Hans Ulrich Gumbrecht - Modernização Dos Sentidos-Editora 34 (1998) PDF

November 9, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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Hans Ulrich Gumbrecht MODERNIZAÇÃO DOS SENTIDOS Traduo Lwence Floes Perei

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NÃO DANIFQUE ESTA ETQETA

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editora.34

1

CASCAT CAS CATAS AS DE MOD ERNIDA DE

Quem opera co m problemas e conceitos conceitos como os de moderni dade e modernização, períodos e transições de período, progresso progress o e estagna estagnação ção - pel peloo menos menos quem quem o faz dentro do campo da cul tura ocidental e está interessado em discutir a identidade do pró prio presen presente te histór histórico ico - não pode deixar de de confrontar confrontar--se com o fato de uma sobreposição desordenada entre uma série de conceitos diferentes de modernidade e moderniza'2º· Como cas catas, esses conceitos diferentes de modernidade parecem seguir um ao outro numa seqüência extremamente veloz, mas, retros pectivamente, observa-se também como se cruzam, como os seus efeitos se acumulam e como eles interferem mutuamente n uma di mensão (dif (difícil ícil de descrever) descrever) de simultaneidade . Devido à etimologia daque daqu elas palavras que, em línguas eu ropéias diferentes, derivam do latim ho iernus (i.e. de hoje ), tem sido possível, desde o final da Antigüidade, usar o adjetivo mo derno para estabelecer distinções distinções entre o estágio presente e o an d

 

terior história das instituições. instituições improvável, imprová portanto, que uma mo ernus .seÉ expressão como papa refira a umvel, pa pa papa especificamente cabeça aberta (ou mesmo progressis progressista ta ), mas simplesme simplesmente nte ao papa atual , num momento cronológico cronológico determinado. Emb ora essee uso se mantenh a bastant e vivo, ess vivo, os problemas interessantes re ferentes à modern idade provêm exclusivament exclusivamentee de um nível dis tinto de suas significações, ou seja, da interferência entre concei tos diferentes de período que estão acopl ados a esse único signifi signifi cante. Há uma noção de nicio da dade Moderna que, enfatizando acontecimentos famosos como a descoberta do Novo Mundo ou a invenção da imprensa, 2 subsume os movimentos movimentos e as mu danças Modernizaçção dos Sentido Moderniza Sentidoss

9

que cri111m a impressão de deixar para trás" o que fora até en

diferentemente dos conceitos sistemáticos, sistemáticos, os problemas inerentes

tão chan, ado ado de "Idad e das Trevas ". Se essa lOdernidade-Renas _çença frn o principal objeto de fascínio do século XIX, os historia

às noções históricas não podem ser resolvidos via definições definições trans

dores atuais têm se mostrado mais preocupados, em contraparti

de definições, definições, o histori ador está obrigad o à tarefa de desenvolver

da, em d, screver um proce processo sso enormemente enormement e complexo c omplexo deJnoder

descriçõess cada vez mais complexas e sofisticadas dos momentos descriçõe

nização

e das situações do passado -descrições que podem refletir-se em

istemológica cujo centro eles

situam entre 1780 e 1830. 3

parentes ou mesmo consensuais. Em vez de obter clareza por meio

É a essa t,rópria transição que se referia Hegel - como situação contem111)rânea - q u a n d o deu à su a filosofia filosofia a condição de enca

conceitos de períod o sempre mais complexos. Afinal, não deveria ser nosso interesse interesse dispensar o passado , controlan do-o em concei concei

minhar I história a um fim e defendeu, numa tese complementar, que a a, 1 • perder a suas funções para a humanidade. Em aparente

tos eficie eficientes, ntes, mas somente pôr a nós mesmos e ao nosso presen te em confro nto com as imagens mais ricas possíve possíveiis da alterida de histórica. Portanto, quando tento enfatizar as diferenças entre as quatro modernidades mencionadas, minha meta principal é analisar e usar a dinâmica de sua seqüência em cascata como uma pré-história que nos ajuda rá a focalizar o status histórico peculi pecu liar ao nosso próprio momento. Nesse procedimento hermenêutico hermenêutico

contracl,~ ão com o conceito hegeliano de "fim do período da arte", uma ter eira noção de mo dernidade, freqüentemente especificada

como Alia Modernidade_j tem um camp o de aplicação muito mais

estreito E.vaca uma época especificamente especificamente produtiva nas histórias ocident 11s da literatura e das artes, durante as primeiras décadas particularm@hte, por programas ra do século XX, época ma rcad a, particularm@hte, dicais, , perimentos audaciosos. 4 Embora possa ser verdade que o cone, 11 de Pós-modernidade surgiu, pela primeira vez, com a

derna, ,le um lado, e as do final do século XX, de outro, 5 não há

bastante convencional convencional de confro ntar passado e presente há algo, no entanto, muito menos convencional convencional em jogo. Poderia muito bem acontecer que a viabilidade de tal co ntraste depen dependesse desse do cronótopQ tempo histórico histórico"" - o qual, qual, freqü freqüent enteme emente nte,, compre compre endemos equivocadamente como um fenômeno meta-histórico, não obstante a sua ocorrência esteja limitada (no máximo) ao

dúvida lc que, nesse meio tempo, esse conceito mais recente de mo

período de tempo d as dife diferente rentess modernidade modernidades. s. Se acontecesse que,

dernid ,de transformou-se no ponto focal de uma nova discussão

nessas cascatas de modernização ou através delas, o cronótopo do tempo histórico tivesse tivesse chegado ao seu fim, a descrição do pas sado não fun funci ciona onaria ria mais mais - pe pelo lo menos menos,, não mais necessaria ment me ntee - como um segu segundo ndo plan plano o para a identifi identificação do presente.

descri~ 1 de determinada s características estilísticas estilísticas que permiti ram eM ,l,ele ,l,elecer cer uma diferença entre a literatu ra e a arte alto -mo

episte1111tlógica que busca determinar a identidade do nosso pró

prio h11 d do segundo milênio, atentando especificamente para a sua co,,,lição de construtora de temporalidade . 111 iar um ensaio apontando

quatro configurações e concei

Nesse caso, a análise histórica das cascatas de modernização te

tos dit1 ,entes que se confund em facilmente facilmente porqu e todos eles eles po

ria o status de uma rJlÍSe en-abime para esse tipo de análise e para

dem , , 1tpresentados com o mesmo termo "Mode rnid ade" , pode

o cronótopo tempo histórico" como seu pré-requisito principal. principa l.

I

r um gesto que torna por demais previsível o argumento deveriaa pro por a seguir definiç definições ões mais transpa, • 11111nte. Não deveri

,

111h

1 111

dlh,, 1

111

nos permitam distinguir claramente os quatro períod os

11111 111 1 1 ~1.111 de consenso no uso de tais conceitos seria proveitoproveito-

,,

111

INÍCIO DA MODERNIDADE

dn Modernidade? Com certeza, não estou negando que p111

ut r o

ladc, e acima de tudo, convém insistir em que,

I ans Ulrich Gumbrecht

A seqüência de inovações que, como já propus, pode serre presentada metonímicamente pela invenção da imprensa e pela

Modernização dos Sentidos

11

como uma condição condição complexa complexa

tórias uma estratégia de chegar a um acord o com a infinidad infinidadee agora potencial de suas representações. Toda representação nova

de sua própria percepção do mundo. Ao mesmo tempo, aquelas superfícies superfí cies materiais do mundo a que apenas a percepção pode

pode assim ser integrada em modelos cada vez mais complexos de evolução ou em relatos historiográficos. Sob essa perspectiva,

referir-se (mas que estavam reduzidas a um

subordinado

a historicização e a narrativização aparecerão antes como meios

dentro do campo hermenêutico) estão em processo de reavalia

de manipular um problema primordialmente perturbador da per

ção. O interesse do materialismo do século XVIII XVIII pela anatomia, pelas funções e pelos objetos dos sentidos humanos, e seu cres

cepção do mundo e da experiência do que como "realizações evolutivas".

de sua constituição corpórea -

do corpo humano em geral, do

sexo e de se seu u corpo individual individual -

st tus

cente fascínio pela especificidade da experiência estética, parecem

A tese tese segundo a qual a temp oralização é motivada por uma

ser sintomas históricos que prefiguram um tal retorno de corpos

crise de representabilidad e que, po r sua vez, vez, recua até a emergência do observador de segunda ordem implica, como conseqüência, que

e materialidades. Uma vez, contudo, que a percepção como ato físico e o mundo mate físico mate..ria ria como seu seu objeto se tornara m novamente

aquilo que chamamos "~mpo histórico" é el e mesmo um cronó

um tipo de experiência que é baseada exclusivamente em concei concei

e, neste neste sentido, sentido, um cronóto po bastante recente. Ora, o que exatamente é espec específico ífico acerca do

t os - e se a percepção física e a experiência conceituai podem em todo caso ser mediadas ou reconciliadas. Encontramo-nos ainda

"tempo histórico"? Estamos tão acostumados com esse padrão complexo de experiência que é possível que uma resposta não

- e talv talvez ez mais mais intens intensame amente nte do que nunc nuncaa - con confro fronta ntados dos com com esses problemas. Se, em segundo lugar, o novo ob servador, ª-ut ª-uto o

apareça imediatamente. Parece seguro dizer, contudo, que somente desde o início do sécul século o XIX atribuiu-se ao tempo a função de ser

tópicos, surgem as questões de saber como eles se relacionam com

_to_eo histori historicamente camente es espec pecífi ífico co -

reflexivo, S?be qye o conteúdo de toda observação deQende de sua

um agente absoluto de mudança. No interior do tempo históri

posição particular e é claro que a palavra "posição" cobre aqui posição uma multiplicidade de condições interagentes), fica fica claro que -

co, não se pode imaginar que quaisquer fenômenos estão livres de mudan mudança ça - e is isso leva leva à aceitação geral da premissa de que

pelo menos enquanto for mantido o pressuposto de um mundo real" existen existente te - cada fenômeno fenômeno particular pode produzir uma

períodos históricos diferentes não podem ser comparados por

infinidade de percepções, formas de experiência e representações possíveis. possí veis. Nenhum a dessas múltiplas representações pode jamais

te, o tempo como um agente absoluto de mudança dá à inovação o rigor de uma lei compulsória. Doravante, nenhum indivíduo,

pretender ser mais adequada ou episteniologicamente superior a todas as outras. Est Estee é o problema que fQucault denomina a crise _ e r epresentabilidade" .   2 Em terceiro lugar, é possí possível vel conectar

nenhum grupo, e nenhum momento "histórico " tem condições de ser visto como uma repetição de seus predecessores. Dizer que alguém ou algo "permanecem os mesmos" depois de alguns anos

aquilo que Reinhart Koselleck e outros historiadores têm repeti damente descrito descrito como a "temporalização" ou mesmo como a "aceleração do tempo" no século XIX com com essa essa situação de uma

torna-se um cumprimento cada vez mais ambíguo. Se, então, cada

crise de re resenta bilidad e. 13 Em vez de avaliar essa crise como

pelo seu futuro, compreendemos que o tempo histórico gere a pos

quaisquer padrões de qualid~de meta-histórica. 14 Simultaneamen

presente precisa ser experienciado tanto como uma modificação do seu passado quanto como sendo potencialmente modificado

um novo nível de complexidade epistemológica epistemológica ou de adeq uação

sibilidade estrutural de modalização temporal. 15 Cada uma das

referencial, podemos ver no gesto do sé sécu culo lo XIX -

e no nos nosso so

três dimensões do tempo pode agora ser imaginada imaginada do ponto de

- de des descre crever ver os os fenôme fenômenos nos por suas evoluções ou por suas his-

vista das duas outras dimensões: o presente como futuro do pas-

 4

Modernização dos Sentid Sentidos os

Hans Ulrich Gumbrecht

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