlipidemia, 3159q para síndrome metabólica, 1996 Colestiramina absorção de vitamina A e, 601 efeitos adversos da, 314,3159q interações medicamentosas da, 46q para hiperlipidemia, 3159q para má absorção de ácidos biliares, 316 para síndrome metabólica, 1996 Coleta percutânea de amostras de sangue umbilical, 509, 513 Cólica biliar dor abdominal na, 108,110 indigestão na, 305 na doença da vesícula, 2619-2620 náusea e vômitos na, 301 tratamento da, 306 Cólica renal. Ver tam bém Nefrolitíase Cólica saturnina, 110 Colina, 600 aporte adequado de, 600 deficiência de, 600 ingestão recomendada de, 590q toxicidade da, 600 Colina acetiltransferase, e9-3 Colinérgicos para glaucoma, 235 urticária colinérgica, 416, 416q Colistina. Ver Polimixina E (colistina) Colite, 1684,1686 amebiana, 1684 CMV, na infecção pelo HIV, 1551 colagenosa, 314, 2486q, 2487 colonoscopia na, 2409,2410f desvio, 2486q, 2487 diarréia na, 314 doenças por imunodeficiência primária e, 2705 etiologia da, 2410f isquêmica, 2410f linfocítica, 2486q, 2487 microscópica, 314 na doença de Crohn, 2483 pseudomembranosa, 1090,1090f, 1091, 2410f. Ver tam bém Doença associada a Clostridium difficile sangramento na, 321 sexualmente adquirida, 1109 síndrome granulomatosa de Hermansky-Pudlak e, 2477 vs. DII, 2486q, 2487 Colite colagenosa, 2486q, 2487 Colite granulomatosa, 2477 Colite isquêmica achados endoscópicos na, 2410f diarréia na, 310 vs. DII, 2486q, 2487 Colite linfocítica, 2486q, 2487 Colite por desvio, 2486q, 2487 Colite pseudomembranosa, 1090f, 1091, 2410, 2410f. Ver tam bém doença associada à Clostridium difficile
na doença gastrintestinal, 2406-2406q na febre de origem obscura, 163 na isquemia intestinal, 2511,2512 na náusea e vômitos, 303 no sangramento gastrintestinal, 3220323 para triagem de câncer colorretal, 30q, 31, 661q, 662, 771 remoção de pólipos durante a, e36-lV virtual, 771, 2422, 2424f Colonoscopia virtual, 771, 2422, 2424f Coloração, e2 2 -l Coloração com lactofenol azul-algodão, e2 2 -l Coloração de Giemsa, e25-5 Coloração de Gram, e2 2 -l, e22-2f Coloração de Wright, 481, e25-5 Colposcopia, durante a gravidez, e6 -l ae 6 - 2 Coltivirus, 1617q Coluna cervical comprometimento atlantoaxial na artrite reumatoide, 2738-2739 doença discai, 140,140q lesões da, 3367 traumatismo da, 139-140 Coluna de bambu, 135 Coluna respiratória ventral, 2182 arritmias. Ver Arritmias cardíacas Coluna vertebral anatomia da, 129-130,129f bambu, 135 cervical. Ver Coluna cervical estruturas sensíveis à dor na, 130 lombar anomalias congênitas da, 132 herniação de disco. Ver Disco intervertebral, herniação Colutório de clorexidina, 246 Coma abordagem ao paciente, exame físico, 2249-2250 exame neurológico, 2250 história, 2249 nível de despertar, 2250 reflexos do tronco encefálico, 2250-2251, 2250f anatomia do, 2247-2248 definição de, 2247 determinação da morte cerebral no, 2252-2253 devido a distúrbios metabólicos, 2248-2249 devido a lesão cerebral disseminada, 2249 devido a lesões cerebrais expansivas e herniações, 2248, 2248f diagnóstico diferencial do, 2252, 2252q EEG no, e45-2 a e45-3 epiléptico, 2249 exame de imagem no, 2251-2252 exames laboratoriais no, 2251-2252 induzido por substâncias tóxicas/ fármacos, 2249 prognóstico do, 2253 tratamento do, 2253 Coma mixedematoso, 2922 Comedão, 403 Commonwealth Serum Laboratories, 3574 Com m otio cordis, 1899,1981 Companhias farmacêuticas presentes de, e5-3 a e5-4 Competência cultural, e4-7 Complacência vascular, 2045 Complexo de demência da Aids (demência associada ao HIV), 1559-1560, 1559q, 1560f Complexo de esclerose lateral amiotrófica (ELA)/parkinsonismo/ demência de Guam, 3314-3315
Complexo de membrana/citoesqueleto do eritrócito anormalidades que causam anemia hemolítica, 874-875, 876q estrutura do, 874, 874f Complexo de piruvato desidrogenase (PDC), 2595, 2676q Complexo de Pre-Bõtzinger, 2182 Complexo do antígeno leucocitário humano (HLA) associações de doenças com, 497, 2680q, 2691-2694 desequilíbrio de ligação nos, 2688 genes H LA da classe I, 2685-2687, 2686f associação de doenças, 2680q, 2692,2693q, 2701 biossíntese dos, 2688-2689, 2689f estrutura dos, 2686f, 2688 funções dos, 2689-2690 infecção pelo HIV e, 1532,1533q reconhecimento de células NK e, 2690 genes HLA da classe II, 2686-2687, 2686f associações de doenças, 2680q, 2692-2694, 2693q,2701 biossíntese dos, 2689f, 2690-2691 estrutura dos, 2686f, 2690, 269lf funções dos, 2689f, 2690-2691 genes HLA da classe III, 2687-2688 mapa dos, 2686f no transplante, 958, 2328, 2329q, 2691 Complexo gênico UGT1, 2532, 2532f Complexo glicoproteína IB-IX-V, 983-984 Complexo H LA . Ver Complexo do antígeno leucocitário humano (HLA) Complexo motor migratório, 308q, 309 Complexo polissacarídico capsular (CPC), 1079 Complexo principal de histocompatibilidade (MHC). Ver Complexo de antígeno leucocitário humano (HLA) Complexo QRS, 1831-1832, 1833-1834, 1833f, 1860,1864 Complexo seco, na esclerose sistêmica, 2766 Complexos atriais prematuros, 1879, 1880,1880f Complexos prematuros juncionais, 1880
Complexos ventriculares prematuros, 1878, 1879, 1880f, 1890-1891 Componente M em distúrbios de plasmócitos, 936 em doenças da cadeia pesada, 944 na macroglobulinemia de Waldenstrõm, 943 no mieloma múltiplo, 941 Componentes de superfície dos enterococos, 1181 Comportamento emergente, em sistemas biológicos, el9-2 Composição corporal avaliação da, 573q envelhecimento e, 571,573f Compostos antimoniais. Ver Antimoniato e meglumina; antimoniais pentavalentes Compreensão, avaliação da, 203 Compressão da medula espinal Compressão torácica, para parada cardíaca, 2243 Comprometimento cognitivo leve (CCL), 575, 576f, 3300 Comprometimento cognitivo leve (CCL), 575, 576f, 3300 Compulsão alimentar, 640 Comunicação, fatores raciais/étnicos na, e4-3 a e4-4, e4-4f
Comunicação de más notícias, 69,69q, e5-l Comunicação interatrial (CIA) bloqueio de condução AV na, 1872 bulhas cardíacas/sopro na, 1826, 1827f, 1921-1922, el3-l, el3-e, el37 ECG na, 1922,e28-llf ecocardiografia na, 1922,1922f, e29IV, e33-7f, e33-8f exame físico na, 1921-1922 fechamento percutâneo - FALTA manifestações clínicas da, 1921 ostium p rim u m , 1872,1921, el3-4 oslium secundum , 1921,1922f, el3-4 radiografia de tórax na, 1922 seio venoso, 1921, el3-4 tratamento da, 1922-1923, e33-7f, e33-7 a e33-9, e33-8f, e33-9V vs. estenose mitral, 1931 Comunicação ínterventricular (CIV), 57 bloqueio de condução AV na, 1872 eritrocitose na, 1923 história natural da, 1923 sopro na, 1828, el3-lf, el3-2, el3-2f, el3-2 a el3-6 Concentração bactericida mínima (CBM), e22-10 Concentração de hemoglobina corpuscular média, 449- 450,450q Concentração de Oz arterial, 2 2 2 2 q Concentração fungicida mínima, e22-10 Concentração inibitória mínima (CIM), 1140, e22-10 Concentração venosa de 0 2,2222q Concentrado de complexo protrombínico, 976, 981 Concentrado de fator de von Willebrand, 972 Concentrado de hemácias, 952,953q Concentrado de proteína C, para púrpura fulminante, 980 Concussão, 3377 definição de, 3377 em veteranos de guerra, e48-2 a e483, e48-3q, e48-6 mecânica da, 3377 relacionada com esportes, 3380, 3381q traumática cerebral, 3377,3377f Condiloma acuminado (verrugas anogenitais) câncer anal e, 776 diagnóstico do, 1483,1483q epidemiologia do, 1482 manifestações clínicas do, 1482, 1482f, el 6 -llf na infecção pelo HIV, 1558 patogenia do, 1482-1483 tratamento do, 1445q, 1483,1483q Condiloma plano, 1553, e7-5f, el6-10f Condrite auricular, 2803, 2803q, 2804f em paciente queimado, e23-3 Condrite auricular, 2803, 2803q, 2804f Condrocalcinose, 353, 2839 Condrócito(s) na osteoartrite, 2829-2830,2830f produtos do(s), 2829-2930, 2830f Condrodisplasia puntiforme, fetal, 58 Condrodisplasia(s), 3211 Condromatose sinovial, 2859 Condrossarcoma, 669q, 819 Condução decremental, 1871 Cone(s), 224, 226 Conexina 26, 251, 3226 Confabulação, 209 Confiança, entre paciente e profissional de saúde, e4-5, e4-7 Confidencialidade, na relação médicopaciente, 2, e5-l Conflitos de interesse, e5-3-4 Confusão, 196
ÍNDICE
Colite ulcerativa. Ver tam bém doença intestinal inflamatória (DII) câncer na, durante a gravidez, 24942495,2495f características laboratoriais, endoscópicas e radiográficas da, 2482, 2482f características macroscópicas da, 2480,2480f características microscópicas da, 2480,248 lf cirurgia, 2492, 2493q complicações da, 2482 comprometimento ocular na, 2488 crônica, 2410f diagnóstico diferencial da, 1288, 2485-2486,2486q diarréia na, 314 distúrbios associados a, 2477-2478 distúrbios ósseos metabólicos na, 2488 distúrbios tromboembólicos na, 2489 doença hepatobiliar na, 2488 doença reumatológica na, 2488 doença urológica na, 2488 doenças não infecciosas simulando, 2486q, 2487 efeitos do tabagismo na, 2477 epidemiologia da, 2477,2477q, 2478q etiologia da, 277, 2478 fatores exógenos na, 2480 fatores genéticos na, 2477-2478, 2478q, 2479q gravidez e, 2494 manifestações cardiopulmonares, 2489 manifestações clínicas da, 2481-2482, 2492f, 2482q manifestações cutâneas da, 422 marcadores sorológicos na, 2485 marcadores tumorais na, 652q na artrite enteropática, 2783-2784 patogenia da, 2477-2478 patologia da, 2480-2481, 2480q, 248 lf regulação imune na, 2478-2479 sigmoidoscopia na, 2482,2482f suporte nutricional especializado, 614 tratamento da, 2489-2494, 2490q, 2493f, 2493q Colo absorção e secreção no, 308-309 armazenamento e recuperação no, 309 catártico, 318 comprimento do, 2461 divertículos do. Ver Doença diverticular fisiologia normal do, 308 funções do, 2402 inervação do, 308 motilidade do, 308q, 309 obstrução do. Ver Obstrução colônica pólipos do, 662,2422,2422f, 2423f. Ver tam bém Câncer colorretal sangramento do, 321 tempo de trânsito, medida do, 318 tônus do, 309 Colo do útero, ectopia do, 1103 Colonização, 1013 Colonografia com tomografia computadorizada (TC), 661q, 662 Colonoscopia, 2409,2410f após remoção de pólipos, 768 na colite, 2409, 2410f na colite ulcerativa aguda, 2482, 2482f na constipação, 318 na diarréia, 311, 316
1-31
ÍNDICE 1 -3 2
Confusão direita-esquerda 206 Congestão nasal com cefaleia, 113 descongestionantes para, 2716,2717f Conivaptana para SIAD, 349, 828 Conjuntivite, 228 alérgica, 228 atópica, 228 gonocócica, 1223 hemorrágica aguda, 1596,1597f na tularemia, 1303 por C. trachomatis, 1425, 1427, 1427q, 1428-1429 CoNS (estafilococos coagulasenegativos), 1160,1160f, 1168, 1171. Ver tam bém Infecções estafilocócicas Consciência avaliação da, 3235 Consentimento informado, 5, 507,522, e5-l Conservação de calor, 143 Constipação, 317 abordagem ao paciente, 317-318, 317f avaliação da, 73-74 definição da, 317 epidemiologia da, 308 etiologia da, 73, 317, 317q fatores psicossociais na, 317 grave, 318-319 idiopática, 317 induzida por opioides, 73,99 na EM, 3398 na síndrome do intestino irritável, 2496 no paciente terminal, 73-74 prolapso retal e, 2505 tratamento da, 74, 74q, 99, 319, 585 Constrição torácica, 277,278q “Constrição torácica de ocorrência nas segundas-feiras”, 2126 Consumo. Ver Tuberculose (TB) Consumo máximo de oxigênio, 574, 574f Consumpção muscular. Ver Síndrome consumptiva Contagem absoluta de linfócitos, no paciente exposto à radiação, 1795 Contagem de neutrófilos, 476 Contagem de plaquetas, 965 na avaliação pré-operatória, 461 na coagulação intravascular disseminada, 979 normal, 481 Contagem de quadros do TIMI, 2027 Contagem dè reticulócitos, correção da, 453, 453f na anemia, 450,452-453 na anemia hemolítica, 873, 873q Contato com esponja tóxica, 3573 Contato com hidroide gym nangium , 3573 Contenção química, 201 Contenções físicas no delirium, 77, 197, 201 Contexto da prática, tomada de decisão clínica e, 2 2 Contração cardíaca, 1802, 1805 acoplamento excitação-contração na, 1806f ativação cardíaca na, 1804-1805, 1806f modelo de filamento deslizante para, 1802-1803 processo contrátil na, 1802-1804 ultraestrutura cardíaca e, 1802 Contracepção, 3037 DIU, 3037-3038, 3038q efeitos da obesidade sobre, 3039 eficiência da, 3037-3039, 3038q esterilização, 3037, 3038q FAE e, 3269
métodos de barreira, 3037,3038q métodos hormonais, 3038-3039, 3038q, 3039q contraceptivos orais. Ver Contraceptivos orais de longo prazo, 3038q, 3039 disco de aplicação semanal, 30383039, 3038q novos métodos, 3038-3039, 3038q pós-coito, 3039 Contraceptivos de barreira, 3037, 3038q Contraceptivos orais, contraindicações para, 384, 3038, 3039q efeitos adversos dos, 3038 colestase, 329 cutâneos, 155q, 403, 413, 419,433 hepatotoxicidade, 2560, 2560q, 2565 hipertensão, 53 hirsutismo, 434 náusea e vômitos, 302,302q pigmentação oral, 272q queda dos cabelos, 434 riscos de doença, 3039q trombose venosa, 987 interações medicamentosas dos, 46q, 1147q, 3269 para acne vulgar, 404 para amenorreia, 387 para dismenorreia, 388 para hirsutismo, 383-384 para síndrome do ovário policístico, 387 risco de câncer de mama e, 755 risco de infecção pelo HIV e, 1513 Contrações atriais prematuras, palpitações nas, 295 Contrações propagadas de alta amplitude, 309 Contrações ventriculares prematuras, contrações nas, 295 Contrapulsação externa aumentada, para cardiopatia isquêmica, 2013 Contrapulsação intra-aórtica, para edema pulmonar, 2237 Contrarregulação da glicose, 3003-3005, 3004f, 3004q Contraste de gadolínio, efeitos adversos do, 437,2317. Ver tam bém Agentes de contraste Contratura, 2822q, 3489 Controle, de doença, 1031 Controle glicêmico na gravidez, 58 na nefropatia diabética, 2983 na sepse/choque séptico, 2 2 1 0 na síndrome metabólica, 1989,1997 no diabetes melito, 2981,2982f, 2991-2992 no paciente em estado crítico, 2203 perioperatório, 6 6 Controle por retroalimentação negativa, 2871-2872 positiva, 2872 sistema regulador hormonal no, 2871, 2871 f Controle postural, 192, 194-195 Contusão, 3377-3378, 3377f Contusão miocárdica, 1981 Conversão gênica, 496 Conversão maligna, 442 Convulsão, 3379 Convulsão dependente de pirodoxina Convulsão febril, 147 Convulsões febris complexas, 3256 Convulsões neonatais familiares benignas, 3254q Convulsões psicogênicas, 3260q, 3261 Coordenação, avaliação da, 3238 Coordenação do cuidado, para idoso, 583, 584q
Coproporfiria, hereditária, 3168f, 3168q, 3170q, 3178 Coproporfiria hereditária, 3168f, 3168q, 3170q, 3178 Coqueluche complicações da, 1243 considerações globais, 1241,1242f diagnóstico de, 1243-1244 diagnóstico diferencial da, 1244 epidemiologia da, 1241-1242,1242f manifestações clínicas da, 1243 medidas de controle de infecção, 1244 patogenia da, 1242-1243 prevenção da, 1245 quimioprofilaxia da, 1245 resposta imune na, 1243 tratamento da, 1244,1244q Coqueluche. Ver Pertussis Cor pulm onale, 1913 diagnóstico de, 1915 ECG no, 1834 ecocardiografía no, 1915 etiologia do, 1913-1914,1914q fisiopatologia do, 1914 manifestações clínicas do, 1914 na policitemia, 456 tratamento do, 1915 vs. pericardite constritiva, 1976 Coração desenvolvimento fetal do, 1920-1921 eletrofisiologia do, 1860 embriogênese do, 1809-1811,1810f, 1920 metabolismo no, 1807-1808,1999 potencial regenerativo do, 1811 pressões normais no, 3604q Coração em tamanco, 1926 Corais-de-fogo, exposição a, 3573 Corante de Dappe, e22-2 Corante de ferro-hematoxilina, e25-l Corante para reticulina, el7-5f Corante tricromo, e25-l Corantes de anilina, 790 Corcova de búfalo, 1544,1544f Cordoma, 818, 2883 Cordomas da sela, 2883 Coreia de Sydenham, 59,2754,3331 Coreia gravídica, 59 Coreia(s), 3327q, 3329 de Sydenham, 59,2754, 3331 paraneoplásica(s), 833q tratamento da, 2756 Coreia-acantocitose, 3331 Coriocarcinoma. Ver tam bém Doença trofoblástica gestacional características do, 672 ovariano, 812 síndromes paraneoplásicas no, 827q testicular, 806 Coriomeningite linfocítica (CML), 1620, 3420, 3438q Coriorretinopatia, serosa central, 235 Coroide, atrofia girata da, 3216q Coronavírus, 1487 Corpo aórtico, 288 Corpo caloso, agenesia do, 165 Corpo carotídeo, 277, 288 Corpo estranho aspiração de, 2243 granuloma, 420 nas vias respiratórias, 285 no esôfago, 2437 no olho, 228 Corpo geniculado lateral, 224, 228 Corpo reticulado, 1421-1422, 1421f Corpos apoptóticos, 695 Corpúsculo de Negri, 1612,1613f Corpúsculo elementar, 1421-1422, 142 lf corpúsculos de Dõhle, 473,473f, el7-2, el7-7f Corpúsculos de Donovan, 1321,1321 f
Corpúsculos de Heinz após esplenectomia, 471 características dos, 467 identificação laboratorial dos, el7-l, el7-6f na deficiência de G6 PD, 879 na esplenomegalia, 467 nas síndromes falciformes, 857,857q variantes de hemoglobinas instáveis e, 858 Corpúsculos de Howell-Jolly, 451f, 467, 471, el7-l, el7-5f Corpúsculos de Lewy, demência com. Ver Demência com corpúsculos de Lewy Corpúsculos de Pick, 207 Correlação genótipo-fenótipo em tipos comuns de doenças, el9-4f na anemia falciforme, el9-3 no infarto do miocárdio, el9-5f Corrente de sódio, no potencial de ação cardíaco, 1861f Correpressor, 490 Córtex auditivo, 202f Córtex cingulado, 207 Córtex de associação, 202, 2 0 2 f Córtex do paladar secundário, 243-244 Córtex gustativo primário (CGP) Córtex motor, 202,202f Córtex olfatório primário, 241, 242f Córtex parietal, posterior, 207, 207f Córtex somatossensorial, 95,95f, 2 0 2 f Córtex suprarrenal distúrbios do, 2940. Ver tam bém tipos específicos hormônios produzidos pelo, 2930 Córtex visual, 202f Corticosteroides. Ver Glicocorticoide(s) Corticotropina, 434 Corticótropo, 2876q Cortina dupla, 3254q Cortisol na esteroidogênese suprarrenal, 2943, 2944f, 2945f no choque, 2216 C orynebacterium diphtheriae, 11881189, e22-2f. Ver tam bém Difteria Corynebacterium spp., 1190,1192-1193 Costelas, doença de Paget das, e41-3f Costocondrite, 2858 Cotovelo de tenista, 2862 neuropatia ulnar no, 3469 Cotovelo de tenista, 2862 Cotovelo do transplante, 1128 Cotransportador, 2283 Cotransportador de Na+-CI , sensível a tiazidas, 342, 2285 Cotransportador de Na+K+-2CI', 342, 353, 2285 COX. Ver Ciclo-oxigenase (COX) Coxiella burnetii, 1407,1414. Ver tam bém Febre Q Coxins hemorroidários, 2507 CPAP. Ver Pressão positiva contínua nas vias respiratórias (CPAP) CPC (complexo polissacarídio capsular), 1079 CPD (complexo piruvato desidrogenase), 2595,2676q CPIS (Escore de Infecção Pulmonar Clínica), 2139,2139q. Ver também Pneumonia associada ao respirador (PAR) CPRE. Ver Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) CPRM. Ver Colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM) CPT (capacidade pulmonar total), 2087f, 2088, 2088f, 2093f Crânio, doença de Paget do, e41-3f
10-11
transplante de fígado em, 2607,2607q tratamento da febre em, 147 Criocirurgia para câncer de pele, 732 para carcinoma hepatocelular, 780, 781q Criofibrinogenemia, 422 Crioglobulina(s), 2798 Crioglobulinemia, 2798 distúrbios da parede vascular na, 972 lesões da mão na, e40-4f mista essencial, 2798 monoclonal, 421 Crioglobulinemia mista essencial, 2798 Criomapeamento, 1865 Criopirina/inflamassoma NALP3,1020f Crioprecipitado, 952,953-954, 953q para coagulação intravascular disseminada, 980 para distúrbios da coagulação na doença hepática, 981 para distúrbios da coagulação na doença renal crônica, 2316 para hemofilia, 975 Crioterapia, para verrugas, 403 Criptococomas, 1649 Criptorquidia, 805, 3018 Crise (s) epiléptica(s), 3251. Ver tam bém Epilepsia abordagem ao paciente, 3258,3259f acidose láctica na(s), 366
anamnese e exame da(s), 3258, 3259f após traumatismo cranioencefálico, 3379 atônica, 325lq, 3253 ausência, 32551q, 3252 classificação das, 3251-3253, 3251f coma nas, 2249 comportamento interictal relacionado com, 3268 definição da(s), 3251 delirium e, 199q, 200 dependente(s) de piridoxina, 3216q diagnóstico diferencial da(s), 32603261, 3260q eletrográfica(s), e45-2, e45-2f estudos (EEG) na(s), 3259-3260, 3259f estudos eletrofisiológicos na(s), 32593260, 3259f etiologia da(s), 3254-3256, 3256q, 3257q exames laboratoriais, 3258, 3259f fatores relacionados com a idade na, 3255-3256, 3256q febril, 147 febril complexa, 3256 focal, 3251-3252, 325lq com características descognitivas, evolução para crises generalizadas, 3252 FAE para, 3262-3266, 3262q-3265q sem características descognitivas, 3251-3252 focal sensorial, 191 generalizada(s), 325lq, 3252-3253 crises atônicas, 325 lq, 3253 crises de ausência, 3251q, 3252 crises mioclônicas, 3251q, 3253 crises tônico-clônicas, 325lq, 3252-3253 evolução a partir de crises focais, 3252 FAE para, 3266 imagem do cérebro na, 3260 induzida por quimioterapia, 3394q lobo temporal, 2 1 0 magnetoencefalografia na(s), 3260, e45-3 mecanismos da(s), 3256 epileptogênese na(s), 3257 fase de iniciação, 3256-3257 fase de propagação, 3257 miotônica(s), 3251q, 3252 na gravidez, 59 na infecção pelo HIV, 1560,1560q na malária, 1692 não classificável(eis), 3251q, 3253 no abscesso cerebral, 3260 no câncer, 2272 no tétano, 1198, 1199 noturna(s), 2 2 1 pré-eclâmpsia, 56 psicogênica(s), 3260q, 3261 tônico-clônica(s). Ver Crises tônicoclônicas tratamento ds(s), 56,3261 evitando os fatores precipitantes na(s) FAE. Ver Fármacos antiepilépticos (FAE) relacionada(s) com condições subjacentes, 3261 vs. síncope, 176, 3260-3261, 3260q Crise adrenérgica, 2058q, 2059 Crise aplásica, 861 Crise blástica, na LMC, 915,918 Crise de seqüestro esplênico, na anemia falciforme, 855 Crise falciforme, 326 fisiopatologia da, 854, 854f infarto esplênico na, 469 Crise hipertensiva, 2058
Crise miastênica, 3485-3486 Crise renal da esclerodermia. Ver Esclerose sistêmica, comprometimento renal na Crise trombótica microvascular, 27342735 Crises atônicas, 325lq, 3253 Crises de ausência, 325lq, 3252 Crises mioclônicas, 3251q, 3253 Crises tônico-clônicas. Ver tam bém Crise(s) epiléptica(s) características das, 3251q, 3252-3253 vs. síncope, 3260-3261, 3260q Crisíase, 413 Cristais de ácido úrico, urina, el4-1lf Cristais de Charcot-Leyden, 314,481, 1658 Cristais de fosfato, na urina, el4-1lf Cristais de oxalato, urina, 366, 367 Cristais de oxalato de cálcio lesão renal por, el4-9f na intoxicação por etilenoglicol, el510
Cristal(is) artrite induzida por, 2837, 2837q obstrução tubular renal por, 2370 urinários, patogenia do(s), 2384 Cristalúria, na intoxicação por etilenoglicol, el5-10 Critérios CURB-65, para pneumoniae, 2134 Critérios de Amsel, para vaginose bacteriana, 1 1 0 0 -1 1 0 1 Critérios de Duke, para endocardite infecciosa, 1055-1056,1055q Critérios RECIST, 651 Crizotinibe, 675 CroFab (fab imune polivalente de Crotalidae), 3569q Cromatina em células cancerosas, 677679, 679f no DNA, 488, 488f Cromatografia líquido-gasosa, e22-8 Cromo, 604, 605 carcinogenecidade do, 604-605,737, e49-3 deficiência de, 595q em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 618q fontes dietética de, 604 funções do, 604 ingestão recomendada de, 59lq nível superior tolerável de ingestão de, 595q suplementos, 604 toxicidade do, 595q, 656q Cromoblastomicose, 1667 Cromóforos, 441 Cromoglicato dissódico, para asma, 2112
Cromogranina no carcinoma com tumor primário desconhecido, 822q, 824 no câncer de pulmão, 739,730q Cromossomo, 486-488, 488f cariótipo, 5 lOf estrutura do, 510, 510f na divisão celular, 513 replicação do, 513 segregação na meiose, 513, 514f visualização do, 509 Cromossomo em anel, 515 Cromossomo Filadélfia na LMA, 51.8, 6 6 6 , 666f,915 resposta farmacológica e, 42q, 44 Cromossomo X, 486, 501 anormalidades do, 515 inativação do, 489, 502, 515, 667 Cromossomo Y, 486, 501 Cromossomos em metáfase, 509 Cromossomos sexuais, 486, 509 monossomia, 514q, 515 trissomia, 514, 515q
Crossing-over, 489f, 495-496 Crosta (lesão cutânea), 390q, 1064f, 1065q, 1066 Crosta láctea, 398 CRP. Ver Proteína C-reativa (CRP) Crupe HMPV, 1490 viral, 265, 1485,1486q Cryptococcus spp., 1637,1648 C ryptosporidium /cnptosporidiose, 1731 ciclo de vida do parasito, 1731 diagnóstico da, 1731q, 1732, e25-l, e25-4q, e25-5q, e25-7q manifestações clínicas da, 310,311q, 1086q, 1731 na infecção pelo HIV, 1551 patogenia da, 1731 tratamento da, 1732 CTL (linfócitos T citolíticos CD8 +), na infecção pelo HIV, 1522, 1530-1531, 1538 Cubilina, 862 Cuidador(es) alterações demográficas no(s), 560561 de paciente terminal, 78-79 família, 78-79, 560-561 Cuidados extraordinários, e5-3 Cuidados ordinários, e5-3 Cuidados paliativos, 67 cobertura de seguro de saúde, 82 para câncer, 651, 652,694 para paciente que não se encontra em casa de apoio, 82 questões éticas da, e5-3 radioterapia na, 692 Cuidados/procedimentos odontológicos, em paciente clinicamente complexo, 275 antibióticos profiláticos para, 275, 1062-1063, 1063q preventivos, 268 Culicoides paraensis, 1620 Culpa do sobrevivente, 522 Cultura de fezes, 311 Cultura em frasco, e22-3 Cumarina, ervas que contêm, 46lq Curandeirismo, e2-2q Curare, para síndrome neuroléptica maligna, 147 Curativo com prata nanocristalina para ferida por queimaduras, e23-3 Curcuma, 461q Curva das características operatórias do receptor, 23,23f Curva de crescimento Gompertziana, 674, 689, 689f Curva de dissociação da hemoglobinaoxigênio, 287, 853, 853f Curva de dissociação de oxigêniohemoglobina, 449 Curva de função ventricular, 1805 Curva de pressão-volume da parede torácica, 2087f do pulmão, 2087, 2087f C urvularia spp., 258 Custo de vidas salvas por ano, 29-30 Custo-benefício dos testes de triagem, 31 Custos da assistência médica como questão de saúde global, 10 do paciente terminal, 78 financiamento, e3-l a e3-2 Cútis verticis gyrata, 2857 CXCL12, 540 Cyclops, 1751,1765 Cyclospora cayetanensis/c iclosporíase, 1732 diagnóstico da, 1731q, 1732, e25-3, e25-4q, e25-7q epidemiologia da, 1732 manifestações clínicas da, 310,1732 tratamento da, 1732
ÍNDICE
Craniofaringioma, 3389 manifestações clínicas do, 2883 obesidade no, 627 sinais oculares no, 228 Cravos plantares, 1390 Creatina fosfato, 1809 Creatinina sérica, 337q causas de valores anormais, 610q como substituto da taxa de filtração glomerular, 334, 2309, 2309q, e53-4, e53-4f na avaliação nutricional, 610q na doença renal crônica, 2293, 2299 na hipovolemia, 344 urina, 337q causas de valores anormais, 610q na avaliação nutricional, 610q Creatinoquinase, CK-MB no infarto do miocárdio AI/IMSEST, 2016 IMEST, 2023f, 2024 valores de referência, 359lq Creme de eflornitina, para hirsutismo, 384 Crepitação, 2822q Crepitações erríVelcro”, 2764 Crescimento distúrbios do, 2891-2892. Ver tam bém Baixa estatura hormônios no, 2870-2871. Ver tam bém Hormônio do crescimento (GH) na doença de depósito de glicogênio tipo la, e41-5f somático, maturação esquelética e, 2891 Crescimento folicular, 3028f, 3029 Cretinismo, 268,2913 CRF (capacidade residual funcional), 2087f, 2088, 2088f, 2092, 2093f, 2202f Crianças convulsões em, 3256q deficiência de GH em, 2891-2892 doença de Graves em, 2927 ECG em, e28-14f febre reumática em, 2753f infecção pelo HIV em, 1519,1520f malária em, 1695 taxas de mortalidade mundiais de,
1 -3 3
CYP1A1, 738 CYP2C19 nas vias de metabolismo de fármacos» 36q respostas farmacológicas e, 42q, 43, 986 CYP2C9 doses necessárias de varfarina e, 998, 998f, 999q nas vias de metabolismo de fármacos, 36q respostas farmacológicas e, 42q, 43, 44,45 CYP2D6 nas vias de metabolismo do fármaco, 36q respostas farmacológicas e, 36q, 41, 42q, 46 CYP3A, 36q, 45, 986 CYP3A4,41,45 CYP3A5,41,42q
D
ÍNDICE 1-34
d4T (estavudina), 1570q, 1574f, 1576f, 1578 DAC, Ver Doença arterial coronariana (DAC) DAC. Ver Cardiopatia congênita Dacarbazina (DTIC) ação da, 701 dose de, 697q efeitos adversos da, 445q, 653, 697q, 701, 708, 3394q para melanoma, 729 para sarcoma de tecidos moles, 818 Daclizumabe para aplasia eritroide pura, 894 para imunossupressão, 2331 Dacriocistite, 228 Dacriócitos, el7-l Dactilite com formação de bolhas, 1066 Dactinomicina, para sarcoma de Ewing, 820 Dados observacionais, 27 da/2, 564 DAL. Ver Deficiência de adesão dos leucócitos (DAL) Dalteparina, para TVP, 2175, 2175q DALY (anos de vida perdidos ajustados por incapacidade), 1 0 - 1 2 , 1 lq DAM. Ver Doença aguda das montanhas (DAM) Danaparoide, 968 Danazol efeitos adversos do, 967q para paresia espástica tropical, 1505 Dança de São Vito, 3331 Dantroleno para espasticidade na doença neurológica, 3376,3407 para hipertermia maligna, 147 para síndrome neuroléptica maligna, 147 Dapsona efeitos adversos da, 659 cutâneos, 435 freqüentes, 1678q hemólise, 427 metemoglobinemia, 427,1705 na deficiência de G6 PD, 879q, 880,1364,1556 neuropatia, 3464q ocasional, 1678q interações medicamentosas da, 1678q overdose /intoxicação com, e50-13q para dermatite herpetiforme, 427 para doença IgA linear, 428 para epidermólise bolhosa adquirida, 428 para hanseníase, 1364,1365,1365q para penfigoide cicatricial, 428
para policondrite recidivante, 2805 para profilaxia da PPC, 1544q, 1673q para profilaxia da toxoplasmose, 1544q Daptomicina ação da, 1134q, 1137, 1168 ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q efeitos adversos da, 1146q, 1187 indicações para, 1144q índices farmacodinâmicos da, 114lq para endocardite, 1059 para infecções enterocócicas, 1187 para infecções estafilocócicas, 1168, 1169q para infecções por MRSA, 1169q para osteomielite, 1074q resistência à, 1134q, 1138,1144q Darbepoetina alfa, para anemia, 851,2316 Darifenacina, para incontinência urinária, 581 Darmbrand, 1206 Darunavir, 1573, 1575f, 1577f, 1580 Dasatinibe ação do, 675,677q, 705, 705f dose, 700q efeitos adversos do, 700q, 917 para câncer de próstata, 804 para LMC, 917 variações genéticas em resposta ao, 42q Daunorrubicina ação da, 702 dose, 698q efeitos adversos da, 407, 433, 698q, 702 interações medicamentosas da, 698q lipossomal para sarcoma de Kaposi, 1565-1566 para LMA, 910-911 DAVE. Ver Dispositivos de assistência ventricular esquerda (DAVE) DCC-2036, 917q DC-CKl/PARC, 2662q DCP (des-*y-carboxi protrombina), 779 DC-SIGN, 1507 DDAVP. Ver Desmopressina (DDAVP) ddC. Ver Zalcitabina (ddC) DDE (diálise diária estendida) ddl. Ver Didanosina (ddl) DDP (demência da doença de Parkinson), 3312 DDS. Ver Distúrbios do desenvolvimento sexual (DDS) DE. Ver Disfunção erétil (DE) DEA (desfibrilação externa automática), 2243-2244 Débito cardíaco cálculo e valores normais, 2218q, 3605q controle do, 1805 mensuração do, 1842,1856 na gravidez, 55 na sepse/choque séptico, 2227 no choque, 2196, 2198, 2216, 22182219,2219q Débito urinário, 588 Decitabina ação da, 706 efeitos adversos da, 897 para LMA, 911 para mielodisplasia, 897 Declaração de Alma Ata, el-1 Declínio do reflexo acústico, 253 Dedaleira, 356, e50-llq Dedo foca, e24-2 Dedo(s) baqueteamento dos, 2856,2856f gota dos, e41-2f Dedo(s) do pé gota do(s), e41-2f osteoartrite, 2832f
Defasamento {Jet lag) social, 2 2 2 Defecação, 309, 309f Defecografia, 318 Defeito do coxim endocárdico, 1872 Defeito no transporte de glicose, 3221 q Defeito pupilar, aferente, 225 Defeitos congênitos, 509 Defeitos da mielina, na doença neurológica, 3228, 3228f, 3229f Defeitos de ativação dos fagócitos, Defeitos de secreção, 970 Defeitos de sinalização do cálcio, 2701 Defeitos do ciclo da ureia, 3216q, 3219 Defeitos do tubo neural, 58, 865 Defeitos primários do timo, e39-l Defeitos tubulares renais, 335q Defensinas, 472 Deferasirox efeitos adversos do, 861 para hemocromatose, 3166 para hemossiderose transfusional, 861 para mucormicose, 1663q, 1664 Defesa da mucosa gastroduodenal, 2438-2440, 2439f, 2440f Deficiência carbamoil fosfato sintase-1, 3216q Deficiência da enzima desramificadora (glicogenose tipo III), 3199q, 3201, 3501, e41-6f Deficiência da enzima ramificadora (glicogenose tipo IV), 3299q, 3501 Deficiência da proteína associada a zeta 70 (ZAP70), 2701 Deficiência da proteína da membrana associada a lisossomo 2 (LAMP2), 3203 Deficiência de 1lp-hidroxiesteroide desidrogenase, 205lq, 2052, 2052f Deficiência de 1Ip-hidroxiesteroide desidrogenase-2,353, el 8 -8 a el5-9 Deficiência de lip-hidroxilase, 353 fatores genéticos na, 205lq fisiopatologia da, 2052f hipertensão na, 2048q manifestações clínicas da, 205lq, 2052, 2960q marcadores diagnósticos da, 2960q Deficiência de 17a-hidroxilase, 353, 387 fisiopatologia da, 2052f genética da, 205lq hipertensão na, 2048q, 2052 manifestações clínicas da, 2051q, 2052, 2960q marcadores diagnósticos da, 2960q Deficiência de 21-hidroxilase clássica. Ver Hiperplasia suprarrenal congênita (HSRC) diagnóstico da, 383 manifestações clínicas da, 2960q, 3053-3054, 3054q marcadores diagnósticos da, 2960q perdedora de sal, 3054 testes genéticos para, 525q tratamento da, 525q virilizante simples clássica, 3054 Deficiência de 2-Metil-3-hidroxibutirilCoA desidrogenase, 3217q Deficiência de 3P-hidroxiesteroide desidrogenase, 2960q Deficiência de 3-oxitiolase, 3217q Deficiência de 5ot-redutase tipo 2, 3051 Deficiência de al-antitripsina, 419 biópsia hepática na, e38-4f carcinoma hepatocelular e, 777q, 778 cirrose devido a, 2597 diagnóstico da, 2524q DPOC e, 2152-2153 fatores genéticos na, 497 na doença hepática, 2604 prevalência da, 2604 teste genético para, 524q tratamento da, 524q, 525, 2604
Deficiência de ABCA1. Ver Doença de Tangier (deficiência de ABCA1) Deficiência de adenilato quinase (AK), 877q Deficiência de adenilosuccinato liase, 3186, 3186q Deficiência de adenina fosforibosiltransferase (APRT), 31853186, 3186q Deficiência de adenosina desaminase, 549, 3186q, e39-l Deficiência de adesão dos leucócitos (DAL) defeitos celulares/moleculares na, 479, 48 lq, 2696 diagnóstico da, 478q, e39-l infecções na, 1009q manifestações clínicas da, 478q, e39-l subtipos de, 477, 479, 481q tratamento da, 2698 Deficiência de a-glicosidase. Ver Doença de Pompe Deficiência de AK (adenilato quinase), 877q Deficiência de aldolase, 877q Deficiência de apolipoproteína (a)-I, 3154 Deficiência de apolipoproteína A-V, 3149q, 3151 Deficiência de apolipoproteína C-II fatores genéticos na, 3149q, 3151 manifestações clínicas da, 3149q, 3151 pancreatite devido a, 2635, 635q Deficiência de APRT (adenina fosforribosiltransferase), 3185-3186, 3186q Deficiência de arginase, 3216q Deficiência de aromatase, 387 Deficiência de p-enolase, 3200q Deficiência de carbinolamina desidratase, 3215q Deficiência de carnitina, 3222q Deficiência de carnitina palmitoiltransferase, 3502 Deficiência de CD40,476, 2702, 2702f Deficiência de CETP (proteína de transferência de éster de colesteril), 3154 Deficiência de cininogênio de alto peso molecular, 974q Deficiência de citocromo b5 redutase, 877q Deficiência de citocromo c oxidase, doenças do DNA mitocondrial, el8-4, el8-5f, el8-7, el8-9 Deficiência de coronina A, e39-l Deficiência de corticosteroides relacionada com doença crítica, 2223q, 2227, 2230 Deficiência de creatina, 3222q Deficiência de DGM (disfosfoglicerato mutase), 877q Deficiência de difosfoglicerato mutase (DGM), 877q Deficiência de diidropirimidina desidrogenase, 525, 3186f, 3187, 3187q Deficiência de diidropirimidinase, 3187q Deficiência de dinucleotídio de nicotinamida adenina desidrogenase (NADH), 232 Deficiência de DOCK8 , 482 Deficiência de enteroquinase, 2466 Deficiência de fator VII, 461, 463q Deficiência de fator XII, 463q, 974q Deficiência de fator XIII, 463q, 974q, 977-978 Deficiência de fosfofrutoquinase (glicogenose tipo VII), 877q, 3199q, 3502
Deficiência de hormônio do crescimento (GH) em adultos, 2892-2893, 2892q, 2893f em crianças, 2891-2892 idiopática, 2892 Deficiência de HPRT (hipoxantina fosforribosiltransferase), 3182, 3185, 3186q Deficiência de imunoglobulina A (IgA), 310, 2704 Deficiência de inibidor de Cl (C1INH), 110,2712-2713 Deficiência de interleucina-12 (IL-12), 1323 Deficiência de isobutiril-CoA desidrogenase, 3217q Deficiência de lactase diagnóstico de, 316 diarréia na, 313 indigestão na, 305 primária, 2465, 2465q secundária, 2465 tratamento da, 306, 313,316 Deficiência de lactato desidrogenase, 3199q Deficiência de LAMP (proteína de membrana 2 associada a lisossomo), 3203 Deficiência de LCAT (lectina-colesterol aciltransferase), 3154 Deficiência de lectina-colesterol aciltransferase, 3154 Deficiência de lipase hepática, 3149q, 3151 Deficiência de lipoproteína lipase (LPL), 3151 Deficiência de LPL (lipoproteína lipase), 3151 Deficiência de maltase ácida. Ver Doença de Pompe Deficiência de metilmalonil CoA mutase, 868-869 Deficiência de mioadenilato desaminase, 3186, 3186q, 3502 Deficiência de miofosforilase (glicogene tipo V),3199q, 3202, 3502 Deficiência de N- acetilglutamato sintase, 3216q Deficiência de ornitina transcarbamilase, 3216q Deficiência de P450 oxidorredutase, 2960q Deficiência de PCSK9, 3153 Deficiência de pirimidina-5’nucleotidase (P5N), 877q, 880, 3186f, 3187, 3187q Deficiência de piruvatoquinase, 326, 873f, 877, 877q, 3199q Deficiência de pré-calicreína, 974q Deficiência de prolidase, 3215q Deficiência de proteína C anticoagulação com varfarina na, 434 coagulação intravascular disseminada na, 979 comprometimento ocular na, 231 na púrpura fulminante meningocócica, 1028 necrose cutânea induzida por varfarina na, 422,1000 risco de trombose na, 459, 987 trombose na, 462q Deficiência de proteína de transferência de éster de colesteril (CETP), 3154 Deficiência de proteína relacionada com fuquitina, 3496, 3497q Deficiência de proteína S comprometimento ocular na, 231 necrose cutânea induzida por varfarina na, 1 0 0 0 risco de trombose na, 987 trombose na, 460, 462q Deficiência de protrombina, 461,974q
Deficiência de purina nucleosídio fosforilase, 3186q Deficiência de quinase associada ao receptor de interleucina-1 (IRAK-4), 478q, 480,1009q Deficiência de S-adenosilomocisteína hidrolase, 3216q Deficiência de Sp 110,2703 Deficiência de STAT3. Ver Síndrome de hiper-IgE Deficiência de timidina fosforilase, 3187q Deficiência de tiopurina S-metiltransferase (TPMT), 509, 525 Deficiência de TPMT (tiopurina S-metiltransferase), 509, 525 Deficiência de transcobalamina II, 648 Deficiência de triose fosfato isomerase, 877q Deficiência de ureidopropionase, 3187q Deficiência de uridina 5’-monofosfato sintetase, 3187q Deficiência de uridina difosfato galactose 4-epimerase, 3198f, 3200q, 3203 Deficiência de xantina oxidase, 3186, 3186q Deficiência do hormônio do crescimento no adulto, 2892-2893, 2892q, 2893f Deficiência do transportador de glicose 2 (síndrome de Fanconi-Bickel), 2284q, 3199q, 322 lq Deficiência fosfoglicerato desidrogenase, 3215q Deficiência fosfogliceratomutase, 3199q Deficiência idiopática de hormônio do crescimento (DIGH), 2892 Deficiência múltipla de carboxilase/ biotinidase, 3217q Deficiência múltipla de sulfatase, 3194q Deficiência seletiva de IgA, lOlOq, 2704 Deficiências das vias dos receptores Tolllike (TLR), 2698 Déficit de água livre, el5-4 Déficit de atenção, 211 Déficit de denominação, 203 Deformidade, 2822q Deformidade em sela na granulomatose com poliangiite, 1822 na policondrite recidivante, 1822, 2803, 2803q, 2804f Degarelix, para câncer de próstata, 802 Degeneração combinada subaguda, 3374 Degeneração corticobasal, 193,206, 3311,3319 Degeneração do vítreo, 233 Degeneração lobar frontotemporal (DLFT), 3311 Degeneração macular, 235,235f prevenção da, 601 seca (não exsudativa), 235 tratamento da, 235, 550 úmida (exsudativa), 235 Degeneração olivopontocerebelar, 236, 239 Degeneração/atrofia cerebelar álcool e, 3547 distúrbios da marcha na, 192q, 193194 identificação da proteína modificadora de doença na, el9-3 paraneoplásica, 624, 832q, 833q, 835 quedas na, 176 Degenerações frontotemporais, 207 Deglutição dificuldade com a. Ver Disfagia fisiologia da, 297-298, 297f testes de, 300 Delavirdina, 1571q, 1574f, 1578 Deleção, de gene, 492f, 496
Delirium, 196
abordagem ao paciente, 198-200, 200q anamnese no, 198 avaliação do, 77 demência e, 197, 579 diagnóstico do, 2 0 0 , 2 0 0 q epidemiologia do, 197 etiologia do, 77,199-200, 199q exame físico no, 198-199 fatores de risco para, 197, 579 ferramentas de triagem para, 198-199 hiperativo, 196 hipoativo, 196 induzido por fármacos, 197-198, 199q manifestações clínicas do, 196-197 no idoso, 197, 579, 579f no paciente em estado crítico, 196, 201, 2203, 2259 no paciente terminal, 77, 83q patogenia do, 197-198 pós-operatório/UTI, 196, 201, 2203 prevenção, 2 0 1 reversibilidade do, 197 tratamento do, 77, 77q, 201 D elirium tremens, 197, 3551 Demanda induzida por médico, 22 Demeclociclina efeitos adversos da, 349, el5-5 para hiponatremia, 2910 para SIAD, 349. 743, 828, el5-5 Demência, 3330. Ver tam bém tipos específicos
abordagem ao paciente, 3301-3303, 3303q, 3304q, 3305f afasia na, 206-207 amnésia global transitória e, 3314 anatomia funcional da, 3300 assistência ao paciente com, 2 1 1 - 2 1 2 associada ao HIV, 1559-1560, 1559q, 1560f complexo de ELA/parkinsonismo/ demência de Guam e, 3314-3315 deficiência de ácido nicotínico, 33133314 definição da, 3300 degeneração corticobasal, 3311 degenerativa base molecular da, 33Ò2q tipos de, 3300-3301, 3302q delirium e, 197 diagnóstico diferencial da, 330lq Do tipo Alzheimer. Ver Doença de Alzheimer em distúrbios convulsivos, 3314 em doenças por príons, 3312 em doenças psiquiátricas, 3315 em neoplasias do SNC, 14 etiologia da, 3300-3301, 3301 q, 3312 exame cognitivo na, 3302-3303, 3304q exame físico na, 3302, 3303q exame neurológico na, 3302-3303q exames laboratoriais na, 3303,3303q, 3305f exposição a metais e, 3314 frontotemporal. Ver Demência frontotemporal história do paciente na, 3301-3302, 3303q insônia na, 218 manifestações clínicas da, 3304q múltiplos infartos, 3309 na deficiência de vitamina B,, 3313 na deficiência de vitamina B12, 3313 na doença de Creutzfeldt-Jakob, 3312 na doença de Huntington, 3312 na doença de Parkinson, 3312, 3325 na doença de Pick, 3311,331 lf na hidrocefalia com pressão normal, 3312-3313, 3313f
ÍNDICE
Deficiência de fosfogliceratoquinase, 877q,3199q Deficiência de fosforilase muscular (glicogenose tipo V) Deficiência de fosforilase quinase cardíaca, 3200q Deficiência de fosforilase quinase hepática (glicogenose tipo IX), 3199q, 3201 Deficiência de fosforilase quinase muscular, 3199q Deficiência de fosforilatoquinase (glicogenose tipo IX), 2284q, 3199q, 3201 Deficiência defrutose 1,6-difosfatase, 3198f, 3200q, 3203 Deficiência de frutose 1,6-difosfato aldolase, 3198f, 3200q, 3203 Deficiência de frutose 1,6-difosfato aldolase A, 3200q Deficiência de G6 PD. Ver Deficiência de glicose-6 -fosfato desidrogenase (G6 PD) Deficiência de galactoquinase, 3198f, 3200q, 3203 Deficiência de GAPD (gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase), 877q Deficiência de 7 -glutamilcisteína sintase, 87q Deficiência de gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase (GAPD), 877q Deficiência de glicina N - metiltransferase, 3216q Deficiência de glicogênio sintase (glicogenose tipo 0), 3199q, 3202 Deficiência de glicose-6 -fosfatase (glicogenose tipo I), 3199q, 3200-3201 Deficiência de glicose-6 -fosfato desidrogenase (G6 PD), 878 anemia hemolítica aguda na, 449,878-879 anemia hemolítica não esferocítica crônica na, 879 anormalidades das enzimas eritrocitárias na, 877q considerações globais na, 878, 879f contraindicações de fármacos na, 878, 879q dapsona, 1364,1556 furazolidona, e26-4 primaquina, 1699q, 1701q, 1702, 1705 diagnóstico de, 880, 3586q epidemiologia da, 878, 879f esfregaço de sangue periférico na, 878-879, 880f fatores genéticos na, 878 febre maculosa das Montanhas Rochosas, 1409 fisiopatologia da, 873f, 878,878f icterícia na, 326 manifestações clínicas da, 878-879 resistência à malária e, 878,1691 respostas farmacológicas na, 42q, 44 teste genético para, 524q tratamento da, 524q, 880 Deficiência de glicose-6 -fosfato isomerase (GPI), 873f, 877q Deficiência de glutamina sintase, 3217q Deficiência de glutationa peroxidase, 880 Deficiência de glutationa sintase, 877q Deficiência de GPI (glicose-6 -fosfato isomerase), 873f, 877q Deficiência de GPIHP1, 3151 Deficiência de grânulos específicos, 478q, 479 Deficiência de hexoquinase (HK), 877q Deficiência de hipoxantina fosforribosiltransferase (HPRT), 3182, 3185, 3I86q Deficiência de HK (hexoquinase), 877q
1-35
na paralisia supranuclear progressiva, 3311 na síndrome de Korsakoff, 3313 na vasculite isolada do SNC, 3314 nas infecções do SNC, 3304 no alcoolismo, 3313 perda da memória na, 2 1 2 prevalência da, 3300 prevenção da, 3042q, 3044 relacionada com traumatismo cranioencefálico, 3314 semântica, 209, e9-2 tipos de, 3300-3301,3302q tratamento da, 3315-3316 vascular, 3300, 3308, 3309q Demência com corpúsculos de Lewy, 3312 disfunção olfatória da, 244 hipotensão ortostática na, 174 manifestações clínicas da, 197,3312 neuropatia da, 3312 tratamento da, 3312 Demência da doença de Parkinson (DDP), 3312 Demência frontotemporal, 3309-3311, 3310f anatomia funcional da, 3300 disfunção olfatória na, 244 manifestações clínicas da, 3310 neuroimagem na, 3310,3310f variante comportamental, 2 1 1 Demência por múltiplos infartos, 3309 Demência pugilística, 3314 Demência vascular, 3300, 3308, 3309f Demetropia, 224 Denileucina diftitox, 700q, 706 Denosumabe ação do, 681, 3133 efeitos adversos do, 3133f para tratamento/prevenção da osteoporose, 3131, 3133, 3133f profilático, no câncer de próstata, 802 Densidade do antígeno prostático específico (PSA), 797 Densidade energética, do alimento, 633 Densitometria, 622 Dentaduras, 275-276, el2-2f Dentes. Ver tam bém Entradas para dental alterações relacionadas com a idade, 275-276 de Hutchinson, 268 descoloridos, 268 desenvolvimento dos, 267 doenças dos, 267, el2-l dor de, 257 estrutura dos, 267 extração dentária, 275 perda dos, 268, 275-276 Dentes de Hutchinson, 268,1384 Dentina, 267 Dependência de álcool. Ver Abuso ou dependência de álcool (alcoolismo) de substância, vs. abuso de substância, 3526. Ver tam bém Transtornos de uso de substâncias física, 3526 psicológica (motivacional), 3526 Dependência do oncogene, 6676,678f, 682 Dependência física, 3526 Dependência motivacional, 3526 Dependência psicológica (motivacional), 3526 Depilatório, 383 Depleção de volume, 2287f Depressão, 467 Depressão maior, 3536, 3537q, 3538f. Ver tam bém depressão/transtornos depressivos Depressão menor, 3536-3537
Depressão/transtornos depressivos, 3536 agitada, 3540 alterações quimiossensoriais na, 246 avaliação da, 76 cefaleia e, 113 circuidade neural da, 3525f depressão maior, 3536, 3537q, 3538f depressão menor, 3536-3537 disfunção sexual na, 375,379 dor e, 99-100 em mulheres, 54 em paciente com câncer, 651 em veteranos de guerra, e48-5 a e48-6 etiologia, 76, 3537 fisiopatologia da, 76, 3537 insônia e, 217 manifestações clínicas na, 3536-3537, 3537q na EM, 3398 na epilepsia, 3268 náusea e vômitos na, 302 no paciente terminal, 76 perda de peso involuntária na, 642 pós-parto, 54 relacionada com doença clínica, 3536 relacionada com fármacos, 3536 tontura na, 181 tratamento da algoritmo para, 3538f antidepressivos, 353lq, 3532q, 3537-3539 de suporte, 3537-3538 em distúrbios da função cerebral, 212
erva-de-são-João, e2-5 no paciente terminal, 76 triagem para, 30q unipolar, 3537 Depuração, de fármacos, 37 Depuração da creatinina, 334 na doença renal crônica, 40 na gravidez, 56 no idoso, 40 Depuração das vias respiratórias, na reanimação cardiopulmonar, 2243 Deriva antigênica, no vírus influenza , 1493q, 1494 Deriva epigenética, 568 Deriva genética, el8-3 Derivado proteido purificado (DPP)/ teste cutâneo de tuberculino (TCT) Derivados do ácido fibrico efeitos adversos dos, 3159q, 3508q para distúrbios das lipoproteínas, 3159q, 3160 para síndrome metabólica, 1996 Derivados do plasma, 952,954 Dermagen, 553q Dermagraft, 553q DermaMatrix, 553f Dermatite, 395 de contato. Ver Dermatite de contato em síndromes de má absorção, 2476q estase. Ver Dermatite de estase seborreica. Ver Dermatite seborreica Dermatite actínica, fotossensibilidade na, 445 Dermatite atópica, 395 asma e, 2 1 0 2 dermatite de contato alérgica e, 396 etiologia da, 395 imunologia da, 2676q manifestações clínicas da, 395q, 406q distribuição, 39lq, 392f, 395 em crianças, 395 em lactentes, 395 liquenificação e descamação, 395f, el 6 -lf morfologia, 391q prurido, 395
mediadores inflamatórios na, 2682q tratamento da, 395-396,406q Dermatite das fraldas, 1652 Dermatite de contato, 396 alérgica, 396,406q, el6-2f atividade do inflamassoma na, 2657q diagnóstico da, 394,406q induzida por fármacos, 48 irritante, 396,406q manifestações clínicas da, 406q distribuição, 390, 391, 392f fase aguda, 393f fase crônica, 393f morfologia, 39 lq vesículas/bolhas, 413,414q tratamento da, 396-397,406q Dermatite de contato alérgica. Ver Dermatite de contato, alérgica Dermatite de estase, 397 distribuição da, 392f tratamento da, 398,406q manifestações clínicas da, 39lq, 397f, 406q, el6-2f Dermatite herpetiforme, 427 associação do gene HLA à, 2693q diagnóstico da, 427 doença celíaca e, 2471 histologia da, 424q imunopatologia da, 424q manifestações clínicas da, 390,393f, 414q, 424q, 427,el6-4f tratamento da, 427-428 Dermatite por iodo, e26-4 Dermatite por miriápodes, 3583 Dermatite seborreica, 398 infecção por Malassezia na, 1669 manifestações clínicas da distribuição e morfologia, 39lq, 392f, 398 eritrodermia, 406q facial, 398f, el6-2f na infecção pelo HIV, 1557 tratamento da, 398, 406q Dermatofhagoidespteronyssinus , 2102, 21072108 Dermatofibroma, 39lq, 392f, 724q Dermatofibrose lenticular disseminada,3141 Dermatofibrossarcoma protuberante, 732 Dermatofitose, 401 características histológicas da, 399q diagnóstico da, 401, epidemiologia da, 1669 etiologia da, 401, 402q, 1669 manifestações clínicas da, 391q, 399q, 401, 402q, 1669-1670 patogenia da, 1669 tratamento da, 401-402, 402q, 1670, 1670q Dermatografismo, 2711,2712f, el6-3f Dermatomiosite, 428, 3509 calcinose na, 3517 diagnóstico da, 428, 3514-3516, 3515f, 3515q diagnóstico diferencial da, 3512-3514 doença pulmonar intersticial na, 21672168 fenômeno de Raynaud na, 72 fraqueza na, 186 imunopatogenia da, 2676q, 3511, 3512f induzida por fármacos, 3514 manifestações clínicas da, 3509-3510, 3510q manifestações cutâneas da, 428-429, 429f exantema, el6-13f nas mãos, el6-13f telangiectasias, 409,409q neoplasias malignas associadas à, 3511 paraneoplásica, 832q
prognóstico da, 3517 tratamento da, 3516-3517 Dermatomiosite sem miosite, 429, 3510 Dermátomos, 189q, 191f Dermatopatia fibrosante nefrogênica, 2317 Dermatose acantolítica transitória, 391q Dermatose bolhosa com IgA linear, 437 Dermatose bolhosa da hemodiálise, 414q, 415 Dermatose neutrofílica febril, ver Síndrome de Sweet Dermatose neutrofílica febril aguda. Ver Síndrome de Sweet Dermografismo, 416, 416q, 2712f Dermopatia, tireóidea, 2924, 2924q, 2927 Dermopatia tireoidiana, 2924, 2924f, 2927 Derrame parapneumônico, 2179 Derrame pericárdico crônica, 1974f, 1975-1976, 1978 ecocardiografía na, 1841,1841f, e29-lV exame físico no, 1830 maligno, 653, 2267-2268 na pericardite, 1971 na síndrome de Churg-Strauss, e40-3f radiografia de tórax no,1973f Derrame pleural diagnóstico de, 2178, 2178f, e34-14f diagnóstico diferencial do, 21802181, 2180q etiologia do, 2178 exsudativo, 2178 maligno, 653, 742, 745, 750, 2179 na cirrose, 2179 na embolia pulmonar, 2179 na infecção viral, 2179 na insuficiência cardíaca, 2178-2179 no hemotórax, 2180 no mesotelioma, 2179 no quilotórax, 2179-2180 pancreático, 2640f, 2643 parapneumônico, 2179 transudativo, 2178 tuberculoso, 1346-1347, 2179 DES. Ver Dietilestilbestrol (DES) Desabrigados, problemas de saúde mental em, 3545 Descida perineal, 309f, 318 Descolamento da placenta, 56,59 Descolamento do vítreo, 233 Descondicionamento, dispnéia no, 278q, 279 Desconfiança entre o paciente e o profissional de saúde, e4-5, e4-7 Desconforto/dor torácica, 1 0 2 . Ver tam bém Angina de peito abordagem ao paciente, 103q, 105107, 105q agudo, 103q, 105-107 com disfagia, 299-300 de esforço, 1817 diretrizes e vias críticas, 107 ECG no, 105-107 exame físico no, 105 história no, 105 na anemia falciforme, 855 na angina instável, 102,103q, 105, I06q na cardiopatia isquêmica, 1 0 2 , 1 0 2 q, 106q na dissecção aórtica, 103q, 104 na doença cardioavascular, 1817 na doença de disco cervical, 104 na doença musculoesquelética, 103q, 104 na doença respiratória, 2084,2085 na doença ulcerosa péptica, 1 0 2 q, 103q, 104
na DRGE, 102q, 103q, 104, 24332434 na embolia pulmonar, 102q, 103q, 104, 106 na estenose aórtica, 102,102q, 103q na hipertensão pulmonar, 103q na isquemia miocárdica, 102,105107 na miocardiopatia hipertrófica, 102 na pericardite, 102q, 104, 1971,2000, 2022, 2033 napleurite, 102q, 103q, 104 na pneumonia, 102q, 103q, 104 não agudo, 107 nas cãibras musculares intercostais, 104 nas síndromes da parede torácica, 102q no câncer de pulmão, 102q, 742, 742q no herpes-zóster, 102q, 103q, 104 no infarto do miocárdio. Ver Infarto do miocárdio, dor torácica no no pneumotórax, 103q, 104,105 nos cálculos biliares, 102q, 103q, 104 nos distúrbios esofágicos, 102q, 2427, 2432 nos transtornos psiquiátricos, 103q, 104-105 Descongelamento, para geladura, 169, 169q Descongestionantes efeitos adversos dos, 2048q overdose/intoxicação com, e50-9q para congestão nasal, 2716,2717f para infecções do trato respiratório superior, 256 para otite média, 261 para resfriado comum, 1487 para sinusite, 257 Desejo sexual hipoativo, feminino, 379 Desempenho cardíaco avaliação do, 1806 controle do, 1805 Desenvolvimento das gónadas, 30463048, 3048f Desenvolvimento embrionário de vasos sanguíneos, 1799 do coração, 1809-1811, 1810f, 1920 do rim, 2280, 2280f, 2289 Desenvolvimento sexual componentes do, 3046,3046f distúrbios do, 3046, 3047q. Ver também distúrbios específicos normal, 3046, 3049f regulação gênica do, 3048f Desequilíbrio, 194. Ver também Equilíbrio Desequilíbrio de ligação, 44, 505q, 506, 2688 Desequilíbrio/heterogeneidade de ventilação-perfusão, 2090-2091, 2091f na asma, 278 na DPOC, 278 na hipoxia, 287 na sepse/choque séptico, 2227 nas doenças pulmonares intersticiais, 2164 no edema pulmonar cardiogênico, 281 Desferroxamina efeitos adversos da, 860-861 para hemocromatose, 3166 para hemossiderose, 860 Desfibrilação para parada cardíaca, 2243-2244 para taquicardia/fibrilação ventricular, 1892-1893 Desfibrilação externa automática (DEA), 2243-2244 Desfibrilador acesso público a, 1047 externo automático, 2243-2244 viajantes com, 2822q
Desfibrilador cardíaco interno (DCI), 2245 Desfiladeiro torácico, 141 Des-"y-carboxi protrombina (DCP), 779 Desidratação, 2287 delirium na, 198 na diarréia, 312 na hipotermia, 167 no cólera,1292-1293,1292q, 1293q no paciente terminal, 83q Desidroepiandrosterona (DHEA) efeitos adversos da, 2732q no hirsutismo, 381 para LES, 2732q Desidrogenase málica, e26-4 Desiodinase(s), 291 lf, 2915 síndrome de Déjérine-Roussy, 190, 3292, 3295 Desipramina dose, 353lq efeitos adversos da, 353 lq para depressão, 651, 353lq para dor, 98q, 100, 101 para síndrome do intestino irritável, 2500 "Deslize” (erro), 85 Desmame da ventilação mecânica, 2214, 2214f Desmame terminal, 79-80 Desmina, mutações de, 1952 Desmogleinas, 425 Desmopressina (DDAVP) efeitos adversos da, 972 estrutura da, 2902f para diabetes central insípido, 350, 351 para diabetes insípido, 2906, 2907f para diabetes insípido gestacional, 350 para diabetes insípido nefrogênico, 350, 351, el5-3 para distúrbios da coagulação na doença renal crônica, 2316 para distúrbios da função plaquetária, 971 para doença de von Willebrand, 972 para enurese noturna, 2 2 1 para hemofilia, 976 para hipernatremia, 349, 350 para hiponatremia, el5-6 para hipotensão ortostática, 174 Desmossomo, defeitos genéticos dos, 1955q Desmoteplase, 1002q, 1003 Desnervação por radiofreqüência, 138 Desnudamento paradoxal, 166 Desnutrição, 605 considerações globais, 608 deficiência de gonadotropinas devido à, 3017-3018 doença hepática alcoólica e, 2589, 2589q hipotermia na, 165 índice de massa corporal na, 614q micronutriente, 607,608 na cirrose, 2602 na doença renal crônica, 2317 na lesão renal aguda, 2307 nas síndromes de má absorção, 2476q no idoso, 581 proteico-energética. Ver Kwashiorkor (desnutrição proteico-calórica); Marasmo risco de, 592 Desnutrição de micronutrientes, 607 Desnutrição proteico calórica. Ver Kwashiorkor Desnutrição proteico energética, 605. Ver tam bém Kwashiorkor; Marasmo Desoxicoformicina, 698q, 703 Desoxiemoglobina, 852, 853f
Despertar confusional, 2 2 1 níveis de, no coma, 2250 Dessensibilização para prevenção de reações medicamentosas cutâneas, 438,439 Destruição de “expectador”, 1537 Desvenlafaxina, para depressão, 3531q Desvio angiogênico, 683 Desvio antigênico no vírus influenza, 1493,1493q Desvio aortobifemoral, 2068 Desvio axilofemoral, 2068 Desvio biliopancreático, 635, 635f Desvio enviesado, 240 Desvio femoral-femoral, 2068 Detumescência, 374f, 375 DEVH. Ver Doença de enxerto versus hospedeiro (DEVH) DEXA. Ver Absorciometria de raios-X de dupla energia (DEXA) Dexametasona como pré-medicação para taxanos, 704 para aumento da pressão intracraniana, 2257q para choque hipossuprarrenal, 2 2 2 2 para doença da altitude, e51-2 a e51-3 para dor, 73 para edema pulmonar de grandes altitudes,e51-3 para fadiga, 75 para hiperplasia suprarrenal congênita, 384 para meningite, 1230, 3417 para meningite bacteriana, 3417 para metástases cerebrais, 2271 para mieloma múltiplo, 705 para náusea, 74 para náusea e vômitos, 653, 709 Dexlansoprazol, para DRGE, 306 Dextrinose limite (glicogenose tipo III), 3199, 3201 Dextroanfetamina para depressão, 76 para fadiga, 76 para narcolepsia, 2 2 0 para sonolência, 73 Dextrocardia, 1928, e28-16f Dextrometorfano overdose !intoxicação com, e50-15q para tosse, 256, 284 Dextrorrazoxano antídoto para extravasamento induzido por doxorrubicina, 702 para proteger o coração de antraciclinas, 838 Dextrose para hipernatremia, 351 para hipopotassemia, 359 para hipovolemia, 344 DGC. Ver Doenças granulomatosas crônicas (DGC) DHEA. Ver Desidroepiandrosterona (DHEA) DHF redutase. Ver Diidrofolato (DHF) redutase DHT (doença hepática terminal), transplante de fígado para, 2614, 3166 Diabetes do jovem com início na maturidade (MODY), 2968,2969q fatores genéticos no, 491q, 504q, 2976 manifestações clínicas do, 2976 testes genéticos para, 524q Diabetes gestacional, 53, 58, 2868, 2869q Diabetes insípido (Dl), 2904 adípsico, 349 central, hipovolemia no, 343 poliúria no, 340 tratamento do, 350, 341 deficiência de AVP e, 2904
diagnóstico diferencial do, 2905, 2906, 2906f etiologia do, 2904, 2905q fisiopatologia do, 2904-2905 gestacional, 350 nefrogênico, associado ao lítio, el5-3 a el5-4 diagnóstico do, 2364 etiologia do, 350, 2904, 2905q fatores genéticos no, 2284q, 2357q, 2363 manifestações clínicas do, 340, 343, 350, 2357q, 2363, el5-3 patogenia do, 2362f, 2363 testes genéticos para, 52.4q tipo 2, 3222q tratamento do, 350, 351, 524q, 2364,el5-4 neuro-hipofisário etiologia do, 2904,1905q fatores genéticos no, 497 teste genético para, 524q tratamento do, 524q tratamento do, 2906-2907,2907f Diabetes insípido gestacional, 350 Diabetes melito (DM), 2968 abordagem ao paciente, 2988-2989 acidose láctica no, 366 anemia no, 455 apneia do sono obstrutiva e, 2188 artropatia de Charcot associada ao, 2855, 2855f, 2856q classificação do, 2968, 2968f, 2969q complicações do. Ver também tipos específicos agudas, 2976 controle glicêmico e, 2981, 2982f crônicas, 2980, 2980q dos membros inferiores, 2987. Ver tam bém Pé diabético mecanismos de, 980 renais, 2982-2983, 2983f. Ver tam bém Nefropatia diabética retinopatia, 2981-2982, 2982f. Ver tam bém Retinopatia diabética aspectos psicossociais do, 3001 aterosclerose e, 1989 avaliação laboratorial do, 2970q, 2989 avaliação pré-operatória do, 6 6 biossíntese, secreção e ação da insulina, 2971-2972, 2971f, 2972f CAD devido ao, 2976 câncer pancreático e, 786 cardiopatia isquêmica no, 2008 carga global do, 16 cetoacidose no. Ver Cetoacidose diabética comprometimento ocular no cataratas, 234 degeneração do vítreo, 233 hemorragia retiniana, 230 membrana epirretiniana, 236 midríase, 226 miopia, 224 neuropatia óptica, 231 oclusão da veia retiniana, 231 paralisia do nervo abducente, 239 paralisia do nervo oculomotor, 238 pupila tônica, 226 retinopatia. Ver Retinopatia diabética considerações especiais no, 3001 considerações globais, 2969, 2970q definição do, 2968 depressão no, 3536 diagnóstico do, 2969-2970, 2979f, 2970q diarréia no, 314,317 disfunção autônoma no, 3357
ÍNDICE 1-38
disfunção erétil no, 375,2985 disfunção sexual feminina no, 379 dislipidemia no, 2986 distúrbios gustativos no, 245 doença cardiovascular no, e31-l, e31iq considerações globais, 1816 dados de morbidade e mortalidade, 2985-2986 fatores de risco para, 2986-2987 miocardiopatia, 1962 doença gastrintestinal no, 2985 doença geniturinária no, 2388,2985 dor abdominal no, 1 1 0 ,1 1 lq efeitos do metabolismo das lipoproteinas sobre, 3155 ejaculação retrógrada no, 2985 em mulheres, 51f, 53 em pacientes hospitalizados, 30013002 em viajantes, 787 epidemiologia do, 2969 etiologia do, 2969q exame físico no, 2989 fatores genéticos no, 49 lq, 503, 504q, 519, 2975. Ver tam bém Diabetes juvenil de início na maturidade (MODY) fragilidade e, 577,582 fulminante, 2968 gastroparesia no, 301 gestacional. Ver Diabetes gestacional hemocromatose no, 3164 hipertensão e, 2986-2987 hipoglicemia no, 3005-3006. Ver tam bém Hipoglicemia, no diabetes melito história no, 2988-2989 homeostasia da glicose, 2968, 2968f incidência de, 2969, 2970f infecções no, 2988 lipodistrófico, 3002 manifestações cutâneas do, 412,414415, 414q, 2988 manifestações orais do, 268,274 microbiota intestinal e, 532 miopatia no, 3507 mortes por, 67q na gravidez, 58 náusea e vômitos no, 301 neuropatia no. Ver Neuropatia diabética no idoso, 582 nos países em desenvolvimento, 16 nutrição parenteral no paciente com, 619, 3002 otite externa no, 259-260 pancreatite autoimune e, 2644 patogenia do, 2972 poliúria no,340 prevalência do, 2969, 2970f resistente à insulina, 3080 risco de meios de contraste no, 1854 SHH devido a, 2979 síndrome metabólica e, 1989,1993, 1995 tipo 1, 2972-2974, 2972f associação ao gene HLA, 2693, 2694 fatores ambientais no, 2972f, 2973 fatores genéticos no, 2973 fisiopatologia do, 2973 hipertensão no, 2983 KIR, com, 2666q marcadores imunológicos no, 2676q, 2973 mediadores inflamatórios no, 2682q prevenção do, 2973-2974 tratamento do, 2992-2995, 2993q, 2994f, 2996q agentes para controle da glicose, 2995
amilina, 2995 aspectos gerais do, 2990q, 2992 esquemas de insulina, 29932995, 2994f nível-alvo de controle glicêmico, 2992 pranlintida, 2995 preparações de insulina, 2993, 2993q tratamento intensivo, 29922993 tipo 2 anormalidades metabólicas no, 2972f, 2974-2975, 2974f anormalidades musculares no, 2974-2975, 2982f comprometimento da secreção de insulina no, 2974f, 2975 fatores de risco para, 2970-2971, 2971q fatores genéticos no, 2974, el 8 - 8 fisiopatologia do, 2974,2974f hipertensão no, 2983 metabolismo no, 2974-2975, 2982f na esquizofrenia, 3544 obesidade e, 528 patogenia do, 2974 prevenção do, 2975, 3042q, 3044 produção de lipídios no, 2975 produção hepática de glicose no, 2975 síndromes de resistência à insulina no, 2975 tratamento do, 2995-3000,2995f, 2996q, 2997q, 2999f agentes hipoglicemiantes iniciais, 2999, 2999f biguanidas, 2995,2996q bromocriptina, 2996q, 2998 hipoglicemiante, 2995-3000, 2995f, 2996q, 2997q, 2999f inibidores da T-glicosidase, 2996q, 2997-2998 insulinoterapia, 2996q, 29983000 resinas de ligação de ácidos biliares, 2996q, 2998 secretagogos da insulina, 29952997, 2996q, 2997q terapia de combinação, 29993000 tiazolidinedionas, 2996q, 2998 triagem e avaliação do, 2874q tipo(s) de, 2968, 2969q tratamento do, 2989 ambulatorial, melhora do, 89 aspectos continuados do, 30003001, 3000q complicações do, 3000 cuidados abrangentes no, 29892990 durante a terapia de nutrição parenteral, 3002 educação do paciente no, 2990 equipe multidisciplinar no, 2989 exercício no, 2991 glicocorticoides, 3002 metas para, 2989,2990q monitoração do controle glicêmico, 2991 monitoração do nível de glicemia, 2991-2992 no idoso, 582 princípios no, 2989-2990, 2990q problemas de reprodução, 3002 terapia com células-tronco, 545546 terapia de nutrição clínica no, 2990-2991,2990q terapias emergentes, 3000 triagem para, 30q, 584, 2970-2971, 297 lq viagem em grandes altitudes e, e51-5
Diabetes melito insulino-dependente (DMID). Ver Diabetes melito, tipo 1 Diabetes melito não insulino-dependente (DMNID). Ver Diabetes melito tipo2 Diabetes melito resistente à insulina, 3080 Diacetato de etinodiol, para hirsutismo, 383 Diagnóstico excessivo, 659 Diagnóstico pré-natal, 508, 513, e18-10 Diagnóstico pré-natal, 509 Dialisado, 2323 Dialisador, 2322-2323, 2325 Diálise. Ver Hemodiálise; Diálise peritoneal Diálise diária estendida (DDE), 2307 Diálise lenta de baixa eficiência (DLBE), 2307 Diálise peritoneal acesso para, 2325-2326 ambulatorial contínua, 359,1078, 2307,2325 cíclica contínua, 2325 complicações da, 2326 dose para, 2325-2326 princípios de, 2325 soluções para, 2325 Diálise peritoneal ambulatorial contínua (DPAC). Ver tam bém Diálise peritoneal para doença renal crônica, 2325 para hiperpotassemia, 359 para lesão renal aguda, 2307 peritonite na, 1078,2326 Diapedese, 474, 475f Diarréia, 309. Ver tam bém Gastrenterite achados endoscópicos na, 2422, 2424f ácido biliar, 2462, 2463f ácido graxo, 2462,2463q acidose metabólica na, 344,368 adenovírus, 1491 aguda, 309-310 abordagem ao paciente, 311 etiologia da, 310 infecciosa, 310, 31 lq. Ver tam bém Diarréia infecciosa tratamento da, 312, 312f após colecistectomia, 2624 após vagotomia, 2454 associada a antibióticos, 310,1205, 2465. Ver tam bém Doença associada à Clostridium difficile azotemia na, 336 C. difficile. Ver Doença associada à Clostridium difficile
com alimentação enteral, 621 como sintoma, 2460 crônica, 309,312-313 abordagem ao paciente, 315-316, 315f avaliação laboratorial, da, 316 causas congênitas, 313 causas de dismotilidade, 313q, 314 causas de esteatorreia, 313-314, 313q causas factícias, 313q, 314-315 causas iatrogênicas, 313q causas inflamatórias, 313q, 314 causas osmóticas,313,313q causas secretórias, 312-313,313q exame físico na, 315, 316q tratamento da, 316-317 de Brainerd, 311 definição de, 309 diabética, 314, 317 diagnóstico diferencial da, 2460 distúrbios de absorção e, 2460. Ver tam bém Síndromes de má absorção do viajante. Ver Diarréia dos viajantes epidemiologia da, 308 hipernatremia na, 350 hiponatremia na, 344
hipopotassemia na, 352 hipovolemia na, 343 infecciosa, 310,1083. Ver tam bém infecções por Escherichia coli, intestinais; diarréia dos viajantes abordagem ao paciente, 10841086,1085f avaliação laboratorial da, 10871088 B.fragilis, 1335 Campylobacter. Ver Infecções por Campylobacter spp. com manifestações sistêmicas, 311 complicações da, 1086,1086q Cryptosporidia, 1731 Cyclospora, 1732 defesas do hospedeiro contra, 1084 diagnóstico da, 1252 em indivíduos imunodeficientes, 310 em pessoas em instituições, 310 epidemiologia da, 310,1086-1087 Giardia, 1730 inflamatória, 1083q Isospora, 1732 manifestações clínicas da, 310, 31 lq Microspodia, 1732 não inflamatória, 1083q patogenia da, 1083-1084, 1083q penetrante, 1083q prevenção da, 1089 relacionada com alimentação, 310, 1088, 1088q Salmonella. Ver Infecções por Salmonella spp. Shigella. Ver Infecções por Shigella spp. tratamento da, 1088-1089,1088q, 1252-1253 viral vs. bacteriana. Ver também Gastrenterite na colite ulcerativa, 2481,2482q na doença celíaca de, 2471 na doença de Whipple, 2474 na enteropatia perdedora de proteína, 2475 na infecção pelo HIV, 1551-1552 na jejunoileite, 2483 na síndrome de crescimento bacteriano excessivo, 2473 na síndrome do intestino curto, 2472 na síndrome do intestino irritável, 2496 na SZE, 2455 nas síndromes de má absorção, 2460, 2466, 2476q no espru tropical, 2471 osmótica, 350, 2460 paraneoplásica, 827q perda de água na,588 persistente, 309 por transbordamento, 310 relacionada com quimioterapia, 709 sanguinolenta, 310,31 lq secretora, 350,2460 Diarréia associada a antibióticos, 310 Diarréia de ácidos biliares, 2462, 2462q Diarréia de ácidos graxos, 2462,2463q Diarréia de Brainerd, 311 Diarréia de sódio, congênita, 313 Diarréia dos viajantes, 310,1045 após retorno, 1045 autotratamento da, 1045 etiologia da, 310,1045,1086,1086q na infecção pelo HIV, 1047 prevenção da, 312, 1045, 1089 tratamento da, 1088-1089,1088q Diarréia induzida por sais biliares, após colecistectomia, 2624
Diarréia osmótica. Ver tam bém Diarréia Diarréia secretora, 350,2460. Ver tam bém Diarréia Diascopia, 394 Diatrr/.oato demeglumina, 967q Diazepam dose de, 3533q farmacologia do, 3533q no tratamento de abuso da cocaína, 3557 overdose/intoxicação com, e50-12q para envenenamento por animais marinhos, 3572 para exposição a agentes neurais, 1785f, 1785q, 1786 para insônia para sedação após infarto do miocárdio, 2029 para síndrome da pessoa rígida, 836 para transtorno de ansiedade generalizada, 3533q para vertigem, 180q Diazóxido efeitos adversos do, 434 Dichuchwa. Ver Sífilis endêmica Diciclomina, overdose/intoxicação com, e50-9q a e50-10q Diclofenaco efeitos adversos do, 445q, 967q para osteoartrite, 2836q Dicloralfenazona, para enxaqueca, 118q, 120 Dicloxacilina efeitos adversos da, 329, 352 para celulite auricular, 259 para infecções estafilocócicas da pele/ tecidos moles, 396,1169q Dicromato, 226 Didanosina, (ddl) contraindicações para, 1574 efeitos adversos da, 1570q, 1574 estrutura molecular da, 1574f para infecção pelo HIV, 1570q, 1574 resistência à, 1576f Didesoxinucleosídios, efeitos adversos dos, 1562 Dientamoeba fragilis, 1734 Dieta asma e, 2103 baixo teor de bactérias, 722 câncer colorretal e, 768-769, 769q câncer de mama e, 754-755 câncer de pulmão e, 737 composição da, 591 densidade energética da, 633 doença cardiovascular e, 1815 doença ulcerosa péptica e, 2444 no idoso, 585 para distúrbios das lipoproteínas, 3158 para prevenção do câncer, 655-656 Dieta com teor muito baixo de calorias, 633 Dieta DASH, 2054, 2054q Dieta de Atkins, 633 Dieta de Sugar Busters, 633 Dieta isenta de glúten para dermatite herpetiforme, 427 para distúrbios atáxicos, 3344 para doença celíaca, 2471 Dieta líquida clara, 592 Dieta líquida total, 592 Dieta pobre em carboidratos, 633 Dieta pobre em gordura, 655 Dieta South Beach, 633 Dieta terapêutica, 592 Dieta vegetariana absorção de ferro e, 845 deficiência de cobalamina na, 8 6 6 , 867q Dieta Zone, 633 Dietary Supplements Health and Education Act (DSHEA), e2-3
Dietilamida do ácido lisérgico (LSD), 144, 144q, 3559 Dietilcarbamazina efeitos adversos da, 1680q, 1747-1748 farmacologia da, e26-3 para eosinofilia pulmonar tropical, 1748 para filariose linfática, 1747 para loíase, 1750 Dietilestilbestrol (DES) ação do, 704 efeitos adversos do, 656q, 704,802 para câncer de próstata, 704,802 Dietilpropiona, para perda de peso, 634 Difenidramina overdose/intoxicação com, e50-9q, e50-15q para anafilaxia, 2710 para diarréia, 316 para prevenção de reações distônicas Difeniltidantoína, efeitos adversos da, 465 Diferença arteriovenosa de 0 2,2222q Diferenças sexuais, 51. Ver tam bém Saúde das mulheres Diferenciação, nas células cancerosas, 695 Diferenciação hematopoiética, 54lf Difteria abordagem ao paciente, 1189 complicações da, 1190 considerações globais, 1188 cutânea, 1188,1190,1190f diagnóstico da, 1190 diagnóstico diferencial da, 1189 epidemiologia da, 1007f, 1188 etiologia da, 1188 faringite na, 263,1189,1189f incidência pré- e pós-vacina, nos Estados Unidos, 1032q, 1188 laringite na, 265 manifestações cardíacas da, 1871q, 1959-1960 manifestações clínicas da, 11891190,1189f neuropatia na, 3460 patogenia da, 1188-1189 patologia da, 1189 prevenção da, 1033f, 1191 profilaxia para contatos íntimos, 1191 prognóstico da, 1191 tratamento da, 1190-1191 Difteria cutânea, 1188, 1190, 1190f Difusão facilitada, 2283 DIGH (deficiência idiopática de hormônio do crescimento), 2892 Digitálicos ação dos, 1803 efeitos adversos dos, 48, 232,187 lq efeitos do ECG dos, 183 para disfunção do nó SA, 870 para doença cardiovascular induzida por radiação, 839 para edema pulmonar, 2237 para taquicardia de reentrada do nó AV, 1888 toxicidade dos, 1863q Digoxina dose de, 1883q efeitos adversos da, 967q hiperpotassemia, 356 hipopotassemia, 353 não arrítmicos, 1884q náusea e vômitos, 302, 302q, 581 pró-arrítmicos, 1884q farmacologia da, 1883q indicações para, 1883q interações medicamentosas da, 38, 46q, 1143, 1147q, 1679q metabolismo da, 35q, 38 overdose! intoxicação com, e50-l lq para arritmia supraventricular, 2032
para fibrilação atrial, 1884 para flu tte r atrial, 1886 para insuficiência cardíaca, 1908q, 1910-1911 toxicidade da, 38, 1867f, 1879, 1897 DII. Ver Doença intestinal inflamatória (DII) Diidroergotamina para cefaleia de esforço, 127 para cefaleia por uso excessivo de medicação, 125 para enxaqueca, 118q, 119-120, 119q spray nasal, 118q, 119 Diidrofolato (DHF) redutase inibição da, e26-7, e26-8 na resistência a antibióticos, 1135f, 1136, 1138 na síntese de DNA, 863, 863f Diidropirimidina desidrogenase, 42q Diidropteroato sintetase, 1134q, 1135f, 1138 Diidrotestosterona, 381 1,25-diidroxivitamina D, 442. Ver tam bém Vitamina D ação da, 360, 360f, 3092-3093, 3092f, 3093f produção excessiva de, 360,360q, 361, 827q, 828 Dilatação esofágica, 2436 Dilatação vaginal, 385 Diltiazem dose de, 1883q efeitos adversos do, 2009q cutâneos, 435 farmacologia do, 1883q indicações para, 1883q interações medicamentosas do, 1147q, 1681q, 2010 overdose/intoxicação com, e50-llq para AI/IMSEST, 2017 para arritmia supraventricular, 2033 para cardiopatia isquêmica, 2009q. 2010
para dissecção aórtica, 2064 para fenômeno de Raynaud, 2072 para fibrilação atrial, 1884 pata flu tte r atrial, 1886 para hipertensão, 2055q, 2056 para prevenção da cefaleia causada por relação sexual, 128 para taquicardia mediada por via acessória, 1890 Diluição de gás inerte, 2091-2092 Dimenidrinato para náusea e vômitos, 303,303q para vertigem, 1801 Dímeros de ciclobutano, 441 Dimetilsulfóxido, para cistite intersticial/síndrome da bexiga dolorida, e35-3 DIMIN (doença inflamatória multissistêmica de início neonatal, 2815q, 2816-2817 Dinitrato de isossorbída para cardiopatia isquêmica, 2008q para edema pulmonar, 2237 para insuficiência cardíaca, 2031 Dinoflagelados, no envenenamento paralítico por moluscos, 3574 Dinucleotídio de nicotinamida adenina (NAD), no envelhecimento, 569 Dinucleotídio fosfato de nicotinamida adenina (NADPH) oxidase, na fagocitose, 475 Dióxido de carbono gasometria arterial, 363 Dióxido de nitrogênio, exposição, 2127q Dióxido de titânio, 2125 DIP. Ver Doença inflamatória pélvica (DIP) Diphyllobothrium latum (tênia do peixe), 8 6 8 , 1764-1765, e25-2q
Dipiridamol, 991 ação do, 991, 991 f dose de, 991 efeitos adversos do, 991 indicações para, 991 para prevenção do acidente vascular encefálico/AIT, 3281 Dipirimidina, 496 Diploide, 486, 488 Diplopia, 235-236 D ipylidium caninum / dipyldipilidíase, 1765 Diretrizes da prática clínica, 3, 28 Diretrizes instrutivas, 70 Diretrizes para cuidados avançados, 70, 79, 654, e-5-2 Disartria, 203, 3188, 3339q Disbetalipoproteinemia, familiar, 3149q, 3151-3152 Discectomia com fusão, cervical, 142 Discenesias paroxísticas, 3331 Disceratose congênita, 413, 889, 2701, e39-2 Discerina, 889 Discinecia tardia, 193, 3332, 3544 Discinesia biliar, pós-colecistecomia, 2623 Discinesia não cinesigênica paroxística (DNCP), 3331 Discinesia(s) paroxística, 3331 tardia, 193, 3332, 3544 Disco intervertebral anatomia do, 129,129f herniação do, compressão nervosa na, 130f diagnóstico da, 133-134 exame de imagem na, 133-134, 134f exame físico na, 132q, 133 fraqueza na, 185 mecanismo da dor na, 133, 133q substituição, 138 Disco óptico, 227 edema, 232-233, 233f efeitos do álcool no, 227-233, 233f Disco Z, defeitos genéticos do, 1954q Discografia, 138, 3249 Discondroplasia, 3143 Discriminação, e4-5 Disenteria etiologia da, 1084 na amebíase. Ver Amebíase, nas infecções por Shigella. Ver Infecções por Shigella Disestesia, 186. Ver tam bém Sensação, anormalidades da Disfagia, 297 abordagem ao paciente, 299-300,299f achados endoscópicos na, 2420, 2420f, 242lf causas neurológicas, 3364, 3364q com sólidos vs. líquidos, 299 em paciente terminal, 83q esofágica, 298-299, 2427,2430 estrutural, 298 exame físico na, 300 fisiopatologia da, 298-299 história na, 299-300 motora, 298 na doença de Wilson, 3188 na DRGE, 2433-2434 no câncer esofágico, 764 no câncer gástrico, 766 orofaríngea, 298 perda de peso involuntária e, 642 procedimentos diagnósticos na, 300 relacionada com radioterapia, 736 suporte nutricional na, 614,615q transferência, 2420 tratamento da, 300 Disfagia de transferência, 297, 2420. Ver tam bém Disfagia
Disfibrinogenemia, 462q, 463q, 977, 980 Disfonia, 3364, 3364q Disfunção autônoma, 3351 abordagem ao paciente, 3354-3356, 3354q, 3355q anatomia da, 3351, 3352f, 3352q avaliação clínica da, 3351-3353, 3353q 3354q classificação da, 3351, 3353q efeitos de fármacos sobre, 3354, 3354q em distúrbios da junção neuromuscular, 3356-3357 em distúrbios hereditários, 3358 função sudomotora na, 3355-3356 hipotensão ortostática e, 3352-3353, 3354q lesões da medula espinal e, 3356 manifestações clínicas da, 3351-3353, 3354q na amiloidose, 3357 na atrofia sistêmica múltipla, 3356, 3356f na distrofia simpática reflexa, 33583359 na doença de Parkinson, 3326 na hiperidrose primária, 3358 na insuficiência autônoma pura, 3357 na neuropatia alcoólica, 3357 na neuropatia autônoma autoimune, 3357 na SCDR, 3358-3359 na síndrome de Guillain-Barré, 3357 na síndrome de taquicardia ortostática postural, 3357-3358 nas porfirias, 3357 no botulismo, 3357 no diabetes melito, 3357 registros de pressão arterial ortostática na, 3356 resposta de Valsalva na, 3355, 3355q síndromes agudas e, 3358 síndromes de, 3356 teste autônomo na, 3355-3356, 3355q teste de inclinação para síncope na, 3356 tratamento da, 3359-3360, 3359q variação da frequência cardíaca com respiração profunda na, 3355 Disfunção cognitiva álcool e, 3547-3548 assistência a pacientes com, 2 1 1 - 2 1 2 delirium e, 197 na EM, 3398 relacionada com hipertensão, 2046 Disfunção da tuba auditiva, 248-249 Disfunção das pregas vocais na asma, 2114 Disfunção de pré-disposição-infecçãoresposta orgânica, 2223q, 2230 Disfunção diastólica, 2046 Disfunção do assoalho pélvico, 318-319 Disfunção do hipocampo, e9-2 Disfunção erétil (DE), 375 abordagem ao paciente, 376-377, 376f, 2875q após cistectomia, 791 após prostatectomia, 800 após radioterapia, 800, 841 cocaína e, 3557 endocrinológica, 375 epidemiologia da, 375 exame físico na, 377 fisiopatologia da, 375 história na, 376-377 neurogênica, 375 no diabetes melito, 375, 2985 psicogêncica, 375 relacionada com fármacos, 375-376, 376q
tratamento da, 377-378, 377q agentes orais, 377-378 alprostadil, 378 dispositivos de constrição a vácuo, 378 orientação do paciente, 377 prótese peniana, 378 terapia com androgênios, 378 terapia sexual, 378 vasculogênica, 375 Disfunção ovulatória, 386-387,3036 Disfunção sexual, 374 álcool e, 3548-2549 cocaína e, 3557 feminina. Ver Disfunção sexual feminina masculina. Ver Disfunção erétil na BM, 3398 Disfunção sexual feminina, 378 abordagem à paciente, 379 epidemiologia da, 378 fatores de risco para, 379q fisiologia da, 378-379 tratamento da, 379-380 Disfunção ventricular esquerda aguda, tratamento da, 2058q choque cardiogênico na, 2232 diagnóstico de ecocardiografía na, 1844f, el9-lV exames de imagem para, 1851q ventriculografia na, 18857-1858, 1857f hipertensão venosa pulmonar e, 2080 na insuficiência cardíaca, 1902-1903, 1902f. Ver tam bém Insuficiência cardíaca (IC) Disfunção vestibular avaliação da, 179,180 distúrbios do equilíbrio na, 195 vertigem na, 179,179q Disgenesia gonadal, 812, 3051, 3052q Disgenesia gonadal mista, 3050 clínicas da, 3050, 3050q tratamento da, 3050-3051 Disgenesia reticular, 2700, Disgerminoma do cérebro, 2883 do ovário, 812, 813 Disglobulinemia, 1009q Disgrafia, 206 Dislexia Dislipidemia. Ver Distúrbios da lipoproteína Dismenorreia, 388 Disopiramida dose de, 1883q efeitos adversos da, 376q, 1884q farmacologia da, 1883q indicações para, 1883q Dispareunia, 379 Disparidades raciais/étnicas nos cuidados de saúde, e4-l causas básicas das, e4-2 a e4-5 comunicação prestador-paciente e, e4-3f, e4-3 a e4-4, e4-4f desconfiança e, e4-5 implicações para a prática clínica, e4-6 a e4-7 intervenções do paciente para, e4-6 intervenções do prestador para, e4-6 intervenções do sistema de saúde para, e4-5 a e4-6 natureza e extensão das, e4-l a e4-2 recomendações para abordagem das, e4-5 a e4-6 tomada de decisão clínica e, e4-6 a e4-7 Dispepsia, 301, 305. Ver tam bém Indigestão achados endoscópicos na, 2418-2419 essencial, 2445 funcional, 2445
início recente, tratamento da, 2451 não ulcerosa, 2420 Dispepsia essencial, 2445 Dispepsia funcional, 2445 Displasia caudal, 58 Displasia cleidocraniana, 3082 Displasia diafisária progressiva, 3140 Displasia fibromuscular, 2048-2049, 2069,3278 Displasia fibrosa, 3142, 3142f Displasia septo-optica, 2878 Displasia ventricular, arritmogênica, 1896,1896f, 1963,1964f Displasia ventricular arritmogênica, 1896, 1896f, 1963,1964f Displasia(s). Ver tam bém tipos específicos cleidocraniana, 3082 diafisária progressiva, 3140 do osso, 3140 esquelética, 3211 fibromuscular, 3278 fibrosa, 3142,3142f hipofisária, 2878 na DII, 2495 no esôfago de Barrett, 2434 Displasias esqueléticas, 3211 Dispnéia, 277 abordagem ao paciente, 279,280f ansiedade e, 277 aos esforços, 279 na hipertensão pulmonar, 2076 avaliação da, 7475, 277-278 desproporção na integração eferente, aferente, 277 diagnóstico diferencial da, 278-279 fisiopatologia da, 277, 277f intensidade e qualidade da, 277-278, 278q na acidose respiratória, 371 na doença cardiovascular, 1817,1904 na doença respiratória, 2084 na DPOC, 2156 na estenose aórtica, 939 na hipotensão ortostática, 174 no cor pulm onale, 1914 no paciente terminal, 74-75, 75q, e5-3 noturna, 279 paroxística noturna, 218 sistema cardiovascular, 278q, 279 sistema respiratório, 278-279,278q tratamento da, 75, 75q, 280 Dispnéia paroxística noturna, 218,1904 Disponibilidade heurística, 20 Disposição de fármacos. Ver Fármaco(s), metabolismo dos Disposição de genotipagem, 512f Dispositivo clitoridiano a vácuo, 380 Dispositivo de Auxílio da Tosse, para ELA, 3349 Dispositivo de compressão pneumática, para profilaxia de ETV, 6 6 Dispositivo de constrição a vácuo, para disfunção erétil, 378 Dispositivo de proteção embólica, 2037 Dispositivo Impelia, 2041 Dispositivo supercondutor de interferência quântica, 860 Dispositivos de assistência ventricular esquerda (LVAD) como ponte para transplante cardíaco, 1918 componentes dos, 1919f indicações para, 1918 para edema pulmonar, 2237 para insuficiência cardíaca, 1918 resultados dos, 1919 tipos de, 1918 Dispositivos intrauterinos (DIU) actinomicose e, 1327,1328-1329 características dos, 3037-3038, 3038q Disproteinemia, 231, 936
Disreflexia autônoma, 3356 Disreflexia autonômica, 3356 Dissecção da aorta, 2060q, 2063 aguda, 2063 classificação da, 2063, 2063f crônica, 2062 dor torácica na, 103q, 104,105 ecocardiografía na, 1842f, 2064 exame físico na, 105 fatores de risco para, 2063 hematoma intramural, 2063-2064 insuficiência aórtica na, 2064 manifestações clínicas da, 2063-2064 perfusão dos membros na, 105 sopro na, el3-7 tratamento da, 2058q, 2064 úlcera aterosclerótica penetrante, 2063-2064 Dissecção da íntima, 2036, 2036f Dissecção de linfonodos retroperitoneais, para câncer testicular, 806 Dissimulador do tinido, 254-155 Dissociação atrioventricular (AV), 1892 Dissociação sensorial, 189 Dissomia parental, 6 6 8 Dissomia uniparentral, 502 Dissulfiram efeitos adversos do, 232, 3464q interações medicamentosas do, 1680q no tratamento do alcoolismo, 3552 Distanciamento social, 1118 Distensão, pressão abdominal na, 330 Distensão, região lombar, 132 Distonia, 193, 3188, 3327q, 3328 cervical, 3328-3329 de membro, 3329 de Oppenheim, 3328 espasmódica, 3328 fisiopatologia da, 3329 focal, 3328-3329 manifestações clínicas da, 3328 oromandibular, 3328 primária, 3328 resposta a dopa, 3328 secundária, 3329 torção idiopática, 3328 tratamento da, 3329 variante Segawa, 3328 Distonia cervical, 3328 Distonia de Oppenheim, 3328 Distonia de torção idiopática, 3328 Distonia espasmódica, 3328 Distonia oromandibular, 3328 Distonia responsiva a DOPA, 3215q, 3328 Distonia variante de Segawa, 3328 Distribuição da lei de poder, el9-e, el9-2f Distribuição de Poisson, el9-2, el9-2f Distrofia miotônica, 3496 bloqueio de condução AV na, 1871, 1871q características laboratoriais da, 34973498 comprometimento ocular na, 234, 237 congênita, 3496 disfunção do nó SA na, 1868,1868q fatores genéticos na, 496, 503q manifestações clínicas da, 3492q, 3496-3497 taquicardia ventricular na, 1895 tratamento da, 3498 Distrofia miotônica. Ver Distrofia miotônica Distrofia miotônica congênita, 3496 Distrofia muscular, 3487 análise do DNA na, 3491 arritmia ventricular na, 1896q avaliação laboratorial da, 3490
biópsia muscular na, 3491 bloqueio de condução AV na, 1871, 1871q cãibras na, 3489 congênita, 3492q, 3496, 3497q de Becker. Ver Distrofia muscular de Becker de Duchenne. Ver Distrofia muscular de Duchenne de Emery-Dreifuss. Ver Distrofia muscular de Emery-Dreifuss diagnóstico da, 3487f, 3488f distrofia muscular do cíngulo dos membros, 3492-3493q, 3495 distúrbios da marcha na, 193 dor muscular na, 3489 enzimas séricas na, 3490 estudos eletrodiagnósticos na, 3491, 3491q fascioescapuloumeral, 3492q, 3498 fatores genéticos na, 498,498q, 521 fraqueza muscular na, 3487-3489, 3487f-3490f, 3488q, 3489q manifestações clínicas da, 3487-3490, 3488-3490f, 3488q-3490q miopatias congênitas, 3499 miopatias distais, 3499, 3500q miopatias hereditárias, 3491, 3492q miotônica. Ver Distrofia miotônica oculofaríngea, 237, 3492q, 3498-3499 progressiva, 3492q proteínas associadas à, 3494, 3494f, 3496q rigidez na, 3489 teste do exercício do antebraço na 3491 Distrofia muscular congênita de Fukuyama, 3496, 3497q Distrofia muscular da cintura dos membros (DMCM) autossômica dominante, 3493q autossômica recessiva, 3493q características laboratoriais da, 34923493q classificação da, 3495 manifestações clínicas da, 3493q, 3495 Distrofia muscular de Becker, 3494 características laboratoriais da, 3495 fatores genéticos na, 498, 3492q manifestações clínicas da, 3492q, 3495 teste genético para, 525q tratamento da, 525q, 3495 Distrofia muscular de Duchenne, 3491 características laboratoriais da, 3494, 3494f diagnóstico da, 3494 fatores genéticos na, 491, 498, 3492q incidência da, 3491 manifestações clínicas da, 3491, 3492q,3493-3494 patogenia da, 3494, 3494f teste genético para, 525q tratamento da, 525q, 3494 Distrofia muscular de Emery-Dreifus, 3495 características laboratoriais da, 3495, 3496f fatores genéticos na, 498, 498q, 3492q manifestações clínicas da, 3492q, 3495 tratamento da, 3495 Distrofia muscular facioescapuloumeral, 3488f, 3492q, 3498 Distrofia muscular tibial (miopatia distai de Udd), 3499, 3500q Distrofia oculofaríngea, 237, 3492q, 3498-3499 Distrofia simpática reflexa, 97,2858, 3358-3359
Distrofia(s) muscular(es) congênita(s) (DMC), 3492q, 3496, 3497q Distrofias musculares progressivas, 3492q Distrofina, 498, 1952, 3494, 3494f, 3495f Distúrbio ciclotímico, 3540 Distúrbio comportamental do sono com movimentos oculares rápidos idiopático. Ver Distúrbio comportamental do sono REM Distúrbio da marcha frontal, 193,194q Distúrbio de adiantamento da fase do sono, 233 Distúrbio de alteração do fuso horário, 221-222
Distúrbio de armazenamento, das plaquetas, 970 Distúrbio de atraso da fase do sono, 223 Distúrbio de dor sexual, 379 Distúrbio de espectro alcoolista fetal, 3549 Distúrbio de excitação sexual, feminino, 379 Distúrbio de movimento periódico dos membros, 218-219 Distúrbio do sono-vigília fora das 24 horas, 223 Distúrbio do trabalho em turnos, 222-223 Distúrbio multifatorial, 486, 503 Distúrbio poligênico, 486, 503, 504q Distúrbio temporomandibular, 269, 274 Distúrbio(s) do sono, 213 abordagem ao paciente, 215-216, 216q direitos de dirigir e, 219 distúrbio de movimentoes periódico dos membros, 218-219 em altitudes elevadas, e51-4 em mulheres, 54 em veteranos de guerra, e48-6 insônia. Ver Insônia na doença de Parkinson, 3326 narcolepsia. Ver Narcolepsia parassonia, 2 2 1 ritmo circadiano, 221-223 síndrome das pernas inquietas, 218 sonolência diurna, 219-220 Distúrbios 46,XX, 3053, 3054q, 3055 Distúrbios 46,XY, 3051-3053, 3052q, 3053f Distúrbios ácido-básicos, 363. Ver tam bém distúrbios específicos
abordagem ao paciente, 364-365, 365q na doença renal crônica, 2292 simples, 363-364 hiato aniônico nos, 365, el5-9 mistos, 364, 364q, el5-l, el5-9 Distúrbios anorretais, 2505 na infecção pelo HIV, 1552, 1552f proctite por C. trachomatis, 14251426 prolapso retal, 2505-2506,2505f, 2506f Distúrbios arteriais dos membros. Ver Doença arterial periférica oclusão arterial aguda, 2069-2070 Distúrbios articulares artrite psoriática precedendo, 2781, 278 lf infecções anaeróbias, 1336 na febre reumática, 2753-2754 na policondrite recidivante, 28032804 Distúrbios autossômicos, 491q, 500, 500f dominantes, 500-501, 500f recessivos, 3254q Distúrbios com expansão de repetição de nucleotídios, 503, 503f
Distúrbios cutâneos abordagem ao paciente, 389 anamnese nos, 390, 393 diagnóstico dos, 393-394 biópsia de pele, 393-394 diascopia, 394 esfregaço de Tzanck, 394 lâmpada de Wood, 394,41 lq preparação de hidróxido de potássio, 394 teste de contato, 394 exame físico nos, 390 imunologicamente mediados, 424, el 6 - 1 2 induzidos pela luz, 441 manifestações esofágicas dos, 2437 no indivíduo que retorna de viagem, 1048 reações medicamentosas, 432 relacionados com a idade, 564q distúrbios da agregação plaquetária, 460q Distúrbios da coagulação, 973 aterosclerose e, 1990 avaliação laboratorial das, 974f, 974q, 3585-3588q características genéticas das, 974q deficiências familiares múltiplas da coagulação, 978 hemofilia. Ver Hemofilia na cirrose, 2602 na doença renal crônica, 2316 na hipotermia, 167 na insuficiência hepática, 980-981, 981q Distúrbios da gustação associados com fármacos, 245-246 avaliação dos, 246 disfunção olfatória e, 244 doenças e condições associadas aos, 246 etiologia dos, 244-245 na deficiência de zinco, 604 tratamento dos, 246-247 Distúrbios da junção neuromuscular, 3480. Ver tam bém miastenia gravis disfunção autônoma na, 3356-3357 fraqueza nos, 185q, 186 manifestações clínicas dos, 3239q respostas reflexas nos, 182 Distúrbios da parede abdominal, 109, 305 Distúrbios da tireoide, 2911 avaliação laboratorial dos, 2917-2918 câncer. Ver Câncer de tireoide distúrbios musculares e, 3506 durante a gravidez, 59, e6-3, e6-3q efeitos do metabolismo das lipoproteinas nos, 3155 hipertensão nos, 2052 indigestão nos, 305 induzidos por radiação, 692,841 na anorexia nervosa, 627 na infecção pelo HIV, 1554 náusea e vômitos nos, 302 nodulares, 2930-2931 Distúrbios das células do corno anterior fraqueza, 184, 185 Distúrbios das lipoproteinas, 3148 aterosclerose e, 1983, 1987q classificação de Frederickson dos, 3148, 3148q com ApoB baixa abetalipoproteinemia. Ver abetalipoproteinemia familiar deficiência de PCSK9, 3153 hipobetalipoproteinemia, 3153 com elevação de LDL-C e triglicerídeos normais, 3148-3150, 3149q ApoB-100 defeituosa familiar, 3150
hipercolesterolemia autossômica dominante devido a mutações em PCSK9, 3150 hipercolesterolemia autossômica recessiva, 3150 hipercolesterolemia familiar, 3148-3150,e41-4f hipercolesterolemia poligênica, 3150 sitosterolemia, 3150 com HDL-C baixo deficiência de LCAT, 3154 deficiência genética de apoA-I, 3154 doença de Tangier, 3154 hipoalfalipoproteinemia familiar, 3154 com HDL-C elevado deficiência de CETP, 3154 hiperalfalipoproteinemia familiar, 3154-3155 com lipoproteína(a) elevada, 31503151 com triglicerídeos elevados, 3149q, 3151-3153 deficiência de ApoA-V, 3151 deficiência de GPIHBP1, 3151 deficiência de lipase hepática, disbetalipoproteinemia familiar, 3151-3152 hiperlipidemia combinada familiar, 3152 hipertrigliceridemia familiar, 3152 na pancreatite, 2635,2635q, 2637 na síndrome metabólica, 1994, 1996 síndrome de quilomicronemia familiar, 3151, 3152q diagnóstico dos, 3156 disfunção erétil nos, 375 distúrbios musculoesqueléticos associados à, 2855 formas secundárias, 3152q consumo de álcool e, 3155 diabetes melito e, 1989,2986, 3155. Ver tam bém Síndrome metabólica distúrbios hepáticos e, 3155 distúrbios renais e, 3155 doença da tireoide e, 3155 doença de depósito lisossômico e, 3156 estrogênio e, 3156 na obesidade, 3155 na síndrome de Cushing, 3156 relacionados com fármacos, 3152q, 3156 manifestações cutâneas dos, 418 risco de doença cardiovascular e, 1815,2008 tratamento dos, 3157-3161, 3159q ácidos graxos Ômega 3, 3159q, 3160-3161 aférese das LDL, 3161 agentes quelantes de ácidos biliares, 3159, 3160q alimentos e aditivos alimentares, 3158 controle da lipoproteína(a) elevada, 3161 controle dos baixos níveis de HDL-C, 1987, 1989,3161 derivados do ácido fíbrico, 1359q, 3160 estatinas, 1988-1989,3158-3159, 3159q ezetimibe para, 1988 farmacológico, 3158-3161, 3159q inibidores da absorção de colesterol, 3160, 3159q modificação da dieta, 3158
modificações do estilo de vida, 1988,3158 na síndrome metabólica, 1996 não farmacológico, 3158 para redução do risco de DAC, 3157 terapia farmacológica de combinação, 3161 tratamento modificador dos lipídios, 3157-3158 triagem para classificação dos resultados, 3600q, e53-4q faixas de referência, e53-4 no idoso, 584 pontos de corte para terapia, 1988q recomendações, 30q, 2875q, 3156 Distúrbios de adesão das plaquetas, 460q Distúrbios de estresse, 3534, 3534q Distúrbios de evacuação, 317 Distúrbios de motilidade esofágicos, 2430 Distúrbios de movimentos hipercinéticos, 3327,3327q. Ver tam bém distúrbios específicos
ÍNDICE 1-42
distúrbios que se manifestam com, 3333-3334 induzidos por fármacos, 3333 Distúrbios de plasmócitos, 936 amiloidose. Ver Amiloidose distúrbios do equilíbrio ácido-básico nos, 365 doença da cadeia pesada, 944 Macroglobulinemia de Waldenstrõm. Ver Macroglobulinemia de Waldenstrõm mieloma múltiplo. Ver Mieloma múltiplo paraproteinemia nos, 461 proteinúria nos, 338 Distúrbios de repetição de trinucleotídios, 496, 503, 503q Distúrbios do desenvolvimento sexual (DDS), 3046. Ver tam bém distúrbios específicos
considerações globais, 3055 ovotesticulares, 3050q, 3051 Distúrbios do metabolismo da carnitina, 1963, 1966 Distúrbios do metabolismo da frutose, 3198f, 3200q, 3203 Distúrbios do metabolismo da galactose, 3198f, 3200q, 3203 Distúrbios do metabolismo da ornitina, 3216q, 3217q Distúrbios do movimento doença de Huntington. Ver Doença de Huntington doença de Parkinson. Ver Doença de Parkinson hipercinético, 3327, 3327q. Ver tam bém distúrbios específicos induzidos por fármacos, 3332,3332 na gravidez, 59 psicogênicos, 3334 síndrome de Tourete 3331-3332 tiques, 3327q, 3331-3332 Distúrbios do neurônio motor. Ver tam bém Esclerose lateral amiotrófica (ELA) esporádico, 3347q etiologia dos, 3346 genética, 3348-3349q inferior, 3346-3348q, 3349-3350 superior, 3346-3349q, 3350-3351 Distúrbios do olhar horizontal, 239-240, 240f olhar vertical, 240 supranuclear, 239
Distúrbios do sistema reprodutor masculino, 3010 avaliação das determinações das gonadotropinas e inibina, 3013 análise do sêmen, 3014 anamnese e exame físico, 3013 biópsia testicular, 3014 ensaios para testosterona, 30133014 infertilidade, 3013, 3037 na fibrose cística, 2149 no adulto, 3016 ginencomastia. Ver Ginecomastia hipogonadismo. Ver Hipogonadismo hipogonadismo hipogonadotrópico. Ver Hipogonadismo hipogonadotrópico síndromes de insensibilidade aos androgênios. Ver Síndrome de insensibilidade aos androgênios (SIA) relacionado com a idade, 3020 abordagem ao paciente, 3021, 3021 f tratamento do. Ver Terapia com testosterona tratamento da. Ver Terapia com testosterona Distúrbios do sono do ritmo circadiano, 221
Distúrbios do tecido conjuntivo, 3204. Ver tam bém tipos específicos
classificação dos, 3204-3207 exantema nos, 154q vs. Síndrome de Ehlers-Danlos, 3208 Distúrbios do túbulo contorcido distai envolvendo, 2284q funções do, 2282f, 2285-2286 Distúrbios dominantes autossômicos, 500,500f ligados ao X, 501 Distúrbios dos canais de cloreto, 3506 Distúrbios dos canais de sódio, do músculo, 3505 Distúrbios dos movimentos psicogênicos Distúrbios eletrolíticos. Ver tam bém condições específicas
complicações neurológicas dos, e47-3 delirium nos, 199, 199q fraqueza nos, 185q na hipotermia, 167 Distúrbios endócrinos abordagem ao paciente, 2873-2874, 2874-2875q etiologia dos, 2873q hipertermia nos, 144,144q hipotermia nos, 165,166q na anorexia nervosa, 627 na gravidez, 58 no câncer de pulmão, 743 paraneoplásicos, 826, 827q patologia dos, 2872 relacionados com a idade, 564q tipos de, 2872, 2873q triagem e avaliação dos, 2874, 2874q-2875q Distúrbios genéticos abordagem ao paciente, 507-508, 508f autossômicos dominantes, 500,500f autossômicos recessivos, 500-501, 500f banco de dadosIwebsites, 487q complexos, 503 diagnóstico de, 486 diagnóstico pré-natal, 508 distúrbios cromossômicos. Ver Anormalidades/distúrbios cromossômicos
distúrbios mendelianos monogênicos, 499-501 DNA mitocondrial. Ver Doenças de DNA mitocondrial expressão variável dos, 520 história familiar nos, 505 identificação do gene causador de doença nos, 505q, 507-509, 508q início no adulto, 519 história familiar nos, 519-520, 520f intervenções terapêuticas para, 523, 524-525q teste genético para, 521,522f ligados ao X. Ver Distúrbios ligados ao X ligados ao Y, 501 modelos animais, 490-492,493q multifatoriais, 486, 503, 519 penetrância dos, 520 poligênicos, 503, 504q transmissão dos, 495 Distúrbios hepatocelulares, 2520,2521 q, 2530q Distúrbios hipofisários adeno-hipófise, 2876 fraqueza muscular nos, 3507 neuro-hipófise, 2902 Distúrbios ligados ao X, 499, 500f, 501 agamaglobulinemia, 2720 atrofia muscular espinobulbar, 3348q, 3349-3350 cegueira para cores, 226 deficiência do modulador essencial NF-kappa-B (NliMO), 478q, 480, e39-l doença granulomatosa crônica, e39-l raquitismo hipofosfatêmico recessivo, 3221q Distúrbios ligados ao Y, 499, 501 Distúrbios mendelianos monogênicos, 499-501 suscetibilidade mendeliana a doença micobacteriana (SMDM), 2698 Distúrbios menstruais, 384 amenorreia. Ver amenorreia definição de, 384-385 diagnóstico de, 385, 386f dismenorreia, 388 dor sacral, 136 epidemiologia dos, 385 menorragia, 460,971 obesidade e, 628 Distúrbios mieloproliferativos, 898 classificação dos, 898, 898q esplenomegalia nos, 469 evolução na LMA, 905 inibidores da janus quinase para, 675 monocitose nos, 480 úlceras cutâneas nos, 422-423 Distúrbios miotônicos, 349lq Distúrbios musculares distrofia muscular. Ver Distrofia muscular distúrbio do metabolismo energético, 3199q, 3202, 3501. Ver tam bém Doenças de depósito de glicogênio distúrbios da excitabilidade da membrana, 3504,3504q distúrbios das fibras musculares. Ver Miopatia(s) Distúrbios neuropsiquiátricos autoimunes pediátricos associados a infecção estreptocócica (PANDAS), 2754 Distúrbios oculares, 228 em altitudes elevadas, e51-5 infecções. Ver tam bém Conjuntivite; Ceratite; Retinite C andida , 1653,1653f gonocócicas, 1223,1227 L. loa , 1750, a750f
P. aeruginosa, 1269q, T. Gondii, 1726 Toxocara, 1737
1270
LESe, 2730,2731q na DII, 2488 na doença da arranhadura do gato, 1315,1316f, 1317q na espondilite ancilosante, 2775 na hanseníase lepromatosa, 1364 na m iastenia gravis, 3481 na osteogênese imperfeita, 3208 na policondrite recidivante, 2803q, 2804 na sarcoidose, 2807q, 2808 na síndrome de Behçet, 2801 na síndrome de Marfan, 3212 na síndrome de Sjõgren, 2771 na tularemia, 1303 na vasculite, 2790, 2790q tracoma, 1428-1429 Distúrbios ovotesticulares do desenvolvimento sexual, 3050q, 3051 Distúrbios perdedores de sal poliúria nos, 340 pressão arterial nos, 2043 Distúrbios periarticulares, dos membros, 268 Distúrbios recessivos autossômicos, 500,501, 500f ligados ao X, 501 Distúrbios reprodutivos. Ver Distúrbios reprodutivos femininos; Distúrbios reprodutivos masculinos Distúrbios reprodutivos femininos infertilidade. Ver Infertilidade insuficiência ovariana primária, 386387,499 na fibrose cística, 2149 relacionados com a idade, 564q Distúrbios respiratórios. 2087 Ver tam bém Doença pulmonar Distúrbios semelhantes a linfomas, 935 Distúrbios venosos, dos membros, 2073 Insuficiência venosa crônica, 20742075,2075q trombose venosa. Ver Tromboembolismo venoso (TEV) veias varicosas, 2074 Distúrbios/lesões do tronco encefálico anormalidades sensoriais nos, 190 fraqueza nos, 184 manifestações clínicas, 3239q DIU. Ver Dispositivos intrauterinos (DIU) Diurese hídrica, 2903,2903f para hiperpotassemia, 311 lq, 3112 Diurese de solutos, 340 Diurese hídrica, 2903f, el5-3 a el5-4 Diurese osmótica, 343 Diuréticos ação dos, 343 efeitos adversos dos disfunção erétil, 376q disfunção sexual feminina, 379q distúrbios ácido-básicos, 370, 371 erupção exantematosa, 149q hiperpotassemia, 1908 hipertermia, 144q hiponatremia, 344-345 hipopotassemia, 354,1908 hipovolemia, 343 incontinência urinária, 581 perda auditiva, 250 renais, 336 xerostomia, 274 efeitos sobre a razão aldosteronarenina, 2949q para ascite, 332 para doença de Ménière, 250 para edema pulmonar, 2237
para emergências hipertensivas, 2058q para hiperpotassemia, 359 para hipertensão, 2054-2055, 2055q para hipertensão arterial pulmonar, 2078 para insuficiência cardíaca, 1907, 1908,1908q, 2031 para vertigem, 180q uso abusivo de, 354,640 Diuréticos de alça ação dos, 250, 352 efeitos adversos dos, 250, 352 para doença renal crônica, 2311 para hipercalcemia de processos malignos, 828 para hiperpotassemia, 359 para hiponatremia, 349 para insuficiência cardíaca, 1907 Diuréticos poupadores de potássio, 2286,2312 Diuréticos tiazídicos ação dos, 1907, 2286 efeitos adversos dos, 375 cutâneos, 400, 405,406,433 disfunção erétil, 376q fototoxicidade, 445q hipercalcemia, 3109 hiponatremia, 344-345, 348 hipopotassemia, 352 vasculite, 435 para diabetes insípido nefrogênico, 351, 2364 para doença renal crônica, 2311 para hipercalciúria, 2385 para hiperpotassemia, 359 para hipertensão, 2054 para insuficiência cardíaca, 1907 Divers Alert Network, 3571 Diversidade, 527q Diverticulite avaliação da, 2503, 2503q classificação de Hinchey da, 2503, 2503f, 2504 diarréia na, 310 dor abdominal na, 11 lq estadiamento da, 2503,2503f manifestações clínicas da, 2503, 2503q vs. DII, 2486q, 2487 Divertículo, 2502, 2502f colônico, achados endoscópicos no, 2416, 2417f de Zenker, 2429, 2429f esofágico, 2429-2430, 2429f, 2430f Divertículo de Meckel, 321,323 Divertículo de Zenker, 298, 302, 2429, 2429f DLBE (diálise lenta de baixa eficiência), 2307 DLC0 (Capacidade de difusão de monóxido de carbono do pulmão), 2092, 2093f, 2164 DLFT (degeneração lobar frontotemporal), 3311 DM. Ver Diabetes melito (DM) DMC (distrofias musculares congênitas), 3492q, 3496, 3497q DMCM. Ver Distrofia muscular da cintura dos membros (DMCM) DMID (diabetes melito insulinodependente). Ver Diabetes melito, tipo 1 DMNID (diabetes melito não insulinodependente). Ver Diabetes melito tipo 2 DMTC. Ver Doença de tecido conectivo mista (DMTC) DNA clonagem do, 490 estrutura do, 488, 488f humano, 488, 492-493
metilação do, 6 6 8 , 679 mitocondrial. Ver DNA mitocondrial modificações epigenéticas do, 489, 490f organização dos cromossomos, 486488 repetitivo, 488 replicação do, 488 sequenciamento do, 486,521 seqüências instáveis, 496 síntese nas bactérias, fármacos que inibem, 1137 DNA girase, 1137 DNA mitocondrial, e l 8 - l estrutura do, el 8 -l a el 8 -2 funções do, el 8 -lq, el 8 -l a e l 8 -2 , el 8 -2 q, haplogrupo, el8-3, el8-7 a el 8 -8 lesão oxidativa do, 564-565, el8-9f, el8-9 a el8-10 mutações/disfunção do, 567, 585, e!8-2 a el8-4, el8-4f, cl8-5f, el8-9f, el8-9 a el8-10 poliploidia no, el8-2 a el8-3 replicação do, e18-1 segregação mitótica do, el8-3 DNAse, humana recombinante, 2150 DNCP (Discinesia não cinesigênica paraxística), 331 Doação de ovócitos, el6-10, el 8 -ll Doador de transplante, avaliação prétransplante do, 1 1 2 0 ,1 1 2 lq Dobutamina para choque, 2 2 2 1 ,2 2 2 2 para choque cardiogênico, 2235 para edema pulmonar, 2237 para insuficiência cardíaca aguda, 1912q, 1913 para sepse/choque séptico, 2229 Docetaxel ação do, 704 dose de, 700q efeitos adversos do, 700q, 704, 751, 2276, 3463q para câncer de cabeça e pescoço, 735 para câncer de mama, 760 para câncer de próstata, 804 para câncer de pulmão, 750q, 752 para melanoma, 729 para sarcoma de tecidos moles, 818 Docosanol, para infecção por HSV, 1444q Docusato de cálcio, para constipação, 74q Docusato de sódio, para constipação, 74q Doença definição de, 1013 probabilidade, medidas de, 23-24, 23q classificação da, el9-3 relações de genótipo-fenótipo na, el9-3, el9-4f networks, el9-3 a el9-4, el9-5f, el9-6f Doença anti-MBG (antimembrana basal glomerular), 2342, el4-5f Doença antimembrana basal glomerular (anti-MBG), 2342, el4-5f Doença aortoilíaca, 2068. Ver também Doença arterial periférica Doença arterial coronária (DAC). Ver tam bém Aterosclerose; Cardiopatia isquêmica aloenxertos, 1917 angina de peito na. Ver Angina de peito associada à radiação, 838 bloqueio de condução AV na, 1872 diagnóstico da, 52 análise de probabilidade pré- e pós-teste, 24-25,24f exames de imagem para, 1581f
dieta e, 592 disfunção do nó SA na, 1868,1868q dispnéia na, 279 doença arterial periférica e, 2067 doença periodontal e, 268 dor oral na, 274 ECG na, e28-7f ecocardiografía de estresse na, e29IV em mulheres, 50q, 51f, 52-53 estrogenioterapia e, 1990 exame pré-operatório para, 64,64f fatores de risco para, 1987,1987q fisiopatologia da, 1998-1999 hipertensão e, 2046 ICP para. Ver Intervenções coronárias percutâneas (ICP), para revascularização insuficiência cardíaca na, 1901. Ver tam bém Insuficiência cardíaca (IC) lipoproteínas de baixa densidade e, 1987-1989 manifestações clínicas da, 1817 mortes por, 50q, 51f obesidade e, 631 palpitações na, 295 parada cardíaca/morte súbita cardíaca e, 2239 prevenção da, 1991 terapia hormonal pós-menopausa na, 3042q, 3043-3044 tratamento da dislipidemia na, 3157 proteína C-reativa na, 1990-1991, 1990f síndrome metabólica e, 1993 sintomas cardíacos na, 1817 triagem para, 30q viagem em altitude elevada e, e51-5 Doença arterial femoral-poplítea, 2068. Ver tam bém Doença arterial periférica Doença arterial periférica, 2066 ateroembolia, 2070,2070f avaliação do risco pré-operatório na, 2069 cianose na, 289 diagnóstico de, 2067,2067f doença arterial coronariana e, 2067 fisiopatologia da, 2066 hipertensão e, 2046-2047 manifestações clínicas da, 2066-2067 oclusão aguda, 2069-2070 prevenção de eventos cardiovasculares na, 990 prognóstico da, 2067 tratamento da, 2068-2069 farmacológica, 2068 intervenções percutâneas, 2040, 2040f, 204 lf, 2068 programa de exercícios, 2068 revascularização da, 2068-2069 terapia gênica, 551 Doença articular neuropática, diagnóstico de, 2856 distúrbios associados a, 2856q manifestações clínicas da, 2855 patologia da, 2855-2856 tratamento da, 2856 Doença associada a Clostridium difficile antibióticos associados a, 1090 associada a cuidados médicos, 1114, 1118 avaliação laboratorial da, 1088 com alimentação enteral, 621 considerações globais, 1091 diagnóstico da, 311,1091,1092q em indivíduos institucionalizados, 310 em paciente com câncer, 716, 2277 em receptor de transplante, 1 1 2 1 , 1 1 2 2 q, 1126q epidemiologia da, 1086-1087, 1090
etiologia da, 1090,2465 fatores de risco para, 1090 fulminante, 1092 IBP e, 1090, 2448 manifestações clínicas da, 31 lq, 1091 patogenia da, 1090-1091, 109lf, 2465 patologia da, 1090,1090f prevenção e controle da, 1093,1114 prognóstico da, 1092 recorrente, 1091, 1092 tratamento da, 1091-1093, 1093q “Doença associada a prédios”, 2129 Doença biliar dor nas costas na, 136 dor torácica na, 103q, 104 Doença cardíaca. Ver Doença cardiovascular Doença cardiovascular abordagem ao paciente, 1817 acidente vascular encefálico embólico na, 3274-3275, 3277q amiloidose, 947 arritmias na. Ver Arritmias cardíacas artéria coronária. Ver Doença arterial coronariana (DAC) artrite reumatoide e, 2739, 2740 avaliação do comprometimento funcional na, 1818 biologia da, 1798 carga global da, 1 lq, 12 q, 15-16 cianose na, 289 classificação da, 2 0 0 0 q classificação funcional da New York Heart Association, 1817, 1818q como conseqüência tardia de câncer/ terapia do câncer, 838 congênita. Ver Cardiopatia congênita (CC) considerações globais na, 1813-1814, 1814f depressão na, 3536 diabetes melito e, e31-l, e31-lq considerações globais, 1816 dados de morbidade e mortalidade, 2985-2986 fatores de risco para, 2986-2987 miocardiopatia, 1962 diagnóstico da, 1817-1818 dificuldades no, 1819 em mulheres vs. homens, 52 exames de imagem para. Ver Sistema cardiovascular, imagem de exame físico, dieta e, 1815 disfunção erétil na, 375 dispnéia na, 278q, 279 edema pulmonar na, 280-281 em mulheres, 51f, 51q, 52-53 em viajantes, 1047 embriogênese da, 1809-1811,1810f epidemiologia da, 1811 exercício e, 1815 fatores de risco para, 1987,1987q comportamentais, 1815 metabólicos, 1815-1816 tendências regionais nos, 1815 fatores genéticos na, 519,1991 hipercolesterolemia e, 1815 história familiar na, 1818 história natural da, 1818-1819 infarto do miocárdio. Ver Infarto do miocárdio (IM) infecções em paciente com câncer, 718 in su ficiên cia cardíaca. Ver In su ficiên cia cardíaca
(IC)
isq uêm ica. Ver Cardiopatia isq uêm ica
LES e, 2729-2730, 2731q mortes por, 67q, 646, 647 de acordo com o sexo, 50q em mulheres, 50q, 5 lf, 1815q
estimadas, 2010-2030,1815q mundial de acordo com a renda, 12q, 1813-1814, 1813f mundial por região, 1814,1814f por raça e origem hispânica, e4-lf vs. outras causas, 1813f na África, 16 na anemia megaloblástica, 865 na DII, 2489 na doença do Paget do osso, 3137 na esclerose sistêmica, 2762,2766 na gravidez, 57 na hemocromatose, 3165 na hipotermia, 166q na sarcoidose, 2807q, 2809-2810 na sífilis. Ver Sífilis, secundária na síndrome de Marfan, 3212 no choque, 2216 obesidade e, 628,1816 prevenção da, 1816, 1819-1820 relacionada com a idade, 564q reumática. Ver Febre reumática, complicações cardíacas da síncope na, 175-176 síndrome metabólica e, 1817,1995 sintomas cardíacos na, 1817 tabagismo e, 1815,3561,1561q tendências globais na, 1815 terapia com testosterona e, 3026 terapia gênica na, 548f, 550-551 transição epidemiológica da, 1811, 1812q tratamento da, 1819-1920, 2986 valvar. Ver Doença cardíaca valvar Doença celíaca (enteropatia induzida por glúten), 2468q, 2469, 2469f achados endoscópicos na, 2421, 242 lf biópsias da mucosa do intestino delgado na, 2468q, 2469, 2469f câncer de intestino delgado e, 775 complicações da, 2471 deficiência de vitamina A na, 601 deficiência de vitamina K na, 603 dermatite herpetiforme e, 2471 diagnóstico da, 2469f, 2470-2471 diarréia na, 314,2471 etiologia da, 2469-2470 fatores ambientais na, 2470 imunologia da, 2676q incidência da, 2469 indigestão na, 305 linfoma de células T tipo enteropatia e, e21-4 manifestações clínicas da, 2470 manifestações orais da, 269 neuropatia na, 3459 radiografia baritada na, 2467f refratária, 2471 tratamento da, 3-6, 316 Doença centronuclear, 3499 Doença colestática, 2520, 2521q Doença com depósitos densos, 2344, el4-4f Doença crônica da montanha, 288 Doença crônica da montanha, 288, e51-6 Doença crônica por berílio, 420, 2125-2126 Doença da altitude. Ver Doença das grandes altitudes Doença da arranhadura do gato abordagem ao paciente, 1316 comprometimento ocular na, 229, 1316f, 1317q diagnóstico da, 1315-1316 epidemiologia da, 1314 etiologia da, 1314 linfadenopatia na, 466 manifestações clínicas da, 1315, 1315f, 1316f
manifestações cutâneas da, 1067, 1315f, 1316f na infecção pelo HIV, 1563 patogenia da, 1314-1315 prevenção da, 1316 tratamento da, 1316,1317q Doença da cadeia pesada gama, 944 Doença da cadeia pesada Mu, 944 Doença da casca do ordo, 2117q Doença da face esbofeteada. Ver Eritema infeccioso Doença da Floresta de Kyasanur, 1632 Doença da hemoglobina C, esfregaço de sangue periférico na, el7-4f Doença da hemoglobina H, 859, 859q, 860 Doença da hemoglobina SC, 855-856, 855q Doença da mão-pé-boca etiologia da, 1596 manifestações cutâneas da, 151q, 157, 414q, 1064,1587f, 1596 manifestações orais da, 270q, 1596, 1597f,e7-6f,el6-8f Doença da membrana basal fina, 339, 2351 Doença da montanha aguda (DMA) fisiopatologia da, e51-1 a e51-2 manifestações clínicas da, e51-l tratamento da, e51-2q, e51-2 a e51-3 Doença da substância branca difusa, 3309, 3309f periventricular, acidente vascular encefálico devido a, 3279 Doença da urina em xarope de ordo, 3217q Doença da vesicular biliar, 2616 anomalias congênitas, 2616 cálculos biliares. Ver Cálculo(s) biliar(es) colecistite, Ver Colecistite colecistose hiperplásica, 2624 diagnóstico da, 2619,2619q, 2620f história natural da, 2620 manifestações clínicas da, 2619-2620 na gravidez, 60 terapia e, 3042q, 3043 Doença das paratireoides, 3096. Ver tam bém tipos específicos fraqueza muscular na, 3506 hipercalcemia na, 360 indigestão na, 305 náusea e vômitos, 302 Doença das pequenas vias respiratórias. Ver Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) Doença de Albers-Schonberg, 31393140 Doença de altitude elevada, e51-l comprometimento do sono, 217, e514 doença aguda das montanhas. Ver Doença aguda das montanhas (DAM) doença crônica das montanhas, 288, e51-6 edema cerebral. Ver Edema cerebral de altitude elevada (HACE) edema pulmonar. Ver Edema pulmonar de altitude elevada (HAPE) eventos neurológicos, e51-4 a e51-5 gastrintestinal, e51-4 hipoxia, 287 policitemia, 456 questões médicas preexistentes e, e51-5 a e51-6 tosse, e51-4 Doença de Alzheimer, 3304 afasia na, 205,207 custo dos cuidados par, 3304 de início precoce, 565, 3307
deficiência de colina acetiltransferase na, e9-3 diagnóstico diferencial da, 3301q, 3305-3306, 3305f disfunção olfatória na, 241, 244, 247 em mulheres, 51-52,51f epidemiologia da, 3306 fatores genéticos na, 3306-3307 DNA mitocondrial, el 8 -8 fenocópias, 499 gene APOE, 521, 566,3307 gene APP, 3306-3307, 3307f gene FE65, 566-567 pleiotropia antagonista, 566-567 presenilinas, 3307 manifestações clínicas da, 3304,3305, 3304f morte por, 50q, 67q níveis de noreprinefina na, e9-3 patologia da, 3306, 3306f perda da memória na, 210,212, e9-l, e9-2 perda de peso involuntária na, 642 presenilinas na, 3307 síndrome de Balint na, 209 síndromes do lobo frontal na, 21 1 212
tratamento da, 551,3308 trissomia do 21 e, 3306-3307,3307f variante com corpúsculos de Lewy, 3312 Doença de P larga (disbetalipoproteinemia familiar), 3149q, 3151-3152 Doença de Bassen-Kornzweig, 236 Doença de Batten, 546 Doença de Becker, 3506 Doença de Binswanger, 3309 Doença de Bornholm, 1596 Doença de Bourneville. Ver Esclerose tuberosa Doença de Bowen, 403, 405q, 731 Doença de Brill-Zinsser, 1412 Doença de Buerger (tromboangiite obliterante), 2069, 2072 Doença de Camurati-Engelmann, 3140 Doença de Carrión (bartonelose), 1317q, 1319 Doença de Castleman HHV-8 e, 921,1127,1476 multicêntrica, na infecção pelo HIV, 1567 pênfigo paraneoplásico e, 426 tratamento da, 935 vs. linfoma, 935 vs. síndrome POEMS, 949 Doença de Chagas acalasia na, 2431 associada a transfusão, 1717 diagnóstico da, 1718, e25-4q, e25-5, e25-7q em receptor de transplante, 1 1 2 1 q epidemiologia da, 1717 manifestações cardíacas da, 1717, 1717f, 1871,1871q, 1896q, 1958 manifestações clínicas da, 1717-1718, 1717f meningite crônica devido à, 3437q na infecção pelo HIV, 1561-1562 patologia da, 1716-1717, 1717f prevenção da, 1718-1719 tratamento da, 1718,1958 Doença de Charcot-Marie-Tooth (CMT) CMT, 516q, 517-518, 3452-3454, 3453q CMT1A, 3224, 3453q, 3454 CMT IX, 3453q, 3455 CMT2, 3453q, 3454-3454 CMT3, 3453q, 3455 CMT4, 3454q, 3455 diabetes melito e, 2855, 2855f, 2856q
fatores genéticos na, 491,496, 498, 498q, 3453-3454q neuropatia na, 3452-3457 Doença de CMT. Ver Doença de Charcot-Marie-Tooth (CMT) Doença de Coats, 3498 Doença de Cowden, 417q, 418, 669q, 3384q Doença de Creutzfeldt-Jakob após enxertos de dura-máter, 3444 após hormônio do crescimento humano, 3444 após terapia com gonadotropina hipofisária, 3444 como doença priônica, 3441 demência devido à, 3312 diagnóstico de, 3445 diagnóstico diferencial da, 3445-3446 em receptor de transplante, 1 1 2 lq evolução clínica da, 3445 exames laboratoriais na, 3446, 3446f iatrogênica, 3444 manifestações clínicas da, 3441, 3445 mioclonia na, 3445 neuropatologia da, 3445 prevenção da, 3447 príons associados à, 3446-3447 tratamento da, 3446-3447 variante, 3444-3445 Doença de crioaglutinina, 882-883 Doença de Crohn, 2410f. Ver também Doença intestinal inflamatória (DII) anemia ferropriva na, 846q avaliação laboratorial da, 2483-2484, 2484f, 2485f biópsias da mucosa do intestino delgado na, 2468, 2468q câncer de intestino delgado e, 775 características endoscópicas da, 2483-2484, 2484f, 2485f características macroscópica da, 2480-2481, 2481f características microscópicas da, 2481, 2481f características radiográficas da, 24832484, 2484f, 2485f colite na, 2483 complicações da, 2484-2485 comprometimento ocular na, 230f, 2488 deficiência de vitamina K na, 603 diagnóstico diferencial da, 1288, 2485-2486, 2486q diarréia na, 314 distúrbios associados à, 2477-2478 distúrbios ósseos metabólicos na, 2488 distúrbios tromboembólicos na, 2489 doença hepatobiliar na, 2488 doença perianal na, 2483 doença reumatologica na, 2488 doença urológica na, 2488 doenças não infecciosas simulando a, 2486q, 2487 efeitos do tabagismo sobre, 2477 epidemiologia da, 2477,2477q, 2478q etiologia da, 277, 2478 exames radiológicos do intestino delgado com contraste de bário na, 2467f fatores exógenos na, 2480 fatores genéticos na, 2477-2478, 2478q, 2479q febre na, 160 ileocolite na, 2483 jejunoileíte na, 2483 manifestações cardiopulmonares da, 2489 manifestações clínicas da, 1482-2485, 2484f, 2485f manifestações cutâneas da, 422 manifestações orais da, 269
edema na, 294 em crianças, 2927 epidemiologia da, 2922-2923 evolução clínica da,2924-2925 exames laboratoriais da, 2924,2925f hipertireoidismo da, 2925 manifestações clínicas da, 2923-2924, 2923q,2924f,el6-15f na gravidez, 2926-2927 oftalmopatia na. Ver Oftalmopatia de Graves patogenia da, 2676q, 2923 relacionada com radioterapia, 841 taxas de remissão, 2926 tratamento da, 2925-2926 triagem para avaliação de, 2875q Doença de Hand-Schíiller-Christian, 2883, e21-6 Doença de Flansen. Ver Hanseníase Doença de Hartnup, 2365 diagnóstico da, 3222 fatores genéticos na, 2365, 3221q prevalência da, 3222 tratamento da, 3222, 3265 Doença de Hodgkin, 934 abordagem ao paciente, 924 clássica, 934-935 classificação da, 920q com depleção de linfócitos, 934 com predomínio de linfócitos, 6 8 8 q de celularidade mista, 921, 933f, 934 derrame pericárdico na, 1974f diagnóstico da, 934 durante a gravidez, e6 -lq, e6-3 eosinofilia na, 481 epidemiologia da, 921 esfregaço de sangue periférico na, el7-1lf esplenomegalia na, 468 estadiamento da, 469, 924, 925q, 934 febre de Pel-Ebstein na, 934 febre na, 146 infecção por EBV e, 921,1439, 1469 infecções na, 712q, 714q, 718,1009q manifestações clínicas da, 934 manifestações cutâneas da, 419 marcadores tumorais na, 652q nodular com predomínio de linfócitos, 935 nodular esclerosante, 921,934, el7l lf radioterapia para câncer de mama após, 692, 755, 841 segundas neoplasias malignas em sobreviventes da, 841 síndromes paraneoplásicas na, 830q, 831, 836 tratamento da, 934 conseqüências tardias da, 841, 842q, 934-935 TCTH, 963q, 964 vs. linfoma de células B mediastinal, e21-2 a e21-3 Doença de Hunter, 3192q, 3197 Doença de Huntington, 3329 anatomia funcional da, 3300 comprometimento ocular na, 239 demência na, 3312 disfunção olfatória na, 244 distúrbios da marcha na, 193 etiologia da, 3330 fatores genéticos na, 491,496,499, 503, 503q, 565 insônia na, 218 manifestações clínicas da, 3329-3330 neuroimagem na, e44-23f neuropatologia da, 3330,3330f prevalência da, 3329 síndrome do lobo frontal na, 2 1 1 testes genéticos para, 519, 521, 523 tratamento da, 3330
Doença de Huntington-símile 1,33313332 Doença de Huntington-símile 2,3331 3332 Doença de Jansen, 3106-3107 Doença de Kawasaki exantema na, 152q, 415,415q, 416, e7-8f manifestações clínicas da, 416 vasculite na, 2800 Doença de Kennedy, 503, 3348q, 33493350 Doença de Keshan, 604,1963 Doença de Kikuchi, 1346 Doença de Krabbe, 3194q Doença de Lafora, 3254q Doença de Leigh, el 8 -6 , el 8 -6 q Doença de Lenégre, 187q Doença de Letterer-Siwe, e21-6 Doença de Lev, 1871q Doença de Machado-Joseph, 3337q, 3341-3342 Doença de Maroteaux-Lamy, 3192q, 3197 Doença de Master (Doença exantemática associada ao carrapato do sul, STARI), 150q, 157, 1404 Doença de Ménétrier câncer gástrico e 766 doença ulcerosa péptica e, 2459 indigestão na, 305 náusea e vômitos na, 302 tratamento da, 2459 Doença de Méniére diagnóstico da, 179,180 epidemiologia da, 250 fisiopatologia da, 250 manifestações clínicas da, 250 nistagmo na, 241 perda auditiva na, 250, 252,253 tontura na, 178 tratamento da, 180, 250 Doença de Milroy, 2075, 2075q Doença de Moyamoia, 3279 Doença de Naxos, 1896 Doença de Niemann-Pick, 3193q, 31963197, e41-7f Doença de Norrie, 252q Doença de Ollier, 812, 3143 Doença de Paget, extramamária, 732 Doença de Paget do osso, 3136 complicações da, 3137 da tíbia, e41-3f de múltiplos locais, e41-3f diagnóstico de, 3137-3138, 3138f doença cardiovascular e, 3137 doenças associadas a, 3137 dor lombar na, 136 epidemiologia do, 3136 etiologia do, 3136, 3137f fisiopatologia da, 3136-3137 fraturas e, 3137 HAP. Ver Hipertensão arterial pulmonar (HAP) juvenil, 3237f manifestações clínicas da, 3137 manifestações orais da, 268 tratamento da, 3138-3139, 3139q Doença de Paget extramamária, 732 Doença de Paget juvenil, 3136, 3137f Doença de Parkinson, 3317 características essenciais da, 3317, 3317q, 3318f características não dopaminérgicas da, 3325-3326 comprometimento ocular na, 239 constipação na, 319 delirium na, 197 demência na, 3325 dermatite seborreica na, 398 diagnóstico diferencial da, 33173319, 3318q, 3319f, 3320q
disfagia na, 298, 300 disfunção olfatória na, 241, 244 distúrbio comportamental do sono REM na, 221 distúrbio da marcha na, 193 distúrbios autônomos na, 3326 distúrbios do sono na, 218,3326 ECG na, e30-5f etiologia da, 3319-3321, 3320f, 3320q familiar, 3231 fatores genéticos na, 3320, 3320f, 3320q mutações do DNA mitocondrial, 567, el 8 -8 , el8-9 teste para, 525q fisiopatologia da, 3321-3322, 3321f fragilidade e, 577, 582 manifestações clínicas da, 3317, 3317q manifestações não motoras da, 33253326 mortes por, de acordo com o sexo, 40q paralisia supranuclear progressiva com, 3311 patogenia da, 3319-3321, 3320f, 3320q perda da memória na, e9-3 prevalência da, 3317 psicoses na, 3325 quedas na, 195-196 síndrome do lobo frontal na, 211 tratamento da, 525q, 3322-3326, 3322f, 3324q, 3327f agentes neuroprotetores, 3324 agonistas da dopamina, 3323, 3324q, 3326, 3327f amantidina, 3324 benztropina, 3324 características não motoras e não dopaminérgicas, 3325-3326 estimulação cerebral profunda, 3325, 3326 inibidores da COMT, 3324 inibidores da MAO-B, 3323, 3324q, 3326, 3327f levodopa, 3322-3323, 3322f, 3324q, 3326, 3327f métodos atuais, 3326, 3327f não farmacológico, 3326 terapia com células-tronco, 546 terapia gênica, 551 triexifenidil, 3324 tremor na, 3327-3328 Doença de Pick, 3311, 331 lf Doença de Pompe (deficiência de maltase ácida; glicogenose tipo II) deficiência enzimática na, 3195q diagnóstico da, 3202, 3501 fatores genéticos na, 3195q, 3501 manifestações clínicas da, 3195q, 3197, 3200q, 3202, 3501 patogenia da, 3202 tratamento da, 3197, 3202-3203, 3501 Doença de Pott, 135,1082,1347,1347f Doença de Raynaud, 279, 2071-2072 Doença de Recklinghausen. Ver Neurofibromatose tipo 1 (NF1) Doença de Refsum, 236, 3456, 3456q Doença de Roger, el3-6 Doença de Rosai-Dorfman (histiocitose sinusal com linfadenopatia maciça), 935 Doença de Seligmann (doença da cadeia pesada alfa), 944 Doença de Sendoff, 3193q Doença de Still de início no adulto, 2657q febre na, 159,160q manifestações clínicas da, 162 manifestações cutâneas da, 151q, 427, e7-3f
ÍNDICE
marcadores sorológicos na, 2485 mediadores inflamatórios na, 2682q monicotise na, 480 na artrite enteropática, 2783-2784 na gravidez, 60,2494 náusea e vômitos na, 301 patogenia da, 2477-2478, 2676q patologia da, 2480-2481, 2480, 248lf regulação imune na, 2478-2479 RM ponderada em T-2 na, 2484, 2485f sangramento gastrintestinal na, 321 “sinal da corda” na, 2483, 2484 suporte nutricional especializado na, 614, 615q TCMD contrastada na, 2484, 2484f tratamento da, 2489-2494, 2490q, 2493f, 2493q úlcera gastroduodenal na, 305 vs. apendicite, 2518 vs. Proctite por C. trachomatis, 1425 Doença de Cushing definição de, 2945 testes de triagem para, 2885q tratamento da, 2948 vs. síndrome de Cushing, 2945 Doença de Danon, 3195q, 3203 Doença de Dent, 2365 fatores genéticos na, 2284q, 2285, 2357q, 3087, 3221q, 2285,2357q, 3087, 3221q fisiopatologia da, 2365 manifestações clínicas da, 2285, 2357q, 2365, 2385, 3087, 322lq tratamento da, 2365 Doença de depósito de éster de colesteril, 3195q Doença de descompressão, e52-4f, e524q, e52-7 a e52-8 Doença de enxerto versus hospedeiro (DEVH) associada a transfusão, 889,955 crônica, 961 diarréia na, 310, 314 graduação e estadiamento da, 961, 961q infecção por CMV e, 1124 má absorção de cobalamina na, 867q manifestações cutâneas da, 400, 405, 414,415,415q no TCTH, 958 prevenção da, 961 Doença de Fabry, 3191 arritmias ventriculares na, 1896q biópsia renal na, 2350, el4-6f fatores genéticos na, 2349, 3191 manifestações clínicas da, 2349,3191, 3193q, 3196 manifestações cutâneas da, 417q, 419, 3191, e41-7f miocardiopatia restritiva na, 1966, 1969f neuropatia na, 3455, 3456q patogenia da, 2349 portadores de, 499, 2349 tratamento da, 2350, 3191 Doença de Farber, 3195q Doença de Franklin (doença da cadeia pesada gama), 944 Doença de Gaucher, 3196 diagnóstico da, 3196 esplenomegalia na, 469 fatores genéticos na, 3196 manifestações clínicas da, 3193q, 3196 tratamento da, 3196 Doença de Gierke (deficiência de glicose-6 -fosfatase), 3199q, 3200-3201, e41-5f Doença de Graves, 2922. Ver tam bém Tireotoxicose anticorpos anti-Yersinia na, 1312 diagnóstico diferencial da, 2924
1-45
Doença de Tangier (deficiência de ABCA1) fatores genéticos na, 1984 manifestações clínicas da, 3154 manifestações orais da, 1822 neuropatia na, 3456,3456q patogenia da, 3154 Doença de Tarui (deficiência de fosfofrutoquinase), 3199q, 3502 Doença de Tay-Sachs do adulto, 3191, 3193q, 3348q, 3350 fatores genéticos na, 3193q juvenil, 3191 mancha “vermelho cereja” no olho na, e41-7f triagem genética para, 507, 519, 3191 Doença de Tay-Sachs do adulto, 3348q, 3350 Doença de Thomsen, 3506 Doença de Unverricht-Lundborg, 3254q Doença de van Buchem, 3140-3141 Doença de von Hippel-Lindau carcinoma de células renais na, 793, 2360 fatores genéticos na locus e fenótipo, 669q, 3339q mutações do fator de transcrição, 491q mutações do gene supressor tumoral VHL, 205lq, 2356q, 2360, 3078 feocromocitoma na, 2965,2966f, 3078 manifestações clínicas da, 2051 q, 2356q, 2966f, 3073q tratamento da, 2360 tumores cerebrais na, 3384q vs. MEN 1 ou MEN 2, 3078 Doença de von Willebrand, 971 adquirida, 904,971 diagnóstico da, 971f, 971q fisiopatologia da, 460, 460q manifestações clínicas da, 971-972 padrões de herança na, 971-972,97lf sangramento na, 460-461 subtipos da, 971, 971f tratamento da, 972 Doença de Weil. Ver Leptospira/ leptospirose Doença de Whipple, 2474,2784 biópsias da mucosa do intestino delgado na, 2468, 2468q, 2469f comprometimento ocular na, 229, 239,2784 diagnóstico da, 2474,2784 diarréia na, 314 etiologia da, 2474 manifestações cardíacas da, 1053, 1960 manifestações clínicas da, 2474,2784 manifestações cutâneas da, 413 meningite crônica devido a, 3436q tratamento da, 2474, 2784 Doença de Wilson, 3188 anel de Kayser-Fleischer na, e41-8f anemia na, 604 carcinoma hepatocelular e, 777q, 778 deficiência de zinco na, 604 diagnóstico da, 328,2524q, 3188, 3189f, 3189q, e38-6f distúrbios do movimento na, 3333 doença hepática e, 2523, 2597, 2604 icterícia na, 327 índice prognóstico de Nazer na, 3189, 3190q manifestações clínicas da, 2604, 3188 patogenia da, 604,3188,3191 prevalência da, 3188 saúde global, 3190 testes genéticos para, 525q
tratamento da 525q, 2604, 3188-3190, 3189q vs. hepatite autoimune, 2587 Doença de Wolman, 3195q Doença de Woodman, 2117q Doença dentária abscesso, 159 cáries, 267-268,1333 gengivite. Ver Gengivite linfadenopatia na, 466 na bulimia nervosa, 640 perda de peso involuntária na, 642 placa, 267,1333 el2-4f Doença difusa com corpúsculos de Lewy, 3312 Doença difusa da substância branca, 3309, 3309f Doença diverticular, 2502 abscesso anorretal, 2508,2509f achados endoscópicos na, 2416, 2417f anatomia da, 2502,2502f complicada, 2503, 2503q diagnóstico da, 2503 doença hemorroidária, 2507-2507, 2508q epidemiologia da, 2502 fisiopatologia da, 2502, 2502f fissura anal, 2509 fístula anal, 2509 incidência de, 2502 incontinência fecal, 2506-2507, 2507q jejunal, 2467f recorrente, 2504 sangramento na, 321,2502-2503 tratamento da, 2503-2504, 2504q, 2505f,e36-lV Doença do olho de peixe, 3154 Doença do sono (tripanossomíase africana humana), diagnóstico da, 1720, e25-4q, e25-5, e25-6q epidemiologia da, 1719-1720 manifestações cardíacas da, 1958 manifestações clínicas da, 1719,1720 manifestações cutâneas da, 15lq, 1720, e7-12f parasitos causadores de, 1719,1719f, 1719q,e25-4q patogenia da, 1719 prevenção da, 1721 tratamento da, 1720-1721, 1721q Doença do soro com antiveneno, 3568,3571 com tratamento com ATG, 892 eosinofilia na, 481 erupções urticariformes na, 154q, 158 manifestações clínicas da, 439q, 3571 mecanismos imunológicos da, 48 patogenia da, 433 tratamento da, 892, 3571 urticária na, 416, 416q vasculite na, 2800 Doença do telhado de sapé, 2117q Doença do trabalhador da indústria de alimentos de peixe, 2117q Doença do trabalhador da indústria de detergentes, 2117q Doença do trabalhador da indústria de fumo, 2117q Doença do World, Trade Center, 21272128 Doença dos corpúsculos de Lewy, difusa, 3312 Doença dos duetos biliares, 2624 anomalias congênitas, 2624 coledocolitíase, 2624 compressão extrínseca, 2627 estenoses, 2625 hemobilia, 2625
parasitismo hepatobiliar, 2627 relacionada a traumatismo, 2625 Doença dos legionários. Ver Infecções por Legionella Doença dos podadores de árvore, 2117q Doença dos vagabundos, 3578 Doença esofágica, 2427 achados manométricos, 2432-2433 anéis, 2429, 2429f anomalias congênitas, 2430 atresia, 2430 azia na, 2427 disfagia na, 298-300, 2427,2430 distúrbios de motilidade, 102q, 2430 distúrbios dermatológicos e, 2437 distúrbios estruturais, 2428-2430, 2429f, 2430Í divertículos, 2429-2430, 2429f, 2430f dor torácica na, 2427 DRGE. Ver Doença por refluxo gastresofágico (DRGE) esofagite. Ver Esofagite espasmo esofágico difuso, 2432, 2432f exames complementares 2427-2428, 2428f hérnia de hiato, 2428-2430. V er tam bém hérnia de hiato indigestão na, 305 lesão iatrogênica, 2436-2437 membranas, 2429,2429f odinofagia na, 2427 pirose na, 2427 regurgitação na, 2427 sensação de globo na, 2427 sintomas de, 2427 trauma mecânico, 2426-2427 tumores, 2430. Ver tam bém Câncer esofágico Doença exantematosa associada ao carrapato do sul (STARI, doença de Master), 150q, 157,1404 Doença febril aguda, 1023 abordagem ao paciente, 1023-1024 anamnese, 1023-1024 exame físico, 1024 manifestações clínicas de infecções focais, 1026q, 1029-1030 infecções neurológicas, 10251026q, 1029 sepse com achados cutâneos, 1025q, 1027-1028 sepse com achados nos tecidos moles, 1025q, 1028-1029 sepse sem foco definido, 10241027, 1025q pesquisa diagnostica, 1024 tratamento da, 1024, 1025-1026q Doença fibrocística, da mama, 756-757 Doença gastrintestinal abordagem ao paciente, 2402 alteração dos hábitos intestinais na, 2404, 2404q anamnese na, 2405 anormalidades na, 2403 alteração da função imune intestinal, 2403 alteração do trânsito intestinal, 2403 comprometimento do fluxo sanguíneo, 2403 degeneração neoplásica, 2403 secreção alterada, 2403 ascite na, 331 avaliação laboratorial da, 2405-2406 classificação da, 2403-2404 conteúdo luminal na, 2406 dor abdominal na, 2404,2404q em altitudes elevadas, e51-4 endoscopia na, 2406, 2406q etiologia da, 2402 exame físico na, 2405
exposição a agentes neurais, 1784 fatores genéticos na, 2403-2404 histopatologia da, 2407 icterícia na, 642 infecções em pacientes com câncer, 716 LES e, 2730, 273lq manifestações clínicas, 2404-2405, 2404q medicina nuclear na, 2406-2407 na esclerose sistêmica, 2761,27652766, 2768 na exposição a gás mostarda na, 1783 na gravidez, 60 na sepse/choque séptico, 2227 náusea e vômitos na, 301,2404, 2404q no diabetes melito, 2985 perda de peso involuntária na, 642 pirose na, 2404,2404q radiografia na, 2406-2407 relacionada com a idade, 564q sangramento gastrintestinal na, 2404, 2404q sem anormalidades orgânicas óbvias, 2403 teste funcional na, 2407 tratamento da, 2407-2408 cirurgia, 2408 dirigida para influências externas, 2408 endoscopia e radiologia intervencionistas, 2408 farmacoterapia, 2407-2408 manipulação nutricional, 2407 suporte nutricional especializado, 614, 615q terapias alternativas, 2407-2408 terapias entéricas, 2408 viajantes. Ver Diarréia do viajante Doença hematológica LES e, 2728q, 2730, 2731q manifestações orais da, 269 na artrite reumatoide, 2739-2740 na cirrose, 2602 na gravidez, 59 paraneoplásica, 830 relacionada com a idade, 564q valores de referência, 3585-3588q Doença hemorroidária, 2507 anatomia da, 2507-2508, 2508q avaliação da, 2508 classificação da, 2507 epidemiologia da, 2507 estadiamento da, 2508, 2508q etiologia da, 318 fisiopatologia da, 2507-2508 incidência de, 2507 interna, achados endoscópicos na, 2422, 2424f manifestações clínicas da, 2508 tratamento da, 2508, 2508q Doença hepática alcoólica, 2589 anamnese, 2522, 2523q avaliação laboratorial da, 2590, 2590q cirrose, 2592, Ver tam bém Cirrose, alcoólica etiologia da, 2589 fatores de risco para, 2522,2523q, 2589, 2589q fisiopatologia, 259 lf hepatotoxicidade do paracetamol e, e38-4f infecção crônica pelo HCV e, 2589, 2589q lesões envolvidas na, 2589 manifestações clínicas da, 2590 patogenia da, 2589 patologia da, 2589-2590 prognóstico da, 2590-2591 transplante de fígado e, 2607,2614
tratamento da, 2526 valores do ferro na, 3165q Doença hepática terminal (DHT), transplante de fígado para, 2614, 3166 Doença hidática. Ver Equinococose (doença hidatidose) Doença hipotalâmica efeitos metabólicos da, 2883 hipopituitarismo devido à, 2879 obesidade na, 627, 629 temperatura corporal na, 143 Doença imunoproliferativa do intestino delgado, 775,944 Doença induzida por fármaco. Ver tam bém Reações adversas a fármaco; intoxicaçãoIoverdose de fármaco acidose, 367 condições musculoesqueléticas, 2820q cutânea, 153q, 157,432 alterações na pigmentação, 433 dependente de imunocomplexos, 433 diagnóstico de, 438, 438q distúrbios dos cabelos, 434 distúrbios ungueais, 434 erupção exantematosa, e7-2f erupção medicamentosa fixa, 435 erupções maculopapulares, 434435 erupções por fotossensibilidade, 433 erupções pustulosas, 435 exacerbação ou indução de doença dermatológica, 433 exantemas, 415,415q fármacos de interesse especial, 436-437 fatores genéticos na, 433 hiperpigmentação, 412q, 413 hipersensibilidade tardia, 433 imediata, 432 incidência da, 432 necrose por varfarina, 433-434f patogenia da, 432-433 prurido, 434 relato de, 439 seleção de fármaco após, 438 sensibilidade cruzada na, 438-439 síndrome de hipersensibilidade. Ver Síndrome de hipersensibilidade induzida por fármacos/reação a fármacos com eosinofilia e sintomas sistêmicos (SHIF/RFESS)
“tratamento” de uma erupção, 438 tratamento da, 437-438 urticária/angioedema, 435 vasculite, 435 vesículas/bolhas, 414. Ver também Síndrome de Stevens-Johnson; necrólise epidérmica tóxica febre, 160 imunodeficiências primárias, e39-2 LES, 2735 pustulose eruptiva generalizada aguda, 154q, 157, e7-12f síndrome de Stevens-Johnson. Ver Síndrome de Stevens-Johnson vasculite, 2820q Doença inflamatória multissistêmica de início neonatal (DIMIN), 2815q, 1816-2817 Doença inflamatória pélvica (DIP) anaeróbia, 1335-1336 C. trachomatis , 1424 diagnóstico da, 1104-1105 dor abdominal na, 108,111 dor pélvica na, 387-388, 387q epidemiologia da, 1103
etiologia da, 1096q, 1103 1419 manifestações clínicas da, 1103-1104 prevenção da, 1106 prognóstico da, 1106 tratamento da, 1105-1106, 1105q vs. apendicite, 2518 Doença intestinal inflamatória (DII), 2477. Ver tam bém Doença de Crohn, Colite ulcerativa aortite na, 2065 após diarréia infecciosa, 1086q câncer na, 770, 2494-2495, 2495f cascata inflamatória na, 2479-2480 colites atípicas simulando. 2486q, 2487 comprometimento ocular na, 229, 230f, 2488 diagnóstico diferencial da, 1288, 2485-2486, 2486q diarréia na, 310, 314 displasia na, 2495 distúrbios associados a, 2477 distúrbios ósseos metabólicos na, 2488 distúrbios tromboembólicos na, 2489 doença hepatobiliar na, 2488 doença reumatológica na, 2488 doença urológica na, 2488 doenças infecciosas simulando, 24852486, 2486q doenças não infecciosas simulando, 2486q, 2487 dor abdominal na, 11 lq epidemiologia da, 2477, 2477q, 2478q etiologia da, 277, 2478 fatores exógenos na, 2480 fatores genéticos na, 2477-2478, 2478q, 2479q gravidez e, 2494 manifestações cardiopulmonar da, 2489 manifestações clínicas da, 2481-2485, 2482f, 2482q, 2484f, 2485f manifestações cutâneas da, 422 manifestações extraintestinais da, 2487-2488 marcadores sorológicos na, 2485 marcadores tumorais na, 652q microbiota intestinal e, 532 na artrite enteropática, 2783-2784 neuropatia na, 3459 patogenia da, 2477,2478 patologia da, 2480-2481, 2480q, 248 lf probióticos para, 533 regulação imune na, 2478-2479 sangramento gastrintestinal na, 321 tabagismo e, 2477 tratamento da, 2489, 2494, 2490q, 2493f, 2493q adalimumabe, 2492 agentes de 5-AAS, 2489, 2490, 2493f antibióticos, 2490, 2493f azatioprina, ciclosporina, 2491,2493f cirurgia, 2492-2494, 2493q durante a gravidez, 2494 glicocorticoides, 316, 2489-2490, 2493f infliximabe, 2491-2492, 2493f metotrexato, 2491 6 -MP, 2490-2491, 2493f natalizumabe, 2492, 2493f suporte nutricional especializado para, 614 tacrolimo, 2491, 2493f terapia com anti-TNF, 2491-2492, 2493f M . hominis,
terapias biológicas, 249-12492, 2493f terapias em desenvolvimento, 2493 terapias nutricionais, 2492, 2493f Doença Iinfocutânea, por Nocardia, 1324,1325q Doença linfoproliferativa anemia na, 449 autoimune, 669q célula B, infecção por EBV e, 11241125,1439 Doença m aculatum , 1408q Doença metabólica. Ver tam bém doenças específicas
classificação da, e41-l coma devido a, 2248-2249 etiologia da, e41-l febre na, 161q manifestações clínicas da, e41-l, e41-lf a e41-8f na sepse/choque séptico, 2227 Doença metastática, 681, 682f característica da, 673q cirurgia para, 690-691 esplenomegalia na, 469 exame de medula óssea na, el7-7f linfadenopatia na, 466 melanoma, 729-730 no câncer colorretal, 773 no câncer de bexiga, 792 no câncer de pulmão, 742, 742q no carcinoma de células renais, 795 para a coluna, 135 para a pele, 410, 417q, 421, 731f, el 6 -f para o cérebro. Ver Tumor cerebral, metastático para o coração, 1981 para o fígado, 773, 785 para o olho, 236, 237 para o osso, 681, 820 para o pericárdio, 2267-2268 para o pulmão, 285, 815, 2275-2276 tratamento da, 550 Doença mista do tecido conectivo (DMTC) bloqueio de condução AV 1871, 1871q disfunção do nó AS na, 1868 linfadenopatia da, 466 manifestações clínicas da, 2769 neuropatia na, 3459 Doença músculo oculocerebral, 3497f Doença musculoesquelética, 2818 agregação familiar na, 2820 ANA na, 2825-2826, 2825q articular vs. não articular, 2818 artrite induzida por cristais, 2837, 2837q dor torácica na, 103q, 104 em pacientes hospitalizados, 2821 esclerose sistêmica na, 2766 eventos precipitantes na, 2820-2821, 2820q hiperlipidemia, 2855 induzida por fármaco, 2820q infecção actinomicótica, 1329 infecções em pacientes com câncer, 718 inflamatória vs. não inflamatória, 2818-2819, 2819f LES e, 2728, 2728q na doença falciforme, 2853-2854, 2854q na sarcoidose, 2810,2810f no idoso, 2821 prevalência da, 2818 reumática regional, 2822-2824f, 2822-2825 terminologia relacionada com a, 2822q
Doença neurológica, 3223.
Ver também
doenças específicas
abordagem ao paciente. Ver Exame/ parecer neurológico agregação de proteína na, 3231-3232 angiografia na, 3249 apoptose na, 3231 arritmia na 1895-1896 biologia da, 3224 canalopatias, 3225-3226, 3225q como conseqüência tardia do câncer/ terapia do câncer, 840 defeitos na via de sinalização, 32263227 depressão na, 3536 disfunção testicular devido a, 3019 distúrbios da mielina, 3228,3228f distúrbios de neurotransmissores/ receptores de neurotransmissores, 3226, 3227q distúrbios de transcrição gênica, 3226-3227 distúrbios dos canais iônicos, 32253226, 3225q em paciente em estado crítico. Ver Paciente em estado crítico, distúrbios neurológicos estudos de associação ampla de genoma, 3224 exames de imagem. Ver Neuroimagem fatores neurotróficos na,3228, 3229q hipoventilação, 2183, 2183f insônia na, 218 localização da, 3238-3239, 3239q mecanismos da, 3224 morte celular na, 3230-3231 na anemia megaloblástica, 865-866 na doença de Wilson, 3188 na gravidez, 59-60 na hipotermia, 166q na infecção pelo HIV, 1534-1535 na sarcoidose, 2807q, 2809 na sífilis. Ver Neurossífilis, no LES, 2728q, 2731q paraneoplásica, 832,832q perda de peso involuntária na, 642 prevalência da, 3233, 3233q relacionada com a idade, 564q relacionada com células-tronco, 3228-3230 síndrome de Behçt, 2801 terapia com células-tronco na, 546 terapia gênica, 548q Doença ocupacional. Ver tam bém Profissionais de saúde asma, 2103, 2108 dermatite de contato, 396 distúrbio do trabalho em turnos, 2 2 2 223 doença pulmonar, 2085 anamnese e exame físico na, 2 1 2 1 2122
avaliação da exposição na, 2 1 2 2 avaliação da incapacidade na, 2128 categorias de, 2123q doença crônica por berílio, 420, 2125-2126 DPOC, 2152 em salva-vidas do World Trade Center, 2127-2128 exposição a substâncias químicas tóxicas, 2126-2128, 2127q imagem do tórax na, 2 1 2 2 pneumoconiose dos mineiros de carvão, 2125 pneumonite por hipersensibilidade. Ver Pneumonite por hipersensibilidade poeiras inorgânicas, 2123q, 2126
poeiras orgânicas, 2123q, 2126, provas de função pulmonar na, 2122
ÍNDICE 1-48
relacionada com asbestos. Ver Doença relacionada com asbestos silicose, 2124-2125 eczema das mãos, 397 feridas por mordeduras de animais, e24-l ae24-2 perda da audição, 255 triagem genética para, 519 Doença orofaríngea câncer, 734,73 5q. Ver tam bém câncer de cabeça e pescoço disfagia na, 298-299 Doença óssea associada à infecção por HCV, 3141 doença de Paget, 3136. Ver tam bém Doença de Paget do osso dor no pescoço, 141 esclerosante, 3139 displasia diafisária progressiva, 3140 hiperostose cortical generalizada, 3140-3141 melorreostose, 3141 osteopetrose, 3139-3140 osteopoiquilose, 3141 picnodisostose, 3140 imunodeficiências primárias com, e39-2 infecções anaeróbias, 1336 marmórea, 3139-3140 metástases de outros locais, 681, 820 na cirrose, 2602 na DII, 2488 na doença de Gaucher, 3198 na doença renal crônica, 2313 na tuberculose, 1347-1348 no mieloma múltiplo, 938-939, 938q, 939f, 942 sarcoma. Ver Sarcoma ósseo Doença óssea esclerosante, 3139. Ver tam bém distúrbios específicos Doença óssea marmórea, Doença pancreática aguda, 2969. Ver tam bém Pancreatite aguda abordagem ao paciente, 2629 L ascite na, 331 câncer. Ver Câncer de pâncreas crônica. Ver Pancreatite crônica diagnóstico de, 2629-2630q, 26292633,263lf, 2632q, 2633q dor lombar na, 136 etiologia da, 2629 indigestão na, 305 manifestações cutâneas da, 420 tumores endócrinos. Ver Tumores endócrinos pancreáticos Doença pelo vírus Punta Toro, 1621 Doença pelo vírus Toscana, 1621 doença perianal, na doença de Crohn, 2483 Doença periapical, 268 Doença periodontal (periodontite), 268, el2-5f abscesso, 1333 fatores de risco para, 268 infecções anaeróbias, 1333 juvenil localizada, no idoso, 275-276 prevenção da, 268,482 relacionada com Aids, 268 Doença pleuropulmonar, infecções anaeróbias, 1334-1335 Doença por deposição de apatita e cálcio, 2840 condições associadas à, 2840, 2840q diagnóstico da, 2841,2841f diagnóstico diferencial da, 2841, 2841f manifestações clínicas da, 1840
patogenia da, 2840 tratamento da, 2841 Doença por deposição de cadeia leve, 2349, 2370,2370f,el4-6f Doença por deposição de CPPD. Ver Doença por deposição de pirofosfato de cálcio diidratado (CPPD) Doença por deposição de oxalato de cálcio, 2841 diagnóstico da, 2841-2842, 2841f manifestações clínicas da, 2370, 2841-2842 patogenia da, 2841 tratamento da, 2842 Doença por deposição de pirofosfato de cálcio diidratado (CPPD), 2839 condições associadas à, 2839q episódios agudos de, 2839 manifestações clínicas da, 2839-2840, 2840f patogenia da, 2839, 2839q tratamento da, 1840 Doença por IgA linear, 424q, 428 Doença por lesão mínima biópsia renal na, 2345, el4-lf manifestações clínicas da, 2345 patogenia da, 2345, 2345f proteinúria na, 339, 2301, 2345 tratamento da, 2345 Doença por refluxo gastresofágico (DRGE), 2433 abordagem ao paciente, 305-306 achados endoscópicos na, 2410f, 2419-2420, 2420f asma e, 2108 câncer esofágico e, 764q, 2433f, 2434 complicações da, 2433f, 2434, 2434f diagnóstico da, 305-306, 2428 diagnóstico diferencial da, 2434 disfagia na, 299 dor abdominal na, 111 q dor torácica na, 102q, 103q, 104 epidemiologia da, 305,2433 esofagite e, 2433 esofagite eosinofílica e, 2435 esôfago de Barrett na, 2410f, 24192420 fisiopatologia da, 2433 H. pylori e, 1262 manifestações clínicas da, 2433-2435 manifestações extraesofágicas da, 2434 manifestações orais da, 268 mecanismos da, 304,305 na esclerose sistêmica, 2765 náusea e vômitos na, 301 pirose na, 2427, 2433-2435 sintomas de alarme na, 306q tosse na, 283 tratamento da, 306-307, 2434-2435 Doença por vírus Toscana, 1621 Doença prevenível por vacinas considerações globais, 1031,1032 controle, eliminação e erradicação de, 1031 declínio nos EUA, 1032q detecção e controle de surtos de, 1031-1032 notificação à saúde pública, 1032 Doença pulmonar. Ver tam bém Distúrbios respiratórios; distúrbios específicos acidose respiratória na, 372 adenoma brônquico, 753 cianose na, 289 considerações globais, 2129 em conseqüência de exposições ambientais, 2128-2129 em conseqüência tardia do câncer/ terapia do câncer, 839-840 exposições em lugares fechados e, 2128-2129
hamartoma, 753 hemoptise na, 285 hipertensão pulmonar na, 2078q hipertensão venosa pulmonar na, 2080 induzida por fumaça da biomassa, 2129,2129f infecções em paciente com câncer, 717-718 LES e, 2729, 2731q mortes por, 67q na artrite reumatoide, 2739 na esclerose sistêmica, 2761,276lf, 2764-2765, 2765f na leptospirose, 1394,1395f na sarcoidose, 2807-2808, 2807f, 2808q na tularemia, 1303 neoplasias benignas, 753 obesidade e, 628 ocupacional. Ver Doença ocupacional, doença pulmonar poluição do ar e, 2128 relacionada com barotrauma, e52-7 viagem em altitude elevada e, e51-5 Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) achados físicos na, 2156 achados laboratoriais na, 2156-2157, 2156q, 2157f anamnese na, 2156 cor pulm onale na, 1914. Ver tam bém Cor pulm onale
definição da, 2151 dispnéia na, 278, 278q, 279 distúrbios do sono na, 218 ECG na, e28-12f, e30-5f em viajantes, 1047 exacerbações da, avaliação das, 2159 causas precipitantes, 2158, 2159 infecção por H. influenzae, 1229 infecções por M. catarrhalis, 1232, 1232f tratamento das, 2159-2160 fatores de risco para, deficiência de al -antitripsina, 2152-2153 exposição ocupacional, 2152 exposição passiva à fumaça de cigarro, 2152 hiperresponsividade das vias respiratórias, 2152 infecções respiratórias, 2152 poluição do ar, 2152 tabagismo, 2151-2152, 2151f fatores genéticos na, 2152-2153 fisiopatologia da, hiperinsuflação, 2153-2154 obstrução ao fluxo de ar, 2153 troca gasosa, 2154 gravidade da, critérios GOLD para, 2156q hipertensão pulmonar na, 2078,2081 história natural da, 2153,2153f patogenia da, 2154-2155, 2155f hipótese de elastase: antielastase, 2155 inflamação e proteólise da matriz extracelular, 2155 patologia da, parênquima pulmonar, 2154 vias respiratórias de grande calibre, 2154 vias respiratórias de pequeno calibre, 2154 TC na, 2157, 2157f tratamento da, abandono do tabagismo, 2157 cirurgia de redução do volume pulmonar, 2158 farmacoterapia, 2157-2158
reabilitação pulmonar, 2158 transplante de pulmão, 2158, 2191 q vs. asma, 2109 Doença relacionada a asbesto asbestose, 2123, 2124f câncer de pulmão, 737, 2123. Ver tam bém Câncer de pulmão mesotelioma, 2123-2124. Ver também Mesotelioma radiografia de tórax na, 2123-2123 risco de, 2 1 2 2 sarcoma de tecidos moles, 816 TC na, e34-14f Doença relacionada com alimentos bacteriana, 1087, 1087q C. botulinum , 1200-1201 C. perfringens, 1205-1206 Campylobacter, 1286 L. monocytogenes, 1195 S. aureus, 1165-1166 Salmonella, 1278 diagnóstico diferencial da, 310, 31 lq diarréia na, 310, 31 lq. Ver tam bém Diarréia, infecciosa intoxicação por ácido domoico, 3575 intoxicação por ciguatera, 3574 intoxicação por escombrídios, 35753576 intoxicação por mariscos paralíticos, 3574-3575 vira, 31 lq, 1086-1087 Doença renal cística medular, 2356q, 2359 Doença renal crônica (DRC), 2308 abordagem ao paciente, anamnese e exame físico, 23172318 biópsia renal, 2318 estabelecimento do diagnóstico e da etiologia, 2318-2319 estadiamento, 2309-2310 exames laboratoriais, 2309, 2309q, 2318, 3601-3603q agentes antibacterianos na, ajuste da dose para, 1140q anormalidades gastrintestinais e nutricionais na, 275,2317 anormalidades hematológicas na, anemia, 455, 456, 850, 850q, 2316 hemostasia anormal, 2316 sangramento, 461 classificação dos, 2308, 2308q concentração e resposta a fármacos e, 40 considerações globais, 2321, 2322, 2326 diagnóstico da, 335q distúrbios cardiovasculares na, doença pericárdica, 1975, 2315 doença vascular isquêmica, 2314 epidemiologia dos, 2314,2314f fatores de risco para, 2325 hipertensão, 2043, 2046, 2048, 2048q, 2315 hipertrofia ventricular esquerda, 2315 insuficiência cardíaca, 2314 tratamento dos, 2315 distúrbios do metabolismo do cálcio e do fosfato na calcifilaxia, 2313, 2313f fisiopatologia da, 2292, 2312f manifestações cardiovasculares dos, 2313 tratamento da, 2314, 3116 distúrbios endócrinos metabólicos na, 2317 distúrbios hidreletrolíticos e ácidobásicos na acidose láctica, 366
Transplante renal; Diálise peritoneal para retardar a progressão da doença, 2319 suporte nutricional especializado, 614,615 terapia anti-hipertensiva, 2319 tuberculosa, 1347,1347f, 1356 uso de meios de contraste, 1854 viagem em altitude elevada e, e51-5 a e51-6 Doença renal policística autossômica dominante diagnóstico da, 2356, 2358 exame físico na, 524q fatores genéticos na, 498q, 205lq, 2355, 2356q manifestações clínicas, 205lq, 2355-2356, 2355f testes genéticos para, 524q tratamento da, 524q, 2358 autossômica recessiva diagnóstico da, 2359 fatores genéticos na, 2356q, 2358 manifestações clínicas da, 2359 doença de von Hippel-Lindau. Ver Doença de von Hippel-Lindau doença renal cística medular, 2356q, 2359 esclerose tuberosa. Ver Esclerose tuberosa nefronoftise, 2356q, 2359 rim esponjoso medular, 2356q, 2360, 2360f Doença renal terminal (DRT). Ver Doença renal crônica (DRC), estágio 5 Doença semelhante à doença do soro, 416,433,2800 Doença sistêmica relacionada com imunoglobulina G4 (IgG4), 2369 Doença transmitida por carrapatos borreliose de Lyme. Ver Borreliose de Lyme (doença de Lyme) encefalite, 1622q, 1624-1625 febre do carrapato do Colorado, 1621 febre hemorrágica da CrimeiaCongo, 1629 febre maculosa das Montanhas Rochosas, 1407-1408. Ver tam bém Febre maculosa das Montanhas Rochosas (FMMR) febre recidivante. Ver Febre recidivante febres maculosas, 1410-1411 granuloma dos carrapatos, 3577 infecções por Babesia. Ver Infecções por Babesia spp. linfadenopatia, 1408q paralisia do carrapato, 1202,3577 riquetsiose, 1407,1408q. Ver tam bém doenças específicas Doença transmitida por insetos, prevenção de, 1044 Doença trofoblástica gestacional, 815, e6-3 a e6-4 atividade do inflamassoma na, 2657q considerações globais, 815 fatores de risco para, 815 manifestações clínicas da, 815, e6-4 marcadores tumorais na, 652q síndromes paraneoplásicas na, 827q tratamento da, 816, e6-4 Doença tromboembólica hipertensão pulmonar na, 2078q, 2081 na DII, 2489 no infarto do miocárdio, 2033-2034 oclusão arterial aguda nos membros, 2069,-2070 renal, 2377, 2378f Doença tubária, 3036
Doença tubulointersticial alérgica, 2299 hiperpotassemia na, 357 Doença ulcerosa péptica, 2438 achados endoscópicos na, 2409, 2420 benigna, 2409f, 2446, 2446f hemorragia, 2414,2415f maligna, 2409f anamnese na, 2444-2445 avaliação diagnóstica da, 2445-2447, 2446f câncer gástrico e, 6 6 condições relacionadas com, 2454 dados de mortalidade, 2438 diagnóstico diferencial da, 2445 dispepsia na, 2451 doença de Ménétrier, 2459 dor abdominal na, 11 lq, 2444-2445 dor torácica na, 102q, 103q, 104 epidemiologia da, 2441 etiologia da, 2441-2444, 2445q exame físico na, 2445 fatores genéticos na, 2444 fisiologia gástrica e, 2438-2441, 2438-2441f fisiopatologia da, 2441-2443, 2442f, 2443f gastrite e, 2457 indigestão na, 305 induzida por AINEs, 2441 epidemiologia da, 2444 fisiopatologia da, 2444, 2444f tratamento da, 2450-2451, 2450q, 245 lq lesão da mucosa relacionada com estresse, 2457 manifestações clínicas da, 2438, 2444-2445 perfuração na, 2445 prevalência da, 2438 prevenção de sangramento recorrente na, 320 radiografia com bário na, 2409, 2446, 2446f recidiva da, 2453 relacionada com H. pylori, 320,1262, 1262f, 2441. Ver tam bém Infecção por Helicobacter pylori sangramento gastrintestinal na,320, 320q, 2414, 2415f, 2445 SZE e, 2454-2457. Ver também Síndrome de Zollinger-Ellison (SZE) tabagismo e, 2444 tratamento da, 2447-2454 abordagem ao paciente, 24512452, 245lf análogos das prostaglandinas, 2447q, 2449 antagonistas do receptor H2, 2447-2448, 2447q antiácidos, 2447, 2447q cirurgia, 2452-2454, 2453f erradicação do H. pylori, 2449-2450, 2449q IBP, 2447q, 2449 preparações contendo bismuto, 2447q, 2449 sucralfato, 2447q, 2449 úlceras duodenais. Ver Ülceras duodenais Doença vascular na anemia megaloblástica, 865 terapia gênica na, 550-551 Doença vascular do colágeno disfunção do nó SA na, 1868q dispnéia na, 279 eosinofilia na, 481 febre na, 160q hipertensão pulmonar na, 2078q, 2080 manifestações esofágicas da, 2437 monocitose na, 480
Doença vascular encefálica, 3270. Ver Acidente vascular encefálico abordagem ao paciente, 3270-3271, 3271f carga global da, 1 lq definição da, 3270 demência associada à, 3308 disfagia na, 298-299 em mulheres, 5lf epilepsia devido à, 3256 exames de imagem da, 3291 incidência da, 3270 mortes por, 12q, 50q tipos de, 3270 Doença veno-oclusiva com síndrome de imunodeficiência (VODI), e39-2 Doença veno-oclusiva pulmonar, 2078q, 2080-2081 Doença(s) priônica(s), 3441. Ver tam bém Doença de Creutzfeldt-Jakob barreira de espécies na(s), 3443-3444 cepas de príons na(s) 3443, 3443q demência devido à, 3312 diagnóstico de, 3445 diagnóstico diferencial da(s), 3445-3446 epidemiologia da(s), 3442, 3442q espectro da(s), 3441-3442, 3442f esporádica(s), 3444 exames laboratoriais na(s), 3446, 3446f herdada, 3444 infecciosa(s), 3444-3447, 3446f manifestações clínicas da(s), 3445 neuropatologia da(s), 3445 patogenia da(s), 3442-3444, 3443f, 3443q poliformismos do gene PRNP humano na(s), 3444 prevenção da(s), 3447 tratamento da(s), 3447 Doença/disfunção do nó sinoatrial (SA), 1867 ECG na, 1869,1869f, 1870f epidemiologia da, 1867 etiologia da, 1868, 1868q exame complementar na, 1869-1870 extrínseca, 1868 formas herdadas de, 1868 intrínseca, 1868 manifestações clínicas da, 1867, 1868-1869 marca-passo para, 1875,1876q tratamento da, 1870 Doença/encefalopatia de Wernicke manifestações clínicas da, 239, 597, 2260 no paciente em estado crítico, 2260, 2260f patogenia da, 2260 patologia da, 2260 tratamento da, 2260 Doença/insuficiência hepática aguda, 2523, 2525 abordagem ao paciente, 2520,2525f abuso de álcool, 2522, 2523q, 2589. Ver tam bém Doença hepática alcoólica acidose láctica na, 366 alcalose respiratória na, 372 anemia na, 851 ascite na, 331, 331f, 2523 avançada, 2523-2524 candidíase, 716 cirrose. Ver Cirrose colestática, 328-329, 2520, 2521q crônica, 2523, 2525 deficiência de folato na, 870 definição de, 2523 delirium na, 199,199q
ÍNDICE
acidose metabólica, 367-368, 2292, 2312 edema, 290-291, 294 hipercalcemia, 2313, 3109-3110 hiperfosfatemia, 2313, 3116 hiperpotassemia, 357, 2311, el5-2 hipocalcemia, 3116 hiponatremia, 345,2311 hipopotassemia, 354,2312 regulação acidobásica, 2292 regulação da água, 2311 regulação do potássio, 2291-2292, 2311-2312 regulação do sódio, 2291, 2311 tratamento de, 368,2312,3116 distúrbios neuromusculares na, coma, 2249 delirium, 199,199q dor lombar, 136 neuropatia, 2317, 3459 efeitos do metabolismo das lipoproteínas sobre, 3155 epidemiologia dos, 2310 estágio 5 (doença renal terminal) doença cardiovascular e, 2325 LES e, 2727q, 2728, 273lq síndrome urêmica na, 2310 tratamento da, 2322. Ver também Hemodiálise; Transplante Renal; Diálise peritoneal etiologia dos, 2309q, 2310 diabetes melito, 2982-2983, 2983f. Ver tam bém Nefropatia diabética glomerulonefrite, 2310. Ver tam bém Glomerulonefrite fatores de risco para, 2309 fatores genéticos na, 2284q, 2309 fisiopatologia da, 2308, 2312f diluição e concentração urinárias, 2291 função tubular, 2291 hiperfunção do néfron, 2289, 2308f síndrome urêmica, 2310 hiperuricemia e, 3184 manifestações clínicas dos, 335q, 2310, 231 lq manifestações cutâneas da, 414,416, 2317 mortes por, 50q, 67q na amiloidose, 945,947. Ver tam bém Amiloidose na esclerose sistêmica, 2761 na gravidez, 56-57, 2317 na síndrome de Sjógren, el5-7 no LES. Ver Nefrite do lúpus no mieloma múltiplo, 938-939, 938q progressão da, 2289 ativação do transição epitelial/ endotelial-mesenquimal e, 2291 lesão renal e, 2289-2290, 2289f mecanismos da, 2289-2291, 2290f modificadores que influenciam, 2292-2293, 2292q proteinúria glomerular e, 2290 resposta à perda de néfrons e, 2291, 2309f relacionada com a idade, 564q, 567 restrição dietética e, 2293 taxa de filtração glomerular na, 334, 2309-2310, 2309q tratamento da ajuste da dose de medicamentos, 1140q, 2320 educação do paciente, 2321 eritropoietina, 851 nefropatia diabética. Ver Nefropatia diabética plano de ação clínica, 2319,2319q preparação para terapia renal substitutiva, 2320-2321. Ver tam bém Hemodiálise;
1 -4 9
diagnóstico de algoritmo para, 2525f biópsia na, 2525. Ver tam bém Biópsia do fígado componentes na, 2521-2522 em paciente ictérico, 327-328 exame de imagem na, 2524-2525 exame físico na, 2523-2524 exames laboratoriais na, 2524, 25524q história clínica na, 2522-2523, 2523q história familiar na, 2523 provas de função hepática na. Ver Provas de função hepática vs. coagulação intravascular disseminada, 979 distúrbios da coagulação na, 980-981, 981f, 98lq dor na, 2522 efeito sobre a concentração e resposta à fármaco, 40 efeitos do metabolismo das lipoproteinas na, 3155 em mulheres, 50q em paciente com câncer associada a quimioterapia, 840 associada a radiação, 840 infecções, 716 enfisema e, 2523 esfregaço de sangue periférico na, el7-5f esplenomegalia na, 2523 estadiamento da, 2522, 2525-2526 etiologia da, 2589,2597 exame físico na, 327 fadiga na, 2522 fatores de risco para, 2522 genética, 2603 graduação da, 2522,2525-2526 halitose na, 2575 hepatomegalia na, 2523 icterícia na, 2523 icterícia na, 326, 327-328, 2522 induzida por fármaco, 2524q, 2526, 2558, 2559f, 2560q, 2561-2566 induzida por substâncias químicas, 2558-2560, 2561q infiltrativa, 2606 manifestações clínicas da, 330, 2521-2522 manifestações cutâneas da, 2524 manifestações orais da, 268 metabólica, 2604 mortes por, de acordo com o sexo, 50q mutações HFE na, 3167 na DII, 2488 na doença de Wilson, 2523, 3188 na gravidez, 60 na hepatite. Ver Hepatite hepatocelular, 2520, 252lf na leptospirose, 1394 na sarcoidose, 2807q, 2808-2809 náusea e vômitos na, 302,2522 neuropatia na, 3459-3460 obesidade e, 628 padrões de, 2520, 252lq prurido na, 2522 sangramento na, 461,463 suporte nutricional especializada na, 614,615 terminal, transplante de fígado para, 2614 testes de triagem para coagulação na, 463 tipos de, 2520, 252lq tratamento da terapia com células-tronco, 546 transplante de fígado. Ver Transplante de fígado
tromboembolia na, 981-982, 98lf tumores. Ver Tumores hepáticos Doença/insuficiência renal aguda. Ver Lesão renal aguda (LRA) ateroembólica, 2376-2377 crônica. Ver Doença renal crônica (DRC) distúrbios tubulares herdados. Ver também distúrbios específicos canais, transportadores e enzimas na, 2362f fatores genéticos na, 2284q, 2357-2358q manifestações clínicas da, 2357-2358q doença renal policística. Ver Doença renal policística doenças glomerulares. Ver Doenças glomerulares doenças tubulointersticiais, 2367, 2367q. Ver tam bém doenças específicas considerações globais, 2374 crônica, 2367, 2367q, 2370-2371 metabólica, 2367q, 2373-2374 nefrite intersticial aguda. Ver Nefrite intersticial aguda (NIA) tromboembólica, 2377,2378f trombótica microangiopática. Ver Microangiopatia trombótica, renal Doença/insuficiência renal. Ver Doença/ insuficiência renal Doença/lesão da medula espinal, 3366 abordagem ao paciente, 3366-3368, 3366q, 3368f aguda, 3368 anatomia relacionada com, 33663367, 3366q, 3368f anormalidades sensoriais na, 189-190 choque neurogênico na, 2 2 2 2 constipação na, 319 disfunção autônoma na, 3356 disfunção erétil na, 375 disfunção vesical na, 3376 induzida por radiação, 692, 840 infarto, 185, e44-25f medula cervical, 139-140, 3367 medula lombar, 3367 medula sacral/cone medular, 3367 medula torácica, 3367 meningite, 3435 mielopatia compressiva vs. não compressiva, 3368 mielopatias compressivas. Ver Compressão de medula espinal mielopatias crônicas, 3373 adrenomieloneuropatia, 3375 associada a retrovírus, 3373 causas tóxicas de, 3375 em malformações vasculares da coluna e dura-máter, 3373, 3373f esclerose lateral primária, 3347q, 3350, 3375 hipocúprica, 3375-3376 mielopatia espondilítica, 3373 na deficiência de vitamina B12, 3374, 3467-3468 na esclerose múltipla, 3374 paraplegia espástica familiar, 3347q, 3350-3351, 3375 síndrome da medula ancorada, 132, 3375 siringomelia, 140, 3373-3374, 3374f tabes dorsalis, 1383-1384, 3375 mielopatias não compressivas, 3371 avaliação das, 3371q infarto da coluna espinal, 3371, e44-25f mielites. Ver Mielite
na infecção pelo HIV, 1562 nível da lesão na, 3239q, 3366-3367 padrões de, 3367, 3368f reabilitação da, 3375 remielinização após, 546 síndromes extramedulares, 3367 síndromes intramedulares, 3367 síndromes paraneoplásicas, 836 subaguda, 3368 terapia com células-tronco para, 546 Doença/síndrome de Caroli, 784,2358, 2607, 2607q Doença/síndrome de Meige, 812, 2075 Doençada substância branca periventricular, 3279 Doenças autoimunes, 2719 autoantígenos associados a, 2675, 2676-2677q câncer e paraneoplásicas, 2377q cutâneas, 424 defeitos das citocinas e, 2680q defeitos das proteínas de apoptose e, 2680q defeitos moleculares do sistema imune e, 2680q defeitos na depuração do material apoptótico, 2720 defeitos nas moléculas de HLA e, 2680q definição, 2650 em mulheres, 53 específicas de células ou órgãos, 2676q específicas de órgãos vs. sistêmicas, 2723, 2723q fatores genéticos nas, 2721 febre nas, 146 imunopatogenia das, 2721-2723, 2722q, 2723q imunoterapia para, 2683-2684 lesão tecidual nas, 2721, 2722q manifestações clínicas das, 27222723, 2723q mecanismos das, 2719-2721, 2719q na infecção pelo HIV, 1527 proteína e citocinas plasmáticas, 2377q relacionadas com a idade, 564q síndrome de Sjõgren associada às, 2770, 2770q sistêmicas, 428, 2676-2677q tipos de, 2723q tratamento das, 2724 Doenças autoinflamatórias, 146,146q, 480, 2650, 2654, 2657q Doenças da cadeia pesada, 944 Doenças da raiz da aorta, 1943, el3-7 Doenças de depósito de glicogênio, 3198,3501 com cirrose hepática, 3199q com comprometimento energético muscular, 3199-3200q, 3202 com hepatomegalia e hipoglicemia, 3199q, 3202-3203 com intolerância ao exercício, 3502 com miocardiopatia, 1966, 3200q com miopatia esquelética/fraqueza progressiva, 3200q, 3203-320 considerações globais, 3203 manifestações clínicas das, 31983200,3199-3200q simulando miocardiopatia hipertrófica, 3203 vias metabólicas relacionadas com, 3198,3198f tipo I (deficiência de glicose-6 -fosfatase), 3199q, 3200-3201, e41-5f tipo II. Ver Doença de Pompe (deficiência de maltase ácida; Glicogenose tipo II)
tipo III (deficiência de enzima desramificadora), 3199q, 3201, 3501, e41-6f tipo IV (deficiência de enzima ramificadora), 3199q, 3501 tipo V (deficiência de miofosforilase), 3199q, 3202, 3502 tipo VII (deficiência de fosfofrutoquinase), 877q, 3199q, 3502 tipo IX (deficiência de fosforilase quinase), 2284q, 3199q, 3201 tipo XI (deficiência do transportador de glicose 2), 2284q, 3199q, 3202 Doenças de depósito lisossômico, 3191 distúrbios do glicogênio, 3195q. Ver tam bém Doença de Pompe (deficiência de maltase ácida; glicogenose tipo 2 ) distúrbios dos lipídios neutros efeitos do metabolismo das lopoproteínas nas, 3156 gangliosidoses GM2, 3193q. Ver tam bém Doença de Tay-Sachs glicoesfingolipidoses neutras. Ver Doença de Fabry; Doença de Gaucher; Doença de Niemann-Pick glicoproteinoses, 3193-3194q leucodistrofias, 3194q mucolipidose, 3194q mucopolissacaridoses, 3192-3193q, 3197, e41-5f neutropenia nas, 477 patogenia das, 3191 Doenças do DNA mitocondrial, 501-502 aconselhamento genético nas, el 8 -1 0 associadas a idade, 567, el 8 -8 com mutações pontuais, cl 8 -6 q com recombinações de DNA em larga escala, el 8 -6 q controle genético das, el 8 -2 f diabetes melito tipo 2 , el 8 - 8 diagnóstico das, el8-7, el8-7f esporádicas, el 8 -1 0 exemplo de, 501q, el8-5 a 18-7, el 8 6q herança materna, el 8 -2 , el 8 -2 f heterogeneidades fenotípica das, el 8 4 a el8-5 heteroplasmia, el8-3, el8-3f, el8-4 homoplasmia, el8-3 a el8-4 manifestações clínicas das, el8-4 a el8-7, el8-5q manifestações orgânicas das, el 8 -2 f mutações genéticas causando, 501502, el8-4, el8-4f, el 8 - 6 a el8-7 neurodegenerativas, el 8 -8 padrão de herança nas, 500f, 501 prevenção das, el 8 - 1 0 , el 8 - 1 lf síndrome metabólica, el 8 -8 síndromes de depleção, 3504 tratamento das, el 8 - 1 0 a el 8 -l 1 variação de seqüência homoplasmica nas, 18-7 a el8-9 Doenças glomerulares. Ver tam bém doenças específicas
abordagem ao paciente, 2337-2239, 2337q biópsia renal nas, 2339, el4-lf a el45f hematúria nas, 2337 patogenia das, 2335,2336f progressão das, 2335-2337 proteinúria nas, 2337, 2337q síndromes associadas a doença infecciosa, 2337, 2339q, 2353-2354 microalbuminúria nas, 2337q síndromes clínicas, 2337, 2338-2339q síndromes de membrana basal, 2337, 2338q, 2350-2351
síndromes glomerulares-vasculares, 2337, 2338-2339q, 2351-2353 síndromes nefríticas agudas, 2337 síndromes nefróticas, 2337, 2338, 2345. Ver tam bém Síndromes nefróticas síndromes pulmonares-renais, 2337, 2338q, 2350 Doenças granulomatosas, crônicas. Ver Doenças granulomatosas crônicas Doenças granulomatosas crônicas (DGC) complicações das, 478q defeitos celulares/moleculares nas, 478q, 479-480, 952,1698 diarréia nas, 310 fatores genéticos nas, 479 infecções nas, 698 ligadas ao X, 2698, e39-l manifestações clínicas das, 478q, 480, 2698 tratamento das, 482, 698 Doenças infecciosas. Ver tam bém doenças e agentes específicos
abordagem ao paciente 1011. Ver tam bém Doença febril aguda algoritmo para processamento da amostra, e2 2 -2 f avaliação laboratorial das, 1 0 1 1 , e2 2 -l cromatografia líquido-gasosa, e2 2 -8 detecção de microrganismos no sangue, automatização de, e22-3 detecção direta, e22-l a e22-3 fenotipagem, e22-7 isolamento de agentes virais, e22-3 métodos de detecção, e2 2 -l por cultura, e22-3 testes com ácidos nucleicos, e2 2 8 f, e22-8 a e22-9 coleta e transporte da amostra, e22-3, e22-4q a e22-6q emergentes em indivíduos que retornam de viagem, 1048 epidemiologia das, 1007,1007f implicações para a saúde pública, 1012
medidas de controle de infecções, 1117 epidemiologia das, 1007-1008 fatores do hospedeiro nas, 1008, 1009-1010q interações hospedeiro-patógeno nas, 1008 mortalidade nos EUA, 1007 patogênese microbiana nas. Ver Patogênese microbiana perspectivas, 1 0 1 2 preveníveis com vacinas. Ver Doença prevenível com vacina sexualmente transmissíveis. Ver Infecções sexualmente transmissíveis (IST) terapia gênica para, 548q tratamento das, 1 0 1 1 -1 0 1 2 Doenças infecciosas emergentes. Ver Doenças infecciosas, emergentes Doenças não contagiosas carga global das, lOf, 11-12-15 mortalidade devido a, 15 Doenças nutricionais. Ver tam bém doenças específicas edema nas, 293-294 manifestações orais das, 269 neuropatias nas, 3467-3468 Doenças por depósito (armazenamento) de lipídios, na doença hepática,
Doenças por imunodeficiência, primárias. Ver Imunodeficiências primárias Doenças pulmonares intersticiais (DPI) anamnese nas, 2161-2162 associadas a tabagismo, DPI associada a bronquiolite respiratória, 2167 histiocitose de células de Langerhans pulmonar, 2167 pneumonia intersticial descamativa, 2167 avaliação laboratorial da, 2163 biópsia pulmonar na, 2164 broncoscopia de fibra óptica nas, 2164 classificação das, 2160,216lq com hemorragia alveolar difusa, 2169 com resposta granulomatosa, 2160, 2161q, 2169 com resposta linfocítica, 2169 considerações globais, 2169 dispnéia nas, 278q, 279 distúrbios hereditários associados a, 2169 exame de imagem na, 2163, 2164f, e34-7fae34-8f exame físico nas, 2162 fibrose pulmonar idiopática, achados histológicos na, 21652166 exame de imagem na, e34-7f manifestações clínicas da, 2165 patogenia da, 2162f transplante de pulmão para, 219q tratamento da, 2166 frequência das, 2162q hipertensão pulmonar nas, 2078q, 2081 induzidas por fármacos, 2168 lavado broncoalveolar nas, 2164, 2165q linfangioleiomiomatose pulmonar, 2168 na síndrome de Goodpasture, 2169, 2721 nos distúrbios do tecido conectivo, artrite reumatoide, 2167, 2739 esclerose sistêmica, 2167, 27642765, 2765f LES, 2167 polimiosite e dermatomiosite, 2167-2168 síndrome de Sjõgren, 2168 patogenia das, 2160, 2162f, 2163f pneumonia em organização criptogênica, 2166-2177 pneumonia eosinofílica. Ver Pneumonia eosinofílica pneumonia intersticial aguda, 2166 pneumonia intersticial inespecífica, 2166,2166f pneumonite por hipersensibilidade. Ver Pneumonite por hipersensibilidade sarcoidose. Ver Sarcoidose proteinose alveolar pulmonar, 2168 prova do esforço nas, 2164 provas de função pulmonar nas, 2163-2164 tratamento das, 2164-2165 Doenças reumatológicas em pacientes hospitalizados, 2821 na DII, 2488 no idoso, 2821 Dofetilida ação da, 1865q dose de, 1883q dose na doença renal, 40 farmacologia da, 1883q indicações para, 1883q
interações medicamentosas da, 4 7 monitoração da dose, 39 para fibrilação atrial, 1882 Dolasetrona, para náusea e vômitos, 74, 709 Domínio letal associado a Fas (FADD), 679, 680f, 681 Domínios da vida, 527q Domínios TIR, 1018f Domperidona efeitos adversos da, 144q, 304 para disfunção gastrintestinal/ geniturinário no diabetes melito, 2985 para DRGE, 307 para náusea, 125 para náusea e vômitos, 303q, 304 Donepezila para doença de Alzheimer, 247, 3308 para sonolência, 73 Dong quai, 461q Donovanose considerações globais, 1320 diagnóstico de, 1321,1321f epidemiologia da, 1106,1320 etiologia da, 1320 manifestações clínicas da, 1107q, 1320-1321, 1320f prevenção e controle da, 1321 tratamento da, 1321,1321 q L-Dopa. Ver Levodopa Dopamina aspectos anatômicos e clínicos da, 3227q estrutura da, 3227q na enxaqueca, 114 na regulação cardiovascular, 20432044 para choque, 2 2 2 1 ,2 2 2 2 para choque cardiogênico, 2235 para edema pulmonar, 2237 para hipotermia, 167 para insuficiência cardíaca aguda, 1912q Dor aguda, tratamento da, 97 ácido acetilsalicílico para. Ver Ácido acetilsalicílico anti-inflamatórios não esteroides para. Ver Anti-inflamatórios não esteroides para opioides para. Ver Opioide(s) paracetamol para. Ver Paracetamol avaliação da, 72 câncer, 652-653 crônica, 99 acupuntura para, e2-5 no idoso, 580 tratamento da, 1 0 0 anticonvulsivantes e antiarrítmicos para, 100 antidepressivos para, 100, lOOq opioides para, 101. Ver tam bém Opioide(s) depressão e, 99-100 disparidades raciais/étnicas no tratamento da, e4-1 etiologia da, 72 fisiopatologia da, 93 mecanismos centrais, 94-95,95f mecanismos periféricos, 11-3-4, 93f, 94f sistema sensorial da dor, 93 vias ascendentes, 95-95f mantida por vias simpáticas, 96-97 modulação em diferentes situações/ indivíduos, 95-96 na EM, 3407 na fibromialgia, 2849-2850, 2849f na osteoartrite, 2833
neuropática, 96, 100,101. Ver tam bém Neuropatia(s) no paciente terminal, 72-73, e5-3 nociceptiva, 72 percepção da, 112-113 referida. Ver Dor referida testando a sensação da, 187-189f variáveis psicológicas, 96-97 visceral, 72 Dor, 472f Dor abdominal, 108 abordagem ao paciente com, 1 1 0 -1 1 2 anamnese, 1 1 0 -1 1 1 diagnóstico diferencial, por localização, 11 lq em síndromes de má absorção, 2476q exames de imagem na, 1 1 2 mecanismos distúrbios vasculares, 108-109, 109q dos distúrbios da parede abdominal, 109, 109q inflamação do peritônio parietal, 108, 109q metabólica, 109q, 110 neurogênica, 109q, 110 obstrução de vísceras ocas, 108, 109q tóxica, 109q na apendicite, 2516, 2517q na doença gastrintestinal, 2404, 2404q na doença inflamatória pélvica, 1104 na doença ulcerosa péptica, 24442445 na gravidez, 60 na isquemia intestinal, 2511-2513 na obstrução intestinal, 2514 na pancreatite, 2636 na peritonite, 1076 na síndrome do intestino irritável, 2496 referida, 109-110, 109q Dor facial, 3360 Dor fantasma, oral, 274 Dor hepática, 2522 Dor mastigatória, 269 Dor muscular fármacos que causam, 3489, 3490q fraqueza devido à, 3514 na distrofia muscular, 3489 Dor nas costas, 129 abordagem ao paciente, 129-130 causas, 133q causas metabólicas, 133q, 136 com espasmo muscular, 132 crônica, 137-139 custos da, 129 de origem espinal, 131 diagnóstico, 131 dor referida, 130,136 educação do paciente na, 137 eletromiografia na, 131 em anomalias congênitas da coluna lombar, 132, 133q em condições degenerativas, 133q, 134-135, 134f, 135f. Ver tam bém Estenose espinal em paciente com câncer, 135,2269, 2270f estudos de condução nervosa na, 131 exame físico na, 131,132q exames de imagem na, 131 fatores de risco para, causa grave, 130q fraqueza de escape na, 131 idiopática, 137 local, 130 na artrite, 135 na doença discai lombar. Ver Disco intervertebral, herniação do
na doença psiquiátrica, 137 na espondilite ancilosante, 135 na fratura vertebral, 132-133, 136 na hemólise, 449 na infecção/inflamação, 133q, 135136 na síndrome da cauda equina, 134 nas entorses e distensões, 132 no câncer testicular, 805 postural, 137 radicular, 131 relacionada com traumatismo, 132133,133q tipos de, 130-131 tratamento da, 137-139 dor aguda sem radiculopatia, 137 dor com radiculopatia, 139 dor crônica sem radiculopatia, 137-139 Dor neuropática, 72,96,100,101 Dor no pescoço, 139 exame físico na, 140q na artrite reumatoide, 140 na doença discai cervical, 140,140q na espondilite ancilosante, 140 na espondilose cervical, 140 na hipotensão ortostática, 174 na lesão do plexo braqueal, 141 na síndrome do desfiladeiro torácico, 141 na síndrome do túnel do carpo, 141 no câncer, 140-141 no herpes zóster, 140 no traumatismo da coluna cervical, 139-140 nos distúrbios de nervos periféricos, 141 tratamento da, 141-142 Dor no quadril, 131, 2824-2825, 2824f Dor nociceptiva, 72 Dor oral, não dentária, 269 Dor óssea, 73, 820 na anemia falciforme, 855,856 nas síndromes de má absorção, 2476q Dor pélvica aguda, 387-388, 387q crônica, 388 na doença inflamatória pélvica. Ver Doença inflamatória pélvica (DIP) na síndrome de cistite intersticial/ bexiga dolorosa, e35-2 no câncer cervical, 814 Dor referida, 95 hipótese de convergência-projeção da, 95f nas doenças abdominais, 109-110 para as costas, 130,136 Dor sacral, 136 Dor visceral, 72 Doripenem, para infecções por P. aeruginosa, 1269q Dormência, 186 Dormência facial, 3360 Dornase, 2144 Dosagem do fármaco concentração plasmática como guia para o tratamento, 37 dose de ataque, 36-37,37f dose de manutenção, 39-40 intervalo entre as doses, 35 na doença hepática, 40 na doença renal, 40 na insuficiência cardíaca e choque, 40 no idoso, 40 seleção da, 38-39 Dose de ataque, 36-37, 37f Dose de manutenção, determinação da, 39-40 Dose de radiação, 691, 3609q Dose máxima tolerada, 694 Dose mínima de eritema, 445
Dotiepina, para prevenção da enxaqueca, 1 2 1 q Doxazosina para fenômeno de Raynaud, 2072 para hipertensão, 2055q Doxepina dose de, 353lq efeitos adversos da, 353lq overdose/intoxicação com, e50-9 a e50-10, e501 lq para angioedema, 2713 para cefaleia crônica diária, 125 para depressão, 3531q para dor, 98q para insônia, 217 para líquen simples crônico, 396 para urticária, 2713 Doxiciclina absorção da, 1139 ação da, 1136 efeitos adversos da, 414,1146q indicações para, 1144q para acne rosácea, 404 para acne vulgar, 404 para actinomicose, 1330q para anaplasmose granulocitotrópica humana, 1414 para angiomatose bacilar, 1070q, 1317q para antraz, 1771, 1772q para cólera, 1293 para derrame pericárdico, 653 para derrame pleural, 653 para doença da arranhadura do gato, 1317q para doença de Lyme, 1405f, 2845 para doença inflamatória pélvica, 1105, 1105q para donovanose, 132 lq para erliquioses, 1414 para febre maculosa das montanhas rochosas, 1025q, 1027, 1410 para febre Q, 1416 para febre recidivante, 1400f para febres maculosas transmitidas por carrapatos, 144 para filariose linfática, 1747 para infecção por Brucella, 1299 para infecção por C. trachomatis, 1426 para infecções de feridas por mordedura, 1070q, e24-3q para infecções estafilocócicas de pele/ tecido mole, 1169q para infecções gonocócicas, 1226q para infecções por Bartonella, 1317q para infecções por Legionella, 1240q para infecções por MRSA, 396,1169q para leptospirose, 1396 para malária, 1699q, 1700q para peste, 1309, 1772q para pneumonia, 2135q para profilaxia da infecção por Bartonella na infecção pelo HIV, 1545q para profilaxia da malária, 1044q, 1704q, 1705 para sífilis, 1387q para tifo epidêmico, 1412 para tularemia, 1772q, 1776 para uretrite, 1097q profilática, 1148q resistência à, 1144q Doxorrubicina ação da, 702 dose de, 698q efeitos adversos da, 437, 698q, 702 cardiotoxicidade, 1962, 1967 neurológicos, 2272 tardios, 838, 839, 839q interações medicamentosas da, 698q
na gravidez, e6 -2 para câncer de bexiga, 792 para câncer de mama, 760 para câncer de próstata, 804 para câncer de pulmão, 752 para câncer ovariano, 812 para carcinoma hepatocelular, 78lq, 782 para linfoma gástrico, 768 para mieloma múltiplo, 705 para osteossarcoma, 819 para sarcoma de Ewing, 820 para sarcoma de tecido mole, 818 para tumores de glândula salivar, 736 DPAC. Ver Diálise peritoneal ambulatorial contínua (DPAC) DPI. Ver Doenças pulmonares intersticiais (DPI) DPI associada à bronquiolite respiratória DPI, 2167 DPOC. Ver Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) DPR Ver Derivado proteico purificado (DPP)/teste cutâneo da tuberculina (TCT) D racunculus medinensis (verme da Guiné)/dracunculíase, 1067, 1751, e25-3q DRC. Ver Doença renal crônica (DRC) Drenagem cerebral, 17-18 Drenagem de sonda torácica, para derrame pleural, 653 Drenagem venosa, obstruída, 292 DRGE. Ver Doença por refluxo gastroesofágico (DRGE) Drogas sintéticas, 199 Dronabinol anorexia, 581 Dronedarona, efeitos adversos da, 1884q Drospirenona, 357,383 Drotrecogina alfa (proteína C ativada recombinante), 459 ação da, 1 0 1 2 para peritonite, 1078 para púrpura fulminante, 1028 para sepse/choque séptico, 1 0 1 2 , 1025q, 1026, 2231 resistência à, 57, 459,462q DRPAD (doença renal policística autossômica dominante). Ver Doença renal policística, autossômica dominante DRT (Doença renal terminal). Ver Doença renal crônica (DRC), estágio 5 Drusa, 233 disco do nervo óptico, 233,233f na degeneração macular, 235,235f DSHEA (Dietary Supplements Health and Education Act), e2-3 DTaP. Ver Vacina contra difteria, tétano, coqueluche (DTaP) DTI (imagem tensora de difusão), 3248 DTIC. Ver Dacarbazina (DTIC) DTPA, para contaminação interna de radionuclídio, 1793-1794, 1794q Dueto colédoco, 2615 exame de imagem do, 2418,2419f ressecção para colangiocarcinoma, 784 Dueto colédoco, 2615 Dueto coletor distúrbios envolvendo, 2284q funções do, 2282f, 2286 Dueto de Luschka, extravasamento de bile do, 2412f Ductopenia biliar do adulto, 329 Duloxetina efeitos adversos da,3458q para dor, 98q, 100, 101 para neuropatia, 3458q
Duodenite, 321 Dupla tarefa na deambulação, 192, 575 Dura-máter, malformações vasculares da,3299, 3373, 3373f Durasis, 553q Dutasterida, para prevenção do câncer de próstata, 658, 796
entero-hemorrágica (EHEC), 1083,1249q, 1251. Ver tam bém Infecções por Escherichia coli intestinais E. coli enteroinvasiva (EIEC), 1249q, 1252. Ver tam bém Infecções por Escherichia coli intestinais E. coli enteropatogênica (EPEC), 1083, 1249q, 1252. Ver tam bém Infecções por E. coli intestinais E. coli enterotoxigênica (ETEC), 1083, 1084,1249q. Ver tam bém Infecções por Escherichia coli intestinais E. coli produtora de toxina Shiga (STEC), 1249q, 1251. Ver tam bém infecções por Escherichia coli EAP (proteína de aderência extracelular), 1162 Eastern Cooperative Oncology Group (ECOG) avaliação da fadiga, 75 escala de desempenho, 650, 650q, 693 EBV (vírus Epstein-Barr), 1014q, 1434 ECA. Ver Enzima conversora de angiotensina (ECA) E-caderina, no câncer gástrico, 765,766 ECG. Ver Eletrocardiograma (ECG) Echinococcus granulosus, 1762, e252q. Ver tam bém Equinococose (hidatidose)
E. coli
Echinococcus multilocularis, 1762, e25-2q. Ver tam bém Equinococose
(hidatidose) Eclâmpsia, 58, 2058q Ecocardiografía, 1840 bidimensional, 1840-1842, 1840f, e29-lV Com Doppler. Ver Ecocardiografía com Doppler limites normais de referência e valores de partição, 3605-3606q na avaliação da função miocárdica, 1807 por estresse, 1843, 1844f, 2005 transesofágica. Ver Ecocardiografía transesofágica usos clínicos da, 1840q. Ver tam bém distúrbios específicos Ecocardiografía de esforço, 1840q, 1843, 1844f, 2005, e29-lV Ecocardiografía transesofágica (ETE), 1843 na avaliação de sopro, el3-10 na comunicação interatrial, 1922f na endocardite infecciosa, 1056, 1056f na fibrilação atrial, 1882 usos clínicos para, 1840q Ecocardiografía transtorácica (transtraqueal) na endocardite infecciosa, 1056 Ecocardiograma com Doppler gradientes valvares no, 1842,1842f insuficiência valvar no, 1842,1843f limites de referências normais e valores de partição, 3605-3606q medida da pressão intracardíaca no, 1842, 1843f medida do débito cardíaco no, 1842 medida do enchimento diastólico no, 1842-1843 na cardiopatia congênita, 1843
no infarto do miocárdio, 2024 princípios de, 1842 usos clínicos do, 1840q ECOG. Ver Eastern Cooperative Oncology Group Ecolalia, 203q, 205 Econazol, para candidíase, 402 Economia normativa, e3-3 Economia positiva, e3-3 ECP. Ver Estimulação cerebral profunda (ECP), 2036, 917q Ecstasy (MDMA), 199, 199q, 347 Ectasia ânulo-aórtica, el3-7 patogenia da, 13 Ectasia biliar, congênita, 2624 Ectasia vascular antral gástrica, na esclerose sistêmica, 2765 Ectasia vascular jejunal achados endoscópicos na, 2421, 2422f endoscopia capsular da, 2409,241 lf Ectasias, vasculares. Ver Ectasias vasculares Ectasias vasculares achados endoscópicos nas, 2416, 2416f jejunais, 2421-2422f sangramento nas, 321 Ectima, 400 Ectima gangrenoso epidemiologia do, 154q, 157 etiologia do, 154q, 1028, 1267 exantema no, 154q, e7-9f manifestações clínicas do, 154q, 157, 1267,1268f, el 6 -llf manifestações cutâneas do, 422,1028 na sepse/choque séptico, 2227 no paciente com câncer, 714 no paciente queimado, e23-2 Ectopia, cervical, 1103 Ectrópio, 228, 2508 Eculizumabe, para hemoglobinúria paroxística noturna, 884, 885f, 8 8 6 f Eczema, 395. Ver tam bém Dermatite atópica asteatótico, 392f, 397 disidrótico, 39lq, 392f, 397, 397f, el6 -2 f eosinofilia no, 481 mão, 392f, 397, 397f numular, 397 Eczema asteatósico, 392f, 397 Eczema disidrótico. Ver Eczema, disidrótico Eczema herpético, 1456 Eczema xerótico (eczema asteatótico), 392q, 397 Edema, 290, 2287f abordagem ao paciente, 295 arginina vasopressina no, 291 cerebral, 2254 citotóxico, 2254 de origem nutricional, 293-294 depressível (cacifo), 290 dermatite de estase e, 397 diagnóstico do, 293-294, 294q distribuição do, 294 dos membros inferiores, 1822 etiologia do, 292-293, 293q, 294q exame físico no, 294q fatores renais no, 290-291 hipoalbuminemia e, 339 hipoxia localizada e, 288 história no, 294q induzido por fármacos, 293,293q inflamatório, 291 localizado, 293 na cirrose, 293 na doença cardiovascular, 817 na doença renal, 293 na glomerulonefrite aguda, 293
na insuficiência cardíaca, 292, 293, 1905 na síndrome nefrótica, 293 patogenia do, 290-292, 291f peptídios natriuréticos, 292 por lesão capilar, 291 por redução do volume arterial efetivo, 291 realimentação, 294 sistema de renina-angiotensinaaldosterona no, 291-292 vasogênico, 2254 Edema cerebral da altitude elevada. Ver Edema cerebral da altitude elevada (HACE) na hiponatremia, 346 Edema cerebral, 2254 Edema cerebral de altitude elevada (HACE) fatores de risco para, e51-l fisiopatologia do, r51-1 f, e51-1 a e512
manifestações clínicas do, 287, r51-1 prevenção do, e51-2 tratamento do, e51-2, e51-2q Edema de realimentação, 294 Edema depressível, 290. Ver tam bém Edema Edema pedal, 2086 Edema pré-sacral, 1905 Edema pulmonar, 280 cardiogênico, 280-281, 2236 cateter de artéria pulmonar no, 2236 cianose no, 289 complicações do, 2237-2238 diagnóstico diferencial do, 281 diagnóstico do, 2236 dispnéia no, 278q, 279 ecocardiografia no, 2236 em altitude elevada. Ver Edema pulmonar das altitudes elevadas (EDAE), 1639, etiologia do, 28lq exame físico no, 281 fisiopatologia do, 280-281, 2089 manifestações clínicas do, 2236 na malária, 1639, 1639q na obstrução das vias respiratórias superiores, 2238 não cardiogênico, 281, 281q, 2236 padrões hemodinâmicos no, 2235q radiografia de tórax no, 281, e34-7f re-expansão, 2238 tratamento do, 2234f, 2236-2237 Edema pulmonar de altitude elevada (HAPE), 281, 287, 2238 manifestações clinicas do, e51-3, e513f fisiopatologia do, e51-3 fatores de risco para, e51-3 fatores genéticos no, e51-4 prevenção do, e51-4 tratamento do, e51-4 Edema/distensão abdominal, 330. Ver tam bém Ascite anamnese, 330 causas de, 330 exame físico no, 330-331 exames de imagem, 331,33lf na obstrução intestinal, 2514 Edrofônio, para picada de cobras, 3570 Educação continuada, 8 Educação médica aprendizagem de habilidades clínicas na, e5-4 pressões sobre, 8 Educação transcultural, e4-6 EEG. Ver Eletroencefalografia (EEG) EEI. Ver Esfíncter esofágica inferior (EEI) Efalizumabe, 2684
Efavirenz, 1571q contraindicações para, 1568 efeitos adversos do, 1571q, 1578-1579 estrutura molecular do, 1574f para infecção pelo HIV, 1571q, 1579 resistência ao, 1576f, 1578 Efedrina, efeitos adversos da, 352 Efeito abscopal, 471 Efeito Bohr, 372, 449, 852, 853f, 857 Efeito de Bernoulli, 2089 Efeito de Gallavardin, el3-l, el3-4 Efeito de Jod-Basedow, 2930, 2932 Efeito do fundador, 497 Efeito do halo azul, 378 Efeito do voluntário saudável, 659 Efeito enxerto versus tumor, 958 Efeito gargalo, el8-3, el8-3f Efeito lusitrópico, 1806f Efeito Nocebo, 95 Efeito Pasteur, 287 Efeito placebo, 96, 96f Efeito Wolff-Chaikoff, 2914, 2927, 2930 Efeitos adversos de fármacos, 8 6 Efeitos perversos, 18 Efélide, 412 Eferentes motores, 277 Eflornitina classe de gravidez da, 1678f efeitos adversos da, 1678q farmacologia da, e26-3 para doença do sono, 1721q Eflúvio anágeno, 407,434 Eflúvio telógeno, 407,407q, 408q, 434 Efrinas, 684, 685f EGF. Ver Fator de crescimento epidérmico (EGF) EGFR. Ver Receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) Egofonia, 2085 EHEC (E. coli entero-hemorrágico), 1083,1249q, 1251. Ver tam bém infecções por Escherichia coli, intestinais EHH (estado hiperosmolar hiperglicêmico), 2976q, 2979 EHNA. Ver Esteatose hepática não alcoólica (EHNA) Ehrlichia chaffeensis, 150q, 1413-1414, 3415 Ehrlichia ewingii, 1408q, 1414 Ehrlichia spp., 1413, e22-9 EIA (imunoensaio enzimático), 1538, e22-2a e22-3 EIEC (E. coli enteroinvasiva), 1249q, 1252. Ver tam bém Infecções por Escherichia coli, intestinais Eikenella corrodens, 1233,1234q, e241 , e24-2. Ver tam bém Endocardite infecciosa, grupo HACEK Eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal, 3085f Eixohipotalâmico-hipofisário-testicular, 3011, 301 lf Eixos hipofisários, 2877f Ejaculação, 374-375 Ejaculação prematura, 375 Ejaculação retrógrada, 375, 2985 ELA. Ver tam bém Esclerose lateral amiotrófica (ELA) ELAD, 553q Elapídeos, 3566 Elastina, 3205q, 3206-3207 distúrbios associados à, 3213 no enfisema, 2155 Elastografia por ressonância magnética, na doença hepática, 2525 Elastose solar, 441,442 ELC/MIP-3P, 2662q Elemento de restrição, 2689 Elementos de resposta dos hormônios tireoidianos (TRE), 2916, 2916f
Eletriptana, para enxaqueca, 118q, 119, 119q Eletrocardiografia de esforço farmacológica, 2005 na avaliação de arritmias, 1864 na cardiopatia isquêmica, 2 0 0 2 f, 2003f, 2004-2005, 2004q no infarto do miocárdio, 2016 Eletrocardiograma (ECG). Ver também distúrbios específicos
ambulatorial, 1864 complexo QRS, 1832,1833-1834, 1833f, 1860,1864 computadorizado, 1839 de estresse. Ver Eletrocardiograma de estresse derivações do, 1832, 1832f, 1833f eletrofisiologia no, 1831, 1831 f, 1860 em mulheres, 52 formas de ondas do, 1831-1832, 1831f interpretação clínica do, 1818,1839 intervalos do, 1831f, 1832 médias de sinais, 1864 na arritmia sinusal respiratória, e30lf normal, 1832-1834, 1833f, e28-14f, e28-15f onda P, 1832-1833 onda T, 1834, 1860,1864 onda U, 1834 sensibilidade e especificidade do, 1831 Eletrocautério, para hemoptise, 286 Eletrococleografia, 253 Eletrodissecação e curetagem, para câncer de pele, 732 Eletroencefalografia (EEG), e45-l, e45-lf monitoração contínua, e45-3 na doença critica neurológica, 2256 na epilepsia, e45-l a e45-2, e45-2f na morte cerebral,2253 nas convulsões, 3259-3260, 3259f no coma, 2251-2252, e45-2 ae45-3 no delirium , 197 Eletroforese, das proteínas séricas, 936,937f Eletroforese em gel de campo pulsado, e22-9 Eletrograma do feixe de His, 1872f, 1873, 1874f Eletrólise, para remoção de pelos, 383 Eletrólito(s) em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 616, 617q nas fezes, medida dos, 2461 nas secreções entéricas, 616q para diarréia, 312 secreção pancreática dos, 2634 toxicidade dos, nas transfusões, 956 Eletromiografia (EMG) de fibra única, e45-6 na dor lombar, 131 na incontinência fecal, 319 na neuropatia periférica, 3449-3450, 3452q princípios de, e45-4f, e45-4 a e45-5 Eletromiográfia de fibra única, e45-6 Eleutero, lq Elevação das pernas para dermatite de estase/ulceração, 398,406q Elevador mucociliar, 1154 Eliminação, de doença, 1031 Eliminação de primeira passagem, 34-35, 35f Eliminação pré-sistêmica, 34,35f Eliptócitos, el7-l, el7-4f Eliptocitose, 875f, 876, 876q, el7-4f Eliptocitose hereditária, 875f, 876, 876q
ELISA (ensaio imunoabsorvente ligado à enzima), 1440 Eltrombopag, para púrpura trombocitopênica, 969 EM. Ver Esclerose múltipla (EM) Emaranhados neurofibrilares,575 Embaçamento visual, na EM, 3398 Embolectomia na isquemia intestinal, 2512, 2512q Embolia arterial, 2512, 2512q cutânea, 414, 414q gasometria arterial cerebral, e52-7, e52-8 na endocardite infecciosa, 1054, 1054f, 1062 séptica, 1054,1054f, el6-12f Embolia cerebral por gases arteriais, e52-7, e52-8 Embolia gordurosa, 422 Embolia por colesterol no rim, 2352, 2376-2377, el4-8f manifestações cutâneas da, 422 Embolia por líquido amniótico, 58, 2172 Embolia pulmonar (EP) após hemorragia subaracnóidea, 2265 derrame pleural na, 2179 diagnóstico da algoritmos por imagem, 2171f, 2174f angiografia pulmonar, 2098,2174 avaliação clínica, 2171 biomarcadores cardíacos, 2016, 2172 cintilografia pulmonar, 2173-2174 ECG, 2172, e28-llf ecocardiografia, 2174 exames sanguíneos, 2172 radiografia de tórax, 2173 regras para decisão clínica, 2172q RM, 2174 síndromes clínicas, 2171-2172 TC do tórax, 2173,2173f disfunção ventricular direita na, 2171 dispnéia na, 2q, 279,2172 dor torácica na, 102q, 103q, 104,106 epidemiologia da, 983, 986 febre na, 160,163 fisiopatologia da, 2170-2171 hemoptise na, 285 heterogeneidade de ventilaçãoperfusão na, 2090-2091 na gravidez, 57-58 na infecção pelo HIV, 1557 não trombótica, 2172 no paciente queimado, e23-3 paraneoplásica, 831-832 TC na, 2095, e34-a6f tratamento da anticoagulantes, 2175-2176, 2175q duração da anticoagulação, 2176 duração da hospitalização, 2176 embolectomia pulmonar, 2177 fibrinólise, 2176-2177 filtro na veia cava superior, 2176 suporte circulatório, 2176 suporte emocional, 2177 tromboendarectomia pulmonar, 2177 Embolização da artéria brônquica, para hemoptise, 286 Êmbolos cutâneos, 414,414q Embosferas, 781q, 782 Embriopatia por rubéola, 1926 EMDA. Ver Encefalomielite disseminada aguda (EMDA) Emergência hipertensiva, 2058-2059, 2058q Emergências oncológicas. Ver Câncer, emergências oncológicas no
Êmese, 301, 708-709. Ver tam bém Náusea e vômitos Eméticos, para contaminação interna por radionuclídios, 1793 Emetina classe de gravidez da, 1678q efeitos adversos da, 232,1678q farmacologia da, e26-3 EMG. Ver Eletromiografia (EMG) Emissão otoacústicas, 253 Emoção, memória e, e9-2 Emolientes para dermatite atópica, 395 para dermatite de estase/ulceração, 398 Emolientes fecais, 74,74q Empiema actinomicótico, 1327,1328f anaeróbio, 1334 colecistite e, 2622 dor abdominal no, 11 lq na pneumonia pneumocócica, 1156 subdural. Ver Empiema subdural tuberculoso, 1347 Empiema subdural, 1029,3431 abordagem ao paciente, 3410, 3411 3412f definição do, 3431, 343lf diagnóstico diferencial do, 3432 diagnóstico do, 3432, 3432f epidemiologia do, 3431-3432 etiologia do, 3432 fisiopatologia do, 3432 manifestações clínicas do, 3432 prognóstico do, 3433 tratamento do, 3432 Enalapril efeitos adversos do, 426 para insuficiência cardíaca, 1908q Enalaprilate para dissecção aórtica, 2064 para emergências hipertensivas, 2058q Encefalite abordagem ao paciente, 3410, 34113412f amebiana granulomatosa, 1687, 1687f amnésia na, 2 1 0 associada à caxumba, 1608,1609 associada a sarampo, 1602-1603 cortical, 834 crônica, 3427 leucoencefalopatia multifocal progressiva. Ver Leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP) panencefalite esclerosante subaguda, 1602-1603,3428 panencefalite progressiva da rubéola, 3428 delirium na, 199,199q do tronco encefálico, 833q, 834 em paciente com câncer, 717,717q focal, 834 hiponatremia na, 345 L. monocytogenes, 1195-1196 límbica, 833-834, 834f, 3314, e44-lf M . pneum oniae, 1418 na febre maculosa das montanhas rochosas, 1409 na influenza, 1497 na raiva, 1613 paraneoplásica, 832q, 833-835, 833q, 8341, 835f toxoplasmática, 1725-1726, 1725f transmitida por carrapato, 1624-1625 viral, 3421 abordagem ao paciente, 3410, 3411-3412Í CMV, 1474 definição de, 3421
diagnóstico de, 3421-3423, 3422f, 3423q análise do LCS na, 3421-3422 biópsia cerebral na, 3423 exames sorológicos e detecção de antígenos na, 3422 RM na, 3422-3423, 3422f, 3423q TC na, 3422 diagnóstico diferencial da, 34233424 enteroviral, 1595-1596, 1595q, 3419 etiologia da, 3418q, 3421 HHV-6,1475 HSV alteração do estado mental da, 3245f complicações da, 1458 diagnóstico diferencial da, 3415 fatores genéticos na, 1457 manifestações clínicas da, 1457-1458,1457f patogenia da, 1457 perda da memória na, 2 1 0 , e9-2 tratamento da, 1443q, 1458, 1460,1461q manifestações clínicas da, 3421 por arbovírus, 1621-1626, 1622q seqüelas da, 3425-3426 tratamento da, 3424-3425 Encefalite amebiana granulomatosa, 1687,1687f. Ver tam bém Acanthamoeba
Encefalite da Europa Central transmitida por carrapato, 1622q,16241625 Encefalite da primavera-verão russa, 1622q, 1624-1625 Encefalite equina do leste, 1622q, 1625 Encefalite equina ocidental, 1622q, 1625 Encefalite equina venezuelana, 1622q, 1625-1626 Encefalite japonesa, 1622q, 1624 Encefalite límbica, 3314, e44-lf Encefalite pelo vírus Jamestown Canyon, 1623 Encefalite por vírus da Califórnia, 1623 Encefalite por vírus La Crosse, 1622q, 1623 Encefalite viral. Ver Encefalite, viral Encefalite viral de São Louis, 1622q, 1623-1624 Encefalomielite alérgica experimental, 3228, 3229f com rigidez, 836 disseminada aguda. Ver Encefalomielite disseminada aguda (EMDA) paraneoplásica, 832q, 833q, 834 pós-sarampo, 1602 Encefalomielite disseminada aguda (EMDA), 3408 diagnóstico da, 3409 etiologia da, 3408 manifestações clínicas da, 3408-3409 neuroimagem na, e44-26f tratamento da, 3409 Encefalopatia. 196. Ver tam bém Delirium
altitude elevada. Ver Edema cerebral de altitude elevada (ECAE) anóxica, 2245 associada à sepse, 2259 de Hashimoto, 3445-3446, e44-29f hepática. Ver Encefalopatia hepática hipertensiva, 2046, 2058q, 2059, 3296 hiponatrêmica, 347 hipóxica-isquêmica, 2257-2259, 2258f, 3270
HIV, 1534-1535,1558-1560, 1559q, 1560f induzida por quimioterapia, 3394q metabólica, 205,211, 2259 na doença de Lyme, 1403 na malária. Ver Malária cerebral Encefalopatia de Hashimoto, 3445-3446, e44-29f Encefalopatia hepática, 2523 coma na, 2249 delirium na, 199q diagnóstico da, 2601 manifestações clínicas da, 2601 medidas da, 2523 relacionada com cirrose, 2602-2602 tratamento da, 2602 Encefalopatia hipertensiva, 199q, 3296 Encefalopatia hipóxica-isquêmica, 22572259, 2258f, 3270 Encefalopatia metabólica, 205, 211, 2259 Encefalopatia necrosante, 840 Encefalopatia por glicina, 3215q Encephalitozoon spp., 1732 Enchimento ventricular, avaliação do, 1807 Encondromatose, 3143 Encoscopia capsular, 2409,241 lf na doença de Crohn, 2484,2484f na doença gastrintestinal, 2406, 2406f na ectasia vascular jejunal, 2409, 241 lf no doença celíaca, 2421,2121f no sangramento gastrintestinal, 323 Endarterectomia aortoilíaca, 2068 Endocanabinoides, 634-635 Endocardite aguda, 1052 infecciosa. Ver Endocardite infecciosa marântica, 422,1053 subaguda, 1052 trombótica não bacteriana, 1053 Endocardite bacteriana. Ver Endocardite infecciosa Endocardite de Lõffler, 1967 Endocardite infecciosa, 1052 Abitrophia, 1057 abscessos na, 1054 aguda, 1052 amostragem de sangue venoso do seio petroso inferior, na síndrome de Cushing, 2898 aneurisma micótico na, 1055,1062 Aspergillus, 1657 associada a desfibrilador implantado, 1052 associada a marca-passo, 1052 associada a tratamento médico, 1055, 1165 bacteriana anaeróbia, 1337 baqueteamento/osteoartropatia hipertrófica na, 290 Bartonella, 1060, 1317q, 1318 bloqueio de condução AV na, 1871q Candida, 1053q, 1060,1654 com cultura negativa, 1053q complicações da, 1062 considerações globais, 1052 C orynebacterium , 1060 desfecho da, 1062 diagnóstico de, 1054q, 1055-1056, 1055q ecocardiografia na, 1056, 1056, 1057f em paciente com câncer, 718 em usuários de drogas injetáveis, 1052,1053q, 1054,1165 êmbolos sépticos na, 1054,1054f, e7-6f, el6-12f
enterocócica, incidência de, 1053q tratamento da, 1057,1058q, 1059, 1184q, 1185q esplenomegalia na, 469 estafilocócica, diagnóstico da, 1165 ecocardiografía na, 1056f embolia na, 1054,1054f epidemiologia da, 1165 fisiopatologia da, 1053 incidência da, 1053q manifestações clínicas da, 1054, 1165 tratamento da, 1058q, 1059-1060, 1062, 1170 estreptocócica grupo C ou D, 1177 grupo D, 1179 incidência da, 1053q tratamento da, 1058q, 1060 etiologia da, 1026q, 1030, 1052-1053, 1053q eventos embólicos na, 1054-1055, 1054f, 1062 febre na, 159 Gemella morbillorum, 1057, 1058q glomerulonefrite associada a, 23402341 Granulicatella, 1057 grupo HACEK, etiologia de, 1233-1234 incidência de, 1053 manifestações clínicas de, 1054, 1233 patogenia de, 1233-1234 tratamento de, 1059q, 1060, 1234, 1234q hemocultura na, 1056 hemorragia retiniana na, 230 insuficiência cardíaca na, 1054,1061 manifestações clínicas da, 1030, 1054-1055,1054f, 1054q manifestações clínicas da, 118 manifestações cutâneas da, 152q, 157, 1030 monocitose na, 480 na febre Q, 1415-1416 no paciente queimado, e23-3 Nocardia, 1323 P. aeruginosa, 1269-1270, 1269q patogenia da, 1053-1054 pneumocócica, 1053,1060 polimicrobiana, 1053q prevenção da, 1062-1063,1063q profilaxia na cardiopatia congênita, 1928 profilaxia no paciente cirúrgico, 66
profilaxia para cárie dentária, 275, 1063q, 1148q prótese valvar. Ver Prótese de valva cardíaca, endocardite na Salmonella, 1279 sopro na, el3-2 subaguda, 1052, 2340-2341 tratamento, antibióticos após cirurgia cardíaca, 1062 cirurgia, 1060-1062,1061q empírico, 1060 monitoração, 1060 prevenção de êmbolos sistêmicos, 1062 terapia antimicrobiana, 1026q, 1057-1060,1058-1059q, 1141, 1184q, 1185q vegetações na, el6-12f, e29-lV Endocardite marântica, 422,1053 Endocardite trombótica não bacteriana (ETNB), 1053 Endocrinologia, 2865
Endoftalmite, 230 Candida, 1653,1653f, 1654 Nocardia, 1324 P. aeruginosa, 1269q, 1270 tratamento da, 1141 Endometriose definição da, 3036 dor lombar na, 136 dor pélvica na, 388 infertilidade devido a, 3036 pulmonar, 285 tratamento da, 3036-3037 Endometrite, anaeróbia, 1335 C. trachomatis, 1424 dor pélvica na, 388 isolada vs. com salpingite, 1103 por clostrídios, 125q, 1209 Endomiometrite, pós-parto, 60 pi-endorfina, 441 Endoscopia. Ver também tipos específicos, p. ex., Endoscopia da cápsula do intestino delgado, 2409, 241 lf na diarréia, 311 na disfagia, 300 na doença esofágica, 2427 na doença gastrintestinal, 2406, 2406q. Ver também Endoscopia gastrintestinal na doença péptica ulcerosa, 2446, 2446f na náusea e vômitos, 303 trato superior, na indigestão, 306 Endoscopia capsular por vídeo, 323 Endoscopia com duplo balão de ectasias vasculares jejunais, 2421, 2422f na doença gastrintestinal, 2406, 2406q Endoscopia de acesso aberto, 2424, 2425f, 2426f Endoscopia gastrintestinal, 2409. Ver também procedimentos específicos, p. ex., Colonoscopia acesso aberto, 2424, 2425f, 2426f agentes antitrombóticos para, 2425f, 2426f de úlceras duodenais, 2409,2409f de úlceras gástricas, 2409,2409f eletiva, 2418 endoscopia alta, 2409, 2409f, 2410f indicações para, 2406,2406q na anemia, 2421, 242lf, 2422f na diarréia, 2422, 2424f na disfagia, 2420, 2420f, 242lf na dispepsia, 2418-2419 na dispepsia não ulcerosa, 2420 na doença celíaca. Ver Doença Celíaca (enteropatia induzida por glúten) na DRGE, 2410f, 2419-2420, 2420f na hematoquezia, 2422, 2424, 2424f na obstrução biliar, 2412f, 2418 na obstrução gastrintestinal, 24162418, 2417-2419f na pancreatite, 2424 na pseudo-obstrução colônica, 24172418, 2418f, 2419f na síndrome do piloro, 2417, 2417f na triagem de câncer colorretal, 2421-2422, 2422f, 2423q, 2424f nas úlceras pépticas, 2420 no esôfago de Barrett, 2409,2410f, 2419-2420 no estadiamento do câncer, 2413f» 2424 no refluxo, 2418-2419 no sangramento gastrintestinal, 2413-2416, 2415-2417f. Ver também Sangramento gastrintestinal procedimentos, 2409
profilaxia antibiótica para, 2412, 2414q riscos da, 2411-2413, 2414q urgente, 2413 Endoscopia push, 2409, 241 lf Endosporos, 1643,1644f Endossomos, 2690 Endostatina, 688f Endotélio avaliação clínica do, 1799-1800, 1800f biologia do, 1799 efeitos antitrombóticos do, 458-459 funções do, 1799, 1799q interações dos linfócitos com, 2678-2681 lesão na sepse/choque séptico, 2226 na angiogênese tumoral, 683-686, 684f, 685f, 686f na modulação do tônus vascular, 2045 Endoteliopatia, retinopatia, nefropatia hereditárias e acidente vascular encefálico (HERNs), 3279 Endotoxina, 144,1022, 2224 Endurecimento da pele semelhante à esclerodermia, 2757, 2758q Enema de bário. Ver Radiografia com bário na doença gastrintestinal, 2408 para constipação, 7 4 ,74q Enema contrastado. Ver Radiografia baritada Enfermidade factícia características da, 3542 febre, 160, 160q perda visual, 234 úlceras cutâneas na, 423 Enfisema. Ver também Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) centriacinar, 2154 cianose no, 289 diagnóstico de, 2095f dispnéia no, 279 doença hepática e, 2523 fisiopatologia do, 2089 panacinar, 2154 radiografia de tórax no, e34-5f TC no, e34-5f valores de função pulmonar no, 2093f, 2094 Enfuvirtida, 1573q ação da, 1435,1580 efeitos adversos da, 1573q, 1580 estrutura molecular da, 1575f para infecção pelo HIV, 1573q, 1589 resistência à, 1577f, 1580 Engano, e5-l, e5-4 Engenharia tecidual, 552 aplicações clínicas da, 553, 553q arcabouços para, 552 biorreatores para, 553 células alogênicas para, 553 células autólogas para, 552 células xenogênicas para, 553 células-tronco para, 553 componentes celulares da, 552 desafios à, 553 materiais para, 552 princípios de, 552, 552f produtos aprovados pela FDA, 553q produtos em estudos clínicos, 553q Enoftalmia, 236 Enolase, 1152f Enolase específica de neurônio como marcador tumoral, 652q no carcinoma de tumor primário desconhecido, 822q eNOS. Ver Óxido nítrico sintase endotelial (eNOS) Enoxaparina na ICP, 2035
para ETV, 2175, 2175q para infarto do miocárdio AI/IMSEST, 2019, 2019q IMEST, 2030 Ensaio Bethesda, 976,982 Ensaio de aglutinação do látex, e22-2 Ensaio de captura do antígeno p24, 1539-1540, 1540q Ensaio de formação de vesículas na pele, in vivo, 482 Ensaio imunoabsorvente ligado a enzima (ELISA), 1440 Ensaio para antifator Xa, 464, 994,996 Ensaio para liberação de serotonina, 995 Ensaio QuantiFERON-TB Gold In-Tube (QFT-GIT), 162-163,1315 Ensaio T-SPOT para TB, 162,1351 Ensaios clínicos, 27, 47, e2-5 Ensaios de liberação de interferon-^ (IFN-7) (IGRA), 162-163,1351,1370 Ensino, médico engajado no, 8 Entacapona para doença de Parkinson, 3324, 3324q Entamoeba díspar, 1683 Entamoeba histolytica. Ver também Amebíase ciclo evolutivo da, 1683, 1683f, e244q entrada no hospedeiro, 1021 identificação laboratorial de, 1685, e25-4q, e25-5q interação dos fagócitos com, 1019 interações receptor-ligante da, 1014q, 1015 invasão tecidual por, 1021,1684, 1684f resposta imune à, 1684 transmissão de, 1683,1683f Entamoeba moshkovskii, 1683 Entecavir ação do, 1541 farmacologia do, 1451 para infecção crônica por HBV, 1445q, 1451,2573, 2574q, 2575f para profilaxia do HBV em receptor de transplante, 1130 resistência ao, 1451 Enterite induzida por fármacos, 2468q, 2469 radiação, 692,2468q, 2469 sexualmente adquirira, 1109 Enterite necrosante, 1206 Enterite necrosante endêmica, 1206 (Pigbel), 1206 Enterite por radiação biópsias da mucosa do intestino delgado na, 2468q, 2469 microbiota intestinal no desenvolvimento da, 2468q, 2469 suporte nutricional especializado na, 615q Enterite regional. Ver Doença de C rohn Enterobacter spp., 1255 Enterobius vermicularislentcrobia.se, 1740q, 1743, e25-3q, e25-5q Enterocele, 318 Enteróclise, no sangramento gastrintestinal Enterococcus faecalis, 1181,1187. Ver também Infecções enterocócicas Enterococcus faecium, 1181,1187. Ver também Infecções enterocócicas Enterococos. Ver também Infecções enterocócicas características dos, 1181 genoma dos, 1181 identificação laboratorial dos, 1180, 1181,1180f fatores de virulência dos, 1181 resistência a antimicrobianos, 1187, e22-10
E n te ro c o c o s re siste n te s à v a n c o m ic in a
(VRE) considerações globais, 1182 em infecções associadas aos serviços de saúde, 1182 epidemiologia dos, 1182 identificação laboratorial dos, e22-10 mecanismo dos, 1137-1138,1187 tratamento dos, 1185-1186q Enterocolite necrosante, 1206 neutropênica. Ver Enterocolite neutropênica radiação, 314 sexualmente adquirida, 1109 Enterocolite necrosante, 1206 Enterocolite neutropênica anaeróbia, 1335 dor abdominal na, 11 lq em paciente com câncer, 716,22762277, 2277f Enterocytozoon bieneusi, 1551 Enterografia, CT, 2484, 2484f Enterografia com tomografia computadorizada (TC), na doença de Crohn, 2484, 2484f Enteropatia HIV, 1551 induzida por glúten. Ver Doença celíaca (enteropatia induzida por glúten) perdedora de proteína. Ver Enteropatia perdeodra de proteína Enteropatia induzida por glúten. Ver Doença celíaca (enteropatia induzida por glúten) Enteropatia perdedora de proteína, 2474
diagnóstico da, 2463q, 2469f, 2474-2475 diarréia na, 2475 esteatorreia na, 2463q, 2469f etiologia da, 2474-2475 manifestações clínicas da, 2474 tratamento da, 2475 Enteroquinase, na secreção pancreática exócrina, 2634 Enteroscopia com balão único, 2409 com duplo balão, 2409,241 lf espiral, 2409, 241 lf métodos, e36-lV Enteroscopia com duplo balão, 323, 2409, 241 lf Enteroscopia de balão único, 2409 Enteroscopia espiral, 2409, 241 lf Enteroscopia por propulsão, 323 Enterotoxina termoestável, E. coli, 1084 Enterotoxina termolábil, E. coli, 1084 Enterovírus, 1593. Ver também Infecções por vírus Coxsackie conjutivite hemorrágica aguda, 1596, 1597f d ia g n ó s tic o das, 1596-1598 d o e n ç a feb ril in e sp e c ífic a (g rip e d o v e rã o ), 1595
doença generalizada do recémnascido, 1595,1595q doença mão-pé-boca. Ver Doença mão-pé-boca doença paralítica, 1596 encefalite, 1595, 1595q epidemiologia das, 594 exantema petequial nas, 156q exatemas, 1596 imunidade às, 1594 meningite, 1595, 1595q, 3419 otite média, 260 patogenia das, 1593-1594 poliovírus. Ver Infecção por poliovírus respiratórias, 1486q
respiratórias superiores, 256 tratamento das, 1589 Entesite, 2822q Entorse, dor lombar, 132 Entotelina(s) na doença renal crônica, 2291 na função cardiovascular, 1799, 1802 na função da tireoide, 2914 na função sexual masculina, 374, 374f no choque, 2216 Entrada de pedido médico computadorizado (CPOE), 86 Entricitabina (FTC), 1571q, 1574f, 1576f, 1578 Entrópio, 228 Entubação endotraqueal. Ver também Ventilação mecânica na parada cardíaca, 2244 para epiglotite, 266 para hemoptise, 286 Entubação nasotraqueal, complicações da, 256 Enurese, noturna, 221 Envelhecimento com. Ver também Idoso biologia do, 562 mobilização de células-tronco, 565 teorias do, 562-564 vias de transdução de sinais no, 568-569 demografia mundial do, 556 expectativa de vida aos 60 anos de idade, 557q implicações econômicas, 560 números e porcentagens acima de 60 anos de idade, 556-558, 557q, 558f números e porcentagens acima de 80 anos de idade, 558, 559q, 570, 570f projeções para o tamanho da população, 558 razão entre dependência e cuidadores e, 557q, 560-561, 560f tendências de aquisição educacional, 559 tendências de envelhecimento para a população, 570, 570f tendências de expectativa de vida, 558-560, 559f tendências históricas no, 556 efeitos sistêmicos de. Ver também Fragilidade composição corporal, 571, 573q energia, 573q, 574f interação do, 572f, 575-576 neurodegeneração, 573q, 575 níveis hormonais, 575q regulação homeostática, 573q, 574-575, 574f fatores genéticos no, 564 deriva epigenética, 568 deslocamentos epigenéticos na expressão gênica, 567-568, 568f expressão adaptativa, 568 genes de seguro de longevidade, 564-565, 565q jogo epigenético, 568 mutações constitucionais idiossincráticas, 565-565 mutações mitocondriais, 567, el810 mutações somáticas, 567 perda epigenética não adaptativa da expressão, 568 perda não adaptativa de fenótipos senescentes, 562, 564q pleiotropia antagonista, 566-567 pleiotropia antagonista baseada no sexo, 568 pleiotropia antagonista paradoxal, 566
silenciamento, 568 silenciamento adaptativo, 567-568 síndromes progeroides segmentares, 566 fotoenvelhecimento da pele e, 442 função olfatória e, 244,244f, 247 função reprodutora masculina e. Ver Distúrbios reprodutivos masculinos, síndrome metabólica relacionada com envelhecimento e, 1993 padrões do sono e, 213,213f regulação do peso e, 641-642 saúde oral e, 275-276 Envenenamento por anêmona do mar, 3571, 3573f Envenenamento por animais marinhos, 3571 abordagem ao paciente, 3573 invertebrados, 3571-3572 manifestações clínicas do, 3571, 357 lf tratamento dos, 3573 vertebrados, 3572-3573 Envenenamento por caravela, 3571 Envenenamento por Cnidae (cnidocisto), 3571-3572 Envenenamento por escombrídeos, 310, 3575-3576 Envenenamento por ouriço-do-mar negro, 3572 Envenenamento por polvo, 3572 Envenenamento por polvo de anéis azuis australiano, 3572 Envenenamento pseudoalérgico por peixes, 3575 Enxaqueca, U2q, 114 acefálica, 116 crônica, 116 defeitos dos canais iônicos causando, 3225q diagnóstico de, 115-116, 117q distúrbios do paladar na, 245 fenômeno de Rayaud e, 2072 gatilhos, 114 hemiplégica familiar, 115 insônia na, 218 manifestações clínicas, 114,114q, 115-116 manifestações oculares da, 234 na gravidez, 59 neuroimagem na, 115,116f patogenia e fisiopatologia da, 96,114115,115f perda da memória na, 210 prevenção da, 119q, 120,121q retiniana, 230 sintomas autônomos na, 113 tratamento da, 116-120 agonistas da 5H T 1,118q, 119-120 antagonistas da dopamina, 118q, 120 anti-inflamatórios não esteroides, 118q, 119 não farmacológico, 117 tratamentos para crises agudas, 117-119,118q, 119q vertigem na, 178,180 vômitos cíclicos na, 302 Enxerto de Bypass de veia safena, 2068 Enxertos de dura-máter, doença de Creutzfeldt-Jakob após, 3444 Enzimaimunoensaio (ELISA), 1538, e22-2ae22-3 Enzima conversora de angiotensina (ECA) na absorção de sódio, 2288 na regulação da taxa de filtração glomerular, 228lf, 2282 na sarcoidose, 162, 2810 polimorfismos genéticos na, 1803q Enzima transcriptase reversa, HIV, 1507,1509
Enzima(s) secreção pancreática de, 2634 séricas na avaliação da função hepática, 2528-2529 na distrofia muscular, 3490 Enzimas amilolíticas, na secreção pancreática exócrina, 2634 Enzimas lipolíticas, 2634 Enzimas pancreáticas ativação das, na pancreatite, 2636 no diagnóstico das doenças pancreáticas, 2629q, 2631-2632, 2632q reposição de, 314, 2150, 2408 Enzimas proteolíticas, 2634 Eosinofilia, 481 induzida por fármacos, 481 paraneoplásica, 830q, 831 parasitos associados à, e25-5, e25-7q pulmonar tropical, 481 Eosinofilia pulmonar tropical, 481, 1748,2120 Eosinoilo(s), 481 diferenciação hematopoiética da(s), 541f distúrbios dos, 481 em infecções parasitárias, 481, e25-7q funções dos, 481 morfologia dos, 474f na asma, 2105 na estimulação da imunidade adaptativa, 2656q na inflamação, 2664 no esfregaço de sangue periférico, el7-6f Eosinopenia, 482 Eotaxina fonte, alvo e atividade biológica da, 2660q na asma, 2106,2106f ER Ver Embolia pulmonar (EP) EPAE. Ver Edema pulmonar de altitude elevada (EPAE) EPEC (E. coli enteropatogênica), 1083, 1249q, 1252. Ver também Infecções por E. coli intestinais Ependimoma, 3387 Epfibatida ação da, 898f, 991-992 dose de, 992 efeitos adversos da, 967f, 992 farmacologia da, 992q indicações para, 992 para AI/IMSEST, 2019q para ICP, 2036 variações genéticas na resposta à, 985q Ephedra sínica (ma Huang), 3257q, e2-4 Epicel, 553q Epicondilite lateral, 2862 Epicondilite mediai, 2862 Epiderme, 798 Epidermodisplasia verruciforme, 1482 Epidermólise bolhosa, 496, 3213 Epidermólise bolhosa adquirida, 414q, 415, 424q, 428 Epididimite, 1096q, 1097-1098, 1423, 1427q Epididimorquite, na caxumba, 1608 Epidondilite, 2822q, 2862 Epigenética, 3225 Epigenômica, 7 Epiglote, 265-266, 266f, 1230,1491 Epilatório, 383 Epilepsia, 3251. Ver também Convulsão (ões) autônoma, 176 catamenial, 3269 coma na, 2249 dados de mortalidade, 3269
defeitos dos canais iônicos causando, 3225q definição de, 3251 distúrbios do paladar na, 245 EEG na, e45-l a e45-2, e45-2f efeitos adversos da, 3268 em mulheres, 3269 emprego e, 3269 etiologia da, 3254-3256 genética, 3254q, 3258 relacionada com a idade, 32553256, 3256q relacionada com fármacos, 3257q gravidez e, 59, 3269 incidência da, 3251 insônia na, 218 perda dos privilégios de dirigir na, 3269 prevalência da, 3251 questões psicossociais na, 3269 refratária, 3266-3267 transtornos psiquiátricos associados à, 3268 tratamento da, 3261 cirúrgica, 3267 fármacos antiepilépticos, 32623265q, 3262-3267 prevenção de fatores precipitantes na, 3261-3262 relacionada a condições subjacentes, 3261 Epilepsia catamenial, 3269 Epilepsia do lobo frontal noturna autossômica dominante, 3254q Epilepsia do lobo temporal mesial, 32533254, 3155f, 3255q Epilepsia generalizada com convulsões febris, 3254q Epilepsia mioclônica progressiva, 3254q Epilepsia miotônica juvenil, 3253 Epilepsia neonatal familiar benigna, 3222q Epilepsia parcial autossômica dominante com características auditivas, 3254q Epilepsia parcial contínua, 834, 3252 Epileptogênese, 3257 Epinefrina em anestésicos locais, 275 interações medicamentosas da, 435 na regulação cardiovascular, 20432044 nas células musculares lisas vasculares, 1802 no choque, 2216 para anafilaxia, 2710 para envenenamento por escombrídeos, 3576 para infecção pelo vírus parainfluenza, 1491 para insuficiência cardíaca aguda, 1912q para parada cardíaca, 2244 para urticária/angioedema induzidos por fármacos, 435 Epirrubicina dose de, 698q efeitos adversos da, 698q na gravidez, e6-2 para câncer gástrico, 767 Episclerite, 229, 2488 Epistase, 503 Epistaxe, 460 na doença de Osler-Weber-Rendu, 973 na doença de von Willebrand, 971 no câncer nasofaríngeo, 734 Epitélio gástrico, 2438-2440, 2439f, 2440f Epitélio mülleriano, 810 Epítopo, 2720, 2741 Epítopo compartilhado, 2741
Eplerenona efeitos adversos da, 1910, el5-2 para hipertensão, 2055q, 2056 para insuficiência cardíaca, 1908q, 1910 Epoprostenol efeitos adversos do, 2079 para hipertensão pulmonar, 2079 para teste de reatividade pulmonar a vasodilatadores, 2077 Epotilonas para câncer de mama, 762 para tumores resistentes à taxanos, 704 Eprodisato, para amiloidose, 949 Epsilômemtro (teste E), e22-10 Epúlide (hipertrofia gengival), el2-2f Epúlide fissurada, el2-2f Equação de Cockcroft-Gault, 334, 2309q Equação de Henderson-Hasselbalch, 363 Equação de Modificação da Dieta na Doença Renal (MDRD), 2309q, e53-4, e53-4f Equação do gás alveolar, 200 Equação MDRD, 334-335 Equações de Harris-Benedict, 611 Equidade da saúde global, 9,18, e 1-5 a el-6 Equilíbrio anatomia e fisiologia do, 192 distúrbios do, 192,194-195 na posição ortostática, 192 Equilíbrio da glicose, 3003-3005, 3004f, 3004q Equilíbrio do potássio, 351, 2291-2292, 2311-2312 Equilíbrio do sódio na doença renal crônica, 2291, 2311 regulação hormonal do, 2287f, 2288 Equilíbrio glomerulotubular, 2283, 2289,2291 Equilíbrio hídrico, 341-342 na doença renal crônica, 2311 regulação hormonal do, 2286, 2287q Equilíbrio osmótico, 341 Equilíbrio proteico, 611,617 Equimoses, 148, 460, 947, 947f Equinocandinas ação das, 1639 indicações para, 1639 para infecções por Candida, 1654q, 2436 para mucormicose, 1663q, 1664 Equinócitos, e l7 -l Equinococose (hidatidose) diagnóstico da, 1763, e25-2q, e25-7q eosinofilia na, 481, e25-7q epidemiologia da, 1762 estadiamento da, 1763f manifestações clínicas da, 1762-1763 prevenção da, 1764 tratamento da, 1763-1764 Equipamento de mergulho, e52-6-52-7 Equivalentes anginosos, 2000 Ereção, 374, 374f, 376 Ergotamina interações medicamentosas da, 1147q overdose/intoxicação com, e50-9q para cefaleia em esforço, 127 para enxaqueca, 118q, 119,119q para prevenção da cefaleia em salvas, 123 para prevenção da cefaleia por atividade sexual, 128 Ergotismo, 123 Erisipela etiologia da, 1066q, 1175 fisiopatologia da, 1064f, 1067 manifestações cutâneas da, 417q, 1067,1175,1175f,e7-4f,el6-8f tratamento da, 1067,1173q, 1175
Eritema na queimadura solar, 441 Eritema acral, induzido por fármaco, 437 Eritema anular centrífugo, 407,408q Eritema crônico migratório, el6-9f Eritema elevado diutino, 417,420q Eritema figurado súbito, 407, 408 Eritema gengival, linear, 269 Eritema indurado, 419 Eritema infeccioso diagnóstico do, 1480q epidemiologia do, 148,149q etiologia do, 149q manifestações clínicas do, 149q, 1748 manifestações cutâneas do facial, 1480f progressão do, 148,149q,415 nádegas, e7-l, el6-8f Eritema marginado. Ver Febre reumática Eritema migratório, 157, 407,1402, 1402f, e7-2f. Ver também Borreliose de Lyme (doença de Lyme) Eritema multiforme classificação, 414 diagnóstico diferencial do, 152q em paciente com câncer, 715 epidemiologia do, 152q etiologia do, 414 infecção pelo HSV e, 1456, 1461q manifestações clínicas do, 390,393f, 414, 414q manifestações cutâneas do, 152q, 157, e7-6f, el6-13f manifestações orais do, 27lq Eritema nodoso epidemiologia do, 155q etiologia do, 155q manifestações clínicas do, 155q, 419, el6-14f manifestações cutâneas do, 155q, e7-10f na DII, 2487 Eritema nodoso hansênico, 1363,1363f, 1366 Eritema palmar, 2523, 2593, 2593f Eritrasma, 394, 1192 Eritroblastose fetal, 268 Eritrócito(s) aglutinação de, el7-2, el7-4f antígenos e anticorpos, 951-952, 952q ativação do complemento e, ciclo de vida do(s), 845 cilindros urinários, el4-10f conteúdo de ferro do(s), 845 destruição mecânica do(s) 881, 882f diferenciação hematopoiética do(s), 541f folato no(s), 870 fragilidade osmótica do(s), 875 fragmentado(s), el7-4f glicólise no(s), 873, 873f metabolismo redox no(s) 878f na anemia, 448 níveis de protoporfirina no (s), 846f, 847 no esfregaço de sangue periférico, e l7 -l a el7-2, el7-2f a el7-7f nucleado(s), el7-5f para anemia relacionada com quimioterapia, 708 policitemia, 457 tempo de sobrevida do(s), 873-874 transfusões. Ver Transfusão (ões) Eritrocitose, 456. Ver também Policitemia absoluta, 899q de estresse (espúria), 899 etiologia da, 899f na cardiopatia congênita cianótica, 1923
na hemoglobinopatia, 858 paraneoplásica, 830-831, 830q relativa, 899q Eritrodermia, 405 etiologia do, 405q, 406, 406q induzida por fármacos, 406 na síndrome do choque tóxico, 1025q, 1028. Ver também Síndrome do choque tóxico (SCT) Eritrofagocitose, no linfoma agressivo, e l7 - llf Eritroleucemia, 860, el7-9f Eritromelalgia (eritermalgia), 899,900, 904, 2073 Eritromicina absorção da, 1139 ação da, 1134q, 1135 ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q efeitos adversos da, 302,329,2565 indicações para, 1144q interações medicamentosas da, 1147q antifúngicos azólicos, 1143 ciclosporina, 46q cisaprida, 46q digoxina, 38, 46q, 1143 estatinas, 46q inibidores de PDE-5, 377 na gravidez, 1142q para acne vulgar, 404 para actinomicose, 1330q para angiomatose bacilar, 1070q, 1317q para blefarite, 228 para cancroide, 1231 para celulite, 1070q para cólera, 1293 para coqueluche, 1244q para difteria, 1191 para disfunção gastrintestinal/ genitourinária no diabetes melito, 2985 para doença de Lyme, 1405f para donovanose, 1321q para DRGE, 307 para faringite, 263-264, 264q para febre recidivante, 1400f para infecção por C. trachomatis, 1426 para infecções de feridas por mordedura, e24-3q para infecções por C. pneumoniae, 1430 para infecções por Campylobacter, 1288 para náusea e vômitos, 303q, 304 para P-glicoproteina e, 35q para psitacose, 1429 profilática, 1148q resistência à, 1134q, 1144q, 1173 Éritron, 448 Eritroplaquia, 269,273q, 733, 734 Eritropoiese, 448-449 ferropriva, 846, 846f, 849, 849f ineficaz, 326, 454, 2532-2533 megaloblástica, el7-8f Eritropoiese deficiente em ferro, 846, 846f, 849, 849f Eritropoietina ação da, 448 deficiência de, 455 elevada, 457 na anemia, 449f, 849 na diferenciação hematopoiética, 541f plasmática, 448 produção ectópica de, 456, 830 regulação da produção de, 448-449, 448f Erliquiose monocitotrópica humana, 150q, 1408q, 1413
Rí
ÍNDICE 1-58
Erlotinibe ação do, 675, 677q, 705f, 706, el9-4 dose de, 700q efeitos adversos do, 700q, 751, 2276 para câncer de cabeça e pescoço, 735 para câncer de pulmão, 675, 677q, 706, 751,752 para câncer pancreático, 677q, 789 para carcinoma com tumor primário desconhecido, 825 para carcinoma hepatocelular, 783q Erosão (lesão cutânea), 390q Erradicação, de doença, 1031 ERRO. Ver Espécies reativas de oxigênio (ERRO) “Erro”, 85 Erros, na assistência médica. Ver Segurança na assistência médica Erros de medicação, 86 Erros médicos, 4-5, e5-4 ERT (elementos de resposta dos hormônios tireoidianos), 2916,2916f Ertapenem na gravidez, 1142q para pneumonia, 2135q, 2139q resistência ao, 1248 Erupção do banhista marinho, 3573, 3573f Erupção medicamentosa fixa, 435 Erupção polimórfica à luz, 417q, 419, 444 Erupção serpiginosa. Ver Larva migrans, cutânea Erupções acneiformes, 409-409,408q Erupções escarlatinoformes, 415,415q Erupções fototóxicas, 414 Erupções morbiliformes definição, 390q etiologia das, 415,415q induzidas por fármacos, 432,433, 434-435,435q Erva-de-São João efeitos adversos da, 46q, 445q evidências de, e2-5 interações medicamentosas da, 46q, 48, e2-4 Escabicidas, 3577 Escabiose, 3576 epidemiologia da, 3576 manifestações clinicas da, 391q, 3576-3577, el6-10f tratamento da, 3577 Escabiose norueguesa, 1557,3576 Escala da Síndrome Cerebral Orgânica, 198 Escala da World Federation of Neurosurgical Societies, para hemorragia subaracnoidea, 2262q Escala de classificação do delirium, 77, 198 Escala de Coma de Glasgow, 2197q, 3381-3382, 3381q Escala de Desempenho de Karnofsky, 650, 650q Escala de Equilíbrio de Berg, 578q Escala de Ferriman e Gallwey para hirsutismo, 381, 382f Escala de Hunt-Hess, para hemorragia subaracnoidea, 2262q Escala de sonolência de Epworth, 2185q, 2188q Escala multidimensional não métrica, 529 Escape da aldosterona, 2288 Escara antraz cutâneo, 1769,1770f características da, 148,1064f na febre por mordedura de rato, 150q na riquetsiose variceliforme, 154q, 157, 158 nas febres maculosas por riquétsia, 150q
no antraz, 156q, 158 no ectima gangrenoso, 154q queimadura, e23-l, e23-2f tifo rural, 150q, 158 Escara, 390q Escavação óptica, 234, 234f Escherichia coli aderência da, 1083, 2389 cepas comensais, 1248 cepas patogênicas extraintestinais, 1248-1249 enteroaderente, 1249q, 1252 entero-hemorrágica, 1083,1249q, 1251 enteroinvasiva, 1249q, 1252 enteropatogênica, 1083,1249q, 1252 enterotoxigênica, 1083,104, 1249q epidemiologia da, 1246 estrutura e função da, 1246 fatores de virulência da, 1247, 2389 interações com o hospedeiro, 12461247,1246q interações ligante-receptor, 1014, 1014q pili da, 1014, 2389 produção de toxina por, 1084 produtora de toxina Shiga, 1083, 1249q, 1251 resistência a antibióticos na, 1137, 1143,1247-1248,2134 Escitalopram para depressão, 353lq Escleredema diabético, 2988 Esclerite, 229 Esclerodactilia, 430, 2072, 2763, 2763f Esclerodermia. Ver também Esclerose sistêmica (esclerodermia) Escleromixedema (mucinose papular), 417q, 418 Esclerosa da valva aórtica, sopro na, el3-5 Esclerose concêntrica de Balo, e44-27f, e44-28f "Esclerose do cardioesqueleto esquerdo”, 1871 Esclerose lateral, 3345, 3375 Esclerose lateral amiotrófica (ELA), 3345 “definida”, critérios para, 3345-3346 diagnóstico da, 140, 3345-3346 diagnóstico diferencial da, 33463447, 3346 disfagia na, 298, 300 epidemiologia da, 3346 familiar, 499, 3346, 3348f manifestações clínicas da, 3345-3346 patologia da, 3345, 3346q, 3347f, 3347q tratamento da, 546, 3349 Esclerose lateral amiotrófica familiar, 3346, 3348f Esclerose lateral primária, 3347q, 3350, 3375 Esclerose múltipla (EM), 3395 anatomia da, 3395 associação do gene HLA à, 2693q comprometimento ocular na, 229, 232, 241 constipação na, 319 diagnóstico da, 140, 3399, 3400q diagnóstico diferencial da, 33993400, 3402q disfunção erétil na, 375 disfunção olfatória na, 244 distúrbios da marcha na, 193 distúrbios do paladar na, 245 em mulheres, 53 epidemiologia do, 3395-3396 evolução da, 3397-3399, 3397f fatores de risco para, 3396, 3396q
fatores genéticos na, 2693q, 33963397, 3396q fisiologia da, 3395, 3395f fraqueza na, 184,185q gatilhos da, 3397 gravidez e, 59,3402 imunologia da, 2676q, 3396-3397 insuficiência cerebrospinal crônica na, 3407 manifestações clínicas da, 3397-3398, 3397q mediadores inflamatórios na, 2682q mielite aguda na, 3372 mielite na, 3372 mielopatia crônica na, 3374 neurodegeneração na, 3397 neuroimagem na, e44-27f a e44-28f patogenia da, 3395-3396, 3395f perda da audição na, 250 prognóstico da, 3400-3402 progressiva primária, 3397f, 3399 progressiva secundária, 3397f, 3399 progressiva/recidivante, 3397f, 3399 recidivante/remitente, 3397f, 33983399 síndrome do lobo frontal na, 211 sistemas de pontuação para, 3402, 3403q tipos de, 3397f, 3398-3399 tratamento acetato de glatirâmer no, 34043405 cloridrato de mitoxantrona na, 3405 crises agudas, 3402 episódios desmielizantes inicias na, 3402 fingolimode na, 3405 glicocorticoides no, 3402 INF-Th na, 3402, 3404 início da, 3405-3406 leustatina na, 3405 mudança de, 3405-3406, 3406f natalizumabe na, 3405 opções não indicadas em bula na, 3406 terapia sintomática na, 3407 terapias dietéticas na, 602, 3407 terapias experimentais na, 3407 terapias modificadoras da doença na, 3402, 3404-3406, 3404q, 3406f variantes clínicas da, 3407-3408 Esclerose sistêmica (esclerodermia), 2757 bloqueio de condução AV na, 1871, 1871q câncer associado a, 2766-2767 características laboratoriais da, 2767 complicações musculoesqueléticas da, 2766 comprometimento cardíaco na, 1967, 2762, 2766 comprometimento esofágico/disfagia na, 298, 299,2437 comprometimento gastrintestinal na, 301, 2761, 2765-2766 comprometimento ocular na, 2766 comprometimento orgânico na, 2762 comprometimento pulmonar na, 2167, 2761,2761f, 2764-2765, 2765f comprometimento renal na, 23802381, 2761, 2766, el4-8f definição da, 2757 diagnóstico da, 2767 DMTC na, 2769 epidemiologia na, 2757-2758 evolução da, 2769 fasciite eosinofílica na, 2769 fatores ambientais na, 2758-2759 fatores de risco ocupacionais para, 2758-2759
fatores genéticos na, 2758 fenômeno de Raynaud na, 2072, 2759, 2762-2763, 2763f fibrose na, 2760-2761 HAP na, 2765 imunidade celular na, 2760 inflamação na, 2760 KIR com, 2666q linear, 431 manifestações clínicas da, 2762, 2762q manifestações cutâneas da, 430, 2761, 2761f, 2763-2764 facial, 43 lf, el 6-13f hiperpigmentação, 413 hipopigmentação, 410 nas mãos, 2763f, 2764f, el6-13f telangiectasias, 409,409q, 2764f vs. dermatomiosite, 429 modelos animais de, 2759 náusea e vômitos na, 301 neuropatia na, 3459 patogenia da, 2677q, 2759, 2759f patologia da, 2761-2762, 2761f prognóstico da, 2769 Sem ES, 2757 tratamento da, 2767-2769 agentes imunossupressores, 27672768 relacionado com a doença renal, 2381 relacionado com complicações gastrintestinais, 2768 relacionado com crise renal de esclerodermia, 2768 relacionado com cuidados cutâneos, 2769 relacionado com HAP, 2768 terapia antifibrótica, 2768 terapia vascular, 2768 vasculopatia da, 2759-2760 VEGF na, 2759-2760 Esclerose tuberosa carcinoma de células renais e, 793, 2360 crises convulsivas na, 3390 fatores genéticos na, 669q, 2356q, 2360 manifestações clínicas da, 2356q, 2360, 3390 manifestações cutâneas da, 394,410, 417 patogenia da, 2360, 3390 tumores cerebrais e, 3384q, 3390 Escleroterapia para veias varicosas, 2074 Escoliose, na síndrome de Danios, 3209 Escopalamina efeitos adversos da, e9-3 efeitos oculares, 226 no desmame terminal, 80 overdose!intoxicação por, e50-9q a e50-10q para excesso de secreções, 75,80 para náusea e vômitos, 74,303,303q para vertigem, 180q Escorbuto distúrbios da parede vascular no, 972 etiologia do, 599 manifestações clínicas do, 594q, 599, 607 manifestações cutâneas do, 422, 609q, e41-1 f manifestações orais do, 269 tratamento do, 599 Escore CHADS2, 3274, 3277q Escore CTP (Child-Turcotte-Pugh), 2609 Escore de Child-Turcotte-Pugh (CTP), 2609 Escore de detecção do delirium, 198
Escore de Infecção Pulmonar Clínica (CPIS), 2139, 2139q. Ver também Pneumonia associada ao ventilador (PAV) Escore de Lod, 505 Escore de risco de TIMI, 2016, 2017f Escore do Modelo para Doença Hepática de Estágio Terminal (MELD) na seleção de doadores cadavéricos para transplante de fígado, 2609, 2609q no transplante de fígado, 2526, 2527 Escore e Lille, 2591 Escore MELD. Ver Modelo para escore de doença hepática terminal (MELD) Escore para Avaliação de Incapacidade por Enxaqueca, 116,117f Escores T, 3106, 3120, 3125, 3125f Escores Z, 3106, 3125, 3125f Escoriação, 390q Escorpião da casca de árvore, 3580 Escotoma, 227, 227f, 234 Escrita, avaliação da, 203 Escudo de glicano, 1536 Esferocitose, 326, el7-3f Esferocitose hereditária, 8 7 5 ,876q anemia na, 456 diagnóstico da, 875 esfregaço de sangue periférico na, 875f esplenomegalia na, 469 fatores genéticos na, 875,876q manifestações clínicas da, 875 tratamento da, 875-876 Esférulas, 1643, 1644f Esfmcter anal, 309f Esfincter de Oddi espasmo do, após colecistectomia, 2623 no fluxo biliar, 2616 Esfíncter esofágico inferior (EEI), 297-298 disfunção do, 304 relaxamento do na acalasia, 2430-2432, 243lf na DRGE, 2433 Esfíncter esofágico superior, 297-298 Esfincteroplastia, para incontinência fecal, 2507 Esfincteroplastia com superposição, para incontinência fecal, 2507 Esfincterotomia endoscópica, 2411, 2412f Esfincterotomia endoscópica, 2411, 2412f Esfingomielinase D, 3580 Esfoliatina, 1066 Esfregaço de Papanicolaou benefícios do, 30q para triagem de câncer cervical, 660, 661q, 813-814 recomendações em adultos com riscos normais, 30q Esfregaço de sangue periférico, e l7 -l. Ver também distúrbios específicos acantócitos no, 452f células em alvo no, 45 lf corpúsculos de Howel-Jolly, 45lf, el7-5f defeitos eritrocitários no, 450 fragmentação de eritrócitos no, 452f na febre de origem obscura, 162 normal, 45lf, 966f reticulócitos no, 452q Esfregaço de Tzanck, 394 Esmalte, mosqueado, 268 Esmolol dose de, 1883q indicações para, 1883q overdose/intoxicação com, e50-10f para cardiopatia isquêmica, 2009q
para dissecção aórtica, 2064 para emergências hipertensivas, 2058q Esofagectomia, para câncer esofágico, 765 Esofagite alcalina, 306 Candida, 1550, 1551f, 2419, 2420f, 2435f, 2436 corrosiva, 2437 disfagia na, 299-300 dor abdominal na, 11 lq DRGE e, 2433 em paciente com câncer, 716 eosinofílica. Ver Esofagite eosinofílica etiologia da, 2429, 2420f HSV, 1458, 1461q, 2419,2420f, 2435 indigestão na, 305 induzida por pílulas, 300, 2437 infecciosa, 2436 na infecção pelo HIV, 1550,1551f péptica, aspecto endoscópico da, 2433f, 2434 radiação, 2437 sangramento com, 320 SZE com, 2434 tratamento da, 306 Esofagite corrosiva, 2437 Esofagite eosinofílica, 2435-2436, 2435f achados endoscópicos na, 2420, 242 lf características endoscópicas da, 2435, 2435f diagnóstico da, 2435 disfagia na, 299 DRGE e, 2435 etiologia da, 2435 histopatologia da, 2435-2436, 2435f indigestão na, 305 manifestações clínicas da, 2435, 2435f prevalência da, 2435 tratamento da, 300, 2436 Esofagite por pílula, 2437 Esofagite por radiação, 2437 Esôfago anatomia do, 298 corpos estranhos no, 2437 de Barret. Esôfago de Barret/ metaplasia efeitos da doença sistêmica no, 2437 efeitos do álcool sobre, 3548 efeitos do sulco gástrico no, 2433 em “quebra-nozes”, 2432, 2432f esclerodermia, 2437 estrutura do, 2427 felino, 2420, 242 lf funções do, 2427 Esôfago “em saca-rolhas”, 2432, 2432f Esôfago da esclerodermia, 2437 Esôfago de Barrett/metaplasia achados endoscópicos no, 2409, 2410f, 2419-2420, 2433f, 2434 câncer esofágico e, 305,764,764q, 2433f, 2434 displasia no, 2434 DRGE e, 305, 2410f, 2419-2420 Histopatologia do, 2434, 2434f tratamento endoscópico do, e36-lV Esôfago felino, 2420, 242 lf Esofagogastroduodenoscopia, 2409, 2409f, 2410f, 2427 Esofagogastroscópica, na disfagia, 300 Esofagoscopia, 765 Esomeprazol para doença ulcerosa péptica, 2447q, 2448 para DRGE, 306 Espaço extracelular, 290 Espaço extravascular, 341 Espaço intersticial, 341 Espaço intravascular, 341
Espaço morto anatômico, 2090 Espaço semilunar de Traube, percussão do, 469 Esparganose, 1765 Esparto, 2121 Espasmo de artéria coronária, 102. Ver também Angina variante de Prinzmetal Espasmo esofágico difuso, 299, 2432, 2432f dor abdominal no, 103q, 104 espástico em “quebra-nozes”, 2432, 2432f Espasmo esofágico difuso, 299,2432, 2432f Espasmo hemifacial, 3362, 3363 Espasmos hemifaciais, 3362, 3363 musculares, 3489 na EM, 3398, 3407 Espasticidade, 182,193,3375 Espécies reativas de oxigênio (ERO) geração de, 441 lesão cutânea causada por, 441 lesão do DNA mitocondrial por, el8-9f, el8-09 a el8-10 na terapia com oxigênio hiperbárico, e 5 2 -la e52-2, e52-2f no endotélio, 1799 no envelhecimento, el8-10 Especificidade na resposta imune, 2651 de testes, 22-23, 23q, 659,659q analítica, e53-2 Espectinomicina ação da, 1135 para infecções gonocócicas, 1226q resistência à, 1222 Espectro de absorção, 440 Espectro de ação, 440 Espectros de fortificação, 234, 3234 Espermatogênese anormalidades na, fatores genéticos na, 49, 501 efeitos induzidos pela radiação na, 841 na regulação da função testicular, 301 lf, 3012-3013 Espermatozoides, mutações nos, 495 Espessura da prega cutânea, 622 Espessura da prega do tríceps, 608 Espessura de Breslow, 726 Espículas ósseas, 235, 236f Espinha bífida oculta, 132 Espiramicina efeitos adversos da, 1679q, e26-8 farmacologia da, e26-8 Espiritualidade do paciente em estado terminal, 69 Espirometria na asma, 2109 na avaliação da doença respiratória, 2086, 2088f, 2091-2092 pré-operatória, 66, 66q valores de referência para, 3607q Espironolactona ação da, 2286 efeitos adversos da, 1910,2056 disfunção erétil, 376, 376q disfunção sexual feminina, 379q hiperpotassemia, 384, el5-2 hipotensão, 384 para ascite, 332, 2600, 2601f para hipertensão, 2048, 2055q, 2056 para hirsutismo, 384 para insuficiência cardíaca, 1908q, 1910 para síndrome de excesso aparente de mineralocorticoides, 354 para síndrome do ovário policístico, 387
Esplenectomia, 469 efeitos de longo prazo da, 471 imunizações após, 856,876,1033f, 1132 infecções após, 713, 876,1025q, 1026 para abscesso esplênico, 1081 para anemia falciforme, 856 para anemia hemolítica autoimune, 882 para esferocitose hereditária, 876 para estadiamento da doença de Hodgkin, 469-470 para hemoglobinopatias, 858 para LMC, 918 para mielofibrose, 902 para policitemia vera, 900 para púrpura trombocitopênica imune, 969 para púrpura trombocitopênica trombótica, 970 para talassemia, 859 para tratamento de leucemia, 470471 para tratamento de linfoma, 470-471 Esplenomegalia, 467 abordagem ao paciente, 468-469 aumento abdominal na, 330 com linfadenopatia, maciça, 469, 47lq, 899-900 congestiva, 469 diagnóstico da, 469 distúrbios da coagulação na, 980 doenças associadas a, 449,470q manifestações clínicas da, 468 na anemia hemolítica, 456 na cirrose, 2599 na doença hepática, 2523 na mielodisplasia, 896 na mielofibrose, 902 na policitemia vera, 456, 899 nas infecções por Leishmania, 1711, 1712f neutropenia e, 477 no carcinoma hepatocelular, 779 tropical, 1695 Esplenomegalia hiperreativa da malária, 1695 Esplenomegalia tropical, 1695 Esplenose, 471 Espondilite, ancilosante. Ver Espondilite ancilosante Espondilite ancilosante, 2774 achados laboratoriais na, 2775-2776 achados radiográficos na, 2776, 2776f aneurisma aórtico na, 2061 aortite na, 2065, e31-3 a e31-4 Associação do gene HLA à, 2693q complicações da, 2775 comprometimento ocular na, 229, 2775 diagnóstico da, 135, 2776-2777, 2777q dor cervical na, 140 epidemiologia da, 2774 espondilodiscite na, 2776, 2776f evolução da, 2775 inflamação axial na, 2774 inflamação espinal na, 2774-2776, 2776f KIR com, 2666q lombalgia na, 135 manifestações clínicas da, 2774-2775 na adolescência, 2775 na DII, 2488, 2783-2784 patologia da, 2774 pseudoartrose na, 2775 sacroileite na, 2776, 2776f sinovite periférica na, 2774 sopro na, el3-7 tratamento da, 135,2777-2778 Espondilite psoriática, 2693q
Espondiloartrite achados radiográficos no, 2784 axial, 2776, 2777q critérios para, 2782, 2783q de início juvenil, 2782 indiferenciada, 2782 Espondiloartrite de início juvenil, 2782. Ver também Espondiloartrite Espondiloartrites, 2666q. 2774 Ver também distúrbios específicos Espondilodiscite, na espondilite ancilosante, 2776, 2776f Espondilólise cervical, 140 vertebral, 132 Espondilolistese, dor lombar na, 132 Espondilose cervical, 140,193 dor lombar na, 135 Esponja (animal), tóxica, 3572 Esponja do mar, 3572 Esporão ósseo, 3125 Esporo, antraz, 1769-1770 Esporogonia, 1691 Esporozoítas, Plasmodium, 1688,1689f Esportes. Ver Atleta(s) Espru não tropical. Ver Doença celíaca (enteropatia induzida por glúten) Espru tropical, 2471 biópsia da mucosa do intestino delgado no, 2468q, 2469, 2469f deficiência de cobalamina no, 648, 867q, 868 diagnóstico do, 2472 diarréia no, 314,2471 etiologia do, 2471-2472 manifestações clínicas do, 2474 padrão clínico do, 2472 tratamento do, 2472 Esquecimento benigno do idoso, 3300 Esquema BEP para câncer testicular, 808 para tumores de células germinativas do ovário, 813 Esquema de Stanford V para doença de Hodgkin, 934 Esquema EMA-CO, para neoplasia trofoblástica gestacional, 16 Esquema FOLFIRI, para câncer colorretal, 774 Esquema FOLFIRI NOX, para câncer pancreático, 789 Esquema FOLFOX, para câncer colorretal, 774 Esquema GC, para câncer de bexiga, 792 Esquema GTC, para câncer de bexiga, 792 Esquema hiperC-VAD, para linfoma de células do manto, 929 Esquema M-VAC, para câncer de bexiga, 792 Esquema VelP, para câncer testicular, 809 Esquemas de “trabalhar com mais força”, 138 Esquinência. Ver Abscesso periamigdalar Esquistossomose câncer de bexiga e, 656q, 790, 1756 diagnóstico da, 1756-1757, e25-2q, e25-5, e25-6q, e25-7q epidemiologia da, 1754,1754f etiologia da, Ver Schistosoma spp. imunidade na, 1755 manifestações clínicas da, 1755-1756 cutânea, 1067,1755 eosinofilia, 481, e25-7q hepatosplênica, 1755-1756,1756f intestinal, 1755 mielite, 3372 pulmonar, 1755,1756, 2078q, 2082
renal, 2354 SNC, 1756 nos viajantes, 1045 patogenia da, 1754-1755 prevenção e controle da, 1757 tratamento da, 1757,1757q Esquizócitos, 966f, 970, 979, eI7-l Esquizofrenia, 3523, 3542 alterações quimiossensoriais na, 246 diabetes melito tipo 2 na, 3544 diagnóstico diferencial da, 3543 epidemiologia da, 3523, 3543 estudo CATIE da, 3544-3545 fatores genéticos na, 3524 fisiopatologia da, 3543 insônia na, 217 manifestações clínicas da, 3542-3543 neuroimagem da, 3523-3524 neuropatologia da, 3523-3524 patogenia da, 3524 tipo catatônico, 3543 tipo desorganizado, 3543 tipo paranoide, 3543 tipo residual, 3543 tipos de, 3543 tratamento da, 3543-3545, 3544q Esquizogoia, 1688 Esquizonte, Plasmodium, 1688 Estabilizadores do humor, 3540q Estadiamento CLIP, do carcinoma hepatocelular, 779, 779q Estadiamento de Massaoka, de timoma, e20-21 Estadiamento de Okuda do carcinoma hepatocelular, 779, 779q Estadiamento TNM, 650 do câncer colorretal, 771-772, 773f do câncer de bexiga, 790,790f do câncer de cabeça e pescoço, 734, 735q, 736q do câncer de mama, 757, 758q do câncer de pâncreas, 787,788f do câncer de próstata, 798, 799f, 799q do câncer de pulmão, 745, 746-747q do carcinoma hepatocelular, 779 do sarcoma de tecidos moles, 817, 818q do sarcoma ósseo, 819, 819q Estado amnésico, 209 Estado confusional agudo. Ver Delirium Estado de bloqueio, 2247 Estado de equilíbrio dinâmico, 35, 37d Estado de mal-epiléptico, 3267 convulsivo generalizado, 3267-3268 definição do, 3267-3268 delirium no, 199q, 200 hipertermia no, 144q na exposição à agentes neurais, 1786 não convulsivo, 3268 no paciente em estado crítico, 2204, 2258 parcial complexo, 3314 subtipos de, 3267-3268 tônico-clônico generalizado, 3268, 3268f Estado de refração, 224 Estado de vigília, 213 Estado epiléptico convulsivo generalizado, 3267-3268 Estado epiléptico parcial complexo, 3314 Estado epiléptico tônico-clônico generalizado, 3268, 3268f Estado funcional, 63q Estado hipercoagulável acidente vascular encefálico devido a, 3278 trombose venosa no, 2074 Estado hipermetabólico, 606-607,607q Estado hiperosniolar hiperglicêmica (EHH), 2976q, 2979 Estado hipometabólico, 606-607,607q, 850, 850q
Estado lítico sistêmico, 1001 Estado minimamente consciente, 2247 estado pós-ictal, 2249 Estado vegetativo, 2247 Estado vegetativo persistente, 2247 Estados de hiperperfusão diagnóstico dos, e47-l a e47-2, e47-2f etiologia dos, e47-l, e47-lq parecer neurológico do paciente hospitalizado, e47-lq, e47-l a e47-2, e47-2f tratamento dos, e47-2 Estafilocócica, coagulase-negativa, 1160, 1160f, 1167,1168 Estafilococos coagul ase-negativos (CoNS), 1160,1160f, 1168, 1171 Estapedectomia, 249,254 Estatinas efeito de redução das LDL das efeitos adversos das, 3159q hepatotoxicidade, 2565, 3159 miopatia, 3159, 3507-3508, 3508q efeitos anti-inflamatórios das, 19901991,1991f interações medicamentosas das, 1147q metabolismo das, 36q para AI/IMSEST, 2017, 2020 para claudicação intermitente, 2068 para distúrbios das lipoproteinas, 3158-3159, 3159q para doença de Alzheimer, 3308 para prevenção do câncer colorretal, 657 para prevenção do câncer de próstata, 796 para síndrome metabólica, 1989, 1996 profiláticas perioperatórias, 65 variações genéticas na resposta às, 44 Estavudina (deT), 1570q, 1574f, 1576f, 1578 Esteato-hepatite, não alcoólica, 777q biópsia hepática da, e38-5f cirrose devido à, 2594-2595 diagnóstico de, 2524q Esteatorreia, 313-314, 317, 2460 avaliação da função do pâncreas exócreno na, 2469 defeitos na digestão e absorção dos lipídios na, 2463q detecção da, 2466-2467 etiologia da, 2463, 2466-2467, 2470q na doença de Whipple, 2474 na enteropatia perdedora de proteína, 2463q, 24691', 2475 na síndrome de sobrecrescimento bacteriano, 2473 na síndrome do intestino curto, 2472 Esteatose hepática, na DII, 2488 macrovesicular, na EHNA, 2604, 2605q Esteatose hepática da gravidez, 60 induzida por fármaco, 2562q Esteatose hepática, na DII, 2488 Esteatose hepática não alcoólica (EHNA), 2604 cirrose devido a, 2594-2595 diagnóstico da, 2605 esteatose macrovesicular na, 2604, 2605q manifestações clínicas da, 2605 na síndrome metabólica, 1995 obesidade e, 628 prevalência da, 2604 tratamento da, 2605 Estenose aórtica bulhas cardíacas/sopro na características, 1827-1828, 1827q, 1939
duração, e l3 -l intensidade e irradiação, el3-2f, el3-4 resistência vascular sistêmica e, el3-8 cateterismo cardíaco na, 1940 classificação da gravidade, 3606q congênita, 1924, 1938 dispnéia na, 279 dor torácica na, 102,102q, 103q, 1939 ECG na, 1939 ecocardiografia na, 1841,1841f, 1940, 3606q, e29-lV,e33-6f etiologia da, 1930q, 1938 fisiopatologia da, 1938-1939 história natural, 1940 isquemia do miocárdio na, 1998 manifestações clínicas da, 1939 medidas hemodinâmicas, 1856f na gravidez, 57 na valva aórtica bicúspide, 1938 palpitações na, 295 patogenia da, 1938, 1938f profilaxia antitrombótica para, 3277q pulso carotídeo na, 1824,1825f radiografia de tórax, 1940 reumática, 1938 subaórtica, 1925 supravalvar, 1925 tratamento da estratégia para, 1940f substituição de valva. Ver Substituição da valva aórtica Estenose cervical, 388 Estenose da artéria renal azotemia na, 337 diagnóstico da, 2049 epidemiologia da, 2375 exame imagem, 2376q fisiopatologia da, 2375-2376, 2375f macrovascular, 2375-2376 microvascular, 2375,2375f policitemia na, 456 tratamento da, 2049, 2376, 2377q Estenose da coluna lombar. Ver também Estenose da coluna vertebral Estenose esofágica, Estenose mitral bulhas cardíacas/sopro na, 1829, 1930-1931, e l3 -l, el3-lf, el3-6f, el3-7 cateterismo cardíaco na,1931 classificação da gravidade, 3606q débito cardíaco, 1929 diagnóstico diferencial da, 1931 ECG na, 1931, e28-8f, e28-9f ecocardiografia Doppler na, 1842, 1845f ecocardiografia na, 1931,3606q, e29IV embolização na, 1930 etiologia da, 1929, 1930f fisiopatologia da, 1929 hipertensão pulmonar na, 1929,2080 lesões associadas, 1931 manifestações clínicas da, 1929-1930 medidas hemodinâmicas na, 1856f, 1929 na gravidez, 57,1933 naTEE, 1932-1933 patologia da, 1929 radiografia de tórax na, 1931 reumática, 1929, 2753, el3-7 tratamento da, estratégia para, 1932f substituição valvar, 1933-1934, 1933f tratamento clínico, 1932,1932q valvotomia, 1932-1933,1933f, 1933q valvuloplastia, 1933, 1933f, 1933q tratamento percutâneo da, 2039-2040
funções do, 2402 volume de líquido e conteúdo eletrolítico do, 616q Estômago em melancia, 321 Estomatite aftosa, 392f induzida por fármacos, 437 nas síndromes de má absorção Estomatócitos, e l7 -l Estomatocitose, 876, e l7-4f Estrabismo, 238 Estramônio, e50-9q a e50-10q Estramustina ação da, 527, 704 dose de, 700q efeitos adversos da, 700q, 704 Estratégia DOTS/DOTS-Plus para tuberculose, 13,1358 Estratégia Stop TB, 1358-1359 Estreitamento de forames neurais com radiculopatia, 135,135f Estreptocercose Mansonella streptocerca, 1750, e25-6q Estreptococos anaeróbios, 1180. Ver também Bactérias anaeróbias características dos, 1171,1171q classificação dos, 1171,1171q nutricionalmente variantes, 1180 viridans, 1171,1171q, 1179 Estreptococos a-hemolíticos, 1171, 1171q, 1179. Ver também Streptococcus pneumoniae Estreptococos viridans, 1179 Estreptograminas, 1135,1138 Estreptolisina 0 , 1019 Estreptomicina ação da, 1133,1376 dose de, 1376 efeitos adversos da, 232, 1376 farmacologia da, 1376 para bartonelose, 1317q para infecções por Brucella, 1299 para peste, 1310, 1772q para tuberculose, 1372q, 1376 para tularemia, 1304, 1772q, 1776 resistência à, 1376 Estreptoquinase, 1001 ação da, 1001-1002,1002f efeitos adversos da, 1002,2028 indicações para, 1002 para infarto do miocárdio, 2027 Estreptozotocina efeitos adversos da, 653, 708 Estresse, deficiência de gonadotropinas devido ao, 3017, 3018 Estria gordurosa, 1984f Estrias de Wickham, 399 Estribo, 248,248f Estridor, 2085 Estrogênio(s) ação cardioprotetora dos, 52-53 ação dos, 3130 ação neuroprotetora dos, 52 câncer de mama e, 754 carcinogenicidade dos, 656f deficiência de, 54, 3123-3124, 3123f dose de, 3129 efeitos sobre o metabolismo das lipoproteínas, 3156 excesso de, 3019 na perimenopausa, 3040 produção dos, 3030, 3031f tipos de, 3129, 3130 Estroma ovariano, 827q, 2927 Estrutura (teoria de qualidade), 88 Estrutura familiar, alterações na, 560561 Estudo de associação em todo o genoma, 505q Estudo de caso-controle, 505q Estudo de Oslo, 1381-1382
Estudo de sobrevida dos eritrócitos, 874 Estudos clínicos de triagem, 660 Estudos de associação, 505, 505q Estudos de mistura, na avaliação da coagulação, 463 Estudos de onda F, e45-6 Estudos de reflexo H, e45-6 Estudos de suprimento de ferro, 453 Estudos eletrodiagnósticos, e 4 5 - l eletroencefalografia. Ver Eletroencefalografia (EEG) estudos eletrofisiológicos. Ver Estudos eletrofisiológicos magnetoencefalografia, 3260, e45-3 na distrofia muscular, 3491, 349lq na miastenia gravis, 3481 na neuropatia periférica, 3449-3450, 3452q potenciais evocados. Ver Potenciais evocados Estudos eletrofisiológicos, e 4 5 -4 cardíacos, 1860 eletromiografia. Ver Eletromiografia (EMG) estudos de condução nervosa. Ver Estudos de condução nervosa nas crises convulsivas, 3259-3260, 3259f do músculo e nervo, e45-4, e45-4f, e45-5 estudos de onda F, e45-6 estudos de reflexo H, e45-6 resposta muscular à estimulação nervosa repetitiva, e45-6 reflexos do piscar, e45-7 Estupor, 2247 Esvaziamento gástrico tardio. Ver Gastroparesia Eszopiclona, 217,246 Etambutol ação do, 1375 dose de, 1375 efeitos adversos do, 1375 neuropatia, 3465q neuropatia óptica, 232,1375 trombocitopenia, 967q farmacologia do, 1375 para infecções micobacterianas não tuberculose, 1375 para meningite tuberculosa, 3425 para profilaxia de infecção por MAC para tuberculose, 1352q, 1372q, 1373q, 1375 resistência ao, 1375 Etanercepte ação do, 2684 efeitos adversos do, 400q, 482, 2748q monitoração durante o tratamento com, 2748q para artrite reumatoide, 2748q para espondilite ancilosante, 2777 para psoríase/artrite psoriática, 400q Etanol. Ver também Álcool absorção do, 2592 injeção, para carcinoma hepatocelular, 78lq, 782 para intoxicação por etilenoglicol, 367, el5-10 Etclorvinol, 232, e50-12q ETE. Ver Ecocardiografía transesofágica (ETE) ETEC (E. coli enterotoxigênica), 1083, 1084,1249q. Ver também Infecções por Escherichia coli, intestinais Etexilato de dabigatrana, 1000-1001, lOOOq, 2176 Etidronato para doença de Paget do osso, 3139, 3139q para hipercalcemia, 361,804 para tratamento/prevenção da osteoporose, 3131
Etinüestradiol, para hirsutismo, 383 Etionamida, 1377 “Etiqueta da tosse e higiene respiratória”, 1118 ETNB (endocardite trombótica não bacteriana), 1053 Etomidato efeitos adversos do, 2207 overdose!intoxicação com, e50-12q para sedação durante a ventilação mecânica, 2211 para síndrome de Cushing, 2949 Etoposídeo ação do, 702 dose de, 698q efeitos adversos do, 698q, 702, 808 leucemia aguda, 702 náusea e vômitos, 708 neurológicos, 2272, 3463q interações medicamentosas do, 2272 para câncer de mama, 762 para câncer de pulmão, 752 para câncer testicular, 808, 809 para carcinoma com tum or primário desconhecido, 824 para doença trofoblástica gestacional, 816, e6-4 para sarcoma de Ewing, 820 para sarcoma de tecidos moles, 818 para tumores de células germinativas do ovário, 813 Etossuximida efeitos adversos da, 3263q overdose/intoxicação com, e50-12q para crises generalizadas, 3266 para epilepsia, 3263q Etravirina, 1571q, 1574f, 1576f, 15781579 Euforia, 3526 Eumicetoma, 1667,1668 Eurística como fator de simplicidade, 20 Eutanásia, 80-81, 80q, e5-3 Eutanásia ativa involuntária, 80q Eutanásia ativa voluntária, 80q Eutanásia passiva, 80q Eventos adversos, 85, 1039-1040 Eventos epigenéticos envelhecimento e, 567-568, 568f expressão gênica e, 489, 490f, 495, 502, 667 nas células cancerosas, 677-679, 679f Everolimo, 701q, 706, 795 Evidência clínica (manual), 27q Evolução humana, el8-3 a el8-4 Ewingii ehrlichiosis, 1408q, 1414 Exame clínico de mama, 660,661q, 755 Exame com lâmpada de fenda, 226, 229 Exame com lâmpada de Wood, 394, 41 lq Exame de fundo de olho, 230 Exame de nervos cranianos, 3236-3237 Exame de ovos e parasitos, 311,316 Exame de toque retal no câncer de próstata, 796-797 para triagem de câncer colorretal, 771 para triagem do câncer de próstata, 66lq, 662 Exame de urina, 338 atlas de, el4-10f a el4 -l lf coleta e transporte da amostra, e22-
ÍNDICE
Estenose papilar após colecistectomia, 2623 Estenose pulmonar congênita, 1926 etiologia da, 1930q, 1948 sopro no, 1926, el3-lf, el3-2f, el3-4, el3-5f Estenose subaórtica, 1925 Estenose tricúspide bulhas cardíacas/sopro na, 1947, el3lf ECG na, 1947 ecocardiografía na, 1947 etiologia da, 1930q, 1947 fisiopatologia da, 1947 manifestações clínicas da, 1947 tratamento da, 1947-1948 vs. pericardite constritiva, 1976 Estenose vertebral adquirida, 134 congênita, 134 dor lombar na, 134 lombar, 134,134f tratamento da, 134 Estereognosia, 189 Estereopsia, 226 Estereotipagem, e4-4 a e4-5, e4-7 Esteres de ácido aminobenzoico, 445q Esterilização (controle da natalidade), 3037, 3038f Esteroide(s) androgênicosanabolizantes. Ver Uso abusivo de androgênio ovariano(s), 3030-3031, 3031f para geladura, 169 Esteroides anabolizantes. Ver Abuso de androgênios Esteroides ovarianos, 3030-3031, 303lf Esteroidogênese controle regulador da, 2941-2942, 2941f, 2942f modelo de duas células para, 3030, 303 lf suprarrenal. Ver Esteroidogênese suprarrenal Esteroidogênese suprarrenal, 2930, 2940f controle regulador da, 2941-2942, 2941f, 2942f efeitos do ACTH sobre a, 2941, 2942f estimulação do ACTH na, 2942, 2943f regulação do sistema RAA na, 2943, 2944f síntese, metabolismo e ação na, 29422945, 2943f, 2944f Estertores, 2085, 2764 Estertores da morte, 81, 83q Estesioneuroblastoma, 820 Estibogliconato de sódio farmacologia do, e26-l para infecções por Leishmania, 1272, 1715 Estilóstomo, 3577 Estimulação cerebral profunda (ECP) para cefaleia, 123,124 para distonia, 3329 para doença de Parkinson, 3325, 3326 Estimulação do nervo occipital para cefaleia em salvas, 123 para hemicrania contínua, 127 para prevenção de SUNC/SUNA, 124 Estimulação magnética transcraniana, para depressão, 3539 Estimulação vasovagal, na disfunção do nó SA, 1868q Estojo médico, do viajante, 1045-1046 Estômago biópsia na deficiência de cobalamina, 867 efeitos do álcool sobre, 3548
sq na dor abdominal, 112 na lesão renal aguda, 2301-2302, 2301f parasitos no, e25-6q valores de referência, 3601-3603q Exame físico de rotina, 31 habilidades clínicas, 2-3 testes de triagem, 29, 30q Exame motor, 3237-3238
1-61
Exame sensorial, 323 8 Exame/parecer neurológico, 3 2 3 5 , e 4 7 - l após bypass cardíaco, e47-2f, e47-2 a e47-3 após transplante de órgão sólido, e474 disfunção olfatória/do paladar, 246 exame da marcha, 3238 exame de coordenação, 3238 exame do estado mental, 3235-3236 exame dos nervos cranianos, 32363237 exame motor, 3237-3238 Exame sensorial, 3238 exames de imagem. Ver Neuroimagem história neurológica no, 3234 localização dos achados no sistema nervoso, 3238, 3239q método neurológico no, 3233 na cefaleia, 113 na disfunção do sistema nervoso periférico, e47-4 na disfunção do SNC, e47-lq, a e473 ,e47-2f na dor lombar, 131 na tontura e vertigem, 178-179 no delirium, 198-199 nos distúrbios eletrolíticos, e47-3 videobiblioteca, e42-l, e43-l Exames complementares. Ver Exames laboratoriais clínicos Exames de condução nervosa na dor lombar, 131 na neuropatia periférica, 3449-3450, 3452q princípios de, e45-5, e45-5f Exames laboratoriais clínicos, e 5 3 - l acurácia dos, 22-23,23q avaliação e uso pelo médico, 3 baterias de, 3 curvas de característica operativa do receptor, 23, 23f domiciliares, e53-5 especificidade analítica dos, e53-2 especificidade dos, 22-23,23q, 659, 659q exame no local de cuidados do paciente, e53-5 faixas de referência para, e53-3f, e533 a e53-4 aspirados de medula óssea, 360lq bioquímica clínica e imunologia, 3588-3596q colesterol, 3600q, e53-4, e53-4f exame de fezes, 360lq exame de urina e função renal, 3601-3603q,e53-4, e53-4q exames gastrintestinais, 3608q fisiologia pulmonar, 3607q função circulatória, 3605q hematologia e coagulação, 35853588q limites de referência ecocardiográficos e valores de partição, 3605-3606q líquido cerebrospinal, 3600q líquidos orgânicos, 3609q pressões normais no coração e vasos de grande calibre, 3604q toxicologia e monitoração de agentes terapêuticos, 3596-3598q unidades derivadas de radiação, 3609q vitaminas e oligoelementos, 3599q fontes de erro nos, e53-5, e53-5q genéticos. Ver Teste genético para avaliação de risco, e53-l para diagnóstico de doença, e53-l para monitoração de doença e tratamento, e53-l a e53-2 para triagem de doença, e53-l
pedidos imediatos de, e53-2 princípios diagnósticos de, e53-2 a e53-3 regulação dos laboratórios, e53-6 a e53-7 sensibilidade analítica dos, e53-2 sensibilidade dos, 22-23, 23q, 659, 659q valor preditivo dos, 22,659,659q valores críticos, e53-2, e53-2q Exantema. Ver também Lesões cutâneas; doenças específicas configuração do, 148 disposição das lesões, 148 distribuição do, 148 eritemas descamativos confluentes, 152-153q, 157 erupções máculopapilares de distribuição central, 148-149,151q, 157 erupções nodulares, 155q erupções periféricas, 151-152q, 157 erupções purpúricas, 155-156q, 158, 1215q erupções pustulosas, 153-154q, 157 erupções urticariformes, 154-155q, 158 erupções vesiculobolhosas, 153-154q, 157 febre e, 148, e 7 - l abordagem ao paciente, 148 doenças associadas à, 149- 156q, 423, 1619-1621 induzido por fármacos, 434-435, 435f, e7-2f. Ver também Doença induzida por fármaco, cutânea úlceras e escaras, 156q, 158 Exantema de Boston, 1596 Exantema discoide, no LES, 2728q, 2731 Exantema súbito, 148, 149q, 1475, e7-2f Exantemas, 4 1 5 , 415q enterovirais, 1596 etiologia dos, 415, 415q excesso de mineralocorticoides, 2949 diagnóstico de, 2950, 2950f diagnóstico diferencial do, 29502951,2950f epidemiologia do, 2949 etiologia do, 2949, 2949q, 295lq hipovolemia no, 343 manifestações clínicas de, 2949-2950 tratamento do, 2950-2951,2950f Excitotoxicidade, 3230-3231 Excreção fracional de sódio (FeNa), 2302 Exemestano, 704 Exenatida ação da, 2997 efeitos adversos da, 2996q, 2997 farmacologia da, 2997q para diabetes melito, 2996q, 2997, 2997q Exercício anafilaxia devido à, 2711-2712 deficiência de gonadotropinas devido à, 3017-3018 doença cardiovascular e, 1815 necessidades energéticas para atividades comuns, 2007, 2007q necessidades teciduais de oxigênio no, 288 para claudicação intermitente, 2068 para diabetes melito, 2991 para dismenorreia, 388 para distúrbios das lipoproteinas, 3158 para dor lombar, 137-138 para estenose do canal vertebral, 134 para hipertensão, 2054, 2054q para manutenção/prevenção da osteoporose, 3129 para o idoso, 594-585
para osteoartrite, 2834 para perda de peso, 633q, 634 para prevenção de aterosclerose, 1991 para prevenção de quedas, 196 para prevenção do câncer, 655 para síndrome metabólica, 1996 resposta cardíaca ao, 1806 Exercícios da musculatura pélvica (exercícios de Kegel), 581 Exercícios de Kegel (exercícios da musculatura pélvica), 581 Exercícios de respiração profunda, préoperatórios, 66 Exoftalmia, 236 Exoftalmômetro de Hertel, 236 Exon, 490 Exostoses, múltiplas, 669q, 3143 Exotoxina A, 1266q, 1267 Expectativa de vida ao nascimento, 556, 557q, 558 aos 60 anos de idade, 557q carga global da doença e, 10-12, lOf, 1lq, 12q diferenças globais na, 557q, 558, el-1, el-2, el-3 f em mulheres, 50 fatores genéticos na, el8-8 procedimentos de triagem e aumento da, 30q tendências na, 558-560, 559f Exposição a amerício, 1790q, 1793, 1794q Exposição à amônia, 2127q Exposição a anidrido ácido, 2127q Exposição a carbeto de tungstênio, 2125 Exposição à dióxido de enxofre, 2127q Exposição a fosgênio, 2127q Exposição a haletos, 2127q Exposição a óxido de chumbo, e49-3 Exposição à poeira de algodão, 2123q, 2126 Exposição a poeira de grãos, 2123q, 2126 Exposição a radionuclídios, 1792-1794, 1794q, 1795f Exposição a vapores ácidos, 2127q Exposição ao arsênico/intoxicação carcinogenicidade da, 656q, 737, e49-
1 ceratoses na, 739 considerações globais, e49-3 diagnóstico da, e49-2q diarréia na, 310, 312 faixa de referência para, 3599q fisiopatologia da, e49-2q fontes de, e49-2q hiperpigmentação na, 413 manifestações clínicas, e49-2q neuropatia óptica na, 232 neuropatias na, 3466q, 3467 tratamento da, e49-2q Exposição ao benzeno, 88q, 656q, 888, 905 Exposição ao berquélio, 1793 Exposição ao califórnio, 1793 Exposição ao césio, 1790q, 1793,1794q Exposição ao cobalto, 1790, 2125, e49-3 Exposição ao cúrio, 1793,1794q Exposição ao estanho, e49-4 Exposição ao estrondo90, 1790q, 1794q Exposição ao Fenol, 324 Exposição ao frio, cianose na, 289 Exposição ao gadolínio, 1790q Exposição ao irídio, 1790q Exposição ao isocianato, 2127q Exposição ao ítrio, 1794q Exposição ao manganês-56,1790q Exposição ao mercúrio/intoxicação neuropatia devido à, 3466q, valores de referência para, 3599q manifestações cutâneas da, 272q na gravidez, e49-l
manifestações clínicas da, e49-3q diagnóstico de, e49-3q considerações globais, e49-3 tratamento da, e49-3q Exposição ao níquel, 535q, 733, 737, e49-4 Exposição ao ozônio, 2127q Exposição ao plutônio, 1790q, 1793, 1794q Exposição ao polônio-210,1790q Exposição ao rádio, 1790q Exposição ao radônio, câncer de pulmão e, 737,2128-2129 Exposição ao sol, 4 4 0 câncer de pele não melanoma, 442443, 656, 656q, 730, 732 efeitos agudos da, 441-442 efeitos crônicos da, 442-443 efeitos imunológicos da, 443 efeitos imunossupressores da, 441, 443 melanoma e, 443, 656, 656q, 723, 725 Exposição ao tecnécio-99m, 1790q Exposição ao trítio, 1790q, 1793,1794q Exposição ao urânio 2 3 5 ,1790q, 1794q Exposição/intoxicação por cádmio, 2127q, 3599q, e49-l, e49-2q Exposição/intoxicação por sulfeto de hidrogênio, 2127q, e50-13q Expressão de C-met, câncer gástrico e, 766 Expressão ERCC1, no câncer de pulmão, 753 Expressão gênica, 487 ativação e repressão da, 489,490f desvios epigenéticos na, 567-568 em células cancerosas, 671 regulação da, 4 8 9 - 4 9 0 , 489f Expressividade, variável, 499 Expressividade variável, 499 Exsanguineotransfusão para anemia falciforme, 857 para infecção por Babesia, 1707q, 1708 Extinção (fenômeno sensorial), 189, 207 Extravasamento de bile, do dueto de Luschka, 2412f Extubação, do paciente terminal, 79-80 Extubação terminal, 79-80 Ezetimibe ação da, 1988 efeitos adversos do, 3159q, 3507, 3508q para hiperlipidemia, 3159q para síndrome metabólica, 1996
F FA. Ver Fibrilação atrial (FA) Facomatose(s), 3 3 8 9 FADD (domínio letal associado ao fas), 679, 680f, 681 Fadiga avaliação da, 75 definição de, 3488 em infecções crônicas por HBV, 2569 erros de tratamento médico e, 85 etiologia da, 75 fatigabilidade aumentada, 181 induzida por radiação, 692 miastênica, 3480 na doença hepática, 2522 na EM, 3398 na insuficiência cardíaca, 1904 no paciente terminal, 75-76, 83q tratamento da, 75-76 vs. sonolência, 219 Fadiga miastênica, 3480 FAE. Ver Fármacos antiepilépticos (FAE) Faeohifomicose, 1667
Fagócito(s). Ver também Neutrófilo(s) em doenças por imunodeficiências primárias, 2695-2696, 2697f encontros de patógenos com, 10171019, 1018f mononuclear(es), 480. Ver também monócito(s) sobrevida microbiana dentro do(s), 1019 testes in vitro dos, 482 fagócitos mononucleares, 480 Fagocitose, como defesa do hospedeiro, 1017 deM . tuberculosis, 1342-1343 Fagofobia, 297 Fagossomo, 1019 Faixa(s) no esfregaço de sangue periférico, el7-2 Fala avaliação da, 3236 espontânea, 203 Falência múltipla de órgãos, 2201 Falha de Market, e3-l Falha do regulamento, e3-l Família Bcl-2, 680-681, 680f Família de receptores de membranas, 2867q família de receptores nucleares, 2867 Família GPCR que atravessam sete vezes a membrana, 2668, 2869,2869f Família polycomb, 542 Famotidina efeitos adversos da, 967q para doença ulcerosa péptica, 2447q, 2448 para DRGE, 306 Fanciclovir ação do, 721q efeitos adversos do, 1450 farmacologia do, 1449 para herpes-zóster, 1070q, 1445q, 1450, 1465 para infecções por herpesvírus, 721q para infecções por HSV, 1070q, 1444q, 1450, 1461q para meningite viral, 3420 para profilaxia do HSV na infecção pelo HIV, 1546q para varicela, 1465 resistência ao, 1449 Faringite, 262 arcanobacteriana, 151q, 1193 C. imitans, 1192 C. ulcerans, 1192 diagnóstico de, 263, 1189 estreptocócica complicações da, 264, 1173-1174 diagnóstico da, 263,264q, 11721173 epidemiologia da, 1172 etiologia da, 262-263 manifestações clínicas, 263,1172 etiologia da, 262-263,1173q na infecção pelo HIV, 262 na monucleose infecciosa, 1467 necrosante, 1333-1334 peste, 1308 viral, 1173q, 1486q etiologia da, 262 manifestações clínicas da, 263 tratamento da, 264 vírus Coxsackie, 1596 Faringotonsilite, 1486q Fármaco(s) administração intravenosa de, 37 biodisponibilidade de, 34 concentração plasmática da, 34-38, 34f, 39-40, 39f depuração de, 37 desenvolvimento de, sistemas biológicos e, el9-3
determinantes genéticos da resposta a, 41 distribuição dos, 35-36 efeitos das horas dos dias sobre, 223 efeitos sobre a função autônoma, 3354, 3354q eliminação dos, 35 erros de medicação, 4 efeito de primeira passagem, 3435, 35f metabolismo dos metabólitos ativos, 37-38 microbiota intestinal e, 532,533 variações genéticas nos, 41-45, 42q, 43f interações medicamentosas. Ver Interações medicamentosas ligação às proteínas plasmáticas, 37 meia-vida dos, 35, 371 monitoração terapêutica, valores de referência, 3596-3598q overdose de. Ver Intoxicação/overdose de fármacos prescrição, uso nos Estados Unidos, EUA, 432 princípios de seleção de dose, 38 reações adversas a. Ver Reações medicamentosas adversas vieses na pesquisa de, el-4 Farmacocinética, 33 absorção de fármacos, 34-35 alto risco, 38 de agentes antibacterianos, 11391140, IleOf depuração de fármacos, 37 distribuição e eliminação dos fármacos, 35-37 ligação das proteínas plasmáticas a fármacos, 3738 metábolitos dos fármacos, 37 princípios de, 34 Farmacodinâmica, 33 de agentes antibacterianos, 11401141,1141q princípios de, 38 Farmacogenética, 33, 44-45 de inibidores plaquetários, 985-986, 985q vascular, 1802, 1803q Farmacogenômica, 22,492, 509, 525 Farmacologia clínica, 33 determinantes genéticos da resposta a fármacos, 4 0 doenças que afetam a concentração do fármaco e a respostas, 4 0 seleção da dose, 38 Fármacos antiepilépticos (FAE), 3262-3265q, 3262-3267. Ver também fármacos específicos amamentação e, 3269 contraceptivos orais e, 3269 efeitos adversos dos cutâneo, 436, 437 deficiência de vitamina D, 3114 disfunção erétil, 376q eritema, 153q erupção exantematosa, 149q incidência de, 432 má absorção de cobalamina, 867q neurológicos, 3263-3265q osteoporose, 3124 queda dos cabelos, 434 sistêmicos, 3263-3265q escolha dos, 3262-3265q, 3262-3266 farmacologia dos, 3263-3265q início dos, 3262, 3266 interações medicamentosas dos, 2272, 3263-3265q, 3269 interrupção dos, 3266 mecanismo de ação dos, 3258 monitoração dos, 3266
overdose/intoxicação com, e50-12q para abscesso cerebral, 3430 para crises epilépticas focais, 32623266, 3263-3265q para crises epilépticas generalizadas, 3263-3265q, 3266 para dor, 98q, 100 para epilepsia refratária, 3266-3267 Fármacos bactericidas, 1133. Ver também Antibacterianos Fármacos bacteriostáticos, 1133. Ver também Antibacterianos Fármacos que reduzem a testosterona, para câncer de próstata, 802 Fasciculações na exposição a agentes neurais, 1784 na fraqueza do neurônio motor inferior, 182, I82q Fasciite eosinofílica, 481,2769 plantar, 2862 Fasciite eosinofílica, 431, 481, 889, 2769 Fasciite necrosante anaeróbia, 1336 etiologia da, 1025q, 1028, 1066q, 1068, 1176 fisiopatologia da, 1068,1176 imagens da, 1069f manifestações clínicas da, 1028,1068, 1176 na mucormicose, 1662 tratamento da, 1025q, 1068, 1069, 1070q, 1173q, 1176 vs. polimiosite, 3514 Fasciite plantar, 2862 Pflscio/fl/fasciolíase, 1757q, 1758, e25-2q, e25-5q, e25-7q Fasciolopsis buski, 1757q, 1758, e25-2q Fator la induzível por hipoxia, 448 Fator ativador das células B, na síndrome de Sjógren, 2770-2771 Fator ativador das plaquetas, no choque, 2218 Fator ativador dos osteoclastos, 938, 3107 Fator CAMP, 1178 Fator de células-tronco (SCF), 2661f Fator de crescimento derivado da placenta, 687 Fator de crescimento derivado das plaquetas, PDGF), 685, 685f, 2668, 2759 Fator de crescimento do fibroblasto (FGF), 2439-2440 Fator de crescimento do hepatócito/via c-Met, 682f Fator de crescimento dos fibroblastos básico (bFGF), 685, 685,2881 Fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) na doença de altitudes elevadas, e51-l a 51-2 na esclerose sistêmica, 2759-2760 na pré-eclampsia, 56 na restituição, 2440 Fator de crescimento endotelial vasoativo na angiogênese tumoral, 684687,684f, 685f, 686f na terapia de células-tronco, 546 na terapia gênica, 551 Fator de crescimento epidérmico (EGF) na restituição, 2439 na síntese dos hormônios tireoidianos, 2914 Fator de crescimento insulino-símile (IGF), no envelhecimento, 563,569, 585 Fator de crescimento insulino-símile I (IGF-I) estrutura do, 2867 fisiologia do, 2891
na síntese de hormônio tireoidiano, 2914 Fator de crescimento insulino-símile II (IGF-II) na sarcoma, 817 produção ectópica de, 827q, 829 Fator de crescimento neural, 94 Fator de estimulação de colônias de granulócitos (G-CSF) ação do, 472f fonte, alvo e atividade biológica do, 2660f Fator de estimulação de colônias de granulócitos-macrófagos (GM-CSF) ação do, 472f, 475 fonte, alvo e atividade biológica do, 2660f Fator de liberação da colecistocinina (CCK), 2635 Fator de necrose tumoral (TNF), 2225 na anemia da inflamação, 849,849f na indução de febre, 144-145,145f no choque, 2218 Fator de necrose tum oral-a (TNF-a) fonte, alvo e atividade biológica do, 2660q funções do, 480 na angiogênese tumoral, 685 na infecção pelo HIV, 1528 Fator de necrose tum oral-^ (TNF-3), 2660q Fator de transcrição tireoidiano-1 no câncer de pulmão, 739, 739q, 823 no carcinoma de tum or primário desconhecido, 822-823 Fator de von Willebrand, 457, 969, 970f, 971,983-984, 984f Fator derivado das células do estroma (SDF), 1528,2662q Fator H do complemento, na degeneração macular, 235 Fator hiperpolarizante derivado do endotélio, 1799,1802 Fator II deficiência de, 463q elevado, 462q Fator inibitório da leucemia (LIF), 2660q Fator intrínseco (FI), 862, 868, 2676q Fator IX deficiência de, 460,461,463q. Ver também Hemofilia elevado, 462q inibidores, 976, 982 na gravidez, 977 reposição, para hemofilia, 975 Fator nuclear -kB (NF_kB) ativador do receptor de (RANK), 681, 3122, 3123f, 3136 defeitos na ativação do, 479q em sistemas de análise biológica, el9-3 inibição do, 676, 680f modulador essencial. Ver NEMO (modulador essencial do NF-kB) na asma, 2107 translocação nuclear do, 1018f, 1019 Fator plaquetário 4 (PF-4), 967,993, 2662q Fator quimiotático de eosinófilos da anafilaxia, 481 Fator reumatoide, na hepatite autoimune, 2586 Fator tecidual, 458,458f, 989 Fator transformador do crescimento a (TGF-a) na angiogênese tumoral, 685 na restituição, 2439 Fator transformador do crescimento (3 (TGF-p), el9-3 correlações genótipo-fenótipo, el9-3 fonte, alvo e atividade biológica do, 2661f
na doença renal crônica, 2308 na fibrose induzida por radiação, 840 na hipertensão arterial pulmonar familiar, el9-3 na mobilização de células tronco, 565 na pré-eclâmpsía, 56 na síntese de hormônios tireoidianos, 2914 na via de sinalização de oncogenes, 682f no desenvolvimento cardíaco, 1810 Fator V deficiência de, 461, 463q, 974q, 978 inibidores, 973, 982 testes de triagem, 462, 463f, 3586q Fator V de Leiden (fator Va) fatores genéticos no, 525 na formação do coágulo de fibrina, 458 resistência à proteína C e, 459 risco de trombose no, 462,462f, 462q, 525, 987 testes genéticos para, 524q tratamento do, 524q Fator VII deficiência de, 461, 463q, 977 na cascata da coagulação, 986 testes de triagem, 462, 463f, 3586q Fator VIII deficiência de, 460,461,463q, 978. Ver também Hemofilia elevado, 462q inibidores, 976, 982 na doença de Willebrand, 971 na gravidez, 977 reposição, para hemofilia, 975 testes de triagem, 462,463f, 3586q Fator X deficiência de, 460, 461, 463q, 974q, 977-978 inibidores, 982 testes de triagem, 462,463f Fator Xa, 458, 987, 996 Fator XI deficiência, 463q, 974q, 977 elevado, 462q inibidores, 977,982 Fator(es) da coagulação deficiências múltiplas de, 978 dependente de vitamina K, 978, 978f na avaliação da função hepática, 2530 na sepse/choque séptico, 2225 Fatores ambientais disfunção testicular devido à, 3019 na artrite reumatoide, 2742 na asma, 2103 na diabetes melito tipo 1, 2972f, 2973 na doença celíaca, 2470 na doença pulmonar, 2128-2129 na esclerose sistêmica, 2758-2749 na estrutura genética e função, 526 na neuropatia, 3466-3467, 3466q na obesidade, 624 no LES, 2725-2726, 2725f no sarcoma de tecido mole, 816 Fatores da coagulação, 458,458f deficientes, 421 ensaios de fatores específicos, 463464 hemostasia normal, 457 Fatores de colonização, 1014 Fatores de estimulação de colônias, 472 Fatores de STAT, 676f, 1019, 1668 Fatores de transcrição, 489 defeitos dos, doenças causadas por, 491q em células tronco, 538,542 na transdução de sinais em células cancerosas, 675-677 NF-kB. Ver Fator nuclear kB (NF-kB) Fatores neurotróficos, na doença neurológica, 3228, 3229q
Fatores secretados por enterococos, 1181 Favismo, 878-879, 880f, 883q FC. Ver Fibrose cística (FC) FCAS (síndrome autoinflamatória a frio familiar), 2657q, 2815q Febre, 143. Ver também Doença febril aguda, febre de origem obscura (FOO) abordagem ao paciente, 145-146 avaliação laboratorial da, 145 central, 2249 de Pel-Ebstein, 146 exame físico na, 145 exantema e, 148,148, 149-156q, 157158,423, 1215 factícia, 160,160q hipertermia vs., 143-144 hipotalâmica, 143 hipoxia e, 288 induzida por fármacos, 160 mialgia e, em infecções virais transmitidas por artrópodes e roedores, 1619-1621 na febre reumática, 2754 na gravidez, 60 no coma, 2249 no idoso, 160 no indivíduo que retorna de viagem, 1048,1051q nos pacientes submetidos à terapia anticitocina, 145-146 padrão da, 1011 padrão temporal da, 146 patogenia da, 144-145,145f perda de água na, 588 recidivante, 146 recorrente, 146 relacionada com transfusões, 955 síndromes associadas à, 2815q tetraplégica, 3376 tratamento da, antipiréticos para, 1460147 decisão de tratar, 146 esquemas para, 146-147 Febre amarela, 9, 1007f, 1628q, 1631 Febre botonosa (febre maculosa do Mediterrâneo), 150q, 1027, 1408q, 1410-1411 Febre central, 2249 Febre da coccidioidomicose primária. Ver Infecções por Coccidioides spp. Febre da dengue diagnóstico da, 1621 epidemiologia da, 1007f, 1028,1621 exantema na, 150q, 157q, 415 manifestações clínicas da, 1625 no viajante em retorno de viagem, 1048,1051q Febre da mosca do cervo. Ver Tularemia Febre da picada do carrapato africano, 1408q, 1410 Febre das trincheiras diagnóstico da, 1317 epidemiologia da, 1317 manifestações clínicas da, 1317 tratamento da, 1317q, 1318 Febre de 5 dias. Ver Febre das trincheiras Febre de Haverhill (febre por mordedura de rato), 152q, e24-2 Febre de Izumi, 1312 Febre de Katayama, 1754,1755 Febre de Lassa epidemiologia da, 1007f, 1028, 1627, 1628q manifestações clínicas da, 1028,1628, 1628q tratamento da, 1447 Febre de Mayaro, 1626 Febre de origem obscura (FOO), 158. Ver também Doença febril aguda “afebril”, 16 lq
clássica, 158,159q abordagem ao paciente, 162f etiologia da, 159-160, 160q, 161q procedimentos diagnósticos na, 162-164 classificação da, 158-159 com duração de mais de seis meses, 160q, 164 considerações geográficas na, 160 de etiologia suspeita, 160 em imigrantes, 160 em viajantes, 160 na infecção pelo HIV, 159,164 neutropênica, 159, 163-164 nosocomial, 163-164 tratamento da, 164 Febre de Oropouche, 1620 Febre de Oroya, 1317q, 1319 Febre de Pel-Ebstein, 146,934 Febre de Pontiac, 1236,1237 Febre de Sennetsu, 1413 Febre do carrapato do Colorado, 1621 Febre do feno, 481 Febre do mediterrâneo, familiar. Ver Febre familiar do mediterrâneo Febre do mosquito-pólvora, 1620 febre do vale de Rift, 1007f, 1028,1628q, 1629 Febre do vapor de metais, 2127 Febre do vapor de polímeros, 2127 Febre entérica (tifoide) diagnóstico da, 1276 epidemiologia da, 157,1275,1275f etiologia da, 1275 manifestações clínicas da, 1084, 1275-1276,1276f manifestações cutâneas da, 150q exantemas, 415,415f manchas rosas, 1276f, e7-3f patogenia da, 1084,1274 prevenção e controle da, 1277-1278 resistência à, na fibrose cística, 1016 resistente à múltiplos fármacos, 1277, 1277q tratamento da, 1276-1277,1277q vs. infecção por Brucella, 1297-1298 Febre escarlatina diagnóstico diferencial da, 1174 epidemiologia da, 152q etiologia da, 152q, 1174 exantema na, 152q, 157,415,415q, 1174f,e7-7f manifestações clínicas da, 152q, 263, 1174 Febre familiar do Mediterrâneo, 2814, 2815q amiloidose na, 949, 2349, 2814-2815 antecedente histórico da, 2814 artrite na, 2814 ascite na, 332 ataques agudos de, 2814 atividade do inflamassomo na, 2657q diagnóstico de, 2815-2816 dor abdominal na, 110,11 lq, 2814 fisiopatologia da, 2814 interleucina 1 na, 480 manifestações clínicas da, 2814 padrão/duração da febre na, 146, 160, 160q testes genéticos para, 524q tratamento da, 524q, 949,2816 Febre faringoconjutival, 263,1491 Febre hemorrágica, viral. Ver Febres hemorrágicas virais Febre hemorrágica argentina, 1629 Febre hemorrágica com síndrome renal, 1028, 1628q, 1629-1630 Febre hemorrágica da Crimeia-Congo, 1629 Febre hemorrágica de Omsk, 1632 Febre hemorrágica sul americana, 16281629,1628q
Febre maculosa da Ilha Flinders, 1410 Febre maculosa das Montanhas rochosas (FMMR) diagnóstico da, 1409-1410 diagnóstico diferencial da, 1410, 3415 epidemiologia da, 1407-1408,1408q etiologia da, 1025q, 1027 fulminante, 1409 manifestações clínicas da, 1027, 1408q, 1409, 2227 manifestações cutâneas da características das, 151q evolução das, 157,1027,1409 exantema petequial, 148,1027, 1409, 1409f, e7-4f, el6-9f púrpura, 422 monocitose na, 480 prevenção da, 1410 transmissão da, 1408-1409, 1408q tratamento da, 1025q, 1027, 1410 vs. meningite bacteriana, 3415 Febre maculosa de Astracã, 1410 Febre maculosa de Israel, 1410 Febre maculosa do mediterrâneo, 150q, 1027, I408q, 1410-1411 Febre maculosa japonesa, 1410 Febre maculosa transmitida por pulgas, 144, 1408q Febre medicamentosa, 423 Febre ondulante. Ver Infecções por Brucella spp. Febre por mordedura de rato (febre de sodoku, Haverhill,), 150q, 152q, e24-2 Febre Q aguda, 1408q, 1415 considerações globais, 1415 crônica, 1415-1516 diagnóstico da, 1416 epidemiologia da, 1408q, 1415 etiologia da, 1408q, 1414-1415 prevenção da, 1416 síndrome de fadiga após, 1415 tratamento da, 1416 Febre quadriplégica, 3376 Febre quebra-ossos. Ver Dengue Febre quintã. Ver Febre das trincheiras Febre recidivante abordagem ao paciente, 1398 características globais da, 1397,1397, 1398 complicações da, 1399 diagnóstico da, 1399 epidemiologia da, 1399 manifestações clinicas da, 146,150q, 1398-1399, 1398q patogenia da, 1397, 1397f prevenção da, 1399-1400 prognóstico da, 1399 tratamento da, 1399,1400f Febre recidivante transmitida por piolhos. Ver Febre recidivante Febre reumática, 2752 complicações cardíacas da, da valva mitral. Ver Estenose mitral diagnóstico da, 2755q disfunção do nó SA na, 1868, 1868q doença da valva aórtica, 1938 epidemiologia da, 1172f estenose mitral, 1929, 2753, el3-7. Ver também Estenos mitral insuficiência cardíaca, 2755-2756 nos países em desenvolvimento, 15-16 patogenia da, 2753f pericardite, 1975 profilaxia antitrombótica para, 3277q comprometimento articular na, 2753-2754 considerações globais, 2752,2753f
coreia e, 2754 diagnóstico da, 2755q, 2756q diagnóstico diferencial da, 2754 em crianças, 2753f epidemiologia da, 2752, 2753f etiologia da, 151q fatores do hospedeiro na, 2752-2753 fatores do organismo na, 2752 febre na, 2754 infecção estreptocócica do grupo A e, 264, 2754 manifestações clínicas da, 15lq, 2753-2754 patogenia da, 2752-2753, 2753f prevenção da, 2756, 2757q prognóstico da, 2756 manifestações cutâneas do eritema marginado, 151q, 157, 408, 2754 nódulos, 417 resposta imune na, 2753, 2753f tratamento da, 2754-2756 AINEs, 2754-2755 antibióticos, 2754 IgIV, 2756 repouso ao leito, 2756 salicilatos, 2754-2755 vs. PANDAS, 2743 Febre reumática aguda. Ver Febre reumática Febre tifoide. Ver Febre entérica (tifoide) Febres hemorrágicas virais, 1627. Ver também doenças específicas com síndrome renal como agente de bioterrorismo, 1776 diagnóstico das, 1772q epidemiologia das, 156q, 1028 etiologia das, 1028 manifestações clínicas das, 156q, 1028,1627,1772q, 1776 patogenia das, 1627 prevenção das, 1772q, 1776 síndromes de, 1627-1632, 1628q tratamento das, 1447,1627, 1772q, 1776 Febuxostate para gota, 2838 Fecalito, no apêndice, 2517, 2517f Fecalito apendicular, 2517, 2517f Fechamento prematuro, no raciocínio clínico, 20 Fecundabilidade, 3034-3035 Fedor urêmico, 2317 Feedback, na qualidade do desempenho, 88
Feixe atrioventricular (AV), 1870 Feixe de His, 1860,1870 Feixe de His, 1860,1870 Felbamato efeitos adversos do, 3264q overdose/intoxicação com, r50-12q para epilepsia, 3264q Felodipino efeitos adversos do, 2009q para cardiopatia isquêmica, 2009q, 2010
para fenômeno de Raynaud, 2072 Feminização masculina, paraneoplásica, 827q Femur doença de Paget da, e41-3f pigmentação ocronótica da, e41-7f Fenacetina, 656q, 790, 792, 2372 Fenazopiridina, 2394 Fendimetrazina, para perda de peso, 634 Fenelzina efeitos adversos da, 120, 353lq overdose!intoxicação com, para cefaleia pós-traumática, 126 para depressão, 353lq para prevenção da enxaqueca, 120
Fenformina, 36q, 40, 867q Feniciclina (PCP), 3559 ações iniciais da, 3527q efeitos adversos da, 144, 144q, 199q Fenilbutazonas efeitos adversos das, 413,905 interações medicamentosas das, 46q Fenilcetonúria, 3215q fatores ambientais na, 409 materna, 3218 prevalência da, 3217 tratamento da, 3217-3218 Fenilefrina para choque neurogênico, 2222 para insuficiência cardíaca aguda, 1912q Fenilpropanolamina, 47,1143, e50-9q Fenitoína dose de, 39, 3263q, 3266 efeitos adversos da, 3266 aplasia eritroide pura, 668q cutâneos, 403, 406, 413-415,435, 437 de longo prazo, 3266 deficiência de folato, 869q, 870 febre, 160 hepatotoxicidade, 2564, 3458q hiperplasia gengival, 268 hipertricose, 434 hirsutismo, 381 na doença renal, 40 neurológicos, 3263q, 3458q, 3465q sistêmicos, 3263q trombocitopenia, 967q farmacologia da, 3263q interações medicamentosas de agentes antibacterianos, 1147q ciclosporina, 46q contraceptivos orais, 46q fluoxetina, 3263q isoniazida, 3263q losartana, 45, 46q metadona, 46q metronidazol, 1680q quinidina, 46q, 1681q sulfonamidas, 1678q, 3263q varfarina, 46q metabolismo da, 36q, 43, 45 monitoração terapêutica da, 3598q overdose/intoxicação com, e50-12q para dor, 98q, 100 para epilepsia, 3263q para estado epiléptico, 2204 para neuromiotonia, 837 para neuropatia, 3458q Fenobarbital efeitos adversos do, 403,437, 3264q interações medicamentosas do, 1680q, 1681q, 3264q para epilepsia, 3264q Fenocópia, 41,499 Fenofibrato para hiperlipidemia, 3159q para síndrome metabólica, 1996 Feno-grego, 461q Fenolftaleína efeitos adversos da, 435 Fenômeno da prozona, 1385 Fenômeno de Bell, 3362 Fenômeno de Kanagawa, 1294 Fenômeno de Koebner (isomórfico), 398,1564 Fenômeno de Lucio, 1067,1363, 1366 Fenômeno de natriurese de pressão, 2043 Fenômeno de Raynaud, 2071 causas secundárias do, 2072, 2072f cianose no, 289 fisiopatologia do, 2071 geladura no, 169 hipoxia localizada no, 287 manifestações clínicas no, 2071
na esclerose sistêmica, 431,2759, 2762-2763, 2763f na síndrome de Sjõgren, 2771, 2771q relacionado com quimioterapia, 808, 841 tratamento do, 2072 Fenômeno de Tullio, 249 Fenômeno do canivete, 182 Fenômeno isomórfico (de Koebner), 398 Fenoprofeno, para dor, 98q Fenotiazinas efeitos adversos das cardíacos, 1682,1868q cutâneos, 400, 406, 433, 434, 445q disfunção erétil, 376q hipertermia, 144q hipotensão ortostática, 174 hipotermia, 165 ocular, 236 sensibilidade cruzada e, 439 síndrome neuroléptica maligna, 144 para dispnéia, 75 Fenotipagem de bactérias, e22-7 Fenótipo, 497, 499 Fenótipo Bombay, 951 Fenótipo de Mcl.eod, 952, e39-l Fenótipo de mutação, 664 Fenótipo de resistência à múltiplos fármacos (M DRl), 681 Fenótipo MDRl (resistência a múltiplos fármacos), 681 Fenótipo secretor associado à senescência (FSAS), 565 Fenótipos senescentes, 562,564q Fenotoxicidade, 549q Fenoxibenzamina para feocromocitoma, 2963-2964 para geladura, 169q para hipertensão, 2055q Fentanila para dor, 98q, 99 para sedação durante a ventilação mecânica, 2211 transdérmica, 99 Fentermina para perda de peso, 634 para síndrome metabólica, 1996 Fentolamina para crise adrenérgica, 2059 para edema pulmonar de altitude elevada, e51-3 para emergências hipertensivas, 2058q para exposição a agentes neurais, 1785q Feocromocitoma, 2962 carcinoma de células renais, 793 cefaleia no, 128 definição do, 2962 diagnóstico diferencial do, 2963 diagnóstico do, 2963, 2963q durante a gravidez, 2964 epidemiologia do, 2962 etiologia do, 2962 exame de imagem no, 2963,2963q fatores genéticos no, 2962 hipertensão no, 2044, 2048q, 20502051 hipertermia no, 144,144q locais topográficos, 2962, 2962f maligno, 2964 manifestações cardíacas no, 295, 1962, e31-lq, e31-3 manifestações clínicas do, 2043,2051, 205lq, 2962, 2963q marcadores tumorais, 652q na neurofibromatose, 2964, 2964f na síndrome de paraganglioma, 2965, 2966f
na síndrome de von Hippel-Lindau, 2965, 2966f nas síndromes de NEM, 2964-2965, 2965f, 3076, 3078 patogenia do, 2962,2962f síndromes associadas ao, 2964-2965, 2964f-2966 síndromes paraneoplásicas no, 829 teste bioquímico no, 2963, 2963q tratamento do, 2963-2964 triagem genética para, 2965,2967, 2967f Feocromocitoma maligno, 2964 Ferida por mordedura de foca, e24-2 Ferida por mordedura de gerbo, e24-2 Ferida por mordedura de jacaré, e24-1 Ferida por mordedura de morsa, e24-2 Ferida por mordedura de piranha, e24-l Ferida por mordedura de rato, e24-2 Ferida por mordedura de roedor, 1773 Ferida por mordedura de urso polar, e24-2 Feridas por mordeduras, e24-l abordagem ao paciente, e24-2 de cão, e24-l de gato, e24-1 epidemiologia das, e24-1 humanas. Ver Feridas por mordidas humana infecções de, e24-3q, e24-3 a e24-4 outros animais, e24-2 a e24-3 profilaxia, e24-4 profilaxia contra raiva e tétano, e24-4 tratamento de, 1070q, e24-3 Feridas por mordeduras de animais. Ver Feridas por Mordedura Feridas por mordida humana, e24-2 abordagem ao paciente, e24-2 celulite nas, 168 lesão com punho fechado, e24-2, e243q lesão por oclusão, e24-2, e24-3q tratamento das, e24-3q, e24-3 a e24-4 Ferramenta de Avaliação de Biodosimetria, 1795 Ferrão da medusa “Bluebottle” (Physalia utriculus), 3571 Ferrão de Chironexfleckeri, el6-10f Ferrão de cubomedusa Box-jellyfish, 3571,3572, 3573f Ferrão de medusa australiana, 3571 Ferrão do anelídio “verme de fogo”, 3572 Ferritina formação da, 845 sérica, 450 fatores que afetam, 453 na anemia hipoproliferativa, 455, 850q na anemia microcítica, 848q na hemocrotose, 3164f, 3165 normal, 453, 847, 847f, 847q nos estados de deficiência de ferro, 846f, 850q reservas de ferro e, 847q Ferritina sérica. Ver Ferritina, soro Ferro absorção do, 844f, 845 deficiência de, 595q, 608, 609q. Ver também Anemia ferropriva; eritropoiese com deficiência de ferro distribuição no corpo, 844, 844q equilíbrio nutricional do, 845 homeostasia, vias de, 3163f ingestão média de, 845 ingestão recomendada de, 591q, 845 metabolismo do, 844-845, 844f na medula óssea, el7-8f parenquimatoso, no fígado, 3164 reservas de, 844f, 844q, 845, 846q, 847q, 3165q
sérico, 450,453 na anemia hipoproliferativa, 455, 849, 850q níveis de acordo com o sexo e a idade, 847, 847f nos estados de deficiência de ferro, 846f suplementos, efeitos adversos dos, 848 interações medicamentosas dos, 1143, 1147q orais, 848-849, 848q para anemia ferropriva, 848-849, 848q parenterais, 849 toxicidade do. Ver Sobrecarga de ferro Ferro sacarose, 849 Ferroada de bagre, 3573 Ferroada de escorpião, 3580 Ferroada de peixe leão, 3572-3573 Ferroada de vespas, 3581 Ferroada do peixe-escorpião, 3572-3573 Ferroada por peixe-pedra, 3572-3573, 3574 Ferrodextrana, 849 Ferroportina, 845 Fertilidade, 556 Fesoterodina, para incontinência urinária, 581 Fetuína-A exossomal, 2305q Fezes concentrações de ânions nas, 2461 efeitos do jejum sobre, 2460 eletrólitos nas, 2461 microbioma das, 529, 530f, 531-532 na avaliação da doença pancreática, 2630q osmolalidade das, 2461 retidas, distensão abdominal e, 330 vômitos, 302 Fezes em água de arroz, 1291,1291f FGF (fator de crescimento do fibroblasto), 2439-2440 Fibra, dietética. Ver Fibra dietética Fibra dietética câncer colorretal e, 768 câncer e, 655-656 para constipação, 319 para síndrome do intestino irritável, 2499 Fibras A-beta (Ap), 93 Fibras A-delta (A8), 93, 94 Fibras C, 93, 94 Fibras de Mahaim, 1889 Fibras de Purkinje, 1811,1860 Fibras vermelhas anfractuosas, 237 Fibratos. Ver Derivados do ácido fíbrico Fibrilação atrial (FA), 1881 acidente vascular encefálico, 1882, 1882q, 3274-3275, 3277q de rápida condução, 1889, 1889f ECG na após a terapia antiarrítmica, 1885f atividade atrial na, 188 lf, 1882 com bloqueio atrioventricular completo, e30-10f com desvio do eixo direito e HVE, e30-10f com taquicardia ventricular, 1893f durante a terapia antiarrítmica, 1885f na síndrome de Wolff-ParkinsonWhite, 1889f,e30-llf para monitoração, 1884 registro em alça, 1878,1878f ecocardiografia na, 1882 grosseira vs.flutter atrial, 1886f início precoce, 98q manifestações clínicas da, 1881 mecanismo da, 1862,1863q, 1881 na disfunção do nó SA, 1868
na insuficiência cardíaca, 1911 palpitações na, 295 taquicardia ventricular na, 1893q tratamento da, 1882-1885 cateter e ablação cirúrgica, 1885 controle da taxa, 1882-1885 Fibrilação ventricular, 1891 cuidados pós-reanimação, 2245 mecanismo da, 1864 na cardiopatia isquêmica, 1999 na hipotermia, 166,168 no infarto do miocárdio, 2024,2032 parada cardíaca/morte súbita cardíaca na, 2239 tratamento da, 1892-1893, 2244, 2244f Fibrilação ventricular reentrante dos ramos, 1895,1895f Fibrina, 459,965, 989,989f Fibrinogênio deficiência de, 461,974q funções do, 459,989f Fibrinólise aterosclerose e, 1990 na coagulação intravascular disseminada, 979,979f regulação da, 459,459f Fibrinolíticos, fármacos, 463q, 988f, 1001. Ver também Alteplase; Reteplase; Estreptoquinase; Tenecteplase; Uroquinase ação dos, 1001, lOOlf contraindicações para, 2028 efeitos adversos dos, 2028-2029 indicações para, 1001 no desenvolvimento, 1003 para infarto do miocárdio, 2026f, 2027-2029 para prevenção de embolia pulmonar, 2176-2177 Fibrocistina (poliductina), 2358 Fibrodisplasia ossificante progressiva, 3143q, 3144 Fibroelastoma, papilar, 1980 Fibroelastoma papilar, 1980 Fibrogênese óssea imperfeita, 3141-3142 Fibroides, uterinos, 388 Fibroma cardíaco, 1980 ovariano, 812 síndromes paraneoplásicas no, 827q Fibromatose gengival, idiopática familiar, 268 Fibromialgia, 2849 abordagem ao paciente, 2851 avaliação dos pontos sensíveis, 2849, 2849f comprometimento funcional na, 2850 condições comórbidas, 2850 considerações psicossociais, 2850 definição da, 2849 diagnóstico diferencial da, 2850, 285lq, 3489 epidemiologia da, 2849 exames laboratoriais na, 2850, 285lq exames radiográficos na, 2850, 285lq fatores genéticos na, 2850-2851 fisiologia da, 2850-2851 manifestações clínicas da, 2849-2850, 2849f na infecção pelo HIV, 1555 síndromes de superposição, 2850 sintomas neuropsicológicos na, 2850 tratamento da, 2851-2852, 2852q Fibronectina, 1015 Fibrose na esclerose sistêmica, 2760-2761 osteíte, após paratireoidectomia, 3119 pulmonar. Ver Fibrose pulm onar vias respiratórias, na asma, 2107
Fibrose cística (FC) cirrose devido à, 2597 complicações da, 2149, 2150 deficiência de vitamina E na, 603 diagnóstico de, 2149-2150 diarréia na, 314 epidemiologia da, 2147 fatores genéticos na, gene CFTR, 494f, 497, 1017, 2147 proteína CFTR, 2147 vantagem heterozigota, 501 fisiopatologia da, 2089 função pulmonar na, 2149 hemoptise na, 285 infecções na, 1009q micobacteriana não tuberculosa, 1367 P. aeruginosa, 1017, 1017f, 1267, 2148,2150 S. aureus, 2148 tratamento da, 2150 manifestações clínicas da, íleo meconial, 2148 sistema genitourinário, 2149 trato gastrintestinal, 2149 trato respiratório, 2148-2149 na doença hepática, 2604 patogenia da, autoantígenos, 2676q disfunção epitelial, 2147 glândula sudorípara, 2148 pulmão, 2147-2148, 2149f trato gastrintestinal, 2148 radiografia de tórax na, 2149, e 3 4 -llf resistência à febre tifoide na, 1016 risco de câncer pancreático na, 786 sinusite na, 256, 258 teste genético para, 507,519 tratamento da, doença gastrintestinal, 2150 doença pulmonar, 2150 outras complicações, 2150 suporte nutricional especializado, 615q, 2150 suporte psicossocial, 2150 transplante de pulmão, 2191q Fibrose endomiocárdica, 1967 Fibrose miocárdica associada a radiação, 838 miocardiopatia na, 1956 Fibrose pulmonar associada com quimioterapia, 702 bronquiectasia na, 2142 como conseqüência tardia do câncer/ terapia do câncer, 839 dispnéia na, 278q, 279 fisiopatologia da, 2089,2162f idiopática. Ver Fibrose pulmonar idiopática induzida por radiação, 692 na esclerose sistêmica, 2761 na pneumonite por hipersensibilidade, 2116 relacionada com bleomicina, 839 valores das provas de função pulmonar na, 2093, 2093f Fibrose pulmonar idiopática achados histológicos na, 2165-2166 exame de imagem, e34-7f manifestações clínicas da, 2165 patogenia da, 2162f transplante de pulmão para, 2191q tratamento da, 2166 Fibrose retroperitoneal, 2060q Fígado efeitos do álcool sobre, 3548. Ver também Doença hepática alcoólica estrutura do, 2520 ferro parenquimatoso no, 3164 funções do, 2520, 2527, 2529-2530. Ver também Provas de função hepática
metabolismo dos fármacos no, na hemocromatose, 3264-3165, 3164f tumores metastáticos para, 773, 785 Fígado X receptor, 2616 FIL (fator inibitório da leucemia), 2660q Fila, 241 Filariose Linfática. Ver Filariose linfática Filariose linfática diagnóstico da, 25-3q, e25-6, e25-7q diagnóstico diferencial da, 1747 eosinofilia na, 481,2120 epidemiologia da, 1745-1746, 1745q interações medicamentosas da, 1747 linfedema na, 2075,2075q manifestações clínicas da, 1746-1747, 1746f patogenia da, 1746 prevenção e controle da, 1748 tratamento da, 1747-1748 Filogenética molecular, 527 Filoquinona. Ver também Vitamina K Filotipo, 527, 527q Filoviridae, 1028, 1617q, 1633, 1633f. Ver também Vírus Ebola, vírus Marburg Filtro na veia cava inferior para prevenção de TVP, 2176 para tromboflebite, 832 Filtro(s) solar(es) a prova de águas-vivas, 3572 componentes no(s), 447q FPS do(s), 446 no LES, 2732q para erupções solares polimórficas, 444 para prevenção do câncer de pele, 656 para prevenção do melanoma, 732 resistência à água, 446 Finasterida para alopecia androgênica, 408q para hipertrofia prostática benigna, 804-805 para hirsutismo, 384 para prevenção do câncer de próstata, 658,796 Fingolimode (FTY720) ação do, 917q, 3405 para EM, 3404q, 3405 Firmicutes, no bioma humano, 529530, 530f FISH. Ver Hibridização in situ por fluorescência (FISH) Fisiologia, e l9 -l Fisioterapia para dor lombar, 137-138 para vertigem, 180q Fisostigmina para overdose de antidepressivo tricíclico, 147 para overdose de anticolinérgico, 2253, e50-9q overdose para intoxicação com, e50-
i iq Fissura(s), anal(is), 2509 Fístula anal, 1348, 2509 Fístula aortocólica, sangramento gastrintestinal na, 321 Fístula aortoentérica, 1924,194 sangramento na, 321 Fístula arteriovenosa, 420,2071 adquirida, 2071 cianose na, 289 congênita, 71 coronariana, 1924 diagnóstico da, 71 durai, 3299 fraqueza na, 185 para acesso para diálise, 2324 tratamento da, 2071
Fístula arteriovenosa coronária, 1924 Fistula cavernosa da carótida, 237 Fístula enterocócica, 312 Fístula pancreaticopleural, 2639f Fístula perilinfática, 250 Fístula traqueoesofágica, 764 Fístula(s). Ver também Fístula arteriovenosa artéria coronária, 1924, e29-6f arteriovenosa durai, 3299 hepatobrônquica, 1685 pancreaticopleural, 2640f Fístulas arteriovenosas durais, 3299 Fita de Schirmer, 229 Fita reagente para urina nas infecções do trato urinário, 2391 para bilirrubinúria, 325 Fitoterápicos/suplementos adulteração dos, e2-4 como causa de sangramento aumentado, 461,461q efeitos adversos dos, 47 hepatotoxicidade dos, 2566 interações medicamentosas dos, e2-4, e2-4q nefrotoxicidade dos, 2372-2373 regulamentação dos, e2-3 toxicidade dos, e2-4 Flacidez, 182 Flagelos, 1014-1015, 1015f, 1019, 1266q, 1267 FLAIR. Ver Recuperação de inversão com atenuação de líquido (FLAIR) Flato/flatulência na distensão abdominal, 330 na síndrome do intestino irritável, 2496-2497 nas síndromes de má absorção, 2476 Flaviridae, 1617q, 1618, 1619q Flavoenzimas, 598 Flavonoides, 600 Flavopiridol, 676f Flebotomia anemia ferrocriva e, 846 para DAC cianótica, 1933 para eritrocitose, 831 para hemocromatose, 3166 para hemoglobinopatias, 858 para policitemia, 457, 900 paraporfiria cutânea tardia, 446 Flecainida ação da, 1865q dose de, 39, 1883q efeitos adversos da, 1884q farmacologia da, 1883q indicações para, 1883q metabolismo da, 36q para fibrilação atrial, 1882 para síndrome de Brugada, 1899 para taquicardia atrial multifocal, 1886 FlexHD, 553q Flora intestinal anormalidades da, 2498 modulação da, 2500 Flucitosina ação da, 1639 efeitos adversos da, 476,1639 indicações para, 1639 para meningite criptocócica, 1559, 1639,1650 teste de sensibilidade para, e22-10 Fluconazol classe de gravidez do, 1677q efeitos adversos, 967q, 1638, 1677q indicações para, 1638 interações medicamentosas do, 36q, 1677q para criptococose, 1559,1650 para infecção por Blastomyces, 1647q para infecções em paciente com câncer, 720
para infecções por Candida, 402 abscesso hepático, 1081 afta, 264, 716 disseminadas, 1654q esofagite, 1653q, 2436 na infecção pelo HIV, profilaxia, 1545q trato urinário, 2395 para infecções por Coccidioides, 1645 para infecções por Leishmania, 1715 para tinha versicolor, 402 teste de sensibilidade para, e22-10 uso profilático em receptores de transplante, 962, 962q para criptococose, 1651 para infecção pelo HIV, 1545q para infecções fúngicas, 1638 vantagens do, 1638 vulvovaginal, 1099q, 1102,1653q Fludarabina ação da, 703 dose de, 699q efeitos adversos da, 699q, 703, 717, 3394q para LLC, 928 para macroglobulinemia de Waldenstrõm, 943 preparação para TCTH, 959 Fludrocortisona para hiponatremia, 2910 para hipotensão ortostática, 174 para síncope, 173 Flufenazina, 3544q Fluido extracelular, 341 Flumazenil, no tratamento da overdose de opiáceos, 3554-3555 Flunarizina efeitos adversos da, 12lq para cefaleia diária crônica, 125 para cefaleia hípnica, 128 para prevenção da enxaqueca, 120, 121q Flunitrazepam overdose/intoxicação com, e50-12q uso abusivo do, 3559 Fluoretação, 268 Fluoreto, 605 deficiência de, 595q funções do, 605 ingestão recomendada de, 59lq nível superior de ingestão tolerável de, 595q para otoesclerose, 249 para tratamento/prevenção da osteoporose,3134 toxicidade do, 356, 595q, 605 Fluorocitosina, 3187 Fluorocromo, coloração, e22-2 Fluorodesoxiuridina, 3187 Fluorodopa-PET, 3319f Fluoroquinolonas absorção das, 1139,1377 clinicamente mais relevantes, 1146q distribuição das, 1139 efeitos adversos das, 414,433,434, 445q, 1377 índices farmacodinâmicos das, 1141 q interações medicamentosas das, 1143,1145, 147q na gravidez, 1142q para cistite, 2393q para febre de origem obscura, 164 para infecções de feridas por mordedura, e24-3 para pielonefrite, 2394 para tuberculose, 1377 profiláticas, 1148q resistência às, 1143, 1248, 1284, 1377, 2134 Fluoroscopia, na disfagia, 298
Fluorose, 605 5-Fluoruracila (5-FU) ação da, 703 dose de, 699q efeitos adversos da, 445q, 699q, 703 cutâneos, 413,437 diarréia, 709 distúrbios ungueais, 434 náusea e vômitos, 708 neurológicos, 2272, 3394q efeitos sobre o metabolismo das pirimidinas, 3187 interações medicamentosas da, 699q, 1147q na gravidez, e6-2 para câncer colorretal, 773-774 para câncer de cabeça e pescoço, 735 para câncer de mama, 61 para câncer gástrico, 767 para câncer pancreático, 787, 789q para carcinoma basocelular, 732 variações genéticas na resposta à, 42q Fluoxetina dose de, 353lq efeitos adversos da, 144q, 3531q farmacologia da, 3538 interações medicamentosas da, 41, 46, 46q metabolismo da, 36q, 41 para bulimia nervosa, 641 para depressão, 76, 651, 3531q, 3538 para dor, 100 para narcolepsia, 220 para transtorno do pânico, 3530 para transtorno obsessivocompulsivo, 3535 Fluoximesterona, 704 Flurazepam farmacologia do, 3533q overdose!intoxicação com, e50-12q para transtorno de ansiedade generalizada, 3533q Flutamida para câncer de próstata, 704, 802 para hirsutismo, 384 Flutter atrial, 1878,1885 ECG no, 1881f, 1885,1886f, e30-8f, e30-9f lento, 1885f tratamento do, 1886 vs. artefato de tremor, e30-5f Flutter ocular, 241 Flutter ventricular, 1891 Fluvastatina, para hiperlipidemia, 3159q Fluvoxamina para depressão, 353lq para transtorno obsessivocompulsivo, 3535 Fluxo biliar esfíncter de Oddi no, 2616 regulação do, 2615 Fluxo de ar, no pulmão, 2088-2089, 2088f, 2089f, 2092 Fluxo sanguíneo cerebral, autorregulação do, 2046, 2059, 2255, 2255f Fluxo sanguíneo coronário autorregulação do, 1998 regulação metabólica do, 1998 FMMR. Ver Febre Maculosa das Montanhas rochosas (FMMR) Fobia de insônia, 217 Fogo selvagem, 425 Folato, 863 absorção do, 863 análise sistemática dos efeitos do, el9-3 cobalamina e, 864 deficiência de. Ver também Anemia megaloblástica achados hematológicos na, 866 anemia na, 455
biópsias da mucosa do intestino delgado na, 2468q, 2469 causas de, 869-870 defeitos do tubo neural e, 865 diagnóstico de, 870 em lactentes prematuros, 869 esfregaço de sangue periférico na, el7-3f manifestações clínicas da, 594q, 607, 865-866 manifestações cutâneas da, 413 na gravidez, 865, 869,1810 neuropatia óptica na, 232 segmentação dos neutrófilos na, 473 transtorno psiquiátrico na, 866 tratamento da, 871 em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q eritrocitário, 870 estrutura do, 596f fontes dietéticas de, 863 funções do, 596f, 863, 863q, 864f necessidades/ingestão recomendada de, 590q, 863, 871 para acidose induzida por álcool, el5-10 sérico, 870 síntese em bactérias, 1136 suplementos em lactentes e crianças, 871 na gravidez, 58, 865, 871 para deficiência de piruvato quinase, 877 para espru tropical, 2472 para hemoglobinúria paroxística noturna, 884 para prevenção do câncer colorretal, 770 para talassemia, 859 profilático, 871 transporte no sangue, 863 valores de referência, 3599q Folha de Informações sobre Vacinas (VIS), 1038 Folheto flutuante, el3-5 Foliculite, 409 Candida, 1652 do banho quente, 153q, 157,409, 1067,1271 eosinofílica, 409 etiologia da, 1065q, 1066-1067 Malassezia, 1669 manifestações clínicas da, 391q, 392f na infecção pelo HIV, 1557 Foliculite decalvans, 407, 407q Foliculite em banheiras quentes, 153q, 157, 409,1067,1271 Foliculite pustulosa eosinofílica, 1557 Folículo de Graaf, 2518, 3029f Folículo(s) de Graaf, 3029f maduro(s), 3028, 3029 ovariano(s), 3029, 3029f Folículos ovarianos, 3029, 2029f Fome, 623 Fome de ar, 277, 278q Fomepizol para intoxicação por etilenoglicol, 367, el5-10 para intoxicação por metanol, 367 Fomivirseno ação do, 1449 para infecção por CMV, 1443q, 1449 para profilaxia da infecção por CMV na infecção pelo HIV, 1545q Fondaparinux, 996 ação do, 993f, 996-997 efeitos adversos do, 997 farmacologia do, 997 para AI/IMSEST, 2019, 2019q para IMEST, 2030
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ÍNDICE 1-68
para profilaxia de TEV, 66 ,2177q para síndrome do anticorpo antifosfolipídio, 2737 para tratamento da TVP/EP, 2175q para trombocitopenia induzida por heparina, 968 vs. heparina de baixo peso molecular, 996q Fonsecaea, 1667 FOO. Ver Febre de origem obscura (FOO) Forame interatrial do tipo primum, 1872,el3-4 Forame interatrial do tipo secundum, 1920, el3-4 Forame oval, 1920 Forame oval persistente, 2039, 3277 Força muscular, envelhecimento e, 571, 573f Força Tarefa dos Serviços de Prevenção dos Estados Unidos, 29-31,30q Forças de Starling, 290 Formação de cruz de malta, e l4 - llf Formação de imunocomplexos, 2681, 2683q Formação de Roleaux, el7-2, el7-3f Formação micelar, 3463-2464 Formaldeído, exposição ao, 2127q Formiga(s), ferroada, 3582 Formigamento, 186 Formigas picadoras, 3582 Formigas-ceifeiras, 3582 Formigas-de-fogo, 3582 lO-Formil(CHO) tetraidrofolato, 863q Fórmula de Gorlin, medida da área valvar, 1856 Fórmula de Hakki, medida da área da valva aórtica, 1857 Formulação dos fármacos de liberação lenta, 34 de liberação prolongada, 34 Fosamprenavir, 1572q, 1577f, 1579 Foscarnet ação do, 72lq, 1450, 3425 efeitos adversos do distúrbios eletrolíticos, 352,1450, 1475 nefrotoxicidade, 1450, 1475, 2298, 3425 para encefalite viral, 3425 para infecção por CMV, 1124,1443q, 1450, 1475 para infecções por herpesvírus, 72lq, 1450 para infecções por H H V -6,1124 para infecções por HSV, 1450,1461q, 1462 para profilaxia por CMV na infecção pelo HIV, 1545q Fosfatase alcalina (AP) na avaliação da função hepática, 2528, 2529, 2530q na lesão renal aguda, 2304q no abscesso hepático, 1080 no paciente ictérico, 327 Fosfatidilinositol-3-quinase, 675 Fosfato de potássio para cetoacidose diabética, el5-2 Fosfato de sódio enema, para constipação, 74q Fosfato/fósforo deficiência de, 595q, 609q definição de, 3085 em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q exposição ao fósforo-32,790q ingestão recomenda de, 59lq metabolismo do, 3085 nível de ingestão superior tolerável, 595q para cetoacidose diabética, 15-2 para hipercalcemia, 828,311 lq-3113
toxicidade do, 595q transporte tubular renal do, 2282f, 2283 Fosfatonina, produção ectópica de, 827q, 830 Fosfenitoína, para estado epiléptico, 2204 Fosfolambano, 1802,1805,1806f Fosfolipase A2 inibição da, 146 no eritema por queimadura solar, 442 Fosfomicina, para infecções do trato urinário, 1184q, 2393, 2393q Fosforiboribosil pirofosfato (PRPP) sintetase, 3182, 3185, 3186q Fosforilação oxidativa, 3502 Fosgênio, 1779,1780q Fotoalergia, 44 5 ,445q Fotoenvelhecimento, 442 Fóton, 691 Fotopigmentos, 226 Fotoprodutos, 441 Fotoproteção, 446 Fotoquimioterapia, 447 Fotoquimioterapia com PUVA, 447 efeitos adversos da, 399 para dermatite atópica, 406q para linfoma cutâneo de células T, 447 para psoríase, 399, 406q, 447 para vitiligo, 41 lq, 447 Fotoreapia, 447 ação da, 447 efeitos adversos da, 447 para distúrbio do trabalho em turnos, 222 para transtornos do ritmo circadiano do sono, 222-223 Fotorreceptores, 224 Fotossensibilidade, 440 abordagem a, 446f classificação da, 444q conduta para a, 445 induzida por fármacos, 433 no LES, 2728q, 2731q Fotossensibilizador, 445 Fototestagem, 445 Fototoxicidade, 444, 444q Fóvea, 224 Foveação, 224 Fração de ejeção ventricular esquerda, 1087 Fração indireta, 2527 Fractalquina, 2662q Fragilidade avaliação da, 578-579, 578q comorbidade na, 577 conseqüências da, 577-579 definição de, 576 gravidade da, 576-577 modelo de, 572f polifarmácia e, 577 Framboesia, 1389q, 1390,1391, 1391 f Framboesia. Ver Bouba Framework Convention on Tobacco Control (OMS), 17 Framingham Heart Study, 1987 Francisella spp., 1301, e22-2f Francisella tularensis, 1301-1302,1777. Ver também Tularemia Fraqueza, 181 abordagem ao paciente, 184f, 34873489, 3487f, 3488f, 3488q, 3489q definição de, 181 distai, 185-186 facial, 3362, 3398 generalizada (quadriparesia), 185, 185q hemiparesia, 184 miopática, 182-184,182q monoparesia, 185 na distribuição restrita, 186
na EM, 3407 na hipopotassemia, 352, el5-7, el5-9 na neuropatia periférica, 3448, 3449f, 3450q nas síndromes de má absorção, 2476q neurônio motor inferior (neuropática), 182,182q neurônio motor superior, 182,182q no paciente em estado crítico, 2203 paraparesia, 184-185 proximal, 186 quedas e,195 Fraqueza do neurônio motor inferior (neuropático), 182,182q Fraqueza do neurônio motor superior, 182,182q Fraqueza do pescoço, 3364-3365, 3364q Fraqueza facial, 3362 considerações anatômicas na, 3362, 3362f espasmo hemifacial, 3363 hemiatrofia facial, 3363-3364 mioquimia facial, 3363 na EM, 3398 Fraqueza muscular aguda vs. polimiosite, 3513 na distrofia muscular, 3487-3489, 3487-3490f, 3488q, 3489q nos distúrbios das paratireoides, 3506 subaguda ou crônica progressiva, vs. polimiosite, 3513 Fraqueza neuropática (neurônio motor inferior) 182, 182q Fratura de Colles, 3120-3121, 3120f Fratura de faceta, e44-31f Fratura de Jefferson, e44-32f Fratura de quadril em mulheres idosas, 54 epidemiologia da, 3120-3121, 3120f IBP e, 2448 risco cumulativo durante a vida, 29q triagem de risco para, 29 Fratura do punho, 3121 Fratura em lágrima, e44-34f Fratura odontoide, e44-33f Fratura por compressão, e44-3 Fratura por insuficiência sacral, e44-33f Fratura(s). Ver tipos e locais específicos de Lisfranc, 2856 de quadril. Ver Fratura de quadril doença de Paget do osso e, 3137 epidemiologia da, 3120-3121,3120f fatores de risco para, 3121,3121q fatores que levam a, 3121, 3121f hiponatremia e, 347 osteoporótica(s), 29, 54 prevenção de, terapia hormonal pós-menopausa na(s), 3041, 3042q tratamento, prevenção de osteoporose, 3127 relacionada com DII, 2488 Fratura-luxação de Lisfranc, 2856 Fraturas de crânio, 3378 Fraturas vertebrais dor nas, 132-133,136 efeitos da teriparatida sobre, 31333134, 3134f efeitos do denosumabe sobre, 3133f efeitos do raloxifeno sobre, 3133f efeitos dos bifosfonatos sobre, 3131, 3132f epidemiologia das, 3120-3121,3120f fratura por esmagamento, 3121, 3121f na osteoporose, 136 Frêmito tátil, 2086 Frequência cardíaca durante o sono, 215 em repouso, 1869 intrínseca, 1869 na gravidez, 55
no choque, 2197q resposta à respiração profunda, 3355q, 3355 Frieira, 169, 2073 Frovatriptana, para enxaqueca, 118q, 119, 119q Frutosúria, 3200q Frutosúria essencial, 3200q FSAS. (fenótipo secretor associado à senescência), 565 FSH. Ver Hormônio folículoestimulante (FSH) FTC (entricitabina), 1571q, 1574f, 1576f, 1578 Ftiríase palpebral, 3578 FTY720. Ver Fingolimode (FTY720) Fucosidose, 3193q Fumaça da biomassa doença induzida por, 2129, 2129f Fumaça de tabaco ambiental. Ver Tabagismo, exposição passiva ao Fumagilina efeitos adversos da, 1679q, e26-3 farmacologia da, e26-3 Fumarato redutase, e26-2, e26-8 Fumo de charuto, 655 Fumo de cigarros, Ver Tabagismo Fumo de segunda mão. Ver Fumo, exposição passiva ao Função ovariana avaliação clínica da, 3032 regulação da, 3030 estereoides ovarianos na, 30303031, 303lf peptídios ovarianos na, 3031 secreção hipofisária na, 3030, 3030f secreção hipotalâmica na, 3030, 3030f Função respiratória adequação ventilatória, 2090 distúrbios da. Ver Distúrbios respiratórios durante o sono, 215 heterogeneidade de ventilaçãoperfusão, 2090-2091, 209lf propriedades relacionadas com o volume, 2087-2088, 2087f propriedades relacionados com o fluxo, 2088-2089, 2088f, 2089f trabalho da respiração, 2089-2090 troca gasosa, 2090 Função sudomotora, na disfunção autônoma, 3355-3356 Função ventilatória adequação da, 2090 distúrbios da. Ver Hiperventilação; Hipoventilação; Distúrbios respiratórios fisiologia da, 2182-2183, 2183f medição da, 2091-2092 propriedades relacionadas com o fluxo, 2088-2089, 2088f, 2089f propriedades relacionadas com o volume, 2087-2088, 2087f trabalho da respiração, 2089-2090 Função ventricular, avaliação da, 1846 Função visual, avaliação da acuidade visual, 224, 225f campos visuais, 226-228,227f estado de refração, 224 estereopsia, 226 movimentos e alinhamentos oculares, 226 pupilas, 225-226, 225f visão em cor, 226 Funcionários dos correios, exposição ao antraz, 1769 Funções executivas, 210 Fundação Bill & Melinda Gates, 9,10 Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária, 9
GABA. Ver Ácido -aminobutírico (GABA) Gabapentina efeitos adversos da, 73,12lq, 629, 3263q, 3458q farmacologia da, 3263q overdose/intoxicação com, e50-12q para cefaleia diária crônica, 125 para cefaleia pós-traumática, 126 para dor, 98q, 100, 101 para epilepsia, 3263q para neuropatia 73, 3458q para prevenção da cefaleia em salvas, 123q para prevenção da enxaqueca, 120, 121 q para prevenção de SUNCT/SUNA, 123q, 124 para síndrome das pernas inquietas, 218 Galactorreia, 2887q, 2888 Galactosemia comprometimento ocular nos, 234 em recém-nascido, 3203 incidência da, 3203 insuficiência ovariana prematura nos, 387 manifestações clínicas da, 3200q, 3203 Galantamina para doença de Alzheimer, 3308 Gama-carboxilase, 978
Gamopatia monoclonal, 936,1724 maligna. Ver também Leucemia linfoide crônica (LLC) de células B/linfoma de pequenos linfócitos; Mieloma múltiplo; macroglobulinemia de Waldenstrõm Gamopatia monoclonal de significado indeterminado (GMSI), 3478 amiloidose na, 947 diagnóstico de, 940, 940q doença de Von Willebrand na, 972 marcadores tumorais na, 652q na infecção pelo HIV, 1556 neuropatia na, 3462, 3463q Ganciclovir ação do, 721 q, 1449, 3425 efeitos adversos do, 1449,3257q, 3425 farmacologia do, 1449 para encefalite viral, 3425 para infecção pelo CMV, 1443q, 1449, 1474-1475 em receptor de transplante, 962q, 1124,1129 profilaxia na infecção pelo HIV, 1545q para infecções por herpesvírus, 72lq resistência ao, 1449 Gangliocitomas, 2883 Gangliogliomas, 3387 Ganglionopatia, raiz dorsal, 836 Gânglios da raiz dorsal, 93, 93f, 95 Gangliosidoses, GM2,3193q Gangosa, 1390 Gangrena anaeróbia, 1336 colecistite e, 2622 de Fournier, 1068 estreptocócica hemolítica. Ver Fasciite necrosante gasosa. Ver Gangrena gasosa Gangrena de Fournier, 1068,1336 Gangrena de Meleney, 1336 Gangrena estreptocócica. Ver Fasciite necrosante Gangrena gasosa, 1206 achados histológicos na, 1208,1208f diagnóstico da, 1208 do intestino, 1206 etiologia da, 1069,1206-1207 manifestações clínicas da, 1207, 1207f não traumática (espontânea), 1207, 1207f patogenia da, 1207-1208, 1208f prevenção da, 1209 prognóstico da, 1209 tratamento da, 1069-1070,1070q, 1205q, 1208-1209 traumática, 1206-1207 Gangrena pulmonar, 2144 Ganho de peso, 330. Ver também Obesidade fisiologia do, 623-624 no edema, 290 Gardnerella vaginalis, e22-9. Ver também Vaginose bacteriana Garganta, swab coleta e transporte de amostra, e224q cultura, 263 Gás intestinal. Ver Flato/flatulência nos tecidos, 1336 Gás mostarda ação da, 1780-1781 características e efeitos sobre a saúde, 1780q, 1781-1782,1782f como agente no terrorismo químico, 1779 descontaminação e tratamento da exposição à, 1781q, 1783
Gases no sangue. Ver Gasometria arterial Gasometria arterial anormal, abordagem na, 364 na avaliação da doença respiratória, 2086, 2092 na hipotermia, 167 valores de referência, 3589q Gasterofilose dos eqüinos, 3579 Gasto energético, 588, 623, 627 Gasto energético basal, 611 Gasto energético em repouso, 588,616 Gastrectomia deficiência de cobalamina após, 868 para adenocarcinoma gástrico, 767 para linfoma gástrico, 768 Gastrenterite. Ver também Diarréia, infecciosa dor abdominal na, 11 lq eosinofílica. Ver Gastrenterite eosinofílica relacionada com alimento. Ver Doença relacionada com alimento viral, 1588 adenovírus, 1588q, 1589f, 1592 agentes da, 1589f astrovírus, 1588q, 1589f, 1593 calicivírus, 1588q, 1589f. Ver também Infecções por norovírus (vírus Norwalk) diagnóstico da, 1589q manifestações clínicas da, 1589q picobirnavírus, 1593 rotavírus. Ver Infecções por rotavírus torovírus, 1589f, 1593 tratamento da, 1589q vs. apendicite, 2518 vs. bacteriana, 1589q Gastrenterite eosinofílica biópsia s da mucosa do intestino delgado na, 2468, 2468q diarréia na, 314 indigestão na, 305 Gastrinoma diagnóstico do, 3065-3066 diarréia no, 313 manifestações clinicas do, 3065 na NEM1, 2455, 3073, 3073f na SZE, 3065 tratamento do, 316,3066 Gastrite aguda, 2457, 2457q após colecistectomia, 2624 atrófica multifocal, 2458 classificação da, 2457, 2457q crônica, 2458-2459 doença ulcerosa péptica e, 2457 dor abdominal, 11 lq eosinofílica, 2459 granulomatosa, 2459 halitose na, 275 linfocítica, 2459 tipo A, 2458 tipo B, 2458-2459, 2458f varioliforme, 2459 Gastrite eosinofílica, 2459 Gastrite granulomatosa, 2459 Gastrite linfocítica, 2459 Gastrite varioliforme, 2459 Gastrojejunostomia, 620q Gastroparesia indigestão e, 304 na pancreatite crônica, 2646 náusea e vômitos na, 301,302 no diabetes melito, 2985 tratamento da, 304 Gastropatia hemorrágica e sangramento erosivo na, 321 prolapso, 321 sangramento gastrintestinal com, 321
Gastropatia por refluxo de bile, relacionada a cirurgia, 2454 Gastroplastia, vertical em faixa, 635 Gates Foundation. Ver Bill & Melinda Gates Foundation Gatilho(s), da enxaqueca, 114 Gato(s) doença da arranhadura do gato. Ver Doença da arranhadura do gato feridas por mordedura, e24-l celulite em, 1068 infecções por, e24-l microbiologia das, e24-l abordagem ao paciente, e24-2 tratamento das, 1070q, e24-2 a e24-3, e24-3q terapia profilática, e24-4 no ciclo de vida do T. gondii, 1722, 1722f pulgas, 1314, 3582 tênias, 1765 Gefitinibe ação do, 677q, 705f, 706 dose de, 700q efeitos adversos do, 434, 700q, 2276 interações medicamentosas do, 2272 para câncer de cabeça e pescoço, 735 para câncer de pulmão, 675, 677q, 750q, 751,752 para carcinoma hepatocelular, 783q Gegenhalten, 182 Gel de testosterona, 3022-3024, 3023q Geladura, 168, 2073 clássica, 168 fisiopatologia da, 169 manifestações clínicas da, 168f, 169, 2073, el6-4f, el6-5f tratamento da, 169, 169q, 2073 Geleia cardíaca, 1809 Gemella morbillorum, 1057, 1058q, 1179 Gemifloxacino para infecções por Nocardia, 1325 para pneumonia, 2135q Gencitabina ação da, 703 dose de, 699q efeitos adversos da, 699q, 703, 839, 2275, 2276, 2379 para câncer de bexiga, 791,792 para câncer de mama, 762 para câncer de ovário, 812 para câncer de pulmão, 750q, 751, 753 para câncer pancreático, 787,789, 789q para carcinoma com tumor primário desconhecido, 824-825 para carcinoma hepatocelular fibrolamelar, 784 para colangiocarcinoma, 784 para sarcoma de tecidos moles, 818 Gene agr, 1161 Gene AIRE, 1652 Gene ANK, 876q Gene APBB1, 566 Gene APC,668, 670f, 768, 769 Gene Apobec-3G, 566. 1534q, 3307 Gene APOLI, 2309 Gene atenuado, 442 Gene ATM, 3344 Gene BCR-ABLl, 44, 916-917 Gene Bmi-1, 542 Gene C, do HBV, 2538f, 2539-2540 Gene candidato, 503 Gene carD, 1343 Gene CHRNA4,3254q Gene CLCN5, 2285 Gene CLDCN16, 2363 Gene c-myc, 931 Gene CSTB, 3254q Gene da 21-hidroxilase, 496,497 Gene da aducina, 44
ÍNDICE
Fundo Monetário Internacional (FMI), 9 Fundoplicatura, 307 Fundoplicatura de Nissen, 307, 2435 Fundoplicatura de Toupet, 307 Fungos aderência dos, 1014q, 1015 avaliação laboratorial dos algoritmo para processamento da amostra, e22-7f coleta e transporte da amostra, e22-5q coloração, e22-2 teste de sensibilidade, e22-10 crescimento após a entrada, 1016 entrada no hospedeiro, 1013 invasão tecidual por, 1021,1022 Fungos dimórficos,1637 Furazolidona interações medicamentosas da, 1679q classe de gravidez da, 1679q efeitos adversos da, 1679, e26-4, farmacologia da, e26-3 a e26-4 Furoato de diloxanida, classe de gravidez do, 1678q efeitos adversos do, 1679q farmacologia do, e26-3 Furosemida efeitos adversos da, 250,370,433, 445q, 967q para ascite, 332, 2600, 2601f para dispnéia, 280 para edema pulmonar, 75,2237 para hipercalcemia de processos malignos, 828 para hipertensão, 2055q para insuficiência cardíaca, 1908, 1908q, 2031 para lesão renal aguda, 2307 para sepse/choque séptico, 2229 para SIAD, 349, 828, el5-5 Furunculosa, 259,400 Fusão espinal, 138 Fusão lombar, 138 Fusarium spp., 1667 Fuso muscular, 183f
1-69
Gene da calcitonina, 3099 Gene da proteína C de ligação da miosina, 499 Gene da timidina-quinase, 550 Gene DCC, 768 Gene DKCl, 889 Gene DMD, 498 Gene do citocromo b, mutações somáticas do, 501q Gene do fator de crescimento insulinosímile II, 502, 829 Gene do hormônio do crescimento (GH), 495 Gene do retinoblastoma (RB), 491 no câncer de bexiga, 791 no sarcoma de tecidos moles, 817 Gene env, 1501,1502f, 1511 Gene EPB41, 876q Gene EPB42, 876q Gene EPM2A, 3254q Gene Fat, 625q, 626 Gene FE65, 566-567 Gene gag, 1501,1502f, 1508, 151 lf Gene GH, 495 Gene HCP5, Infecção pelo HIV e, 1533q Gene HER2, 665 Gene HFE em doenças hepáticas, 3167 na hemocromatose, 3162 Gene IGT1A1, 878 Gene iprl, 1343 Gene JAK2, 898 Gene kat G, 1343 Gene KCNQ2, 3254q Gene KIR, 1532,1534q Gene LGI1, 3254q Gene LMNA, 566 Gene LMO-2, 549 Gene LMYC, 865 Gene MBL, 1533q doença de (deficiência de miofosforilase), 3199q, 3202, 3502 Gene MCIR na resposta da pele aos raios solares e, 441 no melanoma, 724 Gene Meca, 2134 Gene MLL, 923 Gene MYH9, 2292, 2346, 2378 Gene Nanog, 538 Gene nef, 1502f, 151 lf Gene NMY, 665 Gene NO TC H 1,1938 Gene ob, 624-625 Gene p l6, no câncer pancreático, 786 Gene p53 expressão mediada por adenovírus, para tratamento de câncer, 550 mutações no, 673 na síndrome de Li-Fraumeni, 816 no câncer de cabeça e pescoço, 733 no câncer de mama, 754 no câncer de pele, 443 no câncer de pulmão, 738 no câncer esofágico, 764 no câncer pancreático, 786 Gene PALB2,786 Gene PHEX, 830 Gene PhoPIPhoQ, 1019 Gene PIG-A, 889 Gene PKD-1, 2355 Gene PKD-2,2355 Gene PKHD1,2358 GenePML, 906-907 Gene PMP22,496 Gene pol, 1501,1502f, 1508,151 lf Gene Pout5fl (Oct4), 534 Gene PRNP, 3444 Gene RARA, 906-907 Gene RAS, 664-665 Gene RB. Ver Gene do retinoblastoma (RB)
Gene remendado, 443 Gene rev, 1502f, 151 lf Gene RHAG, 876q Gene sar, 1161 Gene SCN1B, 3254q Gene SLC01B1,42q Gene SLC3A1, 2285 Gene SLC4A1, 876, 876q Gene SLC7A9, 2285 Gene SMAD4, no câncer de pâncreas, 786 Gene Sox2, 538 Gene SPTA1, 876q Gene SPTB, 876q Gene SRY, 491, 499, 501 Gene tat, 1502f, 151 lf Gene TNFRSF11A, 3136,3137f Gene TNFRSF11B, 3136,3137f Gene TrkB, 625q Gene tub, 625-626, 625q Gene UMOD, 2359 Gene VHL, 682, 793, 2360 Gene vif, 1502f, 151 lf Gene vpr, 1502f, 151f Gene vpu, 1502f, 151 lf Gene ZNRD l, infecção pelo HIV e, 1533q Gene(s). Ver também genes específicos, no envelhecimento. Ver Envelhecimento, fatores genéticos no definição de, 487 distribuição e segregação durante a meiose, 488-489 estrutura do(s), 490 fluxo de informação genética, 487, 489f Gene-1 do tum or de Wilms, 739 Genes controladores, 668 Genes de globina, 852,852f a-globina, 852f, 853 (3-globina, 492f, 497, 852f, 853, 854 Genes de manutenção, 664, 668 Genes de subunidade pequena do rRNA (SSU rRNA), 527-529 Genes do SSU rRNA (subunidade pequena do rRNA), 527-529 Genes Hox, 542 Genes pré-S, do HBV, 2538f, 2539 Genes S do HBV, 2538-2539,2538f Genes supressores de matástase, 681 Genes supressores tumorais definição dos, 664, 667 epigeneticamente silenciados no câncer, 677-679, 679f genes de manutenção (caretaker), 664, 668 inativação dos, 664, 667-668 nas vias de tratamento do câncer, 682 no câncer colorretal, 768 no câncer de pulmão, 740, 740q no câncer de tireoide, 2934-2936, 2935q no câncer gástrico, 766 Genes TAP, 1532 Genetic Information Nondiscrimination Act (GINA), 494, 522, 668, e53-6 Genética, 486. Ver também distúrbios específicos direta, 493q impacto na prática clínica, 486 implicações para a medicina interna, 519 população, 506-507 Genética direta, 493q Genética do câncer, 486, 663. Ver também cânceres específicos análise citogenética, 511 classes de genes de câncer, 663-664. Ver também Oncogene(s); Genes supressores tumorais detecção de mutações na, 509 expressão gênica e, 671,671 f
futuro da, 672 ilhas de CpG na, 502 influências epigenéticas sobre a transcrição gênica, 677-679, 678f instabilidade cromossômica nos tumores sólidos, 666-667 mecanismos de controle epigenético, 667-668 metilação do DNA na, 489 micro RNA na, 670 mutações somáticas na, 502-503 origem clonal e natureza do câncer em múltiplas etapas, 663,664f perfil mutacional amplo de genoma, 671, 67lf perspectiva histórica, 663 pleiotropia antagonista, 566 síndromes familiares de câncer, 668670, 669q, 6701' tratamento baseado em perfis moleculares personalizados, 672 vírus na, 670 Genética populacional, 506 Genfibrozila efeitos adversos da, 3159q interações medicamentosas da, 46q para hiperlipidemia, 3159q para síndrome metabólica, 196,1997 Gengibre, 304, 46lq, 2407-2408 Gengiva em morango, 269 Gengivas em framboesa, 269 Gengivite, 268, el2-4f anaeróbia, 1333 distúrbios do paladar na, 244 prevenção da, 482 ulcerativa necrosante aguda (angina de Vincent), 264, 268, 270q Gengivoestomatite herpética, 270q viral, 1486q Genisteína, 796 Genoma acessório, 1181 Genoma de fita negativa, 1432 Genoma de fita positiva, 1432 Genoma humano, 486,509 Genômica, 6-7 célula-tronco, 538 comparativa, 493 farmacogenômica, 33 funcional, 489, 493 saúde global e, 495 Genômica comparativa, 493,512 Genômica funcional, 489,493 Genotipagem, 41 Genótipo, 497 Genotoxicidade, 549q Gentamicina ação da, 1133,1134f efeitos adversos da, 1059 indicações para, 1144q intratimpânica, para doença de Ménière, 250 para choque séptico, 1025q para doença inflamatória pélvica, 1105q para endocardite infecciosa, 1057, 1058q, 1059, 1170 para endocardite por Bartonella, 1317q para fasciite necrosante, 1025q para febre das trincheiras, 1317q para infecções de pele e tecidos moles, 1069 para infecções por Brucella, 1299 para infecções por Campylobacter, 1288 para infecções por L. monocytogenes, 1196 para infecções por VRE, 1186q para meningite, 3414q, 3416 para osteomielite, 1074q para peste, 1310q, 1772q, 1773
para pneumonia associada a cuidados médicos, 2139q para tularemia, 1304, 1772q, 1776 profilática, 1148q resistência à, 1057,1134q, 1144q Gentuzumabe efeitos adversos do, 2274, 2275, 2277 para LMA, 912-913, 914 Geração de mediador lipídico, 2707, 2708f gerência de antibióticos, 1119 Gerência de antimicrobianos, 1119, 1148-1149, 1247 Germinação (angiogênese), 684 Germinoma, síndromes paraneoplásicas no, 827q GGTR Ver [lcj-v-Glutamil transpeptidase (GGTP) GH. Ver Hormônio do crescimento (GH) GHB. Ver Ácido 7-hidroxibutírico (GHB) GHRH. Ver Hormônio de liberação do hormônio do crescimento (GHRH) Giardia spp. ciclo de vida e epidemiologia da, 1729-1730, 1730f,e25-4q distribuição geográfica, e25-4q Giba de Hampton, 2173 Gibbus, 1348 Gigantismo. Ver Acromegalia GINA (Genetic Information Nondiscrimination Act), 494,522, 668,e53-6 Ginecomastia, 3019 avaliação da, 2875q, 3020, 3020f cocaína e, 3557 etiologia da, 3019-3020 na cirrose, 3019 na doença hepática, 330 na síndrome de Klinefelter, 3019, 3048-3049 no câncer testicular, 805 obesidade e, 628 patológica, 3019-3020, 3020f prevalência da, 3019 risco de câncer de mama e, 763 tratamento da, 3020, 3048-3049 Gingko biloba, 46lq, 3257q, e2-4, e2-5 Ginseng, 461q GIST. Ver Tumor de estruturas gastrintestinais (GIST), 2533-2535 “Glândula mestre”, 2876 Glândula oxíntica, 2438, 2438f, 2440, 244 lf Glândula salivar sublingual, tumores de, 733. Ver também Câncer de cabeça e pescoço Glândula salivar submandibular, tumores de, 733. Ver também Câncer de cabeça e pescoço Glândula suprarrenal, 2941 Glândula tireoide anatomia da, 2911-2912, 2911 f desenvolvimento da, 2911-2912 dor na, diagnóstico diferencial, 29272928 exame físico da, 2916 exames laboratoriais da, 2916-2918 função da, 2929-2930 hormônios da, 2911,2911 f regulação da, 2912 Glândula(s) salivar(es) aumentada(s) na anorexia nervosa, 638 carcinoma, 274,822f doenças da(s), 274 hipertrofia, na bulimia nervosa, 640 tumores, 733, 736 Glândulas endócrinas, 286 Glândulas gástricas, 2438, 2438f
para febre, 146,164 para febre reumática, 2755-2756 para granulomatose com poliangiíte, 2791 para hepatite alcoólica, 2591, 2591f para hepatite autoimune, 2587-2588 para hipercalcemia, 3111 q, 3113 de processos malignos, 828 para HSRC, 2960 para imunossupressão, 2330, 2330q para infecção pelo vírus influenza, 1491 para insuficiência suprarrenal, 29572958,2959f para miastenia gravis, 3484-3485 para miopatias inflamatórias, 35163517 para náusea e vômitos, 74, 303q para neurite óptica, 232 para neuropatia óptica isquêmica anterior, 231 para osteoartrite, 2836 para otite externa, 259 para pancreatite autoimune, 26442645 para PDCI, 3478 para prevenção da cefaleia em salvas, 122-123 para pseudotumor orbitário, 237 para púrpura de Henoch-Schõnlein, 2797-2798 para púrpura trombocitopênica imune, 969 para púrpura trombocitopênica trombótica, 970 para sarcoidose, 2812-2813, 2812f, 2813q para síndrome de ACTH ectópico, 829 para síndrome de Behçet, 2802 para síndrome de Cushing, 2899 para síndrome de Sweet, 715 para síndrome hipereosinofílica, 481 para urticária, 2713 para vasculite, 2788,2789q para vasculite cutânea idiopática, 2798 retirada de, 704 síntese de, 2941, 2941f, 3053f sistêmico(s), para asma, 2111-2112 para dermatite atópica, 396 para doença de Ménière, 250 para doenças pulmonares intersticiais, 2165 para epidermólise bolhosa adquirida, 428 para exacerbação da DPOC, 2159 para fototoxicidade, 445 para hipercalcemia, 361 para lúpus eritematoso cutâneo subagudo, 430 para pênfigo foliáceo, 426 para pênfigo vulgar, 425 para penfigoide bolhoso, 427 para penfigoide gestacional, 427 para síndrome de hipersensibilidade, 436 para síndrome de StevensJohnson/necrólise epidérmica tóxica, 436 para sinusite, 244 para urticária/angioedema induzidos por fármacos, 435 tópico(s), dermatite atópica, 395 efeitos adversos dos, 2732q para candidíase, 402 para ceratite por herpes simples, 229 para dermatite, 396,406q para dermatite seborreica, 398
para dermatomiosite, 429 para eczema da mão, 397 para erupção morbiliforme medicamentosa, 435 para exposição ao gás mostarda, 1783 para fototoxicidade, 445 para LES, 2732q para líquen plano, 400 para líquen simples crônico, 396 para pênfigo foliáceo, 426 para penfigoide bolhoso, 427 para penfigoide cicatricial, 428 para penfigoide gestacional, 427 para pitiríase rósea, 400 para psoríase, 399,406 para síndrome de hipersensibilidade, 436 para uveíte, 229 para vitiligo, 41 lq Glicoesfingolipidoses, neutras, 3193q Glicogênio componentes do, 3198 distúrbios do, 3195q Glicogenólise, miocárdica, 1807 Glicólise anormalidades da, 873f, 876-876, 3502 no músculo cardíaco, 807,1808 Gliconato de cálcio para hiperpotassemia, 359 para hipocalcemia, 362 Gliconato de ferro, 849 Gliconato férrico de sódio, para anemia ferropriva, 849 Gliconeogênese, 588, 607, 3003 Glicopeptídios, 1133 Glicoproteína, g p l2 0 ,1435 Glicoproteína Ilb/IIIa, 457, 989, 989f, 991 Glicoproteinose(s), 3193q-3194q Glicose em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 616-617, 618-619 no líquido ascítico, 332 para hiperpotassemia, 359 secreção de insulina na, 2971, 2971f transporte renal da, 2282f, 2283, 2285 Glicose-galactose, má absorção de, 3221q Glicosúria hiponatremia na, 345 renal isolada, 2284q Glicosúria renal, 2358q, 2366 Glimepirida, para diabetes melito, 2997q Glioblastoma multiforme, 550 Glioblastoma(s), 3383, 3385-3386, 3385f, 3386f Glioma cerebral, 3247f hipotalâmico, 2883 oncogenes no, 665q óptico, 2883 sinais oculares no, 228 Glioma cerebral, 3247f Gliomas hipotalâmicos, 2883 Gliomas ópticos, 2883 Gliomatose cerebral, 199q, 3386 Gliossarcoma(s), 3387 Glipizida farmacologia da, 2997q metabolismo da, 36q, 43 Globos, 1362 Globulina antilinfócito (ALG) para anemia aplásica, 892 para hemoglobinemia paroxística noturna, 884 para imunossupressão, 2331 Globulina antitimócito, (ATG) para anemia aplásica, 892
para hemoglobinúria paroxística noturna, 884 para mielodisplasia, 897 Globulina de ligação da tiroxina (TBG), 2915q Globulina de ligação dos hormônios sexuais, 383 Glomérulo(s) anatomia do(s), 2309f, 2334, 2334f desenvolvimento embriológico do(s), 2280 histologia do(s), 2312f Glomerulonefrite aguda, 2300q, 2339 anormalidades tubulointersticiais com, 2371 associada a endocardite, 2340-2341 biópsia renal na, 2339, e l4 -lf a el45f classificação da, 2339 crônica, 2339 hematúria na, 339, 2337 membranoproliferativa, 2344-2345, 2344f, 2344q, el4-3f, el4-4f membranosa, 2347, 2347f, 2347q, el4-3f mesangioproliferativa, 2345 na policondrite recidivante, 2804 na síndrome de Sjõgren, 2771 no LES. Ver Nefrite do lúpus pós-estreptocócica, 264, 2340, 2340f, el4-2f Glomerulonefrite membranoproliferativa, 2344-2345, 2344f, 2344q, el4-3f, el4-4f Glomerulonefrite membranosa, 2347, 2347f, 2347q, el4-3f Glomerulonefrite mesangioproliferativa, 2345 Glomerulonefrite pós-estreptocócica, 264, 2340,2340f, el4-2f Glomerulopatia fibrilar-imunotactoide, 2349 Glomerulopatia lipoproteica, 2351 Glomerulosderose relacionada com a idade, 2339 segmentar focal, 2346-2347,2346f, 2346q, 2352, el4-lf, el4-2f Glomerulosderose segmentar focal, 2346-2347,2346f, 2346q, 2352, el4-lf, el4-2f Glossite, 273q, 2476q Glossodinia (síndrome da boca em queimação), 247,274 Glucagon no choque, 2216 para desalojamento de impactação de alimento, 2437 Glucagonoma, 3067 diagnóstico do, 3067 manifestações clínicas do, 3057q manifestações cutâneas do, 408q na NEM 1,3073-3074 tratamento do, 3067 Glutamato aspectos anatômicos e clínicos do, 3227q como neurotransmissor, 94 estrutura do, 3227q Glutamato monossódico, 246 7-Glutamil transpeptidase (GGTP) na avaliação da função hepática, 2528f, 2529 na doença hepática alcoólica, 2590, 2590q •y-Glutamilcarboxilase, 978, 978f a-Glutationa-S-transferase, na lesão renal aguda, 2304q Glutetimida efeitos adversos da, 46q interações medicamentosas da, 45 overdose/intoxicação com, e50-12q
ÍNDICE
Glaucoma, 234,234f agudo de ângulo fechado, 230,235 avaliação do campo visual no, 226227 baixa tensão, 234 cefaleia no, 114 tratamento do, 235 Gliburida efeitos adversos da, 967q farmacologia da, 2997q para diabetes gestacional, 58 Glicilciclinas, 1136,1146q Glicina, 3227q Glicocorticoide(s), 2436 ações do(s), 2330q, 2940 efeitos adversos do(s), 376q, 2732q carcinogenicidade, 656q cataratas, 234 cutâneos, 403,409, 433,437,972 depressão, 76 edema, 293q eosinopenia, 482 hipertricose, 434 maiores, na vasculite sistêmica, 2789q miopatia, 3508, 3508q na gravidez, 427 no infarto do miocárdio, 2027 osteoporose, 3124,3124q, 3 1 3 5 proteção dos, 839 tardios, 839q epidural, esteroidogênese suprarrenal devido a, 2940f imunização durante a terapia com, 1037 inalado(s) efeitos adversos do(s), 2111 para asma, 2111,2112f para DPOC, 2157-2158 para tosse, 284 interações medicamentosas do(s), 1147q, 2732q intra-articular(es), para osteoartrite, 2835q, 2836 intralesional(is), para alopecia areata, 408q para pênfigo foliáceo, 426 para penfigoide cicatricial, 428 intranasal(is), para rinite alérgica, 2716-2718, 2717f para sinusite, 247, 257,258 para abscesso cerebral, 3430 para anafilaxia, 2710 para anemia hemolítica autoimune, 882 para angioedema, 2713 para arterite de células gigantes, 2796 para arterite de Takayasu, 2797 para artrite reumatoide, 2747 para câncer, 704 para choque séptico, 1025q para cirrose alcoólica, 2593-2594 para conjuntivite alérgica, 228 para deficiência de ACTH, 2897 para degeneração cerebelar, 836 para dermatite de contato, 406q para diabetes melito, 3002 para DII, 2489-2490, 2493f para dispnéia, 75 para doença do soro, 3571 para doença granulomatosa crônica, 482 para dor, 73 para dor lombar, 137,138, 139 para dor no pescoço, 142 para EM, 3402 para eosinofilia, 831 para episclerite e esclerite, 229 para esclerose sistêmica, 2767-2768 para fadiga, 75
1-71
GM-CSF. Ver Terapia com fator de estimulação de colônias de granulócitos-macrófagos (GM-CSF) GMP cíclico, na função sexual masculina, 374, 374f GMSI. Ver Gamopatia monoclonal de significado indeterminado (GMSI) Gnathostoma spinigerum/gnatostomíase, 1736q, 1738, 3437q, e25-7q Gnotobióticos, 527q GnRH. Ver Hormônio de liberação das gonadotropinas (GnRH) GOBI, 17 Golden Rice, 601 Golimumabe para artrite reumatoide, 2748q para espondilote ancilosante, 2777 Gonadectomia, 386 Gonadotropina coriônica humana (hCG) como marcador tumoral, 652q na doença trofoblástica gestacional, 815, e6-4 no câncer testicular, 806 no carcinoma com tumor primário desconhecido, 821, 822q produção ectópica de, 826, 827q, 830 valores de referência, 3592q Gonadotropina(s), 2899 ação da(s), 2899 deficiência de, 2899 distúrbios congênitos associados a, 3015q, 3017 tratamento dos, 2900 na função reprodutiva masculina, 3013 para disfunção ovulatória, 3036 para disfunção reprodutiva relacionada com a idade, 3022 síntese de, 2898 tumores hipofisários devidos a, 29002901, 290 lf Gonadotropo, 2876q Gonorreia. Ver Infecções gonocócicas Gordura corporal. Ver também Obesidade abdominal subcutânea, 622,628 distribuição da, 54,622, 629 intra-abdominal, 628 medida da, 608, 622, 629 parte superior do corpo, 622 Gordura(s) dietética, câncer e, 655, 769, 796 em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 616-617 má absorção de, 313-314 metabolismo da(s), no diabetes melito tipo 2, 2974-2975, 2982f necessidade de, 588 Gosserrelina, pra câncer de próstata, 704, 802 Gota, 2837 atividade do inflamassoma na, 2657q diagnóstico da, 2837-2838, 2837f obesidade e, 629 tofácea, 418, e41-2f tratamento da, 2838-2839 Gotejamento pós-nasal, 283 GOVI-FFF, 17 gpl20, 1507,1522,1530,1535 g p l6 0 ,1530 gp 41,1522, 1537 GPCR. Ver Receptores acoplados à proteína G (GPCR) Gradiente de albumina soro-ascite Gradiente de concentração, 2283 Gradiente de concentração de K+ transtubular (TTKG), 354, 358, el5-7 Gradientes osmóticos, 2283 Grafestesia, 189 Gramicidina, 1134q, 1137
Grandes linfócitos granulares, 2651, 2658, 2664, 2666q, el7-2 Granisetrona para náusea e vômitos, 74,125,303q, 304, 653, 709 Granulações tóxicas, neutrófilos, 473 Granulicatella spp., 1057,1179-1180 Granulócito(s). Ver também Eosinófilo(s); Neutrófilo(s) diferenciação hematopoiética do(s), 54 lf no esfregaço de sangue periférico, el7-6f Granulocitopenia, no paciente com câncer, 714,714q, 715q Granulocitose na anemia falciforme, 855 paraneoplásica, 830q, 831 Granuloma anular, 407, 408q, 2988 Granuloma de linha média, 269 Granuloma de linha média letal. Ver Linfoma extranodal de células NK/T, tipo nasal Granuloma de Majocchi, 409 Granuloma inguinal. Ver Donovanose Granuloma periapical, 268 Granuloma piogênico, 268 Granuloma(s) C.andida, 1652 diagnóstico de, 394 formação de, 1022-1023 na doença hepática, 2606 na esquistossomose, 1755 na vasculite, 2787 Granulomatose broncocêntrica, 2169 com angiite alérgica. Ver Síndrome de Churg-Strauss linfomatoide, 2169 Granulomatose alérgica, 420 Granulomatose broncocêntrica, 2169 Granulomatose com poliangiite (de Wegener), 2789 definição da, 2789 diagnóstico da, 2791, e40-l ANCA, 2786-2787 biópsia renal, 2343, el4-5f biópsia renal, e40-5f histologia pulmonar, 2789,2789f, e40-5f TC, e40-lf, e40-2f diagnóstico diferencial da, 2791 incidência da, 2789 manifestações clínicas da, 2790, 2790q lesões imunoproliferativas angiocêntricas, 2791 meningite crônica, 3439q hemoptise, 284 manifestações orais, 269, 274 renal, 2343 manifestações cutâneas, 420 infiltrados nodulares bilaterais, e40-lf hemorragia alveolar de capilarite pulmonar na, e40-2f pneumonia bacteriana, e40-2f doença ocular, 229, e40-2f sinusite na, 256, e40-3f patogenia da 2789-2790, 2789f, 2790f patologia da, 2789-2790, 2789f, 2790f prevalência da, 2789 tratamento da, 2788, 2791-2792 Granulomatose linfomatoide, e21-3 Grânulos alfa, 983 d o e n ç a d a s c a d e i a s p e s a d a s t , 775, 944 Grânulos azurófilos, 472 Grânulos de Birbeck, e21-6 Grânulos de enxofre, 1326,1329 Grânulos densos, 983
Grânulos dos neutrófilos distúrbios dos, 478q, 479 granulações tóxicas, 473 primários (azurófilos), 472 secundários (específicos), 472 Grânulos eosinofílicos, 481 Grão(s) de actinomicetos, 1326 Grau de perfusão do miocárdio na TIMI, 2027 Gravidez, 55 acidente vascular encefálico n l, 59 ácido retinoico na, 602 agentes antibacterianos na, 16751682q agentes antiparasitários na, 16751682q alcalose respiratória na, 372 anemia aplásica na, 889 artrite reumatoide na, 2751 asma NBA, 2115 aumento abdominal na, 330 bacteriúria assintomática na, 60,2388 câncer de colo do útero na, e6-lq, e6-l a e6-2 câncer de mama na, e6-lq, e6-2, e62q câncer de tireoide na, e6-3 cardiopatia congênita e, 57,1920, 1923 cefaleia na, 59 coagulação intravascular disseminada, 979 colestase na, 329, 2618 consumo de álcool na, 3548-3549 consumo de mercúrio na, e49-1 coriomeningite linfocítica, 1620 deficiência de cobalamina na, 865 diabetes insípido na, 350 diabetes melito na, 58 DII na, 60, 2494-2495, 2495f distúrbios de nervos periféricos na, 59-60 doença cardíaca na, 57 doença da vesícula biliar na, 60 doença de Graves na, 2926-2927 doença de Hodgkin na, e6-3 doença gastrintestinal na, 60 doença hematológica na, 59 doença hepática na, 60 doença neurológica na, 59-60 doença renal crônica na, 56-57,2317 ectópica. Ver Gravidez ectópica edema na, 294 efeitos do tabagismo na, 356 lq, 3562 em portadoras de hemofilia, 977 embolia pulmonar na, 57-58 enxaqueca na, 59 epilepsia na, 59, 3269 eritema infeccioso na, 148 esteatose hepática aguda da, 60 estenose aórtica na, 57 estenose mitral na, 57,1933 febre Q na, 1415 feocromocitoma na, 2964 formação de lama biliar na, 2618 função da tireoide durante, 59,2930, e6-3, e6-3q hemoglobina/hematócrito na, 450q hemoglobinopatia na, 59 herpes genital na, 61 herpes vírus na, 61 hipertensão na, 55-56, 2051q, 2052 hipertensão pulmonar na, 57 hipertireoidismo na, 50 hipotireoidismo na, 59 idade da primeira gestação à termo, risco de câncer de mama e, 754 imunização durante, 1033f, 1034f, 1035, 1037 infecção pelo HIV na, 61, 1515, 1585 infecção por C. trachomatis na, 1425, 1426
infecção por CMV na, 1473 infecção por GBS na, 117, 1178-1179 infecção por HBV na, 60 infecção por T. gondii na, 1723 infecções bacterianas na, 60 infecções gonocócicas na, 60,1223, 1225 infecções por L. monocytogenes na, 1194, 1196 infecções virais na, 60-61 influenza na, 1496 insuficiência aórtica na, 57 insuficiência mitral na, 57 intoxicação por chumbo na, e49-1 ITU na, 2394 LES na, 2734 linfoma não Hodgkin na, e6-3 malária na, 1694-1695 manifestações orais da, 268 marcadores tumorais na, 652q massa mamária na, 756, e6-2 melanoma durante, e6-3-4 miocardiopatia na, 1961 molar. Ver Doença trofoblástica gestacional mortalidade materna, 61 na esclerose múltipla, 59, 3402 náusea e vômitos na, 60,302, 304 necessidade de água na, 588 necessidade de ferro na, 846,846q necessidade de folato na, 58,865,869, 871,1810 obesidade e, 59 parvovírus B19 na, 61 penfigoide gestacional na, 424q, 427 prevenção da malária na, 1703 prolactinoma na, 2890 psoríase na, 398 quimioterapia do câncer na, 709-710 risco de ETV na, 987 rubéola na, 61, 148, 1606. Ver também Rubéola (sarampo alemão), congênita sífilis na, 1384,1387,1387q síndrome de Marfan na, 57 síndromes HELLP na, 2381 sopros cardíacos, el3-8 trombocitopenia na, 59 tuberculose na, 1356 TVP na, 57-58 vafarina na, 1000, 2176 varicela na, 1464 viagem durante, 1046 viagem para altitude elevada durante a, e51-5 vitamina A na, 602 Gravidez e, 1923 hipertensão pulmonar e, 1923 obstrução da via de saída do VD na, 1923 tratamento da, 1923 Gravidez ectópica dorna, l l l q dor pélvica na, 388 vs. apendicite, 2518 Gravidez Molar. Ver Doença trofoblástica gestacional Gravidez tubária. Ver Gravidez ectópica Gray (unidade de radiação), 691,1788, 3609q Grelina, 623 GRFomas (tumores de fator de liberação do hormônio do crescimento), 3057q, 3068 Gripe de verão, 1595 Griseofulvina efeitos adversos da, 401 para dermatofitose, 401,402q para micose, 1639 para tinha, 408q GRO-ot/MGSA, 2662q
Grupo HACEK, 1233 infecções pelo grupo HACEK, 162, 1233. Ver também Endocardite infecciosa, grupo HACEK Grupo respiratório dorsal, 2182 Grupo respiratório parafacial, 2182 Grupo sanguíneo de McLeod, el7-5f Grupos étnicos. Ver também Disparidades raciais/étnicas na assistência médica respostas a fármacos nos, base genética, 41 valores da circunferência da cintura nos, 63 lq Guanetidina, efeitos adversos da, 293q, 376q Guanfacina para hipertensão, 2055q Guanina, 488 Guia de alimentos, 592
H
manifestações clínicas do, 724q retiniano, carcinoma de células renais e, 793 Hemangioma senil, 39lq Hemangiomatose capilar pulmonar, 2078q, 2080 Hemangiopericitoma, 827q Hemartrose, 460, 975, 2853 Hematêmese, 302,320. Ver também Sangramento gastrintestinal Hematócrito alterações relacionadas com a idade, 450q elevado, 450, 456, 462 na anemia, 453q na gravidez, 450q normal, 448, 450q, 3586q Hematoma epidural, 3379, 3379f, e44-32f espinal, 3370-3371 muscular, 461 na hemofilia, 975 subdural, 3379-3380, 3379f, 3380f, e44-34f Hematoma epidural espinal, 3370-3371 fraqueza no, 185 manifestações clínicas do, 3379 neuroimagem no, 3379f, e44-32f tratamento do, 3379 Hematoma epidural espinal, 3370-3371 Hematoma subdural agudo, 3379, 3379f coma no, 2248 crônico, 3379-3380, 3380f exame de imagem no, 2248f fraqueza no, 184 neuroimagem no, e44-34f Hematoma subungueal, 724q Hematomielia, 3371 Hematopoiese, 448, 448f esfregaço de sangue periférico na, el7-5f extramedular, 468, 674, 674f Hematoporfirinas, na terapia fotodinâmica, 692 Hematoquezia, 320. Ver também Sangramento gastrintestinal Hematúria, 338, 339 abordagem ao paciente, 338f isolada, 339 macroscópica, 339 microscópica, 339 na doença glomerular, 2337 na doença renal policística, 2356 na hemofilia, 975 no câncer de bexiga, 791 nos distúrbios hemorrágicos, 461 Heme biossíntese do, 845, 3167,3169-3170, 3169q, 3171f características do, 445,852 Heme oxigenase, 324 Hemiacidrina, 2387 Hemianopsia, 227f bitemporal, 227 homônima, 227f, 228 Hemiatrofia, facial, 3363-3364 Hemiatrofia facial, 3363-3364 Hemibalismo, 218,3331 Hemicrania contínua, 124q, 127 Hemicrania paroxística, 113,123q, 124, 124q Hemüaminectomia, na doença de disco lombar, 139 Hemiparesia, 184 aguda ou episódica, 184 crônica, 184 oclusão da artéria cerebral e, 3242f subaguda, 184 Hemisferectomia, para epilepsia refratária, 3267
Hemisférios cerebrais, anatomia dos, 202f, 3284f, 3285f, 3286f Hemitransportador ABCG5/G8, 2616 Hemizigoto, 497 Hemobilia, 321,2625 Hemocomponentes, contaminação de bacteriana, 956-957 HIV, 954q, 956, 976-977, 1513-1514, 1584-1585 Infecciosa, 954q, 956-957 Malária, 1695 T. cruzi, 1717 vírus da hepatite, 954q, 956, 976-977 Yersinia, 1312 Hemocromatose, 3162 abordagem ao paciente, 3166 arritmia ventricular na, 1896q artropatia na, 2852-2853, 3164 associada a HFE, 3162-3163, 3163f biópsia hepática na, e38-5f cirrose devido à, 2597 diagnóstico da, 2524q, 3165-3166, 3165q,3166f,e38-5f fatores ambientais na, 499 fatores genéticos na, 3162-3163, 3163f, 3164f fisiopatologia da, 3163-3164, 3164f hereditária, 2603, 2603q, 3162, 3162q hipogonadismo e, 3018, 3165 infecção por V. vulnificus na, 1295 manifestações cárdicas da, 1871, 1963,1963f, 3165, e31-lq manifestações clínicas da, 3164-3165, 3165q manifestações cutâneas da, 413 no carcinoma hepatocelular, 778, 778q, e38-5f no diabetes melito, 3164 no sexo feminino vs. masculino, 499 pré-cirrótica, 3162 precoce, 3162 prevalência da, 3162 prognóstico da, 3166 sobrecarga de ferro na, 3162 taxas de sobrevida, 3166 testes genéticos para, 519, 523, 524q tratamento da, 524q triagem para, 3166 valores do ferro na, 3165q Hemocromatose hereditária, 2603, 2603q, 3162, 3162q Hemocultura na endocardite infecciosa, 1056, 1060 na febre de origem obscura, 162 Hemocultura com lise-centrifugação, 162 Hemodiálise dermatose bolhosa da, 414q, 415 para acidose induzida por fármacos e toxinas, 367, el5-10 para alcalose metabólica, 371 para doença renal crônica acesso para, 2323-2324 complicações da, 2324-2325 componentes da, 2322-2323, 2323f dose de, 2324 metas da, 2324 princípios da, 2322 para hipercalcemia, 3111 q, 3113 de processos malignos, 828 para hipermagnesemia, 3092 para hiperpotassemia, 359 para hipertermia, 147 para intoxicação/overdose de fármacos, e50-8 para lesão renal aguda, 2307 para reaquecimento, 167,168q pericardite na, 1975
ÍNDICE
H\K*-ATPase, 2441 Habilidade para dirigir/privilégios distúrbios do sono e, 219 epilepsia e, 3269 Habilidades clínicas, 2-3 anmanese, 2 exame físico, 2-3 exames diagnósticos, 3 HACE. Ver Edema cerebral de altitude elevada (HACE) Haemophilus aphrophilus, 1233. Ver também Endocardite infecciosa, grupo HACEK Haemophilus ducreyi, 1230. Ver também Cancroide Haemophilus influenzae cepas não tipáveis, 1228,1228q identificação laboratorial do, 1229, e22-2f resistência a antibióticos, 1230 resposta do hospedeiro ao, 1228-1229 tipo b, 1228,1228q Haemophilus parainfluenzae, 265, 1233. Ver também Endocardite infecciosa, grupo HACEK Hálito hepático, 2523 Halitofobia, 275 Halitose, 275 na angina de Vincent, 264 na sinusite, 257 Halofantrina classe de gravidez da, 1677q efeitos adversos da, 1676q, 1700q farmacologia da, 1700q, e26-4 interações medicamentosas da, 1047, 1676q, 1679q para malária, 1700q Haloperidol efeitos adversos do, 144,144q, 3544q interações medicamentosas do, 46 overdose/intoxicação com, e50- lOq para delirium, 77, 77q, 579 para esquizofrenia, 3544q para náusea, 74 para náusea e vômitos, 709 Halotano efeitos adversos do, 144,2560q, 2563 Halzoun, 3579 Hamartina, 2360, 3390 Hamartoma colônico, 769q hipotalâmico, 2883 pulmonar, 753 Hamartomas hipotalâmicos, 2883 Hanseníase abscesso nervoso na, 1364 amiloidose na, 1364 complicações da, 229, 259, 1363-1364 comprometimento nasal na, 1364
comprometimento ocular na, 229, 1364 comprometimento renal na, 23542355 comprometimento testicular na, 1364 diagnóstico da, 1364 diagnóstico diferencial da, 1364 epidemiologia da, 1360,1360f estados de reação na, 1363,1363f, 1366 lepromatosa, 1009q, 1067,1361q, 1362,1 3 6 2 f,el6 -llf limítrofe, 1361q manifestações cutâneas da, 412,1067, 1361q, 1362f, 1363f, e l6 - llf multibacilar, 1365 neuropatia na, 1363-1364, 3460 otite externa na, 259 paucibacilar, 1365 período de encubação da, 1361 prevenção e controle da, 1366 transmissão da, 1360-1361 tratamento da, agentes antimicrobianos, 13641365,1365q esquemas, 1365-1366 reações ao, 1366 tuberculoide, 4 1 2 ,1361q, 1362,1362f Haploide, 486, 488 Haploinsuficiência, 497 Haplótipo, 489, 494f, 497 Haptocorrinas, 862 HAV. Ver Vírus da hepatite A (HAV) Hawkinsinúria, 3215q Haxixe, 3557 HAZMAT, 1779 HBeAg (antígeno do cerne da hepatite B), 2539-2540, 2539q HBeAg (antígeno e da hepatite B), 25392540, 2539q HBPM. Ver heparina de baixo peso molecular (HBPM) HBsAg (antígeno de superfície da hepatite B), 2538, 2539q, 2540 HBV. Ver Vírus da hepatite B (HBV) HBxAG (antígeno x da hepatite B), 2538f, 2540 HC (hemograma completo), 449-450, 450q hCG. Ver Gonadotropina coriônica humana (hCG) HCV (vírus da hepatite C), 2537f, 2539q, 2542-2543, 2543. Ver também Infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) HDF (hipertiroxinemia disalbuminêmica familiar), 2915, 2915q HDL. Ver Lipoproteína de alta densidade (HDL) HDV (vírus da hepatite D), 2537f, 2539q, 2542. Ver também Infecção pelo vírus da hepatite D (HDV) HeartMate IILVAS, 1918,1919f HeartMate XVE LVAD, 1918 Hefaestina, 845 HEID (hiperostose esquelética idiopática difusa), 2777 Helicasos semelhantes a RIG (RLH), 2653-2654, 2654q Helicobacter pylori, 1261-1262, 2442 Hemangioblastoma medula espinal, carcinoma de células renais e, 793 síndromes paraneoplásicas no, 830q Hemangioendotelioma, 784, 818 Hemangioendotelioma epitelioide, 784 Hemangioma cardíaco, 1980 do intestino delgado, 775 em cereja, 417q, 419, el6-4f hepático, 785
1-73
Hemofilia, 974 artropatia na, 2853 autossômica, 972. Ver também Doença de von Willebrand complicações da em pacientes idosos, 976-977 formação de inibidores, 976, na infecção pelo HCV, 975, 976977 na infecção pelo HIV, 975, 976977 diagnóstico da, 974q fatores genéticos na, 974-975, 074q manifestações clínicas da, 974-975 patogenia da, 974-975 portadores de, 977 sangramento na, 460 tratamento da, 974q terapia gênica para, 549 terapia não transfusional, 976 terapia transfusional, 975-976 Hemofilia A, 974. Ver também Hemofilia portadores de, 460,499 testes genéticos para, 524q tratamento da, 425q Hemofilia B, 974. Ver também Hemofilia testes genéticos para, 524q tratamento da, 524q Hemoglobina alterações da, relacionadas com a idade, 450q baixa afinidade, 857 biologia do desenvolvimento da, 852853 biossíntese de, 853 capacidade de transporte do oxigênio, 2222q conteúdo de ferro da, 844q de alta afinidade, 857 distúrbios da. Ver Hemoglobinopatia eletroforese da, 854,855q elevada, 456 estrutura da, 852, 852f funções da, 852 genética da, 853 interação heme-heme, 852 na anemia microcítica, 848q na gravidez, 450q no metabolismo do ferro, 844-845, 844f normal, 448, 3586-3587q reduzida, na cianose, 288 Hemoglobina A, 852, 854 Hemoglobina Alc metas no diabetes, 2989, 2990q, 2992 metas no idoso, 582 Hemoglobina A2, 852 Hemoglobina C, 855, 857q Hemoglobina Constant Spring, 854q Hemoglobina corpuscular média, 449, 450q Hemoglobina E, 857q, 860 Hemoglobina fetal biologia de desenvolvimento da, 852, 854 manipulação da, para hemoglobinopatia, 861 persistência hereditária da, 853,854q, 860 Hemoglobina H, 854q Hemoglobina Kansas, 857,857q Hemoglobina Kõln, 857q Hemoglobina Lepore, 854q, 860 Hemoglobina M. Iwata, 857q Hemoglobina S, 857q. Ver também Anemia falciforme Hemoglobina Yakima, 857,857q Hemoglobinemia, coloração do plasma na, e l7 -l lf
Hemoglobinopatia, 853 adquirida, 853, 854q, 860 a-globina, 854 artropatias associadas à, 2853-2854, 2854q p-globina, 864 classificação da, 853 com hemoglobina com afinidade alterada pelo oxigênio, 857, 857q, 858 com hemoglobinas instáveis, 854q, 857, 857q, 858 considerações globais, 853 crise aplásica na, 861 detecção e caracterização da, 854, 858 epidemiologia da, 853-854 estrutural, 854, 854q, 855q. Ver também Anemia falciforme fatores genéticos na, 854 índices eritrocitários na, 455 na gravidez, 59 TCTH para, 962 Hemoglobinúria de marcha, 881, 883q paroxística a frio, 882,883q paroxística noturna. Ver Hemoglobinúria paroxística noturna Hemoglobinúria de marcha, 881,883q Hemoglobinúria paroxística a frio, 882, 883q Hemoglobinúria paroxística noturna, 883 anemia aplásica na, 889 anemia na, 455 diagnóstico da, 883f, 883q, 884 fisiopatologia da, 884, 885f história natural da, 883 icterícia na, 326 manifestações clínicas da, 883,883q pancitopenia na, 884 tratamento da, 884, 886f trombose na, 426q Hemograma completo (HC), 449-450, 450q Hemólise aguda imunologicamente mediada, 954 compensada, 874 hiperbilirrubinemias e, 2532 intravascular, 881, 883q Hemolisinas, 1019 Hemoptise, 284 avaliação da, 285-286, 286f broncoscopia na, 286 etiologia da, 284-285 exame físico na, 285 fibrose cística, 2150 maciça, 285 na doença respiratória, 2085 na tuberculose, 1345 no câncer, 742, 742q, 2272-2273 tratamento da, 286 Hemorragia anemia da, 885-886 cerebral, 3377-3378, 3377f classificação da, 3294 espinal epidural, 3296 gastrintestinal. Ver Sangramento gastrintestinal hipovolemia na, 343 intracraniana. Ver Hemorragia intracraniana intraparenquimatosa, 3294-3298 intraventricular primária, 3296 lobar, 3295-3296 Hemorragia alveolar difusa, 284 Hemorragia cerebral, 3377-3378, 3377f Hemorragia cerebral, hipertemia e, 144q Hemorragia do vítreo, 233 Hemorragia espinal epidural, 3296
Hemorragia gastrintestinal. Ver Sangramento gastrintestinal Hemorragia intracraniana, 3294 afasia na, 204 avaliação laboratorial/exame de imagem da, 3297 cefaleia na, 113 intraparenquimatosa, 3294-3298 lobar, 3295-3296 prevenção da, 3298 prognóstico da, 3297q resultados clínicos da, 3297q tratamento da, 3294, 3297-3298, 3297q Hemorragia intraparenquimatosa, 3294-3298 fisiopatologia da, 3294-3295 manifestações clínicas da, 3295, 3296f Hemorragia intraventricular primária, 3296 Hemorragia lobar, 3295-3296 Hemorragia retroperitoneal, 136,975 Hemorragia subaracnoidea aneurismas saculares na, 2262 avaliação laboratorial da, 2263-2264 cefaleia na, 112q, 113, 2262 déficits neurológicos tardios após, 2263 ECG na, 1838,1839f,2264 em altitudes elevadas, e51-4 etiologia da, 2261-2262 exame de fundo na, 2249-2250 exame de imagem na, 2264, 2264f fisiopatologia da, 2262 graduação da, 2262q hiponatremia na, 345, 2263 hipotermia na, 165 manifestações clínicas da, 2262-2263 na doença renal policística, 2354 no paciente em estado crítico, 2204, 2261 profilaxia da TVP após, 2265 tratamento da, 2264-2265 Hemorragia subconjuntival, 228 Hemorroidectomia, 2508, 2508q Hemossiderina, 397, 454, 3162 Hemossiderose, 860-861,3162 Hemossuco pancreático, 321 Hemostasia, 457 distúrbios da, 460, 460q, 463q endotélio na, 1799 formação de coágulo de fibrina, 458, 458f formação do tampão plaquetário, 457 mecanismos antitrombóticos, 458459,459f sistema fibrinolítico na, 458f, 459460 testes de 973, 974f Hemotórax, 2180 Heparanos proteoglicanos, 458 Heparina, 992 ação da, 992-993, 993f anormalidades dos testes da coagulação e, 463q, 464 dose de, 994 efeitos adversos da alopecia, 407 elevação da transaminase, 995 necrose cutânea, 434 osteoporose, 995 sangramento, 994 trombocitopenia. Ver Trombocitopenia induzida por heparina em fórmulas parenterais, 618 farmacologia da, 993, 994q interações medicamentosas da, 47 limitações da, 994, 994q monitoração do tratamento com, 993-994, 3585q
na ICP, 2035 para coagulação intravascular disseminada, 980 para infarto do miocárdio AI/IMSEST, 2019, 2019q IMEST, 2030 para necrose por varfarina, 434 para oclusão arterial aguda, 2070 para profilaxia de TEV, 2177q para síndrome do anticorpo antifosfolipídio, 2737 para tromboflebite, 832 para TVP/EP. 57-58, 2175, 2175q vs. heparina de baixo peso molecular, 995q. Ver também Heparina de baixo peso molecular (HBPM) Heparina de baixo peso molecular (HBPM), 995 ação da, 993f, 995-996 avaliação da, 464 dosagem da, 996 efeitos adversos da, 996 farmacologia da, 996 monitoração do tratamento com, 996 para infarto do miocárdio, 2030 para profilaxia da TEV, 2177q para tratamento da TVP/EP, 57-58, 2175, 2175q para tromboflebite, 832 trombocitopenia induzida por. Ver Trombocitopenia induzida por heparina vs. fondaparinux, 996q vs. heparina, 995q Heparina não fracionada. Ver Heparina Hepatite alcoólica, 327, 2590-2591, 2590q anemia aplásica e, 889 associada a niacina, 598 autoimune, 327, 2585 avaliação laboratorial da, 2586 biópsia hepática da, e38-2f a e383f cirrose devido à, 2594-2595 diagnóstico da, 2524q, 2587 diagnóstico diferencial da, 2587 fator reumatoide na, 2586 hipergamaglobulinemia na, 2586 imunopatogenia da, 2585-2587 manifestações clínicas da, 2586 taxas de sobrevida, 2585 tipo I, 2586 tipo II, 2586 tipo III, 2586-2587 tratamento da, 2587-2588 biópsia hepática da, e38-lf, e38-6f colestática fibrosante, 329, 2544, 2613 crônica, 2553, 2567. Ver também Infecção pelo vírus da hepatite B (HBV), crônica; Infecção pelo vírus da hepatite C (HCV), crônica avaliação laboratorial da, 2567q classificação da, 2567, 2567q, 2568q estadiamento da, 2567, 2568q graduação da, 2567, 2568q manifestações clínicas da, 2567q diarréia na, 310 distúrbios da coagulação na, 980-981 dor abdominal na, 11 lq em receptor de transplante, 1130 exame físico na, 327 fulminante, 2552,2554 granulomatosa, 160,16üq HSV, 1458 icterícia na, 327 induzida por fármacos, 2558 amiodarona, 2564 antirretrovirais, 2566 contraceptivos orais, 2560,2560q, 2565 eritromicina, 2565
esteroides anabólicos 17a-alquil, substituídos, 2565 fenitoína, 2564 fitoterápicos, 2566 halotano, 2560q, 2563 inibidores da HMG-CoA redutase, 2565 isoniazida, 2560q, 2564 manifestações clínicas da, 2558, 2560q metildopa, 2563-2564 metodologias de avaliação de causalidade na, 2560-2561 na tuberculose, 1354 paracetamol, 2560q, 2561-2563, 2563f sulfametoxazol-trimetoprim, 2565 tratamento da, 2561 valproato de sódio, 2564 interface, 2545, 2567, 2587 marcadores tumorais na, 652q mediadores inflamatórios na, 2682q neuropatia na, 3461 radiação, 783 viral aguda, 2537. Ver também vírus específicos características globais da, 25452549,2546q complicações e seqüelas da, 25522553 diagnóstico da, 328, 2549-2552, 2550q,2551q diagnóstico diferencial da, 2553 epidemiologia da, 2545-2549 etiologia da 2545-2549 fatores de risco para, 2522 fulminante, 2552 icterícia na, 327-328, 2549 infecção pelo HIV e, 1552 manifestações clínicas da, 2539q, 2546q, 2549 manifestações extra-hepáticas da, 2545 patologia da, 2545 profilaxia para, 2554-2557 prognóstico da, 2552 tratamento da, 2554 vs. hepatite autoimune, 2587 Hepatite autoimune, 2585. Ver também Hepatite, autoimune Hepatite de interface, 2545,2567, 2587 Hepatite viral. Ver Hepatite Hepatócitos, 2520, 2528-2529, 2530q Hepatomegalia aumento abdominal com, 330 na doença hepática, 2523 na insuficiência cardíaca, 1905 no carcinoma hepatocelular, 779 nos distúrbios de depósito de glicogênio, 3199q, 3200-3201 Hepcidina, 455, 849 Hepsina, 2286 Hera venenosa, 396 Herança materna, el8-2, e 18-f. Ver também Doenças do DNA mitocondrial; distúrbios ligados ao X Herança multifatorial, 519 Hermafroditismo, 3051 Hermafroditismo verdadeiro, 3051 Hérnia de hiato, 2428-2429 deslizante, 2428, 2429f reflexo gastroesofágico e, 304 tipos de, 2428 Hérnia diafragmática, 2221 Hérnia inguinal, 11 lq Hérnia paraesofágica, 2428-2429 Hérnia(s). Ver também tipos específicos de hiato. Ver Hérnia de hiato na síndrome de Ehlers-Danlos, 3209 paraesofágica, 2428-2429 Herniação, cerebral, 2248, 2248f Herniação transfalcial, 2248, 2248f
Herniação transtentorial, 2248 Herniação transtentorial central, 2248, 2248f Herniação transtentorial uncal, 2248, 2248f HERNS (endoteliopatia, retinopatia, nefropatia hereditárias e acidente vascular encefálico), 3279 Heroína efeitos adversos da, 226, 3508, 3508q efeitos sistêmicos da, 3554 Herpangina, 263, 270q, 1596,1597f Herpes do gladiador, 1064,1457 Herpes gestacional (penfigoide gestacional), 424q, 427 Herpes labial, 270q, 392f, 1064,1448, 1450 Herpes simples, 264 Herpesvírus. Ver também vírus específicos estrutura dos, 1432, 1432f expressão gênica e regulação nos, 1435 funções das proteínas nos, 1437 inibição da defesa do hospedeiro pelos, 1439 microRNA nos, 1437 montagem e saída do vírus, 1436 Herpesvírus humano-6 (HHV-6), 1014q, 1475 Herpesvírus simples (HSV) estrutura do, 1432f, 1453 expressão gênica e regulação no, 1435 genoma do, 1453 identificação laboratorial do, 1440, 1459 interações ligante-receptor do, 1013, 1014q, 1453 mecanismos de reativação do, 1453 para administração de terapia gênica, 548q resposta do hospedeiro ao, 1454-1455 Herpes-zóster diagnóstico diferencial do, 1465 em receptor de transplante, 1122q, 1123, 1123q, 1128,1464-1465 epidemiologia do, 1464 manifestações clínicas do, 391q, 1464 dor abdominal, 110 dor no pescoço, 140 dor torácica, 102q, 103q, 104 manifestações cutâneas, 1064, 1464,1464f, e7-8f, el6-8f manifestações orais, 270q, 274 neuralgia pós-herpética, 274, 1464, 1465-1466, 3458q, 3461 neuropatia, 3461 na infecção pelo HIV, 1464,1464f, 1557-1558 patogenia do, 96, 1463 prevenção do, 713q, 1132,1466, 1545q tratamento do, 1070q, 1445q, 1448, 1450,1465 Herpes-zóster oftálmico, 2 2 9 ,1445q, 1464 Heterogeneidade de locus, 498,498q, 521 Heterogeneidade fenotípica, 497-498, 498q Heterogeneidade não alélica, 498 Heterophyes heterophyes, 1757q, 1758, e25-2q Heteroplasmia, el803, el8-3f, el8-4 Heterotropia, 226 Heterozigoto, 497 Heterozigoto composto, 497 Heurística, 20-21 Heurística de ancoragem, 20 Heurística representativa, 20 HEV (vírus da hepatite E), 2537f, 2539q, 2543
Hexacarbonos, neuropatias devido a, 3465q, 3466 Hexoses, distúrbios genéticos das, 322 lq HHS. Ver Homens homossexuais (HHS) Hialuronanos, para osteoartrite, 2835q, 2836 Hialuronato liase 1152f Hiato osmolar, 367 Hibridização in situ por fluorescência (FISH) análise de interfase, 510-512 aplicações da, 510-512, 51 lf em testes genéticos, 521 fibra, 512 hibridização genômica comparativa, 512 multicolorida, 51 lf para análises mutações, 507 para detecção de mutações, 508q tipos de “pinturas” específicas de cromossomos, 510 sondas de cópia única, 510 sondas repetitivas, 510 hic (inibidor H pneumocócico), 1151 Hidradenite, neutrofílica écrina, 420 Hidradenite supurativa, 1336 Hidralazina efeitos adversos da, 44, 293q, 2057 metabolismo da, 36q para emergências hipertensivas, 2058q para hipertensão, 2055q, 2057 para pré-eclâmpsia, 56 variações genéticas na resposta à, 42q Hidralazina/dinitrato de isossorbida, para insuficiência cardíaca, 1908q, 1910 Hidratantes, para dermatite atópica, 395 Hidrato de cloral, overdose/intoxicação com, e50-12q Hidrocarbonetos policíclicos, 656q, 816 Hidrocefalia após hemorragia subaracnoidea, 2263 coma na, 2252 diabetes insípido adípsico na, 349 distúrbios da marcha na, 192q, 193 distúrbios do equilíbrio na, 195 fraqueza na, 185 obstrutiva, comprometimento ocular na, 225, 240 na cisticercose, 1760-1761,1760f, 1762 pressão normal, demência devido a, 3312-3313, 3313f Hidrocefalia com pressão normal, 33123313, 3313f Hidrocele, na filariose linfática, 1746, 1746f Hidroclorotiazida efeitos adversos da, 967q para hipertensão, 2054, 2055q para insuficiência cardíaca, 1908q Hidrocodona, para dispnéia, 75q Hidrocortisona para choque hipoadrenal, 2222 para choque séptico, 2230 para deficiência de ACTH, 2897 para hipercalcemia, 361 para HSRC, 2960, 3054 Hidrofobia, na raiva, 1613,1613q, 3424 Hidroides, 3571 Hidromorfona para dispnéia, 75q para dor, 98q Hidronefrose, 2396 Hidropsia, colecistite e, 2622 Hidropsia endolinfática, Ver Doença de Ménière
Hidropsia fetal anticorpos IgG na, 951 diagnóstico da, 1480q manifestações clínicas da, 859,1479 níveis de hemoglobina na, 859,859q Hidrotórax, 290, 333,2179 Hidrotórax hepático, 333 Hidroureter, 2396 P-Hidroxibutirato, 366 Hidroxicinureninúria, 3215q Hidroxicloroquina efeitos adversos da, 2732q comuns, 2748q cutâneos, 413,435 graves, 2748q miopatia, 3508q, 3509 neuropatia, 3462, 3464q ocular, 236 monitoração durante o tratamento com, 2748q overdose/intoxicação com, e50-15q para artrite reumatoide, 2747,2748q para febre Q, 1416 para hipercalcemia, 361 para LES, 2732q para porfiria cutânea tardia, 446 para profilaxia da malária, 1704q para sarcoidose, 2812, 2813q Hidróxido de alumínio, 2447 Hidróxido de magnésio efeitos adversos do, 2447 para constipação, 74q para doença ulcerosa péptica, 2447 1 l(}-Hidroxiesteroide desidrogenase-2, 829, el5-8, el5-8f 1lfi-Hidroxilase, 496 7oc-Hidroxilase, 2462 17-Hidroxiprogesterona, para HSRC, 2960 Hidroxiureia ação da, 691,703,853 dose de, 698q efeitos adversos da, 433, 437, 698q, 871 para anemia falciforme, 857 para LMC, 918 para síndrome hipereosinofllica, 481 Hidroxizina para angioedema, 2713 para intoxicação por ciguatera, 3574 para líquen simples crônico, 396 para urticária, 2713 Hidroxocobalamina (vitamina Bl2A) como antídoto do cianeto, 1787 para deficiência de cobalamina, 871 HIDS (hiperimunoglobulinemia D com síndrome de febre periódica), 2815q, 2816 H IF -la, 682, 684 Flifas, 1637 Higiene das mãos efeitos sobre a microbiota, 530 no programa de controle de infecções, 1114,1117 Higiene do sono, 78, 216 Higroma cístico, 513 Hímen, imperfurado, 385 Hiosciamina overdose/intoxicação com, e50-9q a e50-10q HIPAA (Health Insurance Portability and Accountability Act), e5-l Hipalgesia, 186 Hiperaldosteronismo acidose metabólica, 369 diagnóstico de, 354, 204 familiar, 353 fatores genéticos no, 354 fraqueza no, 3507 hiperreninêmico, secundário, 370 hipertensão no, 2045, 2048q, 20492050
ÍNDICE 1-76
hipopotassemia no, 353 idiopático, 353 primário, 353, 354, 2045, 2049-2050 remediável por glicocorticoides, 496, 2050, 205lq secundário, 353, 1990, 2045 Hiperalfalipoproteinemia, familiar, 3154-3155 Hiperalgesia, 94,186 Hiperamilasemia, 2632q Hiperamilasúria, 2632q Hiperamonemia, 3216q Hiperandrogenismo, ovariano, 383 Hiperapobetalipoproteinemia, 3153 Hiperbilirrubinemia, 2531 abordagem ao paciente, 325-329, 325f conjugada, 326 defeitos familiares na função excretora hepática, 2535-2536, 2536q distúrbios do metabolismo da bilirrubina, 2535 na colestase intra-hepática familiar progressiva, 2536q, 2537 na colestase intra-hepática recorrente benigna, 2536-2537, 2536q na sepse/choque séptico, 2228 na síndrome de Dubin-Johnson, 2535-2536,2536q na síndrome de Rotor, 2536, 2536q eritropoiese ineficaz e, 2532-2533 fisiopatologia da, 324 na doença hepática alcoólica, 2590 na pancreatite, 2637 não conjugada, 326 defeitos hereditários na, 25332535, 2533q distúrbios do metabolismo da bilirrubina e, 2532 na depuração hepática diminuída de bilirrubina, 2533 na produção aumentada de bilirrubina, 2532-2533 na síndrome de Crigler-Najjar, 2533q, 2534 na síndrome de Gilbert, 2533q, 2534-2535 Hipercalcemia, 360,3099 intoxicação por alumínio e, 3110 assintomática, 3110 associada a renovação óssea, 31083109 crônica, 2374, 3110,31 lOf na doença renal crônica, 3109-3110 classificação da, 3112q manifestações clínicas da, 361,30993100 diagnóstico da, 361, 3099, 3110-3111, 31 lOf diagnóstico diferencial da, 3099, 3110-3111,3110f ECG na, 1838, 1839f, e28-13f, e2814f etiologia da, 360, 360q, 3099, 3099q, 3106,3112 familiar benigna, 3106 hipocalciúrica familiar, 360,3106 hipertensão na, 2048q hipertireiodismo e, 3108 imobilização e, 3108-3109 parecer neurológico do paciente internado, e47-4 após transplante renal, 2333 lítio e, 3106 associada a neoplasia maligna, 826, 827q, 3099q, 3107-3108 diagnóstico da, 828,3107 etiologia da, 826-827 manifestações clínicas da, 827
mecanismos da, 3107 síndromes clínicas relacionadas com, 3107 tratamento da, 828,3108 na doença óssea metastática, 820 na síndrome de leite-álcali e, 3110 no mieloma múltiplo, 938, 938q diabetes insípido nefrogênico na, 350 doença de Paget do osso, 3138 com nutrição parenteral, 619q hiperparatireoidismo primário e, 3099q, 3100-3106. Ver também Hiperparatireoidismo, primário efeitos renais da, 2374 na sarcoidose, 3108 tiazidas e, 3109 tratamento da, 361, 3100, 3111-3113, 311 lq aumento do aporte de sal, 311 lq, 3112 diálise, 3111 q, 3113 diurese, 311 lq, 3112 glicocorticoides, 3111 q, 3113 hidratação, 3111, 3111q nitrato de gálio, 3112 plicamicina, 3112 terapia com fosfato, 3111 q, 3113 intoxicação pela vitamina A e, 3109 relacionada com vitamina D, 3108 Hipercalcemia humoral de neoplasia maligna, 3107 Hipercalcemia idiopática da lactância, 3108 Hipercalciúria, 339 hipocalcêmica, 3115 na doença de Paget do osso, 3138 nefrolitíase, 2383q, 2385 tratamento da, 2383q, 2385 Hipercapnia, 363 alcalose metabólica após, 370 na acidose respiratória, 372 permissiva, 371-372, 2211 Hipercarbia delirium na, 199 Hipercarotenemia, 638 Hipercifose, 131 Hipercolesterolemia. Ver Distúrbios das lipoproteínas Hipercolesterolemia familiar, 31483150, e41-4f Hipercolesterolemia poligênica, 3150 Hiperdespertar, 216 Hiperêmese gravídica manifestações clínicas da, 302,2930 suporte nutricional especializado para, 614, 615 vs. hipertireoidismo na gravidez, 60, 2930 Hiperemia reativa, 2071 Hiperesplenismo, 469,2599 Hiperestesia, 186 Hiperexpressão de BAALC, 907, 907q Hiperexpressão de c-Src no câncer pancreático, 786 Hiperexpressão de ERG, 907, 907q Hiperexpressão de EV1, 907,907q Hiperexpressão de Her2/neu, resposta a fármacos e, 42q Hiperexpressão de M N 1,907, 952q Hiperfenilalaninemias, 3215q, 3217 Hiperfiltração, glomerular, 2289-2290, 2290f Hiperfosfatemia, 3088 aguda, 3119 com nutrição parenteral, 619q etiologia da, 3088-3089, 3089q hipocalcemia e, 3119 manifestações clínicas da, 3089 na doença renal crônica, 2313,3116 na lesão renal aguda, 2303 na síndrome de lise tumoral, 2274 tratamento da, 3089
Hipergamaglobulinemia, 2586 Hipergastrinemia, na SZE, 2455 Hiperglicemia com nutrição parenteral, 618-619 com suporte nutricional especializado, 616 hipernatremia na, 350 hiponatremia na, 348 miopia na, 224 na cetoacidose diabética. Ver Cetoacidose diabética na pancreatite, 2637 na sepse/choque séptico, 2228 na síndrome de resposta inflamatória sistêmica, 616 perioperatória, 66 Hiperglobulinemia, na síndrome de Sjõgren, el5-6 Hiper-hidroxiprolinemia, 3215q H iper-homocisteinemia aterosclerose e, 1990 manifestações cardíacas da, e31-lq, e31-2 risco de trombose venosa na, 987 tratamento da, 3219 trombose na, 462q Hiper-homocistinúrias, 3218 Hiperidrose, primária, 3358 Hiperimunoglobulinemia D com síndrome de febre periódica (HIDS), 2815q, 2816 Hiperinsuflação, 277 Hiperinsulinemia com nutrição parenteral, 618-619 hipoglicemia na, 322lq no hirsutismo, 381 obesidade e, 628 Hiperinsulinismo, endógeno, 3003q, 3007-3008 Hiperlipidemia. Ver Distúrbios das lipoproteínas Hiperlipoproteinemia. Ver Distúrbios das lipoproteínas Hiperlisinemia, 3216q Hiperlordose, 131 Hipermagnesemia, 3091 achados laboratoriais na, 3091 bloqueio de condução AV na, 1871q etologia da, 3091, 3091q manifestações clínicas da, 3091 parecer neurológico no paciente hospitalizado, e47-4 tratamento da, 3092 Hipermetioninemia, 3216q Hipernatremia, 349 adipsíca, 2907-2908, 2907f com nutrição parenteral, 619q déficit de água livre na, el5-4 diagnóstico da, 349f, 350 etiologia da, 349-350, el5-3 a el5-4 manifestações clínicas da, 350 parecer neurológico no paciente hospitalizado, e47-3 tratamento da, 348q, 350-351 Hipernatremia adípsica, 2907 diagnóstico diferencial da, 2908 etiologia da, 2907 fisiopatologia da, 2907-2908, 2907f manifestações clínicas da, 2907 tratamento da, 2908 Hiperopia, 224 Hiperornitinemia, 3216q Hiperostose cortical generalizada, 3140-3141 Hiperostose esquelética idiopática difusa (HEID), 2777 Hiperoxalúria, 2383q, 2385-2386, 2472, 3215q Hiperoxalúria entérica, 2472 Hiperparatireoidismo anemia no, 850 assintomático, 3100-3102
delirium no, 199q fraqueza muscular no, 3506-3507 hereditário, 3100 osteíte fibrosa cística no, 3102 primário, 3100 adenomas secundários, 3100 deficiência de magnésio no, 3105 diagnóstico do, 3103, 3103q, 3104f, 31 lOf etiologia do, 3099, 3100 fatores genéticos no, 3101-3102, 3101f história natural do, 3100 manifestações clínicas do, 31023103 nas síndromes de NEM, 3072, 3076, 3078,3100 nefrolitíase no, 2383q, 2385 patologia do, 3100-3101 tratamento do, cirúrgico, 3103-3105, 3103q nas síndromes de NEM, 3075, 3078 secundário etiologia do, 362q hipocalcemia e, 362q manifestações clínicas do, 3109 na doença renal crônica, 2292, 2313-2314,3109-3110 níveis de PTH, patogenia do, 3109 tratamento do, 3109-3110 terciário, 3109-3110 triagem e avaliação do, 2875q Hiperpatia, 96,186 Hiperpigmentação, 412 difusa, 413 etiologia da, 412q induzida por fármacos, 413,433 Hiperpirexia, 143,147 Hiperplasia, no envelhecimento, 564q, 565 Hiperplasia do linfonodo gigante. Ver Doença de Castleman Hiperplasia eritroide, 453,454f, 845, 858 Hiperplasia gengival, 268 Hiperplasia linfoide atípica, 935 cutânea (pseudolinfoma), 406,417q, 419 Hiperplasia linfoide cutânea (pseudolinfoma), 406, 417q, 419 Hiperplasia nodular focal, do fígado, 785 Hiperplasia sebácea, 418 Hiperplasia suprarrenal, 2050 hipopotassemia na, 353 macronodular, 827q primária, 353 Hiperplasia suprarrenal congênita (HSRC), 2959 androgênios e, 3053-3054, 3054q associação do gene HLA à, 2693q etiologia da, 2959-2960, 3053 exame de imagem na, 2960, 2961f fatores genéticos na, 496, 499,2959, 2960q, 3053, 3054q hipopotassemia na, 353 hirsutismo na, 380, 383 manifestações clínicas, 499,2960, 3053-3054 masculina, 3015 tratamento da, 384, 2960, 3054-3055 variantes de, 2959, 2960q Hiperplasia suprarrenal lipoide congênita (HSRLC), 2955q Hiperpotassemia, 355 acidose metabólica na, el5-2 a cl5-3 bloqueio de condução AV na, 1871q com nutrição parenteral, 619q diagnóstico da, 357-358, 358f ECG na, 357, 1838, I838f etiologia da, 351, 355-357, 356q
induzida por fármacos, 356q, 357, el5-2 manifestações clínicas da, 357 na infecção pelo HIV, 356q, 357 na lesão renal aguda, 2303 na síndrome de lise tumoral, 2274 parecer neurológico no paciente hospitalizado, e47-4 relacionada com transfusão, 956 tratamento da, 358-359, el5-3 Hiperprolactinemia, 2887-2888, 2887q cocaína e, 3557 diagnóstico de, 377, 2888 disfunção erétil na, 375 etiologia da, 2887-2888, 2887q exames laboratoriais da, 2888 galactorreia e, 2887q, 2888 hipogonadismo hipogonadotrópico e, 3018 hirsutismo na, 381 manifestações clínicas da, 2888 tratamento da, 2888 triagem e avaliação da, 2875q Hiperprolinemia, 3215q Hiperresponsividade das vias respiratórias na asma, 2104 na DPOC, 2152 Hipersensibilidade de rebote, 111 Hipersensibilidade do seio carótico bloqueio de condução AV na, 1871q disfunção do nó SA na, 1868q, 1870 marca-passo para, 1875 Hipertensão, 2042 abordagem ao paciente, 2053-2054 acidente vascular encefálico e, 2046, 2059 anamnese na, 2053,2053q apneia do sono e, 2051 aporte de sódio e, 2042 após transplante renal, 2333 arterial pulmonar. Ver Hipertensão arterial pulmonar (HAP) aterosclerose e, 1987,1989 avaliação laboratorial da, 2053-2054, 2053q bulhas cardíacas na, 2053 cardiopatia isquêmica e, 2008 causas secundárias de, 2048q cefaleia na, 2053 claudicação intermitente e, 2047 conseqüências patológicas da, 20462047 definição da, 2047, 2047q dependente de renina, 2044-2045 diagnóstico de, 2053-2054, 2053q dieta e, 592 diferenças raciais nas complicações da, 2042 disfunção erétil e, 375 dispnéia na, 279 distúrbios clínicos da, 2047 do jaleco branco, 2047 doença arterial periférica e, 20462047 doença cardiovascular e, 1816 doença renal crônica e nefrosclerose, 2351-2352, 2378,el4-8f doença parenquimatosa renal, 2048-2049 exame físico, 2053 hipertensão renovascular, 2048 progressão da, 2315 sistema renina-angiotensinaaldosterona na, 2044-2045 em mulheres, 50q, 53 encefalopatia da, 2058q, 2059 encefalopatia na, 2046 epidemiologia da, 2042 essencial, 56, 2047-2048 exame físico na, 2053 fatores de risco para, 2042
fatores genéticos na, 2042-2043, 205 lq função cognitiva e, 2046 hipertrofia ventricular esquerda e, 2046 hipopotassemia e, 354, 2049-2050, el5-8 induzida por fármacos, 2048q insuficiência cardíaca e, 1901, 2046, 2057. Ver também Insuficiência cardíaca (IC) intraglomerular, 2292, 2293 maligna. Ver Hipertensão maligna manifestações clínicas da, 335q mecanismos da, 2043-2046 sistema nervoso autônomo, 20432044 sistema renina-angiotensinaaldosterona, 2044-2045, 2044f vascular, 2045-2046 volume intravascular, 2043 mediada por mineralocorticoides, 2045, el5-8 monogênica, 2051q, 2052, 2052f mortes por, de acordo com o sexo, 50q na acromegalia, 2052 na coarctação da aorta, 2051-2052 na doença da tireoide, 2052 na gravidez, 55-56, 205lq, 2052 na síndrome de Cushing, 2050 na síndrome metabólica, 1989,1995, 1997, 2048 no aldosteronismo, 2045, 2049-2050 no diabetes melito, 2983, 2986-2987 no feocromocitoma, 2044, 2050-2051 no paraganglioma, 2051 obesidade e, 628,2042 paraneoplásica, 827q portal. Ver Hipertensão portal pós-operatória, 2058q resistente, 2058 retinopatia na, 231, 231f, 2053 sistólica com pressão de pulso larga, 2047, 2047q sistólica isolada, 2047, 2047q supina, 174 tratamento da, antagonistas da aldosterona, 2055q, 2056 beta-bloqueadores, 2055q, 2056 bloqueadores alfa, 2055q, 2056 bloqueadores dos canais de cálcio, 205 5q, 2056 bloqueadores dos receptores de angiotensina, 2055q, 2056, 2057 comparações de antihipertensivos, 2057 diuréticos, 2054-2055, 2055q, 2057 inibidores da enzima conversora de angiotensina, 2055q, 2056, 2057 metas de pressão arterial na, 20572058 modificações do estilo de vida, 2054, 2054q na doença renal crônica, 2315 simpaticolíticos, 2055q, 2056 vasodilatadores, 2055q, 2056-2057 viagem em altitude elevada e, e51-5 Hipertensão arterial pulmonar (HAP) condições associadas à, 2078q, 2080 familiar, 2077, el9-3 hipertensão portal e, 2080 história natural da, 2078 idiopática (primária), 2077-2078, 2078q na doença vascular do colágeno, 2080 na esclerose sistêmica, 2765,2768 na infecção pelo HIV, 1549 no shunt sistêmico-pulmonar, 2080
patobiologia da, 2077, 2078f radiografia de tórax na, e35-16f tratamento da, 2078-2080, 2079q antagonistas do receptor de endotelina, 2079 bloqueadores dos canais de cálcio, 2079 inibidores da fosfodiesterase-5, 2079 prostaciclinas, 2079 transplante de pulmão, 2079-2080, 2191q Hipertensão do jaleco branco, 1824, 2047 Hipertensão gestacional, 56 Hipertensão maligna considerações globais, 2378 efeitos cerebrais, 2046 efeitos renais, 2046, 2052 fisiopatologia da 2377-2378 tratamento da, 2058, 2058q, 2378 Hipertensão portal ascite na, 332 classificação da, 2598q definição da, 2597 diagnóstico da, 2598 etiologia da, 321 hipertensão pulmonar e, 2078q, 2080 manifestações clínicas da, 2598 na cirrose, 2597-2599, 2597q, 2598q neutropenia na, 477 no carcinoma hepatocelular, 779 tratamento da, 2598-2599, 2599f varizes esofágicas na, 2598 Hipertensão pulmonar, 2076 arterial. Ver Hipertensão arterial pulmonar bulhas cardíacas na, 1827q, 2076 cateterismo cardíaco na, 2077 cintigrafia pulmonar de perfusão, 2077 classificação clínica da, 2078q com doença pulmonar e hipoxemia, 2081 de altitude elevada, e51-6 diagnóstico da, 2076-2077, e28-l lf dispnéia na, 279,280 dor torácica na, 103q ECG na, 2077, e 2 8 -llf ecocardiografia na, 2077 etiologia da, 2076 fenômeno de Raynaud na, 2072 fisiopatologia da, 2076 induzida por anorexígenos, 2080 insuficiência tricúspide na, 2076 na alteração da respiração com o sono, 2081 na doença falciforme, 2082 na doença pulmonar intersticial, 2081 na doença pulmonar obstrutiva crônica, 2081 na esquistossomose, 2082 na gravidez, 57 na hemangiomatose capilar pulmonar, 2080 na hipoventilação alveolar, 2081 na infecção pelo HIV, 2082 na sarcoidose, 2081 primária, 524q provas de função pulmonar na, 2077 radiografia de tórax na, 2077 tromboembólica, 2081 venosa. Ver Hipertensão venosa pulmonar Hipertensão renovascular, 2044-2045, 2048-2049, 2048q, 2053 Hipertensão supina, 174 Hipertensão venosa manifestações cutâneas da, 420 telangectasias na, 409
Hipertensão venosa pulmonar, 2078q disfunção ventricular esquerda e, 2080 na doença da valva mitral, 2080 na doença veno-odusiva pulmonar, 2080-2081 Hipertermia, 143 abordagem ao paciente, 147 causas de, 144q delirium na, 199q diagnóstico da, 143-144 exame físico na, 147 febre vs., 143-144 habitual, 16 lq induzida por fármacos, 144,144q tratamento da, 147 Hipertermia maligna causas de, 144,144q fatores genéticos na, 44 manifestações clínicas da, 144 teste genético para, 525q tratamento da, 147, 525q Hipertireoidismo alopecia no, 407 associação do gene HLA ao, 2693q definição do, 2922 delirium no, 199,199q diarréia na, 314 edema no, 294 hipercalcemia e, 3108 hipertensão no, 2048q, 2052 hipopotassemia no, 351,352, el5-7 a el5-8 manifestações cardíacas do, e31-lq, e31-2 a e31-3 fibrilação atrial, 1881 insuficiência cardíaca, 1962 manifestações cutâneas do, 413,416 mixedema pré-tibial no, 2076 na doença trofoblástica gestacional, 815 na gravidez, 59 na infecção pelo HIV, 1554 paraneoplásico, 827q primário, 2922q secundário, 291 lq tireotoxicose sem, 2922q Hipertiroxinemia disalbuminêmica familiar, 2915, 2915q eutireoidea, 2915, 2915q Hipertiroxinemia disalbuminêmica familiar (HDF), 2915, 2915q Hipertiroxinemia eutireoidea, 2915, 2915q Hipertonicídade, 2287f Hipertricose, 381,434 Hipertrigliceridemia. Ver Distúrbios das lipoproteinas, com triglicerídios elevados Hipertrofia prostática benigna, 797, 804-805, 804q Hipertrofia renal, compensatória, 2289 Hipertrofia ventricular direita, ECG na, e28-8f Hipertrofia ventricular esquerda com isquemia do miocárdio, 1998 ECG na, 1834f, 1835, e28-15f hipertensão e, 2046, e28-15f na doença renal crônica, 2315 Hiperuricemia, 3182 avaliação da, 3184 complicações da, 3184 efeitos renais da, 2373-2374 etiologia da, 3182-3184, 3183f, 3183q na LMA, 909 na síndrome de lise tumoral, 2274 síndrome metabólica e, 1995,3184 sintomática, 3185 tratamento da, 3184-3185 Hiperuricosúria, 339, 2383q, 2385
Hiperventilação diagnóstico da, 2186 manifestações clínicas da, 2186 na alcalose respiratória, 372 na sepse/choque séptico, 2228 tratamento da, 2186 Hiperviscosidade fenômeno de Raynaud na, 2072 na policitemia, 456 Hipestesia, 186 Hipnose, 117, e2-2q Hipnozoítos, Plasmodium, 1688 Hipoalbuminemia, 292, 339, 343, 2529 Hipoaldosteronismo hiperpotassemia no, 357 hiponatremia no, 344 hiporreninêmico distúrbios do equilíbrio ácidobásico no, 369 etiologia do, 356q hiperpotassemia no, 357, el5-2 Hipoalfalipoproteinemia, 3154 Hipobetalipoproteinemia familiar, 3153 Hipocalcemia, 3113 anormalidades genéticas e, 3112q, 3114-3115 classificação da, 3112q, 3114 com nutrição parenteral, 619q crônica, 3113,3114 deficiência de vitamina D devido à, 3112q, 3116-3117 diagnóstico da, 362 diagnóstico diferencial da, 3119 distúrbios hereditários, 2284q, 2285 ECG na, 1838,1839f, e28-14f etiologia da, 361-362, 362q, 31133114 fisiopatologia da, 3113 hipercalciúrica, familiar, 524q hiperfosfatemia e, 3119 hipomagnesemia e, 3115-3116 hipoparatireoidismo e, 3112q, 3114-3116. Ver também Hipoparatireoidismo manifestações clínicas da, 362,1963, 3114 na doença renal crônica, 3112q, 3116 na lesão renal aguda, 2303 na pancreatite, 2637, 3113 na PHP, 3112q, 3117 padrões genéticos na, 3117-3118, 3118f parecer neurológico do paciente hospitalizado, e47-4 PTH ausente, 3112q, 3114-3116 PTH ineficaz, 3112q, 3116-3118, 3117q, 3118f PTH sobrepujado, 3U2q, 3118-3119 relacionada com transfusão, 956 transitória, 3113 tratamento da, 362,3119-3120 Hipocampo, na memória, e9-l a e9-2 Hipocapnia, 363, 372 Hipoceruloplasminemia, 3340q Hipocitratúria, 2386 Hipoclorito de sódio para exposição ao gás mostarda, 1783 para infecções cutâneas estafilocócias, 396 Hipocondria, 467 Hipocondríase, 3542 Hipocretina. Ver Orexina Hipocromia, 450, e l7 -l Hipoesplenismo, 471. Ver também Esplenectomia Hipoestesia, 186 Hipófise anatomia da, 2876-2877,2877f desenvolvimento da, 2876q, 2877 displasia, 2878 hormônios produzidos pela, 2876
insuficiência da. Ver Hipopituitarismo provas de função da, 288lq Hipofisectomia, para câncer de mama, 761q Hipofisite, 386, 2879 Hipofisite linfocítica, 2879 Hipofosfatasia, 268, 3136, 3141 Hipofosfatemia, 3086 achados laboratoriais na, 3087-3088 com nutrição parenteral, 619q crônica, 3086 em pacientes hospitalizados, 608 etiologia da, 3086-3087, 3087q hipopotassemia e, el5-7 manifestações clínicas da, 1963, 3087-3088 mecanismos da, 3086 na síndrome de realimentação, 639 osteomalacia e, 3094 tratamento da, 3088, 3089q Hipogamaglobulinemia bronquiectasia na, 2142,2142q diarréia infecciosa na, 1087 na LLC, 713, 714q no mieloma múltiplo, 714q, 722,938 no timoma, e20-2 reposição de imunoglobulina para, 722 variável comum, 310,314, lOlOq Hipogeusia. Ver Distúrbios do paladar Hipoglicemia, 3003 abordagem ao paciente, 3008-3009 acidental, 3008 deficiências hormonais e, 3003q, 3007 diagnóstico de, 3009 etiologia da, 3003, 300q, 3004-3008 factícia, 3008 fisiopatologia da, 3005-3006 hiperinsulinêmica, 322lq hiperinsulismo endógeno e, 3003q, 3007-3008 hipotermia na, 165 induzida por fármacos, 3003q, 3007 induzida por tumor, 827q, 829-830 manifestações clínicas da, 3005, 3200-3201 na doença crítica, 3003q, 3007 na malária, 1692, 1693 na síndrome de insulina autoimune, 3080 não diabética, 3003q, 3006-3008 no câncer, 2273-2274 no diabetes melito, 3005-3006, 3006f contrarregulação defeituosa da glicose e, 3005 falência autônoma associada à, FALTA fatores de risco para, 3005,3006 impacto e frequência da, 3005 perda da percepção da, 3005-3006 no idoso, 582 perioperatória, 66 reconhecimento e documentação da, 3008-3009 recorrente, prevenção da, 3009 síncope e, 176 síndrome de Balint, 209 tratamento da, 3009 tum or não de células das ilhotas, 3003q, 3007 tumores de células não beta e, 3003q, 3007 Hipoglicemiantes orais, 302, 2247q Hipogonadismo avaliação do, 3021, 3021f causas testiculares de, 3018-3019 criptorquidia e, 3018 disfunção erétil no, 375 hemocromatose e, 3165 hipergonadotrópico, 386-387
hipogonadotrópico. Ver Hipogonadismo hipogonadotrópico na infecção pelo HIV, 1554 obesidade e, 628 síndrome de Klinefelter e, 3018 Hipogonadismo hipogonadotrópico, 386, 3 0 1 6 adquirido, 3017-3018 amenorreia no, 386 congênito, 3015q, 3017 diagnóstico do, 2899-2900 etiologia do, 3017-3019 hemocromatose e, 3018 hiperprolactinemia e, 3018 isolado, 386, 2899 lesões expansivas selares e, 3018 manifestações clínicas do, 2899-2900 obesidade e, 625, 3018 tratamento do, 2900 tumores hipofisários devidos ao, 2900-2901, 2901f Hipomagnesemia, 3 0 9 0 , 3115, 3116 achados laboratoriais na, 3090-3091 arritmia na, 1862 com hipercalciúria e nefrocalcinose, 2357q, 2363 com hipocalcemia secundária, 2357q, 2363 com nutrição parenteral, 619q deficiência de vitamina D e, 3091 etiologia da, 3090, 3090q hereditária, 2357q, 2363 hipocalcemia e, 2284q, 2285 hipopotassemia e, 351,353, 354, el5-
8 manifestações clínicas da, 1963, 3090-3091 na síndrome de realimentação, 639 parecer neurológico do paciente hospitalizado, e47-4 primária, 2284q tratamento da, 354, 3091, 3116, el5-9 Hipomania, 217 Hipomelanose gutata idiopática, 410, 41 lq localizada, 410 Hipomelanose de Ito, 410 Hiponatremia, 3 4 4 , 2287f, 2908 após hemorragia subaracnóidea, 345, 2263 associada a exercício, 347 avaliação do VLEC e, 2909, 2909q com nutrição parenteral, 619q considerações globais, 2911 crônica, el5-5 a el5-6 diagnóstico da, 345f, 347-348 diagnóstico diferencial da, 2909, 2909q,2910 etiologia da, 347q, 2908-2909, 2908q euvolêmica. Ver também Síndrome de antidiurese inapropriada (SIAD) fisiopatologia da, 2909-2910 hipervolêmica, 345 hipovolêmica, 344-345, el5-5 a el5-6 manifestações clínicas da, 346—347, 2908 paraneoplásica, 828 parecer neurológico do paciente hospitalizado, e47-4 tratamento da, 348-349, 2910-2911, el5-6 Hipoparatireoidismo adquirido, 3112q, 3115 crônico, 3112q, 3115 etiologia do, 362q fatores genéticos no, 3112q, 31143115 fraqueza muscular no, 3507 hiperfosfatemia devido ao, 3089, 3089q hipocalcemia e, 361-362,362q, 3112q, 3114
manifestações clínicas do, 3114 transitório, 3115 Hipopigmentação, 4 0 9 difusa, 409 etiologia da, 410, 410q, 41 lq localizada, 410 pós-inflamatória, 41 lq, 412 Hipopigmentação nevoide linear, 410 Hipopituitarismo, 2877 adquirido, 2879-2880 diagnóstico do, 2880, 2881q etiologia do, 2878-2879, 2878q hipotermia no, 165 insuficiência da neuro-hipófise e, 2877, 2878q, 2880 manifestações clínicas do, 2880 manifestações orais do, 268 tratamento do, 2880, 2882q Hipoplasia biliar, 2624 Hipoplasia do esmalte, 268 Hipoplasia suprarrenal congênita, Hipopotassemia, 351 arritmia na, 1862 com nutrição parenteral, 6I9q deficiência de magnésio na, 353, el59 diagnóstico de, 354, 355f ECG na, 47,353, 1838,1839f, e28-13f efeitos renais da, 2374 etiologia da, 351-353, 352q manifestações clínicas da, 353-354 na doença renal crônica, 2312 no aldosteronismo, 2049-2050 no hipertireoidismo, el5-7 parecer neurológico no paciente hospitalizado, e47-4 tratamento da, 354, el5-9 Hipoproteinemia, 294 Hiposmia. Ver Distúrbios olfatórios Hipospadia, isolada, 3053 Hipossensibilização. Ver Imunoterapia Hipotálamo alterações relacionadas com a idade no, 576 disfunção de desenvolvimento do, 2878-2879 na regulação da função ovariana, 3030,3030f no início do sono, 214 Hipotálamo pré-optico netrolateral, 214 Hipotensão na hemodiálise, 2324 na hipovolemia, 344 na sepse/choque séptico, 2227 nas síndromes de má absorção, 2476q no choque, 2196, 2198, 2199f, 22152216 no coma, 2249 no paciente com ventilação mecânica, 2213-2214 no sangramento gastrintestinal, 321 ortostática. Ver Hipotensão ortostática relacionada com transfusão, 956 Hipotensão ortostática abordagem ao paciente, 3354-3356, 3354q, 3355q causas da, 175q definição da, 1824 fisiopatologia da, 171, 174,174f, 1824 manifestações clínicas da, 174 na hipovolemia, 344 neurogênica, 174 no feocromocitoma, 2043 quedas e, 195 tontura na, 178 tratamento da, 174, 3359-3360, 3359q Hipotermia, 165 acidental primária, 165 alterações fisiológicas na, 166q arritmia na, 1868 coma e, 2249
delirium na, 199q diagnóstico da, 166-167 disfunção do nó SA na, 1868q ECG na, 1838,1839Í etiologia da, 165 fatores de risco para, 165q induzida por fármaco, 165,165q manifestações clínicas da, 166,166q no choque, 2222 no idoso, 165,165q, 168 secundária, 165 tratamento da, 167-168 Hipótese Cocoon, de envelhecimento, 563 Hipótese da acomodação, 2289 Hipótese da avó, de envelhecimento, 564 Hipótese da elastase: antilastase, enfisema, 2155 Hipótese de convergência-projeção, da dor referida, 95f Hipótese de higiene, 530,2103 Hipótese de hiperfiltração, 2289-2292, 2290f Hipótese diagnostica, 20 Hipótese do estresse oxidativo, 574, 1993,2106 Hipótese do evento sentinela da pancreatite aguda (ESPA), 2643 Hipótese do néfron intacto, 2289 Hipótese dos dois eventos de Knudson, 664 Hipótese SAPE (evento pancreático agudo sentinela, 2643 Hipotireoidismo, 2911, 2918 alopecia no, 407 anemia no, 850 anticorpos antitiroxina e, 3080 asciite no, 332 autoimune, 2918-2921, 2918q, 2919q, 292 lf avaliação do, 2875q, 2925f carotenemia no, 602 classificação do, 2918 clínico, 2918,2918q, 2921 congênito, 2912, 2912q, 2918 depressão no, 3536 diagnóstico diferencial do, 2921 diagnóstico do, 2920-2921, 2920f doenças associadas ao, 2920 edema no, 294 etiologia do, 2918q, 2921 franco, 2918, 2918q hipertensão no, 2048q, 2052 hiponatremia no, 345, 348 hipotermia no, 165,168 hirsutismo no, 381 iatrogênico, 2921 manifestações cardiovasculares do, e31-lq,e31-3 bloqueio de condução AV, 1871q disfunção do nó SA, 1868,1868q insuficiência cardíaca, 1962 manifestações clínicas do, 2919-2920, 2919q, 2920f manifestações cutâneas do, 416 na gravidez, 59 na infecção pelo HIV, 1554 neuropatia no, 3458 obesidade no, 627, 629 patogenia do, 2919 prevalência do, 2918-2919 relacionado com radioterapia, 736, 841 sangramento no, 461 secundário, 2921 subclínico, 2918, 2918q, 2921-2922 tratamento do, 2921 -2922 Hipotireoidismo autoimune, 2918-2921, 2918q, 2919q, 292lf Hipotireoidismo congênito, 2912, 2912q, 2918 Hipotonicidade, 2287f
Hipouricemia, 2284q, 3185, 3221q Hipoventilação. Ver também Apneia do sono obstrutiva acidose respiratória na, 371 diagnóstico da, 2183-2184, 2184q, 2185q fisiopatologia da, 2183f hipoxia na, 287 manifestações clínicas da, 2183, 2184q síndrome de hipoventilação central, 2186 síndrome de obesidade com hipoventilação, 628, 2185-2186 tratamento da, 2185 Hipoventilação alveolar, 2078q, 2081, 2200 Hipovolemia, 343,449 diagnóstico da, 343-344 etiologia da, 343 manifestações clínicas da, 343-344 na lesão renal aguda, 2303 no infarto do miocárdio, 2031 resposta endógena à, 2216 tratamento da, 344 Hipoxemia, 448 hipertensão pulmonar na, 2078q na pancreatite, 2637 na sepse/choque séptico, 2227 no edema pulmonar, 281 Hipoxia, 287 adaptações à, 12 delirium na, 199,199q disfunção do nó SA, 1868, 1868q efeitos da, 287 etiologia da, 287-288 hipertensão pulmonar na, 2081 histotóxica, 288 na angiogênese, 684, 686f Hipoxia histotóxica, 288 Hipurato de sódio, 1178 Hirsutismo, 380 abordagem ao paciente, 380-381, 383f, 2875q após menopausa, 381 avaliação hormonal no, 381-383 escala de pontuação de Ferriman e Gallwey, 381, 382f etiologia do, 38lq induzido por fármacos, 381, 381q, 434 na deficiência de 21-hidroxilase, 3054 tratamento do, 383-384 Histamina, dor e, 94f Histerectomia para câncer de ovário, 811 para câncer endometrial, 815 Histidinemia, 3215q Histidinúria, 3221q Histiocitoma fibroso, maligno, 817 Histiocitoma fibroso maligno, 817. Ver também Sarcoma de tecidos moles Histiocitose célula de Langerhans, 268,2167, e216 hipertensão pulmonar na, 2078q manifestações orais da, 268 neuroimagem na, e44- 16f Histiocitose de células de Langerhans, 268, e21-6 Histiocitose de células de Langerhans pulmonar, 2167 Histiocitose sinusal com linfadenopatia maciça, 935 Histiocitose X, 2883 Histona desacetilase, 678 Histona(s), 488, 488f, 490f, 678 Histoplasma capsulatum características do, 1640,1640f identificação laboratorial do, 1637, 1640,1640f, 1641f interações ligante-receptor do, 1015
História de viagem na doença respiratória e, 2085 na febre de origem obscura, 160 no paciente com icterícia, 327 História dietética, 592 História familiar, 2 História medicamentosa, 45, 48 História neurológica, 3235 História social, 2 HIV alvos celulares do, 1529 anticorpos contra, 1536-1537,1536f árvore filogenética, 1508f, 151 lf ciclo de replicação do, 1507-1508, 1510f distribuição geográfica do, 1512f estrutura do, 1501-1502,1502f, 1506, 1509f expressão gênica e regulação no, 1436 gama de hospedeiros do, 1437 genoma do, 1508, 151 lf heterogeneidade molecular do, 1506, 1508-1510 infecções persistentes, mecanismos das, 1438 interações da membrana celular, 1435 interações ligante-receptor do, 1013, 1014q, 1434 ligação e fusão com célula-alvo, 1507, 1510f mutações no, 1436 receptores e correceptores do, 15281529,1529f resistência ao, 1016 HIV-1. Ver também HIV; Infecção pelo HIV distrubuição geográfica do, 1512f genoma do, 1508f heterogeneidade do, 1508-1510 sub subtipos de, 1510, 151 lf subtipos de, 1506,1509,151 lf H IV -2,1506, 1508f HNPP (neuropatia hereditária com suscetibilidade à paralisia por pressão), 3453q, 3455 Homens homossexuais (HHS) infecções intestinais em, 1108 proctite sexualmente adquirida em, 1108-1109 Homeopatia, e2-2q, e2-3, e2-4 Homeostasia, 2871 Homeostasia ácido-básica, 363 homeostasia da glicose, 2968,2968f, 2972 Homeostasia proliferativa, 564q, 565, 565q Homicídio, mortes por, 50q Homocisteína, 599, 870 Homocistinúria(s), 3218 clássica(s), 3218, 3218f defeitos enzimáticos na(s), 3216q deficiência de folato na(s), 865,869870 doença cardiovascular na(s), 865 fatores genéticos na(s), 521 manifestações clínicas da(s), 3216q vias, enzimas e coenzimas envolvidas nas, 3218, 3218f Homocitrulinúria, 3216q Homoplasmia, el8-3, el8-7 a el8-9 Homozigoto, 497 Homozigotos C282Y, 3164 Hordéolo, 228 Hormônio adrenocorticotrópico (ACTH), 2896 ação do, 2896 deficiência do, 2897 excesso de. Ver Síndrome de Cushing no choque, 2216 no controle da esteroidogênese suprarrenal, 2941-2942, 2942f
produção ectópico do, 826, 827q, 828 diagnóstico da, 829, 2898q etiologia da, 828-829 manifestações clínicas da, 829 manifestações cutâneas da, 413 no câncer de pulmão, 743 tratamento da, 829 secreção de, 2896 síntese de, 2896 teste de estimulação, 2222 Hormônio a-melanócito estimulante (MSH) controle do apetite e, 623,625,625q, 626f produção de ACTH ectópico e, 829 resposta da pele aos raios solares e, 441 Hormônio antidiurético (ADH). Ver Arginina vasopressina (AVP) H ormônio de concentração de melanina, 623 H ormônio de liberação da corticotropina produção ectópica do, 817q, 829 Hormônio de liberação das gonadotropinas (GnRH) hipotalâmico, 2876, 2877f na regulação da fimção ovariana, 3030,3030f para câncer de próstata, 802 Hormônio de liberação do hormônio do crescimento (GHRH) mutações do receptor, 2892 produção ectópica do, 827q Hormônio do crescimento (GH), 2890 doença de Creutzfeldt-Jakob após, 3444 insensibilidade, 2892 no tratamento/prevenção da osteoporose, 3134 produção ectópica de, 827q secreção do, 2890-2891 síntese de, 2890 Hormônio do crescimento humano. Ver Hormônio do crescimento (GH) Hormônio folículoestimulante (FSH), 2899 ação do, 2899 durante o período neonatal, 3030, 3030f secreção do, 2899 síntese do, 2899 valores de referência, 3592q Hormônio luteinizante (LH), 2899 ação do, 2899 durante o período neonatal, 3030, 3030f produção ectópica de, 827q secreção do, 2899 síntese do, 2899 Hormônio tireoestimulante (TSH), 2901 ação do, 2901 câncer de tireoide devido ao, 2934 deficiência do, 2901 na função da glândula tireoide, 2914 produção ectópica de, 827q secreção do, 2901 síntese do, 2901 terapia de supressão, 2937 Hormônio(s). Ver também tipos específicos classes de, 2866 controle autócrino, 2872 controle parácrino, 2872 degradação de, 2868-2869 determinações do(s), 2874 efeitos do álcool sobre, 3549 funções do(s), 2870-2871 meia-vida do(s), 2868 natureza do(s), 2866 papel do(s), 2866 produção ectópica de, 826-830, 827q
ÍNDICE
produção eutópica de, 826 secreção de, 2868 síntese e processamento do(s), 28672868 sistemas de regulação por retroalimentação, 2871,2871f transporte de, 2868-2869 Hormônio(s) tireoidiano(s) ação do(s), 2915-2916 determinação do(s), 2916-2917 estrutura do(s), 291 lf resistência ao(s), 497, 2915q, 2916 síntese do(s), 2913-2914, 2913f Ação do TSH, 2914 fatores no(s), 2914 metabolismo e transporte do iodo, 2913-2914,2913f organificação, acoplamento, armazenamento, liberação, 2914 regulação do(s), 2912,2912f transporte e metabolismo do, 29142915, 2915q Hormônios esteroides ações dos, 3031 efeitos adversos dos, 629 síntese, metabolismo e ação dos, 2942-2945,2943f, 2944f Hormônios glicoproteicos, 2866-2867 Hormônios hipofisários, 2886 Ver também tipos específicos expressão e regulação dos, 2876q na regulação da função ovariana, 3030, 3030f secreção de, 2876, 2877f Hospital Compare (website), 89 Hospital Quality Initiative, 89 Hospital(is) assistência médica em 5-6 disparidades raciais/étnicas na assistência por, e4-2f HoxB4, 542 hs-CRP (proteína C-reativa de alta sensibilidade), na infecção pelo HIV, 1542q HSRC. Ver Hiperplasia suprarrenal congênita (HSRC) HSRLC (hiperplasia suprarrenal lipoide congênita), 2955q HSV. Ver Herpesvírus simples (HSV) 5-HT. Ver Serotonina HTLV-1. Ver Vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV-I) HuCNS-SC, 553q Hymenolepiasis diminuta, 1764 Hymenolepiasis nana (tênia anã), 1764, e25-2q
I I-309/TCA-3, 2662q IAP (inibidor de proteínas da apoptose), 680,680f Ibandronato, para tratamento/prevenção da osteoporose, 3131 IBMPFD (miopatia por corpúsculos de inclusão com doença de Paget e demência frontotemporal), 3136 IBP. Ver Inibidores da bomba de prótons (IBP) Ibritumomabe tiuxetana, 711 Ibuprofeno efeitos adversos do, 433, 967q, 2835q para dismenorreia, 388 para dor, 72, 98q para enxaqueca, 118q para febre, 146,147 para geladura, 169q para osteoartrite, 2835q para pericardite aguda idiopática, 1974 Ibutilida ação da, 1865q dose de, 1883q
1-80
efeitos adversos da, 1884q indicações para, 1883q para cardioversão farmacológica, 1886 para fibrilação atrial, 1882 IC. Ver Insuficiência cardíaca (IC) ICAM-1 (molécula de adesão intercelular 1), 1011,1534 ICC (insuficiência cardíaca congestiva). Ver Insuficiência cardíaca (IC) Iceberg da doença, 2470 Icodextrina, 2325 ICP. Ver Intervenções coronárias percutâneas (ICP) Icterícia, 324 abordagem ao paciente, 325-329, 325f anamnese na, 327 avaliação laboratorial da, 327 com ascite, 327 condições hepatocelulares que produzem, 327-328, 327q determinação da bilirrubina sérica, 324-325 determinação da bilirrubina urinária, 325 diagnóstico de, 326-327 exame físico na, 327 fisiopatologia da, 324 induzida por fármacos, 327, 327q, 328q, 329 leite materno, 2533 na anemia hemolítica, 873 na colecistite aguda, 2621 na colestase, 328-329, 328q na doença gastrintestinal, 2404, 2404q na doença hepática, 326,327-328, 327q, 2522 na hepatite viral, 2549 neonatal, 878,2533 no câncer pancreático, 786 obstrutiva, coledocolitíase e, 2625 Icterícia, na doença hepática, 2523 Icterícia da esclera, 324 Icterícia do leite materno, 2533 Ictiose, na infecção pelo HIV, 1557 Ictotest, 325 Idade materna, trissomia e, 514, 515516, 517f Idade paterna, síndrome de Marfan e, 500 Idarrubicina, 698q, 702, 910 IDCG. Ver Imunodeficiência combinada grave (IDCG) IDL (lipoproteínas de densidade intermediária), 3145, 3145f, 3146q Idoso. Ver também envelhecimento abscesso hepático no, 1080 apendicite no, 2518 artrite reumatoide no, 2751 asma no, 2115 avaliação funcional do, 578-579, 578q comorbidade de doenças crônicas no, 571, 571q, 577 controle da dor no, 580 convulsões no, 3256q coordenação dos cuidados para, 583, 584q cuidados preventivos para, 584 deficiência de vitamina D no, 3093 Delirium no, 197, 579, 579f. Ver também Delirium diabetes melito no, 582. Ver também Diabetes melito diretrizes dietéticas para, 585 disfunção olfatória no, 244, 244f, 247 doença de Parkinson no, 582. Ver também Doença de Parkinson doença musculoesquelética no, 2821 doenças induzidas por fármacos, 40 esquecimento benigno do, 3300
exercício no, 584-585 febre no, 160 fragilidade no, Ver Fragilidade hemoglobina/hematócrito no, 450q hipernatremia no, 349 hipotermia no, 165,169 impactação de cerume no, 252 incapacidade no, 560, 560f, 571, 572f incontinência urinária no, 580-581, 581 f maus tratos no idoso, e5-l necessidade de água do, 588 perda auditiva no, 250 perda involuntária de peso no, 581, 641-642 polifarmácia no, 577 postos de saúde para, 582-583,583q princípios de cuidados para, 4 quedas no, 192,195, 575, 579-580, 580f. Ver também Queda(s) regulação do peso no, 641 -642 saúde oral, 275-276 subnutrição e anorexia no, 581 testes de triagem no, 31q, 32q, 583584 uso de fármacos no, 40 vacinas para, 584 IDVC (imunodeficiência variável comum), 2704 IFN-a. Ver Interferon-a (IFN-a) IFN-a2a. Ver lnterferon-a2a (IFN-a2a) IFN-a2b. Ver Interferon-a2b (IFN-a2b) Ifosfamida ação da, 696 dose de, 697q efeitos adversos da, 696,697q, 708 cardiotoxicidade, 838, 1962 cistite, 840, 2277 diabetes insípido nefrogênico, 350 hipopotassemia, 352 nefrotoxicidade, 2298 neurológico, 2272, 3394q pulmonar, 839, 2276 para câncer testicular, 809 para osteossarcoma, 819 para sarcoma de Ewing, 820 para sarcoma de tecidos moles, 818 Ig. Ver Imunoglobulina(s) IGF. Ver Fator de crescimento insulinosímile (IGF) IgIV. Ver Imunoglobulina intravenosa (IgIV) IGP (índice de gravidade da pneumonia), 2133-2134 IGRA (ensaios de liberação de interferon-"y), 162-163, 1352, 1370 IGVZ. Ver Imunoglobulina para varicela-zóster (IGVZ) IIE (índice de inoculação entomológico), 1691 iKNR (receptores de células NK inibitórios), na infecção pelo HIV, 1532 íleo adinâmico, 2513-2516 cálculos biliares, colecistite e, 2622 distensão abdominal no, 330 hipopotassemia e, 353 pós-operatório, 99 íleo adinâmico, 2513-2516 íleo biliar, 2622 íleo meconial, 2418, 2419 Ileocolite, na doença de Crohn, 2483 Ileorretostomia, 319 Ilha de CpG, 567, 678, 679, 679f Ilhota-1, 1809 Iloperidona, 3544q Iloprosta, para hipertensão pulmonar, 2079 IM. Ver Infarto do miocárdio (IM) Imagem cintilográfica, na doença respiratória, 2097-2098
Imagem corporal, nos transtornos alimentares, 637,640 Imagem de tempo de voo (TOF), 3247 Imagem guiada, e2-2q Imagem TOF (tempo de voo), 3247 Imagens de perfusão miocárdica na cardiopatia isquêmica, 1845f, 1846f, 2003f, 2005 no infarto do miocárdio, 2024 nucleares, 1844-1846,1845f, 1846d Imagens ecoplanares em ressonância magnética, 3248 Imagens flutuantes, 233 Imagens tensoras de difusão (DTI), 3248 Imatinibe ação do, alvos do, 677q, 705, 705f, 706 contra BCR-ABL, 666 inibição da quinase, 675 na LMC, 915 dose de, 700q efeitos adversos do cardíacos, 705, 838 hepáticos, 705 mais comuns, 916 mielossupressão, 700q, 916 pulmonares, 2276 interações medicamentosas do, 2272 para leiomiossarcoma do intestino delgado, 776 para LMC, 666, 675, 677q, 705, 915917, 916q para sarcoma de tecido mole, 818 para síndrome hipereosinofílica, 481 para tumores do estroma gastrintestinal, 675,677q, 768 resistência ao, 675, 916-917 variações genéticas na resposta ao, 42q, 44 IMC. Ver índice de massa corporal (IMC) IMEST. Ver Infarto do miocárdio com elevação do segmento ST (IMEST) IMF (International Monetary Fund), 9 Iminoglicinúria, 322lq Imipenem indicações para, 1144q para infecções anaeróbias, 1339q para infecções de feridas por mordedura, e24-3q para infecções por Campylobacter, 1288 para infecções por Nocardia, 1326 para infecções por P. aeruginosa, 1269q, 2135q para melioidose, 1269q para mormo, 1269q para peritonite, 1078 para pneumonia associada a tratamento médico, 2139q resistência ao, 1144q Imipenem-cilastatina efeitos adversos do, 967q na gravidez, 1142q para actinomicose, 1330q para sepse/choque séptico, 2229q Imipramina dose de, 353lq, 3538 efeitos adversos da, 353lq, 3538 overdose!intoxicação com, e509q a e5010q, e50-l lq para depressão, 353lq, 3538 para dor, 98q para enurese noturna, 221 para espasticidade do detrusor, 376 Imiquimode para carcinoma basocelular, 732 para verrugas genitais, 403 Imortalidade, das células-tronco, 536 Impactação de alimento no esôfago, 2416-2417, 2417f, 2437 Impactação de cerume, 252
Impactação fecal, 310 Impetigo, 400 bolhoso, 400, 414, 414q, 1066,1175 diagnóstico diferencial do, 1175 estreptocócico, 1174-1175, 1175f etiologia do, 400, 402q, 1174 manifestações clínicas do, 39lq, 400, 402q, 1174-1175 tratamento do, 400, 402q, 1173q, 1175 Impetigo contagioso, 1066, e7-4f, el6-8f I m p l a n t e c o c le a r , 250,254 Implante de Matriz de Hepatócito, 553q Implante de valva aórtica transcateter (IVAT), 1941, 1942f, 2040, e33-6f a e33-7f, e33-7, e33-7V Impressão genômica. Ver Impressão Imprinting definição de, 3225 distúrbios causados por, 489, 502, 518 penetrância e, 499 Imprinting parental, 668 Impulso respiratório, 277 IMSEST. Ver Angina instável/infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST (AI/IMSEST) Imunidade adaptativa, 1009q, 10101011,2650,2651. Ver também Resposta imune/sistema imune Imunidade celular destruição das células tumorais por, 710 na esclerose sistêmica, 2760 na tuberculose, 1343-1344 Imunidade inata, 1008-1010,100910i0q, 2650. Ver também Resposta imune/sistema imune Imunidade inespecífica, 1009q Imunização. Ver também Vacina(s) acesso do consumidor à e demanda de, 1037f, 1039-1040 ambientes não clínicos, 1041 documentação de, 1040 monitoramento do desempenho, 1041 na gravidez, 1 0 3 3 f, I034f, 1035,1037 na infecção pelo HIV, 1033f, 1034f, 1046-1047 para adultos, 30q, 1032 administração de, 1038-1039, 1039f calendários para, 30q, 1032,1033I035f contraindicações para, 1035-1037,
1036-1037q determinação da necessidade de, 1035 momento apropriado de, 1035 recomendação do fabricante para, 1040 sistema de suporte para, 1040 para crianças, 2555-2556, 2:>55q para paciente com câncer, 713q, 722 para profissionais de saúde, 10401041,1119 para receptor de transplante, 11311132,1132q para viajantes, 1042-1044, 1043q Imunodeficiência combinada grave (IDCG) diagnóstico da, 2699-2700 diferenciação das células 1 e, 2700 etiologia da, 2700 fatores genéticos na, 2668 infecções na, lOlOq manifestações clínicas da, 2699, e39-
1 TCTH na, 959,963,963q terapia gênica para, 548-549 Imunodeficiência variável comum (IDVC), 2704
Imunodeficiências primárias, 2695 células fagocíticas nas, 2695-2696, 2697f classificação das, 2696q colite e, 2705 conseqüências das, 2695 defeitos reguladores e, 2696q, 2704 linfo-histiocitose hemofagocítica, 2704, 2705 síndrome de imunodesregulação, poliendocrinopatia ligada ao X, 2705 síndrome de poliendocrinopatia autoimune-candidíase-displasia ectodérmica, 1652, 2705, 3079, 3079q síndrome linfoproliferativa autoimune, 2705 definição das, 2695 diagnóstico das, 2695, 2697q diferenciação das células B nas, 2702f, 2703 diferenciação das células T nas, 2699, 2699f, 2700f do sistema imune adaptativo, 2696q, 2699 deficiências de linfócitos B. Ver Célula(s) B, deficiência de deficiências de linfócitos T. Ver célula(s) T, deficiência de do sistema imune inato, 2695 asplenia, 471, 2696, e39-l deficiência de adesão dos leucócitos. Ver deficiência de adesão dos leucócitos (DAL) deficiência do complemento, 1009q, 2681, 2683q, 2698-2699 deficiências da via do receptor Toll-like, 2698 doenças associadas à, e39-1 doenças granulomatosas crônicas. Ver Doenças granulomatosas crônicas (DGC) neutropenia congênita grave, 2695-2696, 2697f,e39-l suscetibilidade mendeliana a doença micobacteriana, 2698 doenças associadas à, e39-1 a e 39-2 infecções associadas a defeitos específicos, 1009-1010q TCTH para, 962 terapia gênica para, 548-549 vias efetoras nas, 2699, 2699f Imunoglobulina A (IgA), 1010, 26732674, 2674q Imunoglobulina antirrábica, 1615, e24-3q Imunoglobulina antitetânica (TIG), 1199, e24-4 Imunoglobulina antivírus sincicial respiratório hum ano (HRSV), 1489 Imunoglobulina D (IgD), 2674,2674q Imunoglobulina E (IgE), 1010, 2674q alergias e, 2102, 2707 anticorpo contra, 2112 Imunoglobulina G (IgG), 951,1010, 2673, 2674q, 2704 Imunoglobulina intravenosa (IglV) efeitos adversos da, 356 para doenças autoimunes e inflamatórias, 2684 para EM, 3406 para epidermólise bolhosa adquirida, 428 para febre reumática, 2756 para infecção pelo parvovírus B19, 894 para infecções por C. difficile, 1093q para miastenia gravis, 3485 para pênfigo vulgar, 425 para penfigoide cicatricial, 428 para pneum onia por CMV, 1124
para púrpura trombocitopênica imune, 969 para síndrome de Stevens-Johnson/ necrólise epidérmica tóxica, 436 para síndrome do choque tóxico estreptocócico, 1173q, 1177 para síndrome do homem rígido, 836 terapia de reposição para paciente com câncer, 722 Imunoglobulina M (IgM), 951,1010, 2673, 2674q Imunoglobulina monoclonal como marcador tumoral, 652q Imunoglobulina para varicela-zóster (IGVZ) para profilaxia do VZV na infecção pelo HIV para profilaxia pós-exposição ao, 1118, 1466, 1466q Imunoglobulina Rho (D), para púrpura trombocitopênica imune, 969 Imunoglobulina(s), 1010. Ver também Anticorpo(s) alótipos de, 936 estrutura da(s), 936, 2673 hiperimune, para febre hemorrágica viral, 1772q idiótipos de, 936 isótipos de, 936 propriedade da(s), 2674q reposição de, 2704 valores de referência, 3593q Imunomoduladores para doenças infecciosas, 1012 para miopatias inflamatórias, 3517 relacionados com transfusão, 956 Imunossupressão em infecções de feridas por queimadura, e23-2 a e23-3 induzida por UV, 443 Imunoterapia, 2683-2684 para asma, 2112 para rinite alérgica, 2717f, 2718 Imunotolerância, 976, 2675 Imunotoxicidade, 549q Inalação de fumaça,2126 Inanição, 605-606 Inanição de THF, 864 Inativação do X, 489, 502, 515, 667 Incapacidade avaliação da, 2128 fraqueza e, 577-579 prevalência, na população idosa, 560, 560f relacionada com osteoartrite, 2828 Incentivos, para desempenho de alta qualidade, 88 Incentivos financeiros, e5-3 Incerteza clínica, e4-4 Incompetência cronotrópica, 1869 Incontinência fecal. Ver Incontinência fecal urinária. Ver Incontinência urinária Incontinência de urgência, 581 Incontinência fecal, 309,2506 anatomia da, 2507 epidemiologia da, 2506 fisiopatologia da, 2507 incidência da, 2506 manifestações clínicas da, 2507, 2507q PNTML na, 2507 prolapso retal e, 2505 tratamento da, 2507 Incontinência pigmentar, 413 Incontinência por esforço, 580-581 Incontinência por transbordamento, 581 Incontinência urinária após prostatectomia, 800 no idoso, 580-581, 58lf no paciente terminal, 83q tratamento da, 581
Incremento corrigido da contagem (ICC), 953 Incretinas para diabetes melito tipo 2,2997 Incubação extrínseca, 1618 índice cardíaco cálculo e valores normais, 2218q no choque cardiogênico, 2232 índice de Barthel, 578q Índice de captação de oxigênio, 2222q índice de creatinina-altura, 606 índice de Dispnéia Basal, 278 índice de independência nas atividades da vida diária, 578q índice de inoculação entomológico (IIE), 1691 índice de liberação de oxigênio, 2222q índice de massa corporal (IMC) cálculo do, 608, 622, 629 nomograma para, 623f tabela para, 630q estado nutricional e, 614q na anorexia nervosa, 638 índice de micronúcleos, 1795 índice de produção de reticulócitos cálculo do, 452-453, 452q na anemia, 453,453f, 453q índice de risco cardíaco, revisado, 63, 63f, 63q índice de Risco Cardíaco Revisado, 63, 63f, 63q índice de Sensibilidade Internacional (ISI), 462, 999, 2530 índice de Sokal para LMC, 915 índice prognóstico de, para doença de Wilson, 3189, 3190q índice Prognóstico Internacional, para linfoma não Hodgkin, 924-925,925f, 925q índice terapêutico, 34, 34f, 694 índice tornozelo-braquial, 2047,2067 índices eritrocitários, 450, 450q Indigestão, 304. Ver também Doença por refluxo gastroesofágico (DRGE) abordagem ao paciente, 305-306 anamnese na, 305 definição de, 301 diagnóstico diferencial de, 305 exame físico na, 305 induzida por fármacos, 305 mecanismos da, 304-305 na disfunção motora gástrica, 304 na doença ulcerosa péptica, 304-305 na hipersensibilidade aferente visceral, 304 relacionada com câncer, 305 tratamento da, 306-307 Indinavir, 1572q efeitos adversos no, 4 3 4 ,1572q, 1579 estrutura molecular do, 1575f interações medicamentosas do, 46q, 1579, e2-4 metabolismo do, 36q, 1579 para infecção pelo HIV, 1572q, 1579 resistência ao, 1577f Indometacina interações medicamentosas da, 47 para artrite reativa, 2780 para câncer m edular da tireoide, 314 para cefaleia aos esforços, 127 para cefaleia causada por relação sexual, 128 para cefaleia em punhalada, 127 para cefaleia por tosse, 127 para dor, 98q para hemicrania contínua, 127 para hemicrania paroxística, 123q, 124 para pericardite aguda idiopática, 1974 Infarto do labirinto, 250
Infarto do miocárdio (IM) análise baseada em sistemas, el9-4, el9-5f anormalidades da onda Q no, 18361837, 1837f, e28-4f, e28-8f após tratamento dentário, 275 arritmias no bloqueio de condução AV, 1872 bloqueio de condução AV no, 1871q disfunção do nó AS, 1868,1868q ritmo idioventricular acelerado, 1891 associado a radiação, 692, 838 aterosclerose e, 1986 choque cardiogênico no. Ver Choque cardiogênico contraindicações para cirurgias torácicas, 557 diagnóstico de, ECG no, 283-f a 28-7f RM no, 1848f, 1849f disfunção erétil e, 377 dor abdominal no, 109,11 lq dor torácica no achados no exame físico, 102 AI/IMSEST, 2016 anamnese, 105 características do, 106f duração, 103q IMEST, 2022, 2033 início da, 102 localização, 103q qualidade, 103q durante ICP, 2037 elevação do segmento ST. Ver Infarto do miocárdio com elevação do segmento ST (IMEST) em mulheres, 52, 52f hipopotassemia no, el5-7 hipotermia no, 165 história natural do, 1818-1819 mediadores inflamatórios no, 2682q na infecção pelo HIV, 1549 náusea e vômitos no, 302 padrões hemodinâmicos no, 2235q prevalência do, em pacientes com dor torácica no serviço de emergência, 106q prevenção do, 584,990,1991 sem elevação do segmento ST. Ver Angina instável/infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST (AI/IMSEST) sopros após, 2022, el3-2 tratamento do, disparidades raciais/étnicas no, e4-3f marca-passo, 1876-1877, 1877q terapia fibrinolítica, 1001-1002 variações circadianas no, 223,2047 vs. pericardite aguda, 1971, 1975 Infarto do miocárdio com elevação do segmento ST (IMEST), 2021 aneurisma ventricular esquerda no, 2034 aneurisma ventricular no, 2034 arritmia no, 2023, 2032-2033 arritmias supraventriculares no, 2032, 2033 avaliação hemodinâmica no, 2031 batimentos ventriculares prematuros no, 2032 biomarcador no, 2023-2024,2023f bloqueio atrioventricular no, 2033 bradicardia sinusal no, 2033 bulhas cardíacas no, 2022 características da dor no, 2022 cardiologia nuclear no, 2024 choque cardiogênico no, 2031-2032 complicações do, 2024, 2031-2034 disfunção ventricular no, 203 lf dor torácica no, 2022,2023
ECG no, 1837-1838,1838q, 2023, e28-3f, e28-4f, e33-2f ecocardiografía no, 2024 epidemiologia do, 2021 exame físico no, 2022 fatores de risco para, 2022 fibrilação ventricular no, 2024,2032 fisiopatologia do, 2021-2022 hipovolemia no, 2031 imagem de perfusão do miocárdio no, 2024 indolor, 2022 infarto ventricular direito no, 2034 insuficiência cardíaca e, 2031 manifestações clínicas do, 2022 pericardite no, 2023 reação inespecífica ao, 2024 ritmo idioventricular acelerado no, 2032 ritmo juncional acelerado no, 2033 RM no, 2024 sistema de graduação TIMI, 2027 sopro no, 2022 taquicardia ventricular no, 2032 tratamento do, 2058q abordagem integrada ao, 2028, 2028f agentes antiplaquetários, 2025, 2030 betabloqueadores, 2025-2026, 2030 bloqueadores dos receptores de angiotensina, 2030 cardioversor-desfibrilador implantável, 2031, 2033f controle da dor, 2025 cuidado pré-hospitalar, 2024, 2026f estratégias de tratamento, 1986, 2026f fase hospitalar, 2029 ICP. Ver Intervenções coronarianas percutâneas inibidores da enzima conversora de angiotensina, 2030 limitação do tamanho do infarto, 2026-2027 manejo da função intestinal, 2029 marca-passo, 2033 morfina, 2025 nitrato, 2025, 2030 no serviço de emergência, 20242025 oxigenoterapia, 2025 restrição de atividades, 2029 sedação, 2029 terapia antitrombótica, 2029-2030 terapia de reperfusão, 2026,2026f terapia dietética, 2029 terapia fibrinolítica, 2026f, 2027 variações circadianas no, 2022 Infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST. Ver Angina instável/ infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST (AI/IMSEST) Infarto lacunar, 3276, e44-17f Infarto pulmonar, 109,2172 Infecção amniótica, 60 Infecção intrauterina, 60 Infecção latente por tuberculose (ILTB). Ver Tuberculose (TB), infecção latente Infecção pela Taenia solium (tênia do porco) diagnóstico da, 1761, 1761q, e25-2q, e25-5q, e25-6q distribuição geográfica da, 1760, e252q hospedeiros no ciclo de vida da, 1759, e25-2q manifestações clínicas da, 1760-1761, 1760f. Ver também Cisticercose patogenia da, 1760
prevenção da, 1762 tratamento da, 1762 Infecção pelo herpesvírus humano-6 (HHV-6) agentes antivirais para, 72lq em paciente com câncer, 720 em receptor de transplante locais de, 112lq manifestações clínicas das, 1123q, 1475 momento de ocorrência da, 1122q, 1124 tratamento da, 1124 epidemiologia da, 1475 exantema súbito, 148,149q, 1475, e7-2f manifestações clínicas da, 1475 reativação na síndrome de hipersensibilidade, 436 Infecção pelo herpesvírus humano-7 (HHV-7) em paciente com câncer, 720 em receptor de transplante, 1122q, 1123q, 1124, 1130 epidemiologia da, 1475 manifestações clínicas da, 1475 Infecção pelo herpesvírus humano-8 (HHV-8) em paciente com câncer, 720 em receptor de transplante, 1123q, 1125, 1130 epidemiologia da, 1476,1535 linfoma primário com derrame e, 1439, 1476, e21-3 manifestações clínicas da, 1476 neoplasias malignas linfoides e, 921, 92 lq, 1439, 1476 sarcoma de Kaposi e, 816,1439,1476, 1535 tratamento do, 1476 Infecção pelo HIV alergias medicamentosas na, 437, 1555 classificação da, 1506, 1506q, 1507q como doença crônica, 13-14 debilitação generalizada na, 1564 deficiência de cobalamina na, 868 depressão na, 3536 diagnóstico da, 1538, e22-9 algoritmo para, 1538-1539,1539f ensaio de captura do antígeno p24, 1539-1540,1540q ensaio do bDNA, 1540f, 1540q, 1541 imunoensaio enzimático, 1538 NABSA, 1540q, 1541 RT-PCR, 1540-1541,1540f, 1540q testes point-of-care (testes laboratoriais à beira do leito), 1539 Western-blot, 1538,1539f distúrbios endócrinos e metabólicos na distúrbios da tireoide, 1554 hipogonadismo, 1554 lipodistrofia, 1993 osteonecrose, 1554 osteoporose, 1554 SIADH, 1554 síndrome metabólica, 1554 doença cardiovascular na, 1549, 1957,1974, e31- lq doença do sistema hematopoiético na, anemia, 1556-1557 distúrbios dos monócitos na, 480 gamopatia monoclonal de importância indeterminada, 1556 linfadenopatia, 466, 1524-1525, 1566 neutropenia, 1557 supressão da medula óssea, 1556, 1556q
TEV, 1557 trombocitopenia, 967, 968, 1557 doença gastrintestinal na, 1550 diarréia, 310, 1551-1552, 1552f enteropatia por HIV, 1551 esofagite, 1550,155 lf infecções, 1550-1553,1553f, 1732 doença hepatobiliar na, 1552-1553 colangiopatia, 329 pancreatite, 1553, 2642-2643 doença imunológica e reumatológica na, 1555-1556 doença neoplásica na, câncer anal, 776,1567 câncer cervical invasivo, 1567 doença de Castleman multicêntrica, 1567 linfoma primário com derrame, e21-3 linfomas, 1566-1567, 1566f, 1567f sarcoma de Kaposi. Ver Sarcoma de Kaposi doença renal na, 1553, 2353,2380, e 14-l f em hemofílicos, 975, 976-977 em lactentes e crianças, 1519,1520f, 1585 epidemiologia da disparidades raciais/étnicas na, 1518, 1520f em lactentes e crianças, 1519, 1520f global, 12-13, 1516-1517, 1516f, 1517f nos EUA, 12, 1007f, 1517-1519, 1518f, 1519f estágio assintomático (latência clínica), 1524, 1543 febre na, 159,164 hiperpotassemia na, 357, el5-2 imunizações na, 1033f, 1034f, 10461047,1545-1546q infecções do trato geniturinário na, 1552 cancroide, 1230, 1231 candidíase, 402 gonocócica, 1224-1225 sífilis, 1386,1386q interações medicamentosas na, 1047 KIR com, 2666q linfocitopenia de células T CD4+ idiopática na, 1567-1568 manifestações neurológicas da, 1558, 1558q déficits neurológicos focais, 15601561 demência associada ao HIV (complexo de demência da Aids), 1559-1560,1559q, 1560f doença de Chagas, 1561-1562 leucoencefalopatia multifocal progressiva, 1561 meningite, 3420 meningite asséptica, 1558-1559 meningite criptocócica, 1559, 1650 meningite crônica, 3438q, 3441 mielopatia, 1562 miopatia, 1562 neuropatia periférica, 1562,34603461 patogenia da, 1534-1535, 1558 polineuropatia sensorial distai, 1562 polirradiculopatia, 1562 monitoração laboratorial das contagens de células T CD4+, 1541, 1541f determinações do RNA do HIV, 1541-1542 dímero-D, 1542q ensaios de tropismo de correceptor, 1542
dermatite seborreica, 398,1557 ictiose, 1557 molusco contagioso, 14761477,1477-1478 na infecção primária, 149q, 415, 415q, e7-2f onicomicose, 401 perirretais, 1552, 1552f, 1558 profilaxia das, 1546q psoríase, 1557 tratamento das, 1460,1461q, 1558 reações cutâneas a fármacos, 432, 436,1558 na gravidez, 61,1515,1585 patogenia da, 1519 alvos celulares, 1529 apoptose na, 1527 ativação imune, inflamação e, 1525-1527,1526q defeitos das célula T CD8+ na, 1530-1531 defeitos das células B na, 1531 defeitos das células NK na, 1532 defeitos das células T CD4+ na, 1529-1530,1530q defeitos de células dendríticas na, 1531 defeitos dos macrófagos na, 1531 defeitos dos monócitos na, 1531 doença avançada, 1524 em não progressores de longo prazo, 1524 em sobreviventes de longo prazo, 1524 evolução clínica no paciente não tratado, 1521f fatores genéticos na, 1532-1534, 1533q fenômeno autoimune na, 1527 infecção crônica, dinâmica viral 1523-1524, 1523f evasão do sistema imune, 1522 latência clínica vs. latência microbiológica, 1524 replicação viral persistente, 1521-1522 reservatórios de células infectadas pelo HIV, 15221523,1523f infecção primária, 1520-1521, 1521 f, 1522f no SNC, 1534-1535 órgãos linfoides e, 1524-1525, 1525f, 1526f receptores e correceptores virais na, 1528-1529,1529f rede de citocinas na, 1527-1528 renovação dos linfócitos na, 1528 prevenção da, 1584-1585 profilaxia pós-exposição, 1119,1583 sepse/choque séptico na, 2229q toxoplasmose, 1561,1561 f, 17251726, 1725f, 1727,1728 transmissão da, materno-fetal/lactente, 1585 na saliva, 1515-1516 no sangue e hemocomponentes, 954q, 956, 976-977,1513-1514 padrões, 1518,1519f por amamentação materna, 61, 1515-1516, 1585 prevenção da, 1585-1586 sexual, 1510-1513,1513f tratamento da, abordagem ao paciente, 15681569 avaliação inicial, 1568-1569, 1569q na gravidez, 61 princípios de, 1580-1582,1581q recursos da internet para, 1569q
suporte nutricional especializado, 615q terapia antirretroviral de combinação. Ver Terapia antirretroviral de combinação (TARc) triagem para, 26, 26f, 568,1110, 1538, 1584 viajante com, 1046-1047 Infecção pelo vírus Chikungunya epidemiologia da, 151q, 1048,1626 manifestações clínicas da, 15 lq, 157, 159,1626 transmissão da, 1626 Infecção pelo vírus da hepatite A (HAV) avaliação laboratorial da, 2538, 2538f, 2549-2552, 2550q,2551q características globais da, 2545-2546 complicações e seqüelas da, 25522553 diagnóstico da, 2524q, 2550, 2551 epidemiologia da, 1032q, 2545-2456, 2546q etiologia da, 2537 fatores de risco para, 2522 manifestações clínicas da, 2538, 2538f, 2546q, 2549 patogenia da, 2545-2546, 2546q profilaxia da, 2554-2555 recidiva da, após transplante de fígado, 2613 transmissão da, 2545-2546 tratamento da, 2554 Infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) administração recomendada da em adultos, 1033f, 1035f, 1110, 2556q em lactentes e crianças, 2556q em pacientes com câncer, 713q em pacientes submetidos a hemodiálise, 2556q em receptores de transplante, 1033f, 1131, 1132q em viajantes, 1043,1043q na doença hepática, 2526 na infecção pelo HIV, 1033f, 1545q avaliação laboratorial da, 2540-2541, 2540f, 2541f, 2549-2552, 2550q, 2551q características globais da, 2546-2547 carcinoma hepatocelular e, 772q, 777q, 778,1438 colestase na, 328 complicações e seqüelas da, 25522553 contraindicações para, 1037q crônica, 2568 após transplante renal, 2333 avaliação laboratorial da, 2569 biópsia hepática da, e38-2f cirrose devido à, 2594 comprometimento renal na, 2353 fase não replicativa, 2568-2569 fase replicativa da, 2568-2569 HBeAg-negativa, 2568-2569, 2575, 2576q HBeAg-reativa, 2568, 2575, 2576q histologia da, 2568 infecção pelo HDV com, 2547, 2577 manifestações clínicas da, 2569 taxas de sobrevida, 2568 tratamento da, 2569-2577,2574q, 2575f, 2576q, 2577q adefovir, 1445q, 1450-1451 entecavir, 1445q, 1451, 2573, 2574q, 2575f IFN PEG, 1445q, 1451, 25722573, 2574q, 2575f, 2576, 2577q IFN-a, 2570
IFN-b2b, 1445q, 1451 lamivudina, 1445q, 1450,25702571, 2574q, 2575f novos antivirais e estratégias, 2575 recomendações para, 25752577,2576q, 2577q telbivudina, 1445q, 1451, 2573, 2574q, 2575f tenofovir, 1445q, 1451, 2573, 2574q, 2575f terapia de combinação, 2573, 2575 diagnóstico da, 2524q, 2550, 2550q, 255lq, e22-9 epidemiologia da, 1032q, 2546-2547, 2546q exantema na, 154q, 158 fatores de risco para, 2522-2547q incidência pré e pós-vacina, EUA, 1032q infecção pelo HIV e, 1522,1569 manifestações clínicas da, 2539q, 2540f, 2546q, 2549 manifestações extra-hepáticas da, 2545 mutantes de escape na, 2542 na gravidez, 60 padrões sorológicos da, 2550 para profilaxia pós-exposição, 2556 patogenia da, 2544-2545 profilaxia para, 2555-2556, 2556q prognóstico da, 2552 proteínas e partículas de, 2538-2540, 2538f, 2539f receptor de transplante, 112lq recidiva da, após transplante de fígado, 2613-2614 risco de câncer hepático e, 658 transmissão da, 2546-2547 transmitida por transfusão, 956 transplante de fígado para, 2607-2608 tratamento da, 2554 triagem para, 1110, 2547, 2547q vasculite urticariforme na, 416,416q Infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) avaliação laboratorial da, 2549-2552, 2550q, 2551q características globais da, 2547-2548, 2549q carcinoma hepatocelular e, 777q, 778, 779q, 1438 colestase na, 328 complicações e seqüelas da, 25522553 crônica, 2578 atividade da aminotransferase na, 2578 avaliação laboratorial da, 2579 biópsia hepática da, e38-lf a e382f, e38-3f cirrose devido à, 2578-2579, 2594 comprometimento renal na, 2353 dados de mortalidade, 2578-2579 doença hepática alcoólica associada à, 2589, 2589q manifestações clínicas da, 2579 prognóstico da, 2578-2579 progressão da doença hepática na, 2578-2579 tratamento da, 2579-2585, 2579f, 2581q, 2582f, 2583q-2584q IFN PEG, 1446q IFN PEG e ribavirina, 1446, 1447, 2579-2585 IFN-o;, 1446q IFN-alfacon, 1446q telaprevir, 1452 terapia antiviral, 1446q, 25822585, 2583-2584q diagnóstico da, 2524q, 2551, 2551q, e22-9 em hemofílicos, 975, 976-977
ÍNDICE
hs-CRP, 1542q IL-6,1542q teste de resistência do HIV, 1542 não progressor de longo prazo, 1543 não progressores de elite, 1543 perda auditiva na, 250 profissional de saúde e, 1119,15141515, 1582-1583 resposta imune à, humoral, 1535q, 1536-1537, 1536f, 1527f mediada por células, 1535q, 15371538 síndrome aguda, 270q, 1521, 15421543,1542q, 1543f síndrome inflamatória de reconstituição imune na, 1349-1350, 1372,1548, 1556, 1556q sobrevivente de longo prazo, 1524 Infecção pelo HIV, manifestações neurológicas da (Cont.): acidente vascular encefálico, 1562 crises convulsivas, 1560,1560q desenvolvimento de vacina para, 1583-1584 disfunção olfatória na, 244 doença oftálmica na, 1562 lesões da coroide, 1563 necrose retiniana externa progressiva, 1563 retinite por CMV, 1473-1474, 1474f, 1563 doença orofaríngea na, 274, 274q, 1549 candidíase, 1549,1550f disfagia, 300 durante infecção primária, 270q faringite, 263 leucoplaquia pilosa, 1469,1469f, 1549,1550q úlceras aftosas, 269, 1550,1550f doença respiratória na, 1546 hipertensão pulmonar, 1549, 2078q, 2082 infecção por R. equi, 1548 infecções fúngicas, 1548-1549 infecções por MAC, 1370, 1544q, 1548 pneumonia bacteriana, 1547 PPc, 1547,1671, 1672,1673q tuberculose. Ver Tuberculose (TB), na infecção pelo HIV doença sintomática, 1543 em mulheres, 51f, 53-54 fraqueza na, 184 hipotensão ortostática na, 174 infecções oportunistas/disseminadas na B. dermatitidis, 1647 Bartonella, 419,1318, 1319f, 1563 Cryptococcus, 1559,1648,1650 Histoplasma, 1549, 1563 incidência das, 1543, 1546,1546f Leishmania, 1047, 1564, 1709, 1713 malária, 1047,1564, 1694 Nocardia, 1322-1323 P. aeruginosa, 1271-1272 P. marneffei, 1563-1564, 1666, 1666q profilaxia das, 1544-1546q T. cruzi, 1561-1562 T. gondii, 1561, 1561f, 1725-1726, 1725f, 1727,1728 vírus JC, 1561 manifestações cutâneas da, 1557 condiloma acuminado, 1558 foliculite, 1557 herpes-zóster, 1464, 1464f, 15571558 infecções por HSV, 1558 câncer de pele, 731
1-83
ÍNDICE 1-84
em receptor de transplante, 112 lq, 1130 epidemiologia da, 2546q, 2547-2548, 2549q fatores de risco para, 2522, 2549q infecção pelo HIV e, 1522 KIR com, 2666q líquen plano e, 400 manifestações clínicas da, 2539q, 2546q,2549 manifestações cutâneas da líquen plano, 400,405 vasculite urticariforme, 416,416q miocandiopatia na, 1957 neoplasias malignas linfoides e, 921, 921q osteosclerose e, 3141 patogenia da, 2544-2545 porfiria cutânea tardia e, 446 profilaxia para, 2556-2557 recidiva da, após transplante de fígado, 2614 transmissão da, 2546q, 2547-2548, 2549q transmitida por transfusão, 956 transplante de fígado para, 2607 tratamento da, 2554 triagem para, 2548, 2549q vasculite crioglobulinêmica e, 27982799 Infecção pelo vírus da hepatite D (HDV) avaliação laboratorial da, 2549-2552, 2550q, 255lq características globais, 2547 complicações e seqüelas da, 2553 crônica, 2577 infecção pelo HBV com, 2547, 2577 tratamento da, 2578 diagnóstico da, 2524q, 2551 epidemiologia da, 2546q, 2547 genoma da, 2537f, 2539q, 2542 manifestações clínicas da, 2539q, 2546q, 2549 patologia da, 2545 profilaxia da, 2556 prognóstico da, 2552 transmissão da, 2546q, 2547 tratamento da, 2554 Infecção pelo vírus da hepatite E (HEV) avaliação laboratorial da, 2549-2552, 2550q, 255 lq características globais da, 2548-2549 diagnóstico da, 2524q epidemiologia da, 2546q, 2548-2549 fatores de risco para, 2522 manifestações clínicas da, 2539q, 2546q, 2549 patologia da, 2545 profilaxia para, 2557 transmissão da, 2546q, 2548-2549 tratamento da, 2554 Infecção pelo vírus do rio Ross (poliartrite epidêmica), 1626-1627 Infecção pelo vírus Marburg, 1633 avaliação laboratorial da, 1635 diagnóstico da, 1635 epidemiologia da, 1007f, 1028, 1633, 1634f manifestações clínicas da, 1028,1635 patogenia da, 1635 prevenção da, 1635 tratamento da, 1636 Infecção pelo vírus 0 ’nyong-nyong, 1626 Infecção pelo vírus Sindbis, 1626 Infecção pelo vírus Tahyna, 1620 Infecção por Blastocystis hominis, 1733-1734 Infecção por HBV Ver Infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) Infecção por Helicobacter cinaedi, 1286, 1287q
Infecção por Helicobacterfennelliae, 1286, 1287q Infecção por Helicobacter pylori câncer gástrico e, 765-766,1264 diagnóstico da, 306, 1263, 1263q, 2446, 2447q doença ulcerosa péptica e, 320,2441, 2444, 2442f, 2443f epidemiologia da, 1261, 2442 fatores do hospedeiro na, 2442f, 2443 fisiopatologia da, 1261-1262,1261f, 2442-2443, 2442f, 2443f história natural da, 2443,2443f indigestão e, 304-305 linfoma MALT e, 921, 921q, 928 manifestações clínicas da, 1262-1263 prevenção da, 1265 púrpura trombocitopênica e, 968 tratamento da abordagem ao, 1264, 1264f, 24512452 abordagem de “testar e tratar”, 306 efeitos adversos do, 1264, 2450 esquemas, 1265q, 2449q, 2450 fracasso do, 1264-1265, 2450 no linfoma gástrico, 768 reinfecções após, 2450 resistência a antibióticos na, 12641265 terapia com quádrupla, 1265q, 2449q, 2450 terapia tríplice, 1265q, 2449q, 2450 Infecção por herpesvírus associada ao sarcoma de Kaposi (KSHV). Ver Infecção por herpesvírus humano-8 (HHV-8) Infecção por HHV-6. Ver Infecção por herpesvírus-6 humano (HHV-6) Infecção por HHV-7. Ver Infecção por herpesvírus-7 humano (HHV-7) Infecção por HHV-8. Ver Infecção por herpesvírus-8 humano (HHV-8) Infecção por KSHV (herpesvírus associado ao sarcoma de Kaposi. Ver Infecção por herpesvírus humano-8 (HHV-8) Infecção por Naegleria avaliação laboratorial da, 1687f, e256q, e25-7 epidemiologia da, 1686 manifestações clínicas da, 1686-1687 patogenia da, 1686, 3423 Infecção por Penicillium marneffei (peniciliose), 1545q Infecção por Prototheca wickerhamii, em receptor de transplante, 1128 Infecção por Spirillum, e24-2 Infecção por Taenia saginata (tênia do boi) diagnóstico da, 1760, e25-l, e25-2q, e25-5q, e25-7q distribuição geográfica da, 1759, e252q hospedeiros no ciclo de vida da, 1759, e25-2q manifestações clínicas da, 1760 patogenia da, 1759-1760 prevenção da, 1760 tratamento da, 1760 Infecção por Toxoplasma gondii assintomática, 1725 congênita, 1722, 1723,1726,1728 diagnóstico da, 1726-1728, e25-4q, e25-6q,e25-7q diagnóstico diferencial da, 1726q em paciente com câncer, 717, 717q em receptor de transplante, 1122q, 1123,1127q, 1128 epidemiologia da, 1722 etiologia da, 1722,1722f manifestações clínicas da cardíaca, 1724, 1871q, 1959
do SNC, 1561,1561q, 1725-1726, 1725f, 3431 fraqueza, 184 gastrintestinal, 1724 linfadenopatia, 466, 1724, 1725 meningite crônica, 3437q no paciente imunocompetente, 1725 no paciente imunocomprometido, 1725-1726,1725f ocular, 229,1724,1726 pulmonar, 1724 na gravidez, 1723,1725 na infecção pelo HIV, 1544-1545q, 1561,1561f, 1725-1728, 1725f patogenia da, 1723 patologia da, 1723-1724 prevenção da, 1729 profilaxia para, 1127q, 1544-1545q, 1728 resposta imune à, 1725 transmissão da, 1723 tratamento da, 1728 Infecção por vírus BK em paciente com câncer, 718 em receptor de transplante, 1122q, 1126q, 1128, 1129, 2332 Infecção por vírus Bunyamwera, 1620 Infecção por vírus do grupo C, 1620 Infecção por vírus ebola, 1633 avaliação laboratorial da, 1635 diagnóstico da, 1635 epidemiologia da, 1007f, 1633-1635, 1634f manifestações clínicas da, 1028, 1635 patogenia da, 1635 prevenção da, 1636 tratamento da, 1636 Infecção por vírus JC em paciente com câncer, 717q em receptor de transplante, 1126, 1128 na infecção pelo HIV, 1561 Infecções associadas ao tratamento médico, 1112 A. baumannii, 1258-1259 C. difficile, 1090, 1114. Ver também Doença associada a Clostridium difficile cobertura do Medicare, 1113q diarréia, 1086-1087 em paciente com câncer, 722 endocardite, 1055 enterocócica, 1181-1182 epidemiologia das, 1114 febre nas, 163-164 HIV, 1514-1515 HRSV, 1488 infecções de incisões cirúrgicas. Ver Infecções de incisões cirúrgicas infecções do trato urinário, 11141115, 1114q infecções fúngicas, 1118 Klebsiella spp., 1253 legionelose, 1114 pneumonia, 1115-1116,1164,2130, 2130q. Ver também Pneumonia associada ao respirador prevenção das, 89, 722,1114, 1114q, 1117 relacionadas com cateter venoso central. Ver Infecções da corrente sanguínea relacionadas com cateter resistentes a antibióticos, 1119 S. aureus, 1160-1161 sarampo, 1600 sinusite, 256-, 257 varicela, 1114 vigilância, 1113-1114,1113f Infecções bacterianas anaeróbias, mistas. Ver Infecções bacterianas anaeróbias, mistas
febre nas, 159,161q. Ver também Doença febril aguda na gravidez, 60 no receptor de transplante, 11211122,1122q transmitidas por transfusão, 956-957 transplante de fígado e, 2611 q, 1612 Infecções bacterianas anaeróbias, mistas, 331 abordagem ao paciente, 1333 bacteremia, 1336 boca, cabeça e pescoço,1333-1334, 1338-1339 de pele, 1336 de tecidos moles, 1336 definições, 1331-1332 diagnóstico das, 1337, e22-6q em feridas por mordedura de cães, e24-l em feridas por mordedura humana, e24-2 endocardite, 1337 envolvendo clostrídios, 1205,1205q epidemiologia das, 1333 etiologia das, 1332 ferida de queimaduras, e23-l intra-abdominais, 1335,1339 manifestações clínicas das, 1333-1337 medidas de suporte, 1339 osso e articulações, 1071q, 1336 patogenia das, 1332-1333 pélvicas, 1335-1336 pericardite, 1337 pleuropulmonares, 1334-1335 SNC, 1334 tratamento, 1337-1339,1338q Infecções cervicais profundas, 266-267 Infecções congênitas. Ver RecémNascido, infecções no Infecções da corrente sanguínea relacionadas com cateter bactérias Gram-negativas nas, 1235 Candida, 620,116 com nutrição parenteral, 619-620 diagnóstico das, 1117 em paciente com câncer, 715-716, 716q, 718 em receptor de transplante, 1121, 1131 enterocócicas, 1182 fisiopatologia das, 1116 Infecções do trato urinário relacionadas com cateter, 11141115,1114q, 2394-2395 no local de saída, 715, 716 no local do túnel, 715-716, 715q prevenção das, 86, 1114q, 1116-1117 tratamento das, 1117 Infecções da pele, 1064. Ver também infecções específicas anaeróbia, 1336 diagnóstico das, 1069 em paciente com câncer, 713 fisiopatologia das, 1064,1064f tratamento das, 1069-1070, 1070q Infecções de cateter venoso central relacionadas com. Ver Infecções da corrente sanguínea relacionadas com cateter para nutrição parenteral, 618 síndrome da veia cava superior e, 2267 Sopro venoso central, 1829 Infecções de feridas. Ver também Infecções de locais cirúrgicos anaeróbias, 1336 botulismo, 1201 coleta e transporte da amostra, e22-
5q Infecções de feridas de queimaduras, e23-l classificação das, e23-2 epidemiologia das, e23-l
fisiopatologia das, e23-l imunossupressão causada por, e23-2 ae23-3 manifestações clínicas das, e23-l a e23-3 í! aeruginosa, 1266 tratamento das, e23-3 Infecções de próteses articulares, 2847 bactérias Gram-negativas nas, 1235 procedimentos odontológicos e, 275 Sulfato de protamina, 994 Infecções de tecidos moles. Ver também Celulite anaeróbias, 1336 antimicóticas, 1329 enterocócica, 1183 profundas. Ver Miosite; Fasciite necrosante tratamento das, 1069-1070, 1070q Infecções do espaço faríngeo lateral, 266-267 Infecções do espaço parafaríngeo, 266-267 Infecções do espaço perifaríngeo, 1334 Infecções do espaço retrofaríngeo, 266-267 Infecções do espaço sublingual, 266, 267 Infecções do espaço submandibular, 266-267 Infecções do local cirúrgico diagnóstico das, 1116 estreptocócicas, 1176 fatores de risco das, 1116 prevenção das, 1114q, 1116,1145, 1147,1148q tratamento das, 1116 Infecções do sistema nervoso central (SNC) abscesso cerebral. Ver Abscesso cerebral abscesso epidural craniano, 3433, 3433f actinomicose, 1329 causas não bacterianas de, 3431 demência devido a, 3314 em paciente com câncer, 716-717 empiema. Ver Empiema Subdial encefalite. Ver Encefalite infecções anaeróbias, 1334 intracraniano, 1026q, 1029 L. monocytogenes, 1195-1196 M. tuberculosis, 1348 Meningite, Ver Meningite Nocardia, 1323-1324 P. aeruginosa, 1269q, 1270 raiva. Ver Raiva Salmonella, 1279 sarcoidose, 3439q tratamento das, 341 l-3412f VZV, 1463 Infecções do trato genital abscessos, 1079 anaeróbias, 1335-1336 HSV. Ver Infecções por herpesvírus simples (HSV), genitais tuberculose, 1347 verrugas, 403 Infecções do trato respiratório, abordagem ao paciente, 2091-2093 agentes inalados associados na, 2085 anamnese nos, 2084-2085 baqueteamento nas, 2086 categorias de, 2084q diagnóstico de, 2094 análise do escarro. Ver Análise do escarro angiografia pulmonar, 2098 aspiração com agulha percutânea, 2009 aspiração com agulha transbrônquica, 2099 broncoscopia, 2086, 2099
broncoscopia com autofluorescência, 2100 broncoscopia virtual, 2098 cirurgia torácica videoassistida, 2100-2101 mediastinoscopia, 2100 mediastinotomia, 2100 medição da função ventilatória, 2091-2092 medição da troca gasosa, 20922093 PET, 2098 pneumologia intervencionista, 2099-2100 radiografia de tórax, 2086, 20942095,2095f RM, 2097 TC, 2086, 2095-2097, 2095f técnicas de medicina nuclear, 2097-2098 toracocentese, 2099 toracotomia, 2101 toras coscopia, 2100 ultrassonografia endobrônquica, 2099 dispnéia nos, 278-279, 278q, 2084 dor torácica nas, 2084, 2085 em mulheres, 51f exame físico nos, 2085-2086 fatores de risco para, 2085 hemoptise nos, 2085 manifestações clínicas da, 2084-2085 mortes por.de acordo com o sexo, 50q obesidade e, 628 padrões obstrutivos, 2094, 2094f padrões restritivos, 2093-2094, 2093f relacionadas com a idade, 564q tabagismo e, 2085, 356lq, 3562 tosse nas, 2085 valores de função pulmonar nos, 2086, 2093-2094, 2093f Infecções do trato respiratório por adenovírus. Ver Infecções por adenovírus cavidade oral, 264-265 crônicas por P. aeruginosa, 1268-1269 distúrbios olfatórios nas, 244 enterovírus, 1486q epiglotites, 265-266, 266f, 1230, 1491 exacerbações da asma e, 2108 faringite. Ver Faringite hemoptise nas, 284-285 inespecíficas, 255-256 laringite, 265 linfadenopatia nas. 466 mastoidite, 239, 262, 262q, 3429 Nocardia, 1323, 1323f, 1324f, 1325q pelo vírus influenza. Ver Influenza pneumonia. Ver Pneumonia por C. pneumoniae, 1430 por coronavírus. Ver Infecções por coronavírus porHMPV, 1486q, 1490 por HRSV. Ver Infecções pelo vírus sincicial respiratório humano (HRSV) por IiSV, 1486q por M. pneumoniae, 1417-1418, 1418q por vírus parainfluenza. Ver Infecções por vírus parainfluenza rinovírus. Ver Infecções por rinovírus sinusite. Ver Sinusite Infecções do trato respiratório superior. Ver Infecções do trato respiratório Infecções do trato urinário (ITU) A. baumannii, 1259 abordagem ao paciente, 2390-2391, 2390f abscesso renal e, 1081 associadas a serviços de saúde, 11141115, 1114q, 2394-2395
complicações das, 2394 complicadas, 2388, 2391 definições nas, 2387-2388 delirium nas, 199, 199q diagnóstico das, algoritmo para, 2392f anamnese nas, 2397 avaliação laboratorial nas, 2397 nas mulheres, 2391 nos homens, 2392-2393 diagnóstico diferencial das, 2391 E. coli, 1249, 2388 em paciente com câncer, 718 em receptor de transplante, 1127 enterocócicas, 1182,1184q, 1186q epidemiologia das, 2388 etiologia das, 2388 fatores de risco para, 2388 fatores genéticos nas, 2389 K. pneumoniae, 1253,2388 manifestações clínicas das, 23902391,2390q na gravidez, 60 no paciente queimado, e23-3 P. aeruginosa, 1269q, 1271 patogenia das, 2389, 2389f prevenção das, 1114q, 1115, 2395 prognóstico das, 2395 Proteus, 1254-2155 Recorrentes, 2388 S. aureus, 1115, 1165 S. saprophyticus, 1167,2388 Salmonella, 1279 tratamento de associada a cateter, 1115,23942395 bacteriúria assintomática, 2394 cistite aguda em mulheres, 23932394,2393q infecção complicada, 2394 infecção por Candida, 2395 na gravidez, 2394 nos homens, 2394 pielonefrite, 2394 resistência a fármacos e, 1141, 2388 tuberculosa, 1347 Infecções do túnel, 2326 Infecções enterocócicas associadas a cuidados médicos, 11811182 bacteremia, 1182,1184q, 1185q considerações globais, 1182 de tecidos moles, 1183 em paciente com câncer, 715q em receptor de transplante, 1121, 1126,1130 endocardite, 1053q, 1057-1059, 1058q, 1182-1183,1184q epidemiologia das, 1181 -1182 etiologia das, 1180-1181, 1180f intra-abdominais, 1183 meningite. Ver Meningite, bacteriana neonatais, 1183 osso e articulação, 1183 osteomielites, 1074q patogenia das, 1181 resistentes à vancomicina. Ver Enterococos resistentes a vancomicina (VRE) tratamento das, 1183-1187,11841186q trato urinário, 1182,1184q, 1186q Infecções estafilocócicas aortite, 2065 celulite, 1067-1068 da corrente sanguínea relacionadas com cateter, 1116 de local cirúrgico, 1116 de próteses, 1162 diagnóstico das, 1163,1167, e22-2f em ferida por mordedura de cão, e24-l
em paciente com câncer, 712q, 714, 715q em receptor de transplante, 1121, 1129 endocardite. Ver Endocardite infecciosa, estafilocócica osteomielite, 1071, 1071q, 1074q patogenia das, 1167 S. aureus. Ver Infecções por Staphylococcus aureus síndrome de choque tóxico. Ver Síndrome do choque tóxico (SCT), estafilocócica síndromes clínicas, 1167 transmitida por alimento, 1087, 1087q, 1162,1165-1166 tratamento das, 1167-1168, 1169q Infecções estreptocócicas. Ver também Infecções por Streptococcus do grupo A (GAS); Infecções por Streptococcus do grupo B (GBS) aortite, 2065 após glomerulonefrite, 2340, 2340f cervicais profundas, 266-267 diagnóstico das, e22-2f, e22-9 em ferida por mordedura de cão, e24-l em ferida por mordida humana, e242
em feridas de queimaduras, e23-l em pacientes com câncer, 712q, 713, 715q endocardite. Ver Endocardite infecciosa, estreptocócica infecções cutâneas, 1066 no receptor de transplante, 1121, 1122q osteomielite, 1071, 1071q, 1074q síndrome do choque tóxico. Ver Síndrome do choque tóxico (STC), estreptocócica (SCT) Infecções fúngicas. Ver também doenças específicas artrite, 2846 classificação das, 1637 de órgãos profundos, 1637 diagnóstico de, 1637-1368 em feridas de queimaduras, e23-3 em receptor de transplante, 1122, 1129,1130, 2332 endêmicas, 1637 epidemiologia das, 1637 febre nas, 159-160,161q medidas de controle de infecção, 1118 mucocutâneas, 1637,1669-1670 oportunistas, 1667-1669, 1670q osteomielite, 1071,1071 q terminologia das, 1637 transplante de fígado e, 261 lq, 2612 visão geral do tratamento, 1638-1639. Ver também fármacos específicos Infecções gonocócicas anorretais, 1223 considerações globais, 1220 de resistência intermediária/ resistentes às cefalosporinas, 1222 diagnóstico de, 1225, e22-9 disseminadas, complicações das, 1224 comprometimento articular nas, 1224, 1224f, 2845 epidemiologia das, 156q, 1224 fatores de risco para, 1224 manifestações clínicas das, 156q, 1224,1224f manifestações cutâneas das, 156q, 158, 4 2 2 ,1224f, e7-llf, el6-12f tratamento das, 1226q, 1227 doença inflamatória pélvica. Ver Doença inflamatória pélvica (DIP) em crianças, 1223,1225 em homens, 1095-1097,1222,1222f
em mulheres, 1098,1222-1223 em recém-nascidos, 1223,1226q epidemiologia das, 1095,1220 epididimite, 1098 faríngea, 263,1223 manifestações orais das, 271q na gravidez, 60, 1223, 1225 na infecção pelo HIV, 1224-1225 oculares, 1223, 1227 patogenia das, 1220-1221. Ver também Neisseria gonorrhoeae prevenção e controle das, 1227 resistentes à espectinomicina, 1222 resistentes às quinolonas, 1222 tratamento das, 1097, 1097q, 1098q, 1225-1227,1226q triagem para, 1109-1110 Infecções intra-abdominais anaeróbios, 1335,1339 C. septicum, 1335 enterocócicas, 1183 Salmonella, 1279 Infecções intracranianas, 1026q, 1029 Infecções Legionella spp. associadas a tratamento médico, 1114, 1236, 1237, 1240 diagnóstico de coleta e transporte de amostras, e22-6q coloração de Gram, e22-2f cultura, 1239 exames laboratoriais, 1239q indícios clínicos, 1238q radiografia de tórax, 1238f teste com antígeno, 1238-1239 testes de ácido nucleico, e22-9 diarréia nas, 310 em paciente com câncer, 717, 717q epidemiologia das, 1007f, 1237 extrapulmonares, 1238 fatores de risco para, 1239-1240, 1240q manifestações clínicas das, 1237-1238 patogenia das, 1237 prevenção das, 1118-1119, 1240 prognóstico das, 1240 Infecções meningocócias colonização nas, 1214 complicações das, 1217 diagnóstico das, 1215-1216 doença reativa pósmeningocócica, 1215 epidemiologia das, 1212-1214,1212f, 1213f etiologia das. Ver Neisseria spp. (meningococos); Neisseria meningitidis fatores genéticos nas, 1213 manifestações clínicas das, 1214-1215 manifestações cutâneas das, 764, 1025q, 1214-1215,1215q meningite. Ver Meningite meningococemia. Ver Meningococemia no paciente com câncer, 712q, 713, 714q, 716 patogenia das, 1214 prevenção da. Ver Vacina meningocócica profilaxia para contatos, prognóstico das, 1217 sepse pós-esplenectomia, 1025q, 1026 septicemia, 1215,1216. Ver também Meningococemia tratamento das, 1216 Infecções micobacterianas não tuberculosas (MNT) complexo M. avium. Ver Infecções pelo complexo Mycobacterium avium (MAC) diagnóstico de, 1369-1370
doença disseminada, 1368 doença pulmonar, 1368-1369,2142 em crianças, 1369 epidemiologia das, 1367 linfadenopatia, 1369 M. marinum. Ver Infecções por Mycobacterium marinum osteomielite, 1071, 1071 q patobiologia das, 1367368 pele e tecidos moles, 1369 prevenção das, 1370 tratamento das, 1370-1371, 13741375, 1378-1379 Infecções MNT. Ver Infecções micobacterianas não tuberculosas (MNT) Infecções nosocomiais. Ver Infecções associadas a tratamento médico Infecções parasitárias. Ver também Infecções específicas artrite, 2847 em receptor de transplante, 1123 eosinófilos nas, 481 febre nas, 161q hepatobiliares, 2627 transmitidas por transfusão, 957 tratamento das, 1675,1675-1682, e26-l Infecções pelo complexo Mycobacterium africanum (MAC) bronquiectasia, 2144 diagnóstico das, 1370 diarréia nas, 314 disseminadas, 1368 linfadenopatia, 1369 na infecção pelo HIV, 1370,1544q, 1548 profilaxia para, 1544q tratamento das, 1370-1371, 13781379 vs. DII, 2486 Infecções pelo HRSV. Ver Infecções pelo vírus sincicial respiratório humano (HRSV) Infecções pelo HTLV-II (vírus linfotrópico de células T humanas II), 1505 Infecções pelo vírus do Nilo Ocidental em receptor de transplante, 1121q, 1126, 1624 epidemiologia das, 1007, 1007f, 1012, 1624 exantema nas, 415,1624 fraqueza nas, 185 manifestações clínicas das, 1622q, 1624 meningoencefalite, 3419 transmitidas por transfusão, 956, 1624 Infecções pelo vírus Epstein-Barr (EBV) artrite reumatoide e, 2842 câncer e, 656q câncer nasofaríngeo e, 733, 734,1439, 1469 diagnóstico das, 1467-1468,14691470, 1470q, e22-7 doença de Hodgkin, 921, 1439, 1469 doenças linfoproliferativas de células Be, 842,1124-1125, 1439, 14681469 em paciente com câncer, 717 em receptor de transplante diagnóstico das, 1125 fisiopatologia das, 1130 incidência das, 1125 locais das, U21q, 1126q manifestações clínicas das, 1123q, 1128 momento de ocorrência das, 1122q, 1129 tratamento das, 1125,1129 epidemiologia das, 467
faringite, 262 LES e, 2725, 2726 leucoplaquia pilosa oral, 1469,1469f linfadenopatia nas, 466 linfoma de Burkitt e, 656q, 670, 919, 921,1469, 1695 manifestação cutâneas das, 415, 415q manifestações clínicas das, 14671468,1469-1470, 1470q, e22-7 meningite, 3420 mononucleose infecciosa e. Ver Mononucleose infecciosa na síndrome da fadiga crônica e, 1469 neoplasias linfoides e, 921,92lq, 1469, e21-3, e21-4 neuropatia nas, 3461 patogenia das, 1467 timoma e, e20-2 tratamento das, 1471 Infecções pelo vírus linfotrópico de células T humanas II (HTLV-II), 1505 Infecções pelo vírus linfotrópico de células T hum anas-1 (HTLV-I) epidemiologia das, 1502,1503f linfoma/leucemia de células T do adulto, 921, 92lq, 932, 1439, 15031504 mielopatia, 921, 932,1504,1505, 3373 neoplasias malignas linfoides, 921, 921q prevenção das, 1504 transmitidas por transfusão, 956 tratamento das, 1504-1505 Infecções pelo vírus sincicial respiratório humano (HRSV), 1488 associada a tratamento médico, 1488-1489 bronquiolite, 1489 diagnóstico das, 1489 em paciente com câncer, 718,720 em paciente imunocomprometido, 1488 em receptor de transplante, 1125 epidemiologia da, 1488-1489 laringite, 265 manifestações clínicas das, 1489 otite média, 260 patogenia das, 1489 pneumonia, 1489 prevenção das, 1489 resfriado comum, 1489 respiratórias, 1486q, 1488-1489 respiratórias superiores, 256 traqueobronquite, 1489 tratamento das, 1443q, 1489 Infecções pelo vírus varicela-zóster (VZV). Ver também Herpes-zóster; Varicela (catapora) agentes antivirais para, 721q disseminadas, 154q em paciente com câncer, 717, 720 em receptor de transplante, profilaxia para, 962 encefalite, 717 etiologia das, 1462 infecções das vias respiratórias superiores nas, 256 meningite, 3419 neuropatia nas, 3461 patogenia das, 1462-1463 prevenção das, 1466 tratamento das, 1465-1466 Infecções pélvicas, anaeróbias, 13351336 Infecções pneumocócicas abordagem ao paciente, 1155 abscesso cerebral, 3428, 3430f em paciente com câncer, 712q, 713, 714q
endocardite, 1053q, 1060. Ver também Endocardite infecciosa epidemiologia da, 1152-1154,1153f epiglotite, 265-266 etiologia das, 1151. Ver também Streptococcus pneumoniae fatores de risco para, 1154,1154q incidência pré e pós-vacina, EUA, 1032q, 1159,1159f mastoidite, 262 mecanismos de defesa do hospedeiro, 1155 meningite. Ver Meningite na infecção pelo HIV, 1547 na pneumonia associada à respirador, 1115 otite média. Ver Otite média patogenia das, 1154-1155 pneumonia. Ver Pneumonia, bacteriana pós-esplenectomia, 471 prevenção de, 1158-1159. Ver também Vacina pneumocócica púrpura fulminante, 764 razões de caso-fatalidade para, 1154 sinusite, 257,1157 tratamento das, 1157-1158 variações sazonais nas, 1154 Infecções por Angiostrongilus spp. abdominais, 1744 ciclo de vida do parasito, 1737, 1738f diagnóstico das, 1737-1738, e25-3q, e25-7q manifestações clínicas das, 1737 meningite crônica, 3437q patogenia das, 1737 tratamento das, 1736q, 1738 Infecções por Acinetobacter spp. abordagem ao paciente, 1259 complicações das, 1260 diagnóstico das, 1259 em paciente com câncer, 715q, 716 epidemiologia das, 1258 etiologia das, 1258 manifestações clínicas das, 1259 patogenia das, 1258-1259 pneumonia associada a cuidados médicos, 2130q pneumonia associada ao ventilador, 1115,1116 prevenção das, 1260 prognóstico das, 1260 resistência a antibióticos nas, 12591260 tratamento das, 1259-1260,1259q Infecções por adenovírus, 1491 ceratoconjuntivite, 1491 cistite hemorrágica, 1491 conjuntivite, 228 diagnóstico das, 1492 diarréia, 310, 1491,1592 em receptor de transplante, 1122q, 1128,1491-1492 epidemiologia, 1491 exantema nas, 415,415q faringite, 263 febre faringoconjuntival, 1491 laringite, 265 manifestações clínicas das, 1491-1492 no paciente imunocomprometido, 1491-1492 pneumonia, 1491 prevenção das, 1492 resfriado comum, 1491 respiratórias, 256, 1486q, 1491-1492 tratamento das, 1492 Infecções por Aeromonas spp. características clínicas das, 31 lq, 1234-1235 celulite, 1068
diagnóstico das, 316, e22-2f em ferida de mordidas de animais, e24-l nas infestações de sanguessuga, 3579 tratamento das, 1068,1235 Infecções por Anaplasma spp., 14131414,1413f, 3415 Infecções por Arcanobacterium haemolyticum, 151q, 1193 Infecções por Arcobacter spp., 1287q Infecções por Aspergillus aspergiloma, 1658 broncopulmonares alérgicas. Ver Aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA) ceratite, 1658 cerebral, 1656-1657, 1656q, e44-9 a e44-10f diagnóstico das, 1658-1659 disseminadas, 1656, e7-10f em feridas de queimaduras, e23-l em paciente com câncer, 715q, 717718,717q, 722 em receptor de transplante, 1123, 1128, 1129,2194 endocardite, 1657 epidemiologia das, 1655 fatores de risco para, 1655-1656, 1657f fatores genéticos nas, 1656 manifestações cutâneas da, 157, 1656q, 1657, e7-10f, el6 -l lf meningite crônica, 3437q na asma, 1658 na infecção pelo HIV, 1549 otite externa, 260, 1658 patogenia das, 1655-1656 prevenção em hospitais, 722,1655 profilaxia para, 1659q, 1660 prognóstico das, 1660 pulmonares, 1656-1658,1656q, 1657f, 1658f, 1659q, 2272-2273 sinonasal, 258,1656,1656q, 1658, e44-10fae44-llf superficiais, 1658 traqueobronquite, 1656 tratamento das, 1659-1660, 1659q vs. DII, 2486q, 2487 Infecções por Babesia spp. coinfecção com doença de Lyme, 1404,1707 complicações das, 1026 considerações globais, 1708 diagnóstico das, 1706-1707, e22-9, e25-4q, e25-7q, e27-4f em paciente esplenectomizado, 471 em paciente imunocomprometido, 1707 em pacientes com câncer, 712q, 713 epidemiologia das, 1706 etiologia das, 1025q, 1026 febre nas, 159 manifestações clínicas das, 1706 prevenção das, 1708 transmissão das, 1706 tratamento das, 1025q, 1707-1708, 1707q Infecções por Bacillus cereus diarréia nas, 310, 31 lq em receptor de transplante, 1121 manifestações clínicas das, 311 q náusea e vômitos nas, 301,1084 transmitidas por alimentos, 1087, 1087q Infecções por Bacteroides fragilis. Ver também Infecções bacterianas anaeróbias, mistas abscesso hepático, 1080 abscesso intraperitoneal, 1079 peritonite, 1077 trato genital feminino, 1079
Infecções por Bartonella spp. angiomatose bacilar. Ver Angiomatose bacilar bartonelose (doença de Carrión), 1317q, 1319 doença da arranhadura do gato. Ver Doença da arranhadura do gato endocardite, 1060, 1317q, 1318 febre das trincheiras. Ver Febre das trincheiras febre e Oroya, 1317q peliose bacilar, 1317q, 1318-1319 verruga peruana, 1067,1317q, 1319 Infecções por Blastomyces spp. abordagem ao paciente, 1647 diagnóstico das, 1647 em paciente imunocomprometido, 1127q epidemiologia das, 1646 manifestações clínicas das, 1647 manifestações cutâneas das, 10661647 meningite crônica devido a, 3437q patogenia das, 1646-1647 prognóstico das, 1648 tratamento das, 1647-1648,1647q Infecções por Brucella spp. comprometimento ocular nas, 229 considerações globais, 1296 diagnóstico das, 1298-1299,1298q, e22-2f epidemiologia das, 1296 manifestações clínicas das, 1297-1298 manifestações cutâneas das, 419 meningite crônica devido a, 3436q monocitose nas, 480 patogenia das, 1297 prevenção das, 1300 prognóstico das, 1300 tratamento das, 1299-1300 vs. tuberculose, 1297, 1298q Infecções por Burkholderia cepacia na fibrose cística, 1272,2148 patogenia das, 1272 relacionadas com cateter, 716,1266 tratamento das, 1269q, 1272 Infecções por Campylobacter spp. colite vs. DII, 2485, 2486q complicações das, 1287-1288 diagnóstico das, 1288, e22-2f, e22-9 diagnóstico diferencial das, 1288 diarréia, 310, 31 lq, 1086q epidemiologia das, 1286 manifestações clínicas das, 31 lq, 1287, 1287q na infecção pelo HIV, 1551 patogenia da, 1286 prognóstico da, 1288 relacionadas com alimentos, 310, 1286 síndrome de Guillain-Barré e, 3474, 3475f tratamento da, 1089,1288 Infecções por Candida spp. cirurgia para artrite e, 2846-2847 diagnóstico das, 394,1653 disseminadas/profundamente invasivas, 1652-1653, 1652f, 1653f abscesso renal, 1081 endocardite, 1053q, 1060 gastrintestinais, 716, 1080, 2486q, 2487 manifestações cutâneas das, 155q, 158,1652f, 1653, e7-10f meningite crônica, 3437q oculares, 1653,1653f, 1654 osteomielite, 1071,1071q tratamento das, 1653-1654,1654q trato urinário, 1115 em feridas de queimaduras, e23-l em paciente com câncer, 714,715q, 716,718, 722
em paciente imunocomprometido, 402 em recém-nascido, e44-8f em receptor de transplante, 1121q, 1122 esofagite. Ver Esofagite, por Candida etiologia da, 402q mucocutânea, 402 crônica, 1652, 2703 manifestações clínicas das, 39 lq, 402q, 1652 perianal, 1652 prevenção, 482 tratamento, 402, 402q, 1653q na corrente sanguínea relacionadas com cateter, 620,1116,1638 na infecção pelo HIV, 1546q orofaríngea. Ver Candidíase oral patogenia das, 1652-1652 profilaxia das, 722, 1546q, 1654-1655 urinárias, 2395 vulvovaginais. Ver Infecções vulvovaginais Infecções por Capnocytophaga spp. complicações das, 1028 em ferida por mordedura de cão, 1235, e24-l em paciente com câncer, 712q, 713 etiologia das, 1028 manifestações clínicas das, 1028, 1235 tratamento das, 1235 Infecções por cestódeos, 1759 cenurose, 1765 Diphyllobothrium latum (tênia do peixe), 868, 1764-1765, e25-2q Dipylidium caninuml dipilidíase, 1765 Echinococcus. Ver Equinococose (doença hidática) esparganose, 1765 Hymenolepiasis diminuta, 1764 Hymenolepiasis nana (tênia anã), 1764, e25-2q Taenia. Ver Infecção por Taenia saginata (tênia da carne); Infecção por Taenia solium (tênia do porco) Infecções por Chlamydia trachomatis epidemiologia das, 1095 genitais, 1422 cervicite mucopurulenta, 1424 epidemiologia das, 1422 epididimite, 1098,1423 espectro de, 1422-1422 síndrome uretral em mulheres, 1425 terapia para o parceiro, 1427-1428 tratamento das, 1097, 1097q, 1426-1428,1427q triagem para, 30q, 1109, 1422, 1428 uretrite, 1096, 1098, 1423 linfogranuloma venéreo. Ver Linfogranuloma venéreo em recém-nascidos, 1425,1428 inflamação pélvica. Ver Inflamação pélvica peri-hepatite, 1424-1425 na gravidez, 1425 prevenção das, 1428 proctite, 1424,1425 artrite reativa, 1423-1424 tracoma, 229,1428 diagnóstico das,1426-e22-9 Infecções por Chlamydophila pneumoniae, 257,1429 Infecções por Chryseobacterium spp., 1235 Infecções por citomegalovírus (CMV) congênitas, 60,1472, 1472q, 1473 diagnóstico das, 1474, 2486, e22-3, e22-9
diagnóstico diferencial das, 1470q diarréia nas, 310 doença de enxerto versus hospedeiro e, 1124 em paciente com câncer, 717q, 718, 720, 912 em receptor de transplante, fisiopatologia das, 1124 herpesvírus e, 1130 locais das, 1121q, 1126q manifestações clínicas das, 1123q, 1124, 1127-1128, 1129, 1472q, 1473-1474 momento de ocorrência das, 1122q, 1123-1124,1129 prevenção das, 1472q profilaxia das, 962, 962q, 2332 tratamento das, 1124, 1128-1130, 1472q, 2194,2332 epidemiologia das, 1471-1472 esofagite, 2419, 2420f, 2436 faringite, 262 linfadenopatia nas, 466 manifestações clínicas das, 2486 manifestações cutâneas da, 415,415q mononucleose, 1470q, 1472 na gravidez, 60 na infecção pelo HIV, 1472q, 14731474, 1551,1563 náusea e vômitos nas, 301 neuropatia nas, 3461 no aloenxerto de fígado, e38-3f no aloenxerto de pulmão, 2194 patogenia das, 1472 patologia das, 1472 perinatais, 1472 pneumonia, 1473 retinite, na infecção pelo HIV, 1563 tratamento da, 1448-1449,1475 transmitidas por transfusão, 956 tratamento das, 721q, 1443q, 14481449, 1474-1475 vs. DII, 2486, 2486q Infecções por Citrobacter spp., 715q, 1256 Infecções por Clostridium perfringens bacteremia, 1206 em paciente com câncer, 718 entéricas, 1205-1206 fasciite necrosante, 1028. Ver também Fasciite necrosante gangrena gasosa. Ver Gangrena gasosa manifestações clínicas das, 31 lq mionecrose, 1025q transmitidas por alimentos, 1087, 1087q, 1205-1206 Infecções por Clostridium septicum bacteremia, 1206 gangrena gasosa. Ver Gangrena gasosa intra-abdominais, 1335 mionecrose nas, 1029 toxinas nas, 1208 Infecções por Clostridium sordellii, 1069,1209 Infecções por Clostridium spp. vs. DII, 2485-2486, 2486q miocardite, 1960 infecções polimicrobianas envolvendo, 1205,1205q local cirúrgico, 1116 tratamento das, 1205q diagnóstico das, e22-2f Infecções por Clostridium tertium, 1206, 1208 Infecções por CMV. Ver Infecções por citomegalovírus (CMV) Infecções por Coccidioides spp. complicações das, 1644 comprometimento ocular nas, 229
diagnóstico das, 1644-1645 disseminadas, 155q, 1644 epidemiologia das, 1643 febre nas, 160 manifestações clínicas da, 1643-1644, 1645q manifestações cutâneas das, 1066, 1643-1644 meningite crônica, 3437q, e44-7f meningite subaguda, 3426 na infecção pelo HIV, 1545q, 1549 patogenia das, 1643 prevenção das, 1545q, 1646 resposta imune às, 1643 tratamento das, 1645-1646 Infecções por coronavírus, 1486 diagnóstico das, 1488 diarréia na, 310 em receptor de transplante, 1125 epidemiologia da, 1487 faringite, 262 laringite, 265 manifestações clínicas das, 1487-1488 patogenia das, 1487 prevenção das, 1488 respiratórias superiores, 256, 1486q, 1487-1488 tratamento das, 1488 Infecções por Cryptococcus spp., 1648 complicações das, 1651 diagnóstico das, 1650, e22-l disseminadas, 155q, 157, e7-10f em paciente com câncer, 717,717q, 720 em receptor de transplante, 1121 q, 1126q, 1128 epidemiologia das, 1648-1649 manifestações clínicas das, 1649-1650 manifestações cutâneas das, 16491650,1650f,e7-10f meningite crônica, 3437q meningite subaguda, 3426 patogenia das, 1649,1649f prevenção das, 1651 prognóstico das, 1651 tratamento das, 1650-1651 Infecções por Diroftlaria, 1751 Infecções por EBV. Ver Infecções pelo vírus Epstein-Barr (EBV) Infecções por echovírus doença mão-pé-boca, 1596 exantema nas, 149q, 156q, 158,415, 415q, 1596 meningite crônica devido a, 3438q Infecções por echovírus 16,1596 Infecções por echovírus 71,1596 Infecções por echovírus 9,1596 Infecções por Edwardsieüa tarda, 1257 Infecções por Enterobacter spp., bacteremia, 1244 em paciente com câncer, 715q endocardite, 1060 pneumonia associada a cuidados médicos, 2130q pneumonia associada ao respirador, 1155 resistência a antibióticos nas, 1137, 1255 sepse e choque séptico, 2224 síndromes das, 1255 sinusite, 257 tratamento das, 1255 Infecções por Escherichia coli em paciente com câncer, 714f, 715, 715q epidemiologia das, 1086-1087 extraintestinais abdominais/pélvicas, 1249 bacteremia, 1250 celulite, 1250 ectima gangrenoso, 422 endovascular, 1250 intrauterinas, 60
meningite, 1250 osteomielite, 1071, 1071q, 1074q peritonite, 333,1076,1249 pneumonia, 1249-1250 tratamento das, 1250-1251 trato urinário, 1249, 2388 intestinais. Ver também Diarréia, infecciosa diagnóstico das, 311, 1252 enteroagregativa, 1252 entero-hemorágica: cepa Ol57:H7 complicações das, 310 epidemiologia das, 1007f, 1251 identificação laboratorial das, 1088 relacionadas com alimentação síndrome hemolítica-urêmica e, 156q, 9 7 0 ,1086q, 1251, 2379 entero-hemorrágica, 1249q, 1251 enteroinvasiva, 1249q, 1252 enteropatogênica, 1249q, 1252 enterotoxigênica, 1249q, 12511252. Ver também Diarréia dos viajantes etiologia das, 1251 manifestações clínicas das, 31 lq produtora de toxina shiga, 1249q, 1251,2379 transmissão das, 1251 tratamento das, 1252-1253 vs. DII, 2485-2486, 2486f na sepse e choque séptico, 2224 no receptor de transplante, 1121, 1127 Infecções por Estafilococos coagulasenegativos. Ver Infecções estafilocócicas Infecções por estreptococos (3-hemolítícos. Ver Infecções por Streptococcus do Grupo A (GAS); infecções por Streptococcus do Grupo B (GBS); infecções por Streptococcus do Grupo G Infecções por Fusarium diagnóstico da, 1668 em paciente com câncer, 720 em receptor de transplante, 1122 epidemiologia da, 1667-1668 manifestações clínicas da, 1668 tratamento da, 1668 Infecções por Fusobacterium spp. Ver também Infecções bacterianas anaeróbias, mistas abscesso peritonsilar, 264 diagnóstico das, e22-2f doença de Lemierre, 265 em ferida por mordedura de cão, e24-l em feridas por mordida humana, e24-2 em paciente com câncer, 716 faringite, 263 Infecções por GAS. Ver Infecções por Streptococcus do grupo A (GAS) Infecções por GBS. Ver Infecções por Streptococcus do grupo B (GBS) Infecções por Giardia spp. diagnóstico das análise das fezes, 1731,1731q análise do conteúdo duodenal, e25-l biópsias da mucosa do intestino delgado, 2468, 2469f exames laboratoriais, e25-4q procedimentos alternativos, e255q sangue e tecidos, e25-4q testes sorológicos e moleculares, 311,316, e25-7q epidemiologia das, 1086, 1729-1730 manifestações clínicas das, 310, 31 lq, 1045, 1086q, 1730-1731 patogenia das, 1730
prevenção das, 1731 tratamento das, 312,1731 Infecções por Haemophilus influenzae celulite, 1068, 1229 diagnóstico das, 1229 em paciente com câncer, 712q, 713, 714q, 716 em receptor de transplante, 1122q epidemiologia das, 1228 epiglotite, 265-266,1229,1491 ferida por mordida humana, e24-2 incidência pré e pós-vacina, EUA, 1032q manifestações clínicas das, 1228q, 1229 mastoidite, 262 meningite, 1229. Ver também Meningite na fibrose cística, 2148 na sepse pós-esplenectomia, 471, 1026 otite média, 260-261, 1229 patogenia das, 1228 pneumonia, 1115,1229,1496 prevenção das. Ver Vacina contra Haemophilus influenzae quimioprofilaxia das, 1230 sinusite, 256 tratamento da, 1230 Infecções por Hantavírus epidemiologia das, 1007f, 1028 febre hemorrágica com síndrome renal, 1028,1629-1630 síndrome pulmonar, 1030,1628q, 1630-1631 Infecções por HAV. Ver Infecção pelo vírus da hepatite A (HAV) Infecções por helmintos. Ver organismos específicos Infecções por herpesvírus. Ver também vírus específicos agentes antivirais contra, 72 lq em paciente com câncer, 712q, 720 na gravidez, 61 neonatais, 61 Infecções por herpesvírus simples (HSV) actinomicodose e, 1327 “assintomáticas”, 1455 ceratite, 229, 1445q, 1450, 1457, 1461q diagnóstico das, 394, 1459-1460 diarréia nas, 310 disseminadas em pacientes imunossuprimidos, 1454,1458 exantema nas, 154q manifestações clínicas das, 157 tratamento das, 1461q em feridas de queimaduras, e23-l em paciente com câncer, 715,716 em pacientes imunocomprometidos, 1454 em receptor de transplante, locais de, 1121 q manifestações clínicas das, 1123q momento de ocorrência das, 1122q profilaxia das, 962q, 1123, 1130 encefalite complicações da, 1458 fatores genéticos na, 1457 manifestações clínicas da, 14571458, I457f patogenia da, 1457 perda da memória na, 210, e9-2 RM na, 3245f tratamento da, 1443q, 1458, 1460, 1461q epidemiologia das, 1455 esofagite, 1458, 2419, 2420f, 2436 faringite, 263,1456
genitais, 39lq, 799 diagnóstico das, 1107-1108 epidemiologia das, 1095,1455 linfadenopatia nas, 466 manifestações clínicas das, 1106f, 1107q, 1456-1457, 1456f na gravidez, 61 taxas de recidiva das, 1456 tratamento das, 1070q, 1444q, 1448, 1461q hepáticas, 1458 herpes do gladiador, 1064,1457 latentes, 1454 manifestações cutâneas das distribuição, 391q, 392f morfologia, 39lq vesículas/bolhas, 270q, 414, 414q, 1064 meningite, 1458, 3419, 3438q na gravidez, 1459 na infecção pelo HIV perirretal, 1552,1552f, 1558 profilaxia da, 1546q tratamento da, 1460, 1461q, 1558 neonatais, 144q, 1458-1459,1461q orofaciais evolução das, 270q manifestações clínicas das, 270q,1455-1456 patogenia das, 264, 1064,14551456 tratamento das, 264,1444q, 1461q panarício herpético, 1457,1461q, 1558 patogenia das, 1454 pneumonite, 1458 prevenção das, 1462 proctite, manifestações clínicas da, 1457 vs. DII, 2486, 2486q reativação das, 1454-1455 respiratórias, 1486q tratamento das, 1460-1462, 1461q uveíte, 229 viscerais, 1458 Infecções por Histoplasma spp. cavitárias, 1641 complicações das, 1641 comprometimento ocular nas, 229 da ponte, RM nas, e44-6f diagnóstico das, 1640f, 1641-1642, 1641f disseminadas evolução clínica das, 1641 na infecção pelo HIV, 1545q, 1549,1563 vs. DII, 2487 em receptor de transplante, 1121q, 1127q epidemiologia das, 1640 febre nas, 159 laringite nas, 265 linfadenopatia nas, 466,1641 manifestações clínicas das, 1641 manifestações cutâneas das, 155q, 419 manifestações orais das, 27lq meningite crônica, 3437q meningite subaguda, 3426 patogenia das, 1640-1641 profilaxia das, 1545q tratamento das, 1642, 1642q Infecções por HMPV (metapneumovírus humano), 1125, 1486q,1490 Infecções por HSV. Ver Infecções por herpesvírus simples (HSV) Infecções por Klebsiella spp. abdominais, 333,1253, 1254f abscesso pulmonar, 2145,2145q, 2146 associada a assistência médica, 1253 bacteremia, 1253
na DPOC, 1232,1232f otite média, 260-261, 1232 patogenia dos, 1231 pneumonia, 1232 sinusite, 1232 tratamento dos, 1232 infecções por Morganella, 1256-1257 Infecções por MRSA. Ver Infecções por Staphylococcus aureus resistente a meticilina (MRSA) Infecções por Mycobacterium chelonae, 1066 Infecções por Mycobacterium intracellulare. Ver Infecções pelo complexo avium (MAC) Infecções por Mycobacterium kansasii, 1369,1371,1378 Infecções por Mycobacterium marinum celulite, 1068 cutâneas, 419,1067,1369 em receptor de transplante, 1128 tratamento das, 1068,1371,13781379 Infecções por Mycobacterium spp., 1066 artrite, 1846 diagnóstico das, e22-2, e22-2f, e225q, e22-9 hanseníase. Ver Hanseníase meningite crônica, 3436q meningite subaguda, 1348, 3426 não tuberculosas. Ver Infecções micobacterianas não tuberculosas suscetibilidade herdada às, 479q, 480, 481f tuberculose. Ver Tuberculose (TB) Infecções por Mycoplasma genitalium tratamento das, 1097, 1097q, 1103, 1419q urogenitais, 1096-1097,1102, 1103, 1419-1420 Infecções por Mycoplasma hominis diagnóstico do, e22-9 em receptor de transplante, 1129 na mediastinite, 1129 não urogenitais, 1420 pós-parto/pós-aborto, 1420 tratamento das, 1419q, 1420 urogenitais, 1419-1420 Infecções por Mycoplasma pneumoniae, diagnóstico das, 1418-1419, I418q epidemiologia das, 1417-1418 extrapulmonares, 1418 faringite, 263 pneumonia, 1418,1496 sinusite, 257 tratamento das, 1419, 1419q Infecções por nematódeos intestinais, 1739,1740q ancilostomose. Ver Ancilostomose anisaquíase, 1743-1744 ascaridíase. Ver Ascaris lumbricoide/ascaridíase capilaríase, 1744, e25-3q Enterobius vermicularisl enterobíase, 1740q, 1743, e25-3q, e25-5q estrongiloidíase. Ver stercoralis/ estronglioidíase tricostrongilíase, 1743 tricuríase. Ver Trichuris trichiurall tricuríase teciduais, 1735 angiotrongilíase. Ver Infecções por Angiostrongylus spp. gnatostomíase, 1738, e25-7q larva migrans. Ver Larva migrans triquinelose. Ver Trichinella/ triquinelose Infecções por Nocardia spp., 1322 abscesso cerebral, 1323-1324,1324f, 1326 actinomicetoma. Ver Actinomicetoma, por Nocardia
celulite, 1324,1325q ceratite, 1324-1325q diagnóstico da, 1324-1325, 1324f, e22-2, e22-2f doença linfocutânea, 1324,1324f, 1325q doença respiratória, 1323,1323f, 1324f, 1325q em paciente com câncer, 717, 717q em receptor de transplante, 1128 endocardite, 1323 endoftalmite, 1324 epidemiologia das, 1322-1323 extrapulmonares, 1323-1324 meningite crônica devido à, 3436q microbiologia das, 1322 na infecção pelo HIV, 13220150-1323 osteomielite, 1325q patogenia das, 1323 pneumonia, 1323-1324, 1323f, 1324f, 1325,e34-6f resistência antimicrobiana, 1322q sinusite, 1325q tratamento das, 1325-1326,1325q Infecções por norovírus (vírus de Norwalk) associadas à tratamento médico, 1118 diarréia, 310, 31 lq, 1086q epidemiologia das, 1588 imunidade às, 1590 manifestações clínicas do, 31 lq, 1588q, 1590 patogenia das, 1589-1590 prevenção das, 1118,1590 tratamento das, 1590 Infecções por papilomavírus humano (HPV) câncer anal e, 776 câncer cervical e, 403 fatores de risco para, 813 mecanismos das, 670,673,1438 tipos associados a, 813,1482 câncer de cabeça e pescoço e, 733, 1482 câncer orofaríngeo e, 657 considerações globais, 813 diagnóstico das, 1483, e22-9 em receptor de transplante, 1128 epidemiologia das, 1481-1482 manifestações clínicas das, 1482, 1482f na gravidez, e6-1 na infecção pelo HIV, 1567 patogenia da, 1482-1483 prevenção das, 1483-1484 tratamento das, 1483,1483q verrugas, 402-403, 1067 Infecções por parvovírus B19 anemia aplásica e, 889 aplasia eritroide pura, 893, 894f, 1479, 1480q crise aplásica transitória, 1479,1480 diagnóstico das, 1480f durante a gravidez, 61 em receptor de transplante, 1125 epidemiologia das, 1478 eritema infeccioso. Ver Eritema infeccioso hidropsia fetal, 1479, 1480 manifestações clínicas das, 14781480,1479f miocardite, 1957 patogenia das, 1478,1479f síndrome de poliartropatia, 14781479,1480q transmitidas por transfusão, 956 tratamento das, 889 Infecções por Pasteurella spp. celulite, 1068,1235 diagnóstico das, e22-f em ferida por mordedura de cão, 1235, e24-l
em ferida por mordedura de gato, 1068,1235, e24-l manifestações clínicas das, 1235 tratamento das, 1068,1235 Infecções por Peptostreptococcus spp., 1332, e24-2. Ver também Infecções bacterianas anaeróbias, mistas Infecções por platelmintos. Ver Infecções por trematódeos Infecções por Prevotella spp. Ver também infecções bacterianas anaeróbias mistas da cabeça, pescoço e boca, 1333 diagnóstico das, e22-2f em ferida por mordedura de cão, e24-l em ferida por mordida humana, e24-2 Infecções por Proteus spp. bacteremia, 1255 diagnóstico das, 1255 do trato urinário, 1254-1255, 2387 manifestações clínicas da, 1254-1255 tratamento das, 1255 Infecções por Providencia, 1256-1257 Infecções por Pseudomonas aeruginosa bacteremia, 1267-1268, 1269q bronquiectasia, 2143 celulite, 1028 da orelha, 259,1269q, 1270-1271 diagnóstico das, 394, 1266, e22-2f do SNC, 1269q, 1270 do trato urinário, 1269q, 1271 ectima gangrenoso, 157,422,1068, e l6 -1lf em paciente com câncer, 715q, 716, 722 em receptor de transplante, 1129, 1130 endovasculares, 1269-1270, 1269q epidemiologia das, 1266 feridas por queimaduras, 1266, e23-l, e23-2f foliculite, 153q, 157, 409, 1067, 1271 mastoidite, 262 na fibrose cística, 1017, 1017f, 1267, 2148 na infecção pelo HIV, 1271-1272 na neutropenia febril, 1269q, 1271 oculares, 1269q, 1270 osso e articulações, 1269q, 1270 patogenia das, 1266-1267,1266q pericondrite, 259 pneumonia, 1268, I269q, 2130 pneumonia associada a respirador, 1115, 116 prevenção das, 722 resistentes a múltiplos fármacos, 1269q, 1272 respiratórias crônicas, 1267,1268-1269 sinusite, 257 tratamento das, 1068, 1269q, 2135q ungueais, 1271 Infecções por Rhodococcus spp., 1127, 1193, 1548,2145 Infecções por rinovírus, 1485 complicações das, 1486 diagnóstico das, 1485 faringite, 263 laringite nas, 265 manifestações clínicas das, 1486 na otite média, 260 no receptor de transplante, 1125 patogenia das, 1016,1486 prevenção das, 1487 resfriado comum, 1485-1486 respiratórias, 1485-1487, 1486q respiratórias superiores, 256 sinusite, 256 tratamento das, 1487 Infecções por rotavírus considerações globais, 1592,1592f diagnóstico das, 311,1588,1591 -1592
ÍNDICE
celulite, 1253 diagnóstico das, 1253 diarréia, 31 lq, 1086 donovanose. Ver Donovanose ectima gangrenoso, 422 em paciente com câncer, 715q em receptor de transplante, 1121 manifestações clínicas das, 31 lq, 1253 na sepse e choque séptico, 2224 osteomielite, 1071q, 1074q pneumonia, 1115,1253 rinoscleroma, 1662 sinusite, 257 tratamento das, 1254 trato urinário, 1253 Infecções por Leishmania spp. cutâneas diagnóstico das, 1714, e25-4f diagnóstico diferencial das, 1714 epidemiologia das, 1710q, 1711 f, 1713-1714 imunopatogenia das, 1714 manifestações clínicas das, 1714 tratamento das, 1714-1715 cutâneas difusas, 1710q, 1715 da mucosa, 1710q, 1715-1716, 1715f epidemiologia das, 1709,171 lf prevenção das, 1716 viscerais diagnóstico das, 1711,1711f,e254q, e25-6q, e25-7q epidemiologia das, 1709,1710q, 171 lf imunopatogenia das, 1709 lesões cutâneas após, 1713,1713q, 1714f manifestações clínicas das, 1709, 1711,1712f monocitose nas, 480 na infecção pelo HIV, 1047, 1564, 1709, 1713 prognóstico das, 1713 tratamento das, 1712-1713 Infecções por Listeria monocytogenes bacteremia, 1195 complicações das, 1196 diagnóstico das, 1195, e22-2f em paciente com câncer, 712q, 714q em receptor de transplante, 1126q, 1128 epidemiologia das, 1195 meningite. Ver Meningite neonatais, 1196 patogenia das, 1194,1196 prevenção das, 1196 prognóstico das, 1196 relacionadas com alimentos, 310, 1195 SNC, 1195-1196 tratamento das, 1196 Infecções por MAC. Ver infecções pelo complexo Mycobacterium avium (MAC) Infecções por Malassezia spp. diagnóstico das, 1669 em receptor de transplante, 1123 epidemiologia das, 1669 foliculite, 409, 1669 manifestações clínicas das, 1669 tinha versicolor. Ver Tinha versicolor tratamento da, 1669, 1670q Infecções por metapneumovírus. Ver Infecções por metapneumovírus humano (HMPV) Infecções por metapneumovírus humano (HMPV), 1125,1486q, 149 0 Infecções por Moraxella catarrhalis diagnóstico das, 1232 epidemiologia das, 1231 laringite, 265 manifestações clínicas das, 1231-1232 mastoidite, 262
1-89
em receptor de transplante, 1125-1126 epidemiologia das, 1086-1087,1588q, 1590-1591,1591 f, 1592f imunidade às, 1591 manifestações clínicas das, 31 lq, 1086q, 1589q, 1591 patogenia das, 1591 prevenção das, 1592 tratamento das, 1592 Infecções por RSV (vírus sincicial respiratório). Ver Infecções pelo vírus sincicial respiratório humano Infecções por Salmonella spp. Ver também Febre Entérica (tifoide) abscesso esplênico, 1081 aortite, 2065 bacteremia, 1279 diagnóstico das, 1279, e22-2 em paciente com câncer, 714q endovasculares, 1279 epidemiologia das, 1278-1279 gastrinterite manifestações clínicas da, 310, 31 lq, 1279 patogenia da, 1274 tratamento da, 1086q, 1279-1280, 1280q vs. apendicite, 2518 vs. DII, 2485, 2486 genitais, 1279 intra-abdominais, 1279 manifestações clínicas das, 311q, 1279 na infecção pelo HIV, 1545q, 1550-1551 no indivíduo que retorna de viagem, 1051q no receptor de transplante, 1128 osso e articulações, 1279 prevenção e controle das, 1280-1281 pulmonares, 1279 relacionadas com alimentos, 310, 1278 resistência a antibióticos, 1278-1279 SNC, 1279 tratamento das, 1089,1278-1280, 1280q trato urinário, 1279 Infecções por Scedosporium spp., 1668 Infecções por Serratia spp. diagnóstico das, 1256 ectima gangrenoso, 422 epidemiologia das, 1256 no paciente com câncer, 715q síndromes de, 1256 sinusite, 257 tratamento das, 1256 Infecções por Shewanella spp., 1235 Infecções por Shigella spp. complicações das, 310,1283,1285 considerações globais, 1281-1282 diagnóstico das, 1283-1284, e22-2 epidemiologia das, 1281-1282,1282f manifestações clínicas das, 31 lq, 1086q, 1283 na infecção pelo HIV, 1551 patogenia das, 1282-1283,1282f prevenção das, 1285 tratamento das, 1284-1285,1284q vs. DII, 1283, 2485, 2486q infecções por Sporothrix, 1665 diagnóstico das, 1665 disseminadas, 155q etiologia das, 1665 manifestações clínicas das, 1665 manifestações cutâneas das, 417q, 419 meningite crônica, 3437q patogenia das, 1665 tratamento das, 1665,1666q Infecções por Staphyiococcus aureus abscesso do psoas, 1082 abscesso esplênico, 1081
cervicais profundas, 267 da corrente sanguínea relacionadas com cateter, 1116 diagnóstico das, e22-9 diarréia na, 310, 31 lq do local cirúrgico, 1116 do trato respiratório abscesso pulmonar, 2145, 2145q, 2126 adquiridas na comunidade, 1164, 1164f após influenza, 1496 associadas à serviços de saúde, 1164 em ferida por mordida humana, e24-2 em paciente com câncer, 714,715q em receptor de TCTH, 121 endocardite. Ver Endocardite infecciosa, estafilocócica epidemiologia da, 1007f, 1160-1161 epiglotite, 265 fatores de risco para, 1160-1161 mastoidite, 262 musculoesqueléticas, 1163-1164 artrite séptica, 1164 osteomielite, 1071-1072,1071q, 1163-1164,1164f piomiosite, 1068-1069, 1164 na deficiência de adesão dos leucócitos, 479 na dermatite atópica, 395,396 na fibrose cística, 2148 náusea e vômitos na, 301 otite externa, 260 parotidite, 274 patogenia das na doença invasiva, 1161-1163 na doença mediada por toxinas, 1162-1163 pele e tecidos moles, 1163 celulite, 1067-1068 foliculite, 409, 1066, 1163 furúnculos, 400,1163 impetigo, 400, 402q, 1175 mastite, 1163 síndrome da pele escaldada estafilocócica. Ver Síndrome da pele escaldada estafilocócica pericondrite, 259 peritonite com DPAC, 1078 pneumonia associada ao respirador, 1115 prevenção das, 1166-1167 relacionadas com prótese, 1165 resistente a meticilina. Ver Staphyiococcus aureus resistente a meticilina resistentes à daptomicina, 1138 resistentes a vancomicina, 1138 resistentes às fluoroquinolonas, 1143 resposta do hospedeiro às, 1162 síndrome do choque tóxico. Ver Síndrome do choque tóxico estafilocócica síndromes clínicas, 1163q sinusite, 256 transm itidas por alimentos, 310, 31 lq, 1087, 1087q, 1162, 1165-1166 tratamento das duração da terapia, 1167 empírico, 1170 endocardite, 1170 osteomielite/artrite séptica, 1170 princípios, 1167 seleção dos agentes antimicrobianos, 1167-1170, 1169q síndrome do choque tóxico, 1170 trato urinário, 1115,1165
Infecções por Staphyiococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) adquiridas na comunidade, 1161, 1162, 1164,1164f, 2134, 2135q celulite, 1067 diagnóstico das, e22-10 em feridas de queimadura, e23-3 emergência das, 1119 endocardite, 1058q, 1059-1060 na dermatite atópica, 396 osteomielite, 1072,1074q pneumonia associada à tratamento médico, 2130q prevalência das, 1168 sinusite, 256 tratamento das, 396, 1070q, 2069, 2135q Infecções por Staphyiococcus epidemidis de próteses, 1167 otite externa, 260 relacionadas com cateter, 619-620 resistentes à vancomicina, 1138 Infecções por Staphyiococcus lugdunensis, 1054,1167 Infecções por Staphyiococcus saprophyticus, trato urinário, 1167, 2388 Infecções por Staphyiococcus schleiferi, 1167 Infecções por Streptococcus bovis. Ver Infecções por Streptococcus do grupo D Infecções por Streptococcus do grupo A (GAS). Ver também Streptococcus pyogenes associada a cuidados médicos, 1114 celulite, 1067,1175-1176 complicações das, 1173-1174. Ver também Glomerulonefrite pósestreptocócica; Frebe reumática considerações globais, 1173 diagnóstico de, e22-3, e22-9 em local cirúrgico, 1115,1176 em paciente com câncer, 714 endocardite. Ver Endocardite infecciosa epidemiologia das, 1171,1172f epiglotite, 265 erisipela. Ver Erisipelas escarlatina. Ver Escarlatina faringite, 262-264, 264q, 1172-1174, 1172q fasciite necrosante. Ver Fasciite necrosante febre reumática e, 2754. Ver também Febre reumática impetigo, 400-402q, 1066 laringite, 265 medidas de controle de infecção, 1118 miosite, 1069,1176 patogenia das, 1171-1172 piomiosite, 1069 pneumonia, 1176 portador assintomático de, 1174 prevenção das, 1177 síndrome do choque tóxico. Ver Síndrome do choque tóxico (SCT), estreptocócica tratamento das, 1173q Infecções por Streptococcus do grupo B (GBS) celulite, 1068,1179 diagnóstico das, 1178, e22-9 endocardite. Ver Endocardite infecciosa epidemiologia das, 1178 faringite, 263 miocardite, 1960 na gravidez, 60,1178-1179 neonatal, 1178-1179 prevenção das, 1178-1179 síndromes clínicas, 1179 tratamento das, 60
Infecções por Streptococcus do grupo C, 1177-1178 Infecções por Streptococcus do grupo D câncer colorretal e, 770,1179 em paciente com câncer, 714q, 718 endocardite, 1179 tratamento das, 1179 Infecções por Streptococcus do grupo G, 263,1177-1178 Infecções por tênias. Ver infecções por Cestódeos Infecções por trematódeos, 1752 abordagem ao paciente, 1753 prevenção e controle das, 1759 tratamento das, 1757q trematódeos intestinais, 1752q, 1758, e25-2q trematódeos pulmonares, 285,1752q, 1758, e25-2q, e25-5q trematódeos sanguíneos. Ver Esquistossomose treumatódeos biliares (hepáticos). Ver Trematódeos biliares (hepáticos) Infecções por Trichomonas vaginalis diagnóstico das, 1099q, 1734, e22-9 manifestações clínicas das, 1734 tratamento das, 1097,1734 vaginais, 1099q, 1100 Infecções por Ureaplasma tratamento das, 1419q, 1420 urogenitais, 1097, 1419-1420 Infecções por Vibrio alginolyticus, 1294q, 1295 Infecções por Vibrio parahaemolyticus, 1087q, 1294,1294q Infecções por Vibrio vulnificus, 154q, 157, 1028, 1294-1295, 1294q Infecções por vírus Coxsackie conjuntivite hemorrágica aguda, 1596, 1597f diagnóstico das, 1596-1598 faringite, 262 herpangina, 263, 270q, 1596, 1597f laringite, 265 manifestações cutâneas das erupções periféricas. Ver Doença mão-pé-e-boca exantema, 149q, 415, 415q exantema petequial, 156q manifestações orais das, 270q meningite, 3419 miocardite, 159 pericardite, 1596 pleurodinia (doença de Bornholm), 1596 tratamento das, 1589 Infecções por vírus parainfluenza, 1490 bronquiolite, 1490 diagnóstico das, 1491 em paciente com câncer, 718 em receptor de transplante, 1125 epidemiologia das, 1490 faringite, 262 laringite, 265 manifestações clínicas das, 1490-1491 patogenia das, 1490 pneumonia, 1490 prevenção das, 1491 resfriado comum, 1490 respiratórias, 1490-1491 respiratórias superiores, 256 sinusite, 256 traqueobronquite, 1490-1491 tratamento das, 1491 Infecções por Xylohypha, meningite crônica devido a, 3437q Infecções por Yersinia spp. (iersiniose) anticorpos antitireoideo nas, 1312 complicações das, 310 considerações globais, 1311 diagnóstico das, 311,1312-1313 diarréia, 310, 31 lq, 1312 epidemiologia das, 1311
aspectos psicológicos da, 3035 avaliação da, 2875q, 3035 definição de, 3034 etiologia da, 3035, 3035f feminina, 3035-3036 IST como causa de, 1096q masculina, 3013, 3036, 3037 prevalência da, 3034-3035 relacionada com quimioterapia, 709710, 841 tratamento da, 3036-3037 Infestações fictícias, 3583 Infestações por ectoparasitos, 3576 Infestações por sanguessugas, 3579 Infiltrados pulmonares com eosinofilia (IPE). Ver Pneumonia eosinofílica Inflamação anemia e, 455, 847, 848q aterosclerose e, 1983, 1990-1991, 1990f, 1991f ativação dos fagócitos e, 1017 avaliação in vivo da, 482 células imunes em locais de, 268 lf crônica, 1022 endotélio na, 1799 envelhecimento e, 574-575, 575f, 576 induzida por nociceptores, 94 na asma, 2104-2106, 2104f na colecistite aguda, 2621 sinais cardinais da, 472f Inflamação do peritônio parietal, 108 Inflamação induzida por nociceptores, 94 Inflamassoma AIM2,1020f Inflamassomo(s) característica do, 2650,2654 doenças associadas a, 2349, 2657q, 2817 em resposta à infecção, 1010,1019, 1020f Inflamossomo IPAF, 1020f Infliximabe efeitos adversos do, actinomicose, 1327 graves, 400q infecções, 481, 2748q monitoração durante o tratamento com, 2748q para artrite psoriática, 400q para artrite reumatoide, 2748q para DII, 2491-2492, 2493f para espondilite ancilosante, 2777 para sarcoidose, 2813q Influenza, 1493 astenia após, 1496 complicações da, 1495q, 1496-1497 complicações extrapulmonares da, 1497 controle da, 1117-1118 definição de, 1493 diagnóstico da, 1497 disfunção dos monócitos na, 480 disfunção olfatória e, 244 em paciente com câncer, 718 em receptor de transplante, 1125 epidemiologia da, 1493-1495 faringite na, 262 H1N1. Ver Influenza H1N1 (suína) H5N1. Ver Influenza H5N1 (aviária) laringite na, 265 manifestações clínicas da, 256,1496 miocardite e, 1957 morbidade e mortalidade causadas pela, 1493-1495 mortes por, 67q na gravidez, 1496 otite média na, 260 padrões e características da doença pandêmica e interpandêmica, 14931494,1493q patogenia da, 1495-1496 pneumonia e, 1496
prevenção da, 1442q, 1498-1499, 1498q síndrome de Reye e, 1497 síndromes respiratórias, 1486q sinusite na, 256 tratamento da, 1442, 1443q, 1446, 1497-1498, 1498q Influenza H1N1 (suína). Ver também Influenza controle da, 1118 epidemiologia da, 1007, 1007f, 1030 tratamento da, 1125 Influenza H5N1 (aviária), 1494. Ver também Influenza controle da, 1118 epidemiologia da, 1007, 1007f, 1030 manifestações clínicas da, 1030 Infusado, contaminado, 1116 Ingestão adequada, 589 Ingestão alimentar na obesidade, 627 Ingestão de L-Triptofano, 431, 481-482 Ingestões alimentares recomendadas, 589 Inibição deglutiva, 297 Inibidor da fibrinólise ativada pela trombina (TAEI), 462q, 987 Inibidor da protease leucocitária secretor (SLPI), 1516 Inibidor da serina protease, 992 Inibidor da via do fator tecidual ações antitrombóticas do, 459, 459f, 993 para sepse/choque séptico, 2230, 2230f Inibidor das proteínas da apoptose (IAP), 680, 680f Inibidor do ativador do plaminogênio I (PAI-1), 1799, 1800 deficiência, 463q Doença trombótica arterial e, 987 na aterosclerose, 1990 na fibrinólise, 1001,1001 f na síndrome metabólica, 987 níveis elevados de, 566 Inibidor pneumocócico H (hic), 1151 Inibidores da, MAO-B. Ver Inibidores da amonoamina oxidase tipo B (MAO-B), IIMAO. Ver Inibidores da monoamina oxidase (IMAO) Inibidores da 5a-redutase efeitos adversos dos, 376q para hipertrofia prostáltica benigna, 804-805 Inibidores da absorção do colesterol, 3159-3160, 3159q Inibidores da acetilcolinesterase overdose/intoxicação por, e50-l lq para picada de serpentes, 3570, 3570q Inibidores da a-glicosidase, para diabetes melito tipo 2, 2996q, 29972998 Inibidores da aminoamina oxidase (IMAO) efeitos adversos dos, 353 lq, 3539 disfunção erétil, 376q hipertensão, 2048q obesidade, 629 síndrome serotoninérgica, 144, 144q interações medicamentosas dos, overdose/intoxicação com, e50-9q, e50-15q para depressão, 3539 para transtorno do pânico, 3530 Inibidores da anidrase carbônica para glaucoma, 235 para hiperpotassemia, el5-3 Inibidores da aromatase, 677, 704 efeitos adversos dos, 704,3125 para câncer de mama, 759-760, 760q, 761q
para câncer de ovário, 606 para disfunção ovulatória, 303 Inibidores da aurora quinase, 705 Inibidores da bomba de prótons (IBP) efeitos adversos dos, 306, 867q, 2368, 2448 farmacologia dos, 2448 interações medicamentosas dos, 46q, 2448 para alcalose metabólica, 371 para diarréia, 316 para doença ulcerosa péptica, 320, 2447q, 2448-2449 para DRGE, 306, 2435 para profilaxia da úlcera induzida por AINEs, 2450 para SZE, 2456 Inibidores da catecol-O-metiltransferase (COMT), 3324 Inibidores da ciclo-oxigenase (COX), 146. Ver também Ácido acetilsalicílico AINEs, 2440 combinações de opioides, 99 para febre, 146 Inibidores da ciclo-oxigenase 2 (COX-2) efeitos adversos dos hiperpotassemia, 357 hipertensão, 47 urticária/angioedema, 436 interações medicamentosas dos, 47 na doença ulcerosapéptica, 320 na prevenção de ulceração induzida por AINEs, 2450-2451 nos efeitos benéficos dos AINEs, 2440 para dor, 97 para febre, 146 para osteoartrite, 2835q, 2836 para prevenção do câncer colorretal, 657 Inibidores da ciclo-oxigenase 3 (COX3), 146 Inibidores da colinesterase para demência, 3316 para demência com corpúsculos de Lewy, 3312 para doença de Alzheimer, e9-3 para miastenia gravis, 3484 Inibidores da COMT (catecol-Ometiltransferase), 3324, 3324q Inibidores da COX. Ver Inibidores da ciclo-oxigenase (COX) Inibidores da dipeptidil peptidase-4, 2996q, 2997q Inibidores da DNA metiltransferase, 706 Inibidores da ECA. Ver Inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) Inibidores da entrada. Ver Terapia antirretroviral de combinação (TARc) Inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) efeitos adversos dos, 1909,2056 angioderma, 1909,2056 cutâneos, 405,433, 435,439 disfunção erétil, 375 distúrbios do equilíbrio acidobásico, 369 hiperpotassemia, 357,1909, el5-2 hipotensão relacionada à hipotensão, 956 renais, 337, 2056, 2295, 2295f, 2312 tosse, 283, 1909, 2056 interrupção pré-operatória dos, 65 metabolismo dos, 38 na doença arterial periférica, 2068 para cardiopatia isquêmica, 2011 para dissecção aórtica, 2064 para doença cardiovascular induzida por radiação, 839 para edema pulmonar, 2237 para esclerose sistêmica, 2381
ÍNDICE
etiologia das, 1311 faringite, 263 febre entérica, 1083q, 1084 fenômenos pós-infecciosos das, 1312, 1313 manifestações clínicas das, 31 lq, 1312 patogenia das, 1311-1312 prevenção e controle das, 1313 tratamento das, 1313 vs. apendicite, 2518 vs. DII, 2485, 2486q Infecções pós-esplenectomia. Ver Esplenectomia, infecções após Infecções relacionadas com acesso vascular. Ver Infecções da corrente sanguínea relacionadas com cateteres Infecções relacionadas com dispositivos. Ver Infecções associadas à assistência de saúde Infecções relacionadas com dispositivos intravasculares. Ver Infecções da corrente sanguínea relacionadas com cateteres Infecções sexualmente transmissíveis (IST). Ver também infecções específicas avaliação do risco de, 1095,1096q câncer cervical e, 813 classificação das, 1094-1095 considerações globais, 1094-1095 em viajantes, 1045 epidemiologia das, 1094-1095, 1094q etiologia das, 1094q, 1096q na gravidez, 60 notificação do parceiro nas, 1110 prevenção e controle das 1109-1110, 1109f triagem para, 1109-1110 Infecções virais. Ver também Doenças específicas desenvolvimento de câncer e, 550, 670,1438-1439 diagnóstico das, 1440-1441. Ver também Vírus, identificação laboratorial de febre nas, 161f imunização para prevenção das, 1441 na gravidez, 60-61 no receptor de transplante após TCTH, 1123-1126 após transplante de fígado, 261 lq, 2612 momento de, 1122q persistentes e latentes, 1438 primárias, 1438 produção de interferon nas, 1440 reações adversas à agentes antibacterianos nas, 1141 resistência à, 1439-1440 transmissão das, 1437-1438 transmitidas por artrópodes. Ver Vírus transmitidos por artrópodes tratamento das, 1441 Infecções vulvovaginais Candida diagnóstico de, 1099q, 1102 manifestações clínicas de, 1099q, 1101,1652 na doença sistêmica, 1098-1099 na infecção pelo HIV, 1553 tratamento da, 1099q, 1102, 1653q etiologia das, 1096q gonocócicas, 1222-1223 manifestações clínicas das, 10981100,1099q, 1101-1102 Trichomonas vaginalis. Ver Infecções por Trichomonas vaginalis vaginose bacteriana. Ver Vaginose bacteriana Infertilidade, 3034 abordagem à paciente, 3035-3036 após câncer testicular, 809 após doença de Hodgkin, 935
1-91
para estenose da artéria renal, 2049 para hipertensão, 2055q, 2056, 2057 na doença renal crônica, 2319 na síndrome metabólica, 1989, 1997 para hiponatremia, 348 para infarto do miocárdio AI/IMSEST, 2017, 2020 para insuficiência cardíaca, 19081909, 1908f, 1908q para nefropatia diabética, 2983 Inibidores da farnesil transferase, 676f Inibidores da fosfodiesterase tipo 5 ação dos, 374, 374f efeitos adversos dos, 377-378 interação com nitratos, 47, 377, 2017, 2025 para disfunção erétil, 377-378 para disfunção sexual feminina, 380 para edema pulmonar de altitude elevada, e51-3 para hipertensão pulmonar, 2079 Inibidores da histona desacetilase, 706 Inibidores da HMG-CoA redutase. Ver Estatinas Inibidores da integrase. Ver Terapia antirretroviral de combinação (TARc) Inibidores da Janus quinase, 675 Inibidores da metaloproteinase da matriz, 681 Inibidores da monoamina oxidase tipo B (MAO-B) ação dos, 3323 efeitos adversos dos, 3323 para doença de Parkinson, 3323, 3324q, 3326, 3327f Inibidores da protease. Ver Terapia antirretroviral de combinação (TARc) Inibidores da protrombina, 982 Inibidores da quinase dependente de ciclina, 673 Inibidores da Raf quinase, 676f, 687 Inibidores da recaptação de serotonina norepinefrina, para TEPT, e48-5 a e48-6 Inibidores da recaptação de serotoninanoradrenalina para depressão, 76 Inibidores da tirosinoquinase ação dos, 675-676, 676f, 705f, 706 efeitos adversos dos, 434,735, 1962 para câncer de cabeça e pescoço, 735 para LMC,917,917q Inibidores da topoisomerase, 697-698q, 701-702, 841,895, 905 Inibidores da transcriptase reversa. Ver terapia antiretroviral de combinação (TARc) Inibidores das HDAC, 678-679 Inibidores de JAK2, 900 Inibidores de MEK, 676f Inibidores de pequenas moléculas, 687 Inibidores diretos da trombina, parenteral, 997, 997q. Ver também Argatrobana; Bivalirrudina; Lepirudina Inibidores do ativador do plasminogênio, 459f, 460 Inibidores do BRAF, 675, 730 Inibidores do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), 235, 550. Ver também Bevacizumabe Inibidores do fator de necrose tumoral (TNF) efeitos adversos dos, 160 para artrite psoriática, 2782 para hepatite alcoólica, 2591,259lf para sarcoidose, 2813 Inibidores do fator de necrose tumoral a (TNF-a) contraindicações para, 399,27772778 efeitos adversos dos, 399,433,481, 2748q, 2749, 2777
monitoração durante o tratamento com, 2748q, 2749 para artrite reumatoide, 2748q, 2749 para cirrose alcoólica, 2594 para DII, 2491-2492, 2493f para espondilite ancilosante, 27772778 para psoríase, 399,2684 Inibidores do fuso mitótico, 699-700q, 703-704 Inibidores do proteassomo, 676,680f Inibidores do receptor de ativação da protease 1 (PARI), 992 Inibidores do receptor de fator de crescimento epidérmico (EGFR). Ver também Erlotinibe; Gefitinibe ação dos, 706, el9-4 efeitos adversos dos, 409,434, 437 para câncer de pulmão, 751 para carcinoma hepatocelular, 783q Inibidores dos fatores da coagulação, 973, 976, 982 Inibidores Hedgehog, 731 Inibidores mTOR, 682, 706, 2360 Inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa. Ver Terapia antirretroviral de combinação (TARc) Inibidores nucleosídios da transcriptase reversa. Ver Terapia antirretroviral de combinação (TARc) Inibidores nucleotídios da transcriptase reversa. Ver Terapia antirretroviral de combinação (TARc) Inibidores plaquetários. Ver Agentes antiplaquetários Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) efeitos adversos dos, 144q, 353lq, 3538-3539 disfunção sexual, 376, 376q, 3538 SADI, 346 síndrome serotoninérgica, 144, 3538, e50-15q farmacologia dos, 3538-3539 interações medicamentosas dos, 41, 3532q overdose/intoxicação com, e50-15q para depressão, 353lq, 3538-3539, 3538f no paciente terminal, 76 para dor crônica, 100 para síndrome do intestino irritável, 2500 para TEPT, e48-5 a e48-6 para vertigem, 180q, 181 variações genéticas na resposta aos, 41 Inibina, na função reprodutiva masculina, 3013 Iniciativa de Saúde Global, el-8 Injeção intramuscular, de vacinas, 1038, 1039f Injeção subcutânea, de vacinas, 1038, 1039f Injeções intra-articulares, para osteoartrite, 2835q, 2836 Injeções nos pontos de gatilho, 138 Inotrópicos para insuficiência cardíaca aguda, 1912q, 1913 Inquietação terminal, 200 INR (Razão Normalizada Internacional), 462, 999 Insegurança alimentar, 608 Inserção, gene, 496 Inseticidas interações medicamentosas dos, 45 overdose/intoxicação com, e50-l lq Insônia ajuste (aguda), 217 altitude, 217 avaliação da, 78, 216, 216q
compensação do sono, 216 de curto prazo, 216 de longo prazo (crônica), 216 de rebote, 217, 218 em distúrbios clínicos, 218 em transtornos mentais, 217 etiologia da, 78 familiar fatal, 218 induzida por fármaco, 218 início do sono, 216 manutenção do sono, 216 na doença neurológica, 218 no paciente terminal, 78 paradoxal, 216 primária, 216-217 psicofisiológica, 217 transitória, 217 tratamento da, 78, 216-217, 216q Insônia familiar fatal, 218 Instabilidade cromossômica em tumores sólidos, 666-667. Ver também Genética do câncer no câncer de colo, 668 Instabilidade microssatélite, 664f, 668 Insuficiência aórtica anamnese, 1943 bulhas cardíacas/sopro na, 1828, 1944, e l3 -l, 3el3-lf, el3-7 a el3 -8 cateterismo cardíaco na, 1944 classificação da gravidade, 3606q ECG na, 1944 ecocardiografía na, 1842f, 1944, 3606q etiologia da, 1930q, 1942-1943 fisiopatologia da, 1943 manifestações clínicas na, 1943-1944 na aortite, 2065 na dissecção aórtica, 2064 na gravidez, 57 palpação na, 1944 palpitações na, 295 pulso arterial na, 1943-1944 pulso carotídeo na, 1824,1825f radiografia de tórax na, 1944 tratamento da cirúrgico, 1946-1947,1946f estratégia para, 1945f na doença aguda, 1945 na doença crônica, 1945-1946 Insuficiência autônoma pura disfunção autônoma na, 3357 hipotensão ortostática na, 174 Insuficiência autonômica associada à hipoglicemia, 3005-3006, 3006f pura, 3357 Insuficiência cardíaca (IC) biomarcadores na, 1906 choque cardiogênico. Ver Choque cardiogênico classificação da New York Heart Association da, 1902,1902q, 2000q considerações globais, 15,1902 definição da, 1901 diagnóstico da, 1906-1907, e34-7f diagnóstico diferencial da, 1907 disfunção diastólica na, 292,1904 disfunção sistólica na, 292,19031904 disparidades raciais/étnicas no tratamento da, e4-l ECG na, 1906 efeito sobre a concentração e a resposta a fármacos, 40 epidemiologia da, 15,1901 estudo de viabilidade da PET na, 1847f etiologia da, 1901-1902, 1901q exame abdominal na, 1905 exame físico na, 1905 exame pulmonar na, 1905
fatores de risco para descompensação aguda na, 1907q fatores genéticos na, 564-565, 567 hipertensão e, 2046, 2056, 2057 infarto do miocárdio, 2031 manifestações clínicas da bulhas cardíacas, 1905 derrame pleural, 2178-2179 dispnéia, 278q, 279, 1904 dispnéia paroxística noturna, 1904 edema, 290, 292, 293, 294 esplenomegalia, 469 fadiga, 1904 hemoptise, 285 hiponatremia, 345 hipopotassemia, 354 hipoxia, 288 indigestão, 305, 1905 náusea e vômitos, 302 ortopneia, 1904 respiração de Cheyne-Stokes, 1904-905 sintomas cerebrais, 199q, 200, 1905 na cardiopatia isquêmica, 1999-2011 na doença renal crônica, 2314 na endocardite infecciosa, 1054,1061 patogenia da, 1093f, 1902-1903, 1902f planejamento de alta, 1913 pressão venosa jugular na, 1905 prognóstico da, 1902 radiografia de tórax na, 1906, e34-7f remodelagem do ventrículo esquerdo na, 1903, 1903q, 1904 tratamento da, 2031 abordagem da, 1906-1907, 1909f antagonistas da aldosterona, 1910 beta-bloqueadores, 1908q, 19091910,19 lOf BRA, 1908q, 1909 com preservação da fração de ejeção, 1911 descompensada aguda, 19111913,1912f, 1912q desfibrilador cardíaco implantável, 1911 diuréticos, 1907-1908, I908q em afro-americanos, 191,0 farmacológico, 1908q inibidores da ECA, 1908-1909, 1908f, 1908q medidas preventivas, 1907,1907q modificação da dieta, 1907 na doença progressiva, 1910-1911 programa de exercícios, 1907 ressincronização cardíaca, 1911 suporte nutricional especializado, 615-616 transplante de coração. Ver Transplante de coração tratamento das arritmias, 1911 Insuficiência cardíaca congestiva. Ver Insuficiência cardíaca (IC) Insuficiência cerebral aguda. Ver Delirium Insuficiência da valva pulmonar etiologia da, 1930q, 1948 manifestações clínicas da, 1948 sopro na, 1828-1829, 1948, el3-7 tratamento da, 1948 Insuficiência exócrina pancreática, 2643 etiologia da, 2643-2644, 2543q fisiopatologia da 2643, 2643q na fibrosa cística, 2148, 2149 Insuficiência medular, 461, 884, 887, 887q, 894f Insuficiência mitral associada a radiação, 838 bulhas cardíacas/sopro na, 1827, 1828, 1935, el3-f, e l3 -l a el3-8, el3-2f
para diabetes melito tipo 1, 29932995, 2993q, 2994f de múltiplos componentes, 2994, 2994f infusão subcutânea contínua, 2994-2995, 2994f injeções duas vezes ao dia, 2994, 2994f para diabetes melito tipo 2 ,2996q, 2998-3000 para hiperpotassemia, 359 produção ectópica de, 827q secreção da, 2971, 2971f, 2974f, 2975 via de transdução de sinal para, 2972, 2972f Insulinoma, 3066 definição de, 3066 diagnóstico do, 3066-3067 hiperinsulinismo endógeno devido a, 3008 incidência de, 3008, 3057q manifestações clínicas do, 3057q, 3066 na NEM l,3073,3073f obesidade no, 627 tratamento do, 3067 Integrase, 1507 Integridade circulatória, manutenção da, 342-343, 343f Integrina a 4 P 7 ,1528-1529 Integrina(s) célula-tronco, 540, 958 do sistema imune inato, 2654q na adesão dos neutrófilos, 474 na angiogênese tumoral, 684f, 685-687, 686f Intensificação por anticorpos, 1537 Intensivistas, 2196 Interação fármaco-receptor, 38 Interações fármaco-alvo, variações genéticas nas, 44 Interações medicamentosas, 38, 4 5 ,46q com fitoterápicos/suplementos dietéticos, e2-4, e2-4q na infecção pelo HIV, 1047 não mediadas por alterações na disposição do fármaco,47 no idoso, 577 que causam aumento dos efeitos farmacológicos, 45-47 que causam redução dos efeitos farmacológicos, 45 Interferon spray, 1487 Interferon(s) nas infecções virais, 1440 para infecções em paciente com câncer, 72lq variações genéticas na resposta a, 42q Interferon-a (IFN-ct) efeitos adversos da, 75, 434,437, 711, 1962, 2570 fonte, alvos e atividade biológica da, 2660q para carcinoma de células escamosas, 732 para carcinoma de células renais, 795 para febre hemorrágica viral, 1776 para infecção por HBV crônica, 2570 para infecção por HCV crônica, 2579 para infecção por HDV crônica, 1452, 2578 para linfoma folicular, 930 para LMC, 916, 918 para policitemia vera, 900 para sarcoma de Kaposi, 1565, 1566q para síndrome hipereosinofílica, 481 Interferon-a2a (IFN-a2a) para infecção por HCV crônica, 1446q, 1452
para infecção por HDV crônica, 1446q peguilada. Ver Interferon-a2a peguilada (PEG IFN-a2a) Interferon-a2b (IFN-a2b) para condiloma acuminado, 1445q para infecção por HBV crônica, 1445q, 1451 para infecção por HCV crônica, 1446q para infecção por HDV crônica, 1446q peguilada. Ver Interferon-a2b peguilada (PEG IFN-a2b) Interferon-a2b peguilada (IFN-a2b) efeitos adversos da, 729 para infecção crônica por HBV, 25722573, 2574q, 2575f, 2576, 2577q para infecção crônica por HCV, 1446q, 2581, 2581f, 2583q, 2585 para infecção crônica por HDV, 1452 para melanoma, 729 ribavirina e, 1446q, 1452, 2579-2585 Interferon-alfacon, para infecção por HCV crônica, 1446q Interferon-an3 (IFN-an3), para condiloma acuminado, I445q Interferon-3 (IFN-fi) fonte, alvos e atividade biológica da, 2660q para EM, 3402, 3404, 3404q Interferon-pia (IFN -pia) para EM, 3404, 3404q para neurite óptica, 232 Interferon-pib (Il;N -pib), para EM, 3404, 3404q Interferon-7 (IFN-7) fonte, alvos e atividade biológica da, 2660q indicações para, 482 na infecção pelo HIV, 480 na pneumonite por hipersensibilidade, 2116 nas infecções micobacterianas não tuberculosas, 1368-1369,1369f no linfoma de células T, 480 para doença granulomatosa crônica, 482 para febre Q, 1416 supressão da produção de eritropoietina pela, 849,849f Interleucina(s), 472, 2659-2660q Interleucina-1 (IL-1) fonte, alvos e atividade biológica da, 2659q na anemia da inflamação, 849-850 na febre familiar do Mediterrâneo, 480 na indução da febre, 145, 145f na osteoartrite, 2830, 2830f Interleucina-10 (IL-10), 1533q, 2659q Interleucina-11 (IL-11), 708, 2659q Interleucina-12 (IL-12) anticorpos monoclonais contra, para DII, 2492 fonte, alvos e atividade biológica da, 2659q na pneumonite por hipersensibilidade, 2116 nas micobactérias não tuberculosas, 1367-1368, 1368f Interleucina-13 (IL-13) anticorpos monoclonais contra, para DII, 2492 Interleucina-14 (IL-14), 2659q Interleucina-15 (IL-15) fonte, alvos e atividade biológica da, 2660q Terapia da leucemia infantil, resposta e, 42q Interleucina-16 (IL-16), 2660q Interleucina-17 (IL-17), 2660q
Interleucina-18 (IL-18) fonte, alvos e atividade biológica da, 2660q na lesão renal aguda, 2305q na pneumonite por hipersensibilidade, 2116 Interleucina-ip (IL-ip) na infecção pelo HIV, 1528 Interleucina-2 (IL-2) anticorpos contra, 2331 fonte, alvos e atividade biológica da, 2659q Interleucina-21 (IL-21), 2660q Interleucina-23 (IL-23) anticorpos monoclonais contra, para DII, 2492 fonte, alvos e atividade biológica da, 2660q Interleucina-28B (IL-28B), 42q Interleucina-3 (IL-3), 2659q Interleucina-4 (IL-4), 2659q Interleucina-5 (IL-5), 481 anticorpos contra, na asma, 2105 fonte, alvos e atividade biológica da, 2659q Interleucina-6 (IL-6) alterações dos níveis relacionadas com a idade, 574, 575f anticorpos monoclonais contra, para DII, 2492 excesso de, 831 fonte, alvos e atividade biológica da, 2659q na infecção pelo HIV, 1522q, 1542q na redução da febre, 144-145,145f Interleucina-7 (IL-7) fonte, alvos e atividade biológica da, 2659q na infecção pelo HIV, 1530 Interleucina-8 (IL-8), 475 fonte, alvos e atividade biológica da, 2659q na DPOC, 2155 Interleucina-9 (IL-9), 2659q Intermação, 144,144q Internet, recursos para informação médica, 7 sobre doença pelo HIV, 1569q sobre genômica e distúrbio genético, 487q sobre interações entre medicamentos e suplementos dietéticos, e2-4q sobre medicina complementar e alternativa, 2-5q Interstício medular, hipertônico, 2285 Intertrigo, Candida, 1652 Intervalo AH, 1873 Intervalo excitável, 1864 Intervalo HV, 1873 Intervalo QT prolongado, 47, 362 variabilidade, 1864 Intervalo RP, 1860 Intervenções coronarianas percutâneas (ICP), 2035 angioplastia com balão, 2036, 2036f angioplastia coronária transluminal, 2035 aterectomia, 2037 balão intra-aórtico para suporte circulatório nas, 2040-2041 complicações das, 2037-2038 dispositivo de proteção distai para, 2037, e33-3, e33-3f, e33-3V dispositivo de proteção embólica para, 2037 dispositivo Impelia para, 2041 dissecção da íntima nas, 2036, 2036f e colocação de stent, 2036-2037, 2036f fio-guia orientado nas, 2035
ÍNDICE
choque cardiogênico na, 2232, 2236 classificação da gravidade, 3606q complacência atrial esquerda na, 1934 ECG na, 1935, e28-9f ecocardiografia na, 1935, 3606q, e29IV ETEna, 1843f, 1935, e29-IV etiologia da, 1930q, 1934 fisiopatologia da, 1934 hemoptise na, 285 hipertensão venosa pulmonar na, 2080 manifestações clínicas da, 1934-1935 na gravidez, 57 na miocardiopatia dilatada, 1953 padrões hemodinâmicos na, 2235q radiografia de tórax na, 1935 tratamento da, 1843f, 1935, e29-IV cirúrgico, 1936 clínico, 1932q, 1935-1936 estratégia para, 1935f substituição valvar percutânea, 1936,1936f Insuficiência ovariana primária, 386-387, 499 Insuficiência ovariana, primária, 386387 Insuficiência ovariana prematura, 386387, 499 Insuficiência ovariana primária, 386-387 Insuficiência renal aguda, Ver Lesão renal aguda (LRA) Insuficiência respiratória na SDRA. Ver Síndrome de angustia respiratória aguda hipercárbica, 2210 hipoxêmica, 2210 hipoxia na, 287 manifestações clínicas da, 2199 na hiponatremia, 347 no choque, 2199 no paciente em estado crítico, 2198, 2199 perioperatória, 2200 subtipos de, 2199-2200 Insuficiência suprarrenal, 2954 aguda, 2957 bloqueio de condução AV na, 1871q câncer, 2274 crônica, 2956 delirium na, 199 diagnóstico da, 2957, 2959f epidemiologia da, 2954 etiologia da, 2954-2956, manifestações clínicas da, 2956-2957, 2957f Insuficiência tricúspide ECG na, 1948 ecocardiografia na, 1743f, 1948 etiologia da, 1930q, 1948 manifestações clínicas da, 1948 na hipertensão pulmonar, 2076 sopro na, el3-lf, el3-2, el3-5 tratamento da, 1948 Insuficiência vascular mesentérica, 2510. Ver também Isquemia intestinal Insuficiência vertebrobasilar, 127 Insuficiência/infarto ventricular direito, choque cardiogênico no(a), 2232, 2236 no IMEST, 2032 Insulina ação da, 2971-2972, 2972f biossíntese da, 2971 com nutrição parenteral, 618-619 efeitos adversos, 48,629 estrutura da, 2867 hipopotassemia e, 351, el5-7 na gravidez, 58 para cetoacidose diabética, el5-2
1-9 3
t
ÍNDICE 1-94
indicações e seleção dos pacientes para, 2038-2039 para cardiopatia congênita do adulto, 2039 para cardiopatia valvar, 2039-2040 para choque cardiogênico, 2236 para infarto do miocárdio AI/IMSEST, 2020 de múltiplos vasos, e33-4 a e33-5, e33-5V de salvamento, 2029 facilitado, 2028 IMEST, 2026f, 2027 com trombectomia manual, e33-f, e33-2 a e33-3, e33-2V principal esquerdo, e33-3 a e33-4, e33-3V, e33-4f seleção dos pacientes, 2039,2039f para revascularização, 2011 de oclusão total crônica, e33-I, e33-N eficácia da, 2012 enxerto de veia safena com proteção distai, e33-3, e33-3f, e33-3V indicações e seleção de pacientes para, 2011 reestenose depois de, 2013 riscos das, 2011-2013 trombose no stent na lesão proximal da DAE após, e33-5f, e33-5 a e33-6, e33-5v, e33-6f vs. CABG, 2013, 2014f perioperatória, 64-65, 64f reparo de comunicação interatrial, e33-7f, e33-7 a e33-9, e33-8f, e33-9f, e33-9V reparo de valva mitral, 1936,1936f substituição da valva aórtica, 1941, 1942f, 2040, e33-6f sucesso das, 2037,2038f técnicas para, 2035-2037 valvotomia mitral por balão, 1932, 1933,1933f valvuloplastia aórtica, 1941 vs. CABG, 2013, 2014f, 2038-2039, 2039f Intervenções percutâneas coronárias. Ver Intervenções coronárias percutâneas (ICP) angioplastia renal transluminal, 2049 artéria periférica, 2040, 2040f, 204lf, 2068 nefrolitotomia, 2384, 2387 Intestino, suprimento sanguíneo para o, 2510, 251 lf, 2511q Intestino delgado absorção e secreção no, 308-309, 845 biópsia da mucosa do, 2468-2460, 2468q,2469f comprimento do, 2461 endoscopia do, 2409,241 lf enteroscopia de duplo balão do, 2409, 241 lf fisiologia normal do, 308 funções do, 2402 inervações do, 308 motilidade do, 308q, 309 obstrução do, 301, 2515-2516. Ver também Obstrução intestinal pólipos no, 769q ressecção do, 603 sangramento do, 321 tumores benignos do, 774-775 tumores carcinoide do, 3058q, 3061, 3061q tumores malignos do, 775-776 volume de líquido e conteúdo eletrolítico do, 616q Intima, 1798 Intolerância à frutose, hereditária, 3200q Intolerância a lactose. Ver Deficiência de lactase
Intolerância a proteína lisinúrica, 2284q, 3220 Intoxicação amnésica por moluscos (intoxicação por ácido domoico), 3575 Intoxicação hídrica, 2287, 2287f Intoxicação por ácido domoico, 3257, 3575 intoxicação por álcool isopropílico, 367 Intoxicação por animais marinhos, 3574 ciguatera, 3573 escombroide, 3575-3576 intoxicação por ácido domoico, 3575 molusco paralítico, 3573-3574 Intoxicação por bismuto, 272q Intoxicação por chumbo anemia hemolítica na, 881 diagnóstico da, e49-2q esfregaço de sangue periférico na, el7-5f fontes de, e49-2q hipertensão e, e49-l manifestações clínicas da, e49-2q manifestações orais da, 272q metabolismo da, e49-2q nefropatia na, 2373 neuropatia na, 3466, 3466q neuropatia óptica na, 232 riscos associados à gravidez, e49-1 taxa de referência para, 3599q tratamento da, e49-2q Intoxicação por cianeto complicações da, 2259 diagnóstico diferencial da, 1787 manifestações clínicas da, 1786, e5013q mecanismos da, 288, 1786, e50-13q no terrorismo químico, 1779,1786 prognóstico da, 1787 tratamento da, 1779q, 1787, e50-13q Intoxicação por ciguatera, 310, 3574 Intoxicação por dietileno glicol, el5-10 Intoxicação por digitoxina, 1891 Intoxicação por etilenoglicol acidose na, 365q, 367, el5-10 delirium na, 199q diagnóstico da, 2302, el5-10 lesão renal aguda na, 2298 manifestações clínicas da, 2127q mecanismo da, 2127q neuropatia óptica na, 232 tratamento da, 367, 2127q, el5-10 Intoxicação por ferro, e50- 14q Intoxicação por metais pesados, 2373, e49-l. Ver também metais específicos Intoxicação por metanol, acidose na, 365q, 367 mecanismo da, e50-14q neuropatia óptica na, 232 tratamento da, 367, el5-10 Intoxicação por moluscos paralíticos, 3573-3574 Intoxicação por monóxido de carbono acidose láctica na, 366 afasia na, 205 complicações da, 2259 epidemiologia da, e52-6 fisiopatologia da, 860, e52-6 hipoxia na, 287, 2257 neuropatia óptica na, 232 policitemia na, 456 tratamento da, 2259, e52-6 Intoxicação por tálio, 232, 3466q, 3467, e49-4 Intoxicação/overáose de fármacos ou drogas. Ver também Substâncias específicas anamnese na, e50-l avaliação da gravidade na, e50-l, e50-3q avaliação laboratorial na, 35963598q, e50-3 a e50-4 diagnóstico de, e50-l a e50-4
ECG na, e40-4 epidemiologia da, e50-1 exame físico na, e50-l fases da, e50-4 a e50-5 por animais marinhos, 3574-3576 reconhecimento de padrões na, e50-l a e50-3, e50-2q tratamento da, e50-8 aceleração da eliminação do veneno, e50-7 a e50-8 administração de antídoto, e50-6 cuidados respiratórios, e50-5, e505q descontaminação em outros locais, e50-7 descontaminação gastrintestinal, e50-6 a e50-7 medidas de sustentação, e50-5 prevenção de reexposição, e50-8 princípios gerais, e50-4 a e50-5, e50-8 terapia cardiovascular, e50-6 terapia do SNC, e50-6 Intrapulmonar, 287 íntron, 490 Intubação traqueal para acidose respiratória, 372 Intumescimento do clitóris, 379 Intussuscepção diagnóstico da, 318 obstrução intestinal na, 301 sangramento gastrintestinal na, 321 Inundação alveolar, 2199-2200 Invasão tecidual, por patógenos, 10191021
Invasina, 1311 Inventário de Depressão de Beck, 99 Invertebrados, marinhos, envenenamentos por, 3571-3572 Investindo na Saúde, 10 Invólucro, 803 Iodeto de potássio efeitos adversos do, 1665 para exposição ao iodo radiativo, 1793, 1794q para infecções por Sporothrix, 1665, 1666q Iodetos, efeitos adversos dos, 274,419, 481 Iodo, 605 deficiência de, manifestações clínicas da, 595q, 2913-2914 questões globais, 608, 2913-2914, 2913Í em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 618q ingestão recomendada de, 59lq, 2914 metabolismo e transporte do, 29132914,2913f nível de ingestão superior tolerável de, 595q toxicidade do, 595q Iodou '-etiodol exposição, 1790q, 1793,1794q para carcinoma hepatocelular, 78lq, 782 Iodoquinol classe de gravidez do, 1679q contraindicações, e26-4 efeitos adversos do, 1679q, e26-4 para amebíase, 1686q para infecção por D. fragilis, 1734 Ioga, 388, e2-2q Ioga, para enxaqueca, 117 Ioimbina, para hipotensão ortostática, 174 Ionização, 691 IP-10, 2662q Ipilimumabe, 730 IRAK-4. Ver Quinase associada ao receptor de interleucina-1 (IRAK-4)
Irbesartana para insuficiência cardíaca, 1908q Iridectomia, a laser, 230 Iridectomia a laser, 230 Irinotecana ação da, 702 dose de, 698q efeitos adversos da, 4 5 ,698q, 702, 709, 774 interações medicamentosas da, 2272 metabolismo da, 36q, 38 para câncer colorretal, 773-774 para câncer de pulmão, 705q para câncer gástrico, 767 para câncer pancreático, 789 para carcinoma de tum or primário desconhecido, 824 para sarcoma de Ewing, 820 variações genéticas na resposta a, 42q Irmã da p-glicoproteína, 2537 Irrigação calórica, 239,2251 Irrigação intestinal total, e50-7 ISI. Ver índice de Sensibilidade Internacional (ISI) Isoaglutininas, 951 Isocarboxazida para depressão, 353 lq Isocromossomo X, 515 Isoflavonas, 600 Isoforma do trocador de sódio/ hidrogênio, 2305q Isolamento reverso, 722 Isoleucina tRNA sintetase, 1134q, 1136 Isometepteno, para enxaqueca, 118q, 120
Isoniazida ação da, 1373-1374 dose de, 1374 efeitos adversos da, 1374 aplasia eritroide pura, 893q crise convulsiva, 3257q cutâneos, 405, 413 distúrbios do equilíbrio ácidobásico, 366 hepatotoxicidade, 44, 1357,1374, 2560q, 2564 neuropatia, 1374, 3463, 3465q neuropatia óptica, 232 piridoxina e, 599,1374 síndrome do lúpus, 44 farmacologia da, 36q, 1374 interações medicamentosas da, 1374 overdose!intoxicação com, e50-14q para meningite tuberculosa, 3426 para TB, 1352q, 1372q, 1373, 1373q infecção latente, 1357,1358q, 1372q, 1373q profilaxia na infecção pelo HIV, 1544q resistência à, 1355,1374 variações genéticas na resposta à, 42q Isoproterenol para bloqueio de condução AV, 1873, 1874 para disfunção do nó SA, 1870 para síndrome de Brugada, 1899 para síndrome do QT longo, 1898 Isospora be/Zz/isosporíase, 1732 diagnóstico da, 173lq, 1732, e25-4q, e25-5q epidemiologia da, 1732 manifestações clínicas da, 310,1732 na infecção pelo HIV, 1551, 1732 tratamento da, 1732 vs. DII, 2486 Isostenúria, 336 Isotretinoína efeitos adversos da, 404,407 para acne vulgar, 404 para leucoplaquia oral, 657 para pitiríase rubra pilar, 406q Isquem ia bilateral do tronco encefálico, 3290 cardíaca. Ver Cardiopatia isquêmica
para infecções por Sporothrix, 1665, 1666q para onicomicose, 401,1670,1670q para paracoccidioidomicose, 1666q para peniciliose, 1666q para profilaxia do Aspergillus, 1659q, 1660 para tinha versicolor, 402 teste de sensibilidade para, e22-10 uso profilático, na infecção pelo HIV, 1545q ítrio90, para carcinoma hepatocelular, 78lq, 783, 783q ITU. Ver Infecções do trato urinário (ITU) Ivermectina classe de gravidez da, 1679q efeitos adversos da, 1679q, 1748, e26-4 farmacologia da, e26-4 para ascaridíase, 1740 para escabiose, 3577 para estrongiloidíase, 1743 para filariose linfática, 1747 para gnatostomíase, 1736q para larva migrans cutânea, 1736q para larva migrans visceral, 1736q para oncocercose, 1749 resistência à, e26-4 Ixabepilona, 700q, 704
J Jactatio capitis nocturna, 221 JAK quinases, 2668 Janela terapêutica, 34, 34f Jejunoileíte, na doença de Crohn, 2483 Jiboia africana, 3579 Joelho da dona-de-casa, 2860 Joelho do saltador, 2861 Joelho valgo, 2824, 2831f Joelho varo, 2824, 2831f Joelho(s) da dona de casa, 2860 do saltador, 2861 dor no(s), 2824 gota do(s), e41-2f osteartrite do(s), 2828, 2829f Jogo epigenético, 568 Josamicina, para febres maculosas transmitidas por carrapatos, 1411 Julgamento substituído, e5-2 Junção firme, 2282 Junção gastroesofágica, 2429, 2429f Justiça, e5-2 Justiça social, 5
K Kernicterus, 2534 KIM-1 (molécula de lesão renal-1), 2303, 2304q Kingella kingae, 1234,1234q. Ver também Endocardite infecciosa, grupo HACEK Kit MARK I (antídoto de agentes neurais), 1785,1785f, 1786 Klebsiella spp., 1137,1143,1253,1320 Klotho, 565 Kraits (Bungarfus), 3566 Kwashiorkor (desnutrição proteico calórica), 606 biópsias da mucosa do intestino delgado no, 2468q, 2469 características fisiológicas do, 607q diagnóstico do, 606q infecções no, 1009q manifestações cardíacas do, e31-lq, e31-2 manifestações clínicas do, 606q prognóstico do, 606q questões globais, 608
L Labetalol overdose!intoxicação com, e50-10q para cardiopatia isquêmica, 2009q para dissecção aórtica, 2064 para emergências hipertensivas, 2058q, 2059 para hipertensão, 2055q, 2056 na gravidez, 56 para pré-eclampsia, 56 Labirintectomia, para doença de Ménière, 250 Labirintite, 74, 302, 303, 303q Laboratório. Ver Exames laboratoriais clínicos; Doenças infecciosas, avaliação laboratorial das Laboratório de microbiologia clínica, e22-l. Ver também Doenças infecciosas, avaüação laboratorial de Lacerações de Mallory-Weiss dor torácica nas, 104 náusea e vômitos nas, 302 sangramento gastrintestinal nas, 320, 320q, 2416, 2416f, 2436-2437 tratamento das, 320, 2437 Lacosamida, 3265q Lacrimejamento, com cefaleia, 113 Lactação massa mamária na, 756 necessidade de água durante, 588 P-lactamase de espectro ampliado, 1137, 1247-1248 Lactase, 2465 Lactato de Ringer para choque, 2221 Lactato desidrogenase como marcador tumoral, 652q no câncer testicular, 806 no líquido ascítico, 332 Lactentes. Ver também Recémnascido(s) convulsões nos, 3256q microbioma nos, 529 necessidades de água nos, 588 Lactobavillus spp. identificação laboratorial de coloração de Gram para, e22-2f na microbiota vaginal, 531, 1100 para vaginose bacteriana, 1100 Lactoferrina, 475 Lactose, 2465 Lactotrópo, expressão e regulação do, 2876q Lactulose para constipação, 74q, 319 Lacunas de Howship, 3083, 3102 Laetrila, e2-5 Laforina, 3254q Lago venoso, 417q, 420 Lágrimas artificiais, 229 Laminectomia para dor no pescoço, 142 Laminopatia, 497-498 Lamivudina (3TC) efeitos adversos da, 4 3 4 ,1570q, 1578, 2571 estrutura molecular da, 1574f para doença hepática, 2614 para infecção crônica por HBV, 1445q, 1450, 2570-2571, 2574q, 2575f para infecção pelo HIV, 1570q, 1578 para profilaxia do HBV em receptor de transplante, 1130 resistência à, 1450, 1576f, 1578, 2572 Lamotrigina dose de, 3263q, 3540q efeitos adversos da, 435, 437, 3263q, 3540q farmacologia da, 3263q, 3540q overdose!intoxicação com, e50-12q para crises focais, 3262-3263
para crises generalizadas, 3266 para dor, 73 para epilepsia, 3263q para neuralgia do trigêmeo, 3361 para prevenção de SUNCT/SUNA, 123q, 124 Lancinações, 186 Lanreotida para acromegalia, 2896 Lansoprazol para doença ulcerosa péptica, 2447q, 2448 para DRGE, 306 Lanugem, na anorexia nervosa, 638 Laparoscopia, na avaliação da doença inflamatória pélvica, 1104 Laparotomia na isquemia intestinal, 2511-2512, 2512q Lapatinibe ação do, 705f, 706 efeito adversos do, 838 na gravidez, e6-2 para câncer de mama, 760 variações genéticas na resposta ao, 42q LA-PTT, 464 LARC/MIP-3a/Exodus-1,2662q Laringite, 265 Laropiprante, para rubor associado à niacina, 598 Larva currens, 1742 Larva de gasterófilo, 3579 Larva migrans cutânea diagnóstico da, e25-3q, e25-5q manifestações clínicas da, 1067, 1736, e25-5q patogenia da, 1737 tratamento da, 1736q de pentastomídeos, 3579 ocular, 229,1737 visceral diagnóstico da, 1737, e25-3q, e25-7q epidemiologia da, 1736 manifestações clínicas de, 481, 1737, e25-7q patogenia da, 1736,1737 tratamento da, 1736q, 1737 Larva migrans cutânea. Ver Larva migrans, cutânea Larva migrans visceral. Ver Larva migrans visceral Larvas de moscas, 3579 LASIK, 224 Lasofoxifeno, para prevenção de câncer de mama, 762 Latência, 1438,1453 Latência m otora term inal do nervo pudendo, na incontinência fecal, 2507 a-Latrotoxina, 3580 Lavado broncoalveolar em doenças pulmonares intersticiais, 2164, 2165q na pneumonite por hipersensibilidade, 2118 procedimento, 2099 Lavagem gástrica para acidose induzida por salicilato, 367 para hipertermia, 147 para intoxicação/overdose de fármacos, e50-7 Lavagem peritoneal como estratégia de reaquecimento, 167 para hipertermia, 147 Lavagem pulmonar, para contaminação por radionuclídios Lavagem torácica, como estratégia de reaquecimento, 167
ÍNDICE
cerebral, 3270, 3272f. Ver também Acidente vascular encefálico isquêmico intestinal. Ver Isquemia intestinal Isquemia cerebral, 3270, 3272f Isquemia de membro na doença arterial periférica. Ver Doença arterial periférica terapia gênica para, 551 Isquemia do tronco encefálico, bilateral 3290 Isquemia intestinal, 2510 aguda, 2510, 2512, 2512q anatomia da, 2510-2511,251 lq arterioclusiva, 2510,2511q crônica, 2510, 2513 diagnóstico da, 2511-2513 dor abdominal na, 2511-2513 epidemiologia da, 2510 fisiopatologia da, 2510-2511, 251 lq incidência da, 2510 manifestações clínicas da, 2511 não oclusiva, 2510-2511, 251 lq náusea e vômitos na, 301 tratamento da, 2512q, 2513 trombose venosa mesentérica, 25102511, 251 lq Isquemia mesentérica dor abdominal na, 11 lq indigestão na, 305 náusea e vômitos na, 301 Isquemia mesentérica arterioclusiva, 2510,251 lq Isquemia mesentérica não oclusiva, 2510-2511, 2511q Isquemia miocárdica. Ver também Cardiopatia isquêmica arritmia na, 1862 com hipertrofia ventricular esquerda, 1998 diagnóstico da, 1818 dispnéia na, 278q, 279 dor torácica na, 102,105-107 ECG no, 1836-1837, 1836f, 1837f, 1999, e28-lf a e28-3f efeitos da, 1999 fisiopatologia da, 1998 lateral, e28-2f manifestações clínicas da, 1817 na estenose aórtica, 1998 parede anterior, 1836, 1836f, e28-lf parede anterolateral, e28-2f silenciosa, 1999, 2013-2014, 2020 transmural, 1836, 1836f Isradipino efeitos adversos do, 2009q para cardiopatia isquêmica, 2009q, 2010 para fenômeno de Raynaud, 2072 ISRS. Ver Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) IST. Ver Infecções sexualmente transmissíveis (IST) ITBL (infecção da tuberculose latente). Ver Tuberculose (TB), infecção latente Itraconazol classe de gravidez do, 1677q efeitos adversos do, 1639,1677q indicações para, 1639-1640 interações medicamentosas do, 36q, 38,46q, 377, 1147q, 1677q para candidíase, 402 para candidíase oral, 264 para infecção por Aspergillus, 1659q, 1660 para infecção por Blastomyces, 1647q, 1648 para infecções por Coccoides, 1645 para infecções por dermatófitos, 1670,1670q para infecções por Histoplasma, 1642,1642q
1-9 5
Laxativos efeitos adversos do, 310, 313, 354 para constipação, 74, 74q, 318, 319 para contaminação interna por radionuclídios, 1793 para doença gastrintestinal, 2407 uso abusivo de, 312, 352, 354,640 Laxativos osmóticos. Ver Laxativos LCAT (lectina-colesterol aciltransferase), 3147f LCS. Ver Líquido cerebrospinal (LCS) LCT (lesão cerebral traumática). Ver Traumatismo cranioencefálico LDL. Ver Lipoproteína de baixa densidade (LDL) LDM (leucodistrofia metacromática, 3194q, 3315 Lectina-colesterol aciltransferase (LCAT), 3147f Lectinas tipo C, 2654q Lectinas tipo C, 2654q Leflunomida afeitos adversos da, 2784q, 3187, 3464q monitoração durante o tratamento com, 2748q para artrite reumatoide, 2748q para infecção por CMV, 1124 Legionella spp. características de, 1236 ecologia de, 1236-1237 genoma de, 1237 identificação laboratorial da, 12381239, 1239q, e22-2f, e22-6f, e22-9 interações ligante-receptor, 1014f resposta do hospedeiro à, 1020f, 1237 sorogrupos de, 1236 transmissão de, 1236-1237 virulência de, 1237 Lei de Laplace, 1805, 1806 Leiomioma do intestino delgado, 775 esofágico, 764 fatores genéticos no, 817 uterino, 610 Leiomiossarcoma. Ver também Sarcoma de tecidos moles do intestino delgado, 775-776 gástrico, 768 patologia do, 817 tratamento do, 818 Leishmania aethiopica, 1710q, 1715 Leishmania braziliensis, 1710q, e25-4q, e26-6q Leishmania donovani, 1710q, e25-4q. Ver também Infecções por Leishmania spp., visceral Leishmania infantum, 1709,1710q Leishmania major, 1710q, 1714,1715 Leishmania mexicana, 1710q, 1714 Leishmania spp. características de, 1709,171 Oq ciclo de vida da, 1709, 1710q, e25-4q distribuição geográfica da, 1710q entrada no hospedeiro, 1013,2675 epidemiologia da, 1710q identificação laboratorial da, e25-4q, e25-5, e25-6q, e25-7q interações ligante-receptor da, 1015 Leishmania tropica, 1710q, 1714, e25-41 Leite de Magnésia, para constipação, 74q Leitura, avaliação da, 203 “Leitura de volta”, 86 Leitura dos lábios, 255 lenalidomida efeitos adversos da, 897 para amiloidose, 948-949 para mielodisplasia, 897 para mieloma múltiplo, 942 Lêndea(s), 3578 Lentes de contato, 229,1687 Lentigo, 412 Lentivírus, 1506. Ver também HIV
Lepirudina ação da, 997 efeitos adversos da, 997 farmacologia da, 997q monitoração do tratamento com, 997 para trombocitopenia induzida por heparina, 968 Leptina ações da, 623,625f genética da, 624-625, 625q mutações, hipopituitarismo devido a, 2879 na anorexia nervosa, 638 na obesidade, 625q, 627 no hipogonadismo hipogonadotrópico, 386 Leptina(s) de ligação da manose, 2224 Leptospiralleptospimse agente etiológico da, 1392-1393, 1392f características globais da, 1393 diagnóstico da, 1393, 1395-1396, e22-l diagnóstico diferencial da, 1396 epidemiologia da, 157, 1393 manifestações clínicas da, 150q, 1394-1395,1394f, 1395f meningite crônica devido a, 3463q patogenia da, 1393-1394 prevenção da, 1396 prognóstico da, 1396 tratamento da, 1396,1396q LES. Ver Lúpus eritematoso sistêmico (LES) LESe, 2729, 273lq Lesão axônica difusa, 3378 Lesão cerebral. Ver também Traumatismo cranioencefálico assistência ao paciente com, 211-212 pós-revascularização cardíaca, e472f, e47-2 a e47-3 pós-transplante de órgãos sólidos, e47-3 terapia com células-tronco na, 546 Lesão cerebral anóxica, no paciente em estado crítico, 2203 Lesão cerebral traumática (LCT). Ver Traumatismo cranioencefálico Lesão cutânea anular, 390q Lesão de Dieulafoy sangramento gastrintestinal na, 321, 2415-2416, 2416f tratamento endoscópico da, e36-l V Lesão do lobo temporal, e9-l Lesão em “baforada de fumaça”, 3279 Lesão em chicotada, 139-140 Lesão nula. Ver Doença por lesão mínima Lesão osteoblástica, 820 Lesão osteolítica, 820 Lesão por arraia-lixa Lesão por choque elétrico, 2072 Lesão por coral-de-fogo, 3573 Lesão por estrela do mar, 3573 Lesão por punho fechado, e24-2, e24-3q Lesão por vibração, 2072 Lesão pulmonar, aguda. Ver Lesão pulmonar aguda Lesão pulmonar aguda (LPA) diagnóstico da, 2205q etiologia da, 2205 fisiopatologia da, 2206f no choque, 2217 relacionada a transfusões, 955 Lesão pulmonar aguda relacionada com transfusão (LPART), 955 Lesão renal aguda (LRA) abordagem ao paciente, 336f associada a isquemia, 337, 2297, 2297f, 2300q associada a nefrotoxinas, 337,22972299, 2300q
azotemia pré-renal, 336-337,22942295, 2294f-2295f, 2300q complicações da, 2303 considerações globais, 2294 diagnóstico da achados laboratoriais no exame de sangue, 337q, 2300q, 2302 achados urinários, 337q, 2300q, 2301-2302, 2301f anamnese e exame físico, 2299, 2301 biomarcadores, 2303, 2304-2305q biópsia renal, 2302-2303, el4-9f exame de imagem, 2302 índices de insuficiência renal, 2302 distúrbios do volume de líquido na, 2303 epidemiologia da, 2293-2294 hiperfosfatemia na, 2302, 2303 hiperpotassemia na, 357,2303 hipocalcemia na, 2303 hiponatremia na, 345 hipovolemia na, 343 intrínseca, 337,2296,2296f manifestações clínicas da, 335q, 2300q, 2301 na leptospirose, 1394,1395 na malária, 1693,1693q, 1702, 2354 na sarcoidose, 2809 na sepse/choque séptico, 2227, 2296, 2300q no choque, 2217 no paciente em estado crítico, 2203 pós-renal, 337-338, 2299, 2299f, 2300q prevenção da, 2305 prognóstico da, 2308 tratamento da azotemia pré-renal, 2305-2306 indicações para diálise e modalidades, 2307-2308 intrínseca, 2306,2306q medidas de suporte, 2307 na cirrose e síndrome hepatorrenal, 2306 pós-renal, 2306-2307 uremia na, 2303 Lesão tipo “casca de cebola”, 2380 Lesões cutâneas. Ver também Exantema como manifestações de doença interna/sistêmica, 405, e l6 -l. Ver também doenças específicas alopecia, 407, 407q. Ver também Alopecia eritrodermia, 405-406, 405q erupções acneiformes, 408-409, 408q exantemas, 415-416,415q. Ver também Exantema hiperpigmentação, 412-413,412q hipopigmentação, 409-412, 409q, 41 lq lesões figuradas, 407-408, 408q lesões papuloescamosas lesões papulonodulares. Ver Lesões cutâneas papulonodulares lesões pustulosas, 409 púrpura, 421-422, 42 lq. Ver também Púrpura telangiectasias, 409,409q. Ver também Telangiectasia(s) urticária, 416,416q vesículas/bolhas. Ver Vesículas/ bolhas crostas, 1064f, 1065q, 1066 descrições das, 389q distribuições das, 391q, 392f escaras, 1066q, 1067 induzidas por fármacos, 406 morfologia das, 390 morfologia das, 39lq nódulos, 1065q, 1067
pápulas, 1065q, 1077 por escavação, 1067 semelhantes à esclerodermia, 2757, 2758q úlceras. Ver Úlceras cutâneas vacinação contra varíola e, 404 Lesões cutâneas figuradas, 407-408, 408q Lesões cutâneas numulares, 390q Lesões cutâneas papulonodulares, 416, 417f amareladas, 417q, 418 azuis, 417q, 420 brancas, 416,417q da cor da pele, 416-417,417q etiologia das, 1065q, 1067 purpúreas, 417q, 420 róseas, 417q, 418 vermelhas, 417q, 419-420 vermelho-acastanhadas, 417q, 420 violáceas, 417q, 420 Lesões de Janeway, 1030,1822 Lesões de nervos cranianos, 3378-3379 Lesões em campo de batalha, infecções por A. baumannii, 1259 Lesões herpéticas, 390q Lesões liquenoides, 390q Lesões papuloescamosas, 405 Lesões parietais, 239 Lesões pustulosas, 389q, 409, 433,435 Lesões selares expansivas, 227, 3018 Letalidade sintética, 678f, 682 Letrozol, 704, 2274 Leucaférese, para LMC, 918 Leucemia anormalidades cromossômicas na, 518,678 associada a quimioterapia, 702 azotemia na, 337 células precursoras B, 925-926 células precursoras T, 926,935 conseqüências tardias do tratamento, crônica, eosinofílica, 481, 898, 898f, e21-5, e21-5q de células NK agressiva, e21-3 a e214 de células pilosas. Ver Leucemia de células pilosas de células T do adulto. Ver Leucemia/ linfoma de células T do adulto de mastócitos, 2714, 2714q, e21-7 definição da, 672 epidemiologia da, 646q, 648f, 648q esplenomegalia na, 469 infecções em paciente com, 714 invasão ocular pela, 236 linfocítica granular grande de células T,e21-3 linfoide aguda. Ver Leucemia linfoide aguda (LLA) linfoide crônica. Ver Leucemia linfoide crônica (LLC) de células B/ linfoma de pequenos linfócitos manifestações orais da, 268,269 mieloide aguda. Ver Leucemia mieloide aguda (LMA) mieloide crônica. Ver Leucemia mieloide crônica (LMC) monocitose na, 480 neutrofílica crônica, 898, 898q, e21-5 neutropenia na, 476 policitemia vera e, 900 prolinfocítica de células T, e21-3 promielocítica aguda. Ver Leucemia promielocítica aguda (LPA) síndromes paraneoplásicas na, 830q vírus e, 670 Leucemia cutânea, 417q, 419 Leucemia de células pilosas esplenomegalia na, 469 infecções em paciente com, 712q, 714q, 931 manifestações clínicas da, 931, e21-2
manifestações cutâneas da, 423 marcadores tumorais na, 652q, e21-2, e21-2q monocitopenia na, 481 tratamento da, 470, 931, e21-2 Leucemia de linhagem mista (LLM), translocações, 865 Leucemia de mastócitos, 2714,2714q, e21-7 Leucemia de plasmócitos, 941 Leucemia eosinofílica, crônica. Ver Leucemia eosinofílica crônica Leucemia eosinofílica crônica, 481,898, 898q, e21-5, e21-5q Leucemia linfocítica granular de grandes células T, e21-3 Leucemia linfoide aguda (LLA) abordagem ao paciente, 924 anormalidades cromossômicas na, 923q célula B precursora, 925-926, 926f célula T precursora, 926q, 932 classificação da, 919,919q conseqüências tardias da, 840, 842q epidemiologia da, 919,920f esfregaço de sangue periférico na, el7-9f etiologia da, 921 hiperleucocitose na, 2272 imunologia da, 922f infecções em pacientes com, 712qq, 713, 714f, 714q, 716, 717 linfadenopatia na, 466 oncogenes na, 665q, 666q, 923q prevenção da, 865 prognóstico da, 924 tratamento da, 963, 963q Leucemia linfoide crônica (LLC) de células B/linfoma de pequenos linfócitos, 926 abordagem ao paciente, 924 anemia na, 449 anormalidades cromossômicas na, 923, 923q aplasia eritroide pura na, 893 comprometimento renal na, 2370 diagnóstico, 919q, 926-927 distúrbios linfoides que podem se manifestar como, 919q doença da cadeia pesada um na, 944 epidemiologia, 929,920f esfregaço de sangue periférico na, 927f, el7-10f esplenomegalia na, 469 estadiamento, 924q hipogamaglobulinemia na, 722 imunologia, 922f, 923 infecções na, 712q, 713, 714q, 716, 1009q linfadenopatia na, 466 manifestações clínicas, 926q manifestações cutâneas, 426 marcadores tumorais na, e21-2q oncogenes na, 923q prognóstico, 924 síndromes paraneoplásicas na, 837 terapia antibacteriana, 1141 tratamento, 677q, 718, 927-928, 963q, 964 Leucemia linfoide crônica. Ver Leucemia linfoide crônica (LLC) de células B/ linfoma de pequenos linfócitos Leucemia mieloide aguda (LMA), 905 avaliação pré-tratamento da, 908-910 células-tronco cancerosas na, 681 classificação da, 905-907, 908q com mutação da nuclefosmina, 907 com mutação de CEBPA, 907 como segunda neoplasia maligna em sobreviventes de câncer, 841, 905 doenças associadas a, 905 esfregaço de sangue periférico na, 908, 908f, e!7-9f
etiologia da, 905 fatores genéticos na, 905-907, 907q hiperleucocitose na, 2272 incidência da, 905 induzida por fármacos, 905 infecções no paciente com, 712q, 714q, 716, 912 manifestações clínicas da, 907-910, 909q manifestações cutâneas da, 423 monocitopenia na, 481 oncogenes na, 665q prognóstico da, 907,907q, 910 tratamento da conseqüências tardias da, 842q novos agentes, 913q quimioterapia, 910-911, 91 lf recidiva, 914 TCTH, 911, 912-913, 963, 963q terapia pós-remissão, 913-914 tratamento de suporte, 912 Leucemia mieloide crônica (LMC), 9 1 4 anormalidades cromossômicas na, 915 amplificações, 665q região de ponto de quebra (bcr), 511 translocações, 666, 666f, 666q, 898,914 células-tronco cancerosas na, 681 crise blástica na, 915, 918 diagnóstico da, 914 eosinofilia na, 481 esfregaço de sangue periférico na, el7-9f esplenomegalia na, 469 etiologia da, 914 exame de medula óssea na, 915 fisiopatologia da, 914 incidência da, 914 infecções na, 1009q manifestações clínicas da, 914-915 manifestações cutâneas da, 423 prognóstico da, 915 tratamento da, 915-918 crise blástica, 918 dasatinibe, 917 doença residual mínima, 918 esplenectomia, 470, 918 imatinibe, 675, 677q, 915-917, 916q inibidores da tirosino quinase, 917, 917q interferon, 916,918 leucoferese, 918 novos agentes, 917, 917q pós-TCTH, 917-918 quimioterapia, 918 TCTH, 917, 918, 963, 963q Leucemia mielomonocítica aguda, manifestações orais da, 269, 272q Leucemia mielomonocítica crônica, 675, 894 Leucemia neutrofilica crônica, 898, 898q, e21-5 Leucemia pró-linfocítica, 470 Leucemia prolinfocítica de células B, e21-l, e21-2q Leucemia pró-linfocítica de células T, e21-3 Leucemia promielocítica. Ver Leucemia promielocítica aguda Leucemia promielocítica aguda (LPA) anormalidades cromossômicas na, 49 lq, 678,905-906 associada à quimioterapia, 702 esfregaço de sangue periférico na, el7-9f tratamento da, 677q, 678, 912-913 Leucemia/linfoma de células T do adulto, 9 3 2 aguda, 1504 crônica, 1504
diagnóstico da, 932, 932f, el7-10f HTLV-I e, 921, 921q, 932,1439 indolente, 932-933, 1504 infecções por Strongyloides e, 1504 linfomatosa, 1504 manifestações clínicas da,932933,1504 manifestações cutâneas da, 419,933 marcadores tumorais na, 652q oncogenes na, 666 síndromes paraneoplásicas na, 827 tratamento da, 933,1504-1505 Leucemia/linfoma linfoblástico de células B precursoras, 925-926 Leucemia/linfoma linfoblástico de células T precursoras, 926q, 932 Leucoaraiose, 3279 Leucocidina de Panton-Valentine (PVL), toxina, 1068 Leucócito(s). Ver também Basófilo(s); Eosinófilo(s); Linfócito(s); Monócito(s); Neutrófilo(s) classificação CD dos antígenos de superfície, 2652-2653q contagens normais, 472 produção de, 472 Leucócitos cilindros urinários, e l4 -1lf no esfregaço de sangue periférico, el7-2 Leucócitos polimorfonucleares (PMN) coloração de Gram dos, e22-1 na resposta imune, 10,1011 no IMEST, 2024 Leucocitose, na pancreatite, 2636-2637 Leucodermia, 410,41 lq Leucodistrofia metcromática (LDM), 3194q, 3315 Leucodistrofia(s), 3194q, 3315 Leucoencefalopatia multifocal progressiva. Ver Leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP) posterior reversível, 3279 3296 Leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP), 3427 anticorpos monoclonais e, 2684, 2750 diagnóstico da, 3427 em paciente com câncer, 717,717q manifestações clínicas da, 3427 na infecção pelo HIV, 1561 patologia da, 3427 tratamento da, 3427-3428 Leucoencefalopatia posterior reversível, 2272, 3279, 3296 Leucoeritroblastose, 897. Ver também Mielofibrose primária Leucopenia. Ver Leucopenia Leucoplaquia, 392f, 733, 734 oral, 269, 273q, 392f, 657, el6-9f pilosa, 273q, el6-9f sublingual, el2-2f Leucoplaquia pilosa oral, 1469,1469f, 1471,1549, 1550f Leucostase, 2272 Leucotrienos dor e, 94 no choque, 2218 Leucovorina, 703 para câncer colorretal, 774 para câncer gástrico, 767 para doença trofoblástica gestacional, 816 para osteossarcoma, 819 para profilaxia da PPc, 1544q para profilaxia da toxoplasmose, 1544q, 1545q Leuprolida, para câncer de próstata, 704, 705, 802 Leustatin, para EM, 3405 Levamisol classe de gravidez do, 1679q efeitos adversos do, 967q, 1679q
interações medicamentosas do, 1679q Levantamento STOP-Bang, 2185 Leveduras, 1637 Levetiracetam efeitos adversos do, 3265q overdose!intoxicação com, e50-12q para epilepsia, 3265q para síndrome do vômitos cíclicos, 304 Levocardia, isolada, 1928 Levodopa ação da, 3322 efeitos adversos da, 599, 3322-3323, 3322f, 3326 para distonia, 3329 para doença de Parkinson, 33223323, 3322f, 3324q, 3326, 3327f para síndrome neuroléptica maligna, 147 Levofloxacino ação do, 1137 ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q indicações para, 1145q na erradicação do H. pylori, 1265q no estojo médico do viajante, 10451046 para artrite bacteriana não gonocócica, 2844 para diarréia infecciosa, 1088q para doença inflamatória pélvica, 1105 para epididimite, 1098 para infecção por C. trachomatis, 1426 para infecções em paciente com câncer, 720 para infecções por Legionella, 1240q para infecções por P. aeruginosa, 1269q, 2135q para periotonite, 1078 para pneumonia, 1158,2135q, 2139q para pneumonia associada a tratamento médico, 2139q para profilaxia de infecção em receptor de transplante, 916q para sepse/choque séptico, 2229q para sinusite, 258q resistência ao, 1145q, 2134 Levonorgestrel, para hirsutismo, 383 Levorfanol, para dor, 98q, 101 Levosimendana, para insuficiência cardíaca aguda, 1912q Levotiroxina efeitos adversos da, 2921 na hipotermia, 168 para hipotiroidismo, 2921, 2922 para tireoidite subaguda, 2929 Lewisita, 1780q LGV. Ver Linfogranuloma venéreo (LGV) LH. Ver Hormônio luteinizante (LH) Liberação de oxigênio, 2202, 2222q Libido diminuída, nas síndromes de má absorção, 2476q na mulher, 378 no homem, 374, 376 I.icopeno, 601 Licoperdonose, 2117q Lidocaína dose de, 3 7 ,1883q efeitos adversos da, 1884q indicações para, 1883q metabolismo da, 36q para envenenamento por animais marinhos, 3573 para neuropatia, 101, 3458q para parada cardíaca, 2244 para SUNCT/SUNA, 124 para taquicardia ventricular, 1893 Ligação das proteínas plasmáticas, 37
ÍNDICE 1-98
Ligação genética, 504-505 Ligação tubária, 3037, 3038q Ligamento uterossacral, distúrbios acometendo, 136 Ligamento(s) efeitos da síndrome de Ehlers-Danlos sobre, 3209 lesão de, e44-33f Ligante CD40, 985, 2702 Ligante Fas, 679 Ligante kit, 540 Ligantes Notch, 540, 542 Ligantes Wnt, 540, 542 Limaprosta, para geladura, 169 Limiar de condução do ar, 253 Limiar de condução do osso, 253 Limiar de recepção da fala, 253 Limite Hayflick, 565 Limites de decisão, e53-4 Limpeza das mãos com álcool, 1114 Lincomicina, 1135 Lincosamidas, 1134q, 1135,1138 Lindano, para pediculose, 3578 Linezolida absorção da, 1139 ação da, 1134q, 1136,1168,1378 ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q efeitos adversos da clinicamente mais relevante, 1146q síndrome serotoninérgica, 1378 trombocitopenia, 967q, 1168, 1187 indicações para, 1145q interações medicamentosas da, 1143, 1378 na gravidez, 1142q para infecções estafilocócicas, 1070q, 1169q para infecções por MRSA, 1169q para infecções por Nocardia, 1325 para infecções por VRE, 1187 para osteomielite, 1074,1074q para pneumonia associada a tratamento médico, 2139q para síndrome do choque tóxico, 1170 para tuberculose, 1378 resistência à, 1134q, 1138, 1145q, 1168 Linfadenectomia, no melanoma, 729 Linfadenite manifestações orais da, 274 mesentérica vs. apendicite, 2518 tuberculosa, 1346 Linfadenite mesentérica, 11 lq, 2518 Linfadenopatia, 465 abordagem ao paciente, 465-467 anamnese na, 465-466 angioimunoblástica, 465q avaliação laboratorial da, 466,467 benigna, 465 com esplenomegalia, 466 doenças associadas à, 465q doenças imunológicas associadas à 465q exame físico na, 466 infecções associadas à, 465q infecção pelo HIV, 1524-1525, 1556. Ver também Infecção pelo HIV micobactérias não tuberculosas, 1369 tularemia, 1302,1302f intra-abdominal/retroperitonial, 466 localizada/regional, 466 na doença da arranhadura do gato, 1315,1316f neoplasias malignas associadas à, 465q torácica/abdominal, 466
Linfagiectasia intestinal biópsias da mucosa do intestino delgado na, 2468, 2468q, 2469f manifestações clínicas da, 314,2075, 2475 Linfangiectasia intestinal, 2468, 2468q, 2469f, 2475 intestinal congênita, 314 Linfangiografia, 2076 Linfangioleiomiomatose, pulmonar, 2168, e34-5f Linfangioleiomiomatose pulmonar, 2168 Linfangiomatose, hipertensão pulmonar na, 2078q Linfangite, 293,1176, 2075, 2075q Linfedema, 293, 2075-2076, 2075q Linfedema precoce, 2075,2075q Linfedema tardio, 2075, 2075q Linfocintilografia, 2076 Linfócito(s) B. Ver Célula(s) B granuloso grande, 2651, 2658,2664, 2666q, el7-2 interações com células endoteliais, 2678-2681, 268lf, 2682 no esfregaço de sangue periférico, el7-2 reativo, el7-2 saída deficiente do(s), 2700 T. Ver Célula(s) T Linfocitoma cutâneo, 417q, 419 Linfocitopenia de células T CD4+ idiopática, 1567-1568 Linfocitopenia T CD4+, idiopática, 1567-1568 Linfócitos granulares, el7-2 Linfócitos reativos, el7-2 Linfócitos T citolíticos CD8+ (LTC), na infecção pelo HIV, 1522,1530-1531, 1538 Linfogranuloma venéreo (LGV) complicações do, 1426 epidemiologia do, 1106,1425 linfadenopatia no, 466 manifestações clínicas do, 1107f, 1107q, 1425-1426 tratamento do, 1427q Linfo-histiocitose, hemofagocítica, 2704-2705, e39-2 Linfoistiocitose hemofagocítica, 27042705, e39-2 Linfoma anaplásico de grandes células T/células nulas, 923q, 926q, 933 Linfoma angiocêntrico, 921, 933 Linfoma angioimunoblástico de células T, 933, e21-4 a e21-5 Linfoma cutâneo, 417q, 419,420 Linfoma cutâneo primário de células T CD30+, e21-4 Linfoma da tireoide, 2938 Linfoma de Burkitt, 931 anormalidades cromossômicas no, 922, 923q, 931 características sorológicas do, 1470q diagnóstico do 931, 931f, el7-9f, el7lOf durante a gravidez, e6-3 endêmico, 931 esporádico, 931 fatores genéticos no, 518,666, 666q imunologia do, 922,922f infecção pelo EBV e, 656, 670, 92lq, 931 malária e, 1695 manifestações orais do, 268 na infecção pelo HIV, 931,1566 oncogenes no, 923q síndrome de lise tumoral no, 2274 tratamento do, 931 Linfoma de células B da zona marginal nodal, 7932, e21-2
Linfoma de células do manto, 928 anormalidades cromossômicas no, 666q, 923, 923q, 928 diagnóstico do, 928 estadiamento do, 927q, 929 manifestações clínicas do, 926q, 929 marcadores tumorais no, e21-2q oncogenes no, 923q tratamento do, 929 Linfoma de células NK blástico, e21-4 Linfoma de células T CD30+ cutâneo, e21-4 Linfoma de células T cutâneo. Ver Micose fungoide Linfoma de células T do tipo enteropatia, 934, e21-4 Linfoma de células T 78 hepatoesplênico, 934, e21-4 Linfoma de células T periférico, 933 Linfoma de células T subcutâneo semelhante à paniculite, 934, e21-4 Linfoma de derrame primário, 1476, 1566, e21-3 Linfoma de pequenas células não clivadas. Ver Linfoma de Burkitt Linfoma de tecido linfoide associado à mucosa (MALT), 928 anormalidades cromossômicas no, 923q, 928 diagnóstico do, 928 H. pylori e, 768, 921, 921q, 928,1262 manifestações clínicas do, 767-768, 926f oncogenes no, 923q timoma no, e20-1 tratamento do, 728, 928 Linfoma difuso de grandes células B, 930 anormalidades cromossômicas no, 923, 923q, 930 diagnóstico do, 930, 930f exame dos linfonodos no, el7-10f manifestações clínicas do,926q 930 mediastinal primário, 930 na infecção pelo HIV, 1566 oncogenes no, 923q tratamento do, 930-931 Linfoma do mediterrâneo, 775,944 Linfoma esplênico de zona marginal, 931-932, e21-l a e21-2, e21-2q Linfoma extranodal de células NK/T, tipo nasal, 921, 933, e21-4 Linfoma folicular, 929 anormalidades cromossômicas no, 666q, 923q, 929 epidemiologia do, 929 exame dos linfonodos no, 929f, el7lOf imunologia do, 922, 922f manifestações clínicas do, 926q, 929 marcadores tumorais no, e21-2q oncogenes no, 923q transformação em linfoma difuso de células B, 930 tratamento do, 929-930 Linfoma gástrico, 767-768. Ver também Linfoma de tecido linfoide associado à mucosa (MALT) Linfoma intravascular de grandes células B, e21-3 Linfoma linfoplasmocítico, 932 Linfoma MALT. Ver linfoma de tecido linfoide associado à mucosa (MALT) Linfoma mediastinal (tímico) de grandes células B, e21-2 a e21-3 Linfoma monocitoide de células B, 932 Linfoma não Flodgkin. Ver também Neoplasias malignas linfoides abordagem ao paciente, 924-925 anormalidades cromossômicas no, 666q classificação do, 919,920q comprometimento renal no, 2370
conseqüências tardias do tratamento do, 841, 842q epidemiologia, 921 esplenomegalia no, 469 estadiamento do, 924q, 927q etiologia do, 921, 921 q gástrico, 767 HTLV-1 e, 921,932 Índice Prognóstico Internacional para, 924-0925, 925f, 925q infecções em pacientes com, 712q, 713, 714q intestino delgado, 775 manifestações clínicas do, 927q manifestações cutâneas do, 419,426, 731f, el6-5f TCTH para, 963q, 964 Linfoma plasmocítico da cavidade oral, 1566 Linfoma prolinfocítico de células B, 931 Linfomas imunoblásticos, na infecção pelo HIV, 1566. Ver também Linfoma difuso de grandes células B Linfopenia, na hepatite viral, 2549 Língua calva, 273q pilosa preta, 272q fissurada (escrotal), 273q de framboesa, 273q de morango, 273q geográfica, 273q, 392f, el2-3f alterações da, 273q, el2-4f fissurada, el2-5f Língua em morango, 415,1174 Língua pilosa negra, 272q Linguagem avaliação da, 203, 3236 rede perissilviana para, 202 Linha de Beau, 434 Linha de vida, 553q Linhas B de Kerley, 1931 Linhas de Pastia, 1174, e7-7f Linhas Z, do sarcômero, 1802 Linifanibe, para carcinoma hepatocelular, 783q Linite plástica, 765 Lionização, 977 Lipase endotelial, 3148 Lipidema, 2076 Lipídio A, 2224 Lipídio poiieno, para mucormicose, 1663q Lipídio transferase, 2654q Lipídio(s) como fonte de energia, 3502 defeitos no metabolismo do(s), 3502 depósitos de, na hipercolesterolemia familiar, e41-4f dietético(s), transporte de, 3145, 3146, 3147f digestão e absorção de, 2463-2465, 2463q, 2464f hepático(s), transporte de, 31463147, 3147f neutros, distúrbios dos, 3195q produção de, 2975 Lipoarabinomano, 1343 Lipoatrofia diabética, 2988 na síndrome metabólica, 1995 Lipocaína associada à gelatinase de neutrófilo (NGAL), 2303,2305q Lipodermatosclerose, 419 Lipodistrofia diabetes melito associado à, 3002 familiar, 498, 498q formas de, e41-8f inibidores da protease e, 3002 na infecção pelo HIV, 1553-1554, 1554f, 1993 resistência à insulina e, 3155 síndrome metabólica e, 1993 Lipodistrofia congênita de BerardinelliSeip, 1993
manifestações clínicas do, 399q alopecia, 407,407q distribuição, 39lq, 392f, 399 lesões papuloescamosas, 405,405q manifestações orais, 269,27lq, e l2 -lf morfologia, 39lq pápulas e placas, 399,401f, el6-2f relacionado com fármacos, 400 tratamento do, 400 Líquen simples crônico, 392f, 396 Liquenificação, 390q, 395f, 395q Líquido cerebrospinal (LCS) baixo volume, cefaleia com, 125-126 extravasamento de, 125-126,126f pressão elevada. Ver Pressão intracraniana, aumentada Líquido intersticial, 290 Líquido intracelular, 341 Líquidos corporais coleta de amostra e transporte, e224q a e22-5q composição dos, 341-343 detecção de parasitos nos, e25-5, e256q valores de referência para, 3609q Liraglutida ação da, 2997 efeitos adversos da, 2996q, 2997 farmacologia da, 2997q para diabetes melito, 2996q, 2997, 2997q Lise celular, na hipotermia, 166 Lisinopril para hipertensão, 2055q para insuficiência cardíaca, 1908q lisossomo(s), 3191 Lissavírus do morcego australiano, 1616 Lissavírus do morcego europeu, 1616 Lista de permutas alimentares, 592 Listeria monocytogenes, 1019 Listeriolisina O (LLO), 1194 Lítio dose de, 3540-3541, 3540q, 3541q efeitos adversos do alopecia, 407 bloqueio de condução AV, comuns, 3540, 3540q crises convulsivas, 3257q cutâneos, 403, 405,409,433 diabetes insípido nefrogênico, 350,el5-3 a el5-4 disfunção do nó SA, 1868q disfunção erétil, 376q distúrbios do equilíbrio ácido-básico, 365 distúrbios ungueais, 434 hipercalcemia, 3206 hipertermia, 144q nefropatia, 2373 nistagmo, 241 obesidade, 629 psoríase, 398 raros, 3540q farmacologia clínica do, 3540q interações medicamentosas do, 1680q overdose!intoxicação com, e50-l 5q para cefaleia hípnica, 128 para prevenção da cefaleia em salvas, 123,123q para transtorno bipolar, 3540-3541, 3540q, 3541q Litotripsia extracorpórea, 2384 Litotripsia para doença gastrintestinal, 2408 Livedo reticular, 81, 422, 2073 LLA. Ver Leucemia linfoide aguda (LLA) LLC. Ver Leucemia linfoide crônica (LLC) de células B/linfoma de pequenos linfócitos LLO (listeriolisina), 1194
LMA. Ver Leucemia mieloide aguda (LMA) LMC. Ver Leucemia mieloide crônica (LMC) LMP. Ver Leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP) Loa loa (verme do olho africano)/ loiase, 1745q, 1750,1750f, e25-3f, e25-6f Lobectomia, para câncer de pulmão, 748 Lobectomia, temporal,3267 Lobectomia temporal, para epilepsia refratária, 3267 Loção lipossomal T4N5, para carcinoma basocelular, 732 Loci menores de histocompatibilidade, 2691 Locus coeruleus, ação dos opiáceos no, 3527, 3527q, 3528f Lomustina (CCNU) ação da, 696 dose de, 697q efeitos adversos da, 696,6987 Longevidade. Ver Expectativa de vida Loperamida para colite microscópica, 314 para diarréia, 312, 316,709 para síndrome do intestino irritável, 2500 párea diarréia de viajantes, 1045, 1088q Lopinavir, 1575f, 1577f, 1579 Lopinavir/ritonavir, 1572q, 1579 Lorazepam durante o desmame terminal, 80 farmacologia do, 3533q overdose!intoxicação por, e50-12q para comportamento agitado, 77 para dispnéia, 75q para estado epiléptico, 2204 para insônia, 78,217 para náusea, 74 para náusea e vômitos, 303q, 304, 709 para sedação após infarto do miocárdio, 2029 para transtorno de ansiedade generalizada, 3533q Losartana metabolismo da, 36q, 45 para hipertensão, 2055q para insuficiência cardíaca, 1908q variações genéticas na resposta à, 42q, 43 Lovastatina efeitos adversos da, 3159q interações medicamentosas da, 45, 1147q para hiperlipidemia, 3159q Loxapina efeitos adversos da, 144q, 3544q para esquizofrenia, 3544q LPA. Ver Lesão pulmonar aguda (LPA) LPA. Ver Leucemia promielocítica aguda (LPA) LPART (lesão pulmonar aguda relacionada com transfusão), 955 LPL (lipoproteína lpase), 1993, 3146, 3147f LRA, Ver Lesão renal aguda (LRA) LSD (dietilamida do ácido lisérgico), 144,144q, 3559 LT-p,2660q Lubiprostona para constipação, 318, 319 para síndrome do intestino irritável, 2500 Lubrificantes oculares, 229 Lumefantrina efeitos adversos da, 1676q farmacologia da, e26-4 interações medicamentosas da, 1047, 1676q
L u m p e c to m ia
para câncer de mama, 757 para carcinoma ductal in situ, 762 Lúpus eritematoso agudo e7-3f comprometimento ocular no, 229, 231 cutâneo, 409, 417q, 419, 420 cutâneo agudo, 429, 430f cutâneo subagudo, 408, 429-430 delirium no, 199q discoide (cutâneo crônico), 407,409, 430, 430f,e7-3f, el6-13f induzido por fármacos, 44,48 sistêmico. Ver Lúpus eritematoso sistêmico (LES) Lúpus eritematoso sistêmico (LES) alopecia no, 407,407q associação do gene HLA ao, 2693q autoanticorpos no, 2723,2724, 2726q, 2728q, 2730 definição do, 2724 diagnóstico do, 2727, 2728q, 2729f EBV e, 2725f, 2726 esplenomegalia no, 469 etiologia do, 2724-2726 evolução do, 2730,273lq exames laboratoriais no, 2726q, 2728q, 2730-2731 fatores ambientais no, 2725-2726, 2725f fatores genéticos no, 2693q, 27242725, 2725f fenômeno de Raynaud no, 2072 hemoptise no, 284 induzido por fármacos, 2735 infecções no, 1009q linfadenopatia no, 466 manifestações cardíacas do, 1868, 1871, 1871q, 1975, e31-lq, e31-4 manifestações clínicas do, 2723, 2727-2730, 2731q manifestações cutâneas do, 419,2728 características do, 151q, 157 distribuição das, 419 eritema malar, 2728q, 273lq, e73f,el6-12f erupção discoide, 2728q, 273lq lesões papuloescamosas, 405q, el6-12f lesões vermelhas papulonodulares, 419 paniculite, 419 telangiectasias, 409,409q tratamento do, 2735 vasculite urticariforme, 416 manifestações gastrintestinais do, 2730,2731q manifestações hematológicas do, 2730,273lq manifestações musculoesqueléticas do, 2728, 2728q, 273lq manifestações neurológicas do, 27282729, 2731q, 3372, 3439q, 3459 manifestações oculares do, 2730, 273 lq manifestações orais do, 269 manifestações pulmonares do, 2167, 2729, 273lq manifestações pulmonares do, 2167, 2729, 273lq manifestações renais do. Ver Nefrite do lúpus manifestações sistêmicas do, 27272728, 2728q, 2729f, 2741 q mediadores inflamatórios no, 2682q oclusões vasculares no, 2729, 273lq patogenia do, 2676q, 2724-2726, 2725f, 2726q patologia do, 2726-2727, 2727q patologia do, 2726-2727, 2727q prognóstico do, 2735 prognóstico do, 2735
ÍNDICE
Lipodistrofia generalizada congênita, e41-8f Lipodistrofia parcial familiar de Dunnigan, 1993 Lipo-hipertrofia diabética, 2988 Lipólise, 2463-2464 Lipoma cardíaco, 1980 fatores genéticos no, 817 intestino delgado, 775 manifestações clínicas do, 416-417, 417q Lipo-oligossacarídio (LOS), N. gonorrhoeae, 1221 Lipopolissacarídio (LPS) A. baumannii, 1259 Brucella, 1297 na resposta imune, 1008 na resposta inflamatória, 1017-1019, 1018f, 2224 no choque séptico, 1247 P. aeruginosa, 1266q, 1267 Lipoproteína de alta densidade (HDL) aterosclerose e, 1985,1989 baixa isolada, 3154 baixos níveis de, 3154. Ver também Distúrbios das lipoproteinas composição da, 3145, e3145f em mulheres, 1989-1990 metabolismo da, 3147-3148, 3147f, 3153-3154 na síndrome metabólica, 1994 níveis elevados de, 3154-3155 terapia para aumentar os níveis de, 1989,1997,3161 Lipoproteína de baixa densidade (LDL) aterosclerose e, 1987-1989 composição da, 3145, 3145f doença arterial coronariana e, 1987 elevada, distúrbios com, 3148-3150, 3149q. Ver também Distúrbios das lipoproteinas, estimativa da, 3156 metas para, 1987-1988, 1988q, 1996 na síndrome metabólica, 1994 oxidada, 1983 redução dos níveis de, 1988-1989, 1988q. Ver também Distúrbios das lipoproteinas, tratamento Lipoproteína de baixa densidade (LDL), aférese, 3161 Lipoproteína lipase (LPL), 1993, 3146, 3147f Lipoproteína(a), 3146q, 3147, 31503151,3161 Lipoproteína(s) classificação das, 3145, 3145f, 3146q composição das, 3145, 3146q metabolismo das, e32-lV distúrbios das. Ver Distúrbios das lipoproteinas HDL e transporte do colesterol reverso, 3147-3148, 3147f via endógena (lipídios hepáticos), 3146-3147, 3147f via exógena (lipídios dietéticos), 3145-3146, 3147f oxidadas, 1983 proteínas associadas a, 3145, 3146 Lipoproteinas de densidade intermediária (IDL), 3145, 3145f, 3146q Lipoproteinas de densidade muito baixa (VLDL), 3145, 3145f, 3146q, 3147 Lipossarcoma, 817 5-lipoxigenase, 44 Líquen mixedematoso generalizado (mucinose papular) 417q, 418 Líquen plano, 399 características histológicas do, 399q erosivo, e l2 -lf infecção por HCV e, 400, 405
1-99
taxas de sobrevida, 2735 tendenciosidade sexual no, 48, 2725, 2725f terapias experimentais, 2684 condições especiais, 2734-2735 doença que comporta risco de vida, 2732q, 2733-2734 doença que não comporta risco de vida, 2731,2732q, 2733 durante a gravidez, 2734 farmacológico, 2731-2735, 2732q resultados, 2735 terapias preventivas, 2735 tratamento do, 2729f, 2731 Lúpus pérnio, 417q, 420 Lúpus profundo, 419 Lúpus vulgar, 417q, 420 I.uteína, 601 Luxação, 2822q Luxação anterior do dente do áxis, e44-31f Luz azul, para ceratose actínica, 441 Luz solar, deficiência de vitamina D devido à falta de, 3112q, 3116-3117 Luz ultravioleta, 440 efeitos cutâneos da, 441, 656q UV-A, 440-443 UV-B, 440-443 Luz vermelha para carcinoma basocelular, 441 LVAD Thoratec, 1918 Lyn,2707
M Má absorção da mucosa, 314 Má absorção de lactose, 2465 Má absorção relacionada com cirurgia, 2454 Má digestão intraluminal, 314 Ma Huang (Ephedra sinica), 3257q, e2-4 Macaco, feridas por mordedura de, e24-2, e24-3q Maconha, 3557 ações iniciais da, 3527q dependência de, 3558 sinais de abstinência, 3558 THC na, 3557 tolerância à, 3558 Macroalbuminúria, 2046 Macroamilasemia, 2648 Macrocitose, 450,451f, el7-3f Macrófago(s), 480 em fumantes, 2154, 2155 funções do(s), 480 na asma, 2105 na imunidade adaptativa, 2656q, 2658f na imunidade inata, 2654,2656, 2656q na infecção pelo HIV, 1531 na pneumonia, 2130-2131 na tuberculose, 1344 no choque, 2218 Macroglobulinemia de Waldesnstrõm, 943 doença de von Willebrand na, 972 fenômeno de Raynauld na, 2072 imunologia da, 922f manifestações clínicas da, 943 manifestações cutâneas da, 425 púrpura na, 421 púrpura vascular na, 972 síndromes oaraneoplásicas na, 837 tratamento da, 943 Macroglossia, 273q, 947, 947f Macrolídios ação dos, 1134q, 1135 distribuição dos, 1139 efeitos adversos do, 1146q índices farmacodinâmicos dos, 1141q interações medicamentosas dos, 1143 resistência aos, 1134q, 1138, 1186, 2134
1 -1 0 0
Macro-ovalócitos, el7-3q Macrorre-entrada com pré-excitação, 1889 Macrotrombocitopenia, 966f Mácula, 224, 226 Mácula densa, 2281, 228lf, 2287f Maculae ceruleae, 3578 Máculas, 148, 272q, 389q, 390f Máculas azuis, 413 Máculas café com leite, 413 Máculas discrômicas, 1391 Madurella, 1667 Má-formação venosa, manifestações cutâneas da, 417q, 420 Magnésio deficiência de, 370, 609q, 3105 em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q ingestão recomendada de, 59 lq metabolismo do, 3089 para anemia falciforme, 857 para tratamento/prevenção da osteoporose, 3129 suplementos, para enxaqueca, 247 transporte renal do, 2285 transporte tubular renal do, 2282f Magnetoencefalografia, (MEG), 3260, e45-3 MAL (metil aminolevulinato), 441 Mal Del pinto. Ver Pinta Malacoplaquia, renal, 159 Malária, 1688 alterações eritrocitárias na, 1691 complicações da, 1694, 1694q, 17021703 considerações globais, 14,1689-1691, 1690f crônica espelomegalia c, 1695 infecção pelo EDV e, 1695 linfoma de Burkitt e, 1695 nefropatia e, 1695 diagnóstico da, e25-4q achados laboratoriais, 1697-1698 esfregaços sanguíneos dos parasitos, 1695-1696, 1696f, 1697f, 1697q, e2 7 -lfe2 7-4f procedimentos alternativos, 1698q, e25-5 testes sorológicos e moleculares, 1696, 1698q, e25-7q vs. infecção por Brucella, 1297 em crianças, 1695 em receptor de transplante, 112lq epidemiologia para, 1689-1691, 1690f,e25-4q etiologia da. Ver Plasmodium spp. manifestações clínicas da, 1692-1694, 1693q acidose, 366,1693, 1693q anormalidades hematológicas, 1693q, 1694 cerebral, 1026q, 1029, 1692, 1693q, 1694f disfunção hepática, 1693q, 1694 dor abdominal, 111 q edema pulmonar, 1693,1693q, 1702-1703 febre, 160,1692 hemorragia retiniana, 1692,1694f hipoglicemia, 1692-1693,1703 insuficiência renal, 1693,1693q, 1702,2354 monocitose, 480 mecanismos de defesa do hospedeiro na, 1691-1692 Medicamentos para risco de malária, e-4 na gravidez, 1694-1695 na infecção pelo HIV, 1047, 1564, 1694 nos viajantes em retorno de viagem, 1408, 1051q
patogenia da, 1688-1689,1689f pesquisa de fármacos para, el-4 prevenção da, em crianças, 1704q em viajantes, 1044, 1044q, 17031705, 1704q esforços organizacionais, 14-15, 1703 na gravidez, 1703 proteção pessoal, 1703 pulverização residual em recintos fechados, 15 quimioprofilaxia, 1703-1705, 1704q. Ver também fármacos específicos telas para mosquitos em camas, tratadas com inseticidas, 14-15 prognóstico da, 1694,1694q resistência à anemia falciforme e, 507,1691 deficiência de G6PD e, 878, 1691 hemoglobinopatias e, 853 ovalocitose e, 1691 talassemias e, 1691 transmissão da, 1689-1691,1689f transmitida por transfusão, 1695 tratamento da agentes antimaláricos, 1700170lq. Ver também fármacos específicos esquemas para, 15,1698-1699, 1699q, 1702 na doença grave, 1699q, 17011702 na doença não complicada, 1699q, 1702 resistência a fármacos e, 15,1702, 1702f Malária cerebral, 1026q, 1029, 1692, 1693q, 1694f “Malária em macaco”, 1044 Malassezia spp., 1669 Malation, 1lq Maldição de Ondina, 2186, 2189 Malformação arteriovenosa (MAV) cerebral, 3298 durai, 237 hemoptise na, 285 medula espinal, 3373, 3373f na síndrome de Osler-Weber-Rendu, 973 pulmonar, 2098, e34-16f, e34-17f Malformação de Chiari, 241 cefaleia na, 127 siringomielia associada a, 3374, 3374q Malformações vasculares congênitas, 3298 MALT. Ver Tecido linfático associado à mucosa (MALT) Mamografia anormalidades detectadas na, 756, 756f diagnósticas, 756 triagem, 30q, 660, 66lq, 756. Ver também Câncer de mama, triagem Mancha “vermelho-cereja”, e41-7f Mancha em folha de freixo, 394,410 Manchas algodonosas, 233f “Manchas cutâneas diabéticas”, 2988 Manchas de Bitot, 601 Manchas de Forchheimer, 148 Manchas de Fordyce, 148, 272q Manchas de Koplik, 148,415,1601, e7lf. Ver também Sarampo Manchas de Roth, 230 “Manchas quentes”, 3212 Manchas róseas, 1276f, e7-3f Mandíbula, osteonecrose da, 275, 3131 Manganês, 605 deficiência de, 595q, 605 em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 618q
ingestão recomendada de, 59lq nível superior tolerável de ingestão de, 595q toxicidade do, 595q, e49-3 Mania aguda, tratamento da, 3541q insônia na, 217 mista, 3540 Mania mista, 3540 Manifestações orais da doença, 267, e l2 -0 1
Manipulação da coluna vertebral. Ver Quiroprática Manitol efeitos adversos do diurese de solutos, 340 diurese osmótica, 343,350 hiperpotassemia, 356 para aumento da pressão intracraniana, para intoxicação por ciguatera, 3574 Manobra costoclavicular, 2071 Manobra de Dix-Hallpike, 178-179 m anobra de Epley, 180 Manobra de Heimlich, 2243 Manobra de hiperabdução, 2071 Manobra de Middleton, 468 Manobra de Osler, 2058 Manobra de Romberg, 3238 Manobra de Valsalva para taquicardia mediada vor pia acessória, 1890 sopros cardíacos e, 1830,1830q, el3-8 a el3-9 Manobra do escaleno, 2071 Manometria anorretal, 318 esofágica, 300, 306 intestinal, 303 Manometria anorretal, 318 Manometria do intestino delgado, 303 Manometria esofágica, 2428, 2428f, 2432-2433 a-M anosidose, 3193q (3-Manosidose, 3194q Mansonella ozzardi, 1745q, 1751 Mansonella stretocerca/estreptocercose, 1745q, 1750, e25-6q Manta resfriadora, 147 Mão(s) dor na(s) mão(s), 2822-2823, 2822f eczema da(s), 392f, 397, 397f lesão, feridas por mordedura, e24-2, e24-4 lesões da(s), crioglobulinemia e, e40-4f mecânica, 3510 osteoartrite da(s), 2828, 2829f Má-oclusão, 268 Mãos de mecânico, 3510 MAP. Ver Meningoencefalite amebiana primária (MAP) Mapa físico, genoma humano, 492-493 Mapa genético, genoma humano, 493 Marasmo anemia no, 850-851 características fisiológicas do, 606q considerações globais, 608 diagnóstico do, 605-606 manifestações cardíacas do, e31-2 manifestações clínicas do, 605-606 vs. kwashiorkor, 606q Maraviroc, 1573q ação do, 1435 efeitos adversos do, 1573q estrutura molecular do, 1575f para infecção pelo HIV, 1573q, 1580 resistência ao, 1577f variações genéticas na resposta ao, 42q, 1577f Marcadores microssatélites polimórficos, 505
hamartoma, 753 solitário avaliação de, 741, 741f, 748, 748q, 2098 calcificação de, 748 Massagem do seio carótico, 177 massas de fungo, 718,1658, 1659q, 1660 Mastadenovírus, 1491. Ver também Infecções por adenovírus Mastectomia complicações da, 713 masculina, 763 para câncer de mama, 690, 757 profilática, 658-659 radical modificada, 757, 763 Mastite, 1163,1149 Mastócito(s) alergia relacionada, 2707-2709, 2708f ativação do(s), 2708, 2708f diferenciação hematopoiética do(s), 541f mediadores lipídicos derivados da membrana do(s), 2707, 2708q na asma, 2104 na estimulação da imunidade adaptativa, 2656q proliferação do(s). Ver Mastocitose Mastocitoma, e21-6, e21-7 Mastocitose biópsias da mucosa do intestino delgado na, 2468, 2468q cutânea, 409, 416,420, e21-6 sistêmica, 2714 agressiva, 2714, 2714q classificação da, 2714, 2714q definição da, 2714 diagnóstico da, 2714-2715,2714q diarréia na, 313 fisiopatologia da, 2714, 2714q indolente, 2714, 2714q manifestações clínicas da, 2714, e21-6 palpitações na, 295 prognóstico da, e21-6 a e21-7 tratamento da, 2715, e21-7 Mastocitose sistêmica. Ver Mastocitose, sistêmica Mastocitose sistêmica associada à doença hematológica clonal não da linhagem de mastócitos (SMAHNMD), 2714, 2714q Mastoidectomia, 261 Mastoidite, 239, 262, 262f, 3429 Matricária, 461q Maturação esquelética, crescimento somático e, 2891 Maus tratos na infância feridas por mordedura nos, e24-2 registro de mandato, e5-l MAV. Ver Malformação arteriovenosa (MAV) Mazindol, para perda de peso, 634 MCP (proteínas quimiotáticas dos monócitos), 1535, 2660q M-CSF, 2660q MD-2,1018f, 1019 MDC, 2660q MDMA (ecstasy), 199, 199q, 347 MDV3100, para câncer de próstata, 803 Meato acústico externo, atresia do, 254 Mebendazol classe de gravidez do, 1677q efeitos adversos do, 1677q farmacologia do, e26-5 indicações para, 1677q interações medicamentosas do, 1677q para ancilostomíase, 1741 para ascaridíase, 1740 para triquinelose, 1736q Mecanismos antitrombóticos, 458-459, 459f
Meclizina, para náuseas e vômitos, 74, 303, 303q Meclofenamato, efeitos adversos do, 967q Mecloretamina (mostarda nitrogenada) ação da, 696 carcinogenicidade da, 656q como agente de terrorismo, 1780q dose de, 697q efeitos adversos da, 653, 696, 697q, 708, 709, 3394q Mediadores inflamatórios, na sensibilidade, 94 Mediastinite actinomicótica, 1327 aguda, 2182 anaeróbia, 1334 crônica, 2182 em receptor de transplante, 1129 fibrosante, 1641, 1642 por nocárdia, 1323 Mediastino, 2181 Mediastinoscopia, 2100 Mediastinotomia, 2100 Medicaid, serviços cobertos por, 582583, 583q Medicare benefícios dos cuidados paliativos, 82 condições adquiridas na assistência médica não elegíveis para cobertura pelo, 1113q honorários, e3-3 serviço coberto pelo, 582, 583q Medicina, 2 arte da, 2 baseada em evidências. Ver Medicina baseada em evidências ciência da, 2 prática da. Ver Prática clínica Medicina antroposófica, e2-2q Medicina ayurvédica, e2-2q Medicina baseada em evidências, 3,19 diretrizes para a prática clínica, 28 ensaios clínicos e registros, 26-27 etapas importante da, 26 metanálise, 27-28 tomada de decisão clínica e, 26-28 Medicina complementar e alternativa, e2-l base de evidências para, e2-4 a e2-5 campos de prática e licenciatura, e2-l a e2-3 definição de, e2-l fitoterápicos. Ver Fitoterápicos/ suplementos fontes de informação, e2-5, e2-5q padrões de uso de, e2-1 segurança dos, e2-3 a e2-4 suplementos de vitaminas e minerais. Ver Suplementos dietéticos tratamento do câncer, 651 Medicina da família, e.1-1 Medicina de cuidados críticos, 2196. Ver também Paciente em estado crítico Medicina defensiva, 22 Medicina do mergulho, e52-6 barotrauma, e52-7 doença por descompressão, e52-4q, e52-7 ae52-8, e52-8f Medicina genômica, 507 Medicina hiperbárica, e52-l, e52-lf Medicina integrativa, e2-l. Ver também Medicina complementar e alternativa Medicina nuclear, 692, 2406-2407 Medicina osteopática, e2-2q, e2-2 a e2-4 Medicina regenerativa, 535 Medicina Siddha, e2-2q Medicina tibetana, e2-2q Medicina tradicional chinesa, e2-2q, e2-3 Medicina Unani, e2-2q Médico como cidadão, 8 como estudante, 8
comprometido, e5-4 drenagem cerebral, 17-18 educação continuada para, 8 erros do, 4, 85, e5-4 horas de trabalho do, 8 pesquisa e ensino por, 8 qualidades humanistas do, 6 riscos ocupacionais, e5-4 semana de oitenta horas de trabalho, 85 Médico deficiente, e5-4 Médicos residentes, horas de trabalho dos, 8 Medida de Independência Funcional (MIF), 578q Meditação, e2-2q Meditação transcendental, para enxaqueca, 117 MEDLINF,, 26, 27q Medroxiprogesterona para câncer de mama, 704 para síndrome de ovário policístico, 387 Medula espinal alterações relacionadas com a idade na, 575 corte transverso, 3368f distúrbios da. Ver Doença/lesão da medula espinal malformações vasculares da, 3373, 3373f mecanismos de dor da, 94-95, 95f Medula óssea/exame de medula óssea celularidade na, 887q, el7-7f coleta para transplante, 959-960 diagnóstico diferencial de “punção seca”, e21-2q hiperplasia eritroide na, 454f, el7-8f hiperplasia mieloide na, 454f, el7-8f hipocelular, 887q locais de nichos de células-tronco na, 540 na anemia, 453-454, 453q na anemia aplásica, 890f, 891, el7-7f na anemia megaloblástica, 866,866f na mielofibrose, 901,901f. Ver também Mielofibrose primária na sarcoidose, 2809, 2809f nas síndromes mielodisplásicas, 894f, 896 no linfoma, el7-6f normal, 453f, 3601q, el7-7f reservas de ferro, 847, 847q, el7-8f Meduloblastoma, 3388 Mefenitoina, 36q Mefloquina classe de gravidez da, 1679q contraindicações para a, 1705 efeitos adversos da, 1679q, 1700q, 1702,1705, e26-5 farmacologia da, 1700q, e26-5 interações medicamentosas da, 1047, 1676q, 1679q, e26-5 na gravidez, 1703, e26-5 para malária, 1699, 1700q para profilaxia da malária, 1044q, 1703, 1704qq resistência à 1702f MEG (magnetoencefalografia), 3260, e45-3 Megacariócitos, 903 Megacolo. Ver também Megacolo tóxico diagnóstico da, 318 na doença de Chagas, 1718 tratamento do, 319 Megacolo tóxico nas infecções por Shigella, 1283 tratamento do, 1285 Megalina, 2868-2869 Megarreto, 319 Megasphaera spp., e22-2f efeitos adversos do, 357, 2207,2274 para anorexia, 581
ÍNDICE
Marcadores tumorais, 651,652q no câncer de ovário, 810 no câncer de pâncreas, 786,787 no câncer testicular, 806 no carcinoma de tumor primário desconhecido, 821, 822q Marca-passo, 1875 códigos de cinco letras para, 1875 complicações do, 1052,1875 indicações para, 1865-1866 modo de estimulação, 1875, 1877 nomenclatura do, 1875 para bloqueio de condução AV, 1876, 1876q, 1877,1877q parabradiarritmia, 1865-1866, 1867 para disfunção do nó SA, 1867,1875, 1876q, 1877 para edema pulmonar, 2237 para hipersensibilidade do seio carótico, 1875 para infarto do miocárdio, 18761877,1877q, 2033 para síncope vasovagal, 1875 viajantes com, 1047 Marca-passo circadiano, 223 Marcas epigenéticas, 538 Marcha anatomia e fisiologia da, 192 cerebelar, 835 distúrbios, 192, 192q abordagem ao paciente, 194 ataxia cerebelar da marcha, 193, 194q ataxia sensorial, 193-194, 194q espástica, 193 espástica-atáxica, 193 frontal, 193,194q lentamente progressiva, 194 marcha cautelosa, 193 marcha congelada, 193,195196. Ver também Doença de Parkinson na doença neuromuscular, 194 no idoso, 579-580, 580f psicogênica, 194 rígida, 193 vídeo biblioteca, e8-l exame da, 3238 Marcha Jacksoniana, 3252 Maré vermelha, 3575 MarkII, 553q Marrara, 3579 Maruins “no-seen-um”, 3582 Massa anexial, 811,813 Massa de tecido mole retrofaríngea, e44-32f Massa gordurosa, envelhecimento e, 571 Massa mamária avaliação de, 755-757, 755f, 756f benigna, 756-757 biópsia de, 755, 756f cisto, 755, 756f em mulher grávida ou durante a lactação, 756, e6-2 em mulheres pós-menopausa, 755 em mulheres pré-menopausa, 755 palpável, 755, 755f Massa mediastinal diagnóstico de, 2181 etiologia da, e20-l TC na, 2095, 2096f,2181 timoma. Ver Timoma Massa muscular, 182 Massa suprarrenal incidentalmente descoberta, 2951-2952, 2952q, 2953f Massa testicular, 805 Massa/força óssea envelhecimento e, 571 medida da, 3125-3126, 3125f, 3125q na DII, 2488 Massa/nódulo pulmonar. Ver também câncer de pulmão adenoma brônquico, 753
1-101
ÍNDICE 1 -1 0 2
Meias de compressão para dermatite de estase/ulceração, 398,406q para insuficiência venosa crônica, 2075 para linfedema, 2076 para veias varicosas, 2074 Meia-vida de fármacos, 3 5 ,37f hormônio circulante, 2868 Meibomite, 228 Meimendro, e50-9q a e50-10q Meimendro negro, e50-9q a e50- lOq Meios de contraste radiológicos. Ver Agentes de Contraste Meiose, 488-489, 513-514, 514f erros na, 515-516 Melamina, 2298 Melanoma, 723, el6-6 acral lentiginoso, 723f, 724-725, 725q, e 16-7f amelanótico, 725 biópsia de linfonodo sentinela no, 729 biópsia do, 726,727 bloqueio de condução AV no, 1871q carcinoma de tumor primário desconhecido e, 822q classificação clínica do, 724-725, 725q classificação molecular do, 725-726, 726f desenvolvimento de vacina para, 729 desmoplástico, 725 diagnóstico do, 724q, 726-727, el6-6 disseminação superficial, 389f, 724, 725q, el6-7f do olho, 236, 236f durante a gravidez, e6-lq, e6-2 a e6-3 epidemiologia do, 443,646q, 723 estadiamento do, 727-728, 728q exposição solar e, 443, 656, 656q, 723 familiar, 524q, 669q fatores de risco para, 723-714, 724q fatores genéticos no, 669q, 724, 726 hiperpigmentação no, 413 KIR com, 2666q lentigo maligno, 723f, 724-725, 725q, el6-7f lesões precursoras, 724q, 725 leucodermia no, 410 linfadenopatia no, 466 manifestações clínicas do, 723f, 724725 metastático, 729-730, 785 nevos displásicos e, 723f nodular, 724, 725q,el6-7f oncogenes no, 665q oral, 272q patogenia do, 725 prevenção do, 730 prognóstico do, 727,727f retinopatia no, 833q, 837 tratamento do, 524q acompanhamento, 730 doença clinicamente localizada, 728-729 doença metastática, 729-730 doença regionalmente metastática, 729 terapia direcionada para alvo, 730 triagem para, 663 Melanoma de partes moles, 667q Melanopsina, 224 Melanose, 413 Melanose coli, 318 Melanossomos, 441 Melarsoprol efeitos adversos do, 1679q, 1721, e265 farmacologia do, e26-5 para doença do sono, 1721,1721q
Melasma, 39lq, 413,433 diagnóstico do, el8-7 hipoparatireoidismo no, 3114 locus e fenótipo do, 3339q manifestações clínicas do, 50lq, 3503-3504, el8 -6 ,el8 -q mutação do DNA mitocondrial no, 50lq, 3504, el8-6, el8-q, el8-9 perda auditiva no, 252 Melatonina para distúrbios circadianos, 222-223 para prevenção da cefaleia em salvas, 123q secreção de, 215 Melena, 320 Melfalano ação da, 696 dose de, 697q efeitos adversos da, 696, 697q, 839 para mieloma múltiplo, 942 perfusão de membro para melanoma, 729 Melioidose, 1269q, 1273 Melorreostose, 3141 Memantina para doença de Alzheimer, 3308 Membrana epirretiniana, 236 Membrana esofágica, 764, 764q Membrana nuclear, defeitos hereditários da, 1954q Membrana timpânica, 248, 248f avaliação da, 252 perfuração da, 249, 254 Membrana(s), esofágica(s), 2429, 2429f Membro(s) distonia de, 3329 estranho, 3311 Membros distúrbios arteriais dos displasia fibromuscular, 2069 doença arterial periférica. Ver Doença arterial periférica oclusão arterial aguda, 2069-2070 tromboangiite obliterante, 2069 distúrbios linfáticos dos, 2075 distúrbios periarticulares dos, 2860 distúrbios venosos dos, 2073 no exame cardiovascular, 1822,1825, 1826f Memória avaliação da, 210,3236, e9-4 base molecular da, e9-3 comprometimento da, taxas por grupo etário, 572f consolidação da, e9-l de curto prazo, e9-3 de longo prazo, e9-l, e9 -lf de retenção, 211 de trabalho, 211, e9-3 a e9-4 declarativa, e9-l, e 9 -lf episódica, e9-lf, e9-l a e9-2 implícita, 209 imune, 2651 imunológica, 2668 não declarativa, e9-lf, e9-2 perda da. Ver Amnésia procedural, e9-2 a e9-3 rede límbica para, 209 semântica, e9-lf, e9-2 a e9-3 “vivida”, e9-2 Memória imune, 2651 Memória imunológica, 2668 Menaquinona, 603. Ver também Vitamina K Menarca, idade na, 385, 754 Meningioma, fisiopatologia do, 3388 imagem no, 254, 3388, 3388f manifestações clínicas do, 3388 parassagital, 185 selar, 2883 sinais oculares no, 228
torácico, 3369, 3369f tratamento do, 3388 Meningite abordagem ao paciente, 3410, 34113412f bacteriana, 3410 A. baumannii, 1259 complicações da, 1157 crônica, 3436q dados de mortalidade, 3417 definição da, 3410 diagnóstico da, 1157, 1216, 34143415, 3414f diagnóstico diferencial da, 3415 E. coli, 1250 enterocócica, 1183,1184q, 11851186q epidemiologia da, 3410 estafilocóccica, 3411, 3416, 3416q etiologia da, 1025q, 1029, 34103411 fatores de risco para, 1029 fisiopatologia da, 3411-3413, 3413f H. influenzae, 1229,1230, 3411 incidência da, 3410-3411 L. monocytogenes, 1195,3411, 3416, 3416q M. tuberculosis, 1348, 3426 manifestações clínicas da, 1029, 1215, 3413 meningocócica, 1025q, 12151216, 3410, 3416, 3416q peste, 1308 pneumocócica, 1025q por Gram-negativos, 3416q, 3417 prognóstico da, 3477, 3420 Salmonella, 1279,1280q TIC elevada na, 3417 tratamento da algoritmo para, 341 l-3412f dexametasona, 3417 relacionada com PIC, 3417 terapia adjuvante na, 3417 terapia antimicrobiana baseada no patógeno, 1184q, 11851186q, 1230, 3416-3417, 3416q terapia antimicrobiana empírica, 1025q, 1141,1216, 3414q, 3415-3416 basal, 3435 cefaleia na, 113 Coccidioides, 1644,1646, 3437q, e447f complicações da, 1183 crônica, 3435 abordagem ao paciente, 34363440,3436q-3438q análise do LCR na, 3438-3440, 3440f biópsia meníngea na, 3438, 3440, 3440f causas infecciosas de, 3436-3438, 3436-3438q causas não infecciosas de, 3439 em pacientes imunossuprimidos, 3441 epidemiologia da, 3436, 3438 exames laboratoriais na, 3438, 3440,3440f fisiopatologia da, 3435, 3435q imagem da, 3438 manifestações clínicas da, 3435, 3435q manifestações sistêmicas da, 3435 na infecção pelo HIV, 3441 tratamento da, 3440 Cryptococcus, 1559, 1648, 1649, 1650, 3426, 3437q de Mollaret, 1458, 3439q delirium na, 199, 199q eosinofílica, 1737,1738
espinal, 3435 fisiopatologia da, 1021 fraqueza na, 184 fúngica, 3426 hiponatremia na, 345 intracraniana, 3435 na neurossífilis, 1383-1384, 3427 neoplásica, 2271-2272 no paciente com câncer, 716 perda da audição na, 250 subaguda, 3426 viral, 3417 arbovírus, 3419 coriomeningite linfocítica, 1620, 3420 diagnóstico diferencial da, 3419 diagnóstico laboratorial da, 34183419 EBV, 3420 enteroviral, 1595, 1595q, 3419 epidemiologia da, 3417 etiologia da, 3417, 3418q, 34193420 HSV, 1458,1461q, 3419, 3438q manifestações clínicas da, 3417 na caxumba, 1606-1609, 3420 na infecção pelo HIV, 1558-1559, 3420, 3450 prevenção da, 3420 tratamento da, 3420 VZV, 3419 Meningite bacteriana. Ver Meningite, bacteriana Meningite basal, 3435 Meningite de Mollaret, 1458, 3439q Meningite intracraniana, 3435 Meningite linfocítica, 3439q Meningite viral. Ver Meningite, viral Meningococemia aguda, 155q, 158 choque na, 1214 complicações da, 1027,1216 crônica diagnóstico diferencial da, 1215 epidemiologia da, 155q manifestações clínicas da, 155q, 1215 manifestações cutâneas da, 155q, 158,e 7 -llf epidemiologia da, 1027 etiologia da, 1025q, 1027 fulminante, 2226, 2227, e 7 -llf manifestações clínicas da, 1027, 1215 manifestações cutâneas da exantemas, 415,415q lesões papulares, e7-l lf petéquias, 1027, 1215 púrpura, 155q, 392f, 422, 1215, e7 -llf, el6-9f patogenia da, 1214 prognóstico da, 1217 tratamento da, 1025q, 1216 Meningoencefalite amebiana primária, 1686-1687,1687f Balamuthia, 1688 Crytococcus, 1649, 1649f L. monocytogenes, 1195-1196 Meningoencefalite amebiana primária (MAP) diagnóstico da, 1686-1687,1687f, e25-4q, e25-6q, e25-7q manifestações clínicas da, 1687 patogenia da, 1686 Menopausa, 3040 da perimenopausa até a, 3041 função ovariana durante a, 3124 hirsutismo após, 381 idade na, risco de câncer de mama e, 754 prematura, após tratamento de câncer, 709, 841 risco de doença cardiovascular e, 52
terapia hormonal na. Ver Terapia hormonal pós-menopausa triagem e avaliação, 2875q Menopausa prematura, 386-387, 499 Menorragia, 460, 971 Mentir para o paciente, e5-l, e5-4 MEOS (sistema de oxidação do etanol microssomal), 2592 Mepacrina, 437 Meperidina dose na doença hepática, 40 dose na doença renal, 40 efeitos adversos da, 3257q, 3508 overdose/intoxicação com, e50-15q para crise dolorosa falciforme, 856 para dor, 98q para enxaqueca, 120 Mepolizumabe, 481 Meprobamato, overdose/intoxicação com, e50-12q Meralgia parestética, 60,3469 6-Mercaptopurina (6-MP) ação da, 703 dose de, 698q efeitos adversos da, 476, 698q, 703, 871 interações medicamentosas da, 46, 698q metabolismo da, 36q,46 para DII, 2490-2491 variações genéticas na resposta à, 42q “Mergulho ocular”, 2251 Merogonia, 1688 Meropenem deficiência de merosina, 3496, 3497q indicações para, 1144q na gravidez, 1142q para infecção por B. cepacia, 1269q para infecções anaeróbias, 1338, 1339q para infecções por Acinetobacter, 1259q para infecções por P. aeruginosa, 1269q, 2135q para melioidose, 1269q para meningite, 3414q, 3415 para mormo, 1269q para pneumonia associada a tratamento médico, 2139q para sepse/choque séptico, 2229q resistência ao 1144q Merozoítas, Plasmodium, 1688 Mesalamina, para DII, 2489, 2490q MESNA, para cistite química, 896, 840, 2277 Mesocardia, 1928 Mesotelina, no carcinoma com tumor primário desconhecido, 822q, 823 Mesotelioma relacionado com asbestos, 2123-2124 bloqueio de condução AV no, 187 lq, 1980 carcinoma de tumor primário desconhecido e, 822q derrame pleural no, 2179 diagnóstico diferencial do, 2124 imuno-histoquímica do, 739 intracardíaco, 1980 manifestações clínicas do, 1978,2124 Metabolisma S-Sulfo-L cisteína, distúrbios do, 3216q Metabolismo celular, defeitos genéticos do, 1955q Metabolismo da arginina, distúrbios do, 3217q Metabolismo da cistationina, distúrbios do, 3216q Metabolismo da cistina, distúrbios do, 3216q Metabolismo da Fenilalanina, distúrbios do, 3215q Metabolismo da glicina, distúrbios do, 3215q
Metabolismo da glutamina, distúrbios do, 3217q Metabolismo da histidina, distúrbios do, 3215q Metabolismo da isoleucina, distúrbios do, 3217q Metabolismo da leucina, distúrbios do, 2654q Metabolismo da lisina, distúrbios do, 3216q Metabolismo da prolina, distúrbios do, 3215q, 3217q metabohsmo da serina, distúrbios da, 3215q Metabolismo da tirosina, distúrbios dos, 3215q Metabolismo da treonina, distúrbios do, 3217q Metabolismo da valina, distúrbios do, 3217q Metabolismo das pirimidinas distúrbios do, 3186 efeitos de medicações sobre o, 3187 erros inatos do, 3186-3187, 3187q esquema do, 3186f Metabolismo das purinas distúrbios do, 3185 inato, 3185-3186, 3186q na IDCG, 2700 Metabolismo do triptofano, distúrbios do, 3215q Metabolizadores fracos, 41,43,43f Metabolizadores intermediários, 41 Metabolizadores ultrarrápidos, 41,43f Metabolizadores ultrarrápidos, 41, 43f Metabolômica, 7, 487, e41-l Metabotipo, 532 Metadona efeitos adversos da, 1868q interações medicamentosas da, 1147q para destoxificação de opiáceos, 3555 para dor, 73, 98q, 101 Metagenoma 527q, 533 Metagenômica, 7, 526, 527q análise independente de cultura na, 527-529, 528f antropologia cultural e, 533 impacto na medicina clínica, 533 Metagonimus yokogawai, e25-2q. Ver também trematódeos intestinais Metaloproteinase da matriz, 442, 687, 688f Metaloproteinase da matriz 12,2155 Metaloproteinase da matriz 9, 1343 Metamielócitos, 473,473f Metamorfopsia, 235, 236 Metanálise, 27-28 Metanfetamina, 3558 ações iniciais da, 3527q hemorragia intracerebral devido à, 3296 Metaplasia mieloide. Ver Mielofibrose primária Metaplasia mieloide agnogênica. Ver Mielofibrose primária Metapneumovírus humano (HMPV), 1490 Metaqualona, overdose/intoxicação com, e50-12 Metástases epidurais, 3392-3393, 3392f Metástases leptomeníngeas, 3391-3392, 3392f Metaxalona, overdose/intoxicação com, e50-12q Metemoglobina, 288, 857, 858 Metemoglobinemia, 857-858 Metformina efeitos adversos da, 867q, 2295 no idoso, 582 para diabetes melito tipo 2,2995, 2996q, 2999
para síndrome do ovário policístico, 387 para síndrome metabólica, 1997 Meticilina efeitos adversos da, 967q resistência à, 1168,2134 Metil aminolevulinato (MAL), 441 Metilação, do DNA, 668, 679 2-Metilbutiri -glicinúria, 3217q 3-Metilcrotonil glicinúria, 3217q 6-Metilcumarina, 445q a-M etildopa efeitos adversos da, disfunção erétil, 376q edema, 293q hepatotoxicidade, 2563-2564 trombocitopenia, 967q para hipertensão, 2055q para hipertensão na gravidez, 56 5.10-metileno tetra-hidrofolato, 863, 863q Metileno tetra-hidrofolato redutase, 987 5.10-metileno tetra-hidrofolato redutase, 863q, 864f, 865 Metilenodioximetanfetamina (ecslasy), 144,144q Metilfenidato para depressão, 76 para fadiga, 76 para narcolepsia, 216q para sonolência, 73 Metilmalonato, soro, 870 Metilnaltrexona, 99,101 Metilnaltrexona na constipação induzida por opioide, 73 Metilprednisolona efeitos adversos da, 2732q para arterite de células gigantes, 2796 para doença do soro, 892 para EM, 3402, 3406 para LES, 2732q, 2733 para náusea e vômitos, 303q para neurite óptica, 232 para rejeição de transplante, 2330 para vertigem, 180q Metilprilona overdose/intoxicação com, e50-12q 5-Metiltetra-hidrofolato, 863, 863q Metilxantinas efeitos adversos das, 372 overdose/intoxicação com, e50-9q Metimazol efeitos adversos do, 2925-2926 para doença de Graves, 2925 para exposição ao iodo radioativo, 1793 para hipertireoidismo na gestação, 59 Metionina distúrbios do metabolismo da, 3216q-3217q má absorção de, 322lq Metionina aminopeptidase, e26-3 Metionina sintase, 864f, 865 Metirapona para síndrome de ACTH ectópico, 829 para síndrome de Cushing, 2899, 2949 Metisergida efeitos adversos da, 120,121q, 2072 overdose/intoxicação com, e50-9q para cefaleia aos esforços, 127 para cefaleia diária crônica, 125 para cefaleia em salvas, 122 para prevenção da cefaleia em salvas, 123q para prevenção da enxaqueca, 120, 121 q Metocarbamol, overdose/intoxicação com, e50,12q Metoclopramida efeitos adversos da, 7 6,144,144q, 304 para constipação, 74
para disfunção gastrintestinal/ geniturinária no diabetes melito, 2985 para doença por refluxo gastrintestinal, 307 para enxaqueca, 118q, 120 para náusea e vômitos, 73, 303q, 304, 709 Método de Avaliação da Confusão, 198, 2203 Método de Castell, percussão esplênica, 469 Método de difusão em disco/Ágar, e22-10 Método de Fick, medida do débito cardíaco, 1856 Método de Kirby-Bauer, e22-10 Método de Nixon, percussão esplênica, 469 Método do ponto de quebra, e22-10 Métodos de compartilhamento de alelos, 505q Metolazona oncogene, MET, 665q, 668 para insuficiência cardíaca, 1908q Metoprolol dose de, 1883q farmacologia do, 1883q indicações para, 1883q overdose!intoxicação com, e50-10q para cardiopatia isquêmica, 2009q para dissecção aórtica, 2064 para hipertensão, 2055q para infarto do miocárdio, 2026 para insuficiência cardíaca, 1908q para metabolismo, 36q variações genéticas na resposta ao, 41, 42q Metotrexato ação do, 703, 863 anemia, 455,870 cutâneos, 433, 437 disfunção erétil, 376q dose de, 699q efeitos adversos do comuns, 2447f crises convulsivas, 2272,3394q graves, 400q, 699q, 703, 2732q, 2748q hepatotoxicidade, 699q mielopatia, 3394q pulmonares, 2276 hepático, 840 interações medicamentosas do, 46q, 47, 699q, 703,2732q monitoração durante o tratamento com, 2748q monitoração terapêutica da, 3597q neurológicos, 840 para arterite de células gigantes, 2796 para arterite de Takayasu, 2797 para artrite psoriatica, 2782 para artrite reativa, 2780 para artrite reumatoide, 2748q para câncer de bexiga, 792 para câncer de cabeça e pescoço, 735 para câncer de mama, 761 para dermatite atópica, 406q para DII, 2491 para doença trofoblástica gestacional, 816, e6-4 para EM, 3406 para esclerose sistêmica, 2768 para granulomatosa com poliangiite, 2792 para gravidez ectópica, 388 para LES, 2732q para miopatias inflamatórias, 3517 para morféia, 431 para osteossarcoma, 819 para psoríase, 399, 400q, 406q para psotiríase rubra pilar, 406q para sarcoidose, 2812-2813,2812f, 2813q
para vasculite, 2788, 2789q principais, na vasculite sistêmica, 2789q renal, 703 tardios, 839q, 840 2-Metoxiestradiol, 688f 8-Metoxipsoraleno, 447, 905 Metrifonato classe de gravidez do, 1679q efeitos adversos do, 1679q farmacologia do, e26-5 Metronidazol absorção do, 1139 ação do, 1134q, 1137 ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q classe de gravidez do, 1680q distribuição do, 1139 efeitos adversos do, 405 clinicamente mais relevantes, 1146q freqüentes, 1680q neuropatia, 3464q ocasionais, 1680q raros, 1680q indicações para, 1145q, 1680q interações medicamentosas do, 11443,1147q, 1680q na erradicação do, H. pylori, 1265q, 2449q, 2450 na gravidez, 1142q para acne rosácea, 404 para amebíase, 1686,1686q para angina de Ludwig, 265 para angina de Vincent, 264 para diarréia, 312 para doença inflamatória pélvica, 1105q para encefalopatia hepática, 2602 para fasciite necrosante, 1070q para infecção por, T. vaginalis, 1097, 1099q, 1100, 1734 para infecção por C. difficile, 1092, 1093q para infecção por D.fragillis, 1734 para infecção por Giardia, 1731 para infecções anaeróbias, 1138, 1139q para infecções intracranianas, 1026q para infecções por clostrídios, 1205q para meningite, 3414q, 3415 para peritonite, 1078 para tétano, 1199 para vaginose bacteriana, 1099q, 1101 resistência ao, 1134q, 1145q, 1264, 1338 Mexiletina dose de, 1883q efeitos adversos da, 1884q, 3458q farmacologia da, 1883q indicações para, 1883q metabolismo do, 36q para dor, 101 para neuropatia, 3458q Mexilhões contaminados, 3575 Mezlocilina para artrite bacteriana não gonocócica, 2844 MHC (complexo principal de histocompatibilidade). Ver Complexo do antígeno leucocitário humano (HLA) Miastenia gravis, 3480 Mibefradil, interações medicamentosas do, 377 Micafungina Micelas, 2616 Micetoma, 258, 1329, e34-16f Micofenolato de mofetila ação do, 2330q efeitos adversos do, 2330q, 2732q interações medicamentosas do, 2732q
para esclerose sistêmica, 2768 para fotoalergia, 445 para imunossupressão, 2330,2330q para LES, 2732q, 2733 para miastenia gravis, 3485 para miopatias inflamatórias, 3517 para pênfigo vulgar, 425 para penfigoide bolhoso, 427 para penfigoide cicatricial, 428 Miconazol para infecções por Candida, 402, 1099q, 1102 Micose fungoide, 932 eosinofilia na, 481 esfregaço de sangue periférico na, el7-10f manifestações cutâneas da, 405, 405q, 9 3 2 ,16-5f tratamento da, 932 Micotoxicose pulmonar, 2119 Micotoxinas, carcinoma hepatocelular e, 777, 777q Microalbuminúria na doença glomerular, 2337q na doença renal crônica, 2309 na hipertensão, 2046 na infecção por HIV, 1553 na lesão renal aguda, 2304q na nefropatia diabética, 2320,2348, 2983, 2983f Microangiopatia trombótica, renal, 2378-2379 associada a transplante, 2380,2380q na doença falciforme, 2381-2382 na esclerose sistêmica, 2380-2381. Ver também Esclerose sistêmica (esclerodermia) na púrpura trombocitopênica trombótica. Ver Púrpura trombocitopênica trombótica na síndrome do anticorpo antifosfolipídio, 2381 na síndrome HELLP, 2381 na síndrome hemolítico-urêmica. Ver Síndrome hemolítico-urêmica (HSU) nefropatia por radiação, 2380 relacionada com HIV, 2380 Micróbio(s) Microbioma, 526, 527q. Ver também Microbioma humano Microbioma humano, 488, 526, 527q atlas baseado em rRNA 16S bacteriano do, 529-531, 530f desenvolvimento do, 526 espécies não bacterianas no, 531 estados mórbidos e, 532-533 Microbiômica, 7 Microbiota, 526, 527q Microcitose, 450,455 Micrococcus ssp., e22-2f Microdomínio lipídico da membrana (balsa lipídica), 2671 Microfilária, e25-l, e25-6f a,-Microglobulina, 2340q P2-Microglobulina na amiloidose, 945, 945q, 950 na lesão renal aguda, 2340q no mieloma múltiplo, 941, 941q urinária, 338 Microlitíase, pancreatite devido à, 2424 Microrganismos metanogênicos, no microbioma humano, 531 Microrganismos semelhantes à Actinomyces, 1328-1329 MicroRNA (Mirna), 538-539, 670 em vírus, 1437 na LM A, 907 silenciamento da expressão gênica por, 679 Microscopia, no diagnóstico de doença infecciosa, e22-l Microscopia auramina fluorescente, e25-l
Microsporídios/microsporidiose, 1732 ciclo de vida do parasito, 1732, 1733f diagnóstico de, 1733, e25-4q, e25-5q, 25-7q manifestações clínicas da, 310,17321733 na infecção pelo vírus HIV, 1551, 1732 tratamento da, 1733 Micuins, 3577 Midazolam dose na doença hepática, 40 durante o desmame terminal, 80 interações medicamentosas da, 1147q overdose/intoxicação com, e50-12q para delirium, 77, 77q para dispnéia, 75q para sedação consciente, 37 Midodrina para hipotensão ortostática, 174 Midríase, 226 Mielinólise pontina central, 347,2259, 2260f Mielite, 3371-3372. Ver também Esclerose múltipla (EM) infecciosa agudas, 3372 neuromielite óptica, 3372, 3407-3408 pós-infecções, 3372 síndromes paraneoplásicas, 835, 836 transversa aguda fraqueza na, 185 na influenza, 1497 na RM, e44-25f Mielite pós-infecciosa, 3372 Mieloblastos, 472, 473f Mielócitos, 472, 473f Mielodisplasia, 473,894 classificação da, 894, 895f como segunda neoplasia maligna em sobreviventes de câncer, 841 diagnóstico de, 669f, 894, 896 diagnóstico diferencial da, 848 epidemiologia da, 894-895 etiologia da, 895 fatores genéticos na, 895 fisiopatologia da, 895 hemoglobinopatia na, 860 manifestações clínicas da, 895-896 prognóstico da, 896,896f tratamento da, 896-897, 964 Mielofibrose primária. Ver Mielofibrose primária secundária, 897 Mielofibrose primária anormalidades cromossômicas na, 898,900-el7-5f complicações da, 902,902q diagnóstico da, 901 -902 esfregaço de sangue periférico na, 451f,901f,el7-5f esplenomegalia na, 469 estratificação de risco para, 902q etiologia da, 900-901, 901q exame de medula óssea na, 454f, 90lf, el7-5f manifestações clínicas da, 901 manifestações cutâneas da 423 tratamento da, 902 Mieloftísica, 897 Mielografia, 3241, 3249 Mielografia com tomografia computadorizada (TC), 3241, 3249 Mieloma esclerótico, 837 múltiplo. Ver Mieloma múltiplo Mieloma múltiplo, 937 alterações epigenéticas no, 678 amiloidose no, 946 anormalidades cromossômicas no, 937, 941 biópsia renal no, el4-6f com gamopatia monoclonal, 3478
como segunda neoplasia maligna no câncer de mama, 761 complicações renais da lesão tubular, 938-939 nefropatia por cilindros de cadeias leves, 2370, 2370f, el4-6f nefropatia por contraste, 2298, 2300q patogenia da, 938q componente M no, 941 considerações globais, 937-938 crioglobulinemia no, e40-4f deficiência de eritropoietina no, 455 diagnóstico do, 937f, 940-941, 940q, e l7 - llf doença de Von Willebrand no, 972 estadiamento do, 941, 941q etiologia do, 937 hipercalcemia no, 828 hipogamaglobulinemia no, 714q, 722, 938 imunologia do, 922f incidência e prevalência do, 937 indolente, 940q infecções em paciente com, 712q, 714q, e l6 -1lf manifestações clínicas do, 938-940, 938f manifestações cutâneas do, 421,972 manifestações ósseas do, 681, 938, 938q, 939f, 942 marcadores tumorais na, 652q não secretor, 940q neuropatia no, 3462 patogenia do, 681, 938, 939f prognóstico do, 942 proteinúria no, 338 síndromes paraneoplásicas no, 828, 837 terapia antibacteriana no, 1141 tratamento do bortezomibe, 676,677q, 942 denosumabe, 681 quimioterapia, 696, 941-942 recidiva da doença, 942 TCTH, 941-942,963q, 964 tratamento de suporte, 942 Mielopatia associada à radiação, 840 compressiva. Ver Compressão da medula espinal crônica, 3373 adrenomieloneuropatia, 3375 associada a retrovírus, 3373f causas tóxicas de, 3375 em más formações vasculares da medula espinal e dura-máter, 3373, 3373f esclerose lateral primária, 3347q, 3350, 3375 espondilítica, 3373 hipocúprica, 3375-3376 na deficiência de vitamina B]2, 3374, 3467-3468 na esclerose múltipla, 3347q, 3350, 3375 na tabes dorsalis, 1383,1384, 3375 paraplegia espástica familiar, síndrome da medula ancorada, 132, 3375 siringomielia, 140, 3373-3374, 3374f distúrbios da marcha na, 192q imune, 3371-3372 induzida por quimioterapia, 3394q inflamatória, 3371-3372 na infecção pelo HIV, 1562 não compressiva, 3371 avaliação da, 3371q infarto da medula espinal, 3371, e44-25f mielite. Ver Mielite
paraneoplásica, 836 transversa aguda, 3371q Mielopatia espondilítica, 3373 Mielopatia hipocúprica, 3374-3375 Mielopatia necrosante, paraneoplásica, 823q Mielopatia necrosante subaguda, paraneoplásica, 832q Mielopatias compressivas. Ver Compressão da medula espinal Mielopatias imunes, 3371-3372 Mielopatias inflamatórias, 3371-3372 Mielopatias não compressivas, 3368, 3371 Mieloperoxidase, 897 deficiência de mieloperoxidase, 478q, 479 Mielossupressão, induzida por quimioterapia, 707-708. Ver também Neutropenia MIF (Medida de Independência Funcional), 578q MIG, 2662q Miglitol efeitos adversos do, 2998 para diabetes melito, 2996q, 2998 Miíase, 3578 Miíase furuncular, 3579 Milios, 390q Militares infecções por adenovírus em, 1485, 1491 Milrinona para edema pulmonar, 2237 para insuficiência cardíaca aguda, 1912q, 1913 Miltefosina efeitos adversos da, 1680q, 1712-1713 farmacologia da, e266-6 para infecções por Leishmania, 17121713, 1715 Mimetismo vascular, 683 Mineral(is), 603 absorção da, 2461 avaliação do estado nutricional, 611 deficiências de, 595q em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617, 618q ingestão recomendada de, 59lq níveis superiores de ingestão toleráveis de, 595q reservas corporais de, 594 toxicidades de, 595q valores de referência para, 3599q Mineralização, deficiente, 3141-3142 Mineralocorticoide(s) ações dos, 2940 na esteroidogênese suprarrenal, 2940f na produção de, 2941-2942, 2942f para insuficiência suprarrenal, 29582959,2959f Miniavaliação Nutricional 581 Miniexame do Estado Mental (MMSE) na avaliação de delirium, 77,198-199 na demência, 3302-3303, 3304q no exame neurológico, 3235 para avaliação da memória, e9-4 Minitransplante, 710, 857 Minociclina ação da, 1136 efeitos adversos da, 272q, 413, 433, 435 indicações para, 1144q para acne rosácea, 404 para acne vulgar, 404 para actinomicose, 1330q para hanseníase, 1365 para infecções estafilocócicas da pele/ tecidos moles, 1169q para infecções por Legionella, 1240q para infecções por MRSA, 396,1168, 1169q para infecções por Nocardia, 1325
para sarcoidose, 2812 resistência à, 1144q Minoxidil desenvolvimento de, 47 efeitos adversos do, 293q, 381,434, 2057 para alopecia androgenética, 408q para hipertensão, 2055q Miocárdio avaliação de viabilidade do, 1846 potencial regenerativo do, 1811 ruptura do, choque cardiogênico no, 2236 suprimento e demanda de oxigênio, 1998 Miocardiopatia artrite reumatoide e, 2739 associada ao HIV, 1549,1957 avaliação inicial da, 1953q choque cardiogênico na. Ver Choque cardiogênico classificação da, 1951,1952q de tako-tsubo, 1964 definição da, 1951 dilatada. Ver Miocardiopatia dilatada dispnéia na, 279 fatores genéticos na, 1951-1953, 1953f, 1954-1955q hipertrófica. Ver Miocardiopatia hipertrófica idiopática, 1964 manifestações clínicas da, 1951, 1952q na África, 16 periparto, 57,1961 relacionada com radiação, 1967 restritiva. Ver Miocardiopatia restritiva síncope na, 176 superposição entre tipos de, 1964 Miocardiopatia de Tako-tsubo, 1964 Miocardiopatia dilatada causas metabólicas de, 1959q, 19621963 diagnóstico de, 1956 dispnéia na, 279 ecocardiograma na, 1958q familiar, 1959q, 1963-1964 fatores genéticos na, 498q fisiopatologia da, 1953,1960f, 2676q história natural da, 1819 insuficiência cardíaca na, 1901-1902. Ver também Insuficiência cardíaca (IC) manifestações clínicas, 1952q na doença renal crônica, 2315 na hemocromatose, 1963,1963f na miocardite, 1959q. Ver também Miocardite parasitária, 1958-1959 viral, 1956 patologia da, 1857f, 1958f relacionada com álcool, 1961-1962 relacionada com quimioterapia, 1962 taquicardia ventricular na, 1895 tóxica, 1959q, 1961-1962 Miocardiopatia hipertrófica apical, 1969 diagnóstico da, 1968-1969 diagnóstico diferencial da, 1969, 3203 dispnéia na, 279 dor torácica na, 102 ECG na, 1968,e28-10f ecocardiografía na, 1968-1969,1968, e29-lV fatores genéticos na, 498q, 499,1968, el8-5f, el8-8 fisiopatologia da, 1967-1968 história natural da, 1819 manifestações clínicas da, 1952q, 1968 morte súbita na, 1970, 1970q palpitações na, 295
patologia da, 1967f, 1968f RM na, 1848f síncope na, 176 sopro na, 1828, el3-2f, el3-4, el3-8 a el3-9 taquicardia ventricular na, 1895-1896 testes genéticos para, 524q tratamento da, 524q, 525,1969-1970, 1969f Miocardiopatia restritiva diagnóstico diferencial da, 1977q, 1978 distúrbios metabólicos e, 1965-1967, 1965q, 1966f endomiocárdica, 1967 fibrótica, 1967 infiltrativa, 1695f, 1695q, 1964-1965, 1966f manifestações clínicas da, 1952f, 1977q na amiloidose, 1964-1965,1965f, 1966f Miocardite aguda fulminante, 1955-1956, 2236 bacteriana, 1959-1960 choque cardiogênico na. Ver Choque cardiogênico de células gigantes, 1961 disfunção do nó SA na, 1868, 18681 eosinofílica, 481 fúngica, 1960 granulomatosa, 1960-1961 hipersensibilidade, 1961 linfocítica, 1961 na difteria, 1190 na infecção pelo HIV, 1957 na influenza, 1497 na sarcoidose, 1960-1961, 1961f parasitária, 1858-1859 por espiroquetas, 1960 por riquétsias, 1960 ritmo idioventricular acelerado na, 1891 tempestade TC, 1893 viral diagnóstico de, 1956 fisiopatologia da, 1953-1951 manifestações clínicas da, 19551956 miocardiopatia na, 1956 tratamento da, 1956-1957 vírus causadores de, 1596, 1957 Miocardite de células gigantes, 1961 Miocardite por hipersensibilidade, 1961 Miócitos, 1802 Mioclonia, 3327q, 3332 Báltica, manifestações clínicas da, 3332 na doença de Creutzfeldt-Jakob, 3445 noturna (distúrbio de movimento periódico dos membros), 218-219 pós-hipóxica, 2259 tratamento da, 3332 Mioclonia báltica, 3339q Miofasciite, vs. polimiosite, 3513-3514 Mioglobina, 844, 844q, 2298 Mioglobinúria, na influenza, 1497 Mionecrose anaeróbia sinérgica não causada por clostrídio, etiologia da, 1066q por clostrídios. Ver Gangrena gasosa por fasciite necrozante, 1069 Miopatia alcoólica, 3549 Miopatia caquética, 2261 Miopatia centronuclear (miotubular), 3501 Miopatia de doença crítica, 2261 Miopatia de Miyoshi, 3499, 3500q Miopatia distai de Laing, 3499, 3500q Miopatia distai de Markesbery-Griggs 3499, 3500q Miopatia distai de Nonaka, 3499, 3500q
Miopatia distai de Udd (distrofia muscular tibial), 3499,3500q Miopatia distai de Welander, 3499, 3500q Miopatia miotônica proximal (MMPRO), 3490 Miopatia miotubular, 3501 Miopatia necrosante aguda, paraneoplásica, 832q, 836, 837 Miopatia nemalínica, 3499 Miopatia progressiva, e41-6f Miopatia séptica, 2261 Miopatia(s) alcoólica, 3508, 3549 autoimune, 3508-3509 avaliação da, 3487f, 3488f, 3490-3491 centronuclear (miotubular), 3501 congênita, 3499 distai, 3499, 3500q distúrbios da marcha na, 193 endócrina, 3506-3507 fraqueza na, 182-184,186, 34873489, 3487f, 3488f hereditariedade, 3491. Ver também Distrofia muscular induzida por fármacos, 3490q, 35073508, 3508q, 3514 inflamatória. Ver Miopatias inflamatórias manifestações clínicas da, 3487-3490, 3488q, 3489f, 3489q metabólica, 3507 miotônica proximal, 3490 mitocondrial. Ver Miopatia(s) mitocondrial(is) na doença crítica/sistêmica, 2261, 3507 na infecção pelo HIV, 1562 nemalina, 3499 paraneoplásica, 837 progressiva, na doença de depósito de glicogênio tipo Illa, e41-6f relacionada com glicocorticoides, 3508 tetraplégica aguda, 2261 uso abusivo de drogas e, 3508, 3508q Miopatia(s) mitocondrial(is), 3502 faotores genéticos nas, 3502-3503 induzidas por fármacos, 3508 patogenia das, 3502 síndromes de miopatia pura, 3504 síndromes de musculoesquelético-
SNC síndrome MELAS. Ver Síndrome MELAS (miopatia mitocondrial, miocardiopatia, acidose láctica e acidente vascular encefálico) síndrome MERRF. Ver síndrome MERRF (epilepsia mioclônica com fibras vermelhas anfractuosas) síndromes de oftalmoplegia externa progressiva. Ver também Síndrome de Kearns-Sayre Miopatias congênitas, 3499, 3501 Miopatias distais, 3499, 3500q Miopatias endócrinas, 3506 Miopatias hereditárias, 3491,3492q Miopatias inflamatórias autoanticorpos nas, 3511 diagnóstico das, 3514-1516, 3515f, 35l5q, 3516f diagnóstico diferencial das, 35123514 imunogenética nas, 3511 induzidas por fármacos, 3514 infecções virais associadas a, 3512 manifestações clínicas das, 35093510, 3510q mecanismos imunopatológicos nas, 3511-3512, 3513f neoplasias malignas associadas a, 3511
ÍNDICE 1-106
patogenia das, 3511-3512 prevalência das, 3509 prognóstico das, 3517 síndrome de superposição, 3511 tratamento das, 3516-3517 Miopatias metabólicas, 3506 Miopatias miofibrilares, 3499, 3500q Miopericardite, vacina contra vacínia e, Miopia, 224 Mioquimia, facial, 3363 Mioquimia facial, 3363 Miosina defeitos da, 1951 na contração cardíaca, 1803,1804f Miosite estreptocócica, 1069,1176 etiologia da, 1066q, 1068 manifestações clínicas da, 1068 na influenza, 1497 necrozante vs. polimiosite, 3514 por cosrpúsculo de inclusão. Ver Miosite por corpúsculo de inclusão tratamento da, 1069-1070 triquinelose, 1736 Miosite necrosante, polimiosite, 3514 Miosite ossificante, 3143q, 3144 Miosite ossificante progressiva, 3143q, 3144 Miosite por corpúsculos de inclusão, 3509 diagnóstico de, 3514-3516, 3515q, 3516f fatores não imunes na, 3512 induzida por fármacos, 3514 manifestações clínicas da, 3509-3510, 3510q prognóstico da, 3517 tratamento da, 3516-3517 Miotomia de Heller, para acalasia, 2432 Miotonia agravada pelo potássio, 3505 defeitos dos canais iônicos que causam, 3225q não distrófica, 3504q Miotonia congênita, 3490 MLP-lot, 2660q M IP-lp, 2660q Miringoplastia, 261 Miringotomia, 261 miRNA. Ver MicroRNA (miRNA) Mirtazapina efeitos adversos da, 629,3531q para depressão, 76, 3522, 3539 para insônia, 78 Mirtilo, 46 lq Misonidazol efeitos adversos do, 3464q Misoprostol para profilaxia de úlceras induzidas por AINEs, 2450 Mitocôndrias, el8 -l defeitos genéticos das, 1995q funções das, el8 -l na apoptose, 3231 Mitomicina C efeitos adversos da, 839,969,2275, 2276, 2379 para câncer de bexiga, 791 para carcinoma hepatocelular, 782 Mitose, 487, 488-489, el8-3 Mitotano na quimioterapia do câncer, 705 para síndrome de ACTH ectópico, 829 para síndrome de Cushing, 2899, 2949 Mitoxan trona ação da, 702, 3405 dose de, 698q efeitos adversos da, 698q, 702, 838, 3405 interações medicamentosas da, 698q para câncer de próstata, 804 para EM, 3404q, 3405
Mittelschmerz, 388,2518 Mixedema, características do, derrame pericárdico no, 1975 edema no, 294 hipotermia no, 168 no hipotireoidismo, 627, 2919-2920 pretibial, 2076, el6-15f Mixofibrossarcoma, 817 Mixoma bulhas cardíacas/sopro no, 1979, el3-7 dispnéia no, 279 ecocardiografia no, 1841f, 1979, 1980f,e29-lV epidemiologia do, 1979,1979q manifestações clínicas do, 1979 manifestações cutâneas do, 422 palpitações no, 295 patologia do, 1979 RM no, 1980f, e29-3f síncope no, 176 tratamento do, 1980 vs. estenose mitral, 1931 MMPRO (miopatia miotônica proximal), 3490 MMR. Ver Vacina contra sarampocoqueluxe-rubéola (MMR) MMSE. Ver Miniexame do estado mental (MMSE) Mobilização do cálcio (calcium sparks), 1801 Modafinila para depressão, 76 para distúrbio de trabalho em turnos, 222
para fadiga, 76 para narcolepsia, 216q para sonolência, 73 Modelagem, óssea, 3121 Modelo de Cuidado Crônico, 89,89f Modelo de duas células para esteroidogênese, 3030, 303lf Modelo de filamento deslizante, para contração muscular, 1802,1803 Modelo dos dois eventos de Knudson, 49lq, 502 Modelos de predição, 25 Modelos estatísticos multivariáveis, 4 Modificação do comportamento/terapia comportamental para disfunção sexual feminina, 379 para enurese noturna, 221 para insônia, 217 Modificações do estilo de vida para diabetes melito, 582 para DRGE, 2434-2435 para hipertensão, 2054, 2054q para obesidade, 633 para prevenção da aterosclerose, 1991 para síndrome metabólica, 1996 Modulador essencial do NF kB. Ver NEMO (modulador essencial de NF.kB) Moduladores seletivos da resposta aos estrogênios (MSRE) ação dos, 676f, 677, 3130 no tratamento/prevenção da osteoporose, 3130 módulo, e48-4, e48-5q Mola, atípica, 723, 724q Mola hidatiforme, 502, 2657q, e6-3 a e6-4. Ver também Doença trofoblástica gestacional Molares em amora, 1384 Molécula de adesão celular vascular 1 (VCAM-1), 540,1534 Molécula de adesão intercelular 1 (ICAM-1), 1011,1534 Molécula de lesão renal-1 (KIM-1), 2303, 2304q Moléculas coestimuladoras, 2650,2671 Moléculas de reconhecimento de padrões (colectinas), 1017
Molibdênio, 605 deficiência de, 595q, 605, 764 em formulas de suporte nutricional especializadas, 618q funções do, 605 ingestão recomendada de, 59lq nível superior de ingestão tolerável de, 595q toxicidade do, 595q, 1790q Molindona, 3544q Molusco contagioso diagnóstico de, 1477 epidemiologia do, 1477,1477q infecções persistentes, mecanismos das, 1438 manifestações cutâneas do, 1476, 1477f, el6-9f na infecção pelo HIV, 1477-1478, 1558 tratamento do, 1477 Momentos de “más notícias”, comunicação em, 68,69, 69q, e5-l Monitor de eventos, ativado pelo paciente, 1878 Monitor Holter, 1864 Monitoração nutricional, 592 Monobactâmicos, 1133,1136q Monoblastos, 480 Monócito(s), 480 diferenciação hematopoiética do(s), 54 lf distúrbios de, 480-481 na infecção pelo HIV, 1531 na tuberculose, 1344 no esfregaço de sangue periférico, el7-2, el7-6f Monocitopenia, 481 Monocitose, 480 5’-monofosfato de adenosina cíclico (AMP cíclico), 145,145f Mononeuropatia diabética, 2984, 3458 múltipla, relacionada com HIV, 3461 Mononeuropatias diabéticas, 2982-2983, 2983f M ononitrato de isossorbida, para cardiopatia isquêmica, 2008q Mononucleose infecciosa anemia aplásica e, 889 CMV, 1473 complicações da, 1468 diagnóstico da, 1467-1468,1468f, 1469-1470, 1470q diagnóstico diferencial da, 1470q em indivíduos que retornam de viagem, 1051q esplenomegalia na, 469 exantema na, 148, 149q, 4 1 5 ,1468f faringite na, 263 linfadenopatia na, 466 manifestações clínicas da, 1467, 1468q manifestações orais da, 280q tratamento da, 1471 Monoparesia, 185 Monossomia, 515, 515q Montelucaste para angioedema, 2713 para asma, 2112 para rinite alérgica, 2716,2717f para urticária, 2713 Moraxella catarrhalis, 1231, 1232 Morféia alopecia na, 2407, 2407q generalizada, 431 localizada, 431 manifestações cutâneas da, 431 Morfemas ligados, 204 Morfina de liberação prolongada, 98q, 101 dose na doença hepática, 40 efeitos adversos da, 226,2025 para AI/IMSEST
para crise dolorosa falciforme, 856 para dispnéia, 75q para dor, 72, 98q, 99 para edema pulmonar, 2237 para IMEST, 2025 para sedação durante a ventilação mecânica, 2211 Moricizina, 1883q, 1884q Mormo, 1269q, 1273 Mortalidade. Ver Morte Mortalidade infantil diferenças globais na, e l-3 f no Brasil, e l-7 f tendências históricas na, 556 Mortalidade materna, 61 Morte após reanimação de parada cardíaca, 2243 do cônjuge, 82 entre viajantes internacionais, 1042 infantil, 10-11 local de, 67-68, 67f natural súbita, 2239 por câncer, 646, 646q, 647-648f, 647f, 648q principais causas de, 50 doença cardiovascular, 1811 em mulheres, 50q, 51f específica da idade, 32q mundial, 10-12,1 lq, 12q nos Estados Unidos e Inglaterra, 67q sexo, 50 q transição epidemiológica, 1811 sinais cardinais de, 81-82 Morte celular programada. Ver Apoptose Morte cerebral critérios para, 2253-2254 em paciente em estado crítico, 2204 Morte súbita cardíaca, 1878, 2238, 2239f causas estruturais da, 2239, 2240f em jovens atletas, 2241 epidemiologia da, 2239, 2240f etiologia da, 2239, 2240q fatores contribuintes funcionais na, 2239,2240q fatores genéticos na, 2239 patologia da, 2241 predição da, 2241-2242, 2242f prevenção da, 2241-2242, 2242f, 2245 variações circadianas na, 223 Mortes de pacientes internados, 67,67f Mosaicismo, 495, 502, 515, 3208 Mosaicismo cromossômico, 502 Mosaicismo gonadal, 495 Mosaicismo pigmentar, 410 Mosaicismo somático, 502,3208 Mosca do berne, 3578-3579 Mosca do berne, 3579 Mosca Tumbu, 3579 Mosca varejeira, 3579 Moscas tsé-tsé, na doença do sono, 1719 Mosquito(s) Aedes. Ver Mosquitos aedes, Culex. Ver Mosquitos culex na encefalite por arbovírus, 1622q, 1623-1626 na infecção por vírus chikungunya, 1626 na transmissão da malária, 16881689,1689f, 1691 picada, 3582 Mosquito-pólvora em infecções por Leishmania, 1709, 1710q na bartonelose, 1319 na doença pelo vírus Punta Toro, 1621 Mosquitos Anopheles na filaríase linfática, 1745q na transmissão da malária, 16881689, 1689f, 1691
Mosquitos Culex na encefalite por arbovírus, 1622q, 1623-1624 na filaríase linfática, 1745q Mosquitos Culiseta, na encefalite equina do leste, 1622q, 1625 Mostarda nitrogenada (mecloretamina). Ver Mecloretamina (mostarda hidrogenada) Motivos de ativação baseados na tirosina imunorreceptora, 2671 Movimento ocular conjugado, 2251 Movimentos em massa, intestinais, 309 Movimentos periódicos dos membros no sono, 218,219f Moxifloxacino ação do, 1137 indicações para, 1145q para infecções anaeróbias, 1338 para infecções por Legionella, 1240q para infecções por Nocardia, 1325 para neutropenia febril, 707 para pneumonia, 1158, 2135q, 2139q resistência ao, 1145qq, 1338 6-MP. Ver 6-mercaptopurina (6MP) MSCRAMM (componentes de superfície microbiana que reconhecem moléculas da matriz adesivas), 1053, 1161-1162,1181 MSH. Ver Hormônio a-melanócito estimulante (MSH) MSRE. Ver Moduladores seletivos da resposta aos estrogênios (MSRE) Mucilose psyllium, com orlistate, 634 Mucinose papular. 417q, 418 Mucolipidoses, 3194q Mucopolissacaridoses, 3192-3193q, 3197, e41-5f Mucorales. Ver também Mucormicose Mucormicose diagnóstico da, 1662, 1662f diagnóstico diferencial da, 1662-1663 em receptor de transplante, 1128 epidemiologia da, 1661 etiologia da, 1661 gastrintestinal, 1662 manifestações clínicas da, 1661-1662 manifestações cutâneas da, 157, 1661-1662 na infecção pelo HIV, 1546 no paciente imunocomprometido, 717, 717q, e l6 -l lf patogenia da, 1661 pulmonar, 1661 rinocerebral, 257,1030,1661 tratamento da, 1663-1664,1663q Mucosa gástrica heterotópica, 2430 Mucosa oral alterações relacionadas com a idade na, 275-276 doenças da, 269 lesões brancas, 273q lesões pigmentadas, 272q lesões vesiculares, bolhosas ou ulcerativas, 270-272 Mucosite em paciente com câncer, 709,716 em receptor de transplante, 960 relacionada com quimioterapia, 709 relacionada com radioterapia, 735 ulcerativa necrosante aguda, 1333 Mudança de classe, 936 Mudança de isótopo de anticorpos, 2675 Multiplicação por contracorrente, 2285 Mundo em desenvolvimento. Ver Países de baixa renda e renda média Mupirocina ação da, 1134q, 1136 indicações para, 1145q nasal, em infecções estafilocócicas cutâneas, 396 profilática, 1148q resistência à, 1134q, 1138,1145q
Músculo de “Popeye”, 2861 Músculo Uso vascular, 2045 cálcio no, 1801,1801 f contração do, 1801, 1801f controle do tônus celular, 1802 estrutura do, 1798f funções do, 1800-1802 na aterosclerose, 1985 Músculo puborretal, 309f Músculo(s) atrofia de, 3490 aumento do(s), 3490 contratura do(s), 3489 distúrbios do canal de sódio do(s), 3505 distúrbios dos canais de cálcio do(s), 3504 estudos eletrofisiológicos do(s), e454, e45-4f, e45-5f resposta à estimulação nervosa repetitiva, e45-6 Músculos respiratórios avaliação da força dos, 2092 fadiga/fraqueza dos, 2093-2094, hipoperfusão dos, 2200 Músculos ventilatórios, 1277 Musk (tirosina quinase específica de músculo), na miastenia gravis, 3481 Mutação, 492f com ganho de função, 496-497 com perda de função, 497 definição de, 495 detecção de, 507-509, 508q dinâmica, 496 em células cancerosas, 672 no DNA mitocôndria. Ver Doenças do DNA mitocondrial, origem e tipos de, 495-496 pontos quentes para, 497 Mutação CEBPA, 907, 907q Mutação de fase de leitura, 490,495 Mutação de PCSK9, 3153 Mutação de sentido incorreto, 492f, 495 Mutação de WT1, 907, 907q Mutação H/T3-ITD, 907, 907q, 913 Mutação G20210A, 987-988 Mutação KIT, 907, 907q Mutação K-ras câncer de pâncreas e, 786 câncer gástrico e, 766 resistência a fármacos e, 42q Mutação NPM l, 907, 907q Mutação pontual, 490, 492f, 495, 664665, 667 Mutação sem sentido, 492f, 495 Mutação silenciosa, 492f Mutações de CYP2A2, HSRC devido à, 2959, 2960q Mutações do BRAF, no melanoma, 726 Mutações do gene BRCA expressão variável das, 520 no câncer de mama, 754 no câncer de ovário, 810 no câncer pancreático, 786 redução de risco em pacientes com, 522 teste genético para, 660,669,754 Mutações do gene CFTR em infecções por Aspergillus, 1656 na fibrose cística, 494f, 497,1017, 2147, 2148f resistência à febre tifoide e, 1016 teste genético para, e53-6 Mutações do gene da protrombina, 57, 462, 462q, 987-988 Mutações do gene da tirosinase, 409 Mutações do gene da treonina quinase, 412 Mutações do gene PTEN, 542, 754 Mutações do receptor do hormônio de liberação das gonadotropinas (GnRH), 3017
Mutações no gene PSTI na pancreatite hereditária, 2648 Mutações somáticas, 495, 502 desenvolvimento de câncer e, 664, 665f envelhecimento e, 567 no DNA mitocondrial, 567, el8-2 a el8-3, el8-9f, el8-9 a el8-10 Mutantes de escape, no HBV, 2542 Mutismo, 202, 205 Mutismo acinético, 2247 Mycobacterium africanum, 1340 Mycobacterium bovis, 1340 Mycobacterium Canetti, 1340 Mycobacterium leprae. Ver também Hanseníase Mycobacterium marinum, 1343 Mycobacterium pinnpedii, 1340 Mycobacterium tuberculosis. Ver também Tliberculose (TB) fagossomo do, 1342-1343 genoma do, 1340 interações ligante-receptor do, 1014q microbiologia da, 1340,1340f resistência inata ao, 1343 resposta do hospedeiro ao, 1343-1344 transmissão do, 1342 virulência do, 1343 Mycobacterium ulcerans, 1067,1369 oncogene, MYC, 740 Mycoplasma pneumoniae, 1417 Mycoplasma spp., 1447 MyD88, 1018f, 1019 Myocell, 553q
N Na hematomielia, 3371 neoplásica diagnóstico da, 2269-2270, 2270f, 3369, 3369f em lesões expansivas intradurais, 3369-3370, 3369f em tumores intramedulares primários, 3370, 3370f manifestações clínicas da, 2269, 3369-3370 metastática, 2269-2270, 2270f, 3368-3369 no câncer de pulmão, 745 patogenia da, 3368 tratamento da, 2270-2271, 2270f, 3369-3370 no abscesso epidural espinal, 135, 1026q, 1029, 3370, 3370f no hematoma epidural espinal, 33703371 NaTC-ATPase, 342, 2285 Nab-paclitaxel dose de, 700q efeitos adversos do, 700q para câncer pancreático, 789 vs. paclitaxel, 704 N-acetil-p-glicosaminidase (NAG), 2304q N- acetil-p -benzo quinona -imina (NAPQI), 2561 iV-acetilprocainamida (NAPA), 37, 38 NAD. Ver Dinucleotídio de nicotinamida adenina (NAD) Nadolol dose de, 188q farmacologia do, 1883q indicações para, 1883q overdose!intoxicação com, e50-10q para cardiopatia isquêmica, 20091 Nafamostate, efeitos adversos do, 357 Nafcilina ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q efeitos adversos da, 352 indicações para, 1144q para celulite, 2 5 9 ,1070q para endocardite infecciosa, 1058q
para infecções estafilocócicas, 1169q para meningite, 3414q para osteomielite, 1074q para pericondrite, 259 resistência à, 1144q Naftaleno, 878, 879q NAG (N-acetil-P-glicosaminidase), 2304q Nairovírus, 1617,1617q Najas, 3566, 3571 NALPlb inflamassoma, 1020f Naltrexona no tratamento do alcoolismo, 3552 Nanismo de Laron, e39-2 Não adesão, 39,44 Não compactação ventricular esquerda, 1963-1964 Não disjunção, 515 Não divulgação da informação, e5-l Não oligúria, 338 Não seminoma mediastinal, 809 testicular. Ver Câncer testicular NAP (proteína de ativação de neutrófilos), 2662q NAPA (N-acetilprocainamida), 37-38 NAPQI (N-acetil-benzoquinona-imina), 2561 Naproxeno efeitos adversos do, 43 3,967q, 2835q para dismenorreia, 388 para dor, 98q para enxaqueca, 118q, 119 para osteoartrite, 2835q Naratriptana, para enxaqueca, 118q, 119,119q Narcolepsia, 220 associação ao gene HLA, 2693q diagnóstico de, 220 disfunção olfatória na, 244 fatores genéticos na, 220,2693q manifestações clínicas da, 214, 220q, 2187q tratamento da, 220 Narcóticos. Ver Opioide(s) Nariz na hanseníase lepromatosa, 1364 na policondrite recidivante, 2803, 2803q, 2804f swab, coleta de amostra e transporte, NASBA (amplificação baseada na seqüência de aminoácidos), 1540q, 1541, e22-9 NAT2,42q Natalizumabe efeitos adversos do, 2684,3405 para DII, 2492, e493f para EM, 3404q, 3405 Nateglinida, para diabetes melito, 2997q Natimorto, 513, 514q National Childhood Vaccine Injury Act (NCVIA), 1038 National Cholesterol Education Project Adult Treatment Panei III (ATP III), 1987, 1987q, e53-4q National Family Caregivers Associaton, 79 National Healthcare Safety Network, 1113 National Quality Forum, 86,87q Native American medicine, e2-2f Naturopatia, e2-2q, e2-3 Náusea. Ver também Náusea e vômitos definição de, 301 idiopática crônica, 301 Náusea e vômitos, 301 abordagem ao paciente, 302-303 anamnese, 302 etiologia dos, 74, 301-302, 302q exame físico nos, 302-303 exames complementares nos, 303 induzidos por fármacos, 302, 302q
ÍNDICE 1-108
induzidos por quimioterapia, 653, 708-709 antecipatórios, 74, 653,709 êmese aguda, 653 êmese tardia, 653 tratamento de, 709 induzidos por radiação, 692 mecanismos dos, 301 na apendicite, 2516 na doença endócrina/metabólica, 302, 302q na doença gastrintestinal, 2404, 2404q na doença hepática, 2522 na gravidez, 60, 302,304 no câncer gástrico, 766 no paciente terminal, 74 nos distúrbios extraperitoneais, 302, 302q nos distúrbios intraperitoneais, 301302, 302q tratamento dos, 74, 303-304, 303q antieméticos, 303-304, 303q estimulantes da motilidade gastrintestinal, 304 Navalha de Occam, 20 Navelbina, para câncer de mama, 762 Naxolona como antagonista de opiáceos, 97 para overdose de opioides, 3554 NCG (neutropenia congênita grave), 2695-2696, 2697f,e39-l NCR (receptores de citotoxicidade natural), 1532 NCVIA (National Childhood Vacine Injury Act), 1038 Necator americanus, 1740. Ver também ancilostomose Necessidade de oxigênio, cardíaca, 1807 Necessidade energética, 588,607, 611, 616-617 Necessidade média estimada, 589 Necessidades calóricas, 588,611 Necessidades de líquido, 588,616 Necessidades de nutrientes, 588 aportes recomendados, 589 fatores que alteram a composição dietética, 591 doença, 592 fatores fisiológicos, 589 via de administração, 591 no paciente em estado crítico, 2203 Necessidades existenciais, do paciente terminal, 79 Necrobiose lipoídica diabética, 2988, e41-2f Necrólise epidérmica tóxica (NET) epidemiologia da, 153q etiologia da, 153q fármacos que causam, 414 manifestações clínicas da, 414,414q, 436, 438,439 manifestações cutâneas da, 153q, e7-7f patogenia da, 433 tratamento da, 436 vs. pustulose exantematosa generalizada aguda, 435 vs. síndrome da pele escaldada estafilocócica, 157, 414, 1066 Necrose, 695 Necrose caseosa, 1344 Necrose celular, 2650 Necrose confluente, 2545 Necrose cutânea, induzida por varfarina, 433-434, 434f, 1000,el6-16f Necrose digital na esclerose sistêmica, 2763, 2763f Necrose em ponte, 2545, 2554 Necrose em saca-bocado, 2567,2587 Necrose encapsulada, pancreática, 2641, 2642q Necrose gordurosa, 419
Necrose hepática induzida por fármacos, 48 Necrose mediai cística, 2060q, 2061 Necrose pancreática infectada, 2641-2643, 2642q Necrose papilar, 2372, 2372q Necrose periporta, 2567 Necrose subaguda, 2545 Necrose tubular aguda (NTA). Ver Lesão renal aguda (LRA), intrínseca Nedocromila dissódica, para asma, 2112 Nefadozona, para depressão, 353lq Nefrectomia para carcinoma de células renais, 793, 794 Nefrite. Ver Nefrite intersticial aguda (NIA); Lesão renal aguda (LRA); Glomerulonefrite; Nefrite lúpica; Pielonefrite Nefrite intersticial. Ver Nefrite intersticial aguda (NIA) Nefrite intersticial aguda (NIA), 2367 alérgica, 2367q, 2368,2368f associada à infecção, 2369 azotemia na, 337 biópsia renal na, el4-8f corticosteroides para a, 2368q diagnóstico da, 335q etiologia da, 2367q granulomatosa, 2369 hipovolemia na, 343 idiopática, 2369 imunologicamente mediada, 2368, 2368f manifestações clínicas da, 335q, 2367, 2368,el4-8f mecanismos, 2289 na infiltração linfomatosa do rim, 2370 na nefrite tubulointersticial com uveíte, 2369,2369f na nefropatia por cilindros de cadeia leve, 2370, 2370f,el4-6f na síndrome de Sjõgren, 2368-2369 nas tubulopatias obstrutivas, 2370 no LES, 2369. Ver também Nefrite do lúpus nos distúrbios de depósito de cristais, 2369-2370 relacionada a IgG4, 2369 Nefrite intersticial granulomatosa, 2369 Nefrite lúpica biópsia renal na, el4-4f classificação da, 2341-2342, 2341q, 2726, 2727q diagnóstico da, 2728q em mulheres, 48 fisiopatologia da, 2341 manifestações clínicas da, 2341,2369, 273 lq tratamento da, 2341-2342, 2728, 2729f, 2732, 2734 Nefrite tubulointersticial com uveíte (NTIU), 2369, 2369f Nefrocalcinose, 2383, 3221q Nefrogênese, renal, 2280-2281, 2280f Nefrolitíase cálculos de ácido úrico na, 2382, 2383q, 2386 cálculos de cálcio na, 2382, 2383q, 2385-2386 cálculos de cistina na, 2387q. Ver também Cistinúria cálculos de estrovita na, 2383q, 2387 diagnóstico de, 335q, 2382-2383, 2383q dor abdominal na, 11 lq dor lombar na, 136 hereditária, 2284q hiperuricemia e, 3184 manifestações clínicas da, 335q, 2382-2384 na acidose tubular renal, 2383q, 2385
na doença de Wilson, 3188 na hipercalciúria, 2383q, 2385 na hiperoxalúria, 2383q, 2385-2386 na hiperuricosúria, 2383q, 2385 na hipocitratúria, 2383q, 2386 no hiperparatireoidismo, 2383q, 2385 patogenia da, 2384 tipos de cálculos na, 2382,2383q tratamento da, 2383q, 2384, 3185 Néfron(s) corticais, 2281 distúrbios hereditários envolvendo o(s), 2284q funções do(s), 2282 na alça de Henle, 2282f, 2285 no dueto coletor, 2282f, 2287 no túbulo contornado distai, 2282f, 2285-2286 no túbulo proximal, 2282f, 2283, 2285 transporte celular, 2282 transporte de membrana, 2282f, 2283 transporte epitelial de solutos, 2282-2283, 2282f transporte paracelular, 2283 hiperfunção na doença renal crônica, 2289 justamedular(es), 2281 perda de, resposta à, 2291 Nefronoftise, 2356q, 2359 Nefropatia aguda por fosfato, 2370 aguda por urato, 2370 associada ao HIV, 1553,2353, e l4 -lf associada ao lítio, 2373 aterosclerótica, 2351 cilindros de cadeias leves, 2370, 2370f, el4-6f da malária quartã, 1695 de refluxo, 2371-2372, 2381-2382 diabética. Ver Nefropatia diabética dos Bálcãs, 792, 2373 falciforme, 2372, 2381-2382 hipercalcêmica, 2374 hipopotassêmica, 2374 induzida por meio de contraste, 1854, 2298, 2300q, 2318, 3241 induzida por radiação, 2380 inibidor da calcineurina, 2331,2373 por ácido úrico. Ver Nefropatia por ácido úrico por analgésicos, 2372, 2372f por ervas chinesas, 2372-2373 por fosfato, el4-10f por IgA, 339, 2342-2343, 2343f, el43f por metais pesados, 2373 Nefropatia da malária quartã, 1695 Nefropatia de refluxo, 2371-2372,2371f Nefropatia diabética, 2982-2983, 2983f biópsia renal na, 2348, el4-7f controle glicêmico e, 2983 epidemiologia das, 2348 história natural da, 2348, 2982, 2983f microalbuminúria na, 2348,2983, 2983f no diabetes melito tipol vs. tipo 2, 2348, 2982-2983 patogenia da, 2310, 2348,2982 progressão da, 2289f, 2348, 2982, 2983f tratamento da, 2320,2348-2349, 2983-2984, 2983f Nefropatia dos Bálcãs, 792, 2373 Nefropatia epidêmica, 1630 Nefropatia por ácido úrico fisiopatologia da, 2373-2374 hiperuricemia e, 2373,3184 na LMA, 909 tratamento da, 2374, 3185 Nefropatia por erva chinesa, 2372-2373
Nefropatia por imunoglobulina A (IgA), 339, 2342-2343, 2343f, el4-3f Nefropatia por urato, hiperuricemia e, 3184 Nefropatia por urato aguda, 2370 Nefrosclerose, 2048, 2351-2352, 2378 Nefrosclerose hipertensiva, 2351-2342, 2378 Nefrose, por urato, 3184 Nefrose por urato, 3184 Nefroureterectomia, 792 Negligência (fenômeno sensorial), 189, 207 assistência ao paciente com, 211-212 hemiespacial, 168f, 207-208, 208f Neisseria gonorrhoeae. Ver também Infecções gonocócicas identificação laboratorial das, 1225, e22-9 lipo-oligossacarídio de, 1221 microbiologia de, 1220 proteínas de membrana externa de, 1220-1221 resistência a antibióticos, 1098f, 1143, 122 resposta do hospedeiro a, 1221 tropismos teciduais de, 1021 Neisseria meningitidis. Ver também Infecções meningocócicas colonização por, 1214 estrutura de, 1211-1212,121 lf, 1212f portador assintomático de, 1214 resposta do hospedeiro à, 1214 tropismos teciduais de, 1021,1022 vesícula de membrana externa, 1218, 1219f Neisseria spp. (meningococos). Ver também Infecções meningocócicas identificação laboratorial, e22-2f interações ligante-receptor das, 1014, 1014q sorogrupo das, 1211-1212,121 lq tropismos teciduais das, 1021 Nelfnavir dose de, 1572q efeitos adversos do, 1572Q estrutura do, 1575 resistência ao, 1577, 15579 Nematelmintos. Ver Infecções nematódeos NEMO (modulador essencial de NF-kB) deficiência de, 478q, 480, e39-1 infecções micobacterianas não tuberculosas, 1368,1368f na via de sinalização celular, 1018f Neobexiga, 553q Neobexiga, ortotópica, 791 Neocarzinostatina, para carcinoma hepatocelular, 782 Neomicina ação da, 1133 efeitos adversos da, 314, 867q para encefalopatia hepática, 2602 para otite externa, 259 profilática, 1148q Neoplasia endócrina múltipla tipo 1 (NEM 1), 3072 doenças associadas à, 3073q epidemiologia da, 3072 fatores genéticos na, 499, 505, 506f, 669q, 3072, 3074, 3074f gastrinomas na, 2455, 3073, 3073f glucagonomas na, 3073-3074 hiperparatireoidismo na, 3072-3073, 3075 idade no início da expressão dos tumores endócrinos na, 3072, 3073f insulinomas na, 3073,3073f manifestações clínicas da, 2882q, 3072-3074, 3073f, 3073q manifestações cutâneas da, 417 manifestações incomuns da, 3074 patogenia da, 2872-2873
prevalência da, 3072 síndrome de Verner-Morrison (diarréia aquosa) na, 3074 SZE e, 3066 testes genéticos para, 519 tratamento da, 3075 tumores carcinoides na, 3074 tumores cerebrais na, 3384q tumores do córtex suprarrenal na, 3074 tumores enteropancreáticos na, 3073 tumores hipofisários na, 2882 tumores pancreáticos na, 3074, 3075 Neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (NEM 2), 3075 carcinoma medular na, 2695f, 3078 doenças associadas à, 3073q fatores genéticos na, 5525q feocromocitoma na, 2695f, 3078 hiperparatireoidismo na, 3078 manifestações clínicas da, 3073q, 3075-3076 patogenia da, 2872-2873 testes genéticos para, 525q tipo 2A fatores genéticos no, 669q, 3076f, 3077 feocromocitoma no, 205 lq, 29642965, 3076, 3078 hiperparatireoidismo no, 3100 manifestações clínicas do, 3073q, 3075-3076,3100 manifestações cutâneas do, 418 triagem para, 3077 tipo 2B fatores genéticos no, 3076f, 3077 hiperparatireoidismo no, 3100 feocromocitoma no, 2051 q, 2964-2965 triagem para, 3077 manifestações cutâneas do, 417 manifestações clínicas do, 3073q, 3076, 3100, e41-3f tratamento da, 525q, 3078 triagem para, 3077-3078 Neoplasia intraepitelial da próstata, 7996, 797 Neoplasia lobular, 763 Neoplasias linfoides, 919. Ver também Leucemia abordagem ao paciente, 924-925 anormalidades cromossômicas nas, 518, 922-923, 923q azotemia nas, 337 bloqueio de condução AV nas, 1871q carcinoma de tumor primário desconhecido e, 822q célula B granulomatose linfomatoide, e213 leucemia de células pilosas. Ver Leucemia de células pilosas leucemia linfoide crônica. Ver Leucemia linfoide crônica (LLC) de células B/ linfoma de pequenos linfócitos linfoblástico de células B precursoras, 925-926 linfoma de Burkitt. Ver Linfoma de Burkitt linfoma de células do manto. Ver Linfoma de células do manto linfoma de derrame primário, 1476, 1566, e21-3 linfoma difuso de grandes células B. Ver Linfoma difuso de grandes células B linfoma esplênico da zona marginal, 931-932, e21-l a e21-2, e21-2q linfoma folicular. Ver Linfoma folicular
linfoma intravascular de grandes células B, e21-3 linfoma MALT. Ver linfoma de tecido linfoide associado à mucosa (MALT) linfoma mediastinal de grandes células B (tímico), e21-2 a 21-3 linfoma nodal de células B da zona marginal, 932, e21-2 linfoma prolinfocítico de células B, 931, e21-2q pequena célula não clivada. Ver Linfoma de Burkit célula T do adulto. Ver Leucemia/linfoma de células T do adulto linfoma anaplásico de grandes células T/células nulas, 923q, 933 linfoma angioimunoblástico de células T, 933, e21-4 a e21-5 linfoma cutâneo primário de células T CD30+, e21-4 linfoma extranodal de células T/ NK, tipo nasal, 921,933, e21-4 linfoma hepatoesplênico de células T T^h, 934, e21-4 linfoma linfoblástico/leucemia de células T precursoras, 926q, 932 linfoma subcutâneo de células T semelhante a paniculite, 934, e21-4 linfoma tipo enteropatia, 934, e214 micose fungoide. Ver Micose fungoide células NK linfoma de células NK blásticas, e21-4 linfoma extranodal de células NK/T, tipo nasal, 921, 933, e21-4 classificação das, 919, 919q, 920q, e21-lq definição das, 672 derrame pleural, 653 do intestino delgado, 775 do SNC, primárias, 3387-3388, 3387q doença de Hodgkin. Ver Doença de Hodgkin doenças ou exposições associadas à, 922q epidemiologia das, 646q, 648q, 919921, 920f eritrofagocitose nas, e l7 -1lf esplenomegalia nas, 469 etiologia das, 919-921, 921q, 922q, 1469 febre nas, 146 foliculares, nodulares, exame de medula óssea nas, el7-8f fraqueza nas, 185 imunologia das, 922-924,922f infecção por EBV e, 921, 92 lq, 1469, e21-3,e21-4 infecções em paciente com, 716 linfadenopatia nas, 466 manifestações cutâneas das, 405q, 421, el6-5f manifestações orais das, 268, 272q, 1566f marcadores tumorais nas, 652q metastática, 236 na artrite reumatoide, 2740 na doença hepática, 2606 na infecção pelo HIV, 1566-1567, 1566f, 1567 na síndrome de Sjõgren, 2771,277lq na tireoide, 2938 neuropatia nas, 3462 no timo, e20-l. Ver também Timoma oncogenes nas, 665q, 666q, 923q perfil gênico nas, 923-924
proteinúria nas, 339 síndromes paraneoplásicas nas, 827, 827q, 830q, 837 tratamento das, 675, 677q Neorickettsia, 1413 Neostigmina overdose!intoxicação com, e50-11 q para íleo adinâmico, 2516 para picada de serpentes, 3570 Nervo abducente, exame do, 3236 Nervo acessório espinal, 3237 Nervo coclear, 248 Nervo corda do tímpano, 243,243f Nervo facial anatomia do, 243f, 3362f comprometimento na otite externa, 260 exame do, 3236 lesão do, 250 na sensação do paladar, 243 Nervo glossofaríngeo anatomia do, 243f exame do, 3236 sensação do paladar, 243 Nervo hipoglosso, 3237 Nervo lingual Nervo oculomotor, 3236 Nervo olfatório, 3236 Nervo óptico, 224 distúrbios do, defeitos de campo visual nos, 226-227 exame do, 3236 Nervo petroso maior, 243 Nervo trigêmeo distúrbios do, 336 lq divisões sensitivas do, 3360f exame do, 3236 Nervo troclear, 3236 Nervo ulnar, estudos de condução motora do, e45-5, e45-5f Nervo vago anatomia do, 243f estimulação, para depressão, 3539 exame do, 3236 na sensação do paladar, 243 Nervo vestibulococlear, 3236 Nervo(s) periférico(s) campos cutâneos do(s), 190f componentes, 93f mecanismos da dor, 93-94 Nesiritida para edema pulmonar, 2237 para insuficiência cardíaca aguda, 1912q, 1913 NET. Ver Necrólise epidérmica tóxica (NET) Neuralgia da enxaqueca, 269 Neuralgia do trigêmeo, 3360 avaliação laboratorial da, 3361 com hemicrania paroxística, 124 diagnóstico da, 124 diagnóstico diferencial da, 3361 dor oral na, 274 fisiopatologia da, 3360 incidência da, 3360 manifestações clínicas da, 3360 tratamento da, 100, 3361 Neuralgia glossofaríngea, 269, 3364, 3364q Neuralgia pós-herpética, 274,1464, 1465-1466 Neuralgia(s) do trigêmeo. Ver Neuralgia do trigêmeo glossofaríngea, 269, 3364, 3364q Neuraminidase, 1152f, 1436 Neurastenia, 3483 Neurite, óptica. Ver Neurite óptica Neurite óptica, 225, 232 defeitos do campo visual na, 227 dessaturação da cor na, 226 na EM, 232, 3398 paraneoplásica, 833q, 837
relacionada com etambutol, 1375 retrobulbar, 225, 232, 232f Neurite vestibular, 179,179q Neuroacantocitose, 3331 Neuroblastoma fatores genéticos no, 817 marcadores tumorais no, 652q oncogenes no, 665, 665q síndromes paraneoplásicas no, Neurociência dos sistemas, 3232,3232f Neurocisticercose. Ver Cisticercose Neurodegeneração agregação proteica e, 3231-3232 na EM, 3397 Neuroepitelioma, periférico, 820 Neurofibroma, 417, 816 Neurofibromatose tipo 1 (NF1) fatores genéticos na, 669q, 816-817, 205lq, 3078, 3389 feocromocitoma na, 2964, 2964f manifestações clínicas da, 2051 q, 3389 manifestações cutâneas da, 413,417, 3389,el5-15f tumores cerebrais e, 3384q Neurofibromatose tipo 2 (NF2) comprometimento ocular na, 234 fatores genéticos na, 669q, 3389 manifestações clínicas da, 3389-3390 perda da audição na, 252 tumores cerebrais e, 3384q Neurogenética, 3224 Neurografia por ressonância magnética, 3248 Neuro-hipófise, distúrbios da, 2902 Neuroimagens, 3240. Ver também distúrbios específicos ARM, 3246 atlas de, e44- lf a e44-34f imagem de RM ecoplanar, 3248 intervenções da coluna, 3249 mielografia, 3249 neurografia por ressonância magnética, 3248 neurorradiologia intervencionista, 3250 PET, 3248 RM, 3243 agentes de contraste, 3244-3245, 3244f complicações das, 3245-3246 contraindicações para, 3245-3246, 3248q diretrizes para, 3240q recuperação de inversão atenuada com líquido, 3244. Ver também Recuperação de inversão atenuada com líquido (FLAIR) técnica, 3243-3243q, 3244f-3247f tempo de relaxamento, 3243-3244, 3243q, 3244f-3247f TC, 3240 complicações da, 3241-3243, 3243q diretrizes de pré-medicação para pacientes com alergia prévia a meios de contraste, 3243q diretrizes para, 3240q indicações para, 3240q, 3241 técnica, 3240-3241, 3241f Neurolépticos. Ver também Antipsicóticos efeitos adversos dos, 77,144, 375 para delirium, 7 7 ,77q para distonia, 3329 Neuroma, 417,417q. Ver também Schwannoma vestibular (neuroma acústico) Neuroma acústico. Ver Schwannoma vestibular (neuroma acústico) Neuromielite óptica, 3372, 3407-3408 Neuromiotonia, 837, 3490 Neurônio pós-ganglionar simpático, 93f
Neurônios motores, alterações relacionadas com a idade, 575 neurônios motores a, 183f Neurônios motores 7 , 183f Neuropatia alcoólica, 3357 Neuropatia autônoma diabética, 2984, 2985,457 paraneoplásica, 832q, 835, 837 Neuropatia autônoma diabética, 3457 Neuropatia ciática, 3470 Neuropatia cutânea lateral femoral, 3469, e47-5f, e47-6 Neuropatia diabética, 2984 autônoma, 2984, 2985, 3547 constipação na, 319 fatores de risco para, 2984 fisiopatologia da, 96 mononeuropatia, 2984, 3548 neuropatia radiculoplexo, 3458 polineuropatia, 2984, 3457 prevalência da, 2984 risco de osteomielite e, 1072 tratamento da, 100,2984-2985, 3458q Neuropatia do cheirador de cola, 3466 Neuropatia do plexo braquial imunologicamente mediada (NPBI), 3470 Neuropatia do trigêmeo, 3361,3361f Neuropatia femoral, 3469-3470 Neuropatia femoral proximal, e47-5f, e47-6 Neuropatia fibular, 3470, e47-5, e47-5f Neuropatia hereditária com suscetibilidade à paralisia por pressão (NHPP), 3453q, 3455 Neuropatia mediana, 3469 Neuropatia motora multifocal, 3478 subaguda, paraneoplásica, 836 Neuropatia motora multifatorial, 3478 com bloqueio de condução, 3347, 3347q, 3350 Neuropatia óptica compressiva, 227 de Leber. Ver Neuropatia óptica hereditária de Leber induzida por fármaco, 232 isquêmica anterior, 231, 231f isquêmica posterior, 227,232 nutricional, 227 tóxica, 227, 232 Neuropatia óptica hereditária de Leber (amaurose congênita) aconselhamento genético na, el8-10 campos visuais na, 227 diagnóstico da, el8-7 fatores genéticos na, 232 manifestações clínicas da, 232, el8-5 a el8-6, el8-6q mutação do DNA mitocondrial na, 501q, el8-5 a el8-6, el8-6q, el8-9 terapia gênica para, 550 Neuropatia óptica isquêmica anterior, 231,23 lf Neuropatia paraneoplásica, anti-Hu, 3479 Neuropatia periférica, 3448. Ver também distúrbios específicos abordagem à, 3448-3452, 3449f, 3450q-3452q comprometimento do neurônio motor superior, 3448-3449, 3449f comprometimento sensorial, 3448, 3449f, 3450q, 3452q condições clínicas, 3449, 3449f, 3450q distribuição da fraqueza, 3448, 3449f, 3450q evolução temporal, 3449, 3449f, 3450q neuropatia hereditária, 3449, 3449f, 3450q
reconhecimento de padrões, 3449, 3451q sistema envolvidos, 3448, 3449f, 3450q adquirida, 3457-3461 álcool e, 3547 biópsia de nervos na, 3452 biópsias cutâneas na, 3452 causas tóxicas de, 3462-3467,34643466q distúrbios da marcha na, 194 EMG na, 3449-3450, 3452q estudos de condução nervosa na, 3449-3450, 3452q exames eletrodiagnósticos na, 34493450,3452q exames laboratoriais na, 3450,3452q fraqueza na, 184, 185, 3448, 3449f, 3450q hereditária, 3452-3457 induzida por fármacos, 3494q, 34623467, 3464q-3466q na doença renal crônica, 2317 na gravidez, 59-60 na infecção pelo HIV, 1562 nas deficiências vitamínicas, 865 nas síndromes de má absorção, 2476q nutricional, 3467-3468 paraneoplásica, 832q, 836-837 por toxinas ambientais, 3466-3467, 3466q relacionada com neoplasia maligna, 3461-3462 sensorial dolorosa, 3458q Neuropatia por encarceramento na gravidez, 59 parecer neurológico do paciente internado, e47-4 Neuropatia radial, 3469, e47-4 a e47-5, e47-5f Neuropatia radiculoplexo diabética, 3458 Neuropatia sensorial dolorosa, 3458 paraneoplásica 832q, 833q, 836 relacionada com HIV, 3461 subaguda autoimune, 195 Neuropatia sensorial e autonômica hereditária (NSAH) disfunção autonômica na, 3358 fatores genéticos na, 2454q hipotensão ortostática na, 174 manifestações clínicas da, 3455 Neuropatia sensorial e oftalmoparesia (SANDO), 3339q Neuropatia sensorimotora paraneoplásica, 832q, 836 Neuropatia supraescapular, 141 Neuropatia ulnar, 3469, e47-5, e47-5f Neuropatia vasculítica, 3479 Neuropatia(s). Ver também Tipos e distúrbios específicos alcoólica, 3357 autoimune autonômica, 3357 autonômica, 3457 ciática, 3470 com gamopatia monoclonal, 3478 como conseqüência tardia de quimioterapia, 840 deficiência de cobalamina, 865 déficits sensorial na(s), 189 diabética. Ver Neuropatia diabética diftérica, 3460 do trigêmeo, 3361,3361f femoral, 3469, 3470 femoral lateral cutânea, 3469 femoral proximal, e47-5, e47-6 fibular, 3470, e47-5, e47-5f hereditária, 3449, 3449f, 3450q, 34523457 imune, 3474, 3475f mediana, 3469 motora multifocal, 3478
na difteria, 1190 na hanseníase, 1363 na infecção pelo HIV, 1562 obstétrica, e47-6 óptica. Ver Neuropatia óptica paraneoplásica anti-Hu, 3479 periférica. Ver Neuropatia periférica por encarceramento, e47-4 radial, 3469, e47-4 a e47-5 relacionada com cirurgia gástrica, 3468 sensorial, 3458 síndromes paraneoplásicas, 836-837 ulnar, 3469, e47-5, e47-5f urêmica, 3459 vasculítica, 3479 Neuropatia(s) hereditária(s), 3449, 3449f, 3450q, 3452-3457. Ver também distúrbios específicos, p. ex., doença de Charcot-Marie-Tooth (CMT), neuropatia na, Neuropatias imunes, 3474, 3475f Neuropatias obstétricas, e47-6 Neuropeptídio, Y, 623 Neurossarcoide, e 4 4 -llf a e44-15f Neurossífilis diagnóstico da, 1385-1386,1386q manifestações clínicas da, 193, 13831384 na infecção pelo HIV, 1553 neuroimagem na, e44-3f a e44-5f tratamento da, 1387,1387q vs. meningite viral, 3419 Neurotransmissor(es) defeitos na doença neurológica, 3226, 3227q nas células do músculo liso vascular, 1802 Neutrofilia, 472,477,477q Neutrófilo em bastão, 473,473f Neutrófilo(s), 472 anormalidades do(s), 478q, 479 distúrbios de adesão dos leucócitos,477, 478q, 479 distúrbios de ativação dos fagócitos, 478q, 480 distúrbios dos grânulos, 478q distúrbios hereditários, 478-479q neutropenia. Ver Neutropenia apoptose do(s), 475 desvio para a esquerda, 472 hipersegmentado(s), el7-3f liberação pela medula óssea, 473-475 marginado(s), 473,474f maturação do(s), 472-473, 473f morfologia do(s) 473f na asma, 2106 na imunidade adaptativa, 2656q na imunidade inata, 2656q, 26642665, 2665f, 2667q no choque, 2218 no esfregaço de sangue periférico, el7-2 reservatórios circulantes de, 473-475, 474f senescente(s), 475 trajeto através dos capilares pulmonares, 475f Neutropenia, 472, 475-476 aguda, 475-476 autoimune, 476,476q cíclica, 146,268, 476,476q congênita grave, 2695-2696, 2697f crônica, 476,482 diagnóstico de, 482 em pacientes com câncer infecções e. Ver Câncer, infecções tratamento de, 707-708, 708q em receptor de TCTH. Ver Transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH), complicações do, 2228, 2229, 2229q etiologia da, 476,476q
febre na, 159,163-164 febril, 707, 719, 719f, 1271 hereditária, 476-477 induzida por fármacos, 476,476q manifestações cutâneas da, e l6 -1l f na hepatite viral, 2549 na infecção pelo HIV, 1557 na sepse/choque séptico, 2228, 2229, 2229q no LES, 2730, 273 lq tratamento da, 482 Neutropenia cíclica, 269,476 Neutropenia congênita grave (NCG), 2695-2696, 2697f,e39-l Neutropenia refratária, 895q Nevirapina ação da, 1578 efeitos adversos da, 415, 436,1533, 1571q, 1578 estrutura molecular da, 1574f para infecção pelo HIV, 1571q, 1578 resistência à, 2576f, 1578 Nevo atípico, melanoma e, 723 displásico, 723f, 724-725, 730, e 16-7f manifestações clínicas do, 724q nevomelanocítico, 389f, el6-6f oral, 273q tipos de, 724q Nevo azul, 417q, 420, 724q Nevo composto, 724q Nevo despigmentado, 410 Nevo displásico, 732f, 724-725, 730, el6-7f Nevo esponjoso branco, 273q Nevo juncional, 724q Nevo melanocítico, 412, 723 Nevo melanocítico gigante, 723 Nevomelanocítico, 389f New York Heart Association (NYHA), classificação da doença cardiovascular, 1817, 1818q, 1902q, 2000q NF1. Ver Neurofibromatose tipo 1 (NF1) NF2. Ver Neurofibromatose tipo 2 (NF2) NF.kB. Ver Fator nuclear kB (NF kB) NGAL (lipocalina associada à gelatinase de neutrófilo), 2303, 2305q NLA. Ver Nefrite intersticial aguda (NIA) Niacina (vitamina B3), 598. Ver também ácido nicotínico deficiência de. Ver Pelagra em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q estrutura da, 596f funções da, 596f, 598 iongestão recomendade de, 590q metabolismo da, 598 toxicidade da, 598 Nicardipino efeitos adversos do, 2009f para cardiopatia isquêmica, 2009q, 2010
para emergências hipertensivas, 2058q, 2059 Nicho de células-tronco, 540 Niclosamida efeitos adversos da, 1680q farmacologia da, e26-6 Nicorandil, 2011 Nicotina, 3527q, e50-llq. Ver também Tabagismo, 180 Nifedipino dosagem na doença hepática, 40 efeitos adversos do, 268, 294,2009q interações medicamentosas do, 1681q overdose!intoxicação com, e50-1lq para cardiopatia isquêmica, 2009q, 2010 para edema pulmonar de altitude elevada, e51-4 para fenômeno de Raynaud, 2072
para geladura, 169 para hipertensão, 2055q, 2056 para hipertensão na gravidez, 56 para hipertensão pulmonar, 2079 para intoxicação por ciguatera, 3574 para síndrome neuroléptica maligna, 147 Nifurtimos efeitos adversos do, 1680q, 1718, e266 farmacologia do, e26-6 para doença de Chagas, 1562,1718 Nilotinibe ação do, 675, 677q, 705, 705f efeitos adversos do, 917 para LMC, 917 variações genéticas na resposta ao, 42q Nilutamida, para câncer de próstata, 802, 803 Nimesulida, para dismenorreia, 388 Nimodipio, após hemorragia subaracnóidea, 2264 Nisoldipino para cardiopatia isquêmica, 2009q Nistagmo, 178 Nistagmo espasmódico, 240 Nistagmo vestibular, 241 Nistatina para candidíase oral (sapinho), 264 para ferida por queimaduras para infecções por Candida, 402, 402q, 1653q Nitazoxanida classe de gravidez da, 1680q efeitos adversos da, 1680q farmacologia da, e26-6 para ascaridíase, 1740 para infecção por C. difficile, 1093q para infecção por Cryptosporidium, 1732 para infecção por Giardia, 1731 Nitisinona, para alcaptonúria, 3219 Nitrato de gálio efeitos adversos do, 3394q para hipercalcemia, 3112 Nitrato de prata para ferida por queimaduras, e23-3 Nitrato de sódio, como antídoto de cianeto, 1779q, 1787 Nitratos de ação longa, 2010 dietéticos câncer esofágico e, 764, 764q câncer gastrintestinal e,765-766, 766q efeitos adversos dos, 174, 305, 858, 2025 interação com inibidores da fosfodiesterase tipo 5, 47,377, 2027, 2025 overdose/intoxicação com, e50-13q para angina variante de Prinzmetal, 2020
para cardiopatia isquêmica, 2008, 2008q para edema pulmonar, 2237 para infarto do miocárdio, AI/IMSEST, 2016-2017, 2017q IMEST, 1990, 2025 para insuficiência cardíaca, 2031 tolerância aos, 2010 Nitrito de amila, para intoxicação por cianeto, 1787 Nitrofurantoína ação da, 1137 efeitos adversos da deficiência de folato, 869q eosinofilia, 481 na deficiência de G6PD, 879q neuropatia, 2393q na gravidez, 1142q para cistite, 2393, 2393q
para infecções do trato urinário, 1141, 1184q, 1185q profilática, 1148q Nitroglicerina efeitos adversos da, 1912,2010 interações medicamentosas da, 44 intravenosa, 2030 metabolismo da, 35 para angina de peito, 12-1,206 para angina variante de Prinzmetal, 2020
para cardiopatia isquêmica, 2008q, 2010 para edema pulmonar, 2237 para emergências hipertensivas, 2058q para hipotermia, 167 para infarto do miocárdio, 1990, 2025 para insuficiência cardíaca, 1912, 1912q, 2031 Nitroprussiato monitoração terapêutica do, 3598q para crise adrenérgica, 2059 para dissecção aórtica, 2064 para edema pulmonar, 2237 para emergências hipertensivas, 2058q, 2059 para insuficiência cardíaca aguda, 1912-1913, 1912q Nitrosureias, 696, 697q, 839, 2276 Nizatidina para doença ulcerosa péptica, 2447q, 2448 para DRGE, 306 Njovera. Ver Sífilis Endêmica NLR. Ver receptores semelhantes a NOD (NLR) Nó atrioventricular (AV), 1860,1867, 1870-1871 Nó SA. Ver Nó sinoatrial (SA) Nó sinoatrial (SA), 1860, 1867-1868 Nó sinusal, 1869-1870,1869f NO-1, e24-2 Nocardia spp., 1322,1322q, 1324-1325 Nocíceptor(es), aferente(s) primário(s), 93, 93f, 94f, 95f Nociceptores aferentes primários, 93, 93f, 94f, 95f Nociceptores silenciosos, 94 Noctúria na doença renal crônica, 2291 na obstrução do trato urinário, 2397 Nódulo, 148, 389q, 390f. Ver também Lesões cutâneas papulonodulares Nódulo da Irmã Maria José, 327,766, 786 Nódulo da tireoide abordagem ao paciente, 2938-2939, 2939f benigno, 2933, 2933q câncer de tireoide em pacientes com, 2934, 2934q. Ver também Câncer de tireoide solitário, hiperfuncionante, 29322933,2933f triagem e avaliação do, 2875 Nódulo de Virchow, 327, 330,466, 786 Nódulos de Babes, 1612 Nódulos de Kimmelstiel-Wilson, 2348, el4-7f Nódulos de Osler, 1822 Noma, 716 Nomograma ácido-básico, 364, 364f Nonoxinol 9,1227, 2389 Norepinefrina aspectos anatômicos e clínicos da, 3227q estrutura da, 3227q na contração cardíaca, 1803-1804 na regulação cardiovascular, 20432044 nas células musculares lisas vasculares, 1802
para choque, 2222 para choque cardiogênico, 2235 para choque neurogênico, 2222 Norfloxacino para diarréia infecciosa, 1088q para peritonite bacteriana, 333 para profilaxia da peritonite, 1077 Norgestimato, 383 Norgestrel, para hirsutismo, 383 Normeperidina, 97 Normocromia, e l7 -l Nortriptilina dose de, 3531q efeitos adversos da, 3531q para depressão, 353lq para dor, 98q, 100,101 para dor neuropática, 73 para náusea e vômitos, 303q para prevenção da enxaqueca, 120, 121 Nosema, spp. 1733 Notificação do(a) parceiro(a), 1110 Novacor, LVAD1,918 Novobiocina, 1134q, 1137 NPB1 (neuropatia do plexo braquial imunologicamente mediada), 3470 NPT (nutrição parenteral total). Ver Nutrição parenteral NRAM P1,1343 NSAH. Ver Neuropatia sensorial e autônoma hereditária (NSAH) NT-501, 553f NTA (necrose tubular aguda). Ver Lesão renal aguda (LRA) intrínseca NTIU (nefrite tubulointersticial com uveíte), 2369,2369f NTS (núcleo do trato solitário), 243, 243f Núcleo do trato solitário (NTS), 243, 243f Núcleo do trato solitário, 243, 243f Núcleo pré-óptico mediano, do hipotálamo, 214 Núcleo pulposo herniado, 110 Núcleo supraquiasmático, 224 Núcleocapsídio viral, 1432 Núcleos da base, 3319f Núcleos de Edinger-Westphal, 224 Nucleossomo, 488f 5’-Nucleotidase, na avaliação da função hepática, 2528f, 2529 Número necessário para tratar, 28 Número variável de repetições em tandem, 505 Nutrição enteral colocação da sonda para, 612,620 combinada com a alimentação parenteral, 614, 615f complicações da, 620-621 definição da, 612 domiciliar, 614, 615q fórmulas para, 62lq monitoração do paciente na, 620 no câncer esofágico, 765 para DII, 2492, 2493f para sepse/choque séptico, 2230 Nutrição parental. Ver também Suporte nutricional especializado adição de eletrólitos à, 617, 617q alcalose metabólica na, 370 colestase extra-hepática na, 329 colocação de cateter para, 614-615, 617-618 combinada com alimentação enteral, 614 complicações da, 618-620,615q, 619q composição de nutrientes da, 591 considerações globais, 621 definição de, 612 diabetes melito e, 617, 617q domiciliar, 615, 615q hepatotoxicidade da, 2565-2566
hipercalcemia na, 360 monitoração da, 617-618, 618q necessidades de vitamina na, 617, 617q para DII, 2492, 2493f Nutrição parenteral total. Ver Nutrição parenteral Nutriente(s), 588 digestão e absorção de, 2461 microbiota intestinal e absorção de, 532,2402 NYHA (New York Heart Asssociation), classificação da doença cardiovascular, 1817, 1818q, 1902q, 2000q
0 O b e s id a d e
adiposidade central na, 54,1993 anamnese voltada para, 629 apneia do sono e, 628 avaliação da, 622, 629 cálculos biliares na, 628 câncer e, 628-629 cardiopatia isquêmica e, 2007 carga global da, 16 condicionamento físico e, 631 condições comórbidas, 1992q, 1993, 1996 contraceptivos orais e, 3039 definição da, 614q, 622 diabetes melito e, 582, 628, 63lq disfunção erétil na, 375 dispnéia na, 279 distúrbios gastrintestinais e, 63 lq distúrbios genitourinários e, 631q distúrbios neurológicos e, 631q distúrbios ósseos e articulares e, 629, 631q distúrbios reprodutivos e, 628, 3036 distúrbios respiratórios e, 628,63lq doença cardiovascular e, 628, 63 lq, 1816,1962-1963, e31-lq, e31-2 doença coronal arterial e, 1991 doença hepática e, 628 doença renal e, 2293 efeitos do metabolismo das lipoproteínas na, 3155 em mulheres, 51f, 54 etiologia da, 624-627 consumo de alimentos na, 627 craniofaringioma na, 627 distúrbios hipotalâmicos na, 627 fatores genéticos vs. ambientais na, 627 gasto energético na, 627 hipotireoidismo na, 627 insulinoma na, 627 leptina na, 626f, 627 síndrome de Cushing na, 627 síndromes genéticas, 627 gravidez e, 59 hipertensão e, 628, 631q, 2042 hipogonadismo hipogonadotrópico e, 3018 índice de massa corporal na, 614q induzida por fármacos, 629 manifestações cutâneas da, 629, 63 lq na síndrome metabólica, 1992q, 1993,1996 osteoartrite e, 2832 parte superior do corpo, 54 prevalência da, 622 síndromes genéticas, 486 tratamento da, 632 cirurgia bariátrica, 635-636,635f disposição do paciente para m udar e, 631-632 farmacoterapia, 634-635 mela do, 632-633 modificação do estilo de vida, 633 programa de exercícios, 634 seleção e, 632f, 633q
ÍNDICE 1 -1 1 2
terapia comportamental, 634 tratamento dietético, 633 triagem e avaliação da, 2874q trombose na, 462q valores de fimção pulmonar na, 2093, 2093f viajem em altitude elevada e, e51-5 Obrigações fiduciárias, e5-2 Obstrução biliar CPRE na, 2412f, 2418 deficiência de vitamina K na, 603 maligna, 2268-2269 Obstrução colônica achados endoscópicos na, 2417-2418, 2418f, 2419f dados de mortalidade, 2515 diagnóstico de, 112 dor abdominal na, 108, 11 lq náusea e vômitos na, 301. Ver também Obstrução intestinal tratamento da, 2515 Obstrução da saída para defecação, 317 Obstrução da tuba auditiva, 253 Obstrução da veia cava superior, 294 Obstrução da via de saída do ventrículo direito na comunicação interventricular, 1923 na estenose pulmonar, 1926 na tetralogia de Fallot, 1926 Obstrução das vias respiratórias dispnéia na, 278q em infecções profundas da garganta, 266-267 no câncer, 2273, 2273f Obstrução do colo da bexiga, 2299 Obstrução do dueto pancreático, 314 Obstrução do trato urinário diagnóstico da, 335q, 2398, 2398f diurese após, 2399 etiologia da, 2396, 2396q fisiopatologia da, 2396-2397, 2397q hiperpotassemia na, 357 hipovolemia na, 343 lesão renal aguda e, 337,2299, 2299f manifestações clínicas da, 335q, 2396-2397 no câncer, 2268 prognóstico da, 2399 TC na, 2398 tratamento da, 2398 Obstrução dos duetos salivares, 274 Obstrução exofágica, 2416-2417, 24q7f Obstrução gastrintestinal. Ver Obstrução intestinal Obstrução intestinal, 2513 achados endoscópicos na, 2416-2418, 2417-2419f achados físicos na, 2514 acidose láctica na, 366 aguda, 2513 “alça fechada”, 2514 avaliação laboratorial da, 366 classificação da, 2513-2514 dados de mortalidade, 2515 diagnóstico diferencial, 108,110 do intestino delgado, 2515-2516 dor abdominal na, 2514 etiologia da, 2513-2514 exames radiográficos na, 2514-2515, 2515f fisiopatologia da, 2514 íleo adinâmico, 2515-2516 manifestações clínicas da, 2514 mecânica, 2514 na fibrose cística, 2149 náusea e vômitos na, 301,302 no câncer, 2268 obstrução colônica, 2516 tratamento da, 2515-2516 tumefação abdominal na, 330, 2514 vômitos na, 2514
Obstrução linfática adquirida, 314 edema e, 292 pós-mucosa, 314 Obstrução pilórica, 2445 Oca sadia, el2-3f seca. Ver Xerostomia Ochrobactrum anthropi, 1235 Ocitocina, 2902f, 2904 Oclusão aórtica, 2064-2065 Oclusão da artéria mesentérica superior, 108, 301 Oclusão da artéria retiniana, 230f, 231 Oclusão da artéria retiniana central, 230-231, 230f Oclusão da veia retiniana, 231,231 f Oclusão da veia retiniana central, 230f, 231 Oclusão de ramo da veia retiniana, 231 Octreotida na assistência terminal, 74 para acromegalia, 2895 para diarréia relacionada com quimioterapia, 709 para náusea e vômitos, 303q, 304 para osteomalacia oncogene, 830 para sangramento varicoso, 320-321, 2599 para síndrome carcinoide, 316 para SZE, 2456 Óculos de Frenzel, 179 Odinofagia, 297, 300, 305, 764, 2427, 2436 Office of Research on Womeris Health (NIH), 50 Ofloxacino, para doença inflamatória pélvica, 1105 para hanseníase, 1365 para infecção por C. trachomatis, 1426 Oftalmia dos neonatos, 1223,1226q Oftalmomiíase, 3579 Oftalmopatia associada a tireoide, citocinas na, 2923 de Graves, 236,2923, 2924f, 2927, 3506 diabética. Ver Retinopatia Diabética Oftalmopatia de Graves, 236, 2923, 2924f, 2927, 3506 Oftalmoplegia causas neuromusculares de, 3487, 3488q externa progressiva. Ver Oftalmoplegia externa progressiva internuclear, 239-240, 240f Oftalmoplegia externa progressiva, 3503 com fibras vermelhas anfractuosas, 3503 diagnóstico diferencial da, 3483 fatores genéticos na, 501q, 3503 manifestações clínicas da, 3503 perda da audição na, 252 Oftalmoplegia externa progressiva crônica, 237 manifestações clínicas da, el8-6, el86q mutação do DNA mitocondrial na, el8-6q Oka. Ver Vacina contra varicela Olanzapina, efeitos adversos da, 3544q overdose!intoxicação com, e50-9q a 50-10q para delirium, 77, 77q para esquizofrenia, 3543, 3544q para náusea, 73 Oleandro amarelo, 356 Óleo de rícino (ácido ricinoleico), 312 Óleo mineral, absorção de vitamina A e, 601
Olfato. Ver Distúrbios do olfato; sistema olfatório Olho seco (ceratoconjuntivite seca), 229, 2766 Olho(s). Ver também Distúrbios oculares alinhamento dos, 226 dolorosos, 228-230 lesão dos na exposição à agentes neurais, 1784 na exposição ao gás mostarda, 1781-1782,1782f mancha “vermelho cereja” nos, e417f melanoma do, 236,236f movimentos dos, 224 na avaliação da tontura, 178 no coma, 2250f, 2251 seca. (ceratoconjuntivite seca), 229, 2766 secos. Ver Olho seco (ceratoconjuntivite seca), tumores do, 236 vermelhos, 228-230 Olhos “na direção errada”, 2251 “Olhos de boneca”, 2251 Oligodendroglioma, 3386-3387 Oligomenorreia, 384, 3054 Oligômero(s), 3231-3232 Oligúria definição da, 338 na sepse/choque séptico, 2227 no choque, 2196 Olsalazina, para DII, 2489,2490q Omacetaxina, 917q Omalizumabe efeitos adversos, 2684 para asma, 212, 2114 para rinite alérgica, 2684 Ombro “congelado”, 2861-2862 dor no, 105, 141,2823-2824,2823f Ombro congelado, 2861-2862 Omentectomia, no câncer ovariano, 811 Omeprazol ação do, 2448 formulações 2448 metabolismo do, 36q, 43,45 na erradicação do H. pylori, 1265, 2449q, 2450 para doença ulcerosa péptica, 320, 2447q, 2448 para DRGE, 306 variações genéticas na reposta ao, 42q Onchocerca volvulus!oncocercose características do parasito, 1745q, 1748 diagnóstico de, 1749, e25-3q, e25-5, e25-6q etiologia da, 1748 manifestações clínicas da cutâneas, 410,1067, 1749, 1749f linfonodos, 1749 oculares, 229 oncocercomas, 1749 sistêmicas, 1749 prevenção da, 1750 Oncogene AKT1, 665q Oncogene AKT2, 665q Oncogene BRAF, 665q, 672, 676 Oncogene C-MYC, 665q Oncogene CTNNB1, 665q Oncogene erb2, 542, 665, 665q, 759 Oncogene FOS, 665q Oncogene HRAS, 665q Oncogene JUN, 665q Oncogene K-ras, 665q, 672 Oncogene L-MYC, 665q Oncogene MYB, 665q Oncogene N-MYC, 665q Oncogene NRAS, 665q Oncogene REL, 665q
Oncogene WNT1, 665q Oncogene(s) ativação de, 664-666, 670f definição de, 664-665, 672 em cânceres humanos, 664-665 em neoplasias malignas linfoides, 923q no câncer de pulmão, 740, 740q no câncer de tireoide, 2934-2936 vias de sinalização, 628f Oncologia, 689, 692 Onda c-vel3-5 Onda delta, 1889 Onda Q características da, 1832 no infarto do miocárdio, 1836-1837, 1837f, e28-4f, e28-8f Onda R, 1832 Onda S, 1832 Onda T, 1834,1860, 1864 O ndaT alternante, 1891f Onda U, 1834 Ondansetrona para náusea, 74,125 para náusea e vômitos, 303q, 304, 653, 709 Onfalocele, 513q Onicólise, 403, 434 Onicomadese, 434 Onicomicose, 401, 1652, 1670, 1670q Online Mendelian Inheritance in Man, 486, 487q Ooforectomia para câncer de mama, 761q profilática, 658-659, 757 Oogonias, 3028, 3028f Opacidade em vidro moído na pneumonite de hipersensibilidade, 2118,2118f na SDRA, e34-10f no câncer de pulmão, 738,748 relacionada com bleomicina, 839 OPC-67683, 1378 Opioide(s). Ver também Uso abusivo/ dependência de opioides abstinência dos, 3555 ação dos, 97 ações iniciais dos, 3572q, 3528f administração de, controlada pelo paciente, 99 intratecal, 99 intravenoso, 97 combinações de inibidores da COX, 75 efeitos adversos dos, 73, 2835q, 3552 delirium, 199,199q depressão respiratória, 97 náusea e vômitos, 302 tratamento dos, 99 efeitos sistêmicos tos, 3554 endógenos, 96 farmacologia dos, 3553-3554 mais comumente usados de modo abusivo, 3552-3553 neurobiologia dos, 3553, 3553q overdose/intoxicação com, 35543555, e50-15q para dispnéia, 75 para dor, 72-73, 97-98, 98q para dor lombar, 137 para envenenamentos por animais marinhos, 3572 para enxaqueca, 118q, 120 para geladura, 169 para osteoartrite, 2835q, 2836 síndrome das pernas inquietas, 218 toxicidade dos, 3554 Opisthorchis! opistorquíase, 1757-1758, 1757q Oprelvequina (IL-11), 709 Opsoclono, 241 Opsonização, 1010 Órbita, 236-237
Orbivirus, 1617q, 1621 OrCel, 553q Orelha. Ver também Perda auditiva anatomia da, 248f fisiologia das, 248 infecções de, aurícula vs. policondrite recidivante, 2805 celulite auricular, 258 otite externa, 258-259,1269, 1270q, 1658 otite média. Ver Otite média pericondrite, 258 Orelha de nadador (otite externa), 2592 6 0 ,1269q, 1270-1271 Orexina, 214, 220, 244 Orf, 1064 Orfenadrina, overdose!intoxicação com, e50-9q a 50-10q, e50-12q Organização Mundial da Saúde, 9,89 Organofosforados, 310, 3465q, e5 0 -llq Órgão de Corti, 248,248f Orgasmo cefaleias associadas ao, 127 distúrbio orgásmico feminino, 379 Orientação e supervisão sobre o controle de infecções da, 1112-1113 Orientação espacial, 207-208, 207f Orientação genética, 523 Orientia tsutsugamushi, 1413. Ver também Tifo rural Oritavancina, 1187 Orlistate efeitos adversos do, 634 interações medicamentosas do, 603 para perda de peso, 634 O rnitina descarboxilase, e26-3 Orquiectomia para câncer de próstata, 704, 802-803 para câncer testicular, 806 profilática, 659 Orquite na infecção da caxumba, 1608 Orthomyxoviridae, 1493. Ver também Vírus influenza Ortodeoxia, na síndrome hepatopulmonar, 2524 Ortopneia, 279, 1904 “Oscilações oculares”, 2251 Oscilopsia, 178, 240 Oseltamivir ação do, 1442 efeitos adversos do, 1442,1497 farmacologia da, 1443 para faringite, 264 para infecções em paciente com câncer, 72lq para profilaxia da influenza, 1443q, 1498q, 1499 para tratamento da influenza, 72lq, 1125,1143, 1143q, 1498q resistência ao, 1446 OSM, 266lf Osmois efetivos, 2287 Osmolalidade, 341 Osmoles ineficazes, 341 Osmólitos, 347 Osmorreceptores, 341, 2287, 2287f Osmorregulação, 2287, 2287f, 2907f OspA, 1401 OspC, 1401 Osquiopexia, 805 Ossificação ectópica, 3143q, 3144 extraesquelética, 3143-3144,3143q Ossificação ectópica, 3143q, 3144 Osso componentes extracelulares do, 3082 displasia do, 3140 estrutura do, 3082 fase mineral do, 3082 lamelar, 3083 metabolismo do, 3082
microarquitetura do, 3134,4134f mineralização inadequada do, 3094 novo, 3083 osteoblastos no, 3082, 3083f, 3084f osteoclastos no, 3082-3083, 3083f, 3084f reabsorção do, 3122, 3123f remodelamento do, 3084,3084f, 3121-3122, 3122f renovação do, 3108-3109 reticular, 3083 Osso lamelar, 3083 Osso reticulado, 3083 Osso temporal fratura do, 250 TC do, 254 Osteíte fibrosa, após paratireoidectomia, 3119 Osteíte fibrose cística, 2313,3102 Osteoartrite, 2828 articulações afetadas pela, 2829-2830 condrócitos na, 2829-2830, 2830f considerações globais, 2831 da mão, 2828, 2829f definição da, 2829 diagnóstico da, 2828, 2833-2834, 2833f do dedo do pé, 2832f do joelho, 2832 dor cervical na, 140 dor lombar na, 135 dor na, 2833 dor oral na, 269 falha dos mecanismos protetores articulares na, 2829-2830, 2830f fatores de risco para, 2828-2829 fatores genéticos na, 2831 IL-1 na, 2830, 2830f incapacidade associada à, 2828 manifestações clínicas da, 2833 na acromegalia, 2852 obesidade e, 629,2832 patologia da, 2832-2833, 2832f prevalência da, 2828-2829 tratamento da, 283-2836, 2835q AINEs, 2835-2836, 2835q cirurgia, 2836 correção do desalinhamento, exercício, 3824 farmacoterapia, 2835-2836,2835q inibidores da COX-2, 2835q, 2836 injeções intra-articulares, 2835q, 2836 paracetamol, 2835, 2835q regeneração da cartilagem, 2836 sem farmacoterapia, 2834 uso das articulações e, 2828, 2829f Osteoartropatia, hipertrófica. Ver Osteoartopatia hipertrófica Osteoartropatia hipertrófica da, 290, 2856 baqueteamento e, 2856-2858, 2856f, 2858q diagnóstico da, 2858 distúrbios associados à, 2857-2858, 2858q fisiopatologia da, 2857 manifestações clínicas da, 2857-2858, 2858q tratamento da, 2858 Osteoblasto(s), 3082, 3083f, 3084f, 3137f Osteoblastoma, 827q Osteocarcinoma, 665q Osteocito(s), 3082 Osteoclasto(s), 3082-3083, 3083f, 3084f, 3137f Osteocondrodisplasias, 3143 Osteocondroma, 819 Osteocondromatose, 3143 Osteodistrofia, renal, 3109 Osteodistrofia hereditária de Albright, 489, 499 Osteodistrofia renal, 336, 3109
Osteogênese, 820 Osteogênese imperfeita, 3207 classificação da, 3207, 3207q defeitos moleculares na, 3208 dentinogênese na, 3208 diagnóstico da, 3208-3209 efeitos esqueléticos da, 3207-3208 fatores genéticos na, 497,498 incidência da, 3207 manifestações oculares da, 3208 otosclerose na, 249 perda da audição na, 3208 tratamento da, 599, 3209 Osteomalacia, axial, 3141 deficiência de vitamina D e, 3094 diagnóstico da, 3094-3095 hiperparatireoidismo secundário e, 3109 hipofosfatemia e, 3094 na doença renal crônica, 2313 oncogênica (induzida por tumor), 827q, 830 Osteomalacia axial, 3141 Osteomielite, 1071 abordagem ao paciente, 1072-1073 abscesso do psoas na, 1082 actinomicótica, 1327, 1327f anaeróbia, 107 lq, 1336, 1339 B. dermatitidis, 1647 Brucella, 1297 classificação da, 1071 complicações da, 1075 da base do crânio, 260 diagnóstico da, 1073 enterocócica, 1183 epidemiologia da, 1072 etiologia da, 1071-1072,1071q exame de imagem na, 1073 febre na, 159 manifestações clínicas da, 1073 Nocardia, 1325q P. aeruginosa, 1269q, 1270 patogenia da, 1072 por infecções de feridas por mordedura, e24-1 prevenção da, 1075 prognóstico da, 1075 aureus, 1071-1072,1071q S. Salmonella, 1279 tratamento da, 1073-1075,1141, 1170, 2987 vertebral, 135,1072,1163-1164, 1164f, 1270 Osteonecrose da mandíbula, 275, 841, 3131 na DII, 2488 na infecção pelo HIV, 1554 oral, el24-4f Osteopenia, 3121f Osteopetrose, 3139-3140 achados laboratoriais na, 3140 etiologia da, 3139-3140 fatores genéticos na, 3139-3140 manifestações clínicas da, 3140 radiografia da, 3140 tipos de, 3139 tratamento da, 3140 Osteopoiquilose, 3141 Osteopontina, 540, 2305q Osteoporose, 3120 abordagem ao paciente, 3126-3217, 3216q artrite reumatoide e, 2740-2741 biópsia óssea na, 3126 definição da, 3120 dieta e, 592 doenças associadas a, 3124, 3124q dor lombar na, 136 em mulheres, 54 epidemiologia da, 3120-3121,3120f, 3121 f, 3121q exames laboratoriais da, 3126
fisiopatologia da, 3121-3125,3122f, 3123f, 3124q atividade física na, 3124 cálcio nutricional na, 3122-3123 deficiência de vitamina D na, 3122 doença crônica na, 3124, 3124q estado estrogênico na, 3123-3124, 3123f medicações na, 3124-3125, 3124q remodelamento da, 3121-3122, 3122f tabagismo na, 3125 fratura vertebral na, 136 fraturas associadas a, 3120. Ver também Fraturas e locais específicos induzida por glicocorticoides, 3135 induzida por heparina, 995 marcadores bioquímicos na, 31263127, 3126q medida da massa óssea na, 31253126, 3125f, 3125q na infecção pelo HIV, 1554 prednisona e, 2747 prevenção da, 584, 3041,3042q prevenção de fraturas na, 3129-3130, 3130f tratamento da, 136, 3127 ácido zoledrônico, 3131 alendronato, 3131 bifosfonatos, 3130-3131, 3132f, 3133f calcitonina, 3131 denosumabe, 3131, 3133, 3133f estrogênios, 3129-3130, 3130f etidronato, 3131 exercício, 3129 fluoreto, 3134 GH, 3134 ibrandonato, 3131 magnésio, 3129 manejo das fraturas, 3127 monitoração do, 3135 MSRE, 3130 não farmacológico, 3134-3135 progestinas, 3130 PTH, 3133-3134, 3134f recomendações nutricionais, 3127-3129, 3128q redução dos fatores de risco, 3127, 3128f risedronato, 3131 suplementação de cálcio, 31273129, 3128q vitamina D, 3129 vitamina K, 3129 triagem para, 29, 30q, 585, 2875q Osteoprotegerina, 681, 901, 3122, 3123f Osteosclerose, 136,901, 3141 Osteossarcoma, 268,665q, 819 Otite externa, 259, 1269q, 1270,1658 Otite média, 260 abscesso cerebral associado a, 3429 aguda, 260-261q, 1157 anaeróbia, 1334 C. auris, 1192 crônica, 262 H. influenzae, 260-261, 1229 manifestações clínicas da, 260,1157 na influenza, 1497 no câncer nasofaríngeo, 734 perda da audição na, 248-249 recorrente, 261 serosa, 261-262 tratamento da, 260-261, 261q, 1158 Otosclerose, 249, 252 Otoscopia, 249 Ouriço do mar, 3572 Ovalocitose, resistência à malária e, 1691 Ovalocitose do sudeste da Ásia, 876, 876q
Ovário. Ver também Câncer de ovário desenvolvimento do, 3 0 2 8 , 3028f, 3029f doença metastática para, 811 teratoma do, 502, 812, 834f, 835 tumores de cordões sexuais do, 812 Oxacilina efeitos adversos da, 352 indicações para, 1144q para celulite, 1070q para endocardite infecciosa, 1058q para infecções de feridas por queimaduras, para infecções estafilocócicas, 1169q para osteomielite, 1074q resistência à, 1144q Oxaliplatina açâo da, 701 dose de, 697q efeitos adversos da, 697q, 701, 774, 2272 para câncer colorretal, 774 para câncer pancreático, 789 Oxalose biópsia renal na, el4-9f primária, 2841 secundária, 2841 Oxalose primária, 2841 Oxalose secundária, 2841 Oxamniquina classe de gravidez da, 1689q efeitos adversos da, 1680q, e26-6 farmacologia da, e26-6 Oxazepam farmacologia do, 3533q overdose!intoxicação com, e50-12q para sedação após infarto do miocárdio, 2029 para transtorno de ansiedade generalizada, 3533q Oxibutinina para enurese noturna, 221 para espasticidade do detrusor, 3376 Oxicarbazepina, efeitos adversos da, 3265q, 3540q farmacologia da, 3265q, 3540q overdose!intoxicação com, e50-12q para crises focais, 3262 para dor, 73, 98q para epilepsia, 3265q para neuralgia do trigêmeo, 3361 para transtorno bipolar, 3540q, 3541 Oxicodona para dispnéia, 75q para dor, 98q Óxido de etileno, efeitos adversos do, 3465q Óxido nítrico na asma, 2160,2109 na deglutição, 298 na integridade da mucosa gástrica, 2440 no choque, 2216, 2218 no ingurgitamento do clitóris, 379 nos vasos sanguíneos, 1799,1802 para teste de reatividade a vasos dilatadores pulmonares, 2077 Óxido nítrico sintase. Ver Óxido nítrico sintase endotelial Óxido nítrico sintase endotelial (eNOS) na cirrose, 331 na função vascular, 1830q, 1984 Óxido nitroso efeitos adversos do, 856 inalação do, deficiência de cobalamina na, 869 para crise falciforme dolorosa, 859 Óxidos de nitrogênio, como agentes de terrorismo químico, 1780q Oxifembutazona, 967q
Oxigenação por membrana extracorpórea, 2208, 2208q, 2213 Oxigênio concentração arterial, 222q concentração plasmática, 222q concentração venosa, 2222q para edema pulmonar de altitude elevada, e51-4 transporte no sangue, 852 Oxigenoterapia hiperbárico. Ver Terapia por oxigênio hiperbárico para acidose respiratória, 372 para anemia falciforme, 856 para choque hipovolêmico, 2221 para dispnéia, 75, 280 para DPOC, 2158, 2159 para edema pulmonar, 2237 para hiponatremia, 349 para hipotermia, 167 para infarto do miocárdio, 2025 para infecção por vírus parainfluenza, 1491 Oxi-hemoglobina, 852,853f Oximetria de pulso na avaliação da doença respiratória, 2093 na monitoração do paciente em estado critico, 2201-2202 Oxiúros. Ver Enterobius vermicularis! Enterobíase
P pl6INK4a, 542 p70S6K, 676f, 682 PA 824, 1378 PACE (Program for Ali Inclusive Care of the Elderly), 583 Paciente expectativas do, 7-8 experiência hospitalar do, 6 princípios de assistência ao paciente, 3-5 uso da internet pelo, 7 Paciente cirúrgico asma no, 2115 avaliação pré-operatória do, 62 avaliação do risco cardíaco, 63-64, 63f, 63q, 64f avaliação do risco pulmonar, 65-66, 65q estado funcional, 63q paciente de risco intermediário a alto, 62-66 para anestesia, 62-63 questionário pré-operatório, 62q diabetes melito no, 66 estratégias de modificação dos riscos perioperatórios, agentes antiplaquetários orais, 65 antagonistas b-adrenérgicos, 65 bloqueadores dos canais de cálcio, 65 estatinas, 65 inibidores da ECA, 65 pulmonar, 65-66,66q revascularizaçâo coronariana, 64-65 perda de sangue no, 886 profilaxia contra TEV, 66 profilaxia da endocardite infecciosa no, 66 Paciente de UTI. Ver Paciente em estado crítico Paciente em estado crítico anemia no, 2203 avaliação da gravidade da doença, 2196, 2197q choque no, 2196 colestase no, 329 controle glicêmico no, 2203
distúrbios neurológicos no, 2203-2204, 2254q abordagem ao paciente, 2255-2257 exames complementares, 22552256 insultos cerebrais secundários, 2257 monitoração da PIC, 2256, 2256f tratamento da PIC elevada, 2256-2257, 2257q acidente vascular encefálico. Ver Acidente vascular encefálico avaliação respiratória no, 22602261 coma. VêrComa delirium, 196, 201, 2203,2259 distúrbios de transmissão neuromuscular, 2261 doença de Wernicke, 2260, 2260f encefalopalia associada a sepse, 2259 encefalopatia hipóxica-isquêmica, 2203, 2257-2259, 2258f encefalopatias metabólicas, 2259 estado epiléptico, 2204, 2259 fisiopatologia dos, 2254-2254 cascata isquêmica e lesão celular, 2254-2255 edema cerebral, 2254 LCS e pressão intracraniana, 2255,2255f perfusão cerebral e autorregulação, 2255,2255f hemorragia subaracnóidea. Ver Hemorragia subaracnóidea mielinólise pontina cerebral, 347, 2259, 2260f miopatia, 2261 morte cerebral, 2204 neuropatia, 2228, 2261, 3460 sistema nervoso periférico, 2254q, 2260-2261 estado nutricional do, 2203 falência múltipla de órgãos no, 2201 fraqueza no, 2203 hipoglicemia no, 3003q, 3007 insuficiência respiratória no, 2198, 2199 lesão renal aguda no, 2203 monitoração do, 2201-2202 cateter de artéria pulmonar, 2202 estado circulatório, 2202 mecânica do sistema respiratório, 2201-2202, 2202f oximetria de pulso, 2201 prevenção das complicações, 22022203 recusa/retirada de cuidados do, 2204 sepse no, 2202-2203 suporte nutricional especializado, 614 TVP no, 2203. Ver também Trombose venosa profunda (TVP) úlceras de estresse no, 2203 Paciente imunocomprometido. Ver também Receptor de transplante actinomicose no, 1329 adenovírus no, 1491-1492 câncer de pele no, 443 diarréia no, 310,314,1087 imunização no, 1037-1038 infecção de feridas por mordedura no, e24-l infecção por HRSV, 1488 infecção por rinovírus, 1486 infecções por Candida no, 402 práticas sexuais do, 722 sinusite no, 257 uso de antibióticos no, 1141
Paciente incompetente assistência terminal do, 79 capacidade de avaliação para a tomada de decisões médicas, e5-2 escolha e papel de procuradores, e5-2 questões legais, e5-2 Paciente queimado acidose respiratória no, 372 azotemia no, 336 complicações no, e23-l. Ver também Infecções de feridas por queimaduras hipocalcemia no, 362 hipotermia no, 165 hipovolemia no, 343 lesão renal aguda no, 2297 Paciente terminal, 67 assistência durante as últimas horas, 81-82, 83q assistência fútil, 80, e5-l avaliação contínua de metas, 69-70 avaliação do, 68-70 cargas financeiras, 78 com câncer, 654 comunicação de más notícias ao, 6869, 69q, e5-l controle dos estágios finais, 79-80 delirium no, 199q, 200 depressão no, 76 dispnéia no, e5-3 dor no, e5-3 eutanásia e suicídio assistido pelo médico, 80-81, 80q evolução clínica, 82f necessidades existenciais e seu manejo, 79 necessidades sociais e seu controle, 78-79 planejamento de cuidados avançados, 70, 71q questões éticas, e5-3 questões pessoais do, 78 sintomas físicos e seu tratamento, 71, 72q anorexia, 83q apneia, 83q constipação, 73-74, 74q delirium, 83q desidratação, 83q disfagia, 83q dispnéia, 74-75, 75q dor, 72-73 fadiga, 75-76, 83q incontinência, 83q náusea e vômitos, 74 sintomas psicológicos e seu tratamento, 72q, 76 delirium, 7 7 ,77q depressão, 76-77 insônia, 78 suspensão/retirada das intervenções médicas, 79-80 Paclitex ação do, 704 dose de, 700q efeitos adversos do, 700q, 704 cutâneos, 437 distúrbios ungueais, 434 neurológicos, 2272, 3463q reação hipersensibilidade, 2277 em stents com liberação de fármaco, 2037 para câncer de bexiga, 792 para câncer de cabeça e pescoço, 735 para câncer de mama, 760,762 para câncer de ovário, 811 para câncer de pulmão, 749q, 750q para câncer testicular, 809 para carcinoma de tumor primário desconhecido, 824 para melanoma, 729 pré-medicação para, 704
Pacotes de emergência, 1778 Padrão “Crazypaving\ 2124, 2124f Padrão de "árvore em botão”, 2143, e34-12f Padrões de prática, tomada de decisão clínica e, 21-22 Padrões moleculares associados à patógenos (PMAP), 1017, 2651 pág. 486 PAI-1. Ver Inibidor do ativador do plasminogênio Países de baixa renda e de renda média demografia dos expectativa de vida, 557q indicadores de envelhecimento da população, 557q população com + 60 anos de idade, 558, 558f população com + 80 anos de idade, 558, 559q desafios de saúde nos carga da doença, 10-12, lOf, 1 lq, 12q, 561-562, 561f, 561q, el-2, el-2f desempenho do sistema de saúde, e l-4 ,e l-4 f estratificação social, el-4 HIV/Aids, 12-13,1516-1517, 1516f mortalidade infantil, el-2 a el-3, e l-3f vieses na pesquisa, el-4 tratamento primário nos, el-1 experiências com, el-6 a el-8 oportunidades a desenvolver, el-8 revitalização dos, el-5 a el-6 viagem para problemas de saúde depois, 1048, 1049-1050f, 1501q problemas de saúde durante, 1042, 1042f Palato, inflamado, e l2 -lf Palifermina para mucosite, 709 Palilalia, 203 Palinopia, 3287 Paliperidona, 3543, 3544f Palivizumabe para HRSV, 1125,1489 Palonosetrona, para náusea e vômitos, 709 Palpação do abdome, 111 do baço, 468 Pálpebras distúrbios das, 228, 237 Palpitações, 295 abordagem ao paciente, 295-296 etiologia das, 295 na arritmia, 1864 na fibrilação atrial, 1881 na taquiarritmia, 1878 tratamento das, 296 2-PAM CI(cloreto de 2-pralidoxima), para exposição a agentes neurais, 1785f, 1785q, 1786 Pamidronato para doença de Page do osso, 3139, 3139q para doença óssea metastática, 820 para dor óssea, 73 para hipercalcemia, 361,828, 3111 q, 3112 para mieloma múltiplo, 942 Pamoato de pirantel efeitos adversos do, 1681q farmacologia do, e26-7 indicações para, 168 lq para ancilostomíase, 1741 para ascaridíase, 1740 Pan American Sanitary Bureau, 9 Panarício herpético, 1457, 1461q, 1558
Pancitopenia diagnóstico diferencial da, 887, 887q Pâncreas anular, 2648 autoproteção do, 2364 biópsia do, 2630q, 2633 efeitos do álcool sobre, 3548 volume de líquido e conteúdo de eletrólitos do, 616q Pâncreas anular, 2648 Pâncreas bífido, 2648 Pancreatectomia, para pancreatite crônica, 2646 Pancreaticoduodenectomia para câncer da ampola de Vater, 785 para câncer pancreático, 787 para colangiocarcinoma, 784 Pancreatite. Ver também Pancreatite aguda; Pancreatite crônica achados endoscópicos na, 2424 ascite na, 332, 333, 2639f, 2643 autoimune, 2644-2646, 2644q, 2645f, 2646q azotemia na, 336 cálculo biliar, 2418 coledocolidíase e, 2625 derrames pleurais na, 2640f, 2643 diagnóstico da, 112 diagnóstico diferencial da, 2637-2639 hereditária, 2646 hipocalcemia na, 362 intersticial, 2635 má absorção de cobalamina na, 867q, 868 marcadores tumorais na, 652q na caxumba, 1609 náusea e vômitos na, 301,302 pós-CPRE, 2635, 2635q suporte nutricional especializado na, 614, 615q Pancreatite aguda, 2634 abordagem ao paciente, 2629 acidemia na, 2636 ativação das enzimas pancreáticas na, 2636 avaliação laboratorial da, 2636-2637, 2637q complicações da, 2637q, 2639-2643, 2638, 2639f, 2642q CPRE na, 2639f, 2640 diagnóstico da, 2629-2630q, 26372639, 2637q, 2639f, 2640f dor abdominal na, 110,11 lq, 2636 em alcoolistas, 2635, 2635q etiologia da, 2635-2636, 2635q evolução da, 2369 exames de imagem na, 2638f, 26402641,2639f fatores genéticos na, 2636 grave, 2638f, 2639, 2640 hiperbilirrubinemia na, 2637 hiperglicemia na, 2637 hipertrigliceridemia na, 2637 hipocalcemia na, 2637, 3113 hipovolemia na, 343 hipoxemia na, 2637 incidência da, 2635 lesão renal aguda na, 2297 leucocitose na, 2636-2637 leve, 2639 na infecção pelo HIV, 1553, 26422643 necrosante, 1079, 2635, 2638f, e36-lV patogenia da, 2635-2636,2635q recorrente, 2641 relacionada a fármacos, 1574,26352636, 2635q tratamento da, 2640-2641, 2638f Pancreatite crônica, 2643 abordagem ao paciente, 2629,263lf absorção de cobalamina na, e37-l, e37-lq
complicações da, 2646, 2646q diagnóstico da, 2629-2630q, 2645 diarréia na, 314 etiologia da, 2643-2644, 2643q exame de imagem da, 2645-2646, 2645f fisiopatologia da, 2643, 2643q icterícia na, 329 incidência da, 2629 manifestações clínicas da, 2645-2646, 2656f tratamento da, 2646, 2647q USE da, 2630q, 2632-2633, 2633q Pancreatite por cálculos biliares, 2418 Pancurônio efeitos adversos do, 2261 para síndrome neuroléptica maligna, 147 PANDAS (distúrbios neropsiquiátricos autoimunes pediátricos associados a infecção estreptocócica), 2754 Pan-encefalite esclerosante subaguda, 3428 rubéola progressiva, 3428 Panencefalite esclerosante subaguda (PEES), 1602-1603, 3428 Panencefalite progressiva da rubéola, 3428 Pangenoma, 527q Paniculite, 417q, 419 Paniculite septal. Ver Eritema nodoso Panitumumabe ação da, 677q, 705f, 711 efeitos adversos do, 774 para câncer colorretal, 677q, 774 variações genéticas na resposta ao, 42 q, 44 Pantoprazol para doença ulcerosa péptica, 2447q, 2448 para DRGE, 306 Pan-uveite, 229 PAP (proteinose alveolar pulmonar), 2168 Papaína, para envenenamentos por animais marinhos, 3571 Papilas dérmicas, 798,1064f Papilas em “calçada de paralelepípedos, 228 Papiledema 232-233, 233f, 246 Papilomavírus humano (HPV) estrutura do, 1481 expressão gênica e regulação no, 1435,1481 tipos de, 813,1481 transformação neoplásica do, 673 Pápula, 148, 389q Pápula, 148, 389q, 390f. Ver também Lesões cutâneas papulonodulares Pápulas pré-tibiais pigmentadas, no diabetes melito, 2988 Papulose linfomatoide, 935 Paquidermoperiostite, 2857 Paquidermoperiostose, 3142-3143 PAR. Ver Pneumonia associada ao respirador (PAR) PARI (receptor de ativação da protease 1), 984 para encefalite viral, 3425, PDIC. Ver Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica (PDIC) para infecções por Candida, 2 6 4 ,1654q indicações para, 1639 para mucormicose, 1663q Para obstrução de “alça fechada”, 2514 Parabacteroides distasonis, 1332 Paracentese, 332, 333, 653 Paracetamol (acetaminofeno) efeitos adversos do acidose láctica, 366 hepatotoxicidade, 48, 328, 2560q, 2561-2563, 2563f
nefrotoxicidade, 97 trombocitopenia, 967q interações medicamentosas do, 2835q metabolismo do, 532,2561 overdose/intoxicação por, 2563, 2563f para dor, 72, 97, 98q para dor lombar, 136,137 para enxaqueca, 118q, 119 para estenose da coluna, 134 para febre, 146,147 para influenza, 1498 para osteoartrite, 2835, 2835q Paracetamol-ácido acetilsalicílicocafeína, para enxaqueca, 118q, 119 Paracoccidioidomicose, 160,1665-1666, 1666q Parada cardíaca, 2238,2239q ambulatorial, 2243 causas estruturais da, 2239, 2240q fatores contribuintes funcionais na, 2239, 2240q hipotérmica, 166-167 inicio da transição clínica, 2242 manifestações clínicas da, 2242 mecanismos elétricos da, 2239 morte após reanimação bemsucedida, 2243 no hospital, 2243 prevenção da, 2241-2242, 2242f previsão da, 2241-2242, 2242f primária, 2243 probabilidade de reanimação bemsucedida, 2242-2243 prognóstico da, 2242-2243 progressão para morte biológica,2243 queixas prodrômicas, 2242 secundária, 2243 tratamento da, 2243-2245, 2244f cuidados pós-reanimação, 2245 desfibrilação externa automatizada, 2243-2244 resposta inicial, 2243 suporte avançado de vida, 22442245 suporte básico de vida, 2243 tratamento de longo prazo dos sobreviventes, 2245 Parada pré-sináptica, 3480 Parada sinusal, 1869 Parafasia, 203 Paraganglioma definição do, 2962 fatores genéticos no, 827 feocromocitoma e, 2965, 2966f hipertensão na, 2051 locais topográficos, 2962, 2962f triagem genética para o, 2965, 2967, 2967f Paragonimus spp. (trematódeos pulmonares), 285, 1757q, 1758, e25-2q, e25-5q Paralisia, 181 de Todd, 3252 do sono, 216q, 220 edema na, 294 língua, 3365 na exposição à agentes neurais, 1786 na raiva, 1614 periódica. Ver Paralisia periódica Paralisia cerebral, 193 Paralisia da língua, 3365 Paralisia de Bell, 3362 avaliação laboratorial da, 3363, 3363f diagnóstico diferencial, 3362-3363 distúrbios do paladar na, 245 dor oral na, 274 etiologia da, 1456 fisiopatologia da, 3362 incidência da, 3362 manifestações clínicas da, 3362
Ovário. Ver também Câncer £ desenvolvimento do, 303029f £• doença metastátir » 2. o teratoma do, 5fo 2 ”vo ^8 tumores de g o5 Oxacilina ^ 2 ^ efeitos £ o" ind^
manifestações clínicas, 3504q Paralisia periódica hiperpotassêmica (PPHiperp), 357, 3504q, 3505-3506 Paralisia periódica hipopotassêmica (PPHipoP), 352, 3504-3505, 3505f, 3505q Paralisia periódica tireotóxica, 352, el5-7 Paralisia pseudobulbar, 182 Paralisia supranuclear progressiva, 3311 distúrbios da marcha na, 193 distúrbios do equilíbrio na, 195 doença de Parkinson e, 3311 parkinsonismo e, 3319 quedas na, 195 Paralisia(s) de Bell. Ver Paralisia de Bell de nervo craniano. Ver Paralisias de nervos cranianos Paralisias de nervos cranianos múltiplas, 3365, 3365f no botulismo, 1201 Paramiotonia congênita, 3490, 3504q, 3506 Paramyxoviridae caxumba. Ver Caxumba metapneumovírus humano, 1490. Ver também Infecções pelo metapneumovírus humano (HMPV) sarampo. Ver Sarampo Paraparesia, 184-185 Paraparesia espástica tropical. Ver Infecções pelo vírus linfotrópico de células T humanas I (HTLV-I) Paraplegia espástica, familiar, 193, 3374q, 3350-3351, 3375 Paraplegia espástica familiar, 3347q, 3350-3351,3375 Paraplegia(s), espástica familiar, 3347q, 3350-3351, 3375 Parapoxivírus, 1477q, 1478 1477q, 1478 Paraproteinemia, 461. Ver também Distúrbios de plasmócitos Parapsoríase, 405, 405q Parasitismo hepatobiliar, 2627 Parasito(s) aderência do(s), 1014q, 1015-1016 entrada do hospedeiro, 1013 identificação laboratorial dos, e25-l, e25-2f métodos moleculares, e25-7-8, e25-7q parasitos intestinais, e25-l, e25-2q a e25-5q parasitos sanguíneos e teciduais, e25-3, e25-5, e25-6q testes inespecíficos, e25-5 invasão tecidual por, 1021 no microbioma humano, 531 Parasitos intracelulares, 481f Parassonia, 221 Paratireoidectomia, 3119 Paratonia, 182 Paratormônio (PTH), 3096 ação do, 360, 360f, 3096 ação do PTHrP e, 3098, 3098f
1-116
deficiência do, 361-362 estrutura do, 3096, 3098f excesso de, 360 fisiologia do, 3096 imunorreativo no hiperparatireoidismo primário, 3103,3104f metabolismo do, 3097 modo de ação do, 3134, 3134f no tratamento/prevenção da osteoporose, 3133-3134, 3134f jrodução ectópica do, 361, 826, 827q ecreção do, 3097 íntese do, 3096-3097 opa, para doença de Parkinson, 3324q Parede celular, bacteriana, fármacos que inibem a síntese de, 1133, 1134q, 1135f Parede torácica anormalidade da, restrição ventilatória devido a, 2093,2184, 2184f complacência da, 2088,2202 curvas de pressão-volume da, 2087f distúrbios da, 102q, 278 traumatismo da, el3-2 Parede vascular, 965 distúrbios herdados da, 973 distúrbios metabólicos e inflamatórios da, 972-973 Paresia, 181,1383 Paresia do músculo oblíquo superior, 186 Paresia do nervo abducente, 238 Paresia do nervo oculomotor, 225 Parestesia, 186,2476q Parkinsonismo atípico, 3318-3319, 3320q da parte inferior do corpo, 193 distúrbios da marcha no, 192q, 193 distúrbios que apresentam, 33333334 induzidos por fármacos, 3333 secundário, 3318-3319,3320 Paromomicina classe de gravidez da, 1680q efeitos adversos da, 1676q, 1680q, 1712, e26-6 farmacologia da, e26-6 indicações para, 1676q, 1680q, para amebíase, 1686,1686q para infecções por D. fragilis, 1734 para infecções por Giardia, 1731 para infecções por Leishmania, 1712, 1715 Paroníquia, 402 Candida, 1652 induzida por fármacos, 434 P. aeruginosa, 1271 Paroníquia, herpética, 1064 Parotidite bacteriana aguda, 274 diagnóstico diferencial da, 1609 na infecção da caxumba, 1608,1608f Paroxetina dose de, 353lq efeitos adversos da, 629,353lq interações medicamentosas da, 41 metabolismo da, 36q para depressão, 7 6 ,651,3531q para ondas de calor, 841 para síndrome do intestino irritável, 2500 para transtorno do pânico, 3530 Pars Planite, 229 Partícula(s) semelhante(s) a vírus, 531 Partículas de nêutron (n), 1788 Parúlia, 268 Parvovírus, 1435-1436,1478 Passageiro de cruzeiro, 310 Pastilhas de gliconato de zinco, 604 Patient Health Questionnaire-2, em veteranos de guerra, e48-4, e48-5q
Patiente Self-Determination Act, e5-2 Patogênese microbiana, 1013,2678 crescimento após a entrada, 1016 entrada e aderência, 1013-1016 esquiva das defesas do hospedeiro, 1016-1019, 1017f, 1018f invasão tecidual, 1019,1020 lesão tecidual e doença, 1021-1023 receptores do hospedeiro, 1015q, 1016 resposta do hospedeiro, 1022-1023, 2678 transmissão a novos hospedeiros, 1023 tropismo tecidual, 1021 Patologia anexial, dor pélvica na, 388 Pausa sinusal, 1869, 1869f Pavilhão da orelha. Ver Orelha Pavor noturno, 221 PCP. Ver Fenciclidina (PCP) PCR. Ver Reação em cadeia da polimerase (PCR) /;-cresol, 532 PDGF. Ver Fator de crescimento derivado das plaquetas (PDGF) PDIA (polineuropatia desmielinizante inflamatória aguda), 3473,3474 Pé caído, na hanseníase, 1363 Pé da trincheira (pé de imersão), 169 Pé de imersão (da trincheira), 169 Pé diabético, 2987 fatores de risco para, 2987 infecções no, 2988 prevalência do, 2987 prevenção do, 2987 tratamento do, 2987-2988, e52-4q, e52-6 Pé plano, na síndrome de Ehlers-Danlos, 3209 PEAT (potenciais evocados auditivos de tronco encefálico), 253-254, e45-3 Pectorilóquia sussurrada, 2085 Pediculicidas, 3578 Pediculose, 3578 Pediculus humanus (piolho do corpo), 3578. Ver também tifo epidêmico (transmitido por piolho) Pedidos de não reanimação (DNR), 80,e5-3 Pedômetro, 634 PEEP (pressão expiratória final positiva) na SDRA, 2207-2208 PEES (panencefalite esclerosante subaguda), 1602-1603, 3428 Pefloxacino, efeitos adversos do, 433 PEG IFN-a2a. Ver interferon-a2a peguilada (PEG IFN-a2a) PEG IFN-a2b. Ver interferon-ot2b peguilada (PEG IFN-a2b) para infecção crônica por HBV, 1445q, 1451-1452 para infecção crônica por HCV Pegfilgrastim, 707, 708q Peixe, intoxicação não bacteriana por, 3574-3576 Pelagra considerações globais, 3468 “em luva”, e41-lf fatores de risco para, 598 manifestações clínicas da, 594q, 598, 609q, 3313-3314 manifestações cutâneas da, 413 tratamento da, 598, 3468 Pele alterações relacionadas com a idade na, 442 bronzeamento da, 441 classificação de Fitzpatrick, 441, 442q com lesão actínica, 409 componentes estruturais na, 1064, 1064f cor da, 441 exame completo da, 661q, 663
na cianose, 288 no exame do sistema cardiovascular óptica cutânea e cromóforos, 441 reações à radiação ultravioleta, 440 Pele em casca de laranja, 1175 Peliose bacilar, 1317q, 1318-1319 Pelo ciclo de crescimento do, 380 distúrbios induzidos por fármacos, 434 terminal, 380 velo, 380 Pelve, doença de Paget da, e41 -3f Pelve renal, carcinoma de, 792 Pemetrexede ação do, 703 dose de, 699q efeitos adversos do, 699q, 703 para câncer de pulmão, 750q, 751, 752, 753 Pemolina, para depressão, 76 Penalidades, por mal desempenho, 88 Penciclovir ação do, 1449 farmacologia do, 1449-1450 para infecções por HSV, 2 6 4 ,1444q, 1450,1461q Penetrância, 520 Penetrância incompleta, 499 Pênfigo, 414q bolhoso, 414, 414q eosinofilia no, 481 induzido por fármacos, 433 paraneoplásico, 414,414q, 424q, 426 Pênfigo foliáceo, 425 histologia do, 424q imunopatologia do, 424q, 426, 2676q induzido por fármaco, 426 manifestações clínicas do, 424q, 425426 Pênfigo vulgar, 424 associação ao gene HLA, 2693, 2693q diagnóstico do, 425 histologia do, 424q imunopatologia do, 424q, 425,2676q manifestações clínicas do, 424-425, 424q, 425f, el6-14f manifestações orais do, 269, 27lq tratamento do, 425 Penfigoide, bolhoso, 426 histologia do, 424q, 426 imunopatologia do, 424q, 426-427 manifestações clínicas do, 424q, 426, 426f, el6-14f tratamento do, 427 cicatricial, 414q, 424q, 428 da membrana mucosa, 269, 27lq, gestacional, 414q Penfigoide gestacional, 424q, 427 a-Penicilamina, para esclerose sistêmica, 2768 D-Penicilamina efeitos adversos da cutâneos, 400,418, 426, 433 deficiência de zinco, 604 miopatia, 3508-3509, 3508q neuropatia óptica, 232 pirodoxina e, 599 para cistinúria, 3220 para doença de Wilson, 3289, 3189q, 3190 Penicilina benzatina para faringite, 264, 264q, 1173q para treponematoses endêmicas, 1391 Penicilina G, para difteria, 1191 para doença de Lemierre, 265 para faringite, 2 6 4 ,1173q para febre recidivante, 1400f para infecções estafilocócicas, 1196q
farmacologia da, e26-7 para doença do sono, 1721,1721q para PPc, 1673q Pentastomíase, 3579 Pentazocina, 101 Pentoxifilina para cirrose alcoólica, 2594 para claudicação intermitente, 2068 para hepatite alcoólica, 2591, 2591f Pentraxinas, 2654q Penumbra, 2255 Penumbra isquêmica, 3271 Peptídio atrial natriurético (PNA) ação do, 2282f, 2286, 2287f no câncer de pulmão, 743 no edema, 292 no hipoaldosteronismo hiporrerrinêmico, 357 Peptídio infundibular tubular de 39 resíduos (TIP39), 3098 Peptídio inibitório gástrico, produção ectópica de, 827q, 829 Peptídio intestinal vasoativo (VIP) na deglutição, 298 na secreção de prolactina, 2887 produção ectópica do, 827q Peptídio natriurético cerebral na amiloidose, 946 na insuficiência cardíaca, 332 no choque, 2216 no edema, 292 no exame físico em, 2236 Peptídio natriurético tipo B, 106, 1906 Peptídio relacionado ao gene da calcitonina, 94 Peptídio relacionado ao paratormônio (PTHrP), 2867 Peptídio relacionado com aguti, 623, 625q, 626f Peptídio relacionado com o PTH, 360 Peptídio YY, 623 Peptídio(s) antimicrobiano(s), 2650, 2651, 2654q ovariano(s), 3031 Peptídios antimicrobianos, 2650,2651, 2654q Peptídios ovarianos, 3031 Peptidomas intestinais vasoativos (VIPomas). Ver VIPomas (peptidomas intestinais vasoativos) Pequeno duplo, 665 Peramivir, para influenza, 1125,1446, 1497 Percepção do Quorum, 1290 Percevejos, 3582 Percevejos reduviídeos, 1958,3582 Percussão do baço, 469 do tórax, 2085-2086 Perda alélica, 768 Perda auditiva, 248 abordagem ao paciente, 249f, 252 avaliação audiológica da, 30q, 253 causas genéticas da, 251-252, de condução, 248-250 defeitos dos canais iônicos como causa de, 3225q exames de imagem na, 254 induzida por fármaco, 250 induzida por ruído, 253,255 mista, 250 na caxumba, 1309 na osteogênese imperfeita, 3208 neurossensorial, 250 por barotrauma, e52-7 prevenção da, 255 respostas evocadas na, 253-254 tratamento da, 254-255 Perda da heterozigosidade no DNA tumoral, 667, 667f Perda de água, 588 insensível, 343 renal, 340
Perda de calor, 143,165 Perda de peso formação de cálculos de colesterol relacionada com, 2618 formação de lama biliar relacionada com, 2618 involuntária. Ver Perda de peso involuntária pancreatite autoimune e, 2644 para distúrbios das lipoproteínas, 3158 para hipertensão, 2054q para síndrome metabólica, 1996 para tratamento da obesidade. Ver Obesidade, tratamento da Perda de peso involuntária, 641 avaliação da, 642-643,643q etiologia da, 642, 642q infecção pelo HIV, 1564 nas síndromes de má absorção, 2476q no câncer, 653 no idoso, 581, 641 significado da, 641 tratamento da, 643 Perda de sal cerebral, 345 Perda óssea prevenção da, 3127. Ver também Osteoporose, tratamento transplante e, 3124 Perda renal de fosfato, 2366 Perda visual crônica, 234-236 factícia, 234 induzida por quimioterapia, 3394q transitória ou súbita, 230-234 Perfenazina, 354q Perfil lipídico, 1987 Perfringolisina, 1207 Perfuração esofágica, 2436 Pergolida efeitos adversos da, 2073 overdose/intoxicação com, e50-9q Periapendicite, 1104 Periarterite nodosa, 481 Pericárdio calcificação do, 1849, 1849f, e29-5f cistos do, 1978 estrutura e função do, 1971 metástases para, 2267-2268 tumores do, 1978 Pericardiocentese, 1974 Pericardite aguda ECG na, 1971,1973f, 28-7f, e28-8f ecocardiografía na, 1971,1973f manifestações clínicas da, 1971, 2000, 2022, 2033 radiografia de tórax na, 1973f RM na, e29-3f viral/idiopática, 1974-1975 anaeróbia, 1337 após lesão cardíaca, 1975 atrito pericárdico no, 1830, 1971 classificação da, 1972q constritiva bulhas cardíacas na, 1976 calcificada, e29-5f diagnóstico diferencial da, 19761978,1977q dispnéia na, 279 ECG na, 1799q, 1976 ecocardiografía na, 1976,1977q fisiopatologia da, 1976 fluxo mitral e tricúspide na, 1974f manifestações clínicas da, 1976, 1977q pressão do pulso na, 1976 RM na, 1977f TC na, e29-5f tratamento da, 1978 derrame pericárdico na, 1793f, 1971 diagnóstico diferencial da, 1975 disfunção do nó SA na, 1868,1868q
dor abdominal na, 109, 11 lq dor torácica na, 102q, 104,1971 enteroviral, 1596 induzida por radiação, 692, 838, 1975, 2267 LES e, 1975, 2729-2730, 2731q na doença neoplásica, 1975 na doença renal crônica, 1975, 2315 na doença vascular do colágeno, 1975 na influenza, 1497 no infarto do miocárdio, 2033 piogênica (purulenta), 1975 porNocárdia, 1323 Subaguda, efusivo-constritiva, 1978 tamponamento cardíaco na. Ver Tamponamento cardíaco tuberculosa, 1348-1349 Pericitos, 1798,1798f Pericondrite, 259 Peri-hepatite (síndrome de Fitz-HughCurtis), 1104,1424-1425 Perimenopausa, 3040 definição da, 3040 diagnóstico de, 3040, 3040f fisiologia da, 3040, 3040f manifestações clínicas da, 3040 transição para a menopausa, 3041 tratamento da, 3040-3041 Perímetro, direcionado pelo computador, 226,227f, 234 Período pós-operatório lesão nasal aguda no, 2297 suporte nutricional especializado, 614 Período pós-parto depressão no, 54 hemorragia no, 460 infecções no, 60 tireoidite no, 2929 TVP no, 58 Periodonto, 267 Periostite, no câncer de pulmão 743 Peristalse, 297-298 Peritonite, 1076, 2518 aguda, 2518 anaeróbia, 1335 ascite na, 1335 asséptica, 2519 azotemia na, 336 bacteriana, 333, 1076-1078,26002601 diagnóstico da, 1077,1077f dor abdominal na, 108,111,11 lq, 1076 em receptor de transplante, 1126q, 1130 etiologia da, 1076, 2518-2519, 2519q fisiopatologia da, 1076 hipovolemia na, 343 manifestações clínicas da, 1076-1078, 2519 marcadores tumorais na, 652q na diálise peritoneal, 1078,2326 prevenção da, 1077 primária, 1076-1077, 2518 prognóstico da, 2519 recidiva da, 1077 secundária, 1077-1078,2518 tratamento da, 1077,1078, 2519 tuberculosa, 1348 Perlèche, 392f, 402 Permetrina para escabiose, 3577 para pediculose, 3578 Permutador de calor de contracorrente acoplado em linha, 167 Pernas arqueadas, 2824 Perniose (frieira), 169, 2073 Peróxido de benzoíla, para acne vulgar, 404 Peróxido de hidrogênio (H20 2), no endotélio, 1799
ÍNDICE
para infecções pneumocócicas, 1157, 1158 para infecções por Streptococcus do grupo B, 60,1178 para meningite, 3414q, 3416 para neurossífilis, 1387, 1387q para sífilis, 1386, 1387q Penicilina V, para difteria, 1191 Penicilina(s) absorção da(s), 1139 açãoda(s), 1133,1134q ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q classificação da(s), 1136q efeitos adversos anemia hemolítica, 48 crise convulsiva, 3257q cutâneos, imunológicos, 432,435, 436 dessensibilização, 438 disfunção plaquetária, 971 distúrbios do equilíbrio acidobásico, 370 eosinofilia, 481 eritema multiforme, 152q eritema nodoso, 155q, 419 eritrodermia, 406 exantemas 415 hipopotassemia, 352 necrólise epidérmica, 414 neutropenia, 476 pênfigo, 426 urticária, 158 indicações para, 1144q índices farmacodinâmicos da(s), 1141q interações medicamentosas da(s), 47 para actinomicose, 1329,1330q para angina de Ludwig, 265 para angina de Vincent, 264 para antraz, 1771 para colonização assintomática da faringe por GAS, 1174 para doença de Lemierre, 265 para endocardite infecciosa, 1058q, 1059-1060 para erisipela, 1173q para faringite, 264, 264q, 1173q para fasciite necrosante, 1025q, 1173q para febre reumática, 2754 para gangrena gasosa, 1070q para infecções anaeróbias, 1338 para infecções de feridas por mordedura, e24-3, e24-3q para infecções enterocócicas, 1184q para infecções por GAS, 1173q para laringite, 265 para leptospirose, 1396q para meningococemia, 1025q, 1173q para mionecrose por clostrídios, 1025q para osteomielite, 1074q para pneumonia, 1173q para síndrome do choque tóxico, 1173qq para tétano, 1199 resistência a, 1137, 1144q, 1221,2134 resistente(s) à Th-lactamase, 1136q sensível(is) à Th-lactamase, 1136q vias de administração da(s), 1136q Pensamento abstrato, avaliação do, 3236 Pentamidina aerossolizada, para profilaxia da PPc, 1144q, 1673q classe de gravidez da, 1680q efeitos adversos da, 1673q, 1680q, 1721 disfunção do nó SA, 1868q distúrbios do equilíbrio ácidobásico, 369 hiperpotassemia, 357, sl5-2 hipovolemia, 343 nefrotoxicidade, 2298
1 -1 1 7
PERRLA (pupilas iguais, redondas e reativas à luz e acomodação), 225 Persistência do dueto arterioso fisiopatologia da, 1924 manifestações clínicas da, 1924 sopro na, 1829, el3-2f tratamento da, 1924 Persistência hereditária da hemoglobina fetal, 853, 854q, 860 Pertactina, 1241,1242 Perturbação, do sistema biológico, el9 Pesadelos, 221 Pesagem sob a água, 622 Peso, 608 durante a vida, 573f ponto de ajuste do, 627 regulação do, 622-623, 641-642 risco de doença e, 631 q Pesquisa médico engajado em, 8 tendências na, efeitos globais, el-4 PESS (potenciais evocados somatosensoriais), e45-3 a e45-4 Peste. Ver também Yersinia pestis bubônica, 1307,1307f, 1773 características globais da, 1305-1306, 1306f definições de casos de, 1309f diagnóstico da, 1308-1309,1309f, 1772q, e22-9 epidemiologia da, 1305 faringite, 1308 manifestações clínicas da, 1772q, 1773 meníngea, 1308 patogenia da, 1306-1307 pneumônica, 1307-1308, 1308f, 1772q prevenção da, 1310-1311,1310q, 1772q, 1773 resistente a múltiplos fármacos, 1773 septicêmica, 1027,1307,1773 tratamento da, 1309-1310, 13lOq, 1772q, 1773q PET. Ver Tomografia por emissão de pósitrons (PET) Petéquias. Ver também Púrpura etiologia da, 1215q na anemia, 449 na meningococemia, 1027 patogenia das, 421 Petidoglicano, 1018f, 1019, 1133, 2224 PEV (potenciais evocados visuais) PF-4 (fator plaquetário 4), 967, 993, 2662q PFA-100,462, 464 P-glicoproteína, 34-35, 36q, 38, 39f, 681 pH arterial, 363 esofágico, 306 PH-739358, 917q Phlebotomus papatasi, 1620 Phlebovirus, 1617, 1617q, 1621 PHP. Ver Pseudo-hipoparatireoidismo (PHP) PBP, 1343 PIA. Ver Porfiria intermitente aguda (PIA) PIC. Ver Pressão intracraniana (PIC) Picada de abelha, 3581 Picada de abelhas, 3581 Picada de Agkistrodon piscivorus, 3569q. Ver também Picadas de serpentes Picada de aranha, 419, 3579 Picada de aranha marrom, 3579 Picada de aranha viúva-negra, 3580 Picada de aranha-reclusa, 3579 Picada de Arilus cristatus, 3582 Picada de barbeiro, 3582 Picada de cascavel, 3566, 3566f, 3569q, 3571. Ver também Picadas de serpentes Picada de cobra venenosa, 3569q, 3571. Ver também Picadas de serpentes
Picada de himenópteros, 3581 Picada de mosca, 3582 Picada de percevejo assassino, 3582 Picada de serpente coral, 3569-3570q, 3571. Ver também Picadas de serpentes Picada de víbora de Russell, 3567, 3567f, 3571. Ver também picadas de serpentes Picadas de artrópodes, 3576 Picadas de centopeia, 3582 Picadas de dípteros, 3582 Picadas de hemípteros, 3582 Picadas de répteis. Ver Picadas de serpentes Picadas de serpentes infecções de feridas, e24-2, e24-3q venenosas, 3566 conduta de campo nas, 3567 epidemiologia das, 3566 fontes de informações, 3573-3574 identificação da serpente, 3566 manifestações clínicas das, 35663567, 3566f, 3567f morbidade e mortalidade das, 3571 questões globais, 3571 tratamento hospitalar das, 35673570,3569-35570f Picadas de serpentes venenosas, 3566, 3569q Picadas/dermatite por lagartas, 3583 Picadas/ferroadas de insetos, 39lq, 417q, 419, 425-426, 3582 Picnodisostose, 3140 Picobirnavírus, 1589f, 1593 Picornaviridae rinovírus, 1485. Ver também Infecções por rinovírus vírus sincicial respiratório humano. Ver também Infecções pelo vírus sincicial respiratório humano (HRSV) Piebaldismo, 410, 41 lq Pielonefrite. Ver também Infecções do trato urinário (ITU) actinomicótica, 1328 biópsia renal na, el4-9f definição da, 2388 enfisematosa, 2390, 2390f epidemiologia da, 2388 fatores de risco para, 2388 Aí. hominis, 1419 manifestações clínicas da, 2390, 2390f na gravidez, 60 prognóstico da, 2395 tratamento da, 2394 xantogranulomatosa, 2390,2390f Pigmentação ocronótica, e41-7f Pigmentação por metais pesados, 272q Pili bacteriano, 1013,1014q de E. coli, 1014,1015f de enterococos, 1181 de N. gonorrhoeae, 1220 de P. aeruginosa, 1266q, 1267 de S. pneumoniae, 1151,1152f tipo IV, 1014, 1021 Pilocarpina efeitos adversos da, 226 no diagnóstico de pupila tônica, 226 overdose/intoxicação com, e50-l 1 para glaucoma de ângulo fechado agudo, 230 para xerostomia, 274 Pimozida, para infestações fictícias, 3583 Pindolol para cardiopatia isquêmica, 2009q para overdose/intoxicação com, e50lOq Pinecrolimo para dermatite atópica, 395-396, 406q Pinguécula, 228 Pinta (azul), 1389q, 1390-1391f
Pioderma gangrenoso diagnóstico diferencial do, 420 manifestações clínicas do, 422, el616f na DII, 2487 Piodermite vegetante, na DII, 2487 Pioglitazona ação da, 2998 efeitos adversos da, 2998 para diabetes melito, 2996q, 2998 Piolho. Ver Piolhos Piolho do corpo, 3578 Piolho púbico, 3578 Piolhos infestação de, 3578 na febre recidivante. Ver Febre recidivante no tifo epidêmico. Ver Tifo epidêmico (transmitido por piolho) Piolhos da cabeça, 3578, 3578f Piolhos púbicos, 3578 Piomiosite, 1068-1069,1164 Piostomatite vegetante, na DII, 2487 Piperacilina ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q efeitos adversos da trombocitopenia, 967q para febre de origem obscura, 164 para infecções de feridas por queimaduras, e23-3 para otite externa, 260 resistência à, 1137 vias de administração, 1136q Piperacilina-sulbactam, para choque séptico, 1025q Piperacilina-tazobactam indicações para, 1144q para actinomicose, 1330q para infecções anaeróbias, 1339q para infecções por P. aeruginosa, 1269q, 2135q para peritonite, 1076 para pneumonia associada a tratamento médico, 2139q para sepse/choque séptico, 2229q resistência à, 1144q, 1338 Piperazina classe de gravidez da, 1680q efeitos adversos da, 1680q farmacologia da, e26-7 Pirâmide alimentar, 592, 633 Pirâmide de Guia de Alimentos, 589 Pirâmide do guia alimentar, 592, 593, 593q, 633 Pirazinamida ação da, 1375 dose de, 1375 efeitos adversos da, 1354, 1375-1376 farmacologia da, 1375 para infecção da tuberculose latente, 1358q para meningite tuberculosa, 3426 para tuberculose, 1352q, 1372q, 1373q, 1375 resistência à, 1376 variações genéticas na resposta à, 42q Piretrinas, para infestação por piolhos, 3578 Piridostigmina para hipotensão ortostática, 174 para miastenia gravis, 3484 para náusea e vômitos, 303q, 304 Piridoxina (vitamina Bs), 598 deficiência de aterosclerose na, e31-2 manifestações clínicas da, 594q neuropatia na, 3468 nível dietético associado à, 594q, 599, 609q em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q estrutura da, 596f
fontes dietéticas de, 598-599 funções da, 596f, 598 ingestão recomendada de, 590q interações medicamentosas da, 1374 para acidose induzida por álcool, 367, el5-10 para doença gastrintestinal, 2408 para eritema acral, 437 para hiperoxalúria, 2386 para intoxicação por isoniazida, e5014q para meningite tuberculosa, 3426 para náusea e vômitos na gravidez, 304 para profilaxia da TB na infecção pelo HIV toxicidade da, 599, 609q, 3462-3463, 3465q valores de referência para, 3599q Pirimetamina classe de gravidez da, 1678q efeitos adversos da, 403,1678q, 1700q, 1705, e26-8 farmacologia da, 1700q, e26-7 a e268
interações medicamentosas, 1678q para infecção por I. belli, 1732 para malária, 1699q, 1700q para profilaxia da PPc, 1544q, 1673q para profilaxia da toxoplasmose, 1544q, 1545q, 1728 para toxoplasmose, 1728, 3431 resistência à, 1705 PIRO (disfunção orgânica de prédisposição-resposta à infecção), 2223q, 2230 Pirógenos, 144 Pirose, 305. Ver também Doença por refluxo gastroesofágico (DRGE) na doença esofágica, 2427 na doença gastrintestinal, 2404, 2404q Pirose. Ver Deficiência de A-Pirrolina-5carboxilato sintase Piroxicam efeitos adversos do, 426,433, 445q interações medicamentosas do, 47 para hemicrania paroxística, 124 para prevenção do câncer colorretal, 657 Piruvato ferredoxina oxidorredutase, e26-6 Piúria, 339 Pivmecilinam para cistite, 2393q para infecções por Shigella, 1284q Pizotifeno, para prevenção da enxaqueca, 121q Placa (lesão cutânea), 148, 389q Placa aterosclerótica. Ver Aterosclerose, placa na dentária, 267-268, 1333, el2-4f neurítica, na doença de Alzheimer, 3306, 3306f Placa de crescimento, mineralização inadequada da, 3094 promotor do gene GSTP2, 796 Placa de Hollenhorst, 230, 230f Placa de metáfase, 513 Placa na entrada do esôfago, 2430 Placa neurítica, na doença de Alzheimer, 3306, 3306f Placas amarelas, 3378 Placas amiloides, 575 Placas de Peyer, 1274 Planejamento antecipado da assistência, 70, 71q, 654 Plano de Ação Global contra a Malária, 14-15 Plano de ação para prevenção das infecções associadas a cuidados médicos, 1113 Plano de compensação salarial, 22
Plasmodium falciparum
alterações eritrocitárias causadas pelo, 1691 características do, 1688,1689q, e27iq
distribuição geográfica do, 1689 identificação laboratorial do, 1696, 1696f, 1697f, 1698q, e27-2f, e27-3f interações ligante-receptor do, 1014q, 1691 sensibilidade à temperatura do, 1691 Plasmodium knowlesi
característica do, 1688 distribuição geográfica do, 1690 identificação laboratorial do, e25-f Plasmodium malariae
característica do, 1688,1689q, e27-lq distribuição geográfica do, 1689 identificação laboratorial do, e27-3f, e27-4f Plasmodium ovale
características do, 1689q, e27-lq distribuição geográfica do, 1690 identificação laboratorial do, 1697f, e27-3f, e27-4f Plasmodium spp. Ver também Malária características de, 1690f, e27-l, e37iq
entrada do hospedeiro, 1013
identificação laboratorial de achados sanguíneos, 1696,1698q ciclo de transmissão, 1023,1689f demonstração do parasito, 16951696,1696f, 1697f, 1698q, e254q, e25-6q, e27-lf a e27-4f resistência a fármacos, 1690f, 1702, 1702f, 1705 resposta do hospedeiro para, 1691 1692 Plasmodium vivax
características do, 1689q, e27-lq distribuição geográfica do, 1689 identificação laboratorial do, 1696, 1697f, e27-2f, e27-3f interações ligante-receptor do, 1014q, 1015 receptores do hospedeiro para, 952, 1688 sensibilidade à temperatura do, 1691 Plasticidade do desenvolvimento, 2293 Platibasia, 3137 Platipneia, 259, 2524 Pleconaria para enterovírus, 721q, 1125 para infecções em paciente com câncer, 72lq para meningite viral, 3420 Pleistophora spp., 1732 Plerixafor, 959 Pletismografia corporal, 2091 “Pletóricos azulados”, 2156 Pleurite dor abdominal na, 110 dor torácica na, 102q, 103q, 104 Pleurodinia (doença de Bornhom), 1596 Plexo braquial anatomia do, 3470-3471f lesão do, dor no pescoço, 141 Plexo mioentérico, 308 Plexo submucoso, 308 Plexopatia, 3470-3472, 3472f, 3472q avaliação e tratamento da, 3472 braquial, 3470-3471, 3471f, e44-30f a 44-31f induzida por radiação, 3472 perioperatória, 3471 Plexopatia braquial imunologicamente mediada, 141, 3470 neoplásica, 837, 3470-3741 neuroimagem na, e44-30f a e44-31f Plexopatia lombossacral, 3471, 347lf, 3472f, 3472q Plicamicina para hipercalcemia, 3112 PLTP (preoteína de transferência de fosfolipídios), 3148 PLX4032, para melanoma, 730 PMAP (padrões moleculares associados à patógenos), 1017, 2651 PML-RARA, 913 PMN. Ver Leucócitos polimorfonucleares (PMN) PNA. Ver Peptídio natriurético atrial (PNA) Pneumatose intestinal, 227 Pneumoconiose dos mineiros de carvão, 2125 Pneumocytisjiroveci, 1671. Ver também Pneumonia por pneumocytis (PPc) Pneumolisina, 1151,1152f Pneumomediastino, 2182 Pneumonectomia, para câncer de pulmão, 747, 748 Pneumonia actinomicótica, 1327 adquirida na comunidade acompanhamento, 2136 complicações da, 2136 diagnóstico de, 2132-2133 epidemiologia da, 2132, 2132q etiologia da, 2131,213lq, 2133
fatores de risco para, 2132, 2132q IBP e, 2448 manifestações clínicas da, 2132 prevenção da, 2136 prognóstico da, 2136 radiografia de tórax na, 21322133 tratamento da antibióticos empíricos, 2134 ausência de melhora, 2136 considerações gerais, 2136 local de atendimento, 2133, 2134 adquirida no hospital, 2141 associada aos serviços de saúde, 1114-1115, 2130, 2130q, 2136-2137. Ver também pneumonia associada ao respirador bacteriana. Ver também Pneumonia, adquirida na comunidade A. baumanii, 1253 após influenza, 1164,1496 associada aos serviços de saúde, 1164, 2130, 2130q complicações da, 1156,1176 derrame parapneumônico na, 2179 diagnóstico de, 1156, 1156f, e34lOf F. tularensis, 1303 H. influenzae, 1229, 1496 incidência pré e pós-vacina, EUA, 1032q, K. pneumoniae, 1253 Legionella. Ver Infecções por Legionella spp. manifestações clínicas de, 11551156, 1176 na granulomatose com poliangiite, e40-2f na infecção pelo HIV, 1547. Ver também Pneumonia por Pneumocytis (PPc) Nocardia, 1323-1324,1323f, 1324f, 1325,e34-6f P. aeruginosa, 1268, 1268q, 1271 1272 razões de caso-fatalidade para, 1154 Salmonella, 1279 tratamento da, 1158, 1173q C. pneumoniae, 1430 C. psittaci, 1429 cianose na, 289 Coccidioides, 1644 definição de, 2130 delirium na, 199, 199q disfunção olfatória e, 244 dor abdominal na, 109, 110, 11 lq dor torácica na, 102q, 103q, 104 em organização criptogênica, 21662167 em paciente com câncer, 717-718, 717q, 2276 em paciente queimado, e23-3 em receptor de transplante, 1125, 1129 eosinofílica. Ver Pneumonia eosinofílica febre Q, 1415 fisiopatologia da, 2089, 2130-2131 hemoptise na, 285 intersticial. Ver Pneumonia Intersticial lactente, 1427q, 1428 M. pneumoniae, 1418 mortes por, 50q, 67q necrosante, 2144 patologia da, 2131 Pneumocystis. Ver Pneumonia Pneumocystis (PPc) por aspiração, anaeróbia, 1334 R. equi, 1193
tratamento da antibióticos empíricos, 2134-2135, 2135q d is p a rid a d e s r a c ia is /é tn ic a s na, e 4 - l , e 4 -2 f
local de assistência, 2133-2134 pneumocócica, 1158,1173q viral, 1485, 1486q adenovírus, 1491 CMV, 1473 HMPV, 1490 HRSV, 1489 parainfluenza, 1490-1491 viral e bacteriana mista, 1496 Pneumonia associada ao respirador (PAR) A. baumannii, 1259 acompanhamento, 2140 ausência de melhora, 2140 complicações da, 2140 diagnóstico da, 115-116, 2138-2139, 2139q epidemiologia da, 1114,2137 etiologia da, 2137, 2137q fatores de risco para, 1115 fisiopatologia da, 1115-1116,21372138,2213 manifestações clínicas da, 2138 MRSA, 2139, 2140 P. aeruginosa, 1268, 2139, 2140 prevenção da, 86, 1114q, 1115, 21402141 prognóstico da, 2140 tratamento da antibióticos empíricos, 2139-2140, 2139q esquemas específicos, 2140 resistência a antibióticos na, 2139 Pneumonia em organização criptogênica, 2166-2177 Pneumonia eosinofílica aguda, 2120 C. pseudotuberculosis, 1192 considerações globais, 2120-2121 crônica, 2120 etiologia da, 2119-2120, 2119q induzida por fármacos, 2120 síndrome de Loeffler, 481, 2120 síndrome hipereosinofílica na, 2120 Pneumonia intersticial aguda, 2166 descamativa, 2167 inespecífica, 1549, 2166, 2166f linfoide, 1549 na infecção pelo HIV, 1549 Pneumonia intersticial, linfocítica, 2169 Pneumonia intersticial descamativa, 2167 Pneumonia por Pneumocytis (PPc) coleta de escarro na, 2099 diagnóstico da, 1671, 1672f em paciente com câncer, 713,717, 717q, 718,722 em receptor de transplante, 962, 962q, 1123, 1126q, 1128,1130,1671, 2332 epidemiologia da, 1671 manifestações clínicas da, 1671, 1672f na infecção pelo HIV, 1544q, 1547, 1671,1672 patogenia da, 1671 prevenção da, 722 produção de ACTH ectópico e, 829 profilaxia para, 482, 892, 962q, 1544q, 1672-1673, 1673q prognóstico da, 1672 tratamento de, 1672,1673q Pneumonia redonda, 1156 Pneumonite de hipersensibilidade do trabalhador de laboratório, 2117q Pneumonite de hipersensibilidade por Streptoyces albus, 2227q
ÍNDICE
Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para Alívio da Aids, 1113 Plano de Emergência do Presidente para Alívio do Aids, 9 Plaqueta(s), 965 características da(s), 983 diferenciação hematopoiética da(s), 541f distúrbios da(s), 460q, 965, 970 função anormal da, 422 gigante(s), el7-l, el7-6f na hemostasia, 457 na inflamação, 984-985 na LMA, 908, 912 na trombose arterial, 983-984 níveis elevados de, 904 no choque, 2218 no esfregaço de sangue periférico, el7-l para trombocitopenia associada a quimioterapia, 708-709 transfusão de. Ver Transfusão de plaquetas valores de referência para, 3587q Plasma concentração de 0 2, 2222q fresco congelado. Ver Plasma fresco congelado rico em plaquetas, 952 Plasma fresco congelado, 952, 953q para coagulação intravascular disseminada, 980 para deficiência de fator XI, 977 para distúrbios da coagulação na doença hepática, 981 Plasma rico em plaquetas, 952 Plasmacitoma, 940-941, 940q Plasmaferése para miastenia gravis, 3485 para mieloma múltiplo, 942 para pênfigos vulgar, 425 para síndrome de Guillain-Barré, 3477 Plasmaférese para degeneração cerebelar, 836 para neuromiotonia, 837 para púrpura trombocitopênica trombótica, 970, 2380 para síndrome hemolítico-urêmica, 2380 Plasmina, 459,459f, 1001, lOOlf Plasminogênio, 459, 459f, 1001, lOOlf Plasmócito(s), el7-11f
1-119
Pneumonite do trabalhador da indústria de transformação da cortiça (suberose), 2117q, 2121 Pneumonite por hipersensibilidade, 2116 biópsia pulmonar na, 2118,2118f considerações globais, 2120-2121 diagnóstico da, 2118-2119, 2118f diagnóstico diferencial da, 2119 etiologia da, 2116,2117q manifestações clínicas da, 2116 patogenia da, 2116 radiografia de tórax na, 2118 TC na, 2118 tratamento da, 21109 Pneumonite por hipersensibilidade causada por Cephalosporium, 2117q Pneumonite por hipersensibilidade tipo verão japonês, 2117q Pneumonite por ventilação, 2117q Pneumopatia associada à citólise leucêmica, 2272 Pneumoperitôneo, 1077,1077f Pneumotórax dor torácica no, 103q, 104 espontâneo, 2181, 3212 exame de imagem do, e34-13f exame físico no, 105 hipertensivo, 2181,2221 no paciente com ventilação mecânica, 2213 secundário, 3212 traumático, 3212 Pneumotórax espontâneo, na síndrome de Marfan, 3212 PNSC (neuropatia sensorial e sensorimotora criptogênica), 3459 PNSD (polineuropatia sensorial e sensoriomotora simétrica distai diabética), 3457, 3458q Pobreza carga global da, 11 doença crônica e, 14 Podagra, com inflamação gotosa, e41-2f PODCRER, para a comunicação de más notícias, 68-69, 69q Podofilina efeitos adversos da, 3464q para verrugas, 403,1483q Podofilox, para verrugas, 1483q Podoviridae, no microbioma humano, 531 Poeira de carvão, 2123q Poeira de talco, 2125 Poeiras inorgânicas, 2123q, 2126 Poeiras orgânicas, 2123q, 2126 Poiquilcitose, 450, 471, 858, 880, el7-l Poiquilócitos, 846, el7-l Poiquilocitose infantil, 880 Poiquilodermia, 390q, 408, 409q, 429 Poiquilodermia atrófica vascular, 409q Poiquilotermia, 167 Poliangiite com granulomatose. Ver Granulomatose com poliangiite (de Wegener) microscópica. Ver Poliangiite microscópica Poliangiite microscópica, 2344, 2792. ANCA na, 2786 definição da, 2792 diagnóstico de, 2344,2793 histologia pulmonar na, e40-5f incidência da, 2792 manifestações clínicas da, 2793 patogenia da, 2792-2793 prevalência da, 2792 taxa de sobrevida, 2793 tratamento da, 2793 Poliarterite nodosa, 2794 arteriografia da, e40-3f biópsia de nervo sural na, e40-5f clássica, 2795
comprometimento ocular, 229 cutânea, 417q, 420 definição de, 2794 diagnóstico da, 2794 incidência de, 2794 manifestações clínicas da, 2794 manifestações cutâneas da, 422 patogenia da, 2794 prevalência da, 2794 taxa de sobrevida, 2794 tratamento da, 2794-2795 Poliartrite epidêmica (infecção pelo vírus Ross River), 1626-1627 Policistina-2, 2355 Policitemia, 456 como adaptação à hipoxia, 457f conduta para, 457f do fumante, 457 eritromelalgia na, 2073 espúria, 456 manifestações clínicas da, 456 secundária, 289 Policitemia vera, 456, 898, 898q anormalidades cromossômicas na, 898-899 complicações da, 899-900 diagnóstico da, 899 doença ulcerosa péptica e, 899 epidemiologia da, 898 eritrocitose na, 788 esplenomegalia na, 469, 899-900 etiologia da, 898-899 manifestações clínicas da, 899 prurido na, 899-900 tratamento da, 900 trombocitose na, 675q trombose na, 462q vs. cianose, 288 Policondrite, recidivante. Ver Policondrite recidivante Policondrite recidivante achados laboratoriais na, 2804 ANCA na, 2804 aneurisma aórtico na, 2061 aortite na, 2065 comprometimento articular na, 2803-2804 comprometimento laringotraqueobrônquico na, 2803q, 2804 comprometimento nasal na, 2803, 2803q, 2804f comprometimento ocular na, 229, 2803q, 2804 condrite auricular na, 1822, 2803, 2803q, 2804f diagnóstico da, 2804 diagnóstico diferencial da, 2804-2805 distúrbios associados à, 2802q doença renal na, 2804 evolução da, 2805 HLA-DR4 na, 2802 incidência da, 2802 lesões cutâneas na, 2804 manifestações clínicas da, 2803-2804, 2803q, 2804f nariz em cela na, 2803,2803q, 2803f patogenia da, 2802-2803 patologia da, 2802-2803 prognóstico da, 2805 regurgitação valvular cardíaca da, 2804 taxa de sobrevida, 2805 tratamento da, 2805 vasculite na, 2803q, 2804 Policromasia, el7-l, el7-3f Policromatofilia, el7-1, el7-3f Policronotropismo, 790 Polidipsia, 340 hiponatremia na, 348 iatrogênica, 2904 primária, 2904 psicogênica, 2904
Polidipsia primária, 2904 Polidipsia psicogênica, 2904 Poliestireno sulfonato de sódio efeitos adversos do, 359 para hiperpotassemia, 359 Polifarmácia, no idoso, 577 Polimialgia reumática, 231,2795 definição da, 2795 diagnóstico da, 2795-2796 incidência da, 2795 manifestações clínicas da, 2795, 3489 patogenia da, 2795 patologia da, 2795 prevalência de, 2795 tratamento da, 2796 Polimiosite, 3509 diagnóstico da, 3514-3516, 3515f, 3515q diagnóstico diferencial da, 3512,3514 disfagia na, 300 doença pulmonar intersticial na, 2617-2618 fenômeno de Raynaud na, 2072 fraqueza na, 186 imunologia da, 2676q induzida por fármacos, 3514 lesão muscular na, 3512, 3513f manifestações clínicas da, 3509-3516, 3515f, 3515q para neoplásica, 832q, 834 prognóstico da, 3517 tratamento da, 3516-3517 Polimixina B ação da, 1134q, 1137 efeitos adversos da, 1260 para infecções por Acinetobacter, 1259q para otite externa, 259 resistência à, 1134q Polimixina E (colistina) ação da, 1137 indicações para, 1145q para infecção por P. aeruginosa, 1269q, 1272 para infecções por Acinetobacter, 1259q resistência à 1145q Polimixina-bacitracina, para conjuntivite 228 Polimorfismo definição de, 495, 2685 não sinônimos, 494f, 495 sinônimos, 494f, 495 Polimorfismo(s) de nucleotídio único (PNU), 486, 492, 494f, 505, 506 Polimorfismos do citocromo P450,433 Polimorfismos VK0RC1, necessidades de dose de varfarina e, 42q, 44,998999, 999q Polineuropatia amiloide familiar, 3456q, 3457 de fibras grandes, 189 de fibras pequenas, 189 déficits sensoriais na, 189 desmielinizante inflamatória aguda, 3473q, 3474 desmielinizante inflamatória crônica. Ver Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica (PDIC) diabética, 2964. Ver também Neuropatia diabética doença crítica, 3460 fraqueza na, 186 sensorial criptogênica e sensorimotora simétrica distai, relacionada com HIV, 3460-3461 tóxica aguda, 186 Polineuropatia amiloide, familiar, 3456q, 3457 Polineuropatia amiloide familiar, 3456q, 3457
Polineuropatia de doença crítica, 2228, 2261, 3460 Polineuropatia desmielinizante inflamatória aguda (PDIA), 3473q, 3474 Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica (PDIC), 3477 diagnóstico da, 3477 manifestações clínicas da, 3477 patogenia da 3477-3478 tratamento da, 3478 vs. síndrome de Guillain-Barré, 3477 Polineuropatia sensorial e sensorimotora criptogênica (PNSC), 3469 Polineuropatia sensorial e sensorimotora simétrica distai diabética (PNSD), 3457, 3458q Poliomavírus. Ver também infecção pelo vírus BK; infecção pelo vírus JC células de Merkel, 1129 em receptor de transplante, 1128 expressão gênica e replicação no, 1435-1436 Poliomielite. Ver Infecção por poliovírus associada a vacina, 1594 considerações globais, 1032,15981599,1598q eliminação e erradicação da, 1031 epidemiologia da, 1594 fraqueza na, 185 incidência pré e pós-vacina, EUA, 1032q manifestações clínicas da, 1594-1595 patogenia da, 1593-1594 poliomielite paralítica, 1595 prevenção e erradicação da, 15981599,1598q síndrome pós-pólio, 1595 Poliomielite paralítica. Ver também Infecção pelo polivírus Polipectomia, 321 Polipeptídio vasointestinal, na resposta sexual feminina, 379 Polipílula, 1816 Poliploidia, do DNA mitocondrial, el8-2 a el8-3 Pólipo cutâneo (acrocórdon), 391q, 392f, 412, 2487-2488 Pólipo hiperplásico, 768 Pólipo(s) colorretal(is), achados endoscópicos no(s), 2409, 2410f,e36-lV estratégias de triagem para, 2423q na polipose adenomatosa familiar, 2422, 2422f. Ver também polipose adenomatosa familiar patogenia do câncer no(s), 768 sangramento de, 321 Pólipos juvenis, 768, 769q, 774 Polipose, juvenil, 669q, 769q Polipose adenomatosa familiar, 769770, 769q fatores genéticos na, 668, 669q, 670f, 769 pólipos colônicos na, 2422f risco de câncer pancreático na, 786 testes genéticos para, 522, 524q tratamento da, 524q, 769-700 triagem para câncer colorretal na, 2422, 2423q Polipose do colo. Ver Polipose adenomatosa familiar Poli rradiculopatia na infecção pelo HIV, 1562, 3461 Polirradiculopatia diabética, 2984 Polirradiculopatia progressiva relacionada com HIV, 3461 Polissacarídio A, na formação de abscesso, 1079 Polissacarídio ferro, anemia ferropriva, 848q
manifestações clínicas da, 3173, 3176-3177 tratamento da, 2606, 3176 Porfiria variegada manifestações clínicas da, 414q, 415 vs. porfiria cutânea tardia, 415 Porfiria variegada, 3168f, 3168q, 3170q, 3178-3179 Porfiria(s), 3167 achados laboratoriais da(s), 3167, 3168q aguda, 3170-3172, 3170q, 3171f classificação da(s), 3167,3168q, 3169q, 3170-3171 coproporfiria hereditária, 3168f, 3168q, 3170q, 3178 cutânea, 3170, 3170q, 3172 deficiência da ELA-desidratase, 3168f, 3168q, 3170q, 3172-3173 diagnóstico da(s), 3167, 3170q, 31713172, 3171f disfunção autônoma na(s), 3357 dor abdominal na, 110 eritropoiética, 3167, 3168f, 3168q, 3170, 3179-3181, 3180f eritropoiética congênita, 3167, 3168q, 3179 fármacos não seguros na, 3173, 31743176q fotossensibilidade na(s), 441, 445-446 hepática, 3167, 3168q, 3170,3172-3179 intermitente aguda. Ver Porfiria intermitente aguda (PIA) manifestações clínicas da(s), 3167, 3168q manifestações cutâneas da(s), 414 manifestações orais da(s), 268 na doença hepática, 2605-2606 neuropatia na(s), 3457-3456q porfiria cutânea tardia. Ver Porfiria cutânea tardia tratamento da(s), 2606 variegada, 3168f, 3168q, 3170q, 31783179 Porfirinas, 445 Porfirinogênios, 3169 Porinas, 1137,1220-1221 Poro de transição de permeabilidade, 3231 Poro gustativo, 242, 243f Porphtromonas spp., 1332. Ver também Infecções bacterianas anaeróbias, mistas em ferida por mordedura de cão, e24-l em ferida por mordida humana, e242
Portabilidade de Planos de Saúde Portador, 2283 Posaconazol indicações para, 1639 para infecção por Fusarium, 1668 para infecções em paciente com câncer, 720 para profilaxia de Aspergillus, 1659q Pós-carga, 1805-1806, 1808q, 1809f Pós-contração ventricular prematura, el3-9 Pós-despolarização, 1862,1863 precoce, 1862-1863, 1863f, 1879 tardio, 1862-1863,1863f, 1870 Pós-gastrectomia, anemia ferropriva no, 846q Posição de Moffett, 247 Potássio, 351 depleção da, 352-353, 370. Ver também Hipopotassemia em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q, 618 ingestão excessiva de, 356 na contração cardíaca, 1804
transporte e reabsorção do, 342-343, 343f, 351 transporte renal do, 2282f, 2285-2286 Potência, de células-tronco, 536 Potenciais de ação, cardíacos diferenças regionais nos, 1867, 1867f eletrofisiologia dos, 1860-1861, 1861f fases dos, 1804 Potenciais evocados, e45-3 a e45-4 cognitivos, e45-4 motores, e45-4 na EM, 3399, 3400q somatossensoriais, e45-3 Potenciais evocados auditivos de tronco encefálico (PEAT), 253-254, e45-3 Potenciais evocados cognitivos, e45-4 Potenciais evocados motores, e45-4 Potenciais evocados somatosensoriais (PESS), e45-3 a e45-4 Potenciais visuais evocados (PEV), e45-3 Potencial de fibrilação, 182 Potencial eletroquímico, 2283 Potencial metastático, 681, 682f Potencial tardio, 1864 Potencialização de longo prazo, e9-3 Potencialização pós-extrassistólica, 295 Potomania de cerveja, 346, 348 Poxivírus expressão gênica e replicação nos, 1436 funções proteicas dos, 1437 infecções humanas causadas por, 1477-1478, 1477q inibição DNA defesa do hospedeiro nos, 1439 PPA. Ver Proteína precursora amiloide PPc. Ver Pneumonia por Pneumocystis (PPc) PPE. Ver Profilaxia pós-exposição (PPE) PPHP (pseudo-pseudohipoparatireoidismo), 3117, 3117q Pramipexol efeitos adversos do, 3323 para doença de Parkinson, 3323, 3324f para síndrome das pernas inquietas, 216q, 218 Pranchas coloridas de Ishihara, 226 Pranlintida para diabetes melito, 2995, 2996q Prasugrel ação do, 990 dose de, 990 efeitos adversos do, 461 para AI/IMSEST, 2019, 2019q para cardiopatia isquêmica, 2011 para IMEST, 2030 variação genética na resposta ao, 985q vs. clopidogrel 990 Prata, depósitos cutâneos, 413 Prateleira de blumer, 766 Prática clínica, 2 avaliação de desfechos, 4 diretrizes práticas, 3 expansão de fronteiras da, 6-8 expectativas do público, 7-8 genômica e, 6-7 globalização da, 7. Ver também Aspectos globais da saúde humana,
6 habilidades clínicas e, 2-3 internet e, 7 pesquisa e, 8 questões éticas na. Ver Questões éticas questões legais na. Ver Questões legais responsabilidade na, 7-8 tendências na prestação de assistência médica, 5-6 Pravastatina, para hiperlipidemia, 3159q
Praziquantel classe de gravidez do, 168 lq efeitos adversos do, 1681q farmacologia do, e26-7 indicações para, 1681q para cisticercose, 1762, 3431 para difilobotríase, 1765 para equinococose, 1764 para esquistossomose, 1757,1757q para infecção por T. asiática, 1760 para infecção por T. saginata, 1760 para infecção por T. solium, 1762 para trematódeos biliares, 1757q para trematódeos sanguíneos, 1757q trematódeos intestinais, 1757q trematódeos pulmonares, 1757q Prazosina para fenômeno de Raynaud, 2072 para hipertensão, 2055q Pré-albumina. Ver Transtiretina (TTR) Pré-albumina de ligação da tiroxina, na avaliação nutricional, 609 Pré-carga, 1805, 1808q, 1809f Precauções universas, 1117 Precipitados ceráticos, 229 Precocidade heterossexual, 3014,3015,3034 isossexual, 3014 Precocidade heterossexual, 3014, 3015, 3034 Precocidade isossexual, 3014 Preconceito, e4-5 Pré-condicionamento hiperóxico, e52-2 Precursores endoteliais circulantes, 684f, 685f, 687 Prednisolona para asma, 2111 para exacerbação da DPOC, 2159 para neurite óptica, 232 Prednisona efeitos adversos da, 2747. Ver também glicocorticoide(s) efeitos adversos dos para anemia hemolítica autoimune, 882 para arterite de células gigantes, 2796 para arterite de Takayasu, 2797 para artrite reumatoide, 2747 para asma, 2111 para deficiência de ACTH, 2897 para dermatite de contato, 396 para distrofia muscular de Duchenne, 3494 para doença do soro, 3571 para doenças pulmonares intersticiais, 2165 para fasciite eosinofílica, 431 para febre Q, 1416 para hepatite alcoólica, 2591,259lf para hepatite autoimune, 2644-2645 para hipercalcemia, 361 de processos malignos, 828 para hiperplasia suprarrenal congênita, 384 para imunossupressão, 2330 para linfoma gástrico, 768 para loíase, 1750 para mieloma múltiplo, 942 para neuralgia pós-herpética, 1465 para oftalmopatia de Graves, 236 para pancreatite autoimune, 26442645 para paralisia de Bell, 3363 para penficoide bolhoso, 427 para pênfigo vulgar, 425 para penfigoide cicatricial, 428 para penfigoidie gestacional, 427 para pericardite agudo idiopática, 1974 para pneumonite induzida por tratamento para câncer, 839 para pneumonite por hipersensibilidade, 2119
ÍNDICE
Polissonografia definição, 213 na apneia obstrutiva do sono, 219f na avaliação de distúrbios do sono, 216, 216q na epilepsia, 218 no movimento periódico dos membros no sono, 219f Polisulfato de pentosan, para cistite intersticial/síndrome da bexiga dolorosa, e35-3 Poliúria abordagem ao paciente, 340, 340f fisiopatologia da, 340 na diurese aquosa, el5-3 na obstrução do trato urinário, 2397 tratamento da, 351 Polpa, dentária, 267-268 Polpa branca, do baço, 467,468f Polpa vermelha, do baço, 467,468f POLST (Prescrições Médicas para Tratamento de Sustentação da Vida), 70 Poluição do ar asma e, 2103, 2108 doença pulmonar e, 2128 POMC. Ver Pró-opiomelanocortina (PMOC) Ponte histoplasmose da, e44-6f inferior, 3289f média, 3290f superior, 329lf Pontilhado basofílico, 880, 881, e 17-1 Ponto branco, 403 Ponto cego, 227 Ponto de checagem dos oncogenes, 673, 674f Ponto de Griffiths, 2510, 251 lf Ponto de McBurney, 2517 Ponto de quebra, 1140,1140f Ponto de Sudeck, 2510, 251 lf Ponto de verificação do fuso celular, 674-675 Pontos de verificação do ciclo celular, 666, 673-674, 696 População de judeus asquenases deficiência de fator XI na, 977 doença de Gaucher na, 3196. Ver também Doença de Gaucher doença de Tay-Sachs na, 3191. Ver também Doença de Tay-Sachs perda auditiva na, 251 teste para gene BRCA na, 669 População judaica iraquiana, deficiência de fator XI na, 977 Porfiria cOm deficiência de ácido 5-aminolevulínico (ALA)-desidrase, 3168f, 3168q, 3170q, 3172-3173 Porfiria com deficiência de ALA (ácido 5-aminolevulínico)-desidratase, 3168f, 3168q,3170q, 3172-3173 Porfiria cutânea tardia, 3171 características laboratoriais da, 3168q carcinoma hepatocelular e, 777q, 778 diagnóstico da, 3170q, 3177-3178 diagnóstico diferencial da, 415 fatores genéticos na, 3177 fotossensibilidade na, 444 infecção por Hcv e, 2605 manifestações clínicas da, 3168q, 3170, 3177f, e41-5f manifestações cutâneas da, 413,414q, 415, 446, 2605, 3170f, e41-5f patogenia da, 3168q tratamento da, 446, 2606, 3178 Porfiria eritropoiética congênita, 3167, 3168q, 3179 Porfiria intermitente aguda (PIA) características laboratoriais da, 3168q,3170q diagnóstico da, 3173, 3176 fisiopatologia da, 3168f
1-121
para policondrite recidivante, 2805 para polimialgia reumática, 2796 para PPc, 1673q para prevenção da cefaleia em salvas, 123, 123q para púrpura trombocitopênica imune, 969 para rejeição de transplante, 2330 para sarcoidose, 2812, 2813q para síndrome de Behçet, 2802 para síndrome de hipersensibilidade, 436 para sinusite com hiposmia, 246-247 para tireoidite subaguda, 2928 para vasculite cutânea idiopática, 2798 Pré-eclampsia KIR com, 2666q na doença trofoblástica gestacional, 815 tratamento da, 56-2058q Prega palmar na anemia, 449 xantoma, 1821 Pregabalina efeitos adversos da, 3458q para dor, 73, 98q, 100, 101 para neuropatia, 3458q para ondas de calor, 841 Pregas de Dennie-Morgan, 395 Pregnenolona, na esteroidogênese suprarrenal, 2940f, 2943 Pré-hipertensão, 1997,2047,2047q, 2054 Premonição, 1691 Pré-mutação do X frágil, 193 Preparação a fresco, e22-l, e25-l Preparação a fresco de KOH (hidróxido de potássio), 394, e22-1 Preparação a fresco para hidróxido de potássio (KOH), 394, e22-l Preparação imunológica, 2668 Preparações contendo bismuto efeitos adversos das, 2249,2450 para doença ulcerosa péptica, 2447q, 2449 Preparativos para “sublevações”, 1119 Presbiacusia, 250 Presbiopia, 224 Prescrições Médicas para Tratamento de Sustentação da Vida (POLST), 70 Pré-senilina, na doença de Alzheimer, 3307 Preservativo para prevenção do HIV, 1584 para proteção contra IST, 1227 Pré-síncope, 171 Pressão arterial. Ver também Hipertensão controle da, 1800 durante o sono, 215 medida da, 1824, 2047, 2053 metas para, 2057-2058 mudanças relacionadas com a idade, 2042 na gravidez, 55 regulação da, 2043-2046, 2043f mecanismos vasculares, 20452046 sistema de renina-angiotensinaaldosterona na, 2044-2045, 2044f sistema nervoso autônomo na, 2043-2044 volume intravascular na, 2043 triagem, 30q Pressão arterial diastólica, 2042 2047q Pressão arterial média, no choque, 2196, 2215 Pressão arterial pulmonar em cunha, 1824 Pressão arterial sistólica, 2042, 2047q, 2053 Pressão atrial direita, no choque, 2198, 2199f
Pressão capilar intraglomerular, 2289 Pressão capilar pulmonar em cunha na sepse/choque séptico, 2227 no choque, 2218, 2218q no choque cardiogênico, 2232,2233 Pressão de perfusão cerebral, 2255, 2255f Pressão de pulso, 2042, 2198, 2199f, e32-lV Pressão diastólica final ventricular, 1805 Pressão do seio carótico, para taquicardia mediada por via acessória, 1890 Pressão expiratória final positiva (PEEP), na SDRA, 2207-2208 Pressão intracraniana (PIC) baixa, manifestações oculares da, 239 elevada, cefaleia com, 126 disfunção do nó SA na, 1868, 1868q fisiopatologia da, 2255, 2255f manifestações oculares da, 232233, 233f, 239 meningite bacteriana na, 3413, 3417 monitoração da, 2256, 2256f náusea e vômitos na, 302 por metástases cerebrais, 2271 sinais da, 2257 tratamento da, 2256-2257,2257q Pressão intraocular, elevada, 230,235 Pressão platô, 2201 Pressão positiva contínua nas vias respiratórias (CPAP), 2212 para apneia do sono, 2051,2189, 2190 para edema pulmonar, 2237 para síndrome de hipoventilação e obesidade, 2186 Pressão venosa, edema e, 292,294 Pressão venosa central no choque, 2218q pulso venoso jugular e, 1823 Pressão venosa jugular medida da, 1822-1824, 1823f na hipovolemia, 344 na insuficiência cardíaca, 330 no choque, 2198 Pressão-imobilização para picada de serpentes, 3567 Prevenção clínica aconselhamento na, 31-33,31 q, 32q em distúrbios genéticos de inicio no adulto, 523, 524-525q testes de triagem na, 29,30q Prevenção do câncer, 655 abandono do tabagismo, 655 atividade física, 655 educação e hábitos saudáveis, 655 evitando a exposição ao sol, 656 métodos cirúrgicos, 658, 690 modificação da dieta, 655-656 quimioprevenção, 656 vacinas e, 658 Prevotella spp., 1336 Priapismo, 375, 855 Primaquina contraindicações das, 1681q, 1699q, 1702,1705 efeitos adversos da, 44,1675q, 1701q, 1705, e26-7 farmacologia da, 1701q, e26-7 overdoselintoxicação com, e50-13q para malária, 1699q, 1701q, 1702 para PPc, 1673q para profilaxia da malária, 1704q, 1705 variações genéticas na resposta à, 42q, 44 Primatas não humanos feridas por mordedura de, e24 Primeira doença. Ver Sarampo
Primidona efeitos adversos da, 403, 869, 3264q para epilepsia, 3264q Priming (primeira exposição ao antígeno), células T, 710 Princípio ALARA, 1791 Príon(s) características do(s), 1432 definição de, 3441 descontaminação de, 3446-3447 doenças causadas por. Ver Doença(s) priônica(s) terminologia relacionada com, 3442q transmissibilidade do(s), 3441,3442 Prioridades no controle de doenças nos países em desenvolvimento, 12
Privação, 77, 82, 642 Privação de água, para hiponatremia, 340, el5-3 a el5-4 Privação do sono, 624 Pró-arritmia, 2241 Probabilidade de doença-teste, 23q, 24, 24f Probabilidade pré-exame da doença, 23-24, 23q Probenecida ação da, 2285 efeitos adversos da, 326 interações medicamentosas da, 46q, 1681q para gota, 2838 para neurossífilis, 1387q Probióticos para doença gastrintestinal, 2408 para doença intestinal inflamatória, 533 para indigestão, 307 pro-BNP, iV-terminal na insuficiência cardíaca, 1906 Procainamida ação da, 1865q dose de, 1883q efeitos adversos da aplasia eritroide pura, 893q não arrítmicos, 1884q pró-arrítmicos, 1884q síndrome do lúpus, 44 trombocitopenia, 967q farmacologia da, 1883q indicações para, 1883q metabolismo da, 36q, 37-38 para cardioversão farmacológica, 1886 para fibrilação atrial, 1882 para hipertermia maligna, 147 para parada cardíaca, 2244 para síndrome de Brugada, 1899 para taquicardia atrial, 1887 para taquicardia mediada por vias acessórias, 1890 para taquicardia ventricular, 1893, 2032 variações genéticas na resposta da, 42q Procarbazina ação da, 701 dose de, 697q efeitos adversos da, 697q, 701,707, 709, 3394q interações medicamentosas da, 697q Procaspase-9,680 Procedência. Ver Prolapso retal Procedimento de Altmeier, para prolapso do reto, 2506, 2506f Procedimento de Delorme, para prolapso retal, 2506,2506f Procedimento de Hartmann, 2504q, 2515 Procedimento de Kviem-Siltzbach, 2811 Procedimento de reabilitação cognitiva, 212
Procedimento de Whipple para câncer de pâncreas, 787 para pancreatite crônica, 2646
Procedimentos de Billroth, 2452-2453, 2453f Procedimentos de fototestagem, 445 Processamento pós-tradução, 489f processo (teoria da qualidade), 88 Proclorperazina efeitos adversos da, 76, 144, 329 para enxaqueca, 118q, 120 para intoxicação por escombroide, 3576 para náusea e vômitos, 74, 303q, 304, 653, 709 Procord, 553q Proctite C. trachomatis, 1424,1425,1427q, colite ulcerativa e, 2481-2482, 2482q gonocócica, 1223 HSV manifestações clínicas da, 14561457 tratamento da, 146lq vs. DII, 2486, 2486q sexualmente adquirida, 1096q, 11081109,1223, 1424,1427q Proctocolite, sexualmente adquirida, 1108-1109 Proctografia, 319 Proctossigmoidoscopia. Ver Sigmoidoscopia Procuração para tratamento médico, 80, e5-2 Procurador permanente para assistência médica, 70 Procuradores, tomada de decisão nas intervenções, e5-2 Produção de calor, 143 Produto cálcio-fosfato elevado, 416 produtor de ACTH. Ver Síndrome de Cushing brônquico, 753 do intestino delgado, 769q, 774 hepático, 785 polipoide, 769q, 774 produtor de aldosterona, 353 Produtos contendo DEET, 1044 Produtos de degradação da fibrina, 979 Produtos de degradação do fibrinogênio, 459,459f, 464 Pró-fármacos, 38 Profilaxia pós-exposição (PPE) HAV, 2554-2555 HBV, 2556 HIV, 1119, 1583 raiva, 1614-1615,1615f sarampo, 1603 VZV, 1118,1466, 1466q Profissionais de saúde carga global da doença e, el-4, el-4f drenagem cerebral, 17-18 erros dos, 85 imunizações nos, 1033f, 1119 minoria, e4-6 práticas de higiene das mãos dos, 1114 riscos de saúde dos, e5-4 distúrbio do trabalho em turnos, 222
exposição/transmissão do HIV, 1119,1514-1515, 1582-1583 feridas por mordida humana, e242
questões dos funcionários dos serviços de saúde e, 1119 Progeria, 498, 498q, 566 Progesterona efeitos adversos da, 305, 372, 376q Progestinas efeitos adversos da, 293q na perimenopausa, 3040 na tratamento/prevenção da osteoporose, 3130 para síndrome do ovário policístico, 387
Progestogênio, para câncer de mama, 761q Prognatismo, 268 Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), 9 Programa de “Coloque a prevenção em prática”, 31 Programa de Atenção Inclusiva do Idoso (PACE), 583 Programação fetal, 2293 Programas de controle de infecções fontes de diretrizes e supervisão para, 1112q ligadas ao serviço de saúde para os funcionários, 1119 na unidade de terapia intensiva, 2202-2203 organização, responsabilidades e meticulosidade dos, 1112-1113 para diarréia, 1118 para infecções fúngicas, 1118 para influenza, 1117-1118 para legionelose, 1118-1119 para Streptococcus do grupo A, 1118 para tuberculose, 1118 para varicela, 1118 técnicas de isolamento nos, 1117 vigilância pelos, 1113-1114 Progranulina, na demência frontotemporal, 3310 Proguanil classe de gravidez do, 1678q efeitos adversos do, 1678q, 1700q farmacologia do, 1700q, e26-7 para malária, 1700q para profilaxia da malária, 1703, 1704q, 1705 Pró-hormônio convertase 1,625q Project BioShield, 1778 Projeto do Genoma Humano, 486,492 mapa físico, 492-493 questões éticas, 493-495 Projeto do Genoma Pessoal, 492,493 Projeto do microbioma humano, 526 análise independente de cultura, 527529, 527f antropologia cultural e, 533 ferramentas computacionais para, 526 impacto sobre a medicina clínica, 533 sequenciamento em ''shotgun” no, 531-532 Projeto HapMap, 486, 492, 494f, 497, 506 Prolactina, 2886 ação da, 2887 secreção da, 2887 síntese da, 2886-2887 Prolactinoma, 2888 ação do, 2891 diagnóstico do, 2889 durante a gravidez, 2890 etiologia do, 2888 manifestações clínicas do, 2889 prevalência do, 2888 testes de triagem para, 2885q tratamento do, 2889-2890, 2889f Prolapso da valva mitral bulhas cardíacas/sopro no, 1828, 1829f, 1937, el3-l a 13-5, el3-4f, el3-8 a el3-9 ECG no, 1937 ecocardiografía no, e28-lV etiologia do, 1937 fisiopatologia do, 1937 imagem no, 1937 manifestações clínicas do, 1937 na síndrome de Ehlers-Danlos, 3209 palpitações no, 295 profilaxia antirombótica para, 3277q tratamento do, 1937 Prolapso retal, 2505 anatomia do, 2505 avaliação do, 2505-2506, 2505f
epidemiologia do, 2505 fisiopatologia do 2505 grau de, 2505f incidência do, 2505 manifestações clínicas do, 2505, 2506, 2505f tratamento do, 2506, 2506f Prometazina efeitos adversos da, 445q Prométrio, para síndrome do ovário policístico, 387 Promielócitos, 472,473f Promonócitos, 480 Promotor (carcinogênese), 656 Pronormoblastos, gigantes 448 Prontuário de controle, 88 prontuários médicos, eletrônicos, 4,31 Pró-opiomelanocortina (POMC) na obesidade, 625, 625q, 626f produção de ACTH ectópico e, 829 Propafenona ação da, 1865q dose de, 1883q efeitos adversos da, 1884q farmacologia do, 1883q indicações para, 1883q metabolismo da, 36q para fibrilação atrial, 1882 para taquicardia atrial multifocal, 1886 para taquicardia ventricular, 1893 variações genéticas na resposta à, 41, 42q Propanolol efeitos adversos do, 121q overdose!intoxicação com, e50-10q para cardiopatia isquêmica, 2009q para dissecção aórtica, 2064 para doença de Graves, 2926 para feocromocitoma, 2964 para hipertensão, 2055q para paralisia hipopotassêmica, 352, 354 para prevenção da cefaleia associada à atividade sexual, 124 para prevenção da enxaqueca, 120, 121q Propilenoglicol, intoxicação por, 365q, 366, el5-10 Propiltiouracila efeitos adversos do, 274,407,435 para doença de Graves, 2925,2926 para exposição ao iodo radioativo, 1793 para hipertireoidismo na gravidez, 59 Propionibacterium acnes, 403, 800,1332. Ver também Acne vulgar Proplaquetas, 983 Propofol efeitos adversos do, el8-11 overdose!intoxicação com, e50-12q para delirium, 77, 77q para sedação durante ventilação mecânica, 2211 Proporções eunucoides, 3013 Propriocepção, 187 Proproteína convertase subtilisina/ quexina tipo 9 (PCSK9), 3149q, 3150 Proptose, 236, e40-2f Prosódia, 206 Prosopagnosia, 209,226 Prostaciclina funções da, 988,989,1799,1802 no choque, 2216 síntese de, 2440f Prostagladina(s) dor e, 94, 94f na dismenorreia, 388 no choque, 216, 2218 Prostaglandina E2, 144-145 no eritema por queimadura solar, 442 produção ectópica de, 827q síntese de, 2440f
Próstata, anatomia da, 795-796 diagnóstico da, 804, 802-5 doença proliferativa benigna da, 797, 804 manifestações clínicas da, 804, 804q tratamento da, 805 Prostatectomia efeitos adversos da, 800 para câncer de próstata, 800 para hipertrofia prostática benigna, 05 Prostatite. Ver também Infecções do trato urinário (ITU) C. glucuronolyticum, 1192 crônica, 1141 dor lombar na, 136 enterocócica, 1182 febre na, 159 manifestações clínicas da, 2391 marcadores tumorais na, 652q tratamento da, 1141 Proteassomo, 2671 Proteína APAF-1, 680, 680f, 681 Proteína associada à resistência a múltiplos fármacos 2 (MRP2), 2532 Proteína C como anticoagulante, 459, 459f elevada, 464 valores de referência da, 3587q Proteína C ativada, recombinante. Ver Drotrecogina alfa Proteína CagA, 1261 Proteína CFTR função na fibrose cística, 2147,2148f P. aeruginosa e, 1017,1017f, 1267 Proteína C-reativa alta sensibilidade, 1542q, 3590q alterações dos níveis relacionadas com a idade, 574, 575f na avaliação da febre, 145,162 na colite ulcerativa, 2482 na doença arterial coronária, 1990-1991, 1990f na doença renal crônica, 2314 na osteomielite, 1073 na resposta imune a pneumococos, 1155 na sepse/choque séptico, 2224 no infarto do miocárdio, 2016 valores de referência, 3590q Proteína C-reativa de alta sensibilidade, na infecção pelo HIV, 1541q Proteína CREB, e9-3 Proteína CTLA-4, 2684 Proteína de adesão extracelular (PAE), 1162 Proteína de ativação dos neutrófilos (NAP), 2662q Proteína de desacoplamento, mitocondrial, 623 Proteína de desacoplamento mitocondrial, 623 Proteína de ligação da fibronectina, 1053 Proteína de ligação de ácido graxos, 2305q Proteína de ligação de TATÁ, 491q Proteína de ligação do retinol na avaliação nutricional, 609 na lesão renal aguda, 2304q Proteína de ligação Duffy, 1015 Proteína de superfície A pneumocócica, 1152f Proteína de superfície C pneumocócica, 1151,1152f Proteína de Tamm-Horsfall, 338, 2298 Proteína de transferência de éster de colesteril (CETP), 3148 proteína de transferência de fosfolipídios (PLTP), 3148 Proteína do envelope, HIV, 1507,1509 Proteína excretora de sais biliares, 2537
Proteína fibrosa da doença cística macroscópica, 822q, 823 Proteína G, 2869,2869f Proteína gag, 1436 Proteína inflamatória dos macrófagos, 475 Proteína M, 1171-1172 Proteína nef, 1522,1527 Proteína OmpA, 1258 Proteína Opa, 1220 Proteína pl6, 653,724 Proteína p21, 673 Proteína p27, 673 Proteína p53 ativação da, 673, 674f inibição da, 686f, 687 no melanoma, 724 Proteína precursora amiloide (APP) na amiloidose, 945 na doença de Alzheimer, 566,3306, 3306f Proteína receptora de transferrina, 847 Proteína relacionada ao paratormônio (PTHrP), 3097 ações do, 3098, 3098f estrutura da, 3097-3098, 3098f produção ectópica da, 826-827, 827q PTH e, 3098, 3098f Proteína rica em cisteína (CYR-61), 2305q Proteína Rmp, 1221 Proteína S como anticoagulante, 459,459f elevada, 464 valores de referência para, 3587q Proteína supressora tumoral do retinoblastoma (RB) inativação no melanoma, 724 mutações no câncer de pulmão, 740 Proteína supressora tumoral RB. Ver proteína supressora tumoral do retinoblastoma Proteína Tat, 1501 Proteína TRIM5-a, 1507 Proteína vif, 1501 Proteína Vpr, 1501 Proteína Vpu, 1501 Proteína Vpx, 1501 Proteína WRN, 566 Proteína(s) agregação da(s) na doença neurológica, 3231-3232 apoptose, 2680q associada(s) a distrofia muscular, 3494, 3494f, 3496q associada(s) a lipoproteína, 3145, 3146 catabolismo da, 607 deficiência de, 609q digestão e absorção da, 2466 em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617 ligação com hormônio tireoidiano, 2914-2915 ligação sérica, 2914 no HBV, 2538-2539,2538f precursor amiloide. Ver Proteína precursora amiloide (PPA) priônica(s), 3441, 3441f relacionada(s) com PTH, 3097 rica(s) em leucina, 2654q semelhante(s) a príons, 3447 sinalização, 2680q síntese em bactérias, fármacos que inibem, 1133,1134q, 1135-1136, 1135f TAP, 2671 Proteína(s) G, 2043, 2869, 2869f Proteínas anti-Ma, 833q, 835, 835f Proteínas associadas a tumores, 652q Proteínas de apoptose, 2680q Proteínas de Bence Jones, 338, 941 Proteínas de fusão, ALK, 753
Proteínas de fusão EML4-ALK, 753 Proteínas de glutationa-S-transferase, 324 Proteínas de ligação da heparina, 993 Proteínas de ligação da penicilina, 1133, 1137,1152 Proteínas de ligação da transferrina, 1221
ÍNDICE 1-124
Proteínas de ligação dos hormônios tireoidianos, anormalidades das, 2914-2915 Proteínas de sinalização, 2680q Proteínas emerina, 1952 Proteínas laminas, 1952 Proteínas não histona, 488f Proteínas NOD, 1019, 2224, 2655q Proteínas priônicas, 3441, 3441f Proteínas quimiotáticas de monócitos (MCP), 1535, 2660q Proteínas relacionadas a anti-VGKC, 833q,835 Proteínas Rex, 1439 Proteínas ricas em leucina, 2654q Proteínas semelhantes à príons, 3447 Proteínas séricas, eletroforese das, 936, 937f Proteínas TAP (transportadores associados a processamento de antígeno), 2671 Proteínas TAP, 2671 Proteínas Tax, 1439,1501 Proteinoquinase A, 1801 Proteinoquinase G, 1801 Proteinose alveolar pulmonar (PAP), 2168 Proteinotirosina fosfatase, 675 Proteinúria, 294, 338 abordagem ao paciente, 338-339, 339f avaliação laboratorial da, 2337q fisiopatologia da, 338,2337 na doença renal crônica, 2301 na nefropatia diabética, 2348 na pré-eclampsia, 56 na progressão da doença renal, 2290 na sepse/choque séptico, 2227 tubular, 338 Proteobactérias, no bioma humano, 529-530, 530f Proteoglicanos, 3205q, 3207 Proteômica, 7, 487, 493, 538 Prótese de valva cardíaca endocardite na de início tardio, 1055 estafilocócica, 1165,1167 etiologia da, 1052, 1053q tratamento da, 1058q, 1060, 1061 sopros na, 1830 Proteus spp., 1254 Proto-oncogene RET análise do, 3077-3078 na MEN 2, 3076-3077, 3076f Proto-oncogenes, 664, 3076f, 3077-3078 Protoporfiria eritropoiética, 3168f, 3168q, 31793180,3180f fisiopatologia da, 446 manifestações clínicas da, 446 manifestações cutâneas da, 416 tratamento da, 446 Protoporfirina eritrocitária livre, 3172 Protoporfirinas, 446 eritrocitárias livres, 3172 Protozoários aderência dos, 1015-1016 avaliação laboratorial dos, e25-4q, e25-7q entrada no hospedeiro, 1013 interações ligante-receptor dos, 1014q intestinais, e25-4q invasão tecidual por, 1021,1022 sanguíneos e teciduais, e25-4q
Protriptilina, para narcolepsia, 216q, 220 Protrombina, 459f Prova cruzada, 952 Prova de esforço em doenças pulmonares intersticiais, 2164 na dispnéia, 279 na dor torácica aguda, 107 na insuficiência cardíaca, 1906 Prova de esforço. Ver Ecocardiografia de estresse; Eletrocardiograma de estresse Provas de função hepática, 2527 anormais, avaliação das, 2525, 2525f, 2527, 2528f baseadas na destoxificação e funções excretoras, 2527-2528, 2528f deficiências das, 2527 fatores da coagulação, 2530 medida da função de biossíntese do fígado, 2529-2530 ultrassonografia, 2528f, 2531 usos das, 2530q, 2531 Provas de função plaquetária, 464 Provas de função pulmonar na asma, 2109 na fibrose cística, 2148 Provas de função pulmonar anormalidades comuns nas, 2093f na avaliação da doença respiratória, 2086 na doença pulmonar ocupacional, 2122
na DPOC, 2156, 2156q na hipertensão pulmonar, 2077 na pneumonite por hipersensibilidade, 2118 nas doenças pulmonares intersticiais, 2163-2164 valores de referência para, 3607q Provírus, 1500 PRPP (fosforibosil pirufosfato) sintetase, 3182, 3185, 3186q PRR. Ver Receptores de reconhecimento de padrão (PRR) Prurido definição de, 390q induzido por fármacos, 434 na dermatite atópica, 396 na doença hepática, 2522 Prurido do nadador, 1067, 1755 PSA. Ver Antígeno prostático específico (PSA) P-selectina, 985 Pseudoacalasia, 2431 Pseudoalitose, 275 Pseudoanemia, 857 Pseudoaneurisma(s) aórtico, 2060 pancreático, 2642, 2642q Pseudoartrose, na espondilite ancilosante, 2775 Pseudoatetose, 187 Pseudocisto(s), pancreático(s), 2641-2642 Pseudocolinesterase, 36q Pseudodemência(s), 3315 Pseudodiarreia, 309 Pseudodistrofia muscular hipertrófica. Ver Distrofia muscular de Duchenne Pseudodiverticulose, esofágica intramural, 2429-2430, 2430f Pseudodiverticulose esofágica, 24292430, 2430f Pseudodiverticulose esofágica intramural, 2429-2430, 2430f Pseudodominância, 501 Pseudoefedrina, efeitos adversos da, 352, 435 para hipotensão ortostática, 174 para rinite alérgica, 2716,2717f Pseudogota, 2657q, 2839 Pseudo-hermafroditismo feminino, 3047q, 3053-3055, 3054q masculino, 3051
Pseudo-hermafroditismo feminino, 3047q, 3053-3055, 3054q Pseudo-hermafroditismo masculino, 3051 Pseudo-hiperpotassemia, 355-356, 356q, 876 Pseudo-hipertensão, 2058 Pseudo-hipoaldosteronismo tipo I, 2357q, 2362-2363, 2362f Pseudo-hipoaldosteronismo tipo II (síndrome de Gordon) fatores genéticos no, 205lq, 2284q, 2285, 2357q, 2363 manifestações clínicas do, 205 lq, 2357q, 2363 Pseudo-hiponatremia, 347 Pseudo-hipoparatireoidismo (PHP) classificação do, 3117, 3117q hipocalcemia e, 3112q, 3117 tipos de, 3117-3118, 3118f tratamento do, 3118 Pseudo-hipopotassemia, 351 Pseudolinfoma (hiperplasia linfoide cutânea), 406,417q, 419 Pseudomembrana(s) na difteria, 1189,1189f na exposição a gás mostarda, 1782, 1782f na tularemia, 1303 Pseudomonas aeruginosa
crescimento após entrada, 1016 epidemiologia do, 1266 escape das defesas do hospedeiro por, 1017f, 1267 estruturas de superfície do, 1267 fatores de virulência do, 1266-1267, 1266q identificação laboratorial do, 1266 interações ligante-receptor do, 1014q, 1015 lesão tecidual por, 1267 motilidade do, 1267 proteína CTFRe, 1017, 1017f, 1267 resistência à antibióticos, 1138,1143, 1272,2139 resposta inflamatória ao, 1020f, 1267 Pseudo-obstrução colônica, 2514 intestinal primária, 2513-2514 Pseudo-obstrução colônica, 2514 Pseudo-obstrução gastrintestinal. Ver Pseudo-obstrução intestinal Pseudo-obstrução intestinal achados endoscópicos na, 2418-2419, 2418f, 2419f náusea e vômitos na, 301 tratamento da, 303q Pseudopolidistrofia de Hurler, 3194q Pseudoporfiria, 414q, 415 Pseudopseudo-hipoparatireoidismo (PPHP), 3117, 3117q Pseudossarcoma de Kaposi, 420 Pseudoterranova decipiens, 1743 Pseudotrombocitopenia, 965,966f Pseudotumor orbital, 236-237 Pseudotumor cerebral, 59,123,126, 233,233f Pseudoxantoma elástico, 417q, 418, 973,1821 Psicoestimulantes ações iniciais dos, 3527q efeitos adversos dos, 76 para depressão, 76 Psicose da UTI. Ver Delirium Psicose de Korsakoff, 2260 Psicose(s) Ver também Esquizofrenia na doença de Parkinson, 3325 pós-ictal, na epilepsia, 3268 Psicoterapia encaminhamento para, 3529 para anorexia nervosa, 639 para depressão, 3537
para transtorno de ansiedade generalizada, 3532-3533 para transtorno do pânico, 3530 para transtornos de estresse, 3535 parta transtornos fóbicos, 3534 Psitacose, 1429 Psoralenos, 414, 434,445q, 447 Psoríase, 398 associação do gene HLA à, 2693q características histológicas da, 399q comprometimento ocular na, 229 em gotas, 398 etiologia da, 399 exacerbação por fármacos, 433 hipotermia na, 165 inversa, 398 KIR com, 2666q manifestações clínicas da distribuição, 390, 39lq, 392f, 399q, 406q morfologia,391q pápulas e placas, 393f, 399q, 405q, el6-lf mediadores inflamatórios na, 2682q na infecção pelo HIV, 1557 pustulosa manifestações clínicas da, 398, 406, 409 vs. pustulose exantomatosa generalizada, aguda, 435 tipo em placas, 398 tratamento da, 399,406q, 602 agentes biológicos, 399,400q agentes sistêmico, 399 fotoquimioterapia com PUVA, 447 luz ultravioleta, 399 Psoríase em gotas, 398. Ver também Psoríase Psoríase inversa, 398. Ver também Psoríase Psoríase pustulosa, 398. Ver também Psoríase Psudopapiledema, 233 Pterígio, 228, 238 PTH. Ver Paratormônio PTHrP. Ver Proteína relacionada com o paratormônio (PTHrP) Ptiríase rósea, 400 características histológicas da, 399q manifestações clínicas da, 399q características das lesões, 400 distribuição, 39lq, 392f, 399q eritrodermia, 405q lesões pápuloescamosas, 405 morfologia, 39lq placas no tronco, el6-3f tratamento da, 400 Ptiríase rubra pilar, 406q Ptose, 237, 3487, 3488q Ptose aponeurótica, 237 PTT. Ver Púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) Puberdade definição da, 3010 estágios da, 3010, 3010f feminina, 3033 distúrbios da, 3033-3034, 3034q, 3035q normal, 3033, 3033q masculina desenvolvimento normal durante a 3101, 301 Of distúrbios da, 3014 precoce. Ver Puberdade precoce tardia feminina, 3034, 3035q masculina, 3014q, 3016 Puberdade precoce abordagem ao paciente, 3015-3016 central, 3014 dependente de gonadotropinas, 3014
familiar limitada ao sexo masculino, 3015 fatores genéticos na, 499 feminina, 3033-3034, 3034q independente de gonadotropinas, 3015 masculina, 3014-3016, 3014q, 3015q tratamento da, 3016 tumores de células germinativas do ovário e, 812 Puberdade precoce central, 3014 Puberdade tardia anosmia na, 246 feminina, 3034, 3035q masculina, 3014q, 3016 Pulga de rato, 3582 Pulga(s) na peste, 1773 no tifo murino. Ver Tifo murino picada, 3582 Pulga-do-mar, 3582 Pulmão capacidade de difusão do, 2092 complacência do, 2087-2088, 2202 fluxo sanguíneo do, 2087 pressão de retração elástica do, 2087 propriedades relacionadas com o fluxo, 2087, 2088-2089, 2088f, 2089f, 2092 propriedades relacionadas com o volume, 2087-2088, 2087f, 2088f resistência das vias respiratórias no, 2092 shunt, 2090-2091, 2091 f Pulmão da água de torneira, 2117q Pulmão de fazendeiro, 2116,2117q, 2120,2126 Pulmão de Furrier, 2117q Pulmão do adubo composto, 2117q Pulmão do ar condicionado, 2117q Pulmão do criador de aves, 2116, 2117q, 2120
Pulmão do cultivador de cogumelos, 2116, 2117q Pulmão do lavador de queijos, 2117q Pulmão do manipulador de peixe, 2117q Pulmão do marceneiro, 2117q Pulmão do moleiro, 2117q Pulmão do paciente que aspira extrato de hipófise 2117q Pulmão do peneirador de batatas, 2117q Pulmão do trabalhador da indústria de lingüiças, 2117q Pulmão do trabalhador da indústria do malte, 2117q Pulmão do trabalhador de café, 2117q Pulmão do trabalhador químico, 2116, 2117q Pulmão do umidificador, 2117q Pulmão do usuário de água quente, 1368, 2116, 2117q Pulmão do usuário de sauna, 2117q Pulmão do vitivinicultor, 2117q Pulmão dos efluentes da indústria de metais, 2117q Pulmonologia intervencionista, 20992100
Pulpite, 268,1333 Pulsações de Quinke do leito ungueal, el3-7 Pulso avaliação do, 1824-1825,1825f, 1826f na doença arterial periférica, 1825, 1826f, 2067 na taquiarritmia, 1878 no tamponamento cardíaco, 1972 Pulso alternante, 1825 Pulso bífido, 1824 Pulso da artéria carótida alterações de configuração no, 1824, 1825f medida do, 1824 Pulso da artéria poplítea, 1826f
Pulso de Corrigan, 1824, el3-7 Pulso em martelo d’água (de Corrigan), 1824,el3-7 Pulso paradoxal, 1972 Pulso paradoxal, 279 Pulso pequeno e tardio, 1824,1939 Pulso pequeno e tardio, el3-4 Pulso tibial posterior, medida do, 1826f Pulverização residual interna, 15 Punção lombar, e46-1 agulhas para, e46-3, e46-3f analgesia para, e46-l cefaleia após, 125, e46-2 a e46-3, e463f coleta e transporte da amostra, e224q exames de imagem e laboratoriais antes da, e46-l na doença crítica neurológica, 2256 no coma, 2252 posicionamento do paciente para, e46-l, e46-lf técnica, e46-1 a e46-2 valores normais, e46-3, e46-3q “Punção seca”, no aspirado de medula óssea, e21-2q Pupila de Argyll Robertson, 225,1384 Pupila(s), 225-226 de Argyll Robertson, 225 de Marcus Gunn, 225,225f desigualdade no tamanho da(s), 225 no coma, 2250-2251 tônica, 225, 226 Pupilia de Marcus Gunn, 225 Purgativos, para contaminação por radionuclídio interno, 1793 Púrpura, 148,158,421,421q não palpável, 148, 421 palpável, 148, 417q, 421-422 pós-transfusão, 955 senil, 460 úmida, 966,968 Púrpura anafilactoide. Ver Púrpura de Henoch- Schõnlein Púrpura de Henoch-Schõnlein, 2797 características laboratoriais da, 2797 dados de mortalidade, 2797 diagnóstico da, 2797 incidência da, 2797 manifestações clínicas da, 422, 972973, 2797 patogenia da, 972-973, 2797 patologia da, 2797 prevalência da, 2797 tratamento da, 2797-2798 vs. nefropatia por IgA, 2342 Púrpura do beliscão, 418 Púrpura fulminante epidemiologia da, 155q etiologia da, 421, 979, 987,1025q, 1027-1028, 1215 manifestações clínicas da, 155q tratamento da, 980, 1025q, 1028 Púrpura hipergamaglobulinêmica de Waldesnstrõm, 422 Púrpura secundária a esteroides, 422 Púrpura senil, 972 Púrpura solar, 421 Púrpura trombocitopênica idiopática em mulheres, 53 infecção por H. pylori e, 1263 infecções em paciente com, 712q Púrpura trombocitopênica imune, 469, 968-969 Púrpura trombocitopênica trombótica (PTT), 969 comprometimento renal na, 337, 2352 diagnóstico da, 969-970 epidemiologia da, 156q esfregaço de sangue periférico na, 970
fatores de risco para, 2352 fatores genéticos na, 2352 herdada, 969 idiopática, 969, 2379 induzida por fármacos, 2379 manifestações cutâneas da, 156q, 158, 421 na infecção pelo HIV, 1557 patologia e patogenia da, 969,970f, 1799, 2352, 2379 tratamento da, 969-970, 2352-2353, 2380, 2734-2735 trombose na, 462q vs. síndrome hemolítico-urêmica, 2379 Purupuru. Ver Pinta Pus, 475 Pustulose eruptiva generalizada aguda, 154q, 157, e7-12f Pustulose exantematosa generalizada aguda, 409,433, 435, 439q PYRIN , 480
Q Quadrantanopia, 227f Quadriparesia, 185 Quadro de Snellen, 224, 225f Qualidade nos cuidados de saúde, 88 dados sobre o estado atual, 88 disparidades raciais/étnicas e, e4-1 estado de medição nacional da, 89 estratégia para melhora da, 88-89 fatores relacionados com, 88 pagamento por desempenho e, 89 relato público, 89 teoria da qualidade, 88 Quebra-nozes espástico, 2432, 2432f Queda dos cabelos. Ver Alopecia Queda(s), 195 ataques de, 195 colapsante(s), 195 congelamento da marcha e, 195-196 déficits sensoriais e, 196 epidemiologia da(s), 192,195 fatores de risco para, 195, 195q, 575 fraqueza e fragilidade e, 195 hiponatremia e, 347 mecânica, 195 no idoso, 192,195, 575, 579-580, 580f por escorregões e tropeços, 195 prevenção de, 196 recorrente(s), 195 redução do risco de lesão na(s), 196 tombos, 195 Queilite, 731, el2-2f Queilose, 269, 846, 2476q Queimadura química, oral, 272q Queimadura solar, 441,442q, 656 Queixas musculoesqueléticas, 2818 anamnese nas, 2820-2821, 2820f avaliação das, 2818, 2818q, 2829f avaliação reumatológica dos sistemas nas, 2821 cintilografia com 9?1TTC disfosfonato nas, 2827, 2827f cintilografia com radionuclídios nas 2826-2827, 2827f, 2827q comuns, 2820f dor na mão, 2822-2823, 2822f dor no joelho, 2824 dor no ombro, 2823-2824, 2823f dor no quadril, 2824-2825, 2824f exame físico nas, 2821-2822, 2822q exames laboratoriais nas, 2825-2826, 2825q, 2826Í imagem nas, 2826-2827, 2827f, 2827q,2827f relacionadas com a idade, 564q RM nas, 2827, 2827q, 2828,f TC nas, 2827, 2827q Queloide, 391q, el6-4f Quérion, 401,408q Questionário CAGE, 2522, 2523q
Questionário de Berlin, 2184q, 2185q Questionário de fadiga abreviado, 3520, 3521 f Questionário de frequência alimentar, 592 Questionário de mobilidade, 578q Questionário pré-operatório, 62,63, 63q Questionário sobre Doença Respiratória Crônica, 278 Questões de “qualidade de vida”, 6 Questões econômicas na população idosa, 560 na assistência médica, e3-l estruturas de preços, e3-3 seguro de saúde e uso de serviços, e3-2 a e3-3 seleção, e3-l a e3-2 tomada de decisão clínica e, 22, e3-3 saúde e, 11-12 Questões éticas, e5-l alocação de recursos de maneira justa, e5-4 assistência com, e5-4 assistência de emergência, e5-l assistência fútil, 80, e5-l atuando nos melhores interesses do paciente, e5-2 autonomia do paciente, e5-l confidencialidade, e5-l confidencialidade da informação, e5-l conflitos de interesse, e5-3 a e5-4 conflitos entre beneficência e autonomia; e5-2 conflitos para estagiários, e5-4 consentimento informado, e5-l em teste genético, 493-495 eutanásia, e5-3 intervenções para manutenção da vida, e5-3 justiça, e5-2 na terapia com células-tronco, 547 novas tecnologias e, 8 paciente que carece da capacidade de tomada de decisão, e5-2 para evitar decepção, e5-l pedidos de não reanimação, e5-3 suicídio assistido pelo médico, e5-3 Questões psicossociais no diabetes melito, 3001 para o paciente com câncer, 653-654 Quetiapina efeitos adversos da, 3544q overdoselintoxicação com, e50-0q a e50-10q para demência, 3315-3316 para doença de Huntington, 3330 para esquizofrenia, 3543, 3544q Quiasma óptico, 226 Quiasmas, 488 Quilomícron(s), 2464 Quilotórax, 2179-2180 Quimio cérebro, 840 Quimiocina(s) conexões com doença, 2663q definição das, 2650 funções das, 475 na asma, 2106, 2106q na infecção pelo HIV, 1533q receptores, 2663q tipos celulares, 2663q Quimioembolização arterial transhepática, para carcinoma hepatocelular, 780, 781q, 782-783 Quimioprevenção do câncer, 656 Quimioterapia para o câncer, 689, 692. Ver também fármacos e cânceres específicos
ação da, 695-696, 695f agentes alquilantes, 696,697q, 701 agentes antimitóticos, 699-700q agentes convencionais, 694
ÍNDICE 1-126
agentes interativos do DNA, 696, 701 antibióticos antitumorais, 697-698q, 701-702 antimetabólitos, 698-699q, 702-703 complicações da, 651, 707, 718 alopecia, 709 diarréia, 709 disfunção gonadal, 709-710 mielossupressão, 707-708, 708q mucosite, 709 náusea e vômitos. Ver Náusea e vômitos induzidos por quimioterapia neurológicas, 3393-3394, 3394q neuropatias tóxicas, 3462, 3463q complicações tardias da, 839q cardiovasculares, 838,1962 fenômeno de Raynaud, 841 hematológicas, 905 hepáticas, 840 neurológicas, 840 oculares, 841 pulmonares, 839 renais/urinárias, 840 reprodutivas/endócrinas, 841, 3019 curabilidade dos cânceres com, 693, 693q de combinação, 696 desenvolvimento da, 694, 694f direcionada. Ver Terapia direcionada dose máxima tolerada, 694 durante a gravidez, 709-710, e6-l, e6-2 esquemas de altas doses, 693,693q inibidores do fuso mitótico, 703-704 intraperitoneal, 811 momento apropriado da, 223 náusea e vômitos na, 302, 653 antecipatórios, 302 tardios, 302 tratamento dos, 304 neoadjuvante, 650 paliativa, 693,693q pontos finais de ação dos fármacos, 692-694 princípios para uso, 694-696 resistência à, 696 resposta à, 694-696 resposta completa à, 693 resposta parcial à, 693 terapia gênica para aumentar, 550 toxicidade limitada à dose, 694 Quinacrina classe de gravidez da, 168lq efeitos adversos da, 324, 437, 1681q farmacologia da, e26-8 interações medicamentosas da, 1681q Quinase associada ao receptor de interleucina-1 (IRAK-4), 1018f, 1019, 1155 Quinase(s) dependente(s) de ciclina, 673 Quinidina ação da, 1865q efeitos adversos da comuns/frequentes, 1681q, 1700q, 1701 cutâneos, 405 febre, 160 não arrítmicos, 1884q ocasionais, 1681q pró-arritmicos, 1701, 1884q raros, 1700q trombocitopenia, 48,967q para síndrome de Brugada, 1899 dose de, 1883q interações medicamentosas da, 38, 46q, 168 lq indicações para, 1883q para malária, 1699q, 1700q, 1701 metabolismo da, 36q farmacologia da, 1700q, 1883q, e26-8 classe de gravidez da, 1681q
para síndrome QT curto, 1898 para taquicardia ventricular, 1893 Quinina classe de gravidez da, 1681q efeitos adversos da, cardíaco, e26-8 comuns/frequentes, 1681q, 1700q ocasionais, 1681q perda da audição, 272q pigmentação oral, 272q raros, 1700q renais, e26-8 trombocitopenia, 48, 967q, 969, 2379 farmacologia da, e26-8 interações medicamentosas da, 1681q, e26-8 overdose/intoxicação com, e50-15q para infecção por Babesia, 1025q, 1707-1708, 1707q para malária, 1026q, 1700q Quinolonas ação das, 1134q, 1137 para diarréia do viajante, 1045 resistência às, 1138,1168,1222 Quinta doença. Ver Eritema infeccioso Quinupristina-dalfopristina ação da, 1134q, 1135-1136,1168 ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q efeitos adversos da, 1187 indicações para, 1145q índices farmacodinâmicos da, 1141q interações medicamentosas da, 1143, 1147q na gravidez, 1142q para infecções por MRSA, 1168, 1169q para infecções por VRE, 1187 resistência á, 1134q, 1145q Quiropraxia, 137-138, e2-2q, e2-3 Quociente respiratório, 2090
Rabdomiólise aguda hipernatrêmica, 350 hiperpotassemia na, 356 hipocalcemia na, 362 hipopotassemia e, 353 lesão renal na, 336,2298, 2300q na influenza, 1497 tratamento da, 2306 Rabdomioma, cardíaco, 1980 Rabdomiossarcoma. Ver também Sarcoma de tecido mole alveolar, 666q patologia do, 817 tratamento do, 818 Rabdoviridae distribuição geográfica dos, 1619q lissavírus, 1610,1616 raiva. Ver Raiva vírus da estomatite vesicular, 1610, 1616,1617q, 1619q Rabeprazol efeitos adversos do, 2448 para doença ulcerosa péptica, 2447q, 2448 para DRGE, 306 Raciocínio, 88 Raciocínio clínico, 19 atalhos cognitivos no, 20 estilo de prática e, 21-22 experiência clínica no, 19 incentivos econômicos e, 22 influências sobre, 21-22 instrumentos de apoio às decisões, 25-26 interpretação dos exames diagnósticos e, 22-25. Ver também Exames laboratoriais clínicos intuitivo vs. analítico, 19-21
medicina baseada em evidências, 26-28 modelo hipotético-dedutivo do, 21 reconhecimento de padrões no, 19-20 situação prática e, 22 Racismo, e4-4 a e4-5 Rad, 691,1788, 3609q Radiação, 1788. Ver também Radiação ionizante Radiação alfa (a), 1788 Radiação beta (p), 1788 Radiação gama (y), 1788 Radiação ionizante anemia aplásica e, 887-888 câncer de mama e, 755 câncer de pulmão e, 737 lesão cutânea por, 409 LMA e, 905 Radiação penetrante, 1788 Radiação solar, 440 Radicais hidroxila, 691 Radiculopatia, 129, 3470, 3470q Radiculopatia cervical, 140q Radiculopatia lombossacral, 132q Radiografia na displasia fibrosa, 3142, 3142f na doença de Paget do osso, 3137, 3138f na osteoporose, 3140 na síndrome de McCune-Albright, 3142, 3142f Radiografia baritada na colite ulcerativa, 2482 na constipação, 318 na disfagia, 300 na doença ulcerosa péptica, 2446, 2446f na náusea e vômitos, 303 nas síndromes de má absorção, 2467, 2467f no câncer colorretal, 771f, 772f para triagem de câncer colorretal, 771 Radiografia de abdome na avaliação da doença pancreática, 2630q, 2632 na doença da vesícula biliar, 2619, 2619q, 2620f no aneurisma aórtico, 2062 Radiografia de tórax na avaliação de doença respiratória, 2086, 2094-2095, 2095f, 2096f na dispnéia, 279 na febre de origem obscura, 163 na hemoptise, 285 na hipertensão pulmonar, 2077 na infecção por HRSV, 1489 na linfadenopatia, 466 na SDRA, 2200f, 2206f na SRAG, 1487 na tosse, 283 no aneurisma da aorta, 2061, 206lq, 2064 no antraz, 1770,1771q no choque cardiogênico, 2234 no edema pulmonar, 281 normal, e34-lf Radioimunoterapia, 692 Radionuclídio, Radioterapia, 689-691 craniana, profilática no câncer de pulmão, 752 curativa, 692 curva de dose-resposta na, 691 efeitos adversos da, 692 câncer de tireoide, 2934 cardiovasculares, 838-839,1967, 1975 catarata, 234 complicações intestinais, 800 da cabeça e pescoço, 736 deficiência de cobalamina, 648 disfagia, 298
disfunção testicular, 3018-3019 gastrointestinais, 2486q, 2487 hepático, 840 hipofisários, 2879, 2886 linfedema, 2075, 2075q mielofibroma, 897 na infecção pelo HIV, 1565 neurológicos, 840, 3393 ocular, 841 pericardite, 692, 838,1975, 2267 plexopatia, 3472 pulmonares, 839,2276 sarcoma de tecidos moles, 816 tardios, 838-841, 839q terapia com oxigênio hiperbárico para, e52-3, e52-5, e52-4q efeitos biológicos da, 691 modalidades de, 691,692 paliativa, 692, 767 para acromegalia, 2896 para câncer, 650 para câncer anal, 776 para câncer colorretal, 773 para câncer de bexiga, 791 para câncer de cabeça e pescoço, 734735 para câncer de mama, 757, 761 para câncer de pele, 732 para câncer de próstata, 800-801 para câncer de pulmão, 748-749, 752 para câncer esofágico, 765 para câncer gástrico, 767 para câncer pancreático, 789 para câncer testicular, 808 para carcinoma ductal in situ, 762 para carcinoma hepatocelular, 78lq, 783, 783q para colangiocarcinoma, 784 para doença de Hodgkin, 934 para dor óssea, 73 para melanoma, 729 para sarcoma de tecidos moles, 817818 para tumor de Pancoast, 750 para tumores cerebrais metastáticos, 3391 para tumores hipofisários, 2886 propriedades físicas da, 691-692 quantificação da, 691 segunda neoplasia maligna e, 75, 841, 934-935 Radioterapia com feixe externo, para câncer de próstata, 800 Raios X, 1788 Raiva considerações globais, 1615-1616 diagnóstico da, 1614, 3424 diagnóstico diferencial da, 1614, 3424 em receptor de transplante, 1121q epidemiologia da, 1611, 161 lf identificação laboratorial da, 1614 manifestações clínicas da, 1612-1624, 1613f, 1613q, 3424 patogenia da, 1013, 1611-1612, 1612f profilaxia, e24-3q, e24-4 profilaxia pós-exposição para a, 1614-1615,1615f prognóstico da, 1614 tratamento da, 1614 vacinação pré-exposição para, 1615 Raloxifeno efeitos adversos do, 3133f para prevenção do câncer de mama, 658, 762 Raltegravir ação do, 1580 efeitos adversos do, 1573q estruturado, 1575f para infecção pelo HIV, 1573q, 1580 resistência ao, 1577f, 1850 Ramipril para hipertensão, 2055q para insuficiência cardíaca, 1908q
Ramo direito, 1870 Ramo esquerdo, 1870 RAND Health Insurance Experiment, e3-2 Ranibizumabe, para degeneração macular, 235 Ranitidina efeitos adversos da, 376q para doença ulcerosa péptica, 2447q, 2448 para DRGE, 306 RANK (ativador do receptor de NPtB), 681, 3122, 3123f, 3136 RANKL, 3122, 3123f Ranolazina, para cardiopatia isquêmica, 2011
RANTES, 2662q Rapamicina ação da, 676f após transplante de fígado, 2611 aumento da sobrevida e, 569, 585 para prevenção de EBV-doença linfoproliferativa de células B, 1125 para sarcoma de Kaposi, 1128 sinalização e, 569 Raquitismo deficiência de vitamina D e, 594f, 3094 dependente de vitamina D, tipo I, 2358q, 2366, 3112q, 3117 tipo II, 2366, 3112q diagnóstico do, 3094-3095 hipofosfatêmico, 2284q hipofosfatêmico recessivo ligado ao X, 2358q, 2366, 3221q manifestações clínicas do, 594q RAR (razão aldosterona-renina), 2949q Rarefação, 527q RAS (sistema de ativação reticular), 2247 Rasburicase efeitos adversos da, 2274 para nefropatia por ácido úrico, 909 para tratamento/profilaxia de lise tumoral, 2274 variações genéticas na resposta a, 42q Rascunho visuespacial, e9-3 Razão aldosterona-renina (RAR), 2949q Razão cintura-quadril, 628, 629 Razão de extração do oxigênio, 2222q Razão de ligação dos hormônios tireoidianos (THBR), 2917 Razão de probabilidade, 24,24f Razão mieloide/eritroide, 454 Razão Normalizada Internacional (INR), 462,999 Razão terapêutica, 34,34f Razões de dependência, 560-561 RDW. Ver amplitude de distribuição dos eritrócitos, 450, e-17-1 Reabilitação de alcoolistas, 3551-3552 de distúrbios da medula espinal 3374, 3375q no tratamento do acidente vascular encefálico isquêmico, 4274 pulmonar, 280,2158 Reabilitação pulmonar para dispnéia, 280 para DPOC, 2158 Reação de hipersensibilidade de tipo tardio clássica, 2683 em reações farmacológicas cutâneas, 433 na tuberculose, 1344 Reação de Jaffe, e53-2 Reação de Jarisch-Herxheimer na doença de Lyme, 1405 na febre Q, 1416 na febre recidivante, 1399,1400f na leptospirose, 1396 na sífilis, 1388
Reação de Mazzotti, e26-3 Reação de Prausnik-Küstner, 2710 Reação de van den Bergh, 324 Reação do nitroprussiato para cetonas, 366 Reação em cadeia da polimerase (PCR), 486 análises mutacionais, 507 na febre de origem obscura, 162 párea detecção de mutações, 508q, 521 transcriptase reversa, 508q Reação em cadeia da polimerase da transcriptase reversa (RT-PCR), 508q, 1540-1541,1540f, 1540q Reação leucemoide, 477 Reação persistente a luz, 445 Reação transfusional não hemolítica febril, 955 Reações adversas a fármacos, 47. Ver também fármacos específicos
a agentes antibacterianos, 1146q citotóxicas, 48 classificação, 47,1143 idiossincrática, hepatite e, 2558 imprevisíveis, 1143 incidência das, 47-48 mecanismos imunológicos das, 48 no idoso, 577 relacionadas com a dose, 1143 Reações alérgicas. Ver Reações de hipersensibilidade Reações anafiláticas. Ver também Reações de hipersensibilidade à dialisador, 2325 à picadas de insetos, 3581 à transfusão, 955 Reações de hipersensibilidade. Ver também Reações anafiláticas a fármacos antineoplásicos, 2277 a picadas de insetos, 3581-3582 a transfusões, 955 de tipo imediato, 2681-2682 de tipo tardio, 433, 1344, 2683 relacionada com fármacos, meningite crônica devido a, 3439q Reanimação, ABC da, 2221 Reanimação boca a boca, 2243 Reanimação cardiopulmonar elementos da, 2243 para paciente terminal, 79 para parada cardíaca, 166-167,2243 prognóstico após, 2258, 2258f Reaquecimento para choque, 2222 para geladura, 169,169q para hipotermia, 167,168q Reaquecimento arteriovenoso contínuo, 68q Reaquecimento sanguíneo extracorpóreo, 167,168q Reatividade vasodilatadora pulmonar, 2077 Recém-nascido(s) convulsões em, 3256q deficiência de vitamina K em, 603 epilepsia familiar benigna, 3222q infecções em, C. trachomatis, 1425,1427q, 1428 Candida, e44-8f CMV, 60, 1472,1472q, 1473 enterocócicas, 1183 gonocócicas, 1223,1226q icterícia em, 1464 L. monocytogenes, 1196 pelo HIV, 1519,1520f por enterovírus (doença generalizada do recém-nascido), 1595,1595q por herpes-vírus, 61 por HSV, 1444q, 1458-1459 rubéola. Ver rubéola, congênita sífilis. Ver Sífilis, congênita
Streptococcus do grupo B, 1178-
1179 T. gondii, 1723,1727,1728 tétano, 1197,1198 varicela, 1464 níveis de FSH em, 3030, 3030f níveis de LH em, 3030, 3030f Recém-nascido(s). Ver Recémnascido(s) Receptor CX3CR1,1533q, 2663q Receptor CXCRl, 2389, 2663q Receptor CXCR2,2663q Receptor CXCR3-A, 2663q Receptor CXCR3-B, 2663q Receptor CXCR4, 540,1507,1528, 1529f, 2663q Receptor CXCR5,2663q Receptor CXCR6, 2663q Receptor de acetilcolina na miastenia grave, 3481 Receptor de ativação da protease 1 (PARI), 984 Receptor de CCR1,2663q Receptor de CCR 10, 2663q Receptor de CCR2, 1533q, 2663q Receptor de CCR3, 2106, 2106f, 2663q Receptor de CCR4, 2106, 2106f, 2663q Receptor de CCR5,1016 ensaios para, 1542 ligantes, tipos celulares, e conexão com a doença, 2663q na infecção pelo HIV aquisição e progressão da doença, 1533q, 1534, 1534q ciclo de replicação viral, 1507, 1510f patogenia, 1528-1529, 1529f, 1532 resposta ao maraviroque e, 42q Receptor de CCR6,2663q Receptor de CCR7, 2663q Receptor de CCR8, 2663q Receptor de CCR9, 2663q Receptor de manose, 2655q Receptor de rianodina, 44 Receptor de transplante. Ver também paciente imunocomprometido avaliação pré-transplante do, 1120 câncer de pele no, 730 imunização do, 1131-1132, 1132q infecções no, 1120 adenovírus, 1492 após TCTH, 962, 962q, 11201126,1122q, 1123q, 1464-1465 após transplante de órgãos sólidos, 1126-1131,1126q após transplante renal, 2332-2333, 2333q CMV, 1473-1474 HRSC, 1489 parainfluenza, 1491 rinovírus, 1486 viagem do, 1132 Receptor de XCR1, 2663q Receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) hiperexpressão no câncer de cabeça e pescoço, 733 mutação do, no câncer de pulmão, 706, 740, 740q, 751, 752-753 resposta farmacológica e, 42q, 44 sistemas de abordagem à responsividade do, el9-4 Receptor do fator de crescimento hematopoiético (tipo 1), 2667, 2668 Receptor do hormônio foliculoestimulante (FSH), 499 Receptor do hormônio luteinizante (LH) distúrbios do, 3051, 3052q, 3053 mutações no, 499 Receptor do hormônio tireoestimulante (TSH-R), 2932, 2933f Receptor do paratormônio, (PTH)/ PTHrP, 3098, 3098f
Receptor gama ativado por proliferador peroxissômico, para DII, 2489 Receptor X farnesoide, 2616 Receptor(es) ativado(s) por proliferador peroxissômico, 601,624 Receptor(es) de angiotensina, 1803q Receptor(es) de canabinoides, 634-635 Receptor(es) de membranas, 2869-2870, 2869f Receptor(es) do fator de necrose tumoral, 679 Receptor(es) nuclear(es), 2870,2870f ação hormonal através do(s), 2869 sinalização, 2870,2870f Receptor-p de ácido retinoico, 657 Receptores, 1984,1984f, 2654q Receptores acoplados à proteína G (GPCR), 2866 mutações, sinalização do receptor na, 2873 na sensação do paladar, 243 Receptores ancorados a GPI, 1019 Receptores ativadores ou inibidores semelhantes a imunoglobulina das células killer (KIR), 2658, 2666q Receptores da enzima conversora de angiotensina (ECA), na SRAG, 1487 Receptores DARC, 1533q Receptores de ácido retinoico, 601 Receptores de adenosina, 984 Receptores de androgênio, 677 Receptores de bradicinina, 1803q Receptores de células B para antígeno, 2650 recombinações defeituosos dos, 2700 Receptores de células NK inibitórios (iNKR), na infecção pelo HIV, 1532 Receptores de células T (TCR) complexo trimolecular de, 2686f para antígeno, 2651 recombinações defeituosas dos, 2700 sinalização, 2670f Receptores de citocinas, 2668,28692870,2869f Receptores de citoxicidade natural (NCR), 1532 Receptores de estrogênio, 677 no câncer de mama, 757,759 no carcinoma com tumor primário desconhecido, 822q Receptores de glicoproteína Ilb/IIIa, 965,984 Receptores de hormônio tireoidiano, 2915-2916,2916f Receptores de hormônios caracterização dos, 2866 famílias de, 2866-2867, 2867q receptores de membrana, 2869-2870, 2869f receptores nucleares, 2870, 2870f Receptores de hormônios tireoidianos (TR) ação dos, 2915,2916f nucleares, 2915-2916, 2916f Receptores de leptina, 625,625q, 626f Receptores de lipoproteína de baixa densidade (LDL), 1984 Receptores de neurotransmissores, defeitos na doença neurológica, 3228, 3229q Receptores de opioides, 97,3553, 3553q Receptores de progesterona no câncer de mama, 759 no carcinoma de tumor primário desconhecida, 822q Receptores de reconhecimento de padrões (PRR) definição de, 2651 do sistema imune inato, 2651, 26532654, 2654-2655q, 2655f na modulação da resposta imune adaptativa, 2655q
• serinaquinase, 2869f, tirosinoquinase, 2969, üe tirosinoquinase receptora, 680f Receptores de transferrina, 844 Receptores do fator de crescimento derivado das plaquetas (PDGF), 685, 685f Receptores indutores de morte, 679, 680f, 681 Receptores ionotrópicos, 3226 Receptores metabotrópicos, 3226 Receptores NMDA, 834f anticorpos contra, 833q, 834f, 835 na memória, e9-3 Receptores semelhantes a NOD (NLR) na inflamação, 1010,1019,1020f no sistema imune inato, 2653-2654, 2654q Receptores sensores de cálcio, 360,2360, 2385, 2676q Receptores Toll-like (TLR) defeitos dos, 1009q febre e, 145 ligantes e funções dos, 2654q na resposta imune, 1008,1155,2653, 2655q na resposta inflamatória, 1017-1019, 1018f na sepse e choque séptico, 2224 nas plaquetas,985 vias de sinalização dos, 2655f Recessão gengival, el2-4f Recombinação, genética, 489,489f, 504 Reconhecimento da face, 209 Reconhecimento de padrões, 19-20 Reconhecimento do objeto, 209 Recoverina, 833q Recuperação de inversão com atenuação do líquido (FLAIR), 3244 de tumores cerebrais, 3383 na encefalite límbica, e44- lf na encefalite viral, 3422-3423, 3422f, 3423q nas crises convulsivas, 3260 Recusa de tratamento, 79, e5-2 Recusa em deglutir, 297 Rede de trabalho livre de escala, el9-2, el9-2f Rede gênica, el9-3, el9-6f Rede límbica, da memória, 209 Rede occipitotemporal, 209 Rede parietofrontal, 207, 207f Rede perissilviana, 202 Rede pré-frontal, 210 Rede vascular hipotalâmico-hipofisária, 2877f Redes doença, 488, el9-3 a el9-4, el9-4f, el9-5f gene, el9-3, el9-6f organização de, el9-2, el9-2f Redes neurais, em larga escala, 202 Redes nodulares, 488. Ver também Redes Redução de risco absoluto, 3281, 3283 relativo, 3281, 3283 Redução do risco absoluto, 28,3281, 3283 Redução do risco relativo, 3281, 3283 Reducionismo, el9-l, el9-3 5a-redutase, 381 Reembolso pelo serviço, 22, e5-3 Reentrada, 1863, 1863f, 1879 círculo dominante, 1864 funcional, 1864 intervalo de excitação, 1863f, 1864 Reentrada atrioventricular (AV), 1864, 1889 Reentrada AV antidrômica, 1889 Reentrada AV ortrodômica, 1889
Reentrada dos ramos, 1864 Reestenose, 2012,2035 incidência da, 2037 manifestações clínicas da, 2037-2038 mecanismo da, 2036f, 2038 Reflexo acústico, 253 Reflexo corneano à luz, 228 Reflexo da ânsia de vômito, 3236 Reflexo de estabilização do olhar, 224 Reflexo de piscar, e45-7 Reflexo do piscar corneano, 2250f, 225lf Reflexo miogênico, 2281, 2294 Reflexo óptocinético, 224 Reflexo vestíbulo-ocular, 178 Reflexo(s), testes, 3237-3238. Ver também reflexos específicos Reflexologia, e2-2q Reflexos cutâneos, 182, 3237-3238 reflexos de estiramento muscular (do tendão) 182, 182q, 183f, 3237 Reflexos do tronco encefálico, exame no coma, 2250-2251, 2250f Reflexos oculocefálicos, 2251 Reflexos primitivos, 3238 Refluxo vesicoureteral, 2371-2372, 237 lq Reforço da vacina contra tétano, para feridas por mordedura, e24-4 Reforma dos sistemas de saúde cobertura universal e el-5 a el-6 liderança e, el-6 política pública e, el-6 Região da cabeça e pescoço infecções anaeróbias da, 1333-1334, 1338 no exame cardiovascular, 1822 Região de coloração homogênea, 665 Região de controle de locus, 490 Regiões neocorticais, e9-l Registros, 27 Regra ABCD, e16-6 Regulação autócrina, 2872 Regulação do sódio, na diálise, 2323 Regulação parácrina, 2872 Regulador acessório estafilocócico (sar), 1161 Regulador autoimune (AIRE), 3114 Regulador gênico acessório (agr), 1161 Regulamento Internacional da Saúde, 9 Regulamentos de privacidade, e5-l Regurgitação, 301 na acalasia, 2431 na doença esofágica, 2427 na DRGE, 2433-2435 nasal, 298 Rejeição mediadores inflamatórios na, 2682q no transplante de fígado, 2612-2613, e38-3f no transplante renal, 2329 Rejeição hiperaguda, 2329 Relação médico-paciente, 2, 5, 6 confiança na, e4-5 fatores raciais/étnicos na comunicação, e4-3f, e4-3 a e4-4, e4-4f Relação volume-pressão ventricular esquerda sistólica final, 1807-1809f Relações de cuidadores, 560-561 Relatos de casos, 26-27 Relaxantes musculares efeitos adversos dos, 432,2261 overdose/intoxicação com, e50-9q a 50-10q, e50-12q Religião, do paciente terminal, Rem, 3609q Remoção de pelos, 383 Remodelamento elétrico, 863 Remodelamento vascular, 2045 Remodelamento ventricular, 2031 Remodelamento ventricular esquerdo, 1903q, 1904, 2031. Ver também insuficiência cardíaca (IC)
Renina aldosterona plasmática e atividade da renina plasmática, 2050 no choque, 2216 produção ectópica da, 827q razão de renina da veia renal, 2049 síntese e secreção de, 2044-2045 Renografia com captopril, 2376, 2376q Reoviridae, 1588q, 1599,1617q. Ver também Rotavírus Repaglinida, para diabetes melito, 2997q Reparo do DNA após lesão solar, 441 erros/defeitos no, 496, 2701, e39-l a e39-2 Repetição, avaliação da, 203 Repetições terminais longas (RTL), 1501,1508, 151 lf Reposição de imunoglobulina para deficiência de anticorpo IgG, 2704 Repouso ao leito para dor nas costas, 137 para febre reumática, 2756 para infarto do miocárdio, 2029 Reprogramação nuclear, 538 Reserpina efeitos adversos da, 376q para hipertensão, 2055q Reservatório de ácidos biliares, 2616 Resfriado comum, 255-256,1485, 1486q adenovírus,1491 coronavírus, 1487-1488 disfunção olfatória e, 244 HMPV, 1490 HRSV, 1488 rinovírus, 1485-1486 tratamento do, 1487 vírus parainfluenza, 1490 vitamina C para, e2-5 Resgate da trissomia, 518 Resiliência, 527q Resina ambergard, 1784 Resina de ligação de potássio, para hiperpotassemia, 2312, el5-3 Resina de troca catiônica para hiperpotassemia, 359 Resistência, a fármacos antibacterianos. Ver Fármacos antibacterianos, resistência à Resistência à insulina ácidos graxos livres no, 1993 anticorpos e, 3080 aterosclerose e, 1989 autoimune, 3080 câncer colorretal e, 769 lipodistrofia e, 3155 na gravidez, 58 na síndrome metabólica. Ver Síndrome metabólica obesidade e, 624, 628 suporte nutricional especializado e, 616 tratamento do, 1997 Resistência ao ácido acetilsalicílico, 2017 Resistência ao hormônio da tireoide (RTH), 2915q, 2916 Resistência ao paratormônio (PTH), 3118, 3118f Resistência das vias respiratórias (Raw) aumentada, dispnéia na, 278 determinação da, 2092 nos distúrbios respiratórios obstrutivos, 2093f nos distúrbios respiratórios restritivos, 2093f Resistência vascular, medida da, 1856 Resistência vascular pulmonar cálculo e valores normais, 2218q no choque, 2218
Resistência vascular sistêmica, 2196, 2198 cálculo e valores normais, 2218q efeito sobre sopros, el3-8 na gravidez, 55 na sepse/choque séptico, 2227 no choque, 2215, 2219q Respiração frequência respiratória, 279 na hipotermia, 166q no choque, 2197q, 2217 Respiração de Cheyne-Stokes, 81,83q na insuficiência cardíaca, 1904-1905 no coma, 2251 Respiração de Kussmaul, 365,2251 Respiração pesada, 278q Resposta completa, à quimioterapia, 693 Resposta de ativação dos macrófagos, na tuberculose, 1343-1344 Resposta de Cushing, 1868,2249 Resposta de fase aguda, 2225 Resposta de Valsalva, na disfunção autônoma, 3355, 3355q resposta imune/sistema imune, 1008. Ver também Imunidade celular adaptativa, 2651, 2668 definição de, 2650 imunodeficiências primárias da, 2696q, 2699 deficiências de linfócitos B. Ver Deficiências de células B deficiências de linfócitos T. Ver Deficiências de células T interações intercelulares da, 2658f mediadores humorais d, 26732674, 2674q PRR na modulação da, 2665q resposta a microrganismos, 1009q, 2678 vs. sistema imune inato, 2653, 2654q, 2655f, 2655q avaliação clínica da, 1683 células T na, 2668-2672, 2669f componentes da, 2695 defeitos moleculares da, 2680q disfunção relacionada com o intestino da, 2403 efeitos antitumorais, 710 em mulheres, 53 endotélio na, 1799 inata, 2651 células efetoras da, 2654 células que deflagram a imunidade adaptativa, 2656q componentes da, 2651, 2654q definição de, 2650 imunodeficiências primárias da. Ver Imunodeficiências primárias, do sistema imune inato PRR da, 2653-2654, 2654q resposta à infecção, 1008,1009lOlOq, 1010 vs. sistema imune adaptativo, 2653, 2654q, 2655f, 2655q interações celulares na regulação da, 2674-2675 introdução à, 2650 macrófagos na, 480 na DII, 2478-2479 na doença celíaca, 2470 na febre reumática, 2753, 2753f na síndrome do intestino irritável, 2498 na superfície mucosa, 2675, 2677-2678, 2678f perturbações endógenas da, 2719q, 2720 perturbações exógenas da, 2719-2720,2719q reconhecimento de padrões na, 2651,2653-2654, 2654q-2657q, 2655f. Ver também Receptores de
reconhecimento de padrões (PPR), do sistema imune inato terminologia relacionada com, 2650 valores de referência para exames laboratoriais, 3588-3596q Resposta inflamatória, 480 defeitos na, 1009q na DII, 2479-2480 no choque, 2217-2218, 2217f Resposta parcial à quimioterapia, 693 Resposta plantar extensora, 3237 Resposta sexual, fisiologia da feminina, 378-379 masculina, 374-375, 374f Resposta vasoconstritora, paradoxal, 1800 Respostas do tronco encefálico auditivas, 253-254 Ressecção ileal, deficiência de cobalamina após, 868 Ressecção intestinal diarréia na, 312 indicações para, 2472 Ressonância magnética (RM) cardíaca, 1846-1848,1848f, 1980f, 2005,el3-10 em tumores endócrinos pancreáticos, 3070 em tumores hipofisários, 2884-2885, 2884f funcional, na doença neurológica, 3248 na artrite reumatoide, 2746 na avaliação da doença respiratória, 2097 na doença de Crohn, 2484, 2485 na doença hepática, 2524 na doença musculoesquelética, 2827, 2827q, 2828f na doença neurológica, 3243 complicações da, 3245-3246 contraindicações para, 3245-3246, 3248q diretrizes para, 3240q FLAIR. Ver recuperação de inversão com atenuação do líquido (FLAIR) meios de contraste, 3244-3245, 3244f técnica, 3243-3245, 3243q, 3244f-3247f tempos de relaxamento, 32433244, 3243q, 3244f-3247f na EM, 3399, 3400q,3401f na encefalite viral, 3422-3423, 3422f, 3423q na encefalopatia hipóxica-isquêmica, 2258f na espondilite anciolosante, 2776, 2776f na febre de origem obscura, 163 no acidente vascular encefálico, 3292, 3294f para triagem do câncer de mama, 660, 661q perfusão, 3248 tempos de relaxamento em Tl e T2, 3243-3244, 3243q, 3244f-3247f tensor de difusão, 3248 Ressonância magnética de perfusão, 3248 Restituição, 2439 Restrição calórica, efeitos do envelhecimento e, 562,563f, 585 Restrição de sódio para ascite, 332 para hipertensão, 2054, 2054q para insuficiência cardíaca, 1907 Restrição hídrica, 616,1907 Resveratrol, 569, 585 Retalho de pele, e25-5 Retardo do crescimento intrauterino, distúrbios testiculares e, 3053
Retenção de líquido com nutrição parenteral, 618 na síndrome de realimentação, 639 no paciente em estado crítico, 616 relacionada com transfusão, 955 Retenção de sódio edema e, 291, 29 lf Reteplase, 1003 ação da, 1003 estrutura de domínio da, 1002f, 1003 indicações para, 1003 para infarto do miocárdio, 2027 para oclusão arterial aguda, 2070 Retículo sarcoplasmático, 1804,1807f Reticulócito(s), 452f Retículo-histiocitose multicêntrico, 418 Retina, 224 atrofia convoluta da, 3216q descolada, 226, 233-234, 233f hemorragia, na doença de altitudes elevadas, e51-l na malária, 1692, 1694f infarto da, 230 lesão da, 226 na hipertensão, 2053 na lesão induzida por radiação, 692 Retinaldeído, 600 Retinite, CMV, manifestações clínicas da, 1474, 1474f na infecção pelo HIV, 1563 tratamento da, 1448-1449,1475 na infecção por T. gondii, 1726 necrosante bilateral, 1563 Retinite pigmentosa, 235-236, 236f, 49lq, 521,2359 Retinoblastoma anormalidades cromossômicas no, 516q esporádico, 502 hereditário (familiar), 502-503, 667f, 668, 669q, 817 oncogenes no, 665q Retinoide, 600 efeitos adversos dos, 434 para disfunção olfatória, 247 para psoríase, 399 Retinol, para prevenção do câncer de pulmão, 657 Retinopatia Retinopatia de Purtscher, 2642 Retinopatia diabética, 57 avançada, 235 controle glicêmico e, 2981, 2982f tratamento da, 235,2982 Retocele, 318 Retopexia, para prolapso retal, 2506, 2506f Retorno venoso, el3-8 a el3-9 Retreinamento do assoalho pélvico, 319 Retroalimentação tubuloglomerular, 2281, 2287f, 2289, 2291, 2294 Retrocolite, 3329 Retrovírus ciclo de vida da, 1500-1502, 1501f classificação dos, 1500,1500q como vetores da terapia gênica, 1502 desenvolvimento de câncer e, 664, 670 estrutura, 1500, 1502f expressão gênica e replicação nos, 1436, 1501f HIV. Ver HIV HLTV-I. Ver Vírus linfotrópico de células T humanas miopatias associadas à, 3373,3512 para administração de terapia gênica, 548q Retrovírus delta. Ver Vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV-I)
Revascularização coronária na cardiopatia isquêmica, 2011. Ver também Revascularização do miocárdio com bypass coronário (CABG); Intervenções coronárias percutâneas (ICP) perioperatória, 64-65 profilática, 64-65 Revascularização de lesão-alvo, 2038 Revascularização de vaso-alvo, 2038 Revascularização do miocárdio com bypass coronário (CABG) encaminhamento para, e4-l, e4-2 para cardiopatia isquêmica, 2012 indicações para, 2012-2013 minimamente invasiva, 2013 vs. ICP, 2013, 2014f para choque cardiogênico, 2236 para infarto do miocárdio AI/IMSEST, 2020 perioperatório, 64-65 reconstrução por angiografia TC de, e29-6f vs. ICP, 2038-2039, 2039f Reversão sexual, 491,497 Revisão de prontuário, 27 Revisões de Medicina Baseada em Evidências, 27q Revisões sistemáticas, 27-28 Rhizobium radiobacter, 1235 Rhizopus spp. 1661. Ver também Mucormicoses Rho quinase, 374 Ribavirina ação da, 1447 efeitos adversos da, 437,1447 para adenovírus, 1492 para encefalite viral, 3425 para febres hemorrágicas virais, 1028, 1447,1628,1772q, 1776 para infecção crônica por HCV, 1130, 1446q, 1447, 1452, 2579-2585 para infecção por HMPV, 1490 para infecção por HRSV, 1125, 1443q, 1447,1489 para infecções em paciente com câncer, 72lq para influenza, 1498 para SDRA, 1488 para vírus parainfluenza, 1491 Riboflavina (vitamina Bz), 598 deficiência de, 594q, 598,609q em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q estrutura da, 596f funções da, 596f, 598 ingestão recomendada de, 590q suplementos, para enxaqueca, 247 valores de referência para, 3599q Ribonucleotídio redutase Ml, no câncer de pulmão, 753 Rickettsia africae, 1410 Rickettsia akari: Ver Riquetsiose variceliforme Rickettsia australis, 150q, 1410 Rickettsia conorii. Ver Febre maculosa do mediterrâneo Rickettsia felis, 1411 Rickettsia honei, 1410 Rickettsia japônica, 1410 Rickettsia prowazekii. Ver Tifo epidêmico (transmitido pelo piolho) Rickettsia rickettsii. Ver Febre Maculosa das Montanhas Rochosas (FMMR) Rickettsia sibirica, 150q. Ver Tifo murino Rifabutina ação da, 1376 efeitos adversos da, 1376 farmacologia da, 1376 para profilaxia da infecção por MAC para profilaxia da TB na infecção pelo HIV, 1544q
Rifampicina
ação da, 1134q, 1137, 1374 distribuição da, 1139 dose de, 1375 efeitos adversos da, 326, 967q, 1146q, 1375 farmacologia da, 1374-1375 indicações para, 1145q interações medicamentosas da, 46q, 1145, 1147q, 1374-1375, 1681q paraanthraz, 1771, 1772q para artrite reativa, 2780 para bastolenose, 1317q para colonização assintomática da faringe por GAS, 1174 para doença da arranhadura do gato, 1317q para endocardite infecciosa, 1058q, 1170 para febre Q, 1416 para hanseníase, 1364,1365,1365q para infecção da tuberculose latente, para infecções por Brucella, 1299 para infecções por Legionella, 1240q para meningite, 1157-1158 para meningite tuberculosa, 3426 para osteomielite, 1074 para profilaxia da TB na infecção pelo HIV, 1544q para TB, 1352q, 1372q, 1373q, 1374 profilática, 1148q, 3416 resistência à, 1134q, 1138,1145q, 1375 variações genéticas na resposta à, 42q, 45 Rifapentina, para TB latente, 1372q, Rifaximina para diarréia, 312 para diarréia do viajante, 1045,1088q para encefalopatia hepática, 2602 Rigidez, 182 Rigidez de decorticação, no coma, 2250 Rigidez de descerebração, 2250 Riluzol, para ELA, 3349 Rim. Ver também Néfron(s) absorção/excreção de água pelo, 341342, 342f, 2282-2286,2282f, e 15-3f absorção/excreção de potássio pelo, 351, 2282f, 2285-2286, el5-3f absorção/excreção de sódio pelo, 342-343, 343f, 2282f, 2285-2286, el5-3f desenvolvimento embriológico do, 2280, 2280f, 2289 doença/insuficiência. Ver Doença/ insuficiência renal mecanismo de concentração do, 342f
na hipotermia, 166q rede vascular do, 2281,2281f, 23752376, 2375f, 2376q tumores secretores de renina do, 2044 Rim do mieloma, 2370,2370f, el4-6f Rim esponjoso medular, 2356q, 2360, 2361f, 2383 Rimantadina ação da, 1447 efeitos adversos da, 1447 farmacologia da, 1447 para faringite, 264 para infecções em paciente com câncer, 72 lq para profilaxia da influenza, 1443q, 14 4 7 ,1498q, 1499 para tratam ento da influenza, 72lq , 1 1 2 5 ,1443q, 1497-1498, 1498q resistência à, 1446 Rim onabanto, 634-635 Rinite
alérgica. Ver Rinite alérgica, 2716 não alérgica perene, 2716 vasomotora, 2716
ÍNDICE 1-130
Rinite alérgica, 256,2715 definição da, 2715 diagnóstico da, 2716,2717f etiologia da, 2715 fatores predisponentes para, 2715 fisiopatologia da, 2715-2716 manifestações clinicas da, 2715-2716 prevenção da, 2716 tratamento da, 2716-2718,2717f Rinite vasomotora Rinoescleroma, 256,1253 Rinofima, 404 Rinossinusite. Ver Rinossinusite Rinovírus, 1485 Riquetsiose variceliforme diagnóstico da, 1411 epidemiologia da, 154q, 1408q, 1411 etiologia das, 154q exantema na, 154q, 157,158,1064, 141 lf, e7-9f manifestações clínicas das, I54q, 1408q, 1411 transmissão da, 1408q tratamento da, 1411 vs. varicela, 157,1465 Riquetsioses, 1407,1408q. Ver também doenças específicas considerações globais, 1027 diagnóstico das, e22-9 em viajantes, 1051q manifestações clínicas das, 149q, 157, 161q Risco moral, e3-2 a e3-3 Riscos ambientais, e4-l Risedronato efeitos adversos do, 3131 no tratamento/prevenção da osteoporose, 3131,3135 para doença de Paget do osso, 3139q Risperidona efeitos adversos da, 3544q overdose!intoxicação com, e50-10q para delirium, 77q para doença de Huntington, 3330 para esquizofrenia, 3543,3544q Ritmicidade circadiana cortisol na, 2942f fisiologia da, 214-215, 215f implicações médicas da, 223 Ritmo circadiano do cortisol, 2942f Ritmo idioventricular acelerado, 1891, 2032, e30-12f Ritmo juncional acelerado, 1888, 2033 Ritodrina, efeitos adversos da, 351 Ritonavir, 1572q ação do, 1579 efeitos adversos do, 1572q, 1579 estrutura molecular do, 1575f interações medicamentosas do, 46q, 1047,1579 metabolismo do, 36q, 45 para infecção pelo HIV, 1572q, 1579 resistência ao, 1577f Rituximabe ação do, 677q, 710-711, 2750 durante a gravidez, e6-3 efeitos adversos do, 2732q, graves, 2749q infecções, 714, 2732q, 2749q leucoencefalopatia multifocal progressiva, 2684,2750 reação de hipersensibilidade, 2277 síndrome de liberação de citocinas, 2274,2275 síndrome de lise tumoral, 2274 monitoração durante o tratamento com, 2749q para anemia hemolítica autoimune, 882 para artrite reumatoide, 2749q, 2750 para degeneração cerebelar, 836 para doença por crioaglutinina, 883 para infecção pelo EBV, 1125
para inibidores dos fatores da coagulação, 976 para LES, 2732q, 2734 para leucemia, 677q para linfoma, 675, 677q para linfoma de células do manto, 929 para linfoma difuso de grandes células B, 930-931 para linfoma folicular, 930 para linfoma gástrico, 768 para LLC, 928 para miopatias inflamatórias 3517 para pênfigo vulgar, 425 para púrpura trombocitopenia imune para púrpura trombocitopênica trombótica, 970 para rejeição de transplante renal, 2332, 2684 para síndrome de Sjõgren, el5-7 para síndrome hemolítica-urêmica, 2275 pênfigo paraneoplásico e, 426 Rivaroxaban, 1000-1001,1000q,2176 Rivastgmina para doença de Alzheimer, 3308 Rizatriptana, para enxaqueca, 118q, 119,119q Rizotomia térmica por radiofreqüência, para neuralgia do trigêmeo, 3361 RLH (helicases semelhantes a RIG), 2653-2654,2654q RM. Ver Ressonância magnética (RM) RNA polimerase, DNA dependente, 1137 RNA ribossômico, metilação do, 1138 Roedor(es), na peste, 1773 Rofecoxibe, efeitos adversos do, 47 Roferon-A, 276q Rolfing/integração estrutural, e2-2q Romidepsina, 701q, 706 Romiplostin, para púrpura, 969 Ronco, 216q Roncos, 2085 Ropinirol efeitos adversos do, 3323 para doença de Parkinson, 3323, 3324q para síndrome das pernas inquietas, 216q, 218 Rosácea. Ver Acne rosácea Roséola (exantema súbito), 148,149q, e7-2f Rosiglitazona ação da, 601, 2998 efeitos adversos da, 2996q, 2998 para diabetes melito tipo 2, 2996q, 2998 Rosuvastatina, para hiperlipidemia, 3159q Rotavírus, 1588q, 1589f, 1590 Rotigotina efeitos adversos da, 3324q para doença de Parkinson, 3323, 3324q Roupas, fotoproteção com, 446, 732 Rouquidão, 265, 299, 734 rT3(T3reversa), 291 lf RTH (resistência ao hormônio da tireoide), 2915q, 2916 rtPA (ativador do plasminogênio tecidual recombinante). Ver Alteplase RT-PCR (reação em cadeia da polimerase transcriptase reversa), 508q, 1540-1541, 1540f, 1540q Rubéola (sarampo alemão) congênita, 61,1032q, 1605-1606, 1605q, 1926, 3428 considerações globais, 1604,16061607,1606f diagnóstico de, 1605-1606 epidemiologia da, 1032q, 1604 infecções do trato respiratório superior na, 256
manifestações clínicas da, 1605 cutânea, 148,149q, 415, 415q, 1605f,e7-lf oral, 268 na gravidez, 61,148,1606 patogenia da, 1604 prevenção da, 1606-1607 tratamento da, 1606 Rubor, 472f Rubor facial, 404, 598 Rufinamida, 3265f Ruminação, 301 na doença esofágica, 2427 Runx2, 3082 Ruptura da parede livre, choque cardiogênico na, 2236 Ruptura do septo ventricular, 2232, 2235q, 2236 Ruptura miocárdica choque cardiogênico na, 2236 traumática, 1981 Rvr. Ver Resistência das vias respiratórias (Rvr)
s Sabor, intensificadores, 246 Sacadomania, 241 Sacaropinúria, 3216q Saccharomyces boulardii, para infecções por C. difficile, 1092, 1093q Saccharomyces cerevisiae, 1015 Sacroiliite na DII, 2488 na espondilite ancilosante, 2776, 2776f SADI. Ver Síndrome de antidiurese inapropriada (SADI) Safe Sea, 3572 Sais de metenamina, para infecções do trato urinário, 1141 Sais ferrosos, para anemia ferropriva, 848-849, 848q Salbutamol (Albuterol) overdose/intoxicação pelo, e50-9q para hiperpotassemia, 359 Salgueiro, 46lq Salicilatos efeitos adversos dos, 2732q cutâneos, 158 distúrbios ácido-básicos, 365q, 367,372 hipertermia, 144q ototoxicidade, 250, 2732q interações medicamentosas dos, 46q overdose!intoxicação com, e50-14q para febre reumática, 2754-2755 para LES, 2732q Saliva artificial, 246 características da, 274 transmissão do HIV pela, 1515-1516 volume e conteúdo de eletrólitos da, 616q Saliva artificial, 246 Salmonella spp. resistência à antibióticos, 1278 resposta inflamatória à, 1020f sobrevida intercelular, 1019 subespécies/sorotipos, 1274 Salmonella typhi. Ver também Febre entérica (tifoide) como agente de bioterrorismo, 1777 patogenia da, 1274 receptores do hospedeiro para, 1016 resistência a múltiplos fármacos, 1275 Salpingite C. trachomatis, 1424, 1427q diagnóstico da, 1104 dor abdominal na, 11lq, 112,1104 manifestações clínicas da, 1104 Salpingoforectomia, bilateral no câncer de ovário, 811
no câncer endometrial, 815 para tumores de células germinativas do ovário, 813 Salsalato, para osteoartrite, 2835q SANDO (neuropatia atáxica sensorial e oftalmoparesia), 3339q Sandostatina LAR para acromegalia, 2896 Sangramento, 457 abordagem ao paciente, 460-464 anamnese no, 460-461 de varizes. Ver Varizes hemorrágicas diagnóstico de, 462-464 diverticular, 2502-2503 doenças sistêmicas que causam/ exacerbam, 461 gastrintestinal. Ver Sangramento gastrintestinal induzido por fármacos, 461,461 q fondaparinux, 997 heparina, 994 heparina de baixo peso molecular, 996 varfarina, 999-1000 manifestações clínicas do, 460-461 na coagulação intravascular disseminada, 979 na doença hepática, 98lq na doença renal crônica, 2316 na hemofilia, 974-975 Sangramento da mucosa, 461 Sangramento gastrintestinal, 320 abordagem ao paciente, 321-323, 322f achados endoscópicos na, 2413-2416, 2415-2417f avaliação inicial do, 2411-2412 azotemia no, 336 diagnóstico do, 322-323, 2411-2412 diverticular, 2502-2503 divertículos colônicos e, 2416,2416f, 2417f ectasias vasculares e, 2416,2416f em distúrbios hemorrágicos, 461 em síndromes de má absorção, 2476q fontes de, intestino delgado, 321 obscuro, 323 oculto, 320, 323,2421,2421f, 2422f trato gastrintestinal inferior, 321. Ver também Sangramento retal trato gastrintestinal superior, 320321 hemorroidária. Ver Doença hemorroidária induzido por ácido acetilsalicílico, 989-990 lacerações de Mallory-Weiss e, 2416, 2416f lesão de Dieulafoy e, 2415-2416, 2416f menor, achados endoscópicos no, 2422, 2424, 2424f na doença de Crohn, 2483 na doença gastrintestinal, 2404, 2404q na doença ulcerosa péptica, 320, 320q, 2414, 2415f,2445 tratamento endoscópico do, e36-lV varicoso, 2414-2415, 2415f Sangramento retal câncer colorretal. Ver Câncer colorretal na colite ulcerativa, 2481-2482,2482q na doença hemorroidária. Ver Doença Hemorroidária no prolapso retal, 2505 Sangramento sentinela, na hemorragia subaracnóidea, 2262 Sangramento uterino disfuncional, 385 Sangramento varicoso achados endoscópicos no, 2414-2415, 2415f
imunopatogenia da, 2806, 2806f incidência da, 2806, 2807, 2807q manifestações clínicas da, 2806-2810, 2807-28 lOf, 2807q alopecia, 407, 407q azotemia, 337 baço, 2807q, 2809, 2809f cardíaca, 2809-2810, e31-lq arritmia ventricular, 1896q bloqueio de condução AV, 1871,1871 q miocardite, 1960-1961, 196 lf colestase extra-hepática, 329 comprometimento da medula óssea, 2809, 2809f cutânea descrição, 155q, 420 lesões figuradas, 408,408q lesões máculopapulares, 417q, 420 lesões papulonodulares, 417q, 420 lúpus pérnio, 2808, 2808f febre, 162 fraqueza, 184 hepática, 2807q, 2808-2809 hipercalcemia e, 3108 hipercalcemia na, 360 hipertensão pulmonar, 2078q, 2081 hipocalcemia na, 361 indigestão, 305 linfadenopatia, 466 monocitose, 480 muscoloesquelética, 2810, 2810f neurológica frequência da, 2807q manifestações clínicas da, 2809 meningite crônica, 3439q mielopatia, 3372 neuropatia periférica, 3459 RM na, e44- 11a e44-15 ocular, 229, 2807q, 2808 oral, 274 pulmonar, 2807-2808, 2807f, 2808q, e34-8f, e34-9f renal, 2809 tosse, 283 metabolismo do cálcio na, 2809 prevalência da, 2806 prognóstico da, 2811 tratamento da, 2811-2813, 2812f, 2813q Sarcoma, 816 cardíaco, 1981 célula de Langerhans, e21-6 célula dendrítica folicular, e21-6 célula dendrítica interdigitada, e21-6 de tecido mole. Ver Sarcoma de tecido mole definição de, 672 epidemiologia do, 648q gástrico, 768 granulocítico, 419 mastócito, e21-7 oncogene no, 665 ósseo. Ver Sarcoma ósseo síndromes paraneoplásicas no, 827q sinovial, 2859-2860 uterino, 814, 815 Sarcoma de células de Langerhans, e21-6 Sarcoma de células dendríticas interdigitadas, e21-6 Sarcoma de Ewing, 819 diagnóstico de, 820 fatores genéticos no, 820 incidência do, 819-820 manifestações orais do, 268 marcadores tumorais no, 652q oncogenes no, 666q tratamento do, 820 Sarcoma de Kaposi diagnóstico do, 1565
em receptor de transplante, 1121q, 1127,1128 epidemiologia do, 1535 estadiamento do, 1565,1565q etiologia do, 732, 1535 infecção por HHV-8 e, 816, 1439, 1476 manifestações clínicas do, 417q, 420, 1564-1565, 1564f, 1565f,el6-5f na infecção pelo HIV, 1564-1565, 1564f, 1565q, 1566q orofaríngeo, 272q patogenia do, 1535 pericárdico, 1549 tratamento do, 1565-1566,1566q Sarcoma de mastócitos, e21-7 Sarcoma de tecidos mole, 816 classificação do, 817 diagnóstico do, 817 epidemiologia do, 816, 648q estadiamento do, 817, 818q fatores ambientais no, 816 fatores genéticos no, 816-817 incidência do, 816 induzido por radioterapia, 816 infecção por HHV-8 e, 816 metastático, 818 prognóstico do, 817 tratamento do, 817-818 Sarcoma granulocítico (cloroma cutâneo), 419 Sarcoma ósseo, 818 classificação do, 818 condrossarcoma, 669q, 819 epidemiologia do, 818 estadiamento do, 818-819, 819q incidência do, 818 osteossarcoma, 268, 665q, 819 sarcoma de Ewing. Ver Sarcoma de Ewing Sarcoma pleomórfico indiferenciado, 817 Sarcoma sinovial, 817, 2859-2860. Ver também Sarcoma de tecido mole Sarcômero, 1802, 1954q Sarcopenia fatores genéticos na, 567 na doença de Parkinson, 582 Sarcoptes scabei, 3579. Ver também Escabiose Sarcosinemia, 3215q Sardas (efélides), 412 Sarin, 1779, 1780q, 1783, e50-llq. Ver também Agentes neurais Sarna crostosa, 3576 Satisfação do paciente, e4-4 Saturação da transferrina, 453, 455, 844f Saturação da transferrina, percentual, 847, 847f, 850q Saturação de oxigênio venoso misto, 2202 Saúde ambiental, global, 17 Saúde da mulher, 50 aterosclerose, 1989-1990 câncer, 51f câncer de mama, 51f cardiopatia isquêmica, 2008 diabetes melito, 53 distúrbios autoimunes, 53 distúrbios do sono, 54 doença cardiovascular, 52-53,52f doença de Alzheimer, 51-52, 51f epilepsia, 3269 expectativa de vida, 50 farmacologia, 54 hipertensão, 53 hirsutismo, 381 infecção pelo HIV, 53-54 maiores problemas de saúde percebidos, por ano, 51f obesidade, 54 osteoporose, 54 principais causas de morte, 50, 50q, 51f
princípios de assistência, 4 risco de doença, 50 transtornos psicológicos, 54 uso abusivo de substâncias, 54-55 uso de tabaco, 55 variações na temperatura corporal, 143 violência doméstica, 55 Saúde global, 9-18. Ver também Países de renda baixa e média anemia aplásica, 887 anemia ferropriva, 846 artrite reumatoide, 2741f, 2751 avaliação nutricional, 593 câncer, 16,648-649, 649f câncer cervical, 813 cantárida, 3583 carcinoma hepatocelular, 777-778, 777q cardiopatia valvar, 1949-1950 carga da doença força de trabalha saudável e, el-4f mortalidade e, 10-12,12q por região, lOf, 561f, 561q por renda, 1lq, 561f, 561q, el-2f caxumba, 1607 cólera, 1289-1290, 1290f, 1291f coqueluche, 1241,1242f cuidados primários e, 17 deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase, 878, 879f deficiência de selênio, 604 deficiência de vitamina A, 601 deficiência de zinco, 604 diabetes melito, 16, 2969, 2970f difteria, 188,1190 distúrbios sexuais de desenvolvimento, 3055 doença cardiovascular, 15-16,18131814, 1814f doença de Wilson, 3190 doença do sono, 1719-1720 doença induzida por fumaça da biomassa, 2129, 2129f doença meningocócica, 1212-1213, 1213f doença prevenível com vacina, 1031, 1032 doença renal crônica, 2321, 2322, 2326 doenças de armazenamento do glicogênio, 3203 doenças não contagiosas, 15-17 donovanose, 1320 drenagem cerebral, 17-18 economia da, 10 endocardite, 1052 erradicação de doença, 1031 estratégias de saúde pública, 18 febre Q, 415 febre recidivante, 1397,1398 febre reumática, 2752, 2753f genômica e, 495 hanseníase, 1360, 1360f hiponatremia, 2911 infecção pelo HIV, 12-13, 13f, 15161517,1517f infecções enterocócicas, 1182 infecções gonocócicas, 1220 infecções por Acinetobacter, 1258 infecções por Babesia, 1708 infecções por Brucella, 1296 infecções por C. difficile, 1091 infecções por C. jejuni, 1286 infecções por C. trachomatis, 14221423 infecções por pneumococos, 1152 infecções por rotavírus, 1592, 1592f infecções por Shigella, 1281 infecções por Spirillum, e24-2 infecções por Yersinia, 1311 infecções sexualmente transmitidas, 1094-1095
ÍNDICE
esofágico, 320-321 recorrente, 2599-2599f relacionado com cirrose, 2597-2599 tratamento do, 2598-2599, 2599f Sangue avaliação laboratorial de detecção automática de microrganismos, e22-3 coleta de amostra e transporte, e22-4q esfregaço de sangue periférico. Ver Esfregaço de sangue periférico para detecção de parasitos, e25-5, e25-6q valores de referência para, 35853588q doação, dirigida/designada, 957 transfusões. Ver Transfusão(ões) Sangue oculto nas fezes achados endoscópicos, 2421,2421f, 2422f testes para, na triagem para câncer colorretal, 29, 30q, 323, 66lq, 662, 771 Sangue total, 953 Sanguessuga medicinal, 3579 Sapinho (candidíase oral) em paciente com câncer, 716 etiologia do, 264 manifestações clínicas do, 264,273q, 274,402,1652, el2-5f na infecção pelo HIV, 1549, 1550f tratamento do, 264, 273q, 1653q Sapo cururu, 356 Sapovírus, 1588q Saquinavir, 1571-1572q, 1575f, 1577f, 1579 sar (regulador acessório estafilocócico), 1161 Sarampo. Ver Sarampo Sarampo. Ver também Rubéola (Sarampo alemão) abordagem ao paciente, 1601 atípico, 415, e7-6f complicações do, 1602-1603, 3428 considerações globais, 1032,1600 deficiência de vitamina A no, 601 diagnóstico diferencial do, 1602 diagnóstico do, 1602 epidemiologia do, 1032q, 1600-1601 erradicação do, 1603-1604 etiologia do, 1600 manifestações clínicas do, 1601 exantema atípico, e7-6f características do, 149q, 1601, e7-lf estágios do, 148, 415, 1601 exantemas, 415, 415q manchas de, Koplik, 415, e7-lf no comprometimento da imunidade, 1601 patogenia do, 1601 prevenção do, 1603. Ver também vacina contra sarampo-caxumbarubéola (MMR) profilaxia pós-exposição, 1603 prognóstico do, 1603 resposta imune ao, 1601 transmissão do, 1601 tratamento do, 1602 Sarampo alemão. Ver Rubéola (Sarampo alemão) Sarcoidose, 2805 aguda, 2812f complicações da, 2810 crônica, 2812f definição da, 2805 diagnóstico da, 2810-2811,281 lf, el4-10f, e34-8f, e34-9f diagnóstico diferencial da, 420, 2119 etiologia da, 2805 fisiopatologia da, 2806, 2806f
1-131
instituições para, 9-10 intoxicação por metais pesados, e49-3 leptospirose, 1393 lesão renal aguda, 2294 malária, 14-15,1689-1691,1690f medicina de viagem, 1042 mieloma múltiplo, 937-938 mortalidade materna, 61 nefrite intersticial aguda e crônica, 2374 nutrição parenteral, 621 obesidade, 16 osteartrite, 2831 pentastomíase, 3579 pneumonia eosinofílica, 2120-2121 pneumonite de hipersensibilidade, 2120-2121 poliomielite, 1598-1599, 1598q questões nutricionais, 608 resistência a antibióticos, 1173 riquetsioses, 1027 rubéola, 1604,1606-1607,1606f sarampo, 1600 saúde ambiental, 17 saúde mental, 17 sífilis, 1381,1381f taxa de resistência à vancomicina, 1182 tétano, 1197 tifo epidêmico, 1412 tracoma, 1428 transição epidemiológica, 1813-1814 transtornos alimentares, 641 tratamento das picadas de serpentes, 3571 treponematoses, 1389,1390f tuberculose, 13-14,13f, 1340-1341, 1341f tungíase, 3582 uso de tabaco, 17 Saúde Mental Mundial: Problemas e Prioridades nos Países de Baixa Renda,
17 Saxagliptina, para diabetes melito, 2996q, 2997q Saxitoxina, 3575 SCAN 1 (ataxia espinocerebelar com neuropatia), 3340q Scedosporium spp., 1667,1668 SCF (fator de células-tronco), 2661f Schistosoma spp. Ver também Esquistossomose ciclo de vida do, 1753,1753f, e25-2q distribuição geográfica do, 1752q, 1754f identificação laboratorial do, e25-2q, e25-5q, q25-6q interações ligante-receptor do, 10151016 transmissão do, 1752q, 1754 Schwannoma, 417q, 3388-3389, 3389f Schwannoma vestibular (neuroma acústico) comprometimento do nervo facial no, 3363 diagnóstico do, 179,180, 3388-3389, 3389f exame de imagem no, 254 perda auditiva no, 179, 180,250, 252, 253 Schwanomatose, familiar, 3384q SCT. Ver Síndrome do choque tóxico (SCT) SDF (fator derivado de células do estroma), 1528,2662q SDRA. Ver Síndrome de angústia respiratória aguda (SDRA) SDRC. Ver Síndrome de dor regional complexa (SDRC) Sebopsoríase, 398 Secção do nervo vestibular, para doença de Ménière, 250
Secreção exócrina pancreática, 2634 conteúdo de água e eletrólitos da, 2402, 2634 eixo anteropancreático e inibição por retroalimentação na, 2634-2635 na autoproteção do pâncreas, 2634 na esteatorreia, 2649 regulação da, 2634 relações exócrinas-endócrinas da, 2634 secreção enzimática na, 2634 Secreção gástrica, fisiologia da, 24402441, 244lf Secreção vaginal, 1098-1100,1099q, 1102. Ver também Infecções vulvovaginais Secreções urogenitais, coleta e transporte da amostra, e22-5q Secretagogos da insulina efeitos adversos dos, 2997 para diabetes melito tipo 2,29952997, 2996q, 2997q propriedades dos, 2995, 2997, 2997q Sedação do paciente com ventilação mecânica, 2201, 2210-2211,2213 para infarto do miocárdio, 2029 Sedativos-hipnóticos efeitos adversos dos, 379q overdose!intoxicação com, e50-12q Sede ativação da, 341 mecanismo da, 2287,2287f, 2904 no idoso, 349 Segunda doença. Ver Febre escarlatina Segurança na assistência médica, 85 fatores que aumentam a probabilidade de erros, 85 frequência de eventos adversos, 85-86 medicina complementar e alternativa, e2-3 e e2-4 medida da, 86 nos países em desenvolvimento, 86 práticas para, 87q prevenção de eventos adversos, 86 quadro nacional (EUA), 86 teoria da segurança, 85,85f Seguro de saúde questões de seleção, e3-l a e3-2 preços administrados, e3-3 uso da assistência médica e, e3-2 a e3-3 Seio venoso, 1920,1921 Seios venosos cerebrais, 3433-3434, 3434f Sela vazia, hipopituitarismo devido a, 2879-2880 Selantes hemostáticos, 982 Selectinas, 473-474,475f, 757, 958 Selegilina efeitos adversos da, 3323 para depressão, 353lq para doença de Parkindon, 3323, 3324q Selênio, 604 deficiência de, 595q, 603, 604, 764, 1963 em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 618q fontes nutricionais de, 604 ingestão recomendada de, 591q nível de ingestão superior tolerável de, 595q para prevenção do câncer de próstata, 658 suplementos, para prevenção do câncer de próstata, e2-5 toxicidade do, 595q, 604 valores de referencia para, 3599q Selenocisteína, 604 Selenose, 604 SEM. Ver Síndrome de eosinofiliamialgia (SEM)
Sem âmnio, 862 Seminoma. Ver Câncer testicular Sena, 74, 74q, 312 Senescência, 679 Senescência celular, 679 Senescência replicativa, 673q, 674-675 Sensação anatomia da, 187,189f anormalidades da, 186 crises focais, 191 em lesões corticais, 190-191 em lesões da medula espinal, 189190 em lesões de nervos e raízes, 189, 190f, 191 f em lesões do tronco encefálico, 190 em lesões talâmicas, 190 localização das, 189, 190f, 19 lf quedas e, 196 exame da, 187, 189f cortical, 188-189 primário, 187 sensorial quantitativo, 187-188 fenômenos positivos e negativos, 186 terminologia na, 186-187 Sensação de globo, 297, 2427 Sensação de toque, teste da, 187,189q Sensação do sabor amargo, 243 Sensação do sabor salgado, 243 Sensação térmica teste de, 187,189q Sensibilidade analítica, e53-2 de testes, 22-23, 23q, 659, 659q Sensibilidade a mutágenos, 553 Sensibilidade cruzada, 438-439 Sensibilização, 11-2, ll-4f,2707 Sensibilização à radiação, 691 Sensibilização central, 94 Sensibilização periférica, 94 Sentido de vibração, 187,189q Sepse/choque séptico, 2223 anormalidades metabólicas na, 2227 bacteremia anaeróbia e, 1336 características fisiológicas da, 2219q citocinas na, 2225 clostrídios, 1205q, 1209 coagulopatia na, 2225, 2227-2228 com achados nos tecidos moles, 1025q, 1028-1029 com manifestações cutâneas, 1025f, 1027-1026 complicações cardiopulmonares da, 2227 complicações neurológicas na, 2228 complicações renais da, 2227 definição da, 2223q delirium na, 199,199q diagnóstico da, 2228 em usuário de drogas IV, 2229q encefalopatia na, 2259 epidemiologia da, 2223,2224q, 2228 etiologia da, 1025q, 1026, 2223, 2224q, 2228 fisiopatologia da, 2224-2226 grave, 2223 hipotermia na, 165 hipovolemia na, 343 lesão endotelial na, 2226 lesão renal aguda na, 2227,2296, 2300q manifestações clínicas da, 2226 manifestações gastrintestinais da, 2227 mecanismos de controle na, 2225 na infecção pelo HIV, 2229q no paciente em estado crítico, 22022203 padrões hemodinâmicos na, 2235q pós-esplenectomia, 713,2229q prevenção da, 2231 prognóstico da, 2231, 223lf
refratária, 2223q resposta cardiovascular a, 2216 sem foco claro, 1024,1025f tratamento da, 1025q, 2228-2231 agentes antimicrobianos, 22282229, 2229q empírico, 1025q remoção da fonte de infecção, 2229 suporte hemodinâmico, respiratório e metabólico, 22292230 Septicemia alcalose respiratória na, 372 definição de, 2223q hemólise na, 883q mortes por, 50q, 67q Yersinia, 1312 Septicemia pós-anginosa. Ver Síndrome de Lemierre Septo primum, 1920 Septo secundum, 1920 Septo vaginal, 385 Sequenciamento do DNA células-tronco, 538 de alta produtividade, 527-529, 528f para detecção de mutações, 508q Seqüências de CpG, 496, 502 Seqüências virais PARV4/r, 1480-1481 Seqüestradores de ácidos biliares efeitos adversos dos, 1996,2996q, 2998 interações medicamentosas dos, 46q para diabetes melito tipo 2,2996q, 2998 para distúrbios das lipoproteinas, 3159q, 3160 para síndrome metabólica, 1996 Sequoiose, 2117q Serosite no LES, 2728q, 273lq Serotonina (5-HT) aspectos anatômicos e clínicos da, 3227q dor e, 94f estrutura da, 3227q na enxaqueca, 115 síntese, secreção e metabolismo da, 3058, 3058f Serpente do mar, 3574 Sertralina dose de, 353lq efeitos adversos da, 353lq para depressão, 76, 651, 3531q para transtorno do pânico, 3530 para transtorno obsessivocompulsivo, 3535 Serviço de emergência infarto do miocárdio, 2024-2026, 2026f preparativos para bioterrorismo, 1777-1778 questões éticas, e5-l Serviço de saúde para funcionário, 1119 Serviços abrangentes, 14 Sexo cromossômico, 3046-3046f fenotípico, 3048, 3049f gonádico, 3046-3048,3046f, 3048f Sexo cromossômico, 3046-3047,3046f Sexo fenotípico definição de, 3048 distúrbios de, 3051 Sexo gonadal, 3046-3048, 3046f, 3047q, 3048f Sexta doença. Ver Exantema súbito SHIF/RMESS. Ver Síndrome de hipersensibilidade induzida por fármacos/reação medicamentosa com eosinofilia e sintomas sistêmicos (SHIF/RMESS) Shigella spp. assinaturas genômicas de, 1281 características de, 1281
Identificação laboratorial da, 12831284 infectividade de, 1016,1020f, 12811283-1284 resistência a antibióticos, 1284 SHU. Ver Síndrome hemolítico-urêmica (SHU) Shunt, pulmonar, 2090-2091,2091 f Shunt da direita para a esquerda, 287 Shunt peritônio venoso para ascite, 653 Shunt portossistêmico intra-hepático transjugular (TIPS) para ascite, 333, 2600, 2601f para sangramento varicoso, 321, 2599, 2599q Shunt sistêmico-pulmonar, congênito, 2078q, 2080 Shunts cardíacos da raiz da aorta para a direita, 1924 SIA. Ver Síndrome de insensibilidade aos androgênios (SIA) Sialadenite bacteriana crônica, 274 distúrbios do paladar na, 245 Sialadenose, na bulimia nervosa, 640 Sialidose, 3194q Sialolitíase, 274, el2-5f Sibilo, 2085 Sibutramina efeitos adversos da, 634 para perda de peso, 634 para síndrome metabólica, 1996 Sideroblasto(s), 454 em anel, 455, 847, 894f, el7-8f medular(es), 846f Sievert (Sv), 3609q Sífilis congênita, epidemiologia da, 1380,1384 manifestações clínicas da, 1384 manifestações orais da, 268,270q, 1384 tratamento da, 1387-1388 considerações globais, 1381,1381f diagnóstico da, identificação dos microrganismos, 1384 na infecção pelo HIV, 1386,1386q neurossífilis, 1385-1386,1386q testes sorológicos, 1384-1385, 1384f dor abdominal na, 110 endêmica, 1389q, 1390,1391,1391f epidemiologia da, 1106, 1380-1381, 1381f etiologia da, 1380 imunidade à, 1388 latente, 1383 na infecção pelo HIV, 1553 não tratada, evolução natural da, 1381-1382 patogenia da, 1381-1382 prevenção da, 1386 primária, diagnóstico diferencial da, 1382 evolução natural da, 1381 manifestações clínicas da, 1380 manifestações cutâneas da, 1107, 1107q, 1382,1382f, e7-4f, el6-9f secundária, alopecia na, 407,407q comprometimento ocular na, 229, 1382 comprometimento renal na, 2353 evolução natural da, 1381-1382 hepatite na, 1382 linfadenopatia na, 466 manifestações cardiovasculares da, aneurisma aórtico na, 2060q, 2061 aortite na, 1384, 2065-2066 bloqueio de condução AV na, 1871,1871q
manifestações clínicas da, 1384 patogenia da, 1384 manifestações cutâneas da, 151q, 157, 405, 1382 condilomas planos, e7-5f erupção papuloescamosa, 1383f,e7-5f,el6-10f histopatologia da, 1381 na língua, e7-5f nas palmas das mãos e plantas dos pés, 1383f, e7-5f, el6-10f placa mucosa, 1382 vs. pitiríase rósea, 157,399, 399q manifestações neurológicas da, 183,1383-1384 meningite crônica, 3436q meningite subaguda, 3426, 3427 manifestações orais na, 269,270271q otite externa na, 259 transmissão da, 1380 tratamento da, abordagem geral, 1386,1387q avaliação da resposta ao, 1388 em pacientes alérgicos à penicilina, 1387,1387q em pacientes com sífilis precoce e seus contatos, 1386,1386q na gravidez, 1387, 1387q na neurossífilis, 1387,1387q na sífilis congênita, 1387-1388 na sífilis tardia e latente tardia, 1386,1387q reação de Jarisch-Herxheimer, 1388 Sífilis endêmica, 1389q, 1390, 1391, 1391f Sífilis maligna, 1553 Sífilis meníngea, 1383 Sigmoidoscopia flexível, 30q, 31, 2409 na colite ulcerativa, 2482, 2482f na constipação, 318 na diarréia, 311 na doença gastrintestinal, 2406, 2406q na triagem do câncer colorretal eficiência da, 770-771 recomendações em adultos de risco normal, 30q, 31, 66 lq, 662 no sangramento gastrintestinal, 323 Sigmoidoscopia flexível. Ver Sigmoidoscopia Sildenafil ação da, 47, 374, 374f efeitos adversos da, 378, 2079 interação com nitratos, 44, 2017, 2025, 2079 para disfunção erétil, 377-378 para hipertensão pulmonar, 2079 Silenciamento gênico, 549q, 567-568, 667 Silica, 2123q, 2124 Silicose, 2124-2125, 2124f, 2125f Simbiose, 526 Simeticona para indigestão, 307 Simpatectomia, para fenômeno de Raynaud, 2072 Simpaticomiméticos efeitos adversos dos, 144q efeitos sobre RAR, 2949q overdose/intoxicação com, e50-9q Simportador, 2283 Simulação, 234, 3542 Simultanagnosia, 208-209, 208f, 239 Sinal biológico, e22-l Sinal d eHoover, 2156 “Sinal da corda”, na doença de Crohn, 2483, 2484 Sinal da dança das filárias, 1747
Sinal da raiz quadrada, 1976 “Sinal da silueta”, e34-10f Sinal de Babinski, 182, 182q, 2248, 3237 Sinal de Beevor, 3367 Sinal de Broadbent, 1976 Sinal de Brudzinski, 3410 Sinal de Carvallo, 1914, 1931, el3-2 Sinal de Chvostek, 362 Sinal de Collier, 240 Sinal de Courvoisier, 786 Sinal de Darier, 420, 2714 Sinal de elevação da perna estendida, 131,132q Sinal de elevação da perna estendida cruzado, 131 Sinal de elevação da perna estendida inverso, 131 Sinal de Gottron, 429, 429f, 3510 Sinal de Gower, 3488, 3489f Sinal de Hutchinson, 229 Sinal de Kernig, 3410 Sinal de Kernohan-Woltman, 2248 Sinal de Kussmaul, 330, 1823,1964 Sinal de Leser-Trelat, 412 Sinal de Leser-Trelat, 412, 766 Sinal de Levine, 2000 Sinal de McConnell, 2174 Sinal de Murphy, 327 Sinal de Nicoladoni-Branham, 2071 Sinal de Nikolsky 157, 424 Sinal de Palia, 2173 Sinal de Panda, 2811 Sinal de Patrick, 130 Sinal de Pemberton, 2931 Sinal de Phalen, 2823 Sinal de Romana, 1717 Sinal de Romberg, 187,195 Sinal de Shawl, 3510 Sinal de spurling, 140 Sinal de supinação de Yergason, 2861 Sinal de Tinel, 2823 Sinal de Trousseau, 362 Sinal de Werstermark, 2173 Sinal de Wintcrbottom, 1720 Sinal do “anel de sinete”, 2143 Sinal do “olho da coruja”, 2269 Sinal do disco de hóquei, 1232 Sinal do Halo, 1659 “Sinal do pãozinho em cruz quente”, 3356, 3356f “Sinal do polegar”, 266,266f Sinal do sol poente, 240 Sinal dos “trilhos de bonde” na bronquiectasia, 2143 na glomerulonefrite membranoproliferativa, 2344, el4-3f Sinal dos olhos de guaxinim, 947, 947f Sinal Lambda, 2811 Sinal V, 3510 Sinal/sintoma de Lhermite, 139,190, 840, 935, 3234 Sinapse imunológica, 2671 Sinapses hebbianas, e9-2 Sinaptofisina no câncer de pulmão, 739q, 739qq no carcinoma de tumor primário desconhecido, 822q Sincinese, 3362 Síncope, 171 abordagem ao paciente, 176-177 após vacinação, 1039 características de alto risco da, 173q definição da, 171 diagnóstico da, 176-177 ECG na, 177 epidemiologia da, 171 fisiopatologia da, 171 hipoglicemia e, 176 história natural da, 171 mediada neuralmente causas de, 175q classificação da, 172-173 fisiopatologia da, 172,173f
manifestações clínicas da, 173 tratamento da, 173 micção, 1871 na doença cardiovascular, 175-176, 175q, 1817 na estenose aórtica, 1939 na hipersensibilidade do seio carótico, 176 na hipotensão ortostática. Ver Hipotensão ortostática nas arritmias, 175-176,175q, 1864, 1865 nos transtornos psiquiátricos, 176 taquiarritmias, 1878 teste da mesa inclinada para, 3356 tosse, 1871 tratamento da, 173 vasovagal bloqueio de condução AV na, 1871 causas de, 172,175q marca-passo para, 1875 vs. crises convulsivas, 176,32603261, 3260q vs. quedas na doença neurológica, 176 Síncope cardíaca, 175-176,175q Síncope reflexa, 171. Ver também Síncope Sincronismo paciente-respirador, 2213 Síndrome “aturdida”, 3314 Síndrome “das construções fechadas”, 2129 Síndrome “sicca”, LES e, 2730, 2731q Síndrome 5q-mielodisplásica, 895q Síndrome abúlica frontal, 210,211 Síndrome ADMIMY, 501q Síndrome alcoólica fetal, 3549 Síndrome APECED (poliendocrinopatia autoimune-candidíase-displasia ectodérmica), 1652, 2705, 3079, 3079q Síndrome associada ao receptor de fator de necrose tumoral 1,2657q Síndrome autoimune de poliendocrinopatia-candidíasedisplasia ectodérmica (APECDE), 1652, 2705, 3079, 3079q Síndrome autoimunes poliglandulares (APG) diagnóstico das, 3079-3080 disfunção testicular devido à, 3019 efeitos sobre múltiplos órgãos endócrinos, 3078-3079, 3079q manifestações clínicas das, 3079, 3079q tipo 1,3079, 3079q, 3114 tipo II, 3079, 3079q tratamento das, 3080 Síndrome autoinflamatória a frio familiar (FCAS), 2657q, 2815q Síndrome autoinflamatória induzida por frio, familiar, 480 Síndrome blue rubber bleb, 417q, 420 Síndrome bulbar lateral, 3288-3289, 3288f Síndrome carcinoide, 3062 biopatologia da, 3057q, 3058f, 3063 diagnóstico da, 3058f, 3063-3064 diarréia na, 313, 314 estenose/regurgitação pulmonar na, 1948 Localização dos tumores na, 3057 manifestações clínicas da, 313,3057q, 306lq, 3062 manifestações cutâneas da, 409,413 tratamento da, 314, 3064-3065, 3064f tumores carcinoides associados à, 3058, 3058q, 3061-3062 Síndrome cardiofasciocutânea, 498q Síndrome CHARGE (coloboma do olho, anomalia cardíaca, atresia coanal, retardo, anomalias genitais e da orelha), 2700-2701
Síndrome condrosternal, 104 Síndrome consumptiva na DPOC, 2156 na infecção pelo HIV, 1564 no idoso, 581 Síndrome costocondral, 104 Síndrome CRF.ST, 409,431, 2757 Síndrome da alça aferente, 2453 Síndrome da alça cega, 2473 Síndrome da alça estagnante intestinal, 868
Síndrome da artéria espinal anterior, 3367 Síndrome da banda iliotibial, 2861 Síndrome da boca ardente (glossodinia), 247,274 Síndrome da cauda equina diagnóstico da, 134 fraqueza na, 184,185 manifestações clínicas da, 134,2269 tratamento da, 134 Síndrome da cúspide mitral encapelada. Ver Prolapso da valva mitral Síndrome da embreagem deslizante, 193 Síndrome da mão (membro) alheia, 206,3311 Síndrome da medula ancorada, 132, 3375 Síndrome da medula espinal central, 3367 Síndrome da pele escaldada estafilocócica epidemiologia da, 1166 manifestações clínicas das, 152q, 1166 manifestações cutâneas da descamação generalizada, 1166, e7-7f erupção cutânea, 152q, 157 evolução, 414 exantemas, 415q sinal de Nikolsky, 157,1166,1166f vesículas/bolhas, 414,414q patogenia da, 1162-1163 vs. febre escarlatina, 157 vs. necrólise epidérmica tóxica, 157, 414,1066 Síndrome da radiação, aguda, 1789-1791 Síndrome da serotonina com ISRS, 3538 com linezolida, 1143 etiologia da, e50-15q hipertermia na, 144,144q manifestações clínicas da, e50-15q mecanismo da, e50-15q tratamento da, e50-15q Síndrome da unha verde, 1271 Síndrome da unha-patela, 2351 Síndrome da valva flácida. Ver Prolapso da valva mitral Síndrome da veia cava superior cateteres venosos centrais e, 2267 diagnóstico da, 2266, 2267f etiologia da, 2266 manifestações clínicas da, 2266 no câncer de pulmão, 742, 742q por Nocardia, 1323 tratamento da, 2266 Síndrome das pernas inquietas, 216q, 218, 2317,3333 Síndrome das unhas amarelas, 2075 Síndrome de “exaustão”, assistência médica para paciente com câncer, 654 Síndrome de abstinência do álcool delirium na 196,199 hipopotassemia na, 351, el5-7 Síndrome de ACTH ectópico. Ver Hormônio adrenocorticotrópico (ACTH), produção ectópica de Síndrome de Addison anemia na, 850 diarréia na, 313 hiperpotassemia na, 357
hipoglicemia na, 3007 manifestações clínicas da, 2956, 2958f manifestações cutâneas da, 412,413 manifestações orais da, 272q Síndrome de Adie, 226 Síndrome de Ahlstrom, 626q Síndrome de Alport, 3213 biópsia renal na, 2351, el4-7f defeitos moleculares na, 3213 diagnóstico da, 2351, 3213-3214 fatores genéticos na, 2351, 3206 formas de, 3213 incidência, 3213 manifestações clínicas da, 2351 perda auditiva na, 252,252q tratamento da, 2351, 3214 Síndrome de Andersen (glicogenose tipo IV), 3199q, 3501 Síndrome de Andersen-Tawil, 3504q, 3506 Síndrome de Angelman, fatores genéticos na, 502,516q, 518 impressão na, 3225 manifestações clínicas da, 516q, 518 Síndrome de angina cervical, 141 Síndrome de angústia respiratória aguda (SDRA), 2205 evolução clínica da, 2205-2207, 2205f fase exsudativa, 2205-2207, 2206f fase fibrótica, 2207, 2207f fase proliferativa, 2207 manifestações clinicas da, 2205, 2205q diagnóstico da, 2205q distúrbios associados à, 2205,2205q etiologia da, 2205 infecção pelo HSV e,1458 incidência da, 2205 ativação das enzimas pancreáticas e, 2636 fisiopatologia da, 2205-2207, 2206f relações de pressão-volume na, 2200f prognóstico da, 2209 na sepse/choque séptico, 2227 no choque, 2217 tratamento da, 2207-2209 algoritmo para, 2209f glicocorticoides, 2208 óxido nítrico, 2208 oxigenação por membrana extracorpórea, 2208 recomendações baseadas em evidências, 2208q terapia de reposição com surfactante, 2208 tratamento hídrico, 2208 ventilação de alta frequência, 208 ventilação líquida parcial, 2208 ventilação mecânica, 2198-2199, 2207-2208 radiografia de tórax na, 2200f, 2206f, e34-10f TC na, 2207,2207f, e34-10f Síndrome de antidiurese inapropriada (SIAD) associada a tumor, 817q, 828 diagnóstico da, 828 etiologia da, 828, el5-5 manifestações clínicas da, 828 tratamento da, 828 disfunção osmorreguladora na, 2907f etiologia da, 346, 346q, 2908q hiponatremia na, 345-346, el5-4 a el5-5 na infecção pelo HIV, 1554 nefrogênica, 2357q, 2364 no câncer de pulmão, 743 subtipos de, 345-346 tratamento da, e 15-5 vs. perda de sal cerebral, 345 Síndrome de Anton, 3287
Síndrome de APPA (artrite piogênica, piodermia gangrenosa e acne), 480481,2657q Síndrome de artrite piogênica, pioderma gangrenoso e acne (APPA), 480-481, 2675q Síndrome de Asherman, 385 Síndrome de Balint, 208-209,239, 3287 Síndrome de Bannwarth, 1402, 3436q Síndrome de Bardet-Biedl, 626,2879 Síndrome de Barlow. Ver Prolapso da valva mitral Síndrome de Bartter alcalose na, 370 clássica, 353 com surdez neurossensorial, 2284q diagnóstico da, 2361 diagnóstico diferencial da, 370 fatores genéticos na, 2284q, 2285, 2357q, 2360 hipocalcemia e, 3115 hipopotassemia na, 353, 370 manifestações clínicas da, 353,2285, 2357q, 2361 patogenia da, 2360,2362f poliúria na, 340 pré-natal, 353 subtipos, 2284q, 2357q, 2360 tratamento da, 2362 Síndrome de Bazex-Dupré-Christol, 731 Síndrome de Beckwith-Wiedeman fatores genéticos na, 502,516q, 518 manifestações clínicas da, 516q, 518 Síndrome de Behçet, 2801 aneurisma aórtico na, 2060q, 2061 ASCAna, 2801 associação do gene HLA à, 2693q atividade do inflamassoma na, 2645q comprometimento neurológico na, 2801, e44-llf comprometimento ocular na, 229, 2801 definição da, 2801 diagnóstico da, 2801, 2801q diarréia na, 314 etiologia, 2801 fatores genéticos na, 2801 incidência da, 2801 KIR com, 2666q manifestações clínicas da, 2801 manifestações cutâneas da, 2801 manifestações orais da, 269,271 q meningite crônica na, 3439q patogenia da, 2801 prevalência da, 2801 tratamento da, 2802 vasculite na, 2799 Síndrome de Benedikt, 238 Síndrome de Bernard-Soulier, 460q, 969, 970 Síndrome de Bloom, 488, 699q, e39-2 Síndrome de Boerhaave, 2436 Síndrome de BOR, 252q Síndrome de Brown-Séquard, 184,190, 3367 Síndrome de Brugada, 1898 canalopatia na, 1897q ECG na, 1864,1878, 1899 em atletas, 1900q fatores genéticos na, 175, 1897q, 1898 síncope na, 175 tratamento da, 1899 Síndrome de Bruns-Garland, 3458 Síndrome de Budd-Chiari ascite na, 332 dor abdominal na, 11 lq esplenomegalia na, 469 na hemoglobinúria paroxística noturna, 883 na policitemia, 456 no carcinoma hepatocelular, 779 transplante de fígado para, 2607 Síndrome de Buschke-Ollendorf, 3141
Síndrome de Caplan, 2125 Síndrome de Carney doença suprarrenal nodular na, 2945 fatores genéticos na, 3078 manifestações clínicas da, 3078 manifestações cutâneas da, 412,1822 mixoma na, 1979 tumores hipofisários na, 2882,2882q Síndrome de Carpenter, 626q Síndrome de Chédiak-Higashi defeitos celulares/moleculares na, 478q, 479 diagnóstico da, 478q, 479f esfregaço de sangue periférico na, el7-2, el7-7f hiporresponsividade das células NK, 2658 manifestações clínicas da, 478q, 479, e39-2 manifestações orais da, 268 tratamento da, 599 Síndrome de Churg-Strauss, 2793, e40-l ANCA na, 2786 características laboratoriais da, 2793 comprometimento renal na, 2344 derrame pericárdico na, e40-3f diagnóstico da, 2344, 2793 diagnóstico diferencial da, 2120 incidência da, 2793 manifestações clínicas da, 2120,2344, 2793 patologia e patogenia da, 2793 prevalência da, 2793 taxa de sobrevida, 2793 tratamento da, 2793 Síndrome de Claude, 238, 3286-3287 Síndrome de Cogan, 2060q, 2061 vasculite na, 2799-2800 vs. policondrite recidivante, 2805 Síndrome de Cohen, 626q Síndrome de compressão do desfiladeiro torácico, 141,2070-2071 Síndrome de Conn, 2949 Síndrome de Cori (glicogenose tipo Illa), 3199q Síndrome de Crigler-Najjar, 2527, 2528f icterícia na, 326 manifestações clínicas da, 2533-2535, 2533q subtipos de, 326, 2533q, 2534 Síndrome de Cronkite-Canada, 314 Síndrome de Crouzon, 498 Síndrome de Crow-Fukase (síndrome POEMS), 413, 837, 943, 3080-3081 Síndrome de Cushing, 2897, 2945 causada pela produção ectópica de ACTH, 827q, 828 diagnóstico da, 829, 2898, 2898q etiologia da, 829-830 manifestações clínicas da, 829 tratamento da, 829 diagnóstico de, 2897-2898, 29462947, 2947f diagnóstico diferencial da, 2898q, 2947-2948, 2947f, 2948f distúrbios da parede vascular na, 972 efeitos do metabolismo das lipoproteinas sobre, 3156 epidemiologia da, 2945 etiologia da, 2897, 2945, 2945q hipertensão na, 2048q, 2050 hipopotassemia na, 353, el5-8 a el59 hirsutismo na, 381, 383 manifestações clínicas da, 2897-2898, 2897q, 2945-2946, 2946f, 2946q, e41-2f manifestações cutâneas da, 412,422, e41-2f no câncer de pulmão, 743 obesidade/gordura abdominal na, 330, 627, 629 prevalência da, 2897
retirada de glicocorticoides e, 704 sangramento na, 460 tratamento da, 2898-2899, 2899f, 2947f, 2948-2949, el5-9 a el5-10 tumores endócrinos pancreáticos e, 3069 vs. doença de Cushing, 2945 Síndrome de Damocles, 654 Síndrome de depleção de androgênios, 802 Síndrome de desinibição frontal, 210, 211
Síndrome de desmielinização osmótica, 347, el 5-6 Síndrome de Devic, 3407-3408 Síndrome de DiGeorge, 516q, 517, 3114, e39-l Síndrome de disfunção de múltiplos órgãos, 2223q Síndrome de distúrbio respiratório do sono, 2078q, 2081 Síndrome de dor mio miofascial, 100, 269, 2858 Síndrome de dor regional complexa (SDRC), 96-97, 2858, 3358-3359 Síndrome de Down (trissomia do 21) anormalidades cromossômicas na, 514, 515q, 517 detecção da, 511,51 lf doença de Alzheimer e, 3306-3307, 3307f frequência da, 514, 514q LMA na, 905 manifestações orais da, 268 mielodisplasia na, 895 Síndrome de Dubin-Johnson, 326, 25352536, 2536q Síndrome de Ehlers-Danlos, 3209 alterações dos ligamentos e articulações na, 3209 classificação da, 3209 defeitos moleculares na, 3209-3210, 3210q diagnóstico da, 3210 distúrbios vasculares na, 973 escoliose na, 3209 fatores genéticos na, 973 formas de, 3210q hérnias na, 3209 incidência da, 3209 manifestações cardíacas da, e31-lq aneurisma aórtico, 2060q, 2061, 2063 dissecção da aorta, 104 prolapso da valva mitral, 3209 manifestações cutâneas da, 421, 3209 pé plano na, 3209 sangramento na, 460 tratamento da, 3211 vs. osteogênese imperfeita, 3208 Síndrome de Eisenmenger hipoxia na, 287 manifestações clínicas da, 456,1923, 1924 na gravidez, 57 Síndrome de Ekiri, 1283 Síndrome de eosinofilia-míalgia (SEM) fisiopatologia da, 481-482 ingestão de L-triptotano e, 2759, e2-4 manifestações clínicas da, 431,481, 2758-2759 Síndrome de epilepsia mioclônica e fibras vermelhas anfractuosas. Ver MERRF Síndrome de Epstein, 969 Síndrome de eritrodermia esfoliativa, 153q, 157, e7-7f Síndrome de esvaziamento rápido, 2453-2454 Síndrome de excesso mineralocorticoide aparente (SEMA), 353, 354, el5-8 a el5-9, el5-9f
Síndrome de extravasamento capilar, 56, 1799 Síndrome de fadiga crônica, 3519 definição da, 3519 diagnóstico da, 3519q, 3520 epidemiologia da, 3519 etiologia da, 3519-3520, 3519q fisiopatologia da, 3520 infecção por EBV e, 1469 prognóstico da, 3521 tratamento da, 3520-3521, 352lf Síndrome de Fanconi distúrbios de depósito de glicogênio na, 3202 manifestações clínicas da, 368 na doença de Wilson, 3188 Síndrome de Fanconi-Bickel (glicogenose tipo XI), 2284q, 3199q, 3221q Síndrome de Fazio-Londe, 3350 Síndrome de febre hemorrágica da dengue/choque, 1028,1628q,1631-1632 Síndrome de Fechtner, 969 Síndrome de Felty, 469, 476, 2740 Síndrome de feminização testicular, 3051-3053, 3052q Síndrome de Fisher, 239 Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (pcrihepatite), 1104, 1424-1425 Síndrome de Forbes (glicogenose tipo Illa), 3199q Síndrome de Foster Kennedy, 246 Síndrome de Foville, 239 Síndrome de Gaisbock, 456, 899 Síndrome de Gardner manifestações cutâneas da, 417, 417q pólipos colônicos na, 769,769q, 774 tumores cerebrais e, 3384q Síndrome de Gardner-Diamond, 422 Síndrome de genes contíguos, 495, 499,517 Síndrome de Gerstmann, 206 Síndrome de Gilbert bilirrubina não conjugada na, 325 defeitos genéticos na, 326 icterícia na, 326 padrões de provas hepáticas na, 2530q, 2531 polimorfismos genéticos na 44 sensibilidade a fármacos na, 706 Síndrome de Gitelman diagnóstico da, 353, 2361 diagnóstico diferencial da, 370 fatores genéticos na, 2284q, 2285, 2357q, 2361 manifestações clínicas da, 353, 2357q, 2361 patogenia da, 2361, 2352f tratamento da, 2362 Síndrome de Goodpasture associação do gene HLA com, 2693q diagnóstico da, 2342 fisiopatologia da, 2169 hemoptise na, 284 manifestações clínicas da, 2169,2342, 2721 prognóstico da, 2342 tratamento da, 2342 Síndrome de Gordon (pseudohiperaldosteronismo tipo II), 205lq, 2284q, 2285, 2363 Síndrome de Gorlin (síndrome de carcinoma basocelular nevoide), 417q, 669q, 812, 3384q Síndrome de Gradenigo, 239,3434 Síndrome de Guillain-Barré, 3363, 3473 após diarréia infecciosa, 1086q características laboratoriais da, 3476 diagnóstico da, 3476, 3476q disfunção autônoma na, 3357 dispnéia na, 278 eventos antecedentes, 3474 fisiopatologia da, 3474, 3476
fraqueza na, 185,186 imunopatogenia da, 2676q, 3474, 3475f, 3475q, 3476f manifestações clínicas da, 3473-3474, 3473q na influenza, 1497 paraneoplásica, 832q, 837 prevalência da, 3473 prognóstico da, 3477 recuperação da, 3477 subtipos de, 3473-3474, 3473q tratamento da, 3476-3477 vacina contra influenza e, 1499 variante de Miller Fisher, 1202 vs. botulismo, 1202 vs. neuropatia da difteria, 1190 vs. PDIC, 3477 Síndrome de hamartomas múltiplos (doença de Cowden), 417q, 418, 669q, 3384q Síndrome de Hamman-Rich (pneumonia intersticial aguda), 2166 Síndrome de Hermansky-Pudlak, 970, 2477, e39-2 Síndrome de Heyde, 972 Síndrome de hiper-IgD, 146,160 Síndrome de hiper-IgE, 482 autossômica dominante, 2702, e39-2 autossômica recessiva, 2701-2702 defeitos celulares/moleculares na, 478q, 482 diagnóstico da, 478q, 2702 manifestações clínicas da, 478f, 482, 2701-2702, e39-2 monocitose na, 480 Síndrome de hiper-IgM, 1009q, 27022703, 2702f Síndrome de hiperparatireoidismo com tumor de mandíbula, 3100 Síndrome de hipersensibilidade induzida por fármacos/reação a fármacos com eosinofilia e sintomas sistêmicos (SHIF/RFESS), 257 diagnóstico da, 438,439q etiologia da, 153q, 406,435-436 fatores genéticos na, 433 manifestações clínicas da, 153q, 435 manifestações cutâneas da, 153q, 157, e7-12f momento de início, 438 tratamento da, 436 Síndrome de hipoplasia cartilagemcabelo, 476, 2702, e39-2 Síndrome de hipotermia periódica, 2883 Síndrome de hipoventilação central, 2186 Síndrome de hipoventilação central congênita, 2186 Síndrome de hipoventilação da obesidade Síndrome de Holt-Oram, 49lq, 1822 Síndrome de Horner manifestações oculares da, 225, 237 no câncer de pulmão, 742 Síndrome de Hoyeraal-Hreidarsson (disceratose congênita), 413,889,2701, e39-2 Síndrome de Hurler, 3192q, e41-5f Síndrome de Hurler-Scheie, 3192 Síndrome de Hutchinson-Gilford, 498q, 566 Síndrome de lmerslund-Grãsbcck, 868 Síndrome de impacto, 2860 Síndrome de imprinting, parentais, 668 Síndrome de imunodeficiência, instabilidade do centrômero e anomalias faciais (ICF), 2701, e39-2 Síndrome de insensibilidade ao hormônio do crescimento (GH), e39-2 Síndrome de insensibilidade aos androgênios (SAI) amenorreia na, 385 completa, 3051
disfunção testicular devido à, 3019 fatores genéticos na, 49lq, 3051 ginecomastia devido a, 3019 manifestações clínicas da, 3052q, 3053 parcial, 3053 Síndrome de insulina autoimune com hipoglicemia, 3080 Síndrome de Irukandji, 3571, 3572 Síndrome de Isaacs, 837, 3490 Síndrome de Jervell e Lange-Nielsen, 252, 252q Síndrome de Job. Ver Síndrome de hiper-IgE Síndrome de Joubert, 3340q Síndrome de Kallmann disfunção olfatória na, 246 etiologia da, 2878 hipopituitarismo devido a, 2878 testes genéticos para, 524q tratamento da, 524q Síndrome de Kearns-Sayre arritmia ventricular na, 1896q bloqueio de condução AV na, 1871, 1871q diagnóstico da, 3503 disfunção do nó SA na, 1868,1868q fatores genéticos na, 2955q, 3503 hipocalcemia e, 3114 locus e fenótipo da, 3339q manifestações clínicas da, 501q, 1868, 2955q, 3503, el8-6, el8-6q manifestações oculares da, 236, 237 mutação do DNA mitocondrial na, 50lq, 3503, el8-6, el8-6q tratamento da, 3503 Síndrome de Kenney-Caffey, 3114 Síndrome de Kindler, 409 Síndrome de Klinefelter, 3048 anormalidades cromossômicas na, 515 fisiopatologia da, 3048 ginecomastia na, 3019, 3048-3049 hipogonadismo devido a, 3018 linfedema na, 2075 manifestações clínicas da, 3048, 3050q tratamento da, 3048-3049 triagem e avaliação da, 2875q tumor de células germinativas mediastinal na, 805 Síndrome de Korsakoff, 3313, 3547, e9-2 Síndrome de Kostmann, 476,905 Síndrome de Lady Windermere, 1369 Síndrome de LAMB, 412, 1979 Síndrome de Langer-Giedion, 516q Síndrome de Laugier-Hunziker, 412 Síndrome de Laurence-Moon-Biedl, 626q Síndrome de Lemierre, 263,265,266, 1334 Síndrome de Lennox-Gastaut, 3253 Síndrome de LEOPARD, 412 Síndrome de Leriche, 2065 Síndrome de Lesch-Nyhan, 491, 2383q, 2386 Síndrome de Lewis-Sumner, 3477 Síndrome de Liddle diagnóstico da, 354 fatores genéticos na, 205lq, 2284q, 2357q fisiopatologia da, 2052,2286 hipopotassemia na, 353 manifestações clínicas da, 370,205lq, 2286, 2357q tratamento da, 354 Síndrome de Li-Fraumeni fatores genéticos na, 491q, 669q, 673, 816 manifestações clínicas da, 754 risco de câncer pancreático na, 786 tumores cerebrais e, 3384q
ÍNDICE 1-136
Síndrome de linfocitose infiltrativo (SLID), 1555 Síndrome de lise tumoral hiperpotassemia na, 356 hipocalcemia na, 362 lesão renal aguda na, 2298, 2300q manifestações clínicas da, 2274,2298 tratamento da, 2274, 2275f Síndrome de Loeys-Díetz, 1822, 2060q, 2061,3212 Síndrome de Loffler, 481, 2120 Síndrome de Lõfgren, 2806, 2808 Síndrome de Lynch. Ver câncer de colo hereditário sem polipose Síndrome de Maffucci. 420, 812, 3143 Síndrome de Marfan, 3206, 3212 classificação da, 3212 diagnóstico da, 3213 fatores genéticos na 493, 3212 testes genéticos para, 524q deformidades da mão na, 1822 incidência da, 3212 defeitos moleculares na, 3212-3213 manifestações oculares na, 3212 idade parental e, 495,500 na gravidez, 7 pneumotórax espontâneo na, 3212 tratamento da, 493, 524q, 525, 3213 distúrbios da parede vascular na, 973 manifestações esqueléticas da, 3212, e41-6f manifestações cardíacas da, 3212, e31-lq aneurisma aórtico, 2060q, 2061, 2062, 2063 dissecção da aorta, 104,2064 sopro na, el3-7 Síndrome de Marinesco-Sjõgren, 3339q Síndrome de Mayer-Rokitansky-KusterHauser, 385, 3055 Síndrome de McCune-Albright, 3142 achados laboratoriais na, 3142 achados radiográficos na, 3142,3142f fatores genéticos na, 502, 2945, 3015 manifestações clínicas da, 502,2945, 3015,3142 manifestações cutâneas da, 413 síndrome de Cushing na, 2945 tratamento da, 3142 tumores hipofisários e, 2882 Síndrome de Meige, 2181 Síndrome de Melkersson-Rosenthal, 3363 Síndrome de Mendelson, 1334 Síndrome de Millard-Gubler, 239 Síndrome de Miller-Dieker, 516q, 517 Síndrome de miopatia mitocondrial, encefalopatia, acidose láctica e acidente vascular encefálico (MELAS). Ver Síndrome MELAS (miopatia mitocondrial, encefalopatia, acidose láctica e acidente vascular encefálico Síndrome de Mírizzí, 2621 Síndrome de Monge (doença crônica das montanhas), 288, e51-6 Síndrome de Morvan, 835 Síndrome de Muckle-Wells, 2349, 2657q, 2815q, 2816-2817 Síndrome de Munchausen, 314,3542 Síndrome de narcolepsia-cataplexia, 216q Síndrome de Nelson, 413, 2899 Síndrome de Nothnagel, 238 Síndrome de obstrução intestinal distai (SOID), 2149 Síndrome de Omenn, 2701 Síndrome de opsoclono-mioclonia paraneoplásica, 832q, 833q, 836 Síndrome de Osler-Weber-Rendu (telangiectasia hemorrágica hereditária) angioma do intestino delgado, 775 distúrbios vasculares na, 973,3298
manifestações cutâneas da, 409,409q, 1821 sangramento na, 321,460 Síndrome de Paget-Schroetter, 2070 Síndrome de Pallister-Hall, 2883 Síndrome de Papillon-Lefevre, 268 Síndrome de Pargonage-Turner, 3470 Síndrome de Paterson-Kelly, 764,764q Síndrome de Pearson manifestações clínicas da, 50lq, el86, el8-6q mutação do DNA mitocondrial na, 501q, el8-6 Síndrome de Pendred, 252,252q, 2913 Síndrome de perda de magnésio, 3090, 3090q Síndrome de Peutz-Jeghers câncer de pâncreas na, 786 distribuição dos póplipos na, 769q, 774 lesões associadas com, 769q manifestações cutâneas da, 412 manifestações orais da, 272q tumores de cordões sexuais ovarianos na, 812 Síndrome de Pfeiffer, 498 Síndrome de Plummer-Vinson, 269, 764, 764q Síndrome de POEMS (síndrome de Crow-Fukase), 413, 837,943, 30803081 Síndrome de Prader-Willi fatores genéticos na efeitos imprinting, 489, 502 imprinting, 3017, 3225 localizações citogênicas, 516q, 518, 626 padrão de herança, 502, 516f hipopituitarismo devido à, 2879 manifestações clínicas da, 502, 516q, 626, 626q, 3017 obesidade na, 626, 626q Síndrome de pseudotumor, 975 Síndrome de quebra de Nijmegen, 2701, e39-la e39-2 Síndrome de quilomicronemia, familiar, 3151 Síndrome de Ramsay Hunt, 179, 274, 1464, 3362-3363 Síndrome de realimentação, 606, 639 Síndrome de Reifenstein, 3053 Síndrome de Reiter. Ver Artrite reativa (síndrome de Reiter) Síndrome de resistência à insulina. Ver Síndrome metabólica Síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SRIS) ativação das enzimas pancreáticas na, 2636 definição da, 2223q graduação da, 613 hiperglicemia na, 616 manifestações clínicas da, 2223, 2223q, 2228 no choque, 2198 suporte nutricional especializado na, 613-614,616 Síndrome de Reye, 147,1463, 1465,1497 Síndrome de Rombo, 731 Síndrome de Rotor, 327, 2536, 2536q Síndrome de rubéola congênita. Ver Rubéola, congênita Síndrome de Rubinstein-Taybi, 49 lq Síndrome de Sanjad-Sakati, 3114 Síndrome de SAPHO, 2784 Síndrome de Scheie, 3192q Síndrome de Schnitzler, 2657q Síndrome de Scimitar, 1848f Síndrome de Scott, 460q Síndrome de Sebastian, 969 Síndrome de Senior-Loken, 2359 Síndrome de Sézary, 407, 447, 932, el7-10f
Síndrome de Shah-Waardenburg, 410 Síndrome de Shapiro, 165 Síndrome de Sheehan, 386 Síndrome de Shwachman-Diamond, 476, 889 Síndrome de Shy-Drager. Ver Atrofia múltipla de sistemas (AMS) Síndrome de Sjõgren, 2770 artrite reumatoide e, 2739 associação do gene HLA à, 2693q classificação da, 2772q comprometimento ocular na, 229, 2771 comprometimento pulmonar na, 2169 definição da, 2770 diagnóstico da, 2772,2772q diagnóstico diferencial da, 2772, 2772q doenças autoimunes associadas à, 2770, 2770q epidemiologia da, 2770 incidência da, 2770, 277lq LES e, 2730, 2731q linfoma na, 2771, 2771q manifestações clínicas da, 2771, 277lq manifestações cutâneas da, 416 manifestações extraglandulares da, 2771,2771q manifestações renais da, 2368-2369, el5-6 a el5-7 na infecção pelo HIV, 1555 neuropatia na, 3458-3459 patogenia da, 2676q, 2770-2771 prevalência da, 2770, 277 lq síndromes secas na, 2772, 2772q tratamento da, 2772-2773, 2773f vasculite na, 2771,277lq xerostomia na, 274, 2771 Síndrome de Smith-Lemli-Opitz, 2955q Síndrome de Smith-Magenis, 516q, 517 Síndrome de sobrecrescimento bacteriano, 2473 absorção de cobalamina na, e37-l, e37-lq diagnóstico da, 316, 2473 diarréia na, 314,2472 do intestino delgado, 306,2468q, 2469 esteatorreia na, 2473 etiologia da, 2467f, 2473 patogenia da, 2473 tratamento da, 2473-2474 Síndrome de Stauffer, 329, 793 "Síndrome de Steakhouse”, 2429 Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) em paciente com câncer, 715 epidemiologia do, 153q etiologia do, 153q, 414 manifestações cutâneas da, 153q, 414, 414q, 436,438, 439q manifestações orais do, 271q, el2-lf na infecção pelo HIV, 1558 na infecção pelo M. pneumoniae, 1418 patogenia da, 433 tratamento da, 436 Síndrome de superposição, 3511 Síndrome de Sweet diagnóstico diferencial da, 420 distúrbios associados à, 420 em paciente com câncer, 714 epidemiologia da, 155q etiologia da, 155q manifestações clínicas da, 155q, 158, 420, 715 manifestações cutâneas da, 155q, 157, 158 lesões papulonodulares, 417q, 420 placa, e7-llf, el6-15f mielodisplasia e, 896 na DII, 2487
Síndrome de Swyer, 3051, 3052q Síndrome de talassemia falciforme, 855,855q Síndrome de taquicardia ortostática postural, 126, 3357-3358 Síndrome de Tietze, 2858 Síndrome de Tolosa-Hunt, 237, 1662-1663 Síndrome de Torre, 417q, 418 Síndrome de Touraine-Solente-Golé, 2857 Síndrome de Tourette, 218 Síndrome de Tourette, 3331-3332 etiologia da, 3331-3332 fisiopatologia da, 3331-3332 prevalência da, 3331 tratamento da, 3332 Síndrome de Treacher Collíns, 252q Síndrome de tremor/ataxia do X frágil, 3340q Síndrome de Trousseau, 743,831 Síndrome de Turcot, 769, 769q, 3384q Síndrome de Turner, 3049 anormalidades cromossômicas na, 515 coarctação da aorta na, 2052 doença de Crohn e, 2477 fatores genéticos na, 502 fisiopatologia da, 3049 insuficiência ovariana primária na, 387 linfedema na, 2075 manifestações clínicas da, 515, 3049, 3050q tratamento da, 3049-3051 triagem e avaliação da, 2875q Síndrome de Twiddler, 1875 Síndrome de úlcera retal solitária, 321, 2486q, 2487 Síndrome de Upshaw-Schulman, 969, 2379 Síndrome de Usher, 252q Síndrome de Verner-Morrison, 3074 Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada, 229, 410, 2439q Síndrome de Waardenburg, 410 fatores genético na, 49lq perda auditiva na, 252,252q Síndrome de Walker-Warburg, 3497q Síndrome de Wallenberg, 3288-3289, 3288f Síndrome de Weber, 238, 3287, 3292f Síndrome de Wegener. Ver Granulomatose com poliangiite (de Wegener) Síndrome de Wermer. Ver Neoplasia endócrina múltipla tipo 1 (NEM 1) Síndrome de Werner, 498q, 566 Síndrome de Wernicke-Korsakoff, 210, 597 Síndrome de Wiliiam, 517 Síndrome de Williams-Beuren, 1925 Síndrome de Wiskott-Aldrich, 2702 fatores genéticos na, 2702 incidência da, 2702-2703 infecções na, 10lq manifestações clínicas da, 2702-2703 neutropenia na, 476 tratamento da, 2703 trombocitopenia na, 969,2703 Síndrome de Wolff-Parkinson-White assintomática, em atletas, 1900q defeitos de desenvolvimento na, 1811 ECG na, 1864, 1878, 1889f,e30-llf fibrilação atrial na, 1889, 1889f mecanismo da, 1879 taquicardias na, 1889, 1889f tratamento da, 1890 Síndrome de Wolf-Hírchhorn, 517 Síndrome de Yamaguchi, ECG na, e28-10f
Síndrome do glucagonoma, 3073-3074 Síndrome do HIV aguda, 1521,15421543, 1543f, 1543q. Ver também Infecção pelo HIV Síndrome do homem rígido distúrbios da marcha na, 193 manifestações clínicas da, 3490 paraneoplásica, 832q, 833q, 836 patogenia da, 2676q, 3490 Síndrome do homem vermelho, 437 Síndrome do intestino curto, 2472 acidose láctica na, 366 deficiência de vitamina A na, 601 manifestações clínicas da, 2472 tratamento da, 2473 Síndrome do intestino irritável, 2496 abordagem ao paciente, 2498-2499 alteração dos hábitos intestinais na, 314, 317q, 2496 anormalidades da flora intestinal na, 2498 anormalidades motoras gastrintestinais na, 2427 anormalidades psicológicas na, 2497, 2498f após diarréia infecciosa,1086q ativação imune e inflamação da mucosa na, 2498 critérios diagnósticos para a, 2496, 2496q desregulação neural central na, 2497 dor abdominal na, 110,11 lq, 2496 fisiopatologia da, 2497-2499, 2497q, 2498f gás e flatulência na, 2496-2496q gravidade da, espectro de, 2501q manifestações clínicas da, 2496 náusea e vômitos na, 301 pós-infecciosa, 1045,2498 pressão abdominal na, 330 sintomas gastrintestinais superiores, 2497 tratamento da, 2499-2501, 2501q aconselhamento do paciente, 2499 agentes antidiarreicos, 2499-2500 agentes formadores de volume, 2499 agonistas dos receptores de serotonina, 2500 alterações dietéticas na, 2499 antagonistas dos receptores de serotonina, 2500 antidepressivos, 2500 antiespasmódicos, 2499 ativadores dos canais de cloreto, 2500 fármacos relacionados com sintomas, 250 lq modulação da flora intestinal, 2500 terapia antiflatulência, 2500 vias serotonínérgícas anormais na, 2498 Síndrome do leite-álcali, 360,3110 Síndrome do marca-passo, 1875 Síndrome do miado de gato (Cri-duchat), 517 Síndrome do nevo de células basais, 524q, 731,3384q Síndrome do odor de peixe (trimetilaminúria), 600 Síndrome do óleo tóxico, 2758 Síndrome do ovário policístico (SOP), 53 acne vulgar e, 403 distúrbios menstruais na, 387 hirsutismo na, 380, 382-383 manifestações cutâneas da, 412 na síndrome metabólica, 1995 obesidade e, 628 tratamento da, 387 triagem e avaliação da, 2875q
Síndrome do períneo descendente, 318 Síndrome do piloro, 2417, 2417f Síndrome do QT curto, 1878,1897q, 1898 Síndrome do QT longo, 44,1897 adquirida, 1898 arritmias na, 1862 congênita, 175,1683,1897,1897q, e30-12f ECG na, 1864,1878,1891f, e30-12f em atletas, 1900q fatores genéticos na, 521 mecanismo da, 1879 síncope na, 175 testes genéticos para, 519, 524q tratamento da, 524q, 525,1863,1898 Síndrome do Rio Haw, 3342 Síndrome do segundo impacto, 3380 Síndrome do seio cavernoso, 3365,3365f Síndrome do seio enfermo disfunção do nó SA na, 1868,1868q ECG na, e30-3f Síndrome do sopro-estalido sistólico. Ver Prolapso da valva mitral Síndrome do túnel do carpo dor cervical na, 141 na amiloidose, 950 na esclerose sistêmica, 2766 na gravidez, 59-60 suscetibilidade genética à, 519 Síndrome do X frágil, 387,496, 503q Síndrome dos dedos dos pés azuis, 2070, 2070f Síndrome dos duetos biliares evanescentes, 329 Síndrome dos testículos ausentes (desaparecidos), 3051 Síndrome dos vômitos cíclicos, 301302, 304 Síndrome HELI.P, 56,60, 2381 Síndrome hemolítico-urêmica (SHU), 970 após diarréia infecciosa, 1086q, 2379 biópsia renal na, 2352, el4-8f epidemiologia da, 156q etiologia da, 156q, 310 exantema na, 156q, 158 familiar (atípica), 880-881, 2379 fatores genéticos na, 2352 icterícia na, 326 infecções por E. coli e, 156q, 970, 1251,1257, 2352,2379 infecções por Shigella e, 1283 lesão renal aguda na, 338,2300q manifestações clinicas da, 156q, 1283, 2275,2379 não associada a diarréia, 970 no câncer, 2275 patogenia da, 1799, 2275, 2352, 2379 tratamento da, 970, 2275, 2352-2353, 2380,2734,2735 variantes de, 2379 vs. púrpura trombocitopênica trombótica, 969,2379 Síndrome hemolítico-urêmica atípica (SHUa), 880-881 Síndrome hepatopulmonar, 279,2524 Síndrome hepatorrenal, na cirrose, 2601 Síndrome Hers (glicogenose tipo 6), 3199q Síndrome hipereosinofílica, 481,3459, e21-e, e21-5q Síndrome ICF (imunodeficiência, instabilidade do centrômero e anomalias faciais), 2701, e39-2 Síndrome ileocecal. Ver Enterocolite neutropênica Síndrome IMAGe, 2955q Síndrome inflamatória de reconstituição imune (SIRI) na infecção pelo HIV, 1349-1350, 1372,1548,1556,1556q patogenia da, 1527,1556
Síndrome inguinal, 1425 Síndrome intestinal estagnante, 2473 Síndrome IPEX (imunodesregulação poliendocrinopatia enteropatia ligada ao X), 2705 Síndrome ligada a imunodesregulação, poliendocrinopatia, enteropatia (IPEX), 2705 Síndrome linfoproliferativa autoimune (SLPA), 2705 Síndrome mão-pé na anemia falciforme, 855 Síndrome MELAS (miopatia mitocondrial, encefalopatia, acidose láctica e acidente vascular encefálico) Síndrome MERRF (epilepsia miocrônica e fibras vermelhas anfractuosas) diagnóstico da, 3503, el8-7 locus e fenótipo da, 3339q manifestações clínicas da, 50lq, 3503, el8-6, el8-6q mutação do DNA mitocondrial na, 501q, 3503, el8-6, el8-9 Síndrome mesencefálica dorsal (síndrome de Parinaud), 240 Síndrome metabólica, 1992 adiponectina na, 1995 apneia do sono e, 1995 cardiovascular e, 1993 circunferência da cintura e, 19931994 cítosinas na, 1995 diabetes melito e, 1993,1995,1997, 2975 diagnóstico da, 1992q, 1995-1996 dislipidemia na, 1989, 1994 doença cardiovascular e, 1817,1995 epidemiologia da, 1992-1993,1993f esteatose hepática e, 1995 estilo de vida sedentário e, 1993 fatores de risco para, 1993 fatores genéticos na, el8-8 fisiopatologia da, 1993-1995, 1994f, e32-lV hipertensão na, 1995,1997, 2048 hiperuricemia/cálculos de ácido úrico na, 1995,2383q, 2386, 3184 idade e, 1993 lipodistrofia e, 1993 manifestações clínicas da, 1989q, 1995 na infecção pelo HIV, 1554 obesidade e, 1996 resistência à insulina na, 1993,1997 risco de trombose na, 987 síndrome do ovário policístico e, 1995 tolerância à glicose na, 1994-1995 tratamento da, 1989,1996-1997 Síndrome miastênica de Lambert-Eston (SMLE) diagnóstico da, 3482 fraqueza na, 185q imunopatogenia da, 2677q no câncer de pulmão, 743, 834 paralisia de nervo craniano na, 239, 3482 paraneoplásica, 625, 832q, 834 respostas reflexas na, 182 tratamento da, 3482 vs. botulismo, 1202 Síndrome NAME, 412,1979 Síndrome NARP manifestações clínicas da, 501q, e186, el8-6q mutação do DNA mitocondrial na, 501q, el8-6, el8-6q Síndrome nefrogênica da diurese inapropriada, 2357q, 2364 Síndrome neuroléptica malignas (SNM) causas de, 144,144q manifestações clínicas da, 3333,3358 tratamento da, 147,3333
ÍNDICE
Síndrome de Zollinger-Ellison (SZE), 2454,3065 biópsias da mucosa do intestino delgado, 2468q, 2469 com esofagite, 2434 deficiência de cobalamina na, 648 diagnóstico da, 2455-2456, 2455q, 3065-3066 distribuição de tumores na, 2455, 3057q doença ulcerosa péptica e, 2454 epidemiologia da, 2454-2455, 3057q exames de imagem na, 2456, 2456q fisiopatologia da, 2455, 3057q localização dos tumores na, 2456, 2456q má absorção de cobalamina na, 867q manifestações clínicas da, 2455, 3057q NEM 1 e, 3066 tratamento da, 2456-2457, 3066 úlcera gastroduodenal na, 305 Síndrome disematopoiética, 969 Síndrome do “Homem de borracha”, 3209 Síndrome do ácido retinoico, 682 Síndrome do anticorpo antifosfolipídio, 462q, 2736 achados laboratoriais na, 2736-2737 catastrófica, 2736 definição da, 2736 diagnóstico da, 2737 diagnóstico diferencial da, 2737 epidemiologia da, 2735 LES e, 2734 manifestações clínicas da, 2381, 2736-2737,2737q manifestações cutâneas da, 422 manifestações renais da, 2381 no câncer, 831 patogenia da, 2381, 2736 tratamento da, 2381, 2737 Síndrome do arco aórtico. Ver Arterite de Takayasu Síndrome do cabelo enroscado do Menkes, 604 Síndrome do carcinoma basocelular nevoide, 417q, 418,669q Síndrome do choque tóxico (SCT) diarréia e, 310 estafilocócica associada a uso de tampão, 1166 diagnóstico da, 1166 exantema na, 152q, 157 manifestações clínicas da, 1028, 1166,1166q patogenia da, 144,1161,1162, 2672 síndrome clínica, 152q tratamento da, 1170 estreptocócica, 416 diagnóstico da, 1176-1177 epidemiologia da, 152q etiologia da, 152q, 1177 exantema na, 152q, 157 manifestações clínicas da, 152q, 177q, 1028,1176 taxa de mortalidade na, 1177 tratamento da, 1173q, 1177 etiologia da, 1028 infecções focais e, 1029-1030 manifestações cutâneas da, 415-416, 415q, 1028 por clostrídios, 1205q, 1209 Síndrome do compartimento muscular, 3570 Síndrome do coto do dueto cístico, 2623 Síndrome do DNA mitocondrial do musculoesquelético-sistema nervoso central, 3503 Síndrome do enfermo eutireoidiano, 168, 2915q, 2929 Síndrome do forame magno, 3367
1-137
Síndrome neurológica, cutânea e articular infantil crônica (CINCA), 2657q Síndrome Parinaud, 240,1315,1316f Síndrome periódica associada ao receptor do fator de necrose tumoral-a (TRAPS), 160, 480,2815q, 2816 Síndrome poliglandular autoimune (SPA), 387, 2676q, 2955q Síndrome pós-concussão, 3382 Síndrome pós-flebítica, 2170, 2177 Síndrome pós-paralítíca, 2201 Síndrome pós-poliomielite, 1595 Síndrome respiratória aguda grave (SRAG), 1486 como agente de bioterrorismo, 1777 diagnóstico da, 1488 epidemiologia da, 1007,1007f, 1117, 1487 etiologia da, 1487 manifestações clínicas da, 1487-1488 patogenia da, 1487 prevenção da, 1488 superpropagadores, 1487 tratamento da, 1488 Síndrome Stickler, 3211 Síndrome talâmica de Déjérine-Roussy, 3292 Síndrome taquicardia-bradicardia, 175, 1868-1869 Síndrome torácica aguda, na anemia falciforme, 855, 856-857 Síndrome tóxica da poeira orgânica, 2119 Síndrome um-e-meio, 240 Síndrome urêmica, 2308, 2310, 231 lq. Ver também Doença renal crônica (DRC) Síndrome velocardiofacial, hipocalcemia e, 3114 Síndrome VOID (doença veno-oclusiva com imunodeficiência), e39-2 Síndrome WAGR, 49lq, 516q, 517 Síndrome WHIM, 473 Síndrome X. Ver Síndrome metabólica Síndrome X cardíaca, 102 Síndromes APG. Ver Síndromes autoimunes poliglandulares (APG) Síndromes coronarianas agudas angina instável. Ver Angina instável/ infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST diagnóstico, 2021, 202lf edema pulmonar nas, 2238 infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST. Ver Angina instável/ infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST (AI/IMSEST) elevação do segmento ST. Ver Infarto do miocárdio com elevação do segmento ST (IMEST) ICP para, 2039. Ver também Intervenções coronárias percutâneas (ICP) Síndromes da membrana basal, 2337, 2338q, 2350 doença da membrana basal fina, 339, 2351 doença por anticorpo antimembrana basal glomerular, 2342 síndrome de Alport. Ver Síndrome de Alport síndrome de Goodpasture. Ver Síndrome de Goodpasture síndrome de unha-patela, 2351 Síndromes de “topo da basilar”, 3289 Síndromes de acidentes vasculares encefálicos, 3283 Síndromes de demência parkinsonianas, 3312 Síndromes de distonia plus, 3329
Síndromes de epilepsia, 3251,3253 epilepsia do lobo temporal mesial, 3253-3254, 3255f, 3255q epilepsia mioclônica juvenil, 3253 genética, 3254q relacionadas com a idade, 3256 síndrome de Lennox-Gastaut, 3253 Síndromes de febre recorrente hereditária, 2815q Síndromes de má absorção, 2460. Ver também distúrbios específicos
abordagem ao paciente, 2466-2469, 2467f, 2468q, 2469f, 2470q ataxia devido a, 3344 avaliação laboratorial da, 2466-2467 biópsia da mucosa do intestino delgado nas, 2468-2469, 2468q, 2469q classificação da, 2475q doença celíaca. Ver Doença celíaca doença de Whipple. Ver Doença de Wipple enteropatia perdedora de proteína. Ver Enteropatia perdedora de proteína espru tropical. Ver espru tropical exame radiológico nas, 2467-2468, 2467f fatores genéticos na, 2470 fisiopatologia da, 2476q manifestações clínicas da, 2466 manifestações cutâneas das, 413 síndrome de crescimento bacteriano excessivo, 2473 síndrome do intestino curto. Ver Síndrome do intestino curto teste de D-xilose urinária nas, 2467 teste de Schilling nas, 2467, e37-l, e37-lq Síndromes de microduplicação, 516q, 517 Síndromes de miopatias puras, 3504 Síndromes de Morquio, 3192q Síndromes de neoplasia endócrina múltipla (NEM) definição das, 3072 síndromes mistas. Ver também Síndrome de Carney; Neurofibromatose; doença de Von Hippel-Lindau tipo 1. Ver Neoplasia endócrina múltipla tipo 1 (NEM 1) tipo 2. Ver Neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (NEM 2) Síndromes de nervos cranianos, 3364-3365, 3364q Síndromes de Noonan, 498q, 2075 Síndromes de resistência a hormônios, 2873 Síndromes de Sanfilippo, 3192q Síndromes de superposição de poliangiite, vasculite nas, 2800 Síndromes de suscetibilidade a infecções, 480,48 lf Síndromes de talassemia, 853,858 artropatia na, 2854-2855 a-talassemia, 516q, 853, 853q, 859, 859q 3-talassemia, 854q artropatia na, 2854-2855 fatores genéticos na, 492f, 497,854 manifestações clínicas da, 858-851 3-talassemia intermédia, 858f, 859 3-talassemia major, 859 diagnóstico diferencial da, 847,848q diagnóstico e tratamento da, 859-860 esfregaço de sangue periférico na, el7-l, el7-4f esplenomegalia na, 469 fatores genéticos na, 501,853,854 icterícia na, 326 índice de reticulócitos, 455 prevenção, 860
resistência à malária e, 853,1691 silenciosa, 859q TCTH para, 959, 962, 963q traço de a-talassemia-1,859,859q traço de a-talassemia-2, 859, 859q traço de 3-talassemia, 850-851 tratamento da, 859-860 Síndromes do câncer familiar, 525, 668-670, 669q, 670f Síndromes geriátricas, 572f, 576, 579. Ver também Envelhecimento; Idoso Síndromes hiperparatireoides-símiles, 3106-3107 Síndromes lacunares, 3276 Síndromes miastênicas congênitas (SMC), 3481-3482, 3482q Síndromes mielodisplásicas, 895q Síndromes nefríticas agudas, 2337, 2338q, 2340 biópsia renal nas, el4-lf a el4-5f doença antimembrana basal glomerular, 2342, el4-51 glomerulonefrite associada à endocardite, 2340-2341 glomerulonefrite pós-estreptocócica, 264, 2340, 2340f, el4-2f nefrite do lúpus. Ver glomerulonefrite membranoproliferativa da nefrite do lúpus, 2344-2345, 2344f, 2344q, el4-3f, el4-4f síndrome de Goodpasture. Ver Nefropatia por imunoglobulina A (IgA) da síndrome de Goodpasture, 339, 2342-2343, 2343f, e!4-3f vasculite de pequenos vasos por ANCA, 2343-2344. Ver também Síndrome de Churg-Strauss; Granulomatose com poliangiite (de Wegener) Síndromes nefróticas, 2345 ascite nas, 332 diagnóstico de, 335q distúrbios ácido-básicos nas, 365 doença por alteração mínima. Ver Doença por alteração mínima doenças de depósito glomerular, 2349 edema nas, 292, 293 glomerulonefrite membranosa, 2347, 2347f> 2347q glomerulosclerose segmentar focal, 2346-2347,2346f, 2346q, el4- lf, el4-2f hiponatremia nas, 345 infecções nas, 1009q manifestações clínicas das, 335q, 338, 339,2345 na doença de Fabry. Ver Doença de Fabry nefropatia diabética. Ver Nefropatia diabética proteinúria nas, 339 Síndromes NEM. Ver Síndromes de neoplasia endócrina múltipla (NEM) Síndromes neurocutâneas, 3389 Síndromes neurológicas-miopáticas, no câncer de pulmão, 743 Síndromes Pl, 3286, 3287f, 3292f Síndromes P2,3286f, 3287, 3287f Síndromes paraneoplásicas colestase extrapancreática nas, 329 defeitos dos canais iônicos causando, 3225q definição das, 826 endócrinas, 826, 827q hematológicas, 830, 830q imunologia das, 2677q neurológicas, 832, 832q no câncer de pulmão, 742-743 no carcinoma de células renais, 793 no carcinoma hepatocelular, 779 pênfigo, 424q, 426 Síndromes periódicas associadas a criopirina (SPAC), 2815q, 2816-2817
Síndromes tardias, 3332-3333 Sinergia, dos agentes antibacterianos, 1142 Singulto (soluço), 2514 Sinostose craniofacial, 498 Sinovite vilonodular pigmentada, 2859 Sinovite periférica, na espondilite ancilosante, 2774 Sinovite vilonodular pigmentada (SVNP), 2859 Sintomas pós-guerra. Ver Veteranos de guerra Sinusite, 256 abscesso cerebral e, 3429 actinomicótica, 1327 aguda diagnóstico da, 257 etiologia da, 256-257 manifestações clínicas da, 257 tratamento da, 257-258, 258q anaeróbia, 1334 crônica, 258-259,1334 disfunção olfatória na, 244, 246-247 febre na, 159 fúngica, 257, 258 fúngica alérgica, 1658 H. influenzae, 1229 hospitalar, 256, 257 M. cataffhalis, 1232 maxilar, 274 na infecção pelo HIV, 1546 na influenza, 1497 no acidente vascular encefálico, 1029 no paciente imunocomprometido, 257 Nocardia, 1325q pneumocócica, 257,1157 por Aspergillus, 1656,1656q por rinovírus, 1486 Sinvastatina efeitos adversos da, 967q, 3159q interações medicamentosas da, 1147q para hiperlipidemia, 3159q variações genéticas na resposta à, 42q, 44 Sipuleucel-t, para câncer de próstata, 804 Siringomielia diagnóstico da, 140 mal formação de Chiari e, 3374,3374f manifestações clínicas da, 3373-3374 tratamento da, 3374 Sirolimo ação do, 2330q, 2331 efeitos adversos do, 2330q em stents com liberação de fármacos, 2037,2038f monitoração terapêutica do, 3598q para carcinoma hepatocelular, 783f para imunossupressão, 2330q, 2331 SIRTl, 569 Sirtuínas, 569 Sistema anterolateral, 187 Sistema cardiovascular cabeça e pescoço, 1822 durante o sono, 215 efeitos do álcool sobre, 3548 exame de imagem do, 1850-1852, 1851f, 1851q cardiologia nuclear. Ver Cardiologia nuclear ecocardiografia. Ver Ecocardiografia RM, 1846-1848,1848f, 1980f, 2005,el3-10 TC, 1848-1850 exame físico de, abdome, 1822 ausculta cardíaca bulhas cardíacas, 1826-1827, 1826f. Ver também Bulhas cardíacas
efeitos do LES sobre, 2728-2729, 273 lq exames eletrodiagnósticos do, e45-l. Ver também técnica específica e Exames eletrodiagnósticos na hipotermia, 166q na hipoxia, 287 produção de citocinas no, 145 vasculite do, 2799, 2799f, 3314, e403f, e44-19f Sistema nervoso entérico, 308 Sistema olfatório, 241-242, 242f Sistema óptico acessório do tronco encefálico, 224 Sistema paraganglial, 2962, 2962f Sistema PELD, no transplante de fígado, 2526 Sistema piramidal (corticospinal), 183f Sistema RAA. Ver Sistema Reninaangiotensina-aldosterona (RAA) Sistema renina-angiotensinaaldosterona (RAA) na doença renal crônica, 2291 na patogenia da insuficiência cardíaca, 1902, 1902f, 1903f na regulação da pressão arterial, 2044-2045, 2044f na regulação da taxa de filtração glomerular, 2281f, 2282 na regulação do sódio, 2288 no edema, 290-291 regulação do, 2943, 2944f Sistema reticular ativador (SRA) Sistema reticuloendotelial, 845,1010 Sistema trigeminovascular, 113 Sistemas biológicos, el9-l a el9-2, el92f. Ver também Sistemas biológicos Sistemas complexos, el9-l Sistemas de assistência gerenciada, 6, e5-3 Sistemas de captação de sais biliares, 2615-2616 Sistemas de Harvers, 3082, 3084 Sistemas de lembrete, 31 Sistemas de medicina alternativa, e2-l. Ver também Medicina complementar e alternativa Sistemas de neurônios-espelho, 3232, 3232f Sistemas de pontuação da gravidade de doenças (GDD), 2196, 2197q Sistemas de pontuação de GDD (gravidade de doença), 2196, 2197q Sistemas simples, el9-l Sitagliptina, para diabetes melito, 2996q, 2997q Siti. Ver Sífilis endêmica, 3149 Sitosterolemia, 3149q, 3250 SIV (vírus da imunodeficiência dos símios), 1507, 1508f Skerljevo. Ver Sífilis endêmica SLC/TCA-4/Exodus 2, 2662q SLID (síndrome de linfocitose infiltrativa difusa), 1555 SLPA (síndrome linfoproliferativa autoimune), 2705 SLPI (inibidor secretor da protease leucocitária), 1516 SMAC, 680 SM-AHNMD (mastocitose sistêmica associada a doença de linhagem não mastócita hematológica clonal), 2714, 2714q SMC (síndromes miastênicas congênitas), 3481-3482, 2482q SMDM (Suscetibilidade mendeliana à doença micobacteriana), 2698 SMLE. Ver Síndrome miastênica de Lamber-Eaton (SMLE) SMW (síndrome de Muckle-Wells), 2349, 2657q, 2815q, 2816-2817 SMZ-TMP. Ver Sulfametoxazoltrimetoprima (SMZ-TMP)
SNC. Ver Sistema nervoso central (SNC) SNM. Ver Síndrome neuroléptica maligna (SNM) SnNout negativo, 25 SNP (polimorfismos de único nucleotídio), 486, 492, 494f, 505, 506 SNP Tag, 506 Sobrecarga atrial direita, ECG na, 1834f Sobrecarga de ferro adquirida, 3162q aguda, 845 classificação da, 2603q, 3162q crônica, 874 manifestações clínicas da, 595q na doença de Wilson. Ver Doença de Wilson na hemocromatose, 3162 na hemocromatose hereditária, 2603, 2603q relacionada com transfusão, 851,860, 893, 956 secundária, na hemocromatose, 3162 nos distúrbios eritropoiéticos, 3163-3164, 3164f tratamento da, 860-861 vitamina C na, efeitos adversos, e2-5 Sobrepeso, 614q, 622,63lq. Ver também Obesidade Sobreviventes da bomba atômica, 683, 905 Sociedade Cardiovascular Canadense, classificação da doença cardiovascular, 2000q Sódio aporte, hipertensão e, 2042 em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q, 618 excreção do, 342-343 excreção fracionada de, 337q na contração cardíaca, 1804 níveis urinários, na lesão renal aguda, 337, 337q regulação da pressão sanguínea e, 2043 transporte e reabsorção do, 342-343, 343f, el5-3f transporte renal do, 2043,2282f, 2285-2286 Sodoku (febre por mordedura de rato), 150q, e24-2 Solução de Burow para otite externa, 259 Solução de citrato de sódio. Ver Solução de Shohi Solução de Dakins, para exposição à gás mostarda, 1783 Solução de reidratação oral (SRO) composição da, 1088,1285,1292, 1293q para cólera, 1292-1293, 1292q, 1293q para diarréia infecciosa, 1088,1088q para infecções por Shigella, 1285 Solução de Shoh para acidose metabólica, 365, el5-7 para acidose urêmica, 368 Solução salina para hiponatremia, 348 para hipovolemia, 344 para SIAD, 828 Solução salina a 0,45%, para hipernatremia, 351 Solução salina a 0,45%, para hipovolemia, 344 Solução salina hipertônica inalada, para fibrose cística, 2150 para aumento da pressão intracraniana, 2257q para hiponatremia, 349 Solução salina isotônica para choque, 2221 para hiponatremia, 348 para hipovolemia, 344
Solução saturada de iodeto de potássio (SSKI), 1665,1666q Soluços, 2514 Soman, 1780q, 1783, e50-llq Somatização, 295 Somatostatina estrutura da, 3064, 3064f síntese de, 2890 Somatostatinoma, 314, 3067 diagnóstico do, 3068 etiologia do, 3067-3068 localização do tumor no, 3057q manifestações clínicas do, 3057f tratamento do, 3068 Somatotropo, expressão e regulação do, 2876q Sonambulismo, 221 Sonambulismo, 221 Sonda alimentar na jejunostomia, 620q Sonda nasoduodenal, 620q Sonda nasogástrica, 300, 620q Sondas para alimentação enteral, 620, 620q Sono alterações comportamentais no, 215 alterações relacionadas com a idade no, 213, 213f estados e estágios do, 213,215 fisiologia do, 213-215 não restaurador, 216 neuroanatomia do, 214 neuroquímica do, 214 NREM, 213 organização do, 213 REM, 213, 213f Sono NREM, 213,213f Sono REM, 213, 213f Sonolência, 73, 2247 Sonolência diurna, 216q, 219-220, 223, 2188 Sons de Korotkoff, 2053 Sons peristálticos, 111 Sons respiratórios, 2085 SOP. Ver Síndrome do ovário policístico (SOP) “Sopradores rosados”, 2156 Sopro de Austin, 1829,1931, el3-7 Sopro de Carey-Coombs, el3-7 Sopro de Graham Steell, 1931,1948, el3-7 Sopro de Still, el3-5 Sopro de vai e vem, el3-8, el3-8f Sopro diastólico. Ver Sopros cardíacos Sopro mamário, 1829, el3-8 Sopro venoso umbilical, 330 Sopros cardíacos abordagem ao paciente, el3-l ausculta dos, 1827-1829,1828f, el38q, el3-8 a el3-9, el3-9f avaliação dinâmica dos, 1829-1830, 1830q, el3-8 a 13-10, el3-10f benignos, 1829 configuração dos, el3-l contexto clínico dos el3-9 contínuos, 1829, el3-lf, el3-3, el3-7 a el3-8, el3-8f diastólicos, 1828-1829, el3-lf, el3-3q mesodiastólicos, el3-7 precoces, el3-6f, cl3-6 a el3-7 duração dos, el3-l ecocardiografia nos, 1818,1819f, el3-9 a el3-10 em próteses valvares, 1830 etiologia dos, el3-l, el3-3q intensidade dos, 1829-1830,1830q, el3-l ael3-2 localização e radiação dos, el3-2, el3-2f na comunicação interatrial, 1826, 1827f, 1921-1922, el3-l, el3-4, el3-7 na comunicação interventricular, 1828, el3-lf, el3-2, el3-2f, el3-2 a el3-6
ÍNDICE
de próteses valvares, 1830 na doença pericárdica, 1820 sopros cardíacos, 1827-1829, 1828f, 1829f. Ver também Sopros cardíacos pressão arterial, 1824 pulsos arteriais, 1824-1825,1824f, 1825f inspeção e palpação do coração, 1825-1826 membros, 1822 pele, 1821-1822 pressão venosa jugular e forma de onda, 1822-1824,1823f tórax, 1822 Sistema complemento, 1010-1011, 2665-2666 ativação da, via alternativa, 1011 via clássica, 1011 deficiências do, 1009q, 2681, 2683q, 2698-2699 definição de, 2650 no choque, 2218 sistema imune inato e, 2651. 2654q Sistema de condução cardíaca, 1860 automaticidade do, 1861-1862 componentes do, 1831,1831f desenvolvimento embrionário do, 1810-1811 Sistema de estadiamento de Binet, para neoplasias linfoides malignas, 924q Sistema de estadiamento RAI, para neoplasias malignas linfoides, 924q Sistema de graduação de Gleason, para câncer de próstata, 797 Sistema de graduação para TIMI, 2027 Sistema de grupo sanguíneo, (MNSsU), 952,952q Sistema de grupo sanguíneo ABO, 951 Sistema de grupo sanguíneo de Lewis, 951, 952q Sistema de grupo sanguíneo Duffy, 952,952q Sistema de grupo sanguíneo 1,952,952q Sistema de grupo sanguíneo Kell, 952, 952q Sistema de grupo sanguíneo Kidd, 952, 952q Sistema de grupo sanguíneo P, 952 Sistema de grupo sanguíneo RH, 951, 952q Sistema de Hasford, para LMC, 915 Sistema de inteligência artificial, 36 Sistema de oxidação de etanol microssomal (MEOS), 2592 Sistema de pagamento por desempenho, 89 Sistema de pontuação APACHE II, 2196q, 2198f Sistema de pontuação SAPS, 2196 Sistema de Relato de Eventos Adversos das Vacinas (VARS), 1039-1040 Sistema de resgate de emergência, 2243 Sistema gustatório, 242-244 Sistema lacrimal obstrução do, 229 Sistema linfoide em paciente com câncer, 718-719 na infecção pelo HIV, 1520, 1521f, 1524-1525, 1525f Sistema nervoso autônomo ativação normal do, 3352q distúrbios do. Ver Disfunção autônoma na regulação da pressão arterial, 2043-2044 Sistema nervoso central (SNC) angiite granulomatosa primária do, e40-6f distúrbios paraneoplásicos do, 832, 832q, 833q efeitos do álcool sobre, 3547-3548
1 -1 3 9
ÍNDICE 1-140
na endocardite infecciosa, 1054 na estenose aórtica, 1827-1828, 1828f, 1939, el3-l, el3-2f, el3-4, el3-8 na estenose mitral, 1829,1930-1931, el3-l, el3-lf, el3-6f, el3-7 na estenose pulmonar, 1926, el3-lf, el3-2f, el3-4, el3-5f na estenose tricúspide, 1947, el3-lf na insuficiência aórtica, 1828,1944, el3-l, el3-lf, el3-7 a el3-8 na insuficiência mitral, 1827,1828, 1935, el3-lf, el3-l ael3-8, el3-2f na insuficiência pulmonar, 18281829, 1948, el3-7 na miocardiopatia hipertrófica, 1828, 1969 na persistência do dueto arterioso, 1829, el3-2f no prolapso da valva mitral, 1828, 1829f, 1937, el3-l a el3-2, el3-4, el3-4f, el3-5, el3-8 a el3-9 nos shunts entre a raiz da aorta e o coração direito, 1924 sistólicos, 1827, el3-lf, el3-2 a el3-6, el3-3q mesossistólicos, el3-4f, el3-4 a el3-5 precoces, el3-2 holossistólicos, el3-lf, el3-5 a el3-6, el3-6f tardios, el3-5 Sopros sistólicos. Ver Sopros cardíacos. Sorafenibe ação do, 675,677q, 687,705f, 706 dose do, 700q efeitos adversos do, 437,700q, 706 para carcinoma de células renais, 675, 677q, 687, 795 para carcinoma hepatocelular, 675, 78lq, 783, 783q para LMC, 917q Sorbitol para envenenamento paralítico por moluscos, 3575 Sotalol ação do, 1865q dose de, 1883q dose na doença renal, 40 efeitos adversos do, 1884q farmacologia do, 1883q indicações para, 1883q monitoração da dosagem, 39 overdose/intoxicação com, e50-10f para fibrilação atrial, 1882 para taquicardia ventricular, 1893, 1894,1895 Southern blot, 521 SPA (síndrome poliglandular autoimune), 387, 2676q, 2955q SPAC (síndromes periódicas associadas a criopirina), 2815q, 2816-2817 SPECT (tomografia computadorizada por emissão fotônica única) 1844-1846, 1845f, 1846f, 1847q, e29-2f Spirillum minus, 150q Spirometra, 1765 SPIT. Ver Shunt portossistêmico intrahepático transjugular (SPIT) Splint de reposicionamento mandibular, para apneia obstrutiva do sono, 2189 SpPin positiva, 25 SRAG. Ver Síndrome respiratória aguda grave (SRAG) SRIS. Ver Síndrome de reposta inflamatória sistêmica (SRIS) SRO. Ver Solução de reidratação oral (SRO) SSc sem esclerodermia, 2757 SSJ. Ver Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) SSKI (solução saturada de iodeto de potássio), 1665,1666f
Staphyiococcus aureus
aderência do, 1015 antibiograma, e22-10 evasão das defesas do hospedeiro, 1162 genoma do, 1161 identificação laboratorial do, 1160, 1160f, 1163 regulação da virulência no, 1161 resposta patológica ao, 1160 Staphyiococcus epidemidis, 1167 Staphyiococcus suis, 1180 STARI (doença exantematosa associada a carrapato do sul, doença de Master), 150q, 157,1404 STARR (ressecção do reto por grampeamento), para prolapso retal, 2506,2506f STAT5,542 STEC (E. coli produtora de toxina Shiga), 1249q, 1251. Ver também infecções por Escherichia coli, intestinais Stenotrophomonas maltophilia., 716, 1266,1269q, 1272,2139 Stent(s)
artéria coronária. Ver também Intervenções coronarianas percutâneas (ICP) características das, 2036-2037, 2036f com liberação de fármaco, 990, 2012, 2036 reestenose no(s), 2012,2037, e335f, e33-5 a e33-6, e33-5V, e33-6f para obstrução relacionada com câncer de pâncreas, 2417, 2417f vascular para dissecção aórtica, 2064 para doença arterial periférica, 2068 para estenose da artéria renal, 2049 Strategic National Stockpile, 1778 Strattice, 553q Streptobacillus moniliformis, 152q, e24-2 Streptococcus agalactiae, 1171,1171 q, 1178. Ver também Infecções por Streptococcus do grupo B (GBS) Streptococcus mutans, 267 Streptococcus pneumoniae. Ver também Infecções por Pneumocócicas
distribuição dos sorotipos, 1152, 1153f fatores de virulência no, 1151,1151f identificação laboratorial do, 1151, 1151f portador nasofaríngeo do, 11521153, 1153f resistência a antibióticos, 1138,2243, 1154, 1157,2134 resposta imune ao, 1154-1155 tipagem molecular do, 1151 -1152 Streptococcus pyogenes
componentes de superfície celular, 1171-1172, 1178 interação dos fagócitos com interações ligante-receptor do, 1014q produtos extracelulares do, 1172 tipos de proteína M do, 1171 -1172 Streptococcus pyogenes. Ver infecções por Streptococcus do grupo A Strongyoides síercorafo/estrongiloidíase ciclo de vida do parasito, 1740q, 1741,1742f diagnóstico da, 1742, e25-l, e25-3q, e25-5q, e25-7q em receptor de transplante, 1121q em viajante, 1045,2120 eosinofilia na, 481, 2120, e25-7q epidemiologia da, 1741 leucemia/linfoma de células D do adulto e, 1503
manifestações clínicas do, 1740q, 1742 tratamento da, 1740q, 1742 vs. DII, 2486q, 2487 Subandrogenização do feto 46,XY, 3051 Suberose, 2117q, 2121 Subluxação, 2822q Subpeso, 63lq Subsaciliato de bismuto efeitos adversos do, 312 para colite microscópica, 314 para diarréia, 312 para diarréia do viajante, 1045, 1088q para profilaxia da diarréia do viajante, 1089 Substancia inibidora mulleriana, 812 Substância P, 308 dor e, 94,94f na deglutição, 298 Substâncias promotoras do sono, 214 Substituição da valva aórtica cirúrgica, 1924,1941 percutânea, 1941,1942f, 2040, e33-6f a e33-7f, e33-7V Substituição da valva mitral, 1933-1934 Substituição total de joelho disparidades raciais/étnicas nas taxas de, e4-2, e4-3f para osteartrite, 2836 profilaxia da TEV para, 2177q Substitutos da pele, 553, 553q Substitutos da saliva, 274 Substitutos do sangue, 886 Sucção endotraqueal colonização bacteriana e, 2138 disfunção do nó SA na, 1868,1868q Succinilcolina efeitos adversos da, 144,144q, 356 metabolismo da, 36q sensibilidade à, 525 Suco de ameixas, 74q Suco de pomelo, 45,2011, e26-4 Suco gástrico, 2433-3608q Sucralfato ação do, 2449 efeitos adversos do, 2449 interações medicamentosas do, 1147q para doença ulcerosa péptica, 2447q, 2449 para DRGE, 306-307 Sufentanila, para sedação durante a ventilação mecânica, 2211 Suicídio assistido por médico, 80-81, 80q, e5-3 mortes por, de acordo com o sexo, 50q mundial, 17 Suicídio assistido por médico Sulbactam para infecções por Acinetobacter, 1259q, 1260 resistência ao, 1137 Sulfacetamida, para conjuntivite, 228 Sulfacetamida sódica para acne rosácea, 404 Sulfadiazina ação da, 1136 classe de gravidez da, 1678q efeitos adversos da, 1678q interações medicamentosas da, 1678q para profilaxia da toxoplasmose, 1545q para toxoplasmose do SNC, 3431 Sulfadiazina de prata para exposição ao gás mostarda, 1773 para ferida por queimadura, e23-3 Sulfadoxina efeitos adversos da, 1699q, 1705 interações medicamentosas da, 1699q para malária, 1678q, 1699q
Sulfametoxazol ação do, 1136 classe de gravidez do, 869q, 2747q efeitos adversos do, 432,437, 879q, 1678q interações medicamentosas do, 1678q para infecções por Nocardia, 1325 Sulfametoxazol-trimetoprima (SMZTMP) absorção de, 1139 ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q distribuição do, 1139 efeitos adversos do, 1673q hepatite colestática, 329 hepatotoxicidade, 2565 na deficiência de G6PD, 879q na infecção pelo HIV, 437,1555 neutropenia, 476 trombocitopenia, 967q indicações para, 1145q interações medicamentosas do, 1143, 1147q para cistite, 2393, 2393q para coqueluche, 1244q para doença de Whipple, 2474 para doença granulomatosa crônica, 482 para donovanose, 1321q para febre entérica, 1277q para granulomatose com poliangiite, 2792 para infecções de feridas por mordedura, e24-3, e24-3q para infecções por Acinetobacter, 1259q para infecções por B. cepacia, 1269q para infecções por Cyclospora, 1732 para infecções por 1. belli, 1732 para infecções por L. monocytogenes, 1196 para infecções por Legionella, 1240q para infecções por MRSA, 396,1168 para infecções por Nocardia, 1325, 1326 para infecções por S. maltophilia, 1269q para infecções por Salmonella, 1280q para melioidose, 1269q para mormo, 1269q para otite média, 261 para paracoccidioidomicose, 1666q para peste, 1773 para pielonefrite, 2394 para profilaxia da peritonite, 1077 para profilaxia da toxoplasmose, 1544q, 1728 para sinusite, 258q para tratamento da PPc, 1544q, 1547, 1672,1673q para vasculite, 2788 profilático, 1148q em receptor de transplante, 962q, 1123, 1127,1127q na neutropenia crônica, 482 na PPc, 1544q, 1673q para peste, 1310q resistência ao, 1145q Sulfassalazina efeitos adversos da, 869q, 2747q monitoração durante o tratamento com, 2747q para artrite psoriática, 2782 para artrite reumatoide, 2748q para espondilite ancilosante, 2778 Sulfato de heparano, glicosaminoglicanos, 1799 Sulfato de magnésio para crises convulsivas pré-eclâmpticas, 56 Sulfemoglobina, 288, 854q
Sunsowing, 198, 201, 218
Suor na fibrose cística, 2148, 2149 perda de água no, 588 perda de potássio no, 352 perda de sódio no, 343, 344 Superalimentação, 623 Superantígenos, 144,1022, 2671-2672 Superatividade da pirimidina-5’nucleotidase (P5N), 3187q Superdosagem. Ver Intoxicação/overdose Superóxido dismutase, 1984 Superposição de síndrome de StevensJohnson/necrólise epidérmica tóxica, 436 Supersaturação, 2384 Suplementos de óleo de peixe efeitos antiplaquetários dos, 461 em fórmulas de nutrição enteral, 617
para distúrbios das lipoproteinas, 3159q, 3160-3161 Suplementos dietéticos adulteração dos, e2-4 interações medicamentosas dos, e2-4, e2-4q regulamentação dos, e2-3 toxicidade dos, e2-4 Suplementos nutricionais, 589 Suporte básico de vida, para parada cardíaca, 2243 Suporte cardíaco avançado de vida, para parada cardíaca, 2217 Suporte nutricional especializado, 612 abordagem ao paciente, 612-616, 613f benefícios do, 614-615 domiciliar, 615, 615q eficácia do, 614 específico de doença, 615-616 hiperglicemia e, 616 indicações para, 612-614,613f planos dos esquemas aminoácidos, 617 fórmulas monoméricas, 617 minerais e vitaminas, 617,617q, 618q necessidades de líquido, 616, 616q necessidades energéticas, 616-617 proteínas, 617 riscos do, 614-615 Suporte/terapia nutricional após cirurgia bariátrica, 636 para anorexia nervosa, 639 para diabetes melito, 2990-2991, 2990q para DII, 2492, 2493f para distúrbios das lipoproteinas, 3158 para doença gastrintestinal, 2407 para doença renal crônica, 2293 para EM, 3407 para hipertensão, 2054,2054q para infarto do miocárdio, 2029 para obesidade, 632f, 633,633q para síndrome do intestino irritável, 2499 para síndrome metabólica, 1996 Supraglote. Ver Epiglote Suprarrenalectomia para a síndrome de Cushing, 2899, 2899q para a síndrome do ACTH ectópico, 829 para adenoma, 2050 para câncer de mama, 761q para excesso de mineralocorticoides, 2950q, 2951 Supressores do apetite. Ver Anorexígenos Suramina efeitos adversos da, 1681q, 1720, 3394q, 3463q farmacologia da, e26-8 para doença do sono, 1720,1721q Surdez. Ver Perda auditiva Surdez pura para palavras, 203q Surgisis, 553q Survivina, hiperexpressão no câncer de pâncreas, 786 Suscetibilidade hereditária à paralisia por pressão, 496 Suspensão/não fornecimento de intervenções, e5-3 aspectos legais da, 79 do paciente em estado crítico, 2204 do paciente terminal, 79-80 nutrição enteral/parenteral, 612-613 Sutama. Ver Tifo epidêmico (transmitido por piolhos) SV40 (vírus símio 40), 491 SVNP (sinovite vilonodular pigmentada), 2859
Syntax, 202 SZE. Ver Síndrome de Zollinger-Ellison (SZE)
T T3. Ver Triiodotironina (T3) T3reversa (rT3), 291 lf T4.VerTiroxina (TJ TAB1/2, 1018f Tabaco mastigável, 655 Tabaco sem fumaça, 269, 655, 733 Tabagismo adicção de nicotina no. Ver Adicção de nicotina asma e, 2102, 2115 aterosclerose e, 1991 cabeça e pescoço e, 733 câncer cervical e, 813 câncer colorretal e, 714q câncer de bexiga e, 790 câncer de pâncreas e, 786 câncer de pele e, 730 câncer de pulmão e, 655,737-738 câncer e, 3561-3562, 356lq câncer esofágico e, 764, 764q câncer oral e, 269 carcinoma de células renais e, 793 cardiopatia isquêmica e, 2007-2008 carga global de doença causada por, 17 cigarros com baixo teor de alcatrão e nicotina, 3563 contagem de neutrófilos e, 477 DII e, 2477 disfunção erétil e, 375 doença arterial periférica e, 2068 doença cardiovascular e, 1815,3561, 3561q doença renal e, 2292 doença respiratória e, 2085, 3561q, 3562 doença ulcerosa péptica e, 2444 doenças pulmonares intersticiais e, 2167 DPOC e, 2151-2152, 2151f elevação da hemoglobina e, 450 em crianças, 3562 de pulmão e, 655, 737, 3562 doença respiratória e, 2085 DPOC e, 2152 em mulheres, 55 exposição passiva ao infecções meningocócicas e, 1214 insônia e, 218 interações medicamentosas por, 3562, 3562q leucoplaquia e, 273q manifestações de doença no, 3561, 3561q na gravidez, 3561q, 3562 na neuropatia óptica hereditária de Leber, el8-10 nos países em desenvolvimento, 17 osteoporose e, 3125 policitemia na, 457 prevenção do, 3564 segunda neoplasia maligna e, 657 Tabes dorsalis, 1383-1384, 3375 Tabun, 1780q, 1783, e50-llq. Ver também Agentes neurais Tache noire, 1410 Tacrina overdose/intoxicação com, e50-1lq para doença de Alzheimer, 3308 Tacrolimo ação do, 2330q após transplante de fígado, 2610 efeitos adversos do, 2330q, 2331 crises convulsivas, 2272, 3257q hiperpotassemia, 357 púrpura trombocitopênica, 969, 2379 renais, 2373
interações medicamentosas do, 1147q metabolismo do, 36q monitoração terapêutica do, 3598q para dermatite atópica, 395-396,406q para DII, 2491, 2493f para imunossupressão, 2330q, 2331 para miastenia gravis, 3485 Tadalafila ação da, 374, 374q efeitos adversos da, 378 interações medicamentosas da, 2079 para disfunção erétil, 377-378 para edema pulmonar de altitude elevada, e51-3 para hipertensão pulmonar, 2079 Taenia asiatica, 1759-1760 Taenia multiceps, 1765 Taenia serialis, 1765 Tafenoquina, 1675q, e26-8 TAFI (inibidor da fibrinólise ativado por trombina), 462q, 987 Tai chi, e2-2q TAK-1,1018f TAL (transcritos associados a latência), do HSV, 1453 Tálamo lesões do, distúrbios sensitivos, 190 na olfação, 241 Talco, intrapleural, para derrame pleural, 653 Talidomida efeitos adversos da, na gravidez, 1366 neuropatia, 3462,3464q para eritema nodoso hansênico, 1366 para espondilite ancilosante, 2778 para mielofibrose primária, 902 para mieloma múltiplo, 941-942 Tamoxifeno ação do, 676f, 677, 704, 705 efeitos adversos do, câncer uterino, 704, 762, 814, 841 cataratas, 762, 841 depressão, 76 perda visual, 3394q síndrome de lise tumoral, 2274 trombocitopenia, 967q tromboembolia, 704 interações medicamentosas do, 41 metabolismo do, 38 para câncer de mama, 677,759-760, 760q, 76lq para carcinoma ductal in situ, 762 para ginecomastia, 802,3020 para prevenção do câncer de mama, 657-658, 762 variações genéticas na resposta ao, 41,42q Tampão plaquetário, 457, 965 Tamponamento cardíaco choque cardiogênico no. Ver Choque cardiogênico diagnóstico diferencial do, 1977q diagnóstico do, 1973 fisiopatologia do, 1972 manifestações clínicas do, 1972, 1977q padrões hemodinâmicos no, 2235q pressão baixa, 1972-1973 pulso paradoxal no, 1972 tratamento do, 1973-1974 Tamponamento pericárdico exame físico no, 1830 manifestações clínicas do, 2221 Tamponamento por balão, para varizes hemorrágicas, 2599 Taquiarritmia paroxística supraventricular, 1878 Taquiarritmias, 1878 assintomáticas, 1878 definição das, 1878 ECG nas, 1878
ÍNDICE
Sulfeto de selênio para tinha, 408q para tinha versicolor, 402, 402q, 41 lq Sulfisoxazol, 1136 Sulfocisteinúria, 3216q Sulfonamidas ação das, 1134q, 1136 efeitos adversos das clinicamente mais relevantes, 1146q cutâneas, 406,413-415,419, 433, 435-437 dessensibilização às, 438 eosinofilia, 481 eritema, 153q fatores genéticos nos, 433 fotoxicidade, 445q na deficiência de G6PD, 879q neuropatia óptica, 232 sensibilidade cruzada e, 439 trombocitopenia, 967, 967q urticária, 158 vasculite, 435 indicações para, 1145q interações medicamentosas das, 1143 metabolismo das, 36q na gravidez, 1142q overdose/intoxicação com, e50-13q para infecções por Nocardia, 1325 resistência às, 1134q, 1138,1145q Sulfonilureias efeitos adversos das, 406, 445q, 629, 2997 interações medicamentosas das, 2997 propriedades das, 2997q Sulforafano, 796 Sulindaco efeitos adversos do, 329 para prevenção do câncer colorretal, 657 para síndromes de polipose, 770 Sumagre venenoso, 396 Sumatriptana para cefaleia em salvas, 122 para enxaqueca, 118q, 119-120, 119q para profilaxia da doença aguda das montanhas, e51-2 para síndrome dos vômitos cíclicos, 304 spray nasal, 118q, 119 SUNCT/SUNA, 123q, 124,124q Sunitinibe ação do, 675,677q, 687, 705f, 706 dose de, 700q efeitos adversos do, 700q, 709, 795, 838 para carcinoma de células renais, 675, 677q, 687, 795 para carcinoma hepatocelular, 675, 783, 783q para leiomiossarcoma do intestino delgado, 776 para tumor do estroma gastrintestinal, 675, 677q, 687, 768
1-141
em atletas, 1899, 1900q manifestações clínicas das, 1878 mecanismo das, 1879, 1879f na hipovolemia, 344 síncope nas, 175 supraventriculares. Ver Taquiarritmias supraventriculares testes diagnósticos nas, 1878-1879, 1878f tratamento das, 1883q, 1884q ventriculares. Ver Taquiarritmias ventriculares; Taquicardia ventricular Taquiarritmias supraventriculares complexos prematuros atriais, 1879, 1880,1880f complexos prematuros juncionais, 1880 fibrilação atrial. Ver Fibrilação atrial flutter atrial. Ver Flutter atrial mecanismo das, 1879 na gravidez, 57 taquicardia atrial. Ver Taquicardia atrial taquicardia sinusal. Ver Taquicardia sinusal taquicardias mediadas por via acessórias, 1889-1890,189f taquicardias nodais atrioventriculares, 1888 Taquiarritmias ventriculares complexos ventriculares prematuros, 1878, 1879,1880f, 1890-1891 ritmo idioventricular acelerado, 1891 síndrome de Brugada. Ver Síndrome de Brugada síndrome do QT curto. Ver Síndrome do QT curto, 1878, 1897q, 1898 síndrome do QT longo. Ver Síndrome do QT longo taquicardia ventricular. Ver Taquiarritmias ventriculares Taquicardia atrial automática, 1886 ECG na, 1881f, 1886, 1887f, e30-5f, e30-6f, e30-7f focal, 1878,1886 macrorreentrante, 1878, 1885,1887 mecanismo da, 1862,1879 microrreentrante, 1887 multifocal, 188lf, 1886, e30-5f tratamento da, 1886-1887 Taquicardia com RP longo, 1889 Taquicardia fascicular, 1897,1897f Taquicardia juncional atrioventricular (AV), 1888 Taquicardia mediada por via acessória, 1889-1890,1889f Taquicardia ortostática, na hipovolemia, 344 Taquicardia por reentrada no nó atrioventricular (AV), 1881, 1886, 1887f, 1888 ECG na, e30-7f Taquicardia sinusal, 1880 ECG na, 1880, 1887f, e28-3f, e30-2f fisiológica, 1880 inapropriada, 1881 mecanismo da, 1862,1863q tratamento da, 1880 Taquicardia ventricular após reparo de tetralogia de Fallot, 1897 cardioversor-desfibrilador implantável para, 1866 com cardiomiopatia dilatada do VE, 1895-1896 com distúrbios infiltrativos/ inflamatórios e neuromusculares, 1895-1896, 1896q com fibrilação atrial, 1893f com miocardiopatia hipertrófica, 1895
ECG na, 1878, 1891, 1891f, 1892f, 1892q, 1893f,e30-13f idiopática do trato de saída, 1894, 1895,1894f idiopática fascicular do septo do VE lenta, 1891 mecanismo da, 1862,1863q, 1864, 1879 monomórfica, 1891, e30-13f na cardiopatia isquêmica, 1999 não sustentada, 1878, 1891,1900q no infarto do miocárdio, 2032 parada cardíaca/morte súbita aguda na, 2239 polimórfica, 1862,1879,1891 polimórfica catecolaminérgica, 1899, 1899f, 1900q prevenção da, 1893 reentrante de ramo, 1895,1895f síncope na, 175 sustentada, 1891 tratamento da, 1892-1894 Taquicardia ventricular polimórfica catecolaminérgica, 175-176,1879, 1899,1899f, 1900q Taquipneía, no choque, 2217 TAR. Ver Terapia antiretroviral de combinação (TARc) TARAA (terapia antirretroviral altamente ativa). Ver Terapia antirretroviral de combinação (TARc) Tarântula rosa-chilena, 3580 Tarântulas, 3580 TARc. Ver Terapia antirretroviral de combinação (TARc) TARV fonte, alvo e atividade biológica, 2660q na asma, 2106,2106f Tatuagem, 724q Tatuagem de amálgama, 272q TAVT (implante de valva aórtica transcateter), 1941,1942f, 2040, e33-6f a e33-7f, e33-7, e33-7V Taxa de filtração glomerular (TFG) avaliação da, 334-335, 2309, 2309q creatinina sérica e, 334,2309, 2309q de um único néfron, 2289 na doença renal, 334,2309 na gravidez, 56 reduzida, 334-335 regulação da, 2281,2294-2295, 2295f Taxa de mutação, 495 Taxa de relaxamento, 3243 Taxa metabólica, 607 Taxa metabólica em repouso (basal), 574, 574f, 623 Taxanos. Ver também fármacos específicos características dos, 700q, 704 efeitos adversos dos, 839q, 2277, 3463q interações medicamentosas dos, 2272 para câncer de mama, 760 para câncer de ovário, 811 para melanoma, 729 para sarcoma de tecidos moles, 818 resistência aos, 704 Taxas de mortalidade, tendências históricas nas, 556 Taxas de referência da dieta, 589 Tazaroteno, para psoríase, 399 Tazobactam, 1137 TB. Ver Tuberculose (TB) TBG (globulina de ligação da tiroxina), 2915q TC. Ver Tomografia computadorizada (TC) TCC. Ver Terapia cognitivocomportamental (TCC) TCMD. Ver Tomografia computadorizada com multidetectores (TCMD)
TCTH. Ver Transplante de célulastronco hematopoiéticas (TCTH) TE. Ver Trombocitose essencial (TE) Tecido adiposo, 624 Tecido adiposo marrom, 623 Tecido linfoide, associado à mucosa. Ver Linfoma de tecido linfoide associado à mucosa (MALT). Ver Neoplasias linfoides Tecido linfoide associado à mucosa (MALT), 2675, 2677-2678, 2678f Tecido linfoide associado ao intestino (GALT), na infecção pelo HIV, 1520, 1525 Tecido mole, componentes estruturais do, 1064Í Tecido(s) conectivo biossíntese de, 3204-3206, 3206f composição do(s), 3204, 3205q renovação do(s), 3204-3206, 3206f TECK, 2662q Técnica de Alexander, e2-2q Técnica do anticorpo imunofluorescente, e22-2 Técnicas com xenônio, no acidente vascular encefálico, 33293 Técnicas de isolamento, 1117 Tecnologia de informação, 4 Tecnologia do microarranjo (microarray)
análise mutacional, 507 no carcinoma de tumor primário desconhecido, 823 para detecção de mutação, 508q para expressão gênica no câncer, 671, 671f perfil gênico no mieloma múltiplo, 704-705 Tecnologia transgênica, 490-492 Tecnologias de reprodução assistida, 3017 Tecoma, do ovário, 812 Teicoplanina ação da, 1133 Telangiectasia hemorrágica hereditária. Ver Síndrome de OslerWeber-Rendu Telangiectasia hemorrágica hereditária. Ver Síndrome de Osler-Weber-Rendu Telangiectasia macular eruptiva perstans, 409 Telangiectasia(s), 409. Ver também Ataxia telangiectasia (AT) capilar(es), 3298 causas de, 409q definição de, 389q hemorrágica hereditária. Ver Síndrome de Osler-Weber-Rendu intestinal, 775 na doença cardiovascular, 1821 na doença de Fabry, e41-7f na esclerose sistêmica, 2763 tipos de, 409 Telangiectasias capilares, 3298 Telaprevir efeitos adversos do, 1452 para infecção por HCV, 1452, 2585 Telas mosquiteiras tratadas com inseticida, 14-15,1044 Telas para camas tratadas com inseticidas, 14-15 Telavancina ação da, 1133,1168 efeitos adversos da, 1146q na gravidez, 1142q para infecções enterocócicas, 1187 para infecções estafilocócicas, 1168 Telbivudina ação da, 1451 efeitos adversos da, 2573 farmacologia da, 1451 para infecção crônica por HBV, 1445q, 1451, 2573, 2574q, 2575f resistência à, 1451
Teleterapia, 691,692 Telitromicina ação da, 1135 interações medicamentosas da, 1143, 1147 para infecções por Legionella, 1240q para S. pneumoniae, 1138 Telógeno, 380 Telomerase, 502 nas células cancerosas, 674-675 no envelhecimento, 565 Telômero, 510, 510f, 674 Tematódeos. Ver Infecções por trematódeos Temazepam farmacologia do, 3533q overdose!intoxicação com, r50-12q para insônia, 217 para transtorno de ansiedade generalizada, 3533q Temozolomida ação da, 701 dose de, 697q efeitos adversos da, 697q para melanoma, 729 Temperatura corporal, 143 Temperaturas retais, 143 Tempestade autônoma, 3358 Tempestade de citocinas, 1162 Tempestade de taquicardia ventricular, 1893-1894 Tempestade tireoidiana (crise tireoidiana) na gravidez, 59 tratamento da, 2927 Tempo de condução sinoatrial, 1870 Tempo de protrombina, 973, 974f causas de valores anormais, 610q fatores da coagulação medidos no, 462, 463f na avaliação nutricional, 610q nos distúrbios da coagulação, 974q para monitoração da terapia com varfarina, 999 prolongado, 327,463q sensibilidade do, 462 Tempo de recuperação do nó sinusal, 1870 Tempo de reptilase, 464 Tempo de sangramento, 462 Tempo de trombina, 463q, 464, 974f, 974q Tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa) nos distúrbios da coagulação, 973, 974q, 976 composição do reagente do, 463 em teste pré-operatório, 462 fatores da coagulação testados no, 463,463f LA-PTT, 464 para monitoração da heparinoterapia, 993-994 prolongado, 463q Tenatoprazol para doença ulcerosa péptica, 2449 Tendências de gênero, 50 Tendenciosidade, em testes de triagem, 659 Tendenciosidade de gênero, e4-5 Tendinite calcificada, 2861 do manguito rotador, 2823-2824, 2860 patelar, 2861 Tendinite bicipital e ruptura, 2861 Tendinite calcificada, 2861 Tendinite do manguito rotador, 28232824, 2860 Tendinite patelar, 2861 Tenecteplase, 1003 ação da, 1003 estrutura de domínios da, 1002f, 1003
indicações para, 1003 para infarto do miocárdio, 2027 para oclusão arterial aguda, 2070 Tênia anã (Hymenolepis nana), 1764, e25-2q Tênia da carne de vaca. Ver Taenia saginata
específicos
antagonista CCR5,1580 efeitos adversos da, 1570-1573q, 1993,2566, 3002, 3466 formulações da, 1578q indicações para iniciação da, 1581, 1581q indicações para mudança, 1582, 1582q inibidores da integrase, 1573q, 1575f, 1577f, 1580
fármacos específicos e doenças
Terapia biológica. Ver também Terapia com citocinas; Terapia gênica efeitos adversos da, 437 mediadores imunes dos efeitos antitumorais, 710-711 para artrite reumatoide, 2748-2749q, 2749 para câncer, 694, 695f, 710 para granulomatose com poliangiite, 2792 para imunossupressão, 2331 Terapia chaperone farmacológica, 3196 Terapia cognitivo-comportamental (TCC) para bulimia nervosa, 640-641 para doença nas costas, 138 para glossodinia, 274 para obesidade, 634 para síndrome da fadiga crônica, 3520-3521 para TEPT, e48-5 a e48-6 Terapia com ácido clorídrico, para alcalose metabólica, 371 Terapia com álcalis. Ver também Terapia com bicarbonato efeitos adversos da, 370 para acidose urêmica, 368 Terapia com androgênios contraindicações, 3025,3026q efeitos adversos da, 403,433,434 carcinogenicidade, 656q monitoração da, 3025,3025q esquemas recomendados, para anemia aplásica, 892 para câncer de mama, 761q para disfunção sexual feminina, 380 para hirsutismo, 384 usos farmacológicos da, 3024 Terapia com bicarbonato para acidose láctica, 366 para acidose metabólica, 366 para acidose tubular renal, 2364, 2365 para acidose urêmica, 368 para contaminação interna por radionuclídios, 1794q para hiperoxalúria, 2386 para hiperpotassemia, 359 para hipovolemia, 344 para intoxicação por salicilatos, 367
para litíase de ácido úrico, 2386 para sepse/choque séptico, 2230 Terapia com calor, para dismenorreia, 388 Terapia com células-tronco, 543 estratégias da, 543-544, 544f fontes de células para, 544-545 para cardiopatia isquêmica, 545 para diabetes melito, 545-546 para distúrbios neurológicos, 546 para doença de Parkinson, 3325 para doença hepática, 546 questões éticas na, 547 Terapia com citocinas agentes antitumorais, 711 efeitos adversos da, 437,715 para carcinoma de células renais, 795 para infecções em paciente com câncer, 720-721 Terapia com eritropoietina demanda de ferro e, 849 efeitos adversos da, 708, 893q formulações de depósito, 708 para anemia, 456 para anemia ferropriva na, 846q para anemia hipoproliferativa, 851 para anemia induzida por quimioterapia, 708 para anemia na doença renal crônica, 2316 para hipotensão ortostática, 174 terapia com estrogênios. Ver também Terapia hormonal pós-menopausa câncer colorretal e, 657,770 câncer endometrial e, 814 doença arterial coronariana e,1990 efeitos adversos da disfunção erétil, 376, 376q edema, 293q, 294 hipertensão, 2048q para amenorreia, 387 para disfunção sexual feminina, 380 para doença de Alzheimer, 3308 para hirsutismo, 383 para prevenção da enxaqueca, 1019q Terapia com estrondo'3, 692 para câncer de mama metastático, 761 para doença óssea metastática, 804, 820 para dor óssea, 73 Terapia com etiodol, para carcinoma hepatocelular, 781q Terapia com fator de crescimento dos ceratinócitos, para mucosite, 709 Terapia com fator de estimulação de colônias de granulócitos (G-CSF) efeitos adversos da, 437 indicações para, 708-709, 708q no TCTH, 959 para anemia aplásica, 892 para exposição a gás mostarda, 1783 para LMA, 912 para mielodisplasia, 897 para neutropenia, 482 Terapia com G-CSF. Ver Terapia com fator de estimulação de colônias de granulócitos (G-CSF) Terapia com interleucina-2 (IL-2) ação da, 711 efeitos adversos da, 75, 293q, 711, 838 para carcinoma de células renais, 795 para melanoma, 729 Terapia com iodo radioativo, 692 para câncer de tireoide, 2937-2938, 2937f para doença de Graves, 2926 para hipertireoidismo, 59 Terapia com laser para carcinoma basocelular, 732 para dor no pescoço, 141 para hemoptise, 286
para remoção de pelos, 383 para veias varicosas, 2074 Terapia com L-carnitina para cistinose, 2366 para fadiga, 76 Terapia com luz ultravioleta para dermatite atópica, 406q para morféia, 431 para pitiríase rósea, 400 para psoríase, 399,406q para vitiligo, 41 lq Terapia com massagem, e2-2q, e2-3 Terapia com nitrogênio líquido, para verrugas, 403 Terapia com OKT3 efeitos adversos da, 293q para imunossupressão, 2331,2684 Terapia com ouro, efeitos adversos da, 400, 406, 413, 967q, 3466q Terapia com óxido nítrico, para insuficiência respiratória, 2208, 2208q, 2213 Terapia com oxigênio hiperbárico, e52-l contraindicações para, e52-3 efeitos adversos da, e52-2 a e52-3 indicações para, e52-3, e52-3q mecanismos da, e52-l a e52-e, e52-2f para doença de descompressão, e524q, e52-8 para edema pulmonar de altitude elevada, e51-4 para feridas crônicas, e52-4q, e52-5f, e52-5a e52-6 para gangrena gasosa, 1069,12081209 para infecções de tecidos moles, 1339 para intensificação da radioterapia, e52-4q para intoxicação por monóxido de carbono, e52-6 para lesão tecidual tardia por radiação, e52-3 a e52-5,e52-4q para perda auditiva neurossensorial súbita idiopática, e52-4q para síndrome coronária aguda, e524q para traumatismo cranioencefálico, e52-4q Terapia com oxima, para exposição a agentes neurais, 1785f, 1785q, 1786 Terapia com prostaciclina, 2079 Terapia com radionuclídios,692 Terapia com sal para alcalose metabólica, 370 para síncope, 173 Terapia com samário1’3, 73,692, 804, 820 Terapia com testosterona adesivo bucal, 3023q, 3024 adesivo transdérmico, 378, 3022, 3023q contracepção hormonal masculina e, 3024 contraindicações para, 3025, 3025q derivados orais, 3022, 3023q disfunção reprodutiva relacionada com a idade, 3022-3036 efeitos adversos da, 434,3025, 3025q eficácia da, 3025 farmacologia da, 3023q formas injetáveis de, 3022, 3023q formulações não disponíveis nos EUA, 3024 gel de testosterona, 3022-3024, 3023q inibidores das gonadotropinas, 3024 monitoração da, 3025-3026, 3026q novas formulações de androgênios, 3024 para disfunção erétil, 378 uso abusivo por atletas e halterofilistas amadores, 3026-3027
ÍNDICE
Tênia do peixe (Diphyllobothrium latum ), 868,1764-1765, e25-2q Tênia do porco Ver Taenia solium. Tenofovir ação do, 1451, 1578 efeitos adversos do, 1571q, 1578 estrutura molecular do, 1574f interações medicamentosas do, 1578 para doença hepática, 2614 para infecção crônica por HBV, 1445q, 1451, 2573, 2574q, 2575f para infecção pelo HIV, 1571q, 1578 resistência ao, 1576f tópico, para prevenção da infecção pelo HIV, 1584 Tenossinovite de Quervain, 2861 Tenossinuvite, 2861 Tensirolimo ação do, 675, 706 dose de, 70lq efeitos adversos do, 701q, 706, 2276 para carcinoma de células renais, 675, 795 para carcinoma hepatocelular, 783q para linfoma de células do manto, 929 Teofilina dose de, 40 efeitos adversos da, 2111 crises convulsivas, 3257q distúrbios ácido-básicos, 372 hipopotassemia, 352 indigestão, 305,2158 insônia, 216q, 218 interações medicamentosas da, 46q, 1147q, 1677q, 1681q,e26-8 metabolismo da, 2111,211 lq monitoração terapêutica da, 3598q overdose/intoxicação com, e50-9q para asma, 2110-2111, 2111 q para disfunção do nó SA, 1870 para DPOC, 2158 Teorema de Bayes, 4, 22-23, 23q, 24f Teoria da lesão oxidativa, do envelhecimento, 564, 565q Teoria da pleiotopria antagonista, do idoso, 563, 566-567, 568 Teoria da qualidade, 88 Teoria de acúmulo de função, envelhecimento, 563 Teoria do soma descartável, do envelhecimento, 563 Teoria dos sistemas, 85, 85f Teoria evolutiva, do envelhecimento, 562, 563 Teoria evolutiva clássica, do envelhecimento, 562-563 TEPT. Ver Transtorno de estresse póstraumático (TEPT) Terapia antirretroviral altamente ativa (TARAA). Ver Terapia antirretroviral de combinação (TARc) Terapia antirretroviral de combinação (TARc). Ver também fármacos
inibidores da protease, 1571-1573q ação da, 1452,1579-1580 efeitos adversos da, 1579-1580 estrutura molecular da, 1575f interações medicamentosas da, 45, 1047, 1147q, 1579-1580 para infecção pelo HIV, 1571 1573q, 1579-1580 resistência à, 1577f, 1579-1580 inibidores da transcriptase reversa, 1570-1571q ação da, 1569, 1573-1574, 15781579 efeitos adversos da, 366,1569, 1573-1474, 1578-1579 estrutura molecular da, 1574f interações medicamentosas da, 1047, 1147q para infecção pelo HIV, 15701571q, 1573-1574,1578-1579 resistência à, 1576f inibidores de entrada, 1573q, 1575f, 1577f, 1580 na infecção pelo vírus HBV, 1569 nos países em desenvolvimento, 1213 princípios de, 1569, 1580-1582, 1581q seleção dos fármacos iniciais, 1581 1582 Terapia antiviral. Ver também Terapia antirretroviral de combinação (TARc);
1-143
Terapia com tiroxina efeitos adversos da, 295 para hipotireoidismo na gravidez, 59 Terapia com trombopoetina para mielossupressão induzida por quimioterapia, 707 Terapia de entonação melódica, 204 Terapia de estimulação de colônias de granulócitos-macrófagos (GM-CSF) indicações para, 708-709, 708q no TCTH, 959 para LMA, 912 Terapia de neuroestimulação para cefaleia em salvas, 123,123q para SUNCT/SUNA, 124 Terapia de quelação para cistinúria, 2365 para contaminação interna por radionuclídios, 1793-1794,1794q para intoxicação por metais pesados, e49-l Terapia de reabilitação vestibular, 181 Terapia de reposição com surfactante, para síndrome de angústia respiratória aguda, 2208, 2208q Terapia de reposição hormonal para hipopituitarismo, 2880, 2882q pós-menopausa. Ver Terapia hormonal pós-menopausa Terapia de ressincronização cardíaca, 1866,1911 Terapia de substituição renal contínua, para lesão renal aguda, 2307 Terapia dietética. Ver Suporte/terapia nutricional Terapia direcionada para alvos, 70070lq, 705 ação da, 695f, 696, 705f baseada no perfil molecular, 672 desenvolvimento da, 695,705 inibidores da tirosinoquinase, 675676, 700q para câncer colorretal,774 para câncer de próstata, 804 para carcinoma hepatocelular, 783, 783q para neoplasias hematopoéticas, 705706 para tumores sólidos, 706 personalidade, 706 princípios da, 694 Terapia eletroconvulsiva para depressão, 3539 Terapia farmacológica benefícios da, 33-34 indicações para, 33-34 relações de dose-resposta, 33-34, 34f riscos da, 33-34 Terapia fotodinâmica ação da, 441, 692 para carcinoma basocelular, 732 para colangiocarcinoma, 874 Terapia gênica, 547 complicações da, 549, 549q estratégias para, 547 obtenção da anamnese de indivíduos em ensaios clínicos, 550,550q para a adrenoleucodistrofia, 549 para amaurose congênita de Leber, 550 para anemia falciforme, 857, 861 para angiogênese terapêutica, 551 para câncer, 548f, 550, 550q, 711 para deficiência de adenosina desaminase, 549 para degeneração macular, 550 para distúrbios de imunodeficiência, 482, 548-549 para distúrbios genéticos, 547-550 para doença cardiovascular, 548f, 550-551 para doença de Alzheimer, 551 para doença de Parkinson, 551,3325
para doença vascular, 550-551 para hemofilia, 549 para talassemia, 861 veículos de administração para, 548q vetores virais para, 548q, 1502 Terapia hídrica para cetoacidose alcoólica, 366-367 para cetoacidose diabética, 366 para choque hipovolêmico, 22202221
para choque/choque séptico, 2229 para constipação, 74 para diarréia, 312 para hipercalcemia, 361 para hipovolemia, 344 para prevenção da nefropatia induzida por meios de contraste, 1854 para SDRA, 2208 Terapia hormonal pós-menopausa, 3040 abordagem à paciente, 3044-3045, 3045f benefícios da, 3041, 3042 câncer endometrial e, 814 candidatas para, 3044, 3045f doença arterial coronariana e, 52, 53, 1990 efeitos adversos da, 987 função cognitiva e, 52 interrupção da, alterações do estado de saúde após, 3044 redução das fraturas devido à, 31293130, 3130f risco de câncer de mama e, 755 riscos associados à, 3041-3043, 3042q riscos e benefícios prováveis ou incertos da, 3042f, 3043-3044 Terapia imunossupressora após transplante cardíaco, 1917 após transplante de fígado, 26102611 imunização durante, 1037-1038 meningite crônica associada a, 3441 osteoporose associada a, 3124 para doenças autoimunes e inflamatórias, 2683-2684 para esclerose sistêmica, 2767-2768 para miastenia gravis, 3484 Terapia intravesical, para câncer de bexiga, 791 Terapia sexual, 378 Terapia trombolítica para acidente vascular encefálico isquêmico, 3272-3273, 3273q para oclusão arterial aguda, 2070 Terapia/procedimentos endoscópicos para doença ulcerosa péptica, 320 para hipertensão portal, 2598-2599, 2599f para lacerações de Mallory-Weiss, 320, e36-lV para pancreatite crônica, 246 para sangramento gastrintestinal, 320, 322f para varizes esofágicas, 320-321, 2414-2415, 2415f, e36-lV Teratoma ovariano, 502, 812, 834f, 835 testicular, 806,809 Terazosina para discinergia urinária, 3376 para fenômeno de Raynaud, 2072 para hipertensão, 205 5q para hipertrofia prostática benigna, 805 Terbinafina efeitos adversos da, 246,435 para infecções por Sporothrix, 1666q para onicomicose, 401-402,1639, 1670,1670q para tinha, 408q, 1639* 1670,1670q Terbutalina, e50-9q Terceira doença. Ver Rubéola
Terceira janela, orelha interna, 249 Terceiro espaço, 343,611 Terfenadina, 46q Teriparatida, efeitos adversos da, 31333134, 3134f Terlipressina, para sangramento varicoso, 321 Termogênese, 623, 627 Termogênese da atividade fora do exercício, 627 Termômetro da membrana timpânica, 143 Termorregulação, 143,161q, 165,215 Terror noturno, 221 Terrorismo microbiano/biológico. Ver Bioterrorismo químico. Ver Terrorismo químico radiação. Ver Terrorismo por radiação Terrorismo com a radiação, 1788 acompanhamento do paciente exposto, 1795-1796 armas nucleares, 1789 ensaio clínico do paciente exposto à radiação, eventos de dispersão radiológicas, 1789 propriedades dos radionuclídios e tratamento, 1790q síndrome aguda da radiação, 17891791 tipos de exposição, 1788,1789 tratamento hospitalar no, 1792-1794, 1793f tratamento inicial do, 1791-1792, 1792f, 1794q Terrorismo químico, 1779 agentes de nervos. Ver Agentes de nervos características e efeitos do, 1780q descontaminação e tratamento do, 1781q vesicantes, 1780,1780q Testamento em vida, 70, e5-2 Teste Affirm, 1100 Teste com agonista do hormônio de liberação das gonadotropinas (GnRH), 383 Teste cutâneo com tuberculina (TST), 157,1344,1351,1357, 1370 Teste da abdução e rotação externa, 2071 Teste da antiglobulina direta (Coombs direto), 954 teste da esterase leucocitária, 2391 Teste da janela cutânea de Rebuck, 482 Teste da lanterna oscilante, 225,225f Teste da mesa com inclinação (tilt teste), 1864-1865, 3355q, 3356 Teste da mesa inclinada, 177, 3356 Teste da mesa inclinada, 238 Teste da ureia no ar exalado, 1263,1263q teste de ACh na, 3481 anticorpos antiaChR ou anti-MuSK, 3481 associação ao gene HLA, 2693q diagnóstico de, 3481-3483, 34813483q diagnóstico diferencial da, 3482-3483 diplopia na, 238 disfagia na, 300 dispnéia na, 278 distúrbios associados com, 3483, 3483q exames eletrodiagnósticos na, 3481 fármacos a evitar na, 3486 fármacos que afetam a, 3484, 3484f fisiopatologia da, 2676q, 3480, 3480f fraqueza na, 184,185q, 186 manifestações clínicas da, 3480-3481 nistagmo na, 240 ocular, 3481 paraneoplásica, 833q
pênfigo e, 426 ptose na, 237 respostas reflexas na, 182 timoma e, e20-2 tratamento da, 3484-3486, 3484f, 3496f ACh, 3484 avaliação do paciente na, 3486, 3486f azatioprina, 3485 ciclosporina, 3485 fármacos a evitar na, 3486 forma de avaliação de intervalo, glicocorticoides, 3484-3485 IgIV, 3485 imunossupressão, 3484 micofenolato de mofetila, 385 piridostigmina, 3484 plasmaferese, 3485 tacrolimo, 3485 timectomia, e20-2 tireoidectomia, 3484 valores de função pulmonar na, 2093-2094, 2093f vs. botulsimo, 1202 Teste de aglutinação de partículas de Treponema pallidum (TPPA), 1385 Teste de Bernstein, 306 Teste de (3-glicano, 1637 Teste de caminhada de seis minutos, 578q, 2164 Teste de cancelamento de alvos visuais, 207 Teste de contato, 394 Teste de Coombs, 881 Teste de Cover, 226, 238 Teste de desequilíbrio de transmissão, 505q Teste de Dick, 1174 Teste de discriminação de dois pontos, 188 Teste de DNA, 521 Teste de DNA fecal, 661q Teste de D-xilose, nas síndromes de má absorção, 2467 Teste de D-xilose na urina, em síndromes de má absorção, 2467 Teste de equilíbrio peritoneal, 2325 Teste de estabilidade ao calor, hemoglobina, 858 Teste de estimulação bilateral simultânea, 207 Teste de estimulação com esteroides, 482 Teste de estimulação com gonadotropina coriônica humana (hCG), 3014 Teste de estimulação com hormônio de liberação das gonadotropinas (GnRH), 3013-3014 Teste de estimulação simultânea bilateral, 188 Teste de expulsão do balão, 318 Teste de fosfolipídios de fase hexagonal, 982 Teste de galactomanana, 1637 Teste de geração de trombnina, 464 Teste de gravidez, 388 Teste de identificação de distúrbios do uso de álcool-consumo (AUDIT-C), módulo, e48-4, e48-5q Teste de identificação dos distúrbios do uso de álcool (AUDIT), 3550,3550T disfunção testicular Teste de impulso da cabeça, 178 Teste de inibição da tromboplastina tecidual, 464 Teste de localização por toque, 188 Teste de microimunoflorescência, 1426 Teste de motilidade gastrintestinal, 303 Teste de múltiplas latências do sono, 219 Teste de oxidação de diidrorrodamina, 482 Teste de pré-disposição, 521
Testes de repetição de dígitos, 198,211, e9-4 Testes de triagem, 3,29-21. Ver também doenças e testes específicos
Testes falso-negativos, 23,23q Testes falso-positivos, 23,23q Testes genéticos, 507 consentimento informado nos, 507, 522, e53-6 cuidados de acompanhamento após, 522-523 limitações, e53-6 metodologia, 521 no câncer, 525 para síndromes de câncer familiar, 668-670, 670f pré-sintomáticos, 521 programas de triagem, 507, 519 questões éticas nos, 493-495 relações familiares e, 522 teste de predisposição, 521 triagem populacional, 519 Testes verdadeiros negativos, 23,23q Testes verdadeiros positivos, 22, 23q Testículo(s), 3010 atrofia do(s), na cirrose, 3019 biópsia do(s), 3014 defeitos adquiridos do(s), 3018-3019 desenvolvimento do(s), 3010 disgenesia do(s), 3051, 3052q disgenético(s), 3051, 3052q distúrbios do(s), 3010 dor referida do(s), 110 estrutura do(s), 3010 na caxumba, 1608 na hanseníase lepromatosa, 1364 regulação da função de eixo hipotálamo-hipófisetestículos, 3011, 301 lf espermatogênese, 301 lf, 30123013 síntese de androgênios, 30113012, 301 lf Testosterona alterações dos níveis relacionadas com a idade, 574, 574f biodisponível, 3014 ensaios para, 3013-3014 não ligada, determinação da, 30133014 no hirsutismo, 381-383 total, teste da, 3013 transporte e metabolismo da, 3012, 3012f Testosterona adesiva bucal, 3023q, 3024 Testotoxicose, 3015 Tetania nas síndromes de má absorção, 2476q Tétano abordagem ao paciente, 1198 complicações do, 1199 definição do, 1197 diagnóstico do, 1198 epidemiologia do, 1197 etiologia do, 1197 incidência pré- e pós-vacina, EUA, 1032q, 1197 manifestações clínicas do, 1198, 1198f neonatal, 1197 prevenção do, 30q, 1033f, 1199-1200 profilaxia, para feridas por mordedura, e24-4 prognóstico do, 1199,1199q tratamento do, 1199 Tetanolisina, 1197 Tetanospasmina, 1197 Tetrabenazina distúrbios devido à, 3333 para distonia, 3329 Tetraciclina(s) ação da(s), 1134q, 1136 classe de gravidez da(s), 1682q
distribuição da(s), 1139 efeitos adversos da(s) clinicamente mais relevantes, 1146q cutâneos, 413, 433, 435,1682q deficiência de folato, 869q distúrbios ungueais, 434 fototoxicidade, 445q freqüentes, 1682q, 1700q insuficiência renal, 1700q pigmentação dos dentes, 268 raros, 1682q farmacologia da(s), 1141q, 1700q interações medicamentosas da(s), 46q, 1143, 1147q, 1682q na erradicação do H. pylori, 1265q, 2449q, 2450 na gravidez, 1142q para acne rosácea, 404 para acne vulgar, 404 para actinomicose, 1330q para balantidíase, 1733 para cólera, 1293 para donovanose, 132 lq para erliquioses, 1414 para espru tropical, 2472 para febre recidivante, 1400f para infecção por C. pneumoniae, 1430 para infecção por C. trachomatis, 1426 para infecção por D. fragilis, 1734 para infecção por Legionella, 1240q para infecção por M. hominis, 1129 para infecções parasitárias, 1682q para malária, 1699q, 1700q para meibomite, 228 para peste, 13 lOq para psitacose, 1429 para sífilis, 1387q resistência à(s), 1134q, 1138 Tetracloreto de carbono, hepatotoxicidade do, 2560q Tetraidrocanabinol (THC) na maconha, 3557 para náusea e vômitos, 303q, 304, 709 Tetraidrofolato, 863, 863q Tetralogia de Fallot exame de imagem da, 1926,1926f fisiopatologia da, 1926 hipoxia na, 287 manifestações clínicas da, 456, 1926 sopro na, el3-5f taquicardia ventricular após, 1897 tratamento da, 1927 Tetranitrato de pentaeritritol, para cardiopatia isquêmica, 2008q Tetraploidía, 514q Tetratiomolibdato, para doença de Wilson, 3189q, 3190 TEV. Ver Tromboembolismo venoso (TEV) TFG. Ver Taxa de filtração glomerular (TFG) TGF-a; Ver Fator transformador do crescimento a (TGF-a) TGF-p. Ver Fator transformador do crescimento P (TGF-P) THB (razão de ligação do hormônio da tireoide), 2917 THBR (razão de ligação do hormônio da tireoide), 2917 THC. Ver Tetraidrocanabinol (THC) Tiabendazol efeitos adversos do, 1677q farmacologia do, e26-8 indicações para, 1677q interações medicamentosas do, 1677q, e26-8 Tiagabina efeitos adversos da, 3264q overdose/intoxicação com, e50-12q para epilepsia,3264q para síndrome do homem rígido, 836
Tiamina (vitamina B,), 595 deficiência de. Ver também Beribéri características clínicas, 594q, 595597, 609q delirium, 199 demência na, 3313 distúrbios ácido-básicos na, 366 doença de Wernicke, 2260, 2260f fatores de risco para, 594q, 595596 manifestações cardíacas, e31-lq, e31-2 neuropatia óptica, 232 neuropatias na, 3467-3468 no alcoolismo, 597, 607 tratamento da, 597 em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q estrutura da, 596f fontes alimentares de, 595 funções da, 595, 596f ingestão recomendada de, 590q para acidose induzida por álcool, el5-10 suplementos, 597 para acidose induzida por álcool, 367 para dismenorreia, 388 toxicidade da, 597 valores de referência para, 3599q Tiazolidinedionas ação das, 2996q, 2998 efeitos adversos das, 293q, 629, 2996q para diabetes melito tipo 2,2996q, 2998 para resistência à insulina na síndrome metabólica, 1997 Tíbia, doença de Paget da, e41-3f Ticagrelor, 992, 2019, 2030 Ticarcilina ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q efeitos adversos da, 352 Ticarcilina-clavulanato para infecção por S. maltophilia, 1269q para infecções anaeróbias, 1339q para infecções de feridas por mordedura, e24-3 para peritonite, 1078 resistência à, 1338 Ticlopidina ação da, 989f, 990 dose de, 990 efeitos adversos da, 969,990 indicações para, 990 prevenção de acidente vascular encefálico/AIT, 3281 Tie-2, 684f, 685 Tienopiridinas, 990-991. Ver também Clopidogrel; Prasugrel; Ticlopidina para procedimentos endoscópicos, 2425f, 2426f Tietilperazina, para náusea e vômitos, 303q, 709 Tiflite. Ver Enterocolite neutropênica Tifo epidêmico. Ver Tifo epidêmico (transmitido por piolhos) murino, 149q, 157,1412-1413 rural. Ver Tifo rural Tifo do carrapato da Sibéria, 150q Tifo do carrapato de Queensland, 1410 Tifo endêmico. Ver Tifo murino Tifo epidêmico (transmitido por piolhos) considerações globais, 1412 diagnóstico do, 1412 epidemiologia do, 149q, 157,1027, 1408q, 1412 manifestações clínicas do, 149q, 1027, 1408q, 1412 manifestações cutâneas do, 149q
ÍNDICE
Teste de privação de água, 340, el5-3 a el5-4 Teste de proliferação de linfócitos com berílio, 2125 Teste de reagina plasmática rápida (RPR) para sífilis, 1385,1385f Teste de reagir-não reagir, 211 Teste de Rinne, 252 Teste de RPR (reagina plasmática rápida) para sífilis, 1385,1385f Teste de Schilling, e37-l, e37-lq nas síndromes de má absorção, 2467, e47-l, e37-lq procedimento para, e37-l resultados do, e37-l, e37-lq Teste de Schober modificado, 2775 Teste de secretina-CCK endoscópico, 2630q Teste de secretina-pancreozimina (CCK), 2630q Teste de sensibilidade, e22-10 Teste de supressão da dexametasona, 383, 627 teste de tira imunocromatográfica (ICS), treponêmico, 1385 Teste de tolerância ao ferro, 849 Teste de TPPA (aglutinação de partículas de T. pallidum), 1385 Teste de truncagem das proteínas, 521 Teste de Weber, 252 Teste do anticorpo treponêmico fluorescente-absorvido (FTA-ABS), 1385 Teste do corante de nitroazul de tetrazólio, 482 Teste do dímero-D, 459-460,464 na coagulação intravascular disseminada, 979 na infecção pelo HIV, 1542q no ETV, 2172 Teste do edrofônio, no botulismo, 1202 Teste do potencial miogênico vestibular evocado, 254 Teste do veneno da víbora de Russell diluído, 464, 982 Teste E, e22-10 Teste FTA-ABS (anticorpo treponêmico fluorescente-absorvido), 1385 Teste Hemoccult. Ver Sangue oculto nas fezes Teste ICS (tira imunocromatográfica), treponêmico, 1385 Teste imunoquímico fecal, 661q, 662 Teste para apneia, 2253 Teste pré-sintomático, 521 Teste provocativo com endotoxina, 482 Teste provocativo com epinefrina, 482 Teste quantitativo do reflexo axonal sudomotor, 1695 Teste respiratório com lactose, 316 Teste VDRL (Venereal Disease Research Laboratory), 1385,1385f, 1553 Teste Venereal Disease Research Laboratory (VDRL), 1385,1385f, 1553 Testes de ácidos nucleicos amplificação de ácidos nucleicos, 1540q, 1541, e22-9 aplicação dos, e22-9 sondas para detecção direta de patógenos, e22-8 a e22-9 quantitativos, e22-9 Testes de bDNA (DNA de cadeia ramificada), 1540f, 1540q, 1541, e22-9 Testes de coagulação anormais, 463q ensaios de fatores específicos, 463-464 estudos mistos, 464 exames de triagem, 462-463 Testes de DNA de cadeia ramificada (bDNA), 1540f, 1540q, 1541, e22-9
1-145
ÍNDICE 1 -1 4 6
prevenção do, 1413 tratamento do, 1412 Tifo murino, 149q, 157,1408q, 14121413 Tifo rural diagnóstico do, 1413 epidemiologia do, 1408q, 1413 etiologia do, 1027, 1408q, 1413 exantema no, 150q, 158,1037 febre no, 159 manifestações clínicas do, 159,1408q, 1413 tratamento do, 1413 Tifo transmitido pelo carrapato do Quênia, 1410 Tifo transmitido pelo carrapato indiano, 1410 Tifo transmitido pelo piolho. Ver Tifo epidêmico (transmitido por piolho) TIG (imunoglobulina antitetânica), 1199, e24-4 Tigeciclina ação da, 1136,1248 ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q índices farmacodinâmicos da, 1141q na gravidez, 1142q para infecções anaeróbias, 1338 para infecções estafilocócicas, 1168 para infecções por Acinetobacter, 1259q, 1260 para infecções por Legionella, 1240q para infecções por Nocardia, 1325 resistência à, 1138,1248,1260 Tilose palmar e plantar, 764 Tiludronato para doença de Paget do osso, 3139q Timectomia para aplasia eritroide pura, e20-2 a e20-3 para miastenia gravis, e20-2 para timoma, e20-2 Timidilato sintase, no câncer de pulmão, 751, 753 Timidina, 488 Timo defeitos primários do, 2700-2701, e39-l na infecção pelo HIV, 1528, 1529 Timolol metabolismo do, 36q overdose/intoxicação com, e50-10q para cardiopatia isquêmica, 2009q para prevenção de enxaqueca, 120 variações genéticas na resposta ao, 41,42q Timoma, e20-l aplasia eritroide pura e, e20-2 a e20-3 diagnóstico do, e20-l estadiamento do, e20-l, e20-2q etiologia do, e20-l a e20-2 infecção por EBV e, e20-2 manifestações clínicas do, e20-l miastenia gravis e, e20-2 patologia do, e20-l a e20-2, e20-2q pênfigo e, 426 síndromes paraneoplásicas no, 833q, 837 tratamento do, e20-2 Timpanocentese, 26 lq Timpanograma, 253 Timpanometria, 253 Timpanoplastia, 249, 254, 261, 262 Tinha, 405, 405q, 1669, 1670q. Ver também Dermatofitose Tinha. Ver Dermatofitose Tinha de cabeça alopecia na, 407,407q diagnóstico da, 394 manifestações clínica da, 408q, 1669 Tinha do corpo, 401,1669-1670, el6-10f Tinha do pé, 392f,401, 1670 Tinha inguinal, 392f, 401
Tinha ungueal, 401 Tinha versicolor, 402 diagnóstico da, 394, 411q etiologia da, 402,402q manifestações clínicas da, 39lq, 402, 402q, 41 lq, 1669 tratamento da, 402, 402q, 41 lq, 1669 Tinidazol classe de gravidez do, 1680q efeitos adversos do, 1680q farmacologia do, e26-9 interações medicamentosas do, 1680q na erradicação do H. pylori, 1265q para amebíase, 1686,1686q para infecção por Giardia, 1731 para infecções por T. vaginalis, 1097, 1099q, 1734 para vaginose bacteriana, 1101 Tinido, 250, 254-255 Tinta nanquim, e22-l Tintura de ópio, para diarréia, 317 Tinzaparina, para TEV, 2175q 6-Tioguanina, 698q, 703 Tionamidas, para doença de Graves, 2925 Tiopronina para cistinúria, 3220 Tiopurina S-metiltransferase (TPMT), 36q, 42q, 43-44 Tioredoxina, 1984 Tioridazina efeitos adversos da, 3544q overdose!intoxicação com, e50-9q a e50-10q para delirium, 77q para esquizofrenia, 3544q Tiossulfato de sódio, como antídoto de cianeto, 1779q, 1787 Tiotepa, 701, 3394q Tiotixeno efeitos adversos do, 144q, 3544q para esquizofrenia, 3544q TIP39 (peptídio infundibular tubular de 39 resíduos), 3098 Tipagem direta, 952 Tipo de pele, classificação de Fitzpatrick, 442q “Tipo e triagem”, 952 “Tipo reverso”, 952 Tipos de pele pela classificação de Fitzpatrick, 441, 442q Tipranavir, 1573q, 1575f, 1580 Tique doloroso. Ver Neuralgia do trigêmeo Tique(s), 3331 definição de, 3327q niotor(es), 3331 na síndrome de Tourette, 3331-3332 vocal(is), 3331 Tiramina IMAO e, 3323 linezolida e, 1143 TIRAP, 1018f Tireoglobulina no carcinoma de tumor primário desconhecido, 823 para câncer da tireoide, 2937-2938, 2937f Tireoidectomia para doença de Graves, 2926 para miastenia gravis, 3484 Tireoidite, 2917 aguda, 2927-2928, 2928q após síndrome de hipersensibilidade, 436 atrófica, 2918, 2918q com bócio, 2918, 2918q crônica, 2928q, 2929 de Hashimoto. Ver Tireoidite de Hashimoto de Quervain, 2928 de Riedel, 2929
destrutiva, 2927 etiologia da, 2928q granulomatose, 2928 induzida por fármacos, 2929 pós-parto, 2929 relacionada com radioterapia, 841 silenciosa (indolor), 2929 subaguda, 2928, 2928f, 2928q viral, 2928 Tireoidite de Hashimoto, 2918, 2918q, 2929 tireoidite de Quervain, 2928 Tireoidite de Riedel, 2929 Tireoidite destrutiva, 2927 Tireoidite granulomatosa, 2928 Tireoidite indolor, 2929 Tireoidite viral, 2928 Tireotoxicose, 2911,2922. Ver também Doença de Graves apática, 2923 definição da, 2922 etiologia da, 2922q, 2927 hipertermia na, 144,144q hipertireoidismo primário e, 2922q hipoxia na, 288 induzida por amiodarona, 2929-2930 manifestações clínicas da, 2923-2924, 2923q, 2924f palpitações na, 295 sem hipertireoidismo, 2922q subclínica, 2931 Tireotoxicose apática, 2923 Tireotoxicose factícia, 2917,2927 Tireotropo, expressão e regulação do, 2876q Tirofibana ação da, 989f, 991-992 dose de, 992 efeitos adversos da, 967q, 992 farmacologia da, 992q indicações para, 992 na ICP, 2036 para AI/IMSEST, 2019q variação genética na resposta à, 985q Tirosinemia, 777q, 778, 3215q Tirosinoquinase específica de músculo (MuSK) na miastenia gravis, 3481 Tirosinoquinase receptora, 675, 676f Tiroxina (T4) características da, 2914q estruturada, 291 lf livre, 2917 Tísica. Ver Tuberculose (TB) Titina, 1803 Tizanidina overdose/intoxicação com, e50-12q para espasticidade na doença neurológica, 3376, 3407 TLAI (tecido linfoide associado ao intestino), na infecção pelo HIV, 1520 TLR (receptor Toll-like), deficiências das vias, 2698 TLR. Ver Receptores Toll-like (TLR) TMC207,1378 TNE. Ver Tumores neuroendócrinos (TNE) TNEP (tumor neuroectodérmico primitivo), 818, 820 TNF. Ver Fator de necrose tumoral (TNF) Tobramicina ação da, 113 indicações para, 1144q para sepse/choque séptico, 2229q resistência à, 1144q solução inalatória, para profilaxia da bronquiectasia, 2144 TOC (transtorno obsessivocompulsivo), 3535 Tocilizumabe, para artrite reumatoide, 2749q, 2750
a-Tocoferol. Ver também Vitamina E para prevenção do câncer colorretal, 770 para prevenção do câncer de próstata, 658 para prevenção do câncer de pulmão, 657 Tofos, 417q, 418 Togaviridae, 1617q, 1619q Tolbutamida efeitos adversos da, 329 Tolcapona, para doença de Parkinson, 3324, 3324q Tolerância, definição da, 2651 Tolerância à glicose, reduzida, 19941995 Tolerância ao exercício fatores genéticos no, el8-9 na cardiopatia isquêmica, 2007 pré-operatória, 63,63q Tolterodina para incontinência urinária, 581 Tolvaptana, 349, el5-5 Tomada de decisão. Ver Raciocínio clínico Tomada de decisão clínica, 4, e4-4 a e4-5 Tomografia computadorizada (TC) artérias coronárias, 1849,1849f, 2005 cardíaca, 1848-1850 com multidetectores, 2095-2097 de alta resolução, 2095 de tórax, broncogramas aéreos, e34-1lf normais, e34-2f perda de volume, e34-3f a e34-4f perda do parênquima, e34-5 a 34-6f em tumores endócrinos do pâncreas, 3070, 3070f helicoidal, 741,2095, 2096f, 2097f imagens 3D volumétricas de, 2095, 2097f, 2098 na apendicite aguda, 2517,2517f na asbestose, e34-14f na avaliação da doença pancreática, 2630q, 2632 na avaliação de doenças respiratórias, 2086, 2095, 2095f, 2096f na avaliação dos duetos biliares, 2626q na bronquiectasia, e34-12f na doença crítica neurológica, 2256 na doença musculoesquelética, 2827, 2827q na doença neurológica, 3240 complicações da, 3241-3243, 3243q diretrizes de pré-medicação para pacientes com alergia prévia a meios de contraste, 3243q diretrizes para, 3240q indicações para, 3240q, 3241 técnica, 3240-3241, 324lf na embolia pulmonar, 2173, 2173f, e34-16f na encefalite viral, 3422 na febre de origem obscura, 163 na hemoptise, 285 na hemorragia subaracnóidea, 2263, 2263f na hipertensão pulmonar, 2077 na infecção por Aspergillus, 1659 na malformação arteriovenosa pulmonar, e34-16f, e34-17f na medição da massa óssea, 3125 na obstrução intestinal aguda, 25142515, 2515f na pancreatite, 2637-2638, 2637q, 2638f, 2640f na pancreatite crônica, 2645, 2645f na SDRA, 2207f, e34-10f na triagem de câncer de pulmão, 741
dose de, 698q efeitos adversos da, 698q, 702 para câncer de ovário, 812 para câncer de pulmão, 752 para sarcoma de Ewing, 820 Toque terapêutico, e2-2q Toracocentese na avaliação da doença respiratória, 2099 para derrame pleural, 653 Toracoscopia, médica, 2100 Toracotomia, na avaliação da doença respiratória, 2101 Torasemida efeitos adversos da, 370 para edema pulmonar, 2237 para insuficiência cardíaca, 1908q Torção ovariana, 388 Torção testicular disfunção testicular devido a, 3018 vs. epididimite, 1097-1098 Torcicolo, 3328 Tório, 232, no bioterrorismo por radiação, 1790q Torniquete para picada de serpente, 3567 Torovírus, 1589f, 1593 Torsades de pointes
ECG nas, 1891f induzidas por fármacos, 47 mecanismo das, 1863,1863q, 1879 na síndrome de QT longo, 175 na taquicardia ventricular, 1891 no infarto do miocárdio, 2032 Tosse, 282 aguda, 283 altitude elevada, e51-3, e51-4 avaliação da, 6f, 282 crônica, 282-283 duração da, 283 em infecções por Nocardia, 1323 etiologia da, 282-283 exame físico na, 283 mecanismo da, 282,282f na coqueluche, 1243,1243q. Ver também Coqueluche na doença respiratória, 2085 na fibrose cística, 2148 na tuberculose, 1345 no câncer de pulmão, 742, 742q noturna, 1904 prejudicada, 282, 282q radiografia de tórax na, 282 sintomática, 282-283 subaguda, 283 tratamento da, 284 “Toucas” para quimioterapia, 709 Toxicidade do alumínio hipercalcemia devido à, 3110 neurológica, e49-3 pulmonar, 2125 resposta da terapia com eritropoietina e, 851 toxicidade do oxigênio, e52-2 a e52-3 Toxicidade limitada à dose, 694 Toxídrome, e50-l Toxina a estafilocócica, 1162 Toxina botulínica como agente de bioterrorismo, 1201, 1776. Ver também Botulismo injeções pilóricas de, 304 interações na miastenia gravis, 3483q para distonia, 3329 para espasmo hemifascial, 3363 para hiperidrose, 3358 para síndrome de Tourette, 3332 Toxina da coqueluche, 1241,1243 Toxina LPV (leucocidina de PantonValentine), 1068, 1162 Toxinas bacterianas, 1022 efeitos pulmonares das, 2126-2128, 2127q
hepatite devido a, 2558 neuropatias devido a, 3466-3467, 3466q Toxocara canis, 1736, 1737, e25-3q. Ver também Larva migrans, visceral Toxocara cati, 1736, e25-3q. Ver também Larva migrans, visceral Toxoide botulínico, 1777 Toxoplasma gondii, 1722,1722f, e25-4q, e25-6q tPA. Ver Ativador do plasminogênio tecidual (tPA) TPMT (tiopurina S-metiltransferase), 36q, 42q, 43-44 TR. Ver Receptores de hormônios tireoidianos (TR) Trabalho noturno, 222 Trabalho sistólico ventricular direito, 2218q Trabalho sistólico ventricular esquerdo, 2218q Traço falciforme, 855q,856 Traço influenciado pelo sexo, 499 Traço limitado pelo sexo, 499 Tracoma, 229,1428 Tradução, 489f TRAF6, 1018f TRAIL (ligante de indução de apoptose relacionado com TNF), 679, 680f, 681 TRAM, 1019 Tramadol efeitos adversos do, 3257q, 3458q para dor, 98q para neuropatia, 3458q Trandolapril, para insuficiência cardíaca, 1908q Tranilcipromina, para depressão, 3531q Tranquilizantes, efeitos adversos dos, 3767q Transaminases elevadas, com terapia com heparina, 995 na avaliação da função hepática, 2528-2529, 2530q Transcobalamina I, 862 Transcobalamina II, 862 Transcrição, 489, 489f, 678 Transcrição reversa, 1436 Transcriptoma, 489 Transcriptômica, 489 Transcritos associados à latência (TAL), do HSV, 1453 Transdiferenciação, de células tronco, 538 Transdução, 547 Transferência nuclear, el8-10, el8-llf Transferrina conteúdo de ferro da, 844q diférrica, 844 monoférrica, 844 na avaliação nutricional, 609 no metabolismo do ferro, 844-845, 844f Transformação maligna, 809 Transfusão de plaquetas, 952, 953, 953q aférese de doador único para, 952 incremento da contagem corrigida, 953 para anemia aplásica, 892 para coagulação intravascular disseminada, 980 para distúrbios da coagulação da doença hepática, 981 para trombocitopenia, 708-709 refratariedade à, 953 Transfusão(ões), 951 alcalose metabólica na(s), 370 alternativas da(s), 957 autóloga(s), 957 componentes sanguíneos para, 952, 953q concentrados de hemácias, 953, 953q para anemia aplásica, 893
para anemia ferropriva, 848 para LMA, 912 de plaquetas. Ver Transfusão de plaquetas de sangue total, 953 maciça, hiperpotassemia na(s), 356 para anemia, 456 para anemia aplásica, 892-893 para anemia falciforme, 857 para anemia ferropriva, 848 para anemia hipoproliferativa, 851 para choque hipovolêmic, 2221 para coagulação intravascular disseminada, 980 para hemofilia, 975-976 para hemoglobinopatias, 858 para LMA, 912 para sepse/choque séptico, 2230 para talassemia, 859 para trombocitopenia associada a quimioterapia, 708-709 reações adversas a, 954 alérgicas, 955 aloimunização, 955 anafiláticas, 955 doença de enxerto versus hospedeiro, 955 hemolíticas agudas, 984 hemolíticas e sorológicas tardias, 954 hemossiderose, 860-861 hipotensão, 956 hipotermia, 956 imunomodulação, 956 incidência das, 954q infecciosas, 954q, 956-957, 1312 lesão pulmonar, 955 não hemolíticas febris, 955 púrpura, 955 sobrecarga de ferro, 851, 860, 893, 956 sobrecarga hídrica, 955 toxicidade eletrolítica, 956 redução da necessidade de, 957 riscos da, 851 teste pré-transfusão, 952 Transição (mutação), 495 Transição demográfica, 556 Transição epidemiológica, 1811,1812q era das doenças degenerativas e produzidas pelo homem, 1811, 1812q era das doenças degenerativas tardias, 1811-1812, 1812q era de declínio das pandemias, 1811, 1812q era de inatividade e obesidade, 1812, 1812q era de pestilência e fome, 1811,1812q nos Estados Unidos, 1812-1813 variações mundiais na, 561-562, 561f, 56 lq, 1813-1814 Transição epitelial-mesenquimatosa, 682f, 2289, 2290f Transição nutricional, 608 Translocação (genética), 517 em células cancerosas, 665-666,666q recíproca, 517 robertsoniana, 517 Translocação Robertsoniana, 517 Translocações LLM (leucemia de linhagem mista), 865 Transmissibilidade, de patógenos, 1023 Transpeptidação, 1133 Transplante. Ver tipos específicos Transplante cardíaco complicações pós-transplante, doença de artéria coronária do aloenxerto, 1917 infecção, 1121q, 1126q, 1129,1918 neoplasia maligna, 1917 contraindicações para, 1916 imunossupressão para, 1917
ÍNDICE
nas doenças pulmonares intersticiais, 2163, 2164f, e34-7f a e34-9f no acidente vascular encefálico, 3291-3292, 3293f no coma, 2251 no diagnóstico de câncer pancreático, 786-787, 787f no estadiamento do câncer de pulmão, 744-745, e34-15f no pneumotórax, e34-13f sinal do halo na, 1659 suprarrenal, 2050 ultrarrápida/com feixes de elétrons, 2005 Xtreme, na medição da massa óssea, 3125 Tomografia computadorizada com multidetectores (TCMD) na avaliação da doença respiratória, 2095-2097, 2098 na doença de Crohn, 2484, 2484f na doença neurológica, 3241, 3241f Tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT), 18441846, 1845f, 1846f, 1847q,e29-2f Tomografia computadorizada Xtreme, na medição da massa óssea, 3125 Tomografia por emissão de pósitrons (PET) cardíaca, 1844-1846,1845f, 1846f, 1847f, 1847q, 2003f, 2005, e29-2f na doença neurológica, 3248 na doença respiratória, 2098 na enxaqueca, 115,116f na febre de origem obscura, 163 na sarcoidose, 2810 no acidente vascular encefálico, 3293 no câncer de pulmão, 744-745, 2098 no câncer pancreático, 787 no nódulo pulmonar solitário, 2098 Tonicidade, 2286-2287, 2287f Tonsilas, e9-2 Tonsilectomia para otite média recorrente, 261 sangramento na, 460 Tonsilite, 265 Tontura, 178. Ver também Vertigem abordagem ao paciente, 178-179 anamnese na, 178 causas vestibulares, 178 exame físico na, 178-179 nos distúrbios vasculares, 178 psicossomática, 181 Tônus muscular, 182, 182q Tônus vascular, 1802, 2045 Topiramato efeitos adversos, 121q, 2385, 3264q, 3266 farmacologia do, 3264q overdose/intoxicação com, e50-12q para cefaleia crônica diária, 125 para cefaleia por pressão elevada do LCS, 126 para cefaleia pós-traumática, 126 para dor, 73 para epilepsia, 3264q para hemicrania contínua, 127 para prevenção da cefaleia em salvas, 123q para prevenção da enxaqueca, 120, 121q para prevenção de SUNCT/SUNA, 123q, 124 Topoisomerase I, 702 Topoisomerase II, 702 Topoisomerase IV, 1137 Topologia, do sistema biológico, el9-l a el9-2, el9-2f Topologia sem escala modular (MODY). Ver Diabetes do jovem com início na maturidade (MODY) Topotecana ação da, 702
1-147
ÍNDICE 1-148
indicações para, 1916 LVAD como ponte para, 1918-1919, 1919f resultados do, 1916,1917f sistema de alocação de doador para, 1916 técnica cirúrgica, 1916 Transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH), 958 alogênico, 693, 710, 958,1121 autólogo, 693,958-959,1121 categorias de, 58-959 células-tronco do sangue periférico para, 959 coleta de medula óssea para, 959-960 complicações das quimiorradiotoxicidades diretas precoces, 960 cistite hemorrágica, 2277 complicações diretas tardias, 960961 doença de enxerto versus hospedeiro, 917, 961, 961q fracasso do enxerto, 961 infecções, 1120 bacterianas, 1122-1123,13221323 fontes e momento apropriado de, 962,1122q fúngicas, 1122 parasitárias, 1123 por CMV, 1472q profilaxia das, 962,962q risco de, por tipo de transplante, 1122q virais, 1123-1126,1123q, 14641465 lesão renal microangiopática, 2380,2380q neuropatia, 3461-3462 tardias, 842, 842q esquemas preparatórios, 959 hemorragia alveolar difusa após, 284 icterícia após, 329 imunização no receptor, 1037-1038, 1131-1132,1132q na doença neurológica, 3228-3230 para amiloidose, 947-948 para anemia aplásica, 891-892,959, 962, 963q para anemia falciforme, 857, 959, 962 para câncer de mama, 762,964 para câncer testicular, 964 para deficiência de piruvato quinase, 877 para distúrbios de imunodeficiência, 962 para distúrbios dos fagócitos, 482 para doença de Hodgkin, 963q, 964 para doenças autoimunes e inflamatórias, 2684 para doenças não malignas, 963 para hemoglobinopatias, 861, 962 para hemoglobinúria paroxística noturna, 884 para imunodeficiência combinada grave, 959, 963, 963q para linfoma difuso de grandes células B, 931 para linfoma não Hodgkin, 963q, 964 para LLA, 963, 963q para LLC, 928,963q, 964 para LMA, 911, 913-914, 963, 963q para LMC, 917, 918, 963,963q para mielodisplasia, 896, 963, 964 para mielofibrose primária, 902 para mieloma múltiplo, 941-942, 963q, 964 para osteopetrose, 3140 para talassemia, 959,962,963q pega do enxerto, 960 procedimento, 960-961 recidiva pós-transplante, 964
sangue do cordão umbilical, 959, 1121
taxas de sobrevida após, 963q tratamento pós-transplante, 917 Transplante de coração. Ver Transplante cardíaco Transplante de fígado, 2606 abordagens profiláticas o pacientes submetidos a, 2614 candidatos a, 2607 complicações do, 2611-2613,2611q, 2612q considerações técnicas, 2608 contraindicações para, 2608,2608q doador cadavérico, 2608-2609, 2609q doador vivo, 2609 em adultos, 2607-2608, 2607q em crianças, 2607,2507q escore MELD e, 2526, 2527 evolução pós-operatória, 2610-2611 história de, 2606 indicações para, 2607-2608, 2607q, 2614 infecções no receptor, 1121q, 1126q, 1130 na hemocromatose, 3166 ortotópico, 2606 para amiloidose, 950 para carcinoma hepatocelular, 782 para colangiocarcinoma, 784 para protoporfiria eritropoiética, 3180 para SZE, 2457 para TNE metastáticos, 3071 prevalência do, 2606-2607 qualidade de vida após, 2614 recidiva da doença primária após, 2613-1614 rejeição de enxerto no, 2612-2613, e38-3f resultado do, 2613-2614 sistema PELD, 2526 sobrevida após, 2613 técnica cirúrgica, 2609-2610 terapia imunossupressora no, 26102611 Transplante de medula óssea. Ver Transplante de células-tronco hematopoiéticas Transplante de órgãos. Ver Transplante de órgãos sólidos Transplante de órgãos sólidos. Ver também receptor de transplante coração. Ver transplante cardíaco fígado. Ver Transplante de fígado infecções no receptor, 1126-1131, 1126q, 1127q lesão cerebral após, e47-3 pulmão. Ver Transplante de pulmão renal. Ver Transplante renal sistemas de alocação de doadores para, 1916, 2609, 2609q Transplante de pâncreas infecções no receptor, 1130-1131 Transplante de pele, infecções no receptor, 1121q Transplante de pulmão alocação de órgãos para, 2191 aneurisma da anastomose após, 2096f complicações do, 2193-2194, 2193q indicações para, 2190 infecções no receptor, 1121q, 1126q, 1130 para DPOC, 2158 para hipertensão pulmonar, 20792080 procedimento, 2191 resultados do, 2192, 2192q seleção do receptor, 2190-2191, 2191q tratamento pós-transplante, 21912192
Transplante de sangue de cordão umbilical, 959, 1121 Transplante nuclear, 538, 544 Transplante renal anticorpos antilinfócitos, 2331 disparidades raciais/étnica no encaminhamento para, e4-l, e4-2f fármacos, 2329-2331, 2330q na anemia falciforme, 857 pré-sensibilização no, 2329 rejeição hiperaguda no, 2329 rejeição no, 2329,2330f resultados do, 2327, 2328q seleção de doador, após morte cardíaca, 2327q critérios expandidos para, 2327, 2327q voluntário vivo, 2328-2329 seleção do receptor, 2327-2327 taxas de, 2328 taxas de mortalidade após, 2327, 2328q taxas de sobrevida do enxerto após, 2327, 2328q tipagem HLA no, 2328,2329q tipagem tecidual e imunogenética no, 2328, 2329q, 2330f tratamento do receptor, algoritmo para, 2332f anemia, 2333 assistência pós-operatória, 2331 doença cardiovascular, 2333 episódio de rejeição, 2331-2332 hepatite, 2333 hipercalcemia, 2333 hipertensão, 2333 infecções, 1126q, 1127-1129, 2332-2333, 2333q lesões crônicas do enxerto, 2333 neoplasia maligna, 2333 tratamento imunossupressor para Transplante renal. Ver Transplante de rim Transportador de glicose 9, 3183-3184 Transportador de metal divalente, 845 Transportadores associados a proteínas de processamento de antígeno (TAP), 2671 Transportadores de oxigênio baseados na hemoglobina (HBOC), 886 Transportadores TAL, 2360 Transporte ativo, 2283, 2461 Transporte de membranas, defeitos do, 3220, 3221q-3222q Transporte eletrogênico, 2283 Transporte eletroneutro, 2283 Transporte passivo, 287 Transposição congenitamente corrigida, 1927-1928 Transposição das grandes artérias bloqueio de condução AV na, 1872 fisiopatologia da, 1927 hipoxia na, 287 manifestações clínicas da, 1927 tratamento da, 1927 Transtiretina (TTR) causas de valores anormais, 610q hipertiroxinemia eutireoidea e, 2915q na amiloidose, 945, 945q na avaliação nutricional, 609,610q Transtorno afetivo sazonal, 3537 Transtorno bipolar, 3539 diagnóstico diferencial do, 3540 diagnóstico do, 3539-3540, 3539q etiologia do, 3540 fisiopatologia do, 3540 manifestações clínicas do, 3539-3540, 3539q tratamento do, 3540-3541, 3540q, 3541q Transtorno bipolar II, 3540 Transtorno conversivo, 3542
Transtorno de ansiedade generalizada, 3530-3533, 3533q diagnóstico do, 3533q etiologia do, 3532 fisiopatologia do, 3532 manifestações clínicas do, 3530-3532, 3533q tratamento do, 3532-3533 Transtorno de comportamento no sono REM, 214, 221, 244 Transtorno de compulsão alimentar, 636, 637q, 641 Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) correlações biológicos do, e48-2 definição do, e48-2 diagnóstico do, 3534-3535, 3534q em veteranos de guerra, e48-2, e48-5 a e48-6 fisiopatologia do, 3535 Transtorno distímico, 3536 Transtorno do espectro de autismo, 3522, 3523q Transtorno do pânico, 3529, 3529q, 3530q Transtorno esquizoafetivo, 3543 Transtorno esquizofreniforme, 3543 Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), 3535 Transtornos alimentares, 636 anorexia nervosa. Ver Anorexia nervosa bulimia nervosa. Ver Bulimia nervosa considerações globais, 641 constipação nos, 318 diarréia nos, 314-315 hipopotassemia nos, 354 relacionados com o sono, 221 transtorno de compulsão alimentar, 636, 637q, 641 Transtornos de ansiedade em mulheres, 54 insônia no, 217 palpitações no, 295 transtorno de ansiedade generalizada, 3530-3533, 3533q transtorno de pânico, 3529-3530, 3529q, 3530q transtornos de estresse, 3534-3535, 3534q transtornos fóbicos, 3533-3534 vertigem no, 181 Transtornos de personalidade, 3542 Transtornos de uso de substâncias, 3526 delirium nos, 199,199q em mulher, 54-55 epidemiologia dos, 3526 fatores genéticos nos, 3527 neuroimagem dos, 3526-3527 neuropatologia dos, 3526-3527 patogenia dos, 3527,3527q, 3528f prevalência dos, 3529 vs. dependência de substâncias, 3526 Transtornos depressivos unipolares, 3537 Transtornos do humor, 3524, 3535. Ver também transtornos específicos
epidemiologia dos, 3524-3525 esquizofrenia, 3542 fatores genéticos nos, 3525 neuroimagem nos, 3525, 3525f neuropatologia dos, 3525, 3525f nos sem-tetos, 3545 patogenia dos, 3525, 3526-3525f transtorno bipolar, 3539 transtornos de personalidade, 3542 transtornos somatoformes, 3541 violência, 3545 Transtornos fóbicos, 3533 Transtornos mentais. Ver Transtornos psiquiátricos/psicológicos Transtornos psicóticos induzidos por álcool, 3548
1110
Trato espinotalâmico, 95, 95f, 187,188f Trato gastrintestinal anatomia do, 2402 flora anaeróbia do, 1331-1332, 1331q funções do, 2402 microbiota na função do, 532 Trato genital, flora anaeróbia do, 1331q, 1332 Trato urinário malformações congênitas do, 2396, 2396q sangramento do, 339 Tratografía, de difusão, 3247f Tratografia de difusão, no glioma cerebral, 3247f Traumatismo aórtico, 1982,2060, 2061, 2062 associado a viagem, 1045 cardíaco. Ver Traumatismo cardíaco da coluna cervical, 139-140 da parede torácica, el3-2 disfunção testicular devido a, 3018 dor lombar após, 132-133, 133q hipotermia no, 165 relacionado com a cabeça. Ver Traumatismo cranioencefálico
relacionado com duetos biliares, 2625 torácico, disfunção do nó SA no, 1868q Traumatismo cardíaco contuso, 1899,1981-1982 contusões miocárdicas, 1981 não penetrante, 1981 penetrante, 1981,1982 pericardite após, 1975 ruptura aórtica no, 1982, 2060, 2062 tratamento do, 1982 Traumatismo cranioencefálico, 3377. Ver também tipos específicos
acidose respiratória no, 371 afasia no, 204 amnésia no, 210 cefaleia no, 112q, 126 choque neurogênico no, 2222 contusão, 3377-3378, 3377f convulsões, 3379 crises epilépticas e, 3379 de gravidade intermediária, 33803381 disfunção olfatória no, 244 em veteranos de guerra, e48-2 a e48-3, e48-3q, e48-6 epilepsia devido a, 3256 epilepsia e, 3256 fraturas de crânio, 3378 graduação do, 3381-3382, 338 lq hemorragia cerebral, 3377-3378, 3377f hemorragia intracerebral devido a, 3296 hiponatremia no, 345 hipopotassemia no, 351 lesão axônica difusa, 3378 lesões de nervos cranianos, 33783379 prevalência do, 3377 prognóstico do, 3381-3382 recorrente, demência devido a, 3314 síndrome pós-concussão, 3382 síndromes clínicas do, 3380 tipos de, 3377 tratamento do, 3380 traumatismo grave, 3381 traumatismo leve, 3380 Traumatismo torácico, disfunção do nó SA, no 1868q Trazodona efeitos adversos da, 76, 353lq para depressão, 76, 3531q para insônia, 78,217 para transtornos de estresse, 3535 TRC, 553q TREC (círculos de excisão do receptor de células T), 1528 Treinamento da bexiga, para enurese noturna, 221 Treinamento em biofeedback para constipação, 319 para enxaqueca, 117 Treinamento em força de resistência, 196 Treinamento no equilíbrio sensorial, 196 Trematódeos biliares (hepáticos) características clínicas dos, 17571758 ciclo de vida nos hospedeiros, e25-2q colangiocarcinoma e, 784 diagnóstico, 1758, e25-2q, e25-5q, e25-7q distribuição geográfica dos, 1752q transmissão dos, 1752q tratamento dos, 1757q Trematódeos hepáticos. Ver Trematódeos biliares (hepáticos) Trematódeos intestinais, 1752q, 1757q, 1758, e25-2q Trematódeos sanguíneos. Ver Schistosoma spp.
Trematóideos pulmonares (Paragonimus spp.), 285,1752q, 1757q, 1758, e25-2q, e25-5q Tremor, 143, 169 Tremor essencial, 3327-3328 Tremor(es), 3327 essencial, 3327-3328 etiologia do(s), 3328 fisiopatologia do(s), 3328 manifestações clínicas do(s), 33273328 na doença de Parkinson, 3327 na doença de Wilson, 3333 tratamento do(s), 3328 Tremores, 168 Treponema pallidum, 1380, 1384, 2026. Ver também Sífilis Treponema spp., 1380, 1389-1390, 1389q. Ver também Treponematoses Treponematoses, 1389,1389q controle das, 1391 diagnóstico das, 1391 epidemiologia das, 1389,1390f manifestações clínicas das, 13901391, 139lf tratamento das, 1391 Treprostinil para hipertensão pulmonar, 2079 3TC. Ver Lamivudina (3TC) Tretinoína. Ver Ácido all-frans-retinoico (ATRA) Trevo-vermelho, 46lq Tríade de Beck, 1972 Tríade de Charcot, 2418, 2624-2625 Tríade de Whipple, 3003 Triagem de aloanticorpos, 952 Triagem de PTSD Assistência Primária, e48-4, e48-5q Triagem para câncer, 29, 659. Ver também cânceres específicos
acurácia da, 659,659q avaliação de testes para, 660 desvantagens potenciais da, 660 recomendações para indivíduos assintomáticos de risco normal, 661 q tendenciosidade dos testes para, 659 Triângulo de Codman, 819 Triângulo de Killian, 2429, 2429f Triantereno ação do, 2286 interações medicamentosas do, 47 para hipertensão, 2054, 2055q Triazóis, para dermatofitose, 401 Triazolam farmacologia do, 3533q interações medicamentosas do, 1147q overdose/intoxicação com, e50-12q para insônia, 217 para transtorno de ansiedade generalizada, 3533q Trichinella!triquinelose ciclo de vida do parasito, 1735, 1735f diagnóstico da, 1736, 1736f, e25-3q, e25-6q, e25-7q eosinofilia na, 481, e25-7q epidemiologia da, 1735 manifestações clínicas da, 1735-1736, 1959 meningite crônica devido a, 3437q patogenia da, 1735-1736 prevenção da, 1736q tratamento da, 1736,1736q Trichomonas vaginalis, 1734 Trichophyton, 1669. Ver também Dermatofitose Trichosporon, 1668-1669 Trichostrongylus/tricostrongiliâse, 1743 Trichuris fric/izura/tricuríase ciclo de vida do parasito, 1740q, 1743 diagnóstico da, 1743, e25-3q, e25-5q
manifestações clínicas da, 1740q, 1743 tratamento da, 1740q, 1743 vs. DII, 2486q, 2487 Triclabendazol efeitos adversos do, 1678q farmacologia do, e26-9 Tricocéfalo. Ver Trichuris trichiura/ tricuríase Tricolemoma, 417q, 418 Tricotilomania, 408q Tricromato, 226 Trientina, para doença de Wilson, 3189, 3189q, 3190 Triexifenidil para doença de Parkinson, 3324 para sintomas extrapiramidais, 3544 TRIF, 1019 Trifluoperazina, 345qq Trifluridina ação da, 1450 para ceratite por HSV, 1445q, 1450 Trigeminia, 1890 Triglicerídeos de cadeia longa poliinsaturados, em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 616 Triglicerídeos de cadeia média, em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617 Triglicerídios aterosclerose e, 1988 de cadeia longa, 2463q, 2464-2465 de cadeia média, 2464-2465 de VLDL, 3147 elevados, distúrbios dos lipídios associados a, 3151-3153, 3152q em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617 LDL-C normal, elevado e, 3148-3150, 3149q redução dos níveis de, 1988,19961997 Triiodotironina (T3) características da, 2914q estrutura da, 291 lf livre, 2917 Trilostano para síndrome de Cushing, 2899 Trimetilaminúria (síndrome do odor de peixe), 600 Trimetoprima ação da, 863, 1134q, 1136, 2285, el5-
ÍNDICE
Transtornos psiquiátricos/psicológicos. Ver também Transtornos específicos biologia nos, 3522 carga global dos, 17 classificação dos, 3529 demência devido à, 3315 distúrbios da marcha nos, 194 dor abdominal nos, 11lq dor lombar nos, 137 dor torácica nos, 103q, 104 em mulheres, 54 em veteranos de guerra. Ver Veteranos de guerra, doenças neuropsiquiátricas em insônia nos, 217 na deficiência de cobalamina, 866 na deficiência de folato, 866 na doença de Wilson, 3188 nos desabrigados, 3545 palpitações nos, 295 prevalência dos, 3529 síncope nos, 176,177 síndrome do intestino irritável e, 2497,2498f transplante de fígado e, 261 lq, 2612 Transtornos somatoformes, 3541, 3541f Transversão (genética), 495 TRAPS (síndrome periódica associada a receptor do fator de necrose tumoral a), 160, 480, 2815q, 2816 Traqueíte viral, 1485,1486q Traqueobronquite Aspergillus, 1656 HRSV, 1489 vírus parainfluenza, 1486, 1490-1491 Traqueomalacia, 2089 Traqueostomia, 2214 Trastuzumabe ação do, 675, 677q, 705f, 711 efeitos adversos do cardiotoxicidade, 702, 838, 839q, 1962 reação de hipersensibilidade, 2274-2275, 2277 interações medicamentosas do, 702 para câncer de mama, 675,677q, 759, 760, 760q, 762 para câncer ovariano, 812 variações genéticas na resposta ao, 42q, 44 Tratamento de canal, 268 Tratamento de longo prazo 583, 583q Tratamento Desigual (relatório IOM), e4-2, e4-5 ae4-6 Tratamento expedido pelo paciente,
2
efeitos adversos da, 343, 357, 369, 1678q, el5-2 indicações para, 1678q interações medicamentosas da, 1678q resistência à, 1134q, 1138 Trimetoprima-polimixina, para conjuntivite, 228 Trimetrexato, para PPc, 1673q Trinitrato de glicerila, para fenômeno de Raynaud, 2072 Trióxido de arsênico, 701q, 912-913 Tripanossomíase africana humana. Ver Doença do sono (tripanossomíase africana humana) Tripanossomíase americana. Ver Doença de Chagas Tripanotiona redutase, e26-l, e26-5 Triploidia, frequência da, 514q Triptanos para enxaqueca, 115,118q, 119 L-Triptofano, 7, 3509, e2-4 Trismo, 1198 Trissomia detecção da, 511, 512f frequência da, 514q genitores e estágio de origem meiótíco/mitótico, 515q idade materna e, 514, 515-516, 517f incidência da, 514 Trissomia do 18, 513, 514q, 515q
1-149
Trissomia do 21. Ver Sindrome de Down (trissomia do 21) Troca gasosa difusão de oxigênio e dióxido de carbono, 2090 distúrbios da, 279 fisiologia da, 2090-2091 heterogeneidade ventilação-perfusão, 2090-2091, 2091f mensuração da, 2092-2093 na DPOC, 2154 valores de referência para, 3607q Trocadores de lons, para contaminação interna por radionuclídios, 1793 Trofozoítas, Plasmodium, 1688 Troglitazona ação da, 601 efeitos adversos da, 2560 Trombastenia de Glanzmann, 460q, 970 Trombectomia mecânica percutânea no IMEST, e33-2f, e33-2 a e33-3, e332V para oclusão arterial aguda, 2070 Trombina humana e bovina derivadas do plasma, como selantes hemostáticos, 982 inibidores, 973 na formação do coágulo de fibrina, 458,459, 989f produção de, 987 Tromboangiite obliterante, 2069,2072 Trombocitopemia hemorrágica. Ver Trombocitose essencial (TE) Trombocitopenia, 965 abordagem ao paciente, 965-966, 966f anamnese na, 965-966 esfregaço de sangue periférico na, 965, 966f exame físico na, 966 familiar, com propensão à LMA aguda, 49 lq herdada, 966, 969 induzida por fármacos, 967, 967q induzida por heparina, 48 induzida por infecção, 967 LES e, 2730, 273lq manifestações cutâneas da, 422 na gravidez, 59 na infecção pelo HIV, 967, 968,1557 na sepse/choque séptico, 2228 relacionada com quimioterapia, 707, 708-709 sangramento na, 461 tratamento da, 708-709 Trombocitopenia amegacariocítica, 968 Trombocitopenia com rádios ausentes, 969 Trombocitopenia induzida por heparina, 48, 967, 994-995 de início tardio, 967 diagnóstico da, 967-968, 995 evolução da, 967, 968f manifestações clínicas da, 994-995, 995q manifestações cutâneas da, 421 tratamento da, 968, 995, 995q trombose na, 462q Trombocitopenia refratária, 895q Trombocitose, 970 eritromelalgia na, 2073 essencial. Ver Trombocitose essencial (TE) etiologia da, 903q, 970 paraneoplásica, 830q, 831 trombose na, 462q Trombocitose essencial (TE), 898q, 902 anormalidades cromossômicas na, 898 complicações da, 904 diagnóstico da, 903-904
epidemiologia da, 902 etiologia da, 903 manifestações clínicas da, 903 tratamento da, 904 Trombocitose idiopática. Ver Trombocitose essencial (TE) Trombocitose primária. Ver Trombocitose essencial (TE) Tromboembolectomia, para oclusão arterial aguda, 2070 Tromboembolismo venoso (TEV), 986, 2073. Ver também Trombose venosa profunda (TVP); Embolia pulmonar (EP) anamnse na, 461-462 anticoagulante lúpico na, 982 cascata da coagulação na, 986-987 cerebral, 128 cianose na, 289 edema na, 293 epidemiologia da, 983,986,2170 estados pós-trombóticos e, 2170 etiologia da, 986-987, 986q, 987q fatores de risco para, 461,462f, 462q, 2170 adquirida, 987, 987q, 2073, 2074q herdada, 986q, 987 fatores genéticos na, 986q, 987 fisiopatologia da, 2170-2171 intracraniana supurativa, 3433 anatomia da, 3433-3434, 3434f definição da, 3433 diagnóstico da, 3434 fisiopatologia da, 3433-3434, 3434f manifestações clínicas da, 3434 tratamento da, 3434 mesentérica, 2510-2511 mortes por, 2170 na doença hepática, 981-982, 98lf, 981q na infecção pelo HIV, 1557 no paciente com ventilação mecânica, 2213 no paciente queimado, e23-3 paraneoplásica, 830q, 831-832 prevenção da, 997, 2177, 2177q séptica, 1336 síndrome pós-flebítica, 2177 superficial, 2074 terapia hormonal pós-menopausa e, 3041-3043, 3042q tratamento da, 2074, 2512, 2512q vs. trombose arterial, 987-988 Tromboendarterectomia, 2068, 2081 Trombofilia, 464 Tromboflebite. Ver Tromboembolismo venoso (TEV) Tromboflebite pélvica, séptica, 60 Tromboflebite supurativa. Ver Tromboembolia venosa (TEV), supurativa Trombogênese, 989, 989f Trombomodulina, 459,1799 Tromboplastina, 466 Trombopoetina na diferenciação hematopoética, 54 lf na produção de plaquetas, 965, 983 plasma, 676 Trombose, 457 abordagem ao paciente, 461-464 anamnese na, 461-462 arterial. Ver Trombose arterial de seio durai, 3283 de seio venoso, 3278 diagnóstico de, 462-464 endotélio na, 1799 epidemiologia da, 983 fatores de risco para, 461, 462f, 462q fisiopatologia da, 983, 984f na doença hepática, 981-982, 98lf, 981q
na inflamação, 984-985 na policitemia, 456 na trombocitopenia induzida por heparina, 967 no cateter venoso central, 618 venosa. Ver Tromboembolismo venoso (TEV) Trombose arterial, 983 anticoagulante do lúpus na, 982 doença vascular e, 983 fatores de risco para, 461,462q, 88 fatores genéticos na, 985-986, 985q, 986q plaquetas na, 983-984, 984f, 988-989 renal, 2377,2378q tratamento da, 2512, 2512q vs. trombose venosa, 987-988 Trombose da artéria renal, 337 Trombose da veia hepática na policitemia vera, 899 Trombose da veia renal, 2382 Trombose de seio durai, 3283 Trombose de seio transverso, 3434 Trombose do seio cavernoso, séptica, 1029 Trombose do seio sagital, síndrome de Bálint na, 209 Trombose do seio sagital superior, 185 manifestações clínicas da, 3434 neuroimagem na, e44-20f a e44-22f séptica, 1029 Trombose do seio venoso, acidente vascular encefálico devido a, 3278 Trombose séptica, do seio sagital superior, 1029, 3434 Trombose séptica do seio cavernoso, 1029, 3434 Trombose sinusal sagital superior, e4420f a e44-22f Trombose venosa, obesidade e, 629 Trombose venosa cortical, 185 Trombose venosa mesentérica, 25102511, 251 lq Trombose venosa profunda (TVP) anamnese na, 461-462 diagnóstico de algoritmo para exame de imagem, 2171f, 2174f avaliação clínica, 2171 exames laboratoriais para, 2172 regras para decisões clínicas, 2172q RM, 2174 síndromes clínicas, 2171-2172 ultrassonografia venosa, 21722173, 2173f, 2173q diagnóstico diferencial da, 2172q em paciente em estado crítico, 2203 epidemiologia da, 986 estratificação de risco na, 2174 fatores de risco para, 461-462,462f na gravidez, 57-58 paraneoplásica, 830q, 831-832 pela infecção pelo HIV, 1557 pós-parto, 587 prevenção da, 2174, 2177, 2177q profilaxia perioperatória da, 66 tratamento da, 57-58,2174, 2174f anticoagulação, 2175-2176q duração da anticoagulação, 2176 duração da hospitalização, 2176 filtro na veia cava inferior, 2176 Tromboxano A2,989f, 990 no choque, 2216,2218 no infarto do miocárdio, 2022 Tropheryma whippelii. Ver também
Doença de Whipple Tropismo tecidual, de patógenos, 1021 Tropomiosina, 1803 Troponinas, 106 defeitos das, 1951 na contração cardíaca, 1803,1804f
na doença renal crônica, 2314 na insuficiência cardíaca, 1906 no infarto do miocárdio AI/IMSEST, 2016 IMEST, 2023-2024, 2023f Troponinas cardíacas específicas. Ver Troponinas Trypanosoma brucei gambiense, 1719, 1719q, e25-4q, e25-6q. Ver também Doença do sono (tripanossomíase africana humana) Trypanosoma brucei rhodesiense,
1719, 1719f, 1719q, e25-4q, e256q. Ver também Doença do sono (tripanossomíase africana humana) Trypanosoma cruzi, 1719, e25-4q, e256q. Ver também Doença de Chagas Trypanosoma spp., entrada no hospedeiro, 1013 TSH. Ver Hormônio tireoestimulante (TSH) TSH-R (receptor do hormônio tireoestimulante), 2932,2933f TTKG (gradiente de concentração de K+ transtubular), 354, 358, el5-7 TTPa. Ver Tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa) TTR. Ver Transtiretina (TTR) Tuberculoma, 1348 Tuberculose (TB), 1340 anemia na, 850 aneurisma aórtico na, 2060q, 2061 bloqueio de condução AV na, 1871q bronquiectasia na, 2143 carga global da, 13-14, 1340-1341, 1341f cervical profunda, 266 como doença crônica, 13-14 diagnóstico da amplificação do ácido nucleico, 1350, e22-9 cultura, 1350 ensaios de liberação de IFN-g, 162 exame de imagem, 1350, e34-3f exame do escarro, 1351 microscopia, 1350 procedimentos invasivos, 1351 teste cutâneo com tuberculina, 1344,1351 teste de sensibilidade a fármacos, 1350 testes sorológicos, 1351 em crianças, 1345, 1345f, 1356 em paciente com câncer, 712q, 714, 714q endotélio na, 1799 epidemiologia da, 1340-1341,1341f extensamente resistente a fármacos, 13,1355,1355q extrapulmonar congênita, 1349 espinal/esquelética doença de Pott, 1347, 1347f manifestações clínicas da, 1347-1348 osteomielite, 1071,1071q RM, e44-2f vs. infecção por Brucella, 1297, 1298q gastrintestinal, 305, 331, 332, 333, 1348 genitourinária, 1347,1347f infecção pelo HIV, 1349 linfadenite, 466, 1346 linfedema, 2075, 2075q manifestações cutâneas, 419,1067, 1349 manifestações oculares, 229,1349 manifestações orais, 269,27lq, 274 mastite, 1349 meningite, 1348, 3436q
Tuberculose miliar não reativa, 1349 Tubos de timpanostomia, 254,261 Tubulina, 2360 Túbulo proximal distúrbios acomentendo o, 2284f funções do, 2282f, 2283,2285 Túbulos seminíferos, 301 lf, 3012-3013 Tularemia choque séptico na, 1027 como agente de bioterrorismo, 1775 diagnóstico da, 1303-1304,1772q diagnóstico diferencial da, 1303, 1304q epidemiologia da, 156q, 1301 etiologia da, 156q, 1301 manifestações clínicas da, 156q, 1302, 1302q, 1772q, 1775-1776 manifestações cutâneas, 156q, e7-llf, e7-12f oculoglandular, 1303 orofaríngea/gastrintestinal, 1303, 1304q pulmonar, 1303,1304q tifoide, 1301,1303,1304q patogenia da, 1301-1302 prevenção da, 1305,1772q, 1776 prognóstico da, 1305 relacionada com mordedura de animais, e24-1 tratamento da, 1304, 1772q, 1776 úlceroglandular/glandular, 1067, 1302, 1302f, 1304q Tularemia. Ver Tularemia Tularemia tifoide, 1301, 1303, 1304q TULIP, para hipertrofia prostática benigna, 805 Tumescência do pênis, 374 Tumor (lesão cutantea), 389q Tumor (sinal de inflamação), 472f Tumor. Ver tipos e locais específicos Tumor anexial, 417q, 418 Tumor cerebral, 3382 abordagem ao paciente, 3382-3383, 3382q amnésia no, 210 cefaleia no, 112q, 113-114 extrínseco “benigno”, 3388 craniofaringioma. Ver Craniofaringioma meningioma. Ver Meningioma schwannoma, 417q, 3388-3389, 3389f tumores hipofisários. Ver Tlimores hipofisários (adenomas) hemorragia no, 3296 maligno intrínseco, 3384 astrocitoma. Ver Astrocitoma ependimoma, 3387 linfoma primário, 3387-3388, 3387f meduloblastoma, 3388 oligodendroglioma, 3386-3387 tumores da região pineal, 225, 240, 3388 manifestações clínicas do, 3382-3383, 3382q metastático, 2271, 3390, 3390q diagnóstico do, 3390-3391, 3390f epidural. Ver Compressão da medula espinal, neoplásica leptomeníngeo, 3391-3392, 3392f tratamento do, 3391 neuroimagem do, 3383 primário, 3383 patogenia do, 3383-3384, 3384q, 3385f síndromes genéticas associadas ao, 3384q tratamento do, 3383 Tumor cerebral da fossa posterior, 114 Tumor da parótida, 733 Tumor de Askin, 820
Tumor de bainha de nervo periférico, 816 Tumor de Brenner, 810 Tumor de células da granulosa, de ovário, 812 Tumor de células fusiformes, 426 Tumor de células germinativas carcinoma com tumor primário desconhecido e, 822q, 824 extragonadal, 809 marcadores tumorais no, 652q ovariano, 812-813 testicular. Ver Câncer testicular Tumor de células gigantes maligno, 818 síndromes paraneoplásicas no, 827q Tumor de Klatskin, 784 Tumor de Krukenberg, 766, 810 Tumor de Pancosat dor cervical no, 742 no câncer de pulmão, 742 tratamento do, 750 Tumor de pequenas células redondas, desmoplásico, 666q Tumor de Sertoli-Leydig, 812 Tumor de Wilms, 669q Tumor desmoide, 817 Tumor do estroma gastrintestinal (GIST) fatores genéticos no, 675 patologia do, 817 tratamento do, 677q, 687, 768, 818 Tumor do saco vitelino, do ovário, 812 Tumor do seio endodérmico, testicular, 806 Tumor edematoso de Pott, 257 Tumor embrionário, síndromes paraneoplásicas no, 827q Tumor epidural, 185, 2269 Tumor lipomatoso atípico, 817 Tumor marrom, 2313 Tumor mesenquimal, síndromes paraneoplásicas no, 827q Tumor neuroectodérmico primitivo (TNEP), 818, 820 Tumor quiasmal, 236 Tumor retrobulbar, 236 Tumor suprarrenal, 2050 Tumores (adenomas hipofisários) 228, 236, 2880, 3389 acromegalia familiar e, 2882 classificação dos, 2880, 2882q diagnóstico dos, 2883 avaliação histológica nos, 2885 avaliação oftalmológica nos, 2885 efeitos expansivos locais, 2883 exames laboratoriais nos, 2885, 2885q RM nos, 2884-2885, 2884f testes de triagem nos, 2885q efeitos expansivos locais dos, 28832884, 2884q efeitos metabólicos dos, 2883 etiologia dos, 2880-2881 lesões expansivas selares, 2883, 2884q metastáticos, 2883 na NEM 1,2882, 2882q, 3073q, 3074, 3075 não funcionantes, 2883 patogenia dos, 2880-2881 produtores de gonadotropinas, 29002901, 2901f secretores de TSH, 2901-2902 tireotoxicose devido a, 2927 síndrome de Carney e, 2882, 2882q síndrome de McCune-Albright e, 2882 síndromes de excesso hormonal devido à, 2876 síndromes genéticas associadas a, 2881-2882, 2882q tratamento dos, 2883,2885-2886, 2886f
Tumores carcinoides, 3061 brônquico(s), 753, 3058q, 3061-3062 características gerais do(s), 3056q, 3061-3062 classificação do(s), 3058, 3059 com síndrome carcinoide, 3058, 3058q, 3061-3062 com sintomas sistêmicos devido a produtos secretados, 3062 de apêndice, 3058q, 3061 de estômago, 3058q, 3062 de intestino delgado, 775, 3058q, 3061, 3061q diagnóstico de, 3058f, 3063-3064 hemoptise no(s), 285 incidência do(s), 3057q, 3060 locais do(s), 3058, 3058q manifestações cardíacas de, 1967, e31-lq,e31-3 metastático(s), diarréia no(s), 313 prevalência do(s), 3058, 3058q na NEM 1,3074 não metastático(s), tratamento de, 3065 retal, 3058q, 3061 sem síndrome carcinoide, 3062 síndromes genéticas associadas, 3060, 3060q síndromes paraneoplásicas no(s), 827q, 829, 837 Tumores cardíacos benignos, 1980. Ver também Mixoma ecocardiograma nos, 1841,1841f, 1980f exames de imagem para, 1851q, 1852 manifestações clínicas dos, 1979 metastáticos, 1981 RM nos, 1980f sarcoma, 1981 Tumores com fator de liberação do hormônio do crescimento (GRFomas), 3057q, 3068 Tumores da região pineal, 225, 240, 3388 Tumores de células germinativas do cérebro, 2883 Tumores de cordões sexuais, do ovário, 812 Tumores de estroma, ovariano, 812 Tumores do dueto de Bellini, 793, 793q Tumores endócrinos do pâncreas. Ver Tumores endócrinos do pâncreas do trato gastrintestinal. Ver Tumores gastrintestinais neuroendócrinos gastrintestinais, 3056, 3056q. Ver também Tumores carcinoides Tumores endócrinos pancreáticos, 3065 avançado, 3070-3073, 3071f características geral da, 3056q classificação dos, 3057f, 3058, 3059 designação incorreta dos, 3059 GRFomas 3069 insulinoma. Ver Insulinoma localização dos, 3069-3071, 3070f manifestações clínicas dos, 3057q, 3065 não funcionais, 3068 definição dos, 3068-3069 diagnóstico dos, 3069 manifestações clínicas dos, 3069 tratamento dos, 3069 prevalência dos, 3057q, 3060 Síndrome de Cushing e, 3069 síndromes genéticas associadas aos, 3060, 3060q glucagonoma. Ver Glucagonoma síndromes paraneoplásicas nos, 827q síndromes raras, 3069 somatostatinoma. Ver Somatostatinoma tratamento dos, 3065
ÍNDICE
miliar, 1348-1349 miocardite, 1960 otite, 259, 1349 pericárdica, 1348-1349,1974, 1978 pleural, 1346-1347 suprarrenal, 1349 tratamento da, 1356 tuberculoma, 1348 vias respiratórias superiores, 265, 1347 fatores de risco para, 1342,1342q história natural da, 1342 infecção latente, 1356-1357, 1357q, 1359q, 1372q medidas de controle de infecção, 1118 monocitose na, 480 na infecção pelo HIV epidemiologia da, 1340-1341, 1548 infecção latente, 1357q, 1358q interação da, 1526 manifestações clínicas da, 13491350, 1548 mortes por, 1340 nos países em desenvolvimento, 13, 13f, 1340-1341, 1349, 1359 profilaxia para, 1544q risco de, 1342,1342q síndrome inflamatória de reconstituição imune na, 13491350,1372,1548 terapia antirretroviral e, 13491350,1372 tratamento da, 1356,1376 no receptor de transplante, 1122, 1127q, 1131 patogenia da, 1342-1344 prevenção e controle da, 13,13561359 na infecção pelo HIV, 1544q pulmonar, doença primária, 1342,1345, 1345f hemoptise, 284,1345 pleurite, 2179 pós-doença primária, 1342,13451346,1346f tosse na, 1345 resistência inata à, 1343 resistente a múltiplos fármacos, 13, 1354-1355, 1355f, 1355q, 1373 transmissão da, 1342 tratamento da, abordagem simplificada, 1372q DOTS/DOTS mais estratégia, 13, 1372 efeitos adversos do, 1354,1372 esquemas, 1352-1354, 1353q, 1372q fármacos antituberculose de primeira linha, 1352,1352q, 1372q, 1373-1376, 1373q fármacos antituberculose de segunda linha, 1376-1377 fármacos suplementares de primeira linha, 1376 fracasso e recidiva, 1354 infecção latente, 1356-1357, 1357q, 1359q, 1372q monitoração da resposta ao, 1354, 1373q na gravidez, 1356 novos fármacos, 1377-1378 para cepas resistentes a fármacos, 1355,1355q, 1372-1373 princípios de, 1371-1373,1372q teste de sensibilidade a fármacos, 1350 Tuberculose miliar, 1345q, 1349,1366 Tuberculose miliar críptica, 1349
1-151
ÍNDICE
Tumores gástricos adenocarcinoma. Ver Adenocarcinoma gástrico linfoma, 767-768 sarcoma, 768. Ver também Tumor de estroma gastrintestinal Tumores hepáticos, 777 benigno, 785 carcinoma hepatocelular. Ver Carcinoma hepatocelular colangiocarcinoma. Ver Colangiocarcinoma hemangioendotelioma epitelioide, 784 metastático a partir de outros locais, 785 Tumores neuroendócrinos (TNE). Ver também Tumores carcinoides bem diferenciados, 3059 biologia do, 3056-3061, 3056q carcinoma de tumor primário desconhecido c, 822q, 824 classificação dos, 3056-3061, 3056q fatores prognósticos nos, 3059q gastrinomas, 3065 gastrintestinais, 3056, 3056q metastáticos, 3071 pancreáticos. Ver Tumores endócrinos pancreáticos patologia dos, 3056-3061, 3056q síndromes genéticas associadas a, 3060, 3060q tratamento dos, 3070-3072, 307lf Tumores neuroendócrinos gastrintestinais, 3056, 3056q, 3057q. Ver também Tumores carcinoides; Tumores pancreáticos endócrinos Tumores neuroepiteliais disembrioplásicos, 3389 Tumstatina, 688f Tunga penetram, 3582 Tungíase, 3582 Túnica média, 1798,1798f Turismo médico, 1048 TURP, para hipertrofia prostática benigna, 805 Tuskegee Study, 1382 TVP. Ver Trombose venosa profunda (TVP)
UDCA (ácido ursodesoxicólico), 633, 2616, 2621 UDP glicuronosiltransferases, 25312532,2532f Úlcera aftosa, 269,271q, 475 na infecção pelo HIV, 1550,1550f prevenção de, 482 Úlcera de Curling, 2457 Úlcera de estase, 392f, 397, 397f, 398 Úlcera de Hunner, e35-l Úlcera de Meleney, 423 Úlcera(s). Ver também tipos específicos cutâneas. Ver Úlceras cutâneas de pé, no diabetes melito, 2987-2988 de pressão. Ver Úlceras de pressão definição de, 2438, 2441 genital(is). Ver Úlcera(s) genital(is) oral(is), 269, 271q, 2728q, 2731q, el2-4f Úlcera(s) genital(is) cancroide. Ver Cancroide donovanose. Ver Donovanose etiologia da(s), 1096 HSV. Ver Infecções por herpesvírus simples (HSV), genitais linfogranuloma venéreo. Ver Linfogranuloma venéreo manifestações clínicas da(s), 1107q Transmissão do HIV e, 1512
1-152
Úlceras cutâneas, 422 com febre, 148, 156q, 158 crônicas, fisiopatologia das, e52-5 terapia com oxigênio hiperbárico para, e52-4q, e52-5f, e52-5 a e52-6 descrição das, 390q etiologia das, 423q, 1066q, 1067 Úlceras de decúbito. Ver Úlceras de pressão Úlceras de pressão etiologia das, 1067 prevenção das, 2213, 3375 Úlceras do pé, no diabetes melito, 2987-2988 Úlceras duodenais achados endoscópicos nas, 2409, 2409f avaliação diagnóstica das, 2445-2447, 2446f epidemiologia das, 2441 exame físico nas, 2445 fisiopatologia das, 2441 H. pylori e. Ver Infecção por Helicobacter pylori
história de, 2444-2445 induzidas por AINEs, tratamento das, 24502451, 2450q, 245lq manifestações clínicas das, 2444-2445 patologia das, 2441 perfuração nas, 2445 recidiva das, 2453 tratamento cirurgia, 2452-2454, 2453f endoscópico, e36-lV Úlceras gástricas. Ver Doença ulcerosa péptica Úlceras orais. Ver Úlcera(s) oral(is), 236-237 Úlceras por estresse no paciente com ventilação mecânica, 2213 no paciente em estado crítico, 2203 Ulmária, 46 lq Ultrafiltração, 2323 Ultraoligoelementos, 605 Ultrassonografia artéria coronária, 1858-1859, 1859f das veias profundas da perna, 21722173, 2173f, 2173q endobrônquica, 2099 endoscópica, 2411,2413f na artrite reumatoide, 2746 na avaliação da doença pancreática, 2630q, 2632 na avaliação da função hepática, 2528f, 2531 na avaliação de disfunção da tireoide, 2918 na avaliação dos duetos biliares, 2626q na doença da vesícula biliar, 2619, 2619q, 2620f na doença hepática, 2524-2525 na doença neurológica, 3240q na medição da massa óssea, 3125 no acidente vascular encefálico, 3293 Ultrassonografia com compressão, das veias das pernas, 831 Ultrassonografia endoscópica (USE), 2411, 2413f do dueto biliar, 2418,2419f na avaliação da doença pancreática, 2630q, 2632-2633,2633q na avaliação do dueto biliar, 2626q na doença esofágica, 2426 na pancreatite crônica, 2645-2646, 2645f no câncer pancreático, 786 nos tumores endócrinos pancreáticos, 3069
Ultrassonografia transrretal, no câncer de próstata, 798 Ultrassonografia transvaginal no câncer ovariano, 811 para triagem de câncer endometrial, 662-663 para triagem de câncer ovariano, 662 Umami, 243 UNAIDS (Joint United Nations Program on HIV/Aids), 9 Unha(s) distúrbios induzidos por fármacos, 434, 437 na amiloidose, 947,947f na artrite psoriática, 2781, 2781f na esclerose sistêmica, 431 na psoríase, 398 no líquen plano, 399,40lf, el6-2f onicomicose, 401 telangiectasia periungueal, 409,409q Unidade coronariana, 2029 Unidade de dor torácica, 2016 Unidade pilocebácea, 380 Unidades derivadas de radiação, 3609q Unidades taxonômicas operacionais (UTO), 529 United Network of Organ Sharing (UNOS) na seleção de doadores cadavéricos para transplante cardíaco, 1916 na seleção de doadores cadavéricos para transplante de fígado, 2609, 2609q Unitransportador, 2283 University of Pennsylvania Smell Identification Test (Teste de Identificação de Odores da Universidade de Pensilvânia), 244f, 246 Urato(s), distúrbios genéticos do, 322 lq Ureia sanguínea causas de valores anormais, 61 lq na avaliação nutricional, 61 lq na azotemia pré-renal, 344 na hiponatremia, 347 na hipovolemia, 344 Ureia urinária, na avaliação nutricional, 610q, 611 Uremia delirium na, 199q dor abdominal na, 110 esfregaço de sangue periférico na, 452f, el7-5f na lesão renal aguda, 2303 náusea e vômitos na, 302 sangramento na, 460q Ureter infecções em paciente com câncer, 718 obstrução, 2488 Uretrite C. glucuronolyticum, 1192 em homens diagnóstico da, 1097 etiologia da, 1095-1097, 1096q, 1222
gonocócica, 1222,1222f manifestações clínicas da, 1095, 1222
não gonocócica, 1423 por clamídias, 1423,1427q pós-gonocócica, 1423,1427q tratamento da, 1097q em mulheres, 1098,1222,1425, 1427q hematúria na, 339 Mycoplasma, 1419 Ureaplasma, 1419 Urgência hipertensiva, 2058 Uridina difosfato glicuronosiltransferase (UGT1A1), 36q, 42q, 44, 706
Urina anormalidades da, 335q, 338. Ver também Exame de urina cilindros, el4-10fa el4-llf cristais, el411f colorida por chá/coca-cola, 324 concentrações de fármacos no, 1141 na doença renal crônica, 2291 osmolalidade, 337q, 340, 348 perda de sódio na, 344,348 volume, 338, 340 Urobilinogênio(s), 324,2532 Urocromos, 2317 Urofluxometria, 804 Uropatia anterógrada, 2398 Uropatia retrógrada, 2398 Uroplaquinas, 1014,1017 Uroquinase, 338,1002 ação da, 1002 indicações para, 1002 Urticária, 416,416q, 2711 aquagênicas, 2712 classificação da, 2711, 271 lq colinérgica, 416, 416q de contato, 2712 definição da, 2711 diagnóstico da, 394, 2713 etiologia da, 158, 2711-2712,271 lq fatores predisponentes para, 2711-2712, 2711q física, 416,416q fisiopatologia da, 2712-2713 induzida por fármacos, 432,435 manifestações clínicas da, 158, 391q, 2712-2713 distribuição, 39lq morfologia, 407 pápulas e placas, 394, 394f, e7-9f, el6-3f por calor local, 2712 por frio, 416, 4l6q, 480, 2712 por frio familiar, 160 por pressão, 2711 solar, 416, 416q, 2712 tratamento da, 435, 2713 Urticária aquagênica, 2712 Urticária de contato, 2712 Urticária pelo frio, 160, 416,416q, 2712 Urticária pigmentosa, 416,417q, 420 Urticária por calor local, 2712 Urticária por pressão, 2711 Urticária solar, 416,416q, 2712 Urushiol, 396 US. Departamento f Health and Human Services, Plano de Ação para a Prevenção das Infecções Associadas aos Serviços de Saúde, 1113 USE. Ver Ultrassonografia endoscópica (USE) Uso abusivo de várias drogas, 3560. Ver também Transtornos do uso de substâncias Uso de álcool câncer de cabeça e pescoço e, 733 câncer esofágico e, 764,764q carcinoma hepatocelular e, 777, 777q efeitos sistêmicos do, 3546-3549, 3546f efeitos sobre o metabolismo das lipoproteínas, 3155 impacto nutricional do 3546-3547 na gravidez, 3548-3549 prevalência do, 2592 transtornos do sono e, 217,218 Uso de tabaco. Ver também Tabagismo carga global da doença causada por, 17 em mulheres, 55 tipos de, 3562-3563 Uso/uso abusivo de maconha, 3557 aplicações terapêuticas, 303q, 304, 709, 3558
efeitos adversos do, 376q efeitos físicos do, 3558 efeitos sistêmicos do, 3557-3558 intoxicação aguda e crônica, 3557-3558 prevalência do, 3557 risco de câncer de cabeça e pescoço e, 733 Ustequinumabe para artrite psoriática, 2782 Usuários de drogas injetáveis botulismo de feridas em, 1201 endocardite em, 1052,1053q, 1055 infecção pelo HIV em, 1513,1584 infecções por clostrídios em, 1209 sepse/choque séptico em, 2229q tétano em, 1197 Útero. Distúrbios do amenorreia nos, 385, 386f dor pélvica nos, 388 gangrena gasosa, 1069 tratamento dos, 385-386 Uteroscopia, 2384 UTO (unidades taxonômicas operacionais), 529 Uveíte, 229, 230f, 234 anterior, 229, 2693q com nefrite tubulointersticial, 2369 intermediária, 229 na DII, 2488 paraneoplásica, 833q, 837 posterior, 229
V Vaccine Safety Datalink Project, 1040 vacina BCG. Ver de Bacilo de Calmette-Guérin (BCG) Vacina contra a febre amarela contraindicações da, 1046 efeitos adversos da, 1043 para receptor de transplante, 1132 para viajantes, 1043,1043q Vacina contra adenovírus, 1492 Vacina contra antraz, 1771 Vacina contra antraz adsorvida, 1771 Vacina contra cólera de células integrais mortas, 1293 de vírus vivo atenuado, 1293 para viajantes, 1043q, 1044 Vacina contra coqueluche, 1243,1245. Ver também Vacina contra tétano, difteria, coqueluche acelular (Tdap) Vacina contra difteria, para viajantes, 1042 Vacina contra difteria, tétano, coqueluche (DTaP), Ver também Vacina contra tétano, difteria, coqueluche acelular (Tdap) para crianças, 1191 para receptor de transplante, 1131, 1132q vacina contra difteria, tétano. Ver Vacina contra tétano, difteria Vacina contra encefalite japonesa, 1043q, 1044 Vacina contra febre Q, 1416 Vacina contra febre tifoide de células integrais, 1277-1278 para receptor de transplante, 1132 para viajantes, 1043-1044,1043q, 1279 Vi CPS, 1277-1278 Vi-rEPA, 1278 Vacina contra Haemophilus inlfuenzae administração recomendada da, 1035f em crianças, 1230 em paciente com câncer, 713q, 722 em receptor de transplante, 1131, 1132q no paciente csplenectomizado, 471,858 considerações globais, 1230
Vacina contra herpes-zóster administração recomendada da, 584, 1033f, 1034f conservação e manipulação da, 1038 contraindicações, 1037-1038, 1037q Vacina contra influenza administração recomendada da em adultos, 30q, 584,1033f, 1499 em receptores de transplante, 1132q em viajantes, 1042-1043 na doença hepática, 2526 na infecção pelo HIV, 1046,1545q nos pacientes com câncer, 713q, 722 cobertura nos EUA, 1040, 1040f contraindicações para, 1036q de vírus vivos atenuados, 1036q, 1499 inativada, 1036q, 1499 precauções com, 1036q síndrome de Guillain-Barré e, 1499 Vacina contra Neisseria meningitidis. Ver Vacina meningocócica Vacina contra o vírus da hepatite A (HAV) administração recomendada em adultos, 1033f, 1034-1035f, 2555,2555q em crianças, 2555, 2555q em pacientes com câncer, 713q em receptores de transplante, 1033f, 1131,1132q em viajantes, 1043,1043q na doença hepática, 2526,2555 na infecção pelo HIV, 1545q para profilaxia pós-exposição, 25542555 precauções com, 1037q Vacina contra papilomavírus humano (HPV) administração recomendada da em adultos, 30q, 1033f, 1034f em meninas e mulheres jovens, 1110
em meninos e homens jovens, 1110
em receptor de transplante, 1132q na infecção pelo HIV, 1546q contraindicações para, 1036q eficiência da, 658,1483-1484 para câncer cervical, 813 para prevenção de verruga anogenital, 1483 partículas semelhantes a vírus na, 1483,1484f precauções com, 1036q tipos de, 1483 Vacina contra peste, 1310-1311,1773 Vacina contra poliomielite administração recomendada da em adultos, 1599q em paciente com câncer, 713q em receptor de transplante, 1132, 1132q em viajantes, 1042 eficiência da, 1599 poliomielite associada a, 1595 tipos de, 1595 Vacina contra raiva após feridas por mordedura, e24-4q para viajantes, 1044,1044q, 1615 pós-exposição, 1615 pré-exposição, 1615 Vacina contra rinovírus, 1487 Vacina contra rotavírus, 1592 Vacina contra rubéola. Ver também Vacina contra Sarampa-caxumbarubéola, 61, 1604, 1606-1607,16066f Vacina contra sarampo para viajantes, 1042 tipos de, 1603
Vacina contra sarampo-caxumbarubéola (MMR) administração recomendada de em adultos, 30q, 1033f, 1034f em crianças, 1603, 1604, 1607, 1609 em pacientes com câncer, 713q em receptor de transplante, 1131, 1132q na infecção pelo HIV, 1046 no profissional de saúde, 1034f, 1609 armazenamento e manuseio da, contraindicações para 1033f, 1036q efeitos adversos da, 1603,1610 precauções para, 1036q segurança da, 1603 Vacina contra tétano para paciente queimado, e23-3 para viajantes, 1042 Vacina contra tétano, difteria, pertússis acelular (Tdap) administração recomendada da em adultos, 1033f, 1191 em crianças, 1191 em viajantes, 1042 na gravidez, 1034f contraindicações para, 1036q precauções para, 1036q Vacina contra tétano-difteria (Td) administração recomendada da em adultos, 30q, 1191 em paciente com câncer, 713q contraindicações, 1036 Vacina contra varicela administração recomendada de em adultos, 30q, 1033f, 1034f em crianças, 1466 para exposição associada aos serviços de saúde, contraindicações para, 1033f, 1036f na gravidez, 1034f, 1036q precauções para, 1036q Vacina contra varíola, 404 Vacina contra vírus varicela-zóster (VZV), 713q, 1132, 1466 Vacina de bacilo de Calmette-Guérin (BCG) administração recomendada da, 1356 efeitos adversos da, 1356 para prevenção da tuberculose, 1356 Vacina de vacínia, 1774-1775,1775q Vacina meningocócica administração recomendada da, em adultos, 1033f, 1034f em paciente com câncer, 713q, 722,1033f em paciente esplenectomizado, 471,1033f em receptor de transplante, 1122q, 1131,1132q em viajantes, 1043q, 1044 armazenamento e manuseio da, 1038 baseada em antígenos subcapsulares, 1218-1219,1219f conjugada, 1217-1218 contraindicações para, 1037q polissacarídio, 1217, 1218f precauções para, 1037q Vacina pneumocócica administração recomendada da após esplenectomia, 471,858, 1033f em adultos, 30q, 1033q, 1034f em pacientes com câncer, 713q, 722 em receptores de transplante, 1132, 1132q em viajantes, 1043 na doença hepática, 2526
na infecção pelo HIV, 1046, 1046q no idoso, 584,1034f conjugado de polissacarídio-proteína, 1159, 1159f considerações globais, 1152 polissacarídio capsular, 1158-1159 revacinação com, 1034f Vacina Td. Ver Vacina contra tétanodifteria (Td) Vacina Tdap. Ver Vacina contra tétano, difteria, coqueluche acelular (Tdap) Vacina(s). Ver também Imunização; vacinas específicas
administração de, 1038-1039,1039f armazenamento e manuseio da(s), 1038 considerações globais, 1031 contraindicações para, 1035,10361037q de administração rotineira nos EUA, 1031q documentação de, 1040 hipersensibilidade à, 1035 impacto da(s), 1031-1032,1032q informações, 1038 para o idoso, 584 precauções com, 1036-1037 prevenção do câncer e, 658 relato de eventos adversos, 1039-1040 segurança na monitoração, 1039-1040 tendências futuras das, 1041 Vacinação. Ver Imunização Vacinas de partículas semelhantes a vírus, 1132 “Vagens” bacterianas, 1017 Vagina ausência congênita da, 3055 microbiota da, 530-531, 2389 Vagina, cega, 385 Vaginite por Haemophilus. Ver Vaginose bacteriana Vaginose bacteriana anaeróbia, 1336 complicações da, 1098 diagnóstico da, 1099q, 1100-1101, llOlf etiologia da, 1099q, 1100 manifestações clínicas da, 1099q tratamento da, 1099q, 1101 Vagotomia, para úlceras duodenais, 2452-2453, 2453f Valaciclovir ação do, 72lq, 1447 efeitos adversos do, 1448 farmacologia do, 1447 para encefalite viral, 3425 para herpes-zóster, 1070q, 1445q, 1448,1465 para infecções por CMV, 2332 para infecções por herpesvírus, 721q esofagite, 2436 para infecções por HSV, 1070q, 1444q, 1448, 1460, 1461q para meningite viral, 3420 para paralisia de Bell, 3363 para profilaxia do HSV, 1460,1546q para varicela, 1465 Valdecoxibe, 98q Valganciclovir ação do, 721q farmacologia do, 1449 na infecção por herpesvírus, 721q para infecção por CMV, 1443q, 1475 para profilaxia do CMV, 1128,1149 Valor preditivo negativo, 659, 659q Valor preditivo positivo (VPP), 659, 659q Valores críticos, dos exames laboratoriais, e53-2, e53-2q
ÍNDICE 1-154
Valores hemodinâmicos cálculo e valores normais, 2218q, 2235q na insuficiência cardíaca aguda, 1911-1912,1912q no choque, 2235q no infarto do miocárdio, 2235q Valores preditivos de um teste, 24 Valproato de sódio. Ver Valproato/ácido valproico Valproato/ácido valproico dose de, 3263q, 3540q efeitos adversos do, 121q, 3540q comuns, 3540q cutâneos, 437 defeitos mitocondriais e, el8-ll hepatotoxicidade, 2564, 3266 neurológicos, 3263q obesidade, 629 queda dos cabelos, 434 raros, 3540q sistêmicos, 3263q supressão da medula óssea, 3266 trombocitopenia, 967q farmacologia do, 3263q, 3540q interações medicamentosas do, 1447q, 3263q monitoração terapêutica do, 3598q overdose/intoxicação com, e50-12q para cefaleia diária crônica, 125 para cefaleia pós-traumática, 126 para crises convulsivas generalizadas, 3266 para epilepsia, 3263q para prevenção da enxaqueca, 120, 121q para síndrome do homem rígido, 836 para transtorno bipolar, 3540q, 3541 Valrubicina, para câncer de bexiga, 791 Valsartana para hipertensão, 2055q para insuficiência cardíaca, 1908q Valva aórtica bicúspide, 1938, 2060q, 2062 medição da área, 1856-1857 Valva tricúspide, anomalia de Ebstein, 1927 Valvoplastia aórtica, 1941 Valvoplastia por balão, 2039-2040 Valvotomia mitral, 1932-1933, 1933f Valvuloplastia mitral, 1933, 1933f, 1936 VAMP2,1197-1198 Vancomicina ação da, 1133,1134q ajuste da dose no comprometimento renal, 1140q distribuição da, 1139 efeitos adversos da, 967q clinicamente mais relevantes, 1146q cutâneos, 437 nefrotoxicidade, 2298 indicações para, 1144q índices farmacodinâmicos da, 1141q monitoração terapêutico da, 3598q na gravidez, 1142q para abscesso epidural, 1026q para abscesso pulmonar, 2146 para artrite bacteriana não gonocócica, 2844 para choque séptico, 1025q para colonização faríngea assintomática por, 1174 para endocardite infecciosa, 1026q, 1059-1060,1170,1184q para fasciite necrosante, 1070q para infecções da corrente sanguínea relacionada com cateteres, 715q, 716 para infecções de feridas por queimadura, e23-3 para infecções enterocócicas, 1184q para infecções estafilocócicas, 1169q para infecções intracranianas, 1026q
para infecções por C. difficile, 1092, 1093q para infecções por clostrídios, 1205q para infecções por MRSA, 1070q, 1168,1169q, 1170 para meningite, 1025q, 1157,1184q, 3414q para neutropenia febril, 707 para osteomielite, 1074q para pneumonia associada aos serviços de saúde, 2139q para púrpura fulminante, 1025q para sepse pós-esplenectomia, 1025q para sepse/choque séptico, 2229q para síndrome do choque tóxico, 1025q profilática, 1148q resistência à, 1134q, 1137-1138, 1144q, 1168, 1187. Ver também Enterococos resistentes à Vancomicina (VRE) Vaniloides, para exposição a gás mostarda, 1783 Vantagem do heterozigoto, 501,507 Vardenafila, 374, 374f, 377-378 Varfarina, 998 ação da, 998, 998f efeitos adversos da, alopecia, 407 para oclusão arterial aguda, 2070 Variabilidade da frequência cardíaca, 1864, 3355 Variação genética, 41 em alvos moleculares de fármacos, 44 na distribuição dos fármacos, 41-43, 42q variantes de transferase, 43-44 variações c-kit em tumores de células germinativas do ovário, 812 no melanoma, 730 no timoma, e20-2 resposta ao imatinibe e, 42q, 768 Variante da doença de Alzheimer com corpúsculos de Lewy, 3312 Variante Miller Fisher, síndrome de Guillain-Barré, 1202 Variantes de transferase, 43-44 Variantes estruturais talassêmicas, 853, 854q, 860 Varicela (catapora) associada aos serviços de saúde, 1114 complicações da, 1463-1464 congênita, 1464 diagnóstico diferencial da, 157,1465 epidemiologia da, 1032q, 1463 manifestações clínicas da, 391q, 1463 cutânea características da, 153q, 157 evolução da, 1463,1463f, e7-8f exantemas, 414q, 415 vesículas, 1064 extracutânea, 1463 oral, 270q medidas de controle de infecção, 1118 patogenia da, 1462-1463 perinatal, 1454 prevenção da, 1466 tratamento da, 1448,1465 Varíola como agente de bioterrorismo, 1774 diagnóstico da, 1465,1772q erradicação da, 9,1031 erupção da, 153q, 157 hemorrágica, 1774 incidência pré e pós-vacina, EUA, 1032q maligna, 1774 manifestações clínicas da, 1772q, 1774 manifestações cutâneas, 1064,1774
prevenção da, 1772q, 1774-1775, 1775q tratamento da, 1772q, 1774 Varíola bovina, 1477,1477q Varíola de búfalos, 1477,1477q Varíola dos macacos, 1477,1477q Variz(es). Ver também Sangramento varicoso esofágicas achados endoscópicos nas, 2414, 2415f na hipertensão portal, 2598, 2599f fundo gástrico, 2415, 2415f Varizes do fundo gástrico, 2415,2415f Varizes esofágicas. Ver também Sangramento varicoso achados endoscópicos nas, 2424, 2415f na hipertensão portal, 2598, 2599f na síndrome da veia cava superior, 2266 sangramento gastrintestinal nas, 320321, 320q Vasculite, 2785. Ver também tipos específicos
abordagem ao paciente, 2787-2788, 2787f anemia na, 849f classificação da, 2785 condições que simulam à, 2787, 2787q crioglobulinêmica, 2798 cutânea idiopática, 2798 necrosante, 435 de pequenos vasos, 156q, 158, el6-14f biópsia, e40-5f da doença de Kawasaki, 2800 da doença do soro, 2880 da síndrome de Cogan, 2799-2800 das síndromes de superposição de poliangiite, 2800 de nervos e músculos, 837 de reações semelhantes a doença do soro, 2800 defmição da, 2785 diagnóstico da, 2787-2788, 2787f doenças subjacentes associadas à, 2800 fisiopatologia da, 2785, 2786q formação de granulomas na, 2787 induzida por fármacos, 433, 435, 2820q isolada, demência devido à, 3314 lesão vascular na, 2785-2786, 2786q manifestações cutâneas da, 417q, 420, el6-14f mediada por imunocomplexos, 2786 na ANCA, 2791 na policondrite recidivante, 2803q, 2804 na síndrome de Behçet, 2799 na síndrome de Sjõgren, 2771, 2771q necrosante, 392f paraneoplásica, 832q, 837 patogenia da, 2785-2786,2786q respostas dos linfócitos T na, 2787 reumatoide, 2666q, 2739 secundária, 2800 síndromes, 2786q, e40-l, e40-lf a e40-6f SNC acidente vascular encefálico devido à, 3278 angiografia na, e44-19f arteriograma na, e40-3f isolada, 2799,2799f TC na, e44-19f tratamento da, 2788-2789, 2788f, 2789q urticariforme, 154q, 158
Vasculite alérgica, 481 Vasculite crioglobulinêmica, 2798 Vasculite cutânea. Ver Vasculite Vasculite cutânea idiopática, 2798 Vasculite leucocitoclástica, 156q, 417q, 422 Vasculite necrosante, 390, 392f, 394, 423 Vasculite nodular, 419 Vasculite por hipersensibilidade, 2798 Vasculite reumatoide, 2666q, 2739 Vasculite urticariforme, 154q, 157,416, 416q Vasculogênese, 685 Vasculopatia. Ver tipos específicos Vasculopatia livedoide, 422 Vasectomia, 3037, 3038q Vasoconstrição, 965 cianose na, 165 conservação de calor pela, 143 hipoxia localizada e, 288 induzida pelo frio, 165 Vasoconstritores, para insuficiência cardíaca aguda, 1912q, 1913 Vasodilatação, 965 como adaptação á hipoxia, 288 dependente do endotélio, 2045 no músculo em atividade, 1806 perda de calos pela, 143 Vasodilatadores circulantes, no choque, 2216 efeitos adversos dos, 294 hipertensão para insuficiência cardíaca aguda, 1912-1913,1912q Vasopressina. Ver também Arginina vasopressina (AVP) no choque, 2216 produção ectópica de. Ver Síndrome de antidiurese inapropriada (SIAD) Vasopressina plasmática, no diabetes insípido, 340 Vasopressores, para choque cardiogênico, 2235 Vasos retos, 2281 Vasos sanguíneos biologia das células vasculares dos, 1799-1802 biologia dos, 1798 farmacogenética dos, 1802,1803q lesão, edema dos, 291 musculatura lisa dos, 1798, 1800-1802 na angiogênese tumoral, 684-687, 684, 685f, 686f origem das células vasculares, 1798 regeneração dos, 1802 Vasospasmo após hemorragia subaracnóidea, 2263 fibrilação atrial, 2264 VCAM-1 (molécula de adesão celular vascular 1), 540,1534 VEA (vênulas endoteliais altas), 2679 Vegetações características das, 1052 terapia antibacteriana e, 1141 valva mitral, 1052f, el6-12f (VEGF). Ver Fator de crescimento endotelial valcular (VEGF) Veia renal, razão de renina, 2049 Veias. Ver vasos sanguíneos Veias pulmonares, drenagem anômala das, e29-4f Veias varicosas, 2074 Veillonella spp., e22-2f Velocidade de hemossedimentação, na arterite íemporal, 114 na avaliação da febre, 145,162 na oesteomielite, 1073 Velocidade de marcha, 578q
suporte geral, 2200-2201,2213 tentativa de respiração espontânea, 2200-2201,2214 volutrauma na, 2199-2200 Ventilação não invasiva (VNI) contraindicações para, 2210q para DPOC, 2159, 2210 para hipoventilação, 2185 vantagens e desvantagens da, 2212q variáveis no, 2212q Ventilação oscilatória de alta frequência, 2213 Ventrículo único, 1927 Ventriculostomia para monitoração da PIC e tecido cerebral, 2256, 2256f Vênulas endoteliais altas (VEA), 2679 Verapamil dose de, 1883q efeitos adversos do, 123,2009q farmacologia do, 1883q indicações para, 1883q interações medicamentosas do, betabloqueadores, 2010 digoxina, 46q fármacos antibacterianos, 1147q inibidores da HIV protease, 36q quinidina, 128lq metabolismo do, 36q overdose!intoxicação com, e50-llq para AI/IMSEST, 2017 para arritmia supraventricular, 2033 para cardiopatia isquêmica, 2009q para cardiopatia ventricular idiopática do septo VE, 1893 para cefaleia hípnica, 128 para dissecção aórtica, 2064 para fibrilação atrial, 1884 para flutter atrial, 1886 para hipertensão, 2055q, 2056 para prevenção da cefaleia em salvas, 123,123q para taquicardia atrial multifocal, 1886 para taquicardia mediada por via acessório, 1890 Vereniclina, para terapia de abandono do tabagismo, 738 Verme de Guiné (Dracunculus mecíinensísj/dracunculíase, 1067,1751, e25-3q Verme do olho africano, (loa loa)/loiase, 1745q, 1750, 1750q, e25-3q, e25-6q Verme pulmonar do rato. Ver Infecções por Angiostrongylus spp. Vermes anelídeos, 3572 Vermes de língua, 3579 Verruga peruana, 1067, 1317q, 1319 Verruga plana, 392f, 1482 Verruga vulgar, 392f, 402,1482 Verruga(s), 273q, 402, 1481 anogenital(is). Ver Condiloma acuminado plantar(es), 402, 1482 Verrugas anogenitais. Ver Condiloma acuminado (verrugas anogenitais) Verrugas filiformes, 402 Verrugas planas, 402 Verrugas plantares, 402,1482 “Vértebra de marfim”, 3137 Vertebrados, envenenamentos por animais marinhos, 3572, 3573 Vértebras anatomia das, 129,129f de “marfim”, 3137 Vertebroplastia, 3135 Vertigem, 178. Ver também Tontura abordagem ao paciente, 178-179 central, 179q evocada por sons altos, 249 na disfunção vestibular, 179q, 180 na EM, 3398
na enxaqueca, 178, 180 periférica, 179q posicionai paroxística benigna, 178180, 179q prevenção da, 181 prolongada aguda, 179 psicossomática, 181 tratamento da, 180q, 181 Vertigem posicionai paroxística benigna, 178-180,179q Vertigem visual, 181 Vesicação causada por besouros, 3583 Vesicantes, 1780,1780q Vesícula biliar concentração de bile na, 2616 de porcelana, 2622-2623 hipomotilidade da, 2618 Vesícula biliar de porcelana, 2622, 2623 Vesículas da membrana externa (VME), 1218,1218f Vesículas/bolhas, 389q, 413 com febre, 157 descrição das, 148, 389q, 390f etiologia das, 414q, 1064, 1065q induzidas por fármacos, 413-414 infecções associadas à, 1064,1065q manifestações clínicas das, 39lq na foliculite do “banho quente”, 153q, 157 na varicela. Ver Varicela (catapora) na varíola. Ver Varíola nas infecções por herpesvírus simples. Ver Infecções por herpesvírus simples (HSV) Vestibulopatia, periférica aguda, 178 Veteranos. Ver Veteranos de guerra Veteranos de combate. Ver Veteranos de guerra Veteranos de guerra concussão em, e48-2 a e48-3, e48-3q distúrbio do sono em, e48-6 doenças neuropsiquiátricas em, e48-l avaliação dos, e48-3 a e48-4, e484q, e48-5q epidemiologia dos, e48-l a e48-3, e48-3q estigmas e barreiras à assistência, e48-3 manifestações clínicas dos, e48-l tratamento dos, e48-4 a e48-6 estigmas e barreiras à assistência, e48-3 sintomas pós-guerra nos, e48-l TEPT nos, e48-2, e48-5 a e48-6 Via acessória atriofascicular, 1889 Via AKT, no melanoma, 726 Via ATRX, 853, 859 avaliação da, 198 Via bulbospinal, 183f Via corticospinal, 183f Via da coluna posterior-lemnisco mediai, 187,188f Via da MAP quinase no melanoma, 726, 726f Via de Ca2+/calmodulina, 1343 Via de Embden-Meyerhof, defeitos da, 455 Via de sinalização mTOR, no envelhecimento, 569 Via extrínseca, da coagulação, 458 Via intrínseca, da coagulação, 458 Via Notch, 565 Via PI3K/Akt, 681 Via RANK, 3137f Via reticulospinal, 183f Via rubrospinal, 183f Via septo-hipocampla, e9-2 Via vestibulospinal, 183f Via Wnt, 565
Viagem aptidão para viajar, 1042 conselhos sobre saúde para, 1042 doenças sexualmente transmissível e, 1045 durante a gravidez, 1046 estojo médico para, 1045-1046 imunizações para, 1042,1043q de rotina, 1042-1043 necessárias, 1043 recomendadas, 1043-1044 lesão durante, 1045 para altitudes elevadas, e51-l. Ver também Doença das altitudes elevadas para fins de cuidados de saúde, 1048 para países em desenvolvimento, problemas de saúde durante, 1042, 1042f por paciente cardíaco, 1047 por paciente com doença pulmonar, 1047 por paciente diabético, 1047 por pessoa incapacitada, 1047 por pessoa infectada pelo HIV, 1046-1047 por receptor de transplante, 1132 precauções com alimentos e água durante, 1045 prevenção da malária durante, 1044, 1044q, 1703-1705, 1704q prevenção de doença gastrintestinal durante, 1044-1045 problemas após retorno, 1048,10491050f, 1051q Viagem aérea condicionamento para, 1042,1047 na gravidez, 1046 risco de trombose venosa na, 987 Vias das enzimas ssteroidogêneses, distúrbios das, 3051, 3052q, 3053 Vias de transdução de sinais defeitos na doença neurológica, 3226-3227 família de receptores de membrana e, 2867q modulação da sobrevida e, 568-569 nas células cancerosas, 675-677, 676f, 680f Vias do neurônio motor inferior, 183f Vias do neurônio motor superior, 183f Vias lineares, 488 Vias respiratórias, reaquecimento, 167 Vias somatosensoriais, 188f Víbora-da-morte, 3566 Víboras, 3566, 3571. Ver também picadas de serpentes Vibrio cholera. Ver também Cólera aderência d, 1014,1083 epidemiologia do, 1289-1290, 1290f genoma do, 1291 identificação laboratorial do, 1292, e22-2f microbiologia do, 1289 não 01/0139,1294,1294q produção de toxina pelo, 1290-1291 Vida assistida, 583, 583q Vidarabina ação da, 1450 efeitos adversos da, 476 para ceratite por HSV, 1445q, 1450 Viés de avanço, 659 Viés de seleção, 659 Vigabatrina, para síndrome do homem rígido, 836 Vildagliptina, para diabetes melito, 2996q, 2997q Vimblastina ação da, 703-704 dose de, 699q
ÍNDICE
Venlafaxina dose de, 353lq efeitos adversos da, 3458q, 353lq farmacologia da, 3539 para depressão, 76, 353lq, 3539 para dor, 98q, 100,101 para neuropatia, 3458q para transtorno do pânico, 3530 Ventilação assistida proporcional, 2213 Ventilação com assistência ventilatória ajustada neuralmente, 2213 Ventilação com controle assistido (VMCA). 2211. Ver também Ventilação mecânica Ventilação com liberação de pressão das vias respiratórias, 2213 Ventilação com pressão positiva, para edema pulmonar, 2237 Ventilação com suporte de pressão, 2212. Ver também ventilação mecânica Ventilação de alta frequência, para SDRA, 2208, 2208q Ventilação de pressão controlada, 2212. Ver também Ventilação mecânica Ventilação de relação inversa (VRI), 2212. Ver também Ventilação mecânica Ventilação líquida parcial, 2208, 2213 Ventilação mandatória intermitente (VMI), 2211, 2212q. Ver também Ventilação mecânica Ventilação mandatória intermitente sincronizada (VMIS), 2211. Ver também Ventilação mecânica Ventilação mecânica, 2210 acidose respiratória na, 371-372 colapso alveolar na, 2207-208 complicações da,2213-2214. Ver também Pneumonia associada ao respirador (PAR) desmame da, 2214, 2214f para paciente terminal, 79-80 estratégias não convencionais, 2213 estratégias protetoras na, 2213 fisiologia da, 2211,221 lf indicações para, 2210 lesões pulmonar na, 2199-2200, 2207 modos de assistido controlado, 2211, 2212q controle de pressão, 2212 mandatória intermitente, 2211, 2212q razão inversa, 2212 suporte de pressão, 2212 não invasiva, 2210, 2212q no choque, 2198-2199 no coma, 2253 para acidose respiratória, 372 para DPOC, 2159-2160 para edema pulmonar, 2237 para hemoptise, 286 para insuficiência respiratória em pacientes críticos, 2198-2199 para SDRA, 2198-2199, 2207-2208, 2208q para sepse/choque séptico, 2230 posicionamento em decúbito ventral durante, 2213 pressão positiva contínua nas vias respiratórias. Ver pressão positiva contínua nas vias respiratórias princípios da, 2210-2211, 221 lf traqueostomia na, 2214 tratamento do paciente durante bloqueio neuromuscular, 2201 controle da dor, 2201 indução de anamnese, 2201 profilaxia da trombose venosa, 2213 sedação, 2201,2210-2211
1-155
ÍNDICE 1-156
efeitos adversos da, 699q alopecia, 434 disfunção gonadal, 709 fenômeno de Raynaud, 2072 fototoxicidade, 445q mielotoxicidade, 704 neurológicos, 2272 interações medicamentosas da, 699q para câncer de bexiga, 792 para câncer testicular, 809 para doença trofoblástica gestacional, 816 Vimentina, 682f Vincristina ação da, 703 dose de, 699q efeitos adversos da, 699q, 703-704 depressão, 75 distúrbios ungueais, 434 neurológicos, 2272, 3393, 3394f neuropatia, 704, 840 tardios, 839q interações medicamentosas da, 1147q para câncer de pulmão, 752 para doença trofoblástica gestacional, 816, e6-4 para linfoma gástrico, 768 para púrpura trombocitopênica trombótica, 970 para sarcoma de Ewing, 820 para sarcoma de tecido mole, 818 Vinorelbina dose de, 699q efeitos adversos da, 699q, 2276 para câncer de pulmão, 749, 749q, 750q resistência à, 704 Violência avaliação da, 3545 doméstica. Ver Maus-tratos/violência doméstica Violeta de metila, 879 VIR Ver Peptídio intestinal vasoativo (VIP) VIPomas (peptidomas intestinais vasoativos), 3068 diagnóstico dos, 3068 diarréia nos, 313 localização dos tumores nos, 3057q manifestações clínicas dos, 3057q, 3068 tratamento dos, 3068 Virilização, 380 Viroides, 1432 Virulência, 1013 Vírus atividade proteica dos, 1437 como ferramentas ou agentes terapêuticos, 548q, 1441 crescimento após a entrada, 1016, 1436 definição de, 1432 efeitos citopáticos e inibição da apoptose, estrutura dos, 1432, 1432f expressão gênica e replicação, 14351436 gama de hospedeiros dos, 1437 identificação laboratorial dos, algoritmo para processamento da amostra, e22-7f amplificação de ácido nucleico, 1440 coleta e transporte da amostra, e22-6 cultura tecidual, 1440 detecção macroscópica de antígeno, e22-2 a e22-3 ELISA, 1440 Western blot, 1440
interações ligante-receptor dos, 1013, 1014q, 1432-1435 invasão celular/tecidual por, 1019, 1434-1435 mecanismos de virulência dos, 1021 1022 mutações dos, 1436-1437 no microbioma humano, 531 receptores no hospedeiro, 1016 saída após entrada, 1436 taxonomia dos, 1432, 1433-1434, 1434f Vírus adenoassociado expressão gênica e replicação FALTA para administração de terapia gênica, 548q, 549 Vírus Coxsackie, 1014q Vírus da estomatite vesicular, 1610, 1616,1617q, 1619q Vírus da hepatite A (HAV), 2537-2538, 2537f, 2539q Vírus da hepatite B (HBV) estrutura genômica do, 2538, 2538f expressão gênica e replicação no, 1436 locais extra-hepáticos do, 2542 marcadores sorológicos e virais do, 2540-2541, 2540, 2541f proteínas e partículas do, 2538-2540, 2539q variantes moleculares do, 2541-2542 Vírus da hepatite C (HCV), 2537f, 2539q, 2542-2543, 2543f Vírus da hepatite D (HDV), 2537f, 2539q, 2542 Vírus da hepatite E (HEV), 2537f, 2539q, 2543 Vírus da imunodeficiência de primatas, 1506, 1508f, 1509. Ver também HIV Vírus da imunodeficiência dos símios (SIV), 1507,1508f Vírus da influenza A aviária H5N1, H7N7,1494 H9N2,1494 Vírus da influenza H5N1 (aviária), 1016 Vírus da raiva, 1610 Vírus da rubéola, 1604 Vírus da vacínia. Ver também Varíola inibição das defesas do hospedeiro pelo, 1439 resposta inflamatória ao, 1020f Vírus da varíola, 1774. Ver também Varíola Vírus de DNA, 1433-1434q, 1434f. Ver também vírus específico
Vírus de imunodeficiência, 1506,1057f, 1509. Ver também HIV Vírus de RNA, 1433q, 1434f. Ver também vírus específico. Vírus do sarampo, 1013, 1014q, 1600. Ver também Sarampo Vírus do sarcoma, para administração de terapia gênica, 548q Vírus do sarcoma de Rous, 664 Vírus Duvenbage, 1616 Vírus ebola, 1007f, 1633,1633f, 1634f, 1776 Vírus Ebola Reston, 1633,1634-1635 Vírus Epstein-Barr (EBV), 1014q, 1434 Vírus espumoso humano, para administração de terapia gênica, 548q Vírus influenza como agente de bioterrorismo, 1777 interações ligante-receptor do, 1014q, 1435 montagem e saída do vírus, 1436 subtipos de, 1493q virologia do, 1493
Vírus influenza A, 1493-1494,1493f, 1493q Vírus influenza B, 1493,1495 Vírus influenza C, 1495 Vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV-I) biologia molecular do, 1502-1503 estrutura do, 1501-1502,1502f Vírus Marburg, 1633,1633f, 1634f Vírus Mokola, 1616 Vírus Nipah, 1007f Vírus oncolítico, 550 Vírus parainfluenza, 1490 Vírus Powassan, encefalite, 1622q, 1625 Vírus R5,1528 Vírus R5X4,1528 Vírus símio 40 (SV40), 491 Vírus Sin Nombre, 1630 Vírus sincicial respiratório humano (HRSV), 1488 Vírus transmitido por roedores, 1616 distribuição geográfica dos, 1619q epidemiologia dos, 1618 identificação laboratorial dos, 1618-1619 principais famílias de, 1617q síndromes mórbidas de, artrite e exantema, 1626-1627 encefalite, 1621-1626,1622q febre e mialgia, 1619-1621 febres hemorrágicas. Ver Febres hemorrágicas virais transmissão dos, 1618 Vírus transmitidos por artrópodes, 1616 distribuição geográfica, 1619q epidemiologia, 1618 principais famílias de, 1617q síndromes clínicas de, 1618 artrite e exantema, 1626-1627 encefalite, 1621-1626,1622q febre e mialgia, 1619-1621 febres hemorrágicas. Ver Febres hemorrágicas virais transmissão dos, 1618 Vírus varicela-zóster (VZV) estrutura do, 1462 identificação laboratorial do, 394, 1465, e22-3 Vírus X4, 1528 Virusoides, 1432 Visão em cores avaliação da, 226 Vitamina A, 600 deficiência de ceratite na, 229 considerações globais, 601,608 fatores de risco para, 594q manifestações clínicas da, 594q, 601, 609q manifestações orais da, 268 risco de câncer esofágico e, 764 deficiência materna da, 1810 efeitos adversos da, 407 em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q estrutura da, 597f fontes nutricionais de, 601 funções da, 597f, 600 ingestão recomendada de, 590q metabolismo da, 600-601 na gravidez, 602 para retinite pigmentosa, 236 suplementos, 602 para disfunção olfatória, 247 para prevenção de bradicardia, 790 para tratamento do sarampo, 1602 toxicidade à, 3109 toxicidade da, 602, 609q valores de referência para, 3599q
Vitamina Br Ver Tiamina Vitamina B12. Ver Cobalamina Vitamina B2. Ver Riboflavina Vitamina B3. Ver Niacina Vitamina Bs. Ver Ácido pantotênico e Vitamina B6. Ver Piridoxina Vitamina C, 599 absorção da, 599 deficiência de, 268, 594q, 599, 607, 608, 609q. Ver também Escorbuto em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q estrutura da, 597f fontes nutricionais de, 599 funções da, 597f, 599 ingestão recomendada de, 590q para degeneração macular, 235 suplementos, 599 efeitos adversos dos, e2-5 para prevenção do câncer colorretal, 770 para resfriado comum, e2-5 toxicidade da, 599 valores de referência para, 3599q Vitamina D, 602, 3092 ativação da, 3092, 3092f deficiência de, 602, 3093-3094, 3094q anticonvulsivantes e, 3112q, 3114 asma devido à, 2103 diagnóstico da, 362, 3094-3095 dieta e/ou luz solar inadequadas e, 3112q, 3116-3117 doença ileal terminal e, 3093 doença não esquelética e, 602 em mulheres, 54 em residentes de clínicas geriátricas, 3093 etiologia da, 3093-3094, 3094q fatores de risco para, 594q, 602 hipomagnesemia e, 3091 hipopocalcemia e, 361 manifestações clínicas da, 594q, 609q, 3094 manifestações orais da, 268 miopatia na, 3507 no idoso, 575, 3093 osteomalacia devido à, 3094 osteoporose associada à, 3122 prevalência da, 3093 raquitismo devido à, 3094,3112q, 3117 tratamento da, 362, 602, 3091, 3095 triagem e avaliação da, 2875q efeitos benéficos da, 442 em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q estrutura da, 597f fontes de, 602 fotoquímica da, 442 funções da, 597q, 602 ingestão recomendada de, 590q má absorção de, relacionada com cirurgia, 2454 metabolismo da,3092, 3092f, 3093f metabolismo deficiente da, 3112q, 3117 no tratamento/prevenção da osteoporose, 3129 para hipoparatiroidismo, 3115 para hipopocalcemia, 3119-3120 resistência, 361 síntese da, 442, 3092, 3092f, 3093f suplementos, 602 no idoso, 575, 580, 584 para hipocalcemia, 362 para psoríase, 406q toxicidade da, 602, 3108 valores de referência para, 3599q
distúrbios associados ao, 410 fisiopatologia do, 41 lq manifestações clínicas do, 39lq, 394f, 41 lq, el6-3f tratamento do, 41 lq, 447 Vittaforma spp, 1733 VLA-4, 540 VLDL (lipoproteinas de densidade muito baixa), 3145, 3145f, 3146q, 3147 VMIS (ventilação mandatória intermitente sincronizada), 2211. Ver também Ventilação mecânica VMO (vesículas da membrana externa), 1218,1218f VNI. Ver Ventilação não invasiva (VNI) Volume alvo, na radioterapia, 691 Volume arterial efetivo, redução do, 291 Volume corpuscular médio, 449,450, 450q Volume de distribuição, 36 Volume de reserva expiratório, 2088f Volume de trânsito, na radioterapia, 691 Volume diastólico final ventricular, 1807,1808f Volume expiratório forçado em 1 s (VEFj), 2092, 2093f Volume intravascular, efeito sobre a pressão arterial, 2043 Volume residual (VR), 2087f, 2088, 2088f, 2093f Volume sanguíneo, regulação do, 2287f, 2288 Volume sistólico cálculo e valores normais, 2218q determinantes do, 1806, 1808f, 1808q, 1809f no choque, 2216 Volume vascular, efeito sobre a pressão arterial, 2043 Volume(s) pulmonar(es) fisiologia do(s), 2087-2088, 2088f medida do(s), 2091-2092 valores de referência, 3607q Volutrauma, induzida por respirador, 2199 Vólvulo sigmoide, 2417, 2418f Vômitos. Ver também Náusea e vômitos alcalose metabólica nos, 370 após laceração de Mallory-Weiss, 2436-2437 ativadores dos, 301 autoinduzido, 640 coordenação dos, 301 definição de, 301 funcionais, 301 hiponatremia nos, 344 hipopotassemia nos, 354 hipovolemia nos, 343 na colecistite aguda, 2621 na gastrenterite. Ver Gastrenterite na obstrução intestinal aguda, 2514 perda de água nos, 588 Vorapaxar, 992 Voriconazol antibiograma para, e22-10 contraindicações para, 1638 efeitos adversos do, 414,433,1638 indicações para, 1638 para candidíase oral, 264 para infecção por Aspergillus, 1659q para infecção por Blastomyces, 1648 para infecção por Fusarium, 1668 para infecções no paciente com câncer, 720 para infecções por Candida, 716, 1654f variações genéticas na resposta ao, 42q,1638
Vorinostate ação do, 679, 705f, 706 dose do, 70 lq efeitos adversos do, 70 lq Voz de “batata quente”, 265 VPP (valor positivo preditivo), 659, 659q VR (volume residual), 2087f, 2088, 2088f, 2093f VRE. Ver Enterococos resistentes à vancomicina v-src, 664 VX, 1780q, 1783. Ver também agentes neurais VZV. Ver Vírus Varicela-zóster (VZV)
w Western blot, 1440, 1538, 1539f Wolbachia, 1413
World Alliance for Patient Safety, 89 Wuchereria bancrofti, 1745q, e25-3q. Ver também Filariose linfática
X Xampu anticaspa, 398 Xampu contendo enxofre, para tinha versicolor, 402 Xantelasma, 392f, 418 Xantina oxidase, 46, 46q Xantinúria, 3186, 3186q Xantinúria hereditária, 3186,3186q Xantoastrocitoma(s), pleomórfico(s), 3387 Xantoastrocitomas plemórficos, 3387 Xantoma, 417q, 418 do tendão, 418 dobra palmar, 1821 em hemizigotos para hipercolesterolemia familiar, e41-4f eruptivo papular, e41-4f na hiperlipoproteinemia tipo III, e41-4f plano, 418 planos normolipêmicos, 418 tendíneo, e41-3f tuberoso, 418 Xantomas eruptivos papilares, e41-f Xantomas tendíneos, e41-3f Xarope de ipeca para contaminação interna por radionuclídios, 1793 para intoxicação/overdose de drogas, e50-7 Xerocitose, 876 Xeroderma pigmentoso câncer de pele no, 731 efeitos induzidos pela luz ultravioleta no, 441 fatores genéticos no, 488,496 Xeroftalmina, 601, 2476q Xerose, 39 lq Xerostomia doença dentária e, 268 etiologia da, 274 induzida por fármacos, 274 na esclerose sistêmica, 2766 na síndrome de Sjõgren, 2771 relacionada com radioterapia, 736 XL228, 917q
Y Yersinia enterocolitica, 1311,1313. Ver também Infecções por Yersinia spp.
(iersiniose) Yersinia pseudotuberculosis, 1311,1313. Ver também Infecções por Yersinia spp
(iersiniose)
Yersinia spp.
fenótipos da, 1305 identificação laboratorial de, 13081309 interações ligante-receptor da, 1014q, 1015 invasão tecidual por, 1021,1311-1312 Yersiniabactin, 1312 Yersinina pestis, 1773. Ver também Peste como agente de bioterrorismo, 1305, 1308,1771,1773 identificação laboratorial da, 13081309,1309f patogenia da, 1306-1307
Zafirlucaste para angioedema, 2713 para asma, 2112 para urticária, 2713 Zalcitabina (ddC) efeitos adversos da, 433,1570q, 3466q estrutura da, 1574f para infecção pelo HIV, 1570,1574 Zaleplona, para insônia, 217 Zaloplona, overdose/intoxicação com, r50-12q Zanamivir ação do, 1442 efeitos adversos do, 1497 farmacologia do, 1442 para faringite, 264 para infecções em pacientes com câncer, 72lq para profilaxia da influenza, 1443q, 1498q, 1499 para tratamento da influenza, 72 lq, 1125, 1443, 1443q, 1497,1498q resistência ao, 1446 Zeaxantina, 601 ZGQ (zona de gatilho quimiorreceptora), 74, 301 Zicam, e2-3 Zidovudina (AZT) ação da, 1573-1574 efeitos adversos da, 1570q, 1574 anemia, 1556 cutânea, 433 distúrbios ungueais, 434,1558 hipertricose, 434 miopatia, 1562, 3508, 3508q neutropenia, 476 pigmentação oral, 272q estrutura molecular da, 1574f interações medicamentosas da, 1047, 1676q para infecção pelo HIV, 61,1515, 1570q, 1573-1574 para infecção por EBV, 1125 resistência à, 1574,1576f Zigomicose. Ver Mucormicose Zileutona, 44 Zimbábue, fornecimento de assistência médica, el-7 Zinco, 603 absorção do, 604 deficiência de, com deficiência de vitamina A, 601 considerações globais, 604,608 manifestações clínicas da, 595q, 604,607 risco de câncer esofágico e, 764 em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 618q funções do, 603-604 ingestão recomendada de, 59lq
ÍNDICE
Vitamina E, 602 absorção de, 602 deficiência de distúrbios atáxicos na, 3344 familiar, 603 fatores de risco para, 594q, 603 manifestações clínicas da, 594q, 602 neuropatias na, 3468 tratamento da, 603 em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q estrutura da, 597f fontes nutricionais de, 603 funções da, 597f ingestão recomendada de, 590q, 603 metabolismo da, 602 para degeneração macular, 235 suplementos efeitos adversos dos, 461 para dismenorreia, 388 para prevenção do câncer de próstata, e2-5 para prevenção do câncer de pulmão, 561 toxicidade da, 603 valores de referencia para, 3599q Vitamina K, 603 deficiência de, 603, 980 etiologia da, 980 fatores de risco para, 494q, 603 manifestações clínicas da, 594q, 603, 609q sangramento na, 461 testes de coagulação na, 463q tratamento da, 980 em altas doses, para carcinoma hepatocelular, 783, 783q em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617q, 618 estrutura da, 597f fontes nutricionais de, 603 funções da, 597f, 603,980 metabolismo da, 978, 978f para necrose causada por varfarina, 434 suplementos, 603 para carcinoma hepatocelular, 585 para distúrbios de coagulação na doença hepática, 981 para recém-nascidos, 980 para sangramento induzido por varfarina, 999-1000 para tratamento/prevenção da osteoporose, 3129 toxicidade da, 603 valores de referência para, 3599q Vitamina K epóxido redutase (VVKOR), 44, 978, 998 Vitamina(s), 595 absorção de, 2461 após cirurgia bariátrica, 636 avaliação do estado nutricional, 611 deficiências de, 594 distúrbios genéticos relacionados com, 3222q em fórmulas de suporte nutricional especializadas, 617,617q estrutura da(s), 596-597f funções da(s), 596-597 ingestão recomendada de, 590q reservas corporais de, 594 valores de referência para, 3599q Vitiligo atividade do inflamossomo no, 2657f diagnóstico do, 394,41 lq
1-157
nível de ingestão superior tolerável de, 595q para degeneração macular, 235 para doença de Wilson, 3189-3190, 3189q suplementos, efeitos adversos dos, 246 para deficiência de zinco, 604 para disfunção olfatória, 247 para encefalopatia hepática, 2602 toxicidade do, 595q, 604 Ziprasidona efeitos adversos da, 3544q para esquizofrenia, 3543, 3544q
Zircónio, 420 Zn-DTPA, para contaminação por radionuclídios internos, 1794,1794q Zoledronato (ácido zoledrônico) para doença de Paget do osso, 3139, 3139q para hipercalcemia, 361, 828, 3111q, 3112 para mieloma múltiplo, 942 para prevenção da perda óssea no câncer de próstata, 804 para tratamento/prevenção da osteoporose, 3131
Zolmitriptana para cefaleia em salvas, 122 para enxaqueca, 118q, 119,119q spray nasal, 118q, 119 Zolpidem overdose/intoxicação com, e50-12q para insônia, 78,216q, 217 Zona de gatilho quimiorreceptora (ZGQ), 74, 301 Zonisamida efeitos adversos da, 3265q para epilepsia, 3265q
para overdose/intoxicação com, e5012q para síndrome dos vômitos cíclicos, 304 Zóster. Ver Herpes-zóster Zóster oftálmico. Ver Herpes-zóster oftálmico Zóster sem herpes, 1464 Zumbido venoso, el3-8
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