Guia Litúrgico Pastoral Cnbb

April 20, 2018 | Author: Arthurs88 | Category: Liturgy, Mass (Liturgy), Liturgical Year, Easter, Eucharist
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Descrição: GUIA LITÚRGICO PASTORAL CNBB...

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1

GUIA LITÚRGICO PASTORAL APRESENTAÇÃO

Há muito tempo vem sendo solicitado pelas equipes de liturgia e pelas comunid ades um Guia Litúrgico Pastoral para ajudar na organização e na animação das celebrações, tendo em vista a participação ativa e consciente do povo na liturgia, a valorização da vida, das cul ­ turas e da rica tradição litúrgica da Igreja. O presente Guia Litúrgico Pastoral, inspirado na tradição litúrgica da Igreja e nas ori ­ entações do Magistério, apoia-se nas práticas celebrativas da Igreja e na caminhada das co ­ munidades. Não pretende cercear nem inibir o trabalho criativo das equipes de liturgia, mas, imbuído do espírito celebrativo, oferece princípios e critérios para animar e renovar as cele­ brações litúrgicas como memória da Páscoa de Jesus Cristo em realização na humanidade e na vida dos cristãos. É um serviço para enriquecer a pastoral litúrgica nas dioceses e paróquias e desen ­ volver a espiritualidade litúrgica como caminho de libertação, comunhão com Deus e solidari­ edade com todas as criaturas, sobretudo os seres humanos, com especial atenção aos mais pobres e oprimidos do mundo. Os destinatários do Guia Litúrgico Pastoral são as comunidades e suas equipes de li ­ turgia. Elaborado numa linguagem simples e popular não substitui a Instrução Geral do Mis­ sal Romano, as Introduções Gerais dos Rituais dos Sacramentos e dos outros livros litúrgi ­ cos. Nelas se apóia e a elas se refere como literatura indispensável para conhecer, viver e celebrar bem a liturgia.

Dom Manoel João Francisco Bispo de Chapecó Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia

2 I - O ANO LITÚRGICO 1. A Liturgia nos ritmos do tempo 1.1. O ritmo diário 1.2. O ritmo semanal 1.3. O ritmo anual 2. As solenidades, festas e memórias 2.1. As Solenidades 2.2. As festas 2.3. As memórias 2.3.1. Memórias obrigatórias e facultativas 2.3.2. Comemorações 3. Indicações particulares (especiais) 3.1. Os Lecionários 3.2. Dias santos de guarda 3.3. Transferência para os domingos do Tempo Comum de celebrações que ocorrem num dia de semana 3.4. Cumprimento do dever pascal 3.5. Jejum e abstinência 3.6 – Meses, semanas e dias temáticos 4. Ocorrência de celebrações litúrgicas Tabela dos dias litúrgicos por ordem de precedência II. CELEBRAÇÃO DOMINICAL DA PALAVRA DE DEUS 1. O sentido teológico-litúrgico das Celebrações Dominicais da Palavra de Deus 2. Elementos para o roteiro da celebração dominical da Palavra de Deus 2.1. Os ritos iniciais 2.2. Os ritos da Palavra 2.3. Ritos de louvor ou ação de graças 2.3.1. Rito de louvor ou ação de graças simples 2.3.2. Rito de louvor ou ação de graças com comunhão eucarística 2.3.3. Rito de louvor ou ação de graças com partilha de alimentos 2.4. Os ritos finais 3. Ação ministerial

3 III. CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA 1.A estrutura da missa 2.O centro da missa: memorial da Páscoa de Cristo 3.A liturgia eucarística A Oração eucarística Ritos de comunhão Preparação das oferendas 4.A Liturgia da Palavra 5.Ritos Iniciais e Ritos Finais Os Ritos Iniciais Os Ritos Finais 6. A comunidade toda celebra a Eucaristia sob a presidência do ministro ordenado 7. Missas e orações para diversas circunstâncias . Missas rituais . Missas e orações para diversas necessidades Missas votivas 7.3.1. Missa votiva do Sagrado Coração de Jesus 7.3.2. Missa votiva no aniversário do Papa, do Bispo e da ordenação sacerdotal. 7.4.

Missa pelos fiéis defuntos

7.5.

Missas com presença de vários bispos e/ou presbíteros

8.

Orientações litúrgico-pastorais

8.1.

Aspersão do povo nos domingos

8.2.

Pão para a celebração da Eucaristia

8.3.

Comunhão dos fiéis

8.4. Comunhão sob duas espécies 8.5. Comunhão na mão 8.6. Jejum eucarístico 8.7. Aplicação da missa pelo povo 8.8. Adoração eucarística 8.8.1. O Culto eucarístico fora da missa nasce da celebração da Eucaristia 8.8.2. “Nós adoramos o que conhecemos”(Jo 14,22) 8.8.3. A exposição do Santíssimo Sacramento 8.8.3.1.A exposição prolongada do Santíssimo Sacramento

4 8.8.3.2. A exposição breve 8.8.4. O ministro da exposição 8.8.5. Ambiente adequado 8.8.6. Adoração eucarística e a escuta da Palavra. 9. Missas de rádio e televisão IV.

CELEBRAÇÃO DO MATRIMÔNIO CRISTÃO 1. Importância e dignidade do sacramento do Matrimônio 2. Preparação e celebração do matrimônio

V. A CELEBRAÇÃO DE BÊNÇÃOS 1.O sentido da bênção 2.A bênção como ação litúrgica 3.Elementos da celebração de bênção 4.Ministro da bênção 5.Algumas pistas pastorais VI. EXÉQUIAS 1. O sentido teológico-litúrgico da celebração das exéquias 2. A celebração da morte - plenitude da páscoa dos cristãos 3. A Cremação 4. O(a) ministro(a) das exéquias 5. O luto VII. CANTO E MÚSICA NA LITURGIA 1. Critérios para a criação e escolha do repertório litúrgico 2. ‘Ministérios’ litúrgico-musicais 2.1.Ministério dos compositores (letristas e músicos) 2.2 Ministério do grupo de cantores ou coral 2.3.Ministério do salmista 2.4. Ministério dos instrumentistas 2.5 Ministério dos regentes ou animadores 3. O canto e a música no tempo do ano litúrgico

5 31. Cantar o Advento do Senhor 3.2. Cantar o Natal do Senhor 3.3. Cantar a Quaresma 3.4. Cantar o Tríduo Pascal 3.5.Cantar a Páscoa do Senhor 3.6.Cantar o Tempo Comum 3.7.Cantar as solenidades e festas 4. Canto e música para os demais sacramentos e sacramentais VIII. OS MINISTÉRIOS LITÚRGICOS 1. Os ministérios ordenados 2. Os ministérios instituídos 3. Os ministérios confiados 3.1. Ministros extraordinários da sagrada Comunhão 3.2. Ministros extraordinários do Batismo 3.3. Testemunhas qualificadas do Matrimônio 3.4. Ministros da Celebração da Palavra 4.

Outras funções ministeriais

IX. O ESPAÇO CELEBRATIVO 1. Átrio 2. O lugar da assembléia 3. O lugar da presidência 4. O lugar da Palavra 5. O lugar do sacrifício e da ceia 6. O lugar do batismo 7. O lugar da reconciliação 8. O lugar da reserva eucarística 9. O lugar das imagens 10. Decoração 11. As vestes litúrgicas 12. Os vasos sagrados 13.Sacristia 14.Igrejas históricas

6 X. PASTORAL LITÚRGICA 1.

Pastoral Litúrgica

2.

Equipes de pastoral litúrgica e equipes de celebração a.

Equipe de pastoral litúrgica

b.

Equipe de celebração

3.

Formação litúrgica

4.

Plano da organização litúrgica

5.

Passos para a preparação da celebração a.

Preparação remota

b.

Preparação próxima

XI. BIBLIOGRAFIA

7 SIGLAS E ABREVIAÇÕES AT

Antigo Testamento

BC

Ritual do Batismo de Crianças

CB

Cerimonial dos Bispos/Cerimonial da Igreja

CD

Vaticano II. Decreto “Christus Dominus” sobre o múnus pastoral dos bispos na Igreja

CDC

Código de Direito Canônico

CELAM

Conselho Episcopal Latino-americano

CELMU Curso Ecumênico de Liturgia e Música Cf.

Confira / Cenferir

CIC

Catecismo da Igreja Católica

CNBB

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

CP

Communio et Progressio, Instrução Past. da Com. Pont. para as comunicações sociais

ELM

Elenco das Leituras da Missa

EM

Eucharisticum Mysterium, Sagrada Congregação dos Ritos e Consilium, 1967.

GS

Constituição Pastoral “Gaudium et Spes” sobre a Igreja no mundo de hoje

IGLH

Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas

IGMR

Instrução Geral sobre o Missal Romano

LG

Vaticano II. Constituição Dogmática “Lumen Gentium” sobre a Igreja

MND

Mane Nobiscum Domine (Carta Apostólica de João Paulo II para o Ano da Eucaristia

MS

Musicam Sacrae, Sagrada Congregação dos Ritos e Consilium, 1967

NALC

Normas sobre o Ano Litúrgico e o Calendário

NT

Novo Testamento

ODC

Ofício Divino das Comunidades

OLM

Ordo Lectionum Missae (Elenco das leituras da missa)

REB

Revista Eclesiástica Brasileira

RM

Ritual do Matrimônio

RP

Ritual da Penitência

SC

Constituição “Sacrosanctum Concilium” sobre a Sagrada

SD

Santo Domingo – IV Conferência do Episcopado Latino-Americano, 1992

UE

Rito da Unção dos Enfermos e sua Assistência Pastoral

VV.AA.

Vários Autores

8 I - O ANO LITÚRGICO A liturgia é a celebração do Mistério Pascal de Cristo. Em volta deste núcleo funda ­ mental da nossa fé, celebramos o Ano Litúrgico que foi se organizando para manter viva a memória do Ressuscitado na vida de cada pessoa e de cada comunidade. O Ano Litúrgico “revela todo o mistério de Cristo no decorrer do ano, desde a e ncar­ nação e nascimento até a ascensão, ao pentecostes e a expectativa da feliz esperança da vinda do Senhor” (SC 102). Ele assim nos propõe um caminho espiritual, ou seja, a vivência da graça própria de cada aspecto do mistério de Cristo, presente e operante nas diversas fes ­ tas e nos diversos tempos litúrgicos (cf. NALC 1). Em síntese, através do Ano Litúrgico, os fiéis fazem a experiência de se configurar ao seu Senhor e dele aprenderem a viver “os seus sentimentos” (cf. Fl 2,5). 1.

A Liturgia nos ritmos do tempo

O Ano Litúrgico não apenas recorda as ações de Jesus Cristo, nem somente r enova a lembrança de ações passadas, mas sua celebração tem força sacramental e especial eficácia para alimentar a vida cristã 1. Por isso, o Ano Litúrgico é sacramento e, assim, torna-se um ca­ minho pedagógico-espiritual nos ritmos do tempo. Como a vida, a liturgia segue um ritmo que garante a repetição, característica da ação memorial. Repetindo, a Igreja guarda a sua identidade. Para fazer memória do mistério, a liturgia se utiliza de três ritmos diferentes: o ritmo diário, alternando manhã e tarde, dia e noite, luz e trevas; o ritmo semanal, alternando trabalho e descanso, ação e celebração; o rit­ mo anual, alternando o ciclo das estações e a sucessão dos anos. 1.1 - O ritmo diário O anoitecer e o amanhecer são dois momentos que marcam o dia da comunida­ de cristã. A Igreja celebra a memória da páscoa de Jesus na oração da tarde (vésperas) e na oração da manhã (laudes). Pelo Ofício Divino, o povo de Deus faz memória de Jesus Cristo nas horas do dia, acompanhando o caminho do sol, símbolo de Cristo - daí o nome “Liturgia das Horas”. De tarde, o sol poente evoca o mistério da morte, na esperança da ressurreição. De manhã, o sol nascente evoca o mistério da ressurreição, novo dia para a humanidade. De noite, nas 1

Cf. Paulo VI, Carta Apostólica Mysterii paschalis celebrationem, dada em forma de Motu proprio aprovando as Normas universais sobre o ano litúrgico e o novo Calendário Romano, 1969.

9 vigílias, principalmente na de sábado à noite, que inicia o domingo, dia da ressurreição, celebramos em espera vigilante o mistério da volta do Senhor. Em algum outro momento do dia ou da noite, rezamos o “Ofício das Leituras”. E, em qualquer hora do dia, celebramos a Eucaristia, que abrange a totalidade do tempo. Com hinos, salmos e cânticos bíblicos, com leituras próprias, com preces de louvor e de súplica, celebramos o mistério pascal do Cristo. Como toda a liturgia, o Ofício acompanha o Ano Litúrgico, expressa nosso caminhar pascal, do nascimento à morte e ressurreição, do advento à segunda vinda gloriosa de Cristo. Como oração do povo de Deus, verdadeira ação litúrgica, o Ofício Divino é excelente escola e referência fundamental para nossa oração individual. Os ministros ordenados e religiosos assumem publicamente o compromisso de celebrarem a Liturgia das Horas nas principais horas do dia. Os fiéis leigos também são convidados a celebrá-la, individual ou comunitariamente. Podem fazê-lo seguindo o roteiro simples e adaptado proposto pelo Ofício Divino das Comunidades, que conserva a teologia e a estrutura da Liturgia das Horas. Incentivem-se também outras formas de oração comunitária da Igreja, por exem­ plo, Ofícios Breves adaptados, Celebrações da Palavra de Deus, Horas Santas, Ladainhas, Ângelus, Via-Sacra e Rosário comunitário. Precisamente falando, “o dia litúrgico se estende da meia-noite à meia-noite. A celebração do domingo e das solenidades começa, porém, com as Vésperas do dia prece­ dente” (NALC 3). 1.2 - O ritmo semanal O ritmo semanal é marcado pelo domingo, o dia em que o Senhor se manifestou ressuscitado (cf. Mc 16,2; Lc 24,1; Mt 28,1; Jo 20,1). A história do domingo nasce na cruz e na ressurreição de Jesus. No primeiro dia da semana, quando as mulheres foram para embalsamar seu corpo, já não o encontr aram mais. Neste dia, ele apareceu vivo a vários dos discípulos, sozinhos, ou reunidos; comeu e bebeu com eles e falou-lhes do Reino de Deus e da missão que tinham que levar adiante (Mt, 28,59; Lc 24,13-49; Mc 16,14; Jo 20,11-18; 20,24-29; Ap 1,10). O dia de Pentecostes, vinda do Espírito Santo, também aconteceu no domingo (At 2,1-11). “No primeiro dia de cada semana, que é chamado dia do Senhor ou domingo, a Igreja, por uma tradição apostólica que tem origem no próprio dia da Ressurreição de Cristo, celebra o mistério pascal. Por isso, o domingo deve ser tido como o principal dia de festa” (NALC 4).

10 O domingo, conforme rezamos no Prefácio IX dos domingos do Tempo Comum, é o dia em que a família de Deus se reúne para “escutar a Palavra e repartir o Pão consagra­ do, recordar a ressurreição do Senhor na esperança de ver o dia sem ocaso, quando a huma ­ nidade inteira repousará diante do Pai”. João Paulo II, na Carta Apostólica sobre o domingo (Dies Domini), apresenta as cinco características deste dia: Dia do Senhor, Dia de Cristo, Dia da Igreja, Dia do Homem e Dia dos Dias. O mesmo Papa nos pede, na Carta Apostólica Mane Nobiscum Domine, que demos “uma atenção ainda maior à missa dominical, como celebração na qual a comunidade paroquial se reencontra em coro, vendo comumente participantes também os vários grupos, movimentos, associações nela presentes” (MND 23). “Por causa de sua especial importância, o domingo só cede sua celebração às solenidades e festas do Senhor. Os domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa gozam de precedência sobre todas as festas do Senhor e todas as solenidades. As solenidades que ocorrem nestes domingos sejam antecipadas para sábado”(NALC 5). 2 O domingo exclui, por sua natureza própria, a fixação definitiva de qualquer ou ­ tra celebração. São exceções somente as festas da Sagrada Família, do Batismo do Senhor, da Santíssima Trindade, de Jesus Cristo Rei do Universo, a comemoração de todos os fiéis defuntos, e, no Brasil, as solenidades de S. Pedro e S. Paulo, da Assunção de Nossa Senho ­ ra e de Todos os Santos. Os dias que seguem o domingo, chamados dias de semana ou férias, celebramse de diversos modos, segundo a importância própria (cf. NALC 16). Para não repetir as mis­ sas do domingo, é conveniente que, no Tempo Comum e não havendo celebração especial, se utilizem nesses dias também os formulários das Missas votivas e para diversas circunstân ­ cias.

1.3 - O ritmo anual “Através do ciclo anual a Igreja comemora todo o mistério de Cristo, da encarnação ao dia de Pentecostes e à espera da vinda do Senhor” (NALC 17). Este ciclo anual tem um centro, fonte e cume, que é a solenidade da Páscoa. “A solenidade da Páscoa goza no ano li­ túrgico a mesma culminância do domingo em relação à semana” (NALC 18). O ritmo do Ano Litúrgico compreende: 2

A festa da Imaculada Conceição, dia 08/12, quando cai num domingo do Advento, permanece no domingo, concessão fei­ ta pela S. Sé à Igreja no Brasil.

11 a)Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor - da Missa vespertina na Ceia do Senhor até as vésperas do domingo da Ressurreição. É o ápice do ano litúrgico porque celebra a Morte e a Ressurreição do Senhor, “quando Cristo reali­ zou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus pelo seu misté­ rio pascal, quando morrendo destruiu a nossa morte e ressuscitando renovou a vida” (NALC 18). b)Tempo Pascal - os 50 dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes. É o tempo da alegria e da exultação, um só dia de festa, “um gran ­ de domingo” (cf. NALC 22). São dias de Páscoa e não após a Páscoa. “Os oito pri­ meiros dias do tempo pascal formam a oitava da Páscoa e são celebrados como so­ lenidades do Senhor” (NALC 24). A festa da Ascensão é celebrada no Brasil no 7 o domingo da Páscoa. A semana seguinte, até Pentecostes, caracteriza-se pela pre­ paração à celebração da vinda do Espírito Santo. Em sintonia com as outras Igrejas cristãs, no Brasil, realizamos nesta semana a “Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos”. Recomendam-se para esta ocasião orações durante a missa, sobre­ tudo na oração dos fiéis, e oportunamente a celebração da missa votiva pela unida ­ de da Igreja (cf. Dir. Ecum., n. 22 e 24). c)Tempo da Quaresma - da 4a feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Se­ nhor, exclusive. É o tempo para preparar a celebração da Páscoa. “Tanto na liturgia quanto na catequese litúrgica esclareça-se melhor a dupla índole do tempo quares­ mal que, principalmente pela lembrança ou preparação do Batismo e pela penitên­ cia, fazendo os fiéis ouvirem com mais freqüência a palavra de Deus e entregaremse à oração, os dispõe à celebração do mistério pascal” (SC 109). d)Tempo do Natal - das primeiras vésperas do Natal do Senhor ao domingo depois da Epifania ou ao domingo depois do dia 06 de janeiro, inclusive. É a come­ moração do nascimento do Senhor, em que celebramos a “troca de dons entre o céu e a terra”, pedindo que possamos “participar da divindade daquele que uniu ao Pai a nossa humanidade” 3. Na Epifania, celebramos a manifestação de Jesus Cris­ to, Filho de Deus, “luz para iluminar todos os povos no caminho da salvação” 4. e)Tempo do Advento - das primeiras vésperas do domingo que cai no dia 30 de novembro ou no domingo que lhe fica mais próximo, até as primeiras véspe­ ras do Natal do Senhor. “O tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a pri­ 3 4

Oração sobre as Oferendas, Missa da Noite de Natal. Prefácio da Epifania do Senhor

12 meira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o tempo do Advento se apre ­ senta como um tempo de piedosa e alegre expectativa” (NALC 39). f) Tempo Comum - começa no dia seguinte à celebração da festa do Batis­ mo do Senhor e se estende até a terça-feira antes da Quaresma, inclusive. Reco­ meça na segunda-feira depois do domingo de Pentecostes e termina antes das Pri ­ meiras Vésperas do 1o. domingo do Advento (cf. NALC 44). A tônica dos 33 (ou 34) domingos é dada pela leitura contínua do Evangelho. Cada texto do Evangelho pro­ clamado nos coloca no seguimento de Jesus Cristo, desde o chamamento dos dis­ cípulos até os ensinamentos a respeito dos fins dos tempos. Neste tempo, temos também as festas do Senhor e a comemoração das testemunhas do mistério pascal (Maria, Apóstolos e Evangelistas, demais Santos e Santas). g)As Rogações e as Quatro Têmporas - em cada estação do ano, a Igreja dedica um ou vários dias de preces, jejuns e penitência para rogar ao Senhor por diversas necessidades, principalmente pelos frutos da terra e pelo trabalho huma­ no, e render-lhe graças publicamente (cf. NALC 45). Estas celebrações têm origem nas festas de semeadura e nas festas de colheita. Apesar de sua origem agrária, elas não deixam de ter sentido nos tempos atuais, por causa da crescente consci­ ência ecológica do mundo moderno. Conforme decisão da CNBB, na sua XII As­ sembléia Geral, em 1971, a regulamentação da celebração das Têmporas e Roga ­ ções fica a critério dos Conselhos Episcopais Regionais. Para tais celebrações, po­ de-se escolher as mais adequadas entre as Missas para diversas circunstâncias. 2. As solenidades, festas e memórias As Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário Romano (NALC), promulgadas por Paulo VI, em 1969, distinguem as celebrações, segundo sua importância, em Solenidade, Festa e Memória (NALC 10). 2.1 - As Solenidades “As solenidades são constituídas pelos dias mais importantes, cuja celebração começa no dia precedente com as Primeiras Vésperas. Algumas solenidades são também en ­ riquecidas com uma Missa própria para a Vigília, que deve ser usada na véspera quando

13 houver Missa vespertina” (NALC 11). Estas celebrações têm orações, leituras e cantos própri­ os ou retirados do Comum. 2.2 - As festas “As festas celebram-se nos limites do dia natural; por isso, não têm Prime iras Vésperas, a não ser que se trate de festas do Senhor que ocorrem nos domingos do Tempo Comum e do Tempo do Natal, cujo Ofício substituem” (NALC 13). Na Missa, as orações, leitu­ ras e cantos são próprios ou do Comum. 2.3 - As memórias “As memórias são obrigatórias ou facultativas: sua celebração, porém, se har­ moniza com a celebração do dia de semana ocorrente, segundo as normas expostas nas Ins ­ truções Gerais sobre o Missal Romano e a Liturgia das Horas” (NALC 14). Trata-se de cele­ brações que ocorrem no dia de semana, nas quais se inclui uma simples recordação (daí me­ mória) do respectivo santo. Neste caso, os elementos fundamentais, como as leituras, são os do dia de semana ocorrente. “Se, no mesmo dia, ocorrem no calendário várias memórias facultativas, celebra-se apenas uma, omitindo-se as outras” (NALC 14). 2.3.1 - Memórias obrigatórias e facultativas No que se refere à distinção entre memórias obrigatórias e memórias facultativas, a única diferença é que as memórias obrigatórias (como seu nome sugere) devem necessaria­ mente ser celebradas e as memórias facultativas podem ser celebradas ou omitidas, segundo se considere oportuno. Quanto ao modo de celebrá-las, procede-se da mesma maneira em ambos os casos. “Nos sábados do Tempo Comum, não ocorrendo memória obrigatória, pode-se ce­ lebrar a memória facultativa da Santa Virgem Maria” (NALC 15). Algumas memórias obrigatórias ou facultativas, quando celebradas, têm Laudes e Vésperas festivas, com antífonas próprias. Neste caso, nas Laudes, tomam-se os salmos do domingo da primeira semana e, nas Vésperas, os salmos do comum.

2.3.2 – Comemorações

14 As memórias obrigatórias, que ocorrem nos dias de semana da Quaresma e nos dias 17 a 24 de dezembro, podem ser celebradas como memórias facultativas. Neste caso, são chamadas simplesmente de comemoração. A celebração de todos os fiéis defuntos, por não ter caráter de solenidade, festa ou memória propriamente ditas, é chamada pela Igreja de Comemoração. Trata-se de uma Co­ memoração muito especial, celebrada mesmo quando ocorre em domingo. 3. Indicações particulares (especiais) 3.1 – Os textos dos Lecionários As leituras indicadas nos Lecionários foram dispostas da seguinte maneira: para os domingos e festas temos um ciclo de três anos (está no Lecionário Dominical): A – Ma ­ teus; B – Marcos; C – Lucas. O evangelho de João é proclamado em algumas solenidades e também durante alguns domingos do ano B. Para os dias de semana o Evangelho tem um ci ­ clo anual e as leituras um cliclo bienal, um para os anos pares e outro para os anos ímpares (está no Lecionário Semanal). Para as festas e memórias dos santos, temos leituras próprias, indicadas no Lecionário Santoral. 3.2 - Dias santos de guarda “Dias de festa”, “dias de preceito”, “festas de preceito” ou, como se diz, “dias santos de guarda”, são dias em que “os fiéis têm obrigação de participar da Missa e devem abster-se das atividades e negócios que impeçam o culto a ser prestado a Deus, a alegria própria do Dia do Senhor e o devido descanso do corpo e da alma” (cân. 1247) O domingo é o dia de festa por excelência, em toda a Igreja. No Brasil, além do do ­ mingo, são festas de preceito os dias: do Natal do Senhor Jesus Cristo (25 de dezembro); do SS. Corpo e Sangue de Cristo (quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade); de San ­ ta Maria Mãe de Deus (1 de janeiro); da Imaculada Conceição de Nossa Senhora (8 de de­ zembro). As celebrações da Epifania, da Ascensão, da Assunção de Nossa Senhora, dos San ­ tos Apóstolos Pedro e Paulo e a de Todos os Santos ficam transferidas para o domingo, de acordo com as normas litúrgicas. 3.3 - Transferência para os domingos do Tempo Comum de celebrações que ocorrem num dia de semana

15 Para promover o bem pastoral dos fiéis, é lícito transferir para os domingos do Tempo Comum as celebrações pelas quais o povo tem grande apreço e que ocorrem durante a se­ mana, contanto que, na tabela de precedência, elas se anteponham ao próprio domingo. Es ­ tas celebrações podem ser realizadas em todas as Missas celebradas com o povo (NALC, 58). 3.4 - Cumprimento do dever pascal O tempo útil para o cumprimento do dever pascal, em conformidade com o Código de Direito Canônico (cf. cân. 920, 2), é o próprio ciclo pascal, isto é, desde a Quinta-feira Santa até o domingo de Pentecostes. Por justa causa, este preceito pode ser cumprido em outro tempo dentro do ano. 3.5 - Jejum e abstinência Estão obrigados à lei da abstinência aqueles que tiverem completado catorze anos de idade; estão obrigados à lei do jejum todos os maiores de idade (quem completou 18 anos) até os sessenta anos começados. Todavia, os pastores de almas e pais cuidem para que se ­ jam formados para o genuíno sentido da penitência também os que não estão obrigados à lei do jejum e da abstinência, em razão da pouca idade (cf. cân. 1252). “No Brasil, toda sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com solenidade do calendário litúrgico. Os fiéis nesse dia se abstenham de carne ou outro alimen­ to, ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente obra de caridade ou exercício de piedade. A Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa, memória da Paixão e Morte de Cristo, são dias de jejum e abstinência. A abstinência pode ser substituída pelos próprios fiéis por outra prática de penitência, caridade ou piedade, particularmente pela participação nes ­ ses dias na Sagrada Liturgia” 5. 3.6 - Meses, semanas e dias temáticos “A comunidade deve celebrar a sua vida na liturgia(...). Mas deve celebrá-la à luz de Jesus Cristo ressuscitado, vivo, presente e atuante na comunidade, e não à luz de um tema, de uma idéia (...). Deve celebrar a sua vida, sim, com os problemas que lhe tocam mais de 5

Legislação complementar da CNBB quanto aos cânones 1251 e 1253 do Código de Direito Canônico.

16 perto; mas à luz da palavra viva, como o único tema... E quando não se penetra profunda ­ mente na palavra de Deus, na docilidade do Espírito, facilmente pode-se cair na moralização. (...) Assim, o domingo celebra realmente a vida da comunidade, nos seus diversos coloridos, mergulhada na única vida do Ressuscitado que lhe dá vida” (Liturgia, 20 anos de caminhada pós-conciliar, Coleção Estudos da CNBB, no. 42, pág. 79-80). A liturgia não pode se tornar lugar para discutir soluções e respostas para os te ­ mas e problemas que afligem a comunidade. A liturgia “não esgota toda a ação da Igr eja” (SC 9). Ele é, sim, “o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte don ­ de emana a sua força” (SC 10). A liturgia não é primordialmente o lugar de evangelização e conscientização. Ela “não pode ser aproveitada (usada) quase que exclusivamente para fins que não lhe perten ­ cem. Pois seu objetivo é a celebração da presença viva do mistério da vida. Daí se poderá concluir também que a missa não tem tema. Ela é o tema! Existem coloridos diferentes para a celebração, segundo as ‘cores’ da vida da comunidade. Mas o único tema é sempre o mesmo na diversidade das situações: a luz do mistério pascal nas ‘cores’ diferentes da vida trazida com seu mistério para o encontro da celebração dominical” (Liturgia, 20 anos de caminhada pós-conciliar, Coleção Estudos da CNBB, no. 42, pág. 79-80). Para dar aos meses e dias temáticos o seu justo lugar, é importante que a Equi ­ pe de Pastoral Litúrgica prepare bem a celebração, não reproduzindo apenas folhetos e sub ­ sídios oferecidos. Na missa, os “temas” podem ser lembrados no início (recordação da vida), na homilia e nas preces dos fiéis. 4. Ocorrência de celebrações litúrgicas Se ocorrem no mesmo dia várias celebrações, celebra-se a que ocupa um lugar supe­ rior na tabela dos dias litúrgicos. Se uma solenidade for impedida por um dia litúrgico que tem precedência sobre ela, transfere-se para o dia mais próximo que estiver livre. Quando no mesmo dia coincidem as Vésperas Ofício do dia com as Primeiras Vésperas do dia seguinte, rezam-se as Vésperas da celebração que, na tabela dos dias litúrgicos têm precedência; em caso de igualdade, celebram-se as Vésperas do dia. Tabela dos dias litúrgicos por ordem de precedência

1.Tríduo pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor.

17 2.Natal do Senhor, Epifania, Ascensão e Pentecostes. Domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa. Quarta-feira de Cinzas. Férias da Semana Santa, da Segunda à Quinta-feira, inclusive. Dias dentro da Oitava da Páscoa. 3.Solenidades do Senhor, da Virgem Santa Maria e dos Santos inscritos no calendário universal. 4.Solenidades próprias : a)

Solenidade do Padroeiro principal do lugar ou da cidade;

b)

Solenidade da Dedicação e do Aniversário da Dedicação da

igreja própria; c)Solenidade do Título da igreja própria; d)

Solenidade do Titular ou do Fundador ou do Padroeiro prin­

cipal da Ordem ou Congregação; 5.Festas do Senhor inscritas no Calendário universal; 6.Domingos do Tempo de Natal e Domingos do Tempo Comum; 7.Festas da Virgem Santa Maria e dos Santos inscritas no calendário uni­ versal; 8.Festas próprias : a)

Festa do Padroeiro principal da diocese;

b)

Festa do aniversário da Dedicação da igreja catedral;

c)Festa do Padroeiro principal da região ou da província, da nação ou de um território mais vasto; d)

Festa do Titular, do Fundador, do Padroeiro principal da Or­

dem ou Congregação e da província religiosa, salvo o que se prescreve no n. 4; e)

Outras festas próprias de cada igreja;

f) Outras festas inscritas no calendário de alguma diocese ou Ordem ou Congregação;. 9.Férias do Advento, do 17 ao dia 24 de dezembro, inclusive; Dias da Oitava de Natal; Férias da Quaresma; III

18 10.

Memórias obrigatórias do calendário universal;

11.

Memórias obrigatórias próprias: a)

Memória do Padroeiro secundário do lugar, da diocese, da

região ou da província, da nação ou de um território mais vasto, da Ordem ou Congregação e da província religiosa; b)

Outras memórias obrigatórias inscritas no calendário de

cada diocese, Ordem ou Congregação; 12.

Memórias facultativas, que também se podem celebrar no dias re­

feridos no n. 9, segundo o modo peculiar descrito nas Instruções Gerais do Missal Romano e da Liturgia das Horas. Podem celebrar-se da mesma forma, como memó­ rias facultativas, as memórias obrigatórias que, eventualmente, ocorram nas férias da Quaresma; 13.

Férias do Advento até o dia 16 de dezembro, inclusive;

Férias do Tempo de Natal, desde o dia 2 de janeiro até o sábado depois da Epifania; Férias do Tempo Pascal, desde a segunda-feira depois da Oitava da Pás ­ coa até sábado antes de Pentecostes, inclusive;. Férias do Tempo Comum.

II – CELEBRAÇÃO DOMINICAL DA PALAVRA DE DEUS

“A Igreja de Cristo, desde o dia de Pentecostes, após a descida do Espírito Santo, sempre se reuniu fielmente para celebrar o mistério pascal, no dia que foi chamado ´domingo ´, em memória da ressurreição do Senhor. Na assembléia dominical a Igreja lê aquilo que em todas as Escrituras se refere a Cristo e celebra a eucaristia como memorial da morte e ressur­ reição do Senhor, até que Ele venha” 6. A eucaristia é, por excelência, a celebração do Dia do Senhor. Muitas comunida­ des não podendo, porém, celebrar a eucaristia, por falta de presbítero, se reúnem e cele­ bram os mistérios da fé ao redor da Palavra de Deus e, deste modo, asseguram o sentido do domingo. No Brasil, a falta de padres, a dispersão populacional e a situação geográfica do país impedem que inúmeras comunidades tenham a celebração eucarística aos domingos. De 6

Diretório para as celebrações dominicais na ausência do presbítero, n. 1.

19 acordo com dados da CNBB, 70% das comunidades brasileiras se reúnem ao redor da Pala ­ vra de Deus7. As celebrações dominicais da Palavra de Deus são incentivadas pelo Concílio Vatica­ no II: “Promova-se a celebração da Palavra de Deus nas vigílias das festas solenes, em al ­ guns dias feriais do advento e da quaresma e nos domingos e dias de festa, especialmente onde não houver padre; neste caso será um diácono, ou outra pessoa delegada pelo bispo a dirigir a celebração” (SC 35,4). Na verdade, “a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras como o próprio Corpo do Senhor, não deixando nunca, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar da mesa quer da Pala ­ vra de Deus quer do Corpo de Cristo e distribuir aos fiéis o Pão da Vida” (DV 21). “As cele ­ brações sagradas da Palavra de Deus são da máxima utilidade para a vida, quer dos indiví ­ duos quer das comunidades, no sentido de fomentar o espírito e a vida espiritual, despertar neles um amor mais intenso à Palavra de Deus, realizar celebrações mais frutuosas, quer da Eucaristia quer dos outros sacramentos” 8.

1. O sentido teológico-litúrgico das Celebrações Dominicais da Palavra de Deus A assembléia litúrgica do povo sacerdotal, profético e régio realiza a celebração do ­ minical da Palavra de Deus. É o corpo de Cristo reunido, convocado por Deus e animado pelo Espírito Santo. Cristo está realmente presente quando a comunidade se reúne, ora e canta. É Cristo que fala, quando se lêem as sagradas escrituras na comunidade reunida (cf. SC 7). A celebração dominical da Palavra é uma verdadeira ação litúrgica. É a celebr ação do dia do Senhor, páscoa semanal. A cada domingo a comunidade celebrante faz memória e atualiza o mistério pascal do Senhor, ao longo do ano litúrgico 9. A celebração dominical da Palavra de Deus é realizada com gestos e ações simbóli­ cas, como o acendimento do círio, o sinal da cruz, a aspersão com água, o abraço da paz, a bênção, partilha de alimentos etc. Estes são sinais sensíveis que expressam e comunicam a graça que nos vem da páscoa de Cristo. Pela escuta da Palavra de Deus e pela oração (Pai-Nosso, salmos, hinos e outros cânticos, aclamações, oração inicial e final, rito penitencial, preces, louvor e ação de graças, silêncio...) se expressa e se intensifica nossa comunhão com o Pai, por Cristo, no Espírito Santo.

7

Cf. CNBB. Orientações para a celebração da Palavra de Deus (Documento 52), Introdução e n. 2. Cerimonial do Bispos, n. 222. 9 CNBB, Orientações para a celebração da Palavra de Deus (Documento 52), n. 53. 8

20

2. Elementos para o roteiro da celebração dominical da Palavra de Deus Para a celebração da Palavra de Deus, não há um rito definido, porém há uma certa lógica a ser observada que, em seu conjunto, reflete uma coerência teológico-litúrgica. É a ló ­ gica da revelação: o Senhor convida e reúne, o povo atende e se apresenta; o Senhor fala, a assembléia responde professando sua fé, suplicando e rezando, louvando e bendizendo. A comunidade com ritos, gestos e símbolos expressa e renova a Aliança de Deus com o seu povo e deste com Deus. A assembléia é abençoada e enviada em missão para a construção de comunidades vivas 10. Desenvolve-se, desta forma, um verdadeiro diálogo de Deus com o seu povo reunido, um colóquio contínuo do Esposo e da Esposa, ou seja, a oração. É necessário integrar movimento e descanso, gesto e palavra, canto e silêncio, ex­ pressão e interiorização, ação dos ministros e participação da assembléia. Tudo num ritmo harmonioso, respeitando a maneira de ser da pessoa humana, levando em conta as exigênci ­ as da comunicação e da cultura do povo 11. É preciso ainda valorizar os seguintes elementos: 1º - reunião em nome do Senhor (ritos iniciais); 2º - proclamação e atualização da Palavra (ritos da Palavra); 3º - louvor ou ação de graças; 4º - envio e missão (ritos finais) 12. Geralmente, nas celebrações dominicais da Palavra de Deus, os ritos iniciais, os ritos da Palavra e os ritos finais seguem o mesmo roteiro da celebração eucarística. Pode também ser utilizado o roteiro da Liturgia das Horas 13 ou do Ofício Divino das Comunidades. O rito de louvor ou ação de graças nunca deve faltar, pois o domingo é o dia primordi­ al para o louvor e a ação de graças. Este rito pode ser realizado de maneiras diferentes. Entre os subsídios para a celebração dominical da Palavra, pode-se destacar: as Orientações para a celebração da Palavra de Deus, que apresenta oito roteiros que podem ser utilizados nas comunidades 14; o Dia do Senhor, publicado em 6 volumes: tempo comum (anos A, B, C separados), ciclo do natal (Advento e Natal), ciclo da páscoa (Quaresma e Pás ­ 10

Cf. Idem, n. 52. Cf. Ibidem, n. 53. 12 Cf. Ibidem, n. 54. Para estes ritos ver os números 57 a 94 do Documento 52. 13 Cf. Diretório para as celebrações dominicais na ausência do presbítero, n. 33. 14 Cf. CNBB. Orientações para a celebração da Palavra de Deus (Documento 52), Anexos. 11

21 coa) e santoral. São eles subsídios que qualificam as celebrações dominicais da Palavra de Deus. A seguir, apresentamos dois roteiros básicos 15. O roteiro da primeira coluna segue o esquema básico da liturgia da missa e o da segunda coluna, o esquema da Liturgia das Ho ­ ras/Ofício Divino das Comunidades.

2.1. Os ritos iniciais Os ritos inicias têm a finalidade de que os fiéis reunidos constituam comunidadee e se disponham dignamente para a celebração 16. Ritos iniciais * (Procissão e) Canto de abertu­ ra

Ritos iniciais * (Refrão meditativo) * Abertura do ofício

*Sinal da cruz * Saudação inicial, acolhida

* Introdução ao mistério celebra­

*Introdução ao mistério celebra­ do do

* Recordação da vida * Aspersão com água

* Hino

ou Rito penitencial * Glória

* Salmos e cânticos bíblicos * Oração do dia

* Oração do dia 2.2. Os ritos da Palavra Na Liturgia da Palavra, Deus fala ao seu povo, para manifestar-lhe o mistério da re­ denção e da salvação. O próprio Cristo, por sua palavra, está presente no meio dos fiéis. Pe­ los cantos, o povo se apropria da Palavra de Deus e a ela adere pela profissão de fé. Alimen­ tado por essa Palavra, reza, na oração universal, pelas necessidades de toda a Igreja e pela salvação do mundo inteiro 17.

15

Os roteiros básicos aqui apresentados para os diversos momentos rituais foram extraídos do livro Celebração do domingo ao redor da Palavra de Deus , São Paulo, Paulinas, p. 133, de autoria de Ione Buyst, com algumas alterações. 16 Cf. Diretório para as celebrações dominicais na ausência do presbítero, n. 41a. Veja também CNBB, Orientações para a celebração da Palavra de Deus (Documento 52), n. 57-65. 17 Cf. Idem, n. 41b e CNBB, Idem, n. 66-82.

22 Liturgia da Palavra. * Primeira leitura

Liturgia da Palavra. * Primeira leitura

* Salmo responsorial

* Salmo responsorial

* Segunda leitura

* Segunda leitura

* Aclamação ao evangelho

* Aclamação ao evangelho

* Evangelho

* Evangelho

* Homilia - partilha da palavra

* Homilia - partilha da palavra

* Profissão de fé

* Profissão de fé

* Oração dos fiéis

* Oração dos fiéis

2.3. Ritos de louvor ou ação de graças O rito de louvor ou ação de graças, é “um dos elementos fundamentais da celebração co­ munitária, com a qual se bendiz a Deus pela sua imensa glória. A comunidade conhece a ação salva ­ dora de Deus, realizada por Jesus Cristo e canta seus louvores. ‘Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda a sorte de bênçãos’. ‘Ele nos arrancou do poder das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, no qual temos a redenção – a remis­ são dos pecados(Ef 1, 3-10)”18. “A comunidade sempre tem muitos motivos para agradecer ao

Senhor, seja pela vida nova que brota da ressurreição de Jesus, como pelos sinais de vida percebidos durante a semana na vida familiar, comunitária e social” 19. Este momento pode ser realizado com salmos, hinos, cânticos bíblicos, orações litâni ­ cas, louvações populares 20. Não deve ter a forma da celebração eucarística. Não faz parte desta celebração a apresentação das ofertas de pão e de vinho, a oração eucarística da mis­ sa, o canto do cordeiro de Deus, pois este é um canto que acompanha o rito da fração do pão. Não se deve substituir o louvor e a ação de graças pela adoração ao Santíssimo Sacra ­ mento21. Em seguida apresentamos três opções para a realização do rito do louvor ou ação de graças.

2.3.1. Rito de louvor ou ação de graças simples

18

CNBB, Orientações para a celebração da Palavra de Deus (Documento 52), n. 83. Idem, n 84. 20 Cf. Ibidem, n. 85. 21 Cf. Ibidem, n. 86. 19

23 O momento de louvor ou ação de graças pode ser feito de uma forma simples, ou seja, somente com uma oração ou canto de ação de graças ou louvação, oração do Pai Nos­ so, abraço de paz, concluindo com a oração final. Ação de graças

Ação de graças * Cântico evangélico

* Louvação * Pai Nosso

* Pai Nosso

*Abraço da Paz * Oração

*Oração

2.3.2. Rito de louvor ou ação de graças com comunhão eucarística O momento de louvor e ação de graças pode também ser realizado com a distribuição do Pão já consagrado, como é costume em muitas comunidades. Neste caso, após as preces, canta-se a louvação ou ação de graças. Em seguida, o pão consagrado é colocado sobre o altar e passa-se aos ritos da comunhão: Pai Nosso, convite à comunhão, distribuição do pão con­ sagrado, silêncio, oração final.

* Louvação

* Louvação (pode ser o cântico evangélico)

* Entrada com o Pão consagra­ do

* Entrada com o Pão consagra­ do

* Oração do Pai Nosso

* Oração do Pai Nosso

* Abraço da Paz

* Abraço da Paz

* Eis o Cordeiro de Deus

* Eis o Cordeiro de Deus

* Comunhão - canto

* Comunhão - canto

* Silêncio

* Silêncio

* Oração * Oração 2.3.3. Rito de louvor ou ação de graças com partilha de alimentos 22

22

Este modelo se inspira num antigo costume, conservado até hoje, na liturgia bizantina. O pão é abençoado (não eucaristi ­ zado) e distribuído a todos, sem distinção, em sinal de fraternidade, como Jesus que alimentou a multidão no deserto (Cf. L’Osservatore Romano (edição italiana), 09.01.1981, p. 5).

24 Muitas comunidades, conforme sua cultura e não tendo a possibilidade de ter a co­ munhão eucarística, costumam fazer a celebração com a partilha de alimentos. Neste caso, após as preces, os alimentos são colocados em lugar apropriado, em seguida se faz a louvação com bênção ou ação de graças, se reza o Pai Nosso, se fazem a partilha dos alimentos e a oração final.

* Louvação com bênção do pão

* Louvação com benção do pão

(e/ou outros alimentos) seguida de Pai (e/ou outros alimentos – pode ser o cân­ Nosso e partilha dos alimentos

tico evangélico) seguida de Pai Nosso, e partilha dos alimentos

* Oração

* Oração

2.4. Os ritos finais Com os ritos de despedida, a assembléia toma consciência de que é enviada a viver e testemunhar a Aliança no seu dia-a-dia e nos serviços concretos que apressam a vinda do Reino de Deus23. Ritos finais:

Ritos finais:

Avisos, canto, bênção e despedi­

Avisos, canto, bênção e despe­

da.

dida.

3. Ação ministerial A celebração dominical da Palavra de Deus é ação ministerial. Ela supõe uma equipe de liturgia que prepare, anime e integre os diversos serviços: presidência, acolhimento frater­ no, animação, canto, proclamação das leituras e dos salmos, distribuição da comunhão euca ­ rística e outros. É presidida por um diácono ou um leigo ou uma leiga designado(a) para tal serviço24. O presidente assume a função de coordenar a celebração. Realiza os ritos próprios da presidência: saudação inicial (sinal da cruz, saudação bíblica, etc.); proclamação do evan ­

23 24

Cf. CNBB, Orientações para a celebração da Palavra de Deus (Documento 52), n. 92. Cf. Idem, n. 42-43.

25 gelho e homilia; convite às preces; proclamação da ação de graças ou da louvação; convite ao Pai-nosso; convite à comunhão ou à partilha de alimentos; oração final e bênção. O papel principal do presidente é manter viva a relação dialogal entre Deus e a comu­ nidade celebrante, entre os ministérios e a comunidade, entre os vários ministérios. Na celebração da Palavra, exatamente por se tratar de celebração da Palavra, mere ­ ce destaque o ministério do(a) leitor(a). O exercício deste ministério exige boa preparação te­ ológica, espiritual, bíblica e técnica, pois o(a) leitor(a) não age por conta própria, mas em nome de Cristo e na força do Espírito Santo. É Cristo que fala quando se lêem as Escrituras na Igreja (SC 7). Todas as pessoas que desempenham serviços e ministérios nas celebrações domini ­ cais da Palavra de Deus precisam de contínua e adequada formação litúrgica 25. A diversidade de ministérios na celebração é significada exteriormente pela diversida ­ de das vestes, que são sinais que distinguem o serviço que prestam. As vestes podem ser confeccionadas segundo a sensibilidade e o estilo próprio das culturas locais 26. As celebrações dominicais da Palavra de Deus devem ser preparadas com muita de ­ dicação e celebradas com muita unção. Tudo deve ser pensado com cuidado: o espaço cele­ brativo, a preparação dos diversos ministérios, principalmente os ministérios da presidência e dos leitores e salmistas, as ações simbólicas, etc.

III - CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA

“A celebração da missa, como ação de Cristo e do povo de Deus hierarquicamente ordenado, é o centro de toda a vida cristã tanto para a Igreja universal como local e também para a vida dos fiéis” (IGMR 16). “É por isso de máxima conveniência dispor a celebração da Missa ou Ceia do Senhor de tal forma que os ministros e os fiéis, participando cada um conforme sua condição, rece ­ bam mais plenamente aqueles frutos que o Cristo Senhor quis prodigalizar, ao instituir o sa ­ crifício eucarístico de seu corpo e sangue, confiando-o à sua dileta esposa, a Igreja, como memorial de sua paixão e ressurreição” (IGMR 17). “Isto se conseguirá de modo adequado se, levando em conta a natureza e as circuns­ tâncias de cada assembléia, toda a celebração for disposta de tal modo que leve os fiéis à 25 26

Cf. Ibidem, n. 39; Diretório para as celebrações dominicais na ausência do presbítero, n. 30. Cf. CNBB, Orientações para a celebração da Palavra de Deus (Documento 52), n. 49.

26 participação consciente, ativa e plena do corpo e do espírito, animada pelo fervor da fé, da esperança e da caridade. Esta é a participação ardentemente desejada pela Igreja e exigida pela própria natureza da celebração. Ela constitui um direito e um dever do povo cristão em virtude do seu batismo” (IGMR 18). 1. A estrutura da missa A natureza da eucaristia como Ceia do Senhor e o direito e dever de a asse mbléia nela participar ativa, consciente e plenamente exigem, antes de mais nada, que na missa se faça aquilo que Jesus fez na última ceia e que ele mandou fazer em sua memória - tomou o pão, deu graças, partiu o pão e o deu a seus discípulos, depois tomou o cálice, deu graças e o deu a seus discípulos - para assim celebrar sua entrega total ao Pai para a salvação do mundo. Deve-se, portanto, respeitar a estrutura fundamental da celebração eucarística, con­ forme o exemplo e o mandato do Senhor. Ela nos é dada no rito da missa. Este, ao longo da história foi enriquecido e, em certas épocas, deturpado. O Concílio Vaticano II restaurou sua forma clássica. De fato, nós fazemos na missa o que Jesus fez na última ceia: Ele tomou o pão, na preparação das oferendas o pão e o vinho são levados ao altar; Jesus deu graças, nós rezamos a oração eucarística; Jesus partiu o pão, nós o fazemos também antes da comu­ nhão e acompanhamos esta fração do pão com o canto do “Cordeiro de Deus”; ele deu o pão, os ministros dão o corpo e o sangue de Cristo na comunhão. A preparação das oferendas não deve dar a impressão de já ser o oferecimento do sacrifício eucarístico ou de ser a parte mais importante da missa. A oração eucarística é o ponto culminante da missa e, pela dignidade e solenidade de sua realização, assim precisa aparecer. A fração do pão deve ser um gesto visível e significativo. Na comunhão, se dá o corpo de Cristo , se possível, se dê também o sangue do Senhor. Não se saliente indevida ­ mente os elementos que não pertencem à estrutura fundamental da missa, como adoração prolongada no centro da oração eucarística, depois das palavras de Jesus sobre o pão e o vi ­ nho; oração pela paz recitada por toda a assembléia; saudação da paz como confraterniza ­ ção geral de todos. Não se enfraqueça a força do Amém final da oração eucarística pela reci ­ tação em comum da doxologia, pois este Amém é a ratificação pela assembléia de toda a ação de graças e súplica que o sacerdote dirige a Deus, em nome de todos, na oração euca ­ rística. Evidentemente, a eucaristia não é uma refeição qualquer, mas a Ceia do Senhor, na qual fazemos memória do seu sacrifício da cruz, de sua morte e ressurreição. Como diz o

27 nome “eucaristia”, ela é ação de graças e louvor. Anunciando a morte do Senhor, proclaman ­ do a sua ressurreição, celebramos a páscoa do Senhor, do Cristo todo, da cabeça e dos membros do corpo místico. Celebramos a nova e eterna aliança e a antecipação do banquete eterno do reino definitivo. Na celebração, Jesus está realmente presente não apenas nas es ­ pécies do pão e do vinho, mas também na assembléia, nos ministros, na Palavra proclamada, na oração e no canto, já que a eucaristia, como toda celebração litúrgica, é exercício do sa ­ cerdócio de Jesus Cristo, dele e de todos que pelo batismo participam do seu sacerdócio. E, como também o Concílio Vaticano II diz: tudo isso “pela força do Espírito Santo” (SC 6). No Novo Testamento, encontramos vestígios de uma Liturgia da Palavra, que precede a própria ceia eucarística, sobretudo no caminho dos dois discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 1335) e em Trôade (cf. At 20, 7-12). Desde o segundo século, estas duas partes da missa – Li ­ turgia da Palavra e Liturgia Eucarística -, que formam um único ato de culto, são claramente documentadas. Os Ritos Iniciais e Finais da missa completam a estrutura da celebração eucarística. Eles não devem, no entanto, receber um peso indevido. Deve se ter cuidado também com si­ lêncio ou canto ou oração meditativos depois da comunhão: eles não deveriam ser chamados de momento de “ação de graças”, porque ação de graças é a missa toda, mais explicitamente a oração eucarística. O culto eucarístico, a oração individual ou comunitária diante do sacrário, a bênção do Santíssimo Sacramento, procissões, como a de Corpus Christi, são desdobramen ­ tos da celebração do mistério da eucaristia, que não devem ofuscar a natureza da eucaristia como celebração da memória do sacrifício de Jesus Cristo em forma de ceia. Por isso, tais devoções não devem ser inseridas na missa. 2. O centro da missa: memorial da Páscoa de Cristo A aclamação memorial que segue à narrativa da instituição da eucaristia, também chamada aclamação anamnética, (“Anunciamos, Senhor, a vossa morte...”), juntamente com a anamnese que se lhe segue, expressa que na eucaristia se realiza o que Cristo ordenou na última ceia: o memorial de seu mistério pascal. A eucaristia é, em primeiro lugar, memorial da morte e ressurreição do Senhor sob o sinal do pão e do vinho dados em refeição, em ação de graças e súplica. •

É preciso criar consciência da eucaristia como memorial do mistério pas­

cal. Valorizar a teologia do mistério pascal, estudá-la melhor partindo dos ritos e mer­ gulhar em sua mística e espiritualidade.

28 •

Quem preside, bem como as equipes de liturgia, deve ter claro todo o

conteúdo teológico e espiritual dos ritos. •

Nossa preocupação não deve ser somente intelectual para que o povo

entenda, mas levar o povo a experimentar o mistério pascal, mostrando a ligação entre a fé e a vida (“Páscoa de Cristo na páscoa da gente, páscoa da gente na páscoa de Cristo” 27) para que a eucaristia nos impulsione a dar a vida pelos irmãos e irmãs, como fez Cristo em sua morte e ressurreição.

3. A liturgia eucarística O memorial do mistério pascal de Cristo, segundo a ordem do Senhor, se realiza “fa ­ zendo o que ele fez naquela ceia derradeira”: “Tomou o pão” (preparação dos dons), “pronun ­ ciou a bênção de ação de graças” (oração eucarística ou anáfora), “partiu o pão” (fração do pão) “e o deu a seus discípulos” (comunhão).

3.1. A oração eucarística No centro desses gestos rituais, encontra-se a oração eucarística ou anáfora, a gran­ de e solene prece de aliança, na qual recordamos celebrativamente a ação salvífica de Deus, por Cristo, no Espírito Santo e, confiados em tais maravilhas do Senhor, suplicamos que o Pai envie seu Espírito para que transforme o pão e o vinho no corpo sacramental de Cristo e transforme a nós, comungantes, no corpo eclesial do Ressuscitado. •

A oração eucarística é oração do povo sacerdotal chamado a celebrar a

aliança que Deus, seu parceiro, estabeleceu por meio da Páscoa de seu Filho. Faz-se necessário o conhecimento e o aprofundamento de seu sentido e de sua estrutura lite ­ rário-teológica como confissão da fidelidade de Deus e da fragilidade humana. A ora­ ção eucarística é um todo, cuja unidade de estrutura e estilo próprio devem ser respei ­ tados. Vale lembrar que apenas a oração eucarística I e III não têm prefácio próprio. A oração II admite troca de prefácio e, em certas circunstâncias (por exemplo, Quaresma e ocasiões penitenciais), também as orações sobre a reconciliação. Nas demais, prefá­ cio e oração eucarística formam uma unidade inseparável. •

A participação da assembléia é fundamental e é facilitada pelo canto da

aclamação memorial (“Anunciamos, Senhor...” ), do amém final, do Santo e das outras intervenções. Essa participação não se restringe a essas aclamações, hinos e inter­ venções. Os fiéis aprendam também “a oferecer-se a si próprios ao oferecer juntamen­ 27

CNBB, Animação da Vida Litúrgica no Brasil (Documento 43), n. 300.

29 te com o sacerdote, e não só pelas mãos dele, a hóstia imaculada; que, dia após dia, por Cristo mediador, progridam na unidade com Deus e entre si para que, finalmente, Deus seja tudo em todos” (SC 48). •

Ao menos nos domingos e nos dias festivos, cante-se em tom de exulta ­

ção a aclamação memorial. Evitem-se cantos e expressões devocionais (“Bendito, lou ­ vado seja”, “Deus está aqui”, “Eu te adoro, hóstia divina”, “Graças e louvores se dêem a todo momento” etc.). •

O amém final, que merece a mesma exultação, é a confirmação solene do

povo à prece que o ministro ordenado, em nome da Igreja inteira, elevou a Deus por Cristo, com Cristo, em Cristo, na unidade do Espírito Santo. Pelo menos aos domingos e dias de festa, ela merece ser cantada. •

Compete a quem preside, pelo seu tom de voz, pela atitude orante, pelos

gestos, pelo semblante e pela autenticidade, elevar ao Pai o louvor e a oferenda pas ­ cal de todo o povo sacerdotal, por Cristo, no Espírito. •

A sensibilidade, a espiritualidade e a devida preparação de quem preside

(evitando-se os subjetivismos) permite escolher o prefácio relacionado com o Evange ­ lho do dia, como expressão da ligação entre as duas mesas, tal como se encontra, por exemplo, nos prefácios do Missal Romano nos domingos da Quaresma, acompanhan ­ do os evangelhos do lecionário do ano A. •

Nem pelo tom da voz nem de qualquer outra maneira, se isole a narrativa

da última ceia do resto da oração eucarística, como se fosse uma peça à parte. •

Não convém se deter na elevação do pão e do cálice, já que é próprio da

Oração Eucarística a ação de graças dirigida em adoração ao Pai. •

A narração da instituição da eucaristia não é uma imitação da última ceia,

por isso, não se parte o pão neste momento. A liturgia eucarística é fazer o que Jesus fez: tomou o pão e o vinho, deu graças, partiu o pão e o deu juntamente com o vinho (para comer e beber). O partir o pão, como Jesus fez, corresponde à fração do pão em vista da comunhão. 3.2. Ritos de comunhão

“Sendo a celebração eucarística a ceia pascal, convém que, segundo a ordem do Se ­ nhor, o seu Corpo e o seu Sangue sejam recebidos como alimento espiritual pelos fiéis devi ­

30 damente preparados. Esta é a finalidade da fração e dos outros ritos de comunhão” (IGMR 80). “Na oração do Senhor pede-se o pão de cada dia, que lembra para os cristãos antes de tudo o pão eucarístico, e pede-se a purificação dos pecados, a fim de que as coisas san ­ tas sejam verdadeiramente dadas aos santos” (IGMR 81). No rito da paz, os fiéis imploram a paz e a unidade para a Igreja e para toda a família humana e exprimem mutuamente a caridade antes de participar do mesmo pão. Cuide-se, no entanto, para que o gesto da paz não obscureça o rito da fração do pão (cf. IGMR 82). A fração do pão, nome dado à eucaristia, já nos tempos apostólicos, expressava a unidade dos que comungam no único pão e no único cálice. É um gesto profético de com ­ promisso eclesial ético e social: quem come do pão que o Senhor reparte para nós compro­ mete-se a repartir seu pão com os irmãos, sobretudo com os mais necessitados, e a se preo­ cupar com estruturas sociais mais igualitárias entre classes sociais, povos e continentes. A fração do pão seja uma ação ritual visível, acompanhada meditativamente pela as ­ sembléia com o canto do Cordeiro. A comunhão manifesta a unidade de todos, sendo sua fonte o corpo de Cristo “entre­ gue” e o seu sangue “derramado” por nós, “por um Espírito eterno” (Hb 9,14). “Pela fração do pão e pela comunhão os fiéis, embora muitos, recebem o Corpo e o Sangue do Senhor de um só pão e de um só cálice, do mesmo modo como os Apóstolos, das mãos do próprio Cristo” (IGMR 72,3). O canto da comunhão, que pode retomar o evangelho do dia, garante a unidade das duas mesas (palavra e eucaristia). Cantos de adoração ao Santíssimo e cantos de cunho in ­ dividualista ou temático não expressam a densidade desse momento. •

“Tomai e comei, tomai e bebei” foi o mandamento deixado por Cristo na

ceia: tomar o pão e beber do cálice. •

A verdade do sinal exige que o pão eucarístico seja reconhecido como

alimento, e que, portanto, sempre que possível, o pão, embora ázimo, seja preparado de tal forma que possa ser repartido entre todos (cf. IGMR 320 e 321). •

Da mesma forma, valorize-se, na medida do possível, a comunhão do cá­

lice, sob a espécie de vinho, para todos os fiéis, pois assim se “ressalta mais perfeita ­ mente o sinal do banquete eucarístico, e expressa-se com mais clareza a vontade se­ gundo a qual a nova e eterna Aliança foi selada no sangue do Senhor, e, ainda, a rela ­

31 ção entre banquete eucarístico e o banquete escatológico no reino do Pai (cf. Mt 2729)”28. •

Valem todos os esforços para garantir aos comungantes o santo alimento

oferecido na mesma celebração, deixando a reserva eucarística para a finalidade a que se destina, a saber, a comunhão aos enfermos e o culto eucarístico. •

Privilegie-se o silêncio como expressão de intimidade pessoal e comuni ­

tária com o mistério.

3.3. Preparação das oferendas A preparação dos dons tem uma finalidade prática, expressa na procissão do pão e do vinho trazidos ao altar. Segundo o costume das refeições judaicas, se bendiz a Deus pelo alimento básico, o pão, e pela bebida mais significativa, o vinho. •

O pão e o vinho são sinais deixados pelo Senhor. Para maior veracidade

do sinal, o pão apresentado deveria parecer pão e o vinho deveria ser para todos. •

A preparação da mesa, feita com simplicidade, deve realçar o essencial: o

pão em um único prato (sem patena à parte para o padre), o vinho em um único cálice ou vários cálices (cf. IGMR 207). •

Sejam trazidos na procissão apenas pão e vinho, bem como alimentos a

serem distribuídos entre os pobres e dinheiro para as necessidades dos pobres e da comunidade. Contudo, em circunstâncias especiais “a procissão tornar-se-á mais ex­ pressiva se levar também para junto do altar ofertas simbólicas alusivas à comemora­ ção realizada naquele dia ou a algum aspecto da vida da comunidade. Os cristãos, ou ­ trora, para expressar a sua participação no sacrifício eucarístico, eram muito sensíveis à oferta do pão, do vinho e de dádivas para os pobres” 29.

4. A liturgia da Palavra

Na liturgia da Palavra, Deus chama e propõe as condições da aliança, o povo as ouve e aceita. Na liturgia Eucarística, a aliança é “selada” no sangue do Cordeiro. Agora o

28 29

Instrução Eucharisticum Mysterium sobre o culto do mistério eucarístico (25.05.1967), n. 32. CNBB, Animação da vida litúrgica no Brasil (Documento 43), n. 293.

32 Cristo, em seu mistério pascal (Evangelho), é a chave de leitura da revelação bíblica (demais leituras) e dos acontecimentos atuais (a vida que trazemos para a eucaristia). Quando, na missa, lemos e interpretamos as Sagradas Escrituras, é o próprio Cristo que fala (cf. SC 7). A força sacramental da Palavra na liturgia faz acontecer aquilo que anun­ cia; realiza nossa transformação pascal. Na liturgia da Palavra, Cristo está realmente presen ­ te e atuante no Espírito Santo. •

Daí decorre a exigência para os leitores, ainda maior para quem pr oclama

o Evangelho, de ter uma atitude espiritual de quem está sendo porta-voz de Deus que fala ao seu povo. •

À preparação espiritual se alia a preparação técnica: postura do corpo,

tom de voz, semblante, a maneira de aproximar-se da mesa da palavra, as vestes. •

A função do salmista é de suma importância. Sua função ministerial cor­

responde à função dos leitores e leitoras, pois o salmo é também Palavra de Deus pos­ ta em nossa boca para respondermos à sua revelação. Por isso, o salmo deve ser pro ­ clamado do ambão e, se possível, cantado. •

A homilia (conversa familiar) interpreta as leituras bíblicas dentro da reali ­

dade atual, tem o mistério de Cristo como centro do anúncio e faz ligação com a litur ­ gia eucarística (dimensão mistagógica) e com a vida (compromisso e missão). •

Em todo o rito, a Palavra é realçada também por momentos de silêncio,

por exemplo, após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecendo a atitude de acolhida à Palavra. No silêncio, o Espírito torna fecunda a Palavra no coração da comunidade. •

A mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia formam um só ato de culto,

portanto há de se manter um equilíbrio de tempo entre as duas. Demasiada atenção dada à procissão de entrada e a outras procissões, bem como homilias prolongadas, introduções às leituras parecendo comentários ou pequenas homilias prejudicam o rito eucarístico que, em conseqüência, passa a ser feito de forma apressada. •

Priorize-se a entrada solene do Evangeliário na procissão inicial. Na falta

deste, embora não mereçam a mesma solenidade, podem ser trazidos o Lecionário ou a Bíblia. A entrada com a Bíblia se faça só em ocasiões bem especiais. “Na oração universal ou oração dos fiéis, o povo responde de certo modo à palavra de Deus acolhida na fé e exercendo a sua função sacerdotal, eleva preces a Deus pela salva ­ ção de todos. Convém que normalmente se faça esta oração nas Missas com o povo, de tal sorte que se reze pela Santa Igreja, pelos governantes, pelos que sofrem necessidades, por todos os seres humanos e pela salvação do mundo inteiro.

33 No entanto, em alguma celebração especial, tal como Confirmação, Matrimônio, Exéquias, as intenções podem referir-se mais estreitamente àquelas circunstâncias. “Cabe ao sacerdote celebrante, da cadeira, dirigir a oração. Ele a introduz com breve exortação, convidando os fiéis a rezarem e depois a conclui. As intenções propostas sejam sóbrias, compostas por sábia liberdade e breves palavras e expressem a oração de toda a comunidade. Normalmente as intenções são proferidas, do ambão ou de outro lugar apropria ­ do, pelo diácono, pelo cantor, pelo leitor ou por um fiel leigo. O povo, de pé, exprime a sua súplica, seja por uma invocação comum após as intenções proferidas, seja por uma oração em silêncio”(IGMR 71).

5. Ritos Iniciais e Ritos Finais

A eucaristia congrega a comunidade e a envia, renovada, ao mundo, como povo con­ vocado por Deus. Os ritos iniciais e os ritos finais expressam uma eclesiologia: somos povo convocado por Deus, reunido no amor de Cristo, na força do Espírito Santo para sermos enviados em missão. Podemos assim celebrar a memória do mistério pascal e nos tornar, cada vez mais, o que como batizados nunca deixamos de ser: o corpo eclesial de Cristo, chamado a ser na so­ ciedade o sacramento da unidade de todo o gênero humano (cf. LG 1) . 5.1. Os ritos iniciais fazem com que os fiéis, reunindo-se em assembléia, constituam uma comunhão em Cristo e se disponham a ouvir atentamente a palavra de Deus e a celebrar dignamente o sacramento da unidade (cf. IGMR 46). •

Precedida pela procissão de entrada, que é acompanhada do canto de

abertura, a saudação inicial ressalta que é Deus que nos convoca. Só depois desta saudação convém situar a celebração, no tempo ou festa litúrgica e na realidade da comunidade com a recordação da vida, especialmente em comunidades menores, na quais os fiéis podem efetivamente recordar em voz alta os acontecimentos. •

Evitem-se os costumeiros “comentários iniciais”.



A recordação da vida é o espaço ideal para manifestar os fatos marcantes

como aniversários, bodas, momentos de dor e de luto, missas de 7 o e 30o dia e, princi­

34 palmente, os acontecimentos importantes que ocorreram durante a semana que pas­ sou, na comunidade, na cidade, na região e no mundo. •

O lugar próprio da lembrança dos falecidos é nas intercessões da oração

eucarística (memento dos mortos). Não se exclui a possibilidade de rezar pelos defun­ tos também na oração dos fiéis, especialmente em missas pelos falecidos. Deve-se evitar fazer a leitura de uma lista de intenções antes da missa, menos ainda antes da oração do dia (coleta), após o “oremos”. •

O ato penitencial é um apresentar-se pequeno diante da grandeza de

Deus, reconhecendo sua misericórdia e nossa indignidade. Não deve ser confundido com o sacramento da penitência. Evitem-se, pois, as descrições de pecados. •

A aspersão com água é um rito próprio do domingo, Dia do Senhor, pás ­

coa semanal. Este rito significativo substitui o ato penitencial. Recorda o nosso batis ­ mo, que nos inseriu no Mistério Pascal e que nos fez morrer para o pecado e renascer para uma vida nova. Acentua nossa identidade de povo sacerdotal. •

O Glória não é um hino trinitário, mas cristológico. Deve-se estar atento a

este fato na escolha dos cantos para o momento do Glória. Ideal seria cantar o texto mesmo, tal como nos foi transmitido desde a antiguidade. •

A oração do dia (coleta) é a súplica do povo sacerdotal que se abre ao di­

álogo da aliança e ao rito eucarístico. É uma oração presidencial, precedida de um si ­ lêncio significativo, que integra a oração silenciosa da assembléia à do ministro que preside. 5.2. Os ritos finais têm uma estreita relação com os ritos iniciais. Pelos ritos iniciais somos convocados para estar com o Senhor e nos finais somos enviados em missão (cf. Mc 3,14), para sermos, entre todos os povos e culturas, sacramento de unidade e da salvação de todo o gênero humano (cf. LG 1), mensageiros de solidariedade, paz, justiça, transformação pascal, vida, salvação e aliança. •

Como membros da comunidade, devemos estar cientes e participar das

iniciativas tomadas pelas pastorais e outros grupos da comunidade. Daí a importância das comunicações feitas neste momento. Sejam elas objetivas, claras e devidamente motivadas, para maior envolvimento da comunidade. •

Na bênção em nome da Trindade, leve-se em conta as possibilidades que

o missal oferece (bênçãos solenes, oração sobre o povo). Ela expressa que o mistério celebrado na ação ritual se prolonga na vida cotidiana do povo em todas as suas di ­ mensões.

35 •

Para as palavras finais da despedida o missal apresenta várias alternati ­

vas. Ressalte-se aí a graça do Senhor que nos acompanha no nosso dia-a-dia e o cul ­ to verdadeiro que o cristão exerce por sua própria vida (cf. Rm 12,1-2). Com a devida preparação prévia, a despedida pode ser relacionada com o Evangelho que foi procla ­ mado, desde que isto não se torne mais uma pseudo-homilia. O rito termina com a aclamação “graças a Deus” da assembléia, que significa: exultamos por Ele nos acom­ panhar com sua graça na missão que nos confiou.

6. A comunidade toda celebra a eucaristia sob a presidência do ministro ordenado Desde o primeiro momento da celebração (ritos iniciais), a Igreja aparece visivel ­ mente nas suas características essenciais: povo convocado por Deus no Espírito Santo, sob a presidência do ministro ordenado, reunido em torno das duas mesas: a da Palavra, em que se proclama a ação salvífica de Deus, e a da eucaristia, em que se realiza o me­ morial do mistério pascal de Cristo. O celebrante principal da eucaristia é o próprio Cristo. Ele está presente no ministro ordenado, sacramento do Cristo-cabeça, e na assembléia, seu corpo eclesial. A comunidade toda – povo e ministro ordenado – celebra a eucaristia, cada um na sua função específica que lhe foi conferida pelos sacramentos: batismo, cris­ ma e ordem. É preciso, por isso, na formação litúrgica realçar que a Igreja procura, solícita e cui­ dadosa, que os cristãos não entrem neste mistério de fé como estranhos ou espectadores mudos, mas participem na ação sagrada, consciente, ativa e piedosamente e, ao oferecer juntamente com o sacerdote a hóstia imaculada, aprendam a oferecer-se a si mesmos como oferta agradável a Deus (cf. SC 48). Por isso: •

há que se despertar a consciência de que a eucaristia é uma ação comu­

nitária e eclesial de caráter vivencial irrenunciável; •

há que se descobrir a celebração da eucaristia como fonte de espirituali ­



enquanto não formamos uma comunidade de fé, não estamos atingindo a

dade; finalidade da eucaristia e, portanto, não alcançamos nosso objetivo missionário como corpo de Cristo;

36 •

todos são “concelebrantes”; os padres podem ser “co-presidentes”.



É preciso ajudar o povo a reivindicar o direito de ter a eucaristia por ser

uma comunidade eclesial. 7. Missas e orações para diversas circunstâncias

Como a liturgia dos Sacramentos e Sacramentais obtém para os fiéis, devidamente preparados, que quase todos os acontecimentos da vida sejam santificados pela graça divina que flui do mistério pascal (cf. SC, 61) e como a Eucaristia é o sacramento dos sacramentos, o Missal fornece formulários de Missas e orações que, nas diversas ocasiões da vida cristã, podem ser usados pelas necessidades do mundo inteiro, da Igreja universal e da Igreja local. Tendo em vista a mais ampla faculdade de escolher leituras e orações, convém que as Missas para as diversas circunstâncias sejam empregadas moderadamente, isto é, quando a oportunidade o exigir. Em todas as Missas para as diversas circunstâncias, a não ser que se disponha de outro modo, é permitido usar as leituras do respectivo dia da semana, bem como seus cânti ­ cos interlecionais, se combinarem com a celebração (cf. IGMR 368-370; 376). As Missas para as diversas circunstâncias são de três tipos. 7.1. Missas rituais As Missas rituais são proibidas nos domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa, nas solenidades, nos dias da oitava da Páscoa, na Comemoração de todos os Fiéis Defuntos, na Quarta-feira de Cinzas e Semana Santa, observando-se, além disso, as normas dos livros rituais e das próprias Missas (cf. IGMR 372). O matrimônio pode ser celebrado dentro da Missa todos os dias do ano, exceto no Tríduo Pascal, Natal, Epifania, Ascensão, Pentecostes, Corpo e Sangue de Cristo ou outras solenidades de preceito. Nos demais domingos e solenidades, pode haver celebração do matrimônio dentro da Missa, usando-se o formulário da Missa do dia e acrescentando-se a bênção nupcial e, se for oportuno, a fórmula apropriada para a bênção final sobre os noivos. Nessas ocasiões, podese proclamar uma das leituras previstas para a celebração do matrimônio. Nos domingos do Tempo do Natal ou durante o ano, se a missa em que o matrimônio é celebrado não coincide com a missa da comunidade paroquial, pode-se usar, na íntegra, o formulário da Missa do matrimônio.

37 Se o matrimônio for celebrado no Tempo do Advento ou no da Quaresma, ou em ou­ tros dias de penitência, o pároco previna os noivos acerca do caráter penitencial desses tem­ pos litúrgicos.

7.2.Missas e orações para diversas necessidades

Ao ocorrer uma necessidade mais grave ou por utilidade pastoral, pode-se celebrar em qualquer dia a Missa conveniente com ordem ou permissão do Ordinário do lugar, exceto nas solenidades, nos domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa, nos dias da oitava da Páscoa, na Comemoração de todos os Fiéis Defuntos, na Quarta-feira de Cinzas e na Sema­ na Santa. Quando ocorre uma memória obrigatória ou nos dias de semana do Advento até dia 16 de dezembro; nos dias do Tempo de Natal desde o dia 02 de janeiro, e nos dias do Tem ­ po pascal depois da oitava da Páscoa, de per si são proibidas as Missas para diversas cir ­ cunstâncias e votivas. Se, porém, verdadeira necessidade ou utilidade pastoral o exigirem po ­ derão ser usadas na celebração com povo as Missas que correspondam a tal necessidade ou utilidade, a juízo do reitor da igreja ou do próprio sacerdote celebrante (cf. IGMR 373 e 374). 7.3. Missas votivas Para favorecer a piedade dos fiéis, pode-se celebrar, durante o ano, nos dias de se­ mana em que ocorra uma memória facultativa ou se celebre o Ofício do dia de semana, as Missas votivas sobre os mistérios do Senhor ou para honrar a Bem-aventurada Virgem Maria ou algum Santo (cf. IGMR 375). 7.3.1. Missa votiva do Sagrado Coração de Jesus, na 1ª sexta-feira do mês.

A Missa votiva do Sagrado Coração de Jesus, na 1ª sexta-feira de cada mês, é regida pelas normas gerais das Missas votivas. Portanto, ela é permitida: 1. durante o Tempo Comum, também quando ocorre uma memória facultativa; 2. se verdadeira necessidade ou utilidade pastoral o exigirem, na celebração com o povo, também quando ocorre uma memória obrigatória e em dia de semana do Advento, do Tempo de Natal, Tempo da Quaresma e do Tempo Pascal depois da oitava da Páscoa.

38 7.3.2. Missa votiva no aniversário do Papa, do Bispo e da ordenação sacerdotal

É de toda conveniência que, nestes aniversários, se faça uma menção especial a eles, na oração dos fiéis. Para maior utilidade dos fiéis, pode ser celebrada a Missa de sses aniversários, observando-se as normas para Missas em diversas circunstâncias. 7.4. Missas pelos fiéis defuntos

A Igreja celebra o sacrifício eucarístico da Páscoa de Cristo, intercedendo pelos fiéis defuntos, a fim de que, pela comunhão de todos os membros de Cristo entre si, o que obtém para uns o socorro espiritual, traga aos outros a consolação da esperança (cf. IGMR 379). “Entre as Missas pelos fiéis defuntos, ocupa o primeiro lugar a Missa das exéquias, que pode ser celebrada todos os dias, exceto nas solenidades de preceito, na Quinta-feira Santa, no Tríduo pascal e nos domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa”(IGMR 380). “As outras Missas pelos fiéis defuntos, ou Missas `cotidianas`, podem ser celebradas nos dias de semana do Tempo comum, quando ocorre uma memória facultativa ou é rezado o Ofício do dia de semana, contanto que realmente sejam celebradas em intenção dos fiéis de­ funtos”(IGMR 381). À missa das exéquias podemos equiparar a missa de 7º dia. “A Missa pelos fiéis defuntos, ao receber-se a notícia da morte, ou por ocasião da se ­ pultura definitiva, ou no dia do primeiro aniversário, pode ser celebrada também nos dias dentro da oitava de Natal, nos dias em que ocorrer uma memória obrigatória ou num dia de semana, exceto Quarta-feira de Cinzas e na Semana Santa”(IGMR 382). “Nas Missas exequiais haja, normalmente, uma breve homilia, excluindo-se, no entan ­ to, qualquer tipo de elogio fúnebre”(IGMR 382). Recomenda-se também a homilia nas demais Missas pelos fiéis defuntos celebradas com o povo. “Se a Missa exequial é imediatamente seguida pelo rito dos funerais, terminada a ora ­ ção depois da comunhão e omitidos os ritos finais, realiza-se a última encomendação ou des­ pedida. Esse rito é celebrado apenas quando estiver presente o corpo” (IGMR 384). “Na organização da escolha das partes da Missa pelos fiéis defuntos, principalmente da Missa exequial, que podem variar (por exemplo, orações, leituras e oração universal), con­ vém levar em conta, por motivos pastorais, as condições do falecido, de sua família e dos presentes”(IGMR 385). “Além disso, os pastores levem especialmente em conta aqueles que por ocasião das exéquias comparecem às celebrações litúrgicas e escutam o Evangelho, tanto os não-católi ­

39 cos, como católicos que nunca ou raramente participam da Eucaristia, ou parecem ter perdido a fé, pois os sacerdotes são ministros do Evangelho de Cristo para todos” (IGM 385). 7.5. Missas com presença de vários bispos e/ou presbíteros Na Missa em que vários presbíteros participam, todos agem em virtude do mesmo sa­ cerdócio e na pessoa do mesmo Sumo Sacerdote, com uma única vontade e com uma única voz. Numa única ação sacramental, eles realizam e oferecem o único sacrifício e participam dele. Desta única celebração, participam também os fiéis, consciente e ativamente, cada um da maneira que lhe é própria. Assim se manifesta, de modo vivo, sobretudo quando o Bispo preside, a Igreja em sua unidade, o único altar, com seus ministros e seu povo (Ecclesiae semper, n. 8 e 9). A concelebração manifesta e fortalece os laços fraternos entre os presbíte ­ ros, pois em virtude da sua ordenação e Missa comum, eles estão unidos numa fraternidade bem íntima (Eucharisticum Mysterium, n. 47). Também na Missa concelebrada, cada um faça tudo e somente aquilo que lhe compe­ te pela natureza das coisas e conforme as normas litúrgicas (cf. SC 28). Aqueles que foram ordenados para presidir as celebrações litúrgicas exercem colegialmente o ministério da pre ­ sidência. Igualmente, os outros participantes da celebração contribuem com os serviços que lhes são próprios. Por isso, devem-se exercer na Missa concelebrada, na medida do possível, os ministérios do diácono, do leitor, do cantor e dos ministrantes. Para que haja verdadeira partilha do pão consagrado, convém preparar partículas grandes de modo a haver verdadeira fração do pão. Não é licito ao sacerdote celebrar mais de uma vez ao dia, exceto nos casos em que, de acordo com o direito, é lícito celebrar ou concelebrar a Eucaristia mais vezes no mesmo dia. Se houver falta de sacerdotes, o Ordinário local pode permitir que, por justa causa, os sacerdotes celebrem duas vezes ao dia e até mesmo três vezes nos domingos e festas de preceito, se as necessidades pastorais o exigirem. O sacerdote que celebra mais Missas no mesmo dia pode aplicar cada uma delas se­ gundo a intenção pela qual foi oferecida a espórtula, mas com a condição de reter para si a espórtula de uma só Missa, excetuando o dia do Natal do Senhor, e entregar as outras para os fins determinados pelo Ordinário, admitindo-se alguma retribuição por título extrínseco. O sacerdote que concelebrar no mesmo dia uma segunda Missa, por nenhum título, pode receber espórtula por ela (cf. cân. 905 e 951).

40 8. Orientações litúrgico-pastorais

8.1. Aspersão do povo nos domingos O rito da bênção e aspersão de água benta pode ser feito, em todas as igrejas e ora ­ tórios, em todas as missas de domingo, especialmente dos domingos da Páscoa, mesmo nas que se antecipam em horas vespertinas do sábado. Este rito substitui o ato penitencial que se realiza no início da missa.

8.2. Pão para a celebração da Eucaristia A verdade do sinal exige que a matéria da celebração eucarística pareça realmente um alimento. Convém, portanto, que, embora ázimo e com a forma tradicional, seja o pão eu ­ carístico de tal modo preparado, que o sacerdote, na Missa com o povo, possa de fato partir a hóstia em diversas partes e distribuí-las ao menos a alguns fiéis. Não se excluem, porém, as hóstias pequenas, quando assim o exigirem o número de comungantes e outras razões pas­ torais. O gesto, porém, da fração do pão, que por si só designava a Eucaristia nos tempos apostólicos, manifestará mais claramente o valor e a importância do sinal da unidade de to­ dos num só pão e da caridade fraterna pelo fato de um único pão ser repartido entre os ir ­ mãos (cf. IGMR 321).

8.3. Comunhão dos fiéis Quem já recebeu a santíssima Eucaristia pode recebê-la uma segunda vez no mesmo dia, somente dentro da celebração eucarística em que participa (CDC, cân. 917;. Mesmo que já tenham comungado nesse dia, recomenda-se vivamente que comun­ guem de novo aqueles que vierem a ficar em perigo de morte (CDC, cân 921, 2). Recomenda-se também que os fiéis recebam a sagrada comunhão na própria cele­ bração eucarística; seja-lhes, porém, administrada fora da Missa quando a pedem por justa causa, observando-se os ritos litúrgicos (CDC, cân. 918). “É muito recomendável que os fiéis recebam o Corpo do Senhor em hóstias consagradas na mesma Missa e participem do cálice nos casos previstos, para que, também através dos sinais, a comunhão se manifeste mais claramente como participação no Sacrifício celebrado” (IGMR 85).

41 8.4. Comunhão sob as duas espécies “A Comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal, quando sob as duas espécies. Sob esta forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico e se exprime, de modo mais claro, a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no San ­ gue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico no Reino do Pai” (IGMR 281). Além dos casos previstos nos livros rituais, a Comunhão sob as duas espécies é per ­ mitida nos seguintes casos: a) aos sacerdotes que não podem celebrar ou concelebrar o santo sacrifício; b) ao diácono e a todos que exercem algum ofício na Missa; c) aos membros das comunidades na Missa conventual ou na Missa chamada “da co ­ munidade”, aos alunos dos Seminários, a todos os que fazem exercícios espirituais ou que participam de alguma reunião espiritual ou pastoral. O Bispo diocesano pode baixar normas a respeito da Comunhão sob as duas espéci­ es para a sua diocese, a serem observadas inclusive nas igrejas dos religiosos e nos peque ­ nos grupos. Ao mesmo Bispo se concede a faculdade de permitir a Comunhão sob as duas espécies, sempre que isso parecer oportuno ao sacerdote a quem, como pastor próprio, a co­ munidade está confiada, contanto que os fiéis tenham boa formação a respeito e esteja exclu ­ ído todo perigo de profanação do Sacramento, ou o rito se torne mais difícil, por causa do nú ­ mero de participantes ou por outro motivo. A Comunhão sob as duas espécies pode ocorrer nos seguintes casos: 1. a todos os membros dos Institutos religiosos e seculares, masculinos e femininos e a todos os membros das casas de formação sacerdotal ou religiosa, quando participarem da Missa da comunidade; 2. a todos os participantes da missa da comunidade por ocasião de um encontro de oração ou de uma reunião pastoral; 3. a todos os participantes em Missas que já comportam para alguns dos presentes a comunhão sob as duas espécies, conforme os Princípios e Normas para uso do Missal Roma­ no: a. quando há uma Missa de batismo de adulto, crisma ou admissão na comunhão da Igreja; b. quando há casamento na Missa; c. na ordenação de diácono;

42 d. na bênção da Abadessa, na consagração das Virgens, na primeira profis­ são religiosa, na renovação da mesma, na profissão perpétua, quando feitas duran ­ te a Missa; e. na Missa de instituição de ministérios, de envio de missionários leigos e quando se dá na Missa qualquer missão eclesiástica; f. na administração do viático, quando a Missa é celebrada em casa; g. quando o diácono e os ministros comungam na Missa; h. havendo concelebração; i. quando um sacerdote presente comunga na Missa; j. nos exercícios espirituais e nas reuniões pastorais; l. nas Missas de jubileu de sacerdócio, de casamento ou de profissão religi ­ osa; m. na primeira Missa de um neo-sacerdote; n. nas Missas conventuais ou de uma “Comunidade”; 4. Na ocasião de celebrações particularmente expressivas do sentido da comunidade cristã reunida em torno do altar (cf. IGMR, 283). 8.5. Comunhão na mão

No dia 03 de abril de 1985, a Congregação do Culto Divino enviou notificação s obre a Comunhão na mão (Prot. n. 720/85). 1. A comunhão na mão deve manifestar, tanto como a comunhão recebida na boca, o respeito pela presença real de Cristo na Eucaristia. 2. De acordo com os ensinamentos dos Santos Padres, insista-se no “Amém” que o fiel pronuncia como resposta à fórmula do ministro: “O Corpo de Cristo”. O amém deve ser uma afirmação de fé. 3. O fiel que receber a comunhão a leva à boca, ficando com o rosto voltado para o altar, antes de regressar ao seu lugar. 4. É da Igreja que o fiel recebe a Eucaristia, por isso deve recebê-la sempre do minis ­ tro que distribui a comunhão e não se servir a si mesmo. 5. Recomenda-se a todos, em particular às crianças, a limpeza das mãos, como sinal de respeito para com a Eucaristia. 6. Recomenda-se vigiar para que pequenos fragmentos do pão eucarístico não se percam.

43 7. Jamais se obrigará algum fiel a adotar a prática da comunhão na mão. Deixar-se-á a liberdade de receber a comunhão na mão ou na boca, em pé ou de joelhos.

8.6. Jejum eucarístico Quem vai receber a santíssima Eucaristia abstenha-se de ingerir qualquer comida ou bebida, excetuando-se somente água e remédio, no espaço de, ao menos, uma hora antes da sagrada comunhão. O sacerdote que no mesmo dia celebra duas ou três vezes a santíssima Eucaristia pode tomar alguma coisa antes da segunda ou terceira celebração, mesmo que não haja o espaço de uma hora. Pessoas idosas e doentes, bem como as que cuidam delas, podem receber a santís ­ sima Eucaristia, mesmo que tenham tomado alguma coisa na hora que a antecede (cân. 919). 8.7. Aplicação da missa pelo povo Os pastores de almas devem aplicar a missa pelo povo que lhes foi confiado, todos os domingos e nas outras festas de preceito de sua Diocese; mas quem estiver legitimamente impedido de fazê-lo, aplique-a nesses dias por intermédio de outro ou pessoalmente em ou ­ tros dias. O sacerdote a quem estiverem confiadas várias paróquias, também a título de admi ­ nistração, satisfaz à obrigação aplicando uma só missa por todo o povo que lhe está confia ­ do. Quem não tiver cumprido esta obrigação aplique, quanto antes, tantas missas pelo povo quantas tiver omitido (CDC, cân. 388 a 534; cf. câns. 914, 427 # 1, 540 # 1).

8.8. Adoração eucarística

8.8.1. O culto eucarístico fora da missa nasce da celebração da Eucaristia.

A adoração eucarística, pessoal ou comunitária, deve brotar da celebração do me­ morial da Páscoa do Senhor e a ele conduzir. Essa prática orante alcança seu maior signi­ ficado quando está em sintonia com o que a Eucaristia é e realiza: a Aliança de Deus com o seu povo; a construção da Igreja – “escola e casa de comunhão”. No dizer de Paulo VI, essa relação pessoal com o Senhor favorece o contínuo crescimento na fé e prolonga a

44 graça do sacrifício eucarístico. Numa espiritualidade eucarística renovada, a adoração eu ­ carística está em estreita sintonia com o mistério pascal e com a participação na Ceia do Senhor.

8.8.2. “Nós adoramos o que conhecemos” (Jo 14,22)

O mistério eucarístico é o maior e o mais expressivo dos sinais da fé. Guiada pelo Espírito Santo, a Igreja expressa sua fé na presença de Jesus na Eucaristia, conservando o pão eucarístico para ser levado aos doentes, aos moribundos e para receber a adoração que só é devida a Deus30. “Ninguém coma dessa carne sem primeiro adorar...; não só não pecamos adorando-a, mas pecaríamos se não a adorássemos!”, já dizia Santo Agostinho 31. O rito do “fermento” que consistia na prática de levar uma porção do pão consagrado a ou­ tra igreja para ser colocado no cálice, antes da comunhão, testemunha a fé da Igreja na presença permanente do Senhor. Os bispos enviavam o “fermento” aos seus presbíteros ou a outros bispos em sinal de unidade. Usava-se a palavra fermento para indicar que a Eucaristia deve ser o fermento da comunhão e da unidade. Fermento que transforma os cristãos, levando-os a formar o único Corpo de Cristo. Diante da presença do Senhor, podemos pouco a pouco assimilar o que Ele nos mandou celebrar em sua memória: “Isto é meu corpo entregue por vós; isto é meu sangue derramado por vós.” Somente um coração humilde pode beneficiar-se dessa presença de comunhão.

Não podendo vivenciar e assimilar, no contexto da celebração, todos os aspectos da Ceia do Senhor, quem se coloca em oração silenciosa diante da Eucaristia retoma as diversas partes da ação litúrgica, por exemplo o prefácio, a oração eucarística, a oração do dia ou a oração após a comunhão, as leituras proclamadas na liturgia da Palavra. Ou en ­ tão, repete no silêncio do seu coração: “Eis o mistério da fé”; “Felizes os convidados para a Ceia do Senhor”; “Ele está no meio de nós!”; “Demos graças ao Senhor nosso Deus!” A adoração a Jesus no Santíssimo Sacramento leva “os verdadeiros adoradores” a uma profunda comunhão com o Pai, pelo Filho, no Espírito que ora em seus corações. Ao contemplar o Pão vivo que desceu do céu para a vida do mundo, sentimos toda a força da 30 31

cf A Sagrada Comunhão e o Culto Eucarístico fora da missa, Introdução Geral, 5 In Ps 98,9

45 expressão: por Cristo, com Cristo e em Cristo, a vós Deus Pai todo-poderoso, toda honra e toda glória, agora e para sempre!

8.8.3 A exposição do Santíssimo Sacramento

A exposição do Santíssimo Sacramento tem como finalidade facilitar a contempla­ ção do mistério eucarístico e levar os fiéis a reconhecer na Santíssima Eucaristia “a mara ­ vilhosa presença de Cristo, convidando-os à comunhão de coração que atinge o seu ponto alto na comunhão sacramental. Portanto, fomenta de modo excelente o culto em espírito e verdade que lhe é devido 32.”

8.8.3.1.A exposição prolongada do Santíssimo Sacramento

Nas igrejas em que se conserva o Santíssimo Sacramento, recomenda-se reali­ zar cada ano uma exposição solene. 33 •

Durante a exposição do Santíssimo proíbe-se, no mesmo recinto, a

celebração da Eucaristia. •

Se a exposição do Santíssimo se prolongar durante um ou vários

dias sucessivos, ela será interrompida para a celebração eucarística. •

Não havendo número suficiente de adoradores, o Santíssimo Sa­

cramento será recolhido ao tabernáculo. Essa reposição do Santíssimo não de­ verá ser feita mais de duas vezes. Ela pode ser feita de forma discreta, isto é, sem cantos e preces.

8.8.3.2.A exposição breve •

Proíbe-se a exposição do Santíssimo somente para dar a bênção

depois da missa34.

32

O culto do mistério eucarístico fora da missa, 82 Idem, 86 34 Ibidem, 89 33

46 •

As exposições breves do Santíssimo devem organizar-se de tal

maneira que haja tempo conveniente para a escuta da Palavra, cânticos, preces e momentos de silêncio 35.

8.8.4. O ministro da exposição •

O padre ou o diácono é o ministro ordinário da exposição do San­

tíssimo Sacramento. Para esta função deverão estar revestidos de túnica e esto­ la. No final da adoração, são eles que dão a bênção, usando a capa e o véu de ombros de cor branca. •

Os acólitos e Ministros extraordinários da Sagrada Comunhão po­

dem expor e repor o Santíssimo, porém não lhes é facultado dar a bênção aos fiéis. O bispo pode conceder a faculdade de expor o Santíssimo a outras pesso­ as36.

8.8.5. Ambiente adequado



A exposição se faz sobre o altar, evitando o uso de tronos. O nú­

mero de velas não deve ultrapassar o daquelas que se acendem na missa. •

É preferível que flores e símbolos que recordam a Eucaristia sejam

colocados, discretamente, ao lado do altar. •

Para que se perceba uma melhor relação entre a mesa da Palavra

e a mesa eucarística, recomenda-se que o Lecionário esteja visível. •

Não havendo muitas pessoas para a adoração, é preferível que se

faça a exposição na Capela do Santíssimo. •

Cuide-se para que haja bíblias disponíveis para os que fizerem a

sua adoração individualmente. •

À entrada do recinto da adoração, pode haver um quadro no qual

estejam afixadas as intenções em favor da comunidade ou recomendadas pelo bispo. •

Evite-se, durante a exposição do Santíssimo, abrir e fechar o taber­

náculo, para não perturbar os que estão em oração. 35 36

Ibidem, 89 Ibidem, 91

47 8.8.6.Adoração eucarística e a escuta da Palavra A adoração eucarística é alimentada pela leitura orante da Palavra de Deus. Recomenda-se que sempre seja proclamada na adoração comunitária.

9. Missas de Rádio de Televisão

No Brasil, há muitos anos, temos missas transmitidas pela rádio e pela televi­ são. Em encontros nacionais, promovidos pelos bispos, têm-se dado orientações pastorais sobre o modo de realizá-las e sobre o significado delas na vida dos cristãos. Muitos católicos por motivos diversos assistem a essas transmissões. O que di ­ zer sobre isso? No Concílio Vaticano II, encontramos uma declaração significativa: "As trans­ missões por rádio e televisão das funções sagradas, particularmente em se tratando da Santa Missa, façam-se com discrição e decoro, sob a direção e responsabilidade de pessoa idônea, escolhida para tal ofício pelos bispos" (SC 20). Esta recomendação encontra uma orientação prática na palavra da Comissão Pontifí­ cia para as Comunicações Sociais na Instrução Pastoral Communio et Progressio, publicada em 27 de maio de 1971: "A Missa e outros ofícios litúrgicos devem ser incluídos no número das transmissões religiosas. É necessário, porém, que tais programas sejam devidamente preparados, do ponto de vista técnico e litúrgico. Tenha-se em conta a grande diversidade de público e, se os programas se destinam também a outros países, deve-se respeitar a sua reli­ gião e costumes" (CP 151). O Magistério da Igreja vê na transmissão de celebrações eucarísticas, como também de outras celebrações, um meio de informar as pessoas sobre a liturgia e sua cele ­ bração. A Instrução da Sagrada Congregação dos Ritos e Consilium, Eucharisticum Mysterium, vai além e diz que as transmissões televisivas de Liturgias, especialmente da Mis ­ sa, devem ajudar o telespectador a associar-se à Páscoa de Cristo e que a missa transmiti ­ da pela rádio e pela televisão deve ser um modelo da celebração do sagrado mistério, confor ­ me as leis da reforma litúrgica (cf. EM, 22).

48 No encontro com produtores de missas transmitidas pela televisão, em setem­ bro de 1998, a CNBB expressou que as transmissões devem ajudar os telespectadores a se associarem à Páscoa de Cristo. "Seria de máxima conveniência que, em relação a estas questões, fosse recordado que na liturgia celebramos o Mistério Pascal. Que haja, por parte de todos, respeito e fidelida ­ de naquilo que estabelece o Magistério da Igreja com relação à celebração da Santa Missa e do Culto Eucarístico para que se evitem desvios e abusos, sobretudo nas transmissões televi ­ sivas. Aqueles que assistem à Missa pela TV sejam estimulados a participar da celebração na assembléia litúrgica. Cada celebração tenha sempre um tom orante para que transpareça a dimensão de sacralidade do mistério celebrado. Seja dado o devido valor aos símbolos litúrgi ­ cos, cuide-se das expressões artísticas do espaço celebrativo, dos objetos, das vestes litúrgi ­ cas. O canto e a música estejam de acordo com a índole própria da celebração, do tempo li ­ túrgico e dos momentos celebrativos 37". A assistência à missa pela rádio e pela televisão não justifica a ausência na celebra ­ ção para quem tem condições de participar dela fisicamente. As declarações do Magistério da Igreja não deixam dúvida que as celebra ­ ções litúrgicas transmitidas pelos meios de comunicação social, especialmente pela televisão, se assistidas com fé, têm valor salvífico para os que não podem participar da missa em sua comunidade, por exemplo, por doença ou velhice. Toda a nossa vida em conformidade com Jesus Cristo é um levar a efeito a obra da salvação, isso vale mais ainda para quem se une espiritual e realmente à Páscoa de Cristo, assistindo a uma missa transmitida por rádio ou pela televisão. Podemos entrar em comunhão com o Senhor Ressuscitado não só pela co­ munhão eucarística, mas também de outras maneiras. Por isso, quem não tem possibilidade de participar fisicamente da assembléia eucarística, tem através da rádio e mais ainda da te ­ levisão uma ótima possibilidade de entrar em comunhão com o Senhor. . O assistir a uma celebração pelos meios de comunicação é uma respo sta ao Senhor que bate à nossa porta, pedindo entrada. Aberta a porta, o Senhor entra para realizar Dom Geraldo Lyrio Rocha, intervenção no Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia, realizado em outubro de 2005. 37

49 o encontro através da Palavra proclamada para todos e realiza-se um encontro pessoal, par­ ticular e salvífico (cf. Ap 3,20).Na comunhão eucarística, este encontro é mais profundo e também pessoal no sentido de individual Certamente as equipes, que preparam e animam as celebrações transmit idas pela rádio e pela televisão, devem ter muita consciência do significado e do alcance dessas celebrações para as pessoas impedidas de se reunirem com a comunidade, como: doentes, idosos, presos, viajantes, os que moram longe do local das celebrações comunitárias. Nunca se devem transmitir missas gravadas. Toda celebração deve se realizar com unção e ter um tom orante. As celebrações litúrgicas são celebrações da Igreja e fundadas na longa tradição litúrgica; por isso, não cabe nelas inventar coisas e nem o cultivo de subjetividades. Muito menos devem ser palco de ‘shows’ e esnobismos de grupos ou pessoas. As missas transmitidas pelos meios de comunicação social se justificam tam­ bém como espaço de iniciação dos fiéis e de formação litúrgica do povo.

III - CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA

“A celebração da missa, como ação de Cristo e do povo de Deus hierarquicamente ordenado, é o centro de toda a vida cristã tanto para a Igreja universal como local e também para a vida dos fiéis” (IGMR 16). “É por isso de máxima conveniência dispor a celebração da Missa ou Ceia do Senhor de tal forma que os ministros e os fiéis, participando cada um conforme sua condição, rece ­ bam mais plenamente aqueles frutos que o Cristo Senhor quis prodigalizar, ao instituir o sa ­ crifício eucarístico de seu corpo e sangue, confiando-o à sua dileta esposa, a Igreja, como memorial de sua paixão e ressurreição” (IGMR 17). “Isto se conseguirá de modo adequado se, levando em conta a natureza e as circuns­ tâncias de cada assembléia, toda a celebração for disposta de tal modo que leve os fiéis à participação consciente, ativa e plena do corpo e do espírito, animada pelo fervor da fé, da esperança e da caridade. Esta é a participação ardentemente desejada pela Igreja e exigida pela própria natureza da celebração. Ela constitui um direito e um dever do povo cristão em virtude do seu batismo” (IGMR 18).

50 1. A estrutura da missa A natureza da eucaristia como Ceia do Senhor e o direito e dever de a asse mbléia nela participar ativa, consciente e plenamente exigem, antes de mais nada, que na missa se faça aquilo que Jesus fez na última ceia e que ele mandou fazer em sua memória - tomou o pão, deu graças, partiu o pão e o deu a seus discípulos, depois tomou o cálice, deu graças e o deu a seus discípulos - para assim celebrar sua entrega total ao Pai para a salvação do mundo. Deve-se, portanto, respeitar a estrutura fundamental da celebração eucarística, con­ forme o exemplo e o mandato do Senhor. Ela nos é dada no rito da missa. Este, ao longo da história foi enriquecido e, em certas épocas, deturpado. O Concílio Vaticano II restaurou sua forma clássica. De fato, nós fazemos na missa o que Jesus fez na última ceia: Ele tomou o pão, na preparação das oferendas o pão e o vinho são levados ao altar; Jesus deu graças, nós rezamos a oração eucarística; Jesus partiu o pão, nós o fazemos também antes da comu­ nhão e acompanhamos esta fração do pão com o canto do “Cordeiro de Deus”; ele deu o pão, os ministros dão o corpo e o sangue de Cristo na comunhão. A preparação das oferendas não deve dar a impressão de já ser o oferecimento do sacrifício eucarístico ou de ser a parte mais importante da missa. A oração eucarística é o ponto culminante da missa e, pela dignidade e solenidade de sua realização, assim precisa aparecer. A fração do pão deve ser um gesto visível e significativo. Na comunhão, se dá o corpo de Cristo , se possível, se dê também o sangue do Senhor. Não se saliente indevida ­ mente os elementos que não pertencem à estrutura fundamental da missa, como adoração prolongada no centro da oração eucarística, depois das palavras de Jesus sobre o pão e o vi ­ nho; oração pela paz recitada por toda a assembléia; saudação da paz como confraterniza ­ ção geral de todos. Não se enfraqueça a força do Amém final da oração eucarística pela reci ­ tação em comum da doxologia, pois este Amém é a ratificação pela assembléia de toda a ação de graças e súplica que o sacerdote dirige a Deus, em nome de todos, na oração euca ­ rística. Evidentemente, a eucaristia não é uma refeição qualquer, mas a Ceia do Senhor, na qual fazemos memória do seu sacrifício da cruz, de sua morte e ressurreição. Como diz o nome “eucaristia”, ela é ação de graças e louvor. Anunciando a morte do Senhor, proclaman ­ do a sua ressurreição, celebramos a páscoa do Senhor, do Cristo todo, da cabeça e dos membros do corpo místico. Celebramos a nova e eterna aliança e a antecipação do banquete eterno do reino definitivo. Na celebração, Jesus está realmente presente não apenas nas es ­ pécies do pão e do vinho, mas também na assembléia, nos ministros, na Palavra proclamada,

51 na oração e no canto, já que a eucaristia, como toda celebração litúrgica, é exercício do sa ­ cerdócio de Jesus Cristo, dele e de todos que pelo batismo participam do seu sacerdócio. E, como também o Concílio Vaticano II diz: tudo isso “pela força do Espírito Santo” (SC 6). No Novo Testamento, encontramos vestígios de uma Liturgia da Palavra, que precede a própria ceia eucarística, sobretudo no caminho dos dois discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 1335) e em Trôade (cf. At 20, 7-12). Desde o segundo século, estas duas partes da missa – Li ­ turgia da Palavra e Liturgia Eucarística -, que formam um único ato de culto, são claramente documentadas. Os Ritos Iniciais e Finais da missa completam a estrutura da celebração eucarística. Eles não devem, no entanto, receber um peso indevido. Deve se ter cuidado também com si­ lêncio ou canto ou oração meditativos depois da comunhão: eles não deveriam ser chamados de momento de “ação de graças”, porque ação de graças é a missa toda, mais explicitamente a oração eucarística. O culto eucarístico, a oração individual ou comunitária diante do sacrário, a bênção do Santíssimo Sacramento, procissões, como a de Corpus Christi, são desdobramen ­ tos da celebração do mistério da eucaristia, que não devem ofuscar a natureza da eucaristia como celebração da memória do sacrifício de Jesus Cristo em forma de ceia. Por isso, tais devoções não devem ser inseridas na missa. 2. O centro da missa: memorial da Páscoa de Cristo A aclamação memorial que segue à narrativa da instituição da eucaristia, também chamada aclamação anamnética, (“Anunciamos, Senhor, a vossa morte...”), juntamente com a anamnese que se lhe segue, expressa que na eucaristia se realiza o que Cristo ordenou na última ceia: o memorial de seu mistério pascal. A eucaristia é, em primeiro lugar, memorial da morte e ressurreição do Senhor sob o sinal do pão e do vinho dados em refeição, em ação de graças e súplica. •

É preciso criar consciência da eucaristia como memorial do mistério pas­

cal. Valorizar a teologia do mistério pascal, estudá-la melhor partindo dos ritos e mer­ gulhar em sua mística e espiritualidade. •

Quem preside, bem como as equipes de liturgia, deve ter claro todo o

conteúdo teológico e espiritual dos ritos. •

Nossa preocupação não deve ser somente intelectual para que o povo

entenda, mas levar o povo a experimentar o mistério pascal, mostrando a ligação entre a fé e a vida (“Páscoa de Cristo na páscoa da gente, páscoa da gente na páscoa de

52 Cristo” 38) para que a eucaristia nos impulsione a dar a vida pelos irmãos e irmãs, como fez Cristo em sua morte e ressurreição.

3. A liturgia eucarística O memorial do mistério pascal de Cristo, segundo a ordem do Senhor, se realiza “fa ­ zendo o que ele fez naquela ceia derradeira”: “Tomou o pão” (preparação dos dons), “pronun ­ ciou a bênção de ação de graças” (oração eucarística ou anáfora), “partiu o pão” (fração do pão) “e o deu a seus discípulos” (comunhão).

3.1. A oração eucarística No centro desses gestos rituais, encontra-se a oração eucarística ou anáfora, a gran­ de e solene prece de aliança, na qual recordamos celebrativamente a ação salvífica de Deus, por Cristo, no Espírito Santo e, confiados em tais maravilhas do Senhor, suplicamos que o Pai envie seu Espírito para que transforme o pão e o vinho no corpo sacramental de Cristo e transforme a nós, comungantes, no corpo eclesial do Ressuscitado. •

A oração eucarística é oração do povo sacerdotal chamado a celebrar a

aliança que Deus, seu parceiro, estabeleceu por meio da Páscoa de seu Filho. Faz-se necessário o conhecimento e o aprofundamento de seu sentido e de sua estrutura lite ­ rário-teológica como confissão da fidelidade de Deus e da fragilidade humana. A ora­ ção eucarística é um todo, cuja unidade de estrutura e estilo próprio devem ser respei ­ tados. Vale lembrar que apenas a oração eucarística I e III não têm prefácio próprio. A oração II admite troca de prefácio e, em certas circunstâncias (por exemplo, Quaresma e ocasiões penitenciais), também as orações sobre a reconciliação. Nas demais, prefá­ cio e oração eucarística formam uma unidade inseparável. •

A participação da assembléia é fundamental e é facilitada pelo canto da

aclamação memorial (“Anunciamos, Senhor...” ), do amém final, do Santo e das outras intervenções. Essa participação não se restringe a essas aclamações, hinos e inter­ venções. Os fiéis aprendam também “a oferecer-se a si próprios ao oferecer juntamen­ te com o sacerdote, e não só pelas mãos dele, a hóstia imaculada; que, dia após dia, por Cristo mediador, progridam na unidade com Deus e entre si para que, finalmente, Deus seja tudo em todos” (SC 48). •

Ao menos nos domingos e nos dias festivos, cante-se em tom de exulta ­

ção a aclamação memorial. Evitem-se cantos e expressões devocionais (“Bendito, lou ­ 38

CNBB, Animação da Vida Litúrgica no Brasil (Documento 43), n. 300.

53 vado seja”, “Deus está aqui”, “Eu te adoro, hóstia divina”, “Graças e louvores se dêem a todo momento” etc.). •

O amém final, que merece a mesma exultação, é a confirmação solene do

povo à prece que o ministro ordenado, em nome da Igreja inteira, elevou a Deus por Cristo, com Cristo, em Cristo, na unidade do Espírito Santo. Pelo menos aos domingos e dias de festa, ela merece ser cantada. •

Compete a quem preside, pelo seu tom de voz, pela atitude orante, pelos

gestos, pelo semblante e pela autenticidade, elevar ao Pai o louvor e a oferenda pas ­ cal de todo o povo sacerdotal, por Cristo, no Espírito. •

A sensibilidade, a espiritualidade e a devida preparação de quem preside

(evitando-se os subjetivismos) permite escolher o prefácio relacionado com o Evange ­ lho do dia, como expressão da ligação entre as duas mesas, tal como se encontra, por exemplo, nos prefácios do Missal Romano nos domingos da Quaresma, acompanhan ­ do os evangelhos do lecionário do ano A. •

Nem pelo tom da voz nem de qualquer outra maneira, se isole a narrativa

da última ceia do resto da oração eucarística, como se fosse uma peça à parte. •

Não convém se deter na elevação do pão e do cálice, já que é próprio da

Oração Eucarística a ação de graças dirigida em adoração ao Pai. •

A narração da instituição da eucaristia não é uma imitação da última ceia,

por isso, não se parte o pão neste momento. A liturgia eucarística é fazer o que Jesus fez: tomou o pão e o vinho, deu graças, partiu o pão e o deu juntamente com o vinho (para comer e beber). O partir o pão, como Jesus fez, corresponde à fração do pão em vista da comunhão. 3.2. Ritos de comunhão

“Sendo a celebração eucarística a ceia pascal, convém que, segundo a ordem do Se ­ nhor, o seu Corpo e o seu Sangue sejam recebidos como alimento espiritual pelos fiéis devi ­ damente preparados. Esta é a finalidade da fração e dos outros ritos de comunhão” (IGMR 80). “Na oração do Senhor pede-se o pão de cada dia, que lembra para os cristãos antes de tudo o pão eucarístico, e pede-se a purificação dos pecados, a fim de que as coisas san ­ tas sejam verdadeiramente dadas aos santos” (IGMR 81).

54 No rito da paz, os fiéis imploram a paz e a unidade para a Igreja e para toda a família humana e exprimem mutuamente a caridade antes de participar do mesmo pão. Cuide-se, no entanto, para que o gesto da paz não obscureça o rito da fração do pão (cf. IGMR 82). A fração do pão, nome dado à eucaristia, já nos tempos apostólicos, expressava a unidade dos que comungam no único pão e no único cálice. É um gesto profético de com ­ promisso eclesial ético e social: quem come do pão que o Senhor reparte para nós compro­ mete-se a repartir seu pão com os irmãos, sobretudo com os mais necessitados, e a se preo­ cupar com estruturas sociais mais igualitárias entre classes sociais, povos e continentes. A fração do pão seja uma ação ritual visível, acompanhada meditativamente pela as ­ sembléia com o canto do Cordeiro. A comunhão manifesta a unidade de todos, sendo sua fonte o corpo de Cristo “entre­ gue” e o seu sangue “derramado” por nós, “por um Espírito eterno” (Hb 9,14). “Pela fração do pão e pela comunhão os fiéis, embora muitos, recebem o Corpo e o Sangue do Senhor de um só pão e de um só cálice, do mesmo modo como os Apóstolos, das mãos do próprio Cristo” (IGMR 72,3). O canto da comunhão, que pode retomar o evangelho do dia, garante a unidade das duas mesas (palavra e eucaristia). Cantos de adoração ao Santíssimo e cantos de cunho in ­ dividualista ou temático não expressam a densidade desse momento. •

“Tomai e comei, tomai e bebei” foi o mandamento deixado por Cristo na

ceia: tomar o pão e beber do cálice. •

A verdade do sinal exige que o pão eucarístico seja reconhecido como

alimento, e que, portanto, sempre que possível, o pão, embora ázimo, seja preparado de tal forma que possa ser repartido entre todos (cf. IGMR 320 e 321). •

Da mesma forma, valorize-se, na medida do possível, a comunhão do cá­

lice, sob a espécie de vinho, para todos os fiéis, pois assim se “ressalta mais perfeita ­ mente o sinal do banquete eucarístico, e expressa-se com mais clareza a vontade se­ gundo a qual a nova e eterna Aliança foi selada no sangue do Senhor, e, ainda, a rela ­ ção entre banquete eucarístico e o banquete escatológico no reino do Pai (cf. Mt 2729)”39. •

Valem todos os esforços para garantir aos comungantes o santo alimento

oferecido na mesma celebração, deixando a reserva eucarística para a finalidade a que se destina, a saber, a comunhão aos enfermos e o culto eucarístico.

39

Instrução Eucharisticum Mysterium sobre o culto do mistério eucarístico (25.05.1967), n. 32.

55 •

Privilegie-se o silêncio como expressão de intimidade pessoal e comuni ­

tária com o mistério.

3.3. Preparação das oferendas A preparação dos dons tem uma finalidade prática, expressa na procissão do pão e do vinho trazidos ao altar. Segundo o costume das refeições judaicas, se bendiz a Deus pelo alimento básico, o pão, e pela bebida mais significativa, o vinho. •

O pão e o vinho são sinais deixados pelo Senhor. Para maior veracidade

do sinal, o pão apresentado deveria parecer pão e o vinho deveria ser para todos. •

A preparação da mesa, feita com simplicidade, deve realçar o essencial: o

pão em um único prato (sem patena à parte para o padre), o vinho em um único cálice ou vários cálices (cf. IGMR 207). •

Sejam trazidos na procissão apenas pão e vinho, bem como alimentos a

serem distribuídos entre os pobres e dinheiro para as necessidades dos pobres e da comunidade. Contudo, em circunstâncias especiais “a procissão tornar-se-á mais ex­ pressiva se levar também para junto do altar ofertas simbólicas alusivas à comemora­ ção realizada naquele dia ou a algum aspecto da vida da comunidade. Os cristãos, ou ­ trora, para expressar a sua participação no sacrifício eucarístico, eram muito sensíveis à oferta do pão, do vinho e de dádivas para os pobres” 40.

4. A liturgia da Palavra

Na liturgia da Palavra, Deus chama e propõe as condições da aliança, o povo as ouve e aceita. Na liturgia Eucarística, a aliança é “selada” no sangue do Cordeiro. Agora o Cristo, em seu mistério pascal (Evangelho), é a chave de leitura da revelação bíblica (demais leituras) e dos acontecimentos atuais (a vida que trazemos para a eucaristia). Quando, na missa, lemos e interpretamos as Sagradas Escrituras, é o próprio Cristo que fala (cf. SC 7). A força sacramental da Palavra na liturgia faz acontecer aquilo que anun­ cia; realiza nossa transformação pascal. Na liturgia da Palavra, Cristo está realmente presen ­ te e atuante no Espírito Santo. 40

CNBB, Animação da vida litúrgica no Brasil (Documento 43), n. 293.

56 •

Daí decorre a exigência para os leitores, ainda maior para quem pr oclama

o Evangelho, de ter uma atitude espiritual de quem está sendo porta-voz de Deus que fala ao seu povo. •

À preparação espiritual se alia a preparação técnica: postura do corpo,

tom de voz, semblante, a maneira de aproximar-se da mesa da palavra, as vestes. •

A função do salmista é de suma importância. Sua função ministerial cor­

responde à função dos leitores e leitoras, pois o salmo é também Palavra de Deus pos­ ta em nossa boca para respondermos à sua revelação. Por isso, o salmo deve ser pro ­ clamado do ambão e, se possível, cantado. •

A homilia (conversa familiar) interpreta as leituras bíblicas dentro da reali ­

dade atual, tem o mistério de Cristo como centro do anúncio e faz ligação com a litur ­ gia eucarística (dimensão mistagógica) e com a vida (compromisso e missão). •

Em todo o rito, a Palavra é realçada também por momentos de silêncio,

por exemplo, após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecendo a atitude de acolhida à Palavra. No silêncio, o Espírito torna fecunda a Palavra no coração da comunidade. •

A mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia formam um só ato de culto,

portanto há de se manter um equilíbrio de tempo entre as duas. Demasiada atenção dada à procissão de entrada e a outras procissões, bem como homilias prolongadas, introduções às leituras parecendo comentários ou pequenas homilias prejudicam o rito eucarístico que, em conseqüência, passa a ser feito de forma apressada. •

Priorize-se a entrada solene do Evangeliário na procissão inicial. Na falta

deste, embora não mereçam a mesma solenidade, podem ser trazidos o Lecionário ou a Bíblia. A entrada com a Bíblia se faça só em ocasiões bem especiais. “Na oração universal ou oração dos fiéis, o povo responde de certo modo à palavra de Deus acolhida na fé e exercendo a sua função sacerdotal, eleva preces a Deus pela salva ­ ção de todos. Convém que normalmente se faça esta oração nas Missas com o povo, de tal sorte que se reze pela Santa Igreja, pelos governantes, pelos que sofrem necessidades, por todos os seres humanos e pela salvação do mundo inteiro. No entanto, em alguma celebração especial, tal como Confirmação, Matrimônio, Exéquias, as intenções podem referir-se mais estreitamente àquelas circunstâncias. “Cabe ao sacerdote celebrante, da cadeira, dirigir a oração. Ele a introduz com breve exortação, convidando os fiéis a rezarem e depois a conclui. As intenções propostas sejam sóbrias, compostas por sábia liberdade e breves palavras e expressem a oração de toda a comunidade. Normalmente as intenções são proferidas, do ambão ou de outro lugar apropria ­

57 do, pelo diácono, pelo cantor, pelo leitor ou por um fiel leigo. O povo, de pé, exprime a sua súplica, seja por uma invocação comum após as intenções proferidas, seja por uma oração em silêncio”(IGMR 71).

5. Ritos Iniciais e Ritos Finais

A eucaristia congrega a comunidade e a envia, renovada, ao mundo, como povo con­ vocado por Deus. Os ritos iniciais e os ritos finais expressam uma eclesiologia: somos povo convocado por Deus, reunido no amor de Cristo, na força do Espírito Santo para sermos enviados em missão. Podemos assim celebrar a memória do mistério pascal e nos tornar, cada vez mais, o que como batizados nunca deixamos de ser: o corpo eclesial de Cristo, chamado a ser na so­ ciedade o sacramento da unidade de todo o gênero humano (cf. LG 1) . 5.1. Os ritos iniciais fazem com que os fiéis, reunindo-se em assembléia, constituam uma comunhão em Cristo e se disponham a ouvir atentamente a palavra de Deus e a celebrar dignamente o sacramento da unidade (cf. IGMR 46). •

Precedida pela procissão de entrada, que é acompanhada do canto de

abertura, a saudação inicial ressalta que é Deus que nos convoca. Só depois desta saudação convém situar a celebração, no tempo ou festa litúrgica e na realidade da comunidade com a recordação da vida, especialmente em comunidades menores, na quais os fiéis podem efetivamente recordar em voz alta os acontecimentos. •

Evitem-se os costumeiros “comentários iniciais”.



A recordação da vida é o espaço ideal para manifestar os fatos marcantes

como aniversários, bodas, momentos de dor e de luto, missas de 7 o e 30o dia e, princi­ palmente, os acontecimentos importantes que ocorreram durante a semana que pas­ sou, na comunidade, na cidade, na região e no mundo. •

O lugar próprio da lembrança dos falecidos é nas intercessões da oração

eucarística (memento dos mortos). Não se exclui a possibilidade de rezar pelos defun­ tos também na oração dos fiéis, especialmente em missas pelos falecidos. Deve-se evitar fazer a leitura de uma lista de intenções antes da missa, menos ainda antes da oração do dia (coleta), após o “oremos”.

58 •

O ato penitencial é um apresentar-se pequeno diante da grandeza de

Deus, reconhecendo sua misericórdia e nossa indignidade. Não deve ser confundido com o sacramento da penitência. Evitem-se, pois, as descrições de pecados. •

A aspersão com água é um rito próprio do domingo, Dia do Senhor, pás ­

coa semanal. Este rito significativo substitui o ato penitencial. Recorda o nosso batis ­ mo, que nos inseriu no Mistério Pascal e que nos fez morrer para o pecado e renascer para uma vida nova. Acentua nossa identidade de povo sacerdotal. •

O Glória não é um hino trinitário, mas cristológico. Deve-se estar atento a

este fato na escolha dos cantos para o momento do Glória. Ideal seria cantar o texto mesmo, tal como nos foi transmitido desde a antiguidade. •

A oração do dia (coleta) é a súplica do povo sacerdotal que se abre ao di­

álogo da aliança e ao rito eucarístico. É uma oração presidencial, precedida de um si ­ lêncio significativo, que integra a oração silenciosa da assembléia à do ministro que preside. 5.2. Os ritos finais têm uma estreita relação com os ritos iniciais. Pelos ritos iniciais somos convocados para estar com o Senhor e nos finais somos enviados em missão (cf. Mc 3,14), para sermos, entre todos os povos e culturas, sacramento de unidade e da salvação de todo o gênero humano (cf. LG 1), mensageiros de solidariedade, paz, justiça, transformação pascal, vida, salvação e aliança. •

Como membros da comunidade, devemos estar cientes e participar das

iniciativas tomadas pelas pastorais e outros grupos da comunidade. Daí a importância das comunicações feitas neste momento. Sejam elas objetivas, claras e devidamente motivadas, para maior envolvimento da comunidade. •

Na bênção em nome da Trindade, leve-se em conta as possibilidades que

o missal oferece (bênçãos solenes, oração sobre o povo). Ela expressa que o mistério celebrado na ação ritual se prolonga na vida cotidiana do povo em todas as suas di ­ mensões. •

Para as palavras finais da despedida o missal apresenta várias alternati ­

vas. Ressalte-se aí a graça do Senhor que nos acompanha no nosso dia-a-dia e o cul ­ to verdadeiro que o cristão exerce por sua própria vida (cf. Rm 12,1-2). Com a devida preparação prévia, a despedida pode ser relacionada com o Evangelho que foi procla ­ mado, desde que isto não se torne mais uma pseudo-homilia. O rito termina com a aclamação “graças a Deus” da assembléia, que significa: exultamos por Ele nos acom­ panhar com sua graça na missão que nos confiou.

59

6. A comunidade toda celebra a eucaristia sob a presidência do ministro ordenado Desde o primeiro momento da celebração (ritos iniciais), a Igreja aparece visivel ­ mente nas suas características essenciais: povo convocado por Deus no Espírito Santo, sob a presidência do ministro ordenado, reunido em torno das duas mesas: a da Palavra, em que se proclama a ação salvífica de Deus, e a da eucaristia, em que se realiza o me­ morial do mistério pascal de Cristo. O celebrante principal da eucaristia é o próprio Cristo. Ele está presente no ministro ordenado, sacramento do Cristo-cabeça, e na assembléia, seu corpo eclesial. A comunidade toda – povo e ministro ordenado – celebra a eucaristia, cada um na sua função específica que lhe foi conferida pelos sacramentos: batismo, cris­ ma e ordem. É preciso, por isso, na formação litúrgica realçar que a Igreja procura, solícita e cui­ dadosa, que os cristãos não entrem neste mistério de fé como estranhos ou espectadores mudos, mas participem na ação sagrada, consciente, ativa e piedosamente e, ao oferecer juntamente com o sacerdote a hóstia imaculada, aprendam a oferecer-se a si mesmos como oferta agradável a Deus (cf. SC 48). Por isso: •

há que se despertar a consciência de que a eucaristia é uma ação comu­

nitária e eclesial de caráter vivencial irrenunciável; •

há que se descobrir a celebração da eucaristia como fonte de espirituali ­



enquanto não formamos uma comunidade de fé, não estamos atingindo a

dade; finalidade da eucaristia e, portanto, não alcançamos nosso objetivo missionário como corpo de Cristo; •

todos são “concelebrantes”; os padres podem ser “co-presidentes”.



É preciso ajudar o povo a reivindicar o direito de ter a eucaristia por ser

uma comunidade eclesial. 7. Missas e orações para diversas circunstâncias

60 Como a liturgia dos Sacramentos e Sacramentais obtém para os fiéis, devidamente preparados, que quase todos os acontecimentos da vida sejam santificados pela graça divina que flui do mistério pascal (cf. SC, 61) e como a Eucaristia é o sacramento dos sacramentos, o Missal fornece formulários de Missas e orações que, nas diversas ocasiões da vida cristã, podem ser usados pelas necessidades do mundo inteiro, da Igreja universal e da Igreja local. Tendo em vista a mais ampla faculdade de escolher leituras e orações, convém que as Missas para as diversas circunstâncias sejam empregadas moderadamente, isto é, quando a oportunidade o exigir. Em todas as Missas para as diversas circunstâncias, a não ser que se disponha de outro modo, é permitido usar as leituras do respectivo dia da semana, bem como seus cânti ­ cos interlecionais, se combinarem com a celebração (cf. IGMR 368-370; 376). As Missas para as diversas circunstâncias são de três tipos. 7.1. Missas rituais As Missas rituais são proibidas nos domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa, nas solenidades, nos dias da oitava da Páscoa, na Comemoração de todos os Fiéis Defuntos, na Quarta-feira de Cinzas e Semana Santa, observando-se, além disso, as normas dos livros rituais e das próprias Missas (cf. IGMR 372). O matrimônio pode ser celebrado dentro da Missa todos os dias do ano, exceto no Tríduo Pascal, Natal, Epifania, Ascensão, Pentecostes, Corpo e Sangue de Cristo ou outras solenidades de preceito. Nos demais domingos e solenidades, pode haver celebração do matrimônio dentro da Missa, usando-se o formulário da Missa do dia e acrescentando-se a bênção nupcial e, se for oportuno, a fórmula apropriada para a bênção final sobre os noivos. Nessas ocasiões, podese proclamar uma das leituras previstas para a celebração do matrimônio. Nos domingos do Tempo do Natal ou durante o ano, se a missa em que o matrimônio é celebrado não coincide com a missa da comunidade paroquial, pode-se usar, na íntegra, o formulário da Missa do matrimônio. Se o matrimônio for celebrado no Tempo do Advento ou no da Quaresma, ou em ou­ tros dias de penitência, o pároco previna os noivos acerca do caráter penitencial desses tem­ pos litúrgicos.

7.2.Missas e orações para diversas necessidades

61 Ao ocorrer uma necessidade mais grave ou por utilidade pastoral, pode-se celebrar em qualquer dia a Missa conveniente com ordem ou permissão do Ordinário do lugar, exceto nas solenidades, nos domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa, nos dias da oitava da Páscoa, na Comemoração de todos os Fiéis Defuntos, na Quarta-feira de Cinzas e na Sema­ na Santa. Quando ocorre uma memória obrigatória ou nos dias de semana do Advento até dia 16 de dezembro; nos dias do Tempo de Natal desde o dia 02 de janeiro, e nos dias do Tem ­ po pascal depois da oitava da Páscoa, de per si são proibidas as Missas para diversas cir ­ cunstâncias e votivas. Se, porém, verdadeira necessidade ou utilidade pastoral o exigirem po ­ derão ser usadas na celebração com povo as Missas que correspondam a tal necessidade ou utilidade, a juízo do reitor da igreja ou do próprio sacerdote celebrante (cf. IGMR 373 e 374). 7.3. Missas votivas Para favorecer a piedade dos fiéis, pode-se celebrar, durante o ano, nos dias de se­ mana em que ocorra uma memória facultativa ou se celebre o Ofício do dia de semana, as Missas votivas sobre os mistérios do Senhor ou para honrar a Bem-aventurada Virgem Maria ou algum Santo (cf. IGMR 375). 7.3.1. Missa votiva do Sagrado Coração de Jesus, na 1ª sexta-feira do mês.

A Missa votiva do Sagrado Coração de Jesus, na 1ª sexta-feira de cada mês, é regida pelas normas gerais das Missas votivas. Portanto, ela é permitida: 1. durante o Tempo Comum, também quando ocorre uma memória facultativa; 2. se verdadeira necessidade ou utilidade pastoral o exigirem, na celebração com o povo, também quando ocorre uma memória obrigatória e em dia de semana do Advento, do Tempo de Natal, Tempo da Quaresma e do Tempo Pascal depois da oitava da Páscoa. 7.3.2. Missa votiva no aniversário do Papa, do Bispo e da ordenação sacerdotal

É de toda conveniência que, nestes aniversários, se faça uma menção especial a eles, na oração dos fiéis. Para maior utilidade dos fiéis, pode ser celebrada a Missa de sses aniversários, observando-se as normas para Missas em diversas circunstâncias. 7.4. Missas pelos fiéis defuntos

62 A Igreja celebra o sacrifício eucarístico da Páscoa de Cristo, intercedendo pelos fiéis defuntos, a fim de que, pela comunhão de todos os membros de Cristo entre si, o que obtém para uns o socorro espiritual, traga aos outros a consolação da esperança (cf. IGMR 379). “Entre as Missas pelos fiéis defuntos, ocupa o primeiro lugar a Missa das exéquias, que pode ser celebrada todos os dias, exceto nas solenidades de preceito, na Quinta-feira Santa, no Tríduo pascal e nos domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa”(IGMR 380). “As outras Missas pelos fiéis defuntos, ou Missas `cotidianas`, podem ser celebradas nos dias de semana do Tempo comum, quando ocorre uma memória facultativa ou é rezado o Ofício do dia de semana, contanto que realmente sejam celebradas em intenção dos fiéis de­ funtos”(IGMR 381). À missa das exéquias podemos equiparar a missa de 7º dia. “A Missa pelos fiéis defuntos, ao receber-se a notícia da morte, ou por ocasião da se ­ pultura definitiva, ou no dia do primeiro aniversário, pode ser celebrada também nos dias dentro da oitava de Natal, nos dias em que ocorrer uma memória obrigatória ou num dia de semana, exceto Quarta-feira de Cinzas e na Semana Santa”(IGMR 382). “Nas Missas exequiais haja, normalmente, uma breve homilia, excluindo-se, no entan ­ to, qualquer tipo de elogio fúnebre”(IGMR 382). Recomenda-se também a homilia nas demais Missas pelos fiéis defuntos celebradas com o povo. “Se a Missa exequial é imediatamente seguida pelo rito dos funerais, terminada a ora ­ ção depois da comunhão e omitidos os ritos finais, realiza-se a última encomendação ou des­ pedida. Esse rito é celebrado apenas quando estiver presente o corpo” (IGMR 384). “Na organização da escolha das partes da Missa pelos fiéis defuntos, principalmente da Missa exequial, que podem variar (por exemplo, orações, leituras e oração universal), con­ vém levar em conta, por motivos pastorais, as condições do falecido, de sua família e dos presentes”(IGMR 385). “Além disso, os pastores levem especialmente em conta aqueles que por ocasião das exéquias comparecem às celebrações litúrgicas e escutam o Evangelho, tanto os não-católi ­ cos, como católicos que nunca ou raramente participam da Eucaristia, ou parecem ter perdido a fé, pois os sacerdotes são ministros do Evangelho de Cristo para todos” (IGM 385). 7.5. Missas com presença de vários bispos e/ou presbíteros Na Missa em que vários presbíteros participam, todos agem em virtude do mesmo sa­ cerdócio e na pessoa do mesmo Sumo Sacerdote, com uma única vontade e com uma única voz. Numa única ação sacramental, eles realizam e oferecem o único sacrifício e participam

63 dele. Desta única celebração, participam também os fiéis, consciente e ativamente, cada um da maneira que lhe é própria. Assim se manifesta, de modo vivo, sobretudo quando o Bispo preside, a Igreja em sua unidade, o único altar, com seus ministros e seu povo (Ecclesiae semper, n. 8 e 9). A concelebração manifesta e fortalece os laços fraternos entre os presbíte ­ ros, pois em virtude da sua ordenação e Missa comum, eles estão unidos numa fraternidade bem íntima (Eucharisticum Mysterium, n. 47). Também na Missa concelebrada, cada um faça tudo e somente aquilo que lhe compe­ te pela natureza das coisas e conforme as normas litúrgicas (cf. SC 28). Aqueles que foram ordenados para presidir as celebrações litúrgicas exercem colegialmente o ministério da pre ­ sidência. Igualmente, os outros participantes da celebração contribuem com os serviços que lhes são próprios. Por isso, devem-se exercer na Missa concelebrada, na medida do possível, os ministérios do diácono, do leitor, do cantor e dos ministrantes. Para que haja verdadeira partilha do pão consagrado, convém preparar partículas grandes de modo a haver verdadeira fração do pão. Não é licito ao sacerdote celebrar mais de uma vez ao dia, exceto nos casos em que, de acordo com o direito, é lícito celebrar ou concelebrar a Eucaristia mais vezes no mesmo dia. Se houver falta de sacerdotes, o Ordinário local pode permitir que, por justa causa, os sacerdotes celebrem duas vezes ao dia e até mesmo três vezes nos domingos e festas de preceito, se as necessidades pastorais o exigirem. O sacerdote que celebra mais Missas no mesmo dia pode aplicar cada uma delas se­ gundo a intenção pela qual foi oferecida a espórtula, mas com a condição de reter para si a espórtula de uma só Missa, excetuando o dia do Natal do Senhor, e entregar as outras para os fins determinados pelo Ordinário, admitindo-se alguma retribuição por título extrínseco. O sacerdote que concelebrar no mesmo dia uma segunda Missa, por nenhum título, pode receber espórtula por ela (cf. cân. 905 e 951). 8. Orientações litúrgico-pastorais

8.1. Aspersão do povo nos domingos O rito da bênção e aspersão de água benta pode ser feito, em todas as igrejas e ora ­ tórios, em todas as missas de domingo, especialmente dos domingos da Páscoa, mesmo nas que se antecipam em horas vespertinas do sábado. Este rito substitui o ato penitencial que se realiza no início da missa.

64

8.2. Pão para a celebração da Eucaristia A verdade do sinal exige que a matéria da celebração eucarística pareça realmente um alimento. Convém, portanto, que, embora ázimo e com a forma tradicional, seja o pão eu ­ carístico de tal modo preparado, que o sacerdote, na Missa com o povo, possa de fato partir a hóstia em diversas partes e distribuí-las ao menos a alguns fiéis. Não se excluem, porém, as hóstias pequenas, quando assim o exigirem o número de comungantes e outras razões pas­ torais. O gesto, porém, da fração do pão, que por si só designava a Eucaristia nos tempos apostólicos, manifestará mais claramente o valor e a importância do sinal da unidade de to­ dos num só pão e da caridade fraterna pelo fato de um único pão ser repartido entre os ir ­ mãos (cf. IGMR 321).

8.3. Comunhão dos fiéis Quem já recebeu a santíssima Eucaristia pode recebê-la uma segunda vez no mesmo dia, somente dentro da celebração eucarística em que participa (CDC, cân. 917;. Mesmo que já tenham comungado nesse dia, recomenda-se vivamente que comun­ guem de novo aqueles que vierem a ficar em perigo de morte (CDC, cân 921, 2). Recomenda-se também que os fiéis recebam a sagrada comunhão na própria cele­ bração eucarística; seja-lhes, porém, administrada fora da Missa quando a pedem por justa causa, observando-se os ritos litúrgicos (CDC, cân. 918). “É muito recomendável que os fiéis recebam o Corpo do Senhor em hóstias consagradas na mesma Missa e participem do cálice nos casos previstos, para que, também através dos sinais, a comunhão se manifeste mais claramente como participação no Sacrifício celebrado” (IGMR 85). 8.4. Comunhão sob as duas espécies “A Comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal, quando sob as duas espécies. Sob esta forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico e se exprime, de modo mais claro, a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no San ­ gue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico no Reino do Pai” (IGMR 281). Além dos casos previstos nos livros rituais, a Comunhão sob as duas espécies é per ­ mitida nos seguintes casos:

65 a) aos sacerdotes que não podem celebrar ou concelebrar o santo sacrifício; b) ao diácono e a todos que exercem algum ofício na Missa; c) aos membros das comunidades na Missa conventual ou na Missa chamada “da co ­ munidade”, aos alunos dos Seminários, a todos os que fazem exercícios espirituais ou que participam de alguma reunião espiritual ou pastoral. O Bispo diocesano pode baixar normas a respeito da Comunhão sob as duas espéci­ es para a sua diocese, a serem observadas inclusive nas igrejas dos religiosos e nos peque ­ nos grupos. Ao mesmo Bispo se concede a faculdade de permitir a Comunhão sob as duas espécies, sempre que isso parecer oportuno ao sacerdote a quem, como pastor próprio, a co­ munidade está confiada, contanto que os fiéis tenham boa formação a respeito e esteja exclu ­ ído todo perigo de profanação do Sacramento, ou o rito se torne mais difícil, por causa do nú ­ mero de participantes ou por outro motivo. A Comunhão sob as duas espécies pode ocorrer nos seguintes casos: 1. a todos os membros dos Institutos religiosos e seculares, masculinos e femininos e a todos os membros das casas de formação sacerdotal ou religiosa, quando participarem da Missa da comunidade; 2. a todos os participantes da missa da comunidade por ocasião de um encontro de oração ou de uma reunião pastoral; 3. a todos os participantes em Missas que já comportam para alguns dos presentes a comunhão sob as duas espécies, conforme os Princípios e Normas para uso do Missal Roma­ no: a. quando há uma Missa de batismo de adulto, crisma ou admissão na comunhão da Igreja; b. quando há casamento na Missa; c. na ordenação de diácono; d. na bênção da Abadessa, na consagração das Virgens, na primeira profis­ são religiosa, na renovação da mesma, na profissão perpétua, quando feitas duran ­ te a Missa; e. na Missa de instituição de ministérios, de envio de missionários leigos e quando se dá na Missa qualquer missão eclesiástica; f. na administração do viático, quando a Missa é celebrada em casa; g. quando o diácono e os ministros comungam na Missa; h. havendo concelebração; i. quando um sacerdote presente comunga na Missa; j. nos exercícios espirituais e nas reuniões pastorais;

66 l. nas Missas de jubileu de sacerdócio, de casamento ou de profissão religi ­ osa; m. na primeira Missa de um neo-sacerdote; n. nas Missas conventuais ou de uma “Comunidade”; 4. Na ocasião de celebrações particularmente expressivas do sentido da comunidade cristã reunida em torno do altar (cf. IGMR, 283). 8.5. Comunhão na mão

No dia 03 de abril de 1985, a Congregação do Culto Divino enviou notificação s obre a Comunhão na mão (Prot. n. 720/85). 1. A comunhão na mão deve manifestar, tanto como a comunhão recebida na boca, o respeito pela presença real de Cristo na Eucaristia. 2. De acordo com os ensinamentos dos Santos Padres, insista-se no “Amém” que o fiel pronuncia como resposta à fórmula do ministro: “O Corpo de Cristo”. O amém deve ser uma afirmação de fé. 3. O fiel que receber a comunhão a leva à boca, ficando com o rosto voltado para o altar, antes de regressar ao seu lugar. 4. É da Igreja que o fiel recebe a Eucaristia, por isso deve recebê-la sempre do minis ­ tro que distribui a comunhão e não se servir a si mesmo. 5. Recomenda-se a todos, em particular às crianças, a limpeza das mãos, como sinal de respeito para com a Eucaristia. 6. Recomenda-se vigiar para que pequenos fragmentos do pão eucarístico não se percam. 7. Jamais se obrigará algum fiel a adotar a prática da comunhão na mão. Deixar-se-á a liberdade de receber a comunhão na mão ou na boca, em pé ou de joelhos.

8.6. Jejum eucarístico Quem vai receber a santíssima Eucaristia abstenha-se de ingerir qualquer comida ou bebida, excetuando-se somente água e remédio, no espaço de, ao menos, uma hora antes da sagrada comunhão. O sacerdote que no mesmo dia celebra duas ou três vezes a santíssima Eucaristia pode tomar alguma coisa antes da segunda ou terceira celebração, mesmo que não haja o espaço de uma hora.

67 Pessoas idosas e doentes, bem como as que cuidam delas, podem receber a santís ­ sima Eucaristia, mesmo que tenham tomado alguma coisa na hora que a antecede (cân. 919). 8.7. Aplicação da missa pelo povo Os pastores de almas devem aplicar a missa pelo povo que lhes foi confiado, todos os domingos e nas outras festas de preceito de sua Diocese; mas quem estiver legitimamente impedido de fazê-lo, aplique-a nesses dias por intermédio de outro ou pessoalmente em ou ­ tros dias. O sacerdote a quem estiverem confiadas várias paróquias, também a título de admi ­ nistração, satisfaz à obrigação aplicando uma só missa por todo o povo que lhe está confia ­ do. Quem não tiver cumprido esta obrigação aplique, quanto antes, tantas missas pelo povo quantas tiver omitido (CDC, cân. 388 a 534; cf. câns. 914, 427 # 1, 540 # 1).

8.8. Adoração eucarística

8.8.1. O culto eucarístico fora da missa nasce da celebração da Eucaristia.

A adoração eucarística, pessoal ou comunitária, deve brotar da celebração do me­ morial da Páscoa do Senhor e a ele conduzir. Essa prática orante alcança seu maior signi­ ficado quando está em sintonia com o que a Eucaristia é e realiza: a Aliança de Deus com o seu povo; a construção da Igreja – “escola e casa de comunhão”. No dizer de Paulo VI, essa relação pessoal com o Senhor favorece o contínuo crescimento na fé e prolonga a graça do sacrifício eucarístico. Numa espiritualidade eucarística renovada, a adoração eu ­ carística está em estreita sintonia com o mistério pascal e com a participação na Ceia do Senhor.

8.8.2. “Nós adoramos o que conhecemos” (Jo 14,22)

O mistério eucarístico é o maior e o mais expressivo dos sinais da fé. Guiada pelo Espírito Santo, a Igreja expressa sua fé na presença de Jesus na Eucaristia, conservando o pão eucarístico para ser levado aos doentes, aos moribundos e para receber a adoração

68 que só é devida a Deus41. “Ninguém coma dessa carne sem primeiro adorar...; não só não pecamos adorando-a, mas pecaríamos se não a adorássemos!”, já dizia Santo Agostinho 42. O rito do “fermento” que consistia na prática de levar uma porção do pão consagrado a ou­ tra igreja para ser colocado no cálice, antes da comunhão, testemunha a fé da Igreja na presença permanente do Senhor. Os bispos enviavam o “fermento” aos seus presbíteros ou a outros bispos em sinal de unidade. Usava-se a palavra fermento para indicar que a Eucaristia deve ser o fermento da comunhão e da unidade. Fermento que transforma os cristãos, levando-os a formar o único Corpo de Cristo. Diante da presença do Senhor, podemos pouco a pouco assimilar o que Ele nos mandou celebrar em sua memória: “Isto é meu corpo entregue por vós; isto é meu sangue derramado por vós.” Somente um coração humilde pode beneficiar-se dessa presença de comunhão.

Não podendo vivenciar e assimilar, no contexto da celebração, todos os aspectos da Ceia do Senhor, quem se coloca em oração silenciosa diante da Eucaristia retoma as diversas partes da ação litúrgica, por exemplo o prefácio, a oração eucarística, a oração do dia ou a oração após a comunhão, as leituras proclamadas na liturgia da Palavra. Ou en ­ tão, repete no silêncio do seu coração: “Eis o mistério da fé”; “Felizes os convidados para a Ceia do Senhor”; “Ele está no meio de nós!”; “Demos graças ao Senhor nosso Deus!” A adoração a Jesus no Santíssimo Sacramento leva “os verdadeiros adoradores” a uma profunda comunhão com o Pai, pelo Filho, no Espírito que ora em seus corações. Ao contemplar o Pão vivo que desceu do céu para a vida do mundo, sentimos toda a força da expressão: por Cristo, com Cristo e em Cristo, a vós Deus Pai todo-poderoso, toda honra e toda glória, agora e para sempre!

8.8.3 A exposição do Santíssimo Sacramento

A exposição do Santíssimo Sacramento tem como finalidade facilitar a contempla­ ção do mistério eucarístico e levar os fiéis a reconhecer na Santíssima Eucaristia “a mara ­ vilhosa presença de Cristo, convidando-os à comunhão de coração que atinge o seu ponto

41 42

cf A Sagrada Comunhão e o Culto Eucarístico fora da missa, Introdução Geral, 5 In Ps 98,9

69 alto na comunhão sacramental. Portanto, fomenta de modo excelente o culto em espírito e verdade que lhe é devido 43.”

8.8.3.1.A exposição prolongada do Santíssimo Sacramento

Nas igrejas em que se conserva o Santíssimo Sacramento, recomenda-se reali­ zar cada ano uma exposição solene. 44 •

Durante a exposição do Santíssimo proíbe-se, no mesmo recinto, a

celebração da Eucaristia. •

Se a exposição do Santíssimo se prolongar durante um ou vários

dias sucessivos, ela será interrompida para a celebração eucarística. •

Não havendo número suficiente de adoradores, o Santíssimo Sa­

cramento será recolhido ao tabernáculo. Essa reposição do Santíssimo não de­ verá ser feita mais de duas vezes. Ela pode ser feita de forma discreta, isto é, sem cantos e preces.

8.8.3.2.A exposição breve •

Proíbe-se a exposição do Santíssimo somente para dar a bênção

depois da missa45. •

As exposições breves do Santíssimo devem organizar-se de tal

maneira que haja tempo conveniente para a escuta da Palavra, cânticos, preces e momentos de silêncio 46.

8.8.4. O ministro da exposição •

O padre ou o diácono é o ministro ordinário da exposição do San­

tíssimo Sacramento. Para esta função deverão estar revestidos de túnica e esto­ la. No final da adoração, são eles que dão a bênção, usando a capa e o véu de ombros de cor branca.

43

O culto do mistério eucarístico fora da missa, 82 Idem, 86 45 Ibidem, 89 46 Ibidem, 89 44

70 •

Os acólitos e Ministros extraordinários da Sagrada Comunhão po­

dem expor e repor o Santíssimo, porém não lhes é facultado dar a bênção aos fiéis. O bispo pode conceder a faculdade de expor o Santíssimo a outras pesso­ as47.

8.8.5. Ambiente adequado



A exposição se faz sobre o altar, evitando o uso de tronos. O nú­

mero de velas não deve ultrapassar o daquelas que se acendem na missa. •

É preferível que flores e símbolos que recordam a Eucaristia sejam

colocados, discretamente, ao lado do altar. •

Para que se perceba uma melhor relação entre a mesa da Palavra

e a mesa eucarística, recomenda-se que o Lecionário esteja visível. •

Não havendo muitas pessoas para a adoração, é preferível que se

faça a exposição na Capela do Santíssimo. •

Cuide-se para que haja bíblias disponíveis para os que fizerem a

sua adoração individualmente. •

À entrada do recinto da adoração, pode haver um quadro no qual

estejam afixadas as intenções em favor da comunidade ou recomendadas pelo bispo. •

Evite-se, durante a exposição do Santíssimo, abrir e fechar o taber­

náculo, para não perturbar os que estão em oração.

8.8.6.Adoração eucarística e a escuta da Palavra A adoração eucarística é alimentada pela leitura orante da Palavra de Deus. Recomenda-se que sempre seja proclamada na adoração comunitária.

9. Missas de Rádio de Televisão

47

Ibidem, 91

71 No Brasil, há muitos anos, temos missas transmitidas pela rádio e pela televi­ são. Em encontros nacionais, promovidos pelos bispos, têm-se dado orientações pastorais sobre o modo de realizá-las e sobre o significado delas na vida dos cristãos. Muitos católicos por motivos diversos assistem a essas transmissões. O que di ­ zer sobre isso? No Concílio Vaticano II, encontramos uma declaração significativa: "As trans­ missões por rádio e televisão das funções sagradas, particularmente em se tratando da Santa Missa, façam-se com discrição e decoro, sob a direção e responsabilidade de pessoa idônea, escolhida para tal ofício pelos bispos" (SC 20). Esta recomendação encontra uma orientação prática na palavra da Comissão Pontifí­ cia para as Comunicações Sociais na Instrução Pastoral Communio et Progressio, publicada em 27 de maio de 1971: "A Missa e outros ofícios litúrgicos devem ser incluídos no número das transmissões religiosas. É necessário, porém, que tais programas sejam devidamente preparados, do ponto de vista técnico e litúrgico. Tenha-se em conta a grande diversidade de público e, se os programas se destinam também a outros países, deve-se respeitar a sua reli­ gião e costumes" (CP 151). O Magistério da Igreja vê na transmissão de celebrações eucarísticas, como também de outras celebrações, um meio de informar as pessoas sobre a liturgia e sua cele ­ bração. A Instrução da Sagrada Congregação dos Ritos e Consilium, Eucharisticum Mysterium, vai além e diz que as transmissões televisivas de Liturgias, especialmente da Mis ­ sa, devem ajudar o telespectador a associar-se à Páscoa de Cristo e que a missa transmiti ­ da pela rádio e pela televisão deve ser um modelo da celebração do sagrado mistério, confor ­ me as leis da reforma litúrgica (cf. EM, 22). No encontro com produtores de missas transmitidas pela televisão, em setem­ bro de 1998, a CNBB expressou que as transmissões devem ajudar os telespectadores a se associarem à Páscoa de Cristo. "Seria de máxima conveniência que, em relação a estas questões, fosse recordado que na liturgia celebramos o Mistério Pascal. Que haja, por parte de todos, respeito e fidelida ­ de naquilo que estabelece o Magistério da Igreja com relação à celebração da Santa Missa e do Culto Eucarístico para que se evitem desvios e abusos, sobretudo nas transmissões televi ­

72 sivas. Aqueles que assistem à Missa pela TV sejam estimulados a participar da celebração na assembléia litúrgica. Cada celebração tenha sempre um tom orante para que transpareça a dimensão de sacralidade do mistério celebrado. Seja dado o devido valor aos símbolos litúrgi ­ cos, cuide-se das expressões artísticas do espaço celebrativo, dos objetos, das vestes litúrgi ­ cas. O canto e a música estejam de acordo com a índole própria da celebração, do tempo li ­ túrgico e dos momentos celebrativos 48". A assistência à missa pela rádio e pela televisão não justifica a ausência na celebra ­ ção para quem tem condições de participar dela fisicamente. As declarações do Magistério da Igreja não deixam dúvida que as celebra ­ ções litúrgicas transmitidas pelos meios de comunicação social, especialmente pela televisão, se assistidas com fé, têm valor salvífico para os que não podem participar da missa em sua comunidade, por exemplo, por doença ou velhice. Toda a nossa vida em conformidade com Jesus Cristo é um levar a efeito a obra da salvação, isso vale mais ainda para quem se une espiritual e realmente à Páscoa de Cristo, assistindo a uma missa transmitida por rádio ou pela televisão. Podemos entrar em comunhão com o Senhor Ressuscitado não só pela co­ munhão eucarística, mas também de outras maneiras. Por isso, quem não tem possibilidade de participar fisicamente da assembléia eucarística, tem através da rádio e mais ainda da te ­ levisão uma ótima possibilidade de entrar em comunhão com o Senhor. . O assistir a uma celebração pelos meios de comunicação é uma respo sta ao Senhor que bate à nossa porta, pedindo entrada. Aberta a porta, o Senhor entra para realizar o encontro através da Palavra proclamada para todos e realiza-se um encontro pessoal, par­ ticular e salvífico (cf. Ap 3,20).Na comunhão eucarística, este encontro é mais profundo e também pessoal no sentido de individual Certamente as equipes, que preparam e animam as celebrações transmit idas pela rádio e pela televisão, devem ter muita consciência do significado e do alcance dessas celebrações para as pessoas impedidas de se reunirem com a comunidade, como: doentes, idosos, presos, viajantes, os que moram longe do local das celebrações comunitárias. Nunca Dom Geraldo Lyrio Rocha, intervenção no Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia, realizado em outubro de 2005. 48

73 se devem transmitir missas gravadas. Toda celebração deve se realizar com unção e ter um tom orante. As celebrações litúrgicas são celebrações da Igreja e fundadas na longa tradição litúrgica; por isso, não cabe nelas inventar coisas e nem o cultivo de subjetividades. Muito menos devem ser palco de ‘shows’ e esnobismos de grupos ou pessoas. As missas transmitidas pelos meios de comunicação social se justificam tam­ bém como espaço de iniciação dos fiéis e de formação litúrgica do povo.

IV - A CELEBRAÇÃO DO MATRIMÔNIO CRISTÃO

1. Importância e dignidade do Sacramento do Matrimônio O sacramento do matrimônio é celebração do amor entre um homem e uma mulher e do amor de Cristo e da Igreja. Este amor conjugal, bênção e dom de Deus, vi ­ vido à luz da fé, torna-se sacramento: um sinal visível da aliança invisível de Cristo com a sua Igreja e de Deus com a humanidade(cf. Ef 5, 21-33). A graça do sacramento, pela qual os cônjuges participam do amor e da vida da Santíssima Trindade, leva à perfeição o amor hu ­ mano de ambos, consolida sua unidade indissolúvel, faz crescer a doação mútua e os santifica no caminho da vida eterna (cf. CIC 1661).

O casamento é um verdadeiro acontecimento eclesial (ou religioso), tanto para os noivos, como para as suas famílias e para a comunidade. Trata-se, portanto, de uma celebração do Mistério Pascal de Cristo, na qual a Palavra proclamada, a oração e as demais ações rituais constituem verdadeiro sinal sacramental. 2. Preparação e celebração do Matrimônio

Dê-se preferência à realização do matrimônio durante a celebração eucarística, lu­ gar próprio para celebrar a plenitude da aliança de Deus conosco, fazendo memória da morte e ressurreição de Cristo. Dê-se devida atenção para o caráter comunitário da celebração do matrimônio, inclusive incentivando os nubentes a celebrarem o matrimônio na Igreja onde costu­ mam participar.

74 Nos “cursos de noivos” seja reservado um tempo para o estudo do rito do ma­ trimônio, ocasião em que todos poderão desfrutar da teologia e da espiritualidade des ­ te sacramento. É indispensável que a celebração do matrimônio seja devidamente preparada pelo ministro assistente com os noivos e a equipe de celebração. Isto possibilita a par ­ ticipação ativa, frutuosa e plena de todos na celebração do sacramento. Muito provei ­ tosas seriam celebrações comunitárias, em que diversos noivos celebrassem juntos esse sacramento. As testemunhas devem ser expressão da comunidade eclesial e ter a devida cons­ ciência do sentido do matrimônio

Quanto aos ministérios litúrgicos, dê-se preferência aos da própria comunida­ de. No tocante ao canto e à música, evite-se o costume de ‘importar’ cantores instru­ mentistas que não participam da vida da comunidade. O canto e a música são elementos indispensáveis em toda celebração litúrgica. No matrimônio, sejam escolhidos de acordo com a natureza do rito e expressem o mis­ tério celebrado. O que se diz dos cantos, vale também para a escolha das músicas. Sejam evitados melodias e textos adaptados de canções populares, trilhas sonoras de filmes ou de novelas 49.

O espírito cristão da celebração pede sobriedade na ornamentação. Espera-se que haja nobreza, bom gosto e simplicidade na decoração da igreja. Os arranjos não dificultem a visão do altar, do ambão e não impeçam a movimentação dos ministros. Os profissionais ou amadores, da área de fotografia e filmagem, sejam orienta­ dos do sentido da celebração. Em todos os momentos, haja a devida discrição e res­ peito, evitando assim todo e qualquer movimento que leve à dispersão.

49

Sobre os critérios para a escolha de cantos, veja no capítulo VII, Canto e Música na Liturgia, item 1.

75

V – A CELEBRAÇÃO DE BÊNÇÃOS

1. O Sentido da bênção

As celebrações de bênçãos, como ações litúrgicas, ocupam um lugar significa­ tivo entre os sacramentais da Igreja para o bem-estar espiritual do povo de Deus. O pedido de bênçãos revela a necessidade que as pessoas têm de Deus e de sua proteção em favor da vida, da saúde e da paz. A experiência do limite, da pobreza, da carência de recursos e de acesso aos bens humanos faz com que as bênçãos se­ jam procuradas por pessoas de todas as classes sociais. Mas essas experiências, em nosso contexto, faz com que sejam solicitadas especialmente pelos pobres. Desde a criação, Deus, fonte e origem de toda a bênção, abençoou os seres vivos, especialmente o homem e a mulher. Toda a obra de Deus é bênção 50. Abençoar é uma ação divina que dá a vida e da qual o Pai é a fonte 51. A bênção, como expressão da aliança entre Deus e seu povo, tem uma dupla dimensão: é dom, é graça no sentido de que Deus abençoa, por si ou por meio de ou ­ tras pessoas, comunicando sua bondade e realizando as promessas; é louvor do povo que exalta, bendiz e presta culto de piedade, reconhecendo a Deus como fonte de todo o bem e de toda a graça. 2. A bênção como ação litúrgica A Igreja, sob a ação do Espírito Santo, exerce o ministério de bênçãos de muitos modos. Neste sentido, instituiu diferentes formas de bênçãos, convidando assim seus membros a louvar a Deus por sua misericórdia e santidade e a invocar sua proteção.

50 51

Cf Catecismo da Igreja Católica, n. 1079. Idem, n. 1078.

76 Pela celebração de bênção, as pessoas são convidadas a unir o coração e a voz à voz maternal da Igreja. Por isso, não é recomendável, habitualmente a celebração da bên­ ção de coisas ou lugares sem a participação de ao menos algum fiel 52. Para que a “ação de abençoar” realize o que significa e o que a Igreja suplica, re ­ querem-se as disposições de fé, de esperança e de caridade. Da bênção não se espera um efeito mágico. Da escuta da Palavra,\ a fé se alimenta e as pessoas recebem os bene ­ fícios da graça de Deus. No Ritual de Bênçãos, encontramos: bênçãos de pessoas, de objetos, de coisas destinadas ao uso litúrgico, de objetos de piedade (devoção) e para diversos fins. Nas bênçãos de pessoas, pede-se que elas orientem sua vida e seu agir ao louvor de Deus e à santificação de si e dos outros e do cuidado da vida. Sobre as coisas e objetos, invocase a bênção para que sirvam às pessoas e as ajudem na edificação do Reino e a na glori ­ ficação de Deus. 3. Elementos da celebração de Bênção A bênção apresenta basicamente duas partes principais: a primeira, a proclama ­ ção da Palavra de Deus, e a segunda, o louvor da bondade divina e a invocação de sua proteção53. Assim, a celebração de bênçãos segue o seguinte esquema: - ritos iniciais - liturgia da Palavra - preces - oração de bênção - ritos conclusivos. A oração de bênção é acompanhada de gestos e símbolos, tais como: sinal da cruz, aspersão da água benta, mãos estendidas, levantadas, juntas ou impostas sobre as pessoas ou sobre os objetos que são abençoados. A oração de bênção com o gesto que lhe corresponde adquire o sentido e a eficá ­ cia a partir da Palavra de Deus proclamada 54. É esta quem atualiza a ação salvadora de 52 53 54

Cf. Ritual de Bênçãos, Introdução Geral, n.17. Cf. Idem, 20. Cf. Ibidem, n 21.

77 Deus, motivo pelo qual a comunidade bendiz. Assim, a oração de bênção é um sinal sa ­ grado e não um gesto mágico ou supersticioso 55. Por estas razões, não convém a realiza­ ção da bênção de objetos e lugares, usando-se somente sinais externos, sem qualquer re ­ ferência à Palavra de Deus ou de alguma oração 56. 4. Ministro da Bênção Quem celebra a bênção é a Igreja através de seus ministros: bispo, presbítero, di ­ ácono, leigos e leigas. Quanto mais uma bênção se relaciona com a vida eclesial e sacra­ mental, tanto mais se reserva sua presidência ao ministério ordenado 57. Como prevê o Ri­ tual de Bênçãos, os leigos e leigas presidem bênçãos como: das pessoas (crianças, cate­ quizandos, doentes, famílias), residências, plantações, animais, alimentos, objetos, carros, instrumentos de trabalhos etc 58. A dignidade da celebração comunitária de bênçãos requer que os ministros, nos seus diferentes níveis, usem as vestes litúrgicas prescritas para as celebrações litúrgicas. 5. Algumas pistas pastorais As celebrações de bênçãos merecem ser realizadas com dignidade e pi edade. É indispensável que haja uma equipe que se ocupe em: • iniciar as pessoas no sentido cristão da bênção para a sua vida; • conhecer a situação concreta das pessoas que pedem bênçãos, bem como acolher com respeito e discernimento o seu pedido de bênção; • preparar e realizar com dignidade a celebração de bênçãos, dando destaque à proclamação da Palavra de Deus, à oração de louvor, à súplica e aos gestos simbólicos; • preceder com um breve momento de silêncio orante a oração de bênção e o gesto que a acompanha; • priorizar as celebrações comunitárias de bênçãos, a participação das pessoas e a atuação dos diferentes ministérios, particularmente nos cen ­ 55

A renovação litúrgica lembra que não há mais bênção com um simples sinal-da-cruz, pois toda bênção comporta a proclamação da Pa­ lavra de Deus e uma oração. Ritual de Bênçãos, Introdução Geral, n. 27. 56 Cf. Ritual de Bênçãos, Introdução Geral, n. 27. 57 58

Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1669. Cf. Ritual de bênçãos por ministros leigos. 7a ed. Paulus, São Paulo, 2004.

78 tros de romaria, de santuários, no contexto de uma celebração da Palavra de Deus; • levar em conta o tempo litúrgico e o Mistério Pascal nas celebra­ ções de bênçãos; • zelar, com bom senso, para que as celebrações de bênçãos não le­ gitimem situações de exploração, opressão, discriminação, injustiça e violên ­ cia; • cuidar que a ação simbólica da bênção seja feita com dignidade e nobre simplicidade. A celebração de bênçãos deve caracterizar-se pela relação carinhosa e amiga com as pessoas, feita com fé e com o coração, fazendo memória do gesto de Jesus que acolhia e abençoava as pessoas.

VI - EXÉQUIAS 1.

O sentido teológico-litúrgico da celebração das exéquias

As exéquias são o conjunto de ritos e orações com que a comunidade cristã acompanha seus mortos e os encomenda a Deus. Em todos os povos e em todos os tempos, encontram-se ritos relacionados com os falecidos e com os que choram a morte de algum fa ­ miliar. A primeira notícia que temos do trato dos cristãos para com seus mortos encontra-se em Atos dos Apóstolos. Trata-se do martírio de Santo Estêvão. "Homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram por ele solene funeral" (At 8,2). Para os cristãos "a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito o nosso cor­ po mortal, nos é dado nos céus um corpo imperecível" 59. Esta fé, tantas vezes afirmada e re­ petida nos textos bíblicos e litúrgicos do início da Igreja, com o tempo, foi sendo obscurecida por sentimentos sombrios e trágicos. O Concílio Vaticano II, porém, determina que o rito das exéquias volte a exprimir mais claramente a índole pascal da morte cristã. Determina também que corresponda melhor às condições e tradições das diversas regiões (cf. SC 81). Atenta a este princípio orientador da Igreja, a Sagrada Congregação para o Culto Divino, em 1969, promulgou o novo Ritual de Exéquias com esta clara orientação: "Celebrando as exéquias de seus irmãos, cuidem os cristãos de afirmar a esperança da vida eterna; mas façam isso de tal 59

Prefácio dos defuntos I.

79 forma que não pareçam ignorar ou desprezar a mentalidade e o modo de agir dos homens do seu tempo e região, no que se refere aos mortos. Aceite-se de bom grado o que houver de bom nas tradições familiares, nos costumes locais e nos serviços das empresas funerárias; o que, porém, estiver em contradição com o Evangelho, procure-se transformar, de modo que a celebração das exéquias cristãs manifeste realmente a fé pascal e o espírito do Evangelho" 60. 2.

A celebração da morte – plenitude da páscoa dos cristãos

No Brasil, pelo fato de ter sido feita a tradução literal do novo Ritual, não foi le­ vada em conta a cultura de nosso povo. Multiplicaram-se, por isto, pelas dioceses e paróqui ­ as, textos para os funerais dos fiéis. Preocupada com tantos textos não oficiais, a Dimensão Litúrgica da CNBB, elaborou um texto ad experimentum intitulado: Nossa Páscoa: subsídios para a celebração da esperança. A intenção é, após um tempo de experiência e depois de acolher as observações feitas, aperfeiçoá-lo e oficializá-lo como Ritual de Exéquias, próprio para o Brasil. O texto se compõe de três celebrações para o velório, inspiradas na Celebração da Palavra, no Ofício Divino das Comunidades e na Vigília Pascal. Contém celebrações para a encomendação e para o sepultamento. Uma das celebrações está prevista para os casos de cremação. Há também celebração para velório, encomendação e sepultamento de crian ­ ças. Como se afirma na apresentação, "em tudo há um grande esforço de valorizar os símbo ­ los, numa linguagem orante e adaptada à sensibilidade do povo brasileiro". O texto contém, além de dois apêndices, uma Introdução Geral. O Apêndice I é um pequeno lecionário com onze (11) textos bíblicos apropriados para a celebração das exé ­ quias e o Apêndice II apresenta uma seleção de cantos. Na Introdução, há uma reflexão so ­ bre a morte cristã e sua celebração; apresentam-se as orientações da Igreja sobre a crema­ ção ou incineração; e algumas orientações sobre a pastoral das exéquias. Cada celebração de exéquias em si mesma é sempre um desafio que exige uma constante e renovada sensibilidade litúrgico-pastoral desde a preparação até a execução da celebração. Para que os fiéis, na celebração de exéquias, experimentem mais intensamente a pascalidade da morte cristã, é importante valorizar os diversos elementos rituais, presentes em suas diferentes etapas (velório, encomendação e sepultamento ou cremação): acolhida fraterna dos irmãos, a escuta orante da Palavra de Deus e a oração. É importante ainda: 60

Ritual de Exéquias, Introdução, n. 2.

80 •

cuidar do espaço, providenciando círio pascal, cruz, velas, bíblia,

flores e água benta; •

valorizar os gestos e ações simbólicas, tais como a aspersão que

lembra o batismo e a incensação que presta homenagem ao corpo como templo do Espírito Santo. A aspersão, a incensação, o círio aceso, a cruz, a Palavra es ­ cutada, as flores, a bênção do túmulo possibilitam aos participantes entrarem na dinâmica pascal e participarem da paixão, morte e ressurreição do Senhor; •

considerar, nos ritos iniciais, o tipo de assembléia celebrante, res­

peitando o momento de dor dos enlutados e acolhendo-os terna e fraternalmen­ te de modo a manifestar a comunhão desejada por Cristo, figura da comunhão definitiva de todos no céu; •

recordar a vida da pessoa falecida;



valorizar o canto dos salmos, a leitura da Palavra de Deus, como

mensagem de consolo e de esperança; •

levar em conta nas orações (inicial, preces, encomendação, etc), a

pessoa falecida, a idade e as diversas circunstancias de morte; • 3.

observar as pausas e o silêncio.

A cremação

No caso de cremação, as exéquias podem ser feitas no próprio prédio do crema­ tório ou mesmo na sala de cremação. Seria bom fazê-las antes da cremação. Enquanto ação ritual e simbólica, parece mais natural rezar diante de um corpo que foi habitado pelo Espírito Santo do que diante de suas cinzas. Contudo, também diante das cinzas, faculta-se a realiza ­ ção de exéquias. Não é recomendada a prática de espalhar as cinzas no jardim, no mar ou no alto da montanha. Mas, mesmo nestes casos, pode-se também fazer algum tipo de celebra ­ ção, na tentativa de cristianizar um gesto que parece inspirar-se no secularismo e na indife ­ rença religiosa. 4.

O (a) ministro (a) das exéquias

Como atitude pastoral, lembra-se ao ministro que, por ocasião das exéquias, ele é de modo especial "sinal do amor de Cristo" e "ministro da consolação". Não deve recusarse a celebrar as exéquias de ninguém, mesmo daqueles que não participavam da comunida ­

81 de. Afinal de contas, a Igreja também reza por aqueles dos quais só Deus conheceu a fé 61. Cuidado muito especial se deve ter para com os familiares daqueles cuja morte ocorreu em circunstâncias de violência. É preciso ter também uma atenção redobrada para com aqueles que não são católicos ou, se católicos, raramente ou jamais participam da Eucaristia. Evitemse os elogios fúnebres sem, no entanto, levar ao extremo o uniformismo e a total falta de dife ­ renciação entre as pessoas. É importante valorizar a atuação de uma equipe que zele pelas celebrações. Esta tenha uma ótima preparação humana, espiritual, teológica e litúrgica, por meio de cur ­ sos, retiros, etc., de modo que atue com eficácia e equilíbrio perante as diversas situações que possam surgir no exercício do ministério. 5.

O luto

O luto é um tempo propício para a assimilação do mistério da morte. É necessário respeitar cada etapa do luto que é marcado pela dor humana da separação. Estas etapas, especialmente os novenários realizados nas casas dos parentes dos falecidos, as celebra­ ções de sétimo dia e dos aniversários de morte auxiliam os cristãos a viverem o luto como um elemento salutar e necessário no processo da caminhada, fortificando a fé no mistério pascal e na ressurreição dos mortos.

VII – CANTO E MÚSICA NA LITURGIA

“O Apóstolo aconselha os fiéis, que se reúnem em assembléia para aguardar a vinda do Senhor, a cantarem juntos salmos, hinos e cânticos espirituais (cf. Cl 3,16), pois o canto constitui um sinal de alegria do coração (cf. At 2, 46). (...) Portanto, dê-se grande valor ao uso do canto na celebração da missa, tendo em vista a índole dos povos e as possibilidades de cada assembléia litúrgica” 62. Conforme orientação do Concílio Vaticano II, a música apropriada à liturgia é aquela que está mais intimamente integrada à ação litúrgica e ao momento ritual ao qual ela se desti ­ na63. A música litúrgica expressa o mistério de Cristo e a sacramentalidade da Igreja. O gesto sacramental de cantar “a uma só voz” pressupõe a participação ativa, interior, consci ­ 61

Cf. Oração Eucarística IV. IGMR, 39-40. 63 Cf. SC 112. 62

82 ente, frutuosa, plena de todo o povo sacerdotal congregado no Espírito Santo, durante a ação litúrgica. 1. Critérios para a criação e escolha do repertório litúrgico A criação de um repertório bíblico-litúrgico pressupõe o cumprimento de alguns crité­ rios básicos a saber: a)os textos dos cantos sejam tirados da Sagrada Escritura ou inspirados nela e das fontes litúrgicas 64; sejam poéticos, evitando explicitações desnecessárias, moralismos, intimismos, chavões; b)

as melodias sejam acessíveis à grande maioria da assembléia, porém,

belas e inspiradas; c)

sejam evitados melodias e textos adaptados de canções populares, trilhas

sonoras de filmes e de novelas; d)

seja levado em conta o tipo de celebração, o momento ritual em que o

canto será executado 65 e as características da assembléia; e) sejam respeitados os tempos do ano litúrgico e suas festas 66; f) seja considerada a cultura do povo do lugar 67; g)

sejam levadas em conta as dimensões comunitária, dialogal e orante nos

textos e nas melodias.

2. ‘Ministérios’ litúrgico-musicais Os compositores (letristas e músicos), cantores, salmistas, instrumentistas, animado­ res exercem um verdadeiro ministério litúrgico 68. Como parte integrante da assembléia, os di­ versos ministérios devem contribuir para que esta porção do povo de Deus participe ativa e plenamente da celebração. Os ministros do canto e da música devem, juntamente com todo o povo reunido, louvar o Senhor de todo o coração e crescer espiritualmente, deixando-se san ­ tificar pelo Espírito do Senhor que atua poderosamente na celebração litúrgica 69.

64

Cf. SC 121. Cf. SC 112. 66 Cf. SC 107. 67 Cf. SC 38-40. 68 Cf. SC 29. 69 BUYST, Ione. Oração da Igreja – eucologia. In: BUYST, I. & SILVA, J. Ariovaldo da. O mistério celebrado: memória e compromisso I. Siquém/Paulinas, 2002, p. 147. 65

83 O desempenho eficaz dos ministérios na ação litúrgica pressupõe, necessariamente, a inclusão e a integração de todas as pessoas ligadas ao serviço de animação litúrgico-musi ­ cal, na equipe de liturgia. 2.1. Ministério dos compositores (letristas e músicos) O(a) compositor(a), antes de tudo, deve estar engajado(a) na comunidade ecles ial. Só assim poderá compor uma música que brote da cultura musical do povo, do qual provêm os participantes da assembléia celebrante. O exercício deste ministério pressupõe o conhecimento da liturgia e, especificamente, da função ministerial de cada canto na ação litúrgica e dos critérios elencados acima. Os tex ­ tos e melodias destinados a cada momento da celebração litúrgica devem expressar-se em linguagem poética, mística, dialogal e orante. 2.2. Ministério do grupo de cantores ou coral O coral consiste num grupo de cantores escolhidos em uma comunidade e dirigidos por um mestre. O grau de especialização técnica de um grupo dessa natureza varia de acor ­ do com conhecimento técnico-musical dos cantores e de seu regente. Sua função é prestar um serviço ou ministério litúrgico em benefício da comunidade. O critério fundamental para definir o coro litúrgico não é o repertório, mas sua função litúrgi­ ca que é “garantir a devida execução das partes que lhe são próprias, conforme os vários gê­ neros de canto, e auxiliar a ativa participação dos fiéis no canto” 70. A própria colocação do coro (lugar dos cantores) deve mostrar a sua real natureza e função. Este grupo, especializado ou não, nada mais é do que uma porção da assembléia dos fiéis em cujo nome desempenha um papel litúrgico particular. Seu melhor lugar é próximo à assembléia, não de costas para ela, voltado para o altar, à direita ou à esquerda, em lugar visível e cômodo, fora do presbitério; de modo que os cantores possam desempenhar bem sua função e mais facilmente ter acesso à mesa eucarística 71. 2.3. Ministério do salmista

70 71

IGMR 103. Cf. MS 23; Instrução “Inter Oecumenici”, 97.

84 Mais do que simplesmente cantar, o(a) salmista deve “proclamar” 72 o salmo no am­ bão, pois ali é o lugar de onde Deus dirige sua Palavra ao povo reunido 73. Como o salmo responsorial constitui uma resposta da assembléia (com a própria Pa­ lavra de Deus), é fundamental uma perfeita sintonia entre o(a) salmista e a assembléia. Esta sintonia pressupõe uma atitude espiritual (integração do corpo-mente-coração) de quem can ­ ta o salmo para que seu conteúdo atinja a todos de forma plena e frutuosa. Mais do que nunca, quem exerce o ministério de salmista deve obter uma formação técnica e litúrgico-musical adequada. Eis os principais aspectos desta formação 74: •

formação bíblico-litúrgica - aprofundar o sentido literal e cristológico dos

salmos; estudar cada salmo em sua relação com a primeira leitura e com o projeto de salvação de Deus. •

formação espiritual - saber orar com o salmo, saboreá-lo como Palavra

de Deus para nossa vida atual; saber cantar de forma orante; •

formação musical - saber usar a voz de forma adequada, com boa dicção

e até mesmo saber ler uma partitura simples; aprender as melodias dos salmos res ­ ponsoriais; saber se entrosar com os instrumentos musicais que eventualmente acom­ panham o canto do salmo; •

formação prática: saber manusear o Lecionário e o Hinário Litúrgico; sa­

ber em que momento subir ao ambão, como se comunicar com a assembléia, como usar o microfone; conhecer os vários modos de se cantar o salmo. O(a) salmista jamais deve substituir o salmo responsorial por outro canto. Se, porven ­ tura, não puder cantá-lo, que o recite alternando com o refrão do povo 75. 2.4. Ministério dos instrumentistas A Instrução sobre a Musicam Sacram(1967), além de reconhecer a utilidade e a importância dos instrumentos musicais na liturgia, apresenta-nos também suas principais fun­ ções: sustentar o canto, facilitar a participação, criar a unidade da assembléia 76. Efeitos negativos podem ser causados pelo mau uso dos instrumentos, por exem­ plo:

72

Sobre a diferença entre recitar, ler, proclamar..., veja: Ione BUYST. O Ministério de leitores e salmista. Paulinas, 2001 Cf. IELM, 22 e IGMR, 309. 74 Cf. Ione BUYST. O ministério de leitores e salmistas. Paulinas, 2001, p. 50. O grifo é nosso. 75 Cf. IGMR 61. 76 Cf. MS 62-64. 73

85 a)

o excessivo volume - além de dificultar a compreensão dos textos, inibe a

participação da assembléia no canto; b)

a postura de quem toca - às vezes passa a impressão de um “show” para

a assembléia; c)

o toque em momentos inoportunos – sobre isto, a Instrução adverte: “ca­

lem-se quando o sacerdote ou o ministro pronunciam em voz alta algum texto, por for­ ça de sua função própria” 77. Quanto aos solos instrumentais - tomando como referencial a liturgia eucarística – a mesma Instrução prevê quatro momentos adequados para este tipo de música: no início, du­ rante a procissão de entrada do presidente e demais ministros; enquanto se faz a procissão e a preparação das oferendas; à comunhão e no final da missa 78. Qualquer instrumento pode ser utilizado na liturgia, contanto que a maneira de tocá-lo corresponda à sua finalidade primeira que é favorecer a participação ativa e frutuosa da as ­ sembléia, sustentando o seu canto 79. 2.5. Ministério dos regentes ou animadores A Instrução Geral sobre o Missal Romano nos lembra: “Convém que haja um cantor ou regente de coro para dirigir e sustentar o canto do povo. Mesmo não havendo um grupo de cantores, compete ao cantor dirigir os diversos cantos, com a devida participação do povo”80. Nesta orientação, está implícita a dimensão sacramental do canto da assembléia litúr ­ gica: a unidade das vozes expressa a unidade da Igreja congregada no Espírito Santo que, sob a ação do mesmo Espírito entoa o “canto novo” diante do trono do Pai e do Cordeiro (cf. Ap 5,9). Não resta dúvida, portanto, sobre a importante função do(a) regente ou animador(a) do canto na celebração litúrgica e da responsabilidade de cada Igreja no cuidado da forma­ ção técnica e litúrgico-musical de quem exerce este ministério 81.

77

MS 64. Cf. MS 65. E ainda: a) durante o Advento, quaresma, Tríduo Pascal e nos Ofícios e missas de defuntos, não é permitida a execução de solos instrumentais (cf. MS 66); b) que os instrumentistas tenham uma boa formação técnica e litúrgica (cf. MS 67). 79 Cf. SC 120. 80 IGMR, n. 104; Cf. MS, 21. 81 Há vários anos, funciona o “Curso Ecumênico de Formação Litúrgico-musical” (CELMU). Este curso tem ajudado a mui ­ tos ‘ministros’ da música da Igreja no Brasil. 78

86 Vejamos, a seguir, alguns lembretes básicos a serem observados pelo(a) regente ou animador(a) de canto82: a)

mostrar-se sumamente respeitoso(a) com as pessoas, acolhendo-as com

um semblante pascal, inspirando-lhes confiança, serenidade e segurança; b)

manter, ao longo de toda a ação litúrgica, a “atitude espiritual”: o gesto

corporal, o sentido teológico-litúrgico do mesmo gesto e a dimensão afetiva devida ­ mente integrados83; c)

estar em lugar bem visível por toda a assembléia, pelos instrumentistas,

bem como pelo coral ou grupo de cantores; d)

ter as mãos livres, se necessário, usar uma estante de apoio para o livro

e/ou partituras; e)

estar em sintonia com os diversos ministérios: presidência, leitores, sal­

mista, instrumentistas, grupo de cantores, equipe de celebração e assembléia; f)

cuidar para que o volume dos instrumentos musicais e dos microfones

não se sobreponha ao canto da assembléia; g)

ensaiar as partes que cabem à assembléia, tais como: refrãos, aclama­

ções, cantos do “ordinário da missa” etc., antes do início de cada celebração; h)

reservar um momento de silêncio entre este breve ensaio e o início da ce­

lebração; i)

cuidar da dignidade da própria veste e da postura do corpo;

j)

em momentos de ensaios propriamente ditos, é bom observar o seguin ­

te84: •

iniciar o ensaio pedindo à assembléia que, enquanto se canta, ela

acompanhe silenciosamente, escutando bem a melodia e lendo o texto, sobretu ­ do quando se trata de um canto desconhecido; •

quando a comunidade já estiver acompanhando, elogiá-la;



nunca se deve dizer que tal ou qual canto é difícil ou feio, predis ­

pondo negativamente a assembléia; •

quando oportuno, é bom fazer uma brevíssima introdução, antes de

iniciar o ensaio de um canto, destacando o que há de mais importante em seu texto e a sua função litúrgica; • 82

durante o canto, fazer gestos básicos de regência;

Cf. CNBB, A música litúrgica no Brasil, n. 252; SECRETARIADO NACIONAL DE LITURGIA (Espanha), Canto y mú­ sica en la celebración, n. 108 83 Cf. BUYST, I., Liturgia, de coração. São Paulo, Paulus, 2003, p. 126. 84 Cf. CNBB, A Música litúrgica no Brasil, n. 248.

87 •

a expressão facial deve ser sempre alegre, incentivadora;



ter sempre em mente que a base para se cantar bem está na respi­

ração e que uma das funções do(a) regente é ensinar a cantar. Não se canta apenas com a boca, mas com todo o ser. O(a) regente ou animador(a) do canto, conhecendo o real sentido do exercício de seu ministério e observando estas orientações, evitará certas atitudes incompatíveis com a índole da liturgia, por exemplo, certos “estrelismos”, como a utilização inadequada da função para projetar e exibir vaidades pessoais. Nestes casos, as celebrações se transformam em verda ­ deiros “shows” e distanciam-se de sua real identidade. A liturgia é ação do povo de Deus reunido. Todos os minist érios exercidos ali têm por finalidade levar a assembléia à participação ativa, plena e frutuosa. Todos são atores. Ne­ nhum ministério seja exercido para, mas com a assembléia. 3. O canto e a música nos tempos do ano litúrgico O canto e a música devem expressar o mistério pascal de Cristo, de acordo com o tempo do ano litúrgico e suas festas 85. Segue uma breve orientação sobre o repertório litúr­ gico correspondente, de acordo com o Hinário Litúrgico da CNBB.

3.1. Cantar o Advento do Senhor No início do ano litúrgico, ao longo de quatro semanas, a Igreja entoa um canto de vigilante, amorosa e alegre espera da vinda do Senhor, o Príncipe da Paz, o Emanuel, Deus-conosco. Este canto, antes entoado pelos profetas, João Batista e Maria continua res­ soando no seio da Igreja que clama: “Vem, Senhor, nos salvar. Vem, sem demora, nos dar a paz”86.

3.2. Cantar o Natal do Senhor Neste tempo, cantamos, com a euforia dos profetas e evangelistas de todos os tempos, o mistério da encarnação (Natal) e da manifestação (Epifania) do Verbo de Deus, do Príncipe da Paz, do Emanuel Deus-conosco. Os pobres, ao nos ouvirem, acorrerão 85 86

Cf. SC 107. O repertório litúrgico para este tempo encontra-se em dois CDs, gravados pela Paulus: “Liturgia IV” e “Liturgia VIII”.

88 pressurosos até o presépio. A boa notícia é sobretudo para eles, embora seja de alegria para todos os povos 87: “A luz resplandeceu em plena escuridão...”; “Vimos sua estrela no Oriente e viemos adorar o Senhor” 88.

3.3. Cantar a Quaresma Cantar a quaresma é, antes de tudo, cantar a dor que se sente pelo pecado do mundo, que, em todos os tempos e de tantas maneiras, crucifica os filhos de Deus e prolon ­ ga, assim, a Paixão de Cristo. É um canto de penitência e conversão, um canto sem “glória” e sem “aleluia”, um canto sem flores e sem as vestes da alegria, um canto “das profundezas do abismo” em que nos colocaram nossos pecados (Sl 130); um grito penitente de quem implora e suplica: “Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa bondade, e conforme a vossa misericórdia, apagai a minha iniqüidade” (Sl 50) 89. O hino da Campanha da Fraternidade de cada ano explicita o compromisso dos fiéis na vivência concreta da quaresma. Ele pode ser entoado em algum momento da homilia – o que facilitaria a vinculação da liturgia da Palavra com o “chão” da vida (tema da CF) - ou nos ritos finais, no momento do “envio”. 3.4. Cantar o Tríduo Pascal

Nestes três dias, vivenciamos, de forma condensada, o mistério pascal de Cristo que se desdobra nas celebrações do “Tríduo Sacro” de sua morte, sepultura e ressurreição. O canto de abertura da Missa na Ceia do Senhor - “Quanto a nós devemos gloriarnos na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo que é nossa salvação, nossa vida, nossa esperan­ ça de ressurreição...” – nos dá o “tom” do que será explicitado ao longo da celebração: é na glória dessa cruz que brilha o mandamento do amor (lava-pés); é no brilho dessa cruz que resplandece o sacramento do amor (eucaristia); é no resplendor dessa cruz que podemos cumprir o pedido do Mestre: “fazei isto em memória de mim”. Na celebração da Paixão do Senhor, cantamos a confiança do Servo Sofredor que se entregou, sem reservas, nas mãos d’Aquele que o pode livrar “do poder do inimigo e do opressor” (Sl 30, 16) e aguarda com ânimo forte e resistente a sua salvação. Abandonando87 88

Cf. Hinário Litúrgico - 1, introdução.

O repertório litúrgico para este tempo encontra-se no CD “Liturgia V”, gravado pela Paulus. Cf. Hinário litúrgico – 2, introdução. O repertório litúrgico para este tempo encontra-se nos CDs: “Liturgia XIII” e “Li­ turgia XIV”, gravados pela Paulus. 89

89 nos com Cristo nas mãos do Pai, cantamos a esperança da vitória de seus fiéis seguidores, os “crucificados” de nossos dias. Na noite do Sábado, cantamos o esplendor de uma luz que jamais se apagará. Pro ­ clamamos as maravilhas de Deus que nos libertou das trevas da morte e nos devolveu a vida. Revigoramos nosso compromisso batismal. E, enquanto nos alimentamos da ceia eucarística cantamos: “Celebremos nossa páscoa, na pureza, na verdade. Aleluia!” 90. 3.5. Cantar a Páscoa do Senhor O canto da Igreja no Tempo Pascal é de exultação e de alegria. Ressuscitados com Cristo, cantamos sua glória, sua vitória sobre a morte. O “aleluia” volta a ressoar em nossos lábios, invadindo todo o nosso ser com ardor sempre crescente, pois “as coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo!” 91. 3.6. Cantar o Tempo Comum O tempo comum – o mais extenso do ano litúrgico – nos possibilita desfrutar de ou­ tros aspectos da vida e da missão de Jesus e seus discípulos, que não são contemplados nos tempos do Natal e da Páscoa. Cada domingo do tempo comum tem o sabor de “páscoa sema­ nal”. O Hinário Litúrgico – 3 traz um rico repertório que acompanha o conteúdo central do evangelho de cada domingo, sobretudo nos versículos das aclamações ao evangelho e nos refrãos dos cantos de comunhão 92. 3.7. Cantar as solenidades e festas

Embora, ao longo de todo o ano litúrgico, a Igreja celebre o mesmo mistério de Cristo, no decorrer da história foram sendo agregadas ao calendário litúrgico outras cele­ brações do Senhor e de seus santos e santas. * Celebrações do Senhor Apresentação do Senhor no Templo (2 de fevereiro); 90

Cf. Hinário litúrgico – 2, introdução. O repertório do Tríduo Pascal encontra-se no CD duplo “Liturgia XV”, gravado pela Paulus. 91 O repertório litúrgico do Tempo Pascal (ano B) encontra-se no CD “Liturgia X”, gravado pela Paulus. O repertório dos anos A e C está fase de gravação. 92 O repertório litúrgico do tempo comum encontra-se gravado nos CDs “Liturgia VI e VII” (ano A), “Liturgia IX” (ano B) e “Liturgia XI e XII” (ano C), gravados pela Paulus.

90 Anunciação do Senhor (25 de março). Santíssima Trindade (domingo depois de pentecostes); Transfiguração do Senhor (6 de agosto); Exaltação da Santa Cruz (14 de setembro); Cristo, Rei do Universo (último domingo do T. Comum). * Outras celebrações: Maria (Mãe de Deus, Assunção, Imaculada Conceição, Aparecida); Santos (Natividade de S. João Batista, São Pedro e São Paulo Apóstolos, To­ dos os santos); Dedicação da Basílica do Latrão; Comemoração dos fiéis defuntos 93. 4. Canto e música para os demais sacramentos e sacramentais

A Instrução sobre a Música Sacra, dentre outras coisas, nos recomenda que na medi­ da do possível, celebrem-se com cantos os sacramentos e sacramentais de maior importância na vida de toda a comunidade paroquial, como o Batismo, a Confirmação, as Ordenações, o Matrimônio, a Dedicação de uma Igreja ou de um altar, as Exéquias etc. Ela adverte-nos para atentamente cuidarmos para que, sob o pretexto de solenidade, nada se introduza de mera ­ mente profano ou menos condizente com o culto divino, principalmente na celebração do ma­ trimônio94. Os textos dos cantos sejam inspirados na Sagrada Escritura e nas fontes litúrgicas 95. Cada canto ou música seja executado de acordo com sua função ministerial, ou seja, no mo­ mento ritual específico de cada celebração 96.

VIII. Ministérios Litúrgicos A liturgia como ação de Cristo e da Igreja, “que atinge a cada um dos seus membros de modo diferente, conforme a diversidade de ordens, ofícios e da participação atual” (SC 26), é uma ação ministerial. Pelo exercício dos ministérios e funções, todos os membros de

93

O repertório litúrgico de todas as solenidades e festas mencionadas encontram-se em quatro CDs, gravados pela Paulus: “Festas litúrgicas I”, “Festas litúrgicas II”, “Festas litúrgicas III” e “Festas litúrgicas IV”. 94 Cf. MS 43. Ainda sobre este assunto: Cf. MS 42, 44-46; CNBB, A música litúrgica no Brasil, (Estudos da CNBB, 79), n. 327-338. 95 Cf. SC 121. 96 Cf. SC 112.

91 uma assembléia contribuem, cada um a seu modo, e em base aos dons e carismas recebidos, para a edificação do corpo eclesial, “sacramento de unidade” (cf.1Cor 14,5; Ef 4,12). A ação litúrgica e a participação ativa da assembléia são servidas por ministérios e serviços multiformes, que o Espírito suscita em sua Igreja. 3.1. Os ministérios Ordenados

São ministérios exercidos pelo bispo, pelo presbítero e pelo diácono. Situam-se no horizonte da unidade, da animação, da coordenação e da presidência da comunidade 97 e das ações litúrgicas (cf. IGMR 92-95).

3.2. Os ministérios instituídos “O acólito é instituído para o serviço do altar e para auxiliar o sacerdote e o diácono. Compete-lhe principalmente preparar o altar e os vasos sagrados, e, se necessário, distribuir aos fiéis a Eucaristia, da qual é ministro extraordinário” 98. “O leitor é instituído para proferir as leituras da sagrada Escritura, exceto o Evangelho. Pode igualmente propor as intenções para a oração universal e, faltando o sal ­ mista, proferir o salmo entre as leituras” 99.

3.3. Os ministérios confiados São os ministérios conferidos a um membro da comunidade, por meio de um gesto li ­ túrgico simples ou por alguma forma canônica 100. Segundo as orientações da CNBB, “onde a necessidade da Igreja o aconselhar, podem também os leigos, na falta de ministros, mesmo não sendo leitores ou acólitos, suprir alguns de seus ofícios, a saber, exercer o ministério da Palavra, presidir às orações litúrgicas, administrar o Batismo e distribuir a sagrada comu ­ nhão”101, assistir os matrimônios como testemunhas qualificadas 102. 3.3.1. Ministros extraordinários da sagrada Comunhão

97

Cf. CNBB, Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas (Documento 62), n. 87. IGMR, n. 98; cf. IGMR n. 187-193. 99 IGMR, n. 99; cf .IGMR n. 194-198; 100 Cf. CNBB, Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas (Documento 62), n. 87. 101 CNBB, Animação da vida litúrgica no Brasil (Documento 43), n. 60; CNBB, Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas (Docu­ mento 62), n. 87. 102 Cf. CDC, cân. 230, #3, 943 e 1112. 98

92 Os ministros extraordinários da sagrada Comunhão, homens e mulheres, prestam um serviço litúrgico e de caridade. Segundo o testemunho dos Santos Padres, este ministério existe desde a antiguidade 103. Estes ministros assumem a presidência e distribuem a sagrada Comunhão nas Celebrações da Palavra 104; ajudam a distribuir o Pão Eucarístico em assem­ bléias numerosas105; levam a Comunhão aos enfermos e, em caso de necessidade, adminis ­ tram o Viático106; na ausência do padre ou diácono, expõem o Santíssimo Sacramento para a adoração dos fiéis e o repõem sem dar a bênção; por vezes, acompanham os velórios e ofici ­ am as exéquias; dão a bênção aos idosos e doentes 107. O bispo local “tem a faculdade de permitir a cada um dos sacerdotes, no exercício do sagrado ministério o poder de designar uma pessoa idônea, a qual, nos casos de verdadeira necessidade, distribua a sagrada Comunhão ad actum”108. Quem recebe o ministério de acólito já está habilitado para as funções de ministro ex­ traordinário da Sagrada Comunhão 109. O Rito para conferir o Ministério Extraordinário da dis­ tribuição da Sagrada Comunhão encontra-se no Pontifical Romano. O fiel a ser escolhido como ministro extraordinário da sagrada Comunhão deve distin ­ guir-se pela vida cristã, pela fé e bons costumes e ter sido devidamente instruído para exer ­ cer tão nobre ministério 110. Convém que os ministros extraordinários da sagrada Comunhão mantenham postura digna durante a celebração. Se permanecerem no presbitério, ajudem o presbítero ou o diácono na preparação das ofertas. Antes de distribuírem a sagrada Comu ­ nhão, purifiquem as mãos e, depois da comunhão, auxiliem na purificação dos vasos sagra­ dos na credência. 3.3.2. Ministros extraordinários do Batismo Onde a necessidade da Igreja o aconselhar, podem os leigos, homens e mulheres, na falta de ministro ordinário, ou estando ele impedido, administrar o batismo, na qualidade de ministros extraordinários (Cân. 230§3). No capítulo IV do Ritual do Batismo de Crianças, en­ 103

Cf. São Basílio, Epístola 93; São João Crisóstomo, Homilia 24 in 1Cor. Cf. Instrução acerca de algumas questões sobre a colaboração dos fiéis leigos no sagrado ministério dos sacerdotes (15.08.1997), art. 8. 104

105

Cf. Instrução Fidei Custos sobre os ministérios extraordinários da administração da santa comunhão (30 de abril de 1969), n. 1.a.b.c.

106

Rito da unção dos enfermos, Introdução, n. 29. Cf. Ritual de Bênçãos, Introdução, n. 260. 108 Instrução Immensae caritatis para tornar mais fácil a Comunhão sacramental em algumas circunstâncias (29.01.1973), n. 2. 107

109

110

Cf Instrução Inaestimabile donum sobre algumas normas relativas ao culto do mistério eucarístico (3 de abril de 1980), n. 10; IGMR 162 e 192. Cf. Instrução Fidei custos sobre os ministérios extraordinários da administração da santa comunhão (30 de abril de 1969), n. 5.

93 contra-se o rito a ser usado por ministro (a) extraordinário (a) do batismo. Cabe ao bispo dio ­ cesano definir critérios sobre a necessidade deste ministério (Cân 861) bem como instituí-lo em sua diocese. Os documentos da Igreja alertam para que se tome cuidado com interpreta ­ ções por demais extensivas e se evite conceder essa faculdade de forma habitual. Segundo essas orientações, não constituem razões suficientes para se conceder este ministério, o ex ­ cessivo trabalho do ministro ordinário, sua não residência no território da paróquia, tampouco sua não disponibilidade no dia previsto pela família 111. O ministro extraordinário do batismo deve estar preparado para a celebração desse sacramento, o que significa saber o que é o batismo, com suas implicações de preparação e de compromisso futuro, assim como viver sua adesão a Jesus, dando testemunho dele. Se ele está convicto do valor do batismo, vai realizá-lo com seriedade e com alegria, pela felicidade de estar diante do mistério de uma vida nova em Jesus Cristo. Tudo deve ser feito e falado com tranqüilidade e clareza, em vista da boa participação de todos. É muito importante o acolhimento a ser dispensado aos pais, padrinhos e participan­ tes, que seja um acolhimento fraterno e amigo, pelo nascimento do novo irmão ou irmã na co­ munidade. A postura do ministro e sua fala devem lembrar que toda a comunidade está ali, re ­ presentada por ele e por mais alguns participantes. O fato de o ministro agir com uma equipe já é fator positivo nesse sentido. 3.3.3. Testemunhas qualificadas do Matrimônio Este ministério pode ser concedido a leigos, homens e mulheres, somente em casos de grave falta de ministros ordenados. A delegação é feita pelo Bispo depois de ter obtido o voto favorável da Conferência Episcopal Nacional, ou seja da CNBB, e a necessária licença da Santa Sé. Nem padre nem diácono, em nenhuma circunstância, podem autorizar um fiel não ordenado a exercer este ministério. Embora seja testemunha qualificada do matrimônio, o titular deste ministério não tem a faculdade de conceder as dispensas previstas no Cânon 1079 § 1 e 2. A testemunha qualificada do matrimônio deve ser sob todos os pontos de vista uma pessoa digna, preparada intelectualmente e que não tenha nenhum desejo de obter proveito pessoal com este ministério; tenha capacidade de preparar os futuros esposos e tenha condi ­ 111

Cf. Instrução Ecclesiae de mysterio, acerca de algumas questões sobre a colaboração dos fiéis leigos no sagrado ministé­ rio dos sacerdotes, art. 11.

94 ções de presidir a celebração de modo tal que apareça o significado espiritual do sacramen­ to. Geralmente muitos elementos festivos acompanham a celebração, mas eles nunca devem encobrir a nobre simplicidade dos gestos litúrgicos. O ministro, portanto, não pode se prender àqueles detalhes: flores, roupas, etc. Quem dera tudo isso expressasse a consciên­ cia e alegria do mistério celebrado. O ministro deve falar com clareza e tranqüilidade a sua mensagem. Não seja moralis­ ta, mas irmão e amigo. É importante que os noivos e os convidados sintam que o ministro é uma pessoa realizada e que, de coração sincero, deseja aos noivos toda a felicidade que Deus quer para eles. Os participantes devem perceber, pela fala e pelos gestos do ministro, que ele faz parte de uma equipe. Isto será um indício do papel que a comunidade de fé tem na celebra­ ção do matrimônio. 3.3.4. Ministros da presidência da Celebração Dominical da Palavra

Também o(a) leigo(a) que preside uma celebração litúrgica é sinal de Cristo-cabeça da Igreja. Mas existe igualmente um motivo prático para este ministério: a coordenação dos di­ versos elementos da celebração dominical da Palavra exige um serviço de presidência. Os di ­ áconos são os primeiros indicados para exercer este ministério. No entanto, todo cristão, ho­ mem ou mulher, por força do seu batismo e confirmação, pode assumir legitimamente este serviço. Dentre os não ordenados, os acólitos e os leitores, instituídos para o serviço do altar e da Palavra de Deus, têm preferência. Devem ser escolhidos tendo em atenção as suas qua ­ lidades de vida em consonância com o Evangelho e a sua aceitação pela comunidade, à qual devem ser apresentados em celebração especial. Devem ter um mandato especial do Bispo, que deve dar as indicações oportunas sobre a duração, o lugar e as condições 112. Cada um dos gestos e palavras, o tom da voz e a atitude de quem preside a c elebra­ ção da Palavra devem revelar a ternura do Espírito, de quem recebeu o dom para atuar na assembléia de irmãos. Como presidente, sua função é ajudar o povo a tomar parte de cada ação litúrgica e a viver interiormente o sentido de cada uma delas, não com discurso, mas fa ­ zendo bem e colocando alma naquilo que faz. Sua principal tarefa é tecer relações entre Deus e seu povo, entre os ministérios e a comunidade celebrante, fazendo das pessoas reu­ 112

Cf. Instrução Ecclesia de mysterio, acerca de algumas questões sobre a colaboração dos fiéis leigos no sagrado ministério dos sacerdotes, art.7 § 1.

95 nidas uma assembléia, uma comunidade participante, um povo que exerce o seu sacerdócio. Assume espiritualmente a atitude de Jesus que veio para servir e não para ser servido. O ser ­ viço da presidência na celebração dominical da Palavra pode admitir mais de uma pessoa (co-presidência), mas que fique evidente aquele que é sinal de Cristo-Cabeça, os outros são como que auxiliares. "Isso não significa que essa pessoa deva falar o tempo todo ou comen ­ tar tudo aquilo que os outros ministros fazem... Não! Trata-se mais de uma atitude e de um olhar: de atenção amorosa, de `peso`, de autoridade (que é o oposto de autoritarismo), de responsabilidade, de oração (estar constantemente ligado com Deus), de sóbria alegria, de cuidado com a participação de toda a comunidade" 113. Compete a quem preside, na abertura, o sinal da cruz, a saudação em nome de Je­ sus, a exortação ao mistério do dia, o convite para a recordação da vida, o ato penitencial e o glória (se houver), o convite para a oração e a oração; na liturgia da Palavra, a exortação para a escuta da Palavra, a proclamação do Evangelho, a partilha da Palavra na homilia, o convite e a conclusão da oração dos fiéis; na ação de graças, a louvação e a bênção (quan­ do há alimentos), o convite para o abraço da paz; o convite ao Pai-nosso, a distribuição da comunhão junto com os demais ministros da comunhão; nos ritos finais, a oração depois da comunhão ou da partilha dos alimentos, o convite para a vivência da semana, a saudação fi ­ nal, a bênção e a despedida. 3.4. Outras funções ministeriais

Outros ministérios que não são instituídos, mas que podem ser um serviço litúrg ico de forma estável ou ocasional, são: coroinhas, leitores, salmistas, grupo de cantores, instrumen­ tistas, regente do coral ou do canto, sacristães, animador (comentarista), os que fazem as co ­ letas na igreja, recepcionistas, mestre de cerimônias. Além destes ministérios e serviços, inú ­ meros homens e mulheres assumem, na celebração, serviços espontâneos que a tornam mais participada114.

IX - O ESPAÇO CELEBRATIVO

113

I. BUYST, Presidir a celebração do dia do Senhor, S. Paulo, Paulinas, 2004, p. 28.

114

Cf. CNBB, Animação da vida litúrgica no Brasil (Documento 43), n. 62.

96 O primeiro espaço a ser cuidado, o espaço por excelência, são as pessoas. Quando os cristãos ainda não possuíam locais para as suas celebrações, mas celebr avam nas casas, os santos padres faziam questão de lembrar aos fiéis que o templo não são os muros, mas as pessoas. Nos primeiros séculos do cristianismo, as casas onde os cristãos se reuniam se chamavam “domus eclesiae”, a casa da Igreja. O batismo nos torna templos sagrados. Fomos ungidos e consagrados pelo Es ­ pírito para formar um só corpo em Cristo. “Este povo santo, reunido pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, é a Igreja ou templo de Deus, construído de pedras vivas, onde o Pai é adorado em espírito e verdade” 115. Esta realidade deve manifestar-se também material­ mente no espaço ocupado pela comunidade reunida. Na disposição e na organização do es ­ paço, na relação que criamos entre as pessoas e os vários ministérios desempenhados na celebração, é possível mostrar essa unidade. Nas igrejas, precisamos, portanto, evitar qual ­ quer coisa que sugira separação e isolamento: colunas, tribunas, excesso de degraus. 1. Átrio O cuidado para que cada pessoa se sinta bem, seja bem acolhida, demanda uma sé ­ rie de serviços e espaços. A entrada ou átrio tem a função de acolher, recepcionar, preparar, predispor, informar, fazer a transição. Neste átrio, um mural, com cartazes, avisos, fotos das atividades pastorais, das ações caritativas que a celebração suscita e a comunidade promo ­ ve, uma frase do Evangelho do dia, contribui para introduzir no mistério celebrado. 2. O lugar da assembléia “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles” (Mt 18,20). “Reunidos, como comunidade celebramos o mistério pascal para tornar-nos, cada vez mais verdadeiramente o que os batizados nunca deixamos de ser: o corpo ecl esial de Cris­ to”116. A assembléia deve manifestar-se o mais unida possível, sem separações ou ba rreiras que a impeçam de ver, de escutar, de participar ativamente, de se mover e realizar as pro ­ cissões previstas pelo próprio rito. A forma radial (ao redor de) ajuda a comunidade a participar melhor. Os bancos ou cadeiras acomodem bem as pessoas. Acomodar significa também respeitar as pessoas com 115 116

Ritual da dedicação da Igreja e altar, Introdução n.1. CNBB, A eucaristia na vida da Igreja (Estudos da CNBB n. 89), p. 73.

97 necessidades especiais: mães com crianças de colo, mulheres grávidas, pessoas portadoras de deficiências e idosos. É preciso também prever acomodação para os que desempenham alguma função ou ministério litúrgico: presidente, diáconos, leitores, salmista, acólitos ou coroinhas, os que sus ­ tentam o canto e os músicos (cf. IGMR 311). Os músicos e cantores são parte integrante da assembléia 117. Geralmente, a equipe de canto e os músicos ficam na frente, próximo ao presbitério. Chamados a participar junta­ mente com toda a assembléia, eles se colocam voltados para o lugar onde acontecem as ações rituais: ambão, altar, cadeira da presidência, fonte batismal, e nunca de frente para a assembléia como se estivessem se apresentando. A posição que cada um ocupa no espaço celebrativo não enfatiza condições de maior ou menor dignidade, mas realça a função e o serviço que cada um é chamado a de ­ sempenhar e colabora para que todos se sintam participantes e não meros espectadores de uma ação realizada por alguns. 3. O lugar da presidência Todo o espaço manifeste que somos um povo convocado por Deus, no Espírito, sob a presidência de um ministro ordenado. “O celebrante principal da Eucaristia é o próprio Cristo; ele está visível no ministro ordenado, sacramento do Cristo cabeça, e na assembléia seu cor­ po eclesial” 118. A cadeira do presidente manifesta a sua função: presidir a assembléia e dirigir a ora ­ ção. Deve, por isso, estar num lugar que facilite a comunicação, que seja visível e não se pa ­ reça com um trono (cf. IGMR 310). Quando a cadeira estiver situada atrás do altar, é bom observar se há necessidade de um pequeno estrado para elevá-la um pouco, de forma que se possa ver o presidente. Pode ser colocada também numa lateral, mas nunca na frente do altar. A forma e o material da cadeira criem uma unidade com o altar e o ambão. Não são indicadas para o espaço litúrgico cadeiras comerciais, feitas em série, que co mbinam

117 118

Ver matéria no capítulo sobre a música. CNBB, A eucaristia na vida da Igreja (Estudos da CNBB n. 89), p. 112.

98 com mesas de sala de jantar, mas não combinam com as peças litúrgicas. As cadeiras com almofadas são indicadas para os climas frios. Para realçar a unidade, é bom que a cadeira do presidente nunca esteja isolada, sozi ­ nha, mas ladeada pelos assentos dos concelebrantes, diáconos e demais ministros. Convém que, antes de ser destinada ao uso litúrgico, que se faça a sua bênção 119. 4. O lugar da Palavra O ambão é a mesa da Palavra assim como o altar é a mesa da Eucaristia. “Quando se lêem as escrituras na missa é o próprio Cristo que fala (SC 7). “A força s acramental da pa­ lavra na Liturgia faz acontecer aquilo que anuncia; realiza nossa transformação pascal”120. “A dignidade da Palavra de Deus requer um lugar condigno de onde possa ser anunciada e para onde se volte a atenção dos fiéis, no momento da liturgia da Palavra. De modo geral convém que seja uma estrutura estável e não uma simples estante móvel. Seja colocado no espaço de forma que os leitores possam ser vistos e ouvidos com facilidade. Do ambão são proferidas somente as leituras, o salmo responsorial e o precônio pascal; também se podem proferir a homilia e a oração dos fiéis” (IGMR 309). O ambão, segundo a tradição cristã, faz referência ao sepulcro vazio, ao lugar da Ressurreição e do anúncio do Cristo vivo. Ao lado dele, no Tempo Pascal e quando há cele ­ brações de Batismo e Crisma, se coloca o símbolo de Cristo Ressuscitado, o Círio. Para isso, haja espaço suficiente para um belo candelabro e, se for oportuno, em algumas circunstânci ­ as, um arranjo floral. Em outras oportunidades se pode também colocar a Menorá (candelabro de sete braços). Não há nenhuma norma que estabeleça qual o local mais adequado para o am­ bão. A sensibilidade litúrgica aliada à estética fará encontrar o melhor lugar para situá-lo. Al ­ gumas Conferências Episcopais incentivam que se pense o ambão também fora do presbité­ rio, próximo da assembléia, como testemunha a tradição litúrgica. A procissão que o diácono faz, ladeado pelos acólitos, com incenso e velas, du­ rante o canto de aclamação, carregando o Evangeliário, que até este momento deve estar so­ bre o altar, perde o sentido e a beleza se a distância entre o altar e o ambão for muito peque ­ na. 119 120

Cf. IGMR 310 e cf. Ritual Romano, Ritual de Bênçãos, ed. Típica 1984, Bênção de Cadeira de Presideência, n. 880-899. CNBB, A eucaristia na vida da Igreja (Estudos da CNBB n. 89), p. 93.

99 É de suma importância recuperar a identidade deste “lugar” do anúncio da Pal avra dentro do espaço celebrativo. 5. O lugar do sacrifício e da ceia “O altar, onde se torna presente o sacrifício da cruz sob os sinais sacramentais, é também a mesa do Senhor na qual o povo de Deus é convidado a participar por meio da mis ­ sa; é ainda o centro da ação de graças que se realiza pela Eucaristia” (IGMR 296). Convém que, em toda a igreja, exista um altar fixo que significa de modo mais claro e permanente Jesus Cristo, pedra viva (1 Pe 2,4; cf. Ef 2,20) (Cf. IGMR 298). O altar dentro da igreja goza da mais alta dignidade, merece toda honra e distinção, pois nele se realiza o mistério Pascal de Cristo, do qual é símbolo por excelência. O altar é identificado com o próprio Cristo em diversas orações do Ritual de Dedica­ ção das igrejas. Por exemplo: “Santifique o Senhor com o seu poder este altar, que mediante o nosso ministério é ungido com o crisma; seja sinal visível do mistério de Cristo, que se ofe ­ receu ao Pai pela vida do mundo” 121. Na consagração, ele é aspergido, ungido, incensado e vestido. São os mesmos ges­ tos e ações simbólicas realizados no batismo. Isto denota que o altar goza da maior dignida ­ de e que de fato ele é o ponto de convergência, o centro das ações litúrgicas. Por isso, em si ­ nal de reverência os presbíteros e os diáconos beijam o altar no início e no fim de cada cele ­ bração. Pela sua dignidade e valor simbólico, o altar não pode ser um móvel qualquer ou uma peça sem expressão, mas precisa ser nobre, belo, digna, plasticamente elegante. Nada se sobrepõe ao altar. Ele pode ser realçado com a toalha, as velas, a cruz processional, as flo ­ res. Todos estes elementos devem enfatizar a sua nobreza e sobriedade, sem escondê-lo ou dificultar as ações litúrgicas. Os castiçais com as velas, a cruz processional, as flores sejam preferivelmente colo­ cados ao lado, deixando a mesa livre para que apareçam os sinais sacramentais do pão e do vinho. A toalha, caindo somente nas laterais, sem esconder totalmente o altar, pode ser colo­ cada para a celebração da Eucaristia dando ênfase ao banquete que o Senhor nos prepara. Durante o dia, o altar pode permanecer desnudo ou com “trilho” na cor litúrgica do tempo. 121

Ritual da dedicação de Igreja e altar, n. 49.

100 Quando houver necessidade, o altar pode situar-se em nível superior ao da as ­ sembléia, porém que o excesso de degraus não crie uma barreira ou a sensação de palco. Cuide-se que esteja próximo do povo, de forma que permita boa visibilidade e facilite o diálo ­ go do presidente com a assembléia. O espaço imediato ao seu redor esteja livre de degraus, permitindo, por exemplo, que ao ser incensado possa ser circundado com desenvoltura, sem que o presidente tenha que cuidar para não cair ou tropeçar. Na confecção do altar, usar materiais naturais (pedra, madeira maciça, ferro etc.) e formas simples (quadrado, redondo, ovalado). Esses materiais e formas nunca sejam superados por modismos, pois eles são simbólicos, não havendo necessidade de agregarlhes outros símbolos. Na tradição cristã, o altar nunca foi muito grande nem muito alto. A altu ­ ra ideal varia de 90cm a 1m. O importante é que possa ser circundado por todos. 6. O lugar do batismo. O lugar da fonte batismal deve ser pensado em conjunto com os outros espaços, manter sempre a conexão com o espaço da celebração eucarística, mas não colocado no presbitério. O costume de colocar a fonte batismal próxima da entrada também é válido, con ­ tanto que favoreça a participação da comunidade e os deslocamentos necessários d urante o rito não sejam dificultados. O ritual do batismo fala da fonte batismal com água natural e lim ­ pa. Dependendo das condições do lugar, a água pode ser aquecida 122. “O batistério ou lugar onde a fonte batismal jorra água,... deve ter tal amplitude, que possa conter o maior número possível de pessoas presentes. Encerrado o tempo da Páscoa, é conveniente conservar-se o círio pascal em lugar de honra dentro do batistério, de maneira que nele se possam com facilidade acender as velas dos batizandos na celebração do batis ­ mo”123. Convém valorizar também os santos óleos e destinar-lhes um lugar adequado. Pode ser pensada uma pequena caixa com visor embutida na parede próxima à fonte batismal. 7. O lugar da reconciliação “O sacramento da penitência, a não ser que haja justa causa, normalmente é celebra­ do na igreja ou oratório... cuide-se que haja sempre, em lugar visível confessionários com grades fixas entre o penitente e o confessor, os quais possam ser usados livremente pelos fi ­ 122

Cf. Ritual do batismo de crianças, nn. 18-20.

123

Ritual do batismo de crianças, n. 25.

101 éis que o desejarem”124. Também podem ser previstos locais que contemplem outras modali­ dades: com a grade ou o contato direto. O lugar da Reconciliação deve ser previsto dentro do conjunto da igreja como os de­ mais espaços. Não pode ser uma simples caixa de madeira que se coloca aqui e acolá sem relação com o conjunto arquitetônico. A reconciliação é a festa do retorno e por isso o espaço demanda boa iluminação, ventilação adequada e a necessária privacidade. É bom que este espaço faça parte do corpo da igreja para que o sacramento manifeste a sua íntima ligação com a comunidade eclesial que aí se reúne. 8. O lugar da reserva eucarística De acordo com a estrutura de cada igreja e os legítimos costumes locais, o Santíssi­ mo Sacramento seja conservado num tabernáculo, colocado em lugar de honra na igreja, sufi ­ cientemente amplo, visível, devidamente decorado e que favoreça a oração. Normalmente, o tabernáculo seja único, inamovível, feito de material sólido e inviolável, não transparente, fe ­ chado de tal modo que se evite ao máximo o perigo de profanação (cf. IGMR 314). A Capela do Santíssimo é na igreja um lugar apropriado para a oração pessoal. É preciso prever um acesso externo para que, quando a igreja estiver fechada, a Capela perma­ neça disponível e favoreça o encontro, silencioso e orante, das pessoas e dos grupos. O sacrário pode estar sobre um aparador, sobre base ou coluna ou embutido na pró ­ pria parede. Para realçar o sacrário, a parede pode ser pintada com uma cor de de staque ou revestida com um material que combine, evitando-se as cortinas. Perto do sacrário, é bom prever um apoio para que os ministros possam depor as âmbulas, enquanto o abrem e fe ­ cham. Haja uma lamparina permanentemente acesa, indicando a presença do Santíssimo. No sacrário, haja espaço apenas para a reserva eucarística necessária à comu­ nhão dos doentes e à adoração dos fíéis, pois as hóstias distribuídas na missa devem, de preferência, ser as consagradas na própria celebração eucarística. 9. O lugar das imagens As imagens, pinturas e vitrais não são meros enfeites para o espaço. Elas poss uem uma função mistagógica. Ajudam-nos a compreender e a entrar no mistério que celebramos. 124

Introdução Ritual da Reconciliação, n. 12.

102 Na tradição cristã, as imagens traduzem o que o próprio nome diz: são veículo para compreender o mistério de Deus. Por isso, no primeiro milênio não havia preocupação com as formas, mas com o conteúdo revelado. Tudo devia conduzir e convergir para Cristo. O Missal Romano recomenda que haja uma justa ordem na disposição das imagens e que não haja mais que uma do mesmo santo (cf. IGMR 318). A figura do Cristo é sempre a principal. A imagem ou figura de Maria e do(a) padroei ­ ro(a) vêm em segundo plano e sempre na perspectiva do Cristo e do seu mistério. Isto deve contribuir na promoção de uma devoção que respeite a prioridade dos sinais sacramentais. As imagens e tudo o que compõe a iconografia tenham qualidade e dignidade artísticas. As imagens podem ser colocadas próximas à entrada, nas laterais do presbitério ou no corpo do espaço, próximas da assembléia. O centro do presbitério, a parede atrás do altar, seja reservada para o Cristo que pode ser representado como crucificado, ressuscitado, bom pastor, transfigurado etc. A disposição da Via-sacra seja organizada de modo a favorecer o percurso dos fiéis que querem rezar voltados para as diversas cenas representadas. Existe a possibilidade de se colocar a Via-sacra também no jardim da igreja ou em espaços adjacentes. 10. Decoração A decoração da Igreja deve manifestar o caráter festivo da celebração. As flores, as velas e as luzes devem colaborar para que as celebrações sejam de fato memória da Páscoa de Jesus. Os detalhes merecem cuidado especial, pois, nunca devem se sobrepor ao essencial. As flores, por exemplo, não são mais importantes que o altar, o ambão e outros lugares sim ­ bólicos. Os excessos desvalorizam os sinais principais. A sobriedade da decoração favorece a concentração no mistério. 11. As vestes litúrgicas “Na Igreja, que é o Corpo de Cristo, nem todos os membros desempenham a mesma função. Esta diversidade de funções na celebração da Eucaristia manifesta-se exteriormente pela diversidade de vestes sagradas, que por isso devem ser um sinal da função de cada mi ­ nistro. Importa que as próprias vestes sagradas contribuam também para a beleza da ação

103 sagrada” (IGMR 335). Há veste para o presbítero, para o diácono, para os leitores, para os ministros extraordinários da comunhão e para os coroinhas ou os acólitos. Convém que a beleza e nobreza de cada vestimenta decorram não tanto da mul­ tiplicidade de ornatos, mas do material usado e da forma (cf. IGMR 344). Os tecidos e as fi­ bras naturais se prestam para esta função, pois têm uma boa caída e quase sempre apresen­ tam um aspecto de sobriedade. “A veste litúrgica, com suas formas amplas, atenua e neutraliza a individualidade da ­ quele que é vestido, para manifestar sua dignidade e sua função” 125. Os jalecos e outras ves­ tes que marcam as formas do corpo são menos indicados para o uso litúrgico. Além disso, são vestes usadas por outros profissionais em tarefas não litúrgicas. “As diferentes cores das vestes sagradas visam manifestar externamente o cará­ ter dos mistérios celebrados e também a consciência de uma vida cristã que progride com o desenrolar do ano litúrgico” (IGMR, 345). “Com relação à cor das vestes sagradas, seja observado o uso tradicional, a saber: a)

o branco é usado nos Ofícios e nas Missas do Tempo Pascal e do Natal

do Senhor; além disso, nas celebrações do Senhor, exceto as de sua Paixão, da Bemaventurada Virgem Maria, dos Santos Anjos, dos Santos não Mártires, nas solenidades de Todos os Santos (1º de novembro), de São João Batista (24 de junho), nas festas de São João Evangelista (27 de dezembro), da Cátedra de São Pedro (22 de fevereiro) e da Conversão de São Paulo (25 de janeiro); b)

o vermelho é usado no domingo da Paixão e na Sexta-feira da Semana

Santa, no domingo de Pentecostes, nas celebrações da Paixão do Senhor, nas festas natalícias dos Apóstolos e Evangelistas, nas celebrações dos Santos Mártires e na missa ritual do Sacramento da Confirmação; c)

o verde se usa nos Ofícios e nas Missas do Tempo Comum;

d)

o roxo é usado no tempo do Advento e da Quaresma. Pode também ser

usado nos Ofícios e Missas dos Fiéis defuntos; e)

o preto pode ser usado, onde for costume, nas Missas dos Fiéis defuntos;

f)

o rosa pode ser usado, onde for costume, nos domingos Gaudete (III do

Advento) e Laetare (IV da Quaresma); 125

MARTIMORT A. G., A Igreja e oração Vol. I, Ed. Vozes, 1988, pg. 173.

104 g)

em dias mais solenes podem ser usadas vestes sagradas festivas ou

mais nobres, mesmo que não sejam da cor do dia. No que se refere às cores litúrgicas, as Conferências dos Bispos podem determi­ nar e propor à Sé Apostólica adaptações que correspondam às necessidades e ao caráter de cada povo” (IGMR 346). 12. Os vasos sagrados “Entre as coisas necessárias para a celebração da Missa, honram-se especial­ mente os vasos sagrados e, entre eles, o cálice e a patena, onde se oferecem, consagram e consomem o vinho e o pão” (IGMR 327). A juízo da Conferência dos Bispos, com aprovação da Sé Apostólica, os vasos sagra­ dos podem ser feitos também de outros materiais sólidos e considerados nobres em cada re ­ gião, por exemplo, o ébano ou outras madeiras mais duras, contanto que convenham ao uso sagrado. Neste caso, prefiram-se sempre materiais que não se quebrem nem se alterem facil ­ mente. Isso vale para todos os vasos destinados a receber as hóstias, como patena, cibório, teca, ostensório e outros do gênero (cf. IGMR. 329). Para consagrar as hóstias, é conveniente usar uma patena de maior dimensão, onde se coloca tanto o Pão de quem preside como o de toda a assembléia (cf. IGMR331). É conveniente que os utensílios assemelhem-se aos de uso cotidiano: patena mais parecida com prato, jarra e bacia ao invés de pequenas galhetas. 13. Sacristia A sacristia faz parte do templo. Como o nome bem o diz, é “pequeno sagrado”, ou seja, extensão do santuário. Nela se guarda e se encontra tudo o que é necessário para as celebrações e nela os ministros se paramentam e se preparam para a celebração. Em igrejas maiores, o ideal é ter duas sacristias: a grande sacristia, localizada próxi ­ ma à entrada da igreja ou em outro local, e a sacristia de apoio, perto do presbitério, onde se encontra somente o necessário para a missa. Esta divisão cria dois ambientes distintos, um de preparação e paramentação dos ministros, e outro, menor, com o material estritamente necessário para a celebração. A grande sacristia terá um armário, com diversas divisões. Numa parte arrumam-se, de forma bem ordenada, os paramentos para os vários tempos litúrgicos: casulas, alvas, cín ­

105 gulos, túnicas, estolas, capas para asperge e bênção do Santíssimo, véu umeral, vestes dos demais ministros. Noutra parte do armário, colocam-se coisas menores como: sanguíneos, corporais, manustérgios, palas, toalhas para o altar e para a credência. Noutra parte ainda, bem fechada, guardam-se: cálices, cibórios, patenas, relicários, sinos, castiçais, crucifixos, aspersórios, turíbulos, naveta, incenso, ostensório, livros de oração, rituais, evangeliário, leci ­ onários, santos óleos, missal, hóstias, galhetas. Na grande sacristia, pode haver também outro armário próximo a um tanque com va­ sos para flores, objetos afins e velas. Parte desse armário pode conter imagens, objetos pró ­ prios da Semana Santa, presépio para o Natal etc. Haja ainda, na grande sacristia, um banheiro e um local para lavar as mãos e também um local com tanque para a limpeza e a arrumação das flores. É bom pensar num depósito para cadeiras, genuflexórios, tapetes, andores e outros objetos, para que não haja desleixo e os materiais não se estraguem.

A sacristia de apoio terá uma mesa, cadeiras e um armário com objetos próprios da celebração que vai se realizar. Nas comunidades menores, uma sacristia é suficiente, porém precisa ser bem cui ­ dada, limpa e ter o mínimo necessário. A sacristia faz parte do templo, por isso seja harmo ­ niosa e bem arrumada. Ela é lugar do respeito, do silêncio, da concentração para o presi ­ dente, os(as) ministros(as), os coroinhas e os demais participantes da equipe de celebra ­ ção. O objetivo de uma sacristia é favorecer sempre a harmonia e a acolhida.

14. Igrejas Históricas

No Brasil, existem muitas igrejas construídas antes do Concilio Vaticano II que preci ­ sam ser adaptadas à liturgia atual sem, no entanto, descaracterizá-las ou depredá-las. O Concílio nos orienta: “Revejam-se quanto antes juntamente com os livros sacros,...os cânones e os estatutos eclesiásticos que dizem respeito às coisas externas per ­ tencentes à preparação do culto sagrado, principalmente quanto à digna e funcional constru ­ ção das igrejas, à forma e edificação dos altares, à nobreza, disposição e segurança do ta ­ bernáculo eucarístico, à funcionalidade e dignidade do batistério, bem como a ordem razoá ­

106 vel das sagradas imagens, da decoração e ornamentação. O que parecer menos conveniente à liturgia reformada seja emendado ou abolido; o que porém a favorecer seja mantido ou in ­ troduzido” (SC 128). Esta tarefa solicitada pela Igreja deve ser confiada a uma equipe de pessoas que te ­ nham competência nas diversas áreas: litúrgica, pastoral, artística, museológica. Os responsáveis para decidir sobre as adaptações, as reformas e construções são: o pároco, as Comissões diocesanas de Arte Sacra e o bispo (cf. SC 126). Tudo o que pertence à Igreja não deve ser alienado ou vendido, mas deve ser con ­ servado em local apropriado na igreja ou no museu diocesano de Arte Sacra. Muitas peças antigas também podem servir para o uso litúrgico: turíbulos, castiçais, cruzes processionais etc. A área do presbitério das igrejas históricas, tombadas ou não, deve aos poucos ser adaptada à liturgia e adquirir um caráter de estabilidade superando a idéia do provisório. O altar-mor quase sempre possui um sacrário, que acaba ficando atrás do novo altar e nas costas de quem preside a celebração. Esta situação, em muitos casos, pode ser resol ­ vida transportando o sacrário para uma capela lateral ou então deixando-o no altar-mor, mas deslocando a cadeira da presidência para uma lateral e trazendo o novo altar bem para fren ­ te, o mais próximo do povo possível. A liturgia reformada resgatou o ambão que, na maior parte das igrejas antigas, inexis­ te. Os púlpitos nem sempre se prestam para serem adaptados como ambão, mas em certos casos pode ser uma solução. Para estas questões, é impossível ter receitas prontas. Elas de­ vem ser estudados uma a uma. O que se deve fazer é confiar esta tarefa a profissionais qua ­ lificados. Zelar pelo patrimônio não significa congelar o espaço, mas interferir nele com pro ­ priedade, adequando-o aos dias atuais e, ao mesmo tempo, salvaguardando a histórica de fé e arte das nossas comunidades.

X – A PASTORAL LITÚRGICA

107 Pastoral litúrgica é o serviço para animar a vida litúrgica, levando em conta o co ntexto social, histórico, cultural e eclesial das comunidades, tendo em vista a participação ativa, consciente e plena de todos na celebração, para dela colherem os frutos espirituais. A pastoral litúrgica, com a participação da comunidade ou de seus representantes, ocupa-se com a preparação, realização e avaliação das celebrações. Comporta uma adequa­ da organização da vida litúrgica em todos os níveis eclesiais e uma permanente formação li ­ túrgica do povo, dos ministros e das equipes de liturgia. As liturgias bem celebradas inserem as pessoas, através da ação simbólico-ritual, na vivência do Mistério Pascal de Cristo. A pastoral litúrgica organiza-se tendo como referência os momentos fortes do Ano Litúrgico, festas dos padroeiros, acontecimentos importantes da história da comunidade, celebração dos sacramentos, privilegiando o domingo como dia da ressurreição, da Palavra, da Eucaristia e da comunidade. A pastoral litúrgica numa comunidade, paróquia ou diocese funciona com o auxílio de uma organização própria, provida de um plano de trabalho e um cronograma de atividades. .

1.Organização da pastoral litúrgica

Na perspectiva da pastoral litúrgica encontram-se as equipes (comissões) no âmbito da: a)

Conferência Nacional dos Bispos - o Vaticano II solicitou a cons­

tituição de uma comissão litúrgica no âmbito da Conferência Episcopal nacional (cf. SC 44), integrada por bispos e pessoas competentes, com a tarefa de “orientar a ação pastoral litúrgica”, tendo como funções: a tradução, adaptação e publicação dos livros litúrgicos, assessoria para a orientação litúrgica em nível de país e in ­ tercâmbio entre as diversas dimensões pastorais, etc 126. b) Diocese e Regional - o Concílio recomendou também uma Comissão Li­ túrgica em cada Diocese ou Regional (cf. SC 45). A segunda Instrução para a apli ­ cação dos princípios da Constituição conciliar para a Liturgia apontou como ativida ­ des desta comissão: • 126

conhecer a realidade da ação pastoral litúrgica da Diocese;

No Brasil, a Comissão Litúrgica em nível de Conferência intitula-se Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, integrada por três bispos, um deles como Presidente, e por três assessores nos setores de Pastoral Litúrgica, Música e Canto Pastoral, Espaço Celebra ­ tivo e Arte Sacra.

108 •

colocar em prática a reforma litúrgica;



sugerir aos presbíteros iniciativas práticas para fomentar a vida li ­



fazer um planejamento progressivo da ação pastoral litúrgica, re­

túrgica; correndo a pessoas competentes; •

fazer com que a pastoral litúrgica caminhe de forma integrada com

as dimensões bíblico-catequética, de música e arte, com a pastoral de conjun­ to127. c) Paróquia e comunidades - a animação litúrgica paroquial reveste-se de um caráter bem mais concreto e prático do que nas demais instâncias. A meta é a vida litúrgica paroquial/comunitária, a busca de celebrações bem preparadas e par­ ticipadas, qualificação dos ministros e servidores. Na paróquia ou comunidade, a pastoral litúrgica é concretizada, dinamizada e viabili ­ zada através de uma equipe de liturgia, unida e entrosada, imbuída da mística do serviço gra ­ tuito, comprometida com a vida da comunidade e marcada pelo zelo de preparar celebrações orantes, inculturadas, festivas e repletas de Deus. As paróquias, nos seus orçamentos anuais, incluirão as despesas com a formação de seus agentes, a aquisição de subsídios e do material necessário para o estudo das equipes e a preparação das celebrações

2. Equipes de pastoral litúrgica e equipes de celebração A ação litúrgica organiza-se de forma que leve em conta a participação consciente, ativa e plena dos fiéis. Estará animada pelo fervor da fé, da esperança e da caridade (cf. SC 14). Por sua natureza comunitária, pressupõe o serviço de equipes que, em nome da comuni ­ dade eclesial, planejem sua vida litúrgica, preparem e avaliem as celebrações e qualifiquem os ministros e servidores para o desempenho de suas funções. A presença e atuação das equipes de pastoral litúrgica são lembradas no Vaticano II, quando afirma que “as ações litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações da Igreja... que pertencem a todo o corpo da Igreja” (SC 26); que “cada ministro ou fiel, exercendo o seu ofício, faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compe ­ te” (SC 28); que “os que servem ao altar, leitores, comentaristas e o grupo de cantores.... 127

Cf. Instrução Inter Oecumenici (26.09.1964), n. 45-47.

109 exercem também um verdadeiro ministério litúrgico” (SC 29). O Concílio evidencia ainda a ne­ cessidade da atuação de equipes, quando se refere ao incremento da vida e da ação pastoral litúrgica (cf. SC 41-46). A Instrução Geral sobre o Missal Romano, apresenta alguns critérios que orie ntam a existência e o agir das equipes de pastoral litúrgica: - que se evite “qualquer tipo de individualismo” (IGMR 95); - que se “forme um único corpo pela participação comum nos mesmos ges­ tos e atitudes” (IGMR 96); - que “ninguém se recuse a servir com alegria ao povo de Deus, sempre que solicitado para algum ministério particular ou função na celebração” (IGMR 97); - que a “preparação prática de cada celebração litúrgica, com espírito dócil e diligente, de acordo com o Missal e outros livros litúrgicos, seja feita de comum acordo por todos aqueles a quem diz respeito, seja quanto aos ritos, seja quanto ao aspecto pastoral e musical, sob a direção do reitor da igreja e ouvidos também os fiéis naquilo que diretamente lhes concerne” (IGMR 111); - que “na organização da celebração da Missa, quem preside leve mais em conta o bem espiritual de toda a assembléia do que o seu próprio gosto. Lembre-se ainda de que a escolha das diversas partes deve ser feita em comum acordo com os que exercem alguma função especial na celebração, sem excluir absolutamente os fiéis naquilo que se refere a eles de modo mais direto” (IGMR 352); - que, antes da celebração, o diácono, os leitores, o salmista, o cantor, o comentarista, o grupo dos cantores saibam exatamente cada um qual ação lhes compete, para que nada se faça de improviso, pois a harmoniosa organização e execução dos ritos muito contribuem para dispor os fiéis à participação da ação li ­ túrgica (IGMR 352). A ação das equipes de pastoral litúrgica é um ministério. Elas são o coração e o cére ­ bro da animação das celebrações e do desenvolvimento da pastoral litúrgica. Na atual práti ­ ca eclesial da animação litúrgica, interagem as equipes de pastoral litúrgica e as equipes de celebração. 2.1. Equipe de pastoral litúrgica.

110 É indispensável ter uma equipe estável de pastoral litúrgica, distinta das equipes de celebração128. A meta da equipe de pastoral litúrgica é favorecer a participação ativa nas (e das) ações litúrgicas em vista da edificação da Igreja em comunidades vivas, comprometidas com a missão de Jesus Cristo e com a prática da caridade. Ela atua em vista da animação da vida litúrgica numa paróquia ou diocese e tem como funções: • planejar, animar, coordenar e avaliar a vida litúrgica das comunidades “que deve expressar a dupla vertente da obediência ao Pai (glorificação) e da cari ­ dade com os irmãos (redenção)” (SD 34); • garantir a celebração do mistério pascal de Cristo, dando particular aten­ ção às celebrações dos tempos significativos do Ano Litúrgico, da diocese e da pa ­ róquia; • constituir, formar e fortalecer as equipes de celebração nas comunidades; • zelar pela dimensão celebrativa do conjunto da ação evangelizadora e pastoral, da qual a liturgia é fonte e culminância; • promover a ação litúrgica, fonte da espiritualidade e do engajamento cris ­ tão; • promover a integração entre as diferentes equipes de celebração da Pala ­ vra de Deus, da Eucaristia e dos demais sacramentos e sacramentais; • introduzir os fiéis nas diferentes formas celebrativas, na oração pública da Igreja, fonte de piedade e alimento da oração pessoal (cf. SC 90). • favorecer a reflexão inculturada e a busca de um novo estilo celebrativo, à luz das orientações da Igreja; • elaborar subsídios, prover meios que dinamizem e sustentem a formação litúrgica progressiva e permanente das comunidades e dos ministros; • construir, pela liturgia, comunidades eclesiais vivas e missionárias. Em síntese, as principais tarefas da equipe de pastoral litúrgica são: animação da vida litúrgica, planejamento, coordenação, formação, assessoria e avaliação. A equipe de pastoral litúrgica integra pessoas engajadas na vida da comunidade que, animadas pela fé, assumem e realizam de forma corresponsável e competente o serviço de

128

Cf. CNBB, Animação da Vida Litúrgica no Brasil (Documento 43), n. 187 e 215.

111 animação litúrgica. O ideal é que ela seja plural, isto é, que reflita e integre a diversidade de idades, sensibilidades e engajamentos nas diversas dimensões da pastoral da Igreja 129. A equipe de pastoral litúrgica atua bem quando constituída por pessoas que amam a liturgia e prestam serviço de forma gratuita e desinteressada, aceitando trabalhar em equipe e aderindo ao processo de formação permanente. Ela é, antes de tudo, uma equipe de vida, de oração, imbuída do espírito do serviço gratuito e comprometida com a santidade e a espiri ­ tualidade da comunidade 130. Para uma efetiva participação e crescimento eclesial, é muito importante que, periodi­ camente, se renove o quadro de seus membros. Isto evitará os monopólios, o cansaço e a ro ­ tina131.

2.2. Equipes de celebração 132 Estas são encarregadas diretamente das celebrações da Palavra de Deus, da Euca­ ristia (missas), do Batismo, do Matrimônio, das Exéquias e das Bênçãos nas paróquias e co­ munidades. Destas equipes fazem parte, especialmente, leitores, ministros da distribuição da sagrada comunhão eucarística, recepcionistas, salmistas, cantores e instrumentistas, anima­ dores, comentaristas e ministros que presidem. 2.2.1. Tarefas da equipe de celebração A equipe de celebração, como expressão do sacerdócio comum do povo de Deus e em nome da comunidade tem como tarefas: •

preparar, com certa antecedência, as celebrações, de forma criati ­

va, simples, alegre, acolhedora, participativa e adaptada à cultura e à experiên ­ cia religiosa da comunidade; •

organizar o espaço celebrativo de modo agradável, acolhedor e

orante;

129

Cf. Idem, n. 216. Cf. SIVINSKI M., Pastoral Litúrgica, em Curso de Especialização em Liturgia (Cadernos de Liturgia 4), São Paulo, Paulus, 1995, p. 114. 131 Cf. CNBB, Animação da Vida Litúrgica no Brasil (Ducumento 43), n. 216. 132 Cf. Idem, n. 217. 130

112 •

preparar tudo o que for necessário para uma determinada forma

celebrativa; •

elaborar a celebração nos seus diferentes elementos e momentos,

tendo presente a integração entre o mistério celebrado e a vida das pessoas; •

definir as expressões e gestos simbólicos; •

escolher os cânticos e hinos levando em conta os momentos da

celebração, o tempo litúrgico e a experiência da comunidade; •

distribuir correponsavelmente as diversas funções e serviços: •

preparar-se técnica e espiritualmente para o desempenho compe­

tente das funções litúrgicas, tendo em vista a participação ativa da assembléia; •

executar ritualmente o que a equipe preparou e/ou auxiliar na exe­

cução dos elementos rituais; •

avaliar, periodicamente, a prática celebrativa à luz da vida da co­

munidade eclesial e da vida como um todo, isto é, enraizada na realidade do bairro, da cidade ou do meio rural. A liturgia deverá ser sensível às condições do povo133. As equipes de celebração evitarão o uso de folhetos litúrgicos ou livretos pela assem­ bléia celebrante. Eles podem empobrecer a ação simbólica e destruir a sacramentalidade da liturgia (cf. IGMR, 317). A atenção de todos está centrada no altar, no ambão e na ação de quem preside ou anima a celebração. A proclamação da Palavra de Deus, das Orações Eu­ carísticas e das outras Orações deve ser acompanhada, ouvida e vivenciada com o olhar e o coração voltados para as pessoas que exercem em nome de Cristo o ministério litúrgico. Como povo sacerdotal não somos leitores de folhetos, mas atores da liturgia. 3. A formação litúrgica A formação litúrgica é um dos eixos dinamizadores da renovação litúrgica promovida pelo Concílio Vaticano II. A equipe de pastoral litúrgica tem a missão de promover e desencadear, nas paróquias e dioceses, um processo permanente de iniciação (litúrgica) de todos os participantes da liturgia (fiéis e ministros), por meio de catequese litúrgica, en ­ contros, seminários e cursos, visando a: - que todos possam participar ativa e conscientemente da ação litúrgica; - que a celebração seja sempre mais expressiva e orante;

133

Cf. Ibidem, n. 194.

113 - que possa levar ao enriquecimento espiritual de todo o povo 134. Para tanto, é mister que, antes de tudo, se programe e se promova boa formação litúrgica, inicial e permanente, para todos os cristãos e cristãs, desde os professores dos institutos de teologia até os fiéis das nossas comunidades (cf. SC 14-19).

As pessoas que integram as equipes de animação litúrgica tenham sólida forma­ ção e competência no que diz respeito aos diferentes aspectos das celebrações 135. Forma­ ção e competência espiritual, técnica e litúrgica compreendem conhecimento, vontade, sensibilidade e vivência do que significa celebrar os mistérios da salvação. A formação para a vivência litúrgica e a participação ativa nos momentos celebrativos deve se constituir em verdadeira escola de vida, na qual se integram a experiência celebrati ­ va, os conteúdos e a prática (iniciação mistagógica). A autêntica formação litúrgica nasce da celebração e integra a prática com o ensino. A necessária formação à sadia criatividade, à adaptação e à inculturação litúrgica emerge como um desafio: “Tenha-se presente que a grande meta da formação litúrg ica ampla e profunda é preparar agentes para a adaptação e a inculturação da liturgia” 136. O fato de não se dar a devida atenção ao processo de uma sã inculturação da liturgia “faz com que as celebrações sejam ainda, para muitos, algo ritualista e privado que não os leva à consciência da presença transformadora de Cristo e de seu Espírito, nem se traduz em compromisso soli ­ dário para a transformação do mundo” (SD 43). 4.

Plano da Organização Litúrgica

Um bom meio para articular o serviço da animação da vida litúrgica de uma paróquia, diocese ou regional é o plano de ação da equipe de liturgia. Um plano bem feito e realista permite caminhar com mais segurança, sabendo-se onde se quer chegar. Existem diferentes modos de se elaborar um plano. O mais importante é começar pelo planejamento do rumo e das atividades que vão garantir o verdadeiro serviço de pastoral litúrgica. A própria ação de elaborar o plano ou o calendário de atividades se constitui em exercício de comunhão e de participação.

134

135

Cf. Ibidem, n 189.

“Nesta perspectiva permanece mais do que nunca a necessidade de incrementar a vida litúrgica no interior de nossas comunidades, através de uma formação adequada dos ministros e de todos os fiéis, em vista da plena, consciente e ativa participação nas celebra ­ ções litúrgicas auspiciada pelo Concílio”. Carta Apostólica do Sumo Pontífice João Paulo II no XL aniversário da SC. 136 Cf. CNBB, Animação da Vida Litúrgica no Brasil (Documento 43), n. 195; Cf IGMR 386-398;

114 Como toda programação, também um plano de ação da equipe de liturgia supõe: co­ nhecer bem a realidade da vida da paróquia, da diocese ou da comunidade; a partir do levan ­ tamento ou do diagnóstico da realidade, estabelecer as prioridades (ter clareza sobre as prin ­ cipais necessidades e ações); definir o que se quer alcançar (objetivos geral e específico); fa ­ zer um levantamento dos recursos humanos (pessoas), econômicos (dinheiro), materiais (lo­ cal para reuniões e dos meios disponíveis); elaborar a programação de projetos ou atividades (pode-se seguir o esquema: o quê, como, quem, quando, com quê e onde); prever a avalia ­ ção das atividades realizadas. Um bom começo para o processo de planejamento da equipe de liturgia é a elabora­ ção do calendário de atividades, no qual são previstas as atividades relacionadas aos tem­ pos e festas do ano litúrgico; datas e festas da paróquia ou da comunidade; datas especiais e reuniões da equipe de liturgia; atividades relacionadas à catequese, à pastoral do batismo, etc.

5. Passos para a preparação da celebração 137

Existem diferentes métodos de se preparar uma celebração. O importante é que a ação litúrgica seja bem preparada e não simplesmente improvisada. “A eficácia pastoral da celebração aumentará, certamente, se os textos das leituras, das orações e dos cantos cor­ responderem, na medida do possível, às necessidades, à preparação espiritual e à mentali ­ dade dos participantes” (IGMR 352). Mais do que simplesmente tomar conhecimento teórico e técnico dos elementos da celebração, o momento da preparação da ação litúrgica tem por objetivo dispor os ministros a mergulhar no dinamismo do culto de Cristo ao Pai. É antecipadamente colocar-se em clima de celebração dos mistérios cristãos. No espírito de comunhão e participação, é bom que haja diversas equipes de celebra­ ção que se revezem cada semana. Na preparação, para que haja maior unidade, é bom que estejam presentes: uma pessoa da equipe de pastoral, um representante da música, os leito ­ res e os animadores. O ideal é que o padre que vai presidir também esteja presente 138.

137 138

Cf. Idem, n 211-228. Cf. Ibidem, n. 218;

115 5.1 - Preparação remota

“A Missa renovada pelo Vaticano II é ‘ação de Cristo e do Povo de Deus hierarqui­ camente organizado’, reunido em assembléia, onde cada um tem o direito e o dever de participar segundo a diversidade de ministérios, funções e ofícios” 139. Para promover de fato a participação “plena, consciente e ativa” (SC 14) de toda a assembléia na celebração litúrgica e evitarem-se improvisações desagradáveis, deve ha­ ver também na comunidade um ministério litúrgico específico e de suma importância, ou seja, uma equipe que se reúne previamente para preparar a celebração. Fazem parte des­ ta equipe: músicos (instrumentistas, animadores do canto etc.), leitores, motivadores, mi­ nistros da acolhida, arrumadores do espaço celebrativo, o presidente da celebração. A reunião de preparação da celebração, para ser tranqüila, fraterna e frutuosa, pode seguir os seguintes passos: 1o – pedir as luzes do Espírito Santo - a reunião deve começar, antes de tudo, com uma súplica ao Espírito Santo. É ele que age na celebração litúrgica. Por isso, é a ele também que devemos pedir as luzes, quando nos reunimos para preparar a celebração. Sem ele correríamos o risco de estar preparando celebrações cheias de sugestões e criatividade, mas vazias de espiritualidade. Portanto, iniciar a reunião com uma oração (espontânea ou re ­ citada) ou com algum canto ao Espírito Santo (A nós descei, Vem, Espírito Santo, vem...) é fundamental para o preparo de celebrações de boa qualidade; 2o – avaliar a celebração passada - nada é perfeito. Estamos sempre nos aperfeiçoan­ do. É o caminho da conversão evangélica. Também nas celebrações. Por isso, num seguinte passo, faz-se a memória da última celebração em que a equipe atuou, com o objetivo de me­ lhorar as futuras. O roteiro para tais avaliações pode seguir algumas perguntas como: a) a celebração foi, de fato, um acontecimento marcante na vida da comunidade? b) a assembléia sentiu-se envolvida no mistério que celebramos? c) os cantos, símbolos, ritos, orações ajuda­ ram a expressar o Mistério do dia? d) como se deu a relação entre assembléia e equipe; as ­ sembléia e presidência; equipe e presidência? Houve comunhão de sentimentos, de interes­ ses? e) sentimos prevalecer um clima orante em nossa celebração? o que ajudou? o que pre ­ judicou? f) os ministros e ministras agiram à maneira de Jesus? g) como a vida e os aconteci ­ mentos importantes da comunidade entraram na celebração? 3o – situar a celebração no tempo litúrgico e na vida da comunidade - este passo se baseia em duas perguntas fundamentais: a) qual o Mistério que celebramos? b) qual a re ­ 139

SC, 28; CNBB, Animação da vida litúrgica no Brasil (Documento 43), n. 212.

116 lação entre esse Mistério e a vida da comunidade? Primeiro se recorda o domingo ou dia da semana em que a celebração vai acontecer, bem como o tempo litúrgico no qual a celebração é situada (Quaresma? Páscoa? Advento? Natal? Tempo comum? Festa de algum Santo?). Então se pergunta pelo Mistério que vai ser celebrado, tendo como raiz sempre o Mistério Pascal de Cristo. Mas não pára por aí! É preciso também colocar as raízes do Mistério da Páscoa de Jesus no Mistério Pascal da vida da gente. Por isso, a equipe recorda também os acontecimentos da comunidade: acontecimentos sociais, religiosos, do dia-a-dia da comuni­ dade, da região; acontecimentos nacionais e internacionais. Lembrar sempre que a pessoa e a Páscoa de Jesus devem estar no centro de tudo, como que permeando tudo; 4o – fazer a experiência da Palavra - agora se procede à leitura dos textos bíbli­ cos propostos para a celebração, começando pelo Evangelho. Ler e aprofundar. Para tanto, se pode perguntar: quais são os personagens presentes no Evangelho? o que falam? para quem falam? qual a Boa Nova ou o apelo que Jesus está fazendo? qual a imagem pascal que aí aparece? E mais: o que há de comum entre o Evangelho e a Primeira Leitura? como o Evangelho nos ajuda a entender a mensagem da Primeira Leitura? Ler também o Salmo res­ ponsorial e a Segunda Leitura e comentar. Convém ainda perguntar e responder: o que a Pa­ lavra diz para nós, para a nossa vida? qual a conversão que a Palavra pede de nós? que si ­ nais de salvação e de perdição ela nos indica em nossa vida, na vida de nossa comunidade e na vida do povo em geral? 5o – exercício de criatividade - “à luz dos passos anteriores – vida da comunida­ de, tempo litúrgico, Palavra de Deus – procura-se, num exercício de criatividade, fazer surgir idéias para os diversos momentos da celebração, mesmo sem ordem, à maneira de uma tem­ pestade mental. Selecionar depois as idéias a respeito de ritos, de símbolos, de cantos, para os ritos de entrada, ato penitencial, gesto da paz, proclamação das leituras etc” 140. 6o – elaborar o roteiro - em seguida (e só agora!), “passando em revista as diversas partes da Missa, escolhem-se os cantos, os ritos etc., para cada momento dos mesmos, re ­ gistrando tudo numa folha-roteiro, que servirá de guia para os diversos ministros” 141. 7o – distribuir os ministérios - só agora se responde à pergunta: quem faz o quê? É o momento da distribuição das tarefas, dos ministérios. Só agora! Começar a reunião dividindo logo funções não é o melhor caminho, pois a preparação de uma celebração não se resume a uma simples distribuição de tarefas. É muito mais! Trata-se de um processo comunitário de oração e de discernimento em vista de um grande objetivo: expressar e viver o Mistério da Páscoa de Jesus na comunidade reunida em assembléia. Um ministério litúrgico deve ser 140 141

CNBB, Animação da vida litúrgica no Brasil (Documento 43), n. 226. Idem, n. 227.

117 sempre desempenhado tendo presente a imagem do Cristo servidor de todos. Longe de nós aparentarmos qualquer sinal de superioridade ou mesmo de prestígio na comunidade. Não se trata de dignidade maior ou menor. Trata-se de pensar e agir como Jesus o fez: “Eu estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27). 8o – vivenciar as ações simbólicas - não basta dizer e combinar como vai ser a cele­ bração, como vai ser uma determinada ação ritual. É recomendável também vivenciar previa ­ mente cada passo, rito, ação simbólica e cantos escolhidos pela equipe. Por isso, a equipe deve marcar com as pessoas envolvidas na celebração um momento para a vivência. É bom que seja no mesmo lugar onde vai ser a celebração. Não basta imaginar o lugar, é preciso ir até lá para fazer a vivência. E como fazê-la? Primeiro, tomar consciência do sentido teológico da ação litúrgica que se vai realizar (leitura, canto, toque de um instrumento, gestos etc.). Com esta consciência tomada, tentar então realizar a ação, conscientemente, devendo daí emergir uma atitude interior, espiritual, orante, na pessoa que vai exercer o ministério. Repe ­ tir, se possível, várias vezes, buscando vivenciar espiritualmente, de fato, a ação. Não é sim­ plesmente ensaiar. Trata-se de vivenciar espiritualmente, isto faz parte da preparação para uma celebração de boa qualidade e vale, sobretudo, para a proclamação da Palavra, pois os ministros da Palavra – leitores(as) e salmistas – têm a grande responsabilidade de comunicar aquilo que Deus quer dizer à comunidade. Trata-se de emprestar a voz, o olhar, as mãos, o corpo para que a mensagem da salvação chegue à comunidade reunida. O bom seria que os(as) leitores(as) e salmistas participassem também da reunião de preparação da celebra­ ção, pois aí já teriam a oportunidade de aprofundar melhor o contexto e o significado de cada leitura e assim poderiam depois expressar melhor a espiritualidade escondida naquele texto.

5.2. Preparação próxima É a necessária preparação nos instantes que precedem a celebração. Recomenda-se que os que exercem algum ministério (presidente, acólitos, ministros da comunhão eucarística, leitores, músicos, ministros da acolhida, sacristãos etc.) cheguem ao local da celebração com certa antecedência, a fim acertar os últimos detalhes para que cada um exerça com qualidade sua função. Supõe-se que tudo já esteja preparado antes, evi ­ tando improvisações de última hora, aqui se trata apenas de ajeitar os últimos detalhes. É o momento de cada um ir se concentrando para toda a celebração e, em especial, para o ministério que vai exercer, como acontece com atores de teatro ou jogadores de fute ­ bol. Antes de entrarem em ação, eles entram em clima de concentração. No caso da celebra ­

118 ção, significa a tomada de consciência do sentido teológico-espiritual e da importância do mi ­ nistério e da ação litúrgica que a pessoa vai realizar como ministro. Esta tomada de consciência (concentração) se dá também em clima de oração pesso ­ al, pedindo as luzes de Deus para que a tarefa litúrgica seja desempenhada com boa qualida ­ de ritual, teológica, espiritual, orante e técnica. Antes da entrada para a celebração, é reco ­ mendável que todos os ministros, no local onde estão reunidos(as), entrem em clima de pro ­ fundo silêncio e de oração em comum. Sugere-se que, de mãos dadas, rezem uma oração ao Espírito Santo ou outra oração invocativa da bênção de Deus para o exercício do ministério! BIBLIOGRAFIA AUGÉ Matias. Liturgia. História, celebração, teologia, espiritualidade, São Paulo, Edi­ tora Ave Maria, 1996. —. Espiritualidade litúrgica. São Paulo, Editora Ave Maria, 2002; BECKHÄUSER Alberto. Os fundamentos da Sagrada Liturgia (= Coleção “Iniciação à Teologia”). Petrópolis, Vozes, 2004. BOROBIO Dionísio (Org.). A celebração na Igreja ( 3 volumes) l. São Paulo, Loyola, 1990. BUYST Ione. Como estudar Liturgia. Princípios de ciência litúrgica (= Coleção “Liturgia e Teo­ logia”). 2a ed. São Paulo, Paulinas, 1990. —. Pesquisa em Liturgia. Relato e análise de uma experiência (= Coleção “Liturgia e Teolo­ gia”). São Paulo, Paulus, 1994. —. Cristo ressuscitou. Meditação litúrgica com um hino pascal (= Coleção “Liturgia e Teolo­ gia”). São Paulo, Paulus, 1995. BUYST Ione & DA SILVA José Ariovaldo da. O mistério celebrado: memória e compromisso I (= Coleção “Livros Básicos de Teologia” 9). Siquem, Valencia (Espanha) – Paulinas, São Paulo, 2003. BUYST Ione & FRANCISCO Manoel João. O mistério celebrado: memória e compromisso II (= Coleção “Livros Básicos de Teologia” 10). Siquem, Valencia (Espanha) – Paulinas, São Paulo, 2004. CENTRO DE LITURGIA (Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção. São Paulo). Curso de especialização em Liturgia. Uma experiência universitária significativa (= Série “Ca­ dernos de Liturgia” 4). São Paulo, Paulus, 1995. CHUPUNGCO Anscar J. Liturgias do futuro. Processos e métodos de inculturação (= Cole­ ção “Liturgia e Teologia”). Paulinas, São Paulo 1992.

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